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CHAMAS NA ESCURIDÃO
CHAMAS DA LIBERDADE
AVISO DE GATILHOS
HIERARQUIA DO CLUBE
GLOSSÁRIO
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Epílogo
Agradecimentos
OUTRAS OBRAS DA AUTORA
Copyright © 2023 por Tamires Barcellos
Criado desde os cinco anos de idade por Bruce Harlow, o Vice-Presidente dos Flame Wolves
MC, Damon Christ cresceu aprendendo a amar, proteger e lutar pelo moto-clube que o acolheu
quando ainda era uma criança. Sua lealdade para com o patch que carregava era inabalável, só não
era maior do que uma única coisa: o seu amor por Madison, filha de Bruce.
Dez anos mais nova do que ele, Damon viu Maddy nascer e se tornou o seu protetor e melhor
amigo. O sentimento genuíno que nutriam um pelo outro servia de porto seguro para a vida violenta
que Damon levava dentro do moto-clube e era na companhia de Madison que ele conseguia encontrar
o seu equilíbrio, até começar a perceber que o amor que sentia pela princesinha dos Flame Wolves
estava se transformando em um sentimento proibido.
Dividido entre a culpa por estar apaixonado pela filha do homem que considerava como seu
pai de coração e o desejo de assumir o que verdadeiramente sentia por Madison, Damon se vê
acorrentado pelo medo de perder as duas coisas que mais importavam em sua vida: o clube e sua
garota.
Quando uma onda de ataques ao MC se inicia e uma guerra se instaura entre os Flame Wolves
e seus inimigos, Damon tem sua lealdade posta em prova e se vê prestes a lutar a maior batalha da
sua vida, da qual tinha certeza de apenas uma coisa: ele sairia como um vencedor pelo clube e pela
sua garota. Ou morreria tentando.
- "A Chama Entre Nós" é o primeiro livro da série Flame Wolves MC. Cada livro
contará a história de um casal, no entanto, é aconselhável que leia na ordem de lançamento;
- A história contém linguagem gráfica de violência, sexo e palavras de baixo calão. Não
recomendada para menores de 18 anos;
- Leia a nota da autora no início do e-book.
Leia aqui
Christian Wolf foi criado pelo seu pai para se tornar o Prez dos Flame Wolves MC, perdendo
boa parte da sua infância para a violência e sendo moldado para lidar e exterminar qualquer tipo de
ameaça que pudesse colocar o seu clube em risco. Convicto de que sabia exatamente como seria o
seu futuro, Christian vivia para proteger o seu MC, seus irmãos de patch, sua avó e Connor, seu
irmão caçula, até Maya Cooper aparecer em sua vida e despertar sentimentos que ele não sabia e não
queria lidar.
Mesmo sabendo que poderia ser um risco se envolver com qualquer pessoa próxima aos Flame
Wolves, Maya não consegue se afastar de Connor, seu melhor amigo da faculdade. E, em um piscar
de olhos, o que era para ser apenas uma amizade entre ela e o caçula dos Wolf, se transforma em uma
teia quando ela se vê dentro do moto-clube, próxima de todos os irmãos e, principalmente, de
Christian, o Vice-Presidente do MC.
Christian não queria romance e Maya também não, no entanto, o desejo intenso que começa a
os envolver se torna mais forte do que tudo e logo se transforma em uma paixão avassaladora e
incontrolável, que poderia ser vivida intensamente se Maya não carregasse um segredo que pode
transformá-la em uma traidora perante o moto-clube.
Em meio a uma guerra travada entre os clubes rivais, segredos do passado que podem destruir
tudo o que conhecem e a iminência de uma traição, seria o amor de Christian e Maya forte o bastante
para resistir?
É chegada a hora do MC travar mais uma batalha, onde a vitória pode custar um preço mais
alto do que qualquer um poderia imaginar.
- "Chamas na Escuridão " é o segundo livro da série Flame Wolves MC. Cada livro
contará a história de um casal, no entanto, é aconselhável que leia na ordem de lançamento;
- A história contém linguagem gráfica de violência, sexo e palavras de baixo calão. Não
recomendada para menores de 18 anos;
- Leia a nota da autora no início do e-book e atente-se aos gatilhos.
Leia aqui
Drew
Eu adorava a adrenalina do MC, viajar ao lado do Prez e participar
das missões, mas estar dentro da oficina, aprendendo sobre a parte
mecânica das motos, suas peças mais singulares, a diferença em cada
modelo, também estava se tornando uma paixão. Qualquer brecha que eu
tinha, acabava parando na oficina ao lado dos funcionários e absorvendo o
maior número possível de informações.
Estava ao lado de Bill Brayne, o principal restaurador dos Wolves,
aprendendo com ele como polir uma Harley de 1980, quando Pike entrou
de repente na oficina, chamando por mim. Nossa relação era de amizade e
parceria agora, mas ele demorou a me perdoar por eu ter entrado como um
infiltrado no MC, já que fui apadrinhado por ele quando deixei de ser
recruta e me tornei prospecto.
— O que houve?
— O filho da puta do novo Xerife acabou de chegar. Bruce quer
todos os membros no bar.
Trinquei a mandíbula, pensando em Rachel. Eu sabia que o babaca
havia chegado, pois vi um carro estacionado atrás da picape dela na noite
passada, mas as cortinas da sala de jantar estavam fechadas, me impedindo
de ter qualquer vislumbre do que poderia estar acontecendo lá dentro.
Cheguei a pensar em contar a novidade para Damon, mas ele com certeza
iria me fazer um monte de perguntas, querendo saber como eu obtive aquela
informação, por isso, fiquei na minha. Algo me dizia que o Xerife iria nos
fazer uma visita em breve. Eu não estava errado.
Segui com Pike até o bar, observando como Oliver estava afastado
dos demais, praticamente protegido pelos outros irmãos de patch. Lembrei-
me da sua reação quando soube que Lincoln era o novo Xerife e como
ameaçou ir embora. Aquele homem o afetava, por isso, me juntei aos outros
membros e fortaleci a barreira que separava o Executor do filho da puta.
Meus olhos bateram em Lincoln e eu tentei imaginá-lo ao lado de
Rachel. O novo Xerife era um homem alto, com uma constituição larga,
fios grisalhos nos cabelos castanho-claros e olhos frios, apesar do sorriso
forçado que ostentava nos lábios. Infelizmente, consegui assimilar
nitidamente que ele era marido daquela mulher tímida e envergonhada, que
mal saía de casa. Lincoln me lembrava Dean. A mesma expressão fria e
sardônica, os mesmos olhos analíticos, a mesma postura superior. O tipo de
homem que passava por cima de uma mulher como um rolo compressor.
Ele começou a se apresentar e a sua voz grave entrou por um dos
meus ouvidos e saiu pelo outro. Não consegui prestar atenção em qualquer
palavra, enquanto meu cérebro registrava cada um dos seus gestos. Connor
logo chegou ao MC e se juntou a Oliver, Christian pareceu rebater algo que
o Xerife disse e o babaca sorriu.
— Vim aqui apenas para me apresentar e dizer que estou na cidade.
Vou cuidar de San Martínez com a mesma dedicação com a qual sempre
cuidei da minha cidade natal, enquanto o Xerife Lawson está de licença.
Podem contar comigo para o que precisarem. Espero poder conhecer
melhor cada um de vocês no tempo em que eu estiver aqui.
Dissimulado. Aquele filho da puta era tão dissimulado quanto Dean
era e acho que todo mundo naquele bar percebeu isso. As palavras que
saíam da sua boca tinham uma nota decadente de falsidade e eu senti meus
dedos se contraírem até minhas mãos se fecharem em punhos. Lincoln sabia
sobre a verdadeira face do nosso moto-clube, isso estava claro. Só nos
restava descobrir o porquê de ele estar fingindo aquela ignorância.
O novo Xerife se despediu e um burburinho começou dentro do bar,
até a voz de Bruce se elevar:
— Filho da puta prepotente! Quero que mantenham um olho nele,
entenderam? Esse merdinha veio até aqui para passar um recado. Ele vai
tentar de tudo para foder com a nossa vida enquanto estiver no lugar de
Scott.
— Tentar e conseguir são duas coisas bem diferentes — disse
Christian.
Pensei em levantar a mão e deixar claro que eu poderia ficar de olho
em Lincoln, mas resolvi ser mais discreto quanto aquilo. Percebi que eu
poderia unir o útil ao agradável naquele momento: manter um olho em
Lincoln e em Rachel ao mesmo tempo.
Se ele fizesse qualquer mal a ela, eu iria descobrir.
Senti vontade de seguir Lincoln assim que ele deixou o MC, mas me
segurei. Eu queria ser discreto, portanto, ir atrás do filho da puta tão rápido
poderia chamar a sua atenção. Observei Oliver sair correndo em direção à
escada e Connor ir atrás dele, enquanto os irmãos se dispersavam. Damon
parou em um canto para conversar com Chris e eu fui direto ao bar, pedindo
uma cerveja para Jeff.
— Duas cervejas, Jeff! — Ralph sentou-se ao meu lado e Jeff
concordou com a cabeça, afastando-se do balcão. — Estou te achando tão
calado nesses últimos dias, Drew. O que tá pegando?
Jeff voltou com as cervejas e Ralph encostou a dele na minha antes
de dar um gole. Eu sabia como o Secretário era observador. Ele tinha olhos
de falcão e parecia estar sempre um passo a frente de todo mundo dentro do
MC.
— Só estou preocupado com tudo o que anda acontecendo, a ATF no
nosso pé, jogando essa sombra sobre o moto-clube.
— Não é a primeira vez que uma merda assim acontece, é bom que
você se acostume com isso. Sabe quando temos paz aqui dentro?
— Quando?
— Quando estamos fodendo. E, mesmo assim, é bom não relaxar
totalmente, porque uma bomba pode explodir a qualquer momento.
Eu ri, apesar de saber que Ralph não estava brincando.
— Obrigado pelo conselho, vou ficar mais atento quando estiver
entre as pernas de alguma mulher.
— Sabe que é um desperdício você ser hétero, não sabe?
— É mesmo?
— Se você me desse uma chance, eu poderia te mostrar o que dois
homens juntos são capazes de fazer em uma cama. — O idiota piscou para
mim e eu quase me engasguei com a cerveja, não por estar assustado, mas
porque sentia vontade de rir.
— Eu poderia te dar essa chance se me sentisse atraído por homens,
mas não é esse o caso, Ralph. Sinto muito.
— Sim, eu sei. Você é hétero demais, parece o seu irmão.
