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Copyright © 2020 Jussara Leal

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mecânico sem consentimento e autorização por escrito do autor/editor.

Capa: Designer Tenório


Revisão: : Gramaticalizando Assessoria
Diagramação: Veveta Miranda

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor(a). Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

TEXTO REVISADO SEGUNDO O ACORDO


ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA.
SUMÁRIO
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
EPÍLOGO
Bummmmmmm!
O barulho da batida está martelando em minha mente. Parece maior
do que realmente foi, e isso é muito assustador. Estou morrendo, é o fim!
Um filme da minha vida passa pela minha cabeça nesse momento. No
cinema da vida, sou a espectadora desesperada, que só consegue pensar na
parte sexual: o sorriso do Arthur, os gemidos do Arthur, o corpo do Arthur, o
pau do Arthur, Arthur gozando, Arthur rugindo, Arthur fodendo minha
mente... Penso também em nosso bebê, que foi fruto de muito sexo suado.
Sexo é vida. Ou morte, nesse caso.
Já li muitas vezes sobre esse tal filme que passa na cabeça das pessoas
antes da morte e, posso dizer com propriedade, que o que estou sentindo é
bem parecido. É quase emocionante, quase...
Uma frase louca me vem à mente: “A morte não é nada para nós,
pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não
existimos mais”.
Realmente, esse cara está certo. Se a morte existe, nós não existimos
mais, como poderíamos existir depois da morte? Impossível! Adoro esses
pensadores! Eles dizem cada absurdo que queima os neurônios, os poucos
que possuo.
Freud então, esculacha nos pensamentos pensamentistas, olha essa:
“Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte”. Porém,
eu não estou pronta para aceitar a morte. É difícil. Como vou deixar meu
futuro marido viúvo antes do casamento? Ele é um espetáculo da natureza, as
mulheres vão vir com tudo e vou ficar segurando meu tridente, muito puta de
raiva no inferno.
Merda, realmente sinto que vou morrer! De um jeito ou de outro.
Aliás, todos morrerão um dia. Só não esperava morrer tão cedo.
Se eu estou muito ferida? Não, nem um pouco. Mas o olhar assassino
do Arthur está me dando calafrios. Eu vou morrer, acredite!
— Eu mato você, Mariana! — ele grita e soca o volante
constantemente. Um soco desses em mim e eu entraria em coma.
— Não, Tutu, você não teria coragem! — choramingo, juntando as
mãos em oração.
Graças a Deus eu estava de cinto e não me machuquei. Arthur me
mataria ainda mais cruelmente. Me encolho no banco e tento desviar de seu
olhar. Por pior que seja, estou sentindo vontade de rir. A cara dele está
impagável, mas, me seguro, pois sei que causei um pequenino prejuízo.
Afugento-me, puxando minha blusa para cima e tapando meu rosto. Porém,
minha fuga não dura muito.
— Meu carro! Meu precioso carro de duzentos e oitenta mil reais,
MARIANAAAAAAAA! Duzentos e oitenta mil reais!!! — esbraveja, saindo
do carro e subindo as calças apressado. Fico caladinha no meu canto, como se
nada disso estivesse acontecendo. — Porra, estragou a frente do meu carro
todo, Mariana! — ele grita de fora e, dessa vez, começo a me preocupar.
— Desculpa, Tutu, não fiz por querer, eu juro de mindinho! — digo,
tentando parecer a Madalena arrependida. Porém, acabo chorando de verdade
ao ver que ele está realmente arrasado.
— Merda, Mariana, pare de chorar! Você sabe que eu não aguento vê-
la chorando.
— Mas você está brigando comigo e estou grávida. — Sim, agora
estou aos prantos.
— Porra, ainda tem essa! VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA, MARIANA, dá
para entender?! Quer que eu desenhe?! — ele grita ainda mais alto.
— Me desculpa, Tutu. Eu te amo, foi só um amassadinho!
— Um amassadinho?! Saia do carro para você ver o amassadinho!
Você poderia ter machucado nosso filho. Nosso bebê deve estar nervoso aí
dentro! — argumenta com razão e eu choro mais alto.
— Você não me ama, você só ama nosso bebê. — Estou desolada
agora, sofrendo com a constatação de que ele só ama a nossa criança. Me
sinto horrível, preciso de carinho! Nem eu consigo controlar a mim mesma.
— Oh, merda, vem cá, minha princesa! Não chora, bebê. Você sabe
que eu te amo, sabe que só brigo porque te amo muito. — Ele abre a porta do
carro e seus braços rodeiam meu corpo.
— Eu só queria... — digo, fungando, e ele me corta:
— Eu sei, eu sei. Nosso filho não pode nascer com cara de pênis. Já
entendi. — Ele me abraça ainda mais forte e nos beijamos carinhosamente.
Esse homem, lindo e incrível, é irresistível, realmente.
— Obrigada por entender. Eu te amo. — Permanecemos abraçados
até o momento em que eu coloco a mão em sua protuberância e ele tem um
ataque de nervos. Me encolho e tapo o rosto novamente.
— PUTA QUE PARIU, MARIANA!!! Você é o diabo na minha
vida!!!
Duas semanas sem sexo, esse é o meu castigo após fazer Arthur bater
o carro em um poste. Tudo aconteceu um dia após voltarmos da viagem.
Tínhamos ido à minha médica para confirmar a gravidez e, logo em seguida,
fomos à nossa nova casa tirar algumas medidas para contratarmos uma
arquiteta para decorá-la.
Nós decidimos seguir com nosso plano inicial, de irmos morar nela e
casarmos logo. É um desperdício não morar naquele lugar, fora que é um
condomínio extremamente seguro.
Voltando ao carro, vocês precisam me entender, Arthur estava tão
gostoso! Com a barba por fazer, os cabelos um pouco grandes, o bronzeado
da praia, aqueles olhos maravilhosos, vestindo uma camiseta branca e
bermuda jeans clara, marcando todo seu conteúdo. Eu tive desejos, muitos
desejos. Nosso bebê não poderia nascer com cara de pênis, jamais! Quando
estamos grávidas, não conseguimos controlar nossos desejos e eles não têm
hora para chegar. Seria um absurdo negar o desejo e deixar meu filho nascer
com esse pequeno problema, afinal, meu bebê não pediu para vir ao mundo e,
muito menos, pra nascer com cara de pênis. Então, pensando no bem da
nossa família, eu quis dar uma leve chupada em Arthur, enquanto ele dirigia;
para aliviar o estresse do trânsito mesmo. Ele me mandou parar quando
estava prestes a gozar, pois não queria que nosso filho bebesse as coisinhas
que sairiam dele. Então, eu continuei, continuei, e, quando ele ia gozar, ele
gritou mais alto, abaixou para me puxar pelos cabelos e tudo aconteceu. Ele
bateu seu carro no poste, mas eu não tive culpa, jurei para ele que não tive
culpa. Acontece que, dessa vez, ele não quis me perdoar. Eu chorei, fingi
desmaio, falei que não comeria mais, porém, ele foi irredutível. Por isso não
estamos conversando, falamos apenas o básico.
Hoje faz cinco dias. Nesses cinco dias tentei de tudo, e quando digo
tudo, é tudo mesmo. Fiz striptease, fiz comida nua, me toquei na frente dele e
usei nosso bebê para fazer chantagem. Eu o atentei com todas as armas que
tenho, mas ele não quer ceder aos meus encantos. É muito sofrimento para
mim. Às vezes sinto que não vou aguentar essa dor. Eu já pedi a Deus para
me levar, mas, como sempre, Ele também acha que mereço ser castigada.
Não entendo esses desígnios da vida. Estou entrando numa tristeza profunda
e sinto que irei morrer, de verdade.
Estou aqui, arrumando as coisas dele que estão em meu apartamento.
Vou colocá-lo para fora de casa. Não me julgue, é muita tortura a
convivência. Mais uma semana e eu morro! Estou no meu limite. Para o meu
apartamento, ele só volta se fizermos sexo, com juros e correções.
Após colocar suas roupas em uma mala, deixo a última camisa que ele
vestiu, para que eu possa sentir seu cheiro na hora de dormir. Ele não precisa
saber disso!
Termino de arrumar tudo e ligo na rádio, para ver se toca algo que me
dê inspiração para escrever um bilhete de justificativa. Depois de algumas
músicas, uma me chama atenção, é de um tal de Pablo. Decidido, vai ser
essa!
“Você foi o culpado desse amor se acabar, você que destruiu a minha
vida. Você está indo embora agora, por favor, não implora, a mala já está lá
fora.”
Escrevo, mudando uma coisinha ou outra, e coloco em cima de uma
das malas, prendendo o bilhete com um pregador de roupa, porque sou
simples.
Acho que ele vai entender, pois a mala realmente já está lá fora.
Tenho meus motivos.
Nossa, me sinto uma verdadeira dramaturga agora! Preciso sair dessa
vida de sofrência!
Devo ter engordado 30 kg só essa semana sem sexo. Se não posso
transar, posso comer. É isso que faço, inclusive agora. Pego um pacote de
balas de caramelo, coloco meu pijama da Hello Kitty, uma máscara verde
gosmenta de hidratação no rosto, deixo de lado minhas pantufas e me deito
na cama para assistir TV. Essa rotina está um pau no cu danado! Eu sou a
Free Willy purinha, nada sexy. Se eu pudesse beber, até faria um show, indo
pra alguma balada, só pra Arthur perder a linha. Mas, nas atuais
circunstâncias, nem isso posso. Enquanto o tempo vai passando, vou negando
as aparências, disfarçando as evidências, tentando enganar meu coração.
Estou na maior vibe, assistindo uma série com homens gostosos,
quando o tinhoso entra feito um furacão no quarto.
— Que merda é essa que você escreveu, Mariana?! Você está
realmente me mandando embora por causa de sexo? E por que essas roupas
da Hello Kitty de novo? Puta que pariu, você parece uma assombração com
esse negócio verde no rosto! Deus me livre, parece o Hulk! — Ele é tão
gentil às vezes.
— Sim, Arthur! Estou sim, tenho direitos nessa vida, e um deles é de
ter um “quase” marido que me complete em todos os sentidos. E nunca, em
hipótese alguma, fale da Hello Kitty novamente. E essa máscara é de
tratamento facial, que rima com pau, no caso, se eu tivesse seu pau, estaria
sem Hello Kitty e sem máscara — esbravejo, tacando um caramelo em seu
peito. — Dá licença?! Você está tapando a TV — peço e ele se vira para a
TV, dando de cara com a bunda do Chris Evans. Ele suspira, frustrado, e
desliga a bendita.
— Você é mais maluca do que eu imaginava. Senhor, você é muito
louca, caralho! Você é a porra louca, satanás! — grita como um louco. Será
que eu tenho culpa por ele ter se tornado esse tipo de gente?
— E você é um grande idiota por não transar comigo por causa de
uma batidinha de nada! Ainda se faz de santo, como se não tivesse
colaborado com meu boquete! Para mim já deu! Você é uma tentação do
inferno na minha vida, e se eu não posso aproveitar dos seus atributos, por
favor, retire-se e volte somente quando acabar a greve. Me fazer sofrer é
fácil, mas gozar está difícil demais, não é? Eu só queria momentos íntimos,
merda! Nunca te pedi nada. Some daqui inferno! — grito, ficando em pé
sobre a cama.
— É assim, Mariana? Tudo bem, então. Eu ia acabar com a greve
hoje, comprei até algumas coisinhas, mas a minha noiva me botou para fora
de casa, então estou indo. Se meu filho precisar de mim, você sabe onde
estou.
— Seu filho ainda é um girino, está longe de nascer, portanto, ele ou
ela só precisa de mim! Diabo! Você ia mesmo, mesmo, mesmo, acabar com a
greve? — pergunto, ligeiramente curiosa.
— Até ia — responde, caminhando para a porta, porém, sou mais
rápida e entro na frente dele.
— Que tipo de coisinhas você comprou? — indago, curiosa.
— Não falo! — diz, cruzando os braços no peito.
— Se você falar, eu deixo você ficar, juro de mindinho, de verdade,
para todo o sempre.
— Agora quem não quer ficar sou eu! Tenho meu orgulho e minha
dignidade — ele diz, fazendo charme.
— Só me conta sobre as coisinhas, Tutu, por favorzinho!
— Não, você feriu meus sentimentos dessa vez, Mariana — fala,
depositando a mão sobre o peito. Eu quero matá-lo! Ele aprendeu a ser
dramático comigo, isso é fodido.
— Me perdoa, estou profundamente arrependida. — Junto as mãos e
faço cara de anjo. Acho que poderíamos nos tornar atores, se nada der certo.
— Tudo bem, eu te perdoo. — Ele sorri e minha calcinha umedece.
— Ok. Quais são as coisinhas que você comprou?
— Não conto. Te perdoo, mas a greve continua, só para você aprender
a não me colocar pra fora.
— Vai cagar no mato, Arthur! Você me irrita às vezes!
O empurro e bato a porta do nosso quarto, quer dizer, do meu quarto,
na cara dele. Sigo para a cama, me deito e começo a chorar. Estou com
saudade dele. Ele não dorme mais abraçado comigo por causa da greve. Eu o
amo! Eu quero meu Tutu para sempre, meu ursinho de dormir abraçado. Eu
quero aquele pau selvagem me consumindo, entrando na pepeca e saindo na
boca. Eu quero cafuné, quero carinho. Eu quero sexo. Choro até desintegrar e
exterminar meu estoque de lágrimas, então me cubro e tento dormir.
Alguns minutos depois, sinto seu peso sobre a cama. Fico quieta,
virada para o canto. Ele pega uma das minhas mãos e algema no ferro da
cabeceira. Me viro, assustada, e ele me puxa, fazendo-me ficar deitada de
barriga para cima. Pega minha outra mão e algema também. Ele se levanta e
eu fico algemada, sem saber o que ele está fazendo. Então, ele surge com
uma tesoura e eu quase morro de gritar.
— O que você vai fazer, Arthur?
— Fica quietinha e não se mexa. — Ele se acomoda novamente na
cama e fico entre suas pernas. Ele pega a tesoura e começa a cortar minha
blusa da Hello Kitty. Em seguida, levanta, puxa minha calça e a corta em mil
pedaços também. Espero que seja algo relacionado a sexo, porque juro que o
mato se essa destruição tiver sido em vão. Já não é fácil achar coisas da Hello
Kitty para adultos!
— E agora? — pergunto.
— E agora nada. — Ele sorri e tento chutá-lo, enquanto ele limpa a
gosma verde do meu rosto com um pedaço do meu falecido pijama.
— Você só pode estar de brincadeira! — Ele sorri, tira minha calcinha
e fica nu. Deus, eu preciso tocá-lo! É desesperador ter as mãos algemadas. Eu
avançaria nele com tudo agora.
Ele pega meu pé e começa a beijar carinhosamente, subindo devagar
por todo meu corpo. Em seguida, concentra-se em meus seios, que estão
ainda mais sensíveis.
— Eu estava ficando louco de saudade já — diz com a voz rouca.
— Eu também. Eu te amo, preciso de você. Me solta, preciso tocar em
você, Tutu. Prometo não te bater por causa do meu pijama.
— Sem toques, estou no controle hoje.
— Deixe-me te tocar, te chupar, te morder — imploro.
— Não tenha dúvidas, minha delícia, de que deixarei que faça tudo
isso em um outro dia. Hoje a senhorita vai permanecer algemada e vou te
vendar.
— Já li isso em algum livro. — Sorrio na maldade, mesmo não
gostando disso.
— Mas aqui não é livro, aqui é a vida real. Quero fodê-la assim hoje.
Será rápido na primeira, porque estou quase gozando, Mari. Estou
desesperado por você, gostosa. — Ele é tão romântico.
— Merda, não se deve falar isso para uma mulher desesperada. Eu
quero gozar também.
— Só na hora que eu estiver dentro de você e permitir. — Ele pega
uma venda e a coloca em meus olhos. Em seguida, sinto um líquido ser
despejado e espalhado pelo meu corpo. Então, meu marido começa a chupar
cada centímetro do meu ser, levando-me ao delírio completo. O contato da
boca dele com o líquido causa uma sensação febril em meu corpo. Sinto-me
pegando fogo, envolvida em chamas. Com certeza é um daqueles gelzinhos
hot.
Eu amo a boca do Arthur e as coisas que ele pode fazer com ela.
Choramingo quando ele me fode com a língua, implacável, e sinto-me
frustrada por não poder puxar seus cabelos. A condição de estar presa e sem
enxergar aumenta todas as sensações, intensifica cada gesto.
Quando os tremores do meu corpo começam, ele afasta sua boca e
começa a brincar de bater seu pau em minha entrada. Ele bate incontáveis
vezes, penetra apenas a cabecinha e então volta a bater. É uma tortura lenta,
agoniante, mas é tão bom. Eu, incrivelmente, gozo assim. A melhor coisa da
vida é gostar de sentir prazer e se entregar por completo. É assim que me
sinto todas as vezes que vou pra cama com Arthur.
Ele traz sua boca à minha e me penetra. Primeiro, ele é contido em
seus movimentos. Mas, logo em seguida, passa a tomar um ritmo torturante,
até que eu esteja tendo um segundo orgasmo. É então que ele permite abrir
mão do controle e me acompanha, preenchendo-me com o líquido da sua
excitação. Isso faz com que eu me sinta tão dele, sempre. Cheia de Arthur
Albuquerque, em um sentido luxurioso.
Ele se afasta, deixando-me vazia, deita ao meu lado e fica mexendo
em meus cabelos. Enquanto isso, tentamos recuperar o fôlego. Foi uma
rapidinha bem proveitosa, aliviou bastante a minha tensão e abriu meu apetite
para mais. Era tudo que eu estava precisando.
— Amor, pode tirar minha venda e as algemas agora? — peço,
sentindo-me incomodada.
— Desculpa, princesa, já vou tirar. — Ele as retira e me beija
carinhosamente.
— Bem melhor poder abraçar meu amor nu.
— Quando nosso filho nascer, faremos um melhor uso dessas
algemas, tive que pegar um pouco leve por causa da gravidez — explica. O
homem é muito louco.
— Foi ótimo. É uma sensação totalmente diferente, mas prefiro ter
minhas mãos em você.
— É legal, mas não é ideal para fazer amor. Seria interessante se você
não estivesse grávida, porque eu poderia fodê-la forte e espancá-la. — Fico
chocada com seu argumento. O homem resolveu ser “violento” sexualmente.
— Nós ainda podemos foder com força total. Você me espancaria?
Como é isso? — Estou curiosa.
— Não tanto, minha menina travessa. São só uns tapas mais fortes
nessa bunda, uma foda bruta de quebrar a cama e furar o chão — ele diz
delicadamente e coloca a cabeça em minha barriga, fazendo carinho e
beijando. — Eu amo tanto vocês — sussurra, e eu começo a chorar. Como ele
vai de 8 a 80 em questão de segundos? Ele é minha alma gêmea. — O que
foi, minha vida?
— Você é tão fofo e lindo e gostoso...
— Minha gravidinha mais sentimental.
— Meu futuro marido, o homem mais lindo do Universo. E as
entrevistas?
— Começam amanhã — informa.
— Eu ainda acho que poderíamos roubar Júlia.
— Promete que não vai atrapalhar as entrevistas? — pede e eu rio.
— Eu? Atrapalhar entrevistas de possíveis secretárias? Da escolha da
mulher que passará oito horas por dia com meu homem? Eu nunca faria isso!
Tenho classe, meu amor. — Sorrio e ele me encara sério. Foda-se se ele
pensa que a palavra final não será a minha. Eu estarei lá, de um jeito ou de
outro!
— Eu vou fingir que estou acreditando nisso, Mari. Vamos tomar
banho, estamos melados.
— Só se for na banheira e se você ficar abraçado comigo.
— E você tinha dúvidas de não que seria assim?
— Tinha — respondo.
— Estou morrendo de saudades, uma semana sem te abraçar, sem
poder te amar da maneira como gosto e preciso. Uma semana sem transar!
— Porque fez gracinha — afirmo o óbvio.
— Você me fez bater o carro, poderia ter se machucado.
— Mas você não é meu pai para me colocar de castigo, Tutu.
— Mas eu sou seu marido. — Sinto tanto orgulho quando ele fala
assim.
Chupa, mundo! Todas querem meu marido!
— Ainda não — o desafio.
— Mas serei, e você merece umas boas palmadas ainda.
— Está esperando o quê para dar?
— Teremos que adiar o banho. — Ele sorri e morde meu mamilo
vagarosamente.
— Foda-se o banho! — Sou pega de ladinho. Ele levanta um pouco
minha perna esquerda e se posiciona em minha entrada. Fica enrolando para
me penetrar e começa a falar safadezas em meu ouvido, deixando-me ainda
mais louca de necessidade.
— Essa sua bunda pede para ser fodida, mas não hoje. — Ele me
penetra e puxa meus cabelos com força, fazendo-me arquear mais. Com a
mão livre, me dá vários tapas na bunda e torna-se impossível não gemer alto.
Quando dou por mim, estou de quatro, e meu homem está no auge da
selvageria, oscilando entre me dar carinho e palmadas na bunda. Isso é
desconcertante. Me sinto tão imoral, um misto de dama com a tal puta na
cama. Me sinto mulher, absurdamente fêmea quando ele me trata dessa
maneira. Eu amo me sentir assim.
Ficamos pelo menos uma hora na banheira, namorando, sem sexo,
apenas curtindo um ao outro. Cada vez que ele passa as mãos pela minha
barriga, meus batimentos disparam de emoção. É simplesmente a coisa mais
linda. Nós conseguimos fazer outro bebê, não são gêmeos, mas, o que
importa, é que ele está bem guardado aqui, em meu ventre, e dessa vez
andarei armada! Estamos vivendo um sonho juntos e iremos até o fim.
Nosso bebê será uma menina ou um menino de muita sorte, por ter
um pai como Arthur, assim como sou a mulher mais sortuda do mundo por
tê-lo como meu marido. Carinhoso e cachorro ao mesmo tempo.
Eu o amo e o odeio por ter cortado meu pijama da Hello Kitty. Ele
pensa que deixarei passar em branco seu delito, mas a verdade é que me
vingarei friamente!
Tenho que confessar, eu amo decoração, entendo bastante, mas não o
suficiente para decorar uma casa do tamanho da nossa. Por isso, infelizmente,
acabamos contratando uma empresa de arquitetura para decorar a parte mais
complexa e eu ficarei apenas com os detalhes. Estamos correndo contra o
tempo, pois não queremos continuar no apartamento. Depois dos
acontecimentos com a Laís, descobri que segurança é a melhor coisa do
mundo. Não quero correr riscos novamente. Sou louca, mas nem tanto!
Minha vida está um pouco caótica. Arthur não me deixa fazer nada,
nem mesmo dirigir. Quando quero sair, sou obrigada a solicitar um táxi ou
ligar para ele. Surpreendentemente, ele larga qualquer coisa que esteja
fazendo e eu acho a coisa mais fofa do mundo. A casa tem consumido muito
meu tempo, tanto que, quando estou em casa com Arthur, a última coisa que
quero pensar é em fazer algo que não seja ficar agarrada a ele.
Hoje acontecerá as entrevistas para a vaga de secretária, e ele acha
que ficarei fora dessa. Devo rir agora ou quando ele me vir chegando lá? Já
tenho todo o esquema armado na cabeça. Inclusive, agora, estou fingindo
dormir, enquanto ele está se vestindo para mais um dia de trabalho.
Que bunda perfeita! Eu queria mordê-la, bem agora. Estou perdendo a
oportunidade de um sexo matinal para colocar meus planos psicóticos em
ação. Nunca recuperarei esses momentos desperdiçados...
Estou muito fixada em seu corpo. O observo vestir a cueca e a calça
em seguida, tão fixada que nem o vejo me pegar no pulo.
— Bom dia, minha delícia! Você está aí, escondidinha, secando seu
marido seminu — ele diz, rindo, e veste sua camisa.
— Bom dia, Tutu. Vamos fazer sexo matinal? — Ele sorri mais
amplamente e se acomoda ao meu lado.
— Poxa! Ontem a senhorita dormiu muito rápido e seu sono foi
bastante pesado. Fiquei um pouco surpreso por não ter exigido sexo durante a
madrugada. Infelizmente, não posso atrasar hoje — fala, fazendo-me um
cafuné.
— Nem um pouquinho?
— Não, amor. Mas à noite te recompenso. — Ele me beija, totalmente
carinhoso, e eu quero foder demais! O puxo pela camisa e o beijo mais forte,
até ficarmos sem fôlego. Então ele foge, ficando de pé, completamente
impactado com a minha audácia sexual matinal.
— Vou sentir sua falta. Irei à empresa visitá-lo. — Testo sua reação à
notícia.
— Tudo bem, Mariana, também vou morrer de saudades. Você pode
ir, contanto que não atrapalhe as entrevistas — diz sério, colocando sua
gravata. Eu já disse como ele fica sexy colocando a gravata? Ele faz numa
rapidez e precisão impecável. Ele deve ser sexy até cagando. Imagina a cara
que ele faz? Oh, Deus, eu não acredito que estou pensando uma merda
dessas!
— Prometo não atrapalhar, prometo de mindinho!
— Não sei se posso confiar em você, principalmente desde que
cismou com esse mindinho — confessa, rindo, e volta para me dar um beijo
casto na testa. — Vou tomar um café rápido e estou indo, minha vida.
— Também vou tomar café, com você — digo. Mas, assim que me
levanto, os planos mudam. Sou tomada por um forte enjoo, acompanhado de
uma tontura. Acabo sentando rapidamente, para evitar um desmaio. —
Merda! Eu ia, amor, pode ir sem mim. Estou enjoada — reclamo e ele vem
até mim, se ajoelha e beija minha barriga.
— Filhote, se comporte, não faça a mamãe ficar muito enjoada. Papai
ama você! — O deixo de joelhos e saio correndo. Felizmente, consigo chegar
a tempo no banheiro. Esses enjoos são péssimos. Ainda bem que dessa vez
estão menores.
Escovo meus dentes e fico analisando minha barriga no espelho. Por
enquanto não há qualquer mudança visível de que estou grávida. Estou
ansiosa para vê-la crescer e meu bebê começar a se mexer, dando sinal de sua
existência.
— Amor, está melhor? — Arthur pergunta, batendo na porta.
— Estou, amor. — Abro a porta e pulo no colo dele. — Te amo!
— Também amo muito você, maluquinha. Vamos logo tomar o café
da manhã. — Ele me dá um tapa na bunda e caminhamos rumo à cozinha.
— Bom dia, Amélia! — dizemos juntos.
— Bom dia, meu casal! O café já está na mesa.
— Obrigada. E minha pequena princesinha? — pergunto.
— Dormindo no sofá — ela responde e vamos até a pequena Jéssica,
que está apagada.
— Ela é linda! — Arthur diz.
— Ela é — concordo, sorrindo. Tem dúvidas de como ele será um
paizão? — Que tal termos aquela conversa com Amélia? — pergunto e ele
balança a cabeça em concordância.
Acomodamo-nos na mesa e a chamamos.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não, querida, é que vamos mudar de casa dentro de mais ou menos
dois meses, no máximo, se Deus quiser, e gostaríamos que vocês nos
acompanhassem — digo. — Como nossa casa fica na Lagoa dos Ingleses,
totalmente contramão para a senhora, pensamos que, talvez, a melhor opção
seria vocês irem morar conosco, nem que seja apenas durante a semana. Há
uma pequena casinha atrás da área da piscina. Podemos decorar de um jeito
agradável, para a senhora e para Jéssica. Não queremos perdê-las devido à
distância. — Arthur fica me olhando, parecendo estar um pouco orgulhoso de
mim neste momento. Amélia está visivelmente emocionada.
— Claro, Mari, eu e Jéssica somos sozinhas mesmo. Nada nos impede
de ir — diz, com a voz embargada.
— Perfeito, Amélia! Vocês fazem parte da família que eu e a Mariana
estamos construindo. Confio inteiramente na senhora para cuidar da minha
mulher e de todos os filhos que tivermos. Fico muito mais tranquilo em ter
alguém de confiança ao nosso lado — Arthur afirma com seriedade. Até
parece que dou tanto trabalho...
— E não poderíamos viver sem seu bolo de cenoura! — brinco. —
Depois vamos sentar e conversar sobre o aumento no salário e tudo mais,
Amélia.
— Pelo amor de Deus, Mari, nada de aumento! Já ganho bem o
bastante, vocês são generosos. Não se preocupem com isso. É uma honra ir
com vocês. Sou muito grata por acolherem minha menina.
— Nós que tivemos sorte de encontrar vocês, dona Amélia — Arthur
diz, segurando minha mão por cima da mesa. — Não se preocupe, já
verifiquei e no próprio condomínio há uma excelente escola para a Jé. Ela
terá tudo do melhor.
— Muito obrigada por tudo! Deus há de sempre olhar por vocês.
Vocês são pessoas boas, merecem toda a felicidade do mundo. Agora, me
deem licença, vou arrumar o quarto de vocês — ela fala, nos deixando a sós,
e sei que está indo chorar escondida.
— Você é maravilhosa, Mariana! Eu tenho orgulho da sua bondade.
Sem dúvidas, essa sua ideia foi excepcional — ele diz, beijando minha mão.
— Queria pedir para agilizar as coisas no escritório de arquitetura, Mari, para
podermos mudar logo.
— Eu darei uma passada lá hoje, para agendar a visita à nossa linda
casa nova. Estou ansiosa, na verdade, não vejo a hora de acompanhar de
perto os avanços das modificações — informo, sorridente.
— De táxi — avisa e sorri docilmente. Aham! — E nosso casamento?
— Eu deixei nosso casamento em segundo plano e, todos os dias, Arthur me
cobra isso. É que todas as mudanças repentinas têm me mantido ocupada o
bastante.
— Tentarei começar hoje uma listagem de tudo o que precisamos para
que o casamento saia o quanto antes e seja tão lindo quanto merecemos.
— Isso, minha gostosa — diz, piscando o olho, e termina seu café.
Ele fica de pé e mordo o lábio inferior. É pecado ser tão lindo.
— Tem certeza de que não rola um sexo selvagem matinal?
— Tenho, amor, realmente preciso ir. — Ele me beija, e após ir ao
banheiro escovar os dentes, sai.
A casa fica vazia e sem graça.
Enfim, todos os planos que eu tinha feito ontem fracassaram. Nós não
fodemos como selvagens essa manhã e ele me liberou para ir à entrevista, ou
seja, perdeu a graça. Adoro vê-lo nervoso, ele fica uma delícia. Pensei que ele
ficaria mal-humorado, mas falhou.
Ao invés de bancar a louca ciumenta — por hoje —, decido cuidar da
nossa nova casa.
Me arrumo rapidamente e chamo um táxi para me levar ao escritório
de arquitetura. A casa está perfeita, só precisa de decoração e mudar alguma
cor ou outra das paredes, então não será um serviço demorado.
Chegando, pago o motorista e caminho até a recepção. É um
escritório bastante imponente.
— Boa tarde, eu liguei agendando uma reunião com o arquiteto —
digo à recepcionista calorosamente e ela me dá um sorriso.
— Senhora Mariana Barcelos?
— Sim — confirmo.
— A arquiteta já irá recebê-la.
— Ah, pensei que era um arquiteto. Estava esperando ser atendida por
André Fontes — divago. Pensei mesmo.
— André Fontes fez uma cirurgia de emergência e está de licença.
Temos outros arquitetos também, porém eles já estão envolvidos com outros
projetos. Ana Carolina é uma excelente arquiteta, podemos garantir.
— Tudo bem.
— Pode se sentar e aguardá-la. Aceita uma água ou um café? —
pergunta cordialmente.
— Não, estou bem, obrigada. — Fico folheando revistas e, alguns
minutos depois, uma mulher alta, magra, linda e loira aparece. Fico
imensamente satisfeita por estar bem-vestida diante dela. Temos que sair de
casa vestidas para enfrentar o mundo, aprendi isso, preparadas para quaisquer
ocasiões que surjam.
— Bom dia, Mariana, sou Ana Carolina — ela fala, estendendo a mão
para mim. Mariana? Eu esperava ao menos uma “dona Mariana”, “senhora
Mariana”, qualquer coisa mais formal.
— Bom dia, Ana Carolina — respondo, apertando firmemente sua
mão. — Podemos começar a reunião?
— Claro, me siga. — Entramos na sala dela e nos sentamos. — Então,
Mariana, o que necessariamente você precisa?
— Eu e meu noivo estamos mudando para uma casa na Lagoa dos
Ingleses. Eu, a princípio, iria decorá-la, mas ela é enorme e estou grávida.
Estamos com um pouco de pressa, Ana, então queria agendar com você uma
visita à casa para começar o projeto o quanto antes. É básico, apenas algumas
mudanças superficiais e a decoração — explico.
— Claro, Mariana. Parabéns pelo bebê! Podemos ir hoje ainda, se for
do seu interesse — ela diz e finalmente sinto que posso vir a gostar dela.
— Sério? Seria perfeito para mim!
— Nós podemos agendar na parte da noite, pois minha tarde está
cheia. Ficaria bom?
— Excelente, assim Arthur poderá me acompanhar! — informo,
empolgada.
— Claro. Vamos marcar às 19h30 no local. Me passe o endereço
através desse e-mail, tudo bem? — diz, entregando-me um cartão.
— Perfeito, Ana. Obrigada.
Saio do escritório com o humor ligeiramente alterado para melhor e
decido ir caminhando até o shopping ao lado.
Ando observando várias lojas de bebês e fico louca para sair
comprando tudo. Passo até mesmo por algumas lojas de móveis infantis. O
quarto do meu filho ou filha será um ambiente sagrado, nenhuma arquiteta irá
entrar nele. Eu quero decorá-lo junto com meu marido, item por item, detalhe
por detalhe. Quero participar e viver cada momento dessa gravidez. Preciso
disso.
Passando em uma loja de roupas e calçados, não resisto e acabo
comprando um tênis branco lindo, que mais parece um chaveirinho. Não vejo
a hora de ver meu bebê usando todas as coisinhas minúsculas. Já temos
algumas coisas, que eu e Arthur compramos na primeira gravidez, então
preciso me controlar para o bebê não vestir apenas branco e amarelo.
Meu telefone toca e é meu incrível marido.
— Oi, minha vida — digo.
— Está onde, amor? Liguei para casa e Amélia disse você saiu.
— Fui na arquiteta, marcamos uma visita para hoje, às 19h30. Agora
estou em busca de um sorvete no shopping. Comprei um tênis lindo pro
nosso bebê.
— Pode comprar rosa, é uma menina — avisa e eu reviro os olhos. É
a segunda vez que ele diz isso.
— Não, senhor, vamos confirmar primeiro, para só depois entrarmos
no mundo rosa — digo, rindo.
— Você virá aqui? Tenho um tempinho no almoço. — Hummm,
proposta indecente, eu sei.
— Me parece que alguém está com segundas intenções! — provoco
com uma voz baixa e o ouço suspirar do outro lado da linha.
— Segundas, terceiras e quartas.
— Acho que serei obrigada a ir.
— Vou pedir algo para almoçarmos. Vem rápido, estou ansioso —
avisa, fazendo meu coração palpitar. Será que todos os casais são assim?
— Estou indo inaugurar sua mesa nova.
— Você está vestindo o quê? — pergunta.
— Vestido, por quê?
— Perfeito, te espero — ele diz e desliga. Fico rindo sozinha, feito
boba. Esse homem... Ainda morrerei por excesso de sexo!
Passo na Kopenhagen e compro alguns chocolates para a sobremesa,
se é que vamos almoçar comida. Em seguida, sigo para o ponto de táxi, me
deliciando com uma magnífica casquinha mista do McDonald's. Acho que
eles deveriam me patrocinar, de tanto que falo e vivo McDonald's. Sorrio
desse pensamento tolo e paro de sorrir quando vejo Laís sair de um táxi. Mil
e um pensamentos passam pela minha mente.
A vontade de matá-la sobressai, porém, penso no bebê que estou
carregando em meu ventre e em Arthur, e acabo optando pela fuga.
Entro desesperada no primeiro táxi vazio que encontro e peço ao
motorista para sair o mais rápido possível daqui.
Após passar o destino a ele, ligo para Arthur, que atende no primeiro
toque.
— Oi, minha gostosa.
— Arthur, a Laís... — falo, tentando não chorar.
— O que ela fez? Você está bem? Ela está solta? Porra! Diga que
você está bem — pede, desesperado.
— Estou bem. Quando estava indo pegar o táxi no ponto, a encontrei
saindo de um outro táxi — explico e escuto-o socar algo.
— Que diabos! Vou procurar saber como isso aconteceu! Te espero,
Mari. Venha em segurança, pelo amor de Deus!
— Tudo bem — suspiro, dessa vez de frustração.
— Fique calma, irei proteger vocês — meu super-herói informa,
encerrando a ligação.
Ao chegar à empresa, encontro Arthur me esperando na porta, com as
mãos no bolso, demonstrando impaciência. Assim que me vê, solta um
suspiro de alívio e noto seus ombros relaxarem. Dura pouco o seu transtorno
de desespero. Ele varre meu corpo com os olhos e foca em minhas pernas,
com um olhar faminto, de quem está prestes a me devorar. E então dá uma
piscada de olho que vai direto à minha virilha. Arthur Albuquerque sempre
causa um impacto.
— Estava louco. Você demorou — diz com os olhos ainda em minhas
pernas, e eu seguro a vontade de rir.
— O trânsito estava uma merda. — Puxo a gravata dele, grudando
nossos corpos, e ele segura minha cintura.
— Eu já falei com os advogados, eles vão verificar tudo e entrarão em
contato — explica, olhando meus seios através do decote.
— Dá para olhar para os meus olhos? — pergunto e ele sobe o olhar
aos meus olhos. Em seguida, dá um sorriso de um homem bastante prostituto
e indecente.
— Vem. — Sai me puxando, abre a porta do escritório e segue para a
sua sala.
— Fiquei desesperada quando a vi, Arthur — desabafo, passando as
mãos pelo meu rosto.
— Imagino. — Ele me encosta em sua mesa, cola o corpo ao meu e
passa as mãos pelas minhas pernas lentamente. Sobe por dentro do meu
vestido, até dar um forte aperto em minha bunda e puxar minha calcinha para
baixo. Esse homem está com uma tara absurda! Os hormônios o afetam
também? Hoje pela manhã ele estava controlado.
— Hey, eu estou te contando sobre um problemão e você está aí,
nessa sede do caralho! — Ele apoia um joelho no chão e termina de tirar
minha calcinha.
— Eu sei, e você é cara de pau ao extremo, está encharcada de desejo.
— Ele começa a desafivelar o cinto e abrir o fecho de sua calça, ficando de
pé. Lambe meu pescoço de fora a fora e sinto sua ereção pressionar minha
entrada. Me ajeito na mesa e o puxo pela gravata, fazendo-o me invadir de
forma lenta. — Gostosa demais. Eu estava louco de tesão por você.
— Eu preciso que seja mais forte. — Ele arranca minha bolsa, abaixa
a alça do meu vestido e expõe meus seios. Me tortura com movimentos de vai
e vem. Então me deixa vazia e necessitada, sem chance de protesto.
— Agora vou te provar lentamente, Mariana Albuquerque. — Ele usa
uma mão para pegar meu seio esquerdo e a outra para esfregar a cabeça de
seu membro em minha entrada.
— Deus, Arthur, não faz isso! — Retiro seu casaco, afrouxo sua
gravata e abro os botões de sua camisa, deslizando a peça pelos seus braços
logo em seguida. Ele me penetra novamente e coloca as duas mãos em meus
cabelos, puxando-os com força. — Arthur, eu vou morrer.
— Morre gozando em mim, estou desesperado por você, maldita seja!
— Ele aumenta as estocadas e eu arranho suas costas com força, chegando ao
clímax. Isso foi rápido... Puta merda!
— Oh, Deus!
— Está chamando Deus, senhora Mariana? Não adianta não. Ele não
pode salvá-la de mim.
— Jesus, Arthur!!!
— Anda, Mariana, eu estou quase gozando para você, foram muitos
dias sem sexo. Me sinto um maldito adolescente de merda! — fala, me
olhando nos olhos e me puxando para ficarmos ainda mais grudados. Ele
começa a movimentar meus quadris, subindo e descendo, esfregando
fortemente meu clitóris contra sua pélvis. Outro orgasmo, que parece ser
ainda mais forte, começa a se construir, e eu jogo a cabeça para trás.
Ele aproveita meus seios empinados e os chupa deliciosamente. Seus
gemidos se tornam insanos, porque ele sabe que isso me enlouquece.
— Gosto de você assim, doidinha quando gemo — diz, me encarando
com seus olhos azuis, penetrantes e intensos, e lábios úmidos. Eu nunca vi
olhos como os dele. Nunca. — Quero gozar em você, te preencher todinha
com meu prazer, Mari. É assim que eu preciso de você... — Ele me beija
apaixonadamente, brincando com sua língua em minha boca. — Você gosta
assim, não é? Gosta de me ter passando as mãos em você, atiçando,
envolvendo. Você é safada e adora isso, Mari! Eu te amo.
— Me fode, Arthur, mais rápido... Aiii! — imploro e ele faz com
força, do jeito que eu preciso. Nós gememos juntos, desesperados, até
atingirmos o clímax . Ele me pega pela bunda e me senta em uma das
cadeiras, tentando recuperar as forças. Fico com a cabeça jogada em seu
ombro, meu corpo mole e trêmulo. É possível ter ficado melhor do que já
era? Eu amo esse homem, sou louca por ele.
— Sou louco por você — ele diz e eu sorrio.
— Estava aqui justamente pensando em quanto te amo e o quanto sou
louca por você.
— Fiquei louco quando me disse que viu a Laís — desabafa.
— Agora você quer conversar sobre isso? — provoco.
— Sim. — Ele ri. — Eu estava com tanto tesão em você, que mal
conseguia raciocinar, Mari, não sei o que me deu. Fiquei de pau duro boa
parte da manhã. Eu quase me toquei pra você, Mari.
— Isso é sério? — pergunto, levantando minha cabeça e o
observando.
— Muito sério. Eu me sinto como um adolescente descontrolado. —
Ele ri. — Me desculpa, quando vi que você estava segura diante de mim, só
consegui pensar em te foder, todo o resto ficou pra depois. Eu preciso dizer,
Mari, que sempre irei protegê-la e garantir sua segurança.
— Eu confio em você, mas acho que eu deveria tirar autorização para
porte de armas — digo e ele me encara, assustado.
— Está louca?
— Não! Eu mato aquela diaba! Enfim, mudando de assunto, nós ainda
precisamos almoçar. Eu e o baby estamos com fome — falo.
— Primeiro vou limpar essa bocetinha minha, depois vamos em um
restaurante aqui do lado, minha filha precisa se alimentar.
— E se for um menino? — pergunto, sorrindo.
— É uma menina, aceite. — Ele está muito convicto. Se ele acertar,
darei o redondo para ele todos os dias, apenas pelo fato dele ser foda.
— Tudo bem, nossa filha está faminta! — É melhor concordar.
— Aliás, há algo que preciso dizer. Você não pode sair por aí sozinha,
vestindo roupas assim, Mariana, é um absurdo! Você é minha, só meus olhos
podem ver toda essa delícia. Suas pernas, indecentemente gostosas, são
apenas para os meus olhos!
— Posso sim — rebato. — Meu corpo, minha vida! — Ele ri e depois
faz cara de bravo.
— Só quando estiver comigo, porque aí socarei todo e qualquer
infeliz que ousar olhar para a minha mulher.
— Ciumento, gosto disso. — Sorrio enquanto me levanto e arrumo
meu vestido. Não queria dizer, mas Arthur ainda está duro, isso é normal?
Talvez seja o momento de procurar uma terapeuta sexual.
— O senhor vai com as calças arriadas? — pergunto, brincando ao
vê-lo de pé, me encarando, como se fosse a primeira vez que está me vendo.
— Não, senhora. Só estou apreciando minha futura esposa.
— Mais tarde posso fazer um showzinho particular, se quiser. —
Caminho até o banheiro e pego alguns lenços umedecidos para limpar a
bagunça entre minhas pernas. Esse homem é um verdadeiro banco de
esperma. Tenho até medo dele.
— Certamente irei adorar um showzinho erótico. — O ouço dizer
enquanto se veste.
— Então se arruma, estou realmente com fome.
— Eu já entendi, Mariana. Por Deus, você tem ficado desesperada
quando está com fome — ele reclama.
— Estou grávida! Você me quis grávida e eu também, agora você vai
ter que me engolir de todas as maneiras, compreende? Você terá que me
foder sempre que eu quiser, terá que me alimentar, terá que me foder de novo
e tudo mais!
— Estou fodido pra caralho, não estou?!
— Não, você está fodendo pra caralho, bebê. Agora vamos, porque...
— Você está com fome! — responde bravinho e eu seguro o riso.
Seguimos para o restaurante e ele vai grudado em minha cintura,
visivelmente marcando o território. Está, no mínimo, engraçado. Cada
homem que passa e olha para as minhas pernas, ele ruge de raiva.
— Eu disse que você não deveria mostrar essas pernas! — esbraveja.
— Homem das cavernas!
— Eu vou matar um hoje! — exclama e, finalmente, chegamos ao
restaurante.
Fazemos nosso pedido. Enquanto aguardamos, ficamos nos beijando
como se não houvesse mais ninguém, apenas nós dois. O fogo começa a
queimar entre minhas pernas e me afasto rapidamente do meu homem.
— Controle-se, Tutu. Mais tarde tem mais.
— Ainda temos que ir encontrar com a arquiteta. — Ele não parece
feliz e eu quero rir.
— Temos.
— Não vejo a hora de mudarmos, só terei sossego quando você
estiver totalmente segura. Não confio nos porteiros daquele prédio.
— Eu disse a ela que temos urgência. Não tem obras, amor, é apenas
para a decoração do interior mesmo. Acredito que em um mês possamos nos
mudar.
— Não vejo a hora, meu amor. Quero te pedir um favor. — Own, ele
é tão fofíneo!
— Pode pedir — digo.
— Eu... É que... Eu queria contratar um motorista para você. Tenho
um conhecido de confiança, que já foi motorista e segurança e que agora está
desempregado. Ele precisa de emprego e eu preciso trabalhar, Mari. Não
consigo ficar 24 horas te protegendo. Confio nele plenamente. Ele cuidará da
sua segurança quando eu não estiver por perto.
— Uau, agora estou me sentindo 100% como as mocinhas dos livros
que já li, casadas com executivos magnatas e superprotetores. O motorista é
gato? — pergunto e ele me dá um beliscão na coxa.
— Não tem graça, Mariana! Eu não sou magnata e nem um homem
de livros, mas realmente ficarei feliz e aliviado se você aceitar — pede e não
tenho como recusar um cuidado a mais. Agora prezo pela minha vida. Mas
que ele é magnata, isso é. Arthur parece ter uma fonte inesgotável de
dinheiro. Beira ao absurdo.
— Tudo bem, eu também tenho medo. Não quero sofrer outra perda.
— Nossa, pensei que teríamos uma discussão danada! Já estava até
cogitando o sexo pós-briga. — Ele só pensa em sexo! Eu não sei como ele se
tornou esse tipo de ser humano, que só pensa em sexo.
— Não, amor. Agora estou em uma fase onde tenho que pensar em
meu bebê e em nossa segurança. Mas, se eu não estivesse grávida, não
aceitaria.
— Obrigado, Mari — ele diz e pega minha mão.
— Eu quem agradeço por ter todo esse cuidado com a minha
segurança e com nosso bebê.
— Vocês são minha vida. — Sorri, e eu o abraço, chorando. Não
consigo conter. É muita vontade de chorar o tempo todo. — Pare com isso,
Mari, vai parecer que estamos brigando.
— Eu te amo.
— Eu também. Pare de chorar, é sério. Vou estapear sua bunda diante
de todos, se continuar chorando — ameaça e me afasto. Então pego um
guardanapo para limpar meu rosto.
Almoçamos, voltamos à empresa e as entrevistas continuam.
Surpreendo-me com meu comportamento de dama ao lado de Arthur. Não
interfiro diretamente nas entrevistas, mas, de vez em quando, dou um aperto
na coxa dele por debaixo da mesa, e ele entende que está fora de cogitação
aquela pessoa assumir o cargo. Por enquanto, não encontramos nenhuma
qualificada para contratarmos. Arthur é exigente, gosta de pessoas dinâmicas
e centradas. Está foda! No meio da tarde, ele encomenda um lanche para a
grávida mais esfomeada, no caso, eu. E, no fim da tarde, seguimos para a
casa nova, para encontrarmos com a arquiteta loira falsificada. Entramos na
casa e, enquanto aguardamos, verificamos canto por canto de cada cômodo,
pensando no que seria legal para cada ambiente. Arthur e eu combinamos até
nos gostos decorativos, isso é perfeito demais. O interfone toca e o porteiro
do condomínio informa a chegada de Ana Carolina. Assim que ela chega,
quase tenho um ataque cardíaco de tanto ódio.
— Oi! Mariana, boa noite, querida! — diz, me dando dois beijinhos, e
se afasta. Eu odeio mulher que me chama de querida, puta que me pariu! A
cada “querida”, tenho vontade de socar a cara de uma, não que eu seja
barraqueira.
— Boa noite, Ana. Meu marido já está vindo — informo e a vejo
olhar adiante de mim. Percebo uma súbita mudança de comportamento. Suas
bochechas coram além do blush excessivo, ela parece nervosa e feliz ao
mesmo tempo. Se for meu marido, vou arrastar sua cara no asfalto e jogá-la
na lagoa.
— Arthur! — ela exclama, surpresa, ao ver meu marido. Que diabo é
isso?!
— Carol? — Olho para ele e o encontro surpreso também. Carol? Não
posso acreditar!
Que diabo de Carol é essa, Jesus? Eu não mereço outra provação na
vida! Está na hora de surgir uns ex-peguetes meus, esse jogo está injusto.
Notando meu desconforto, ele passa as mãos pela minha cintura, puxando-me
para junto de si. Que porra é essa que está acontecendo? Ele está querendo
mostrar que está em um relacionamento, é isso?
Ele já fodeu com essa vadia? Eu vou matá-lo e fazer picadinho do seu
pau. Ela se aproxima sorridente e, contra a vontade, ele me larga para receber
um abraço. ELA O ABRAÇOU?! ELA ABRAÇOU MEU HOMEM?!
Ele está de castigo! Sete dias sem sexo!
— Nossa, não sabia que era você, Arthur — diz com uma empolgação
impressionante.
— Também não esperava te reencontrar. — Pelo menos meu marido
retribui o maldito abraço de forma seca e volta a me agarrar. Diminuo seu
castigo para quatro dias...
— O mundo dá voltas, que felicidade te reencontrar. Você está ainda
mais lindo. O impecável “Arthur Albuquerque” — ela fala, esquecendo que
estou na sala, e só depois se lembra. — Com todo respeito, é claro.
— Obrigado — ele responde sério e educado.
— Com todo respeito, é claro? Que porra é essa, posso saber?! De
onde conhece essa mulher, Arthur?! — pergunto a ele e me viro para a vadia.
— E você, trate de manter a merda do respeito e da ética que uma
profissional deve ter! Foda-se se você conhece meu marido, ele não está aqui
como conhecido, está aqui como cliente. Pense pelo menos cinco vezes antes
de tecer seus elogios desnecessários — digo sem o mínimo de classe aos dois
e a vejo engolir em seco. Está achando que aqui é bagunça? Que tem palhaça
aqui? Eu sou a dona da porra do circo todo!
Os dois seres humanos diante de mim estão me olhando assustados.
Eu acho bom que estejam realmente assustados, porque eu sou louca! Se
Arthur ainda não conseguiu perceber, é bom que comece de agora.
— Desculpa, senhora Mariana — a vadia loira diz e eu noto um tom
não muito legal de sua parte. — É que Arthur e eu fomos grandes amigos há
alguns anos, não é, Arthur? — explica, nervosa, olhando para ele, pedindo
uma confirmação. Parece cena de novela essa bosta!
— Não, senhora. Eu não minto para a minha mulher, Ana. Desculpe.
— Ele olha para mim e eu sei que já vem merda pela frente. — Mari, eu e
Ana fomos quase namorados. Ficamos juntos por quase um ano inteiro, há
quinze anos.
— Interessante. — Respiro fundo e solto o ar. Era tudo que precisava,
mais uma ex-louca.
— Desculpe por isso, vou me manter profissional. — Ela balança a
cabeça positivamente. — Podemos começar? — questiona sem graça.
— Podemos sim, claro, contanto que não dirija palavras que não
sejam a respeito da obra ao meu marido e contanto que não o chame de lindo,
nós ficaremos bem.
— Me desculpe, me empolguei. Havia muitos anos que não nos
víamos. — Foda-se, querida! Ele é meu e eu estou grávida de um filho dele!
Ele é MEU, grito internamente.
— Tudo bem, você não está aqui para isso. Mãos à obra, por
gentileza. — Arthur está quieto, na dele. Nem pisca, coitado. Coitado?
Coitada de mim! Eu espero que essa vadia tenha uma equipe de pedreiros
quentes, para ele sentir na pele como é bom ter pessoas dando em cima do
seu parceiro o tempo todo. — Quero começar pelo nosso quarto, que é onde
passaremos a maior parte do tempo. Para mim, é a parte mais importante da
casa — aviso, e não é me referindo à parte sexual, é que eu e Arthur amamos
ficar no quarto. Assistimos TV no quarto, lemos no quarto… é nosso canto de
fuga, onde podemos nos desligar do mundo.
— Desculpe, mas acho que vocês passarão a maior parte do tempo no
quarto do bebê. Deveríamos começar por ele — ela me corta.
— Não, querida. Acredite, será no nosso quarto. E desde já quero
deixar bastante claro que o quarto do nosso filho está fora do projeto. O
quarto do meu filho, sou eu quem irei decorar, junto com meu marido. Não
entre nele, em hipótese alguma. Um passo dentro dele e o contrato será
encerrado. — Ok, eu exagerei, mas foda-se!
— Mari, pega leve — Arthur diz em meu ouvido e dou um sorriso
fingido para ele.
— Tudo bem, pode começar a tirar as medidas e as fotos, Ana. Eu e
Arthur também temos nossas próprias ideias. Pesquisamos algumas imagens
que enviarei por e-mail assim que chegarmos em casa — informo.
— Ok, você me acompanha? — ela pergunta, olhando para Arthur.
— Claro, querida! Claro que nós te acompanhamos — respondo
muito simpática e Arthur me olha assustado. Sorrio e a cara dele piora ainda
mais. Durma com essa, querido! Vou contratar um garoto de programa só pra
dar em cima de mim! Filho da puta gostoso!
Nós a acompanhamos em todos os cômodos e, graças a Deus, ela faz
tudo muito rápido. Rápido até demais pro meu gosto. Coitadinha, deve estar
louca para ir embora logo. Seguro o riso toda vez que ela me olha. Arthur fica
quietinho e em alguns momentos até finge mexer no celular, pobrezinho.
— É uma casa incrível! — ela diz no jardim, após medir toda a parte
interna.
— Sim, meu marido tem um excelente gosto.
— Ana, há também aquela pequena casa próxima à área da
churrasqueira. Nós queremos uma atenção especial para esse local. Será da
nossa ajudante, que estará vindo morar conosco, acompanhada de sua neta de
nove anos. Ela possui dois quartos. Eu gostaria que o quarto da garotinha
ganhasse um cuidado mais especial, ela é bastante vaidosa e gosta do
mundinho rosa que toda menina vive — Arthur explica e eu tento não chorar
com esse gesto.
— Claro. Posso ir até lá dar uma olhada e tirar medidas?
— Claro, querida! — digo e ela quase faz uma careta, caminhando
pelo gramado até a casinha. Assim que ela entra, dou uma gargalhada.
— Você é louca, Mariana? — Arthur pergunta e eu mostro o dedo do
meio pra ele. Sim, eu sou a porra de uma mulher com um alto índice de
imaturidade.
— Fique calado! Eu terei que aturar mais uma ex sua, Arthur. Estou
possuída agora! — alerto.
— Mas eu não sabia que seria ela. Na verdade, eu nem sabia mais da
existência dela — diz, puxando-me pela cintura.
— Tudo bem, mas, ainda assim, estou possessa! Eu vou tirar porte de
arma! E estou falando sério.
— Gostosinha, você é muito ciumenta.
— Aguarde quando surgirem pedreiros quentes aqui — aviso,
sorrindo, e ele me dá um tapa na bunda.
— Você está proibida de vir aqui durante o processo todo! —
esbraveja, agarrando meus cabelos, e eu molho minha calcinha no mesmo
instante. Maldito!
— Então você também está! Babaca!
— Vai me testando. Eu vou foder sua bunda sem lubrificante — avisa
e dou outra gargalhada.
— Engraçadinho da estrela!
— Essa casa é fantástica! Essa vista é muito bonita. Já imagino viver
todos os dias aqui, com você. Nossos filhos correndo pelo jardim todo... —
Sorri. — Aliás, precisamos ver algo para proteger a piscina, mas que não seja
aquelas grades feias. Vou pesquisar algo sobre isso.
— É verdade. Aquelas grades estragariam a bela visão. Eu amo que
você esteja preocupado com nosso bebê. — O abraço, beijo seu pescoço e
vejo uma camada fina de arrepios tomarem sua pele. Que tesão de homem!
— Bom, já está tudo anotado e registrado. Sobre a parte externa, há
algo que gostariam de mudar? — A bruaca enrustida volta, atrapalhando meu
processo de deixar Arthur com tesão.
— A parte externa está excelente, nem mesmo precisa de uma pintura.
O que você acha, amor? — Arthur pergunta.
— Excelente, nada de mudanças na parte externa. Em quanto tempo
você consegue fazer tudo que é necessário? — pergunto a ela.
— É uma casa bastante generosa, então eu acredito que em dois
meses. Deve levar cerca de um mês para os móveis serem produzidos. Nesse
um mês consigo fazer os ajustes de cores, pinturas e gesso. Dois meses é um
prazo justo, para caso haja qualquer problema.
— Ótimo! — Arthur diz. — Bom, é só isso?
— Sim, tudo certinho, Arthur. Entrarei em contato quando o projeto
estiver pronto. Leva de uma a duas semanas, no máximo. Irei me dedicar
exclusivamente a ele, já que hoje mais cedo terminei o outro projeto em que
estava trabalhando.
— Excelente, querida! — Ela deve estar puta de eu estar me dirigindo
a ela como querida. Querida é algo tão falso! Acho que não existe nada mais
falso que um “querida”, nem mesmo um “fofa” consegue superar.
— Certo, foi bom revê-lo, Arthur. Até mais, senhora Mariana. — Ela
sorri e a levamos até a saída. Ela entra em seu Mini Cooper branco e sai mais
que apressada.
— VADIA!
— Mari, menos!
— Vamos embora, preciso descarregar toda minha raiva e minhas
frustrações em você — informo. — Estou além de puta, estou prostituta da
vida!
— Como assim descarregar a raiva? — Ele sorri de lado. Cafajeste!
— Vamos embora, Arthur Albuquerque! Hoje você vai ver com
quantos paus se faz uma canoa.
— Oh, Deus, que mulher louca eu tenho! — Ele me pega pela cintura
e cheira meu pescoço.
— Você gosta, você é um depravado por trás dessa fachada de
homem sério.
— Você que é uma safada, tentadora e gostosa.
— Anda, Arthur, ou eu pegarei o carro. Você escolhe! — aviso e ele
ri.
— Você não é louca! — diz, pegando minha bolsa no balcão, e me
agarra por trás, roçando em minha bunda. — Gostosa. Quero foder você.
— Sempre! Você sempre quer me foder. Quantas vezes já fodemos
nessa vida?
— Eu não faço ideia, mas sei que hoje vou fodê-la pelo menos mais
três vezes — diz em meu ouvido.
Vamos todo o caminho escutando músicas, só assim para aguentar o
trânsito terrível que enfrentamos.
— O que acha de jantarmos fora? — Arthur propõe, tamborilando os
dedos no volante.
— Eu acho uma excelente ideia, mas não vamos demorar, quero
chegar logo em casa.
— Tudo bem, senhora, como quiser. — Ele sorri e aperta minha coxa.
Uma ideia vem à minha mente. Hoje minha sobremesa será Arthur.
— Pode passar no mercado vinte e quatro horas depois? — peço.
— Posso, princesa.
Ele dirige por mais alguns minutos até estacionarmos em frente ao
restaurante Pinguim. Me sinto uma estrela internacional quando um
funcionário abre a porta para eu descer, oferecendo sua mão a mim.
— Eu mesmo pego minha mulher, obrigado! — meu marido
possessivo diz, o empurrando discretamente, e eu sorrio da sua cena
magnífica. Que tipo de casal nós dois somos?
— Ciumento, hein?! — cochicho em seu ouvido quando ele coloca
sua mão firmemente em minha cintura.
— Não tem graça.
— Oh, claro que tem! Muita graça, por sinal. Se você andasse comigo
vinte e quatro horas, ficaria horrorizado com tantos elogios sobre minha
bunda — provoco e ele para de andar. Ele segura meu braço e me faz encará-
lo.
— Mariana, eu não gosto e não aceito esse tipo de brincadeira.
— Não é uma brincadeira. — Ele está nervoso o bastante.
— Eu sei que não, mas foda-se! Eu sou louco, Mari, vou te algemar
na porra da cama e impedi-la de sair — avisa com seriedade.
— Homem das cavernas! Você vai me foder após me algemar? Vai
comer a bunda que todos olham e só você possui? Vai me foder, Arthur
Albuquerque? — pergunto em seu ouvido, dando uma mordida forte no final.
Ele não responde, apenas pega minha mão, entrelaça nossos dedos e nos leva
para o interior do restaurante.
Eu nunca vim aqui antes, mas estou certa de que essa será a última
vez. Até os malditos talheres parecem ter sido banhados a ouro. Pego o
cardápio e quase choro. Não há uma única comida que eu consiga ter o
mínimo de ideia do que é. Todos os nomes parecem ter vindo de Marte ou da
puta que pariu. Cadê a picanha maturada com gordura? Cadê o bife com
fritas? Cadê o medalhão de frango? Cadê a merda do ovo frito ou da
costelinha de porco suculenta? Ok, eu não gosto de coisas luxuosas. Preferia
o hot dog da madruga ou a costelinha do Outback, lá ao menos eu consigo ler
o cardápio e identificar as refeições.
— O que vai pedir, amor? — Arthur pergunta carinhosamente e eu
quase rio.
— Um tradutor! — informo e ele me encara, curioso.
— Como?
— Arthur, eu não consegui identificar nada além das bebidas: Coca,
Soda e suco. — Ele dá uma risada gostosa e eu fecho a cara. Claro que ele
está rindo, ele é chique, intelectual, não é do povão, como eu. Eu preferia um
torresmo, acompanhado de angu e couve!
— Ok. Bom, o que você quer comer? — pergunta, tentando não rir.
— Eu ficaria feliz com uma picanha, na verdade, estou com desejo de
uma picanha bem gostosa, ao ponto, já que não posso comer malpassada —
informo. — Quero fritas, muitas fritas, e arroz com brócolis, para não dizer
que não sou saudável. Para beber quero um suco de laranja com acerola, bem
delicioso! — digo, o fazendo rir.
— Ok, eu vou pedir.
Ele chama o garçom e pede exatamente o que sugeri. Percebo o
garçom o encarar em choque. Claro, somos uma aberração neste lugar
luxuoso. Sinceramente, acho que deveríamos ir em outro restaurante.
O garçom sai e logo depois um homem chiquérrimo surge em nossa
mesa.
— Arthur, é um prazer recebê-lo, meu amigo — ele diz, sorridente, e
Arthur se levanta para cumprimentá-lo.
— O prazer é meu, Januzzi. Essa é minha futura esposa, Mariana —
fala e eu fico de pé, para cumprimentá-lo. — Mari, esse é Januzzi. Ele cursou
faculdade comigo, mas acabou optando pela culinária. Ele é dono da rede
Pinguim de restaurantes. — Arthur sorri e o homem pega minha mão,
depositando um beijo.
— É belíssima sua futura esposa. Deixe-me saber se terminarem —
brinca.
— Nem por um maldito caralho! Agora vá e faça seus funcionários
capricharem no meu pedido. Minha belíssima esposa está grávida e faminta.
E eu também acho que você deveria parar com essa viadagem de dar nomes
exóticos até para o arroz branco. Fica incompreensível — Arthur fala na cara
de pau, o fazendo dar uma gargalhada.
— Eu concordo com meu noivo.
— Oh, eu mudarei todo o cardápio apenas porque essa bela mulher
pediu — Januzzi diz, piscando um olho para mim enquanto ri. — Bom,
fiquem à vontade. Muito bom rever você, Arthur. Voltem mais vezes, serão
sempre bem-vindos. São meus convidados de honra.
— Obrigada — agradeço e volto a sentar quando ele se vai. — Ele é
solteiro? — pergunto e Arthur faz uma cara quase cômica.
— Por que a pergunta?
— Porque preciso desencalhar a Júlia. Ela espera que você tenha um
bom amigo — digo, rindo.
— Cuidaremos disso.
— Hummm, está marrentinho — provoco e ele coloca sua mão
firmemente em minha coxa desnuda, deixando seu dedo mindinho encostar
na parte proibida.
Solto um suspiro abafado. Decido me manter firme no propósito de
me portar como uma dama, elegante e fina; mesmo que eu não seja nada
disso.
Nossa refeição chega e comemos envolvidos em uma conversa sobre
a época da faculdade. Em meio a gargalhadas, pedimos a conta, e Januzzi não
permite que paguemos, dizendo que é um presente pela minha primeira vez
em seu restaurante.
Quando saímos, seguimos diretamente para o mercado. Fazer
pequenas compras com Arthur é algo incrível. Ele parece uma criança feliz,
que não sabe se comportar dentro do mercado.
Ele age de duas maneiras: primeiro coloca no carrinho todas as
porcarias calóricas que encontra, então brigo, retiro tudo e ele parte para a
segunda maneira, que se resume a ficar apertando minha bunda e mordendo
meu pescoço, como um tarado perfeito.
Compro chantili, cobertura de morango e sorvete de sonho de valsa,
meus prediletos! Arthur compra Ferrero Rocher, pra variar, Talento, M&M’s
e um saco de balas de caramelo.
Chegamos em casa e começo a procurar um local que seja ideal para a
execução da minha sobremesa. Minha cama é impossível, na mesa da cozinha
não rola... O sofá! No chão, próximo ao sofá, é perfeito!
Ele está me olhando desconfiado, porém, com cara de safado. Aquela
carinha de quem sabe que terá algo quente essa noite, ou frio!
Dou meu sorriso mais inocente e vou direto para o banho. Ninguém
merece foder sujo. Demora pouco para ele estar atrás de mim, embaixo da
ducha, me ensaboando e provocando com esse membro duro feito pedra. Eu
resisto, sou forte!
— Que foi? Vai negar fogo, Mariana? Eu sei que você quer — ele
resmunga.
— Se eu fosse você guardaria energia para o pós-banho.
— Hum, posso saber o que está tramando? — Ele puxa meu cabelo
com força e beija minha nuca. Deus, é uma prova de fogo resistir a ele!
— Não, senhor. — Esfrego a bunda nele.
— Mariana, sua bunda é a perfeição! Eu fico louco quando faz isso.
Vamos pular a sobremesa maldita que você inventou — choraminga e dou a
volta, ficando atrás dele.
— Não, senhor.
— Eu preciso te comer.
— Eu irei te comer hoje, Arthur. — Ele me afasta e vira de frente,
protegendo sua bunda.
— Se está pensando que vai dar uma dedada no meu cu, pode desistir!
Ninguém me come, Mari, nem mesmo você — diz sério, fazendo-me
gargalhar.
— Você é louco de pensar que eu enfiaria meu dedo em algum cu,
seja ele o seu ou de qualquer pessoa. — O empurro na parede, envolvo minha
mão em torno de seu membro e o beijo forte. Quando ele acha que vai dar o
bote, saio rapidamente e começo a me enxugar.
— Filha da puta! Vou te pegar, safada!
— Anda logo — atiço e fujo. Ele sai como um insano do banheiro.
Visto uma roupa e sigo para a cozinha. Começo a arrumar minhas
guloseimas e meu quase marido chega, vestindo apenas uma cueca branca,
exibindo as coxas grossas, o pau grande e a barriga de tanquinho cheia de
gomos. Filho da mãe! Ninguém deveria ser tão gostoso.
— Está com frio, amorzinho? — pergunta após beijar meu pescoço.
Sarcasmo é algo triste.
— Não, amorzinho!
— Está arrepiadinha. — Ele passa as mãos pelo meu braço.
— É dor de barriga, daquelas terríveis.
— Mentira. É tesão, desejo, tudo junto. — Maldito! — Senta aqui
no meu colinho, para podermos brincar um pouco? — Faz cara de pidão e
acabo rindo. Não consigo encontrar a lógica para esses nossos diálogos
sexuais.
— Eu te amo tanto, Tutu, você é tão louco.
— Eu também amo você. Minha loucura começou quando você
surgiu. Eu estou duro pra caralho, Mariana. Foda-se, libera essa...
— Olha, você está descontrolado, estou ficando assustada —
dramatizo. — Precisamos enviar nossas ideias para sua ex-namoradinha.
— Sim, vamos nos sentar e montar uma apresentação. Podemos fazer
até uma maquete, mas não agora. Por nada desse mundo ficarei sem ter
minhas mãos em você agora. — Ele aperta minha bunda e eu a empino para
provocá-lo.
— Sangue de cordeiro... — Rebolo, e de brinde ganho uma mordida
no ombro, que me impulsiona a virar de frente para ele.
— Já estou pronto — informa com sua voz rouca, passando a mão em
seu membro, por cima da cueca. Por Deus, até desvio meu olhar, para
terminar de pegar tudo o que preciso para meu plano inicial!
— Quero você deitado no tapete da sala. Agora, Arthur Albuquerque!
Você fará tudo que eu mandar e depois poderá fazer comigo o que quiser,
pode ser? — pergunto, mordendo o lábio inferior. Fodido Arthur
Albuquerque!
Quero escalá-lo como uma parede de escaladas agora.
Meu homem suculento está empolgado, é visível em todos os
sentidos. Eu gostaria de saber quanto tempo vou ficar no inferno por viver de
luxúria.
— Acha que vai ficar no controle? Acha que pode exigir? — pergunta
com uma cara de safado.
— Eu vou ficar no controle, gatinho. Eu já estou, não percebeu? —
pergunto e ele suspira.
— Vou fingir que você está no controle. Te aguardo para sentar aqui,
bem gostoso — diz, pegando em seu membro delicioso por cima da cueca, e
minha boca se enche de água.
Vou até meu quarto, pego um cachecol enorme, tiro a roupa e coloco
um roupão.
Volto à sala e Arthur está quietinho, deitado no tapete, como ordenei.
Sorrio, feliz da vida pela sua obediência. Pego meus quitutes na geladeira,
uma colher e caminho até ele, que fica entre minhas pernas. A mãozinha
nervosa não consegue se controlar e começa a explorar meu corpo, porém,
me desvencilho. Eu quem mando nessa porra!
— Terei que prender essas mãos! Me dê elas! — Ele arqueia a
sobrancelha e demonstro que não há conversa. Então, após soltar um suspiro,
ele junta os pulsos e estende os braços para mim. Bom garoto!
Passo meu cachecol em volta deles e dou um nó.
— Isso, bom marido!
— Não pense que isso vai durar muito tempo, Mariana. Não vou
manter minhas mãos longe de você.
— Caladinho, Arthur. — Sento em cima dele, o provocando, e jogo
seus braços para trás, esfregando meus seios com vontade em seu rosto. Pego
as duas pontas do cachecol e amarro no pé do sofá, dando dois nós.
Prontinho! Meu Tutu está devidamente preso.
— Não estou gostando muito disso, Mariana, só gostei da parte dos
seus seios na minha cara — fala, tentando sugá-los, e eu me afasto.
— Estou amando. Vamos nos divertir — digo, distribuindo beijos por
todo seu corpo, descendo lentamente até chegar à borda da sua cueca e puxá-
la para baixo com a boca. Olho para ele e vislumbro seu olhar faminto. Sorrio
e termino de puxá-la com os dentes. Ele começa a se remexer, um pouco
desesperado quando me afasto.
— Oh, merda, Mariana! Me solta!
— Fique quieto. — Lentamente retiro meu roupão. Me acomodo
sobre ele e sento bem em cima do seu pau, fazendo-o gemer deliciosamente.
— Estou com desejo de sorvete com cobertura de morango.
— Não, você não vai jogar sorvete no meu pau, Mari. É gelado,
porra!
— Vou sim, e vou chupar todinho. — Sorrio.
— Não, não vai não. Se você fizer, será castigada.
— Eu amo seus castigos. Para você ficar feliz, te darei uma brecha. —
Viro de costas para ele e fico na posição 69. Ele se contorce, querendo me
tocar.
— Deus, Mari, nós nunca fizemos isso! Me deixa aproveitar, solte
minhas mãos!
— Não. Já estou te dando muito. Agora irei degustar um delicioso
sorvete, e você que se esforce para comer sua sobremesa devidamente, não
me decepcione! — Aterrorizo meu homem, conforme deixo minha
intimidade ao alcance perfeito de sua boca.
— Você é malvada, Mariana — reclama antes de começar a me
lamber lentamente. Santo Deus, essa boca do caralho...
Uso toda gama do meu autocontrole para não desistir da minha
sobremesa e deixá-lo apenas me chupar. Inovar, às vezes, é divertido.
Despejo uma pontinha de soverte em seu pau e ele quase grita.
— Porra!!! Está gelado, caralho!
— Me chupe, Arthur Albuquerque, me foda com sua língua e sua
boca esperta — ordeno.
O chupo rápido para não derreter e repito a dose uma, duas, três
vezes, enquanto ele faz seu trabalho maravilhosamente bem e me esfrego
deliciosamente em seu rosto. Não sei se gemo em satisfação pelo sabor
delicioso do sorvete ou por suas lambidas frenéticas. A gravidez me tornou
muito sensível, não consigo resistir a Arthur me fazendo um delicioso sexo
oral. Meu corpo responde com um orgasmo delicioso. Orgasmo é melhor que
sorvete, sem dúvidas.
— Gostosa! Me solte, diaba!
— Você me fode muito bem com essa boca, Arthur! — o provoco.
Despejo a cobertura e, dessa vez, o aprecio com calma, indo até as
bolas. Sinto-me a torturadora perfeita, o fazendo se contorcer.
— Eu vou gozar, Mariana. Sai daí!
— Não vai gozar não. Trate de se controlar — aviso, contendo meus
movimentos.
— Não está dando, você está judiando hoje.
— Se gozar, não vai me comer.
— Inferno! Não tem como ter muito controle, Mariana! —
choraminga.
— Você consegue, você é forte.
— É fácil falar quando você já gozou, mulher infernal. — Rio.
— Shhh, só mais uma chupadinha! — digo e continuo minha tortura.
Quando sinto que ele está quase gozando, paro e começo a masturbá-lo, até
ele explodir em minhas mãos. Meu marido fica tão transtornado que, de
alguma maneira, se solta com uma violência incrível.
Fodeu!
Ele aperta minha bunda com força e a morde.
— Agora o jogo virou, Mari. — Ele força para se levantar e eu caio
de cara no chão, ficando logo com a bunda empinada. Arthur me levanta
pelos cabelos, como um selvagem, pega meu roupão e nos limpa.
— Ai, Tutuzinho.
— Tutuzinho? Você verá o Tutuzinho agora.
— Jesus, Arthur, meu cabelo! — digo, gemendo.
— Está doendo?
— Está, mas estou gostando. — Sorrio.
— Você é uma safada, e sabe o que eu faço com minha mulher
safada?
— Não! — respondo, rindo.
— Fodo com força, até você não aguentar mais.
— Eu sou sua mulher safada. Faça... — O irrito e ganho um tapa bem
dado na bunda.
— Diaba safada! — Ele me puxa de volta ao chão, coloca-me de lado
e se acomoda atrás de mim. Usa uma mão para segurar firme meus cabelos, e
com a outra levanta minha perna esquerda. Seu membro desliza pelas minhas
dobras e Arthur força a penetração, até estar devidamente dentro, com força e
fúria total. Puta que pariu! Isso é plenitude! Ser fodida forte pelo meu
homem! — Você gosta assim?
— Sim, sim, sim. Eu amo assim. — Ele diminui a pressão e morde
meu pescoço.
— Estou vendo. Quer mais? — pergunta.
— Quero. Por favor.
— Então geme pra mim bem gostoso, enquanto eu te fodo — ordena
e nos perdemos no outro por longos minutos, até estarmos gozando juntos, na
mais perfeita sincronia.
— Uau, isso foi bom!
— Você não cansa de ser perfeita para mim — diz, mexendo em
meus cabelos.
— Você é perfeito para mim também.
— Ciumenta!
— Ciumento!
— Quero você para o resto da minha vida. Nunca terei olhos para
outra mulher.
— Acho muito bom, porque se você tiver, os furarei! — aviso e ele ri.
— Está muito violenta, Mariana. Achei que a gravidez acalmasse —
fala, mordendo meu ombro.
— Eu sou diferente das demais!
— Sabe, você esqueceu de usar o chantili. Não gosto de desperdícios.
Vou te comer com chantili.
— Estou esperando por isso, Arthur Albuquerque. — Sorrio, sentindo
que estou ficando louca e ninfomaníaca.
Deus, não é brincadeira esse tal de enjoo! Não é possível.
Já acordo sem vontade nenhuma de levantar da cama e, ao me
levantar, me arrependo amargamente. Tudo gira e a maldição do enjoo vem
com força total. Mais uma vez tenho que me apoiar na parede, para não
despencar no chão.
— Mari, tudo bem, princesa? — Olho para Arthur, que está
visivelmente preocupado, me pegando em seus braços.
— Não muito, Tutu, estou enjoada e tonta. Achei que iria cair.
— Troca de roupa e vamos ao médico. Agora, Mariana — ele ordena
enquanto me mantém firme contra seu corpo.
— Dããã, isso é normal, Arthur. Todas as grávidas sentem isso nos
primeiros meses. Já passa.
— Mas nunca a peguei tendo que usar a parede de apoio, Mariana.
Não tem discussão. Vamos ao médico. Deve haver algo que possa ser feito
para diminuir o enjoo e as vertigens. — Reviro os olhos.
— Não tem necessidade, Arthur, deixa de ser superprotetor. Se eu
continuar me sentindo mal, irei ligar para minha médica. Pode ir trabalhar
tranquilo, amor.
— Meu Deus! Nunca conheci uma mulher mais teimosa e linda que
essa — ele diz, todo fofo, e me beija. Tento responder de um modo mais
quente, porém, falho. Realmente está foda, sinto-me péssima. — É, acho
melhor colocá-la na cama e trazer seu café da manhã. Tem certeza que não
precisa ir ao médico?
— Tenho, amor! — digo, rindo. O que eu tenho de teimosa, ele tem
de superprotetor. Que Deus ajude para que não tenhamos uma menina,
porque ela estará em apuros com um pai desse!
Enquanto ele vai buscar meu café da manhã, um filme passa na minha
cabeça. Em tão pouco tempo, já vivemos tantas coisas juntos. Mas, o que
mais me marca, é a perda dos nossos bebês naquele acidente horrível. O
medo daquela mulher só cresce em meu interior. É terrível. Laís é como uma
assombração na minha vida. Evito falar disso, prefiro manter a linha durona,
mas tenho medo. Medo de perder mais um filho, medo de não ser uma boa
mãe, medo de perder Arthur. Medo de que qualquer coisa ruim aconteça
comigo e com a minha família. Sorrio ao pensar na minha família. Quem
diria que eu estaria prestes a casar e ser mãe de um filho dele, um filho do
meu chefe gostosão?! Deus, o amo tanto! É como se ele fosse metade do meu
coração, meu oxigênio. Não consigo pensar em viver sem ele. Arthur é lindo
em infinitas maneiras. Passei a acreditar até na existência de almas gêmeas,
porque, com toda certeza, ele é minha alma gêmea. Nós somos o encaixe
mais que perfeito.
Sou interrompida dos meus pensamentos pelo meu príncipe encantado
e dona Amélia. Ele abre a porta e ela entra com uma lindíssima bandeja de
café da manhã pra mim.
— Hummm, meu enjoo até passou depois de ver uma maravilha dessa
— brinco.
— Bom dia, Mari. — Ela sorri. — Foi Arthur quem arrumou toda a
bandeja — comenta Amélia, demonstrando-se orgulhosa.
