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Copyright © 2024 MAYARA DIAS

Todos os direitos reservados.

Capa: Vic Designer


Revisão: Patrícia Suellen
Leitoras Beta: Andrêa Borges, Ana Paula Santos, Ana Perla, Karoline Bittencourt,
Laudiane Marinho.
Leitura final: Andrêa Borges e Patrícia Suellen.
Diagramação: Mayara Dias
Ilustração: Mr. Greek Arts
Imagens: Canva e Depositphotos.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos são produtos da
imaginação da autora. Quaisquer semelhanças com nomes, datas e acontecimentos reais são mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
A cópia total ou parcial desta obra sem autorização expressa, por escrito, do autor é
proibida.
Plágio é crime.
A violação autoral é crime, previsto na lei nº 9.610/98, com aplicação legal pelo artigo
184 do Código Penal.
Criado no Brasil.
Obra Registrada.
SUMÁRIO
SUMÁRIO
PLAYLIST
NOTA DA AUTORA
SINOPSE
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
SOBRE A SÉRIE BILIONÁRIOS
PLAYLIST
Ouça, no Spotify através do link, a Playlist que combina perfeitamente com nosso
casal, Alexandre e Gabrielle.
Clique aqui | Ouça no Spotify

Se preferir, leia o código abaixo no aplicativo:


Para aqueles que, assim como eu, amam mergulhar no bom e velho clichê. Aquele que te
deixa com o sorriso bobo no rosto e faz o coração acelerar.
NOTA DA AUTORA
Olá maravilhosas (os)!
Mais uma vez estou aqui, trazendo para vocês mais um livro da série BILIONÁRIOS em
meio a um mar de ansiedade! “A FILHA DO MEU SÓCIO” é o terceiro livro da série, porém,
gostaria de ressaltar que cada livro da série contém uma história independente, o que significa
que você pode desfrutar de "A FILHA DO MEU SÓCIO", mesmo que não tenha lido os
demais livros da série.
No entanto, é importante salientar que pode haver alguns spoilers sutis, então, se você
ficar curioso com algum acontecimento citado no livro, ou a história de algum casal, considerar a
leitura dos demais volume pode enriquecer ainda mais sua experiência, e ser capaz de deixá-los
suspirando muito mais!
Gostaria de agradecer por escolherem esse livro, e se permitirem conhecer um pouco mais
do meu universo. Espero que possam sentir em cada verso, o amor que vai crescendo entre
Alexandre e Gabrielle. Eu simplesmente amei escrever a história desses dois, e espero que eles
consigam cativar cada um de vocês.
Para aqueles que desejarem conhecer os demais volumes, deixarei ao final do livro todas
as informações “SOBRE A SÉRIE BILIONÁRIOS”
Mais uma vez, obrigada a todos que estão fazendo parte dessa jornada comigo. Boa
leitura!
Atenção: Livro recomendado para maiores de 18 anos, pois possui cenas de sexo
explícito e palavras de baixo calão.
SINOPSE
Ela é virgem, mais nova e proibida.
Ele é cafajeste, mais velho e acaba de quebrar uma regra: não se envolver com a filha do
seu sócio.
E agora eles serão obrigados a trabalhar juntos.
Gabrielle Alencar se formou em publicidade em uma renomada Universidade e quer
apenas trabalhar para o seu pai. Para celebrar a nova fase na sua carreira, nada melhor do que
muitos drinques com suas amigas e, por que não, perder sua virgindade com um homem
desconhecido e extremamente gostoso?
Seria perfeito se o homem que deveria se tornar lembrança não fosse justamente o sócio
do seu pai.
Alexandre Sanchez não imaginava que ser um cafajeste sem limites o faria se envolver e
desejar a única mulher que deveria estar fora do seu alcance e que, agora, se tornou o seu maior
pesadelo.
Ele deseja desesperadamente a mulher dezesseis anos mais nova, a única filha do seu
sócio, um território totalmente proibido.
Dizem que proibido é melhor, mas Alexandre arriscará os negócios e a amizade com seu
sócio, apenas pela luxúria?
CAPÍTULO 01
Uma mistura de realização e excitação pairava sobre mim, ao final de um dia de merda.
Não havia nada que eu detestasse mais do que longas reuniões, era por isso que eu tentava me
manter longe delas sempre que podia, mas o filho da puta do meu sócio estava concentrado
demais na volta da filha dele para o Brasil, o que não me deixou escolhas, a não ser, assumir o
que normalmente era ele quem lidava.
E, caralho, apesar do resultado satisfatório, reuniões eram sempre um porre.
— Podemos ir? — A voz da minha gerente de marketing ressoou, atraindo o meu olhar
para ela.
A morena estonteante ao meu lado era uma delícia, e se não fosse a gerente que estava
conosco há mais tempo, certamente, eu teria uma proposta indecente para que nós dois
pudéssemos relaxar.
Como se soubesse exatamente o que se passava pela minha mente, Raissa cruzou os
braços e arqueou as sobrancelhas, minha boca se curvou em um sorriso, antes mesmo que eu
conseguisse evitar.
— Raissa, a não ser que queira me acompanhar para uma noite no Garden Club, receio
que terá que voltar para a capital sozinha — disse, fazendo com que uma careta se formasse nos
lábios dela.
— Obrigada, mas eu passo — respondeu sem hesitar.
— Nos vemos na segunda-feira, então — falei e pisquei para ela.
Raissa deu um pequeno sorriso e balançou a cabeça em negativa, no instante seguinte, se
virou e foi em direção ao estacionamento. Observei-a, até sumir de minha vista. A chegada do
manobrista atraiu a minha atenção, fui em direção a ele e o agradeci, antes de entrar no meu
carro.
Sabia exatamente onde ir para relaxar, mas precisava fazer uma parada antes. Fui direto
para a cobertura que tinha em Búzios. Tomei um banho e me arrumei.
Uma blusa social branca, com alguns botões abertos, deixando minha corrente de ouro à
mostra, uma calça social e um relógio no pulso. Estava pronto para ir ao encontro do Garden
Club Night. Uma boate que aprendi a apreciar muito, às sextas-feiras o ambiente costumava estar
ainda melhor.
A música eletrônica estava a todo vapor, as pessoas dançavam como se não houvesse
amanhã. E eu, simplesmente, adorava tudo isso. Enquanto sondava o ambiente, fui em direção ao
bar.
A barwoman abriu um sorriso de todo tamanho quando os olhos dela encontraram os
meus.
— Se não é o cliente de todas as sextas-feiras — ela brincou, fazendo-me sorrir. — O
mesmo de sempre?
— Por favor — pedi e pisquei para ela.
Bárbara se afastou e eu aproveitei para olhar à minha volta, à medida que me sentava em
uma das banquetas no bar. Mas não pude apreciar muito a vista, já que o celular vibrando no meu
bolso atraiu a minha atenção.
Suspirei profundamente ao ver o nome do meu sócio no visor, mas sem delongas, eu o
atendi.
— O que manda, Ricardo? — perguntei ao atender.
— Como foi a reunião? Ainda está em Búzios? — ele perguntou, fazendo com que minha
boca se curvasse em um sorriso.
— Tensa, mas felizmente cheguei a um acordo com o cliente. O projeto e a direção do
baile para o lançamento do produto serão nossos. David entrará em contato na próxima semana
para acertar os detalhes — respondi, observando atentamente a barwoman preparar meu uísque.
— Que barulho é esse? Onde está, Alexandre? — questionou, certamente percebendo a
agitação no fundo.
— Passei na boate, precisava relaxar um pouco — respondi, ao mesmo tempo em que
acenei para Bárbara quando ela deixou a bebida à minha frente.
Levei o copo à boca e voltei a olhar pelo ambiente, lembrando-me o principal motivo de
eu estar aqui hoje. Precisava relaxar.
— Você deveria vir direto para cá, você sabe, amanhã é o dia que minha filha chegará ao
Brasil e...
— Não se preocupe, amanhã estarei aí para a festa de boas-vindas que está organizando
— interrompi-o, os olhos encontrando um grupo de mulheres que dançava seguindo cada batida
da música eletrônica.
Uma morena em particular chamou minha atenção. Ela dançava de forma tão natural e
gostosa, com um sorriso no rosto destinado às amigas. O vestido colado no corpo subia a cada
movimento, fazendo com que, imediatamente, eu imaginasse como seria tirar aquela peça
minúscula de roupa e beijar aquela boquinha que parecia ser uma delícia.
— É importante — Ricardo falou, fazendo-me lembrar de que ele estava do outro lado da
linha e, porra, eu queria muito prestar atenção em sua súplica, mas foi impossível.
Tornei a levar o copo à boca e tomei a dose em um único gole antes de me levantar.
— Eu estarei aí, meu amigo. Agora, preciso desligar. Acabei de avistar uma coisinha
deliciosa que vai me levar exatamente para onde eu preciso.
A risada de Ricardo ecoou do outro lado da linha.
— Você não muda mesmo, é um indecente — brincou, fazendo-me dar uma risada.
Encerrei a ligação e logo fui em direção às garotas que pareciam curtir a noite muito bem.
Ao me aproximar, percebi que a morena que me atraiu me trouxe uma sensação de familiaridade
inexplicável.
— Boa noite, garotas — chamei a atenção delas.
— Boa noite. — A loira gostosa foi a primeira a me cumprimentar, enquanto as outras
apenas me olhavam curiosas. Minha atenção foi para a morena, que se tornou o meu alvo, desde
que coloquei os meus olhos nela há alguns minutos.
E, caralho, de perto a danada era ainda mais bonita. Como se não fosse o suficiente todos
os seus atributos, percebi que ela tinha olhos lindos, apesar de castanhos, eram intensos e levava
uma pitada de inocência.
A garota era jovem, não deveria ter mais do que 25 anos, porém, a diferença de idade não
me incomodava, pelo contrário, apenas me instigava.
Ela era uma coisinha deliciosa.
— Nos conhecemos de algum lugar? Você me parece familiar — perguntei, medindo-a
com o olhar, sentindo ainda mais forte aquela sensação de familiaridade.
— Qual é? Você pode fazer melhor do que isso — ela provocou, em meio a um sorriso
gostoso, que fez-me acompanhá-la no mesmo instante.
— Eu sei o que pareceu, mas eu falo sério — tentei justificar.
— É claro que fala. — A garota não fez questão de esconder que não acreditava em mim,
então, se afastou das amigas e se inclinou para sussurrar em meu ouvido: — Bem, acho que você
pode me pagar uma bebida e, de repente, me contar um pouco mais sobre como eu lhe pareço
familiar.
O sorriso foi inevitável, naquele momento, soube que havia acabado de ganhar a minha
noite.
— Posso saber o seu nome? — perguntei, ao mesmo tempo em que me afastei para olhá-
la.
Ela lambeu os lábios e, apesar da atitude atrevida, notei que ela parecia nervosa.
— Ane. Eu me chamo Ane.
— Vai me fazer companhia para uma bebida, Ane? — perguntei e mantive os olhos fixos
a ela, que desviou o olhar para a amiga no mesmo instante.
— Não se preocupe com a gente, gata — a garota logo respondeu. — Se divirta e qualquer
coisa, é só gritar.
Ane sorriu e desviou o olhar para mim.
Tomei a liberdade de levar a mão nas costas dela e a guiei em direção ao bar. Fui para
uma área mais privada e puxei a cadeira para ela, em seguida, me sentei ao seu lado.
— O que vai querer? — perguntei.
— Um coquetel — respondeu, assenti, e acenei para Bárbara.
Quando ela se aproximou, pedi um coquetel para Ane e outra dose de uísque para mim.
— Você parece bem familiarizado com o local — ela disse, assim que Bárbara se afastou.
— Talvez eu venha aqui com uma certa frequência. — Dei um sorriso de lado. — Mas
não vamos falar de mim. É a primeira vez que a vejo por aqui, mora por aqui ou está curtindo
férias?
— Não quero falar sobre mim também — respondeu, firme.
— Tudo bem — ponderei, segurando um pouco a curiosidade sobre ela. Então, a medi
com o olhar. — Sem informações pessoais. Que tal me dizer o que um Docinho como você
procura essa noite?
— Docinho, é? — Ela arqueou as sobrancelhas.
— É exatamente o que você parece, aos meus olhos — disse e a medi com o olhar. — Não
gostou?
A garota conteve o sorriso, mas não o suficiente para passar despercebido por mim, ela
havia gostado da resposta. E antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Bárbara voltou com os
nossos drinks, então, ela apenas os colocou em nossa frente e se afastou.
— Talvez eu esteja à procura de um pouco de aventura e diversão — disse, ignorando a
minha última pergunta. Em seguida, pegou a taça e a levou à boca, tomando um gole. Aquilo fez
minha boca se curvar em um sorriso de lado.
Peguei o copo de uísque e o tomei em um único gole, à medida que estudava Ane com o
olhar. Notei que apesar da postura, a garota parecia nervosa. Tomei a liberdade de levar a minha
mão na dela no momento em que ela colocou a taça sobre o balcão. Seu olhar foi ao encontro do
meu no momento em que comecei a acariciá-la com o polegar, logo percebi seu desconcerto.
— Por que tenho a sensação de que você não tem o hábito de fazer isso? — perguntei e
pude apreciar o lampejo de surpresa em seu olhar.
Apenas aguardei ansioso, enquanto ela parecia ponderar sobre a resposta.
— Hm... porque eu realmente não tenho — confessou, tornando tudo ainda mais
interessante. — Vamos dizer que esse é meu ato de rebeldia.
— Eu gosto disso — falei, sentindo-a estremecer.
Porra, que delícia.
No momento, percebi que deveria ter deixado muito explícito os meus pensamentos, pois
sem desviar os olhos dos meus, Ane desfez o nosso contato, levou a taça a boca, sorvendo mais
um gole, em seguida, levantou-se, e voltou para a pista de dança.
Permaneci imóvel, observando-a por alguns instantes. A garota foi para a pista, mas se
manteve em um local onde eu poderia vê-la, e começou a dançar. Porra, ela começou a dançar
com os olhos presos em mim, enviando uma eletricidade gostosa por todo o meu corpo, ao
imaginar que aquele show era apenas para mim.
Sem perder tempo, me levantei e fui ao encontro dela. Não pedi permissão no momento
em que minhas mãos foram para a cintura dela, tão pouco quando colei os nossos corpos,
guiando-a para uma dança gostosa e só nossa.
Eu me inclinei, louco para tomar aqueles lábios gostosos. Mas Ane não estava disposta a
facilitar, no momento em que percebeu qual era a minha intenção, desviou de forma suave e, por
incrível que parecesse, ao invés de amaldiçoá-la por isso, a atitude apenas me fez desejá-la mais.
Inclinei-me, ficando a poucos centímetros de seu ouvido enquanto acompanhávamos a
batida da música.
— O que a levou a cometer esse ato de rebeldia, Ane? Por acaso está com o coração
partido? — sondei. Ane afastou-se o suficiente para me olhar, então, sorriu.
— Oh, não. Se fosse isso, certamente eu estaria nesse momento sentada ao lado do corpo,
enquanto comia o coração do babaca — respondeu, creio que meu choque ficou evidente, pois a
garota deu uma gargalhada suave e gostosa, denunciando que havia conseguido o efeito
desejado.
— Devo me preocupar com isso? — perguntei e arqueei as sobrancelhas.
Logo, seu sorriso se desfez.
— Depende, está aqui para partir o meu coração? — perguntou, naquele instante, já não
dançávamos mais, estávamos apenas com o olhar preso um no outro.
— Pode ter certeza de que a última coisa que quero essa noite é parti-lo. — Puxei-a para
mim mais uma vez. Então, me inclinei para sussurrar em seu ouvido: — Eu prefiro brincar com
ele, fazendo-o acelerar de forma que pense que não vai aguentar, enquanto eu venero você por
completo com a minha língua, minhas mãos e o meu pau.
Afastei-me o suficiente para encontrar seus olhos e a sensação de encontrar seu olhar, fora
única. A respiração dela estava irregular, a garota estava corada de forma que me encantou, isso
era novidade para mim.
— Você fica ainda mais bonita sem graça, Docinho.
— Isso é tão indecente — disse, em um fio de voz.
— Não gostou? — provoquei-a, mesmo já sabendo a resposta.
A garota se afastou um pouco e suspirou profundo, desconcertada.
— Preciso de mais um drink — disse e desvinculou-se de mim. Minha boca se curvou em
um sorriso, à medida que a acompanhava com o olhar.
Estava adorando esse jogo e no momento eu tinha apenas uma certeza: ao fim da noite, eu
teria essa garota para mim, isso era uma promessa.
CAPÍTULO 02
Estava encostado na parede em frente ao banheiro, esperando que a garota voltasse. A
noite estava gostosa, e eu não saí do lado da morena por um instante sequer.
Apesar de todo o flerte, a danada me afastou todas as vezes em que tentei beijá-la, e aquilo
já estava me enlouquecendo. Precisava sentir seu sabor, precisava senti-la, desesperadamente.
— O que está fazendo aqui? — A voz de Ane me trouxe de volta à realidade, olhei em sua
direção, constatando-a com o olhar interrogativo para mim.
— Me assegurando de que não vai fugir — falei, arrancando um sorriso dela.
— Eu não vou — respondeu, os olhos fixos aos meus.
Dei um passo na direção dela e levei a mão em sua cintura. Meus olhos acompanharam
seus pelos se arrepiarem, deixando-me muito satisfeito. Subi lentamente os meus olhos e os levei
ao encontro dos dela.
— Então, o que acha de sairmos daqui e finalizar a noite na minha cobertura? —
perguntei, a voz contida.
Ela mordeu o lábio, e por mais que a quisesse pra caralho, me mantive paciente,
esperando uma resposta. E para a minha surpresa, a garota apenas balançou a cabeça
positivamente.
O sorriso foi inevitável.
Sem querer perder mais tempo, entrelacei as nossas mãos e a tirei da boate, ansiando por
tê-la em um único lugar. Na minha cama.
— Espero que você não seja um serial killer, ou um cara malvado a ponto de me
sequestrar — comentou no momento em que dei partida no carro. Uma risada suave escapou dos
meus lábios.
— Está pensando nessa possibilidade apenas agora? Depois de entrar no meu carro? —
perguntei, ela deu uma gargalhada ao se dar conta do quão insano foi.
— Oh, meu Deus... isso é tão... — ela deixou as palavras no ar.
— Você será minha, durante toda a noite, Docinho, não poderá fugir disso. Mas prometo
que a deixarei inteira, mas só pela manhã.
— Isso é uma promessa? — perguntou, a voz contida.
— Definitivamente.
Ane suspirou, as mãos estavam sobre a perna e notei brevemente que ela fez uma pressão
maior. Sua atitude me deixou totalmente satisfeito, Ane estava ansiando por aquilo, tanto quanto
eu.
Fomos o restante do caminho em silêncio, eu era incapaz de manter aquela conversa, com
tudo o que se passava em minha mente. No momento em que estacionei, não perdi tempo, saí do
carro e fui até ela, pronto para levá-la para onde ansiava que ela estivesse.
Quando a porta do elevador se fechou, minhas mãos foram para a cintura da garota e a
puxei para mim. Nossos corpos se chocaram, ao mesmo tempo em que meus lábios
reivindicaram os dela. Dessa vez, ela não recuou.
O sabor delicioso mandou uma eletricidade gostosa diretamente para o meu pau, fazendo
com que eu aumentasse o meu aperto em volta da cintura dela. O beijo era cheio de necessidade,
o toque urgente. Ansiei por sentir seu gosto, desde o momento em que a vi. E, porra, a garota
quase me enlouqueceu antes de ceder. Não conseguia me lembrar de quando me senti assim por
alguém, eu precisava senti-la.
Não fomos capazes de parar no momento em que o barulho indicando que havíamos
chegado ao andar se fez presente. Saímos do elevador e, em seguida, caminhamos para fora entre
beijos quentes e insanos.
— Alexandre — ela gemeu, manhosa, no instante em que meus lábios começaram a
explorar seu pescoço.
Pressionei-a contra a porta do meu apartamento e sem quebrar aquele momento, apenas
levei meu dedo na digital, fazendo com que a porta se abrisse.
Com fome, levei-a para dentro e fechei a porta. Então, afastei-me o suficiente para olhá-la.
— Você estava a ponto de me enlouquecer, cada vez que desviava das minhas investidas
— disse, a voz cheia de desejo.
— Eu precisava ter certeza — sussurrou, e o olhar que ela deu foi estonteante.
No segundo seguinte, meus lábios estavam devorando os dela mais uma vez. Minhas mãos
desceram pelo corpo gostoso, à medida que ela passou as mãos em volta do meu pescoço.
Aproveitei para levar a mão em sua bunda e a tirei do chão, fazendo-a dar um gritinho de susto.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu segui com ela para o meu quarto. Quando
passei pela porta, liguei o ar-condicionado e fui em direção à cama. Sentei-me na beirada ao
mesmo tempo em que ela acomodou as pernas à minha volta.
O vestido subiu, dando-me o vislumbre de sua calcinha rendada preta. Minhas mãos foram
para a borda do vestido e eu o subi um pouco mais. Meus olhos foram ao encontro dos dela e,
puta que pariu, eu teria que fazer um esforço enorme para manter a compostura, com aquele
olhar sobre mim.
Voltei a beijá-la com a mesma intensidade, e a danada começou a rebolar em meu colo, à
medida que aprofundávamos o beijo. Foi impossível conter o gemido, tendo a garota quente se
esfregando em mim. Minhas mãos foram para as suas costas ao mesmo tempo em que pedia
espaço com a minha língua, explorando cada pedacinho dela.
Desejando apenas mais, levei as mãos sobre o vestido e comecei a descer o maldito zíper,
louco para me livrar daquela peça minúscula. Senti-a ficar tensa naquele instante, os movimentos
que há pouco eram intensos, diminuíram enquanto ela colocava uma pressão maior em meu
peitoral. E por mais que quisesse continuar, a atitude me fez interromper o beijo e buscar o seu
olhar de forma confusa.
— Está tudo bem? — perguntei, a voz arfante. Ela permaneceu imóvel.
A garota suspirou e olhou para as mãos pequenas que se encontravam em meu peito.
— Alexandre, eu nunca... — A voz dela falhou, arqueei as sobrancelhas, incrédulo. —
Espero que não seja um problema, mas eu nunca...
— Você nunca? — incentivei-a a continuar, desesperado por uma confirmação.
Porra, não era possível.
— Vai me fazer falar? — perguntou e me olhou brevemente, sem conseguir sustentar o
olhar. Seu constrangimento me deu a confirmação que eu buscava.
Suspirei profundamente, amaldiçoando-a internamente por desejar apenas uma coisa:
fodê-la a noite inteira.
Minha mão foi para seu rosto e eu trouxe seu olhar para mim.
— Olha, não há nada que eu queira mais do que estar dentro de você, mas preciso ser
sincero, Docinho, não acho que eu seja o cara ideal para que tenha essa experiência. Não sou o
tipo de cara que liga no dia seguinte, ou que manda flores, Ane — fui sincero, por mais que a
desejasse pra caralho, não poderia seguir se ela tivesse expectativas sobre isso.
— Eu escolhi você — a garota falou, firme, fazendo a porra do meu pau saltar dentro da
calça. — Não importa que não nos vejamos mais, eu só quero que seja você.
Suspirei, tentando ser racional, mas fora impossível quando ela começou a rebolar em
meu colo, mandando minha sanidade para o espaço.
— Caralho. — Resfoleguei, à medida que pensava sobre isso. — Você tem certeza disso?
A garota assentiu, então, eu daria a ela aquilo que queria, mesmo sabendo que não
deveria.
Eu a queria demais.
Levei as minhas mãos no quadril dela e me levantei da cama, levando-a junto comigo.
Então, joguei seu corpo no colchão macio e fui com meu corpo sobre o dela.
Beijei os seus lábios, dessa vez, tentando não ser tão forte como gostaria. E comecei a
despi-la, ao mesmo tempo em que deixava beijos e chupões por todo o corpo dela. E a cada
investida, a garota começou a soltar gemidos contidos, deixando-me a cada instante mais louco.
Quando ela estava completamente nua, eu me afastei para admirá-la e, porra, era uma obra
de arte.
Gostosa pra caralho.
A boceta lisinha e convidativa me fez salivar, sem conseguir resistir eu me ajoelhei na
beirada da cama e me acomodei entre as pernas dela.
— Alexandre — sussurrou, tentando fechar as pernas.
— Nada disso, Docinho — falei, impedindo-a de me afastar. — Eu vou chupar essa
boceta gostosa, de forma que nunca se esqueça da sensação que é ter a minha boca nela.
Antes que ela pudesse protestar, minha boca estava sobre ela. Um gemido contido escapou
dos lábios dela no momento em que minha língua deslizou por toda a boceta, o que me
incentivou a apenas dar mais a ela. Comecei a lamber, sugar e chupar em movimentos
alternados, circulando minha língua em seu clitóris, observando cada reação da garota. Meu pau
estava dolorido, cada gemido dela era a porra de uma tortura.
— Ah, que delícia — gemeu, ao mesmo tempo em que senti-a travar as pernas em volta
de mim.
Naquele momento, eu soube que ela estava chegando lá, intensifiquei ainda mais os
movimentos e apenas apreciei aquela morena deliciosa se desmanchar totalmente em minha
boca, enquanto as mãos se agarravam no lençol.
Caralho, aquilo foi demais.
Afastei-me um pouco apreciando a cena gostosa e não suportando mais esperar, me
levantei e comecei a me despir, com os olhos fixos a ela.
Um sorriso se formou em meus lábios, percebendo que ela estava fora de si.
Quando me despi, peguei um preservativo no móvel ao lado da cama e o coloquei, em
seguida fui em direção a ela. Levei a mão na cintura dela e a puxei para cima, esparramando-a na
cama, então, depois de me acomodar entre as pernas dela, meus olhos foram em direção aos dela.
A garota envolveu a perna em volta de mim e me puxou para ela. A respiração estava
pesada, os olhos ansiosos e, por um momento, eu me senti um filho da puta sortudo, por ela
entregar a mim algo que eu certamente não merecia.
Ainda assim, a sensação de ser o primeiro, era boa. Boa pra caralho.
Comecei a pincelar meu pau em sua entrada, espalhando a lubrificação de seu orgasmo,
sem tirar os olhos dela.
— Está pronta? — perguntei, a voz contida, tendo que fazer um esforço enorme para me
segurar.
— Sim, eu estou — respondeu em um fio de voz.
Então, eu empurrei aos poucos para dentro dela.
— Porra — rosnei, sentindo meu pau ser esmagado pela boceta quente e gostosa.
As mãos dela foram para as minhas costas, ela cravou as unhas, retrocedi e, novamente, eu
estava dentro dela, dessa vez, me permitindo ir um pouco mais fundo.
A garota gemeu, meus olhos foram para ela e eu tive que ter a porra de um autocontrole
muito grande para não apressar as coisas.
— Como se sente? Posso continuar? — perguntei, ela assentiu.
Resolvendo mudar a posição, retrocedi devagar e me ajoelhei na cama, então, puxei as
pernas dela e as acomodei ao meu lado, então, enquanto me afundava mais uma vez, eu levei o
polegar em seu clitóris, fazendo movimentos circulares, à medida que aumentava as investidas.
— Puta que pariu — gemeu, fazendo-me perder o controle.
Os movimentos se tornaram mais precisos, enquanto massageava o clitóris inchado. Indo
cada vez mais fundo, sentindo que havia encontrado seu ponto sensível, pelo desespero que se
formou em seu rosto.
A garota levou as mãos afoitas para mim e me puxou, eu segui seu movimento e,
novamente, estava com o corpo sobre o dela. Eu comecei a me afundar, de forma cada vez mais
constante, conforme seu desconforto parecia desaparecer.
Então, era apenas nós dois.
— Tão doce e gostosa — rosnei, com os olhos fixos a ela, apreciando os olhos cheios de
desejo sobre mim, à medida que eu me enterrava, cada vez mais profundo dentro dela.
Nossos corpos se conectavam de forma intensa, o momento era único e quente, de forma
que eu não conseguia explicar, e nem queria. Eu apenas queria continuar sentindo toda aquela
sensação que invadia aquele momento.
Inclinei-me para beijá-la e segui com movimentos constantes, querendo levá-la
exatamente para o mesmo lugar em que eu ansiava ir.
E, porra, não sabia quanto tempo exatamente demorou, mas nós dois fomos. Eu vi a garota
deixar meus lábios e se liberar em um grito, tão gostoso que fez meu pau reagir a ela no mesmo
instante. Fazendo-me gozar algumas estocadas depois, seguindo-a naquele momento intenso.
Nossa respiração estava irregular, a foda havia sido uma das mais gostosas que tive em
minha vida. Era surreal de incrível.
Em um ato impensado, fiz algo que não era de praxe meu. Levei minhas mãos em seus
cabelos e o acariciei, fazendo a garota olhar para mim, enquanto tentava controlar a respiração.
— Tudo bem? — perguntei, a voz contida. A garota foi capaz apenas de assentir. Eu sorri
notando que ela precisava de um tempo. — Eu volto em um instante.
Após avisar, saí de dentro dela e fui em direção ao banheiro.
Descartei o preservativo, manchado de sangue. Tinha que admitir que meus olhos ficaram
mais tempo que o necessário ali. Não sabia ao certo explicar, mas poderia dizer que a sensação
de ser o primeiro dela foi única.
Lavei as minhas mãos, peguei uma toalha de rosto no armário e umedeci parte dela. Em
seguida, fui para o quarto, e como o bom cavalheiro que eu não era, eu me permiti cuidar dela.
Limpei a boceta gostosa e retirei o lençol manchado de sangue, jogando-o para o lado
antes de colocar outro sobre a cama. Então, eu me deitei ao seu lado e a puxei para ficar de frente
para mim.
— Foi incrivelmente gostoso — ela finalmente falou. Minha boca se curvou em um
sorriso.
— Sim, foi incrível, meu doce — confessei, ainda hipnotizado com a cena à minha frente.
A garota sorriu, parecendo ainda estar fora de si.
Minha mão foi para o rosto dela mais uma vez, mesmo não sendo algo de praxe meu,
comecei a acariciá-la com o polegar sem conseguir desviar o olhar. Os olhos dela ficaram cada
vez mais pesados, denunciando que logo ela adormeceria.
— Vou te deixar descansar um pouco, mas preciso estar dentro de você mais uma vez,
antes de encerrarmos essa noite — disse, a voz suave.
Ela abriu os olhos e, timidamente, mordeu o lábio inferior. Naquele instante, eu soube que
estávamos na sintonia perfeita, e apenas tive a confirmação, quando ela sussurrou:
— Não há nada que eu queira mais, do que o sentir uma última vez.
CAPÍTULO 03
Acordei sentindo uma sensação diferente por todo o corpo. Estava deliciosamente
dolorida, e tinha que admitir, não pensei que tudo seria tão intenso.
Virei-me com cuidado, sentindo a presença do homem da noite anterior ao meu lado. Foi
impossível não o observar nesse instante.
Os cabelos agora estavam desleixados, o peito subia e descia em um movimento ritmado,
denunciando que ele dormia profundamente. A boca carnuda e habilidosa, a barba devidamente
aparada, levou-me para as sensações que ele me causou por todo o corpo.
Recordações da noite anterior dançavam em minha mente, um sorriso involuntário
brincava nos meus lábios. Tudo fora intenso e gostoso.
O flerte, a sintonia, o sexo incrível e a sensação nova que invadia meu peito.
No entanto, um frio na barriga me deu uma lufada sobre como seria quando aquele
homem acordasse.
Alexandre era o tipo de homem que buscava apenas diversão, ele não fez questão de
esconder isso, enquanto estávamos na boate. E mesmo com toda sintonia incrível e seu cuidado,
eu sabia que ele estava à procura de apenas uma foda.
De um todo, isso não era ruim. Eu havia acabado de chegar ao Brasil, desejava começar a
minha nova jornada de uma forma diferente, sem criar expectativas.
Com isso em mente, levantei-me com cuidado. O coração estava em descompasso, e eu
definitivamente não queria lidar com a situação chata de “agora vamos cada um seguir a sua
vida” quando ele acordasse, então, recolhi as minhas coisas pelo quarto e fui para a sala a fim de
pegar minha bolsa, que ficou em algum lugar, por conta de toda a loucura de ontem.
Peguei o meu celular e notei que havia algumas mensagens de Liz, logo, eu comecei a
checar.
Liz: Garota, você levou a sério o conselho sobre fazer algo inesperado, porém, quero te
matar por ir embora sem me avisar. Só não surtei porque Amanda viu quando vocês foram
embora.
Liz: Poderia ao menos dizer que tudo está bem? Talvez eu esteja surtando com o fato de
que você não responde.
Liz: Na verdade, estou curiosa, mas vou deixá-la em paz e dar um desconto pelo fato de
que você provavelmente deu para aquele gostoso, e descobriu o lado bom da vida, mas pelo
amor de Deus, me ligue!
Balancei a cabeça em negativa, segurando o riso, e comecei a digitar uma resposta.
Eu: Está tudo muito bem, obrigada. Te conto quando chegar à sua casa, a propósito,
estou indo.
Saí do aplicativo de mensagens e pedi um motorista de aplicativo. Vesti-me e quando
estava prestes a ir embora, notei em cima da mesa de centro uma caneta, e alguns papéis. O que
me deu uma ideia sobre como me despedir.
Tirei da bolsa um post-it, que sempre me acompanhava e usei a caneta, deixando um
recado para Alexandre, mas não sem ao final passar um batom nos lábios e colocar minha marca
ali. Ainda tive a ousadia de voltar ao quarto, antes de finalmente ir embora.
Agradeci ao motorista quando me deixou em frente à casa da minha amiga e toquei a
campainha, não demorou para que Liz abrisse a porta e me olhasse de cima a baixo.
— Aí está você! Como foi, Ane? — perguntou, sugestiva.
Contive o sorriso e revirei os olhos com sua provocação, só então, me dei conta de que eu
realmente não veria Alexandre novamente.
— Eu deveria ter dito o meu nome.
— Foi tão bom assim? — a pergunta da minha amiga, fez-me notar que havia pensado
alto demais.
Balancei a cabeça em negativa, como se aquilo mandasse os pensamentos para longe,
então, forcei para que ela me desse espaço para entrar.
— Foi... incrível — falei, à medida que ia em direção ao sofá.
Joguei meu corpo sobre ele e observei Liz vir em minha direção, em seguida se sentou ao
meu lado.
— Quero todos os detalhes, o cara era um baita de um gostoso — comentou, fazendo com
que o sorriso se formasse em meus lábios.
— Tenho que pegar minhas coisas e ir para a capital, tenho que surpreender o meu pai
antes que ele decida ir ao aeroporto. — Suspirei. — Deus! Quando chegamos ontem eu deveria
ter ido para casa.
— Nada disso, amiga, você merecia isso. Olha só para você — falou e me mediu com o
olhar. — Está radiante.
— Você tem razão, para falar a verdade não me arrependo de nada — disse, lembrando-
me de como tudo foi perfeito. — Tenho certeza de que meus pais não me deixarão em paz tão
cedo, então, podemos repetir a dose em algumas semanas, talvez?
— Que safada! — ela me provocou. Peguei uma das almofadas no sofá e joguei na minha
amiga, com um sorriso bobo. — Trocaram contatos? Já marcaram um reencontro, foi?
Meu sorriso foi desaparecendo e eu me levantei, a fim de que Liz não percebesse que a
pergunta me afetou. Disposta a não facilitar, ela veio atrás de mim, à medida que eu caminhava
em direção ao quarto.
— Bem, eu saí antes que ele acordasse — falei, por fim.
— O quê? — Seu tom aumentou, fiz uma careta. — Como pôde fazer algo assim, Gabi?
— Olha. — Parei para olhá-la. — O cara é visivelmente um cafajeste, não queria lidar
com todo aquele papo de “foi apenas uma foda”, ainda mais pelo fato de que eu era... — Deixei
as palavras no ar, minha amiga balançou a cabeça em concordância, compreendendo.
— Você tem razão, talvez seja melhor assim — ela respondeu, então, voltou a sorrir. —
Quem sabe não encontra ele quando vier me visitar, tenho certeza de que ele pode ser um cliente
frequente.
— Ah, não! — cortei-a de imediato. — Não vou alimentar esse tipo de expectativa, foi
perfeito, cuidadoso e gostoso demais. É o que importa.
— Minha amiga é tão pé no chão, que orgulho — ela disse, fazendo-me sorrir.
Era melhor pensar assim, afinal.
— Agora deixa de conversa, eu preciso de um banho antes de pegar minhas coisas e ir
para a capital.
Liz fez uma careta, que eu fiz questão de ignorar ao seguir para o banheiro. Tinha que
admitir, apesar de no início ter ficado receosa sobre escapar para Búzios, antes de ir para casa,
foi uma das melhores maluquices que Liz me convenceu a fazer.
Afinal, nesse momento, poderia dizer que algo mudou dentro de mim, para sempre.

Caminhei pelo jardim, sentindo uma nostalgia. Minhas mãos foram para as rosas que
enfeitavam o ambiente, e só então me dei conta do quanto eu estava com saudades de casa, da
minha família.
Não que eu não os visse, porém, eram sempre em datas especiais e eles que decidiam ir
até mim quando dava. Mais uns passos me levaram à entrada, onde passei pela porta e caminhei
pela casa, com um sorriso bobo nos lábios, à medida que a saudade tomava conta.
Os olhos se encheram de lágrimas quando encontrei meu pai, na sala de estar. Demorou
alguns minutos, até que ele finalmente se virou, notando a minha presença.
— Surpresa! — gritei, animada, ao mesmo tempo em que um sorriso se formou em meus
lábios.
A primeira a ser surpreendida fora Monique, a governanta que estava conosco desde que
me entendia por gente. Felizmente, assim que me deixou entrar ela me informou que meu pai
estava em casa e que a movimentação dos funcionários por aqui estava a todo vapor.
— Querida, o que faz aqui? — meu pai perguntou, confuso, e olhou brevemente para o
relógio em seu pulso.
— Não está feliz em me ver? — perguntei, deixando a mala no meio da sala, então fui em
direção a ele.
— Claro que estou, meu bem — respondeu, à medida que me envolveu em um abraço. —
É só que eu esperava buscá-la no aeroporto mais tarde.
— Consegui adiantar o voo, queria surpreendê-los — menti, sentindo uma pontada de
culpa por esconder a verdade. — Onde está a mamãe?
— Ela está no salão — ele disse, e afastou para me olhar. — Poderia ter me ligado, eu
buscaria você.
— Eu sei que sim. — Ri suavemente. — Mas aqui estou eu e pela movimentação, tenho
certeza de que preparou algo para comemoramos, não é, senhor Ricardo?
Arqueei as sobrancelhas, à medida que um sorriso genuíno se formou nos lábios dele.
— Há tantas pessoas com saudades de você — comentou. — Não tinha como fazer
diferente.
— Você não tem jeito, pai. Eu disse que não queria uma festa e, realmente, espero que não
pretenda encher a casa.
Ele fez uma careta, denunciando que sim, eu estava ferrada.
— Você é minha única filha, meu amor. Há tantas pessoas com saudades, pessoas que
quero que conheça. Me deixe fazer isso.
Abracei-o, rendendo-me. Afinal, desde que eu fui embora estudar, muita coisa mudou por
aqui, e sabia que, meu pai estava ansioso, principalmente para me ter ao lado dele, nos negócios.
Então, decidida a aproveitar e deixar que meu pai guiasse o momento, respondi:
— Tudo bem, mal posso esperar para essa noite.
CAPÍTULO 04
“Obrigada pela noite incrível, ela ficará guardada em minha memória para sempre. Você
foi especial”
Li o bilhete que encontrei no móvel ao lado da cama, ainda sem acreditar. Passei o polegar
sobre a marca dos lábios ao final do bilhete enquanto um sorriso incrédulo brincava em meus
lábios.
— Você só pode estar brincando comigo, Ane — murmurei para mim mesmo. Os olhos
ainda permaneceram fixos ao bilhete por alguns instantes, antes de abrir a gaveta do móvel e
guardar o bilhete.
Fui em direção ao banheiro, a fim de tomar um banho. No momento em que a água gelada
começou a cair em meu rosto, flashes da noite anterior começaram a vir com tudo em minha
mente.
Os gemidos gostosos, a forma que a garota reagiu a cada toque.
Em muito tempo, a única que eu desejei que estivesse ao meu lado quando eu acordasse,
não estava. Eu sempre tinha que mandá-las embora, com uma desculpa esfarrapada, mas eu não
teria esse trabalho com Ane.
Caralho, como eu queria ter. Precisava tê-la mais uma vez.
Com a cabeça a mil, terminei o banho e me enrolei na toalha antes de voltar para o quarto.
Fui em direção ao meu celular e o peguei, procurando em meus contatos a pessoa que certamente
poderia me ajudar. Sem perder tempo, coloquei para chamar.
— Alexandre? — Rodolfo atendeu no quarto toque. — A que devo o seu ilustre contato?
— Preciso da sua ajuda — disse, ignorando o tom de deboche em sua voz.
— Vejamos só, isso é curioso. — Riu suave. — Manda cara.
Sentei-me na cama e só então, pensei em como abordar tal assunto.
— Eu estive ontem na sua filial aqui de Búzios e, porra, peguei uma morena gostosa pra
caralho, e adivinha? Eu acordei e a garota simplesmente havia dado no pé. — Rodolfo
gargalhou, interrompendo-me.
— Então quer dizer que foi abandonado. Finalmente uma mulher sensata.
— Vá se foder — disse, fazendo-o gargalhar ainda mais.
— Me diga, como eu posso te ajudar? — perguntou, a voz contida. — Quer encontrá-la?
— Sim, mas a única informação que tenho é que ela se chama Ane, eu estive com ela
durante toda a noite na boate.
— Hm... — começou a analisar. — Vou pedir à minha equipe para puxar as imagens
para mim e ver o que consigo.
— Se conseguir encontrá-la, vou ficar te devendo.
— É claro que vai — disse, sugestivo. Balancei a cabeça em negativa e segurei o riso.
— Porra, valeu — falei e encerrei a ligação, apenas ignorando o deboche do filho da puta.
Joguei o celular sobre a cama e suspirei profundo, pensando no quanto eu queria ir à boate
hoje mais uma vez para, quem sabe, encontrar Ane, porém, não poderia me dar ao luxo, afinal,
meu sócio me mataria se eu faltasse a festa de boas-vindas de sua querida filha.
Levantei-me em um salto, decidido a arrumar as coisas e voltar para a capital, afinal, não
poderia abandonar meus compromissos. Eu apenas confiaria em Rodolfo, com a certeza de que
eu a veria mais uma vez.

Suspirei profundamente quando parei em frente à casa de Ricardo. Eu estava atrasado, e


