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Querida Riley,
Austin.
Abril de 2027.
Querida Riley,
Nós ouvimos.
Ouvimos os batimentos do coração do bebê.
Enquanto estávamos naquela sala, fui preenchido por tantas
emoções, que sequer saberia nomeá-las. Você estava linda para caralho. E
sei que sempre digo isso e que essa minha frase meio que se transformou
em uma piada interna entre nós, mas é a verdade. Um brilho novo tomou
seu rosto quando ouviu o som mais lindo do mundo. O som da vida. E foi só
quando vi a primeira lágrima escorrendo pelo seu olho, atingindo sua
bochecha, que percebi que também estava chorando.
Deitada naquela maca, você olhou para mim, abriu um sorrisinho,
apertou a minha mão, e eu senti meu coração explodir. Senti meu peito
inchar de uma forma que nunca experimentei antes. Porque no instante em
que te encarei nos olhos e enxerguei aquela imensidão de azul que tanto
amo, a médica disse: “É uma menina”.
E acho que meus batimentos até pararam um pouquinho.
Austin.
Maio de 2027.
Querida Riley,
Austin.
Junho de 2027.
Querida Riley,
Austin.
Julho de 2027.
Querida Riley,
Austin.
Agosto de 2027.
Querida Riley,
Austin.
Dezembro de 2027.
Querida Riley,
Austin.
“Você é a melhor coisa que já foi minha
O tempo passou e estamos conquistando o mundo juntos.”
— Mine, Taylor Swift
2 anos depois
Para te dar sorte na noite de hoje, aqui está o meu primeiro nome,
até que eu possa te dar o meu sobrenome.
Te amo para sempre, Baby Weston.
Crawford.
Caden: É rosa.
Dilan: O QUÊ? POR QUÊ?
Austin bananão: Dilan diz isso, mas na semana passada foi com a
Sarah em nove restaurantes, até encontrar o que tinha o drink que ela
queria.
Dilan: O que eu posso fazer? Demorei anos até encontrar uma
namorada que não me colocasse chifre ou não me desse um pé na bunda.
Tenho que me esforçar.
Eu: True e Ruby estão fazendo a Barbie se casar com o Ken agora.
Será que ela vai encontrar um namorado decente quando for mais velha?
Eu: Amém.
— O titio sabe, princesa... O titio sabe que você gosta muito mais
dele do que do papai, mas o papai veio aqui só para te levar para casa e
você precisa ir, está bem? Outro dia você volta. — É o que eu digo para
uma True sonolenta em meu colo, assim que abro a porta. Austin me lança
um olhar raivoso ao escutar minhas palavras, e abro um sorrisinho cínico
em sua direção, apenas brincando.
Não é como se True estivesse acordada o suficiente para processar
minhas palavras, afinal. E muito menos como se elas fossem verdade.
— Me lembre de nunca mais deixar a minha filha com você —
Crawford brinca, me arrancando uma risadinha.
Ele pega a bebê do meu colo, e ela não hesita antes de encostar a
cabeça no ombro largo do pai, caindo no sono de uma vez, como se aquele
fosse o lugar mais seguro do mundo. Meu coração se amolece diante da
cena.
Austin Crawford é um pai extraordinário. Isso ninguém pode negar.
Riley e ele são a dupla perfeita, e a pequena True tem muita sorte
em tê-los.
— Aqui, as coisinhas dela — Ruby fala, parando ao meu lado.
Minha namorada entrega a grande bolsa amarela que Riley trouxe para
Austin, que a agradece com um sorrisinho.
— Obrigado por terem ficado com ela hoje. Tenho certeza de que
True adorou.
— Juro que se você ou a Riley nos agradecerem mais uma vez, vou
bater em vocês dois — Ruby rebate, arrancando um riso fraco do Austin. —
Eu sou a madrinha dela, e Michael é o tio...
— O tio mais legal — corrijo a tempo.
— ..., nossa obrigação é cuidar dela sempre que pudermos. Não é
um favor a vocês, mas sim um presente para nós dois.
— Exatamente — concordo com minha namorada. Porque é como
falamos no grupo mais cedo. Somos tremendos paus mandados. E não há
nada de errado com isso.
— Certo, foi mal — Austin volta atrás, ainda sorrindo. — Não vou
mais agradecer, mas saibam que sou grato. Agora tenho que ir, antes que a
mocinha aqui caia em um sono profundo o suficiente para dar trabalho na
hora de ser colocada na cadeirinha do carro.