— Isso mesmo, mocinha. Muitas frutas, iogurte, cereal, pão, queijo
branco, suco e tudo mais que você merece. Quero você e nosso filhote bem e
saudáveis — ele diz enquanto eu babo. Não creio ser merecedora disso tudo.
Sou uma filha da mãe sortuda! Meu apetite sexual até deu o ar da graça nesse
momento, porém, terei que me controlar. O enjoo está se sobressaindo.
— Obrigada, Amélia. Obrigada, meu amor. Eu possuo as melhores
pessoas do mundo ao meu lado. — Amélia coloca a bandeja em cima da
cama e sai, enquanto eu como Arthur com os olhos. Provavelmente, ela
percebeu esse detalhe. Nossa Senhora do controle, me ajude!
— Bom, minha vida, terei que dar um pulinho no escritório na parte
da manhã. Não tenho nada tão urgente, mas preciso pegar alguns documentos
importantes e tem algumas entrevistas. Me ligue caso sinta algo diferente —
avisa, demonstrando uma leve preocupação.
— Estou com fome!
— Seu café está aí, princesa, é só comer tudinho. — Ele é doido de
achar que consigo comer tudo isso!
— Não estou com fome de café, estou com fome de você.
— Mari, você estava desmaiando há alguns minutos, como pode estar
com fome de sexo? — questiona, pegando seu membro adormecido por cima
da calça. Ele é provocador ele!
— Porra, Arthur, não precisava fazer isso! Assim complicou mais a
situação. Preciso muito amor, caso contrário não estaria pedindo! É urgente,
amor, estou desesperada neste momento. — Me atrevo a levantar da cama,
mas a tontura me pega novamente. MERDA!
— Aí, está vendo, eu disse, mas você parece não ouvir. Pode comer e
depois eu te como. Prometo comê-la o final de semana inteiro.
— Me deixa passar geleia no seu pau e chupar tudo? — brinco e
acabo causando um efeito nele. É como se eu tivesse ligado Arthur na
eletricidade. Vejo um volume generoso surgir em sua calça e tento não rir.
Missão dada é missão cumprida. Impressionante o poder!
— Pelo amor de Deus, Mariana, vá tomar seu café da manhã, não está
conseguindo nem ficar em pé. Vivemos de sexo agora? Sério, estamos
passando dos limites aceitáveis.
— Vou tomar, Arthur! Sem graça! Quem tem limite é município. —
Finjo-me de brava e devoro meu café em poucos minutos.
Ok, chega de sexo.
Deus, até o final da gravidez dessa cidadã eu morro! Me sinto doente.
Nós, certamente, ultrapassamos a regra dos 70%. Estamos em 90% sexo. Não
pode ser saudável, pode?
O controle que tenho que ter pra não fodê-la o dia inteiro é absurdo.
Qualquer palavra que ela diga me deixa louco. E quando ela fica no modo
mimada? Uow, a vontade de jogá-la na parede com força, rasgar sua roupa e
segurá-la pelo pescoço, para então dar um corretivo por mau comportamento,
é enorme. Acho que preciso de um psicanalista urgente! Tenho desejos sujos
com essa mulher, mais do que tinha antes. Ela parece que atrai meu lado mais
pervertido e luxurioso.
Me deixa passar geleia no seu pau e chupar? Saí dali direto para o
banheiro. Porra, isso só pode ser uma provação divina! Sabe aquela mulher
com cara de anjo e inocente? É a Mariana. Ela fala essas coisas com uma
carinha de virgem que me derruba. Eu não era assim. Eu era um homem
totalmente centrado e controlado. Em que ela está me transformando? Em um
maníaco sexual. Tenho vontade de comê-la até em lugares públicos. Mas sua
saúde vem em primeiro lugar. Mari está com muitas tonturas, isso significa
que preciso usar mais do meu autocontrole. Não posso ceder tanto assim,
apenas preciso lembrar de que precisamos pegar mais leve. Serão apenas
alguns meses pegando leve. É isso!
Após alguns minutos trancado aqui, consigo sentir que retomei o
controle sobre meu pau. Agora posso sair do banheiro e executar minhas
tarefas diárias. Acho que se eu não sair de casa agora, corro o risco de ser
atacado pela minha ninfomaníaca.
Ela está sentada na cama, me olhando com uma carinha de inocente
que só ela possui. Chega a ser cômico, parece uma menininha mimada às
vezes, e isso a deixa ainda mais irresistível. Aproximo-me e deposito um
beijo casto em seus lábios.
— Vou indo. Por favor, me ligue se acontecer algo, Mari.
— Tudo bem. Já que você tem que ir, tentarei dormir um pouco mais.
— Ok, ela parece mais calma, isso é bom.
— Faça isso, descanse para aproveitarmos a noite. Que tal sairmos
para jantar?
— Pode ser — responde um pouco desanimada e seguro o riso.
— Ok, se cuide. Eu amo você.
— Eu também amo você.
Saio para o escritório e o trânsito chega a ser desanimador.
Infelizmente, tenho que dirigir mais para os outros que fazem merda, do que
para mim mesmo.
Parado no sinal de uma movimentada avenida, vejo uma loja infantil
especial para bebês logo à frente. Não resisto e estaciono. Estou tão ansioso
para ser pai. Mal consigo me conter quando penso que, em poucos meses,
estarei segurando minha filha no colo.
Sempre quis ter um filho, mas era apenas um desejo futuro, do tipo
bem clichê. Namorar, casar, ter filhos, lei da vida. Mas, com Mariana,
aconteceu tudo tão diferente e, ainda assim, consegue ser melhor que
qualquer coisa que eu já tenha imaginado viver. Parece que nossa vida é
regida sobre a adrenalina de fazer tudo diferente dar certo. Nem casamos e já
estamos à espera do nosso terceiro filho. Tão rápido, tão alucinante. Perder os
dois primeiros foi devastador, porém, Deus nos permitiu ter o terceiro.
Mesmo não havendo forma de substituí-los ou esquecer as perdas, estou feliz
por mais uma oportunidade. Um filho nunca substitui o outro, mas ajuda a
aliviar a dor.
Entro na loja e três vendedoras vêm até mim, não entendo a
necessidade disso, mas sorrio em simpatia.
— Bom dia, podemos te ajudar? — uma delas diz.
— Claro. Quero algumas roupas para recém-nascido.
— É para presente? — pergunta novamente, sem necessidade.
— É para minha filha — respondo friamente e duas se afastam. Qual
é a dessas mulheres? Está tão difícil encontrar homens?
— Então é uma menina? Verei o que temos. — A que ficou sorri. —
O que tem em mente?
— Na verdade, não sei se é menina, mas acredito que sim. Talvez seja
interessante cores neutras. Mas, de qualquer forma, quero ao menos umas três
peças de menina.
— Tudo bem. — A atendente se afasta e eu fico observando uma
arara enorme com vestidos de todos os modelos. Meu Deus, se for menina
mesmo vou enlouquecer, mas quero tanto isso! Terei duas Maris para
administrar. Estou muito fodido!
A atendente volta e despeja dezenas de peças sobre o balcão.
Algumas para recém-nascidos e outras para bebês maiores. Sinto-me patético,
mas estou com os olhos cheios de lágrimas. Seleciono algumas roupas,
sapatos e, para finalizar, escolho dois vestidos rosa e tiaras que combinam.
Compro também um kit que a funcionária diz ser de "saída de maternidade".
Não entendo muito disso, mas ela explicou que é um tipo de roupa escolhida
para quando o bebê deixa a maternidade.
Após pagar, dirijo para o escritório. Vou deixar essas compras
devidamente guardadas e fazer uma surpresa pra Mariana quando
descobrirmos o sexo. Não vejo a hora de esfregar na cara dela que é uma
linda menina!
As candidatas à secretária começam a chegar e o dever me chama.
Começo a entrevistar uma por uma, mas confesso que após ter trabalhado
com uma funcionária tão profissional como Mari, ter que escolher outra se
torna muito difícil.
Estou na quarta candidata e nem preciso vê-la, sinto sua presença. Eu
sei que o furacão Mariana acaba de chegar ao escritório, derrubando a
calmaria. Estou escutando sua voz.
Por que ela não me obedece? Maldita! Ela me deixa louco quando me
desafia! A menina que está sentada diante de mim, me encara, esperando que
eu diga algo. Mas eu estou respirando fundo e tentando conter minha ereção,
para poder levantar dessa mesa e ir descobrir o que Mariana está fazendo
aqui, sendo que menos de duas horas atrás ela disse que iria dormir. Por que
meu pau está automaticamente duro? Isso é algum tipo de magia.
— O senhor está passando mal? — a garota pergunta, preocupada.
— Não, longe disso. Bom, você está dispensada, qualquer novidade,
entro em contato. — Fico de pé, ainda tentando manter controle, e saio.
Mariana está na recepção, deslumbrante, um pouco irritada e com um
olhar desafiador.
— Eu sabia! Quando escutei um leve furdunço, soube que era você,
Mariana.
— Não vejo candidatas qualificadas aqui. Acredito que esse seja o
momento ideal para que eu entre na jogada e o ajude a escolher uma
secretária competente, que se encaixe em meus termos — fala sem se
importar com o fato de as garotas estarem escutando. Ela é tão infernal, sabe
direitinho o que me causa. Seu sorriso perfeito e sua mordidinha no lábio
inferior me fazem ter ainda mais certeza. Ela gosta do Arthur bravo, então
daremos isso a ela.
A escolha da tal secretária tem mexido comigo muito mais do que
imaginei. Afinal, a periguete ficará grande parte do dia com meu lindo e
gostoso esposo. Estou mais que decidida, ele querendo ou não, participarei do
processo de seleção.
O fato de eu já ter estado no lugar delas só complica, pois me lembro
muito bem como eu e todas as funcionárias babávamos no chefe gostoso.
Também não podia ser diferente. Arthur tem um ar sério, uma mistura de
homem das cavernas com homem de negócios. Um jeito intrigante e sexy. O
traje social que ele usa dificulta muito a situação. Nem o terno é capaz de
esconder seu corpo escultural. Sua bunda fica marcada, suas coxas, seu pau...
Deus, eu sinto falta de trabalhar com ele! Era tão excitante. Cada vez que ele
chegava, o coração acelerava. E quando ele ligava pedindo algo? Só de
escutar sua voz grossa eu melava. Mas sempre respeitei o fato dele ser casado
e ser meu chefe, acho que nunca deixei evidenciar o tesão que sentia nele.
Sempre fui profissional e focada em minha carreira. Porém, sempre foi uma
tentação. Acho que o ideal agora seria contratarmos uma senhorinha de uns
sessenta anos, no mínimo. Ou acima dos quarenta e cinco anos. Acho que
mulheres dessa faixa etária devem ser mais conscientes e não ficariam o
comendo com os olhos diariamente.
Se ele pensa que por termos tido fodas espetaculares nos últimos dias,
eu estarei mais calma, tranquila e quieta, está muito, muito enganado mesmo!
Assim que ele sai de casa, dou um salto, quase mortal, da cama, e vou
logo me arrumar, deixando de lado o enjoo avassalador. Para diminuir o
estrago que será quando ele me ver, opto por uma roupa bem formal e
coberta, pois assim ele terá menos um motivo para brigar comigo. Viu só
como sou esperta? Eu tenho o dom! Visto uma saia básica preta e uma blusa
social de manga curta. Coloco um scarpin combinando, prendo meu cabelo
em um rabo de cavalo e fico satisfeita com meu lindo look, que talvez não
seja assim tão coberto, vendo pela saia, mas, em vista do tipo de roupa que
estou acostumada a usar, posso dizer que ele é sim, bem coberto, ou não?
Não sei, enfim, é o que temos pra hoje e estou me sentindo maravilhosa. Isso
é o que importa, não é mesmo? Pego minha bolsa e saio feliz, mega animada,
do quarto, pronta para enfrentar o meu homem e sua ira.
— Adeus, Amélia.
— Dona Mariana, aonde a senhora vai? Senhor Arthur disse pra
avisá-lo se a senhora saísse. — Amélia parece desesperada, e eu sorrio.
— Ah, é? Ele disse isso? Não acredito! — Finjo espanto, porque, a
essa altura do campeonato, nada que o Arthur faça me espanta mais!
— Menina Mariana, a senhora não tem juízo mesmo.
— Fique tranquila, Amélia. Não precisa avisar, estou indo encontrá-
lo. Se ele ligar, não diga que eu saí e muito menos que estou indo no
escritório! Preciso vigiar meu lindo marido.
— E a senhora vai como?
— Vou de táxi, cê sabe, estava morrendo de saudades! Fui! — canto e
saio de casa, deixando Amélia um tanto quanto transtornada. Povo
superprotetor!
Caminhando, vou até o ponto de táxi que tem próximo ao nosso
prédio. Alguns homens que passam mexem comigo e, tenho que confessar,
isso é muito bom para o ego, mas apenas quando não ultrapassam os limites.
Gosto que me achem bonita e me digam elogios, mas odeio ser importunada
sexualmente com palavras rudes e toques sem consentimento. Entro no
primeiro táxi vazio que encontro e passo o endereço para o taxista. Seguimos
lindamente pelas ruas de BH, rumo ao meu maravilhoso Tutu. Talvez até dê
para darmos uma rapidinha no intervalo das entrevistas! Pensar nisso me
anima ainda mais e borboletas surgem no meu estômago.
Quando chego, pago o motorista e sigo para a porta principal do
escritório. Alguns "projetos de secretárias" esperam sentadas pela entrevista.
Quando entro, todas me olham da cabeça aos pés e os cochichos começam.
Dou meu sorriso irônico a todas. Coitadinhas, mal sabem do que sou capaz!
— Bom dia! — digo, animada. — Vocês estão aqui para o cargo de
secretária? — pergunto, fingindo simpatia, atenta a cada mínimo detalhe de
cada uma delas. Uma delas ri e se atreve a falar:
— Sim, estamos. Você, pelo visto, é uma daquelas que tentam ser
contratadas pela sedução. — Respiro fundo e conto até três para não a
mandar para o quinto dos infernos. — Isso não é roupa para vir a uma
entrevista de emprego. Se fosse você, não perdia tempo esperando ser
contratada. É totalmente desqualificada.
Ela está pedindo, então vamos ser escrota! PORRA! CARALHO!
PUTA QUE PARIU! Eu estava sedenta por um barraco, esse ano tenho
estado muito calma.
— Pois é, minha roupa está muito destoante, não é? Realça muito
meu corpo perfeito. Eu jamais contrataria uma pessoa sexy! Mas também não
contrataria pessoas abusadas. Sabia que meu marido fica louco quando me vê
assim? — digo, sorrindo. — Qual seu nome? — pergunto.
— Sabrina, querida, e o seu? — Querida? Ok!
— Mariana Barcelos. Mariana Albuquerque em breve.
— Albuquerque Advocacia — uma outra diz, entendendo, e sorrio,
voltando o olhar para Sabrina.
— Sabrina, querida, pelo visto você é quem não será contratada.
Além da péssima aparência, você teve o azar de ofender a futura esposa do
dono da empresa. — Um coro de “OHHH” surge e a mulher fica vermelha
feito um pimentão. Pega a bolsa e sai mais rápido que um peido.
— Mais alguém quer acompanhá-la? — pergunto e todas balançam a
cabeça em negativo.
E eis que surge Arthur, um tanto quanto assustado, me analisando da
cabeça aos pés.
— Eu sabia! Quando escutei um leve furdunço, soube que era você,
Mariana. — Ele demora com o olhar em minhas pernas, e então sobe até
meus olhos. Nós estamos guerreando pelo olhar, eu adoro isso! Retomo
minha postura imponente e arqueio a sobrancelha em desafio. Durma com
essa, Arthur Albuquerque!
— Não vejo candidatas qualificadas aqui. Acredito que esse seja o
momento ideal para que eu entre na jogada e o ajude a escolher uma
secretária competente, que se encaixe em meus termos. — Pontuo cada
palavra de maneira segura e firme. O vejo lutar para não sorrir e mordo meu
lábio. Eu o enlouqueço, pra caralho! Adoro esses jogos doidos que faço com
ele.
Ele quebra o olhar, voltando-se para as candidatas. Aproveito e
arrumo minha bolsa no braço.
— Dentro de alguns instantes continuaremos as entrevistas —
informa, fingindo estar muito simpático, e me puxa pelo braço. Dou um
tchauzinho de leve para as meninas e saio arrastada, realmente arrastada. Eu
amo mais que chocolate!
— Pra começar, que roupa é essa? — questiona após fechar a porta, e
me coloca sentada em uma cadeira, de frente para a sua mesa.
— O que tem demais em minha roupa? Super social, ideal para um
ambiente de trabalho.
— Ah, claro, logicamente! Só não sei a que tipo de ambiente de
trabalho você está se referindo — diz, enfurecido, cruzando suas mãos e me
encarando. — Com quem você veio e por que você veio, Mariana? Eu disse
que você teria um motorista e que não era pra sair sem ter o mínimo de
segurança.
— Eu vim de táxi, ok? Estou aqui, sã e salva, ok? Meu corpo, minhas
regras. Meu cu, minhas pregas! Então pare com isso! Estou aqui, amor da
vida da Mari. Jamais permitirei que você contrate funcionárias sem que elas
passem por uma avaliação da sua digníssima esposa — informo, ficando de
pé.
— Ah, lógico, ok! Muitos oks — diz ironicamente. — Perfeita,
Mariana. Custa obedecer ao menos um único pedido meu? É tão difícil
assim?
— É sim, tendo em vista que meu marido está cercado de um bando
de mulheres desesperadas por emprego e, principalmente, para terem um
chefe gostoso! Se eu fosse me tornar sua secretária, traria em minha bolsa ao
menos cinco calcinhas reservas, porque molharia uma a cada vez que você
me chamasse.
— Você levava calcinhas reservas para a empresa? — pergunta,
demonstrando certa curiosidade.
— Não, mas hoje me arrependo, teria sido uma excelente ideia. —
Sorrio. — Eu fiquei molhada por você muitas vezes.
— Sério?
— Sim, eu acho que já te disse isso. A cada vez que ficávamos
sozinhos, em sua sala, eu tinha fantasias eróticas, muito indecentes — digo e
ele balança a cabeça negativamente, quase em descrença. Quando me encara
novamente, sua expressão de raiva volta com pressão.
— Ah, claro, então é por isso que você está aqui? Por ciúmes? —
pergunta e apoio as mãos em sua mesa, o encarando fixamente. Ele não pode
achar que isso seria diferente.
— E-XA-TA-MEN-TE! — digo pausadamente. Ele levanta e imita
meu gesto, deixando-me um tanto quanto puta!
— VO-CÊ. VAI. EM-BO-RA. A-GO-RA! — ordena. Começo a rir.
Esse homem ainda não me conhece? Fico séria e o desafio.
— NÃO. VOU. NEM. FO-DEN-DO! — aviso, sentindo um calor
surgir em meu âmago
— VAI SIM! — Rio novamente. Eu amo rir na cara do perigo.
— NÃO VOU!
— VAI, MARIANA.
— EU NÃO VOU, ARTHUR, EM HIPÓTESE ALGUMA — digo e
o puxo pela gravata.
— AH, VAI! — O solto e dou a última risada. Como ele se atreve?
Novamente questiono. Ele não conhece a mulher que tem? Só Jesus Cristo
para me tirar daqui agora!
— Duvido que vou, Arthur. Atreva-se a me tirar daqui — desafio,
rindo, e dou as costas para ele, então começo a andar pela sala.
— PORRA DE MULHER INFERNAL! — ele diz alto e meu coração
acelera com o susto. Ele deve estar ficando louco, só pode! — Você vem
aqui, vestida com a porra dessa roupa, tirar o meu sossego por ciúmes! —
Agora somos dois, andando de um lado pro outro da sala. Simples assim.
— Eu ficarei para as entrevistas e, pode ter certeza, Arthur
Albuquerque Bragança, serei eu a dar a palavra final sobre sua secretária,
quer você queira ou não! E tenho dito! — Ele solta uma risada nervosa e
sinto até um leve tremor. Com dois passos, ele está grudado em mim,
pegando meus cabelos e os enrolando em uma de suas mãos, puxando-os com
força em seguida. Eu quase tenho um orgasmo alucinante com esse simples
ato. Arthur nervoso... Não existe nada que eu consiga comparar a isso. É
fantástico.
— Aiii, Arthur, está nervoso, é? — falo enquanto ele vai andando
comigo, até eu estar encostada contra a parede. Sinto toda sua virilidade e
meu lado extremamente safado começa a dar o ar da graça.
— Você faz isso de propósito, não é? — pergunta.
— Não! — digo, gemendo pela leve dor da puxada de cabelo.
— Você sabe que eu fico louco, você sabe que me deixa louco. — Ele
coloca um dedo em minha boca e o chupo, olhando fixamente para seus
olhos. — Agora você vai chupar meu pau, para que eu possa prosseguir com
as entrevistas, e ficará bem quietinha, ao meu lado. — Sacudo minha cabeça
afirmativamente e ele tira o dedo da minha boca. Era exatamente o que eu
queria, e consegui! Minha puta interior está vibrando em alegria. Sim, toda
mulher tem uma puta interior. Se você não tem, algo está errado.
Ainda segurando meu cabelo, ele anda até a mesa e se apoia sobre ela.
Respira fundo e então abre um sorriso cafajeste. Com a voz rouca, tomado de
tesão, ele ordena:
— Venha até aqui, sente-se na cadeira e comece o seu trabalho. —
Levanto um pouco minha saia e ando até ele. Passo a língua em seus lábios e,
me esfregando em seu pacote volumoso, me acomodo na cadeira, para
cumprir a missão designada, com maior prazer e maestria. Antes de cuidar
dele, abro os botões da minha camisa e o fecho frontal do meu sutiã. Um
simples boquete não é o que ele está indo ter. Preciso garantir que meu
marido não tenha olhos para outras mulheres e garantir que se sinta um
homem completamente saciado.
Será que todas as mulheres possuem essa mesma preocupação? Eu
tenho a necessidade de mantê-lo ligado a mim, a necessidade de mantê-lo
entretido e saciado. Tenho a necessidade de sempre fugir da rotina, da
normalidade. Eu gosto de testá-lo, de levá-lo ao limite e fazê-lo perder sua
mente perfeita em mim. Gosto de causar um efeito nesse grandalhão diante
de mim e mantê-lo aceso.
— Esses seios deliciosos, isso é covardia, Mariana! — diz, passando
seu polegar em meu mamilo esquerdo. Contenho a vontade de jogá-lo sobre a
mesa e montá-lo. É apenas sobre ele agora, é o que eu quero, é para isso que
vim. — Você deixará que eu foda seus seios? — pergunta, segurando meus
cabelos novamente, e balanço a cabeça, afirmando. — Delícia da minha vida,
você me faz perder a mente. Há ao menos seis garotas do outro lado da
porta...
— Foda-se cada uma delas! Farei um boquete em meu homem e
ninguém conseguirá me conter, nem mesmo você. Eu vou chupar seu pau
como se chupa um picolé de chocolate.
— Santo Deus! Eu vou morrer disso... — Ofega, enquanto puxo sua
camisa para fora e abro alguns botões da mesma, lambendo e mordendo sua
barriga.
Senhor, até a barriga desse homem é sexy e quente! Ele geme e eu
sinto minha calcinha inundar de tesão.
Dou um sorriso bem safado e começo a abrir seu cinto lentamente.
Porém, meu homem está nervoso e abre a porra toda, demonstrando falta de
paciência e um completo desespero. Cadê a sedução, Brasil? Foda-se a
sedução, penso quando vejo seu enorme pau surgir e bater direto em meu
rosto. Bem sexy essa merda! Imagina um tronco de um jatobá batendo
duramente em seu rosto?! É isso aí, mais ou menos.
Observo seu membro e me pergunto: como pode existir um pau tão
lindo como esse? Um verdadeiro Picasso! Desde sua glande rosada à enorme
quantidade de veias saltadas. Grosso, largo, grande, pesado... Meu senhor,
esse pau é perfeito pra caralho! Até mesmo suas bolas são perfeitinhas,
rechonchudas e completamente pesadas. Isso que é um saco, Brasil!
— Pare de pensar e comece a agir, Mariana! Não temos a porra da
manhã toda — esbraveja e sou tomada por uma forte emoção. Deus é perfeito
de todas as maneiras. Ele me deu esse homem, como agradecer?
— Seu pau é a coisa mais maravilhosa desse mundo! — choramingo,
limpando as lágrimas. — Permita que eu faça uma escultura de gesso? Eu
posso moldá-lo de alguma maneira, eu po...
— Você está falando sério? — ele me corta e engulo em seco. —
Estou duro, esperando você me chupar. Não acredito que esteja pensando em
uma escultura de gesso! Diga que você está brincando, Mariana Barcelos!
Estou mandando, agora! — ordena, se afastando, e eu sinto um vazio em
minha boca, que nem estava devidamente ocupada.
— Mari, pelo amor de Deus, isso é realmente preocupante! — Arthur
está passado na pimenta-malagueta, é visível e assustador.
— Não é, Tutuzinho! — me defendo de sua fúria.
— Tutuzinho, meu pau no seu cuzinho. Não me chama dessa merda!
Tutu já é o bastante — esbraveja em uma cena bastante cômica. Um homão
da porra andando de um lado para o outro com as calças arriadas e o pau
ereto. Isso é normal?
Me levanto e ajoelho aos seus pés, tentando esquecer a merda da
escultura. Mas que ficaria linda, isso não restam dúvidas! Eu poderia pegar as
medidas e mandar confeccionar um consolo perfeito para os momentos de
solidão. Imagina um consolo de Arthur Albuquerque? Puta que pariu! Eu
preciso descobrir onde há uma fábrica de consolos.
— Ajoelhou tem que rezar. — Ele para de andar e dá um sorriso. Ele
é safado. Se tem uma coisa que Arthur é, é safado! "Nera" ele que estava
putinho? Agora já está querendo ganhar uma mamada sinistra e avassaladora.
Pisco meus cílios para ele e capturo seu membro, o envolvendo em uma de
minhas mãos. — Vou foder sua boca!
— Estou no controle aqui. Se ousar me causar vômito, morderei seu
pau e ele ficará restrito a uso por tempo indeterminado — alerto e ele me olha
com receio. Aqui é cachorrona mesmo!
Meu Deus, chupá-lo nunca é o suficiente para mim! Eu tenho a merda
de uma necessidade de sentir tudo isso dentro de mim, mas sei que ele vai me
foder, e não é sexualmente, assim que eu fizer o que tenho em mente. Diabo!
— Você vai ficar aí olhando? — pergunta, ansioso. Deus, ele é um
exemplar de homem de primeira. Ele é tão másculo e fica ainda mais quando
está excitado. Preciso parar de elogiar, eu sei!
Deslizo meu dedo pelo contorno maravilhoso de sua intimidade. Ele
está quente e pesado, isso me enlouquece. Aperto as coxas em busca de um
alivio e continuo meu serviço “sujo”. Começo chupando curto e devagar,
olhando fixamente em seus olhos. Sua respiração começa a aumentar
gradativamente. Sorrio em satisfação ao vê-lo entrar na onda da luxúria,
tomado pelo tesão. Aos poucos, o levo mais fundo e com mais pressão,
arrancando gemidos deliciosos dele. Arthur gemendo é apenas o melhor som.
Intercalo as chupadas com uma masturbação tortuosa, com precisão, fazendo
uma linda sucção, até que percebo que ele está muito próximo do limite para
liberar seu gozo. Ele fica implacavelmente mais duro e mais grosso assim que
começo a levá-lo mais fundo, e eu paro, sorrindo diabolicamente para ele.
Uma dica preciosa, queridas mulheres: chupem seus homens os olhando
fixamente nos olhos, façam caras e bocas, segurem em suas bolas,
massageando-as, façam cara de safada e elogiem o pau dele, o deixem louco
para foder...
— Meu Deus, Mariana... Pelo amor de Jesus! — protesta e eu
aumento ainda mais a pressão.
— Esse pau é uma delícia! Você vai me comer depois que eu o
chupar todinho?
Antes que eu consiga terminar de falar, ele me puxa pelos cabelos,
colocando-me de pé. Então, inverte as posições, me deixando encostada em
sua mesa. Eu dou um tapa em sua mão e repreendo meu homem:
— Ei, espera aí, não acabei não!
— Jamais meu filho beberá porra — diz e começa a se masturbar
loucamente. Uma mão em seu pau e outra em meu pescoço. Jogo minha
cabeça para trás, para não observar a cena que se passa bem diante de mim.
Arthur se masturbando é foda demais para meu psicológico nesse momento.
Ele ofega forte e logo sinto o líquido escorrer pelos meus seios. Abro os
olhos e sorrio. Eu sempre sorrio para ele quando o vejo perder a compostura.
Ele fica puto.
Sinto-o se afastar e, quando levanto minha cabeça, o pego sentado na
cadeira, tentando recuperar o fôlego. Muito cavalheiro! Como estou
necessitada, muito puta de raiva com essa de “meu filho não beberá porra”,
me recomponho e chego bem diante dele.
Lide com isso, Arthur Albuquerque. Se eu quiser beber sua porra, eu
vou beber!, penso, o observando me encarar fixamente. Deslizo lenta e
sedutoramente um dedo do meu umbigo até meus seios, olhando em seus
olhos. Sou uma verdadeira atriz pornô agora. Sem perder o contato com seus
olhos, tento pegar um pouco do seu sêmen, que está escorrendo em meus
seios, e quando sinto que já tenho o suficiente, enfio o dedo em minha boca e
o chupo eroticamente, deixando Arthur de boca aberta e possesso.
RÁ, quem manda nessa porra, literalmente?! Mamãe aqui, óbvio!
A maneira como está me olhando é impagável, tanto que mordo meu
lábio inferior para não rir. Se eu rir agora, sinto que será o fim de todos os
tempos, o fim da minha vida... o fim de tudo! Ele está puto.
Merda! Ele não diz nada. Eu decido que o melhor a ser feito é pegar
minha dignidade, minha blusa e meu sutiã, e fugir para o banheiro. Trata-se
de um caso de extrema urgência, vida ou morte. Ele vai me matar, eu
conheço esse olhar. Inclusive, minha libido já não existe mais nesse
momento. Minha calcinha até secou automaticamente. Fodeu!
Tranco a porta, me limpo com toalhinhas umedecidas, visto meu sutiã
e minha blusa. Em seguida, me acomodo no vaso sanitário, temendo sair
daqui. Aliás, não saio por nada! Devo estar há uns 15 minutos aqui dentro e,
até o momento, não escutei um único ruído do lado de fora. Caralho! E as
entrevistas? Maldição! Não deveria ter vindo aqui, definitivamente!
Arthur dá um soco na porta. O susto é tão grande que eu quase me
jogo no vaso e dou descarga. Acho isso a melhor opção no momento.
— Abre a porta e saia daí, Mariana. Pare de showzinho erótico!
— Você está muito bravo? — pergunto, já em pé atrás da porta.
— O que você acha? — A calmaria da voz dele é assustadora.
— Não sei, talvez — digo receosa.
— Anda, sai daí, amor. Está tudo bem! — Bom, pelo menos ele me
chamou de amor, isso é um bom sinal.
— Você não vai me esfaquear ou cortar meu pescoço?
— Mariana, pare de falar merda e saia da porra do banheiro agora, por
obséquio. — Por obséquio? Só escutei isso na escola! Abro a porta mais
rápido do que abri para entrar e tento sair, mas a parede de músculos me
impede. Respiro fundo, olhando seu peitoral lindo. Aos poucos levanto minha
cabeça, para olhar seu lindo rosto.
— Oi — digo de forma meiga e sorridente, tentando quebrar o clima
de tensão. A gente se ama muito, mesmo, de verdade. Eu sou um amorzinho
de noiva.
— Oi? Você tem noção do quanto você está fodida?
— Não — digo e abaixo minha cabeça, fazendo beicinho. — Por
favorzinho com queijo, vamos fazer as pazes? Só queria sentir seu sabor
delicioso. Tem gosto de frutas vermelhas e sonho de valsa. — Ele ri e em
seguida lança uma granada.
— Você não imagina o quanto está fodida. Posso dizer que em uma
escala de zero a dez, você está fodida dez vezes ao cubo. Eu disse que minha
filha, nunca, em hipótese alguma, beberá porra! — Ok, ele acredita mesmo
nisso? Se ela for mesmo menina e puxar o mínimo da mãe...
Eu nem quero pensar!
Tento passar por debaixo de seu braço, mas ele me segura firme.
Qualquer tentativa de fuga torna-se impossível. Isso parece um filme de ação.
Eu sou a mocinha e ele o vilão. Ou será o contrário? Não sei. Acho que o
jogo inverteu rápido demais.
— Irei lá fora, cancelarei todas as entrevistas e a senhorita ficará bem
quieta aí. Qualquer passo que der, será usado contra você mesma, Mariana.
— Nós não estamos em um tribunal, doutor advogato.
— Não vou repetir, Mariana. Não estou brincando— ele diz e sai.
Na verdade, agora já não estou com medo. Já imagino que minha
punição será em forma sexual, ou seja, meus orgasmos estão garantidos e
seguros por ora. E, não posso negar, adoro um sexo selvagem e forte.
Inclusive, agora estou desprovida da tensão em que me encontrava.
Felizmente, ela não existe mais. Só acho que ele não deveria cancelar as
entrevistas por causa de uma bobeirinha à toa, só fiz uma deglutição de
sêmen basicona, nem foi muito, nem foi tudo. Eu estou muito bipolar? Esses
hormônios estão fazendo um estrago! Arthur poderia me “punir” em casa.
Estou ansiosa por isso, mas posso esperar. Acho melhor comunicar isto a ele.
Levanto-me e caminho até a porta do escritório. Quando vou abrir, ele
abre antes. Merda!
— Qual a parte do FICAR BEM QUIETA e NÃO DAR UM PASSO
você não entendeu? — ele pergunta, possuído pelo ritmo ragatanga.
Pelo jeito estou FODIDA MESMO. Quero rir e chorar. Na verdade,
eu quero mais rir do que chorar, porque sou dessas. Adoro o perigo.
Adrenalina é o que me move.
— Eu só queria dizer que não precisa cancelar as entrevistas, eu posso
esperar. Sou uma dama, uma noiva paciente e compreensiva. O trabalho vem
sempre em primeiro lugar, Arthur. É errado...
— Já acabou?
— É sério! Estou arrependida — choramingo.
— Você me desafia o tempo todo — diz, me abraçando e fazendo
cafuné em minha cabeça. Meu ursinho de dormir.
— Eu?
— Você.
— É ruim? — pergunto.
— Você me desestabiliza, me leva longe demais. Você chega feito um
furacão e faz um estrago... Um estrago que me deixa insano. Um estrago
fodidamente bom. Eu quero ficar com você pelo resto da minha existência,
Mari, não imagino um único dia da minha vida sem você, em hipótese
alguma. Tornou-se minha âncora, meu ponto de equilíbrio e desequilíbrio. Eu
nunca fui tão feliz e insano, nunca.
— Então eu estou perdoada?
— Nem fodendo. Você será castigada, muito. Agora nós iremos sair
rumo ao castigo.
— Eu estou grávida. Há um filho seu em meu ventre, fruto do nosso
amor. Não posso ser castigada — chantageio e ele ri.
— Vamos embora, maluquinha. Hoje o pau te acha! — Rindo, ele
beija minha testa e vai até sua mesa pegar seus pertences. Pego minha bolsa e
saímos do escritório após trancarmos tudo. Estou indo ser castigada da
melhor maneira.
O caminho para casa é um pouco tenso. Arthur dirige lento e
minuciosamente, o ponteiro não passa do 60 km/h e isso é angustiante. Está
tão lento, que eu estou quase abrindo a porta e pulando para fora. Calma, sei
que estou grávida e jamais faria uma atrocidade dessas. É apenas um exemplo
do que dá pra fazer.
De vez em quando, o pego me olhando e sorrio para ele com minha
cara angelical. A cada vez que faço isso, ele balança a cabeça em reprovação
e segura o sorriso. Nós dois não prestamos juntos. Somos muito loucos. Ou
talvez eu seja louca e tenha corrompido ele. Muito provável. Ele parecia ser
tão centrado antes do nosso envolvimento, e agora ele se parece tão
absurdamente louco.
Percebo que ele passa por um caminho que nem de perto nos levará
ao prédio, e tento entender onde estamos indo.
— Onde nós vamos? — pergunto.
— Surpresa. — Ele pisca um olho e sorri. Seu sorriso é tão lindo que
solto um suspiro em animação. Ele é todo meu.
Relaxo meu corpo e deixo que Arthur nos guie tranquilamente para
onde quer que seja. No som, toca uma seleção de músicas do Coldplay.
Acabo adormecendo pela lentidão que ele dirige e pela música tranquila e
melódica.
Acordo com Arthur distribuindo beijos em meu rosto e boca. Quando
abro os olhos, vejo que provavelmente chegamos ao nosso destino. Uma
enorme placa, escrita “Estalagem do Mirante” chama minha atenção. Isso é
um hotel? Onde nós estamos?
— Vem, precisamos nos apressar — informa, me dando um último
beijo, saindo do carro e abrindo a porta para eu descer. Um gentleman!
— Apressar para quê? — pergunto, ainda lerda.
— Você verá — responde e retira meu cinto de segurança.
Desço e tento me situar, ainda tomada pelo sono profundo. Nós
estamos no final da tarde e eu nem sei quanto tempo ele dirigiu para
chegarmos aqui. Nunca sequer ouvi falar desse lugar.
Ele me dá sua mão, entrelaçando nossos dedos, e caminhamos por um
caminho de pedras e grama até chegarmos em uma enorme recepção.
— Boa tarde, fiz uma reserva com alguns pedidos especiais por e-
mail hoje pela manhã — ele diz à funcionária, deixando-me boquiaberta. Ele
já tinha planejado isso?
— Qual o nome do senhor? — ela pergunta educadamente.
— Arthur Albuquerque Bragança — informa para a atendente, que
digita os dados na rapidez de um velocista. Olho para meu belo homem, ele
sorri para mim e me rouba um beijo casto.
— Senhor Arthur e senhora Mariana, sejam bem-vindos. O chalé do
senhor já está preparado. Basta fazer uma pequena caminhada. — Ela sorri.
— Só seguir o caminho à direita, chalé número três. Tenham uma boa estada
— ela diz e Arthur segura minha mão, me conduzindo apressadamente. É um
homem decidido.
— Amor, não trouxemos roupa. Você planejou tudo isso? Como?
Quando? Por quê? — pergunto enquanto tento acompanhar o ritmo
empolgante das suas passadas.
— Fica tranquila, está tudo sob controle.
— Mas, Tutu, hoje é segunda-feira e amanhã você trabalha. — Ele
largou tudo mesmo?
— Quem é o dono, o chefe, o proprietário? — questiona e sorrio,
dando conta de que ele realmente é o dono. Dono da empresa e dono do meu
mundo.
Eu podia jurar que estava encrencada, e aqui estou eu, sendo
surpreendida com uma estada em um hotel aparentemente chiquérrimo. Ele é
tão surpreendente, tão romântico.
Enquanto seguimos pelo caminho em busca do chalé, fico encantada
com a vista magnífica do lugar. Há muitas árvores, um lindo e vasto jardim
gramado e caminhos feitos por pedras enfileiradas, que nos levam ao nosso
destino. Eu estou impactada quando paramos diante do chalé número três. Ele
parece ser o mais alto e ter a vista mais absurdamente perfeita.
— Eu queria fugir um pouco do apartamento e ter um momento
diferente com você. Tenho pensado nisso há alguns dias. Nós nunca fizemos
uma pequena viagenzinha juntos, só para a Ilha. Quero muito curtir vários
lugares com você, Mari, esse é apenas o começo da nossa longa jornada por
Minas Gerais e pelo mundo. — Ele sorri. — Dizem que aqui tem o mais
belíssimo pôr do sol da região. Eu estou ansioso para conferirmos juntos. —
Não consigo responder, o abraço e começo a chorar descontrolada.
— Meu Deus, Mariana, pare de chorar — ele diz, me apertando firme
em seus braços.
— Não consigo.
— Até o final da gravidez eu fico louco. Esses seus hormônios estão
além de descontrolados. O que faço com você? — pergunta, preocupado.
— Sexo.
— Meu pau está emagrecendo.
— Não está não. Na verdade, ele está bem gordinho, pesado, grande...
— Nunca ninguém disse que meu pau era gordinho. — Ele ri e dou
um tapa em seu braço. — Cadela!
— Não me lembre que você teve outras mulheres!
— Vamos entrar logo, não quero perder o pôr do sol. — Ele segura
minha mão e abre a porta. É o chalé mais perfeito que já vi. Ok, eu nunca
estive em um chalé antes! Mas, foda-se, esse é lindo, perfeito pra caralho! Eu
me sinto uma criança feliz na noite de Natal.
Uma imponente sala de estar com uma lareira nos recebe logo de cara.
Entramos e fico ainda mais encantada. No quarto, uma enorme cama de casal,
que deve caber uns três casais, uma banheira de hidro com vista privilegiada
e uma porta grande de vidro, que nos leva para uma sacada maravilhosa com
a vista mais linda que já vi. Há também alguns futons redondos espalhados. A
vista é de tirar o fôlego. Conseguiu ser ainda mais bonita que a vista do
Mirante que fomos quando nos conhecemos “melhor”. Há montanhas
distantes, uma vegetação incrível. Olho para ele com meus olhos brilhando e
ele sorri, satisfeito com a reação que me causou. Ele é destruidor mesmo.
Corro e pulo em seus braços.
— É perfeito demais! Obrigada! — O beijo, mas ele para o beijo
muito rápido.
— Não temos muito tempo. Precisamos nos vestir adequadamente —
diz, apontando para a cama, e vejo uma sacola escrita “Arthur Albuquerque e
esposa”. Eu sou esposa e nem casamos, acho isso um luxo! A pego e
encontro um biquíni, uma sunga, dois roupões, uma camisola de seda, uma
calcinha e uma cueca boxer da CK. Sorrio.
— Como conseguiu isso? — pergunto.
— Dinheiro compra muitas facilidades — diz, piscando um olho.
Esses homens, donos do mundo, são incríveis, conseguem tudo tão
facilmente. — Agora vamos nos trocar rápido, para apreciarmos o espetáculo.
— Eu pego as roupas e paraliso ao vê-lo se despir.
Tão logo ele começa o show, minhas pernas começam a fraquejar. O
efeito que esse homem tem em mim, é algo alucinante e doentio, é muito
doentio. Sem contar que não entendo como seu pau fica duro o tempo todo.
Isso deveria ser estudado por algum pesquisador.
— Vamos, Mariana, pare de ficar me olhando e vista-se — ele diz,
rindo.
— Ok, mas é que...
— É que nada, anda logo.
O obedeço e agora quem dá o show sou eu. Tiro minha blusa, meu
sutiã e logo prendo meu cabelo em um coque frouxo. Lentamente, começo a
abrir o fecho da minha saia, mantendo meus olhos presos às reações de
Arthur. Eu causo um efeito também, pelo menos é um jogo justo.
Seu olhar é poderoso, parece queimar sobre minha pele. Isso é tão
íntimo. Ele olhando cada pedaço do meu corpo, observando cada gesto meu e
ofegando. É surreal. Visto a calcinha do biquíni e viro de costas para ele.
Arthur entende meu recado e se aproxima para amarrar a parte de cima do
meu biquíni, que, impressionantemente, coube, caindo como uma luva, só
ficou um pouco mais justo nos seios, que estão crescendo mais a cada dia,
mas já virou normalidade pra mim. O calor em meu corpo indica sua
aproximação. Meu homem é tentador e provocador. Somos perfeitos um para
o outro, a cada dia percebo isso mais e mais.
Ele traça um caminho pelas minhas costas com um dedo, me arrancando
arrepios. Tento me manter forte e segurar meu gemido. Lentamente, começa
a amarrar e, dessa vez, mantém o foco em seu trabalho, sem me encostar
mais. Me deixa facilmente desesperada e ansiando pelo seu toque. Tão sexy e
envolvente. Quando termina, se afasta decidido. Eu o quero tanto. Nossa
Senhora que me perdoe por essa gula desenfreada!
— Vamos — chama e eu o acompanho.
Ele estava certo realmente, o espetáculo está começando. O pôr do sol
com vista privilegiada em meio às matas e montanhas está nos agraciando
com toda sua magnitude exuberante. Arthur se acomoda na hidro, que já
estava devidamente preparada, e oferece uma mão para me ajudar a entrar.
Acomodo-me entre suas pernas e sinto seus braços envolverem minha
cintura. E então, no gesto que mais me deixa apaixonada, ele deposita as
mãos sobre meu ventre, fazendo círculos carinhosos com seus polegares. Isso
sempre me emociona! Ainda não caiu a ficha 100% que estou grávida
novamente. Eu sei que é louco dizer, mas é verdade. Meu Deus! Eu sou a
mulher mais feliz e sortuda da face da Terra! Nunca cansarei de agradecer
por tudo que venho conquistando, até mesmo os momentos difíceis me
fizeram mais forte e serviram de grande aprendizado. Eu engrandeço a cada
dia, sinto isso. E é graças a Deus e Arthur. Ele veio para somar e mudar tudo,
completamente.
Coloco minhas mãos sobre as dele e ficamos em silêncio, apenas
curtindo o momento e o espetáculo. O sol se pondo lentamente, o céu
avermelhado, a noite nos dando o ar da graça aos pouquinhos. Não trocaria
esse momento por nada nessa vida. Nunca imaginei que um simples pôr do
sol, algo que acontece diariamente, poderia ser tão valioso quanto é agora.
Nós, às vezes, não damos conta da grandiosidade que envolve a natureza e a
vida. É tão mágico ver o sol se escondendo e a lua crescendo no céu. É
incrível de todas as maneiras. Eu não sabia disso antes, agora eu sei. Não
valorizava e agora valorizo. As pequenas coisas são as mais importantes e
impressionantes, eu posso dizer com propriedade.
Na simplicidade é onde encontramos o essencial.
— Eu amo você, Arthur — digo, sem conseguir segurar mais as
palavras. Eu o amo. O amo. É como se esse sentimento conseguisse aumentar
cada dia mais, mesmo eu achando que já chegou no limite do amor. Aumenta
cada dia mais. Aumenta em cada gesto dele. A cada palavra. A cada vez que
nos amamos. E, todos os dias, eu chego à conclusão que o amor não tem
limites. O amor é um sentimento ilimitado, não tem fim, não tem uma
definição que abranja por completo a complexidade desse sentimento... nada.
Tudo o que posso dizer é que é completamente sem limites. É o mais potente
e indestrutível dentre todos os sentimentos.
— Eu amo você ainda mais, minha maluquinha. Eu amo nosso bebê e
amo você cada vez mais. Mesmo você me tirando do sério, fazendo as coisas
mais loucas. Você mudou minha vida. Você trouxe leveza, alegria, diversão.
Tornou-me um homem louco e apaixonado. Possessivo, ciumento e feliz,
completamente feliz. Eu faço tudo por você, Mariana, tudo.
Lágrimas escorrem dos meus olhos e me viro para ele. Seus olhos são
mais lindos que qualquer pôr do sol, sem sombra de dúvidas, tão azuis que
me perco na profundidade deles. Eu o beijo. Um beijo calmo e apaixonado.
Apreciando sua boca, sua língua, seus lábios macios — ao mesmo tempo,
firmes e exigentes —, o beijo com todo meu amor, tanto que o meu peito
chega a comprimir e o ar me falta. É amor demais.
Me afasto levemente e ele me puxa de volta, grudando sua boca à
minha e aproximando mais nossos corpos. O aumento de contato é caloroso.
Minhas pernas estão automaticamente envolvendo seu corpo agora. Nós
estamos devidamente grudados e, ainda assim, parece pouco. Nunca
conseguimos ter o suficiente um do outro. O beijo vai aos poucos deixando
de ser calmo. Torna-se urgente. A dimensão muda, os extremos mudam, a
intensidade muda, tudo ganha uma nova onda de eletricidade.
Agora, há uma mão em minha cintura e outra apertando meu seio, por
cima do biquíni. Meu corpo implora por um contato maior e nós dois
soltamos ruídos de desejos, em uma completa sintonia entre o beijo. Ele sobe
a mão e desamarra o sutiã do biquíni, eu termino de tirá-lo, o lançando longe.
Sua mão, esperta e experiente, aperta forte meu mamilo direito, enquanto sua
boca sedenta desce para meu mamilo esquerdo. Meus seios ficam pesados e
meu corpo quase explode de desejo. Eu começo a me esfregar sem vergonha
em sua ereção e seu aperto intensifica ainda mais sobre mim. Mergulho
minhas mãos sob a água e começo a puxar sua sunga. Ele facilita a ação,
levantando um pouco, e liberto seu membro da prisão. Grande, grosso, duro e
magnífico. Afasto minha calcinha e começo a esfregá-lo em minha entrada,
sem introduzi-lo. Arthur se afasta e solta um gemido desesperado. Esses
sons... Mordo meu lábio inferior e então o beijo mais uma vez, com toda a
loucura e paixão. Ele retira minha mão de seu membro e toma o controle da
situação. Ele sempre está no controle, mesmo quando eu penso estar.
Segurando fortemente minha cintura, com uma só mão, começa a esfregar
sua ereção em minha entrada ainda mais forte do que eu estava fazendo. Era
para ser romântico...
— É isso que você quer, Mariana? — pergunta com a voz rouca e eu
não consigo responder, apenas me entrego às sensações e ao prazer. Minhas
pernas começam a tremer e Arthur começa a falar as coisas mais absurdas e
sujas. Era para ser realmente romântico...
— Por favor, vou morrer — imploro, o agarrando pelo cabelo.
— Vai morrer depois que gozar em meu pau, como você queria.
— Oh! Meu Deus, Arthur... Meu Deus...
Ele acelera mais. Após longos minutos de entrega, gozamos juntos.
Apenas nos esfregando um ao outro. Ofegantes e trêmulos.
ERA PRA SER ROMÂNTICO...
Ele joga a cabeça para trás e descansa na borda da hidro, me puxando
para seu peito.
— Isso foi... uau! — digo quando consigo controlar a respiração.
— Foi. Meio adolescente, mas perfeito. — Sorri.
— Verdade, muito adolescentes — digo, rindo no aconchego do seu
corpo.
Nós ficamos bons minutos em silêncio, absorvendo a magia desse
lugar. Estar bem perto da natureza acalma, desestressa. Eu relaxo meu corpo
e ele ergue a cabeça para me encarar.
— Oi. — Sorrio.
— Oi — responde, enfiando os dedos entre meus cabelos e
massageando meu couro cabeludo de um jeito intenso. Era para ser um pouco
mais romântico, mas sua boca entra em contato com meu pescoço e seu pau
vibra contra mim em total plenitude.
— Arthur, você está muito tarado. Haja pepeca para aguentar... —
brinco, ganhando uma mordida no ombro, e ele beija minha boca com
voracidade. Nós jogamos parte da água para fora da hidro numa pegação
louca. Então, ele se afasta e me olha com uma cara de tesão.
— Preparada para fodermos como adultos agora?
— Oh, Deus! — Morri! Maravilhosamente, eu morri.
Acordar no dia seguinte não é nada bom, não após termos passado
parte da noite nos entregando aos mais loucos desejos carnais.
Arthur está enroscado em meu corpo, distribuindo beijos pelas minhas
costas, é assim que ele resolve me acordar no dia de hoje. Mas, agora, só
consigo pensar no enjoo tomando conta de todo meu ser, afinal, nem tudo
pode ser perfeito. Esses enjoos matinais são horríveis! Rezo todos os dias
para que a profecia se cumpra e ele termine no terceiro mês da minha
gestação.
O empurro e levanto o mais rápido que consigo. Sinto-me
extremamente não sexy agora, correndo para o banheiro para vomitar minhas
tripas. O mais louco de tudo isso é que já estou me acostumando a essas
sensações indesejadas. Vomitar é algo horrível e agora parece incrivelmente
normal. Eu acordo, vomito, escovo os dentes, tomo café e minutos depois
vomito novamente. Essa sequência já está totalmente enquadrada à minha
rotina e parece que já é habitual Arthur entrar em desespero todas as manhãs
e querer me levar ao médico por conta dos enjoos.
Eu faço tudo e, assim que escovo os dentes em busca de dignidade,
saio do banheiro para encontrar a cena típica.
— Não comece — aviso, o observando parado na porta, me
aguardando.
— Você é tão injusta às vezes — ele reclama. — Eu só fico
preocupado. Você acha que é agradável isso?
— Isso o quê? Me ver enjoando por ter um bebê se formando em meu
ventre? — pergunto. — É normal, Arthur. Quantas vezes eu terei que dizer?
Você mesmo lê nos livros que comprou, a médica já te disse, seus pais... O
mundo!
— Desculpa, sou assim, superprotetor. Eu sei que isso é normal, mas
eu apenas não queria vê-la passando tão mal. É ruim que só você tenha que
sofrer. — Ele passa a mão em minha bochecha e eu derreto. Preciso ter mais
paciência com ele, tudo é muito novo para nós dois.
— Eu sei que é ruim, amor, eu adoraria dividir tudo isso com você —
brinco. — Mas é assim, é a lei da vida e eu estou satisfeita por estar sentindo
todas essas coisas. É a vida da nossa filha aqui... É por ela. Eu passarei por
isso nove meses, se necessário for, porque esse ser em meu ventre vale tudo.
É a nossa filha, nós a fizemos. É incrível, Arthur.
— Eu estou me transformando em um homem muito sentimental —
confessa, limpando as lágrimas. — Você me deu o maior de todos os
presentes e parece concordar que é uma menina — ele diz, se ajoelhando no
chão e beijando minha barriga quase nula.
— Acho que concordo. — Sorrio. — Me perdoe? Eu serei mais
compreensiva com suas preocupações, amor — falo, bagunçando seus
cabelos.
— Me perdoe também. Vou tentar ser menos louco.
— Não, eu gosto das suas loucuras. Elas combinam com as minhas.
— Sorrio e ele se coloca de pé, me dando um beijo na testa.
— Vem, vamos alimentar vocês.
UM MÊS DEPOIS
Eu já consigo vislumbrar uma pequena protuberância em minha
barriga. Isso me faz sorrir, ao mesmo tempo em que meus olhos se enchem
de lágrimas.
Corro de volta para o quarto e acordo Arthur, o enchendo de beijos.
— Bom dia! — ele diz, sonolento, e me puxa de volta para a cama.
— Não! Venha ver. — Me levanto e o puxo para fora. Ele cai da
cama e se ergue um pouco bravo.
— Inferno, Mari! O que está havendo?! — questiona, ficando de pé, e
eu fito seu corpo seminu acordado para a vida. — Não é sexo, né? Porra,
Mariana! Haja pau!
— Não, amor, não é sexo. — O puxo pela mão e o levo até o
banheiro. Me posiciono de frente para o grande espelho e subo delicadamente
a minha magnífica camisola da Hello Kitty, expondo minha barriga. — Olha!
Está crescendo — digo e ele sorri, me abraçando por trás e colocando suas
mãos em minha barriga.
— Linda. Está pequenina, quase impossível de notar, mas há uma
protuberância já. A nossa menina está crescendo. — O orgulho é perceptível
em sua voz.
— Estou tão feliz, não vejo a hora de senti-la mexer.
— E o enjoo? Está melhor hoje? — pergunta.
— Um pouco. A vitamina que a médica receitou está ajudando. Tive
apenas um pouco, antes de acordá-lo. Amélia já chegou e está preparando um
café da manhã mais leve hoje.
— Ótimo, minha gostosa. Os dias estão passando tão rápido que,
quando menos esperarmos, teremos nossa princesa nos braços — ele diz e eu
me viro de frente para ele. Olhos azuis incrivelmente radiantes... Acho que
nunca cansarei de babar na imensidão desses olhos. Só de olhá-los consigo
decifrar um milhão de coisas não ditas.
O beijo delicadamente e me afasto. Mas meu homem parece não
satisfeito. Ele me pega pela cintura e me leva de volta para a cama.
— Tutu, você disse minutos atrás “haja pau” — relembro, rindo,
enquanto ele morde minha cintura.
— Já virou um vício irreversível. 70%.
— Acho que as proporções aumentaram, garotão. 90% do nosso
relacionamento tem sido sexo — brinco e ele desce seu rosto até minha
intimidade. — Deus, Arthur Albuquerque!
— Quando nossa filha nascer, voltamos aos 70% — diz, me calando e
fazendo seu serviço com maestria.
Após o café da manhã, me arrumo para encontrar Alice. Hoje é
sábado e combinei de levá-la para conhecer nossa nova casa. Um bom motivo
para eu ir fiscalizar o trabalho da arquiteta vadiranha.
— Você vai sair vestida dessa maneira? — Arthur pergunta da cama,
onde finge ler um livro, e acabo de descobrir que seu foco estava em mim.
— Qual o problema? — pergunto, cruzando meus braços e o
encarando. Arthur é controlador até com minhas roupas.
— Decote demais. Esses seios são meus.
— Antes deles serem seus, eles são meus. E se eles são meus, eu faço
o que quiser. Não estou nua e nem mostrando meus mamilos, então está tudo
certo! — informo ao desavisado do meu futuro marido, que me olha
abismado.
— Tudo bem. Seu corpo, suas regras. Não é esse o lema do
feminismo?
— Sei lá. Não sou feminista, nem machista, sou o que quero ser e
ponto final! — Que revolta, né? Peguei pesado? Não! Ele se levanta, vai até o
closet e volta com uma bermuda e um par de tênis nas mãos. Ele retira a
roupa que estava vestindo e então veste a que pegou no closet, tudo sem
desgrudar os olhos dos meus. E, então, dá um lindo sorriso e vem até mim,
usando apenas bermuda e tênis.
— Vamos, amor?
— Pra onde você vai sem camisa? — pergunto.
— Eu vou pra academia do prédio. Vou pegar carona com você no
elevador — comunica e eu dou uma risada.
— Cadê sua camiseta? Deixa que eu pego. — Começo a caminhar
para o closet e ele me pega.
— Meu corpo, minhas regras. Não estou nu e meu pau está
devidamente coberto.
— Meu cu, Arthur! Esse peitoral está bastante exibido, assim como as
tatuagens que foram feitas apenas para meus olhos. Vista uma roupa, não se
porte como um puto! Se dê ao respeito. Você é pai de família, casado, quer
dizer, quase casado. Porra nenhuma, quer saber?! Você é casado! Moramos
juntos, então somos casados.
— Está falando demais, por acaso está nervosa? — pergunta com sua
carinha angelical.
— Vá se foder, Arthur! Vista a maldita camisa!
— Então troque sua blusa indecente! Dá pra ver o contorno dos seus
seios, por pouco seus mamilos não estão expostos, isso é um absurdo! —
esbraveja bastante sério e eu arqueio a sobrancelha em desafio. Ele me irrita
às vezes.
— Não troco!
— Então estou indo para a academia e todas as mulheres que tiverem
lá irão apreciar as tatuagens que só você pode ver. Aliás, eu li um artigo no
jornal que mulheres têm fetiches por tatuagens, confere? — pergunta e eu
taco minha bolsa em cima dele. Maldito!
Eu não vou retirar. Não importa que eu esteja tentada a fazer isso
apenas para que ele vista uma maldita camisa. Não vou retirar. É o meu
corpo, são as roupas que sempre usei. São os homens quem precisam se
conscientizar e não me assediar. Não estou nua ou vestida de forma explícita
o bastante, e mesmo que esteja, não é motivo para que eu seja assediada.
— Maldição! Às vezes eu odeio você! — esbravejo. — Compra uma
burca pra mim, babaca!
— Não é má ideia. Assim ninguém olha para essa bunda gigante e
esses seios gostosos. Já basta esse rosto e essa boca tentadora. — Eu até acho
fofo, porém continuo fingindo estar puta.
Espero calada ele vestir a camiseta e, em seguida, seguimos para a
sala.
Jéssica não quer ir comigo devido a um bendito videogame que
Arthur deu para ela e se tornou um vício.
Nós descemos pelo elevador silenciosamente e ele faz questão de me
acompanhar até o carro. Eu o jogo na porta e o beijo feito uma profissional
do sexo, deixando todo seu rosto marcado de batom. Só então entro no carro
e dou partida, para encontrar Alice no ponto onde marcamos.
Meia hora depois, nos encontramos e, ela vem seguindo meu carro até
o condomínio.
Estaciono em frente à casa e saio radiante, imaginando mil e um
acontecimentos nesse lugar. Já sou capaz de ver crianças correndo por todos
os lados, até um cachorrinho.
— De frente para a lagoa! Santo Deus! O gosto do meu irmão é
realmente refinado. — Alice se aproxima, rindo. — Só a frente dessa casa já
é de tirar o fôlego, Mari.
— É! — exclamo, movida pela empolgação. — A cada vez que venho
aqui, sinto um friozinho na barriga. Dá uma vontade de gritar, de tanta
felicidade e ansiedade. Eu imagino uma vida toda aqui com seu irmão,
momentos felizes, almoços em família, festas... Isso é loucura? Essa casa
atiça todos os meus sonhos mais perfeitos, sonhos que eu nem mesma sabia
possuir.
— Own! Isso é tão lindo, Mariana. Não é loucura, é felicidade. Com
certeza, essa casa, o casamento, meu sobrinho ou sobrinha, fazem parte de
uma grande realização pessoal sua e de Arthur. É mais que normal a
empolgação. Até eu, uma mera tia, e meus pais, estamos em êxtase com tudo
isso. Minha mãe sempre quis netos, sempre sonhou com Arthur bem e feliz.
Isso está acontecendo agora, senhorita Mariana. Você foi um anjo que entrou
para mudar toda nossa história, não apenas a de Arthur — Alice diz e eu já
sinto as lágrimas descerem em meus olhos. — Oh, não chore, merda! Você é
minha cu louca, te ver chorando é uma grande merda.
— São os hormônios, não consigo controlá-los — digo, limpando as
lágrimas e respirando fundo. — Ok, vamos entrar. — Sorrio e subimos os
degraus em meio à grama aparada que nos leva até a enorme porta de entrada.
Sempre sonhei com essas portas de três metros de altura. Eu acho a
cara de riqueza. Cada vez que eu chego diante dela, sorrio e caio na real. Essa
casa será o lar da minha família.
Alice se empolga logo na entrada, ao vislumbrar o lago abaixo da
escada. Seu grito deve ter assustado todas as pessoas que estão trabalhando
aqui.
— Por Deus, Mariana, eu não estava preparada para algo desse tipo!
Já pensou nos meus sobrinhos brincando no lago? Você vai ficar
completamente louca! — ela diz, rindo, e eu me dou conta de que não pensei
nesse detalhe.
— Ana? — grito, paradinha onde estou, e logo a arquiteta sem-noção
surge, correndo.
— Olá, Mariana. Quer dizer, senhora Mariana.
— Essa é minha cunhada, Alice — apresento e Alice oferece sua mão
num cumprimento. — Ela me disse algo que faz todo sentido e eu não havia
pensado antes. Esse lago, definitivamente, não pode ser aberto, devido às
crianças. Talvez seja interessante acrescentar uma parede de vidro no projeto.
Eu não quero perdê-lo, mas não quero meus filhos brincando dentro do lago
também, pois pode ser perigoso.
— Uau! Isso terá que ser bem estudado.
— Se você não fizer, eu contratarei alguém que faça — aviso e Alice
me encara em choque. — Há algo também que não estou gostando — digo.
— Venha, Alice, vamos até a sala.
— O projeto foi aprovado, Mariana.
— Senhora Mariana — relembro. — Essa sala!
— Uau! Deus... Eu estou na casa de uma estrela de Hollywood! —
Alice diz, impactada, e eu rio.
— Bom, Ana, eu não quero morar em um lugar apagado. Quero cores.
Os móveis já são brancos com detalhes em madeira clara. Vai ficar tudo
muito branco, mesmo que haja cores em alguns objetos de decoração. Eu
acho que podemos quebrar um pouco do branco jogando a cor palha na
parede, exceto nos acabamentos de gesso. Os acabamentos, quero todos
brancos, apenas as paredes palha. Não quero também uma palha muito forte,
quero mediano. Nem muito claro e nem muito escuro. Anote aí no seu
caderninho. — Ela me encara silenciosa por alguns minutos e,
relutantemente, começa a escrever.
— Mais algo a acrescentar? — pergunta.
— Sim. Em meu quarto. Eu quero a parede do fundo da cama
diferenciada, toda ela. Quero um acabamento de gesso em 3D. Mandarei a
foto do que tenho em mente por e-mail. Se puder fazer isso na parede
principal da sala, eu agradeceria também.
— Isso pode atrasar a obra.
— Quanto tempo? Se sua equipe não der conta, contrato outra para se
juntar — digo e Alice dá uma risadinha, saindo de perto.
— Vou fazer os cálculos. Mais alguma coisa?
— Se tiver, te chamo novamente. Obrigada pela disponibilidade,
querida. Tenha um excelente trabalho. — Sorrio e a abraço, dando dois
tapinhas em suas costas. Ela se afasta, bufando, e eu seguro a vontade de rir.
— O que foi isso? — Alice pergunta.
— Ela é doida no seu irmão. Essa cadela, filha da puta! — explico. —
Agora vamos conhecer o resto. Vou te mostrar o quarto que reservei para
nosso bebê. Lá é meu lugar sagrado. Eu e Arthur iremos decorar juntos.
A levo para conhecer todo o restante da casa em uma longa viagem.
De longe, ouso dizer que precisaremos ter ao menos três ajudantes no
primeiro momento, devido à gestação e ao período que terei que me dedicar
ao meu filho ou filha.
Sabe quando imaginei uma vida dessas? Nunca!
Meus pais sempre foram muito bem de situação financeira. Sempre
tive uma vida bastante confortável, com direito a mimos luxuosos. Porém,
isso que Arthur está oferecendo é um novo padrão, muito além do que fui
acostumada. Nem mesmo os pais dele possuem algo nessa grandiosidade.
Ele, definitivamente, juntou muita grana para ter uma vida de alto nível.
— Vamos almoçar fora? — Alice pergunta quando deixamos a casa e
seguimos rumo aos nossos respectivos carros. Quero deixar bastante claro
que Arthur só me liberou o carro por ele estar sendo monitorado vinte e cinco
horas por dia. Essa uma hora a mais, que não bate com o ponteiro do relógio,
se deve a possessividade do meu homem. O “tudo” parece pouco para ele.
Não é uma reclamação. Depois do que vivemos há poucos meses, qualquer
cuidado é pouco. Eu mesma me tornei uma pessoa mais consciente e regrada.
Minha segurança e a do meu bebê é tudo o que importa agora.
Nós temos um almoço divertido no shopping e eu até a ajudo a
comprar um look destruidor de cuecas para sair com o boy magia dela. Minha
diversão no shopping agora é olhar lojas de bebês, porém, mais uma vez, luto
bravamente para manter o controle e não sair comprando tudo.
Quando enfim chego em casa, já passam das cinco da tarde e eu estou
morta o bastante.
Tomo um banho e vou direto para a cama, descansar as pernas.
— Eu liguei três vezes e mandei você sossegar, você não me ouviu!
— Arthur repreende. Mas, mesmo puto, pega um dos meus cremes e se
acomoda na cama, para massagear meus pés.
Existe algo mais gostoso e relaxante que uma massagem nos pés? E
quando ela é feita por mãos fortes, que parecem saber exatamente o ponto
certo a ser tocado?
E quando ele começa a subir pelas minhas panturrilhas, cada hora
dando atenção a uma? Deus, isso é o paraíso.
Ele sobe até minhas coxas e, antes que eu possa raciocinar, sua boca
está em minha intimidade, mais uma vez no dia de hoje. Arthur está muito
oral hoje!
— Ana mandou um e-mail — diz com sua voz grossa e volta a lamber
minha carne. — Ela disse que você solicitou algumas alterações e pediu
autorização.
— Cadela!!! Autorização pra quê? — esbravejo, tentando levantar, e
ele me impede com uma mão em minha barriga.
— Eu autorizei — ele fala, dando um sorrisinho, e eu levo sua cabeça
para baixo novamente.
— Claro, mas ela não tem que pedir autorização. Se eu solicitei a
alteração, ela tem que fazer. E não foi nada de outro planeta. Caralho, tira
essa boca da minha boceta, eu preciso matar alguém!
— Estou te dando um sossega leão. Você, inclusive, está me
sufocando.
— Está me dando é raiva! Eu vou matar aquela vadia... Que delícia,
puta que pariu, caralho, mais rápido... Demônia do inferno, eu vou dar na
cara dela... Assim mesmo... Você sabe cuidar de uma boceta em pânico!!! Ai,
eu preciso muito sentar em você agora — imploro e ele se afasta, sorrindo.
— Você só acalma com sexo, santa virgem! — ele finge reclamar e
sobe sua boca pelo resto do meu corpo. Olha fixamente em meus olhos,
penetra seu membro em minha entrada e eu esqueço que existe qualquer
outra coisa além do que estamos fazendo: fodendo como loucos.
Estou perdido em mais uma manhã de entrevistas quando minha linda
mulher surge na porta da minha sala, vestindo uma roupa de academia.
— Não vim atrapalhar, juro! — ela diz, levantando as mãos.
— Tenho alguns minutinhos. — Sorrio e ela suspira, sentando-se na
cadeira de frente para mim. — O que houve?
— Estou doente — ela fala, ganhando uma maior atenção.
— Está sentindo algo? É com nosso bebê? Vamos ao médico! —
digo, ficando de pé, e ela me surpreende com mais uma de suas loucuras:
— Sexualmente.
— Como? — questiono, voltando a sentar.
— Eu fui para a merda da yoga e então para o pilates. Eu fiquei
excitada pulando naquela maldita bola.
— Eu ouvi direito? — pergunto, incrédulo.
— É sério, Arthur. Eu sinto que isso não é normal. — Por Deus!
— Deve ser porque realmente não é normal — digo, tentando não rir,
ela está realmente séria.
— Estou sofrendo muito com os hormônios dessa vez. — Ela sofria
com os hormônios antes mesmo de estar grávida e nem sabia. Ela ajoelhou no
chão e me pediu para fodê-la uma vez. Quem, em sã consciência, faz isso?
Balançando minha cabeça, tento me concentrar na situação da minha garota.
— Bom, tirando o fogo, há algo mais? — pergunto, segurando sua
mão por cima da mesa.
— Eu dormi na yoga mais uma vez, e estou entediada, preciso
trabalhar.
— Vou te dar uma missão. Faça a lista de convidados do nosso
casamento. Nós precisamos começar a organizar isso. Quero casar o quanto
antes.
— Eu acho que devemos casar após o nascimento da nossa filha —
ela sugere e eu sorrio. É tão bom saber que ela acredita que nosso bebê é uma
menina.
— Que seja! Mas, de qualquer forma, nós precisamos começar a
organizar isso.
— Seu sorriso é o mais lindo — suspira.
— O seu é muito mais, mocinha. Vamos almoçar fora, princesa —
informo e pego minha carteira, ficando de pé.
Minha linda e emburrada mulher não rejeita um bom almoço. Nós
chegamos ao restaurante próximo ao escritório e ela pede picanha e fritas,
como sempre. E, para a consciência não pesar muito, pede um arroz com
brócolis, para dizer a si mesma que está comendo algo saudável.
Eu não discuto. Amo vê-la comendo, principalmente nessa fase
gestacional. Mari come com gosto, chega a fechar os olhos e suspirar.
— Estive pensando, está difícil arrumar uma secretária. Talvez Júlia
seja a melhor opção — ela diz de boca cheia.
— Eu só não gostaria de prejudicar a empresa que trabalhamos,
roubando uma secretária, mas estou tentado a roubá-la. — Sorrio.
— A parte chata é que ela fica manjando seu pau e sua bunda, mas
confio nela. Olhar não arranca pedaço.
— Então a senhorita não liga para mulheres me olhando? —
questiono, rindo desse absurdo.
Vou contar um segredo. Em todos os lugares que vamos, faço questão
de ter minha mão firme sobre a dela. Se eu solto, Mariana voa nas pessoas e
mata. Mas não é apenas ela. Ter nossas mãos unidas controla a mim mesmo
em relação aos olhares que minha mulher recebe. Quando tenho nossas mãos
unidas, sinto que ninguém pode tirá-la de mim. É, Arthur Albuquerque
também tem suas inseguranças quando o assunto é Mariana Barcelos. Ela é o
meu ponto fraco. Talvez, tal insegurança, seja por eu nunca ter sentido nada
parecido. Basta olhar em seus olhos para ter a confirmação que o que sinto
está muito além do amor.
— Ligo, mas Júlia é de confiança. Bom, se ela provar o contrário,
depeno ela! Eu arranco fio por fio dos cabelos dela e esfrego a cara dela no
asfalto. E, por fim, acabo com qualquer chance dela ser contratada para
qualquer cargo dentro de Belo Horizonte.
— Quanta violência!
— Não é? E você ainda apanha junto. Eu arranco suas bolas,
desfiguro seu pau...
— Já entendi — a corto, rindo, e ela dá um sorrisinho angelical, que
não engana ninguém. — Então, senhora violenta, o que me conta? Além do
fogo que está te consumindo, é claro.
— Eu gostaria de ter seu pau de sobremesa.
— Mari, por Deus, você fala esse tipo de coisa na mesa de um
restaurante cheio, com uma naturalidade admirável! Agora tire o foco de
sexo, já estamos quase atingindo 100%.
— Você guardou mesmo a porcentagem. — Ela ri. — Eu te amo,
Tutuzinho do meu coração, mas irei para a night com Júlia e Duda.
— Você o quê?
— Vou para a night com Júlia e Duda — ela diz, receosa da minha
reação.
— O que seria ir para a night, Mariana?
— Se eu não tivesse em minha atual circunstância, ir para a night
seria encher o c... a boca de cachaça e dançar. Mas, como eu estou
carregando nossa filha em meu ventre, ir para a night significa dançar e beber
suco natural. — Porra! Minha mulher, a mais gostosa do meu universo, nessa
night com as amigas. Não quero ser a porra de um possessivo, mas como ser
o contrário disso?
— Ok — digo e ela arqueia a sobrancelha, como se não estivesse
acreditando. — Onde vocês irão?
— Onde você acha? — pergunta com seu jeitinho que me dá vontade
de amarrá-la em uma cama.
— Porra! Caribbean — digo, socando a mesa, e ela morde seu lábio.
— Eu não quero ser a amiga chata que abandona geral porque tem um
pau de vinte e cinco centímetros em casa, só pensa em sexo e nada mais
importa na vida senão isso.
— E é o contrário? — questiono, sabendo exatamente que ela só
pensa no meu pau de nem sei quantos centímetros. Aliás, como ela sabe que
meu pau tem 25cm se nem mesmo eu sei? 25cm é quase uma régua.
— Não. Eu sou a amiga chata que abandonou geral porque meu futuro
marido é o melhor do Universo em foder, é extremamente bem-dotado, sabe
como me deixar maluca em todas as situações e é um selvagem. Meu Deus...
eu preciso transar com você! — ela diz, pegando o cardápio sobre a mesa e se
abanando, como se ele fosse um leque. — Enfim, eu preciso deixar de ser
tudo isso. Preciso lembrar que também tenho amigas. Inclusive, sei que
ficaria muito puta de você sair para uma balada, mas acho que você deveria
se reunir com alguns amigos e talvez até arrumar uns dois, no seu estilo, se é
que é possível, para Júlia e Duda. Aí faríamos uma friend zone.
— Friend zone é meu pau, Mariana!
— Não, seu pau é meu templo no mundo. Sou alucinada com o que
você carrega entre suas pernas. Eu estou muito safada hoje, não estou? Pode
falar, meu amor. Hoje vai rolar um sexo anal bem gostoso, Arthur? É tudo
que eu quero! Quero estar de quatro, sendo pega como uma égua, enquanto
você segura minha crina e bota com força no meu rabo. — Eu chamo o
garçom e peço a conta, sem responder essas barbaridades. Meu pau está duro,
não posso negar. Porém, ela se comparar a uma égua é desanimador.
Não há como negar que essa boca suja tem minhas bolas. E, o mais
incrível, tudo que ela ameaça fazer, ela faz!
Eu e Arthur saímos do restaurante e paramos na sorveteria do
McDonald's. Eu pego uma casquinha mista e ele pega uma de chocolate. Em
seguida, voltamos para o escritório, que fica quase ao lado.
Eu chupo o meu sorvete indecentemente, sob o olhar impenetrável
dele.
O que está acontecendo comigo hoje? Controle-se, garota!, grito
comigo mesma.
Ele termina sua casquinha e joga o papel na lixeirinha ao seu lado.
Então afrouxa o nó de sua gravata, abre os três primeiros botões de sua
camisa e sorri. Nosso relacionamento não é normal, não mesmo.
Ele sorri, porra! Aquele tipo de sorriso perfeito, reservado pra mim.
— E então, senhora Mariana Albuquerque, quais seus planos pelo
resto da tarde?
— Voltar para casa, talvez pegar uma corzinha na piscina, já que o dia
está magnífico hoje. À noite irei encontrar com as meninas.
— Excelente, meu amor. E no final da noite?
— Eu estarei em nossa cama, fodendo com você, de quatro, como eu
disse no restaurante. — Sorrio marota e ele sorri de volta.
O interfone toca e ele verifica pela câmera que é mais uma possível
secretária. Pego minha bolsa e caminho até ele, para fechar os botões de sua
camisa e ajustar sua gravata. O puxo para um beijo e ganho uma apalpada na
bunda.
Saio de sua sala para abrir a recepção. Assim que abro, o que vejo me
faz ficar paralisada.
Há uma loiraça, maior que eu, um silicone gigante nos seios, vestida
com uma saia secretária colada em seu corpo, uma blusa social com dois
botões abertos, que quase revelam a beira dos seus seios, um scarpin
falsificado e uma bolsa em seu braço.
— Boa tarde, tenho uma entrevista agendada. — Ela sorri e o branco
dos seus dentes quase ofusca o branco dos meus. Por sorte, uso Oral B, a
marca número um em recomendação dos dentistas.
— Claro, querida! Bem-vinda, aguarde só um momento — aviso e ela
se acomoda no sofá. Volto correndo para a sala do meu marido.
— O que foi?
— Sem chance de você contratá-la! Nem por cima do meu cadáver!
Em hipótese alguma! Mande-a entrar e dispense-a, dizendo que encontrou
outra qualificada hoje pela manhã.
— Por quê? O que há de errado? — questiona, apoiando o queixo em
suas mãos.
— Você a viu pela câmera, não se faça de idiota! Essa mulher é uma
ameaça à minha sanidade. Você viu os seios dela? Por Deus, eles parecem
que vão explodir os botões da camisa!
— Eu não vi os seios dela e não tenho interesse nenhum em vê-los —
afirma, se levantando. Ele pega sua chave e a carteira sobre a mesa, eu não
compreendo nada. — Vamos embora, maluquinha. Eu desisto de contratar
uma secretária. Vamos tentar a Júlia.
— Sério? Você está largando o escritório pra ir para casa comigo? —
questiono em total perplexidade.
— Vamos para a piscina. Na verdade, eu queria estar naquela casa em
Ilha Grande — ele diz, sorrindo. Seria estar no céu realmente, mas agora está
completamente inviável.
— Você está falando do melhor lugar do mundo! Nós fizemos nosso
bebê lá.
— Nós voltaremos em breve, meu amor — ele diz, segurando minha
mão, e saímos de sua sala. — Boa tarde — se dirige à peituda. — Desde já,
peço desculpas por não ter tido tempo de entrar em contato e cancelar a
entrevista. Infelizmente, a vaga foi preenchida alguns minutos atrás.
— Não há problemas.
— Se surgir outra oportunidade, entraremos em contato — digo e ela
sorri, olhando meu homem de cima a baixo. Meu faro não erra! Piranha do
cão!
— Foi um prazer conhecê-lo, doutor Arthur, tenham uma boa tarde —
ela diz, fingindo simpatia, e sai.
Ela sai pela porta e eu soco o peitoral do meu marido.
— Você viu? Eu sabia que ela era uma puta de zona! Viu como ela te
olhou? Eu deveria ter arrancado os olhos dela! Esfregado aquela cara no
chão! Eu a mataria!
— Uai, não foi você quem disse mais cedo que olhar não arranca
pedaço? — ele diz, cutucando minha onça interna.
— Eu retiro minhas palavras. A partir do momento que uma vadia te
olha, ela está correndo risco de morte! Aliás, é estranho, as pessoas dizem
risco de vida, sendo que o risco é de morte. Nunca entendi isso — divago.