ele iria me encher, pois queria que eu chegasse antes que sua filha se fizesse presente.
O lado ruim de ter alguém que te considerava tanto, era ela querer que você tivesse
presente em momentos assim, como se fosse parte da família. Não que fosse ruim, mas eu não
via Gabrielle desde que era uma garotinha. Eu vivia em Nova Iorque, apesar de Ricardo e eu
sermos sócios há muito tempo, eu não era tão próximo a ele há alguns anos, além do mais,
quando decidi voltar para o Brasil, a garota tinha ido para fora a fim de estudar em Harvard.
Ou seja, por que caralhos Ricardo fazia tanta questão que eu chegasse no momento em
que todos recepcionariam a garota? Não fazia ideia, mas me considerava um grande filho da
puta, por ainda assim conseguir me atrasar.
Sem querer adiar ainda mais o sermão, caminhei em direção à casa e toquei a campainha.
Logo, a governanta abriu a porta e me recebeu com um sorriso gentil.
— Boa noite — ela me cumprimentou. — Todos estão no jardim, fique à vontade.
— Boa noite, Monique. Obrigado — disse, e passei por ela.
Enquanto caminhava pelo corredor que levava a área externa, observei algumas pessoas
pelo caminho, jogando conversa fora e, certamente, fugindo da agitação maior. Balancei a cabeça
em negativa ao chegar ao jardim e notar que o local estava lotado, Ricardo disse que seria algo
simples e reservado, mas isso não combinava nada com ele.
O homem era o exagero em pessoa.
Aproveitei a presença de uma garçonete e levei a mão em um dos drinks que estavam
sobre a bandeja que ela carregava, atraindo o olhar tímido para mim.
— Boa noite — cumprimentei, sentindo-a se desestabilizar.
O sorriso foi inevitável, levei o copo à boca e tomei um gole, observando a mulher sair do
meu campo de visão.
— Está atrasado. — A voz de Ricardo ressoou, meus olhos foram em direção a ele,
constatando que ele se aproximava. — Mas vou te dar um desconto, porque ser abandonado por
uma mulher é novidade para o garanhão aqui.
Fiz uma careta, arrependendo-me amargamente de ter contado a ele o que a porra da
garota fez. Tirou-me do eixo.
— Não começa — pedi e virei o restante da bebida na boca.
— Ela realmente não deixou nem mesmo o contato? — sondou, curioso.
— Nada, um bilhete agradecendo pela noite e, simplesmente, desapareceu.
— E você não deveria estar feliz com isso? Prefere quando elas fazem um barraco na
portaria da empresa para chamar a sua atenção? — perguntou, eu fiz uma careta ao me lembrar
de como isso era desagradável.
— Ela não me parece esse tipo de mulher.
— É por isso que está intrigado desse jeito — brincou, fazendo-me revirar os olhos.
— Não vim aqui essa noite para isso, Ricardo, se continuar eu vou...
— Tudo bem, tudo bem — ele me interrompeu. Então desviou o olhar para os convidados.
— Vou olhar onde minha princesa está para apresentá-los, me espere aqui.
— Deixe a menina, Ricardo. — Sorri, notando sua ansiedade. Ele fez uma careta.
— Quero muito apresentá-los, afinal, ela fará parte da equipe em breve e você, meu
amigo, é família. — Os olhos dele brilharam ao dizer aquelas palavras.
Assenti em meio a um sorriso, sentindo-me grato por ter alguém como Ricardo como
amigo. No mesmo instante, senti meu celular vibrar no bolso. Levei a mão ao aparelho, à medida
que Ricardo se afastou. Arqueei as sobrancelhas ao constatar o nome de Rodolfo no visor.
Dei alguns passos para longe da agitação e atendi enquanto acompanhava meu amigo
sumir do meu campo de visão.
— Achei a sua garota. — A voz de Rodolfo ressoou, surpreendendo-me.
— Então é verdade mesmo o que os caras dizem, você tem o poder de achar quem quiser
— comentei, notando a agilidade dele.
— Bem, eu mexo os meus pauzinhos e... — Deixou as palavras no ar e uma risada suave
se fez presente do outro lado da linha. — Você não vai acreditar.
— Me conte — pedi.
— Ela não se chama Ane, acho que alguém não queria ser encontrada.
— O quê? Tem certeza disso?
— Claro, usei o sistema de reconhecimento. É a garota.
Suspirei ao ouvi-lo e passei os olhos por todo o local.
— Então me diga, como ela se chama?
— Gabrielle Alencar — disse, meu coração errou na batida, ao escutar um nome tão
familiar. — E não é só isso, além de ter vinte e quatro anos, essa delicinha chegou ao Brasil
ontem, ela estava estudando em Massachusetts.
Meu mundo parou ao ouvir aquela informação, os olhos afoitos foram mais uma vez para
a direção que Ricardo havia ido, e para o meu desespero, ele caminhava com um sorriso no rosto
em minha direção, e o pior, não estava sozinho.
Ele estava com ela.
A garota que eu tirei a virgindade e fodi como um louco na noite anterior. Porra, isso só
poderia ser uma piada de muito mau gosto.
— Alexandre? — A voz de Rodolfo ressoou, lembrando-me de que ele ainda estava na
linha.
— Nos falamos depois — respondi, a voz contida.
— Tudo bem, mas não se esqueça, você me deve uma — alertou, no mesmo tom sugestivo
de sempre.
Fui incapaz de responder, encerrei a ligação e concentrei a minha atenção totalmente na
garota que caminhava com o pai.
O coração vacilava a cada passo da garota tão familiar em minha direção. Os cabelos
estavam soltos, o sorriso descontraído e o visual de tirar o fôlego. Ela estava ainda mais linda,
usava um vestido prata e a fenda lateral deixava à mostra mais do que deveria a cada passo.
Meus olhos permaneceram fixos, eu ainda estava incrédulo sobre como o universo parecia
querer me foder e a sensação no peito apenas cresceu, quando aqueles olhos assustados,
finalmente, me alcançaram.
Porra, era realmente ela.
A garota que eu queria encontrar a todo custo, não só havia mentido para mim sobre o seu
nome, como ela era também a filha do meu sócio.
CAPÍTULO 05
Congelei no instante em que meus olhos foram ao encontro do homem que me encarava
fixamente. Ele parecia tão perplexo quanto eu com a situação.
Logo, minha mente começou a trabalhar com as informações que tinha. Alexandre
Sanchez, era o nome do sócio do meu pai. E o nome do homem que me olhava de forma
interrogativa, era Alexandre.
Puta que pariu, isso não pode ser real.
— Algum problema, meu amor? — A voz do meu pai me tirou do estado de torpor. Ele
estava parado um pouco à frente, com os olhos fixos a mim. Forcei um sorriso para ele e voltei a
caminhar, tentando disfarçar a confusão em minha mente.
— Só me lembrei de algo, me desculpe — disse, alcançando-o.
Aéreo a tudo, ele continuou seu caminho, rumo àquele que fora minha melhor aventura,
que agora, transformou-se facilmente em meu maior erro.
Quando papai parou, eu tive a certeza de que estava certa em minha suposição. Afinal, era
justamente ao sócio que ele queria me apresentar. Tomei coragem e olhei em direção ao
Alexandre, encontrando um olhar cheio de questionamentos, fazendo meu coração saltar dentro
do peito.
— Deixe-me finalmente apresentá-los. Alexandre, essa é minha filha, Gabrielle. Gabrielle,
esse é o meu sócio — papai falou, com um sorriso de canto a canto. Então, os olhos confusos
foram para o amigo. — Alexandre?
Alexandre balançou a cabeça em negativa e estendeu a mão para mim. Seu olhar me dizia
muito, dizia que ele estava tão surpreso quanto eu, não só isso, havia algo mais.
— Prazer em conhecê-la, Gabrielle — ele frisou o meu nome, causando um arrepio por
todo o meu corpo.
Engoli em seco e estendi a mão para ele. Alexandre fez uma pressão maior do que o
normal e arqueou a sobrancelha para mim.
— É um prazer finalmente conhecê-lo — tentei disfarçar.
Alexandre deu um sorriso de lado incrivelmente sexy. Então, depois de soltar a minha
mão, os olhos dele desviaram para o meu pai.
— Você disse que Gabrielle chegou hoje ao Brasil? — perguntou, sério, fazendo o meu
coração errar nas batidas.
— Sim, ela chegou pela manhã — confirmou, ainda aéreo a toda a tensão que pairava
sobre nós.
— Poderia jurar que eu a vi em Búzios — Alexandre provocou, mordi meu lábio, a fim de
segurar a resposta que estava na ponta da língua.
— É impossível, como meu pai disse, eu cheguei hoje. — Tentei me manter firme.
— Alexandre, pare de brincar com ela, vá caçar o que fazer — meu pai disse,
denunciando que encarou aquilo como uma brincadeira do amigo.
— Só estou testando como anda o coração dela, amigo — Alexandre falou, então desviou
o olhar para mim. — Espero que não me entenda mal, Gabrielle.
Suspirei profundamente, tentando me controlar a cada vez que ele dizia o meu nome, de
forma tão intensa, ao mesmo tempo com uma pitada de provocação.
— Meu pai me avisou o quanto você pode ser indecente às vezes — disse, com os olhos
fixos a ele.
— Isso me ofende, Ricardo. — Alexandre desviou o olhar para meu pai, que sorria ainda
mais com a situação.
— Bem, fico feliz que já estejam se dando bem, afinal, trabalharão juntos daqui para
frente — papai disse, fazendo meu coração saltar.
Naquele instante, eu me dei conta de que seria impossível evitar aquele homem, que
mexeu comigo tão intensamente. Que me fodeu, de forma que eu nunca imaginei que fosse
possível.
Deus! Eu me entreguei a ele, completamente.
Balancei a cabeça em negativa, mandando os pensamentos para longe e olhei para o meu
pai.
— Não vamos falar de trabalho agora. — Forcei um sorriso. — Bem, se me derem
licença, eu preciso ir ao banheiro.
— Vá lá, minha princesa — meu pai disse.
— Nos vemos por aí, Gabrielle — Alexandre falou, de forma inevitável, os olhos
encontraram os dele.
Não soube identificar o que exatamente eles transmitiam, mas o sentimento apenas me
desestabilizou. Virei-me, buscando sair daquela situação imediatamente.
O coração estava em descompasso e lidar com toda aquela tensão, foi demais para mim.
Precisando de espaço, fui em direção à casa, forçando alguns sorrisos ao longo do caminho.
Felizmente, eu já havia cumprimentado a grande maioria das pessoas, então, fui em
direção ao meu quarto no andar de cima. Assim que fechei a porta, peguei o celular e procurei na
agenda o número da única que poderia me ouvir nesse momento.
— A festa está tão chata, a ponto de me ligar no meio dela? — Liz falou, ao atender.
— Ele está aqui — disse, ignorando sua piada.
— O quê? Quem está aí, Gabi?
— O Alexandre, o cara de ontem... o cara que... — minha voz falhou. — Ele é o sócio do
meu pai, amiga.
— Puta que pariu! — Liz praticamente berrou do outro lado. — Por favor, me diz que
isso é uma piada.
— Antes fosse, eu falo sério — disse e um silêncio se instaurou no outro lado da linha.
Eu suspirei e tentei parar de andar de um lado para o outro. Fui em direção à janela do
quarto e afastei as cortinas na tentativa de vê-lo daqui. Porém, Alexandre e meu pai não se
encontravam mais no mesmo lugar.
— Vamos olhar pelo lado bom, você queria vê-lo de novo, não é? — Ela deu uma
risadinha, decerto, tentando suavizar o clima.
Afastei-me da janela e fui em direção à cama, jogando o meu corpo sobre ela enquanto
pensava.
— Não tem lado bom nisso, Liz, ele é o sócio que não vale nada. O cara que me provocou
o quanto pôde na presença do meu pai há alguns minutos. — Suspirei. — O cara que me fodeu
tanto, até me deixar dolorida, e agora eu simplesmente terei que conviver com ele, como se nada
tivesse acontecido.
— Gabi...
Um sorriso cheio de nervosismo se fez presente em meus lábios.
— Como se isso fosse possível. — Deixei aquelas palavras no ar e me sentei na cama,
sentindo-me inquieta. — Meu pai vai me matar se descobrir que algo assim aconteceu.
— Respira, Gabi! — Liz chamou a minha atenção. — Ele não vai ser louco de contar ao
seu pai que fodeu a filha dele, então, se acalme. Tudo está recente, mas as coisas vão se ajeitar.
Guarda tudo como uma boa memória e deixa rolar.
— Não sei se é possível me manter calma, mas preciso tentar.
— E, pelo amor de Deus, volte para a festa e aja naturalmente. Caso contrário, seu pai
pode notar que algo aconteceu — ela falou, dando-me um choque de realidade.
— Quer saber, você está certa — concordei. — Se eu fugir, meu pai pode perceber que há
algo errado e não é isso que eu quero.
— Só não esquece de me ligar mais tarde, você ainda me deve detalhes da noite que
passou com aquele gostoso.
— Nos falamos — disse, séria, ignorando o tom sugestivo de Liz.
Encerrei a ligação e suspirei, sentindo as batidas descompassadas do meu coração. Por um
momento, eu me permiti voltar para a noite anterior. Como ele me tocou, beijou, como ele me
levou além e me fez desejar apenas mais.
Por um momento, eu me permiti lembrar daqueles olhos intensos sobre mim, ao me ver
essa noite. Mas eu não poderia deixar os pensamentos irem para esse lado, afinal, ele não só era
o sócio do meu pai, como meu pai sempre disse, era um indecente. Um homem que sabia muito
bem curtir a vida, um homem que eu deveria me manter longe, a todo custo.
Com isso em mente, eu me levantei e fui em direção à porta a fim de voltar para a festa,
pois precisava agir como se a presença daquele homem não me afetasse. Abri a porta e quando
estava prestes a sair, senti um baque, levando-me de volta para o cômodo.
Tudo aconteceu muito rápido e em um piscar de olhos, eu estava sendo pressionada contra
a parede, ao mesmo tempo em que a porta se fechava.
Ele estava perto demais, os olhos desviaram-se para a minha boca e permaneceram por
tempo demais ali, antes de voltar a me olhar.
— Alexandre — sussurrei, sentindo toda sua intensidade.
— Que porra está tentando fazer, Ane? — perguntou, entredentes, fazendo-me estremecer.
— Por que mentiu sobre o seu nome? Por acaso sabia quem eu era?
Sentindo-me ofendida, levei a mão em seu peito e tentei empurrá-lo, mas logo suas mãos
foram ao encontro das minhas e ele me segurou.
— Me responde — pediu, firme.
— É lógico que eu não sabia, acha mesmo que eu escolheria logo o amigo e sócio do meu
pai para... — deixei as palavras no ar, um brilho diferente se fez presente nos olhos dele, como se
a chama se acendesse somente com a menção do que ele tirou de mim. Mais uma vez, eu tentei
me afastar, mas ele me segurou ainda mais forte. — Você é um idiota, precisava me provocar
daquela forma na frente do meu pai?
— São tantas mentiras que nem sei o que pensar, por Deus, você me colocou em uma saia
muito justa, Gabrielle.
Fechei os olhos, mais uma vez, meu nome estava saindo daquela boca de forma intensa.
Não sabia que era tão bom ter o meu nome em seus lábios. Suspirei e abri os olhos, encontrando-
o com o semblante totalmente perturbado.
— É só deixarmos isso para lá — falei, em um fio de voz. — Se ninguém souber o que
aconteceu entre nós, não teremos problemas.
— Eu fui o seu primeiro, nós... — sussurrou e, mais uma vez, os olhos dele estavam em
meus lábios. — Tem noção do peso disso?
A tensão entre nós era palpável.
— Se arrepende? — perguntei, atraindo o olhar dele para mim mais uma vez.
Sabia que não deveria ir por esse caminho, porém, foi inevitável segurar aquela pergunta
que pairava em minha mente.
— Porra. — Deu um pequeno rosnado, então, me estudou com o olhar. Senti como se ele
estivesse pensando no que responder, Alexandre abriu e fechou a boca algumas vezes, antes de
sussurrar: — Vou dar uma desculpa qualquer ao seu pai e ir embora. Não sou apenas eu que
precisa colocar a cabeça no lugar sobre toda essa situação.
Ao dizer aquelas palavras, ele se afastou, deu alguns passos em direção à porta e me olhou
uma última vez.
— Eu não me arrependo — confessei, fazendo-o congelar no lugar por um instante.
Então, suspirou profundo, e antes de sair do meu quarto, falou:
— Apenas se esqueça de que era eu naquela noite.
CAPÍTULO 06
Olhei mais uma vez para o edifício imponente à minha frente, onde era a sede da empresa
de marketing e publicidade de papai e Alexandre.
Uma semana havia se passado desde minha chegada ao Brasil. Felizmente, naquele
sábado Alexandre manteve sua palavra e foi embora, o que tornou as coisas mais fáceis, apesar
da pontada de decepção que pairou sobre mim quando saí do quarto e não o encontrei.
Meu pai não suspeitou de nada e, ao contrário, passou o resto da noite junto a mamãe,
apenas apreciando o momento. Ao final, ele expressou o desejo de apresentar-me à empresa
assim que eu estivesse pronta.
E aqui estava eu, reunindo coragem para entrar. Tinha que admitir que adiei a visita para
evitar Alexandre, mas sabia que não poderia fugir para sempre. A vida precisava seguir e os
meus planos também.
Durante esse tempo fora, dediquei-me aos estudos, ansiosa para colocar em prática tudo o
que aprendi na faculdade. E era exatamente o que eu pretendia fazer, de agora para frente,
independentemente de qualquer coisa.
Suspirei fundo e adentrei a empresa. O movimento de pessoas circulando era grande.
Havia uma recepção enorme, seguranças e funcionários por toda parte. Assim que me aproximei
do balcão, a recepcionista sorriu para mim.
— Boa tarde, em que posso ajudá-la? — perguntou, gentil.
— Sou Gabrielle Alencar, estou aqui para ver Ricardo Alencar — respondi.
— É a filha dele? — indagou, com curiosidade. Assenti, então ela continuou: —
Finalmente a conheci, seu pai está sempre falando de você.
— Espero que bem — brinquei.
— Claro — ela entrou na brincadeira, mal conseguindo conter o riso. — Ele está na sala
dele, terceiro andar à direita, fique à vontade.
— Muito obrigada — agradeci.
Com o coração nas mãos, fui em direção ao elevador e subi em direção à sala do meu pai.
— Olá, Gabrielle. — A voz gentil da secretária atraiu a minha atenção. — Pâmela me
avisou que estava subindo. Seu pai já está te esperando.
— Oh, obrigada — respondi, com um sorriso nos lábios.
Sem perder tempo, fui em direção à sala de meu pai, onde a secretária havia indicado. Ao
entrar, pude vê-lo caminhar em minha direção com um sorriso caloroso.
— Filha, até que enfim decidiu vir — ele disse e me envolveu em um abraço.
— Quem o vê dessa forma, vai achar que não nos vemos há uma semana — falei, à
medida que nos afastamos. Ele gargalhou.
— Ainda não estou acostumado com a sua presença constante.
— Pois acostume-se, pois pretendo não só conhecer a empresa, mas também começar o
quanto antes — falei, sentindo os olhos dele brilharem.
— Eu sei que talvez tenha te pressionado um pouco, se quiser descansar um pouco mais,
por mim tudo bem.
Sorri e neguei com a cabeça.
— Eu já estou cansada de ficar tão ociosa em casa, preciso de algo para ocupar a mente.
— Devemos começar a apresentá-la para toda a equipe? — perguntou, meu sorriso se
alargou ao notar a ansiedade genuína do meu pai.
— Claro, vamos lá.
Com um sorriso no rosto, meu pai me guiou para fora do escritório.
— Senhor Ricardo — a secretária chamou, no momento em que passamos por ela.
— Sim, Pâmela? — meu pai perguntou, e eu apenas acompanhei com o olhar, enquanto
ele ia em sua direção.
— É David, do projeto — ela informou, só então, percebi que ela estava em uma
chamada. Os olhos do meu pai desviaram-se para mim.
— Preciso atendê-lo, não demoro — ele disse, eu assenti.
Então, meu pai foi para o escritório. Eu me sentei na cadeira de espera e aguardei,
enquanto olhava minhas redes sociais. Não demorou muito para que ele saísse da sala e se
dirigisse mais uma vez à sua secretária.
— Por favor, contate os envolvidos para o projeto e peça que estejam na sala de reuniões
no último andar em vinte minutos — ele a instruiu, Pâmela apenas assentiu, então, os olhos do
meu pai foram para mim.
— Acho melhor eu voltar outra hora, não é? — perguntei, ao mesmo tempo em que me
levantei.
— Nada disso, querida, vou apresentá-la à empresa antes que possamos participar da
reunião.
— O quê? — perguntei, surpresa.
— Não disse que estava cansada de estar ociosa? Precisaremos de toda ajuda possível para
esse projeto — explicou, eu mordi o lábio, à medida que pensava sobre o assunto. — É
justamente uma das áreas que você mais gosta, querida, teremos que organizar um baile de gala
para o lançamento de um aplicativo.
Ele piscou para mim, sorri, dando-me por vencida.
— Tudo bem, vai, acho que pode ser legal.
Meu pai assentiu, sem conseguir esconder a animação, então, começamos a explorar a
empresa. Ele seguiu me apresentando cada espaço, as pessoas que ali trabalhavam, suas
determinadas funções, assim como os processos que eram realizados.
A cada setor que passávamos pude notar que era um universo diferente, onde quando
alinhados, faziam a empresa funcionar como um grande time. Tudo era muito bem-organizado e
alinhado; o ambiente era aconchegante, e conhecer tudo de perto apenas me animava sobre meus
próximos passos.
— Por último e não menos importante, quero te apresentar o setor que certamente mais te
interessará — meu pai chamou a minha atenção, no momento em que as portas do elevador se
abriram, revelando o último andar. — Aqui é onde tudo se inicia e o planejamento acontece.
Encantada, dei um passo à frente e deixei que ele me guiasse por aquele andar. Os
corredores revelavam uma atmosfera de inovação. As paredes estavam cobertas por ideias,
esboços e conceitos interessantes. As mesas preenchidas com designers imersos em seus
projetos, todos concentrados em seu trabalho. O que me deixou encantada com a dinâmica do
lugar.
À medida que íamos caminhando, meu pai explicou um pouco mais sobre os projetos. E
quando chegamos ao fim do corredor, ele parou diante de uma porta e deu uma leve batida, em
seguida abriu com um gesto convidativo. Entramos em uma sala iluminada, repleta de telas,
pôsteres e algumas pessoas, que se acomodavam em seus lugares.
Logo, uma morena abriu um sorriso para nós e caminhou em nossa direção.
— Olá, essa deve ser a famosa Gabrielle? — a morena perguntou, meu pai assentiu com
um sorriso de canto a canto.
— Gabrielle, esta é Raissa, nossa talentosa gerente de marketing. Raissa, esta é minha
filha, Gabrielle. — Meu pai logo nos apresentou com orgulho evidente em sua voz.
— É um prazer finalmente conhecê-la.
— Parece que o meu pai fala muito sobre mim — respondi, então, a atenção dela foi para
o meu pai.
— Você não imagina o quanto. — Ela desviou a atenção para o meu pai. — Devo me
preocupar com essa reunião de última hora?
— Talvez um pouco — ele falou, Raissa o mediu com o olhar.
— Vou aguardar o seu pronunciamento — ela disse, então, com um sorriso simpático, se
afastou e se acomodou ao lado de outra mulher.
Meu pai começou a caminhar pela sala, eu o acompanhei, parando de frente para a mesa
de reuniões, enquanto ele passava os olhos pelo lugar.
— Parece que falta apenas o Alexandre — ele comentou, atraindo o olhar de todos,
fazendo o meu coração miseravelmente saltitar. — Vou aproveitar esse momento para
apresentar-lhes a minha filha, Gabrielle. Como muitos aqui sabem, ela estava no exterior
cursando marketing. E de agora em diante, ela estará presente na empresa, somando em nossa
equipe, espero que possam segurar a mão dela nessa nova jornada.
Ao dizer aquelas palavras, os olhos dele foram para mim, juntamente com todos que
estavam ali. Forcei um sorriso sem graça por toda atenção recebida.
— Boa tarde, é um prazer conhecer a todos e, sinceramente, espero que no período em que
eu estiver aqui, possam esquecer que sou filha de um dos sócios, tenho muito a aprender com
cada um e quero fazer isso da mesma forma que todos que estão aqui.
Palmas animadas chamaram a minha atenção, notei que a garota que estava ao lado de
Raissa havia puxado aquela pequena bagunça. Sorri, notando que Raissa a acompanhou, logo os
rapazes também.
Foi quando a porta da sala de reuniões se abriu, atraindo o olhar de todos, inclusive o meu.
O coração entrou em descompasso, seu semblante se tornou sério no momento em que meus
olhos encontraram os dele.
Alexandre Sanchez.
Mas eu não era a única que ficava balançada com tudo. Os olhos dele diziam que eu
estava mexendo com ele na mesma intensidade.
— Alexandre, estávamos esperando por você — meu pai disse, quebrando um pouco
daquele momento. Desviei o olhar de imediato, na direção dele.
— Mas por que parece que começaram a festa sem mim? — perguntou e fechou a porta
atrás de si.
— Estava apresentando Gabrielle à equipe, informando também que a partir de agora, ela
estará conosco na empresa.
Alexandre pareceu congelar por um instante, novamente, sua perturbação era visível para
mim.
— Alexandre — cumprimentei, a voz firme, a fim de trazê-lo de volta para o que
acontecia à nossa volta. Pareceu ter funcionado, pois ele deu alguns passos em nossa direção.
— Não imaginei que seria tão rápido — ele comentou, então, os olhos intensos estavam
sobre mim. — Bem-vinda ao time, Gabrielle.
CAPÍTULO 07
Gabrielle estava fodendo com o meu juízo.
Ela parecia concentrada em cada fala do pai, enquanto brincava com a ponta da caneta
entre os lábios, mesmo de forma inconsciente o movimento era sexy, levando os meus
pensamentos exatamente para onde eu não queria ir.
Nossa troca de flerte foi gostosa e os momentos totalmente descontraídos, a garota tinha
uma vibe diferente do que eu estava acostumado, e a noite que passamos juntos, puta que pariu,
foi uma das melhores fodas da minha vida.
Porra, ela tinha que ser justamente a filha do meu sócio? Uma garota que eu não deveria
nem sonhar em estar dentro.
Estava fodido, porque se meu amigo sonhasse que eu corrompi sua linda filha, e pior, que
gostei para caralho disso, poderia me considerar um cara morto. Afinal, ele já havia jogado
piadas sobre como eu deveria manter minhas mãos e indecência bem longe de sua menina.
— O que acha, Alexandre? — A voz de Ricardo, me trouxe de volta à realidade.
Desviei a atenção para ele e fiz uma careta, enquanto pensava em como contornar o fato
de que eu não havia prestado atenção em nada do que ele disse nos últimos minutos.
— Acredito que como sempre, vamos atender as expectativas do cliente — comecei,
então, passei os olhos por todos na sala. — Pessoal, agora que estão a par das exigências do
cliente, vamos nos concentrar nas melhores estratégias para esse lançamento e atingir o objetivo
com tudo, segunda-feira pela manhã será a nossa primeira reunião para o processo de criação.
Ricardo me mediu com o olhar por um instante antes de se voltar para todos.
— Vamos encerrar a reunião, vocês ouviram o chefe, aproveitem o restante do dia para
reunir as melhores ideias, pois tenho certeza de que ele não pegará leve, afinal, o prazo é curto.
Quando ele finalizou, todos começaram a reunir suas anotações e, aos poucos, saíram da
sala. Arrisquei um olhar para Gabrielle, e no mesmo momento me amaldiçoei por isso.
Minha atenção deveria estar unicamente no projeto, que era grande e importante. Não só
isso, o cliente havia decidido que seria preciso adiantar o lançamento, então precisaríamos correr,
para que tudo fosse perfeito, mesmo que o prazo, agora, fosse curto.
Eu deveria me preocupar com isso, no entanto, minha mente insistia em ir para ela.
— Você se saiu bem. — A voz de Ricardo ressoou, atraindo minha atenção para ele. —
Apesar de estar distante por quase toda a reunião.
— Eu me distraí um pouco — confessei.
— O que está acontecendo? Você não é assim — comentou e me mediu com o olhar. —
Ainda pensando na garota? Você disse que ela se chamava Ane, não é?
Meus olhos foram para Gabrielle no momento em que aquelas palavras saíram da boca de
Ricardo e para me foder ainda mais, a garota havia escutado cada palavra, afinal, seus olhos
estavam arregalados denunciando que ela estava atenta a nossa conversa.
— Gabrielle. — A voz de Raissa ressoou, atraindo a nossa atenção. Foi quando notei que
ela e Isabella estavam paradas na porta. — Vamos começar a listar os tópicos da reunião, quer
vir com a gente?
— Hum, claro. — Ela saltou da cadeira ao mesmo tempo em que olhou para o pai. — Vou
aproveitar para conhecer um pouco mais com as meninas, não se preocupe comigo.
Ricardo apenas assentiu e observou até que as três estivessem fora da sala, em seguida
seus olhos alcançaram os meus, com um pedido de desculpas silencioso.
— Geralmente ninguém presta atenção nas nossas conversas, me esqueci de que Gabrielle
poderia ser uma exceção.
— Tudo bem, eu só... só não quero falar de Ane — disse o nome, sem conseguir esconder
o desgosto ao me lembrar da minha fodida realidade. — David te contou o motivo dessa decisão
repentina?
— Como eu disse há alguns minutos, ele ficou sabendo que o concorrente pretendia lançar
um aplicativo semelhante uma semana antes dele, parece que houve um vazamento de
informações — explicou e arqueou as sobrancelhas para mim.
— Certo, não havia prestado atenção nessa informação — disse e me levantei. — Vou me
organizar esse final de semana, e guiarei a equipe a partir de segunda para que tudo dê certo.
— Se quiser, posso assumir — sugeriu, prontamente neguei com a cabeça.
— Você cuida das reuniões chatas, e eu lido com os funcionários. Não quero te dever
nada para que me coloque em mais uma dessas reuniões.
— Tudo bem, sem reuniões — ele respondeu, segurando o riso.
Ricardo começou a caminhar em direção à saída, eu o acompanhei, enquanto passávamos
pelo andar, mas logo parei, quando percebi que ele estava indo em direção aos elevadores.
— Está indo para sua sala? — perguntei, atraindo seu olhar para mim.
— Sim, preciso ligar para o cliente e tranquilizá-lo.
— Ele deve estar surtando — comentei, Ricardo sorriu e desviou o olhar pelo ambiente,
parando em um ponto distante.
Eu o acompanhei, percebendo que os olhos dele estavam além das baias, onde a equipe
trabalhava, ele observava a sala de Raissa, que era toda em vidro, permitindo que pudéssemos
ver que ela, Gabrielle e Isabella estavam em uma conversa descontraída.
— Posso te pedir um favor? — Ricardo perguntou, fazendo com que eu voltasse minha
atenção para ele.
— Claro, do que precisa?
— Gabrielle acabou de se formar e quer muito aprender. Cuide bem dela, acredito que vai
se surpreender com a minha menina.
Naquele instante, percebi o quão filho da puta eu era, pois minha mente, imediatamente,
se prendeu naquelas três palavras: “Cuide bem dela”.
Porra, se ele soubesse que eu já cuidei, queria seguir cuidando e ensinando a ela tudo o
que eu sei.
Ele não fazia ideia.
Engoli em seco, tentando mandar aqueles pensamentos para longe, desviei minha atenção
mais uma vez para as garotas, tentando me recompor.
— Pode deixar, farei o que estiver ao meu alcance para ajudá-la no processo de adaptação.
— Estou contando com isso, mas não se esqueça — ele começou, sério —, ela é...
— Eu sei, acredite, eu sei — interrompi-o. — Ela é sua menina.
Ricardo sorriu satisfeito, e eu me amaldiçoei por isso.
— Nos falamos mais tarde — ele respondeu, então, seguiu o seu caminho.
Eu o observei por um tempo, então, meus olhos foram mais uma vez para as meninas,
vendo como Gabrielle parecia ter se adaptado bem a elas. O que era bom, afinal, era uma das
melhores do setor.
Suspirei e caminhei pelas baias, a fim de me trancar em minha sala pelo resto do dia.
Precisava colocar a cabeça no lugar. Era notório que evitar Gabrielle seria impossível, então,
teria que arrumar um jeito de convencer a minha cabeça, e o meu pau, que seria eu quem deveria
esquecê-la.
A porra da garota que me tirou do eixo.
CAPÍTULO 08
A sensação de me sentir em casa era boa.
Estava com medo de ter dificuldades para me enturmar, mas olhando agora para Raissa e
Isabella, eu tinha certeza de que nos daríamos muito bem. Elas tinham uma vibe única, nossas
ideias estavam se encaixando tão perfeitamente, de forma que não poderia estar mais feliz por
começar a trabalhar junto com elas.
— E então, Gabrielle, o que acha? — Raissa perguntou, fazendo-me olhar para o esboço
sobre a mesa.
— A pergunta não foi para mim, mas... — Isabella começou com um sorriso nos lábios,
atraindo a nossa atenção. — Acho que já fizemos todas as anotações possíveis e precisamos
relaxar.
— Você tem razão, está chegando ao fim do expediente — Raissa concordou, desviei o
meu olhar para o mesmo ponto que ela olhava, constatando que estávamos há, no mínimo, duas
horas e meia alinhando nossas ideias sem qualquer interrupção.
— Eu mal vi a hora passar — comentei, atraindo o olhar das duas.
— É o que mais gosto nesse trabalho. — Isabella se levantou, então, intercalou o olhar
entre mim e Raissa. — Vocês têm planos para hoje à noite?
— Ah, não, nem comece — Raissa logo cortou, à medida que um sorriso sacana se
formava nos lábios de Isabella.
— Qual é, precisamos comemorar a chegada de Gabrielle na equipe — ela disse, animada,
então, seus olhos estavam em mim. — Então, Gab?
— Não quero atrapalhar o plano de vocês — comecei, ao mesmo tempo em que me
levantei. — Mas estou livre.
— Tá brincando? Tenho certeza de que a maioria vai topar. Há apenas uma pessoa... —
ela fez uma careta e olhou para Raissa. — Que reluta em sair para não estragar os planos de ficar
para titia.
Raissa amassou uma folha de rascunho, fazendo uma bola e a jogou em Isabella, fazendo-
a gargalhar.
— Ela não perde uma oportunidade de ir para a farra — Raissa disse, segurando o riso. —
Eu certamente negaria, mas se for para comemorar o fato de Gabrielle ter entrado para o time, eu
topo.
— Uau, isso é raridade — Isabella falou, à medida que caminhou em direção à porta,
animada. — Deixem tudo comigo, até sei onde podemos ir.
Ao dizer aquelas palavras, Isabella saiu cantarolando da sala. Acompanhei-a com o olhar,
até notar que ela estava passando de baia em baia, conversando com todos que estavam ali.
— Ela vai chamar todo mundo, não vai? — perguntei, a voz contida.
— Sinto em te informar, mas sim — Raissa falou, fazendo-me olhar para ela. — Isabella
vai chamar todos que cruzarem o caminho dela, até o momento em que decidirmos ir embora.
— Que tal apressarmos as coisas então? — sugeri, em meio a uma risada. Raissa me
acompanhou com uma risada.
— É uma boa ideia — respondeu, em seguida foi em direção à mesa. Quando percebi que
ela estava juntando as nossas anotações, fui até ela e a ajudei.
Assim que terminamos, Raissa pegou a bolsa e guardou o celular, então, olhou para mim.
— Vamos?
— Claro — disse e a acompanhei para fora da sala.
Fomos conversando sobre os planos para segunda-feira até o momento em que paramos
em frente a Isabella. Ela parecia empenhada em arrastar o máximo de pessoas possíveis, e tinha
que admitir, aquela era uma boa ideia.
Depois da reunião de hoje, percebi que eu precisava urgentemente substituir as
lembranças que tinha com Alexandre, ou então, se tornaria insuportável conviver no mesmo
ambiente em que ele, quando meus pensamentos iam para cada toque dele por todo o meu corpo.
O desgraçado mexia comigo e a cara de golpe o deixava ainda mais atraente.
— O que está aprontando dessa vez, Isabella? — A voz gostosa de Alexandre invadiu o
ambiente. Meus olhos o buscaram afoita, ao mesmo tempo em que sentia as batidas do coração
descompassadas.
Merda! Como se lesse meus pensamentos, aqui estava ele.
— Chegou quem faltava — Isabella disse, e eu senti minha mente girar ao notar sua
animação.
Não, não, não, não!
Por favor, não, Isabella.
— Ah, é? — Ele arqueou as sobrancelhas, enquanto eu tentava encontrar uma forma de
impedi-la de fazer o maldito convite.
— Alexandre é um cara ocupado, Isabella — disse, a voz contida, chamando a atenção
dela. — Não vamos incomodá-lo com isso.
— Tá brincando? — ela disse e voltou a olhar para ele. — Alexandre sempre nos
acompanha.
— Que tal me dizer onde pretendem ir, só para começar? — ele pediu.
— No Garden, como sempre.
Em um instante, os olhos dele encontraram os meus e meu coração saltitou ainda mais. O
fato de não conseguir decifrar o que aquele olhar significava, deixava-me ainda mais
desnorteada.
— Todos estarão lá? — perguntou, sem desviar o olhar de mim.
— Sim, vamos comemorar a entrada da Gab na equipe — Isabella respondeu animada.
— Não tenho como negar um convite como esse, já que é uma comemoração pela
chegada de uma integrante da equipe, coloque as despesas na conta da empresa — ele respondeu,
então desviou o olhar para Isabella. — Eu apareço por lá mais tarde
Então, ele virou-se e foi em direção à saída.
Algumas pessoas comemoraram, não sabia ao certo se era a bebida de graça, ou o fato de
ele dizer que apareceria, mas o que eu sabia, era que estava a ponto de ter um colapso, por conta
daquela informação.
Tudo o que eu queria, era esquecer que foi ele, o cara incrível que esteve comigo naquela
noite, mas ele, consciente ou não, estava dificultando o meu desejo.
— Vamos, Gab? — Isabella disse, tirando-me dos meus devaneios. — Vou te passar o
endereço enquanto saímos, tenho certeza de que vai adorar o lugar.
Suspirei, tentando ao máximo disfarçar o conflito dentro do peito. Então, sorri para ela e
disse:
— Claro, mal posso esperar para conhecer.

— Eu tenho que dizer, não sei se estou feliz por vocês terem se enturmado tanto, a ponto
de combinarem algo fora do trabalho, ou se me preocupo por você estar na companhia de
Isabella — meu pai disse, no momento em que os olhos dele encontraram os meus.
Sorri e dei uma voltinha, para matá-lo ainda mais do coração.
Eu havia escolhido um conjunto composto por cropped e saia, na cor preta, o couro fake,
transparência e renda para mexer com a imaginação. Para finalizar, optei por uma bota cano
curto, trazendo uma elegância a mais para o look.
— Está linda — ele disse, a voz sofrida me fez gargalhar. — Se divirta, mas não tanto.
— Pode ir com a gente, boa parte da equipe estará lá — falei, ele negou com a cabeça.
— Não tenho mais pique para esses ambientes — disse e se levantou do sofá, então
caminhou em minha direção. — Sabe se o Alexandre vai?
— Ah, eu acho que ele pode aparecer por lá — disse, a voz contida. — Por quê?
— Ótimo, porque vou pedir a ele que fique de olho em você — disse, fazendo a culpa me
atingir em cheio.
Deus, se ele soubesse.
— Pai — tentei fingir indignação. — Eu já sou bem grandinha.
— Mas será para sempre a minha menina — ele falou e me envolveu em um abraço.
No minuto seguinte, senti-o deixar um beijo no topo da minha cabeça. Foi quando
comecei a ouvir o som de buzinas.
— Eu preciso ir — disse, à medida que nos afastávamos. — Deve ser a Raissa,
combinamos de ela passar e me pegar.
Papai assentiu, em seguida deu espaço para que eu passasse. Eu sorri e passei por ele, indo
em direção à saída.
— Divirta-se, querida. — Ouvi a voz da mamãe. Eu me virei, encontrando-a na porta da
cozinha com um sorriso genuíno. Sabia que ela estava feliz por me ver fazendo novas amizades.
Antes de sair, eu pisquei para ela e disse:
— Eu vou, pode apostar.
CAPÍTULO 09
Estava há cerca de vinte minutos embaixo do chuveiro, martirizando-me sobre o convite
de Isabella.
Se fosse em outras circunstâncias, eu certamente não pensaria duas vezes, afinal, além da
boate ser de uma amiga, era um ambiente que eu gostava. Não era de recusar uma boa farra e me
aproximar mais da equipe, visto que não gostava de ser visto como o chefe chato e careta, essa
função era do Ricardo.
Desliguei o chuveiro e peguei uma toalha para me secar, sentindo meu coração vacilar sob
minha indecisão. Sabendo que Gabrielle estaria naquela boate, não seria uma escolha sensata,
não deveria ceder a esse impulso, mas a ideia de ela estar sozinha naquele ambiente, mesmo na
companhia de Raissa e Isabella, atormentava-me.
Atormentava-me ainda mais saber que ao final da noite ela poderia estar nos braços de
outro cara. Merda!
O barulho do meu telefone tocando, tirou-me daquele conflito. Eu estendi a toalha e fui
em direção ao quarto, pegando o aparelho sobre a cama. Suspirei, ao notar que era Ricardo.
— Ricardo, o que manda? — falei ao atender.
— Pela calmaria acredito que ainda esteja em casa. Mas preciso saber, vai à boate hoje?
— ele perguntou, direto.
— Por quê? — questionei, tentando soar descontraído.
— Gabrielle saiu há um tempo com Raissa e estará com a equipe lá. Se por acaso for,
fique de olho nela para mim.
Por um instante, eu não disse nada. O coração apertou e a culpa me consumiu, sentindo o
quanto ele confiava em mim, e como eu já havia quebrado tal confiança, imaginando-me
comendo sua filha, mesmo depois de descobrir quem ela era.
— Claro, posso fazer isso — forcei-me a falar.
— Te devo essa.
Sem ter o que responder, apenas encerrei a ligação.
Joguei o celular sobre a cama e, mais uma vez, sem pensar demais, fui em direção ao
closet. Escolhi uma camisa social preta e uma calça social. Como de costume, deixei alguns
botões abertos e coloquei minha corrente de ouro no pescoço.
Eu iria àquela boate. Poderia ficar de longe e observar a todos, não teria problemas em
lidar com isso, já que era um favor que meu amigo me pediu.
Foi o que eu tentei me convencer, durante todo o caminho.
Quando cheguei, não pude deixar de ficar feliz ao notar toda a movimentação. Vivian era
alguém que, aos poucos, se tornou importante para mim e notar que o movimento da boate estava
cada vez maior, depois que ela se tornou a dona, era algo surpreendentemente bom.
Passei entre as pessoas, enquanto tentava descobrir onde todos estavam. Sem sucesso,
decidi ir em direção ao bar e observar um pouco mais de lá. Sentei-me em uma banqueta no
canto e chamei a atenção da barwoman, pedindo uma dose de uísque.
A música eletrônica tomava conta, havia pessoas conversando por toda a parte, mas minha
atenção se voltou para a movimentação intensa em uma área específica um pouco mais à frente.
Raissa, Gabrielle e Isabella estavam envolvidas em algo que parecia uma competição, enquanto
gritos e risadas preenchiam o espaço.
Gabrielle, virando uma dose de alguma bebida de uma vez, capturou minha atenção de
imediato. Elas comemoraram com um toque de mãos, fazendo a movimentação aumentar ainda
mais.
— Aqui está. — A voz da barwoman atraiu a minha atenção, ao mesmo tempo em que ela
deslizou o copo para mim.
— Obrigado — agradeci e, em seguida, tomei um gole, mantendo meus olhos fixos nas
garotas e em alguns rostos conhecidos ao redor.
Permaneci com a atenção naquele mesmo ponto, por um bom tempo. Estava na segunda
dose de uísque quando os olhos de Gabrielle, enfim, encontraram os meus, fazendo com que uma
sensação única invadisse o ambiente. No instante seguinte, ela se virou para todos e pareceu
dizer algumas palavras antes de irem em direção à pista de dança.
Todos estavam absortos demais em toda a bagunça para me notar, e eu me senti grato por
isso. Não sentia que estava no clima de me juntar a eles.
— Estou me perguntando há alguns minutos, quem pode ser aquela garota? — Uma voz
familiar atraiu a minha atenção. Surpreendi-me ao notar somente agora que Vivian estava
presente.
— Ruivinha, não imaginei que te veria aqui essa noite — disse e sorri ao notar ela revirar
os olhos, por conta do apelido.
— Deixei Carlos com Aurora e vim dar uma olhada em como estava, uma das nossas
principais barwomans pediu demissão ontem.
— Está explicado, já que agora você prefere gerenciar e apenas colocar as ideias em
prática.
— Eu amo esse ambiente — ela disse, em meio a um sorriso. — Mas com Aurora ainda
tão pequena, não posso vir tanto.
— E como está o casamento? — perguntei, o sorriso dela se alargou. Senti-me
genuinamente feliz por ela.
— O que dizer? Perfeito, nunca imaginei que tudo pudesse ser tão bom — confessou,
automaticamente meu olhar se voltou para Gabrielle, eu precisava saber o que ela estava
fazendo.
— Fico feliz por você — fui sincero, sorri para ela e levantei o copo. Vivian se virou e
pegou uma garrafa de uísque, então a deixou em minha frente. — Por conta da casa.
— Obrigado, ruivinha.
— Volto em um instante. — Ela piscou e saiu, ao notar que uma das funcionárias estava a
chamando.
Novamente, voltei a minha atenção para a única coisa que parecia importar essa noite:
Gabrielle.
Perdi a noção de quanto tempo permaneci ali, apenas observando a todos. Em um dado
momento, Isabella notou a minha presença e veio me convidar a se juntar a eles, mas
prontamente recusei, como já era costume, apenas observar de longe a equipe, à medida que
procurava minha conquista da noite, ela não insistiu, apenas voltou para a pista de dança.
A essa altura do campeonato, Gabrielle já havia bebido consideravelmente e estava se
enturmando com algumas pessoas da equipe na pista de dança, já que Isabella se enroscou em
um cara e Raissa procurou um canto para ficar em paz.
Ela quase nunca participava de qualquer saída com a equipe, hoje era uma exceção,
certamente por Gabrielle.
— Alexandre Sanchez, não é? — Uma voz suave ressoou por cima da música.
Quando olhei em direção à dona daquela voz, deparei-me com uma loira. Meus olhos
automaticamente desceram para as pernas longas e cruzadas, antes de voltar meu olhar para ela.
— Olá — respondi e dei um meio-sorriso.
— Se importaria se eu me juntar a você? — perguntou e se inclinou um pouco, deixando
parte dos seios à mostra, a postura totalmente convidativa.
Por um momento, eu não soube o que responder. Meus olhos desviaram para Gabrielle na
pista de dança, e algo dentro de mim gritava para que eu aceitasse o convite da loira, era o que eu
normalmente faria em tal ocasião.
Voltei meu olhar para a mulher que aguardava a minha resposta com um sorriso no rosto.
Ela era uma delícia e, certamente, eu não recusaria. Porém, pela primeira vez não me senti
confortável com a situação.
Meus olhos foram mais uma vez para a garota que dançava na pista de dança.
— Não ficarei aqui por muito tempo, acredito que não serei a melhor companhia —
respondi, voltei a olhar a mulher a tempo de notar o sorriso se esvair de seu rosto.
— Ah, compreendo. — Ela forçou um sorriso. — Se precisar de companhia, eu estarei por
aqui.
Apenas assenti e, em seguida, observei a mulher se levantar e sumir do meu campo de
visão. Suspirei profundo e, mais uma vez, meus olhos estavam sobre Gabrielle.
Que merda estava acontecendo comigo? Talvez, fosse o assunto inacabado com a garota
que me fizera recusar uma mulher tão gostosa e que fazia totalmente o estilo que eu gostava.
Eu queria acreditar nisso.
— Eu realmente vi isso acontecer? — A voz de Vivian ressoou, atraindo minha atenção.
— Você não vai escapar de me contar, Alexandre, quem é a garota?
Vivian se inclinou sobre o balcão e seguiu com o olhar fixo a mim. Suspirei
profundamente e mantive a atenção na ruiva à minha frente.
— Gabrielle. — Dei um sorriso irônico. — Eu me envolvi com ela por uma noite e no dia
seguinte descobri que ela é filha do meu sócio — confessei, sabia que ela não me deixaria em
paz se não contasse e, no fundo, precisava compartilhar isso com alguém.
— Ah, meu Deus — ela disse e levou a mão à boca. Demorou cerca de um minuto para
que ela ajustasse a postura, então, me mediu com o olhar antes de voltar a falar. — Sabe, há
quase três anos você fez um comentário e eu jurei que estava vendo coisas, mas o vendo aqui
hoje, consigo entender.
— Hm...? — perguntei, confuso, e esperei que ela continuasse.
— Quando você me viu interagir com Carlos a primeira vez, disse que eu estava diferente,
ainda mais por ficar nervosa na presença de um homem. — Ela sorriu. — Eu não era daquela
forma. E você estava certo, Carlos sempre mexeu comigo mais do que devia.
— Onde quer chegar, Vivian?
— Você nunca se importou com uma mulher em específico. Nunca dispensou uma foda,
sempre o vi juntar o útil ao agradável. — Ela arqueou as sobrancelhas. — O Alexandre que eu
conheço teria aceitado o convite da loira e chamado a morena para se juntar a vocês, com a cara
mais lavada do mundo.
Dei um sorriso de lado com a fala, lembrando-me de que ela sabia bem do que falava,
afinal, eu tinha feito isso com ela antes que ela se envolvesse com o seu marido.
— Me desculpe por isso — falei, ela balançou a cabeça em negativa, à medida que
segurava o riso.
Quando o sorriso se desfez, ela voltou a me estudar.
— Esse olhar que estou vendo agora em direção àquela garota, é diferente de tudo o que já
vi vindo de um cafajeste como você.
Suspirei e bebi mais um gole da bebida, ela continuou com os olhos fixos em mim.
— Está vendo coisas onde não tem, Vivian — falei, sério, a fim de convencer a mim
mesmo daquelas palavras. Eu não podia olhar Gabrielle diferente.
Isso era errado pra caralho.
— É mesmo? — Ela arqueou as sobrancelhas mais uma vez. — Então não vai se importar
com o fato de que tem um cara tomando a atitude que você desejou por toda a noite.
Vivian acenou com a cabeça em direção a Gabrielle.
Meu coração vacilou quando meus olhos a encontraram. Gabrielle estava dançando com
um cara que tinha a mão bem esperta. Ele estava se aproximando aos poucos, no momento em
que ele levou a mão em sua cintura, ela não pareceu se incomodar. Aquilo me causou uma
sensação esquisita no peito, que porra era essa?
— Então, bonitão. — Vivian voltou a falar. — Está pronto para ver a sua garota nos
braços de outro cara? Porque é isso que vai acontecer se continuar apenas olhando.
CAPÍTULO 10
Parte da noite estava sendo incrível. Todos da equipe que se juntaram a nós, pareciam
realmente curtir e demonstrar o quanto estavam felizes com mais um membro na equipe.
E foi demais o jogo de verdade ou desafio, onde a maioria das vezes, eu preferi beber uma
dose de bebida, a responder as perguntas indecentes daqueles que estavam na roda.
Quando cansamos, fomos à pista de dança e estávamos aproveitando como se
dependêssemos disso. Tinha tudo para ser perfeito, se não fosse a presença de Alexandre na
boate que estava me tirando o ar.
No momento em que Isabella resolveu se agarrar com um carinha, Raissa saiu para tomar
um ar e alguns decidiram ir embora. Sem ter intimidade com todos, acabei aceitando o convite
para dançar de um homem um tanto charmoso.
Eu só queria esquecer.
Aceitei cada investida do homem à minha frente, a fim de esquecer qual era a sensação do
toque de Alexandre por todo o meu corpo.
Mas isso não parecia estar funcionando, pois no momento em que as mãos foram para a
minha cintura, eu não me senti excitada, tão pouco quis mais. Suspirei profundo e olhei para o
homem à minha frente, tentando sentir qualquer resquício que me fizesse querer seguir adiante,
mas nada aconteceu.
Meus olhos encontraram os dele e tinha que admitir, ele era muito bonito. Então, o que
estava errado?
— Algum problema, princesa? — ele perguntou, ao mesmo tempo em que senti sua mão
tocar meu rosto.
Forcei um sorriso a ele e levei minha mão sobre a dele, afastando seu toque. O homem me
olhou um tanto confuso.
— Me desculpe, amigo, mas a garota está comigo. — Uma voz firme se fez presente no
ambiente, ao mesmo tempo em que senti mãos fortes afastarem o cara de mim.
— Foi mal, cara, ela parecia estar sozinha por toda a noite.
— Ela não está, caia fora — falou, autoritário.
Arqueei as sobrancelhas, mas não o impedi, afinal, eu estava prestes a dispensar o cara.
— O que está fazendo, Alexandre? — perguntei, quando os olhos dele encontraram os
meus.
Alexandre deu um passo em minha direção, ficando à minha frente.
—Achei que tivesse vindo aqui hoje para curtir com a equipe, mas o que estava fazendo
com aquele cara?
Não respondi de imediato, suspirei profundo e tentei me afastar, mas não foi possível. A
mão de Alexandre foi suavemente para mim e ele prendeu meu olhar no dele.
— Por favor, me solta — pedi.
— Não até me dizer por que está fazendo isso comigo — ele disse, fazendo meu coração
saltar com sua intensidade, sua frase seguinte saiu em um fio de voz. — Não estou pronto para
ver outro cara com as mãos em você, Gabrielle.
Prendi os lábios e mantive os olhos fixos nos dele, tentando entender o que aquele olhar
dizia.
— Você me pediu para esquecer, mas não colaborou quando apareceu essa noite — fui
sincera. — Eu queria curtir a noite, mas cada vez que eu olhava, lá estava você. Quer saber o que
estou fazendo? Tentando esquecer, mas para isso, preciso criar novos momentos, afinal, eu não
estive com mais ninguém.
Aquelas palavras pareceram ter atingido Alexandre em cheio, e não saber o que se passava
na cabeça dele, estava a ponto de me enlouquecer. O que esse homem queria, afinal?
— O motivo para querer estar com alguém não pode ser esse. — Alexandre deu uma
breve olhada à nossa volta, antes de seus olhos encontrarem os meus mais uma vez. — Podemos
conversar em um local mais tranquilo?
Eu deveria negar, mas parte de mim queria ouvi-lo. E foi por isso que balancei a cabeça
em concordância.
Alexandre entrelaçou nossas mãos, sem se importar com quem estava à nossa volta e me
guiou entre as pessoas, para longe de toda a agitação. Meu coração entrou em descompasso
quando subimos alguns degraus e entramos na área VIP.
Daqui de cima, tudo era mais calmo. Ainda assim, era possível ver a agitação que havia na
parte de baixo.
— Gabrielle — Alexandre disse e parou à minha frente. A mão dele foi para o meu rosto,
e eu senti meu corpo inteiro reagir ao seu toque, era totalmente diferente do toque do homem de
minutos atrás.
Senti seu polegar deslizar pela minha boca, suavemente, enquanto ele permanecia com os
olhos fixos em cada movimento. Isso me deixou frustrada, dei um passo para trás a fim de
impedir que ele seguisse me tocando.
— Me desculpe por aquelas palavras — ele começou, em seguida fechou os olhos,
enquanto eu tentava compreender. Então, ele levou os olhos ao encontro dos meus mais uma vez,
fazendo meu coração saltar. — Eu não me arrependo de nada, também não quero que se esqueça
daquela noite. Eu estava puto, por descobrir que a mulher que eu estava tentando a todo custo
descobrir quem era, era justo você. Não só isso... você mentiu para mim.
Sua confissão me fez congelar. Não esperava ouvir tais palavras, tão pouco imaginei que
ele tivesse me procurado depois daquela noite.
Alexandre deu um passo em minha direção e segurou a minha mão. A eletricidade pelo
meu corpo foi instantânea e, dessa vez, não recuei.
— Não quer que eu me esqueça? — perguntei, em um fio de voz.
— Não. Eu só não quero ser o filho da puta que fode a filha do seu sócio e amigo — disse,
sério. — Isso é demais, até para mim.
— Eu entendo — disse, por fim.
Ouvindo-o agora, eu realmente entendia o que ele queria dizer. Ele estava tentando honrar
sua amizade com o meu pai, apesar de tudo. E poderia ser louco da minha parte, mas achei a
atitude nobre diante de tudo que já ouvi sobre ele.
O desejo entre nós era inegável, mas tinha ciência de que nosso envolvimento só magoaria
o meu pai, ainda mais se tratando de algo casual.
Alexandre acariciou a minha mão com o polegar, fazendo-me olhar para ele mais uma
vez.
— Então, eu ouvi certo sobre o que meu pai disse na sala de reuniões, você procurou por
mim — falei e o estudei com o olhar, buscando a confirmação que tanto ansiava. Alexandre não
respondeu de imediato, pareceu cogitar sobre sua resposta.
— Sim, e percebi que deveria parar no momento em que descobri quem realmente era
você. — Ele sorriu, mas não era seu sorriso habitual. Continha uma pitada de decepção em seu
rosto.
— Descobri que era o sócio do meu pai naquele momento também — confessei, ele
assentiu.
— Que tal começarmos de novo? Vamos guardar aquela noite na memória, como algo
especial que aconteceu e seguir a vida. Precisamos lidar com isso ou, então, será difícil
convivermos naquela empresa.
Mordi o lábio inferior ao mesmo tempo em que analisava sua expressão. Não sabia se foi
o álcool, ou simplesmente mais um ato de rebeldia, mas sabendo que o motivo de seu
afastamento não era arrependimento, ponderei sobre sua proposta.
Aquilo significaria não ter mais qualquer momento com ele, não sabia se poderia lidar
com isso, enquanto eu ansiava por mais.
— Gabrielle?
Sem pensar demais, dei um passo na direção dele e levei a mão ao seu peitoral. Alexandre
desviou o olhar para a minha mão e antes que ele pudesse reagir, fiquei na ponta dos pés fazendo
aquilo que eu desejara.
Meus lábios tocaram os dele, Alexandre não me afastou, ele fechou os olhos e suspirou
profundo. Encarando sua reação como algo positivo, deslizei minha mão até a nuca dele e pedi
espaço com a língua.
Levou uma fração de segundos para que ele correspondesse. Como imaginei, ele queria
aquilo tanto quanto eu. Logo, as mãos fortes passaram em volta da minha cintura e fui puxada
para ele. O beijo era cheio de necessidade, a conexão, era a mesma que senti há uma semana.
Incrivelmente intensa.
Cada movimento enviava uma onda de excitação e desejo por todo o meu corpo. Mais
uma vez, eu me vi me entregando por completo a ele. E mesmo que fosse errado, eu sabia que
esquecer era impossível.
Alexandre interrompeu o beijo, com a respiração irregular. Os olhos afoitos, logo
encontraram os meus.
— Gabrielle, eu não posso... — disse, a voz entrecortada.
Balancei a cabeça em concordância. Eu sabia que era errado, mas isso não me impediria
de tentar. Desde que ele também quisesse.
— Eu sei, só que precisava disso — confessei. Então, afastei-me. — Vamos começar de
novo.
Ele me mediu com o olhar, e resfolegou.
— É melhor eu levá-la para casa — sugeriu, eu neguei com a cabeça.
— Raissa está me esperando, tenho certeza de que ela me mataria por ir sem ela —
respondi e o medi com o olhar. — Até segunda-feira, chefe.
Ao dizer aquelas palavras, algo brilhou nos olhos dele. Sem esperar uma resposta, eu fui
em direção à porta. Decidida a não facilitar, mesmo que aquilo fosse errado, totalmente errado.

