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Copyright © 2023 por Isabella Hypólito

Todos os direitos reservados.

Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer


meios, sem o consentimento do(a) autor(a) desta obra. Esta é uma obra de
ficção.
Todos os nomes, lugares, acontecimentos e descrições são fruto da
mente da autora. Qualquer semelhança com a realidade é mera
coincidência.
Texto revisado conforme o Novo Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa.

Revisão
Evelyn Fernandes
Amanda Mont’Alverne

Capa & Diagramação


Larissa Chagas
@lchagasdesign
SINOPSE
NOTA DA AUTORA
PLAYLIST
EPÍGRAFE
PRÓLOGO
01
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03
04
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06
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EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
Existe amor à primeira vista?
Segundo Aaron Carson, não só existe como ele está vivendo um nesse
momento.
Holly Sanders tem feridas não cicatrizadas em seu coração. Viver um
amor não estava em seus planos, até o garoto de olhos brilhantes e
reconfortantes cruzar o seu caminho e mudar a sua vida por completo.
Aaron Carson nunca se apaixonou por ninguém, até que uma linda e
atrevida mulher de olhos misteriosos e atrevidos entrou em seu caminho de
maneira única.
Quando eles se encontram, não conseguem esconder a atração que
sentem um pelo outro.
Um acordo parece ser a única alternativa para que sentimentos não
surjam.
Dez itens que não poderão ser quebrados de maneira alguma, mas qual
seria a graça de não poder quebrá-los?
Ela fará de tudo para resistir.
Já ele, não desistirá dela tão fácil assim.
Será que Holly dará o braço a torcer e Aaron conseguirá entrar em seu
coração fechado para o amor?
“Através do Seu Olhar” não iria existir! Vocês sabiam disso? Não?
Pois é a mais pura verdade.
Meus planos era unicamente contar a história de um cara que amava
música com todo o seu coração, e acabou se apaixonado pela irmã do
melhor amigo. Mas é claro que nada saiu como eu queria. Bastou uma única
palavra do Aaron, para eu saber que ele era muito mais do que um
personagem secundário. Ele precisava de voz, e faria de tudo para me
convencer a dar isso a ele. E acabou convencendo.
Aaron gritava tanto em minha cabeça, que eu tive que dar voz a ele.
Mas é claro que nosso mocinho não poderia ficar sozinho, ele precisava de
uma mocinha tão ou mais mandona do que ele. Foi então que uma linda
morena de língua afiada apareceu me dizendo com todas as letras que nunca
se apaixonaria por ninguém. Nem preciso dizer que foi exatamente naquele
momento que ele me disse que finalmente tinha encontrado seu par.
Diferente de Liam e Hanna, que vieram para me abraçar e cuidar do
meu coração, Aaron e Holly apareceram para me fazer sorrir e me apoiar.
Muitas das vezes que que me perguntei se esse era realmente o caminho que
gostaria de seguir, eles apareciam como aquela marra gostosa que só eles
tinham, e me mandavam continuar. Obrigada pessoal! A insistência de
vocês me fez chegar longe mais uma vez.
Assim como o primeiro livro, esse não é composto por plots
mirabolantes. É só uma leitura gostosa, leve e cura ressaca. Então se está à
procura de uma história mirabolante com acontecimentos bombásticos, esse
livro não é para você. Mas se está à procura de um grupo de amigos
completamente louco, dar muitas risadas e se sentir nostálgica, passe para a
próxima página e mergulhe no universo de Escolhas Inevitáveis.
Atenção para o gatilho presente no livro. Apesar de ser uma história
leve, nossa mocinha passou por um relacionamento abusivo. As cenas não
são gráficas, mas peço que respeitem seus limites.
Aaron e Holly tem uma história de conquistas, e espero que assim
como foi comigo, eles conquistem vocês também.
Boa leitura!
Através do Seu Olhar, tem uma playlist no Spotify, para acessá-la,
posicione a câmera do aplicativo no QR CODE abaixo.
"Livros são fáceis de destruir. mas as palavras viverão enquanto as pessoas
puderem se lembrar delas"
— Aaron Warner.
Para aquela que me trouxe felicidade.
Você é a pessoa mais incrível do mundo.
Apoio a cabeça em meu braço e sinto o ardor da tatuagem recém-feita
em meu pescoço. Sem que eu espere, um sorriso involuntário nasce em
meus lábios e as lembranças da noite caótica de ontem inundam minha
mente.
Já comemorei vários aniversários. Mas nenhum se compara ao de
ontem.
O motivo?
Holly Marie Saunders, o lindo carma que apareceu em minha vida. E
claro que ter meus amigos e minha irmãzinha ao meu lado foi um ponto alto
da noite. Mas tê-la comigo, com toda certeza, foi o diferencial.
Holly apareceu em minha vida, e a fez dar um giro de cento e oitenta
graus. Nunca pensei que poderia me apegar a alguém tão facilmente assim.
“Tudo isso é pra mim, Gibi?”
Sua voz é tão nítida em minha mente, como se estivesse deitada aqui
comigo.
Ainda com um sorriso gravado no gosto, sento-me na minha cama e,
olhando para o reflexo à minha frente, aprecio a loucura que acabei
fazendo.
Platinado.
Meu cabelo está completamente platinado, só pelo simples fato de ela
gostar de caras loiros.
A que ponto chegamos, hein, Aaron? Qual será a próxima que aquele
pequeno Carma fará você aprontar?
Minha consciência tira sarro de mim.
Particularmente, eu não sei dizer. Mas do jeito que me encontro
rendido, o que ela pedir, eu atenderei. Sinto meu estômago se revirar só de
lembrar o quanto ela estava espetacular ontem à noite.
“Hoje serei toda sua. Para fazer o que quiser.”
Ao me lembrar de suas palavras, percebo que não cobrei o meu
presente ainda. E é com esse pensamento que me levanto da cama e viro em
direção à mesinha de cabeceira, pego o meu celular, abro o aplicativo de
mensagem e sorrio involuntariamente assim que vejo sua foto sendo a
primeira da lista.
Achei melhor deixar seu contato fixado para facilitar.
Fico admirando seu lindo sorriso por tanto tempo, que quase me
esqueço o que iria fazer. Balanço a cabeça levemente, com o intuito de
clarear os pensamentos. Aperto em seu contato e começo a digitar.

Aperto enviar e espero por uma resposta, que não demora a chegar.
Sorrio por conta da sua resposta atrevida.
Holly nunca responde minhas perguntas de uma vez, sempre tem que
ter uma pergunta antes.

Respondo, me ajeitando na cama, encostando na cabeceira, enquanto


espero uma resposta.
Aperto enviar mais uma vez e, sem esperar por uma resposta sua,
largo o meu celular no colchão, seguindo em direção ao meu guarda-roupa.
Ao abrir as portas, fico algum tempo pensando no que irei vestir. Quero
impressionar hoje, então acho que uma camiseta branca me cairá muito
bem. Na verdade, tudo fica bem em mim, portanto não preciso me
preocupar muito. Visto a roupa escolhida, passo um pouco de perfume e
volto a me olhar no espelho.
— Nada mal — digo, olhando para o meu reflexo.
Estou passando as mãos nos cabelos, tentando ajeitá-los, quando
escuto o meu celular sinalizando a chegada de uma mensagem.

Caminho em direção a ele e, quando o pego, sorrio ao ler a mensagem.

Viu? Completamente atrevida.


Sem respondê-la, travo a tela do celular, coloco-o no bolso e saio em
direção a ela.

Estaciono o carro de Bennett em frente a biblioteca do campus, e vejo


Holly encostada no corrimão da escada, de cabeça baixa, mexendo em seu
celular. Sem desligar o motor, buzino duas vezes seguidas para chamar sua
atenção, e vejo o exato momento em que levanta o seu rosto e olha em
minha direção.
Mesmo com o vidro fumê do carro impedindo que ela me encare, sinto
que nossos olhares estão presos um ao outro. Gosto de tudo em Holly, mas
se tem uma coisa em que sou completamente fascinado, é no seu olhar.
Seus olhos foram as primeiras características que reparei nela.
Brilhosos, mas ao mesmo tempo ferozes. Como se estivesse sempre pronta
para atacar ou proteger algo importante para si.
Holly continua a encarar o vidro escuro do carro, e volto a buzinar
duas vezes para que saiba que sou eu.
Desencostando seu corpo do corrimão, ela ajusta a alça de sua bolsa
no ombro e anda em minha direção.
Destravo a porta e, em poucos segundos, o seu cheiro gostoso e
marcante toma conta do espaço à sua volta, o que me faz chegar à
conclusão de que seu aroma acaba de se tornar o meu preferido entre todos.
— Aqui estou. — Fecha a porta e se vira em minha direção.
Como um bobo rendido, meu coração dispara no peito só por tê-la ao
meu lado.
— Olá, pequeno Carma.
Debruço meu corpo no banco, chegando perto dela, beijo sua
bochecha e começo a descer o meu nariz suavemente sobre o seu queixo
macio, seguindo até o seu pescoço delicado, onde descubro ser o meu lugar
preferido e seu aroma está mais concentrado. Lírios. Ela cheira a lírios
frescos.
— Então? Me dirá agora que trato tínhamos que não cumpri? —
pergunta, tentando me encarar, mas por conta da posição em que me
encontro, acaba se tornando uma tarefa difícil.
— Lembra da sua promessa ontem? — Levo minha mão até a sua
cintura, lentamente. — Você disse que seria toda minha para que eu pudesse
fazer o que quiser.
— Então decidiu que hoje seria um bom dia para cobrar a minha
dívida?
Finalmente ela consegue virar o seu rosto em direção ao meu,
deixando nossos narizes a milímetros de distância um do outro. Minha boca
seca em questão de segundos pela vontade de beijá-la.
Já nos beijamos diversas vezes, mas nunca parece ser o suficiente pra
mim. Sempre estou querendo mais e mais dela.
— Uhum — afirmo, me afastando um pouco e foco os meus olhos em
seus lábios vermelhos e convidativos.
— E o que quer de mim? — Sinto sua respiração desregular no mesmo
instante.
— Tantas coisas que me pergunto se um dia será o bastante.
— Bom, já que é assim, irei limitar para dois desejos.
— Será minha gênia da lâmpada hoje? — sorrio.
— Pode-se dizer que sim — confirma, passando o indicador em meus
lábios e vai descendo até o meu queixo. — Então? Qual será o seu primeiro
pedido? — pergunta, aproximando nosso rosto mais uma vez.
Nossos lábios estão a um passo de se tocarem.
A vontade de beijá-la cresce cada vez mais dentro de mim. Sem dizer
uma única palavra, seguro em sua nuca, junto nossos lábios mais uma vez, e
a sinto se entregar sem resistência.
Subo uma de minhas mãos para os seus cabelos, enfiando os dedos ali,
ao mesmo tempo em que mergulho minha língua na boca ávida por mim.
Foi uma explosão.
Abraçando meu pescoço, ela se entrega a mim passando uma de suas
pernas por cima do meu quadril, se senta em minhas coxas, me deixando
dominá-la naquele momento.
Levo minha mão para sua cintura no exato momento em que Holly
rebola em meu colo levemente.
Sinto meu pau despontar na calça, e quando escuto o seu gemido,
aperto sua cintura com força e junto mais os nossos quadris. Nossas línguas
brigam por território. Holly gosta de dominar até em seus beijos, mas esse é
o único momento em que o controle é completamente meu.
— Você sabe como me enlouquecer — digo, sugando seu lábio
inferior e o mordendo no final.
Sorrindo, ela passa a beijar minha bochecha, queixo, pescoço e perto
da gola da minha camisa, onde tenho a tatuagem do crânio de um animal.
— É uma das minhas qualidades. — Levanta o rosto e passa a me
encarar.
— Realmente escolhi o apelido perfeito para você. — Faço um
carinho de leve em sua bochecha.
— Parece que sim.
Rapidamente, ela pega minha mão e começa a desenhar círculos em
cima do desenho de mandala.
— Então? Qual será o seu segundo pedido?
— Segundo? — Arqueio uma sobrancelha. — Nem fiz o primeiro
ainda.
— O beijo foi considerado como um desejo realizado.
Um sorriso atrevido cresce no rosto da sem-vergonha.
Mais uma coisa que sou fascinado em Holly
— Entenda uma coisa, pequeno Carma. — Sem usar muita força, pego
em seu pescoço e trago o seu rosto para mais perto do meu. — Seus lábios
são meus. E eu vou beijá-los a hora que eu quiser. — Levanto o meu rosto e
foco o meu olhar em direção ao seu. — E onde eu quiser. — Chupo o seu
lábio inferior, mordendo-o e puxando em minha direção, até soltá-lo
lentamente. — Assim como os meus são seus.
Holly ofega e lambe os meus lábios.
Sua língua é quente e a vontade de tê-la mais uma vez cresce dentro de
mim.
— Já que é assim. Qual é o seu primeiro desejo? — pergunta enquanto
morde minha boca.
Meus olhos estão nublados de desejo quando sinto suas mãos,
pequenas e macias, adentrarem na minha camisa e começarem a passear
pelo meu abdômen.
Sinto que preciso tê-la nesse exato momento.
Já ficamos diversas vezes. Sempre que temos oportunidade, nós
acabamos nos beijando. Mas nunca fomos além disso.
Será que...?
— Eu quero que você seja minha hoje.
Leva o seu rosto até o meu ouvido e sussurra:
— Aqui?
— Agora. — Minha voz não passa de um sopro.
Holly se afasta um pouco, me encara, segura a barra de sua camisa
preta e começa a tirá-la lentamente. Minha garganta seca em instantes
quando tenho a visão completa dos seus seios cobertos pelo sutiã de renda
negra. Me devorando com os seus olhos, ela joga sua camisa no chão do
carro, dizendo:
— Se é o que quer.
Encaro cada pedaço da pele morena clara e, ao descer meus olhos mais
um pouco, vejo a tinta preta e a caligrafia de letras finas de sua tatuagem. A
vontade que tenho neste momento, é de chupar o lugar e seguir por uma
trilha até chegar em seus seios.
Sem que perceba, subo minha mão pela barriga achatada e sinto seus
músculos se contraírem pelo carinho leve em sua pele.
Levanto os meus olhos para os seus e a sensação que tenho é a de estar
encarando lava derretida, de tão brilhantes e quentes que eles estão.
Eu preciso dela agora mesmo, e nada irá me impedir.
— Aaron.
— Não fala nada. — Beijo sua bochecha e vou descendo em direção
ao seu queixo.
— Vão nos ver — ela murmura nos meus lábios.
Junto minha testa à dela, levando minha mão em direção aos seus
lábios e passando o polegar pelo seu inferior, quase sentindo aquele
perfume que sempre me faz querer enterrar o nariz na sua pele desde a
primeira vez em que a vi.
— O carro tem vidro fumê — digo a ela. — Ninguém liga ou vê o que
a gente faz aqui. Você pode ter o quanto quiser de mim.
— Droga! — murmura e se contorce em meu colo quando aperto sua
cintura com um pouco mais de força.
— Além disso — beijo sua bochecha. — Eu não deixaria nenhum
filho da puta te ver assim. — Mordo o lóbulo da sua orelha. — Só relaxe e
aproveite. — Sugando o vão entre seu pescoço e ombro, sinto seu corpo
estremecer.
Subo minha mão por sua pele lisa e macia até chegar ao seio farto.
Sinto o mamilo despontar contra a minha mão e minha boca se enche
d’água, só de imaginá-lo em minha boca.
Holly começa a rebolar o quadril de encontro ao meu e, mesmo com
nossas calças jeans, consigo sentir o calor da sua boceta.
Deixo sua cintura e vou subindo minhas mãos pelos seus quadris,
sentindo a textura macia da sua pele.
Ela é toda macia e delicada.
Adoro sentir sua pele contra a minha.
Com esse pensamento, me livro da blusa que estou vestido e a jogo no
banco de trás.
Nossos peitos se tocam e sinto meu pau pulsar quando Holly passa a
beijar todos os lugares que tem acesso.
— Eu amo suas tatuagens — beija a flor que tenho no pescoço. —
Todas elas.
Desce o seu rosto até a altura do meu mamilo, lambendo toda a
extensão até chegar ao meu queixo e mordê-lo.
— Está querendo me enlouquecer, Holly? — pergunto, enfiando
minhas mãos em seus cabelos e puxando para que eu possa admirar sua
face.
— Estou conseguindo? — sua voz é baixa.
Ainda a encarando, trago seu rosto para perto do meu e mordo seu
lábio inferior, sorrindo quando sinto seu corpo estremecer.
— Está sim. — Desço em direção ao seu seio e mordo o mamilo
endurecido sob a peça delicada do sutiã. — Mas hoje quem perderá a
sanidade será você.
Holly grita quando mordo seu outro mamilo com um pouco mais de
força.
— Aaron — geme e se esfrega em mim como a gata manhosa que é.
— Vamos lá pra trás — aviso, apontando para o banco traseiro. Tiro-a
do meu colo e passo para lá rapidamente. Me sento no banco e, quando
Holly está prestes a se sentar em meu colo novamente, empurro o seu corpo
contra o estofado, devorando seus lábios. Deslizo minha língua na sua boca
e enfio a mão por dentro da sua calça. Sua boceta está tão encharcada que
engole meus dedos. Holly geme enquanto o pulso no seu pescoço palpita
sob meus dedos, se contorcendo. — Olha como você me toma por
completo. — Faço um movimento de vai e vem bem lentamente, quase a
torturando. — Já consigo imaginar meu pau sendo engolido por você.
Aumento a frequência com que a fodo com os meus dedos, curvo-os
um pouco e quando Holly grita e afunda a cabeça no banco, sei que
encontrei o seu ponto máximo de prazer.
— Gosta disso, pequeno Carma? — pergunto.
— S-sim — ofega e fecha os olhos bem apertados. Me apoiando em
uma das mãos para não colocar o peso do meu corpo em cima do seu, desço
meu rosto para o seu pescoço, voltando a sugar a pele macia e sensível, e
sinto o exato momento em que seu orgasmo está se formando. — Mais
rápido — suplica, movendo os quadris, tento assumir o controle. Cesso os
meus movimentos e a encaro. — Por que parou? — Segura o meu pulso e
passa a movimentar a minha mão.
Rapidamente, tiro os meus dedos de sua boceta e os levo à altura dos
olhos.
— Porque você irá gozar quando eu deixar. — Levo os dedos melados
até os lábios e os chupo com vontade. Gemo em satisfação quando o seu
gosto entra em contato com a minha língua. — Tinha minhas suspeitas, mas
não imaginava que seu gosto seria tão delicioso assim. — Junto os nossos
lábios. — Olhe como seu gosto fica perfeito na minha boca.
Ataco sua boca em um beijo feroz e desejoso, fazendo com que sinta o
gosto de sua excitação. Nossas línguas se envolvem em uma dança que só
ela conhece. Holly levanta a perna com um pouco de dificuldade pelo
espaço pequeno e a apoia em minha cintura. Levo uma de minhas mãos
para debaixo dela, começo a procurar o fecho de seu sutiã, e quando o
encontro, o abro rapidamente, liberando os seus seios.
Aos poucos, vou diminuindo a frequência do beijo, deixando uma
mordida em seu lábio inferior e passo a descer os beijos pelo seu queixo,
clavícula, colo, até chegar aos seios firmes. Sinto minha boca encher d’água
pelo desejo de tê-los nela, então sem perder tempo, sugo seu seio e, como
fiz com sua língua há pouco, passo a repetir os movimentos em seu mamilo,
deixando-o endurecido.
— Merda — Holly resmunga e crava as suas unhas em minhas costas,
arranhando toda a extensão de pele. Meu corpo estremece e sinto minha
cueca umedecida pela minha excitação. — Aaron… Eu preciso que você
me foda agora mesmo.
Sugando o seu mamilo com força o suficiente para deixar uma marca,
levanto minha cabeça e a encaro.
— Seu pedido é uma ordem, pequeno Carma. — Desço minhas mãos
até o botão de sua calça e, em questão de segundos, tiro tudo, deixando-a
completamente nua pra mim. — Olha só pra você. — Aproximo o meu
rosto de sua boceta, e sinto os pelos dos meus braços e pernas se arrepiarem
ao sentir o seu cheiro. — Da próxima vez você irá gozar na minha boca. —
Passo minha língua lentamente por sua virilha e vejo o exato momento em
que seu clitóris se contrai. — Mas agora, meu lindo Carma, você irá gozar
no meu pau.
Após dizer isso, abro o zíper, desço a calça juntamente com a cueca
preta e o meu pau pulsa, ereto.
Ele está duro como nunca.
A cabeça se encontra inchada pelo tesão e brilhante pelo pré-gozo que
escorre por todo ele.
Estou quase pegando a carteira em meu bolso para pegar a camisinha,
quando a mão de Holly me impede.
— Quero sentir você sem nada.
— Tem certeza? — Seguro em seu rosto. — Sei que estou limpo. Faço
exames de seis em seis meses, mas não são só doenças que o sexo sem
camisinha pode gerar.
— Eu sei. — Junta nossos rostos e beija meus lábios. — Eu tomo
pílula e estou limpa.
Sua confirmação é tudo o que preciso.
— Já que é assim. — Afasto o meu rosto para olhá-la melhor. — Sente
de costas pra mim.
— O q…?
— Faça o que eu mandei, Holly — interrompo-a e peço mais uma vez.
Sem hesitar, ela se vira de costas, e tenho que sufocar um gemido pela
imagem de sua bunda perfeita. Seguro em seus quadris e mordo sua nádega
macia.
Holly acaba se assustando pelo ato repentino.
— Você ainda me terá aqui — aviso, acariciando a pele sedosa. —
Mas isso é assunto para outra hora.
— Você terá que merecer.
— Eu sempre faço, gata — deixo um beijo em suas costas. — Agora
faça o que mandei. — Ainda me olhando por cima do ombro, Holly se senta
em meu colo. — Isso, boa garota — digo, olhando para ela pelo retrovisor.
— Quero que veja cada expressão que fizer quando como você. — Seguro
em sua cintura com uma mão e com a outra levo o meu pau em direção a
sua boceta. Sem esperar o meu comando, ela senta de uma vez, me fazendo
urrar de prazer. — Puta merda! — minha voz está mais grossa que o
normal.
— Aaron... — gemendo, ela começa a rebolar no meu pau e tenho que
morder os meus lábios pra me controlar.
Seguro em seu quadril e passo a auxiliá-la, enquanto nos encaramos
pelo retrovisor. Seus olhos estão completamente brilhantes e suas
bochechas vermelhas pelo esforço.
Ela está perfeita.
Holly está tão molhada, que começa a me melar. Afastando seus
cabelos para os lados, deixo suas costas livres para mim, passando a beijá-la
e sentindo o gosto salgado do seu suor.
— Isso — . Fecha os olhos e joga a cabeça para trás.
Com a mão livre, pego em seu pescoço, fazendo com que volte a nos
observar pelo espelho.
— Quero que continue olhando. — Aperto um pouco e sinto sua
boceta pulsar no meu pau. — Ora, veja só. — Aproximo meus lábios de sua
bochecha. — Você gosta quando faço isso, né? — Aperto mais um pouco e
passo o meu dedo indicador pelo seu lábio inferior, puxando-o para baixo.
— Uhum — afirma, e como se confirmasse, ela vai ficando mais e
mais excitada. Sorrio e passo a investir em sua boceta com vontade. Em
poucos segundos, os vidros estão completamente embaçados, o cheiro do
sexo fica impregnado em todo o ar, e os gemidos tomam conta do lugar.
Desço minha mão pela sua barriga, voltando a investir em seu clitóris, até
que sinto seu orgasmo se formando. — Aaron… eu vou…
— Eu sei. — Enfio meu pau vigorosamente em sua boceta e volto a
estimular o seu clitóris. — Goza no meu pau, Holly.
E como se estivesse só esperando o meu comando, ela goza,
estrangulando o meu pau.
Soco bem fundo nela e, segundos depois, estou gozando em
abundância
É como se estivesse no paraíso.
Holly deixa seu corpo cair em cima do meu, e ficamos alguns minutos
aproveitando o momento de êxtase juntos.
— Isso foi incrível — sussurra, olhando pra cima.
Sorrindo, beijo a ponta do seu nariz e envolvo sua cintura com os
meus braços.
Não quero me separar dela nesse momento.
Pensando nisso, decido usar o meu segundo desejo.
— Vem pra casa comigo? — peço, fazendo carinho em seu rosto com
o meu nariz.
— Faz parte dos pedidos, esse convite?
— Isso e a vontade de ficar com você mais um pouco — assumo.
Holly me encara por alguns segundos, mas parecem que são horas. Até
que finalmente aceita.
— Tudo bem. Vamos. — Me olha de um jeito que faz o meu coração
errar uma batida.
E aquele foi o exato momento, quando nossos olhares se encontraram,
que tive certeza de que gostava dela de uma maneira que não sabia explicar.
Eu estou fervendo

Fervendo por você, gata


Burnin Up – Jonas Brothers

O toque ensurdecedor do despertador me acorda.


— Mas que merda — reclamo, ainda com a cabeça coberta pelo
edredom.
Sem olhar, vou tateando perto do travesseiro, até encontrar o meu
celular. E assim que o encontro, desligo o alarme sem olhar.
Fico alguns minutos sem me mexer, até que escuto o barulho de pratos
na cozinha, e sei que se demorar mais um tempo para me levantar, acabarei
sem água quente.
Se tem uma coisa que detesto sobre morar com mais três caras é isso, a
água quente acaba rápido demais. Ainda mais se Saimon for quem tomou
banho antes de você.
O cara demora quarenta minutos só lavando o cabelo.
Sem esperar mais, afasto a coberta, me sento na cama, espreguiço todo
o meu corpo e contando até dez, levanto da cama e caminho em direção ao
banheiro no corredor.
Outra coisa que detesto.
Dividir o banheiro.
Nossa casa é grande o suficiente para nós quatro, mas só tem dois
banheiros. E eu, como sou um azarado do caralho. Acabei tendo que dividir
o do corredor com Simon e Bennett, depois que Liam ganhou o quarto com
suíte no pedra, papel e tesoura.
Filho da mãe sortudo. Ele sempre ganha esse jogo.
Será que é por isso que acabou escolhendo essa maneira para decidir o
ganhador?
Provavelmente sim.
Bem que eu poderia obrigá-lo a dividir o banheiro comigo, usando a
desculpa de ele ter escondido que namorava a minha irmã.
Sorrio da minha própria implicância.
Acho que posso usar essa desculpa para ganhar algumas regalias por
um tempo.
Às vezes me pego pensando o quão cego eu fui de não perceber que
eles gostavam tanto assim um do outro. Olhando agora, é nítido o quanto
eles se amam verdadeiramente.
Acho que os meus olhos e pensamentos estavam tão voltados para
outro assunto, que não quis prestar muita atenção.
Só de lembrar do seu rosto travesso, um sorriso nasce em meus lábios.
Meu pequeno Carma.
Nunca tinha me sentido assim em toda a minha vida.
Holly chegou como um furacão, modificando tudo à sua maneira. E
agora me vejo completamente rendido por ela.
Mal vejo a hora de colocar os meus planos em prática, e conquistar
aquela atrevida.
Com esse pensamento, abro a porta do meu quarto e sigo em direção
ao banheiro.
Estou quase chegando lá, quando a porta do quarto de Simon é aberta
e Bennett sai de dentro dele com as suas roupas nas mãos, só de cueca.
— Pensei que o seu quarto fosse outro. — Com um sorriso sugestivo,
aponto para o final do corredor. Bennett me encara com um sorrisinho
canalha estampado em seu rosto, e como é de se esperar, passa por mim
sem dizer nada, e vai em direção ao seu aposento. — Se fosse o Simon, ele
me contaria — digo, virando em sua direção e gargalho quando o vejo me
dar o dedo do meio.
Ainda rindo, entro no banheiro e fecho a porta atrás de mim, me
livrando da calça de moletom preta e da cueca, caminho em direção ao box,
ligo o chuveiro e espero a água chegar à temperatura ideal.
Coloco minha mão embaixo do jato d’água, provando a temperatura, e
quando constato que está do jeito que quero, entro de cabeça, sentindo o
líquido quente nos meus ombros.
Fico alguns segundos relaxando sobre o calor dos jatos de água, até
que uma porrada na porta me desperta.
— Anda logo, Aaron. Não tem só você pra tomar banho! — Simon
grita do lado de fora.
— Ninguém mandou ficar se agarrando com o Bennett de manhã e
perder a hora. Agora espere — respondo despreocupado, pegando o meu
sabonete e ensaboando meu corpo na maior calmaria possível.
— Cuzão do caralho.
Escuto seu xingamento, mesmo que ele já esteja longe da porta.
Tiro todo o sabão do corpo, e decido que preciso lavar o meu cabelo.
Depois que o descolori, tive que passar a tomar cuidado redobrado
com ele.
Olho para os produtos que têm disponíveis e acabo me interessando
por um em um pote verde de cheiro agradável. Abro a tampa, pego uma
quantidade generosa do creme espesso, passo no cabelo e começo a
massageá-lo.
— Aaron, se não sair daí em dois minutos. Eu vou colocar essa porta
abaixo. — Escuto o grito de Simon do outro lado.
— Já estou indo. Que porra. — Enfio a cabeça embaixo da água,
tirando o produto dos cabelos. Dois minutos depois, saio do banheiro com a
toalha enrolada na cintura. — Pronto, já saí — resmungo e passo por ele. —
Nem posso tomar banho em paz nessa casa.
— Se você fosse mais rápido, eu não precisaria ficar gritando com
você.
Passa por mim, entra e fecha a porta em um rompante.
— Achei que estaria mais calmo, já que dormiu acompanhado! —
grito em direção a ele.
— Não há foda no mundo que faça com que eu não me irrite com
você. — Sua voz sai abafada.
Rindo, vou em direção ao meu quarto, colocar uma roupa e descer
para tomar o meu café da manhã.

Chego na cozinha e vejo Liam com a cara enfiada em uma xícara.


— Tem pra mim?
— Bom dia pra você também, seu cuzão — cumprimenta sem me
olhar.
— Bom dia, meu lindo amor! Poderia me dizer se tem café pra mim
também? — Inclino a cabeça de lado e pisco os olhos repetidas vezes.
— Não, fiz dose única. — Balança a caneca em minha direção.
— Por que fez só pra você? — pergunto, me sentando ao seu lado.
— Não sou sua mãe.
— Mas ficou com a minha irmã escondido — comento, lançando um
olhar pidão para ele.
— Você vai usar esse argumento até dizer chega, não é? — pergunta,
já se levantando e pegando uma caneca no armário que fica em cima da pia.
— Fazer o quê? Eu não estou fazendo nada. — Puxo o seu prato de
ovos mexidos em minha direção e como uma garfada generosa. —
Orégano, Liam? Por que colocou isso aqui? Sabe que odeio orégano.
— Porque não fiz para você. — Me olha por cima do ombro. — Se
quiser ovos mexidos, levante sua bunda daí e vá fazer você mesmo. —
Estou prestes a respondê-lo, quando Bennett grita por mim no andar de
cima. — O que você fez agora? — Liam pergunta, vindo em minha direção
com minha caneca em uma das mãos.
— Eu? Nada. — Pego-a de sua mão. — Por que acha que fiz alguma
coisa?
— Bennett não estaria gritando a essa hora da manhã se você não
tivesse feito nada.
Liam puxa o prato em sua direção e volta a comer.
Estou pronto para argumentar com ele, quando Bennett chega na
cozinha, só com uma toalha na cintura e o rosto fechado, sinalizando o
quanto ele está puto.
— Quantas vezes tenho que dizer para não usar as minhas coisas? —
Franze tanto os olhos, que me pergunto se eles realmente estão abertos.
— Eu não usei nada seu. — Bebo um gole do café e quase coloco tudo
para fora quando percebo que está sem açúcar. — O meu não está doce,
Liam. — Mostro a caneca pra ele, fazendo manha mais uma vez.
— O açúcar está no lugar de sempre. — Aponta para o armário atrás
de si, sem levantar o olhar do celular.
— Achei que fosse o seu cunhado preferido — digo, indo pegá-lo.
— É o único que tenho e é o pior — ri da minha cara.
— Cuzão. — Pego o recipiente de papel toalha em cima da bancada e
jogo em sua cabeça.
Eu já gostava de implicar com Liam antes, mas agora está sendo cem
vezes melhor do que antes.
— Não mude de assunto, Carson. Por que usou minhas coisas? — A
voz de Bennett chama minha atenção para ele mais uma vez.
— Eu não usei nada seu. Já disse. — Continuo o que estou fazendo.
— Ah, não? E isso aqui é o quê? — Levanta o pote verde de
hidratação para os cabelos que usei há pouco.
Puta merda.
Essa merda era do Bennett?
Estou ferrado.
Ele odeia que mexam em suas coisas.
— Ah! Isso é seu? Não sabia. — Me faço de desentendido para não
ganhar uma bela comida de rabo dele. — Só usei um pouquinho.
— Um pouquinho? Você quase usou o pote inteiro. — Vira o pote com
uma quantidade mínima de creme, em minha direção.
É impressão minha, ou o olho esquerdo dele está tremendo?
— Eu compro outro para você, cara. Não precisa reclamar tanto assim.
— Provo meu café e finalmente sinto que o dia está começando agora que
ele está devidamente adoçado.
— Ele custa duzentos e cinquenta dólares, Aaron.
— O q-quê? — começo a tossir enlouquecido.
O surto foi tanto que o líquido desceu pelo lugar errado.
— Levanta os braços, Aaron. — Escuto o barulho da cadeira sendo
arrastada no chão e em poucos segundos, sinto Liam batendo em minhas
costas com mais força que o necessário.
Tenho quase certeza de que ele está usando mais força por conta das
minhas provocações.
— Já chega. — Afasto sua mão de mim e me viro na direção de
Bennett. — O que tem nesse creme? Ouro? Por que é tão caro assim?
— É importado. — Joga o pote no lixo perto da bancada. — Era pra
durar quase o mês todo.
— Você tomou banho com essa merda? — Liam larga o celular em
cima da mesa e foca em nós dois.
— Meu cabelo está descolorido. Ele precisa ser bem cuidado. — Passo
as mãos nos fios.
Não é que eles ficaram macios?
Será que a Holly me dá um desses de presente?
Até porque, estou loiro por causa dela. Então nada mais justo do que
ela pagar os produtos para que eu possa cuidar deles.
— E para isso acontecer, você precisava usar as minhas coisas? —
volta a perguntar, chamando a minha atenção.
— Ainda nesse assunto? O Liam te dá outro. — Dou de ombros e
volto a me sentar do lado do meu melhor amigo.
— Por que eu? — Arregala tanto os olhos, que me pergunto como eles
não caíram na mesa.
— Porque você namorou com a minha irmã escondido.
— Mas que merda! Chega de usar isso contra mim! — Se levanta com
o prato e caneca na mão e vai em direção à pia.
— Só irei parar quando me sentir mimado o suficiente.
Gargalho quando vejo que me lançou o dedo do meio.
— Ainda me pergunto por que sou amigo de vocês — dizendo isso,
Bennett sai da cozinha.
— Você sabe que terá que dar outro ou ele irá jogar isso na sua cara
até cansar.
— Quando minha conta tiver seis dígitos, a gente conversa — digo,
tomando meu último gole de café.
— Eu não quero saber de nada. — Se aproxima mais uma vez e pega o
seu celular. — Termina logo isso ou iremos nos atrasar para o treino. — Me
deixa sozinho, antes que eu possa dizer algo.
Seguindo o seu conselho, vou até a geladeira, pego três ovos e começo
a preparar algo para comer, depois do pequeno caos que se tornou a nossa
cozinha.

— Vamos, Emerson! Está fazendo carinho no gelo com os patins? — o


treinador grita em direção a Liam. — Kipling, o Creevey está sem suporte
no ataque. O que está fazendo aí atrás? Thompson, presta atenção. Você
está jogando hóquei, não brincando de pega-pega — grita mais uma vez,
nos deixando cansados.
Parece que o treinador Foster está com um cacto enfiado na bunda.
Hoje ele tirou o dia para querer surrar nossas bundas. Tudo culpa
daquele bosta do Oliver que saiu do time faltando menos de dois meses para
o campeonato começar. Agora teremos que correr para treinar o reserva que
entrou no lugar dele.
Não que eu esteja ligando para a sua partida.
Já foi tarde.
Mas não posso negar que sua saída repentina, acabou mexendo com
tudo o que o técnico vinha planejando desde o ano passado.
Treinar um novo jogador com tão pouco tempo, nunca dá certo. Um
time precisa de sincronia. Mesmo que aquele bosta do Oliver fosse um
cuzão completo que se achava melhor que todos, ele era bom na sua
posição.
Estou parado na entrada do rinque, quando Simon consegue receptar o
disco, correr para o gol adversário e marcar o segundo gol.
— Isso aí, Simon! — grito, batendo palmas, vendo nossos parceiros de
time indo abraçá-lo.
De nós quatro, Simon é o único que quer seguir carreira como
profissional. E eu sei que ele conseguirá.
É o melhor e mais focado que todos nós.
Tenho certeza de que ano que vem ele será draftado para algum time
grande.
— Certo, pessoal! O treino não foi lá aquelas coisas, mas até que foi
bom — o senhor Foster nos parabeniza, assim que nos reunimos à sua volta.
— Amanhã nosso treino será de tarde. Espero que tenham mais gás do que
hoje. — Ou seja, o que ele quis dizer foi que se não jogarmos direito, ele
vai fazer a gente trabalhar tanto que iremos vomitar no gelo. Como eu odeio
quando ele está no modo carrasco de desenho animado. — Estão
dispensados. — Dá as costas para nós e vai em direção à sua sala.
Um a um, caminhamos em direção ao vestiário.
— Cara, eu estou morto. — Entro no vestiário e me jogo no banco
com tudo.
— Hoje ele pegou pesado — Liam se senta ao meu lado e começa a se
livrar do seu equipamento de proteção.
Seguindo o seu exemplo, começo a tirar os meus também.
— Tudo culpa daquele bosta. — Simon xinga, e se senta no banco à
nossa frente. — Sabem o motivo de ele ter saído?
— O pai dele disse que se arrumasse confusão mais uma vez, iria tirá-
lo daqui — Thomas, nosso capitão, conta, parando ao nosso lado.
— O que ele aprontou dessa vez? — pergunto, jogando minhas
proteções de joelho no chão.
— Foi preso por beber embriagado — responde sem muito interesse.
— Até que demorou a acontecer — Liam comenta.
— É — Thomas concorda, se sentando entre Bennett e Simon e
começando a tirar os seus patins. — O ruim é que agora temos pouco tempo
para deixar o ex-reserva pronto a tempo do jogo.
— Isso é o de menos — tranquilizo-o. — Conseguiremos colocar o
novato no ponto a tempo.
— Eu espero — Simon resmunga.
— Ei, que desânimo é esse? Esse bosta já foi tarde — Bennett
comenta, se levantando.
— Concordo com ele. — Tiro a camisa do uniforme, e paro na frente
do espelho para ver o estrago que o tombo no início do treino me rendeu.
Abaixo um pouco o cós da calça e vejo a enorme mancha vermelha em
meu quadril.
Essa merda vai ficar roxa e dolorida.
Bem que uma massagem cairia bem.
Com esse pensamento, uma ideia surge em minha mente.
Caminho em direção ao meu armário para destrancá-lo, pego o meu
celular e volto para a frente do espelho, escutando Liam dizer:
— Mas acho que esse campeonato é nosso.
Sem dar atenção para o que eles estão falando, abro a câmera do
celular e tiro uma foto, abro o aplicativo de mensagem, em seguida o
contato dela e envio a foto com a seguinte mensagem.
Em menos de um minuto, recebo sua resposta.

Releio a mensagem três vezes para ter certeza de que não li errado.
Bennett?

Bennett?
Me questiono mais uma vez.
Querendo sanar essa dúvida, abro a foto mais uma vez e o que vejo me
faz revirar os olhos.
Bennett acabou saindo atrás de mim, vestindo só uma cueca.
Aperto enviar e aguardo sua resposta.

Sem que eu quisesse, acabo rindo de suas palavras. Sei que ela está
fazendo isso só para me irritar.

Rindo de sua resposta, coloco o meu celular em cima da minha roupa e


vou em direção aos reservados.
Minha garota sabe como mexer comigo, e ela não perde a chance de
me atiçar.
Mal vejo a hora de eu começar a atiçá-la e pegá-la de jeito.
Sei que você gosta de mim

E é meio assustador
Message in a Bottle – Taylor Swift

— Que droga! — grito quando sinto a água gelada tocar minha pele.
Toda vez é isso. Essa porcaria de chuveiro acaba desarmando.
— Holly? Está tudo bem? — Hanna grita preocupada lá fora.
— Sim, está. Não se preocupe — tranquilizo-a.
Suspirando irritada, termino meu banho, agora gelado, na força do
ódio.
Detesto tomar banho frio. Ainda mais em um dia como hoje.
Estamos há três dias de outubro acabar. O que significa que falta um
mês para o inverno chegar. O que também significa que o tempo, aos
poucos, está começando a mudar.
Finalizo meu banho, tremendo de frio e com os dedos duros, começo a
tatear a parede à procura da minha toalha. Assim que a encontro, seco o
meu corpo o mais rápido que consigo, envolvo o tecido grosso em meus
ombros e saio do banheiro.
Não aguento mais viver nesse alojamento.
Foi legal no começo, viver a experiência de uma faculdade completa,
mas agora não está dando mais.
Se eu tiver que tomar banho gelado mais uma vez, eu juro que vou sair
gritando.
— O chuveiro de novo? — pergunta, mesmo que já saiba da resposta.
— Não aguento mais esse lugar, Hanna Mo — digo, indo até o meu
armário pegar uma roupa para hoje.
— Vou chamar o zelador daqui
— Não vai adiantar de nada. — Pego uma calça de moletom, encaro-a
por alguns segundos, mas jogo de volta no guarda-roupa. — Já o chamamos
umas quatro vezes só essa semana. E ainda estamos na quarta-feira.
Pego uma calça jeans, mas logo mudo de ideia, jogando-a de volta no
armário e algumas roupas acabam caindo no chão.
— Por que você não arruma as suas coisas? — pergunta, vendo eu
juntar toda a roupa e jogar de qualquer jeito lá dentro. — Seria muito mais
fácil encontrar o que você quer — aconselha, olhando para a minha
bagunça com um olhar divertido.
— Porque eu não acharia mais nada — respondo, pegando outra calça
jeans, uma blusa de manga comprida e um suéter. Todos da cor preta.
— Você precisa ser estudada. Sério — rindo, ela fecha o livro em suas
mãos e volta sua atenção para mim.
Sorrindo em sua direção, começo a me vestir.
— Mas, voltando ao assunto — puxo o zíper da calça e pego a blusa
para vestir —, eu quero sair deste lugar.
— E para onde iríamos?
— Para um local decente em que não tenhamos que nos preocupar
com o chuveiro desarmando, aquecedor quebrando e descarga parando de
funcionar? — vou falando e enumerando cada tópico.
— Sabe que não poderei pagar.
— Mas eu posso. — Dou de ombros como se isso não fosse problema.
E na verdade não é. — Se eu ligar agora para os meus pais, eles resolverão
tudo em questão de segundos — lembro-a.
Minha mãe é CEO de uma multinacional em Marketing, que acabou
herdando dos seus pais, que herdaram dos seus avós. Já meu pai, é o
advogado da empresa da família.
Dinheiro nunca foi problema para nós.
— Bem lembrado. — Se levanta da cama, pegando o seu material. —
Seus pais são ricos. Os meus não.
— E o que que tem? Não estou pedindo para custear nada. — Sigo até
a escrivaninha ao lado da minha cama, pego os meus anéis e os coloco,
intercalando nos dedos da mão esquerda e direita.
— Não sei se me sentiria confortável com isso.
— Com o quê? — Arqueio a sobrancelha.
— Seus pais pagando uma casa para a gente morar. — Ajusta a alça da
bolsa no ombro.
Suspiro cansada.
— Hanna, pelo amor de Deus... — começo, mas sou interrompida.
— Vamos conversar sobre isso depois. — Pega o seu celular em cima
da cama e caminha em direção à porta. — Temos aula agora e não podemos
nos atrasar.
— Tudo bem — concordo com ela, pegando o meu celular e a
seguindo.
Fecho a porta atrás de mim e estamos seguindo em direção às escadas,
quando escrevo uma mensagem para o meu pai.

Não importa o que Hanna diga.


Nós iremos nos mudar daqui o mais rápido possível.
Assim que a aula do professor de Comunicação e Marketing acaba.
Sigo em direção à saída e vou ao encontro dos meus amigos.
Estou no meu primeiro período de Publicidade.
Decidi por esse curso por conta do meu blog.
Trabalho lendo, divulgando e fazendo resenha de livros no meu blog e
Instagram.
Tudo começou meio que do nada. Eu só era uma pessoa que queria
divulgar suas leituras com outros leitores, e as plataformas digitais
acabaram me proporcionando isso.
Comecei com dezessete anos, e agora com dezenove, vejo o quanto fui
longe.
Minhas redes juntas, já alcançaram a marca de vinte e três mil
seguidores.
Então quando tive que escolher um curso, Advertising Degree, me
pareceu meio que óbvio.
Estou quase na saída, quando meu celular começa a tocar.
— Alô! — Atendo sem olhar a identificação da pessoa.
— Quem é a garota mais linda desse mundo? — Só de escutar a sua
voz, sinto que meu coração se aperta de saudades.
— Oi, papai! Como o senhor está?
— Muito bem, querida — responde. — Desculpe a demora para ligar.
Só vi sua mensagem agora.
— Sem problema. Acabei de sair da aula de qualquer jeito —
asseguro, saindo do prédio.
— E como está indo a faculdade?
— Está indo bem, agora o dormitório...
Já sinto a raiva crescer só de lembrar do banho que tomei.
Escuto sua risada do outro lado, antes que eu termine de contar.
— Do que minha princesa precisa? — pergunta, sem pedir muitos
detalhes.
— Espaço. E um chuveiro que não queime a cada duas vezes ao dia.
— Certo. Deixe comigo que irei resolver — afirma sem que eu precise
me aprofundar mais no assunto.
Sempre foi assim com ele. Se eu queria alguma coisa, meu pai ia lá e
dava um jeito de me mimar.
As vantagens de ser filha e neta única, é ser sempre mimada por eles.
— Já disse que o senhor é o melhor?
— Hoje não, mas é sempre bom lembrar. — Seu tom é risonho.
Acompanho-o na risada e digo:
— O senhor é o melhor.
Nem se eu pudesse escolher, poderia ter eleito um homem melhor para
ser o meu pai do que Jace Saunders. Ele simplesmente é o cara mais
incrível de todo o Universo. Sou a mulher mais sortuda em tê-lo em minha
vida. Minha mãe e eu, na verdade.
Meus pais se conheceram algumas semanas depois de ele ser admitido
como um dos advogados na empresa dos meus avós – empresa essa que foi
criada por eles – da maneira mais clichê possível. Com um esbarrão.
De início, ela não foi muito com a cara dele. Achou-o metido demais.
Já ele, acabou se apaixonando logo de primeira, e para fazer com que minha
mãe o notasse, passou a implicar com ela sempre que tinha oportunidade.
Até que um dia, o ódio se tornou amor e eles nunca mais se desgrudaram
um do outro. Hoje estão casados há mais de vinte anos, moram em Nova
York e ainda trabalham na empresa da família, minha mãe agora é a CEO
da MHL e meu pai é o chefe dos advogados, cuidando dos assuntos que
precisam de uma pessoa experiente.
Continuamos conversando por mais alguns minutos, quando ele avisa
que tem que desligar.
— Até mais, querida. Ligo para você quando tudo estiver resolvido —
assegura.
— Ok, papai. Eu te amo — digo. — Mande um beijo para a mamãe e
diga que ligo para ela depois.
— Tudo bem, princesa. Papai também ama você.
— Maior que as estrelas? — pergunto.
Desde que nasci, ele diz essas palavras para mim.
Meu pai me contou que quando vim ao mundo, ele sentiu um amor tão
grande em seu peito, que se equiparava às estrelas do céu.
Desde então, passou a dizer que me amava dessa maneira. E eu passei
a corresponder quando entendi a imensidão desse amor.
Ele é o melhor pai do mundo.
— Maior que as estrelas — diz de volta e desliga em seguida.
Estou olhando para a tela do celular, quando sinto um corpo trombar
no meu, quase me levando ao chão.
— Mas, que porra! — resmungo.
— Não sabia que tinha a boca tão suja, pequeno Carma. — Sinto um
formigamento em meu ventre ao escutar sua voz.
Puta merda.
Penso assim que me afasto dele e o encaro.
Aaron estava vestindo um moletom preto com uma estampa vermelha,
capuz na cabeça e para completar, uma das mangas do casaco estava na
altura do seu cotovelo, deixando à mostra o seu braço tatuado e com veias
proeminentes.
Desço meus olhos pelo seu corpo e sinto minha boca secar quando dou
de cara com suas pernas definidas, envolvidas pela calça jeans escura.
Gostoso.
Como pode ser tão gostoso assim?
— Meus olhos ficam aqui em cima, pequeno Carma.
Volto meu olhar para o seu, e o desgraçado está com um sorrisinho
convencido estampado nos lábios.
— Eu sei disso, mas é que a parte de baixo é muito mais interessante
— digo, escutando-o gargalhar.
— Jura? — Vem para perto de mim e envolve o meu pescoço em um
abraço.
— Sabe que sim. — Entrego minha bolsa a ele quando pede. — O que
está fazendo aqui? — pergunto, chamando sua atenção.
— Estudo nesse prédio, esqueceu?
— Ah! Verdade. Tinha esquecido disso.
— Você esquece coisas relacionadas a mim, fácil demais. — Vira o
rosto em minha direção, com um biquinho estampado.
Sempre achei essas coisas de manha bregas demais, mas até que nele
fica fofinho. Dá até vontade de morder o seu lábio inferior.
— Magoei você, foi? — Faço carinho em seu rosto.
— Muito — funga. — Olha como me deixou triste.
Desfaz nosso abraço para que consiga me ver melhor com uma
expressão chorona.
— Tadinho dele. — Sem perceber, entrelaço minha mão com a sua. —
O que posso fazer para te curar?
— Que tal um beijo?
— Sabe que não devemos nos beijar em público — relembro do nosso
acordo.
Desde que decidimos ficar pela primeira vez, acabei impondo uma
regra para nós dois.
Nunca beijar na frente de ninguém, a não ser que sejam nossos
amigos, e só ficarmos quando não encontrássemos alguém que nos
interessasse.
Claro que acabei quebrando uma das regras ao parar de procurar
pessoas em festas e ficar só com Aaron.
Tentei me enganar por um tempo ao dizer que ficar com ele de uma
vez, dava menos trabalho do que ficar flertando com um desconhecido.
Tudo mentira.
Eu estava gostando de sua companhia, de passar cada segundo ao seu
lado e da relação que estávamos criando.
Mas foi no dia do parque que percebi que estávamos indo longe
demais. Eu não posso e nem quero me apegar a ninguém.
— E se fizéssemos um novo acordo? — sugere.
— Um novo acordo? — Paro de andar e me viro em sua direção.
— Isso.
— De que tipo? — volto a perguntar curiosa.
— Você e eu no meu quarto. — Se aproxima, ficando com o rosto bem
próximo ao meu.
Com o seu corpo assim, tão colado ao meu, consigo sentir melhor o
seu cheiro.
Menta.
Ele cheira a menta.
— Essa é a proposta? — Chego tão perto dele, que nossos narizes
estão a poucos centímetros de se tocarem.
— Sim. Estou com saudades. — Pega em minha cintura, apertando-a
de leve.
Sinto o meu corpo tremer pelo contato repentino.
— Dispenso — digo, forçando a voz para que não pareça estar tão
afetada assim.
— Vai me dizer que não está com saudades? — Tenta me beijar, mas
viro o rosto a tempo. Aproveitando minha posição, ele segura minha face e
sussurra bem rente ao meu ouvido: — Não sente saudades de me ter dentro
de você? Te comendo forte e te fazendo gritar até que perca a voz? —
Morde o lóbulo da minha orelha e tenho que fechar os olhos com bastante
força para não deixar que um gemido escape. — Me responde, linda. —
Vira o meu rosto em sua direção. — Sabe que gosto que me respondam
quando faço uma pergunta.
Encaro os seus olhos, que brilham em minha direção, mando essa
regra de merda de não nos beijarmos em público se foder e junto nossos
lábios em um quase selinho.
— Sabe que adoro quando está dentro de mim. — Mordo o seu lábio
inferior e o sinto apertar minhas bochechas mais um pouco. —
Principalmente…
Nem termino de falar e ele segura em meu pescoço.
— Quando te pego assim — completa minha frase e me beija de uma
vez.
É um beijo faminto, que contém saudades e promessas não cumpridas.
Aaron conduz sua língua pela minha boca e uma busca incessante pela
minha começa. Ele morde, suga e tira minha sanidade com um único beijo.
É tão intenso, que sinto meus músculos amolecerem, e só não caio no chão,
por conta dos seus braços fortes que me prendem a ele.
Já beijei incontáveis pessoas, sejam homens ou mulheres, mas nem um
nunca me beijou como ele.
Ele consegue me desarmar por completo com esse simples ato.
Levo minhas mãos até a sua nuca, e começo a fazer uma carícia leve
ali.
Mordendo meu lábio inferior, Aaron diminui o ritmo, até que o beijo
acabe. E ofegante assim como eu, encosta sua testa na minha.
— Eu preciso ter você de novo, Holly. — Com o coração acelerado
pelo beijo, pondero se é uma boa ideia nos envolvermos mais uma vez. —
Não pense muito, só faça o que tem vontade. — Pede.
Fico alguns minutos em silêncio, até que digo:
— Tudo bem. — Vejo um sorriso esperançoso nascer em seu rosto. —
Mas teremos regras
— Mais?
Posso sentir o desapontamento em sua voz.
— É pegar ou largar — sugiro.
Aaron pensa por um momento, até que finalmente concorda.
— Tudo bem. O que será dessa vez?
Me afasto dele um pouco, cruzo os braços, o encaro e solto de uma
vez.
— Nós teremos uma lista.
— Uma lista?
— De coisas que não podemos fazer. Se vamos continuar com isso,
nós temos que ter regras, Aaron.
— Se for para ter você. — Dá de ombros. — Eu topo qualquer coisa.
— Certo, eu pensei em... — me interrompe.
— Por que não conversamos sobre isso lá em casa? — sugere.
— Só se ficarmos na sala. Não confio em nós dois com uma cama por
perto.
— Como se precisássemos disso — relembra, e eu acabo concordando
com ele.
Das duas vezes que transamos, não tínhamos uma cama à nossa
espera. Se temos vontade um do outro, acabamos não encontrando
empecilho para nada.
— Tudo bem, vamos logo.
Aaron apenas sorri e passa a me seguir.
Gostaria de ser tudo que você quiser

Ei garota, deixe-me conversar com você

Se eu fosse seu namorado, nunca te deixaria

Manteria você meus braços, garota, você nunca estaria sozinha


Boyfriend – Justin Bieber

Somos recepcionados pelo silêncio, assim que entramos em casa.


Liam ficou de encontrar com Hanna depois da aula. Enquanto Bennett
está fazendo um trabalho na biblioteca, Simon deve estar treinando algumas
tacadas de hóquei.
— Até que para uma casa onde quatro homens moram, ela é
organizada — comenta, olhando em volta.
— Achou que teria copos de bebidas e fotos de mulheres peladas por
todo o lugar? — Me aproximo.
— Talvez maconha largada em cima da mesa.
— Não, Simon é bem rígido quanto a nossa saúde — conto. — Ficar
chapado em época de jogo, não é uma coisa que ele permita.
— Quer dizer que o Simon cuida da saúde de vocês?
— Acho que se tornar um louco por controle se encaixa melhor.
Sorrindo, ela volta a olhar ao redor.
Um ponto negativo no Simon, é o controle obsessivo que ele acaba
adquirindo quando estamos perto de um campeonato.
As festas dão lugar a noites em casa enchendo nosso saco, controlando
o que comemos, quanto tempo dormimos, ou enfiados no rinque de
treinamento.
— Não sabia desse lado dele.
— Você ainda não viu nada. — Passo a mão no cabelo. — Quer beber
alguma coisa? — pergunto.
— Não, estou bem. — Balança a cabeça. — Vamos subir? — Aponta
para a escada atrás de si.
Sinto minha barriga se contorcer em nervosismo e expectativa.
— Achei que não ficaria em um quarto fechado comigo — um sorriso
brincalhão nasce em meus lábios. — Pelo menos não antes das regras
estarem estabelecidas.
Regras essas que já estão com os dias contados para serem quebradas.
— Não vai rolar nada até que nosso acordo esteja fechado — avisa,
indo em direção à escada.
— Se você diz. — Arqueio as sobrancelhas. Holly franze os olhos em
minha direção e sorrindo, sigo em direção às escadas. — Primeiro as
damas. — Aponto o caminho à minha frente.
— Tudo isso só para ver a minha bunda? — pergunta, vindo até mim.
— Me ofende que pense tão mal assim de mim. — Levo a mão ao
peito, como se estivesse sentindo muita dor. — Sou um completo
cavalheiro.
— Que não vê a hora de descobrir a cor da minha calcinha. — Passa
por mim e começa a subir em direção ao meu quarto.
— Espero que seja preta e rendada — comento, acompanhando o
balanço fascinante do seu quadril.
Minha boca se enche d’água e sinto uma vontade gritante de morder a
carne macia.
— Está aproveitando a paisagem? — pergunta, sem me olhar.
— Muito. — Dou um tapa certeiro em sua bunda.
— Mas, que porra! — Seus olhos não passam de fendas ao me
encararem.
— Desculpa. Não resisti. — Me faço de inocente.
Me encarando uma última vez, ela volta a subir até que chegue ao topo
da escada.
— Qual delas? — Aponta para a porta à sua frente.
— Última do corredor.
Seguimos até o meu quarto e assim que entramos no cômodo, envolvo
sua cintura fina e estreita com o meu braço, puxo-a e viro o seu corpo em
minha direção.
— O que está fazendo? — Seus olhos focam em meus lábios.
— Tomando o que é meu. — Envolvo sua cintura, começo a caminhar
em direção à minha cama e a deito lentamente no colchão macio.
Eu a beijo devagar e lentamente, saboreando seus lábios. Ela é tão
viciante quanto uma droga e se eu for com muita sede ao pote, vou acabar
perdendo a cabeça e o resto do controle que ainda me resta.
Deslizo a língua pelo seu pescoço e esfrego o meu corpo no dela, sinto
o seu corpo estremecer em meus braços. Voltando minha atenção para os
seus lábios, passo a sugá-los, e arfo em contentamento.
Holly é a primeira garota que consegue me tirar de órbita com um
simples beijo. Ela acabou me viciando. Não consigo mais me manter
afastado. Sempre irei voltar à procura de mais.
— Aaron, é sério — arfa. — Você precisa me largar. Temos que
conversar — pede e em questão de segundos, eu a solto e me ajoelho na
cama.
— Certo, vamos conversar.
— Ótimo. — Passa as mãos no cabelo, ajeitando-o. — Primeiro de
tudo, temos que estabelecer algumas regras.
Me encara.
— Como eu disse antes, se for para ter você…
— Ótimo. — Pega o celular. — Primeira regra: não seremos
exclusivos.
É o quê?
Ela acha realmente que seguirei essa regra?
— Jura? — Arqueio uma sobrancelha.
— Muito sério. — Me encara. — Pra isso dar certo, tem que ser desse
jeito.
Ela só esquece que desde que ficamos a primeira vez, paramos de
olhar para outras pessoas, principalmente quando saímos juntos. Essa, com
certeza, será a regra que irei quebrar.
— Tudo bem — finjo concordar.
— Ok. — Digita algo em seu celular e depois volta sua atenção pra
mim. — Nada de ficar de casalzinho.
Um sorriso começa a nascer em meus lábios.
— E o que seria ficar de casalzinho? — me faço de desentendido.
— Nada de ficar abraçados, andar de mãos dadas, essas coisas —
pontua, usando os dedos.
— Então não poderei ficar mais com você desse jeito? — Puxo-a pela
cintura e a coloco sentada em meu colo.
— Exatamente.
Percebo o exato momento em que sua respiração se torna ofegante.
— É uma pena — faço um carinho em sua cintura, com o meu polegar
—, gosto de sentir o contraste da minha mão envolvendo a sua. — Sem
dizer nada, ela passa a me encarar. — O quê? Só constatei um fato. — Faço
uma expressão de inocência.
— Como se eu não te conhecesse — sussurra, mas consigo escutar.
Sorrindo, aponto para o celular em sua mão com a cabeça e pergunto:
— Qual é a próxima regra?
— Deixa eu ver. — Pensa um pouco, até que volta a digitar no celular
e quando finaliza, volta a sua atenção pra mim. — Não vamos mandar
mensagens por motivos bobos — pontua mais uma vez. — Isso torna a
gente íntimos demais e acaba criando uma rotina, e não temos nada sério.
Então é melhor evitar.
Não temos nada sério, ainda, pequeno Carma.
— Mas se eu estiver com dúvidas em qual cueca colocar? — pergunto,
querendo saber sua resposta.
— Sinto muito, não poderei ajudar. — Digita algo em seu celular. —
Mas talvez Bennett possa. Já que pela foto que me mandou, achei a escolha
dele bem interessante.
— Como é que é? — Espremo os olhos até que eles não passem de
fendas.
Ela está me provocando?
— Só estou dizendo que...
Antes que ela possa continuar, começo a fazer cosquinhas em sua
barriga.
— Não! — grita, se movimentando de um lado para o outro. — Para,
Aaron. Eu odeio cosquinhas, vou ficar toda vermelha.
Sua voz sai entrecortada por conta das risadas, suas bochechas ficam
vermelhas pelo esforço e seus cabelos estão para todos os lados.
Essa é uma linda visão.
— Tudo bem, eu paro. — Cesso o ataque e aos poucos nossa risada
vai se acalmando até parar de vez.
Ficamos alguns segundos nos encarando, até que ela se levanta.
— Próxima regra. — Se ajeita na cama.
— Manda ver. — Também me ajeito com ela ainda em meu colo.
Parece que já começamos a burlar as regras antes mesmo de
começarmos.
— Nada de encontros.
— Nem sair para comer juntos?
— Se for para um lugar que seja tachado como romântico, então não,
nem para comer juntos — avisa.
Hum...
Certo.
Então terei que pensar em outras maneiras de levá-la a encontros, sem
que se pareça com um encontro.
— Certo. Já foram quatro regras — digo, representando o número com
a mão.
— Agora faltam seis. — Volta a digitar.
— Dez regras? Acha que isso é mesmo necessário?
— Para nós dois?
Concordo com a cabeça.
— Com certeza.
Holly levanta o rosto do celular, passando a me encarar, e fico
impressionado com o quanto ela é bonita.
Ela é toda perfeita, desde seus olhos brilhantes, o nariz pequeno e
arrebitado, a boca vermelha e carnuda, e ainda tem as lindas sardas que amo
beijar uma a uma.
Passaria horas olhando para ela sem me cansar.
— O que foi? — pergunta, chamando minha atenção.
— Só olhando o quanto você é linda.
Holly desvia o olhar, e se não a conhecesse o suficiente, diria que suas
bochechas estão vermelhas.
— Vamos continuar — pigarreia.
— Qual é a próxima, então?
— Não vamos transar sempre.
Que regra é essa?
Nem ela mesma vai cumprir uma coisa dessas.
Estou prestes a protestar, quando levanta a mão em minha direção e
acaba me parando.
— É pegar ou largar.
Suspiro, e acabo concordo com sua exigência.
— Próxima — peço.
— Essa tem a ver com a anterior.
— Lá vem — me preparo. — Deixa eu adivinhar. Nada de dormir
juntos.
— Você é bom de chute. — Se ajeita em cima das minhas coxas.
Ela está debochando de mim?
Olho para o seu rosto, e um sorriso sacana está estampado nele.
Sim. Ela está debochando de mim.
Como eu gostaria de tirar esse sorrisinho sacana do seu rosto. Mas
ainda é cedo para fazê-la se arrepender por estar fazendo isso comigo.
— Vamos para a próxima, porque segundo você, ainda faltam — conto
em meus dedos quantas regras já foram —, quatro regras.
— Deixe-me pensar...
Olha para um ponto atrás de mim.
— Achei que já tinha tudo pronto — digo. — Não vai me dizer que
está improvisando. — Inclino a cabeça um pouco para a esquerda.
Sem responder a minha pergunta, ela diz:
— Em hipótese nenhuma nós dois iremos ao cinema juntos.
— Ué? Mas por quê? — pergunto.
— Acho muito programa de casal. Além disso, agora que Hanna está
namorando, ela vai querer fazer muito disso.
— Disso o quê? Encontro de casal? — pergunto, já sentindo minha
cabeça fervilhar em ideias.
— Exatamente — confirma.
Que minha irmãzinha era minha cúmplice desde sempre, isso já está
mais do que entendido para mim.
Parece que minha bonequinha irá me ajudar e muito nessa parte de
conquistar a Holly de uma vez.
— Certo. Então não podemos ver filmes juntos?
— Podemos, só não iremos ao cinema juntos e ver filmes sozinhos em
casa — explica, como se essa loucura tivesse algum sentido.
— Posso saber por quê?
— Tive experiência com sua irmã que ver filme com o namorado
nunca dá certo — conta.
— Sério, mas por quê?
Com uma das sobrancelhas arqueada, ela me lança um olhar de “sério
que está me perguntando isso?”
— Ah! Que visão mais traumática — grito, e começo a esfregar os
olhos com as mãos como se assim eu pudesse apagar o que não vi.
Não acredito que ela me fez imaginar, mesmo que não
intencionalmente, minha irmãzinha em um momento íntimo com o meu
melhor amigo.
Que coisa mais desagradável de se pensar.
— É, bonitão. Filme e nós dois não vai rolar. — Bate em meu queixo
com dois dedos. — Não queremos correr o risco de...
— Vamos mudar de assunto, por favor? — peço, precisando mudar a
conversa o mais rápido possível.
— Que foi? Te incomoda saber que sua irmãzinha não é mais um
bebê? — Inclina seu corpo um pouco para trás e apoia suas mãos bem
próximas aos meus joelhos.
— Ela é um bebê — digo, indignado.
— Pelas coisas que ela faz… — Passa a se apoiar em uma das mãos e
avalia as unhas pintadas de preto.
— Pare de falar.
Fecho os olhos e tampo os ouvidos da forma mais dramática que
consigo, mas não é o suficiente, porque consigo escutar sua risada.
Ela faz de propósito.
Só porque sabe que isso é um tópico sensível pra mim.
Não é porque estou feliz que minha irmã está namorando com o cara
que sempre quis, e está feliz nesse momento, que quero saber sobre o que
ela faz com Liam.
Sinto minhas coxas tremerem e quando volto a abrir meus olhos, vejo
o exato momento em que Holly seca algumas lágrimas.
— Você ama me perturbar, não é, pequeno Carma? — pergunto,
segurando-a pela cintura e a puxando para mais perto mais uma vez.
— É a melhor parte do meu dia — afirma, ainda com um sorriso
estampado em seu rosto.
— E ainda perguntam por que te chamo de Carma. — Aproximo
nossos narizes.
Sinto sua respiração quente tocar meus lábios e a vontade de beijá-la
volta com força total.
Estou quase cedendo ao desejo, quando ela se afasta um pouco com
um sorriso estampado no rosto.
— Ainda faltam três regras — avisa. — Quer acrescentar alguma ao
nosso acordo?
— Que tal deixar essa história de acordo de lado e passarmos a curtir o
momento.
Começo a fazer um carinho de leve com meu polegar na altura do seu
joelho.
— Não vai rolar.
Tenta se levantar do meu colo, mas a seguro no lugar.
— Por que toda essa resistência? — pergunto. — Seria tão melhor só
curtirmos o momento sem essas regras nos rondando.
Holly me encara por algum tempo, e tenho a impressão de que ela quer
me dizer alguma coisa. Mas acaba desistindo e dizendo:
— Porque é melhor assim. — Desvia o olhar.
Gostaria muito de entender o que aconteceu com Holly para ela ter
essa aversão a relacionamentos.
Suspirando, assinto com a cabeça.
— Certo, já que é assim. — Passo a pensar em coisas bem bobas para
colocar nessa lista.
— Ah! Nada de ficar comentando nas postagens do outro nas redes
sociais. — Digita em seu celular. — E para fechar — volta a falar, olhando
para mim. — Nada de beijos em público também.
Ah, está de brincadeira.
— Nem um selinho amigável? — pergunto.
— Nada de beijo em público, Aaron — repete.
Essa garota ainda vai me matar.
— Fechamos a lista, então? — pergunto.
— Falta uma — vai lendo as regras que coloco no celular —, mas
podemos pensar nisso depois.
— E essas regras passam a valer a partir de quando?
— Do momento em que eu sair desse quarto.
— Então quer dizer que posso ficar agarrado com você por agora? —
Envolvo sua cintura mais uma vez e a puxo mais para perto, aconchegando-
a em meus braços.
O corpo de Holly fica um pouco tenso no começo, pelo abraço
repentino, mas aos poucos ele vai relaxando. E enquanto faço carinho em
seus cabelos, pescoço e costas, começo a repassar as regras que ela
estabeleceu.
Não ser exclusivo.
Irei apagar todos os contatos de meninas que já fiquei ao longo desses
anos na faculdade, e sempre ficarei de olho nos caras que tentarem se
aproximar dela.
Principalmente o Jesse.
Ainda não superei aquela cantadinha barata que ele lançou para ela na
última vez que esteve no nosso rinque de treinamento.
Não ficar de casal ou agarrados um no outro.
Bom, parece que já estamos quebrando a regra dois.
Por algum motivo, acho que essa será a mais fácil de burlar. Desde que
a conheci, Hanna me avisou que a melhor amiga não gostava de muito
contato físico com as pessoas, mas comigo sempre foi diferente. Ela sempre
foi e ainda é muito receptiva aos meus abraços e toques.
A próxima é não mandar mensagens bobas todas as horas, e eu só
consigo pensar em passar mais tempo vendo memes por aí.
Não transar sempre.
Esse aqui eu nem vou comentar.
Até parece que conseguiremos ficar longe um do outro.
Holly e eu somos como fogo e gasolina. É só um tocar o outro que
acendemos em questão de segundos.
Não dormir juntos.
Parece que minha irmãzinha terá que passar mais tempo com Liam do
que imaginava. Mas convenhamos, não será nenhum sacrifício para
ninguém.
Não ficar mandando mensagens bobas.
Já vi que terei que ser bem criativo na hora de desejar bom dia para
ela, porque a partir de amanhã, as mensagens serão enviadas a todo o
momento.
Espero que ela não me mate logo de primeira, porque serei persistente.
Não ir ao cinema ou ver filmes juntos, a não ser que estejamos
acompanhados.
Ela irá descobrir, e muito em breve, que uma das minhas paixões é ver
filmes, e principalmente, que amo assisti-los enroscado em alguém.
Não comentar nas redes sociais um do outro.
Será que cinco comentários por foto tá tranquilo? Devem servir, sim.
Não ir a encontros.
Nunca tinha parado pra pensar nisso. Até porque, nunca fiquei com
alguém que me desperte o interesse de planejar um dia especial, mas parece
que Holly acabou de despertar isso em mim.
Onde eu poderia levá-la para ter um encontro dos sonhos?
Bom, agora não me vem nenhum lugar à mente, mas sei que pensarei
em algo.
Não beijar em público.
Qual a chance de eu ter Holly ao meu lado e não beijá-la?
Eu quero beijá-la em todos os momentos e a toda hora.
— Eu vou amar quebrar essa regra — sussurro.
— O que disse? — pergunta, levantando o rosto do meu peito.
— Nada demais. Estava pensando alto.
— Hum...
Volta a se sentar em minhas coxas e olha para a janela à sua direita.
— Está ficando tarde. Tenho que ir embora. — Se levanta.
— Fica mais um pouco — peço, me levantando também.
— Não dá. Tenho coisa da faculdade e do blog para ajustar. — Passa
as mãos nos cabelos e os prende em um rabo de cavalo.
— Você ainda não me mostrou esse seu blog literário — lembro-a.
— Quem sabe um dia — promete, indo em direção à porta do meu
quarto. — Não precisa me levar até o meu dormitório — avisa, antes que eu
possa me oferecer.
— Vou te levar pelo menos até a porta, então — digo, já saindo do
quarto antes que ela possa me impedir.
Começamos a descer as escadas e assim que chegamos à saída, viro o
seu rosto em minha direção e dou um selinho rápido em seus lábios.
— Aaron... — começa a protestar, mas a impeço rapidamente.
— Selinho de amigos com benefícios, pequeno Carma. Não é nada
demais.
Digo e por fora é como se não fosse nada demais, mas por dentro meu
coração está batendo como um louco.
— Nos vemos depois — se despede, abrindo a porta e saindo de uma
vez.
Passo alguns minutos parado, com a porta ainda aberta, com meus
pensamentos todos voltados para ela.
— Até mais, pequeno Carma — digo para o nada. — Mal posso
esperar pelo nosso próximo encontro.
Com esse pensamento, fecho a porta e vou em direção ao meu quarto,
com um sorriso estampado em meu rosto.
Armando minhas defesas

Porque não quero me apaixonar

Se alguma vez fizesse isso

Acho que teria um ataque cardíaco


Heart Attack – Demi Lovato

Clico no botão publicar, e em poucos segundos, meu novo post está


no ar para todos os meus seguidores conhecerem melhor os meus crushes
literários.
Na lista, apresento Caleb Lee Walker[1], um lindo nerd com fobia
social, e que acabou se apaixonando pela menina mais popular da
faculdade. Além da história ser uma das minhas preferidas, o jeito doce e
apaixonado dele, acabaram me conquistando rapidamente.
Depois temos Logan Gauthier[2], o milionário gostoso que só quer
fazer sua melhor amiga feliz, mesmo que para isso, ele precise usar uma
máscara para esconder sua escuridão.
Já Kane Miller[3] é um cantor romântico, que sempre quis namorar
alguém, mas acaba se apaixonando pela pessoa mais desapegada do mundo.
Tem cara de bad boy, mas não passa de um golden boy.
Hope sortuda. Queria um desses para mim.
Temos também Reed Rollins[4]. Um gostoso jogador de futebol
americano, que acaba propondo um namoro falso para a menina que acabou
se apaixonando à primeira vista.
Detalhe. Ele atravessa a cidade só para comprar o doce preferido dela.
Seria o homem dos sonhos de qualquer uma?
Aposto que sim.
E para encerrar, ele, o maior dos maiores crushes que já tive na minha
vida, comandante chefe e regente do setor 45, apaixonado por moda e pela
Juliette, Aaron Warner[5]. O maior amor da minha vida.
É pedir muito um homem que seja a mistura de todos eles?
Seria perfeito ter um cara que fizesse tudo o que estivesse ao seu
alcance para te fazer feliz.
Pena que homens assim só existem nos livros.
Estou acompanhando os comentários das seguidoras, quando a porta
do dormitório se abre atrás de mim, e escuto passos.
— Finalmente te achamos. Por que não mandou mensagem avisando
que não iria aparecer? — Hanna diz, entrando e se sentando em sua cama.
— Esqueci de mandar.
— Onde você estava? — pergunta.
— Estava com o seu irmão?
— Com o Aaron? — pergunta alarmada.
— Que eu saiba você só tem ele de irmão, Hanna Mo. — Me ajeito na
cama. — Oi, baby Yoda. Sente-se aqui.
Bato no colchão, indicando o lugar para que Harry se sente.
— O que estava fazendo? — Harry pergunta, apontando para o meu
ring light.
— Estava tirando fotos para colocar no meu blog. — Pego o meu
celular e mostro meu último post para ele.
— Que incrível, Holly! Isso aqui está muito bom.
Vai passando de foto em foto.
— Voltou a postar depois de tempos, é? — Hanna pergunta
interessada.
— Uma hora eu teria que voltar a ativa, não é? — respondo, vendo
que ela pegou seu celular.
Provavelmente para ver o que postei.
— Sempre me perguntei como você consegue tirar fotos maravilhosas
com tão pouco. — Vira o aparelho em minha direção para que eu veja a
foto.
— Acabei lendo Peculiar — Harry nos conta.
— E imagino que tenha se identificado bastante com o Caleb. —
Encaro-o.
— Em algumas partes, sim — afirma.
— Deixe-me ver qual delas — finjo pensar. — Nas partes em que ele
gagueja quando está nervoso e se apaixona pela garota mais popular e
pegadora do lugar. — Olho para Hanna, que me encara com uma expressão
de dúvida.
Como é sonsa, meu Deus.
Parece o cego do irmão.
— O-o q-quê? — pergunta, assustado.
Seus olhos estão completamente arregalados e suas bochechas estão
tão vermelhas, que se eu as tocar, as sentirei fervendo.
— Não precisa esconder, baby Yoda. — Volto a olhar para Hanna e
vejo o exato momento em que ela entende o que quero dizer.
— O que quer dizer com isso, Holly? — Harry pergunta, já recuperado
do susto.
— Nós já percebemos que você gosta da Maddy — Hanna é quem
responde dessa vez.
— Está tão na cara assim? — seu tom é um pouco preocupado.
— Bastante — confirmo. — Só não dá para perceber se você for um
cego como o Aaron, que não conseguiu ver o que estava na cara dele.
— Holly! — Hanna protesta, jogando o papel da bala que acaba de
abrir em mim, que acaba perdendo a força e caindo em seu colo.
— Que foi? — Olho em sua direção. — Estava na cara de vocês que
estava rolando algo.
Sem dizer nada, revira os olhos e se encosta na parede atrás de si.
— Mas me conta — olho para ele e a vermelhidão em suas bochechas
está mais suave —, como aconteceu?
— Aconteceu o quê? — repete minha pergunta para ganhar tempo.
— Se apaixonar pela Maddy — Hanna conclui.
Harry passa as mãos nos cabelos, morde o canto dos lábios e brinca
com as mãos, demonstrando estar bastante nervoso com isso.
— Se não quiser falar, está tudo bem, baby Yoda — garanto.
— Não, tudo bem. — Olha de um lado para o outro, pigarreia para
clarear a voz e começa a contar: — Era meu primeiro ano aqui, estava um
pouco nervoso e perdido. — Toma fôlego para voltar a contar. — Ela nem
deve mais se lembrar disso, mas acabei esbarrando nela sem querer, quando
estava estudando o mapa da faculdade.
— E o que aconteceu depois? — Hanna pergunta, com os olhos
brilhando.
Sua cabeça de autora apaixonada deve estar recriando a história em
sua mente de cinco maneiras diferentes.
— Pedi desculpas, ela disse que estava tudo bem e perguntou se eu
precisava de ajuda. — Ajeita os óculos no rosto.
— E como em um passe de mágica, você acabou se apaixonando? —
pergunto.
— Aconteceu o mesmo comigo em relação ao Liam.
Reviro os olhos com suas palavras.
Por que as pessoas se apaixonam tão rápido assim?
Basta um olhar e já estão de quatro pela pessoa.
Não que eu não acredite no amor, não é isso. Só acho meio estranho
essa coisa de se apaixonar depois de uma única troca de olhares.
— O que posso fazer? — Dá de ombros. — Não consegui tirar os
olhos dela nem naquele momento e nem depois.
Tenho que admitir que ele fica a coisa mais fofa quando fala da
Maddy.
Seus olhos brilham só de lembrar da ruiva, e apostaria tudo o que
tenho, que seu coração acelera como um louco no peito.
Ela tem sorte de ter um cara como esse a fim dela.
Sei que Harry nunca faria ou falaria algo que pudesse magoá-la.
Com certeza, ele é daqueles que faria tudo pela menina que está
apaixonado.
Um mocinho de livros completo.
— E quando vai contar para ela? — pergunto.
— Nunca — responde.
— Nunca!? Mas por quê? — Hanna se agita. — Ela precisa saber.
— Não precisa não — Harry afirma. — Além disso. Ela não sente o
mesmo por mim.
— Eu acreditei o mesmo sobre o Liam e olha onde paramos.
— Mas comigo é diferente, Hanna. — Ajeita o óculos mais uma vez.
Já notei que esse é um dos seus tiques quando está nervoso.
— Mas... — Hanna tenta argumentar, mas a interrompo, antes que
continue.
— Deixe-o, Hanna Mo — peço.
— Tudo bem — concorda. — Você ainda tem que me contar o que
estava fazendo com o Aaron que não foi nos encontrar — muda de assunto.
— Fizemos um acordo de amizade colorida.
— É o quê? — Hanna grita, pulando da cama. — Você está de
sacanagem comigo.
— Não estou não. — Pego meu celular. — Até fizemos uma lista.
— Lista? Que tipo de lista? — Harry pergunta.
— Sobre o que não devemos fazer um com o outro. — Acho a lista e
entrego meu celular para que Harry possa ver.
— Deixe-me ver isso aqui. — Hanna se levanta e se senta ao lado do
amigo. Eles passam longos segundos lendo tudo, até que se entreolham e
me encaram. — Isso aqui não irá funcionar — Hanna revela. — Não com o
Aaron, pelo menos.
— Por que está dizendo isso? — questiono. — É claro que irá
funcionar.
— Pelo simples motivo de você já ter quebrado pelo menos metade
das regras dessa lista — Hanna volta a dizer.
— O quê? — Franzo as sobrancelhas.
— Não ficar de casal. — Levanta o dedo indicador. — No aniversário
dele, o que mais vocês fizeram foi ficarem agarrados.
— E ele é o único que consegue ficar abraçado com ela — ressalta
Harry.
— Isso aí — Hanna apoia.
— Acho o abraço dele confortável — justifico. — Mas isso vai mudar
a partir de agora.
Hanna me encara e aposto que está pensando um aham, conta outra.
Mesmo que eu goste muito de ficar nos braços de Aaron, isso acabou.
Não iremos ficar de abraços a todo o momento e em todo lugar.
— Certo. E essa regra aqui? — Volta a olhar para o celular em sua
mão. — Não beijar na frente de ninguém? Jura, Holly?
— Acho que já os vi se beijando umas cinco vezes — Harry ri do seu
próprio comentário.
Olha só. O baby Yoda está saidinho.
— Eu mesma já perdi as contas. — Hanna faz um movimento de
desdém com a mão.
Os dois riem e voltam a ler a lista.
— O que seria não trocar mensagens aleatórias? — Harry volta a
perguntar.
— Nada de bom dia, boa tarde, boa noite, nudes aleatórios. —
Enumero nos dedos. — Apesar que receber um nude do Aaron seria bem
interessante.
— Meu Deus, Holly! Sem detalhes — Hanna pede, me entregando o
celular já bloqueado. — Não quero a imagem do meu irmão pelado na
minha mente.
— Ué, é só não o imaginar pelado.
— Então para de falar sobre ele sem roupas — pede.
— Enfim — corto o assunto. — Agora estamos com um acordo e
podemos transar sem medo.
— Sem medo de quê? — Harry pergunta.
— De se apaixonar — Hanna responde por mim.
Encaro-a com o cenho franzido.
Vadia. Ela cismou que vou me apaixonar pelo Aaron.
Isso não irá acontecer.
Na verdade, não pode acontecer.
Já me ferrei bastante por me apaixonar uma vez.
Tudo bem que o cara era um escroto babaca do caralho, e o Aaron é o
completo oposto dele. Mas, ainda assim, não quero me perder novamente.
— Você gosta dele, Holly? — Harry chama minha atenção.
— Gosto, ué. Ele é um bom amigo.
— Não foi isso o que ele perguntou, vadiazinha. — Há um sorriso
sarcástico estampado nos lábios dela. — Ele quer saber se você está...
— Não estou — interrompo. — E você sabe muito bem disso.
— Continue se enganando, Holly Mo. — Volta a ler. — Metade dessa
lista está relacionada a você, não é? — Me olha.
— Sim — concordo.
— A outra metade é por conta dele? — Lembra do meu ex.
Dou de ombros sem dizer nada.
— Ele quem? — Harry perguntou curioso.
— Meu ex. — Faço um gesto com a mão para que ele não foque nisso.
— Você sabe muito bem que meu irmão não é como o Theodore —
Hanna relembra.
— Sim, eu sei. Mas não quero me sentir daquela maneira nunca mais.
Minha garganta se fecha com a lembrança dos dois piores anos da
minha vida.
— O que ele fez? — Harry pergunta.
Encaro-o por alguns segundos, e já que ele se abriu sobre seus
sentimentos para mim, decido que devo contar a ele sobre Theodore.
— Conheci o Theo quando tinha dezessete. Ele era um ano mais velho
e morava no mesmo condomínio que eu e meus pais — começo a contar. —
Ia rolar uma festa de umas pessoas da escola, e mesmo minha melhor amiga
sendo a Hanna, eu acabava falando com outras pessoas na escola. Ela como
sempre, não quis ir, mas eu fui mesmo assim e ele acabou indo também.
Conversamos a noite toda, acabamos ficando e um mês depois ele me pediu
em namoro. — Tomo fôlego e volto a contar: — Os primeiros meses foram
incríveis, mas, depois, ele passou a controlar o que eu vestia, para onde eu
ia, com quem eu falava. — Passo a mão no cabelo, tirando uma mecha que
insiste em cair. — Dei um basta quando ele ameaçou me dar um tapa,
porque tinha colocado um vestido justo demais. — Oculto os verdadeiros
fatos.
Nunca consegui contar para ninguém o que ele fez comigo, e não seria
agora que contaria, mesmo que fosse para os meus melhores amigos.
Se eu fechar os olhos, ainda consigo ouvir seus xingamentos.
“Está se vestindo assim para alguém, Holly? Sabia que era uma
vagabunda, quando não esperou nem um segundo para sentar no meu
pau”.
Demorei muito tempo para entender que eu não tinha culpa, e mais
tempo ainda para me livrar de tudo aquilo que me magoava.
Nunca contei para os meus pais o que aconteceu comigo.
O motivo?
Vergonha.
Não queria admitir que deixei uma pessoa fazer tudo o que Theodore
fez comigo. Então resolvi me calar, e me curar sozinha.
— Do que você tem medo? — Harry perguntou, me despertando das
minhas lembranças.
— De não conseguir evitar como da última vez.
Seus olhos compreensíveis me dizem que entendeu o que quis dizer.
Um silêncio recai sobre o quarto, até que Harry, o quebra.
— Você merece um cara como dos livros que você lê. — Se levanta e
pega minha mão. — Que te faça carinho, brigue por você e te proteja de
tudo e todos. — Sinto minha garganta apertar e meus olhos pinicarem. —
Espero que encontre essa pessoa — continua.
— E eu, que você não a perca quando a encontrar — Hanna completa.
— Por mais que você já tenha sofrido. Eu tenho certeza de que tem
alguém lá fora que cuidará tão bem de você, que todas essas lembranças
ruins não passarão disso. Lembranças. — Harry beija minha mão e me
lança um sorriso solidário.
— Obrigada por isso. — Olho para os meus dois melhores amigos.
Por que depois de todas as suas palavras, só consigo pensar em Aaron?
O seu jeito de me dar carinho, de me chamar de pequeno Carma, de
me fazer rir, e principalmente, o jeito que ele me olha.
Droga.
Não posso pensar nessas coisas.
Temos regras a seguir agora.
— Sabe qual será meu momento preferido, Holly? — pergunta,
chamando a nossa atenção e quebrando o clima melancólico que se formou.
— Ver vocês dois tentando seguir essas regras que não tem sentido nenhum
e quebrarem cada uma delas.
Se levanta da minha cama.
— Por que acha que vamos quebrá-las? — pergunto.
— Nada não. — Balança a mão como se não fosse nada. — Só
intuição.
Fico encarando-a por algum tempo, mas resolvo deixar para lá.
Nós três passamos a jogar conversa fora, até que Harry avisa que
precisa ir embora.
— Até mais, baby Yoda — me despeço, fechando a porta atrás de
mim.
— Tadinho do Harry — Hanna lamenta.
— Por quê?
— Apaixonado pela Maddy e sem coragem de se declarar.
— Você não pode falar muita coisa, Hanna Mo. — Começo a
desmontar o meu ring light.
— Não estamos falando de mim — rebate e eu acabo rindo.
— Queria eles juntos. São tão fofos, e combinam muito.
— Iremos dar uma ajudinha para esses dois. — Enrolo o fio da tomada
e guardo em um espaço ao lado do armário.
— Sério, como?
— Irei pensar em algo ainda — asseguro.
— Temos que ser discretas. Ele é tímido demais e não sabemos se
Maddy sente o mesmo por ele.
— Quem em sã consciência não gostaria do baby Yoda? — pergunto,
pegando meu Kindle que estava na minha mesinha de cabeceira.
— Você está certa.
— Sempre estou.
— Convencida — acusa.
— Porque disse a verdade? — pergunto, enquanto se aproxima e bate
em meu braço. — Ai, essa doeu. — Aliso-o.
— Pare de ser dramática que nem foi tão forte assim.
— Deixe-me te dar um então. — Me levanto e vou até ela.
— Sai pra lá. — Corre em direção ao banheiro. — Vou tomar banho.
Faço um gesto para que ela vá logo e volto a prestar atenção na capa
do livro em meu Kindle.
— Além da Anatomia de um Coração. — Leio o nome. — Espero que
você seja um ótimo mocinho doutor.
Estou me ajeitando para ler, quando esbarro em meu celular, que acaba
acendendo e me mostrando a lista de regras. É então que me lembro que
não a mandei para Aaron.
Largo o Kindle de lado, pego o celular, abro o contato de Aaron e
envio para ele.

