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Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Lipídeos para ruminantes

 Lipídeos não são constituintes típicos de dietas de


ruminantes: evolução "caminhou" na direção do
aproveitamento das fibras
 São um grupo de compostos quimicamente muito
diverso
 Nos alimentos: gorduras, óleos, ceras
 Óleos e gorduras são importantes (ácidos graxos)
 Ceras: indigestíveis e não degradáveis
 Possível o uso "estratégico" para ruminantes
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Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Os Lipídeos

 Ácidos graxos / triglicerídeos: + importantes

 Triglicerídeos (o que são?)

glicerol

ácido graxo

TRIGLICERÍDEO
(Triacilglicerol) 3
Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Os Lipídeos

 Ácidos graxos: + importantes


 Características:
 esterificação ou não
 comprimento da cadeia (12-24 carbonos)
 saturados ou insaturados
 cis ou trans
 conjugados ou não
 nº carbonos ímpar
 cadeia linear / ramificada
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Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Os Lipídeos
 Esterificação
glicerol

ácido graxo

TRIGLICERÍDEO
(Triacilglicerol)

 Existem também os DIGLICERÍDEOS e os MONOGLICERÍDEOS


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Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Os Lipídeos
 Saturação ou insaturado
Grupo
1 1
carboxílico

Cadeia de
hidrocarbonetos

Ácido graxo livre Ácido graxo livre


saturado insaturado 6
Lipídeos na Nutrição de Ruminantes
Os Lipídeos - ácidos graxos saturados e insaturados
Ác. Graxos SATURADOS ESTRUTURA OCORRÊNCIA
Ácido láurico C12:0 Coco
Ácido mirístico C14:0 Coco
Ácido palmítico C16:0 Gorduras animais
Ácido esteárico C18:0 Gorduras animais
Ácido araquídico C20:0 Óleo de amendoim
Ácido beênico C22:0 Sementes
Ácido lignocérico C24:0 Tecido nervoso
Ác. Graxos INSATURADOS ESTRUTURA OCORRÊNCIA
Ácido oleico C18:1 9 (n-9) Gord. animal, óleo vegetal
Ácido linoleico C18:2 9,12 (n-6) Óleo vegetal (milho e soja)
Ácido linolênico C18:3 9,12,15 (n-3) Óleos vegetais (linhaça)
Ácido araquidônico C20:4 5,8,11,14 (n-6) Tecido nervoso
Ácido eicosapentaenóico C20:5 5,8,11,14,17 (n-3) Óleo de peixe
Ácido docosahexaenóico C22:6 5,8,11,14,17,20 (n-2) Cérebro, leite, óleo peixe 7
Lipídeos na Nutrição de Ruminantes
Os Lipídeos - ácidos graxos saturados e insaturados
Ác. Graxos SATURADOS ESTRUTURA OCORRÊNCIA
Ácido láurico C12:0 Coco
Ácido mirístico C14:0 Coco
Ácido palmítico C16:0 Gorduras animais
Ácido esteárico C18:0 Gorduras animais
Ácido araquídico C20:0 Óleo de amendoim
Ácido beênico C22:0 Sementes
Ácido lignocérico C24:0 Tecido nervoso
Ác. Graxos INSATURADOS ESTRUTURA OCORRÊNCIA
Ácido oleico C18:1 9 (n-9) Gord. animal, óleo vegetal
Ácido linoleico C18:2 9,12 (n-6) Óleo vegetal (milho e soja)
Ácido linolênico C18:3 9,12,15 (n-3) Óleos vegetais (linhaça)
Ácido araquidônico C20:4 5,8,11,14 (n-6) Tecido nervoso
Ácido eicosapentaenóico C20:5 5,8,11,14,17 (n-3) Óleo de peixe
Ácido docosahexaenóico C22:6 5,8,11,14,17,20 (n-2) Cérebro, leite, óleo peixe 8
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Os Lipídeos - "dupla" Cis ou trans...

Ácido esteárico
(18:0)
(ác. octadecanóico)

1
10

Ácido elaídico
(t9 - 18:1)
(ác. octadecaenóico)

10 9

Ác. oleico
(c9 - 18:1) 9
(ác. octadecaenóico)
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Os Lipídeos

Ác. linoleico 1
c9, c12 - 18:2 (n=6)
Ác. linolênico
c6, c9, c12 - 18:3 (n=6)

1 Ác. araquidônico
c5, c8, c11, c14 - 18:4 (n=6)
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 Dupla conjugada ou não

Ácido linoléico conjugado 12 10


(t10, c12 - 18:2) 1

1
9
11

Ácido linoléico conjugado


(c9, t11 - 18:2)