— Tira o meu nome da boca, porra! — Damon deu um soquinho no
ombro de Ralph assim que se aproximou de nós dois com Christian ao seu
lado. — Isso deve ser paixão encubada.
— Paixão? Madison vem enchendo muito a sua bola ultimamente,
Damon. — Ralph riu, virando-se para Christian. — E então, o que vamos
fazer em relação ao Xerife?
— Por enquanto, vamos seguir com a ordem de Bruce. Ficar de olho
nele é o melhor que podemos fazer agora. — Seus olhos seguiram até a
escada e um suspiro escapou da sua boca. — Estou preocupado com Oliver.
— Ele ainda não disse de onde conhece o Xerife? — perguntei a
Christian.
— Não. Vocês sabem que Oliver é como a porra de um túmulo.
— Tudo o que sabemos, é que Lincoln já o machucou no passado,
mas só teremos mais detalhes se Oliver nos contar — disse Damon e Ralph
soltou uma risadinha sem humor.
— Acho difícil que isso aconteça um dia.
Queria muito que Oliver se abrisse e nos dissesse de onde conhecia
aquele homem. Eu não conhecia muitos detalhes sobre o que aconteceu no
dia em que o Executor descobriu que Lincoln seria o novo Xerife e tentou
fugir, mas tinha certeza de uma coisa: um homem como Oliver jamais
demonstraria medo por alguém que não oferecesse real sentimento de
perigo para ele. E se Lincoln poderia fazer com que o nosso Executor
sentisse vontade de desaparecer, era porque boa coisa o filho da puta não
era.
Minha mente foi logo para Rachel. Era lógico que eu estava atraído
por ela, mas o fato de ser casada com um homem como Lincoln me deixava
preocupado. Minha intuição geralmente não falhava e, dessa vez, ela estava
insistindo para que eu não lhe desse as costas. E eu não daria.
Assim que anoiteceu e terminei com as minhas obrigações no MC,
fui direto tomar um banho em meu quarto. Já devidamente arrumado, desci
a escada e fui sorrateiramente até o galpão que ficava do lado do MC, onde
guardávamos os carros e as motos reservas. Peguei um dos carros e saí sem
chamar a atenção dos irmãos. Dois prospectos que faziam a segurança do
lado de fora me viram dentro do carro, mas não me preocupei com eles.
Eles poderiam dar com a língua nos dentes para algum membro da diretoria,
mas eu arrumaria uma desculpa para ter pegado o carro sem avisar.
O que me fez optar pelo automóvel, foi a discrição. Lincoln jamais
poderia ver um motoqueiro dos Flame Wolves parado em frente à sua casa,
principalmente se a nossa suspeita estivesse correta e ele soubesse que nós
cometíamos crimes. O carro iria me proteger das vistas do filho da puta e
também me permitiria ficar parado perto da sua casa por mais tempo.
Dirigi até a sua rua, parando do outro lado da calçada, metros depois
de um poste para não chamar tanto a atenção. Os vidros das janelas eram
protegidos por uma película escura, o que ajudava bastante a me camuflar.
Naquela noite, as cortinas estavam afastadas e o binóculo que levei comigo
me dava uma visão ampla da sala de jantar vazia.
Meia hora se passou até eu ter o primeiro vislumbre de Rachel.
Assim que a vi entrar na sala de jantar, usei o binóculo e observei o
momento em que colocou uma travessa na mesa. Ela estava linda com os
cabelos soltos e usando um vestido verde-água. Em poucos segundos ela se
afastou, mas logo apareceu de novo trazendo mais uma travessa e eu pude
observá-la melhor. Meus olhos se estreitaram quando percebi que havia
algo em sua testa, bem próximo a raiz dos seus cabelos do lado esquerdo do
rosto. Parecia um curativo.
Fiquei tenso e senti os meus dedos protestarem quando apertei o
binóculo com força. Logo Lincoln apareceu e se sentou à cabeceira da
mesa, de costas para mim. Rachel se sentou do seu lado direito e percebi
que começou a servi-lo, enquanto o babaca abria o que parecia ser um
guardanapo de pano. Em que século ele vivia, porra?! Rachel colocou o
prato na sua frente e logo começou a se servir.
Em poucos segundos, ele começaram a comer. Rachel estava sentada
como uma tábua, reta, mexendo apenas as mãos e a boca ao mastigar. De
repente, seus olhos se voltaram para Lincoln e, mesmo de longe, pude
perceber que eles estavam arregalados. Um momento depois, ela deu um
salto sobre a cadeira quando o punho de Lincoln se chocou contra a mesa.
Ele se levantou e ela também. Rachel pareceu abrir a boca, como se
estivesse tentando se defender, mas mal teve tempo de falar alguma coisa
quando o punho dele se chocou contra a sua bochecha.
Eu estremeci. O binóculo caiu no assoalho do carro quando levei
meus dedos da mão direita à arma que enfiei em minha calça antes de sair
do MC. Um sinal de alerta explodiu em minha cabeça e eu saí do carro sem
pensar, só então me dando conta de que eu não poderia fazer nada. Não
naquele momento, ainda que cada nervo dentro do meu corpo me
implorasse para arrombar a porta daquela casa e meter uma bala na cabeça
daquele filho de uma putinha.
Minha frustração foi tão grande, que só percebi que eu havia dado
um soco na porta do carro, quando a dor irradiou pelo meu braço até o
ombro, mas nem isso diminuiu a minha fúria. Lincoln jogou o guardanapo
sobre a mesa e saiu da sala de jantar, deixando Rachel sozinha, com uma
mão sobre o local onde havia sido atingida. Flashes da minha mãe passando
pela mesma situação explodiram na minha mente. Dean gritando e a
esmurrando, enquanto ela chorava e implorava para que ele parasse, só que
ele nunca parava.
Ele só parava quando sentia vontade. Ou quando se cansava.
Pisquei bem forte e fechei as mãos em punhos, sentindo a dor
provocada pelo soco no carro. Ela foi essencial naquele momento. Trouxe-
me de volta ao presente e me fez voltar a entrar no veículo e tatear o
assoalho até encontrar o binóculo. Minhas mãos tremiam quando voltei a
posicioná-lo na frente do meu rosto. Rachel ainda estava parada no mesmo
lugar, só que se apoiando no encosto da cadeira onde estava sentada
minutos antes.
Seus olhos estavam fixos na mesa. Ela mal parecia respirar. Pude
perceber que não chorava, mesmo com o canto dos lábios sangrando.
Aquele filho da puta havia arrancado sangue dela.
— Vamos lá, Rachel, reaja — pedi entredentes, apertando o binóculo
com força. — Saia dessa casa... Deixe-me tirá-la dessa casa.
Deixe-me fazer por você o que não pude fazer pela minha mãe.
Como se estivesse me ouvindo, Rachel reagiu. Só que não do jeito
que eu queria. Do jeito que deveria. Ela começou a tirar as travessas da
mesa, depois a jarra de suco, os pratos e talheres. Em momento algum
parou para estancar o sangue ou se olhar no espelho. Era como se ela já
estivesse acostumada com aquilo e eu senti dentro do meu peito que ela
estava. Como a minha mãe se acostumou a ser o saco de pancadas de Dean.
Após limpar a mesa, Rachel apagou as luzes da sala de jantar e sumiu
do meu campo de visão.
Foi daquele jeito que a noite terminou para mim. Testemunhando
mais uma mulher sofrer nas mãos de um homem covarde.
Só que daquela vez, eu não ficaria quieto.
Eu salvaria Rachel Marie.
Fui embora pouco antes do amanhecer, pois Marie não sabia que
horas Lincoln poderia chegar em casa e não queríamos ser surpreendidos
por ele. Foi difícil deixá-la, pois meu corpo cansado pela noite agitada só
queria ficar agarrado a ela por mais um tempo, mas seria imprudente da
minha parte ficar até mais tarde. Não queria colocar Marie em risco e eu
sabia que era isso que aconteceria se o filho da puta descobrisse que
estávamos juntos.
Fui direto para o meu quarto quando cheguei ao MC e acordei com
uma mensagem de Marie, antes das dez da manhã, me avisando que
Lincoln havia chegado por volta das oito horas. Saber disso me fez
despertar completamente e questioná-la se ele ainda estava em casa ou se já
tinha saído para o trabalho. Caso ela respondesse sim para a segunda
pergunta, eu iria direto para o departamento de polícia ficar de olho no
desgraçado, mas logo soube que ele ainda estava em casa e que havia tirado
o dia de folga.
Aquilo me deixou puto. Significava que Marie teria que passar as
próximas horas ao seu lado, correndo todo tipo de risco. Não confiava em
Lincoln perto dela. Como se soubesse que eu estava pensando em ir até a
sua rua, ficar de prontidão em frente à sua casa, Marie me pediu para que eu
não fizesse qualquer loucura, pois tinha medo de que Lincoln começasse a
suspeitar de alguma coisa. Meu lado racional sabia que ela tinha razão, mas
o passional era difícil de controlar.
Acabei indo para a academia me livrar da frustração e passei o resto
do dia fazendo pequenos trabalhos no MC. Sentia os olhos de Damon
atentos sobre mim, mas quando percebeu que eu não sairia do moto-clube
naquele dia, ele relaxou. Passei a noite no bar e, durante a madrugada,
fiquei trocando mensagens com Marie. Consegui pegar no sono depois de
ela ter me garantido que Lincoln não havia sido agressivo naquele dia e
prometi que daria um jeito de vê-la no dia seguinte.
A quarta-feira foi tediosa pra caralho. Lincoln passou o dia no
departamento de polícia e eu só consegui ver Marie rapidamente.
Combinamos de nos encontrar na entrada da floresta que cobria parte da
cidade, mas ficamos apenas alguns minutos juntos, pois o expediente de
Lincoln estava prestes a se encerrar. Depois que o filho da puta foi para
casa, eu voltei para o MC e passei um tempo conversando com Connor e o
atualizando sobre o dia enfadonho do Xerife.
Foi apenas no dia seguinte, quando recebi um telefonema de Damon
e descobri que ele, Christian e Oliver haviam sido emboscados na estrada e
que homens encapuzados sequestraram o Executor, que percebi que aquela
seria uma tarde diferente. Avisei a Marie por mensagem que não era para
ela sair de casa em hipótese alguma e fiquei de prontidão em frente ao
departamento de polícia. Era óbvio para todos os irmãos que Oliver havia
sido sequestrado a mando de Lincoln, portanto, eu sabia que em algum
momento o filho da puta encerraria o expediente e sairia dali. E não seria
para ir direto para casa jantar com Marie.