— Ok, amor, você precisa de um banho de piscina agora e uma
massagem do seu marido. Está falando merda demais hoje, puta que pariu!
Não rebato seu argumento. Nós seguimos para casa apostando
corrida. Na verdade, eu estou apostando, né?! Arthur só está dirigindo rápido
para me xingar. A cada sinal que paramos, penso que ele vai descer e me
matar. Ela ainda não se deu conta de que sou pilota de fuga. Sou a própria
Toretto, de Velozes e Furiosos.
Nós paramos em mais um sinal e eu abro o vidro ao mesmo tempo
que ele. Aperto meus seios por cima da blusa e ele grita:
— Eu vou matar você, Mariana! Estou falando sério. Você está
carregando nossa filha no ventre, maldição!
— Eu sei disso. Por isso mesmo estou dirigindo com atenção. Não
sou tão louca.
— Você está quase a 110 km/h. Estacione a merda desse carro, agora!
— Me obrigue! Você acha que colocaria a vida da minha filha em
risco após ter perdido dois bebês? — O sinal abre e sigo para casa sem mais
discussões. Chegando no prédio, ele acelera e passa na minha frente, para
estacionar seu brinquedinho. Estaciono logo em seguida e dou um pulo em
meu assento, ouvindo-o bater a porta bem no estilo “não tem geladeira em
casa”.
Eu desço com toda minha plenitude e ando até o elevador. Ele entra
em seguida e, quando a porta se fecha, ele voa sobre mim.
Ele me beija como se não houvesse câmera, mas há. E eu? Eu estou
igual rádio velho, não estou nem ligando. Foda-se, se ele quiser me comer
aqui, não serei eu a impedi-lo.
Com uma mão, ele prende as minhas no alto, e com a outra aperta
minha bunda. Eu sinto toda sua dureza pressionada em minha barriga. Isso é
plenitude!
O elevador apita, chegando ao nosso destino, e ele me pega no colo.
A pegação continua no corredor, até chegarmos na porta do apartamento.
Com sua boca pressionada à minha, ele abre a porta. Ele me gruda em algo e
o som de um objeto se estraçalhando no chão o contém, juntamente com uma
voz:
— Mariana! Jesus! — Amélia nos traz de volta ao mundo. Arthur me
solta e eu quase caio no chão.
— Desculpa. Eu nem lembrei que existia vida após... Me desculpe,
Amélia — digo, agradecendo aos céus por Jéssica estar com fone de ouvido,
jogando videogame.
— Desculpa, Amélia, essa mulher é o demônio. Eu não sei se a
senhora sabe disso, mas fique sabendo a partir de agora: Mariana é a
reencarnação do demônio — meu lindo e tarado homem diz, puxando-me
para a frente de seu corpo, querendo esconder a anaconda na minha humilde
bunda. Eu deveria deixar Amélia ver a escopeta armada dele.
Nós andamos como robôs para o quarto e ele fecha a porta atrás de si
mais que depressa.
— Nós deveríamos morar numa fazenda, isolados da civilização. Sem
empregados, vizinhos, sem roupas! — Seguro o riso, porque ele está muito
sério falando isso.
— Eu não me oporia. Imagina, você plantando mandioca em mim e
eu cavalgando pela mata? Eu seria a rainha da cavalgada. Subiria em
bananeiras, em árvores frutíferas, em troncos gigantes, e me tornaria a mestre
trepadeira de todos os tempos. Íamos comer o que plantássemos. No caso, eu
iria viver de mandioca, porque isso é tudo que você iria plantar no meu rabo.
Íamos nadar nus nos riachos. Nossos filhos seriam projetos de Tarzan e Jane,
selvagens como nós. Ia ser primitivo pra caralho, tipo Flintstones. Você seria
o Fred melhorado e eu a Wilma.
— Mariana, você está de castigo. Estou falando sério. Nada de sair
hoje para a night. Sua night vai ser rezando, pedindo a Deus o mínimo de
sanidade. Sua insanidade não afeta só a você, mas a mim também. Eu estou
ficando louco, porra, estou imaginando-me plantando a mandioca no seu
rabo, enquanto você segura num cipó. Isso é preocupante — ele diz tão
bonitinho, que eu me jogo em seus braços.
— Nós não precisamos morar numa fazenda para você plantar a
mandioca no meu rabo, meu amor.
— Vamos nos abster de sexo até sua mente normalizar. Enquanto
isso, vamos nadar e refrescar nossas mentes na piscina do condomínio —
anuncia, cortando meu barato, e eu vou trocar de roupa.
Só de propósito, visto um biquíni indecente.
São dez da noite e Arthur está tentando me distrair com sexo.
Não, nós não estamos transando, apenas porque sou uma filha da puta
quando quero. O demônio me negou sexo a porra do dia inteiro, achando que
ia me deixar louca o bastante para não sair de casa. Ele pensa que eu não
manjo dos paranauê da mente dele, mas eu manjo.
Agora, eu estou linda, sexy e deslumbrante, e ele está todinho me
querendo. E está jogando muito sujo. Eu quero dizer sujo mesmo. Seu
peitoral está lambuzado de cobertura de chocolate e ele está usando uma
cueca boxer branca, quase transparente, que expõe até mesmo as veias do seu
duro membro. E ainda diz que eu sou o diabo reencarnado!
Passo meu perfume Carolina Herrera, mega chique de doer, e retoco
meu batom vermelho-sangue, olhando seu rosto perfeito. Deus, por que eu
mereço um homão da porra desses fazendo beicinho? Isso é de maltratar meu
pobre coração.
— Tutu, você aprendeu dramaturgia comigo? Não faça assim.
— Se você não sair por aquela porta em dois minutos, vou prendê-la à
cama — alerta, falando muito sério.
— Nos vemos mais tarde, meu amor. Esteja preparado, porque irei lhe
usar. — Eu o beijo e fujo antes de me entregar às amarras da paixão.
No meu carro, coloco uma música animada e sigo para o Caribbean.
Júlia e Duda já estão na porta, me aguardando, e gritam ao me ver.
— Eu jurava que você iria ligar dizendo que surgiu um imprevisto —
Duda diz, me abraçando.
— Não dessa vez. — Sorrio, abraçando Júlia. — Mas, confesso,
Arthur tentou muito fazer com que eu desistisse, vocês não fazem ideia.
— Eu posso imaginar apenas vendo seu sorrisinho. Safada! — Jú diz.
— Eu, com um homem daqueles, não sairia de casa — Duda afirma.
Não dá vontade de sair mesmo. Arthur é a própria balada pornô, mas, ainda
assim, uma balada.
— Duda, é bom sair de vez em quando. Isso ajuda o relacionamento a
sair da zona de conforto. É bom testar limites. Há algum tipo de adrenalina
sobre sair sozinha. Se fosse ele a sair, eu sei bem como estaria agora e como
seria quando ele voltasse para casa. — Sorrio. — São algumas horinhas de
tortura que serão compensadas no fim da noite. Além disso, é saudável sair
com as amigas, conversar banalidades e tirar o foco exclusivo do
relacionamento.
— Uau! O que fizeram com minha amiga? — Duda questiona, rindo.
Eu consigo pensar em algumas coisas que Arthur fez comigo. Mas o
foco agora é tirá-lo um pouco da mente e aproveitar minhas amigas.
Como sempre, passamos na frente da fila de espera e vamos direto
para o bar. Eu começo a notar a diferença de alguns meses atrás. É como se
eu não me encaixasse mais nesse lugar.
— Tequila, como de costume! — O barman coloca na minha frente o
copinho e eu rejeito. Estou impressionada comigo mesma por não sentir um
único pingo de vontade de beber.
— Há algum coquetel sem álcool? — questiono e ele franze a testa.
— Estou grávida — explico e ele abre a boca em espanto.
— Farei um para você com morango e leite condensado. — Ele pisca
o olho alguns segundos depois, após se recuperar do choque.
Júlia e Duda viram algumas doses de Tequila, incluindo a que estava
reservada para mim.
Enquanto elas bebem, aproveito para olhar o movimento ao nosso
redor. Agora minha visão é de uma pessoa que está observando de fora,
entende? Fora daquela nuvem de pegação e azaração. Observo o que eu fazia
meses atrás, e isso me faz sorrir. Homens avaliando suas possíveis presas,
mulheres seduzindo através de seus corpos perfeitos e tendo a música como
aliada no jogo de sedução. Eu posso dizer que praticamente todos que estão
aqui possuem um único propósito: sair daqui acompanhado para uma noite de
pegação e até sexo intenso, se tiverem sorte. Essa é a magia da vida de
solteiro, vida essa que eu não sinto falta, mas que acho engraçado observar.
Se minha vida fosse um livro, certamente ele se chamaria "Como eu
era antes de Arthur Albuquerque". Olho para a pista e a resposta está bem
diante dos meus olhos. Eu era como todas as mulheres que estão ali,
dançando sensualmente, tentando conquistar machos em potencial. Antes que
pense errado, não estou as julgando, só relembrando um passado não muito
distante. Um passado que eu vivi como se não houvesse amanhã, mas houve.
Um amanhã incrível.
Eu percebo que nada disso me faz falta e que, definitivamente, não
me encaixo mais nesse ambiente. Caribbean é uma boate bem frequentada,
mas eu e boate já não somos mais parceiras como antes. Me tornei uma
pessoa barzinho + voz e violão + Arthur. Uma perspectiva completamente
diferente e melhorada de vida.
Mas... como estou aqui com minhas duas grandes amigas, preciso
vestir a personagem e curtir. Há muito tempo não rebolo minha bunda, então
hoje é um bom dia para isso.
Caminhamos até a pista e logo estamos nos movendo ao ritmo de uma
música que mistura funk com eletrônica.
Tudo vai bem até eu sentir mãos fortes em minha cintura. Me viro e
dou de cara com Lucas. Santo Deus! O que esse homem está fazendo aqui? O
que qualquer cara solteiro faria, dã!, meu subconsciente responde e eu o
mando tomar no orifício anal.
— Olá! — ele diz em meu ouvido, puxando-me pela cintura. Me
desvencilho educadamente e o cumprimento.
— Oi, quanto tempo.
— Você começou a namorar e sumiu. É bom saber que está solteira
novamente.
— Eu não estou solteira. Estou noiva, praticamente casada — anuncio
e ele franze a testa.
— Aqui não é lugar de mulher comprometida — diz, me puxando
novamente. Ele parece alcoolizado o bastante para ser um filho da puta.
— Lugar de mulher comprometida é onde ela quiser, contanto que
respeite o marido, noivo, namorado, seja lá o que for — informo ao
desavisado, que agora resolveu ser machista.
— Hum, essa doeu — ele diz, dando um sorriso que só modelos que
estampam capas de revista possuem. Mas, ainda assim, o sorriso do meu Tutu
desbanca qualquer um deles. Mais uma vez me desvencilho dos seus braços e
ele parece determinado a me ter perto.
— Me solte, por favor. Nós podemos conversar sem estarmos
grudados.
— Saudade de você, do seu cheiro, do seu corpo. Mari, nunca
nenhuma mulher vai me satisfazer como você.
— Você está visivelmente bêbado. Me solte — peço, tentando
conseguir um help de Júlia ou Duda, mas as duas estão bastante ocupadas
conversando com dois homens.
— Seu namorado quer a merda de um chifre na cabeça.
— Me solte! Está começando a me machucar — peço e ele passa a
mão em minha bunda. Então, sem pensar duas vezes, eu dou uma joelhada
em suas bolas.
O resto da cena parece um filme de ação. No momento em que ele se
abaixa, gritando de dor, Arthur surge do nada, o pega pela camisa e sai o
arrastando para fora da boate. Eu olho para as meninas e elas estão
boquiabertas.
— Que merda está acontecendo?!
— Acho que Lucas vai morrer! — aviso e saio em disparada, atrás do
meu homem, que está muito nervoso. Toda a boate está parada, observando a
cena, e eu estou chocada demais.
Arthur sai pela porta e joga Lucas no chão cheio de britas, do lado de
fora da boate. Ele parece cego e insano. Ele pega Lucas de volta, dessa vez
pela frente da camisa, e dá um soco no rosto dele.
Levo minhas mãos até a boca, incapaz de impedir a carnificina.
Felizmente, Júlia e Duda tentam intervir, assim como os seguranças da boate.
Lucas está caído no chão, completamente desmaiado, quando Arthur se
apossa da minha mão e me arrasta até seu carro. Não importa que eu esteja
com meu carro, eu irei com ele aonde quer que ele queira ir.
— Tutu, eu...
— Agora não, Mariana — ele me corta. — Eu não estou com raiva de
você, só não quero conversar nervoso.
— Eu não tive culpa. Eu, eu... — Estou desesperada, com medo, cheia
de dúvidas agora.
Seguro a vontade de chorar, engolindo em seco o nó em minha
garganta. O arrependimento bate forte sobre mim, por ter ido a uma boate.
Teoricamente não teria problema, eu sei como devo me comportar, sei meu
status civil, sei principalmente das minhas obrigações e deveres como uma
mulher comprometida. Eu só não estava preparada para Lucas surgir das
profundezas e agir como um babaca completo. Fui inocente por não ter
pensado que algo do tipo poderia vir a acontecer, tanto com Lucas, quanto
com qualquer outro homem. Infelizmente, o assédio em lugares desse tipo é
grande. Mas, eu juro, juro com todo meu coração, que isso nem passou pela
minha mente.
Não demoramos a chegar em casa. Infelizmente, Arthur mantém o
silêncio até mesmo dentro do elevador.
Ele abre a porta do apartamento e dá passagem a mim. Então a tranca.
Caminho apressada para o quarto, retiro minhas bijuterias, meus
sapatos e minha roupa. Quando estou livre de tudo, vou direto para o banho.
Eu não sei se é comum, mas toda vez que estou com algum problema,
vou tomar um banho, e sempre saio dele um pouco melhor. É como se a água
tivesse uma força magnética capaz de sugar um pouco do clima pesado.
Entro embaixo da ducha e a deixo cair sobre minha cabeça, enquanto
tenho minhas mãos apoiadas na parede.
Eu não tenho culpa, essa é minha única certeza.
Não sei quanto tempo fico debaixo da ducha. Eu saio enrolada em
uma toalha e vou secar meus cabelos.
Quando termino, visto meu pijama especial da Hello Kitty, que é
reservado para períodos de TPM, e me enfio debaixo das cobertas.
Minha mãe um dia me disse que nenhum casal deveria dormir
brigado, mas eu nem mesmo sei dizer se estamos brigados. Tudo é bastante
confuso e vago agora.
O que fazer com um babaca que se atreve a apertar a bunda da minha
mulher mesmo ela dizendo um NÃO com todas as letras?
Nunca fui um cara de brigas. Sou completamente contra todo e
qualquer ato de violência. Mas ver minha mulher sendo tocada por outro
homem ligou o botão “violência” dentro de mim.
Eu estava bem. Fui com dois amigos até a boate, era uma maneira de
apresentá-los às amigas de Mariana. Eu só não esperava ver um maldito
forçando a barra com a minha mulher.
Vi o momento exato em que ele se aproximou dela e então entrei em
estado de alerta. Mari foi firme se desvencilhando dele, estava
verdadeiramente incomodada. Ela se soltou dos braços dele três malditas
vezes e eu me aproximei no momento exato em que sua mão deslizou pela
bunda da minha garota. Um total ato de improbidade e falta de respeito.
Principalmente por ela ter dito não.
Fui surpreendido quando ela deu uma bela joelhada no babaca, e fui
surpreendido com a vontade de matá-lo que se apossou de mim.
Eu não estou puto com ela por ter ido a uma boate. Toda mulher tem
direito de ir onde quiser, e todo homem tem o dever de respeitá-la. Porém, eu
fiquei cego e transtornado. Preciso de alguns minutos para colocar a mente
em ordem antes de falar qualquer coisa com ela.
Não quero descontar toda a adrenalina, que está bombeando em
minhas veias, em minha mulher grávida. Só preciso respirar, antes que eu
quebre qualquer coisa que estiver na minha frente.
Não era o que eu tinha planejado para essa noite. Não mesmo.
Em determinado momento, eu me aproximaria dela e dançaríamos
juntos. No final da noite eu ia levá-la para algum lugar diferente e então
faríamos o que esperei a porra do dia inteiro.
Vou até o quarto e ouço o som do chuveiro ligado. Pego sua bolsa e
encontro a chave de seu carro. Eu preciso me acalmar, então, até que consiga
me manter são, decido que buscar o carro dela é uma boa opção para respirar
ar fresco.
Desço até a portaria e caminho até o ponto de táxi próximo ao prédio.
Talvez eu dê a sorte grande de encontrar aquele babaca. Quem sabe,
assim, eu possa quebrar suas duas mãos, para aprender o que acontece com
quem desrespeita uma mulher.
Quando o taxista para em frente à boate, o pago e desço. Encontro
Júlia e Duda sentadas no chão, com o imbecil.
O pego pela camisa novamente, o fazendo ficar de pé.
— Arthur, não faça isso, merda! — Júlia grita.
— A minha mulher disse não a você — digo, fixado nele.
— Ela já disse sim milhões de vezes, bem antes de você aparecer —
ele rebate, rindo, com sua cara suja de sangue.
— Lucas, cale a merda da boca! — Agora é Duda quem diz.
— Ela agora é minha. Ela está grávida de um filho meu, está noiva, e
o mais importante, ela disse não. Quando uma mulher diz não, qualquer
mulher, não apenas a minha mulher, você tem que respeitar. Não é NÃO.
— Foda-se, cara! Era pra ela ser minha! — Ele é um idiota, tanto que
eu desisto de enfiar mais um soco em sua cara de idiota.
— Quem não tem competência, não se estabiliza. Está explicado
porque Mariana não quis você. É um moleque, nada além disso.
Os deixo e sigo meu propósito.
Volto para casa, para minha mulher, para o nosso lar.
A encontro deitada, quietinha. Nunca a vi dessa maneira antes, merda!
Tomo um banho rápido e me acomodo ao seu lado. Ela vira-se de frente e me
encara, mas a imagem daquele bichinho infernal ganha minha atenção. Que
diabos ela tem com essa merda de Hello Kitty?
— Eu não tive culpa — diz.
— Eu não culpei você em momento algum. Só não quis conversar
nervoso. Nunca é bom começar qualquer conversa estando nervoso —
explico.
— Me desculpe por ter ido a uma boate — ela diz, chorando. — Não
brigue comigo. Eu respeito você de todas as maneiras possíveis.
— Mari, você não tem que se desculpar, amor. Você foi se divertir
com as suas amigas e não tem culpa se um idiota decidiu não se portar como
homem. Eu só perdi a mente quando o vi tocar em você.
— Só quero que me abrace e durma grudado comigo. Quero acordar e
amanhã ter esquecido desse fiasco completo. — Beijo sua testa, então ela
vira, grudando sua traseira em mim. A abraço. Só quero apagar a imagem da
mão daquele imbecil na bunda da minha mulher!
— Eu amo você, maluquinha. Amo muito você — digo, beijando sua
cabeça.
— Eu amo você, maluquinho. Respeito você. Eu...
— Durma, Mari. Eu confio em você, mais do que confio em mim
mesmo.
Eu estava envolvida em um sono profundo, num estado de semicoma.
Mas, e agora? Agora estou bem acordada, com a língua de Arthur
trabalhando duramente em minha intimidade. Gostaria de entender em qual
momento ele retirou minha calça e o motivo pelo qual não me dei conta
disso.
Jogo minhas mãos para trás e relaxo, ao invés de puxar seus cabelos
loucamente. Nada melhor que acordar com um magnífico sexo oral.
— Bom dia, gostosa. Vou morrer na sua boceta essa manhã — ele
anuncia, subindo os beijos, e sorrio.
Eu retiro minha blusa e meus seios saltam livres para ele.
— Você está tão molhada. Quero provar você inteira — diz, beijando
minha boca e levando dois dedos em minha intimidade. — Eu preciso estar
dentro agora — choraminga, batendo seu membro contra meu clitóris. Não
demora muito para que ele deslize lentamente para dentro de mim.
— Seus olhos são tão lindos.
— Sua boceta é tão perfeitamente apertada.
— Você é o último dos românticos. — Sorrio e então solto um
gemido quando ele encontra o ponto perfeito dentro de mim. Há momentos
que eu odeio que ele seja tão bom, porque me leva rápido demais, e eu
gostaria de poder me segurar mais tempo.
Eu começo a luta interna em minha mente, recitando a minha vadia
interior: "não goza, demônia, você é uma piranha safada que não pode ver o
pau de Arthur. Vagina má, vagina má!”. Ela ri da minha cara e ganha vida
própria. É isso que eu chamo de perereca suicida. Minha amiga vagina não
tem amor pela própria vida. Eu impulsiono meu corpo para cima e Arthur
impulsiona para baixo. Ele me esmaga sobre a cama e eu penso que estamos
indo furá-la. Arthur britadeira é um monstro sexual. Às vezes acho que ele
vai ficar verde e se transformar no incrível Hulk. Esse pensamento insano me
faz rir, e então ele para de se mover.
— Há algo engraçado? — questiona.
— Nós vamos furar a cama.
— Eu compro outra! — Claro, ele compra o mundo se necessário for,
apenas para não parar de foder.
— Você é tão louco! — grito quando ele toma o ritmo ragatanga. Na
verdade, é o ritmo rasga xana. Ele está me rasgando, inferno! Me rasgue
mais, delícia... Minha amiga vagina é muito imoral e inescrupulosa.
Fico possuída na prostituição e forço que ele saia de cima de mim. O
jogo na cama e o monto, para provar que posso ser tão britadeira ou mais. Eu
mato meu homem de gozar e morro junto mais vezes que ele. É game over,
meu amor. Nós dois nascemos para foder juntos.
Ele é o rei da piroca indomável e eu sou a rainha do sexo brutal.
Quando derroto meu marido uma segunda vez, o enjoo me derruba
com força e eu salto de cima dele como uma corredora queniana. Eu corro
para o banheiro e coloco absolutamente nada para fora, já que meu estômago
está vazio. É incrível, o estômago está vazio, mas minha amiga vagina está
bastante cheia. Me lembro desse detalhe ao sentir algo escorrendo pelas
minhas pernas.
Ligo o chuveiro, e Arthur, o grande, entra no banheiro com seu modo
explosivo. Ele sempre fica louco quando me vê enjoada.
— Está tudo bem?
— Sim, foi um enjoo normal — respondo e ele se acomoda atrás de
mim.
— Que dia cumprirá com sua palavra e me dará essa bunda deliciosa
novamente?
— O dia que você fizer por merecer. — Sorrio e ele morde meu
ombro.
— Eu mereço todos os dias.
— Até concordo, mas se eu for te dá o cu todos os benditos dias,
perderei todas as pregas e terei que usar fralda geriátrica. Seu pau não é uma
minhoca.
— Você sempre eleva meu pau, literalmente — ele diz, rindo.
— Você não é Arthur, o meu chefe. — É verdade. Meu chefe era
sério, centrado. Esse homem atrás de mim é o Lúcifer purinho. Ele é muito
doido.
— Eu sou Arthur, seu marido.
— Eu tenho um marido gostoso, pirocudo, perfeito, que tem
gominhos na barriga e uma bunda incrível que eu gostaria de morder.
— Quero casar logo. — Ele faz beicinho, e eu juro por Deus, que a
cada vez que ele faz esse beicinho, tenho vontade de deitá-lo em meu colo e
colocá-lo para mamar em meus seios.
— Nós casaremos assim que nossa filha nascer. — Ele abaixa e gruda
sua cabeça em minha barriga. Ele dá algumas dezenas de beijos e conversa
com nosso bebê girino.
— Filha, peça à sua mãe para se casar com o papai logo.
— Pare de fazer chantagem emocional usando nossa filha! —
repreendo e ele sorri. Ele foca o olhar em minha intimidade, olha em meus
olhos e volta a focar na amiga vagina. Ele abre minhas pernas e então começa
a me chupar com fome. Eu abro meus braços, apoio minhas mãos, uma no
blindex e uma na parede. Arthur faz de mim sua refeição matinal e eu durmo
por mais algumas horas assim que ele sai para o trabalho.
Almoço e fico de bobeira, comendo tudo que vejo pela frente pelo
resto da tarde. Estou num estágio onde tenho três funcionalidades: comer,
dormir e transar. Isso é tudo que meu corpo pede, nada além disso.
Estou assistindo uma série quando Arthur manda uma mensagem
dizendo que a “querida” arquiteta mandou mensagem solicitando nossa
presença em nossa casa. Na mensagem, ele informa que estará me esperando
em nossa casa às 17h30 e, quando olho no relógio, vejo que faltam apenas
pouco mais de uma hora. Então, mais que depressa, corro para o quarto e
começo a me arrumar.
Como estou sonolenta, solicito um táxi por medo de dormir ao
volante.
Às 17h40 o táxi estaciona em nosso novo condomínio e vou andando
até nossa futura casa. O carro do Arthur e da Ana Carolina já estão parados
na frente, então me apresso. Subo os degraus e, quando abro a porta, mal
posso acreditar na cena que se desenrola à frente.
Arthur está encostado na parede e Ana Carolina está praticamente
jogada em cima dele, o beijando. Eu fico completamente cega. Só vejo
Arthur com as mãos em sua cintura e ela o segurando pela camisa.
Ele tenta afastá-la assim que entro, mas ela não o solta. Eu mal
consigo entender tudo o que estou sentindo nesse momento. São tantas
coisas. Ódio, nojo, descrença, dor, incredulidade. Eu não posso acreditar, não
mesmo. Coloco a mão sobre meu ventre e tento respirar fundo algumas
vezes. Eu vejo Arthur branco diante de mim e nem mesmo consigo olhar em
seu rosto.
— Sairei e entrarei novamente, apenas para ter a certeza de que isso
está mesmo acontecendo — informo e assim eu faço. Eu saio da casa que
seria minha, respiro fundo e volto. Em vão, é real. Eles ainda estão ali e meu
conto de fadas está apenas destruído.
A única coisa que passa em minha mente é que tudo não passou de
uma mentira. Arthur não é o príncipe encantado que eu tanto estimava. Ele
parece estar mais chocado que eu, está branco e parece não conseguir
respirar. Pois é, bonitinho, a casa caiu! Deposito minha mão sobre meu ventre
novamente e permito que minhas lágrimas caiam livremente. Laís, Ana
Carolina... qual será a próxima? Não haverá uma próxima. Agora seremos
apenas eu e minha filha, porque não consigo suportar traição. Suporto muitas
coisas, exceto isso. É um trauma.
Arthur luta para sair dos braços da vadia, enquanto ela insiste em não
deixar. Ele simplesmente a joga longe, está parecendo um louco agora.
— Mari, pelo amor de Deus, me deixa explicar! — Ele parece
transtornado e eu apenas começo a rir. Ele quer me explicar. O quão ridículo
é isso tudo? Ele se aproxima de mim, tem a coragem de colocar sua mão
sobre a minha, em meu ventre, em minha barriga. Na barriga onde carrego
nossa filha, que eu nem sei ainda se é mesmo uma filha ou filho. O afasto e
grito:
— Tire suas mãos de mim! Você sempre soube... sempre. Eu tenho
trauma, pânico, pavor.
— Mariana, pelo amor de Deus, não fala assim! — Ele chora e eu
vejo sangue na minha frente neste momento. Nada que ele disser vai resolver.
Ana Carolina está se levantando do chão e vou até ela. Arthur tenta
segurar meu braço, mas estou possuída nesse momento. Nem mesmo se Jesus
descesse dos céus eu pararia agora.
— Me solta ou as coisas vão ficar piores do que parecem, Arthur. —
Ele solta e eu a pego pelos cabelos. Eu rio, contemplando sua cara de puta. —
Como se sente? — pergunto. — Diga, querida, como se sente? — Ela fica
calada e dou um tapa em sua cara. Ela coloca a mão sobre o rosto, assustada,
e eu puxo seus cabelos com toda força que consigo, a fazendo gritar de dor.
Sim, eu imagino que esteja realmente doendo, mas nada comparado a dor que
ela está me fazendo sentir.
— Mari...
— Cale a porra da sua maldita boca, Arthur! — grito. — Se sente
satisfeita, Ana Carolina, ou será que eu deveria te chamar de Carol? Ouça
bem, eu vou dizer uma só vez: você está acabada a partir deste momento.
Você acabou com a minha família, ou talvez ela já estivesse acabada e eu fui
ingênua o suficiente. Mas, de qualquer forma, você acaba de contribuir para o
fim. Não é incrível? — Rio. — E eu, como sou muito boa, vou contribuir
para o fim da sua carreira. Você será reconhecida como a arquiteta que não
tem ética e rouba o marido das clientes. Você é nada menos que uma piranha!
Você é nojenta! — As lágrimas escorrem de seus olhos e dou outro tapa nela.
Deus, eu seria capaz de matá-la agora, mas ela é salva por um movimento em
minha barriga. Eu a solto, deixando-a jogada ao chão, e lágrimas inundam
meus olhos. Meu bebê, meu bebê precioso acaba de dar sinal de vida, pela
primeira vez. Sorrio e então choro. Eu sinto tantas coisas agora, mas o ódio
sobressai. O ódio sobressai porque eu perdi o homem que mais amei em toda
minha vida, o homem que eu amo e que, no fundo, sei que nunca deixarei de
amar.
Olho para seu lindo rosto e o pânico começa a tomar conta de mim.
Eu perdi Arthur. Mal posso imaginar minha vida sem ele, e o perdi. A dor
queima em meu peito e não consigo mais controlar nada, então desabo sobre
o mármore da cozinha e choro. Não quero saber se ela está vendo tudo isso,
me sinto miserável neste momento. Não quero me manter forte. Eu me
achava tão boa, achava que ele estava completo em todos os sentidos comigo,
achava que saciava suas necessidades, que éramos para sempre. Eu não sou
capaz de perdoá-lo agora, não estando grávida. Que Deus me ajude a superar
mais essa perda. Estou cansada de perder, totalmente cansada.
— Mari, deixa eu te explicar, por favor, pense na nossa filha. — E
nesse momento a fúria volta. Como ele pode dizer para eu pensar na nossa
filha?
— Você é louco? Você está pedindo para eu pensar na nossa filha
quando você é único que não pensou. Você desgraçou a minha vida, Arthur!
Eu vou te odiar pelo resto dela. E assim que nossa filha tiver idade suficiente
e me perguntar o porquê eu e você não estamos juntos, eu vou contar cada
detalhe. Ela saberá cada maldito detalhe.
— Eu amo você, Mariana. Foi ela quem me beijou, eu jamais faria
isso com você, Mari, você sabe disso. Você é o ar que eu respiro, Mariana.
Diga a ela, Carol. Por favor, diga a ela. Pelo amor de Deus, Carol! — ele
implora e a vadia nada faz. — Mari, eu amo você, amor. Eu nunca faria isso.
— Sério, Arthur? Então por que sua língua estava dentro da boca
dela? Eu não sou a porra de uma personagem de novela que vai acreditar
nessa merda! — Eu me aproximo e o seguro pela gola da camisa. — Me diz,
Arthur, o que faltou? Onde eu errei? O que fiz para você fazer isso comigo?
Me diz, por favor. Você me fez te amar, Arthur. Eu te amo tanto, meu amor,
tanto. Você não sabe quanto dói saber que eu te perdi. Eu nunca irei superá-
lo, nunca. — Me apoio em seu peito e choro, sentindo seu cheiro pela última
vez, o agarrando como se ele pudesse nos salvar de tudo isso, mas ele não
pode, não quando ele foi o único a nos levar pro buraco. Afasto-me e ele
coloca as mãos na cabeça. Ele chora e cai de joelhos diante de mim, apoiando
as mãos em suas pernas. Não posso mais ver nada disso. Sinto-me sendo
rasgada, despedaçada, pedaço por pedaço. A dor no peito é tão forte que
tenho que lutar para respirar.
Meu Deus, transforme todo esse amor em ódio. Faça-me odiá-lo,
faça-me esquecê-lo!, imploro.
Preciso sair daqui ou morrerei. Vou até o balcão e pego a chave de
seu carro. Dou uma última olhada na cozinha que seria a nossa cozinha, na
sala que seria a nossa sala, e dói. Tantos sonhos jogados fora...
Olho para os dois seres jogados ao chão. Ana Carolina está sentada e
encostada na parede. Arthur está de joelhos, chorando.
— Estou indo — informo e ele levanta a cabeça. — Peça a sua
amante para te levar até o prédio. Suas roupas e a chave do seu carro estarão
lá.
— Você não tem condições de dirigir, Mari. Por favor, eu te levo. —
Ele se levanta e o detenho.
— Eu não tenho condições de olhar na sua cara, Arthur. Estarei mais
segura dirigindo. Você pode não se lembrar, mas estou carregando minha
filha em meu ventre. Eu não sou maluca e muito menos irresponsável, como
você acabou de ser. — Olho pela última vez a casa e volto o olhar para ele.
Maldição, eu o amo tanto! Por que ele foi capaz de fazer isso? Eu nunca serei
a mesma novamente, nunca serei capaz de esquecê-lo. Eternamente
incompleta.
— Adeus, Tutu, eu... — Soluço, levando minha mão à boca. É a coisa
mais difícil que eu já fiz: dizer adeus a ele. Corro pela porta e saio rápido,
entrando em seu carro. Sigo para casa no automático, mas, no meio do
caminho, sou obrigada a parar no acostamento, para retomar minha
compostura.
Acabou.
Não consigo conter os pensamentos. Flashes de cada momento que
vivemos dançam pela minha mente. Essas lembranças vão me atormentar
pelo resto da vida. Eu entro em desespero, um desespero que nunca senti
antes.
Eu só superei a perda dos nossos bebês porque ele estava comigo, de
mãos dadas. Agora eu não tenho ninguém para me dar as mãos. Me sinto
completamente sozinha.

"— Uau, você faz essa análise pessoal com todas as pessoas?
— Não, só com a pessoa pela qual estou interessado.
— Mariana, você ia para a missa sem calcinha?
— Sim, e como sou bonzinho, ainda peguei a surpresinha para você. — Abro
meu lanche e encontro um poney rosa.
— Mariana, você tem algum parentesco com o criador da Hello Kitty?
— Obrigada, dessa vez eu não vou permitir que nada de mau aconteça, eu
amo vocês!
— Vocês são minha vida, Mari.
— Você é a mulher da minha vida. Eu te amo.
— Quero casar logo com você. "

Sou capaz de ouvir cada palavra linda que já saiu de sua boca. Que
Deus e minha filha me perdoem, mas eu gostaria de morrer agora. Nunca
imaginei que um dia pudesse ser capaz de querer morrer por perder alguém,
mas é assim que me sinto. Eu me sinto tão vazia, que nenhuma gota de
esperança habita meu ser nesse momento. Acabo de me dar conta que perdi
até mesmo a fé. Eu perdi a fé em mim, perdi a fé em Arthur, perdi a fé na
vida.
Ligo o carro novamente e tomo fôlego o suficiente. Respiro fundo
uma última vez e uma pitada de força surge: vou viver pela minha filha e ela
vai se chamar Vitória. Ela será a minha vitória depois de toda essa destruição.
Ela será minha vitória na guerra!
Dor: /ô/substantivo feminino.
1. Medicina: sensação penosa, desagradável, produzida pela excitação
de terminações nervosas sensíveis a esses estímulos, e classificada de acordo
com o seu lugar, tipo, intensidade, periodicidade, difusão e caráter. "dor de
cabeça".
2. Mágoa originada por desgostos do espírito ou do coração;
sentimento causado por decepção, desgraça, sofrimento, morte de um ente
querido etc. "a d. de ver por terra os seus sonhos".

De todos os significados, o que se encaixa melhor é "ver por terra os


seus sonhos".
O meu sonho acabou de sair pela porta, tão destruída como nunca vi.
Enquanto isso, mais "uma" dos meus piores pesadelos está sentada ao chão.
Pela segunda vez na vida quero matar uma mulher. Estou lidando com
sentimentos que nunca lidei antes, penso que nem mesmo me conheço mais.
A resposta é bastante simples, eu virei outra pessoa desde que Mariana entrou
em minha vida. Eu fui feliz em um curto intervalo de tempo, o que eu não
consegui ser em toda minha vida. Passei a acreditar firmemente que há uma
pessoa designada a cada ser humano, uma pessoa que vai entrar em sua vida e
vai mudar seu radar, sua compreensão, seu jeito de ser, agir e pensar. Uma
pessoa que, sem esforço, vai te libertar de todas as prisões internas e vai te
mostrar o verdadeiro sentido de amar, sem limites e sem medida. Mari é o
divisor de águas em minha vida. E, por pior que seja esse pensamento, eu
sinto que a perdi. Essa simples constatação dilacera meu peito de um jeito
sufocante.
É angustiante você perder uma pessoa que significa o mundo para
você. Nós, seres humanos, somos preparados para lidar com a perda pela
morte, mas perder alguém para a vida é angustiante o bastante. Faz você se
sentir perdido e no inferno.
Carolina, Laís... O que essas duas mulheres têm em comum? A
vontade de destruir minha felicidade. As duas conseguiram. Uma tirou meus
filhos e a outra tirou de mim a minha mulher, a minha chance de ter uma
família. Eu olho mais uma vez para Carolina e o ódio me cega.
— Vá embora! — ordeno, olhando a escória da humanidade ao chão.
— Deixe ao menos eu levá-lo até sua casa — sugere. Eu quase rio de
sua cara. Ela está falando sério? Eu tenho um ímã de atrair mulheres loucas e
psicopatas!
— Eu disse para ir embora. Essa é a minha casa. Você tem noção do
quão grande destruiu minha vida? Apenas vá embora! Saia da porra da minha
casa!
— Eu achei que pudéssemos ter algo, me perdoe. Você parecia
nervoso ao meu lado. — Porra! Ela está de brincadeira.
— Óbvio, Ana! Você me olhava com adoração na frente da minha
mulher, que não é nem um pouco calma! É óbvio que eu iria ficar nervoso!
— Eu pensei que ficava nervoso por se sentir atraído por mim.
— Eu? Atraído por você? Porra, se eu fosse o mínimo atraído por
você, não teria chutado sua bunda fora há alguns anos! Ana, eu nem sequer
lembrava da porra da sua existência! Você é uma merda de mulher! Entende
isso?
— Me desculpe, há algo que eu possa fazer para consertar? — Ela
não fez quando pedi, o que ela quer fazer agora?
— Há. Morra ou nunca mais apareça na minha frente!
— Você a amava tanto assim?
— Eu não a amava, Ana, eu a amo, e isso não é da sua maldita conta!
Você não faz ideia do que existe entre nós. Não faz ideia do quanto nos
amamos e de tudo que já enfrentamos juntos. Eu demorei para tê-la, para
pegá-la para mim. Ela é tudo, Ana. Mariana é absolutamente tudo na minha
vida. É a porra de um amor louco e desenfreado. Você nunca conseguirá
compreender minhas palavras, porque eu duvido que algum dia alguém vá te
amar da maneira que eu amo minha mulher. — Sorrio entre lágrimas. — Juro
para você, se esse maldito beijo tirá-la de mim para sempre, eu mesmo
destruirei você! Portanto, saia daqui. Pelo amor de Deus, me deixe em paz!
Você articulou tudo isso, fez parecer que estávamos tendo algo, não passa de
um lixo para mim agora, eu mal posso olhar para a sua cara. — A forte batida
da porta indica que ela se foi.
Não faço ideia de quanto tempo estou caído de joelhos no chão. Era
pra ser um dia maravilhoso, como todos os que temos vivido.
Eu permito levantar a cabeça.
Toda as vezes que olho para essa sala, imagino nossa filha correndo e
Mariana sorrindo, atrás dela. O sorriso da minha Mari é a coisa mais pura da
minha vida.
Eu imagino momentos em cada canto dessa casa. Me imagino a
provocando na cozinha, imagino a casa transformada em um parque de
diversões provisório. São tantos planos, projetos. Nenhum deles inclui o que
estou sentindo agora.
Tudo que consigo ver é o rosto assustado da minha mulher, suas
lágrimas caindo e suas palavras capazes de perfurar meu peito.
Eu mal consegui reagir quando ela entrou e viu o pior. Foi um choque
tão grande, que fiquei paralisado por completo. Talvez por saber que, a partir
daquele momento, nós estávamos arruinados. Mariana tem um gênio
extremamente forte, tanto que nem mesmo permitiu uma explicação. Torna-
se muito difícil explicar algo que ela viu com os próprios olhos. Mas, aquela
frase clichê “as aparências enganam”, nunca fez tanto sentido como faz
agora.
Me sinto realmente fraco, como se não me alimentasse há dias. Ela se
foi a menos de meia hora e o vazio já é devastador o suficiente.
Penso em mil e uma atitudes que deveria estar tomando, mas, nem
mesmo consigo ficar de pé. Deveria estar entrando na porra de um táxi e indo
atrás dela, porém, não consigo respirar. Minha Mari, minha maluquinha se
foi. A única pessoa no mundo que eu não me imaginava perder, apenas se foi.
Ela me fez tão feliz, tão completo e realizado e eu apenas botei tudo a perder.
Como imaginar minha vida sem ela? Como acordar sem seus beijos, sem seus
desejos, sem sua alegria?
Cada vez que fecho os olhos, consigo enxergar seu sorriso
contagiante. Deus, eu sou tão fodido. Preciso saber se ela ao menos chegou
bem em casa. Me forço a levantar, pego meu celular e me acomodo em um
banco no jardim. Talvez ela me atenda. Deus me ajude que ela atenda!
Eu achava que o pior sentimento do mundo era perder alguém que a
gente ama. Isso até está no topo também, mas há algo um pouco pior: o
sentimento de descobrir que você perdeu a si mesma. Eu acabo de sofrer duas
enormes perdas irreparáveis: Arthur e eu.
Chego em casa com muita dificuldade. Meus olhos embaçados
fizeram com que eu viesse na menor velocidade possível. Meu celular está
tocando pela quinta vez e sinto que não posso conversar com a pessoa ainda.
Pego os óculos escuros dele, no porta-luvas, e coloco no meu rosto, na
tentativa de não ficar tão evidente minha atual situação. Desço do carro e a
tonteira quase me derruba. Apoio minhas mãos no carro e o mundo parece
girar aos meus pés. Estou tão miserável agora...
Respiro e inspiro, repetidamente, levanto minha cabeça e me forço a
caminhar. Não posso deixar que isso seja minha destruição, não quando estou
carregando uma vida comigo.
Quando saio do elevador, Amélia está saindo do meu apartamento e
fica paralisada ao me ver.
— Meu Deus! Dona Mariana, está tudo bem? — Apenas sacudo a
cabeça negativamente e ela abre a porta para que eu possa entrar. — Senhor,
o que aconteceu? Sente-se, eu vou pegar um pouco de água pra senhora.
Ela volta com a água, está tremendo, coitada. Eu bebo todo líquido
em um único gole. Eu não vou chorar, não vou desmoronar, não vou chorar,
não vou desmoronar, não vou chorar, não vou desmoronar. Fico recitando
isso em minha mente e ganho um pouco de coragem para falar.
— Eu preciso que... Merda... Por que isso é tão difícil? Ufa! —
Respiro fundo e termino de dizer. — Eu preciso que você junte as coisas do
Arthur para mim.
— Oh, meu Deus! Não acredito, Mari! — Ela coloca suas mãos na
boca e vejo seus olhos encherem de lágrimas. Pois é, se ela está chocada, eu
estou destruída.
— Por favor. Eu ia pedir para deixar na portaria, mas me dei conta de
que ele tem um maldito apartamento ao lado do meu, então apenas faça isso.
Junte as coisas dele para mim e as coloque lá. — Vendo o estado que estou,
ela não diz mais nada. Sem contestar e sem perguntas, apenas faz o que eu
pedi.
Minutos depois, três malas de roupas já estão pela sala. Amélia leva
de uma em uma, até que não há mais nada. Eu apenas permaneço sentada no
sofá, observando tudo e buscando um controle emocional. Ao menos para
isso a yoga está servindo. Estou fazendo alguns exercícios de respiração que
foram ensinados e não estou transbordando... ainda.
— Mariana, já deixei tudo lá.
— Tudo bem. Agora preciso que você deixe a chave do carro e do
apartamento dele na portaria, Amélia. Então, você pode ir — falo calma e
pausadamente.
— Minha linda, tem certeza? Eu posso ficar se precisar.
— Não, obrigada, preciso ficar sozinha. Não precisa voltar essa
semana.
— Mas, Mariana...
— Eu vou me cuidar. Tenho consciência que preciso me cuidar mais
do que nunca. Apenas faça isso. Eu realmente preciso de um tempo, Amélia
— a corto.
— Tudo bem, Mari. Eu não sei o que aconteceu, mas, de qualquer
forma, eu sinto muito. Seu coração é grandioso e generoso. Seja o que for,
vai passar e você será muito feliz. — Engulo o nó que se forma em minha
garganta e apenas agradeço vagamente.
— Obrigada. — Meu telefone começa a tocar novamente. — Amélia,
é Arthur. Pode atender e dizer que as coisas dele já estão no apartamento e as
chaves na portaria? — digo e ela pega o telefone.
— Senhor Arthur... Eu não acho que ela queira falar agora... Sim,
chegou... Não, nem um pouco... Desculpa, senhor Arthur, ela apenas pediu
para avisar que suas coisas estão no seu apartamento e que as chaves estão na
portaria... Calma, senhor Arthur, calma... tudo irá se acertar... Ok, fique com
Deus. — Ela desliga com lágrimas nos olhos. — Meu santo Deus, Mari, ele
está desesperado. O que aconteceu?
— Foda-se! — digo e ela me olha espantada. — Não você, foda-se
ele, Amélia. Obrigada, viu? Pode ir. Preciso ficar sozinha. Irei me acalmar e
então serei capaz de contar o que aconteceu.
— Tudo bem, dona Mari. Se precisar de qualquer coisa, me chame.
Eu ligo para saber como a senhora está.
— Tudo bem. Obrigada e pare de me chamar de dona e senhora. —
Ela dá um sorriso sem graça e então sai.
Fecho a porta, a dor volta com força total. Cada parte desse
apartamento tem um pouco de Arthur. Não há um lugar que eu não o veja.
Mas, a pior parte é quando entro em meu quarto e vejo a parte dele no
armário vazia. Deus, isso é extremamente doloroso. Minha vida agora está
vazia. Eu nunca me senti dessa maneira antes.
Permito-me colocar todas as emoções para fora novamente. Eu me
jogo ao lado da cama e choro até que não possua mais lágrimas, até que
minha cabeça doa tanto a ponto de eu conseguir esquecer um pouco de tudo
isso e focar apenas na dor física. E, quando isso acontece, entro com roupa e
tudo embaixo do chuveiro.
Por favor, retire essa dor do meu coração! Retire Arthur da minha
mente, por favor.
Ajoelho ao chão e rezo com toda fé que possuo. Eu só quero esquecer
tudo isso. Eu oro para esquecê-lo, oro para que tudo não tenha passado de um
pesadelo terrível.
Se eu não estivesse grávida, estaria em algum boteco enchendo a cara,
até que pudesse esquecer meu próprio nome. Mas eu saio do banho e vejo a
porra da blusa que Arthur usou ontem, pendurada atrás da porta. Estou certa
de que posso me embriagar com seu cheiro facilmente, por mais que eu saiba
que isso só vai piorar as coisas. A visto e abraço a mim mesma. O que eu não
daria para estar nos braços dele agora? O que eu não daria para tudo isso ser
apenas loucura da minha imaginação?
Eu passo todo o restante da tarde olhando para o teto. Estou tentando
bolar um plano para continuar, mas não há nada que eu consiga pensar. É
tudo vazio, sombrio, solitário. Tudo agora é sofrimento. Um sofrimento
indescritível.
Quando está tarde o bastante, me dou conta de que preciso comer. Se
eu não tivesse esse pequeno ser em meu ventre estaria ainda mais destruída.
Mas eu a tenho, e isso é o suficiente para me forçar a comer e seguir em
frente.
Eu como e a comida parece descer seca pela minha garganta. Nem
mesmo sou capaz de sentir o gosto agora. Quando termino, vou escovar meus
dentes. Eu os escovo, mas não possuo coragem o bastante para olhar minha
imagem destruída através do espelho.
Cinco minutos depois, me encontro deitada, olhando para o teto,
usando a bendita blusa impregnada pelo cheiro do meu Tutu. Ele não é mais
meu Tutu.
Não existe nem mesmo mais lágrimas, tamanha devastação. Essa era
a hora em que a gente se preparava para dormir e ele deixava eu enfiar minha
perna entre as pernas dele, pois tornou-se bem mais confortável dormir assim
desde que fiquei grávida. Sinto que terei que ir a alguma loja comprar aquelas
almofadas gigantes, que ajudam as gestantes a dormirem melhor. Talvez seja
melhor eu mudar de apartamento. Ter que ser vizinha dele vai ser um grande
inferno. Merda, tudo está um verdadeiro inferno agora! Eu nem deveria ter
tantos pensamentos. Só quero e preciso me desligar da realidade cruel e
fodida em que me encontro.
Após enfiar um travesseiro entre as pernas e abraçar o travesseiro que
ele usava, rezo e peço a Deus para eu acordar e tudo isso não ter passado de
um pesadelo. Não sei quantas vezes eu já o pedi, mas preciso pedir mais uma.
Por favor, Deus, ouça minhas preces. Há alguém que o Senhor permitiu
existir, esse alguém precisa ter o pai e a mãe juntos. Por favor, tenha
misericórdia, permita que seja um pesadelo.
Eu choro em minha oração. Choro até o cansaço me vencer e
desmaiar.
— Mari... Mari... Mariiii, por favor, abra essa porta! — Arthur está
gritando desesperado. Me remexo na cama, meu coração acelera e o suor
toma conta de mim por completo em questão de segundos.
— Marianaaa...
Acordo assustada com um pesadelo. Um pesadelo lindo, com os olhos
azuis mais expressivos de toda humanidade. Eles eram azuis nebulosos
quando o conheci, viraram azuis reluzentes quando estávamos juntos e, por
fim, tornaram-se como os azuis nebulosos de quando o conheci, porém,
muito mais sombrios. Nós fechamos um ciclo, da mesma forma que
iniciamos.
Respiro fundo e tento não voltar a chorar. Deito minha cabeça de
volta ao travesseiro e o choro vem, mesmo que eu lute contra ele. Afinal,
acabo de descobrir que não foi um pesadelo, minha perda é real.
Fecho os olhos e tudo recomeça... todos os pensamentos, todas as
memórias.
— Mariiiiiiiiiiii... Por favor, Mari...
É Arthur, de verdade, e ele está socando muito forte a porta do
apartamento. Salto da cama quando ouço um estrondo enorme. Corro até a
sala e a porta está no chão. Diante de mim, há um Arthur ensanguentado e
desesperado. Um Arthur que eu nunca vi antes.
Os olhos dele? Os olhos dele agora estão azuis derrotados.
Arthur cai de joelhos ao chão e começa a chorar.
O encaro, cética. O Arthur Albuquerque que conheci não se parece
nada com esse que está aqui, diante de mim. O Arthur Albuquerque que eu
conheço tem uma postura ímpar, é forte, elegante. Ele é tantas coisas. Mas,
esse aqui, está tão destruído quanto é possível. O sangue, o sangue me
assusta, pra caralho. É o sangue que me faz acordar do ceticismo e liberar as
palavras da minha boca.
— Meu Deus, Arthur, o que aconteceu? — Olho para o corredor e
vários vizinhos estão do lado de fora de suas portas. — Me desculpem, por
favor. Podem voltar para seus apartamentos. Está tudo sob controle agora —
digo em voz alta e agacho até ele. — Merda, você é louco? — questiono,
tentando colocá-lo de pé.
— Meu anjo, minha Mari, eu te amo. Eu te amo mais que qualquer
coisa nessa desgraça de vida.
— Arthur, você pode me ajudar ficando de pé? Eu não posso pegá-lo
— aviso e ele franze a testa, me analisando.
— Você está linda com a minha camisa.
— Merda, o que aconteceu?! Seu rosto e suas mãos... há sangue.
— Eu te amo, eu te amo tanto, minha maluquinha. Eu prefiro morrer a
passar o resto dos meus dias sem você. — Isso faz a fúria dentro de mim
explodir. Ela estava apagada, mas agora está em chamas. Ele fez o que fez e
agora quer morrer? Foda-se!
— Porra, Arthur, estou te fazendo uma pergunta, caralho! Por que
você está coberto de sangue, merda?!
— Não grita comigo — ele diz e começa a chorar igual uma criança
novamente, era só o que me faltava. Eu o odeio agora! Quero matá-lo!
O deixo caído no chão da sala e vou até meu banheiro encher a
banheira. Ele precisa urgentemente de um banho. Talvez eu o mate afogado
na banheira. Volto até a sala e peço gentilmente que o porteiro suba para me
ajudar ao menos a encostar a porta. Amanhã pedirei a algum filho de Deus
para consertá-la ou colocar outra no lugar.
O porteiro a coloca de pé e faz uma gambiarra ultrarrevolucionária
apenas para ter a visão da casa tapada. Ele se vai e eu fico com meu ex.
Agora estou em um inferno completo, porque Lúcifer está na minha
casa, bêbado e chorando. Não acredito que vou cuidar dele, eu deveria deixá-
lo caído no corredor até que alguém o tirasse. Meu anjinho interior grita: "ele
é o pai da sua filha”. Meu capetinha interior grita: "corte o pênis dele fora".
Qual dos dois ouvir neste momento? Cortar seu pênis seria um desperdício
para a humanidade feminina, mas tendo em vista que eu não pretendo usá-lo
nunca mais, essa seria uma boa ideia. Maldição, ele está aos prantos, daqui a
pouco o síndico bate na minha porta, inferno!
— Arthur, chega! Pare com essa merda! Vem tomar um banho!
— Com você? — pergunta, ainda aos prantos, e eu reviro meus olhos.
— Anda, Arthur, antes que eu te coloque para fora. E saiba, só estou
te aceitando aqui porque você é pai da Vitória.
— Quem é Vitória? — ele diz, se levantando e fungando.
— Nossa filha.
— O inferno que ela vai se chamar Vitória! — ele grita, ofendendo
minha Vitória na guerra. Ninguém no mundo, nem mesmo ele, vai ofender
Vitória na guerra!
— Cala a boca, Arthur, por favorzinho. Você perdeu o direito de
opinar, agora, por favor, retire suas malditas roupas. E, se voltar a falar de
Vitória, irei afogá-lo! — Ele me obedece e começa a se despir com
dificuldade. Percebo que mais cedo ou mais tarde terei que ajudá-lo nessa
missão. Só que ajudá-lo agora é apenas difícil demais para mim. Não o quero
tão perto assim, não o quero sem camisa, não o quero nu, não quero ver seu
rosto. É doloroso demais. Por que ele tem que ser tão lindo e tão fofo? Ele
chorando me dá vontade de agarrá-lo e mordê-lo todinho.
Levo minhas mãos até a barra de sua camisa e a puxo. Quando
termino de ajudá-lo, ele segura meu pulso e me puxa para perto, sujando-me
com seu sangue, rasgando-me com seu perfume.
— Não me deixe, Mari, eu prefiro morrer do que viver sem você. —
Céus, ele dizendo isso não me ajuda. — Você é minha. Eu nunca vou te
deixar, amor.
— Sou eu quem estou te deixando — comunico e ele leva a mão até o
peito. Isso me rasga também, Arthur... Pare de me rasgar. O puxo pela calça
e o levo até o banheiro. Abro o fecho da sua calça e ele se apoia na parede
para retirar os sapatos. Demônio! Eu o odeio! Ele abaixa as calças, sua cueca
e engulo em seco. Esse é o momento em que eu deveria aproveitar do seu
estado de embriaguez e tirar uma foto do seu pau para guardar de lembrança.
Porém, certamente, essa foto me levará ao desespero todas as vezes que eu a
vir, muito mais do que as fotos que tiramos em Angra. É o pau dele... nem se
eu mandar fazer um molde ficará igual. Esse pau era toda minha vida, cara!
Eu perdi esse pau. Quero morrer agora! De preferência entalada com esse pau
na garganta. Quero dar meu último suspiro com ele me sufocando.
Mentira! Eu o odeio de verdade! Ele deveria perder esse pau. Ou
melhor... deveria enfiar seu próprio pau no olho do cu! Eu sei que chega até
lá. É um big pau do caralho. Um big caralho de pau. É apenas um pau. Um
pau perfeito. Eu amo esse pau! Meu Deus, estou chorando mais uma vez,
dessa vez é pelo... pau!
Eu não quero que ele me veja chorando pelo seu pau. Me viro,
escondida, e limpo minhas lágrimas em sua camisa. O ouço suspirar.
Certamente, a camisa levantou um pouco e minha bunda ficou à mostra. Se
eu amo o pau dele, ele ama minha bunda, na mesma proporção. Espero que
ele veja bem tudo o que está perdendo.
Eu me viro, decidida.
— Entre na banheira, Arthur. Por favor, vamos terminar logo com
isso. — Ele se afasta e entra. Quase caio para trás com o grito de dor que ele
dá quando suas mãos tocam a água. Os ferimentos das mãos devem estar
doendo e meu coração quase balança um pouco... Merda! Balançou foi muito.
ESSE DEMÔNIO BALANÇA A PORRA DO MEU CORAÇÃO.
CAPIROTO DO CARALHO. DIABO. FILHO DO TINHOSO. CHUPA-
CABRA. FILHO DA PUTA. SETE PELES. BELZEBU. SATÃ.
Pego uma maleta de primeiros socorros e acho gases, soro e me sento
na borda da banheira. Respiro fundo e tento me manter impassível. Eu serei o
que as pessoas chamam de verdadeiro pau no cu agora.
— Ok, vai me contar como fez isso? — pergunto e começo a limpar
seu rosto. Ele fecha os olhos, chorando, e morde o lábio inferior, enquanto o
limpo. Eu lamberia cada parte dele. Eu chuparia seu sangue como uma
vampira, viraria uma aberração. Eu seria protagonista de um filme
vampiresco pornô. Por que ele tem que ser malditamente lindo? Ele está com
um corte no supercílio e alguns arranhões grandes na testa. Está chorando
tanto, que está me dando raiva e compaixão. Eu quero enfiar minha
compaixão no cu nesse momento. — Meu Deus, Arthur, dá para parar de
chorar? Que boceta, caralho! PARA COM ESSA PORRA DE CHORAR!
— Eu amo você — ele diz, jogando sua cabeça para trás. — Eu amo
você, tigresa, gostosa do Tutu. Eu amo você.
— Tigresa é seu pau, filho da puta! Pensasse nisso antes. Não vai me
contar?
— Eu soquei uma parede com chapisco — ele diz, me fazendo rir.
Rio de doer a barriga. Até mesmo escorrego e caio dentro da banheira
de tanto rir, enquanto Arthur fica apenas observando. Eu choro, mas dessa
vez é de rir. Quase faço xixi. O riso só morre quando percebo que há uma
espécie de cobra grande e grossa em minha mão. E então, basta me dar conta
de que é o pau dele, para eu retomar a compostura. Faço uma careta para
fingir que não fiquei satisfeita em pegar em sua cobra e me ponho de pé. Eu
vejo seus olhos azuis endemoniados passando pelo meu corpo e torço meus
cabelos que se molharam um pouco.
Saio de dentro da banheira e me enrolo em uma toalha. Ele segue
apenas me observando e eu tento não rir quando torno a me sentar na borda
da banheira. Respiro muito fundo, tentando controlar toda a merda que estou
sentindo, e continuo meu questionamento com toda classe que minha mãe
ensinou que eu deveria ter, só que não tenho.
— Você socou uma parede com chapisco? Como assim? Desenhe.
— Eu só queria que parasse de doer. Queria me machucar o suficiente
para doer mais do que a dor de te perder. Eu lutei com o chapisco. Eu soquei
minha testa na parede e distribuí socos. — Começo a rir descontroladamente
de novo, mas, dessa vez, o xixi vem sério e eu só tenho tempo de correr para
o vaso sanitário. Eu devo ser muito louca mesmo. Isso não tem graça. Merda,
me arrependo disso na hora de pegar o papel higiênico e me limpar diante
dele. Seus olhos estão em minha perseguida. Como ele pode olhar minha
perseguida quando estamos terminados? Imaginar ele socando e batendo a
cabeça em uma parede? Foi demais. Mas, lembrar os motivos que o levaram
a fazer isso, traz de volta toda dor, e meu riso se transforma em choro. Deus,
sossegue meus hormônios, Senhor! Eu estou me sentindo muito mais louca
que o normal agora. Eu sou muito porra louca!
Percebo que o jogo inverteu. Sou eu quem está chorando
desesperadamente agachada ao chão, após escorregar do vaso sanitário. Eu
me sinto tão sexy assim. Que dor horrível! Que espécie de sentimento é o
amor que faz as coisas doerem tanto? Eu só queria não sentir tanto. Queria
não me sentir tão destruída agora.
Leva alguns minutos até que eu consiga me recompor e voltar a ser a
Mariana fria de minutos atrás. Eu deveria estar atuando na novela das nove,
sempre levei jeito para dramaturgia, mas agora está foda. Arthur agora está
quieto, de cabeça baixa na banheira, e como seu rosto já está limpo do
sangue, resolvo deixá-lo.
— Termine seu banho, eu estarei na cozinha. Você precisa de um
café, está completamente bêbado.
Visto outra roupa, caminho rapidamente até a cozinha e preparo um
café bem forte. Em seguida, pego um comprimido e me sento no balcão, o
esperando.
Minutos depois o infeliz aparece, cambaleando, descalço, com uma
toalha enrolada na cintura. Há milhares de gotinhas de água escorrendo pelo
seu peitoral lindo de morrer. Eu estou cansando Deus, de tanto rezar, mas só
queria que transformasse esse homem no Corcunda de Notre Dame, ou no ET
de Varginha. O ET de Varginha seria ideal, já que Varginha é em Minas e
Arthur é mineiro. Faz todo sentido isso.
— Toma, isso vai te ajudar a melhorar. — Ele bebe e fica me
olhando.
— Mari, nós podemos resolver isso, não podemos? — questiona
enquanto lágrimas escorrem dos seus olhos e eu seguro as minhas. Não vou
chorar por um homem infiel.
— Estou te expulsando do meu coração, assuma as consequências
dessa traição — digo, olhando bem no fundo dos seus olhos e torcendo para
que ele não conheça Marília Mendonça. Estou trabalhando com frases
prontas agora.
— Eu não te traí, amor. Pelo amor de Deus, Mari!
— Arthur, fala sério, quem você está tentando enganar? — esbravejo,
virada na sertaneja universitária. — Eu sei que está querendo me levar na
conversa, mas se você soubesse o que realmente me interessa... — suspiro, o
encarando. — É saber se você faz amor comigo como faz com ela, se quando
beija morde a boca dela, fala besteira no ouvido, como faz comigo. Tudo o
que eu preciso é saber se você faz amor comigo como faz com ela...
— Eu nunca fiz amor com ela, Mari, por Deus! Você é tudo que eu
amo nessa vida. Eu nem beijei ela, Mari. Pelo amor de Deus, amor, você
precisa me ouvir!
— Vê se guarda seu discurso e não chore na minha frente. Não tente
me convencer que traição é acidente. Antes de me ver partir, pare um pouco e
aprende. Vê se não faça com outra o que você fez com a gente. Foi você
quem criou a sua própria tempestade, agora tá chovendo solidão e você está
sofrendo, está doendo. — Solto uma da Thaeme e Thiago, quase cantando, e
ele me encara de um jeito que parte meu coração. Eu não tenho palavras para
expressar, senão as músicas. Eu quero meu pijama da Hello Kitty e minha
cama agora. — Arthur, não acho que seja viável conversarmos agora. Já são
cinco e meia da manhã, você está alcoolizado e eu preciso dormir. Só me dê
um tempo, ok? Eu não me sinto preparada para nenhuma conversa ainda.
— Mari, por favor. Eu estou alcoolizado, mas estou ciente. Só me diz
que vamos conseguir passar por isso e que tudo que você acabou de falar
eram estrofes de músicas.
— Eu não posso te dizer isso quando eu não tenho certeza se consigo.
E nem mesmo sou capaz de assumir que eram estrofes de músicas de corna,
porque eu sou uma corna do caralho. O chifre está pesando em minha cabeça,
tanto que sinto que ela vai explodir, então, por favor, vá para sua casa.
— Você ainda me ama? — ele pergunta e eu quero esquartejá-lo.
— Arthur, não seja ridículo, eu não preciso dizer que te amo, você
sabe que sim. Você pode ir agora? Estou cansada.
— Posso dormir aqui? Eu durmo no sofá.
— Não, Arthur.
— E se eu morrer engasgado com vômito? Bêbados vomitam — ele
argumenta e eu reviro os olhos, mais uma vez. Não acredito que estamos
tendo essa discussão.
— Você não vai morrer. Vamos, eu abro a porta para você. — Desço
da banqueta e ele me prende ao balcão. Meu coração acelera. Eu o imagino
me fodendo até perder a noção que existe vida após a morte. Estou delirante.
— Eu não quero ir, Mari. — Ele passa o dedo indicador do meu
pescoço até o início da minha blusa e eu me forço a não sentir nada, porém
falho miseravelmente. Usando uma única partícula de força, o afasto. Um
toque e meu corpo está ardendo em chamas.
— Eu não tenho culpa sobre as suas escolhas, Arthur. Cada ação, uma
reação. Viva com isso.
— E se...
— E se nada. Por favor, vá antes que eu me arrependa de ter deixado
você entrar, Arthur. — Ele pega suas chaves no balcão e sai pela não porta.
Eu preciso de uma porta, e eu estou falando sério.
— Eu não vou desistir de você, Mariana, vou lutar o quanto for
preciso — diz e eu nem mesmo tenho uma porta para bater na cara dele.
Maldição, eu estava quietinha com meu sofrimento e ele vem aqui
achando que chorar vai mudar algo?! Pro inferno que vai!
Tomo um banho, retiro todo o resquício dele do meu corpo e agora
visto uma nova camisola da Hello Kitty.
Amanhã eu o mato, eu juro por Deus!
Acordo com o telefone tocando desesperadamente ao meu lado.
— Arthur, desliga essa merda em nome de Jesus! — digo e coloco o
travesseiro na cabeça. Só percebo que não há mais um Arthur ao meu lado na
cama quando fico quase sufocada por alguns minutos e o barulho insistente
não para. Retiro o travesseiro e olho o lado que era dele, que agora está vazio.
O choro começa outra vez. Meu Tutuzinho, meu amorzinho do coraçãozinho.
Ele não está mais aqui para um sexo matinal, ele não está aqui para ser minha
primeira visão ao amanhecer. A cada vez que eu acordava e o via dormindo
de um jeito tão sereno, meu coração explodia de tanto amor.
Me sento, tentando absorver o impacto da falta de sua presença. É
meio impossível não sentir dor ao ver seu lado tão arrumadinho. Vai demorar
muito para eu me acostumar com isso, ou talvez esse dia nunca chegue.
O telefone toca novamente e o nome dele aparece na tela. Filho de
uma vaca gorda! Eu o amo, mas só de ver seu nome passo a odiá-lo!
— O que foi, encosto? — pergunto e ele solta um gemido que vai
direto no meu útero.
— Mari, você poderia vir aqui? Eu estou morrendo — choraminga.
— Eu não sou médica, não trabalho em uma funerária, você ligou
para a pessoa errada.
— Mari, é sério.
— Uai, e quem disse que eu estou brincando? — Ele dá um outro
gemido e eu entro em alerta. Talvez ele esteja passando mal mesmo. Bem
feito! Vai lá beijar a prostigariranha! Prostituta, galinha, piranha... Mulher da
vida, desvirtuosa, arquiteta de pau!
— Mari, você não quer que sua filha seja órfã de pai. — Inferno
astral, ele está usando Vitória na guerra para amolecer meu coração!
— Ok, o que você está sentindo, babaca?
— Não me chame assim. Meu estômago e minha cabeça estão se
desfazendo.
— Nossa, homens doentes são uma merda! Quem mandou encher o
ânus de cachaça? — Ele solta uma bufada e eu seguro o riso. Eu quero odiá-
lo.
— Mariana, por favor, venha. Eu não vou resistir a mais um dia se
continuar assim. Você terá que criar nossa filha sozinha, sem pai. Eu gostaria
de vê-la nascer. — Ele começa a chorar sério e eu também. Ele quer ver
nossa filha nascer... Maldito!
— Tudo bem, inferno! Eu vou, mas se for mentira, voltarei para casa
com o seu pênis na mão.
— Isso pode ser interessante, desde que eu esteja grudado a ele. Nós
podemos fazer alguma coisa — argumenta e eu desligo em sua cara.
Se for algum tipo de armação... Merda... Eu apenas vou matá-lo!
Vou até o banheiro, faço minha higiene matinal, prendo meu cabelo
em um rabo de cavalo e sigo para a cozinha, onde pego algumas coisas para o
café da manhã, alguns remédios e coloco em uma sacola. Eu deveria estar
sendo cuidada, e não ele, por isso estou realmente puta! Tão puta que nem o
enjoo matinal resolveu aparecer hoje.
Não puta no sentido em que ele gostava, mas puta de raiva.
Bato em sua porta e ele atende... Ele atende mesmo. Ele meio que
super atende.
— Sabe, você é um grande idiota! — Dou as costas e ele me puxa.
— Desculpa, não fiz por mal. Eu estava saindo do banho quando você
bateu e... desculpe. — Ele está vestindo a porra de uma cueca branca que,
neste momento, está transparente, porque ele está molhado. Para completar,
estou fixada em uma gota de água que está escorrendo lentamente do seu
pescoço para suas partes baixas e ele está com uma ereção gigante, difícil de
ser desviada.
— Me desculpe, porra, mas você me olhando desse jeito não tem
como segurar, Mariana. Entre.
— Você parece bem, acho que dá para se cuidar sozinho.
— Eu não estou bem. Dá para entrar ou os vizinhos vão me ver de
cueca...
— Ou praticamente sem, né?! Está transparente esta merda — digo e
entro.
— Mari, estou realmente mal, só tomei um banho para ver se
melhorava. Meu estômago está queimando e minha cabeça explodindo.
— Acho que você deveria tomar um café e alguns compridos. Deve
ajudar.
— Você está linda com essa camisola da Hello Kitty. — Ele odeia a
Hello Kitty, vocês sabem disso, não sabem?! — Como está nossa filha? Eu
posso falar com ela?
— Arthur, não complica as coisas. Vamos ao que interessa — digo e
pego um copo d’água para ele. — Beba e engula esses comprimidos, por
favor. Eu trouxe um café da manhã, porque você me acordou e eu ainda não
comi nada.
— Tudo bem. Mas podemos conversar um pouco depois?
— Não sei, Arthur. Não estou bem para uma conversa. Estou cansada,
nem mesmo tive tempo para pensar em nada. Por favor, não me pressione.
— Mari, você não pode me largar sem que eu dê ao menos uma
explicação, é injusto — ele diz, limpando uma lágrima.
— Você não está “morrendo” como disse, não é mesmo? — pergunto
como uma tola. Está bastante visível isso.
— Eu estou passando mal sim, mas não estou morrendo realmente —
confessa.
— Você deveria respeitar meu pedido e ter me dado um tempo.
— Eu teria feito isso se eu soubesse que fui um babaca com você, mas
realmente não vem ao caso.
— Arthur, ninguém me contou, eu vi.
— Às vezes, as aparências enganam, Mari.
— Ok, vou te deixar explicar, mas isso não vai mudar as coisas por
enquanto. Agora eu preciso comer.
Vou até a cozinha e preparo um café forte pós-ressaca para Arthur.
Minutos depois estamos comendo silenciosamente.
Sinto que ainda não tive tempo o suficiente para absorver os últimos
acontecimentos. Eu só tive tempo de chorar e sentir minha dor, mas pensar
realmente não. A mágoa ainda está grande e Arthur não está me dando muita
chance de raciocinar. Com ele sempre foi 8 ou 80, sempre muita intensidade.
Devo estar enrolando para comer, pois ele já está há alguns minutos
tamborilando os dedos na mesa. Não dá para fugir do óbvio agora. Só não sei
por onde começar realmente. Penso que poderia começar pedindo para ele
vestir uma roupa descente. É um inferno ter que ficar vendo suas evidentes
veias dos braços, seu peitoral, o V da barriga que leva à verdadeira
felicidade... é tortura demais.
— O que foi? — pergunta, sorrindo.
— Não tem graça, Arthur, você poderia vestir uma roupa descente?
Se vamos conversar sobre o futuro, eu realmente gostaria que você tentasse
não me subornar com sua nudez. Você conseguiria se concentrar em alguma
conversa se eu estivesse apenas de calcinha? — Seu olhar escurece e ele
arranha a garganta.
— Não.
— Então, por favor, vista uma roupa.
— Minhas roupas estão nas malas ainda. A que eu estava usando
ontem está suja, você terá que se controlar, Mariana. — Que desculpa
esfarrapada do caralho. Tomar no meu ânus!
— Eu o odeio!
— Você me ama o suficiente para saber que eu não seria capaz de
fazer qualquer coisa que a magoasse. Você só está confusa devido a todas as
coisas terríveis que aconteceram nos últimos meses, mas, no fundo, eu sei
que você sabe que eu não a beijei.
Será que ele está tão certo a respeito disso? Não, ele não pode me
conhecer mais do que eu mesma e eu ainda não parei realmente para pensar
em nada. Então foda-se, eu fico com a imagem dele a beijando.
— Explique. Diga o que você tanto quer conversar, Arthur. Seja
convincente o bastante. Esse pode ser o nosso fim.
— Estamos longe demais do fim, Mariana — ele diz, convicto.
— Ou perto demais. Uma palavra errada e tudo pode ir pelo ralo.
— Eu sou advogado. Sei como elaborar uma defesa perfeita — diz e
eu seguro o sorriso.
Ele é advogado. Isso me leva diretamente a um passado não muito
distante. A época em que trabalhávamos juntos era, digamos que, bastante
excitante.
O fato de ele ser advogado é realmente bom, porque ele sempre
resolve meu caso na vara... A vara de Arthur é tão grossa, firme, forte e
grande. Eu não quero fazer piadas internas agora. Estou sofrendo. Dói tanto
estar perto... Minha mente volta mais uma vez para as lembranças, devo ser
sádica por me permitir lembrar-me de tantas coisas agora.
Arthur e seus ternos impecáveis exalam poder. Parece exercer
controle sobre o mundo. Sua postura ao andar e o modo de contornar as
situações adversas no trabalho, sempre foram encantadoras. Arthur nunca
perdeu uma única causa. Parece ter nascido para o mundo dos negócios. Ele
sempre soube como fechar bons contratos e conquistar novos investidores.
Na época em que trabalhávamos juntos, fazia isso como se fosse a coisa mais
simples, como ir a um bebedouro beber água. Era realmente impressionante.
É um exímio advogado, eu sei disso. Um grande homem. Ou não.
— Mari?
— Oi — respondo, acordando para a terrível realidade.
— Podemos conversar então?
— Eu não sei, Arthur. Quero apenas ir embora agora. Só preciso de
um tempo. — A gravidez está bagunçando meus hormônios de uma maneira
que fico mais confusa do que realmente sou. Nem mesmo sei o que pensar.
— Por favor, Mari, por tudo que nós vivemos... — Concordo com a
cabeça, incapaz de falar. — Na sala, por favor, a cozinha me traz lembranças
— diz, dando um sorriso fraco. Tenho uma raiva repentina por sua
autoconfiança. Não poderia ser diferente, ele é muito autoconfiante,
realmente. Queria ser como ele, mas, nesse momento, só consigo pensar em
alguma forma de não ceder aos seus encantos e controlar meu olhar sob seu
corpo seminu.
— Pode começar, por favor. — Me acomodo no sofá e ele me
surpreende ao se ajoelhar na minha frente, entre minhas pernas. Tento me
manter impassível, como se isso não me afetasse, mas, por dentro, meu
coração parece que vai explodir e se quebrar em mil pedaços. Eu o tenho
ajoelhado aos meus pés. Isso é tão doloroso.
Eu já fui traída uma vez. A traição me transformou em uma mulher
totalmente errada por anos. Fui salva por Arthur, e ontem peguei novamente
uma cena de traição. Ao contrário da cena do passado, felizmente, ele não
estava na cama, transando com Ana, mas ele estava a beijando. Eu achava
que sofri quando vi meu namorado com a minha melhor amiga, mas ontem
descobri o que é o verdadeiro sofrimento, a verdadeira dor de ser traída.
Traição é tudo que não aceito numa relação, seja ela amorosa ou amigável. É
a palavra-chave para romper todos os laços comigo. Eu gostaria de tentar
esquecer a imagem de ontem, gostaria de tentar isso sozinha. Mas, aqui
estamos, e eu sinto que não há como fugir ou adiar.
Agora eu não sou mais uma jovem traída que pode sair por aí e viver
uma vida louca. Agora eu sou uma mulher, que está carregando um filho no
ventre. A vida agora tem um novo sentido. Um sentido que esse homem aos
meus pés deu. E, embora eu queira muito matá-lo, também preciso ouvi-lo.
Eu preciso dar a chance de explicação, por ele, por mim e pelo nosso bebê.
— Mari, eu quero olhar nos seus olhos, quero que você veja que não
estou usando nenhuma maldita técnica de defesa judicial, quero que veja a
verdade, Mari, apenas a verdade. Por favor, você pode abrir mão das suas
armaduras e enxergar o homem diante de você? — ele pergunta e mais uma
vez eu tento não chorar.
— Tudo bem.
— Foi tudo arquitetado por ela, eu só me dei conta quando você virou
as costas e foi embora. Ouça com atenção. Eu cheguei à nossa casa no
máximo cinco minutos antes de você. Ela já estava à nossa espera e ficou
surpresa ao ver que cheguei sozinho. Eu odiei que você não tivesse chegado,
pois não me sentia confortável estando apenas eu e ela. Então, ela disse que
queria adiantar o que desse, porque tinha outro compromisso e não poderia se
atrasar. Obviamente, concordei com isso. Nós entramos na casa e ela parecia
nervosa, ansiosa. E foi quando escutei o barulho anunciando sua chegada em
nossa casa, que ela me jogou na parede e me beijou. Eu segurei em sua
cintura para empurrá-la e foi quando você entrou na sala. — Ele sacode a
cabeça e suspira. — Mari, quando eu vi você de pé ali e sua cara de
decepção, eu entrei em choque. Eu deveria ter gritado, chutado aquela filha
da puta longe, mas congelei. Muito parecido com a maneira como eu ficava
paralisado em determinados acontecimentos quando era jovem e não tinha
muita experiência em relação à vida. Sempre que acontecia algo grave, eu
ficava congelado, e foi exatamente assim. Eu não consegui ter reação. Só me
passava pela cabeça que havia te magoado, que corria sérios riscos de perder
minha família naquele momento. Mariana, eu não a beijei, eu jamais faria
isso. Eu não consigo nem olhar para outra mulher, quem dirá beijar. Você me
completa em todos os sentidos, Mari, todos. — Ele limpa as lágrimas que
escorrem dos meus olhos e volta a falar. — Você me faz feliz, você é a
mulher que eu escolhi para ser mãe dos meus filhos, para ser minha
companheira, minha amante. Eu nunca serei capaz de imaginar viver sem
você, Mari. Eu te respeito, te admiro, te idolatro. Eu te amo, Mariana. Eu amo
você, nós somos uma família e você é tudo na minha vida. Meu oxigênio,
meu céu, meu mundo. Então, por tudo que é mais sagrado nessa vida, Mari,
me perdoe. Não por ter te traído, pois eu não fiz, mas me perdoe por não ter
esboçado nenhum tipo de reação e gritado para o mundo saber que eu te amo
e que jamais seria capaz de fazer qualquer coisa para te machucar. Você
consegue entender isso? Você consegue entender que meu amor por você é
maior que qualquer coisa? Você pode perdoar esse mero mortal que está de
joelhos, implorando para não perder as duas mulheres de sua vida? Você
pode fazer isso? Apenas não posso viver sem você. Eu nunca quero perdê-la,
nunca, meu amor. Por favor, Mari. Eu me humilho, faço qualquer coisa,
qualquer coisa... Eu sou louco por você.