Clico em enviar, e em poucos segundos, recebo sua resposta.

Gargalho quando leio.

Como pode uma pessoa ser tão convencida assim?


Ele fica um tempo sem responder, até que envia uma figurinha de um
cara rindo.

Sinto um formigamento em minha barriga com suas palavras.


Fico lendo e relendo sua mensagem por tanto tempo, que quando me
dou conta, Hanna já saiu do banheiro.
— O que houve?
— Nada. — Travo o celular e o jogo na cama. — Vou tomar banho.
— O chuveiro desarmou de novo — avisa.
— Tudo bem. Um banho gelado de vez em quando é bom.
Sem ver sua expressão, pego minha toalha e vou em direção ao
banheiro, com o coração ainda desregulado.
Oh, amor

Eu andaria no fogo por você

Apenas me deixe te adorar

Como se fosse a única coisa que eu faria na vida


Adore You – Harry Styles

Alongo meus braços acima da cabeça e estalo minhas costas, e meu


corpo reclama por ser movimentado depois de horas parado na mesma
posição.
Já estou há bastante tempo sentado na mesa da cozinha, fazendo o
trabalho da faculdade.
Quando escolhi fazer esse curso, não imaginei que me foderia tanto
assim.
Sempre gostei de criar apresentações no computador.
No Dia das Mães, Dia dos Pais ou aniversários da minha irmã, eu
sempre fazia uma pequena arte digital.
Então quando chegou a hora de escolher meu futuro, meio que foi
óbvio.
Estou no meu terceiro período de Marketing, e não vejo a hora de me
formar. Porque mesmo eu amando o que faço, detesto fazer trabalho da
faculdade.
Agora mesmo, estou montando um planejamento para uma empresa
fictícia que vai colocar seu mais novo perfume no mercado.
Se ainda fosse um projeto só, eu estaria realizado.
Mas, não.
O professor tinha que me ferrar com força ao pedir que montássemos
quatro apresentações em quatro dias.
Seria fácil pra mim se os treinos de hóquei não estivessem comendo
meu tempo livre.
Estou completamente cansado.
Estou virado há praticamente dois dias.
Como ainda estou vivo?
Consegui tirar um cochilo de duas horas e meu corpo tem tanta
cafeína, que poderia abrir uma cafeteria agora mesmo.
Olho para minha caneca azul e vermelha do Homem Aranha, e me dou
conta de que ela está quase vazia.
Me levanto da cadeira, e vou em direção a cafeteira.
— Droga — praguejo, quando percebo que tenho que fazer mais.
Largo a caneca em cima da bancada, pego o pó de café no armário
acima de mim, e começo a preparar mais uma rodada.
Coloco tudo no lugar, me encosto na bancada atrás de mim, e passo a
esperar.
Olho para o relógio, e vejo que está marcando três e quarenta da
manhã.
Suspiro e passo as mãos no rosto para afastar o cansaço.
E lá se vai mais uma noite sem dormir.
Poucos minutos depois, o cheiro tão característico toma conta da
cozinha. Quando a máquina termina seu trabalho, encho minha caneca até
quase o limite.
Aproximo a caneca do rosto, o vapor aquece meu rosto, bebo um gole
e quando o gosto amargo toca minha língua, meu corpo se arrepia pelo
gosto e o sinto ganhar um pouco de energia.
Sempre preferi meu café doce, mas como preciso me manter acordado,
quanto mais amargo melhor.
Bebo mais um gole, e caminho em direção à mesa. Me sento e meu
celular acaba acendendo, revelando o lindo sorriso de Holly enquanto eu
beijava sua bochecha e envolvia seu pescoço com um dos braços.
Tiramos essa foto no dia do meu aniversário.
Seus olhos estavam tão brilhantes e suas bochechas coradas pelo calor
e pela bebida. Minha barriga revira e sem perceber, um sorriso involuntário
acaba nascendo em meus lábios.
Linda, ela era linda demais.
Eu estava ferrado.
Completamente rendido pela melhor amiga da minha irmã.
Parece que é uma sina dos Carson.
Se apaixonar pelos melhores amigos do irmão.
Fico encarando a foto por mais alguns segundos, até que uma ideia
surge em minha mente.
Pego o celular, abro na câmera, tiro uma foto com a caneca bem em
frente ao rosto, tomando o cuidado de deixar meus lábios em evidência, e
envio para ela com os dizeres: Quer beber uma xícara de café comigo? E
largo o aparelho em cima da mesa, pronto para voltar a trabalhar.
Ainda falta terminar dois letreiros e finalmente estarei liberado.
Estou quase terminando um deles, quando meu celular vibra na mesa,
e quando o pego, tem uma resposta dela.
Tenho que levar a mão à boca, para abafar a gargalhada que solto.
Nunca vi alguém detestar tanto uma bebida como Holly.
E nem é brincadeira.
Tentei beijá-la quando tinha acabado de tomar um grande copo de café
e quase apanhei por conta disso.
Estou perdido nas lembranças, quando o celular volta a vibrar em
minha mão, e quando olho para ele, há uma nova mensagem dela.

Aperto em enviar e a resposta não demora a chegar.

Levo a mão ao peito, como se ela pudesse ver meu pequeno teatro.
A pergunta vem acompanhada de uma figurinha de um cachorrinho
branco com os olhos espremidos.
Por que sinto que estou sendo julgado por essa simples imagem?

Nesse momento, eu tenho certeza de que ela está mordendo o lábio


inferior e rindo da minha cara.
Envio e espero sua resposta.
Se prolongar mais esse assunto, está arriscado eu aparecer vestido de
Homem Aranha na faculdade, só para que ela esqueça o Tom Holland.
Estou perdido em pensamentos, quando meu celular vibra me
avisando sobre a chegada de uma nova mensagem, e ao verificar o
conteúdo, acabo sorrindo quando a foto de um livro aberto em cima das
pernas torneadas de Holly aparece na tela.

Fiquei sabendo que ela trabalha com divulgação de livros em suas


redes sociais.
Tenho que pedir à minha Bonequinha o nome do perfil, para que assim
eu passe a acompanhar seu trabalho de perto.
Aliás, farei isso agora mesmo.
Saio da minha conversa com Holly, procuro o contato de Hanna, e
quando o acho, acabo sorrindo em contentamento.
Sua foto de perfil é dela sendo abraçada por Liam, que veste o
uniforme do nosso time, enquanto minha irmãzinha usa uma blusa cheia de
morangos.
Eles formam um belo casal.
Com esse pensamento em mente, mando uma mensagem para ela.

Envio a mensagem, e volto para minha conversa com Holly.


Releio a mensagem que enviou há pouco, para então respondê-la.
Me ajeito melhor na cadeira, e ficamos trocando mensagens bobas até
quase cinco da manhã e só me dou conta do horário, quando escuto uma
porta lá em cima ser aberta e fechada. Isso sempre acontece quando passo
meu tempo com ela. Temos uma conexão tão forte e nos damos tão bem um
com o outro, que o tempo parece correr à minha volta sem que eu perceba.

Respondo, me fazendo de desentendido.


Assim que responde, seu status passa de on para off.
Com um sorriso bobo estampado em meu rosto, abro meu bloco de
notas do celular, vou até a lista que Holly me mandou, e faço o tópico “não
mandar mensagens bobas” ficar vermelho, para me lembrar que amanhã
tenho que riscar esse item na lista que imprimi e colei na porta do meu
armário.
Parece que começamos bem nossas quebras de regras.
Coloco o celular na mesa, me ajeito na cadeira, e volto a fazer meu
trabalho.
Estou quase terminando, quando Simon aparece na cozinha com seu
equipamento de treino.
— Tem treino hoje? — pergunto, já preocupado.
Estou sem dormir direito.
O treinador vai acabar com a minha raça se eu for treinar podre do
jeito que estou.
— Não. O senhor Foster deu folga pra gente hoje.
Suspiro aliviado com sua afirmação.
Nosso treinador teve que resolver algumas coisas pessoais, então nos
deu folga de dois dias, mas com tanto trabalho assim, acabei me
esquecendo desse detalhe.
— Então por que está acordado às... — olho para o relógio em meu
computador — cinco e vinte e três da manhã?
— Porque não posso parar de treinar. — Vai em direção a geladeira e
pega uma garrafa de água.
— Você vai ser escolhido para um time, Simon — garanto. — Mas
não vai adiantar nada se ficar se matando de treinar.
— Hum. — Leva a garrafa até a boca, e consome todo o conteúdo em
questão de segundos. — Preciso ir — se despede, já indo em direção a
porta.
Ele é inacreditável.
Fica se matando de treinar, sendo que não precisa disso.
Simon é o melhor que temos. Mas parece que isso não entra na sua
cabeça de jeito nenhum.
Tudo culpa daquele bosta do pai dele.
Ainda me lembro das coisas horríveis que ele disse para o próprio
filho.
Me pergunto como um pai pode tratar um filho dessa maneira.
Joseph Carson, nunca levantou a voz para mim, a não ser quando eu
merecia uma chamada mais dura por fazer o que não devia.
Espero que ele não vá além do seu limite, e acabe se machucando.
Balanço a cabeça para afastar esses pensamentos, e volto a fazer o
meu trabalho, que finalmente estou terminando.
Eu tenho essa sensação, sim, você sabe

De que estou perdendo todo o controle

Porque há magia em meus ossos


Bones – Imaine Dragons

Levo a mão ao lábio e acabo bocejando.


— Que horas você foi dormir ontem? — Hanna pergunta, me
entregando um copo.
— Tarde — bocejo mais uma vez.
— Conseguiu terminar o que tinha pra fazer, pelo menos? — pergunta,
antes de tomar um gole de sua bebida.
— Não, mas hoje finalizo tudo — digo, abrindo minha bolsa à procura
dos meus óculos escuros.
— Está lendo o que agora? — Harry pergunta, enquanto corta um
pedaço da sua panqueca. — Adorei o último que me indicou.
— Aprendeu bastante coisa com o Eric[6], baby Yoda? — pergunto e o
encaro, agora pelas lentes escuras dos óculos.
— O cara é legal. — Dá de ombros. — Temos gostos parecidos.
— Principalmente por mulheres — Hanna murmura com a boca
colada no copo.
Nos encaramos, até que não aguentamos mais e caímos na risada.
— Vocês são impossíveis. — Suas bochechas ficam vermelhas em
questão de segundos.
— Ah, qual é, baby Yoda. — Faço um carinho em sua bochecha. —
Foi engraçado. — Me ajeito na cadeira e olho para a entrada da cafeteria.
— Falando em gostos parecidos. — Sinalizo para que ele olhe para a sua
frente. — Olha quem está vindo ali.
Por minha mão ainda estar em sua bochecha, sinto o exato momento
em que elas esquentam por conta da vergonha.
— O q-quê? — Seus olhos estão arregalados.
— Respire fundo ou ela vai acabar percebendo — sussurro em seu
ouvido.
Rapidamente, Harry pega o copo de água à sua frente e o finaliza em
questão de segundos.
Ele fica tão bonitinho quando está nervoso.
Desde que Hanna e eu o conhecemos, ele mudou bastante quanto ao
seu nervosismo e vergonha, mas é só a Maddison aparecer que sua
ansiedade e timidez aparecem com força total.
— Oi, gente! — a ruiva nos cumprimenta, se sentando na cadeira vaga
de frente para Harry.
— Ei, ruiva.
— Oi, Maddy.
Hanna e eu a cumprimentamos.
— O que estão comendo? — pergunta, olhando para a mesa.
— Harry pediu panquecas, Hanna, como sempre, está tomando essa
coisa enjoativa de morango...
— Não é enjoativa — Hanna me interrompe.
— Você sabe que é — rebato, encarando-a com o cenho franzido.
— E você? O que pediu? — Maddy pergunta, apoiando os cotovelos
em cima da mesa e o queixo em cima das mãos.
— Hambúrguer com fritas — respondo, pegando uma batata e a
levando a boca.
— Quer alguma coisa, Maddy? — A voz de Harry é tão baixinha, que
só consigo escutá-lo por estar sentada do seu lado.
— O que disse, Gatinho?
— Per-perguntei se quer comer alguma coisa? — Tosse um pouco para
clarear sua voz.
— Não sei ainda. — Pega o cardápio e olha as opções que tem.
— Que tal... — Hanna começa a falar, mas minha atenção é desviada
por conta do meu celular que começa a vibrar e ascender como um louco
em cima da mesa.
— Mas o quê...!? — Pego-o na mão e vejo que recebi vários
comentários na minha última postagem.
— O que houve? — Hanna pergunta, voltando sua atenção para mim,
enquanto abro o aplicativo e leio os comentários.
— Ele não fez isso. — Olho incrédula para os comentários que Aaron
fez.

Os nerds até são legais, mas já experimentou um jogador de Hóquei?


Esse cara canta? Eu também posso cantar. Já me escutou cantando?
É como se anjos estivessem descendo dos céus.
Por que está toda caidinha por esse cara? Ele só foi até outra cidade
comprar os doces da garota. Se fosse comigo, eu aprenderia a receita e
faria com as minhas próprias mãos.

O que ele está fazendo?


Eu disse que não iríamos comentar nas postagens um do outro.
Vou lendo comentário por comentário, até que chego em um em
específico, sem aguentar mais, acabo caindo na gargalhada.

Gostei desse. Além de ter um ótimo nome como o meu, é estiloso e não liga
para REGRAS.

Esse garoto não conhece limites.


— O que houve? — Hanna pergunta, chamando minha atenção.
Sem dizer nada, passo o celular para que ela veja por si mesma.
Poucos segundos depois, ela começa a gargalhar descontroladamente.
— Meu irmão é completamente louco — diz, ainda lendo os
comentários feitos.
— Queria saber como ele conseguiu encontrar esse perfil.
Não que seja difícil achá-lo, mas só quem encontra com facilidade, são
aqueles que acompanham perfis sobre livros.
— Err… — Hanna me entrega o celular, e rapidamente, pega seu copo
e bebe o conteúdo.
— O que você fez? — pergunto, encarando-a.
— Eu não tive culpa — tenta se desculpar. — Ele encheria o meu saco
se eu não desse.
— Hanna! — protesto.
— Eu acordei e tinha mensagens dele no meu celular, me intimando a
mandar o seu perfil, se fazendo de vítima, e sabe qual desculpa usou? —
pergunta e já imagino qual. — Que namorei com o Liam escondido.
Eu sabia.
Tão previsível.
— Sabe que ele vai usar isso para ganhar bastante coisa, né? — já a
deixo avisada de que ele irá se aproveitar sempre que quiser algo.
— É eu sei — suspira, se recostando na cadeira. — Aaron vai usar
disso até para me arrancar dinheiro.
Acabo rindo de seu comentário e pego mais uma batata do meu prato.
Ele realmente é um cara de pau. Hanna e Liam ainda vão sofrer na
mão dele, e só de imaginar, fico com pena dos meus amigos. Achei que
minha melhor amiga era a pessoa mais dramática que já tive conhecimento,
mas parece que seu irmão é pior.
— Estão falando de mim? — Só o simples fato de escutar sua voz
perto de mim, sinto meu estômago começar a revirar.
Meu Deus! Como ele é gostoso.
Usando um look monocromático preto, a única coisa colorida nele é
seu cabelo loiro e suas tatuagens. Ainda não superei quando os vi nessa
tonalidade pela primeira vez. Muito menos o motivo para essa mudança.
“Você disse que gostava de loiros, pequeno Carma”.
Pequeno Carma.
Todas as vezes que escuto esse apelido, minhas pernas tremem, mas é
claro que ele não sabe disso. Na verdade. Ele nunca saberá o que causa em
mim. Quer dizer, se ele continuar fazendo essas coisas e quebrando nossas
regras... Não quero nem pensar no que possa acontecer.
— Sim, estávamos — Hanna o responde.
— Espero que bem. — Dá a volta na mesa, pega uma cadeira na mesa
disponível ao lado e se senta perto de mim. — Olá, pequeno Carma — me
cumprimenta com um selinho e repousa o seu braço em meus ombros.
— O que você está fazendo? — Franzo tanto o cenho, que meus olhos
quase se fecham por completo.
— Eu? Nada demais. — Rouba uma batata do meu prato e a come em
seguida. — Na verdade, agora não precisarei fazer nada. Finalmente
entreguei o meu trabalho e estou livre. — Pega mais uma batata e repete o
processo.
— Você sabe muito bem do que estou falando, Aaron. — Aponto o
dedo bem rente ao seu rosto. — Acabou quebrando pelo menos umas quatro
regras em questão de minutos.
— Relaxe, meu lindo Carma. — Sela meus lábios mais uma vez. —
Relaxe e aproveite minha bela companhia. — Puxa meu corpo em sua
direção, me aconchegando mais em seu abraço, pega minha mão repousada
em minha coxa e entrelaça nossos dedos.
Estou prestes a protestar, quando ele rouba mais um selinho meu e se
vira em direção a irmã.
— Então, Bonequinha? O que estava falando de mim, hein?
— Que você vai me deixar louca um dia — responde e estapeia o seu
braço.
Ele já está me deixando.
— O quê? Mas por quê? — Arregala os olhos em uma falsa surpresa.
— Não se faça de sonso. — Hanna pega um pedaço de guardanapo e
joga em cima dele. — Vai ficar usando o fato de que Liam e eu namoramos
escondido de você, para conseguir as coisas até quando?
— Hum… — Olha pra cima como se estivesse pensando. — Não sei
ainda. — Dá de ombros. — Talvez até o Natal.
— O que tem o Natal? — Liam pergunta, se sentando ao lado de
Hanna. — Olá, Moranguinho. — Sela os lábios da minha amiga. — Como
foi seu dia hoje? — pergunta, encostando sua testa na dela.
Sabe casal açúcar? Que conseguimos sentir o doce na língua de longe?
São eles. Nunca conheci casal tão grudento quanto, mas até que são fofos
juntos.
— Bom — Hanna responde, fazendo um carinho na bochecha do
namorado. — Até eu ganhar uma bronca por causa do Aaron. — Olha para
o irmão, e em um ato infantil, dá língua para ele.
Aaron retribui o ato da irmã e acaba rindo depois.
— O que o Natal tem com isso? — Liam pergunta mais uma vez.
— Ele disse que talvez — coloca ênfase no talvez. — Irá parar de usar
que namoramos escondidos para ganhar as coisas.
— Meu bolso agradece. — Liam tem uma expressão sofrida
estampada em seu rosto.
— Como assim seu bolso? — pergunto interessada.
O que esse garoto aprontou agora, hein?
— Tive que comprar um creme de cabelo que custa duzentos dólares.
— Encara o melhor amigo, que começa a rir do meu lado. — Porque esse
cuzão usou quase o pote inteiro.
— Saiba que te amo — Aaron se declara e manda um beijinho para
Liam.
— Ah, vai a merda. — Liam retribui, dando o dedo do meio e
começamos a rir de sua atitude.
— Vem cá — Maddy chama nossa atenção. — Tinha ouro dentro
desse creme?
— Me perguntei a mesma coisa — Liam suspirou.
— Não tenho culpa de ter ficado loiro e precisar cuidar deles mais do
que antes. — Passa as mãos nos cabelos. — Aliás, meu belo Carma. — Se
vira na cadeira para me olhar melhor. — A culpa do meu cabelo precisar de
tantos tratamentos é sua. Então acho que nada mais justo que você pague
pelo cuidado dele.
— Mas eu não pedi que ficasse loiro — relembro-o.
— Não com palavras. — Aproxima nossos rostos mais uma vez e
sinto os pelinhos dos meus braços se eriçarem quando sua respiração bate
em minha face.
— Tudo bem, Aaron. Vou te levar em um ótimo lugar para cuidar dele.
— Fico o encarando.
— Se continuar a me encarar assim. — Sinto sua mão subir do meu
braço até meu pescoço. — Serei obrigado a beijá-la aqui mesmo. — Aperta
meu pescoço de leve. — E te garanto que não será um beijo como os outros.
Acabo ofegando com o contato repentino.
— Você não teria essa coragem — desafio-o.
— Sabe que teria sim. — Sobe sua mão tatuada até meu queixo, e
apertando minhas bochechas, puxa meu rosto para mais perto de si. — Mas
prefiro fazer isso em um quarto fechado, onde você possa gritar bastante.
Engulo em seco, mas não recuo.
— Isso é um aviso?
— Não, pequeno Carma. É uma promessa. — Beijando meus lábios
mais uma vez, ele morde o inferior com pressão o suficiente para que eu o
sinta pelo resto do dia.
Aaron me solta e volta a olhar para a frente como se nada tivesse
acontecido.
Onde fui me meter?
Ele consegue me tirar do ar em questão de segundos.
Passo as mãos nos cabelos, afastando-os do meu rosto, e quando olho
para a frente, vejo Hanna me encarando com uma clara expressão vitoriosa.
Ela acha que essa pequena cena significou algo?
Não poderia estar mais enganada.
Tudo bem que meu coração ainda está acelerado como louco e que
minha calcinha está completamente arruinada. Mas isso não quer dizer
nada.
Nada.
Aham, conta outra.
A quem eu quero enganar?
Nem estou conseguindo me convencer.
Será difícil demais seguir todas as regras que impus para que minha
relação e a de Aaron se mantenha só na amizade.
Estou perdida em pensamentos, quando escuto a voz de Bennett.
— Espero que não use o meu creme novo.
— Pode ficar tranquilo, caro amigo — Aaron o responde. — Não
tocarei mais.
— Ainda esse assunto do creme? — pergunto cansada. — Já disse que
vou pagar por esse cabelo.
— Acho que apostei certo. — Aaron me encara, sorrindo.
— O que quer dizer com isso? — pergunto confusa.
— Quero dizer que encontrei minha própria dona da lancha. — Abre
um sorriso de lado.
Todos da mesa começam a rir por conta das suas palavras.
Já disse como esses sorrisos destroem a minha vida?
Não?
Pois eles destroem não só a minha vida como as minhas lingeries.
— Aaron tem a sua própria Sugar Mama.
É claro que pra falar essa merda, tinha que ser o Simon.
— Meu Deus, Simon! Cala essa boca — Liam pede rindo.
A crise de risada vai abrandando, até cessar de vez.
— Vocês são loucos — Genna diz, se sentando do outro lado de Harry.
— E aí, Genna — Hanna a cumprimenta. — Onde você estava que
não respondeu minhas mensagens?
Depois que nosso grupo de amigos ficou concretizado, combinamos
de sempre almoçar juntos. Então só mandamos uma mensagem avisando o
horário que devemos nos encontrar.
Todos os nossos amigos responderam Hanna confirmando a vinda para
cá, mas parece que Genna não.
— Estava ensaiando. — Estica o seu braço por cima da mesa e pega a
bebida de Liam.
— Recital novo? — Liam pergunta.
— Uhum — engole a bebida e volta a falar: — Preciso criar uma
coreografia do zero, mas está bem complicado dessa vez.
— Você vai conseguir, Genny — asseguro. — É a melhor dançarina
que já conheci.
— Obrigada. — Sorri.
Vi Genevieve dançar uma única vez, e posso dizer com todas as
palavras que ela é a melhor de todas.
— Gente, sabe o que eu percebi aqui? — Simon chama nossa atenção.
— Nem imaginamos — Bennett responde.
— Que não escolhemos um lugar para ir esse final de semana.
— E por que precisamos sair esse final de semana? — Hanna
pergunta, já desanimada.
— Porque somos jovens e precisamos sair — responde como se fosse
óbvio.
— Ele tem razão — Maddy concorda.
— Eu sempre tenho, ruiva. — Pisca em sua direção.
Vejo o corpo de Harry ficar mais tenso, mostrando o quanto está com
ciúmes. Parece que terei que intervir por ele do mesmo jeito que fiz com
Hanna.
O que seriam dos meus melhores amigos sem mim?
— Vocês já têm planos? — Maddy volta a perguntar.
Todos negam, até que chega a vez de Aaron.
— Eu vou levar a Holly para jantar.
Acabo me engasgando com o refrigerante que estava tomando.
— O quê? — Minha voz sai com um pouco de dificuldade. —
Aaron... — começo a protestar, mas sou impedida.
— É seu aniversário na sexta, lembra? — pergunta, me relembrando.
— Como sabe que é meu aniversário? — pergunto, intrigada.
— Segredo de estado — desconversa.
Olho em direção a Hanna e a cara de pau está quase se escondendo
embaixo da mesa.
Você me paga.
Ameaço-a só com o olhar, e o melhor de sermos melhores amigas, é
que ela me entende sem que eu precise dizer uma única palavra.
— Por que não fazemos uma festa, então? — Simon sugere. — Três
dias depois é o aniversário do Liam.
— Uma festa? É, pode ser legal — Maddy concorda. — A não ser que
já tenha outros planos.
— Meu plano era uma noite das meninas — conto.
— Ia me deixar de fora do seu aniversário? — Leva as mãos ao peito,
fazendo um grande drama. Espera, isso são lágrimas? Meu Deus, ele é
melhor do que a irmã quando o assunto é drama.
— Aham — afirmo sem hesitar, enquanto pego o copo de água à
minha frente e tomo um longo e refrescante gole.
— Por que você é tão má comigo? — pergunta, fazendo biquinho em
uma clara tentativa de me amolecer.
Sem dizer nada, me recosto na cadeira, cruzo os braços e abro um
sorriso atrevido, que sei que o deixa enlouquecido.
— Enfim — Simon volta a chamar nossa atenção. — Topam uma
festa? — volta a perguntar, e um por um, vão confirmando a presença.
— Qual seria o tema? — Genna pergunta.
— Podia ser a fantasia. O que acham? — Maddy sugere de uma forma
bem animada.
— Seria perfeito — Simon se anima. — Outubro é o mês do
Halloween. Uma festa a fantasia no começo de Novembro encaixaria muito
bem.
— Também acho — a ruiva responde, ficando mais empolgada do que
antes, se é que isso é possível.
Quando o assunto é festa e junta esses dois, o caos é garantido.
— Só temos um problema — Liam toma a palavra.
— E qual seria? — Simon pergunta.
— Onde faremos essa festa? — Liam levanta a questão. — Sabem que
não podemos fazer na nossa casa — conta.
— Por quê? — pergunto.
— Ordens do proprietário — Aaron é quem me responde.
— Então, onde vamos fazer? — Maddy pergunta. — Temos que
pensar em um lugar bem rápido.
Então um caos se forma quando todos passam a sugerir um lugar em
que dê para fazer a tal festa. Eles falam tão alto, que sinto minha cabeça
doendo com todo esse barulho insuportável. Estou quase pedindo para todos
pararem de gritar como loucos, quando meu celular vibra em cima da mesa.
Pego o aparelho e vejo que tem uma mensagem do meu pai. Abro o
aplicativo e quando vejo seu contato, sorrio de felicidades.
Até que enfim.
Respondo e leio meu novo endereço, que se não me engano, fica em
um bairro nobre a dez minutos daqui.
A algazarra dos meus amigos chama minha atenção. Então, acabo
gritando para fazê-los calar a boca.
— Eu tenho o lugar perfeito para isso — digo, mostrando meu celular
para eles.
Comemorar meu aniversário na casa nova, será tudo.
Obrigada, papai! O senhor é o melhor.
Estou com minha mente no seu corpo

E seu corpo na minha mente


Cool For The Summer – Demi Lovato

Estaciono o carro em frente à loja de fantasias, e sou acompanhada por


Hanna, quando descemos do carro.
— As meninas já estão vindo? — pergunta, olhando para o seu celular.
— Genna já está nos esperando lá dentro, e a Maddy já está linda —
digo, abrindo a porta de vidro e entrando.
A loja não está tão cheia quanto achamos que estaria. Felizmente,
escolhemos um horário bom para vir.
O lugar é bem amplo, com araras lotadas com uma variedade incrível
de fantasias.
Espero que tenha pelo menos uma das opções que tenho em mente.
— Acho que não saberei decidir qual fantasia vestir — Hanna diz atrás
de mim, olhando para uma das araras que tem algumas fantasias de fadas e
princesas.
— Contanto que não vá de Cinderela de novo — digo, olhando para
um chapéu de bruxa.
— Não sei por que você implica tanto com a minha fantasia de
Cinderela? — Cruza os braços e me encara. — Fiquei linda no Halloween
daquele ano.
— Até que você tropeçou naquela saia enorme e abriu o queixo —
Aponto para o lugar que acabou machucando. — Passamos o resto de nossa
noite em um pronto socorro.
Hanna ri da lembrança daquele dia.
Era Halloween e por algum milagre, e muita insistência dos pais dela,
consegui arrastá-la para uma festa que ia acontecer em uma boate, mas
antes que chegássemos ao evento, Hanna acabou pisando na saia gigantesca
de princesa, caindo de cara no chão e abrindo o queixo. Sua Cinderela
encantada, acabou virando a réplica da Carrie a Estranha por conta de todo
aquele sangue.
Sua sorte é que a cicatriz ficou quase imperceptível.
— Estou pensando em ir com algo menos espalhafatoso — diz,
mostrando a roupa de uma pirata com saia curta.
— Ah, não. Pirata não.
— Mas por quê? — pergunta, soltando a fantasia.
— Porque mais da metade da festa vai ou de pirata ou de fada —
Genna responde, chegando por trás de mim. — Oi, gostosa!
— Oi, Genna — cumprimentamos em um coro.
— Já escolheu a sua roupa? — pergunto, vendo uma saia verde
brilhante, com escamas, pendurada em seu braço.
— A Pequena Sereia. — Levanta o braço como se estivesse nos
mostrando sua escolhida.
— Você irá ficar linda — Hanna garante e eu concordo com a cabeça.
Genevieve é uma linda mulher negra, com os cabelos curtos na altura
dos ombros, e cacheados. Não irei mentir e dizer que não me senti atraída
por ela em um primeiro momento. Quem não se sentiria? A mulher é uma
deusa.
— Obrigada — agradece, tirando um cacho que insiste em cair em
seus olhos. — Então? Já escolheram algo ou tem alguma ideia?
— Ainda não — Hanna conta. — Vamos dar uma olhada por aí e
decidimos na hora.
Concordamos, e seguimos pela loja.
Estamos olhando uma das araras, quando Maddy chega esbaforida.
— Desculpem o atraso, meninas. — Se apoia em Hanna para se
recuperar. — Tive que entregar um trabalho às pressas para o meu professor
de composição.
— Você não tinha que entregar isso há semanas? — Hanna pergunta.
— Pelo menos, Liam entregou a dele tem um tempo.
— Acabei atrasando e perdendo o prazo — nos conta, bebendo algo
em sua garrafa térmica. — Como era a primeira vez que isso acontecia, ele
deixou eu entregar com um pouco de atraso. — Fecha a garrafa e a guarda
em sua mochila.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto, ao perceber seu rosto
abatido e com algumas olheiras.
— O curso está ficando cada vez mais rígido — suspira.
— Nem me fale — Genna concorda. — Eu amo fazer dança, mas tem
horas que eu só queria acabar logo os estudos.
— Só de pensar que estamos no primeiro ano. — Hanna aponta em
minha direção. — E que tenho muita coisa pela frente ainda. Me desanima.
— Verdade.
Concordamos com ela.
Mesmo amando o que faço, não posso discordar que é muito
cansativo, ouso até dizer, exaustivo, fazer faculdade e organizar tudo de
uma vez só.
— Enfim. Vamos deixar esse assunto chato de faculdade para lá —
Maddy pede. — Já escolheram o que vão vestir? — pergunta, olhando para
as araras.
— Genna já. Agora só falta nós três — digo.
— Então vamos logo porque a loja fecha em duas horas e temos
muitas opções para ver aqui — Hanna diz, apontando para a loja toda.
Em poucos segundos, reviramos toda a loja atrás de uma fantasia para
todas nós. Como Genna era a única que tinha a sua já escolhida, eu já tinha
perguntado para uma vendedora se eles teriam pelo menos uma das que eu
queria e estava aguardando sua volta. Então só faltava procurar fantasias
para as duas restantes. O que foi um desastre, porque sempre que uma
gostava da fantasia, a outra não gostava. Ficamos nisso por quase uma hora,
até que Maddy finalmente encontrou a sua.
— Carrie a Estranha? — pergunto, olhando-a de cima a baixo.
— Ei? Gostaram? — Dá uma voltinha em torno de si para que
possamos ver toda a sua roupa, que nada mais é do que um vestido todo
surrado e sujo que será manchado com sangue falso.
— Ficou muito bom, Maddy — Hanna garante. — Vai combinar
muito com você.
— Por que sou ruiva? — pergunta, se olhando no espelho.
— Não. Porque é estranha — Genna responde e caímos na gargalhada.
— Eu acho que vou passar mal — Hanna ria tanto que suas bochechas
estavam vermelhas pelo esforço.
— Com uma amiga como você, não precisamos de haters. — A ruiva
faz um beicinho, se fingindo de magoada.
Com um resquício de sua gargalhada, estampada em seu rosto. Genna
manda um beijo para Maddy, dizendo:
— Sempre as ordens.
Limpo o canto dos olhos por conta do esforço e respiro fundo para
regular minha respiração.
Essas meninas são loucas demais. Acabei aprendendo a gostar de cada
uma delas, de uma maneira ou de outra.
Maddy volta para o provador, para se trocar e quando vai, já está com
sua roupa de antes e o vestido da sua personagem nas mãos.
— Só falta a Hanna e você, não é Holly? — pergunta, se sentando ao
meu lado e juntando sua roupa com a de Genna.
— Na verdade, eu estou esperando a vendedora — conto a ela.
— E o que tem em mente? — Genna pergunta, se aproximando da
gente com uma varinha de plástico nas mãos.
— Segredo. — Faço um mistério.
Se tudo der certo, irei me transformar na personagem mais foda que o
mundo literário pode ter.
— Ah, detesto surpresas — Maddy resmunga. — Sempre quero saber
o que a pessoa está tramando.
— Já eu amo surpresas...
Paro de prestar atenção nelas, e começo a mexer em alguns acessórios
que estão expostos ao meu lado, e acabo achando um par de luvas pretas,
que se encaixaria perfeitamente na minha segunda opção de vestimenta.
Estou quase me virando para a frente, à procura de alguém que possa
me informar quanto está o par de luvas, quando vejo uma máscara do
personagem Yoda da franquia de filmes de Star Wars, e lembro do meu
baby Yoda apaixonado por uma certa ruiva.
Volto a olhar para ela, e uma vontade de sondá-la sobre ele, cresce em
mim.
Sem perder tempo, me ajeito no banco.
— Maddy, o que...?
Não consigo terminar minha pergunta, porque Hanna chega nesse
exato momento, gritando eufórica porque encontrou a fantasia perfeita.
— O que tem aí, Hanna Mo?
— É, loira. Nos mostra logo — Genna pede.
— A melhor fantasia de todas, mas só vou mostrar quando vestir —
dizendo isso, ela vai em direção ao provador e se fecha lá dentro.
— O que será que ela escolheu? — Maddy pergunta interessada.
— Se a conheço bem, deve ser algo brilhante — respondo.
— Será que ela vai de princesa? Podíamos ir juntas. — Genna se
levanta e vai até a frente do provador e passa a esperá-la ali.
Volto minha atenção para Maddy, penso em como posso abordar o
assunto sem dar muito na cara. É então que decido pegar o meu celular,
abro o aplicativo de mensagem, procuro o contato de Harry e quando o
encontro, finjo mandar uma mensagem de áudio.
— Gosto assim, baby Yoda, lendo o que indico.
Olho com o canto dos olhos para ver sua reação.
— Está indicando livros para o gatinho? — pergunta, se
aproximando.
Guardo o celular na bolsa de novo e me viro como se não tivesse
escutado.
— O que disse?
— Perguntei se está indicando leituras para o Harry?
— Ah, sim. — Afirmo com a cabeça. — Ele me pediu umas
indicações, então... — Dou de ombros.
— Imagino-o lendo todas aquelas coisas que você indica — sorri,
olhando para algo além. — Já posso imaginar as bochechas dele coradas. —
Volta a olhar pra mim. — Ele é um fofo. Ainda bem que vocês o trouxeram
para a gente. Gosto muito dele.
Quer dizer que ela gosta quando ele cora? Interessante.
Já posso imaginar a cara dele escutando essas coisas.
Será que ele desmaiaria de nervoso?
Estou perdida em pensamentos, quando Hanna sai do provador,
usando um vestidinho preto, curto, com gola em renda na cor branca.
— Aprovado? — pergunta, dando a clássica voltinha.
— Você vai de Wandinha? — Levanto do meu lugar. — Eu amei.
— Está incrível, Hanna — Maddy concorda.
— Não teria escolhido melhor — Genna afirma.
— Bom, então irei levar essa aqui. — Volta para dentro do provador
e retorna poucos segundos depois, já vestida. — Ótimo, agora só falta a
Holly.
— Será que ela esqueceu de mim? — Olho em volta.
Já tem bastante tempo que pedi para verem se tem ou não a roupa
que quero.
— Vou ver com...
Maddy é interrompida pela chegada da vendedora.
— Me desculpe a demora, minha linda — pede. — Mas esses aqui
foram bem difíceis de achar.
— Sem problemas — garanto. — Conseguiu qual delas?
— As duas. — Mostra as duas sacolas em sua mão.
A vontade que tenho é a de sair pulando.
— Vai vestir pra gente poder ver. — Hanna pega as bolsas de roupa
das mãos da vendedora e a empurra em minha direção.
Animada, entro no provador, coloco as bolsas no chão e assim que
tiro a primeira peça da bolsa, automaticamente penso no que Aaron irá
achar.
Sem enrolar mais, tiro minha roupa e coloco o macacão de uma vez.
Acabo tendo um pouco de dificuldade por conta do tecido justo,
mas no final, acabo conseguindo me vestir e sair do provador em seguida.
— Então? O que acharam? — Levanto um dos braços e apoio o
outro em minha cintura.
— Meu Deus, Holly! Isso está perfeito. — Hanna pula em
animação.
— Não sei do que você está vestida — Genna vem em minha
direção. — Mas você está uma completa gata.
— Obrigada — agradeço, flexionando os joelhos, rebolo um
pouquinho.
As meninas gritam em animação pelo meu pequeno show.
— Eu amei, garota. — Maddy bate palmas animadas. — Mas me
conta, de que está vestida?
— Juliette, personagem de um dos meus livros preferidos —
respondo, me virando em direção ao espelho atrás de mim.
— Você está incrível, Holly — Hanna elogia. — E a outra roupa?
— Aponta para a cabine atrás de mim.
— Decidi que seria surpresa.
— Vai levar as duas? — Genna é quem pergunta.
— Isso aí — afirmo. — Vou me trocar para irmos embora.
Volto para o provador, me livro do macacão apertado, coloco
minhas roupas de volta, olho em volta para ver se não esqueci nada e vou
ao encontro das meninas.
— Essa festa vai ser incrível — Maddy comenta.
— Conto com isso — digo, enquanto vamos em direção ao caixa.
Eu nunca tinha visto nada igual

Como uma fantasia em minha frente

Eu acho que algo especial está acontecendo


Confident – Justin Bieber

Me olho no espelho do banheiro de Liam, e ainda não acredito que fiz


tudo isso por ela.
Mais uma vez.
Pego mais um pouco de gel e passo no cabelo, os arrumando para trás
de uma maneira que não fique totalmente alinhado.
Nem acredito que consegui achar tudo o que eu precisava a tempo.
Não que eu tenha escolhido uma fantasia difícil de ser montada, não é isso.
Mas acabou que tive que ir em vários lugares diferentes para conseguir tudo
o que precisava.
Ajeito o cabelo do jeito que quero, com algumas mechas caindo sobre
o rosto, como se eu tivesse acabado de correr.
Lavo minhas mãos, para retirar o produto, e dou um passo para trás
para ver como tudo ficou.
Estou usando uma calça preta de tecido pesado e com vários bolsos,
uma blusa de mangas curtas que deixam minhas tatuagens à mostra, os
sapatos, que também são pretos, estão tão lustrados, que acho que consigo
ver meu reflexo neles. E para completar a fantasia, coloquei uma corrente
presa nos passadores do cinto e um anel de pedra verde em meu dedo
mindinho.
— É, Aaron Warner. Você tem estilo. — Viro de um lado para o outro.
Depois que decidimos fazer uma festa a fantasia para comemorar o
aniversário de Holly e Liam, eu sabia que essa teria que ser minha fantasia
por dois motivos.
Um: esse cara sabe se vestir.
Acabei pesquisando seu nome na internet e as fotos que achei para
representar esse personagem me chamaram a atenção.
E dois: Holly é completamente apaixonada por ele.
Ela tem várias publicações citando-o, então, já que ele não é real. Por
que não fazer com que se torne real para ela e a surpreender no dia do seu
aniversário? O nome e os cabelos loiros eu já tenho, agora só faltam os
olhos, que diferente dos dele, são de uma tonalidade escura.
Olho para a bancada da pia, encarando o potinho de lentes de contato,
o pego e me posiciono em frente ao espelho para colocá-las. De primeira,
não consigo encaixá-las. Minhas mãos tremem e meus olhos lacrimejam por
conta do contato excessivo, mas com calma, consigo colocá-las de uma vez.
Levanto o rosto, e ao me encarar no espelho, dou de cara com um
lindo loiro de olhos verdes esmeraldas me encarando pelo reflexo.
— Não é que o verde combina comigo. — Pisco os olhos algumas
vezes para me acostumar com as lentes e acabo suspirando aliviado quando
percebo que nem dá para sentir que estou as usando no momento.
— Vamos logo, Aaron. Ou vamos nos atrasar — Simon me grita.
— Estou indo — respondo de volta, saindo do banheiro do quarto de
Liam.
Já que ele foi se arrumar na nova casa de Hanna e Holly, tomei a
liberdade que só um melhor amigo/cunhado tem e resolvi me arrumar aqui.
Hoje é um dia em que tudo teria que ficar no lugar, e dividir o banheiro com
Bennett e Simon, seria um pesadelo. Eles não deixariam que eu me
produzisse em paz. Então, querendo preservar o meu humor no nível bom,
acabei invadindo o quarto alheio.
Fecho os produtos que usei, junto tudo no lugar e saio do banheiro de
uma vez, seguindo até o meu quarto para pegar os dois últimos acessórios
que essa fantasia precisa.
Estou descendo as escadas, quando Simon aparece vestido de Super
Choque.
— E então? — Dá uma voltinha. — O que achou?
— Cara, essa fantasia ficou perfeita em você. — Desço o último
degrau da escada.
— Sabia que tinha feito uma boa escolha — diz, passando as mãos nos
cabelos. — Gostei da sua. Mesmo não sabendo quem é. — Me olha de cima
a baixo.
— Personagem literário — conto, sem entrar em muitos detalhes.
— Ele é um assassino por acaso? — Aponta para o facão com sangue
falso em minha mão.
— Segundo a Hanna, ele só tortura umas pessoas aí — conto o que
minha irmã me disse.
— Então tá. — Simon dá de ombros e ajeita o seu casaco.
— Quem arrumou o seu cabelo? — Aponto as suas tranças.
— Genna — diz e se vira em direção às escadas mais uma vez. —
Anda logo, Bennett. Você não é a estrela da noite.
— Já estou indo. — Escuto os seus passos antes de vê-lo. — Não sei
pra que essa pressa toda.
Começa a descer e meu queixo cai quando vejo sua fantasia. Cara, ele
não fez isso. Sério, que ideia foi essa?
— É sério isso? — pergunto.
— O quê? — Olha para baixo, avaliando a própria roupa como se
estivesse à procura de algo.
— Você está mesmo usando nosso uniforme de treino?
— Estou fantasiado de jogador. — Dá de ombros.
— Mas você é um jogador, Bennett — relembro.
— Só enquanto estou estudando aqui. — Me olha como se não se
importasse, e na real, eu acho que ele está pouco se fodendo.
— Eu tentei fazê-lo usar a fantasia que escolhi, mas nada que eu fiz,
fez com que ele aceitasse — Simon conta.
— Essa aqui já está de bom tamanho. — Puxa a blusa e nos mostra. —
Agora vamos logo que o Liam já me mandou mensagem avisando que está
lá.
Estamos caminhando até a porta, mas acabo parando por conta de suas
palavras.
— Por que ele te mandou mensagem? — pergunto.
— Talvez ele esteja de saco cheio de você, e esteja à procura de um
novo melhor amigo — responde, rindo e saindo na minha frente.
— Ele nunca me trocaria por você. — Sigo-o, indignado. — Sou um
ótimo melhor amigo.
Visto meu sobretudo preto e vou atrás dele, sendo seguido por Simon.
— Tem certeza? — Dá a volta em seu carro e abre a porta do
passageiro.
— O que quer dizer com isso? — Entro no banco de trás.
— Que não fui eu quem fiz meu melhor amigo gastar duzentos
dólares. — Dá partida no carro.
— Foi sua culpa, sim, seu cuzão.
Só não dou um soco nele, porque está dirigindo, e pretendo chegar
vivo na festa de hoje.
Sem dizer mais nada, Bennett dá de ombros e passa a prestar atenção
na estrada.
— Como você o aguenta? — pergunto, me virando para Simon, que
está sentado no banco do carona.
— Ele me faz feliz. — Bate na coxa de Bennett, que sorri em resposta.
Sem dizer mais nada, seguimos em silêncio até a casa de Holly.

Assim que chegamos, já consigo escutar a música tocando no último


volume.
— Será que iremos conseguir estacionar perto da entrada? — Simon
pergunta, olhando para a quantidade de carros.
Por ser aniversário de duas pessoas, acabou que convidamos bastante
gente.
Além de alguns amigos do curso de música de Liam, e de publicidade
da Holly. Convidamos o pessoal do time e algumas pessoas que
conhecemos pelo campus.
— Holly deixou uma vaga para mim na garagem — avisa, pegando o
controle da garagem e o joga no colo de Simon.
— Por que não ganhei um desse? — pergunto, me sentindo magoado.
— Você tem carro por acaso, Aaron? — Bennett pergunta com aquele
jeito doce dele.
Só que não.
— Se eu tivesse, não teria transado com a Holly no seu carro. —
Assim que as palavras saem da minha boca, eu me arrependo amargamente.
Se ele já fez um show por conta de um creme, imagina o que ele não
vai fazer por conta disso.
— É o quê!? — grita, olhando pelo retrovisor. — Você está de
sacanagem com a minha cara?
Simon começa a gargalhar sem controle à minha frente.
— Pu-puta merda, Aaron. Você não dá uma dentro — sua voz sai
entrecortada.
— Ah, ele deu uma dentro sim — suspira —, e foi no meu carro.
— Em minha defesa, eu só peguei emprestado para buscá-la — me
defendo, fazendo cara de inocente.
— Mas então teve a brilhante ideia de transar no meu carro? — Franze
o cenho.
Só sorrio para ele e mando um beijinho em sua direção.
— Cara, nem o Bennett transa no carro dele, Aaron — Simon conta,
se acalmando.
— Ah! Então, ele estava precisando de uma inauguração.
— Eu vou matar esse cara. — Bennett aponta com o polegar em
minha direção.
— Não dá — Simon avisa. — Precisamos dele no time.
— Obrigado por me mostrar que só tenho uma serventia — finjo estar
chorando.
Bennett suspira e balança a cabeça em negação.
— Primeiro usou meu creme e agora descubro que transou no meu
carro. — Diminui a velocidade, quando chegamos em frente a garagem. —
Devo me preocupar com mais alguma coisa minha? — Aperta o botão no
controle e imediatamente a porta começa a abrir.
— Pode ficar tranquilo que não irei mexer com o Simon — digo, e
pisco um dos olhos para o meu amigo sentado no banco do carona.
— Cuzão idiota.
Escuto-o xingar, enquanto entra com o carro na garagem, e acabo
rindo por conta da sua pequena explosão.
Tenho reparado que Bennett está mais solto comigo e com Liam. Não
que não sejamos amigos, porque nós somos. Tenho certeza de que um dos
melhores momentos que vivi nessa faculdade, foi encontrar esses dois
idiotas e formar uma amizade com eles.
Vê-lo assim, mais relaxado e descontraído, é incrível. Se eu estiver
certo, essa sua melhora de humor, tem a ver com ele não passar as festas de
fim de ano em casa.
Bennett nunca me contou propriamente o que rola na sua casa, mas
pela maneira que ele volta fechado e recluso, não deve ser uma coisa boa.
Desligando o carro, descemos e quando estamos perto da porta, me
lembro do presente de Holly.
— Ei, Bennett?
— Que foi?
— Onde está o presente da Holly? — pergunto.
— No porta-malas. — Faz o caminho de volta até a traseira.
— Poderia ter me dado a chave — aviso, seguindo-o.
— E correr o risco de você sumir com elas e transar aqui de novo? —
Aperta um botão e o porta-malas se abre. — Nem pensar.
— Quando vai esquecer isso, hein? — pergunto, pegando a grande
caixa com um laço branco em volta.
— Nunca, talvez? — Fecha a mala e seguimos em direção a porta que
liga a garagem a casa.
— Mas só foi uma vez — digo.
— Não interessa — rebate. — O que quero saber é se você mandou
lavá-lo. — Para de repente, quase me fazendo bater em suas costas. — Você
mandou lavar, né?
Encaro-o por alguns segundos sem saber o que dizer.
— É...
— Aaron... você mandou lavar o meu carro, né? — me interrompe, e
sua voz tem um tom de aviso.
— Mas é claro. — Passo por eles e vou em direção a casa. — Vamos
logo, antes que não dê para entrar mais.
Entramos pela cozinha, que se encontra vazia, e seguimos em direção
a sala, que diferente do cômodo anterior, está lotada. Olho para tudo à
minha volta, e ainda fico surpreso com o tamanho desse lugar.
Quando Holly contou que estaria se mudando e que sua festa de
aniversário seria em sua casa nova, eu não imaginava que seria um lugar tão
grande assim. Tudo bem que seus pais são ricos para caramba, mas dar uma
casa desse tamanho para duas meninas morarem? Eu acho um pouco
demais.
A casa conta com cinco quartos e banheiros, uma sala de estar enorme,
sala de jantar, sala de jogos e uma piscina gigante.
Ainda sinto dores nas costas por ter ajudado com a mudança.
Minha irmã não tinha muitas coisas para trazer.
Já Holly...
Perdi as contas de quantas vezes Liam e eu subimos com suas malas.
— Já os encontrou? — Simon pergunta atrás de mim,
Olho em volta e encontro Liam abraçando minha irmã por trás e
Harry, Maddy e Genna, em um canto mais vazio.
— Ali estão eles. — Aponto na direção em que estão e seguimos até lá
— E ai, pessoal! Demoraram — Maddy nos cumprimenta.
— Ficar gato dessa maneira demora, ruiva — Simon responde,
cumprimentando-a com um beijo em sua bochecha. — Carrie a Estranha,
gostei. — Segura em sua mão e a faz dar uma voltinha. — Gostei da
fantasia, Hanna — elogia a fantasia de Wandinha Addams que ela usa. —
Chucky, Liam? Ficou maneiro.
Minha irmãzinha estava linda com um vestido preto, curto, meias
rendadas, sapatos também pretos, e uma peruca morena com duas marias-
chiquinhas.
— Hanna quem escolheu. — Dá de ombros.
Enquanto o assunto das fantasias está rolando, vou me aproximando
de Liam devagarinho.
— Preciso de ajuda — sussurro em seu ouvido.
— Que merda você fez agora? — Solta minha irmã e vira em minha
direção.
— Quem disse que eu fiz algo!? — Liam me lança um olhar de eu te
conheço. — Tá bom — assumo. — Preciso de um lugar para lavar um
carro.
— Lavar um carro? — pergunta um pouco alto demais.
— Fala baixo, seu cuzão. — Olho por cima de seu ombro para ver se
alguém escutou, mas todos estão concentrados demais na conversa deles.
— Por que precisa lavar um carro? — volta a perguntar, agora
sussurrando.
— Porque ele acabou transando com a Holly no carro do Bennett —
Simon responde, chegando por trás do Liam. Encaro-o com surpresa. — Eu
sabia que não tinha lavado nada — assume.
— Tá de sacanagem? — Liam sussurra, olhando para mim e para o
nosso amigo.
— Quem dera. — Balança a cabeça em negação. — Bennett quase o
mata.
— Por que insiste em usar as coisas do Bennett? — meu melhor amigo
pergunta.
— Foi sem querer — digo, ajeitando a caixa em meus braços. — Não
planejava transar com ali. — Realmente, quando fui buscar Holly, a
intenção era trocar alguns beijos, mas a coisa foi perdendo o controle e deu
no que deu. — Vai me ajudar ou não?
Liam pensa por um tempo, até que concorda.
— Vou levar onde costumo levar o meu.
— Como vai fazer pra pegá-lo? Ele não vai querer te emprestar.
— Vou dar meu jeito — Faz um movimento com as mãos. — Agora,
vamos mudar de assunto porque ele está vindo aí — Liam avisa e viramos
em direção a Bennett.
— Jogador de Hóquei? Sério? — meu melhor amigo pergunta,
encarando-o de cima a baixo.
— Eu disse que ele poderia ter caprichado mais — digo.
— E você? Está vestido de quê? — Liam pergunta, e quando vou
responder, uma voz diz atrás de mim.
— É o Comandante Chefe e Regente do Setor 45. — Só de escutar a
sua voz, sinto os pelos da minha nuca se arrepiarem. — Aaron Warner.
— Exatamente. — Me viro para ela e sinto o baque quando a vejo. —
Olá, linda. — Me aproximo, seguro a caixa com uma mão e com a outra
envolvo sua cintura. — Feliz aniversário! — Beijo sua bochecha. — Você
está deslumbrante.
Analiso-a dos pés à cabeça.
— Obrigada. — Dá uma voltinha. — Já você. — Me olha de cima a
baixo. — Está incrível! Olha só tudo isso. — Pega minha mão com o anel.
— Até o anel você está usando. — Levanta a cabeça e quando foca seus
olhos nos meus, sua boca se escancara. — Está de sacanagem?
— O quê?
— Você está de olhos verdes? — Aproxima o rosto do meu.
— Aham — afirmo. — Já que é tão apaixonada por esse cara. Decidi
me tornar ele por um dia — conto.
— Você não existe. — Balança a cabeça como se não estivesse
acreditando ainda.
— Existo, sim. E sou todo seu — sussurro bem rente eu seu ouvido.
Sinto seu corpo tremer, e sorrio feliz pelo feito. — Mas e você? Qual é a
sua fantasia? — pergunto curioso.
Nunca vi esse personagem com chifres na cabeça. Ou seria o cabelo
dela?
Antes que Holly possa me responder, Harry pergunta:
— Você está de Jude Duarte, Holly?
— Ela mesma. — Dança no mesmo lugar, para mostrar sua fantasia.
Ela está incrível.
Sua calça de couro preta e colada, abraça suas coxas e sua bunda de
uma maneira que faz o meu pau pulsar. E para fechar, ela usa uma blusa
branca, com um corpete, que faz seus seios ficarem em evidência.
— Está escorrendo aqui, irmãozinho. — Hanna finge limpar o canto
da minha boca.
— Bobona. — Dou um tapinha leve em sua mão.
O que posso fazer?
Holly consegue me hipnotizar em questão de segundos.
— Adorei as fantasias. — Holly olha para todos nós.
Genna está vestida de A Pequena Sereia. Tenho que admitir que ela
está linda com tranças na cor vermelha. Harry está vestido de Harry Potter,
uma fantasia que combina muito com ele.
Todos estão incríveis.
— Você está incrível, Holly. — Simon se aproxima e a abraça. —
Feliz aniversário!
— Obrigada, Super Choque — agradece. — Sabia que sempre tive
uma quedinha por ele?
— Jura? Bom, talvez agora você possa realizar seu sonho de ficar com
ele. — Levanta as sobrancelhas de maneira sugestiva e morde a bochecha
dela.
Holly começa a rir das gracinhas de Simon, e eu só sinto vontade de
arrancar suas mãos fora.
— Acho que já passou tempo demais com as mãos em cima dela —
digo, encarando-o.
— Você acha? Nem percebi — se faz de desentendido.
— Simon — respiro fundo. — Eu vou morder seu pau e arrancar fora.
— Cara, geralmente as pessoas o chupam. Nunca tinha tentado dessa
maneira — responde e todos à nossa volta começam a rir.
— Vocês são loucos — Genna ri, se apoiando nos ombros de Liam.
— Não sabia que era ciumento, Gibi — sussurra em meu ouvido,
fazendo meu corpo estremecer.
— Só quando se trata de você. — Encaro-a, e sinto uma vontade quase
sufocante de beijar sua boca.
— O que tem aí? — Olha para o embrulho em minha mão.
— Seu presente de aniversário. — Tiro de sua direção quando tenta
pegá-lo. — Mas só pode abrir depois.
— O quê? Por quê?
— São as regras. — Dou de ombros. — Você não gosta de regras?
Espremendo os olhos em minha direção, ela sorri de lado.
— Já que é assim. Tenho um favor a pedir.
— Até dois.
Sorrindo, ela continua:
— Me ajude a levar esse presente lá para cima. — Aponta para o saco
de veludo vermelho, cheio de presentes.
— O que está aprontando? — pergunto desconfiado.
— Nada, ué. — Se faz de Inocente. — Só preciso de ajuda com isso
aqui.
— Tudo bem, então. — Pego o saco e o coloco por cima do ombro. —
Vamos?
Concordando com a cabeça, ela passa a me seguir.
Vamos em direção a escada, e parece que desde que cheguei, o lugar
ficou mais cheio do que antes.
Assim que chegamos em frente a uma das portas do corredor, Holly
vai na minha frente e a abre primeiro.
— Bem-vindo ao meu quarto. — Entra primeiro e paro no meio do
cômodo.
— Um belo quarto — digo, olhando em volta.
É um lugar bem amplo e arejado.
A cama está posicionada no meio do quarto, enquanto sua
escrivaninha fica bem embaixo da janela, e percebo que tem uma porta do
lado esquerdo de sua cama. Onde imagino ser o banheiro.
— Então? — Vai até sua cama e se senta. — Posso abrir o meu
presente agora?
— Sabia que nossa vinda aqui não era à toa. — Me aproximo e jogo a
caixa ao seu lado da cama.
— Você me conhece tão bem.
— Com a palma da minha mão. — Paro na sua frente, e fico a
admirando. — Você poderá abrir, mas com uma condição. — Tiro meu
sobretudo e o jogo no chão do quarto.
— Que condição? — Se levanta, ficando com o corpo colado ao meu.
— Lembra que no meu aniversário você me concedeu desejos? —
Apoio minhas mãos em sua cintura.
— Lembro.
— Bom, agora é a minha vez de realizar um seu. — Aproximo nossos
rostos e seu cheiro doce e delicado me consome.
— E qual seria esse desejo? — sua voz é baixa e sensual.
— De beijar o próprio, Aaron. — Faço um trocadilho por conta da
minha fantasia.
Ela sorri para mim, e sem esperar pela sua resposta, junto nossos
lábios de uma vez.
Me faça sua a noite toda

Só me faça sua de novo, me faça sua de novo

Faça o que for

Me faça ficar acordada a noite toda


Kiss it Better – Rihanna

Me pegando de surpresa, Aaron choca sua boca contra a minha, ele


suga o meu lábio inferior e sua língua abre caminho, explorando minha
boca com vontade. Ele tem gosto de menta, provavelmente da sua pasta de
dentes. Uma de suas mãos desce em direção a minha bunda, enquanto a
outra aperta firme minha cintura.
Aproveitando a deixa, minhas mãos começam a explorar o seu corpo,
subindo pelos braços tatuados, sentindo seus músculos definidos pelos
treinos frequentes. Uma delas se entranha em seus cabelos fartos e macios,
mas não longos o suficiente para serem puxados, e imagino qual seria sua
reação caso eu fizesse isso.
Será que ele os deixaria crescer se eu pedisse?
— Estou vendo que gostou de um dos meus presentes. — Passa a
beijar o meu pescoço e a junção do ato com sua voz rouca, fazem meu
corpo tremer.
— Parece que sim — concordo.
Com dedos ágeis, ele começa a desfazer os laços do meu corpete e em
poucos segundos, a peça de couro encontra morada no chão, junto da minha
camisa branca, que acaba tendo o mesmo destino.
— Linda — sussurra, encarando meus seios que estão sendo
escondidos de seus olhos por conta do sutiã preto rendado. — Eu amo
quando usa renda. — Desliza seus dedos pelo cós da minha calça, e acaba
tocando em minha pele.
Esse simples contato acaba acendendo todo o meu corpo, incendiando
o meu tesão por ele que volta a chupar meus lábios com luxúria.
Mais. Eu preciso de mais dele nesse exato momento. Preciso sentir sua
pele na minha e todas as sensações que só ele me faz sentir.
Levando suas mãos até a minha calça, abre meu zíper e se livra da
minha calça em questão de segundos.
— Achei que o desejo estava relacionado a beijos — digo, arqueando
uma das sobrancelhas.
— Sabe que quando envolve nós dois — segurando em minha cintura,
me deita na cama, meu corpo quente treme pelo contato do lençol gelado
—, não conseguimos ficar só nos beijos.
Subindo em cima de mim logo em seguida, eleva minhas mãos acima
de minha cabeça, prendendo meus pulsos e volta a investir em meus lábios.
Nossas línguas lutam uma batalha em que a vitória é certa para ambos
os lados. Imediatamente, os quadris de Aaron passam a acompanhar o ritmo
de sua língua, em uma dança perfeita e sensual.
Tento libertar minhas mãos de seu agarre, mas Aaron os segura com
mais firmeza.
— Não se mexa, linda. — Levanta seu rosto e me encara. — Hoje
quem está no comando sou eu.
Com um movimento rápido, ele me vira de costas, me fazendo arfar
pela surpresa, e com uma das mãos segura meus braços para trás.
— O que está fazendo? — pergunto, quando sinto algo gelado
envolver os meus pulsos. Ele não responde minha pergunta e continua a
prendê-los. Sinto seu peso sair da cama e quando tento movimentar minhas
mãos, sinto a corrente deter meus movimentos. — Aaron…
— Shii… quietinha, linda. Ou serei obrigado a amordaçá-la — sinto
sua língua quente subir do meu cóccix até a altura dos meus ombros. — E
você sabe o quanto gosto de ouvir você gritar enquanto toma o meu pau.
— Quer dizer que me fará gritar bastante hoje? — desafio-o, olhando-
o por cima do ombro.
— Está me desafiando, pequeno Carma?
Sorrindo, mordo meu lábio inferior e dou de ombros.
— Entenda como quiser. — Sem que eu espere, ele desfere um tapa
em minha bunda, me fazendo arfar pela surpresa, e sinto minha boceta se
contrair pela ação sofrida. — Não me desafie, linda. — Acaricia a pele
ardida. — Sabe que cumpro todas as minhas promessas.
Isso, eu não posso discordar.
Tudo o que me promete, ele cumpre de uma forma ou de outra. Mas
como gosto de vê-lo irritado, finjo duvidar.
— Até agora só recebi promessas, Aaron, e nenhuma ação — o
instigo, esperando uma reação. — Acho que tudo o que diz não passam de
palavras vazias.
— Você gosta de me desafiar, não é? — Segura em meus cabelos e os
puxa, me ajoelhando na cama.
— É a parte preferida do meu dia. — Viro o meu rosto para o seu.
Aaron sorri para mim e volta a atacar meus lábios com voracidade
enquanto sua mão livre desce pela minha barriga, até chegar ao cós da
calcinha também rendada, e sem hesitação, desliza sua mão para dentro até
que encontre o meu clitóris.
Tenho que morder meus lábios para não deixar que meus gemidos
escapem, quando uma carícia leve e contínua, começa.
— Olha como você está molhada, linda. — Investe mais seus dedos
em mim. — Tenho certeza de que você irá engolir meu pau por completo.
Beija minha bochecha, enquanto seu polegar trabalha em meu clitóris,
ele desce dois dedos até minha entrada e me penetra.
— Aaron… — gemo seu nome, deitando minha cabeça em seu ombro.
— Mais.
— Já está gemendo por mim, linda? — Sem esperar por uma resposta
minha, ele aumenta a velocidade dos seus movimentos, me fazendo ver
pontinhos brilhantes através dos meus olhos fechados. Os músculos da
minha boceta se contraem quando sinto o orgasmo se formando. A
respiração desregulada, se mistura com meus gemidos em um aviso para ele
que estou a poucos passos de gozar. — Goza pra mim, linda — Morde o
lóbulo da minha orelha.
E como se eu precisasse só do seu consentimento, minha boceta se
contrai e eu gozo em seus dedos, os esmagando dentro de mim, enquanto
meu corpo solta espasmos.
Meu corpo pende para a frente, e eu teria caído se não fosse Aaron me
segurando pela cintura.
— Linda e deliciosa como sempre. — Olho por cima do ombro e vejo
o exato momento em que leva seus dedos melados com o meu orgasmo até
a boca e o chupa até que fiquem completamente limpos. — Nunca me
cansarei do seu gosto. — Diz, com os olhos presos nos meus.
Tomando a iniciativa, choco meus lábios com os dele, os
reivindicando com minha língua em um beijo ardente. Sinto seu pau duro
roçar em minha bunda, e sinto uma vontade urgente de tê-lo dentro de mim.
— Acho que você está vestido demais — murmuro com meus lábios
ainda nos dele.
— Não seja por isso.
Aaron se afasta de mim, e aproveito a deixa para me virar na cama e
me sentar de frente para ele. Acompanho todos os seus movimentos, e em
poucos segundos, ele está gloriosamente nu na minha frente.
Passo a analisá-lo por completo. Desde as coxas torneadas por conta
dos seus treinos, a virilha com pelos aparados, seu pau ereto e sedento por
atenção, subo o olhar para seu abdômen tatuado e malhado, e a vontade que
tenho é de lamber cada um dos desenhos que tem ali. Continuo minha
inspeção por suas mãos grandes, também tatuadas e com veias
sobressalentes. E só de lembrar que há poucos minutos essas mãos estavam
me fazendo delirar, minha boceta se contrai em contentamento.
— Gosta do que vê, linda? — pergunta, se aproximando.
— Sabe que sim — confirmo, mirando seus lábios inchados pelos
beijos trocados.
Sorrindo, ele apoia o joelho na cama, sobe em cima de mim mais uma
vez e estremeço quando seu pau quente encosta em minha coxa.
Tento tocá-lo, mas sou impedida pela corrente que ainda me prende.
— O que foi? — pergunta.
— Pode me soltar? — Movimento os braços atrás das costas.
— Acho que não. — Segura o cós da minha calcinha. — Quero você
exatamente assim. — Passa o polegar bem de levinho em meu ventre e
tento apertar as coxas por conta do estímulo.
— Rendida?
— Com certeza. — Sela nossos lábios rapidamente. — Agora chega
de conversa. Preciso te comer agora mesmo.
Antes que eu me dê conta de como, ele rasga minha calcinha com um
único puxão, segura em minha cintura e me vira de uma vez, fazendo meu
rosto se afundar nos travesseiros, depois segura o meu quadril, o ergue até
ele e passa a alisar a minha bunda
— Eu ainda irei enterrar meu pau bem aqui. — Acaricia minha bunda
e sinto meu ânus se contrair em expectativa. — Mas não será agora. —
Aaron ajeita seu pau em minha entrada, e com uma única estocada entra
fundo em mim, me fazendo gritar. — Caralho, linda. Como você é gostosa
— diz, e sinto as paredes da minha boceta estrangularem seu pau.
Aaron fica parado alguns segundos, e sei que faz isso para que não
goze rápido demais.
— Puta merda — minha voz sai abafada por conta dos travesseiros,
quando o sinto se movimentar dentro de mim.
Seus movimentos são ritmados. Ele quase sai por completo e volta a se
enfiar bem fundo em mim, e gemendo, passo a rebolar em seu pau,
acompanhando o ritmo de suas investidas em mim.
Subindo as mãos pela minha coluna, ele chega à altura do meu
pescoço, o envolve com seus dedos tatuados, e me puxa novamente em sua
direção.
— Eu disse que queria escutar os seus gritos — diz, sem parar com as
investidas.
— Aaron… — gemo, já alucinada pelo prazer que é estar em seus
braços. O som dos nossos sexos molhados por nossa excitação, ecoa por
todo o quarto, misturados aos nossos gemidos. Ele leva sua mão livre em
direção ao meu clitóris e passa a estimulá-lo. Jogo minha cabeça para trás,
escondo meu rosto em seu pescoço e rebolo junto aos seus dedos. — Não
para — peço, já sentindo meu orgasmo se formando.
— Nem que o mundo estivesse acabando lá fora — responde e
continua a estocar fundo dentro de mim.
— Aaron… — Sem que eu precise dizer algo, ele aumenta a
velocidade das investidas.
— Goza no meu pau, linda — ordena, colocando mais força no aperto
em meu pescoço.
— Eu vou… — tento avisar, mas já é tarde demais e gozo.
Aaron libera meu pescoço do seu aperto, desamarra minhas mãos
rapidamente e ele tem que me segurar pela cintura para que eu não caia no
colchão.
Ele acabou comigo, me fazendo gozar duas vezes seguidas.
— Vou gozar — avisa, saindo do meu interior e poucos segundos
depois, sinto os jatos quentes de sua porra em minhas costas. — Minha
porra fica linda demais em você — diz, beijando minha cabeça.
Sem aguentar mais, caio no colchão, deitada de bruços, e acabo sendo
seguida por Aaron.
Deitados um ao lado do outro, com nossas respirações entrecortadas,
suados e cheirando a sexo, eu tenho certeza de que não há outro lugar em
que eu queira estar a não ser em seus braços. Isso me assusta e muito.
Em silêncio, passamos a nos encarar.
— Seus olhos são tão lindos — diz, levando sua mão em direção aos meus
olhos e eu acabo os fechando para receber o carinho. — Aliás, você é toda
linda. — Desce o carinho pelo meu rosto até chegar a minha cintura, e me
puxa em sua direção.
Sinto meus músculos tensionarem.
— O que está fazendo? — Me afasto para olhar melhor para ele.
— Te abraçando. — Me ajeita em seus braços. — Por quê? — Sua
pergunta vem com um arquear de sobrancelhas.
Fico o encarando por alguns segundos sem dizer nada e pensando no
porquê não podemos burlar uma de nossas regras só por hoje.
É então que deixo pra lá, e me aconchego em seus braços, e Aaron
passa a fazer um carinho gostoso e constante em meus cabelos.
Antes de Aaron aparecer, nunca gostei que as pessoas ficassem me
abraçando muito. Na verdade, eu ainda não gosto, mas algo nele me faz
querer ficar sempre assim.
Não sei quanto tempo ficamos em nosso próprio mundo, mas
acabamos despertando por conta de um barulho forte lá fora.
— Você fechou essa porta, né, Holly? — Levanta sua cabeça e olha da
porta pra mim.
— Está com medo de que vejam sua bunda, Gibi? — Me levanto de
uma vez, aproveitando que fomos tirados de nossa bolha.
— Não me importa que vejam minha bunda. — Se levanta também.
— Então o quê? — pergunto, me olhando no espelho ao lado da minha
cama e me assusto com o emaranhado que o meu cabelo se tornou.
— Não quero que vejam a sua bunda. — Para atrás de mim. — Até
porque, ela é só para os meus olhos.
Bate e a aperta em seguida.
— Se você diz. — Dou de ombros e volto a tentar desfazer o penteado,
mas acabo gemendo de dor quando puxo os fios com força.
Merda de penteado difícil.
— Quer uma ajudinha aí? — Aponta para o meu cabelo que está
ficando mais emaranhado do que antes.
— Por favor — suspiro, desistindo de uma vez.
Aaron me leva pra cama, me senta na beirada, e começa a desfazer o
penteado.
Ele tenta ao máximo não me machucar, mas acaba puxando um fio ou
outro.
Poucos minutos depois, puxa o último nó, e tira a estrutura que tinha
feito para conseguir fazer o cabelo da personagem Jude Duarte.
— Pronto. — Beija meu nariz algumas vezes.
Acabo rindo por conta das cosquinhas que sinto.
— Para — ainda rindo, bato em seu braço.
Sorrindo, ele envolve minha cintura com seus braços.
— Tudo bem, eu paro.
— Obrigada — agradeço, dando-lhe um selinho rápido e sigo em
direção ao banheiro.
— Onde está indo? — pergunta, vindo atrás de mim.
— Tomar banho. Ou acha que voltarei cheirando a sexo?
— Eu adoraria que você ficasse a festa inteira com o meu cheiro. —
Vem em minha direção. Encaro-o com uma das sobrancelhas arqueadas, e
cruzo meus braços em frente ao corpo. — Mas acho melhor tomarmos um
banho. — Entra no banheiro antes de mim.
Sorrindo, balanço a cabeça e o sigo.
Você é como um sopro de ar fresco em meus pulmões

Você e eu dançando da noite até o amanhecer


Ready or Not – Bridget Mendler

Termino de colocar minha camisa, e decido ficar sem o sobretudo.


— Nunca imaginei que veria um Aaron Warner tão tatuado assim —
Holly comenta atrás de mim.
Passo as mãos em meus cabelos úmidos e me viro para ela.
— Estou vendo que realmente fiz a coisa certa ao escolher essa roupa.
— Aponto para cima e para baixo como se estivesse me apresentando.
— É, você fez sim. — Abotoando seu sutiã, vai até sua penteadeira
pegar sua escova de cabelo e começa a pentear os seus fios também úmidos.
— Aliás, como sabia da existência do Aaron e como conseguiu as roupas
tão parecidas assim? — pergunta e conto a metade da verdade.
— A publicação que fez sobre seus mocinhos preferidos.
— Ainda não me conformei com todos aqueles comentários. —
Termina de pentear o cabelo e joga a escova em cima da cama.
— Que foi? Só estava te ajudando — me faço de inocente.
— A gente pode se conhecer há poucos meses, Aaron. Mas já o
conheço bem o bastante para saber que aquela chuva de comentários não foi
um caso isolado. — Aponta o dedo em minha direção.
Parece que ela me pegou.
Ah, mas quer saber? Nem ligo. Assim ela fica ciente sobre o que
penso dessa lista idiota.
— Que roupa vai colocar? — mudo de assunto quando vejo-a indo em
direção ao seu armário.
— Tenho uma fantasia extra. — Abre a última porta da esquerda e
pega um macacão de cor roxa.
— Ah! Agora sim. — Vou até ela.
— Agora sim o quê? — pergunta confusa.
— Estaremos vestidos como um casal de verdade. — Pego o macacão
de sua mão, vamos em direção ao espelho, e quando paramos em frente ao
mesmo, coloco a peça roxa em sua frente e paro ao seu lado. — Olha como
ficamos lindos juntos. — Indico nosso reflexo com o queixo.
— Como sabe de quem é essa roupa? — Afasta minha mão e se vira
pra mim.
— Hã… — Passo as mãos nos cabelos e olho para os lados.
Hanna vai me matar.
Ela me fez prometer que não contaria para Holly que me ajudou com a
fantasia.
— Então, Aaron? — Cruza os braços em frente ao corpo e bate um
dos pés, incansavelmente, no chão.
— Tá, tudo bem — me dou por vencido —, Hanna me ajudou com a
fantasia em partes.
— Como assim “em partes”?
— Bom. Estávamos decidindo como iríamos. Então eu disse que viria
desse cara. — Aponto para mim mesmo. — Até porque sou o único homem
que deve estar em seus pensamentos.
— Aaron — protesta.
— Que foi? — pergunto. — Só disse a verdade. — Dou de ombros.
Ela faz menção de dizer alguma coisa, mas acho que desiste pegando a
roupa da minha mão e vestindo.
Já disse como amo essa mulher brava? É que sempre que posso, faço
algo para irritá-la?
Holly fica linda quando é contrariada, e eu sou especialista em fazer
isso.
— Pode me ajudar aqui? — pede minha ajuda com o zíper.
— Claro. — Vou até ela e a ajudo a fechar sua roupa. — Uau, agora
entendo por que aquele loiro é caidinho pela garota.
Olho para ela de cima a baixo.
O macacão parece o que a Halle Berry usou em Mulher Gato. Ele é tão
colado que evidencia cada curva do corpo dela.
E que corpo!
Tenho que respirar fundo e ajeitar meu pau na calça para que não fique
tão escancarado quando a vejo vestida assim.
— Ele é bem justo, não é? — digo, com meus olhos focados em seus
seios.
— É sim. Por quê? Algum problema?
Sua voz áspera me faz levantar a cabeça com pressa, e quando a olho,
encontro-a com uma expressão séria em seu rosto. Diria até que
desafiadora.
O que houve?
Será que falei algo errado?
— Não, muito pelo contrário. — Seguro em sua cintura e a puxo para
mim. — Está tudo mais do que perfeito.
Aos poucos, seu rosto vai se tornando mais sereno. O que será que
houve aqui?
Estou quase perguntando o que aconteceu, quando ela se afasta de
mim e vai em direção a porta.
— Vamos descer? Devem estar nos procurando.
Fico a estudando por alguns segundos, até que decido segui-la de uma
vez.
Estou quase a alcançando quando acabo chutando algo, e quando olho
para baixo, vejo alguns presentes se espalhando por todo o quarto.
— Mais que merda — xingo quando vejo que meu presente para ela
caiu do topo da pilha.
Espero que não esteja amassado.
— Que isso? — pergunta, se abaixando e pegando o pacote de
presente.
— Seu presente de aniversário — respondo, quando vejo que se trata
do meu. — Por que não abre?
— Agora?
— É, ué — incentivo-a. — Não vai fazer diferença se demorarmos
mais um pouco.
— Já que é assim. — Holly volta a seguir em direção a sua cama, se
senta e começa a desembrulhar o presente. Em questão de segundos, há
papel de presente espalhado por toda a cama. — O que é isso? — pergunta
curiosa, olhando para a caixa em seu colo.
— Você terá que abrir pra descobrir — incentivo-a.
— Quanto mistério. — Tira a fita branca que envolve a caixa. —
Espero que não sejam fotos suas pelado.
— Pra que fotos se você pode ver e tocar quando quiser?
— Vai me dizer que não teve essa ideia? — Me olha com uma das
sobrancelhas levantada.
— Tudo bem, eu assumo. — Faço um movimento de desdém com a
mão.
— Quem te proibiu? — pergunta, desfazendo o laço de uma vez.
— Bennett — suspiro.
Aquele estraga-prazeres.
Não era um nude de verdade. Era só uma foto minha de cueca branca.
Mas o cuzão não me deixou revelar a foto de jeito nenhum.
— Você é… — Suas palavras morrem assim que abre a caixa e vê o
que tem lá dentro. — Aaron?
— O quê?
— Está falando sério? — Pega os livros de capa branca com tanta
delicadeza, que parece que está manuseando uma peça feita de cristal. —
Essa é a edição de capa branca de Príncipe Cruel. — Olha pra mim e volta
a olhar para os livros em sua mão.
— Isso aí.
— Como os conseguiu? — Seus olhos estão arregalados, sem acreditar
no que está vendo.
— Um amigo de um conhecido do curso do Bennett está se
desfazendo de algumas coisas materiais e essa edição especial de
colecionador estava inclusa — conto.
Desde que descobri sobre o aniversário dela, passei a procurar em
todos os lugares o presente perfeito. Já estava sem esperanças, quando mais
uma vez, minha linda Bonequinha me salvou ao contar sobre as coisas que
a melhor amiga poderia querer, e mais sorte ainda foi Bennett chegar
poucas horas depois, avisando sobre o bazar que o amigo de um conhecido
dele iria fazer.
Quando ele me mostrou as fotos e vi que justamente aqueles livros
estavam para serem vendidos, não perdi tempo e fui comprá-los o mais
rápido possível.
Fiz um rombo nas minhas economias, mas por ela valia a pena.
— Eu nem sei o que dizer. — Levanta o rosto e posso ver que seus
olhos estão marejados.
— Que tal: Aaron, você é o melhor do mundo, eu não vivo sem você e
você é o cara mais gostoso que já conheci? — Enumero nos dedos de
acordo com o que vou falando.
Rindo, ela coloca os livros de lado, se levanta e se joga em meus
braços, me apertando forte pelo pescoço.
— Você realmente é o melhor homem do mundo e com certeza é o
mais gostoso que já conheci — diz rindo, me fazendo rir também.
— Obrigado por confirmar — digo e beijo seus lábios rapidamente.
Apertando mais seus braços em volta da minha cintura, ela apoia seu
queixo em meu peito.
— Obrigada. Esse é o melhor presente do mundo.
Meu coração dispara, só de saber que a deixei desse jeito.
— Eu fui feito para te fazer sorrir, Holly. — Puxo-a mais para perto e
a abraço forte.
Ela afasta o rosto do seu esconderijo, me encara com seus lindos olhos
castanhos que me desestabilizam em questão de segundos, e sem que eu
espere, junta nossos lábios em um beijo lento e gostoso, onde aproveito
cada segundo.
É. Parece que eu realmente fiz a escolha certa.

Estamos descendo o último degrau, quando somos parados por Jesse.