Minha intuição estava correta. Lincoln logo apareceu em meu campo
de visão, sem estar trajando o seu uniforme de Xerife. Assim que ele entrou
em seu carro pessoal, eu dei partida na moto e comecei a segui-lo
discretamente, percebendo que o idiota estava indo em direção à estrada
que o levaria para a saída de San Martínez. Rapidamente liguei para Drew e
o informei. Falei com ele e com Christian, pois os dois estavam juntos no
carro, seguindo o rastro de Oliver pelo GPS em seu colete, e me mantive
atento em seguir o babaca sem que ele conseguisse me notar.
A tensão fazia os meus ombros doerem, mas eu estava focado demais
para ligar para aquilo. Se Lincoln nos levasse para o local que Oliver
descreveu para os irmão em uma das reuniões da diretoria, aquilo
significava que estávamos prestes a descobrir o grande segredo que o Xerife
renomado escondia. Eu só podia torcer para que aquele fosse o seu último
dia respirando. Queria iniciar aquela noite com Lincoln morto e eu sabia
que Connor e todos os membros do MC estavam com sangue nos olhos para
que aquilo acontecesse.
Ele havia mexido com um dos nossos. Aquilo não o faria sair
impune.
Lincoln seguiu em direção à Lake California, uma cidadezinha que
ficava no Condado de Tehama. O local era coberto por uma floresta densa e
praticamente deserto, do jeito que um filho da puta como ele devia gostar
para cometer todas as atrocidades que queria. Meu sinal de celular estava
muito fraco, mesmo assim, quando Lincoln pegou a entrada 28 na estrada e
entrou em uma bifurcação na floresta, consegui receber uma ligação de
Drew e passar todas as coordenadas para ele e para Ralph.
A ligação caiu e eu tentei ligar para o Wolf mais novo novamente,
mas não completou. Desisti quando a floresta se tornou mais densa e eu
precisei desacelerar e desligar o farol da moto para que Lincoln não
percebesse que eu estava logo atrás dele. Não parecia existir qualquer
monitoramento por ali, mas aquilo não me deixou tranquilo, apenas mais
atento, principalmente quando consegui ver a porra de um muro enorme de
concreto no meio da floresta.
Lincoln virou para a esquerda e eu fui logo atrás, precisando parar
quando notei dois portões enormes alguns metros a frente. Ele pareceu
digitar algo em um painel eletrônico e os portões se abriram, permitindo a
sua entrada. Quis muito aproveitar aquela brecha e entrar logo atrás dele,
mas sabia que seria burrice da minha parte, pois com certeza devia haver
seguranças armados dentro daquele mausoléu e eles me derrubariam antes
mesmo de perguntar o meu nome.
A única coisa que eu poderia fazer no momento, era torcer para que
Connor e Ralph tivessem entendido as instruções que passei e
conseguissem me encontrar ali junto com os outros irmãos.
Mil anos pareceram se passar até que ouvi alguns passos. Vi a
silhueta de um homem alto e forte e logo reconheci Pike caminhando em
minha direção. Seus olhos arregalados e a boca aberta mostravam como
estava surpreso por encontrar um lugar como aquele no meio do mato.
— Que porra é essa, cara?
— Eu não sei. Todo mundo conseguiu chegar?
— Sim. — Ele ainda estava olhando para o portão enquanto as
árvores nos camuflavam. — Como vamos entrar nesse lugar?
— Não faço ideia. — E não fazia mesmo. — Quer tentar se
aproximar um pouco? Não vi nenhum segurança perto dos portões.
— Isso não quer dizer que eles não existem — Pike salientou. —
Mas não temos muito o que fazer além de arriscar, não é mesmo?
Eu concordei com a cabeça e nos aproximamos sorrateiramente. Pike
segurava uma lanterna, mas não a ligou. Já havia anoitecido, mas as luzes
fracas que vinham de dentro daquele lugar iluminavam um pouco o nosso
caminho. Assim que chegamos perto suficiente do portão, nos esgueiramos
pelo muro e ouvimos um clique que nos fez parar até mesmo de respirar e
levar a mão à pistola em nossa cintura. Olhamos um para o outro e
esperamos. Ninguém apareceu e os portões não se abriram.
— Vou voltar até onde os irmãos estão e contar que achamos a
entrada — Pike sussurrou.
— Ok. Não vou sair daqui.
— Se vir algum segurança, não atire! Você está sozinho por
enquanto, não se esqueça disso.
Senti vontade de revirar os olhos, mas apenas falei um novo “ok” e
Pike sumiu do meu campo de visão. Continuei de olho nos portões,
tentando enxergar alguma coisa, mas não parecia haver uma única viva
alma por ali. Longos minutos se passaram até eu ouvir passos de novo,
dessa vez, mais rápidos e em maior quantidade. Vi Pike liderando o grupo e
ele fez um gesto que deixava claro que iria direto para os portões. Quando
vi que todos estavam com armas em punho, até mesmo Connor, entendi que
iríamos atacar.
Foi Pike quem empurrou o portão e Bruce quem deu o primeiro tiro,
derrubando dois seguranças que apareceram do nada. A arma do Prez
estava com um silenciador, portanto, o tiro não alertou sobre a nossa
presença, mas logo mais um segurança surgiu bem perto de Christian e ele
precisou atirar. Foi o estopim.
Homens armados surgiram do nada e nós revidamos os tiros,
avançando um pouco mais até a mansão enorme, sem ter ideia do que
encontraríamos de fato dentro daquelas paredes. Perdi a conta de em
quantos seguranças atirei e de quantas balas consegui desviar, até
finalmente invadirmos aquele lugar.
Pike e eu trabalhamos juntos, eliminando os filhos da puta e
percebendo que, ali dentro, parecia haver menos homens do que do lado de
fora. A sala era enorme e com móveis luxuosos, mas não perdemos tempo
ali. Assim que Connor gritou que ele e Ralph iriam atrás de Oliver, nós
focamos em matar o máximo possível, pois era uma questão de “nós ou
eles”. Se não atirássemos para matar, seríamos nós que morreríamos.
Pike e eu atravessamos uma segunda sala e subimos as escadas assim
que vimos dois homens descendo. Dei um tiro na cabeça de um e senti
quando uma bala passou raspando pelo meu braço, causando uma
queimação filha da puta. Xinguei e vi Pike eliminar o outro, pulando em
cima do seu corpo para continuar a subir. No segundo andar, encontramos
um corredor enorme, com muitas portas fechadas. Mais dois homens saíram
de um cômodo nos fundos do corredor e Pike e eu atiramos antes que eles
pudessem tomar a próxima respiração.
— Estou ficando sem munição — falei, avançando junto com Pike.
Ele me passou um novo pente de balas e abriu uma porta,
encontrando um quarto vazio. Aproveitei o momento para guardar o pente e
abrir uma segunda porta. Parei ainda em frente ao batente, tomando um
susto com o que encontrei lá dentro.
— Que porra é essa?
Ouvi um tiro praticamente ao meu lado e só olhei para trás para ver
se Pike ainda estava inteiro. Ele estava e logo parou perto de mim ao lado
da porta, arregalando os olhos ao ver o mesmo que eu estava vendo.
— Puta merda.
Encolhidos nos fundos do quarto apertado e sem qualquer móvel,
estavam três meninos nus. Muito magros e machucados, eles olhavam para
mim e para Pike como se fôssemos dois monstros. Eu não me considerava
um homem sensível, mas ver aqueles três garotos agarrados uns aos outros
quebrou algo no fundo do meu ser.
— Não vamos machucar vocês — garanti, mesmo tendo certeza de
que eles não confiariam em qualquer palavra que saísse da minha boca. —
Eu prometo. Vamos tirar vocês daqui.
Não sabia como faríamos aquilo, muito menos o que aconteceria com
aquelas crianças, mas senti que eu precisava falar aquilo para aqueles
garotos. Precisava passar qualquer esperança para eles. Ouvi Pike
reforçando que não os machucaríamos, mas logo se calou quando ouvimos
passos no corredor.
— Não saiam daqui — pedi para eles e me afastei.
Um homem armado surgiu correndo no corredor e quando apontou a
pistola para mim, Pike meteu um tiro na cabeça dele. O homem caiu para
trás como um saco de batatas, com os miolos se espalhando pelo carpete.
— Não precisa agradecer — Pike disse para mim.
Um novo babaca surgiu, abrindo uma porta do lado esquerdo do
corredor, já com a arma apontada e o dedo no gatilho. Percebi que atiraria
em Pike e fui mais rápido dessa vez, eliminando-o com um tiro no peito.
— Não precisa me agradecer por isso também — falei.
O babaca riu e fechou a porta do cômodo onde os meninos estavam.
— Vamos precisar checar cada quarto daqui de cima. Quero ter
certeza de que eliminamos todos os ratos e salvamos as vidas desses
garotos.
Eu concordei, me preparando para encontrar mais meninos
machucados e assustados dentro daquele lugar.
Christian logo se juntou a mim e a Pike e conseguimos eliminar
todos os capangas de Lincoln que estavam espalhados pelo segundo andar
daquele mausoléu. Apenas quando tivemos a certeza de que a área estava
limpa, conseguimos juntar os meninos que estavam espalhados pelos
cômodos e levá-los para o andar debaixo, onde mais alguns estavam
encolhidos e sentados um ao lado do outro na sala.
Era nítido o medo no olhar de cada um e a raiva nas expressões dos
meninos mais velhos, que abraçavam os mais novos como se quisessem
escondê-los. Não era preciso ser muito inteligente para entender que eles
agiam como um grupo e um tentava proteger o outro. Eu só podia imaginar
o que aqueles meninos já haviam passado nas mãos de Lincoln e de todos
os filhos da puta que frequentavam àquela mansão.
— Vou atrás do Oliver e do meu irmão. Quer ir comigo? — Christian
perguntou ao meu lado, me pegando de surpresa. — Sei que você é um dos
maiores interessados em ver o filho da puta do Xerife ser enviado para o
inferno.
Sim, eu era mesmo, mas não imaginei que Christian se importasse
com isso. Sem palavras, apenas concordei com a cabeça e fui com ele até
onde Lincoln estava. Era uma espécie de sala de tortura e, apesar de gostar
de ver o estrago que Oliver, Connor e Ralph haviam feito com ele, fiquei
chocado ao perceber que o babaca ainda estava vivo. Com dedos faltando,
muito sangue e vômito espalhado pelo seu corpo, mas ainda vivo.
— Puta merda! O que vamos fazer com ele? — perguntei.