Ok, eu não esperava isso! Eu pareço muito com uma pré-adolescente
perdida. Meu coração está batendo tão forte agora. Já recebi muitas
declarações de amor de Arthur, assim como já fiz muitas, mas nenhuma delas
chegou ao nível dessa. Nunca fui capaz de ver e sentir tanta verdade. Seus
olhos? Agora eles estão azuis esperançosos e verdadeiros. E eu? Eu sei que
não devo, por não ser obrigada a acertar tudo na vida, mas estou me sentindo
péssima por não ter permitido que ele se explicasse antes. O que me conforta
é saber que sou um ser humano e que todo ser humano é passível de erro.
Nessa altura do campeonato eu deveria saber o homem que Arthur é,
mas fui cegada pelo ódio e corrompida pelo meu trauma do passado. Aquela
mania de acreditar desacreditando. Eu apenas preciso perdê-la.
Maldito inferno, eu perdi uma noite de sexo quente com meu futuro
marido por causa de uma vadia sem caráter. A expressão “sangue nos olhos”
está caindo sobre mim a cada segundo. E, mesmo que eu queira ajoelhar aos
seus pés e beijá-lo, eu fico de pé, no auge do atordoamento, e o deixo de
joelhos, plantado no chão.
Olho para seu rosto tomado pela dor e isso me move mais ainda. O
deixo. Caminho até a porta e, quando estou prestes a ter minha mão na
maçaneta, ele levanta desesperado.
Arthur alcança meu braço antes mesmo que eu possa sair pelo
corredor e me puxa com uma certa força, grudando nossos corpos.
— Não me deixe, pelo amor de Deus — ele pede e me abraça tão
forte que sou capaz de sentir meus ossos estalando. — Eu te amo. Não faça
isso comigo.
— Eu amo você. Apenas preciso ir agora. Não estou te deixando. Eu
não sou capaz de deixá-lo. Você é a força que me move, é muito mais que
apenas o ar que eu respiro. E não, não estou falando frases prontas agora.
Você é apenas tudo, isso resume. — Ele contém seu choro e levanta a cabeça
para olhar em meus olhos.
— Onde você está indo então?
— Eu vou matar aquela mulher — digo com os punhos apoiados em
seu peito.
— Não vai, não.
— Eu vou — afirmo. Nem ele e nem ninguém será capaz de me
conter.
— Não vai, não.
— Eu vou, Arthur, eu realmente vou! Eu preciso ir!
— Não vai, Mariana. — Ele está muito certo disso.
— Você está de cueca no corredor — repreendo, me dando conta
desse pequeno grande detalhe.
— Culpa sua.
— Você deveria me soltar. Preciso combater o crime — digo e enfim
ouço uma incrível gargalhada de Arthur Albuquerque. Tenho um ódio
quando ele faz isso! Eu me sinto possuída e ele ri, substituindo toda raiva que
tenho dentro de mim por adoração ao seu sorriso. É a coisa mais linda.
— O que foi, menina superpoderosa?
— Eu odeio que você sorria quando estou transtornada. Eu odeio que
eu ame isso.
— Eu amo que você me ame tanto quanto eu te amo.
— Isso está ficando meio confuso, né? Esse tanto de te amo. —
Sorrio, sentindo-me imensamente mais leve. — Você vai mesmo ficar de
cueca?
— Eu posso tirar — diz e eu reviro os olhos.
— Estou falando no corredor, Arthur.
— Deixa as vizinhas apreciarem meu corpo sedutor — fala, dando um
sorrisinho. O que me dói são seus olhos vermelhos de chorar. Os meus devem
estar como os dele.
— É, eu deveria mesmo. Nenhuma delas tem um marido gostoso
como você.
— Podemos fazer um sexo de reconciliação aqui no corredor, para
elas verem como fodo minha mulher gostoso.
— Talvez eu devesse ficar de calcinha e sutiã para os maridos delas
verem como uma mulher pode ser gostosa mesmo estando com uma melancia
na barriga. — Sorrio.
— Verdade. Elas ficariam revoltadas com o fato da sua bunda e seus
seios estarem ainda maiores e mais gostosos.
— Mas aí iriam ficar imaginando seu pau gigante e comparando com
os dos respectivos maridos delas. Eu não ficaria muito contente com isso.
— Eu também não iria gostar muito de ter outros homens imaginando
você e brincando de cinco contra um, fazendo justiça com as próprias mãos.
— Oh, meu Deus, há quantos anos eu não escutava “justiça com as próprias
mãos”? Minha risada é tão alta que ecoa por todo o corredor e uma vizinha
louca sai na porta.
— Que pouca vergonha! — ela grita, horrorizada, olhando para
Arthur de cueca.
— Pouca vergonha, mas você está fixada na bunda dele, não é?
Safada! — digo e ela bate a porta. Eu e Arthur caímos na gargalhada.
— Que vergonha, Mariana!
— Ela estava mesmo olhando — me defendo. — Vamos entrar.
Chega de show erótico, provavelmente ela deve estar te espiando pelo olho
mágico. Esses vizinhos são todos loucos.
— Talvez nós sejamos os vizinhos loucos e não ela, já se deu conta
disso? — ele pergunta, fechando a porta atrás de nós.
— Eu acho que nós dois não podemos morar em apartamento, Arthur.
Nós somos muito... deixe-me pensar numa palavra...
— Apaixonados, loucos, tarados, imprevisíveis?
— É, acho que um misto disso e mais algumas pitadas de outras
coisas. Mas loucos pode resumir bem. — Nós estávamos brigados mesmo?
Porque parece que nada aconteceu.
— Eu fiquei no “cinco contra um” por um ano inteiro, pensando em
você.
— É legal saber que existia um homem batendo punheta pensando em
mim quando eu nem mesma fazia ideia sobre isso. — Rio.
— Houve um dia que você surgiu no escritório parecendo uma
executiva. Por Deus, Mariana, você fodeu minha mente. Eu lembro
exatamente de como você estava vestida e lembro que essa imagem
atormentou meus dias.
— E como eu estava vestida? — pergunto, encostada de um lado da
parede, enquanto ele está do outro lado. Nós estamos batendo um papo
cabeça. Quão louco nós dois somos juntos?
— Você estava com uma saia secretária branca, um cinto branco, uma
blusa mais soltinha bege. Usava uma sandália de salto fino branca, tinha uma
bolsa em seu braço, estava usando óculos escuros e seus cabelos estavam
jogados para o lado. Estava usando aquele tipo de esmalte que é branco
apenas nas pontas das unhas e um batom claro...
— Francesinha. — Sorrio. Como ele pode lembrar até da cor do meu
esmalte?
— Mari, você tirou meu fôlego aquele dia. Eu estava encostado no
balcão da recepção, lendo uma mensagem no celular, e você entrou pela
porta. Quando me viu, abriu um sorriso tão perfeito e genuíno. Naquele dia
desejei profundamente que a política da empresa mudasse e que fosse exigido
que todas as funcionárias usassem apenas uniformes, porque era tortura
demais vê-la vestida tão impecável e ter que conviver com a tentação. Então
você me deu um bom dia e eu fiquei alguns segundos olhando para o além,
apenas absorvendo sua imagem e o som da sua voz. Aí você caminhou até
sua mesa e eu me virei para olhar sua bunda discretamente. E, porra, se sua
bunda não era a coisa mais incrível do mundo... Eu amo sua bunda. Pra
caralho.
— Romântico. Continue — provoco, cruzando meus braços.
— É sério. Eu amo sua bunda e todo o resto. Mas, sabe o que mais?
Naquele dia que a vi com essa roupa, eu já estava apaixonado pela pessoa que
você era e, felizmente, é até hoje. Tão leve, sorridente, feliz, carinhosa,
dedicada, inteligente, foda. Você é a mulher mais foda que eu já conheci e
agradeço todos os dias por Deus ter me dado a permissão de tê-la como
mulher, porque eu passei a sonhar com isso desde a entrevista de emprego. —
Ele continua se declarando. Meu homem perfeito que foi beijado por uma
vadia! — O que foi?
— Você me chamou de tigresa ontem. Eu quis matá-lo, Arthur.
— Eu acho que estamos falando demais — ele diz, sorrindo.
— Também estou achando, mas estou gostando disso.
— Eu também. Pensei que nunca mais teríamos esses momentos
falantes.
— Acho que podíamos deitar e continuar conversando, sem sexo —
proponho.
— Eu também acho. Meu pau está explodindo na cueca, mas consigo
ficar só conversando numa boa. — Ok. Meus olhos descem para o meio de
suas pernas e ele dá uma risada, logo estou em seus braços. Eu relaxo pela
segunda vez nessa manhã.
— Você é o amor da minha vida — digo e ele beija minha testa.
— E você é o meu.
— Nossa filha se mexeu ontem. Eu acho. Eu senti uma coisinha se
movendo em meu ventre. Nada gritante, na verdade, mas senti espasmos.
Talvez tenha sido gases emocionais...
— O que seriam gases emocionais? — ele pergunta.
— Peido. — Ele balança a cabeça, espantado, e então muda de
assunto.
— Eu quero acompanhar todos os momentos da sua gestação e eu
quase perdi essa chance — diz, grudando sua testa à minha. — Eu sinto
muito, Mari.
— Vamos deitar. Eu não dormi bem — explico e ele me puxa pelas
mãos, nos levando até o quarto.
Deitamos na cama, ambos de barriga para cima, e ficamos encarando
o teto enquanto ele, esperançosamente, coloca sua mão sobre minha barriga.
— Eu acho que tinha maconha no nosso café — diz e me viro de lado,
para observá-lo.
— Você já fumou maconha, Arthur? — pergunto, curiosa.
— Não, mas dizem que as pessoas ficam muito “paz e amor”, e eu
sinto que, de uns minutos pra cá, nós dois estamos paz e amor. Graças a
Deus.
— É, já ouvi falar isso também. Mas nunca fumei... — digo,
pensando na morte da bezerra.
— Você falou sério sobre nossa filha se chamar Vitória?
— Acho que sim — respondo, sendo sincera. Vitória na guerra é um
símbolo de força e superação.
— Eu não gostei. Eu tinha pesquisado alguns nomes na internet mais
interessantes.
— Você pesquisou nomes na internet? — pergunto, atônita.
— Pesquisei, uai. Normal, queria nomes com significados legais. —
Ele é fofinho.
— Vitória tem um significado legal. Vitoriosa.
— Muito óbvio, sem contar que você decidiu isso em um momento
muito inoportuno e revoltante. Se ela se chamar Vitória, você sempre vai se
lembrar da situação, e eu quero que você esqueça aquela merda.
— Verdade. Não pensei nisso. E tem algum nome que você sugere?
— questiono.
— Beatriz.
— Beatriz — pondero, me acostumando ao nome. Beatriz é um nome
forte e bonito. — É lindo. E o que significa?
— Significa aquela que traz felicidade e que faz os outros felizes. Ela
representa a personificação da fé. Tem tudo a ver com a nossa história. Ela
foi feita na ilha, quando nos isolamos, buscando aceitação pela perda dos
nossos primeiros bebês. Assim que descobrimos sua existência, foi como se
nossa felicidade e nossa fé tivessem sido restauradas, renovadas, ampliadas.
Ela trouxe nossa felicidade de volta. — Deus, ele pensa nos mínimos
detalhes, porra. Que homem é esse? Que tiro...
Fecho meus olhos. Minhas lágrimas descem em forma de cachoeira,
permito lembrar nossa estada naquela ilha. Nós chegamos quebrados e
saímos de lá restaurados, realmente. Eu saí de lá feliz por estar grávida e pela
superação. Embora saiba que a superação nunca será completa. Aquela dor da
perda dos bebês ainda é bastante viva.
— Quero que você foda minha bunda — digo e ele passa a me olhar
com incredulidade total. Ele ainda não se acostumou com as minhas crises
sexuais?
— É sério? Sua visão de romantismo é demais, Mariana. Eu te
falando sobre a pureza e personificação da fé, você chorando. Eu achei que
estava emocionada, que ia dizer que me ama, mas não, você está querendo
que eu coma sua bunda. — Ele dá gargalhadas e eu limpo minhas lágrimas.
— Graças a Deus eu não perdi você.
— Por uma boa causa, Arthur. Você falou da ilha e eu lembrei do
nosso sexo anal um dia antes de irmos, e eu preciso disso.
— Você ao menos escutou sobre nossa filha? — pergunta, agora
sério.
— Escutei. Nossa, Beatriz me deixou tão feliz, que quero fazer sexo
anal com você agora.
— Então ela vai se chamar Beatriz? — ele pergunta, emocionado.
— Se você comer meu...
— Cala a boca, Mariana! Nós não podemos fazer isso agora, porque
não temos um lubrificante.
— Quem disse? Você tem rios de lubrificante natural, guardados
dentro de você, fora que na sua gaveta há todos aqueles que o médico indicou
e que você fez gracinha na farmácia, comprando tubos e tubos. — Ele levanta
de novo e me encara sério enquanto seguro o riso. Arthur está muito
engraçado agora. Acho que nunca o vi em choque assim. — Ei, garotinho,
vamos lá, reaja — digo e ele parece atordoado quando entra no banheiro e
bate a porta de um jeito explosivo. Ouço o som do chuveiro e fico me
perguntando o que fiz de errado.
Acho que é uma boa hora para o sexo de reconciliação, então me livro
das minhas roupas e entro no banheiro.
— Sai, Mariana, me dá dez minutinhos.
— Não. Você está bravo comigo? — pergunto.
— Eu não estou bravo. Só preciso de um banho frio antes de comer
seu cu, Mariana, porque da forma como você falou e pela forma como isso
desencadeou o monstro dentro de mim, sinto que jamais poderei ser gentil, e
você está grávida. Se você não estivesse, eu a deixaria sem sentar por uma
semana, apenas por ser tão depravada e torturadora.
— Sua depravada — digo enquanto me acomodo dentro do boxe, de
frente para ele, e envolvo minha mão em seu pau, o fazendo gemer.
— Você é tão suja, Mari. Tão minha. — Ele me encosta na parede
com uma mão, segurando meu cabelo, e a outra mão está no meu pescoço.
— Você também. Você quer que eu fique sem conseguir sentar por
uma semana. Isso é ser depravado e sujo.
— Eu preciso te dar um corretivo.
— Eu concordo. Estou sendo uma garotinha má. — Sorrio, me
esfregando em seu corpo.
— Talvez você mereça que eu a faça gozar no meu dedo, para usar
sua excitação como lubrificante. Nada de anestésico como das outras vezes,
apenas para deixar de ser provocadora.
— Eu aceito — digo e aumento o aperto em seu pau.
— Você gosta de ser fodida, não é? Acho que tenho que te comer por
ontem e por hoje.
— Sim.
— Vá para a cama — ele ordena e o encaro, perplexa.
— Por quê?
— Porque eu estou mandando. Vá para a cama.
— Mas eu preciso de você dentro de mim.
— Eu estarei dentro de você em poucos segundos, agora me obedeça.
— Sinto que algo bom está por vir. Só por isso, e apenas por isso, o obedeço.
Enrolo-me em uma toalha e vou para a cama, como uma garotinha
obediente. Deito-me e logo em seguida Arthur surge na porta, bombeando
seu pau loucamente, e puta que pariu... Não basta só foder meu corpo, ele
sabe como foder meu psicológico. Vocês sabem o que é Arthur tocando
punheta? Vocês não sabem e nunca saberão. Mas eu posso resumir: é
fodidamente quente.
Mordendo o lábio inferior e soltando um gemido rouco, ele joga sua
cabeça para trás e goza rios e rios. Dessa vez sou eu quem fica chocada. Ele
encosta-se na parede e tenta retomar o controle sobre si mesmo. Então,
levantando sua cabeça, seus olhos azuis fodedores encontram os meus e ele
abre um sorriso preguiçoso.
— Rios e rios de lubrificante natural? — pergunta, com a maldade
estampada na cara. — Como você mesma sugeriu, Mari, o lubrificante está
pronto.
Eu jamais seria capaz de viver sem ele. Ele é FODA!
O meu cu caiu da bunda!
Ok, meu futuro marido é foda mesmo. É incrível, gostoso, pausudo.
Provocá-lo com sexo anal é incrível. Porém, agora estou arrependida por isso.
Eu sei que ele fará com que seja a primeira maravilha do Universo que
conspira a nosso favor, mas... sei lá. Desde que o vi com aquela mulher, meu
cu se fechou e não me sinto pronta para abri-lo, mesmo que tenha sido eu a
sugerir.
Deus me defenderay da força bruta e grossa que esse homem possui.
Fico de pé sobre a cama, pronta para lutar contra as forças do mal.
Vejo um vinco perfeito se formar na testa do meu homem. Venha, Jackie
Chan!
— “Non dejes que las circunstancia te controlen.”
— Que porra você está falando, Mariana? Isso é espanhol?
— Jackie Chan disse isso num filme. Significa...
— Até nossa filha sabe o que significa o que acabou de dizer. Meu
pau diminuiu uns três centímetros com isso. A sua intenção era me brochar?
— Preciso retomar o controle da situação e garantir que meu orifício anal
fique para a próxima... encarnação, talvez uma vez a cada três anos. Então,
começo a me mover sensualmente. Eu faço um strip à “la Mariana” e fico
nuazinha para meu amor. — Você sabe onde estão os lubrificantes? Por mais
que eu tenha brincado de lubrificante natural, preso pelo seu rabo.
— Que tal minha boca e minha boceta? Você diz que é tão apertada,
meu amor. O que é um cu perto disso?
— Eu entendi tudo agora — ele diz, dando um sorrisinho lindo. —
Você está fugindo do pau.
— Eu? Fugindo do pau?
— Mas o pau vai te achar, Mariana Albuquerque!
— Não sou Albuquerque ainda.
— Casa comigo amanhã? — ele fala, sobe na cama e me pega como
um ser primitivo das cavernas.
— Como assim casar com você amanhã?
— No civil. Depois fazemos a cerimônia. Casa comigo, meu amor. Eu
te amo pra caralho. Preciso da confirmação que você é minha e tem meu
sobrenome.
— Eu sou sua — afirmo enquanto ele me gruda na cabeceira da cama
e se encaixa entre minhas pernas.
— Seja a senhora Mariana Albuquerque.
— Puta merda! Com seu pau entre minhas pernas, me torno até a
senhora do destino...
— Quem é a senhora do destino?
— A Maria do Carmo, que teve sua filha roubada pela Nazaré
Tedesco. A filha dela era a atriz que fez a Camila, de Laços de Família. Fez
aquela famosa cena, que tocava aquela música: “I said I didn't come here to
leave you, I didn't come here to lose, I didn't come here believing, I would
ever be” quando ela estava raspando a cabeça. Eu chorei cinco dias seguidos
nessa cena, meu Deus, foi traumático! — explico e ele mais uma vez me
encara em um tom de questionamento.
— Que porra você está falando e cantando, Mariana?
— Da novela Senhora do Destino, misturada com Laços de Família.
Me fode tão forte quanto conseguir, agora...
— Eu brochei!
— Brochou porra nenhuma, seu pau está duro.
— Brochei psicologicamente. Sério mesmo — ele diz, se levantando,
e eu me viro no samurai, agora é sério.
— Você está brincando com a minha face?
— Você falou muita merda num curto intervalo de tempo — ele
justifica e eu o jogo, com toda minha fúria, na parede.
Agarro sua ereção e deslizo minha língua pelo seu pescoço, indo até
sua orelha.
— Você ainda está brocha? — questiono, rindo, e ele agarra meus
cabelos com força.
— Totalmente — responde, gemendo.
Mordo o lóbulo da sua orelha e desço minha boca pelo seu peitoral.
Serei eu a reivindicá-lo com um único propósito: mostrar que não brinco em
serviço.
— Você parece uma selvagem agora.
— Eu sou selvagem, ainda não percebeu? — questiono, ajoelhando
aos seus pés e levando seu membro em minha boca.
Arthur tem reservas sobre eu fazer sexo oral nele quando estou
gestante. Ele já vai logo agarrando meus cabelos e tentando conter minha
fúria. Porém, me conter é impossível. Seguro em suas bolas e o chupo
todinho, até onde consigo levá-lo. Onde não consigo, passo minha língua e o
arranho com meus dentes afiados.
— Santa porra... — ele diz, impactado, e o chupo olhando em seus
olhos. — Safada pra caralho!
A realidade é que eu amo esse pau. Eu nunca fui sedenta em chupar
um pau como sou com Arthur, e isso tem a ver com a reação dele,
principalmente. Suas bochechas coradas, seus olhos azuis foderosos, seu
rosto tomado de tesão, seus sons, são o que me movem. Só fico sentida por
não poder fazer o serviço completo, porque sei que se eu perseguir seu
orgasmo, ele fará greve de sexo.
Ele sempre sabe o momento ideal de parar. Eu sorrio quando ele me
contém, me puxando para cima e me encara, por longos segundos.
— Você sabe como chupar meu pau...
— Eu sei. — Sorrio e então fico séria. — Me fode contra essa parede.
Ele faz o que eu peço, e em um passe de mágica está dentro de mim.
Arthur me consome como um animal selvagem esfomeado.
Nós selamos a nossa paz e eu espero, do fundo do meu coração, que
nada mais apareça em nosso caminho. Eu não saberei viver sem ele. Está
entranhado em meu corpo, em minha mente, em minha alma. É coisa de
outras vidas. Eu sinto.
Nós e nossa conexão explosiva...
Somos destinados um ao outro. Eu acredito.
DOIS MESES DEPOIS
Minha barriga está a coisa mais maravilhosa do mundo e me sinto
cada dia mais linda. Já sentimos nosso bebê fazendo a festa dentro de mim.
Nunca imaginei que ficaria tão feliz barriguda. Não está gigante, mas está
bem grandinha, e eu amo isso! Os olhos do Arthur brilham, se tornando azuis
radiantes, a cada vez que me olha. Isso faz com que eu me sinta a porra da
mulher mais sexy e desejada do mundo.
Os enjoos agora diminuíram bastante e me sinto mais disposta e
esfomeada (em todos os sentidos). Estou lutando com meu psicológico para
não comer tanto. E o apetite sexual? Nem fale. Nós atingimos o nível 100%,
e estou falando sério. O acordo todas as madrugadas por sexo e também faço
visitas íntimas em seu escritório. Eu virei uma puta, uma puta de um só dono.
Hoje é o grande dia. Se nosso bebê ajudar, finalmente poderemos
ficar sabendo qual o sexo. Eu mal consegui dormir essa noite, e isso
ocasionou em três rapidinhas.
Não consigo entender essas mães que esperam nove meses para
descobrirem o sexo do bebê. Arthur está tão ansioso quanto eu, nem foi
trabalhar. Estamos loucos, andando pelo shopping rapidamente até o local
onde fica o consultório da minha médica.
Bem provável que hoje seja o dia em que vou gastar tudo que não
gastei a vida toda, e pensar nisso me deixa eufórica.
Nós dois ainda continuamos no dilema: ele jura que é uma menina e
eu ainda estou duvidosa.
A “querida” arquiteta sumiu das nossas vidas, mas não sumirei da
vida dela tão cedo. Infelizmente, as obras acabaram atrasando após o
ocorrido, e agora estamos lutando contra o tempo para mudarmos logo. A
nova equipe de arquitetura é excelente e estão dando o melhor.
Também já encontramos a cerimonialista perfeita para organizar tudo
do nosso casamento. Estou me sentindo mais fútil do que nunca. Meus dias
têm sido para dormir, ir à hidroginástica, em seguida ao pilates e resolver
coisas sobre o casamento e nossa casinha. Sinto falta de trabalhar, mas seria
inviável neste momento.
Nós ainda não casamos no civil. Eu consegui convencê-lo a fazermos
tudo num único dia, acho que dessa forma será mais emocionante.
Arthur conseguiu contratar Júlia como sua secretária, e eu estou
como? Feliz e satisfeita, assim como sei que ela deve estar também, por ver a
bunda de Arthur diariamente. Ao menos, sei que nela posso confiar.
— Amor, acho que já podemos ir para o consultório, faltam apenas
dez minutos — Arthur diz, tomado pela ansiedade, e eu sorrio, dando um
selinho em sua boca.
— Tudo bem, vamos — falo e caminhamos rumo ao caminho da
felicidade.
À medida que nos aproximamos, meus batimentos cardíacos
aceleram. Isso é tão louco. Ser mãe é muito louco. Ser pai também. Arthur
está apertando minha mão fortemente, sem se dar conta.
— Você vai quebrar minha mão mesmo?
— Desculpa, estou nervoso. — Ele sorri e eu quase o agarro de tão
lindo. — Nem pense. Vamos nos atrasar — diz, cortando meu barato.
— Quem disse que estou pensando em alguma coisa?
— Eu te conheço, Mariana. Nada de safadeza no shopping.
— Eu não disse nada — me defendo.
— Aham. Tudo bem. — Ele beija minha testa e aperta minha bunda
no meio do corredor. Ok, pelo menos eu não sou a única safada do
relacionamento.
Entramos na recepção do consultório e não conseguimos ficar
sentados civilizadamente. Nós dois andamos de um lado para o outro e a
secretária nos olha como se fôssemos loucos.
— Está tudo bem com a senhora e com o bebê? Aconteceu algo? —
ela pergunta, apreensiva e sorrio.
— Não aconteceu nada, está tudo certo, graças a Deus — respondo,
sorrindo, mas, no fundo, quero furar os olhos por estar olhando meu marido.
Vadia! Essas mulheres acham que eu sou idiota e não percebo. No dia que eu
der uma voadora em uma, voará penas para todos os lados.
— Ah, tudo bem. — Ela sorri, simpática.
Alguns minutos depois a doutora nos chama e entramos desesperados
no consultório.
— Bom dia, papai e mamãe. Ansiosos? — ela pergunta.
— Sim, muito, pode agilizar? — Arthur responde e solto uma
gargalhada. A convivência comigo não está fazendo bem a ele, percebo isso a
cada dia.
— Bom, mamãe, pode ir até o banheiro, retirar sua roupa e colocar o
avental? Só vou tirar suas medidas e o peso, em seguida vamos para a tão
esperada ultra.
Em menos de um minuto estou preparada e a médica faz todos os
procedimentos.
Deito-me na maca e Arthur fica ao meu lado, de mãos dadas comigo,
com os olhos fixos no monitor. Tão lindo, porra, caralho! Esse homem é
gostoso ao extremo e eu me imagino em um filme pornô daqueles de
hospitais, onde a mulher está na maca e o médico abre apenas a braguilha da
calça e põe seu brinquedo para fora... Deus... Arthur de jaleco seria uma
perdição! Eu iria abrir as pernas para ele facilmente.
A médica anda com o aparelho por toda barriga e desperto do meu
sonho erótico quando ouço os batimentos ritmados do nosso bebê. Eu sempre
choro, mesmo que já tenha escutado antes. Arthur também se rende ao choro.
Eu vejo as lágrimas escorrendo livremente e quero agarrá-lo, apenas para
dizer que está tudo favorável.
— Tudo certinho, batimentos ok. Agora vamos ver se conseguimos
achar um pipi ou uma pepé aqui — a doutora diz e sorrimos.
— É menino, obviamente — falo, apenas para provocá-lo.
— É menina, pode apostar, Mariana.
— É menino, Arthur. Chega! — brinco.
— Bom... está de perninhas abertas. Vamos ver... Xiiiiiiiii, vai dar
briga — a doutora diz. Devo me preocupar por esse cidadão ou cidadã estar
de pernas abertas? Merda, se está de pernas abertas deve ser mulher, óbvio.
Minha filha de pernas abertas. Eu vou morrer.
— Pelo amor de Deus, diz logo doutora! — Arthur implora e seguro o
riso.
— Mariana, você perdeu. É uma menina, danadinha.
— Oh, meu Deus, eu sabia!!! — Arthur fala, chorando. — É uma
menina. Nossa menina! Obrigado! — Ele me beija! — Eu sou o homem mais
feliz do mundo, porra! — ele grita, socando a maca, e eu fico caladinha, vai
que é doença. — Minha Beatriz!
— Nossa!
— Minha! Você duvidou que era uma menina, ela é só minha!
— Ok, vamos às compras! — Me levanto apressadamente e vou ao
banheiro me trocar.
— Nossa, Mariana, que insensível — Arthur diz quando saio do
banheiro.
— Insensível? Minha filha vai ser a criança mais fashionista da
história de Belo Horizonte! Sem contar que ela terá a coleção completa da
Hello Kitty! — exclamo, não conseguindo conter a alegria de ter uma mini
Mariana para embelezar. O abraço e então estou chorando, como a Camila,
de Laços de Família. Ok, eu cismei com ela realmente.
— É, papai, prepare seu bolso — diz a médica, brincando.
— Eu compraria um shopping inteiro pra minha filha — Arthur
responde, rindo.
Despedimo-nos e seguimos rumo às compras.
Puta que me pariu, vou ser mãe de uma menina! Ela será uma Barbie
ou uma princesa da Disney. Meu Deus! Vou surtar! Quero tudo rosa: quarto,
roupas, carrinho, tudo rosa. Princesa da Disney não! Isso me lembra do pornô
Disney. Eu prefiro que ela seja a Barbie, mas a Barbie também tem o Ken, e
eu sempre quis saber como eles fodem. Merda. Talvez minha filha vá ser
apenas minha bonequinha de luxo mesmo.
— Amor, eu quero tudo rosa que tiver em todas as lojas.
— Calma aí, não estamos comprando uma pantera cor-de-rosa,
Mariana. Nossa filha tem que aprender a usar cores diferenciadas.
— Mas ela será rosa.
— Ela não será rosa — ele afirma.
— Ela vai, Arthur.
— Meu Deus, você é muito louca, Mariana — diz, gargalhando.
— Eu quero que ela tenha esse sorriso lindo que só você tem —
declaro e começo a chorar do nada. O abraço, protagonizando uma cena no
meio do shopping.
— Meu Deus, Mari, por que está chorando, princesa?
— Porque eu te amo e serei mãe. Eu não quero perder nossa menina.
— Deus, eu morrerei se perder minha filha! Morrerei de verdade. Eu não
quero que nada de ruim aconteça a ela. Nunca!
— Você não vai perder, Mari. Eu prometo. Eu nunca deixarei que
nada de ruim aconteça com vocês. Nunca. Nós teremos nossa menina e
seremos muito felizes.
— Promete? — digo, fungando.
— Prometo, princesa. Vocês são a minha vida. — Ele faz cafuné em
meus cabelos, e aos poucos vou me acalmando. As pessoas que passam ficam
nos olhando curiosamente e eu logo me recomponho. — Vamos torrar grana
com nossa mini princesinha?
— Amei o mini. — Sorrio. — Vamos!
Passamos o resto do dia no shopping. Estamos voltando para casa,
carregados de coisas para nossa princesa. Tenho que confessar, Arthur tem
talento! O bom gosto dele é absurdo.
Ele fez questão de dar palpite em tudo e me ajudar em todas as
escolhas. Isso fez com que todas as vendedoras suspirassem e eu até taquei
uma roupinha na cara de uma. Mas, o que importa é que ele está radiante por
ser uma menininha e eu desesperada. Imagina se ela me puxa? Eu pagarei
todos os meus pecados em vida. Acho que ele ainda não se deu conta de que
vem uma mini Mariana por aí. Porém, confesso que fiquei extremamente
feliz com a notícia.
Arthur para o carro no escritório e não entendo nada.
— Me espere aqui, tenho que pegar uma coisa — diz.
— Tudo bem — respondo e fico trocando as músicas até encontrar
alguma que me agrade. Estou distraída, cantando Bota com raiva, quando ele
abre a porta, me assustando e colocando uma caixinha em meu colo.
— O que é isso? — pergunto.
— Eu comprei pra nossa filha.
— Oi?
— Estava passando perto de uma loja e não resisti. Comprei roupas de
cores neutras, mas essa em especial é rosa, pois eu tinha certeza de que era
uma menina. — Oh, meu Deus, ele não é perfeito? Merda, estou tão emotiva
que estou chorando! Ele comprou a primeira roupinha rosa da nossa bebê. Me
foda! — Ei, não é para chorar. Vamos ter uma mini você. Eu sou o único que
tem que chorar. Ter uma mini você vai ser fodido. Eu morrerei antes dos
cinquenta anos.
— Eu sei que você vai morrer, mas você é tão lindo. Você comprou
roupinhas pra nossa filha.
— Oh, minha princesa, está tão sensível! Você é tão linda e está ainda
mais linda agora, barrigudinha.
— Eu amo você tanto. Nunca conseguirei agradecer o suficiente por
ser tão perfeito e ter um pau lindo, grosso, grande e magnífico. Foi seu pau
quem me deu minha filha.
— Vamos para casa, estou ansioso para juntarmos tudo o que
compramos — ele diz, sorrindo, e me dá um selinho.
— Eu também estou ansiosa.
Nós estamos radiantes, mas nem tudo é perfeito...
— Mari, vou falar algo, mas não se desespere, ok? — Arthur diz,
tenso, e meu coração começa a acelerar gradativamente.
— Ok, diga.
— Há um carro nos seguindo. — Oh, merda do meu caralho!
— O quê? — grito em desespero e retiro meu cinto para poder olhar
pra trás. Uma pick-up vermelha está quase grudando em nós. — Deve ser
aquela louca que não tem uma louça em casa pra lavar, dissimulada,
psicótica, frígida que não te dava. E agora, o que vamos fazer? Pelo amor de
Deus, Arthur, essa mulher só pode ter sérios problemas mentais!
— Eu disse pra ficar calma, não adianta gritar no meu ouvido,
Mariana. Agora coloca o cinto novamente e segure firme, que vou acelerar.
Vamos parar no primeiro posto policial que encontrarmos pela frente.
— Como você consegue ficar calmo desse jeito?
— Mariana, se eu começar a gritar igual louco nós vamos bater. É a
vida da minha mulher e da minha filha que estão em jogo, eu não estou
preparado para mais uma perda. Agora pare de gritar. — Eu até acho fofo,
sinto vontade de apertar suas bochechas, mas então lembro que é Laís a
perseguidora.
— Está bem. — Me encolho no assento e o medo começa a tomar
conta de mim. Ele está certo. É a nossa vida em jogo. Por que essa mulher
louca está fazendo isso? Pensei que passar uns dias na prisão tinha sido
suficiente, mas vejo que não.
Arthur acelera, deixando a pick-up para trás, e agora estamos a quase
120 km/h. Fecho os olhos e começo a rezar.
“Por favor, Deus, não deixe essa mulher acabar com as nossas vidas,
não deixe que ela nos destrua mais uma vez. Nós teremos uma garotinha e eu
sei que foi o Senhor quem permitiu, então nos proteja, não deixe que nada
nos aconteça.”
Quando enfim crio coragem para abrir os olhos, avisto uma viatura
parada em um posto policial.
— Ali, Arthur, polícia!
Ele acelera um pouco mais e para ao lado da viatura.
— Estamos sendo seguidos pela minha ex-mulher, ela está em uma
pick-up vermelha. Ela deve passar aqui a qualquer momento. Há uma ordem
de restrição que ela não está seguindo — ele fala um pouco alterado ao
policial, que liga a viatura prontamente.
— Encoste o carro atrás, nós estaremos tomando providências.
Precisarei que dirijam até uma delegacia e façam um boletim de ocorrência
— o policial instrui e começa a se comunicar com outros policiais pelo rádio.
Respiro com mais tranquilidade, agora que estamos um pouco mais seguros.
— Agora — Arthur grita e a pick-up passa em alta velocidade. O
policial acelera atrás dela.
— Nossa, isso parece um filme de terror, Arthur. Quando isso vai
acabar? — digo, tentando conter as lágrimas. Ele solta o cinto e me abraça.
— Mari, nem que tenhamos que largar tudo e ir embora daqui. Nada
vai acontecer a vocês.
— E a empresa? A nossa casa? Nosso casamento?
— Nada disso é mais importante que a vida de vocês, Mariana. Nada.
Tudo isso pode esperar. O importante é estarmos em segurança.
— Não é justo, essa mulher tinha que estar presa.
— Também acho, meu amor, mas a justiça do nosso país é trágica e
defasada. — Ele pega o telefone, digita alguns números e em seguida começa
a falar com seu pai.
Ele explica tudo o que está acontecendo e, após algumas instruções do
pai, segue para a delegacia, onde depomos o ocorrido e fazemos mais um
boletim de ocorrência contra aquela mulher.
Quando chegamos em casa, estamos exaustos e famintos. Por sorte,
nossa maravilhosa Amélia deixou uma travessa de nhoque pronta, apenas
para colocarmos no forno.
— Acho que preciso de uma hidro e uma massagem — digo.
— Tudo bem, vou arrumar tudo lá dentro, enquanto você arruma o
jantar. — Ele beija minha testa e sai com a desolação estampada em seu
rosto.
Dói ver a tristeza em seu rosto. Desde o ocorrido passado, nunca mais
tinha o visto devastado como agora. Se não fosse minha filha, eu juro que
tomaria as rédeas da situação, sem medo. Eu faria qualquer coisa para não o
ver desse jeito. É tão absurdo. Estávamos o dia todo felizes, comprando
coisas para nossa bebê, agora nos encontramos preocupados, desgastados. O
medo em seus olhos é palpável e eu confesso que também carrego o mesmo
medo. Não suportaria perder minha bebê ou meu homem.
Ele mudou o significado da minha vida. Ele me ama como ninguém
mais pode ser capaz de me amar. E eu não imagino minha vida sem ele. O
quero feliz, despreocupado, do jeito que sempre foi.
O forno apita, indicando que o jantar está pronto. Arrumo a mesa e
vou até o banheiro, chamá-lo. O encontro sentado dentro da banheira,
totalmente cabisbaixo, e me ajoelho próximo a ele.
— Vai dar tudo certo, não fica assim. Temos que confiar — digo,
passando as mãos em seu rosto.
— Estou me sentindo incapaz, Mari, uma merda de homem. Eu sinto
que não tenho como proteger vocês o suficiente.
— Ei, não fala assim. Incapaz de quê, Arthur? Você é o melhor
homem que já conheci em toda minha vida, e será o melhor pai, sem sombra
de dúvidas. Você faz tudo o que pode e que não pode por nós, como se acha
incapaz? Vai deixar uma idiota te destruir? Destruir seu psicológico? É isso
que ela quer, Arthur. Agora temos que ser fortes e lutar contra ela. Não
adianta ficarmos tristes e arrasados. Eu sei que sou maluca às vezes, mas, se
for para não te ver desse jeito, prometo me comportar mais, não sair tanto. Eu
faço qualquer coisa que você quiser, só, por favor, não fique assim. Eu
preciso do meu Arthur forte. É você quem me dá forças, quem me dá alegria,
quem me incentiva. Você terá uma mini eu agora. Precisa ser mais forte do
que nunca — termino de dizer e ele sorri com lágrimas nos olhos.
— Eu amo tanto você, Mari, não conseguiria viver sem suas
maluquices. Serei forte por vocês. Só estou apavorado, Mari. Saber que
estamos na mira de uma psicopata é difícil. Saber que estou expondo você a
um risco é mais difícil ainda.
— Você não está me expondo a risco algum, Arthur. Você não tem
culpa disso.
— Me perdoa, Mari. — Ele me abraça forte e sinto suas lágrimas
escorrerem pelas minhas costas.
— Shhh, não chora. Nosso amor é maior que tudo isso. Vai dar tudo
certo, eu prometo! Eu te amo! Nós te amamos.
Ele me impulsiona a levantar e fico em pé, diante de si. Ele levanta
meu vestido e começa a beijar minha barriga.
— Papai ama você tanto, filha. Não vejo a hora de tê-la em meus
braços — diz, e minha bebê, coincidentemente, se manifesta com um belo
chute, nos fazendo sorrir.
— Viu, ela está dizendo que te ama também e que é pra você deixar
de ser bobão!
— Agora que me dei conta de que teremos uma mini você. Meu Deus,
pensa num cara fodido? Uma Mariana já era demais! — Dou um soco em seu
braço e começamos a rir. Pelo menos consegui distraí-lo um pouco.
— Vamos jantar, sua filha está faminta. — Estendo a mão e ele a
pega. Enxugo seu corpo delicadamente e o sinto relaxar sob meu toque.
Acho que é a primeira vez que faço algo puro com ele nu. Nesse
momento não é sexo, é amor, é cuidado. Deus, eu o amo de verdade mesmo!
— Obrigado por me acalmar, amor. Você é a luz da minha vida, Mari.
— Eu por você e você por mim! — Ele me puxa, cola nossos lábios, e
todos os problemas desaparecem, por enquanto.
Por enquanto!
Jantamos, tomamos banho e agora estamos deitados, agarrados no
mais completo silêncio, perdidos em nossos pensamentos. Enquanto isso,
nossa filha brinca incansavelmente em minha barriga. Faltam só cinco meses
para o nascimento dela e, depois dos acontecimentos de hoje, não sei o que
faremos. Já estávamos com tudo planejado, mas, provavelmente, teremos que
mudar os planos, caso a louca continue solta pelo mundo.
Arthur acaba cedendo ao sono e dorme como um anjo. Resolvo fazer
o mesmo.
No meio da noite acordo para ir ao banheiro e encontro a cama vazia.
Eu não aguento esse caralho dessa bexiga, que tem que fazer xixi toda hora!
Ok, eu aguento porque é minha filha pressionando, mas é bem chato. Isso me
deixa mal-humorada.
Quando observo a cama, não encontro meu homem. Acho estranho,
Arthur nunca acorda de madrugada, exceto quando eu o acordo, querendo
dar.
Após fazer minhas necessidades, sigo para a sala em busca do meu
ursinho de dormir e o encontro sentado na mesa de jantar, cabisbaixo.
Ele não se dá conta da minha presença, a vontade de dar um susto
nele quase fala mais alto, porém, a carinha dele não está das melhores; por
isso, chego o mais manso que consigo.
— Amor? — digo, o fazendo levantar o rosto. Assusto-me, só o vi
com o olhar vazio dessa forma no dia em que perdi nossos bebês.
— Oi, princesa.
— Senti sua falta na cama — confesso e sou puxada para seu colo.
— Não estava conseguindo dormir. Tive pesadelo.
— Odeio vê-lo assim.
— Vai passar, minha linda. Só estou preocupado e com medo. — Eu
gostaria de matar Laís.
— Diz o que você quer fazer, amor, eu faço qualquer coisa para não
te ver assim. Vai dar tudo certo.
— Eu não sei, Mari. De um minuto para o outro me pego tendo que
mudar todos os nossos projetos por causa de uma mulher louca, mais uma
vez, sabe? Eu fiz questão de comprar uma casa maravilhosa para nós, a casa
que sempre sonhei. Estamos fazendo as mudanças que achamos necessárias,
preparando para receber nossa filha, eu estava sonhando com nossa vida lá,
Mari, e agora não sei o que fazer. Eu já imaginava nosso bebê correndo pelo
jardim, imaginava nossa vida perfeita — ele desabafa. Sinto dor pelo que ele
disse, pelos sonhos que, provavelmente, terão que ser adiados. Eu também já
visualizava nossa bebê correndo por todos os lados, nossa vida feliz, e tudo
está desmoronando.
— Eu também, minha vida, mas tenho fé que ainda viveremos tudo
isso, só vamos precisar adiar um pouco, provavelmente. Eu nem sei, na
verdade. — Tento convencer a ele e convencer a mim mesma.
— Não é justo isso, Mari — diz e abaixa a cabeça novamente.
— Tutu, não é justo você permitir que essa cidadã tire nossa
felicidade. O importante é estarmos bem, juntos e nos mantermos seguros. O
resto vem depois. Estamos vivendo o momento mais lindo da nossa vida, não
podemos nos entregar à tristeza.
— Você está certa, princesa. Não ficarei lamentando. Vou adiar tudo
e vamos sair do país.
— Oi? Como assim? — Novamente a proposta de sairmos do país. Eu
odeio a Laís, cada vez mais.
— Que tal passar o resto da gravidez em Nova York, perto dos seus
pais? — sugere, um pouco ansioso. Novamente isso. Embora eu sinta falta
dos meus pais, nunca esteve em meus planos ir para lá.
— Arthur, isso de novo não, amor.
— Mari, eu ficaria muito mais tranquilo se pudéssemos estar longe
dessa mulher. Graças a Deus nossa situação financeira nos permite isso. Não
vejo por que ficarmos aqui, correndo riscos. Posso mandar algumas pessoas
ficarem de olho nela, meu pai pode resolver tudo isso e nós dois vamos curtir
com muito mais qualidade o restante da sua gravidez. Podemos alugar um
apartamento provisoriamente lá, seus pais podem nos ajudar nisso. Eu só
quero curtir vocês em segurança.
— Não, meu amor. Não estou sendo teimosa, mas é uma mudança
pesada, Arthur. Estou grávida, faltam cinco meses para nossa filha nascer...
— Mari, vou morrer se algo acontecer. Meu Deus, não tem como não
pensar no pior. Nós perdemos dois bebês, eu quase a perdi.
— Arthur, eu fico enjaulada em casa se necessário for. Vamos apenas
correr com as coisas e nos mudarmos. Em nossa casa teremos mais segurança
e será mais confortável para mim. Vou passar meus dias queimando a bunda
na piscina e as noites fodendo. Eu me manterei segura, Arthur, juro para
você, amor. Confie em mim.
— Prometa que não será inconsequente?
— Eu prometo a você, amor, pela nossa Beatriz e pelo nosso amor. —
O beijo na testa e sinto seu corpo relaxar consideravelmente.
Meu ódio por essa mulher aumenta a cada momento. É horrível ver o
quanto ele está abalado. Esse é o momento em que preciso se forte por nós
dois. Preciso mantê-lo são e mostrar que sei ser responsável, apenas quando
necessário.
— Estou com fome — ele diz e me afasto.
— Vou preparar um lanche para você. — Quando me levanto do seu
colo, ele segura minha mão.
— Já disse que você está a cada dia mais linda? Você é a grávida mais
perfeita que já vi, Mariana. Você consegue estar ainda mais linda e gostosa.
Eu fico louco, você é louca e me deixa louco.
— Eu amo você, Arthur, os loucos também amam — digo, rindo, e
ele ri. — Agora vou preparar um lanche para meu chefinho gostoso.
— Vou ajudá-la na missão, princesa. — Seguimos até a cozinha e ele
me ajuda muito, ficando sentado no balcão e roubando pedaços de tudo que
coloco em seu sanduíche. — Sabe, sinto falta de trabalhar com você. Além de
muito profissional, era maravilhoso ficar vendo você entrar e sair da minha
sala. Tinha belas visões. Às vezes, inventava coisas só para você ir lá,
iluminar meu dia.
— Você é um depravado, Arthur. Mas eu gostava também. Você de
terno e gravata fica extremamente comestível. E quando você estava com
óculos de grau? Eu quase morria! Não só eu, mas todas as funcionárias.
— Hum, então você gosta quando estou com óculos de grau?
— É perfeito!
— Bom saber. Vou começar a fazer uso diário.
— Não precisa. Sua presença já é bastante afrodisíaca e eu o tenho
todos os dias, completamente nu, à minha disposição sexual — brinco,
beijando meu ombro, e ele cai na gargalhada.
— O que é isso?
— Beijo no ombro para as inimigas. Agora coma seu sanduíche e já
para cama, amanhã o senhor trabalha.
— O que fizeram com a minha maluquinha? A senhorita está muito
responsável hoje, por quê?
— Porque estou cuidando do meu quase marido. Eu sei ser
responsável quando precisa. Não posso deixar meu quase marido tristinho.
— Estou sentindo falta das suas loucuras já. — Bom, é ele quem está
pedindo! Eu estava quieta...
Pego um pote de Nutella, enfio dois dedos, os lambuzando, e então os
chupo completamente, olhando fixamente nos olhos do meu homem, até tê-
los limpo. Seu olhar muda de brincalhão para predador em segundos, e me
afasto.
Quando ele ameaça descer do balcão, eu aponto para o sanduíche e
ele bufa com raiva.
Mordo meus lábios, para não rir da cena, e ele come todo o sanduíche
como um velocista. Sento-me na pia, o aguardando terminar. Quando está
bebendo o suco, o vejo deixar cair um pouco em sua camisa propositalmente.
Ele dá de ombros, portando um sorriso sacana, e arranca a camisa fora
exibindo seu maravilhoso peitoral.
Olho para todos os lados, fingindo não ter me afetado, e ele desce do
balcão, vindo em direção à pia. Já abro as pernas para recebê-lo, mas, quando
penso que ele está vindo me pegar, recebo a decepção de vê-lo indo lavar seu
copo. Como é safado, faz questão de me esbarrar em todos os longos
segundos. Que cena ridícula estamos protagonizando. Era para ser sexy, mas
o diabo enche sua mão de água e taca bem na minha cara, atiçando minha
fúria.
— Você não fez isso, Arthur!
— Ora, Mariana, fiz sim — diz, com o olhar desafiador, enchendo a
mão novamente.
— Você não faria isso novamente! — falo e ele joga novamente.
Quando ameaço me levantar, ele se acomoda entre minhas pernas, segura
meu cabelo firme e me beija. Com a outra mão, ele entra pela minha calcinha,
enfia dois dedos de uma forma nada delicada em minha entrada e começa a
movê-los tortuosamente. Ele sabe como expulsar meus demônios assassinos.
— Arthur! — gemo em sua boca.
— Quero que você goze nos meus dedos, bem gostoso.
— Hummm, eu amo tanto que você seja depravado — gemo, o
motivando a mover mais.
Torna a me beijar, tira a mão dos meus cabelos e a enfia por baixo da
minha camisola, até alcançar meu seio esquerdo. Aperta e brinca com meu
mamilo na mesma intensidade em que brinca na minha entrada, e não demora
muito para eu estar derretendo em seus dedos. Assim que gozo, ele retira seus
dedos e os chupa lentamente, como eu fiz com a Nutella.
— Mais gostoso que essa merda de chocolate — diz, sorrindo, e eu
agarro a borda da sua cueca, o puxando. Porém, ele me detém.
Quando penso que agora vamos partir para a melhor parte, ele me dá
as costas e sai. É sério? Meus demônios talvez não estejam exorcizados
ainda.
Balanço minha cabeça em descrença e conto de um a cinco, até pular
da pia e ir atrás dele, exigir sexo!
Maldito seja esse homem!
Arthur se negou a ir trabalhar nos últimos dias. Após seis dias
trancafiados em casa, vivendo de amor, enfim o convenço a seguir a vida e ir
trabalhar. Foi necessário eu jurar de mindinho que não farei nenhuma
estupidez e prometer sexo anal durante uma semana seguida.
— Promete que vai tomar cuidado? — ele pergunta quando o levo até
a porta.
— Prometo, Arthur. Você também, por favor!
— Não se preocupe. Eu amo você. Ligue-me se precisar de qualquer
coisa e largarei tudo — ele diz, sério, e sorrio com seu protecionismo
exagerado, porém, compreensivo.
— Eu também amo você. — Dou um beijo casto em seus lábios e ele
segue jururu para o elevador. Meu coração até dá um aperto e meus olhos se
enchem de lágrimas. Eu não sei por que, mas, assim que o elevador se vai,
sinto uma pontada mais forte no peito e um medo profundo.
Ligo para Amélia e a dispenso. Já que vou ficar em casa, preciso
ocupar o tempo, ao menos com os serviços domésticos.
Abro as janelas para o ar ventilar. Deus, passamos longos dias
intocados dentro do quarto, com tudo fechado, nosso cheiro está impregnado
em tudo. Coloco uma música animada e começo meu dia de arrumação. O
quarto cheira a Arthur, cheira a sexo. Retiro toda roupa de cama e coloco
outra no lugar. Em seguida, arrumo o closet, lavo os banheiros, retiro o pó
dos móveis, inverto a posição de alguns móveis — sem fazer grandes
acrobacias ou pegar peso —, passo pano e, por fim, sobra a cozinha.
Quando me dou conta, já passam do meio-dia e só comi algo no café
da manhã. Minha bebê está gritando de fome em minha barriga. Sentindo-me
devidamente cansada, ligo para o restaurante e encomendo uma comida mais
caseira.
Enquanto estou comendo plenamente, assistindo Gossip Girl — sim,
eu não tenho maturidade —, recebo uma mensagem estranha de Arthur no
celular. “Mari, preciso que venha aqui no escritório, urgente”. Não sei por
que, mas começo a tremer e a sensação ruim surge novamente. Tento ligar
para o escritório, mas ninguém atende. O celular a mesma coisa. Entro em um
desespero gigante. Corro para o quarto e visto a primeira roupa que encontro
pela frente, pego minha carteira, a chave do carro e, sem paciência para
esperar o elevador, desço o mais rápido que consigo pelas escadas. Minha
filha vai entender! A adrenalina já está no sangue dela, tenho certeza.
Resolvo descumprir as ordens do Arthur e me pego acelerando pelas
ruas de BH. Sei que é totalmente errado, mas algo me diz que alguma coisa
não está certa, então dirijo com o celular no ouvido, tentando conseguir
contato com ele, mas é em vão. Merda! Dirijo sem o mínimo de prudência,
ultrapassando todos que tentam entrar na minha frente. Estaciono o carro em
um estacionamento próximo ao escritório e quase sou atropelada quando
tento atravessar na frente de um carro. O motorista me xinga e faço um sinal
nada agradável para ele, mesmo sabendo que sou a única errada. Babaca!
Me sinto em meio a um filme de ação completo.
Assim que entro na recepção, encontro Júlia com a cabeça caída sobre
a mesa, como se estivesse desmaiada. Sinto meu coração subir até a boca.
Confiro a pulsação e, graças a Deus, está viva. Eu espero que meu marido
também esteja...
O medo me invade quando começo a pensar em mil e uma
possibilidades, e todas as coisas terríveis que possam ter acontecido. A porta
do Arthur está fechada e, quando pressiono a maçaneta, percebo que está
trancada com chave. O desespero fala mais alto e me afasto, pegando impulso
para chutá-la e arrombá-la. Não me pergunte de onde tirei forças. É
imprudente, mas necessário.
Demoro um pouco para assimilar a cena. Arthur está desacordado,
sem camisa, com marcas de batom por todo peitoral. Laís está sentada sobre a
mesa, vestindo uma saia social e um sutiã.
— Olha só quem chegou. Agora a festa está completa.
— O que você fez com ele, sua louca?! — Corro até ele, porém, ela
entra na minha frente. — Saia da minha frente, sua psicopata! — ordeno e a
empurro para longe, fazendo com que caia no chão. Nem eu tinha noção
dessa força toda. Aproximo-me dele e confiro os batimentos. Essa maluca
deve ter desmaiado Arthur e Júlia com alguma merda. — Arthur, fala
comigo, amor, por favor!
— Deixa de ser patética, Mariana, ele não vai falar com você — ela
diz, atraindo minha atenção, então a vejo segurar uma arma. Meu sangue gela
no mesmo momento. Eu mal consigo formular uma oração. Embolo todas as
rezas que sei e tento pensar em alguma atitude. Como pensar com uma arma
apontada para mim?
— O que você está fazendo com essa arma nas mãos? Você não tem
noção que se fizer alguma besteira agora será presa? Sua vida vai acabar
junto com a nossa — argumento.
— Minha vida já acabou desde o momento em que você apareceu na
vida de Arthur. Éramos felizes — ela diz e rio. Eu deveria me calar, mas rio.
— Não foi isso que ele me falou — falo e ela começa a dar passos em
minha direção.
— Vejo que está grávida mais uma vez, não é? Quantos meses? Sua
barriga já está bem grandinha.
— Não te interessa!
— Olha, ela é bem atrevida. — Ela avança sobre mim e agarra meus
cabelos com força. Meu subconsciente grita para eu ser fria e me esforço ao
máximo. Ela está com a arma na minha cintura. — Cadê o seu atrevimento
agora, hein, sua vadia? — Meu Deus, permita que ela não destrua minha
felicidade mais uma vez, por favor. Por favor, Deus... Minha Beatriz... não
posso perdê-la.
— Vadia é você! Sabe, tenho pena de você. Você é digna de pena,
Laís — digo e ela puxa meus cabelos ainda mais forte. Eu sei que deveria me
manter calada, mas é impossível. Há adrenalina, medo, ódio, nojo e,
principalmente, a vontade de matá-la.
— Tenho pena de você, Arthur. Sofrerá tanto com sua morte,
coitadinho. Creio que ele não conseguirá se recuperar muito fácil. — Ela dá
uma gargalhada eufórica e assustadora. — E sabe quem irá consolá-lo? Eu.
— Vai, atrás das grades. Esse será o consolo dele. — Ela sobe com a
arma e bate com o cano em meu rosto, com força. Sinto gosto de sangue na
boca e engulo a vontade de chorar. Maldição, não consigo raciocinar com
uma arma na cabeça! — Vamos conversar, Laís, vamos negociar. Você não
percebe que não é dessa forma que vai conseguir tê-lo de volta? Isso só vai
piorar tudo — suspiro. — Laís, você é bonita, jovem, tem uma vida toda pela
frente.
— Quando foi que eu pedi sua opinião? Ele será meu. Fizemos amor
hoje. — Não consigo me conter e rio. Eu duvido que Arthur tenha transado
com ela. Ele transaria com qualquer mulher, mas ela? Não.
— Você precisa de tratamento psiquiátrico.
— O que você acha de eu dar um tiro bem no meio da sua barriga?
Penso que seria mais emocionante do que te matar de uma vez — ela ameaça
e desce com a arma até meu ventre. O medo agora me faz tremer. Olho para a
arma e vejo que ainda está travada. Se eu for rápida, talvez possa sair ilesa
disso e tomar as rédeas da situação.
Pondero meus atos. Fecho os olhos, respiro fundo e, quando os abro,
estou decidida a acabar com essa merda! Há uma fé me movendo, algo que
eu nem mesma consigo entender. Que Deus me ajude! Este é meu último
pensamento antes de enfiar uma cotovelada em sua barriga e fazê-la rolar no
chão, soltando a arma.
— Sua vagabunda, vou matar você! — Ela tenta se levantar e dou um
chute em sua barriga. Merda, nunca peguei em uma arma antes! Se eu não
estivesse grávida, a mataria de tanto socá-la.
— Agora você vai ficar aí, quietinha, enquanto ligo para a polícia. —
Retiro a trava de segurança, aponto a arma para ela e pego meu celular.
A filha do cão se levanta e começa a vir em minha direção. Eu não
penso duas vezes. Sentindo meu sangue ferver e o suor frio escorrer em
minhas costas, miro a arma em seu pé direito e atiro. O impacto do tiro faz
meus punhos vacilarem e eu tento manter a pose de atiradora de elite. Era eu
ou ela. Não tinha opção, senão atirar. Ela não pode tirar nossa felicidade
novamente. Que espécie de mulher eu seria se permitisse isso?!
Laís cai ao chão e solta um grito horrível de dor. Sinto que vou
desmaiar a qualquer momento. Nunca imaginei que um dia atiraria em
alguém. Aperto a tecla de emergência do celular e o policial me atende. Peço
uma viatura e uma ambulância. O sangue que está jorrando de seu pé me
desespera. Se eu não tomasse uma atitude, essa maluca daria fim na minha
família.
Eu deveria matá-la, mas essa pessoa não seria eu. Essa pessoa seria
alguém movida pelo ódio profundo, e eu sou muito maior que isso. Eu lido
com amor. Não quero me tornar uma assassina.
— Eu vou matar você, sua vadia! Eu tenho contatos. Não vou permitir
que sejam felizes. — Ainda assim, ela tem força para falar e passa suas mãos
cheias de sangue no rosto. O meu tremor aumenta, assim como um forte
enjoo me invade. Eu olho para o meu marido e a necessidade de estar perto
dele se faz presente. Caminho em sua direção e ela agarra meu calcanhar,
quase fazendo com que eu desequilibre.
— Me solta! Quer que eu atire no outro pé pra ficar igual?! — A
chuto novamente e o alcanço.
— Arthur, por favor, acorda. — Dou alguns tapas leves em seu rosto,
mas ele não reage.
O barulho da sirene indica a chegada da polícia. Três policiais
armados e um homem, que parece ser um delegado, entram no escritório.
Finalmente solto um suspiro aliviado, ao mesmo tempo que liberto as
lágrimas que segurei. Um enfermeiro e um médico entram junto e vão direto
para Laís.
— Já tem uma enfermeira cuidando da senhora desmaiada lá fora.
Pode nos explicar o que aconteceu? — o delegado questiona e eu tomo
algumas lufadas de ar antes de responder e entregar a arma.
— Essa maluca invadiu o escritório do meu marido, armada. Quando
cheguei, tanto a secretária quanto meu marido estavam desmaiados. Ela
estava com a arma apontada para mim. Eu consegui me desvencilhar dela
com uma cotovelada na barriga e peguei a arma. Porém, ela veio novamente
em minha direção e fui obrigada a atirar.
— A senhora está aparentemente grávida e seu rosto está machucado.
— Essa é a minha segunda gestação. Na primeira, essa louca me fez
perder dois bebês, ao bater em meu carro. Já temos um processo em
andamento, ordens de restrição, tudo. Então, espero que dessa vez a justiça
seja feita e ela apodreça na prisão. Por favor, eu preciso ter paz na vida. —
Começo a chorar e sou amparada pelo provável delegado.
— Eu ainda vou matar você, vagabunda! A prisão não vai me impedir
disso! — ela grita e ficamos olhando para ela.
— Clorofórmio — diz outro policial, ao entrar na sala, distraindo
nossa atenção.
— Já imaginava. Quero uma escolta na ambulância que vai levar essa
senhora. — O delegado se afasta e aponta para Laís. — Peça mais uma
ambulância, temos que levar o rapaz e a senhora que está lá fora para o
hospital — o delegado ordena ao policial. — E a senhora terá que ir também,
por se encontrar grávida. É bom os médicos darem uma olhada.
— O que é clorofórmio? — pergunto, assustada.
— É uma substância que, se inalada, leva a pessoa a desmaiar. Os
dois não vão acordar muito bem, por isso, é melhor ficarem em observação.
Estou admirado com a sua coragem. Grávida e se defendendo. Sabe que
poderia ter dado errado, não é? — Isso é tudo que temi.
— Sei, mas, felizmente, não deu.
— Mas poderia ter dado, então tome cuidado. Sempre que houver
qualquer desconfiança de algo errado, nos ligue imediatamente.
— Pode deixar.
— Vamos precisar do seu depoimento. Mas vamos esperar seu marido
e a outra senhora se recuperarem e faremos tudo de uma vez — informa.
— Tudo bem. Ela não vai sair fácil da cadeia agora, não é?
— Acredito que não. Como a senhora disse, ela não é mais ré
primária e já tem um histórico de acusações considerável. Vamos tomar todas
as providências cabíveis.
— Espero mesmo, porque essa justiça de vocês é ridícula. Basta ter
dinheiro que todo mundo vira inocente — digo e o delegado se cala. Foda-se
ele! Não falei nenhuma mentira. — Só trabalho com verdades. — Levanto as
minhas mãos e ele até dá um sorriso.
A outra equipe de médicos chega e coloca Arthur em uma maca. Eles
tentam me colocar, mas decido ir dirigindo, seguindo a ambulância. Só estou
com um hematoma no rosto e gravidez não é doença. Arthur é prontamente
atendido e sou liberada após fazer um check-up e notificar que está tudo bem.
Quando volto ao quarto, ele finalmente está acordado.
— Amor. Que susto eu levei! Como está se sentindo? — digo e
seguro sua mão.
— Mariana, você tem ideia do risco que correu? Seu rosto. Porra,
Mariana! Ele não disse que você tinha a porra de um hematoma no rosto! —
O delegado filho da mãe já veio fazer fofoca.
— Tenho, Arthur. Mas era ela ou nós — informo, colocando a mão
em meu ventre. — O que você preferia?
— Ela, obviamente. Mas você se colocou em situação de risco, Mari.
Ela poderia ter te matado — ele diz e tapa os olhos.
— Mas não matou, e no fim tudo deu certo. Agora quer, por favor, me
dizer como está?
— Estou um pouco tonto, com mal-estar, boca seca. É horrível.
Graças a Deus vocês estão bem! Não aguentaria se algo tivesse acontecido.
Você atirou, Mari... Porra, você deu um tiro em Laís, se não tivesse mirado
no pé poderia tê-la matado — ele diz e então geme de dor. Há um hematoma
em sua testa.
— Não me tornarei uma assassina por causa de uma vadia. Tudo bem,
ela me fez perder os bebês, mas não tenho sangue frio. Embora, agora eu
esteja realmente arrependida por não a ter matado. Você poderia ser meu
advogado de defesa sexy e sensual.
— Sério?
— Sério. Olha aqui, Arthur Albuquerque, não é porque sou heroína,
salvei sua vida, sou a Mulher-Maravilha, quente, pelando, que vou deixar
passar batido todas as marcas de batom em seu corpo. Eu arranco seu pau
fora se não tiver uma boa explicação!
— Você está falando sério, Mariana? Eu aqui, entre a vida e a morte,
e você com ciúmes?
— Ok, entre a vida e a morte foi exagero, hein, querido?! — Sorrio.
— Vamos lá, belíssimo polegar. Comece a contar! Explique essas marcas de
batom e seu pau estará a salvo.
Caralho, essa mulher que tenho... ela é muito doida mesmo. Será que
ela pensa que eu quis tudo isso que aconteceu? Se alguém tem que brigar,
esse alguém sou eu. Ela colocou a vida dela e da nossa filha em risco.
— Mariana, você está ficando mais louca ainda? Você tem ideia do
que acabou de falar?
— Total. Eu disse que você terá que me explicar as marcas de batom
espalhadas pelo seu corpo — ela fala como se estivesse lixando as unhas.
— Sério? Você acha que eu quis isso, Mariana?
— Não, mas quero saber por que, como, quando e a causa e a
circunstância que a boca dela foi parar no seu peitoral.
— Porra! — grito e ameaço me levantar, porém, o soro me faz
lembrar que estou em um hospital. Mariana me enlouquece num grau. Num
grau me lembra uma música ridícula.
— Bem feito. — A safada ri. — Posso falar o que quiser, você está de
castigo.
— Mas vou sair daqui muito mais rápido que você imagina e, se eu
quiser, arranco essa porra do meu braço agora.
— Ui, que medo! — Ela se aproxima. — Vai me foder duro como
sempre faz quando está nervosinho? Se for, me diz logo. — Maldita, ela tem
o dom. Essa mulher merecia ser estudada pela NASA e meu pau também.
Suspiro, frustrado, e observo o quão linda minha garota é. Com sua loucura
ela salvou a todos essa noite.
— Acredito que já estou bem. Que horas vou poder sair dessa merda?
— esbravejo. Com certeza, Laís me apagou com clorofórmio. Me sinto com a
boca seca e, ao mesmo tempo, com taquicardia. Minha visão está um pouco
embaralhada, é horrível, mas ainda assim eu comeria Mariana. Eu sempre
comeria Mariana.
— Oh, pobrezinho, está difícil ficar de castigo? Você a deixou beijar
seu corpo, porra! Seu corpo pertence a quem? — Ela me encara
ameaçadoramente e seguro um sorriso.
Foi um susto a chegada da Laís em minha sala. Ela estava com a arma
apontada diretamente para mim. Tentei conversar e convencê-la a não fazer a
merda que ela queria fazer, em vão. Me mantive frio e calculista a cada passo
que ela dava. Minha ideia era desarmá-la. Deixei que ela se aproximasse. Ela
falava coisas sem nexo algum, parecia transtornada e decidida a acabar com
minha vida. Eu só pensava que preferia que ela acabasse com a minha vida
do que com a vida da Mari e da nossa filha.
É clichê, mas um filme passava pela minha cabeça a cada passo que
ela dava.
Eu só conseguia ver o sorriso da Mari, o tempo todo. Quando Laís veio por
trás de mim, já estava decidido a acabar com isso, eu daria um jeito de
desarmá-la e ligaria para a polícia, porém, ela foi mais rápida e só me lembro
até a parte em que ela colocou o pano em meu nariz.
Espero, de verdade, que agora ela não saia impune. Não aguento mais
viver com a sombra dessa mulher nos perseguindo. O medo de perder mais
um filho, o medo de perder Mariana, o medo de Mariana ter que criar nossa
filha sozinha, de não poder ver minha mulher com o barrigão gigante, de não
ver o nascimento da nossa filha, o primeiro sorriso, as primeiras palavras...
Isso tudo estava me deixando maluco.
Ainda acho melhor irmos para Nova York temporariamente, mesmo
que Laís fique presa dessa vez. Penso que será bom pra Mari passar um
tempo perto dos pais. Ainda mais que ela é completamente inexperiente nessa
vida de mãe. Tentarei tocar os negócios de longe e, se não conseguir, não tem
problema. Minha prioridade agora é minha família. Quero poder acompanhar
tudo de perto. Quero estar grávido junto com Mari. Fodam-se todas as outras
coisas. Tudo pode esperar. Só preciso convencê-la.
Minha mulher está sentada em uma cadeira, me olhando. Ainda não
caiu a ficha que ela deu um tiro na Laís. Mari, a cada dia, me mostra mais que
é uma mulher forte. Ela poderia ter matado Laís facilmente, afinal, Laís
matou nossos primeiros bebês, mas ela se mostrou superior e madura.
Ela é meu orgulho. Forte e destemida, salvou cinco vidas hoje. A
dela, a da nossa filha, a minha, a de Júlia e a da Laís, e o mais incrível, agora
está sentada como se nada tivesse acontecido. Eu a conheço o suficiente para
saber que sua cabecinha está trabalhando a todo vapor e que ela está travando
uma luta interna, mantendo-se forte por mim. Não vou tirar isso dela. Quero
que se sinta salvadora, forte, guerreira. Não vou estragar esse momento,
mesmo sabendo que por dentro ela está um pouco assustada. Se ela é forte
por mim, sou forte por ela.
— Ei, gostosa — digo. — Perdeu alguma coisa aqui?
— Perdi. Sabe, essa hora era para você estar chegando em casa, aí
iríamos jantar e depois tomar banho junto, fazer amor. Pena que hoje foi tudo
totalmente diferente — diz, um pouco chateada. — Eu senti que algo
aconteceria desde o momento em que você saiu. Acho que somos conectados,
muito mais do que pensamos. — Sorrio com suas palavras.
— Eles já vão me liberar, princesa. Se tudo der certo, ainda faremos
toda essa lista hoje. — Ela se levanta e se acomoda ao meu lado na cama.
— Desculpa por ter ficado com ciúmes depois de tudo que aconteceu.
Mas você está com marcas de batom, camisa aberta. Sei lá. Sei que não faria
nada para me magoar, Tutu, confio em você.
— Mari, eu não posso te falar dessas marcas, porque realmente não
faço a menor ideia. Agora vamos tentar esquecer tudo isso. A partir do
momento em que sairmos daqui, vamos deletar o dia de hoje.
— Tudo bem, amor, vamos fazer isso. Acha que consegue fazer sexo
hoje? Preciso de uma surra de pau pra aliviar a tensão. — Ela não perdoa e
meu pau segue cada comando de sua voz. Chega a doer e latejar de tão duro.
Por um momento quero esquecer que estou nessa situação e fodê-la duro
sobre essa cama. A forma como ela diz putaria com naturalidade sempre me
deixa desesperado. Pego sua mão e coloco sobre meu pau duro, fazendo com
que tenha a grande noção de como ele está prontinho para rasgá-la ao meio,
para preenchê-la completamente e saciá-la. Santo Cristo, não é normal ser tão
alucinado com uma mulher dessa maneira!
E a forma como ela descreve meu humilde pênis? Puta merda! É a
coisa mais erótica do mundo.
Ela me olha e morde os lábios com a cara de safada que só ela sabe
fazer. Porra, preciso me enterrar nela por pelo menos duas horas e tirar toda
essa merda da cabeça!
— Vou procurar o médico para ver se podemos ir logo.
— Faça isso — incentivo, enquanto brinco com meu dedo em seu
decote. Foda-se a vista embaralhada e a boca seca. Sua boceta molhada é o
que eu preciso agora para me livrar da secura. Enquanto ela sai, desafivelo
meu cinto e abro a calça que está apertando meu pau dolorosamente. Ele sobe
de uma só vez, fazendo com que o lençol que me cobre suba junto. Vamos lá,
garotão, controle-se, digo, o segurando para baixo. Mariana volta sorridente.
— Liberado!
— Não antes de você controlar meu amigo aqui embaixo. — Levanto
o lençol e ela arregala os olhos.
— Meu Deus, Arthur, a enfermeira está vindo para entregar sua alta e
você com esse pau pra fora — ela adverte, mas mete a mão nele na mesma
hora. Vadia, safada! Ela passa o dedo na glande, fazendo círculos, em
seguida sobe e desce com a mão. A respiração dela já está completamente
afetada pelo tesão. Eu me sinto foda por saber que causo isso nela, por saber
que minha mulher é completamente caída de tesão e desejo por mim, que
idolatra meu pau, que é tarada nele e em mim. Eu exerço um controle absurdo
sobre ela e o corpo dela parece ter sido feito para obedecer a todos os meus
comandos.
— Chega aqui, deixa eu ver se está molhadinha.
— Nós já vamos embora. Em casa você vê — diz com firmeza.
— Eu quero agora, traz ela aqui na minha mão.
— Arthur! Parece louco!
— Vai se fazer de puritana, Mariana? Você está louca para sentar no
meu pau, quer enganar quem? Você gosta de adrenalina e ela está evidente no
seu rosto agora. Você queria estar me dando aqui, nessa cama de hospital,
mesmo sabendo que o risco de alguém nos pegar é grande. Você é safada,
depravada. — Ela solta um gemido, afetada pelas minhas palavras, e eu a
puxo. Enfio dois dedos dentro da sua calça. Passeio com eles pela pele lisa e
escorregadia dela. Sabia que ela estava encharcada, minha garota é safada sob
medida. Depois da gravidez parece que ela passou a ficar mais molhada que o
normal. Ela está com os olhos fechados e mordendo os lábios com força,
apertando meu pau bem forte. É chegada a hora de deixá-la enfurecida! Eu
amo deixá-la assim...
— Agora chega. — Retiro meus dedos e chupo lentamente, sentindo o
gosto da excitação dela. Porra, é difícil conter meus instintos! Ela retira sua
mão da minha ereção e sai do quarto cuspindo fogo, enquanto rio para não
chorar. Adoro esses nossos joguinhos, gosto até quando é ela quem está no
controle.
Minutos depois, a enfermeira me entrega a alta e eu me levanto um
pouco tonto. Diabos! Maldito seja quem inventou essa porra de clorofórmio.
Demoro um tempo para me estabilizar e conseguir ir adiante.
Saio pela porta e a encontro sentada em uma cadeira, emburrada.
— Vamos, gostosa? — Ela se levanta e sai andando na frente, me
dando uma bela visão do seu enorme traseiro. Ai, meu pau...
Minha maluquinha entra no carro e entro em seguida. Ela dirige
calada por todo caminho. O que a falta de um orgasmo não é capaz de fazer?!
É um absurdo como Mari é movida a sexo. Eu ganhei na loteria quando ela
surgiu na minha vida.
Enquanto milhares de homens reclamam da falta de sexo no
casamento, tenho em excesso. 100%, nada de 70%.
Ela estaciona na garagem do prédio e sai apressada.
— Mariana, vai fazer gracinha?
— Va à merda!
— Vai fazer gracinha? — pergunto mais uma vez.
— Vou, e foda-se você e seu pênis! — ela diz e entramos no elevador.
— Não.
— Você me irrita às vezes.
— Você me irrita sempre. Está precisando gozar, sabia? Vou cuidar
de você.
— Pena que meu marido não quer me fazer gozar — provoca.
— Ele vai fazer, depois vai gozar dentro de você e só vai tirar o pau
quando ele estiver bem mole e saciado.
— Meu Deus, Arthur! — O elevador para em nosso andar e saímos.
Eu estou segurando seu cabelo, enquanto ela está apressada. Quando ela abre
a porta do nosso apartamento, solto seu cabelo e começo a me despir sob seu
olhar desavergonhado.
— É isso que você quer? — digo, bombeando meu pau. — Tira essa
roupa e vem cá — digo, sentando no sofá, sem parar de me tocar. A cabeça
do meu pau já brilha com o líquido pré-ejaculatório e meu corpo implora por
alívio. Ela tira parte da roupa e fica com a blusa e o sutiã, aguardando meu
comando. Mariana submissa é de foder a mente. Levanto-me e mando-a
deitar no sofá. — Agora abre bem as pernas para mim, vai. Quero você bem
abertinha. — Ela abre e me encaixo entre suas pernas. Me abaixo até ela e
começo a beijar seu seio, mordendo seu mamilo rosado e beliscando o outro
em meus dedos. Com a mão livre, brinco com seu clitóris enquanto Mari joga
a cabeça para trás e geme como uma puta, minha puta. Nenhuma mulher no
mundo será capaz de fazer com que eu sinta o que sinto por Mariana, nunca!
Pego meu pau e fico esfregando a cabeça em sua entrada. Seria capaz de
gozar agora, mas primeiro quero dar prazer a ela. Ela empurra sua boceta em
cima, implorando por mais, porém, hoje estou disposto a complicar para o
lado dela. Por isso, continuo a tortura, até ver que ela está começando a gozar
e, aí sim, enfio tudo, sentindo sua boceta espremer meu comprimento
todinho.
— Oh, meu Deus! Oh, meu Deus...
— Deus?! Arthur Albuquerque, diga, meu amor.
— Arthur Albuquerque! — ela diz, sorrindo desavergonhada.
— Isso mesmo, minha delícia. Agora esfrega em mim, Mari, quero
gozar muito em você.
— Arthur, vou gozar de novo — choraminga com toda sua
sensibilidade e esfrega a boceta em mim, como lhe foi ordenado. Seu clitóris
sendo esfregado com força enquanto meu pau é sugado, tem coisa melhor?
Porra! Ela aperta os próprios seios, totalmente entregue ao tesão. Minha
mulher me deixa à beira da loucura. Se contorcendo, gemendo e
enlouquecendo, eu ganho seu segundo orgasmo, e então a preencho todinha
com minha porra.
Essa sempre será a melhor sensação do mundo.
Saio de dentro dela e me acomodo ao seu lado, a puxando para mim.
— Te amo, super-heroína — falo, olhando em seus olhos, como
sempre faço após nossos momentos. Amo essa mulher incondicionalmente.
— Quero mais. — Ela sorri com cara de pidona e desperta novamente
o monstro que existe dentro de mim. Esqueço de qualquer coisa ruim que
tenha acontecido no dia de hoje e a arrasto para a banheira. Não sou capaz de
comê-la de pé, mas sentado aguento o quanto minha garota sedenta quiser.
Foram tantos acontecimentos no dia de hoje, que acabei esquecendo
de me alimentar. Só fui lembrar disso na terceira rodada de sexo, em cima do
balcão da cozinha. Cozinha remete à comida, então lembrei de me alimentar
bem na hora em que Arthur dava um tapa bem forte em meu rosto. Agressivo
ele? Nem é...
Enquanto Arthur está no banheiro, me permito sorrir, relembrando da
nossa maravilhosa foda no balcão. Assim que eu disse que queria ainda mais
do que ele estava me dando, foi como se seu maldito pau obedecesse aos
comandos da minha voz e como se eu tivesse despertado o lado mais
depravado do meu marido. Quando estou no meu modo “puta suja”, Arthur
fica no modo “sou malvado e vou te foder forte, sua puta”. Sim, é bem assim
mesmo. Minha cabeça ainda está dolorida com a força que ele segurou meus
cabelos com uma mão, minha bunda arde e, com toda certeza, deve estar com
enormes marcas vermelhas. Adoro quando ele se esquece que estou grávida e
volta a ser o Arthur descontrolado. Uns bons tapas nunca são demais, e cada
dor que estou sentindo nesse momento, me deixa ainda mais sedenta. Talvez
eu tenha um lado sádico, não extremista, mais um sádico de leve. Será que
sou louca? Ele já me comeu três vezes e estou ansiosa pela próxima, por isso
estou comendo um sanduíche com um pouquinho de pressa.
Ele volta vestindo uma cueca branca, que deixa seu pau mais em
evidência do que as demais. Já eu, permaneço nua, com a mesma
naturalidade de como estivesse vestindo uma burca. Não posso ser modesta,
sou fã incondicional do meu corpo, principalmente agora na gravidez. Meus
seios estão maiores e mais pesados, me sinto extremamente sexy. Sim, sou
muito segura e sou um caso à parte. Já li relatos desanimadores de algumas
grávidas. Se eu desse qualquer relato de como fico na gravidez, acho que
chocaria o mundo e ganharia destaque na imprensa internacional.
"Oi, Mariana, pode nos dizer como se sente estando grávida?"
Claro. Me sinto extremamente gostosa, meus seios cresceram e acho
muito foda isso. E tenho um apetite sexual de uma ninfomaníaca. Sim,
quero foder duro com meu marido o dia inteiro.
