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Revisão
Evelyn Fernandes
Amanda Mont’Alverne
Aperto enviar e espero por uma resposta, que não demora a chegar.
Sorrio por conta da sua resposta atrevida.
Holly nunca responde minhas perguntas de uma vez, sempre tem que
ter uma pergunta antes.
Releio a mensagem três vezes para ter certeza de que não li errado.
Bennett?
Bennett?
Me questiono mais uma vez.
Querendo sanar essa dúvida, abro a foto mais uma vez e o que vejo me
faz revirar os olhos.
Bennett acabou saindo atrás de mim, vestindo só uma cueca.
Aperto enviar e aguardo sua resposta.
Sem que eu quisesse, acabo rindo de suas palavras. Sei que ela está
fazendo isso só para me irritar.
E é meio assustador
Message in a Bottle – Taylor Swift
— Que droga! — grito quando sinto a água gelada tocar minha pele.
Toda vez é isso. Essa porcaria de chuveiro acaba desarmando.
— Holly? Está tudo bem? — Hanna grita preocupada lá fora.
— Sim, está. Não se preocupe — tranquilizo-a.
Suspirando irritada, termino meu banho, agora gelado, na força do
ódio.
Detesto tomar banho frio. Ainda mais em um dia como hoje.
Estamos há três dias de outubro acabar. O que significa que falta um
mês para o inverno chegar. O que também significa que o tempo, aos
poucos, está começando a mudar.
Finalizo meu banho, tremendo de frio e com os dedos duros, começo a
tatear a parede à procura da minha toalha. Assim que a encontro, seco o
meu corpo o mais rápido que consigo, envolvo o tecido grosso em meus
ombros e saio do banheiro.
Não aguento mais viver nesse alojamento.
Foi legal no começo, viver a experiência de uma faculdade completa,
mas agora não está dando mais.
Se eu tiver que tomar banho gelado mais uma vez, eu juro que vou sair
gritando.
— O chuveiro de novo? — pergunta, mesmo que já saiba da resposta.
— Não aguento mais esse lugar, Hanna Mo — digo, indo até o meu
armário pegar uma roupa para hoje.
— Vou chamar o zelador daqui
— Não vai adiantar de nada. — Pego uma calça de moletom, encaro-a
por alguns segundos, mas jogo de volta no guarda-roupa. — Já o chamamos
umas quatro vezes só essa semana. E ainda estamos na quarta-feira.
Pego uma calça jeans, mas logo mudo de ideia, jogando-a de volta no
armário e algumas roupas acabam caindo no chão.
— Por que você não arruma as suas coisas? — pergunta, vendo eu
juntar toda a roupa e jogar de qualquer jeito lá dentro. — Seria muito mais
fácil encontrar o que você quer — aconselha, olhando para a minha
bagunça com um olhar divertido.
— Porque eu não acharia mais nada — respondo, pegando outra calça
jeans, uma blusa de manga comprida e um suéter. Todos da cor preta.
— Você precisa ser estudada. Sério — rindo, ela fecha o livro em suas
mãos e volta sua atenção para mim.
Sorrindo em sua direção, começo a me vestir.
— Mas, voltando ao assunto — puxo o zíper da calça e pego a blusa
para vestir —, eu quero sair deste lugar.
— E para onde iríamos?
— Para um local decente em que não tenhamos que nos preocupar
com o chuveiro desarmando, aquecedor quebrando e descarga parando de
funcionar? — vou falando e enumerando cada tópico.
— Sabe que não poderei pagar.
— Mas eu posso. — Dou de ombros como se isso não fosse problema.
E na verdade não é. — Se eu ligar agora para os meus pais, eles resolverão
tudo em questão de segundos — lembro-a.
Minha mãe é CEO de uma multinacional em Marketing, que acabou
herdando dos seus pais, que herdaram dos seus avós. Já meu pai, é o
advogado da empresa da família.
Dinheiro nunca foi problema para nós.
— Bem lembrado. — Se levanta da cama, pegando o seu material. —
Seus pais são ricos. Os meus não.
— E o que que tem? Não estou pedindo para custear nada. — Sigo até
a escrivaninha ao lado da minha cama, pego os meus anéis e os coloco,
intercalando nos dedos da mão esquerda e direita.
— Não sei se me sentiria confortável com isso.
— Com o quê? — Arqueio a sobrancelha.
— Seus pais pagando uma casa para a gente morar. — Ajusta a alça da
bolsa no ombro.
Suspiro cansada.
— Hanna, pelo amor de Deus... — começo, mas sou interrompida.
— Vamos conversar sobre isso depois. — Pega o seu celular em cima
da cama e caminha em direção à porta. — Temos aula agora e não podemos
nos atrasar.
— Tudo bem — concordo com ela, pegando o meu celular e a
seguindo.
Fecho a porta atrás de mim e estamos seguindo em direção às escadas,
quando escrevo uma mensagem para o meu pai.
Levo a mão ao peito, como se ela pudesse ver meu pequeno teatro.
A pergunta vem acompanhada de uma figurinha de um cachorrinho
branco com os olhos espremidos.
Por que sinto que estou sendo julgado por essa simples imagem?
Gostei desse. Além de ter um ótimo nome como o meu, é estiloso e não liga
para REGRAS.
Ficaremos bem
Clico em enviar e sorrio ao imaginar o que ele irá pensar sobre isso.
Jogo o aparelho ao lado do dele, e acho que me movimentei demais,
porque sinto seus braços apertarem minha cintura e seu rosto se esconder na
curva do meu pescoço.
— Por que está se mexendo tanto assim? — sua voz está abafada por
conta do seu esconderijo.
— Estava vendo as horas — minto.
Fiquei tão entretida em tirar uma foto que esqueci de conferir que
horas eram.
— Que horas são? — pergunta.
Disfarçadamente, pego meu celular de novo e dessa vez as verifico.
— Vai dar seis horas — digo, largando o celular mais uma vez.
— Merda — pragueja. — Se não nos levantarmos agora, iremos
perder a hora.
— Isso é uma verdade — digo.
— Mas aqui está tão bom que não quero levantar. — Enfia uma das
mãos por dentro da minha blusa e meu corpo todo se arrepia quando faz um
carinho de leve no lugar exato da minha tatuagem.
— O que está fazendo? — questiono.
— Aproveitando o tempo que temos. — Sem que eu espere, ele me
vira de frente para si, em um único movimento. — Bom dia, linda. — Tenta
beijar minha boca, mas viro meu rosto para o outro lado.
— Nem pensar.
— Por quê? — beija minha bochecha.
— Acabamos de acordar e eu não escovei os dentes — respondo,
tampando minha boca com as mãos quando ele tenta me beijar de novo.
— E quem disse que eu ligo pra isso? — morde minha mão.
Por reflexo, acabo tirando as mãos da boca e se aproveitando da deixa,
ele une nossos lábios em um beijo lento. Sua língua busca a minha e eu a
entrego de bom grado, me rendendo as suas carícias. Levo minha mão livre
até sua nuca e entranho meus dedos nos seus cabelos, que cresceram bem
desde a última vez que o vi, puxo-os de leve, fazendo com que ele morda
meus lábios em resposta.
Aaron vira seu corpo para que possa se deitar em cima de mim, segura
minha perna esquerda, a apoia em sua cintura e sinto seu pau duro de
encontro a minha boceta.
Lentamente, sua mão – que antes acariciava minha tatuagem sem parar
– sobe em direção ao meu seio e o aperta com força, me fazendo gemer e
cravar minhas unhas em suas costas.
— Não era pra ser um beijo de “bom dia”? — pergunto, quando ele
solta meus lábios e passa a sugar e morder meu pescoço, fazendo meu
corpo todo se arrepiar.
Espero que não fique marcado depois.
— Mas eu estou te dando “bom dia”. — Levantando seu rosto, ele me
olha. — Só que da melhor maneira possível. — Chupa meu lábio inferior e
o morde em seguida.
— Você vai acabar me deixando mal-acostumada se me acordar assim
mais vezes. — Faço um carinho em sua bochecha.
— Para isso, teremos que dormir juntos mais vezes. — Dá de ombros
e me encara com uma expressão de “O que acha dessa ideia?”.
— Sei — dou um selinho nele e aproveitando a deixa, bato em seu
ombro para que saia de cima de mim. — Vamos logo ou iremos nos atrasar
para a aula.
— Não quero sair daqui. — Se ajeita em cima de mim e consegue me
prender em seu abraço. — Já disse que está confortável.
— Tudo o que é bom dura pouco — digo, me sentindo um pouco
frustrada de ter que acabar com a festa que estávamos prestes a começar.
— Tudo bem, eu te solto. — Afrouxa o aperto. — Mas só se me
prometer que iremos voltar de onde paramos, depois — pede, depois de
morder meu queixo.
— Irei pensar.
— O quê? — questiona um pouco indignado.
Aproveito seu descuido e me solto do seu agarre, me levanto da cama,
antes que consiga me segurar de novo.
— Anda logo. — Dou um tapa em sua perna. — Levante dessa cama e
vá tomar um banho — ordeno, apontando para a porta que dá para o
banheiro.
— Não tenho roupa extra — responde, cruzando os braços atrás da
cabeça.
— Mas seu melhor amigo tem algumas no quarto da Hanna, alguma
deve te servir — digo, enquanto pego uma toalha extra no meu guarda-
roupa.
— Tá bem, estou indo. — Se levanta da cama em um salto, vem em
minha direção e pega a toalha da minha mão, mas não sem antes me roubar
um selinho. — Para caso eu sentir saudades — diz, e acaba rindo da cara
que faço. — Estou indo. — Segue em direção ao banheiro.
Quando escuto a água começar a cair, deixo um sorrisinho escapar e
acabo me dando conta de que gosto desses momentos com ele.
Sem esperar mais, decido ir atrás de Hanna para pegar as roupas de
Liam.
Vou até seu quarto, mas o cômodo se encontra vazio.
Deve ter dormido no Liam.
Estou quase voltando para onde estava pra mandar uma mensagem a
ela, quando sinto cheiro de panquecas e bacon, vindo da cozinha.
Mudo de percurso, na direção em que tenho certeza que ela está, e
assim que chego ao cômodo, confirmo minha suspeita.
— Você não tem casa, não? — pergunto, olhando para o namorado da
minha melhor amiga, que está andando sem camisa pela minha cozinha.
— Minha casa é onde minha Moranguinho está — responde,
abraçando Hanna – que está colocando algumas panquecas em um prato –
por trás.
— Sei. — Reviro os olhos.
— Bom dia, bebê. Quer algumas? — Aponta para o café da manhã
que acabou de fazer.
— Bom dia, gatinha. Não, estou sem fome agora — conto, olhando
para ela.
— Por que não vai comer? — pergunta, se sentando à mesa e passando
a garrafa térmica com café para Liam.
— Só não estou a fim — respondo. — Ah, Liam. Tem alguma roupa
sua sobrando aqui? — pergunto diretamente para ele.
— Tenho, por quê? Vai colocar fogo nela? — Morde suas torradas
com geleia de frutas.
— Bem que eu queria, mas não. — Tiro uma mecha que insiste em
cair no meu olho. — Aaron dormiu aqui e...
— Espera aí! — Hanna me interrompe. — Meu irmão dormiu aqui?
— É, dormiu — afirmo. — Mas acho que você já sabe, pois deu sua
chave para ele.
— Sim, mas não imaginei que ele dormiria aqui — assume, se
recostando na cadeira. — Interessante.
— O que é interessante? — pergunto, arqueando uma das
sobrancelhas.
— Nada — desconversa, escondendo um sorrisinho atrás da sua
caneca.
Encaro-a por alguns segundos, mas quando canso desse joguinho,
volto minha atenção para Liam.
— Então, pode emprestar uma muda para o seu amigo?
— Tá bom, vamos lá. — Aponta com o queixo em direção a saída da
cozinha.
Acompanho-o até o quarto de Hanna, onde ele pega uma calça jeans,
uma blusa de manga comprida na cor branca e uma cueca ainda fechada.
— Obrigada — agradeço, já saindo do cômodo.
Entro no meu quarto e ainda consigo escutar a água caindo lá dentro,
imagino o líquido quente sobre seu corpo todo tatuado e sinto vontade de
estar lá dentro com Aaron.
Quer saber de uma coisa? Eu vou.
Coloco as roupas em cima da minha cama e caminho em direção ao
banheiro.
Assim que abro a porta, penso que acabei tomando a decisão certa.
A visão que tenho à minha frente, com toda a certeza, é a mais linda e
erótica de todas.
Aaron está de costas para mim, e dessa maneira, tenho a visão
privilegiada das tatuagens em suas costas. Passo a acompanhar o caminho
que as gotas de água fazem em direção ao seu bumbum arrebitado e
durinho.
Minha boca chega a salivar com a vontade de dar uma mordida.
— Se continuar a me encarar assim, irei secar por completo — diz,
ainda de costas pra mim. Sem respondê-lo, tiro minhas roupas, sigo até ele
e entro no box.O vapor quente faz minha pele transpirar e meus cabelos
acabam grudando em minha têmpora em questão de segundos. — O que
está fazendo? — pergunta, se virando em minha direção.
— Algo que deveria ter feito antes — digo, apoiando minhas mãos em
seus ombros e beijo seu pescoço.
Sua pele é quente e está escorregadia por conta do sabonete que estava
usando. Se aproximando, ele segura em minha cintura com suas mãos
grandes e calejadas pelos treinos pesados, e aperta o local, carimbando seus
dedos ali, desço beijos pelo seu peito e deixo uma mordida em seu mamilo
sensível e endurecido.
— Holly — geme, jogando a cabeça para trás quando sugo o mamilo
com um pouco de força.
Seu pau pulsa entre nós e anseio por chupá-lo até levá-lo ao limite.
— Sabe de uma coisa? — beijo toda a extensão do seu peitoral, até
chegar ao outro mamilo e dou a ele o mesmo tratamento.
— O quê? — sua voz é baixa.
— Você ficaria muito sexy com um piercing no mamilo. — Lambo o
pequeno bico, deixando-o endurecido.
— Anotado — ofega.
Sorrindo, começo a descer os beijos em direção ao seu abdômen
definido e beijo a tatuagem de uma pequena rosa em sua costela.
— Eu amo suas tatuagens. — Desço minhas mãos pelos seus braços,
tocando o máximo de desenhos possíveis. — Amo beijar todas elas — digo,
descendo mais os beijos, até chegar perto de sua pelve. — Principalmente
essa aqui. — Aponto para a de cisne e mordo uma das asas.
Olho para o lado, e sou recebida pela imagem do seu pau
completamente duro, com a pré-ejaculação escapando pela cabeça inchada
e avermelhada.
Levanto minha vista para ele, e encontro seus olhos caídos de desejo,
focados nos meus. Sem perder tempo seguro a glande pesada com uma das
mãos, coloco um pouco de pressão e começo o movimento de vai e vem.
— Puta merda — pragueja, fechando os olhos e jogando a cabeça para
trás.
Seus gemidos são como um afrodisíaco para mim, em questão de
segundos, estou completamente excitada sem ele ter feito nada.
Seu pau pulsa na minha mão e quando algumas gotinhas do seu pré-
gozo escorrem, e as capturo rapidamente, lambo a glande pulsante e ainda
sem desviar meus olhos dos dele, chupo seu pau até o limite.
— Deus, linda. — Fecho os olhos quando suas mãos entranham em
meus cabelos. Sem que ele peça, começo a chupá-lo, levando-o até o limite
da minha garganta. O aperto em meu couro cabeludo se intensifica a cada
investida que dou com meus lábios. Eu o chupo, lambo e faço movimentos
de vai e vem para me auxiliar. Meu maxilar dói pelo esforço, mas não paro
até que sinta seu pau inchar em minha língua. Sinto minha boceta se
contrair e latejar de desejo, e a procura de um alívio, desço meus dedos até
meu clitóris inchado e latejante e passo a me masturbar. — Chega, preciso
sentir você. — Rapidamente, Aaron me levanta de uma vez só, e acabo
entrelaçando sua cintura com as minhas pernas. — Eu adoraria gozar na sua
boca e sentir meu gosto nos seus lábios depois, mas agora eu preciso gozar
dentro de você.