Nos despedimos dele e o assistimos dar as costas em direção ao
elevador. Quando a caixa metálica chega ao nosso andar e a pesada porta
dupla se abre, Austin a atravessa, levando a pequena Ruby em um dos
braços, e a sua grande bolsa no outro. Meio sem jeito, ele usa a mão que
segura a bolsa para acenar, e Ruby e eu retribuímos.
— Será que quando for a nossa vez, vamos fazer tudo certo, assim
como eles, ou vamos ser dois atrapalhados? — questiono, voltando para
dentro do apartamento.
Ruby fecha a porta, a trancando em seguida.
— Acho que um pouco das duas opções.
Sorrio para ela, me empolgando com o pensamento que acabou de
cruzar minha mente, e então questiono:
— Se o nosso filho for menino, podemos chamá-lo de Michael
Júnior?
Minha namorada me encara animada, um grande sorriso se
formando em seu rosto e seus olhos ganhando vida. E por um instante, meu
peito se enche em expectativa, imaginando que ela adorou a ideia, mas
Ruby faz com que eu murche no instante em que transforma sua expressão,
permitindo que uma feição entediada tome seu rosto, e diz:
— De jeito nenhum.
“Eu não quero olhar para mais nada agora que te vi
Eu não quero pensar em mais nada agora que pensei em você.”
— Daylight, Taylor Swift
Tudo bem, finge que eu nunca disse que estava tranquilo. Isso era
verdade naquela hora, mas agora estou prestes a ter um colapso.
Estou em meio ao altar improvisado, montado em um dos jardins do
Plaza Hotel. Ao meu lado direito, meus pais e os de Avery se posicionam. E
ao esquerdo, todos os padrinhos e madrinhas, vestindo seus ternos e
vestidos cor-de-rosa, também esperam pela entrada de Avery.
Com o braço enganchado ao de Riley, Austin abre um largo sorriso
em minha direção, dando uma piscadinha e fazendo um sinal positivo com
uma das mãos.
— Estou nervoso — mexo os lábios, sem emitir nenhum som.
De alguma maneira, seu sorriso se alarga ainda mais.
— Eu sei — Crawford devolve, da mesma maneira. — Te conheço.
Sou impedido de dar qualquer resposta no momento em que ouço o
pianista tocar os acordes iniciais de Love Story, da Taylor Swift. O mar de
convidados se levanta nos bancos, e endireito minha postura, ficando tenso
de repente, levando os olhos até o final do jardim, por onde Avery irá
aparecer.
E então, toda a nossa história passa em minha mente feito um filme.
O quadro de oitenta mil dólares.
Meu cancelamento no Twitter.
O acordo do namoro falso.
Todas as provocações, beijos, eventos e vezes em que Avery parecia
estar louca para arrancar meu pescoço fora.
Nossa viagem às Maldivas.
Nossa primeira vez.
As mentiras contadas ao mundo todo.
Brigas, xingamentos e todos os conflitos que enfrentamos.
Todas as vezes em que Avery se mostrou verdadeiramente vulnerável
aos meus olhos, e foi em sua vulnerabilidade, quando ela era capaz de
afastar a máscara de durona, que eu a conhecia e me apaixonava por ela
cada vez mais.
Cada toque.
A estreia do seu primeiro filme como protagonista, quando, mesmo
em meio ao caos, eu a aplaudi de pé.
Quando, neste mesmo hotel, eu pensei que nossa história estava
perdida e fui surpreendido por uma Avery desesperada, correndo em meio a
uma tempestade, para me encontrar e me entregar seu coração.
E tudo o que vivemos a partir desse dia. Tudo de bom e tudo de
ruim.
Porque o amor não é uma linha tênue. Não é mágico. E muito menos
simples. Ele muitas vezes é confuso, avassalador, dilacerante, mas vale a
pena. Porque Avery Lakeland vale a pena. E nossa história, o que
conquistamos e o que ainda vamos conquistar juntos, vale a pena.
Sempre valerá.
É por isso que no instante em que ela finalmente aparece em meu
campo de visão, a primeira lágrima cai pelos meus olhos, escorrendo por
minhas bochechas. E assim como na minha imaginação, eu choro. Porém,
Avery me surpreende. Sorrindo em minha direção, com seu olhar fixo ao
meu, ela consegue estar ainda mais linda do que em todos os meus sonhos.