— Ah, aí está a aniversariante.
Se aproxima e beija sua bochecha uma de cada vez.
Encaro-o, e o gosto amargo do ciúmes, me sobe à garganta.
O que esse cara quer, hein? Por que precisa tocá-la dessa maneira? Só
um “feliz aniversário, Holly”. Já é mais do que o suficiente. Não precisa de
toda essa festa.
— Oi, Jesse — ela o cumprimenta. — Que bom que veio.
— Não perderia a chance de te ver. — Abre um grande sorriso e pisca
em direção a ela.
Que cara de pau.
Ele não está me vendo aqui, não?
Não viu que estávamos juntos?
Estamos de mãos dadas e acabamos de descer da área dos quartos.
Brincando de pique-esconde com certeza não estávamos.
— Queria te entregar seu presente. — Estende um embrulho verde em
sua direção.
Já errou na embalagem, cara.
Holly odeia verde.
Como uma pessoa pode dar um presente para a outra, sem saber quais
gostos a pessoa tem?
— Obrigada. — Pega o pacote de sua mão e começa a abri-lo.
— Espero que goste — diz, enquanto abre.
Tenho que prender a risada quando ela tira um ursinho de pelúcia,
verde, com um arco-íris na barriga, de dentro da sacola.
— Ótima escolha, gênio — sussurro e Holly pisa no meu pé
— Disse algo, Aaron? — Jesse pergunta.
— Eu? Não. — Balanço a cabeça em negação.
Se dando por satisfeito com a resposta, ele se vira para Holly mais
uma vez, e volta a puxar assunto.
Meu Deus! Esse cara não vai parar de falar?
— Vi na loja e pensei em você. — Aponta para a pelúcia em sua mão.
— Ah... é bem legal. — Encara o presente em sua mão, sem saber
muito o que dizer.
— Sabe, eu queria saber...
Cansado desse cara em cima dela, tomo à frente no assunto,
interrompendo-o.
— Jesse, nossos amigos estão nos procurando. — Tiro o urso das
mãos de Holly e o encaro.
Ele nos observa por alguns segundos, desce seus olhos para as nossas
mãos e volta a olhar de mim para a mulher ao meu lado, mais uma vez.
É, cara, é isso aí. Estamos juntos.
Não do jeito que quero.
Ainda!
Que fique bem claro.
Mas logo, logo, Holly usará uma aliança de namoro em seu dedo
anelar.
— Ah! Entendi. — Coloca as mãos no bolso um pouco sem graça. —
Bom, nos vemos por aí, Holly — se despede dela. — Aaron. — Me oferece
um aceno de cabeça e sai.
Repouso meu braço no seu e digo:
— Vamos?
— Ciúmes, Aaron — diz, enquanto começamos a andar.
— Sim. Sou bastante ciumento com tudo o que é meu — respondo,
olhando em volta à procura dos meus amigos.
— E desde quando sou sua? — Para no meio do caminho e me encara.
Fixo meus olhos nela e passo a fazer um carinho em sua bochecha.
— Desde o dia em que coloquei meus olhos em você. — Puxo-a em
minha direção e beijo seus lábios rapidamente. Seu olhar é excitante nesse
momento, e sei exatamente o que está se passando pela sua cabeça. Ela com
certeza está procurando um jeito de me dizer que nossa relação não passa de
uma amizade com benefícios, e que essa história de que ela é minha e só
minha, não existe. — Eu sei o que vai dizer, pequeno Carma. — Seguro em
seu queixo e viro seu rosto de um lado para o outro lentamente. — Mas isso
não muda o fato de que você é minha e eu sou seu. — Beijo seus lábios
mais uma vez, sugando o inferior e o mordendo em seguida. Seu corpo
treme em meus braços, e sei que essa discussão está ganha. — Agora,
vamos! — Pego sua mão e entrelaço nossos dedos. — Vamos encontrar
nossos amigos logo.
Caminhamos por quase toda a sala e por ela estar completamente
lotada, acabamos levando mais tempo para encontrá-los do que o normal.
Mas depois de um tempo, os encontramos sentados em uma mesa, na parte
externa.
— Ora, vejam quem decidiu aparecer — Simon é o primeiro a falar,
quando chegamos. — Onde vocês estavam?
— Você quer mesmo saber, Simon? — Maddy pergunta, bebendo seu
drink de coloração rosada.
— Não estávamos fazendo nada demais — digo, puxando uma cadeira
vaga e acomodando Holly em meu colo, que me lança um olhar
questionador. — O quê? Esse é o único lugar vago — respondo sua
pergunta silenciosa.
Aperto seu quadril quando ela se ajeita em meu colo, e acaba
esfregando sua bunda em meu pau. Suspirando, acabo percebendo que não
foi uma boa ideia ter feito isso. Sua troca de roupa com certeza me trará
problemas. Terei que passar a noite inteira me concentrando para não ficar
de pau duro.
Volto minha atenção para eles.
— Sei — Simon duvida.
— Fui ajudá-la a subir com os presentes e aproveitei para entregar o
meu. — Aperto sua cintura, quando ela se mexe no meu colo.
— Pelo visto o presente foi bem aproveitado — minha irmãzinha
comenta, sentada no colo de Liam. — Você não estava com outra fantasia?
— Hanna sorri ao levantar essa questão.
— Acho que essa combina mais com a dele. — Holly aponta para
mim com o queixo. — E falando em fantasia, Hanna Mo. Teremos uma
conversinha depois. — Olha para a melhor amiga, com o cenho franzido.
Hanna, manda um beijo em nossa direção, e abraça Liam pelo
pescoço, que envolve sua cintura com os dois braços.
— Sabe o que notei? — Liam pergunta. — Que você não me deu
presente, Aaron.
— E por que eu te daria um? — pergunto.
— Por que também é meu aniversário? — pergunta como se fosse
óbvio, e na verdade é. — Então? Cadê?
— Seu presente foi eu não ter socado você por namorar minha irmã
escondido, seu cuzão — digo e acabo gargalhando da sua cara.
— Ainda essa porra? — pergunta, bebendo da sua cerveja. — Achei
que já tinha superado isso.
— Não tirei proveito o bastante.
Acabo gargalhando mais uma vez, quando ele mostra o dedo do meio.
Eu amo sacanear meu melhor amigo.
Na verdade, é um dos meus hobbies preferidos.
— Eu disse que era pra vocês terem contado antes — Bennett diz. —
Agora ele vai ficar enchendo o saco de vocês. — Leva o cigarro à boca e a
ponta fica laranja quando puxa o fumo.
Espera. O quê?
— Você sabia que eles estavam juntos? — pergunto indignado.
— Só um tapado pra não perceber o que estava à sua frente. — Libera
a fumaça pra cima e acaba formando uma nuvem branca acima de sua
cabeça.
— Essa doeu. — Levo uma das mãos ao peito.
— Tadinho. O corno sempre sendo o último a saber. — Holly faz um
carinho por cima da minha mão, tirando uma com a minha cara.
Belisco sua cintura e ela começa a rir de mim.
Essa garota ainda vai me deixar louco.
Estamos jogando conversa fora, quando Bad Decisions da cantora
Ariana Grande começa a tocar, e em questão de instantes, Holly se levanta
do meu colo em um pulo e vai em direção a minha irmã.
— Licença, Liam, mas vou roubar essa garota por um momento. —
Pega Hanna pela mão, fazendo com que ela se levante e a puxa em direção
a Harry. — Vou roubar esse aqui também, Maddy.
Vejo que as bochechas do garoto ficaram mais vermelhas que um
tomate.
— Contanto que traga meu gatinho inteiro — Maddy pede.
Com um sorriso vitorioso em seu rosto, Holly segue para dentro da
casa, com Harry e Hanna pendurados um em cada braço.
Me viro na cadeira, e de onde estou, consigo ver os três dançando e
rindo juntos, e um sentimento de gratidão preenche meu corpo por saber
que minha irmãzinha finalmente encontrou pessoas tão incríveis e tenha os
aceitado como seus amigos.
— Somos caras de sorte, né? — A voz do meu melhor amigo chama
minha atenção.
— O quê?
— Temos muita sorte — repete, apontando com o queixo na direção
em que Holly e Hanna dançam e riem uma para a outra, enquanto seguram
as mãos de Harry, que tenta fugir.
— Com certeza — concordo, sem tirar meus olhos delas.
Realmente demos muita sorte em encontrar essas duas.
Liam já conquistou seu final feliz, e eu mal vejo a hora de conquistar o
meu.
Porque eu tenho muitos sentimentos por você

Eu ajo como se eu não ligasse

Como se eles nem existissem


idfc – Blackbear

Entro em casa já seguindo em direção a cozinha, e quando entro no


cômodo, acabo encontrando Hanna sentada em cima da bancada com Liam
entre suas pernas, que leva uma colherada de sorvete até sua boca.
— Não está frio demais para tomarem sorvete? — pergunto,
caminhando em direção a geladeira.
— Oi, pra você também, Holly — minha melhor amiga me
cumprimenta.
— Oi — respondo, depois de pegar uma garrafa de água, caminhar até
a mesa, me jogar em cima da cadeira, exausta, e apoiar a testa na madeira
gelada.
— Parece que alguém está cansada — Liam diz, se afastando de
Hanna.
— Eu diria exausta. — A loira vem em minha direção e se senta à
minha frente. — Estou certa?
— Completamente — confirmo, levantando a cabeça e pegando a
garrafa que coloquei ao meu lado. — Se eu fizer mais um único trabalho de
faculdade, eu acho que vou pirar. — Bebo um pouco da água fresca.
— Final de ano, você queria o quê? — acaba rindo de mim.
— Queria que eles não me enchessem de trabalho para fazer —
respondo. — Estou cansada, Hanna Mo. — Volto a deitar em cima da mesa.
— Quantos trabalhos entregou hoje? — pergunta.
Levanto meus dedos, indicando o número três.
O final de ano está chegando, e por algum motivo, os professores
acharam que seria uma boa todos eles passarem trabalhos para serem
entregues na mesma data. Fora as provas que tive que fazer.
Essas últimas semanas foram tão exaustivas e cheias, que se passaram
em um piscar de olhos.
Se estou cansada?
Tente exausta e precisando de férias.
Só de lembrar que estou no meu primeiro ano e que ainda falta um
longo caminho a ser percorrido, eu quero sentar em posição fetal e chorar.
Escuto a risada rouca de Liam e levanto a cabeça em seguida.
— Do que está rindo?
— Me pergunto quantas pessoas você já matou hoje? — Senta na
cadeira ao lado de Hanna.
— Estou pensando em aumentar o número. — Encaro-o com o cenho
franzido.
Liam e Hanna começam a rir mais uma vez.
— Pelo menos teremos uma folga amanhã — ela me relembra.
— Estou dando graças a Deus por isso — respondo. — Amanhã irei
relaxar e tomar chocolate quente com os meus pais.
— Então vai passar com os seus pais mesmo? — Hanna pergunta.
— Vou. — Afirmo com a cabeça. — Ou então dona Diana me mataria.
— Isso é uma verdade — concorda comigo.
Mesmo meus pais sendo bem ocupados, eles sempre fizeram questão
de estarem comigo em todos os feriados possíveis, e como amanhã é Dia de
Ação de Graças, não seria diferente.
— Vai de carro amanhã? — Liam é quem pergunta.
— Sim, são só uma hora e meia de viagem — respondo. — Vou
acordar cedo e irei para lá.
— Falando em acordar cedo — Hanna volta a falar, se levantando. —
Já arrumou sua mala para amanhã? — Vai em direção aos armários que
ficam pendurados em cima da pia e passa a procurar algo.
— Você sabe a resposta.
— Holly! — protesta.
— O quê? Eu estava cansada demais para fazer as malas — me
desculpo.
Tá bom, que com a semana que tive ia ter tempo de arrumar alguma
coisa. Meu quarto mesmo está parecendo uma zona de guerra. Minha rotina
nesses últimos dias tem sido chegar em casa, comer alguma coisa, tomar
banho e fazer trabalho da faculdade. Nem minhas postagens no blog eu
estou conseguindo fazer direito.
— Acho melhor você arrumar logo. — Passa para o armário do lado,
mostrando que não achou o que queria. — Ou você vai acabar esquecendo
alguma coisa como sempre.
— Relaxa que vai dar tudo certo — digo, pegando meu celular em
cima da mesa, assim que uma notificação de mensagem chega.
Olha só quem está quebrando as regras mais uma vez.
A mensagem vem acompanhada de uma foto dele vestido com um
moletom cinza claro com uma estampa gráfica na cor vermelha que lembra
um olho, uma calça jeans de lavagem escura e os cabelos loiros, com a raiz
mais escura, penteados para trás.
Meus Deus! Como ele é gostoso.

Envio a mensagem rindo por já imaginar sua resposta, e poucos


instantes depois, a resposta chega.

Mesmo por mensagem, sinto seu tom autoritário.

Respondo e quando estou colocando o celular na mesa, ele toca,


avisando a chegada de mais uma mensagem.
Acabo gargalhando tão alto, que acabo chamando a atenção do casal à
minha frente.
— Que isso? — Hanna pergunta, me encarando com os olhos
arregalados.
— Seu irmão enchendo o meu saco — digo, travando o aparelho e o
colocando na mesa. Volto o meu olhar para Hanna, e ela tem um sorrisinho
estampado em seu rosto. — Que foi? — pergunto.
— Nada. — Vira de costas e volta a mexer nos armários. — Não posso
mais rir?
— Sei — respondo desconfiada, porque sei muito bem o que ela está
pensando.
Trocando mensagens com Aaron, Holly? Mas não era proibido?
Diga isso para ele.
Mesmo não nos vendo quase nunca desde o dia do meu aniversário até
agora, ele conseguiu se fazer presente, me mandando mensagens sem
sentido e fotos suas a todo o momento.
— Só acho vocês engraçados, ué. — Dá de ombros. — Mas que
droga, não consigo encontrar nada nessa casa — esbraveja.
— O que tanto você procura, hein? — pergunto, indo até ela.
— Uma forma de bolo. — Fecha mais uma porta. — Vou fazer um
para levar amanhã, mas não acho essa porcaria.
— Está no armário embaixo da pia. — Aponto para o lugar certo.
Hanna segue o que falo, e quando acha o que quer, acaba bufando de
frustração.
— Ainda não me acostumei com essa casa enorme. — Coloca a forma
no balcão e vai em direção a geladeira pegar os ingredientes.
Estamos morando nesta casa há um tempo já, e Hanna ainda não se
acostumou com o tamanho de tudo. Quando pedi um novo lugar para morar,
não imaginava que meu pai me daria uma mansão cheia de cômodos e
quartos.
Pelo menos ela nunca fica vazia.
Harry sempre aparece por aqui para nossas noites de filmes e, Liam e
Hanna acham que aqui, eles têm mais privacidade do que em uma casa com
três homens, sendo um deles, seu irmão mais velho.
— Com o tempo irá se acostumar — Liam diz, parando atrás dela e sei
que é a minha deixa para sair.
— Beleza, vou nessa. — Levanto da mesa e quando estou quase
saindo da cozinha, escuto-a gritar:
— Vai fazer sua mala, Holly.
— Tá bom, já estou indo — respondo e sigo em direção a escada.
Subo os degraus de dois em dois e em instantes, estou entrando em
meu quarto, já me sinto desanimada em ter que arrumar minha mala, ainda
mais que sinto minhas costas doendo e o sono se fazendo presente a cada
momento.
Olho em direção ao meu guarda-roupa e depois para a minha mala que
deixei aberta no meio do quarto, e a preguiça de fazer tudo só cresce.
Estou quase desistindo e indo me deitar, quando meu celular toca
avisando sobre a chegada de mais uma notificação.
Mais uma vez a pergunta vem acompanhada de uma foto, onde Aaron
está com sua mão grande e tatuada apoiada em seu rosto, onde consigo ver
os anéis grandes e de prata nos dedos indicador, anelar e mindinho, e a
maneira que ele tirou a foto, só me deixa ver um de seus olhos.
Estou há um tempo encarando-a, quando uma ideia surge.
Saio do aplicativo de mensagem e ligo para ele.
— Ficar nas mensagens não foi o suficiente? — Seu rosto aparece na
tela do meu celular e noto que está deitado na cama, apoiado em um dos
braços.
— Precisava de ajuda.
— Com o quê? — pergunta, e escuto o som dos lençóis.
— É que como você estava pedindo ajuda para fazer sua mala, pensei
que poderia me ajudar com a minha — digo, abrindo a porta do armário e
apoiando meu celular em um dos meus perfumes.
— E como posso ajudar? — Se ajeita na cama.
— Escolhendo as roupas que poderei levar — respondo, já tirando
minha blusa.
— Fará um pequeno show pra mim, linda?
— Não faremos sexo por chamada de vídeo, Aaron — digo.
— Um cara pode sonhar. — Dá de ombros.
— Quer dizer que sonha comigo, gibi?
— Sempre. — Minha barriga começa a dar voltas e mais voltas por
conta da sua resposta. Tusso para mudar de assunto, e termino de tirar
minha roupa de uma vez, ficando vestida só com minha lingerie. Vejo o
exato momento em que seus olhos se arregalam e aproximando seu rosto da
tela, pergunta: — Você quer me matar? — Sorri e morde o lábio inferior.
— Por que a pergunta? — me faço de desentendida.
— Você gosta de me provocar, não é?
— Sempre que possível. — Prendo meus cabelos em um coque alto, e
acabo rindo quando o vejo engolir em seco.
— Quero ver se continuará me provocando quando eu estiver na sua
frente. — Há um tom de promessa em sua voz.
Minha pele se arrepia pela expectativa do que pode acontecer quando
voltarmos a nos encontrar.
— Pare de falar e me ajude — peço, pegando uma blusa de manga
comprida da cor vermelha e a coloco. — O que acha dessa?
— Olha só. — Se senta na cama. — Ela tem roupas coloridas também
— me provoca.
— Pare de graça e me ajude a fazer isso logo.
— Está perfeita, pode levar. — Afirma com a cabeça.
— Ok. — Tiro a blusa e a jogo em direção a cama. — Próxima roupa.
— Pego um casaco pesado na cor branca. — O que acha desse?
Me afasto um pouco do telefone e dou uma voltinha.
Aaron suspira, antes de dizer:
— Que você tem que usar essa combinação comigo, um dia desses. —
Seus olhos brilham quando me encaram, e sinto meu corpo esquentar por
conta da intensidade.
Olho para baixo e entendo sobre o que ele está falando.
O contraste do branco da minha lingerie e do casaco com o meu tom
de pele fica perfeito.
Parece que essa não foi uma boa ideia.
Quando seria na real?
Engolindo em seco, tiro o casaco e vou em direção ao celular para
pegá-lo.
— E por que eu o usaria?
— Para me agradar — responde e eu arqueio uma de minhas
sobrancelhas.
Rindo, aproximo bem o meu rosto da tela.
— Você é bem prepotente se acha que verá uma coisa dessas — digo.
— Eu posso sonhar, não é? — pergunta, abrindo um sorriso de lado.
Uma das coisas que me fascina nele é o seu sorriso brilhante e
cativante. Ficaria horas olhando para ele, sem me importar, assim como faz
comigo agora.
— Por que me olha tanto? — pergunto, ao perceber o silêncio que
ficou.
— Porque quero gravar cada pedacinho seu na minha mente —
responde ainda me encarando. Meu coração errou uma batida com suas
palavras, e um alerta vermelho acende em minha cabeça. Minha expressão
muda e sei que Aaron percebe. — Aconteceu alguma coisa, Holly? Ficou
séria de repente.
— Não é nada — desconverso. — Ah, Aaron. Eu preciso desligar
agora. A Hanna está me chamando para ajudá-la com a sobremesa que vai
levar amanhã — invento uma desculpa.
— Holly...
Desligo o celular, antes que ele possa me impedir e o jogo em cima da
cama.
O que eu estava fazendo?
Acabei de quebrar uma das minhas próprias regras. Não posso me
apegar a ele, e muito menos ele pode se apegar a mim. É só sexo. Não
podemos ultrapassar o que concordamos, mas esse olhar de agora, disse
mais do que muitas palavras.
Droga.
Droga, e agora?
O que eu faço?
Me pego pensando se esse acordo foi uma boa? Quando eu mesma sei
que estou sendo afetada por ele.
Passo as mãos nos cabelos e suspiro um pouco frustrada.
Eu não posso sentir essas coisas por ele, já sofri demais quando
entreguei meu coração a alguém, e não irei fazer isso de novo.
Ele é diferente do Theodore, Holly. Ele nunca faria com você o que
aquele canalha fez.
A voz em minha mente grita algo que já sei, e acaba me deixando mais
confusa ainda.
Cansada de pensar nisso, volto a fazer minha mala, agradecida por
passar um tempo com meus pais.
Porque eu sou um tolo por você

E as coisas que você faz


Fool For You – Zayn

Volto minha atenção da paisagem que passa pela janela do carro de


Liam, e olho para a tela do meu celular mais uma vez, com o pensamento se
devo ou não ligar ou mandar uma mensagem para Holly.
Por algum motivo, ela ficou estranha comigo de repente.
Será que foi alguma coisa que eu disse?
Repasso nossa conversa na mente, repetidas vezes e não consigo
encontrar um motivo para que isso tenha acontecido.
Qualquer outra pessoa não teria percebido sua mudança de
comportamento. Mas eu já consigo lê-la muito bem para saber que algo
aconteceu.
— Está tudo bem, Aaron? — Liam me desperta dos meus
pensamentos.
— Aham. — Afirmo com a cabeça. — Por que a pergunta?
— Já estamos quase chegando na casa dos nossos pais. Você passou a
viagem inteira quieto e na sua. — Hanna responde, se virando em minha
direção.
— Não aconteceu nada. Só estou um pouco cansado — desconverso,
voltando a olhar para a janela.
— Se você diz. — Dá de ombros e volta a se sentar virada para a
frente.
Suspirando, volto a olhar para o celular em minha mão, pensando se
ligo ou não para ela.
Droga, Holly. O que será que aconteceu com você, hein?
Alguns minutos depois, Liam estaciona em frente a casa dos meus
pais.
Sou o primeiro a descer e ir em direção a porta de entrada. Assim que
paro em frente ao batente, já consigo sentir o cheiro da torta de abóbora e
do frango assado da minha mãe.
Entro sem bater.
— O filho preferido de vocês chegou! — grito, entrando na sala.
— Oh, Liam, querido! Você já está aqui. — Mamãe vem em minha
direção, enxugando as mãos em um pano de prato.
— Que história é essa de Liam, dona Clarie? — Apoio minhas mãos
na cintura, fingindo indignação.
— Você disse que o filho preferido chegou, no caso ela achou que
estava se referindo a mim. — Liam tira uma com a minha cara ao entrar em
casa, acompanhado por Hanna que mexe em seu celular.
Me pergunto se está falando com sua melhor amiga.
— Agora você vê. — Olho da minha mãe, que tem um sorriso
brincalhão no rosto, para o meu melhor amigo. — Trocado na cara dura —
suspiro, fingindo estar magoado. — Já não bastava roubar minha irmã,
agora quer a minha mãe também?
— Não sabia? — Deixa as malas perto do sofá e se aproxima de nós.
— Entrei na sua vida para roubar tudo o que é seu — engrossa a voz, para
que sua fala fique mais sombria.
— Sempre desconfiei. — Com as mãos na cintura, olho para cima e
finjo estar decepcionado. — Pessoas maravilhosas e bonitas como eu,
sempre acabam cercadas por pessoas de índole duvidosa.
A risada da minha mãe acompanha o barulho do tapa que Liam desfere
em meu peito.
— Vai a merda, seu cuzão — me xinga e vai em direção a sogra. —
Oi, dona Clarie. Como a senhora está? — pergunta, envolvendo-a em um
forte abraço.
— Muito bem, meu querido — beija sua bochecha. — Fiquei muito
feliz ao saber que passaria o feriado e o final de semana com a gente.
— Obrigado pelo convite — agradece, se afastando um pouco.
Desde a briga que meu melhor amigo teve com o seu pai, ele não foi
mais em casa. A mãe e ele mantêm contato de vez em quando. A relação
mãe e filho dos dois continua a mesma, mas por conta do seu pai, prefere se
manter um pouco afastado.
Quando descobri que não tinha onde passar o feriado, fiz o convite
antes mesmo de contar para Hanna.
— Tá bom, agora já chega — digo, desfazendo o abraço dos dois. —
Larga minha mãe, seu ladrão de família. — Abraço a mulher ao meu lado,
fortemente.
— Não sabia que era ciumento, meu filho. — Apoia uma mão em
minha bochecha e beija a outra.
— Com a senhora? — Me afasto para olhá-la melhor. — Sempre. —
Beijo sua testa.
Só de estar nos braços dela, todo o incômodo que sentia antes por
conta de Holly, é amenizado.
Impressionante que um simples acalento dela, seja capaz de curar
qualquer coisa.
— Posso abraçar minha mãe ou você a tomou para si? — Hanna
pergunta, se aproximando.
— Você já me roubou o melhor amigo. — Abraço dona Clarie com um
pouco mais de força.
— Não tinha sido eu quem roubou a sua irmã? — Liam pergunta,
prendendo o riso.
— Às vezes, fico até confuso. — Solto minha mãe para que Hanna
possa cumprimentá-la.
— Bom, se eu roubei seu melhor amigo de você. — Se vira em minha
direção. — Posso acusar você de estar querendo roubar a minha.
— Holly? — papai pergunta, saindo da cozinha, e vejo o sorriso
vitorioso de Hanna. — Pensei que já havia roubado.
— Papai — Hanna protesta e eu começo a rir de sua reação.
— Que foi? — Levanta as mãos em rendição. — Da última vez que
conversamos, não combinamos de ter Liam e Holly aqui? — pergunta, me
encarando.
— Não estamos namorando — respondo.
— Ainda, né? Porque se fosse pelo Aaron — Liam alfineta.
Discretamente, mostro o dedo do meio para ele, que começa a rir da
minha cara.
— Achei que depois de fazer isso nos cabelos e da sua fantasia do
Halloween, vocês já estariam juntos — Mamãe diz, dando de ombros.
— Lógico que... — paro de falar quando presto atenção em suas
palavras. — Como sabe da minha roupa de Halloween?
— Culpada. — Hanna levanta a mão, escondida atrás de Liam.
— Não sabia que era bocuda, Bonequinha. — Vou até ela.
— Só estou me vingando pelo jeito que contou sobre Liam e eu para
os nossos pais.
Começamos a dar voltas e mais voltas em Liam.
— Vingança, é? — Tento pegá-la, mas acaba escapando de mim e indo
se esconder atrás do nosso pai.
— Sim — assume.
Paro de frente para ela, e com os olhos franzindo como um predador,
corro em sua direção.
Hanna grita e tenta correr, mas sou muito mais rápido do que ela e
envolvo sua cintura com os meus braços.
— Cadê a lealdade de irmãos? — pergunto, segurando-a de costas pra
mim.
— Se perdeu quando você passou a usar o fato de que namorei
escondido com o Liam para conseguir coisas da gente — rindo, ela tenta se
soltar do meu agarre.
— Você faz isso, Aaron? — mamãe pergunta, e quando olho para ela,
suas mãos estão apoiadas na cintura enquanto bate um dos pés no chão.
— Faz, mamãe. Ele explora a gente usando essa desculpa. — Bate em
meu braço para que eu a solte.
— E ele consegue algo? — meu pai é quem pergunta.
— Gastei duzentos dólares por causa dele — Liam me acusa.
— Aaron! — mamãe grita indignada. — Eu não te ensinei a fazer
coisas assim.
— Por que gastou tudo isso, Liam? — meu pai pergunta dessa vez.
— Porque ele me ama e é o meu melhor amigo — respondo, ainda
com Hanna em meus braços.
— Conta outra, garoto. Sei que aprontou alguma para o seu amigo ter
gastado esse valor. — Meu pai me encara com uma das sobrancelhas
levantada.
— Que isso? Um complô? — Solto Hanna de uma vez. — Ai! —
reclamo, passando a mão no local que minha irmã me atinge.
— Isso é por me deixar vermelha. — Aponta o dedo em riste em
minha direção.
Olho para suas bochechas, e elas estão completamente coradas por
conta do esforço.
— Anda, me conta por qual motivo ele perdeu duzentos dólares? —
mamãe pergunta.
— Porque Liam é rico e eu usei um creme caro do Bennett que ia ficar
enchendo o meu saco até eu dar outro para ele — conto o que aconteceu.
— Eu espero que você não faça mais isso, mocinho — mamãe pede,
apontando o dedo em minha direção.
— Mas e as minhas regalias? — pergunto.
— Aaron. — Seu tom é de aviso.
— Tá bom — me dou por vencido. — Não vou fazer mais.
Pelo menos não aqui em casa.
— Ótimo, que bom que estamos entendidos — se dá por satisfeita. —
Agora, por que não sobem e guardam as coisas lá em cima? O jantar já está
quase pronto.
— Liam, já colocamos um colchão no quarto do Aaron para você —
meu pai faz questão de avisar.
Prendo o riso mas acabo não conseguindo segurar por muito tempo,
por conta da cara que meu melhor amigo me lança.
— Pode deixar que eu levo a sua, Moranguinho — Liam avisa.
— Obrigada, Grandão. — Segura o rosto dele com as duas mãos e sela
seus lábios rapidamente.
— Vamos logo que esse cheiro de comida está me matando. — Pego
uma das malas e vou em direção às escadas.
Estamos quase chegando em frente ao meu quarto, quando Liam me
chama.
— Se tiver acontecido algo entre você e a Holly e você queira
conversar, sabe que estou aqui, né?
— Valeu cara — agradeço e sigo em direção ao meu quarto.
A vontade de falar com ela acaba voltando com força total agora que o
caos se acalmou.
Será assim por todo o final de semana?
E eu preciso de você às vezes

Ficaremos bem

Conheci você na hora certa

É isso o que parece

E eu sinto sua falta algumas noites


Feels Like – Gracie Abrams

Abro a porta de casa e sou recepcionada por nossa governanta,


Margot.
— Oh, minha princesa. Como você cresceu. — Segura meu rosto com
as mãos pequenas e macias.
— Só foram poucos meses — respondo, sorrindo para ela.
— Mas parece que foi mais — diz, chegando para trás e passando a
me analisar. — Você emagreceu. Não tem comida naquela faculdade?
— Estou bem, Margot. Me cuidando e comendo bem — conto a ela.
— Tem certeza? — Me avalia.
— Tenho — afirmo, concordando com a cabeça.
Quer dizer. Como quando tenho tempo e isso é uma coisa que está em
falta nos últimos dias.
— Se você diz, vou confiar. Mas saiba que se eu souber que não está
se cuidando direito, irei aparecer lá e só sairei quando estiver satisfeita —
ameaça e sei que está falando a verdade.
— Eu sei disso.
— Que bom, assim me poupa trabalho. — Dá tapinhas em minhas
mãos. — Seus pais estão na cozinha — diz, antes que eu pergunte.
— Já até sei o que eles estão fazendo.
— Vá até lá. Eles estão esperando. — Aponta com a cabeça na direção
que leva até a cozinha.
— Vou guardar minhas coisas primeiro. — Mostro a pequena mala aos
meus pés.
— Pode deixar aí, princesa. Seus pais estão esperando — avisa mais
uma vez.
Me dando por vencida, caminho em direção a cozinha a mando de
Margot.
Margot trabalha para a nossa família desde que minha mãe tinha seis
anos de idade. Além de governanta, ela ajudava a cuidar da minha mãe em
alguns momentos, e quando se casou com o meu pai e engravidou de mim,
Margot não pensou duas vezes antes de vir morar com a gente.
Ela é muito mais do que uma funcionária.
Considero-a como uma avó.
Não sei o que faria sem ela.
Assim que vou me aproximando da cozinha, o cheiro de massa assada,
junto do cheiro doce da calda de frutas vermelhas, me alcança seguido pelos
acordes de alguma música que ainda não consegui identificar, mas assim
que me aproximo, consigo distinguir o que está tocando.
Paro no batente da porta e a cena à minha frente me faz voltar no
passado, quando meus pais me apoiavam cada um em um dos seus pés e
dançávamos enquanto fazíamos nossa torta de frutas vermelhas para a Ação
de Graças.
Bem na minha frente, sem perceber minha presença, meu pai conduz
minha mãe ao som da música Love My Decision do cantor Chris de Burgh.
Dona Diana Saunders é completamente apaixonada por esse tipo de
música e o senhor Jace Saunders não perde a chance de agradar a esposa ao
dançar com ela sempre que tem chance.
Ele a segura pela cintura e a rodopia por todo o espaço disponível e
quando escuto suas gargalhadas meu peito aquece por vê-los dessa maneira.
Meus pais são o casal mais lindo que já vi.
Assim como eu, meu pai tem a pele morena, os cabelos que eram
completamente pretos, agora têm algumas mechas grisalhas, trazendo um
charme a ele, junto com as tatuagens que tem em seu braço esquerdo e seus
1,82 metros de altura, é o homem de quarenta e oito anos mais gato que já
conheci.
Já minha mãe, também tem os cabelos pretos, mas diferente da minha
e do seu marido, sua pele é branca e seus olhos são de um azul brilhante.
Com seus 1,72 metros de altura e seus quarenta e nove anos. Ela é a mulher
mais linda desse mundo.
Como seria sentir um amor tão forte assim? Que se tornaria mais e
mais forte com o passar dos anos?
Estou tão perdida em pensamentos, que nem me dou conta quando
eles param de dançar e me chamam.
— Olha só se não é a estrela mais brilhante do meu céu — papai diz,
vindo em minha direção.
— Oi, pai. — Me jogo em seus braços e assim que sinto o seu calor,
meu coração se acalma.
Meus pais sempre foram meu refúgio, mesmo quando os dilemas à
minha volta eram os mais simples do mundo, e receber esse abraço em um
momento que minha cabeça se encontra confusa, é o melhor de tudo.
— Como você está, minha querida? — Se afasta para me ver melhor.
— Estou bem — digo, sem me prolongar muito.
Me analisa por alguns segundos, mas acaba aceitando minha resposta.
Meu pai sempre foi assim, nunca me forçou a fazer ou contar nada que
eu não estivesse extremamente à vontade para fazer.
— E como foi a viagem até aqui?
— Tranquila. Saí do campus logo depois do café, para evitar pegar
engarrafamento.
— Está cansada? Quer descansar um pouco? — volta a perguntar.
— Não, estou bem. Consegui dormir bem ontem — minto.
Depois que desliguei a ligação de Aaron, terminei de arrumar minha
mala e caí na cama para tentar dormir. Mas quem disse que consegui? Rolei
para um lado e para o outro a noite toda e quando finalmente consegui
dormir, meu despertador tocou, avisando sobre a hora de acordar.
Se estou com sono?
Nem um pouco.
Minha cabeça não parou nenhum segundo, o que me manteve ligada.
Mas agora irei deixar esse assunto para lá e curtir o final de semana com os
meus pais.
— Bom, já que é assim. Por que não vem ajudar a gente a fazer a
nossa torta? — Envolve meus ombros e caminhamos em direção a minha
mãe que está mexendo a calda de frutas na panela.
— Achei que iria monopolizar a minha filha por mais tempo. — Apoia
a colher em cima da pia, desliga o fogo e vem em minha direção com os
braços abertos. — Oi, querida — me cumprimenta ao me abraçar.
— Oi, mamãe. — Envolvo meus braços nela e sou tomada pelo seu
cheiro de rosas.
Diferente do abraço forte e protetor do meu pai, o dela é
completamente suave e acolhedor. O tipo de aconchego que precisamos
quando estamos tristes e necessitando de um carinho.
— Pronta para fazer a melhor torta do mundo? — pergunta, se
afastando.
— Com toda a certeza. — Minutos depois, a cozinha está um
completo caos. — Isso não vale! — grito, quando meu pai suja o meu rosto
com geleia.
— É só uma revanche pelo que fez comigo, mocinha. — Aponta para
a sua cabeça cheia de farinha.
Em um momento, nós estávamos fazendo a torta salgada que minha
mãe aprendeu com a minha vó, e no outro, estávamos completamente sujos
com os ingredientes que iríamos usar para cozinhar.
— Vocês são terríveis — mamãe diz, enquanto tenta desgrudar a
gororoba de massa e leite de seus cabelos.
— Olha quem fala — protesto. — Quem foi que quebrou esse ovo na
minha cabeça? — Aponto para a prova do crime.
Dona Diana leva as mãos à boca para disfarçar sua risada.
— Culpada — se acusa.
— Ainda bem que reconhece. — Pego um pano de prato para tentar
tirar o excesso para que eu possa subir até o meu quarto e tomar um banho.
— Margot vai nos matar — meu pai comenta, olhando para a bagunça
que fizemos.
— Será que se eu me fizer de inocente, ela vai me isentar da bronca?
— pergunto, enquanto faço uma cara de nojo ao tirar uma casca de ovo do
meu cabelo.
Eca, que nojo. Levará dias para esse cheio sair de mim.
— Mas é claro que não, criança. Até porque sei que na hora da
bagunça, você é a primeira a se manifestar. — Sua voz rouca e envelhecida
por conta da idade avançada, ecoa atrás do meu pai.
— Achei que estaria do meu lado, Margot. — Faço um biquinho,
tentando amolecer seu coração.
Uma das coisas que ela mais odeia é quando meus pais e eu fazemos
guerra de comida e sujamos tudo à nossa volta, porque mesmo sendo nossa
governanta, é ela quem toma conta da cozinha.
Ninguém chega perto desse lugar para cozinhar a não ser eu e meus
pais nos dias de Ação de Graças ou quando fazemos a nossa noite de pizza.
— Ela já conhece suas artimanhas, minha filha — papai ri de mim
quando faço uma careta.
— Achei que tinha conseguido dessa vez.
— Quem sabe em uma próxima? — Pisca um dos olhos e dá uma
risadinha.
— Sei. — Olho-a desconfiada.
Margot nunca deixaria eu me safar de limpar tudo depois que ajudei
em uma guerra de comida.
— Bom, vou deixar vocês arrumarem tudo isso. — Aponta para tudo à
sua volta.
Caminho em direção a pia, para poder lavar minhas mãos.
— Eu fico com a louça — digo, tentando tirar o grude de farinha e ovo
dos meus dedos.
— Bom trabalho — deseja, rindo. — Ah, querida! — Se lembra de
algo, antes de sair de vez. — Seu celular tocou umas três vezes. — Coloca
o aparelho em uma parte da bancada que não está suja.
— Quem era? — pergunto, enquanto lavo minhas mãos.
— Não consegui ver o número antes que desligasse — avisa.
— Tudo bem, Margot. Eu vejo depois — asseguro.
Assentindo com a cabeça, ela sai da cozinha.
— Vamos começar com isso logo — minha mãe diz, enquanto junta as
vasilhas que usamos.
Estou lavando a louça, quando meu celular avisa a chegada de uma
nova notificação. Penso em deixar para ver depois, mas acabo me
lembrando do que nossa governanta disse.
Quem quer que seja, tentou falar comigo por três vezes.
— Pai, pode ver quem é pra mim? — peço.
— Claro, querida. — Limpando as mãos em sua calça jeans, ele vai
até a bancada e destrava o meu celular.
A relação que tenho com meus pais foi feita em volta de tanta
confiança, que não ligo de eles terem acesso ao meu celular. Óbvio que eles
terem a senha, não quer dizer que mexam sem a minha permissão.
A ideia de eles terem a senha foi minha mesmo.
— Quem é? — pergunto.
— Um tal de Gibi — responde ao ler o nome de Aaron no contato.
Meu coração acelera só de imaginar o que ele me mandou.
Hoje foi o único dia desde o nosso acordo que ele não me mandou
uma foto sua com mensagem de bom dia. Assumo que senti falta.
— O que ele quer? — pergunto, ainda de costas.
— Saber o porquê não o responde — diz e acaba rindo depois. —
Agora ele mandou uma foto com uma cara de cachorro que caiu do
caminhão da mudança.
Acabo rindo também.
É a cara dele fazer essas coisas.
— Que lindo! — Escuto a voz da minha mãe e olho para trás. — Seu
namorado? — pergunta, olhando para mim.
— Não — nego e pego um pano para secar minhas mãos.
— Mas queria — meu pai afirma.
— O quê!? — pergunto um pouco alarmada, arregalando os olhos.
Colocando o meu celular em cima da bancada e se apoiando na
mesma, ele diz:
— O erro dos filhos é achar que nós, pais, não conhecemos vocês com
a palma da mão. — Arqueia a sobrancelha de forma sugestiva.
— Então? Vai dizer quem é ele? — minha mãe pergunta, se sentando
em um dos banquinhos da bancada.
— Não tem muito o que dizer. — Dou de ombros e passo a mexer em
minhas unhas, um sinal claro de nervosismo. — O conheci na faculdade e
ficamos juntos algumas vezes — resumo bem minha história com Aaron.
— Tem certeza de que é só isso? — meu pai insiste um pouco mais.
Suspirando e soltando minhas mãos em um movimento brusco, olho
para eles.
— O que vocês querem saber?
— O motivo dos seus olhos brilharem ao falar dele? — mamãe
pergunta, com um sorriso irritante estampado em seus lábios.
— Eles não brilham — contra-argumento.
— Ah, brilham sim. — Papai se desencosta da bancada e vem em
minha direção. — E isso não acontece desde o que ocorreu com o
Theodore.
Fico surpresa com o que ele me conta.
Como ele sabe sobre o que rolou entre Theo e eu, sendo que não
contei nada para eles.
— Mas como...?
— Como a gente sabe? — minha mãe pergunta e eu afirmo com a
cabeça. — Nós conhecemos você como ninguém, querida.
— Exatamente — meu pai toma a palavra. — Mesmo que a gente não
saiba exatamente o que ele fez com você, sei que deve ter sido algo que a
magoou muito.
A vergonha é tanta, que olho para todos os lados, menos para eles.
— Ele... — tento contar, mas as palavras ficam presas na minha
garganta.
— Não precisa nos contar agora. — Dona Diana se aproxima e segura
em meu rosto com as duas mãos. — Quando se sentir preparada, estaremos
aqui — garante.
Minha garganta aperta, meus olhos ficam embaçados e a vontade de
chorar só cresce a cada segundo.
Um dos momentos mais dolorosos da minha vida foi não ter o colo
deles quando tudo aquilo aconteceu. Me vi mais perdida do que já estava
quando não pude contar com eles por uma escolha minha.
A vergonha acabou me fazendo passar por tudo sozinha.
— Um dia — garanto.
Quem sabe?
— É claro, querida — mamãe assente.
— Agora me conte desse garoto — meu pai pede, mudando de
assunto. — Quem ele é? O que ele faz? E qual é o motivo de ele te fazer
sorrir tanto assim?
— Hã... — tusso para clarear minha voz. — É o irmão mais velho da
Hanna.
— Jura? Que maravilha, minha filha. — Mamãe comenta animada.
Confirmo com a cabeça.
— E o que ele faz? — meu pai é quem pergunta dessa vez.
— Jogador de Hóquei — digo, esperando sua reação.
— Jura? — pergunta animada e acabo rindo por conta da sua
animação. — Já gostei dele.
Meu pai é apaixonado por hóquei. Não perde um jogo, principalmente
se for os universitários. Ele diz que quer ver como os futuros jogadores da
liga estão sendo preparados.
— É, eu imaginei que gostaria dele.
— Jogador de hóquei e faz minha estrelinha brilhar mais forte. Por que
não está com ele? — pergunta.
Tomo fôlego e passo a contar minha história com Aaron, desde o
momento em que nós nos conhecemos, como acabamos formando uma
amizade incrível, dá conexão que acabamos adquirindo até chegar a parte
em que estamos agora. Mais enrolados impossível.
— E agora estão juntos, mas sem compromisso? — minha mãe
pergunta e afirmo com a cabeça.
— E você agora está assustada pela maneira apaixonada que ele te
olha? — Afirmo de novo, olhando para o meu pai dessa vez.
— Meus Deus, Holly. Para de ser boba e vá viver esse momento com
ele — minha mãe me aconselha.
— O quê?
— Sua mãe tem razão, querida — concorda com a esposa. — Não dite
regras para algo que não pode ser controlado como o sentimento.
— Mas as regras ajudariam a não me apaixonar — digo
— E você está conseguindo? — Ele arqueia uma das sobrancelhas.
— É claro que estou — afirmo indignada.
Rindo, ele balança a cabeça em negação e diz:
— Pela maneira que falou dele agora, dá pra ver que ele está tomando
espaço dentro do seu coraçãozinho. — Aponta em direção ao meu peito. —
Você gosta dele, minha filha, e não de um jeito comum.
— Isso é verdade — minha mãe concorda.
— Mas não tem como eu estar gostando dele — digo, já sabendo onde
eles querem chegar.
Meus pais acham que sabem de tudo, mas eles não sabem.
Eu não estou me apaixonando.
Né?
— O que ele faz por você? — meu pai pergunta e começo a relembrar.
— O quê?
— Me conte o que ele faz por você.
— Ele me manda mensagem toda hora, o que me irrita bastante —
sorrio só de lembrar que fui acordada às cinco da manhã com uma foto de
uniforme, me avisando que iria treinar. — Me abraça em momentos
aleatórios…
— E você deixa? — perguntam em uníssono, me interrompendo.
— Aprendi a gostar. — Dou de ombros.
Vejo meus pais se entreolharem.
— Mais o quê? — mamãe pergunta.
— Me faz carinho sempre que possível e sabe me ler como ninguém,
se fantasiou igual ao meu personagem literário preferido e não sei como,
mas me deu uma coleção de livros raros que eu queria há anos. — Vou
pontuando em meus dedos e a cada coisa que vou contando que Aaron fez,
me dou conta de uma coisa que estava na minha cara há tempos, mas o
receio não me deixava ver.
Aaron nunca seria igual a Theodore. Ele faz coisas por mim que meu
ex nunca faria.
— Você pode continuar se enganando ao achar que não gosta dele
dessa maneira. — Papai balança a cabeça em negação. — Bobinha.
Olho para os meus pais e pela expressão da minha mãe, acho que ela
entendeu o que acabou de acontecer.
— Vamos deixar você pensar enquanto arrumarmos tudo aqui — ela
avisa com um sorriso estampado em seu rosto. — Pode subir e deixar tudo
com a gente.
Letárgica, saio da cozinha, mas não antes de pegar o meu celular na
bancada.
Caminho em direção a escada, repasso cada palavra que meus pais me
disseram e tudo o que sinto quando estou com Aaron, e quero me bater pela
atitude que estava quase tomando.
Eu ia mesmo começar a evitá-lo por conta das coisas que ele me faz
sentir?
Meu Deus, Holly. Como estava sendo infantil.
Decidida a retratar isso, pego meu celular, abro no aplicativo de foto,
me ajeito da melhor forma possível, mesmo ainda estando toda suja de
farinha, geleia e ovo, tiro uma foto e mando em resposta a sua mensagem,
com os dizeres:

Clico em enviar e em poucos segundos recebo uma resposta sua.


Acabo sorrindo como uma boba.

O sorriso em meu rosto só aumenta.


Estou prestes a guardar o celular, quando uma nova mensagem chega.

Sinto a urgência em sua pergunta, e sinto meu estômago se revirar só


de lembrar da besteira que quase fiz.

Respondo de uma vez, guardo o celular e subo em direção ao meu


quarto para tomar um banho.
É, Holly, parece que não é só o Aaron que passará a quebrar regras.
Eu quero segui-la aonde ela for

Penso nela e ela sabe disso

Eu quero deixá-la assumir o controle

Porque toda vez que ela se aproxima, sim

Ela me atrai o suficiente para me deixar imaginando


Theres Nothing Holding Me Back – Shawn Mendes

— Tivemos um ótimo final de semana, não acham? — pergunto,


esticando minhas pernas no banco de trás e recosto minha cabeça nos meus
braços.
— Foi incrível mesmo — Liam responde, olhando pelo retrovisor. —
Estava precisando de um pouco de normalidade familiar.
Levanto minha cabeça, olho em direção ao meu melhor amigo e vejo
Hanna fazer um carinho em sua cabeça.
Mesmo que ele não diga, essa situação que está vivendo com sua
família, está desgastando-o demais. Ainda bem que ele tem a mim e a
minha irmã para o ajudarmos nesse momento.
Liam acabou me confidenciando que a briga que ele e seu pai tiveram
e que minha irmãzinha o protegeu com unhas e dentes, só fez a vontade de
cortar relações com ele de uma vez.
— Acho que precisarei morar na academia por uma semana — mudo
de assunto.
— Por que esse exagero? — Hanna pergunta, virando seu corpo para
trás. — Você nem comeu tanto assim.
— Que você tenha visto, pelo menos, né, irmãzinha?
— Como assim? — questiona.
— O que quero dizer é que enquanto eu estava preocupado em comer,
você estava se atracando com o Liam por aí. — Faço biquinho
interpretando os dois e acabo levando um tapa de Hanna na perna. — Então
não viu que acabei exagerando bastante esse final de semana — digo,
alisando o local atingido. Fora que a comida da minha mãe é coisa de outro
mundo. Mesmo que eu já tivesse comido até dizer chega, ainda conseguiria
um espaço para mais alguma coisa. — Ah, me lembrei também que quase
passei o feriado completamente sozinho.
— Que mentira, Aaron — Hanna protesta.
— Mentira? Jura? Quem foi ao cinema e não me convidou? — Me
ajeito no banco e coloco minha cabeça entre os bancos.
— Fomos ver Avatar, seu cara de pau. — Se ajeita no banco
novamente para ficar de frente para mim. — Você odeia Avatar.
— Não odeio — digo. — Só acho desnecessário ficar preso mais de
três horas em um cinema vendo um bando de gente azul — me justifico.
— Você é insuportável — Hanna declara.
— E você me ama mesmo assim.
— Será que amo mesmo? — Cruza os braços em frente ao corpo. —
Estou começando a achar que só te aturo porque temos o mesmo sangue. —
Abre um sorriso de lado.
— Ai! — Levo minhas mãos ao peito. — Essa doeu.
Hanna começa a rir de mim e bate em minhas mãos mais uma vez.
— Idiota.
— Que você ama — volto a repetir.
— Fazer o quê? Me apeguei — suspira em um falso cansaço. — É
igual bichinho de estimação. Dá trabalho, mas acabamos pegando amor.
— Está me comparando a um cachorro? — pergunto, indignado.
— Pensei mais em um hamster. — Mostra o tamanho do bichinho com
as mãos.
Liam ri tanto à nossa frente, que bato em seu ombro para que preste
atenção na estrada.
— Oh, seu cuzão, eu sou lindo e jovem demais para morrer. Presta
atenção na estrada.
— Fique tranquilo que você não vai morrer pelas minhas mãos. — Me
olha rapidamente. — Pelo menos não hoje.
— Que isso? Me ameaçando?
— Quem sabe? — Dá de ombros. — Ainda não esqueci que me fez
perder duzentos dólares.
— Ainda essa história? — Me recosto no banco. — Nem fez diferença
na sua conta bancária. Você pode me bancar muito bem e nem vai sentir.
— Não é você que joga na minha cara sobre eu ter namorado com
Hanna escondido para conseguir as coisas? — pergunta, e vejo o momento
que minha irmãzinha faz uma careta.
— O quê? Vocês magoaram os meus sentimentos. — Finjo uma
expressão de tristeza.
— Ah, conta outra. Nem foi pra tanto assim. — Hanna faz um gesto
de desdém com a mão enquanto sorri.
Sorrio e concordo com a cabeça.
Sabemos que não foi bem assim que aconteceu, mas agora que tudo
está resolvido. Por que não tirar uma com a situação?
— Sabe o que eu estava me lembrando? — Liam pergunta, depois de
um tempo em silêncio.
— O quê? — pergunto.
— Teve um certo momento em que você não saiu do celular, Aaron, e
acabou nos deixando jogar sozinhos depois do almoço no Dia de Ação de
Graças.
— Verdade isso — Hanna concorda. — Aposto que estava falando
com a Holly.
— Como tem tanta certeza? — questiono.
— Você só fica com aquela cara de bobo idiota quando está falando
com ela — conta sua teoria e acabo rindo.
Querendo ou não, minha irmãzinha não está mentindo.
Não sei explicar o que acontece, mas Holly consegue arrancar reações
minhas que mais ninguém consegue.
Quando decidi ligar para ela e não fui atendido, tive certeza de que
algo tinha acontecido e já estava pensando em várias maneiras de fazer com
que ela não se afastasse de mim.
Já estava prestes a ligar mais uma vez, quando uma mensagem sua
chegou acompanhada de uma foto que agora uso como meu papel de parede
do celular.
Rendido?
Completamente.
Estamos a poucos minutos da minha casa e de Liam, quando ele diz:
— Vou te deixar em casa primeiro, tá bom?
— Aonde vocês vão? — pergunto, curioso.
— Cinema — Hanna é quem responde.
— De novo?
— É, ué. — Pega o seu batom e quando abre, o cheiro de morango
toma conta do carro. — Vamos aproveitar que estamos chegando cedo e
vamos fazer alguma coisa.
— Vai querer ir pra casa ou não? — Liam volta a perguntar.
— Não sei. — Olho para fora e penso um pouco. Bennett e Simon
não estão em casa, foram passar o feriado sei lá onde, meu melhor amigo e
minha irmã vão a um encontro. Se eu for para casa, acabarei ficando
sozinho. Será que...? — Bonequinha, sabe me dizer se a Holly já está em
casa?
— Pelo que ela me disse, já está a caminho — avisa, olhando para
trás. — Por quê?
— O que acha de me emprestar a sua chave de casa? — peço.
— O que vai aprontar? — pergunta, enquanto começa a mexer em sua
bolsa.
— Já que vocês irão ao cinema e vou acabar ficando sozinho em casa,
decidi fazer uma noite de filmes com ela — conto.
Mais uma regra que quebrarei.
Obrigado pela ideia, irmãzinha.
— Você é impossível. — Me entrega a chave.
— Também amo você. — Pego o objeto de sua mão e mando um
beijo.
— Casa das meninas, então? — Liam pergunta, já mudando de
direção.
— Isso aí amigo — afirmo, com um sorriso bobo estampado em meu
rosto.
Tomara que não seja uma tarefa difícil, a de convencê-la.
Alguns minutos depois, Liam estaciona em frente a casa delas. Desço
do carro, sem demorar na despedida, sigo em direção a porta de entrada,
uso a chave de Hanna e entro na casa.
O lugar está completamente escuro quando entro, então acendo
algumas luzes da sala, para que eu consiga enxergar de uma vez. Olho para
tudo à minha volta, e ainda me pego surpreso com o tamanho que essa casa
tem.
Minha irmãzinha ainda não acredita que está morando em um lugar
como esse, mas ela acabou me confidenciando que aos poucos está
conseguindo se adaptar.
Continuo olhando para tudo, até que vejo as horas no relógio perto da
televisão, e percebo que tenho que correr se quiser pegar Holly de surpresa.
Tiro o meu casaco mais pesado, ficando só com uma blusa de mangas
compridas na cor verde musgo e sigo em direção a cozinha para preparar
tudo. Minutos depois, estou arrumando tudo o que fiz em cima de uma
bandeja de café da manhã e sigo em direção ao quarto dela.
Poderia fazer uma sessão de cinema na sala? Poderia. Mas qual seria a
graça? Isso mesmo, nenhuma.
Subo as escadas lentamente, tomando o cuidado de não derramar nada
e quando paro em frente ao seu quarto, tenho que abrir a porta usando meu
cotovelo e a empurrar com as costas.
Entro no local e sou recebido pela sua bagunça de sempre.
Me pergunto como ela consegue se achar nessa pequena zona.
Caminho até sua cama, deixo a bandeja em cima da colcha azul bebê,
olho no relógio e quando percebo que ainda tenho alguns minutos, decido
pelo menos juntar tudo em um lugar só.
Assim que termino, vejo se tudo está em ordem e quando me dou por
satisfeito, saio do quarto e vou para a sala esperá-la.
Estou jogando em meu celular para passar o tempo, quando escuto a
porta da frente ser aberta.
— Hanna, cheguei!
Escuto sua voz, acompanhada do barulho da porta se fechando atrás
dela.
Fico em silêncio até que ela me encontre.
— Hanna Mo, está aí? — O som de seus passos acaba saindo bem
mais alto que o normal, pela falta de barulho. — Onde você está, hein, sua
vadia? Eu sei que está em casa porque estou sentindo cheiro de comida.
Tenho que tampar meus lábios com as mãos para segurar minha risada.
Ela ainda não me encontrou, porque a sala onde estou e a porta de
entrada, são separadas por um corredor.
— Espero que esse silêncio não signifique que você e o Liam estão
pelados de novo — suspira em frustração. — Odiaria ter que ver a bunda
dele de novo.
É o quê?
Então a história de que ela viu a bunda do meu melhor amigo era
verdade?
Descobri que Holly já sabia de tudo sobre eles e achei que ela só
estava acobertando os dois. Mas pelo visto, ela acabou pegando minha
irmãzinha e o namorado em uma situação constrangedora.
Estou quase me levantando para dizer que sou eu e não Hanna que está
em casa, quando Holly aparece no batente da porta da sala e me encara com
os olhos arregalados.
— Consegui te deixar sem fala, pequeno Carma? — sorrio.
— O que está fazendo aqui? — pergunta, se aproximando de mim.
— Estava eu, um lindo e solitário garoto, voltando da casa dos pais e
percebi que ficaríamos — aponto para nós dois — sozinhos em casa, e
pensei: por que não juntar o útil ao agradável e terminar minha tarde na
companhia da garota mais linda desse mundo?
Rindo, ela para à minha frente e cruza os braços abaixo dos seios.
— E se eu não aceitasse a sua companhia? — Me olha de cima a baixo
com um sorrisinho estampado em seu rosto. — O que você faria?
— O que sei fazer de melhor. — Aproximo nossos rostos e o contato
da sua respiração quente com a minha pele me faz arrepiar.
— E o que seria?
Envolvo sua cintura com os meus braços e sussurro:
— Seduzi-la. — Beijo a ponta do seu nariz e a pego de surpresa ao me
abaixar, segurá-la pelas pernas e apoiá-la em meu ombro.
— Aaron, me coloque no chão agora mesmo — pede, batendo em
minhas costas.
— Só quando você ver o que eu preparei — digo, indo em direção as
escadas.
— Eu juro que quando você me soltar, eu vou matar você.
Gargalho de suas reações e acho que acabo a irritando mais ainda,
porque ela dá um tapa na minha bunda, desajeitado, por conta da sua
posição menos favorecida.
— Fique quieta que já estamos chegando — digo, retribuindo o tapa.
Holly bufa raivosa e se aquieta um pouco em meu colo, enquanto
termino de subir as escadas.
Assim que paro em frente ao seu quarto, abro a porta, entro e a
segurando pela cintura, coloco-a no chão lentamente.
— Idiota — me xinga, enquanto afasta os fios revoltos dos seus
cabelos da frente do rosto. — Devo estar toda vermelha. — Levanta o rosto
em direção ao meu e confirmo sua teoria.
— Está linda como sempre. — Faço um carinho em sua bochecha
quente e corada.
— Idiota. — O xingamento dessa vez vem acompanhado de um tapa.
— Por que todo esse show?
— Queria garantir que você não recusasse o meu pedido.
— Bom, se esse é o seu jeito de me fazer não recusar, saiba que não
deu certo — responde, me fazendo rir.
— Gosto de coisas inusitadas — garanto.
— Sei. — Cruza os braços em frente ao corpo e espreme os olhos em
minha direção. — Mas afinal de contas, o que você está aprontando? —
pergunta.
Viro-a de costas para mim e de frente para a sua cama e mostro o que
fiz por nós.
— Uma noite de filme. — Empurro suas costas de leve até ela chegar
perto o suficiente da cama. — O que me diz?
Seu silêncio absoluto me deixa um pouco apreensivo.
Sei que estamos quebrando umas duas regras aqui de uma vez só e que
provavelmente ela não irá aceitar o que propus.
Foi um risco que quis correr.
Estou pensando em maneiras de fazer com que aceite o convite,
quando ela se vira pra mim e diz:
— Só vou aceitar se eu puder escolher o filme.
Em um primeiro momento, penso ser coisa da minha cabeça.
Ela aceitou?
Quer dizer, ela realmente aceitou?
Sorrindo, assinto com a cabeça.
— Contanto que não seja uma comédia romântica. — Dou de ombros.
Me encara com um sorriso travesso em seus lábios, e sei que terei que
assistir algum filme água com açúcar, mas sabe de uma coisa? Por ela vale a
pena.
— Vou trocar de roupa para uma mais confortável — avisa, já indo em
direção ao guarda-roupa. — Enquanto isso você prepara tudo — pede.
Concordando com ela, vou em direção a cama e com cuidado para não
derrubar tudo que estava em cima dela, afasto o edredom para que
possamos nos cobrir.
Estou distraído arrumando os travesseiros, quando vejo a bunda de
Holly envolta de uma calcinha azul royal e mesmo que involuntariamente,
sinto meu pau pulsar dentro das calças.
Essa mulher ainda vai me matar.
Como se tivesse escutado meus pensamentos, ela me olha por cima do
ombro e com um sorrisinho atrevido, sobe sua calça de moletom
rapidamente, fecha a porta do armário, caminha em minha direção e se deita
do lado direito da cama como se não tivesse feito nada.
Acompanho cada passo seu e foco meus olhos nela deitada na cama.
— O que foi, Aaron? Algum problema? — pergunta, enchendo a mão
de pipoca e a comendo em seguida.
— Nenhum — respondo, ajeitando meu pau na calça de moletom e me
sento ao seu lado.
Holly gargalha, jogando a cabeça para trás.
— Me dê logo o controle — pede, apontando para a mesinha de
cabeceira ao meu lado.
Entrego o controle para ela, que abre um dos streamings, e começa a
procurar pelo filme.
— Qual filme veremos hoje? — pergunto, me servindo de um pouco
de pipoca.
— Meu filme preferido.
Olho para a tela e o nome 10 Coisas que Odeio em Você aparece, e
poucos minutos depois, Heath Ledger e Julia Stiles estão contando sua
história de amor.
— Se ela ficar brava com esse cara por ter aceitado o dinheiro — bebo
um pouco de refrigerante. — Eu darei razão a ela — digo, apontando para a
tela à minha frente.
— No final dá tudo certo — conta, comendo um pedaço de chocolate.
— Espero que ele faça algo incrível para conquistá-la de volta.
— Ah, mas ele faz.
— E o que é? — pergunto curioso.
— Ele juntou dinheiro e acabou dando uma coisa que ela queria muito.
Por que sinto que essa parte da história é parecida com a nossa?
Quer dizer. Só a parte do presente caro para agradar a menina por
quem está apaixonado.
— Já fiz isso — sussurro, levando a mão cheia de pipoca até a boca.
Holly ri e chega mais perto de mim, mostrando que conseguiu escutar
o que eu disse.
O filme já está bem avançado, quando Holly se aconchega em meu
braço e aos poucos, sua respiração desacelera até se transformar em um
ressonar constante.
Devagar, pego o controle ao seu lado, desligo a televisão, tiro a
bandeja de cima da cama, volto a deitar ao seu lado, e cuidadosamente, a
ajeito em meus braços e passo a observar seus traços.
Agora com nossos rostos tão próximos assim, consigo notar suas
pequenas sardas em volta do nariz e em boa parte das suas bochechas.
Deus, como ela é linda.
Passaria horas a olhando sem nem me cansar. Não sei quanto tempo
fico assim, só sei que quando me dou conta, sou envolvido pela neblina do
sono.
Quero usar suas iniciais em uma corrente no meu pescoço

Corrente no meu pescoço

Não porque ele seja meu dono

Mas porque ele realmente me conhece

O que é mais do que eles podem dizer, eu


Call It What You Want – Taylor Swift

Sou despertada pelos raios de sol que entram pela janela.


Merda, tinha esquecido de fechá-las ontem.
Esbravejo em pensamentos, e quando viro de lado para tentar voltar a
dormir, sinto um braço forte impedir meus movimentos, apertar minha
cintura e me puxar de encontro ao seu peito quente.
Abro um dos olhos, mas por conta da claridade, tenho que fechá-los de
novo. Conto até cinco, e quando acho que já é seguro voltar a abri-los, olho
por cima do ombro, e me deparo com o rosto sereno de Aaron atrás de mim.
Fico o admirando por algum tempo, desde os cílios longos e cheios
que descansam sobre suas bochechas aos lábios separados que puxam o ar
lentamente.
Ele está perfeito nesse momento.
Olho em volta, a televisão não está mais ligada e a vasilha de pipoca já
não está mais em cima da cama.
Devo ter pegado no sono e ele cuidou do resto.
Estico minha mão para procurar o meu celular, mas acabo encontrando
o dele.
Estou quase o colocando no mesmo lugar e voltando a busca pelo meu
quando o aparelho acende em minhas mãos e acabo vendo a foto que
mandei no dia de Ação de Graças para ele.
Nem acredito que está usando essa foto como descanso de tela. Não
que eu esteja feia toda suja e grudenta, mas se ele queria uma foto minha,
que colocasse uma que me favorecesse mais.
Volto a olhar por cima dos ombros, e quando me certifico que ainda
está dormindo, largo seu celular em cima do travesseiro, e volto a procurar
o meu. Assim que o encontro, abro o aplicativo da câmera, posiciono-a de
uma maneira que pegue nós dois e quando estou satisfeita, capturo o
momento e mando para ele por mensagem.

Clico em enviar e sorrio ao imaginar o que ele irá pensar sobre isso.
Jogo o aparelho ao lado do dele, e acho que me movimentei demais,
porque sinto seus braços apertarem minha cintura e seu rosto se esconder na
curva do meu pescoço.
— Por que está se mexendo tanto assim? — sua voz está abafada por
conta do seu esconderijo.
— Estava vendo as horas — minto.
Fiquei tão entretida em tirar uma foto que esqueci de conferir que
horas eram.
— Que horas são? — pergunta.
Disfarçadamente, pego meu celular de novo e dessa vez as verifico.
— Vai dar seis horas — digo, largando o celular mais uma vez.
— Merda — pragueja. — Se não nos levantarmos agora, iremos
perder a hora.
— Isso é uma verdade — digo.
— Mas aqui está tão bom que não quero levantar. — Enfia uma das
mãos por dentro da minha blusa e meu corpo todo se arrepia quando faz um
carinho de leve no lugar exato da minha tatuagem.
— O que está fazendo? — questiono.
— Aproveitando o tempo que temos. — Sem que eu espere, ele me
vira de frente para si, em um único movimento. — Bom dia, linda. — Tenta
beijar minha boca, mas viro meu rosto para o outro lado.
— Nem pensar.
— Por quê? — beija minha bochecha.
— Acabamos de acordar e eu não escovei os dentes — respondo,
tampando minha boca com as mãos quando ele tenta me beijar de novo.
— E quem disse que eu ligo pra isso? — morde minha mão.
Por reflexo, acabo tirando as mãos da boca e se aproveitando da deixa,
ele une nossos lábios em um beijo lento. Sua língua busca a minha e eu a
entrego de bom grado, me rendendo as suas carícias. Levo minha mão livre
até sua nuca e entranho meus dedos nos seus cabelos, que cresceram bem
desde a última vez que o vi, puxo-os de leve, fazendo com que ele morda
meus lábios em resposta.
Aaron vira seu corpo para que possa se deitar em cima de mim, segura
minha perna esquerda, a apoia em sua cintura e sinto seu pau duro de
encontro a minha boceta.
Lentamente, sua mão – que antes acariciava minha tatuagem sem parar
– sobe em direção ao meu seio e o aperta com força, me fazendo gemer e
cravar minhas unhas em suas costas.
— Não era pra ser um beijo de “bom dia”? — pergunto, quando ele
solta meus lábios e passa a sugar e morder meu pescoço, fazendo meu
corpo todo se arrepiar.
Espero que não fique marcado depois.
— Mas eu estou te dando “bom dia”. — Levantando seu rosto, ele me
olha. — Só que da melhor maneira possível. — Chupa meu lábio inferior e
o morde em seguida.
— Você vai acabar me deixando mal-acostumada se me acordar assim
mais vezes. — Faço um carinho em sua bochecha.
— Para isso, teremos que dormir juntos mais vezes. — Dá de ombros
e me encara com uma expressão de “O que acha dessa ideia?”.
— Sei — dou um selinho nele e aproveitando a deixa, bato em seu
ombro para que saia de cima de mim. — Vamos logo ou iremos nos atrasar
para a aula.
— Não quero sair daqui. — Se ajeita em cima de mim e consegue me
prender em seu abraço. — Já disse que está confortável.
— Tudo o que é bom dura pouco — digo, me sentindo um pouco
frustrada de ter que acabar com a festa que estávamos prestes a começar.
— Tudo bem, eu te solto. — Afrouxa o aperto. — Mas só se me
prometer que iremos voltar de onde paramos, depois — pede, depois de
morder meu queixo.
— Irei pensar.
— O quê? — questiona um pouco indignado.
Aproveito seu descuido e me solto do seu agarre, me levanto da cama,
antes que consiga me segurar de novo.
— Anda logo. — Dou um tapa em sua perna. — Levante dessa cama e
vá tomar um banho — ordeno, apontando para a porta que dá para o
banheiro.
— Não tenho roupa extra — responde, cruzando os braços atrás da
cabeça.
— Mas seu melhor amigo tem algumas no quarto da Hanna, alguma
deve te servir — digo, enquanto pego uma toalha extra no meu guarda-
roupa.
— Tá bem, estou indo. — Se levanta da cama em um salto, vem em
minha direção e pega a toalha da minha mão, mas não sem antes me roubar
um selinho. — Para caso eu sentir saudades — diz, e acaba rindo da cara
que faço. — Estou indo. — Segue em direção ao banheiro.
Quando escuto a água começar a cair, deixo um sorrisinho escapar e
acabo me dando conta de que gosto desses momentos com ele.
Sem esperar mais, decido ir atrás de Hanna para pegar as roupas de
Liam.
Vou até seu quarto, mas o cômodo se encontra vazio.
Deve ter dormido no Liam.
Estou quase voltando para onde estava pra mandar uma mensagem a
ela, quando sinto cheiro de panquecas e bacon, vindo da cozinha.
Mudo de percurso, na direção em que tenho certeza que ela está, e
assim que chego ao cômodo, confirmo minha suspeita.
— Você não tem casa, não? — pergunto, olhando para o namorado da
minha melhor amiga, que está andando sem camisa pela minha cozinha.
— Minha casa é onde minha Moranguinho está — responde,
abraçando Hanna – que está colocando algumas panquecas em um prato –
por trás.
— Sei. — Reviro os olhos.
— Bom dia, bebê. Quer algumas? — Aponta para o café da manhã
que acabou de fazer.
— Bom dia, gatinha. Não, estou sem fome agora — conto, olhando
para ela.
— Por que não vai comer? — pergunta, se sentando à mesa e passando
a garrafa térmica com café para Liam.
— Só não estou a fim — respondo. — Ah, Liam. Tem alguma roupa
sua sobrando aqui? — pergunto diretamente para ele.
— Tenho, por quê? Vai colocar fogo nela? — Morde suas torradas
com geleia de frutas.
— Bem que eu queria, mas não. — Tiro uma mecha que insiste em
cair no meu olho. — Aaron dormiu aqui e...
— Espera aí! — Hanna me interrompe. — Meu irmão dormiu aqui?
— É, dormiu — afirmo. — Mas acho que você já sabe, pois deu sua
chave para ele.
— Sim, mas não imaginei que ele dormiria aqui — assume, se
recostando na cadeira. — Interessante.
— O que é interessante? — pergunto, arqueando uma das
sobrancelhas.
— Nada — desconversa, escondendo um sorrisinho atrás da sua
caneca.
Encaro-a por alguns segundos, mas quando canso desse joguinho,
volto minha atenção para Liam.
— Então, pode emprestar uma muda para o seu amigo?
— Tá bom, vamos lá. — Aponta com o queixo em direção a saída da
cozinha.
Acompanho-o até o quarto de Hanna, onde ele pega uma calça jeans,
uma blusa de manga comprida na cor branca e uma cueca ainda fechada.
— Obrigada — agradeço, já saindo do cômodo.
Entro no meu quarto e ainda consigo escutar a água caindo lá dentro,
imagino o líquido quente sobre seu corpo todo tatuado e sinto vontade de
estar lá dentro com Aaron.
Quer saber de uma coisa? Eu vou.
Coloco as roupas em cima da minha cama e caminho em direção ao
banheiro.
Assim que abro a porta, penso que acabei tomando a decisão certa.
A visão que tenho à minha frente, com toda a certeza, é a mais linda e
erótica de todas.
Aaron está de costas para mim, e dessa maneira, tenho a visão
privilegiada das tatuagens em suas costas. Passo a acompanhar o caminho
que as gotas de água fazem em direção ao seu bumbum arrebitado e
durinho.
Minha boca chega a salivar com a vontade de dar uma mordida.
— Se continuar a me encarar assim, irei secar por completo — diz,
ainda de costas pra mim. Sem respondê-lo, tiro minhas roupas, sigo até ele
e entro no box.O vapor quente faz minha pele transpirar e meus cabelos
acabam grudando em minha têmpora em questão de segundos. — O que
está fazendo? — pergunta, se virando em minha direção.
— Algo que deveria ter feito antes — digo, apoiando minhas mãos em
seus ombros e beijo seu pescoço.
Sua pele é quente e está escorregadia por conta do sabonete que estava
usando. Se aproximando, ele segura em minha cintura com suas mãos
grandes e calejadas pelos treinos pesados, e aperta o local, carimbando seus
dedos ali, desço beijos pelo seu peito e deixo uma mordida em seu mamilo
sensível e endurecido.
— Holly — geme, jogando a cabeça para trás quando sugo o mamilo
com um pouco de força.
Seu pau pulsa entre nós e anseio por chupá-lo até levá-lo ao limite.
— Sabe de uma coisa? — beijo toda a extensão do seu peitoral, até
chegar ao outro mamilo e dou a ele o mesmo tratamento.
— O quê? — sua voz é baixa.
— Você ficaria muito sexy com um piercing no mamilo. — Lambo o
pequeno bico, deixando-o endurecido.
— Anotado — ofega.
Sorrindo, começo a descer os beijos em direção ao seu abdômen
definido e beijo a tatuagem de uma pequena rosa em sua costela.
— Eu amo suas tatuagens. — Desço minhas mãos pelos seus braços,
tocando o máximo de desenhos possíveis. — Amo beijar todas elas — digo,
descendo mais os beijos, até chegar perto de sua pelve. — Principalmente
essa aqui. — Aponto para a de cisne e mordo uma das asas.
Olho para o lado, e sou recebida pela imagem do seu pau
completamente duro, com a pré-ejaculação escapando pela cabeça inchada
e avermelhada.
Levanto minha vista para ele, e encontro seus olhos caídos de desejo,
focados nos meus. Sem perder tempo seguro a glande pesada com uma das
mãos, coloco um pouco de pressão e começo o movimento de vai e vem.
— Puta merda — pragueja, fechando os olhos e jogando a cabeça para
trás.
Seus gemidos são como um afrodisíaco para mim, em questão de
segundos, estou completamente excitada sem ele ter feito nada.
Seu pau pulsa na minha mão e quando algumas gotinhas do seu pré-
gozo escorrem, e as capturo rapidamente, lambo a glande pulsante e ainda
sem desviar meus olhos dos dele, chupo seu pau até o limite.
— Deus, linda. — Fecho os olhos quando suas mãos entranham em
meus cabelos. Sem que ele peça, começo a chupá-lo, levando-o até o limite
da minha garganta. O aperto em meu couro cabeludo se intensifica a cada
investida que dou com meus lábios. Eu o chupo, lambo e faço movimentos
de vai e vem para me auxiliar. Meu maxilar dói pelo esforço, mas não paro
até que sinta seu pau inchar em minha língua. Sinto minha boceta se
contrair e latejar de desejo, e a procura de um alívio, desço meus dedos até
meu clitóris inchado e latejante e passo a me masturbar. — Chega, preciso
sentir você. — Rapidamente, Aaron me levanta de uma vez só, e acabo
entrelaçando sua cintura com as minhas pernas. — Eu adoraria gozar na sua
boca e sentir meu gosto nos seus lábios depois, mas agora eu preciso gozar
dentro de você.
Dizendo isso, posiciona seu pau na minha entrada e com um único
movimento, se enterra dentro de mim.
Abafando meus gritos com os seus lábios, Aaron investe com tanto
vigor, que precisa proteger minha cabeça com suas mãos para que eu não
me machuque. Nenhuma parte do meu corpo está livre dele, ele tomou tudo
para si, desde os meus lábios que estão sendo devorados, até minha boceta
que recebe suas investidas e se contraem em contentamento.
Em poucos segundos, o banheiro está envolto em uma névoa densa
por conta da água quente e do calor que nossos corpos emanam. Os
gemidos já tomaram conta de todo o lugar, e vão ficando altos a cada
investida que damos um no outro.
Sinto meu clitóris pulsar e minha boceta se contrair, me avisando que
estou perto.
— Aaron — gemo em um aviso e ele não precisa de muito para
entender.
— Juntos — pede, investindo mais algumas vezes. Estou quase no
meu limite, quando sinto seu pau pulsar com mais força. — Agora, linda.
E como mágica, gozamos juntos.
Aaron enterra o rosto em meu pescoço e morde o local sensível,
enquanto faço carinho em suas costas, aproveitando o momento de êxtase,
até que tenhamos liberado até a última gota de prazer.
Nossas respirações seguem o mesmo ritmo. Aaron, finalmente, sai do
seu esconderijo, e passa a beijar todo o meu rosto. Começando pela testa,
seguindo para os olhos, nariz, bochechas e terminando nos meus lábios. E
diferente dos outros, esse é calmo, como se estivéssemos nos conhecendo a
partir desse momento.
Ficamos tanto tempo nos curtindo e trocando carícias, que nem me
importo quando a água se torna gelada e faz meu corpo estremecer.
Lentamente, desço do seu colo, e foco meus olhos nos seus.
— Isso sim que é um bom dia. — Sorrio.
Aaron gargalha, jogando a cabeça para trás e quando se recupera,
encosta sua testa na minha.
— Posso me acostumar com isso — diz, beijando a ponta do meu
nariz.
Deito minha cabeça em seu ombro, concordo com a cabeça e volto a
apreciar esse momento com ele.
Não me importa quanto tempo demore

Enquanto eu estiver com você, terei um sorriso no rosto


Here With Me - D4vid

O suor escorre da minha testa até os meus olhos, fazendo-os arderem.


Pego a toalha que deixei em cima do painel da esteira e seco meu rosto, até
que não tenha nenhum resquício de suor.
Rapidamente, olho para o cronômetro e ainda faltam dois minutos de
corrida.
Viro para o lado e Liam está concluindo sua série de braço, enquanto
Bennett está ao seu lado, esperando sua vez, já que estão se revezando.
Mesmo os treinos estando em recesso – nosso treinador que teve que
resolver um problema pessoal – não quer dizer que estamos 100% livres
dos exercícios. Hoje mesmo nós quatro tivemos que acordar cedo para
malhar com o time. Fora nossa dieta. Simon não deixa a gente respirar em
cima de algo que contenha carboidrato, açúcar ou gordura.
Ontem, encontrei um pedaço de torta de maçã, que com certeza foi
Hanna quem deixou lá, e quando estava prestes a comer, Simon acabou
chegando na hora e passou a encher o meu saco por vários minutos, porque
eu ia comer a porcaria do doce.
Bennett que acaba sofrendo na mão dele. O cara gosta de fumar e
quando estamos perto do campeonato, magicamente, seus maços começam
a sumir.
Quando Simon tem que ser um pé no saco, ele consegue com maestria.
Olho para o painel mais uma vez e faltam 4..., 3..., 2…,1...
Aperto o botão para desacelerar a esteira, transformando a corrida
intensa em um pequeno trote, passando para uma caminhada, até que pare
de vez.
Ofegante e mais suado do que nunca, pego minha garrafa de água do
suporte e a seco em questão de segundos.
— Vai fazer mais algum aparelho ou esse foi seu último? — Liam
pergunta, tirando sua camisa e parando ao meu lado.
— O último — respondo, pegando a toalha novamente e secando meu
rosto. — Vai fazer mais alguma coisa?
— Simon queria que sim, mas o mandei ir a merda. — Bebe um gole
de sua água.
Acabo rindo da situação.
— Saiu da dieta?
— Foi só a porra de um sorvete — responde.
— Sorvete esse que se deixasse, você comeria até dizer chega. —
Simon chega perto de nós acompanhado de Bennett. — Só estou cuidando
da porra da saúde de vocês. — Aponta o indicador na nossa direção. —
Inclusive da sua. — Se vira em direção a Bennett.
— Mas eu estou seguindo essa sua loucura, Simon — suspira. —
Sempre sigo sem reclamar.
— O que adianta se você fica fumando? — Arqueia uma das
sobrancelhas.
— Foi você quem jogou o maço novo fora, não foi? — Passa as mãos
no rosto.
— Sabe que sim — assume. — Espero que não compre outro. —
Empurra a cabeça do amigo, com um dedo.
— Para com isso. — Estapeia sua mão. — Sabe que odeio quando faz
isso.
— E justamente por isso que vou continuar fazendo. — Tenta repetir o
ato, mas Bennett é mais rápido e consegue se esquivar.
Eu disse que ele ficava louco com a nossa saúde quando chegava perto
do campeonato.
Espero que a gente ganhe esse ano, porque se perdermos essa taça
mais uma vez, o nosso próximo ano será o último, e eu garanto que ele
estará pior do que agora.
— Não podemos relaxar nem hoje? — pergunto, depois de ver Bennett
batendo no melhor amigo. — É final de semana.
Simon está prestes a me responder, quando Liam o interrompe.
— Eu acho bom ele aceitar, porque acabamos de receber um convite
para uma reunião com comida e bebida na casa das meninas — conta,
balançando o celular. — Ou seja, bastante álcool e coisas gordurosas.
Acabo rindo do jeito que Liam fala.
Festinha na casa da Holly?
Estou dentro.
Olho para Simon que nos encara por um tempo, até que confirma com
a cabeça e diz:
— Vamos beber.