Dizendo isso, posiciona seu pau na minha entrada e com um único
movimento, se enterra dentro de mim.
Abafando meus gritos com os seus lábios, Aaron investe com tanto
vigor, que precisa proteger minha cabeça com suas mãos para que eu não
me machuque. Nenhuma parte do meu corpo está livre dele, ele tomou tudo
para si, desde os meus lábios que estão sendo devorados, até minha boceta
que recebe suas investidas e se contraem em contentamento.
Em poucos segundos, o banheiro está envolto em uma névoa densa
por conta da água quente e do calor que nossos corpos emanam. Os
gemidos já tomaram conta de todo o lugar, e vão ficando altos a cada
investida que damos um no outro.
Sinto meu clitóris pulsar e minha boceta se contrair, me avisando que
estou perto.
— Aaron — gemo em um aviso e ele não precisa de muito para
entender.
— Juntos — pede, investindo mais algumas vezes. Estou quase no
meu limite, quando sinto seu pau pulsar com mais força. — Agora, linda.
E como mágica, gozamos juntos.
Aaron enterra o rosto em meu pescoço e morde o local sensível,
enquanto faço carinho em suas costas, aproveitando o momento de êxtase,
até que tenhamos liberado até a última gota de prazer.
Nossas respirações seguem o mesmo ritmo. Aaron, finalmente, sai do
seu esconderijo, e passa a beijar todo o meu rosto. Começando pela testa,
seguindo para os olhos, nariz, bochechas e terminando nos meus lábios. E
diferente dos outros, esse é calmo, como se estivéssemos nos conhecendo a
partir desse momento.
Ficamos tanto tempo nos curtindo e trocando carícias, que nem me
importo quando a água se torna gelada e faz meu corpo estremecer.
Lentamente, desço do seu colo, e foco meus olhos nos seus.
— Isso sim que é um bom dia. — Sorrio.
Aaron gargalha, jogando a cabeça para trás e quando se recupera,
encosta sua testa na minha.
— Posso me acostumar com isso — diz, beijando a ponta do meu
nariz.
Deito minha cabeça em seu ombro, concordo com a cabeça e volto a
apreciar esse momento com ele.
Não me importa quanto tempo demore
Recebo o disco e busco Liam com agilidade para passar para ele, mas
quando o encontro, há dois caras o marcando.
— Estou livre, Carson! — Ryan grita ao meu lado.
Jogo o disco para ele e passamos a patinar lado a lado.
O ruivo está quase perto do gol quando Jesse – que está treinando no
time adversário – tenta pará-lo, mas consigo bloqueá-lo em um encontrão
que nos leva ao chão, antes que conclua sua jogada.
Cansado demais para me levantar, me estico no chão congelado, com a
respiração entrecortada por conta do esforço.
Estamos aqui há mais de uma hora e meia.
Agora que as aulas voltaram depois das festas de fim de ano – das
quais passei na companhia dos meus pais, Hanna e Liam – e nosso treinador
voltou, ele está fazendo questão de acabar com a nossa raça, ainda mais que
o campeonato está próximo.
Ainda no chão, escuto o apito do treinador, informando que Ryan
conseguiu fazer mais um gol a nosso favor no jogo de hoje.
— Ótima jogada, meninos! Vamos terminar por hoje — Senhor Foster
avisa, e suspiro em alívio. — Amanhã estejam preparados para mais. Os
jogos estão chegando e não quero moleza. — Assopra o apito mais uma
vez.
Amanhã tem mais.
Puta merda.
Quem inventou isso de jogar hóquei mesmo?
Ah, lembrei. Eu sou apaixonado pelo jogo desde os cinco anos de
idade, e decidi entrar para o time da faculdade, mesmo que não vá seguir
carreira.
Liam e eu costumávamos jogar no lago congelado perto da minha casa
no inverno, e quando entramos para a faculdade, pensamos que seria bom
relembrar nossos dias como jogadores. Conseguimos uma vaga no time de
cara.
Apesar de sermos bons jogadores para a liga da faculdade, nunca
conseguiríamos uma vaga no profissional. Liam é lento demais e eu não
tenho um tiro de disco forte o suficiente. Seja lá o que isso quer dizer.
Estou de olhos fechados, sentindo meu uniforme umedecer aos
poucos, quando sinto gelo ser jogado em meu rosto.
— Mas, que porra — xingo, me sentando e tirando o capacete para
limpar o meu rosto.
— Achei que ficaria deitado aí por mais tempo. — Simon estica a mão
para que eu possa levantar de vez.
— Estava só relaxando. — Aceito sua mão e me ponho de pé.
— É, mas aí não é lugar de relaxar. — Apoia um braço em meu ombro
e me conduz até a saída do rinque.
Encontramos Liam e Bennett conversando com o nosso capitão, e
quando nos aproximamos, eles se despedem e nos seguem em direção ao
vestiário.
— Cara, eu tô morto — meu melhor amigo resmunga, se jogando no
banco do vestiário.
— Esse treino não foi nada — Bennett conta enquanto tira seu
equipamento de proteção. — Você tem que treinar com Simon para ver o
que é treino pesado.
— Achei que você recebia um beijinho a cada novo roxo que
ganhasse. — Mexo as sobrancelhas de forma sugestiva.
Liam e Simon gargalham.
— Como vocês são otários — nos xinga e continua a se livrar de suas
roupas.
Ainda não entendi a relação de Simon e Bennett.
Melhores amigos que se pegam de vez em quando?
Ex-namorados que ainda sentem algo, mas não podem ficar juntos por
algum motivo?
Não tenho a mínima ideia do que rola com eles, mas se funciona para
eles, é isso o que importa.
— Ei, Aaron — chama minha atenção. — Vai fazer algo depois da
aula? — Liam pergunta.
— Estou pensando em procurar um emprego de meio período —
conto. — Por quê?
— Está precisando de dinheiro? — pergunta, tirando a camisa do
uniforme e a jogando no chão.
— Depois do pequeno rombo que fiz nas minhas economias, sim. —
Coloco os protetores nas lâminas dos patins, assim que os tiro e os guardo
em minha bolsa.
— Se precisar de grana, é só pedir que a gente te arruma — Simon
afirma, apertando meu ombro.
— Está tudo bem — garanto. — Não é algo urgente, mas preciso me
assegurar.
Mesmo eu não pagando pela minha faculdade, preciso pagar milhares
de outras coisas aqui dentro, como o aluguel da casa em que moro com os
meninos, comida, materiais da faculdade e entre outras coisas.
Ainda não estou totalmente no vermelho, mas é melhor procurar logo
se quero arrumar algo perto do campus e com um horário flexível.
— Bom, você quem sabe — Liam se dá por vencido. — Mas se
estiver precisando, não hesite em nos pedir ajuda.
— Pode deixar. — Concordo com a cabeça enquanto termino de me
despir. Nunca irei pedir dinheiro emprestado para eles. Não me sentia bem
fazendo isso e não seria agora que passaria a fazer. — Vamos logo ou
vamos nos atrasar. — Levanto-me do banco, enrolando a toalha em minha
cintura e sigo em direção ao reservado para tomar um banho e relaxar meus
músculos.
Tomara que não seja difícil achar um emprego.
Meu coração bate forte, meus ouvidos estão chiando e o suor escorre
pela minha têmpora pescoço e costas.
Olho para o placar e faltam exatos um minuto e quarenta para o jogo
ser finalizado.
Estamos na frente com dois gols de diferença, mas ainda sinto
necessidade de marcar hoje, eu prometi a Holly que marcaria um para ela e
irei cumprir.
Um jogador do nosso time acabou se machucando por conta de uma
entrada muito forçada, então agora estamos jogando com uma pessoa a
menos, e mesmo com o placar a nosso favor, quando vejo Bennett em posse
do disco, coloco pressão em minhas coxas, que protestam pela força que
uso para ser mais rápido, e sigo em direção ao mesmo.
— Estou livre, Ryan! — grito em sua direção.
Bennett olha pra mim e faz um sinal para eu seguir em frente para uma
passada melhor.
Um jogador do time adversário vem de encontro a mim, mas consigo
me esquivar para o lado contrário antes que ele trombe comigo. Olho para o
placar e faltam cinquenta segundos para o fim do jogo.
É agora ou nunca, Bennett.
— Aaron! — Como se estivesse escutando meus pensamentos, ele me
grita, e lança o disco em minha direção.
Com movimentos ágeis, o intercepto com o taco e sigo em direção ao
gol.
Mantenho meus olhos focados nos do goleiro, e quando acho a
oportunidade perfeita, me ajeito da melhor maneira e mando para o gol,
mas acabo não conseguindo ver se entrou, porque um corpo se choca contra
o meu, me levando ao chão.
A dor que sinto por conta do impacto é tanta, que nem escuto o grito
da torcida para confirmar se consegui ou não.
Minhas costas latejam, acabo fechando meus olhos, e tento puxar o ar
pela boca.
Quem quer que seja, acabou metendo o cotovelo na boca do meu
estômago, tirando todo o meu ar.
Aos poucos, vou me recuperando, e quando abro os olhos, vejo Liam
parado em cima de mim com um sorriso enorme estampado em seu rosto.
— Consegui? — pergunto com a voz fraca.
— É claro, porra.
Volto a fechar os olhos e relaxo o corpo, que lateja em cada parte
possível.
Gostou do ponto marcado para você, linda? Espero que sim.
Respirando fundo, levanto a mão para Liam que a assegura e me
coloca de pé em questão de segundos.
— Ótimo jeito de começar a temporada — Simon diz, patinando em
nossa direção, sendo seguido por Bennett.
— Se esse for um indício de como será nossa temporada, essa taça já é
nossa — digo, me apoiando no meu melhor amigo.
— Concordo com você. — Bennett bate em meu ombro. — Como
está? Michael entrou com força demais.
— Estou bem, só as costas que estão latejando um pouco — conto,
olhando para a arquibancada à procura de Holly.
— Hanna e as meninas estão nos esperando lá fora. Vi quando elas
saíram — Simon conta assim que percebe para onde olho.
— Vamos tomar banho logo para podermos encontrá-las — Liam
pede.
Concordando com ele, seguimos em direção a saída do rinque com a
sensação de dever cumprido.
Você é meu?
R U Mine? – Arctic Monkeys
— Onde vai? — pergunto assim que vejo Liam passar por mim cheio
de coisas.
— Vou ao orfanato — responde, parando à minha frente.
— E onde está Hanna? — Olho para os lados à procura da minha irmã.
— Já foi com a Genna — conta. — Tive que vir em casa para pegar o
violão que acabei esquecendo. — Mostra a capa preta em sua mão.
— Posso ir com você? Prometi que iria ensinar as crianças a patinar —
conto.
— Claro. — Caminha em direção a saída e o sigo. — Já fechou tudo
com a Amanda?
— Na verdade, estou indo para isso — conto, seguindo até a garagem.
— Você vai gostar das crianças de lá. — Para em frente ao seu carro e
abre o porta-malas.
— Imagino que sim. — Ajudo-o a arrumar tudo. — Só o pouco tempo
que passei com alguns deles da última vez que fomos lá, já me mostra que
são incríveis. — Fecho a mala e sigo em direção ao banco do passageiro.
Liam destrava as portas e assim que entramos e colocamos os cintos,
ele liga o carro e dá partida.
— Está pronto para virar o tio Aaron? — pergunta enquanto deixamos
nossa casa para trás.
— Espero que você esteja pronto para perder o posto de preferido.
Liam gargalha.
— Nem ferrando, cara. — Olha rapidamente em minha direção e volta
sua atenção para a estrada. — Esse cargo sempre será meu.
— Eu sou muito mais encantador do que você — conto o óbvio para
ele.
— Não é isso que seus pais dizem. — Dá de ombros.
— O quê? — Me viro no banco para olhá-lo melhor.
— Ué — se faz de inocente. — Só contando o que eles me falaram da
última vez que conversamos.
— Como é!?
— Sua mãe me disse que sou o filho preferido dela. — Volta a olhar
para mim com um sorrisinho sarcástico estampado.
É errado eu querer socar a cara dele?
— Como ela teve coragem de fazer isso comigo? — pergunto
indignado.
— Quem mandou parar de ligar para ela nos finais de semana? — Vira
à esquerda e pega a estrada que nos leva para o orfanato.
— Eu ligo para a minha mãe, sim, seu cuzão — me defendo.
Liam dá de ombros mais uma vez e segue dirigindo.
Como dona Clarie pode fazer isso comigo?
Ciumento?
Com certeza.
O que posso fazer se tenho ciúmes de todos que amo?
— Vou tirar essa história a limpo agora mesmo. — Pego o meu celular
e ligo para a minha mãe.
— Jura que vai ligar para ela? — pergunta, achando graça.
— Mas é claro — digo, olhando para a tela do aparelho. — Mamãe,
como assim seu filho preferido é o Liam? — pergunto assim que atende.
— Oi, meu filhote lindo! Sua mãe está bem, se você quer saber — diz,
quase me fazendo rir, mas o prendo porque o assunto é sério aqui.
— Nada de “Oi, filhote”, Dona Clarie — me finjo de bravo. — Vai me
contar que história é essa que o Liam acabou de me dizer?
— Ele não se conforma que sou o melhor, Clarie. — Se aproxima para
que minha mãe consiga ouvi-lo.
— Sai pra lá, seu traidor. — Tiro-o de cima de mim. — Não bastava
roubar minha irmã agora quer roubar meus pais também?
Meu melhor amigo e minha mãe começam a rir de mim e tenho que
me segurar para não acompanhá-los.
— Isso nunca perde a graça — Liam diz depois de se recuperar do seu
ataque de riso.
— O quê? Tirar uma com a minha cara?
— Exatamente — afirma.
Por que eu sou amigo desse cara mesmo?
— Idiota. — Mostro o dedo do meio para ele e volto minha atenção
para a minha mãe que ainda está na linha. — A senhora assume, então? —
volto a perguntar. — Como pode fazer isso comigo? — Forço uma voz de
choro.
— Desculpa, filhote. A mamãe não faz mais — fala como se estivesse
conversando com um bebê.
— Estou magoado demais para perdoar tão fácil assim — resmungo.
Liam solta uma risada debochada.
— Bebê chorão — diz enquanto finge uma tosse.
— Cala a boca — mando. — Tem sorte de eu não fazer você comprar
um jogo novo pra mim.
— Eu não compraria de qualquer jeito.
— Ah, você compraria sim e sabe por quê? — Encaro o meu amigo.
— Por que namorei sua irmã escondido?
— Olha, mamãe, como ele é inteligente. — Aproximo o celular da
boca.
— Aaron, você está chantageando seu melhor amigo de novo? — sua
voz é brava agora.
— Ele quem começou — digo da maneira mais infantil possível.
Por que quando falamos com nossos pais voltamos a ser crianças em
determinado momento?
— Não me interessa quem começou — volta a dizer e se estivesse na
frente dela nesse momento, a veria com as mãos na cintura. — Pode parar
com isso agora mesmo.
— Sim, senhora — respondo e dou um soco no braço de Liam quando
ele ri de mim.
— Ótimo, querido. Agora preste atenção na mamãe — chama minha
atenção como se eu tivesse cinco anos de idade. — Você é e sempre será
meu filho preferido.
— Vou contar isso para Hanna — digo, me recostando no banco e
olhando para a paisagem que vai mudando de acordo com o nosso avanço.
— Ela já sabe disso — responde rindo e Liam e eu passamos a
acompanhá-la.