Uma parte de mim queria terminar o serviço e matar Lincoln de uma
vez. Aquela vingança também era minha, afinal, aquele desgraçado havia
maltratado durante anos a mulher por quem eu estava apaixonado, mas não
sabia o que mais eu poderia fazer para que o filho da puta sofresse. Ele
parecia estar apenas respirando e não mais sentindo dor alguma. Vivo,
porém, desmaiado no chão, sangrando feito um porco.
Pensei rapidamente em Marie. No fundo, tudo o que eu queria, era
livrá-la logo daquele merda, por isso, corri para perto de Connor quando ele
pediu ajuda para carregar o Xerife. O filho da puta era como um peso
morto, mas Christian e Ralph me ajudaram na missão de tirá-lo daquela sala
e levá-lo escada acima. Na sala, Connor e Oliver pararam ao perceberem os
meninos encolhidos e machucados. Senti alívio quando o Prez deixou bem
claro que levaríamos os garotos conosco para o MC.
Eu sabia que não éramos os mocinhos. Cometíamos crimes,
matávamos filhos da puta e passávamos por cima daqueles que traziam
qualquer risco para o moto-clube, mas não éramos como Lincoln. Não
maltratávamos ou abandonávamos crianças a própria sorte. Poderíamos não
saber o que fazer com aqueles garotos, mas com certeza não daríamos a eles
o mesmo futuro que Lincoln daria, mantendo-os presos naquele lugar.
Após a breve conversa com o Prez, seguimos com o peso morto que
era o Xerife para fora da mansão. Passamos pelos portões de ferro e
voltamos a ouvir a voz de Connor quando entramos na floresta:
— Acredito que quando vazar a informação de que a mansão foi
invadida, os poderosos vão mexer seus pauzinhos para que ninguém venha
investigar nada, portanto, acho que não tem problema se o deixarmos aqui.
— Aqui? Tipo, apenas jogar o corpo dele e ir embora? — Ralph
perguntou.
— E ele ainda está vivo. Querem que eu dê um tiro nele? —
perguntei. — Estou louco para fazer isso e ir contar para Rachel Marie que
ela está livre. A propósito, pode deixar que vou cuidar muito bem dela —
falei em direção ao merda do Xerife, que sequer resmungou.
Não sabia se ele havia ouvido e se apenas não se importava, mas
caguei para aquilo. Tudo o que eu queria, era que aquele filho da puta
parasse de respirar de uma vez por todas e que Marie ficasse livre.
— Pode deixá-lo aí — Connor apontou para o chão. — Vivo, por
favor.
— O que pretende fazer, Connor? — Christian perguntou, enquanto
largávamos o corpo de Lincoln no chão como se fosse um saco de lixo.
— Vocês vão ver. Alguém pode segurar a lanterna para mim?
Eu fiz o que Connor pediu e o segui junto com Oliver até uma árvore.
Só naquele momento percebi que os dois carregavam uma pá e fiquei
boquiaberto quando começaram a cavar. Às minhas costas, Ralph
perguntou:
— Porra, vocês não vão fazer o que estou pensando, certo? Vão
enterrá-lo vivo?
Connor e Oliver não responderam, mas a pergunta de Ralph pareceu
ter acordado o filho da puta do Xerife, pois ele começou a resmungar e
implorar para que não fizessem aquilo. Sem paciência, deixei a lanterna
apontada para onde Oliver e Connor cavavam e fui até Lincoln, chutando a
sua cara. Ele gemeu mais alto e se encolheu em uma bola.
— Cala a boca, porra! — Agachei-me e o puxei pelos cabelos,
sentindo a mistura de suor e sangue em seus fios. Estava escuro demais,
ainda assim, fiz de tudo para olhar bem para a cara deformada daquele
desgraçado. — Hoje você vai pagar por tudo de ruim que já fez nessa vida,
tanto contra Oliver, contra aqueles meninos lá dentro e contra Rachel Marie.
— O que... O que a minha esposa tem... a ver com... isso?
— Ela não é sua esposa! — Falei entredentes, fincando minhas unhas
em seu couro cabeludo. Lincoln ofegou e cuspiu sangue, murmurando algo
incompreensível. — Você nunca foi um marido de verdade para ela e sabe
disso! Mas não se preocupe... Assim que enviarmos você para o colo do
capeta, Marie vai ter ao seu lado um homem de verdade, que vai tratá-la da
forma como ela merece.
Eu não sabia se Lincoln estava ouvindo ou não, mas não me
importava. Tudo que eu queria, era me livrar logo do peso morto que ele era
e esquecer que, um dia, aquele filho da puta já havia cruzado o meu
caminho ou o caminho de Marie.
Marie
Eu não deveria, mas, depois de quase vinte e quatro horas sem ter
qualquer notícia de Drew, liguei para ele. A ligação caiu direto na caixa
postal, afundando o meu coração no peito. Ele havia me enviado uma
mensagem na tarde seguinte, pedindo para que eu não saísse de casa em
hipótese alguma, pois o MC estava atrás de Lincoln. Eu não sabia ao certo o
que isso significava, mas o medo que eu senti era muito real.
E se algo acontecesse com Drew? Ou com um dos membros do
moto-clube? E se Lincoln descobrisse que estava sendo perseguido e
acionasse seus amigos policiais? Minha cabeça girava com todas as
possibilidades e o medo só alimentava a minha angústia e o nervosismo.
Fui novamente até a janela da minha sala de jantar e espiei a rua. Já
havia anoitecido e não vi qualquer sinal da moto de Drew ou do carro de
Lincoln. Já não sabia mais o que pensar. O moto-clube havia capturado
Lincoln? Ou o contrário havia acontecido?
No meio de toda aquela história, não me surpreendi por estar do lado
daqueles que agiam contra a lei. Lincoln era um Xerife respeitado, mas eu
sabia quem ele era de verdade. Poderia ser mantida de fora da sua vida e
não saber o que ele fazia quando saía de casa, mas sabia muito bem o que
eu vivia com ele dentro daquelas paredes. Portanto, não iria me opor ao que
o moto-clube quisesse fazer com ele.
Foi apenas no começo daquela madrugada, quando eu já estava
vestida com um pijama e preparada para passar mais uma noite em claro no
sofá, que ouvi duas batidas na porta da minha casa. Quase tropecei
enquanto corria pela sala e atravessava o hall, sentindo o meu coração
prestes a sair pela boca quando vi que era Drew pelo olho mágico.
Assim que abri a porta, ele me agarrou, segurando-me pela nuca e
dando um beijo em minha boca que me fez perder o pouco fôlego que eu
ainda tinha em meus pulmões. Consegui bater a porta antes que o
motoqueiro me encostasse contra a parede e afundasse a língua entre os
meus lábios.
O beijo serviu para que eu conseguisse acalmar, pelo menos um
pouco, o meu coração. Drew estava bem ali, vivo, engolindo a minha boca e
pressionando o corpo enorme contra o meu. Nada de ruim havia acontecido
com ele. No fundo, isso era tudo o que importava para mim. Derreti-me em
seus braços e retribuí o beijo, gemendo baixinho quando ele mordiscou o
meu lábio inferior e pressionou o início da ereção em minha barriga.
— Drew... — Seu nome saiu como um novo gemido do fundo da
minha garganta, mas logo procurei agir de forma racional quando abri os
olhos e dei de cara com ele. Fiquei assustada quando percebi que havia um
curativo em seu braço, bem perto do ombro. — Meu Deus! O que foi isso?
— Toquei de leve, sentindo meus dedos trêmulos e ficando nervosa com o
seu silêncio. — Drew, fale alguma coisa! Quer me matar do coração?!
— Ele nunca mais vai tocar em você.
Foi tudo o que saiu daquela boca bonita e úmida pelo nosso beijo.
Minha mente deu um nó, tentando processar a informação.
— O quê? Ele quem?
— Lincoln. — Os dedos de Drew tocaram meu rosto, afastando os
fios do meu cabelo para longe da minha bochecha. Aquele sorrisinho de
lado em sua boca me deixou com as pernas bambas e o coração acelerado.
— Aquele filho da puta nunca mais vai tocar em você, Marie, porque ele
está morto. — Minha boca caiu aberta e minhas pernas realmente perderam
a força. Drew precisou me segurar pela cintura enquanto reafirmava: —
Lincoln está morto.
Minutos se passaram. Soube disso porque Drew, de alguma forma,
conseguiu me pegar em seus braços, se sentar comigo no sofá e me abraçar
bem forte, enquanto o choque causava o seu efeito em minha cabeça e em
meu corpo. Sentia meus músculos estremecerem enquanto Drew acariciava
as minhas costas, em silêncio, deixando que eu processasse aquela
informação.
Eu sabia que o moto-clube queria matar Lincoln. E eu sentia que, em
algum momento, eles conseguiriam fazer aquilo, mas agora que tinha
acontecido, eu não sabia como reagir. Parte de mim estava assustada e a
outra estava aliviada. Eu não sabia como lidar com nenhuma das duas
emoções.
— Como... Como vocês conseguiram...
— Não vou te dar os detalhes de como ele morreu, apenas tenha em
mente que aquele crápula mereceu cada surra que levou até o seu coração
parar de bater — Drew disse bem sério, tomando meu rosto em suas mãos e
olhando em meus olhos arregalados. — Lincoln era um monstro ainda pior
do que imaginávamos, Marie. Ele fazia coisas... Coisas horríveis com
meninos.
— Com... meninos? — Tentei me levantar do colo de Drew, mas ele
não deixou, passando um braço forte pela minha cintura. — O que quer
dizer? Que meninos são esses?
Havia uma espécie de temor nos olhos de Drew que eu nunca tinha
visto até então. E raiva, também. Uma raiva que não havia passado nem
mesmo com o fato de Lincoln estar morto. Ele começou a me contar tudo o
que sabia e eu senti um bolo se formando em meu estômago a cada palavra
que saía da sua boca. Uma mansão no meio da floresta, meninos
machucados e usados como escravos sexuais, pessoas ricas e influentes
participando de tudo. Lincoln como o chefe e o antigo pastor da igreja de
Piece of Sky como amante do meu marido antes de nos casarmos.
Nem mesmo Drew conseguiu me segurar quando o empurrei e saí
correndo em direção ao banheiro. Tudo o que eu havia ingerido durante o
dia foi parar no vaso sanitário. A onda de horror que eu sentia era tão forte,
que temi desmaiar quando parei de vomitar, minha mente jogando de um
lado para o outro as informações que Drew havia acabado de me contar.