— Chegou mais cedo do que pensei. — A voz do meu pai ressoou assim que entrei na
sala.
— Não acredito que está me vigiando — disse e caminhei em direção a ele. — Não se
esqueça de que eu morei sozinha pelos últimos cinco anos.
Papai fez uma careta ao me ouvir, o que me fez gargalhar.
— Onde está a mamãe? — perguntei quando não a vi.
— Ela acabou de ir para o quarto, estava prestes a ir também.
— Sei. — Medi-o com o olhar. — Bem, eu vou subir. Estou morrendo de sono.
Meu pai assentiu, então, dei a ele um sorriso fraco e fui em direção às escadas, indo em
direção ao meu quarto. O coração estava descompassado e a cabeça a mil. Talvez eu não
estivesse pensando direito, pela bebida, mas, no momento, parecia certo não desistir.
Sabendo que não dormiria sem falar sobre isso, eu tranquei a porta do quarto, sendo grata
por ele ser na ala oposta onde meus pais estavam, peguei o celular e disquei o número da minha
amiga.
— Liz? — chamei, no momento em que ela atendeu a minha chamada.
— Oi, amiga — ela disse alguns instantes depois, a voz entrecortada me fez arquear as
sobrancelhas, tentando compreender a agitação que parecia conter do outro lado da linha.
— Qual é, gata? — Ouvi a voz indignada do outro lado da linha.
— Ah, meu Deus, Liz — falei, ao compreender o que estava acontecendo. — Eu te ligo
depois.
— Nada disso — ela disse, então, notei sua respiração começando a se controlar.
— Por Deus! — Dei uma risada. — Você realmente deve me amar.
— Pois diga logo, porque meu amor não é tão grande assim — ela brincou, fazendo-me
rir ainda mais. Então, ela começou a tagarelar: — O que está pegando para você me ligar tão
tarde? Eu pensei que a essa hora, você já estaria procurando novas lembranças.
— Eu fui à boate e, como esperado, Alexandre apareceu...
— Ai, Gabi! Não me diga que deixou de ter novas experiências por causa do babaca
gostoso que disse que você deveria esquecer que era ele naquela noite?
— Sim, e não — sussurrei. — É que enquanto eu estava dançando com um cara, ele
apareceu. Ele disse que não queria que eu esquecesse, mas não queria ser um filho da puta que
pegava a filha do amigo e sócio.
— É, amiga, ele tem razão nessa parte — concordou.
— Eu sei, mas ele queria, eu também... então, quando ele me pediu para recomeçarmos,
para nos darmos bem, eu o beijei.
— Socorro! — ela gritou do outro lado da linha, fazendo-me afastar o aparelho do ouvido.
— O que você fez com a minha amiga?
— Ainda estou aqui, Liz — disse e suspirei. — É claro que ele disse que não poderia. Ele
não quer colocar em risco a amizade com o meu pai.
— E o que pretende fazer?
— Não vou facilitar, amiga, hoje eu tive a certeza de que quero estar com ele, pelo menos
mais uma vez.
— Isso é perigoso, mas eu superapoio — ela disse, eu mordi o lábio inferior pensando em
tudo.
— Eu precisava urgentemente dizer isso em voz alta, obrigada por me escutar. Agora, por
favor, volte para quem quer que seja que está aí na sua cama.
Liz gargalhou
— Só não me ligue nas próximas duas horas, eu estarei em uma montanha-russa —
brincou, fazendo-me rir.
— Beijos.
Encerrei a ligação e coloquei o celular sobre o móvel da cama. Então, joguei o meu corpo
sobre o colchão macio e olhei para um ponto no teto, enquanto a mente voltava para as palavras
de Alexandre essa noite.
Era loucura querer tirá-lo do eixo?
Pois era exatamente o que eu queria, vê-lo perder o controle.
CAPÍTULO 11
As palavras de Vivian estavam martelando em minha cabeça, ainda mais depois da minha
conversa com Gabrielle.
Eu não sou o tipo de cara que se importa, tão pouco vou atrás quando vejo que tem outro
na jogada, simplesmente porque, para mim, não faz diferença. Ou pelo menos, não deveria
fazer.
Suspirei profundo e passei os olhos pela boate, Gabrielle e Raissa haviam ido embora,
imediatamente a vontade de estar naquele ambiente, se foi junto.
Droga, isso não estava certo.
Estava voltando para o bar, quando meus olhos encontraram a loira de mais cedo. Sem
pensar muito, fui em direção a ela, na pista de dança.
— Não disse seu nome para mim, loirinha — falei e no momento em que ela se virou,
passei a mão em volta da cintura dela.
A loira abriu um sorriso de canto a canto e levou a mão ao meu peito.
— Olha só, mudou de ideia sobre ter uma boa companhia? — perguntou, as sobrancelhas
arqueadas.
— Não só isso, estou disposto a tirá-la daqui — fui direto, os olhos fixos aos dela. — O
que me diz?
— Que não deveríamos perder tempo — respondeu, sem hesitar.
Era uma loira gostosa pra caralho, certamente me ajudaria a tirar toda essa merda da
cabeça. Então, eu a puxei para mim e comecei a guiá-la para fora da boate.
Portanto, não antes de capturar o olhar de Vivian em minha direção e a reprovação em seu
semblante. Mas foda-se, não era como se eu não tivesse visto essa expressão nos olhos dela
antes.
Depois de acomodar a loira no carro, dei a volta e me sentei no banco do motorista. Antes
que eu desse partida, senti as mãos atrevidas da mulher em minha perna. Meus olhos foram de
imediato em sua direção, enquanto ela começou a acariciar a minha perna, bem próximo ao meu
pau.
E, caralho, isso era o tipo de coisa que me deixava em êxtase, mas não aconteceu. A
mulher sorriu e se inclinou. Levei a mão à nuca dela e a puxei para um beijo bruto. Mas,
miseravelmente, a única coisa que eu consegui sentir com aquele gesto, foi o fato de eu ser um
hipócrita, por dizer a Gabrielle que não conseguia ver outro cara com as mãos nela, e estar aqui,
pronto para levar uma mulher para foder.
Encerrei o beijo e, em seguida, busquei os olhos da mulher e a porra de um sentimento
ruim me tomou.
A loira subiu a mão em direção ao meu peito, sem desviar o olhar.
— A propósito, meu nome é Ane — ela sussurrou, fazendo meu coração errar uma batida.
— Ane? — perguntei, ainda sem acreditar. Ela sorriu e piscou para mim.
Puta que pariu, isso só podia ser brincadeira.
— Vamos, me tire daqui, garanhão.
Olhei para frente e suspirei, as mãos travaram no volante e eu não fui capaz de dar partida
no carro. Quando meus olhos foram para a mulher mais uma vez, o sorriso dela se desfez.
— Me desculpe, não posso fazer isso — disse, a voz contida.
— É a garota de mais cedo, não é? — ela perguntou, eu fechei os olhos e suspirei, antes
de olhar para ela e balançar a cabeça em concordância, sentindo-me ainda mais filho da puta.
Ela deu um sorriso que não chegou aos olhos e levou a mão à maçaneta do carro.
— Quer que eu te deixe em casa? — ofereci, ela negou com a cabeça.
— A noite é uma criança, e eu prometi a mim mesma que sairia daqui acompanhada —
respondeu, eu assenti. — Foi bom te conhecer, Alexandre, nos vemos por aí.
E, assim, ela saiu do carro.
Permaneci alguns minutos olhando para o nada, antes de ligar o carro e ir para onde não
deveria ter saído essa noite. Minha casa.
Minha cabeça estava a mil quando cheguei. Conforme caminhava pelos cômodos, fui
tirando cada peça de roupa. Precisava urgentemente relaxar e colocar a cabeça no lugar.
Quando foi que eu rejeitei uma foda?
Fui para o banheiro, coloquei a banheira de hidromassagem para encher e depois de
colocar alguns produtos para relaxar, eu me acomodei dentro dela. Peguei o meu celular e
sintonizei uma playlist que me acalmava.
Two Feet.
Depois de colocar o aparelho no suporte, recostei-me na banheira, fechei os olhos e deixei
que a música tomasse conta do ambiente. Tudo o que eu queria era esquecer a merda em que eu
estava me metendo, mas, ao invés disso, o que me tomou foi as mãos pequenas de Gabrielle em
meu peito, enquanto ela tomou a decisão de me beijar. Foi instantâneo pensar na garota e sentir
uma onda de excitação diretamente para o meu pau.
Porra.
Eu deveria mandar os pensamentos para longe, mas não consegui. Eu queria ter pegado
Gabrielle naquele momento, prensando-a contra a parede daquela sala e a fodido. Queria tocar
aquele corpo mais uma vez, porém, isso estava fora de cogitação.
Em um movimento involuntário, minha mão foi para o meu pau. Eu contornei a base,
notando que eu estava duro como pedra. Porra. A gostosa de mais cedo não foi capaz de acender
uma faísca sequer, mas pensar em Gabrielle, tirou-me do eixo.
Mesmo sabendo que não deveria, comecei os movimentos de vaivém, sentindo meu pau
pulsar em minha mão, enquanto minha mente vagava para a imagem de Gabrielle nua à minha
frente. A imagem da garota vindo em minha direção e sentando em mim, fez com que eu
acelerasse minhas investidas.
Tão gostosa, caralho.
Eu me perdi naquele momento, apenas imaginando os seios pequenos e gostosos pulando
em minha frente, enquanto ela sentava em mim. Quanto mais real aquilo tudo parecia, mais perto
eu estava de chegar ao ápice, e foi assim, com a respiração irregular e rosnando o nome dela, que
eu deixei minha porra por toda aquela banheira.
Quando toda a adrenalina se foi, abri os olhos a tempo de ver minha porra escorrendo na
parede da banheira. Eu permaneci com os olhos fixos naquela imagem, totalmente sem reação
com o que acabei de fazer.
— Mas que droga, Gabrielle — rosnei, a respiração irregular, à medida que me
endireitava na banheira. — Eu não acredito que dispensei uma loira gostosa pra caralho, para
terminar a minha noite assim.
Porra de garota.
Repetir aquilo em voz alta, tornava tudo ainda pior. Eu não era mais um adolescente, mas,
definitivamente, acabara de agir como um.
CAPÍTULO 12
— Bom dia, querida. — A voz de mamãe ressoou no momento em que entrei na cozinha.
Olhei em direção à mesa, encontrando-a junto a papai sentados, tomando café.
— Bom dia. — Sorri e caminhei em direção à mesa.
— Bom dia, filha — papai disse, à medida que eu enchia um copo com suco de laranja. —
Sente-se para tomar o café, ainda temos cerca de quarenta minutos antes de sairmos.
Meus olhos encontraram os dele, neguei com a cabeça e tomei um longo gole de suco. Ele
trocou um breve olhar com mamãe, antes de voltar o olhar interrogativo para mim.
— Não vou com você, preciso chegar cedo, pois teremos uma reunião às 8h — expliquei.
Minha boca se curvou em um sorriso ao notar papai arqueando as sobrancelhas. — Não posso
me dar ao luxo de chegar atrasada, não quando não sou o chefe.
Ele gargalhou e balançou a cabeça em concordância.
— Essa é a minha menina — ele disse, fazendo com que eu me juntasse a ele com um
sorriso.
Levei o copo à boca mais uma vez, tomando o restante do suco.
— Oh, querida, pelo menos sente-se para tomar um café decente — mamãe sugeriu.
— Prometo que se sentir fome, como algo por lá — falei ao mesmo tempo em que
coloquei o copo sobre a mesa, então, fui em direção a cada um dos meus pais e deixei um beijo
no rosto deles. Notando o olhar dos dois por pular o café da manhã, sorri e cantarolei. — Até
mais, eu amo vocês.
— Também amamos você, meu amor — mamãe disse, eu assenti e saí da cozinha, pronta
para ir à empresa.
Cheguei à garagem e suspirei ao parar de frente para o carro que meu pai havia me dado
na semana passada. Foi uma surpresa e tanto, pois era um presente que me permitiria ter minha
independência, como agora.
Entrei no carro e assumi a direção, com expectativa para o dia que estava apenas
começando.
Eu estava ansiosa, afinal, essa era a primeira reunião que participaria fazendo parte de um
projeto. Por isso, passei o meu tempo livre no final de semana apenas anotando ideias
complementares.
Depois de colocar o carro no estacionamento, fui em direção à entrada da empresa e com
passos vacilantes caminhei em direção ao elevador. Assim que a porta se abriu, entrei e
cumprimentei com um aceno de cabeça duas pessoas que ali estavam, então, selecionei o último
andar.
A porta estava se fechando quando mãos afobadas tocaram na porta, fazendo com que ela
voltasse a se abrir. Sorri ao notar que era Isabella quem entrava ofegante.
— Gab, oi. — A boca dela se curvou em um sorriso, quando os olhos encontraram os
meus. — Como passou o final de semana?
— No sábado, dormi até tarde, com uma ressaca terrível. Mas estou pronta para outra —
brinquei. Ela fez uma careta. — E você?
— Graças a Deus, encerrei a noite pouco depois que você e a Rai foram embora. A
ressaca também me pegou no dia seguinte, ainda tive que dar aquela atenção para a Mel — ela
respondeu. Percebendo minha confusão, Isabella deu um tapa na testa como se tivesse se
esquecido de algo. Então, acrescentou: — Mel é minha filha. Deixei-a com minha mãe, mas tive
que pegá-la no sábado pela manhã.
— Oh, você tem uma filha — comentei, surpresa. Ela sorriu e balançou a cabeça em
concordância.
— Ela é meu maior tesouro.
Com um sorriso no rosto, eu assenti, antes que pudesse dizer qualquer coisa a porta do
elevador se abriu. Isabella saiu primeiro, eu a acompanhei pelo corredor.
— Vou direto para a sala de reuniões, você vem? — perguntei no momento em que
chegamos ao local onde ficavam as baias.
— Te encontro lá em alguns instantes, vou guardar as minhas coisas e pegar minhas
anotações.
— Tudo bem — respondi e, então, segui um caminho diferente de Isabella.
Quando entrei na sala de reuniões, senti meu coração quase saltar dentro do peito, notando
a presença que pensei que seria a última a entrar nessa sala. Alexandre.
Ele estava em pé e os olhos que estavam fixos em uma pilha de papéis, subiram
lentamente, pelo meu corpo, até encontrar o meu olhar.
— Bom dia, senhor Sanchez — disse e caminhei em direção a uma das cadeiras, mas não
sem antes notá-lo enrijecer a postura.
E tinha que admitir, eu quase me senti culpada por ter optado por um vestido colado no
corpo, que estava na altura do joelho e que valorizava todas as minhas curvas.
Quase.
— Por favor, me chame de Alexandre, sem formalidades — pediu, sério.
Sentei-me na cadeira de frente para ele e cruzei as pernas, em seguida lambi os lábios. O
olhar dele acompanhou cada movimento nada sutil.
— Não gosta que eu te chame de senhor? — perguntei, ele arqueou as sobrancelhas para
mim. Ele parecia incrédulo. — Que tal, chefe?
E para dizer a verdade, eu também estava. Havia decidido que não facilitaria para ele, mas
não costumava agir de tal forma. Mas, ainda assim, não poderia dizer que não gostei do que vi.
— Não, Gabrielle — disse, então os olhos foram para um ponto atrás de mim. Suas
palavras seguintes foram em um tom mais baixo, apenas para que eu ouvisse. — Você é a filha
do meu sócio, não tem motivos para tanta formalidade.
— Bom dia, bom dia. — A voz de Raissa ressoou pelo ambiente, antes que eu pudesse
responder.
— Bom dia, Raissa — Alexandre a cumprimentou e voltou a atenção para os papéis que
ele analisava antes de minha chegada.
— Bom dia — cumprimentei-a, à medida que ela vinha em minha direção. Então, sentou-
se ao meu lado.
Seguimos em uma conversa descontraída sobre as expectativas para a reunião. Isabella se
juntou a nós, logo a sala estava cheia com as mesmas pessoas que participaram da reunião
anterior, na sexta-feira.
— Bom dia a todos, já que se acomodaram, bem, vamos iniciar a reunião. — Alexandre
chamou a atenção de todos, enquanto fechava a porta. — Como vocês já sabem, devemos manter
sigilo total sobre as informações passadas. — Os olhos dele desviaram para uma mulher que
analisava os mesmos papéis que ele segurava antes de começar a reunião. — Todos aqui
assinaram o termo de confidencialidade, certo?
— Sim — ela respondeu.
Meus olhos foram para Raissa.
— Meu pai ainda não chegou — comentei. Ela assentiu.
— Ricardo não participa dessas reuniões, geralmente é o Alexandre quem conduz —
respondeu, balancei a cabeça em concordância e voltei meu olhar para frente, capturando o olhar
de Alexandre em nós por um instante.
— Ótimo. Vamos começar então — ele disse, então foi em direção ao quadro, que estava
no centro da sala. — Como vocês sabem, o aplicativo que será lançado veio para inovar como o
único que contará com vários colaboradores e permitirá que o cliente possa agendar qualquer
tipo de serviço on-line, ver e compartilhar experiências.
Assenti, prestando atenção em cada palavra. Alexandre adotou uma postura
completamente séria, e a hora seguinte sua concentração se manteve apenas sobre o projeto.
Embora vez ou outra os olhos estivessem sobre mim, achei sua postura admirável.
Alexandre parecia amar o que fazia. A forma que seguiu conduzindo a reunião e toda a
equipe, mostrava que sua prioridade total era a satisfação do cliente. Não só isso, era necessário
ser diferente das outras empresas.
Nesse momento, consegui ver perfeitamente o motivo do sucesso tão grande da empresa.
Era visível. Um grande líder, era capaz de levar um time longe. E Alexandre era um grande líder,
isso era fato.
— Muito bem, eu passarei todas as informações para o cliente e espero que consigamos
fazer bom uso de todas as sugestões — Alexandre falou, trazendo-me de volta à realidade. —
Gostei muito de todas as ideias, principalmente sobre permitir que durante a festa não só seja
apresentado o aplicativo, mas que possam agendar naquele exato momento alguns serviços, com
descontos exclusivos tendo assim a dimensão de como tudo será prático e eficiente.
— Isso. — Isabella fez uma pequena comemoração. Passei os olhos entre ela, Raissa e
sorri, feliz por aquela ter sido uma ideia que foi trazida por nós três.
— Vou conversar com o cliente e espero muito que seja possível — Alexandre completou.
— Porém, tenho que ser sincero. Apesar de todas excelentes ideias, sinto que falta algo para
fechar com chave de ouro.
— Tem algo em mente? — um rapaz da equipe perguntou, Alexandre prendeu os lábios e
passou os olhos por todos, então, os olhos dele encontraram o rapaz mais uma vez.
— Não sei ao certo, só falta algo. — Ao dizer aquelas palavras, Alexandre tampou o
pincel que usara no quadro na última hora e se sentou na beirada da mesa.
O silêncio prevaleceu, todos pareciam pensar sobre tudo. Minha mente vagou sobre tudo o
que fora falado e todas as ideias expostas até o momento. Eu havia tido várias ideias no final de
semana, então, estava pensando em qual poderia fechar com chave de ouro.
Percebi algumas pessoas dando algumas sugestões, mas nenhuma parecia ser ideal. Então,
uma luz se acendeu em minha cabeça.
Só quando meus olhos encontraram os de Alexandre fixos em meus lábios, foi que percebi
que estava mordendo a tampa da caneta. Interrompi aquele movimento, fazendo com que os
olhos dele encontrassem os meus.
E por mais que eu quisesse provocá-lo, aquela não era a hora, por isso, suspirei profundo a
fim de tirar aquele pensamento da cabeça.
— Tenho uma sugestão — falei, atraindo o olhar de todos para mim. — Como foi falado,
a possibilidade de disponibilizar o aplicativo será analisada. Então, aproveitando o gancho, e se
organizássemos um concurso entre alguns colaboradores do aplicativo? — joguei aquela questão
no ar, a voz estava trêmula, eu estava nervosa, pois tudo era novo para mim.
— Conte-me mais sobre isso, Gabrielle — Alexandre pediu, fazendo meu coração
descompassar ainda mais.
Levantei-me a fim de atrair a atenção de todos e, sentindo as mãos suarem, comecei:
— Acho que incentivaria a interação dos convidados com o aplicativo durante o evento.
Por exemplo: Enviar um convite especial para participar de um concurso aos colaboradores
donos de restaurantes, onde os convidados experimentariam os pratos e votariam no melhor,
assim, deixando sua avaliação. Podemos usar essa técnica com organizadores de eventos
também, com isso podem votar em quem fez a melhor decoração e assim por diante. Já que é um
aplicativo que terá muita diversidade, podemos encontrar vários tópicos para concursos. Dessa
forma, a interação com os colaboradores seria enorme.
— Perfeito. — O tom de fascínio em sua voz, fez-me arrepiar por completo. Os olhos
estavam fixos aos meus, mas logo, nossa atenção foi tomada pela bagunça que começaram a
fazer na sala.
— Eu disse que essa menina é porreta — Isabella falou, arrancando algumas gargalhadas.
Alexandre se levantou, logo a equipe se acalmou.
— Todos fizeram um ótimo trabalho, pessoal — ele disse, e foi até o quadro anotar minha
sugestão. Destacando como “chave de ouro”.
Uma mistura de euforia e medo me invadiu. Havia estudado sobre essa pauta na
faculdade, e como isso poderia trazer benefícios e prestígio a um evento. O coração estava a mil,
pensando na possibilidade de que a ideia desse certo.
Quando terminou, Alexandre se virou em nossa direção.
— A reunião está encerrada. As ideias serão passadas para o cliente e assim que tivermos
um retorno, nos reuniremos outra vez para que possamos ir com tudo — falou, sério. Então, aos
poucos, todos começaram a reunir suas próprias anotações e se levantar para sair da sala.
Eu fiz o mesmo.
— Gabrielle. — A voz de Alexandre chamou a minha atenção, no momento em que
estava prestes a sair da sala com as meninas.
— Estaremos na minha sala — Raissa falou, eu assenti e me virei, notando que Alexandre
vinha em minha direção.
Ele parou de frente para mim e pareceu observar por um momento, enquanto o restante da
equipe deixava a sala. Quando ficamos a sós, os olhos dele se voltaram para mim.
— Estava guardando essa ideia para si durante toda a reunião?
— Não... sim... — Ele arqueou as sobrancelhas. — Quero dizer, só não me parecia certo,
até aquele momento.
— A ideia foi uma das melhores — ele disse e me mediu com o olhar. — Sei que o fato
de ter acabado de se formar pode gerar uma insegurança sobre as ideias, ainda mais quando há
tantas pessoas experientes à sua volta, mas nunca deixe de expô-las por pensar que não parecia
certo.
Pressionei meus lábios um no outro, absorvendo o que ele disse. O sentimento que me
tomou fora inexplicável. As palavras me atingiram em cheio, afinal, era exatamente o que se
passou pela minha cabeça.
Eu era apenas uma recém-formada.
E Alexandre estava aqui, dizendo-me para não ter medo.
— Obrigada — disse, por fim.
— Não tenho dúvidas de que à minha frente há uma excelente gestora de marketing, é só
questão de tempo — disse, fazendo-me corar.
O olhar dele sobre mim naquele momento fora diferente de todos que ele já me deu e, por
Deus, eu daria tudo para saber o que se passava na cabeça dele.
— Bom, te vejo por aí — ele falou alguns instantes depois.
Não fui capaz de respondê-lo. Apenas acompanhei com o olhar quando ele passou por
mim e saiu da sala de reuniões. Deixando-me ali, com os sentimentos ainda mais confusos sobre
ele.
Alexandre não era apenas aquele cafajeste indecente que todos pintavam. Ele era
indecente, definitivamente, mas havia mais do que isso, eu conseguia sentir, mesmo que em tão
pouco.
CAPÍTULO 13
— E, então, como está sendo até o momento? — papai perguntou, atraindo meu olhar para
ele.
Dei mais uma colherada na sobremesa, antes de colocar a taça sobre a mesa para ter minha
atenção total nele.
— Eu sabia, estava se segurando para não perguntar isso desde que chegamos ao
restaurante, não é? — perguntei, fazendo com que ele sorrisse sem graça. — Estou empolgada, a
equipe parece bem unida e receptiva. E o trabalho, bem... o pouco que vi sobre como funciona,
posso dizer que é melhor do que imaginei.
— Isso é tão bom. — Ele se recostou na cadeira, parecendo relaxar, à medida que o
sorriso se tornava genuíno.
Eu o medi com o olhar.
— Por que parece tão apreensivo quanto a isso?
— Sinceramente? — Ele suspirou. — Eu tenho estado empolgado com o fato de ter você
na empresa, mas, ao mesmo tempo, não sei se está feliz com isso ou se escolheu estudar
marketing por saber o quanto me faria feliz.
— Oh... — Levantei-me da cadeira, ao notar que aquilo realmente parecia o preocupar.
Fui em direção a ele e passei as mãos sobre o seu pescoço, abraçando-o sem me importar com o
local onde estávamos. Dei um beijo no rosto dele e me afastei para olhá-lo. — Pai, eu não
escolhi a faculdade porque te faria feliz, eu escolhi porque me apaixonei pela forma que o
marketing transforma e dá vida a tudo.
— Mesmo? — perguntou, balancei a cabeça em concordância.
— Cada vez que eu via um projeto seu dar certo, pessoas o abraçando e comemorando o
sucesso, eu tinha a certeza de que queria isso para mim. Queria ver o olhar de pessoas com
gratidão, por atingir o sucesso almejado.
— Escolheu a profissão exatamente pelo mesmo motivo que eu — ele disse, com brilho
nos olhos.
— Eu sou sua filha, não é? — Sorri e pisquei para ele.
— É claro que é — respondeu, revirei os olhos e desviei a atenção para o relógio no
centro do restaurante.
— Nós precisamos ir, meu horário de almoço está chegando ao fim — comentei, em
seguida dei espaço para que ele se levantasse, e com um sorriso no rosto ele o fez.
Enquanto ele foi para o caixa pagar a conta, eu saí e fui para fora esperá-lo. Encostei-me
no carro, e ao pensar no dia de hoje, foi inevitável não me lembrar das palavras de Alexandre
para mim.
Não deveria, mas senti um frio na barriga ao me lembrar de como ele me conhecia,
intimamente.
— Vamos? — A voz do meu pai ressoou, trazendo-me de volta à realidade.
Ele estava com um sorriso no rosto, eu não consegui retribuí-lo. Apenas assenti e o olhei
por um instante antes de entrar no carro. Os pensamentos que me tomaram foram exatamente os
que não deveria.
Seria tão errado querer conhecer mais de Alexandre? Não só isso, querer que ele me dê
mais, daquilo que tivemos no dia em que nos conhecemos?
Merda! Eu sabia que essa aventura não era uma boa opção. Nunca fui o tipo de garota que
se dava bem com qualquer relacionamento sem compromissos, então, onde estava com a cabeça
quando decidi perder a minha virgindade com um desconhecido?
— Parece perdida — meu pai chamou a minha atenção. Forcei um sorriso para ele e me
ajeitei no banco do passageiro. — Tudo bem?
— Oh... — disse, quando notei que já estávamos entrando no estacionamento da empresa.
— Sabe como é, aquela tristeza depois de comer um pratão.
— Eu imagino. — Ele gargalhou.
Assim que o papai terminou de estacionar, eu abri a porta do carro e saí. Ele veio logo em
seguida, acompanhando-me facilmente.
— Nos vemos por aí, ruivinha. — A voz tão familiar, mas em um tom sacana chamou a
minha atenção.
Meus olhos foram para um ponto um pouco mais à frente, vendo a tempo o sorriso
cafajeste de Alexandre para a mulher que balançou a cabeça em negativa com um sorriso nos
lábios, ao mesmo tempo em que entrou no carro. Assim que ela se acomodou, ele fechou a porta
e se afastou um pouco.
O coração despencou com a cena à minha frente. Como eu pude ser tão inocente? O cara
me disse que não estava pronto para me ver com outro, mas não parecia ter parado a vida dele
por conta disso.
O olhar dele acompanhando a mulher arrancar o carro, dizia muito sobre o tipo de relação
deles. Mesmo que não devesse, estava decepcionada, por achar que poderia de alguma forma,
mexer com um homem como Alexandre.
— Alexandre, alguma novidade? — meu pai perguntou, conforme nos aproximávamos,
atraindo o olhar dele para nós.
Alexandre balançou a cabeça em concordância.
— Te vejo mais tarde — disse ao meu pai, apenas dei uma breve olhada para Alexandre
antes de passar por ele e deixá-los a sós.
Segui para o último andar alheia a tudo que estava à minha volta. Percebi uma
movimentação da equipe. Assim que avistei Isabella, fui em direção a ela, que parecia
concentrada demais em procurar algo em sua bolsa.
— Oi — disse, chamando a atenção dela.
— Gab, você voltou. — Ela sorriu. Então apontou para a baia vazia ao lado da mesa dela.
— Adivinha só quem ficará aqui?
— Não brinca — falei, animando-me um pouco com a informação.
— Eu dei um jeitinho. — Ela piscou, sorri e balancei a cabeça em negativa ao mesmo
tempo em que passava a mão sobre a mesa. — Pode organizar tudo da forma que achar melhor
para trabalhar, porém, terá que fazer isso mais tarde, pois Alexandre pediu que todos fôssemos
para a sala de reuniões.
— Tem noção do que é? — perguntei e a medi com o olhar.
— Imagino que seja referente ao retorno do cliente — respondeu e pegou um comprimido
na bolsa, observei-a jogá-lo na boca, em seguida pegou a garrafinha de água e tomou um gole.
Então, se virou para mim. — Vamos?
— Claro — disse e me levantei.
No minuto seguinte, estávamos caminhando em direção à sala de reuniões. Grande parte
da equipe já se acomodava nas cadeiras. Raissa estava organizando alguns papéis, fomos em
direção a ela e nos sentamos nas cadeiras vazias ao lado.
— Precisa de ajuda? — perguntei, solícita.
— Está tudo sob controle. — Raissa sorriu, e antes que eu pudesse perguntar sobre o que
se tratava a reunião, meus olhos foram em direção à porta.
Foi algo instantâneo, como se o meu corpo sentisse que quem acabara de chegar, era ele.
Alexandre passou os olhos pela sala e fechou a porta atrás de si. Por um breve momento, os
olhos dele foram para mim, demorando tempo maior, fazendo meu coração entrar em
descompasso, mesmo que não devesse.
Sem demora, ele desviou o olhar e caminhou até o centro da sala, sério. Era como se ele se
transformasse totalmente quando estava naquela sala de reuniões.
— Preciso apenas de um minuto da atenção de todos, serei breve — ele começou, a voz
firme. — Todas as informações foram passadas ao cliente e ele aprovou as ideias, inclusive, está
bem animado para ver o resultado.
— Começamos bem — Luíz Felipe foi o primeiro a se pronunciar.
— Isso é ótimo, podemos seguir então — Raissa falou, Alexandre olhou-a por um instante
e assentiu.
— Como sempre, tem total liberdade para trabalhar como preferir, Raissa, divida a equipe
como achar melhor — disse, algumas pessoas assentiram. — O prazo é curto, então, caso precise
de uma ajuda a mais, não hesite em falar comigo
— Não se preocupe, nós daremos conta — Raissa falou, ele balançou a cabeça em
concordância. Em seguida, os olhos dele vieram ao encontro dos meus, sua seriedade fez algo
agitar dentro de mim.
Droga de coração traiçoeiro.
— Gabrielle, você ficará encarregada de organizar o concurso.
— O quê? — perguntei, tentando processar aquela informação.
— Raissa vai te ajudar a selecionar os colaboradores, mas se precisar, também pode vir
até mim — ele disse, então, me mediu com o olhar. — Ninguém melhor do que você para tomar
frente do concurso, não tenho dúvidas que será capaz.
— Tudo bem — respondi, séria.
Alexandre desviou o olhar para todos.
— É isso, time, há muito o que fazer, então, vamos lá — ele reforçou.
Sem perder tempo, a equipe começou a se levantar e sair da sala de reuniões. Assim que
notei Isabella se levantar, eu fiz o mesmo.
— Gabrielle. — A voz séria de Alexandre chamou a minha atenção.
— Sim? — perguntei, tentando permanecer impassível.
— Posso falar um instante com você?
Mesmo relutante, eu balancei a cabeça em concordância. Isabella e Raissa passaram por
mim com um sorriso gentil, ele as acompanhou e fechou a porta em seguida, então, se virou para
mim.
— O que precisa falar comigo? — perguntei, sem querer passar mais do que o necessário
perto dele.
— Queria saber se está tudo bem deixar o concurso em sua responsabilidade — quis
saber, então deu um passo em minha direção. — Tem que me falar se achar que...
— Eu disse que tudo bem — interrompi-o, séria. — Eu dou conta.
Alexandre franziu as sobrancelhas e me estudou com o olhar.
— Tem algo errado, Gabrielle?
— Não sei, me diz você. — Joguei aquelas palavras, sem conseguir conter o sentimento
que me tomou. — Ruivinha? É sério?
Os olhos dele se iluminaram em compreensão.
— Eu gosto de como é sempre tão sincera e direta — disse, dando-me um vislumbre
daquele sorriso cafajeste. — É uma qualidade e tanto, Docinho.
A menção àquele apelido fez meu corpo inteiro se incendiar, a respiração se tornou
irregular, e as lembranças de como tudo fora intenso entre nós, atingiu-me em cheio.
— Você gosta? — perguntei em um fio de voz, sentindo o sorriso se esvair do rosto dele.
Dei um passo para frente, eliminando o restante da distância entre nós. — E se eu te disser que
também não estou pronta para te ver com outra mulher?
O olhar que ele me deu, fez-me perder o ar. Alexandre colocou as mãos dentro do bolso,
como se com aquele gesto, pudesse conter a vontade de me tocar.
— Ela é uma amiga que conheço há anos — sussurrou. — Casada com um grande amigo
meu, com uma filha pequenina.
— Ah... — Senti meu rosto esquentar com aquela informação.
— Não consegui estar com outra pessoa depois de você, Gabrielle — confessou, meu
coração saltou dentro do peito. Então, ele deu um passo para trás e ajeitou a postura. — Mas
precisamos lidar com isso, não vamos ultrapassar os limites.
Meus olhos permaneceram fixos a ele e, por um instante, eu não disse nada. Era errado
dizer que não precisaríamos lidar com as coisas daquela forma?
O som da maçaneta girando fez com que, em um movimento involuntário, eu desse um
passo para trás. Meus olhos foram para a porta, Alexandre se virou e acompanhou meu
movimento, tendo a mesma visão que eu.
Meu pai, vindo em nossa direção.
— Me desculpe, eu não aguentei de curiosidade — ele disse, alheio a tensão que pairava
no ar. — Fez a proposta a ela?
— Estava justamente acertando os detalhes com ela nesse momento — Alexandre falou,
sério. — Então, Gabrielle, podemos contar com você nessa parte do projeto?
— Claro — respondi, vendo os olhos do meu pai se encherem de expectativa. — Desde
que tenha todo o suporte, sei que vou conseguir lidar com isso.
— Foi uma ideia e tanto — meu pai disse, caminhando em nossa direção. Alexandre deu
um passo para o lado, dando espaço para ele. — Alexandre me assegurou que te ajudará no que
precisar, então voe, querida.
— Conto com isso — falei e desviei o olhar para Alexandre, que cerrou os olhos enquanto
meus olhos estavam fixos a ele. — Conversamos sobre os detalhes mais tarde, pai, preciso pegar
todas as informações com Raissa, afinal, o tempo é curto e eu estou ansiosa.
— Vá lá, minha menina.
Contive o sorriso ao notar o vislumbre de uma careta nos lábios de Alexandre e troquei
um breve olhar com meu pai, antes de me virar e sair da sala, deixando-os para trás.
Minha menina.
Aposto que papai não pensaria assim, se soubesse que além de ir para o inferno, eu
pretendia levar Alexandre comigo.
CAPÍTULO 14
O suor escorria pelo meu corpo, à medida que eu dava passos ritmados pelo parque
próximo à minha casa. Algo que estava se tornando constante nas duas últimas semanas, desde
minha conversa com Gabrielle.
“E se eu te disser que também não estou pronta para te ver com outra mulher?”
Cada vez que aquelas palavras ecoavam em minha mente, eu me empenhava mais em
minha rotina de exercícios, a fim de mandar para longe a porra dos pensamentos tumultuantes
que queriam tomar conta de mim.
— Bom dia. — A vendedora do quiosque chamou a minha atenção, com um sorriso
matinal.
Parei e retribuí o sorriso ao mesmo tempo em que estendi a mão para pegar a garrafinha
de água que ela estendia em minha direção.
— Obrigado — respondi, a respiração ofegante.
Abri a garrafinha e tomei um longo gole. Algo que também já estava fazendo parte da
minha rotina diária.
— Você parece tão focado, filho, mesmo quando não precisa — a mulher falou, não
disfarçando a olhada que deu em meu corpo. Sorri, gentil e levei a mão ao bolso, tirando uma
nota. Em seguida entreguei para ela.
— É preciso manter o foco. — Pisquei, então, dei mais um gole e joguei a garrafinha em
uma lixeira. — Até amanhã.
Ao dizer aquelas palavras, voltei a correr pronto para voltar ao ritmo de antes. Uma breve
olhada no relógio em meu pulso, fez-me perceber que estava na hora de voltar para casa, e assim
eu fiz, tentando ao máximo não pensar demais.
Tomei um banho gelado e revigorante, depois de tomar café fui em direção à empresa,
pronto para começar mais um dia.
Assim que as portas do elevador se abriram pude sentir toda a agitação do setor de
criação, onde a equipe já estava a todo vapor. Uma risada estonteante atraiu a minha atenção de
imediato. Meus olhos foram para um ponto à frente, onde Gabrielle, Isabella e Luíz Felipe
conversavam de forma descontraída.
— Bom dia — cumprimentei a equipe, sério.
Recebi alguns olhares e sorrisos, à medida que alguns rostos conhecidos respondiam meu
cumprimento. Os olhos de Gabrielle vieram para mim, de forma que eu tive que me forçar a
desviar o olhar e ir para a minha sala.
Fechei a porta atrás de mim e, à medida que caminhava em direção a minha mesa, o som
do meu celular tocando atraiu a minha atenção. O tirei do bolso ao mesmo tempo em que me
sentei, fiz uma careta ao constatar quem era.
— Oi, mãe.
— Oi, mãe? — ela questionou, seu tom de indignação era palpável. — Você se lembra
que tem uma mãe?
Minha boca se curvou em um sorriso de lado ao mesmo tempo em que levei a mão ao
notebook, colocando-o para ligar.
— Não seja dramática, dona Lúcia, seu filho pode ser um pouco desnaturado, às vezes,
mas te ama muito — respondi e pude notar o risinho do outro lado da linha.
Não era difícil agradar a minha velha.
— Seja menos desnaturado e venha jantar conosco amanhã, eu e seu pai estamos com
saudades.
— Depende — ponderei. — Será apenas nós três ou a senhora continuará tentando me dar
dor de cabeça?
A gargalhada dela ressoou do outro lado da linha. Ela sabia muito bem qual era o motivo
do meu sumiço.
— Mamãe só quer que seja feliz, meu amor — ela disse, recostei-me na cadeira enquanto
absorvia suas palavras.
— Eu sou feliz, à minha maneira — falei, sério. — Não vou sair com nenhuma filha de
suas amigas, porque você não gostará do que ouvirá depois.
— Por Deus, Alexandre! — ela me repreendeu, fazendo com que eu gargalhasse. — O
que eu fiz para merecer um filho tão sem-vergonha?
Estava prestes a rebatê-la, quando uma batida à porta chamou a minha atenção.
— Amanhã eu estarei aí, dona Lúcia, mas não tente nenhuma gracinha, ouviu? — disse,
em um tom descontraído ouvindo seu riso contínuo. — Agora, eu preciso trabalhar um pouco.
Beijos.
— Tudo bem, meu amor, espero você amanhã.
Encerrei a ligação e minha atenção foi para a porta.
— Entra — disse, sério.
A porta do escritório se abriu e, de repente, lá estava ela. A garota que eu vinha evitando
nas duas últimas semanas.
— Oi, eu posso falar com você por alguns minutos?
— Claro — respondi e me ajeitei na cadeira.
Gabrielle abriu um sorriso de canto a canto e entrou na sala, fechando a porta atrás dela.
Em seguida, a garota caminhou em minha direção com um caderno nas mãos e levou a mão na
cadeira que estava na frente da minha mesa.
Pensei que ela fosse se sentar, mas não. Sem dizer uma palavra, a garota arrastou a cadeira
e a colocou ao meu lado.
— O que está fazendo? — perguntei, sério.
Os olhos foram para mim, e ela me mediu com o olhar por um instante.
— Me sentando, quero que veja algo — ela disse e sentou-se.
Perigosamente perto demais.
Gabrielle abriu o caderno e o colocou em minha frente, em seguida os olhos foram para
mim.
— Sei que Raissa tem te passado o relatório de tudo, mas finalizei todos os detalhes para o
baile no sábado, e quero que me diga o que acha. Afinal, foi você quem me incentivou a fazer
isso.
Balancei a cabeça em concordância, tentando não me ligar ao fato do quanto ela estava
perto, e levei os olhos para o caderno à minha frente. E logo, a admiração que sentia pela garota
ao meu lado apenas se fez maior.
Mesmo de longe, estava acompanhando a equipe e não deixei de notar o quanto Gabrielle
era esforçada e parecia querer dar o seu melhor. A garota era inteligente e levava jeito para lidar
com tudo que lhe era proposto.
A prova viva disso, era como tudo estava perfeitamente detalhado sobre como aconteceria
no sábado. Meus olhos se voltaram para ela, notando o quanto o olhar dela estava cheio de
expectativas.
— Fez um excelente trabalho, Gabrielle, sabia que você daria conta e tem feito isso
perfeitamente bem — fui sincero.
Os olhos dela se iluminaram ainda mais e um sorriso genuíno se fez presente, fazendo
algo balançar dentro de mim. Lembrando-me do motivo de eu tentar me manter o mais distante
possível dela.
A garota tinha algo que me fascinava. E com tão pouco, ela parecia balançar toda a
barreira que eu ergui em meu coração depois de Raquel.
— Há outra coisa — ela disse e desviou a atenção para o caderno, passando algumas
páginas.
Meus olhos se mantiveram nela. Em um movimento sutil, Gabrielle levou a mão nos
cabelos e os jogou para o lado, deixando parte do pescoço exposta. Olhei fixamente para o
pescoço convidativo, sentindo meu corpo inteiro se eletrizar, ao tê-la tão perto de mim, sentindo
seu cheiro doce, enquanto ela se inclinava um pouco mais.
Ela desviou o olhar para mim e entreabriu os lábios, fazendo com que meus olhos fossem
imediatamente para aquele ponto.
— O que acha? — perguntou, em um fio de voz.
Em um momento de lucidez, eu me afastei da garota, levantando-me antes que fizesse
algo impensado. Afinal, há duas semanas se Ricardo não tivesse chegado, eu certamente teria
beijado aquela boquinha atrevida e gostosa.
Um dos motivos para eu fazer o possível para me manter longe desde então.
Eu era um filho da puta, mas não poderia pegá-la para mim. Não agora que tinha ciência
de que ela era a filha do meu sócio.
— Não gostou? — A voz de Gabrielle fez com que eu me virasse para ela, o olhar nada
inocente, denunciou que ela estava fazendo aquilo de propósito.
Porra de garota.
— Está tudo perfeito — falei, sério.
— Você nem chegou a ver — ela disse, e pude notar o vislumbre do sorriso nos lábios
dela.
— Vi o suficiente, Gabrielle — falei, ela passou a língua nos lábios e assentiu.
— Posso te perguntar algo? — Apenas fui capaz de balançar a cabeça em concordância.
Ela se levantou e pegou o seu caderno. — Está me evitando, Alexandre?
— Por que eu estaria? — perguntei, à medida que ela vinha em minha direção.
— Não sei, nas últimas duas semanas você sequer participou das reuniões do projeto —
disse e parou à minha frente.
— Raissa é a gerente de marketing, depois do brainstorming eu sempre deixo o restante
por conta dela, fico apenas como apoio a equipe enquanto cuido de outros assuntos — expliquei,
ela me estudou com o olhar.
De fato, não era mentira. Apesar de evitar aparecer no escritório, não costumava participar
de todas as reuniões, era Raissa quem me passava todos os relatórios.
— Entendo. — A boca dela se curvou em um sorriso. — Bem, era só isso que queria te
mostrar.
— Está indo bem, Gabrielle, como disse antes, vejo aqui uma excelente gestora de
marketing — falei, a voz firme. Ela assentiu, em seguida se virou e foi em direção à porta.
Meus olhos permaneceram fixos nela, enquanto ela rebolava a bunda redondinha marcada
pela calça de couro. Depois de abrir a porta, Gabrielle me deu uma olhada antes de, finalmente,
sair.
Ela era gostosa para caralho, mas parecia não ter juízo algum. E pior, estava visivelmente
disposta a ferrar com todo o meu.
CAPÍTULO 15
— E está animada? — A voz dançante de Liz ressoou do outro lado da linha.
— Estaria mais se você viesse para o baile — respondi, fingindo indignação. Liz
gargalhou.
— Deixe disso, Gabi, se eu for, poderia atrapalhar os planos de provocar o gostosão. —
Minha boca se curvou em um sorriso e eu passei os olhos pelo local, constatando que não vinha
ninguém.
— Tinha que ver como ele ficou ontem — falei, lembrando-me perfeitamente de como
Alexandre parecia perturbado com a minha proximidade.
Ter a certeza de que o motivo de ele me evitar era o mesmo pelo qual eu queria me
aproximar, foi gostoso demais.
— Você é uma safada — Liz brincou.
— Não acredito que estou fazendo isso — comentei e levei a mão ao rosto, sentindo-me
corar, como se Liz pudesse me ver. — Nunca pensei que eu me comportaria de forma tão
devassa. Isso é loucura.
— Ele merece, vai! — disse, entre risos. — Você sempre foi a garota certinha, Gabi, se
quer, tem que ir atrás. Eu apoio!
Ponderei sobre suas palavras. Não era a primeira vez que minha amiga me incentivava a
fazer essa loucura.
— Você está certa, não vou deixá-lo em paz enquanto não o ver perder o controle — falei
e me levantei. — Bom, agora eu preciso ir, antes que possam dar falta de mim.
— Vá lá, e não se esqueça de me mandar fotos do look escolhido amanhã.
— Deixa comigo, beijos — disse e encerrei a ligação, com um sorriso no rosto.
Durante as duas últimas semanas, eu tentei não pensar em Alexandre. Tentei não me tocar
pensando naquela noite, também tentei colocar na minha cabeça que era errado o nosso
envolvimento.
Porém, cada vez que eu o via tinha a certeza de que seria impossível esquecer. Eu o
queria, precisava senti-lo mais uma vez, então, estava disposta a provocá-lo, até que não
suportasse mais, assim como eu já não suportava.
Suspirei profundo e comecei a subir os degraus do meu mais novo esconderijo. As
escadas. Já que a grande maioria das pessoas preferiam o elevador, aqui estava se tornando o
lugar ideal para as ligações repentinas de Liz.
Subi alguns degraus e fui em direção à porta. Quando saí, pude notar toda a agitação da
equipe. Estavam a todo vapor, finalizando os detalhes com todos que estavam envolvidos
naquele projeto.
— Aí está você — Luiz Felipe falou, quando cheguei em minha baia.
— Estava me procurando? — perguntei, ao mesmo tempo que me sentei.
— O que acha? Ele não quer te perder de vista, Gab — Isabella falou e piscou, fazendo
com que eu desviasse minha atenção para Luiz Felipe.
Ele sorria de forma sacana para mim. Naquele instante, percebi que eu poderia estar
deixando algo passar com toda a agitação.
Luíz Felipe era um cara bonito. Os cabelos loiros, os olhos castanhos e as covinhas que se
formavam quando sorria, o deixavam realmente atraente. Porém, meu coração não balançava
quando meus olhos encontravam os dele, pelo contrário. Eu via ali um grande amigo.
— Ah, claro. — Dei um tapinha no ombro dele e balancei a cabeça em negativa. Então
meus olhos foram para o meu caderno sobre a mesa. — Eu já revisei tudo umas mil vezes, não
tem como dar errado, não é?
— Calma, linda — Luíz Felipe chamou a minha atenção, ao mesmo tempo em que levou
uma mão sobre a minha. — O primeiro projeto é sempre mais aterrorizante, mas correrá tudo
bem.
— É o que espero. — Forcei um sorriso e retirei a minha mão, em seguida troquei um
olhar com Isabella.
— Sem essas intimidades aqui na empresa, espertinho — Isabella falou, atraindo o olhar
de Luíz Felipe. — A reunião será em dez minutos, que tal irmos para a sala de uma vez?
— É uma ótima ideia — concordei sem hesitar, em seguida me levantei e agradeci
silenciosamente Isabella, por ter notado meu pedido de socorro.
Isabella reuniu as suas anotações e veio até mim, ela me puxou para que fôssemos em
direção à sala de reuniões. Luíz Felipe passou a mão em volta do pescoço dela. Apesar de
reclamar, ela não o afastou.
Nós nos sentamos nos lugares de sempre e começamos a conversar sobre as expectativas
para o dia de amanhã, enquanto as pessoas chegavam e se acomodavam na sala de reuniões.
Cerca de quinze minutos depois, Raissa entrou na sala de reuniões. Meu coração palpitou
ao notar que ela não estava sozinha. Alexandre a acompanhava enquanto falavam algo entre si.
Apesar de parecer centrado, seu olhar buscou o meu por alguns instantes.
Nossa conexão era inegável.
Pensei que Alexandre conduziria a última reunião, por esse motivo havia resolvido
participar. Mas não, ele se sentou em um canto mais isolado e apenas assistiu a toda a reunião,
enquanto Raissa repassava todos os preparativos com toda a equipe.
Concentrei-me em cada detalhe, afinal, não queria deixar nada passar. Quando Raissa
estava repassando os detalhes finais, Alexandre precisou pedir licença para atender a uma
ligação, foi quando Raissa aproveitou a deixa e encerrou a reunião, dispensando a todos nós para
que nos preparássemos para o dia de amanhã.
Depois de me despedir da equipe, peguei as minhas coisas na minha baia e fui até o
terceiro andar.
— Olá, pode avisar ao meu pai que estou aqui? — perguntei à secretária dele, que deu um
sorriso amigável ao notar minha presença.
— Oh, seu pai ainda não voltou da reunião — ela respondeu, fiz uma careta involuntária,
lembrando-me de que ele comentou mais cedo sobre tal reunião.
— Obrigada — disse e me virei, pronta para ir em direção à portaria da empresa, onde eu
costumava esperar papai quando ele passava na empresa apenas para me buscar.
Peguei o telefone e liguei para o meu pai. Suspirei profundo quando a linha deu ocupado.
— Ótimo — murmurei, enquanto pensava no que fazer.
Sabia que papai adorava que eu fosse e voltasse com ele, por isso não o rebati quando
começou a vir para a empresa mais cedo para que pudéssemos vir juntos, tão pouco quando ele
sugeriu que fizéssemos disso uma rotina para passarmos um tempo maior juntos. Porém, tinha
que admitir que em momentos como esse, eu me arrependia completamente por ceder aos seus
desejos de pai babão.
Meu telefone começou a tocar, tirando-me dos meus devaneios. Olhei para o visor,
constatando que era exatamente quem eu precisava.
— Oi, pai — disse ao atender.
— Querida, perdão — ele disse, fazendo-me arquear as sobrancelhas. — Estou preso na
reunião e não conseguirei sair por agora.
— Sem estresse — respondi, tranquilizando-o. — Eu peço um motorista de aplicativo,
como da última vez.
— Sabe que eu não gosto que fique andando com estranhos — respondeu, firme, eu
revirei os olhos com tamanho senso de proteção.
— Como acha que eu me virava quando estava estudando fora?
— Lá não sabiam que o seu pai é um empresário bilionário, querida — ele rebateu.
— Qual é, pai, está achando que vão me sequestrar e pedir alguns bilhões para o meu
resgate? — perguntei, sem fazer questão de esconder a ironia.
— Alexandre te dará uma carona até em casa — avisou, ignorando minha pergunta.
— Oi?
Em uma sincronia perfeita, o carro de Alexandre parou à minha frente.
— Preciso voltar para a reunião. Ele é um cara legal, apenas aceite a carona — papai
disse, e sem dar tempo para uma resposta encerrou a ligação.
Alexandre saiu do carro. Meus olhos foram ao encontro dos dele, ao mesmo tempo em
que tirava o celular do ouvido. E tinha que admitir, em outro momento eu poderia contrariar
papai, mas nesse eu somente agradeceria o contratempo.
Dei alguns passos em direção ao Alexandre, enquanto ele dava a volta no carro. Ele abriu
a porta do carona, mantendo os olhos presos nos meus.
— Estava falando com o seu pai? — perguntou, sério.
Balancei a cabeça em concordância.
— Obrigada — disse e passei por ele, em seguida entrei no carro.
Alexandre fechou a porta e, em seguida, assumiu a direção. Meus olhos permaneceram
sobre ele. De repente, as lembranças do dia em que estive com ele nesse carro pela primeira vez,
pairavam em minha mente.
— Espero que você não seja um serial killer, ou um cara malvado a ponto de me
sequestrar — comentei no momento em que ele deu partida no carro. Uma risada gostosa
escapou dos lábios dele.
— Está pensando nessa possibilidade apenas agora? Depois de entrar no meu carro?
— Gabrielle? — A voz de Alexandre me fez voltar à realidade. Quando meus olhos
encontraram os dele, pude notar suas sobrancelhas arqueadas. Só então percebi que estava com o
polegar nos lábios, com um sorriso genuíno.
— Me desculpe — disse e tirei o polegar da boca, com um sorriso brincando nos lábios, à
medida que ele voltava a atenção para o trânsito. — É que meu pai disse que não gostava que eu
andasse com estranhos, e eu perguntei a ele se achava que iam me sequestrar. Ele acredita que
sim.
Alexandre me olhou imediatamente, os olhos continham algo que mais uma vez não
conseguia identificar. E apesar disso, algo me dizia que sim, os pensamentos dele foram para o
mesmo ponto que o meu, já que ele foi incapaz de segurar o sorriso cafajeste.
— Ricardo me mataria se soubesse que já viveu essa experiência, comigo — disse, mas
parecia algo para si mesmo.
— Eu aposto que sim, a diferença é que na cabeça dele eles pediram como resgate uma
quantia enorme de dinheiro — disse e, mais uma vez, os olhos intensos estavam sobre mim.
Alexandre parou no sinal vermelho e, então, os olhos indecifráveis vieram para mim.
— Eu tomei algo muito mais valioso — confessou, a voz rouca fez o meu coração entrar
em descompasso.
— Sim, você tomou — sussurrei.
Ele suspirou e desviou sua atenção para o trânsito, adotando o mesmo semblante sério que
sempre se fazia quando estava presente na sala de reuniões, então deu partida no carro quando o
sinal abriu.
As mãos apertando o volante, não passaram despercebidas por mim.
Estava a ponto de chamar sua atenção quando o som de telefone tocando se fez presente
no ambiente. Meus olhos foram para o visor do carro que piscava o nome de Lúcia, com um
coração na frente.
Desviei o olhar para Alexandre, que prontamente recusou a ligação. Permanecemos em
um silêncio que não durou muito, pois a mesma pessoa voltou a ligar, fazendo meu coração
apertar de forma inexplicável.
— Oi, mãe — ele atendeu, sério. Só então notei que estava segurando a respiração.
— Meu amor, eu estou ligando a tarde toda. Se não aparecer para o jantar, vou deserdá-
lo como filho — ela disse, seu tom fez com que um sorriso se formasse em meus lábios.
— Sim, mãe, Ricardo me pediu para levar a filha dele para casa. Estou com ela no carro
agora e a ligação está no viva-voz — disse, seu tom parecia mais um aviso para que ela soubesse
que ele não estava só. — Assim que deixá-la em casa, vou direto para aí.
— Filha do Ricardo? — A voz da mulher ressoou mais animada. — Gabrielle? A que
estava morando fora?
— Exatamente — respondeu, a voz firme. — Estarei aí em breve.
— Espere — ela pediu, fazendo com que a mão dele parasse, antes que encerrasse a
ligação. — Traga ela com você, vou colocar mais um prato à mesa.
— O quê? — ele perguntou, e trocou um breve olhar comigo. — De jeito nenhum mãe,
Gabrielle tem seus compromissos, não posso simplesmente levá-la aí porque você quer.
— Preciso conhecer a menina do Ricardo, se soubesse que ela estava no país, tinha feito
o convite antes!
— Você vai conhecê-la em algum momento, nos falamos quando eu chegar aí. —
Alexandre permaneceu sério.
— Gabrielle querida. Me daria a honra de vir jantar aqui em casa hoje? — ela
perguntou, mordi o lábio inferior e olhei para Alexandre, que apenas balançou a cabeça em
negativa.
Minha boca se curvou em um sorriso.
— Claro, dona Lúcia, eu adoraria conhecê-la — respondi sem hesitar, vendo
perfeitamente a perturbação no semblante de Alexandre.
— Então, não se fala mais nisso, eu espero vocês aqui — Lúcia disse e encerrou a ligação
sem dar chances para que Alexandre a rebatesse.
Ele deu seta e jogou o carro para o acostamento, então, os olhos dele foram para mim.
Tive que conter o sorriso de satisfação, quando ele finalmente perguntou:
— O que eu faço com você, Gabrielle?
CAPÍTULO 16
— Como eu poderia recusar, quando ela parecia fazer tanta questão? — perguntei, dando
meu melhor olhar de inocência. — Eu não conseguiria e fiquei curiosa também.
Alexandre suspirou, parecendo perdido em seus próprios pensamentos. Permaneci em
silêncio, até que os olhos dele voltaram para mim, então, ele balançou a cabeça em concordância.
— Conhecendo minha mãe, ela não me deixará em paz enquanto não a levar lá — ele
disse, ao mesmo tempo em que deu seta para voltar à pista. — É melhor te levar de uma vez, mas
se prepare, pois ela ouve Ricardo falar de você todas as vezes que se encontram, então...
— Ela agirá como se me conhecesse há anos — deduzi.
— Isso — respondeu, então, fez o retorno com o carro.
— Posso lidar com isso — respondi, notei o vislumbre de um sorriso em seus lábios, mas
ele não permitiu que se tornasse mais que isso.
Mantive os olhos na estrada, observando Alexandre pegar um caminho diferente. Tendo a
certeza de que não estávamos indo para a minha casa, peguei o meu celular e resolvi mandar uma
mensagem para a minha mãe.
Eu: Mãe, Alexandre estava me dando uma carona para casa, pois papai ainda está em
reunião, no caminho a mãe dele ligou, e ao saber que a menina de Ricardo estava na cidade,
insistiu que Alexandre me levasse para vê-la, então, vou jantar com ela, por isso um pouco mais
tarde Alexandre me deixará em casa.
Não demorou muito para que uma resposta se fizesse presente em meu visor.
Mãe: Tudo bem anjo, conheço Lúcia o suficiente para saber que ela não lhes deu opção.
Mande um abraço para ela e para Barreto, o pai de Alexandre.
Eu: Ok, mãe. Avise ao senhor Ricardo, beijos.
Assim que respondi, bloqueei a tela do celular e voltei minha atenção para Alexandre. Ele
parecia centrado no trânsito, então, fiz o mesmo. Fomos por todo o caminho em silêncio, mas
apesar disso, não foi desconfortável.
Quando Alexandre estacionou o carro em uma casa com o conceito aberto, soube que
havíamos chegado. Olhei para a entrada e suspirei, notando só agora o quanto a ansiedade
aumentou durante o caminho.
Antes que eu saísse completamente do carro, Alexandre deu a volta e me deu a mão, para
me apoiar.
Assim eu fiz.
Ele me puxou e fechou a porta do carro.
— Fica tranquila, minha mãe pode ser um pouco... — A boca dele se curvou em um
sorriso divertido. — Entusiasmada, mas é um amor de pessoa.
— Obrigada — agradeci, estudando-o com o olhar. Compreendendo que ele permitiu-se
sair daquele estado sério e distante, para que eu pudesse relaxar.
Logo, o sorriso dele se desfez. Alexandre soltou a minha mão e a levou em minhas costas.
Um arrepio percorreu todo o meu corpo, sentindo suas mãos grandes em mim, mais uma vez.
Ele me guiou para a entrada sem dizer uma palavra sequer, quando paramos em frente à
porta, ele tirou a mão das minhas costas e tocou a campainha. Olhei brevemente para ele, mas
logo minha atenção foi tomada por uma mulher de cabelos castanhos e olhos azuis. Os olhos dela
foram de mim para Alexandre, então, o sorriso de canto a canto se formou.
— Gabrielle querida. — A mulher abriu os braços e me puxou para ela.
Sorri e retribuí aquele abraço caloroso.
— Você deve ser a dona Lúcia, não é? — perguntei, ao mesmo tempo em que nos
afastávamos.
— Para você só Lúcia — respondeu, e com a mão na minha, começou a me guiar para
dentro de casa. — Amor, ela veio mesmo.
Olhei para Alexandre, compreendendo seu sorriso divertido, ao dizer que a mãe era
entusiasmada.
Notei-o vir atrás de nós, mas não consegui manter os olhos nele, já que Lúcia seguia me
levando com ela. Logo, paramos de frente com um senhor que aparentava ter seus setenta anos,
com um sorriso no rosto.
De forma mais reservada, ele veio até mim e me cumprimentou com um abraço. Quando
nos afastamos, ele me mediu com o olhar.
— Você é a junção perfeita do Ricardo com a Mari — comentou, fazendo com que meu
sorriso aumentasse. — Linda, menina!
— Não é? — Lúcia concordou.
— Olá, mãe, é muito bom te ver também. — A voz debochada de Alexandre chamou a
nossa atenção. — Me ligou exigindo tanto a minha presença, para me ignorar completamente
quando me vê.
— Oh, meu amor. — Ela sorriu e foi em direção a ele. Em seguida o abraçou. — Mamãe
estava morrendo de saudades.
Alexandre se inclinou e deixou um beijo nos cabelos dela, mas o sorriso sacana não o
deixou.
— Alexandre — o cumprimento do pai, foi um pouco mais sério. Porém, ele não se
abalou, ainda abraçado com a mãe, apenas piscou para ele.
— Vamos nos sentar, a comida está quase pronta.
Sem nos dar chance de recusar, Lúcia nos levou para a sala. Sentamo-nos no sofá, logo as
perguntas começaram. Primeiro, a atenção foi totalmente para mim, perguntas sobre como foi
morar fora por tanto tempo, estudar e se adaptar na empresa foram feitas. Logo, engajamos a
conversa no primeiro projeto que eu estava participando e como foi toda a experiência.
Um frio na barriga me acompanhou todas as vezes em que percebi Alexandre interessado
de forma genuína em cada resposta minha dada aos seus pais. Era uma versão que ele não
deixava tanto transparecer.
O barulho do forno interrompeu nossa conversa e Lúcia nos convidou a sentar à mesa,
pois o jantar havia ficado pronto. Alexandre ajudou sua mãe a servir o jantar, eu me sentei e
apenas os observei.
— Ah, meu Deus — falei ao notar que eram duas travessas enormes de lasanha. — Eu
amo lasanha!
Um sorriso de lado se formou nos lábios de Alexandre.
— Alexandre não vive sem. — Lúcia sorriu e desviou o olhar para o filho. — Às vezes
suspeito que quando ele decide vir, é apenas porque sabe que eu farei.
— Que absurdo, dona Lúcia — Alexandre disse, fazendo com que ela gargalhasse. Mais
uma vez, eu o vi puxá-la e deixar um beijo na cabeça dela.
A atitude fez o coração traiçoeiro balançar. Era algo tão natural, ao mesmo tempo tão
diferente do que eu imaginava. E mais uma vez, tive a certeza de que tinha muito mais em
Alexandre, do que ele deixava transparecer.
Continuamos com uma conversa descontraída durante todo o jantar, e tinha que admitir,
por mais que minha intenção inicial fosse aceitar esse jantar para contrariar Alexandre, eu gostei.
Gostei de conhecer um pouco mais de Alexandre, gostei ainda mais de conhecer pessoas
tão amorosas e que falavam tão bem dos meus pais.
Quando terminamos, Lúcia serviu uma sobremesa deliciosa. Logo, Alexandre começou a
juntar as louças e levá-las para a cozinha. Eu me levantei e, sem pensar, comecei a ajudá-lo.
— Deixe isso para Alexandre, querida — Lúcia disse, quando percebeu o que eu estava
fazendo. — Ele faz isso em todos os jantares.
— Nada disso, eu me sentiria mal em não ajudar em nada — insisti, e juntei mais algumas
louças. — Você fez um jantar tão gostoso, o mínimo que eu posso fazer é ajudar.
Lúcia pareceu relutante, mas, por fim, assentiu. Peguei as louças e fui em direção à
cozinha, encontrando Alexandre ajeitando as peças na pia. Os olhos dele foram para mim, mas
não disse nada.
Deixei aquelas vasilhas lá e voltei para pegar o restante. Pude ouvir a voz de Lúcia e
Barreto na sala, então, depois de recolher o restante das vasilhas voltei para a cozinha.
Não eram muitas peças, Alexandre já havia lavado algumas e estava as colocando no
escorredor. Eu passei os olhos pela cozinha e peguei o pano de prato a fim de ajudar.
— Não precisa, apenas espere com os meus pais e eu já vou — pediu, eu neguei com a
cabeça.
— Eu já gastei minhas energias convencendo a sua mãe, não vou fazer isso de novo com
você — falei, fazendo com que um sorriso brincasse nos lábios dele.
Alexandre balançou a cabeça em negativa, mas não disse nada, então, enquanto ele lavava
as peças, comecei a secá-las e organizá-las, mantive-me concentrada nisso, deixando-as prontas
para guardar.
— Como foi para você passar tanto tempo longe dos seus pais? — Alexandre perguntou,
de repente. — Digo, você estava sozinha e podia experimentar de tudo.
Sua pergunta me pegou desprevenida. A sua real curiosidade não passou despercebida por
mim, por isso sorri e me inclinei em sua direção.
— Sua pergunta real seria: Por que caralhos você era virgem quando morou tanto tempo
fora e teve toda a liberdade do mundo? — perguntei, em um fio de voz. Os olhos de Alexandre
desceram para a minha boca. Em um movimento involuntário, lambi os lábios, os olhos sérios se
voltaram para os meus. — Para mim, morar longe deles foi difícil, mas todos sabiam que era o
melhor para mim, então, eu dei tudo de mim nos estudos. Me abstive de qualquer distração,
porque tinha que valer a pena todo esforço de estar longe das pessoas que eu amo.
Fui sincera, ele permaneceu imóvel por alguns segundos, então, saiu do estado de torpor e
balançou a cabeça em positivo. Seus olhos desceram mais uma vez para a minha boca, em
seguida, o olhar ainda mais intenso foi para mim, fazendo o meu coração saltar.
— É melhor eu te levar para casa, está tarde — Alexandre disse e se afastou, pegou o
pano de prato das minhas mãos e o colocou sobre a pia.
Passei meus olhos pelo local, constatando que ele havia lavado todas as peças. Sorri e sem
protestar o acompanhei para fora da cozinha.
Encontramos os pais dele conversando na sala enquanto viam algo na TV. Sem demora,
nos despedindo, explicando que não poderíamos ficar mais, pois tínhamos que nos preparar para
o baile de amanhã.
Prometi a Lúcia que voltaria com meus pais outro dia, então, depois de nos despedir
fomos para o carro. O silêncio que pairou por todo o trajeto, era parecido com o que nos rondou
no trajeto para a cobertura de Alexandre no dia em que nos conhecemos.
Toda a tensão no ar era palpável.
Não demorou para Alexandre estacionar em frente à minha casa. Olhei em direção a ele,
encontrando os olhos dele fixos a mim.
— Obrigada pela noite de hoje — disse, em um fio de voz. Alexandre foi capaz apenas de
assentir. Sem pedir permissão, eu me inclinei e deixei um beijo na bochecha de Alexandre, mais
precisamente próximo à sua boca.
— Porra, Gabrielle. — Deu um pequeno rosnado à medida que me afastei, fazendo-me
arrepiar.
Minha boca se curvou em um sorriso, levei a minha mão à maçaneta do carro, então, olhei
para ele uma última sem querer facilitar, disse:
— Até amanhã, Alexandre.
CAPÍTULO 17
— Boa noite, senhor Sanchez. — O segurança me deu um aceno com a cabeça ao mesmo
tempo em que liberava a minha entrada.
— Boa noite — cumprimentei-o e entrei no salão.
Caminhei, observando cada detalhe, certificando-me de que tudo estava alinhado
conforme o planejado. O lustre imponente no centro, à disposição impecável de mesas e
cadeiras, garçons servindo champanhe com maestria para os convidados que estavam chegando.
Tudo estava perfeito, como deveria ser.
A cada passo em direção ao centro onde ocorreria todo o evento, trazia à tona o
sentimento de realização. Apesar de já ter coordenado inúmeros projetos semelhantes, a sensação
ao ver tudo pronto e a equipe dedicada era sempre única.
— Você e sua equipe nunca decepcionam, superaram as minhas expectativas. — A voz de
David ressoou pelo ambiente, tirando-me dos meus devaneios.
Minha boca se curvou em um sorriso, e eu estendi minha mão para aquele que era o
anfitrião da noite.
— Boa noite, David — falei, ao mesmo tempo em que ele pegou a minha mão e me
saudou em um aperto firme.
— Boa noite.
— Grande noite, hein? — disse, o sorriso dele se alargou.
— Vai me render belos milhões — comentou, eu balancei a cabeça em concordância,
tendo ciência da proporção do evento.
— Aí está você. — A voz de Raissa ressoou, atraindo a nossa atenção. — Conseguiu
alinhar o seu discurso? Precisamos posicionar tudo para fazer a abertura.
— Sim, estava indo atrás de você agora. — David olhou para mim. — Essa garota é boa,
está pegando no meu pé desde que cheguei.
— Eu imagino. — Dei um sorriso de lado, sabendo bem como Raissa costumava ser
metódica.
— Deixe-me acompanhá-la — disse, Raissa abriu um sorriso de canto a canto e trocou um
breve olhar comigo, antes de acompanhar David em direção ao púlpito.
Eu fui logo atrás deles, aproveitando para cumprimentar alguns rostos conhecidos pelo
caminho. Meus olhos percorreram todo o salão, queria me convencer de que não estava
procurando ninguém, mas, no fundo, sabia que ansiava por ver aquela que estava tornando meus
dias cada vez mais difíceis.
Eu não deveria, mas queria vê-la.
Notei que Raissa se afastou do púlpito para observar David, enquanto ele conversava com
Diana, ela era quem estava encarregada de fazer a abertura do evento. Então, continuei meu
caminho até lá.
— Como tudo está? — perguntei, atraindo a atenção dela para mim.
— Sob controle. Em vinte minutos, Diana fará os primeiros cumprimentos e, em seguida,
David iniciará com o discurso. Faremos acontecer conforme o cronograma.
— Ótimo — respondi. — Todos que precisam estar aqui para lidar com o evento já
chegaram?
— Sim, não se preocupe — ela tranquilizou. Balancei minha cabeça em concordância. —
A equipe... Uau!
Instintivamente, meus olhos acompanharam os de Raissa, em direção à entrada do salão.
E, porra, eu que o diga, uau!
Gabrielle havia acabado de chegar, acompanhada dos pais. E era simplesmente impossível
não olhar para a garota. Ela usava um daqueles vestidos longos sem alça, os peitos empinadinhos
e durinhos, o tecido contornando perfeitamente as curvas até a cintura, a saia mais solta, com a
porra de uma abertura lateral que deixava a perna à mostra a cada passo que ela dava.
Meus olhos demoraram mais tempo do que deveria em seu corpo pequeno e gostoso, antes
de subir em direção à boca carnuda pintada de vermelho. Seus olhos intensos não demoraram ao
alcançar os meus, à medida que caminhava em minha direção.
Puta que pariu!
Eu soube naquele instante, que, certamente, eu acabaria mais uma noite feito um
adolescente, embaixo do chuveiro me lembrando perfeitamente da cena, enquanto batia uma,
imaginando que a garota estava sentando em mim.
— Alguém parece que viu um fantasma. — A voz divertida de Ricardo me tirou do estado
de torpor, fiz uma careta e intercalei o olhar entre ele e Mari, certificando-me de que os dois
estavam alheios demais para perceber que eu estava quase comendo a filha deles com os olhos.
Porra. Como eu queria comê-la, literalmente.
— Eu estava repassando para Alexandre o cronograma — Raissa começou a falar,
chamando a atenção de todos. — E aí vocês chegaram e, minha nossa, você está linda, Gabrielle.
De tirar o fôlego.
O olhar que Raissa me deu, denunciou que minha atitude não passou despercebida por ela.
— Tenho que concordar — disse e, em seguida, olhei para meu amigo e sua mulher, que
apenas sorriram com orgulho estampado no rosto.
— Oi, hm... — Gabrielle disse, suave, então o olhar intercalou de mim para Raissa. —
Obrigada.
— Boa noite — falei, e voltei a atenção para os pais dela, tentando não focar na porra da
garota, que sorriu e foi em direção a Raissa, deixando que ela cochichasse algo em seu ouvido.
— Mari, é bom ver você.
— Alexandre. — Ela sorriu docemente e pegou minha mão para um cumprimento. —
Espero que esteja de olho na nossa menina.
— Claro, Gabrielle tem feito um ótimo trabalho por aqui — respondi, impassível.
— Mari me contou que ontem você a levou para conhecer a dona Lúcia — Ricardo
comentou, assenti e forcei um sorriso.
— Você conhece a minha mãe, ligou justamente quando Gabrielle estava no carro, quando
ela soube que era sua filha não tive como evitar.
Ricardo gargalhou, sua atitude fez com que eu sentisse uma mistura de alívio e culpa. O
cara sabia que eu não deixava um rabo de saia passar, mas confiava tanto em mim, a ponto de
não suspeitar que eu poderia tentar algo com sua filha.
Eu era a porra de um fodido.
— Ela me ligou hoje pela manhã, disse que deveríamos nos encontrar qualquer dia desses
— Mari disse, de forma gentil. — Vamos organizar um jantar em breve e convidá-los, não os
vejo desde o meu aniversário.
— Tenho certeza de que meus pais ficarão eufóricos com o convite — disse, ela assentiu.
— Mas olha só quem está aqui. — Uma voz feminina atraiu a nossa atenção. Era a esposa
de um cliente e amigo nosso. — Mari, que bom ver você.
— Acho que essa é nossa deixa — Ricardo comentou, dei um sorriso de lado. Então, ele
olhou em direção à esposa, que abraçava a mulher. — Meu bem, eu vou deixá-las e aproveitar
para cumprimentar algumas pessoas com Alexandre. Raissa, pode levá-las até a mesa reservada?
— Deixa comigo — Raissa respondeu de pronto.
Ricardo passou a mão em volta da cintura da sua mulher e deixou um selinho rápido.
— Vamos até vocês assim que possível — ele sussurrou, Mari apenas sorriu.
Meus olhos foram mais uma vez para Gabrielle. A menina-mulher, contida na frente dos
pais, deu-me um olhar furtivo antes que eu acompanhasse Ricardo, pelo salão.
— Seus amigos têm marcado cada vez mais presença — Ricardo comentou, olhei na
direção que ele falava, encontrando ali alguns rostos conhecidos.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu o acompanhei até eles, que conversavam
animadamente em uma das mesas.
— Olha ele aí! — Vivian foi a primeira a notar a nossa presença.
— Ruivinha — cumprimentei-a.
— Ruivinha é o caralho — Carlos disse em tom baixo, fazendo com que minha boca se
curvasse em um sorriso. Meus olhos foram para ele, que não fazia questão de esconder o quanto
detestava que eu a chamasse assim.
— Amor, se comporte. — Vivian levou a mão sobre o braço dele, balancei a cabeça em
negativa e o sorriso se alargou ao notar que eu não era o único a me divertir com a situação,
Rafael e Bianca mal conseguiam esconder o divertimento.
— Se lembram do meu sócio? — perguntei, e levei a mão ao ombro de Ricardo.
Ele não perdeu tempo, tomou frente e cumprimentou cada um deles com um aperto de
mão, trocando algumas palavras enquanto o fazia. Senti a falta da dupla dinâmica, que sempre
pulavam em mim quando me viam.
— Onde estão as pequenas? — perguntei, intercalando o olhar entre Vivian e Bianca.
— A mãe de Bianca está com elas — Rafael respondeu sem conseguir conter o brilho nos
olhos que sempre estava presente ao lembrar da filha. — É bom te ver, Alexandre.
Dei um sorriso, sentindo-me feliz por, depois de tudo que nossa amizade passou,
conseguirmos nos entender.
— Boa noite, meus amigos, belas damas. — A voz de Rodolfo ressoou pelo ambiente,
olhei a volta e identifiquei-o chegar na companhia de Caio, sócio de Rafael.
— Isso para mim é novidade — Rafael comentou, à medida que eles se sentaram à mesa
junto a todos. — Decidiram aparecer em um lugar que não fosse uma boate.
— Não se engane, eu vim pela diversão — Rodolfo falou, seu olhar intercalou entre mim
e Ricardo. — Esse deve ser o seu sócio, ouvi falar que sua filha se formou e voltou do exterior há
pouco tempo.
Meu corpo enrijeceu com o tom sugestivo de Rodolfo, eu certamente mataria esse filho da
puta.
— Oh, sim — Ricardo respondeu, seu orgulho era evidente. — Estou muito feliz que
finalmente ela pôde se juntar a nós.
— Eu imagino. — Ele deu um sorriso de lado e olhou para Caio, que apenas me deu um
aceno de cabeça.
— Por favor, não fiquem aí em pé — Rafael disse, chamando nossa atenção. — Juntem-se
a nós.
— Um pouco mais tarde — disse e olhei para Ricardo. — Temos que cumprimentar
algumas pessoas.
— Bom ver vocês aqui — Ricardo disse e sorriu.
Então, aproveitei aquela deixa para levá-lo para longe de Rodolfo, antes que ele jogasse
qualquer piada debochada, algo que era de praxe daquele desgraçado.
— Será uma longa noite — Ricardo falou, chamando a minha atenção.
Olhei-o por um instante, e mesmo sabendo que não estávamos falando da mesma coisa,
concordei:
— Não tenho dúvidas disso.