1
9

12

Ácido linoléico
(c9, c12 - 18:2)
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Lipídeos nos alimentos - Extrato Etéreo

 Determinação nos alimentos: é o extrato etéreo (EE)


 Não é a mesma coisa que total de lipídeos!
 No EE podem existir outros compostos, solúveis
em éter (pigmentos, p.ex.) que também entram na
quantificação do EE
 Forrageiras: normal < 6% de EE
 Forrageiras: + da metade são outros compostos
que não ácidos graxos

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Lipídeos nos alimentos


Teor e composição do extrato etéreo em folhas de
forragens
% do extrato
Componente % da MS
etéreo (EE)
Extrato etéreo 5,3 100
Ácidos graxos
Outros compostos
Galactose
Glicerol
Cera
Clorofila
Outros insaponificáveis
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Lipídeos nos alimentos


Teor e composição do extrato etéreo em folhas de
forragens
% do extrato
Componente % da MS
etéreo (EE)
Extrato etéreo 5,3 100
Ácidos graxos 2,3 43
Outros compostos
Galactose 0,41 8
Glicerol 0,46 9
Cera 0,9 17
Clorofila 0,23 4
Outros insaponificáveis 1,0 19
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Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Lipídeos nos alimentos

● Modo mais adequado de conhecer valor lipídico


seria quantificar total de ácidos graxos (AG)
● Alimentos comuns para ruminantes: geralmente
menos de 3% de AG

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Lipídeos nos alimentos

 1 grama de lipídeo contém ao redor de 9,0 kcal de


energia
 1 grama de carboidrato ou de proteína contém ao
redor de 4,0 kcal de energia
 O lipídeo fornece 2,25 vezes mais energia que CHO
e proteínas

Alimentos ricos em lipídeos são


altamente energéticos! 17
Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Lipídeos nos alimentos

 1 grama de lipídeo contém ao redor de 9,0 kcal de


energia
 1 grama de carboidrato ou de proteína contem ao
redor de 4,0 kcal de energia
 O lipídeo fornece 2,25 vezes mais energia que CHO
e proteínas
 No cálculo de NDT...
NDT = PBd + FDNd + CNFd+ "EEd x 2,25"
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Lipídeos nos alimentos


Teor Proporções de AG (g por 100 g AG)
Alimentos AG
(%MS) 14:0 16:0 16:1 18:0 18:1 18:2 18:3 20:0 22:1
Cevada 1,6 - 27,6 0,9 1,5 20,5 43,3 4,3 - -
Milho 3,2 0,1 16,3 - 2,6 30,9 47,8 2,3 - -
Sorgo 2,3 - 20,0 5,2 1,0 31,6 40,2 2,0 - -
Aveia 3,2 0,1 22,1 1,0 1,3 38,1 34,9 2,1 - -
Capim
Timóteo
1,4 11,2 6,4 2,6 - 76,5 - - -

Azevém 0,2 11,9 1,7 1,0 2,2 14,6 68,3 - -


Gramínea
C3
1,1 15,9 2,5 2,0 3,4 13,2 61,3 0,2 -
Trevo
vermelho
1,1 6,5 2,5 0,5 6,6 18,5 60,7 2,0 -

C. Algodão 18,6 0,8 25,3 - 2,8 17,1 53,2 0,1 0,1 -


Soja grão 18,0 0,2 10,7 0,3 3,9 22,8 50,8 6,8 0,2 -
Girassol 34,7 0,1 5,5 - - 3,6 21,7 68,5 0,1 0,1
Colza 38,0 4,3 - 0,3 1,7 59,1 22,8 8,2 0,5 0,919
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Exigências em Lipídeos

● Não existe requerimento em lipídeos para


ruminantes!
● AG podem ser fontes de energia porém não é
fundamental para o crescimento
● Dietas ricas em AG (>10% da EM): queda na
ingestão de MS

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Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Exigências em Lipídeos

● Inclusões dietéticas mais elevadas:


 altas produções leiteiras

 ingestões baixas vs temperaturas elevadas

 ingestões baixas vs atividades físicas intensas

● AG: o incremento calórico é menor que


digestão/fermentação de CHO

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Metabolismo ruminal de gorduras

 Microrganismos são negativamente afetados pela


presença de triglicerídeos e ácidos graxos livres
(AGNE)
 Desestruturação das membranas dos
microrganismos morte
 Redução da atividade fermentativa (fibras) 
redução do consumo
 AGNE de cadeia curta e com duplas ligações: os +
prejudiciais à fermentação (principalmente os
mais insaturados) 23
Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Metabolismo ruminal de gorduras

● Lipídeos nos alimentos vegetais estão


principalmente nas formas:
1. Galactolipídeos (folhas e caules)
2. Triglicérides (sementes)
3. Outras (ceras, carotenóides, pigmentos): sem
valor energético ou nutricional