— Marie. — Drew estava atrás de mim, segurando o meu cabelo e
me puxando de encontro ao seu peito. De alguma forma, ele conseguiu
acionar a descarga e fechar a tampa do vaso antes de me abraçar por trás. —
Sinto muito. Eu realmente sinto muito por tudo isso, meu bem.
Lágrimas invadiram os meus olhos conforme Drew me abraçava
mais apertado. Eu queria poder dizer a ele que não acreditava em nada do
que tinha acabado de falar, que Lincoln era sim um homem agressivo e
rude, mas não era cruel daquele jeito. Ele não era um monstro que estuprava
e torturava meninos. No entanto, bem no fundo, eu sabia que Drew não
estava mentindo.
Sempre desconfiei de que a maldade de Lincoln não tinha limites,
mas fui omissa demais. Nunca quis olhar mais a fundo dentro do ser odioso
que ele era, pois tinha medo do que iria encontrar. Ser mantida na
ignorância durante todos aqueles anos, foi o modo que encontrei para
sobreviver ao lado daquele homem, com quem eu precisei dividir anos da
minha vida.
— Tem certeza de que ele... sofreu o suficiente antes de morrer? —
perguntei baixinho de encontro ao peito de Drew, soluçando em meio ao
choro. Meu peito doía, mas não por estar decepcionada. Doía de ódio.
Ódio de mim mesma, por não ter tido coragem de dar um basta
naquele casamento. Ódio dos meus pais, por terem me entregado em uma
bandeja de prata nas mãos daquele monstro. Ódio de Lincoln por não ter
machucado apenas a mim, mas a tantas outras pessoas. Crianças. Meninos
que mereciam ser protegidos de homens como ele.
— Ele foi enterrado vivo. — Drew soltou a bomba e eu arregalei os
olhos, precisando me afastar do seu peito para poder olhar para ele. Vi em
sua expressão que não estava mentindo. — Isso é sofrimento suficiente para
você?
Eu só pude concordar com a cabeça, enquanto me dava conta de que
o mundo de Drew — e de Lincoln — era completamente diferente do que
eu conhecia. A violência era extrema e o ódio, também. Ainda assim, eu
não me arrependia por estar nos braços de Drew agora. Não me arrependia
por estar aliviada por Lincoln ter sofrido tanto antes de dar o seu último
suspiro e desparecer para sempre da minha vida.
— E as crianças? O que aconteceu com elas?
— Estão todas no MC. Algumas estão bem debilitadas e precisaram
ficar no soro, outras tinham os braços quebrados, mas a maioria tem apenas
machucados superficiais e estão desnutridas. — Fechei os olhos ao ouvir
aquilo e Drew tocou em meus cabelos. — Eu sei que você não estava
preparada para ouvir algo assim, Marie...
— Não, eu realmente não estava. — Voltei a abrir os olhos, me
sentindo pegajosa por conta do suor frio que cobria o meu corpo e as
lágrimas que ainda escorriam pelas minhas bochechas. — Mas quem está
preparado para ouvir tudo isso? Nenhuma mulher, por mais consciente que
seja sobre o tipo de marido que tem em casa, está preparada para descobrir
que ele não machuca apenas ela. Eu trocaria de lugar com todos aqueles
meninos, Drew. Eu suportaria tudo por eles, para que o ódio de Lincoln
fosse dirigido apenas para mim. Não consigo aceitar que ele cometeu tanta
crueldade contra crianças. Sinto nojo de mim mesma por ter dormido e
acordado ao lado dele todos esses anos, por ter deixado que ele tocasse em
meu corpo... Se eu ao menos suspeitasse do que ele era capaz, acho que eu
mesma o teria matado.
— Eu acredito em você, sei que não suspeitava de nada, Marie.
Ninguém no MC acredita que você desconfiava de alguma coisa.
Apesar de ter concordado com a cabeça ao ouvir aquilo, eu não me
sentia aliviada, pois deveria ter desconfiado, apesar de ter certeza de que
Lincoln não havia deixado qualquer brecha para que eu suspeitasse de
alguma coisa. Ele sabia muito bem como esconder os crimes que cometia,
afinal, sempre agiu como um marido exemplar quando estávamos em
público na nossa antiga cidade. Da mesma forma que as pessoas não
desconfiavam que ele era um agressor, eu também não desconfiava que ele
era um pedófilo que torturava menininhos.
— O que vai acontecer agora, Drew? Vocês não têm medo de que a
polícia descubra que foi o moto-clube que o matou?
— A gente acredita que isso não vai acontecer. Fomos cuidadosos,
Marie. Destruímos o carro de Lincoln, queimamos seus documentos e
celulares. A localização da mansão é afastada e, pelo que sabemos, homens
influentes participavam das atrocidades que aconteciam lá. Assim que
souberem que Lincoln desapareceu, eles serão os primeiros a tentar abafar o
caso.
— Meu Deus... — Passei as mãos pelo cabelo, exasperada. — Parte
de mim queria ser mantida na ignorância, sabe? Eu preferia não ter
descoberto nada disso.
— Eu imagino que sim, mas você precisava saber, Marie. Precisava
conhecer, de fato, quem era aquele filho da puta.
— Eu sei disso e agradeço por você ter me contado — falei, tocando
em seu rosto com meus dedos trêmulos. — E agora que eu sei sobre tudo
isso, quero ajudar de alguma forma, principalmente em relação aos
meninos.
— Por que isso não me surpreende? — Drew sorriu, fazendo o meu
coração disparar por um motivo completamente diferente. — Vou conversar
com Bruce, o nosso Presidente, sobre isso, ok? Agora que Lincoln está
morto, não acredito que ele ou qualquer membro do MC vai ter alguma
objeção sobre nós dois.
— Será?
Eu não acreditava muito naquilo. De alguma forma, eu sentia que a
sombra de Lincoln sempre estaria sobre mim. Drew apenas concordou com
a cabeça e me ajudou a levantar do chão. Ele me deu alguns minutos
sozinha para que eu pudesse escovar os dentes e tirar o gosto de azedo da
boca, depois me acompanhou até a sala. Seu celular estava em meu sofá e
nós dois vimos quando ele recebeu uma nova mensagem.
— Preciso voltar para o moto-clube — disse ele depois de pegar o
aparelho. — Vamos manter contato por mensagem, ok? A polícia deve vir
te interrogar quando souberem do desaparecimento de Lincoln. É só você
dizer que não sabe de nada. Que ele saiu para trabalhar na quinta-feira e que
não voltou para casa.
— Claro, não vou falar nada além disso.
Drew se aproximou de mim e me puxou de encontro ao seu corpo
com as mãos em minha cintura, encostando a testa na minha.
— Prometo que nada mais vai ficar entre nós dois, Marie. Em breve,
vamos poder gritar para todo mundo que você é minha.
Apesar de tudo o que eu havia descoberto na última hora, consegui
sorrir.
— Estou ansiosa para isso.
Tirei os meus fones de ouvido assim que terminei a minha série de
exercícios. Estava fazendo de tudo para distrair a minha mente dos últimos
acontecimentos, principalmente depois de saber que a polícia já havia
batido na porta de Marie dias atrás, querendo que ela contasse sobre os
últimos momentos que passou ao lado de Lincoln. A investigação agora
consistia em tentar reconstituir os últimos passos do filho da puta, para
tentar encontrar o seu paradeiro.
Por conta da visita da polícia à casa de Marie, achei melhor ficar um
pouco afastado dela e esperar a poeira abaixar. Não estava sendo fácil
aguentar a distância, por isso, descontar a frustração no saco de pancadas e
nas abominais estava sendo providencial.
Fui direto para o meu quarto tomar um banho e desci minutos depois,
passando rapidamente na cozinha para pegar alguma coisa para comer. As
docinhos estavam entretidas enquanto preparavam um lanche para os
meninos, que até então se recusavam a sair do quarto e ter qualquer contato
com os irmãos. Roubei um sanduíche e uma lata de Coca-Cola e dei de cara
com Damon assim que saí da cozinha. Seu olhar analítico encontrou o meu.
— Por que eu estou com a impressão de que você está fugindo de
mim, Drew?
— Porque você é neurótico — respondi, dando uma mordida no
sanduíche. Meu irmão cerrou os olhos.
— Neurótico é o caralho. O que está acontecendo?
Eu não estava fugindo de Damon, apenas não queria conversar com
ele, pois sabia que não me apoiaria em relação a Marie. Não brigamos mais
desde aquela última vez, mas isso não queria dizer que meu irmão estava do
meu lado.
— Não está acontecendo nada. — Dei de ombros, terminando de
devorar o sanduíche e passando pelo meu irmão.
Precisava descobrir uma forma de conversar com o Prez sobre mim e
Marie. Eu não precisava da aprovação de Damon, mas precisava da de
Bruce se quisesse que Marie entrasse pela porta do MC ao meu lado.
— Você está assim por causa da tal Rachel Marie, não é? Por que
você simplesmente não esquece essa mulher?
— Vou fingir que não ouvi isso, Damon — respondi, entrando no bar.
Percebi de relance que Connor e Oliver estavam ali, mas não parei para
falar com eles.
— Estou falando para o seu bem, Drew! A polícia ainda está à
procura de Lincoln, se os virem juntos, podem ligar o desaparecimento dele
ao MC!
— Então, não, você não está falando isso para o meu bem! — Virei-
me para Damon, deixando a lata de Coca sobre uma mesa e cruzando os
braços. — Está pensando mais no moto-clube do que em mim.
— Claro que não!
Prendi um palavrão, sentindo a irritação voltar com tudo enquanto
encarava o meu irmão. Decidi encerrar aquela conversa por ali.
— Não vou mais falar sobre isso com você.
Virei-me em direção à porta do bar, já tirando a chave da moto do
meu bolso, enquanto ouvia Damon xingar e vir atrás de mim.
— Drew, volta aqui! Nós ainda não terminamos essa conversa!
— Vai à merda, Damon!
— O quê? Seu filho da puta, vem aqui! — Ele me puxou pelo ombro
quando comecei a descer os degraus de madeira que me levariam à calçada.
— Pare de agir feito uma criança, Drew!
— Para você de me tratar como se eu fosse uma criança, porra! —
Xinguei, desvencilhando-me do seu aperto em meu ombro. — Que tipo de
perigo Marie pode oferecer ao MC agora que aquele filho da puta não está
mais respirando?
— Fala baixo! — Damon mandou entredentes, se aproximando de
mim. — Não ouviu o que eu disse? Qualquer envolvimento entre vocês dois
pode despertar a suspeita da polícia!