Poderia dizer que tinha a melhor equipe de marketing, pois tudo o que foi proposto fora
bem aceito pelo público. Tanto para as pessoas que estavam acompanhando o lançamento de
forma presencial, quanto as que estavam em sua casa assistindo tudo ao vivo pela TV.
Ainda faltavam algumas ações, mas o aplicativo já havia alcançado mais de um milhão de
downloads.
Tudo estava sendo um sucesso!
E eu tentei ao máximo me manter concentrado em todos os acontecimentos da noite, a fim
de não me perder em como Gabrielle estava gostosa e sexy. Porém, quanto mais eu tentava
afastá-la, mais ela parecia se entranhar em mim. Eu não conseguia deixar de olhá-la.
Principalmente nesse momento, eu estava me amaldiçoando por não ter notado que o último
concurso proposto, seria entre dois DJs badalados que também eram colaboradores no aplicativo.
Não que a ideia fosse ruim, pois ela organizou de forma que fosse o mais tarde possível,
pegando o público que gostava mais da agitação. Mas a primeira música mal havia começado e a
única coisa que eu queria, era ir até a pista de dança, jogá-la sobre meus ombros e tirá-la de lá.
Até ontem a garota parecia decidida a acabar com todo o meu juízo, mas não essa noite.
Gabrielle não dirigiu qualquer olhar a mim, e isso deveria ser bom. Mas vê-la chamando a
atenção de todos e não ter seu olhar em mim, era frustrante pra caralho.
— Eu consigo compreender por que ficou fascinado com a garota — Rodolfo sussurrou,
atraindo a minha atenção para ele. — Uma delícia.
— Não enche a porra do saco, Rodolfo, eu já disse que...
— Você não aparece na boate desde que me ligou e, meu caro, você era um dos meus
clientes mais fiéis — debochou, decidido a ignorá-lo, peguei o copo de bebida à minha frente e
tomei um longo gole.
Mais uma música começou e a agitação se tornou um pouco maior. Quando meus olhos
passaram pelo salão, notei que Ricardo caminhava em nossa direção.
Dei um olhar de aviso para Rodolfo. Ele levantou a mão em rendição e sorriu.
— Está tudo maravilhoso — A voz de Ricardo ressoou, chamando a nossa atenção. —
Mas, assim como seus amigos, eu não aguento mais. Vim me despedir.
— Achei que deixaria Gabrielle ver o resultado final do concurso — comentei, surpreso.
Ela havia se empenhado, estava animada.
— Você conhece a mim e a Mari, isso é demais pra nós — ele disse e os olhos dele foram
para a filha. — Gabrielle vai mais tarde com a Raissa, espero não me arrepender disso.
— Deixa a garota se divertir — Rodolfo disse, atraindo a atenção dele.
— Quero ver dizer isso quando tiver a sua — Ricardo brincou, Rodolfo gargalhou. —
Aproveitem o resto da noite.
Após dizer aquelas palavras, Ricardo levou a mão em meu ombro e deu um tapinha,
então, virou-se para ir embora. Acompanhei enquanto ele foi em direção a Gabrielle e deu um
abraço nela, em seguida, se afastou.
— O filho da puta do Caio se deu bem — Rodolfo comentou, surpreendendo-me em não
comentar nada mais sobre Gabrielle.
Meus olhos seguiram os dele, encontrando Caio inclinado, sussurrando algo para uma
loira um tanto gostosa.
— Em menos de cinco minutos os dois irão em direção à saída — comentei.
Não demorou um minuto. Observamos o safado descer a mão, entrelaçá-la com a da loira
e puxá-la rumo à saída.
— Bingo — Rodolfo comentou. Sorri ao mesmo tempo em que balancei a cabeça em
negativa.
Geralmente, eu encontrava com Rodolfo e Caio quando os caras se reuniam. Quando os
via na boate, apenas trocava alguns cumprimentos, porém, não tinha dúvidas de que nos
daríamos muito bem como amigos, afinal, parecíamos compartilhar dos mesmos gostos.
— Bom, não vou ficar aqui só olhando — Rodolfo falou, chamando a minha atenção,
então, se levantou. — Eu te chamaria para me acompanhar, mas sinto que será perda de tempo,
já está perdido.
Gargalhei ao ouvi-lo e balancei a cabeça em negativa. Sem cerimônia, Rodolfo foi em
direção à pista onde a maioria das pessoas que queriam curtir um pouco a música estavam.
De forma instintiva, voltei a procurar por Gabrielle. Ela continuava curtindo, porém,
concentrando-se apenas nela mesma. Não fazia ideia de quanto tempo fiquei ali, apenas
observando.
O garçom me serviu mais uma dose do coquetel, e eu permaneci com os olhos na
agitação. Não fazia ideia de quantas músicas havia tocado, mas tinha a noção de que já era o
outro DJ a comandar o momento.
De repente, os olhos de Gabrielle fizeram uma varredura pelo salão. E eu senti-me ansioso
pelo momento em que aqueles olhos fossem encontrar os meus.
E quando ela olhou para mim, porra.
Eu havia esperado por seu olhar durante toda a noite e no momento em que o tive,
conseguia compreender perfeitamente o seu jogo. A sensação fora inexplicável, o que me
tornava ainda mais fodido.
Gabrielle pegou uma taça quando o garçom passou e tomou um longo gole da bebida. Os
olhos permaneceram fixos aos meus, e por mais que fosse o certo, não consegui desviar.
Observei-a dançar mais uma música inteira, de forma mais sutil, mas da mesma forma que
fez naquela boate. Só para mim.
No momento em que a música acabou, não começou uma próxima. Diana foi até o púlpito
e informou a todos que as apresentações haviam se encerrado, em seguida, começou a instruir
aos convidados presentes a mais uma vez entrar no aplicativo e fazer a sua votação.
Meus olhos não deixaram Gabrielle.
Quando terminou a bebida, ela colocou a taça sobre o balcão mais próximo e voltou o
olhar para mim. A garota lambeu o lábio inferior e deu uma pequena mordida. Em seguida,
arqueou as sobrancelhas e se virou, caminhando entre as pessoas, rumo a uma área restrita.
Aquele era um convite. A porra de um convite explícito que foi capaz de me deixar duro,
de forma alguma eu deveria ir ao encontro dela. Porém, quando ela sumiu do meu campo de
visão, não pude evitar.
Olhei à minha volta, tendo a certeza de que não estava sendo observado e me levantei,
pronto para ir atrás dela.
Precisava colocar um fim em tudo isso que ela estava fazendo, e seria nesse momento.
CAPÍTULO 18
Eu parecia uma mulher ousada, confiante.
Mas a verdade era que o coração estava quase saindo pela boca. As mãos trêmulas, sem
saber se de fato, conseguiria atrair a atenção de Alexandre.
Não poderia negar que todas as minhas ações durante a noite foram calculadas. Isso me
deixava ainda mais ansiosa.
Caminhei pelo salão e fui em direção à área restrita em busca da sacada ao lado oposto de
onde tudo acontecia, onde sabia que teria um pouco de privacidade. Se no pior cenário
Alexandre não viesse até mim, pelo menos eu conseguiria tomar um ar.
Quando cheguei, apoiei-me nas grades e fechei os olhos, então, puxei o ar de forma
profunda, soltando-o logo em seguida.
Abri os olhos e comecei a apreciar a vista, meus olhos foram para o céu notando o quanto
estava bonito.
— Gabrielle. — A voz firme de Alexandre me despertou daquele transe, virei em direção
a ele no mesmo instante.
— Oi — disse, avaliando sua postura.
Ele estava em pé na porta, com as mãos no bolso e com os olhos sérios em minha direção.
— Seja lá o que esteja fazendo, pare — pediu, mas apesar da sua firmeza, seus olhos me
devorando diziam outra coisa. Dei alguns passos na direção dele sem quebrar o contato visual.
— O que eu estou fazendo? — perguntei, em um fio de voz.
Ele pareceu perturbado, o que me deu coragem para continuar. Minha mão foi para o
peitoral firme e eu suavemente a deslizei sobre ele, raspando as minhas unhas sem deixar de
olhá-lo. Sentindo-o vacilar com o meu toque.
Alexandre ajustou a postura, minha mão acompanhou. Eu não estava disposta a deixá-lo
quebrar aquele contato. Eu precisava saber que ele também não conseguia esquecer aquela noite.
— Não vai funcionar — avisou, assenti devagar e deslizei a minha mão suavemente sobre
o seu peitoral, descendo rumo ao seu abdômen.
Alexandre arfou, lambi meus lábios e, de forma mais ousada, eu deixei a minha mão ir em
direção à sua calça. Ele não me afastou, então, mesmo com as mãos trêmulas e o coração quase
saindo da boca, segui, até parar a minha mão em seu pau, que estava duro como pedra.
Naquele instante, eu tive a certeza de que ele estava mentindo. Alexandre não teve
qualquer reação, mas eu conseguia ver em seu olhar o vislumbre de desejo e incredulidade.
Contive o sorriso vitorioso, ao perceber que eu conseguira um resultado muito melhor do
que o esperado. Movi a minha mão sobre o pau e o ajeitei, tendo maior contato, comecei a
acariciá-lo por cima da calça social, assistindo o homem totalmente imóvel.
— Não é o que o seu corpo diz — sussurrei e fiquei na ponta dos pés. Inclinei-me e deixei
um beijo demorado no pescoço dele. — Você está duro para mim.
Pude senti-lo enrijecer a postura. Então, afastei-me e deixei um sorriso brincar em meus
lábios.
Como se não tivesse feito nada de mais, passei por ele e saí da sacada, eu o queria, e
sentia o quanto ele queria o mesmo, mas precisava que ele tivesse disposto a isso.
Cada passo rumo ao salão, sentia meu coração vacilar com uma mistura de expectativa e
desejo.
Senti a mão forte agarrar a minha cintura e, em um rompante, ele me jogou na sala ao
lado, impedindo-me antes que eu deixasse a área restrita. O único som que se fez presente
naquele instante, foi o de nossas respirações, totalmente irregulares.
— Eu não sou de ferro, porra — rosnou, fazendo com que eu me arrepiasse inteira.
— Eu sei — sussurrei.
O local estava escuro, mas não me impedia de ver os olhos quentes e intensos sobre mim.
Não me atrevi a me mexer, mas o gemido contido fora inevitável no momento em que o seu
aperto em volta de mim se tornou maior.
— Você quer me dar essa boceta, não quer, Gabrielle? — perguntou, a voz rouca e
carregada de desejo fez meu corpo inteiro vibrar.
— Sim, eu quero — respondi, em um fio de voz.
Alexandre me empurrou contra a parede e me atacou com gosto. Seus lábios vieram ao
encontro dos meus, com fome. Dei espaço para que a língua gostosa explorasse minha boca,
consumindo tudo o que eu tinha.
Matando toda a vontade que eu estava de sentir seu gosto mais uma vez, levando-me com
tão pouco à beira do precipício.
Ele deixou minha boca e os lábios gostosos desceram para o meu pescoço, fazendo meu
corpo inteiro se arrepiar com a barba roçando em minha pele, à medida que ele deslizava por
todo o meu pescoço, deixando beijos e chupões sedentos.
As mãos quentes foram da minha cintura para a abertura lateral do vestido. Resfoleguei ao
sentir a mão atrevida ir ao encontro da minha calcinha, esfregando minha boceta por cima da
renda fina.
Sim, de forma totalmente direta e sem qualquer pudor.
— Perfeito, porque eu vou comê-la. Aqui e agora — rosnou, fazendo meu coração entrar
em descompasso.
— Aqui? — perguntei, a voz entrecortada enquanto tentava assimilar o que estava
realmente acontecendo.
Apesar de o provocar, nunca imaginei que ele estaria tão sedento. Sedento por mim.
— Sim, e você vai ficar bem quietinha para que ninguém nos escute — avisou, autoritário,
então, se afastou para me olhar. — É o que você quer, Gabrielle?
Com os olhos presos aos meus, Alexandre jogou a minha calcinha para o lado e deslizou o
dedo pela minha boceta, fazendo com que um gemido contido escapasse dos meus lábios.
Minha mão foi afoita para o peito dele e eu segurei forte a sua camisa ao mesmo tempo
em que lhe lancei um olhar de súplica, no momento em que ele parou o movimento.
— Eu quero ouvir você falar, Docinho.
— É. Exatamente. O... que... eu... quero — disse, entre arfares.
Alexandre passou a língua nos lábios e desviou a atenção para os meus. No minuto
seguinte, sua boca encontrou a minha, com aquela mesma fome, ao mesmo tempo em que os
dedos ágeis voltaram a acariciar meu clitóris, em movimentos tão precisos, que eu tive que
agarrar a camisa dele com toda a força que consegui, a fim de evitar que gemesse entre seus
lábios.
E como um golpe de misericórdia, ele introduziu dois dedos dentro de mim, fazendo-me
perder a noção. Bastou apenas três estocadas e eu me entreguei totalmente a ele.
— Alexandre — sussurrei, manhosa, no momento em que os lábios dele deixaram os
meus.
Ele tirou a mão da minha calcinha e se afastou para me olhar. Sem pudor algum, levou os
dedos à boca e chupou todo o meu gozo, como se fosse a coisa mais saborosa no mundo. A
atitude devassa me fez corar.
— Gostosa pra caralho.
— Deveríamos voltar — disse, sentindo o rubor tomar conta. Alexandre negou com a
cabeça.
— Agora, com essas mesmas mãozinhas atrevidas, eu quero que você tire o meu pau para
fora — ordenou, a voz firme.
Não tinha certeza se era por finalmente tê-lo me tocando, ou a forma sensual e erótica que
ele estava conduzindo tudo, mas estava mexendo comigo de forma insana.
Levei a mão à calça dele e, sem desviar o meu olhar, eu desfivelei o cinto. Em seguida,
abri a calça e assim como ordenou, tirei o seu pau para fora. Naquele instante, meus olhos
desceram para o membro duro e pulsante, que mal cabia em minha mão.
Mordi meu lábio inferior e comecei movimentos de vaivém, ao mesmo tempo em que
voltei o olhar para Alexandre, e ali pude sentir todo o seu desejo.
Em um rompante, eu estava sendo pressionada mais uma vez contra a parede. Alexandre
segurou a perna onde havia a abertura lateral e a ergueu, abrindo-me completamente para ele.
Suspirei profundo e deixei minha perna dobrar em volta do braço dele, enquanto ele
firmava a mão em volta da minha coxa. Então, com a mão livre, ele pegou o pau, afastou a
minha calcinha e começou a lambuzar a minha entrada, fazendo com que fosse quase impossível
segurar o gemido.
A expectativa, estava a ponto de me enlouquecer.
— Se sentir dor, tem que me parar — pediu. — Não sei se consigo me segurar.
— Por favor, não se segure — disse, desesperada para que ele seguisse.
E, então, tudo aconteceu.
Encostei minha cabeça na parede e fechei os olhos, sentindo Alexandre se afundar em
mim, abrindo espaço, preenchendo-me tão completamente, de forma que eu ansiei por todo esse
tempo.
— Apertada... quente... e... deliciosa — disse, a voz contida entre arfares.
Aquela mesma sensação de dor, porém, um pouco mais leve, misturada com prazer
tomava o meu corpo. Era difícil explicar, mas era uma sensação gostosa e única.
Cada vez que sentia seu pau entrar e sair, cada vez mais fundo, tornava-se mais difícil
conter os sons que queriam loucamente escapar dos meus lábios.
Passei as mãos em volta do pescoço dele e cravei minhas unhas em suas costas, sentindo
um choque intenso, à medida que ele aumentava suas investidas em mim. Logo, a boca dele
estava mais uma vez sobre a minha, tomando aquilo que era dele, com fervor.
A sintonia das estocadas, os beijos quentes e insanos eram perfeitos. E naquele instante,
eu me permiti esquecer de todo o resto. Era apenas nós dois, mais uma vez, deixando aquela
conexão intensa tomar conta de tudo.
Intenso, forte e profundo.
Assim era cada estocada de Alexandre dentro de mim, mostrando a cada movimento, o
quanto ele também ansiou por aquilo, por mim.
Cada movimento profundo, fazia-me contorcer em seus braços. Controlar cada reação, a
perna tremendo e todos os arrepios, era impossível. E assim, eu me desmanchei nos braços dele,
liberando um orgasmo forte e intenso, sem me importar com nada mais.
Era apenas eu e ele, dois loucos sedentos um pelo outro.
— Porra de garota — rosnou em meus lábios, ao mesmo tempo em que saiu de mim.
Eu ainda estava mole, Alexandre manteve uma mão, segurando-me enquanto a outra
segurou o pau, jorrando todo o seu prazer na parede. Ele afundou a cabeça em meu pescoço e
apesar de soltar a minha perna, não se moveu. Permanecemos naquela posição, com a respiração
irregular, apenas curtindo o êxtase que nos cercava.
Só quando nos acalmamos um pouco, foi que Alexandre se afastou. A mão limpa foi para
o meu rosto, então, ele o acariciou, fazendo meu coração entrar em descompasso.
Ele se inclinou e beijou os meus lábios. Dessa vez, de forma mais calma. Então, afastou-se
um pouco mais e tirou um lenço do bolso, entregando-o para mim.
— Se limpe e se ajeite, Docinho, nós vamos sair daqui.
— O quê? — perguntei, ao mesmo tempo em que ele balançava o lenço para mim.
Eu o peguei, mas permaneci com os olhos fixos nele.
— Isso está longe de ser o suficiente do que eu quero de você essa noite, Gabrielle —
disse, fazendo meu coração saltar. — Nós vamos para a minha casa, e que Deus te ajude, pois
terá que lidar com tudo o que tem provocado em mim nas últimas semanas.
CAPÍTULO 19
Suspirei profundo e dei uma olhada à minha volta.
As pessoas estavam passando de um lado para o outro, reunidas em grupos pequenos e
conversando de forma animada, assim como estavam antes do meu pequeno escape.
Porém, todo olhar que eu recebia, sentia meu rosto corar. A sensação era que eu estava
exposta demais, mesmo depois de me ajeitar e correr para o banheiro para me certificar de que
tudo estava no lugar, era como se as pessoas soubessem exatamente o que estava fazendo
minutos atrás.
Ok, talvez eu não fosse tão devassa assim.
— Ei, onde estava? — A voz de Raissa sobressaiu a toda a agitação do salão, olhei na
direção, encontrando-a a poucos centímetros de mim. Ela parou de frente para mim e me mediu
com o olhar.
— Oi, Rai — cumprimentei-a e forcei um sorriso.
— Achei que estivesse empolgada para ver o fim do concurso, Diana acabou de encerrar
depois de apresentar todos os ganhadores, foi incrível — disse, em seguida franziu as
sobrancelhas, fazendo com que eu me sentisse ainda mais exposta enquanto ela me estudava com
o olhar. — Onde se meteu?
— Quem foram os ganhadores? — perguntei, tentando desviar o assunto. Mas seu olhar
me disse claramente que eu não fugiria. — Pensei que Isabella também quisesse assistir, estava a
procurando.
— Sei. — Ela deu um sorriso e olhou brevemente à nossa volta, então, os olhos dela se
voltaram para mim. — Isabella foi embora.
— Tão cedo? Por quê? — perguntei, achando estranha aquela informação.
Isabella estava empolgada com o evento, porém, ela realmente desapareceu há um bom
tempo.
— Ela estava estranha, na verdade, eu já notei que em alguns eventos Isabella parece fugir
de alguém. É do nada, ela se agita e desaparece. E quando eu a pergunto, sempre desconversa.
— Hum... será que é algum cara? — cogitei.
— Não faço ideia — respondeu, por um momento ela pareceu distante. — Somos amigas
desde a época da escola e só tem um assunto que ela se recusa a falar.
— O quê? Conta a fofoca completa, eu não aguento isso — disse e fiz uma careta,
fazendo-a dar uma risada contida.
— Isabella não fala sobre o pai da Mel, pode ser cisma minha, mas acho que pode ser algo
relacionado a ele — contou, em um fio de voz para que apenas eu ouvisse. — Uma hora eu
descubro, ela não vai esconder isso para sempre.
Raissa parou de falar, de repente, meus olhos acompanharam os dela e mais uma vez o
coração estava em descompasso. Alexandre passou por nós na companhia de David, o anfitrião
da noite. E por mais que estivesse atento ao que o homem falava, o olhar furtivo encontrou o
meu, fazendo meu corpo inteiro queimar com a promessa feita há pouco.
Ele queria mais, precisava.
— A noite está quase chegando ao fim, preciso apenas checar algumas coisas antes de
irmos — Raissa avisou, atraindo a minha atenção.
— Na verdade, eu já estou indo. Surgiu algo e terei que passar na casa de uma amiga...
— Sua cretina safada — Raissa me interrompeu. — Não vai mentir para mim na cara
dura, quem é? Luiz Felipe?
— Não — neguei sem hesitar, ela arqueou as sobrancelhas com um sorriso. — Não é
ninguém.
— Tudo bem, nos vemos na segunda-feira então — ela disse, por fim.
Apesar de conhecer Raissa há pouco tempo, sentia que seríamos grandes amigas. Gostava
da forma que ela costumava dar espaço, sem questionar ao perceber que havia algo mais.
Assenti e dei alguns passos em direção a ela, despedindo-me com um abraço apertado.
— Até segunda, Rai.
Quando me afastei, ela sorriu de forma amigável.
— Não se preocupe, uma hora eu descubro — ela brincou, repetindo as mesmas palavras
que usou em relação a Isabella. A comparação apenas me fez dar uma risada. — Apenas trate de
chegar em casa inteira, ou seu pai vai me matar.
Fiz uma careta e me virei, indo rumo à sala pronta para pegar a minha bolsa e ir encontrar
Alexandre. O coração estava a mil, não sabia o que esperar, tão pouco o que essa pequena
aventura poderia causar.
Apenas o queria e me concentrei nisso.
Depois de pegar a minha bolsa, passei os olhos pelo salão, na tentativa de encontrar
Alexandre. Quando avistei David sozinho, eu soube que ele já havia saído e estava me
esperando. E assim como combinamos, fui em direção à saída e entrei na rua ao lado.
O coração entrou em descompasso quando a claridade me atingiu, iluminando a rua que
estava completamente escura. Logo, o carro dele estava parado ao meu lado, suspirei e entrei,
encontrando os olhos intensos de Alexandre sobre mim.
Sem dizer uma palavra sequer, ele olhou para frente e deu partida no carro. Coloquei o
cinto de segurança enquanto a sensação de ansiedade se tornava ainda maior. De novo, eu estava
dentro desse carro, acompanhando Alexandre para onde quer que ele quisesse me levar.
— Daria tudo para saber o que se passa nessa sua cabecinha — comentou, tirando-me dos
meus devaneios. Meus olhos foram ao encontro dele, e só então, percebi que estávamos parados
em frente à garagem de um prédio enquanto o portão se abria.
— Você mora aqui? — perguntei, ele assentiu e deu um sorriso de lado.
Alexandre estacionou em uma vaga, abriu a porta e saiu, acompanhei-o dar a volta no
carro e abrir a minha porta. Ele me ajudou a sair e deslizou a mão para a minha cintura, ao
mesmo tempo em que puxou meu corpo contra o dele.
Os olhos estavam fixos em mim e a boca, tão perto que me fez suspirar.
— Vai me contar no que está pensando? — insistiu, senti meu rosto esquentar.
— Na loucura que estamos vivendo e em como eu queria estar com você de novo.
— Você está fodendo com a porra do meu juízo — sussurrou e começou a roçar os lábios
nos meus. Minha boca se curvou em um sorriso, gostando muito do que ele falou. — Merda,
Gabrielle, isso é errado em tantos níveis. E você parece adorar me ver perder o controle.
— Sim, é tudo o que eu quero — fui sincera. Ele se afastou e os olhos intensos voltaram a
me encarar.
Ele me deu aquele sorriso cafajeste, fazendo-me sentir um frio na barriga. Eu gostava
muito da versão de Alexandre que conheci, e aqui estava ele, mostrando-se mais uma vez para
mim.
Alexandre levou a mão até a minha e a entrelaçou. Depois de fechar a porta do carro, ele
me levou em direção ao elevador. Acompanhei-o, sentindo o coração vacilar a cada passo.
Como imaginei, ele selecionou a cobertura. Quando passamos pela porta de entrada, ele
não se preocupou em acender as luzes, apenas me guiou pelo lugar. Assim como sua cobertura
em Búzios, era grande demais para uma pessoa morar sozinha.
Meus olhos percorreram cada detalhe, até chegarmos ao quarto, notando tons neutros e
discretos. Tudo me fazia lembrar Búzios.
Apesar de estarmos em silêncio durante todo o percurso, não era algo incômodo, apenas
me enchia de expectativa.
Alexandre acendeu uma luz baixa no quarto e me levou até a cama. Arqueei as
sobrancelhas quando ele levou a mão em meus seios e me empurrou de forma suave, para que eu
me sentasse.
Alexandre se ajoelhou à minha frente, em seguida, as mãos foram para minha perna, ele a
ergueu e deixou um beijo suave, ao mesmo tempo em que deslizou a mão para o meu salto,
tirando-o com cuidado. Em seguida, ele fez o mesmo ao tirar o outro salto.
Suspirei profundo quando seus olhos se voltaram para mim. Ele se levantou e estendeu a
mão, eu a peguei e ele me ajudou a ficar de pé. Então, senti as mãos grandes deslizarem pelo
meu vestido, indo ao encontro do zíper.
— Alexandre. — Um gemido contido escapou dos meus lábios, por antecipação. Mais
uma vez, aquele sorriso cafajeste estava em seus lábios. Ele se inclinou e começou a beijar o meu
pescoço, à medida que descia o zíper.
O hálito quente e o roçar de sua barba me fizeram levar a mão em seus braços, apertando-
o com força. Isso não o parou, Alexandre deslizou o vestido pelo meu corpo e, sem perder
tempo, levou a mão à borda da minha calcinha e a tirou. Depois de deixar as peças sobre o móvel
ao lado da cama, ele segurou a minha mão e me levou em direção ao banheiro.
Alexandre foi em direção à banheira enorme de hidromassagem e a ligou, deixando claro
quais eram suas intenções. Eu não protestei, apenas abri um sorriso quando depois de jogar o
produto que tinha em um frasco na banheira, ele se virou para mim.
— Eu volto já — avisou, eu balancei a cabeça em concordância e o observei sair do
banheiro.
Permaneci com os olhos na banheira enquanto enchia. Prendi o meu cabelo em um coque
e desliguei a água no momento em que atingiu um nível bom, então, tomei a liberdade de entrar
na banheira para esperar Alexandre.
Alguns minutos depois, Alexandre retornou, segurando uma garrafa de vinho e duas taças.
Arqueei a sobrancelha, intrigada, enquanto ele colocava as taças na borda da banheira e as
encheu, preenchendo o ambiente com o agradável aroma do vinho.
— Isso é interessante — disse, chamando a atenção dele.
— Quero que esteja bem relaxada. — Piscou para mim e após deixar a garrafa na
prateleira ao lado, ele se afastou.
Segui o acompanhando com os olhos, no momento em que ele começou a desabotoar a
camisa social. Lambi meus lábios quando ele a tirou, deixando os músculos fortes expostos.
Cada movimento me enchia de ansiedade e excitação. Sem tirar os olhos de mim, tirou a
calça e a cueca boxer, liberando o pau. Deixando que eu tivesse a ciência do quanto ele me
desejava naquele momento.
Não consegui desviar o olhar, peguei uma das taças de vinho e tomei um gole, enquanto
apreciava o momento. Alexandre me deu mais um daqueles sorrisos cafajestes e veio em minha
direção.
Ele sabia o quanto era gostoso e indecente, é claro que ele sabia.
Alexandre entrou na banheira e se acomodou. Então, estendeu a mão para mim. Sem
questionar, eu coloquei a taça ao lado e levei a mão em direção a dele.
— Vem aqui, vem — ele pediu, ao mesmo tempo que me puxou para ele.
Ajeitei-me no colo dele passando as minhas pernas em volta da cintura dele, sentindo sua
ereção na minha boceta.
— O que você quer, Alexandre? — perguntei, em um fio de voz.
E sem esperar uma resposta, passei a mão em volta do pescoço dele e comecei a mover
meu quadril, esfregando-me nele. Alexandre gemeu e segurou minha cintura firme,
incentivando-me a continuar.
Uma das mãos foi para as minhas costas e ele me puxou para um beijo cheio de fervor.
Alexandre devorou meus lábios, à medida que eu seguia me movimentando sobre ele, sentindo
seu pau roçar na minha boceta e em busca de apenas uma coisa: mais, eu queria mais.
Alexandre deixou meus lábios e começou a descer os beijos pelo meu pescoço, descendo
cada vez mais. Gemi manhosa quando ele alcançou meus seios e me senti desesperada por tê-lo
dentro de mim.
Levantei o meu quadril o suficiente para levar a mão em seu pau, então, o coloquei em
minha entrada, tendo a atenção dele em mim.
— Porra, Gabrielle — ele rosnou e levou a mão sobre a minha. — Está fodendo tanto com
meu juízo que não estou pensando direito.
— O que foi? — perguntei, a voz contida.
— Não usamos camisinha mais cedo, agora estamos prestes a fazer isso mais uma vez —
ele disse, só então minha ficha caiu. — Nunca deixo de usar, estou limpo e tenho certeza de que
também está, mas a questão aqui não é essa.
Assenti, compreendendo sua preocupação.
— Eu comecei a tomar pílula um pouco antes de vir para o Brasil, não queria correr o
risco de ter uma gravidez indesejada, já que não fazia ideia de quando seria o momento certo.
— Porra, isso muda tudo — ele rosnou e apenas incentivou com que eu seguisse, e assim
eu fiz, sentei-me devagar e deixei que ele abrisse espaço em mim, mais uma vez. — É bom pra
caralho te sentir assim, por completo.
— Sim, é — disse em meio a um gemido, sentindo o corpo se arrepiar, à medida que subia
e descia sobre ele.
A mão de Alexandre voltou para a minha cintura, então, ele começou a guiar os meus
movimentos quando eu comecei a cavalgar sobre ele. Os olhos dele não deixaram os meus, tudo
se tornou cada vez mais sensual e erótico.
Os corpos suados se chocando, os gemidos e rosnados, suas mãos grandes e fortes em
mim, tudo era intenso demais.
Em dado momento, Alexandre começou a mexer o quadril e se afundar em mim com
força, ao mesmo tempo em que eu seguia cavalgando sobre ele.
Ele sabia os movimentos certos, como se tivesse o mapa perfeito do meu corpo, em
poucos minutos foi capaz de me levar exatamente aonde eu ansiava. Deixei o orgasmo tomar
conta em meio a um grito insano.
Os lábios dele tomaram os meus com fervor e ele não parou, deslizou mais algumas vezes
antes de me apertar contra ele, liberando-se de forma gostosa, rosnando palavras inelegíveis.
— Oh, isso. — Resfoleguei, tentando controlar a respiração.
Os olhos dele foram para mim, ele parecia tão envolvido quanto eu.
— É o meu maior erro, mas também a melhor foda — disse, fazendo meu coração saltar
com a confissão repentina. — Você é boa pra caralho.
— Você não fica para trás, é um indecente gostoso — provoquei-o.
Alexandre se inclinou e mordeu meu lábio inferior. Então sugou e lambeu, fazendo-me
estremecer. Quando se afastou, a mão dele foi para a borda da banheira a fim de pegar o sabonete
líquido.
— Relaxe um pouco, vou cuidar de você — ele pediu, balancei a cabeça em concordância,
incapaz de responder.
Observei-o colocar uma quantidade boa nas mãos, antes de levar a mão em minha direção.
Lambi os lábios e observei sem dizer uma palavra sequer. Alexandre me ensaboou por completo
e, realmente, eu fui capaz de relaxar por completo com cada toque em meu corpo. Ao mesmo
tempo, tudo aquilo me acendeu, como se não fosse o suficiente o que ele me deu.
Quando terminou, eu peguei a minha taça de vinho e tomei, enquanto o assistia se
ensaboar. Logo, ele me acompanhou. Ao terminar, ele colocou a taça ao lado e, em um
rompante, puxou-me para ele mais uma vez, sem aviso.
— Como está se sentindo? — perguntou, a voz rouca e os olhos ainda queimando sobre
mim, fez com que eu me sentisse agitada, e apenas ansiasse por ele.
— Queimando — respondi e desviei a atenção para os lábios dele.
— Ótimo, porque eu estou longe de acabar com você — avisou, enviando uma onda de
excitação por todo o meu corpo. — Vamos sair daqui, quero você na minha cama.
— Por favor — pedi.
Depois de sairmos da banheira, nos enxugamos e ele me levou para o quarto. Quando
fomos para cama, Alexandre me mostrou que não estava brincando quando disse que eu teria que
lidar com tudo que o provoquei. Ele me colocou de quatro e se lambuzou em minha boceta,
chupando, sugando e me lambendo até que eu não aguentasse mais. Mais uma vez, eu me
desmanchei em seus lábios, mas isso não foi o suficiente, eu estava mole quando ele me
penetrou, mostrando que ele tinha muito mais a me proporcionar.
E, porra, como tinha.
Alexandre arremeteu cada vez mais fundo, encontrando um ponto tão sensível que eu não
fazia ideia de que poderia existir. Assustei-me ao notar que ele me faria ter outro orgasmo, mas
antes que acontecesse, ele me virou e me colocou de barriga para cima, acomodou-se no meio
das minhas pernas e se afundou em mim, enquanto os lábios brutos e deliciosos chupavam,
sugavam e mordiam meus seios, pescoço e, por último, minha boca.
E, mais uma vez, eu me desmanchei completamente em seus braços, tendo a certeza de
que aquele homem estava me marcando para sempre.
Apesar de nunca ter estado com outra pessoa, sentia que nenhum seria capaz de me levar
tão longe, quanto Alexandre conseguia e, porra, isso era assustador, mas, ao mesmo tempo, bom
para caralho.
Logo que me entreguei a um orgasmo intenso, senti Alexandre urrar, enquanto se rendia à
sua própria liberação.
Quando os olhos encontraram os meus, eu tive a certeza de que acabara de ver minha nova
imagem favorita. Alexandre fora de si, enquanto meu nome saía de sua boca de forma intensa.
— Incrível pra caralho. — Ele resfolegou. Eu sorri, ele se inclinou e deixou um beijo mais
calmo em meus lábios.
Eu me perdi naquele momento, deixando que ele tomasse tudo de mim. E quando
terminou, ele jogou o corpo para o lado, deitando-se de barriga para cima ao mesmo tempo em
que controlava a respiração.
Não fazia ideia de quanto tempo permanecemos daquela forma. Estava mole demais para
raciocinar, mas quando levei os olhos para um relógio que tinha no móvel ao lado da cama,
percebi que tempo demais havia se passado.
— Eu preciso ir embora — falei e me sentei na cama.
— Não pode ficar? — perguntou e se virou para me olhar. Eu neguei com a cabeça,
mesmo querendo dizer sim.
— Não posso, eu disse ao meu pai que iria para casa. Não tenho como dizer que fui para
casa de Raissa, não faria sentido.
— Merda, tem razão — ele respondeu e se sentou ao meu lado, mordi meu lábio inferior
enquanto os olhos estavam sobre ele. — Vamos nos ajeitar então, eu vou levá-la.
— E se o meu pai desconfiar, por me levar? — perguntei, em um fio de voz. — Ele acha
que vou embora com Raissa.
Alexandre suspirou e balançou a cabeça em negativa.
— Eu sou um filho da puta, porque o Ricardo confia tanto em mim que jamais vai
imaginar que algo assim está acontecendo entre nós. Mas se, por acaso, ele notar que foi eu que
te deixei em casa, basta falar que eu estava indo embora e você pediu uma carona.
Eu não deveria, mas o sorriso foi inevitável ao notar sua frustração. Alexandre levou a
mão em meu rosto, prendendo o meu olhar no dele.
— Acha isso engraçado, Gabrielle?
— Não — respondi, ele lambeu os lábios e franziu as sobrancelhas. — Talvez um pouco.
— Você quer mesmo me foder, não é? — questionou, eu neguei com a cabeça.
Os olhos permaneceram fixos a mim, fazendo meu coração vacilar sem saber o que se
passava na cabeça dele. Suspirei profundo e tomei coragem para seguir com uma conversa que
me dava medo, mas era necessária.
— Como vai ser, depois de hoje? — perguntei, e tentei desviar o olhar. Porém, ele não
permitiu. — Vamos agir como se nada tivesse acontecido? Ou...
— Eu não sei, Docinho. — Ele passou o polegar em meus lábios. — Cansei de lutar
contra isso, então vou pegar tudo o que você me der. Então, eu te pergunto, o que está disposta a
me dar?
— Por Deus, Alexandre. — Resfoleguei, sentindo o corpo inteiro tremer com a sua forma
direta.
E, mais uma vez, o sorriso cafajeste estava brincando em seus lábios. Mostrando-me o
quanto havia gostado do efeito que causara em mim.
— Vamos apenas deixar rolar — ele disse e, sem me dar chances para responder, me
puxou em sua direção, tomando minha boca em um beijo totalmente indecente.
Pedindo espaço com a língua, fazendo com que meu corpo inteiro se arrepiasse a cada
investida.
Quando nos afastamos, os olhos buscaram os meus. Eu balancei a cabeça em
concordância, mesmo sabendo que essa, talvez, não fosse a melhor escolha. Mas eu queria
aproveitar cada minuto que pudesse, ao lado dessa versão de Alexandre.
— É melhor irmos, antes que eu mude de ideia e te prenda aqui comigo o resto da noite.
Eu suspirei e, antes que me sentisse tentada demais a concordar, respondi:
— Você tem razão, vamos lá.
CAPÍTULO 20
— Olha só, quem resolveu aparecer. — A voz de Ricardo ressoou pelo ambiente.
Passei meus olhos pelo saguão da empresa e o encontrei caminhando em minha direção,
com um sorriso brincando nos lábios.
— Oi, Ricardo — cumprimentei-o, sério.
Levei a mão no botão para acionar o elevador, ao mesmo tempo em que meu sócio parou
ao meu lado. Ricardo levou o braço rumo ao peito e checou o relógio em seu pulso.
— Pretende continuar apenas como turista na empresa? — ele perguntou ao mesmo tempo
em que a porta do elevador se abriu.
Eu o medi com o olhar e dei alguns passos, entrando no elevador.
— Desde quando se importa com isso? — perguntei quando ele me acompanhou. Ricardo
deu de ombros.
— Isso nunca foi um problema, mesmo não estando aqui, sei que Raissa te mantém
informado de tudo e não deixa nada a desejar. Porém, eu te conheço o suficiente para saber que
sua cabeça está longe — ele disse, as mãos dele pararam as minhas, antes que eu pudesse
selecionar o último andar. Então, após selecionar o terceiro, os olhos foram para mim. — Se
importa de irmos para o meu escritório?
— De forma alguma — respondi e coloquei as mãos no bolso, por um instante me senti
preocupado com o motivo de sua abordagem.
Quando a porta se abriu, eu o segui pelo andar, até chegarmos em sua sala. Comecei a
cogitar mil possibilidades, à medida que me sentava em uma das poltronas de sua sala.
Ricardo pegou uma garrafa de uísque e se sentou de frente para mim. Observei-o nos
servir uma dose e entregar o copo para mim.
— Então, o que manda? — perguntei, tentando parecer descontraído, não o filho da puta
que passou a noite anterior fodendo a filha dele, mas que, agora, estava com a porra do rabo
preso.
— Nas últimas duas semanas tem estado bem ausente da empresa. Mais do que o normal
— começou, eu arqueei as sobrancelhas. — Sua cabeça parece distante e eu estou preocupado
com você, então me diga, o que está acontecendo?
— Por que estaria acontecendo algo? — perguntei, desviando o rumo da conversa. Ele me
mediu com o olhar e deu um sorriso.
— Te conheço, Alexandre — disse enquanto seguia me estudando com o olhar. — Tem a
ver com a Ane?
Minha boca se curvou em um sorriso de lado, então aproveitei para beber um gole do
uísque, sentindo a garganta queimar enquanto o líquido descia pela minha garganta.
Ane. Se ele soubesse.
— Digamos que sim — respondi, sentindo a surpresa em seu olhar.
— Não pensei que fosse me confirmar algo assim. A garota realmente está mexendo dessa
forma com você? — O sorriso dele se alargou. — Não acredito, conseguiu encontrá-la então.
Balancei a cabeça em concordância.
— Ela é bem peculiar — falei, amaldiçoando-me pela mente traiçoeira, trazer a imagem
do sorriso travesso de Gabrielle agora, enquanto eu estava de frente para o pai dela.
Meu amigo e meu sócio.
Porra de garota.
— Seu filho da puta, isso não é motivo para quase não aparecer na empresa — ele disse,
então, tomou um gole de sua bebida. — É sério? Será que meu amigo agora realmente vai levar
uma mulher a sério, depois de tantos anos?
O coração apertou de forma estranha, à medida que Ricardo dizia aquelas palavras de
forma tão descontraída. Não sabia ao certo o que pensar, mas tinha que admitir que apesar de ter
a certeza de que eu era um filho da puta, não conseguia sentir culpa por tudo o que fiz com
Gabrielle ontem à noite.
— Digamos que vamos apenas deixar rolar — falei e solvi o último gole do uísque,
coloquei o copo sobre a mesinha de centro, em seguida, me levantei. — Mas não se preocupe, a
partir de amanhã você me verá aqui todos os dias pela manhã.
Ricardo fez uma careta.
— Eu só estava com medo de algo estar errado — ele disse, então se levantou. — David
me ligou, ficou tão satisfeito que dará a nós um projeto maior em Los Angeles, em breve.
— Isso é ótimo, era exatamente o que eu esperava — respondi, Ricardo assentiu.
— Você é gigante, meu amigo.
— Nós somos — falei, ele sorriu. — Vou checar como estão as coisas antes de ir embora,
amanhã pela manhã eu passo aqui e acertamos tudo com mais calma.
— Claro, nos vemos amanhã — Ricardo disse, sucinto.
Minha boca se curvou em um sorriso e, em seguida, em direção à saída. Depois de entrar
no elevador, selecionei o último andar e segui, para onde eu queria estar desde que coloquei os
pés na empresa.
Na verdade, o plano era vir trabalhar cedo. Porém, minha cabeça estava bagunçada
demais, por isso não podia simplesmente aparecer sem ter a certeza de que não era um erro o
meu envolvimento com Gabrielle.
E por mais que eu tentasse achar motivos para não fazer, eu não conseguiria. Eu a
desejava demais e não estava disposto a resistir. A garota era viciante pra caralho e eu sabia que
depois de senti-la mais uma vez, seria impossível simplesmente deixá-la ir.
Passei pelo corredor e pude ter a certeza de que seria impossível no momento em que
meus olhos encontraram Gabrielle. Ela estava em sua baia habitual, conversando com Isabella,
enquanto elas pareciam analisar alguns papéis.
Gabrielle deu um sorriso e levou a mão nos cabelos, ajeitando-os. Foi quando os olhos
dela encontraram os meus.
Ela estava sexy e, incrivelmente, linda.
Como eu poderia resistir a ela, quando minha mente me levou para tudo o que fizemos
ontem, no momento em que meus olhos a encontraram?
Isso apenas me tornava um fodido, mas a realidade era que eu estava pouco me fodendo
para isso. Não queria pensar demais, queria apenas aproveitar a companhia da garota que parecia
balançar todas as minhas estruturas, atingindo-me como um entorpecente. Uma droga viciante e
intensa.
Como eu disse, fodido pra caralho.
Gabrielle parecia desconcertada ao me ver, mas isso não a impediu de falar algo com
Isabela e se levantar. Em seguida, ela caminhou em minha direção.
— Oi — ela sussurrou, ao parar em minha frente.
— Oi, Gabrielle — disse, firme.
— Podemos falar um minutinho em sua sala? — perguntou, eu assenti.
Então, sem perder tempo, ela se virou e caminhou em direção à minha sala. Endireitei a
postura e a segui, dando alguns acenos de cabeça para alguns funcionários, à medida que passava
por eles.
Ela parou em frente à porta e me esperou. Abri-a e dei espaço para que ela entrasse, fui
atrás dela e tranquei a porta atrás de nós. Em seguida, apenas observei.
Gabrielle se virou e os olhos se fixaram em minha direção.
— Não pode olhar para mim dessa forma — ela falou, arqueei as sobrancelhas e dei
alguns passos em sua direção.
— De que forma?
— Como se estivesse me despindo, eu me senti exposta.
— Por que não? — Um sorriso sacana brincou em meus lábios, levei a mão à cintura dela
e a puxei para mim. — Eu gostaria de te despir.
— Porque as pessoas podem notar e não é isso o que queremos, Alexandre.
Eu assenti, os olhos desceram para os lábios carnudos. Em um tom vibrante e totalmente
comestível.
Inclinei-me e mordi o lábio inferior, em seguida o puxei de leve. Gabrielle passou a mão
em volta do meu pescoço e soltou um gemido contido.
— Alexandre, vai ser difícil disfarçar assim — sussurrou, enviando uma eletricidade
gostosa diretamente para o meu pau. — Eu preciso ir.
— Você tem razão — concordei, enquanto brincava com os lábios dela. Roçando-os
contra os meus, antes de sugá-lo suavemente.
Então, eu estava tomando a boca gostosa para mim. Ao mesmo tempo, pedi espaço e
comecei a explorar sua boca, deslizei minha mão por suas costas, apertando-a contra mim.
A urgência se tornou maior e, porra, eu a foderia facilmente aqui, mas indo contra a
vontade louca, encerrei o beijo e chupei o lábio inferior, olhando a sua respiração irregular.
— Consegue me encontrar depois do expediente?
— Claro, vamos manter a discrição e... — Ela resfolegou, então, um sorriso se formou nos
lábios dela. — Consigo despistar o meu pai algumas vezes durante a semana.
— Isso é perfeito — falei e, em seguida, levei a mão ao rosto dela e o polegar,
automaticamente, acariciou os lábios. — Vou te esperar.
Ela sorriu de forma travessa, a atitude me fez arquear as sobrancelhas.
— Você está igual a um adolescente, sabia?
— Porra, eu sei — disse ao mesmo tempo em que deixei um sorriso escapar de meus
lábios. — Você conseguiu o que queria, está satisfeita?
— Muito — confessou, eu balancei a cabeça em negativa. — Agora eu realmente preciso
ir, nos vemos mais tarde.
— Tudo bem, Docinho — respondi, tendo ciência de que para que isso pudesse funcionar,
precisaríamos manter a discrição e isso implicava em não me trancar em minha sala com ela sem
qualquer motivo aparente.
Com isso em mente, inclinei-me e deixei um beijo rápido em seus lábios. Em seguida, eu
me afastei. Gabrielle me estudou com o olhar por um instante e se virou, então, foi em direção à
porta. A confiança em cada rebolada, deixava-a ainda mais sexy.
Meus olhos não a deixaram até o momento em que abriu a porta e saiu da minha sala. Não
sabia de fato o que estava fazendo, tão pouco conseguia raciocinar direito sobre tudo.
Como eu havia dito a ela, estava disposto a pegar tudo o que a garota estivesse disposta a
me dar, como um bom cafajeste. Isso era algo bom? Com certeza, não, mas eu estava disposto a
seguir e tomar tudo, tudo dela.
CAPÍTULO 21
Alexandre: Como você está, Docinho? Será que hoje consegue um tempinho na sua
agenda para mim? Porque a minha é todinha sua após o expediente. Não consigo parar de
pensar em foder você, desde que a vi nesse vestidinho preto e indecente.
O sorriso foi inevitável ao ler a mensagem pela terceira vez. Um mês havia se passado
desde que começamos a nos pegar às escondidas e, puta que pariu, pensei que com o tempo as
coisas esfriariam, afinal, um indecente como ele, certamente, se cansaria fácil.
Mas eu estava errada.
Durante esse mês, aproveitamos todo o tempo que podíamos para ficar juntos. Apesar de
eu não conseguir separar muito tempo, afinal, meu pai estava sempre em alerta.
Eu não tinha amigas na cidade e usar Isabella ou Raissa como desculpa estava fora de
questão, então, seguíamos nos encontrando conforme dava. E era sempre incrível, a conexão que
sentia com ele era inexplicável.
Perigosamente inexplicável.
— O que é tão interessante, hm? — A voz de Luiz Felipe ressoou perto demais, fazendo-
me dar um pulo na cadeira. Meus olhos foram para ele e só então percebi que ele estava
inclinado na divisória da minha baia.
— Quer me matar de susto? —repreendi-o ao mesmo tempo em que bloqueei a tela do
celular.
Luíz Felipe se aproximou e sem pedir permissão, sentou-se em cima da minha mesa,
obrigando-me a dar espaço para ele.
— Quem não deve, não teme, gatinha. — Ele sorriu e piscou um olho.
— Vou ter que concordar com ele, Gab — Isabella falou, atraindo a minha atenção. — E
você parece estar devendo e muito.
Fiz uma careta para ela, que gargalhou de forma descontraída.
— Isso tudo é amor? — perguntei e fechei o caderno que estava sobre a minha mesa, onde
há alguns minutos eu estava revisando o novo projeto que começamos.
— Talvez — Isabella respondeu, em seguida se levantou. — Preciso mostrar algo a
Raissa, mas não se esqueça, estou de olhos bem abertos.
Dei uma risada ao ouvi-la. Isabella estava se tornando uma grande amiga e não podia
negar que apesar de ser um pouco enxerida, às vezes, eu a adorava.
— Enfim, a sós — Luíz Felipe falou, atraindo a minha atenção.
Arqueei as sobrancelhas e o medi com o olhar.
— Pediu que ela nos deixasse a sós?
O sorriso dele o entregou, ele balançou a cabeça em positivo.
— Já que você não está facilitando para mim, tenho que criar algumas situações —
confessou.
Revirei os olhos e me assustei, no momento em que a mão dele foi para meu rosto. Luíz
Felipe tirou uma mecha do meu cabelo do rosto e o colocou atrás da orelha.
— Não faz isso — disse e tirei a mão dele, em seguida, passei os olhos pelo ambiente,
sentindo o alívio me invadir ao perceber que todos estavam focados demais para notar algo.
Mas, o alívio veio cedo demais. Senti um arrepio por todo o corpo com o que encontrei.
Meus olhos se fixaram em um Alexandre diferente do que eu costumava ver, parado
enquanto um dos rapazes da equipe falava algo com ele. Mas a atenção dele não estava na
conversa, era claro os olhos dele fixos em mim. E queimavam, céus, como queimavam nesse
momento.
— Isabella acha que você está saindo com alguém — Luiz Felipe voltou a falar, atraindo a
minha atenção.
— Ela está certa — sussurrei. — Não faça mais isso, Luiz, eu gosto muito da sua amizade.
Ele deu um sorriso fraco que não chegou aos olhos, a decepção era evidente em seu olhar.
Foi só então que percebi que eu realmente deixei algo passar. Enquanto eu o via como um
amigo, o interesse dele se estendia para algo maior.
— Não posso dizer que eu não tentei, obrigado por ser sincera comigo — ele disse e se
levantou da mesa.
— Ei... — chamei a atenção dele para mim. — Isso não vai afetar a nossa amizade, não é?
— É claro que não. — Ele piscou, então, começou a andar em direção à baia dele.
Foi só então que me permiti passar os olhos mais uma vez pelo ambiente. Alexandre não
estava mais no mesmo local de antes e antes que pudesse terminar de sondar, dei outro pulo na
cadeira, ao notar que era ele, quem se inclinava ao meu lado. Alexandre estava mais perto do que
esteve no último mês, enquanto permanecíamos na empresa.
— Está assustando fácil, Docinho — ele sussurrou, perto demais.
— Alexandre... — repreendi-o, em um fio de voz.
Ele se endireitou e adotou uma postura ainda mais séria, franzi as sobrancelhas e antes que
pudesse questioná-lo, acompanhei o seu olhar, notando que Isabella estava vindo em nossa
direção.
— Xandinho, veio fiscalizar como está o andamento dos tópicos? — ela perguntou,
Alexandre fez uma careta. — Juro que até amanhã eu e Gab terminamos.
— Isso — concordei.
— Vocês estão no prazo — ele respondeu, sério, então os olhos se voltaram para mim. —
Gabrielle, pode me acompanhar até a minha sala?
— Uh — Isabella falou e fez uma careta.
Eu daria risada, se não tivesse visto como seus olhos me atingiram há alguns minutos.
— Claro — disse e me levantei.
Alexandre começou a andar em direção à sala, meu olhar foi para Isabella.
— Ele tem esse jeitão, mas é gente boa. — Ela piscou para mim. Senti meu coração entrar
em descompasso, torcendo para que ela não tivesse notado toda a tensão no ar.
— Eu disse para ele que não queria que pegasse leve, ele está levando a sério — falei,
arrancando uma risada dela.
Então, sem perder tempo, comecei a ir em direção à sala dele. Alexandre estava me
esperando com a porta aberta, passei por ele e fui em direção à sua mesa. Estremeci ao ouvi-lo
não só fechar a porta atrás de nós, como trancá-la também.
Tudo aconteceu rápido demais. Eu me virei para olhá-lo e no segundo seguinte, estava
sendo pressionada contra a mesa.
— Alexandre — sussurrei, ao mesmo tempo em que minhas mãos foram para o seu
ombro.
Ele não pareceu se importar com meu protesto, pois levou a mão ao meu quadril, e
ergueu-me facilmente, colocando-me sobre sua mesa. Suspirei profundo ao encontrar os olhos
quentes sobre mim.
— Sabe que nada estava acontecendo, eu disse a ele que estava saindo com alguém —
disse, em um fio de voz.
— Eu sei — respondeu, os olhos fixos em mim. Então, as mãos começaram a deslizar
para a minha cintura. — Mas eu não gostei de ver aquelas mãos atrevidas em você.
Seu aperto se tornou mais forte, ele me puxou e me encaixou nele.
— O que está fazendo? — perguntei, confusa com a proporção que tudo tomou naquele
instante.
Alexandre não respondeu. Ele se inclinou e tomou meus lábios para ele, de forma
controladora e possessiva. Senti meu corpo inteiro se arrepiar quando naquela mesma
intensidade, ele deixou os meus lábios e começou a deixar beijos por meu pescoço.
Em um movimento involuntário, joguei o pescoço para o lado para que ele tivesse mais
acesso, então, os lábios gostosos e sedentos estavam indo rumo ao meu seio. A alça do vestido
deslizou pelo meu ombro, mas não me importei, a única coisa que eu queria, era mais daquilo
que ele estava causando em mim.
Os lábios voltaram fazendo o mesmo caminho, roçando a barba em uma trilha gostosa, até
devorar minha boca mais uma vez. Com fome, deixando-me quase sem ar. Prendi a minha perna
na cintura dele, à medida que sentia seu aperto ainda maior em mim.
Suspirei profundo quando senti seu pau completamente duro entre minhas pernas, através
do tecido fino da minha calcinha. Alexandre se afastou para me olhar. Levei a mão em seu rosto,
notando seu semblante se tornar sério mais uma vez.
— Ninguém além de mim pode tocar em você, Gabrielle — ele disse, a voz rouca fazendo
o coração entrar em descompasso. — Ninguém. Você entende?
— Sim, e eu não quero que ninguém o faça — disse, a voz entrecortada.
O lampejo de satisfação que se formou em seus olhos, à medida que o sorriso cafajeste o
acompanhou fez meu corpo inteiro vibrar.
— Eu estou tão duro que tudo dói — confessou. — O que devemos fazer quanto a isso,
Docinho?
Lambi os lábios, pronta para dar a ele tudo o que ele quisesse naquele instante. Mas antes
que eu pudesse responder, uma batida à porta nos colocou em alerta.
Alexandre levou o indicador e o colocou sobre os meus lábios. O barulho da porta
tentando ser aberta fez com que eu tentasse sair dos braços de Alexandre, mas ele não permitiu.
— Qual é, Alexandre? — A voz do meu pai ressoou através da porta, fazendo meu
coração saltar. — Desde quando tranca essa maldita porta?
— Já estou indo — respondeu, em seguida me desceu da mesa. Os olhos de Alexandre
passaram por todo o meu corpo e ele fez uma careta. — Se ele te vir, vai sacar na hora.
— Ele não precisa me ver — falei, em seguida olhei em volta da sala. Em um movimento
suave, as mãos de Alexandre estavam sobre mim.
Deixei que ele me guiasse e me surpreendi quando ele me induziu a entrar debaixo de sua
mesa. A visão era limitada ali, mas pude vê-lo colocar a mão na cintura e suspirar, antes de
afastar-se.
Pelos passos que ecoavam, deduzi que ele se dirigia à porta. Mantive-me alerta, resistindo
à tentação de espiar. A porta se abriu e, em seguida, fechou-se.
— O que aconteceu? — a voz do meu pai se tornou mais audível.
— Tive que trocar o terno mais cedo, mas esqueci de destrancar a porta — Alexandre
explicou.
Um sorriso se formou em meus lábios, pouco depois ouvi-os se acomodando em poltronas
do outro lado da sala.
Logo, iniciaram uma conversa sobre o nosso projeto atual. Fiquei imóvel, absorvendo
cada palavra deles. Tudo parecia tranquilo demais, até que uma pergunta de meu pai chamou a
minha atenção.
— Tudo pronto para a viagem no próximo final de semana?
— Sim, já está tudo certo para me encontrar com David e os associados.
— Ótimo, pode me mostrar os balanços que fez? — meu pai solicitou.
— Claro, estão na minha mesa — Alexandre respondeu. O som deles se levantando e se
movimentando encheu meus ouvidos.
Ajustei-me, prendendo a respiração quando percebi Alexandre reassumindo sua cadeira.
Em seguida, o barulho de papéis sendo manipulados na mesa chegou até mim.
— Quer analisar em sua sala e trazer para mim depois? — Alexandre sugeriu.
— Não tem necessidade, só quero dar uma olhada rápida — papai respondeu, então, pude
ouvi-lo se sentar na cadeira da frente.
De repente, uma caneta caiu no chão. Alexandre se abaixou para recuperá-la e nossos
olhos se encontraram.
O sorriso cretino que ele me deu, fez o coração disparar. Em seguida, ele se aproximou
um pouco mais e deixou um selinho rápido em meus lábios. Em um piscar de olhos, ele alcançou
a caneta e a pegou, deixando-me ali, desestabilizada com sua audácia.
Grande cafajeste. Para o homem que estava fugindo de mim como o diabo foge da cruz,
por ser amigo do meu pai, agora brincava de me beijar, enquanto papai estava diante dele.
Ajeitei-me sobre os meus pés e comecei a pensar em como revidar. E, porra, nunca saía
nada que prestava quando eu me propunha a fazer qualquer travessura, mas a verdade era que no
momento eu não estava ligando.
Mordi o lábio inferior e de forma sorrateira levei a mão sobre as pernas dele, eu passei
minhas unhas suavemente por cima do tecido de sua calça social, um sorriso brincou nos meus
lábios ao senti-lo enrijecer. No instante seguinte, Alexandre se ajustou na cadeira.
Eu não deveria seguir, mas sua atitude apenas fez com que eu deslizasse minhas unhas
ainda mais. Comecei o acariciar de forma suave, sentindo um calor fora do comum subir por meu
corpo, com a adrenalina de poder ser flagrada a qualquer momento em meio a mais uma atitude
devassa, que sempre estava ligada a ele.
Não demorou para que eu o sentisse crescer entre as minhas mãos. O sorriso foi inevitável
ao perceber que isso o excitava também. Quando minhas mãos tocaram o botão de sua calça, eu
não hesitei em abri-lo, de forma ousada, abaixei o zíper com cuidado. Estava prestes a tirá-lo
para fora quando a mão dele pousou sobre a minha, na tentativa de parar o meu movimento.
Comecei a circular a mão dele com o dedo decidida a não aliviar para ele. Seu aperto em
minha mão se tornou mais forte. Eu me inclinei e trouxe a mão dele para mim, passei a língua
pelo seu dorso, antes de colocar seu polegar na boca.
Um sorriso brincou nos meus lábios quando ele apertou meu queixo e enfiou o dedo ainda
mais em minha boca. E assim como ele havia me ensinado a fazer em seu pau, eu passei a língua
em seu dedo e o chupei.
— Não é à toa que é considerado o melhor. — A voz de papai ressoou, isso foi o
suficiente para que ele tirasse o dedo de minha boca suavemente.
— Poderia dizer que é gentileza sua — Alexandre disse, a voz contida.
— Mas nós sabemos que não é — papai completou. Então, ouvi os papéis sendo deixados
sobre a mesa. — Como Gabrielle está se saindo nesse projeto?
Quando eu voltei a pousar minha mão na perna dele, Alexandre pousou a mão sobre a
minha, como se não quisesse desfazer aquele contato. Na verdade, eu também não queria.
— Se importa se eu passar na sua sala e te dar os detalhes um pouco mais tarde? —
Alexandre sugeriu.
— Isso é ruim?
— De forma alguma, Gabrielle é brilhante — ele respondeu, fazendo minha boca se
curvar em um sorriso.
— Ela é, não é? — A voz de papai ressoou orgulhosa. O som da cadeira se afastando me
colocou em alerta. — É o suficiente por enquanto.
Alexandre soltou a minha mão e depois de discretamente abotoar sua calça, levantou-se,
então, pude ouvir passos em direção à porta. Permaneci no mesmo lugar esperando que
Alexandre me desse sinal verde, porém, não aconteceu.
Pude ouvir a porta se abrir e fechar mais uma vez, o som que veio em seguida, deu-me a
certeza de que Alexandre a estava trancando. Uma onda de excitação me atingiu por completo,
enquanto ouvia seus passos de volta para a mesa.
As mãos grandes me alcançaram e em um rompante ele me puxou, deixando-me de frente
para ele. Quando meus olhos encontraram os dele, pude notar que ele estava a ponto de perder o
controle.
— Porra, Gabrielle. Isso é demais até para mim. — Um rosnado contido deixou os lábios
dele.
— Não pareceu se importar, quando estava tão duro, enquanto eu tocava você, senhor
Sanchez.
Logo, eu estava sendo pressionada mais uma vez contra a mesa.
— O que quer ouvir? — perguntou, a voz contida. — Que foi excitante pra caralho ter
essas mãozinhas pequenas me tocando por baixo da mesa, enquanto seu pai estava sentado à
minha frente? Que quando você colocou essa boca atrevida no meu dedo, eu desejei que ela
estivesse no meu pau?
— Você queria? — questionei, em um fio de voz.
— Ainda quero. — Alexandre se inclinou e beijou o meu pescoço, fazendo-me arfar.
— Podemos resolver isso agora.
Minha mão foi para a calça dele, e mais uma vez, eu estava desabotoando sua calça.
Alexandre não impediu quando eu abaixei o zíper, tão pouco quando desci a calça junto com a
cueca boxer, revelando seu pau, sentindo-o pulsar em minha mão.
Ajoelhei-me e busquei seu olhar, ao mesmo tempo em que comecei movimentos de
vaivém em seu pau. Lambi os meus lábios e, em seguida, inclinei-me, deslizei a língua por toda a
base, sentindo-o estremecer com meu toque.
Logo, as mãos dele estavam juntando o meu cabelo em um rabo de cavalo, de forma tão
firme, que fez meu corpo inteiro se arrepiar. E apesar de me segurar daquela forma, Alexandre
não interferiu em meus movimentos, eu segui lambendo, chupando e sugando o seu pau,
enquanto a mão seguia os movimentos de vaivém.
— Boca boa do caralho — xingou, em um fio de voz. Em um rompante, ele estava fora da
minha boca. Alexandre levou a mão grande até mim e me puxou para levantar.
Então, eu estava sendo colocada sobre a mesa mais uma vez. As mãos afoitas foram para a
borda do meu vestido e ele o jogou para cima.
— Nós combinamos que não faríamos isso aqui — disse, segurando
— Combinamos, mas eu não consigo esperar até o fim do dia. Está satisfeita com a forma
que me deixa louco? — perguntou ao mesmo tempo em que levou as mãos nos meus tornozelos,
e os ergueu, apoiando os meus pés sobre a mesa dele.
Percebi que ele se ajoelharia, então antes que o fizesse, eu levei a mão até ele e o parei. Os
olhos dele foram afoitos para mim.
— Eu estou pronta para você e preciso que faça isso agora — sussurrei, em meio a um
resfolego.
Estava excitada para caralho, toda a adrenalina apenas me fez ansiar por ele. E tê-lo dentro
de mim, era exatamente o que eu queria. E como um indecente, ele se levantou com um brilho
nos olhos, ele me abriu ainda mais. As mãos foram para a minha calcinha e ele a afastou, no
instante seguinte, ele se afundou dentro de mim, ao mesmo tempo em que abafava nossos
gemidos com nossos lábios.
Passei as minhas mãos em volta do pescoço dele e o segurei forte, entregando-me assim
como as outras vezes, totalmente a ele. Sem pensar em mais nada, eu apenas me concentrei em
cada choque que ele causava em meu corpo, cada vez que se enterrava em mim.
E como se não fosse o suficiente, Alexandre levou os dedos ao meu clitóris e começou a
me tocar com movimentos circulares, à medida que seu pau atingia meu ponto mais sensível.
Deixei os seus lábios e de forma afoita, enfiei a cabeça no pescoço dele e o mordi,
deixando-o saber o que causava em mim e o quanto me deixava fora de controle.
As pernas tremendo, à medida que eu me liberava, o corpo rígido sentindo tudo em mim
se retrair, enquanto um êxtase intenso me atingia e quase me fez perder os sentidos.
Vagamente percebi Alexandre derramar todo o seu prazer dentro de mim, enquanto
tentava não emitir qualquer som. No momento, era apenas nós dois ali, mais uma vez sem nos
importar com o resto do mundo.
Assim que me recuperei um pouco, levantei a cabeça e meus olhos foram ao encontro dos
dele, notando que ele estava tão ofegante quanto eu. Alexandre encostou a testa na minha,
enquanto tentávamos controlar a respiração.
— Ouviu sobre eu ter que viajar no próximo final de semana, não ouviu? — perguntou, a
voz irregular.
Quando não respondi, ele se afastou alguns minutos depois para me olhar. Balancei a
cabeça em concordância, sentindo que, só agora, conseguia raciocinar.
— Los Angeles? — perguntei, tendo uma noção sobre o projeto que ele e papai estavam
lidando.
— Sim — respondeu, então mediu-me com o olhar. — Vem comigo.
— Ir com você? Para Los Angeles? — questionei, surpresa com a proposta.
— É no final de semana, não pode dizer ao seu pai que ficará na casa de uma de suas
amigas que mora em Búzios?
— Hm... — comecei a analisar a possibilidade, tentando não deixar transparecer a
agitação que se tornou dentro de mim.
— Estou querendo sugerir algo assim há uns dias, se for comigo podemos sair um pouco.
Posso te levar para jantar, podemos fazer o que quiser.
— Alexandre é o tipo de homem que leva a garota para jantar? Isso é interessante. —
Observei, notando o sorriso se formar em seus lábios.
— Não sou, mas quero fazer isso com você — confessou, fazendo meu coração saltar.
— Por quê? — perguntei, em um fio de voz.
— Por que não? — devolveu a pergunta e arqueou as sobrancelhas.
Deixar rolar, o que exatamente significava para ele?
— Então, o que me diz? — perguntou, ao não obter qualquer resposta.
Então, balancei a cabeça em positivo, vendo o rosto dele se iluminar com algo que eu
desconhecia. Foi ali, que eu me rendi, sem pensar demais, apenas respondi:
— Você tem razão, por que não?
CAPÍTULO 22
— E, então, o que quer fazer hoje? — Alexandre perguntou, no momento em que fechou a
porta atrás de nós.
Virei-me em direção a ele, observando-o colocar as nossas malas em um canto no quarto
de hotel. Em seguida, ele começou a caminhar em minha direção.
— Pensei que tivesse uma reunião em meia hora — comentei, Alexandre assentiu, ao
mesmo tempo em que passou a mão em volta da minha cintura, então, me puxou para ele.
— E tenho, mas estarei aqui para jantarmos à noite de e amanhã até o momento em que
pousarmos no Brasil, serei todo seu.
Minha boca se curvou em um sorriso, à medida que passei as mãos em volta do pescoço
dele.
— Gostei disso — respondi, Alexandre passou a língua nos lábios e se inclinou.
Os lábios dele tomaram os meus e ele me beijou de forma tão indecente, que fez meu
corpo inteiro se arrepiar. Céus! Tinha que admitir que o beijo quente combinava perfeitamente
com ele.
Quando encerrou o beijo, chupou meu lábio inferior e o puxou. Então, afastou-se para me
olhar.
— Estarei aqui às 19h. Pense em como quer aproveitar o tempo que teremos amanhã, à
noite conversaremos durante o jantar.
— Tudo bem — concordei, ao mesmo tempo em que saí de seus braços.
— Até mais tarde, Docinho. — Ele piscou, sorri, apenas observei-o se virar e ir em
direção à saída do quarto.
Iria aproveitar esse tempo para relaxar um pouco, afinal, havíamos saído do Brasil muito
cedo para conseguir chegar um pouco antes das 16h, já que papai não concordou que eu fosse
para Búzios ontem à noite, tivemos que adequar nossa viagem de acordo com isso.
Virei-me para observar com calma a suíte escolhida por Alexandre, agora que estava
sozinha. Era uma cobertura extravagante, mas, ao mesmo tempo, agradável. Os móveis luxuosos
e a decoração refinada davam um toque elegante ao ambiente, com cortinas pesadas e detalhes
em dourado, ressaltando o glamour.
Observei cada detalhe enquanto caminhava pelo quarto enorme. Parei em frente às janelas
e abri as cortinas, podendo apreciar um pouco da vista panorâmica da cidade.
Aqui era realmente lindo, uma excelente escolha.
Suspirei profundo e fui em direção à king size. Joguei-me sobre o colchão macio
confirmando aquilo que suspeitava, a cama mais confortável que eu já deitara em minha vida. E
tinha que admitir, já havia me hospedado em muitos hotéis de luxo em viagens com meus pais.
Tirei o celular do bolso da calça, depois de alguns minutos checando as redes sociais,
entrei na agenda e coloquei para chamar quando encontrei o contato da minha amiga.
— Não esperava que me ligasse, sua safada! — Liz disse no momento em que atendeu.
— Achei que já tivesse comprado um chip aqui no Brasil.
— Esse ainda é meu principal, usei muito tempo — expliquei, então sorri. — Também te
amo, viu?
— Claro, agora que está me usando para passar o fim de semana com aquele gostoso, me
ama ainda mais — ela falou, fingindo indignação.
Gargalhei e me virei de bruços, ajeitando-me sobre os cotovelos, buscando uma posição
mais confortável.
— Me conta, por que está me ligando, ao invés de aproveitar ao máximo?
— Chegamos agora, foram quase 13 horas de voo, Alexandre tem uma reunião agora e,
então, quando voltar é que vamos sair para fazer algo.
— Hm... conte-me mais sobre isso — pediu, o tom sugestivo me fez sorrir, enquanto
balançava a cabeça em negativa.
Contei a Liz um pouco de como eu e Alexandre estávamos lidando com tudo na última
semana, em como o provoquei quando meu pai quase nos pegou na sala dele e a expectativa
depois do convite para a viagem. Liz como a boa amiga que sempre foi, disse aquilo que já
rondava a minha mente. Eu poderia aproveitar e curtir ao máximo tudo aquilo que estávamos
vivendo, porém, deveria cuidar apenas do meu coração, afinal, Alexandre era um cafajeste
indecente.
Eu sabia disso desde o momento em que o vi naquela boate.
Passamos a próxima hora conversando sobre tudo um pouco, antes de ela ter que desligar.
Então, foi quando eu decidi me levantar da cama e explorar um pouco mais.
Quando entrei no banheiro, os olhos foram para a banheira totalmente convidativa no
centro do espaço, com velas aromatizantes e um ambiente íntimo e confortável.
Não perdi tempo, preparei um banho daqueles e tirei a roupa. Em seguida, entrei naquela
banheira e me permiti relaxar. Só naquele momento eu percebi o quanto precisava disso, apesar
do jatinho particular e confortável, passar 13 horas viajando havia sido cansativo.
Perdi a noção do tempo naquele espaço. Estava tão gostoso que foi difícil sair, mas
quando o fiz, me surpreendi ao notar que era quase 18h. Então, fui em direção à mala para
escolher o que usar.
Optei pelo vestido de noite que trouxe, deixei-o sobre a cama e peguei meus acessórios
para maquiagem e cabelo. Sentei-me em frente à penteadeira e fiz a maquiagem. Depois de
finalizar o cabelo, eu vesti a peça escolhida e fui para o espelho analisar.
O vestido era vermelho com um decote coração, e apesar de ser na altura do joelho,
modelava todo o meu corpo e na parte de trás havia uma pequena abertura.
Ele era comportado, mas sexy ao mesmo tempo.
— Perfeito! — disse para mim mesma, com um sorriso satisfeito.
Virei-me para pegar os saltos, quando o barulho da porta se abrindo tomou conta do
ambiente. Foi quando meus olhos o encontraram.
Alexandre fechou a porta e caminhou em minha direção, sem conseguir desviar o olhar
por um segundo sequer. Mais uma vez, eu senti-me exposta demais, com seu olhar me
devorando, completamente.
Sem aviso, ele passou a mão na minha cintura e me puxou para ele.
— Sou a favor de uma mudança de planos — disse, a voz cheia de desejo. — O que acha
de pedirmos serviço de quarto e passarmos o restante da noite presos aqui?
Minha boca se curvou em um sorriso, ao passo em que minhas mãos deslizaram para o
peito dele, então, neguei com a cabeça.
— Não foi você quem disse que me queria aqui, pois queria que saíssemos sem correr o
risco de alguém nos ver e isso chegar ao meu pai? O que aconteceu com aquele papo de “quero
fazer uma programação diferente?”
— Pensando bem — ele começou, então, inclinou-se. Os lábios gostosos tocaram meu
pescoço, ele deixou um beijo suave, fazendo-me arrepiar ao sentir a barba roçar em mim. Então,
os lábios dele estavam no meu ouvido. — Eu gosto de estar no quarto com você, tem sido minha
programação preferida no último mês.
— Você é mesmo um indecente — disse, em um fio de voz. Afastei-me para olhá-lo e
arqueei a sobrancelha. — Esse papo foi apenas para me ter à sua mercê, Alexandre?
Meu coração entrou em descompasso quando ele deu uma risadinha sexy e perigosa. E
pior, o olhar que ele me deu, denunciava que ele tinha noção do quanto ele poderia me
influenciar com tão pouco.
Alexandre se inclinou e deixou outro beijo em meu pescoço, em seguida voltou a me
olhar, não fazia ideia do que aquele olhar significava, mas alguns instantes depois, ele resolveu
quebrar o silêncio.
Como o cavalheiro que ele não era, suas mãos deixaram a minha cintura, ele deu um passo
para trás, então, disse:
— Me espere aqui, vou tomar um banho e já volto para jantarmos fora.