Bato na porta, e somos recepcionados pela minha irmãzinha, que tem


um copo de alguma bebida rosa em suas mãos.
— Oi, minha Bonequinha. — Me aproximo e dou um beijo em sua
testa.
— Demoraram. — Fica na ponta dos pés para conseguir beijar minha
bochecha. — Achei que não viriam mais. — Me larga, para receber o
namorado com um beijo.
— Simon achou que estávamos vindo para um evento gigante e ficou
horas no banheiro — Liam conta, se afastando e a envolvendo pela cintura.
— Que foi? Estava me arrumando para poder impressionar a minha
garota — responde, com um sorrisinho de lado estampado em seu rosto.
— Que garota? — Bennett pergunta.
— A Hanna, ué. — Tira minha irmã dos braços do namorado e a
envolve pelos ombros. — E aí, bonequinha? Quanto tempo não te vejo. —
Faz um carinho em seu ombro. — Ainda não se cansou desse músico
fajuto? — Encara Liam que o fuzila com os olhos.
— E por que ela desistiria de mim? Posso saber?
— Sou mais gostoso, interessante — vai ditando enquanto Hanna
começa a rir, ainda abraçada com ele. — A lista é longa. Quer que eu
continue?
— Idiota — Liam o xinga.
— A verdade dói, não é? — suspira, fingindo estar chateado.
— Ah, cala essa boca — manda, esticando a mão em direção a minha
irmã. — Tem como devolver a minha namorada? — Segura Hanna pela
cintura e a puxa em sua direção.
— Namorada por enquanto. — Pisca um dos olhos. — Ainda não
desisti de conquistá-la.
Encaro meu melhor amigo e caio na gargalhada depois de ver que seu
rosto está distorcido em uma careta.
Nesse momento, ele está se mordendo de ciúmes.
Lógico que sabemos que tudo não passa de uma das inúmeras
brincadeiras de Simon, mas quem disse que o ciúmes nos deixa ser racional
nesse momento.
— É melhor abrir os olhos, Liam. — Aponto para Simon com a
cabeça. — Ou ganharei um novo cunhado.
— Vai se foder você também. — Mostra o dedo do meio e sai com
Hanna em direção a sala, nos deixando sozinhos na entrada.
— Ele ainda vai socar você — Bennett diz, passando por nós e
seguindo o casal.
— O que é a vida sem riscos? — responde, com um sorriso cafajeste
nos lábios.
Rindo, balanço a cabeça em negação e passo a seguir o mesmo
caminho que os outros.
Assim que chegamos na sala, vejo que Harry, Genna e Maddy estão
sentados em volta da mesinha de centro, enquanto comem um pedaço de
pizza, acompanhados de Liam e Hanna, que estão sentados no sofá.
Olho em volta à procura dela, mas não a encontro em lugar nenhum.
— Cadê a futura mãe dos meus filhos? — pergunto, olhando para os
nossos amigos.
— Está... — Harry está me respondendo, quando é interrompido.
— Que história é essa de mãe dos seus filhos? — Holly questiona,
passando por mim, indo até a mesinha de centro e pegando um pedaço de
pizza.
— Relaxa, linda. Eu estava falando da Maddy. — Pisco em direção a
ruiva que para o pedaço de pizza em frente ao rosto.
Holly me encara e se olhar matasse, com toda certeza, eu estaria
estirado no chão da sala nesse exato momento.
— Eu acho que ele não tem medo de morrer — minha irmã sussurra
atrás de mim.
— Você já aproveitou bastante, né? — Cruza os braços em frente ao
corpo. — Não tem problema não. — Se vira de costas pra mim e de frente
para Simon. — Ainda está de pé aquela proposta?
Meu estômago se revira todo e sinto o gosto amargo do ciúmes tomar
conta da minha boca.
— Que proposta? — pergunto, me aproximando deles.
Sem olhar para mim, ela volta a questionar Simon.
— Então?
— Eu disse que eu seria a melhor escolha. — Se aproxima. — Mas
você escolheu o Aaron no jogo de Verdade ou Desafio.
— Cometi um pequeno erro — se finge de decepcionada. — Me
desculpe por isso.
É errado eu querer esganar o Simon nesse momento?
— Vão sentir muita falta se eu matá-lo agora? — pergunto, depois que
ele puxa Holly pela cintura.
— Nem um pouco — Liam responde.
— Ele procurou por isso. — Os olhos de Bennett não passam de
fendas ao encará-lo.
— Parece que alguém será castigado hoje — Genna ri do seu próprio
comentário.
— Pode ter certeza que sim — respondo, enquanto chego perto de
Holly. — Acho melhor tirar suas mãos daí se quiser continuar com todos os
dedos. — Olho para sua mão na cintura dela.
— Não sabia que era ciumento, Carson. — Sorri de lado e a puxa para
mais perto.
— Por ela? — Tiro suas mãos da cintura de Holly, viro-a de costas
para mim e envolvo-a com os meus braços. — Sempre — confirmo.
Seu corpo treme e sei que a sem-vergonha está rindo do meu pequeno
embate com Simon.
— Você gosta de me provocar, não é? — sussurro bem rente a sua
orelha.
— Eu? — Vira seu pescoço para que possa me olhar por sobre o
ombro. — Você sabe a resposta.
Me pegando de surpresa, ela me dá um selinho rápido e se solta do
meu agarre, indo se sentar ao lado de Hanna.
Atordoado, fico parado no meio da sala como um bobo que ganhou
seu primeiro beijo da garota que gosta.
Esse é o efeito que Holly tem em mim.
Ela consegue me desconfigurar em questão de segundos e com um
único ato.
— Vai ficar aí em pé ou vai se sentar? — Genna pergunta, apontando
para o lugar vago ao lado de Holly
Sem dizer nada, me sento no lugar indicado.
— Quer um pedaço? — Coloca algo em frente ao meu rosto.
Acabo me afastando por conta do movimento repentino, mas quando
vejo que é um pedaço de pizza de quatro queijos, aceito, abrindo a boca e
mordendo um pedaço generoso.
Suspiro em satisfação, quando a combinação do queijo muçarela,
parmesão, provolone e gorgonzola, se misturam em minha boca, formando
a melhor combinação do mundo.
Como senti falta de comer uma boa pizza.
Faz meses que não sei o que é isso.
— Quer mais? — Holly pergunta, me oferecendo mais um pedaço.
— O que deu em você para estar me dando comida na boca? —
pergunto, aceitando. — Você não botou veneno aí não, né? — provoco-a.
— Isso você só vai descobrir daqui a dez minutos — responde à
altura.
Rindo do que disse, me recosto no sofá, apoio meu braço em seu
ombro e a puxo para mais perto de mim. Fico esperando para ver se irá se
afastar, mas quando isso não acontece, relaxo mais ainda.
— Cara, que saudades de comer uma boa pizza e relaxar assim com
vocês. — Genna transforma meus pensamentos em palavras.
— Digo o mesmo — concordo. — A faculdade está me matando aos
poucos.
— A todos nós — Maddy suspira, deitando a cabeça no ombro de
Harry que fica estático com a aproximação repentina.
Já percebi que ele fica supertímido quando envolve a Maddy. Quer
dizer, ele fica com a gente também, não tanto quanto quando minha
irmãzinha o apresentou para nós, mas ainda fica. Só que com Maddy, a
coisa é diferente. Ouso dizer que ele desliga por alguns segundos para
religar logo em seguida.
— Se eu tiver que entregar mais um trabalho, eu juro que vou surtar
— Hanna diz, depois de dar um gole em sua bebida.
— Não se esqueça que teremos prova essa semana, Hanna Mo —
Holly relembra e minha irmã resmunga.
— Odeio provas de fim de ano — Genna assume.
— Quem gosta de provas? — Simon pergunta. — Por mim, eu não
fazia nenhuma delas. Não quero seguir carreira no curso que faço mesmo.
— É, mas se você não tiver notas boas, você é cortado do time,
esqueceu? — Liam o relembra.
— Droga de faculdade — xinga. — Ainda bem que só falta mais um
ano.
— Verdade — Liam, Genna, Maddy e eu concordamos em um eco.
— Sortudos — Holly resmunga. — Esse ainda é nosso primeiro ano.
— Aponta para Harry e Hanna.
— Gostaria de dizer que os dois últimos anos são melhores que os
primeiros, mas estaria mentindo. Vocês vão se ferrar muito para dar conta
de tudo — Genna os encoraja.
— Não vejo a hora do Natal chegar para podermos descansar —
Hanna diz, passando as mãos no rosto.
— Duas — Genna concorda.
— Por falar em Natal — Simon começa. — Onde irão passar o de
vocês? — Bennett e eu vamos viajar — conta.
— Não sei ainda — Maddy mostra desinteresse. — Não ligo muito
para essa data.
— Por quê? — Harry pergunta, depois de um tempo calado.
— Coisa minha, gatinho. Nada demais — desconversa.
Estou vendo direito ou o olhar de Maddison ficou mais triste de
repente.
— Eu vou passar em casa — Genna diz.
— Eu também — Harry responde quando Simon olha para ele.
— Em casa também — respondo.
— Vou passar na casa da Hanna e do Aaron — Liam conta.
— Vou ter que te aturar no Natal também? — pergunto, fingindo estar
de saco cheio dele.
— Vai ter que me aturar por muito tempo — sorri.
— Que merda, cara — suspiro. — Não podia arrumar outro namorado
não, Hanna?
— Não, ele ganhou o meu coração — responde, sendo abraçada por
ele.
— Preguiça de vocês dois.
Os dois riem de mim.
— E pensar que faltam duas semanas ainda para essas miniférias —
Genna resmunga.
— Quer saber? Vou largar a faculdade — Holly fala de uma vez,
deitando a cabeça em meu ombro. — Sou herdeira e bonita, não preciso de
mais nada.
— Se eu largar tudo, você me sustenta? — Hanna pergunta, segurando
na mão da melhor amiga.
— Claro, querida — concorda.
— E a mim também — lembro-a.
— Por que você? — Me lança um olhar questionador.
— Marido de CEO, lembra?
— Vai sonhando, bonitão. — Dá um tapinha no meu peitoral.
Sorrindo, puxo-a mais para perto de mim e beijo sua bochecha.
Holly retribui o sorriso e me pegando de surpresa mais uma vez, senta
no meu colo, enquanto apoia os pés no sofá, pega na minha mão e entrelaça
nossos dedos.
O que será que aconteceu com ela?
Primeiro um selinho do nada e agora estamos grudados como casal?
Acabo estranhando sua atitude, mas quer saber, estou gostando dessas
investidas vindo dela.
Peraí.
Agora que me dou conta de que estamos quebrando regras de sua lista.
Me contorço para pegar o celular no bolso traseiro do jeans, e quando
o pesco, clico na tela para que ela se acenda.
— Você trocou — Holly diz.
Sabendo sobre o que ela está dizendo, digo:
— Você pediu para trocar. Eu atendi ao pedido. — Olho para a nova
foto do meu descanso de tela.
Holly sorri e vira sua atenção para Hanna que a chamou.
Aproveitando sua distração, abro meu bloco de notas, procuro pela
lista que Holly me mandou, vejo o item “não ficar de casal na frente dos
amigos” e risco a opção.
E com essa, já foram cinco regras.
Ainda falta “não sermos exclusivos", porque, infelizmente, isso é uma
coisa que não tenho certeza se está acontecendo ou não da parte dela. “Não
transar sempre”, infelizmente a faculdade está contribuindo para que eu não
consiga quebrar essa tão fácil assim. “Não ir a encontros”, bom, essa eu já
estou planejando há um tempo como irei quebrá-la. Quero que o encontro
seja inesquecível, que a marque de uma maneira única. E ainda tem a regra
secreta que ela não me disse qual é.
Até que estamos indo bem.
Cinco de nove. Já, já todas essas regras estarão riscadas.
Estou perdido em meus pensamentos, quando Maddy chama minha
atenção ao perguntar:
— Vamos jogar Eu Nunca?
Jura?
— Por que você sempre quer jogar isso? — Liam pergunta.
— Porque é legal, ué. — Dá de ombros.
— Da última vez, deu merda — resmungo.
— Da última vez, a Maddy ganhou um ménage com a dupla
maravilhosa, Hanna saiu namorando e você e eu nos beijamos pela primeira
vez. Onde que esse jogo deu merda? — Holly pergunta sem entender.
— Você mesma disse — suspiro. — O Liam virou meu cunhado —
digo e acabo rindo quando ele joga uma almofada em cima de mim.
— Vai se foder — xinga.
Rindo, protejo a mim e a Holly com os braços, para não nos
machucarmos.
— Ei, seu cuzão. — Pego a almofada caída no chão e jogo nele de
volta. — Tenha cuidado aí.
Liam mostra o dedo do meio e gargalho mais ainda.
Como é bom irritar o meu melhor amigo, principalmente, ele sendo o
meu cunhado.
— Vocês são impossíveis — Hanna comenta, rindo de nós dois.
Dou de ombros.
— Enfim. Vamos jogar ou não? — Maddy volta a perguntar.
— Vamos! — Simon se anima. — Eu começo. — Pega uma das
cervejas que estão na mesinha de centro e tira a tampinha usando sua
camisa para rodá-la. — Certo, pode ser qualquer coisa?
— Pode — Maddy confirma.
— Beleza, deixe-me ver. — Pensa um pouco. — Ah, já sei. — Olha
em direção a Bennett e abre um sorriso de quem vai aprontar. — Eu nunca
fiquei bêbado o suficiente a ponto de ficar pelado no meio do jardim — diz.
— Seu filho da puta! Não era pra contar isso. — Se levantando,
Bennett tenta bater no amigo, que consegue se esquivar.
— Ah, qual é? Só foi uma brincadeira — gargalhando, Simon sai
correndo quando vê o melhor amigo atrás dele.
— O quê? Bennett fez isso? — pergunto com os olhos arregalados.
— Queria ter visto essa cena — Holly cometa enquanto ri.
— Não queria nada. — Belisco sua cintura levemente.
Ela se esquiva de minhas investidas com um sorriso atrevido
estampado no rosto e sei que disse isso só para me provocar.
— Esses dois parecem crianças — Genna comenta, olhando para onde
eles foram.
— Deixem esses dois para lá. — Maddy balança a mão em desdém. —
Vamos continuar nosso jogo?
— Que tal imagem e ação? — Minha irmã olha para todos nós. —
Acho muito mais legal e menos constrangedor.
— Tenho que concordar com você. — Harry afirma com a cabeça.
— Não, isso é sem graça demais. — Holly se levanta e pega uma
garrafa de bebida. — Vamos de jogo dos números.
— E como se joga isso? — Maddy pergunta curiosa.
— É bem simples — diz, voltando a se sentar ao meu lado. — Eu digo
um número de três dígitos, tipo 368, e começamos a contar do zero, sendo
que não podemos falar os números que tem 3, 6 e 8. Quem falar, vai beber
uma dose. — Levanta a garrafa em sua mão, depois de explicar o jogo.
Gostei disso, hein.
— Por que temos que jogar algo que acabaremos bêbados? — Hanna
resmunga.
— Por que qual seria a graça em jogar e não ficar bêbada? — Genna
comenta e bate palminhas, animada. — Vamos começar? — pergunta,
olhando para todos nós e acabamos confirmando com a cabeça. — Quem
começa?
— Beleza, eu começo — digo, me levantando, e passamos o resto da
noite em companhia um do outro, comendo e bebendo.
Então eu poderia tomar o caminho de volta

Mas seus olhos vão me levar de volta pra casa


Friends – Ed Sheeran

Recebo o disco e busco Liam com agilidade para passar para ele, mas
quando o encontro, há dois caras o marcando.
— Estou livre, Carson! — Ryan grita ao meu lado.
Jogo o disco para ele e passamos a patinar lado a lado.
O ruivo está quase perto do gol quando Jesse – que está treinando no
time adversário – tenta pará-lo, mas consigo bloqueá-lo em um encontrão
que nos leva ao chão, antes que conclua sua jogada.
Cansado demais para me levantar, me estico no chão congelado, com a
respiração entrecortada por conta do esforço.
Estamos aqui há mais de uma hora e meia.
Agora que as aulas voltaram depois das festas de fim de ano – das
quais passei na companhia dos meus pais, Hanna e Liam – e nosso treinador
voltou, ele está fazendo questão de acabar com a nossa raça, ainda mais que
o campeonato está próximo.
Ainda no chão, escuto o apito do treinador, informando que Ryan
conseguiu fazer mais um gol a nosso favor no jogo de hoje.
— Ótima jogada, meninos! Vamos terminar por hoje — Senhor Foster
avisa, e suspiro em alívio. — Amanhã estejam preparados para mais. Os
jogos estão chegando e não quero moleza. — Assopra o apito mais uma
vez.
Amanhã tem mais.
Puta merda.
Quem inventou isso de jogar hóquei mesmo?
Ah, lembrei. Eu sou apaixonado pelo jogo desde os cinco anos de
idade, e decidi entrar para o time da faculdade, mesmo que não vá seguir
carreira.
Liam e eu costumávamos jogar no lago congelado perto da minha casa
no inverno, e quando entramos para a faculdade, pensamos que seria bom
relembrar nossos dias como jogadores. Conseguimos uma vaga no time de
cara.
Apesar de sermos bons jogadores para a liga da faculdade, nunca
conseguiríamos uma vaga no profissional. Liam é lento demais e eu não
tenho um tiro de disco forte o suficiente. Seja lá o que isso quer dizer.
Estou de olhos fechados, sentindo meu uniforme umedecer aos
poucos, quando sinto gelo ser jogado em meu rosto.
— Mas, que porra — xingo, me sentando e tirando o capacete para
limpar o meu rosto.
— Achei que ficaria deitado aí por mais tempo. — Simon estica a mão
para que eu possa levantar de vez.
— Estava só relaxando. — Aceito sua mão e me ponho de pé.
— É, mas aí não é lugar de relaxar. — Apoia um braço em meu ombro
e me conduz até a saída do rinque.
Encontramos Liam e Bennett conversando com o nosso capitão, e
quando nos aproximamos, eles se despedem e nos seguem em direção ao
vestiário.
— Cara, eu tô morto — meu melhor amigo resmunga, se jogando no
banco do vestiário.
— Esse treino não foi nada — Bennett conta enquanto tira seu
equipamento de proteção. — Você tem que treinar com Simon para ver o
que é treino pesado.
— Achei que você recebia um beijinho a cada novo roxo que
ganhasse. — Mexo as sobrancelhas de forma sugestiva.
Liam e Simon gargalham.
— Como vocês são otários — nos xinga e continua a se livrar de suas
roupas.
Ainda não entendi a relação de Simon e Bennett.
Melhores amigos que se pegam de vez em quando?
Ex-namorados que ainda sentem algo, mas não podem ficar juntos por
algum motivo?
Não tenho a mínima ideia do que rola com eles, mas se funciona para
eles, é isso o que importa.
— Ei, Aaron — chama minha atenção. — Vai fazer algo depois da
aula? — Liam pergunta.
— Estou pensando em procurar um emprego de meio período —
conto. — Por quê?
— Está precisando de dinheiro? — pergunta, tirando a camisa do
uniforme e a jogando no chão.
— Depois do pequeno rombo que fiz nas minhas economias, sim. —
Coloco os protetores nas lâminas dos patins, assim que os tiro e os guardo
em minha bolsa.
— Se precisar de grana, é só pedir que a gente te arruma — Simon
afirma, apertando meu ombro.
— Está tudo bem — garanto. — Não é algo urgente, mas preciso me
assegurar.
Mesmo eu não pagando pela minha faculdade, preciso pagar milhares
de outras coisas aqui dentro, como o aluguel da casa em que moro com os
meninos, comida, materiais da faculdade e entre outras coisas.
Ainda não estou totalmente no vermelho, mas é melhor procurar logo
se quero arrumar algo perto do campus e com um horário flexível.
— Bom, você quem sabe — Liam se dá por vencido. — Mas se
estiver precisando, não hesite em nos pedir ajuda.
— Pode deixar. — Concordo com a cabeça enquanto termino de me
despir. Nunca irei pedir dinheiro emprestado para eles. Não me sentia bem
fazendo isso e não seria agora que passaria a fazer. — Vamos logo ou
vamos nos atrasar. — Levanto-me do banco, enrolando a toalha em minha
cintura e sigo em direção ao reservado para tomar um banho e relaxar meus
músculos.
Tomara que não seja difícil achar um emprego.

Suspiro desapontado quando a porta do estabelecimento se fecha atrás


de mim.
Passei a tarde toda à procura de alguma coisa, mas não consegui nada.
Sempre recebendo a mesma resposta.
Nos desculpe, mas não estamos contratando.
Que grande merda. Mas também, eu queria o quê? Arrumar um
emprego rápido em uma cidade universitária, onde tem milhares de alunos
que precisam pagar suas contas também.
Espero que amanhã eu tenha mais sorte. Já que não consegui perto da
faculdade, vou tentar fora dela. Talvez eu consiga algo com mais facilidade.
Pego meu celular para ver a hora e já passa das nove da noite.
Cansado e precisando descansar, decido ir para casa usando um carro
de aplicativo.
Eu poderia andar, até porque não moro muito longe daqui, mas estou
tão exausto e com os pés doendo que me darei ao luxo de ir de carro.
Abro o aplicativo da frota da faculdade, chamo um carro e suspiro
aliviado quando sua localização dá que ele está a seis minutos de onde
estou.
Outra coisa que precisava era de um carro.
Liam sempre me levava para todos os lugares, mas agora que está
namorando, perdi meu motorista particular.
Ah, se ele me ouvir o chamando assim, vai querer me matar.
Estou prestando atenção em um casal que anda de mãos dadas,
enquanto meu carro não chega, e acabo me lembrando de Holly.
A última vez que nos falamos, foi na noite de Ano Novo.
Ela acabou viajando com os pais como – segundo minha irmã – eles
fazem todos os anos.
A vontade de tê-la comigo naquele momento foi grande. Foi então que
quando o relógio indicou um minuto para meia-noite, eu acabei ligando
para ela. E só de lembrar daquele momento, sinto vontade de sorrir.
— Me ligando faltando quarenta segundos para o Ano Novo? — sua
voz continha um tom de sorriso.
— Não queria perder a chance de ser o primeiro a te felicitar —
conto, me afastando de onde meus familiares estavam.
Ela acaba rindo do outro lado da linha e a acompanho.
Como eu queria que ela estivesse aqui comigo, para que eu pudesse
apreciar seu sorriso, abraçá-la e sentir seu cheiro de lírios.
Meus Deus! Eu realmente estou completamente rendido por ela.
Mal vejo a hora de voltarmos para a faculdade para poder voltar a
quebrar nossas regras.
Sou acordado dos meus pensamentos pelo seu chamado.
— Bom, pelo visto você será mesmo.
Olho para o relógio e a contagem começa.
— 10... — vou acompanhando a mudança no horário.
— 9... — conta depois de mim.
— 8…
Vamos contanto juntos até que chegue ao final.
— Feliz Ano novo, linda.
— Feliz Ano novo, Aaron — deseja.
Acho que nunca senti tantas emoções juntas como naquele dia.
Holly faz isso comigo.
Ela mexe com todas as minhas emoções da maneira mais doida e
maravilhosa do mundo. Nunca pensei que alguém conseguiria me fazer
sentir tudo o que estou sentindo nesse momento.
Isso que é paixão?
Toda essa mistura de sentimentos?
Lembrar dela me acalma tanto, que nem me lembro mais da frustração
de não ter conseguido o que vim buscar.
Estou perdido em minhas lembranças, quando a buzina de um carro
me acorda.
Olho para a frente, e quando confirmo ser o meu, sigo até a porta
traseira e entro no veículo aliviado por poder ir para casa finalmente.
Entro na sala de casa e Simon e Liam estão jogando uma partida de
videogame.
— Jogo com o perdedor — aviso, me sentando no sofá vago e
pegando a garrafa que está na frente de Liam. — Que isso? — pergunto,
balançando o objeto na frente do seu rosto.
— Suco de laranja. — Dá um tapa na minha mão por estar
atrapalhando.
— Sério isso? — reclamo, devolvendo a garrafa para a mesa.
— Estamos de dieta, esqueceu? — Simon responde sem tirar os olhos
da tela à sua frente.
— Você não me deixa esquecer isso. — Me afundo na poltrona e passo
a prestar atenção no jogo.
— E será assim até a porra da taça de campeão vir para nós esse ano
— diz.
— Hum... — Às vezes o melhor a fazer é fingir que concordo com ele
ou encherá o meu saco pelo resto da noite, e como estou cansado demais
para ouvir qualquer coisa, deixo a discussão para lá. Liam e Simon
continuam a jogar por um bom tempo. Seus dedos são ágeis na hora de
atacar e recuar, mostrando que sabem o que estão fazendo. Ou não, já que
Simon acaba morrendo por conta de uma besteira. — Você é péssimo nesse
jogo — digo.
— E por que não vem mostrar como se faz, já que é o melhor daqui.
— Joga o controle em minha direção e consigo pegá-lo, antes que caia no
chão.
— Vou mostrar. — Preparo minhas configurações de jogo e quando
está tudo do jeito que eu quero, começamos a jogar.
— Ei, conseguiu o emprego? — Liam é quem pergunta.
— Que nada. — Balanço a cabeça em negação enquanto acerto uma
sequência de socos em seu avatar. — Amanhã sairei de novo para procurar.
— Já disse que não precisa disso.
— E eu que não quero aceitar o seu dinheiro — rebato.
— Por que não pode fingir que está usando as coisas do Bennett e eu
tenho que repor para você? — Consegue derrubar meu avatar, mas fico em
pé rapidamente.
— Porque é diferente. — Faço uma jogada usando uma sequência de
golpes e o derroto.
— Você é insuportável. — Chuta a minha canela.
Rindo, aponto para a tela com o controle.
— Revanche?
— Vamos — aceita e voltamos a jogar.
Estamos concentrados jogando, quando Bennett chega resmungando:
— Aquele babaca.
— O que foi? — Simon se levanta e vai até ele, enquanto Liam
paralisa o jogo.
— O inquilino vai aumentar o aluguel. — Balança a carta que acabou
de receber.
É o quê? Isso só pode ser brincadeira.
— O quê? Mas por quê? — Liam se levanta e pega a carta da mão
dele.
— Recebeu denúncia de festa aqui — conta.
Esse cara está de sacanagem com a gente?
Denúncia de festa?
Quando fechamos o contrato, ele deixou bem claro que não queria
saber de festas na casa.
— Mas isso é mentira. Não fazemos festas aqui. — Me levanto e vou
até eles.
— É lógico que isso é uma mentira — Simon xinga. — Ele só quer
um motivo para aumentar o valor.
Filho da puta interesseiro.
— E quanto é o aumento? — Liam pergunta.
— 25% — Bennett responde.
Está de sacanagem com a minha cara.
Essa porcentagem está em cima do que a gente já paga, Agora mesmo
que terei que controlar tudo o que gasto. Ainda tem uma boa quantia
sobrando, mas se não quiser que isso se torne um problema mais para a
frente, tenho que começar a me ajeitar.
— E vamos pagar? Mesmo essa desculpa dele não sendo plausível? —
Liam pergunta.
— Ou é isso ou iremos morar na rua, porque não tem como arrumar
uma casa nova em uma semana — Bennett responde, voltando a ler a carta
em sua mão.
— Merda — resmungo. — Terei que arrumar um emprego logo.
— Não se preocupe, cara. — Simon me encara. — A gente custeia até
você conseguir se ajustar.
— Está tudo bem, consigo pagar o aumento por agora — respondo.
— Tem certeza disso? — Bennett pergunta. — Não minta para nós.
Somos seus amigos.
— Eu sei.
— Ele não está mentindo — Liam para ao meu lado, me analisando.
— Se estivesse, eu saberia. — Bate em meus ombros.
— Bom, você já sabe — Bennett volta a falar.
— Se precisar... — Simon completa.
Olho para os três e me sinto grato pela ajuda no momento.
— Valeu, caras — agradeço, dando um abraço em cada um. — Mas
fiquem tranquilos que está tudo bem.
O dinheiro que meus pais arrecadaram para a estadia da minha irmã e
a minha aqui, eram suficientes, mas dinheiro não é eterno, e quando vemos
que ele está acabando e as contas chegando, temos que dar um jeito de
arrumar mais. E é isso o que estou fazendo.
Óbvio que seria muito mais fácil se essa merda de aluguel não tivesse
aumentado repentinamente.
— Já que tudo foi resolvido, vou dizer a ele que aceitamos a porcaria
do aumento. — Bennett pega seu celular e começa a digitar freneticamente.
— Mas diga que não aceitaremos um novo aumento. — Aponto o
dedo em direção a ele. — Que ele deverá ficar assim até o final da nossa
estadia aqui.
— Isso aí — Liam concorda.
— Deixa disso. — Simon faz um gesto de desdém com a mão. —
Agora, vamos comer algo pra esquecer essa merda.
— Bora — concordo enquanto Bennet e Simon seguem em direção a
cozinha.
Estou prestes a segui-los, quando sou interrompido por Liam, que
entra à minha frente e sem dizer uma só palavra, apoia suas mãos em meus
ombros, os aperta com força e me lança um olhar de conforto. Deixando
claro que não preciso perder noites de sono pensando nisso.
Neste momento, não precisamos de palavras. Só seus gestos já dizem
tudo.
Retribuindo seu gesto, abro um sorriso em sua direção, apoio meu
braço em seu ombro e caminhamos até nossos amigos.
Porque você me dá algo

Que me faz sentir medo


You Give Me Something – James Morrison

— O que acha dessas cores? — pergunto para Hanna, virando o


celular em sua direção.
— Nova postagem para o blog? — pergunta, aproximando seu rosto.
— Isso. — Concordo com a cabeça. — Estou há tempo demais sem
publicar nada.
Esse último mês foi tão corrido, que acabei deixando meu trabalho na
divulgação de livros e minha plataforma online completamente abandonada.
Agora com a volta das aulas, estou conseguindo voltar aos poucos.
— Gostei bastante dessas tonalidades de vermelho e rosa. — Pega o
celular da minha mão e começa a passar o dedo na tela, mudando de um
poste para o outro.
— Então vai ser esse. — Pego o aparelho de novo. — Mais tarde eu
posto avisando da minha volta.
— Suas seguidoras devem estar loucas atrás de você.
— Estão mesmo. Algumas até estão me acusando de não estar
abastecendo sua lista de leituras — conto.
Hanna gargalha, jogando a cabeça para trás.
— Elas são as melhores.
Sem as meninas que me acompanham, eu nunca teria descoberto essa
maneira incrível de poder trabalhar com livros.
Estou fazendo os últimos retoques no design da postagem que farei
hoje, quando mãos grandes tampam meus olhos e me pegam de surpresa.
— Adivinha quem é? — sussurra em meu ouvido.
Meu corpo todo reage à voz rouca e mesmo vestindo roupas grossas
por conta do frio, consigo sentir o calor que emana do seu corpo.
— Pode me dar uma dica? — peço, fingindo não saber quem é.
— É o homem mais gostoso de todo esse lugar.
— Hum... Difícil essa. — Toco meus lábios com o indicador. —
Existem tantos caras maravilhosos por aqui.
Escuto-o bufar atrás de mim e acabo rindo do seu mau humor.
— Você é tão má comigo, linda. — Morde a pontinha da minha orelha
e acabo me encolhendo por conta do ato. — Preciso de algo em troca para
te perdoar.
— E o que seria? — Encaro-o, escutando Hanna rir ao meu lado.
— Que tal isso? — Me pegando de surpresa, Aaron me dá um selinho.
— Agora sim você pode ser perdoada.
— Feliz agora?
— Muito. — Com um sorriso estampado em seu rosto, ele se senta na
cadeira à minha frente.
— Que bom — digo, sorrindo enquanto pego meu chocolate quente e
tomo um gole em seguida.
— Que droga — resmunga, me olhando com falsa decepção.
— O quê?
— Poderia ter esperado você beber esse chocolate para beijar você. —
Aponta para o copo térmico em minha mão.
— Por quê? — pergunto, sem entender onde ele quer chegar com isso.
— Queria saber se a combinação de Holly e chocolate se tornarão a
minha preferida. — Uma de suas sobrancelhas acaba se levantando, como
se me questionasse algo.
— Não seja por isso. — Me debruçando sobre a mesa, seguro em seus
ombros, aproximo nossos rostos, sugo seus lábios e os beijo, fazendo-o
sentir o gosto doce da combinação do chocolate com chantilly.
Aaron apoia sua mão em minha nuca e suga minha língua para dentro
de sua boca, saboreando e explorando cada cantinho, como se fosse a
primeira vez que estivesse me beijando. Ele tem várias maneiras de me
beijar, mas essa com toda a certeza é a minha preferida. O beijo é lento e
sensual. Meu corpo todo é despertado, esfregando em minha cara que não
preciso de muito para estar completamente entregue a ele.
Meu Deus! Eu realmente estou ferrada.
Aos poucos, ele vai desacelerando, até que para de vez. Mas não sem
antes sugar meu lábio inferior para dentro de sua boca e o morder em
seguida.
Me afastando, volto a sentar em meu lugar, com seus olhos ainda
sobre mim.
— É, parece que eu encontrei o meu sabor preferido. — Passa a língua
em seu lábio inferior, como se estivesse capturando os últimos resquícios do
nosso beijo.
Pisco um dos olhos e tomo mais um gole da minha bebida.
— Vocês são impossíveis — Hanna fala ao meu lado me encarando.
— Eu disse que eles são feitos do mesmo material. — Liam aponta em
nossa direção.
Quando foi que ele chegou?
Estava tão focada em Aaron, que nem vi que estava acompanhado.
— Sabem o que dizem. — Nossos olhos estão focados um no outro.
— Os semelhantes se atraem.
— Não seria os opostos? — pergunto.
— No nosso caso não — responde, se recostando na cadeira.
Continuo a encará-lo, e me pergunto como resistir a esse homem?
Isso é uma tarefa impossível.
— E depois falam que nós que somos grudentos — Hanna diz,
encarando o namorado.
— Mas vocês realmente são — afirmo.
— Sei. — Se vira em direção ao namorado.
Até parece que eu vou ser grudenta com alguém como Hanna e Liam
são um com o outro.
Estou mais adepta ao contato, mas ficar como eles dois já é demais.
Olho para o meu celular, vendo que meu post está inacabado, e já que
eles chegaram aqui e não conseguirei mais fazer nada, travo meu celular,
mas não sem antes chamar a atenção de Aaron.
— O que é isso? — pergunta curioso.
— Lembra que trabalho fazendo divulgação de leitura? — pergunto e
o vejo concordar com a cabeça. — Estou montando um novo post.
— Posso ver?
— Claro. — Entrego meu celular já desbloqueado para ele.
Ele fica um tempo analisando tudo o que fiz, e por algum motivo, me
sinto nervosa e ansiosa pela sua aprovação.
— Isso aqui está incrível. — Faz um movimento de pinça com os
dedos, dando zoom em alguma parte específica.
— Sério?
— Com certeza. — Olha pra mim rapidamente e volta a olhar para a
tela. — Você é muito talentosa, linda. De verdade.
Sinto vergonha pelos seus elogios e um ardor em minhas bochechas.
Espera.
Estou ficando corada?
Isso nunca aconteceu comigo antes.
— Nunca pensei que veria suas bochechas coradas por conta da
vergonha. — Estica sua mão tatuada e faz um carinho em minha bochecha.
— Você fica completamente linda assim.
— Pare com isso. — Bato em sua mão.
Aaron sorri em minha direção e volta para o seu lugar.
— Se quiser, posso te dar umas dicas. — Aponta para o aparelho em
suas mãos.
— Jura?
— Claro. — Assente com a cabeça. — Posso te mostrar alguns
truques de edição. — Debruça sobre a mesa e imito o seu gesto, nossos
rostos ficam bem próximos um do outro. — Aqui. — Coloca o celular no
meio de nós dois e passa a me explicar algumas coisas.
Algum tempo conversando e fico impressionada com o seu talento de
montar um bom post. Realmente, ele tem muita habilidade para esse tipo de
coisa.
Aaron está terminando de me explicar como usar algumas ferramentas,
quando Hanna eleva sua voz, nos chamando a atenção:
— Por que não me contaram?
— Contaram o quê? — Levanto minha cabeça e olho em sua direção.
— Que o inquilino deles aumentou o aluguel.
— Sério? — pergunto, olhando de Liam para Aaron. — Mas por que
ele faria isso?
— Porque ele quer mais dinheiro. — O namorado de Hanna dá de
ombros.
— Quando vocês terão que pagar o reajuste?
— Em seis dias — Liam responde.
— E quando ele avisou sobre o aumento — Hanna é quem pergunta
dessa vez.
— Ontem — Aaron responde.
Sua expressão muda completamente de descontraída para uma mais
séria.
— Que cara é essa? — pergunto assim que se senta à minha frente.
— Minha cara de sempre, ué. — Sua perna parece ganhar vida de
tanto que se mexem.
Com as sobrancelhas franzidas, o encaro.
Ele acha que me engana?
Sei quando ele está bem ou enfrentando problemas de olhos fechados.
— Aaron, você não me engana. — Aponto o canudo em sua direção.
— O que aconteceu.
— Já disse que nada — volta a se esquivar. — São coisas minhas,
deixe para lá.
Passamos a nos encarar, como se estivéssemos em uma competição de
quem pisca primeiro.
Assim como eu, ele não dará o braço a torcer tão cedo. Então
querendo acabar com essa palhaçada de uma vez, me viro pra Liam, que
nos encara como um espectador.
— Ele está preocupado em não conseguir pagar o aumento por muito
tempo — Liam é quem me conta.
— Cala a porra da boca — xinga e vejo o exato momento que Liam
grita e segura em sua perna, provavelmente por conta de um chute que
recebeu. — Já estou resolvendo isso.
— De que maneira? — pergunto.
— Estou procurando um emprego — conta.
— E já encontrou algo? — volto a perguntar.
— Não, mas não se preocupe que não estou desesperado por dinheiro.
É só uma precaução. — Passa as mãos nos cabelos e coça o couro cabeludo.
Ele está nervoso.
Só faz isso quando está com o estresse no máximo ou preocupado.
O vi fazendo muito esse gesto quando estávamos em semana de
provas.
— Se precisar de ajuda — Hanna sugere.
— Está tudo bem, Bonequinha. Não se preocupe — assegura.
Aaron pede algo para a irmã que ele mesmo não está sentindo.
Calma.
Neste momento, ele é um misto de sensações e nem uma delas é a
tranquilidade.
Queria poder ajudá-lo.
Conheço esse tipo de gente. Se ele aumentou o aluguel de uma hora
para a outra, significa que irá fazer isso sempre que quiser.
Estou pensando em uma solução, quando uma ideia surge.
Lógico. Como não pensei nisso antes?
— Por que vocês e os outros meninos não vêm morar comigo e com a
Hanna? — pergunto.
— O quê? — Aaron pergunta um pouco confuso.
— Que ideia maravilhosa, Holly! — Hanna bate palminhas, feliz com
a minha proposta. — Aquela casa é enorme só para nós duas.
— Exato — concordo.
Meu pai acabou exagerando um pouco no tamanho da casa que me deu
de presente. Pelo menos agora teremos gente o suficiente para encher
aquela casa gigantesca.
— Então, o que acham? — volto a perguntar, olhando para os dois
homens à minha frente.
— Acho... — Liam tenta argumentar, mas acaba sendo interrompido
pelo melhor amigo.
— Acho melhor não.
— Por que não? — Hanna pergunta por nós.
— Não quero tirar a privacidade de vocês. — Aponta para nós duas.
Respiro fundo para não socar a cara dele.
— Aaron, vocês já vivem na nossa casa praticamente todo final de
semana — conto e Hanna concorda comigo:
— Verdade isso.
— Além disso — volto a falar. — Liam passa mais tempo lá em casa
com a Hanna do que na casa de vocês.
— Isso é verdade — Liam é quem concorda dessa vez.
— E pelo que me contou, Simon nem está parando direito em casa por
conta dos treinos extras dele — Hanna argumenta, tentando convencer o
irmão. — Seria muito melhor vocês morarem lá.
— Junta logo os quatro patetas e vão todos morar lá — digo, já
ficando com raiva dessa recusa dele.
— Eu não sei — Aaron hesita um pouco.
O que ele tem de lindo e gostoso tem de teimoso.
Não seria mais fácil aceitar de uma vez e pronto?
Que saco.
— Qual é o problema? — pergunto.
— Nenhum.
— Se não há problema, então por que não aceita? — Hanna pergunta,
pegando em sua mão.
— Porque preciso dar conta sozinho. — Faz um carinho nas costas da
mão dela. — Vou me ajeitar logo, você vai ver — diz, olhando para nós
duas. — E é como eu disse. Não é como se eu estivesse com a corda no
pescoço.
— Você está com a corda no pescoço — Liam conta, apontando o
dedo em direção ao amigo.
— Liam, não começa — Aaron pede.
— Não, não começa você. — Cruzo os braços em frente ao peito. —
Aceita logo minha proposta de uma vez — peço.
Aaron fica me encarando por um longo tempo.
— Mas é que…
Volta a arrumar uma desculpa, mas o interrompo.
— Ah, vamos — me preparo para minha última cartada. — Você terá
seu quarto ao lado do meu.
Vejo o exato momento em que seus olhos mudam de indecisos para
atrevidos.
— Poderei fugir para a sua cama de vez em quando?
Acabo rindo de sua pergunta.
Claro que tudo se resumiria a um “você pode dormir na minha cama,
Aaron”. Como não pensei em barganhar isso antes?
— Se você se comportar, sim — confirmo.
Aaron pensa um pouco e volta a perguntar:
— Tem certeza de que não será um problema? — Olha de mim para a
irmã.
— Mas é claro que não.
— Lógico que não.
Respondemos juntas.
— Será até legal ter mais gente entrando e saindo daquele lugar
enorme — Hanna volta a lembrar. — Ainda não me acostumei com o
tamanho daquilo tudo.
Aaron fica um tempo pensando, até que finalmente nos responde.
— Tudo bem, nós iremos morar com vocês — aceita pelos quatro
amigos.
É isso aí.
Seis pessoas diferentes irão morar juntas na mesma casa.
Espero que ninguém mate ninguém com a convivência.
Eu poderia te segurar por um milhão de anos

Para fazer você sentir o meu amor...

Eu soube desde o momento que nos conhecemos

Não há dúvida, em minha mente, onde você pertence


Make You Feel My Love – Adele

— Mas que porra, Holly. Aquilo era meu.


Escuto Bennett gritar no andar de cima.
Parece que não sou só eu que consegue irritar nosso amigo tranquilo e
caladão. Desde que viemos morar aqui há uma semana, o escutei xingar e
gritar mais vezes do que nos últimos dois anos e meio que nos conhecemos.
— Desculpa. Eu não sabia que era seu — pede enquanto desce as
escadas atrás dele.
— Vou ter que colocar nome nas minhas coisas agora? — Para no pé
da escada e se vira para ela. — Primeiro o Aaron e agora você.
— Ei, achei que já tínhamos resolvido isso — digo, jogando uma uva
para cima e a abocanhando com maestria.
A olhada que ele me dá nesse momento grita um “nunca” bem grande.
Ora, vejam só.
Não sabia que Bennett era tão rancoroso assim.
Rindo, foco minha atenção em Holly que está segurando uma barra
mordida de chocolate nas mãos.
Puta merda, Holly! O que você fez mulher?
Ela não sabe o que acabou de fazer.
Simplesmente, a mulher à minha frente, pegou o chocolate preferido
do Bennett, que só conseguimos encontrar em uma loja do outro lado da
cidade. E se a cara dele for um indicativo, ouso dizer que essa era sua
última barra.
— Sinto muito — pede, lançando um olhar arrependido para ele.
Espera aí.
Ela está fazendo biquinho pra ele? Jura?
Holly está pensando o quê? Que vai amolecê-lo com isso?
Nem o Simon consegue ser desculpado por pegar essa porcaria de
chocolate.
Ainda consigo lembrar dos gritos dos dois quando isso aconteceu. Por
conta de uma briga, que eu nem sei o motivo, Simon quis irritar o amigo da
maneira mais eficiente possível.
Ainda os encarando, vejo o exato momento em que a expressão de
Bennett se suaviza.
— Você é igualzinha a ela. — Abre um sorriso e se eu estivesse em
uma posição melhor, diria que seu olhar é saudoso.
— A quem? — Holly pergunta.
Bennett balança a cabeça como se para dizer que não é nada.
— Tudo bem, só não mexa mais nas minhas coisas sem pedir. — Faz
um carinho em seu queixo e segue em direção a escada.
Espera.
É só isso?
Se fosse qualquer um de nós, estaria acontecendo uma pequena guerra
nesse momento.
— Que foi? — pergunta ao perceber que estou a encarando.
— O que você fez para ele aceitar tão rápido uma desculpa assim? —
Aponto para onde ele foi.
— Nada, ué. — Dá de ombros, vindo em minha direção. — Só pedi
desculpas. — Se senta ao meu lado e morde mais um pedaço do chocolate
da discórdia. — Nossa, isso aqui é realmente muito bom.
— Ele teria feito um escândalo completo se fosse qualquer um de nós
— digo, colocando o pote onde antes tinha uvas em cima da mesinha de
centro.
— Você não tem o mesmo charme que eu.
Caio na risada.
— Você é impossível, garota. — Seguro-a pela cintura e a coloco
sentada em meu colo. — Já que conseguiu se safar.
— São meus olhos brilhantes. — Pisca freneticamente, me encarando.
— Eles deveriam brilhar só para mim.
— Ciúmes, é?
— Se eu disser que sim, o que vai dizer? — pergunto, envolvendo sua
cintura com meus braços.
— Que não precisa disso. — Se ajeita melhor em meu colo.
— É? E por quê?
Aproximando seu rosto do meu, ela sussurra:
— Porque só você sabe fazê-los brilharem de verdade.
Como o bobo apaixonado que sou, sinto o meu coração errar uma
batida com suas palavras.
São nessas horas que eu tenho certeza de que estou fazendo o certo ao
tentar conquistar essa mulher.
Holly mexe com o meu coração de uma maneira que ninguém
conseguiu mexer.
Serei eternamente grato ao destino que juntou minha irmã e ela para
em um futuro nos juntar.
— O quê...?
Estou prestes a perguntar o que ela quis dizer com isso, quando escuto
a risada de Hanna e Simon vindo da direção da cozinha.
— Parece que o almoço de hoje sairá mais tarde — muda de assunto,
sem me dar chance de ganhar uma explicação.
— Eles são os responsáveis hoje?
— Uhum. — Afirma com a cabeça.
Como agora são seis pessoas morando juntas, acabei criando uma
rotina para que tudo funcione. Cada dia na semana, duas pessoas cozinham
o almoço. A dupla é escolhida por meio de sorteio, assim ninguém reclama.
— Espero que Simon faça algo que tenha sabor — digo.
— Ainda pegando pesado com a dieta de vocês?
— Com certeza. Ainda mais que amanhã teremos nosso primeiro jogo
— conto.
Finalmente a nova temporada começou.
Estava louco para sentir a energia de um jogo de verdade.
— Vai ser aqui?
— Sim. Jogaremos contra Crownford — conto a ela. — Espero que vá
torcer por mim.
— Irei pensar se está merecendo.
— Pensar se estou merecendo? — Minha sobrancelha deve ter sumido
entre meus cabelos de tanto que as levantei pela indignação. — Mas é claro
que eu mereço. — Ainda mereço você vestida com uma camisa com o meu
nome.
— Isso é coisa que namoradas fazem para os seus namorados. —
Aponta em minha direção.
— E?
— “E” que não somos namorados, Aaron — me relembra.
Por pouco tempo, linda.
Ainda a conquistarei de todas as maneiras possíveis, e ela não
conseguirá dizer não ao meu pedido de namoro com direito a aliança e tudo.
— Certo — suspiro, olhando para o outro lado.
— Mas, então? Conseguiu arrumar alguma coisa? — pergunta,
enquanto chupa os dedos sujos de chocolate.
É errado que eu queira que meu pau esteja no lugar de seus dedos?
Só de pensar nisso, o sinto pulsar na calça, e pelo sorriso que me dá,
sei que o sentiu contra sua bunda macia.
— Hã... — tusso para clarear a voz e Holly solta uma risadinha. —
Ainda não, mas uma hora aparece. — Aperto o ossinho do seu quadril, mas
acaba que não foi uma boa ideia, já que para se esquivar de mim, ela acaba
se esfregando no meu pau endurecido.
— Você está morando comigo agora. Não precisa se preocupar com
isso — responde, fingindo que não está afetada.
— É, eu sei — respondo.
— O que foi? — pergunta, me encarando de perto.
— Hã?
— Você ficou cabisbaixo de repente. — Faz um carinho em minha
bochecha.
— Não é nada demais — tento desconversar.
— Se não fosse nada demais, essa ruguinha de preocupação não teria
aparecido bem aqui. — Toca em minha testa com seu indicador.
Droga.
Por que ela tem que me conhecer tão bem assim?
Suspirando, me ajeito no sofá e conto a ela.
— Sou grato por deixar a gente morar com você — digo e a vejo fazer
menção de falar algo, mas a interrompo antes. — Mas quero sentir que
estou ajudando em algo aqui em casa.
— Aaron. — Segura em meu rosto com as duas mãos. — Você vai
arrumar alguma coisa na hora certa, então não pira — pede, olhando dentro
dos meus olhos, e nesse momento, sinto que ela consegue ver minha alma.
— Além disso, você vai precisar fazer um estágio logo, logo. E eu não
quero que você se desgaste tanto assim. Você já faz demais
— Tudo bem — afirmo. — Vou parar de pensar nisso.
— Estou falando sério. Esqueça esse assunto e se concentre em outra
coisa.
Afirmo com a cabeça para que ela não se preocupe mais, e tento
esquecer esse assunto, mesmo que minha mente não pare um segundo de
me lembrar dessas questões.
Não vejo a hora de resolver logo isso e ter um pouco de paz.
Suspiro, passando as mãos no cabelo.
— Vamos trocar de assunto? — Sempre fico nervoso quando discuto
sobre isso. Agora mesmo, por exemplo, estou sentindo a paciência que
tenho, ir embora aos poucos. Não querendo que isso aconteça, peço: — Me
conta sobre o novo livro que está lendo.
— Como sabe que estou lendo algo? — pergunta, se afastando um
pouco para me olhar melhor.
— Esqueceu que acompanho seu trabalho? — relembro. — Aliás,
gostei muito da última postagem.
Suas bochechas ficam levemente coradas e desvia o olhar dos meus,
mostrando que está com vergonha.
— Obrigada — agradece.
— Não precisa agradecer. — Seguro em seu queixo e viro seu rosto
em direção ao meu mais uma vez. — Só estou dizendo a verdade. Você é
incrível e o que você faz também.
Um sorriso lindo nasce em seu rosto depois de minhas palavras.
Fazer nascer um sorriso fácil em seu rosto é e sempre será a melhor
das minhas recompensas.
— Agora me conte. O que está lendo agora?
— Por que quer saber? Você nem gosta de ler.
— Mas gosto de ouvir você falar. — Levo minha mão até sua nuca e a
puxo para mais perto de mim. — Passaria horas escutando falar sem me
cansar. — Mordo o seu queixo.
Holly me encara, e consigo identificar um brilho diferente neles.
— É uma série com quatro livros. — Passa a mão nos cabelos,
afastando uma mecha. — Está pronto para ouvir?
Nos virando no sofá, deito e a ajudo a deitar em cima de mim.
— Manda ver.
Ela fica um tempo sem dizer nada. Deve estar esperando-me desistir
de escutá-la, mas quando não dou indício de desistência, se ajeita em meu
colo, apoiando a cabeça em meu peito e passa a contar sobre sua nova
leitura, enquanto aproveito o tempo ao seu lado, sentindo o calor do seu
corpo junto ao meu, seu cheiro doce de lírios é reconfortante e sua voz
animada contando sobre tudo o que vem achando sobre a trama da série e o
porquê de Twisted Lies ter se tornado seu preferido.
Sua paixão pelos livros é tão grande, que por ela eu começaria a ler.
Por essa mulher, eu faria inúmeras coisas e não me importaria de
aprender coisas novas.
Carma é um Deus

Carma é a brisa no meu cabelo no fim de semana

Carma é um pensamento relaxante


Karma – Taylor Swift

Conseguia sentir a tensão tomando conta de todo o lugar.


Hoje teremos nosso primeiro jogo da temporada. Mesmo os times não
sendo desclassificados nesse momento, tínhamos que jogar como se
estivéssemos em uma final.
Nosso técnico acha que toda uma temporada é resumida a como
conduzimos nossa estreia.
Perder hoje não é uma opção. Ainda mais que jogaremos em casa.
Eu, Liam, Bennett e Simon, estamos sentados em um banco afastado
do resto do time, seguindo um ritual só nosso.
Sei que os Artic Fox só ganharão se nós nos mantivermos juntos. Nós
quatro somos a força um do outro, e desde que nos tornamos amigos de
verdade, preferimos nos manter isolados de todos para nos concentrarmos.
— A casa está cheia hoje, pessoal. — Levanto a cabeça assim que o
treinador entra no vestiário. — Vocês treinaram duro para estar aqui hoje.
Então vão lá e façam o que sabem fazer.
O time todo se junta perto do técnico.
— Vamos dar o nosso melhor hoje. — Nosso capitão, Thomas, leva
suas mãos ao centro e repetindo seu gesto, esperamos. — Esse será meu
último campeonato comandando o time, então como despedida, quero levar
essa taça para casa.
— E nós vamos — Ryan afirma ao lado de Jesse.
— Artic Fox — Simon grita e o seguimos, forçando nossas mãos para
baixo em um cumprimento.
Um a um os jogadores vão se dispersando para se prepararem para
nossa entrada no rinque.
Fecho os meus olhos e passo a respirar fundo e com calma.
Sempre fico nervoso antes de entrar no gelo, mas assim que sinto o
vento gelado em meu rosto e o grito da torcida nas arquibancadas, todo o
tremor passa.
— Está pronto? — Liam pergunta, apoiando sua mão em meu ombro.
— Sempre. — Me viro para ele e afirmo com a cabeça.
Mais uma vez estamos nós quatro juntos olhando um para o outro e
seguindo uma sequência, apoio meus braços no ombro de Liam e Bennett,
até formar um abraço em grupo.
— O sonho de um — digo, olhando para os meus melhores amigos,
principalmente para Simon.
— É o sonho dos quatro — repetem junto comigo.
Juntamos nossas testas e apertamos os ombros um do outro, nos
soltamos e seguimos para a fila que se forma na saída.
No nosso primeiro ano aqui, acabei ouvindo Bennett dizer essas
palavras várias vezes para Simon, mas só tive coragem de perguntar para
ele quando nossa amizade já estava concretizada. Segundo ele, quando dizia
isso para o amigo, significava que estava aqui por ele e o ajudaria a realizar
seu sonho de se tornar um grande jogador.
Contei para o Liam sobre, e em um dos nossos jogos, acabamos
falando junto com Bennett, transformando essa frase em nossa saudação
para momentos importantes para nós.
— Está na hora — o treinador avisa, abrindo a porta do vestiário e
saindo.
Um a um, vamos saindo.
O nervosismo ainda não passou. Sinto que minha boca está seca,
minhas mãos tremem e o estômago se encontra revirado. Todas essas
sensações não são medo, longe disso. E sim excitação.
A cada passo que vamos dando, consigo escutar os gritos dos
torcedores e como em um passe de mágica, sinto meu corpo se acalmar e a
fome de ganhar esse jogo cresce drasticamente.
Estou pronto.
É só eu colocar meus pés no gelo, para minha mente se acalmar por
completo, nada mais existe a não ser meu time e o time adversário.
Crownford é um time fraco no gelo, mas isso não quer dizer que não
precisamos ter atenção com eles.
O juiz chama os capitães ao centro para saber quem terá a posse do
disco primeiro, e enquanto eles decidem isso, olho para as arquibancadas à
procura de rostos conhecidos.
Estou quase desistindo de encontrá-la no meio da multidão, quando a
vejo.
Holly está em cima da cadeira, acenando em minha direção, com um
sorriso estampado em seu rosto.
Ela está perfeita hoje.
Seus cabelos estão soltos e mesmo de longe, consigo enxergar alguns
cachos nas pontas. Há duas listras em sua bochecha esquerda nas cores do
time e para completar, ela está usando nosso uniforme.
Levanto minha mão em sua direção, prometendo marcar um ponto
para ela, e sorrio ao perceber que balança a cabeça aceitando, indicando que
entendeu o que quis dizer.
Agora que sei que ela está aqui, nada pode me parar.

Meu coração bate forte, meus ouvidos estão chiando e o suor escorre
pela minha têmpora pescoço e costas.
Olho para o placar e faltam exatos um minuto e quarenta para o jogo
ser finalizado.
Estamos na frente com dois gols de diferença, mas ainda sinto
necessidade de marcar hoje, eu prometi a Holly que marcaria um para ela e
irei cumprir.
Um jogador do nosso time acabou se machucando por conta de uma
entrada muito forçada, então agora estamos jogando com uma pessoa a
menos, e mesmo com o placar a nosso favor, quando vejo Bennett em posse
do disco, coloco pressão em minhas coxas, que protestam pela força que
uso para ser mais rápido, e sigo em direção ao mesmo.
— Estou livre, Ryan! — grito em sua direção.
Bennett olha pra mim e faz um sinal para eu seguir em frente para uma
passada melhor.
Um jogador do time adversário vem de encontro a mim, mas consigo
me esquivar para o lado contrário antes que ele trombe comigo. Olho para o
placar e faltam cinquenta segundos para o fim do jogo.
É agora ou nunca, Bennett.
— Aaron! — Como se estivesse escutando meus pensamentos, ele me
grita, e lança o disco em minha direção.
Com movimentos ágeis, o intercepto com o taco e sigo em direção ao
gol.
Mantenho meus olhos focados nos do goleiro, e quando acho a
oportunidade perfeita, me ajeito da melhor maneira e mando para o gol,
mas acabo não conseguindo ver se entrou, porque um corpo se choca contra
o meu, me levando ao chão.
A dor que sinto por conta do impacto é tanta, que nem escuto o grito
da torcida para confirmar se consegui ou não.
Minhas costas latejam, acabo fechando meus olhos, e tento puxar o ar
pela boca.
Quem quer que seja, acabou metendo o cotovelo na boca do meu
estômago, tirando todo o meu ar.
Aos poucos, vou me recuperando, e quando abro os olhos, vejo Liam
parado em cima de mim com um sorriso enorme estampado em seu rosto.
— Consegui? — pergunto com a voz fraca.
— É claro, porra.
Volto a fechar os olhos e relaxo o corpo, que lateja em cada parte
possível.
Gostou do ponto marcado para você, linda? Espero que sim.
Respirando fundo, levanto a mão para Liam que a assegura e me
coloca de pé em questão de segundos.
— Ótimo jeito de começar a temporada — Simon diz, patinando em
nossa direção, sendo seguido por Bennett.
— Se esse for um indício de como será nossa temporada, essa taça já é
nossa — digo, me apoiando no meu melhor amigo.
— Concordo com você. — Bennett bate em meu ombro. — Como
está? Michael entrou com força demais.
— Estou bem, só as costas que estão latejando um pouco — conto,
olhando para a arquibancada à procura de Holly.
— Hanna e as meninas estão nos esperando lá fora. Vi quando elas
saíram — Simon conta assim que percebe para onde olho.
— Vamos tomar banho logo para podermos encontrá-las — Liam
pede.
Concordando com ele, seguimos em direção a saída do rinque com a
sensação de dever cumprido.

Saio do ginásio acompanhado dos meninos.


Estamos seguindo em direção ao carro de Bennett, e vemos as meninas
paradas enquanto conversam.
— Olha só se não são os melhores jogadores daqui. — Maddy acena
em nossa direção.
— Eles, eu não sei, já eu, realmente, sou o melhor. — Simon nos
encara enquanto sorri, se fingindo de convencido.
— Acho melhor pegarmos outro carro? — Genna sugere.
— Por quê? — Hanna pergunta confusa assim como eu.
— O ego irá ocupar todo o espaço — Genna repete, cruzando os
braços e sorrindo.
— A verdade dói, né? Eu sei disso — Simon se aproxima da ruiva e a
abraça pelo ombro.
— Por que a gente o atura, mesmo? — pergunto, olhando para
Bennett.
— Me pergunto isso desde os meus sete anos de idade — responde,
levando sua mão até o bolso de trás e pega seu maço de cigarro e isqueiro.
— Não tinha parado de fumar? — Liam sussurra ao seu lado.
Bennett o responde com um balançar de cabeça, enquanto leva o fumo
até a boca.
Olho para Simon que encara o amigo com indignação estampada em
seu rosto.
Antes que comece uma discussão entre eles, vou para o lado de Holly.
— Então, ficou impressionada ao me ver jogar? — Apoio minha mão
em sua cintura.
— Até que você joga melhor do que eu esperava.
— Você é tão malvada. — Puxo-a para mais perto e mordo sua
bochecha de leve.
Holly se encolhe rindo e minha barriga, que tinha se acalmado, dá
voltas e mais voltas, tudo por causa da sua risada.
Eu amo quando ela sorri assim.
— Obrigada por marcar um ponto pra mim. — Fica na ponta dos pés e
beija meu queixo.
— Então você entendeu o que eu disse no começo do jogo — afirmo,
me sentindo feliz.
Por um momento, tive medo de que ela não entendesse.
— Mas é claro. — Volta à posição de antes. — Consigo te entender
pelo seu olhar, Aaron.
— Sério isso? — Encosto minha testa na sua.
— Uhum. — Afirma com a cabeça e acaba movimentando a minha
também.
Peraí.
Ela está me dando abertura?
Há um tempo já que venho percebendo algumas investidas de Holly
em mim. Seria essa a chance que tenho de pedir para deixar essas regras
inúteis de lado?
Respiro fundo e pergunto de uma vez:
— Holly, o que acha da gente conversar depois?
Seus olhos se arregalam tanto que tenho medo de que eles saiam de
órbita.
— O quê? — Sua voz não passa de um sussurro.
— Acho que… — estou prestes a dizer o que penso, quando sou
interrompido.
— Gente, acabei de receber uma mensagem com o endereço de onde
vai acontecer a festa pela vitória de hoje — Maddy fala, nos tirando de
nossa bolha. — Querem ir?
— Estou bem cansado hoje, Maddy — Liam a responde, apoiando o
queixo na cabeça da minha irmã. — Hanna e eu vamos para casa.
— Não ligo para festa — Bennett diz, depois de liberar a fumaça de
nicotina para o outro lado.
Maddy olha para mim e Holly.
— Estou quebrado hoje, ruiva — digo, usando um tom de desculpa.
— Simon? — Maddy olha em direção a ele.
— Sei que será bem estranho, mas hoje não, ruivinha. — Faz um
carinho em sua cabeça.
— Não veremos você em muitas festas agora que o campeonato
começou, não é? — pergunta, encarando-o.
— É isso aí — confirma.
— Mas não vamos nem curtir um pouquinho? — Genna pergunta. —
É a primeira vitória de vocês.
— Que tal vocês duas irem lá pra casa? — sugiro. — Podemos pedir
algo para comer.
Olho para todos à espera da confirmação deles, que não demora a
acontecer.
— Eu topo — Maddy é a primeira a concordar.
— Eu também. — Genna levanta a mão.
— Beleza. — Bato palmas. — Vamos nos dividir nos carros de Liam e
Bennett e nos encontramos lá.
Em comum acordo, começamos a nos dividir e quando tudo está
organizado, me lembro que está faltando alguém.
— Bonequinha, cadê o Harry?
— Meu gatinho não queria vir — Maddy é quem me responde. — Ele
não gosta muito de lugares cheios.
— Já está íntima dele para saber dessas coisas, é? — Holly pergunta e
pelo seu tom de voz, saber disso a agrada muito.
— Acabamos nos tornando amigos. — Dá de ombros. — Ele é uma
gracinha e um ótimo amigo. Não tive como resistir a ele.
— Que bom! — É a única coisa que ela diz.
Há um brilho triunfante em seu olhar.
Olho para ela tentando decifrar o que se passa em sua cabeça, e no
segundo em que ela me encara, acabo sacando na mesma hora o que está
pensando.
— Você é impossível — sussurro e aperto sua cintura.
Holly está tentando juntar Maddy e Harry, duas pessoas
completamente opostas uma da outra. Mas sabe? Seria legal se ela
conseguisse.
Gosto muito do Harry, em alguns momentos ele me lembra muito
como minha irmãzinha era, e a Maddy? Bom, ela é uma garota incrível, que
merece um cara incrível. Se Holly acha isso. Por que não, né?
E se eu a ajudasse?
Dois é sempre melhor do que um.
Estou pensando em uma maneira de contar para ela que quero ajudar,
quando Bennett nos apressa para irmos logo para casa.
Holly, Hanna, Liam e eu vamos em um carro e os outros vão no de
Bennett.
— Nos vemos em casa, pessoal — Hanna se despede. — E Genna, por
favor, escolha as pizzas porque se depender do Simon, ele só vai escolher as
de vegetais — pede, entrando no carro.
— Pode deixar comigo.
Seguindo o exemplo de minha irmã, entramos também e seguimos em
direção a nossa casa.

— Estou morto. — Me jogo em cima da cama de Holly.


— A pancada que o cara te deu foi tão forte assim? — pergunta, se
sentando ao meu lado.
— Pior. — Tiro minha camisa.
— Meus Deus! Está doendo muito? — pergunta, tocando a pele
arroxeada das minhas costas.
— Um pouco — digo, sentindo minha pele arrepiar por conta do seu
toque. — Mas amanhã estará melhor. — Faço menção de colocar a blusa
novamente, mas suas mãos me impedem.
— Deite-se aí, irei fazer uma massagem em você. — Aponta para a
cama e se levanta, indo em direção ao banheiro. Fazendo o que ela pediu,
deito-me de bruços, apoio o meu rosto embaixo do braço e espero que
venha até mim. — Vai ser bom pra você.
Alguns segundos depois, escuto seus passos no carpete e sinto o
colchão afundar quando sobe nele. Ouço o barulho do produto sendo aberto
e o cheiro de menta toma conta de todo o quarto, e assim que o creme
gelado toca em minha pele quente, acabo me arrepiando.
Lentamente, Holly começa a espalhá-lo em minhas costas com suas
mãos macias, e me faz gemer quando massageia certos lugares,
principalmente onde está dolorido.
— Nossa, isso é bom — minha voz sai com dificuldade.
— Eu disse que seria. — Ela coloca a pressão certa nos músculos
tensionados, fazendo-os latejar por estarem sendo pressionados. Aos
poucos, a dor vai dando lugar ao relaxamento e os gemidos de sofrimento
são substituídos pelos de contentamento. — Está gostando? — Debruça
sobre o meu corpo e beija minha nuca.
Meu corpo é desperto em questão de milésimos de segundos, depois
de suas investidas.
— Muito — minha resposta não passa de um murmurar. Escuto sua
risada baixa e sinto-a descer seus beijos pela minha coluna, meu corpo todo
se arrepia pelo contato de sua boca macia com a minha pele aquecida.
Fecho os olhos para aproveitar todas as sensações que ela me causa, e acabo
gemendo quando meu pau endurecido e sensível é pressionado pelo colchão
macio. — Por que está fazendo isso?
— Porque quero te parabenizar pelos feitos de hoje — diz, passando a
lamber o meio da minha lombar, enquanto faz o caminho reverso do que fez
antes. Holly sobe devagarinho, me torturando ao morder cada uma das
tatuagens das minhas costas. — Amo todas as suas tatuagens. — Morde
meu ombro e suga a pele para dentro de sua boca. — Mas essa aqui é a
minha preferida. — Beija o desenho de uma cobra como se estivesse
atacando os meus lábios. Nesse momento, sou um misto de sentimentos e
sensações. Ela é a única que consegue fazer com que eu me sinta assim,
rendido, vivo, apaixonado, queimando de tesão de uma única vez. — Sabia
que sempre quis fazer isso? — Suga a tatuagem que fizemos junto com os
nossos amigos.
Amanhã acordarei com uma mancha enorme em meu pescoço, mas
quem está ligando? Quero que todos saibam quem a colocou lá e que Aaron
Black tem uma dona.
— Me marcar como seu? — Viro o meu corpo para conseguir vê-la
melhor.
— É isso que você quer? — Se ajeita e senta bem em cima do meu
pau. — Ser meu?
— Eu já sou seu há muito tempo, linda. — Seguro em sua cintura. —
Desde a primeira vez que te vi. — Segurando em meu rosto, Holly me puxa
em direção a ela e ataca os meus lábios com sede, como se tivesse
encontrado um copo d’água depois de dias de seca. Holly suga minha
língua com gosto. Meu pau pulsa dentro das calças, pedindo que o liberte e
dê atenção a ele. Seguro-a pela cintura e sem precisar de um comando meu,
passa a rebolar em meu colo. Mesmo que ainda esteja vestida, consigo
sentir o calor de sua boceta. — Eu preciso de você agora mesmo — digo,
com os meus lábios ainda colados aos dela. — Tenho que fazer você gozar.
— Era pra você ser o centro das atenções hoje. — Desabotoa minha
calça e me ajuda a me livrar dela, junto da cueca, em questão de segundos,
liberando o meu pau completamente duro. — Você quem tinha que sentir
prazer.
— Meu maior prazer é ter você gozando no meu pau. — Tiro nossas
blusas e as jogo em algum lugar do quarto. — Vamos, Holly. Preciso de
você agora mesmo.
Sem que eu precise dizer mais nada, ela se levanta do meu colo, abre o
botão de sua calça e a desce lentamente, acompanhada da calcinha, pelas
suas pernas macias. Fixo meus olhos nos dela e vou descendo o olhar por
todo o seu corpo até que chegue em sua boceta completamente encharcada.
Minha boca enche d'água pela vontade de sentir seu gosto mais uma
vez. Sem perder tempo, seguro em sua cintura, puxando-a em minha
direção. A posição não poderia ser melhor. Sua boceta está de frente para
mim, pedindo para ser tocada. Olho para cima e o olhar de Holly está
focado em mim.
— Pronta para ser minha? — Sem esperar sua resposta, aproximo meu
rosto de sua virilha, passo meu nariz bem de levinho em sua coxa e acabo
sorrindo quando vejo sua pele se arrepiar com o meu toque.
— Aaron — geme meu nome enquanto apoia a mão em minha cabeça.
— Eu sei — beijo sua boceta e gemo quando sinto seu gosto em
minha língua.
Não deixo nenhuma parte sem a devida atenção. Holly grita quando
sugo seu clitóris, arranha meu couro cabeludo quando a penetro usando
minha língua, e assim que percebo que ela está por um fio, paro minhas
investidas, puxo-a para se sentar em meu colo, e me viro, ficando por cima.
— Era pra você receber um boquete agora. — Ataca meu lábio
inferior, sugando-o e o mordendo, sem se importar que eles estejam
melados com sua excitação.
— Estou ganhando coisa melhor — digo, levando meu pau até a
entrada de sua boceta e a estocando de uma vez só. Holly geme, fechando
os olhos enquanto joga sua cabeça para trás. Estar dentro dela é como estar
no céu. Não há sensação melhor do que essa. — Eu amo foder você, Holly.
Sou completamente viciado.
Encosto nossas testas, seguro suas mãos e as levo acima de sua cabeça,
enquanto entro e saio dela com estocadas ritmadas e constantes. O suor
escorre pelas minhas costas, o cheiro de sexo toma conta do lugar e nossos
gemidos se misturam com o barulho de nossos sexos se chocando. Escondo
meu rosto entre seus seios, e quero marcá-la como minha.
Eu poderia muito bem marcar seu pescoço, mas não preciso que todos
saibam que ela é minha, desde que ela tenha conhecimento disso.
Com esse pensamento, sugo a pele exposta pelo seu sutiã, fazendo-a
gritar.
— Quando olhar essa marca. — Passo a língua na pele vermelha e a
mordo em seguida. — Lembre-se de que é minha. — Mordo o bico
endurecido de seu seio e preciso me controlar quando sinto sua boceta se
contrair em volta do meu pau.
— Aaron, me faça gozar. — Envolve minha cintura com suas coxas,
me levando até o limite.
— Seu desejo é uma ordem. — Beijando seus lábios, passo a meter
forte e duro dentro dela.
Holly grita com os lábios colados aos meus, me fazendo beber cada
um dos seus gemidos e em poucos segundos, sinto sua perna me apertar
com mais força, avisando que está a um fio de gozar. E como se estivesse
esperando por ela, meu pau se contrai me avisando que também estou.
— Aaron, eu vou gozar. — Sua voz é quase inexistente.
— Deixa vir, linda. — Como se só precisasse de um comando, Holly
goza no meu pau enquanto grita, jogando sua cabeça para trás. Continuo
com as investidas dentro dela até que sinto meu prazer se formando, meu
coração acelera e minha respiração se torna ofegante. Tiro meu pau de
dentro dela e gozo em sua barriga, marcando-a da maneira mais erótica e
gostosa possível. — Você não tem ideia do quanto está linda agora. —
Passo a mão em cima da minha porra, espalhando-a nela.
Holly olha para sua barriga e depois para mim.
— Espero que tenha gostado do seu presente de primeira vitória no
hóquei — diz.
— Se todas as vezes que vencermos, eu tiver você desse jeito — digo,
me deitando ao seu lado. — Farei de tudo para ganhar a taça esse ano.
Olhamos um para o outro e começamos a rir da piada só nossa.
E mais uma vez eu volto a afirmar que aqui, nesse exato momento,
com o cheiro dela impregnado em minha pele, é o melhor lugar do mundo.
E a emoção da perseguição segue de maneiras misteriosas

Portanto, no caso de eu estar enganado, eu

Só quero te ouvir dizer: Você me tem querido

Você é meu?
R U Mine? – Arctic Monkeys

Sou despertada por beijinhos em minha nuca que me deixam


completamente arrepiada.
— Por que está me acordando agora? — minha voz sai abafada por
conta do travesseiro.
Aaron ri do meu humor matinal e me puxa mais para perto de si.
— Porque, infelizmente, a vida não é um morango — beija atrás da
minha orelha, fazendo com que eu me encolha pelo nervoso. — E
precisamos nos levantar para ir à faculdade.
Resmungo, enterrando meu rosto em seu pescoço.
— Eu não preciso ir. Meus pais são ricos — digo, fazendo-o rir mais
ainda. — Posso ficar o dia todo nessa cama se eu quiser.
— É mesmo? — Sobe sua mão pela minha perna até minha cintura e
passa a fazer um carinho constante ali.
— Que pena que não posso dizer o mesmo.
— Eu te sustento. — Saio do meu esconderijo e passo a olhar para ele.
— Não disse uma vez que sou a sua velha da lancha?
— Está mais pra gostosa da lancha. — Aperta meu bumbum e me dá
um selinho.
— Por que não aproveita, então? — pergunto, enquanto apoio minha
perna na sua.
Começo a fazer carinho em seu abdômen definido, traçando as linhas
do coração que tem bem em cima do osso do quadril, e me pego pensando
que gostaria muito de passar minha língua sobre ele para depois chupar o
seu pau, que se encontra completamente ereto nesse momento.
— Acho melhor pararmos agora ou realmente não sairemos dessa
cama. — Aaron segura minha mão e beija meus dedos.
— Parar com o quê? Não fiz nada. — Me fazendo de desentendida,
levanto da cama.
— Não fez, mas estava pensando — repete meu gesto e se levanta
também.
— Bom, já que sabe o que estou pensando. — Caminho em direção ao
banheiro, me livrando da única peça no meu corpo. — Por que não
aproveitamos e tomamos um banho juntos? — Apoio uma das mãos no
batente da porta e olho por cima do ombro. — Assim não nos atrasamos, e
eu ainda consigo te dar o que não consegui ontem.
— E o que seria? — pergunta com seus olhos fixos nos meus.
— O melhor boquete da sua vida. — Sem esperar por ele, sigo em
direção ao banheiro.
Ligo a água e suspiro em contentamento quando o jato quente cai
sobre minhas costas e cabeça. Passo as mãos nos cabelos, colocando-os
para trás e sorrio quando o sinto atrás de mim.
— Você prometeu, então terá que cumprir. — Me segura pela cintura e
me puxa de encontro ao seu corpo.
— Pode deixar.
Em questão de instantes, todo o mau humor que sinto vai embora e
gemidos tomam conta do lugar.

Chego ao refeitório da faculdade acompanhada de Liam, Hanna e


Harry, e assim que encontramos uma mesa vaga, nos sentamos.
— Vamos tirar na sorte quem vai pegar os lanche de hoje? — Hanna
pergunta.
— Nem ferrando, espertinha — digo, encarando-a. — Hoje é a sua vez
de pegar nossas coisas.
— Odeio esse nosso acordo. — Pega sua bolsa e vai em direção ao
caixa acompanhada de Liam.
— Só quando é a sua vez, não é, espertinha? — grito em sua direção e
acabo rindo quando vejo-a me mostrar o dedo do meio.
— Achei que o acordo de vocês com a comida, fosse válido só em
casa. — Harry levanta a dúvida, chamando minha atenção.
— E perder a chance de ser mimada até fora de casa? Jamais. — Ele ri
da minha resposta e me ajeito no banco. — Mas e você, baby Yoda? O que
tem feito? Parece que não te vejo há séculos.
— Nos vimos na sexta, Holly.
— Isso é muito tempo sem você. — Pego uma de suas mãos que está
apoiada em cima da mesa e faço um carinho leve.
Harry é uma das poucas pessoas que gosto de ter um contato assim.
— Isso tudo porque não fui ao jogo de hóquei dos meninos? —
pergunta.
— Mas é claro! — Me recosto na cadeira. — Nosso grupo não estava
completo. Sentimos sua falta.
— Sentiram, é? — Seus olhinhos brilham por detrás das lentes de seus
óculos.
Acho que ele ainda não entendeu que agora tem a gente como amigos,
que nunca mais irá ficar sozinho. Mas eu entendo o jeito dele mais recluso.
Tudo é muito novo ainda. Em um dia ele era o menino solitário e agora ele
é o garoto que tem amigos que sentem sua falta. Só de lembrar o que as
pessoas faziam com ele, sinto vontade de socar alguém.
— Lógico. — Me aproximo, apoiando meus cotovelos na mesa. —
Agora me conta. O que ficou fazendo o final de semana inteiro?
— Lendo, estudando e vendo alguns filmes.
— Jura que trocou uma noite comigo para ler e ver filmes? —
pergunto indignada.
— Você faz isso também. — Abre um sorrisinho fofo.
— Só quando alguém me irrita ou tenho trabalho para fazer —
relembro. — Aliás, tenho que voltar para minha última leitura — conto para
ele.
— Ainda não terminou de ler o livro do Doutor Coração[7]?
— Não estou preparada para o que vem aí — me defendo, fazendo
cara de choro.
Por algum motivo, sei que esse livro vai acabar me marcando de
alguma maneira, e no momento, não estou pronta para o que me espera
nessa história.
— Você é impossível. — Sorri mais uma vez, e passamos a conversar
sobre besteiras quando avisto uma cabeleira ruiva vindo em nossa direção.
— Ei, sabia que acabei descobrindo uma coisa bem interessante? —
pergunto.
— Não. O quê?
— Que um certo alguém está conversando com uma certa ruiva —
conto e acabo sorrindo quando vejo suas bochechas ganharem um tom
avermelhado.
— Q-quem te disse isso? — pergunta, engolindo em seco.
— A própria — digo.
— Ah! — responde.
— Nada de “Ah” pode me contando como isso aconteceu.
— Jura? Não posso contar depois? — pede.
— E ter a chance de você escapar de mim? Nem ferrando — nego. —
Pode contando tudo — peço.
Harry olha para os lados, retorce os dedos, me encara mais uma vez e
quando vê que não sairá ileso, suspira e conta de uma vez:
— Tudo bem. — Toma fôlego mais uma vez e começa a contar. — Foi
no Natal...
— Espera — interrompo-o. — Já tem isso tudo e você não me contou
ainda?
— Desculpa? — pede sem jeito.
— Olha, sinceramente — suspiro, balançando a cabeça em negação.
— Tá bom. Continua.
Com o meu aval, ele conta que tinha percebido que Maddy não estava
se sentindo bem com a chegada do Natal, já que ela iria passar sozinha, e
que depois de um surto de coragem, convidou-a para passar com ele e sua
família. Contou também que no começo ela relutou um pouco com medo de
incomodar, mas Harry assegurou que estava tudo bem. Então depois de um
tempo, a ruiva aceitou e foi passar o Natal com ele.
Fico o encarando, e só pela carinha que faz, sei que esse foi um dia
que ele nunca mais vai esquecer.
— Desde então passamos a conversar com mais frequência. —
Termina de contar, me acordando dos meus devaneios.
— E como foi para os seus pais?
— Primeiro, eles ficaram surpresos, já que nunca levei ninguém para a
nossa casa. — Volta a mexer em seus dedos. — Depois, perguntaram se ela
era minha namorada. — Desvia o olhar e acabo rindo de sua timidez.
Imagino a cara que ele deve ter feito naquele momento.
Quem te viu, quem te vê, hein, baby Yoda.
Estou prestes a perguntar o que ela achou de tudo, quando Maddy se
aproxima, acompanhada de Liam e Hanna.
— Não sabia o que você queria. — Coloca uma porção de batata frita
na minha frente e um copo de suco.
— Está ótimo — afirmo, me servindo de uma.
— Oi, gente! — Maddy nos cumprimenta, se sentando ao lado de
Harry e beija sua bochecha. — Cadê o resto do pessoal? — pergunta para
ninguém em especial.
— Daqui a pouco aparecem aí — Liam conta. — Ah, falando neles. —
Aponta com o queixo em direção a entrada onde estão Genna, Bennett e
Simon, que avisam que vão pegar algo para comer antes de se sentarem
com a gente.
Aproveitando que as pessoas da mesa estão conversando entre si, pego
meu celular, abro minhas notas e começo a ler a lista mais uma vez,
repassando tudo o que já quebramos ou não.
Quem diria que eu, a pessoa que acabou criando tudo isso, seria aquela
que começaria a quebrá-la também. Obrigada por isso, Diana e Jace
Saunders.
Ainda restam três regras para serem quebradas. Duas que já estão na
lista, uma que ainda não escolhi qual será. Mas deixarei para pensar nisso
depois. Mesmo que ele a quebre no primeiro segundo.
Volto minha atenção para o celular e passo a riscar tudo que já foi.

Não ficar de casalzinho


Não ficar mandando mensagens bobas
Não ir a encontros
Não transar sempre
Não dormir juntos
Não ir ao cinema/ver filmes juntos
Não comentar nas postagens em redes sociais
Nada de beijos em público
Não sermos exclusivos

Releio mais uma vez, e uma regra em questão me chama a atenção.


Não sermos exclusivos.
Será que Aaron a quebrou também? Ou ele está curtindo por aí?
Tá, tudo bem. Fui eu quem inventou essa porcaria. Mas antes era
diferente. E tenho direito de mudar de ideia depois de um tempo.
— Acha que o Aaron fica com outra pessoa além de mim? —
pergunto para Harry, que me olha em dúvida.
— O quê?
— Acha que o irmão da Hanna está ficando com mais alguém além de
mim? — volto a perguntar.
— Não, quer dizer. Pela maneira que ele está com você, acho que não
— toma um gole de sua bebida.
— Hum... — murmuro.
Estou pensando no que Harry disse, quando vejo Aaron chegar
acompanhado por uma menina de cabelo rosa. Um gosto amargo me sobe à
garganta, meu rosto se fecha na hora e minha perna começa a tremer sem
que eu tenha controle. Apoio meu queixo em cima das minhas mãos
fechadas e passo a estudá-los. Será que já ficaram alguma vez? Ou melhor.
Será que estão ficando agora?
Minha cabeça passa a dar voltas e mais voltas.
Ela sorri para ele, toca em seu ombro e ainda o faz rir.
Quem é essa?
Os dois passam bastante tempo conversando, até que ele se despede
dela, com um beijo no rosto e caminha em nossa direção.
É sério isso? Um beijo no rosto?
— Oi, gente linda! Sentiram minha falta? — pergunta, se sentando na
cadeira vaga à minha frente.
— Nem reparei que não estava aqui — digo, encarando-o.
— Assim você me magoa, linda. — Leva as mãos ao peito.
— Hum... — Meus olhos não passam de fendas ao encará-lo.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunta e passa a me estudar.
— Não. Nada demais — respondo e desvio minha atenção dele,
passando a encarar Harry que me olha sem entender. Agora mais do que
nunca, preciso saber quem é essa menina que estava com ele. E
principalmente se eles têm alguma coisa. Pensando nisso, encontro a
maneira perfeita de descobrir isso de uma vez. — Hanna Mo, o que acha de
me ajudar a encontrar uma roupa para o encontro que terei hoje? —
Debruço na mesa para vê-la melhor.
— É o quê? — Aaron grita e acaba se engasgando com a água.
— Você está bem? — Uso um tom sereno. — Acho melhor bater nas
costas dele — sugiro, quando vejo seu rosto passando da coloração normal
para a avermelhada.
Rapidamente, Harry o acode dando tapinhas em suas costas para
desengasgá-lo de uma vez.
— E-eu estou bem — avisa. — Obrigado, cara — agradece. — Que
porra de encontro é esse? Com quem? — pergunta, me encarando.
— Encontro normal, ué. — Dou de ombros. — E pra que você quer
saber com quem? Você não o conhece mesmo — respondo e me viro para
Hanna mais uma vez. — Então, vai me ajudar ou não?
— Que encontro é esse que não estou sabendo? — a loira pergunta.
— Saberia se não estivesse com o pau do Liam em sua boca vinte
quatro horas por dia, sua vadia — acuso.
— Meu Deus, Holly. Eu não precisava saber disso — Aaron protesta,
tampando os ouvidos.
— Que foi? Sua irmã transa. Aceite isso.
— O que aconteceu com você hoje? Está atacada, sua vadia? —
Hanna pergunta, se debruçando sobre a mesa e tentando tampar minha
boca.
— Só quero saber se vai me ajudar ou não? — Me esquivo do seu
ataque.
— Vou, agora cala a porra dessa boca. — Consegue puxar uma mecha
do meu cabelo antes de se sentar.
— Então, ótimo — confirmo, me recostando na cadeira.
— Ótimo nada — Aaron volta a falar. — Que história é essa de
encontro? — pergunta.
Sua expressão está completamente fechada.
Nunca o vi tão sério como está agora.
— Com uma pessoa do meu curso — invento. — Ele me chamou para
sair e eu aceitei.
— Não acredito que vai a um encontro com alguém e esse alguém não
sou eu, Holly — Simon finge reclamar, sentado ao lado de Bennett que dá
uma cotovelada na região da sua costela.
— Não piora as coisas. — Escuto Liam dizer.
Para ele dizer isso, é porque estou conseguindo levar seu melhor
amigo ao limite.
Não era mais fácil perguntar para ele quem era a garota ou se eles
estão juntos de outra maneira?
Claro que sim. Mas qual seria a graça?
Se eu não o atacasse exatamente assim, não teria o meu momento de
diversão.
Aliás, Aaron é a coisa mais deliciosa do mundo quando está com
raiva.
— Está de sacanagem com a minha cara? — pergunta e consigo ver
sua perna mexendo freneticamente embaixo da mesa. — Você vai a
encontros com outros caras, mas não pode ir comigo.
Parece que alguém está ficando nervoso.
— Que foi? Você pode cumprir uma de nossas regras, mas eu não
posso? — faço a pergunta de uma vez.
— Que regra? — Escuto Maddy perguntar para Harry.
— Coisa deles — desconversa.
Queria muito olhar para eles nesse momento, mas meu embate com
Aaron é mais importante agora.
— Então? — volto a perguntar, depois que o vejo paralisado.
— Cumprindo regra? Que regra eu estou cumprindo, Holly? — Passa
as mãos em seus cabelos, um pouco agitado.
— De não sermos exclusivos — jogo de uma vez e espero sua
resposta.
Primeiro seu rosto fica branco para em questão de segundos assumir
uma coloração avermelhada.
— De onde você tirou isso? — pergunta.
— Não importa, esse não é o ponto.
Vejo-o fechar os olhos e consigo escutá-lo contar até dez bem baixinho
e quando chega ao zero, ele abre os olhos lentamente e passa a me encarar
fixamente.
Aaron passa a ler através do meu olhar como se estivesse procurando
algo, e quando finalmente encontra o que quer que seja, ele se recosta na
cadeira, com um sorriso enorme estampado em seu rosto e cruza os braços.
— Isso tudo era só uma maneira de saber se estou saindo com alguém,
linda?
— O quê? — Arregalo os olhos.
Mas como ele...
Ah, esquece. Acabei de me lembrar que ele é a pessoa que mais me
conhece nessa vida.
— Não era mais fácil perguntar? — Ainda sorrindo, morde o cantinho
do lábio inferior. — Quase me mata do coração. — Se vira para os nossos
amigos que nos encaram concentradíssimos. — Viram o porquê ela é o
Carma da minha vida? — Aponta pra mim.
— Vocês se merecem — Hanna é a primeira a falar. — De verdade.
— Feitos um para o outro — Maddy diz.
— Com certeza — Genna concorda.
Mando todos irem a merda e volto minha atenção para o homem à
minha frente.
— Então? — pergunto.
— Então o quê?
O sorriso sarcástico não sai do seu rosto
Eu vou matá-lo.
— Vai me contar ou não? — volto a perguntar puta da vida por conta
desse sorrisinho dele.
— Por conta desse seu showzinho. — Se estica para pegar uma batata
do meu prato. — Não vou te responder. — Se levanta da mesa e sai
andando.
É o quê?
Jura que ele vai fazer isso comigo?
Ah, mas nem ferrando.
Me levanto e sigo atrás dele.
— Aaron, eu não estou brincando — digo, batendo os pés com força
no chão. — Me responde. — Ele gargalha, jogando a cabeça para trás e sai
do refeitório. Parece que encontrou alguém que sabe jogar como você,
Holly — Volta aqui — peço.
Estou a poucos passos da saída, quando sou surpreendida por braços
fortes que me puxam pela cintura e sinto seu corpo forte me prensar na
parede.
— Quer saber se somos exclusivos, meu pequeno e lindo Carma? —
Passa seu nariz de leve no meu.
Não consigo dizer uma única palavra nesse momento. Meu coração
bate tão rápido em meu peito, que me pergunto se ele consegue escutá-lo e
minhas mãos tremem pelo nervoso.
— Sim. — Afirmo com a cabeça.
Aaron aproxima seus lábios da minha orelha, e fazendo meu corpo
todo se arrepiar, ele sussurra:
— Quantas vezes terei que dizer que eu sou seu, assim como você é
minha? — Aperta minha cintura e me puxa para mais perto de si. — Minha,
toda minha. Entendeu? — Morde o lóbulo da minha orelha e minhas pernas
se tornam gelatina. — Não aceitarei dividir você com ninguém.
— Muito menos eu — digo.
Ele se afasta e passamos a nos encarar.
— Ótimo — diz.
— Ótimo — respondo, seguro em sua nuca e reivindico seus lábios
para mim, com um beijo possessivo e selo mais um acordo silencioso entre
nós dois.
Se ao menos você visse o que eu posso ver

Você entenderia por que eu te quero tão desesperadamente


What Makes You Beutiful – One Direction

— Onde vai? — pergunto assim que vejo Liam passar por mim cheio
de coisas.
— Vou ao orfanato — responde, parando à minha frente.
— E onde está Hanna? — Olho para os lados à procura da minha irmã.
— Já foi com a Genna — conta. — Tive que vir em casa para pegar o
violão que acabei esquecendo. — Mostra a capa preta em sua mão.
— Posso ir com você? Prometi que iria ensinar as crianças a patinar —
conto.
— Claro. — Caminha em direção a saída e o sigo. — Já fechou tudo
com a Amanda?
— Na verdade, estou indo para isso — conto, seguindo até a garagem.
— Você vai gostar das crianças de lá. — Para em frente ao seu carro e
abre o porta-malas.
— Imagino que sim. — Ajudo-o a arrumar tudo. — Só o pouco tempo
que passei com alguns deles da última vez que fomos lá, já me mostra que
são incríveis. — Fecho a mala e sigo em direção ao banco do passageiro.
Liam destrava as portas e assim que entramos e colocamos os cintos,
ele liga o carro e dá partida.
— Está pronto para virar o tio Aaron? — pergunta enquanto deixamos
nossa casa para trás.
— Espero que você esteja pronto para perder o posto de preferido.
Liam gargalha.
— Nem ferrando, cara. — Olha rapidamente em minha direção e volta
sua atenção para a estrada. — Esse cargo sempre será meu.
— Eu sou muito mais encantador do que você — conto o óbvio para
ele.
— Não é isso que seus pais dizem. — Dá de ombros.
— O quê? — Me viro no banco para olhá-lo melhor.
— Ué — se faz de inocente. — Só contando o que eles me falaram da
última vez que conversamos.
— Como é!?
— Sua mãe me disse que sou o filho preferido dela. — Volta a olhar
para mim com um sorrisinho sarcástico estampado.
É errado eu querer socar a cara dele?
— Como ela teve coragem de fazer isso comigo? — pergunto
indignado.
— Quem mandou parar de ligar para ela nos finais de semana? — Vira
à esquerda e pega a estrada que nos leva para o orfanato.
— Eu ligo para a minha mãe, sim, seu cuzão — me defendo.
Liam dá de ombros mais uma vez e segue dirigindo.
Como dona Clarie pode fazer isso comigo?
Ciumento?
Com certeza.
O que posso fazer se tenho ciúmes de todos que amo?
— Vou tirar essa história a limpo agora mesmo. — Pego o meu celular
e ligo para a minha mãe.
— Jura que vai ligar para ela? — pergunta, achando graça.
— Mas é claro — digo, olhando para a tela do aparelho. — Mamãe,
como assim seu filho preferido é o Liam? — pergunto assim que atende.
— Oi, meu filhote lindo! Sua mãe está bem, se você quer saber — diz,
quase me fazendo rir, mas o prendo porque o assunto é sério aqui.
— Nada de “Oi, filhote”, Dona Clarie — me finjo de bravo. — Vai me
contar que história é essa que o Liam acabou de me dizer?
— Ele não se conforma que sou o melhor, Clarie. — Se aproxima para
que minha mãe consiga ouvi-lo.
— Sai pra lá, seu traidor. — Tiro-o de cima de mim. — Não bastava
roubar minha irmã agora quer roubar meus pais também?
Meu melhor amigo e minha mãe começam a rir de mim e tenho que
me segurar para não acompanhá-los.
— Isso nunca perde a graça — Liam diz depois de se recuperar do seu
ataque de riso.
— O quê? Tirar uma com a minha cara?
— Exatamente — afirma.
Por que eu sou amigo desse cara mesmo?
— Idiota. — Mostro o dedo do meio para ele e volto minha atenção
para a minha mãe que ainda está na linha. — A senhora assume, então? —
volto a perguntar. — Como pode fazer isso comigo? — Forço uma voz de
choro.
— Desculpa, filhote. A mamãe não faz mais — fala como se estivesse
conversando com um bebê.
— Estou magoado demais para perdoar tão fácil assim — resmungo.
Liam solta uma risada debochada.
— Bebê chorão — diz enquanto finge uma tosse.
— Cala a boca — mando. — Tem sorte de eu não fazer você comprar
um jogo novo pra mim.
— Eu não compraria de qualquer jeito.
— Ah, você compraria sim e sabe por quê? — Encaro o meu amigo.
— Por que namorei sua irmã escondido?
— Olha, mamãe, como ele é inteligente. — Aproximo o celular da
boca.
— Aaron, você está chantageando seu melhor amigo de novo? — sua
voz é brava agora.
— Ele quem começou — digo da maneira mais infantil possível.
Por que quando falamos com nossos pais voltamos a ser crianças em
determinado momento?
— Não me interessa quem começou — volta a dizer e se estivesse na
frente dela nesse momento, a veria com as mãos na cintura. — Pode parar
com isso agora mesmo.
— Sim, senhora — respondo e dou um soco no braço de Liam quando
ele ri de mim.
— Ótimo, querido. Agora preste atenção na mamãe — chama minha
atenção como se eu tivesse cinco anos de idade. — Você é e sempre será
meu filho preferido.
— Vou contar isso para Hanna — digo, me recostando no banco e
olhando para a paisagem que vai mudando de acordo com o nosso avanço.
— Ela já sabe disso — responde rindo e Liam e eu passamos a
acompanhá-la.
Eu sou completamente louco pela minha família. Faço tudo o que está
ao meu alcance e fora dele também para vê-los felizes. Me dói muito não
ter muito tempo para falar com meus pais com mais frequência, mas sei que
eles entendem.
Ficamos conversando por mais alguns minutos, até que ela avisa que
tem que desligar e se despede.
— Amo vocês, queridos.
— Também amamos você — digo, desligando o celular e guardando-o
em meu bolso. — Viu? Sou o preferido.
— Não se acomode muito, porque irei tomar o meu lugar de volta —
ameaça, me fazendo rir.
— Vai se foder — digo, enquanto ligo o rádio e coloco uma das
músicas do nosso cantor preferido.
— Quem deixou você mexer aí?
— Não preciso de permissão, gracinha. O que é seu é meu. Esqueceu?
— Aumento quando Shape of You do Ed Sheeran começa a tocar.
Liam revira os olhos e passa a cantarolar a música baixinho enquanto
dirige até o instituto.