Eu sou completamente louco pela minha família. Faço tudo o que está
ao meu alcance e fora dele também para vê-los felizes. Me dói muito não
ter muito tempo para falar com meus pais com mais frequência, mas sei que
eles entendem.
Ficamos conversando por mais alguns minutos, até que ela avisa que
tem que desligar e se despede.
— Amo vocês, queridos.
— Também amamos você — digo, desligando o celular e guardando-o
em meu bolso. — Viu? Sou o preferido.
— Não se acomode muito, porque irei tomar o meu lugar de volta —
ameaça, me fazendo rir.
— Vai se foder — digo, enquanto ligo o rádio e coloco uma das
músicas do nosso cantor preferido.
— Quem deixou você mexer aí?
— Não preciso de permissão, gracinha. O que é seu é meu. Esqueceu?
— Aumento quando Shape of You do Ed Sheeran começa a tocar.
Liam revira os olhos e passa a cantarolar a música baixinho enquanto
dirige até o instituto.
Eu estou bêbado.
É agora que o Simon me mata.
Meu corpo está mole, meus pensamentos estão lentos e minha visão se
torna turva em certos momentos.
Puta merda.
O que tinha naquele suco de laranja?
— Aaron? — a voz de Liam soa baixa. — Está tudo bem? — Toma
meu ombro, mas meu corpo está tão leve e dormente que parece que estou
recebendo um afago.
— Que bom que perguntou meu velho e bom amigo. — Tento segurar
sua mão em cima da mesa, mas meu braço está pesado demais, então acabo
desistindo.
— Você está bêbado, não é, seu filho da puta? — Simon pergunta.
Por que o rosto dele está tão distorcido assim?
Ele está fazendo careta pra mim?
— Já disse que não estou bêbado — nego, deitando minha cabeça no
ombro de Liam. — Nossa, agora entendo por que Hanna gosta de se deitar
em cima de você. — Aperto seu braço, o afofando. — Seu braço é gostoso.
— Ele está bêbado — Liam confirma enquanto tenta se soltar.
— Para de se mexer. — Belisco o seu braço, mas acho que não tem
muito efeito. — Está me deixando enjoado.
— O que te deixou enjoado foram esses seis drinks que você tomou.
— Bennett aponta para os copos vazios à minha frente.
— Eu não me lembro de ter tomado isso tudo. — Tento me deitar em
cima de Liam de novo, mas minha cabeça gira por conta dos movimentos.
— Por que essas luzes estão girando? — pergunto, olhando para o teto.
— Eu acho que por hoje já deu, amigão. — Liam se levanta e sinto
alguém segurar em meu braço. — Vamos para o quarto. — Me levanta de
uma vez, sinto meu estômago embrulhar e minhas pernas bambearem.
Gente, o que tinha naquele suco de laranja?
Como uma coisa tão doce assim pode me deixar desse jeito?
— Que história é essa de me levar para o quarto? — pergunto, o
encarando. — Escolheu o Carson errado, Liam. Meu nome é Aaron —
soletro meu nome bem devagar para que ele entenda.
— O que eu fiz pra merecer isso? — suspira, envolve minha cintura
com o seu braço e coloca o meu em seu ombro.
— Pegou minha irmãzinha escondido — acuso, apontando o dedo em
sua cara e mexendo em seu nariz.
— Supera essa porra. — Começa a andar comigo para a saída do
restaurante do hotel.
— Olha, ele ficou nervosinho — caio na gargalhada.
Por que quando estamos bêbados tudo fica mil vezes mais engraçado?
— Eu juro que vou matar esse filho da puta. — Simon dá um tapa em
minha cabeça assim que passa por mim.
— Não me bate. — Tento passar a mão onde fui atingido, mas acabo
errando. — Liam, ele me bateu. Por que não está brigando com ele?
— Porque a vontade do Liam é de te bater também — Bennett diz ao
passar por nós.
— Vocês estão me maltratando demais, sabiam? — digo quando
chegamos perto dos elevadores.
Escuto suspiros e o coro “Cala a boca, Aaron”.
O elevador chega, entro na grande caixa de metal e do mesmo jeito
rápido que a viagem começou, ela termina. Paramos em frente à porta do
meu quarto com Liam e espero até que ele ache a chave para podermos
entrar.
— Acho melhor fazer um café bem forte para ele. — Escuto a voz de
Bennett atrás de mim.
— Um de vocês pode pedir pra mim? Não quero deixar esse idiota
sozinho. — Liam me joga em cima da cama.
— Beleza — Simon diz.
Nossa, que colchão mais macio.
Me espreguiço e começo a esfregar meu corpo no lençol gelado.
— Posso saber por que você está gemendo? — meu melhor amigo
pergunta de pé em frente a minha cama.
— Isso aqui é muito bom, cara, você tem que experimentar. — Estico
os meus braços em sua direção. — Deita aqui comigo. — Bato no colchão.
— Não, valeu. Estou bem aqui — nega.
— Você não me ama mais? — Sento-me na cama para conseguir olhar
para ele melhor.
— É o quê?
— Você não me ama mais — acuso. — Não quer deitar aqui comigo.
Minha voz está embargada?
É sério que estou com vontade de chorar?
O que tinha na porra daquela bebida?
— Meu Deus do céu. — Vejo-o apoiar as mãos na cintura e olhar para
o teto. — Porque comigo?
— Está reclamando, seu cuzão? — Pego um dos meus travesseiros,
miro em seu rosto e jogo, mas meus sentidos estão tão perturbados que
acabo errando e acertando sua barriga. — Quer saber? Não preciso de você.
Eu tenho a Holly. — Será que se eu ligar agora, ela vem dormir comigo?
Me contorço todo para pegar meu celular no bolso traseiro da minha calça,
mas meus movimentos estão incertos demais para que eu consiga. — Me
empresta o seu telefone?
— O quê? Pra quê? — pergunta.
— Preciso ligar para a Holly, mas não consigo pegar o meu.
— Não vou deixar você ligar para ela desse jeito.
— Mas por quê? — pergunto.
— Da última vez, você quase a pediu em casamento — relembra. —
Imagina o que vai fazer hoje.
— Chamá-la pra dormir comigo, já que você — levanto da cama e
aponto o dedo em sua direção com raiva — não quer.
— Aaron sossega um pouco. — Tenta fazer com que eu me sente na
cama mais uma vez. — Bennett já está trazendo o seu café.
Café?
Quando ele saiu do quarto que eu nem notei?
— Eu só quero a Holly, cara, e você não deixa. — Me jogo na cama,
sentindo minha garganta secar e meus olhos lacrimejarem.
Sim, eu estou chorando.
— De novo não — lamenta. — Olha, quer saber? Liga de uma vez. —
Joga seu celular já desbloqueado em cima do meu peito.
Pego o aparelho e pulando da cama, vou pra cima dele, e o envolvo em
meus braços em um abraço bem apertado.
— Você é o melhor — agradeço, beijando sua bochecha.
— Tá, tá bom. Agora me larga e sente-se aí. — Tira meus braços de
volta do seu pescoço e me coloca na cama de novo.
Me ajeito na cama e presto atenção no celular na minha mão, e assim
que toco na tela, vejo a foto da minha irmã sorrindo e suja de chocolate e
acabo sorrindo também. Liam realmente é o homem perfeito para ela, assim
como ela é para ele. Como me disse um dia, sempre foi e sempre será ela.
Balanço minha cabeça de leve para voltar ao foco inicial.
Disco os números que sei de cor, mesmo bêbado e espero ser atendido.
— Por que está me ligando, Liam? Sua namorada é loira e tem olhos
azuis — É a primeira coisa que fala ao me atender.
— Mas eu amaria que tivesse cabelos e olhos negros — respondo.
— Aaron?
— Quem mais seria, linda?
— O Liam, já que esse é o celular dele — responde. — Aliás, por que
está me ligando do celular dele?
— Acho que perdi o meu na minha calça — conto para ela.
Com certeza ele está na minha calça. Consigo senti-lo, mas não o
encontro. Um mistério que resolverei depois.
— Você perdeu o seu celular na sua roupa? — Se pudesse vê-la nesse
momento, diria que seu rosto é uma grande interrogação. — Aaron você
está bêbado?
— Acho que sim, linda.
— Como isso aconteceu? — Escuto o barulho de algo caindo do outro
lado.
— Bom, primeiro eu pedi um suco de laranja…
— Drink — Liam relembra.
— Isso, drink. — Levanto meu polegar em agradecimento. — Era tão
docinho que bebi um pouco além da conta.
— E o Liam deixou?
— Liam não liga mais pra mim, linda. — Fungo, tentando desentupir
o nariz. — Nem dormir comigo ele quis.
— Meu Deus — Liam e Holly falam juntos.
— Agora, estou aqui sozinho e jogado. — Deito-me na cama. —
Queria você aqui comigo, sabia? Sentir seu cheiro e dormir abraçado.
— Amanhã estarei aí.
— Isso é um indicador de que vamos dormir juntos? — pergunto.
— Quem sabe?
Fecho meus olhos e mesmo tonto da bebida, consigo lembrar
exatamente como é a sensação do corpo dela colado ao meu. Da sua pele
macia, seu cheiro doce e gostoso, sua risada contagiante. Porra, como eu
amo essa garota.
— Quebraremos uma regra — lembro a ela.
— Às vezes é bom quebrá-las. — Sua voz é baixa.
— Tenho que concordar com isso. — Minha voz vai amolecendo aos
poucos. — Mal posso ver a hora de quebrar todas elas e finalmente poder te
perguntar uma coisa.
— E o que seria?
— Se você aceita ser minha namorada — digo e a linha fica muda por
alguns segundos.
Será que ela desligou?
Estava cedo demais para falar isso com todas as letras?
Será que a assustei?
São tantas perguntas sem respostas que já estão me deixando ansioso.
Estou prestes a pedir que esqueça isso, quando ela responde:
— Então, por favor, quebre a última regra logo — diz.
— É sério isso?
— Nunca falei tão sério em toda a minha vida — responde. — Você é
tudo o que eu mais quero.
— Meu Deus, linda. — Fecho meus olhos e um enorme sorriso nasce
em meu rosto.
Meu coração dispara como louco em meu peito.
Ela disse isso mesmo?
Fico em silêncio, absorvendo o que foi dito. Meu corpo está tão
relaxado nesse momento, que pareço estar flutuando em uma nuvem, não
por conta da bebida, mas sim pelas suas palavras. Estou tão sereno nesse
momento, que aos poucos meus olhos vão pesando e meus músculos
relaxando mais e mais.
Droga, não queria dormir agora. Não quero esquecer do que foi dito.
— Linda — chamo-a.
— Sim.
— Posso te pedir uma coisa? — minha voz sai com dificuldade.
— O que quiser.
Assente e espera o meu pedido, mas ela acaba não sabendo o que
seria, porque sou vencido pelo sono que acaba me tomando.
A vida estava me amarrando
Assim que nosso ônibus chega ao hotel, tudo o que mais quero nesse
momento é me deitar em uma cama na companhia de Holly. As pancadas
que recebi hoje na partida já estavam começando a latejar, e pelo jeito que
os hematomas estavam aparentes quando tomei banho, em breve terei uma
grande mancha roxa em minha costela e abdômen.
O jogo de hoje foi um dos mais difíceis de todos os tempos.
Harvard jogou muito bem, bem até demais. Nos fazendo suar, e muito,
até o apito final.
Cheguei a pensar que não conseguiríamos levar essa e que voltaríamos
para casa com o peso da derrota. Ainda mais depois dos lances bobos que
perdi. Por um momento, pensei que não iria participar do jogo de hoje,
ainda mais depois que o treinador me viu no café da manhã, mas Simon
conseguiu contornar, dizendo para o senhor Foster que eu tinha comido algo
que não me fez bem de noite e que estaria novo em folha para mais tarde.
Felizmente, joguei a partida e nosso time estava superfocado em não
sair na pior e conseguimos reverter o placar a nosso favor.
— Vamos esperar as meninas aqui? — pergunto, assim que entramos
no hall do hotel.
— Acho melhor. — Bennett assente, pegando seu maço de cigarro.
— Jura que você já vai fumar? — Simon pergunta um pouco chateado.
— Deixe-o — Liam pede, antes que comece uma discussão.
Simon odeia que Bennett fume quando estamos em época de
campeonato.
Diferente de Liam, que fuma só de vez em quando, Bennett não
consegue largar o cigarro, então sempre temos discussões sobre isso.
— Enfim — faz um gesto com a mão —, acha que devemos fazer
mais reservas de quartos? — Simon pergunta.
— Eu acho uma boa — concordo.
— Acha que precisamos de quantos? — Simon volta a perguntar.
— Hanna irá dormir comigo — Liam relembra. — Mas vamos
precisar de mais um para Aaron.
— Tá bom, então espera aí. — Pego meu celular e abro o bloco de
notas para não me perder. — Um quarto para Holly e eu, Genna e Maddy.
— E Harry? — Simon é quem pergunta.
— Achei que ele poderia ficar com vocês dois, já que é só uma noite
— sugiro.
— Por mim, tudo bem. — Simon concorda e olha para Bennett.
— Por mim também. — Assente, levando o cigarro à boca.
— Certo. Vou lá fazer os pedidos — Liam se adianta e segue em
direção ao balcão da recepção.
Estamos esperando-o voltar quando sinto mãos pequenas e macias
cobrirem os meus olhos.
— Adivinhe quem é — pede e começo a rir.
— Hum… preciso de pistas — peço, levando os braços para trás e
abraçando sua cintura.
Escuto-a rir.
— Sou a sua pessoa preferida.
— Tem certeza disso? Porque ela está em casa nesse momento me
xingando por não ter ligado para ela ainda.
— É sério que não ligou pra mamãe ainda? — pergunta indignada e
tira as mãos dos meus olhos.
— Vou ligar para ela agora, Bonequinha — prometo, abrindo meus
contatos e disco o número de casa.
— Por isso sou a filha preferida. — Aponta o dedo indicador bem
rente ao meu rosto.
Em um ato bem infantil, mostro minha língua para ela.
— Alô — meu pai me cumprimenta do outro lado da linha.
— Oi, pai. Tudo bem, por aí? — Coloco a ligação no viva-voz para
que Hanna possa escutar também.
— Aaron? — pergunta confuso.
— Sim, quem mais seria? — pergunto e vejo Hanna rir da minha
resposta.
— Sei lá, achei que fosse engano.
— Por que achou isso? — Olho com dúvida para o celular.
— A única que lembra que tem pais é a minha princesa — responde,
fazendo-a rir de mim.
Foco meus olhos em Hanna e a sem-vergonha tem uma expressão de
vitória.
— Essa doeu, hein — digo, levando a mão ao peito.
— O quanto? — ele pergunta do outro lado da linha como se não se
importasse.
O que está acontecendo?
Será que o magoei de verdade?
Sei que tenho sido bem relapso com relação a manter contato com os
meus pais, uma coisa que prometi que melhoraria depois das férias de fim
de ano.
Merda.
Estou prestes a respondê-lo e pedir desculpas, quando Hanna me
interrompe.
— Ele está fazendo biquinho, papai. Acho que vai chorar — conta,
levando a mão à boca, tampando sua risada.
— É sério? Quanto tempo? — pergunta e vejo Hanna olhar no celular.
— Dois minutos — responde
— Isso! — comemora. — Sua mãe está me devendo dez dólares,
então. — Sua voz muda de séria para brincalhona em questão de segundos.
Hanna gargalha tanto que suas bochechas ficam vermelhas pelo
esforço
Espera aí.
Eles apostaram?
— Que história é essa de dez dólares? — pergunto sem entender nada.
— Papai e mamãe queriam pregar uma peça em você. — Minha
irmãzinha conta depois que seu ataque de riso é amenizado.
— Você e a mamãe são maus — digo, encarando o celular. — Quase
me fizeram chorar.