— E daí? Eles com certeza já suspeitam do MC, Damon! Marie e eu
estarmos juntos não vai dar a eles a prova de que precisam para prender
qualquer um de nós e você sabe disso!
— Posso saber que porra de gritaria é essa em frente ao meu moto-
clube?
Bruce surgiu do nada com Christian e Ralph ao seu lado, vindos da
oficina. Eu respirei fundo, tomando uma decisão. Se queria abrir o jogo
com o Prez, aquele, provavelmente, era o melhor momento. Nunca fui do
tipo que enrolava quando precisava resolver alguma situação e passar todos
aqueles dias longe de Marie, sem poder me certificar pessoalmente de como
ela estava após descobrir tudo sobre Lincoln, estava me matando.
— Não está acontecendo nada, Bruce. Só estou tentando abrir a
cabeça da porra do meu irmão! — Damon grunhiu ao meu lado, mas eu o
ignorei.
— Prez, você já sabe que eu e Marie estamos juntos...
— Para falar a verdade, eu não sei. — Bruce disse, passando o
polegar pelo queixo e estreitando os olhos. — Em nenhum momento você
me comunicou que estava com ela, Drew.
Parei por um segundo, me dando conta de que aquilo era verdade.
Bruce sabia apenas do meu interesse por Marie e não que ela e eu
estávamos juntos.
— Nós oficializamos tudo antes de Lincoln... Você sabe — falei,
olhando a nossa volta.
Conversar sobre aquilo em frente ao MC não era o lugar ideal e acho
que Bruce pensava o mesmo, pois apontou para o bar e fez com que todos
nós entrássemos. Connor e Oliver já não estavam mais por ali, mas algumas
docinhos andavam para lá e para cá, dando olhares curiosos para todos nós.
— Então, você se tornou amante dela — Bruce concluiu e eu cerrei a
mandíbula.
— Não. Aquele casamento era apenas uma fachada, Prez! Lincoln
usava Marie para fingir que era um homem íntegro, todos nós aqui sabemos
disso.
— Ele era um filho da puta — Christian praticamente cuspiu. — Mas
o que Damon disse é verdade, Drew. Vocês dois juntos pode levantar
alguma suspeita da polícia.
— E que crime contra Lincoln eles vão ter cometido? — Ralph
questionou. — Vai fazer uma semana que esse filho da puta desapareceu, a
polícia não vai encontrar nada de concreto que possa nos incriminar.
Deixem Drew viver a vida dele em paz com a esposa do Xerife.
— Ela não é mais esposa dele — alertei e Ralph riu.
— Verdade. O babaca está morto e você — Ralph apontou para
Damon. — Só está dando motivos para que o seu irmão se afaste ainda mais
com toda essa palhaçada. Eu conheci a Marie e posso falar que ela parece
ser uma mulher muito tranquila, apesar de tímida e de morrer de medo da
gente.
— Por que ela teria medo da gente? — Damon perguntou.
— Quer mesmo que eu comece a enumerar os motivos, babaca? —
Ralph questionou e Damon revirou os olhos.
— Só não quero que Drew corra nenhum tipo de risco. — Damon
voltou a apertar o meu ombro e senti que sua raiva havia diminuído
consideravelmente. — Ao contrário do que pensa, para mim, você está em
primeiro lugar. Tem certeza de que quer mesmo viver um relacionamento
com essa mulher? Tem certeza do que sente por ela?
— Claro que eu tenho certeza! Antes, eu realmente achava que era só
desejo, mas agora eu sei que não é. Preciso que você confie em mim,
Damon!
Meu irmão me encarou por alguns segundos. Era como se ele não
soubesse o que fazer comigo, já que com certeza não poderia me obrigar a
ficar longe de Marie por mais tempo. Por fim, ele suspirou e concordou de
leve com a cabeça.
— Eu confio em você, irmão.
Eu quase sorri. Aquilo era tudo o que eu precisava ouvir de Damon.
À minha frente, Bruce voltou a passar o dedo pelo queixo e me analisou
mais abertamente.
— Preciso que seja claro comigo sobre o que pretende fazer, Drew.
Quer assumir um relacionamento com essa mulher e colocá-la aqui dentro?
— Se você permitir, sim, Prez.
— E se eu não permitir?
Olhei para Bruce, então para Christian, Ralph e Damon. Eu sabia que
as minhas próximas palavras poderiam chocá-los, mas jamais mentiria para
o Prez.
— Então, eu vou ter que deixar o meu colete e seguir o meu caminho
longe do moto-clube.
— Como é que é? — Damon gritou, me fazendo estremecer. Ele
tomou a minha frente e segurou o meu rosto com as duas mãos, olhando-me
como se quisesse bater com a minha cabeça na parede. — Você tá ficando
maluco, porra?! Quer desistir do moto-clube por causa de uma mulher?
— Você também escolheu a Madison acima do moto-clube —
respondi, segurando os pulsos largos do meu irmão. — E antes que diga que
a situação era diferente, eu preciso dizer que concordo. Realmente, era uma
situação diferente, mas o meu sentimento pela Marie se tornou tão profundo
quanto o seu pela Maddy. Então, antes que me dê um soco, se coloca no
meu lugar agora, Damon. Se você tivesse que escolher entre o MC e a
Madison, o que faria?
As sobrancelhas do meu irmão estavam tão franzidas, que pareciam
prestes a se unir em uma só. Eu podia sentir o meu coração pulsar em meus
ouvidos e as mãos de Damon tremerem ao redor do meu rosto conforme
esperava pela sua resposta. E eu sabia qual era a sua resposta, só não tinha
certeza se ele havia conseguido entender a profundidade dos meus
sentimentos por Marie.
— Você sabe que eu escolheria a Maddy — disse entredentes,
apertando o meu rosto. — Mas você é meu irmão! Se Bruce não permitir
que Marie esteja entre nós, eu vou perder você! E eu não posso te perder,
Drew!
Minha garganta ficou apertada quando finalmente entendi o que
aquele sentimento nos olhos de Damon significava. Meu irmão estava com
medo e eu nunca me senti tão amado antes.
— Você não vai me perder — garanti, puxando-o para um abraço
bem forte. — Mesmo se eu tiver que sair do MC, sempre estarei por perto
e...
— Cala a boca! — Damon mandou, dando um soquinho em minhas
costas. — Não quero ouvir essa merda, entendeu? Não quero pensar nisso.
— Mas isso pode acontecer, Damon. E se acontecer...
— Parem com esse dramalhão vocês dois! — Bruce ordenou e
Damon parou de me apertar, dando um passo para o lado. Seu braço
permaneceu sobre o meu ombro, me mantendo perto do seu corpo. —
Estava lendo esses dias que a ansiedade é o mal do século e agora eu vi que
é verdade. Vocês estão se lamentando por algo que nem sabem se vai
acontecer ou não!
— Podia ter deixado eles continuarem, Prez. Eu estava ficando
emocionado com todo esse amor entre os irmãos — Ralph murmurou e
Christian riu.
— Bruce, nunca pensei que justo eu estaria aqui te pedindo isso, mas,
por esse moleque, eu faço qualquer coisa — Damon sacudiu meu cabelo,
me irritando. — Deixa ele ficar com a esposa do Xerife, pelo amor de Deus.
— Ela não é mais esposa dele! Que merda, Damon! — Empurrei
meu irmão, ouvindo a risada de Ralph.
— Antes de eu dar qualquer resposta definitiva, quero conhecê-la
pessoalmente — Bruce disse e eu soltei o ar que nem sabia que estava
prendendo. — Traga-a aqui na semana que vem, Drew.
— Claro, Prez! Com certeza! — Talvez eu não tenha conseguido
esconder a minha euforia.
— Ótimo. Agora parem de chorar como dois menininhos órfãos e
vão caçar o que fazer.
— Mas eles são órfãos, Prez — Ralph lembrou.
— Vai arrumar algo para fazer também, Ralph!
Bruce saiu junto com Christian e Damon me puxou para um novo
abraço antes de me dar um tapa dolorido na nuca.
— Porra, Damon!
— Isso é para você aprender a nunca mais ameaçar que vai deixar o
moto-clube. Eu costuro a porra desse colete no seu corpo se você falar essa
merda de novo, entendeu? — Eu concordei com a cabeça, me sentindo um
garoto tomando um sermão do pai. — Acho bom ter entendido. Agora eu
preciso de uma bebida.
Damon passou por mim e por Ralph, já gritando para que Jeff o
servisse uma dose dupla de uísque. Ao meu lado, o Secretário riu.
— Damon só tem pose de durão, puta merda. — Ralph cruzou os
braços e me encarou. — Está esperando o que para ir comunicar a Marie
que ela tem um compromisso na próxima semana?
— Vou falar com ela agora mesmo.
Deixei Ralph para trás e fui correndo para pegar a minha moto e ir
contar tudo para Marie.
Olhei-me no espelho e soltei um suspiro de desespero enquanto
arrancava o vestido do meu corpo. Era o quarto que eu vestia nos últimos
dez minutos. Não fazia a menor ideia de que roupa poderia usar para ir até
um bar de motoqueiros, mas com certeza aqueles vestidos de dona de casa
recatada não eram os ideais.
Voltei para o closet e analisei as minhas roupas. As de Lincoln eu já
havia separado e colocado em caixas de papelão para poder doar em breve,
só estava esperando que a polícia o desse como morto. Nos últimos dias,
tive que aguentar visitas constantes das autoridades em minha casa,
inclusive de policiais de Piece of Sky, que haviam se oferecido para ajudar
nas buscas. Precisei declinar ligações e mensagens da imprensa, que queria
que eu desse uma declaração oficial, e quis sumir a cada ligação que recebia
da minha mãe.
Em uma delas, quando não vi outra saída a não ser atender, ela
deixou bem claro que estava prestes a arrumar as suas malas e viajar para
San Martínez, para, segundo as suas próprias palavras, “ficar ao meu lado
nesse momento tão difícil”. Precisei listar uma série de motivos para negar
a sua ajuda, mas foi só citar a incapacidade do meu pai de viver sozinho
como um adulto independente, que minha mãe sossegou.
Sem ela ao seu lado, eu acreditava que meu pai não conseguiria nem
mesmo achar as suas próprias cuecas. Os dois ainda viviam presos no
século passado, onde a mulher fazia tudo dentro de casa e o homem apenas
entrava com o dinheiro. Nunca pensei que em algum momento essa
dinâmica deles me ajudaria em alguma coisa, mas estava enganada.