Patino lentamente, enquanto observo o pequeno grupo de crianças que


riem e se divertem enquanto patinam por toda a extensão do rinque.
Assim que cheguei no orfanato, me separei de Liam e fui em direção a
sala de Amanda, que já estava me esperando com tudo pronto.
Iria cuidar de uma pequena turminha com meninos e meninos entre
sete e dez anos. Ela me contou que no instante que disse a eles que teriam
uma atividade nova, eles ficaram eufóricos e mal podiam esperar para
começar a aula.
Ela e a esposa são amigas do dono do rinque, quando pediram
permissão para que a aula acontecesse lá, ele concordou rapidamente. O
lugar fica a pouco mais de vinte minutos do instituto, o que foi perfeito
quando eu e mais dois voluntários, o trouxemos para cá. Tivemos uns bons
quarenta minutos de aula, onde ensinei a eles como manter o equilíbrio
sobre os patins, como acelerar e parar. O que achei mais incrível é que eles
pegaram o jeito bem rápido. Claro que caíram muitas vezes, e fiquei com
medo de que se machucassem, mas no geral, tudo ocorreu bem. Quando
faltava algum tempo para o fim do nosso dia, deixei que eles ficassem mais
livres, mas ainda atento para acudir algum deles caso precisasse.
Olho em volta e vejo que Michele e Denis, os voluntários que vieram
comigo, estão sentados nos banquinhos da pequena lanchonete que tem ali,
então volto meus olhos para as crianças e acabo sorrindo.
Vê-los assim, faz eu me lembrar da minha infância, quando meu pai
trazia Liam e eu para um lugar como esse e passávamos quase o dia todo
patinando. Hanna vinha algumas vezes com a gente.
Ter essas lembranças me traz um sentimento de saudades.
Estou patinando lentamente pelo rinque, quando sinto duas mãozinhas
segurarem minha calça e uma voz doce e infantil me chamar.
— Tio Aaron.
Olho em sua direção e lindos olhinhos verdes e brilhantes estão me
encarando, e a imagem de Hanna pequena aparece em minha mente.
Mesmo que a menina à minha frente tenha cabelos cor de chocolate, seu
olhar pidão lembra o de minha irmã quando ela tinha essa idade.
— Oi, pequena. — Me abaixo para ficar do seu tamanho.
— Vai voltar para nos ensinar a andar no gelo de novo? — pergunta
animada.
— Você quer que eu volte?
— Quero sim. — Afirma com a cabeça com tanta vontade que os
cachos grossos balançam.
Amanda não me disse nada sobre voltar, mas tenho que admitir que
gostei muito do dia de hoje. Ensinar essas crianças foi incrível.
Será que consigo convencê-la a tornar essas aulas um momento
frequente?
— Já que é assim. — Aperto o seu pequeno nariz de leve, fazendo-a
abrir um sorriso banguela. — Eu volto. — Dou uma certeza a ela que nem
mesmo tenho, mas conhecendo a Amanda e pelo que Liam fala, ela irá
aceitar sim.
— Eba! — comemora, levantando os bracinhos.
Acabo sorrindo da sua animação.
— Gostou mesmo de patinar no gelo, hein, mocinha — digo.
— Muito, muito. — Mais uma vez ela balança a cabeça com
animação. — Quando crescer quero andar no gelo com uma roupa bonita
igual a que vi na TV — me conta.
— Quer dizer que teremos uma futura patinadora?
— Isso.
— Saiba que serei um grande fã seu, garotinha. — Faço um carinho
em seus cabelos. — Agora, venha. Temos que ir embora — digo, assim que
vejo Davis apontar para o seu relógio.
— Mas já? — Pega minha mão um pouco desanimada.
— Infelizmente sim. — Conduzo-a pelo gelo. — Mas voltaremos aqui
logo, logo — asseguro.
Tomara que Amanda aceite minha proposta.
Se dando por satisfeita, ela me acompanha enquanto chamo as outras
crianças para irmos embora. Os protestos são inúmeros, o que acaba me
deixando feliz.
Parece que eles gostaram mesmo do dia de hoje.
Chupa essa, Liam. Sou um tio foda pra caralho.
Assim que juntamos todas as nossas coisas, saímos do rinque, vamos
em direção a saída e assim que paramos em frente a van que o dono do
lugar disponibilizou para as crianças, acomodamo-as e seguimos de volta
para o orfanato.
O caminho até lá é tranquilo, e quando chegamos, ajudo cada um a
descer e seguimos em direção a entrada.
— Pode deixá-los com a gente, Aaron — Michele me libera. —
Amanda disse que gostaria de falar com você assim que chegasse, então
pode ir.
— Obrigado, Michele — agradeço.
— Obrigada você. — Estende a mão em minha direção.
— Você fez o dia dessas crianças ser mágico — Davis toma a palavra.
— Tenho certeza de que vão falar disso por dias e dias — repete o gesto da
amiga e estende a mão em minha direção. — Obrigada por hoje.
— Eu que tenho que agradecer a vocês. — Pego suas mãos estendidas,
uma de cada vez.
— Bom trabalho, garoto. — A mulher à minha frente me elogia mais
uma vez. — Agora, vai lá que Amanda está te esperando — me lembra.
Assentindo com a cabeça, me despeço deles e sigo em direção ao
escritório de Amanda, e assim que paro em frente à sua porta, bato para
anunciar minha chegada e ela permite minha entrada.
— Oi, Aaron! Sente-se — me cumprimenta pela segunda vez hoje,
apontando para a cadeira à sua frente.
— Obrigado — agradeço e me sento.
— E então? Me conta como foi com as crianças hoje?
— Foi incrível. — Me ajeito na cadeira para ficar confortável e
começo a contar para ela. — Não imaginava que iria me divertir tanto assim
com eles.
— Que bom que gostou — sorri em minha direção.
— Muito — respondo animado e me preparo para fazer o pedido. —
Hã... Amanda? — Me sinto um pouco inseguro.
— Sim?
— Então, como já disse, eu gostei muito da aula que dei hoje para as
crianças. — Vejo-a balançar a cabeça em concordância. — Eu queria saber
se posso continuar fazendo isso. Dar aulas de patinação para elas.
Amanda se recosta na cadeira e continua a me encarar.
— Sabe o porquê pedi para que viesse aqui assim que voltasse?
— Não.
— Não sei se o Liam ou sua irmã te contaram que nossa instituição
não ia bem financeiramente, mesmo com a ajuda que muitos dos
voluntários nos dão — relata.
Liam e Hanna falaram sobre a situação do lugar, sim. Meu melhor
amigo até doa uma quantia que tira da sua mesada, mas como o seu pai
diminuiu o valor depois da briga que tiveram e minha irmã acabou se
metendo, o valor da doação acabou diminuindo também.
— Sim, eu sei. Minha irmã me contou — digo. — Mas, desculpe o
jeito, o que isso tem a ver comigo? — pergunto interessado.
— Conseguimos um patrocinador, Aaron — revela.
— Está brincando? Isso é sério? — pergunto superanimado depois
dessa notícia.
— É a mais pura verdade — seu sorriso toma conta de todo o rosto. —
O Senhor Saunders está nos ajudando a manter o lugar e aos poucos,
transformá-lo em um local melhor para as nossas crianças e idosos.
Espera aí.
Saunders?
Será que ela fez o que penso que fez?
Ah, linda. Você é a melhor
— Que bom, Amanda. Fico muito feliz por isso — digo.
— Obrigada por isso — agradece. — Mas, enfim. Não foi pra isso que
te chamei aqui. — Se recosta na mesa. — Te chamei aqui, Aaron.
Justamente para fazer uma proposta para você.
— Uma proposta? — pergunto confuso.
— Com esse novo patrocínio, conseguiremos pagar para os
voluntários daqui, uma pequena quantia ainda, mas mesmo assim,
conseguimos custear um salário — conta, me deixando ansioso. — Com
isso, queria saber se você aceita ser nosso professor de patinação? —
pergunta, me tirando de órbita.
É sério isso?
Irei continuar dando aulas para as crianças e de quebra ainda consegui
um emprego?
Isso é um sonho?
Amanda continua a falar sobre como será, que o salário não é muito e
entre outras coisas, até que a interrompo.
— Eu aceito! — respondo de maneira eufórica. — Quando começo?
Ela sorri do meu entusiasmo.
— Jura? Ah, que beleza — comemora, juntando as mãos uma na
outra. Passamos a cuidar de tudo, como horário e os dias em que virei aqui,
e acabamos escolhendo uma vez por semana, todos os sábados, que é
quando não tenho treino de hóquei na faculdade. — Então estamos
combinados? — pergunta, se levantando e estendendo a mão em minha
direção.
— Com certeza. — Aperto sua mão.
— Nos vemos no sábado que vem, então.
— Até lá — me despeço, saindo da sala.
Assim que a porta se fecha atrás de mim, sinto vontade de sair pulando
por aí. Consegui o tão procurado emprego e ainda ajudarei em uma ótima
causa.
Mesmo eu não querendo seguir carreira no hóquei, saber que estou
ensinando a esses pequenos alguma coisa, me faz lembrar da época em que
eu cuidava e ensinava coisas a minha irmãzinha.
Estou saindo do instituto, quando encontro Liam parado em frente ao
seu carro, com o celular na mão.
— Onde você estava? — pergunta assim que me vê. — Já estava te
ligando. — Balança o aparelho em frente ao meu rosto.
— Conversando com a Amanda — respondo.
— Vai trabalhar com a gente, então?
— Você já sabia? — pergunto, me aproximando dele.
— Ela me contou assim que cheguei — conta.
— Nem acredito que finalmente consegui.
— Eu disse que não precisava se desesperar que uma hora você
conseguiria. — Coloca a mão em meu ombro e o aperta em um sinal claro
de camaradagem.
— É — respondo.
Ainda nem acredito no que rolou.
Querendo ou não, Holly foi a grande responsável por tudo.
— Então, vamos? — Aponta para o carro com a cabeça.
— Vamos — aceito, indo em direção a porta do passageiro. — Onde
está Hanna? — pergunto assim que entro e ele dá partida.
— Foi ao shopping com a Genna — responde, saindo do
estacionamento. — Vai encontrar com a Holly e a Maddison.
— Vamos ser só nós dois em casa, então? — Faço um carinho em sua
cabeça.
— Infelizmente sim — suspira, fingindo estar desapontado.
— Vai se foder que sou uma ótima companhia. — Bato em sua cabeça.
Liam começa a rir de mim e tenta beliscar minha perna.
— Já que vamos ser só nós dois, o que acha de jogar uma partida de
videogame? — pergunta, me olhando rapidamente.
— Que tal vermos um filme? Já zeramos todos os jogos que temos. —
Me encosto no banco.
— Tá, pode ser. — Afirma com a cabeça. — Mas eu escolho dessa
vez.
— O quê? Por quê?
— Porque da última vez, você me fez passar o dia inteiro vendo
desenhos — relembra.
— Ah, vai me dizer que não gostou? Você cantou todas as músicas da
Mulan — digo, beliscando sua bochecha.
— Para com isso, porra. — Bate em minha mão. — Vamos escolher
no pedra, papel e tesoura.
— Nem fodendo, cara. Você sempre ganha essa merda — digo.
Não tem uma vez em que decidimos as coisas jogando pedra, papel e
tesoura, que ele perca pra mim.
— É pegar ou largar. — Levanta o seu punho fechado.
Suspiro, já sabendo que perderei mais essa.
— Tudo bem. — Repito o mesmo gesto que ele. — Pedra, papel e
tesoura. — Levamos nossas mãos ao centro e quando vejo o resultado,
começo a rir da sua cara e comemoro o resultado inesperado. — É, meu
amigo, parece que a sorte está comigo hoje.
Porque meu coração já foi quebrado antes

E eu prometi que nunca mais me machucaria

Mas eu demoli minhas paredes

E abri minhas portas

E fiz espaço pra mais um

Então, querido, eu sou sua


Im Yours – Alessia Cara

Quando recebi o convite para vir ao shopping com as meninas, jurava


que só iria fazer companhia para elas e que não gastaria nem um mísero
dólar, mas é claro que isso não aconteceu. Nesse exato momento, meus pés
estão latejando de tanto andar e meus braços estão quase gangrenando de
tantas bolsas de compras.
Tenho umas quatro bolsas lotadas em cada braço.
O conteúdo?
Livros, é claro.
O que mais uma pessoa como eu iria comprar?
— Seu pai vai matar você — Maddy aponta para os meus braços.
— Se ele não me mandou mensagem até agora perguntando o porquê
gastei uma fortuna em uma livraria, é porque ele está de bom humor e não
está ligando se eu estourar o cartão — digo, enquanto verifico o conteúdo
das sacolas. — Ou só não viu a mensagem chegando em seu celular. —
Termino de dividir as coisas e entrego algumas para Hanna.
— Que foi? — Olha das bolsas para mim.
— Me ajuda a carregar. — Balanço as sacolas em minha mão.
— Está escrito burro de carga na minha testa? — Passa os dedos
indicador e polegar em frente à testa.
Espremo tanto meus olhos que mal consigo vê-la à minha frente.
— Não. — Cruzo os braços abaixo dos seios. — Mas está escrito que
você vai me ajudar a levar isso tudo, antes que eu me irrite. — Empurro-as
em sua direção mais uma vez.
— Como você é fofa, Holly Mo — seu tom é completamente
sarcástico. — Um amor de pessoa. — Pega as compras de uma vez e enfia
os braços nas alças já retorcidas pelo peso.
Aperto a pontinha do seu queixo usando o polegar e o indicador.
— Eu sei disso — abro um sorriso em sua direção e acabo
gargalhando quando recebo um dedo do meio em troca.
— Meu Deus! Como vocês são fofas — Maddy comenta rindo,
enquanto olha de mim para Hanna, como se estivesse apreciando uma
partida de tênis.
Hanna suspira, se fingindo de desanimada.
— Ainda não sei por que aturo essa vadia. — Aponta em minha
direção com a cabeça. — Isso aqui está pesado demais. O que tem aqui? —
pergunta.
— Porque sou a melhor pessoa que você poderia ter — digo, enquanto
me aproximo e empurro sua perna de leve usando meu joelho. — E outra.
Você só está segurando as suas compras — relembro-a. — Ou se esqueceu
que comprou aquela coleção de livros ilustrados de Harry Potter.
— Mas são só quatro livros — diz indignada. — Não deveria pesar
tanto assim.
— Que são enormes e tem capa dura.
— Saco — suspira e seus ombros caem em desânimo. — Liam bem
que podia estar aqui para me ajudar.
— Onde está o seu namorado falando nisso, hein? — pergunto. — Ele
seria de ótima ajuda agora — digo, olhando em volta à procura de um lugar
para me sentar.
Só precisava me sentar um pouco ou ir para casa, mas pela cara de
Maddison e Genevieve, nossa vinda até aqui vai durar muito mais tempo.
— Com o namorado dele, esqueceu? — relembra, chamando minha
atenção.
Droga, tinha me esquecido que hoje era um dia só das garotas, e que
quando isso acontece, nenhum garoto é permitido, mesmo sendo seu
namorado.
— Namorado? — Genna pergunta confusa.
— Aaron — Hanna e eu respondemos em um coro.
— Esses dois não se desgrudam, não é? — Maddy pergunta, enquanto
mexe em seu celular.
— Acho que se eles pudessem dormiriam juntos — conto.
— Esqueceu que Aaron dormiu comigo e Liam no Natal porque bebeu
um pouco além da conta? — Hanna conta, passando as mãos no cabelo,
tirando a franja de seu olho.
— Parei aí. — Genna levanta a mão aberta como se pedisse para que
parássemos. — Seu irmão dormiu com vocês? — Faz um esforço tremendo
para não gargalhar.
— Lembra aquele meme? Eu, meu namorado e o namorado do meu
namorado? — pergunta e acaba rindo quando nos vê gargalhando.
— Eles são demais. — Genna limpa o cantinho dos olhos.
— Você não viu nada — digo.
Meu pé começa a latejar mais do que antes. Mexo meus dedos dentro
do tênis e mal sinto meu mindinho.
— O que houve? — Hanna pergunta assim que vê dor em minha
expressão.
— Cansada. Andamos quase o dia todo. — Alongo minhas costas,
jogando a cabeça para trás e a barriga para a frente — Vamos embora? —
peço.
— Agora? Mas eu queria dar uma olhadinha em uma loja antes de ir.
— Jura, Maddy? — pergunto, já querendo me sentar no chão.
— É rapidinho, eu prometo. — Junta as mãos como em uma oração.
Faço movimentos circulares com os ombros e afirmo com a cabeça.
— Vamos lá, então. — Faço um movimento com o queixo, incitando-a
a andar.
Maddison vai na frente junto de Genna, e Hanna e eu vamos um pouco
mais atrás.
Gostaria tanto de uma massagem nos pés nesse momento.
Será que Aaron faz em mim?
Querendo tirar a dúvida, decido mandar uma mensagem para ele.

Como já era de se esperar, sua resposta vem logo em seguida.


Um sorriso bobo nasce em meu rosto enquanto leio e releio a
mensagem.
Ah, Aaron. O que você está fazendo comigo?
Por que é tão fácil sorrir para você?
A cada dia que passa, ele vai se enraizando mais e mais dentro do meu
coração, e sem que eu perceba, passo a pensar nele com mais frequência do
que antes.
Por que não podia ter sido diferente?
Poderíamos ter nos conhecido em outra época. Uma em que Theodore
ainda não existisse em minha vida. Seria tudo tão mais fácil.
Ainda com o olhar voltado para a tela do celular, suspiro em
frustração.
— Tudo bem? — Hanna pergunta enquanto se aproxima de mim.
— Sim. Por quê? — pergunto, desviando meu olhar do celular em
minha mão.
— Ficou séria de repente — responde, desviando o olhar para o
aparelho. — Ah, entendi.
— Entendeu o quê? — me faço de desentendida.
— O que está acontecendo entre você e o Aaron? — responde minha
pergunta fazendo outra.
— Somos amigos que transam às vezes — digo uma meia verdade. —
Você sabe disso.
— Sei mesmo? — Arqueia uma das sobrancelhas.
— Claro que sabe — me esquivo. — Contei para você sobre nosso
trato. — Guardo o celular em meu bolso e passo a olhar para a frente.
Não posso encará-la nesse momento. Hanna vai descobrir a confusão
que está se passando dentro de mim, em questão de segundos.
Odeio que os irmãos Carson consigam me desvendar tão bem assim.
— Você acha que me engana, não é?
— Vai, pergunta logo o que você quer saber, Hanna? — Meu tom sai
um pouco mais áspero do que eu queria.
— Está apaixonada por ele, não está? — pergunta e passa a esperar
uma resposta minha que não vem. — Por que não conversa comigo?
— Porque não tem o que conversar, Hanna — me exalto um pouco e
olho para a frente para ver se Genna e Maddy escutaram, mas acabo
percebendo que elas não estão mais aqui. — Aaron e eu não temos nada
demais, eu já disse.
Sinto uma angústia ao dizer essas palavras.
Parece tão errado me referir ao que eu e o irmão dela temos, como
algo tão banal assim.
Mas, que merda!
Pra que fui mandar essa porcaria de mensagem?
— Não é o que parece — chama minha atenção e cruza os braços em
frente ao corpo. — Por que não assume o que sente por ele de uma vez?
— Porque não dá. — Olho para todos os lados, menos para ela. — E
você sabe o motivo. — Minha garganta aperta e sinto minha voz embargar.
— Ah, Holly — sua voz é de pesar. — Você sabe que nunca seria
igual. — Se aproxima de mim e segura em meus ombros.
Suspiro e sinto meus ombros caírem em cansaço, mas diferente de
antes, o que sinto é cansaço mental.
— Eu sei disso.
— Então por quê? — pergunta, levantando meu rosto para que possa
me olhar melhor.
— Porque não quero magoá-lo, Hanna — conto a ela.
— E como você faria isso?
— Eu não sei — minha voz não passa de um sussurro. — Theodore
me marcou para sempre, Hanna — conto depois de um tempo em silêncio.
— Essa Holly que muitos conhecem é só uma casca da que realmente mora
aqui dentro. — Aponto para o meu peito. — Ele me quebrou de uma
maneira que não tem conserto. — O bolo em minha garganta cresce a cada
palavra dita. — E quanto ao Aaron, eu sinto que não sou suficiente para ele.
Eu nunca vou ser capaz de amá-lo como ele merece. O medo de me
entregar ainda é vivo dentro de mim.
Abro meu coração para minha melhor amiga de uma maneira que
nunca pensei em fazer.
— Mas, Holly, é aí que está. — Une nossas mãos. — Meu irmão gosta
de você do jeitinho que você é. Ouso dizer que foi por conta desse seu jeito
de ser que ele acabou se apaixonando.
— Conta outra. — Desvio o olhar. — Ele é o cara mais incrível desse
mundo, Hanna. Já eu, sou só eu. Nada em especial.
E como se Theodore estivesse ao meu lado, escuto sua voz alta e clara
ecoar em minha mente.
Você nunca será suficiente, Holly. Por esse motivo fico com outras
garotas.
Você não serve para nada além do sexo, Holly.
Me admiraria muito se alguém te amasse um dia.
Meus olhos se enchem de lágrimas, meu peito se aperta em angústia e
tudo o que eu queria nesse momento era que alguém me desse um abraço.
Como se lesse meus pensamentos, Hanna me envolve em um abraço
acolhedor.
— Holly, olha pra mim. — Segura em minha bochecha e levanta o
meu rosto. — Você é a mulher mais incrível desse mundo e no tempo certo
conseguirá enxergar isso. — Enxuga algumas lágrimas que nem percebi
quando as deixei cair.
Concordo com a cabeça, envolvo o seu pescoço em um abraço forte e
me permito chorar pela primeira vez em muito tempo.

Chego em casa acompanhada de Hanna e tudo o que mais quero nesse


momento é ir para o meu quarto e me deitar.
— Você está bem? — pergunta assim que coloca suas compras no
chão.
— Estou sim — afirmo com a cabeça. — Está muito vermelho? —
pergunto, apontando para os meus olhos.
— Não, a água deu um jeitinho.
Depois que minha crise de choro passou, Hanna e eu fomos em
direção ao banheiro para que eu pudesse lavar o rosto, e quando estava
recomposta, mandei mensagem para Genna avisando que tínhamos ido
embora.
— Certo. — Jogo minhas chaves no pote que fica em cima de um
móvel ao lado da porta.
— Será que o Liam está em casa? — pergunta em uma clara mudança
de assunto.
Dando de ombros, começo a andar em direção a sala de estar.
Estamos seguindo em direção ao cômodo, quando escuto Aaron e
Liam cantando. Não consigo entender o que eles dizem, mas pela cara de
Hanna, ela deve conhecer a música.
— Eu não acredito nisso. — Larga suas bolsas ali mesmo e entra na
sala.
— O que foi? — pergunto, seguindo-a.
Eu poderia imaginar qualquer coisa, menos que os dois estivessem
cantando a trilha sonora de um filme da Barbie.
— Eu sou assim — Aaron canta animado e aponta para Liam que pela
cara que faz, deve estar se segurando para não estrangular o melhor amigo.
— Como você — Liam canta quando chega a sua vez.
— E todo mundo pode ver — Aaron volta a cantar com as mãos
fechadas em punho simulando um microfone.
Toda a tristeza que eu ainda sentia, some em um passe de mágica.
Tudo porque tem dois homens maravilhosos, lindos e gostosos, cantando
músicas dos filmes da Barbie.
— Mas o que é isso? — Hanna pergunta, se aproximando deles.
— Bonequinha, vem cantar com a gente. — Aaron segura nossas mãos
e nos puxa em direção ao meio da sala. — Lembra quando éramos crianças
e eu era obrigado a ver com você?
— Sim, eu lembro. — Hanna leva a mão à boca enquanto ri. — Mas
por que estão vendo isso?
— Perdi no pedra, papel e tesoura — Liam conta.
— Você apostou para ver desenho? — pergunto.
— Não — Aaron nega. — Liam queria jogar, mas só tem jogo antigo,
já eu queria assistir alguma coisa. Ia escolher um de ação, mas acabei vendo
que tinha esse no catálogo e a nostalgia bateu. — Aponta para o filme que
continua passando.
— Barbie? Jura? — pergunto, olhando da televisão para eles.
— É um clássico, linda. — Me envolve pela cintura. — Vem cantar
comigo.
— Mas eu não conheço essa música — digo, me afastando para
conseguir olhá-lo melhor.
— Como assim não conhece os filmes da Barbie? — Me olha com
indignação como se eu tivesse matado alguém. — Vamos mudar isso agora,
linda. — Pega o controle e coloca o filme desde o começo.
— É sério isso? — pergunto, olhando para Hanna e Liam que já estão
sentados no sofá esperando o filme recomeçar.
— Sempre falo sério. — Senta-se no sofá e me acomoda ao seu lado.
— Como foi o seu dia? — pergunta, enquanto vira o meu rosto em sua
direção.
— Foi bom — respondo. — Sempre é, quando saio com as meninas.
— Me acomodo mais ao seu lado. — E o seu?
— Boa parte dele foi bom. — Faz um carinho em minha sobrancelha.
— Mas quando comecei a sentir sua falta, se tornou insuportável —
sussurra, encostando nossas testas e nossas bocas em um selinho demorado.
E lá está o coração disparado, as borboletas no estômago, a vontade de
não sair dos seus braços nunca mais. E nesse momento, sei que não importa
o que aconteceu comigo, eu nunca magoaria esse garoto.
Você não vai me salvar?

Salvação é o que eu preciso

Eu apenas quero estar ao seu lado


Save Me – Hanson

Termino de arrumar meus equipamentos na pequena mala em cima da


minha cama, e começo a repassar tudo o que tenho que levar, vendo se não
esqueci nada.
Amanhã nosso jogo será fora de casa, e jogaremos contra Harvard.
Um time bem preparado, mas não como a gente. Estamos treinando com
afinco desde nossa última partida.
Saímos vencedores, mas até conseguirmos esse feito, tivemos que suar
muito.
Isso só mostra que mesmo estando preparados e sentindo que iremos
ganhar, não podemos vacilar.
Surpresas acontecem, e não quero que nossa derrota seja uma delas.
— Aaron, já está pronto? — Simon bate na porta do meu quarto para
avisar sua chegada e entra antes mesmo que eu o autorize.
— Já, só estava vendo se faltava algo. — Olho em volta mais uma vez
para me certificar de que realmente não esqueci nada, fecho o zíper da mala
e a coloco no chão. — Estou pronto. — Pego a alça da mesma e sigo em
direção a porta do meu quarto. — Os outros já estão prontos? — pergunto,
fechando a porta atrás de mim.
— Bennett já está esperando a gente junto com o Liam que está
terminando de arrumar nossas coisas no carro — responde, descendo na
minha frente.
— E as meninas?
— Nos esperando na garagem.
— Bom, já que é assim. Vamos logo, antes que o Bennett nos mate —
digo, assim que desço o último degrau.
— Achei que tinha mais medo do nosso treinador. — Seguimos em
direção à garagem.
— O treinador Foster não pode me sufocar durante a noite se eu
perturbá-lo — conto e Simon gargalha com vontade.
— Isso é verdade — responde.
— Estão rindo do quê? — Bennett pergunta assim que entramos na
garagem.
— Nada não — desconverso, me aproximando de Liam. — Já
terminou de arrumar tudo?
— Só falta suas coisas — responde.
Entrego minha mala para ele, que a coloca no espaço vago em seu
carro, para fechar o porta-malas logo em seguida.
— Podemos ir? — Simon pergunta, olhando para o relógio em seu
pulso. — Temos que estar no estádio em vinte minutos para pegarmos o
ônibus.
— Já estamos indo — digo, me aproximando de Holly. — Esperarei
você lá amanhã.
— Quem disse que irei? — Me lança um olhar atrevido.
— Eu estou dizendo. — Seguro em sua cintura e a puxo em minha
direção.
Seu cheiro de lírios me inebria.
Vamos passar só uma mísera noite afastados um do outro, mas a
saudade que sentirei dela e do seu cheiro, já está começando a apertar.
Meu Deus!
Eu estou completamente de quatro por essa mulher, e não tenho
vergonha nenhuma de dizer isso.
— Já que está dizendo. — Envolve o meu pescoço com as suas mãos
pequenas e macias. — Estarei lá torcendo para o Simon. — Fica na ponta
dos pés e morde meu queixo.
Seguro firmemente em sua nuca e puxo sua cabeça um pouco para
trás.
— Você gosta de me desafiar, não é? — Aproximo meus lábios dos
seus e consigo sentir o gosto doce do seu protetor labial.
— Sabe que sim. — Com os olhos presos nos meus, Holly suga meu
lábio inferior para dentro de sua boca e o morde exagerando um pouquinho
na força e o faz sangrar.
Seus olhos queimam ao me encarar, e a vontade que tenho é de levá-la
para o meu quarto e passar a tarde inteira com meu pau enterrado em sua
boceta.
— Você gosta de me marcar, linda? — pergunto, passando a língua no
lábio inferior.
— Assim você sabe a quem pertence. — Passa a fazer um carinho em
minha nuca.
Meu coração acelera e minha respiração se torna desregulada.
Holly é a única que consegue me desestruturar completamente em
questão de segundos.
— Mesmo gostando de ter suas marcas em mim, eu não preciso delas
para saber quem é a minha dona. — Desço minha mão em direção a sua
bunda e puxo o seu corpo mais para perto, fazendo-a sentir a ereção que
começa a despontar na calça.
Suas mãos adentram em minha blusa e sinto uma leva cosquinha pelo
toque leve de seus dedos em minha pele. Desço meu olhar para os seus
lábios, e estou prestes a beijá-la, quando a voz de Simon estoura a bolha
que estamos.
— Casais, temos que ir logo.
Escuto o resmungar de Liam atrás de mim e acabo rindo.
Sei bem o que ele está sentindo agora. Não queríamos nos separar de
nossas mulheres agora.
— Está na hora, bonitão. — Tira a mão de dentro da minha camisa e
me encara.
— Vejo você amanhã — digo e beijo seus lábios demoradamente,
aproveitando cada segundo para gravar seu gosto em minha memória.
Simon me chama mais uma vez e me dando por vencido, me afasto
dela e vou em direção ao carro.
Me despeço de Holly e Hanna enquanto entro no carro, e quando estou
bem acomodado no banco do passageiro, Liam liga e dá partida em direção
ao rinque.

A viagem de ônibus até Harvard foi completamente tranquila. Passei


quase todo o percurso escutando música ou trocando uma ideia com os
caras.
Agora estamos aqui, no hall do hotel onde ficaremos hospedados por
dois dias.
— Bom, vocês já sabem as regras — o treinador chama nossa atenção
para ele. — Nada de ficar aqui embaixo até tarde. Quero vocês em seus
quartos até a meia noite em ponto. — Vai receitando as mesmas regras de
sempre quando jogamos fora de casa. — Ah, e nada de bebidas alcoólicas.
Se algum de vocês aparecer de ressaca amanhã, vão preferir ter ficado em
casa. — Seu tom é ameaçador.
— Certo, treinador Foster. Todos iremos subir para nossos quartos
logo. — Nosso capitão, Thomas Creevey, garante.
Não sei por que ele ainda dita essas regras. Somos bem grandinhos
para sabermos o que é certo e o que é errado. Só um idiota encheria a cara
ou faria merda na véspera de um jogo.
Foster dá uma última olhada na gente e segue em direção aos
elevadores.
— Vocês ouviram o treinador — Thomas diz enquanto olha para cada
um de nós. — Não aprontem ou eu mesmo mato vocês. — Com esse último
aviso, ele vai em direção a sala de jogos sendo seguido por alguns colegas.
Pouco a pouco, vamos nos dispersando.
— Que tal comermos algo? — pergunto enquanto passo uma das mãos
em minha barriga que reclama da falta de comida. — Estou morrendo de
fome.
— Eu também — Liam afirma. — Só consegui tomar uma vitamina
rápida hoje de manhã.
— Quem mandou ficar até tarde no quarto com Hanna? — Simon
encara meu melhor amigo.
— Por que você tem que me lembrar que ele vive mais no quarto da
minha irmã do que no dele? — pergunto, tampando meus ouvidos.
— Porque é bom tirar uma com a sua cara — Simon ri de mim.
Reviro os olhos por conta do comentário.
Esses idiotas gostam de me irritar, não é?
— Por que não vão se foder? — digo e caminho em direção ao
restaurante do hotel.
— Olha, ele ficou bravinho — Simon afina a voz para falar.
Sem olhar para trás, mostro o dedo do meio para eles e continuo a
andar na frente enquanto eles passam a rir atrás de mim.
Entro na área de jantar e assim que o recepcionista vem em minha
direção, peço uma mesa para quatro e quando tudo está pronto, somos
encaminhados até ela.
— O que vão beber? — pergunto assim que me sento à mesa e abro o
cardápio.
— Acho que vou pedir uma cerveja — Bennett responde.
— Amanhã temos jogo — Simon relembra.
— Eu sei disso, mas beber uma garrafa não vai interferir muito —
responde e o encara.
— Você quem sabe. — Simon se dá por vencido. — Vou querer um
suco de laranja — pede.
— Liam? — pergunto, me virando em sua direção.
— Acho que vou acompanhar o Bennett.
— Beleza, então. — Faço um sinal com a mão para chamar o garçom
e quando ele chega em nossa mesa, faço os pedidos. — E para mim. —
Volto a olhar o cardápio. — Vou querer essa bebida aqui. — Aponto para o
nome de uma bebida feita com laranja.
— Vão querer algo para comer? — pergunta, olhando em nossa
direção.
— Eu estou de boa — digo.
— Também — Liam responde.
— Bennett? — Simon chama sua atenção e como resposta recebe um
balançar negativo de cabeça. — Só as bebidas por enquanto.
— Certo, já trago tudo. — Guarda o bloquinho em seu avental e vai
em direção ao bar fazer nossos pedidos.
Me acomodo na cadeira e passo a olhar tudo à minha volta.
Por conta do horário, o lugar não está tão cheio quanto o esperado.
Além de nós quatro, só há mais cinco mesas ocupadas. Olho para o lado e
vejo Liam digitar freneticamente em seu celular.
— Avisando a dona da coleira que já chegou? — pergunto.
— No instante em que coloquei meus pés aqui — responde, parando
de digitar. — E você?
— O que tem eu? — Arqueio uma das sobrancelhas.
— Já avisou a dona da sua coleira que você já chegou? — pergunta,
dando ênfase na palavra sua e acaba rindo de mim quando vê minha
expressão.
— Mas é claro que avisei a Holly.
Qual a chance de eu não dizer o exato momento em que cheguei no
hotel? Isso aí. Nenhuma.
— Vocês são rendidos demais — Simon ri de nós enquanto roda a taça
de água entre os dedos.
— Já você não avisou porque o dono da sua está sentado ao seu lado,
não é, Simon? — digo, arqueando uma das sobrancelhas, vendo-o rir
enquanto Bennett levanta o dedo do meio.
Com um sorriso nos lábios, me ajeito na cadeira quando vejo o garçom
se aproximando com as bebidas.
— Aqui estão. — Serve cada um de nós e se retira, mas não antes de
receber um obrigado de nós quatro. — À nossa vitória amanhã. — Pego
meu copo e o levanto em um brinde.
— À nossa vitória!
Os quatro saúdam, levantando seus copos e quase ao mesmo tempo,
tomamos um gole de nossa bebida.
— Nossa, isso aqui é muito bom — digo assim que o gosto doce e
fresco da laranja toca minha língua. — Acho que vou pedir mais uma. —
Viro quase o copo todo.
— Não se esqueça que temos jogo amanhã — Simon me relembra.
— Fique tranquilo. — Antes que acabe o que tenho na mão, chamo a
atenção do garçom e assim que ele me encara, peço mais um drink. — Isso
aqui não passa de um suco de laranja — tranquilizo-o.
— De qualquer maneira, acho melhor você pegar leve — pede.
— Fique tranquilo que não vou ficar bêbado com isso aqui. — Bebo o
último gole.

Eu estou bêbado.
É agora que o Simon me mata.
Meu corpo está mole, meus pensamentos estão lentos e minha visão se
torna turva em certos momentos.
Puta merda.
O que tinha naquele suco de laranja?
— Aaron? — a voz de Liam soa baixa. — Está tudo bem? — Toma
meu ombro, mas meu corpo está tão leve e dormente que parece que estou
recebendo um afago.
— Que bom que perguntou meu velho e bom amigo. — Tento segurar
sua mão em cima da mesa, mas meu braço está pesado demais, então acabo
desistindo.
— Você está bêbado, não é, seu filho da puta? — Simon pergunta.
Por que o rosto dele está tão distorcido assim?
Ele está fazendo careta pra mim?
— Já disse que não estou bêbado — nego, deitando minha cabeça no
ombro de Liam. — Nossa, agora entendo por que Hanna gosta de se deitar
em cima de você. — Aperto seu braço, o afofando. — Seu braço é gostoso.
— Ele está bêbado — Liam confirma enquanto tenta se soltar.
— Para de se mexer. — Belisco o seu braço, mas acho que não tem
muito efeito. — Está me deixando enjoado.
— O que te deixou enjoado foram esses seis drinks que você tomou.
— Bennett aponta para os copos vazios à minha frente.
— Eu não me lembro de ter tomado isso tudo. — Tento me deitar em
cima de Liam de novo, mas minha cabeça gira por conta dos movimentos.
— Por que essas luzes estão girando? — pergunto, olhando para o teto.
— Eu acho que por hoje já deu, amigão. — Liam se levanta e sinto
alguém segurar em meu braço. — Vamos para o quarto. — Me levanta de
uma vez, sinto meu estômago embrulhar e minhas pernas bambearem.
Gente, o que tinha naquele suco de laranja?
Como uma coisa tão doce assim pode me deixar desse jeito?
— Que história é essa de me levar para o quarto? — pergunto, o
encarando. — Escolheu o Carson errado, Liam. Meu nome é Aaron —
soletro meu nome bem devagar para que ele entenda.
— O que eu fiz pra merecer isso? — suspira, envolve minha cintura
com o seu braço e coloca o meu em seu ombro.
— Pegou minha irmãzinha escondido — acuso, apontando o dedo em
sua cara e mexendo em seu nariz.
— Supera essa porra. — Começa a andar comigo para a saída do
restaurante do hotel.
— Olha, ele ficou nervosinho — caio na gargalhada.
Por que quando estamos bêbados tudo fica mil vezes mais engraçado?
— Eu juro que vou matar esse filho da puta. — Simon dá um tapa em
minha cabeça assim que passa por mim.
— Não me bate. — Tento passar a mão onde fui atingido, mas acabo
errando. — Liam, ele me bateu. Por que não está brigando com ele?
— Porque a vontade do Liam é de te bater também — Bennett diz ao
passar por nós.
— Vocês estão me maltratando demais, sabiam? — digo quando
chegamos perto dos elevadores.
Escuto suspiros e o coro “Cala a boca, Aaron”.
O elevador chega, entro na grande caixa de metal e do mesmo jeito
rápido que a viagem começou, ela termina. Paramos em frente à porta do
meu quarto com Liam e espero até que ele ache a chave para podermos
entrar.
— Acho melhor fazer um café bem forte para ele. — Escuto a voz de
Bennett atrás de mim.
— Um de vocês pode pedir pra mim? Não quero deixar esse idiota
sozinho. — Liam me joga em cima da cama.
— Beleza — Simon diz.
Nossa, que colchão mais macio.
Me espreguiço e começo a esfregar meu corpo no lençol gelado.
— Posso saber por que você está gemendo? — meu melhor amigo
pergunta de pé em frente a minha cama.
— Isso aqui é muito bom, cara, você tem que experimentar. — Estico
os meus braços em sua direção. — Deita aqui comigo. — Bato no colchão.
— Não, valeu. Estou bem aqui — nega.
— Você não me ama mais? — Sento-me na cama para conseguir olhar
para ele melhor.
— É o quê?
— Você não me ama mais — acuso. — Não quer deitar aqui comigo.
Minha voz está embargada?
É sério que estou com vontade de chorar?
O que tinha na porra daquela bebida?
— Meu Deus do céu. — Vejo-o apoiar as mãos na cintura e olhar para
o teto. — Porque comigo?
— Está reclamando, seu cuzão? — Pego um dos meus travesseiros,
miro em seu rosto e jogo, mas meus sentidos estão tão perturbados que
acabo errando e acertando sua barriga. — Quer saber? Não preciso de você.
Eu tenho a Holly. — Será que se eu ligar agora, ela vem dormir comigo?
Me contorço todo para pegar meu celular no bolso traseiro da minha calça,
mas meus movimentos estão incertos demais para que eu consiga. — Me
empresta o seu telefone?
— O quê? Pra quê? — pergunta.
— Preciso ligar para a Holly, mas não consigo pegar o meu.
— Não vou deixar você ligar para ela desse jeito.
— Mas por quê? — pergunto.
— Da última vez, você quase a pediu em casamento — relembra. —
Imagina o que vai fazer hoje.
— Chamá-la pra dormir comigo, já que você — levanto da cama e
aponto o dedo em sua direção com raiva — não quer.
— Aaron sossega um pouco. — Tenta fazer com que eu me sente na
cama mais uma vez. — Bennett já está trazendo o seu café.
Café?
Quando ele saiu do quarto que eu nem notei?
— Eu só quero a Holly, cara, e você não deixa. — Me jogo na cama,
sentindo minha garganta secar e meus olhos lacrimejarem.
Sim, eu estou chorando.
— De novo não — lamenta. — Olha, quer saber? Liga de uma vez. —
Joga seu celular já desbloqueado em cima do meu peito.
Pego o aparelho e pulando da cama, vou pra cima dele, e o envolvo em
meus braços em um abraço bem apertado.
— Você é o melhor — agradeço, beijando sua bochecha.
— Tá, tá bom. Agora me larga e sente-se aí. — Tira meus braços de
volta do seu pescoço e me coloca na cama de novo.
Me ajeito na cama e presto atenção no celular na minha mão, e assim
que toco na tela, vejo a foto da minha irmã sorrindo e suja de chocolate e
acabo sorrindo também. Liam realmente é o homem perfeito para ela, assim
como ela é para ele. Como me disse um dia, sempre foi e sempre será ela.
Balanço minha cabeça de leve para voltar ao foco inicial.
Disco os números que sei de cor, mesmo bêbado e espero ser atendido.
— Por que está me ligando, Liam? Sua namorada é loira e tem olhos
azuis — É a primeira coisa que fala ao me atender.
— Mas eu amaria que tivesse cabelos e olhos negros — respondo.
— Aaron?
— Quem mais seria, linda?
— O Liam, já que esse é o celular dele — responde. — Aliás, por que
está me ligando do celular dele?
— Acho que perdi o meu na minha calça — conto para ela.
Com certeza ele está na minha calça. Consigo senti-lo, mas não o
encontro. Um mistério que resolverei depois.
— Você perdeu o seu celular na sua roupa? — Se pudesse vê-la nesse
momento, diria que seu rosto é uma grande interrogação. — Aaron você
está bêbado?
— Acho que sim, linda.
— Como isso aconteceu? — Escuto o barulho de algo caindo do outro
lado.
— Bom, primeiro eu pedi um suco de laranja…
— Drink — Liam relembra.
— Isso, drink. — Levanto meu polegar em agradecimento. — Era tão
docinho que bebi um pouco além da conta.
— E o Liam deixou?
— Liam não liga mais pra mim, linda. — Fungo, tentando desentupir
o nariz. — Nem dormir comigo ele quis.
— Meu Deus — Liam e Holly falam juntos.
— Agora, estou aqui sozinho e jogado. — Deito-me na cama. —
Queria você aqui comigo, sabia? Sentir seu cheiro e dormir abraçado.
— Amanhã estarei aí.
— Isso é um indicador de que vamos dormir juntos? — pergunto.
— Quem sabe?
Fecho meus olhos e mesmo tonto da bebida, consigo lembrar
exatamente como é a sensação do corpo dela colado ao meu. Da sua pele
macia, seu cheiro doce e gostoso, sua risada contagiante. Porra, como eu
amo essa garota.
— Quebraremos uma regra — lembro a ela.
— Às vezes é bom quebrá-las. — Sua voz é baixa.
— Tenho que concordar com isso. — Minha voz vai amolecendo aos
poucos. — Mal posso ver a hora de quebrar todas elas e finalmente poder te
perguntar uma coisa.
— E o que seria?
— Se você aceita ser minha namorada — digo e a linha fica muda por
alguns segundos.
Será que ela desligou?
Estava cedo demais para falar isso com todas as letras?
Será que a assustei?
São tantas perguntas sem respostas que já estão me deixando ansioso.
Estou prestes a pedir que esqueça isso, quando ela responde:
— Então, por favor, quebre a última regra logo — diz.
— É sério isso?
— Nunca falei tão sério em toda a minha vida — responde. — Você é
tudo o que eu mais quero.
— Meu Deus, linda. — Fecho meus olhos e um enorme sorriso nasce
em meu rosto.
Meu coração dispara como louco em meu peito.
Ela disse isso mesmo?
Fico em silêncio, absorvendo o que foi dito. Meu corpo está tão
relaxado nesse momento, que pareço estar flutuando em uma nuvem, não
por conta da bebida, mas sim pelas suas palavras. Estou tão sereno nesse
momento, que aos poucos meus olhos vão pesando e meus músculos
relaxando mais e mais.
Droga, não queria dormir agora. Não quero esquecer do que foi dito.
— Linda — chamo-a.
— Sim.
— Posso te pedir uma coisa? — minha voz sai com dificuldade.
— O que quiser.
Assente e espera o meu pedido, mas ela acaba não sabendo o que
seria, porque sou vencido pelo sono que acaba me tomando.
A vida estava me amarrando

Então você veio e me libertou

Estava cantando sozinha

Agora eu não consigo encontrar uma nota sem você


Symphony – Zara Larsson

Sou desperto por um barulho estridente e constante, que faz minha


cabeça latejar.
Meu Deus! Eu vou morrer.
Tento tapar meus ouvidos, mas um simples movimento faz com que
minha barriga embrulhe e a vontade de vomitar suba a garganta.
Que merda eu estava pensando quando bebi aquela porra?
Parece que um caminhão passou por cima do meu corpo incontáveis
vezes.
Puxo a coberta para tampar minha cabeça e afundo meu rosto no
travesseiro, tentando abafar essa porcaria de barulho.
— Liam, quer desligar essa porra? — Minha voz sai mais rouca do
que o normal e minha língua parece com uma lixa de tão grossa que está.
— Se você me soltar, vou poder levantar e desligar.
Levanto minha cabeça rapidamente, o que a faz gritar de dor, olho
para baixo, percebo que minha perna está em cima da sua e quando subo o
olhar, vejo que meu braço está envolvendo-o em uma conchinha.
— O que você está fazendo na minha cama, Liam? — pergunto.
— Você que veio para a minha de madrugada, Aaron — conta.
— O quê? — Desfaço nosso abraço e me sento ao seu lado. — Me
explica isso direito — peço, passando as mãos em meu rosto e em seguida
dou uns tapinhas em minhas bochechas para despertar.
— Depois que você pegou no sono enquanto falava com a Holly, você
acordou para vomitar e quando voltou para o quarto, se enfiou na minha
cama e nada que eu fiz, conseguiu te tirar daqui. Então quando me cansei de
te expulsar, acabei indo dormir.
— Eu vomitei ontem? — pergunto, já sentindo o gosto amargo em
minha língua.
— E muito. — Afirma com a cabeça. — A sorte é que tem uma boa
pontaria.
— Meu Deus.
— É, meu amigo. — Se senta na cama e apoia as costas na cabeceira.
— Você deu um belo show ontem.
Droga!
Passo as mãos em meu rosto e cabelos, e esse simples gesto faz minha
cabeça latejar.
— Simon está puto comigo?
Nega com a cabeça.
— Sabe como o Simon é. — Dá de ombros. — Ele xingou até sua
última geração, mas depois veio aqui e deixou esse remédio aí pra você. —
Aponta para a cartela em cima da pequena mesa ao lado da porta.
— Mesmo mal. — Fecho os olhos, mas acabo os abrindo de novo
quando lembro do que ele disse antes. Mas, espera. — Eu falei com a Holly
ontem? — pergunto.
— Sim. Por quê?
Como assim falei com ela ontem e não consigo me lembrar disso?
Acho que minha expressão diz tudo o que estou sentindo nesse
momento, porque Liam me encara e questiona:
— Você não se lembra, né?
— Nenhuma palavra. — Levanto-me e vou em direção ao frigobar
pegar uma água.
— Não é de se espantar ter esquecido de tudo. — Se levanta e vai em
direção ao banheiro. — O jeito que você estava ontem já era um indício
disso.
Liam me encara enquanto estou abaixado segurando a porta do
frigobar aberta.
Que merda eu fiz ontem, cara?
Ainda não consigo acreditar que dei um mole tão grande assim.
— Sabe o que eu falei para ela? — pergunto, aproveitando o ar gelado
em meu rosto.
— Você não falava coisa com coisa, cara. — Vai em direção a sua
mala ao pé da cama e começa a mexer em seus itens. — Só consegui
entender quando disse algo sobre uma tal lista.
Lista?
Por que estaria falando da nossa lista logo ontem? E o melhor. O que
Holly teria me respondido?
— Bom, espero não ter falado nenhuma besteira. — Vou em direção a
mesa pegar o remédio, volto a sentar na cama atrás de mim e bebo quase
toda a garrafa em questão de segundos.
— Pode ficar tranquilo que isso não aconteceu — responde, pegando
sua nécessaire e indo em direção ao banheiro.
— Como sabe disso se quase não entendeu o que eu disse na ligação?
— Simples. — Para no batente da porta e me encara. — Holly não
retornou à ligação para te xingar, depois que você pegou no sono.
— Você tem um bom ponto — digo, me deitando na cama.
— Sempre tenho. — Entra no banheiro e em poucos segundos, escuto
o barulho da água caindo.
Ainda deitado, fecho meus olhos e faço força para me lembrar do que
conversamos, mas é como se minha mente fosse uma tela em branco. O que
está sendo um saco também é essa dor insuportável que estou sentindo.
Quanto mais eu tento, mais ela lateja.
Por que sinto que não deveria ter esquecido dessa conversa?
Que grande merda essa amnésia alcoólica.
Só espero que eu esteja novinho em folha para o jogo de hoje, ou
nosso treinador irá me matar.

Desde muito novinha, sou apaixonada por hóquei. Assistia a todos os


jogos que passavam e tinha o sonho de me tornar uma jogadora
profissional. Mas depois que pisei no gelo e acabei quebrando o braço por
conta de um tombo, percebi que não era pra mim.
O sonho de ser uma jogadora acabou, mas a paixão pela torcida não.
— Animados? — pergunto, olhando para as minhas amigas e Harry.
— E como! — Maddy afirma e pula no mesmo lugar bem animada.
— Hoje eu saio daqui completamente rouca — Genna avisa.
— Acho que vou gostar — Harry responde de uma maneira mais
contida.
Olho para Hanna à espera de sua resposta.
— Meu namorado é um dos jogadores — morde o cantinho da boca,
demonstrando estar apreensiva. — É claro que estou animada.
— E nervosa — relembro.
— Muito nervosa — confirma.
— Eles vão se sair bem, Hanna. — Genna segura no ombro da amiga
como em um sinal de apoio.
— Eu sei — inspira e solta o ar devagar. — É que mesmo eles estando
acostumados com toda a violência que tem nesse jogo, tenho medo de que
algum deles se machuquem.
Um ponto negativo do hóquei é que o jogo em si é violento demais.
As brigas que acontecem na quadra sempre são por motivos bestas.
Espero que como nos últimos jogos, esse não tenha pancadaria
também.
— Vai ficar tudo bem — garanto. — Liam vai ficar bem.
— Não estou preocupada com o Liam — conta, me deixando surpresa.
— Não?! — pergunto, surpresa.
— Estou preocupada com o meu irmão — volta a morder o canto da
boca. — Ele estava bêbado ontem e deve estar com uma ressaca daquelas.
Como ele vai jogar bem nesse estado? — Se aproxima de mim e segura em
meus ombros. — Holly, faça algo.
— Vai dar tudo certo — respondo, me afastando dela.
Genna chama a atenção de Hanna, mas não escuto o que dizem,
porque minha mente me teletransporta para a noite de ontem.
Hanna e eu estávamos comendo pipoca e assistindo a um filme,
quando Aaron me ligou bêbado. No primeiro momento, achei que era uma
brincadeira dos meninos que o mandaram se fingir de bêbado, mas bastou
duas frases para saber que era verdade.
Estava prestes a matá-lo pela irresponsabilidade, quando nosso assunto
foi desviado para nossa lista.
Ainda não acredito que disse aquilo a ele.
O que me deixa mais confusa e até mesmo ansiosa é não saber se ele
se lembra do que conversamos. Realmente estou esperando que ele quebre a
última regra e dê um passo à frente?
Não saberia o que fazer assim que nossa lista fosse encerrada.
Droga! Isso tudo é tão confuso.
Eu gosto demais daquele garoto, gosto tanto que quando não está perto
de mim, sinto que falta algo. Mas ao mesmo tempo que sinto tudo isso,
também tenho medo de me entregar de vez.
Saco.
Eu só queria ser uma garota normal, sem a porra dos fantasmas do ex-
namorado pairando e assombrando a minha vida inteira.
— Holly? — a voz de Harry me tira dos meus devaneios.
— Oi?
— Você escutou o que eu disse?
— Me desculpa, baby Yoda, mas estava com a cabeça em outro lugar
— conto.
— Percebi — me analisa um pouco —, está tudo bem?
— Está — afirmo com convicção. — Só um pouco tensa com o jogo.
Não é nada demais.
Harry fica me encarando por alguns segundos, até se dar por vencido.
— Tudo bem. — Dá de ombros. — Se precisar de qualquer coisa é só
me falar, tá bom?
— Pode deixar. — Olho em volta e vejo que as pessoas já começam a
entrar. — Vamos? — Aponto para a entrada do estádio, chamando a atenção
de todos.
— Vamos. — Todos concordam em um coro e seguimos na mesma
direção que os torcedores.
Assim que liberam nossas entradas e achamos nossos lugares, o
nervosismo começa a tomar conta de mim.
Minha barriga dá voltas e mais voltas, minhas mãos estão supersuadas
– mesmo estando em um lugar onde o clima é abaixo de zero – e há um
bolo em minha garganta.
Já assisti a incontáveis jogos e nunca me senti tão nervosa como me
sinto quando venho assistir o Artic Fox.
— Faltam quantos jogos para a final? — Harry pergunta, sentando ao
meu lado.
— Não me lembro agora — Hanna responde, mordendo a ponta da
unha. — Será que vai demorar muito para começar? — Olha para a entrada
do vestiário.
Diferente da última vez, conseguimos lugares perto da entrada e saída
do vestiário. O que significa que conseguiremos ver nossos meninos
passando bem ao nosso lado.
— Faltam alguns minutinhos ainda — Maddy responde, olhando para
o celular.
— Será que dá tempo de você me ensinar algumas coisas sobre esse
jogo, Holly? Não sei nada sobre hóquei.
Antes que eu consiga responder, Maddison toma à frente.
— Eu explico, gatinho.
— Tá bem. — Com as bochechas coradas, ele se senta ao lado da
ruiva que passa a dar uma pequena aula para ele.
Fico alguns segundos os encarando, e me dou conta do quanto eles são
fofos e combinam um com o outro. Mal posso esperar para resolver minha
vida de uma vez para poder ajudar Harry a conquistar Maddison.
Os minutos vão se passando, e quando acho que vou acabar tendo um
ataque do coração, vejo o uniforme azul e branco do nosso time, passar ao
meu lado.
— São eles! — Hanna grita e como se comandasse a torcida, todos
gritam com ela assim que percebem que eles estão entrando.
— Cadê? — Genna levanta e começa a procurar nossos amigos entre
os jogadores.
— Eles ficam mais no final — Maddy responde e passamos a
procurar.
A comissão técnica toda já está posicionada no banco e metade dos
jogadores já entraram quando vejo o número quarenta e cinco da camisa de
Aaron.
— Olha o Aaron ali. — Aponto para onde ele está, sendo seguido
pelos meninos e começamos a gritar enlouquecidas. — Puta merda, como
ele fica gostoso de uniforme — digo, olhando para as suas costas que,
graças ao uniforme, está enorme.
— Tenho que concordar que homem de uniforme é uma coisa a se
apreciar — Genna comenta.
— Verdade — Maddy concorda.
Olho para Hanna, que está com as mãos entrelaçadas embaixo do
queixo, e assim que noto o que se passa com ela, me aproximo chamando
sua atenção.
— Fique tranquila que nenhum deles vai se machucar. — Seguro uma
de suas mãos e a entrelaço com a minha.
— Isso aí — concorda e passamos a prestar atenção ao jogo.
Os times já estão formados no rinque enquanto os capitães vão em
direção ao meio, para falar com o juiz.
Fixo meus olhos em Aaron e até que ele parece estar se sentindo bem.
Espero não estar enganada.
O árbitro coloca o disco no chão e assim que o sinal soa, a partida
começa.
Mal começamos o jogo, e o time adversário faz um ponto na gente. A
torcida atrás de mim, vaia o goleiro por ter deixado que marcassem tão
rápido assim. Olho em direção ao banco dos reservas e vejo o treinador
Foster com uma cara de poucos amigos. Parece que eles vão escutar e muito
se não reverterem esse jogo logo.
Me sinto apreensiva demais. O time de hoje tem ótimos jogadores que
não deixarão que marquem um ponto tão fácil assim. Mas mesmo os
melhores jogadores acabam cometendo erros e a preocupação que sinto é
substituída pela euforia. Um menino ruivo com o nome de Ryan, recepta o
disco e vai levando-o até conseguir uma abertura e lançar para o jogador
mais próximo dele.
Simon recebe o disco e assim que se estabiliza, dispara em direção ao
gol, com Aaron protegendo sua retaguarda e Bennett sua lateral, ele faz um
belíssimo ponto, e nos leva à loucura. Eu pulo e grito tanto, que com certeza
acabarei rouca.
— Isso aí, Simon! — grito orgulhosa dele.
Vê-lo jogando dessa maneira só me dá mais certeza de que ele será um
grande jogador no futuro.
O jogo recomeça e a adrenalina também.
Faltas são cometidas, jogadores são prensados na proteção do rinque,
o juiz para o jogo quando os jogadores começam a se estranhar demais, o
treinador Foster chama Aaron quando ele perde o disco por besteira e torço
para que ele não o tire do jogo, e para completar, Liam acaba se chocando
com um adversário.
— Será que ele está bem? — Hanna pergunta preocupada.
— Está sim — garanto. — Seu namorado está acostumado com isso.
— Vai que ele faz essas coisas de propósito — Genna diz rindo.
— O quê? — Hanna a encara confusa. — Mas por quê?
— Ué. — Dá de ombros. — Para ganhar massagem e uma chupada de
recompensa da namorada depois do jogo. — Movimenta as sobrancelhas de
uma maneira sugestiva.
— O filtro entre sua boca e seu cérebro não está funcionando hoje? —
pergunta, tentando se manter séria, mas acaba rindo depois de um tempo.
Dou de ombros e volto minha atenção para o rinque.
O jogo recomeça e quando me dou conta, estamos nos últimos
minutos do jogo e permanecemos empatados com o outro time.
— Que agonia! — Hanna reclama ao meu lado.
— Calma que ainda dá tempo de eles virarem — digo, olhando para
eles e vendo o exato momento em que dois caras fecham Simon de uma
maneira brusca demais, levando-os ao chão. — Que isso? — grito
indignada.
— Essa deve ter doido — Maddy comenta.
— Foi uma entrada sem razão — digo, olhando para a ruiva. — Ele
não estava com o disco.
— Bennett, Aaron, não façam isso! — Genna grita e rapidamente
volto meus olhos para o jogo.
— Puta merda. — Levo as mãos aos lábios quando vejo os dois
partirem pra cima dos jogadores que machucaram Simon.
— Que merda eles estão fazendo? Vão ser expulsos assim. — Hanna
passa as mãos nos cabelos, nervosa.
Seguros suas mãos a impedindo de puxar os cabelos, por conta do
nervosismo.
— Calma, Hanna. Liam está indo separá-los. — Maddy aponta na
direção dele.
— Tem certeza? — Harry pergunta e rapidamente volto a olhar em
direção a eles.
— Porra, Liam! — me exalto quando o vejo ir até os amigos e ao
invés de separar, ele empurra um jogador adversário.
— Eu vou matá-los — Hanna resmunga.
Os torcedores gritam e xingam por conta da briga, o árbitro para o
jogo, e quando olho em direção ao treinador Foster, ele está mais vermelho
que o uniforme de Harvard.
— Não estou acreditando nisso, cara. — Hanna se senta na cadeira e
imito seu ato. — Espero que eles não tenham se machucado.
— Vai ficar tudo bem — garanto.
Os minutos passam até que o jogo recomeça.
— Tomara que não tenhamos mais surpresas — Genna diz ao meu
lado.
— A única que quero é eles ganhando — Maddy passa a gritar o nome
dos meninos.
Mais uma vez, nosso time está em posse do disco.
Olho para o cronômetro e faltam exatos dezesseis segundos para o
final da partida.
— Vamos. É agora ou nunca! — Coloco as mãos em concha em frente
ao rosto para ampliar minha voz.
Acompanho o capitão do Artic Fox driblar o jogador adversário,
ajeitar sua postura, flexionar os joelhos e dar um tiro certeiro em direção ao
gol, levando todos à nossa volta à loucura.
É isso aí, nós vamos para a próxima fase.
Todos nós nos abraçamos contentes por mais essa vitória.
— Vamos esperá-los lá fora? — pergunta, vendo todos saírem aos
poucos e os jogadores seguirem em direção ao vestiário.
— Sim, preciso abraçar o meu grandão. — Hanna segura em minha
mão e vamos em direção às escadas.
Vamos até a saída e paramos em um lugar onde não tem muita
movimentação de pessoas passando.
A cada minuto que se passa, olho em direção a saída à espera dele e a
ansiedade de saber o que ele lembra sobre nossa conversa, só me deixa mais
aflita ainda. Minhas mãos voltam a suar e a sensação de que vou vomitar a
qualquer momento me sobe à garganta, mostrando que estou em surtos.
Olho mais uma vez para a entrada, e nada dele aparecer, então passo a
andar de um lado para o outro quase abrindo um buraco no chão para ver se
me acalmo, mas não adianta muito. Estou prestes a morder minhas unhas,
quando o vejo caminhar em minha direção, acompanhado por seus
parceiros e só basta um olhar seu para que todo o nervosismo vá embora.
Sem pensar no que estou fazendo, corro em sua direção, que assim que
me nota e percebe o que vou fazer, abre os braços e me segura no colo,
assim que nossos corpos se chocam.
— Isso tudo é saudade, linda? — Esconde seu rosto em meu pescoço.
— Parabéns, lindo. — Me afasto para olhá-lo melhor e sinto meu
coração disparar no peito quando nossos olhares se encontram. — Foi uma
ótima partida, mesmo que vocês quase tenham sido expulsos.
— Não ia deixar aquele babaca bater no meu melhor amigo — se
defende e me aperta mais em seus braços.
— Como você está? — Começo um carinho em sua nuca. —
Machucaram você — afirmo, olhando o pequeno corte em sua boca.
— Estou bem, não foi nada — garante, beijando meus dedos.
— Ah, que bom! — Me sentindo aliviada, volto a envolver seu
pescoço com os meus braços. — Agora, me fala. Como foi jogar de
ressaca?
Ele ri da minha pergunta antes de responder.
— Não estava mais sentindo os efeitos da bebida de ontem — me dá
um selinho rápido. — Simon me curou na marra.
— Imagino que sim — digo e o encaro, esperando que diga algo sobre
o que conversamos ontem. — Sua noite deve ter sido péssima.
— Felizmente ou infelizmente não me lembro de nada.
Sinto meu coração se apertar com sua resposta.
Ele não lembra o que conversamos ontem?
Jura?
— Por que disse, infelizmente? — pergunto, tentando esquecer o que
sinto nesse momento.
— Liam me contou que nos falamos ontem — responde e afirmo com
a cabeça. — Queria me lembrar sobre o que conversamos.
Penso se devo ou não contar para ele, mas acabo decidindo que não.
Se ele não se lembra é porque esse assunto deve ser esquecido, mas assumo
que gostaria e muito que ele tivesse se lembrado.
— Você me disse que queria dormir comigo — minto.
— Nenhuma novidade, linda. — Junta nossos narizes. — Sinto muito
a sua falta quando estamos longe um do outro.
Depois de escutar suas palavras, não consigo me sentir desapontada
pela sua perda de memória. Se não for para ele lembrar, que assim seja.
Quem sabe a gente não volte a ter essa conversa em breve?
— Digo o mesmo — junto nossos lábios em um selinho.
— Ei, casal — Simon grita, nos interrompendo. — Vamos fazer uma
festinha só nossa no meu quarto e do Bennett para comemorar. O que
acham?
— Estou dentro — confirmo.
— Vamos logo. — Aaron me coloca no chão, pega em minha mão e
caminhamos em direção ao ônibus que irá levá-los até o hotel.
— Nos encontramos lá, então — Hanna diz a Liam assim que ele a
solta.
— Vão com cuidado — pede.
— Pode deixar. — Fica nas pontas dos pés e beija o namorado.
— Isso serve pra você também, linda. — Aaron me vira em sua
direção e enlaça minha cintura. — Preciso de você inteira para mais tarde.
— Planos?
— Com você? Sempre. — Aproxima nossos rostos e rouba meus
lábios mais uma vez.
— Espera aí! — Simon grita atrás de mim. — Isso é o que estou
pensando?
— Isso o quê? — Aaron pergunta.
— Minha garota está usando minha blusa?
Olho para trás, vendo-o se aproximar e já começo a rir.
Tinha até esquecido do que tinha feito.
— Que garota? — Aaron pergunta sem entender nada.
— Essa garota. — Me tira dos braços do amigo, me pega no colo e me
gira duas vezes.
— Me solta ou vou ficar enjoada — peço, batendo em seu peito.
Rindo, ele me coloca no chão.
— Você me fez um cara feliz ao usar minha blusa, gata. — Faz um
carinho em meu queixo.
Dou um tapa em sua mão e começo a rir com ele.
— Que história é essa, Holly? — Aaron pergunta confuso. — Você
veio com a blusa do Simon. — Se aproxima de mim, me vira de costas e
acaba lendo o número sete e o nome Kipling.
— A dele você usa, mas a minha não, Carma? — Bate na minha
bunda.
— Agora sou o seu Carma de novo? — pergunto.
Aaron tem passado a me chamar mais de linda do que de Carma.
— Quando você me tira do sério, sim — confirma, me fazendo
gargalhar.
Estou prestes a rebatê-lo, quando escuto uma buzina atrás de mim, e
ao olhar na direção do som, vejo o treinador deles parado em frente ao
ônibus do time, esperando-os.
— Vai lá antes que ele brigue com você — me despeço, lhe dando um
selinho e me afastando.
Vejo-os entrar no ônibus e assim que partem, nos aprontamos para
segui-los também.
Estamos correndo ao luar

Nós estamos dançando nas ondas

Você está aqui para se divertir

Algo que vai fazer você ficar


Moonlight – Chase Atlantic

Assim que nosso ônibus chega ao hotel, tudo o que mais quero nesse
momento é me deitar em uma cama na companhia de Holly. As pancadas
que recebi hoje na partida já estavam começando a latejar, e pelo jeito que
os hematomas estavam aparentes quando tomei banho, em breve terei uma
grande mancha roxa em minha costela e abdômen.
O jogo de hoje foi um dos mais difíceis de todos os tempos.
Harvard jogou muito bem, bem até demais. Nos fazendo suar, e muito,
até o apito final.
Cheguei a pensar que não conseguiríamos levar essa e que voltaríamos
para casa com o peso da derrota. Ainda mais depois dos lances bobos que
perdi. Por um momento, pensei que não iria participar do jogo de hoje,
ainda mais depois que o treinador me viu no café da manhã, mas Simon
conseguiu contornar, dizendo para o senhor Foster que eu tinha comido algo
que não me fez bem de noite e que estaria novo em folha para mais tarde.
Felizmente, joguei a partida e nosso time estava superfocado em não
sair na pior e conseguimos reverter o placar a nosso favor.
— Vamos esperar as meninas aqui? — pergunto, assim que entramos
no hall do hotel.
— Acho melhor. — Bennett assente, pegando seu maço de cigarro.
— Jura que você já vai fumar? — Simon pergunta um pouco chateado.
— Deixe-o — Liam pede, antes que comece uma discussão.
Simon odeia que Bennett fume quando estamos em época de
campeonato.
Diferente de Liam, que fuma só de vez em quando, Bennett não
consegue largar o cigarro, então sempre temos discussões sobre isso.
— Enfim — faz um gesto com a mão —, acha que devemos fazer
mais reservas de quartos? — Simon pergunta.
— Eu acho uma boa — concordo.
— Acha que precisamos de quantos? — Simon volta a perguntar.
— Hanna irá dormir comigo — Liam relembra. — Mas vamos
precisar de mais um para Aaron.
— Tá bom, então espera aí. — Pego meu celular e abro o bloco de
notas para não me perder. — Um quarto para Holly e eu, Genna e Maddy.
— E Harry? — Simon é quem pergunta.
— Achei que ele poderia ficar com vocês dois, já que é só uma noite
— sugiro.
— Por mim, tudo bem. — Simon concorda e olha para Bennett.
— Por mim também. — Assente, levando o cigarro à boca.
— Certo. Vou lá fazer os pedidos — Liam se adianta e segue em
direção ao balcão da recepção.
Estamos esperando-o voltar quando sinto mãos pequenas e macias
cobrirem os meus olhos.
— Adivinhe quem é — pede e começo a rir.
— Hum… preciso de pistas — peço, levando os braços para trás e
abraçando sua cintura.
Escuto-a rir.
— Sou a sua pessoa preferida.
— Tem certeza disso? Porque ela está em casa nesse momento me
xingando por não ter ligado para ela ainda.
— É sério que não ligou pra mamãe ainda? — pergunta indignada e
tira as mãos dos meus olhos.
— Vou ligar para ela agora, Bonequinha — prometo, abrindo meus
contatos e disco o número de casa.
— Por isso sou a filha preferida. — Aponta o dedo indicador bem
rente ao meu rosto.
Em um ato bem infantil, mostro minha língua para ela.
— Alô — meu pai me cumprimenta do outro lado da linha.
— Oi, pai. Tudo bem, por aí? — Coloco a ligação no viva-voz para
que Hanna possa escutar também.
— Aaron? — pergunta confuso.
— Sim, quem mais seria? — pergunto e vejo Hanna rir da minha
resposta.
— Sei lá, achei que fosse engano.
— Por que achou isso? — Olho com dúvida para o celular.
— A única que lembra que tem pais é a minha princesa — responde,
fazendo-a rir de mim.
Foco meus olhos em Hanna e a sem-vergonha tem uma expressão de
vitória.
— Essa doeu, hein — digo, levando a mão ao peito.
— O quanto? — ele pergunta do outro lado da linha como se não se
importasse.
O que está acontecendo?
Será que o magoei de verdade?
Sei que tenho sido bem relapso com relação a manter contato com os
meus pais, uma coisa que prometi que melhoraria depois das férias de fim
de ano.
Merda.
Estou prestes a respondê-lo e pedir desculpas, quando Hanna me
interrompe.
— Ele está fazendo biquinho, papai. Acho que vai chorar — conta,
levando a mão à boca, tampando sua risada.
— É sério? Quanto tempo? — pergunta e vejo Hanna olhar no celular.
— Dois minutos — responde
— Isso! — comemora. — Sua mãe está me devendo dez dólares,
então. — Sua voz muda de séria para brincalhona em questão de segundos.
Hanna gargalha tanto que suas bochechas ficam vermelhas pelo
esforço
Espera aí.
Eles apostaram?
— Que história é essa de dez dólares? — pergunto sem entender nada.
— Papai e mamãe queriam pregar uma peça em você. — Minha
irmãzinha conta depois que seu ataque de riso é amenizado.
— Você e a mamãe são maus — digo, encarando o celular. — Quase
me fizeram chorar.
— Até parece — meu pai ri de mim.
— Estou falando sério! Acho que meus olhos estão até molhados
agora. — Finjo fungar
— Pare de história e me conte como foi o jogo de hoje — pede bem
animado.
Meu pai ama hóquei. Foi com ele que aprendi a amar o esporte.
— Foi incrível, papai! — contamos a ele como foi a partida de hoje,
tirando a briga que acabei me envolvendo e a ressaca que estou por ter
bebido ontem.
— Que bom, filho — consigo sentir o orgulho em sua voz. — Sua mãe
e eu estamos vendo se conseguimos ir ao seu próximo jogo.
— Seria ótimo, pai — afirmo.
Conversamos por mais alguns minutos, quando ele avisa que precisa
desligar, mas não antes de mandarmos um beijo para a nossa mãe, que não
está em casa nesse momento.
— E você, hein, pestinha? — Apoio o meu braço em seu ombro e a
puxo em minha direção. — Estava junto com eles nessa pegadinha, não é?
— Mas é claro. — Me abraça pela cintura. — Queria ver sua cara de
bebê chorão. — Rindo, aperto sua cintura em uma cosquinha. — Não
começa. — Bate em minha mão repetidas vezes. — Sabe o quanto isso me
irrita.
— Por que acha que faço?
— Idiota. — Dá um tapa em meu peito.
Rindo, passo a mão no lugar atingido, enquanto seguimos em direção
aos nossos amigos que nos esperam em frente ao elevador e aprecio esse
momento com minha irmãzinha.
Desde que ela começou a namorar e conquistar Holly passou a ser o
meu foco, não passamos tanto tempo juntos. E parando pra pensar agora,
sinto falta desses momentos com ela.
Quando voltarmos para casa e nossas agendas coincidirem, a
convidarei para sair.
Só nós dois.
Irmãos Carson.
— Vocês demoraram — Simon diz assim que nos aproximamos.
— Estávamos conversando com o nosso pai — digo, desfazendo meu
abraço de Hanna e vendo-a ir em direção ao namorado que a envolve pela
cintura e beija sua cabeça. — Já resolveram tudo? — pergunto, caminhando
até Holly e repetindo o mesmo movimento de Liam.
Ela me olha por cima do ombro, e quando acho que vai dizer alguma
coisa, ela se aconchega mais em meus braços.
Pode parecer loucura da minha cabeça, mas estou sentindo que algo
mudou entre nós dois, e algo me diz que isso tem a ver com o que
conversamos ontem. Agora só me basta lembrar o que dissemos um para o
outro.
Nunca me arrependi tanto de ter esquecido algo como agora.
— Prontos para subir então? — Genna pergunta parada ao lado de
Maddy.
— Vamos logo que quero tirar esses saltos. — A ruiva aponta para o
pé.
Concordando com ela, chamamos o elevador para podermos subir.

Estamos sentados em roda, quando Simon tem uma brilhante ideia.


Só que não.
— Vamos jogar Eu nunca?
Encosto minhas costas na beira da cama e pego um saquinho de
chocolate colorido.
— Por que vocês gostam de jogar essas coisas, hein? — pergunto,
jogando um pouco de doce em minha boca.
— Porque sempre que jogamos acontece alguma coisa legal — Genna
é quem responde.
— Verdade — Maddy concorda. — Nosso primeiro jogo formou um
casal. — Aponta na direção em que Liam e Hanna estão sentados.
— E da última, acabamos com uma tatuagem — Genna relembra.
— Mas quando fizemos as tatuagens não foi por causa do jogo. —
Bennett para a garrafa de cerveja a centímetros de seus lábios para falar.
— Foi por causa da bebida — respondo, olhando para todos eles.
— Eu acabei com duas. — Holly levanta o braço em que tatuou uma
cobra.
— Já te disse o quanto acho essa sua tatuagem sexy? — pergunto,
pegando sua mão e beijando a parte interna do seu pulso.
— Não que eu me lembre. — Faz um carinho em meu rosto.
Abro um sorriso, e com nossas mãos ainda entrelaçadas uma na outra,
volto a prestar atenção nos meus amigos.
— Mas qual é a graça de brincar sóbrio? — Simon pergunta.
— Nenhuma! — Genna grita, levantando os braços para cima.
Tirando Harry, Hanna, Holly, Liam, e eu, os outros integrantes desse
quarto estão um pouco alterados por conta da bebida.
Meu melhor amigo até está bebendo algumas cervejas de vez em
quando, mas não está exagerando, assim como Holly. Eu, mesmo que esteja
me sentindo melhor do que mais cedo, ainda estou me recuperando da
ressaca de ontem. Já minha irmã e Harry, não gostam de beber. Então
sobrou para os quatro beberem por nós.
— Ah, qual é? — Genna faz um movimento brusco com a mão e
acaba derramando um pouco de bebida no chão. — Vamos jogar, vai —
pede. — Só estamos nós aqui e já conversamos tudo o que tínhamos para
conversar.
Olho para o relógio digital em cima da mesinha de cabeceira e noto
que já estamos há quase duas horas sentados aqui.
— Aceitem logo isso ou eles dois não nos deixarão em paz. — Holly
aponta para Simon e Genna e vem se sentar no meio das minhas pernas.
— Confortável? — pergunto, segurando em sua cintura.
— Agora sim. — Deita-se em meu peito e coloca a garrafa de cerveja
ao nosso lado.
A sensação de tê-la em meus braços é a melhor do mundo. Mesmo
nosso contato sendo constante, eu ainda sinto minha pele se arrepiar quando
ela me toca ou chega perto de mim. Agora mesmo, parece que tem milhares
de borboletas voando em meu estômago pelo simples fato de estarmos
juntos e abraçados.
Puxo seu corpo para mais perto, abraço sua cintura e volto a prestar
atenção em Simon.
— Certo, vamos começar. — Pega sua cerveja. — Eu nunca...
Interrompo-o antes que conclua.
— Não acha que está faltando algo?
— O quê? — pergunta confuso.
— As bebidas — Holly relembra. — Eles estão bebendo. — Aponta
para nós.
— Temos duas garrafas aqui. — Genna as levanta.
— Vocês já beberam tudo? — pergunto, encarando-os, abismado.
Pedimos um número considerável de cervejas e agora só sobraram
duas?
É oficial. Meus amigos são cachaceiros demais.
— Liam e você ficam com essas. — Simon pega mais bebidas, me
entrega uma e outra para o meu melhor amigo. — Harry e Hanna que não
bebem, dividem com alguém. — Resolve o problema e se ajeita.
— Vou dividir com você, gatinho. — Maddy se aproxima mais,
ficando com seus ombros colados. Mesmo que Harry nunca tenha bebido na
vida, esse acaba se tornando o momento em que ele irá beber, nem que seja
um gole.
Terei que ficar de olho nele para que não acabe derrubado.
— Certo, já que decidimos isso, vamos começar. — Genevieve bate
palmas animada. — Quem começa?
— Eu. — Simon levanta a mão. — Vou começar com uma leve, hein.
— Olha para cada um de nós. — Nunca fiz sexo.
Todos nós, tirando Harry que está com suas bochechas mais vermelhas
que os cabelos da mulher sentada ao seu lado, bebemos um gole.
— Jura, gatinho? — Maddy pergunta.
Um pouco tímido, ele afirma com a cabeça.
— Algum motivo especial? — o cara de pau do Simon pergunta.
— A-ah — engole em seco. — N-nunca tive am-amigos até vocês
chegarem, q-quem dirá garotas. — Desvia o olhar.
Holly percebendo que o amigo está se sentindo envergonhado, se
debruça sobre minha perna e toca em sua mão.
— Melhor assim, baby Yoda. — Faz um carinho. — Você é precioso
demais. Precisa de uma garota incrível nesse momento.
— Isso aí, gatinho. — Maddy o abraça pelo pescoço e vejo o exato
momento em que o garoto fica vermelho.
Ela ainda vai matar esse garoto.
— Próxima — peço, tirando o foco dele. — Quem vai?
— Eu! — Genna levanta a mão. — Eu nunca transei em um carro.
As mesmas pessoas bebem de novo.
Estou engolindo minha cerveja, quando vejo Hanna beber, e acabo
engasgando-me.
— Q-que isso, bonequinha? — rindo, Holly bate em minhas costas até
que consiga me desengasgar. — Está me ajudando ou me espancando,
Carma?
— D-desculpa. — Se joga para trás enquanto ri. — Mas sua cara de
idiota está muito boa.
— Engraçadinha. — Faço cócegas em sua barriga.
— Para com isso. — Bate em minha mão para que eu cesse o ataque.
— Irei parar porque quero e não porque me pediu — digo, me
ajeitando. — Agora você. — Me viro em direção a minha irmã. — Que
história é essa de transar em um carro?
— Qual é o problema? — Me encara com a cara mais lavada do
mundo.
— Qual é o problema? — repito suas palavras. — E se alguém tivesse
visto você em condições comprometedoras? — pergunto um pouco
exaltado.
— Estávamos em uma mata fechada — conta como se fosse normal.
— Meu Deus, estão desvirtuando minha bebezinha. — Passo as mãos
em meus cabelos e os puxo. — Liam, seu cuzão. Eu vou te matar. — Pego
um travesseiro atrás de mim e jogo em sua direção.
Meu amigo consegue pegar antes que o atinja no rosto.
— Para com isso que você fez coisa pior. — Acusa.
— Fez? — Maddy pergunta curiosa.
— Uma roda-gigante que o diga — Hanna é quem responde.
Com os olhos arregalados, olho em sua direção.
Me pergunto como ela sabe disso.
Estou prestes a perguntar isso a ela, quando a risada de Holly já me
responde.
— Bocuda — sussurro em seu ouvido.
— Não sabia que era segredo. — Passa a língua em volta no gargalo
da garrafa enquanto me encara.
Sua simples ação faz meu pau pulsar dentro da calça.
— O que você está fazendo?
— Eu? Nada. — Se faz de inocente.
— Sei — a encaro com os olhos franzidos para depois voltar minha
atenção para o jogo. — Quem será o próximo?
— Eu vou — Genna levanta a mão mais uma vez.
— De novo? — Liam pergunta a encarando.
— Estão demorando demais. — Dá de ombros. — Eu nunca tive
vontade de fazer um ménage.
Vejo Simon, Bennett, Maddy e Holly beberem.
— Não — dou uma risadinha e me levanto. — Você não tem vontade
não.
— Tenho sim — Holly rebate e se levanta também. — Seria
maravilhoso ter duas pessoas me comendo ao mesmo tempo. — Aproxima-
se e me lança um olhar desafiador.
Nossos rostos estão tão próximos que nossa respiração se mistura.
— Vou te mostrar que sou o único que sabe te comer do jeito que você
gosta. — Me abaixo, a segurando pelas pernas, apoio em meus ombros e
vou em direção a porta.
— O que está fazendo? — ri e grita ao mesmo tempo.
— O deveria ter feito desde que cheguei aqui. — Digo. — Qual é o
número do meu quarto novo, Bennett? — Caminho em direção a porta.
— Número 1313. A chave está aí em cima. — Aponta para a mesa ao
lado da porta.
Pego o cartão magnético e sigo em direção a saída, mas acabo tendo
uma ideia antes de sair, então volto para perto dos meus amigos, e com
Holly ainda em meus ombros, pego o copo cheio de gelo intocado que veio
com a garrafa de água de Harry.
— Irei ficar com isso — digo balançando o copo em frente ao seu
rosto.
— O que você está fazendo? — Holly pergunta.
— Já disse, Linda — digo virando o rosto e dando uma mordida em
sua bunda. — Agora poupe sua voz, querida. Porque hoje você irá gritar. —
Prometo.
Saio do quarto, mas antes que a porta se feche, consigo escutar Simon
dizer:
— Melhor não se aproximarem do quarto deles hoje à noite, pessoal.
A porta bate atrás de mim e sigo até meu destino.
Emoções não são as mesmas se não são por você, não entendo

Desde o início

Você teve esse efeito em mim

Tudo que eu quero é você, ooh

Eu digo isso tão literalmente

Ninguém manda tão bem como você


No Sense – Justin Bieber

Jogo seu corpo em cima da cama e a encaro.