— Até parece — meu pai ri de mim.
— Estou falando sério! Acho que meus olhos estão até molhados
agora. — Finjo fungar
— Pare de história e me conte como foi o jogo de hoje — pede bem
animado.
Meu pai ama hóquei. Foi com ele que aprendi a amar o esporte.
— Foi incrível, papai! — contamos a ele como foi a partida de hoje,
tirando a briga que acabei me envolvendo e a ressaca que estou por ter
bebido ontem.
— Que bom, filho — consigo sentir o orgulho em sua voz. — Sua mãe
e eu estamos vendo se conseguimos ir ao seu próximo jogo.
— Seria ótimo, pai — afirmo.
Conversamos por mais alguns minutos, quando ele avisa que precisa
desligar, mas não antes de mandarmos um beijo para a nossa mãe, que não
está em casa nesse momento.
— E você, hein, pestinha? — Apoio o meu braço em seu ombro e a
puxo em minha direção. — Estava junto com eles nessa pegadinha, não é?
— Mas é claro. — Me abraça pela cintura. — Queria ver sua cara de
bebê chorão. — Rindo, aperto sua cintura em uma cosquinha. — Não
começa. — Bate em minha mão repetidas vezes. — Sabe o quanto isso me
irrita.
— Por que acha que faço?
— Idiota. — Dá um tapa em meu peito.
Rindo, passo a mão no lugar atingido, enquanto seguimos em direção
aos nossos amigos que nos esperam em frente ao elevador e aprecio esse
momento com minha irmãzinha.
Desde que ela começou a namorar e conquistar Holly passou a ser o
meu foco, não passamos tanto tempo juntos. E parando pra pensar agora,
sinto falta desses momentos com ela.
Quando voltarmos para casa e nossas agendas coincidirem, a
convidarei para sair.
Só nós dois.
Irmãos Carson.
— Vocês demoraram — Simon diz assim que nos aproximamos.
— Estávamos conversando com o nosso pai — digo, desfazendo meu
abraço de Hanna e vendo-a ir em direção ao namorado que a envolve pela
cintura e beija sua cabeça. — Já resolveram tudo? — pergunto, caminhando
até Holly e repetindo o mesmo movimento de Liam.
Ela me olha por cima do ombro, e quando acho que vai dizer alguma
coisa, ela se aconchega mais em meus braços.
Pode parecer loucura da minha cabeça, mas estou sentindo que algo
mudou entre nós dois, e algo me diz que isso tem a ver com o que
conversamos ontem. Agora só me basta lembrar o que dissemos um para o
outro.
Nunca me arrependi tanto de ter esquecido algo como agora.
— Prontos para subir então? — Genna pergunta parada ao lado de
Maddy.
— Vamos logo que quero tirar esses saltos. — A ruiva aponta para o
pé.
Concordando com ela, chamamos o elevador para podermos subir.
Desde o início
Ele conseguiu.
Aaron quebrou todas as regras que propus a nós dois.
Quando fiz essas regras, eu não queria me envolver com ninguém, mas
lá no fundo, essas eram atitudes que eu gostaria que alguém fizesse comigo.
Mesmo eu tendo namorado com alguém no passado, nunca tive a sensação
de viver isso. Então, sim, acabei fazendo regras que sabia que ele quebraria,
e acabo me dando conta de uma coisa.
Caralho! Eu estava completamente apaixonada por ele.
Como fui boba de tentar sufocar o que estava crescendo dentro de mim
sem controle, mas agora não serei mais. Desde o momento em que o vi,
senti algo como nunca antes, e quando começou a quebrar as regras de
propósito, eu não tive chance alguma. Eu tinha sido conquistada
Decidida, olho para a tela do meu celular mais uma vez e já sei que
decisão devo tomar. Com o celular em mãos, sigo em direção a porta e
quando a abro, sou surpreendida por Aaron parado a minha frente.
— O que está fazendo aqui? — Pergunto com meu coração batendo a
mil.
— Estava vendo uma coisa importante em meu quarto e fiquei
pensando se deveria vir aqui te mostrar ou não. — Aperta o celular na mão
e já consigo imaginar do que se trata.
Será que somos parecidos até nisso?
— O que quer me mostrar? — pergunto engolindo todo o nervosismo.
O vejo respirar bem fundo antes de dizer alguma coisa.
— Desde quando você criou essas regras, eu tinha o plano de quebrar
todas elas. — Conta.
— Eu sabia que tinha aceitado rápido demais. — Respondo o fazendo
rir.
Sorrindo, ele olha para o celular em suas mãos por um tempo, até que
volte a me encarar.
— A cada nova regra que eu quebrava, eu sentia uma esperança
crescer dentro de mim — mostra em seu celular uma lista completamente
riscada igual a sua. — E hoje consegui quebrar a última delas.
— Esperança de que? — pergunto engolindo em seco.
Minha garganta está presa em um nó tão apertado, que me pergunto
como consigo fazer com que minha voz saia.
— De que no final eu finalmente conseguiria fazer com que se
apaixonasse por mim — se aproxima a passos lentos. — Da mesma maneira
que eu sou apaixonado por você.
— Aaron — minha voz não passa de sopro.
Eu sabia que ele nutria sentimentos por mim, não era nem uma idiota,
mas não imaginava que ele tivesse se apaixonado e saber disso, acaba me
trazendo uma sensação de alívio e relaxamento, que nunca senti antes.
— Eu sei que você não está à procura de relacionamento agora, mas eu
precisava te dizer de uma vez tudo o que sinto por você — segura em meu
rosto com as duas mãos, chamando minha atenção de volta para si. — Eu
sou completamente louco por você. Não consigo me ver mais sem ter você
ao meu lado. Eu acordo e vou dormir pensando na maneira que seus olhos
brilham quando sorri, quando morde os lábios quando está concentrada
lendo, ou o jeito que morde a caneta quando está pensando em um post. —
Começa a fazer um carinho tão leve e gostoso em minhas bochechas que
mal sinto seu toque. — Você se impregnou em mim de uma forma tão
intensa, que não consigo mais passar um dia sem ter a certeza que tenho
você, assim como você me tem. — Foca seus olhos brilhantes nos meus. —
Desde o primeiro momento em que seus olhos atrevidos cruzaram com os
meus naquela festa, eu sabia que faria de tudo para te tornar minha. Através
do seu olhar, eu me vi completamente rendido por você, Linda.
Meu Deus do céu! Como faz o cérebro funcionar agora? Ele realmente
sabe como me tirar de órbita. Nesse exato momento, meu coração bate
enlouquecido em meu peito, minha barriga encontra-se revirada, e eu não
sei o que dizer agora. Nem ligo se ele não se lembra do que conversamos no
telefone aquela noite em que estava bêbado.
Em uma tentativa de dar um tempo para que minhas emoções se
acalmem, cubro suas mãos com as minhas e passo a acariciar sua pele
gelada pelo nervosismo. Encaro seus olhos e vejo que ele necessita que eu
diga algo, independente do que quer que seja. Então, mandando o medo
para longe eu me abro com ele.
— Sabe? — Digo olhando em seus olhos. — Eu acabei vivendo uma
experiência que não estou pronta para contar ainda, me desculpa. — Peço e
o vejo negar com a cabeça como se pedisse para que eu não me
desculpasse. — Eu não queria me relacionar com ninguém, mas então você
apareceu e mudou tudo sem que ao menos eu percebesse.
— Holly...
O impeço de falar colocando os dedos em seus lábios.
— Aaron — faço um carinho em seu lábio inferior, usando meu
polegar. — Além de quebrar todas as nossas regras, você se instalou em
meu coração para não sair mais. — Puxo bastante ar para os meus pulmões
antes de continuar. — Você se vestiu como meu personagem preferido,
passou a se interessar e até ler livros de romance, por minha causa. — Volto
a fazer carinho em sua bochecha. — Cuida de mim como ninguém e sem
saber, você tem me ajudado a curar feridas que ainda estavam abertas e que
eu tentava esconder. — Tomo fôlego mais uma vez. — Nunca imaginei que
encontraria uma pessoa tão oposta a mim, mas que me completasse de uma
maneira única. Eu me apaixonei por você
Me pegando de surpresa, ele me ergueu em seu colo e junta nossos
lábios em um beijo apaixonado. Aaron busca minha língua e quando a
encontra, passa a ditar o ritmo que ambas se entrelaçam. Minha pele
queima, minha barriga se revira toda.
Preciso ser dele agora mesmo.
Como se ouvisse meus pensamentos, ele anda em direção ao seu
quarto.
— O que está fazendo? — pergunto com nossos lábios ainda unidos.
— Te levando para o meu quarto.
— Não era você que dizes que seria um cavalheiro? — entrelaço
minhas pernas em sua cintura.
— Isso foi antes, Linda. — Morde meu lábio inferior. — Nesse
momento o único ato de cavalheirismos que terá é que deixarei que goze na
minha boca.
Quando você sentir o meu calor
Eu vou conseguir.
Tenho que conseguir.
Meus olhos estão tão focados na tela do computador a minha frente,
que nem me mexo quando Hanna e Harry se sentam ao meu lado.
— O que está fazendo? — Hanna pergunta quando não os
comprimento.
— Tentando comprar o ingresso para o show do Imagine Dragons —
respondo sem levantar meus olhos da tela à minha frente.
Vai logo, carrega.
Estou sentada a bons minutos na fila de espera para comprar esse
ingresso e já estou ficando nervosa com essa demora toda.
Tem que dar certo.
Eu preciso conseguir esses ingressos.
— Tinha me esquecido desse show — Hanna diz mexendo em algo.
— Quando será?
— Daqui dois meses. — Respondo.
— Não sabia que gostava deles. — Harry é quem fala ao meu lado.
— Holly não gosta deles. Ela os ama enlouquecidamente. — Hanna o
responde.
— Tem bom gosto — Harry faz um carinho em meu braço. — Escutei
umas coisas deles já e os caras mandam muito bem.
— Eles são demais — olhos para eles rapidamente. — Nem acredito
que os verei de perto.
Isso se essa porcaria de fila virtual andar logo.
Por que é sempre um sacrifício quando vamos comprar um ingresso?
Poderia ser bem mais fácil, não é?
— Como está a fila? — Hanna pergunta se aproximando e apoiando o
queixo em meu ombro.
— Deu uma atualizada, mas já parou de novo. — Suspiro cansada.
— Tente se acalmar, Holly Mo — Hanna pede esticando sua mão em
minha direção e a entrelaçando com a minha.
— Só irei me acalmar quando tiver a confirmação de que irei. — Tiro
alguns fios de cabelo que insistem em cair em meus olhos.
Volto minha atenção para o site a minha frente e continua a mesma
coisa.
Que saco isso!
Já está repetitivo demais essa merda.
Quando essa droga vai andar?
Minha bunda já está quadrada e dormente de tanto tempo que passei
sentada nessa cadeira.
Atualize logo, droga!
Mexo em meu mouse e não sem querer, acabo atualizando a página
que estava e quando ela é carregada novamente, tenho vontade de gritar o
mais alto que consigo.
Mais que porra!
Como isso pôde acontecer?
Um segundo.
Um mísero segundo que essa página atualizou e acabaram os
ingressos?
Jogo meu corpo com força na cadeira e encaro a tela à minha frente. A
palavra esgotado não para de zombar de mim nesse momento.
Que vida filha da puta.
Adeus show da minha banda preferida.
Adeus sonho de ver aquele homem maravilhoso cantando em cima de
um palco, sem camisa e todo suado.
— Ei, o que aconteceu? — Harry pergunta tocando em meu ombro. —
Você vai chorar? — Volta perguntar assim que o encaro.
Esse bolo na garganta é vontade de chorar?
Se for, então sim, eu vou chorar.
— Holly, o que aconteceu? — Hanna vem até mim e se abaixa ao meu
lado.
— Esgotou — aponto para o computador à minha frente.
Minha voz é baixa e desapontada.
— Mas já? — Harry pega o notebook e vira em sua direção. — Você
não estava na lista de espera?
— Estava — resmungo. — Mas acho que a internet não estava
rodando direito, porque atualizei a página sem querer e quando ela voltou,
estava dizendo que não tinha mais nada.
— Sinto muito — faz um carinho em meus ombros tentando me
reconfortar. — Sei que queria muito ir.
Me acomodo melhor para receber seu afago.
Tirando Aaron, não gosto muito de ter contato físico com as pessoas,
mesmo se for minha melhor amiga. É meu jeito, não tenho como mudar.
Mas nesses momentos em que fico chateada com alguma coisa, mesmo que
seja pelo motivo mais besta como perder a venda de algo que eu queria
muito, ou algo mais sério, sempre correrei para os braços dela. Hanna tem o
dom de me acalmar como ninguém.
— Está tudo bem — me afasto um pouco.
— Você pode tentar da próxima vez. — Harry faz um carinho em meu
ombro bem de leve.
— É, pode ser — concordo. — Vou guardar isso lá em cima
Fecho o notebook e sigo em direção a saída da cozinha.
— Não fica muito tempo lá em cima, tá? — Hanna se levanta. — Vou
fazer cupcake.
— Tudo bem, já desço. — Afirmo com a cabeça e sigo em direção ao
meu quarto.
Saco, meu dia estava indo bem até agora.
Muitos podem achar essa minha reação bem infantil, mas quando se
ama alguma coisa do jeito que eu amo aquela banda, e não poder fazer uma
coisa que estava esperando meses para se fazer, é frustrante demais.
Então sim. Estou sendo mimada nesse momento por está quase
chorando porque não veria ele de pertinho ou gritaria até perder minha voz.
Passo pelo corredor, e estou seguindo em direção ao meu quarto,
quando vejo Bennett parado ao lado de sua cama.
— Não sabia que estava em casa — digo parado em sua porta.
— Acabei de chegar — faz um sinal para que eu entre. — Está tudo
bem? — Pergunta depois de me encarar por alguns instantes.
— Sim — respondo entrando em seu quarto. — Por que a pergunta?
— Você parece chateada.
— Ah, isso — me aproximo mais e me sento em sua cama sem pedir
permissão. — Não consegui comprar uma coisa que eu queria muito.
Faço um gesto como se não fosse nada, enquanto olho à minha volta.
Diferente do meu quarto, que é uma zona de guerra, o de Bennett é
milimetricamente arrumado. Desde os lençóis bem esticados, que agora
encontram-se enrugados, já que estou sentada em cima, seus travesseiros
são bem fofinhos, sua escrivaninha só tem seu notebook e um porta retrato
que não consigo enxergar de onde estou e uma luminária. Provavelmente
para as noites que ele passa estudando.
É um bem quarto em tons de verde escuro.
— E o que foi?
Sua voz faz com que termine minha inspeção.
— O que? — pergunto confusa.
— Que você não conseguiu comprar?
— Ah! — me lembro sobre o que estávamos conversando. —
Ingressos para ver minha banda preferida.
— Imagine Dragons?
— Como sabe?
— Um cara do meu curso comentou que eles abriram a venda hoje,
então imaginei que seria eles. — Conta se sentando ao meu lado.
— Tomara que ela tenha mais sorte do que eu e consiga comprar os
ingressos. — Me acomodo na cama e cruzo minhas pernas.
— Também espero — encosta as costas na cabeceira, ficando com a
das pernas dobradas e a outra esticada e passa a encarar o nada.
Afirmo com a cabeça e o silêncio recai sobre o lugar, e aproveitando
esse momento, passo a estudar o homem à minha frente.
Bennett é bem bonito, que Aaron não me escute dizendo isso. Sua pele
clara colorida pelas diversas tatuagens espalhadas, seus cabelos e olhos
negros como anoite que se olhar bem, escondem algo.
O que será que ele esconde?