Suspirei em antecipação quando senti a mão grande de Alexandre pousar em minhas


costas. Nós havíamos acabado de estacionar em frente ao restaurante e era impossível não criar
expectativas, não quando era a primeira vez que saíamos para jantar em público.
— Boa noite — o manobrista nos cumprimentou com um sorriso amigável.
— Boa noite, obrigado — Alexandre falou, ao mesmo tempo que entregou as chaves do
carro para o rapaz, que aparentava ter seus vinte e cinco anos.
Logo, ele estava me guiando em direção ao elevador, onde Alexandre selecionou a
cobertura. Ele seguiu me levando em silêncio, deixando apenas a expectativa ainda maior.
Ao cruzarmos as portas do estabelecimento, fui envolvida pela atmosfera elegante e
sofisticada que permeava o lugar. O hall de entrada exalava uma luz suave e acolhedora,
enquanto os garçons, impecavelmente trajados, se movimentavam, atendendo aos clientes com
sorrisos calorosos.
— Sejam bem-vindos ao La Lumiére. — Um dos garçons se aproximou de nós, Alexandre
tirou um cartão do bolso de seu blazer e o estendeu ao rapaz.
— Obrigado, boa noite — Alexandre cumprimentou-o. O garçom deu uma breve olhada
no cartão e abriu um sorriso para nós.
— Meu nome é Noah, e eu cuidarei do serviço de vocês hoje. Podem me acompanhar? —
perguntou, em seguida abriu espaço e estendeu a mão indicando a direção. — Eu os levarei para
a mesa reservada.
Sorri e assenti, ao mesmo tempo em que passei por ele, sendo guiada por Alexandre na
direção instruída por Noah. Ele seguiu guiando-nos para uma mesa isolada, estrategicamente
posicionada na sacada, oferecendo uma vista deslumbrante da cidade iluminada. Fiquei
encantada pela paisagem urbana que se desenrolava diante de mim, encantada com as luzes
cintilantes de Los Angeles.
Depois de nos acomodarmos em cadeiras confortáveis, Noah parou à nossa frente e se
dirigiu a nós.
— Como posso tornar essa noite especial? Já sabem o que irão pedir?
Olhei para Alexandre e sorri.
— Por favor, faça as honras — pedi e pisquei para ele.
A boca dele se curvou em um sorriso e ele desviou a atenção para Noah.
— Pode nos indicar algo especial no menu?
Noah não perdeu tempo, apresentou os pratos mais destacados do cardápio, detalhando
ingredientes e combinações que aguçavam os sentidos. Alexandre e eu trocamos alguns olhares,
a cada prato que ele nos apresentava.
— Para começar, recomendaria nosso carpaccio de salmão defumado. Uma escolha leve e
saborosa para iniciar a experiência — Noah sugeriu.
— Parece perfeito, o que acha, Gabrielle? — Alexandre desviou a atenção para mim.
— Como você mesmo disse, perfeito — respondi, então nossa atenção estava mais uma
vez no garçom.
Noah sorriu e continuou a nos orientar na escolha dos pratos principais e sobremesas.
Após decidirmos, Noah retirou-se com a promessa de que amaríamos cada opção escolhida,
deixando-nos a sós.
— Não parece ser um restaurante fácil de conseguir reserva de última hora — comentei,
ao notar como era diferenciado o atendimento. Não só isso, a vista da mesa escolhida, também
era incrível.
— E não é — Alexandre respondeu, os olhos fixos em mim, fez meu coração saltar. —
Tudo para você, Docinho.
Eu queria perguntar, por quê?
Porém, eu me abstive a não saber. Criar expectativas indevidas com essa viagem estava
longe do que eu esperava.
— Como foi a reunião? — perguntei, a fim de mudar a direção do assunto. — Correu tudo
bem?
— Bem-sucedida, eu odeio essa parte, porém, não há como evitar em alguns momentos.
— É por isso que é meu pai quem lida com as reuniões com os clientes na maioria das
vezes, não é?
— Sim, graças a Deus eu tenho Ricardo comigo, ou enlouqueceria — ele disse em meio a
um sorriso, que se desfez tão rápido quanto apareceu.
Forcei um sorriso, e antes que eu pudesse falar algo, avistei o garçom vindo em nossa
direção. Ele se aproximou e nos serviu o vinho. Permaneci em silêncio apenas observando.
Alexandre não precisava falar, eu sentia na tensão que se instaurou no ar, o quanto ele se
importava com meu pai e como de fato nosso envolvimento poderia prejudicar o que eles tinham.
— Decidiu o que quer fazer amanhã? — Alexandre perguntou no momento em que Noah
nos deixou a sós, desviando o foco do assunto anterior.
Levei a taça de vinho à boca e tomei um gole, sem desviar o olhar de Alexandre.
— Há algo que sempre quis fazer aqui em Los Angeles, mas nunca pude. Mas não faço
ideia se seria uma programação interessante para você.
— O quê? — ele perguntou, um brilho diferente nos olhos.
— Visitar o Griffith Observatory — confessei, Alexandre arqueou as sobrancelhas.
— Não me diga que aprecia a astronomia? — ele perguntou, visivelmente surpreso.
— Muito — respondi, sentindo o rosto corar. Isso não era algo que eu costumava contar
às pessoas.
— Você é uma menina-mulher interessante, Gabrielle.
— Menina-mulher, hum? — provoquei, ao mesmo tempo em que tirei o salto e levei o pé
nas pernas dele, passando-o suavemente. Ele abriu um sorriso cafajeste.
— Senhores — Noah falou, chamando a nossa atenção.
Sorrateiramente, recolhi o meu pé e apenas observei-o servir o nosso jantar, os olhos de
Alexandre fixos em mim. Com os pratos servidos, estávamos mais uma vez apenas nós dois. E
como se fosse um jogo interessante, eu vi Alexandre mudar o rumo da conversa mais uma vez.
Nós experimentamos os pratos sugeridos pelo garçom, tendo a certeza de que a melhor
escolha fora aceitar as indicações, afinal, estavam deliciosos. Cada olhar e toque que trocamos
durante o jantar, estava carregado de uma tensão que ambos sabíamos que não poderíamos
ignorar no momento em que estivéssemos de volta ao hotel e, por Deus, aquilo era demais.
Estava terminando a terceira taça de vinho, quando Alexandre se levantou, sem aviso.
Minha boca se curvou em um sorriso quando ele deu a volta na mesa e veio em minha direção.
Ele estendeu a mão para mim, mais uma vez como o cavalheiro que eu sabia que ele não era, mas
me vi aceitando seu contato, deixando que ele me puxasse e levasse meu corpo contra o dele.
Sem qualquer preocupação.
Em um lugar tão longe, éramos apenas nós dois.
Alexandre me guiou pela sacada, fazendo-me encostar na meia parede de vidro. Meus
olhos foram mais uma vez para a vista glamurosa à nossa frente, ao mesmo tempo em que senti-o
colar o seu corpo no meu.
As mãos desceram para a minha cintura, ele se inclinou para beijar o meu pescoço. Senti
um arrepio por todo o corpo, no momento em que o hálito quente estava perto do lóbulo da
minha orelha.
— O que acha de encerrarmos o jantar e finalizarmos a noite no quarto de hotel? —
sussurrou e, discretamente, se moveu atrás de mim. Suspirei em antecipação, ao notar que ele
mal tinha me tocado e já estava completamente duro para mim.
Virei a cabeça para o lado, o suficiente para conseguir encostar a cabeça em seu peito, e
bem próxima ao seu pescoço, sussurrei:
— Eu acho que é uma excelente ideia. Vamos lá, Alexandre, me leve para o seu mundo
mais uma vez.
CAPÍTULO 23
Eu nunca tive o hábito de dormir com mulher alguma, sempre gostei do meu espaço e da
minha privacidade. Mas por que era tão gostoso ter o corpo pequeno de Gabrielle entre os meus
braços?
Não fazia ideia.
A minha única certeza era que quando fiz o convite para que ela viesse comigo, apenas
usei a desculpa de podermos fazer algo diferente para estar mais tempo com ela, fodendo-a.
Porém, poderia dizer que sabia muito bem que Gabrielle estava ocupando um espaço maior do
que deveria em meus pensamentos.
Desde o primeiro momento, ela despertou em mim algo que eu não sentia há muito, muito
tempo.
Foi exatamente por isso que eu decidi tomá-la para mim. Afinal, se ela fosse como as
outras, jamais encostaria um dedo nela. Mesmo que fosse a garota mais sexy e envolvente de
todas.
Porque ela era a porra da filha do meu sócio.
Balancei a cabeça em negativa, mandando aqueles pensamentos para longe. Não queria
pensar demais em como eu era um filho da puta.
Inclinei-me e encaixei meus lábios na curva do pescoço dela, depois comecei a deixar
beijos suaves sentindo-a gemer manhosa em meus braços.
— Bom dia, Gabrielle — sussurrei. Minha boca se curvou em um sorriso ao notar que os
pelos do corpo dela haviam se arrepiado.
Aquilo me agradava e muito.
— Bom dia? — questionou, manhosa, no momento em que os olhos dela foram para o
relógio. — Ainda é de madrugada.
— É melhor irmos, se quiser ver o nascer do sol — falei. Gabrielle começou a se remexer
em meus braços, ficando de frente para mim.
Quando seus olhos encontraram os meus, pude ver a confusão que a atingia.
— Está falando sério? — perguntou, em um fio de voz.
— Não disse que queria ir ao Observatory?
— Eu disse, mas... — Arqueei as sobrancelhas. Ela deixou aquelas palavras no ar. —
Obrigada.
— Não me agradeça ainda, Docinho — disse, ao mesmo tempo em que deslizei a minha
mão por seu corpo pequeno e gostoso.
— Indecente — ela respondeu, o sorriso brincava em seus lábios. — É claro que está
fazendo média.
Gargalhei, apenas observei Gabrielle sair dos meus braços e segurar o lençol, cobrindo os
seios expostos e a bunda redondinha no momento em que se levantou da cama. Em um
movimento rápido, eu me ajoelhei na cama e levei a mão em seu braço, então a puxei para mim.
Meus olhos acompanharam o lençol cair, deixando parte dos seios expostos mais uma vez.
Durinhos e tão convidativos que não resisti, inclinei-me e o abocanhei sem aviso, fazendo com
que um gemido sexy pra caralho escapasse dos lábios de Gabrielle.
Suguei com vontade e me lambuzei, escutando os gemidos eróticos saindo da boca dela,
enviando uma eletricidade gostosa diretamente para o meu pau.
Os seios pequenos que pareciam ser feitos para mim, a boca encaixava tão perfeitamente,
que era impossível não pensar em como eu era sortudo, por ter tudo isso para mim.
Afastei-me com dificuldade e levei os olhos ao encontro dos dela, encontrando-a corada.
— Alexandre... — A voz arfante, ela estava visivelmente louca de tesão.
Tinha que admitir, era uma das cenas mais bonitas que eu poderia ter.
— Não jogo para perder, é bom que você saiba — disse, a voz contida reforçava o seu
pensamento de que eu apenas queria fazer média.
Um indecente, era bom que seu pensamento sobre mim continuasse assim.
Não queria que ela soubesse o quanto estava mexendo comigo, tão pouco que eu me
sentia capaz de fazer o que ela quisesse, só para ver o sorriso estonteante em seus lábios.
Uma informação perigosa que eu guardaria comigo.
— É melhor me dizer que está pronta para ir, ou então, eu te manterei presa nesse quarto e
só vamos sair daqui para ir direto para o hangar — voltei a falar, controlando-me para realmente
não fazer isso, pois não conseguia esquecer o sorriso que ela me deu, ao falar desse maldito
lugar.
Ela saiu da cama mais uma vez e, sem desviar o olhar, deu alguns passos para trás.
Permaneci com os olhos fixos a ela, que lambeu os lábios e jogou o lençol no chão, revelando o
corpo completamente nu.
Em seguida, ela se virou e caminhou lentamente em direção ao banheiro. Meus olhos
foram para o relógio, constatando que, mesmo que passássemos um pouco da hora, ainda
pegaríamos o nascer do sol.
Atrevida como sempre, ela parou na porta e empinou a bunda, em seguida, apenas olhou
em minha direção. Deliciosa e provocante de uma forma que me deixava fascinado.
Que se dane qualquer coisa!
Levantei-me e fui ao encontro dela. No momento, a única coisa que eu queria era estar
dentro dela e era exatamente o que aconteceria.