— Você gosta de brincar comigo, não é?
— Um pouco — responde e percebo sua respiração desregular.
— Eu diria que é a sua parte preferida do dia. — Repito as mesmas
palavras que me disse a um tempo atrás.
Sorrindo, ela se ajoelha na cama e engatinha em minha direção como
uma gata selvagem.
— Tenho que concordar com isso — fica de joelhos à minha frente e
apoia suas mãos em meus ombros. — Quando desafiado, você fica mais
gostoso ainda. — Morde meu queixo e esse simples ato reflete em meu pau,
que lateja em contentamento.
Holly desce suas mãos pelo meu peito e as repousa bem em cima do
meu coração, e o sinto bater em um ritmo acelerado. Me pergunto se ela
consegue senti-lo, mesmo que seu toque seja tão leve em minha pele.
— Creio que isso te agrada bastante, não é? — entranho minha mão
nos cabelos de sua nuca e o puxo de leve, inclinando seu rosto em minha
direção.
— É sempre um prazer te provocar. — Sua respiração ofegante e
morna bate em meu rosto.
Holly faz força para aproximar seus lábios dos meus e passa a ponta
de sua língua bem de levinho neles. Cansado de esperar, tomo seus lábios
no meus. Busco sua língua com avidez, tentando marcar seu gosto em mim.
Nosso beijo é faminto e nesse momento eu a beijo com todo o meu corpo,
desejando que assim ela entenda o quanto preciso do seu toque nesse
momento.
Todo o meu corpo ferve de uma maneira surpreendente e aos poucos,
sinto uma pequena explosão ganhar forma dentro de mim, até se concentrar
em meu ventre.
Sinto suas mãos delicadas e macias acariciarem todo o meu corpo e
deixo que ela aproveite esses minutos de dominância sobre mim.
Seus beijos descem da minha bochecha até meu pescoço, enquanto
passo minhas mãos levemente por todo o seu braço, mas quando ela suga a
pele sensível da minha garganta com força, aperto sua bunda e a trago mais
para perto, fazendo com que sinta o quanto estou duro nesse momento.
— Me marcando mais uma vez, Linda? — a puxo pelos cabelos para
que olhe em meus olhos.
— Sei que gosta de andar com a minha marca por aí — sua mão segue
pela minha coxa e quando chega no meu pau, ela o aperta bem firme por
cima da calça, me fazendo gemer.
— A exibo com muito prazer. — Seguro em seu queixo e o mordo
com um pouco mais de força do que quando fez comigo. — Gosto que
saibam que tenho dona. — Livro sua nuca do meu agarre e levo as mãos até
sua cintura. — Assim como quero que saibam que você tem um dono, que
já disse uma vez e irá repetir novamente que não irá dividi-la com mais
ninguém. — Apoio meu joelho no colchão e lentamente deito seu corpo na
cama. — Você é minha, Holly. Toda minha.
Estou prestes a apoiar minhas mãos no colchão e tomá-la como minha,
quando sinto gotas de água gelada, molhar uma delas, e ao olhar para ela,
percebo que ainda seguro o copo de gelo que peguei antes. Me afasto um
pouco de seu corpo, coloco o copo em cima da mesinha cabeceira e volto a
ficar em cima dela mais uma vez.
— O que pretende fazer com aquilo? — pergunta apontando para o
copo.
— Sem perguntas, Linda — seguro suas mãos e as levo acima de sua
cabeça e desço meu rosto em direção a seu ouvido. — Não tenho com o que
te amarrar hoje, então quero que seja uma garota obediente e as mantenha
exatamente desse jeito. — Sussurro próximo a sua orelha e mordo o lóbulo.
— O que garante que irei te obedecer? — me desafia enquanto remexe
o corpo abaixo do meu.
— A promessa de que farei você gozar como nunca. — Chupo a pele
do seu pescoço sem usar muita força para não a marcar.
— Prometo que não irei me mexer — passa a fazer um carinho em
minha panturrilha com os dedos dos seus pés.
Holly estremece abaixo de mim quando seguro na barra de sua blusa e
começo a levantá-la, e aos poucos, vou revelando desde a pele lisa de sua
barriga até seus seios livres do sutiã, até livrá-la da peça de uma vez.
Meu corpo vibra e sinto meu pau pulsar com a imagem a minha frente.
Desço meu rosto em direção aos seus seios e sugo o mamilo com
vontade, rodeando minha língua em volta do mamilo, o endurecendo e o
fazendo ficar mais sensível a um simples toque. Holly se contorce abaixo de
mim quando direciono minha atenção ao outro seio, repetindo o mesmo
tratamento que antes.
— Quietinha, linda — peço enquanto seguro em sua cintura a
mantendo parada e desço beijando e mordiscando a extensão se sua pele até
chegar ao cós de sua calça. — Acho que já está na hora de nos livrarmos
disso. — Mordo bem abaixo do seu umbigo e acabo sorrindo quando a
escuto gritar.
Abro o botão de sua calça e passo a descê-la junto de sua calcinha, a
deixando nua a minha frente, deixando sua boceta lisa à mostra para mim.
É inevitável o sorriso que nasce em meu rosto quando vejo seu prazer
escorrer pela carne macia até se perde em seu anus. Sinto uma vontade
gritante de me enterrar bem fundo em sua boceta, mas terei que esperar o
momento certo para isso.
Tiro minha camisa, a jogando em algum lugar do quarto, e me ajoelho
ao pé da cama. Passo um dos meus braços por de baixo de sua cintura e a
puxo em minha direção, deixando sua boceta bem próxima ao meu rosto,
consigo sentir seu cheiro delicioso. Aproximando meu rosto, passo meu
nariz levemente pelos lábios inchados.
— Deus — geme movimento seu quadril em direção ao meu rosto.
— Quietinha. — Peço beijando sua virilha e sujando a pele fina e
sensível.
Holly geme, mas se mantém parada no lugar.
Encerrando a tortura, separo os lábios inchados e pulsantes de sua
boceta, e passo minha língua desde sua entrada até seu clitóris. Suspiro,
satisfeito ao sentir seu gosto tocar minha língua. E como um homem
sedento por água no deserto, a tomo para mim sugando cada pedacinho seu.
Sugo seu clítoris com força a fazendo urrar bem alto.
— Aaron... — tenta descer suas mãos para me tocar, mas a impeço, as
prendendo acima de sua cabeça de novo.
— O que eu disse antes, Anjo? — digo com nossos bem próximos um
do outro.
— Para não descer as mãos. — Responde.
— Isso mesmo — sugo seu lábio inferior. — Como desobedeceu a
minha ordem, você não poderá gozar agora. — Todo em sua boceta
encharcada, rodeando seu clitóris com meu polegar.
— Seu desgraçado — tenta me acertar com o joelho, mas consigo
prendê-lo a tempo.
Rindo, a vejo apertar suas pernas uma a outra, tentando aliviar o tesão
que sente. Sua pele ferve ao meu toque, então percebo que esse é o
momento perfeito para usar aquilo. Olho para a mesinha de cabeceira e vejo
que algumas pedras de gelo acabaram derretendo. Ficando de pé, estico
meu braço em direção ao copo e pesco um dos cubos usando os dedos
indicador e meio, o levo a boca e o prendo entre os lábios.
Subo na cama mais uma vez, seguro em sua cintura e ajeito seu corpo
para que fique confortável. Levanto meu rosto em direção ao seu, e dou de
cara com olhos brilhantes e nublados pelo tesão.
— Pronta? — aproximo nossos rostos e sinto sua respiração ofegante
de encontro ao meu rosto.
— Sim — sua voz é como uma brisa.
Com o cubo de gelo posicionado, beijos seus lábios quentes e o
contraste com os meus gelados, faz meu corpo tremer em aceitação. Desço
pelo seu pescoço, deixando um rastro até o vale entre seus seios, e quando a
pedra gelada fica pequena demais, a engulo, pego outra dentro do copo,
levo a boca e a passo envolta do seu mamilo, o deixando mais sensível do
que antes.
Com o gelo ainda preso em meus lábios, volto o caminho até o vale
entre seus seios, descendo por toda a extensão de sua barriga. Vejo o
músculo se contrair quando desço mais e deposito o pequeno cubo bem em
cima de seu umbigo.
Desço meus dedos até sua boceta e passo a estimular seu clitóris com
meu polegar enquanto a penetro lentamente com meus dedos.
— Gosta disso, Linda? — pergunto ao sentir sua boceta estrangular
meus dedos. — Mas é claro que gosta. — Aumento a pressão em seu
clitóris. — Olha como você devora meus dedos sem fazer esforço.
Começo o movimento de vai e vai bem lentamente. Aproveitando que
minha língua ainda está gelada, a passo em seu ventre, e sorrio satisfeito
quando ele geme meu nome.
— Você gosta de me torturar, não é?
O quarto é inundado pelos seus gritos de aprovação, meu pau está tão
duro que chega a doer. Sinto uma gota gelada escorrer pelo meu pescoço e
se perder em meu peito.
Provoco seu clítoris com meus dedos, e estou prestes a me abaixar em
direção a sua boceta, quando ela me para.
— Eu preciso de você agora mesmo. — Segura em meu pescoço e me
puxa para cima e se apossa dos meus lábios.
Holly toma posse dos meus lábios, sugando minha língua e
determinando o ritmo que seguiremos. Coloco uma das mãos entre nós, a
desço o zíper. Desfaço nosso beijo para tirar a calça, e quando me livro dela
junto a cueca, meu pau pula ereto.
— Como eu amo seu pau — envolve suas pernas em minha cintura e
me puxa para cima de seu corpo novamente. — Principalmente quando está
dentro de mim.
— Espero que esteja pronta para recebê-lo. — O seguro com uma das
mãos e passo a massagear seu clitóris. — Porque hoje irei te comer com
força. — Me afasto de seu corpo e tiro suas pernas da minha cintura. — De
quatro, Linda.
Sem esperar por uma reação sua, seguro em sua cintura, a virando de
bruços e levanto seu quadril na altura do meu pau.
Holly se ajeita na cama, fazendo questão de empinar ainda mais a
bunda. Aliso a pele macia e brilhante para logo em seguida dar um tapa
naquele rabo delicioso. A vejo exclamar em surpresa pelo ataque repentino,
enquanto seguro em cintura e a puxo para mais perto. Pincelo a cabeça do
meu pau em sua entrada, a fazendo gemer.
A provoco o máximo que meu auto controle consegue e sorrio
satisfeito quando a vejo rebolar ansiosa para me ter.
— Para de me torturar — mesmo sem olhá-la, sei que seus dentes
estão serrados um no outro.
Alinho meu pau em sua entrada, agarro sua cintura com as duas mãos
e me enterro bem fundo nela, sentindo sua boceta se abrir centímetro por
centímetro para me receber. Holly grita de prazer enquanto arruma sua
cabeça nos travesseiros a sua frente, e acaba empinando ainda mais sua
bunda, melhorando meu acesso a ela.
— Porra, como você é gostosa — digo, enquanto ela rebola, fazendo
as sensações melhorarem drasticamente.
Vou tirando meu pau lentamente de dentro de sua boceta, mal escuto
seus murmúrios abafados pelos travesseiros quando me enterro
profundamente nela mais uma vez.
Começo a estocar forte e fundo, saindo até quase o fim e a penetrando
novamente, a vendo rebolar, acompanho seu ritmo. Com uma das mãos,
seguro em seu pescoço, sentindo sua pulsação, botando um pouco de
pressão e a puxo para mim, colando suas costas ao meu peitoral suado.
Holly geme e sinto sua boceta estrangular meu pau.
— Você gosta de ser enforcada, não é sua putinha?
Em resposta, ela geme deitando sua cabeça em meu ombro,
aproveitando cada segundo. Coloco mais no aperto em seu pescoço
enquanto estoco com força. O som molhado dos nossos corpos colidindo, se
mistura com nossos gemidos em uma sinfonia de prazer que preenche todo
quarto.
O tesão se acumula em meu corpo e parece que se concentra todo em
minhas bolas, que ficam pesadas.
— Não para — ela implora.
— Nada será capaz de me parar agora, Linda. — Respondo, sem parar
de socar meu pau em sua boceta.
— Aaron, eu estou quase. — Levanta sua das mãos e a apoia em
minha nunca.
— Quero minha putinha gozando no meu pau.
Cada vez mais ela vai me esmagando da forma mais deliciosa
possível, viro seu rosto em direção ao meu, apertando sua bochecha com
meu dedo indicador e o polegar, a beijo com sede, engolindo todos os seus
gemidos, de uma forma faminta.
— Vou gozar. — Avisa já se desfazendo e encharcando meu pau ainda
dentro de sua boceta.
Solto seu pescoço, apoio sua cabeça no travesseiro enquanto continuo
estocando com força. As contrações de sua boceta acabam ajudando meu
ápice a vir mais rápido. Enterro meu pau bem fundo nela, puxando sua
cintura até que sua bunda esteja colada em minha virilha, sinto meu pau
inchar e me libero dentro dela.
Holly desaba na cama, sendo seguida por mim.
Nossas respirações estão ofegantes, o suor tomou conta de todo o meu
corpo e o cheiro de sexo exala pelo lugar. Parece que tem uma névoa
rondando meus olhos embaçados pelo clímax.
Ela geme em um claro pedido para que eu livre seu corpo do peso do
meu e muito a contra a gosto, saio de dentro de sua boceta, me jogo ao seu
lado e a envolvendo, a trago para mais perto de mim e a deito em meu
peito.
— Consegui tirar a ideia de fazer um ménage da sua mente, Linda? —
pergunto, enquanto faço carinho em seus cabelos úmidos pelo suor.
— Ménage? — inclina a cabeça para trás para me ver melhor. — Que
ménage? — Se faz de desentendida.
Sorrindo de sua resposta, a trago para mais perto e beijo sua cabeça.
— Boa garota — respondo, a fazendo rir também. — Obrigado por vir
a mais um jogo meu.
— Não vim por sua causa — contorna as linhas da minha tatuagem
com a ponta do dedo.
— Ah não? Então qual seria o motivo? — pergunto curioso.
— Vim pelos outros cinco jogadores gostosos. — Conta, me fazendo
rir.
Com dedos ágeis, passo a fazer cócegas na parte sensível de sua
cintura. Holly esperneia e estapeia meu ombro me mandando parar. Ainda
rindo, paro com o ataque e a acomodo em meus braços mais uma vez.
— Você é má comigo — pego sua mão repousada em meu peito e
brinco com seus dedos. — Até usou a blusa do Simon hoje.
Solta uma risada fraca e se aconchega mais em meus braços.
— O que posso fazer se ele é meu preferido? — pergunta com a voz
sonolenta.
Sorrindo de sua resposta, viro seu corpo de frente para o meu, colando
nossos peitos um ao outro, encaixo sua perna em cima da minha e passo a
acariciar a pele de suas costas lentamente.
Sinto seus cílios fazerem cócegas em meu peito. Aos poucos nossos
batimentos vão se acalmando e o relaxamento toma conta de nossos corpos.
E quando percebo, caímos no sono.
Onde eu posso ir quando você não se esconde?

Quem sou eu se não for visto através dos seus olhos?


Through Your Eyes – Jordan Critz

O Dia dos Namorados está chegando.


A época mais romântica de todos os tempos já é amanhã e tive a
brilhante ideia de fazer uma surpresa para Holly, bem em cima da hora.
Não que ela não merecesse, porque ela merece e muito.
O único problema, é que entre tantas opções de encontros, não consigo
escolher nenhuma.
Uma ida ao cinema?
Nem pensar. Desde que assistimos um filme juntos pela primeira vez,
passamos a fazer muito isso, inclusive, fomos a poucos dias ver um filme da
Marvel que ela ama, então não teria nada de novo e eu queria fazer algo
novo.
Sair para jantar?
Seria uma boa, mas onde? Todos os lugares que conheço ficam perto
do campus, e os outros já estão com a casa cheia.
— Droga — passo as mãos nos cabelos, me sentindo frustrado.
— O que está rolando aí? — Bennett pergunta assim que entra na
cozinha.
— Estou procurando um lugar legal para levar a Holly amanhã, mas
não consigo encontrar nenhum vago. — Jogo meu celular em cima da mesa.
— Por que não a leva para jantar fora? — caminha em direção a
geladeira.
— Acha que já não pensei nisso? — Aponto para o meu celular. —
Todos os restaurantes que conheço já estão lotados.
— Leva ela em outro, ué — dá de ombros enquanto abre a garrafinha
de água e toma bons goles.
— Onde?
— Ah, sei lá. — Seus olhos perdem o foco mostrando que está
pensando. — Que tal no Fauzzi?
— No Fauzzi? O restaurante mais caro que existe aqui? Jura Bennett?
— O encaro cruzando os braços. — Esqueceu que não tenho grana e que o
salário que ganho no instituto não paga nem o guardanapo de lá?
— Eu dou esse jantar para ela de presente — diz como se não fosse
gastar uma fortuna.
— O que? Por quê?
— Porque gosto dela, ué. — Responde simplesmente.
O encaro sem entender muito o que ele quer dizer.
— Vocês nem conversam direito, Bennett.
— Que você saiba — arqueia uma das sobrancelhas.
Holly e Bennett estão virando amiguinhos então?
Gosto disso.
Além de Simon, Liam e eu, ele não tem muitos amigos. É recluso
demais para isso. Me surpreende que tenha deixado Holly entrar em sua
vida.
Parando para pensar, não me surpreende que eles estejam se
entendendo. Holly é uma pessoa que te conquista mesmo sem você querer.
Quando menos se espera, você já está completamente entregue a ela.
Eu mesmo me encontro nessa situação.
Rendido e pronto para fazer o que for preciso para fazê-la sorrir.
— Bom, já que é assim — aceito sua ajuda. — Como faremos isso?
— Faremos o que? — se apoia na bancada da cozinha. — Liga para
marcar o jantar de vocês e depois saia para comprar uma roupa legal e
quem sabe algo para dar para ela.
— Certo — pego meu celular novamente e procuro o nome do
restaurante na internet. — Obrigado por isso, Bennett. — Agradeço assim
que o vejo desencostar da bancada, fazendo um sinal como se não fosse
nada usando as mãos, e sair da cozinha.
Assim que encontro o número da Fauzzi, ligo para lá e fico à espera de
que alguém atenda à minha ligação, o que não demora a acontecer. Toda a
reserva acontece de maneira prática e rápida, e acaba me pegando de
surpresa pela sorte que tive de conseguir uma vaga em um restaurante tão
disputado quanto eles em cima da hora. Parece que o destino gosta bastante
de mim e decidiu me dar uma forcinha para impressionar Holly.
Com um sorriso gigante em meus lábios, desligo a ligação e passo a
encarar nossa foto no descanso de tela.
Parece que teremos uma ótima noite amanhã, Linda.

Estou parado em frente ao espelho escolhendo uma roupa para o dia de


hoje, quando meu quarto é invadido.
— Aaron, você pegou meus anéis de novo? — Liam entra sem bater.
— Quem te deu permissão para entrar no meu quarto assim? — finjo
está bravo. — E se eu estivesse nu?
— Não tem nada aí que eu, infelizmente, já não tenha visto — diz
enquanto vai até meu armário procurar minha caixa de anéis dentro do meu
armário. — Sua bunda não é grande coisa pra mim.
— Assim você me magoa.
— Caguei pra você. — Acha minha caixa, segue em direção a minha
cama e derrama todos meus anéis, brincos e colares em cima da mesma
para que sua tarefa seja mais fácil.
— Você vai arrumar essa merda — aponto para a bagunça que ele fez.
— Ninguém mandou pegar minhas coisas, seu cuzão. — Pega três
anéis e um cordão que peguei dele sem pedir.
— Otário. — Dou um tapa em sua cabeça ao passar por ele e começo a
juntar minhas coisas. — Onde vai? — Pergunto enquanto separo alguns
acessórios para usar hoje.
— Jantar fora com a Hanna e depois cinema. — Coloca seus anéis e
me pede ajuda para fechar o cordão. — E você? Está se arrumando para
que?
— Irei jantar com a Holly — fecho o colar em volta do seu pescoço e
me sento na cama para calçar meu tênis.
— No Dia dos Namorados, é? Então as coisas estão ficando sérias
entre vocês? — pergunta.
— Ainda não, mas vão ficar — digo com convicção.
Não só da minha parte, mas sinto que minha relação com Holly
melhorou e muito de uns tempos para cá. Na verdade, desde o Dia de Ação
de Graças eu senti algo diferente entre nós, mas agora, parece que estamos
seguindo pelo mesmo caminho. Espero não estar errado.
— Você gosta mesmo dela, não é? — pergunta depois de um tempo
me analisando.
— Gostar não chega nem perto do que sinto por ela.
Termino de calçar os ténis e me levanto.
— Isso quer dizer que você está apaixonado? — pergunta sentando-se
em minha cama.
O encarando, eu o respondo:
— Sim — assumo. — Estou completamente apaixonado por ela.
Sorrindo, ele se senta ao meu lado.
— Eu já sabia disso. — Comenta, esticando as pernas e apoiando um
tornozelo em cima do outro.
— O que!? — pergunto surpreso.
— Que você tinha se apaixonado — dá de ombros. — Acho que até
antes mesmo de você perceber isso.
— Mas como? — pergunto confuso.
Nem eu sairia ao certo o que sentia por Holly.
Eu gostava dela, muito na verdade, de uma maneira única e
inexplicável, mas não tinha percebido que todas as sensações que vinha
sentindo era a paixão crescendo cada vez mais.
— Seus olhos — aponta para eles. — Eram o mesmo olhar que eu via
no espelho sempre que pensava na Hanna.
— Não sabia que era tão transparente assim.
— Você não é — nega com a cabeça. — Mas para um homem que foi
e ainda é apaixonado pela mesma mulher desde os dezesseis anos, é fácil
perceber.
O escuto e fico pensando em suas palavras sem saber o que dizer.
Se em algum momento tive dúvidas do que Liam sente pela minha
irmã, ela foi sanada só pela maneira com que ele fala dos seus sentimentos
por ela. E sim, ele tem razão. Sou completamente rendido por Holly desde o
começo. Não me surpreenderia de me apaixonar por ela à primeira vista e
ter percebido isso só agora. Em alguns momentos, não consigo enxergar o
que está escancarado bem no meu rosto.
— Imagino que sim. — Aperto seu ombro.
— Espero que vocês se entendam logo. — Repete o meu movimento.
— É o que pretendo resolver hoje.
— Vai pedi-la em namoro?
— Não — me afasto. — Ainda não é o momento certo para isso.
— Por que não? — posso ver a confusão tomar conta do seu rosto. —
Parece que vocês estão se entendendo bem.
— E estamos, mas ela ainda não está pronta para um relacionamento
sério.
— Qual o motivo? — volta a perguntar.
— Ela esconde algo sobre seu passado, Liam. Algo que a machucou
muito e tenho certeza de que tem a ver com um ex-namorado. — Conto
minhas suspeitas. — Mesmo não sabendo o que aconteceu, tenho que tomar
cuidado para não a assustar. Holly tem que entender que é escolha dela ficar
comigo.
— Entendo — afirma com a cabeça. — Mas enfim. — Muda de
assunto. — Vai levá-la aonde? — Puxa a cadeira da minha escrivaninha
nova que comprei para estudar e se senta. — Aliás, onde ela está?
— Na Fauzzi — conto animado. — E Holly saiu com Hanna para o
salão. Pedi uma ajudinha a ela.
— Como você conseguiu uma reserva? Aquele lugar é o mais
disputado de todos, ainda mais no Dia dos Namorados.
— Não querendo me gabar, mas acho que o destino estava a meu favor
ontem. — A vitória está estampada em meu rosto nesse momento.
Ainda não consigo acreditar na sorte que tive.
— Espera aí — Liam chama minha atenção. — Você disse ontem?
— Sim, por quê?
O vejo fechar os olhos e respirar fundo.
— Aaron — a cautela em sua voz é o que mais me assusta.
Sem saber o porquê, meu coração dispara no peito.
— O que foi?
— Você fez a reserva ontem? — abre os olhos e me encara.
— Sim — afirmo sentindo minha voz se tornar trêmula.
— Aaron... — respira fundo e se vira em minha direção mais uma vez.
— Você precisa fazer reserva com pelo menos seis meses de antecedência.
Tem certeza de que fez para o dia certo?
Seu tom preocupado acaba me deixando ansioso.
Mas é claro que fiz a reserva de maneira correta. Eu perguntei se
estava tudo certo, e recebi uma resposta positiva sobre tudo. Não tem como
dar errado, mas para tirar essa dúvida que está me fazendo suar frio, pego
meu celular no bolso de trás da calça, e ligo para o restaurante.
Vai dar tudo certo, Aaron. Se mantenha calmo.
Me tranquilizo, quando sinto minha perna passar a tremer pela
ansiedade.
Respiro fundo quando a ligação é atendida e fingindo que fiz merda,
confirmo sobre minha reserva para hoje. Eu juro que tinha esperanças de
que Liam estivesse errado e eu certo, mas parece que o destino não estava
do meu lado hoje.
Encerrando a ligação com um agradecimento. Me jogo com tudo em
cima da cama e o encaro.
— Então? — pergunta.
— Será que Holly vai gostar de comer macarrão a bolonhesa, em casa
hoje? — pergunto desesperado.
Parece que a noite incrível que estava planejando, não irá acontecer.
Perdi a noção de quanto tempo estou aqui parado no meio da cozinha
decidindo o que irei fazer, depois da besteira que fiz.
Que vacilo, Aaron.
Por que não conferiu a data? São o que as pessoas normalmente
fazem. Ainda mais em uma data como a de hoje.
Puta merda, não acredito que dei um vacilo desses. Parabéns, Aaron
idiota! Você conseguiu fazer besteira quando não era pra se fazer.
Suspirando, passo as mãos em meu rosto, repetidas vezes e respiro
fundo para me acalmar.
Agora não tem mais o que fazer. A burrada já está feita e agora tenho
que correr contra o tempo para fazer algo decente para Holly.
Pego o celular em meu bolso e vejo que tenho mais ou menos uns
quarenta minutos até que ela e minha irmã saiam do salão.
Pelo menos isso deu certo.
Assim que as reservas para o jantar foram “fechadas” — só de me
lembrar disso, sinto vontade de me socar, mas enfim — pedi para Hanna
levá-la até o cabelereiro com a desculpa de fazer companhia uma para a
outra.
Imagino o quão linda ela deve estar.
Só de pensar nisso, um sorriso involuntário nasce em meu rosto.
Estou me perdendo em pensamentos, quando meu celular toca
avisando sobre a chegada de uma mensagem. Sem querer perder tempo
respondendo quem quer que seja, sigo em direção aos armários para ver o
que poderei improvisar para nosso jantar.
Ok. Temos massa, uma coisa que ela gosta muito e não deve ser tão
difícil assim de se fazer, não é?
Errado!
É claro que eu acabaria estragando tudo. Em que mundo eu estava
quando pensei que poderia fazer algo que preste para comer?
Não consigo fazer uma mísera pipoca sem que o fundo dela fique
queimado, como seria vitorioso ao fazer um macarrão a bolonhesa? A
resposta é simples: nunca. Isso nunca iria acontecer.
Meu Deus! Eu sou inútil. Não consigo fazer nem uma comida que era
só colocar em água fervendo.
Só de olhar para a massinha disforme que minha comida acabou se
tornando, me dá vontade de bater a cabeça na parede e me xingar três vezes
por ter recusado as aulas de culinária básica que mamãe queria me dar.
O dia de hoje tinha que ser perfeito em todos os sentidos. Desde a
comida até o lugar que iríamos, mas agora tudo o que tenho é uma cozinha
em completo caos.
O sentimento de decepção me corrói por dentro.
— Merda. — Apoio o cotovelo na mesa e a cabeça em minhas mãos.
Estou me martirizando, quando meu celular toca.
— Alô — digo ao atender.
— E aí, como está tudo?
— Liam? — pergunto confuso enquanto afasto o aparelho da orelha e
vejo se não estou enganado. — Por que está me ligando?
— Não poderia te deixar na mão — diz simplesmente.
Escutá-lo me faz ter vontade de rir e me faz lembrar da preocupação
com a qual ele saiu daqui mais cedo enquanto ia pegar as flores que
encomendou para minha irmã. Estou até surpreso que não tenha me ligado
mais vezes.
— Obrigado pelo apoio moral, cara, mas ele não vai me ajudar de
nada — digo enquanto me ajeito de uma maneira mais confortável na
cadeira. — Porque assim, eu já consegui estragar tudo hoje.
— O que você fez? — pergunta.
— Tente perguntar o que eu não fiz hoje. — Estico as pernas e apoio
um tornozelo em cima do outro.
— Ruim assim? — volta a perguntar e resumo o que aconteceu. —
Puta merda, Aaron. — São suas palavras assim que termino de contar tudo.
— Eu sei. — É a única coisa que posso dizer nesse momento.
— Bora, cara. Levanta essa bunda preguiçosa da cadeira — diz como
se estivesse me vendo nesse momento. — Vou dizer o que você vai fazer.
— Pode falar — me levanto da cadeira. — Sou todo ouvidos.
— Tem uma pizza congelada na geladeira — enquanto ele fala, sigo
em frente e abro a mesma.
— Já peguei. — Digo, colocando o celular em cima da bancada.
— Ótimo. Depois que colocar a pizza pra assar, vai lá na adega pegar
um vinho...
— Mas os vinhos são do Bennett — o interrompo.
— Depois me entendo com ele. — Promete. — Agora faça o que eu
mandei.
— Não acha que está muito mandão? — me afasto da bancada e vou
até os armários para pegar uma assadeira.
— Fica quieto, Aaron. As meninas já estão saindo do salão.
Suas palavras me acenderam a curiosidade.
— Onde você está? — pergunto, me aproximando da bancada.
— Vim buscar a Hanna e a Holly — conta. — Agora cala a boca e
preste atenção em mim. — Pede mais uma vez. — Escondido atrás da
garrafa de suco de laranja, tem morangos com chocolate. Eu iria comer com
Hanna, mas pode pegar.
— Nem quero imaginar como vocês iriam comer esses morangos. —
Balanço a cabeça para afastar os pensamentos deles juntos.
— Pode ter certeza que da melhor maneira possível. — Responde.
— Você está falando da minha irmã, seu cuzão do caralho. —
Resmungo, abrindo a geladeira e pegando a embalagem de morangos.
Por que o namorado dela tinha que ser meu melhor amigo? Agora
tenho imagens grotescas em minha mente. Será que se eu jogar água
sanitária nos olhos, essas imagens fictícias saem da minha cabeça? Seria
uma coisa a se pensar futuramente.
— Para de graça e vai fazer o que eu disse logo. — Seu tom é
impaciente. — Agora tenho que ir. Elas estão vindo.
— Já estou indo — estou seguindo em direção a adega quando me
lembro de algo que pedi a ele. — Liam, me diz que pelo menos conseguiu
as rosas? — Pergunto de maneira cautelosa.
Tantas coisas já deram errado hoje, que não me surpreenderia se as
rosas que pedi para Liam tentar comprar, estivessem acabado
— Consegui, sim. Parece que é seu dia de sorte. — Debocha um
pouco da minha desgraça. — Agora vai logo fazer o que eu disse.
Antes que consiga respondê-lo, a ligação é encerrada e, me sentindo
mais relaxado agora que sei que pelo menos uma coisa que planejei deu
certo, sigo em direção a adega de Bennett.
Eu sei que posso te tratar melhor

Do que ele pode

E qualquer garota como você merece um cavalheiro


Treat You Better – Shawn mendes

Ao chegar em casa, sou recepcionada por um cheiro delicioso de


queijo derretido e pepperoni que faz meu estômago roncar pela fome.
Deixo minhas chaves na tigela de vidro que fica ao lado da porta e
sigo em direção a cozinha.
— O que está aprontando? — pergunto para as costas de Aaron.
— Ah! Você chegou. — Se vira e caminha em minha direção. — Meu
Deus! Você está magnífica — Sela nossos lábios rapidamente e passa a me
encarar cada parte minha. — Cortou o cabelo? — Pergunta, segurando uma
mecha entre os dedos.
— Obrigada — agradeço. — Como percebeu? Só cortei as pontinhas.
Nem dá para notar. — Pergunto impressionada que tenha reparado.
— Eu já disse antes, Linda — Sinto minha pele formigar quando suas
mãos tocam minha cintura. — Eu conheço cada pedacinho seu.
Involuntariamente, um sorriso nasce em meus lábios e como um bobo,
meu coração erra uma batida simplesmente porque ele reparou em uma
coisa banal em minha aparência.
— O que está fazendo? — Desconverso, tentando acalmar meu
coração.
— É uma surpresa que só revelarei depois que for lá em cima se
arrumar. — Começa a andar e me faz caminhar de costas.
Tento olhar por sobre seu ombro, mas sou impedida por ele que
posiciona sua cabeça em frente ao meu rosto, impedindo minha visão.
— Por que não me conta logo? — Tento desviar, mas ele acaba
acompanhando meus movimentos, e por não está prestando atenção onde
piso, acabo tropeçando, mas antes que eu caia, Aaron me segura e me vira
de costas para si.
— Porque perderia toda a graça da surpresa. — Beija minha orelha e
me encolho por conta do contato em um ponto sensível. — Agora vai até lá
em cima e fique mais linda ainda. — Dá um tapa em minha bunda e me
conduz em direção a escada.
Olho por sobre o ombro e o encaro desconfiada.
Nunca fui uma pessoa muito paciente, ainda mais com surpresas.
Nunca gostei de ser surpreendida, sempre quero saber o que está
acontecendo ao meu redor. Mesmo não gostando dessa ideia, passo a subir
em direção ao meu quarto para me trocar sei já lá para o que Aaron esteja
tramando.
Ao entrar, sigo em direção ao meu guarda-roupa e me pergunto que
tipo de roupa ele quer que eu coloque.
Analiso cada uma das minhas roupas, até que acho o vestido mais que
perfeito para a ocasião.
O tiro do cabide, coloco a roupa em frente ao meu corpo, e gosto
bastante do que vejo refletido no espelho.
O vestido é em um tom de vermelho sangue, colado em meu corpo o
que acaba valorizando cada curva que tenho. Suas alças são bem finas e
minhas costas ficam completamente amostra.
Tenho certeza de que ele vai gostar de me ver assim.
Com esse pensamento, estico o vestido em cima da cama, tiro minha
roupa e corro em direção ao banheiro com a intenção de tomar um banho
rápido.

Já arrumada, paro no topo da escada e o que vejo à minha frente, faz


meu coração errar uma batida.
— Meu Deus! — minha voz não passa de um sopro.
Aaron está parado ao pé da escada, vestido um terno completamente
preto Desde a camisa até a gravata. Seus cabelos loiros e negros, por conta
da raiz que já cresceu bastante, estão penteados para trás e para completar a
imagem, ele tem um buque de rosas negras em sua mão esquerda.
— Uau, simplesmente uau. — seus olhos estão vidrados nos meus.
— Fiz você perder a fala? — pergunto enquanto desço os degraus
lentamente.
— Você sempre me deixa sem saber o que fazer, Linda. — Estende
sua mão livre em minha direção e a aceito sem hesitar.
Sorrindo, paro bem próximo a ele e um sentimento de paz e
tranquilidade toma conta de mim.
Só ele é capaz de fazer com que eu me sinta assim.
Basta apenas um toque para que eu sinta que nada do mundo
conseguirá me afetar.
— São para mim? — aponto para as rosas em suas mãos.
— Gostou? — me entrega o lindo buquê.
— Tenho que assumir que não gosto muito de flores, mas por algum
motivo, gostei de recebê-las de você. — As levo em direção ao nariz e sinto
o cheiro doce e marcante delas.
— Quer dizer que só gosta delas porque sou eu quem estou te
presenteando? — Levanta uma das sobrancelhas em um gesto sugestivo.
— Existem muitas coisas que só aceito quando você faz. — Comento,
tocando em uma pétala delicada.
— É? — se aproxima e me faz sentir sua respiração curta e ritmada.
— E quais seriam essas coisas?
— Quando me abraça ao dormir, os carinhos fora de hora e,
principalmente, quando me dá apelidos. — A cada palavra que vai saindo
da minha boca, mais rápido meu coração bate.
— Parece que temos muita coisa só nossas, não é? — Faz um carinho
tão leve em uma de minhas bochechas, quanto o toque das rosas em minha
mão.
— Parece que sim — concordo com a cabeça. — Como as conseguiu?
— Pergunto curiosa, apontando para o buquê em minhas mãos.
— Existem flores dos mais variados tipos e cores nos Dias dos
Namorados. — Responde, dando de ombros e sem entrar em muito detalhe
e acabo sorrindo.
Em silêncio, passo a encarar o homem à minha frente, e me pergunto
se ele realmente é real? Ainda nem tive noção de tudo o que ele preparou
para hoje a noite, e já me vejo completamente encantada.
— Já que não me contará como as conseguiu — pergunto me sentindo
completamente ansiosa. — Pode me contar o que estava aprontando na
cozinha?
Sorrindo, ele responde:
— Acho que agora posso. — Apoia uma de suas mãos na base da
minha coluna e me conduz em direção a sala de estar.
Assim que entramos no cômodo pouco iluminado, sou surpreendida.
Ele simplesmente arrumou o lugar da melhor maneira possível.
Mesmo distante, consigo ver que tem uma pizza de pepperoni em cima da
mesinha de centro, junto com duas taças ainda vazias, uma garrafa de vinho
e morangos com chocolate.
Isso é o que estou pensando?
Ele acabou de montar um encontro para nós dois?
Viro meu rosto para ele e o desespero que achei que sentiria por vê-lo
quebrar a última regra não chega até mim. Na verdade, eu até me sinto
aliviada por isso.
— Você quem fez tudo isso? — Aponto para toda a decoração à minha
frente.
— Foi — afirma enquanto volta a me conduzir até nosso lugar. —
Quer dizer, tive uma ajuda do Liam com os morangos, vinho.
Volto a encará-lo surpresa.
— Ele te ajudou com tudo? — pergunto me sentando em uma das
almofadas que ele espalhou pelo chão.
— Bastante — repete minha ação e se senta ao meu lado. — Se não
fosse por ele, acho que não teríamos uma noite como essa.
— Por que diz isso? — coloco as rosas em um espaço vazio da mesa.
— Prefere saber o quanto sofri hoje para deixar tudo isso perfeito? —
pergunta enquanto aponta para a mesinha de centro a nossa frente. — Ou
prefere comer um pouco de tudo isso? — Me dá uma segunda opção de
escolha.
— Foi tão ruim assim? — me sirvo de um pedaço de pizza.
— Nada que eu não tenha conseguido contornar. — Pega a garrafa de
vinho e nos serve uma quantidade generosa.
Provo um pedaço da deliciosa comida em minhas mãos, e gemo em
contentamento quando o queijo derretido, junto com o pepperoni, tocam
minha língua. Puta merda! Não tem nada melhor do que comer pizza.
— Nunca pensei que sentiria ciúmes de um pedaço de pizza.
Foco meus olhos nos seus, e eles brilhavam de desejo em minha
direção.
— Se quiser eu posso gemer assim pra você depois. — Digo,
arqueando umas das sobrancelhas.
Aaron engole em seco e fica me encarando por longos minutos,
enquanto eu retribuo o gesto, sem dizer uma única palavra. Sem responder
minha provocação, mas com um sorriso em seu rosto, ele serve vinho em
nossas taças e me entrega uma delas.
— Que tal brindarmos?
— Sugestões? — pergunto o encarando por sobre a taça em minhas
mãos.
— A quebra de regras. — Levanta a sua.
Rindo em compreensão a suas palavras, toco em sua taça bem de leve,
para em seguida tomar um gole.
Assim que a bebida entra em contato com a minha língua, fecho os
olhos para aproveitar melhor todos os sabores existentes. Primeiro sinto o
gosto doce, para logo em seguida sentir o sabor ácido. Os dois sabores estão
bem harmonizados e me deixa satisfeita pela escolha.
— Ótima escolha.
— Direto da adega de Bennett. — Responde com um sorriso travesso
enquanto leva a taça a boca e toco um gole em seguida.
— Espero que esteja pronto para escutá-lo reclamar com você até o
ano que vem. — Comento.
— É só eu dizer que foi por sua causa. — Coloca sua taça em cima da
mesa e se vira em minha direção.
— Vai me usar como desculpa, seu cretino? — estapeio seu braço o
fazendo rir.
— Mas é claro — alisa o lugar atingido. — Agora que são
amiguinhos, irei me aproveitar e muito disso.
— Vou desmentir todas as vezes que usar meu nome. — Aponto o
dedo indicador em direção ao seu rosto.
— Você não faria isso comigo. — Me puxa pela cintura quando tento
me afastar.
Tento voltar ao meu lugar, mas ele não deixa.
— Tem razão, não faria mesmo. — Dou uma mordidinha em sua
bochecha.
— Você realmente acabou de me morder? — aperta bem em cima do
ossinho da minha cintura, me causando cócegas.
— Para com isso — peço em uma mistura de súplica com gargalhadas.
— Só se me pedir desculpas. — Continua seu ataque.
— Tudo bem! Eu me rendo. — Me dou por vencida, sentindo falta de
ar e as bochechas dormentes. — Me desculpe.
— Desculpo — faz um carinho em minha bochecha com a pontinha do
seu nariz. — Mas só porque está gostosa nessa roupa. — Morde meu
queixo enquanto desce sua mão pela minha cintura, até a altura da minha
bunda e a aperta com força.
— Isso porque não me viu sem elas — passo as mãos nos cabelos em
uma tentativa de domá-los.
Me ajeita em seu colo, juntando nossos corpos ao limite.
— Pare de me provocar, Linda. Estou tentando ser um cavalheiro hoje.
— E está conseguindo. — Respondo apontando para a mesa à nossa
frente.
— Pelo menos não foi um fracasso total. — Da de ombros. — Esse
era meu único medo. — Seu rosto assumiu uma expressão de derrota.
— Aaron — seguro em suas bochechas e o faço me encarar. —
Mesmo que ficássemos só nós dois dentro de um quarto comendo pipoca e
vendo filme seria perfeito e sabe por quê? — Pergunto e o vejo negar com a
cabeça. — Porque eu estaria com você.
Digo de uma vez sem medo do que ele pode achar.
Cada vez mais, estou permitindo que ele entre em meu coração sem
medo algum. Aaron aos poucos está quebrando todas as minhas barreiras e
me dando mais certeza ainda de que é o homem certo.
O vejo me encarar fixamente, ele diz:
— Li um dos seus livros preferidos. — Me pega totalmente de
surpresa.
— O que? Mas você nem gosta muito de ler — relembro.
— Mas por você eu acabei lendo alguns. — Comenta.
Tem como esse homem ser mais perfeito?
Puta merda Aaron.
Por que você está complicando minha vida dessa maneira?
— Tudo bem, então. — Concordo depois de um tempo. — Quero ver
se leu mesmo.
— Ele é um sociopata, Holly — diz com indignação.
— O sociopata mais lindo e apaixonado de todos. — Respondo e
acabo rindo quando aperta a ponta do meu nariz.
— É sério isso? — aperta minhas bochechas e acabo fazendo
biquinho. — Ele torturou um bebê.
— Mas ele mereceu — inclino um pouco a cabeça para conseguir vê-
lo melhor.
— Jura que está defendendo-o? — Seus olhos arregalados me dão
vontade de rir. — Ele é louco, eu estou dizendo.
— Você leu Estilhaça-me todo, para estar falando isso?
— Não, mas só o primeiro foi suficiente para chegar à conclusão de
que ele é maluco. — Responde e volta a fazer um carinho em meus cabelos.
Depois que terminamos de comer nossa pizza e os deliciosos
morangos com chocolate, nos deitamos no sofá, comigo em seu colo e
passamos a conversar sobre tudo. Desde os meus tempos de escola, claro
que pulei a parte do Theodore, até minha relação com meus pais e agora
estamos conversando sobre livros.
Ainda não acredito que ele leu meu livro preferido da vida toda.
— Nem acredito que me fantasiei dele — volta a falar chamando
minha atenção. — As coisas que não faço por você.
Gargalho tanto que sinto minha barriga doer pelo esforço, e
contagiado por mim, não demora muito para que ele me acompanhe e cai na
gargalhada também
— Você ficou sexy demais naqueles trajes. — Levanto enquanto
recupero o fôlego e me sento em cima de suas coxas.
— Mas isso seria óbvio, não é, Linda? — segura em meu queixo entre
o polegar e o indicador. — Já olhou pra mim? Eu sou perfeito de qualquer
maneira. — Suas palavras e seu tom de voz é tão convencido nesse
momento.
— Como você é convencido, garoto — fico de pé e estapeio seu braço.
— E você gosta de mim exatamente assim. — Repetindo o mesmo ato
que eu, ele segura em meu quadril e me puxa para perto de si. — Do
jeitinho que eu sou. — Aperta bem em cima do ossinho do meu quadril.
— Outra vez sendo convencido — dou impulso e como se já estivesse
esperando, ele me segura em seus braços e entrelaça minhas pernas em sua
cintura. — Não é, Bonitão? — Espremo suas bochechas entre minhas mãos.
— Eu disse alguma mentira?
Sua voz sai com um pouco de dificuldade.
— Nem um pouco — solto seu rosto e apoio minhas mãos em seus
ombros. — Eu amo o seu jeito de ser.
O encontro à espera de uma resposta para o que eu disse, e vejo seus
olhos brilham tanto, que podem ser confundidos com uma estrela.
Minha estrela.
Aaron é como um astro brilhante que vem iluminando minha vida
cada vez mais.
Meu Deus! O que ele está fazendo comigo?
O sorriso que vejo em seu rosto é tão grande que me pergunto se ele
não sente dor em suas bochechas. Sinto meu coração acelerar no peito
quando o vejo se aproximar, e de modo automático, beija meus lábios de
maneira delicada e simples.
— Acho que já está na hora de levar a donzela até seus aposentos. —
Suas palavras não passam de um sussurro em meu ouvido, me deixando
completamente arrepiada.
— Estamos no século XIX por um acaso, para que me leve até o meu
quarto? — Pergunto o fazendo sorrir.
— Sabe que sou um cavalheiro completo — se levanta comigo ainda
em seu colo. — E como cavalheiro, devemos encerrar a noite de hoje com
um simples e casto beijo.
Mais uma vez ele me faz rir.
Esse é um dos dons dele, me fazer gargalhar com uma facilidade
incrível.
— Bom, já que é assim — desço minhas pernas de seu quadril e por
ele ainda está me segurando, e sendo uns bons centímetros mais alto, meus
pés não tocam o chão. — Vamos subir então.
Me colocando no chão de uma vez, entrelaçamos nossas mãos e
subimos até meu quarto.
— Não acha melhor arrumarmos tudo antes? — pergunto quando
chegamos em frente à minha porta.
— Pode deixar que cuido de tudo depois. — Nos viramos de frente um
para o outro e passamos a nos encaramos como dois adolescentes no
começo do namoro. — É aqui que deixo você.
— Obrigada pela noite, Aaron. Esse foi o encontro mais perfeito que
eu já tive. — Digo enquanto brinco com os dedos da minha mão.
Estou nervosa como nunca me senti antes.
Isso é estranho e bom ao mesmo tempo.
Ficamos em silêncio encarando um ao outro. Palavras não são
necessárias nesse momento.
— Bom, então... — aponta para trás. — Eu já vou indo.
— Boa noite, Gibi — desejo sorrindo.
— Boa noite, Carma — sorrindo comigo, se aproxima e beija minha
testa. — Até amanhã, Linda. — Se despede indo para o seu quarto.
Seguindo seu exemplo, abro a porta atrás de mim, entro em meu
quarto, me jogo em cima da cama e passo a reviver tudo o que aconteceu
hoje.
Não acredito que ele fez tudo isso por mim.
Um encontro.
Eu ganhei um encontro, e mesmo que tenha sido dentro de casa, foi o
melhor encontro da minha vida. Mesmo no improviso, foi tudo perfeito.
Olho para o lado e vejo meu celular em cima do travesseiro. Estico um
pouco a mão para pegá-lo e quando o tenho comigo, abro o bloco de notas,
e sem pensar muito risco o último item.
Não ir a encontros.
Leio e releio a lista tantas vezes que perco a conta.

Não ser exclusivos


Não ficar de casalzinho
Não ficar mandando mensagens bobas
Não ir a encontros
Não transar sempre
Não dormir juntos
Não ir ao cinema/ver filmes juntos
Não comentar nas postagens em redes sociais
Nada de beijos em público

Ele conseguiu.
Aaron quebrou todas as regras que propus a nós dois.
Quando fiz essas regras, eu não queria me envolver com ninguém, mas
lá no fundo, essas eram atitudes que eu gostaria que alguém fizesse comigo.
Mesmo eu tendo namorado com alguém no passado, nunca tive a sensação
de viver isso. Então, sim, acabei fazendo regras que sabia que ele quebraria,
e acabo me dando conta de uma coisa.
Caralho! Eu estava completamente apaixonada por ele.
Como fui boba de tentar sufocar o que estava crescendo dentro de mim
sem controle, mas agora não serei mais. Desde o momento em que o vi,
senti algo como nunca antes, e quando começou a quebrar as regras de
propósito, eu não tive chance alguma. Eu tinha sido conquistada
Decidida, olho para a tela do meu celular mais uma vez e já sei que
decisão devo tomar. Com o celular em mãos, sigo em direção a porta e
quando a abro, sou surpreendida por Aaron parado a minha frente.
— O que está fazendo aqui? — Pergunto com meu coração batendo a
mil.
— Estava vendo uma coisa importante em meu quarto e fiquei
pensando se deveria vir aqui te mostrar ou não. — Aperta o celular na mão
e já consigo imaginar do que se trata.
Será que somos parecidos até nisso?
— O que quer me mostrar? — pergunto engolindo todo o nervosismo.
O vejo respirar bem fundo antes de dizer alguma coisa.
— Desde quando você criou essas regras, eu tinha o plano de quebrar
todas elas. — Conta.
— Eu sabia que tinha aceitado rápido demais. — Respondo o fazendo
rir.
Sorrindo, ele olha para o celular em suas mãos por um tempo, até que
volte a me encarar.
— A cada nova regra que eu quebrava, eu sentia uma esperança
crescer dentro de mim — mostra em seu celular uma lista completamente
riscada igual a sua. — E hoje consegui quebrar a última delas.
— Esperança de que? — pergunto engolindo em seco.
Minha garganta está presa em um nó tão apertado, que me pergunto
como consigo fazer com que minha voz saia.
— De que no final eu finalmente conseguiria fazer com que se
apaixonasse por mim — se aproxima a passos lentos. — Da mesma maneira
que eu sou apaixonado por você.
— Aaron — minha voz não passa de sopro.
Eu sabia que ele nutria sentimentos por mim, não era nem uma idiota,
mas não imaginava que ele tivesse se apaixonado e saber disso, acaba me
trazendo uma sensação de alívio e relaxamento, que nunca senti antes.
— Eu sei que você não está à procura de relacionamento agora, mas eu
precisava te dizer de uma vez tudo o que sinto por você — segura em meu
rosto com as duas mãos, chamando minha atenção de volta para si. — Eu
sou completamente louco por você. Não consigo me ver mais sem ter você
ao meu lado. Eu acordo e vou dormir pensando na maneira que seus olhos
brilham quando sorri, quando morde os lábios quando está concentrada
lendo, ou o jeito que morde a caneta quando está pensando em um post. —
Começa a fazer um carinho tão leve e gostoso em minhas bochechas que
mal sinto seu toque. — Você se impregnou em mim de uma forma tão
intensa, que não consigo mais passar um dia sem ter a certeza que tenho
você, assim como você me tem. — Foca seus olhos brilhantes nos meus. —
Desde o primeiro momento em que seus olhos atrevidos cruzaram com os
meus naquela festa, eu sabia que faria de tudo para te tornar minha. Através
do seu olhar, eu me vi completamente rendido por você, Linda.
Meu Deus do céu! Como faz o cérebro funcionar agora? Ele realmente
sabe como me tirar de órbita. Nesse exato momento, meu coração bate
enlouquecido em meu peito, minha barriga encontra-se revirada, e eu não
sei o que dizer agora. Nem ligo se ele não se lembra do que conversamos no
telefone aquela noite em que estava bêbado.
Em uma tentativa de dar um tempo para que minhas emoções se
acalmem, cubro suas mãos com as minhas e passo a acariciar sua pele
gelada pelo nervosismo. Encaro seus olhos e vejo que ele necessita que eu
diga algo, independente do que quer que seja. Então, mandando o medo
para longe eu me abro com ele.
— Sabe? — Digo olhando em seus olhos. — Eu acabei vivendo uma
experiência que não estou pronta para contar ainda, me desculpa. — Peço e
o vejo negar com a cabeça como se pedisse para que eu não me
desculpasse. — Eu não queria me relacionar com ninguém, mas então você
apareceu e mudou tudo sem que ao menos eu percebesse.
— Holly...
O impeço de falar colocando os dedos em seus lábios.
— Aaron — faço um carinho em seu lábio inferior, usando meu
polegar. — Além de quebrar todas as nossas regras, você se instalou em
meu coração para não sair mais. — Puxo bastante ar para os meus pulmões
antes de continuar. — Você se vestiu como meu personagem preferido,
passou a se interessar e até ler livros de romance, por minha causa. — Volto
a fazer carinho em sua bochecha. — Cuida de mim como ninguém e sem
saber, você tem me ajudado a curar feridas que ainda estavam abertas e que
eu tentava esconder. — Tomo fôlego mais uma vez. — Nunca imaginei que
encontraria uma pessoa tão oposta a mim, mas que me completasse de uma
maneira única. Eu me apaixonei por você
Me pegando de surpresa, ele me ergueu em seu colo e junta nossos
lábios em um beijo apaixonado. Aaron busca minha língua e quando a
encontra, passa a ditar o ritmo que ambas se entrelaçam. Minha pele
queima, minha barriga se revira toda.
Preciso ser dele agora mesmo.
Como se ouvisse meus pensamentos, ele anda em direção ao seu
quarto.
— O que está fazendo? — pergunto com nossos lábios ainda unidos.
— Te levando para o meu quarto.
— Não era você que dizes que seria um cavalheiro? — entrelaço
minhas pernas em sua cintura.
— Isso foi antes, Linda. — Morde meu lábio inferior. — Nesse
momento o único ato de cavalheirismos que terá é que deixarei que goze na
minha boca.
Quando você sentir o meu calor

Olhe nos meu olhos

É onde meus demônios se escondem


Demons – Imagine dragons

Eu vou conseguir.
Tenho que conseguir.
Meus olhos estão tão focados na tela do computador a minha frente,
que nem me mexo quando Hanna e Harry se sentam ao meu lado.
— O que está fazendo? — Hanna pergunta quando não os
comprimento.
— Tentando comprar o ingresso para o show do Imagine Dragons —
respondo sem levantar meus olhos da tela à minha frente.
Vai logo, carrega.
Estou sentada a bons minutos na fila de espera para comprar esse
ingresso e já estou ficando nervosa com essa demora toda.
Tem que dar certo.
Eu preciso conseguir esses ingressos.
— Tinha me esquecido desse show — Hanna diz mexendo em algo.
— Quando será?
— Daqui dois meses. — Respondo.
— Não sabia que gostava deles. — Harry é quem fala ao meu lado.
— Holly não gosta deles. Ela os ama enlouquecidamente. — Hanna o
responde.
— Tem bom gosto — Harry faz um carinho em meu braço. — Escutei
umas coisas deles já e os caras mandam muito bem.
— Eles são demais — olhos para eles rapidamente. — Nem acredito
que os verei de perto.
Isso se essa porcaria de fila virtual andar logo.
Por que é sempre um sacrifício quando vamos comprar um ingresso?
Poderia ser bem mais fácil, não é?
— Como está a fila? — Hanna pergunta se aproximando e apoiando o
queixo em meu ombro.
— Deu uma atualizada, mas já parou de novo. — Suspiro cansada.
— Tente se acalmar, Holly Mo — Hanna pede esticando sua mão em
minha direção e a entrelaçando com a minha.
— Só irei me acalmar quando tiver a confirmação de que irei. — Tiro
alguns fios de cabelo que insistem em cair em meus olhos.
Volto minha atenção para o site a minha frente e continua a mesma
coisa.
Que saco isso!
Já está repetitivo demais essa merda.
Quando essa droga vai andar?
Minha bunda já está quadrada e dormente de tanto tempo que passei
sentada nessa cadeira.
Atualize logo, droga!
Mexo em meu mouse e não sem querer, acabo atualizando a página
que estava e quando ela é carregada novamente, tenho vontade de gritar o
mais alto que consigo.
Mais que porra!
Como isso pôde acontecer?
Um segundo.
Um mísero segundo que essa página atualizou e acabaram os
ingressos?
Jogo meu corpo com força na cadeira e encaro a tela à minha frente. A
palavra esgotado não para de zombar de mim nesse momento.
Que vida filha da puta.
Adeus show da minha banda preferida.
Adeus sonho de ver aquele homem maravilhoso cantando em cima de
um palco, sem camisa e todo suado.
— Ei, o que aconteceu? — Harry pergunta tocando em meu ombro. —
Você vai chorar? — Volta perguntar assim que o encaro.
Esse bolo na garganta é vontade de chorar?
Se for, então sim, eu vou chorar.
— Holly, o que aconteceu? — Hanna vem até mim e se abaixa ao meu
lado.
— Esgotou — aponto para o computador à minha frente.
Minha voz é baixa e desapontada.
— Mas já? — Harry pega o notebook e vira em sua direção. — Você
não estava na lista de espera?
— Estava — resmungo. — Mas acho que a internet não estava
rodando direito, porque atualizei a página sem querer e quando ela voltou,
estava dizendo que não tinha mais nada.
— Sinto muito — faz um carinho em meus ombros tentando me
reconfortar. — Sei que queria muito ir.
Me acomodo melhor para receber seu afago.
Tirando Aaron, não gosto muito de ter contato físico com as pessoas,
mesmo se for minha melhor amiga. É meu jeito, não tenho como mudar.
Mas nesses momentos em que fico chateada com alguma coisa, mesmo que
seja pelo motivo mais besta como perder a venda de algo que eu queria
muito, ou algo mais sério, sempre correrei para os braços dela. Hanna tem o
dom de me acalmar como ninguém.
— Está tudo bem — me afasto um pouco.
— Você pode tentar da próxima vez. — Harry faz um carinho em meu
ombro bem de leve.
— É, pode ser — concordo. — Vou guardar isso lá em cima
Fecho o notebook e sigo em direção a saída da cozinha.
— Não fica muito tempo lá em cima, tá? — Hanna se levanta. — Vou
fazer cupcake.
— Tudo bem, já desço. — Afirmo com a cabeça e sigo em direção ao
meu quarto.
Saco, meu dia estava indo bem até agora.
Muitos podem achar essa minha reação bem infantil, mas quando se
ama alguma coisa do jeito que eu amo aquela banda, e não poder fazer uma
coisa que estava esperando meses para se fazer, é frustrante demais.
Então sim. Estou sendo mimada nesse momento por está quase
chorando porque não veria ele de pertinho ou gritaria até perder minha voz.
Passo pelo corredor, e estou seguindo em direção ao meu quarto,
quando vejo Bennett parado ao lado de sua cama.
— Não sabia que estava em casa — digo parado em sua porta.
— Acabei de chegar — faz um sinal para que eu entre. — Está tudo
bem? — Pergunta depois de me encarar por alguns instantes.
— Sim — respondo entrando em seu quarto. — Por que a pergunta?
— Você parece chateada.
— Ah, isso — me aproximo mais e me sento em sua cama sem pedir
permissão. — Não consegui comprar uma coisa que eu queria muito.
Faço um gesto como se não fosse nada, enquanto olho à minha volta.
Diferente do meu quarto, que é uma zona de guerra, o de Bennett é
milimetricamente arrumado. Desde os lençóis bem esticados, que agora
encontram-se enrugados, já que estou sentada em cima, seus travesseiros
são bem fofinhos, sua escrivaninha só tem seu notebook e um porta retrato
que não consigo enxergar de onde estou e uma luminária. Provavelmente
para as noites que ele passa estudando.
É um bem quarto em tons de verde escuro.
— E o que foi?
Sua voz faz com que termine minha inspeção.
— O que? — pergunto confusa.
— Que você não conseguiu comprar?
— Ah! — me lembro sobre o que estávamos conversando. —
Ingressos para ver minha banda preferida.
— Imagine Dragons?
— Como sabe?
— Um cara do meu curso comentou que eles abriram a venda hoje,
então imaginei que seria eles. — Conta se sentando ao meu lado.
— Tomara que ela tenha mais sorte do que eu e consiga comprar os
ingressos. — Me acomodo na cama e cruzo minhas pernas.
— Também espero — encosta as costas na cabeceira, ficando com a
das pernas dobradas e a outra esticada e passa a encarar o nada.
Afirmo com a cabeça e o silêncio recai sobre o lugar, e aproveitando
esse momento, passo a estudar o homem à minha frente.
Bennett é bem bonito, que Aaron não me escute dizendo isso. Sua pele
clara colorida pelas diversas tatuagens espalhadas, seus cabelos e olhos
negros como anoite que se olhar bem, escondem algo.
O que será que ele esconde?
Bennett sempre foi o mais quieto de nós, nunca falando mais do que o
necessário ou em momentos que ele precisa intervir. Antes de ele passar a
morar com a gente, achei que ela era uma pessoa reclusa, que não gosta de
se misturar, mas assim que fui o conhecendo melhor, fui entendendo que ele
não se isola de propósito, ele só tem coisas demais em sua cabeça.
Como sei disso?
Seu olhos dizem muitas coisas.
— Está tudo bem? — pergunto de uma vez.
— Por que a pergunta?
— Assim como você viu que eu não estava bem, percebi que algo
também estava acontecendo com você.
Seus olhos ficam vagos de repente, e me preocupo de ter tocado em
um assunto delicado.
— Se não quiser me dizer, está tudo bem. — Toco em sua mão que
está repousada em cima de sua coxa.
Ele fica mais um tempo sem me responder e estou prestes a me
levantar, quando sua entrelaça os dedos nos meus, e com os olhos ainda
vagos, ele responde:
— Meu pai não é um homem muito legal comigo e com a minha mãe,
e sempre que volto para casa, sou obrigado a me lembrar disso. — Seu tom
esconde uma dor tão grande, que sinto meu peito se apertar.
— O que aconteceu? — pergunto preocupada.
Nunca tinha o visto tão mal assim.
— Só estou cansado de ter que aguentar tudo isso. — Responde de
forma rasa.
— Quer conversar sobre isso?
— Não se preocupe — aperta minha bochecha enquanto me encara. —
Está tudo bem. — Abre um sorriso ladino.
— Pare de mentira, Bennett. Está estampado no seu rosto que não está
nada bem. — Digo o encarando.
Bennett tem um sorriso carinhoso e até ouso dizer que melancólico.
— Você se parece com ela nesse momento. — Seu olhar é saudoso. —
Tirando Simon, ela era a única que se preocupava comigo.
— Ela quem? — pergunto curiosa.
Bennett fica em silêncio encarando o nada a sua frente, até voltar a
olhar para mim.
— A outra metade do meu coração e do de Simon. — Diz com o olhar
desfocado, como se estivesse perdido em memórias.
Nosso?
Fico curiosa para saber sobre quem ele está falando, mas se tem uma
coisa que aprendi sobre o cara à minha frente, é que não gosta de se abrir
com ninguém, a não ser com Simon.
E falando nele.
— Aaron sabe que está na cama com outro? — pergunta caminhando
em nossa direção.
— Ele terá que superar já que Bennett é meu novo preferido. —
Respondo me levantando na cama.
Simon e Bennett acabam rindo da minha resposta.
— E quanto a mim? — se aproxima. — Estou a séculos querendo
entrar no seu coraçãozinho e você só me esnoba. — Faz uma cara de choro.
— Desculpe, mas é que prefiro os tatuados — dou de ombros.
— Droga! Sabia que tinha que fazer mais tatuagens. — Apoia as mãos
em sua cintura. — Você vai me levar para fechar o braço ainda.
— Você fala isso a anos e nunca vai comigo. — Bennett se senta na
cama com as pernas para fora.
— Mas agora eu vou — aponta o dedo em direção ao amigo ou seria
melhor dizer namorado? Não sei ao certo. A relação deles é complicada
demais.
— Sei — Bennett responde como se duvidasse.
Olhando para eles, até que me lembram Aaron e Liam. Claro que sem
a pegação toda, mas a amizade que eles têm é uma coisa forte e única.
É bonito de se ver.
Eles se completam de uma maneira única.
— Espera — me viro em direção a Simon. — Você tem tatuagens
além da que fizemos?
— Uhum — afirma com a cabeça.
— Mas você não disse que nunca tinha feito uma? — pergunto um
pouco confusa.
— Eu estava bêbado e falar sobre ela me faz sentir saudades. —
Responde de maneira misteriosa.
Saudade? Do que? Porque eles dois tem que ele e Bennett tem que ser
tão misteriosos em alguns momentos, hein?
— E qual é? — olho para todo o seu corpo a procurar o desenho. —
Posso ver? — Tento a sorte.
Simon encara Bennett por alguns segundos, como se pedisse
permissão. Olho para o outro, sentando-se atrás de mim e vejo o exato
momento em que ele assente com a cabeça.
— Claro
Segura a barra de sua camisa e quando a tira, consigo ver a tatuagem
do Fuck U que fizemos ano passado. Subo mais meus olhos à procura do
desenho e encontro um pequeno livro aberto com o desenho de um girassol
e um taco de hóquei.
— Tem algum significado? — pergunto mesmo já sabendo a resposta.
— União — Simon não se estende muito.
Não é um simples desenho.
É um daqueles que você tem com alguma pessoa, e olhando bem para
todos os elementos envolvidos, arrisco dizer que Bennett é uma terceira
pessoa também tem essa mesma tatuagem.
Você me lembra ela.
Seria ela a dona do girassol?
Bem provável que sim.
Encaro os dois à minha frente e percebo a força de olhares que dão um
para o outro. Consigo sentir daqui que eles se amam incondicionalmente,
mas não são completos para viverem esse sentimento.
O que será que aconteceu com eles?
Onde estaria a outra metade que Bennett mencionou?
Perguntas que uma grande curiosa como eu não tenho respostas nesse
momento.
— Uma bela tatuagem — digo quebrando a bolha em que eles se
encontram nesse momento.
— Obrigado.
Os dois respondem juntos e acabam sorrindo um para o outro.
Com um sorriso estampado em meu rosto, olho de um para o outro.
— Qual é a dinâmica do relacionamento de vocês? — pergunto os
pegando de surpresa.
— O que? — Bennett pergunta envergonhado.
Espera.
As bochechas dele estão cotadas?
Estão sim.
Ah, mas não vou perder esse momento por nada.
— É ué — dou de ombros. — O que rola entre vocês? Namoro?
Amizade? Estão esperando a terceira parte de vocês? O que está rolando?
— Pergunto.
Bennett fica roxo de tanta vergonha enquanto Simon quase se joga no
chão de tanto rir.
— Holly você é a melhor — A voz de Simon sai com dificuldade pela
falta de fôlego.
— O que? Só sou curiosa, ué. — Digo olhando de um para o outro. —
E ai, vão me contar o que rola? — Tento mais uma vez.
— Não vamos contar nada sua curiosa — Bennett se levanta e aperta
meu nariz como se eu tivesse três anos de idade.
— Ah, qual é?! — Resmungo.
— Não adianta resmungar — faz um carinho em minha cabeça.
Das duas ou uma. Ou Bennett acha que sou uma criança ou que sou
sua irmã de cinco anos.
— Certo — me dou por vencida.
— O que você precisa saber é que nós amamos, só isso. — Me
responde piscando um dos olhos.
Nós amamos, hein?
O modo que ele disse é muito mais do que amor de amigos que se
pegam, é algo mais.
— Bom, já que só consegui arrancar isso de vocês— caminho em
direção a porta. — Eu vou indo.
— Vamos descer com você — Simon diz atrás de mim me fazendo
parar.
Juntos, saímos do quarto Bennett e quando o dono está fechando a
porta atrás de si, vejo Aaron vindo em nossa direção.
— Ei, o que estão fazendo com minha garota dentro de um quarto? —
corre em minha direção e me toma em seus braços.
Olha só o coração acelerado de novo.
— Estávamos dando um ménage de presente para ela. — É claro que
sim tinha que dizer isso era o Simon.
— É o que?! — Aaron grita me fazendo rir.
— O que? Ela não tinha esse sonho? — Simon o responde com a cara
mais lavada do mundo.
— Qual é a porra do seu fascínio com a minha mulher, hein? — Me
aperta mais em seus braços.
É errado minhas pernas estarem bambas só porque ele me chamou de
minha mulher? Se for, eu não estou nem aí.
— Ainda tenho esperança de roubá-la de você. — Responde rindo do
amigo.
Esses dois se provocam mais do que crianças. Não sei como Bennett e
Liam aguentam.
— Ora, seu… — Aaron me solta e vai em direção a Simon, mas
Bennett entra na frente.
— Parem de agir feito crianças, porra. — E o jeito sério dele ser
voltou.
— Ele quem começou
Simon e Bennett apontam um para o outro como duas crianças.
— Vocês são impossíveis — Digo. — Como aguenta eles? —
Pergunto seguindo Bennett.
— Me pergunto isso todos os dias. — Suspira enquanto desce as
escadas.
O acompanho, mas sou parada pelo chamado de Aaron.
— Ei, vai me deixar aqui largado e abandonado?
— Desculpa, Lindo — estico minha mão em sua direção. — Sua irmã
está fazendo cupcake e eu quero um antes que Liam coma tudo sozinho.
— Então vamos logo — Simon corre na nossa frente.
Rindo da ação do amigo, Aaron segura minha mão e vamos em
direção a cozinha antes que esses mortos de fome acabem com tudo.
Sobre os alvoroços

Sobre todo o barulho

E através de toda a preocupação

Ainda ouço sua voz


Us – James Bay

Puta merda!
Hoje é o dia em que brigaremos pela vaga na semifinal.
Se estou nervoso?
Pra caralho.
O medo de perdemos essa está tomando conta de todo o meu corpo.
Mal consegui dormir essa noite de tanto que me mexia na cama. Meu
colchão sempre tão macio e confortável, parecia ter pregos no lugar da
espuma.
Desligo o chuveiro e saio do box encharcado, sem me importar de
molhar tudo.
Pego a toalha branca pendurada em um gancho perto da porta e a
enrolando na cintura, sigo em direção ao meu quarto para me arrumar e
assim que tudo está em seu devido lugar, vou em direção à saída.
Estou prestes a fechar a porta atrás de mim, quando a porta do quarto
de Liam é aberta e Hanna sai de lá com os cabelos molhados.
— Papai sabe que está dormindo com seu namorado, Bonequinha? —
Acabo a assustando, já que não estava olhando para sua frente.
— Aí que susto seu idiota! — grita e leva a mão ao peito.
— Me chamou de idiota? Tsc — balanço a cabeça. — Não deveria ter
feito isso.
— O que? Por quê? — apoia as mãos na cintura e arqueia uma das
sobrancelhas.
— Porque você acabou me magoando demais — suspiro, fingindo
estar muito desapontado. — Agora terei que contar para o papai que você
está dormindo no quarto do Liam sem a permissão dele.
Hanna espreme tantos os olhos, que me pergunto se ela consegue me
enxergar.
— Você é insuportável, sabia?
— Agora sou insuportável? — pergunto apontando para meu peito. —
Antes do Liam chegar eu era seu príncipe.
— Isso mudou quando você começou a me irritar — estapeia meu
braço.
— Está me agredindo agora? — levo a mão ao local atingido. —
Aquele cretino fez sua cabeça contra mim, não é bonequinha? — Seguro
em sua bochecha com as duas mãos. — Perdi minha bebê.
Hanna tenta se segurar, mas acaba rindo de mim.
— O que aconteceu com você, hein? — tira minhas mãos de seu rosto.
— Dormiu sem a Holly?
— Como adivinhou?
— Você só enche meu saco quando ela está longe.
Estou sentindo um toque de ciúmes em sua voz?
Acho que sim.
Rindo de sua atitude, me aproximo dela e prendo meus braços em
volta dela.
— Está com ciúmes, bonequinha? — pergunto, beijando sua bochecha
enquanto ela resmunga tentando se soltar. — Seu irmão preferido promete
ter mais tempo para ficar com você.
— Você é meu único irmão, Aaron — relembra.
— Mesmo que você tivesse outro, eu seria o preferido.
— Sei — caminha em direção às escadas. — Se você diz. — Da de
ombros fingindo não se importa, mas acabo vendo o sorrisinho em seu
rosto.
Aperto meus passos para alcançá-la antes que suma das minhas vistas.
— Irá me ver jogar hoje? — apoio meu braço em seu ombro e
descemos as escadas lentamente.
— Irei pensar no seu caso — estapeia meu peito, pisca um dos olhos e
sai andando à minha frente

Sinto um corpo me prensar na parede de proteção do ringue com força


o suficiente para me levar ao chão, e escuto o apito do juiz soar um pouco
longe.
Mais que porra.
Olho para frente e vejo quem foi o culpado.
Que porra essa cara está fazendo?
Desde que o jogo começou, o cara com a camisa de número nove vem
dando encontrões em mim. E na maioria das vezes é sem motivo nenhum.
Como por exemplo a investida que ele acabou de dar em mim neste exato
momento. Eu não estava com a porra do disco e muito menos iria
interceptá-lo de alguém.
— Está tudo bem? — Liam pergunta ao se aproximar de mim.
— Sim — afirmo com a cabeça ainda encarando o babaca a minha
frente eu sorrio de uma força sarcástica.
Qual é a porra do problema dele, caralho?
— Tem certeza? — pergunta mais uma vez oferecendo a mão para que
eu me levante.
— Estou. — Respondo com mais grosseria do que eu queria.
Liam não tem nada a ver que esse cara me escolheu para cristo, mas
estou ficando tão puto com tudo isso, que não estou perdendo a paciência.
Eu sei melhor do que ninguém que o hóquei é um jogo violento, em
que os adversários iram fazer de tudo para ganharem a partida. Ainda mais
em uma que nos levará até a final. Mas as investidas dele já estão passando
dos limites.
— Você o conhece? — pergunta olhando para o mesmo lugar que eu.
— Nunca vi na vida — respondo o vendo se aproximar de seus
companheiros de time. — Mas parece que ele me conhece.
— O que quer dizer com isso?
— Que essas investidas estão sendo de propósito. — Ajeito meu
capacete e sigo em frente.
— Acha que está sendo perseguido por ele? — pergunta um pouco
confuso. — Mas por quê?
— Não sei — digo por fim.
Liam me analisa por alguns segundos, e acaba percebendo o quanto
isso está me afetando.
— Olha eu acho que não é nada demais — aperta meu ombro em um
pedido para que eu me acalme. — Estamos tento um jogo importante hoje,
é claro que eles farão de tudo para nos desestabilizar. — Aponta para o
campo adversário. — Tenta não cair na pilha dele, tá bom? — Pede me
encarando nos olhos.
Puxo o ar com o nariz, sentindo meu nariz arder por conta do ar gelado
e expiro bem devagar, formando uma neblina.
— Tudo bem — afirmo com a cabeça. — Vamos voltar para nossas
posições que o jogo vai recomeçar. — Digo quando vejo o técnico
adversário liberar um jogador.
Meu amigo segue para o lado contrário ao meu e em poucos segundos,
o jogo é retomado e Ryan consegue interceptar o disco rapidamente e a
briga por ele começa.
Coloco força em minhas pernas e sigo em frente até estar lado a lado
com Thomas, que acabou de pegar nosso disco de volta. Ele olha em volta a
procura de uma assistência assim que percebe que não conseguirá seguir em
frente por muito tempo sem perder o disco, quando grito por ele o avisando
que estou livre.
Sem pensar muito, ele lança o disco em minha direção com uma
pontaria incrível, e quando o recepto, não perco tempo e sigo em direção ao
gol. O goleiro adversário me encara pela grade protetora de seu capacete, e
mesmo que dificulte um pouco, consigo ver o olhar feroz com o qual ele me
encara.
Seguindo seu exemplo, o encaro com o máximo de arrogância possível
e quando me sinto preparado, dou uma tacada certeira no disco e comemoro
quando o vejo bater no canto superior esquerdo.
Com a visão periférica, vejo o número nove passar ao meu lado e
querendo provocá-lo um pouco como tem feito comigo desde que chegou
aqui, lanço um olhar superior a ele e recebo um olhar de ira em volta.
Levanto o dedo do meio bem alto e olho em direção aos torcedores, a
procura de Holly.
Com um sorriso tão gigante em meu rosto, que poderia rasgar minhas
bochechas, passo meus olhos pelo lugar, até achar minha irmã ao lado da
garota mais incrível desse mundo, e aponto o dedo indicador em direção a
ela, dedicando mais um gol, mas meu sorriso vai morrendo aos poucos
quando presto atenção em sua expressão.
Diferente das outras vezes que dediquei um gol a ela, Holly não pula
animada com um dos seus maravilhosos sorrisos estampados em seu rosto.
Sinto meu coração se apertar assim que reparo a expressão angustiada
que ela transmite. Seus olhos estão assustados por algum motivo. O que
será que aconteceu com ela?
A preocupação começa a tomar forma dentro de mim, mas nem tenho
tempo de pensar muito sobre o assunto, porque sinto um peso em minhas
costas e quase sou derrubado de novo no chão, mas diferente da última vez,
sinto o carinho e o cuidado que meus três melhores amigos têm em não me
machucar.
— É isso aí, Aaron! — Simon grita em meu ouvido e faz um carinho
em minha cabeça.
— Mandou muito bem, porra! — Liam dá tapinhas em minhas costas.
— É isso aí, cara — Bennett é mais cauteloso na comemoração, mas
não menos caloroso.
— Vamos levar esse time para a semi, porra — me viro para ele e o
abraço. — O sonho de um. — Estico minha mão para ele.
— É o desejo de todos — os três respondem em coro.
Mais uma vez, fazemos a promessa de seguirmos esse caminho até a
vitória juntos, e não será nem um babaca que me tirou para cristo hoje, que
irá me desestabilizar.
— Vamos terminar esse jogo — estico minha mão com o taco para a
frente.
Repetindo o mesmo movimento que eu, juntamos nossos tacos e o
batemos um contra o outro.
— Vamos — Bennett é o primeiro a se afastar seguindo por Simon e
Liam.
Seguindo em frente, vou até o meio do ringue para o início da partida
e assim que chego ao meu lugar de destino, vejo que lutarei pela posse do
disco com ele, o babaca número nove.
— Vocês estão prontos, Carson? — o árbitro pergunta olhando para
mim. — Taylor? — Olha para o cara à minha frente.
Quer dizer que seu nome é Taylor?
— Pronto — afirmo encarando o homem à minha frente.
— Mais do que pronto. — Responde com um sorrisinho besta
estampado em seu rosto.
O juiz joga o disco para cima e quando ele cai no chão, Taylor acaba
sendo mais rápido do que eu e o joga para longe em uma tacada certeira.
Estou prestes a me afastar, quando ele entra na frente me impedindo de
prosseguir.
— Então você é o novo cachorrinho dela? — me olha de cima a baixo
como se estivesse me estudando. — Aquela vagabunda não perde tempo.
— Do que você está falando? — pergunto confuso.
Esse cara está me confundindo com alguém?
Que porra ele está dizendo? É sobre quem?
— Eu vi vocês chegarem juntos — seu sorriso é sarcástico. — São um
belo casal, aliás. — Apoia um dos braços em cima do taco. — Não me
impressiona você está de quatro pela vadia. Holly sempre teve uma boceta
maravilhosa.
Sinto meu estômago embrulhar com suas palavras.
Que merda é essa que ele está falando?
Holly?
Eles se conhecem?
— Você a conhece? — pergunto tentando me controlar.
— Infelizmente sim — suspira se fingindo de cansado. — Pior decisão
da minha vida foi quando me aproximei daquela vagabunda, mas fazer o
que? — Dá de ombros. — Sou homem e a vagabunda era gostosa demais
para eu deixar passar. — Olha em direção às arquibancadas e sei que encara
o lugar onde ela está, mesmo sem seguir seu olhar. — Na verdade ela ainda
é uma grande gostosa. Pena que é problema demais.
Travo minha mandíbula e só percebo que estou apertando o taco em
minhas mãos, quando meus dedos ficam dormentes pela força que estou
usando.
— Qual é a porra do seu problema, caralho? — pergunto entre os
dentes.
Avanço um pouco em sua direção.
— Me diga uma coisa — ignora minha pergunta. — Ela ainda geme
como uma atriz pornô? — questiona com um sorrisinho sarcástico
estampado em seu rosto.
A ira toma conta do meu corpo de uma maneira tão forte, que trava
todos os meus músculos.
Quem esse filho da puta acha que é para chegar assim e falar essas
merdas da minha garota?
— Limpe essa boca para falar da minha mulher — aproximo nossos
rostos e tento ao máximo me segurar para não socar a cara dele nesse
momento.
— Que foi? não gosta de saber que não foi o único a comer aquela
vagabunda de todas as maneiras possíveis?
É a gota d’água.
Soco seu rosto com tanta força que acabo o derrubando no chão.
Taylor me encara atordoado enquanto segura o local atingido, e sem
dar chance de ele se recuperar, vou para cima do seu corpo.
O primeiro soco faz o nó dos meus dedos doerem.
O segundo quebrou seu nariz.
No terceiro, seus dentes cortam a pele já esfolada de minha mão.
O quarto e o quinto são dados em uma sequência rápida demais para
que ele possa se preparar e me atingir.
Não consigo me controlar.
Nesse momento, sou como um animal raivoso que quer exterminar
tudo que faça mal a mulher mais incrível que já conheci em minha vida.
Como ele tem coragem de dizer aquelas coisas absurdas sobre Holly?
Esse desgraçado.
Levanto minha mão para desferir mais um soco, mas sou impedido
pelo grito desesperado de minha irmã.
— Aaron, não!
Aos poucos, o transe em que eu estava vai se dissipando e passo a
escutar os gritos vindo das arquibancadas e sinto os braços de alguém
envolverem minhas costas e me puxa de cima do corpo estirado no chão.
— Que porra é essa, Aaron!? — Liam grita meu ouvido. — Está
maluco, caralho? — Seus braços me envolvem com tanta força que tiram o
meu ar.
— Eu... — minha voz é hesitante.
Me sinto confuso. Meu coração está acelerado de uma maneira tão
intensa que me tira o ar. Levo uma das mãos ao peito para tentar acalmar
meus batimentos, e sinto as articulações reclamarem.
O que foi que eu fiz.
Olho para o rosto de Taylor, e o sorrisinho sarcástico já não está mais
presente. O sangue escorre de seu supercílio aberto, um dos olhos está
inchado e seu nariz está um pouco torto e a blusa do seu uniforme está
ensopada de sangue que escorreu do seu nariz.
Eu fiz isso?
Olho em direção a que Hanna está, e a imagem que vejo faz meu
coração se apertar. Minha bonequinha está caída no chão de gelo, com o
rosto manchado de lágrimas negras por conta de sua maquiagem, mas o que
faz meu coração estilhaçar, é o olhar que Holly me lança parada ao lado da
melhor amiga.
— Holly — tento me levantar, mas Liam me prende no lugar. — Me
solta porra. — Me mexo bruscamente tentando me libertar, mas ele não
deixa.
— Você não vai a lugar nem um caralho. — Coloca mais força no
enlace.
Olho em direção a minha garota e meu coração se aperta ao vê-la tão
acuada assim, com as mãos em frente ao rosto e olhos arregalados, faz a
culpa pelos meus atos aumentarem.
Não tenho pena do que fiz com aquele babaca, ainda mais depois das
coisas horrendas que ele disse sobre ela, me sinto culpado pela minha perda
de controle. Principalmente agora que vejo Simon, Bennett e o nosso
técnico vindo em nossa direção.
— Carson, que porra aconteceu aqui!? — o Senhor Foster grita parado
à minha frente. — Você perdeu o juízo? Como você ataca uma pessoa
daquele jeito?
Sem conseguir manter o contato visual, olho para o lado contrário.
— Ele estava sendo provocado por aquele jogador desde o início do
jogo, treinador. — Liam tenta me defender, mas pela cara do homem à
nossa frente, ele não quer saber de desculpas nesse momento.
— Não me importa quem começou, Emerson, e sim que você acaba de
quebrar o nariz de um dos jogadores adversários. — Passa as mãos em seus
cabelos negros com alguns fios grisalhos.
— O que irá acontecer com ele, treinador? — Simon pergunta
preocupado.
Puta merda, Simon.
Se antes eu já estava me sentindo um merda brigão, agora estou me
sentindo um lixo.
Lógico que seria suspenso dos próximos jogos.
— Simon... — o chamo, mas Bennett me interrompe.
— Agora não é hora para isso. — Seu tom é mais sério do que o usual.
— O que acha senhor? — Pergunta encarando nosso técnico.
— Ele deve ganhar uma advertência — suspira. — Não se preocupem.
— Pede olhando para todos nós.
— Nós também? — Liam pergunta.
Nós?
Como assim nós?
— Vocês só afastaram aqueles que queriam revidar, então está tudo
certo.
Escuto suspiros de alívio.
— Melhor assim. — Vejo os ombros de Simon relaxarem.
Espera. Meus amigos me protegem de possíveis ataques? Como não
percebi isso?
Bom, pelo menos não sofrerei nem uma consequência drástica demais.
Me sinto mais aliviado de tomar só uma advertência, mesmo que minhas
ações tenham se excedido um pouco.
— Acho melhor você ir para o chuveiro, Carson. — O mais velho de
nós sugere. — Graças a você, o jogo ficou parado tempo demais. — Pede,
nos deixando para trás.
— Você está bem? — Simon é o primeiro a perguntar.
Afirmo com a cabeça com os olhos focados no gelo, já que a vergonha
de olhar para ele é grande. Sem dizer uma palavra e me mantendo de cabeça
baixa, me levando lentamente e no colo de Liam. Todo o meu corpo dói
pela tensão que o fiz passar.
— Melhor levá-lo, Liam — Bennett pede.
— Não sou uma criança — olho para ele. — Posso ir sozinho.
— Sei que não é criança, Aaron. — Olha em direção ao time
adversário.
Acompanho seu olhar e vejo três deles juntos olhando para nossa
direção.
— Entendi — digo sem me prolongar muito.
Sem esperar por Liam, dou impulso para frente. Estou encarando meus
patins rasparem o gelo aos poucos, quando escuto a voz dele ao meu lado.
— Fala para aquela vagabunda que fazer o namoradinho dela ser
suspenso não é nem um terço do que vou fazer com ela. — Levanto minhas
vistas em sua direção.
— Como é que é? — pergunto.
Será que ele já não apanhou o suficiente?
Abrindo um sorriso sarcástico, ele volta a dizer:
— Vou foder aquela vadiazinha do mesmo jeito que ela me fodeu. —
Prometo.
Cansado de suas ofensas para com Holly, sigo em sua direção, acho
que ele não apanhou o suficiente. Mas sou impedido por Liam, que segura
em meu braço me impedindo.
— Não cai na dele. — Pede.
— Ele está falando da Holly — respondo entre dentes.
— Eu sei — entra na minha frente quando faço menção de atacar. —
Sabe que ele está fazendo de propósito.
Fechando os olhos bem forte, passo a inspirar e expirar bem
lentamente até me acalmar de vez.
— Vamos nessa — peço, já me afastando e seguindo em direção a
saída.
Estou a poucos passos da saída do ringue, quando vejo Holly parada
ao lado de Harry e Hanna. Meu corpo paralisa no lugar e passo a encará-la
me perguntando o que aconteceu entre ela e Taylor, mas só de ver a tristeza
estampada em seu olhar, deixo todas as dúvidas de lado.
— Linda — balbucio indo em sua direção, mas acabo parando no
mesmo lugar quando a vejo balançar a cabeça e com lágrimas em seus
lindos olhos, sair correndo dali, me deixando completamente devastado.
Ela está com medo de mim? Logo de mim?
O que estaria passando em sua cabeça?
São tantas perguntas sem respostas, que me deixam louco.
Com os olhos presos em suas costas, a vejo se afastar até sumir de vez.
Sinto minha garganta se apertar, meus olhos marejarem e uma vontade
gritante de chorar.
Achei que meu coração estava partido antes, mas com o olhar que
Holly me lança, ele acaba de ser destruído.
Salve-me, eu sequer consigo me pegar, não consigo

Ouça os sons do meu coração

Está chamando por você, por si mesmo

Nessa preta escuridão

Você brilha esse tanto


Save Me – BTS

Corro o mais rápido que posso, tentando me afastar daquele estádio o


máximo possível. Sinto meu coração bater forte contra o peito, os ouvidos
zuniam me deixando tonta, e o revirar em meu estômago, acaba me
deixando com uma vontade enorme de vomitar.
O que Theodore está fazendo aqui?
Logo aqui?
As perguntas não param de surgir em minha mente.
Estava tudo ocorrendo bem essa noite. Coloquei a blusa com o nome
de Simon atrás para implicar mais um pouquinho com Aaron quando nos
encontrássemos e, até comprei umas cervejas e besteiras para nossa sagrada
festa em casa depois do jogo. Mas só foi árbitro dar início a partida, para
meu pesadelo começar.
O que ele estava fazendo aqui?
Acho que me farei essa pergunta pelo resto da noite.
Estou quase chegando no estacionamento, quando quase tropeço em
algo solto no chão e por pouco não vou ao chão porque recupero meu
equilíbrio antes.
Olho em volta e o local está completamente vazio, e com o silêncio
ensurdecedor, consigo reparar com mais atenção em mim.
Percebo minha respiração desregulada e ofegante demais para uma
simples corrida, estou tendo um ataque de ansiedade, então tento respirar
fundo, mas o ar não entra da maneira certa em meus pulmões, não importa
o que eu faça, e pensar no que ele possa ter dito a Aaron, acaba aumentando
meu nervosismo mais e mais.
Mesmo em um lugar aberto, me sinto presa e sufocando nesse
momento. Como se uma mão estivesse me enforcando.
Droga, o que eu faço agora?
Estou tão agitada nesse momento, que começo andar de um lado para
o outro, e só me dou conta disso quando a mão de Harry toca meu ombro.
— Holly...?
— O que está fazendo aqui, Harry? — me viro rapidamente sem dar
oportunidade de dizer algo. — Por que logo aqui? — Mesmo com a voz
afetada, é nítido o desespero presente nela.
— É ele, não é?
— Sim — desvio o olhar pela vergonha que sinto.
Sem conseguir me controlar, meus olhos ficam marejados.
Não acredito que estou prestes a chorar por conta desse desgraçado.
— Tenta se acalmar, Holly. Ele não irá fazer nada contra você. —
Hanna se aproxima de mim ao ver que estou prestes a me descontrolar de
vez.
— Eu não consigo — as lágrimas escorrem pelas minhas bochechas.
— Consegue sim — usando as duas mãos, ela segura minhas
bochechas. — Estamos aqui com você. — Aponta para Harry parado ao seu
lado.
Tentando me acalmar, puxo lentamente o ar pelo nariz e vou soltando
aos poucos pela boca. Faço essa repetição por três vezes seguidas, e me
sinto mais aliviada quando meus batimentos vão desacelerando.
— Está melhor? — Hanna pergunta.
Balanço a cabeça em negação.
— Mas tentarei ficar — respondo sentindo meu corpo pesado.
Estava tudo indo tão bem, estavam animados com o jogo de hoje,
nervosos é claro, ainda mais com uma partida tão importante como a de
hoje, mas estávamos confiantes de que levaríamos mais essa para casa e
poderíamos voltar e festejar loucamente como sempre fazemos depois de
um jogo. Mas tudo foi arruinado desde o momento em que vi o sobrenome
de Theodore estampado na camisa amarela e preta.
Bastou um olhar, um mísero olhar para eu saber que meu pior pesadelo
estava de volta. Meu corpo todo paralisou no lugar e me perguntei diversas
vezes se estava louca, mas infelizmente não, ele realmente estava ali, e para
piorar, dando investidas cada vez mais fortes em Aaron.
Meu Deus! O Aaron.
— Hanna, como está seu irmão?
— Não sei — seus olhos demonstram preocupação. — Não o vi
depois que você saiu correndo.
Merda.
Suas palavras são como um gatilho para minha mente perturbada, e
passo a reviver o exato momento em que ele atacou Theo com toda sua ira,
e o olhar devastado que ele me lançou assim que me afastei.
O que será que passa em sua cabeça nesse momento?
Seria medo da minha reação?
Me pergunto o que Theo disse a ele para ter recebido uma ação tão
agressiva de Aaron. Sei que não foram só por conta das provocações que
ele vinha sofrendo desde o início, do meu ex.
O que ele fez?
Por que ele simplesmente não some da minha vida?
Não já me ferrou o suficiente?
— Holly, se acalme. Você está hiperventilando de novo. — Sinto a
mão de Hanna fazer um carinho em minha costa.
Olho para ela é só agora percebo que o ar voltou a ter dificuldade de
encher meus pulmões.
— Eu preciso sair daqui — digo sem fôlego.
— Vamos, Holly Mo. Liam deixou a chave do carro comigo. —
Balança a mesma em frente ao meu rosto.
Concordando com a cabeça, dou um passo em direção ao
estacionamento, mas minhas pernas vacilam um pouco, deixando aparente
as sequelas do ataque de ansiedade que tive e ainda estou tendo, e só não
vou ao chão porque Harry é mais rápido e me segura.
— Você está bem? — pergunta preocupado.
— Minhas pernas estão um pouco fracas — respondo. — Se esperar
um pouco eu consigo andar até lá.
— Nada disso — nega com a cabeça. — Te carregarei até lá.
— Harry, não prec…
Sem deixar que eu conclua, ele se abaixa, enlaça minhas pernas, apoia
o outro braço em minhas costas e me levanta como se eu não pesasse nada.
— Olha, temos um cavalheiro aqui — Hanna faz um comentário
engraçado, tentando descontrair o clima tenso.
— Cavalheiro e forte — digo, tocando no braço do meu amigo. —
Olha esses bíceps, Hanna Mo. — Aperto o local e mesmo sem forças, sorrio
quando vejo suas bochechas corarem.
— Parem com isso. — Pede, virando o rosto para o outro lado.
— Ah, ele está com vergonha — Hanna tenta beliscar suas bochechas,
mas dou tapinhas leves em suas mãos.
— Se ele me deixar cair, eu mato você. — Ameaço.
— Parece que nossa diabinha voltou, Harry. — Hanna brinca enquanto
levanta as sobrancelhas de maneira sugestiva.
— Logo, logo ela manda a gente ir para aquele lugar — ri do seu
comentário.
— Se me irritarem mandarei vocês irem para um lugar muito mais
escuro — respondo apontando para os dois.
Harry e Hanna riem da minha resposta e mesmo que seja por um
mísero momento, me sinto mais leve graças a esse momento com eles.
Mesmo que a dor e a vergonha voltem com força totalmente quando eu
fechar a porta do meu quarto e me deitar na cama, me sinto grata por estar
com eles nesse momento.