Bennett sempre foi o mais quieto de nós, nunca falando mais do que o
necessário ou em momentos que ele precisa intervir. Antes de ele passar a
morar com a gente, achei que ela era uma pessoa reclusa, que não gosta de
se misturar, mas assim que fui o conhecendo melhor, fui entendendo que ele
não se isola de propósito, ele só tem coisas demais em sua cabeça.
Como sei disso?
Seu olhos dizem muitas coisas.
— Está tudo bem? — pergunto de uma vez.
— Por que a pergunta?
— Assim como você viu que eu não estava bem, percebi que algo
também estava acontecendo com você.
Seus olhos ficam vagos de repente, e me preocupo de ter tocado em
um assunto delicado.
— Se não quiser me dizer, está tudo bem. — Toco em sua mão que
está repousada em cima de sua coxa.
Ele fica mais um tempo sem me responder e estou prestes a me
levantar, quando sua entrelaça os dedos nos meus, e com os olhos ainda
vagos, ele responde:
— Meu pai não é um homem muito legal comigo e com a minha mãe,
e sempre que volto para casa, sou obrigado a me lembrar disso. — Seu tom
esconde uma dor tão grande, que sinto meu peito se apertar.
— O que aconteceu? — pergunto preocupada.
Nunca tinha o visto tão mal assim.
— Só estou cansado de ter que aguentar tudo isso. — Responde de
forma rasa.
— Quer conversar sobre isso?
— Não se preocupe — aperta minha bochecha enquanto me encara. —
Está tudo bem. — Abre um sorriso ladino.
— Pare de mentira, Bennett. Está estampado no seu rosto que não está
nada bem. — Digo o encarando.
Bennett tem um sorriso carinhoso e até ouso dizer que melancólico.
— Você se parece com ela nesse momento. — Seu olhar é saudoso. —
Tirando Simon, ela era a única que se preocupava comigo.
— Ela quem? — pergunto curiosa.
Bennett fica em silêncio encarando o nada a sua frente, até voltar a
olhar para mim.
— A outra metade do meu coração e do de Simon. — Diz com o olhar
desfocado, como se estivesse perdido em memórias.
Nosso?
Fico curiosa para saber sobre quem ele está falando, mas se tem uma
coisa que aprendi sobre o cara à minha frente, é que não gosta de se abrir
com ninguém, a não ser com Simon.
E falando nele.
— Aaron sabe que está na cama com outro? — pergunta caminhando
em nossa direção.
— Ele terá que superar já que Bennett é meu novo preferido. —
Respondo me levantando na cama.
Simon e Bennett acabam rindo da minha resposta.
— E quanto a mim? — se aproxima. — Estou a séculos querendo
entrar no seu coraçãozinho e você só me esnoba. — Faz uma cara de choro.
— Desculpe, mas é que prefiro os tatuados — dou de ombros.
— Droga! Sabia que tinha que fazer mais tatuagens. — Apoia as mãos
em sua cintura. — Você vai me levar para fechar o braço ainda.
— Você fala isso a anos e nunca vai comigo. — Bennett se senta na
cama com as pernas para fora.
— Mas agora eu vou — aponta o dedo em direção ao amigo ou seria
melhor dizer namorado? Não sei ao certo. A relação deles é complicada
demais.
— Sei — Bennett responde como se duvidasse.
Olhando para eles, até que me lembram Aaron e Liam. Claro que sem
a pegação toda, mas a amizade que eles têm é uma coisa forte e única.
É bonito de se ver.
Eles se completam de uma maneira única.
— Espera — me viro em direção a Simon. — Você tem tatuagens
além da que fizemos?
— Uhum — afirma com a cabeça.
— Mas você não disse que nunca tinha feito uma? — pergunto um
pouco confusa.
— Eu estava bêbado e falar sobre ela me faz sentir saudades. —
Responde de maneira misteriosa.
Saudade? Do que? Porque eles dois tem que ele e Bennett tem que ser
tão misteriosos em alguns momentos, hein?
— E qual é? — olho para todo o seu corpo a procurar o desenho. —
Posso ver? — Tento a sorte.
Simon encara Bennett por alguns segundos, como se pedisse
permissão. Olho para o outro, sentando-se atrás de mim e vejo o exato
momento em que ele assente com a cabeça.
— Claro
Segura a barra de sua camisa e quando a tira, consigo ver a tatuagem
do Fuck U que fizemos ano passado. Subo mais meus olhos à procura do
desenho e encontro um pequeno livro aberto com o desenho de um girassol
e um taco de hóquei.
— Tem algum significado? — pergunto mesmo já sabendo a resposta.
— União — Simon não se estende muito.
Não é um simples desenho.
É um daqueles que você tem com alguma pessoa, e olhando bem para
todos os elementos envolvidos, arrisco dizer que Bennett é uma terceira
pessoa também tem essa mesma tatuagem.
Você me lembra ela.
Seria ela a dona do girassol?
Bem provável que sim.
Encaro os dois à minha frente e percebo a força de olhares que dão um
para o outro. Consigo sentir daqui que eles se amam incondicionalmente,
mas não são completos para viverem esse sentimento.
O que será que aconteceu com eles?
Onde estaria a outra metade que Bennett mencionou?
Perguntas que uma grande curiosa como eu não tenho respostas nesse
momento.
— Uma bela tatuagem — digo quebrando a bolha em que eles se
encontram nesse momento.
— Obrigado.
Os dois respondem juntos e acabam sorrindo um para o outro.
Com um sorriso estampado em meu rosto, olho de um para o outro.
— Qual é a dinâmica do relacionamento de vocês? — pergunto os
pegando de surpresa.
— O que? — Bennett pergunta envergonhado.
Espera.
As bochechas dele estão cotadas?
Estão sim.
Ah, mas não vou perder esse momento por nada.
— É ué — dou de ombros. — O que rola entre vocês? Namoro?
Amizade? Estão esperando a terceira parte de vocês? O que está rolando?
— Pergunto.
Bennett fica roxo de tanta vergonha enquanto Simon quase se joga no
chão de tanto rir.
— Holly você é a melhor — A voz de Simon sai com dificuldade pela
falta de fôlego.
— O que? Só sou curiosa, ué. — Digo olhando de um para o outro. —
E ai, vão me contar o que rola? — Tento mais uma vez.
— Não vamos contar nada sua curiosa — Bennett se levanta e aperta
meu nariz como se eu tivesse três anos de idade.
— Ah, qual é?! — Resmungo.
— Não adianta resmungar — faz um carinho em minha cabeça.
Das duas ou uma. Ou Bennett acha que sou uma criança ou que sou
sua irmã de cinco anos.
— Certo — me dou por vencida.
— O que você precisa saber é que nós amamos, só isso. — Me
responde piscando um dos olhos.
Nós amamos, hein?
O modo que ele disse é muito mais do que amor de amigos que se
pegam, é algo mais.
— Bom, já que só consegui arrancar isso de vocês— caminho em
direção a porta. — Eu vou indo.
— Vamos descer com você — Simon diz atrás de mim me fazendo
parar.
Juntos, saímos do quarto Bennett e quando o dono está fechando a
porta atrás de si, vejo Aaron vindo em nossa direção.
— Ei, o que estão fazendo com minha garota dentro de um quarto? —
corre em minha direção e me toma em seus braços.
Olha só o coração acelerado de novo.
— Estávamos dando um ménage de presente para ela. — É claro que
sim tinha que dizer isso era o Simon.
— É o que?! — Aaron grita me fazendo rir.
— O que? Ela não tinha esse sonho? — Simon o responde com a cara
mais lavada do mundo.
— Qual é a porra do seu fascínio com a minha mulher, hein? — Me
aperta mais em seus braços.
É errado minhas pernas estarem bambas só porque ele me chamou de
minha mulher? Se for, eu não estou nem aí.
— Ainda tenho esperança de roubá-la de você. — Responde rindo do
amigo.
Esses dois se provocam mais do que crianças. Não sei como Bennett e
Liam aguentam.
— Ora, seu… — Aaron me solta e vai em direção a Simon, mas
Bennett entra na frente.
— Parem de agir feito crianças, porra. — E o jeito sério dele ser
voltou.
— Ele quem começou
Simon e Bennett apontam um para o outro como duas crianças.
— Vocês são impossíveis — Digo. — Como aguenta eles? —
Pergunto seguindo Bennett.
— Me pergunto isso todos os dias. — Suspira enquanto desce as
escadas.
O acompanho, mas sou parada pelo chamado de Aaron.
— Ei, vai me deixar aqui largado e abandonado?
— Desculpa, Lindo — estico minha mão em sua direção. — Sua irmã
está fazendo cupcake e eu quero um antes que Liam coma tudo sozinho.
— Então vamos logo — Simon corre na nossa frente.
Rindo da ação do amigo, Aaron segura minha mão e vamos em
direção a cozinha antes que esses mortos de fome acabem com tudo.
Sobre os alvoroços
Puta merda!
Hoje é o dia em que brigaremos pela vaga na semifinal.
Se estou nervoso?
Pra caralho.
O medo de perdemos essa está tomando conta de todo o meu corpo.
Mal consegui dormir essa noite de tanto que me mexia na cama. Meu
colchão sempre tão macio e confortável, parecia ter pregos no lugar da
espuma.
Desligo o chuveiro e saio do box encharcado, sem me importar de
molhar tudo.
Pego a toalha branca pendurada em um gancho perto da porta e a
enrolando na cintura, sigo em direção ao meu quarto para me arrumar e
assim que tudo está em seu devido lugar, vou em direção à saída.
Estou prestes a fechar a porta atrás de mim, quando a porta do quarto
de Liam é aberta e Hanna sai de lá com os cabelos molhados.
— Papai sabe que está dormindo com seu namorado, Bonequinha? —
Acabo a assustando, já que não estava olhando para sua frente.
— Aí que susto seu idiota! — grita e leva a mão ao peito.
— Me chamou de idiota? Tsc — balanço a cabeça. — Não deveria ter
feito isso.
— O que? Por quê? — apoia as mãos na cintura e arqueia uma das
sobrancelhas.
— Porque você acabou me magoando demais — suspiro, fingindo
estar muito desapontado. — Agora terei que contar para o papai que você
está dormindo no quarto do Liam sem a permissão dele.
Hanna espreme tantos os olhos, que me pergunto se ela consegue me
enxergar.
— Você é insuportável, sabia?
— Agora sou insuportável? — pergunto apontando para meu peito. —
Antes do Liam chegar eu era seu príncipe.
— Isso mudou quando você começou a me irritar — estapeia meu
braço.
— Está me agredindo agora? — levo a mão ao local atingido. —
Aquele cretino fez sua cabeça contra mim, não é bonequinha? — Seguro
em sua bochecha com as duas mãos. — Perdi minha bebê.
Hanna tenta se segurar, mas acaba rindo de mim.
— O que aconteceu com você, hein? — tira minhas mãos de seu rosto.
— Dormiu sem a Holly?
— Como adivinhou?
— Você só enche meu saco quando ela está longe.
Estou sentindo um toque de ciúmes em sua voz?
Acho que sim.
Rindo de sua atitude, me aproximo dela e prendo meus braços em
volta dela.
— Está com ciúmes, bonequinha? — pergunto, beijando sua bochecha
enquanto ela resmunga tentando se soltar. — Seu irmão preferido promete
ter mais tempo para ficar com você.
— Você é meu único irmão, Aaron — relembra.
— Mesmo que você tivesse outro, eu seria o preferido.
— Sei — caminha em direção às escadas. — Se você diz. — Da de
ombros fingindo não se importa, mas acabo vendo o sorrisinho em seu
rosto.
Aperto meus passos para alcançá-la antes que suma das minhas vistas.
— Irá me ver jogar hoje? — apoio meu braço em seu ombro e
descemos as escadas lentamente.
— Irei pensar no seu caso — estapeia meu peito, pisca um dos olhos e
sai andando à minha frente
Não é só ele que precisa contar algumas coisas hoje. Olho em direção
a minha janela, e encarando as estrelas peço coragem para trazer a pior
parte de mim à tona.
Sem esperar por uma resposta sua, saio de sua conversa, e passo a ver
se alguém me mandou algo. Algumas são de autoras a procura dos meus
serviços e outras não tão importantes assim. Estou prestes a bloquear o
aparelho, quando vejo uma mensagem do meu pai.
Termino de ler tudo e acabo me lembrando o favor que iria pedir a ele.
Sentando-me na cama, disco o número que sei de cor.
— Oi, Estrelinha — me cumprimenta ao atender. — Como você está?
Fiquei preocupado depois de ver quem estava jogando.
— Estou bem, papai — conto me ajeitando na cama.
— Tem certeza? Estou achando sua voz um pouco cabisbaixa. —
Pergunta mostrando que me conhece só pelo meu tom.
— Comigo está tudo bem, pai — asseguro. — Preciso da sua ajuda. —
Digo roendo a unha do dedão
— Tem algo a ver com o menino que bateu no Theo? — pergunta
curioso. —
— Como o senhor sabe? — pergunta surpresa.
— Intuição de pai — responde como se não houvesse nada. — Agora
me conta o que aconteceu. — Pede.
Respirando fundo, troco celular de lado, pego um travesseiro para
abraçar e soltando toda o ar dos meus pulmões, conto a ele:
— Theo ameaçou indiciar o Aaron por agressão, papai — passo a
contar todos os detalhes da briga de ontem desde o começo até o momento
em que soube sobre a ameaça de Theo.
— Então você quer que eu ajude seu namorado? — Pergunta me
pegando de surpresa.
Namorado? Eu poderia chamá-lo assim?
Parando para pensar, a palavra namorado não me assusta mais. Tudo o
que estávamos vivendo e o que já vivemos juntos, é, eu posso afirmar que
estamos juntos e de uma maneira bem diferente de antes.
— Sim, papai. Preciso que ajude meu namorado.
Eu achava que o amor seria vermelho ardente
Mas é dourado
Holly tropeça em algo no chão, mas consigo segurá-la antes que caia.
— Não me deixe cair, Gibi — tenta aperar meu braço, mas por estar
com os olhos vendados, ela acaba não conseguindo.
— Confia em mim, Linda — volto a conduzi-la até nosso destino.
Como tinha planejado antes, assim que cheguei em casa, ela já me
esperava arrumada sentada no sofá da sala. Só tive tempo de subir para o
meu quarto, guardar as coisas, pegar uma máscara de dormir e ir ao seu
encontro mais uma vez, para agora estarmos aqui, indo em direção ao
rinque do Artic Fox.
— Cuidado com o degrau — aviso a segurando com mais firmeza.
Holly desce com cuidado.
— Por que estou vendada se já sei para onde estamos indo? —
pergunta virando o rosto em minha direção.
— Você não sabe onde estamos, Linda — respondo parando em frente
a porta do rinque. — Fique parada. — Peço pegando o cartão que autoriza a
entrada dos jogadores e técnicos ao local.
Acabamos conseguindo um desse depois que Simon passou a pedir o
do treinador todos os dias para fazer treinos extras.
Penso que nosso técnico estava de saco cheio de emprestar seu cartão
para meu amigo, que ele acabou conversando com o reitor do lugar e nos
entregou esses cartões chaves para podermos entrar a hora que quiséssemos.
Como o lugar é completamente rodeado por câmeras, seja dentro ou
fora, eles nunca imaginaram que um dos jogadores, um que estivesse
expulso ainda, pudesse trazer a namorada para um encontro.
Estou prestes a passar o cartão na fechadura, quando acabo
paralisando com o pensamento que me vem à cabeça.
Namorada?
Nunca pensei que uma palavra tão simples pudesse mexer tanto
comigo assim. Quer dizer, esse é o meio maior desejo, mas desde o Dia dos
Namorados, onde nós revelamos nossos sentimentos um para o outro, não
tocamos mais no assunto sobre como estava nossa relação, só estávamos
seguindo. E parando para pensar agora, agora que já está na hora de
decidirmos o que será de nós dois.