● Alimentos concentrados: principal fonte de ácidos


graxos (AG) nas dietas de ruminantes
(normalmente 70% do EE é ácido graxo)
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Metabolismo ruminal de gorduras


Gorduras dietéticas esterificados no rúmen
(Di e Monoglicerídeos / Galactolipídeos / Fosfolipídeos)
Lipólise

Galactose / Glicerol AGNE livres no rúmen


(saturados e insaturados)
Fermentação: Biohidrogenação
geração de ATP e
produção de AGV Aumento da proporção
de AG saturados

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Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Metabolismo ruminal de gorduras


Gorduras dietéticas esterificados no rúmen
(Di e Monoglicerídeos / Galactolipídeos / Fosfolipídeos)
Lipólise

Galactose / Glicerol AGNE livres no rúmen


(saturados e insaturados)
Fermentação: Biohidrogenação
geração de ATP e
produção de AGV Aumento da proporção
de AG saturados

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Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Metabolismo ruminal de gorduras

● Destino dos AGNE livres no rúmen (principalmente


os INSATURADOS):
 Incorporação nas células microbianas (C18:1-t11)
 Formação de 'sabões neutros' de Ca e Mg (muito
comum!!)
 Biohidrogenação
● Maior objetivo: reduzir a toxicidade dos AG para os
microrganismos
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Metabolismo ruminal de gorduras

● BIOHIDROGENAÇÃO
 Duplas ligações "cis" são desfeitas ou (mais
raramente) convertidas para forma "trans"
 Forma "trans" são + estáveis e pontos de fusão
mais elevados (menor toxicidade para
microrganismos).
 Forma "trans" podem também ser
'hidrogenadas', mas esta tarefa é mais difícil

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Biohidrogenação
ÓLEO DE LINHAÇA
ÁCIDOS GRAXOS Antes da Após da
fermentação fermentação
Cadeias < 16 C -
16:0 5,6
18:0 5,8
18:1 21,6
18:2 12,5
18:3 54,5

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Biohidrogenação
ÓLEO DE LINHAÇA
ÁCIDOS GRAXOS Antes da Após da
fermentação fermentação
Cadeias < 16 C - 5,0
16:0 5,6 13,8
18:0 5,8 31,7
18:1 21,6 30,2
18:2 12,5 14,2
18:3 54,5 5,1

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Presença de AGI na dieta


● AGI reduzem digestibilidade ruminal de fontes
energéticas não lipídicas (especialmente fibras)
● Fontes ricas em AGI: óleos vegetais e óleo de
peixes
● Redução na digestão da fibra:
  produção metano
  produção AGV
  relação C2:C3   gordura do leite
 Excesso  DIARRÉIA
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Síntese ruminal de ácidos graxos - CLA


● Ácido linoléico conjugado (CLA):
 2 isômeros de interesse
 C18:2 - c9, t11
 C18:2 - t10, c12
 "alimento funcional"
 anticarcinogêncico: mama, pré-estomacal, cólon e
pele
 redução de deposição lipídica corporal
 efeito antidiabetogênico
 melhora de mineralização óssea
 modulação do sistema imunológico 32
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Ácido linoléico conjugado 12 10


(t10, c12 - 18:2) 1

1
9
11
Ácido linoléico conjugado
(c9, t11 - 18:2)

1
9

12

Ácido linoléico
(c9, c12 - 18:2)
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Lipídeos na Nutrição de Ruminantes

Ácido linoléico conjugado 12 10


(t10, c12 - 18:2) 1

1
9
11

1
9

12

Ácido linoléico
(c9, c12 - 18:2)
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Síntese ruminal de ácidos graxos - CLA


● Pesquisas demonstram que dietas ricas em forragens
proporcionam perfis com maior riqueza de CLA
● Leite: proporção de CLA mais facilmente superior do
que encontrados na carne (pesquisas americanas)
● Carne bovina nos EUA: confinamentos! Grande
proporção de concentrados

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Teores de EE em dietas de vacas leiteiras


 Até 3% da MS dietética:
 EE natural dos alimentos já consegue teores menores que
3%
 Entre 3-6% da MS dietética
 EE insaturado provindo de oleaginosas não processadas
(caroço de algodão, soja integral tostada) ou sujeitas a
moagem grosseira
 EE de gordura saturada (ex: sebo bovino): requer
aquecimento na propriedade
 6-9% da MS dietética
 EE de gordura inerte no rúmen (sabões de cálcio)
 Nunca utilizar mais que 6% de EE na MS dieta, no início da
lactação 41
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Gordura "Protegida" (inerte)

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