Há um brilho forte em seu rosto, que parece cintilar junto ao brilho
do colar com um pingente de claquete em seu pescoço. O mesmo colar que
a dei anos atrás, quando passamos o nosso primeiro Natal juntos.
— Sei que não combinamos de trocar presentes, mas não quero
receber nada em troca. Se você acordar todos os dias e olhar para este
colar, se lembrando do quanto é uma mulher forte pra caralho, com
capacidade de ser e fazer o que quiser, para mim já é o suficiente. E, com
certeza, o melhor presente de Natal que poderia ganhar. — Foi o que eu
disse a ela naquela noite. E o que fiz questão de relembrar durante todos
esses anos.
Porque é a mais pura verdade. Avery Lakeland é sinônimo de força.
E, meu Deus, eu estou mesmo prestes a me casar com essa mulher!
— Oi. — Ela sorri para mim assim que para à minha frente, sua voz
saindo trêmula, em um misto de emoções, onde a felicidade é a que
prevalece.
— Oi, esquentadinha — devolvo, enxugando meus olhos com o
dorso da mão mais uma vez, me esforçando para impedir que as lágrimas
teimosas insistam a cair.
Raven se aproxima para pegar o buquê de rosas brancas da mão da
irmã. E quando uma nova música começa e todos nós lançamos nossos
olhares para o fim do jardim, meu coração se amolece imediatamente e
minhas emoções ficam ainda mais fortes.
Porque aparecendo em meio ao corredor de vasos de flores e
carregando uma cestinha com as nossas alianças, True Crawford aparece,
vestindo o vestidinho mais lindo do mundo. E andando meio desengonçada,
a pequena que tem sido motivo de tanta felicidade ao nosso grupo nos
últimos dois anos, se aproxima de nós, trazendo consigo o nosso final feliz.
O nosso ponto final, e ao mesmo tempo uma página em branco, para
que uma nova história possa começar.
E não sei o que irá acontecer a partir de agora, mas tenho certeza de
que será incrível. Porque tenho o amor da minha vida e as pessoas mais
maravilhosas do mundo todo ao meu lado.
E isso basta. Sempre bastará.
FIM
Agora para sempre.
Para quem jurava que Me Ame ou Me Odeie seria um livro único,
acho que chegamos longe demais, não?
Eu poderia começar esses agradecimentos fingindo que sei o que
estou fazendo, mas a verdade é que, mais uma vez, eu não faço ideia.
Retornar a esse mundo e a cabeça desse grupinho tão especial foi
um presente. E o fato de ter levado a escrita desse conto de uma maneira tão
leve, só me fez lembrar do quanto esses personagens são especiais para
mim e o quão conectada com eles eu sou.
Eles foram o começo de tudo, afinal. Não tinha como ser diferente.
Há quase dois anos, Caden Prescott apareceu na minha cabeça para
me ensinar que devemos lutar por aqueles que amamos.
Avery Lakeland surgiu para que, através dela, eu pudesse me
entender um pouquinho mais.
Austin Crawford apareceu para lembrar que nós nem sempre
precisamos ser as nossas raízes. Podemos e devemos mudar o ciclo. Colocar
um ponto final. Ser quem queremos ser de verdade, e não quem fomos
ensinados a ser.
Riley Weston veio para me mostrar que o amor é leve e
surpreendente.
Ruby Pike, para me mostrar que devo acreditar mais em meus
planos e sonhos.
Michael Parker, para me ensinar que pessoas mudam pessoas, e que
quando a pessoa certa aparecer, é preciso esforço para não a deixar escapar.
Dilan Clanton, para provar que o amor é paciente.
E True Crawford, em meio a uma noite qualquer, surgiu na minha
cabecinha para me lembrar que sou verdadeiramente amada por aqueles que
me cercam. E que sou importante para eles, assim como são para mim.
Por isso, apesar de saber que esse é o ponto final desse universo,
também sei que aqui sempre será o meu lugar. Porque, de verdade, essas
histórias foram as mais bonitas que já escrevi. E não importa o tempo que
passe, esse grupinho (de agora oito pessoas) sempre terá um lugar especial
no meu coração e na minha história.
Por tudo o que me trouxeram, mostraram e fizeram sentir.
Para sempre.
[1]
Damian Bale é um personagem fictício e principal da obra Misbehave escrita por Brooke Mars.