— Tem certeza de que sabe como chegar lá? — Gabrielle perguntou, olhei brevemente
para ela, encontrando-a com as sobrancelhas arqueadas.
— É claro que sei — falei, tentando me manter confiante, então, voltei o olhar para o
trânsito. — Eu conheço Los Angeles como a palma da minha mão.
— É a terceira vez que passamos por aqui. A palma da sua mão deve ter muitas curvas
estranhas, então — disse, seu tom carregado de deboche fez com que um sorriso de lado se
formasse em meus lábios.
Eu havia sido flagrado, mas não estava pronto para admitir.
— Estava apenas testando como está a sua atenção, Docinho — disse, com a maior cara
lavada. Gabrielle gargalhou e o som fez com que algo se agitasse dentro de mim.
Sentimento que estava presente sempre que eu estava em sua companhia.
— Qual é? Desse jeito nós vamos perder o nascer do sol — falou, em seguida pegou o
celular.
— Você não parecia se importar, enquanto eu te fodia contra a parede do banheiro, não
ouvi qualquer reclamação, apenas os gemidos mais sexys que já presenciei — disse, atraindo o
olhar corado para mim. Ela abriu e fechou a boca algumas vezes, o que fez um sorriso brincar em
meus lábios. — Eu sei, sou um indecente, e tenho que admitir que adoro quando fica assim.
Minha atenção foi para a estrada, enquanto Gabrielle visivelmente ficara sem reação.
Apesar de seu atrevimento, sempre corava quando eu era direto demais.
Eu conseguia ouvi-la me chamando de indecente, a verdade era que gostava daquelas
palavras na boca dela, gostava demais.
— Vire na próxima esquerda — disse, atraindo a minha atenção. Arqueei as sobrancelhas,
ela balançou o celular para mim, mostrando que estava com o GPS aberto. — Vou guiá-lo até lá,
caso contrário chegaremos no pôr do sol.
— Está mudando de assunto, Gabrielle — falei, provocando-a.
Gabrielle levou a mão em meu braço e deu um tapinha, sua atitude me fez gargalhar.
— Deveria rir assim mais vezes, é lindo — disse de repente, fazendo com que aquela
risada se esvaísse do ambiente. Endireitei-me, notando o quanto estava à vontade com ela.
Gabrielle mais uma vez estava se entranhando em mim, as barreiras seguiam sendo
derrubadas, e eu não fazia ideia do quanto aquilo poderia ser perigoso, para mim.
— Vamos lá, capitã, eu estou em suas mãos. Apenas me dê as coordenadas — disse, e só
notei o duplo sentido, ao escutar a risadinha manhosa de Gabrielle.
Eu a olhei mais uma vez, vendo-a com a atenção no mapa, antes de voltar a atenção para
onde deveria: a estrada.
Durante os quinze minutos seguintes, Gabrielle guiou-nos até o Griffith Observatory. E
tinha que dizer, foi diferente de tudo tê-la nos guiando até lá. Estranhamente, senti como se fosse
a coisa mais natural do mundo, a interação e as brincadeiras entre nós.
Era diferente, mas um diferente bom. Melhor do que eu gostaria de admitir.
O sol começava a nascer no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e rosados, no
momento em que eu estacionava o carro perto do Griffith Observatory. Quando saímos do
veículo, fomos recebidos pelo panorama deslumbrante da cidade de Los Angeles se estendendo
diante de nós.
Levei a mão até as costas de Gabrielle e caminhei pelo jardim, guiando-a para o melhor
cenário, o terraço.
Algumas pessoas se encontravam no ambiente, com a atenção total no nascer do sol.
— Isso é tão incrível! Acho que sua pequena rota de desvios acidentais valeu a pena,
Alexandre — ela disse, parecendo admirada demais com a paisagem à nossa frente.
— Tinha que ter algo surpreendente, não é? — perguntei, em seguida coloquei as mãos
nos bolsos, indo contra a vontade de entrelaçar minha mão na dela.
Aquilo era íntimo demais. Certamente, toda aquela atmosfera estava contribuindo ainda
mais para as vontades loucas e insanas que insistiam em se fazer presente.
Nos dez minutos seguintes, enquanto Gabrielle observava toda a paisagem e o nascer do
sol, eu me permiti admirá-la. Questionando-me sobre o que eu estava fazendo naquele momento.
Eu apenas queria deixar rolar, mas não pretendia deixar as coisas irem longe demais.
Porém a sensação que me invadia naquele momento, era que isso já era algo inevitável.
— Que sério. — A voz de Gabrielle tirou-me dos meus devaneios, só então, notei que ela
estava perto demais.
— Apenas aproveitando a vista — disse, os olhos fixos a ela. — Que tal conhecermos um
pouco?
— Sim, seria perfeito — respondeu, a empolgação evidente.
Mais uma vez, eu estava guiando-a pelo local. Enquanto caminhávamos pelos corredores,
Gabrielle começou a apontar para as diferentes constelações representadas nas paredes.
Ela parecia fascinada por tudo, eu me atentei a cada palavra que saía de sua boca,
conhecendo um pouco mais da garota, que mais uma vez estava me provando que era muito mais
do que um corpinho bonito e um sorriso sexy.
Inteligente pra caralho, doce e gostosa.
Tudo que eu deveria evitar, mas seguia ignorando os avisos dos meus alicerces,
balançando a cada vez que ela sorria.
Depois de um tour pelo observatório e admirar algumas constelações em uma conversa
gostosa, decidimos voltar para o terraço, onde nos sentamos para aproveitar um pouco mais da
paisagem antes de ir embora.
Uma programação como essa, era totalmente contrária do que eu normalmente toparia
com qualquer mulher. Para variar, minhas programações eram sempre as mesmas. Um quarto de
hotel e muito sexo.
Não fazia questão de mais, há muito tempo qualquer outra interação era irrelevante.
Mas aqui estava eu, sentado na grama com os olhos fixos em Gabrielle e pensando em
apenas uma coisa. Eu queria mais disso, queria com ela.
Isso apenas me tornava ainda mais fodido.
— Há algo que está me deixando curiosa há um tempo — Gabrielle falou, interrompendo
os meus pensamentos.
— Diga — pedi e arqueei as sobrancelhas.
— Como surgiu esse cafajeste que todos pintam na mídia? Porque, claramente, você pode
ser um cavalheiro também.
Não fui capaz de responder de imediato, minha cabeça se encheu de possibilidades para
aquela pergunta.
— Hum? — ela insistiu quando não obteve resposta, ao mesmo tempo em que jogou o
corpo pequeno para o lado, encostando em mim.
— Está pesquisando sobre mim, Gabrielle? — perguntei, mudando o rumo do assunto.
— Talvez eu tenha feito algumas pesquisas, mas para saber onde estava me metendo —
confessou, apesar de tentar se manter descontraída, pude notar seu nervosismo.
Estranhamente, a vontade de ser sincero incomodou meu peito. Suspirei profundo e a
medi com o olhar.
— A última vez que eu permiti que meus sentimentos falassem mais alto, acabei na cama
com a noiva do meu melhor amigo — confessei, sentindo a surpresa em seu olhar. Dei um
sorriso cheio de nervosismo, pois apesar de ter conseguido me resolver com ele, eu ainda me
sentia mal por como tudo aconteceu no passado.
— Isso é bem indecente, Alexandre, até para você — comentou e me mediu com o olhar.
Busquei qualquer julgamento vindo dela, mas não encontrei.
Isso apenas me fez sentir mais confortável para seguir.
— Em minha defesa, achei que eles tinham terminado. Na época, eu estava tão
apaixonado que não confirmei os fatos antes de me enfiar nela. — Fiz uma careta, então balancei
a cabeça em negativa. — Desde então, eu não quis mais me envolver com ninguém. Não confiar,
facilita as coisas.
— O que aconteceu com ela? — perguntou, hesitante. — Você ainda gosta...
— Não — interrompi-a, antes que terminasse a pergunta. — Ela mentiu para mim, não
tinha como seguir depois disso.
Gabrielle balançou a cabeça em positivo e desviou o olhar sem dizer qualquer palavra.
Permaneci com os olhos fixos nela, pensando em como aquela garota estava me fazendo querer
confiar em alguém de novo.
— Imagina como é estar aqui a noite — comentou de repente, com a atenção no céu.
— Deve ser uma vista realmente bonita — falei, Gabrielle olhou para mim e sorriu. —
Talvez um dia, possamos voltar aqui e contemplar como seria.
— Está disposto a continuar fazendo média para mim? — perguntou, o sorriso brincava
nos lábios dela, mas não consegui acompanhar. No momento em que ficou séria, pareceu
pensativa demais. — Talvez um dia?
Levei minha mão até ela e sem aviso a puxei contra meu peito. Ela deu um gritinho
contido, mas veio facilmente para mim. Ajeitei suas pernas em volta de mim, à medida que a
colocava em meu colo.
— Alexandre — o tom era repreensivo, enquanto ela olhava à nossa volta, confirmando o
que eu já sabia.
Éramos apenas nós dois naquele momento. Claro, nada que uma gorjeta alta ao segurança
não resolvesse.
— Relaxa, Docinho — pedi, os olhos fixos a ela.
— Alguém pode chegar.
— Não vai — falei, sem hesitar.
— É claro que não, isso está mais vazio do que o normal — analisou ao mesmo tempo em
que levou as mãos em volta do meu pescoço. — Obrigada, eu gostei muito de vir aqui.
Minhas mãos foram para o rosto dela, com o polegar comecei a acariciar seus lábios. Ela
sorriu e aquilo foi o suficiente.
Deslizei a mão para nuca dela e tomei seus lábios para mim. Não tinha pressa, eu apenas
queria explorar seus lábios macios, e assim o fiz. Invadindo-a com minha língua, tomando seu
gosto doce a cada investida.
Mas o momento durou menos do que eu ansiava. O barulho do celular tocando, obrigou-
nos a encerrar o beijo. Ainda ofegante, Gabrielle levou a mão ao bolso da calça e tirou o aparelho
de lá, então, desviou o olhar para o visor.
— É a minha mãe — disse, controlando a respiração. — Eu preciso atender.
— Tudo bem — concordei, ela suspirou e levou o celular no ouvido.
— Gabrielle querida, você volta amanhã? — Ouvi a voz de Mari no momento em que
Gabrielle atendeu.
— Oi, mãe, sim, por quê? — Gabrielle respondeu.
— Seu pai, meu amor, cismou que vai te buscar ainda hoje — Mari disse, eu me inclinei
para escutar melhor, sentindo a tensão invadir meu peito.
— O quê? Não, mãe, amanhã eu estarei na empresa pela manhã, conforme combinei —
explicou, deixando evidente sua inquietação. — Não é para ele ir me buscar.
— Está mesmo com a Liz, querida? — A voz questionadora de Mari ressoou,
automaticamente os olhos afoitos de Gabrielle vieram em minha direção.
— Por que a pergunta? — Gabrielle perguntou, desviando o assunto.
Deslizei a mão nos braços dela e a acariciei, suave.
— Eu liguei para te alertar de que seu pai está indo, mas eu te conheço, minha filha. Não
estaria tão agitada se estivesse onde falou. O que está aprontando?
Ela suspirou profundo, eu apenas assenti, incentivando-a a seguir.
— Não estou em Búzios. Não quero dar detalhes sobre isso apenas... — Ela suspirou. —
Por favor, não deixe papai ir me buscar, porque ele não vai me encontrar lá.
— Certo, querida, vou ver o que posso fazer. Espero não me arrepender disso.
— Obrigada, mãe — ela disse e mordeu o lábio inferior.
— Mas não ache que vai escapar. Nós conversamos quando chegar, beijos. — A voz de
Mari ressoou, então, ela encerrou a ligação.
Os olhos ainda afoitos de Gabrielle ainda estavam sobre mim.
— Temos um problema — ela disse, em seguida saiu do meu colo e se levantou.
Eu a acompanhei e parei em frente a ela, tentando manter a calma e disfarçar o quanto
aquela ligação me deixou tenso, trazendo à tona tudo aquilo que eu seguia lutando para ignorar.
Eu era um grande filho da puta, que estava com Gabrielle sem me importar que ela era
filha de alguém muito importante para mim e que, certamente, me mataria se passasse pela
cabeça dele o que eu estava fazendo com sua filha no último mês.
Sem querer seguir por esse caminho, dei o meu melhor sorriso e falei:
— Mari dará um jeito.
— Eu sei, é que... — Ela suspirou.
Levei a mão no rosto dela, prendendo seu olhar no meu. Me permiti dizer em voz alta,
aquilo que tentava me convencer.
— Mari dará um jeito em Ricardo, e eu preciso dar um jeito em você. Devemos voltar
para o hotel para que eu possa fazê-la relaxar um pouco?
Gabrielle suspirou e deu um tapinha em meu peito. Segurei a sua mão e a puxei para mim.
E mesmo a contragosto, ela sorriu.
— Indecente — disse, tentando voltar a seriedade.
— Eu sou e pretendo ser ainda mais, antes de voltarmos ao Brasil. Dê-me tudo de você,
Docinho.
Ela lambeu os lábios e, em um instante, ela parecia ter sido capaz de relaxar um pouco.
— Tudo bem. Me leve para o quarto e eu te darei tudo de mim.
CAPÍTULO 24
Estava há cerca de vinte minutos sentada em frente à minha escrivaninha, tentando
finalizar a maquiagem. Mas o coração em descompasso, estava tirando-me do eixo.
Finalmente, minha mãe conseguiu marcar o jantar que ela tanto falava com os pais de
Alexandre. Desde que eu fui até a casa deles, ela insistia que deveria convidá-los, já que eles
eram próximos e não se viam desde antes da minha volta ao Brasil.
O barulho de algumas batidinhas à porta me tirou dos meus devaneios. Olhei através do
espelho e notei a presença da minha mãe. Meu coração se agitou ainda mais, tendo o seu olhar
sobre mim.
— Eles já chegaram — ela disse, medindo-me com o olhar.
— Vou só terminar a maquiagem e já desço — respondi, tentando esconder a ansiedade.
Indo contra o que eu esperava, mamãe entrou no quarto e encostou a porta. Acompanhei-a
ainda pelo espelho, à medida que ia em direção à cama. Em seguida, ela se sentou.
Tentei agir como se não estivesse agitada com a sua presença e voltei a atenção para o
delineador. Minha mãe permaneceu ali, encarando-me silenciosamente, enquanto eu pedia aos
céus para que ela continuasse assim.
As últimas duas semanas desde minha volta de Los Angeles foram marcadas por mim,
claramente evitando-a. Agradeci quando ela conseguiu controlar o meu pai, porém, sempre que
ela tentava conversar, eu tinha uma desculpa na ponta da língua para não deixar que o assunto
fosse para meu pequeno deslize.
— Sei o que está fazendo, querida — minha mãe falou, e meu peito se apertou.
— Do que está falando? — perguntei com cautela e me virei para encará-la.
Meus olhos seguiram as mãos dela, dando dois tapinhas na cama, indicando que ela queria
que eu me sentasse ao seu lado.
— Você está me evitando há duas semanas, desde que voltou da viagem — ela declarou,
uma sensação de desconforto se instalou diante da forma direta que ela raramente usava comigo.
— Não é isso, mãe, eu só... — Deixei aquelas palavras no ar, ao receber o olhar de
reprovação de minha mãe. Suspirei e caminhei em direção a ela, fazendo exatamente o que ela
queria, sentei-me ao seu lado. — Eu estava trabalhando muito, mas também estava evitando essa
conversa.
— A pergunta que me preocupa é, por quê? — questionou, olhei para as mãos, incapaz de
encará-la naquele instante.
— Eu estava com um cara — confessei, sabendo bem que era essa a informação que
mamãe buscara.
— Querida, sabe que seu pai e eu nunca privamos você de nada.
— É complicado — disse e desviei o olhar para as mãos.
— Eu entendo, você é jovem e não quer ter que dar satisfações sobre com quem está
saindo — falou e me mediu com o olhar. — Mas não minta para mim, querida, eu vou te apoiar
sempre. Foi por isso que fiz o possível para que fosse estudar na melhor faculdade, mesmo que
significasse morar sozinha. Eu confio em você, nós confiamos.
Meu coração apertou diante de tal afirmação, fui capaz apenas de assentir. Então, mamãe
se levantou e beijou a minha testa. Em seguida, afastou-se, indo em direção à porta.
— Estamos te esperando lá embaixo, em breve vou servir o jantar — avisou, forcei um
sorriso e acompanhei-a abrir a porta a fim de sair porta afora, sentindo-me confusa com tudo.
Não tinha dúvidas de que meus pais confiavam em mim, e eu já tinha idade o suficiente
para sair com qualquer cara, apesar de papai me considerar sua menina. O fato era que, não era
como se eu pudesse contar que eu estava saindo com o sócio e amigo dele.
Não quando ele era um indecente e, ainda por cima, combinamos de apenas deixar rolar.
No fundo, eu sabia que, apesar de as coisas estarem mais intensas, principalmente após a viagem,
tinha ciência de que uma hora tudo aquilo iria acabar.
Eu sabia disso quando me envolvi com Alexandre, sabia muito bem disso quando segui o
provocando, até que ele não aguentasse mais, então, eu não queria pensar demais, apenas curtir
aquilo que tínhamos.
Sem querer ficar remoendo tudo, fui em direção à escrivaninha e terminei o delineado, em
seguida, passei um batom vermelho e me olhei no espelho uma última vez, tendo a certeza de
que tudo estava no lugar, então, fui em direção à saída, pronta para encontrar a todos.
Ao chegar à ponta das escadas me deparei com os pais de Alexandre, meus pais e, é claro,
Alexandre, todos sentados e conversando. Ao descer, senti a atenção de todos voltada para mim,
especialmente os olhos intensos de Alexandre, fazendo meu coração dar um salto.
Tentei manter a compostura, forçando um sorriso ao cumprimentar a todos, ao mesmo
tempo em que a mãe de Alexandre se levantou e caminhou em minha direção, com aquele
mesmo entusiasmo de quando a vi pela primeira vez.
— Gabrielle, que bom te ver de novo — Lúcia disse, ao mesmo tempo em que me
abraçou.
— Bom te ver, Lúcia — respondi e correspondi ao seu cumprimento, em seguida me
afastei.
— Espero que nos visite mais vezes, como eu te disse, pode aparecer quando quiser! —
ela falou, eu sorri sem graça.
— Você a assustou, mãe, e segue fazendo isso agora — Alexandre falou, seu tom de
deboche fez com que meus olhos fossem atraídos para ele. Tive que me segurar para não
responder da forma que gostaria. Apenas semicerrei os olhos para ele e voltei a olhar para Lúcia.
— Imagina, estou tão empolgada na empresa que me esqueço de todo o resto — comentei,
enquanto caminhávamos pela sala em direção ao sofá onde todos estavam.
— Não deve se esquecer, meu anjo, está na idade de sair e aproveitar tudo o que pode —
Lúcia falou.
— Não dê ideia, dona Lúcia. Gabrielle passou um fim de semana em Búzios com uma
amiga nada confiável há duas semanas, não quero nem imaginar a forma que aproveitaram —
papai disse, fazendo todos sorrirem, enquanto ele fingia indignação.
— Pai! — repreendi-o, instintivamente meus olhos foram para Alexandre, que piscou para
mim e voltou o olhar para meu pai, em seguida tocou seu ombro.
— Deixe ela, Ricardo.
— Diz isso porque não é sua filha — meu pai rebateu. Alexandre deu de ombros, exibindo
aquele sorriso cafajeste de sempre.
Meu coração se agitou. Por mais que eu não quisesse admitir, adorava o jeito que
Alexandre lidava com tudo, ainda mais a forma que ele estava descontraído, depois que
resolvemos nos permitir.
— Agora que Gabrielle desceu, que tal irmos para o jardim e sentarmos à mesa? —
mamãe sugeriu.
— Jardim? Excelente escolha, minha amiga — Lúcia disse com animação.
Mamãe sorriu e se levantou, em seguida todos fizeram o mesmo e seguimos conversando,
enquanto caminhavam em direção ao jardim. Aproveitei o momento para cumprimentar Barreto,
o pai de Alexandre.
Quando chegamos ao jardim, nos deparamos com uma decoração bem delicada e elegante.
A mesa estava com um forro de cetim, os pratos alinhados e flores no centro. A comida
estrategicamente posicionada, com aquecedores e algumas velas aromatizantes por toda a mesa.
Aquilo era simplesmente a cara da minha mãe.
Enquanto elogiavam o clima gostoso, os pais de Alexandre se acomodaram à mesa, logo,
meus pais o seguiram. Dei a volta e me sentei no lado oposto, para vê-los melhor e ficar distante
da cadeira ao lado dos pais de Alexandre, onde imaginei que ele se sentaria.
Alexandre, como quem não quer nada, me seguiu e puxou a cadeira ao lado da minha.
Lancei um olhar interrogativo para ele, que ignorou e se sentou.
— Espero que não se importe que eu me sente aqui, Gabrielle. Prefiro me sentar desse
lado — ele comentou, fazendo com que papai desse uma risada cheia de deboche.
— Alexandre e suas manias — Lúcia falou, ao mesmo tempo em que pegou o prato para
se servir.
— Além de indecente, é enjoado com lugares — meu pai falou, por um momento, senti-
me tranquila por aquele gesto não ser nada de mais aos olhos de todos.
Logo, todos começaram a se servir e a conversa fluiu de forma agradável, enquanto
tentava aproveitar aquele momento como se não fosse nada de mais. De todas as formas, eu
tentava não olhar para Alexandre, mas era inevitável, com sua presença tão próxima a mim ao
longo do jantar.
Peguei a taça que mamãe servira há pouco e levei a boca uma colher generosa de
merengue de morango. Fechei os olhos e soltei um gemido suave, sem conseguir esconder o
quanto eu estava com saudades dessa sobremesa.
— Eu sabia que gostaria. — A voz da minha mãe me fez abrir os olhos, encontrando-a
com um sorriso satisfeito nos lábios. — Sua preferida.
— Está delicioso — disse e ciente do olhar de Alexandre sobre mim, lambi os lábios, não
resistindo a uma pequena provocação.
De forma discreta, que mal teria?
— Não sou de comer doces, mas agora fiquei curioso — Alexandre falou, em seguida
levou uma das mãos a taça que mamãe havia o servido.
— Você vai adorar, meu amigo. Sou suspeito de falar, mas as mãos dessa mulher são
divinas — meu pai não perdeu tempo em elogiar, o que arrancou algumas risadas de todos.
Meu pai era apaixonado por mamãe, o sentimento tão genuíno era simplesmente lindo de
presenciar.
De repente, senti-me entrar em alerta, quando senti a mão quente que eu conhecia bem,
pousar de forma suave sobre a minha perna por baixo da mesa.
Enrijeci o corpo e meus olhos foram afoitos para Alexandre, enquanto os demais seguiam
conversando entre si.
— Conte para nós, Alexandre — minha mãe perguntou, de repente, fazendo-nos olhar
para ela. — Como está sendo trabalhar com Gabrielle?
Alexandre voltou a me olhar e sorriu de lado, ao mesmo tempo em que os dedos
começaram a acariciar a minha coxa.
— Depende — ele falou, voltando a atenção para minha mãe, ao mesmo tempo em que a
mão atrevida deslizava até o tecido da minha calcinha. — Antes preciso que me diga, ela contou
que está feliz por trabalhar comigo ao invés de Ricardo? Porque na empresa, todos sabem que eu
sou o chefe legal.
— Vá se lascar — papai falou em meio a uma risada, todos se juntaram a ele.
Alexandre aproveitou o momento para afastar a minha calcinha para o lado e deslizar o
dedo por toda a minha boceta, de forma tão calma, como se nada estivesse acontecendo.
Eu deveria fechar as minhas pernas, mas fora impossível. Ao invés disso, as afastei um
pouco mais, dando mais espaço para Alexandre.
Logo, os olhos dele estavam sobre mim mais uma vez, seu olhar para mim fez com que eu
quase perdesse o ar.
— Ela é uma garota inteligente, vejo um futuro muito promissor — ele falou e voltou o
olhar para minha mãe, sem parar os movimentos deliciosamente atrevidos.
— Não tenho dúvidas disso — minha mãe respondeu, parecendo orgulhosa com o que
ouvira.
— Está treinando Gabrielle para assumir o seu lugar na empresa, Ricardo? — Barreto
perguntou, tenho certeza de que muitos na empresa gostariam de saber mais sobre isso.
E, talvez, se Alexandre não estivesse me tocando de forma tão devassa, eu também estaria
atenta ao que papai diria sobre isso. Mas só conseguia pensar em como estava em apuros e, ao
mesmo tempo, sedenta por mais.
— Sim, acho que acontecerá antes do que imaginam. Preciso me aposentar e aproveitar o
tempo ao lado da minha doce e adorável esposa — meu pai respondeu, pude notar o orgulho em
sua voz.
Senti-me ansiosa, a ponto de não conseguir compreender muito bem o assunto que rolava
na mesa de jantar, apenas tinha noção de que continuavam falando alguma coisa sobre a
empresa. Os movimentos de Alexandre se tornaram mais ágeis, deixando-me perto do limite, a
cada investida sutil, mas como sempre eram precisas demais.
Prendi meus lábios e segurei a respiração, sentindo a sensação tomar conta de mim.
Bastaram alguns movimentos com o polegar, para que eu tivesse um orgasmo intenso e diferente
de tudo o que eu já experimentara.
— O que acha disso, Gabrielle? — papai perguntou, e a atenção de todos foi para mim.
De forma suave, senti a mão de Alexandre deixar minha boceta, no minuto seguinte, ele
acariciava minha perna com os olhos presos a mim.
Senti-me à beira da loucura, amaldiçoando Alexandre por fazer isso comigo. Levei a mão
a boca e forcei uma tosse, antes de voltar a atenção para meu pai.
— Não vá pensando que será tão fácil, ainda tenho muito o que aprender, mas darei o meu
melhor para que você e mamãe possam curtir — falei, a voz contida enquanto controlava a
sensação de êxtase que estava sobre mim.
— Você estava certo, Ricardo — Alexandre falou, sua voz séria. — Gabrielle é uma boa
garota.
— Eu te disse — papai concordou com facilidade, forcei um sorriso e mordi o lábio
inferior.
Barreto chamou a atenção do meu pai, aproveitei o momento para olhar para Alexandre.
Senti as batidas descompassadas do meu coração, no instante em que aquele indecente levou o
mesmo dedo que me tocara a boca e os lambeu, como se fosse a sobremesa mais gostosa que
existia.
Aquilo era fodidamente excitante e, ao mesmo tempo, insano.
Sem qualquer aviso, eu me levantei e atraí o olhar de todos para mim.
— Eu volto já, preciso usar o banheiro — justifiquei.
— Vá lá, meu anjo — Lúcia falou com um sorriso no rosto, logo, minha mãe assentiu e
chamou a atenção da mãe de Alexandre.
Papai estava conversando com Barreto quando eu deixei o jardim, procurando o banheiro
da casa. Só quando fechei a porta atrás de mim foi quando eu realmente consegui respirar.
Senti-me corada por toda a situação, ainda mais por permitir que Alexandre me
corrompesse tanto com sua atitude devassa, pois, no fundo, eu queria aquilo. Queria sentir seu
toque, independentemente do lugar.
Depois de me recompor, eu tirei a calcinha e me limpei. E só quando estava pronta, saí do
banheiro. E não esperava me deparar com Alexandre, escorado na porta do banheiro.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, em um fio de voz ao mesmo tempo em que
olhei ao nosso redor.
— Todos acham que eu fui pegar algo no carro — falou, então me mediu com o olhar,
sem conseguir esconder a satisfação. — Espero que tenha apreciado, Docinho.
— Isso foi loucura — sussurrei. — Poderíamos ter sido pegos.
— Não parecia se importar enquanto gozava em meus dedos, Gabrielle. — Ele piscou,
devolvendo a mesma frase que usei em seu escritório, e só então, me dei conta do motivo de ele
fazer aquilo. — Estava tão molhada que é uma tortura não poder fodê-la agora.
— Não podemos — falei, o sorriso de lado que ele deu foi extremamente sexy.
— Consegue me encontrar em uma hora? — perguntou, a voz rouca e o pedido inusitado
denunciavam que tudo aquilo fora intenso para ele na mesma proporção.
— Hoje não, mas amanhã sim — disse e passei os olhos pelo corredor. — Preciso ir, nos
falamos mais tarde.
Ao dizer aquelas palavras, eu passei por ele. Mas antes que pudesse seguir, senti a mão
dele de forma suave em meus braços, ele me puxou em um movimento rápido e, sem qualquer
juízo, roubou-me um beijo que apesar de rápido, era sedento.
— Sou apenas eu? — Deixei aquela pergunta que me atormentara sair, no momento em
que os lábios dele deixaram os meus.
— Sim, Gabrielle, desde o momento que eu estive dentro de você a primeira vez —
respondeu, a voz contida. — É apenas você, na minha cama e nos meus pensamentos.
Os olhos intensos estavam fixos sobre mim, dando-me a confirmação de que ele falava
muito sério. Aquilo fez meu coração saltar dentro do peito.
Lambi os lábios e saí de seus braços, decidida a voltar para o jardim. Um de nós precisava
ter juízo e, no momento, esse alguém não era Alexandre.
As coisas estavam intensas e loucas demais, eu simplesmente não sabia o que realmente
estávamos fazendo. Eu tinha uma única certeza, meus sentimentos por Alexandre eram muito
maiores do que eu gostaria de admitir.
Era perigoso, mas, ao mesmo tempo, fazia-me me sentir viva, de forma que nunca pensei
ser capaz. O pior disso tudo, era que mesmo que não devesse, eu estava realmente entregando
tudo a ele.
Tudo de mim.
CAPÍTULO 25
Entrei no elevador da empresa e acionei o último andar, sentindo que algo estava
diferente. Peguei o celular mais uma vez e o chequei, notando que não havia nem sinal de
Alexandre, o que era bem incomum, afinal, ele nunca deixava de me mandar mensagens pela
manhã.
Quando a porta do elevador se abriu, guardei o celular na bolsa e segui pelo andar. Ao me
aproximar da minha baia, fui recebida por Isabella com um sorriso nos lábios.
— Sou apenas eu, ou para você às segundas-feiras também são sempre entediantes? —
perguntou, a cara denunciava que ela definitivamente não queria estar aqui.
— Digamos que é algo que compartilhamos — respondi, ao mesmo tempo em que minha
boca se curvou em um sorriso.
Eu me sentei e olhei ao redor, sem encontrar qualquer sinal de que Alexandre estava em
sua sala, me sentei, liguei o computador e me preparei para iniciar mais um dia.
Tenho que admitir que olhei o celular por diversas vezes ao longo do dia, também
direcionei meu olhar para a sala de Alexandre por mais vezes do que poderia contar, sem
entender o motivo de seu sumiço. Afinal, estávamos juntos na casa dele no dia anterior e tudo foi
incrível. Alexandre nunca havia ficado tanto tempo sumido, mesmo quando não aparecia cedo na
empresa, as mensagens estavam sempre presentes, especialmente depois da viagem que fizemos
a Los Angeles.
Estávamos chegando ao fim do expediente quando me levantei e fui em direção à sala de
Raissa, decidida a buscar qualquer informação.
Duas batidas à porta chamaram a atenção de Raissa.
— Posso falar com você um instante?
— Claro, Gabi, o que manda? — Raissa respondeu, solícita.
Entrei em sua sala e fechei a porta, em seguida dei alguns passos em sua direção.
— Você soube do Alexandre hoje? — perguntei, Raissa me mediu com o olhar.
— Depende, finalmente vai confessar que estão se pegando? — Raissa provocou, fazendo
meu coração palpitar. — Relaxa, não comentei com ninguém. Porém, eu e Isabella temos
apostado nisso há um bom tempo.
Suspirei com um sorriso nervoso brincando nos lábios.
— Não tenho como negar nessa situação, não é? — perguntei, sabendo que era perda de
tempo, com o olhar de Raissa sobre mim.
— Infelizmente, não — Raissa disse, e deu uma risadinha antes de continuar. —
Alexandre sempre está acessível, mas não consegui falar com ele hoje.
— Será que algo aconteceu?
— Eu imagino que não, mas se quiser, posso deixá-la na casa dele e você checa
pessoalmente — disse, sugestiva.
— E eu poderia falar com o meu pai que estou com você — concluí, sentindo o rubor no
rosto.
— E como eu imaginei, você é uma safada — ela brincou, fiz uma careta e ela me mediu
com o olhar. — Eu tenho tantas perguntas, mas acho que não deveria fazê-las.
— Com certeza, não — brinquei, em seguida me levantei. — Eu vou aceitar a sua carona
e a sua descrição.
— Porque, com certeza, seu pai não sabe, e o Alexandre segue sendo um sem-vergonha
— analisou, dei uma risadinha, enquanto a forma que o provoquei pairava em minha mente.
— Mais ou menos isso — falei, tendo ciência da imagem que Raissa e Isabella tinham de
Alexandre. — Te vejo em alguns minutos.
Ao dizer aquelas palavras, eu me virei, pronta para checar se tudo estava bem. Algo que
gostava muito em Raissa, era a forma que ela respeitava sempre o nosso espaço, por esse motivo,
não hesitei em confessar a ela que estava certa.
E assim como combinamos, disse ao meu pai que estaria com Raissa e deixei que ela me
desse uma carona até a cobertura de Alexandre. Despedi-me dela prometendo mantê-la
informada caso qualquer coisa estivesse fora do normal.
Não foi difícil passar pelo porteiro, quando subi, toquei a campainha e apenas aguardei. O
coração vacilava a cada minuto sem respostas. No caminho, eu havia ligado para Alexandre, mas
seguia caindo na caixa postal.
Estava prestes a desistir, apenas esperar que ele retornasse, quando a porta finalmente se
abriu. Contudo, a visão que eu tive de forma alguma fora a que eu esperava.
Alexandre estava visivelmente abatido e desnorteado.
— O que aconteceu? Você está bem? — perguntei, dando alguns passos na direção dele.
— Gabrielle — ele sussurrou.
Tudo aconteceu muito rápido. Por um instante, ele pareceu perder os sentidos, deixando o
corpo grande e pesado vir em minha direção, exerci uma força maior para ajudá-lo a se apoiar.
— Alexandre — chamei-o, sentindo-o fora de si. — Se apoie em mim, eu vou levá-lo para
o quarto.
— Estou feliz que esteja aqui, Docinho — ele falou, em um fio de voz.
Deixei que ele se apoiasse em mim, depois de fechar a porta o levei com cuidado em
direção ao quarto.
Sentei-o na cama e medi sua temperatura, constatando que ele estava um pouco quente.
— O que aconteceu com você? Por que não atendeu as ligações?
— Acho que meu celular descarregou — ele disse, ao mesmo tempo em que levou as
mãos no rosto, tentando se recompor.
— Tem algum remédio para febre aqui? — perguntei, Alexandre apontou para o móvel ao
lado da cama. Notei que havia um copo vazio e algumas cartelas de remédio.
— Acho que preciso de mais um antialérgico — explicou, só então compreendi que se
tratava de alguma alergia.
Sem perder tempo, ajudei-o a se recostar na cama e peguei o copo vazio, fui até a cozinha
e o enchi. Quando voltei para o quarto, peguei o antialérgico e o entreguei.
— Precisamos ligar para um médico — falei, enquanto ele tomava o remédio.
Alexandre balançou a cabeça em negativa e me entregou o copo, eu o coloquei sobre o
móvel e voltei a olhá-lo.
— Eu vou ficar bem, só preciso descansar um pouco.
Suspirei profundo e me sentei ao lado dele.
— Tudo bem, ficarei aqui com você, mas se não melhorar, vamos atrás de um médico —
disse, ainda mais firme.
Por que homens tinham que ser sempre tão teimosos?
A mão de Alexandre em meu braço atraiu a minha atenção. Meus olhos foram ao encontro
dos dele, enquanto ele me puxava suavemente em sua direção.
Não recusei o seu contato, fui exatamente para onde ele queria e me permiti me
aconchegar em seus braços quentes.
— Eu só preciso de você aqui comigo — sussurrou. — Por favor, apenas fique aqui.
Meu coração entrou em descompasso com a intensidade de suas palavras, não sabia ao
certo se ele estava delirando, mas aquelas palavras mexeram comigo, muito mais do que eu
gostaria de admitir.
Levei as minhas mãos na dele e aceitei quando ele me apertou o mais forte que conseguiu,
como se tivesse medo de que eu fosse embora. E indo contra tudo o que eu deveria, respondi:
— Eu estou aqui com você, apenas descanse, Alexandre.

O quarto estava escuro no momento em que eu despertei, sentindo uma pequena agitação
ao meu lado, e os braços de Alexandre apertando-me um pouco mais. Uma breve olhada ao
relógio fora o suficiente para confirmar que era pouco mais de 03h.
Depois de mandar uma mensagem a minha mãe, eu tomei um banho e vesti uma camisa
de Alexandre, decidida a não sair de perto dele, até que tivesse a certeza de que ele estava bem.
Com cuidado, eu me virei de frente para ele, constatando que ele dormia. Suspirei
profundo, observando-o por um instante. Levei minha mão na testa dele, e o alívio caiu sobre
mim, ao notar que a febre havia passado.
Em um movimento impensado, deslizei a minha mão em seu rosto e o acariciei
suavemente. Algo que era íntimo demais e que poucas vezes me permiti fazer durante esses
últimos dois meses que temos saído.
Assustei-me quando senti a mão dele vir sobre a minha, no instante seguinte, ele abriu os
olhos lentamente.
— Como está se sentindo? — sussurrei.
Alexandre permaneceu em silêncio por alguns instantes, os olhos fixos aos meus.
— O que você tem, Gabrielle? — perguntou, sonolento, fazendo-me franzir as
sobrancelhas. — Por que é tão diferente?
— Do que está falando? — questionei, confusa.
— Você me faz querer tentar de novo, só mais uma vez — ele disse, em um fio de voz,
fazendo meu coração saltar dentro do peito.
Mordi o lábio inferior, quando ele começou a acariciar a minha mão.
— Não pode falar sobre isso comigo, não quando está assim — falei, a voz entrecortada
enquanto assimilava que ele estava fora de si.
Certamente, Alexandre ainda estava sob o efeito da porrada de antialérgico que tomou
mais cedo.
— Por que não posso dizer que quero você comigo? — perguntou, fazendo com que a
agitação em meu peito fosse ainda maior. — Por que não posso dizer que eu a quero aqui, dessa
forma?
Mordi o lábio inferior e suspirei profundo.
— Eu me apaixonei por você — sussurrei, sabendo que, certamente, ele não se lembraria
disso na manhã seguinte. — É por isso que não pode me dizer essas coisas, ou eu posso não
querer deixar você quando for a hora.
Estava guardando aquele sentimento no peito há tanto tempo, então falar em voz alta
apenas me deu a certeza do que eu sentia por ele, mesmo que eu estivesse tentando negar para
mim mesma.
Alexandre deslizou a mão pelo meu braço e me puxou para ele, sem protestar, fui
exatamente para onde ele queria e me ajeitei sobre ele. Sem dizer uma palavra, as mãos dele
deslizaram pelas minhas costas ao mesmo tempo em que ele eliminou a distância que havia entre
nós.
Os lábios dele se uniram aos meus e ele me beijou com uma intensidade diferente de tudo
o que já experimentamos. O coração estava quase saindo pela boca, queria apenas ser um pouco
egoísta e fingir que aquilo poderia ser real.
Apoiei meus braços no colchão e me entreguei àquele beijo como se fosse a última vez.
Sentindo suas mãos grandes deslizarem pelo meu corpo, comecei a rebolar em cima dele,
sentindo-o ficar duro a cada movimento que eu fazia.
Senti meu corpo inteiro se arrepiar, quando as mãos grandes invadiram a camisa que eu
vestia, tocando minha pele nua por baixo do tecido. Logo, ele estava contornando os meus seios,
à medida que aprofundava o beijo.
Encerrei o beijo e joguei o corpo um pouco para trás, a fim de encará-lo.
— Não deveríamos, não quando está assim — falei, a voz arfante.
— Eu quero você, Docinho — disse, o olhar cheio de desejo me fez mandar a razão para o
espaço.
Levei a mão nos botões da camisa e, lentamente, comecei a desabotoá-la, sem conseguir
deixar os olhos daquele homem, enquanto seguia me esfregando nele, ansiando por mais contato.
No momento em que tirei a camisa, minhas mãos deslizaram por seu abdômen, sentindo
os músculos firmes até chegar à barra de sua calça de moletom.
Eu me levantei para tirar a calça de moletom a fim de liberar o pau completamente duro.
Joguei aquela peça de roupa longe e o olhei por um instante. Com um sorriso sacana, segurei seu
pau, sentindo-o pulsar em minha mão, então me inclinei e o abocanhei, mas apenas fui capaz de
sugá-lo algumas vezes, antes de ter a mão de Alexandre sobre mim, puxando-me para cima.
Mais uma vez, ele estava me puxando para ele, enquanto os lábios buscavam os meus
seios. Alexandre começou a sugá-los, à medida que eu rebolava em seu colo.
Sem conseguir esperar, levei a mão em seu pau e o posicionei em minha entrada,
espalhando a minha lubrificação. No mesmo instante, Alexandre deixou os meus seios e seus
olhos se fixaram em mim. Foi então que eu deslizei sobre ele, deixando que meu corpo se
ajustasse a ele.
— Que delícia. — Alexandre resfolegou no momento em que eu desci um pouco mais
fundo.
— Porra, sim — disse, a voz entrecortada repetindo o movimento.
Os olhos de Alexandre queimavam sobre mim, suas mãos foram para as minhas costas e,
em seguida, ele me puxou em sua direção. Mais uma vez, os lábios buscavam os meus de forma
intensa.
A conexão estava ainda mais profunda. O sentimento que sentia era único e apenas
denunciava que Alexandre realmente havia conseguido pegar tudo de mim, afinal, eu não
conseguia pensar em mais nada que não fosse tê-lo dessa forma, afundando-se em mim cada vez
mais profundo.
Senti o choque me atingir quando Alexandre se ajeitou na cama e assumiu os movimentos.
Sem conseguir ficar parada, segui levando o quadril ao encontro das suas estocadas, enquanto
uma onda surreal de excitação caía sobre mim.
Sobre nós.
Talvez fosse o momento, ou a confissão que acabara de fazer. Mas sentia que eu estava
me entregando a ele sem qualquer pudor, sem medo, querendo apenas uma coisa, deixá-lo me
venerar por completo.
As mãos dele estavam em minhas costas e sentia seu aperto com intensidade, ao mesmo
tempo em que seus lábios exploravam os meus com paixão e ele se afundava em mim, como se
precisasse disso para sobreviver.
E, talvez, precisássemos.
O momento fora o mais intenso que já tive em minha vida. O sentimento era
genuinamente gostoso demais. E a única coisa que eu desejava nesse momento, era estar nos
braços desse homem e acreditar que aquelas palavras ditas, mesmo em um momento de
insanidade, fossem reais.
Eu queria loucamente que fossem, foi com esse pensamento, e sentindo-o arremeter cada
vez mais fundo, que eu me permiti me desmanchar em seus braços em um grito tão intenso, que
quase foi capaz de me tirar de órbita.
— Caralho, eu amo isso — Alexandre me acompanhou, com um urro que foi capaz de me
arrepiar por inteira.
Minha boca se curvou em um sorriso, e eu apenas me inclinei, jogando meu corpo sobre o
dele, à medida que tentava controlar a respiração. Alexandre permaneceu com as mãos firmes em
volta de mim, enquanto nos permitíamos nos acalmar.
Não fazia ideia de quanto tempo permanecemos naquela posição, tão pouco quando ele
me tirou de cima dele e me deitou na cama. Apenas me assustei ao despertar com a claridade,
constatando que já era de manhã.
Meus olhos foram para o lado e não encontrei Alexandre ali. Peguei a camisa que eu usara
na noite anterior e a vesti, em seguida caminhei pela cobertura, à procura de Alexandre.
Quando entrei na sala, encontrei-o terminando de colocar o café na mesa. Ele estava sem
camisa, deixando à mostra os músculos firmes e definidos, daqui conseguia ver sua bunda
redondinha marcando a calça de moletom.
— Bom dia — ele disse, no momento em que se virou e os olhos encontraram os meus.
— Como você está? — perguntei, em um fio de voz.
Alexandre colocou duas xícaras sobre a mesa e caminhou em minha direção. Senti um
rubor em meu rosto, lembrando-me de como tudo fora intenso, sem a certeza de que ele lembrara
de tudo o que compartilhamos.
— Melhor, não sei como eu estaria agora se você não tivesse aparecido ontem —
comentou e deu um beijo em minha boca.
Mais uma vez eu senti meu coração saltar dentro do peito.
— Você desapareceu, eu fiquei preocupada — falei e me deixei ser guiada até a mesa.
— Meu telefone descarregou, e eu estava fodido demais para fazer qualquer coisa —
explicou e puxou a cadeira para que eu me sentasse.
Aceitei o seu gesto e o observei se sentar ao meu lado.
— O que te causou alergia? — perguntei, enquanto ele servia uma xícara de café para
mim.
Alexandre trouxe seu olhar ao encontro do meu e deu um sorriso fraco, eu me sentia fora
do eixo, sem saber como agir, ou do que ele era capaz de se lembrar da noite anterior.
— Acho que tinha amendoim na sobremesa que pedimos ontem — disse, surpreendendo-
me.
— Tinha sim, você é alérgico a amendoim? — questionei, ele assentiu. — Mas você não
comeu.
— Comi quando me levantei, durante a madrugada. Quando notei que estava tendo uma
crise alérgica, acho que já era tarde demais, o remédio não foi o suficiente.
— Deveria ter procurado um hospital — disse, em seguida desviei o olhar para xícara,
sem conseguir encará-lo. — Você parecia fora de si.
Prendi o ar quando senti a mão de Alexandre vir em direção ao meu rosto, então, ele levou
meu olhar ao encontro do dele.
— Gabrielle — disse, a voz baixa enquanto ele me estudava com o olhar.
Eu estava a ponto de ter uma síncope, por que isso tinha que ser tão complicado?
— Sim? — sussurrei, mas antes que Alexandre pudesse dizer qualquer coisa, fomos
interrompidos com o barulho da campainha tocando. — Está esperando alguém?
Alexandre negou com a cabeça e afastou a mão do meu rosto.
— Me dê apenas um instante, vou checar a porta — pediu, eu apenas assenti.
Observei Alexandre ir em direção à porta e notei sua mudança de humor quando olhou o
visor. Daqui eu não conseguia ver quem era, porém, era perceptível que o que ele viu, o tirou de
órbita.
Os olhos dele foram para mim, e eu senti que ele decidia o que fazer. Logo, cheguei à
conclusão de que não era bom. A aflição me tomou ao perceber que talvez, pudesse ser o meu
pai ali.
Estava prestes a me levantar para tirar a dúvida, quando Alexandre levou a mão à
maçaneta e abriu a porta. Sua atitude me fez ficar no lugar.
— Como você subiu? — perguntou, sério, seu tom fez com que um frio na espinha me
atingisse no mesmo instante.
— Tenho pensado em vir até aqui desde que nos vimos na semana passada. — Uma voz
contida e feminina me colocou em alerta. — Eu tentei, juro que eu tentei seguir em frente. Mas
eu não consigo, Alexandre, você sempre será o meu único amor, e sei que eu sou o seu. Apenas,
deixe de ser orgulhoso e nos dê mais uma chance.
— Eu não estou sozinho — avisou, firme, então os olhos vieram para mim brevemente,
antes de voltar o olhar para a porta. — Por favor, vá embora. O passado deve continuar lá.
Quando aquelas palavras saíram da boca dele, eu me levantei, sabendo muito bem quem
era a mulher que se encontrava ali.
A única mulher que ele amou.
Meu coração despencou, sem ter a certeza de como seria a conversa, caso eu não estivesse
aqui. Sem querer ficar remoendo aquilo, fui em direção ao quarto.
Não perdi tempo quando entrei no cômodo, eu me troquei e peguei minha bolsa, em
seguida, fui em direção à sala, encontrando-os ainda conversando. Alexandre não parecia
contente com a presença da mulher, mas a verdade era que não tinha certeza se o problema era
ela, ou a hora em que resolveu aparecer.
Suspirei profundo e fui em direção à porta, só quando estava me aproximando foi que
Alexandre notou a minha presença.
— Gabrielle — ele falou, então os olhos foram para a bolsa em minhas mãos. — Você
não precisa.
— Sim, eu preciso ir — disse, firmemente, tentando esconder a emoção que dominava.
— Vou te levar, espere apenas alguns instantes — falou, autoritário. Eu neguei com a
cabeça.
— Não pode aparecer comigo a essa hora, meu pai acha que estou com a Raissa —
justifiquei, os olhos permaneceram fixos em mim. — Por favor, nós conversamos depois.
Alexandre levou sua mão em minha direção, mas dei um passo para trás, recusando o seu
contato. Ele balançou a cabeça em concordância, parecendo decepcionado, então se afastou o
suficiente para que eu passasse.
E assim eu fiz, quando passei por ele não pude deixar de notar a morena estonteante com
os olhos curiosos em minha direção. Ignorei-a e fui em direção à saída, decidida a não ficar entre
eles.
Segui vacilando a cada passo ao mesmo tempo em que tentava pedir um motorista de
aplicativo. Por mais que eu não quisesse admitir, sabia que parte de mim ansiava que Alexandre
a deixasse e viesse atrás de mim. Eu queria desesperadamente que ele me impedisse de sair por
aquela porta.
Mas indo contra qualquer expectativa que criei, aquilo não aconteceu.
CAPÍTULO 26
— Então, Alexandre, estou curioso para saber o motivo da sua ligação repentina — meu
amigo falou, ao mesmo tempo que estendeu um copo de uísque para mim.
Peguei o copo e tomei um longo gole, enquanto o observava se sentar na poltrona à minha
frente.
— Sei que isso é repentino, mas há algo que eu gostaria de te contar, Rafael — disse,
tendo a atenção total dele sobre mim. — É sobre a Raquel, ela me procurou hoje pela manhã.
— Para mim, esse assunto está muito bem resolvido, minha única preocupação é Bianca e
minha preciosa filha — ele disse e se recostou na poltrona.
— Eu sei, acredite — dei um sorriso contido, então, decidi começar —, nunca te contei,
mas há um motivo por eu ter feito o que fiz.
Rafael arqueou as sobrancelhas e tomou um gole de uísque.
— Diga.
— Quando estávamos na faculdade, eu sempre dizia que não via a hora de voltar ao Brasil
para reencontrar a minha pequena deusa — falei, atraindo o olhar confuso de Rafael para mim.
— A Raquel era essa mulher, meu amigo.
Rafael ficou visivelmente surpreso, eram poucas coisas que eram capazes de o deixar
dessa forma.
— Por que não me contou isso naquela época?
— Como eu contaria que a mulher que me apresentou como sua namorada era a mesma
que me fez voltar ao Brasil para encontrá-la? — questionei, Rafael assentiu.
— Qual o motivo de me contar isso agora? — ele perguntou, direto. — Se quer a minha
bênção, fique sabendo que eu não me importo. Se ainda a ama, mesmo depois do que ela fez,
sejam felizes.
— Agora que eu sei realmente o que é esse sentimento, posso afirmar que o que senti por
Raquel nunca foi amor — confessei, Rafael pareceu ainda mais surpreso. — Eu te liguei, porque
sei que é o único em meu círculo que vai me ouvir sem julgamentos. O fato é que eu estava com
outra pessoa quando Raquel esteve na minha cobertura, trazendo à tona o passado, e para
resolver de uma vez por todas a situação com ela, me vi obrigado a deixar a garota que estava
comigo ir embora.
— Está me dizendo que está apaixonado? — Rafael perguntou, eu peguei o copo e bebi o
restante do líquido, ao mesmo tempo em que confirmei com a cabeça. — Isso é realmente
interessante.
— Eu senti que ela era diferente no minuto em que a vi pela primeira vez — confessei,
Rafael não escondeu como a informação o agradou. — Ela é gostosa pra caralho, mas vai muito
além disso, é inteligente, engraçada e muito decidida. Eu me sinto diferente quando estou com
ela, pela primeira vez eu não desejo estar com mais ninguém. Na verdade, desde que estive com
ela a primeira vez, foi apenas ela. E eu me sinto um filho da puta sortudo por tê-la para mim.
— E você é, meu amigo — falou, então, me estudou com o olhar. — Qual é o problema?
— Ela me faz querer confiar de novo, mas sempre que penso nisso aquela voz martela na
minha cabeça. E se? Eu realmente deveria entregar meu coração mais uma vez?
— O que te assusta mais, ela destruir o seu coração ou não a ter mais em sua vida? —
Rafael perguntou, naquele instante senti meu coração vacilar.
— Não posso perdê-la, não consigo imaginar outro cara com as mãos nela. Eu
enlouqueceria — fui sincero, a boca de Rafael se curvou em um sorriso, ao mesmo tempo em
que ele virou o restante de sua bebida na boca.
— Você tem a sua resposta — respondeu, sério, e colocou o copo sobre a mesa.
Quando notei que ele serviria outra dose, tomei o líquido enquanto pensava sobre aquilo.
Eu preferiria mil vezes me foder, a não estar com ela.
— Só tem um problema — falei, atraindo o olhar de Rafael mais uma vez.
— Mais um?
— Ela é a Gabrielle, filha do Ricardo.
Rafael arqueou as sobrancelhas e colocou a garrafa sobre a mesinha de centro.
— Não pensou nisso quando fodeu com ela, não é? — Ele deu um sorriso de lado, não
contive o riso, então neguei com a cabeça. — Isso não é problema, desde que sua intenção seja
realmente dar o mundo a ela, pegue-a pra você. Só não permita que Ricardo descubra por outra
pessoa.
— O problema é que o Ricardo conhece o meu pior lado, isso significa que ele sabe o
quanto eu estava disposto a ficar longe de qualquer relacionamento sério.
— Agora você tem um problema — Rafael disse, eu balancei a cabeça em concordância.
Era a porra de um problema. — Se te tranquiliza, Carlos também conheceu o meu pior lado e,
ainda assim, me casei com a filha dele. Acredito que Ricardo vai entender, e no final se sentirá
grato quando perceber que você realmente não quer apenas foder com a filha dele.
— Você tem razão, eu tenho que mostrar para ele que o que sinto por ela é diferente. —
Suspirei. — Mas antes disso, preciso me desculpar com ela e contar como me sinto.
— Esse tipo de sentimento, intenso e arrebatador, só acontece uma vez na vida, então, lute
por isso e por ela.
— Você é o melhor — disse, ao mesmo tempo que coloquei o copo sobre a mesinha de
centro. — Agora chega de falar de mim, como está Bianca e Melissa?
— Qual é, não precisa fazer média, meu amigo, vá logo pegar a sua mulher — Rafael
falou, minha boca se curvou em um sorriso.
— Eu realmente estou com saudades da Melissa — falei, arrancando uma risada dele.
— Pode visitá-la quando quiser, basta levar uma daquelas porcarias que você compra para
ela e continuará sendo o tio preferido — disse, sem esconder o desgosto por meus mimos nada
saudáveis.
Eu me levantei e o antes de sair de sua sala, determinado a conversar com Gabrielle, eu
disse:
— Obrigado, Rafael, eu te devo uma.