"Ah, e os enjoos, Mariana?"
Foda-se os enjoos, querida. Eu vomito, escovo os dentes e logo
depois estou comendo e fodendo novamente.
"E você fica de repouso, Mariana?"
Fico de repouso sentada em cima do pau do meu marido, ou indo ao
shopping comprar roupas pro meu bebê, ou também dando um tiro na ex-
mulher do meu marido.
"E você já teve algum desejo, Mariana?"
Sim, toda hora desejo meu marido nu em cima de mim. Inclusive,
desejei dar para ele dentro do hospital, após ele ter sido desmaiado com
clorofórmio.
Merda! Por que sou assim? Por que o Arthur está olhando para os
meus seios como se quisesse devorá-los agora? Por que sua ereção já está
dando o ar da graça tão rapidamente? Por que ele não cansa de transar? Por
que não consigo encontrar defeitos nele? Por que sorrio como uma devassa
para ele? Por que me tornei tão submissa? Por que estou com o sanduíche
parado enquanto mantenho meus olhos grudados aos dele? Por que ele estava
dopado de clorofórmio e ainda assim consegue me comer como um insano
selvagem?
— Está gostoso? — pergunta com a voz afetada.
— Extremamente — respondo, fixando meu olhar em sua ereção.
Realmente está muito gostoso.
— Acho que quero comer também.
— Onde? — pergunto, sorrindo como uma devassa.
— Aqui, uai.
— Mas você já comeu aqui hoje, seu safado — respondo, sorrindo e
balançando os pés no balcão.
— Como assim?
— Podemos ir para o quarto, ou talvez...
Ele me interrompe, rindo:
— Estou falando do sanduíche. — Continua gargalhando.
— Aff, você é muito sem graça. — Pulo do balcão e ele esbraveja.
— Mariana, você está grávida, sabia?! Não pode ficar pulando dos
lugares!
— Desculpa, é que eu me sinto tão maravilhosamente bem que
esqueço. — Sorrio. — Prometo ter mais cuidado. — Me aproximo e coloco
as mãos em seu peitoral, depositando um beijo casto em sua boca. — Eu amo
tanto você. Desejo você o tempo todo, Arthur, isso é normal?
— Se é, eu não sei, nunca senti nada parecido antes de te conhecer,
princesa.
— Você me afeta tanto. — Vou beijando seu pescoço levemente
enquanto ele apoia as mãos em minha bunda.
— Você também, Mari, mais do que pode imaginar.
— Eu desejo você o tempo todo, Arthur, como uma necessidade.
Você acha que isso é normal? — Mordo delicadamente a orelha dele
enquanto falo.
— Nada entre nós é muito normal, Mari, mas é gostoso. Inclusive,
você é tão gostosa — diz, agora com uma mão na minha cintura e a outra por
entre os meus cabelos, arranhando minha nuca de leve. Sua cabeça está
jogada levemente para trás, dando-me mais acesso ao seu pescoço.
— Por que você fica tão duro assim para mim, me diz, Arthur?!
— É automático, Mariana. Basta estar perto de você. Sei também que
você fica molhada o tempo todo. Posso apostar que se eu passar a mão em
sua boceta, ela estará encharcada, implorando pelo meu pau duro.
— Acredito que, a cada dia que passa, as coisas entre nós ficam ainda
mais quentes e gostosas, não quero que isso acabe nunca. — Enfio minha
mão por dentro de sua cueca e a preencho por completo, ganhando um belo
gemido do meu homem.
— Esse joguinho que você está fazendo está me deixando maluco,
sabia? — diz, gemendo, tentando controlar a respiração.
— Você é tão safado, Arthur. — Começo a descer a língua pelo seu
peitoral.
— E você é tão depravada. Minha depravada, minha mulher, minha
puta.
— Adoro quando você me chama de puta. Me sinto tão imoral.
— Você gosta que eu te xingue? Gosta de levar umas palmadas e ser
chamada de putinha?
— Arthur... — gemo quando ele aperta meu seio e minha bunda
fortemente.
— Você gosta disso, puta?
— Ahnnn...
— Responde, puta — diz e bate em minha bunda.
— Gosto, muito.
— Adoro você me obedecendo. Onde quer que eu te coma? —
pergunta enquanto desliza dois dedos pela minha carne molhada.
— Oh, Deus...
— Responde, Mariana. Onde você quer? Quer na cama agora? Lá é
mais confortável para eu te comer de quatro, vendo essa bunda gostosa
rebolando e engolindo meu pau.
— Meu Deus, Arthur...
— Você quem começou, agora meu amiguinho quer te foder. — Ele
me vira de costas e gruda seu corpo ao meu, segurando firme meus cabelos e
me guiando até nosso quarto. Chegando lá, ele retira a cueca, enquanto fico
parada, esperando seu comando.
— Você fica linda corada de tesão. Agora faz o que eu pedi. Quero
você de quatro e bem empinada para mim. — Oh, Deus, sinto que vou
morrer! Essa minha brincadeirinha ficou séria demais.
Me ajoelho na cama, jogo meus cabelos para o lado, dando livre
acesso às minhas costas, e me posiciono empinada para ele, encostando meu
peito na cama. Não demora muito e ele puxa meus cabelos de volta,
prendendo-os em um rabo e os enrolando na mão, fazendo com que eu me
levante gradativamente.
— Assim que eu te quero agora — diz, já brincando com a cabeça do
seu pau em minha entrada.
— Por favor, Arthur, coloca tudo logo, não me tortura mais.
— Olha que loucura, fui à cozinha comer um sanduíche e estou
comendo você no lugar dele. Minha Mari, a secretária mais gostosa que já vi,
está aqui, na cama comigo, implorando meu pau. Quem diria que você seria
minha mulher e mãe dos meus filhos.
— Por favor... — Termino de dizer e ele obedece, me dando a surra
de pau que eu tanto ansiava.
Arthur solta meu cabelo e segura meu quadril, enquanto estoca
impiedosamente, fazendo-me gritar de prazer. Nem um pouco delicado e
contido, eu sei que ele está se segurando para gozar. Posso sentir sua
pulsação dentro de mim e isso me leva ao ápice muito mais rápido do que eu
quero. Porém, o trago junto comigo. Nosso joguinho durou mais do que
nossa foda, também foi um jogo sujo e excitante.
— Te amo. — Sempre sorrio quando ele diz isso. Ele sempre diz
assim que terminamos de “namorar”. Meu príncipe safado, eu também o amo
e o idolatro. Que sejamos assim, eternamente!
Ok, talvez eu tenha me cansado de sexo.
Nunca pensei que eu diria “estou exausta de sexo” nessa vida, mas, na
verdade, estou exausta. Tá, não tão exausta assim, mas acho que conseguiria
ficar uns três dias tranquilamente sem sexo depois dessa maratona toda.
Talvez menos, uns dois dias... Não, talvez não. Porra, por que tudo com
Arthur consegue ser tão maravilhoso e perfeito? Qual foi a parte da minha
vida que fiz algo tão fantástico e magnífico a ponto de receber tantas bênçãos
assim? Tento me lembrar, mas só me vem loucuras na mente. Paredões de
sons, palcos de baladas, comer grama de tão alcoolizada, tentar beijar um
cachorro de rua... É, nada que seja louvável. Talvez seja por ter livrado ele de
um casamento tão fracassado. É, pode ser isso! É isso. Eu tenho quase
certeza.
Acho que nunca o vi tão detonado. Na verdade, ele está roncando alto
no meu ouvido, como se tivesse tomado um porre. Porém, o porre foi de sexo
mesmo e eu não sabia que isso poderia fazer as pessoas roncarem dessa
maneira e muito menos que grávidas poderiam dar no coro. Estou feliz
comigo mesma, por estar firme e forte, e, principalmente, por não ter me
tornado uma grávida chata, fresca e desanimada.
São 4h da manhã e perdi o sono após levantar pela terceira vez para
fazer xixi. Achava que esse lance do xixi era só no final da gravidez, mas,
pelo visto, me enganei completamente. É irritante, pra caralho. Porém,
quando começo a ficar altamente irritada, me lembro que estou carregando
uma princesa top star na barriga e logo fico calma novamente. Sento-me na
privada até sorrindo. Quando termino, me olho no espelho e me acho a
mulher mais linda do Universo. Pode isso? Isso é normal? Cada vez que
minha barriga aumenta, eu me sinto melhor.
A única coisa que está me incomodando é dormir. Sinto uma extrema
necessidade de ter algo entre as pernas, não da maneira como vocês estão
pensando, mas não consigo dormir se não tiver um travesseiro entre elas.
Tenho que lembrar de perguntar a médica se isso é normal. Certamente é bem
mais reconfortante.
Inferno, eu só queria dormir, mas estou agitada e com uma vontade
desesperada de comer chocolate e tomar um sorvete, não qualquer sorvete,
mas um Cornetto, aquele Cornetto Choco Mix, que tem tipo um doce de leite
no meio e uma casquinha de chocolate por cima... Humm! Um saco de
chocolate Ouro Branco também cairia bem. Meu Deus, preciso realmente
disso! Acho que nunca quis nada tão desesperadamente. Eu mataria por isso.
Tenho três opções:
A) acordar Arthur;
B) pegar o carro e ir rápido até um posto de conveniência;
C) esperar amanhecer.
Porém, se eu escolher a B, Arthur provavelmente vai brigar feio e
fazer greve de sexo. Se eu escolher a C... Não... isso é impossível, não existe
como eu esperar até amanhã. Caralho, é muito louca a vontade. É sério. É
desesperadora.
— Arthur, Tutu, Tutuzinho, Arthur, Arthur, Arthur... — começo a
dizer em seu ouvido e ele nem dá sinal de vida. — Arthur, por favor. Acorde,
é sério... Nossa filha. — Dou umas leves cutucadas até conseguir despertá-lo.
— Oi. Se for sexo, eu não aguento mais — ele resmunga.
— Arthur, estou com desejo.
— Porra, Mariana, impossível você estar com desejo de sexo, vou
morrer — ele diz, já exaltado, levantando.
— Não, Arthur. Que mania de pensar que tudo gira em torno de sexo!
— esbravejo.
— Ah, e não gira não? — pergunta, tapando a cabeça com o
travesseiro, e eu o retiro, encontrando um quase sorriso em seu rosto perfeito.
— Arthur, preciso de um Cornetto Choco Mix e alguns chocolates
Ouro Branco. Estou falando sério, amor. Não vou conseguir dormir. Ai, meu
Deus, eu mataria por isso! — Sinto-me descompensada. Preciso disso,
urgente.
— Oi?
— É, Arthur, estou tendo meu primeiro desejo violento. Acho que
lutaria por isso agora. Quero muito, amor, nunca te pedi nada! É o primeiro
desejo assassino de verdade, eu mataria... — Ele sorri. Como ele pode sorrir?
Quão perfeito um homem pode ser? Deveria ter uma cota!
— Tudo bem, minha princesa, jamais negaria um desejo a vocês.
Onde posso encontrar isso uma hora dessas? — diz, saltando da cama, e já
vai logo vestindo uma bermuda. Sua boa vontade me choca.
— Desculpa, Tutuzinho, é que está incontrolável. Acho que em
lojinhas de conveniência em algum posto.
— Você está linda com essa carinha de pidona, sabia? Parece uma
criança, Mari. — Passa os dedos em minhas bochechas e deposita um beijo
casto na minha testa.
— Posso ir com você? Só preciso fazer xixi.
— Pode, vista uma roupa descente. Estou na cozinha te esperando. —
Ai, esse homem...
— Tudo bem.
Minutos depois estamos rodando de carro pelas ruas de Belo
Horizonte, em busca do "vale encantado". Sério, estou surpresa com essa
vontade tão louca. Não sabia que desejos podiam vir de formas
avassaladoras. Acho que pode ser interessante comprar um guia de gestantes.
Oh, não, meu marido tem um guia desses e eu não tenho saco para ler.
Quando avistamos uma lojinha aberta, ele estaciona o carro e eu saio
desesperada, trajando meu roupão extralongo e minha pantufa. Essa foi a
roupa mais descente que achei, tendo em vista minha pressa. Arthur nem
reclamou muito, justamente pelo fato de eu estar coberta como uma
muçulmana.
A primeira geladeira de sorvetes que encontro não tem meu objeto de
desejo. Nada de Cornetto por enquanto, mas, para compensar, Arthur
encontra os bombons Ouro Branco e pega logo dois sacos. Meus olhos
chegam a brilhar, sinto isso! Os abraço como se fossem minha tábua de
salvação e ouço o atendente rindo como uma hiena.
— Meu Deus! Essa loja parece atrair grávidas durante a madrugada.
Meu caro, o que tem de casais grávidos que aparecem aqui de madrugada —
ele diz para Arthur.
— Imagino — Arthur responde. Só queria saber como ele sabe que
estou grávida. Meu roupão é daqueles gigantes e fofos, que escondem bem a
barriga.
— Como o senhor espertinho sabe que estou grávida?
— Só pela forma como você abraçou os sacos de chocolates —
responde. — Minha senhora, quando não tem nada que a mulher quer, me
sinto ameaçado de morte apenas com o olhar reprovador que ganho. Pelo
menos a senhora está feliz e encontrou o que queria. — Rio de sua
explicação.
— Ainda falta um sorvete — Arthur diz, brincalhão.
— Tem mais dois freezers atrás do balcão, espero que encontrem — o
atendente diz, simpático. Saio correndo em busca dos freezers que não tinha
visto. O tão sonhado sorvete me espera ali, bonitinho, e até sorrio de emoção.
Entrego os dois pacotes de bombom para Arthur e pego seis Cornettos.
Melhor sobrar do que faltar, né?!
— Que bom que achou, minha princesa, não quero que nossa filha
nasça com cara de Cornetto — Arthur brinca.
— Obrigada por ter vindo, amor, você é o melhor. — O beijo,
equilibrando os sorvetes nas mãos. Em seguida, vamos até o caixa, onde o
atendente está feliz e tranquilo por ter uma cliente grávida satisfeita. Ele até
nos dá de brinde uma mini bolsa térmica, para conservar os sorvetes até
chegarmos em casa. Na hora que estamos saindo, ele grita “até o próximo
desejo” para Arthur e sorrimos. Esse cara conquistou mais dois clientes fiéis
só pela simpatia. Nada como ser bem atendido.
Sabe quando tudo está perfeito demais para ser verdade e os diabinhos
resolvem que devem atolar um consolo de trinta centímetros de extensão e
dez de grossura no seu cu? É assim que a vida é, um pau grande atolado no
rabo.
— Mari, é você? — Ouço a voz do além me chamar. Eu fecho os
olhos e finjo indiferença. Faço a Monalisa, faço a egípcia, faço a múmia, o
Faraó, a puta que pariu. Eu faço tudo, mas não resolve. — Mari, caralho, é
você mesmo, gostosa! — A voz diz, rindo. Quando me viro, dou de cara com
um antigo boy magia que comanda os encontros de som automotivo da
cidade. — O que você está fazendo de pantufa e roupão na rua, maluca?
Xandão é o nome do meu amiguinho.
Arthur é o nome do cara que vai matá-lo.
— Caralho, Mari, vai ser escrotona agora? Vai nem cumprimentar?
Saudades de você em cima do meu paredão. — Puta que pariu, como tem
gente filha da puta nesse mundo! Quer me foder? Me beija, seu merda!
— Legal. É... — Olho para o Arthur. Ele está olhando fixamente para
Xandão e esperando uma reação minha. — É, eu praticamente casei e estou
grávida.
— Você, casada? — Ele dá uma gargalhada. — Já posso morrer!
Então nunca mais te terei em cima do meu paredão?! — Puta que pariu, que
cara inconveniente! E ele ainda está sorrindo daquele jeito cafajeste.
— Não vai subir no paredão dele, Mariana? — Arthur pergunta após
colocar as sacolas com as compras no teto do carro. Sinto que vem merda.
— Antes que você pense errado, é apenas um paredão de som
automotivo — explico ao meu lindo, quase marido. — E não, não vou subir.
Vamos embora? Tchau, Xandão, até nunca.
— Desculpa, não sabia que seu marido era ele. Desculpa aí, cara.
Éramos apenas amigos, relaxa.
— Essa amizade ficou no passado, cara. Gostosa é a puta que te pariu.
Chame minha esposa de gostosa novamente e eu o farei perder todos os
dentes da boca — Arthur ameaça, pega as sacolas e entra no carro.
O acompanho o mais rápido possível, sem olhar para trás. Já dizia
minha mãe: “quem tem cu, tem medo”.
— Desculpa, Tutu, não tive culpa.
— Que porra é essa de paredão, Mariana? — ele pergunta, socando o
volante.
— Paredão de som, Arthur. Nunca tive nada com Xandão.
— E você subia nessa merda?
— Sim — respondo, fingindo ser algo normal. É normal, não?
— Para quê?
— Para dançar.
— Então a minha mulher dançava em cima de um paredão de som?
Devo me preocupar com vídeos disso? — pergunta.
— Não. Graças a Deus, não.
— Graças a Deus mesmo, Mariana, não quero que minha filha veja a
mãe fazendo esse tipo de coisa.
— Quer dizer, acho que não, provavelmente já teria descoberto. É
claro que não. Há vídeos meus? Não, não há, porra! — digo, rindo, e então
meu riso morre. —Arthur, você não teve nem um pouco de vida louca?
— Não, Mariana, não do jeito que você teve. Estudei muito e comecei
a trabalhar cedo. Garanto que nunca subi em carros de som e balcões de
boate, a não ser para tirar você de cima.
— Foi divertido. — Sorrio.
— Você sente falta da sua vida de antes? — Oh, neném da Mari, só
sinto falta de te dar...
— Nem um pouco, Arthur. Nunca fui tão feliz e realizada como sou
hoje. Você é tudo que eu preciso e nós dois nos divertimos muito. Amo a
diversão do nosso jeitinho.
— Que bom, Mari, sinto-me aliviado em ouvir isso. Sinto-me da
mesma forma. Na verdade, eu sinto que comecei a viver quando começamos
a nos envolver. Você me trouxe tantas sensações diferentes em tão pouco
tempo. Adrenalina, ciúme, raiva, tesão, amor. Sinto-me vivo e tive vontade
de socar a cara do seu coleguinha agora.
— Tudo bem, já passou. Agora eu realmente preciso me entupir de
sorvete e bombom. Talvez precise me entupir de você também, porque essa
conversa está atiçando minha fera interior.
— Ah, que bom, porque preciso te comer, mesmo estando com o pau
esfolado.
— Ok — digo com a boca cheia de bombom e Arthur dá um sorriso
bobo enquanto me observa.
— Preciso registrar essa carinha de satisfação. — Ele pega o celular e
tira uma foto minha de boca cheia.
— Que ridículo, Arthur! Pareço uma orca me alimentando e você tira
foto? — esbravejo.
— Você está linda, sorrindo com os olhos. Não vai me dar nenhum
bombom?
— Tá, você merece um por ter feito minha vontade. Você já é o
melhor pai do mundo! — O entrego e ele me puxa para um beijo. E,
sinceramente? Não há chocolate ou sorvete que seja tão gostoso quanto o
gosto do beijo dele. Arthur é o meu melhor lugar do mundo!
TRÊS MESES DEPOIS — (SETE MESES DE GESTAÇÃO
— Daríamos uma boa dupla de designers de interiores — digo,
sentada, como uma perfeita baleia encalhada, no chão do quarto da nossa
filha.
— Não, você daria para mim — Arthur brinca.
— Sempre. — Encosto minha cabeça em seu ombro e rimos.
Assim que retomamos o controle da nossa vida, decidimos ficar em
Belo Horizonte e seguir com os planos, incluindo o plano de decorarmos
nossa casa. Começamos a colocar os planos em prática na semana seguinte à
decisão. Contratamos uma equipe de pintores e montadores de móveis e o
resto resolvemos sozinhos. Cuidei da decoração de toda casa e Arthur cuidou
de executar meus planos mirabolantes. Há uma semana nos mudamos. Quase
desisti no meio do caminho, quando me dei conta de quão grande era nossa
casa. Porra, Arthur me ajudou muito, como sempre.
Sinto-me como uma melancia nos dois últimos meses da gravidez.
Nessa reta final, o glamour foi para o ralo quase que completamente e,
consequentemente, o sexo acabou diminuindo. Se antes transávamos cinco
vezes no dia, hoje transamos duas, no máximo. Uma vez para começar o dia
bem e a outra para finalizarmos. Agora a barriga não tem ajudado muito e
tivemos que nos abster de algumas posições. Estamos no papai e mamãe ou
de ladinho. De quatro também. Ai, meu Deus, sou muito vida louca!
Estou sentada no chão, como uma jaca mole, respirando com
dificuldade após termos acabado de montar o berço, que era a única peça que
faltava para completar o palácio da nossa princesa. Estou extremamente feliz
com o resultado, tão feliz, que ousaria dizer que nasci para decoração. Não fiz
o quarto estilo pantera cor-de-rosa, mas ele está delicado e sofisticado. Arthur
fez questão de montar o berço e fiz questão de arrumar os últimos detalhes.
— Estou morta.
— Claro, não sossega. Eu disse que era para ficar deitada, Mari —
Arthur esbraveja, como sempre.
— Mas eu queria ajudar, uai. Julgue-me! Eu tinha que organizar os
protetores do berço.
— Te julgo sim. Vamos, vou encher a banheira e fazer uma
massagem em seus pés, eles estão um pouco inchados.
— Por isso que eu te amo. Mas Beatriz será filha única — já aviso
para que ele saiba.
— Não. Nós teremos no mínimo mais um, Mari.
— Não e não! — Termino de dizer e ele me ajuda a levantar do chão.
Fico dividida entre rir e chorar. Sinto-me tão pesada e cheia. Nada
parecido com a forma como eu me sentia sexy há mais de dois meses atrás.
Arthur parece ler meus pensamentos, porque ele está segurando o riso e quero
matá-lo agora.
— Você é um babaca! Não teremos outro filho.
— Merda, Mari, só estou rindo porque você está engraçada. — Soco o
braço dele e ele ri ainda mais. — Não quis dizer seu corpo, Mariana, estou
falando da sua cara. Você continua gostosa e endurecendo meu pau a cada
vez que me encosta. Pare com essa merda de baleia assassina.
— Vá para o inferno, seu idiota!
— Vou para o céu daqui a pouco, quando eu entrar dentro de você,
minha gostosa. Eu te amo. — Ele me puxa pela cintura e andamos abraçados
até nosso quarto.
Ele coloca a banheira para encher, joga alguns sais de banho e vem
até mim. Acho lindo quando ele ajuda a retirar meu vestido. Eu consigo
retirar, mas confesso que gosto de fazer um charme para ser mimada. No
fundo, sei que Arthur sabe que é bem isso. Há algumas coisas que não
consigo mais, tipo fechar minhas sandálias e depilar minha amiga vagina
sozinha. É uma boceta! Para isso estou tendo que exibir a perseguida para
uma depiladora.
Quando estamos nus, Arthur entra na banheira, e em seguida me
acomodo entre suas pernas. Temos feito isso toda noite, já virou um ritual, e é
muito bom. Ficamos iluminados por pequenas luzes de LED e o banheiro fica
quase escuro, é o nosso momento aconchegante de todas as noites. É meu
momento de relaxamento. Prestes a dar à luz, é mais do que bem-vindo.
Arthur começa a massagear meus ombros e pescoço, quase gemo em
satisfação.
Tenho estado tensa demais nesses últimos dias. De alguma forma, o
fato de o nascimento estar se aproximando, está mexendo bastante com meu
emocional. Estou com medo, ansiosa, uma série de coisas. Matei meu
Tamagotchi e agora tenho uma filha para cuidar. É óbvio que o medo é algo
presente.
Passo o dia todo pensando no momento em que a bolsa estourar.
Provavelmente, entrarei em desespero, principalmente se Arthur não estiver
em casa na hora. Então irei para o hospital dar à luz e terei uma vida em meus
braços para cuidar; eu não sei se serei boa o suficiente. Tenho medo de não
ter leite, tenho medo de não saber amamentar, tenho medo de não saber dar
banho, estou cheia de medos. Talvez seja normal uma mãe de primeira
viagem se sentir insegura, estou pilhada por completo.
— Está gostoso, amor da minha vida?
— Sim, está. Obrigada.
— Tudo por você. Agora vire e me dê seus pezinhos, princesa — ele
diz e obedeço prontamente. Meus pés estão bem inchados e a massagem do
Arthur quase me teletransporta ao céu. Ele cuida de cada ponto do meu pé e
adormeço em algum momento. — Amor, vamos, você está sonolenta. — Me
desperto ao ouvir sua voz.
Levanto-me, enrosco na toalha e vou para a cama. Arthur pega um top
e uma calcinha, me enxuga e me veste como se eu fosse uma criança. Eu amo
esse jeito cuidadoso e protetor dele. Sinto-me amada e mimada.
Acomodo-me na cama com meu rolo de dormir — sim, eu descobri
que existem esses rolos para gestantes. É meu paraíso particular. — Arthur
me envolve em uma conchinha e, em poucos minutos, estou dormindo como
um anjo.
Sem sexo de fechamento diário... estou doente.
Acordo pela manhã e Arthur já não está ao meu lado. No relógio
marcam 9h30, dormi mais do que o normal. Vou até o banheiro, faço minha
higiene matinal, coloco um roupão e saio para a cozinha. Chegando lá sou
completamente surpreendida.
Mal posso acreditar no que estou vendo!
— Pai? Mãe? — digo, chorando, e eles vêm até mim.
— Oh, minha rechonchuda, que saudades! — minha mãe fala.
— Eu também! Estou tão feliz por vocês estarem aqui! — exclamo,
emocionada.
— Você está ainda mais linda grávida, filha — papai elogia, com os
olhos brilhando de felicidade.
— Como eu não sabia que vocês viriam?
— Tutu organizou tudo, minha filha. — Ela não esquece do apelido.
— Ai, mãe, ainda continua chamando ele de Tutu? Por falar nisso,
onde ele está?
— Ele foi até o jardim mostrar algo para Amélia e levar Jéssica para a
cama, pois ela dormiu no sofá. Ela está linda, Mari! — minha mãe exalta,
sorridente. Minha Jé é mais que linda, ela é maravilhosa. Mas, ultimamente,
ela tem se comportado de maneira estranha e já marcamos um psicólogo para
ela. — Vamos tomar café da manhã, Beatriz precisa se alimentar. Vovó
trouxe muitos mimos para ela — mamãe comenta enquanto me sento como
uma pata choca!
— Ainda não acredito que vocês estão aqui.
— Não perderíamos o nascimento da nossa neta jamais! — ela diz.
Sinto-me feliz.
— Mãe, será que serei uma boa mãe?
— A mesma pergunta que sua mãe fez quando estava grávida de
você, Mari — papai fala, sorrindo. — É lógico que será, filha. Não se sinta
insegura. Assim que você ver minha netinha pela primeira vez, terá certeza de
que nasceu para amá-la e cuidá-la.
— É exatamente isso que seu pai falou, filha. Beatriz já tem todo
amor do mundo na barriga, imagina fora?
— Minha filha terá a melhor e mais linda mãe do mundo! Bom dia,
minha princesa! — Arthur chega, radiante, e me beija.
— Bom dia, Tutu!
— Olha, acho que vocês são um casal do tipo mela cueca. Nunca
imaginei Mariana desse jeito. Credo! — minha mãe brinca.
— Deixe as crianças, Ana.
— Crianças que fazem crianças não são mais crianças. Bom, temos
um comunicado a fazer! — Minha mãe é mais doida que eu, porra.
— Diga! — Arthur diz.
— Estamos voltando para cá. Já que o apartamento está vazio e
queremos curtir nossa neta, decidimos voltar. Vamos alugar o apartamento de
Nova York. — Arthur não permitiu que eu vendesse o apartamento. Descobri
que ele estava negociando para comprá-lo e quase o matei.
— Não acredito. — Choro. — Era tudo que eu mais queria, mãe!
— Porra, Tutu, como você aguenta ela nessa choradeira?
— São os hormônios, minha sogra. Agora ela está até muito tranquila.
Tinha que ver dois meses atrás. Cheguei a pensar que não daria conta de
apagar o fogo.
— Ah, meu caro, Arthur! Deve ser de família, então. Sofri muito com
Ana durante a gravidez.
— Qual é, vocês vão ficar discutindo meu apetite sexual na minha
frente?
— Desculpa, filha. Por um momento esqueci que era meu genro
falando da minha menina e que vocês fazem sexo. Não é legal saber que a
minha menininha faz esse tipo de coisa. Você está certa — papai diz e toma
um gole de seu café. Arthur cai na gargalhada e todos rimos. Enfim, somos
uma família muito louca.
— Tutu, me conte como foi que você conseguiu domar Mariana, a
pessoa que tinha trauma de relacionamento sério?
— Oh, querida sogra, digamos que tenho um grande poder de
persuasão — ele responde, rindo.
— É, quando você me atendeu de cueca, pude perceber.
— Mãe! — falo, chocada.
— Oh, minha filha, desculpe.
— Ela está mentindo, amor? — Arthur brinca.
— Nossa, vocês usaram algum tipo de droga hoje? Vocês três estão
tão engraçadinhos — digo.
— O amor deixa a gente feliz, filha. Olha que felicidade, estamos aqui
juntos, prestes a ganharmos mais uma integrante para a família. E estamos
felizes por termos um genro como Arthur. Sabemos que vocês duas estarão
em boas mãos eternamente. Temos que estar felizes mesmo! — papai diz e
me emociono.
— Ah, Mariana, que porra de choradeira, filha! Pelo amor de Deus,
para com isso. Anda, me leve para conhecer essa casa gigante. Aliás, vocês
são loucos? Precisam de pelo menos mais uma empregada, Amélia não dá
conta disso não!
— Já temos outras duas, mãe, mas elas não vêm aos sábados e aos
domingos. — digo, limpando as lágrimas.
— Ah, bom. Já estava pensando em processá-los por trabalho escravo.
— Ela ri.
— Então vamos, dona Ana, vou te mostrar nossa casinha! — Me
levanto e deixamos Arthur e meu pai conversando.
Primeiro a levo para conhecer meu quarto e aproveito para vestir uma
roupa descente. Demoramos longos minutos no quarto da Beatriz, que,
segundo minha mãe, é tão lindo, que não parece que fomos eu e Arthur quem
decoramos. Após mostrar toda a casa, caminhamos para a área externa e sou
surpreendida novamente. Meu sogro, minha sogra, minha cunhada, minhas
amigas e alguns amigos de Arthur estão reunidos, à minha espera. Há uma
decoração incrível de chá de bebê. Na verdade, mais se parece com um
aniversário do que de um chá. Lindo!!!
— Oh, meu Deus! Você está linda, mamãe! — Duda diz, me
abraçando.
— Que saudade, amiga! — A abraço de volta e Arthur surge ao
fundo. — Arthur, eu vou te matar!
— Não mate meu filho, Mari, ele disse que você estava ansiosa e
resolveu fazer um chá de fraldas surpresa, para distraí-la! Você está
maravilhosa, minha nora. — Ela me abraça e passo os próximos dez minutos
abraçando a todos.
— Gostou, minha princesa? — Arthur indaga, me roubando de todos,
e eu sorrio.
— Você é perfeito.
— Você estava tensa e ansiosa, precisei pensar em algo que pudesse
fazê-la relaxar e distrair. Acertei?
— Em cheio! Obrigada, mil vezes!
— Tia Mari, eu não dormi, era tudo mentira. — Jéssica surge,
correndo, e abraça minha barriga com seus braços curtos.
— Tio Arthur está te ensinando a contar mentiras?
— Não. Ele é legal. — Ela ri. — Quero um brigadeiro, posso pegar?
— Todos do mundo, inclusive, você pode pegar um para mim
também — digo e ela vai atacar a mesa.
— Você está feliz?
— Eu estou além de feliz. Hoje você ganhou um vale anal a ser
sacado no final da festa — digo, o beijando, e então me acomodo entre todos
os convidados.
Meu chá de bebê, programado por Arthur, foi perfeito e exatamente o
que eu estava precisando para me desligar um pouco de tudo. Passamos o dia
rindo e nos divertindo, junto das pessoas que mais amamos. Pude matar a
saudade da Duda, da Júlia, dos meus pais, dos meus sogros. Beatriz agora
tem fralda para, no mínimo, seis meses, e um guarda-roupa ostentando tiaras,
vestidos e sapatos chiquérrimos, obra da minha mãe.
Infelizmente, ou felizmente, me dei conta de que eu e Arthur
passamos meses trancados na nossa bolha. Não é uma reclamação, na
verdade, é apenas uma constatação. Nossa bolha é perfeita demais, nós dois
nos bastamos, mas isso não deve ser saudável. Afastamo-nos dos amigos e
até da família. Só agora estou dando conta do quão bom é estar rodeada das
pessoas que amamos. Família é um bem precioso demais, estou me sentindo
realizada depois de saber que meus pais vieram para ficar. Eu até sugeri que
os pais de Arthur viessem morar mais perto. Quero que nossa filha conviva
constantemente com os avós, com a tia, enfim, acho importante isso.
Agora, longe de festividades, a casa está vazia. Eu gosto disso. Gosto
do silêncio, mesmo sabendo que ele está prestes a acabar pelo melhor motivo
possível. Em breve, meus momentos de sossego serão muito escassos e serão
substituídos por choros, gargalhadas e tudo mais que tenho direito.
Estou com medo. Medo de ser mãe, medo do meu relacionamento
com Arthur mudar o bastante. Inseguranças bobas, eu acho, aliás, assim
espero.
Meu futuro marido ou marido, está saindo sorridente do banho. Vê-lo
feliz é uma das melhores sensações que posso sentir. Isso é tão louco. Acho
que seria capaz de fazer qualquer coisa só para vê-lo sorrir desta maneira.
— O que foi, maluquinha? Que que foi, que que há? Tá me olhando
por que quer me dar? — Sim, ele é conhecedor do Mr. Catra. Ele, sempre que
pode, está usando trocadilhos infames.
— Nossa, estragou meu momento romance. Desde quando você canta
funk, Arthur?
— Desde quando te conheci. Mentira, ouvi essa música em um
programa na TV. — Ele ri e se acomoda ao meu lado, colocando uma mão
em minha barriga. Beatriz, saliente que só, começa o show.
— Cara, você tem pacto com ela já, só que vocês esquecem que
minhas costelas parecem estar sendo quebradas — brinco.
— Oi, filha. Vem logo, pra gente fazer a mamãe ficar mais doida —
ele diz e surpreendentemente ela dá um chute forte e se agita. — Isso, filha,
vem logo, papai vai contar historinhas legais e fazer você dormir. Quando
você estiver grandinha, vamos tomar sorvete todos os dias e comer muitos
doces. — Ela chuta novamente e ele sorri. — Ei, tenha modos, está
machucando a mamãe, garota. Será que você vai se parecer com a mamãe?
Se for, o papai está fodido, quer dizer, encrencado. Não pode falar palavrão,
filha. Papai está louco para te pegar no colo. Acho que você será linda como
a mamãe. A mamãe tem o sorriso mais lindo mundo, filha, quero que o seu
seja como o dela. — Ele continua falando e eu começo a chorar. Merda, esses
hormônios são foda! — Sua mãe é maluquinha, mas tem o coração mais puro
que eu já vi, filha, quero que você seja como ela, mesmo sabendo que estarei
encrencado. Ela é perfeita e chorona. Agora deixa a mamãe dormir, ok?
Amanhã trocamos mais ideias. E vê se agiliza aí!
— Ai, meu Deus, eu não mereço você — digo aos prantos e Arthur
começa a rir. — Não tem graça, idiota!
— Sua gravidez tinha que ter virado um reality show, Mariana. Você
é louca demais, amor. Os hormônios foderam seu psicológico, princesa. Logo
você voltará ao normal, ok, chorona?
— Você é lindo!
— Não tanto quanto você.
— E se eu ficar gorda?
— Vou te amar do mesmo jeito.
— E se eu ficar feia?
— Impossível, mas, se ficar, vou te amar do mesmo jeito.
— E se...
— Chega. Não surta. Eu sempre vou amar você, Mari — me corta,
vindo me beijar delicadamente. Meu corpo responde ao dele de maneira
surreal. Ele prova cada milímetro da minha boca e nossas línguas dançam
com perfeição. Meu choro cessa.
É incrível como um beijo, inicialmente inocente, pode se transformar
em urgente e nos deixar tão necessitados um do outro. Só ele é capaz de fazer
isso, deixar meu corpo em chamas e me levar ao limite com tão pouco.
Arthur derrama toda sua intensidade em seus gestos e movimentos. Seu corpo
está grudado ao meu, sua ereção pressiona minha bunda e sua mão aperta
meus seios delicadamente...
Essa tem sido a melhor posição desde quando minha barriga tornou-se
gigante. De ladinho, deslizando...
— Você é tão gostosa, Mari. Me diz se quiser que eu pare, se estiver
cansada. Eu deveria me controlar mais, mas essa sua bunda...
— Eu quero. Por favor — termino de dizer e o sinto movendo-se para
se livrar da cueca. Em seguida, ele volta para a posição, puxa um pouco meus
cabelos com uma mão e eu empino o máximo que consigo, pedindo que ele
me dê o que tanto anseio. Ele geme quando me remexo em sua ereção,
forçando sua entrada, mas me tortura, brincando com meu clitóris e
mordendo meu ombro. — Por favor, Tutu — peço e ele levanta minha perna,
pressionando sua ereção em minha entrada. Nessa reta final da gestação, não
tenho precisado implorar muito. Graças a Deus.
Gememos juntos a cada centímetro que ele adentra e, por fim, não
sobra nenhum espaço vazio dentro de mim. É então que a brincadeira
começa, do jeito que gostamos, assim como no beijo; um misto de delicadeza
e necessidade. Ele tenta conter os movimentos, mesmo querendo me foder de
forma implacável. Eu admiro seu cuidado, mas, nesse momento, eu preciso
de mais. Por isso, começo a implorar em sua boca para ir mais rápido. Ele
geme em frustração, por estar tão louco para isso quanto eu. Eu vejo o quanto
luta para segurar, mas ambos sabemos que ele é incapaz de aguentar muito
tempo. Seu autocontrole em relação a sexo é pouco ou quase algum. A única
coisa que ele consegue segurar é seu orgasmo, de resto, nada. Nos perdemos
um no outro até encontrarmos nossa libertação juntos, como sempre, numa
sincronia perfeita.
O fim é sempre reconfortante. Seus braços me envolvem enquanto seu
membro ainda está entocado em minha entrada, pulsando. Ficamos assim,
deitados juntos, recuperando o sentido. O EU TE AMO que ele diz deixa
tudo ainda mais perfeito. Acho que essas palavras completam minha
saciedade.
A magia termina quando sinto muito líquido sair de mim. Eu sei que
não é nada parecido com o bendito esperma de Arthur.
— Merda, Arthur, o que é isso? — Me levanto rapidamente e ele
também.
— Xixi?
— Não, eu consigo segurar xixi, Arthur, nem estava com vontade —
digo e escorre mais ainda pelas minhas pernas. Arthur fica branco diante de
mim e então dá um grito que me faz saltar para trás.
— Puta que pariu! Deve ser a bolsa, Mariana! — fala, desesperado,
vindo até mim. — Respira fundo, amor. — Eu acho que estou em meio a um
ataque de pelancas, daqueles que você fica sem reação, apenas observando
tudo. Minha bolsa estourou! Puta que pariu! — Mariana, reage! Vamos para
o hospital! Está sentindo alguma coisa?! — grita ao invés de falar. Do nada,
ele me pega em seus braços e sai andando rápido até a sala, onde me coloca
sentada no sofá. Talvez a madre Tereza de Calcutá tenha vindo me dar uma
ajuda, pois eu começo a reagir. A única coisa que me causa desespero é a
reação exagerada de Arthur, que agora está no telefone, gritando. — Vai
nascer... Sim... Rompeu... Muito líquido... O que faço?! Ok, ok, ok! Liga para
minha mãe, por favor, Ana, avisa ela... Não sei ainda... Eu aviso. Pode? Tem
certeza? Ok.
— Calma, Arthur.
— Senta, Mariana, nossa filha vai sair... senta! — ele grita ao me ver
em pé ao seu lado.
— Arthur, calma, eu não estou sentindo contrações ainda. Vamos
pesquisar no Google o que fazer e quanto tempo ainda temos — digo.
— Você acha que tudo o Google resolve, eu deveria matá-la! Mas eu
te amo, porra, minha filha vai nascer! — Jesus me defenderay! Em questão
de segundos ele pega o notebook e então começa a digitar com as mãos
trêmulas “a bolsa rompeu, o que fazer?". Eu quase rio, mas seu desespero me
contém.
“Se você está com menos de 37 semanas e a bolsa estourou, ou está
vazando líquido, entre em contato com o médico e vá para o hospital o mais
rápido possível (mesmo que você não tenha certeza). O obstetra vai avaliar a
necessidade de fazer o parto ou esperar mais um pouco, em condições
controladas, para evitar infecções. Caso você esteja grávida de mais de 37
semanas, avise o médico, prepare as coisas e vá para a maternidade, mesmo
sem contrações. Não precisa necessariamente sair correndo, principalmente
se for o primeiro filho, porque ele ainda deve demorar para nascer. Dá
tempo de tomar um banho em casa (de preferência, não de banheira) e
conferir a mala da maternidade. O sexo é contraindicado nessa situação.”
Ok, nós tínhamos acabado de foder, isso não vai impactar, não é
mesmo? Consigo até pensar em uma frase: "do sexo ao sexo”. Do sexo que
fizemos nossa filha, e com sexo rompemos a bolsa que a trará. Poético
demais. Ao menos eu acho que é isso.
— Banho, você precisa de um banho e tirar meu esperma de dentro de
você... É isso, Mariana. Banho. Eu vou ligar para a médica e vou arrumar a
bolsa da maternidade, nós vamos para lá. Lave com chuveirinho, por favor,
não quero nossa filha envolvida com porra tão cedo! — Ele parece
transtornado e eu luto para manter a calma. Imagina se tenho uma crise de
loucura agora? Para não o contrariar, eu faço tudo o que me foi ordenado.
Vou até o banheiro tomar meu banho e lavar minha pepeca com chuveirinho.
Que humilhação! Não acredito que minha bolsa rompeu após uma relação
sexual, só podia acontecer com nós dois.
Minutos depois, ele está atrás de mim no chuveiro, massageando
meus ombros.
— Você está bem? Desculpa eu surtar. Nossa filha vai nascer, Mari,
você tem ideia disso? — Ele começa a chorar e eu me viro para abraçá-lo, tão
emocionada quanto ele.
— Sim, estou com medo, Arthur, mas sei que com você do meu lado
vou me sair bem.
— Claro que vai, princesa. Está sentindo algo?
— Ainda não. Na verdade, só um incômodo, mas acredito que seja
normal. Vou sair, vestir uma roupa e te espero.
— Eu quis te esperar para arrumar a bolsa, estou tão nervoso que não
sei o que colocar. — Oh, pobrezinho, eu nunca o vi tão descompensado
assim!
— Tudo bem, há uma listagem, eu espero você. Faremos juntos. Vai
dar certo, não vai? — digo entre lágrimas.
— Claro que vai. Desculpe, estou te deixando nervosa, amor. Vou me
controlar.
— Ficaria feliz. Eu preciso surtar, merda, e com você surtado não sou
capaz de surtar.
Saio do banheiro, me enxugo, pego um absorvente na despensa e, em
seguida, visto um vestidinho bem solto. Eu achei que quando a bolsa
estourava vinham centenas de contrações, mas, por enquanto, está tudo sob
controle e isso está sendo bom no momento. Ansiedade e dor me deixariam
em uma loucura completa.
Caminho rumo ao quarto da minha Bia e fico perdida olhando o
bercinho que em poucos dias será ocupado. Ainda bem que conseguimos
deixar tudo pronto. Parece que Arthur estava sentindo que isso iria acontecer
antes do previsto. A médica esperava que eu entrasse em trabalho de parto
por volta de 39 semanas e meia.
Pego a bolsa que levarei para a maternidade e começo a preparar os
itens necessários. A médica me deixou uma lista para facilitar, e estou
agradecida agora, ou nada sairia. Arthur se junta a mim, com os olhos
vermelhos, porém, aparentando mais calma agora. Eu me sento e ele vai
pegando tudo que peço e me entregando para ajeitar na bolsa. Quando digo
para ele pegar uma roupinha para a saída da maternidade, seu sorriso se
alarga. Caminha até o guarda-roupa e me surpreende pegando a roupinha rosa
que comprou de surpresa, antes mesmo de sabermos que nossa bebê era uma
menina.
— Quero que ela use essa.
— Ela vai ficar linda. — Me emociono e ele volta a chorar,
ajoelhando ao chão e agarrando minhas pernas. Ele é o pai mais apaixonado
do mundo. Realmente, esse é o maior sonho da vida dele. Está visível agora.
Já vi que a noite será longa!
— Bolsa da Bia, ok. Minha bolsa, ok. Agora podemos ir — digo com
um falso controle. Estou começando a ter alguns incômodos, mas, se eu falar,
Arthur vai ter mais uma crise. E se ele tiver uma crise, vamos bater de carro,
ou então minha filha vai nascer a caminho do hospital, de parto normal, e vou
estragar minha amiga vagina. Não posso nem pensar em um bebê saindo da
minha amiga vagina, tenho pavor. O pau de Arthur, por si só, já faz um
estrago grande, imagina a cabeça de um bebê e seu corpo? Estou
desesperada, pensando em tudo de uma só vez, sem vírgula, travessões,
intervalos e sem coerência ou coesão, só quero chegar ao hospital!
Caminho para o carro, decidida. Não quero que o parto seja normal.
Acho que não tenho controle psicológico o suficiente para isso e que pode ser
traumático, acabando com qualquer possibilidade de termos outro bebê.
Minha médica insistiu em um parto natural humanizado, mas isso não
é para mim. Se o pau do Arthur já me machuca, imagina uma criança saindo
das partes baixas? Senhor! Não quero pensar nessa hipótese. Uma criança
saindo da minha vagina? Nunca!
Arthur entra no carro e fica olhando para o portão da garagem sem
reação. Juro que estou com medo de deixá-lo dirigir agora.
— Arthur, tem que abrir o portão no controle — comunico e ele me
olha como aquela menina do Exorcista, que vira o pescoço. Deus me livre!
— Arthur, abra o portão ou serei obrigada a dirigir prestes a dar à luz.
— Desculpa, já estamos indo, ok? Você está bem?
— Acho que sim, agora pode ir? — Ele balança a cabeça
afirmativamente e saímos rumo ao hospital.
Graças a Deus, ele dirige controladamente e, minutos depois, estamos
estacionando.
Ele sai do carro antes e, do nada, surge uma equipe de quatro
enfermeiros correndo pela porta, para me pegarem no carro. Eles estão com
uma cadeira de rodas e eu não acredito!
— Você está brincando comigo, Arthur?! — pergunto quando ele
abre a porta do meu lado, para que eu desça. — Diga que você está
brincando, demônio!
— Não, Mariana, agora vamos.
— Arthur, eu não estou morrendo ou impossibilitada de andar, merda!
— Eu te amo, não me faça ficar mais louco agora — implora e eu me
calo.
Dizem que não devemos contrariar os loucos, não é mesmo? Então
me sento na bendita cadeira de rodas e sou levada para dentro do hospital. Na
recepção, parece uma festa, e fico chocada. Todos nossos familiares estão nos
esperando com bolas de ursinhos rosa.
— Minha filha, como você está? — Mamãe se aproxima e pergunta.
— Estou bem. Está tudo bem — respondo, sorrindo, enquanto todos
me rodeiam.
— Vai dar tudo certo, minha linda. — Minha sogra aperta minha mão
e beija minha testa.
Meu pai me abraça, então eu olho para cada um dos nossos familiares
e começo a chorar desesperadamente.
— E se eu morrer no parto?
— Cala essa boca, filha da puta! Eu vou matar você, Mariana! Só não
te dou uma tamancada porque minha neta está nascendo! — minha mãe
xinga.
— Se eu morrer, não deixem que Arthur arrume uma substituta muito
rápido, ou puxarei o pé de todos vocês! — grito aos prantos e estão todos
rindo. Bando de filhos da puta. — É sério, por favor. Não permitam que ele
arrume uma mulher como a Laís, ele não merece isso.
— Mari, pare — ele pede, limpando algumas das minhas lágrimas.
— Eu te amo, Tutu, seja feliz.
— Para, Mariana, puta que pariu! Se você não morrer no parto, eu
mesmo te mato, se continuar com essa merda! — ele esbraveja.
— Vamos? — o enfermeiro pergunta e concordo.
Seguimos por um longo corredor, em seguida entramos em um
elevador que nos levará ao quarto em que ficarei. O enfermeiro vai
explicando tudo durante o caminho e Arthur vai fazendo uma pergunta atrás
da outra. Quando chegamos ao quarto, é como se eu tivesse acabado de
chegar a um quarto de um hotel cinco estrelas. A única coisa que me faz
lembrar que é um hospital é a cama. Tem TV, frigobar, sofá, mesa... Uau,
surpreendente! Eu sabia que Arthur não deixaria por menos, ele é perfeito!
Me sento na cama e os enfermeiros medem minha pressão, meus
batimentos e os batimentos da Bia. Graças a Deus, tudo se encontra sob
controle, menos as fisgadas que parecem aumentar a cada minuto.
— A doutora Lívia já está vindo, vocês podem aguardar — o
enfermeiro anuncia e nos deixa.
— Ei, você! Senta aqui comigo — digo pro meu Tutu, que está
inquieto e senta ao meu lado na cama. — Fica calmo, Arthur, vai dar tudo
certo, amor. O risco maior era Laís ter nos exterminado — brinco
morbidamente e ele me encara sério.
— Nem me lembre disso, Mariana.
— Então relaxa, daqui algumas horas estaremos com Beatriz em
nossos braços, tudo bem?
— Nada bem, estou desesperado — confessa, me agarrando. —
Nunca mais fale sobre morrer, Mariana, pelo amor de Deus!
— Foi só pra causar um impacto em nossos familiares. — Sorrio e ele
está sério.
— Você causou em mim. Não quero perder você, nunca. Eu amo
você, Mariana, você não faz ideia do quanto.
— Eu também amo você. Pensei que ficaria louca nesse momento,
mas é você quem está fazendo a loucura — brinco e uma fisgada forte me faz
gritar. — CARALHOOO! — Ele salta da cama, desesperado. Quase rio em
meio à vontade de gritar.
— O que foi? Está sentindo alguma coisa? Vou chamar a médica!
— Puta que pariu, acho que é uma contração daquelas destruidoras.
Nunca mais faremos sexo! Nunca!!!
— Boa noite, meu casal, como estão? — A doutora entra na sala,
sorridente, vestindo um vestido de baile e uma maquiagem pesada.
— Doutora, você vai trazer minha filha ao mundo vestida assim? —
brinco, enquanto respiro e inspiro. Vi isso em livros de gestantes, dizem que
ajuda.
— Não, Mariana, já vou me trocar, só vim ver como você está. — Ela
sorri. — Nossa menina resolveu sair do casulo.
— Eu acho que ela está impaciente, doutora, está doendo muito, viu?!
— O enfermeiro está vindo trazer as roupas específicas de vocês. Vou
me trocar para medir a dilatação.
— Mas você não tem que medir doutora, eu quero uma cesariana —
informo, plena, e ela me encara por alguns segundos, silenciosa.
— Bom, vou me trocar — diz, se retirando da sala.
Em seguida, o enfermeiro entrega um saco com roupas para Arthur e
um para mim. Levanto-me com dificuldade e vou até o banheiro me trocar,
com auxílio do meu homem superprotetor. Ele tira minha roupa com todo
cuidado e em seguida me coloca em uma espécie de saco de batata, sim, essas
roupas de hospitais são muito estilosas. Quando ele termina de amarrar a
cordinha do vestido, ultra power moderno, vem outra forte contração.
— JEOVÁAAAAAAAAAAA... PUTA QUE PARIU!
— Porra, Mariana, você quer me matar? — Arthur grita.
— Está doendo, está doendo... — Começo a chorar e isso é o
suficiente para deixá-lo maluco. Ele me pega no colo e sai andando comigo
pelo corredor do hospital, tomando cuidando para não deixar minha bunda à
mostra. — Arthur, onde estamos indo? — pergunto entre as lágrimas.
— Não sei, talvez você se distraia passeando pelo hospital. Merda,
Mari, eu não quero que você sinta dor. — Ele começa a chorar e me coloca
no chão. Meu coração se parte ao vê-lo assim e o abraço o mais forte que
consigo.
— Não chora, deixa só eu chorar. Dói, mas é normal. — Se fosse
parto normal o hospital viria abaixo, eu sinto isso. A Globo viria aqui fazer
reportagens.
"Gestante causa tumulto em hospital."
— O que vocês estão fazendo aqui, no meio do corredor? — a
doutora pergunta enquanto se aproxima.
— Ela está com dor, doutora, eu não sei o que fazer — Arthur diz,
limpando as lágrimas.
— Oh, meu Deus, Arthur! Eu esperava que Mariana fosse dar ataques
de loucura no hospital, mas não esperava isso de você também. Você deveria
dar o exemplo! Agora se acalme e vamos para o quarto — ela fala, segurando
o riso, e caminhamos a passos lentos, até uma outra fisgada forte vir com
tudo e eu morder o braço do Arthur.
— Porra, Mariana!
— Desculpa... Porra... Deveria te dar uma contração, apenas para
você ver o que é bom. A vida é injusta!
— Menos, casal! Vocês vão para o meu livro de partos inusitados!
Acomodo-me na cama novamente e a doutora realiza uma série de
procedimentos.
— Mari, você está com quatro centímetros de dilatação, tem certeza
que não quer esperar e fazer um parto normal? Não estou querendo te induzir
a isso, só estou confirmando sua escolha. O centro cirúrgico já está preparado
para uma cesárea, não há nada que nos impeça.
— Eu tenho certeza. Não sou normal para ter parto normal. Podemos
ir? Isso dói muito.
— Tudo bem. — Ela sorri e se vira para meu marido. — Bom,
Arthur, vou com o maqueiro levar a Mari e fazer todos os procedimentos com
o anestesista. Você pode se trocar enquanto isso. Já temos fotógrafo
preparado.
— Tudo bem. — Ele se aproxima com lágrimas nos olhos e me beija.
Acabo chorando. — Eu amo vocês! Até daqui a pouco — se despede,
beijando minha barriga. Eu sinto que sentirei falta desses momentos
barriguda e dele conversando com a minha barriga. Estou emocionada agora,
de verdade.
O maqueiro chega e me posiciona sobre a maca, para seguirmos ao
centro cirúrgico.
— Putzzzz... que caralho! — digo enquanto outra contração me rasga
por dentro, fazendo o maqueiro gargalhar. — Isso é um... um apocalipse!
— Realmente, no seu caso, o mais recomendado é cesariana, Mari. O
hospital viria abaixo se fosse parto normal — a doutora fala, rindo.
Eu fico na respiração cachorrinho até entrar no centro cirúrgico e
começar a tremer de medo. É bem assustador. Cheio de luzes, bisturis,
aparelhos de oxigênio, credo! Deus me livre, Senhor! Isso parece um
episódio tenso de Grey’s Anatomy.
Um senhor solicita que eu me sente para a aplicação da anestesia.
Com auxílio da enfermeira, me sento, e ela me segura firme, tombando meu
corpo um pouco mais à frente. Sinto algo gelado em minhas costas e quase
quero rir.
— Não se mexa agora, ok? Vamos dar a anestesia — a enfermeira
avisa e fico feito uma estátua, congelada de medo. Já ouvi tantos casos de
problemas adquiridos por causa dessa anestesia, prefiro seguir tudo à risca.
Deus, eu juro não fazer mais sexo. — Pronto, acabou — ela anuncia e fico
chocada por não ter sentido nem uma picadinha.
— Tem certeza?
— Absoluta. — Ela ri e me deita novamente. Fico olhando para as
luzes que estão bem acima de mim, não consigo conter a ansiedade. Em
segundos minhas pernas começam a formigar e isso me assusta.
— Minhas pernas estão formigando — digo à enfermeira, que
permanece ao meu lado.
— É sinal de que a anestesia está funcionando. A médica está fazendo
a assepsia e você nem sentiu.
— Hum... cadê meu marido? Se você olhar para ele, eu te mato
sufocada — aviso e ela ri.
— Acabou de chegar — diz, se afastando, dando lugar a Arthur.
Ele está todo vestido de azul e branco. Está bem gostoso. Mesmo que
eu só consiga enxergar seus olhos, eu sinto isso. Ele deposita as mãos em
meu rosto e um pano azul tapa nossa visão total da minha barriga. Ele solta
um suspiro de alívio e sorrio. Talvez eu deveria pegar umas dessas roupas
“emprestadas” do hospital, para uma fantasia sexual.
Não, eu nunca mais farei sexo!
— Como você está, princesa?
— Ansiosa e com medo. Nunca fiz cirurgia na vida.
— Estou mais calmo agora. Os enfermeiros me explicaram todos os
procedimentos e me tranquilizaram. Você consegue ser linda até deitada
nessa maca e com essa touca feiosa na cabeça — elogia e deposita um beijo
em minha testa.
— Eu amo você.
— Eu também te amo — ele termina de dizer e um choro forte e alto
faz com que ele levante a cabeça. Meu coração acelera. Não pode ser, eu nem
senti nada! Fico fixada em Arthur, tentando entender. Quando ele volta o
olhar para mim, as lágrimas estão correndo livremente, confirmando o
nascimento da nossa filha. Meu Deus! Como foi isso? Eu não vi essa caralha.
Achei que iria sentir mexerem nos meus órgãos, mas aqui estou eu, de boas,
escutando um choro. Um choro que ativa minhas lágrimas. Meu Deus, eu sou
mãe! Minha filha nasceu!
— Nossa filha? — ele confirma com a cabeça, beijando minha testa, e
então se afasta. Eu o quero, eu o quero aqui do meu lado.
Estou quase entrando em desespero quando ele volta com um
pequeno embrulhinho no colo. Nesse momento é como se não coubesse mais
amor dentro de mim.
Essa é a cena mais linda de toda a minha existência, tenho certeza
disso. Um amor da minha vida segurando o outro.
O meu grande amor se abaixa até mim e me entrega o pacotinho
contendo nossa bebê. Ele me ajuda a segurá-la e eu contemplo seu rostinho.
Ela está com touca e manta do hospital, ainda suja e não menos linda. Ela é
perfeita de todas as formas e maneiras. Está chupando os dedinhos
desesperadamente e forçando os olhinhos a ficarem abertos. Eu agora sei o
que é ser mãe. Eu a tenho a poucos segundos e sei que seria capaz de
qualquer coisa por ela. Conto os dedinhos da sua mão, porque sou
problemática, e então sorrio, aliviada. Ela não é o Lula, afinal. Tem todos os
dedinhos certinhos.
— Ela é perfeita! — digo ao meu marido, enquanto estamos
envolvidos num abraço triplo.
— Eu nunca serei capaz de agradecê-la o suficiente, Mari. Você fez
minha existência valer a pena quando entrou em minha vida e agora por estar
me dando nossa filha. Ela é perfeita, como você.
— Eu sou mãe, Tutu. Eu sou mãe. Nós não a perdemos. — Choro,
emocionada.
— Não a perdemos, amor.
— Nós conseguimos, amor. Nossa tão sonhada garotinha agora está
em nossos braços. — Eu quero gritar! Mas, se eu gritar, vou assustar meu
pequeno anjo.
— É o dia mais feliz da minha vida. Sonhei com isso a vida toda e
você realizou meu sonho, meu amor. Agora nós temos nossa família — ele
diz enquanto flashes nos cegam.
— Mamãe, agora a doutora vai terminar de arrumá-la e o papai vai
acompanhar a pequena Beatriz nos primeiros procedimentos — a enfermeira
diz, exterminando nosso momento.
— Vou com nossa princesa, em alguns minutos estaremos juntos,
meu amor. Obrigado, Mari. Mais uma vez, obrigado. Você realizou meu
sonho, é a mãe da minha filha.
— Obrigada, Tutu. — Choro, emocionada.
Arthur sai com Bia nos braços para acompanhar todos os
procedimentos dela, enquanto a equipe médica termina o trabalho em mim. É
reconfortante que o hospital ofereça essa mordomia dos pais poderem
acompanhar o bebê. Fico mais tranquila e não preciso temer que troquem
minha filha no berçário.
Ainda estou chocada com a forma como tudo correu tranquilamente e
rápido. Talvez eu sinta incômodos daqui algumas horinhas. Mas, até agora, é
como se eu estivesse normal e nada tivesse acontecido. No fim, a cesárea foi
uma excelente escolha, uma jogada de mestre.
Minutos depois estou plena, aguardando o maqueiro me levar para o
quarto, em uma sala de espera assustadora.
Há várias mulheres tomando medicações intravenosas, praticamente
desmaiadas, parecem que saíram de um filme de terror. Meu Deus, será que
elas tiveram algum problema? Não tem nem como perguntar. O barulhinho
dos aparelhos está me deixando nervosa e não vejo a hora de sair daqui.
Infelizmente, só consigo levantar a cabeça.
— Poxa, você demorou! — xingo o maqueiro e ele ri.
— Pelo visto correu tudo bem, não é, senhora?
— Sim. Podemos ir?
— Claro. Agora vou te dar um conselho de amigo, evite conversar o
máximo que puder, ou a senhora sofrerá com a dor insuportável dos gases.
— Sério? Mas me sinto plena — argumento enquanto ele nos leva ao
elevador.
— É apenas um conselho. Caso contrário, amanhã a senhora dará
trabalho para as enfermeiras — brinca e eu fico muda. Eu queria falar pra
caralho por vários motivos, mas, principalmente, por estar imensamente feliz.
Eu comeria uma picanha com fritas neste momento, tomaria uma cerveja e
bateria um papo cabeça com geral. Mas gases... será que seriam apenas
peidos ou será que é algo pior?
Chego ao quarto e as enfermeiras colocam uma sonda e absorvente
tamanho hipopótamo em mim. Em seguida, sou entupida por medicamentos.
Tomar no cu! Espero que não seja para eu dormir.
— Amanhã bem cedo viremos te auxiliar no banho e, daqui quatro
horas, daremos mais medicação. Qualquer coisa, é só ligar para a recepção,
senhora.
— Ok, obrigada. — Elas se retiram e eu pego o controle da TV para
assistir alguma coisa que me distraia. Minutos depois, Arthur chega e eu
sorrio em felicidade.
— Como você está, minha rainha?
— Não posso conversar agora, porque vai me dar gases, e não sei que
tipo de gases são esses. Se eles são nobres ou raros, mas estou ótima e com
fome. E nossa filha?
— Eles a trarão para mamar em alguns minutos. Nossa família ficou
enlouquecida vendo-a pela vidraça do berçário — ele diz, sorridente.
— Não vejo a hora de poder ficar grudada nela.
— Você não pode ficar conversando. Fica caladinha.
— Que saco isso.
— Mari, ela é tão linda, caralho. Você não faz ideia, Mari. É uma
coisinha pequenininha. Um pezinho minúsculo, e as mãozinhas? Eu quis
mordê-las. São gordinhas e pequeninas. Ela é tão perfeita que você nem
imagina. Ela é a minha cara. Eu a amo mais do que amo você, sério mesmo.
Ela é perfeita demais, meu anjinho mais lindo e rosa.
Fico com raiva por alguns minutos, mas tudo se dissipa quando chega
um pacotinho cor-de-rosa no quarto.
— Beatriz está com fome, mamãe. Vou te auxiliar a dar a mama a ela,
tudo bem? — a enfermeira diz e aperta um botão que faz a cama inclinar um
pouco. Em seguida me entrega meu pacotinho rosa e posso olhar com calma
para ela pela primeira vez. Ela é tão branquinha quanto Arthur, e tem pouco
cabelinho. Ainda está inchadinha e seus olhinhos estão bem abertos. Eles são
uma mistura de verde com azul, como os olhos do pai. Uau, ela é
exageradamente linda! Quero abraçá-la e amassá-la todinha! Ela é uma
coisinha mesmo...
— Ei, princesa, é a mamãe, vamos mamar? — digo e a enfermeira
ajeita a cabecinha dela no meu seio, de um jeito bem menos delicado do que
eu faria. Eu quero levantar dessa cama e dar três chutes na sua cara agora.
— Não olhe para mim desse jeito, ela precisa aprender a pegar agora,
senão, depois complica — ela me explica e eu relaxo, até sentir uma puxada
forte no mamilo... Porra... Que porra é essa?!
— Isso dói bem, hein? — divago. — Ainda bem que já estava
passando pomada há algumas semanas. Nossa, nem Arthur no momento mais
feroz faz isso! — digo e a enfermeira começa a rir. Arthur se aproxima e
senta ao meu lado na cama.
— Olha, dona Mariana, se eu fosse a senhora, evitava falar, ok? Sei
que está empolgada, mas é melhor fica quietinha. Assim que Beatriz mamar,
vamos levá-la e a senhora aproveite para descansar até a próxima mamada.
Amanhã ela poderá ficar com vocês o dia todo. — Balanço a cabeça e evito
falar. Se todos estão me dizendo isso, deve ser melhor seguir a dica.
Minutos mais tarde, Bia está dormindo em meu seio e eu quase morro
de amores por isso. Quando a enfermeira a leva, sinto um vazio imenso, e
Arthur fica fazendo cafuné até eu me entregar ao sono.
— Eu sei que é pecado, mas, porra, ver você amamentando nossa
filha me deixa duro.
Sei que Beatriz acabou de nascer, mas já é muito óbvio que ela é a
minha cara. Pude ficar muitos minutos no berçário, acompanhando cada
detalhe que as enfermeiras faziam com ela. Pude ajudar a carimbar seu
pequeno pezinho e tudo mais. Confesso, estou um bobão, babão, não tinha
como ser diferente. Ela é tão pequenina e graciosa. Tem os olhinhos bem
abertos e tem uma calma de se espantar. Ela só chorou no nascimento e até
agora está se mostrando uma bebê zen, bem diferente da mãe dela.
Mari me deixou espantado também. Ela parece estar tirando tudo de
letra, e é encantador vê-la com Bia nos braços. Com toda certeza, tudo será
ainda mais perfeito quando estivermos em casa.
Mari acabou de dormir, então vou até a recepção principal do
hospital, onde estão nossos familiares. Todos estão altamente empolgados.
Ficamos conversando por alguns minutos e depois os libero, informando o
horário de visitação amanhã. Em seguida vou ao restaurante do hospital e
faço um lanche.
Uma hora depois me encontro parado em frente à enorme vidraça,
observando o berçário. Tem minha filhote e mais cinco bebês. Ela está ali,
toda rosa, dormindo feito um anjinho. A perfeição da minha vida. É tão
incrível que tenha saído um anjo de um sexo selvagem. A vida é muito doida.
Como algo tão puro vem de algo tão louco?
Fico pensando em quanto minha vida mudou em menos de dois anos.
Acho que nunca imaginei que um dia eu pudesse ser tão feliz e me sentir tão
completo, em todos os aspectos. Mariana chegou como um furacão, mas um
furacão de coisas boas, se é que isso existe. Não consigo pensar em outro
nome. Foi tudo tão rápido, nos apaixonamos tão depressa e numa química
perfeita. Temos uma relação bem quente, sem meios-termos, bem
avassaladora. Ela tirou a possibilidade de existência de qualquer outra mulher
na minha vida, até surgir essa mini “ela”. As duas mulheres da minha vida.
As duas por quem eu daria tudo e faria qualquer coisa.
A minha secretária, aquela gostosa que sempre chegava com a leveza
de uma criança, com um sorriso angelical e a vontade de ajudar é, enfim,
minha mulher e mãe da minha filha. Ela será mãe de outros. Beatriz não será
nossa única filha, estou certo disso.
Se Mari sendo apenas Mari já me deixava louco e insano, Mari sendo
mãe da minha filha vai atingir níveis nunca antes alcançados. Ela é a porra de
uma MILF[1] agora. Uma mãe que eu gostaria de foder. Falta muito para o
resguardo acabar? Quão foda será abdicar de sexo por um período? Sexo é
algo que resumiu grande parte do nosso relacionamento até agora. 70%.
Volto para o quarto e ela ainda dorme como um anjo. Me acomodo na
cama reserva e tento descansar, porém, dormir em camas separadas é bem
difícil quando você se acostuma com a presença da esposa.
No dia seguinte é que começa a grande loucura. Tudo estava calmo
demais e isso não combinava com Mariana.
Nossa filha está deitada em um bercinho próximo à cama, dormindo
após ter ficado quase quarenta minutos mamando. Duas enfermeiras entram
no quarto e então o reality show Mariana começa.
— Bom dia, dona Mariana, vamos levantar? A senhora tem que tomar
banho e depois ficar de pé um pouco.
— Tudo bem — Mari responde, sorridente, e elas começam a apoiá-la
para descer da cama.
Fico sentado no sofá, observando a dificuldade, me sentindo inútil.
Mari está tentando ficar de pé e falhando bem. Está com as duas mãos
apoiadas na parede e as enfermeiras distantes. Eu me levanto para ajudá-la,
mas as enfermeiras me impedem com um aceno.
— Nossa, é horrível! Não vou conseguir andar.
— Vai sim. Vamos lá, força na peruca — a enfermeira diz e Mari se
força a andar, se apoiando na parede até alcançar a porta do banheiro.
— Isso é uma merda! Que inferno! Não consigo andar sozinha,
caralho!
— Mariana, você precisa se esforçar — uma enfermeira fala,
enquanto a acompanham até o banheiro. Não consigo ouvir o que elas estão
conversando, mas escuto o barulho do chuveiro. Em seguida, as duas
enfermeiras saem e ficam aguardando na porta, sorridentes, até um grito de
horror invadir o ambiente.
— Mari, o que foi? — pergunto por trás da porta.
— Eu estou com hemorragia, eu vou morrer! Eu vou morrer, Arthur!
— Olho em choque para as enfermeiras e elas riem.
— Vocês ficarão aí, sem auxiliá-la? — pergunto enquanto escuto
Mariana chorar. Merda! Por que ela trancou com chave? Mania do caralho.
— É normal, senhor. Não se preocupe. São os chamados lóquios,
parece com menstruação, mas é muito mais intenso, por isso ela está usando
um absorvente pós-parto desde ontem. Assim que o útero dela se normalizar,
o sangramento cessará. Deve durar por três ou mais semanas — ela diz e eu
arregalo os olhos. — Calma, vai diminuindo. Ela não vai ficar três semanas
com “hemorragia”. — Ela sorri e bate na porta do banheiro. — Dona
Mariana, pode abrir? Vou te auxiliar.
— Tudo bem, mas tire meu marido da porta, eu não quero que ele me
veja assim. — Ela chora e meu coração se parte! Meu Deus, eu acho que até
ficaria no lugar dela agora, tudo para não a ver chorando.
O choro de Beatriz desvia minha atenção e eu a pego em meus braços.
Fico passeando com ela no quarto e trocando algumas ideias mirabolantes.
Ela fica o tempo todo com os olhinhos abertos e mordendo sua
pequena mão. Longos minutos depois, Mariana sai do banheiro vestindo um
roupão de seda preto e com a aparência um pouco melhor, parecendo até
mais disposta. Ela anda com dificuldade, mas coloca um sorriso no rosto
quando nos vê.
— Como está se sentindo?
— Não sinto dor, mas sinto um incomodo. Não consigo manter a
postura reta e agora estou com uma cinta destruidora de órgãos. — Ela sorri.
— Mas, estou feliz como nunca estive antes, primeiro por ter nossa filha
linda e saudável, e segundo por ver a sua felicidade, Tutu. Ver você com ela
nos braços supera qualquer incômodo que eu esteja sentindo agora.
— Obrigado, Mari. — Quantas vezes eu já a agradeci? — É a
realização de um sonho ter nossa filha e ter uma mulher como você. Eu nunca
conseguirei agradecer o suficiente — digo e uma confusão surge na porta.
Minha mãe e dona Ana estão brigando.
— Darei a primeira pulseira dela — minha mãe diz alto.
— Duvido. Eu comprei primeiro, já está até com o nome gravado e
veio diretamente da Tiffany. Ah, desculpe, você não deve saber o que é
Tiffany, porque mora na zona rural — dona Ana responde, fazendo uma
careta para minha mãe.
— Desculpe, mas serei obrigada a pedir para as senhoras saírem, se
permanecerem falando nessa altura. Isso é um hospital e estamos com uma
criança recém-nascida nos braços — repreendo e elas se encaram, como dois
galos de briga, enquanto eu e Mari seguramos o riso.
— Beatriz pode ter duas pulseiras. Minha filha será fashionista —
Mari diz, sorrindo.
— Oh, minha filha, como você está? — Ana vai abraçá-la e minha
mãe vem até mim.
— Oh, bebê da vovó, coisinha mais linda — ela fala e eu entrego meu
pacotinho em seus braços. Então vou pegar minha mulher. A abraço não
muito forte e ela deita sua cabeça em meu peitoral.
— Você é o pai mais gato.
— Você é a mãe mais linda.
— Agora é minha vez de pegá-la! — dona Ana diz, indo para cima da
minha mãe, que protege Beatriz e se esconde atrás de mim. Qual a idade
delas?
— Calma. Sem briga, senhoras — Mariana apazigua a situação.
Sabe o que é pior? Nós ainda enfrentaremos essa mesma briga com
nossos pais, com Alice e com as amigas da Mari, que estão lá embaixo,
esperando.
Não sei se sairemos vivos do hospital... Talvez sejamos expulsos.
Vinte dias! Vinte malditos dias sem fazer sexo!
Ok, por um excelente motivo, mas, ainda assim, eu e Arthur estamos
subindo pelas paredes. Temos evitado ficarmos próximos quando estamos
sozinhos. Calma, não é assim também! Nos primeiros dias não sentia vontade
e nem disposição. Minha disposição era apenas para babar em minha filha,
mas, de cinco dias para cá, tudo tem se tornado insuportável. É um fogo na...
Deus, me segure, Senhor!
Nossa princesinha é a bebê mais linda que já vi e, nesses vinte dias de
existência, eu já passei por muitos perrengues. O pior deles foi no teste do
pezinho. Eu não podia suportar ver minha bebê sendo submetida àquilo, mas
fui obrigada, após duas enfermeiras me retirarem de dentro do laboratório. E
as vacinas? Ai, meu Deus! Eu quase desmaiei na BCG, aquela agulha era
enorme e minha filha tão pequena e frágil, ou pelo menos parecia frágil, pois,
quem deu o show mesmo fui eu. Chorei com todas as malditas forças que
existem no meu ser e, depois disso, Arthur me proibiu de acompanhá-lo em
qualquer outra vacinação. Tenho me saído uma boa mãe, e Arthur... nem
preciso falar do seu desempenho como pai. Foi ele quem pacientemente me
ensinou a dar banho na nossa bebê e foi ele quem me deu banho durante os
primeiros sete dias pós-parto.
Beatriz, no terceiro dia de vida, não quis mais mamar no peito e isso
me causou muitas dores e empedramento de leite. Arthur, pacientemente,
colocava compressa de água morna em meus seios e me ordenhava como se
eu fosse uma vaca, com o auxílio da bombinha. Pior de tudo é que eu nem
sentia vergonha, pelo contrário, ficava admirada demais com suas ações para
me preocupar com a vergonha. Agora, tudo está sob controle, tem quatro dias
que meu leite secou por completo e Bia mama apenas na mamadeira. Eu
fiquei muito triste e tentei de todas as maneiras forçá-la ao peito, mas não
deu.
Saio do banho e vou atrás de algum sinal de fumaça, o silêncio está
reinando na casa. Quando chego à sala, pego mais uma das cenas lindas que
tenho presenciado nos últimos dias. Arthur está andando com Bia enquanto
canta músicas de ninar.
É um contraste interessante aquele serzinho pequeno em meio aos
braços fortes, repletos de veias saltadas, do meu homem. Meu coração se
enche de orgulho, amor e um monte de sentimentos bons. Como sempre, as
lágrimas começam a brotar em meus olhos, é perfeito demais isso tudo que
está acontecendo!
Decido não interromper o momento e vou até a cozinha preparar um
lanche. Minutos mais tarde, Arthur se junta a mim.
— Ela dormiu? — pergunto, sorridente.
— Sim, como um anjo.
— Acho que nós dois somos dois babões.
— Não tem como ser diferente. — Ele ri e puxa minha banqueta para
mais perto. — Sabia que você está ainda mais linda depois que virou mamãe?
— Passa um braço pela minha cintura e cheira meu pescoço, me deixando em
estado de alerta. Qualquer toque dele tem me levado além do que jamais
levou antes, talvez seja por ser a primeira vez que ficamos tanto tempo sem
sexo.
— Se você quiser continuar com o resguardo, é melhor que tire sua
boca do meu pescoço e se afaste.
— Ok! — ele diz e simplesmente se afasta. Que ódio! Eu já estou me
sentindo preparada, minha médica disse que era para eu fazer isso quando me
sentisse pronta, e eu me sinto, porra! Tá, Arthur não sabe que liguei para
minha médica hoje de manhã, mas foda-se! Estou com muito mau humor
agora.
Tudo bem, eu sempre dramatizo tudo, mas vocês entenderiam se
tivessem um homem como Arthur em casa. Não é fácil. É uma tortura do
caralho. Fora a insegurança. Ele é um homão da porra, um bando de mulheres
se joga sobre ele e ele está impossibilitado de comer a esposa...
Um barulhinho surge pela babá eletrônica e sorrimos. Essa garota tem
o poder de mudar meu humor muito rapidamente. Beatriz não chora, ela mia,
e isso é muito engraçado.
— Você faz a mamadeira? Vou pegá-la — ele diz, se levantando.
Minutos depois volta com a minha bolinha no colo. Ela está chupando a
mãozinha, desesperada pelo seu mama, e eu a pego no colo.
— Você quer dedeira? É, meu amorzinho? Fala pra mamãe! —
brinco com seu narizinho e ela sorri. Pego a mamadeira e ela suga tudo com
uma voracidade assustadora. Minha pequena ogrinha linda!
Ela mama o tempo todo fixada no pai, e eu quase tenho que buscar
um babador para ele. Já vi que perdi a vez e que ele será o preferido, ao
menos por enquanto. Ela termina de mamar, arrota e desmaia em meus
braços, isso já virou parte da rotina dela. Depois de conferir sua fraldinha, a
coloco no berço e ela fica como um anjinho.
— Nós temos mais ou menos quatro horas a partir de agora — Arthur
avisa, me assustando.
— Hãn?
— Nós temos quatro horas — diz, se aproximando a passos lentos.
— Sim, à noite ela dorme mais.
— Eu não sei se será o suficiente.
— Por quê? Ela sempre acorda, mama e dorme. Acho que ela dorme o
suficiente sim, amor.
— Não estou falando disso. Estou falando que não sei se quatro horas
serão suficientes para eu matar a saudade de te foder. Liguei para sua médica,
Mariana — diz, me pegando pela cintura.
— Você ligou para minha médica por causa de sexo? — pergunto,
boquiaberta. — Meu Deus, isso é o cúmulo do descaramento absoluto!
— Você acha isso mesmo? Porque ela me disse muito bem que você
ligou para ela hoje também — rebate meus argumentos e eu nem tenho como
me defender. Aliás, meu homem não me dá a mínima chance de formular
uma resposta, grudando nossos lábios num beijo duro, cheio de desejo
reprimido, como nos velhos tempos.
— Que isso, jovem, você está exaltado — digo e então estou sobre
ele. Enrolo minhas pernas em sua cintura e quase gozo só por sentir toda sua
dureza grudada em mim.
Parece exagero, mas não é. Eu estava tão necessitada disso. Eu e
Arthur somos um casal quente e explosivo, desde o início. Houve alguns
momentos em que pensei que era apenas por estarmos começando, mas não.
A situação só piora, o desejo só aumenta, o tesão explode fora de nós dois.
Algo surreal mesmo. Às vezes, me pego pensando em nosso relacionamento
e fico chocada comigo mesma. É absurdo, deve ser até mesmo pecado. Nós
vivemos a luxúria diariamente, desde o início.
Ele sai andando comigo em seus braços e em seguida sou depositada
sobre nossa cama. Afasta-se e me dá um belo show, retirando sua camisa.
Não preciso repetir isso, mas eu sou apenas enlouquecida pelo corpo dele.
Seu peitoral e seus braços, devidamente musculosos, são minha perdição,
justamente por serem o lugar onde encontro abrigo, conforto e proteção.