— O que você está fazendo? — sua voz me desperta.
— Estava vendo se tudo estava em ordem do jeito que pedi — guardo
o cartão depois de abrir a porta e vou até ela. — Pronta? — Pergunto
envolvendo sua cintura com meu braço e a conduzindo para dentro.
Assim que o ar do local entra em contato com a gente, sinto Holly se
encolher um pouco por conta do vento gelado.
Mesmo tendo passado o dia inteiro no gelo com as crianças mais
incríveis do mundo, entrar aqui me traz uma sensação de saudade. Por
ordem da liga, ficarei fora de dois jogos. Não me sinto nem um pouco
culpado pelo que fiz com aquele merda do ex da Holly, até porque, se eu
tivesse mais tempo e oportunidade, bateria nele com muito mais força e
vontade. Só me sinto incomodado que não poderia ajudar Simon em mais
essa vitória. Mas eu sei que ele entende.
— Posso tirar isso do meu rosto já? — leva a mão enluvada até o rosto
fazendo menção de descartar a máscara.
— Pode — autorizo parando em sua frente.
Lentamente, vejo seus olhos serem revelados para mim, e como na
primeira vez que os tive direcionados em minha direção, sinto meu coração
acelerar.
Sempre será assim?
Basta um olhar da mulher à minha frente para me desconfigurar
totalmente.
Desde que passei a dormir com Holly, percebi que meu dia só segue
sendo perfeito se a primeira coisa que eu ver forem seus lindos castanhos
escuros brilharem para mim.
— Não acredito que me trouxe aqui — passa a venda pela cabeça e
olha em volta.
— Por que a surpresa? — pergunto cruzando os braços em frente ao
corpo. — Já não tinha descoberto que a traria em um rinque de patinação?
— Sim, mas achei que iríamos a uma pista paga e não que
invadiríamos o rinque da faculdade. — comenta.
— Tecnicamente não estamos invadindo nada — pego a chave mais
uma vez e mostro a ela. — E acho melhor patinarmos juntos aqui do que
em outro lugar.
— Aqui não pagamos entrada?
Rindo, pego em sua mão e seguimos em direção a área onde os
jogadores e a comissão técnica fica em dia de jogos.
— Aqui temos privacidades, Carma. — Aperto seus dedos.
— Você não vai me comer nesse gelo, nem fodendo. — Avisa me
fazendo cair na gargalhada. — Por que está rindo? Estou falando a verdade.
— Linda, você é a melhor. — Digo secando o cantinho dos olhos. —
Eu adoraria te comer aqui, mas o lugar é cercado por câmeras. — Enlaço
sua cintura e a puxo em minha direção. — Mesmo que a ideia de ter um
filme estrelado por nós dois seja tentadora, acho que o treinador não precisa
ver minha bunda branca.
— Seria incrível ter sua bunda exposta para todas as pessoas — dá um
tapa em minha bunda, me pegando de surpresa, e a aperta depois.
— Não sentiria ciúmes? — questiono.
— Por que teria se tudo isso é meu? — responde apontando para mim
e me pegando de surpresa.
Sorrindo em sua direção, a puxo para mais perto de mim e junto
nossos lábios em um selinho rápido.
— Vamos logo, Linda — volto a pegar em sua mão e sigo com ela até
nosso destino.
— Aaron eu não tenho patins — comenta.
— Não se preocupe — aponto para o par de patins de cor azul bem
clarinho em cima do banco, do jeito que pedi para Simon deixar, assim que
os vejo. — Cuidei de tudo.
— Como é prevenido.
Lanço um sorriso para ela e soltando sua mão, sigo em direção ao
banco.
Assim que decidi trazer Holly para cá, pedi para meu amigo comprar e
deixar um par de patins me esperando aqui. Poderia ter pedido que Liam
trouxesse os de Hanna, já que as duas calçam o mesmo número, mas quis
que Holly usasse algo que eu mesmo tenha dado para ele.
— Sente aqui — aponto para o banco. — Irei te ajudar. — Holly
coloca o pé em cima da minha coxa e tirando seus tênis coloquei o calçado
azul em seguida.
Estou concentrado amarrando seu cadarço, quando sinto sua mão
enluvada fazer carinho em minha cabeça.
— Seu cabelo está com uma bela mistura.
— Não tive tempo de retocar — conto enquanto pego seu outro pé.
Desde que descolori os cabelos ano passado, venho mantendo os fios
loiros, mas aconteceu tanta coisa de uns tempos para cá, que acabei me
esquecendo de refazer a descoloração.
— Gosto dele assim — continua a acariciar minha cabeça. — Na
verdade, gosto de você de qualquer maneira.
Levanto minha cabeça em sua direção e sorrio para ela.
— Quer dizer que vai gostar se eu ficar moreno de volta?
— Você sabe a resposta. — Se aproxima de mim e beija meus lábios
de forma suave.
Fico a encarando como um bobo apaixonado por alguns segundos, até
voltar minha atenção para seu pé e terminar de colocar seus patins.
— Prontinho — digo ao terminar.
— Estão perfeitos nos meus pés — movimenta os mesmo para a frente
e para trás como uma criancinha. — Como sabe meu número?
— Pedi a Hanna — respondo sem me estender muito.
— Tinha que ser ela. — seus olhos não saem dos patins.
Parece que acertei no tom.
A cor preferida de Holly é preta, mas depois que ela descobriu que a
minha era azul, ela passou a apreciar bastante esse tom.
Termino de colocar meus patins pretos de treinos, e já sem a proteção
nas lâminas, me levanto e estendo minha mão em sua direção.
— Pronta? — pergunto e fico receoso quando vejo sua expressão.
— Aaron, eu preciso te contar algo...
Seu mistério me deixa um pouco apreensivo.
— Pode falar — finjo estar calmo, mas por dentro sou tomado pelo
nervosismo.
— Eu tenho trauma de patinar desde que quebrei meu braço. — Conta.
— Está de brincadeira comigo? — pergunto surpreso. — Por que não
me contou que tinha medo quando soube que te traria aqui?
— Ah, porque achei que seria legal fazermos algo depois do dia
terrível que tivemos ontem. — Se explica. — Queria esquecer tudo aquilo.
— Tenta se levantar mas acaba se desequilibrando e caindo sentada no
banco.
— Cuidado — peço segurando em seu braços e a ajudando a levantar.
— Se machucou?
Nega com a cabeça, me deixando mais tranquilo.
— Enfim, esse foi o motivo de eu não ter te contado antes. — Segura
com força em meus braços para se manter de pé. — Além disso, você está
aqui para me ajudar, não?
Sem acreditar na maluquice que a mulher a minha frente fez, assinto
com a cabeça e sigo com ela até a entrada do rique.
— Você só tem medo ou sabe o básico de como andar? — pergunto
segurando suas mãos enquanto entro no gelo primeiro.
— Sei a teoria — pisa no gelo com o pé direito e depois o esquerdo.
— Mas tem muito tempo desde a última vez então eu acho...
Sua fala é interrompida pelo quase tombo que ela acaba de levar.
— Parece que vou precisar ficar colado em você, Linda. — Rindo,
seguro em suas mãos e dou um impulso leve para traz.
— Eu sei que está adorando me ensinar a patinar — diz olhando para
os próprios pés.
— Até que estou gostando de ser um professor — comento. —
Principalmente agora que ganhei uma nova aluna.
— Espero que não deixe a nova aluna cair — olha rapidamente para
cima, mas volta a olhar para os pés. — Ou farei grave de sexo.
— Está me ameaçando, pequeno Carma? — franzo o cenho em sua
direção.
— Eu acho que estou sim — abre um sorriso travesso.
— Acho que não deveria fazer isso com alguém que está mantendo
seu equilíbrio. — Finjo ameaçá-la.
— Você não ousaria — solta nossas mãos e aponta o dedo em meu
rosto.
— Tem certeza? — abro um sorriso travesso.
— Não se atreva...
Rindo, solto suas mãos a deixando sem meu apoio, mas ainda continuo
próximo o suficiente para segurá-la.
Eu tento.
Juro que tento.
Mas não consigo segurar a risada com a vejo se desequilibrar e bufar
de raiva. Holly vem em minha direção, mas acaba se desequilibrando,
rapidamente a seguro em meus braços.
— Te peguei — envolvo sua cintura com meus braços.
— Idiota — estapeia meus braços — Não me solte mais.
— Prometo que não vou. — Prendo o riso ao vê-la toda
esquentadinha.
— Por que está rindo de mim? — pergunta indignada.
— Porque você fica linda nervosa.
Ela tenta me estapear mais uma vez, mas acaba não conseguindo, já
que estou segurando suas mãos, e por esse motivo, acaba se desequilibrando
e acaba nos levando ao chão. Para não a machucar, jogo meu corpo para o
lado, apoiando o meu peso no braço livre, já que com o outro apoiei sua
cabeça para que não batesse no chão.
— Aí — protesta e acaba rindo.
— Se machucou, Linda? — me levanto rapidamente e analiso seu
rosto.
— Não, só bati o bumbum — resmunga em uma mistura de riso e
choro.
— Ficará com ele dolorido por um dias. — Comento.
— Droga — resmungo deitando a cabeça no gelo. — Vou precisar me
sentar de ladinho.
— Ou pode se sentar no meu colo — tiro alguns fios de cabelo do seu
rosto. — Ele é bem macio.
Holly dá uma gargalhada tão gostosa que contagiante que acaba me
fazendo gargalhar também. Esse é o poder que ela tem sobre mim. Afastar
todas as sensações ruins e tristezas, e olhando para ela tão feliz nesse
momento, e por minha causa, percebo que quero viver isso para sempre.
Puta merda, como eu amo essa garota.
Aos poucos sua risada vai morrendo até restar o sorriso mais lindo e
contagiante em seus lábios vermelhos. Sinto uma vontade incontrolável de
beijá-la nesse momento, então sem dizer uma palavra, abaixo meu rosto em
sua direção e junto nossos lábios em um beijo gostoso.
Mesmo tendo nos beijado a pouco tempo, senti saudades dos seus
lábios colados ao meus, da sua língua curiosa buscando pela minha, seus
gemidos de satisfação, seus carinhos em minha nuca, mas principalmente
da entrega com a qual ela me beija.
Holly beija com o corpo todo, e me envolve em uma bolha só nossa, e
mesmo que a temperatura no lugar em que estamos esteja abaixo de zero,
sinto meu corpo queimar por ela. Sinto meu ventre formigar e quando meu
pau cria vida dentro das calças, decido parar com as investidas, mesmo que
eu queira é muito estar com ela nesse sentido, aqui não é lugar é muito
menos hora para isso.
— Acho melhor pararmos com isso antes que minha bunda seja
gravada — sussurro mordendo seu lábio inferior e sugando com gosto.
— Concordo — me dá um selinho e se afasta. — Não acho que meu
pai vai querer defender a filha desnaturada que transou com o namorado na
pista de gelo da faculdade.
Não sei se foi o frio ou suas palavras que me fizeram congelar.
Namorado? Ela realmente se referiu a minha como sendo seu
namorado? Quer dizer, eu quero isso a tanto tempo que nem sei mais, fora
que a poucos minutos atrás eu me referia a ele como namorada. Tudo bem
que foi só para mim mesmo, mas mesmo assim, era e ainda é um desejo que
tenho dentro de mim, só estava procurando o dia perfeito e a maneira
perfeita para pedir.
Será que hoje é esse dia?
Foco meus olhos em seu rosto, com o coração acelerado, pensando se
devo ou não arriscar de uma vez, e pedir sua mão em namoro.
— Holly... — seu nome não passa de um sopro que sai dos meus
lábios.
— Aaron? — percebo que engole em seco.
— Não sou bom com as palavras como o Liam ou até mesmo meu pai
— suspiro fundo deixando que meu coração fale por mim.
— O que...?
A interrompo.
— Me deixa falar, Linda — calo sua boca usando meu polegar. —
Como eu disse, eu não sou bom com as palavras como eles, mas quero que
saiba que tudo o que o que eu disser neste momento é a mais pura verdade.
— Digo, vendo a compreensão em seus olhos. — Acho que já te disse isso,
mas desde o momento em que coloquei meus olhos em você eu soube que
seria minha de uma maneira ou de outra. — Tomo fôlego. — Você, com
esse jeito atrevido de ser, seu sorriso fácil e provocações me conquistaram
de primeira. — Vejo seus olhos brilharem e sinto minha garganta se fechar
pela emoção. — O que quero dizer, Holly Julie Saunders...
— Odeio quando me chamam pelo nome todo — resmunga me
fazendo rir.
— Mais uma coisa que você odeia e amará quando eu fizer — digo e
me encolho quando rindo quando estapeia meu braço.
— Idiota — xinga tentando me bater mais uma vez, mas consigo me
esquivar e pegar sua mão no ar.
— O idiota que te ama. — Digo a pegando de surpresa.
— O que você disse?
— Que eu amo você. — Repito levando sua mão enluvada até os
lábios e beijo o tecido macio.
Seus olhos estão tão arregalados que dão a impressão de que irá sair de
órbita. Ela me encara por segundos intermináveis, até que toma fôlego e
dizer:
— No começo eu tentei fugir de você — apoia a mão livre em meu
peito. — E do que me fazia sentir. Mas aos poucos você foi adentrando em
meu coração e me fazendo perceber que eu não teria nem uma chance de
ser imune. — Abre um sorriso olhando para o nada como se estivesse se
lembrando de algo. — Criei aquelas regras com o intuito de ter você, mas
ao mesmo tempo me manter segura. — Sua risada parece um bufar. — Que
grande perda de tempo. — Olha em meus olhos. — Você já tinha roubado
meu coração para si muito antes de eu perceber.
— Holly — sussurro.
— Quero que entenda, Aaron — se senta no chão comigo ainda em
seu colo. — É que eu amo você mais do que eu poderia um dia sonhar em
amar alguém.
Seus dizeres fazem minha pulsação acelerar.
Ela me ama.
Holly me ama assim como eu a amo.
Sem perder tempo e com o coração batendo a mil por hora, seguro em
seu rosto e a beijo com todo o amor que há dentro de mim, e diferente do
anterior, esse beijo representa o começo de uma vida ao seu lado. Minha
língua busca a sua, a envolvendo de um jeito acolhedor e único.
Minha.
A mulher em meus braços finalmente é minha.
Quer dizer, ainda falta algo.
Aos poucos, vou diminuindo o ritmo do nosso beijo, passando a
distribuir vários selinhos em seus lábios, até encerrá-lo de vez
— Amor — encosto nossas testas. — Me lembrei de uma coisa.
— O que é?
— Nossas regras eram pra ser dez, mas só tinha nove — comento e a
vejo afirmar com a cabeça. — O que acha de criarmos a décima regra
agora? — Pergunto.
— Uma décima regra? — pergunta interessada com um sorriso
nascendo em seu rosto.
— Você tem alguma ideia? — volto a perguntar.
— Eu tinha — confirma. — Mas mesmo sem saber, você já a cumpriu
também.
— E qual era? — Pergunto curioso.
— Quebrar todas as regras que eu tinha feito. — Responde dando de
ombros e me pegando de surpresa.
Quer dizer então que ela tinha esse desejo?
Ah, Holly! Você continua a me surpreender a cada dia que passa.
— Qual era a sua ideia? — pergunta chamando minha atenção.
— Minha décima regra é a que você sempre usará minha camisa em
um jogo meu. — Digo juntando nossas testas. — O que me diz?
Um enorme sorriso nasce em seus lábios e pelo olhar que ela me lança,
sei que entendeu o que quis dizer.
— Que Simon e Bennett terão que arrumar uma namorada para usar a
camisa deles. — Envolvendo o braço envolta do meu pescoço ela morde
meu lábio inferior e abre um sorriso cúmplice.