Bem escondida dentro do closet, vi uma calça jeans que eu havia
comprado há quase dois anos. Era a única que eu tinha, pois Lincoln dizia
que uma mulher de verdade usava apenas vestidos e não calças. Havia
comprado a peça escondida dele, mas nunca tive a oportunidade de usar,
pois sempre saíamos juntos. Senti minhas mãos tremerem enquanto pegava
a calça, com uma onda de insegurança me deixando arrepiada.
E se não coubesse em mim? E se eu ficasse ridícula usando aquilo? A
peça era justa e eu tinha quadris largos demais. Nem ao menos sabia se
tinha uma blusa para combinar com ela.
— Não vou usar isso — decidi, jogando a calça no chão, mas sem ter
coragem de tirar os meus olhos de cima dela.
Foi o barulho da campainha que me tirou do torpor. Fiquei assustada
ao olhar no relógio na tela do meu celular e me dar conta de que estava
atrasada. Joguei um roupão sobre o meu corpo e saí correndo até a porta da
minha casa, abrindo-a depois de me certificar que era Drew quem estava do
outro lado. Ele entrou e arqueou uma sobrancelha ao ver como eu estava
vestida.
— Desculpa, vou só terminar de me vestir!
Passei correndo por ele, me sentindo uma adolescente idiota que não
sabia agir depois de receber um convite para um primeiro encontro. Na
verdade, aquele convite de Drew era ainda pior do que um primeiro
encontro amoroso. Eu estava prestes a conhecer todos os membros de um
dos moto-clubes mais perigosos dos Estados Unidos. Pensar nisso só me
deixou mais nervosa. Entrei em meu closet e soltei um gritinho ao me virar
e perceber que Drew havia me acompanhado até ali. Ele sorriu de lado.
— Se quiser, posso te esperar lá fora.
Uma parte de mim queria, pois eu não gostaria que ele visse que eu
estava insegura sobre o que vestir, mas a outra parte, a maior e que estava
cheia de saudades dele, só queria que o motoqueiro bonito permanecesse
exatamente onde estava.
— Pode ficar — falei, tirando o roupão. Drew soltou um assobio e
me olhou de cima a baixo, me deixando com um frio na barriga. — Para
com isso — pedi, sentindo minhas bochechas pegarem fogo.
Drew entrou em meu closet e pulou a calça jeans jogada no chão, me
alcançado em menos de um segundo. Suas mãos tocaram a minha cintura e
eu perdi o fôlego quando ele me puxou para si, colando o corpo no meu.
— Não pode me pedir para ficar indiferente a você, Marie.
Principalmente quando está usando apenas calcinha e sutiã. — Seus lábios
tocaram o meu ombro direito, bem em cima da alça da lingerie, e trilharam
um caminho até o meu pescoço. — Estou morrendo de saudade.
Eu também estava. A saudade era tão grande, que às vezes o meu
peito doía, mesmo quando eu falava com Drew por mensagem. Nunca me
senti daquele jeito e parte de mim ainda achava que tudo aquilo entre nós
dois era uma loucura. Drew era um homem jovem e eu, agora, era viúva.
Apesar de ter sido casada por tantos anos, eu não tinha muita experiência
em relacionamentos e a intensidade com a qual Drew me afetava me
deixava assustada. E excitada. E com muita vontade de me entregar a ele
sem pensar nas consequências.
— Drew...
Gemi baixinho quando ele me empurrou contra uma das prateleiras
do closet e tomou o lóbulo da minha orelha em sua boca. Suas mãos
subiram pela lateral do meu corpo até tocarem a meia taça do meu sutiã de
renda. Precisei morder o lábio para não gemer de novo e tentar encontrar
uma forma de colocar para fora o que eu estava sentindo. Tomei seu rosto
em minha mão e o afastei um pouco quando ele se inclinou em minha
direção, prestes a me beijar. Suas sobrancelhas se franziram em dúvida
quando percebeu a minha recusa.
— O que houve?
— Eu preciso falar uma coisa — murmurei, sentindo suas mãos
descerem de volta para a minha cintura. — Sei que aceitei ir com você até o
moto-clube hoje, mas, antes de ir até lá, preciso ter certeza do que significa
tudo isso que está acontecendo entre nós dois.
— Achei que você soubesse o que tudo isso significa.
Desci minhas mãos do seu rosto e toquei em seu peitoral firme,
conseguindo sentir o batimento acelerado do seu coração.
— Eu só quero ter certeza do que sentimos um pelo outro. Não quero
soar tão insegura, mas eu tenho medo de que tudo isso seja apenas desejo
para você, enquanto para mim está se tornando algo maior. Você é jovem,
Drew, tem uma vida inteira pela frente, enquanto eu sou...
— Você é a mulher por quem eu estou apaixonado, Marie. — Ele me
cortou. Não só as minhas palavras, mas o meu fôlego também. — Eu não
me importo se é alguns anos mais velha do que eu, se já foi casada com um
inimigo do meu moto-clube, nem com nada disso. Só me importo com
quem você é e eu sei quem você é.
— Sabe?
Nem eu mesma sabia quem eu era. Até pouco tempo atrás, eu era só
uma marionete nas mãos dos meus pais e depois nas mãos de Lincoln.
Nunca fui uma pessoa de verdade, com voz para dizer o que pensava ou o
poder de fazer suas próprias escolhas, mas Drew parecia não enxergar isso
quando me via.
— Sim, eu sei. Você é altruísta e corajosa.
— Corajosa? — Eu precisei rir, mas Drew não me acompanhou. —
Acho que eu sou a pessoa mais covarde que conheço, Drew.
— Não. Lincoln era covarde. Ele usava do poder que tinha para
subjugar você e todas as pessoas que queria, inclusive crianças. Você é
corajosa, Marie. Mesmo casada com ele, se permitiu me conhecer, ficou
comigo. Ainda está comigo e aceitou conhecer o meu moto-clube, mesmo
sabendo que não estamos do lado da lei. Como pode dizer que não é uma
pessoa corajosa?
Eu respirei fundo, impactada com as suas palavras. Não sabia dizer
se eu era corajosa ou apenas uma mulher impulsiva, mas preferi, mais uma
vez, acreditar nas palavras de Drew e aceitar a forma como ele me via. Ele
ainda era a primeira pessoa que parecia enxergar algo além do que eu via
quando me olhava no espelho. Senti seu polegar em minha bochecha,
recolhendo uma lágrima que eu nem senti cair.
— Gosto da forma como você me vê quando olha para mim —
sussurrei, voltando a subir minhas mãos pelo seu peitoral até o seu pescoço
largo e tatuado. — Eu estou apaixonada por você, Drew, e quero não apenas
conhecer o seu moto-clube. Eu quero você. Eu nunca tive o direito de
querer nada, nunca tive o poder de escolha, mas agora eu quero e escolho
você.
Um sorriso bonito se abriu em seus lábios, fazendo meu coração
disparar. Aquele brilho em seus olhos aqueceu o meu peito. Foi a primeira
vez que vi, refletido no olhar de outra pessoa, os mesmos sentimentos que
explodiam dentro de mim.
— Eu também quero e escolho você. — Drew repetiu as minhas
palavras, finalmente encostando os lábios nos meus.
Não sei se fui eu que tirei o seu colete primeiro ou se foi ele quem
desabotoou o sutiã em minhas costas. Só tive real consciência do que
estávamos fazendo, quando Drew ergueu a minha coxa e passou a cabeça
larga do seu pau pela minha boceta, pincelando-a antes de começar a me
penetrar. Gemi abafado em sua boca com a pressão que me invadiu, a
sensação gostosa de me sentir totalmente preenchida quando ele foi até o
fundo e parou.
Drew parou dentro de mim, literalmente. Sua língua na minha boca,
seu pau dentro da minha boceta e o seu coração dentro do meu.
Eu não conseguia acreditar que tinha vivido até aquele momento sem
saber como era ser verdadeiramente amada daquele jeito. Venerada. Era
sempre assim que eu me sentia desde o primeiro momento que Drew olhou
em meus olhos.
Era por isso que eu sabia que ele estava sendo verdadeiro ao dizer
que estava apaixonado por mim. Não havia qualquer brilho dissimulado em
seu olhar ou mentira em seu toque. E a forma como ele me enlouquecia...
Era como se minha alma tivesse encontrado a pecinha que faltava em meu
interior.
Drew começou a mover o quadril lentamente, roçando a cabeça
gorda do seu pau em cada terminação nervosa dentro da minha vagina e o
osso púbico em meu clitóris. Eu sabia que estávamos mais do que atrasados
para o compromisso no moto-clube, mas não o impedi de continuar, apenas
gemi e me entreguei, matando a saudade que estava sentindo do seu cheiro,
do calor do seu corpo, da sua pele na minha e do seu pau dentro de mim.
— Hoje eu vou te comer assim, devagar — sussurrou de encontro a
minha boca enquanto beliscava o meu mamilo e erguia um pouco mais a
minha coxa. Em momento algum Drew aumentou o ritmo e aquilo estava
me enlouquecendo. — Mas, em breve, eu vou cumprir com a minha
promessa, Marie. Você se lembra dela? — Eu apenas concordei com a
cabeça e Drew sorriu. — Então diga para mim em voz alta.
Engoli em seco e precisei apertar os seus ombros para conseguir ter
um pouco mais de equilíbrio e pensar com clareza.
— Vai me colocar de quatro... E me foder até eu perder a voz.
Seus dedos se fecharam em torno do meu pescoço, sem apertar
demais, e Drew sorriu mais abertamente.
— É exatamente isso que vou fazer, em breve. Hoje, quero apenas
matar a saudade de você.
Ele abaixou a cabeça e colocou um mamilo duro em sua boca, me
fazendo estremecer ao ponto de eu pensar que iria cair. Mas não caí. Drew
me pressionou com o seu quadril e a mão em meu pescoço, me mantendo
no lugar e me comendo devagar, metendo e tirando o pau sem sair
completamente, fazendo minha boceta ficar inchada e apertada demais.
Assim que senti seus dentes mordiscando o biquinho saliente do meu seio, o
mundo começou a desabar.
Não sabia explicar como gozei tão rápido, muito menos a intensidade
com a qual o orgasmo me atingiu, mas aconteceu e eu desmoronei. Drew
precisou passar um braço pela minha cintura e me manter no lugar, tomando
a minha boca e gemendo rouco enquanto me seguia e gozava dentro de
mim, me deixando toda melada com a sua porra quente. Ele só parou de
meter quando o tremor deixou os nossos músculos e o meu coração
começou a desacelerar.