— Você gosta disso, não é? Gosta de me ver ficando nu na sua frente?
— pergunta, me provocando, enquanto mordo meu lábio inferior. Eu sou
apaixonada, muito. Cada dia mais. Quando penso que já estou apaixonada ao
limite, vem ele e me mostra que o sentimento é totalmente sem medida.
— Eu amo isso, Arthur. — Ele abaixa sua bermuda e retira sua cueca
boxer. Seu pau pulsante salta majestosamente, pronto para ser usado,
deixando minha boca seca. Eu ameaço ir à frente e chupá-lo, mas sou
impedida pelo meu homem controlador.
— Hoje é sobre você, Mari, eu vou adorar cada pedaço do seu corpo
— informa, subindo sobre a cama, e delicadamente afasta minhas pernas,
encaixando-se entre elas. Pega minha perna direita e começa a distribuir
beijos por toda extensão. Meu corpo arrepia com a sensação deliciosa de ter
sua boca o provando e, quando ele começa a beijar a parte interna da minha
coxa, bem próximo do local mais urgente, me contorço como uma louca
desesperada, o fazendo parar e sorrir. Sim, você não consegue ter
autocontrole após um período sem sexo. — Você quer que eu a beije? —
pergunta com a voz rouca e eu sacudo a cabeça desesperadamente,
confirmando. Arthur solta as minhas pernas, engancha os dedos em minha
calcinha, a rasga e joga longe, com uma facilidade assustadora. Abaixa-se até
mim, usando uma mão para apoiar seu corpo, e com a outra começa a passear
pela minha perna. Sua ereção bate em minha entrada e ele me beija dessa vez
lentamente, enquanto seus dedos deslizam até meu clitóris, pressionando e
fazendo círculos dolorosamente lentos. Eu estou envolvida em sensações. É
tão bom tê-lo pressionado em mim dessa maneira. Sou capaz de sentir meu
corpo pulsando por dentro, tamanha necessidade, e, quando estou quase
entregue, ele se afasta de repente, fazendo com que eu proteste, quase
chorando.
— Não, por favor, Arthur, mais, eu estava quase lá... — Minha boca é
calada quando ele rasga minha camisola ao meio, deixando-me em êxtase e
choque ao mesmo tempo. — Ei...
— Shhh — diz, beijando todo meu corpo e descendo até minha
excitação. Ele se ajeita e começa novamente a torturar meu clitóris. Isso é o
paraíso! Tudo se torna melhor quando sinto sua língua lamber minha carne,
com uma pressão deliciosa, enquanto ele enfia seus dedos e os retira, num
movimento de vai e vem, até que esteja me desintegrando por completo. Ele
sempre sabe tão bem como conduzir meu orgasmo...
Ele se levanta da cama, me deixando atônita, mas volta, segundos
depois, com um pacote de preservativo na boca. Estou perplexa mais uma
vez. Ele pensou em tudo e eu não sabia que era tão sexy vê-lo deslizando o
preservativo por toda sua extensão. Mas é absurdamente sexy. Eu sou muito
louca, mas amo ver sua intimidade com o próprio pau.
Se abaixando até mim, beija minha boca de um jeito possessivo.
Então, força sua ereção em minha entrada. Não é como costumava ser.
Merda, é o paraíso, mas está ardendo e me sinto como uma virgem,
segurando suas coxas, o impedindo de avançar mais.
— Está incomodando muito? — pergunta, preocupado.
— Sim, ardendo — respondo e ele sorri.
— A doutora disse que era normal. — Sim, ele está sorrindo como se
fosse dono da situação, enquanto eu estou chocada dele ter tido uma conversa
tão íntima com minha médica. — Vou devagar, princesa. Porra, você está
mais apertada que o normal — geme em apreciação. — Farei isso ser bom
pra você, ok? Confia em mim, virgenzinha? Vou tirar sua virgindade agora
— anuncia, ofegante, e eu não tenho dúvidas disso. Meu homem sabe o que
fazer e como fazer. Eu estou muito virgem!
— Claro que confio. — Ele me beija e volta a empurrar lentamente,
olhando para baixo e observando minha entrada cuidadosamente. Assim que
se vê por completo em mim, volta a me olhar, apoiando os cotovelos ao lado
do meu pescoço. Ele não se mexe, esperando que eu me acostume, enquanto
passa as mãos pelos meus cabelos e me beija carinhosamente. Começo a
impulsionar meu corpo sob o dele, e então o faço sorrir. Meu marido começa
a se mover lentamente, olhando fixamente para meus olhos. Fico envolvida
numa hipnose louca chamada Arthur Albuquerque Bragança.
Aos poucos, tudo vai tornando-se mais suportável nos países baixos e
meu prazer começa a se intensificar. Não a intensidade de loucura e
voracidade que sempre temos. Arthur está fazendo amor comigo, de um jeito
lento, e não menos intenso que as fodas loucas.
— Eu senti falta disso — diz em meu ouvido.
— Eu senti falta disso, a cada dia.
— Você está tão apertada, meu amor. Meu pau chega a estar doendo.
— Oh, merda... Eu amo quando você fala do seu pau, meu amor.
— A gravidez afetou seu cérebro, Mari, mais ainda.
— Não me lembre que eu tenho filha quando você está dentro de
mim. Isso é pecado — advirto e ele me encara, sério.
— Pecado será o que farei com você agora, meu amor.
— O que você fará? — questiono e ele dá um sorriso safado.
— Você teve nossa filha há vinte dias — pontua o óbvio.
— Sim.
— E eu não estou aguentando ir lento. — Oh...
— Não? — questiono, curiosa.
— Não, Mari!
— E então? — provoco.
— E então... eu vou começar a fodê-la bem forte, até quebrarmos essa
cama.
— E nós vamos ficar sem cama?
— Nós vamos. Mas, ainda assim, nós continuaremos transando pela
casa toda. Há dezenas de paredes, sofás, cadeiras, mesas. Todos eles prontos
para serem quebrados. Vou substituí-los com muito prazer, e nós vamos
quebrar cada um deles novamente.
— Você é rico.
— Nós somos milionários, meu amor. E vou gastar nosso dinheiro te
fodendo em cada parte desse mundo.
— Você vai? — pergunto, agarrando sua bunda e o trazendo mais
fundo em mim.
— Eu vou.
— Eu vou gozar, Arthur, antes mesmo de você me foder — informo,
desesperada. É tão bom...
— Vai, princesa?
— Sim. Você está indo lento e se esfregando em minha intimidade.
Me sinto tão sensível agora, tão perto...
— Intimidade? Ficou contida agora? — Ele ri.
— Minha boceta, assim é melhor?
— Assim é, minha Mari. A minha Mari versão puta.
— Sua Mari, sua puta, apenas sua.
— Eu amo você, puta! Goze para mim, meu amor, para que eu possa
começar a fodê-la forte, por gentileza.
— Será um prazer, meu amor — digo, o agarrando forte, e então ele
me beija. Um beijo louco que me faz bater os dentes. Agarro seus cabelos e
ele morde meu ombro. Eu gozo para meu amor, porque ele pediu e porque eu
não aguentava mais lutar contra essa vontade.
Acordo no dia seguinte com as energias renovadas, rindo a ponto de o
meu maxilar doer. Sim, ser amada e fodida numa só noite simboliza a
perfeição. Minha vagina está dolorida, mas, para compensar, estou me
sentindo empoderada por ter dado um game over em Arthur, que perdeu até o
horário de trabalhar.
Mesmo com a vagina doendo, me sinto no auge da disposição. Arthur
está no trabalho, Bia está no dorme/mama, Amélia na cozinha e minha Jé na
escolinha. Diga se esse não é um dia perfeito para eu resolver algumas
pendências?!
Sim, é a primeira vez que sairei sem minha pequerrucha, realmente
isso é algo que está doendo em meu peito. Mas há uma enorme pendência a
ser resolvida. Uma que esperei silenciosamente até ter minha bebê fora da
barriga. Uma que ninguém no mundo vai me impedir de resolver. Ou vocês
pensaram que eu tinha mesmo me esquecido de Ana Carolina, a arquiteta
prostigariranha?!
Eu acho que as pessoas deveriam começar a filtrar seus adversários.
Apenas isso.
Meu nome é Mariana Barcelos. E eu? Eu não sou a porra de uma
bagunça! Ninguém beija meu marido e sai impune!
Após me arrumar para o grande duelo do século, me olho no espelho,
feliz da vida com o que estou vendo. Arthur tem razão. Modéstia à parte,
estou mais bonita desde que fiquei grávida. Meu corpo mudou e mudou para
melhor, por incrível que possa parecer. Meus seios mais volumosos têm sido
minha parte preferida. Estou usando uma saia branca e uma blusinha de seda
branca, em meus pés há um leve saltinho, apenas para que eu me sinta um
pouco mais poderosa. Em meu rosto, só passei um brilho labial, porque não
há necessidade de maquiagem logo pela manhã. Belo Horizonte está com um
sol incrível, e não quero aparecer com a cara rebocada. Afinal, não preciso de
um look fatal para dar uma porrada em alguém.
Vocês pensaram que eu deixaria em branco? Queridas, ninguém beija
meu homem e passa despercebida! NINGUÉM! Eu já fui obrigada a ter que
ficar quieta em relação à Laís. Agora, em relação à senhorita Ana, o negócio
será mais embaixo. Eu disse que ela pagaria, e hoje é o dia da dívida ser
cobrada. Quanto a Arthur, resolvo depois.
Vou até o quarto da minha princesa e ela dorme como um anjo, como
sempre. Acostumem-se, viverei dizendo isso.
Dou um pequeno beijinho em sua testa e saio.
— Mari, não que eu tenha algo a ver, mas onde você vai? — Amélia
pergunta.
— Resolver umas pendências.
— Não vai fazer merda, não é? — Cara, até Amélia tem medo de
mim.
— Jamais, Amélia. Qualquer coisa me ligue, pretendo não demorar
muito. Você sabe todas as medidas do mama da Bia, sabe trocar fraldas, sabe
tudo. Confio na senhora, Amélia.
— Não se preocupe, minha netinha está em boas mãos.
— Eu sei. — Dou um abraço apertado nela.
— Vá tranquila e não faça merda. Não magoe Arthur, minha querida,
ele é um em um milhão. Um achado. — Todos pensam mesmo que eu só faço
merda, incrível.
Se ela soubesse o quanto eu sei disso, o quanto tenho medo de perdê-
lo. Ele é perfeito até em suas imperfeições, não que eu as tenha visto, mas
ninguém é cem por cento perfeito, ou talvez ele seja, até que provem o
contrário. Eu sei o quanto ele é valioso para mim, é por isso que preciso botar
moral, preciso me impor. Sei que as mulheres olham e o desejam
frequentemente, sei que ele tem clientes que devem tentar se jogar em cima
dele o tempo todo, essa é a hora de eu mostrar a quem ele pertence, em todos
os sentidos, e não somente àquela arquiteta de merda.
— Sei disso, é exatamente por isso que estou indo resolver umas
pendências.
Entro no carro, ligo o som e dou partida. Na saída do condomínio,
vejo meu pai e paro.
— Ei, pai!
— Oi, minha princesa, está indo onde?
— Resolver algumas coisinhas, já volto — explico, sorridente.
— Tudo bem. Vá com Deus.
— Amém, pai, fique com Ele. Qualquer coisa, me ligue.
— Vá tranquila. Vou ver minha netinha — diz. Eu me despeço,
saindo.
Aumento o som e How Deep is your love explode nos alto-falantes.
Por um momento pareço com a velha Mariana, aquela que eu era antes de
conhecer Arthur, a que gostava de músicas eletrônicas e funks variados. É
legal, eu ainda posso ser a “velha” em alguns aspectos, não posso mudar por
completo, não é mesmo? Sou jovem demais. Nossa, aliás, quando eu ia
imaginar estar praticamente casada e ser mãe com essa idade? Eu e Arthur
atropelamos várias fases em uma rapidez assustadora. Teoricamente, era para
estarmos prestes a ficar noivos, depois viria o casamento e os filhos. Mas,
invertemos tudo, primeiro os filhos, noivado e ainda vamos nos casar, não sei
quando, mas iremos. Eu não me arrependo de nada, muito pelo contrário, sou
completamente feliz e realizada.
Uma nova batida começa a ecoar e aumento o som ainda mais.
Minutos depois, estou chegando ao meu destino e a ansiedade vem com
força. Eu não sei qual será minha reação ao vê-la. Desço do carro, ajeito
minha saia e pego minha bolsa.
A recepcionista me recebe.
— Bom dia, senhora, em que posso ajudá-la?
— Bom dia, quero falar com a Ana Carolina.
— Claro, aguarde só um momento, pois ela está com cliente no
momento — ela diz e sorrio.
— Não, eu não vou esperar, querida — aviso e sigo até a sala da vadia
mor.
Dou uma batida na porta e, depois de alguns segundos, Ana abre.
Seguro o riso ao ver sua cara de espanto. Juro que ela está branca neste
momento. Ela tenta fechar a porta, mas eu coloco o pé, a impedindo.
— Por favor, estou com uma cliente importante e não posso perder
esse contrato.
— Sério? — digo, empurro a porta e entro. Uma mulher, que parece
ter minha faixa etária, está sentada em uma cadeira, com um homem muito
bonito e jovem. Ela pode vir a ser vítima de Ana, a arquiteta que pega
maridos alheios.
— Bom dia! — Estendo minha mão para a jovem. — Mariana
Barcelos, prazer. — Em seguida aperto a mão do homem.
— Bom dia. A senhora é a arquiteta que vai ajudar?
— Oh, não. Até vou ajudar, mas não dessa maneira. — A menina me
olha com curiosidade e eu sorrio.
— Dona Mariana, a senhora não quer esperar lá fora? — Ana
pergunta, fingindo controle e simpatia. Eu começo a rir.
— Eu agora sou senhora/dona? — Olho para ela e volto meu olhar ao
jovem casal. — E vocês, vieram fazer um projeto?
— Sim. Compramos três terrenos na Lagoa dos Ingleses e queremos
um projeto. Vamos nos casar em menos de dois anos. — Ela sorri, animada.
— Seremos vizinhas então, também moro lá. É um excelente lugar
para se morar e criar os filhos. Sabe, minha casa já estava pronta quando meu
marido a comprou. Temos uma filha de apenas 21 dias.
— Sério? Mas como pode você já estar plena desse jeito? — Já estou
íntima da cliente de Ana.
— Genética e amor, a combinação perfeita, que quase foi estragada
por uma arquiteta. — Olho para Ana e agora ela está vermelha.
— Por favor, Mariana, pode se retirar?
— Não, não posso — digo e me viro para o casal. — Olha, eu posso
dar um conselho a vocês? — Eles balançam a cabeça, afirmando. — Eu
estava grávida quando resolvi contratar essa pessoa para redecorar o interior
da casa. Então, num belo dia, eu chego em minha casa e a encontro agarrando
meu marido. — A menina arregala os olhos e eu olho para Ana, que abaixa a
cabeça. — Pois é, estava grávida de alguns meses e ela armou tudo,
friamente. Eu fiquei 24 horas brigada com meu marido, eu perdi um dia de
sexo. Você sabe o que é perder um dia de sexo com meu marido? E, para
finalizar, achei que era nosso fim. Achei que meu marido era um maldito
traidor. Não estou querendo que vocês deixem de contratá-la, mas pensem
bem. Esse é o melhor escritório de arquitetura de BH, eles possuem outros
arquitetos que, com toda certeza, sabem o significado da palavra ética
profissional. — Eles se levantam. Eu pego a mão dos dois e as coloco uma
em cima da outra. — Olha, vocês são tão jovens quanto eu, só estou dando
um conselho. Eu vim até aqui hoje para dar uns cinco tapas na cara dessa
mulher, mas, graças a vocês, consegui fazer melhor. Se ela fez comigo, ela
pode fazer com qualquer um. Sinto-me feliz em poder livrá-los dessa
maldição.
— Eu vou te processar por difamação. — Ela se levanta, histérica.
— Nós estamos indo — a menina responde e eles saem da sala
apressados. Agora somos apenas eu e ela.
— Processe, tenho um belíssimo advogado para me defender. — Me
aproximo da mesa e apoio minhas duas mãos sobre ela. — Sabe, imagino
como você se sente. Deve ser horrível perder um homem como Arthur, ainda
mais para alguém como Laís. Deve ser o último estágio da humilhação perder
qualquer homem para aquela mulher, imagina perder Arthur? Um homem tão
perfeito, forte, carinhoso, maduro e fodedor nato. Isso só mostra o quão
inferior você é. É ruim ser inferior, Ana? Deve ser por isso sua cara de limão
azedo. Agora está explicado. — Sorrio.
— Saia da minha sala!
— Vou sair, mas não acabamos aqui. Você precisa pagar pela sua
falta de ética. — Ela sai da mesa e tenta me dar um tapa, porém, sou mais alta
e mais ágil. Capturo sua mão no ar. — Olha, eu não faria isso. Qualquer coisa
que você fizer, só servirá mais contra si mesma. Você assediou meu marido,
basta uma palavra minha e seu chefe te colocará na rua. Sabe quanto um
assédio de um funcionário pode custar caro para uma empresa? Eu posso
processar não apenas você. E, se isso acontecer, duvido que consiga arrumar
um emprego renomado em Belo Horizonte.
— Preciso desse emprego, é sério. Não posso perdê-lo.
— Então me peça desculpas — ordeno, ainda segurando sua mão.
— Me desculpe.
— Oh, não, muito fácil. Quero que me peça desculpas de joelhos —
digo, tentando conter o ataque de riso.
— Não vou fazer isso, você é louca.
— Tudo bem. Cada escolha uma sentença, não é mesmo? — Viro as
costas e ela entra em desespero na frente da porta.
— Por favor, Mariana.
— Peça desculpas. — Ela bufa e se ajoelha no chão.
— Me desculpa, não farei mais isso. Eu nunca chegarei perto do
Arthur — diz e eu bato palmas, segurando o riso.
— Excelente. Nunca mais se aproxime dele, nunca mais pronuncie o
nome dele, e lembre-se, ele é casado com a mulher mais louca que você já
viu. — A puxo pelo cabelo, para se levantar. — Você nunca mais chegue
perto do meu homem, caso contrário vou deixá-la deformada e
desempregada. Vou acabar com sua reputação se ao menos pensar em Arthur.
Agora saia da minha frente! — Ela se afasta, mas eu volto após dar dois
passos para fora da porta. Não seria eu se não fizesse isso. A puxo pelos
cabelos e dou um tapa estalado em seu rosto, tão forte que ela acaba caindo
sentada ao chão. Faço isso relembrando de toda a dor que essa cidadã me fez
passar. Achei que perderia Arthur.
A recepcionista me olha e sorrio educada quando passo feito um
furacão pela recepção.
Estou de alma lavada, Jesus! Entro no carro e respiro fundo,
controlando minha raiva. Olho para minha mão direita, que está devidamente
vermelha e com uma leve ardência. Não tem problema, ela merecia mais, fui
boazinha e razoável. Preciso de algo para me acalmar e só conheço uma
pessoa que possa ajudar. Ligo o carro e vou atrás do meu controle. Ele saberá
o que fazer para me relaxar.
Mas... primeiro faço um pit stop no shopping. É hora de apimentar a
relação.
Estou em uma das reuniões mais importantes da minha vida. Diante
de mim, tenho o presidente geral da Vale do Rio Doce. É um contrato
multimilionário, onde prestarei meus serviços advocatícios. Estou debatendo
algumas cláusulas e então vejo que há uma folha faltando.
— Irei pegar a página que está faltando, um momento — informo.
Caminho até a recepção e fico paralisado ao avistar algo. Há um
monumento ali fora falando ao telefone.
Um monumento em forma de furacão. Apenas não sei dizer a escala
ou qual furacão é. Katrina, Sandy ou furacão Cindy. Ela é a porra da mulher
mais gostosa e sexy que já vi nessa vida. Nesse momento, meu pau já sentiu
seu cheiro e está querendo ganhar vida em minhas calças. Ela está no estilo
secretária executiva sexy, a porra de uma fantasia erótica do caralho.
Ela desliga o telefone, entra e senta-se na mesa da minha atual
secretária, Júlia.
— Pois não, senhor Arthur, há algo em que devo ajudá-lo?
— Quê? — questiono, perplexo.
— Sou sua secretária, senhor Arthur. Estou aqui para servi-lo! — ela
anuncia de forma séria e eu percebo que esse é mais um de seus jogos.
— Mari, meu amor, preciso de Júlia. Há uma folha faltando no
contrato, e é o maior contrato da minha vida.
— Folha 4? — pergunta, completamente profissional.
— Exatamente, meu amor.
— Irei imprimir e levar até o senhor. Há mais alguma coisa?
— Onde está Júlia? — questiono, curioso.
— Ela passou mal, vai passar mal por três horas e então retornará ao
trabalho. Mais alguma coisa, senhor Arthur?
— Mari, é uma reunião importante...
— Eu sei, senhor Arthur. Será um prazer imenso conhecer Fábio
Schvartsman, novo presidente da Vale do Rio Doce, ex-diretor financeiro da
Ultrapar, que chefiou a Duratex e presidiu a Klabin. É incrível que ele tenha
entrado para poder organizar a empresa, que estava em estado crítico nos
últimos anos. Eu espero que ele consiga fazer milagres. Mais alguma coisa,
senhor Arthur? Um cafezinho? — Puta merda! Essa diaba é o diabo mesmo.
Eu estou muito duro agora. Inteligência é afrodisíaco, pra caralho.
— Não — digo, tentando soar sério, e então retorno para a minha
sala, tentando pensar em velhinhas banguelas.
Em menos de um minuto, minha “secretária” está em minha sala, com
seu sorriso espetacular no rosto, roubando a atenção de um senhor de sessenta
anos que, provavelmente, está tendo uma ereção neste momento.
— Bom dia, senhor Fábio, me chamo Mariana — ela diz, oferecendo
um aperto de mão, e então ele está de pé, a olhando da cabeça aos pés. A
filha da puta é fodidamente foda. Eu pago pau para minha esposa. É isso.
— Arthur, não sabia que tinha uma outra secretária tão bonita,
elegante e educada.
— Mariana é minha esposa — digo, enfatizando a palavra esposa.
— Oh, sim, bela esposa, Arthur. Você é um homem de sorte — ele
diz, sorridente.
— Muito obrigada, senhor Fábio. — Mari sorri para ele e se vira para
mim, de um jeito bem formal. — Arthur, aqui está o papel que estava
faltando.
— Obrigado, meu amor. Você é incrível. — Sorrio forçado e ela se
vai, me dando uma bela visão de sua traseira. Essa saia deveria ser proibida.
Fico mais vinte minutos na reunião e então, para honra e para a glória,
Fábio se vai e estou com alguns milhões em minha conta bancária. Eu já sei
onde investir parte disso...
Ligo para a recepção e solicito a presença da minha secretária. Ela
irrompe pela porta no seu modo furacão de ser.
— Diga-me, secretária, como qual dos três furacões eu devo chamá-
la: Katrina, Sandy ou Cindy?
— Me chame apenas de sua puta, e já ficarei muito feliz. — Ela se
aproxima, joga meu corpo contra a parede e me segura pela gola da camisa.
Sua boca imunda me deixa ainda mais duro.
— Cadê nossa filha? — questiono.
— Está com Amélia e meu pai — diz e começa a me beijar com
vontade, sem qualquer tipo de delicadeza. Aperto sua bunda e a puxo para
meu corpo, para que ela sinta o quão duro sabe me deixar em questão de
segundos. Ela geme em minha boca e me afasto. Sorrio e deslizo minha boca
até seu ouvido. A provoco, enquanto suas mãos espertas abrem todos os
botões da minha camisa, e as minhas mãos trabalham unidas para subirem
sua saia.
— O que você quer, Mariana? Eu estou trabalhando. Você não pode
deixar nossa filha para vir aqui me provocar com essa bocetinha quente.
— Oh, Arthur... preciso de você. Quero você urgente — implora e
não penso em mais nada que não seja satisfazer minha mulher.
Meses depois...
Faz alguns meses que tenho me dedicado inteiramente à vida de mãe.
É fantástico, tão fantástico que só tenho saído de casa para levá-la ao
pediatra. Minha mãe tem insistido incansavelmente para que eu e Arthur
tenhamos algum lazer, algum momento nosso. O que ela não entende é que
nós temos, mas da nossa maneira, pelo menos eu acho que temos. Nossa vida
sexual voltou bem mais calma e, tirando isso, nós dois também temos nos
curtido e curtido nossa filha demais. Talvez só curtido mais nossa filha, sei
lá! Ainda estou pensando em como está essa nova fase. Só sei que as
mudanças são bastante radicais agora. Totalmente.
Talvez não seja saudável eu estar tão enfiada nessa bolha, Arthur pelo
menos trabalha e está sempre rodeado de pessoas. Já eu, prefiro o sossego de
ficar em casa, curtindo minha bebê, e gosto de curtir meu marido todas as
noites e aos finais de semana.
Beatriz é Arthur de saia. Seus cabelinhos já estão começando a
crescer, seus olhos e traços são totalmente do pai. Ela já mama sozinha, já
pega seu pezinho e está começando a comer papinhas do jeito mais
engraçado do mundo. Tudo vira uma lambança e, no final das refeições,
quem tenta ajudar sai sujo. Ela é terrivelmente alegre, saudável e de uns dias
para cá tem dormido oito horas seguidas, acordando ligada no 220.
Estamos deitadas na cama, curtindo uma à outra. Arthur chega e ela
começa a bater suas pequenas e gorduchas perninhas. É incrível quando ela
ouve a voz dele.
— Minha princesinha — ele diz e a pega no colo, em seguida vem ao
meu lado e me dá um beijo. — Tudo bem, princesa? — pergunta a mim.
— Tudo, amor, estava com saudades. — Sorrio e então ele fecha sua
cara, assim, do nada.
— Eu também. Troque de roupa, vamos sair — diz.
— Mas...
— Sem mas, Mariana. Vamos sair.
— E nossa filha? — pergunto, já sentindo o desespero me invadir.
— Ela vai, uai. Você precisa sair, amor. Na verdade, nós precisamos.
Conversei com nossos pais hoje e chegamos a essa conclusão. Você não pode
viver dentro do casulo o tempo todo, Mari. Por melhor que seja estar em casa,
você precisa sair. Nós estamos saindo! — Merda, estou virando assunto de
família agora.
— Você não tem o direito de decidir o que tenho que fazer, Arthur.
Muito menos tem o direito de ficar discutindo minha vida com os nossos
pais.
— Tenho sim. A partir do momento em que minha mulher está pálida
e não quer mais sair de casa, eu tenho todo direito — diz, tapando os ouvidos
da nossa bebê, e eu saio andando para a cozinha. Sinto seus passos vindo
atrás de mim e me adianto. Ele entrega nossa bebê para Amélia e continua a
perseguição. Sigo para o jardim e ele grita: — Pare, Mariana! — Eu finjo não
escutar. — Pare, porra, eu mandei você parar! — Diante de tanta insistência,
acabo cedendo e parando.
— O que foi, Arthur? Eu não estou pálida? Não estou feia? Saia você,
arrume alguém linda e plena!
— Pare de graça, Mariana. Eu não disse que você está feia, isso é
impossível. Só me escuta, porra!
— Tudo bem, diga — falo, cruzando os braços.
— Mari, porra, você parece estar tendo depressão pós-parto. Tudo
bem, você se diverte com nossa bebê, nós fazemos sexo, mas você não sai de
casa nem para levar Beatriz na casa dos nossos pais. Você diz não a todos os
programas que te convido, você não vai mais ao escritório exigir que eu te
foda duro. Caralho, eu sinto falta de te foder duro, Mari — ele grita. — Você
está pálida, porque não toma sol suficiente. Mariana, a Beatriz não é
intocável e nem tem uma doença que a impeça de sair de casa. Você precisa
voltar ao normal, Mari, nossa vida não tem que mudar por causa da Bia, é ela
quem tem que se adaptar à nossa rotina. — Eu começo a chorar com suas
verdades e ele me abraça. Eu não sei ser mãe. — Amor, ela vai para a escola
futuramente, terá a vidinha dela, você precisa ter a sua. Você precisa ir ao
shopping comprar roupas, precisa encontrar com suas amigas, ter um tempo
pra você. Aliás, você pode trabalhar comigo se quiser, princesa, apenas saia
dessa bolha. Até a pediatra já disse isso a você. Eu quero você de volta, meu
amor — diz e eu choro mais. — Eu te desejo tanto, sinto tanto tesão e amor
por você, mas você não deixa mais eu te mostrar isso. Vou assumir o controle
da situação, tirarei férias e trarei minha mulher de volta. Eu te amo, Mariana,
eu preciso de você comigo. — Ele começa a chorar, agarrado a mim, e o peso
de suas palavras caem sobre mim no mesmo instante. O que estou fazendo?
Eu não era assim, não sou assim! Eu não posso perdê-lo, não quero seu
sofrimento. O que estou fazendo com nosso relacionamento?
Alguns meses atrás, quando eu chegava em casa e via Mariana
deitada com nossa filha, meu coração batia mais forte em um misto de
orgulho, amor e admiração. Hoje, quando chego e vejo essa cena, sinto um
pouco de dor. Sinto que estou perdendo-a a cada dia que passa. Ela não faz
mais loucuras, não tem mais o fogo incontrolável. Não ouço mais suas
gargalhadas escandalosas ou seus gemidos que eram capazes de acordar o
bairro. A última vez que tivemos um sexo desesperado foi quando ela surgiu
no escritório do nada, pedindo para que eu a chamasse de puta e a fodesse. Eu
sinto falta disso, pra caralho! Nunca imaginei que teria que insistir para
termos sexo, mas ultimamente tem sido assim. Eu tenho que usar de muitas
armas para que ela venha até mim e façamos sexo.
Eu me sinto perdido, estou apelando para nossa família e para a
ginecologista dela. Talvez seja ridículo isso, mas foda-se, eu apenas preciso
conversar, tentar entender e buscar ajuda das pessoas mais próximas a nós.
Ela está agarrada a mim e eu a ela. Ela precisava ouvir as verdades, eu
precisei fazer com que ela conseguisse enxergar a situação, sem apelar para
outras coisas. Pelo seu choro, eu acho que valeu a pena. Está chorando como
se estivesse descarregando todos os seus medos e incertezas. Eu a entendo,
ela está perdida nesse novo mundo de “ser mãe”. Por mais que esteja se
saindo maravilhosamente bem, eu sinto que ela não está sabendo lidar com os
novos acontecimentos ou sabendo separar as coisas.
Não sei, mas ela parece achar que não pode deixar de ser mãe nem
por um único segundo, porém, eu não posso ficar sendo paciente a vida toda.
Eu sou pai também, sou alucinado pela nossa filha, tanto quanto ela. Mas sei
que também sou homem, sou marido, sou advogado, tenho minhas
necessidades. Eu tenho essa compreensão, porém ela parece não entender.
Preciso mostrá-la que tudo pode ser diferente, que tudo pode voltar ao
normal, que ela pode se dedicar à nossa filha, mas precisa se dedicar a si
mesma e às suas próprias necessidades. Ela precisa ser minha mulher, porque
eu sou apaixonado por ela e sinto sua falta a cada segundo.
Contendo minha dor e minhas lágrimas, a pego no colo e logo suas
pernas estão enroscadas em minha cintura. Ela deposita sua cabeça sobre meu
ombro e chora insistentemente. Caminho até dentro de casa e, com um
simples sinal de cabeça, Amélia entende que temos que resolver nossa
situação. Sei que com ela Beatriz está em boas mãos.
Entro em nosso quarto, caminho até o banheiro e a deposito sobre a
pia. Mari permanece com a cabeça baixa, chorando, e isso me parte o
coração. Nunca a vi tão vulnerável. Afasto-me apenas para colocar a hidro
para encher e volto, a envolvendo em meus braços. Em seguida, começo a
retirar suas roupas lentamente, fazendo-a parar de chorar instantaneamente e
ficar me observando.
Meu toque ainda a afeta tanto, por que ela tem negado isso?
Seus seios saltam livres quando eu retiro seu vestido. Ao vê-la apenas
de calcinha, luto pelo meu autocontrole. Esse corpo é projetado para o
pecado, cada curva e cada detalhe. Seus mamilos rosados, acesos, imploram
silenciosamente pelos meus lábios, sua respiração pesada entrega isso. Mas,
não é o momento, quero ouvir ela pedindo, implorando, quero minha mulher
de volta, como antes.
Afasto-me novamente e é a minha vez de ficar nu. Começo
empurrando meus sapatos para longe, retiro minha gravata e minha camisa. A
ouço soltar um suspiro, isso é bom, mas não me demonstro afetado. Continuo
retirando meu cinto, minha calça e fico de cueca. Apenas isso é o suficiente
para entregar o quão louco ela consegue me deixar apenas com um olhar e
um simples suspiro. Eu estou duro por ela, muito duro.
Aproximo-me novamente e a pego pela cintura, para facilitar a
retirada de sua pequena calcinha. Para testar seus limites, rasgo a peça em seu
corpo, e minha mulher ofega.
Seu olhar encontra o meu, enquanto jogo os restos de sua calcinha
fora. Não farei nada além de ter minha mão em sua cintura, por mais que eu
queira desesperadamente tê-la apertando meu pau com sua carne molhada.
Deus, como eu quero!
Nossos olhares estão fodendo entre si, porém, permanecemos apenas
nesse joguinho. Sou fraco o suficiente para virá-la de costas para mim.
Seguro firmemente em seus cabelos e grudo meu pau duro em sua bunda. Ela
apoia as duas mãos na bancada e eu distribuo beijos lentos e molhados pelo
seu pescoço. Ela empurra sua bunda ainda mais e eu me vejo obrigado a
firmar meus pés no chão, enquanto sigo com os torturantes beijos. Vou
passando minha língua pelo pescoço, traço um percurso até a orelha e
assopro. Depois, beijo sua nuca e vou até o outro lado, repetindo tudo
novamente. Com minha mão livre, chego até seu seio direito, apertando e
beliscando seu mamilo, arrancando um gemido gutural dela e tendo que
controlar o meu. Puta merda, que mulher gostosa!
— Por favor! — ela fala, fazendo com que eu sinta um alívio enorme.
Acho que a tenho de volta.
— O que você quer?
— Eu preciso que me ame, Arthur, eu preciso disso. — Sinto lágrimas
caindo pela minha mão e a viro de frente para mim, grudando minha ereção
em sua entrada.
— Por que está chorando?
— Por favor, faça amor comigo — implora e eu me afasto o
suficiente para ter meus dedos em sua carne, comprovando que ela está
melada de excitação. Tão molhada e escorregadia que faz meu pau pulsar.
Levo os dedos em minha boca e os chupo, sentindo seu sabor
fantástico. Ela fecha os olhos quando o faço e quando os abre eu vejo fogo.
Ela envolve suas mãos em minha cueca e deixa meu pau completamente
livre.
— Eu não farei mais amor com você, Mariana. Estou cansado de
fazer amor — aviso. Ela me puxa de encontro ao seu corpo e enfia as mãos
por entre os meus cabelos.
Pegue-me para você, Mari... Vamos lá. Me deixe louco.
— Eu não quero que faça, quero que me foda tão duro quanto
conseguir, por favor! Faça-me voltar ao normal, me foda forte, me bata,
marque meu corpo, me dê tudo que tem a oferecer, Tutu. — Cola seus lábios
nos meus e soco meu pau em sua entrada sem um pingo de delicadeza. Eu
darei o que ela quer. O que ela quer é tudo o que eu preciso. Vou foder sua
boceta com força.
Foda-se.
Puxo o tapete do banheiro e então minha mulher está no chão, deitada
sobre ele. Pego suas pernas, as coloco sobre meus ombros e eu meto meu pau
com força, sentindo a quentura e o aperto da sua boceta. Estou quase
quebrando minha mulher ao meio, tamanha a força das minhas investidas,
mas ela parece gostar disso. Ela gosta de duro, só tinha esquecido isso, e
estou aqui para lembrá-la.
Deixo apenas uma mão apoiando meu peso e vou brincar com seu
pequenino clitóris inchado. Eu amo essa porra, tanto que meu pau parece
mais duro agora. Ela geme gostoso para mim e aumento a pressão. É
exatamente isso que minha mulher precisa, ser fodida como puta. Sinto-a
apertando em torno de mim e eu sei que ela está gozando bem gostoso. A
deixo vazia e então a tenho furiosa, do jeito que eu gosto.
— Volte, Arthur Albuquerque, eu estava gozando, merda! Eu odeio
você agora — ela grita e eu a pego. Em seguida a jogo sobre a cama e estou
dentro dela, ainda mais forte. Minha mulher está gozando, ordenhando meu
pau com sua boceta.
— Eu vou gozar para você, Mari, mas vou continuar te fodendo. Você
quer? — pergunto e ela solta um gemido, arranhando minhas costas.
— Sim — diz, ofegando, e eu começo a me esfregar, do jeitinho que
ela gosta e do jeitinho que vai fazê-la gozar mais forte dessa vez. Abro bem
suas pernas e então somos um só, nada passa entre nós. A beijo para conter os
gritos, enquanto nossas línguas travam uma batalha sexual. Meu pau pulsa
com a necessidade de gozar e ela agarra minha bunda em busca de algo
impossível: uma maior conexão.
— Putinha, não faz isso, porra! Merda, você já é apertada o suficiente,
Mariana — protesto, sentindo minhas bolas endurecerem. Ela agarra meu
pescoço e eu permito que ela me vire como quer. Minha mulher sorri quando
se transforma em uma rainha da cavalgada. Eu apenas seguro em sua bunda,
aumentando a pressão. Essa mistura alucinante a faz gozar mais uma vez.
Logo, me sinto pronto para explodir e enchê-la com minha excitação. Gozo
rios de porra enquanto tento manter seu corpo calmo.
Aos poucos, domamos nosso instinto selvagem e ela apoia suas mãos
em meu peitoral. Tão linda e safada...
— Eu amo você. Você pode continuar sendo minha puta na cama,
Mari, isso não vai fazer de você uma mãe ruim. Eu quero você suja e puta na
cama, quero você fazendo merda, quero ter que fazer greve de sexo para te
castigar e depois fazer as pazes te fodendo sobre a primeira coisa que
encontrar pela frente. Quero brigar, quero tudo com você, quero senti-la viva,
como está agora. Não me negue isso, não se negue isso. — Ela volta a chorar
e então eu volto a transar. Sexo é o que resolve o problema da minha mulher.
Quero me sentir endurecendo novamente dentro dela. Ela se deita sobre mim
enquanto movimento seu corpo para cima e para baixo, por longos e
tortuosos minutos. Porra, eu estou sensível e duro, vou gozar de novo. Já
minha mulher, está gemendo e chorando. — Promete que vai voltar a ser a
minha Mari? Promete para mim que será minha puta? Vou gozar de novo
para você — digo em seu ouvido e então ela volta com força.
— Desgraçado! Puta que pariu! Eu prometo, Arthur, eu prometo!
— Isso, Mariana, agora sente minha porra jorrando dentro de você
mais uma vez, gostosa — anuncio e ela morde meu ombro.
Eu acho que a tenho de volta.
Sexo é 70%.
SEMANAS DEPOIS
Mariana vai dar um ataque, mas tenho quase certeza de que estamos
grávidos. Ela voltou ao normal por completo após eu ter dado uma surra de
pau para acordá-la para vida e, felizmente, nós não temos sido cuidadosos.
Pior que só me dei conta disso agora, a observando passar mal. Tem uma
semana que ela está tendo enjoos e tonturas ao decorrer do dia. Por isso, hoje
eu decidi que iremos ao médico.
A possibilidade de ela estar grávida novamente está me deixando em
êxtase e em um estado de contemplação total. Eu estou feliz pra caralho e
tendo que me controlar, fingir que não suspeito de nada. Às vezes, entro no
banheiro só para poder sorrir escondido. Não apenas isso, minhas tardes no
escritório têm sido olhando a foto de nós três juntos, imaginando como será
quando tivermos mais um serzinho conosco. Puta que pariu, será muito foda!
Eu quero muito que ela esteja grávida, mesmo que não estivesse pensando
nessa possibilidade tão cedo. Aliás, eu queria outro filho, mas daqui a uns
três anos. Porém, a possibilidade de tê-lo agora, é algo surreal. Teremos dois
minis nós correndo pela casa. Bia está com quase sete meses, isso significa
que ela pode ganhar um irmãozinho ou irmãzinha mais ou menos quatro
meses após completar seu primeiro aninho. Porra, eu estou no céu!
— Por que está rindo, Arthur? — Viu? Está foda esconder a
felicidade. Tenho medo que ela surte.
— Só lembrei de um negócio, amor. — Ela está sentada no banco
detrás, com Bia, enquanto eu dirijo.
— Eu estou passando mal e você está radiante, por que será?
— Por que será? — brinco.
— Olha, eu sei que está feliz, mas... não me sinto preparada ainda
para ter outro bebê. Estou com um puta medo, Arthur, não sei se darei conta.
— Então você acha que está grávida? — questiono, pedindo a Deus
para conter minha vontade de sorrir.
— Claro que acho. Nós dois não usamos proteção desde o dia em que
brigamos, Arthur. Porra, eu usei anticoncepcional a vida toda, tomava a
injeção de três em três meses sem esquecimento. Agora esqueci por completo
do controle de natalidade e, desde a briga, tudo ficou tão quente novamente
entre nós dois. Merda, Arthur, nós dois nos perdemos por completo nessa
nova fase. Está complicado.
— Perdemos o controle, amor. Acontece — confirmo. — Mas faz
parte, não é para arrancar os cabelos fora se você estiver grávida. Pensa pelo
lado bom, vamos criá-los juntos de uma vez, é melhor do que esperar alguns
anos e ter que voltar com tudo novamente. Porra, ficarei muito feliz se estiver
grávida, Mari, muito mesmo. Não me peça para tentar esconder isso.
— Eu nem fiz o exame de farmácia — ela diz com seu jeitinho
“Mariana teimosa” de ser.
— Vamos direto no de sangue e já ficamos lá para uma consulta.
Mais prático e certeiro. Você ficará feliz se estiver grávida? — Não tem
como não me preocupar com ela. Há um mês atrás eu estava desconfiando de
uma depressão pós-parto.
— Claro que vou, mas, novamente, nós não programamos isso.
Porém, entretanto, contudo, é um filho, fruto do nosso amor, não é? — ela
diz, me deixando orgulhoso. Realmente, é mais um fruto do nosso louco
amor. Fruto de muita foda louca.
— Isso, mocinha. Eu amo como você me surpreende, Mari. Eu amo
você, pra caralho.
— Shhh, não quero Beatriz falando caralho! — ela diz e olho pelo
retrovisor. Vejo que Bia está batendo palminhas e meu coração se derrete.
Cara, ela é linda demais! Meu coração parece sair da boca toda vez que a
vejo.
Coloco as músicas da Galinha Pintadinha quando paro no sinal, e ela
dá uma gargalhada que faz tudo valer a pena. Merda, eu já decorei todas elas,
é incrível como nasce um pai.
Estaciono na clínica médica e um friozinho na barriga não passa
despercebido. Pego minha garotinha (que está com uma blusa igual a minha)
e em seguida Mari sai do carro.
Ela está ansiosa e temerosa, puxando a respiração e soltando. A
abraço e ela sorri.
— Vamos lá — anuncia, decidida. — Não dê um único sorriso para
qualquer mulher que seja, sou psicopata — avisa.
— Sou um pai com uma filha nos braços, ninguém vai mexer comigo.
— Pisco o olho e ela fica muito brava.
Dez minutos depois, ela entra para a consulta e fico passeando pela
clínica com Beatriz, que atrai a atenção de todas as mulheres. Sinto-me
incomodado de tanto ouvir “ela é linda como o pai ou que pai lindo". Acho
que falta um pouco de noção nas pessoas. Estou com a minha filha, enquanto
minha mulher (que foi fodida pra caralho) está sendo atendida, porra.
É horrível receber cantadas quando apenas uma mulher no mundo tem
seu interesse. Acho feio se submeterem a isso. Nunca fui fã de mulheres
atiradas. Mari sempre foi discreta, tão discreta que eu jamais imaginaria que
ela possuía algum tipo de admiração por mim.
Saio do interior da clínica e passeio pelo jardim vazio. Estou ansioso e
Bia inquieta. A quem ela puxou? Porra, ela é Mariana! Com sete meses ela já
quer ganhar o mundo.
Puta que me pariu! Nossa Senhora das mulheres assanhadas, não
acredito que estou grávida! Estou aguardando o resultado do exame há
quarenta e cinco minutos e me encontro impaciente dentro do consultório. Na
verdade, nem preciso que ele fique pronto para confirmar, estou grávida! Eu
sinto.
Já estava tudo voltando ao normal. Voltei a malhar, a passear, estava
até pensando na hipótese de trabalhar com Arthur, mesmo acreditando que
não daria certo, devido à tensão sexual quando estamos perto. Enfim, agora
terei que mudar os planos novamente. Que seja! Ou talvez eu possa continuar
fazendo tudo isso. Obviamente de uma forma mais apropriada para uma
gestante. Talvez volte a fazer hidroginástica, pilates e yoga. Caramba, minha
cabeça está fervilhando sem ao menos ter a confirmação, estou ansiosa.
Ver Arthur passeando com Beatriz pelo jardim me desconcentra da
parte tensa da história e me faz enxergar o quão perfeito é a nossa vida. Ele é
um paizão e Beatriz o idolatra. É lindo de ver como ela olha para ele, seus
pequenos olhinhos brilham. Arthur é seu herói particular, mal sabe ela que
ele é o meu também.
E meu herói está torcendo para que eu saia daqui com um resultado
positivo, sei disso, mesmo ele tentando disfarçar que não está empolgado. Ele
mal dormiu essa noite.
Por um momento, tento deixar o medo de lado e passo a rezar para
que esteja mesmo grávida. Quero ver sua carinha de emoção e me sentir
orgulhosa por estar dando isto a ele.
— Bom, Mari, vamos ver se tem um bebê aí dentro? — minha médica
diz com o papel em mãos.
— Vamos. — Me sento e tamborilo meus dedos na mesa, enquanto a
doutora lê. Seu sorriso já responde minha dúvida. Estou grávida.
— Parabéns, mais um bebê para eu trazer ao mundo, Mariana! —
anuncia e eu me pego sorrindo e chorando, tudo ao mesmo tempo. Permito
deixar as lágrimas que estavam presas caírem. Estou preparada para isso?
Merda, estou feliz! Estou realmente feliz agora. — Quero vê-la daqui há
algumas semanas. Pelas minhas contas, você está grávida de apenas três
semanas, então vamos esperar mais três para começarmos o pré-natal e
podermos fazer a transvaginal. Vou prescrever apenas uma vitamina, tudo
bem?
— Claro, tudo bem. — Vou até o banheiro e limpo meu rosto. Assim
que volto, ela me entrega a receita e me abraça forte.
— Minha querida, não se assuste, ok? Você é incrível e tem um
marido incrível. Sei como é assustador ter um bebê em casa e estar esperando
outro, mas posso te garantir que é demais, Mari. Você vai vê-los crescendo
juntos, com uma diferença muito pequena. É lindo, Mari, lindo mesmo. Sua
saúde está boa, você é jovem, vai tirar isso de letra.
— Obrigada, doutora. Dá um medinho, mas sei que dará tudo certo.
Vou me sair bem, assim como me saio com Beatriz.
— Isso aí, minha linda. Te aguardo daqui a três semanas. Vou pedir à
secretária para marcar e entrar em contato.
— Tudo bem. Obrigada.
Saio da sala e encontro Arthur na recepção, brincando e dando
mamadeira à Beatriz. Ele sente minha presença e levanta o olhar. Então fica
de pé e me encara fixamente, à espera de uma resposta. Sorrio e meus olhos
se enchem de lágrimas novamente.
— Fala logo, Mari — pede, ansioso, e sorrio novamente.
— Nós teremos outro bebê — comunico e ele abre o sorriso mais
perfeito de todo o mundo. Terei cinquenta filhos se significar vê-lo radiante
desta maneira.
— Você vai ganhar um irmãozinho, filha! — ele diz para Bia e damos
um abraço triplo. — Porra, obrigado, Mariana! Obrigado!!! Puta que pariu,
por que você me faz tão feliz? Eu sou a porra do homem mais feliz do
mundo, graças a você!
— Olha a boca! A primeira palavra da nossa filha será porra —
brinco.
— Vamos, temos que comemorar e espalhar a novidade. Vamos
almoçar fora e depois vamos nas casas dos nossos pais. Vamos à Rede Globo,
apenas vamos. Quero espalhar para o mundo que serei pai novamente e que
você é a mulher mais linda, mais perfeita e gostosa do mundo inteiro. Eu te
amo demais, Mariana. Porra, te amo demais mesmo, pra caralho!!! — Ele me
beija e esprememos Bia entre nós. Sua gargalhada nos faz afastar. Como dois
bobos, ficamos babando em nossa princesa.
— Mamãe ama você, princesa.
— Papai também ama.
— Não acha melhor fazermos um jantar hoje à noite? Aí contamos a
todos de uma só vez. Posso pedir à Amélia para inventar algo com a Shirley
— digo.
Shirley é nossa nova ajudante. Ela tem quarenta e cinco anos e foi
recomendada por Amélia.
— Tudo bem, mas isso não vai me impedir de levá-la para almoçar —
diz com firmeza.
— Tudo bem, vamos almoçar!
Em alguns minutos nossos familiares estarão chegando e estou na
hidro ainda. Estou perdida em meus pensamentos e memórias. Sabe quando
sua ficha não cai por completo? É exatamente assim que me encontro, não só
pela nova gravidez, mas por todos os acontecimentos dos últimos tempos. Às
vezes olho para Arthur e não consigo acreditar que estamos juntos e
construindo uma família; olho para Bia e não acredito que ela é minha filha;
olho para nossa casa e não imagino que ela é “nossa” mesmo. Paro para
pensar na vida e não acredito que a tenho tão perfeita.
Em qual parte do caminho tudo mudou? Aquela Mariana que adorava
festas, bebedeiras e homens variados não existe mais. Ela está distante
demais da Mariana de hoje. Eu não me arrependo de nada que fiz, acho que
aproveitei tudo que tinha para aproveitar intensamente. Hoje só quero essa
vida nova que tenho. Sou muito mais feliz hoje, mas, às vezes, me pego
pensando na felicidade em que me encontro, não por mal, mas por parecer
um sonho. Agora teremos mais um integrante, que prova ainda mais que eu
sou uma mulher realizada. Agora somos quatro. Não, somos cinco, há
também a minha pequena Jé e, por mais que ela não seja nossa filha, nós a
consideramos muito.
— Ei, não vai sair daí mais não? — Arthur diz, invadindo não apenas
o banheiro, mas meus pensamentos também.
— Vou, só estava pensando.
— Nossos pais já estão na sala. Minha mãe e sua mãe já estão
brigando pela Beatriz. — Caramba, não sei o que acontece com elas. São as
pessoas mais maravilhosas que conheço, mas brigam toda vez que se
encontram, desde o nascimento da Bia. É no mínimo cômico.
— Sério?
— Sério, amor, preciso de ajuda. Nossos pais estão bebendo pinga lá
fora, enquanto as duas se matam na sala e Amélia tenta apaziguar. — Ele ri.
— Oh, merda! Pega a toalha para mim? — Ele pega, eu me levanto e
ele a envolve em meu corpo. Ficamos abraçados por um tempo, curtindo o
momento de paz e felicidade em que nos encontramos.
— Estou tão feliz, pequena, a ficha ainda não caiu — fala, me
olhando e fazendo carinho em minhas bochechas.
— Nem a minha, mas estou imensamente feliz, sinto-me em paz e
realizada.
— Construímos tanto em tão pouco tempo. É incrível, Mari.
— Muito, meu amor. Eu amo você tanto. Tudo que está acontecendo
é a personificação do nosso amor. Ele já não cabia mais em nós dois e
decidiu transbordar, agora somos quatro.
— Sim. Eu, você, dois filhos e falta um cachorro para ficar igual à
música.
— Deixa o B2 nascer e pensamos em um cachorro futuramente. —
Rio. — Não há espaço para um terceiro ou quarto filho agora, temos a Jé, que
é como nossa filha. Amélia não gosta que a tratemos como filha, mas eu a
considero como uma escondida — digo, o fazendo rir.
— Eu também. Fica sendo nosso segredo. Bom, vá trocar de roupa,
princesa, temos uma notícia para contar a todos.
— Ok, eu amo você.
— Eu também! Ah, tem apenas um detalhe, Mariana, vamos nos
casar. Você tem o prazo de três meses para organizar tudo. E tenho dito! E
não tem desculpa de barriga! E eu amo você, porra! — Rio, e ele se vai.
Estou grávida, Deus!
— Tia Mari, estou com saudade da minha mãe — Jéssica diz assim
que me vê, fazendo com que meus olhos se encham de lágrimas.
— Oh, meu amor! — Estou quase desabando, preciso me manter
firme. — Eu garanto que ela não está muito longe, ela deve estar aqui entre
nós, mesmo que não consigamos ver.
— Você acha mesmo?
— Eu acho, meu amor — falo, e basta um olhar para Arthur para que
ele saiba o que está acontecendo.
— Ei, Jé, eu e tia Mari temos um segredo muito secreto. — Ele se
aproxima, dizendo baixinho.
— Um segredo?
— Sim, vou contar para você, mas não pode falar agora, ok?
— Tudo bem — ela responde, rindo.
— Tem outro bebê na barriga da tia Mari.
— Uauuuuuuuu!!!!! — ela grita, com os olhos arregalados. — Como
ele foi parar aí, tia Mari? Igual à Bia? Pela cegonha?
— Exatamente, princesa.
— Uauuuuuuuu!!!!! — Rio com seu uau e Arthur dá a ideia de
desenharmos. Ficamos os três sentados, desenhando por um tempo, até Luiz
Eduardo, namorado de Alice, convidá-la para jogar videogame e ela se
distrair.
O jantar corre loucamente, assim como acontece todas as vezes que
reunimos nossos familiares. Minha mãe e minha sogra quase se matando,
meu sogro e meu pai bebendo, minha cunhada e o namorado trocando
carícias, e minha bebê (que só saber rir e bater palmas) e Jéssica no meio
disso tudo. Até minha filha é maluca, sinto isso. Enfim, de qualquer forma eu
não os trocaria por nada. Eu e Arthur temos a melhor família, e tudo sempre
termina em diversão.
Agora estamos sentados na sala, enquanto Beatriz dorme no carrinho.
É incrível como ela fica no meio da confusão, é como se estivesse no lugar
mais silencioso do mundo. Estou sentada no colo do Arthur, aguardando uma
trégua familiar para anunciar minha gravidez. Cara, caramba, cara, caraô,
estou grávida mesmo, senhor!
— Eles não vão parar de falar? — Arthur pergunta em meu ouvido e
eu seguro o riso.
— Acho que dá para irmos até o quarto dar uma rapidinha, eles não
vão perceber! — provoco meu homem e ele se mexe desconfortavelmente.
— Puta que pariu, estou louco para ficarmos a sós! Só falta isso para a
comemoração ficar completa.
— Vamos? Preciso de você.
— Ok, vá primeiro — ele fala e eu me levanto, tentando sair
disfarçadamente.
Segundos depois, no corredor que nos leva ao banheiro social, sinto as
mãos de Arthur em minha cintura, pegando-me por trás. Sua dureza pressiona
minha bunda, sua boca em meu pescoço me faz ficar ainda mais desesperada.
— Ei, ei, ei, onde vocês dois vão? — a dupla dinâmica (mamãe e
sogrinha) pergunta bem atrás de nós, fazendo eu dar um grito de susto.
— Porra, que susto!
— Nada de assanhamento agora, estamos em um jantar de família.
Vocês dois podem voltar para a sala — minha mãe diz e quero matá-la.
Mentira. Meia mentira. Não, talvez seja verdade mesmo.
— Cara, vocês sabem empatar uma foda! — Arthur esbraveja.
— Arthur, me respeite, sou sua mãe! Para a sala agora!
— Você também, Mariana — minha mãe diz e caímos na gargalhada.
— Por quê? Vamos ficar de castigo?
— Mariana, pare de graça! Aliás, vocês ainda não falaram o motivo
do jantar. Acho que está na hora. — Ela me tira dos braços do Arthur e
seguimos para a sala, um tanto quanto emputecidos da vida! Poxa, era só uma
rapidinha, em dez minutinhos estaríamos de volta.
— Pessoal, temos uma notícia — Arthur fala, sentando-se no sofá
como o dono do mundo e atraindo a atenção de todos. Ele me puxa pela mão,
fazendo com que eu caia ao seu lado. — Estamos grávidos!
— Sério? — minha cu pergunta, incrédula.
— Sério, confirmamos hoje — respondo.
— Caramba, vocês dois são coelhos? Não têm televisão em casa? —
mamãe pergunta, rindo, e todos vêm nos abraçar.
— Ah, minha linda, você me mata de alegria. Mais um anjinho para
nossa família. Meu filho, que coisa maravilhosa! Que orgulho de você.
— Filha — papai diz com a voz embargada. — Estou muito feliz pela
família linda que está construindo. Sei que, se eu partir a qualquer momento,
você estará em boas mãos. Que esse novo integrante da família venha cheio
de saúde e traga mais alegrias para todos nós. Você sabe que seu pai e sua
mãe sempre estarão aqui por vocês. — Merda, eu começo a chorar e o
abraço.
— Oh, pai! Obrigada, amo o senhor demais da conta, viu? Obrigada
por tudo que já fizeram por mim, pela minha boa educação. Quero criar meus
filhos como vocês me criaram. Vocês são meu espelho, pai. Ainda bem que
estamos perto agora.
— Para sempre, minha filha, até que a morte nos separe — mamãe diz
e nós três ficamos abraçados.
Não sei como consegui viver tantos anos com eles longe. Agora que
estou construindo minha família, passei a entender melhor o significado dela.
Família é tudo, tudo mesmo.
— Bom, sem choro, pessoal. É para comemorarmos. Vamos tomar
uma cachaça, sogrão — Arthur diz e sai com meu pai, meu sogro e Luiz.
— Como você está se sentindo, cunhada? — Alice pergunta.
— Estou bem, só tendo tonteira às vezes. Ainda não tive enjoos
significativos, dizem que uma gravidez nunca é igual a outra, né? Vamos ver
— digo.
— Ai, que linda! É tão bom ver Arthur nessa felicidade. Eu odiava
Laís, Arthur sempre estava de cara fechada e era ausente demais. Você
mudou a vida do meu irmão por completo. Meus pais serão gratos a você por
toda a eternidade, Mari. Você trouxe luz para nossa família — ela fala, me
fazendo chorar. Está aberta a temporada de choro livre.
— Eu não fiz nada, mas, obrigada. Foi ele quem mudou minha vida,
cunhadinha, pode acreditar. Ele é maravilhoso.
— Queria sentir um amor assim, como o de vocês.
— Você não ama Luiz? — pergunto, assustada.
— Não, não é isso. Eu o amo, mas não é nada arrebatador, como você
e Arthur. Acredito que isso seja raro, não é? O amo sim, não consigo me
imaginar com mais ninguém, calma, Mari. — Ela ri da minha cara assustada
e volto a respirar.
— Nossa, que susto! Bom, eu já tive outros namoricos, nada
significante. Porém, tenho que concordar, o que eu e Arthur temos é raro.
Considero-me uma sortuda, nós não conseguimos manter nossas mãos longe
um do outro por muito tempo, é louco. — Retiro Beatriz do carrinho e a pego
no colo. Seguimos para o quartinho dela, deixando minha mãe e minha sogra
fofocando. Sinto que Alice precisa conversar. Coloco Beatriz no berço e ela
permanece dormindo como um anjinho.
— Ela é tão linda.
— Demais, não é? Se eu pudesse, ficaria babando o dia todo, mas não
é saudável — respondo, sorrindo.
— Mari, a vida sexual de vocês é tão intensa como vocês dois são?
Desculpe perguntar — ela fala, sem graça.
— Quer saber do desempenho sexual do seu irmão? — brinco para
quebrar o clima tenso. — É muito mais intensa do que nós dois parecemos
ser, cunhada. Assim que Beatriz nasceu, tive uma fase de bolha, minha e
dela, o sexo diminuiu bastante e eu não estava sendo eu. Porém, Arthur veio e
me trouxe de volta à realidade dos fatos, agora estamos firmes e fortes
novamente.
— Eu e Luiz só transamos duas vezes na semana, às vezes nem isso.
E não somos casados e nem temos filhos. Tudo bem que não moramos juntos,
mas eu queria que tivéssemos mais fogo, sabe? Acho que somos um casal
apagado, mesmo sabendo que ele me ama e que eu o amo.
— Sério? Eu e Arthur transamos no mínimo duas vezes por dia,
quando não estou naqueles dias tensos do mês. — Ela arregala os olhos. —
Calma, nem todos os casais são assim. — Sorrio. — Somos um caso à parte.
Já namorei antes dele, e eu e meu namorado não transávamos como dois
coelhos. Transávamos às vezes e, para mim, isso era normal. Estava
satisfeita. Meu problema é Arthur, Alice, o que eu e ele temos é carnal
demais. Nunca fui tão intensa como sou com ele.
— Eu não sei como mudar minha situação — ela desabafa.
— Por que não tenta inovar? Talvez só precisem de um
empurrãozinho, cunhada. Se quiser, podemos ir fazer umas comprinhas de
apetrechos para apimentarem a relação, posso te ajudar.
— Você usa apetrechos? — ela pergunta, completamente
envergonhada.
— Pior que não, mas sei que ajuda a esquentar. Tente inovar, homens
gostam de mulheres ousadas entre quatro paredes, Alice. Acho que é por isso
que eu e Arthur nos damos tão bem. Eu não tenho um pingo de vergonha na
cara quando o assunto é sexo com ele. Desculpe dizer, mas, já que estamos
falando desse assunto, me sinto na obrigação de te falar que sou uma vadia
com Arthur e o tenho nas mãos, assim como ele também me tem.
— Uau, deve ser quente meu irmãozinho. Merda, não queria saber do
desempenho sexual do meu irmão! Mas, Mari, você me deixa à vontade para
falar dessas coisas, sinto que você pode me entender.
— Não se preocupe com isso. Sempre que quiser conversar, estarei
aqui. — A abraço. — Olha, é sério, ouse mais, não fique só esperando
atitudes dele. Se você tem vontade, vá lá e faça. O instigue, peça, eles se
sentem poderosos quando pedimos por sexo, quando ousamos e mostramos o
que queremos. Às vezes apareço no escritório de Arthur no meio do
expediente, Alice. — Ela está chocada. — Ele fica maluco num grau que
você nem imagina. Quando estamos em restaurantes, sempre dou um jeitinho
de dar uma apalpada nele, enfim, faço muitas loucuras. — Rio. — Acho que
minhas loucuras ganharam Arthur, assim como o jeito dominante dele me
ganhou. Arthur é muito homem, muito macho alfa, me castiga e depois me dá
carinho, tudo sob medida. Sabe o que fazer e como fazer. Luiz é mais novo
que ele, perfeito para você deixá-lo como quer, Alice. Como um
adestramento, entende? Ele vai gostar de você mais ousada, garanto.
— Ai, meu Deus, acho que seguirei seus conselhos, Mari. Quero
muito isso. Você é demais, por isso meu irmão está louco e feliz.
— Que nada, você é incrível, cu. Vai dar tudo certo. Se há amor, há
muita coisa.
— Tudo bem, obrigada, obrigada mesmo. — Ela me abraça mais uma
vez.
— Às ordens sempre. Não precisa se envergonhar, somos família e eu
quero muito ser sua amiga — digo e pego suas mãos.
— Você já é.
— Bom, vamos lá. Nossos homens devem estar se entupindo de
cachaça.
— Aff, nem me diga! Arthur não é tão acostumado com isso.
— É, esse é o problema. Tenho que colocar limite nele. — Chegamos
à área externa e os bebuns estão começando a ficar felizes demais. Meu
bebum vem até mim, me pega pela cintura, gruda nossos corpos e me beija.
Fico mortificada. Ele faz sem se importar com os demais. Puta que pariu!
Que delícia, mesmo com gosto de cachaça.
— Jéssica?
— Dormiu. A levei para o quarto, minutos atrás — responde,
sarrando descaradamente. — Quero foder sua bocetinha — diz em meu
ouvido e o afasto levemente.
— Controle-se e pare de beber, estamos reunidos com nossa família.
— Eu estou duro pra caralho, eles vão perceber, terá que ficar me
tapando, amorzinho — diz, rindo, pressionando sua ereção em minha barriga.
Controlo-me o máximo para me fingir de “não afetada” e ele ficar quieto.
Quieto, porém, bêbado.
— Shhh, calminha aí.
— Bom, acho que está na hora de irmos embora — mamãe chega
falando e eu quase pulo de felicidade. Eu os amo, mas meu marido está me
enlouquecendo.
— Ah, fique mais um pouco — falo, sorrindo.
— É, vamos terminar a garrafa — meu sogro diz. — Controle-se,
Arthur, não te criei dessa maneira.
— Estou quieto, não estou fazendo nada, pai. Vamos beber mais uma.
— Ele me vira e começa a me guiar para a mesa. Realmente virei um escudo.
Isso só pode ser pegadinha. — Vou te foder em todos os cômodos hoje —
fala baixo em meu ouvido. — Aposto que está molhadinha e contraindo
involuntariamente. Aposto que seus mamilos estão durinhos, querendo minha
boca neles. — Olho para todos e pego Alice me observando disfarçadamente.
Ela sabe que está rolando algo aqui e se aproxima de Luiz. A observo dizer
algo em seu ouvido, que o faz ficar vermelho no mesmo instante. Ele até
mesmo vira um copo de cachaça. Seguro o riso, observando a cena. Pequena
aprendiz.
A babá eletrônica avisa que Bia acordou.
— Vou ver minha pequena.
— Eu vou também — Arthur diz e me viro para encará-lo.
— Não, você vai ficar aí e vai parar de beber.
— Tudo bem, madame. Aproveite que estamos na frente de todos
para me dar ordens. Daqui a pouco eles vão embora e o único a dar ordens
será eu — fala alto, para todos escutarem e rirem. Porra, ele perdeu o filtro?
— Por isso que eu amo meu genro! — Mamãe aplaude.
— Meu Deus! Vocês são um bando de loucos! Vou olhar minha filha,
que é a única normal dessa família.
— Ah, Mariana, não vem dar uma de santa na frente da nossa família,
você gosta que eu mande em você, princesa.
— Eu vou cortar suas bolas fora! — ameaço.
— Essa é nossa deixa, pessoal, vamos embora! Vamos ver nossa
netinha e pegar o caminho da roça. Quer dizer, os pais do Arthur vão pegar o
caminho da roça, eu e meu maridinho pegaremos o caminho para a
civilização.
— Mãe! — xingo.
— É brincadeira, minha nora, sua mãe me ama. Já me acostumei com
esse jeito louco dela, não se preocupe — minha sogra diz.
Sigo até o quarto de Bia com a tropa toda atrás de mim, exceto Alice
e Luiz. Safadinha!
Quando vou pegar minha bebê no colo, minha mãe e minha sogra
entram na frente e começa a batalha.
— Eu vou pegar minha neta! — minha sogra fala.
— Ela é minha neta também!
— Nenhuma das duas vai pegar, eu vou, e assunto encerrado! — meu
sogro diz e pega meu embrulhinho sorridente. — Minha princesinha, vovô te
salvou desse povo, não é? Coisinha linda. — Ela sorri e ele fica todo bobo,
enquanto ficamos admirando a cena. — Quem é a cara do papai? Quem é?
— É verdade, Mariana, ela só puxou sua perereca, porque ela é a cara
do meu genro.
— Mãe, menos. Estou feliz por ela ter puxado o pai, ele é lindo —
digo, olhando para o meu homem.
— Ô gostosa, você que é linda, tesão! — Quero matá-lo, de verdade!
— Eita, hoje tem, bacana!
— Vou sair daqui, ainda não acho confortável saber que minha filha
faz essas coisas — meu pai protesta.
— Ah, para de graça! Ela já tem dois filhos, você acha que ela fez
com o dedo, meu velho? Claro que não! Ela fez como nós a fizemos, amor.
— Mamãe dá um tapa na bunda do meu pai, fazendo todos rirem. Senhor,
estou cercada de pessoas loucas.
Quarenta minutos depois, após fazermos Beatriz dormir novamente,
nos despedimos de todos.
— Mari, obrigada! Já estou seguindo suas instruções e estou sendo
bem-sucedida, depois te conto — Alice diz em meu ouvido.
— Fico aguardando. Aproveite a noite, cunhadinha! — Pisco o olho
para ela e eles se vão.
Confiro Beatriz novamente e vou para o meu quarto. Há apenas um
acontecimento que não me agradou: Jéssica. Eu preciso falar mais uma vez
com Amélia, precisamos insistir num acompanhamento psicológico. Já
tentamos e Jéssica não aceita.
Arthur está deitado de bruços na cama e parece desmaiado. Vou até o
banheiro, retiro minha roupa e entro embaixo da ducha para tomar meu banho
bem morno. Aproveito para rever todos os acontecimentos bons do dia. Posso
resumi-lo em três palavras: surpreendente, incrível e louco.
Surpreendente porque tenho mais um bebê, incrível porque tenho o
melhor marido do mundo e louco porque tenho a família mais crazy de todos
os tempos. Felicidade, satisfação e plenitude me definem. Sinto-me perto do
céu e, nesse momento, com as lágrimas caindo, só tenho a agradecer a Deus
por tudo.
— Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! Puta que pariu! — Sou
surpreendida por Arthur grudando sua dureza na minha bunda, fazendo com
que eu quase me desequilibre. Ele não estava... — Porra, que delícia! Eu
estava rezando, diabo!
— Achou que ia dormir sem cumprir minhas promessas? — pergunta,
me grudando na parede e enfiando dois dedos em minha entrada,
violentamente. Esse homem bêbado é bruto. Eu o amo bruto. Sou toda errada.
— Mais, mais, mais...
— Gostosa, vou te dar mais assim que gozar nos meus dedos.
— Oh, meu Deus! Amo você, porra... Por favor...
— A noite será longa, Mariana. Primeiro meus dedos, depois minha
língua e por último meu pau! Carpe Night, gostosa!
Eu nunca gostei tanto dos finais de semana como gosto agora. Na
verdade, eles até eram legais, mas agora eles beiram à perfeição. É delicioso
aproveitar cada minuto com Arthur, Bia e, às vezes, com Jéssica. Aos finais
de semana somos só nós em casa e procuramos aproveitar ao máximo. A vida
de “casada” tem me surpreendido muito, não é o terror que tantas pessoas
falam, ao menos não para nós.
Eu amo observar Arthur andando relaxado pela casa, vestido com
suas havaianas brancas e bermuda de moletom, totalmente diferente do modo
empresário. Amo vê-lo preparando a mamadeira da Bia com um pano de
prato jogado no ombro, amo quando ele cisma de arriscar algum prato
diferente e caga toda a cozinha. Amo quando nos permitimos virar crianças
como nossa bebê e nossa Jé. São pequenas coisas que se tornam grandiosas
demais para mim. A vida doméstica é maravilhosa demais quando se tem
alguém especial como Arthur, até lavar louça se torna incrível. Quem podia
imaginar que um dia eu diria algo assim? Ninguém! E juro que não é exagero
da minha parte, talvez eu tenha sido presenteada ao cubo.
Minha segunda gravidez está mais controlada em algumas questões, e
uma loucura em outros. Tenho sentido fome o tempo todo e dormido mais
que o normal. Para compensar, os enjoos têm sido mais controlados e isso já
é o melhor dos mundos para mim.
Agora mesmo, estamos estirados no sofá, assistindo filme e comendo
pipoca. O filme está um tanto entediante, mas Arthur está tão concentrado,
que não está notando minhas investidas delicadas. O que os homens têm com
filmes de ação e super-heróis? Talvez seja o mesmo que nós, mulheres, temos
com os filmes de romance e comédia romântica. Faz alguns minutos que
estou tentando provocá-lo com a minha perna, mas nada está conseguindo
atrair sua atenção. Eu adoro fazer travessuras, e uma ideia surge em minha
mente, afinal, não posso deixar meu homem sem a Mariana por quem ele se
apaixonou. Estou tão calma, que não estou sendo muito eu, mas talvez seja a
hora de tentar inovar.
Levanto vagarosamente e corro até o meu banheiro para pegar o que
preciso. Volto para a sala e Arthur nem se deu conta que eu tinha saído, nem
pisca. Só se lembra da minha presença quando retiro o balde de pipoca de
suas mãos, o fazendo me olhar como um extraterrestre. Dou meu sorriso mais
angelical e ele volta os olhos para a grande tela à nossa frente. Lentamente
coloco minha mão em sua barriga e tento entrar em sua bermuda. Ele se mexe
um pouco, mas, ainda assim, permanece focado no filme. Ao menos agora sei
que ele sabe onde estou querendo chegar. Com mais um pouquinho de
tentativa, alcanço seu majestoso pau e coloco para fora da bermuda. Meu
adorável cafajeste solta um suspiro e se mexe novamente, para facilitar meu
trabalho. É um puto mesmo!
Assim que o deixo livre, despejo um pouco de creme nas mãos e
torno a segurar seu membro de ouro.
— Porra! Está gelado, Mari — protesta sob gemidos, me fazendo rir.
Algumas bombadas e o sinto crescer em minhas mãos. Maldito seja, isso é
quente! — Senta nele, vai...
— Não. Quero inovar. Quero fazer você gozar usando apenas minhas
mãos. Desistiu do filme? — provoco.
— Porra, como vou prestar atenção no filme quando minha mulher
tem as mãos em meu pau? Senta aqui, Mari, a gente goza juntinho... — ele
implora de modo sedutor, dando os leves gemidos que eu tanto amo.
— Temos a noite toda para isso. Realmente quero testar minhas
habilidades manuais. — Fico de pé, me ajoelho ao chão e me acomodo entre
suas pernas. Termino de puxar sua bermuda para baixo e começo o trabalho
“sujo”. Arthur vai receber uma belíssima massagem no pau, e não uma
punheta qualquer!
Com as duas mãos o envolvendo, eu começo a trabalhar, utilizando
meus polegares. Desço até a base e subo massageando até sua cabeça
lustrosa.
— Puta que pariu, de onde você tirou essa ideia? Porra!
— Shhhh! — repreendo. Dessa vez começo a me dedicar mais na
cabecinha. Demoro um tempo a massageando com os polegares, fazendo
Arthur rugir como um animal feroz. Vou dando leves torções e intercalando
os movimentos, deslizando do início ao fim, em uma pressão torturante para
meu homem. Em alguns momentos, aperto suas bolas, e ele grita de tesão. Os
tremores na perna denunciam o quão perto ele está de gozar. Com isso,
começo a caprichar nas bombadas, até ter seu líquido viscoso escorrendo pelo
seu peitoral e grudado às minhas mãos. Arthur abre os olhos segundos
depois, e dou meu sorriso mais descarado quando vejo sua cara de
embasbacado com o que acabei de provocar nele. Não satisfeita, fico de pé e
deslizo minha língua por todo seu peitoral, limpando os resquícios do seu
esperma. Tudo acaba quando sinto suas mãos fortes agarrarem meus cabelos.
— Porra, Mariana, você está grávida! Não quero você engolindo
minha porra!
— Estava uma delícia, e deixa de problematizar, não tem nada a ver
isso que está falando. Aliás, esperma é até bom para a saúde.
— De onde tirou essa asneira?
— Estudos comprovaram. — Rio e ele aperta mais meus cabelos. —
Ai, tutu...
— Você é uma safada mesmo, sou alucinado com você.
— E eu com você, minha vida.
— Vamos fazer amorzinho no banho?
— Não. Só vou se for para foder. — Sorrio e em seguida mordo os
lábios.
— Fazemos amor e depois te debruço sobre a pia e te como de quatro.
— Ele lambe meus lábios. Sinto-me obrigada a aceitar a proposta quando
minhas partes de baixo começam a piscar, saliente! Ele me enlouquece!
— Tudo bem. Vá indo, vou lavar as mãos e verificar nossa bebê
dorminhoca. — Me levanto.
— Faça isso. Pelo horário que ela dormiu, ainda temos um tempo. Te
aguardo ansioso no banheiro. — Ele se levanta e sai gloriosamente nu, me
deixando com a visão de sua traseira perfeita. Maldição! Esse corpo dele não
pode ser normal. Costas largas, bumbum perfeito, pernas torneadas... Parece
que a academia tem o deixado ainda melhor!
Isso me dá vontade de me cuidar ainda mais. Merda! Acho que
preciso controlar a alimentação e fazer alguns exercícios a mais nessa
gestação.
Lavo minhas mãos e sigo para o quarto da minha pequenina. Quando
adentro quase tenho um ataque cardíaco. Beatriz está em pé, dentro do berço,
apoiada na grade. Quando me vê, começa a se remexer toda e dá gargalhadas.
— Meu Deus, bebê. Como a mamãe não te escutou? — A pego no
colo e ela começa a bater as mãozinhas. — Princesa mais linda do mundo da
mamãe, você atordou, foi? Sapequinha. — Procuro a babá eletrônica e a
encontro caída no berço, desligada. Não acredito que minha bebê já está
começando a tocar o terror!
Ela aponta para a porta e me surpreende.
— Papa, papa, papa... — OH, MEU DEUS! Quero morrer agora! Essa
filha da mãe está falando papa pela primeira vez na vida!
— Papai? — digo e ela aponta para a porta, batendo palmas. Não
acredito! Sua primeira palavra foi papai? Puta que pariu! Carreguei nove
meses e ela fala papai? Ai, meu Deus, não deixa de ser linda e emocionante.
As lágrimas estão escorrendo dos meus olhos, impossíveis de serem
controladas. — Diga mamãe. Vamos lá, pequena traidora, mamãe.
— Papa. — Nossa, Arthur agora morre! Meu homem vai ficar tão
feliz e orgulhoso... Estou ansiosa para ver seu rosto de felicidade.
— Vamos procurar o papai. — Ela bate palminhas e seguimos até o
banheiro. Assim que abro a porta, Arthur vem com tudo para cima de mim e
para a poucos centímetros, quando vê nossa bebê no colo.
— Papa, papa, papa — ela grita, eufórica, e ele me olha em choque.
— Papa.
— Não acredito! — ele diz com os olhos cheios de lágrimas.
— Acredite.
— Porra, eu sou feliz demais, Mariana! Não sabia que era tão foda
ouvir a filha dizendo papai.
— Papa. — Bia quase se joga do meu colo, e Arthur a pega,
envolvendo-a num abraço quase apertado demais.
— Minha princesinha, eu amo você, minha pequena. Papai ama Bia.
— Ele termina o abraço e ela fica sorrindo para ele.
— Espero que você tenha limpado essa porra no peitoral.
— Eu limpei — responde, sorridente.
— Papa, papa. — Ela bate palminhas, feliz da vida, e nesse momento
me sinto a mulher mais realizada, por ter uma filha saudável, feliz e amorosa.
Além de ter um homem que merece todos os momentos felizes que tem
passado e muito mais. Meus amores, minha família!
— Mamãe — Arthur diz para ela e ela olha para mim.
— Papa.
— Mamãe, filha. Diga ma-mãe — ele insiste, falando pausadamente
até ela entender.
— Mama, mama.
— Ohhhh, meu Deussss... Eu vou te matar de tanto beijo, sua
gorducha! — grito e a pego no colo. — Viu, babacão, ela também falou
mamãe! Chupa!
— Mas falou papai primeiro, babacona. Estou um passo à sua frente.
— Ele nos abraça e ficamos rindo, contemplando as primeiras palavrinhas da
nossa bebê!
Eu nasci para ser casada!
Na segunda de manhã, Amélia chega com Jéssica.
A maioria dos finais de semana elas vão para casa, apenas alguns elas
ficam.
Aproveito o momento em que Jéssica vai para a TV e sinto que
preciso conversar com Amélia.
— Amélia, você sabe que eu te amo, não sabe? — pergunto e ela
sorri.
— Sei, minha filha, assim como eu amo você.
— Eu sei que a senhora já disse que não quer que eu e Arthur façamos
papel de pais, mas há algo que precisamos conversar. Realmente precisamos
insistir para que Jéssica aceite o acompanhamento psicológico.
— Nós tentamos, Mari, ela foi em três consultas e não quis continuar.
— Mas, Amélia, precisamos insistir nisso. Não podemos mimá-la
tanto, por mais que eu a ame.