Correspondendo ao seu ato, a puxo para um beijo mais uma vez,
fechando então mais um acordo entre nós, mas diferente dos outros, esse
não terá validade.
Eu estive esperando
Respirando um pouco de ar
This is What Falling in Love Feels Like – Marina Lin
Minhas mãos suam tanto nesse momento, que acabam criando uma
pocinha entra a minha palma e a de Holly, que ainda está entrelaçada a
minha. Não estava nem um pouco preparado para conhecer meus sogros
neste momento.
Só de pensar o que eles irão achar de mim, já sinto meu coração
acelerar e o suor frio escorrer pela minha têmpora
Não me sentiria tão nervoso assim se eu não tivesse tatuagem em cada
parte do meu corpo.
Mentira, me sentiria sim. Mas seria um nervosismo normal, não o que
estou sentindo agora.
Já fui muito julgado pelos diversos desenhos que tenho espalhados
pelo corpo, e já até me acostumei e passei a não ligar mais para isso. Mas
agora são as pessoas mais importantes para a minha mulher que estão na
sala, não queria passar uma má impressão.
Maldita hora que entrei na de Liam, fiz minha primeira tatuagem e
acabei viciando e pintando o corpo todo me transformando em um gibi,
como Holly me chama.
— Linda, deixa eu trocar de blusa antes e arrumar esse cabelo — peço
tentando pará-la.
— Aaron para com isso e vamos logo — me puxa em direção a sala.
— Você está perfeito.
— Mas e se...
Tento argumentar, mas acabamos entrando na sala de estar e dou de
cara com um casal aproximadamente da mesma idade que os meus pais, de
costas para a a entrada e falando com minha irmã.
— Olha como nossa menininha está linda, Querido. — A mãe de
Holly segura as bochechas de Hanna e a encara com olhos brilhantes.
— Está uma princesa — meu sogro responde olhando encantado para
minha irmã.
Dá para ver nitidamente o carinho que eles têm com a minha,
Bonequinha, e ver uma coisa dessas me deixa imensamente feliz.
Quando saí de casa para fazer faculdade junto de Liam, me sentia
muito preocupado em como minha irmãzinha levaria a vida sozinha naquela
escola. Pedi todos os dias para que ela tivesse alguém ao seu lado, e parece
que o destino me ouviu e colocou a pessoa mais incrível nesse mundo ao
lado dela, e consequentemente no meu também.
— Obrigada — Hanna retribui o elogio com um sorriso que toma
conta de todo o seu rosto. — A senhora também está linda. — Se afasta um
pouco para olhar melhor a minha a sua frente. — O senhor também. —
Sorri em direção ao meu sogro.
Minha irmãzinha tem razão, minha sogra é uma mulher belíssima, e ao
olhar para o homem parado ao seu lado, entendo de onde vem a beleza de
Holly.
— Já disse para deixar a senhora de lado. — Pede se afastando.
— Está bem — assente com a cabeça. — Aceitam alguma coisa? —
Pergunta.
— Não querida — nega com um aceno de mão e se senta no sofá atrás
de si, sendo acompanhada pelo marido. — E quem são esses? — Pergunta
olhando para Liam e Harry.
— Esse é meu namorado, Liam, e meu melhor amigo, Harry — minha
irmã aponta simultaneamente para eles.
— Prazer em conhecer vocês meninos. — A mãe de Holly os
cumprimenta com um aperto de mão sendo seguida pelo pai dela.
— Sabem me dizer onde está a minha estrelinha — o homem comenta
apoiando o braço no encosto atrás da cabeça da esposa.
— Estou aqui papai. — Holly entra na sala e me puxa junto.
— Olha ela aí — se levanta e se vira em nossa direção. — Aí está a
estrela mais linda do meu céu. — Se levanta do seu lugar e para a nossa
frente.
Holly solta nossas mãos e corre em direção ao pai que a espera de
braços abertos.
— Oi, papai — o abraça com força. — Senti saudades.
— Não mais do que eu, querida. — Beija o topo de sua cabeça. —
Como você está?
— Muito bem, e o senhor? — se afasta um pouco para conseguir olhá-
lo nos olhos.
Holly não é uma mulher baixa como Hanna, mas seu pai deve ter no
mínimo uns 1,90 de altura.
— Melhor agora — responde com um sorriso gigante em seu rosto.
Mesmo sem querer, acabo sorrindo junto com eles e sinto o
nervosismo diminuir um pouco.
— Viu o que eu disse antes Hanna? — minha sogra se levanta e fica
ao lado da minha irmã. — Ela só vê o pai dela e mais ninguém. — Comenta
e vejo Holly e seu pai olharem em direção a mulher mais velha. — Carrego
nove meses na barriga e é isso que eu ganho. — Finge limpar as lágrimas
no cantinho dos olhos.
— Não precisa ficar com ciúmes Dona Diana — sai dos braços do pai
e corre para o de sua mãe. — Eu amo os dois igualmente.
— Não é o que parece — se faz um pouco de difícil, mas logo abraça
a filha com força. — Saudades minha bebê.
— Também senti, mamãe. — Retribui o abraço e deixa um beijo em
sua bochecha. — Como a senhora está?
— Cansada — suspira e agora olhando melhor para ela, consigo ver
algumas marcas escuras embaixo de seus olhos. — Mas nada que dois dias
inteiros com a minha filha não resolvam.
— Dois dias? — pergunta animada. — Vou ter vocês só pra mim por
dois dias?
— Isso aí estrelinha — o pai concorda. — Ficaremos aqui se não se
importa. — Olha em volta e a tensão que tinha se acalmado um pouco,
volta com força total quando seus olhos passam rapidamente por mim.
Puta merda.
Me pergunto se Holly contou a ele sobre mim e o que ele deve esperar
do novo namorado tatuado da sua estrelinha. Saco, eu deveria ter colocado
uma blusa de manga. Olho em direção a Liam, que está sentado em uma das
poltronas, e o babaca está quase perdendo todo o ar ao prender o riso. Com
certeza rindo de mim.
Cuzão.
O xingo em pensamentos e o idiota vira o rosto para o outro lado,
deixando claro que entendeu o que pensei.
— Sem problema nenhum — Holly afirma chamando minha atenção
para ela. — Vocês podem ficar no último quarto vago.
— Certo — sua mãe bate uma mão na outra, animada e olha em volta.
— Agora me conte, querida. Onde está seu namorado? Não vai nos
apresentar a ele? — Pergunta olhando em volta.
— Claro — afirma com a cabeça e me pega de surpresa quando vejo
desviar os olhos timidamente e suas bochechas assumindo um tom rosado.
A vontade que tenho neste momento é a de morder suas bochechas
coradas.
Minha garota é a coisa mais linda nesse momento.
Se aproximando de mim, Holly entrelaça os dedos, fazendo meu
nervosismos aumentar agora que tenho a atenção dos seus pais para mim e
se vira de frente para os pais.
— Pai, mãe, esse aqui é o Aaron — olha pra mim e abre o lindo e
cativante sorriso. — Meu namorado.
— É um prazer te conhecer, querido — sua mãe me cumprimenta. —
Meu nome é Diana.
— O prazer é todo meu Dona Diana — a cumprimento.
— Ah, querido. Sem o dona, por favor. — Pede e afirmo com a
cabeça.
— Olá, garoto. Tudo bem? Soube que gosta e joga hóquei. — Estende
a mão em minha direção e rapidamente seco a mão livre em minha calça e o
cumprimento.
— Sim senhor — uso poucas palavras.
Estou tão nervoso nesse momento, que sinto ânsia, e acho que ela
sente os tremores que meu corpo produz, já que sinto seus dedos apertarem
os meus.
Foco meus olhos nos dela e ao invés de encontrar solidariedade,
encontro diversão e ao olhar para seus lábios, vejo um enorme sorriso de
Gheshire em seus lábios.
— Hã, papai, mamãe, por que não nos sentamos para conversarmos
melhor? — Holly sugere apontando para o sofá a sua frente.
— Boa ideia querida — sua mãe concorda já seguindo para um dos
lugares vagos sendo seguida pelo marido.
— Ah, quase ia me esquecendo — bate em sua testa de modo teatral.
— Não querem tirar os casacos? Está quente aqui dentro. — Se abana como
se estivesse exposta a uma temperatura mais alta do que a que estamos
passando agora. — Eu os penduro para vocês. — Vai até eles e fica à espera
dos casacos.
— Obrigado querida — seu pai agradece tirando o agasalho e quando
vejo seu braço, fico completamente em choque.
Puta merda, o cara tem o braço completamente fechado pelas
tatuagens igual a mim. É errado eu estar secando o meu sogro de uma
maneira tão descarada assim? Porque caralho, eu estou o encarando com
admiração.
Olho para Holly e ela tenta a todo custo não rir de mim.
Sério que fez isso comigo, Linda? Espremo os olhos em sua direção
quando vejo o sorriso em seu rosto aumentar.
Ela me enganou direitinho.
— Agora sim — diz depois de pendurar os casacos no armário do
corredor e seguir até eles. — Você não vem? — Pergunta me encarando.
— Claro, Linda — respondo enquanto penso em uma maneira bem
deliciosa de castigá-la por esse momento.
Estamos nos acomodando no sofá, quando Jace volta a falar comigo.
— Vi seu último jogo, Aaron. Você joga muito bem.
Puta que pariu.
Ele está dizendo que viu o jogo em que parti pra cima de um jogador
adversário?
Ótima maneira de impressionar, Aaron.
Olho em direção a qual Liam, Harry e Hanna estavam, para me
ajudarem com o que falar, mas não os encontro mais.
Respirando fundo, o respondo:
— Não foi um dos melhores — olho para um canto da sala me
sentindo um pouco constrangido.
— Eu achei incrível — apoia os cotovelos nas coxas. —
Principalmente quando defendeu um companheiro. — Pisca um dos olhos
pra mim e sei exatamente o que ele quer dizer.
— Sempre estarei aqui para protegê-la. — Respondo, respirando com
mais facilidade.
— Bom saber disso garoto — volta a sua posição normal. — Isso só
me faz gostar mais ainda de você.
Suas palavras são como um bálsamo. Não tem nada melhor do que
conquistar a confiança do pai da garota que se ama, ainda mais se ele for
um como o de Holly.
— Obrigado senhor — agradeço.
Olho para Holly que tem um sorriso acolhedor em seu rosto.
Parece que conquistei mais um Saunders, estou ficando bom nisso.
— Tatuado, filha? — abre um sorrisinho cúmplice e pisca um dos
olhos.
Rindo, Holly olha em minha direção e concorda com a mãe:
— Parece que temos o mesmo gosto, mamãe.
Dona Diana solta uma risadinha e volta sua atenção para mim.
— Então, Aaron? Nos conte um pouco de você. — Sua mãe pede
interessada.
Mais relaxado, me recosto no sofá, trago Holly para mais perto de
mim e conto a minha sogra um pouco de mim.
Ficamos um bom tempo jogando conversa fora até eles decidirem
subir e tomarem um banho juntos.
Olho em direção a saída, acompanhando seus passos e quando não os
vejo mais, pulo em cima do corpo de Holly e prendo suas mãos acima da
cabeça.
— Que malvada você é.
— Eu? Mas não fiz nada — me lança um sorriso inocente.
— Acho que terei que castigá-la igual a última vez. — Digo sugando
seu lábio inferior.
— Como da última vez? — finge pensar. — Não estou lembrada sobre
o que aconteceu. Você terá que me lembrar.
— Será um prazer, Linda.
Envolvo sua cintura e levantando do sofá com ela ainda presa a mim,
vou em direção ao seu quarto que um dia ainda será nosso.
Mesmo sem falar nada, vai ser confortável
Por que a gente não consegue fazer uma pizza sem transformar a
cozinha em uma zona de guerra?
Tem massa de tomate espalhado, ovos quebrados, leite derramado e
minha bancada está completamente suja de farinha. O porquê dessa sujeira
toda? Meus pais decidiram que já que seria o último dia deles aqui comigo,
era uma boa fazer uma pizza para todos os meus amigos.
Nós sabemos cozinhar sem fazer sujeira, mas qual seria a graça se não
sujássemos tudo? Nem uma eu sei.
Quando os Saunders se juntam na cozinha, é bagunça na certa.
Palavras da Margot, não minhas.
Ainda estou à espera da guerra de farinha que sempre acaba
acontecendo, mas segundo minha mãe, iremos nos comportar, já que temos
um novo integrante.
Diferente das outras vezes em que só estamos meus pais e eu, estamos
sendo acompanhados pelo meu maravilhoso namorado, que quando escutou
que faríamos nossa famosa receita de pizza, se voluntariou para estar aqui
conosco. Mas olhando para ela agora, acho que se sente um pouco
arrependido.
— O que está fazendo? — pergunto ao me aproximar por trás dele.
— Cortando o pepperoni em círculos — apontando o alimento em sua
mão e corta mais um pedaço.
— Isso é tudo menos um círculo, Aaron. — Prendo uma forte
gargalhada quando vejo ele tentar cortar mais uma fatia, mas acaba que não
corta nada. — Não quer eu faça isso pra você? — Tento pegar a faca de sua
mão, mas ele se esquiva.
— Não, Linda — nega e tenta cortar mais um pedaço do pepperoni. —
Quero fazer isso sozinho.
Concordo que ele continue a terminar de cortar tudo, e decido ficar ao
seu lado o impedindo que acabe cortando o dedo fora.
Cada vez que ele desce a faca, é uma respiração que eu prendo. Por
que ele não ficou com a função de ralar o queijo? Seria tão mais fácil. Se
tem uma coisa que não combinam de jeito nenhum é Aaron e cozinha. Esse
dois são inimigos mortais. Eu já desconfiava quando percebi que ele
demorou quase uma hora para fazer uma simples salada de frutas, mas tive
mais certeza da catástrofe que era quando ele me contou sua experiência
como chefe de cozinha, no Dia dos Namorados.
— Está tudo bem aqui? — meu pai se aproxima de nós.
— Eu acho que sim. — Digo meio hesitante. — Estão precisando de
ajuda? — Pergunto olhando em direção a minha mãe. ‘
— Não, estrelinha — nega com a cabeça. — Só vim avisar que já
começamos com o concurso.
— Certo — dou pulinhos no mesmo lugar. — Dessa vez eu vou
vencer vocês.
— Vai sonhando! — mamãe grita do outro lado da cozinha. — Está
falando com a bicampeã dessa competição. — Faz uma dancinha da vitória
bem tosca.
— Esqueceu que antes de você ganhar por dois anos consecutivos eu
já tinha ganhado pelo menos quatro vezes? — papai pergunta recostando o
quadril na bancada atrás de si.
— Pequenos detalhes que não tem importância agora. — Mamãe dá de
ombros o fazendo rir.
— Não tem importância porque não são seus feitos, não é espertinha?
— caminha em direção a esposa, a pega pela cintura e a vira de frente para
si mesmo.
— Mas é claro — passa os braços no pescoço dele e o encara com um
sorriso apaixonado estampado em seu rosto.
Sem que eu perceba, acabo sorrindo com a cena à minha frente. Meus
pais são o casal mais incrível e admirável que eu conheço.
— Eles são fofos — Aaron comenta ao meu lado.
— Sim, eles são. — Respondo ainda olhando em direção aos meus
pais.
— Será que seremos assim quando envelhecermos? — pergunta
chamando minha atenção.
Passo a encará-lo.
— Pensa em um futuro comigo?
— Mas é claro que sim — largando seus afazeres, ele para á minha
frente e apoia as mão na bancada atrás de mim, me deixando presa entre
seus braços. — Acha que quebrei todas suas regras com o intuito de ficar
com você para terminamos depois de um tempo? — Pergunta, aproximando
seu rosto mais do meu. — O que temos é e será para toda a vida Holly. —
Beija a pontinha do meu nariz.
Meu coração acelera no peito e me tira o ar. Nunca pensei que poderia
sentir um amor tão genuíno e puro quanto sinto pelo homem à minha frente.