Fui para a empresa decidido a falar com Gabrielle. Não queria que ela pensasse o que não
devia, porém, deixá-la ir naquele momento, fora necessário.
Quando estacionei, fui em direção à entrada, porém, como nada era perfeito, logo avistei
Ricardo parado em frente a empresa, conversando com um cliente. A minha vontade era fingir
que não o vi, porém, sabia que não era nada ético.
Foi por isso que coloquei meu melhor sorriso no rosto e fui em direção a eles.
— Boa tarde — cumprimentei-os, atraindo a atenção deles para mim.
— Alexandre — Marcelo falou, e logo me saudou com um aperto de mão. — Bom te ver.
— Espero que esteja trazendo para nós mais um dos grandes projetos — falei, enquanto
levava a mão em direção ao Ricardo, dando um pequeno tapa em seu ombro.
— Pode apostar que ele está — Ricardo falou, com um sorriso nos lábios.
— Vou deixá-lo com a parte burocrática então, logo cuidaremos de tudo — brinquei,
Ricardo fez uma careta, enquanto Marcelo deu uma risada.
— Nada disso, preciso falar com você — Ricardo disse, eu o medi com o olhar, mas
assenti.
— Te espero na sua sala — disse, então, olhei para Marcelo — Bom te ver, não vejo a
hora de trabalharmos juntos mais uma vez.
— Eu também — Marcelo respondeu, então olhou para Ricardo. — Nos falamos, Ricardo,
ainda tenho que resolver algumas coisas.
Ricardo assentiu e aproveitou para despedir-se de Marcelo. Quando ele se afastou,
começamos a ir em direção à empresa.
— Me conte, tudo certo por aqui? — perguntei, à medida que íamos em direção ao
elevador.
— Tudo correu bem, apesar do seu sumiço ontem — ele disse, então selecionou o terceiro
andar. — Confesso que estive a ponto de ir até sua casa, já que nem o telefone atendeu. Mas
resolvi esperar até hoje e ter certeza de que realmente havia acontecido algo, ou se estava com
algum rabo de saia.
— Tive uma crise alérgica, mal consegui sair da cama — expliquei, a porta do elevador se
abriu e eu o segui até sua sala.
Ele abriu a porta e me deu espaço para entrar.
— Eu estava apostando na segunda opção — Ricardo disse sem esconder o sarcasmo,
enquanto eu passava por ele.
Caminhei até sua mesa e me sentei em uma das cadeiras, logo esperei que ele fizesse o
mesmo.
— E então, o que quer falar comigo?
— Na verdade, é algo pessoal — confessou, aquilo foi capaz de me deixar em alerta.
— Se eu puder te ajudar — disse, tentando manter o semblante impassível.
— Tenho observado Gabrielle há um tempo, e suspeito que ela está saindo com alguém —
começou, fazendo-me vacilar. — Como a maior parte do tempo ela está na empresa, suspeito que
seja alguém daqui. Você está mais ligado na equipe, notou alguma coisa?
— Não exatamente — respondi, de forma vaga.
Queria aproveitar o momento e contar de uma vez que estava saindo com sua filha, porém,
ainda não era certo. Primeiro, eu tinha que conversar com Gabrielle sobre tudo, para então
decidirmos todo o resto.
— Eu sempre a vejo andando por aí com Isabella, Raissa e Luíz Felipe, acha que pode ser
esse garoto? É minha maior aposta, mas realmente espero que não.
— Deixe ela, Ricardo, tenho certeza de que se estiver com alguém, no momento certo irá
te contar. Não seja o cara chato, dê espaço a garota. — Forcei um sorriso, tentando não
demonstrar o quanto aquela conversa estava me afetando.
— Longe de mim, só não quero que ela se machuque — ele disse, revelando sua
preocupação. — Ontem ela disse que dormiria na casa de Raissa, mas eu tenho certeza de que
não era lá que ela estava. Principalmente quando Mari tentou amenizar a situação.
Se ele soubesse que Gabrielle estava comigo, isso o tranquilizaria, ou o apavoraria?
Eu apostaria na segunda opção.
— Não dá para colocá-la em uma bolha, Gabrielle é esperta. Tenho certeza de que saberá
lidar bem com qualquer situação — disse, ele deu uma risadinha quando seus olhos me mediram
com o olhar.
— O problema é só se ela se deparar com um indecente igual a você — falou em tom de
provocação, forcei um sorriso, tentando entrar na brincadeira que já era de praxe de Ricardo,
sempre que tinha a oportunidade.
— Também posso ser um cara decente — respondi, descontraído, ele arqueou as
sobrancelhas.
— Só se nascer de novo — continuou, eu balancei a cabeça em negativa e tentei não me
afetar pela opinião que ele tinha sobre mim.
Foi inevitável não me preocupar com a reação que ele teria, ao descobrir que algo que ele
estava brincando tão descontraidamente não passava da verdade.
Era eu, o cara que vinha se lambuzando sem qualquer remorso da sua única filha.
— Deixe que ela tenha seu espaço, é o meu conselho. Agora me conte, aconteceu algo de
importante ontem? — perguntei, mudando o rumo da conversa, antes que eu acabasse me
entregando. — Você quase nunca tenta me ligar.
Na próxima hora, eu e Ricardo seguimos conversando sobre o dia de ontem.
Aparentemente, Marcelo tinha urgência em começar o projeto e como eu sempre fazia o
brainstorming, precisavam de mim. Enquanto conversávamos, sentia-me agitado, querendo
apenas uma coisa. Encontrar Gabrielle.
Deixei a sala de Ricardo, comprometendo-me a organizar a reunião para os próximos dias,
e fui para o único lugar que eu gostaria de estar, desde quando cheguei.
Quando entrei na área das baias, meus olhos foram em direção ao local onde Gabrielle
costumava estar.
E lá estava ela.
Gabrielle estava séria, fazendo algumas anotações em seu caderno e conversando com
Isabella. Sem conseguir controlar, e pouco me importando com o que qualquer pessoa falaria,
caminhei em direção a elas.
No momento que os olhos de Gabrielle me encontraram, senti algo dentro de mim
desmoronar. A garota estava visivelmente magoada, e isso apenas me tornava a porra de um
fodido por deixá-la sair daquela forma mais cedo.
Olhei brevemente para Isabella e a cumprimentei com um aceno de cabeça. Ela sorriu para
mim, mostrando-se a mulher esperta de sempre, levantou-se e foi em direção a sala de Raissa.
— Gabrielle — falei, desejando seu olhar sobre mim.
— Alexandre — cumprimentou-me, séria. Em seguida se levantou. — Se me der licença,
eu tenho algumas coisas para resolver.
Antes que ela me deixasse ali, levei a mão em seu braço suavemente, atraindo seu olhar
para mim.
— Pode me acompanhar até a minha sala? Precisamos conversar.
— Eu estou bem ocupada agora, é urgente? — perguntou, seu olhar indiferente me
quebrou.
Mas era justo, eu merecia aquilo.
— Por favor, Docinho, não faça isso — sussurrei, ela fechou os olhos por um instante e
suspirou profundo. Então, seus olhos foram para mim mais uma vez.
Naquele instante, eu soube que eu ainda a tinha.
Sem dizer uma palavra, Gabrielle colocou o caderno sobre a mesa e assentiu. Então, eu a
guiei para a minha sala.
— Você tem cinco minutos — ela disse, no momento em que fechei a porta atrás de nós.
Eu me tornava um filho da puta, ao achar sexy pra caralho ver Gabrielle tão séria e
decidida? Porque era exatamente o que estava acontecendo, quando olhava para ela agora.
Segui acompanhando-a enquanto ela caminhava pelo escritório.
— Você foi embora muito rápido, para quem disse que não seria capaz de me deixar ir
quando chegasse a hora. — Joguei aquelas palavras, fazendo com que ela se virasse no mesmo
instante, seu olhar para mim, era uma mistura de perturbação e medo.
Não só isso, havia algo mais.
— Então você se lembra — comentou, a voz contida.
— Pensou que eu não me lembraria? Foi por isso que disse aquelas palavras para mim? —
perguntei, ao mesmo tempo em que eliminei a distância entre nós.
Gabrielle deu alguns passos para trás, mas fui mais rápido. Passei as mãos em volta da
cintura dela, impedindo que ela seguisse.
— Eu estava consciente, Gabrielle, e me lembro de exatamente tudo o que aconteceu noite
passada — confessei, vendo-a quebrar um pouco daquela armadura que se fazia presente.
— Acontece que depois do que eu vi pela manhã, percebi que é demais pra mim,
Alexandre — ela disse, em um fio de voz. — Eu não vou conseguir lidar com o seu lado
cafajeste, tão pouco ficar me martirizando sem saber que eu sou a única a estar com você. E eu
nem mesmo posso exigir algo assim de você.
Minha boca se curvou em um sorriso, querendo apenas que ela soubesse como terminou
tudo essa manhã.
— Você a deixou ir, isso significa que eu estou certa. A garota não é importante —
Raquel disse, e o vislumbre de vitória em seu olhar foi capaz de me deixar enjoado.
— Ela é mais importante do que imagina, Raquel — falei, sério, notando o semblante dela
mudar. — Eu a deixei ir por respeito ao que vivemos no passado, mas não só isso. Eu queria que
soubesse que eu estou completamente apaixonado por aquela garota, mas enquanto ela estivesse
aqui, não poderia ser claro quanto a isso.
— Ela não sabe — Raquel concluiu, a voz embargada. Balancei a cabeça em
concordância.
— E a última coisa que eu queria era que ela descobrisse dessa forma — fui sincero. —
Então, Raquel, o que eu posso dizer é que sinto muito, mas precisa esquecer. Porque o que
tínhamos acabou no momento em que desistiu de me esperar e se envolveu com outra pessoa. No
momento, eu apenas desejo que siga seu caminho e encontre alguém que possa te amar de
verdade, porque eu segui e aquela garota é tudo para mim.
— E não precisa, Docinho — disse, tendo a certeza de que Gabrielle era a minha melhor
escolha. Minhas mãos foram para o rosto dela, e eu me senti grato por ela não tentar me afastar
dessa vez. — Raquel não significa nada para mim e a presença dela apenas me confirmou o que
eu já sabia.
— O quê?
— Eu estou completamente apaixonado por você.
CAPÍTULO 27
— Você não pode fazer isso — falei, sentindo o coração em descompasso.
Alexandre não poderia estar falando sério, poderia?
— Eu posso, sabe por quê? — ele perguntou, não fui capaz de questioná-lo. Então, ele
continuou: — Porque foi exatamente isso que eu disse a Raquel no momento em que você foi
embora. Eu só não queria que descobrisse isso daquela forma.
— Ela disse que se encontraram na semana passada — falei, lembrando-me de como
aquilo me afetou. Levei a mão sobre a dele e tentei tirá-la do meu rosto, mas Alexandre estava
disposto a não me deixar.
— Nada aconteceu, nos vimos quando eu acompanhei seu pai naquela reunião semana
passada, sinceramente não fez diferença alguma para mim, porque os meus pensamentos estavam
em você. Consegue entender isso?
— Sim — respondi, em um fio de voz assimilando aquelas palavras. — E como estava
consciente noite passada, imagino que saiba exatamente como eu me sinto sobre você.
Alexandre deslizou a mão para minha nuca e, sem aviso, me puxou para ele. Encostou a
testa na minha e os lábios ficaram a poucos centímetros dos meus.
— Eu sei, realmente sei. Mas preciso ouvi-la falar mais uma vez — pediu, seu tom era de
súplica.
— Eu me apaixonei por você, Alexandre, completamente — falei, a boca dele se curvou
em um sorriso e no instante seguinte, os lábios dele se uniram aos meus.
Alexandre tomou minha boca de forma tão controladora, que quase me fez perder o ar,
mostrando-me com aquele gesto o quanto falava sério. Eu podia sentir, enquanto ele explorava
minha boca com tanta intensidade, que o sentimento era genuinamente recíproco.
Passei as minhas mãos em volta do pescoço dele e colei os nossos corpos, entregando-me
a ele por completo.
No momento que encerramos o beijo, Alexandre chupou os meus lábios fazendo com que
meu corpo inteiro se arrepiasse. Então, ele se afastou o suficiente para me olhar.
— Sou eu quem não vai te deixar ir, porque eu preciso de você na minha vida — ele
sussurrou, o sorriso foi inevitável.
— Você pode repetir? Acho que não ouvi direito — pedi, a boca dele se curvou em um
sorriso e a mão dele veio para o meu rosto.
Alexandre me acariciou com o polegar, um movimento suave e gostoso.
— Eu preciso de você — repetiu, a voz rouca me fez estremecer. — Seja minha,
Gabrielle.
— Sua? — perguntei, em um fio de voz.
— Minha namorada, o que acha disso? — ele perguntou, os olhos intensos fixos aos meus
quase me fizeram perder a respiração.
Suspirei profundo, na tentativa de recuperar a voz, que, no momento, parecia ter ido para
o espaço.
— Seria perfeito, eu aceito — respondi, a voz entrecortada.
Alexandre se inclinou e me beijou mais uma vez, de forma suave. Quando se afastou, ele
entrelaçou as nossas mãos e me guiou em direção à mesa. Então, ele se encostou e me puxou
para o meio das suas pernas.
— O que está fazendo? — perguntei, ao mesmo tempo em que passei as mãos em volta do
pescoço dele.
— Sabe o que isso implica, Gabrielle? — perguntou, seu tom sério me fez franzir as
sobrancelhas.
— O quê?
— Que eu não quero me esconder, quero assumir o que temos para todos.
— Para todos? — perguntei, surpresa.
— Eu quero conversar com os seus pais, precisamos fazer isso o quanto antes — falou,
então suspirou. — Só então me sentirei em paz.
— Ah, isso — falei, sentindo a ansiedade me tomar, apenas de imaginar a reação do meu
pai ao saber que eu estava saindo com Alexandre, o sócio indecente. — Podemos amadurecer
essa ideia?
Alexandre negou com a cabeça.
— Não quero me esconder mais e, principalmente, não quero que seu pai descubra sobre a
gente de forma errada. — Seu olhar sério mostrava o quanto ele estava decidido a seguir. — Ele
já está desconfiado de que você está saindo com alguém.
Arqueei as sobrancelhas e balancei a cabeça em positivo, compreendendo que ele sabia de
algo.
— Você está certo — concordei, pude sentir o alívio em seu olhar. Então, ele se inclinou
encaixando a cabeça na curva do meu pescoço.
Senti meu corpo se arrepiar, sentindo seus lábios macios e o roçar de sua barba enquanto
ele depositava beijos por toda a extensão até chegar ao lóbulo da minha orelha.
— É bom finalmente ter a certeza de que você será apenas minha — ele sussurrou,
fazendo meu coração saltar dentro do peito.
Afastei-me, buscando o seu olhar.
— Está muito confiante, Alexandre — disse, enquanto um sorriso brincava em meus
lábios.
Alexandre aumentou seu aperto em minha cintura e eliminou toda a distância entre nós.
— Ninguém além de mim terá você, isso é uma promessa. Se acostume com isso,
Docinho, você sempre foi minha, desde o momento que a vi naquela boate.
— Cuidado com as promessas, Alexandre, eu posso realmente acreditar nelas — sussurrei,
a boca dele se curvou em um sorriso e ele levou a boca até a minha, então, mordeu o meu lábio
inferior suavemente e o puxou, enviando uma onda gostosa por todo o meu corpo.
— Não brinca comigo, Docinho, eu falo sério — falou, então, me beijou mais uma vez.
Antes que pudéssemos aprofundar o beijo, uma batida à porta fez com que nos
afastássemos. Troquei um breve olhar com Alexandre e tentei me afastar, mas ele não deixou.
— Senhor Sanchez? — A voz da secretária invadiu o ambiente.
— Só um instante — ele disse, em seguida direcionou seu olhar para mim. — Quero
resolver isso ainda hoje.
— O quê? — perguntei, sem conseguir acreditar que estava compreendendo seu aviso.
— Contar para os seus pais, vamos fazer isso hoje à noite. — Foi direto, deixando-me
totalmente sem palavras. — Avise ao seu pai que o encontrará em casa, não posso esperar mais,
Gabrielle, precisamos fazer as coisas direito.
— Teria alguma forma de te convencer a adiar isso um pouco mais? — perguntei, a voz
manhosa ao mesmo tempo em que levei a mão sobre sua calça.
Alexandre deu um sorriso de lado e negou com a cabeça.
— Acredite, isso é tentador pra caralho. Mas não há nada que possa fazer, Gabrielle,
vamos fazer isso o quanto antes.
Ele se inclinou e deixou mais um beijo em meus lábios, só então deixou que eu me
afastasse. Quando o fiz, caminhei em direção à porta, tentando me manter tranquila, porém,
surtando por dentro.
No momento em que abri a porta, deparei-me com a secretária de Alexandre. Ela sorriu
para mim, que retribui e fui em direção à minha mesa, com apenas um objetivo em mente.
Não enlouquecer.
O resto da tarde foi enlouquecedor. Eu tentei me afundar no trabalho, mas era impossível.
A única coisa que pairava sobre minha mente, era a firmeza de Alexandre em querer assumir
nosso relacionamento e o fato de ele não querer esperar mais um dia sequer para contar ao meu
pai.
Toda aquela profusão de sentimentos estava me deixando inquieta, minha ficha ainda não
tinha caído que aquele homem estava apaixonado por mim.
Ele me queria na vida dele, queria que tivéssemos algo sério. Queria um futuro comigo,
onde eu seria apenas dele.
Aquilo era real, ou apenas um sonho muito louco?
— As coisas parecem estar indo bem para alguém. — A voz de Isabella pairou pelo
ambiente, tirando-me dos meus devaneios.
Meus olhos foram para o caderno à minha frente. Só então percebi que eu estava
rabiscando toda a folha, enchendo-a de corações. Fechei o caderno e desviei o meu olhar para
ela, que estava com um sorriso sacana em minha direção.
— Você não viu nada — avisei.
— Tudo bem, gata. — Ela piscou, e o sorriso se alargou.
Minha atenção foi para o relógio, constatando que estava chegando ao final do expediente,
resolvi fazer aquilo que adiei durante todo o dia. Levantei-me e olhei mais uma vez para Isabella.
— Vou sair por um instante — falei, Isabella me mediu com o olhar e balançou a cabeça
em concordância.
Então fui em direção à sala do meu pai. A porta estava entreaberta, bati suavemente antes
de entrar. Meu pai, imerso em papéis, ergueu os olhos ao me ver.
— Pai, como está? — cumprimentei, tentando disfarçar a ansiedade que me tomou.
— Estou apenas revisando um contrato, pode falar, querida. — Ele sorriu e colocou os
papéis em suas mãos sobre a mesa.
Suspirei e fechei a porta, em seguida caminhei em direção a ele e me sentei na cadeira de
frente para ele.
— Você e mamãe têm planos para esta noite? — perguntei, desviando o olhar por um
instante.
Meu pai franziu as sobrancelhas, curioso.
— Não, por quê, meu amor? — perguntou, respirei fundo tentando reunir coragem.
— Por favor, não faça planos. Há algo que quero contar a vocês.
Meu pai me observou e um sorriso curioso se formou nos lábios dele.
— Tão misteriosa. O que está aprontando, Gabrielle?
Retribuí o sorriso, tentando manter um tom leve.
— Não seja curioso, pai. Conversaremos à noite.
— Te encontro no estacionamento em vinte minutos? — ele perguntou e me mediu com o
olhar.
— Não, encontro você em casa um pouco mais tarde.
— Por que isso está me cheirando a algo que eu não vou gostar? — perguntou, sério. Fiz
uma careta e desviei o olhar.
— Pai, apenas... — Deixei aquelas palavras no ar, sentindo-me nervosa por seu
comentário. Meu pai deu um sorriso e um aceno de cabeça.
— Tudo bem, vou avisar a sua mãe — ele falou, forcei um sorriso e me levantei.
Dei a ele um aceno de cabeça e me virei, fui em direção à porta, sentindo o olhar do meu
pai sobre mim, até o momento em que eu deixei a sua sala.
Não fazia ideia de como meu pai encararia o meu relacionamento com Alexandre, mas, no
momento, não tinha mais para onde correr.
Na verdade, eu também não queria mais me esconder.
CAPÍTULO 28
Eu estava apaixonado por Gabrielle.
Nunca algo esteve tão claro para mim, como o que eu sentia por aquela garota. Ela foi se
entranhando em mim a cada momento e com tanta intensidade, de forma que eu simplesmente
não conseguia mais me ver com outra pessoa.
Era por isso que precisava colocar tudo a limpo, mesmo que significasse perder a amizade
de Ricardo. Eu precisava dela, mais do que tudo.
Suspirei profundo e olhei para o Gabrielle, encontrando-a com os olhos fixos na entrada
da casa de seus pais, parecendo buscar coragem para o que estávamos prestes a fazer.
— Está pronta para isso? — perguntei, atraindo o olhar dela para mim.
— Não estou — respondeu e fez uma careta. — E você?
Minha boca se curvou em um sorriso e levei a minha mão na dela, entrelaçando-as. Os
olhos dela acompanharam meu movimento e permaneceram fixos em nossas mãos.
— Estou mais do que pronto, vamos lá, Gabrielle — falei, ela voltou o olhar para mim e
forçou um sorriso.
— Vamos lá — ela disse e suspirou.
Então, eu comecei a caminhar com ela em direção à porta.
Não podia negar que a cada passo, o coração vacilava, com a incerteza de como seria a
reação de Ricardo, porém, nem por um segundo sequer eu pensei em desistir. Eu queria aquilo,
precisava que ele soubesse como me sentia em relação à sua filha.
Gabrielle tirou as chaves da bolsa e abriu a porta, em seguida, nós caminhamos pela casa
ouvindo uma movimentação maior na sala de estar. Ela parou na porta e olhou para mim por um
instante, antes de seguir ela tentou puxar a mão, mas eu a impedi.
— E se eles não aceitarem? — ela perguntou, em um fio de voz.
— Não vou desistir de você, independentemente do resultado — falei, sério. Gabrielle
prendeu os lábios e os apertou forte. Segurei sua mão ainda mais forte e dei um aceno em
positivo para ela.
Foi então que demos o próximo passo.
Juntos, nós entramos no cômodo, encontrando Ricardo e Mari sentados no sofá. Eles
conversavam distraidamente, mas no momento em que notaram a nossa presença as palavras que
ambos trocavam cessaram, enquanto os olhos deles foram em nossa direção.
— Alexandre, o quê... — Ricardo deixou as palavras que começaram animadas no ar, ao
mesmo tempo em que os olhos desceram para as nossas mãos entrelaçadas.
Ele se levantou em um rompante e o semblante que há alguns segundos tinham um
vislumbre sereno, se tornara sério, sério demais.
— Pai... — Gabrielle chamou a atenção dele, em um fio de voz.
— O que isso significa? — ele perguntou, sem conseguir esconder o quanto seu humor foi
ladeira abaixo.
— Exatamente o que parece, meu amigo — disse, sentindo a expressão dele endurecer
ainda mais. — Eu e Gabrielle estamos juntos, e eu queria que vocês fossem os primeiros a
saberem.
— Deixa eu ver se eu entendi, está me dizendo que o cara com quem eu desconfiava que
minha filha estava saindo é você, e que veio aqui para avisar, não para pedir autorização? — A
entonação de Ricardo se tornou mais forte em sua última palavra.
Não me deixei intimidar, olhei fixamente em seus olhos e balancei a cabeça em
concordância.
— Exatamente isso — respondi, sem hesitar.
Os olhos de Ricardo se desviaram de mim para Gabrielle.
— Querida, preciso que fique aqui com a sua mãe — ele ordenou, a voz contida. — Eu e
Alexandre vamos para o escritório para uma conversa a sós.
— Mas, pai, eu quero...
— Sem questionar, Gabrielle — ele voltou a falar, senti-a estremecer com o tom de seu
pai.
Desviei meu olhar para ela, encontrando um olhar perdido e cheio de aflição para mim.
— Vai ficar tudo bem, nos dê esse tempo, Docinho — sussurrei, com dificuldade ela
assentiu.
Só então, eu soltei a sua mão.
— Docinho é o caralho — Ricardo murmurou, ao mesmo tempo em que deu meia-volta e
começou a andar em direção ao escritório. Olhei brevemente para Mari, que apenas me deu um
sorriso cúmplice, antes que eu seguisse o meu amigo.
Quando ele abriu a porta, deu espaço para que eu entrasse e veio logo atrás de mim.
Permaneci em silêncio, apenas esperando que ele dissesse qualquer coisa, mas não aconteceu.
Meus olhos estavam fixos nele, à medida que foi até sua adega e retirou uma garrafa de
uísque de lá. Então, ele serviu dois copos, levou um à boca e tomou o líquido em um único gole,
ao mesmo tempo em que soltava um palavrão.
Depois de repetir o processo mais uma vez, ele caminhou em minha direção com o outro
copo na mão.
Aceitei quando ele o estendeu, observei-o com os olhos furiosos sobre mim. Entendi que
ele queria que eu tomasse, e assim eu fiz, também em um único gole.
Quando voltei a olhá-lo, ele não estava mais calmo.
— Ricardo... — Foi o que eu consegui falar, antes que um baque repentino me atingisse,
fazendo-me perder o equilíbrio.
O copo que eu segurava foi para o chão, ao mesmo tempo em que o homem furioso me
pegou pelo colarinho e não hesitou em dar mais dois murros em minha cara.
Eu não reagi, nem mesmo cogitei me defender. Afinal, tinha noção do quanto eu tinha
sido filho da puta.
— Ela é minha filha, porra — rosnou, enfurecido. — Confiei que ela estaria segura com
você, ela não é uma das suas putas.
— Não, Ricardo, ela não é — falei, a voz contida, enquanto ele seguia com as mãos em
meu colarinho, segurando firme.
— Eu vou acabar com a sua raça, seu filho da puta — disse, dando um solavanco em mim.
Pela primeira vez, eu levei a minha mão sobre as dele, impedindo-o de seguir. — Não vou
permitir que faça com a minha filha o que...
— Eu estou apaixonado por ela. — Fui sincero.
— Está apaixonado por ela? — Ricardo questionou, uma risada cheia de nervosismo
brincava em seus lábios. — É por isso que estava louco atrás de uma garota que tirou a
virgindade há pouco mais de dois meses? Gabrielle não vai ser um dos seus...
— Ela é a Ane, Ricardo — confessei, naquele instante a confusão caiu sobre ele.
Ricardo me soltou e deu as costas para mim, ele suspirou profundo e colocou a mão na
cintura. Só alguns instantes depois, virou em minha direção.
— Que brincadeira é essa? — perguntou, parecendo tentar controlar um pouco mais as
emoções.
— Eu não escolhi me apaixonar pela Gabrielle, tudo é complicado demais, mas eu estive
com ela antes de saber quem ela realmente era. E quando descobri, eu me afastei. Eu tentei não
me envolver, juro que tentei. Mas não é como se conseguíssemos mandar nos sentimentos. —
Soltei aquelas palavras de uma vez, em uma súplica silenciosa de compreensão.
Ricardo não me respondeu de imediato, ele pareceu totalmente absorto em seus
pensamentos por alguns instantes. Sem aviso ele se virou e voltou a encher o seu copo de uísque,
então, tomou mais uma dose.
Segui observando-o em silêncio, dando espaço para que ele assimilasse minhas palavras.
Ele colocou o copo sobre o móvel mais uma vez e voltou seu olhar para mim, dessa vez, pude
ver que estava um pouco mais calmo.
— Está dizendo que a Ane que estava procurando é a Gabrielle?
— Sim, quando nos conhecemos, foi o nome que ela me deu. Só descobri que ela tinha
mentido seu nome quando eu a vi na festa que deu para ela no dia seguinte. — Suspirei
profundo. — Naquele dia, eu sumi de repente, pois queria ir atrás dela, se lembra quando voltei e
disse que tinha que ir embora? Era só uma desculpa para colocar a cabeça no lugar.
Naquele instante, eu pude ver a compreensão pairar nos olhos do meu amigo. Eu havia
contado a ele sobre Ane e a forma que eu me recusei a falar sobre ela após conhecer sua filha,
deveria fazer algum sentido para ele.
— Porra — ele xingou, então, suspirou profundo. — Ainda assim, Alexandre, ela é a
minha menina. Como você pôde...
— Eu realmente estou disposto a tudo por ela, meu amigo. Não há nada que queira mais
do que aquela garota em minha vida — disse, e dei alguns passos na direção dele.
— Até quando, Alexandre? Como eu posso confiar que você não a fará sofrer, quando...
— Eu a amo — confessei, interrompendo-o. O olhar dele se transformou em algo que,
dessa vez, não consegui identificar. — Nunca me envolveria com ela, se ela não fosse diferente
de qualquer mulher com quem já estive. Eu preciso dela na minha vida, Ricardo, e gostaria muito
que você não fosse contra, porque eu não pretendo desistir dela.
— Puta que pariu — ele voltou a xingar. — Caralho, Alexandre, vá se foder.
— Eu não planejei... — disse, notando o quanto Ricardo parecia perturbado com aquela
ideia.
Ele bagunçou os cabelos e voltou a me olhar, naquele instante eu já sabia que teria a sua
aprovação. E por mais que estivesse com o coração nas mãos há alguns minutos, poderia dizer
que ver o seu olhar para mim, trouxe-me alívio.
Ricardo levantou o dedo indicador e apontou em minha direção.
— Se você machucar a minha garota... — Suspirou, deixando aquelas palavras no ar.
Dei mais um passo na direção dele e o olhei completamente sério, queria que ele
entendesse naquele momento, o quanto era genuíno o que sentia pela filha dele. Com a atenção
total dele em mim, eu completei:
— Eu não me perdoarei, acredite, nunca.
CAPÍTULO 29
Nunca tinha visto meu pai tão furioso.
E saber que ele estava sozinho com Alexandre no escritório, sem ter qualquer noção de
como as coisas terminariam, me fez ficar com o coração na mão. Não sabia o que pensar, ou
como tudo fluiria.
Meu pai não seria capaz de matá-lo, seria?
— Então, finalmente, vocês resolveram assumir — minha mãe falou, trazendo-me de
volta àquele momento.
Franzi as sobrancelhas e senti o coração balançar com sua insinuação.
— O que exatamente está dizendo, mãe? — perguntei, cautelosa.
— Ficar em pé, andando de um lado para o outro, não fará com que eles voltem mais
rápido, deixa que eles se resolvam. — Minha mãe sorriu de forma doce e deu um tapa no lugar
vazio ao lado do sofá. Forcei um sorriso e caminhei em direção a ela, apreensiva me sentei e a
olhei fixamente.
— Desde quando você sabe? — perguntei, em um fio de voz.
— Eu tenho desconfiado desde o baile que fomos. — Ela pareceu pensativa, então negou
com a cabeça. — Na verdade, desde o dia que ele te levou na casa dos pais dele. Mas eu tive a
certeza quando eu te liguei e você afirmou que não estava em Búzios.
— Ah... — disse, sentindo meu rosto corar no momento em que ela arqueou as
sobrancelhas.
— Seu pai havia comentado que Alexandre estava em Los Angeles, não foi difícil ligar os
pontos.
— Você está certa, eu estava com ele — confessei.
Minha mãe me lançou um sorriso cheio de condenação, o que me deixou ainda mais
apreensiva.
— Eu sei, querida. Não tinha mais como duvidar depois do jantar em que estivemos todos
juntos. — Seu tom sugestivo me colocou em alerta. — Eu vi as provocações e tive a ponto de ter
uma síncope com medo do seu pai notar algo.
— Por que não me disse nada? — questionei, tentando desviar o rumo da conversa.
Fosse lá o que mamãe tivesse percebido durante o jantar, eu não queria nem mesmo
imaginar.
Minha mãe sorriu e levou a mão até a minha, quando voltei a olhá-la, ela piscou para
mim.
— Queria que fizesse as coisas no seu tempo, não achei que cabia a mim isso —
respondeu, eu balancei a cabeça em concordância.
— Obrigada — agradeci e suspirei. — É por isso que você é a melhor.
— Ah, querida — mamãe disse, sem conseguir esconder a satisfação.
De repente, o barulho da porta do escritório do meu pai se abrindo chamou a nossa
atenção. Troquei um breve olhar com ela e me levantei, sentindo mais uma vez o coração se
agitar.
Quando meus olhos encontraram os dois, senti-me fora do eixo com toda a seriedade que
os rodeava. Não soube o que pensar, nem mesmo consegui raciocinar, fui em direção ao
Alexandre com passos largos, sem me importar com o que meu pai acharia de tudo. Minha mão
foi para o rosto dele e eu o acariciei suavemente, toda a vermelhidão e marca de sangue recém-
limpo denunciava o que tinha acontecido naquele escritório.
Desviei o olhar para meu pai, sem conseguir esconder a decepção. Ele permaneceu sério,
então, voltei o olhar para Alexandre.
— Você está bem? — perguntei, Alexandre negou com a cabeça.
— Me desculpe, Docinho, não conseguirei manter a minha promessa — sussurrou,
fazendo meu coração despencar. — Nós não podemos...
Meus olhos foram de forma afoita para o meu pai.
— Pai... — disse, a voz embargada.
— Tem certeza de que é com esse filho da puta que quer estar? Um idiota capaz de
brincar com algo assim? — perguntou, trazendo até mim a compreensão. — Eu não serei contra,
Gabrielle, mas se ele te fizer sofrer, eu vou acabar com a raça dele.
Uma mistura de alívio e ódio caiu sobre mim, e o que predominou foi apenas o ódio no
momento em que voltei a olhar para Alexandre, encontrando-o com aquele sorriso cafajeste e
debochado que eu costumava amar, mas que no momento, apenas odiava.
— Não foi uma brincadeira inteligente, Alexandre — disse, séria. Foi quando ouvi papai
gargalhar, então minha atenção foi para ele. — Não se preocupe, senhor Alencar, eu o colocarei
na linha.
Papai levantou os braços em rendição e passou os olhos entre nós dois.
— Não tenho dúvidas disso, meu amor — ele disse, então, ouvi os passos da minha mãe
se aproximando.
Nossos olhos foram ao encontro dela, que abriu um sorriso grande em nossa direção.
— Seja oficialmente bem-vindo à família, Alexandre. Fico feliz que as coisas tenham se
tornado séria entre vocês, você é um bom homem e sei que vai cuidar bem da nossa filha.
— Obrigado, Mari — Alexandre respondeu e desviou o olhar cheio de questionamentos
para mim, que apenas dei uma risadinha.
— Meu bem, por acaso está dizendo que já sabia? — papai perguntou, minha mãe
entrelaçou a mão com a dele e sorriu.
— Amor, deixe os dois conversarem um pouco e venha me ajudar a pôr a mesa, parece
que temos um convidado a mais para o jantar — ela disse, depois intercalou o olhar entre mim e
Alexandre.
— Com toda certeza, Mari, eu adoraria — Alexandre respondeu, então, mamãe começou a
levar meu pai em direção à cozinha.
Acompanhei os dois com os olhos, enquanto meu pai voltava a questioná-la sobre a frase
dita anteriormente. Quando os dois nos deixaram a sós, meus olhos foram para Alexandre.
— Não poderá cumprir sua promessa, Alexandre? — perguntei e arqueei as sobrancelhas.
Logo, aquele sorriso cafajeste estava brincando nos lábios dele mais uma vez. — Você é um
indecente.
Alexandre passou as mãos em volta da minha cintura e me puxou para ele. Apesar de
saber que ser flagrada com Alexandre dessa forma poderia fazer com que meu pai tivesse um
infarto, não consegui repreendê-lo, apenas deixei que ele se inclinasse.
Quando os lábios roçaram os meus, ele deixou um beijo rápido, então, afastou-se o
suficiente para me olhar. Então, balançando todas as minhas estruturas, ele disse:
— Um indecente que pode dizer com todas as letras agora: você é minha.

— Há algo que ainda está me incomodando e tenho que tirar isso a limpo, Gabrielle —
meu pai falou de repente, atraindo a nossa atenção.
— Meu amor, vamos jantar em paz — minha mãe falou, fazendo com que meu pai apenas
desse um sorriso de lado.
— Não se preocupe, serão perguntas saudáveis — papai falou, então, desviou a atenção
para mim.
Levei a mão no copo à minha frente e tomei um longo gole do suco de laranja, então,
forcei um sorriso para meu pai.
— Tudo bem, pai, pergunte o que quiser — disse, tentando permanecer tranquila.
— Alexandre me contou que quando se conheceram, ele não sabia quem era você. Mas
pelos meus cálculos, a primeira vez que se viram foi no dia em que eu fiz uma festa para
recepcioná-la. O que estou deixando passar? — ele perguntou e arqueou as sobrancelhas.
Desviei o olhar para Alexandre, que visivelmente tinha culpa no cartório.
— Ele precisava saber que você era a Ane, ou então, não entenderia — ele falou, fiz uma
careta sabendo o que estava prestes a vir e voltei o olhar para meu pai.
Alexandre estava certo, como meu pai aceitaria se pensasse que Alexandre estava atrás
de outra garota há pouco tempo?
— Se sabe que eu era a Ane, acredito que sabe muito bem onde eu e Alexandre nos
conhecemos — respondi, ele assentiu.
— Quer nos contar algo sobre isso, filha? — ele perguntou, olhei para minha mãe que
parecia curiosa com a nova informação.
Soltei um suspiro, reunindo coragem para ser honesta.
— Foi só... Eu cheguei um dia mais cedo com Liz e fui direto para Búzios. Queria curtir a
noite com as minhas amigas. Só apareci aqui no dia seguinte, por isso não esperei que me
buscasse no aeroporto.
— Oh, querido — minha mãe foi a primeira a se pronunciar, com uma risada suave. —
Você também já foi jovem, e Gabrielle estava morando há cinco anos sozinha, que mal tem?
Olhei agradecida para minha mãe, no mesmo instante papai a acompanhou com um
sorriso, denunciando que ele estava apenas tirando onda com a minha cara.
— Céus, eu sabia que a Liz não era boa influência. Está vendo só?
— Não fala assim da Liz — pedi, ele negou com a cabeça enquanto continha o sorriso.
— Eu só tenho elogios, devo muito a ela — Alexandre comentou, atraindo o olhar do meu
pai.
— Você é um f... — meu pai deixou as palavras no ar, o que fez com que continuássemos
rindo.
A conversa continuou de forma mais leve, o restante do jantar seguiu em uma troca
gostosa e inesperada. Fiquei feliz por perceber que meu pai estava aceitando bem a situação,
assim a amizade entre Alexandre e ele permanecia intacta.
Depois de conversarmos bastante e aproveitarmos o jantar, Alexandre se levantou e foi ao
encontro da minha mãe, cumprimentando-a com um aperto de mão.
— Mari, o jantar estava delicioso — Alexandre falou, ela abriu um sorriso doce para ele.
— Espero que venha nos ver com frequência a partir de agora.
— Com toda certeza — ele respondeu, então desviou o olhar para o meu pai. — Te vejo
na empresa, meu amigo.
Meu pai fez uma careta em resposta, eu sorri e me levantei.
— Eu te acompanho — disse e o acompanhei.
Ouvi papai balbuciar algo sobre nos comportarmos, mas decidi apenas ignorar seu ciúme.
Caminhamos juntos até o carro de Alexandre. Chegando lá, ele me puxou para ele sem
aviso, nossos corpos se encaixaram perfeitamente, ao mesmo tempo em que ele me beijou com
uma paixão avassaladora, capaz de me tirar o ar.
Quando se afastou, os olhos cheios de desejo se fixaram em mim.
— Vamos comigo — pediu, a voz contida. — Eu preciso tanto de você.
Sorri e balancei a cabeça em negativa.
— Eu também, mas não posso, não hoje — disse, ele deu um suspiro sôfrego e balançou a
cabeça em concordância.
— Ricardo me mataria se eu te levasse daqui agora, não é? — perguntou e se inclinou,
roçando os lábios nos meus.
— Definitivamente — sussurrei.
— Tudo bem, eu vou te buscar amanhã, às 8h. Esteja pronta.
Voltei a me afastar e franzi as sobrancelhas.
— Você quer que cheguemos à empresa juntos? — perguntei, sentindo mais uma vez o
coração se agitar.
— Não só hoje, mas todos os dias a partir de agora — respondeu, o sorriso foi inevitável.
— Te assumir, perante a todos, lembra?
— Assumir ou marcar território? — perguntei, a boca dele se curvou em um sorriso.
Ele me beijou mais uma vez e aumentou seu aperto na minha cintura.
— Talvez um pouco dos dois.
Lambi os lábios e passei as mãos em volta do pescoço dele, então, o beijei lentamente,
desfrutando do sentimento mais gostoso e intenso que poderia ter. Tudo aquilo era novo demais,
ainda assim, não poderia negar que estava sendo incrível conhecer esse lado mais ousado e
sincero do homem à minha frente.
Um indecente, que estava se tornando perfeitamente decente, para mim.
Quando encerramos o beijo, eu saí dos seus braços e me afastei, passei os olhos por ele,
sem deixar passar a marca visível do seu pau completamente ereto sob a calça que vestia. Meus
olhos foram de encontro aos dele, então, com a maior inocência do mundo, eu disse:
— Até amanhã, Alexandre.
CAPÍTULO 30
Eu olhava fixamente pela janela esperando Alexandre chegar.
Minha ficha ainda não tinha caído sobre tudo o que havia acontecido ontem.
Foi um turbilhão de emoções, o dia havia começado comigo tendo a certeza de que
Alexandre amava outra mulher, para só então descobrir que aquele homem, na verdade, estava
apaixonado por mim.
Não só isso, ainda não conseguia acreditar que meu pai foi capaz de aceitar bem nosso
relacionamento. As coisas estavam realmente correndo muito bem.
Tudo parecia um sonho.
Ao mesmo tempo, se tornara real demais no momento em que o vi estacionar o seu carro
na entrada da minha casa. O sorriso se fez presente em meus lábios, ao mesmo tempo em que eu
me virei e fui em direção à mesinha de centro.
Peguei a minha bolsa e desviei o olhar para o meu pai, que apesar de estar com um jornal
nas mãos, os olhos estavam fixos a mim.
— Eu estou indo, nos vemos na empresa — falei ao mesmo tempo em que coloquei o
celular na bolsa. — Ou mais tarde.
— Por que eu sinto que acabei de recuperar minha filha, mas estou a ponto de perdê-la
mais uma vez? — perguntou, arrancando um sorriso de mim.
— Também te amo, pai — disse e me virei para sair, mas não antes de ver o sorriso nos
lábios dele.
Então, eu fui em direção à saída. Quando sai pelo jardim, pude ver Alexandre encostado
no carro, apenas esperando. Fui em direção a ele, tendo sua atenção completa sobre mim.
— Bom dia — cumprimentei-o, ao mesmo tempo em que as mãos ágeis vieram em minha
direção. Ele me puxou e me deu um beijo rápido.
— Bom dia, Docinho.
Eu me afastei e deixei que ele abrisse a porta do passageiro para mim. Assim que ele o
fez, acomodei-me e esperei que ele desse a volta no carro, então, Alexandre assumiu a direção.
Durante o caminho da empresa, conversamos um pouco sobre como havíamos passado o
restante da noite e curtimos um pouco mais aquele clima. E apesar de já termos enfrentado o
pior, não poderia deixar de negar que estava um pouco apreensiva sobre como as pessoas veriam
o nosso envolvimento.
Claro, a sensação era totalmente contrária ao que Alexandre sentia, já que ele parecia não
dar a mínima para isso. Na verdade, ele parecia gostar da ideia de deixar todos saberem que
estávamos juntos.
Afinal, ele não perdeu tempo para entrelaçar as nossas mãos e me levar pelos corredores
da empresa, como se aquilo fosse algo que ele fazia todos os dias.
Um sorriso se formou em meus lábios no momento que senti-o aumentar seu aperto em
mim, no momento em que entramos no nosso setor. E os olhos dele para Luíz Felipe,
denunciaram o maior motivo para que ele quisesse com tanto afinco marcar o seu território.
Alexandre se mordia de ciúme da minha relação com Luíz Felipe, e isso nunca esteve tão
explícito.
Recebemos alguns olhares, até o momento em que ele me levou até minha baia. E de
forma nada profissional, ele se inclinou e deixou um selinho em meus lábios.
— Ai, meu Deus. — A voz eufórica de Isabella atraiu a nossa atenção. Ela caminhava
com Raissa, em nossa direção. — Eu não acredito, finalmente assumiram.
Minha boca se curvou em um sorriso, ao mesmo tempo em que troquei um olhar com
Alexandre.
— Parece que todos tinham ciência sobre nós dois, com exceção do Ricardo — Alexandre
comentou.
— Claro, vocês não estavam sendo tão discretos — Raissa falou e arqueou as
sobrancelhas.
Alexandre deu uma risadinha, então, levou a mão em minha cintura, atraindo a minha
atenção.
— Nos vemos mais tarde — ele falou, eu assenti e o observei dar um leve aceno de cabeça
para as meninas, antes de ir em direção à sua sala.
Foi só então que meus olhos foram para as duas à minha frente, que pareciam sedentas por
informação.
— Nem tentem — falei, ao mesmo tempo em que me sentei na minha cadeira.
— Qual é, Gab, eu estava morrendo de vontade de perguntar isso há dias — Isabella disse
e se inclinou, apoiando-se na minha baia. — Você sabia que aquele cafajeste nunca assumiu
alguém? Eu estou surtando.
— Ah, meu Deus. Imagino que a fofoca vai rolar solta — disse e levei a mão no rosto,
imaginando todo o caos.
— Basta ignorar, ninguém tem nada a ver com a vida de vocês — Raissa falou, olhei para
ela e dei um sorriso amigável.
— Ela tem razão, e ainda que falem, imagine só — Isabella olhou à nossa volta, então,
sussurrou —, você fisgou o maior sem vergonha desse escritório, certamente haverá mais
admiração e curiosidade.
— Inclusive — Raissa falou e sorriu. — Eu nunca imaginei que algum dia veria isso.
— A fama dele é realmente terrível — falei e dei uma risada, as meninas me
acompanharam.
— Nada que você não saiba — Isabella falou, eu assenti.
— Tem razão, mas, meninas, chega de falar de mim. Temos muito o que fazer aqui —
disse e apontei para a minha mesa.
Raissa e Isabella trocaram um olhar, por fim decidiram me dar uma folga, com a promessa
de que eu não iria escapar de contar pelo menos um pouco mais de detalhes. Eu claro, tentaria
correr, mas se tratando das duas, tinha minhas dúvidas de que conseguiria fugir por muito tempo.
Assim como Liz que me fez contar tudo a ela ontem mesmo, fazendo com que eu fosse
dormir tarde da noite.
Eu estava absorta em um planejamento que estava trabalhando para uma nova campanha,
quando o barulho do meu celular vibrando chamou a minha atenção. Desviei o olhar para ele e
pude ver uma notificação de mensagem no visor.
Alexandre: Você pode vir à minha sala por um instante?
Franzi as sobrancelhas e dei uma olhada por todo o ambiente, foi quando meus olhos o
encontraram, parado na porta da sala dele com os olhos fixos a mim. Sem cerimônia, eu me
levantei e fui em direção a ele.
Quando me aproximei, Alexandre me deu espaço para entrar e veio atrás de mim. Virei-
me para ele no momento em que ouvi o barulho da trinca na porta. E antes que eu pudesse
questionar, ele estava me puxando e pressionando contra a parede.
— Alexandre. — Resfoleguei, recuperando-me do pequeno susto.
— Não consigo trabalhar, Docinho, porque eu só consigo pensar no quanto eu quero você
— disse, a voz cheia de desejo enviou uma onda de excitação por todo o meu corpo.
Então, os lábios dele estavam sobre os meus. Devorando-me com uma fome que não
pensei que pudesse estar presente naquele momento. Passei as minhas mãos em volta do pescoço
dele e retribuí o beijo com fervor.
Só então, percebi o quanto eu também queria senti-lo. Ainda assim, criei forças onde não
tinha e deslizei uma das minhas mãos por seu peitoral, empurrando-o e o obrigando a encerrar
aquele beijo.
— Acho que me lembro do meu pai pedir para nos comportarmos — falei, a voz
entrecortada.
— Seu pai não está aqui agora — disse, ao mesmo tempo em que as mãos quentes e ágeis
iam descaradamente para baixo do meu vestido, tocando a minha bunda sem pudor.
— Alexandre — disse, em tom de aviso.
— Preciso sentir você — ele disse, fazendo meu coração entrar em descompasso.
— O que acha de nos encontrarmos na sua casa hoje à noite? A gente pode jantar e
depois... — disse, sugestiva.
— Te foder contra essa parede e a noite te levar para um jantar, combina mais comigo —
falou e me beijou mais uma vez.
Mais uma vez, eu o afastei.
— Você tem razão, mas temos que trabalhar — disse, ele me olhou por um instante,
parecendo se render. — Jantar às 20h.
Um sorriso cafajeste surgiu nos lábios dele, em seguida, ele se inclinou e deixou mais um
beijo em meus lábios, dessa vez, um beijo lento, mas que ao mesmo tempo era intenso e
envolvente.
No momento em que ele se afastou, eu me ajeitei e pisquei para ele. No minuto seguinte,
eu me virei e dei o meu melhor para enlouquecê-lo, a cada passo que eu dava para longe dele.