— Vou tentar convencê-la, Mari.
— Conte comigo e com Arthur. Por que ela não foi à aula?
— Disse que está se sentindo mal. Mari, às vezes eu preciso mimá-la,
ela perdeu os pais, só tem a mim e a vocês — Amélia diz, triste, e eu a
abraço.
— Tudo vai dar certo, vamos tentar e conseguir, ok? Vocês duas têm
a nós — falo e ouço o interfone tocar.
Amélia vai atender. Chega um enorme buquê de flores, acompanhado
de uma caixa com bombons finos. Meu sorriso parece não caber no rosto.
— É do senhor Arthur — Amélia diz, orgulhosa, e eu pego um grande
envelope dentro do buquê.
— Ele é tão perfeito. — Sorrio. Nesse momento, milhares de corações
estão saltando dos meus olhos. Tudo isso dura poucos segundos, até eu ver o
conteúdo do envelope.
Eu vou matar Arthur Albuquerque!
Estou sentado na cadeira do meu escritório, tamborilando a caneta,
contando os minutos para a porta abrir e o furacão Mariana entrar. Sei que
isso está muito próximo e estou ansioso, tão ansioso que liberei Júlia mais
cedo. Nossa conversa não será fácil dessa vez e não sou obrigado a ter nossa
vida exposta pelos gritos ensurdecedores que sei que ela dará.
Se fiz algo grave? Talvez para uma mulher isso tenha sido grave, mas
também sei que, se ficasse esperando-a organizar as coisas, tudo demoraria
uma eternidade. Ela quer isso, mas sei que a gravidez faz com que ela deixe
tudo para segundo plano. Não estou disposto a esperar mais.
Contratei os melhores cerimonialistas da cidade e estou buscando
tudo que uma mulher adoraria ter neste dia. Sei que ela terá o melhor e mais
bonito casamento, estou cuidando de perto para isso acontecer. Meus sogros
estão responsáveis pelos convidados da família dela e estou responsável pelo
restante. Como sei que ela gostaria de se casar ao ar livre, escolhi a chácara
dos meus pais para isso, tenho certeza que lá é o cenário ideal para o nosso
grande dia. Tem uma pequena capela, lagoa e espaço de sobra para a
cerimônia e festa. Além de termos mais liberdade e comodidade para nossa
pequena filha. Tudo devidamente calculado em minha mente. Até mesmo sua
fúria. Sim, o casamento será daqui a duas semanas, o que quer dizer que
Mariana vai ter uma crise de desespero em poucos minutos, minutos esses
que estou contando no relógio.
Como ela ficou sabendo? Através de um motoboy que acabou de
deixar o convite, com um buquê de flores e chocolates. Podem falar, sou
foda! Eu sou o marido que você nunca terá, porque já sou da minha
maluquinha.
Pelo sistema de segurança do escritório observo ela estacionar o carro
na calçada. Porra, ainda bem que sou advogado e cuidarei das suas infrações
no trânsito! Ela está saindo apressada e eu afrouxo o nó da minha gravata,
que se tornou apertado demais de um minuto para o outro. O baque da porta
da frente quase me faz dar um pulo da cadeira. Confesso, estou ansioso, mas
não com medo. Adoro ver Mariana irada, só para ter o prazer de acalmá-la.
— Você é um homem morto! — Ela entra em minha sala gritando,
jogando a bolsa no chão. Sorrio de um jeito que a deixa mais feroz e a faz
deitar por cima da mesa, para agarrar minha camisa como se fosse me socar.
— Você é maluco?! Como posso receber o convite do meu próprio
casamento, Arthur?! E, o pior, para daqui a duas semanas! Você surtou,
porra?! — Mulheres, tão previsíveis. Retiro suas mãos da minha camisa e me
levanto. — Não vai fugir, Arthur, isso não vai ficar assim! Não vamos nos
casar daqui quinze dias! — Ela se recompõe e cruza os braços, me encarando.
— Você vai se casar comigo daqui a quinze dias, sabe por quê? —
Me aproximo, toco sua cintura e ela se afasta.
— Não se aproxime de mim! Não toque em mim ou eu vou dar na sua
cara. Arthur, você passou dos limites!
— Eu sou sem limites, bebê, e adoro quando bate na minha cara. Isso
me deixa maluco. — Sorrio e ela bufa de raiva.
— Seu erro é achar que pode me comprar com sexo, Arthur, mas
escuta aqui, dessa vez não estou à venda. — Ela coloca o dedo na minha cara
e dá dois tapinhas. Meu sangue começa a ferver mais. Sou capaz de sentir a
adrenalina correr em minhas veias.
— Tem certeza? Acho que posso te persuadir e provar o contrário —
digo sedutoramente. — Você sempre estará disponível para fazer sexo
comigo, Mariana, porque ninguém te enlouquece como eu enlouqueço. Seu
corpo entrega isso — ameaço a abrir minha camisa e ela protesta, me fazendo
parar.
— Não, Arthur, não dessa vez. Eu não vou me casar com você em
malditos quinze dias, em hipótese alguma. — Ela vira de costas e contemplo
sua bunda incrivelmente bela. Ela vai casar comigo. Sim, ela vai. — EU
NÃO VOU CASAR COM VOCÊ DAQUI A QUINZE DIAS, CARALHO!
— Você vai se casar comigo, Mari, porque você me ama, assim como
eu te amo. Eu te amo tanto, que estou fazendo tudo para você não se cansar.
Tudo porque temos uma filha e porque dentro do seu ventre há mais uma
prova do nosso amor. Estou cuidando de tudo, para termos um casamento dos
sonhos, porque quero que esse dia seja um dos dias mais felizes das nossas
vidas. Então, eu sei que, no Dia dos Namorados, às seis horas da tarde, você
estará indo ao meu encontro no altar e vai dizer sim, porque você me ama,
porque eu te amo e porque juntos estamos construindo uma família linda.
Quero que tudo que tenho esteja em seu nome, no nome da nossa família. Eu,
você, Beatriz e esse bebê que está aqui — digo, a abraçando por trás e
colocando as mãos em sua barriga ainda reta.
— Odeio o fato de eu te amar tanto e você saber exatamente o que
dizer para me ganhar. Porra! Eu odeio você, Arthur. Não tinha que ser assim.
Sou uma piranha fraca que cede por qualquer coisinha. Ok, foram lindas suas
palavras, mas estamos falando de um casamento em quinze dias! — Ela retira
as minhas mãos de sua barriga e vira de frente para mim.
— Eu amo você.
— Você é um... é um... — A beijo e ela retribui com furor. A
ferocidade deu lugar a uma mulher decidida agora. Tudo sempre termina em
sexo, não há como fugir disso. Eu e Mariana somos sexo, carne, pele, desejo.
Não seria diferente agora.
Estou no controle, baby.
Ela está me empurrando para algum lugar e não irei protestar contra
isso. Mariana, minha futura esposa gostosa, pode me levar para onde quiser, e
eu irei, sou submisso a qualquer vontade dela, tendo em vista a dureza do
meu pau! Ela tem o dom!
Vou mostrar para meu homem quem manda nessa porra! O que ele
pensa da vida? Que é só falar meia dúzias de palavras bonitinhas e eu vou
cair? Ok, eu caí, mas ele não precisa saber disso e se sentir a última bolacha
do pacote ou a bala que matou o Kennedy, como está se sentindo agora. Ele
acha que é o dono do mundo. O Tarzan da minha selva. O fodão. O pirocudo.
O pirocomon. O pica das galáxias. O melhor do mundo. O mastro de ouro. O
berimbau metalizado. O tipo rei. O pistola de aço. A PUTA QUE PARIU!
O sento em sua cadeira e fico o observando, tentando manter meu
controle.
Eu o amo e sei que suas palavras são verdadeiras, mas, ainda assim,
preciso mostrar quem está no controle agora. É óbvio que estarei lá no dia 12,
mas é óbvio que estou puta pra caralho, já que não pude nem escolher o
modelo do convite. Tenho que confessar, o convite é lindo e completamente
diferente de qualquer um que eu já tenha visto. A porra do convite é perfeito!
Que ódio! Sei que serei surpreendida positivamente, mas, novamente vos
digo, eu estou puta. PUTA! EU ESTOU PUTA NESSE CARALHO,
PORRA!
Ele está sentado na cadeira, com as mãos nas coxas, observando-me
subir meu vestido. Terei que lutar contra meu desejo e a vontade de ceder,
mas ele precisa de uma lição.
Eu danço para meu homem, fico de costas e então dou visão da minha
micro calcinha. Rebolo e dou tapas em minha própria bunda.
— Gostando do show, Tutu? — pergunto.
— Senta aqui no meu colo, para sentir o quanto estou gostando. Tira
tudo e senta no meu pau, Mari. — Arthur não era tão safado assim. Ele fala
putaria o tempo inteiro e eu ainda fico impactada.
— Não, ainda não, bebê — respondo e caminho até ele, me
acomodando em seu colo. Estou de frente para meu homem, grudando bem
nossas partes necessitadas. Seu suspiro de satisfação quase me faz perder o
propósito. Sou muito sadomasoquista, porque seu pau perfeito não vai
conseguir me vencer, não dessa vez.
— Gostosa demais. — Ele coloca suas duas mãos em minha bunda e
me puxa contra sua dureza. Não contenho um gemido.
— Todo duro para mim, Arthur. Eu amo esse pau.
— Todinho seu, Mariana — suspira e eu começo a torturá-lo com
reboladas bem sacanas, enquanto agarro seus cabelos e trago seu rosto aos
meus seios. Porra, ele está me enlouquecendo com suas mãos espertas e sua
boca deliciosa. Estou prestes a explodir.
— Vou tirar minha calça para a gente brincar direito.
— Não — gemo.
— Preciso me enterrar em você, Mari, estou quase gozando na calça.
— Problema seu. Puta que pariu, eu também... — Me remexo mais
apressada e segundos depois gozo. Uma esfregadinha e eu gozo. Quão fraca
eu sou se tratando desse homem? Muito!
— Porra, Mariana! Que gostoso ver você gozando, esfregando em
mim desse jeito. — Ele me agarra pela cintura, nos levanta e me coloca
sentada sobre a mesa, para poder retirar a calça.
A hora é agora! Levanto-me rápido, abaixo meu vestido, pego minha
bolsa e saio correndo. Tento tapar meu corpo com a bolsa, porque meu infeliz
vestido resolveu subir. Abro o carro e entro como um foguete. Ainda bem
que o deixei na calçada e ele tem insulfilme! Louvado seja Deus! Todos
veriam minha bunda.
Arthur surge na porta do escritório, vermelho de raiva, e travo as
portas, ligo o carro e dou uma buzinadinha para ele quando saio. Eu sei que
estou fodida! Sei que é imaturo também, mas é divertido! Adoro ele com
raiva! A adrenalina é o que me move. Agora sinto-me a boa e velha Mariana.
Estou dirigindo e dançando ao mesmo tempo, a adrenalina está me
rasgando por dentro. Os acordes de MC Don Juan começam. PUTA QUE
PARIU! Vai falar que você não sente vontade de rebolar a raba quando
escuta um batidão?
“Oh, novinha, eu quero te ver contente... não abandona o bonde da
gente...”
“Então tu pega o telefone e desbloqueia a tela, vai no seu contato e
procura o número dela... pra ligar pra ela, pra ligar pra ela. Hoje deu uma
vontade de...”
Ok, eu preciso pegar a versão light dessa música.
Paro no sinal, cantarolando e dançando, mas sou interrompida por
uma buzina irritante. Quando olho para o lado, vejo a Evoque branca de
Arthur. Sei que ele não consegue me ver, então abaixo os vidros. Está difícil
decifrar suas feições, mas há algo que percebo: Arthur Albuquerque está
escutando Malandramente. Isso me faz rir.
— Malandramente, a menina inocente, se envolveu com a gente... —
canto, rindo, remexendo em meu assento, e então o ouço gritar:
— Quem ri por último, ri melhor, Mariana. — Avança o sinal e me
deixa perplexa.
Um carro para em seu lugar e o motorista me dá uma encarada,
sorrindo. Eu o mando tomar no cu e acelero atrás do meu futuro marido.
É guerra que ele quer? Então é guerra que ele terá!
Estou a 120 km/h quando penso que minha morte está próxima. Isso
me faz diminuir a velocidade consideravelmente. Arthur vai me matar, fato.
Vou seguindo bem devagar, demorando o máximo que consigo para
chegar em casa. Mas já ouviu aquela frase “desgraça pouca é bobagem”? Pois
é! Isso aí, Mariana... Aqui se faz, aqui se paga! Não era mais fácil eu ter
esperado Arthur chegar em casa para voar em cima dele? Merda! A maldição
de um carro de polícia está atrás de mim, sinalizando para eu parar! Agora
me responda, como paro estando vestida desse jeito, se é que isso é estar
vestida? Meu vestido é de puta. Não que roupa defina quem é puta ou não, eu
sou puta com qualquer roupa mesmo, mas apenas puta do meu marido.
Porém, esse vestido é... digamos que ele é indecente o bastante para uma
mulher praticamente casada. Ele deixa meus seios à mostra e minha bunda
também. Estou muito fodida!
Banco a Monalisa até que eles entram na minha frente e sou obrigada
a frear. Os dois policiais saem do carro tão rapidamente, que me sinto uma
criminosa completa. Eles batem no vidro e abro apenas o suficiente para eles
verem meus olhos.
— Pois não? — digo com uma voz encantadora.
— A senhora pode, por favor, sair do carro?
— Não estou vestida corretamente — informo. Ele arqueia a
sobrancelha e me olha com a cara fechada. — Ok, só me deem um
segundinho. — Fecho o vidro e ele bate novamente. Apresso-me em arrumar
meu vestido, abro a porta e saio. Seria cômico se não fosse trágico!
Termino de ajeitar meu vestido sob os olhares, quase penetrantes, dos
dois policiais. Assim que termino, eles trocam um olhar, sorriem e voltam a
ser os policiais. Safadinhos. Se fosse uma época atrás eu os subornaria...
— Habilitação e documento do veículo, por favor — o que tem
grudado em seu peito a escrita “Cabo Magno” diz, e volto a entrar no carro
para pegar meus documentos. Os documentos ficam guardados em um
compartimento dentro do próprio veículo, mas minha carteira de habilitação
não está em lugar algum, nem mesmo dentro da minha bolsa. Isso quer dizer
que eu estou muito fodida! Fodida pra caralho! Ainda mais que o documento
do carro está no nome de Arthur. Minha vontade nesse momento é de sentar
no chão e chorar.
— É... tem um problema — digo a eles, fazendo a cara mais inocente
que consigo.
— Pois não?
— Só achei o documento, não consigo encontrar minha habilitação.
Deve ter ficado em casa ou caído no escritório do meu marido.
— Essa é uma infração gravíssima, a senhora deveria saber. Perderá
pontos na carteira, terá que pagar multa e, para completar, teremos que
apreender o veículo — ele diz, se achando o fodão!
— Nãoooo! Pelo amor de Deus, isso não! Meu marido já está furioso
o suficiente. Pode multar e tirar os pontos, mas não apreendam o carro! Eu
pago o que quiserem! — Começo a bater a cabeça no volante.
— A senhora está sugerindo nos subornar?
— Não, desculpa, não foi isso que quis dizer — minto.
— Vamos fingir que não ouvimos, só porque a senhora é bem bonita.
— Está querendo dizer que se eu fosse feia vocês iriam me
prejudicar? É isso?
— Olha só, se a senhora conhecer alguém habilitado para vir buscar o
carro, vamos cooperar, caso contrário, teremos que apreender o veículo.
— Puta que pariu! — solto.
— O quê, senhora? A senhora pode se retirar do veículo? Precisamos
fazer uma revista.
— Sério?
— Senhora, não tem nenhum palhaço aqui — ele diz com um pouco
de brutalidade e eu saio do carro. Pego meu celular e faço o que tem que ser
feito. Arthur atende no segundo toque.
— O que foi, Mariana? — questiona, bravo.
—Ei. — Merda, não sei nem por onde começar.
— Ei o quê, Mariana? O que você quer? Por que não chegou em
casa ainda?
— Eu... É... Tipo... — Puta que pariu!
— O que foi?
— É que a polícia me parou e estou sem habilitação. Eles vão levar o
carro se você não vier me salvar, é isso — digo tudo rapidamente.
— Calma, não entendi porra nenhuma.
— A polícia me parou, estou sem habilitação e eles vão levar o carro
se você não vier me buscar ou trazer minha habilitação.
— Sério isso, Mariana? E você está seminua?
— Isso não vem ao caso agora, mas eu arrumei meu vestido antes que
eles pudessem ver esse detalhe.
— Detalhe? — Bufa. — Deveria te deixar aí!
— Você não teria coragem! — digo.
— Não, não teria, porque tem um filho meu na sua barriga. Caso
contrário, você teria que se virar. Mande o local que está por SMS, e logo
chegarei — ele diz e desliga na minha cara.
— Meu marido está vindo me buscar — digo ao enviar o SMS.
— Ok. Viu, somos bonzinhos. Nada de errado com o carro.
— Interessante — respondo secamente. Um cheiro maravilhoso
invade minhas narinas e encontro a fonte da salvação ao avistar uma
barraquinha de cachorro-quente. Pego dinheiro no carro e saio. — Vocês
cuidem do carro, que eu preciso de um cachorro-quente.
— A senhora é meio abusada, já estamos sendo compreensivos.
— Estou grávida e preciso me alimentar!
— Que mentira! Cadê sua barriga? — cabo Magno questiona.
— Estou grávida de pouco tempo — respondo, fazendo uma careta, e
vou até a barraquinha comprar um cachorro-quente e suco. Sério, nunca senti
um cheiro tão bom! Tão bom que eu nem espero chegar ao carro para comer.
Quase desmaio quando avisto Arthur descendo de um táxi, usando
apenas uma bermuda de moletom e chinelo, com os cabelos levemente
molhados. Todo meu! Ele me encara com o olhar de desaprovação e eu viro o
copo de suco todo, antes de me aproximar deles.
Respiro fundo, dou a última mordida no melhor cachorro-quente do
mundo inteiro, limpo a boca e sigo.
Arthur entrega minha habilitação e sua identidade, para eles
conferirem a documentação, e em seguida se apropria da minha mão. Fico
olhando uma pequena gotícula de água descer pelo seu pescoço, e minha
vontade é dupla: primeiro sinto vontade de lamber ele todo; e segundos
depois sinto vontade de matá-lo, por ter a coragem de sair de casa dessa
maneira! Na verdade, a segunda opção está gritando mais alta, e eu me sinto
irada!
— Como você se atreve a sair de casa dessa maneira? — esbravejo,
atraindo o olhar dos dois policiais.
— Como você se atreve a sair do meu escritório usando apenas uma
micro roupa dessa? — rebate, sério e bravo demais.
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra!
— Sério? — Ele ri de um jeito que dá medo, e os policiais cortam
nosso momento.
— Desculpem interromper. Está tudo certo, senhora, está liberada.
Mas a multa e os pontos prevalecem, e o senhor não pode dirigir sem camisa.
— Que seja! — desdenho dos dois.
— Mariana! — Arthur se zanga. Solto sua mão e entro no carro.
Minutos depois ele entra e se acomoda ao meu lado, colocando o cinto de
segurança. Me dá vontade de matá-lo, mas agora estou decidida a levá-lo a
um certo lugar e selar a paz!
— Beatriz?
— Está com Amélia, minha mãe também está lá — responde, me
fazendo sorrir. — O que foi? Estou puto com você, não sorria para mim.
— Sorrio sim! — Ligo o carro, o som e dou partida. Arthur solta o ar
e apoia a cabeça na janela. A cada sinal que paro, aproveito para dar uma
olhada em seu corpo. Essas bermudas de moletom são a porra mais sexy que
existem, assim como ele sentado de pernas abertas, portando esses gominhos
na barriga. Lindo! Dou um pulo quando um carro buzina, mostrando que o
sinal abriu, e Arthur segura o riso.
— Cuidado com as infrações no trânsito, ou será proibida de dirigir.
— Meu marido é advogado, dá para dar um jeitinho.
— Eu não sou seu marido! Onde estamos indo? Esse não é o caminho
de casa — questiona com seu jeito bravinho.
— Surpresa.
— Não estou brincando com você hoje, Mariana. Sua cota já se
esgotou.
— Você vai gostar — respondo e entro na rua que deixa muito óbvio
o local que estou o levando. Mordo os lábios e seguro a vontade de rir. Sei
que ele está me olhando como um perfeito psicopata.
Paro na entrada e pego o interfone.
— Você vai tocar siririca, né? Porque sexo nós não vamos fazer —
diz alto, para a mulher escutar, e mostro o dedo do meio para ele, enquanto
falo com a atendente do motel. Assim que ela libera nossa entrada, Arthur ri.
— Você é incrível, Mariana, você me testa de todas as maneiras. Dessa vez
não, bonitinha!
— Também te amo. — Estaciono na garagem da suíte e saio do carro
para fechar o portão da garagem. Arthur permanece dentro do carro, fazendo
pirraça. Então soco o vidro ao lado dele. — Saia dessa merda! Não precisa
fazer sexo, pode ficar na hidro — minto. Ele abre a porta quase em cima de
mim e sai pisando duro, com as mãos na cabeça. Ele não merece, mas darei
um showzinho particular a ele, relembrando a velha Mariana, a Mariana de
quando eu era solteira. Mostrarei um talento que até eu mesma havia
esquecido que tinha. Relutante, ele deixa o carro. No fundo só está fazendo
charme. Quando adentramos na suíte, a primeira coisa que vejo é o pole
dance, nem mesmo me importo com nada além da barra de ferro.
Sorrio quando Arthur se encosta no objeto que escolhi para trabalhar
no dia de hoje.
— Sente-se — ordeno.
— Estou bem. Sabe, acho que você me subestima muito. Eu disse que
estou puto. Você saiu na rua praticamente nua, só para provar que é você
quem manda, Mariana. Ter me deixado de pau duro não foi o problema.
— Sente-se.
— Eu já disse que estou bem — diz. Vou até o frigobar pegar uma
bebida para ele relaxar. Despejo o líquido âmbar em um copo e volto até meu
marido estressado.
— Beba, relaxe, Arthur. Vamos selar nossa paz.
— Vou beber, mas a paz está longe de ser selada. Tudo entre nós é
resolvido com sexo, Mari, já estamos caindo na rotina.
— Estamos caindo na rotina? — pergunto, chocada. — Como você
tem coragem de dizer um absurdo desses?
— Não na rotina como um casal. Nosso sexo nunca cairá na rotina.
Estamos caindo na rotina de resolvermos tudo com sexo.
— Arthur, mais cedo ou mais tarde faremos as pazes, então prefiro
que seja mais cedo. Sente-se na maldita cama e garanto que vai valer a pena.
— Saio andando, vou até as cortinas do quarto e as fecho para escurecer o
ambiente, já que estamos em plena tarde. Arthur vira todo líquido e vai até ao
frigobar pegar mais. Amo Arthur alcoolizado. Vou até o sistema de som e
iluminação e deixo tudo de acordo com minhas necessidades. Ele bebe mais
um copo, me encarando, o coloca sobre o balcão e vem em minha direção
como um predador, a passos firmes e decididos.
Ele me pega pela cintura, puxa meu corpo de encontro ao seu, pega
meus cabelos e os enrola em uma mão, em seguida captura minha boca e a
beija fervorosamente, deixando todas as minhas terminações nervosas
exaltadas e meu corpo sedento. Arranho suas costas e ele vai andando comigo
até que eu esteja encostada na barra de ferro atrás de nós. Arthur retira a mão
que estava em minha cintura e começa a passear com ela pela minha coxa.
Ora passeando, ora apertando. Então ele a leva até minha bunda e força sua
ereção contra minha intimidade. Puta que pariu! Adoro brigar com meu
homem, definitivamente. Mas, novamente, não será ele quem ditará as regras.
Portanto, mesmo meu corpo estando sedento, o afasto.
— Sente-se.
— Porra, você é frustrante! — ele reclama e se acomoda na cama,
encostando suas costas na cabeceira. Não o quero assim.
— Não aí, Tutu, sente-se na beiradinha dela.
— Exigente! — Arthur está visivelmente estressado, mas faz o que
mando. Para ficar melhor, me olha de maneira safada.
— Você não vai dizer que sou exigente e nem mesmo reclamar daqui
a poucos minutos. — Sorrio, observando sua ereção pressionar a bermuda.
— Ah, é? O que a senhorita vai fazer? — questiona com a voz rouca.
— Quero ser surpreendido esta tarde.
— Preparado para o show, Tutu? — provoco.
— Anda logo, delícia.
— Temos algumas regras — comunico, ouvindo-o dar um suspiro de
pura frustração.
— Porra, Mariana, eu já perdi a maldita paciência! — Ele levanta da
cama e eu me aproximo, o empurrando de volta.
— Você vai ficar sentado, não vai levantar em momento algum,
entendeu? Se levantar, irei parar. E, quando eu me aproximar, você só vai
poder me tocar se eu autorizar, caso contrário, não.
— Ok, desde que você termine sentada no meu pau.
— Preparado para o show, senhor Arthur Albuquerque? — pergunto
novamente. Aperto o play do som, enrolo minhas mãos em volta da barra de
ferro do pole dance e dou um pequeno giro, deixando-o boquiaberto.
Sob o olhar faminto de Arthur, encosto na barra e começo a retirar
meu vestido de forma bem lenta, fazendo questão de deixá-lo ver meus dedos
passeando pelo meu corpo no trajeto. Não estou usando uma lingerie tão
significativa, mas Arthur não é um homem que liga para esse tipo de coisa.
Felizmente, quando me vê de calcinha e sutiã, solta um suspiro de apreciação.
Pego meu vestido e jogo aos pés dele.
Seguro a barra novamente, o mais alto que consigo, pego impulso e
enrolo minhas pernas em torno dela, prendendo-a em minhas coxas,
deslizando até o chão. Levanto, empinando meus seios, de forma que eles
fiquem bem próximos à barra, então jogo meu quadril para trás, recuando.
Sorrio ao ver meu homem tão afetado e mudo os movimentos.
Viro-me de costas para ele, usando o mastro como apoio das minhas
costas. Coloco minhas mãos para trás e alcanço minha nuca. Em seguida
envolvo a barra com as mãos e começo a girar, provocativamente, meus
quadris de um lado para o outro, fazendo questão de esfregar bem meu
bumbum na barra. Vou deslizando lentamente, até embaixo, e me agacho.
Soltando a barra, começo a passear com as mãos por toda a frente do meu
corpo, indo até os joelhos. Volto-me para a frente e deixo a barra entre
minhas pernas. Seguro-a com as mãos e começo a subir, grudando o corpo a
ela e, neste momento, Arthur solta um “puta que pariu” que faz meu sangue
bombear desesperadamente.
Coloco as pontas dos meus pés grudados na barra e jogo meu
bumbum para trás, em seguida começo um movimento. Levo para frente
meus seios, abdome, joelhos e jogo meu bumbum para trás novamente. Faço
isso quatro vezes, repetidamente, e dou alguns gemidos quando sinto a barra
fria tocar meu corpo. Eu estou explodindo de tesão, assim como espero que
meu homem esteja.
Começo a andar em volta da barra, passando o dedo por ela e olhando
fixamente para Arthur, que está com as mãos agarradas ao lençol, observando
cada movimento meu. Alongo minha mão direita, fechando-a na barra, e dou
um passo com a minha perna que está afastada e me jogo para frente,
juntando os joelhos num giro perfeito. Em seguida, sustento meu corpo,
seguro a barra e cruzo minhas pernas em volta dela, descendo neste
movimento até o chão. Sou uma verdadeira profissional de pole dance. É algo
que sempre gostei, desde novinha.
Feito isso, apoio minhas costas na barra e fico de frente para meu
homem.
Fico de joelhos, como uma gata selvagem, e sorrio ao vê-lo
impactado.
Esfrego minha bunda na barra de ferro, sem vergonha alguma.
— Puta que pariu, Mariana, você é um sonho erótico! — meu homem
fala desesperado. Me remexo no ritmo da música, enquanto retiro meu sutiã
lentamente e atiro em seu rosto.
Ele pega a peça no ar e surpreende a jogando longe, sem tirar os olhos
do meu corpo. Aperto meus seios e desço com minha mão, deslizando-a em
minha barriga e tocando minha intimidade, que se encontra completamente
molhada, por cima da calcinha.
— Deus, Mari...
Sorrio, safada, e fico de pé. Arthur acompanha todos os meus
movimentos atentos, sem perder um único detalhe. Engancho os dedos no
fino elástico da minha calcinha e a retiro, lenta e tortuosamente, tanto para ele
quanto para mim. Meu corpo está implorando pelo alívio que apenas ele pode
dar.
O fino material cai aos meus pés e eu me dobro sensualmente para
pegá-la e jogar no rosto do meu homem. Dessa vez ele a pega, leva em seu
nariz e inspira profundamente meu cheiro, soltando um rugido delicioso.
Pego uma cadeira, a posiciono bem diante dele e ordeno que ele se
sente.
— Você está de sacanagem comigo! — diz, bravo, e ameaça vir pra
cima de mim.
— Quer me tocar? — pergunto.
— Eu não quero, vou te tocar. — Ele me puxa pelas coxas, mas me
forço a não ceder.
— Nada disso — falo e ele se senta emburrado, apalpando seu pau
sob a calça, me enlouquecendo. Puta que pariu digo eu! Vou até o som e
volto a música, em seguida começo a passear em volta da cadeira, esbarrando
em seus joelhos. Ele se levanta e eu paro! Porra de homem sem sossego! —
Arthur! Sente-se!
Ele não diz nada, o filho da puta tira a maldita bermuda e, quando vai
tirar a cueca, eu grito:
— Não ouse tirar. Por favor. — Eu não resistiria mais, penso comigo.
Ele obedece e eu volto meus movimentos. — Não toque em mim, ok? — Ele
suspira e balança a cabeça afirmativamente.
Sento-me em seu colo, de frente, e a força com que ele segura a
cadeira é quase esmagadora. Lentamente começo a girar os quadris,
rebolando e deixando meus seios tocarem seu rosto às vezes. Balanço os
quadris da esquerda para a direita, movo-os em círculos e empurro para frente
e para trás, em uma fricção deliciosa. Arthur tenta pegar minha cintura, mas
eu retiro suas mãos e as prendo sobre sua cabeça.
— Eu vou gozar na cueca, porra!
— Está gostoso? — questiono, ofegante, tendo certeza absoluta de
que está muito mais que gostoso. Arthur manda todas as regras pra casa do
caralho, me pegando no colo e me jogando sobre a cama.
Não era o que eu pretendia agora, mas mudo de ideia assim que o vejo
gloriosamente nu, vindo para cima de mim como um animal feroz.
Ele vai lambendo minha perna, até chegar em minha intimidade. Me
olha e, em seguida, abaixa a boca até minha boceta.
Usando o polegar e o indicador, ele afasta minhas delicadas dobras,
até encontrar meu clitóris, e faz de mim sua refeição, me comendo com sua
boca vorazmente.
Agarro seus cabelos e o forço mais forte quando gozo rapidamente.
Deus... Sem palavras.
— Já? — Ele levanta a cabeça, sorrindo.
— Cala a boca, minha vez. — Me forço a levantar, mas ele me prende
sobre a cama.
— Vou te comer. Vou gozar tão rápido quanto você, Mari, mas não
vou parar até que minhas pernas estejam bambas e você esteja bem fodida —
informa, abrindo bem minhas pernas e pressionando sua ereção em minha
entrada.
— Oh, meu Deus! É maravilhoso!
— Eu vou gozar, Mari, você nunca me deixou tão louco. Bateu todos
os recordes hoje — ele fala entre gemidos e o sinto crescer, me preenchendo
por dentro, tão rápido e tão voraz. — Porra! Estou tão sensível, Mari...
Porra... Demais... — Continua estocando e aumenta o ritmo gradativamente.
Soltando minhas pernas, joga seu corpo mais sobre o meu, o apoiando
com as mãos. Sua boca cai diretamente nos meus seios e ele os lambe,
olhando em meus olhos. Não existe nada mais sexy que os olhares que me ele
dá quando estamos transando.
Seu sorriso me faz perder o fôlego, e então sua mão está em meu
pescoço, o apertando lentamente, enquanto a outra estala em meu rosto. Isso
dá um aumento de adrenalina significante.
— Gosta?
— Mais — peço e ele bate mais em meu rosto, antes de agarrar meus
cabelos com força.
O orgasmo começa a se construir dentro de mim, de uma forma
assustadora e avassaladora. Meu homem, exímio conhecedor do meu corpo,
sente isso e gruda mais contra minha pélvis, de maneira que nem mesmo o ar
passe entre nós.
Eu não sei o que ele está fazendo, mas sei que todo meu corpo
começa a tremer, o ar começa a faltar, meu coração parece querer sair do
corpo, assim como minha mente. Eu tenho uma explosão que faz com que eu
perca todos os sentidos.
Nunca senti algo parecido, mal consigo controlar meu corpo agora.
Pareço nunca parar de gozar, nunca. É até mesmo assustador, porque a
sensação não passa. Estou em um orgasmo constante e meu homem está
reivindicando minha boca.
— Múltiplos, Mari. Você está sugando tão apertada... — diz e eu
mordo seu ombro, o abraçando. Apenas não passa. É algo tão intenso, que
sinto as lágrimas escorrerem dos meus olhos involuntariamente. — Vou
gozar de novo, gostosa, mas continuarei te dando orgasmos múltiplos —
anuncia, rindo, intensificando o ritmo das estocadas, até eu começar a gritar
seu nome em meio a gemidos e lágrimas. Ele goza de novo, rugindo e
mordendo meu pescoço. Deus, o que é isso?
Puta que pariu! Essa foi a vez mais louca! É possível sentir os braços
dele tremendo e, ainda assim, ele não para por um bom tempo.
Nunca, nunca, nunca, em toda minha vida, senti algo que ao menos se
igualasse a isso. Aos poucos as sensações abrasadoras vão acalmando e a
voracidade dá lugar ao amor mais puro que existe entre nós. Ele levanta a
cabeça, continua movendo-se em um entra e sai mais lento, e me beija
apaixonadamente. Envolvo meus braços em seu pescoço e o abraço tão forte
quanto sou capaz agora. Eu o amo tanto. Quero chorar mais e mais. Isso é
plenitude. A plenitude em seu auge. Sinto-me tão mulher, tão saciada em
todos os sentidos.
— Vai casar comigo? — pergunta em meu ouvido.
Abraço seu corpo com minhas pernas, o puxando mais e mais. Por
mim, ele ficaria aqui, dentro do meu corpo, para sempre. Bem lento e suave.
— Não existe nenhuma chance de eu não casar com você. Nenhuma.
Você é o amor da minha vida, Arthur. Eu nunca serei capaz de viver sem
você, nunca. Eu estarei lá, daqui a quinze dias, dizendo isso na frente de
todos.
— Eu te amo, minha princesa. Acha que consegue continuar agora?
— pergunta. Ele não cansa?
— Sério?
— Sério, meu amor. Eu e meu corpo desejamos você,
incansavelmente — fala, segurando meu corpo e nos virando, de forma que
eu fique por cima. Estou mais morta do que viva.
Ficamos muitos minutos nos beijando e fazendo um amor lento e
preguiçoso, não sou capaz de dar uma cavalgada digna agora. Provo o quanto
o amo mais uma vez e o quanto meu corpo ama o dele. Provo como nossas
almas são conectadas e como nos movemos com total sincronia e
cumplicidade.
Nosso relacionamento é assim, uma mistura de sexo louco, sexo lento,
sexo apaixonante, sexo amoroso, sexo em geral. Sem limites e sem medida...
— Eu amo você, meu príncipe — digo, o fazendo gozar mais uma vez
e caindo sobre ele. Estou morta, acabada, falecendo.
Em seus braços, recupero minha sanidade, meu controle e minha
energia.
CATORZE DIAS DEPOIS
Acordo em minha cama vazia, na verdade, nos últimos dias ela tem
parecido muito maior do que realmente é. Arthur inventou de ficarmos sem
sexo por sete dias, até a data do casamento. Por isso, está há seis dias na casa
dos pais, só vem em casa no horário do almoço, para ver Beatriz e
almoçarmos juntos. Para tentar suprir sua falta, meus pais estão passando
esses dias aqui e tem sido uma bela distração. Não teria como ser diferente,
eles são completamente loucos e engraçados, do tipo maluco beleza.
Confesso, está sendo maravilhoso, tinha muito tempo que não passávamos
tantos dias juntos. Porém, sinto falta de Arthur todas as noites quando vou
dormir, aliás, mais do que achei que sentiria. Eu já tinha certeza dos meus
sentimentos, mas agora, sem ele por perto, tenho notado ainda mais o quanto
sou refém desse amor. Ele faz falta nas pequenas coisas e descobri que já
adquiri hábitos, como, todos os dias, quando dá o horário dele chegar do
trabalho, fico na varanda, esperando ansiosa por ele. E, quando me dou conta
de que ele não vai chegar, o mau humor impera. Sobra para todo mundo!
Dessa vez não bati muito o pé, nem fiz drama. Estou aproveitando
esse tempinho para me cuidar e ficar linda para o nosso grande dia, para rever
minhas amigas, enfim. Vou ser bastante sincera, não fazia questão de me
casar, para mim já estamos casados há muito tempo, estava excelente.
Na nossa história, Arthur é o grande sonhador em relação a isso e eu
não vejo a hora de caminhar em direção a ele no altar e fazê-lo feliz. Se ele
quer que eu possua seu sobrenome, darei isso a ele. Se ele quer me ver
vestida de noiva, indo em sua direção ao altar, eu irei. Eu faria qualquer coisa
para fazê-lo feliz. A felicidade dele é a minha felicidade. O prazer dele é o
meu prazer.
Hoje, às vésperas do casamento, estou começando a sentir um
friozinho na barriga que talvez eu não sentiria se ele estivesse aqui comigo.
Então, tenho que dar o crédito, a escolha de passar uns dias longes foi bem
calculada. Aliás, parece que Arthur calculou cada detalhe dos últimos dias,
até mesmo nossa lua de mel misteriosa, que irá durar apenas três dias, por
causa da nossa baby. Ainda não sei como aguentarei ficar três dias sem ela,
mas sei que Arthur vai batalhar forte para me entreter, o que é nada mais que
justo, principalmente após passar sete dias na seca.
Levanto-me e dou uma bela esticada no corpo. Abro a cortina e o sol
já está a postos, dando seu belíssimo espetáculo. Após fazer minha higiene
matinal, vou até a sala e encontro meu pai, Beatriz e Jéssica dormindo juntos.
Beatriz está deitada de bruços em cima da barriga dele e Jéssica ao seu lado,
com os bracinhos esticados, como se estivesse dando um abraço. Pego meu
celular e tiro uma foto para registrar o momento tão lindo. Em seguida, vou
para a cozinha, onde minha mãe e Amélia conversam animadamente.
— Bom dia.
— Bom dia, filha.
—Bom dia, Mari — Amélia diz.
— Mãe, você viu papai, Bia e Jé? — pergunto, babando em meus
amores.
— Nós vimos e já tiramos várias fotos. Estão lindos!
— Sim, muito lindos — digo e me acomodo na banqueta em frente ao
balcão.
— E aí, como está se sentindo?
— Estou bem, sem enjoos e um pouco ansiosa.
— Isso é normal. Amélia preparou um café da manhã bem reforçado,
coma tudo. Você precisa se alimentar bem.
— Eu sei. Você vai comigo pegar o vestido?
— Irei. Vamos tirar o dia para passear no shopping. Seu pai vai ficar
com as crianças.
— Nãooo, já terei que ficar três dias sem elas, mãe — esbravejo.
— Pare de besteira, Mariana, quando voltarmos você terá tempo de
sobra.
— Não é justo.
— É sim. Você vai passar o resto da sua vida com elas e com esse
bebê que está carregando. Pare de ser psicótica — ela diz enquanto Amélia
fica rindo.
— Ok, mas vamos só à tarde. Arthur vem almoçar e eu preciso vê-lo.
— Arthur não vem hoje, filha. Tire seu cavalo da chuva — ela diz,
rindo, me deixando irritada.
— Como assim ele não vem hoje?
— Ele precisou fazer uma viagem emergencial ontem à tarde, só volta
hoje. — Oi? Viagem emergencial?
— Como assim? Como a senhora sabe disso e eu não? — Dou um
soco na mesa e Amélia põe a mão no coração, de susto. — Eu sou a maldita
mulher dele, ele tinha que ter me falado. — Sim, eu estou psicótica.
— Acalme os ânimos aí, garotinha. Foi por uma boa causa. E não
adianta olhar desse jeito assassino, não tenho medo e não conto nem sob
tortura.
— Argh, eu odeio vocês! Vou pegar Beatriz e Jéssica, vou sumir com
elas o dia todo!
— Pare de agir como uma adolescente e vá se trocar.
— Vai ter troco. Estou cheia desses segredinhos. Já encheu minha
cota de paciência. — Coloco um pão de queijo na boca e é o suficiente para
me acalmar... Hummm, muito bom! Meu bebê aprovou. — Estou indo. —
Pego mais quatro na bandeja e saio para o meu quarto. Porém, antes de me
arrumar, mando uma mensagem para Arthur.
“VOCÊ É UM HOMEM MORTO!”
Sentado nesse avião, meus pensamentos estão tão perto do céu quanto
me sinto agora, estando em meio a todas essas nuvens. Eles estão no meu céu
particular: Mariana, minha doce e bela Mariana. A mulher que merece todo e
qualquer esforço que tenho feito nos últimos dias.
Mariana não é só a mulher ninfomaníaca que é capaz de me
enlouquecer. Mari é a mulher que me ajuda com questões do trabalho, que,
do seu jeito louco, faz tudo para me agradar, que cuida da nossa filha como se
tivesse nascido para isso, que ama com voracidade e devoção, entre muitas
outras qualidades. Ela é tão incrível, que passaria dias enumerando suas
qualidades.
Permito-me até lembrar de Laís. Graças ao péssimo casamento que
tivemos e à prisão em que vivíamos quando estávamos juntos, tive economias
suficientes para o que acabei de fazer. Pois é, há males que vem para o bem.
Mari terá o melhor casamento e o melhor presente de casamento, tudo muito
bem merecido após ter trazido luz, esperança e amor à minha vida.
Minha ansiedade aumenta a cada minuto, confesso. Não aguento mais
ficar longe dela. Na verdade, eu não sei de onde tirei essa maldita ideia, mas
sei que foi por uma boa causa ou eu não teria como resolver os últimos
acertos da grande surpresa, incluindo essa viagem, que foi essencial. Já posso
ver o sorriso enorme que ela dará quando chegarmos ao nosso destino após o
casamento. Deus, eu vou enlouquecer sem vê-la hoje. Não só ela, mas a nossa
metade também. Beatriz. O que me dá forças para seguir meu propósito é
saber que é tudo pela nossa felicidade e pela nossa família.
Meu celular vibra, atraindo minha atenção. Verifico e vejo um SMS
da minha esposa.
“VOCÊ É UM HOMEM MORTO!”
Tudo escrito em letras garrafais, o que quase me faz rir.
“Por quê? Também te amo.”
Respondo junto com uma imagem de coração. Bem infantil, eu sei!
Segundos depois, a resposta chega.
“Você está todo cheio de segredinhos. Todos sabem de tudo, menos eu.
Logo eu, Arthur? Sou a porra da sua mulher, sou eu quem faço você gozar,
sou eu quem rebola no seu pau, sou eu quem bato na sua cara, sou eu
quem te dou meu precioso cu. Merecia um pouco mais de consideração.”
Leio a mensagem absurda e meu amigo resolve dar o ar da graça. Ela
e essas palavras sujas...
Sim, ela está coberta de razão. Só ela que me faz gozar como
ninguém. Porra, que maldita! Eu queria dar uns tapas naquela bunda grande e
perfeita agora.
“Porra, vou explodir a calça de tão duro.
P.S.: você vai amar a surpresa, meu amor, não fique brava.
P.S.2: mal posso esperar pela nossa lua de mel.
P.S.3: te amo demais, Mari.”
Envio a mensagem e começo a pensar em velhinhas banguelas,
pessoas acidentadas, qualquer coisa que me faça deixar de pensar em Mariana
nua, Mariana chupando meu pau, Mariana gemendo meu nome. Adivinha
qual linha de pensamento ganha? Mariana! Eu sou um filho da puta de um
apaixonado mesmo. Chamem-me de camisolão, de qualquer coisa que
queiram, eu assumo!
“Não sei ainda se teremos sexo na lua de mel, estou realmente possessa.”
Ela responde.
“Oh, não diga algo que sabe que não irá cumprir. Você não resiste a uma
boa foda comigo, baby.”
“Não acredito que não vou te ver hoje, Tutu. Estou sentada na cama,
chorando e me entupindo de pão de queijo. Estou magoada!”
Oh, meu Deus! Imagino minha maluquinha chorando e meu coração
se parte em mil pedacinhos.
“Não chora, princesa, eu também estou louco de saudades de você e da
nossa baby. Pelo menos ela está aí para te fazer companhia.”
“Não, minha mãe inventou de sairmos. Eu só ia buscar o vestido, mas
agora iremos ao shopping.”
“Ainda bem que está grávida e não terá uma despedida de solteira.”
“E o senhor? Terá?”
Ela responde e eu sorrio. Vou infernizá-la um pouco.
“Talvez.”
“Se tiver, Arthur, eu juro que te deixo plantado no altar. Eu mato você! Ou
melhor, eu caminho até o altar e digo NÃO na frente de todos.”
Sua mensagem me faz rir.
“Ui, brava. Não terei despedida de solteiro, amor, estou economizando
energias para a nossa lua de mel, afinal, estamos há quase uma semana
sem foder. Estou com bastante munição guardada para você.”
“Merda! Vou sair. Odeio te amar. Beijos.”
“Até mais, baby, te amo.”
Guardo o celular, agora com as energias completamente renovadas.
Incrível o poder que ela tem sobre mim. Não vou aguentar não a ver hoje.
Mariana merece uma despedida de solteira, e eu darei isso a ela.
Sabe quando seu dia é uma merda? Então, hoje meu dia foi e está
sendo uma merda. Eu não deveria estar achando isso, sendo que estou na
véspera do meu casamento, mas estou, porque sou dessas e não sou obrigada
a nada!
Podem até achar patético, eu não ligo, mas, porra, que saudade do
Arthur! Tenho certeza que são os hormônios que estão deixando tudo pior do
que realmente é. Já chorei ao menos umas cinco vezes hoje, incluindo na rua.
Só no shopping chorei duas vezes, e minha mãe me deu três tapas na cabeça.
E quando fiz a última prova do vestido? Quase morri num mar de lágrimas.
Sem contar que comi além da conta e agora estou com medo de que o vestido
fique mais apertado amanhã. Será que eu deveria ligar para minha médica e
pedir um laxante natural? Merda, seria inviável, imagina se dá errado e eu
fico com dor de barriga amanhã? Mil vezes merda! Merda ao infinito,
literalmente! Pior que falar de comida me dá fome. Se apenas a gravidez já
me deixa faminta, imagina: gravidez + ansiedade + saudade + raiva? A soma
disso tudo dá uma bela explosão. Já consigo visualizar os botões do vestido
sendo estourados, imagino o vestido se romper de tão enorme que estarei,
logo, esses pensamentos me fazem querer chorar. Sim, estou uma confusão
completa hoje!
Estou agarrada à Bia, minha tábua da salvação do dia de hoje. Ela
dorme tranquilamente em meu colo, sem se dar conta de que possui uma mãe
completamente enlouquecida. Tenho a absoluta certeza de que estou quase a
esmagando.
— Filha, perdoe sua mãe, mas, nesse momento, seu cheirinho é a
única coisa que está conseguindo me acalmar. Minha gordinha. — Por falar
nisso, resolvo mudar de pensamentos e começo a chegar à alucinação
completa... Veja, não acredito que sou mãe até agora, sério. Às vezes me dou
conta disso em plena madrugada e começo a rir. Será que existe alguma
pessoa no mundo que tenha essas loucuras também? Eu sou mãe, porra! Dá
vontade de gritar aos quatro cantos da casa, já que nesse momento estou
impossibilitada de gritar isso ao mundo. Aí eu penso na vida antes dela e na
vida depois dela. Não consigo imaginar que eu tenha vivido tantos anos sem
um amor desses. É maior que qualquer coisa e completamente inexplicável.
Ao mesmo tempo que estou louca, sinto-me um amorzinho. Pode isso?
Ok, os hormônios da gravidez estão, DEFINITIVAMENTE, me
afetando. Num momento falo de caos e no outro eu já estou toda “amores”.
Nem eu mesma consigo me entender mais. Desisto! Dormir é a solução!
Fecho os olhos, concentro-me no cheirinho da minha princesa e permito-me
relaxar dos pensamentos loucos, porém, em vão. A primeira coisa que vem à
cabeça, como veio o dia inteiro, é Arthur. Como pode isso? Queria estar
dormindo com ele aqui. Eu, ele e nossa Bia. Ou então, queria estar rolando
pelo chão, nua, com ele, ou na banheira de hidro, ou até mesmo estar jogada
nessa cama, com sua cabeça enterrada entre minhas pernas... Eu queria
qualquer coisa, desde que ele estivesse aqui comigo. Até nossas brigas
diárias, por motivos idiotas, estão fazendo falta!
Calma, Mari, amanhã... Falta pouco agora. Se você dormir, vai
chegar mais rápido, meu subconsciente grita e eu começo a me acalmar
lentamente, após fazer um sinal, mandando-o para o inferno... Maldito
subconsciente!
Acabo adormecendo após afastar Bia...
São 20h quando me encontro pronto para curtir minha despedida de
solteiro nada convencional, porém, tenho total convicção de que estarei
curtindo do jeito que realmente quero e preciso.
Entro em meu carro e, ao ligar o som, sorrio com a batida do funk. Só
a Mariana para colocar esse tipo de música no meu pen drive, e pior, eu
escuto essa merda até quando ela não está. Assim, sua ausência torna-se
menos dolorosa.
Em um certo trecho do trajeto, estaciono o carro com o pisca-alerta
ligado e vou até um jardim de uma pequena praça, pegar algumas flores, sob
o olhar reprovador de algumas pessoas. Por um momento sinto-me como um
adolescente aprontando. Na verdade, nunca me senti tão vivo em toda minha
existência. Minutos depois, estaciono o carro em frente à nossa casa e sinto
meu coração acelerar. É assim todas as vezes, e creio que sempre será.
Quando chego ao hall de entrada, vejo meus sogros e Amélia sentados
na cozinha. Até hoje não entendi por que eles só ficam na cozinha, é uma
incógnita.
— Boa noite.
— Uai, o que o senhor está fazendo aqui com esses projetos de flores,
meu querido genro? — minha sogra pergunta, enquanto dou um beijo em sua
testa e outro em Amélia.
— Vim pegar sua filha, para nossa despedida de solteiro — respondo
e meu sogro me olha como se eu fosse uma aberração.
— Sério isso?
— Sim. Onde ela, Bia e Jé estão?
— Mari estava dormindo com Beatriz no colo, conseguimos tirá-la
cuidadosamente e a colocamos no quartinho. Jéssica está brincando no quarto
de brinquedos — Amélia explica e sorrio.
— Ok, vou vê-la antes de acordar a Bela Adormecida.
— Porra, vocês não conseguem manter as mãos longe um do outro.
Nunca vi isso. A propósito, deu tudo certo? — sogrinha diz, sem papas na
língua. Muito Mariana ela.
— Minha despedida de solteiro foi mais animada, rapaz.
— A minha será também, meu sogro. Deu tudo certo sim, sogrinha.
Se permitirem, irei vê-las, sou um homem ansioso. — Com um leve tapinha
nas costas, me despeço e vou ao quarto da minha pequena. Essa dorme
bonito.
Está encolhida no berço, agarrada à sua cobertinha. Neste momento,
tenho a certeza de que não conseguirei ficar três dias longe dela, em hipótese
alguma. Beatriz estará inclusa em nossa lua de mel, assim como Jéssica, não
tem como não estar. Deposito um beijo em sua testa e vou ver Jéssica. Ela
está no auge da distração.
— Ei, pequenina.
— Tio Arthur. — Ela sorri e então está em meus braços.
— Está brincando, meu amor?
— Sim, de Barbie. Tia Mari comprou uma Barbie nova pra mim e um
Ken.
— Tia Mari é a melhor — digo, dando um beijo em sua testa e a
colocando no chão. Ela sai correndo e essa é a minha deixa para ver a futura
senhora Albuquerque.
Nosso quarto está completamente escuro e, para não assustá-la, ligo a
lanterna do meu celular para me situar. Escuto-a chamando meu nome bem
baixo uma vez. Vou andando até ela e percebo que está sonhando. Chega dar
uma dorzinha lá no fundo do peito de tanto amor. Coloco meu celular sobre a
cabeceira e me acomodo ao lado dela. Minha princesa se mexe ao sentir o
peso sobre a cama. Cuidadosamente seguro seus cabelos e ganho livre acesso
para distribuir beijos em sua nuca, agora desnuda. Mari começa a se
contorcer aos poucos e soltar sons abafados, que são o suficiente para me
deixar completamente sedento. Maldita seja, esse não é propósito agora! Só
quero acordá-la e levá-la para sair, mas enlouquecê-la agora tornou-se bem
mais interessante que qualquer plano que tenha feito.
— Acorda, Bela Adormecida — digo em seu ouvido. Em seguida,
dou um tapa em sua traseira, que a faz despertar na hora.
— Arthur?
— Sim, ou tem outro homem que iria beijar você? — Ela me empurra
e, como em um passe de mágica, se joga sobre mim. Ganho um abraço quase
sufocante e sorrio, em plena felicidade.
— Eu estava louca de saudade, nunca mais me deixe. Estava
sonhando com você, Tutu — choraminga.
— Eu sei, princesa, você chamou meu nome. — Ela apoia a cabeça
em meu ombro e cheira meu pescoço, causando arrepios.
— Humm, eu estava com saudade do seu cheiro, dos seus braços, de
tudo. Não aguento mais dormir sem você, Arthur. Essa semana foi a pior da
minha vida toda — ela desabafa e sinto lágrimas molharem minha camisa. É
tão recíproco isso que ela acabou de dizer.
— Vamos passear? — Tento mudar o foco.
— Não podemos apenas ficar aqui, assim? Não quero ter minhas
mãos longe de você, Tutu. Só quero dormir abraçada a você.
— É nossa despedida de solteiro, Mari.
— Você não vai a lugar algum, em nenhuma despedida, está ouvindo?
— ela esbraveja.
— Não irei, iremos juntos. Vamos?
— Onde iremos?
— Fazer coisas simples e bobas. Comer um McLanche Feliz, comprar
sorvete, ou quem sabe comer cachorro-quente na rua, ver o sol nascer. Nada
luxuoso, princesa.
— Você é perfeito, sabia? — Ela me encara e sorri. — Só vou se você
achar uma barraquinha de churros pela rua. Quero churros, com muito doce
de leite.
— Fechado — digo e ela se levanta feliz, batendo palmas e
acendendo a luz. Ela está com a cara amassada e inchada de chorar.
Provavelmente andou chorando durante o dia, mas decido deixar isso para lá.
— Trouxe flores arrancadas do jardim para você — falo e ela começa a
procurar até achá-las. Minha mulher abre um lindo sorriso, como se tivesse
acabado de ganhar o mundo.
— Vou colocá-las no pote com água do banheiro.
— Perfeito, princesa! — É incrível sua vibração e sua felicidade por
uma coisa tão boba. Foi exatamente por isso que escolhi coisas simples para
curtirmos hoje. As coisas simples são as coisas que ela mais gosta. Mari não
é o tipo deslumbrada, isso a torna ainda mais encantadora.
Me ajeito na cama e fico observando-a correr de um lado para o outro.
Ela se arruma rapidamente e surge linda e radiante, usando apenas um vestido
preto, que vai até o joelho, e um tênis branco. Ela não precisa de muito, é
perfeita!
— Eu queria te falar uma coisa, então vou direto ao ponto, Arthur —
anuncia, séria.
— Diga.
— Não vou conseguir viajar sem Beatriz, pronto, falei. — Solta um
longo suspiro e eu seguro o riso.
— Ela irá conosco.
— Sério? — Ela abre mais um dos seus sorrisos radiantes e me
levanto da cama. É a melhor coisa do mundo vê-la exalando felicidade.
— Sério. Não conseguiria ficar três dias sem ela. Isso significa que
podemos prolongar nossa lua de mel.
— Só eu, esse bebê que está aqui em meu ventre, você e ela? — ela
pergunta, me abraçando. — Mas e a Jé?
— Estou organizando isso, não deixaria Jé de fora, ela já faz parte de
nós — digo, ganhando outro sorriso.
— Eu amo você. Obrigada por isso também, Arthur.
— Vocês são tudo, Mari. Agora pare de agradecimentos, princesa.
Vamos?
— Sim, senhor! — Puxo o edredom da cama e jogo em meu braço. —
Pra que está levando isso? — questiona.
— Vamos ver o nosso grande dia nascer, e um edredom pode ser útil.
— Dou a mão livre a ela e saio a arrastando pelo corredor.
— Vou adorar ver um dos dias mais felizes da nossa vida nascer! —
ela diz e eu jogo tudo no chão, a puxando para um beijo.
— Sou louco de amor por você!
— Escutando funk novamente, Tutu? — pergunto quando entramos
no carro e ele liga o som.
— É, faz parte. — Ri. — Eu ouço para matar a saudade de você.
— Sério? Funk faz lembrar de mim? Qual música? Bota com raiva ou
Tô ficando atoladinha? — Ele solta uma gargalhada. — Sério, Arthur, você é
mais louco que eu às vezes. Todo casal tem uma música fofa, mas, como
somos “os diferentes”, você escuta funk para lembrar de mim. Isso é coisa de
maluco.
— Sua loucura combina com a minha.
— Eu não lembro de você escutando funk antigamente. — Cruzo os
braços e fico observando o caminho.
— Mari, eu poderia estar sem música alguma, mas, ainda assim,
estaria com meus pensamentos em você. É inevitável. Você já está em minha
mente até quando estou em reuniões de extrema importância — diz, me
deixando emocionada.
— Você é... é perfeito.
— Você está feliz? Eu faço você feliz, Mari?
— Que pergunta é essa? Você sabe que sim.
— Só estou querendo ouvir. É nossa despedida de solteiro
diferenciada, estou nostálgico e mais apaixonado que nunca — brinca, mas
sinto emoção em sua voz enquanto dirige concentrado. É a realização de um
grande sonho.
— Eu sou a mulher mais feliz do mundo, Arthur. Isso é só porque
tenho você comigo. Você me faz extremamente feliz. Não tenho nem
palavras suficientes para dizer o quão feliz você me faz.
— Você não sente saudade de antes? De quando era solteira, não
tinha filhos... — A insegurança.
— Óbvio que não — afirmo com segurança. — Eu era incompleta.
Minha felicidade era superficial e a maioria dos meus risos eram causados
pelo excesso de álcool — digo, voltando ao passado e lembrando a vida
desenfreada que eu levava. Era exatamente assim. Muitos homens, muito
sexo, nenhum tipo de sentimento real, muito menos a felicidade. Não entendo
o motivo das perguntas, mas talvez seja emoção pelo nosso grande dia. —
Você mudou minha vida, Arthur, e, além disso, você me deu qualidade de
vida. Me fez mãe, me completou como mulher. Só você.
— Você também, Mari. Minha vida começou quando você entrou
nela — diz sem olhar nos meus olhos. Ele estaciona no drive-thru do
McDonald’s e pede nosso lanche. Enquanto aguardamos, seguro sua mão e
ele fica observando o encaixe perfeito dos nossos dedos. Não falamos nada,
apenas ficamos assim por longos minutos, até sairmos da bolha com a
atendente nos chamando.
— Quatro lanches? — pergunto a Arthur.
— Sim, dois para mim e dois para você. Isso significa quatro
lembrancinhas.
— Ownn, perfeição da Mari! — digo, dando um beijo em sua
bochecha, e ele ri.
— Estamos virando aqueles casais do tipo “neném”.
— Não, me recuso. — Rio. Deus me livre sermos um casal do tipo
“neném”. Após pegarmos os lanches, meu homem liga o carro e nos leva até
o “nosso” lugar.
Parece a antiga cena se desenrolando novamente. Arthur troca
algumas palavras com o segurança e ele libera nossa entrada. O local é todo
nosso! Nada como ter amigos certos, nos lugares certos.
Mais uma vez eu, ele e a vista perfeita da cidade, que só o Mirante das
Mangabeiras oferece.
— Amo esse lugar — digo, saindo do carro, empolgada. Arthur sai do
carro e pega algo no porta-malas.
— Estende no chão pra gente, amor. — Joga um pano para mim e
estendo num local estratégico, com a melhor vista. Segundos depois, ele
chega com os lanches e se acomoda ao meu lado.
— Com fome?
— Sim, senhorito, faminta! Como por dois — brinco. Essa é a minha
desculpa para comer tanto.
Comemos tudo e sobram apenas os Danoninhos.
— Você gosta quando eu te chupo? — pergunta, sorrindo, e eu fico
sem entender.
— Amo, porra... amo muito mesmo.
— Vou te mostrar a técnica que vou ensinar para nosso filho. — Oh,
God! Lá vem história!
— E se for menina?
— É um menino. Observe, Mari — ele diz, pega o potinho do
Danoninho e enfia a língua. Aff, quantos anos ele tem? Começo a rir,
observando a cena, e então ele me mostra o potinho completamente limpo
depois. Seria sexy se não fosse cômico.
— Não acredito nisso, Arthur, você pareceu um garoto de quinze anos
agora.
— Foi só para mostrá-la o motivo de eu mandar tão bem e fazê-la
gozar em minha língua tão rápido — diz, fixado em meus olhos, enquanto
sorrio.
— Bela técnica, doutor Arthur. És excelente em técnicas orais! —
Bato palmas e ele se acomoda atrás de mim, me encaixando entre suas pernas
e me abraçando. Ficamos olhando a cidade em um silêncio confortante, até
que a paz e a calmaria me invadem.
Eu acabo pegando no sono. Quando acordo estou envolvida pelos
braços do meu homem. Só então percebo que está começando a querer
amanhecer...
— Nossa, dormi.
— Sim, meu amor, você dormiu.
— Você não? — pergunto.
— Fiquei apenas te observando. Estou ansioso — confessa.
— Eu também estou, sou inexperiente em casamento.
— Eu também.
— Não, Arthur, você já se casou uma vez — digo e ele solta um
longo suspiro.
— Eu deveria levá-la para casa, afinal, hoje é o grande dia, mas vou te
contar uma história que nunca contei a ninguém, Mari. Posso?
— Pode, claro.
— Sabe onde eu estava na véspera do meu casamento com Laís?
— Não.
— Eu estava em um puteiro de luxo, comendo três mulheres de uma
vez — diz, me deixando boquiaberta. — Mari, me tornei bem-sucedido muito
jovem. Eu e Laís namorávamos, era um namoro legalzinho, mas nunca quis
me casar com ela, nunca.
— Então por que se casou?
— Calma, vou chegar nisso. Eu tinha muitos amigos da faculdade e
do trabalho. Todos eles estavam casando e constituindo suas respectivas
famílias, todos eles, Mari. Todo casamento que eu ia, rolavam especulações
sobre quando eu iria me casar. Chegou a um ponto que eu estava sendo
pressionado de todos os lados possíveis, só meus pais que não me
pressionavam. Alguns amigos diziam que casar passava credibilidade, meu
chefe na época também dizia isso, os pais de Laís ameaçavam de todas as
formas possíveis, e ela começou a enlouquecer com a história de casamento.
Eu queria ter terminado, mas, cada vez que eu sugeria isso, acontecia algo
diferente, que fazia eu desistir. — Ele vai falando e de vez em quando faz
intervalos, relembrando os fatos. — Aí cometi o erro, acabei aceitando o
pedido de casamento dela. Exatamente isso, Mari, ela me pediu em
casamento, e fui fraco, cedi à pressão imposta por todos. Ela organizou tudo,
até a roupa que eu iria vestir. Eu não cuidei de nada disso. Até a casa que
comprei foi escolha dela.
— Nossa!
— Quando a data foi se aproximando, comecei a beber e sair com
várias mulheres, muitas. Lembro que eu estava com a maior ressaca no dia do
casamento, e quando eu estava prestes a entrar na igreja, minha mãe me
puxou em um canto e disse “ainda dá para desistir, Arthur”. Mari, por um
minuto eu quase fugi daquela igreja, mas aí olhei as centenas de convidados e
a coragem foi embora. Lembro que eu mal olhei para ela caminhando em
minha direção, rezava apenas para que aquilo acabasse logo. Não me lembro
de uma só palavra que o padre disse, apenas disse sim e agi como um robô
programado. Depois que a cerimônia acabou, teve a festa e eu me esbaldei de
tanto beber. Nós não tivemos lua de mel por conta da minha ressaca. Precisou
de pouco mais de um mês para eu me recompor, colocar a cabeça no lugar e
agir como homem. Aí eu comecei a tentar fazer com que nossa relação desse
certo, me esforcei muito, quis filhos, mas ela era frígida demais, Mari. Sei
que ela gostava de mim, porém, a frieza dela era maior que tudo. Na verdade,
ela se tornou fria do nada, porque no início do relacionamento éramos até
felizes, de certo modo. — Merda! — Enfim, chegou uma hora que paramos
de dormir juntos, mergulhei de cabeça no trabalho e passamos a viver de
aparência — explica. — Eu não a traí mais depois que nos casamos, juro para
você. Era como se meu lado sexual estivesse adormecido. Demorou muito
para que ele despertasse, e aconteceu de uma maneira insana quando
entrevistei uma linda morena.
— Eu?
— Sim. Agora vou te contar por que eu gosto tanto desse lugar aqui,
Mari — diz, me emocionando.
— Conte.
— Eu vinha aqui quando precisava de espaço para pensar. Sabe, não
sou um cara muito religioso, Mari, mas tenho minha fé, do meu modo. Eu
vinha aqui e rezava, pedindo a Deus para que mudasse minha vida, já que eu
era tão covarde. Eu era um homem desanimado, porém, todas as segundas-
feiras, eu ganhava um pouco de vida quando você chegava no escritório,
esbanjando ressaca e sorrindo. — Eu sorrio. — Vou confessar uma coisa, eu
queria te seguir. Eu era louco para ver como era minha assistente nas festas,
como curtia e porque era tão cheia de vida. Mas eu não tinha coragem. Eu
sabia que não poderia me intrometer em nada porque era casado, e sabia que
não ia aguentar me segurar. Mari, você é tão incrível. Era incrível ver o quão
dedicada você era ao trabalho, era incrível ver seu profissionalismo até com
ressaca, era incrível ver o quão animada você era e ainda é...
— Uau, Arthur!
— Sim, uau! E aí teve uma noite em que eu estava aqui, rezando, e
quando abri os olhos, a primeira coisa que apareceu em minha mente foi
você. Foi nessa noite que eu cheguei em casa decidido a pedir o divórcio. Eu
entendi que sua imagem era um sinal. Eu juro por Deus, Mariana, estava
pouco me lixando se você tinha namorado ou qualquer espécie de
compromisso, você iria ser minha de qualquer maneira. Eu iria passar por
cima de qualquer pessoa, porque eu estava completamente apaixonado. —
Lágrimas escorrem pelos meus olhos e ele continua falando, também
emocionado. — E aí, Mari, eu cometi a primeira falta de ética da história da
minha profissão. Peguei seu endereço e consegui marcar para ver o
apartamento, que, por obra do destino, era ao lado do seu, e fiz mais, te segui
pela primeira vez. Você foi naquela boate louca e eu fui com dois amigos
meus. Fiquei observando a senhorita a noite toda e percebi que você já estava
beirando à loucura. Aí não teve mais jeito, tive que segurar minha menina.
Naquele momento eu soube que nunca mais seria capaz de te largar. Nunca
mais, minha maluquinha. Você se encaixou em meus braços e eu vi que neles
era o seu lugar.
— Obrigada por não ter desistido de mim quando viu toda minha
loucura. Eu amo você demais.
— Eu também amo você, Mari. Você entende o porquê insisto tanto
no casamento, mesmo sabendo que estamos casados desde o dia em que
coloquei minhas mãos sobre você? Entende?
— Sim, eu entendo. — Me viro de frente para ele e seco suas
lágrimas, sem me importar com as minhas.
— É o meu maior sonho. Eu quero ter o prazer de me casar com a
mulher que eu amo com todas as forças que existem em mim. Eu quero ter o
casamento que sempre sonhei para mim. Quero ver a mulher que Deus me
deu, caminhando em minha direção ao altar. É você, Mari, a mulher que eu
quero para passar o resto da vida. A mãe dos meus filhos. A luz da minha
vida. Você é tudo para mim. Você é o meu amor, Mariana. É mais forte que
qualquer coisa o amor que sinto por você, por esse bebê na sua barriga e por
nossa pequena.
— Ai, meu Deus! — Me jogo nos braços dele e choramos juntos,
como nunca choramos antes. É o choro de alegria. Minutos depois me afasto
e me ajoelho diante dele, sob seu olhar inquisidor. — Ajoelhe e me dê suas
mãos — digo e ele faz. Meu coração está disparado e eu seguro a vontade de
continuar chorando. Desvio meu olhar do dele e olho para o céu, com o sol
dando início a um lindo dia. Vejo Arthur imitar meu gesto. — Obrigada,
papai do céu, por eu ser a escolhida. Obrigada pelos nossos filhos, pela nossa
felicidade, obrigada pelo nosso casamento. Obrigada por ter nos unido e por
ter dado o homem perfeito, sob medida, para mim. — Volto meu olhar para o
dele e ele me encara, banhado em lágrimas. — Obrigada por me amar, por ser
o amor da minha vida, Arthur. Nós seremos sempre assim, na alegria e na
tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza... Por todos os dias de
nossas vidas. Você tem meu coração, meu amor. Você me possui por
completo.
Digo e ele me beija em seguida, até conseguir me ter deitada.
Derramamos todo nosso amor nesse beijo por longos minutos, até ele se
afastar.
— É o momento e o lugar ideal para fazermos amor, mas preciso
levar minha noivinha para casa. Faltam menos de doze horas...
— Não existe lugar no mundo que eu gostaria de estar, senão aqui
com você.
— Esperamos uma semana, podemos esperar mais algumas horinhas.
Preciso que descanse um pouco — diz, com um olhar promissor.
— Preciso descansar. Promete que vai descansar um pouco também?
— Prometo, se você deixar eu dormir abraçado com você na nossa
cama — diz e boceja.
— Fechado. — Ele se levanta, me puxa e em segundos estamos no
carro, indo para nossa casa.
Sinto-me sendo salva de um afogamento quando abro os olhos.
Demoro alguns longos segundos para raciocinar e entender o que acabou de
acontecer.
Arthur está em pé, desorientado, me dando uma bela visão do seu
traseiro nu e tapando sua nudez frontal com um travesseiro, enquanto discute
com ninguém mais, ninguém menos que minha mãe. Que diabos está
acontecendo?
Conforme a ficha vai caindo, percebo que estou levemente molhada.
Volto a olhar para Arthur e me dou conta de algumas gotículas escorrendo
lentamente pelas suas costas. Puta que me pariu, que homem é esse?! Sexy
até quando não quer! Ficaria horas observando todo o percurso que as gotas
estão seguindo... Estou com tesão matinal. Se eu fosse homem, meu pau
estaria durinho agora.
— Você já perdeu duas horas do seu dia de noiva! Isso é uma falta de
vergonha dos dois! — gritos de mami poderosa me atingem e agora me sinto
desperta por completo. Quando foi que Arthur ficou nu mesmo?
— Tudo bem, mas isso não lhe dá o direito de acordá-la assim — meu
homem esbraveja.
— Dá sim, senhor. Não poderia ter esperado a lua de mel? Agora
vamos correr contra o tempo. Trate de vestir seus panos e ir embora, Arthur!
— Calma, mãe. Uau! Calma! — Arthur vira para mim e sorri, porém,
um grito o faz cair em si.
— Eu não quero ver essa sua bunda branca, Arthur, me poupe!
Apesar de que... Que bunda, hein?! Meus parabéns, querido genro!
— Então retire-se do nosso quarto, sogrinha, ou verá meu pau
também — ele diz, revirando os olhos.
— Retire-se você, agora, anda! — ela grita e ele se vira novamente
para mim, pouco se fodendo se ela vai ver seu bumbum espetacular.
— É hoje — diz com brilho nos olhos e meu coração falha algumas
batidas.
— Sim, é hoje — respondo, mordendo os lábios e segurando um
sorriso.
— Aff, vocês têm dois minutos para a melação de calcinha! Estou do
outro lado da porta, ouviu, Arthur?!
— Ok — ele responde, revirando os olhos mais uma vez, e mamãe
sai.
Como uma criança feliz, fico de pé sobre a cama e Arthur se
aproxima. Solta o travesseiro e me puxa para seu colo, envolvendo minhas
pernas em sua cintura. Em seguida, já estamos perdidos em nossas bocas. Era
tudo que eu queria! Agora sinto-me preparada para as longas horas do meu
dia de noiva.
— Eu adoraria continuar, mas preciso ir — diz, grudando a testa na
minha. Aliás, não só a testa, mas todo seu corpo. Porra! Que tortura!
— Eu amo você, meu Tutu.
— Esperarei você no altar, 18h em ponto, minha vida, não atrase.
— Estarei lá, meu príncipe — respondo, emocionada, e ele me coloca
em pé na cama novamente, desce até minha barriga e deixa um beijo
carinhoso.
Assim que se distancia do meu corpo, um vazio me toma. Hormônios
à flor da pele... Isso não é bem-vindo agora.
Arthur recolhe as roupas do chão, veste apenas sua cueca e sai,
mandando um último beijo da porta. Eu, esquecendo da gravidez, me jogo de
costas no colchão.
Uau! Pode parecer clichê ou até mesmo “exagero”, pelo fato de
morarmos juntos há algum tempo, mas o dia de hoje é um marco da nossa
história.
Eu nunca imaginei que casaria algum dia e, sendo clichê novamente,
me pego pensando em tudo que passamos até o dia de hoje. Acho que isso é
normal, mesmo que já dividimos o mesmo teto. Sinto-me ansiosa para fazê-lo
feliz. Tudo que tenho feito é relembrar nossa trajetória.
Fecho os olhos e começo a imaginar cenas: eu indo ao encontro dele
no altar, posso até ver seu rosto de felicidade e todas as emoções que nós dois
estaremos envoltos. Meu Tutu! Eu serei oficialmente esposa do meu Tutu, do
chefe que eu tanto babava. Eu terei seu sobrenome.
Puta que me pariu! Eu terei o sobrenome dele! Chupa, mundo! Chupa,
sociedade!!! Eu me casarei hoje com meu chefe sexy e gostoso, porra! Com o
dono de tantas fantasias eróticas!
Num salto empolgado, já me encontro de pé, numa adrenalina
máxima!
Sigo para o banheiro, me olho no espelho e sorrio.
É isso aí, Mariana, bora fazer com que esse dia seja inesquecível
para o homem da sua vida, digo a mim mesma.
DUAS HORAS ANTES DO CASAMENTO
— Arthur, meu querido, você vai passar mal se continuar desse jeito.
Vai dar tudo certo, meu filho, relaxa. Está tudo lindo lá fora. Por que não vai
beber algo para relaxar?
— É, maninho, vamos beber um uísque.
— Tem certeza de que está tudo certo? Nenhum problema? Mariana
vai gostar? Fiz as escolhas certas? A decoração? Tudo certo?
— Ei, ei, ei, pode parar. Você está surtando. Está tudo lindo, meu
filho, tudo organizado. Falta só o padre e a noiva chegarem — minha mãe
brinca e meu coração acelera ainda mais.
— Uau, irmão, nem no seu primeiro casamento você estava dessa
maneira.
— Eu não estava me casando com a mulher da minha vida, acho que
isso explica. Nem é possível comparar aquilo com a atual situação. —
Mamãe volta com dois copos de uísque e sai apressada.
— Ela é mesmo especial, né, Arthur?! Mari é incrível.
— Muito mais que incrível. Minha filha? — pergunto, sorridente.
— Está fazendo o dia de noiva com Mari — Alice responde, me
fazendo sorrir. Imagino nossa pequena tendo um “dia de noiva” com minha
Mari.
— Viu? Por isso que ela é incrível, cara. Nossa filha não tem nem um
aninho e já está participando do dia de noiva. — Estou orgulhoso, pra
caralho!
— Ela é demais mesmo.
— E a senhorita e Luiz? — pergunto e ela arranha a garganta.
— Estamos caminhando bem.
— Nada de casamento ou sobrinhos para mim?
— Por enquanto, não. Somos um casal devagar.
— Mas está tudo bem com vocês? Estão bem assim, indo devagar?
— Sim, estamos. As dicas da Mari melhoraram nosso relacionamento
em 90%.
— Dicas da Mari? Mari, minha esposa? — pergunto, incrédulo.
— Lógico, qual outra Mari seria?
— Não quero imaginar as dicas — brinco e tomo um gole do meu
uísque.
— Mari é muito espírito livre para o sexo, né? Fico boba como ela
não impõe tabu algum. Você é um cara de sorte, maninho.
— Sim, sou, mas não estou preparado para imaginar as dicas que ela
te deu sobre tal assunto, Alice. Você é minha irmãzinha.
— Prepare-se, Arthur, tenho certeza que com seus filhos esse assunto
será tratado da mesma maneira por ela. Mas relaxe, isso é excelente. É
melhor que eles saibam dentro de casa. Mariana será uma excelente mãe de
adolescentes, tenho certeza disso.
Fico em silêncio, absorvendo as palavras, e permito-me viajar no
futuro, um futuro com a Mari mãe de adolescentes. Caramba, nunca havia
parado para pensar no futuro. Já posso imaginar Mariana sendo Mariana, com
um bando de adolescentes, incluindo sobrinhos, amigos dos filhos e eu,
louco, completamente louco! Porque tudo que envolve Mariana me deixa
louco, de um jeito ou de outro.
Uma coisa é certa, emoções nunca faltarão com minha linda esposa.
Se estou preparado? Oh, claro... desde que eu tenha ela e suas loucuras, me
sinto preparado para qualquer coisa.
— Filho, olha quem está aqui!!!
— Minha princesinha.
— Papaaaa... papa... — O peito chegar a doer de tanto amor. Ajoelho
ao chão e ela fica de pé, tentando se equilibrar em suas pequenas e gorduchas
pernas. É um momento meu e dela.
Minha pequena garotinha está vestida de noivinha e estou chorando
por isso. É a coisa mais perfeita do mundo, e foi eu e Mari que fizemos. Essa
pequena aqui é toda minha vida. A realização do meu primeiro maior sonho:
ser pai.
— Bom, falta apenas uma hora. Quer dar uma conferida em tudo? —
minha mãe diz, sorridente, e eu limpo minhas lágrimas, ficando de pé e
pegando minha miniatura.
— Papai ama você, princesa — falo e ela sorri.
Falta uma hora. Caralho!
— Oh, meu Deus, você está uma princesa perfeita, filha!
— Merda, não me faça chorar, mãe — digo, contendo as lágrimas.
— Vamos, seu pai quer falar com você e não queremos nenhum
atraso. — Ela me dá a mão e percebo que está tão fria quanto a minha.
Seguimos até a entrada do SPA, onde papai nos espera. Surjo e a comoção é
geral, atraindo sua atenção. Quando ele volta o olhar para mim, não consigo
me conter. Papai engole em seco algumas vezes e enxuga as lágrimas
sorrateiras que escorrem. Mamãe tenta dar uma de durona, mas não resiste
por muito tempo, e nós três nos abraçamos.
— Você está linda, minha menina, uma verdadeira dama. Meu maior
orgulho! — ele diz com a voz embargada.
— Obrigada, papai! Obrigada por tudo que o senhor e a mamãe
sempre fizeram por mim. Muito obrigada mesmo!
— Sempre faremos tudo por você, minha menina. Desculpe pelos
anos de ausência, desculpe por não sermos pais exemplares.
— Pai, nunca diga isso. Vocês nunca foram ausentes, mesmo de longe
eu sempre tive vocês como minha base e meu apoio. Vocês são os melhores
pais que eu poderia ter.