Termino de pentear meus cabelos e com eles ainda molhados, sigo em


direção a minha cama e me sento apoiando as costas na cabeceira.
Meu corpo está completamente dormente. Tenho a sensação de que
passei o dia inteiro com peso amarrado em meus braços, pernas e cabeça.
Estou tão exausta nesse momento que poderia dormir por dias seguidos.
— Está melhor agora? — Hanna pergunta fazendo um carinho em
meu tornozelo.
— Um pouco — minha voz não passa de um sussurro.
— Tem certeza? — Harry pergunta me encarando parado em frente a
minha cama.
Assinto com a cabeça já que até as forças para falar eu estou perdendo.
Vejo meus amigos se entreolharam com pena e preocupação
estampada em seus olhos, e sinto meu estômago se contorcer.
Esse era um dos motivos de não querer que ninguém soubesse sobre
minha história com Theodore e o que ele fazia eu sentir. Nunca gostei de ser
alvo de pena de ninguém, mas parece que agora isso irá acontecer mesmo
sem meu querer.
— Não precisam se preocupar comigo — me ajeito na cama e puxo a
coberta até a altura do meu quadril.
— Sempre iremos nos preocupar com você, Holly. — Hanna caminha
em minha direção e se senta ao meu lado.
— Mesmo que você não queira. — Harry dá a volta na cama e se senta
perto do meu pé.
Abro um sorriso fraco e encaro cada um deles, mas não digo nada.
Percebendo meu silêncio, Hanna volta a dizer:
— O que acha de ver um filme para se distrair?
— Acho melhor não — nego, me aconchegando na cama e acabo me
deitando de uma vez. — Só quero ficar assim um pouco.
— Mas você não…
Hanna tenta contestar, mas Harry a impede com um balançar de
cabeça.
— Quer que a gente deixe você sozinha um pouco? — ele pergunta.
— Sim — respondo de uma vez e me sinto aliviada por ele estar
sugerindo isso.
Não queria me sentir uma vaca ingrata por não querer eles perto nesse
momento, mas como um animal ferido e acuado, prefiro lamber meus
machucados sozinha.
— Tudo bem então — Concorda se levantando da cama. — Ficaremos
lá embaixo caso precise de alguma coisa, tá bom? — Harry diz e chama
Hanna para descer com ele.
— Ok — respondo.
Vejo Hanna travar um conflito consigo mesma sobre ficar ou não
comigo nesse momento, mas ela acaba seguindo o conselho de Harry e
saindo do quarto, mas não sem antes beijar meus cabelos úmidos e deixar
claro que se precisasse, era só chamar por ela.
Assim que escuto a porta bater, seguro as pontas do edredom, cubro
minha boa parte do meu rosto, só deixando meus olhos de fora e fico
pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo.
Em poucos minutos, sinto meus olhos pesados e mesmo que eu lute
contra, eu acabo os fechando e permito que me compro relaxe de uma vez.
Estou quase me perdendo em sonhos, quando meu celular toca me
despertando.
Reluto e muito até pegar o celular para responder, mas assim que
percebo que as notificações de mensagem não param de chegar, decido ver
quem é.
Só de ver o novo nome que coloquei em seu contato brilhar, meu
coração dispara de saudades e nervosismo.
Me sento no colchão e continuo a ler as mensagens que ele vai
enviando.
Mesmo sem estar ao seu lado, sei que ele se sente hesitante com o
pavor que ele está sentindo. Aaron manda uma mensagem atrás da outra em
desespero. Também pudera, não é? Como queria que ele reagisse depois
que fugi dele? Muito provavelmente ele acha que estou com medo dele por
conta da sua explosão.
Estou me preparando para enviar uma resposta a ele, quando mais uma
mensagem chega.

Não é só ele que precisa contar algumas coisas hoje. Olho em direção
a minha janela, e encarando as estrelas peço coragem para trazer a pior
parte de mim à tona.

Respondo sua mensagem de um modo simples e passo a esperar que


ele venha até mim.
Porque já te machucaram antes

Posso ver nos seus olhos

Você tenta afugentar isso com um sorriso

Algumas coisas não se disfarçam

Não quero partir seu coração

Talvez eu possa aliviar a dor, a dor

Então, deixe-me dar um tempo ao seu coração, ao seu coração


Give Your Heart a Break – Demi Lovato

O nervosismo é tanto que faz minha mão tremerem com uma


intensidade absurda. Meu coração está tão acelerado que respirar se torna
uma tarefa quase impossível. Nunca me senti tão nervoso como estou agora,
e os pensamentos que rondam minha mente não ajudam em nada a me
acalmar.
Me sinto completamente ansioso só de imaginar o que me espera lá
dentro.
Fecho meus olhos, e respirando bem fundo, mando o medo que sinto ir
embora, bato em sua porta avisando sobre a minha chegada, e a abro logo
em seguida e assim que a vejo parada no meio do quarto e meus olhos
embaçados pelas lágrimas focam nos seus, sinto um bolo se formar em
minha garganta.
— Linda…
É o que consigo dizer tento um bolo enorme preso em minha garganta.
Dou um passo para a frente, como fiz antes, à espera de sua reação e,
quando vejo que ela não recua, me sinto mais aliviado.
Estou prestes a caminhar até ela, quando acaba me pegando de
surpresa ao vir em minha direção e se jogar em meus braços. Os
movimentos são tão repentinos, que só tenho reação para a segurar em meus
braços e dar alguns passos para trás evitando uma queda.
Envolvendo minha cintura com suas pernas, ela esconde seu rosto em
meu peito e intensifica o enlace de seus braços em meu pescoço. Nossos
corpos estão tão colados nesse momento, que o frio que sentia antes pelo
nervosismo, vai amenizando com o tempo, e os batimentos do meu coração
vão desacelerando até voltarem ao normal.
Esse é o efeito que Holly tem sobre mim.
Basta um abraço para que todo o caos dentro de mim se acalme.
— Você está bem? — sua voz sai abafada.
— Agora que a tenho em meus braços, sim. — Escondo meu rosto em
seu pescoço e sinto algumas lágrimas teimosas escorrerem pelo meu rosto e
desaparecerem em seu ombro.
— Aaron? — tenta se afastar um pouco, mas a seguro mais forte, não
deixando que se afaste.
Ela não pode se afastar neste momento. Não agora que estou tão
vulnerável.
Atendendo ao meu pedido, Holly me leva uma das mãos até meus
cabelos e deixa que eu chore como uma criança em seus braços.
Eu choro pelo medo de perdê-la, pelas coisas horríveis que aquele cara
disse sobre ela para mim e a certeza de que ela escutou a mesma coisa um
dia, choro pela raiva que sinto por ter deixado ela conhecer meu lado
violento, mas principalmente, choro pela garota completamente abalada que
encontrei ao entrar nesse quarto.
— Me desculpe — imploro se coragem de a encarar. — Eu não queria
ter assustado você.
— Você não me assuntou. — Responde ainda fazendo carinho nos
cabelos da minha nuca.
— Não minta pra mim, Linda — peço. — O olhar que você me lançou
lá no rinque ainda está vivo em meus pensamentos.
Me dá calafrios só de imaginá-la se afastando de mim.
Louco?
Sim, eu sou louco.
Louco pela mulher em meus braços.
Eu a amo demais, e só a sensação de a perder por conta de um
descontrole meu, me deixa assim.
— Não estou mentindo pra você, Aaron. — Interrompe o carinho e
finalmente consegue se afastar um pouco e me encarar. — Quando eu te
contar tudo o que aconteceu, entenderá que nunca foi por medo que eu fugi
de você. — Limpa os rastros que as lágrimas deixaram em meu rosto.
— Então por quê?
— Por vergonha — responde olhando para o outro lado.
O que?
Vergonha de quem?
De mim?
— O que quer dizer com isso? — pergunto chamando sua atenção para
mim.
Ainda sem me encarar, ela pergunta:
— Podemos nos sentar? — aponta para sua cama. — A conversa vai
ser longa. — Consigo sentir o cansaço em sua voz.
Algo me diz que não será nada fácil para ela me contar o que está
sentindo nesse momento.
Eu tenho uma leve ideia do que seja, e só de pensar nisso, sinto
vontade de ir atrás daquele babaca e socá-lo mais algumas vezes.
— Tudo bem — concordo.
Me sento em sua cama, e com ela ainda em meu colo, encosto a costa
na cabeceira e espero pacientemente até que esteja pronta para me contar o
que quer que seja.
Holly me encara por longos segundos.
A espera só aumenta minha ansiedade. Meu coração volta a bater
acelerado no peito, minhas mãos transpiram, o suor gelado desce pela
minha têmpora e se perde em minha camiseta branca.
Olho para Holly e consigo sentir seu nervosismo emanando. Tentando
acalmá-la um pouco e passar um pouco de coragem, seguro uma de suas
mãos, entrelaçando nossos dedos e percebo que assim como minha mão, a
dela também está completamente fria.
Com o polegar, começo a fazer um carinho em seu pulso bem
lentamente e acabo sentindo-o acelerado.
— Não precisa ficar nervosa — sussurro encantando nossas mãos
unidas. — Só me conte o que sentir vontade.
Olho em sua direção e a vejo confirmar com a cabeça e respirar fundo
diversas vezes.
Seja o que for que ela tem para me contar, está a deixando tão nervosa
quanto eu.
Não sei quantos minutos passamos encarando um ao outro sem dizer
uma única palavra.
Estou quase pedindo para deixarmos esse assunto para depois, quando
ela toma fôlego e começar a contar.
— Eu tinha dezessete anos quando conheci Theodore.
Ah! Então esse é o nome do babaca?
— No seu tempo, Linda. — Digo quando vejo a dificuldade que ela
está tendo em continuar.
Ela fecha os olhos, respira fundo mais uma vez e quando os abre, vejo
uma força enraizada dentro deles que nunca tinha visto.
Ela estava pronta para me contar tudo.
— Como eu disse antes, conheci Theo quando tinha dezessete —
começa a mexer em seus dedos em um claro sinal de desconforto. — Ele
era mais velho e não parou um segundo até que me convencer a ir em um
encontro com ele.
— Ele ficava te perseguindo? — pergunto me sentindo um pouco
agitado.
— Não, ele falava comigo no horário do almoço. — Responde.
Assinto com a cabeça e peço que continue a contar.
Engolindo em seco, Holly volta a relatar:
— Depois de muito pedir, acabei saindo com ele, e tenho que admitir
— me lança um sorriso fraco. — Foi o melhor encontro da minha vida.
Imagino que sim. O babaca tem cara de que faria de tudo para
impressionar para depois mostrar o grande idiota que ele é.
— E o que aconteceu depois? — pergunto.
— Começamos a namorar três semanas depois daquele dia. — Leva os
joelhos ao peito e os abraça. — Nossos primeiros meses juntos eram
mágicos demais. — Encosta o queixo no joelho e olho para um ponto na
parede atrás de mim. — Ele me comprava flores, escrevia cartas e colocava
na minha mesa, comprava meu almoço e sempre me esperava na hora da
saída.
Vejo seus olhos desfocarem aos poucos, e imagino que ela deva estar
voltando para aquele tempo.
Gostaria muito de fazer perguntas a ela, mas deixo que ela me conte à
sua maneira.
— Ele era o namorado perfeito, até mostrar quem era de verdade. —
Suas palavras e o tom de sua voz fazem meu coração se apertar.
— O que quer dizer com isso? — minha voz é hesitante como se eu
estivesse com medo do que está por vir.
— Depois que transamos a primeira vez, tudo mudo. — Foca seus
olhos em mim. — Theodore passou a querer me controlar em tudo, desde o
que eu comia até quem eu andava ou vestia.
Suas palavras abrem uma enorme ferida em meu coração.
Ela não vivenciou o que eu acho que vivenciou, não é?
— Holly — seu nome sai de maneira cautelosa.
— Claro que não percebi antes — dá de ombros dando uma risada de
escárnio. — Pra mim era só ciúmes. — Diz dando de ombros. — Quer
dizer, ele só não gostava de me ver perto de muitos garotos, isso é normal,
ele é meu namorado. Ele controlava o que eu vestia, isso também é normal,
ele só está me preservando. Esses eram os pensamentos que eu tinha que
me faziam aceitar suas atitudes.
A cada palavra que sai de sua boca, sinto um bolo crescer em minha
garganta e a raiva que tinha adormecido, queimar dentro de mim.
Filho da puta desgraçado!
— Holly, já chega. Não precisa me contar mais nada. — Peço,
enquanto tento engolir o bolo que se formou em minha garganta.
— Isso durou por dois anos inteiros — continua a contar como se não
tivesse escutado meu pedido. — Até que em um dia, em que iríamos sair
para uma festa, ele implicou com uma das minhas roupas. Segundo ele
estava justa demais para alguém que namorava. — Noto seus olhos
brilharem pelas lágrimas não derramadas e vê-la dessa maneira faz meu
coração ferido sangrar.
— Por favor, Linda. Já chega. — Peço, mas como da outra vez, ela
não me escuta.
— Discutimos feio naquele dia — vejo as lágrimas escorrerem pelo
seu rosto.
Sem consentimento, as minhas próprias acompanham as dela como se
compartilhasse da mesma dor, e na verdade eu acho que compartilham.
A dor de Holly é a minha dor.
— Naquele dia ele me deu um tapa no rosto pela primeira e única vez.
Escuto um choro sofrido e de dor e logo em seguida percebo que era o
meu choro de desespero.
Como ele pode fazer isso com ela?
Como?
Ele, o cara deveria cuidar e protegê-la da melhor maneira possível,
pode fazer uma atrocidade dessas.
Me estico um pouco, a seguro pelo quadril e a trago para mais perto de
mim, e encosto nossas testas uma à outra a faço um carinho em sua cabeça.
— Acho que já está bom, Linda. Não precisa me contar mais nada. —
Peço para que abandone essa história.
— Eu preciso de contar tudo, Aaron — olha bem fundo em meus
olhos. — Quero que saiba meus motivos para tê-lo evitado e pela minha
reação de hoje.
— Eu já entendi, Linda — limpo suas lágrimas. — Não precisa
reviver mais essas lembranças ruins.
Digo e a vejo balançar a cabeça em negação.
— Eu preciso contar de uma vez — segura minhas mãos que ainda
estão apoiadas em seu rosto. — Só assim deixarei tudo isso para trás.
Olho para ela mais uma vez e respirando fundo, e um pouco hesitante,
assinto com a cabeça.
— Tudo bem. — Digo.
Se afastando de mim, ela passa as mãos em seu rosto, limpando
qualquer vestígio de lágrimas.
— Bom, depois desse episódio — pigarreia para fazer sua voz sair
mais clara. — Eu terminei com ele e o expulsei de casa, e disse que nunca
mais queria vê-lo na minha frente. — Passa as mãos nos cabelos, os junta
no topo da cabeça e passa a torcê-lo até prender em um coque alto.
— O que ele fez depois?
— O que todos os abusadores fazem — olha em direção a janela do
seu quarto. — Pediu perdão, disse que não aconteceria mais, me xingou de
todas as maneiras possíveis. — Cruza os braços e volta a me encarar.
— Ele te ameaçou?! — minha pergunta é mais parecida com um grito
raivoso.
Me sinto puto da vida comigo mesmo por não ter socado o rosto dele
com mais força.
Aquele desgraçado.
Se ele estivesse na minha frente nesse exato momento, não iria sobrar
nada para contar história.
Nunca pensei que conseguiria sentir tanta raiva como estou sentindo
nesse momento.
— Por um tempo ele ficou me intimidando — faz um carinho em seus
braços, como se estivesse se acalentando. — Mas depois ele se afastou
quando disse a ele que contaria tudo ao meu pai e daria um jeito de ferrar
com a entrada dele para a faculdade.
— Ele parou depois disso? — pergunto a ela, que afirma com a
cabeça.
— Sim, ainda mais que ele iria entrar para o time da faculdade —
conta. — Acho que não queria uma mancha em seu currículo. Já eu só
queria esquecer de tudo e construir uma nova vida.
Termina de contar e o quarto cai em um silêncio profundo, enquanto
nós nos perdemos em nossos pensamentos.
Minha mente não para de girar depois de tudo o que ela me contou.
Nunca iria imaginar que essas coisas aconteceriam justo com ela.
Nesse momento eu não sei o que pensar, o que sentir, não sei de mais
nada.
Olho para a garota mais incrível e forte desse mundo, e vejo suas
bochechas coradas pela vergonha.
— Ei, olhe pra mim — peço, levantando seu rosto em minha direção.
— O que foi?
— É que agora que te contei tudo, sinto vergonha. — Conta,
desviando o olhar mais uma vez. — Sabia que você é a primeira pessoa que
eu conto a história verdadeira?
— Verdadeira?
— É — faz um jeito de afirmação. — Harry e Hanna sabem só a
metade e meus pais nem sonham que isso tenha acontecido comigo. —
Suspira cansada. — Só te contei tudo isso, Aaron, porque quero que saiba
que em nem um momento eu senti medo de você naquele rinque. — Sinto
urgência em sua voz. — E principalmente quero que saiba que o motivo de
eu não querer relacionamento era simplesmente pelo fato de tudo ser
recente ainda.
— Holly… — tento impedi-la de continuar, mas sou interrompido.
— Me deixe continuar — pede, tampando minha boca com suas mãos
pequenas e macias. — Nunca foi uma questão com você, Aaron. Era
comigo. — Suspira. — Eu precisava me curar naquele momento, e entrar
em um relacionamento não estava em meus planos. — Segura em minha
mão e passa a fazer carinho em meus dedos.
— Não precisa se explicar, Linda — entrelaço nossos dedos. — Eu
entendo seus motivos.
— Obrigada. — Desvia o olhar envergonhada.
Olho para ela e sinto que minhas entranhas se reviraram por conta do
olhar abalado que ela me lança.
Decidido a fazer com que ela não sinta mais vergonha de uma situação
que não tem culpa alguma, viro seu rosto em minha direção e a faço me
encarar.
— Holly — aproximo nossos rosto e beijo a pontinha do seu nariz. —
Você não tem que se sentir envergonhada de nada, e sabe o porquê? —
Pergunto e a vejo negar. — Porque você não tem culpa de nada. Ele que era
um canalha manipulador e que se aproveitou de você. — Beijo seus lábios
levemente. — Sua obrigação era proteger você, mas ele acabou sendo um
grande grande filho da puta. — Me aproximo e beijo suas pálpebras
fechadas. — Relacionamentos de verdade não são dessa maneira, e você irá
descobrir isso.
Ela me lança um sorriso franco, como se não acreditasse no que estou
dizendo a ela, e mais do que nunca, quero acabar com a vida de Theodore,
porque de uma maneira ou de outra, ele a marcou de um jeito que ela
lembrará desse momento por bastante tempo.
Cabe a minha fazer com que essas memórias ruins sejam substituídas
por novas, e é com esse pensamento que a puxo para se deitar comigo e a
aconchego em meus braços de uma maneira confortável, apoiando sua
cabeça em meu peito e fazendo escutar meus batimentos por ela.
— Posso dormir com você hoje? — pergunto fazendo carinho em seu
rosto.
— Agora você pede permissão, é? — se afasta para me olhar melhor.
— O que?!
— Ué, não é você mesmo quem finge pegar no sono para que eu não
te expulse do meu quarto? — Pergunta arqueando uma das sobrancelhas.
— Eu? — estendo um pouco a palavra me fazendo de inocente. —
Jamais fiz isso.
— Para de ser mentiroso, Aaron — estapeia meu ombro rindo e me
fazendo rir. — E admita que você faz isso todas as vezes.
Tento me defender de seu ataque de cócegas repentino.
— Por que está me torturando assim? — pergunto entra gargalhadas.
— Porque quero que assuma. — Responde enquanto continua com o
ataque.
Tento me segurar ao máximo, mas Holly pega pesado na hora de fazer
cosquinhas, e pega os pontos exatos onde sou mais sensível.
— Tá bom — eu me rendo. — Eu finjo que durmo para ficar com
você.
Como em um passe de mágica, o castigo cessa.
— Obrigada por assumir esse fato — volta a se aconchegar em meu
peito.
— Sua malvada — belisco o ossinho do seu quadril, então recupero
meu fôlego.
Rindo, ela dá tapinhas em minha mão, entrelaça sua perna na minha e
se aconchega para dormir. O quarto cai em um silêncio reconfortante e só
de escutar sua respiração tranquila em meu ouvido, eu finalmente consigo
me acalmar e relaxar de uma vez por todas até adormecer com a minha
garota.
Lance suas bombas e golpes

Mas você nunca destruirá a minha alma

Esta é a parte de mim

Que você nunca vai tirar de mim


Part Of Me – Katy Perry

Sou despertada por beijinhos em meu pescoço, bochecha e nariz.


— Acorda, Linda — me aperta em seus braços e tenta beijar mais
lábios, mas enterro o rosto no travesseiro.
— Não escovei os dentes ainda. — Digo com a voz rouca pelo sono.
— Como se eu me importasse com isso. — Morde a pontinha da
minha orelha.
— Mas eu ligo. — Viro meu rosto para o seu lado. — Vai sair?
— Sim — beija meus lábios de uma vez me pegando de surpresa. —
Hoje é dia de ir para o instituto.
Verdade.
Aaron combinou com Amanda de ir todos os sábados para lá.
— Como está sendo seu trabalho lá? — pergunto.
— Aquelas crianças são incríveis, Linda. — Conta e consigo ver o
olhar saudoso e feliz ao falar sobre eles. — Tem uma garotinha que me
lembra muito da Hanna quando pequena. — Volta a me encarar. — Ela é
tão esperta, e aprende rápido tudo o que eu ensino.
Cada vez que ele vai contando sobre a garotinha, sua animação vai
aumentando e sem perceber, acabo sorrindo.
— Fico feliz em saber que está gostando de lá — faço um carinho em
seu rosto.
— Eu também — morde meu queixo e se senta no colchão macio. —
Preciso ir, Linda. — Termina de calçar seu tênis e se levanta da cama.
— Jura que me acordou só pra me dar um beijo? — pergunto
arqueando uma das sobrancelhas.
— Eu precisava te ver antes de sair.
Suas palavras me desestabilizam em questão de segundos, e fazem
meu coração errar uma batida.
Aaron tem esse poder sobre mim.
Basta uma única palavra e já estou completamente derretida por ele.
— Certo — digo me sentindo um pouco envergonhada.
Outra coisa que só ele consegue.
Me deixar sem palavras.
Vejo um sorrisinho bobo em seu rosto e sei que ele percebeu como
conseguiu me afetar.
Penso que ele dirá alguma coisa sobre isso, mas ele muda de assunto
completamente.
— Quando eu chegar no final da tarde, a levarei em um lugar.
— Que lugar? — pergunto curiosa.
— É surpresa, então só saberá quando chegarmos lá. — Faz suspense.
— Sério que vai me deixar curiosa pelo resto do dia? — me levanto da
cama e apoio as mãos nos quadris.
— Mas é claro — cruza os braços em frente ao peito e sorri em minha
direção. — Qual seria a graça de não fazer isso?
Suspiro com tanta força que me pergunto se ainda tenho ar nos
pulmões.
— Posso saber que tipo de roupa devo usar? — pergunto.
— A que achar melhor, Linda. — Responde, e sei que suas palavras
significam muito mais do que ele disse agora.
— Quero saber se preciso levar algo mais quente ou mais fresquinho.
— Respondo.
— Ah! Então sugiro calças, casaco e luvas.
— Vai me levar para o gelo, Aaron? — junto os cabelos no topo da
cabeça e prendo os fios pesados em um coque.
Se me encara como se tivesse descoberto seu maior segredo.
— Jura que vamos ao gelo? — volto a perguntar.
— Não direi uma só palavra, pequeno Carma. — Se vira de costa e sai
do quarto em disparada me fazendo cair na gargalhada.
Esse garoto não existe.
Pequeno Carma.
Senti falta desse apelido.
Ainda rindo, balanço a cabeça e sigo em direção ao banheiro.

O cheiro de panquecas na cozinha faz meu estômago roncar.


— Espero que tenham deixado para mim — digo indo me sentando ao
lado de Bennett que toma um copo de suco, e apoio meu kindle em cima da
mesa.
— Eu guardei pra você. — Ele me entrega um prato contendo duas
panquecas e algumas frutas cortadas em cubinhos.
— Obrigada — lanço um beijo para ele depois de espetar um pedaço
de melão e comê-lo.
— Que isso? — Simon pergunta olhando de mim para o amigo. Está
querendo roubar meu homem, Holly? — Seu cenho está tão franzido que
mal posso ver seus olhos.
— Pode ficar tranquilo fofinho que já tenho meu tatuado preferido. —
Rindo, pisco um dos olhos para ele.
Hanna e Liam começam a rir da minha resposta para Simon e percebo
que tenta segurar uma forte gargalhada.
— Por que você é assim? — Bennett tomando mais um gole do seu
suco.
— Cuidando do que é meu, ué — dá de ombros.
— Ué, divide o Bennett com outra pessoa, mas não divide comigo?
Não entendi essa lógica.
— Divido ele só na cama bebê — se recosta na cadeira. — Como não
quis um ménage comigo, não terá ele também.
Quase engasgo com o suco que estava tomando.
— Acho melhor não falar sobre ménage comigo, fofinho. — Digo
esperando um pedaço de mamão.
— Aaron te castigou muito da última vez, não é? — Pergunta fazendo
um gesto sugestivo com as sobrancelhas.
— Você sabe que sim — sorrio.
— Meus Deus qual é o problema deles dois? — Hanna pergunta
olhando para o namorado.
— Eles dividem o mesmo neurônio, Moranguinho. Você queria o que?
— Responde a namorada enquanto adoça um pouco seu café.
— Não sei se aguento duas Holly’s na minha vida. — Hanna apoia a
cabeça no ombro de Liam, fingindo chorar.
— Que isso? Se fazendo na frente deles? — aponto para todos os
meninos. — A próxima vez que pedir pra ficar acordada com você
enquanto escrever vou mandar você ir a merda. — Pego um morango
inteiro e o mordo um pouco forte demais.
— Ai que horror — leva a mão ao peito. — Estava só brincando. —
Tenta me abraçar, mas me esquivo.
— Sem abraços, por favor.
— Ah! Quer dizer que os meus abraços você não aceita? — aponta
para o próprio peito. — Mas o do Aaron e do Harry tudo bem. — Faz
biquinho como se estivesse magoada.
Sem respondê-la verbalmente, com o garfo entre os dentes, dou um
sorrisinho e volto minha atenção ao meu café da manhã.
— Por falar em, Aaron. Onde ele está? — Simon pergunta.
— Foi dar aula no instituto — digo terminando de comer e tomando
um gole do meu suco em seguida.
— Ele está gostando mesmo de trabalhar lá, não é? — volta a
perguntar.
— E como — afirmo com a cabeça.
— Eu disse que lá era incrível. — Liam se pronuncia. — Quando você
está na companhia daquela crianças, não conseguimos pensar em mais nada
a não ser em como elas são mágicas.
— É verdade — Hanna concorda com o namorado.
Além dele finalmente está se ajeitando financeiramente, também é
uma maneira dele se distrair depois de ontem.
— Ainda bem que ele tem aquele lugar agora. — Bennett diz enquanto
se levanta da mesa. — Principalmente agora.
— O que quer dizer com isso? — Simon pergunta um pouco confuso.
— Ontem não foi um bom dia para ele — deixa seu prato dentro da
pia para depois encher sua caneca com um pouco mais de café.
— Ah, verdade. Ele não deve está nada satisfeito com o que aconteceu
ontem.
Simon comenta aumentando minha curiosidade e tenho vontade de me
estapear por não ter perguntado antes para ele tudo o que aconteceu.
Sei que a noite de nós dois foi um completo filme de terror, mas eu
poderia ter perguntado como estava se sentindo e o que foi decidido sobre
seu futuro no campeonato.
— O que aconteceu com ele depois do jogo? — pergunto olhando um
por um aí já volta.
— Aaron foi expulso da semifinal e se passarmos para a final... —
Liam é interrompido por Simon.
— O que irá acontecer.
— Isso aí — Liam concorda e volta sua atenção para mim. — Ele fica
fora também.
Droga, tudo por culpa do idiota do Theodore
Mesmo sabendo que a culpa não é minha, que meu ex quem foi o
grande causador disso tudo, ainda estou me sentindo culpada por tudo o que
aconteceu.
Até quando ele terá esse controle sobre mim?
Não aguento mais viver com essa nuvem pairando sobre mim.
— E o outro jogador? — pergunto sem encará-los.
— O que tem ele? — Bennett pergunta e mesmo sem olhar em sua
direção, sei que está se aproximando.
— Ele tomou punição também? — volto a perguntar receosa.
Mesmo que ele tenha implicado com Aaron o jogo todo, Theodore é a
vítima nesse caso, e não há nada que possamos fazer para tirar essa máscara
de vilão que Aaron acabou ganhando.
— Vai ficar no banco podendo entrar como reserva. — Liam conta e
se o seu tom de voz dá indicativo de alguma coisa, ele com certeza está
puto com essa situação.
Também, como não ficar?
Seu melhor amigo foi expulso dos dois últimos jogos e ainda ganhou
uma advertência depois de ser provocado e ninguém fez nada.
— Só isso!? — Hanna pergunta indignada.
— Infelizmente sim, Moranguinho. — Concorda a envolvendo em
seus braços.
— Isso não é justo, Liam — esbraveja encarando o namorado. —
Theodore estava provocando meu irmão o tempo inteiro. Ele tinha que
receber uma punição maior.
— Eu sei disso, Pequena — se vira em direção a ela. — Você sabe
disso, mas para o juiz quem fez toda a merda foi o Aaron não Theodore. —
Faz um carinho em seus dedos.
— Espero que esse cara não cumpra com a ameaça que fez ao Aaron.
— Simon comenta chamando minha atenção.
Ameaça? Que tipo de ameaça?
— Como assim? — pergunto me sentindo nervosa.
— Ele disse que iria processá-lo pela agressão sofrida.
— É o que!? — Hanna pergunta surpresa.
Fico paralisada com a descoberta e sinto uma sensação ruim crescer
dentro de mim, algo como uma angústia bem forte e sufocante.
Como assim aquele babaca vai processar o Aaron?
Porque ele quer atingir as pessoas que estão à minha volta?
Eu sei que ela estava fazendo de propósito tudo aquilo, acompanhei
cada passo dele no jogo de ontem. Ele tinha um objetivo e parece que
consegui concretizá-lo. Mais uma vez Theodore Taylor me faz sentir culpa
por situações que ele mesmo criou.
Como eu o odeio.
Me arrependo amargamente do dia quem que o conheci e o aceitei em
minha vida.
Como poderei ajudar Aaron nessa?
Do mesmo jeito que a dúvida se criou em minha mente, ela é
respondida. Papai. É claro, o senhor Jace Saunders irá nos ajudá-lo, eu sei
que vai.
Você não vai ferrar com mais nada meu, Theo. Não vou deixar.
Estou perdida em pensamento, quando a voz de Bennett me desperta.
— Holly? Está me ouvindo?
— Disse alguma coisa? — pergunto.
— Perguntei como você está? — repete o questionamento. — Está
tudo bem? — Consigo sentir a preocupação em seu tom. — Acabei vendo o
momento em que saiu correndo.
Droga.
Não queria que ninguém tivesse visto o momento da minha fuga.
Achei que pelo caos que tinha se formado a nossa volta, meus amigos
não teriam me percebido, mas parece que Bennett percebeu e quer saber o
motivo para aquela reação, mas infelizmente não poderei e nem quero
contar a ele o que aconteceu. Já revivi minha história com Theo às vezes
demais para minha sanidade mental.
Só quero deixar essa parte da minha vida para trás de uma vez por
todas.
— Estou bem — não me estendo muito.
Pela expressão com a qual Bennett me encara, dá para perceber que
não aceitou muito minha resposta, mas que irá deixar por isso mesmo.
— Bom já que é assim — diz e concordo com a cabeça. — Eu tenho
uma coisa para te dar. — Comenta, me pegando de surpresa.
— Um presente? — pergunto curiosa.
— Pode se dizer que sim. — Aponta para o envelope em cima da mesa
que nem tinha visto antes.
— Agora você está ganhando presentinhos dele também? — Simon
arqueia uma das sobrancelhas olhando de mim para o amigo.
— O que posso fazer se estou me tornando a preferida? — mesmo que
o assunto interior tenha mexido comigo, consigo sorrir sinceramente para
ele.
— Você é muito atrevida — seus olhos se transformam em pequenas
fendas.
— Eu sou irresistível, isso sim. — Pisco um dos olhos para ele.
Simon abre um sorriso tão lindo em minha direção que afasta toda a
angústia que restava em meu peito.
— Por que somos amigos deles mesmo? — Hanna pergunta olhando
para Bennett e Liam.
— Holly veio no pacote junto com você, Moranguinho — Liam me
encara rindo e gargalha quando mostro o dedo do meio para ele. — Já
Simon. — Olha em direção ao amigo. — Bom, na real não sei por que
adotamos ele.
— Que isso? — se faz de ofendido. — Tirou o dia para pisar nos meus
sentimentos?
Liam manda um beijinho em direção ao amigo que o pega no ar e o
finge esmagar entre os dedos.
— Quem está me magoando agora?
Rindo, Simon se levanta e vai em direção a geladeira.
— Vocês me cansam, sabiam? — Bennett suspira e volta a olhar em
minha direção. — Enfim, falei com um amigo do meu pai que trabalha com
essas coisas de eventos e consegui isso pra você. — Empurra o envelope
em minha direção.
Curiosa, o pego em minha mão e quando o abro tenho vontade de
gritar.
— Eu não acredito nisso — digo com os olhos focados no envelope.
— O que você deu pra ela ficar desse jeito? — Simon pergunta. — É
um nude frontal revelado?
Escuto um barulho de tapa e os resmungos de Simon logo em seguida.
— Para de falar besteira — Bennett resmunga indicando que fora ele
quem estapeou o amigo.
Estou em um choque tão grande que nem consigo responder Simon.
Não acredito que ele me deu isso.
Acho que acabo resmungando mais alto do que o imaginado, porque
Hanna me balança dizendo:
— O que você ganhou? Está me deixando curiosa.
Com os olhos arregalados, me viro para ela.
— Ingresso para o show do Imagine Dragons. — Minha voz sai
robotizada pelo choque.
Simon e Hanna levam a mão à boca, surpresos.
— Está de sacanagem? — minha melhor amiga pega o envelope da
minha mão. — Meu Deus! Não acredito que você vai vê-los de pertinho. —
Comemora olhando de mim para os ingressos. — Eu nem sei o que dizer —
olho para Bennett. — Obrigada por isso. — Me levanto, indo em sua
direção o abraço pelos ombros. — Não sei como agradecer.
— Não precisa — dá tapinhas em minhas mãos e o solto rapidamente.
Bennett não gosta muito de abraços, mas ele acaba aceitando em
momentos específicos, assim como eu.
— Por que fez isso? — pergunto, parando ao seu lado ainda surpresa.
— Você disse que queria ir, então... — dá de ombros.
Lanço um enorme sorriso de agradecimento em sua direção.
Depois da conversa que tivemos, Bennett e eu nos aproximamos
bastante. Acabou que me reconheci e muito nele. E para falar a verdade,
estou gostando dessa amizade que está nascendo entre nós.
— Olha tem dois convites — Hanna diz balançando o envelope em
uma das mãos. — Vai chamar quem para ir com você?
— O Aaron — digo pegando os ingressos de sua mão e saio correndo
da cozinha assim que vejo a cara indignada que Hanna lança pra mim, mas
não sem antes escutar seus protestos.
Rindo, sigo em direção às escadas, e entro em meu quarto ainda em
êxtase pela presente que ganhei. Nem acredito que Bennett conseguiu os
ingressos pra mim. Preciso contar isso para o Aaron.
Corro em direção a minha cama para pegar meu celular, e quando
destravo sua tela, procuro pelo contato de Aaron, e quando o acho, faço o
convite.

Sem esperar por uma resposta sua, saio de sua conversa, e passo a ver
se alguém me mandou algo. Algumas são de autoras a procura dos meus
serviços e outras não tão importantes assim. Estou prestes a bloquear o
aparelho, quando vejo uma mensagem do meu pai.

Termino de ler tudo e acabo me lembrando o favor que iria pedir a ele.
Sentando-me na cama, disco o número que sei de cor.
— Oi, Estrelinha — me cumprimenta ao atender. — Como você está?
Fiquei preocupado depois de ver quem estava jogando.
— Estou bem, papai — conto me ajeitando na cama.
— Tem certeza? Estou achando sua voz um pouco cabisbaixa. —
Pergunta mostrando que me conhece só pelo meu tom.
— Comigo está tudo bem, pai — asseguro. — Preciso da sua ajuda. —
Digo roendo a unha do dedão
— Tem algo a ver com o menino que bateu no Theo? — pergunta
curioso. —
— Como o senhor sabe? — pergunta surpresa.
— Intuição de pai — responde como se não houvesse nada. — Agora
me conta o que aconteceu. — Pede.
Respirando fundo, troco celular de lado, pego um travesseiro para
abraçar e soltando toda o ar dos meus pulmões, conto a ele:
— Theo ameaçou indiciar o Aaron por agressão, papai — passo a
contar todos os detalhes da briga de ontem desde o começo até o momento
em que soube sobre a ameaça de Theo.
— Então você quer que eu ajude seu namorado? — Pergunta me
pegando de surpresa.
Namorado? Eu poderia chamá-lo assim?
Parando para pensar, a palavra namorado não me assusta mais. Tudo o
que estávamos vivendo e o que já vivemos juntos, é, eu posso afirmar que
estamos juntos e de uma maneira bem diferente de antes.
— Sim, papai. Preciso que ajude meu namorado.
Eu achava que o amor seria vermelho ardente

Mas é dourado

Daylight – Taylor Swift

Holly tropeça em algo no chão, mas consigo segurá-la antes que caia.
— Não me deixe cair, Gibi — tenta aperar meu braço, mas por estar
com os olhos vendados, ela acaba não conseguindo.
— Confia em mim, Linda — volto a conduzi-la até nosso destino.
Como tinha planejado antes, assim que cheguei em casa, ela já me
esperava arrumada sentada no sofá da sala. Só tive tempo de subir para o
meu quarto, guardar as coisas, pegar uma máscara de dormir e ir ao seu
encontro mais uma vez, para agora estarmos aqui, indo em direção ao
rinque do Artic Fox.
— Cuidado com o degrau — aviso a segurando com mais firmeza.
Holly desce com cuidado.
— Por que estou vendada se já sei para onde estamos indo? —
pergunta virando o rosto em minha direção.
— Você não sabe onde estamos, Linda — respondo parando em frente
a porta do rinque. — Fique parada. — Peço pegando o cartão que autoriza a
entrada dos jogadores e técnicos ao local.
Acabamos conseguindo um desse depois que Simon passou a pedir o
do treinador todos os dias para fazer treinos extras.
Penso que nosso técnico estava de saco cheio de emprestar seu cartão
para meu amigo, que ele acabou conversando com o reitor do lugar e nos
entregou esses cartões chaves para podermos entrar a hora que quiséssemos.
Como o lugar é completamente rodeado por câmeras, seja dentro ou
fora, eles nunca imaginaram que um dos jogadores, um que estivesse
expulso ainda, pudesse trazer a namorada para um encontro.
Estou prestes a passar o cartão na fechadura, quando acabo
paralisando com o pensamento que me vem à cabeça.
Namorada?
Nunca pensei que uma palavra tão simples pudesse mexer tanto
comigo assim. Quer dizer, esse é o meio maior desejo, mas desde o Dia dos
Namorados, onde nós revelamos nossos sentimentos um para o outro, não
tocamos mais no assunto sobre como estava nossa relação, só estávamos
seguindo. E parando para pensar agora, agora que já está na hora de
decidirmos o que será de nós dois.
— O que você está fazendo? — sua voz me desperta.
— Estava vendo se tudo estava em ordem do jeito que pedi — guardo
o cartão depois de abrir a porta e vou até ela. — Pronta? — Pergunto
envolvendo sua cintura com meu braço e a conduzindo para dentro.
Assim que o ar do local entra em contato com a gente, sinto Holly se
encolher um pouco por conta do vento gelado.
Mesmo tendo passado o dia inteiro no gelo com as crianças mais
incríveis do mundo, entrar aqui me traz uma sensação de saudade. Por
ordem da liga, ficarei fora de dois jogos. Não me sinto nem um pouco
culpado pelo que fiz com aquele merda do ex da Holly, até porque, se eu
tivesse mais tempo e oportunidade, bateria nele com muito mais força e
vontade. Só me sinto incomodado que não poderia ajudar Simon em mais
essa vitória. Mas eu sei que ele entende.
— Posso tirar isso do meu rosto já? — leva a mão enluvada até o rosto
fazendo menção de descartar a máscara.
— Pode — autorizo parando em sua frente.
Lentamente, vejo seus olhos serem revelados para mim, e como na
primeira vez que os tive direcionados em minha direção, sinto meu coração
acelerar.
Sempre será assim?
Basta um olhar da mulher à minha frente para me desconfigurar
totalmente.
Desde que passei a dormir com Holly, percebi que meu dia só segue
sendo perfeito se a primeira coisa que eu ver forem seus lindos castanhos
escuros brilharem para mim.
— Não acredito que me trouxe aqui — passa a venda pela cabeça e
olha em volta.
— Por que a surpresa? — pergunto cruzando os braços em frente ao
corpo. — Já não tinha descoberto que a traria em um rinque de patinação?
— Sim, mas achei que iríamos a uma pista paga e não que
invadiríamos o rinque da faculdade. — comenta.
— Tecnicamente não estamos invadindo nada — pego a chave mais
uma vez e mostro a ela. — E acho melhor patinarmos juntos aqui do que
em outro lugar.
— Aqui não pagamos entrada?
Rindo, pego em sua mão e seguimos em direção a área onde os
jogadores e a comissão técnica fica em dia de jogos.
— Aqui temos privacidades, Carma. — Aperto seus dedos.
— Você não vai me comer nesse gelo, nem fodendo. — Avisa me
fazendo cair na gargalhada. — Por que está rindo? Estou falando a verdade.
— Linda, você é a melhor. — Digo secando o cantinho dos olhos. —
Eu adoraria te comer aqui, mas o lugar é cercado por câmeras. — Enlaço
sua cintura e a puxo em minha direção. — Mesmo que a ideia de ter um
filme estrelado por nós dois seja tentadora, acho que o treinador não precisa
ver minha bunda branca.
— Seria incrível ter sua bunda exposta para todas as pessoas — dá um
tapa em minha bunda, me pegando de surpresa, e a aperta depois.
— Não sentiria ciúmes? — questiono.
— Por que teria se tudo isso é meu? — responde apontando para mim
e me pegando de surpresa.
Sorrindo em sua direção, a puxo para mais perto de mim e junto
nossos lábios em um selinho rápido.
— Vamos logo, Linda — volto a pegar em sua mão e sigo com ela até
nosso destino.
— Aaron eu não tenho patins — comenta.
— Não se preocupe — aponto para o par de patins de cor azul bem
clarinho em cima do banco, do jeito que pedi para Simon deixar, assim que
os vejo. — Cuidei de tudo.
— Como é prevenido.
Lanço um sorriso para ela e soltando sua mão, sigo em direção ao
banco.
Assim que decidi trazer Holly para cá, pedi para meu amigo comprar e
deixar um par de patins me esperando aqui. Poderia ter pedido que Liam
trouxesse os de Hanna, já que as duas calçam o mesmo número, mas quis
que Holly usasse algo que eu mesmo tenha dado para ele.
— Sente aqui — aponto para o banco. — Irei te ajudar. — Holly
coloca o pé em cima da minha coxa e tirando seus tênis coloquei o calçado
azul em seguida.
Estou concentrado amarrando seu cadarço, quando sinto sua mão
enluvada fazer carinho em minha cabeça.
— Seu cabelo está com uma bela mistura.
— Não tive tempo de retocar — conto enquanto pego seu outro pé.
Desde que descolori os cabelos ano passado, venho mantendo os fios
loiros, mas aconteceu tanta coisa de uns tempos para cá, que acabei me
esquecendo de refazer a descoloração.
— Gosto dele assim — continua a acariciar minha cabeça. — Na
verdade, gosto de você de qualquer maneira.
Levanto minha cabeça em sua direção e sorrio para ela.
— Quer dizer que vai gostar se eu ficar moreno de volta?
— Você sabe a resposta. — Se aproxima de mim e beija meus lábios
de forma suave.
Fico a encarando como um bobo apaixonado por alguns segundos, até
voltar minha atenção para seu pé e terminar de colocar seus patins.
— Prontinho — digo ao terminar.
— Estão perfeitos nos meus pés — movimenta os mesmo para a frente
e para trás como uma criancinha. — Como sabe meu número?
— Pedi a Hanna — respondo sem me estender muito.
— Tinha que ser ela. — seus olhos não saem dos patins.
Parece que acertei no tom.
A cor preferida de Holly é preta, mas depois que ela descobriu que a
minha era azul, ela passou a apreciar bastante esse tom.
Termino de colocar meus patins pretos de treinos, e já sem a proteção
nas lâminas, me levanto e estendo minha mão em sua direção.
— Pronta? — pergunto e fico receoso quando vejo sua expressão.
— Aaron, eu preciso te contar algo...
Seu mistério me deixa um pouco apreensivo.
— Pode falar — finjo estar calmo, mas por dentro sou tomado pelo
nervosismo.
— Eu tenho trauma de patinar desde que quebrei meu braço. — Conta.
— Está de brincadeira comigo? — pergunto surpreso. — Por que não
me contou que tinha medo quando soube que te traria aqui?
— Ah, porque achei que seria legal fazermos algo depois do dia
terrível que tivemos ontem. — Se explica. — Queria esquecer tudo aquilo.
— Tenta se levantar mas acaba se desequilibrando e caindo sentada no
banco.
— Cuidado — peço segurando em seu braços e a ajudando a levantar.
— Se machucou?
Nega com a cabeça, me deixando mais tranquilo.
— Enfim, esse foi o motivo de eu não ter te contado antes. — Segura
com força em meus braços para se manter de pé. — Além disso, você está
aqui para me ajudar, não?
Sem acreditar na maluquice que a mulher a minha frente fez, assinto
com a cabeça e sigo com ela até a entrada do rique.
— Você só tem medo ou sabe o básico de como andar? — pergunto
segurando suas mãos enquanto entro no gelo primeiro.
— Sei a teoria — pisa no gelo com o pé direito e depois o esquerdo.
— Mas tem muito tempo desde a última vez então eu acho...
Sua fala é interrompida pelo quase tombo que ela acaba de levar.
— Parece que vou precisar ficar colado em você, Linda. — Rindo,
seguro em suas mãos e dou um impulso leve para traz.
— Eu sei que está adorando me ensinar a patinar — diz olhando para
os próprios pés.
— Até que estou gostando de ser um professor — comento. —
Principalmente agora que ganhei uma nova aluna.
— Espero que não deixe a nova aluna cair — olha rapidamente para
cima, mas volta a olhar para os pés. — Ou farei grave de sexo.
— Está me ameaçando, pequeno Carma? — franzo o cenho em sua
direção.
— Eu acho que estou sim — abre um sorriso travesso.
— Acho que não deveria fazer isso com alguém que está mantendo
seu equilíbrio. — Finjo ameaçá-la.
— Você não ousaria — solta nossas mãos e aponta o dedo em meu
rosto.
— Tem certeza? — abro um sorriso travesso.
— Não se atreva...
Rindo, solto suas mãos a deixando sem meu apoio, mas ainda continuo
próximo o suficiente para segurá-la.
Eu tento.
Juro que tento.
Mas não consigo segurar a risada com a vejo se desequilibrar e bufar
de raiva. Holly vem em minha direção, mas acaba se desequilibrando,
rapidamente a seguro em meus braços.
— Te peguei — envolvo sua cintura com meus braços.
— Idiota — estapeia meus braços — Não me solte mais.
— Prometo que não vou. — Prendo o riso ao vê-la toda
esquentadinha.
— Por que está rindo de mim? — pergunta indignada.
— Porque você fica linda nervosa.
Ela tenta me estapear mais uma vez, mas acaba não conseguindo, já
que estou segurando suas mãos, e por esse motivo, acaba se desequilibrando
e acaba nos levando ao chão. Para não a machucar, jogo meu corpo para o
lado, apoiando o meu peso no braço livre, já que com o outro apoiei sua
cabeça para que não batesse no chão.
— Aí — protesta e acaba rindo.
— Se machucou, Linda? — me levanto rapidamente e analiso seu
rosto.
— Não, só bati o bumbum — resmunga em uma mistura de riso e
choro.
— Ficará com ele dolorido por um dias. — Comento.
— Droga — resmungo deitando a cabeça no gelo. — Vou precisar me
sentar de ladinho.
— Ou pode se sentar no meu colo — tiro alguns fios de cabelo do seu
rosto. — Ele é bem macio.
Holly dá uma gargalhada tão gostosa que contagiante que acaba me
fazendo gargalhar também. Esse é o poder que ela tem sobre mim. Afastar
todas as sensações ruins e tristezas, e olhando para ela tão feliz nesse
momento, e por minha causa, percebo que quero viver isso para sempre.
Puta merda, como eu amo essa garota.
Aos poucos sua risada vai morrendo até restar o sorriso mais lindo e
contagiante em seus lábios vermelhos. Sinto uma vontade incontrolável de
beijá-la nesse momento, então sem dizer uma palavra, abaixo meu rosto em
sua direção e junto nossos lábios em um beijo gostoso.
Mesmo tendo nos beijado a pouco tempo, senti saudades dos seus
lábios colados ao meus, da sua língua curiosa buscando pela minha, seus
gemidos de satisfação, seus carinhos em minha nuca, mas principalmente
da entrega com a qual ela me beija.
Holly beija com o corpo todo, e me envolve em uma bolha só nossa, e
mesmo que a temperatura no lugar em que estamos esteja abaixo de zero,
sinto meu corpo queimar por ela. Sinto meu ventre formigar e quando meu
pau cria vida dentro das calças, decido parar com as investidas, mesmo que
eu queira é muito estar com ela nesse sentido, aqui não é lugar é muito
menos hora para isso.
— Acho melhor pararmos com isso antes que minha bunda seja
gravada — sussurro mordendo seu lábio inferior e sugando com gosto.
— Concordo — me dá um selinho e se afasta. — Não acho que meu
pai vai querer defender a filha desnaturada que transou com o namorado na
pista de gelo da faculdade.
Não sei se foi o frio ou suas palavras que me fizeram congelar.
Namorado? Ela realmente se referiu a minha como sendo seu
namorado? Quer dizer, eu quero isso a tanto tempo que nem sei mais, fora
que a poucos minutos atrás eu me referia a ele como namorada. Tudo bem
que foi só para mim mesmo, mas mesmo assim, era e ainda é um desejo que
tenho dentro de mim, só estava procurando o dia perfeito e a maneira
perfeita para pedir.
Será que hoje é esse dia?
Foco meus olhos em seu rosto, com o coração acelerado, pensando se
devo ou não arriscar de uma vez, e pedir sua mão em namoro.
— Holly... — seu nome não passa de um sopro que sai dos meus
lábios.
— Aaron? — percebo que engole em seco.
— Não sou bom com as palavras como o Liam ou até mesmo meu pai
— suspiro fundo deixando que meu coração fale por mim.
— O que...?
A interrompo.
— Me deixa falar, Linda — calo sua boca usando meu polegar. —
Como eu disse, eu não sou bom com as palavras como eles, mas quero que
saiba que tudo o que o que eu disser neste momento é a mais pura verdade.
— Digo, vendo a compreensão em seus olhos. — Acho que já te disse isso,
mas desde o momento em que coloquei meus olhos em você eu soube que
seria minha de uma maneira ou de outra. — Tomo fôlego. — Você, com
esse jeito atrevido de ser, seu sorriso fácil e provocações me conquistaram
de primeira. — Vejo seus olhos brilharem e sinto minha garganta se fechar
pela emoção. — O que quero dizer, Holly Julie Saunders...
— Odeio quando me chamam pelo nome todo — resmunga me
fazendo rir.
— Mais uma coisa que você odeia e amará quando eu fizer — digo e
me encolho quando rindo quando estapeia meu braço.
— Idiota — xinga tentando me bater mais uma vez, mas consigo me
esquivar e pegar sua mão no ar.
— O idiota que te ama. — Digo a pegando de surpresa.
— O que você disse?
— Que eu amo você. — Repito levando sua mão enluvada até os
lábios e beijo o tecido macio.
Seus olhos estão tão arregalados que dão a impressão de que irá sair de
órbita. Ela me encara por segundos intermináveis, até que toma fôlego e
dizer:
— No começo eu tentei fugir de você — apoia a mão livre em meu
peito. — E do que me fazia sentir. Mas aos poucos você foi adentrando em
meu coração e me fazendo perceber que eu não teria nem uma chance de
ser imune. — Abre um sorriso olhando para o nada como se estivesse se
lembrando de algo. — Criei aquelas regras com o intuito de ter você, mas
ao mesmo tempo me manter segura. — Sua risada parece um bufar. — Que
grande perda de tempo. — Olha em meus olhos. — Você já tinha roubado
meu coração para si muito antes de eu perceber.
— Holly — sussurro.
— Quero que entenda, Aaron — se senta no chão comigo ainda em
seu colo. — É que eu amo você mais do que eu poderia um dia sonhar em
amar alguém.
Seus dizeres fazem minha pulsação acelerar.
Ela me ama.
Holly me ama assim como eu a amo.
Sem perder tempo e com o coração batendo a mil por hora, seguro em
seu rosto e a beijo com todo o amor que há dentro de mim, e diferente do
anterior, esse beijo representa o começo de uma vida ao seu lado. Minha
língua busca a sua, a envolvendo de um jeito acolhedor e único.
Minha.
A mulher em meus braços finalmente é minha.
Quer dizer, ainda falta algo.
Aos poucos, vou diminuindo o ritmo do nosso beijo, passando a
distribuir vários selinhos em seus lábios, até encerrá-lo de vez
— Amor — encosto nossas testas. — Me lembrei de uma coisa.
— O que é?
— Nossas regras eram pra ser dez, mas só tinha nove — comento e a
vejo afirmar com a cabeça. — O que acha de criarmos a décima regra
agora? — Pergunto.
— Uma décima regra? — pergunta interessada com um sorriso
nascendo em seu rosto.
— Você tem alguma ideia? — volto a perguntar.
— Eu tinha — confirma. — Mas mesmo sem saber, você já a cumpriu
também.
— E qual era? — Pergunto curioso.
— Quebrar todas as regras que eu tinha feito. — Responde dando de
ombros e me pegando de surpresa.
Quer dizer então que ela tinha esse desejo?
Ah, Holly! Você continua a me surpreender a cada dia que passa.
— Qual era a sua ideia? — pergunta chamando minha atenção.
— Minha décima regra é a que você sempre usará minha camisa em
um jogo meu. — Digo juntando nossas testas. — O que me diz?
Um enorme sorriso nasce em seus lábios e pelo olhar que ela me lança,
sei que entendeu o que quis dizer.
— Que Simon e Bennett terão que arrumar uma namorada para usar a
camisa deles. — Envolvendo o braço envolta do meu pescoço ela morde
meu lábio inferior e abre um sorriso cúmplice.
Correspondendo ao seu ato, a puxo para um beijo mais uma vez,
fechando então mais um acordo entre nós, mas diferente dos outros, esse
não terá validade.
Eu estive esperando

Para todas as minhas feridas cicatrizarem

Eu não posso acreditar que isso é real, oh, não

Você está quebrando

As paredes que você veste com orgulho

Respirando um pouco de ar
This is What Falling in Love Feels Like – Marina Lin

— Quer dizer então que agora você é uma mulher comprometida? —


Hanna cotovela meu braço quase me fazendo derrubar o livro que seguro,
no chão.
— Sim eu sou — deixo meu livro em cima da mesa da cozinha. —
Acredita nisso?
— Já não era sem tempo — Harry me lança um sorrisinho.
— Eu também acho. — Hanna concorda. — Não aguentava mais ver
esses dois se gostando e não vivendo juntos de uma vez.
— Na verdade, eles só não tinham um nome para a relação deles. —
Harry me encara como se perguntasse: estou mentindo?
— Você tem razão. — Tenho que concordar com meu baby Yoda.
Minha relação com Aaron só precisava de um nome oficial mesmo,
porque desde o Dia dos Namorados onde decidimos deixar as regras para lá,
temos vivido juntos com ele dormindo mais em meu quarto do que no seu
próprio.
— Só quero que saiba que fico muito feliz por vocês dois — Hanna
me abraça pelo pescoço rapidamente. — Além de melhores amigas, agora
somos cunhadas. — Sua voz sai estridente pela comemoração.
— Tenho que aguentar você de qualquer jeito agora, não é? — finjo
estar desapontada com a novidade.
— Que horror — se afasta e estapeia meu braço.
Diferente de mim, Hanna é completamente amorosa e manhosa. No
começo da nossa amizade, me questionava muito como duas pessoas tão
diferentes como ela e eu pudemos nos aproximar tanto assim, e a resposta
foi que ela precisava de alguém que a acolhesse, já eu precisava de alguém
que me entendesse. Então quando percebemos, não conseguimos viver
separadas.
— Você deveria fazer teatro ao invés de literatura, Hanna Mo — digo
pegando meu livro e abrindo na página marcada — Seus dramas estão
melhorando bastante. — Volto a prestar atenção em minha leitura.
Parece que Pietra Rossi[8] não aprontou tudo o que tinha para aprontar.
— Ah, vai a merda — espeta um pedaço de ovo mexido usando um
pouco de força a mais, quase o transformando em farofa.
Ignorando seu xingamento, continuo minha leitura. Se não fizer isso,
eles com certeza tentarão puxar mais e mais assunto, coisa que nesse
momento sagrado, onde estou completamente envolvida com a história que
estou lendo, não quero.
Estou terminando um capítulo quando sinto o cheiro gostoso do
perfume do meu namorado, antes mesmo de seus braços me envolverem e
obrigando que eu deixe a leitura de lado um pouco.
— Sentiu minha falta, Linda? — sua voz soou baixa e rouca em meu
ouvido, arrepiando todo o meu corpo. — Porque eu senti e muita.
Suas palavras fazem meu coração bater descontrolado dentro do peito.
Eu estou completamente rendida e ferrada por esse homem.
— Nem um pouquinho — dou de ombros sem me virar em sua
direção.
— Como minha namorada é malvada — morde minha bochecha de
leve para depois beijá-la.
Estapeio seu braço envolta de mim por conta das cócegas que sua
barba por fazer, acaba me causando.
— Onde estava? — pergunto vendo-o se sentar na cadeira ao meu
lado.
— Biblioteca — responde pegando meu copo de suco e o tomando por
completo. — Terminando de fazer o último trabalho deste semestre antes
das provas.
— Nem acredito que o semestre está acabando — Liam chega por trás
de mim e se senta ao lado da namorada.
— Muito trabalho dessa vez? — pergunto olhando para os dois recém
chegados.
— Preciso fazer uma campanha completa — Aaron geme,
escorregando em sua cadeira.
— Uma nova composição — Liam levanta a mão cansado.
— Você não entregou uma a pouco tempo? — Aaron pergunta
levantando a cabeça rapidamente.
— E já tenho que fazer mais uma. — Responde olhando para o que
tem distribuído em cima da mesa.
— Mas você não tem várias músicas guardadas? — Hanna pergunta.
— Tenho, mas o professor já deixou claro que tenho que fazer uma do
zero.
— Que merda, hein — Aaron acaba rindo do amigo. — E você, linda?
— Passo o braço por minha cintura e me puxa para mais perto de si.
— Estou me fodendo e não é com você — respondo o fazendo rir.
— Posso resolver isso rapidamente se quiser. — Fala bem perto ao
meu ouvido me fazendo tremer e desejá-lo, só de me lembrar da sensação
que é tê-lo entre as minhas pernas.
— É sério isso? — Hanna nos julga com o olhar.
— O que foi? Não me olhe assim que sei que você gostaria de estar do
mesmo jeito com o seu namorado. — Respondo.
— Meus Deus — Liam se engasga com sua água e recebe tapinha de
Hanna em suas costas.
— Cala a boca sua vadia. — Tenta me bater, mas fujo do seu ataque
sorrindo.
— Vai negar que queria estar fodendo agora, Hanna Mo?
— Porra, Linda — Aaron resmunga. — Não fala da minha irmã
fodendo que eu brocho totalmente. — Se separa de mim e leva as mãos a
cabeça. — Nossa que cena péssima.
Sua cara de decepção é tão grande que não tenho como segurar e
acabo caindo na gargalhada.
— Você ainda ri de mim, né Carma?
— Não tem como não rir da sua cara de bobo — digo tentando
recuperar o fôlego.
— Olha o que você acabou trazendo pra mim vida, Bonequinha —
aponta para mim.
— Desculpa irmão — olha para ele se fingindo de culpada. — É que
ela estava largada sozinha, aí adotei, mas não sabia que me traria tantos
problemas assim.
— Vão a merda vocês — aponto para os dois que agora começam a rir
de mim. — Porque entrei pra família dele, hein? — Pergunto para Harry,
que está quietinho em seu canto olhando o caos acontecendo e dá de
ombros.
Mesmo estando acostumado com nosso jeito, meu baby Yoda ainda é
tímido demais para entrar nas nossas brincadeiras, mas logo logo isso irá
mudar.
— Quando eu digo que esses dois se merecem — Liam se levanta para
pegar um pano e secar a mesa.
Em uma ação bem infantil, mostro minha língua para Liam, que limpa
a mesa com toalhas de papel.
— Tem alguém tocando a campainha — digo sem encarar ninguém.
Odeio atender a porta, então se eu não encarar ninguém nesse
momento eu não serei a escolhida.
Ah qual é? Estou confortável nos braços do meu namorado pra querer
levantar agora.
— Vai atender então — Hanna chuta minha perna por debaixo da
mesa.
— Ah nem fodendo — balanço o dedo indicador de um lado para o
outro em frente eu seu rosto. — Estou confortável demais para querer
levantar daqui. — Me aconchego nos braços de Aaron.
— Vai deixar a pessoa na porta? — pergunta franzindo os olhos.
— Por que você não vai atender então?
— Estou comendo — dá de ombros, apontando para o prato de ovos
mexidos à sua frente.
— Você é uma cuzona. — A xingo.
— E você uma vagabunda preguiçosa, mas eu já sabia. — Retribui.
— Quanto amor entre vocês duas, hein — Liam se levanta da cadeira e
vai em direção a saída. — Eu abro a porta antes que quem quer que seja vá
embora pela demora. — Sua voz vai ficando cada vez mais longe.
Escuto a campainha tocar mais uma vez e me pergunto quem poderia
ser a esse horário, em uma sexta feira. Tomara que não sejam uma das
visitas do Bennett e do Simon. Gostaria de passar um dia dentro dessa casa
sem escutar gemidos de terceiros.
Liam demora para voltar e estou quase me levantando para saber quem
é, quando ele aparece no batente da porta.
— Holly, acho que seus pais estão aí.
— Meus pais!? — Levanto da cadeira em um pulo. — Está falando
sério?
— O tio e a tia estão aqui? — Hanna se levanta junto comigo.
— Foi o que disseram — responde.
Não acredito que eles estão aqui.
— Vamos Harry, vou te apresentar as melhores pessoas desse mundo.
— O pega pela mão e antes que eu possa ir em direção a eles, ela sai em
disparada com Harry até a sala.
Estou prestes a seguir o mesmo caminho que ela, quando paraliso no
lugar ao ver a expressão assustada de Aaron.
— O que foi? — pergunto me sentando na cadeira à sua frente.
— Seus pais estão aí?
— Parece que sim. Por quê?
O vejo engolir em seco.
— Eu vou ter que conhecê-los agora? — seus olhos são cautelosos em
minha direção.
Em um primeiro momento, o encaro com estranheza, por que ele está
se comportando dessa maneira? me questiono o analisando por um tempo e
depois de um tempo, acabo percebendo o que está acontecendo e começo a
rir.
— Por que está rindo?
— Sério que está com medo de conhecê-los? — pergunto.
— Não estou com medo — limpa as mãos suadas na calça jeans. —
Estou apavorado. — Olha para a saída da cozinha. — Seus pais estão aqui.
— Aaron para de surtar — peço quando ele se levanta. — São só os
meus pais.
— Seus pais e meus sogros, Holly — passa as mão em sua camisa
preta. — Sabe o quanto é importante o dia em que os pais da namorada vão
conhecer o genro? — Pergunta descendo a barra da camisa.
— Nunca fiz isso — cruzo os braços e passo a acompanhar o pequeno
surto que ele está tendo a minha frente. — O que você está fazendo?
— Ajeitando minha roupa — ajeita as mangas da camisa.
Nunca imaginei que ele ficaria tão nervoso com a expectativa de
conhecer meus pais. O cara está quase tendo um treco bem na minha frente.
— Aaron, se acalma — peço, mas ele não me escuta.
— Droga. — pragueja.
— O que foi agora?
— Eu deveria estar com uma blusa de mangas compridas — diz
olhando para seus braços.
— O que? Mas por quê? — pergunto confusa. — Está calor aqui
dentro.
— Sou todo tatuado, Linda. Nem um pai quer que sua garotinha fique
com um cara todo tatuado como eu. — Diz e é a gota d’água pra mim. —
Por que está rindo?
— Na-nada — digo com dificuldades. — Deixa isso pra lá e vamos
logo.
Seguro em sua mão e o puxo em direção a sala, indo de encontro aos
meus pais.

Minhas mãos suam tanto nesse momento, que acabam criando uma
pocinha entra a minha palma e a de Holly, que ainda está entrelaçada a
minha. Não estava nem um pouco preparado para conhecer meus sogros
neste momento.
Só de pensar o que eles irão achar de mim, já sinto meu coração
acelerar e o suor frio escorrer pela minha têmpora
Não me sentiria tão nervoso assim se eu não tivesse tatuagem em cada
parte do meu corpo.
Mentira, me sentiria sim. Mas seria um nervosismo normal, não o que
estou sentindo agora.
Já fui muito julgado pelos diversos desenhos que tenho espalhados
pelo corpo, e já até me acostumei e passei a não ligar mais para isso. Mas
agora são as pessoas mais importantes para a minha mulher que estão na
sala, não queria passar uma má impressão.
Maldita hora que entrei na de Liam, fiz minha primeira tatuagem e
acabei viciando e pintando o corpo todo me transformando em um gibi,
como Holly me chama.
— Linda, deixa eu trocar de blusa antes e arrumar esse cabelo — peço
tentando pará-la.
— Aaron para com isso e vamos logo — me puxa em direção a sala.
— Você está perfeito.
— Mas e se...
Tento argumentar, mas acabamos entrando na sala de estar e dou de
cara com um casal aproximadamente da mesma idade que os meus pais, de
costas para a a entrada e falando com minha irmã.
— Olha como nossa menininha está linda, Querido. — A mãe de
Holly segura as bochechas de Hanna e a encara com olhos brilhantes.
— Está uma princesa — meu sogro responde olhando encantado para
minha irmã.
Dá para ver nitidamente o carinho que eles têm com a minha,
Bonequinha, e ver uma coisa dessas me deixa imensamente feliz.
Quando saí de casa para fazer faculdade junto de Liam, me sentia
muito preocupado em como minha irmãzinha levaria a vida sozinha naquela
escola. Pedi todos os dias para que ela tivesse alguém ao seu lado, e parece
que o destino me ouviu e colocou a pessoa mais incrível nesse mundo ao
lado dela, e consequentemente no meu também.
— Obrigada — Hanna retribui o elogio com um sorriso que toma
conta de todo o seu rosto. — A senhora também está linda. — Se afasta um
pouco para olhar melhor a minha a sua frente. — O senhor também. —
Sorri em direção ao meu sogro.
Minha irmãzinha tem razão, minha sogra é uma mulher belíssima, e ao
olhar para o homem parado ao seu lado, entendo de onde vem a beleza de
Holly.
— Já disse para deixar a senhora de lado. — Pede se afastando.
— Está bem — assente com a cabeça. — Aceitam alguma coisa? —
Pergunta.
— Não querida — nega com um aceno de mão e se senta no sofá atrás
de si, sendo acompanhada pelo marido. — E quem são esses? — Pergunta
olhando para Liam e Harry.
— Esse é meu namorado, Liam, e meu melhor amigo, Harry — minha
irmã aponta simultaneamente para eles.
— Prazer em conhecer vocês meninos. — A mãe de Holly os
cumprimenta com um aperto de mão sendo seguida pelo pai dela.
— Sabem me dizer onde está a minha estrelinha — o homem comenta
apoiando o braço no encosto atrás da cabeça da esposa.
— Estou aqui papai. — Holly entra na sala e me puxa junto.
— Olha ela aí — se levanta e se vira em nossa direção. — Aí está a
estrela mais linda do meu céu. — Se levanta do seu lugar e para a nossa
frente.
Holly solta nossas mãos e corre em direção ao pai que a espera de
braços abertos.
— Oi, papai — o abraça com força. — Senti saudades.
— Não mais do que eu, querida. — Beija o topo de sua cabeça. —
Como você está?
— Muito bem, e o senhor? — se afasta um pouco para conseguir olhá-
lo nos olhos.
Holly não é uma mulher baixa como Hanna, mas seu pai deve ter no
mínimo uns 1,90 de altura.
— Melhor agora — responde com um sorriso gigante em seu rosto.
Mesmo sem querer, acabo sorrindo junto com eles e sinto o
nervosismo diminuir um pouco.
— Viu o que eu disse antes Hanna? — minha sogra se levanta e fica
ao lado da minha irmã. — Ela só vê o pai dela e mais ninguém. — Comenta
e vejo Holly e seu pai olharem em direção a mulher mais velha. — Carrego
nove meses na barriga e é isso que eu ganho. — Finge limpar as lágrimas
no cantinho dos olhos.
— Não precisa ficar com ciúmes Dona Diana — sai dos braços do pai
e corre para o de sua mãe. — Eu amo os dois igualmente.
— Não é o que parece — se faz um pouco de difícil, mas logo abraça
a filha com força. — Saudades minha bebê.
— Também senti, mamãe. — Retribui o abraço e deixa um beijo em
sua bochecha. — Como a senhora está?
— Cansada — suspira e agora olhando melhor para ela, consigo ver
algumas marcas escuras embaixo de seus olhos. — Mas nada que dois dias
inteiros com a minha filha não resolvam.
— Dois dias? — pergunta animada. — Vou ter vocês só pra mim por
dois dias?
— Isso aí estrelinha — o pai concorda. — Ficaremos aqui se não se
importa. — Olha em volta e a tensão que tinha se acalmado um pouco,
volta com força total quando seus olhos passam rapidamente por mim.
Puta merda.
Me pergunto se Holly contou a ele sobre mim e o que ele deve esperar
do novo namorado tatuado da sua estrelinha. Saco, eu deveria ter colocado
uma blusa de manga. Olho em direção a Liam, que está sentado em uma das
poltronas, e o babaca está quase perdendo todo o ar ao prender o riso. Com
certeza rindo de mim.
Cuzão.
O xingo em pensamentos e o idiota vira o rosto para o outro lado,
deixando claro que entendeu o que pensei.
— Sem problema nenhum — Holly afirma chamando minha atenção
para ela. — Vocês podem ficar no último quarto vago.
— Certo — sua mãe bate uma mão na outra, animada e olha em volta.
— Agora me conte, querida. Onde está seu namorado? Não vai nos
apresentar a ele? — Pergunta olhando em volta.
— Claro — afirma com a cabeça e me pega de surpresa quando vejo
desviar os olhos timidamente e suas bochechas assumindo um tom rosado.
A vontade que tenho neste momento é a de morder suas bochechas
coradas.
Minha garota é a coisa mais linda nesse momento.
Se aproximando de mim, Holly entrelaça os dedos, fazendo meu
nervosismos aumentar agora que tenho a atenção dos seus pais para mim e
se vira de frente para os pais.
— Pai, mãe, esse aqui é o Aaron — olha pra mim e abre o lindo e
cativante sorriso. — Meu namorado.
— É um prazer te conhecer, querido — sua mãe me cumprimenta. —
Meu nome é Diana.
— O prazer é todo meu Dona Diana — a cumprimento.
— Ah, querido. Sem o dona, por favor. — Pede e afirmo com a
cabeça.
— Olá, garoto. Tudo bem? Soube que gosta e joga hóquei. — Estende
a mão em minha direção e rapidamente seco a mão livre em minha calça e o
cumprimento.
— Sim senhor — uso poucas palavras.
Estou tão nervoso nesse momento, que sinto ânsia, e acho que ela
sente os tremores que meu corpo produz, já que sinto seus dedos apertarem
os meus.
Foco meus olhos nos dela e ao invés de encontrar solidariedade,
encontro diversão e ao olhar para seus lábios, vejo um enorme sorriso de
Gheshire em seus lábios.
— Hã, papai, mamãe, por que não nos sentamos para conversarmos
melhor? — Holly sugere apontando para o sofá a sua frente.
— Boa ideia querida — sua mãe concorda já seguindo para um dos
lugares vagos sendo seguida pelo marido.
— Ah, quase ia me esquecendo — bate em sua testa de modo teatral.
— Não querem tirar os casacos? Está quente aqui dentro. — Se abana como
se estivesse exposta a uma temperatura mais alta do que a que estamos
passando agora. — Eu os penduro para vocês. — Vai até eles e fica à espera
dos casacos.
— Obrigado querida — seu pai agradece tirando o agasalho e quando
vejo seu braço, fico completamente em choque.
Puta merda, o cara tem o braço completamente fechado pelas
tatuagens igual a mim. É errado eu estar secando o meu sogro de uma
maneira tão descarada assim? Porque caralho, eu estou o encarando com
admiração.
Olho para Holly e ela tenta a todo custo não rir de mim.
Sério que fez isso comigo, Linda? Espremo os olhos em sua direção
quando vejo o sorriso em seu rosto aumentar.
Ela me enganou direitinho.
— Agora sim — diz depois de pendurar os casacos no armário do
corredor e seguir até eles. — Você não vem? — Pergunta me encarando.
— Claro, Linda — respondo enquanto penso em uma maneira bem
deliciosa de castigá-la por esse momento.
Estamos nos acomodando no sofá, quando Jace volta a falar comigo.
— Vi seu último jogo, Aaron. Você joga muito bem.
Puta que pariu.
Ele está dizendo que viu o jogo em que parti pra cima de um jogador
adversário?
Ótima maneira de impressionar, Aaron.
Olho em direção a qual Liam, Harry e Hanna estavam, para me
ajudarem com o que falar, mas não os encontro mais.
Respirando fundo, o respondo:
— Não foi um dos melhores — olho para um canto da sala me
sentindo um pouco constrangido.
— Eu achei incrível — apoia os cotovelos nas coxas. —
Principalmente quando defendeu um companheiro. — Pisca um dos olhos
pra mim e sei exatamente o que ele quer dizer.
— Sempre estarei aqui para protegê-la. — Respondo, respirando com
mais facilidade.
— Bom saber disso garoto — volta a sua posição normal. — Isso só
me faz gostar mais ainda de você.
Suas palavras são como um bálsamo. Não tem nada melhor do que
conquistar a confiança do pai da garota que se ama, ainda mais se ele for
um como o de Holly.
— Obrigado senhor — agradeço.
Olho para Holly que tem um sorriso acolhedor em seu rosto.
Parece que conquistei mais um Saunders, estou ficando bom nisso.
— Tatuado, filha? — abre um sorrisinho cúmplice e pisca um dos
olhos.
Rindo, Holly olha em minha direção e concorda com a mãe:
— Parece que temos o mesmo gosto, mamãe.
Dona Diana solta uma risadinha e volta sua atenção para mim.
— Então, Aaron? Nos conte um pouco de você. — Sua mãe pede
interessada.
Mais relaxado, me recosto no sofá, trago Holly para mais perto de
mim e conto a minha sogra um pouco de mim.
Ficamos um bom tempo jogando conversa fora até eles decidirem
subir e tomarem um banho juntos.
Olho em direção a saída, acompanhando seus passos e quando não os
vejo mais, pulo em cima do corpo de Holly e prendo suas mãos acima da
cabeça.
— Que malvada você é.
— Eu? Mas não fiz nada — me lança um sorriso inocente.
— Acho que terei que castigá-la igual a última vez. — Digo sugando
seu lábio inferior.
— Como da última vez? — finge pensar. — Não estou lembrada sobre
o que aconteceu. Você terá que me lembrar.
— Será um prazer, Linda.
Envolvo sua cintura e levantando do sofá com ela ainda presa a mim,
vou em direção ao seu quarto que um dia ainda será nosso.
Mesmo sem falar nada, vai ser confortável

Se você estiver comigo, todo lugar pode ser meu lar

Você sabe que eu quero esse lar

Você sabe que você é meu lar


Home – BTS

Por que a gente não consegue fazer uma pizza sem transformar a
cozinha em uma zona de guerra?
Tem massa de tomate espalhado, ovos quebrados, leite derramado e
minha bancada está completamente suja de farinha. O porquê dessa sujeira
toda? Meus pais decidiram que já que seria o último dia deles aqui comigo,
era uma boa fazer uma pizza para todos os meus amigos.
Nós sabemos cozinhar sem fazer sujeira, mas qual seria a graça se não
sujássemos tudo? Nem uma eu sei.
Quando os Saunders se juntam na cozinha, é bagunça na certa.
Palavras da Margot, não minhas.
Ainda estou à espera da guerra de farinha que sempre acaba
acontecendo, mas segundo minha mãe, iremos nos comportar, já que temos
um novo integrante.
Diferente das outras vezes em que só estamos meus pais e eu, estamos
sendo acompanhados pelo meu maravilhoso namorado, que quando escutou
que faríamos nossa famosa receita de pizza, se voluntariou para estar aqui
conosco. Mas olhando para ela agora, acho que se sente um pouco
arrependido.
— O que está fazendo? — pergunto ao me aproximar por trás dele.
— Cortando o pepperoni em círculos — apontando o alimento em sua
mão e corta mais um pedaço.
— Isso é tudo menos um círculo, Aaron. — Prendo uma forte
gargalhada quando vejo ele tentar cortar mais uma fatia, mas acaba que não
corta nada. — Não quer eu faça isso pra você? — Tento pegar a faca de sua
mão, mas ele se esquiva.
— Não, Linda — nega e tenta cortar mais um pedaço do pepperoni. —
Quero fazer isso sozinho.
Concordo que ele continue a terminar de cortar tudo, e decido ficar ao
seu lado o impedindo que acabe cortando o dedo fora.
Cada vez que ele desce a faca, é uma respiração que eu prendo. Por
que ele não ficou com a função de ralar o queijo? Seria tão mais fácil. Se
tem uma coisa que não combinam de jeito nenhum é Aaron e cozinha. Esse
dois são inimigos mortais. Eu já desconfiava quando percebi que ele
demorou quase uma hora para fazer uma simples salada de frutas, mas tive
mais certeza da catástrofe que era quando ele me contou sua experiência
como chefe de cozinha, no Dia dos Namorados.
— Está tudo bem aqui? — meu pai se aproxima de nós.
— Eu acho que sim. — Digo meio hesitante. — Estão precisando de
ajuda? — Pergunto olhando em direção a minha mãe. ‘
— Não, estrelinha — nega com a cabeça. — Só vim avisar que já
começamos com o concurso.
— Certo — dou pulinhos no mesmo lugar. — Dessa vez eu vou
vencer vocês.
— Vai sonhando! — mamãe grita do outro lado da cozinha. — Está
falando com a bicampeã dessa competição. — Faz uma dancinha da vitória
bem tosca.
— Esqueceu que antes de você ganhar por dois anos consecutivos eu
já tinha ganhado pelo menos quatro vezes? — papai pergunta recostando o
quadril na bancada atrás de si.
— Pequenos detalhes que não tem importância agora. — Mamãe dá de
ombros o fazendo rir.
— Não tem importância porque não são seus feitos, não é espertinha?
— caminha em direção a esposa, a pega pela cintura e a vira de frente para
si mesmo.
— Mas é claro — passa os braços no pescoço dele e o encara com um
sorriso apaixonado estampado em seu rosto.
Sem que eu perceba, acabo sorrindo com a cena à minha frente. Meus
pais são o casal mais incrível e admirável que eu conheço.
— Eles são fofos — Aaron comenta ao meu lado.
— Sim, eles são. — Respondo ainda olhando em direção aos meus
pais.
— Será que seremos assim quando envelhecermos? — pergunta
chamando minha atenção.
Passo a encará-lo.
— Pensa em um futuro comigo?
— Mas é claro que sim — largando seus afazeres, ele para á minha
frente e apoia as mão na bancada atrás de mim, me deixando presa entre
seus braços. — Acha que quebrei todas suas regras com o intuito de ficar
com você para terminamos depois de um tempo? — Pergunta, aproximando
seu rosto mais do meu. — O que temos é e será para toda a vida Holly. —
Beija a pontinha do meu nariz.
Meu coração acelera no peito e me tira o ar. Nunca pensei que poderia
sentir um amor tão genuíno e puro quanto sinto pelo homem à minha frente.
Aaron conseguiu clarear um lugar escuro dentro de mim como uma estrela
que ilumina o céu escuro. Quando olho para ele, consigo ver um futuro ao
seu lado, onde passaremos o resto de nossas vidas implicando e amando um
ao outro.
— Eu amo você minha estrela — digo dando um selinho em seus
lábios.
— Estrela? — pergunta confuso enquanto inclina a cabeça de lado.
— Um dia você vai entender. — Beijo a pontinha do seu nariz e dou
uns tapinhas em seus ombros. — Agora vamos que tenho que te explicar
como funciona nossa competição.
Me viro em direção a bancada, ficando de costas para ele.
— Sério que vai me deixar curioso? — apoia sua mão em minha
cintura e me puxa de encontro ao seu corpo.
— Não era você que gostava de surpresa? — pergunto de maneira
atrevida.
Rindo, ele morde a pontinha da minha orelha.
— Malvada — beija minha bochecha e se afasta de mim, ficando ao
meu lado. — Vamos logo com isso que aqueles mortos de fome já, já
entram aqui cobrando comida. — Aponta para os ingredientes a sua frente.
— Me conta que história é essa de competição.
— Certo — concordo com a cabeça. — Esse concurso meus pais
criam quando eu tinha dez anos e cismei que queria comer uma pizza de
sabor diferente, só não sabia qual seria. — Separo o queijo em dois
potinhos. — Meu pai acabou tendo a ideia que criar sabores novos e fazer
uma competição para ver qual era a melhor. — Olho em sua direção e o
vejo me encarar concentrado. — Ele venceu aquele dia com a pizza de
muçarela de búfalo com patê de azeitona.
— Azeitona? — pergunta um pouco cauteloso. — Como algo que
tenha azeitona pode ficar bom?
— Eu amo azeitonas. — Comento.
— Hum... — dá de ombros e volta a me encarar. — Quer dizer que é
uma competição para descobrir sabores novos?
— Isso aí — afirmo, estalando os dedos da mão. — Pronto para criar o
sabor ganhador da noite?
— Você sabe que sou uma negação para cozinhar, Linda.
— Mas agora você tem a mim. — Asseguro.
— Faremos juntos então? — pergunta animado.
— Somos uma dupla agora — ofereço minha mão aberta para que ele
bata.
— Isso aí, Linda. — bate a mão na minha e volta a olhar os
ingredientes disponíveis a sua frente. — O que vamos fazer?
— Me deixe pensar. — Olho para cada coisa que separamos e aos
poucos vou montando algo em minha mente. — Já sei. — Pego o queijo
muçarela e o cheddar. -
— Muçarela e cheddar juntos? — olha com estranheza.
— São pizzas em que os sabores não são convencionais — pego um
potinho com azeitonas pretas e separo também. — Agora me ajude a fazer e
pare de reclamar dos ingredientes que escolho.
— Tudo bem. — Pega a vasilha que deixei a massa descansar até
fermentar e crescer o suficiente. — O que faço com isso?
— Polvilha um pouco de farinha na bancada, depois joga metade da
massa em cima e abre ela com rolo até ficar em uma espessura boa.
Vou explicando tudo a ele, e quando não resta mais dúvidas volto a
prestar atenção na minha parte.
Para a pizza de hoje, escolhi fazer uma com bastante queijo cheddar,
azeitonas, peito de peru e cebola, bastante cebola.
Estou concentrada fatiando a cebola quando vejo tudo branco a minha
frente e minha boca se enche de farinha.
— Aaron! — grito e tusso ao mesmo tempo. — O que você está
fazendo? — Largo a faca na bancada e tempo limpar meu rosto com o
braço.
Meu namorado gargalha com tanta vontade que ele inclina o corpo
para a frente.
— Você estava tão séria cortando essas coisas.
— Então acho que seria legal focar farinha em mim? — pergunto.
— Exatamente isso. — Volta a rir descontroladamente.
Querendo dar o troco, pego uma mão cheia de farinha e jogo em seu
rosto, exatamente como fez comigo.
Levo a mão à boca para segurar minha gargalhada.
Acho que peguei um pouco pesado.
Aaron está completamente branco, desde seus cabelos, cílios e roupas.
— O branco lhe cai bem, amor — digo rindo de sua cara surpresa.
— Não sabia que era vingativa, Linda. — pisca os olhos e acaba
caindo um pouco de farinha em cima dele.
— Você ainda não viu nada — pego um pouco de cheddar na ponta
dos dedos e faço um carinho sorridente em sua bochecha. — Agora está
perfeito. — Gargalho com tanta vontade que jogo minha cabeça para trás.
— Está rindo, não é? — pega um papel toalha e tenta limpar a sujeira.
— Quero ver se vai achar engraçado quando eu fizer isso aqui.
Aaron pega um montante de molho de tomate e passa em meu rosto, o
sujando por completo.
A surpresa foi tanta que acabei ficando de boca aberta e engoli um
pouco do molho, e só não caiu nos meus olhos porque os mantive fechados.
— Eu não acredito nisso — tiro o excesso cadê molhos de olhos, com
os dedos. — Idiota. — Tento bater em alguma parte de seu corpo, mas ele
acaba se esquivando. — Te odeio.
— Não odeia nada — segura em minha cintura e me puxa em direção
ao seu corpo. — Que tal fazer a massa perfeita?
— O que…?
Não termino de perguntar e sua boca está colada na minha e toda a
vontade que eu tinha que quebrar algo em sua cabeça, passam como em um
passe de mágica. Mesmo estando completamente sujos, esse é um dos
beijos mais gostosos que já recebi dele. Nem o gosto do molho de tomate e
farinha podem estragar isso. Seu beijo tem gosto de Aaron e felicidade, o
melhor sabor que já experimentei.
Ele me beija com todo o seu corpo, suas mãos acariciam minha cintura
enquanto sua língua envolve a minha em uma dança lenta e gostosa que só
nós dois conhecemos os passos.
É mágico.
É lindo.
É eu e Aaron.
Estou tão entregue a esse momento, que nem escuto o momento em
que meus pais chegam perto de nós e pigarreia ao nosso lado.
— Eles te lembram algo, querida? — papai pergunta, conseguindo
enfim chamar minha atenção para ele.
Aaron e eu cessamos nosso beijo e olhamos na direção em que meus
pais estão parados nos encarando.
— Com toda a certeza — olho em direção a minha mãe e meu coração
se aquece ao ver o sorriso caloroso e orgulhoso em sua voz. — Guerra de
comida, é?
— Ele começou.
— Ela começou.
Acusamos um ao outro como duas crianças.
Rindo, minha mãe balança a cabeça em negação e diz:
— Só quero que arrumem essa bagunça depois.
— Pode deixar, sogrinha — bate continência.
Dona Diana ria da atitude do genro maluco.
— Andem com isso que temos pizzas para fazer além das do concurso.
— Papai diz voltando para seu lugar. — Ou querem perder pra mim?
— Nunca! — mamãe e eu falamos juntas e corremos para terminar
nossas pizza.
— Agora é sem brincadeiras, Lindo. Papai declarou guerra. — Vou até
a pia para me limpar e quando estou satisfeita, volto a separar os
ingredientes.
— Vamos ganhar essa, Linda. — Garante já limpo e voltando a abrir a
massa.
Essa competição eu não vou perder.