Aaron conseguiu clarear um lugar escuro dentro de mim como uma estrela
que ilumina o céu escuro. Quando olho para ele, consigo ver um futuro ao
seu lado, onde passaremos o resto de nossas vidas implicando e amando um
ao outro.
— Eu amo você minha estrela — digo dando um selinho em seus
lábios.
— Estrela? — pergunta confuso enquanto inclina a cabeça de lado.
— Um dia você vai entender. — Beijo a pontinha do seu nariz e dou
uns tapinhas em seus ombros. — Agora vamos que tenho que te explicar
como funciona nossa competição.
Me viro em direção a bancada, ficando de costas para ele.
— Sério que vai me deixar curioso? — apoia sua mão em minha
cintura e me puxa de encontro ao seu corpo.
— Não era você que gostava de surpresa? — pergunto de maneira
atrevida.
Rindo, ele morde a pontinha da minha orelha.
— Malvada — beija minha bochecha e se afasta de mim, ficando ao
meu lado. — Vamos logo com isso que aqueles mortos de fome já, já
entram aqui cobrando comida. — Aponta para os ingredientes a sua frente.
— Me conta que história é essa de competição.
— Certo — concordo com a cabeça. — Esse concurso meus pais
criam quando eu tinha dez anos e cismei que queria comer uma pizza de
sabor diferente, só não sabia qual seria. — Separo o queijo em dois
potinhos. — Meu pai acabou tendo a ideia que criar sabores novos e fazer
uma competição para ver qual era a melhor. — Olho em sua direção e o
vejo me encarar concentrado. — Ele venceu aquele dia com a pizza de
muçarela de búfalo com patê de azeitona.
— Azeitona? — pergunta um pouco cauteloso. — Como algo que
tenha azeitona pode ficar bom?
— Eu amo azeitonas. — Comento.
— Hum... — dá de ombros e volta a me encarar. — Quer dizer que é
uma competição para descobrir sabores novos?
— Isso aí — afirmo, estalando os dedos da mão. — Pronto para criar o
sabor ganhador da noite?
— Você sabe que sou uma negação para cozinhar, Linda.
— Mas agora você tem a mim. — Asseguro.
— Faremos juntos então? — pergunta animado.
— Somos uma dupla agora — ofereço minha mão aberta para que ele
bata.
— Isso aí, Linda. — bate a mão na minha e volta a olhar os
ingredientes disponíveis a sua frente. — O que vamos fazer?
— Me deixe pensar. — Olho para cada coisa que separamos e aos
poucos vou montando algo em minha mente. — Já sei. — Pego o queijo
muçarela e o cheddar. -
— Muçarela e cheddar juntos? — olha com estranheza.
— São pizzas em que os sabores não são convencionais — pego um
potinho com azeitonas pretas e separo também. — Agora me ajude a fazer e
pare de reclamar dos ingredientes que escolho.
— Tudo bem. — Pega a vasilha que deixei a massa descansar até
fermentar e crescer o suficiente. — O que faço com isso?
— Polvilha um pouco de farinha na bancada, depois joga metade da
massa em cima e abre ela com rolo até ficar em uma espessura boa.
Vou explicando tudo a ele, e quando não resta mais dúvidas volto a
prestar atenção na minha parte.
Para a pizza de hoje, escolhi fazer uma com bastante queijo cheddar,
azeitonas, peito de peru e cebola, bastante cebola.
Estou concentrada fatiando a cebola quando vejo tudo branco a minha
frente e minha boca se enche de farinha.
— Aaron! — grito e tusso ao mesmo tempo. — O que você está
fazendo? — Largo a faca na bancada e tempo limpar meu rosto com o
braço.
Meu namorado gargalha com tanta vontade que ele inclina o corpo
para a frente.
— Você estava tão séria cortando essas coisas.
— Então acho que seria legal focar farinha em mim? — pergunto.
— Exatamente isso. — Volta a rir descontroladamente.
Querendo dar o troco, pego uma mão cheia de farinha e jogo em seu
rosto, exatamente como fez comigo.
Levo a mão à boca para segurar minha gargalhada.
Acho que peguei um pouco pesado.
Aaron está completamente branco, desde seus cabelos, cílios e roupas.
— O branco lhe cai bem, amor — digo rindo de sua cara surpresa.
— Não sabia que era vingativa, Linda. — pisca os olhos e acaba
caindo um pouco de farinha em cima dele.
— Você ainda não viu nada — pego um pouco de cheddar na ponta
dos dedos e faço um carinho sorridente em sua bochecha. — Agora está
perfeito. — Gargalho com tanta vontade que jogo minha cabeça para trás.
— Está rindo, não é? — pega um papel toalha e tenta limpar a sujeira.
— Quero ver se vai achar engraçado quando eu fizer isso aqui.
Aaron pega um montante de molho de tomate e passa em meu rosto, o
sujando por completo.
A surpresa foi tanta que acabei ficando de boca aberta e engoli um
pouco do molho, e só não caiu nos meus olhos porque os mantive fechados.
— Eu não acredito nisso — tiro o excesso cadê molhos de olhos, com
os dedos. — Idiota. — Tento bater em alguma parte de seu corpo, mas ele
acaba se esquivando. — Te odeio.
— Não odeia nada — segura em minha cintura e me puxa em direção
ao seu corpo. — Que tal fazer a massa perfeita?
— O que…?
Não termino de perguntar e sua boca está colada na minha e toda a
vontade que eu tinha que quebrar algo em sua cabeça, passam como em um
passe de mágica. Mesmo estando completamente sujos, esse é um dos
beijos mais gostosos que já recebi dele. Nem o gosto do molho de tomate e
farinha podem estragar isso. Seu beijo tem gosto de Aaron e felicidade, o
melhor sabor que já experimentei.
Ele me beija com todo o seu corpo, suas mãos acariciam minha cintura
enquanto sua língua envolve a minha em uma dança lenta e gostosa que só
nós dois conhecemos os passos.
É mágico.
É lindo.
É eu e Aaron.
Estou tão entregue a esse momento, que nem escuto o momento em
que meus pais chegam perto de nós e pigarreia ao nosso lado.
— Eles te lembram algo, querida? — papai pergunta, conseguindo
enfim chamar minha atenção para ele.
Aaron e eu cessamos nosso beijo e olhamos na direção em que meus
pais estão parados nos encarando.
— Com toda a certeza — olho em direção a minha mãe e meu coração
se aquece ao ver o sorriso caloroso e orgulhoso em sua voz. — Guerra de
comida, é?
— Ele começou.
— Ela começou.
Acusamos um ao outro como duas crianças.
Rindo, minha mãe balança a cabeça em negação e diz:
— Só quero que arrumem essa bagunça depois.
— Pode deixar, sogrinha — bate continência.
Dona Diana ria da atitude do genro maluco.
— Andem com isso que temos pizzas para fazer além das do concurso.
— Papai diz voltando para seu lugar. — Ou querem perder pra mim?
— Nunca! — mamãe e eu falamos juntas e corremos para terminar
nossas pizza.
— Agora é sem brincadeiras, Lindo. Papai declarou guerra. — Vou até
a pia para me limpar e quando estou satisfeita, volto a separar os
ingredientes.
— Vamos ganhar essa, Linda. — Garante já limpo e voltando a abrir a
massa.
Essa competição eu não vou perder.
Estávamos na final.
Puta que pariu, nós conseguimos mais uma vez.
Ver meus amigos se abraçando de longe e comemorando juntos me
traz dois sentimentos. O de euforia máxima, que o coração quase sai pela
boca de tanta felicidade, e um pouco de tristeza por não está jogando com
eles nesse momento.
Gostaria de estar lá dentro com eles, suando a camisa para nos levar
até a próxima fase. Porém estou do outro lado do vidro, com a comissão
técnica e os reservas. Não me arrependo nem por um segundo do motivo
que me impediu de continuar jogando.
Estou cumprimentando os jogadores reservas, quando vejo meus
amigos se aproximando. Rapidamente largo tudo o que estou fazendo,
caminho em direção a eles, e quando estou perto o suficiente deles, pulo em
cima de Simon.
— Conseguimos Aaron — me abraça com força. — Caralho, a gente
conseguiu porra! — Grita no meu ouvido.
Mesmo não tendo feito parte dessa conquista, ele me inclui como um
dos responsáveis.
— Eu disse que iríamos conseguir cara. — Dou alguns tapinhas
amigáveis em suas costas.
— Estamos na final, caralho. — Apoio minha mãos em seus ombros e
balanço seu corpo para frente e para trás.
Simon tem um sorriso tão grande e brilhante em seu rosto e qualquer
sentimento de insatisfação desaparece em questão de segundos.
— Aos poucos estou conseguindo, Aaron. — Comenta e sei
exatamente sobre o que ele está falando.
— Ainda veremos você em um time de liga, cara — comento,
sentindo a mão de Liam repousar em meu ombro. — O sonho de um. —
Digo vendo Bennett colocar uma das mão sobre a minha que ainda está
apoiada no ombro de Simon.
— É o desejo de todos. — Respondem em um eco junto de mim.
— É isso aí, porra — Liam enlaça meu pescoço e me puxa em sua
direção. — Vamos comemorar?
— Só se for com a nossa turma e em casa, cara — Simon leva uma das
mãos ao ombro e faz massagem. — Estou prestes a desmontar com um
simples toque.
Acabo rindo do seu drama.
— Você não quer sair? — coloco a mão em sua testa. — Está doente
ou algo assim?
— Para com isso, cuzão. — Estapeia minha mão. — Só quero ficar em
casa, sei lá. — Dá de ombros. — Estou ficando um pouco cansado de sair
para todos os lugares e ver as mesmas pessoas.
— Está querendo sossegar, Simon? — Liam pergunta.
— Acho que sim — afirma com um movimento de cabeça. — Nosso
penúltimo ano está quase no fim. Ano que vem começaremos a ter mais
responsabilidades que antes. — Suspira. — Acho que só quero aproveitar
antes dessa calmaria antes do caos. — Conta.
Entendo perfeitamente o que ele quer dizer. Não que antes eu fosse um
cara que só queria saber de festa. Eu gostava e ainda gosto de sair com
meus amigos, mas desde que Holly entrou na minha vida, passei a apreciar
mais os momentos em que passava ao seu lado. Principalmente agora que
somos namorados.
— Entendemos você, Simon. — Liam diz enquanto tira suas luvas. —
O ano que está vindo aí será de muitas mudanças.
— Nem me fale. — Bennett suspira cansado.
— Será que finalmente irão dar um nome para a relação de vocês? —
pergunta fazendo um gesto sugestivo com a sobrancelha. — Só falta vocês
dois.
Liam ri da minha fala enquanto balança a cabeça em negação, e
mesmo que não saia nem uma palavra de sua boca, sei exatamente o que ele
está pensando. Você é muito cuzão, cara.
Pisco um dos olhos para ele e viro em direção a Simon e Bennett que
se encaram neste momento.
— Não estamos completos para nomear nossa relação. — Simon
responde todo misterioso.
O que será que ele quer dizer com isso?
Bom, eu não faço a mínima ideia, e nem quero pensar nisso agora.
Olho em direção a Liam e seu rosto reflete a mesma expressão confusa
que a minha, e sem combinar um com outro, damos de ombros.
— Enfim, porque vocês não vão tomar banho logo para irmos para
casa. — Sugiro.
— Sim, vamos logo. — Bennett segue na frente de todos sendo
seguido por Simon.
— Vou esperar vocês lá fora com as meninas e Harry. — Aviso a
Liam.
— Até daqui a pouco.
Se despede e segue até o caminho do vestiário.
Olho em volta, vendo o ginásio esvaziar aos poucos, e sinto a euforia
voltar.
Só mais um.
Só mais um jogo e levaremos a taça para casa.
Esse ano é dos Artic Fox.
FIM.
Primeiro de tudo, eu quero agradecer a Aaron e Holly por me escolherem
para contar sua história de amor. Vocês infernizaram a minha vida até que
eu tomasse coragem de assumir que contaria sobre vocês. Obrigada pelos
momentos em que me fizeram rir quando tudo o que eu queria era chorar.
Gostaria de agradecer a você, leitor, que chegou até aqui. Sem você
nada disso seria possível. Então muito obrigada por tudo!
Quero agradecer a minha mãe, Ana Paula, minha vó, Teresa, minha
madrinha Fernanda, e meu anjo da guarda, Joana. Vocês seguraram cada
uma comigo, que nem sei o que seria de mim sem vocês. Se hoje estou
aqui, lançando meu quinto livro, é por conta da confiança e amor que vocês
têm por mim, então, obrigada por tudo, eu amo vocês.
Como sempre, tive pessoas que me ajudaram e muito a chegar aqui e eu
juro a todas que se não fosse por elas, nada disso seria possível. Palavras
nunca serão suficientes para agradecer, mas irei tentar.
Evelyn e Amanda, minhas revisoras lindas, maravilhosas,
compreensíveis e carinhosas, eu acho que teria surtado e vocês sabem.
Obrigada por tudo meninas!
Hanna banana, esses últimos dias foram corridos, e sem você, eu não
conseguiria fazer metade de tudo. Obrigada por estar ao meu lado me
ajudando e cuidando de mim.
Gabriela, minha dorameira nata. Você tem noção do quanto foi e é
importante pra mim? Você, com seus surtos a cada novo capítulo, era o gás
que eu precisava para continuar. Amo você.
Camila meu amor, cara você foi incrível, não tenho palavras para te
agradecer por toda a ajuda e força que me deu desde o começo. Te amo
lindona
Bru, obrigada pelo conselhos de escrita e pelo apoio. Você sabe o
quanto é especial pra mim. Amo você.
Agora chegou a vez dela, aquela que palavra nenhuma irá descrever o
que sinto, mas vou tentar não alongar. Tatiane, minha Tati Mo, minha Holly,
esse livro foi a maneira que encontrei de deixar claro o quanto amo você e a
quero em minha vida. Sua presença ao meu lado é fundamental. Obrigada
pelas noites em claro que passou comigo, pelos conselhos na hora da
escrita, pelo carinho que me dava quando eu estava mal, pelo incentivos
quando eu duvidava de mim mesma, obrigada por tudo. Palavras NUNCA
serão o suficiente para descrever o quanto eu sou grata por tê-la ao meu
lado. Obrigada, Obrigada, Obrigada. Te amo mais que as estrelas.
Nath meu bebê, só a gente sabe o que passou juntas, né? E olha só,
conseguimos mais uma vez. Obrigada por ser essa pessoa incrível, eu amo
você minha baixinha linda.
Quero agradecer as minha beta Malu que, a cada novo capítulo sobre
Aaron e Holly, era um grito enlouquecido. Obrigada, gostosa.
E por último, mas não menos importante, as meninas do meu grupo que
estão sempre o meu lado, acompanhando cada surto meu e implorando por
historias novas. Meninas, vocês são incríveis. Amo vocês!
[1]
Personagem do livro Peculiar da autora Nathalia Santos
[2]
Personagem do livro Mascarados da autora Bruna Pallazzo
[3]
Personagem do livro Summer da autora Jessica Luiz
[4]
Personagem do livro Um Acordo Improvável da autora Bruna Eloísa
[5]
Personagem do livro Estilhaça-me da autora Tahereh Mafi
[6]
Personagem do livro Geek da autora Camila Cocenza
personagem do livro Além da Anatomia de um Coração da autora Jessica
[7]
Ribeiro.
[8]
Personagem do livro Uma Boa Garota da autora Nathalia Oliveira.\
[9]
Ejaculação feminina — O “squirting” acontece quando a pessoa tem a sua ejaculação e esguicha
líquido ou fluidos da sua vagina, num momento de prazer. Não tem cor nem cheiro e não deve ser
confundido com a lubrificação natural da vagina.