— Quero que você vá para o moto-clube assim — sussurrou de
encontro a minha boca enquanto saía do meu interior. Estremeci quando
seus dedos tocaram minha boceta sensível, espalhando seu sêmen pelos
meus lábios e o clitóris. — Meladinha com a minha porra. Quero que os
filhos da puta que estão lá consigam sentir o meu cheiro em você.
Eu ri baixinho, chocada com a sua territorialidade.
— E será que vão sentir o meu cheiro em você também? —
perguntei, mesmo sem saber o porquê.
No fundo, eu sabia sim. Acho que também era um pouco territorial
sobre Drew. Ele sorriu e enfiou os dedos em meus cabelos, enquanto
inclinava o rosto um pouco para o lado.
— Chupa o meu pescoço — pediu e eu arregalei os olhos.
— O quê?
— Chupa o meu pescoço, Marie. Deixe a sua marca bem aqui. —
Apontou para a pele tatuada com a mão livre, me dando aquele sorrisinho
de lado. — Quero que todo mundo saiba que eu tenho dona.
O orgulho em sua voz me fez gargalhar, mas o modo como disse
aquilo me deixou muito excitada. Sem pensar demais, fiquei na ponta dos
pés e passei minha língua pelo seu pescoço, ouvindo o seu gemido rouco,
que ficou mais alto quando chupei a sua pele.
— Mais forte — exigiu e eu aumentei a pressão, sentindo uma onda
de tesão me deixar arrepiada. Drew gemeu mais alto e apertou a minha
bunda, roçando o pau em minha coxa. Ele estava endurecendo mais uma
vez. — Porra, Marie! Que delícia.
Assim que larguei a sua pele — bem avermelhada —, ele me puxou
para um beijo faminto e cheio de desejo, que me deixou tonta e com
vontade de repetir tudo o que fizemos minutos antes. Por sorte, Drew
parecia ter mais consciência do que eu, pois se afastou depois de me deixar
completamente sem fôlego.
— É melhor você se vestir, ou não vamos sair daqui nunca mais.
Eu concordei com a cabeça e fiz o que pediu.
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New Adult - Enemies to friends to lovers - Fake Dating (namoro
falso) - HOT - E o maior clichê de todos: só tem uma cama!
Arrogante e prepotente, o jogador vinha passando por uma fase ruim, onde os olhos de todos
os alunos, da comissão técnica do time e dos profissionais do esporte estavam sobre ele.
Eu estava perdida em meio a uma dívida enorme e não sabia como faria para me livrar dela.
A ideia de Logan era uma loucura, mas bem simples: nós fingiríamos que estávamos
apaixonados por dois meses, ele pagaria a minha dívida e eu o ajudaria a mudar a imagem de
irresponsável e festeiro que ele tinha.
Nada poderia dar errado — a não ser, claro, que eu estrangulasse o seu pescoço bonito nas
vezes em que me irritava.
Era o acordo perfeito.
Pelo menos, foi o que pensei até começar a me dar conta de que a sua arrogância era só uma
máscara e que, na verdade, Logan era muito mais profundo e especial do que eu poderia imaginar.
À Sua Espera
Dono de uma das maiores fazendas de criação de cavalos do Brasil, Ramon Baldez estava
acostumado a comandar o seu império com punhos de ferro. Reconhecido como um profissional
sério e respeitado, pensava que tinha todos os âmbitos da sua vida sob controle, até descobrir que o
seu sócio, Abraão Rodrigues, havia sofrido um grave acidente de carro.
Ao perceber que o seu melhor amigo está apaixonado, mas que não quer dar o braço a torcer
por conta de segredos do passado, Caio coloca na cabeça que fará de tudo para que ele não perca a
oportunidade de se entregar a esse sentimento. É então que, por um acaso do destino, seu caminho se
cruza com o de Luna, uma jovem cheia de vida, que começa a despertar a sua curiosidade.
O que era para ser apenas uma conversa para armarem um presente surpresa para a mulher por
quem o seu melhor amigo está apaixonado, se transforma em algo mais, depois que Caio presencia
uma conversa em que Luna deixa bem claro que o vê como algo além do advogado e amigo do
patrão da sua mãe.
Conhecido por nunca deixar de lado algo que desperte a sua atenção e o seu sorriso, Caio se
aproxima de Luna e uma grande amizade nasce entre eles, mas ele logo perceberá que o seu coração
clama por algo mais e fará de tudo para conquistar a menina de cabelos coloridos, olhar intenso e
personalidade forte, que esconde parte da sua alma por trás de todas as suas cores.
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Rage
Mas seria o amor forte o suficiente para derrotar um inimigo impiedoso, que fará de tudo para
destruí-los?
- "Rage" é um romance dark;
- Contém cenas sensíveis como violência e estupro sem romantização;
- Proibido para menores de 18 anos.
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A Morte de um Solteirão
Gosto de pensar que sou um homem livre, um verdadeiro solteirão e nada nunca abalou essa
minha convicção. Veja bem, aos trinta anos, bem-sucedido, com tempo livre para sair, curtir e transar,
a palavra “relacionamento” pode ser tão fria quanto um iceberg ou tão ruim quanto a própria morte.
Sem contar que, sabemos, romance, amor e paixão, são verdadeiras baboseiras. Um casamento
é muito lindo na hora do sim, mas, depois do sim? A palavra “divórcio” brilha tão forte quanto o sol
no verão do Rio de Janeiro. Sem contar as traições, que, convenhamos, não existiriam se as pessoas
não se escondessem atrás de um amor falso.
É por isso que sou totalmente contra a qualquer tipo de relacionamento sério. Sexo é muito
bom, mas fica melhor ainda quando se pode ir embora na manhã seguinte sem ressentimentos ou
cobranças. Foi para isso que nasci — sim, nasci, pois se falar que fui criado para isso, mamma me
corta a cabeça — e estava muito bem com a minha vidinha do jeito que era, até Alice Carvalho
aparecer em meu caminho e me desestabilizar completamente. Nem se eu pudesse, conseguiria
explicar o que senti quando a vi pela primeira vez e quando, inesperadamente, ela reapareceu em
minha vida.
Por isso, soube que precisava tê-la em minha cama, mas ela disse “não”. E persistiu no “não”.
Mas eu estava louco para ouvir um “sim” e, em meio ao desespero, fiz algo impensável: prometi a ela
que, se aceitasse ficar comigo, poderíamos passar um tempo tendo sexo casual, sem nos envolvermos
com outra pessoa. “Ficantes fixos”, nomeei.
Não, não era um relacionamento. Não tinha nada de romantismo. Era apenas dois adultos se
encontrando algumas vezes por semana para fazerem sexo.
Mesmo assim, nunca pensei que essa inocente proposta poderia promover uma morte...
A minha morte.
A morte de um solteirão.
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A Voz do Silêncio
A vida simples que Marina Alencar levava sendo professora, muda drasticamente em uma
tarde que deveria ter sido normal como todas as outras. Ao ser atropelada, Marina é socorrida por um
homem que havia testemunhado o acidente. Mas ele não era um homem comum.
Alto, bonito e com lindos olhos azuis, ele era encantador. Bem-humorado e com um coração
enorme, o homem que a ajudou no momento em que ela mais precisou, acabou se tornando o centro
do seu mundo.
Apaixonar-se por ele foi inevitável, assim como entregar o seu coração em suas mãos e confiar
em cada uma de suas palavras.
Marina nunca acreditou em contos de fadas, mas quando se viu vivendo um, achou que
príncipes encantados realmente existiam.
Mas quando o amor começa a ser sufocado pela dor e pelo medo, tudo muda de figura e resta
apenas o silêncio.
Um silêncio ensurdecedor.
Um silêncio que precisa ser ouvido.
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O Astro Pornô
Emma Glislow é uma mulher de vinte e dois anos. Cursa faculdade de odontologia, ama ler e é
apaixonada por seu noivo, Frederick. Tudo em sua vida sempre foi perfeito e em ordem, até que seu
noivo a trai de forma descarada.
Seu mundo magnífico é destruído em um segundo, enquanto ela passa uma semana inteira
trancada no quarto, sem falar ou ver ninguém.
Quando finalmente resolve sair da fossa, uma noite de bebedeira e balada com sua melhor
amiga parecia ser o lance perfeito para tirar da cabeça, a cena de seu noivo trepando com uma vadia.
Mas o que ela não sabia, era que em meio a essa noite super divertida, uma proposta lhe seria
feita e em meio a todas as tequilas e margaritas ingeridas por ela e sua amiga, ela aceitaria e assinaria
um contrato.
O contrato que a colocaria de cara com o maior astro pornográfico do momento.
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A Paixão do Rei
O misterioso Dominick Andrigheto Domaschesky, Príncipe de Orleandy, país que se estende
por boa parte da Europa, se vê diante do trono de Rei muito mais cedo do que gostaria.
Com o falecimento de seu pai, o Rei Patrick, Dominick com seus trinta anos de idade, assume
o reinado como principal sucessor ao trono. Se sentia preparado e firme para assumir o poder, seu pai
o havia preparado para aquilo e ser Rei já estava em seu sangue.
Se sentia confiante para tudo, menos para o que seus conselheiros lhe propuseram: achar a Rainha
ideal.
Totalmente adverso a relacionamentos, Dominick tinha colocado em sua cabeça que jamais se
casaria. Tinha gostos diferentes, não tinha paciência para cortejar uma mulher fora da cama e ao
menos pensava em colocar uma aliança no dedo, mas, segundo a filosofia de seu pai, "um Rei não é
nada perante a sociedade, sem uma Rainha ao seu lado".
Com tudo conspirando contra seu favor, Dominick chega à conclusão de que sim, iria se casar,
mas seria do seu jeito. Com a ajuda de seu melhor amigo e conselheiro, Dimir, ele entra em um
mundo diferente, desaparece por algumas semanas e volta com a Rainha perfeita ao seu lado.
Kiara Neumann era uma mulher sem opções na vida. Em um dia não tinha nada, não tinha uma
história para contar e nem um futuro para imaginar. No outro, havia se tornado noiva do Rei de
Orleandy e era amada e ovacionada por todo um povo que amava seu país.
Mas como ela era noiva se ao menos se lembrava de sua vida? Poderia confiar na palavra de
Dominick, que não fazia a mínima questão de ser cortês com ela? Como poderia se casar se ao menos
o amava? Ou melhor... Seria ela capaz de amar um homem tão frio quanto aquele Rei? Em meio a
segredos, sedução e todo um reino a ser comandando, Dominick seria capaz de se apaixonar por sua
doce esposa? Talvez sim, mas se segredos do passado começassem a rondar o casal, o mundo frágil
de contos de fadas seria abalado para sempre.