— Bom, minha filha, está na hora de irmos. — Ele engole em seco
novamente. — Eu sei que está em boas mãos, e é como muito orgulho que
vou levá-la até Arthur. Eu desejo que essa união seja rica em cumplicidade,
felicidade... Eu... Nossa... Eu desejo que seja eterna, minha filha! Sejam o
que já são e garanto que a união será duradoura. Igual eu e a velha da sua
mãe!
— Velha é seu...
— Ok, mamãe, foi só uma brincadeira do papai. — Sorrio em meio às
lágrimas.
— Viu, minha filha, assim que tem que ser. — Ele ri. — Preparada?
— Sim, pai, preparada.
Minutos depois, as assessoras do casamento estão me ajudando a
entrar no carro, de forma que não danifique o vestido. Quando está tudo sob
controle, seguimos rumo à chácara. Quanto mais se aproxima, mais ansiosa
vou ficando. Quero deitar no asfalto e chorar rios de lágrimas. Nem mesmo
entendo o motivo dessa necessidade.
Nem todo o relaxamento que tive hoje foi páreo para me acalmar.
Nenhum banho de chocolate, SPA dos pés, massagem... Absolutamente nada
conseguiu! Aliás, a depilação completa serviu para atacar minha fúria...
Enfim!
Decido ir todo o trajeto calada, perdida em pensamentos. Mas, ao ver
a entrada da chácara se aproximar, sinto a necessidade de soltar um “puta que
pariu” bem alto, fazendo meu pai e minha mãe me encararem como se eu
fosse uma aberração.
— Chegamos, filhinha, nada de palavrões.
Papai estaciona o carro e as assessoras, que estavam no carro de trás,
vêm o mais rápido possível e me ajudam a sair. Passo meu olhar pelo local e
não dá para ver muitas coisas, consigo ver apenas luminárias espalhadas por
todo o caminho. Arthur foi perfeito até na escolha do horário. O entardecer
deixa tudo mais charmoso. O sol está quase se despedindo, deixando o céu
levemente alaranjado.
A assessora me entrega o buquê, enquanto mamãe sai correndo na
frente, pois tem que entrar na cerimônia com o pai de Arthur. Meu pai
oferece seu braço e, nesse momento, torna-se minha tábua de salvação.
Minhas pernas estão trêmulas, o coração acelerado, a boca seca...
— Respira fundo, minha filha, se controle — ele diz e concordo,
balançando a cabeça.
Fecho os olhos e busco uma respiração bem lá no fundo... Quando os
abro novamente percebo que não ajudou porra nenhuma esse caralho. Sinto
vontade de sair chutando coisas.
— Dona Mariana, pode ir seguindo. Vocês irão se posicionar dentro
daquela tenda colorida. — A assessora aponta para uma tenda fechada por
tecidos coloridos. Papai e eu seguimos suas ordens. Estou com ódio por todo
caminho estar coberto, impedindo minha visibilidade de tudo!!!
Parece que os minutos não passam por nada e já me sinto impaciente
quando ouço uma clarinada que faz meu mundo parar! É agora! Eu juro que
quero rolar no chão e chorar. Esse som causa arrepios da cabeça aos pés.
— Agora é com vocês — a assessora diz e, assim que termina a
clarinada, os tecidos se abrem e a tão sonhada marcha nupcial começa a ser
orquestrada.
Tento me manter firme e seguir, mas, assim que encontro os olhos de
Arthur, meus pés congelam ao chão.
Nunca vi um noivo mais lindo que o meu.
PUTA QUE PARIU!!!
Esperava a Mariana vestida de tantas maneiras, mas não dessa.
Minha esposa está como uma dama comportada e não como a mulher
fatal que é diariamente. Estou surpreso e encantado. Esperava um tomara que
caia decotado ou um vestido com um daqueles rasgos gigantes na perna, mas
ela está vestida da forma mais pura que jamais imaginei. Um anjo. Um anjo
que sei que não existe. Um anjo que deve estar escondendo um armamento
pesado por baixo dessa roupa.
Uma emoção toma conta de mim ao vê-la. Ela está paralisada, me
encarando. Sorrio amplamente. Eu também estou impactado, Mari... Pela
primeira vez não tenho o mínimo de vergonha de chorar na frente de todos.
Ela me tem como ninguém!
Não consigo me conter. Ao vê-la imóvel, desço do altar e vou buscá-
la na entrada da capela, pouco me importando com os olhares reprovadores.
Meu sogro sorri, diz algo em seu ouvido e então a entrega em minhas
mãos. Ela é minha, desde sempre.
— Faça ela feliz ou cortarei suas bolas — diz, me dando um tapa nas
costas. Nada importa, estou deslumbrado o bastante para todos aqui presentes
deixarem de existir.
— Você está acima da perfeição, Mariana. Vou guardar essa imagem
em minha memória e em meu coração pelo resto da minha vida.
— Eu foderia com você agora, meu amor. Você está mais gostoso que
o normal e estou com um tesão absurdo — ela responde em meu ouvido e
engulo em seco.
Sinto meu pau ganhar vida e dar três tremeliques. Diabo de mulher
gostosa e safada! Ela engana todos aqui com essa carinha angelical, mas não
a mim.
— Vamos logo dizer sim, safada. Diga sim e te arrastarei no meio
desse mato, fodendo até desmaiar — falo e alguém engasga ao nosso lado.
Quando olhamos, vemos Júlia e nos damos conta de que há convidados em
nosso casamento.
Meu lindo homem nos conduz, com mãos frias e trêmulas, até o altar.
Eu mal consigo encarar o padre diante de tantos pensamentos pecaminosos
que estão corroendo minha mente e minha sanidade. Que Deus me perdoe por
isso! É meu casamento, eu deveria ter o mínimo de respeito.
— Boa tarde a todos, ou seria boa noite? — o padre cumprimenta,
animado, e todos respondem. — Estamos reunidos aqui para celebrarmos a
realização de um sonho, a realização do matrimônio de Arthur e Mariana.
Bom, não sei se algum de vocês já foram em uma cerimônia realizada por
mim, mas tenho que deixar claro que não é como as demais. Sei que
cerimônias com muitas passagens bíblicas tendem a ser tediosas, não pelas
passagens, mas pela demora. Sei que todos ficam se corroendo por dentro,
para que tudo acabe logo e possam ir para os comes e bebes — ele diz,
fazendo todos rirem, e eu já me apaixono por ele. — Enfim, vou fazer do
meu jeito, com algumas citações e conselhos que acho importante e que
separei especialmente para esse jovem casal. Saudações — ele fala e todos
fazemos o sinal da cruz. — Arthur e Mariana. Escrevi e tenho dito nos
casamentos aquilo que chamo de os Dez Mandamentos de um Casamento
Feliz. Não é receita, é um projeto de construção da felicidade no casamento.
Amar pode e deve dar certo. Sejam sábios: nunca se irritem um com o outro
ao mesmo tempo — ele diz e Arthur cutuca minha costela disfarçadamente.
— Sejam inteligentes: lembrem-se que quando um não quer, dois não brigam.
— Nessa hora sinto vontade de rir e solto uma leve tossida. — Sejam gentis:
jamais gritem um com o outro, a não ser que a casa esteja em chamas. — Oh,
querido padre, a casa sempre está em chamas! — Sejam amigos: se um tiver
que ganhar a discussão, deixe que seja o outro. — Jamais! A não ser que o
sexo venha a compensar minha perda! — Sejam honestos: se cometerem um
erro, reconheçam e peçam perdão. — Ok, isso dá certo entre nós dois. —
Sejam companheiros: se tiverem que criticar, que seja para somar, nunca para
dividir. Sejam positivos: não remoam erros passados. Águas passadas não
movem moinhos. Sejam criativos: inovem sempre, namorem sempre, fujam
da mesmice sempre. — Oh, camarada, você não sabe da missa 1/3, aqui é
setenta por cento... — Sejam amorosos: pelo menos uma vez ao dia digam ao
outro uma palavra de carinho. — Sempre! Eu o amo! — Sejam bons
amantes: nunca durmam com mágoas. Por que perder uma noite de amor? —
E nessa hora eu e Arthur caímos na gargalhada, levando todos a rirem
conosco. — Bom, já que estão rindo, devo presumir que falei as palavras
certas — ele brinca e eu e Arthur concordamos.
— Senhores e senhoras, irmãos, oremos! Momento de oração: que o
Deus que paradoxalmente mora nas alturas dos céus e na interioridade de
cada pessoa, nos ouça na petição que iremos fazer com os pensamentos
voltados para estes que hoje se tornam uma só pessoa. Mensagem: Gênesis
2.18 "Então o Senhor Deus declarou: ‘não é bom que o homem esteja só;
farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda’" — ele diz e todos
dizemos amém. — Arthur e Mariana, viestes aqui para celebrar o vosso
matrimônio. É de vossa livre vontade e de todo o coração que pretendeis
fazê-lo?
Nós dois respondemos:
— Sim.
O padre continua:
— Vós que seguis o caminho do matrimônio, estais decididos a amar-
vos e a respeitar-vos, ao longo de toda a vossa vida?
Eu e Arthur dizemos:
— Sim.
— Estão dispostos a receber amorosamente os filhos, como o dom de
Deus?
Respondemos sorrindo e trocando um aperto de mãos:
— Estamos.
— Uma vez que é vosso propósito contrair o santo matrimônio, uni as
mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na presença de Deus e da
sua Igreja.
Eu e Arthur viramos um para o outro e unimos nossas mãos, porém,
uma música começa e a surpresa me faz cair aos prantos.
Minha Jé entra, empurrando um lindo carrinho branco com a nossa
pequena Beatriz, que está envolvida com sua chupetinha, trazendo as alianças
nas mãos.
— Gostou? — meu perfeito marido pergunta baixinho.
— Você é perfeito em tudo, Arthur, jamais imaginei isso, por mais
que tenha a levado para fazer o dia de noiva.
— Lembro que, quando havia acabado de te pedir em casamento, a
mais de um ano atrás, você disse cheia de vida que já tinha o serzinho
perfeito que iria trazer nossas alianças. Foi assim que você deu a melhor
notícia da minha vida, você estava grávida e me deu a maior alegria da vida,
Mariana. Nada mais justo que o serzinho trazer as alianças — ele diz e eu me
acabo.
— Pelo amor de Deus, vou ficar como um panda nas fotos. Eu amo
você — digo. Beatriz solta seu grito de “papaaaa”, atraindo minha atenção.
— Princesa da mamãe. — Me abaixo a dou um leve beijinho em sua testinha,
enquanto Jéssica retira as alianças e entrega a Arthur. Eu abraço minha Jé,
que está chorosa, e beijo sua mão.
— Então, meus queridos, vamos prosseguir aos votos — o padre fala
e voltamos à posição, olhando um para o outro. Mal posso acreditar que é
agora! Arthur respira e inspira algumas vezes, controlando a emoção, e diz as
palavras que eu jurava que nunca iria ouvir na vida...
— Eu, Arthur, recebo por minha esposa a ti, Mariana, e prometo ser
fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por
todos os dias da nossa vida. Eu amo você demais, minha maluquinha! — Ele
me faz sorrir, coloca a aliança em meu dedo, dá um beijo carinhoso e enfim
chega minha vez.
— Eu, Mariana, recebo por meu esposo a ti, Arthur, e prometo ser
fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença,
todos os dias da nossa vida. E mais... desculpe, sacerdote, mas eu preciso
dizer algumas palavras — falo para o padre. — Eu não sou uma pessoa muito
religiosa, tenho muita fé, mas não sou religiosa. Eu poderia recitar Coríntios
da forma como é. Não sou religiosa, mas sei de cor, aliás, é uma das citações
mais famosas: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se
não tivesse amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios do
conhecimento, e tenha uma fé capaz de remover montanhas, se não tiver
amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o
meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá. O
amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja (não arde em ciúmes), não se
vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se
ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça,
mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta". É muito bonito e tudo mais, porém, não se encaixa a nós dois. Essa
citação realmente não é a realidade que vivemos e só teria o real sentido se eu
pudesse fazer algumas modificações. Eu modificaria ela facilmente. Se eu
não tivesse você, Arthur, eu não seria feliz, eu não saberia o significado real
da palavra amor. O amor que sinto por você me faz arder em ciúmes, me
deixa irada, e quer saber, de verdade? O amor que sinto por você não é nada
paciente, na verdade, é completamente impaciente, porque eu não consigo
passar mais de duas horas sem falar com você, e desculpe-me Deus, mas me
vanglorio todos os dias por ter um homem como você. Sinto um orgulho
gritante disso, e confesso, sou uma pecadora e não quero deixar de ser, não
mesmo. Eu quero continuar vivendo em pecado com você, Arthur. Nossa
loucura combina, nosso desejo combina, nós dois somos perfeitos juntos e
não me imagino sem você. É como se antes de você eu não tivesse existido.
— Ele chora. — Obrigada, Deus! Obrigada, Arthur, por ter me dado a honra
de ser sua esposa, por ter me escolhido para ser a mulher que vai passar o
resto dos dias com você, porque serei. Nós somos “para sempre”. Eu amo
você e nossos filhos, e declaro diante de todos o meu amor e meu
compromisso com nossa união. Você é tudo para mim, Tutu, tudo! —
Termino de dizer e voo em seus braços. Ok, nada convencional, mas quem
disse que somos convencionais?
Com Arthur me segurando nos braços e sob o aplauso emocionado de
todos, o padre, sem palavras, nos dá a bênção final e nos beijamos. Um beijo
bem animado para ser na frente de todos, mas estamos completamente
envolvidos no nosso mundo, no mundo Mari e tutu.
— Precisamos sair daqui! — ele diz, desesperado.
— Óbvio que não dá agora, Arthur. Todos querem nos cumprimentar.
— Fodam-se todos! Por favor, Mari, eu imploro. Preciso tanto de
você, minha esposa — fala com cara de pidão, e eu, para falar a verdade, não
consigo pensar em outra coisa que não seja ter as mãos dele em meu corpo.
— Não são muitos convidados, vamos cumprimentá-los, em seguida
fugimos.
— Tudo bem, quinze minutinhos, no máximo. Tenho uma surpresa.
— Mais uma? — pergunto, espantada.
— Todas as surpresas do mundo para a minha mulher. Vamos rumo
aos cumprimentos? — diz e eu aceno com a cabeça, concordando.
Após cumprimentarmos a quase todos os convidados, Arthur se torna
um homem muito apressado e decidido a nos tirar daqui. Me pega pela mão e
sai me puxando como um louco. Cara, nem no nosso casamento as coisas
mudam! Eu amo muito tudo isso!
— Dá para ir com calma? Onde vamos?
— Aqui na chácara mesmo, mas não na casa principal. Entre no carro,
princesa — diz e viro para frente, para me dar conta de que estamos próximos
ao carro. Uau!
Ajeito-me com um pouco de dificuldade e Arthur faz um bolo com a
calda do vestido, fechando a porta em seguida. Muito delicado!
Ele entra e dá partida.
Em menos de cinco minutos estaciona em frente a um casebre todo
aceso com lamparinas, que dão um ar bem romântico ao local. Abre a porta
do carro e me ajuda a descer. De mãos dadas, entramos.
Pelo chão, há centenas de pétalas de rosas e luminárias espalhadas por
toda a sala. Vou seguindo até uma janela, encantada com o quão
surpreendente Arthur pode ser. Não sinto sua presença atrás de mim e me
viro para reivindicá-lo. Arthur está parado, encostado na porta fechada e me
olhando com brilho nos olhos.
— O que foi? — pergunto.
— Quero ver você assim, quero memorizar tudo, cada detalhe — diz
e me sinto corando. Logo eu. — Vire de costas — ordena e me viro,
completamente ansiosa e curiosa pelo pedido. — Perfeita, Mariana. Tem
ideia do quão perfeita está com esse vestido? — pergunta e eu balanço a
cabeça negativamente. — Eu nunca imaginei. Ele é tão discreto, comportado.
Você me surpreendeu.
— Achou que eu viria mostrando tudo que pertence somente a você?
— Talvez. Essa única parte desnuda nas costas está consumindo meu
juízo, Mari — diz e sorrio. — Pode tirar o véu? — ele pede e eu me viro para
vê-lo retirando sua gravata borboleta. — De costas. Tire o véu. — Como boa
esposa que sou, obedeço suas regras. Porém, obedeço do meu jeito... O jeito
demorado e provocativo. Lentamente, vou desfazendo os grampos que
prendem o véu, até que meus cabelos caiam sobre os ombros e o véu fique
em minhas mãos.
Arthur se aproxima, pega em minha cintura com uma mão e usa
alguns dedos para traçar linhas invisíveis em minhas costas, mexendo com
todas as terminações nervosas do meu corpo.
— Perfeita. Cortou os cabelos.
— Um pouco — respondo, ofegante.
— Olhe para mim, Mari — diz e me viro para encará-lo. — Você tem
ideia do que significa para mim?
— Tenho. O mesmo que você significa para mim, Arthur.
— Eu gostaria de te dobrar sobre a mesa e te foder sem limites, mas,
hoje não. Hoje quero amar você, apenas amar você.
— É tudo que mais quero, Arthur, mas e os convidados?
— Poderia dizer que serei rápido, mas estaria mentindo, Mari. Quero
que essa noite seja especial e longa...
— E o que faremos sobre isso? — pergunto, o segurando pela gola da
camisa.
— Não sei. Eu preciso de você — ele diz e eu grudo nossos lábios. A
conexão explosiva que só eu e ele temos está mais presente do que nunca.
Um braço permanece envolvendo minha cintura e sua mão sobe por
entre meus cabelos. De repente, as palavras “especial e longa” já não existem
mais, deram lugar ao desejo e à necessidade. Buscamos pelo alívio, que só
ele pode me proporcionar e só eu sou capaz de proporcionar a ele...
O vestido torna-se quente demais e a calça do Arthur parece ter
encolhido, tamanha necessidade.
Eu senti falta disso!
Retiro minhas mãos de sua camisa e viro de costas. Como um bom
leitor de mim, ele sabe exatamente o que quero. Delicadamente, ele
desabotoa os botões do vestido, um por um. Gostaria de uma câmera
filmando sua reação quando ver o que tem guardado por baixo. A parte
detrás, transparente, do meu sutiã, faz um bom trabalho em enganar.
Arthur se perde, distribuindo beijos em minha nuca, e eu apoio as
mãos na parede, em busca de controle físico. Após longos segundos de briga
com os botões, sinto o vestido formar uma poça aos meus pés e o suspiro
prolongado do meu homem. Viro-me e vejo seus olhos mais escuros e
primitivos, fixados em mim. Sorrio timidamente e mordo o lábio inferior.
— As aparências enganam — diz e sorri. — Toda comportada como
noivinha e por baixo do vestido a devassidão que me enlouquece. —
Aproxima-se como uma raposa, fazendo meu corpo tremer. Coloca o dedo
indicador em meus lábios e passeia com ele lentamente até minha intimidade
úmida. Fecho os olhos e em questão de segundos sua boca está em meu
pescoço...
— Oh, Deus... — gemo e ele agarra meus cabelos. Desço minhas
mãos e trabalho pesado para retirar seu cinto e abrir a calça, mas sou
impedida por sua rapidez. Arthur me agarra pelas coxas, sem se importar em
destruir minha cinta-liga preta, e sou obrigada a apoiar em seus ombros.
Gruda o corpo ao meu de tal forma, que sinto cada parte do corpo dele. —
Por favor, não faça maldade hoje. Estou desesperada por você, Arthur.
— O especial e longo terá que ficar pra depois...
— Simmm. Quero nada especial e bastante duro, agora!
— Termine seu serviço com minha calça e eu te darei o duro.
— Graças a Deus. — Sorrio e termino o serviço sujo com uma
rapidez que poderia ir para o Guinness Book.
O deixo completamente livre, pesado e duro, enquanto meu marido
rasga minha calcinha e brinca com os dedos em minha entrada, fazendo-me
arquear as costas e soltar um longo gemido.
— Vai gozar em meus dedos?
— Se você continuar, sim. Por Deus, Arthur! Eu necessito de alívio.
Necessito de você dentro de mim. — Ele se afasta e termina de tirar toda a
roupa. Volta-se a mim e tira peça por peça que está no meu corpo, me pega
no colo, senta no sofá e como um passe de mágica escorrega para dentro de
mim, soltando um grunhido de prazer.
— Porraaaa! — grita.
Eu, completamente extasiada, começo a remexer como uma louca no
cio. Esse é meu lugar preferido no mundo, já se tornou vital. Tê-lo dentro,
por inteiro, sentir essa conexão, essa explosão, faz com que eu me sinta viva.
É dessa maneira que nos entendemos, e é isso que fazemos de melhor.
Nascemos um para o outro.
Não existe mais festa de casamento ou qualquer outra coisa agora. Há
apenas eu, ele e nosso maravilhoso sexo de lua de mel antecipado. Não existe
calmaria ou delicadeza, a força com que ele segura minha cintura e chupa
meus seios, ou os arranhões que faço em suas costas, deixam isso mais do
que evidente.
Meu corpo se convulsiona em volta dele rápido demais. Uma, duas,
três vezes. Como um excelente maestro, ele comanda cada movimento e cada
parte do meu corpo. Arthur só aceita sua libertação quando vê minhas pernas
trêmulas e meu corpo mole, desmoronando em volta dele pela terceira vez.
Santo Deus, isso foi demais! Foi a melhor lua de mel antecipada que
poderíamos ter e, com o misto de emoções que tenho dentro de mim, torna-se
impossível segurar as lágrimas. Eu o agarro o mais forte que posso e choro
com a cabeça em seu ombro. Um choro puramente de felicidade e gratidão.
Porra! Obrigado, Deus! Obrigado, todos os santos! Obrigado,
Universo! Eu tenho a porra da mulher perfeita! Porra, porra, porra!
Estou me controlando para não sair pulando e gritando a felicidade
aos sete ventos. Mari sendo Mari, do jeito que eu gosto e preciso, fez eu
mudar os planos em questão de segundos. Essa lingerie é pra foder com a
mente e a sanidade. Num minuto ela está angelical como uma virgem e, no
outro, está me mostrando para o que veio. Exatamente isso, para o que veio.
Veio para me enlouquecer e tirar meu juízo completo.
Mariana merece toda e qualquer coisa que eu possa dar, merece o meu
melhor. Além de ser a mulher perfeita para mim, ela é a mãe exemplar, meu
orgulho. É bom chegar na idade em que estou e poder bater no peito de
orgulho por estar construindo uma linda família e me sentir completo. Sei que
ela se sente assim também, seu choro em meu ombro é de pura emoção e
felicidade. Somos “reciprocidade”.
— Tutuuu... — ela corta meus pensamentos com um gemido.
— Oi, minha rainha, fale o que você quer.
— Devo estar um lixo e precisamos participar da festa do nosso
casamento. — Ela ri, com a cabeça enterrada em meu pescoço.
— Eu trouxe um vestido para você e sua bolsinha de maquiagem.
— Mentira? — Me olha como se eu fosse uma aberração e seguro o
riso.
— Não. Verdade, eu penso em tudo, pode falar — brinco.
— Porra, você é o melhor!
— Vá tomando um banho enquanto pego as coisas no carro. Temos
que comemorar muito um dos dias mais felizes da nossa vida.
— Eu amo você, você me faz a mulher mais feliz do mundo.
— Eu farei você a mulher mais feliz do mundo, todos os dias!
— Obrigada novamente, Arthur, foi além de tudo que eu pudesse
imaginar. Estou ansiosa para ver o local da festa.
— Então vá tomar banho — digo e ela se levanta, parecendo uma
garotinha animada, deixando a bela visão da sua traseira desnuda. — Gostosa
demais!
Após um longo banho de banheira, estou embasbacada, me olhando
no espelho. Arthur me deu um vestido perfeito, a lingerie perfeita e a sandália
mais perfeita ainda. Mas, o que mais me chamou atenção é minha
maquiagem natural. Pois é, só precisei passar um rímel e um lápis. Estou com
as bochechas rosadas naturalmente e a pele igual bunda de bebê. O amor faz
essas coisas. Nunca me senti tão bonita em toda minha vida. Para completar,
a gravidez é minha aliada. Fico muito bem grávida, mesmo que a barriga
ainda não esteja aparecendo muito.
Pego o batom nude e completo com um gloss incolor, era isso que
faltava para dar o toque final.
Arthur sai do banheiro usando a calça social e a blusa com alguns
botões abertos, bem menos formal que antes, mas não menos lindo.
Aliás, ele com os cabelos molhados tem um charme a mais. A
felicidade também combina com ele. Seus olhos estão brilhantes e ele está
levemente corado também. É óbvio que está evidente o que estávamos
fazendo, mas as pessoas precisam compreender que somos assim. Arthur e
Mariana são exatamente assim.
Ele me oferece a mão e seguimos até o carro, para irmos à nossa
recepção.
Chegamos e todos se levantam para nos aplaudir. Beatriz quase se
joga do colo de Alice para o colo do pai. Pequena traidora que eu amo!
— Aposto que estavam transando.
— É, mamãe, consumamos nosso casamento. Só não trouxe o lençol
com sangue porque não fizemos sexo selvagem a ponto de arrebentar minhas
pregas, foi apenas uma rapidinha bem dada — digo e ela abre a boca,
embasbacada.
— Credo, que Deus a tenha, Mariana — ela diz enquanto uma fila de
convidados se forma para nos parabenizar.
Nada melhor do que ter os pés no chão. O salto foi a primeira coisa
que tirei assim que os cumprimentos terminaram. E, agora, dançando na pista
com Arthur, a vontade de tirar a roupa está quase me vencendo.
Não imaginei que iríamos nos divertir tanto no nosso próprio
casamento, mas parece coisa de outra dimensão, uma força maior fazendo
tudo ser melhor que imaginei.
Creio que hoje, mais uma rara vez, irei ver Arthur alcoolizado. Já
perdi as contas de quantos copos de uísque ele já bebeu! Sinceramente, estou
até com um pouco de inveja, porque se eu não estivesse grávida, daria
trabalho. Já me imaginei escalando a armação de ferro que sustenta o palco
onde o DJ está! Definitivamente, acho que está na hora de dar um alerta para
Arthur, afinal, precisamos recuperar o sexo perdido.
O agarro pela camisa e o puxo para mim, sem nem um pingo de classe
e delicadeza.
— Tutu, acho que já bebeu o suficiente. — Sorrio.
— Por quê? Acha que vou ficar bêbado e não irei te enfiar a vara? —
Puta merda! Se antes eu achava, agora tenho certeza. Ele está bêbado.
— Você já está bêbado. De onde tirou isso de enfiar a vara? —
pergunto e ele ri, me agarrando pela cintura.
— Sério, Mariana, vou enfiar mais dois filhos em você hoje, para
fazer companhia para o nosso bebê.
— Esse tipo de linguajar é muito chulo — digo, fingindo estar séria, e
ele solta uma gargalhada. Maldito seja esse homem!
— Agora, falando sério, minha mocinha, está tão preocupada com o
fato de eu estar bebendo, que não percebeu que, a cada copo de uísque, bebo
um copo de água. Não seja bobinha, Mari, te comer a noite toda é a meta.
Nada fará com que eu estrague meus próprios planos — diz, olhando em
meus olhos, e me beija. Rouba uma flor da ornamentação e coloca atrás da
minha orelha. — Linda da minha vida.
— Vamos comer alguma coisa? — pergunto, faminta, dando-me
conta de que me alimentei pessimamente hoje.
— Nosso primeiro jantar como marido e mulher! — fala e me puxa
para a mesa reservada para nós e nossos familiares.
— Sabe, passei o dia lembrando dos nossos momentos até chegarmos
a um relacionamento sério — ele diz e toma um gole de vinho branco.
— Também pensei nisso a semana toda. Em tão pouco tempo já
tivemos tantas histórias e acontecimentos...
— Lembro de quando eu estava mudando para o apartamento ao lado
do seu. Você apareceu linda na porta e me disse que estava indo à missa —
ele conta e me lembro no mesmo instante. Era um encontro com Lucas. Isso
me dá um aperto no peito só de lembrar. — Sei que não era missa. Eu sabia
exatamente o que você estava indo fazer. Fiquei mal, porém, não podia fazer
nada.
— Arthur...
— Não, só estou comentando, Mari. Lembro também que você caiu,
torceu o pé e eu a peguei em meus braços para fazer uma massagem. Naquele
momento eu soube que, no fundo, você já era minha.
— Eu sinto que sempre fui, desde o dia em que te conheci e você
ainda era casado. Só faltava um empurrãozinho de Deus.
— Lembrei também do dia em que te vi na boate, bêbada, e você
dizia que tinha um chefe gostoso que parecia comigo. — Ele sorri. — Meu
Deus, Mari, você me chamava de best friend, me pediu em casamento, disse
que íamos nos casar em Las Vegas, na capela do Elvis, e achou que eu queria
te levar para a cama. — Engasgo na mesma hora. Merda, lembrar desse dia
me dá vergonha alheia de mim mesma. — Você não tem ideia do que sofri
pra tirar sua roupa. Porra, Mariana, foi uma luta interna!
— Lembro do dia seguinte. Nunca vou esquecer a imagem de você
naquela moto, no estacionamento do mercado. Foi sexy! Quando disse que ia
ver um apartamento no meu prédio, eu quase tive uma síncope. E, quando vi
que era ao lado do meu, o mar vermelho se abriu.
— Foi uma jogada de mestre! — Se vangloria. — Te salvei da vida
louca que levava e ainda ganhei uma mulher espetacular.
— Lembro exatamente de você todo sujo de tinta, usando apenas uma
bermuda. Contei cada gominho da sua barriga, que totalizaram seis, e aquele
V perfeito que você tem.
— Safada demais.
— Safado foi você, que abusou da minha inocência quando eu estava
no meu modo mais angelical. Nosso primeiro beijo me deixou paralisada.
Lembro que demorei muito até conseguir ter algum tipo de atitude.
— Estou duro só de lembrar disso.
— Eu te desejava tanto, Arthur, tanto, que você nem imagina. Você
provou que era diferente de todo e qualquer homem que eu já tinha
conhecido. — Sorrio. — E quando você me pegou te espionando pelo buraco
da fechadura e ficou completamente nu diante de mim? Meu Deus, Arthur,
que inferno foi aquilo.
— Foi demais ver você ajoelhada, pedindo pelo amor de Deus para eu
te comer. — Ele ri e bebo meu copo de água em um único gole. Foi demais
mesmo. Cada lembrança absurda.
— Odeio que você tenha feito tortura sexual comigo.
— Eu só queria garantir que você estaria preparada para entrar em um
relacionamento. Uma vez que eu estivesse dentro de você, não teria mais
volta, Mari.
— Você estava certo. A partir do momento em que sua língua entrou
em mim, não tinha mais jeito. Estou morrendo com a imagem de você se
tocando enquanto me chupava. — Jogo minha cabeça para trás e respiro
fundo. Essas lembranças estão me afetando duramente. Posso até ouvir os
gemidos dele. Foi perfeito.
— Sua boceta me apertava tanto, Mari.
— Para. Podemos mudar de assunto? Vamos dançar? — sugiro.
— Não posso me levantar agora.
— Você é tão sujo, Arthur, meu Deus! Sou muito viciada em você.
Eu te vejo e penso em sexo. Você fez isso comigo e nem sei qual segredo
usa. Faz isso tão naturalmente, que parece ter controle completo de mim.
Parece uma hipnose completa. Usa as palavras certas, que me derrubam o
tempo todo.
— Não, Mari, é você quem tem o controle da situação e não se dá
conta.
— Não consigo visualizar isso. — Rio.
— Você me tem nas mãos como uma marionete. Seu jeito, seu toque,
sua forma suja de falar, o fato de você ser tão simples e explosiva... É você
quem parece ter um feitiço.
— Eu mal consigo querer ficar aqui agora. Não estou dando atenção
para a Duda, para a Carla ou para a Júlia, ou para qualquer outra pessoa,
porque quando você está comigo é assim, eu gostaria de estar embaixo do
chuveiro, com a água bem fria caindo sobre nós, enquanto você doma meu
corpo e meus desejos. Só consigo pensar nisso.
— Você não me ajuda falando esse tipo de coisa. Não posso nem me
levantar daqui agora. — Ele ri e morde o lábio. — Porra, por favor, vá para a
pista de dança um pouco, enquanto eu tento controlar a situação.
— Estou tão excitada agora.
— Vá, Mariana, por favor.
— Queria ter sua cabeça enterrada entre minhas pernas, como na
primeira vez. — Ele dá um soco forte na mesa.
— Maldita! Vou te dar tantos tapas na bunda, Mariana! Você não vai
conseguir se sentar amanhã — ameaça, e eu me levanto, sorridente, feliz da
vida.
— Bom, provocação efetuada com sucesso. Agora vou dançar, baby.
Até mais. — Mando um beijo para ele. Assim que chego na pista, percebo
seu rosto vermelho como um tomate. Adoro deixá-lo maluco!
— O que você fez com Arthur? — Duda pergunta.
— Só uma provocação básica.
— Parece que ele está morrendo ali.
— Morrendo não da forma que você está pensando — explico, rindo.
— Viu Júlia?
— Está pegando um amigo do seu Tutu, e eu estou aqui, tentando
pegar o outro bonitão solteiro que está bebendo com seu pai. — Olho e vejo
meu pai conversando com um homem lindo, porém, não o conheço.
— Não sei quem é, senão te dava uma forcinha. Agora vamos rebolar
o traseiro, porque tenho um homem a ser provocado.
— Cara, tenho dó do Arthur por conviver diariamente com você.
Você deve torturar o homem.
— Ele me tortura mais.
— Com um homem desses até eu ficaria louca. Tadinha da minha Bia
— ela diz, brincando.
— Ela é um anjo, dorme o tempo todo quase.
— Chega. Estou na seca, Mariana, pode parar de me fazer inveja! Não
quero ficar imaginando Arthur te comendo em todos os cantos.
— É mais ou menos isso, minha best. — Dou uma gargalhada e ela
sai com raiva para o banheiro. Pego um coquetel sem álcool e começo a
dançar. O DJ está tocando um mix de músicas eletrônicas, fecho os olhos e
deixo a batida me levar. Porra, tem muito tempo que não sei o que é isso e,
por incrível que pareça, não senti falta! Incrível como Arthur me mudou e
mudou minha visão sobre todas as coisas.
A peste da minha esposa está tão perfeita dançando. Com os olhos
fechados e deixando se levar pelas batidas, ela exala sensualidade e deixa em
evidência a menina que há dentro de si. Por um segundo esqueço que estou
com as bolas roxas e mergulho de cabeça na linda visão à minha frente.
Bebo um copo bem cheio de água gelada e peço a Deus que ajude a
aliviar o calor que queima dentro do meu corpo. Este não é o momento para
isso.
Hoje estou me sentindo bastante diferente, estou com os sentidos
aflorados, todos os tipos deles.
Eu deveria estar bebendo, mas estou como um voyeur, a observando.
Isso me remete aos pecados capitais, acho que é pecado desejar alguém tanto
assim.
Só mudo o foco quando um serumaninho chega no colo de minha
mãe. Meu pau abaixa no mesmo instante. Beatriz, minha salvadora!
— Papa, papa, papa.
— Papa está aqui, minha princesinha. Acordou agora é?
— Acordou e acabei de dar mamadeira a ela — minha mãe comunica.
— Que horas viajam amanhã? Está tudo sob controle?
— Está sim, viajamos às 6h da manhã. Vamos de táxi aéreo. Se fosse
só eu e Mari, iríamos de carro, mas como Bia vai, não quero cansá-la com
oito horas dentro de um carro.
— Está coberto de razão, meu filho. Eu sou muito grata por ter um
filho como você, Arthur. Você é meu orgulho.
— Mamãe, a senhora é o meu orgulho e meu exemplo.
— Mamamamamama!
— A mamãe? — pergunto e Bia aponta sua mãozinha para Mariana,
que continua perdida em suas danças. — Vamos lá dançar com a mamãe.
— Mari, princesa, acorda. Temos que ir!
Um zumbido insiste em atrapalhar meu sono.
— Amor, por favor, deixa de ser manhosa. Temos um voo.
Continuo ouvindo algo bem distante, lá no fundo. Estou morta e
enterrada pela noite passada.
— Mariana, se você não acordar, perderemos o voo e você ficará sem
o maior de todos os presentes e sem sexo por dez dias.
Presente? Dez dias sem sexo? Preciso despertar desse terrível
pesadelo! Tudo, menos essas greves malucas de sexo que Arthur inventa!!!
— Bom dia! — Com um piscar de olhos já estou em pé, tentando me
situar, e Arthur fica paralisado, me olhando da cama. Tento me recuperar de
uma leve tontura no auge da empolgação, respiro fundo algumas vezes e pego
fôlego para falar. — Vamos, não podemos perder o voo. Anda, Arthur
levanta daí. — Ele continua me encarando, boquiaberto, sem entender.
— Você é surtada! — diz e, por fim, se levanta.
— Querido marido, faço qualquer coisa para ter sexo com você. —
Ele cai na gargalhada, e após ver a cara feia que faço, fica sério e começa a se
movimentar.
Uma hora depois estamos nos acomodando na minivan que vai nos
levar ao aeroporto. Vejo Amélia vindo em nossa direção, puxando uma mala
de rodinhas e acompanhada da minha Jé.
— Eu achei melhor trazê-las conosco, assim conseguimos dar ao
menos algumas escapadinhas, só eu e você, e elas podem curtir um pouco —
Arthur responde antes mesmo de eu perguntar, e fico fascinada com a forma
que ele lida com as coisas e pensa em cada detalhe.
— Você não cansa de me surpreender. Obrigada por isso.
— Ai, Mari, pelo amor de Deus, nunca andei de avião — Amélia
choraminga, se acomodando ao lado da cadeirinha, onde minha princesa
dorme como um anjo. Arthur prende Jéssica em um assento especial.
— Não se preocupe, é só me dar a mão quando ficar com medo, ok?
— respondo e ela sorri, emocionada.
— Obrigada, a senhora é muito boa.
— Eu, hein, só porque casei vai ficar me chamando de senhora? Pode
parar com essa porra — respondo e Arthur me repreende:
— Controle a boca, Mari!
— Já estou acostumada, Arthur. — Amélia ri e seguimos para o
aeroporto.
Estou no escuro sobre para onde estamos indo, a única coisa que sei é
que estou levando todos os tipos de biquínis possíveis e um estoque de
protetor solar, essas foram as ordens do meu homem.
O voo está sendo todo de mãos dadas com Amélia, a pobrezinha
treme a cada turbulência. Enquanto isso, Beatriz dorme no colo de Arthur,
completamente inconsciente do mundo ao seu redor, e Jéssica está
maravilhada com as nuvens.
Arthur olha a cena e então volta seu olhar para mim, fazendo uma
carinha de total satisfação, mesmo com o cansaço estampado em sua cara.
Quando aterrissamos no Rio de Janeiro, minhas mãos estão doloridas.
— Tudo bem, dona Amélia? — Arthur pergunta, sorrindo.
— Agora sim.
— Não tão cedo assim, ainda temos mais um voo, mas agora é de
helicóptero — ele diz, nos surpreendendo. Nunca andei de helicóptero.
— Para onde vamos? Diz, por favor, eu imploro — peço
dramaticamente, levando minha mão ao peito.
— Em uma hora você saberá — responde, colocando seu Ray Ban,
ultra power sexy!
Alguns minutos depois, estamos nos acomodando no helicóptero e
meu coração está quase saindo pela boca de ansiedade.
Vamos sobrevoando por todo o litoral e a vista é tão linda que nem
mesmo Amélia consegue sentir medo. Fico feliz em poder proporcionar um
momento feliz para ela, que tanto nos ajuda, e para Jéssica, que é tão pequena
e já sofreu tanto.
A partir de um determinado ponto do trajeto, começo a conseguir me
situar. Eu lembro muito bem de todas essas ilhotas. Um olhar para meu
homem e sei que minhas suspeitas estão certas. Ilha Grande.
— Meu Deus, é sério isso? — pergunto, não conseguindo me conter
mais, e ele sorri.
— Seríssimo — ele confirma e a adrenalina dispara dentro de mim.
Felicidade é o que sinto! Eu apaixonei nesse lugar e a escolha do Arthur não
poderia ter sido melhor.
Aos poucos, o helicóptero vai diminuindo a altura e sobrevoamos por
algumas casas isoladas em ilhas, algumas dignas de cinema. Mas, a que
prende minha atenção por completo, é a que estamos sobrevoando nesse
instante.
A casa que tem um grande significado para nós dois e onde vivemos
um mês maravilhoso. Fico emocionada a cada volta que o helicóptero dá
sobre ela, preparando-se para pousar. Um deque de madeira, com listras,
indica o local em que pousaremos. Ao lado, uma lancha um pouco mais
imponente do que a que usamos da última vez, está ancorada. Um jet ski
chama minha atenção também e eu me sinto envolvida por um misto enorme
de sentimentos no momento em que pousamos. Uma vontade de sair
correndo e gritando de felicidade, a vontade de abraçar Arthur e agradecer
mais uma vez por tudo, a vontade de levar Bia e Jéssica para brincarem com
os peixinhos na lagoa azul pela primeira vez, a vontade de montar naquele jet
e sair disparada... Uau! Muitas vontades, muitos sentimentos.
Arthur é o primeiro a descer, com Beatriz nos braços. Como o
cavalheiro que é, ajuda Amélia a desembarcar, Jéssica e por último eu.
Senhor Antônio, o zelador da casa, vem ao nosso encontro, sorrindo.
— Bem-vindos!
— Obrigada, viemos passar mais alguns dias nesse paraíso — digo
enquanto o piloto retira as bagagens do helicóptero.
— Senhor Antônio, é um prazer revê-lo.
— Está tudo preparado para vocês, vou levar as bagagens — senhor
Antônio diz.
— Amélia, você pode levar Beatriz e Jé? — Arthur pede.
— Claro, Arthur, vou preparar uma mamadeira para Bia — Amélia
fala, pegando nosso pacotinho gordo dos braços de Arthur. Deposito um beijo
em sua pequena testinha e ela sorri. Se ela soubesse o que sinto cada vez que
a vejo sorrindo... Jé também vem me dar um abraço e então sai correndo pelo
deque. Elas seguem para a casa e eu fico com Arthur.
Abraçados, observamos o helicóptero fazer os preparativos para
levantar voo.
— Não vamos entrar? Estou ansiosa para levar Bia para tomar seu
primeiro banho de mar — digo, pulando no colo do meu marido.
— Antes quero entregar seu presente — ele fala, misterioso, e eu
sorrio. Ele por si só já é meu presente. — Espere apenas o helicóptero ir.
— Tudo bem — concordo.
Desço alguns degraus do deque, retiro minha sandália e coloco meus
pés na água cristalina. Se existe lugar mais perfeito, eu realmente
desconheço. Além de toda beleza natural, esse lugar traz uma paz incrível.
Em alguns minutos o helicóptero decola, bagunçando todo meu
cabelo, e Arthur se aproxima, me oferecendo a mão. Me levanto e ele me
abraça enquanto observamos a partida.
— E aí, gostou da minha escolha? — pergunta assim que o
helicóptero some do nosso campo de visão.
— Escolha mais do que perfeita — respondo, sorrindo e me
acomodando mais em seus braços.
— Esse lugar marcou muito nosso relacionamento — afirma, me
agarrando firme.
— Sim, realmente. Esse lugar é como o céu.
— Viemos para cá quando nós dois estávamos quebrados por dentro e
saímos daqui renovados e felizes. Aqui, nessa casa e nessa ilha,
reconstruímos nossa felicidade, passamos os melhores momentos, fizemos
nossa Bia — diz, visivelmente emocionado, e emocionando a mim mesma.
— Aquele mês, para mim, foi o ponto alto da nossa relação, Mari. Aqui,
todas as dúvidas que tínhamos sobre nossos sentimentos desapareceram.
Descobrimos o quão sólido era nossa história. Naquele mês, tive a certeza do
quanto éramos um casal forte e que passaríamos por qualquer problema,
desde que estivéssemos juntos. Foram dias de superação, entrega, paixão, e o
mais importante, amor — ele diz e me afasto o suficiente para olhar em seus
olhos, que agora escorrem lágrimas como os meus.
— Eu te amo, Arthur.
— Eu também amo você, maluquinha. Agora deixe-me continuar...
— Sim, senhor — digo e ele respira fundo.
— Essa casa agora é nossa — anuncia, me deixando tonta e incrédula.
— Como...
— Shhhh! Deixe-me terminar — repreende. — Pensei em mil e um
presentes, pensei em diversos pacotes de viagem, pensei em diamantes. Mas
minha Mari não é o tipo de mulher que se deslumbra com luxo ou joias caras.
Minha Mari gosta de coisas que tenham sentimentos, significados, amor, e eu
sei que essa casa é um presente um pouco extravagante, não é todo dia que
alguém chega e diz “vou te dar uma casa na ilha”. — Ele ri e sacode a
cabeça. — Porém, o significado por trás disso tudo é muito grande, só eu e
você sabemos, minha Mari. É aqui que quero passar os nossos melhores
momentos, é aqui que vamos ver o primeiro banho de mar dos nossos filhos,
é aqui que vamos selar a paz nos momentos difíceis, que vamos trazer nossos
familiares e amigos, é aqui que será nosso esconderijo quando conseguirmos
dar uma escapulida de todos. É aqui, Mari. Simplesmente é aqui. Essa casa é
sua.
Mari fica me olhando por longos segundos, sem dizer nada. A emoção
é visível em seus olhos. A ansiedade de saber se ela iria gostar já não existe
mais, esse fato já foi confirmado e me sinto leve por ter feito a coisa certa. O
sorriso que ela deu assim que terminei de falar, com certeza não sairá nunca
mais da minha mente e compensou todo o trabalho que tive para conseguir
comprar esse lugar, que não estava à venda e muito menos existia tal
possibilidade. Foram longos dias de negociações, e foi preciso muita
chantagem emocional para que o proprietário cedesse à favor da venda. Eu,
fechado como sou, me vi abrindo nossa história a um casal no auge de seus
setenta anos de idade e seu advogado. Por fim, eles se emocionaram com a
causa, dizendo que viveram grandes momentos nessa casa e acabaram
cedendo, por não terem herdeiros interessados.
Quem em sã consciência não teria interesse por uma casa dessas?
Essa é a pergunta que não quer calar! Mas agora mudo o foco para minha
esposa, que não deu nenhum pio até agora.
— Não vai dizer nada? — pergunto, brincando com uma mecha de
seus cabelos.
— Aquela lancha é nossa? — pergunta de um jeito meigo e eu já
começo a me preocupar.
— Sim.
— Aquele jet ski é nosso também? — Puta que pariu, prevejo fortes
emoções e muita dor de cabeça! Maldita seja!
— Sim. — O grito que ela dá e seus pulinhos animados confirmam
que o pior está por vir. Eu acabo de comprar uma mansão no meio do mar e
ela está empolgada com a lancha e com o jet ski? Escolha errada, Arthur.
Esses brinquedos vão me foder!
Eu quis me presentear com os dois brinquedinhos e acabei
esquecendo de quão louca Mariana pode ser a bordo deles. Porra! Para
completar, ela está grávida!!! Mil vezes porra!!!
— Não se alegre tanto, você está proibida de botar a mão em qualquer
um deles, Mariana.
— Mas...
— Não tem “mas”. Você está grávida e não é habilitada para pilotar
nenhum deles. Não se atreva.
— Tudo bem — diz e pula em meus braços, enrolando as pernas em
volta da minha cintura. — Mas daqui alguns meses não estarei grávida e
poderei utilizá-los da melhor forma possível.
— Sim, daqui alguns longos meses. Até lá, comporte-se, por favor,
minha maluquinha. Eu não me perdoarei caso aconteça algo com vocês.
— Estou sem palavras, Arthur, do tipo que nada que eu diga será o
suficiente. Eu preciso de um tapa na cara para poder ter certeza de que tudo
que estou vivendo desde que te conheci é real, às vezes parece sonho. Você é
muito mais do que perfeito — ela diz e dou um tapa em seu rosto. A safada
geme.
— Não sou perfeito — digo enquanto ela morde meu pescoço.
— Você é perfeito, para mim você é. Eu quero muito te fazer feliz e
recompensar em cada segundo tudo o que faz por mim — ela diz e me beija
de um jeito louco, que só ela sabe fazer. Batemos os dentes e, por fim, caímos
na gargalhada.
— Você é maluca.
— Você me deixa maluca.
— Vamos entrar, precisamos nos alimentar e curtir o resto do dia em
alto-mar.
— Arthur, obrigada! — A pego em meus braços e a levo até a casa. A
nossa casa.
Quantas vezes ela já me agradeceu? Que maldição! Não fiz nada mais
do que a minha obrigação. Fazê-la feliz é meu propósito na vida.
Sentada na areia, observo o mar e aguardo Arthur terminar de ancorar
a lanchar. Assim que ele faz, desce com Beatriz. Jéssica e Amélia não
quiseram vir, no fundo acho que Amélia acredita que esse momento é apenas
meu, dele e de nossa filha. Eu fico sentida, mas não posso fazer imposições
relacionadas à Jéssica.
Ainda não acredito que agora somos donos de uma pequena amostra
do céu. Sim, céu, não há outro adjetivo melhor que esse. A casa que eu tanto
amei, isolada de tudo e todos, bem em meio à natureza, agora nos pertence.
Será difícil lidar com o desejo de passar o resto da vida aqui. É tão perfeito,
que dá para esquecer dos problemas que existem no mundo lá fora. Aqui,
agora, é o nosso paraíso particular!
É engraçado o tanto de bagagem que nossos passeios ganharam.
Antigamente, saíamos apenas vestidos com nossas roupas de banho. Hoje
saímos com três bolsas: uma com lanches e coisas para preparar a
mamadeira, outra com coisas que Beatriz pode precisar e outra com tolhas.
Com acréscimo de guarda-sol, cadeira, piscininha. A arte de ser pai e mãe
muda tudo, definitivamente.
Olho para o lado e vejo meu homem vindo em minha direção, com
nossa pequena gorducha. Com a câmera na mão, tento registrar o quão bonito
é vê-lo caminhando nesse paraíso, sorridente, leve e carregando nossa
princesa. Ele está usando apenas uma bermuda e seus pés estão descalços,
completamente à vontade, diferente do usual terno e gravata do dia a dia.
Não sei o que é mais belo: se é vê-lo trajando seu modo advogado, vê-
lo acordando, ou vê-lo assim, tão livre, tão leve e feliz. A felicidade é
notável!
É impossível não o cobiçar, mesmo sabendo que o tenho para mim. É
estranho, mas ele consegue ficar ainda mais sexy carregando Beatriz em um
braço só, os músculos ficam tão evidentes. Os gominhos da barriga
permanecem ali e sua pele clara fica ainda mais charmosa com os pelos
dourados quase invisíveis que ele possui. É um belo exemplar de homem! Do
tipo que deixa as mulheres babando.
E Beatriz, por obra do destino, é a cópia perfeita dele. Não consigo
ver nenhum mínimo detalhe que tenha herdado de mim, pelo menos
geneticamente falando. Algo me diz que ela nos deixará de cabelos em pé,
mais do que seu irmãozinho ou irmãzinha que carrego em meu ventre! Que
eu esteja errada, por favor!
— Chegamos, mamãe — ele avisa e minha pequena sorri. Ela olha
para ele com tanta admiração, que meu peito se infla de amor. Ele é o herói
dela e meu! Sempre direi isso.
— Nossos filhos serão muito felizes aqui. Posso imaginar eles
correndo, se jogando ao mar, brincando...
— Todos seremos muito felizes aqui, meu amor. A partir de agora,
aqui é o nosso santuário! — diz.
— Preparado para levar nossa pequena para um banho de mar? —
pergunto, mordendo o lábio inferior.
— Sim, mais uma primeira vez dela. — Ele sorri, orgulhoso.
— Vamos, quero registrar o momento — digo e me levanto.
Beatriz já frequentou algumas vezes a piscina da nossa casa, mas o
mar é algo completamente diferente e desconhecido para ela. Arthur a segura
com as duas mãos e ela solta diversas gargalhadas a cada ondinha que vê.
Gravo cada detalhe, mais em minha mente do que na própria câmera.
Volto até a areia, para deixar a câmera, e me junto a eles no mar.
Tenho certeza que, se tivesse alguém para registrar esse momento por nós,
teríamos as fotos mais belas, em um momento de pura felicidade e paz.
À tarde, voltamos para casa, almoçamos e tiramos um cochilo.
Acordo e tento me situar. Olho para o lado e vejo Arthur sentado em
uma poltrona, iluminado pela luz do luar, velando meu sono.
— Tutu.
— Princesa.
— Dormi muito? — pergunto, sentando e tentando dar um jeito no
cabelo.
— Um pouco. Estava esperando você acordar, temos um jantar.
— Jantar?
— Sim, só eu e você, na nossa lancha — diz de um jeito sedutor, se
levantando para vir até mim. Me levanto rapidamente e pulo em seus braços.
— Não vai cansar de ser perfeito?
— Nunca. Agora vá tomar um banho e se vestir. Estarei te esperando.
— Sim, senhor! Te amo!
— Minha senhora, ande, ou te darei umas palmadas — ele fala e eu
saio correndo para o banho!
Me sinto um pouco cansado. Foram dias bastante exaustivos até o
casamento. Viagens de negócios, reuniões com a equipe cerimonialista,
trabalho a ser adiantado. Porém, existe uma força maior, que faz com que eu
esqueça de qualquer cansaço, seja ele físico ou mental. Essa força está vindo
em minha direção no píer, completamente linda.
Ela realmente não se dá conta. Está descalça e com um vestido solto,
os cabelos esvoaçantes, levemente corada pela minha análise e com um brilho
magnífico no olhar. Mal posso lembrar o que estava pensando alguns
segundos atrás. Se for algo relacionado a cansaço, isso já não faz mais parte
de mim. Muito pelo contrário. Sua presença faz com que eu me sinta vivo,
disposto e preparado para qualquer coisa que ela queira.
— Maravilhosa! — digo.
— Sério? Eu mal me arrumei. — Ela cruza os braços num gesto de
timidez. Acredite, Mariana fica sem graça muito mais vezes do que você
pode imaginar. É uma menina, mulher, mãe, perfeita.
— Está mais linda que nunca, Mariana. Como está se sentindo?
— Estou bem-disposta após o sono.
— Vamos partir?
— Sim, senhor. — Ofereço a mão e a ajudo a entrar na lancha. Em
seguida começo os preparativos para nossa partida, enquanto ela observa o
mar à nossa frente. A lancha está devidamente acesa e contamos com ajuda
da lua para nos iluminar. Um clima bem romântico para uma noite de amor
em alto-mar.
Enquanto nos levo para alguma das ilhas paradisíacas, Mari me
abraça por trás. Tão diferente da garota louca e inconsequente que conheci.
Às vezes, tudo que uma pessoa precisa é de amor. Eu era solitário e infeliz,
ela era sem limites e bastante inconsequente. O amor nos transformou em
pessoas completamente diferentes.
— Aqui. Aqui é o lugar perfeito! — Ela interrompe meus
pensamentos.
— Você quem manda.
— Isso, homem, eu mando. Ancore a lancha e me alimente. — Ela
sorri e faço exatamente o que ela mandou. — Por falar em comida, onde está?
— No andar de baixo.
— Caramba, juro que não reparei em andar de baixo algum. — Ela ri.
— Ebaaa! Tem cama também?
— Sim, e banheiro.
— Podemos passar noites em alto-mar? — questiona com a
empolgação de uma criança.
— Podemos, maluquinha.
— Aiii, eu sou muito feliz!!! — ela grita, o que me faz rir.
— Agora sente-se e aguarde. Buscarei nosso jantar, minha senhora —
informo após terminar de ancorar.
Busco algumas luminárias e coloco sobre a mesa, enquanto ela me
olha orgulhosa. Em seguida, volto com os pratos e nossa comida. Ela solta
um grito ao ver nossa refeição.
— Você é o melhor! Não posso dizer que merece o cu, porque até ele
eu já te dei, mas merece comê-lo mais vezes depois dessa, Arthur.
— O que um bife de picanha, com arroz, feijão e fritas não fazem?!
Vira o cu que quero comer.
— Só mais tarde, após a digestão. — Ela sorri.
— Bom, hoje você está liberada para beber um pouquinho de
champanhe.
— Por que não deixamos o champanhe para o nascer do sol e
tomamos uma Coca-Cola estupidamente gelada agora? A melhor comida,
com o melhor refrigerante! — Ela me vence pela empolgação e pego a Coca-
Cola.
A gravidez faz dela uma mulher nada elegante, e eu amo isso. Poderia
mantê-la grávida sempre. Ela devora o jantar com uma vontade que me deixa
abismado.
— O quê? — pergunta, sem graça.
— Você fica ainda mais perfeita grávida.
— Quantos elogios! Sei que só está dizendo isso porque acabei de
comer igual uma leitoa, e te amo ainda mais por isso — ela diz e não consigo
segurar o riso.
— Pare de bobeira! Saber o motivo do apetite é a melhor coisa da
vida, Mari. Mal posso acreditar que fui presenteado com mais um filho. —
Me levanto e a puxo até a frente da lancha, onde nos sentamos abraçados.
— Eu não me dei conta nem de que sou mãe da Beatriz ainda —
confessa. — Quer dizer, sou mãe e tudo, sei que estou me saindo bem, mas,
às vezes, é como se eu não acreditasse. O tempo passou tão rápido, que às
vezes me belisco para ver se é verdade que estamos mesmo juntos, que temos
uma filha e que estou esperando outro bebê. Você me entende?
— Entendo. Sinto-me da mesma maneira, maluquinha. Combinamos
até nessas loucuras.
Ficamos alguns longos minutos observando a noite, o mar está tão
calmo que nem parece que estamos na lancha. Conversamos e relembramos
cenas hilárias do início do relacionamento. Por Deus, essa mulher era muito
louca! Houve momentos em que pensei que ela não teria salvação.
Estamos rindo do episódio onde ela mirou a lanterna do celular no
meu pau. Então, do nada, ela se levanta e me olha com cara de travessura.
— Mari... — advirto ao vê-la caminhar até a escadinha da lancha. Ela
olha para trás, sorri e se joga ao mar, me deixando embasbacado e possesso.
— Porra, Mariana, você é maluca? — Me levanto desesperado. Graças a
Deus não estamos em alto-mar, ou eu a mataria nesse momento.
— Vem, Tutu, vamos agitar...
— Isso não teve graça.
— Isso tem muita graça! A água está uma delícia. — Ela sorri e sai
nadando, rumo à areia. Sem pensar duas vezes, pulo e nado atrás da minha
garota travessa.
Sou puxada pelos pés antes mesmo de chegar à areia.
Adrenalina é uma coisa que sempre combinou muito comigo. Eu amo
me jogar, amo me arriscar, amo provocar, amo deixar Arthur de cabelos em
pé.
— Você não tem limite algum — repreende e me envolve em seus
braços.
— Você me conheceu assim, sem limites — respondo, sorrindo.
— Exatamente, mas agora tem uma vidinha dentro dessa barriga —
adverte.
— Nosso bebê está seguro, sou uma boa mãe.
— Você é, o pior de tudo é que realmente você é. — Me olha nos
olhos. — A mãe mais perfeita, dedicada e safada.
— Eu sou tudo que você precisava, e você é tudo que eu precisava.
— Sim, eu precisava de um pouco de loucura, e você precisava de um
pouco de limite. A loucura você passou um pouco para mim. Porém, tenho
dúvidas se consegui passar um pouco de limite e juízo para essa cabecinha.
— Ele sorri.
—Você passou, não é óbvio? — questiono.
— É sim. — Ele sorri. — Mas continua com um pouco de loucura
escondida e, sinceramente, não quero nunca que essa maluquinha desapareça.
— Ora, isso me lembra uma frase "as aparências se fragilizam com o
tempo. A essência não!". Minha essência é essa, meu amor. Nunca deixarei
de ser assim.
— Hum, minha garota inteligente, seja sempre assim e serei feliz pelo
resto da vida.
— Mesmo com as minhas loucuras? — pergunto.
— Principalmente com suas loucuras — ele responde. Saio dos seus
braços e começo a correr até chegar à areia. Parecemos dois jovens
adolescentes, desprovidos de quaisquer preocupações nesse momento.
Alguns segundos depois, ele me alcança e nos joga na areia, ficando
por cima de mim. É como se o mundo paralisasse.
Só eu, ele, nosso bebê e nosso amor.
Queria ter superpoderes para saber o que se passa em sua mente. Ele
me olha como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo, como se essa
fosse nossa primeira vez.
Meu Arthur, meu homem, meu chefe, meu amante, meu amigo, meu
companheiro, pai dos meus filhos, dono dos olhos azuis mais lindos que já vi
em toda minha vida e de um coração que consegue superar todas as
maravilhas ditas até o momento...
Ele mudou minha vida e minha história...
Ele me impulsiona a ser uma pessoa melhor...
Ele me trata como uma verdadeira rainha...
Ele me ama como nunca ninguém foi capaz de amar...
E ele causa sensações surreais dentro de mim.
Meus batimentos aceleram diante da adrenalina de tê-lo sobre mim. É,
realmente sempre é como se fosse a primeira vez.
O olhar dele acende a chama dentro de mim.
O sangue bombeia mais rápido, as vistas ficam nubladas pela
emoção...
Na minha mente, na minha alma e no meu coração apenas uma
certeza...
Eu quero passar o resto dos meus dias ao lado dele!
— O que você quer me olhando dessa maneira? — ele pergunta com
um sorriso que entrega o quanto ele sabe o que quero.
— Eu amo você, Arthur — digo com a voz embargada.
— Eu também amo você, Mariana.
— Faça amor comigo? — peço.
Arthur Albuquerque Bragança, como o homem excepcional que é, me
ama de todas as maneiras sob a luz do luar...
Sem limites e sem medida!
A personificação dos meus sonhos eróticos está circulando com
Matheus em seus braços, envolvido em uma conversa empolgante, com
direito a caras e bocas. Ele só tem dois meses, então creio que não esteja
entendendo absolutamente nada. Porém, está atento à voz da mãe.
Enquanto isso, Beatriz e Jéssica estão em meio a uma montanha de
brinquedos, que está espalhada pela sala. Aí eu pergunto: por que gastei
dinheiro construindo uma brinquedoteca? Não sei responder.
Nossa casa é um playground, há cama elástica, piscina de bolinhas,
escorregador, casinha de princesa, a porra toda que temos direito. Nossa casa
nunca mais será a mesma, e eu sou feliz pra caralho por viver num playkids.
Nossos filhos são a personificação do nosso amor, sem dúvida são as
nossas maiores conquistas da vida e frutos de um amor puro, quente e
verdadeiro. Fico duro vendo Mari no modo mãe. É quente pra caralho!
Doentio, eu sei. Foda-se, sou doente!
— Beatriz, desça daí! — advirto minha filha, que está sobre a mesa de
centro, dançando loucamente. Ok, é bem fofo essa porra, quero rir realmente,
mas se ela cair? Se ela cair, terei um infarto. Essa garota está com uma mania
absurda de ficar em cima das coisas. Deus que me livre! Já comecei uma
novena, uma que dura nove anos, para que ela não tenha puxado à loucura da
mãe.
— Fica rindo! É daí que vem o instinto de dançar em cima das coisas.
Hoje está na mesa de centro, daqui quinze anos pode estar em cima de um
paredão de som de cinco metros de altura.
— Você não brinque com uma porra dessas, Mariana! — digo à
minha mulher. — Por Deus, vou morrer antes dos quarenta!
— Jé, você tem que dar o exemplo — Mari repreende, mas é de uma
maneira que Jéssica nunca obedecerá.
— As duas, para baixo agora! Beatriz Barcelos Albuquerque! — digo
e ela cruza seus braços, me encarando. Estou fodido mesmo.
— Você é sem graça, papai.
— Você vai ver a minha graça, garota — digo, ficando de pé e
pegando ela e Jéssica em meus braços. — Já está na hora de vocês dormirem.
— Aleluia! — Mari diz, suspirando, e então se dá conta de algo. —
Ok, desculpa. Mas, papai está certo, está na hora de vocês dormirem. Já
passam das dez.
Na verdade, Mari está um pouco desesperada. Com o crescimento do
meu escritório, estou tendo que fazer algumas viagens. Fiquei fora durante
três malditos dias e cheguei apenas há algumas horas.
Hoje vou fodê-la pra caralho.
Felizmente, o nascimento de Matheus não impactou muito na minha
garota. Ela está bem, segura, animada, louca e safada pra caralho. Não
precisei dar uma foda para trazê-la de volta dessa vez.
Coloco as duas bonitinhas no quarto de Beatriz. Jéssica agora dorme
lá na grande parte dos dias. As cubro, acendo o abajur, conto uma história de
princesa e então elas apagam. Aleluia! Agora só falta dar um mata-leão em
meu pequeno garoto mamador.
Mari não está mais na sala quando a procuro.
A encontro no quarto de Matheus, o colocando no berço e ligando a
babá eletrônica.
Ela não nota minha presença, então, quando está quase virando para
sair do quarto, me escondo no corredor.
Ela sai e eu a capturo.
— Peguei você, mamãe.
— Você pegou, papai. E eu vou pegar seu pau agora. — Ela sorri
descaradamente e coloca sua mão sobre minha ereção. — Duro pra caralho,
papai.
— Para foder você, mamãe — digo, nos guiando até o quarto.
Ela me joga sentado sobre a cama e abre seu roupão para me matar.
— Deus, Mari...
— Para você, meu amor. Quero que me encontre bonita para você
todas as vezes que chegar em casa. Quero ser o motivo pelo qual você fica
ansioso para voltar... para voltar para mim. — Suas palavras fazem meu
coração saltar em meu peito. Ela está sentindo minha ausência.
— Eu prometo que darei um jeito de modificar isso, tudo bem? Estou
trabalhando muito, pensando em nosso futuro, mas darei um jeito de evitar
viagens. Sinto falta de vocês quando estou longe — afirmo, porque darei. É
uma maldição ficar longe, uma maldição vê-la afetada por isso.
— Sim.
— Eu te amo, maluquinha — digo e fico de pé para guiá-la. De
repente, ela parece estar um pouco perdida e sem ação.
A pego pela cintura, grudo seu corpo perfeito ao meu e a beijo. Um
beijo de verdade. Necessitado, cru e voraz.
A deito sobre a cama e me encaixo entre suas pernas. Prendo suas
mãos no alto da cabeça e continuo beijando sua boca como se fosse meu
templo, o centro do meu mundo.
— Hum, você é uma delícia, meu amor! — exalto quando a
necessidade de respirar surge.
— Não quero que você viaje. Quero você só pra mim, todas as noites.
Durante as noites somos sempre eu e você, tirando as interrupções do nosso
bebê.
— Você é possessiva, Mariana Albuquerque — digo, sorrindo.
— Você é meu.
— Eu sou seu e você é minha. Eu mando tudo para o inferno se
preciso for, apenas para ser seu todas as manhãs, todas as noites, todos os
finais de semana e todas as vezes que você fugir para me dar gostoso.
— Sim, sim! Isso mesmo, Arthur Albuquerque. Meu e só meu, para
ser usado a hora que eu quiser.
— Minha e só minha — falo, observando seus olhos cheios de
lágrimas.
— Quero cavalgar em seu pau — ela pede, chorando, e sorrio. Quem
pede algo assim? Minha Mari.
Jogo-me ao seu lado na cama e retiro minha cueca, a jogando longe.
Ela limpa seu rosto e fica de pé na cama. Retira sua calcinha e seu sutiã, os
jogando longe. Sorri e se acomoda sobre meu corpo. Enfio minha mão por
entre seus cabelos e puxo sua boca para a minha.
Essa boca dela existe para ser beijada, o tempo todo. Sua língua
esperta entra num sexo selvagem com a minha. Exploramos um ao outro,
enquanto ela esfrega sua boceta exigente contra meu pau faminto. Ela está
molhada, sinto como está escorregadia.
Luto para escorregar para dentro, porém, minha mulher está no
controle absoluto e resolve me torturar.
— Você quer ele dentro de mim?
— Por favor, meu amor — peço e ela apoia suas duas mãos em meu
peitoral. Ela ganha um ritmo feroz, esfregando mais firme contra mim, e
então, sem que ela queira, o forço para cima e a invado de uma só vez.
Ela olha em meus olhos antes de fechar os seus e jogar sua cabeça
para trás, dando um gemido que quase me faz gozar. Amo essa cara de tesão,
amo saber que sou eu quem estou causando isso nela.
Ela me monta firme, forte e faz movimentos certeiros, bem
calculados. E mais, ela não permite que eu a toque. Ela usa meu pau de
masturbador e ela mesma toca nas partes sensíveis de seu corpo, buscando
seu próprio prazer. É uma cena bastante erótica e excitante. Eu a vejo gozar
dedilhando seu clitóris e então ela cai mole sobre meu corpo.
— Busque seu prazer em meu corpo agora, Tutu. Por favor! Quero
sentir sua porra escorrendo em minhas pernas — ela pede em meu ouvido e
eu pego o controle, a fodendo até senti-la gozar mais uma vez e
acompanhando seu orgasmo.
MESES DEPOIS
Eu e Mari estamos em meu escritório quando alguém bate na porta. A
retiro do meu colo e abro.
— Amélia? — pergunto, surpreso.
— Oi. Desculpem aparecer aqui sem avisar — ela diz, um pouco
pálida, e então puxo uma cadeira para que ela se sente.
— Tudo bem, aconteceu alguma coisa?
— Estou com câncer em um estágio avançado. Já espalhou por outros
órgãos. — Ela joga toda a informação de uma só vez, e Mari leva as duas
mãos à boca.
— A senhora já sabia disso? — Mari pergunta, porque sou incapaz de
formular qualquer coisa agora.
— Não. Mas, vamos direto ao assunto. Vou morrer. Por favor, Mari,
não chore. Eu preciso ser fria agora, firme e direta — ela fala e eu sento,
perdendo o controle sobre minhas próprias pernas.
— Eu temo por Jéssica. Ela não tem ninguém, além de vocês.
— Oh, meu Deus!
— Eu preciso que sejam tutores dela — Amélia diz. — Por favor, não
deixem minha menina. Sei que vocês não deixarão, mas, de qualquer forma,
preciso formalizar isso, para ser menos burocrático para vocês.
— Nós nunca a deixaremos — Mari fala, soluçando, e então ajoelha
aos pés de Amélia e a abraça.
Abaixo minha cabeça e choro. Estou perdendo alguém de extrema
importância em minha vida, uma escudeira fiel, uma das pessoas que mais
confio nessa vida. Ela significa isso e talvez até mais para Mari. É uma das
coisas mais difíceis que já ouvi, não restam dúvidas.
Em um mês assinamos os papéis e recebemos a guarda de Jéssica.
Fizemos uma viagem em família para comemorarmos. E no mês seguinte...
— Tia Mari, tio Arthur! Socorro! Socorro! Socorroooo, tia Mari!
— Merda, Arthur, é Jéssica! — Mari grita, saltando da cama e
abrindo a porta. Vejo o momento exato em que Jéssica se joga em seus
braços e começa a chorar. Ela não precisa dizer, eu sei que o que acabou de
acontecer. Levanto-me e a pego dos braços de Mari, que está lutando com
todas as forças para não chorar.
— Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem. — Tento apoiá-la. É a
terceira pessoa que morre em seus pequenos braços. Como ela pode ficar
bem? — Fique com a tia Mari — digo e Mari a pega, completamente
desesperada. — Cuidarei de tudo — aviso à Mari e beijo sua testa.
— Tia Mari ama você.
— Você promete que não vai morrer, tia Mari? — Jéssica pergunta,
me fazendo chorar, e eu saio.
— Nunca vou deixá-la, prometo isso. Você é... você é minha filha.
Laís foi julgada por tentativa de homicídio e vários outros crimes.
Pegou doze anos de prisão. Ela conseguiu responder em liberdade, após
cumprir dois anos, e seu pai a encaminhou para fora do país. Ela está
impedida de voltar pela própria família.
Ana Carolina nunca mais cruzou o caminho do casal.
CINCO ANOS DEPOIS
Seis anos foi o tempo que precisei para entender que pais e mães
também precisam de um descanso. Não que eu tenha algo para reclamar da
minha vida, jamais. Minha vida é perfeita! Eu tenho ajudantes que são
praticamente da família. Eu, Arthur e as crianças viajamos sempre que é
possível para nossa casa na ilha, vamos para a Disney todos os anos, fora as
outras viagens menores. Nós somos completamente felizes, uma felicidade
que eu nem sabia que um ser humano poderia sentir. Eu sou completa! Mas
sinto falta de viajar sozinha com Arthur, mesmo sabendo que será um pouco
doloroso nos afastarmos alguns poucos dias dos nossos filhos. Sinto falta de
realizar alguns projetos que sempre sonhei e adiei para me dedicar
inteiramente à nossa família. Por consequência, me sinto culpada por sentir
falta dos meus projetos e sei que essa culpa é ridícula.
Dei um passo muito grande indo até uma agência de viagens fechar
um pacote para dois. Sinto que preciso de uma segunda lua de mel com
Arthur, apenas eu e ele. Nosso relacionamento, felizmente, não caiu na rotina.
Mas, pode vir a cair e, como uma mulher precavida, eu preciso me antecipar.
Um passo à frente de todas as crises.
Tomei essa decisão com ajuda da secretária pessoal de Arthur. Era
inacreditável, mas ela foi a primeira que eu gostei de verdade e passou pelo
meu selo de aprovação. Sim, Júlia se casou com o amigo de Arthur e se
mudou para Portugal. A escolha da nova secretária foi quente para nós e
bastante interessante.
Ela me passou toda a agenda do Arthur e pude conferir os dias em que
ele estaria livre de compromissos. Isso ajudou para que eu pudesse organizar
tudo. Enfim, é o Universo conspirando a nosso favor. Comprei um pacote
para a serra gaúcha, um lugar onde já estive, mas não aproveitei o suficiente.
Lá é ideal para um casal de apaixonados e, para ser mais perfeito, estamos no
inverno. Não sairemos do quarto!
Assim que chego em casa, Arthur está correndo pelo gramado com
Jéssica, Matheus e Beatriz. Eles estão brincando de Nerf, aquelas arminhas
loucas que atiram dardos. É lindo de se ver.
— Meus amorinhos! — digo, empolgada, e eles (incluindo Arthur)
correm até mim.
— Mamãe, mamãeeee... — Matheus grita e se joga em meus braços.
Meu garotinho está com cinco anos, Bia com seis e Jéssica com dezesseis.
Jéssica ainda se parece com uma garotinha, ela brinca com as crianças como
se tivesse a idade deles.
Nós temos enfrentado alguns problemas com ela e vivemos em
psicólogos. Mas ela é uma garota perfeita, alegre, brincalhona, divertida,
generosa e tem um coraçãozinho gigante.
— Quero uma reunião de família, vá chamar Sheila, quero todos
sentados no sofá — digo e Arthur me olha, curioso. Apenas pisco meu olho e
sorrio. Isso o traz até mim. Sou pega pelos seus braços e me perco em seus
olhos.
— O que está armando, maluquinha?
— Nesse momento estou armando seu pau — respondo, sentindo-o
ganhar vida entra minhas pernas. Ele sorri, aquele sorriso estonteante.
— Além dele?
— Você já vai ficar sabendo — respondo e os batutinhas voltam à
sala com Sheila. Sheila é nosso anjo da guarda. Ela substitui nossa Amélia. A
cada vez que me lembro da sua partida, meu coração fica pequeno. Dissipo os
pensamentos e vejo os quatro sentados no sofá. Falta apenas um, Arthur. —
Sente-se, meu advogado, ou teremos que resolver meu caso na vara — digo
em seu ouvido.
— Você está especialmente gostosa hoje, vou te foder sobre a mesa
da biblioteca assim que possível — comenta, cheio de promessas, e se
acomoda no sofá. Meu Deus! Realmente fiz a coisa certa, precisamos mesmo
de um tempo para nós, sem interrupções.
— Bom! Eu e papai vamos precisar fazer uma viagem e vocês terão
que obedecer a Sheila, os avós de vocês e Jéssica, que é a mais velha. —
Jéssica adora quando designo a função de advertir as crianças.
— Viagem? — Arthur pergunta, mordendo o lábio inferior.
— Exatamente, papai. Eu e você vamos viajar. — Olho no relógio. —
Em quatro horas — termino de dizer e, por incrível que pareça, ele não se
opõe.
— Mamãe. — Matheus vem chorando até mim e meu coração
começa a despedaçar. Pense numa criança fofa? É meu Theus. Ele é o mais
fofo de todos os fofos do Universo e completamente grudado comigo. — Por
que vocês vão viajar? — pergunta e tenho que ser forte. Em breve eles vão
crescer e terão suas vidas, logo, terei que me acostumar a isso também.
— Filho, vocês não tiram férias da escolinha? — pergunto a ele, que
me agarra forte.
— Sim, mamãe.
— Então, eu e papai também precisamos de férias. Só vamos ficar
fora quatro dias. Assim que chegarmos, iremos para a casa da praia, ok?
— Jura? — pergunta, empolgado, se afastando, e vejo seus olhinhos
brilharem. Eu o abraço mais forte. Matheus é o meu grude. Chega a ser
possessivo. Aliás, ele é tão possessivo quanto Arthur. Ô raça terrível de
homens possessivos!
— Juro, meu amor — respondo e Bia vem me abraçar.
— Tudo bem, mamãe, vá namorar com o papai — ela diz, me
deixando boquiaberta. Olho para Arthur e ele segura o riso. Grande filho da
puta! Jéssica vem e eu a abraço forte também. Minha garota adolescente.
Minha melhor amiga.
— Ok. Todos de acordo? — pergunto e todos sorriem, dizendo que
sim, exceto Matheus. Ele é muito dramático.
Tento não olhar para ele, ou cederei aos seus encantos.
Eu e Arthur vamos para o quarto arrumar as malas e, assim que fecho
a porta, ele me pega no colo e entrelaço minhas pernas em volta dele.
— Viagem, hein? — pergunta, sorrindo.
— Sim, estava na hora, não estava? — respondo, enfiando as mãos
entre seus cabelos.
— Para onde vamos, posso saber?
— Serra gaúcha — respondo, sorrindo, e mordo o lábio.
— Serra gaúcha, inverno, eu e você. Alguém está mal-intencionada
— diz com a boca em meu pescoço.
— Minhas intenções são as melhores — gemo. — Precisamos
arrumar as malas.
— Malas para quê? Vamos ficar nus o dia todo — fala, me
encostando na parede e abrindo minha blusa.
— Eu já tenho todo um cronograma.
— É? Conta para mim. — Ele abre meu sutiã com uma mão e o
abaixa.
— Vamos pra serra gaúcha foder 24 horas por dia, quando voltarmos
vou para a Ilha com as crianças e você vai se virar para arrumar alguns dias
para nos acompanhar.
— É? Vai ficar exibindo esse corpo para outros homens lá se eu não
for? — pergunta, sugando meu seio.
— Sim, vou. Todos eles vão querer o que só você tem, e quando você
chegar lá, vou me esfregar em você como uma safada e mostrar que sou toda
sua.
— É, minha safada? — Ele me dá um tapa na cara, que faz meu
sangue ferver.
— E assim que voltarmos, vou entrar na faculdade de Arquitetura ou
no curso de Design de Interiores, ainda não decidi. E você terá que me buscar
todos os dias na escolinha — digo, me esfregando nele.
— É? Será a minha colegial ou minha universitária depravada?
— Serei sua puta. E farei você parar o carro nos lugares mais desertos
e inusitados só para me comer todos os dias.
— Puta que pariu! — Ele me joga na cama com violência e se desfaz
das roupas que ambos usamos. Em seguida, se acomoda entre minhas pernas
e me pega pelos cabelos, fazendo-me arquear o corpo. — Olha como você me
deixa louco — diz, pegando em seu majestoso pau com a mão livre.
— Enfia logo, Arthur — digo com cara de safada e ele faz o que
mandei sem delicadeza alguma. Porra, ele nunca vai deixar de ser assim? —
Meu Deus!
— A partir de agora vamos viajar sozinhos ao menos uma vez no ano,
minha puta particular? Quero fazer você gozar em vários lugares desse
mundo.
— Oh, Deus, Arthur! Eu te amo!
— Eu também te amo, gostosa. Te amo demais. Você me deixa
insano, Mariana, desesperado. Te amo, princesa safada — fala e desfaleço em
seus braços.
Esse é o nosso jeito louco de amar, com muito fogo, voracidade e
paixão.
E ainda perguntam se nosso amor e nosso fogo têm limites...
Logo nós, os SEM LIMITES.

[1] MILF é um termo em inglês que significa “mãe que eu gostaria de foder”.

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