Como o último pedaço de pizza satisfeita.


— Nossa, isso estava muito bom. — Simon elogia pegando mais um
pedaço da pizza que fiz. — Nunca tinha comido algo tão bom.
— Será que já temos um voto garantido, Linda? — Aaron pergunta
olhando em minha direção.
— Parece que sim — olho em direção aos meus pais. — Estão se
sentindo ameaçados?
— Nós? Nunca, querida. — Papai abana a mão fingindo não ligar. —
Me garanto na minha pizza de ovos triturados, calabresa e muçarela. Sei
que aceitei no sabor.
Tenho que assumir que estava gostosa demais. Como sempre, o senhor
Jace é um ótimo pizzaiolo, mas tenho fé que esse ano o título é meu.
— Nada muito original, papai.
— E a sua é? — Pergunta.
— Com certeza. — Afirmo com convicção.
Escuto a risada de mamãe e passamos a encara-lá.
— Do que está rindo, querida? — papai pergunta.
— Da ingenuidade de vocês — pega sua taça de vinho e toma um
gole. — É claro que a minha pizza de salmão com azeitonas pretas irá
ganhar.
— Peixe na pizza mamãe? Quem gosta disso?
— Eu — Harry levanta a mão e pega mais um pedaço da pizza de
salmão.
— Sério, baby Yoda? — o encaro surpresa. — Peixe na pizza?
— O que? Achei um sabor decente e bem gostoso. — Morde um
pedaço com vontade.
— Você e seus gostos diferentes, Harry. — Hanna diz colocando seu
copo de refrigerante em cima da mesa.
— Não gosto do convencional — responde.
É oficial. Meu baby Yoda tem um gosto estranho. Primeiro prefere DC
a Marvel e agora gosta de peixe na pizza? É, ele é estranho, mas ainda o
amo.
— Bom, já que todos comeram, vamos votar na melhor pizza. —
Papai entrega um lápis para cada um de nós é um pedaço de papel. —
Escrevam o nome da pizza e de quem fez, dobrem e o coloque aqui. —
Aponta para um copo que não foi usado.
Um a um vamos escrevendo nossa preferida e colocamos o papel no
lugar correspondente.
— Vou contabilizar — mamãe diz pegando um papelzinho e o
abrindo. — Pizza de ovos. — Diz depois de ler.
— Ganhei um ponto, Estrelinha. — Se vangloria.
Mostro minha língua para ele o fazendo rir e volto a prestar atenção
nos pontos.
Os papéis vão sendo abertos e quando o último finalmente é revelado e
a pontuação está mais do que concretizada, pulo de felicidade pela vitória.
— Ganhamos, Linda — Aaron se levanta e me envolve pela cintura
também.
— Eu disse que ganharíamos. — Envolvo seu pescoço com os braços
e dou um selinho em seus lábios. — Somos uma ótima dupla.
Aaron aperta minha cintura de uma maneira carinhosa e sorri em
afirmação.
É isso aí! A pizza de Aaron e Holly vai para o livro de receitas dos
Saunders.
— Agora que já decidimos o vencedor, vamos lavar tudo isso. Bennett
comunica apontando para as formas de pizzas, pratos e copos.
— Vamos quem? — Simon pergunta.
— Todos aqueles que não cozinharam. — Liam fala já se levantando e
pegando os utensílios sujos.
— Tem certeza de que não querem ajuda? — Minha mãe pergunta.
— Pode deixar tia Diana, nós cuidamos de tudo. — Hanna garanta.
— Bom, se é assim — olha rapidamente para o meu pai. — Já vamos
dormir porque amanhã saímos cedo.
Só de lembrar disso bate um desânimo.
— Detesto esse momento — caminho até eles e os abraço de uma vez.
— Não se preocupe, filhota — mamãe beija minha cabeça. — Suas
férias estão chegando e vamos passá-la juntas. — E você também está
convidado, Aaron. Agora vai fazer parte da nossa tradição da pizza.
— Pode deixar Diana. — Escuto a voz do meu namorado atrás de
mim.
Levanto a cabeça e olho para eles.
— Uma boa notícia pelo menos. — Comento.
Rindo, papai faz um carinho em minha costa.
— Não vai demorar muito e estará em casa, Estelinha. Você vai ver. —
Garante.
— Tudo bem — assinto, me sentindo desanimada ao me separar deles,
mas não sem antes dar um beijo na bochecha de cada um.
— Boa noite crianças. — Se despedem de nós. Estou prestes a me
virar de frente para Aaron, quando a voz de meu pai me chama a atenção.
— Holly, quanto aquele assunto que conversamos antes, não se preocupe,
está tudo resolvido. — Conta, piscando um dos olhos, em um movimento
cúmplice.
Sorrio em sua direção.
— Obrigada, papai — agradeço mandando um beijo em sua direção.
Acenando em minha direção, meu pai vira de costas, e some de vez
pelo corredor, me deixando mais tranquila quanto ao que poderia acontecer
com Aaron, caso Theodore o denunciasse.
— Aconteceu alguma coisa? — Aaron pergunta, me virando de frente
para si.
— Não era nada demais — faço um movimento para que deixe para lá.
Me olhando fixamente, ele deixa claro que esse assunto não será
esquecido e que ele ainda quer saber sobre, mas que por hora irá deixar para
lá.
— Então, quer ir dormir também? — pergunta me envolvendo minha
cintura.
— No seu ou no meu? — pergunto.
— Que tal a gente fazer do seu quarto o nosso? — pergunta inclinando
a cabeça para me ver melhor.
Transformar meu quarto no nosso?
Até que não é uma má ideia. Já dormimos juntos todos os dias mesmo.
Só deixaríamos as coisas mais fáceis.
— Eu topo.
O mundo não é perfeito, mas não é tão ruim assim

Se temos um ao outro e isso é tudo que temos

Eu serei seu irmão e segurarei sua mão

Você deveria saber que estarei lá por você


If We Have Each Other – Alec

Estávamos na final.
Puta que pariu, nós conseguimos mais uma vez.
Ver meus amigos se abraçando de longe e comemorando juntos me
traz dois sentimentos. O de euforia máxima, que o coração quase sai pela
boca de tanta felicidade, e um pouco de tristeza por não está jogando com
eles nesse momento.
Gostaria de estar lá dentro com eles, suando a camisa para nos levar
até a próxima fase. Porém estou do outro lado do vidro, com a comissão
técnica e os reservas. Não me arrependo nem por um segundo do motivo
que me impediu de continuar jogando.
Estou cumprimentando os jogadores reservas, quando vejo meus
amigos se aproximando. Rapidamente largo tudo o que estou fazendo,
caminho em direção a eles, e quando estou perto o suficiente deles, pulo em
cima de Simon.
— Conseguimos Aaron — me abraça com força. — Caralho, a gente
conseguiu porra! — Grita no meu ouvido.
Mesmo não tendo feito parte dessa conquista, ele me inclui como um
dos responsáveis.
— Eu disse que iríamos conseguir cara. — Dou alguns tapinhas
amigáveis em suas costas.
— Estamos na final, caralho. — Apoio minha mãos em seus ombros e
balanço seu corpo para frente e para trás.
Simon tem um sorriso tão grande e brilhante em seu rosto e qualquer
sentimento de insatisfação desaparece em questão de segundos.
— Aos poucos estou conseguindo, Aaron. — Comenta e sei
exatamente sobre o que ele está falando.
— Ainda veremos você em um time de liga, cara — comento,
sentindo a mão de Liam repousar em meu ombro. — O sonho de um. —
Digo vendo Bennett colocar uma das mão sobre a minha que ainda está
apoiada no ombro de Simon.
— É o desejo de todos. — Respondem em um eco junto de mim.
— É isso aí, porra — Liam enlaça meu pescoço e me puxa em sua
direção. — Vamos comemorar?
— Só se for com a nossa turma e em casa, cara — Simon leva uma das
mãos ao ombro e faz massagem. — Estou prestes a desmontar com um
simples toque.
Acabo rindo do seu drama.
— Você não quer sair? — coloco a mão em sua testa. — Está doente
ou algo assim?
— Para com isso, cuzão. — Estapeia minha mão. — Só quero ficar em
casa, sei lá. — Dá de ombros. — Estou ficando um pouco cansado de sair
para todos os lugares e ver as mesmas pessoas.
— Está querendo sossegar, Simon? — Liam pergunta.
— Acho que sim — afirma com um movimento de cabeça. — Nosso
penúltimo ano está quase no fim. Ano que vem começaremos a ter mais
responsabilidades que antes. — Suspira. — Acho que só quero aproveitar
antes dessa calmaria antes do caos. — Conta.
Entendo perfeitamente o que ele quer dizer. Não que antes eu fosse um
cara que só queria saber de festa. Eu gostava e ainda gosto de sair com
meus amigos, mas desde que Holly entrou na minha vida, passei a apreciar
mais os momentos em que passava ao seu lado. Principalmente agora que
somos namorados.
— Entendemos você, Simon. — Liam diz enquanto tira suas luvas. —
O ano que está vindo aí será de muitas mudanças.
— Nem me fale. — Bennett suspira cansado.
— Será que finalmente irão dar um nome para a relação de vocês? —
pergunta fazendo um gesto sugestivo com a sobrancelha. — Só falta vocês
dois.
Liam ri da minha fala enquanto balança a cabeça em negação, e
mesmo que não saia nem uma palavra de sua boca, sei exatamente o que ele
está pensando. Você é muito cuzão, cara.
Pisco um dos olhos para ele e viro em direção a Simon e Bennett que
se encaram neste momento.
— Não estamos completos para nomear nossa relação. — Simon
responde todo misterioso.
O que será que ele quer dizer com isso?
Bom, eu não faço a mínima ideia, e nem quero pensar nisso agora.
Olho em direção a Liam e seu rosto reflete a mesma expressão confusa
que a minha, e sem combinar um com outro, damos de ombros.
— Enfim, porque vocês não vão tomar banho logo para irmos para
casa. — Sugiro.
— Sim, vamos logo. — Bennett segue na frente de todos sendo
seguido por Simon.
— Vou esperar vocês lá fora com as meninas e Harry. — Aviso a
Liam.
— Até daqui a pouco.
Se despede e segue até o caminho do vestiário.
Olho em volta, vendo o ginásio esvaziar aos poucos, e sinto a euforia
voltar.
Só mais um.
Só mais um jogo e levaremos a taça para casa.
Esse ano é dos Artic Fox.

Piso no último degrau da escada e quando piso na sala de estar,


estranho o silêncio à minha volta.
Uma casa onde residem seis pessoas barulhentas, nunca fica em
silêncio, a não ser que todos estejam dormindo ou fazendo besteira. Como
sei que todos já se levantaram, aposto na besteira.
Olho mais atentamente para a sala de estar e quando tenho certeza de
que não há mais ninguém aqui além de mim, sigo minhas buscas pelos
outros cômodos.
Vou à cozinha, área de serviço, sala de jogos e quando estou quase
desistindo, escuto uma conhecida vindo da sala de filmes.
— Quase pensei que estaria sozinho em casa. — Digo me
aproximando do sofá em que minha irmã está sentada. — Sabe onde os
meninos foram?
— Simon e Bennett foram treinar e Liam foi ao orfanato. — Conta
enquanto dá tapinhas no lugar vago ao seu lado. — Onde está Holly?
— Saiu para comprar algumas coisas para usar no blog — me
aproximo. — Não foi com ele dessa vez por quê? — Me sento ao seu lado.
— Está tudo bem? — Pergunto depois de ver a expressão cansada em seu
rosto.
— Estou com cólicas, nada demais. — Morde o lábio inferior quando
sente uma ponta de dor.
Sei disso porque desde a primeira vez que seu ciclo teve início, sempre
ficava ao lado lado, a mimando.
— Quer comer alguma coisa? — pergunto e a vejo negar com a
cabeça. — Algum remédio? Já comeu algo?
— Estou enjoada demais para comer e sim, já tomei um remédio. —
Conta, chegamos mais perto de mim e deitando sua cabeça em meu ombro.
Suspiro preocupado.
Esses dias são horríveis para minha irmãzinha. Hanna sofre com dores
e horríveis e enjoos, nos primeiros dois dias, o que acaba a deixando mais
dengosa do que já é.
— Você tem que comer, Bonequinha. — Digo enquanto faço carinho
em seus cabelos dourados. — Nem que seja um pouco.
Encolhendo as pernas, até que seus joelhos fiquem próximos ao seu
peito, ela passa os braços envolta da minha cintura.
— Prometo que como depois.
— Vou cobrar, hein mocinha. — Toco a pontinha do seu nariz com o
dedo indicador e a faço rir.
Um dos sons que mais amo é a risada da minha irmãzinha. Acho que
por ter sido a primeira pessoa a tirar isso dela, passei a aguardar pela
próxima vez em que a escutaria de novo.
Eu assumo sem vergonha nenhuma.
— Está assistindo Spirit sem mim? — pergunto fingindo estar
indignado.
— Não resisti — me lança um olhar de desculpa. — Mas ainda
podemos ver juntos, olha. — Aponta para a tela. — Está no começo ainda.
Hanna tem razão.
Ela deve ter assistido a vinte minutos de filme sozinha, no máximo.
— Não vou considerar isso como uma traição sua, Bonequinha. —
Beijo sua cabeça e passo a prestar atenção no filme.
Esse foi o primeiro filme que dei para irmã, então ele tem uma história
especial por trás. Na época, minha irmãzinha não tinha amigos que vissem
filmes com ela. Então eu passei a ser seu amigo de filme. Conheço todas as
animações de princesas, filmes da Barbie e afins.
Desde então peguei gosto por ter esses momentos com ela, que
infelizmente não temos tido desde que entrei para a faculdade.
— Estava com saudade de ter esses momentos com você. — comenta
chamando minha atenção.
— Eu também.
— Quase não passamos mais tempo juntos. — Olha pra cima,
mirando seus grandes olhos azuis, nos meus.
— Você me trocou pelo, Liam. — Me finjo de ressentido.
— E você me trocou pela Holly. — Dá o troco me fazendo rir.
— Quem diria que estaríamos namorando o melhor amigo um do
outro, hein.
— Parece uma sina dos Carson — responde, levando a mão à boca
tampando sua risada.
— Um carma talvez? — pergunto. — Pode virar roteiro de livros para
você. — Faço um carinho em sua bochecha.
— Pode ter certeza que sim. — Afirma com a cabeça rindo.
Como é o destino, não é? Dois irmãos que acabaram se apaixonando
pelos respectivos melhores amigos um do outro. História interessante a
nossa.
— Agora falando sério — Hanna chama minha atenção. — A gente
passava mais tempo juntos quando não tinha a faculdade e o namoro. —
Seu olhar se torna vago como se estivesse lembrando de algo. — Sinto
saudades dos nossos momentos.
— Eu também, Bonequinha. — Faço um carinho em sua bochecha. —
Me desculpe por não estar tão presente nesses últimos tempos. — Seguro
em seu queixo e a faço olhar pra mim. — Prometo que mudarei essa
situação.
Antes de Liam e Holly chegarem em nossas vidas, éramos melhores
amigos um do outro, e de maneira nem uma deixarei que isso mude.
— Jura? — pergunta e acaba fazendo beicinho.
Totalmente dengosa.
— Juro. — Concordo sorrindo. — Você é a pessoa que eu mais amo
nesse mundo, Hanna. — A abraço com um pouco mais de força.
— Deixe só a mamãe te ouvir falando isso — belisca meu abdômen
me fazendo rir.
— Ela só irá saber se você contar, espertinha. — Dou tapinhas leves
em sua mão.
Hanna acaba rindo por conta das investidas, afasta sua mão de mim e
ajeita sua cabeça em meu peito, procurando uma posição melhor. Aos
poucos sua risada vai morrendo e passa a olhar fixamente para um ponto a
sua frente, como se estivesse pensando em algo, até que volta a olhar em
minha direção dizendo:
— Que tal fazermos uma promessa? — levanta-se devagar no meu
colo.
— Que tipo de promessa? — pergunto, me sentindo curioso.
— Que em um dia do mês teremos o Dia dos irmãos Carson — conta
animada. — Sem ninguém a não ser nós dois.
Um dia de irmãos? Gostei disso.
— Fechado.
— Fechado. — Lambe a palma da mão e a estica em minha direção.
Gargalho ao ver a velha mania que tínhamos quando fechamos um
acordo, faço o mesmo que ela e junto nossas mãos babadas, fechando nosso
acordo.
— Já que fechamos nosso acordo, vamos voltar a ver nosso filme até
essa cólica monstruosa passar. — Volta a se aconchegar no meu colo e
passamos a tarde toda vendo filmes juntos como nos velhos tempos.
Oh, escorrendo pelo seu corpo como ouro

Lentamente embaçando as janelas

Minha pele na sua pele, de novo e de novo

Sue para mim


Sweat – Zayn

Destranco a porta do quarto, caminho em direção a cama de casal


localizada no meio do cômodo e me jogo em cima do colchão macio com
tudo. Eu tento, mas não consigo parar de sorrir depois da experiência que
vivenciei hoje.
Meu coração está tão descontrolado dentro do peito, que fica até difícil
respirar.
Hoje, finalmente, ocorreu o tão esperado show do Imagine Dragons.
Ainda me encontro sem palavras para descrever tudo o que estou sentindo.
Com toda a certeza, hoje foi um dos dias mais incríveis da minha vida.
Consegui ver meus bebês bem de pertinho, pular e cantar as músicas de
maneira enlouquecida, e para completar, meu incrível namorado acabou
cantando minha música preferida em meu ouvido enquanto deslizava uma
aliança de namoro em meu dedo anelar direito.
Tem como esse dia ficar melhor?
Eu acho que não.
Levanto a mão que agora tem uma linda joia de ouro branco com uma
pedra azul a enfeitando, e fico a admirando com alguns momentos.
— Fiz uma boa escolha — Aaron diz se sentando ao meu lado.
— Nunca me imaginei usando uma dessas — viro a mão de um lado
para o outro, e sorrio quando a luz bate sobre a mesma e a ilumina de uma
maneira única.
— Parece que tenho minha própria estrela nas mãos. — Sussurro.
Aaron entrelaça nossos dedos e deixa um beijo bem em cima da peça
gelada.
— Falando em estrelas — pega em meu queixo e vira meu rosto em
sua direção. — Irá me contar o motivo de ter passado a me chamar assim?
— Mas é claro que não — o respondo e acabo rindo ao ver sua
expressão.
Ele não precisa saber que passei a chamá-lo dessa maneira porque
acabou iluminando minha vida como uma estrela em um céu negro.
— Por que é sempre tão malvada comigo? — morde minha bochecha.
— Porque gosto da cara de bobo que você faz quando nego algo.
— Ah! Quer dizer que gosta de me torturar, não é? — aperta o ossinho
do meu quadril fazendo com que eu me contorcer pelas cócegas.
Dou um tapinha em sua mão, parando seu ataque e aproximo nossos
lábios.
— Exatamente. — Passo a língua em seus lábios e mordo o inferior
bem de levinho o prendendo entre os dentes por alguns segundos. .
Aaron me fita com os olhos semicerrados.
— Diabinha — comenta me fazendo rir.
— Eu toda carinhosa o chamando de estrela enquanto você me chama
de diabinha e Carma. — Comento fingindo indignação.
— O que posso fazer se você é o Carma da minha vida e uma
completa diaba quando me trata dessa maneira? — Apoia a cabeça em sua
mão.
— Vai dizer que não gosta de ser desafiado por mim? — apoio minha
mão em seu peito, sentindo os batimentos ritmados do seu coração.
— Eu amo — responde pegando em minha mão e deixando um beijo e
passa a encarar a joia ali presente. — Tenho que contar que a sensação de o
ver em seu dedo é maravilhosa. — Conta.
— Te faz lembrar que sou sua? — pergunto me virando de lado e
ficando de frente para ele.
— Não preciso de um anel para saber que você é minha. — Apoia sua
mão em minha cintura e me puxa mais para perto.
— Ah não? — arqueio uma das sobrancelhas. — Então por que me
deu ele?
— Porque quero que todos tenham a certeza de que você tem dono —
aproxima o rosto do meu e chupa meu lábio inferior com força. — Assim
como eu. — Levanta sua mão com uma aliança masculina igual a minha.
Suas palavras fazem um sentimento de posse crescer dentro de mim.
Desço meus olhos em direção aos seus lábios avermelhados e convidativos,
e sem perder tempo, apoio uma das mão em sua nuca, o puxo em minha
direção e junto sua boca na minha matando o desejo de sentir seu gosto.
Chupo seus lábios com força, e sinto meu corpo vibrar e minha boceta
se contrair ao escutá-lo gemer em satisfação. Me aproximando mais de si,
apoio minha perna na sua e consigo sentir seu pau completamente
endurecido.
Aaron entranha seus dedos entre os cabelos da minha nuca e os puxa
usando um pouco de força. Sinto minha calcinha umedecer e um
desconforto gostoso em minha boceta. Sem perceber, passo a movimentar
meu quadril de encontro ao seu, sentindo seu pau no ponto exato do meu
prazer. Um simples beijo e já me encontro completamente pronta para ele.
Sua mão desce em direção a minha cintura e virando nosso corpo,
ficando sobre mim, ele passa a diminuir o ritmo do beijo, passando a selar
meus lábios repetidamente.
— O que acha de tomar um banho para relaxar? — pergunta beijando
meu pescoço.
Involuntariamente, me contorço quando sinto um arrepio subir pela
minha coluna até se perder em minha nuca.
— Ótima ideia — segurando em sua nuca, viro o rosto para trás e
beijo seus lábios rapidamente. — Entra comigo? — Pergunto enquanto me
levanto e começo a me livrar das minhas roupas até ficar completamente
nua na sua frente.
— Estarei logo atrás de você, Linda — seus olhos mapeiam meu corpo
e sinto cada pedacinho de pele por onde seus olhos passaram, arder.
— Por que não vem agora? — subo uma das mãos em direção ao meu
seio, sinto uma fisgada gostosa quando passo a massagear a carne macia
enquanto o encaro fixamente.
Mordendo o lábio inferior, ele morde o lábio inferior e veja a luta
interna que ele trava para não se levantar e caminhar em minha direção.
— Tentador — sua voz está alguns tons mais graves. — Mas preciso
fazer uma coisa antes de ir ao seu encontro.
— O que você está tramando? — pergunto curiosa.
— Você verá — se levanta e vem em minha direção. — Agora seja
uma menina obediente e faça o que te pedi. — Ordena e meu corpo treme
ao escutar seu tom de ordem.
— Já que é assim — assinto com a cabeça e caminho em direção ao
banho, mas não sem antes senti-lo usar sua mão grande para bater em
minha bunda.
Olho em sua direção por cima do ombro e vejo um sorriso faceiro em
seu rosto.
Sem dizer uma só palavra, entro no banheiro de uma vez.
O lugar é amplo, com uma banheira de mármore branco brilhante, ao
lado do box envidraçado. Sigo em direção ao chuveiro, e suspiro em
contentamento quando a água morna entra em contato com minha pele.
Pego uma embalagem lacrada de sabonete disponível, abro o mesmo, faço
bastante espuma nas mãos e passo por todo o meu corpo.
Já perdi a noção do tempo em que estou aqui dentro, quando sinto sua
presença atrás de mim, antes mesmo que me toque.
— Aproveitando sem mim? — segura em minha cintura e sussurra em
meu ouvido.
Sorrindo, o respondo:
— Estaria aproveitando mais se estivesse aqui comigo.
Sua risada grossa ecoa pelo banheiro, fazendo meu corpo se acender
novamente.
— Estou aqui agora pronto pra cuidar de você — desce uma de suas
mãos pelo meu ventre e segue em direção a minha boceta. — Já está assim
sem que eu tenha te tocado? — Começa a estimular meu clitóris.
Ofego jogando a cabeça para trás e a apoiando em seu ombro,
completamente rendida por ele.
Aaron continua a estimular minha boceta de forma lenta e constante.
Fecho os olhos em uma tentativa de sentir seu toque de uma maneira mais
profunda, o vapor quente faz minha pele transpirar e ferver, e alguns fios de
cabelo grudarem em minha têmpora.
Minha pele está escorregadia por conta do sabonete, fazendo com que
seu toque deslize com suavidade em minha pele. Se aproximando, ele
segura em minha cintura e aperta o local com força o suficiente para deixar
a marca seus dedos ali.
— Aaron — levo minha mão para trás e a afundo em sua nuca.
— Você é deliciosa demais. — Sem esperar por uma resposta minha,
desliza seu dedo pela minha boceta até chegar à fenda e me penetra com um
dedo, enquanto passa a sugar a pele no meu pescoço.
Ele me leva a loucura em questão de segundos, me fazendo desejar
que seu dedo seja substituído pelo seu pau. Me pegando de surpresa, um
segundo dedo se junta ao primeiro, no movimento de vai e vem.
— Mais... — peço, apertando minhas coxas uma na outra.
Passo a rebolar em seus dedos com vontade e força, e seguindo meus
movimentos, ele aumenta a velocidade de seus dedos e com o polegar e
passa a estimular meu clitóris, minha pele está completamente arrepiada e
sensível ao menor toque. Minha respiração perde o compasso e se mistura
com meus gemidos.
Sinto o prazer se acumular em meu ventre e meu clitóris pulsar em seu
polegar.
— Goza pra mim — pede quando sente minha boceta esmagar seus
dedos.
Como se eu só precisasse desse estímulo, sinto as paredes do meu
canal se apertarem em volta dos seus dedos e meu corpo convulsionar com
força, e gozo em seus dedos, os melando. Fecho meus olhos com força para
aproveitar esse momento, e em uma alucinação deliciosa, passo a ver
pontinhos brilhantes à minha frente. Minhas pernas tremem e quase vou ao
chão, se não fosse pelos seus braços em volta de minha cintura.
Aaron esconde o rosto no meu pescoço e sinto quando abre um sorriso
faceiro.
— Ter você gozando pra mim é sempre magnífico. — Suga a pele
molhada da minha clavícula.
Ainda de olhos fechados, levo minha mão para trás, para o meio de
nós dois, seguro em seu pau e aperto a carne macia e quente.
— Está na hora de eu cuidar de você — com os olhos nublados pelo
orgasmo, viro de frente para ele.
Estou quase me abaixando, quando ele me impede e me pega no colo.
— Hoje não, Linda. — Desliga o registro atrás de mim e sai comigo
do box.
— O que está fazendo? — pergunto sem entender sua atitude. — Por
que me impediu?
— Porque hoje à noite é sobre você e o seu prazer. — Suga meu lábio
inferior e volta para o quarto comigo ainda em seu colo.
Diferente do cômodo que estávamos a poucos segundos atrás, o clima
no quarto está fresco, fazendo minha pele nua e molhada se arrepiar.
— Não se preocupe com o frio — alisa minhas costas. — Em poucos
segundos sua pele queimará. — Comenta, assim que percebe meus braços
arrepiados pelo frio.
— Hoje você está cheio de promessas — digo e acabo rindo quando
sinto meu corpo quicar em cima do colchão macio após ser jogada em cima
do mesmo.
— E prometo cumprir todas elas. — Responde parado em frente a
cama.
Me apoiando nos cotovelos, passo a encarar descaradamente cada
pedacinho do seu corpo, e mesmo que eu tenha acabado de gozar, sinto
minha boceta se contrair quando meu olhos focam em seu pau
completamente ereto e pulsante. Subo minhas inspeção para seu abdômen
definido e tatuado, pelos braços malhados, passo pelos seus lábios inchados
pelos nossos beijos, até focar em seus olhos quentes e brilhantes.
— Admirando? — pergunta depois de um tempo. — Há algo que te
agrade?
— Muito. — Digo voltando a encarar seu pau ereto e passo a
acompanhar o caminho que a gotinha pré-ejaculatória faz pela carne macia.
— Você o quer? — pergunta, envolvendo a glande inchada e tudo o
que consigo fazer é concordar com a cabeça. — Onde você o quer? —
Pergunta, começando a bater uma punheta lenta e torturante.
— Dentro de mim — respondo olhando hipnotizada para ele.
Abrindo um sorriso cafajeste, ele diz:
— Seu pedido é uma ordem.
Aaron para de estimular seu pau, que agora está muito mais duro e
melado do que minutos atrás e apoiando o joelho em cima da cama, ele
sobe em cima de mim, ficando com nossos rosto bem próximos um do
outro. Seus olhos descem em direção aos meus lábios e sem esperar, ele
volta a devorá-los com fome. Sua língua pede passagem, e reprimo um
gemido quando a sinto deslizar sobre a minha, explorando cada cantinho
dela.
Aaron me deita no colchão, pressionando mais seu corpo contra o
meu, me fazendo sentir sua ereção contra minha barriga e meu ventre se
contrai pela expectativa de recebê-lo. Envolvo seu pescoço com meus
braços, não deixando nem um espaço livre entre nós.
Interrompendo nosso beijo, ele junta nossas testa e nossos olhos se
encontram, me dando a sensação de que eu poderia me afogar neles.
— Eu preciso de você — digo.
Sem precisar pedir mais uma vez, Aaron passa a atacar a pele do meu
pescoço até meu peito, intercalando os beijos com mordidas, me fazendo
gemer e arquear as costas. Meus seios ficam bem rente aos seus lábios, e
descendo a boca, passa a chupar meu seio esquerdo, endurecendo o mamilo,
ao mesmo tempo em que massageia o direito.
Empurro sua cabeça para baixo, desejando que seus lábios estejam em
outro lugar. Entendendo meu pedido, ele passa a descer pela extensão da
minha pele, lambendo e soprando um ar quente pela pele da minha barriga
até chegar em minha boceta.
— Você é muito gostosa — sua voz não passa de um suspiro. — Sou
completamente viciado em você, Amor.
Não tenho forças para respondê-lo e acho que ele nem espera por isso,
já que passa os braços por debaixo do meu quadril, me puxa para mais
perto, abre meu grandes lábios usando sua língua, e passa a chupar meu
clitóris, me fazendo alucinar e gemer enlouquecida.
Sem que precise de um comando, passo a rebolar em seus lábios
quando sinto explorar minha boceta, provocando minha entrada com a
língua. Aaron desliza uma das mão pela parte interna da minha coxa, até
alcançar minha boceta e penetrar um dedo. Sentindo um prazer imenso,
com minhas próprias mãos, passo a estimular meus seios, esmagando a
carne macia e pesada entre os dedos.
— Aaron... — gemo seu nome e o sinto aumentar as investidas. — Eu
preciso de você. — Peço, segurando em seu pescoço e o puxando em minha
direção. — Preciso de você dentro de mim. — Envolto minhas pernas em
sua cintura.
— E você terá — beija meus lábios fazendo com que eu sinta meu
próprio gosto. — Mas será de um jeito diferente. — Desprende nossos
lábios quando seguro seu pau e o levo em direção a minha entrada.
— O que quer dizer com isso? — pergunto arfante.
— Que hoje vou realizar um dos seus desejos. — Vejo ele esticar a
mão em direção a mesinha de cabeceira e pegar um frasquinho, uma
embalagem de camisinha e... espera, isso é um vibrador?
— Um desejo? — pergunto confusa, olhando para os objetos em sua
mão.
— Lembra quando disse que gostaria de participar de um ménage? —
pergunta enquanto abre o frasco do que descobri ser lubrificante. — Esse
será o único que você irá participar. — Comenta enquanto abre a
embalagem de camisinha, a posiciona e a desliza pela extensão do vibrador
— De quatro minha putinha. — Ordena enquanto pega o frasco de
lubrificante, despeja em uma das mãos e começa a passar por toda a
extensão do vibrador.
. — Terei que pedir de novo? — Pergunta depois de ver que me
mantive no lugar.
Sorrindo por conta do seu tom autoritário, faço o que me pede e fico
de quatro bem à sua frente.
— Boa garota — estala um tapa em minha bunda com força o
suficiente para deixar a carne avermelhada.
— Filho da...
— Shi... quietinha. — Pede acariciando a pele atingida.
Sua carícia continua por alguns segundos até cessar, e fico à espera do
seu próximo passo, que não demora a chegar.
Me pegando de surpresa, sinto algo gelado encostar em minha bunda e
olhando por cima dos ombros, vejo Aaron passar lubrificante em seus dedos
e penetrar meu cu novamente, usando seu dedo indicador. Tensionado as
costas, sinto minha respiração sair entrecortada.
— Você precisa relaxar — pede e solto o ar lentamente pela boca.
Retirando o dedo lentamente, para em seguida encostar a ponta do
vibrador em meu cu. O receio assume meu corpo, mas tento me manter o
mais relaxada possível.
— Puta merda — praguejo quando sinto seus dedos irem em direção a
minha boceta, passando a me estimular e me ajudando a relaxar.
Sinto a pressão em volta do meu cu, mas seus estímulos fazendo meus
músculos relaxarem de uma vez. A grossura do vibrador ajuda e muito na
hora de recebê-lo.
— Caralho, você é muito gostosa — passa a me estocar lentamente,
fazendo com que me acostume com a invasão. — Mal posso esperar para
ser o meu pau no lugar.
Os estímulos são tantos, que afundo minha cabeça no colchão quando
um grito sufocada acaba escapando dos meus lábios. Meu ventre se contrai
em um aviso de que estou bem perto de gozar. A dupla penetração me
estimula de uma maneira única.
— Aaron... — suplico da maneira que consigo.
Meu cérebro está tão inundado pela neblina do prazer, nesse momento,
que desconheço quem sou neste momento. Meu corpo é feito de sensações e
nada mais.
— O que você quer? — pergunta deitando-se por cima de mim e
colando nossas peles suadas. — É só pedir.
— Dentro de mim — em um primeiro momento as palavras saem
desconexas. — Preciso de você dentro de mim. — Peço, usando a última
gota de sanidade.
— Seu pedido é uma ordem. — Suga a pele úmida da minha nuca,
enquanto retira lentamente o vibrador do meu cu.
Volto a olhar por cima do ombro, e mesmo com a visão nublado,
consigo vê-lo colocar uma camisinha em seu pau e posicionar a cabeça
larga e inchada em meu cu.
Como da última vez, Aaron passa a me penetrar lentamente, mas por
conta da diferença gritante de tamanho, sinto um desconforto na região, mas
com os estímulos em minha boceta, volto a relaxar por completo e sinto
cada centímetro me invadindo.
A sensação de ser preenchida por ele é incrível, não há palavra que
possa descrever o prazer que me rasga nesse momento, e quando o sinto
completamente enterrado em mim, sufoco o grito que me sobe à garganta.
Aaron fica imóvel por alguns segundos, me dando um tempo até que me
acostume com seu tamanho.
Quando me sinto pronta, passo a rebolar tanto em seus dedos quanto
em seu pau, dando aval para que ele se mexa. Sem dizer uma palavra,
Aaron passa a se mexer dentro de mim, me fodendo com seus dedos e pau
ao mesmo tempo, seus movimentos vão entrando em sincronia, fazendo
meu corpo se acender.
— Acho que já posso realizar seu desejo — comenta enquanto retira
os dedos lentamente de dentro da minha boceta, me fazendo gemer.
Volto a olhar por cima do ombro, e o vejo pegar o vibrador rosa, retirar
a camisinha o leva em direção a entrada da minha boceta, me penetrando
lentamente, passando a me torturar da maneira mais gostosa possível. Com
uma sincronia perfeita, ele passa a meter seu pau bem fundo em meu cu e o
vibrador em minha boceta.
Cada lugar em que nosso corpo se encontra, é como lava que queima e
me leva além do limite. Não sei se sou capaz de aguentar por muito tempo.
Cada investida e gemido que saem dos nossos lábios, é como se
estivéssemos tomando posse um do outro para sempre.
— Não sei se aguento por muito tempo — murmuro, sentindo uma
onda de prazer se formando em meu ventre.
— Goza no meu pau, Amor. — Envolve meu pescoço com sua mão
grande, colocando pressão em seu agarre enquanto seu pau e o vibrador
continuam a trabalhar em meu interior.
— Aaron...
Sinto meus sentidos embaralharem, minha pele se arrepiar e sinto
como se estivesse em uma queda livre. O prazer vem em ondas, com mais
intensidade que a anterior, tomando conta de todo o meu corpo.
— Olha só pra você — morda na altura do meu ombro esquerdo. —
Vê você tendo um squirting[9] é demais pra mim. — Intensifica o aperto em
meu pescoço e passa a meter seu pau em movimentos ritmados e
constantes.
Sinto seu pau inchar dentro de mim e enterrando a cabeça em meu
pescoço e sugando a pele sensível, ele investe mais duas vezes em mim até
alcançar seu clímax. Sua respiração está ofegante contra a pele do meu
pescoço, faz minha pele se arrepiar. De maneira lenta, Aaron tira seu pau e
o vibrador de dentro de mim, e acabo arfando por conta da sensibilidade.
Minhas pernas tremem e sem aguentar me manter na posição, vou
escorregando até está completamente deitada no colchão.
Meu corpo está exausto, não consigo mexer nem um músculo sequer.
Sinto o braço de Aaron envolver minha cintura e me puxar para perto, me
aconchegando em seu peito, me permitindo escutar os batimentos
acelerados de seu coração.
— Gosto do seu ménage improvisado? — pergunta olhando em minha
direção.
— Foi melhor do que se tivesse outra pessoa conosco. — Começo a
desenhar coisas desconexas em seu peito.
— Bom saber disso — seu carinho em meu couro cabeludo começa a
relaxar meu corpo mais e mais. — O único pau diferente que teremos como
companhia será o de borracha. — Comenta, me fazendo rir.
— Você é o único que preciso. — Com os olhos semicerrados pelo
sono, beijo seu peito e volto a me aconchegar em seu peito voltando a
escutar os batimentos do seu coração, agora mais tranquilos.
Esse realmente é o melhor dia da minha vida.
Uma luz estranha órbita ao seu redor

Você flutua pelo ambiente

Seu toque é feito de algo que

Nem o paraíso pode se comparar


Heaven – Niall Horan

Meus batimentos cardíacos estão completamente descontrolados nesse


momento, quanto vejo todo o time lutar para levar a taça de campeão para
casa.
Caralho, que nervoso não poder fazer nada para ajudá-los.
O jogo segue empatado.
Ryan fez nosso primeiro gol, sendo seguido por Simon que aproveitou
um ótimo passe para finalizar e acertar o disco no fundo da rede.
Era só segurar o ritmo, mas é claro que tínhamos que dar bobeira com
dois lances ridículos e tomamos dois gols seguidos.
Agora estou aqui, quase sem todas as unhas da mão, já que as roí a
maior parte do tempo, e sem poder fazer nada.
É horrível essa sensação de impotência.
— Vai, Thomas! — Grito, levantando do meu lugar acompanhado
cada centímetro que nosso capitão avança.
Thomas tem um ótimo controle sobre o disco, não dando brecha para
que ninguém do time adversário o intercepte. Bennett segue ao seu lado,
enquanto Liam bloqueia quem vem pela frente.
Com o caminho livre, Thomas segue em frente, mas ao se aproximar
do gol, dois jogadores do time adversário conseguem formar uma barreira,
o impedindo de continuar.
Tudo acontece muito rápido, em um segundo o disco está em posse de
Thomas e no outro segue como um tiro certeiro em direção a Simon que
correu tão rápido para ajudar nosso capitão, que nem de onde ele veio. Meu
amigo o intercepta e sem perder tempo, dá uma bela tacada.
O barulho da sirene e o movimento da rede fazem os torcedores irem à
loucura.
— Isso, porra! — Grito em comemoração pela vantagem que abrimos.
Foco meu olhos no rinque e vejo meus companheiros de time se
amontoarem em um abraço coletivo, mas o que realmente mexe comigo é
ver meus três melhores amigos olharem em minha direção e dedicarem o
gol para mim.
Esses desgraçados querem me fazer chorar aqui na frente de todos?
Com a garganta embargada, mostro o dedo do meio, os fazendo
gargalhar e voltar a atenção para o jogo.
Olho para o cronômetro e me sinto aliviado quando vejo que faltam
menos de dois minutos para o fim da partida.
Volto minha atenção para a frente, vendo dois jogadores se
posicionarem do meio do rinque, enquanto o árbitro segura o disco, conta
até cinco e o libera. A disputa pela chance de marcar mais um ponto
começa e graças a destreza de Thomas, conseguimos a posse e seguimos em
direção ao gol adversário.
Mesmo estando em vantagem, ainda não podemos cantar vitória. Volto
a olhar para o cronômetro e o nervosismo só se torna maior quando vejo o
tempo passar mais rápido do que os passos de Thomas em direção ao Gol.
Um jogador entra de uma maneira bruta em nosso capitão o fazendo
perder a posse do disco e ir ao chão. Escuto os jogadores reservas gritarem
e xingarem contra, mas meus olhos não saem de Liam, que de uma maneira
ágil, toma o disco para si e vai em disparada em direção ao gol.
— Vai, Liam! — grito passando o olhar dele para o cronômetro que
marca menos de um minuto.
Olhando para meu melhor amigo novamente, vejo Simon e Bennett o
apoiarem na defesa, livrando seu caminho até que ele chegue em frente ao
gol e passar a encarar o goleiro a sua frente. O momento acontece em
questão de segundos, mas pra mim parece estar em câmera lenta. Vejo o
exato momento em que Liam flexiona os joelhos, leva os braços para trás e
dá um tiro certeiro no Gol.
O apito soa sinalizando o final do jogo, tornando real a nossa vitória.
Grito com tanto fervor que sinto minha garganta doer. Sem perder
tempo, tiro as proteções do patins e entro no rinque seguindo alguns
jogadores reserva e vou em direção aos meus amigos, que assim que me
veem, vem em minha direção.
— Conseguimos, Aaron. A gente conseguiu, porra! — Simon grita
eufórico enquanto envolve seus braços envolta do meu pescoço.
Passo meus braços em volta do seu corpo, e dou batidinhas amigáveis
em suas costas o parabenizando.
— Vocês conseguiram — digo olhando para cada um deles.
— Nós conseguimos — Liam deixa claro, passando os braços em meu
ombro e me puxando para si.
— Mas eu nem joguei — relembro.
— Mas estava torcendo e nos dando força como ninguém. — Bennett
responde, me pegando de surpresa.
De nós quatro ele é o que menos nos demonstra seus sentimentos,
então escutar isso dele, acaba mexendo comigo.
Aperto seu ombro, e sei que ele entendeu o que quis dizer, mesmo sem
verbalizar.
Com Bennett é assim, não precisamos de muitas palavras para sermos
entendidos.
— Cara, sei que já disse isso antes, mas obrigado mais uma vez por
serem os melhores amigos do mundo e por me ajudarem a realizar meu
sonho. — Chama nossa atenção para si. — Não tenho como agradecer a
vocês por isso.
Não sei se pela energia do momento ou por sentir que ele está cada vez
mais perto de realizar seu sonho, percebo sua voz ficar embargada.
— Agradeça entrando em um time da liga — digo.
— E conseguindo ingressos para a gente. — Liam comenta nos
fazendo rir.
— Prometo que terão os melhores lugares sempre. — Simon garante
nos fazendo rir.
Olhando melhor, consigo perceber o quão feliz está. Muitos podem
não entender, mas termos ganhado hoje é como se ele estivesse subindo um
degrau em direção a sua vitória. Simon se tornará um grande jogador,
provando ao seu pai que ele é capaz de tudo o que quer.
— Acho que mais alguém quer nos parabenizar — Liam e o vejo
aponta em direção a saída do rinque.
Olho na direção indicada e vejo Holly acompanhada por, Hanna,
Maddy, Harry e Genna. Se as expressões em seus rostos forem indicativas
de alguma coisa, ouso dizer que eles estão loucos para falar com a gente.
— Vamos — digo já seguido em direção a ela que me espera com um
enorme sorriso em seu rosto.
— Ei, campeão — me pegando de surpresa, ela tenta vir até mim.
Querendo evitar que acabe caindo, sigo em sua direção e a pego no
colo.
— O que está fazendo sua doida — apoio meus braços em suas costas
enquanto ela envolve as pernas em minha cintura. — Você poderia ter
caído.
Faz um gesto como se não fosse nada e envolve meu pescoço em um
abraço apertado.
— Tinha que vir aqui e parabenizar você — beija meus lábios
levemente. — Foi um ótimo jogo.
— Mas eu nem joguei, Linda — a respondo com um sorriso nos
lábios. — Não tenho nada a ver com a vitória de hoje.
Pensei que esse assunto me incomodaria, mas depois de ver a alegria
de Simon ao conseguimos o título, nosso time unido ao ponto de virar a
partida nos minutos finais, só faz com que eu me sinta eufórico.
— Como não — inclina um pouco o rosto para trás, a fim de ter uma
melhor visão de mim. — Passei boa parte do jogo te encarando e vi os
incentivos que você dava aos meninos, mesmo que estivesse de fora dessa.
— Passa a fazer um carinho em minha nuca. — Então tem sua parcela nessa
vitória, sim. — Diz enquanto mantém seus olhos focados nos meus.
Como sempre acontece quando a tenho em meus braços, passo a
admirar cada pedacinho de seu belo rosto, e cara... ainda não acredito que
consegui conquistar essa garota. Holly é como um sonho pra mim, e agora
que a tenho ao meu lado, passarei o resto de minha vida cuidando do seu
coração. Espero que ela aprecie a pequena homenagem que fiz a ela em
meu corpo.
— O que tanto você olha? — chama minha atenção.
— Só admirando a mulher mais linda desse mundo. — Faço um
carinho e a sinto se contorcer em meu colo.
— Me bajulando para conseguir algo, Carson? — pergunta me
fazendo rir.
— Por que a pergunta?
— Seus olhinhos estão brilhantes — para os próprios para sinalizar. —
Quando eles brilham assim é porque vai apontar algo ou já aprontou.
— Sinto informar que não fiz nada dessa vez — digo me fingindo de
inocente. — Só tenho uma surpresa pra você.
— Pra mim? — pela esperança em seu rosto, sei que ela não esperava
por isso.
— Posso saber o que é? — pergunta ansiosa.
— Aqui não é o lugar mais apropriado para isso. Linda. — Respondo
enquanto patino para a saída, com ela ainda em meu colo, depois de ver
Liam sinalizando em minha direção.
— Não acredito nisso — leva as mão aos lábios teatralmente. — Você
colocou o piercing no mamilo? — Olha em direção ao meu peito como se
pudesse ver através do tecido. — Ou melhor. Colocou um no seu pau?
— Não foi dessa vez que coloquei um piercing no mamilo, Linda. —
Conto a ela. — E que história é essa de piercing no pau? Não vou deixar
ninguém furar meu pau, Holly. Mesmo que você prometa me chupar todos
os dias, para melhorar a dor.
— Sabe que a perfuração não pode ter contato com saliva, não é? —
arqueia uma das sobrancelhas.
— Ainda ficarei sem uma chupada? — arregalo os olhos, surpreso. —
Agora mesmo que não furo.
— Então era um assunto a se pensar? — pergunta interessada.
— O que?
— Bom, você disse que depois de saber que eu não poderia chupar
você por algum tempo, que não iria colocar uma joia lá. — Enfia as mão
entre nossos corpos e aperta meu pau com vontade. — Então quer dizer que
você estava pensando sobre.
Sério que eu estava pensando em furar a cabeça do meu pau só para
agradá-la? Aaron essa mulher te pegou pelas bolas mesmo.
— Você sabe que faço tudo o que me pede — aproximo nossos rostos
e sugo seu lábio inferior.
— Bom saber disso — abre um sorriso vitorioso e acabo engolindo em
seco.
Será que dói muito furar a cabeça do pau? Com certeza eu teria que
estar bêbado para fazer isso. Estou pensando em algumas possibilidades de
um jeito menos doloroso para ter um piercing novo, quando sua risada me
tira dos pensamentos.
— Não se preocupe, Lindo — beija meus lábios rapidamente. —
Ninguém além de mim colocará a mão no seu pau a partir de hoje.
Suspiro aliviado e acho que foi alto o suficiente para que ela me
esqueça e caia na gargalhada.
— Você ri de mim, não é?
— Desculpe, não consegui me segurar — respira fundo, até que pare e
rir. — Agora me conte logo qual é a surpresa que tem pra mim.
— Na hora certa — sou um tapa em sua bunda, mudando de assunto
quando paro perto dos meus amigos. — Então, quem quer comemorar nossa
vitória?
— Não acredito que você convenceu Bennett a cantar no karaokê —
Genna comenta ainda rindo do episódio de horas atrás.
— Ah, vai me dizer que não foi a coisa mais incrível do mundo? —
Holly ri parada à minha frente.
— Foi maravilhoso — concordo às acompanhado. — Cuidado para ele
não tomar o lugar de vocês como o novo cantor do grupo. — Aponto em
direção a Liam e Maddy.
— Ele se saiu melhor do que vocês — olha de mim para Genna.
— Que isso? Com essa voz de anjo que eu tenho? — me sinto
indignado.
Como ela pode dizer que não canto bem?
Tudo bem que quando canto as pessoas tapam os ouvidos, mas isso é
só um detalhe bem pequeno.
— Anjo que engoliu um disco quebrado, não é? — Liam tira uma com
a minha cara.
— Ah vai a merda — digo mostrando o dedo do meio para ele.
Depois do jogo, decidimos ir até um bar karaokê que fica bem perto do
nosso campus. Algumas cervejas depois e todo mundo decidiu que
tínhamos virado cantores profissionais. Bem, menos Liam e Maddy, não é?
Aqueles dois não contam com suas vozes doces.
— Acham que ele vai querer se vingar depois? — Hanna pergunta
cautelosa.
— Ele não tem cara de fazer isso — Harry é quem a responde, me
pegando de surpresa. — Mas eu tomaria cuidado em aceitar qualquer coisa
dele. — Dá de ombros, apoiando um braço do ombro de Maddy. — Vai que
ele troque o sal por açúcar no seu suco?
— Não seria trocar o açúcar pelo sal? — Genna pergunta rindo.
— Isso aí — a responde apontando o dedo em sua direção,
cambaleando um pouco.
Parece que uma única cerveja pode fazer um grande estrago em
alguém que não está acostumado. Terei que falar com Hanna sobre levá-lo
para casa hoje.
— Será que eles vão demorar muito ainda? — Hanna pergunta
olhando para a entrada do lugar. — Quero minha cama. — Resmunga,
deitando a cabeça no ombro do namorado.
— A fila para pagar a conta deve estar grande — Liam a aconchega
em seus braços. — Mas eles devem estar aqui em poucos minutos.
— Se ele não matar a gente por ter o feito cantar na frente de todos,
ele com certeza vai nos matar por estar pagando a conta de todos. —
Maddison comenta.
Fizemos uma competição de quem tirasse a menor nota ao cantar,
acabaria pagando todas as despesas de hoje. Por um pontinho a menos,
Bennett perdeu e teve que pagar tudo.
— Vamos torcer para que não — Harry responde rindo.
Coitado, amanhã acordar com uma ressaca daquelas.
— Tadinho do meu baby, Yoda. — Holly comenta preocupada.
— Vai acordar com uma ressaca daquelas. — Digo o encarando e
vendo o olhar bêbado apaixonado que lança em direção a ruiva ao seu lado.
— Teremos que levá-lo para casa.
— Faremos isso — afirma com a cabeça. — Não o deixarei sozinho
hoje.
— Certo — apoio meu queixo em sua cabeça e fico à espera de
Bennett e Simon que ainda estão lá dentro.
— Ei, sabe o que me lembrei aqui? — pergunta chamando minha
atenção e se virando de frente para mim. — Você não me mostrou a
surpresa ainda.
— Verdade — como pude esquecer desse detalhe. — O que acha de
uma caçada ao tesouro então?
— Caçada ao tesouro? — pergunta em dúvida.
— Isso aí — me afasto um pouco. — Te darei uma chance de achar
seu presente. — Me afasto e abro os braços. — E não, não está no meu pau
ou abaixo dele. — Digo quando a vejo olhar em direção a ela a fazendo rir.
— Me dê uma dica então — pede.
— Está em alguma parte do meu abdome. — É a informação que dou.
Seguindo minha dica, segura na barra da minha camisa, a levantar
lentamente até que minha pele tatuada fique à mostra. Holly demora um
pouco para achar, mas quando a encontra, vejo um sorriso incrédulo se
formar em seu rosto.
— Isso é...? — pergunta passando o dedo em volta dos traços finos
desenhados no espaço livre da minha costela.
— Eu disse que a sua bunda é a parte que mais amo em você.
— Não acredito nisso — leva as mãos aos lábios, sem deixar de olhar
para o novo desenho que fiz. — Você tatuou a minha bunda. — Olha em
minha direção. — Como você fez isso?
— Posso não ser um bom cantor, mas até que desenho bem certas
coisas — conto a ela.
Estava voltando do orfanato, quando acabei passando em frente a um
estúdio de tatuagem, e sem pensar duas vezes, acabei entrando e fazendo a
tatuagem que já queria a bastante tempo. Agora além dela está eternizada
em meu coração, também está em minha pele.
— Então, gostou?
— Achei incrível. — Volta a olhar para o desenho. — Minha bunda
ficou linda nessa calcinha preta de renda.
— Você é toda linda — abaixo minha blusa e envolvendo sua cintura,
a puxo para mais perto de mim. — Eu te amo, Holly. Pra caralho. — Digo
com toda a sinceridade que meu coração permite.
— Eu também amo você, minha estrela. — envolve seus braços
envolta do meu tronco e apoia a cabeça em meu peito e deixando um beijo
ali.
Meu amor por ela não foi premeditado.
Ele foi inevitável.
— Vamos?
Sou tirado da minha bolha com Hanna com a chegada de Bennett e
Simon. Holly se vira de frente em meus braços e ficamos à espera de
dividirmos os grupos nos carros.
— Até que enfim — Genna resmunga. — Já estava cansada de
esperar.
— A culpa foi de vocês que me fizeram... — Bennett para de
respondê-la e acabo me preocupando com seu estado.
Seu rosto fica mais pálido do que o normal, seu olhos estão
arregalados e estáticos, seu lábios estão levemente separados, em uma clara
expressão de incredulidade. Olho para uma de suas mãos, e elas se
encontram fechadas de maneira cerrada.
— Bennett, está tudo bem? — Simon pergunta segurando no rosto do
amigo, sem conseguir chamar sua atenção já que os olhos do homem à sua
frente encaram algo fixamente.
— Eu não acredito — sua voz não passa de um sussurro. — Sunshine.
— Diz olhando hipnotizado.
— O que? — Simon se com os olhos arregalados passando a encarar
algo. — Bennett, é ela.
Suspira, dando um passo lento indo para o meio da rua, mas acaba
sendo impedido por Liam, que o segura no lugar.
— Cuidado cara — o adverte.
Olho para os dois sem entender o que está acontecendo, mas no atual
estado em que eles estão, não ajuda em nada na compreensão. Quando
entendi de uma vez o que estava acontecendo, olho para o outro lado da rua
e só consigo ver fios loiros e rosas entrando em um táxi e sumindo de vez.
Volto a encará-los e agora eles se encaram e conversam algo pelo olhar
que só eles entendem. Desço meus olhos em direção a Holly e percebo que
ou ela sabe o que aconteceu aqui ou tem suspeitas.
Me pergunto o que acabou de acontecer aqui.
Olho para todos os meus amigos a procura de uma respostas, mas
todos tem a dúvida estampada em seus rostos.
É oficial.
Bennett e Simon tem muito o que nos contar.
Quando você diz que me ama

Estou andando pelo céu


Best of Me – BTS

Nove anos depois

Abro a porta de casa e sinto o cheiro de molho tomar conta de todo o


lugar.
Droga! Minha esposa vai me matar.
Acabei me atrasando em uma reunião no trabalho e não consegui
chegar a tempo para o nosso compromisso de família. Hoje é o dia do
concurso de pizza, uma tradição que meus sogros criaram quando minha
esposa era apenas uma criança, e que depois de um tempo, acabamos
pegando emprestado.
Passamos a ter esses momentos pelo menos duas a três vezes no ano
quando éramos mais novos, mas depois que nossas gêmeas nasceram,
passamos a fazer uma vez por mês.
Dá para acreditar que passei a trabalhar na empresa dos meus sogros
assim que me formei? Toquei as alianças de namoro por uma de noivado
um ano depois que ela se formou na faculdade, para seis meses depois,
substituí-las mais uma vez e passei a chamar a mulher da minha vida de
minha esposa? Tivemos duas lindas, atentadas e maravilhosas filhas? E que
acabei me tornando o homem mais feliz do mundo?
É, nem eu mesmo consigo acreditar as vezes. Mas é só escutar a risada
da minha esposa junto dos gritos de felicidade das minhas princesas, para
eu ter certeza que não estou vivendo um sonho.
Estou seguindo em direção a cozinha, quando sou parado por
bracinhos envolvendo minhas pernas.
— Papai chegou! — grita minha caçulinha, Juliette.
— Oi minha princesa — me abaixo, ficando da sua altura. — Como
está minha Estrelinha? — Pergunto, beijando o topo de sua cabeça.
— Com muita fome — abre os braços para que eu entenda o quanto é.
— O senhor demorou muito pra chegar. — Cruza os bracinhos em frente ao
corpo, em uma pose muito parecida com a que a própria mãe me recebe
quando está irritada com algo.
Vê-la dessa maneira, toda crescida, faz meu coração se encher de
amor.
Pensei que já tinha conhecimento sobre o amor verdadeiro. Amo meus
pais, minha irmãzinha e principalmente minha esposa. Mas desde o
momento em que peguei aqueles dois pacotinhos, de bochechas rosadas e
cabelos com a mesma tonalidade que os de Holly, foi que eu senti o amor
de forma mais pura e genuína.
— Desculpe, princesa – me abaixo para ficar a sua altura. — O papai
teve uma reunião no trabalho. — Me desculpo. — Mas olha só o que eu
trouxe pra você. — Entrego um pequeno buquê de rosas amarelas para ela.
— As suas preferidas.
— Amarelas? — cruza os bracinhos em frente ao corpo. — Mas quem
gosta de amarelas é a Juliette, papai. Eu sou a Alyssa.
Sério que ela vai tentar essa pra cima de mim de novo?
Tudo bem que a maioria das pessoas confundem minhas filhas. Por
serem gêmeas idênticas, aqueles que não as conhecem perfeitamente,
podem acabar confundindo uma com a outra, principalmente quando elas
nasceram. Meus pais mesmo viviam trocando as duas, mas com o tempo
acabaram se acostumando.
Elas têm um jeito único de ser e não conseguem me enganar de
maneira nem uma. Juliette é a mais arteira das duas. Está sempre
aprontando alguma. Holly diz que ela se parece comigo, e acho que tem
razão. Quando eu tinha sua idade, aprontava igual ou pior do que ela. Já
Allie, apesar de também aprontar as suas, é mais quietinha e contida, mas
tem uma língua afiada igual a Holly.
Minhas filhas são pessoas idênticas na aparência, mas completamente
diferentes nas ações. As conheço perfeitamente através de seus olhares.
Enquanto Allie tem um olhar amoroso e doce, Julie tem o olhar atrevido e
feroz. Já até imagino a dor de cabeça que elas irão me dar quando
crescerem.
— Você sabe que isso não funciona comigo, espertinha. — Faço
cócegas em sua barriguinha a fazendo se contorcer.
— Não consigo enganar o senhor, né? — abre um sorrisinho atrevido.
— Nem um pouco querida — envolvo sua cintura com meu braço
livre e me levanto com ela no colo. — O papai conhece cada pedacinho seu,
Estrelinha. — Digo, seguindo em direção a cozinha.
— Droga — reclama, enchendo as bochechas de ar. — O tio Liam
caiu.
— Isso porque seu tio não é inteligente ou bonito como o seu pai. —
Faço cosquinhas em sua barriga.
Julie se contorce, gargalhando gostosamente.
— Para papai — pede entre gargalhadas.
— Só se você disse o quanto me ama. — Aperto sua barriga fofinha de
leve.
— Maior que as estrelas — diz com um pouco de dificuldade por
conta do ataque de riso.
— O que? — paro as cócegas e chego meu ouvido bem perto dela. —
Não consegui entender o que me disse.
— E-eu disse que amo mais que as estrelas.
— Ah! Agora eu entendi. — Beijo sua bochecha. — Também te amo
maior que as estrelas, Estrelinha.
Juliette abre o maior sorriso que seu pequeno rosto pode suportar e
deitando sua cabeça em meu ombro, passa a brincar com as pétalas
delicadas, das rosas, com seus dedos gordinhos.
A primeira vez que Holly disse que me amava mais que as estrelas, eu
não entendi o que ela quis dizer o real significado. Fiquei anos tentando
descobrir, mas ela sempre dava um jeito de não responder, até o dia do
nosso casamento onde ela usou o significado como seus votos.
Eu te amo mais do que a infinidade das estrelas, Aaron. Eu te amo
mais que as estrelas.
Chorei como um bebê depois disso.
Liam usa isso contra mim até hoje, mas quer saber? Eu não ligo nem
um pouco.
— Até que fim você chegou — sou tirado de minhas lembranças, pela
voz da minha esposa. — Sua filha já estava ficando impaciente com sua
demora. — Exatamente como nossa filha mais nova fez, Holly cruza os
braços e passa me encara com uma das sobrancelhas arqueadas.
— Nossa filha ou você? — pergunto, enquanto me abaixo para colocar
Julie no chão.
— Talvez a saudade que sinto do meu marido estivesse me deixando
impaciente. — Responde dando de ombros.
— Fique tranquila, Linda. Que pelo resto do fim de semana eu série
todo seu e das meninas. — Sorrio para ela, que acaba retribuindo e indo
ajudar Julie com suas rosas.
Olho em direção a Allie, e sinto meu coração disparar quando a vejo
pular do banquinho da bancada, mas me acalmo quando percebo a
habilidade com a qual ela aterrissa no chão.
— Papai!
— Olá pequena estrela. — Abro os braços pronto para recebê-la. —
Olha o que o papai trouxe pra você. — Mostro o buquê de rosas cor de rosa.
— Pra mim? — pergunta surpresa, levando as pequenas mãozinhas ao
rosto. — Obrigada, papai. — Envolve meu pescoço com os braços. — Eu
gostei muito. — Dá um beijo estalado em minha bochecha e pegando as
flores, se afasta de mim e segue até a irmã, que coloca seu próprio buquê na
água, com ajuda de Holly.
Me levantando novamente, olho em direção a minha esposa, que
caminha em minha direção.
— Flores, é?
— Queria mimar minhas meninas e fazer um pedido de desculpas
sincero pelo meu atraso. — Entrego o buquê de rosas pretas para ela que a
abraça e aproxima seu nariz arrebitado para sentir o cheiro doce das pétalas.
— Com esse mimo todo fica difícil sentir raiva — volta a olhar em
minha direção.
— Não sabe como fico feliz em ouvir isso. — Envolvo meus braços
em sua cintura e a puxo em minha direção. — Acertei na cor? — Pergunto,
aproximando meu rosto de seu pescoço.
Desde o dia dos namorados a nove anos atrás, eu sempre dou um jeito
de dar rosas da cor preta para ela.
Com meu rosto ainda em meu esconderijo preferido, aspiro seu cheiro
delicioso e sinto meu corpo vibrar..
Lírios.
Ela ainda cheira a lírios frescos.
— Assim como dá primeira vez — responde, me fazendo levantar o
rosto e encará-la novamente, para juntar nossos lábios em um beijo rápido,
mas ainda sim, delicioso.
— Eu amei — se afasta um pouco para que eu possa ver seu rosto. —
Obrigada pelo presente.
— Que bom que gostou — mordo seu lábio inferior, o prendendo entre
os dentes e o solto lentamente. — Espero que goste da outra surpresa que
preparei. — Tiro uma mão de sua cintura e a levo até meu bolso.
— Outro presente? — pergunta surpresa. — Por qual motivo?
— Pelo motivo de eu amar minha esposa linda e maravilhosa — elevo
a caixinha de joias até à altura de seus olhos. — Por ela ser incrível como
mãe, companheira de vida. — Comento, vendo a confusão tomar conta de
seu rosto junto com a admiração. — E porque quero parabenizá-lo pelos
cem mil seguidores em seu Instagram literário. — Finalizo, segurando a
vontade de rir de seus olhos arregalados.
— É o que?
— Isso mesmo, Linda — entrego a caixinha a ela que a pega com
mãos trêmulas. — Parabéns! — A puxo de volta e a abraço com força.
Depois de se formar, Holly se dedicou cada vez mais ao seu trabalho
com a divulgação de livros. As pessoas passaram a acompanhar cada vez
mais suas dicas de leituras. Se algum autor quisesse que seu livro fosse
reconhecido, era só chamar minha esposa que ela fazia acontecer. O que
dizer? Eu tenho a mulher mais foda do mundo ai meu lado.
Seu Instagram literário foi crescendo e chamando cada vez mais
atenção. Até as editoras grandes passaram a chamá-la pra cuidar do
marketing deles. Minha irmã Hanna e nossa amigo Bennett, eram um
Dos autores que ela cuidava. Eu a ajudava em alguns momentos, mas
na maioria das vezes ela pensava em tudo.
Por conta da flexibilidade para trabalhar, quando ficou grávida das
gêmeas, ela passou a trabalhar em casa, e vem fazendo isso até hoje.
— Meu Deus! É lindo, amor. — Diz, olhando fixamente a correntinha
com três pingentes de estrelas, de diamante. — Eu amei. — Olha em minha
direção.
— Assim, mesmo quando eu estiver no trabalho e as meninas na
escola, você sempre terá a gente por perto. — Pego o cordão de sua mão, a
viro de costas pra mim e o coloco em seu pescoço.
Holly se vira de frente pra mim mais uma vez, agora com um sorriso
enorme estampado em seu rosto.
— Obrigada — segura meu rosto com as duas mãos e beija meus
lábios de modo gostoso e breve, já que as meninas estão perto de nós. — Eu
amo você. — Diz, fazendo meu coração palpitar.
— Mais que as estrelas?
Sorrindo, ela assente com a cabeça.
— Muito maior — responde, enquanto seus olhos brilham mais do que
os astros no céu.
Pode passar quantos anos forem, eu sempre serei loucamente
apaixonado pelo olhar da minha mulher. Ainda mais quando os vejo
brilharem quando estão voltados para nossas filhas.
Estamos em nosso próprio mundinho, curtindo nosso momento,
quando dois pares de braços envolvem nossa cintura.
— Vamos fazer nossas pizza ou não? — Julie pergunta assim que olho
para baixo.
— É verdade — Allie concorda com a irmã. — Eu estou com fome.
Rindo, me separo de Holly e me abaixando, seguro quase uma em um
braço e me levando com elas no colo.
— Só se for agora — respondo, olhando das meninas para Holly que
já está perto da bancada da cozinha.
— Espero que esteja pronto para perder, Gibi. — Me desafia.
— Digo o mesmo para você, meu lindo Carma.
Enrolo o corpinho de Allie com seu edredom da princesa Merida, igual
a um charutinho, do jeito que ela gosta, e me sento na ponta da cama.
— Está confortável?
— Sim, papai — se ajeita na cama, procurando uma posição melhor.
— Vamos apagar as luzes então — minha esposa avisa parada ao lado
da porta, com a mão apoiada no interruptor.
— Boa noite, minha Estrelinha! — beijo sua testa e sigo em direção a
cama de sua irmã. — Boa noite, minha linda Estrela. — Beijo o topo de sua
cabeça.
— Boa noite, papai e mamãe! — desejam em conjunto.
— Até amanhã minhas Estrelinhas. — Holly deseja, apagando as luzes
do quarto, deixando o lugar cair em uma penumbra aconchegante por conta
dos abajures ainda ligados.
Estamos quase saindo do quarto, quando a voz de Juliette ecoa atrás de
nós, chamando minha atenção.
— Papai, antes de ir eu posso pedir uma coisa? — só pelo seu tom
doce, sei que ela tentará me convencer de qualquer maneira e acabará
conseguindo.
— Claro, meu amor. — Me viro de volta para ela. — O que houve?
— Pode pedir para o Levi parar de afastar os meninos de mim quando
vamos ao parque? — pede, se sentando no colchão. — Eu quero brincar
com os outros meninos, mas ele não deixa. — Resmunga enquanto cruza os
braços em frente ao corpo.
Fico surpreso com seu pedido.
— Ele não deixa você brincar com os meninos, é? Acho que vou dar
um novo par de patins a ele, por isso. — Digo e acabo levando um tapa de
Holly.
— Você é impossível — sorrio balançando a cabeça como se não
estivesse acreditando em mim.
— O que? — me faço de inocente. — Só disse a verdade. — Dou de
ombros. — Além disso, ele é um ótimo sobrinho e merece um presente por
isso.
— Ele não é ótimo — Julie chama nossa atenção de volta. — Ele é um
chato, isso sim. — Comenta de maneira emburrada. — Se não falar com
ele, irei pedir ao tio Bennett então.
— O Levi não é chato, Julie. É o melhor amigo do mundo. — Antes
que eu possa dizer algo, Allie se levanta e vai a defesa do melhor amigo.
— Não sei por que gosta dele, Allie. — Julia encara a irmã de maneira
surpresa.
— Já disse o porquê — vira o corpo de frente para a cama da irmã. —
Ele é muito legal.
Então como sempre acontece quando essas duas têm opiniões
diferentes, uma discussão fervorosa começa.
Bennett irá gostar de saber que o filho tem uma protetora tão fervorosa
assim.
— Tá bom, meninas. Já chega. — Holly intervém, usando seu tom de
mãe. — Sabem que não gosto quando discutem assim. — Olha de uma para
a outra.
— Desculpa, mamãe — pedem em um coro.
— Peçam desculpas uma à outra agora. — Digo me aproximando
delas de novo.
— Teremos que cantar agora? — Julie pergunta me encarando.
Parece que não foi só a tradição das pizzas malucas, que ensinamos as
meninas. Um dia em que elas estavam brigando, contei para elas o que eu e
sua tia Hanna fazíamos quando brigávamos quando crianças. Não preciso
dizer que elas amaram e passaram a fazer isso sempre.
Diferente de Hanna e eu que quase não usavamos esse recurso, nossas
meninas usam ele pelo menos três vezes na semana.
Fazer o que?
Elas são pessoas com personalidade forte.
— Acho que um abraço bem apertado já está bom. — Digo.
Allie pula de sua cama e corre em direção a da irmã, que a espera com
os braços abertos.
— Desculpa — as escuto sussurra.
— Certo, agora vamos dormir. — Peço caminhando até a saída de
novo.
— Podemos dormir juntas hoje? — Julie pergunta olhando em direção
a Holly e eu.
— Podem, mas se eu ouvir vocês conversando, cada uma vai dormir
na sua própria cama. — Minha esposa deixa avisado.
— Vamos ficar bem quietinhas. — Allie promete se deitando e sendo
seguida pela irmã.
Elas acham que me enganam.
Desejamos boa noite mais uma vez, e saímos do quarto das meninas,
fechando a porta atrás de nós.
Chegando à sala de estar, nos jogamos com tudo em nosso sofá e
passamos a curtir nosso momento de paz e calmaria. Trabalhar todos os dias
em uma cidade como Nova York, e ser recebido pelos pequeno furacões,
acaba sugando as energias de qualquer uma. Mas quer saber? Eu não
trocaria isso por nada.
Estou de olhos fechados, quando sinto um peso em meu peito e um
carinho leve em minha mão.
— O que está pesando? — pergunta levantando o rosto para conseguir
me olhar melhor.
— Enquanto eu sou feliz tendo você e as meninas ao meu lado. —
Faço um carinho em sua bochecha.
— Quem diria que tudo começaria por conta de uma lista. — Solta
uma risadinha.
— Não, Linda — foco meus olhos nos seus. — Tudo aconteceu por
conta de um olhar.
O seu olhar.

FIM.
Primeiro de tudo, eu quero agradecer a Aaron e Holly por me escolherem
para contar sua história de amor. Vocês infernizaram a minha vida até que
eu tomasse coragem de assumir que contaria sobre vocês. Obrigada pelos
momentos em que me fizeram rir quando tudo o que eu queria era chorar.
Gostaria de agradecer a você, leitor, que chegou até aqui. Sem você
nada disso seria possível. Então muito obrigada por tudo!
Quero agradecer a minha mãe, Ana Paula, minha vó, Teresa, minha
madrinha Fernanda, e meu anjo da guarda, Joana. Vocês seguraram cada
uma comigo, que nem sei o que seria de mim sem vocês. Se hoje estou
aqui, lançando meu quinto livro, é por conta da confiança e amor que vocês
têm por mim, então, obrigada por tudo, eu amo vocês.
Como sempre, tive pessoas que me ajudaram e muito a chegar aqui e eu
juro a todas que se não fosse por elas, nada disso seria possível. Palavras
nunca serão suficientes para agradecer, mas irei tentar.
Evelyn e Amanda, minhas revisoras lindas, maravilhosas,
compreensíveis e carinhosas, eu acho que teria surtado e vocês sabem.
Obrigada por tudo meninas!
Hanna banana, esses últimos dias foram corridos, e sem você, eu não
conseguiria fazer metade de tudo. Obrigada por estar ao meu lado me
ajudando e cuidando de mim.
Gabriela, minha dorameira nata. Você tem noção do quanto foi e é
importante pra mim? Você, com seus surtos a cada novo capítulo, era o gás
que eu precisava para continuar. Amo você.
Camila meu amor, cara você foi incrível, não tenho palavras para te
agradecer por toda a ajuda e força que me deu desde o começo. Te amo
lindona
Bru, obrigada pelo conselhos de escrita e pelo apoio. Você sabe o
quanto é especial pra mim. Amo você.
Agora chegou a vez dela, aquela que palavra nenhuma irá descrever o
que sinto, mas vou tentar não alongar. Tatiane, minha Tati Mo, minha Holly,
esse livro foi a maneira que encontrei de deixar claro o quanto amo você e a
quero em minha vida. Sua presença ao meu lado é fundamental. Obrigada
pelas noites em claro que passou comigo, pelos conselhos na hora da
escrita, pelo carinho que me dava quando eu estava mal, pelo incentivos
quando eu duvidava de mim mesma, obrigada por tudo. Palavras NUNCA
serão o suficiente para descrever o quanto eu sou grata por tê-la ao meu
lado. Obrigada, Obrigada, Obrigada. Te amo mais que as estrelas.
Nath meu bebê, só a gente sabe o que passou juntas, né? E olha só,
conseguimos mais uma vez. Obrigada por ser essa pessoa incrível, eu amo
você minha baixinha linda.
Quero agradecer as minha beta Malu que, a cada novo capítulo sobre
Aaron e Holly, era um grito enlouquecido. Obrigada, gostosa.
E por último, mas não menos importante, as meninas do meu grupo que
estão sempre o meu lado, acompanhando cada surto meu e implorando por
historias novas. Meninas, vocês são incríveis. Amo vocês!

Com amor, Isabella Hypólito

[1]
Personagem do livro Peculiar da autora Nathalia Santos
[2]
Personagem do livro Mascarados da autora Bruna Pallazzo
[3]
Personagem do livro Summer da autora Jessica Luiz
[4]
Personagem do livro Um Acordo Improvável da autora Bruna Eloísa
[5]
Personagem do livro Estilhaça-me da autora Tahereh Mafi
[6]
Personagem do livro Geek da autora Camila Cocenza
personagem do livro Além da Anatomia de um Coração da autora Jessica
[7]

Ribeiro.
[8]
Personagem do livro Uma Boa Garota da autora Nathalia Oliveira.\
[9]
Ejaculação feminina — O “squirting” acontece quando a pessoa tem a sua ejaculação e esguicha
líquido ou fluidos da sua vagina, num momento de prazer. Não tem cor nem cheiro e não deve ser
confundido com a lubrificação natural da vagina.

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