A pontualidade de Alexandre demonstrava que apesar de ter se comportado mais cedo,


não via a hora de se conectar comigo. Eu não poderia condená-lo, afinal, tudo que eu mais queria
era estar em seus braços.
Ficamos totalmente em silêncio durante todo o caminho para a sua cobertura. Um silêncio
que de forma alguma era incômodo. Pelo contrário, dizia muito sobre o quanto precisávamos um
do outro, eu sentia isso apenas pelo olhar.
Pensei que Alexandre seguiria se comportando, mas estava completamente enganada. No
momento em que passamos pela porta da sua cobertura, ele me prensou contra a parede.
Senti uma eletricidade por todo o corpo, no instante em que os olhos dele encontraram os
meus. Havia necessidade e desejo, mas não era só isso.
Havia algo mais em seu olhar sobre mim, algo novo, intenso e arrebatador.
— O que houve com o jantar? — perguntei, em um fio de voz.
— Não tenho intenção alguma de jantar agora, Docinho — ele confessou, lambi os meus
lábios e dei um sorriso sacana.
— Isso não poderia ser mais indecente.
— Não gosta? — perguntou, por um momento, pude ver um vestígio de preocupação em
seu olhar.
Eu balancei a cabeça em positivo.
— Combina com você, comigo. A verdade é que eu amo.
Alexandre me deu um daqueles sorrisos que fazia meu coração acelerar, então, os lábios
dele vieram em direção aos meus. Naquela mesma dança sensual e gostosa, cheia da mesma
necessidade com a qual ele havia me tomado mais cedo.
Sem querer perder tempo, e em busca do mesmo que ele, minhas mãos deslizaram até a
calça dele, em um instante a desabotoei e a abaixei, levando junto sua cueca, a fim de tirar seu
pau para fora sem qualquer pudor.
Eu precisava dele. Porra, como eu precisava.
Alexandre encerrou o beijo e os olhos se fixaram em mim.
— Eu preciso de você, preciso agora — falei, incapaz de esperar.
Segurei o pau pela base e comecei movimentos gostosos de vaivém, sentindo-o
estremecer.
— Porra, Gabrielle — disse, a voz contida.
Meus olhos permaneciam conectados aos dele. E, então, a boca dele estava sobre a minha
novamente enquanto começávamos uma luta para tirar as nossas roupas, de forma afoita.
Nós estávamos ansiosos e impacientes, mas em sintonia, uma sintonia perfeita junto com a
necessidade de nos conectarmos daquela forma que era só nossa.
Alexandre deslizou as mãos até meu quadril e, em um movimento rápido, me tirou do
chão, encostando minhas costas na parede ao mesmo tempo em que eu envolvia as minhas
pernas em volta da cintura dele.
— Ah, Alexandre, por favor — gemi, manhosa, sentindo-o se posicionar em minha
entrada.
Senti meu corpo inteiro se arrepiar quando ele começou a passar o pau em minha entrada,
espalhando toda a minha lubrificação.
— Você é tão safada, Docinho. Tão safada que está toda melada para mim — disse, a voz
carregada de desejo.
Em um instante ele se afundou em mim.
— Meu Deus, isso — disse entre gemidos, sentindo-o atingir naquele instante meu ponto
sensível, fazendo com que choques intensos me atingissem a cada vez que ele mergulhava dentro
de mim, de forma incessante.
Enquanto ele me prensava na parede, naquela posição exótica e que denunciava
perfeitamente nossa urgência, os sons deliciosos dos nossos corpos se chocando, ao mesmo
tempo em que gemidos, rosnados e nossas respirações totalmente irregulares, deixavam uma
atmosfera ainda mais sensual.
Depois de um tempo incalculável nos lambuzando naquela posição, Alexandre
interrompeu aqueles movimentos e caminhou comigo pela sala, então, meu corpo foi
posicionado sobre o sofá.
Ele abriu-o com agilidade, enquanto ajeitava os nossos corpos. Então veio com o corpo
para cima do meu, ao passo que o envolvia com minhas pernas, rebolando contra seu pau.
Alexandre começou a aumentar ainda mais as investidas, tirando-me totalmente a
sanidade, enquanto tomava tudo de mim.
Minhas coxas se tornaram mais firmes, ao mesmo tempo em que comecei a apertá-lo
desesperadamente, sentindo-me ir para onde só Alexandre era capaz de levar.
— Deus. Como. Eu. Amo. Tudo. Isso — rosnou, dando mais algumas estocadas, à medida
que eu me desmanchava completamente nos braços dele.
E, porra, aquilo foi demais!
Senti o orgasmo me atingir de forma única, o corpo inteiro reagiu no momento em que
Alexandre me acompanhou, urrando o meu nome enquanto deixava seu prazer escorrer dentro de
mim.
Com a respiração irregular, e completamente fora de mim, fui com Alexandre no
momento em que ele jogou o corpo para o lado e me levou com ele, ajeitando-me sobre ele.
Deitei a cabeça em seu peitoral, enquanto tentava controlar a respiração. Quando
conseguimos nos acalmar um pouco, pude sentir as mãos dele em meu rosto, levando o meu
rosto para ele.
Os olhos intensos e quentes estavam fixos aos meus.
— Eu amo isso que temos — ele falou, ainda com a respiração irregular. — Eu amo você,
Gabrielle.
Mordi o lábio inferior, ao mesmo tempo em que o coração parecia um louco
desgovernado, totalmente em descompasso, com a confirmação que o sentimento que eu
guardava dentro de mim, era recíproco.
Levei a mão no rosto dele e o acariciei, então, permiti-me confessar em um fio de voz:
— Eu te amo, Alexandre.
CAPÍTULO 31
— Olha só quem lembrou que tem uma casa — papai falou, no momento em que os olhos
dele pairaram sobre mim.
Revirei os olhos, enquanto ele tentava conter o sorriso por sua provocação.
— Muito engraçado, senhor Ricardo — respondi com deboche, à medida que caminhava
em direção à bancada da cozinha, onde ele tomava seu café. — Eu estive aqui no sábado,
lembra?
Puxei uma das banquetas e me sentei ao lado dele. Assim que o fiz, peguei a garrafa de
café e me servi.
— Para pegar mais algumas peças de roupa — falou, fiz uma careta. — Ao que devo a sua
ilustre presença, meu amor?
— Está perguntando por que realmente não sabe? — Arqueei as sobrancelhas. — Porque
sei que saiu para beber com Alexandre ontem, e eu tenho certeza de que ele te contou que iria
viajar.
— Só assim para eu ter minha menina de volta — ele falou e tomou um gole do seu café.
— Merda, como eu odeio aquele desgraçado.
Dei uma risadinha, enquanto ele fingia uma indignação que não existia, não mais.
Mas tinha que admitir que meu pai estava certo, tinha se passado oito meses desde que eu
e Alexandre nos assumimos, aos poucos eu comecei a ficar cada vez mais na cobertura dele. De
início, meu pai quase tinha um ataque a cada vez que eu avisava que ficaria por lá, porém, eu
tinha a melhor mãe do mundo e ela sempre dava um jeitinho para amolecê-lo.
No último mês, a frequência havia aumentado e muito. Geralmente, o máximo que eu
passava direto lá, era um final de semana. Porém, eu me peguei passando as últimas duas
semanas com ele e, para mim, tinha sido maravilhoso. Não tinha coisa melhor do que estar com
ele, mesmo quando tinha algum pequeno desentendimento, era bom.
Foi o que pensei, porém, algo estava me incomodando desde que Alexandre decidiu
viajar. Talvez, toda aquela aproximação estivesse o assuntando.
— O que está te incomodando, minha filha? — A voz do meu pai me trouxe de volta à
realidade. Forcei um sorriso para ele e apenas balancei a cabeça em negativa.
— Nada, pai, estou apenas pensando em algumas coisas — respondi, e levei a xícara à
boca, tomando um gole.
— Sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa — ele disse, eu sorri e assenti.
— Obrigada, pai — respondi e passei os olhos por toda a cozinha. — Onde está a mamãe?
— Foi ao salão com a Lúcia — falou e me mediu com o olhar, antes que ele pudesse falar
qualquer coisa, o meu telefone vibrando chamou a minha atenção.
Sorri, ao notar que era minha amiga Liz. Bloqueei o telefone e me levantei, então, dei
alguns tapinhas no ombro do meu pai.
— Tudo bem, vou aproveitar para subir e conversar um pouco com a Liz — disse, ele fez
uma careta.
Não medi esforços para ignorar e me virei pronta para ir para o meu quarto, antes que eu
acabasse falando sobre como eu estava insegura. Nem fodendo isso aconteceria.
Quando cheguei ao quarto, fechei a porta e peguei o celular para retornar a ligação para
minha amiga.
— Amiga — Liz atendeu no terceiro toque.
— Oi, Liz. Tudo bem?
— Que séria, eu que pergunto. Está tudo bem? — ela questionou, suspirei e olhei para o
teto, tentando me convencer de que tudo não passava de neura da minha cabeça.
— Não sei, a única coisa que tenho certeza é de que nossa sincronia é fora do comum,
porque eu precisava conversar com alguém, e mais um pouco, estaria desabafando com o meu
pai.
— O que aconteceu? — perguntou, a voz denotava preocupação.
— É o Alexandre — confessei. — Lembra que eu comentei que estava passando cada vez
mais tempo com ele?
— Sim, você está na casa dele lá há quase duas semanas, não é?
— Isso — confirmei. — Ele estava um pouco estranho ontem e, de repente, arrumou uma
viagem, por isso não consigo parar de pensar que, talvez, toda essa proximidade o tenha
assustado.
— Ai, Gabi, aquele homem é louco por você. Impossível — falou, sem hesitar.
— Ele nem cogitou me chamar para ir com ele, Liz, ele nunca agiu assim e para mim é
estranho — desabafei, deixando a mágoa evidente em minha voz.
— Sabe o que eu acho que você está precisando? — ela perguntou, de repente, e eu pude
ouvir a agitação do outro lado da linha, como se ela tivesse se levantado de onde estava.
— Tenho medo de perguntar — falei, ao mesmo tempo em que dei um sorriso fraco.
— Se distrair. Que tal me levar naquele lugar que tanto fala que é perfeito? Eu super
toparia um rolê agora.
Arqueei as sobrancelhas, sem acreditar na sugestão de Liz.
— Está dizendo para a gente simplesmente ir para Los Angeles?
— Por que não? Ou se preferir, podemos ir para Las Vegas, aposto que lá nos
divertiríamos ainda mais — sugeriu, balancei a cabeça em negativa enquanto um sorriso
incrédulo brincava nos meus lábios.
— Você está louca, eu não vou para Vegas.
— Tudo bem, então, arrume suas malas e vamos para Los Angeles — disse, a voz cheia
de animação.
— Liz...
— Pensa comigo, Alexandre não está aí, vai ficar apenas esperando-o voltar? Vamos lá,
eu sempre quis viajar para fora, e você, depois da nova promoção, pode bancar tranquila essa
viagem para nós.
— Você é uma abusada — comentei, mas depois de uma breve pausa —, não sei, amiga,
eu tenho que trabalhar.
— Qual é, Gabi, é melhor do que ficar aí pensando abobrinha. Podemos ir amanhã e
voltar no domingo.
Hesitei por um momento, sem acreditar que estava prestes a ceder às loucuras da minha
amiga, mas ela estava certa. Seria melhor do que ficar aqui, com esses pensamentos quando, no
fundo, eu e Alexandre estávamos tão bem.
Foi pensando nisso que suspirei profundo e a respondi:
— Tudo bem, amiga, vai. Vamos lá.

— Não acredito que me convenceu a fazer isso — falei para Liz, no momento em que
saímos do táxi.
O sorriso dela se abriu de canto a canto, ao mesmo tempo em que ela levou a mão na alça
da mala.
— Vai ser de-ma-is — cantarolou, pausadamente.
Balancei a cabeça em negativa e peguei a minha mala, indo em direção ao hotel. Fizemos
o check-in e fomos recepcionadas até o nosso quarto, sendo deixadas a sós no momento em que
um dos funcionários do hotel colocou as nossas malas em um canto.
Fechamos a porta, enquanto Liz explorava o quarto, fui em direção à sacada. Não perdi
tempo em abri-la e sair, apreciando a vista noturna da cidade.
— Fala sério, foi uma excelente ideia — Liz comentou, atraindo a minha atenção.
Forcei um sorriso e assenti. Apesar de ser estranho estar sem Alexandre por estar tão
acostumada a estar com ele o tempo todo, tinha que admitir que a sensação de respirar ar puro
era boa.
— Você tem razão — concordei, então, peguei o celular para checar se havia alguma
notificação.
E não, pelo menos nenhuma que eu desejara.
— Ele disse para aproveitar, amiga, então, é isso que vamos fazer — Liz falou, voltei o
meu olhar para ela, encontrando-a com as sobrancelhas arqueadas.
— Está tão evidente assim?
— Não imagina o quanto — ela disse, então tirou o celular da minha mão.
— Ei... — chamei sua atenção.
Liz me ignorou e voltou para o quarto, levando junto com ela meu celular. Eu a segui, até
o momento em que ela parou e olhou para mim.
— Nós temos uma noite para curtir, não se esqueça da mensagem que ele te mandou mais
cedo. — Liz começou a mexer as sobrancelhas de forma sugestiva. — “Se divirta, Docinho, mas
não tanto.”
Fiz uma careta e quando ela começou a gargalhar, meus olhos foram para o sofá à minha
frente. Peguei uma das almofadas sobre ele e joguei naquela safada, que sorriu ainda mais.
Ela veio em minha direção e alcançou outra almofada no sofá, tacando-a em mim em
seguida.
Quando percebi, já estávamos nos batendo com as almofadas e rindo como duas
adolescentes de algo que nem fazia tanto sentido. No instante em que nos acalmamos, eu me
senti grata por ter Liz ao meu lado.
— Vamos lá, gata, temos uma noite para aproveitar — Liz disse, em seguida, foi em
direção à mala.
Eu já estava aqui, não tinha outra saída, a não ser acompanhar minha amiga em suas
loucuras, e assim eu fiz. Passamos a próxima hora nos arrumando, e por mais que eu quisesse
algo simples, ela estava disposta a chamar a atenção.
Nós duas colocamos vestidos para noite e nos maquiamos como duas profissionais, antes
de irmos em direção ao hall do hotel, prontas para começar a noite.
— Ainda não me disse para onde vamos, sua safada — falei, enquanto chegávamos
próximo à entrada, Liz estava empenhada em fazer suspense.
Ela apenas deu uma risadinha e olhou para frente. Meus olhos a acompanharam e eu
simplesmente não estava preparada para a visão que tive. O coração entrou em descompasso, à
medida que assimilava que aquele que estava fazendo meu coração se apertar desde ontem,
estava à minha frente.
Sim, Alexandre estava na entrada do hotel, vestindo um smoking extremamente sexy. Os
cabelos estavam alinhados, a barba aparada e o sorriso cafajeste que me tirava do eixo se fazia
presente.
— O que... — Deixei aquelas palavras no ar, ao mesmo tempo em que ele caminhava em
minha direção.
— Espero que tenha cumprido o combinado — Liz falou, atraindo a minha atenção.
— É claro, obrigado, Lizandra — Alexandre disse, então apontou com a cabeça,
indicando um homem encostado no carro.
Apenas uma olhada foi o suficiente para que eu o reconhecesse, aquele era um primo de
Alexandre que eu conheci em uma das reuniões de família.
— Você queria saber o motivo de ele ter feito uma viagem de última hora, aí está sua
resposta. Então, se divirta, porque eu vou. — Liz piscou para mim, e com a maior cara de pau do
mundo caminhou em direção ao homem, que visivelmente estava esperando por minha amiga.
— Está tão linda — Alexandre falou, atraindo a minha atenção para ele.
Quando meus olhos encontraram os dele, o coração quase saiu pela boca, pois encontrei
um olhar que dizia muito mais do que eu era capaz de compreender.
— O que exatamente é isso, Alexandre? — perguntei, em um fio de voz.
Alexandre deu mais alguns passos em minha direção, eliminando a distância entre nós.
Ele levou a mão na minha e a pegou, em seguida, deixou um beijo no dorso, antes de finalmente
dizer:
— Essa noite, Docinho, somos apenas eu e você. Isso é tudo o que precisa saber.
CAPÍTULO 32
Se eu achava que Liz estava cheia de suspenses, era porque ainda não tinha visto
Alexandre.
O homem parecia determinado a não dar uma pista sequer de onde estávamos indo. Não
só isso, obrigou-me a colocar uma venda, para que eu não soubesse onde estava me levando.
A ansiedade se tornou maior, junto com a incerteza do que esperava por mim.
— Chegamos — Alexandre falou, no momento em que levou a mão até mim.
— Onde, senhor Sanchez? — perguntei, apenas fui capaz de ouvir sua risada gostosa.
Alexandre me ajudou a sair do carro, então trocou algumas palavras com o motorista,
antes de seguir me guiando, totalmente no escuro.
Todo aquele suspense estava me matando, enquanto minha cabeça estava um turbilhão,
tentando compreender se o motivo da viagem de Alexandre era realmente para que pudéssemos
ter esse momento.
Senti a ansiedade se tornar ainda maior no momento em que paramos e Alexandre levou a
mão à minha venda, tirando-a lentamente.
E mais uma vez eu não estava preparada para a vista à minha frente. Passei os olhos pelo
local que apesar de uma iluminação baixa, era inconfundível.
Nós estávamos no terraço do Griffith Observatory.
Porém, a visão à minha frente era totalmente diferente da que presenciei da última vez. As
luzes cintilavam suavemente, o céu se revelava em toda a sua magnitude, com estrelas brilhantes,
constelações e a lua iluminando todo o ambiente.
Havia velas dispostas estrategicamente, lançando uma luz suave sobre a mesa decorada no
centro, adicionando um toque de mistério e sensualidade ao ambiente.
Desviei o olhar para Alexandre, sentindo-me a ponto de perder o ar, enquanto ele parecia
analisar cuidadosamente a minha reação.
— Você lembrou — sussurrei, um sorriso se formou em meus lábios, à medida que me
lembrava da minha confissão que eu queria vir aqui durante a noite.
— Eu disse que um dia te traria até aqui, meu amor — ele disse e estendeu a mão para
mim.
Balancei a cabeça em concordância e deixei que ele me guiasse até a mesa de jantar.
Quando paramos em frente a ela, como um bom cavalheiro ele puxou a cadeira para que eu me
sentasse, então, sentou-se à minha frente.
— Tudo está perfeito — disse, tentando conter a emoção.
Alexandre permaneceu com os olhos intensos sobre mim, ao mesmo tempo em que pegou
a garrafa de vinho e nos serviu. Observei-o, até que ele estendeu uma taça para mim.
— Quero começar essa noite com um brinde — ele disse, enquanto erguia sua taça em
minha direção. Sorri e repeti seu movimento, aceitando aquele brinde. — A nós.
— A nós — repeti, em seguida levei a taça à boca e tomei um longo gole do líquido.
Coloquei a taça sobre a mesa e dei mais uma olhada por todo o ambiente. O sorriso foi
inevitável no momento em que meus olhos encontraram os dele mais uma vez.
— Fechou o lugar só para nós dois — comentei, ele balançou a cabeça em positivo.
— Tudo para você — respondeu, fazendo com que eu me esquecesse completamente de
todo aquele sentimento que havia me rondado.
Alexandre acenou em uma direção, acompanhei o seu olhar, notando que havia ali dois
garçons, que estavam apenas para nos servir. Permaneci observando enquanto eles traziam em
algumas bandejas o que parecia ser o nosso jantar.
Tive a certeza no momento em que fomos servidos, revelando ali, dois pratos de lasanha
bolonhesa.
— Não poderia ser mais perfeito — comentei quando nos deixaram a sós, notando um
sorriso brincar nos lábios de Alexandre.
— Não poderia faltar o nosso prato preferido — ele comentou, a voz contida.
— Você está certo, não poderia.
Aproveitando aquela atmosfera gostosa, começamos a jantar e tudo estava sendo incrível.
A conversa leve e risadas que sempre se faziam presentes quando estávamos juntos, ao mesmo
tempo em que os flertes nada sutis surgiam, afinal, isso fazia parte do que éramos.
Após saborearmos a última garfada do jantar e mais uma taça de vinho, Alexandre se
levantou e caminhou em minha direção. Quando parou à minha frente, estendeu a mão para mim.
— Vamos dar uma volta pelo pátio? — perguntou, eu sorri e peguei a mão dele.
— Tenho que admitir, estou ansiosa para isso — falei e deixei que ele me guiasse, ao
mesmo tempo em que entrelaçou as nossas mãos.
A brisa noturna nos acariciava, enquanto nos dirigíamos a um telescópio estrategicamente
posicionado. Eu já me sentia ansiosa para poder explorar um pouco da linda noite que estava
sobre nós.
Quando paramos em frente ao telescópio, Alexandre soltou as nossas mãos e trocou um
olhar comigo antes de dar alguns passos à frente e ajustar o telescópio, focando em uma
constelação.
Então ele se afastou e olhou para mim, fazendo-me sentir um arrepio por todo o corpo.
Não conseguia identificar ao certo o significado do olhar dele sobre mim naquele momento.
— Faça as honras, Docinho — pediu, eu abri um sorriso e fiz o que ele sugeriu.
Fiquei hipnotizada pela visão celestial diante de mim. Tudo conseguia ser mais bonito do
que imaginara. Não tinha palavras para descrever o quanto tudo era incrível.
— Meu Deus, Alexandre, isso é tão... — comecei, mas deixei as palavras no ar no
momento em que me afastei para olhá-lo. Definitivamente, eu tinha perdido o ar.
Mais uma vez, aquele homem estava me surpreendendo. Alexandre ajoelhado e os olhos
fixos aos meus. No momento em que teve toda a minha atenção, tirou do bolso uma caixinha de
veludo. Ao abrir, revelou um anel deslumbrante, brilhando como as estrelas acima de nós.
— Gabrielle, eu sabia que você seria uma mulher diferente desde o momento em que
meus olhos se prenderam em você a primeira vez naquela boate. E a cada dia ao seu lado, apenas
me confirma, incessantemente, que eu encontrei aquela que eu vinha esperando por tanto tempo
— começou, a voz trêmula. O coração batia forte no meu peito enquanto assimilava cada
palavra. — Você me faz querer ser um homem melhor, faz com que nada mais importe. E eu sei
que talvez seja cedo demais, porém, eu não consigo mais não ter você acordando em minha cama
todos os dias. Eu preciso de você, preciso loucamente que esteja comigo. Então, eu preciso que
me diga, aceita ser oficialmente a minha mulher?
— Alexandre, eu... — Minha voz falhou, naquele momento eu pude vê-lo vacilar. Pela
primeira vez, não consegui identificar toda aquela segurança que sempre o acompanhava.
— Então, Docinho?
Suspirei profundamente e indo contra o que eu sabia que era o seu planejamento, eu me
ajoelhei em frente a ele e levei a mão em seu rosto. Dei um sorriso em meio as lágrimas que
insistiam em querer cair, então, o respondi:
— Sim, meu amor, mil vezes sim.
— Você deveria ter esperado, em pé — disse, enquanto pegava o anel.
Estendi minha mão para que ele o colocasse em meu dedo.
— Eu estou exatamente onde deveria estar — comentei, ele sorriu com os lábios trêmulos
e colocou a peça em meu dedo.
Então, ele eliminou toda a distância que tinha entre nós. A mão foi para a minha nuca e,
em seguida, ele tomou meus lábios em um beijo que combinava perfeitamente com o momento.
Era cheio de necessidades e sentimentos, selando de forma silenciosa uma das promessas
mais lindas e intensas que poderíamos selar.
Amor eterno.
CAPÍTULO 33
Os últimos meses foram uma loucura. Lidar com projetos importantes na empresa, ao
mesmo tempo em que eu e Gabrielle organizávamos para que tudo no nosso casamento ficasse
exatamente como queríamos.
E depois de tudo em seu devido lugar, aqui estava eu. Ansioso pra caralho, querendo
apenas uma coisa.
Estar com a minha doce e adorável noiva.
Adorável, gostosa e sexy.
Eu daria tudo para estar com ela em meus braços, dizendo a cada momento os motivos de
eu a amar tanto, ao mesmo tempo em que me afundava nela. Apreciando suas curvas deliciosas,
tomando-a para mim de todas as formas possíveis.
Mas ao invés disso, eu estava há mais de uma hora na boate de sempre, olhando para
cinco marmanjos barbados, falando merda sempre que possível.
— Que cara é essa, Rafael? — perguntei, fazendo o sorriso dele se alargar. — Fala logo.
— Quem diria que a próxima vez que nos reuníssemos aqui, seria para a sua despedida —
Rafael comentou e ergueu o copo em minha direção, ao mesmo tempo em que um sorriso sacana
se formou em meus lábios. — Parece que nem todos estão imunes, afinal.
— Pois é, meu amigo — respondi, e retribuí o gesto antes de tomar a dose de uísque.
Então, passei os olhos entre Rodolfo e Caio. — Eu só fico me perguntando quem será o próximo,
será que voltaremos a nos reunir aqui?
— Deus me livre, joga essa praga pra lá — Rodolfo falou, fazendo com que Carlos,
Rafael e Ricardo dessem uma gargalhada.
Eu me juntei a eles, enquanto balançava a cabeça em negativa.
— Eu disse, dessa vez deveríamos ter contratado umas strippers — Caio resmungou. —
Estamos em desvantagem aqui, afinal. Nós que deveríamos influenciá-los.
— Como é, amigo? — Ricardo perguntou, atraindo o olhar de todos.
Caio levantou a mão em rendição, denunciando que lembrara o quanto sua fala foi infeliz,
já que o pai de Gabrielle também estava presente.
— É isso que dá trazer o sogro para a despedida — Rodolfo comentou, o seu tom
debochado.
— Quer saber? — perguntei ao mesmo tempo que me levantei. — Isso aqui é testosterona
demais pra mim, vamos fazer um último brinde e vou fazer algo que realmente me agrada, eu
vejo vocês no casamento.
— Vai atrás dela não vai? — Rodolfo perguntou, o deboche não o deixou. — Ca-de-li-
nha.
— É claro que ele vai — Carlos falou, enquanto Ricardo apenas deixava aquele sorriso
cheio de orgulho nos lábios.
Não consegui ficar bravo com a provocação, ao invés disso, peguei a garrafa de uísque e
comecei a servi-los, com um sorriso brincando em meus lábios.
Rodolfo estava certo, havia me tornado quem eu mais temia.
Um homem totalmente cadelinha, loucamente apaixonado por sua mulher.
Mas foda-se, eu não dava a mínima para isso.
Depois de servi-los, peguei o meu copo e o estendi em direção a eles, que prontamente se
levantaram e fizeram aquele último brinde comigo. Como sempre, os mais sensatos desejando
apenas a minha felicidade, enquanto Caio e Rodolfo murmuravam algumas merdas que eu fiz
questão de ignorar.
Virei aquela dose de uma vez e, em seguida, disse a eles que aproveitassem o restante da
noite antes de ir em direção à saída. Todos ali se conheciam muito bem, sabia que eu não faria
falta alguma ali.
— Alexandre. — A voz de Rodolfo ressoou, no momento em que eu estava prestes a
entrar no elevador.
Desviei o olhar para o lado, vendo-o sozinho caminhar em passos largos em minha
direção. Virei-me em direção a ele e apenas aguardei que parasse de frente para mim.
— Fala comigo.
— Lembra daquele favor que está me devendo? Receio que é hora de cobrar — ele disse,
ao mesmo tempo em que o medi com o olhar.
Sua expressão me dizia que nada de bom viria daquele pedido.
— O que você quer, Rodolfo? Acredito que o motivo de não ter falado perto dos caras,
significa que nada decente sairá da sua boca.
— Logo você saberá, apenas quero deixá-lo ciente de que nos próximos dias eu te pedirei
algo que não poderá negar.
— Não estou gostando de todo esse mistério, se for algo indec...
— Relaxa — ele me cortou, então, levou a mão em meu ombro. — Se te tranquiliza, é
algo que envolverá uma de suas funcionárias.
— Rodolfo, o que está aprontando? — perguntei, sério. Ele levantou a mão em rendição.
— É algo que não é propriamente para mim, e sim para Alexander.
— O CEO da rede de hotéis Korfali? — perguntei, conhecendo bem o tipo de amizade
que aqueles dois tinham.
— Ele mesmo.
Suspirei profundo e balancei a cabeça em positivo.
— Conversamos dentro de uma semana, quando eu voltar de lua de mel.
— Perfeito, eu esperarei ansiosamente — Rodolfo falou e me mediu com o olhar. — Boa
sorte, meu caro.
Ao dizer aquelas palavras, Rodolfo se virou e foi mais uma vez em direção à boate. Eu
balancei a cabeça em negativa e voltei a chamar o elevador.
Não iria ficar me martirizando sobre o que eles estavam aprontando, no momento, a única
coisa que eu queria era ver Gabrielle. E sem hesitar, assim eu fiz. Dirigi até o sítio escolhido para
a realização da cerimônia de casamento, onde Gabrielle e as suas amigas estavam aproveitando a
noite.
Quando estacionei em frente à casa principal, saí do carro e me encostei nele. Então,
peguei o celular para digitar uma mensagem para Gabrielle.
Alexandre: Docinho, eu estou aqui fora. Pode sair?
Ao enviar aquela mensagem, guardei o celular e permaneci com os olhos fixos na porta,
apenas aguardando. Não demorou muito para que Gabrielle aparecesse, e porra. Ela estava com
um vestido soltinho e romântico, mas que a deixava sexy demais.
— O que está fazendo aqui? — perguntou e parou de frente para mim.
Sem responder, eu levei a minha mão na cintura dela e a puxei para mim. Afundei meu
rosto nos cabelos macios e puxei o ar, sentindo aquele cheiro doce e gostoso que eu tanto amava.
— Eu senti saudade — sussurrei, apertando-a contra mim.
Antes que ela pudesse responder, fomos atraídos por uma agitação fora do normal. Nós
nos afastamos e minha atenção foi para um ponto à frente, onde as amigas dela davam alguns
gritinhos, enquanto nos observavam pela janela.
— As meninas estão todas aí? — perguntei, ela fez uma careta e negou com a cabeça.
— Isabella não conseguiu vir, a Mel está passando mal então, eu disse a ela para não se
preocupar.
— Entendo — disse e voltei a minha atenção para ela, disposto a ignorar nossa plateia. —
O que acha de fazer como eu, deixar elas aí para passarmos mais um tempo juntinhos?
Gabrielle deu uma risada travessa e negou com a cabeça.
Levei a minha mão nos fios soltos pelo seu rosto e o coloquei atrás da sua orelha.
— Você é mesmo um indecente, não vai me fazer ceder, eu te disse — ela disse e levou a
mão ao meu peitoral.
Então, passou as unhas suavemente, fazendo com que meu corpo inteiro reagisse ao seu
toque sutil.
— Está sendo maldosa, Docinho.
— Amanhã — disse, suas palavras cheias de expectativas e promessas que me fizeram
levar a mão à cintura dela a fim de puxá-la mais uma vez para mim.
Inclinei-me e tomei seus lábios para mim sem qualquer pudor, mostrando-a naquele
instante, o quanto estava sedento por ela. O quanto eu precisava senti-la a cada momento, o
quanto eu a queria em minha vida.
Quando encerrei o beijo, nossas respirações estavam totalmente irregulares.
— Eu posso esperar, pois sei que valerá a pena — disse, fazendo com que mais uma vez,
ela estivesse sorrindo para mim.
Gabrielle empurrou meu peito suavemente, obrigando-me a soltá-la. Eu o fiz, mas com
dificuldade, então, ela me mediu com o olhar.
— Até amanhã, noivo — ela falou, em seguida se virou, deixando-me ali.
E por mais que eu quisesse loucamente prendê-la a mim, apenas observei-a ir embora,
afinal, eu sabia que a teria pela eternidade.
Eu poderia me conformar com isso.
CAPÍTULO 34
Ela era a esposa mais linda e sexy que eu já vi.
O sorriso não era capaz de deixar meus lábios, enquanto a observava em uma dança com
Liz e Raissa. A presença de Gabrielle era tão marcante, que ela era capaz de fazer com que a
pessoa mais mal-humorada do universo a acompanhasse em uma dança gostosa até o chão.
E não, o vestido de noiva de forma alguma impediu aquela pequena travessa de se divertir.
— Ela cresceu tanto. — A voz de Ricardo atraiu a minha atenção.
Olhei para o lado e o encontrei estendendo uma garrafa de cerveja para mim. Meu sorriso
se alargou, e eu peguei, brindando com ele no instante seguinte. Então, eu tomei um longo gole
enquanto voltava a atenção para Gabrielle, na pista de dança.
— Quem diria, meu amigo, que seria ela a mulher a roubar o meu coração — comentei,
sem conseguir tirar os olhos dela.
O coração ainda estava agitado, a emoção de finalmente ter aquela menina-mulher como
minha esposa e saber que nada, nem ninguém, seria capaz de nos separar, era a melhor sensação
do mundo.
E, definitivamente, aquele era o melhor dia da minha vida.
— Eu estou feliz que tenham se encontrado — Ricardo comentou, eu tomei mais um gole
da bebida e troquei um olhar com ele, conseguindo ver o vislumbre de orgulho em seus olhos. —
Posso dizer, depois de tudo que presenciei, que minha menina não encontraria alguém melhor, e
eu, como pai, não poderia estar mais em paz do que hoje. Entregando-a oficialmente a você.
— Obrigado — respondi, então dei uma risada sacana — Estou feliz que de todos, seja
você o meu sogrão.
— Filho da puta — xingou, fazendo com que meu sorriso aumentasse.
Tomei um longo gole da bebida e estendi a garrafa ao meu sócio, notando que havia
começado uma música lenta. Ricardo a pegou, mesmo sem entender. Eu pisquei para ele antes de
deixá-lo ali a fim de caminhar em direção a Gabrielle, que, nesse momento, já estava com os
olhos fixos em mim.
Quando as meninas notaram a minha presença, cochicharam algo com Gabrielle, antes de
sair da pista de dança e deixá-la ali, só para mim.
E eu não perdi tempo quando me aproximei, levei a mão na cintura dela e a puxei para
mim. Gabrielle me deu um daqueles sorrisos fodidamente sexys, ao mesmo tempo que levou a
mão até a minha, deixando que eu começasse a guiá-la. Inclinei-me em direção a ela e comecei a
roçar meus lábios nos dela, sentindo-a resfolegar.
— Minha linda esposa, obrigado por me fazer o homem mais feliz desse mundo —
sussurrei e beijei os lábios macios suavemente.
Naquele instante, o resto do mundo desapareceu, era como se fosse apenas nós dois ali,
onde o tempo diminuía sua marcha apenas para nos permitir saborear cada segundo daquele
momento especial.
Nossos corpos se moviam em perfeita sincronia, guiados pela melodia que envolvia todo o
momento. Os olhos intensos e travessos sobre mim, refletiam toda a expectativa e desejo que
pairavam sobre ela. Sobre nós.
Eu não via a hora de estar a sós com essa pequena deliciosa e mostrá-la a cada instante o
quanto sentia falta do seu toque. Queria que ela soubesse que a sua pior decisão, foi me manter
longe na última semana.
— É melhor se controlar, esposo, consigo ouvir seus pensamentos daqui — ela disse, em
meio a um sorriso gostoso.
Acompanhei-a no mesmo instante, aumentando o aperto em sua cintura.
— E o que eles dizem? Pode me dizer, Docinho? — perguntei, então me inclinei para
continuar a provocação. — Consegue sentir o quando eu preciso de você? Porque eu não vou ter
piedade, meu amor, vou foder você com aquela brutalidade que eu sei que você ama, com direito
a muitos tapas e mordidas até que se renda a mim, e depois, nós vamos fazer amor. Por tanto
tempo que você implorará para que eu te dê um descanso.
Ao terminar de dizer a ela o que a esperava, afastei-me o suficiente para olhá-la,
encontrando a pele rosada e a respiração descontrolada, indicando como aquelas palavras haviam
mexido com ela, mais do que eu imaginara.
Passei a língua nos lábios e sorri, totalmente satisfeito com a reação dela.
— Isso é indecente demais, até para você — falou, a voz entrecortada.
— Nada que já não tenha ouvido antes — disse, em seguida eu me afastei e girei seu
corpo, inclinando-a no instante seguinte, acompanhando-a com o meu corpo.
Aplausos cercaram todo o ambiente, enquanto eu estava a poucos centímetros da sua boca.
Os olhos intercalaram entre os olhos agitados e a boca carnuda.
— Alexandre — suplicou.
Minha boca se curvou em um sorriso de lado e eu ajeitei o meu corpo, trazendo Gabrielle
junto comigo, ao mesmo tempo em que se iniciava outra música.
— Isso foi tão perfeito. — A voz de dona Lúcia atraiu a nossa atenção.
Quando a encontrei, ela estava a poucos centímetros, enquanto meu pai vinha logo atrás
dela.
— Mãe — disse, observando-a parar em nossa frente.
— Estamos tão felizes por vocês dois, meus meninos. Deus abençoe a união de vocês.
— Obrigada, sogrinha — Gabrielle disse em um tom divertido e saiu dos meus braços,
indo ao encontro da minha mãe.
Observei sem conseguir esconder a satisfação, no momento em que elas se abraçaram,
com o mesmo carinho que apenas vinha crescendo, desde que contei à minha mãe que estávamos
juntos.
O surto foi garantido naquela época e não seria diferente nesse instante.
Senti a mão do meu pai no meu ombro, o que me fez desviar o olhar para ele. O sorriso
dele não estava diferente do da minha mãe, apesar de ser mais reservado, conseguia ver toda sua
felicidade e satisfação com o momento.
— Meu filho, de agora em diante é seu dever fazer o possível e o impossível pela sua
esposa, lembre-se sempre disso. Ela será seu porto seguro, hoje e sempre.
— Eu já faço isso, pai — respondi e levei minha mão até a dele, em um aperto firme. —
Eu daria a minha vida por ela.
— Eu estou orgulhoso disso — falou, em seguida se inclinou para me dar um abraço. —
Eu e sua mãe já estamos indo, mas desejamos tudo de melhor a vocês.
— Obrigado, pai — disse e retribuí seu abraço. Logo, senti minha mãe e Gabrielle se
juntar a nós, em uma espécie louca de abraço em grupo.
— Nos mandem notícias todos os dias, ouviu? — minha mãe falou, à medida que nos
afastamos.
— Tentaremos, dona Lúcia, mas receio que estaremos muito ocupados — falei, recebendo
o olhar de repreensão dela.
— Nós mandaremos notícias — Gabrielle interveio, enquanto eu continha a risada sem
qualquer vergonha da insinuação feita.
Depois de mais uma série de abraços e felicitações, meus pais nos deixaram, prontos para
se despedir dos convidados e ir para casa. Naquele instante, eu me vi puxando Gabrielle mais
uma vez, fazendo com que ela desse um gritinho, pelo movimento repentino.
— O que acha de fazermos o mesmo, esposa? — perguntei, a voz cheia de desejo. —
Tudo está perfeito, mas não vejo a hora de ser apenas eu e você.
Gabrielle mordeu o lábio inferior e o olhar desejoso denunciou perfeitamente que ela
ansiava pelo mesmo que eu, em perfeita sincronia, como sempre.
— Eu não vejo a hora, marido — respondeu, em um fio de voz.
A promessa que pairava sobre nós era de um novo começo. O início de uma nova família,
e eu não via a hora de começar esse novo capítulo da nossa história.
Naquele momento, fazendo a cena que Gabrielle implorou que eu não fizesse, peguei-a no
colo pronto para tirá-la daquele ambiente. Não me importei com os gritos e assovios que se
fizeram presentes, tão pouco com a minha esposa escondendo o rosto em meu peito.
Enquanto a retirava daquele lugar, meus olhos permaneceram fixos nela e uma certeza
ardente se instalou em meu peito. Eu jamais conseguiria deixá-la partir. O último ano tinha nos
entrelaçado de uma maneira tão intensa e profunda que a ideia de viver sem Gabrielle era
inconcebível.
Eu não poderia viver sem aquela mulher.
Enquanto ela estivesse comigo, sentia apenas uma coisa: eu não precisava de mais nada.
EPÍLOGO
QUATRO ANOS DEPOIS
Aconchegada entre lençóis macios, abri os olhos lentamente, sentindo a luz solar adentrar
o quarto, ainda estava envolvida no que parecia ser um sonho. No entanto, algo mais doce e
quente do que qualquer sonho me aguardava.
Senti beijos suaves percorrendo minha barriga, e meu coração se acelerou com
antecipação. Olhei para baixo e lá estava ele, meu eterno indecente, meu marido, meu amor,
Alexandre. Um sorriso se formou nos meus lábios quando nossos olhares se encontraram.
— Bom dia, Docinho — Alexandre disse, suave. Seus olhos iluminados faziam todas as
minhas estruturas balançarem. Ele desviou o olhar para a minha barriga e depositou mais um
beijo sobre ela. Então, sussurrou: — Bom dia, meu garotão.
Era inevitável não se apaixonar ainda mais, pois era assim que Alexandre seguia me
acordando todos os dias, desde que descobrimos que eu estava grávida. A barriga seguia
crescendo a cada dia e a ansiedade se tornava maior a cada mês.
Alexandre seguiu descendo os beijos, ao mesmo tempo em que se enfiava no meio das
minhas pernas. Lambi os lábios e as afastei, dando a ele o espaço que pedia.
— Temos que ir para a empresa — falei, em um fio de voz.
— Podemos chegar mais tarde, sócia — sussurrou.
O sorriso brincou em meus lábios, lembrando-me da minha mais nova conquista. Depois
de bater o martelo que eu estava pronta, papai passou toda a responsabilidade da empresa para
mim. Nesse momento, ele estava aproveitando para conhecer o mundo com a mamãe, enquanto
eu lidava com a empresa ao lado de Alexandre.
Alexandre levou as mãos na borda do meu baby-doll com os olhos fixos aos meus. Ergui o
quadril, ajudando-o a tirá-lo.
Quando ele o fez, apoiou as minhas pernas em seu ombro e, sem qualquer pudor, passou a
língua por toda a minha boceta, fazendo-me estremecer com sua investida tão indecente.
Minhas mãos foram para os cabelos dele, ao mesmo tempo em que ele seguia aumentando
suas investidas de forma gradativa. Conhecendo perfeitamente meu corpo, os movimentos se
tornaram cada vez mais intensos, sugando, chupando e lambendo meu clitóris, como se eu fosse
uma das melhores sobremesas.
E eu, simplesmente, amava sentir o quanto ele amava estar com a boca em mim, me
venerar, certamente era uma das coisas que ele mais gostava de fazer.
Puxei os cabelos dele, no momento em que o senti introduzir um dedo dentro de mim, e
sem me dar chance de respirar, ele colocou mais um, fazendo-me apertar as minhas coxas em
volta dele.
Logo, ele estava se lambuzando de forma tão intensa que apenas alguns movimentos
foram o suficiente para me fazer desmanchar em sua boca. E o indecente não me deu descanso,
enquanto eu tentava controlar o êxtase, vagamente o senti colocar minhas pernas no colchão e se
levantar. Alguns instantes depois, ele voltou, senti os lábios gostosos deixando uma trilha de
beijos e chupões, roçando a barba por todo o caminho até chegar aos meus seios.
Ele os sugou e mordeu com intensidade, enviando arrepios por todo o meu corpo, antes de
se ajeitar entre as minhas pernas.
— Por Deus, Alexandre — gemi em antecipação no momento em que o senti passar o pau
em minha entrada, espalhando toda a minha lubrificação.
— Preciso sentir você, amor — disse, a voz carregada de desejo.
Cravei minhas unhas nos ombros dele e me senti estremecer no momento em que ele se
afundou em mim, rosnado algo inteligível, à medida que retrocedeu e se enterrou mais fundo.
Passei as minhas pernas em volta dele e comecei a me movimentar, incapaz de ficar
parada, enquanto aquele homem arremetia tudo o que podia de mim. Os corpos já se
encontravam suados, a intensidade era única e surreal, enquanto nos entregávamos totalmente ao
momento.
Eu simplesmente amava a forma que Alexandre lidava comigo, parecia saber identificar
perfeitamente como eu precisava dele. Ora era selvagem, puxando o meu cabelo e me mordendo
inteira. Ora ele era intenso e carinhoso, assim como estava sendo nesse momento.
Amava todas as suas versões, das mais indecentes e brutas, as mais intensas e
apaixonantes. Mais uma vez, eu estava me entregando incondicionalmente, a verdade era que
estava pronta para seguir dessa forma pelo resto das nossas vidas.
Não fazia ideia de quanto tempo fomos capazes de nos entregar daquela forma, mas em
dado momento, depois de sussurrar todas as indecências que ele dizia ser românticas, Alexandre
tomou minha boca em um beijo lento e cheio de fervor, ao mesmo tempo em que aumentou as
investidas.
Levando-me exatamente para onde ansiávamos. Eu me desmanchei nos lábios dele com
um grito descontrolado, e como se aquilo fosse o que ele precisava para se entregar, ele veio
atrás de mim, urrando meu nome e deixando todo o seu prazer.
— Caralho, Docinho, você é deliciosa. — Ele arfou e saiu de mim, no minuto seguinte,
com a respiração irregular, inclinou-se para deixar um beijo em meus lábios, antes de jogar o
corpo para o lado e me puxar para me deitar sobre ele.
Permanecemos naquela posição gostosa, trocando algumas carícias por um bom tempo,
antes que eu decidisse me levantar. E quando o fiz, fui surpreendida com as mãos de Alexandre,
impedindo-me de deixar a cama.
Sem questionar, assisti-o se sentar e me incentivar a ir com o corpo para cima dele. E
assim eu fiz, enquanto ele se recostava na cabeceira da cama. Passei as mãos em volta do
pescoço dele e me inclinei, deixando um beijo rápido nos lábios dele.
Então, eu o medi com o olhar.
— O que foi, senhor Sanchez?
— Eu estava aqui pensando em como sou sortudo por ter vocês — ele disse e levou a mão
na minha barriga. O sorriso foi inevitável.
— Eu também sou, amor, não imagina o quanto sou grata por tudo o que vivemos até
aqui.
— E ainda temos muito o que viver — falou, eu balancei a cabeça em concordância,
sentindo os olhos lacrimejarem.
— Meus hormônios estão à flor da pele — justifiquei, no momento em que ele levou a
mão em meu rosto e enxugou as lágrimas que teimavam em querer cair.
— Meu amor, meu Docinho, minha vida — ele sussurrou, mantendo meus olhos fixos a
ele. — Esse é apenas o começo de uma vida inteira juntos.
— Sim, é — disse, a voz embargada.
Os lábios dele se curvaram em um sorriso e ele se inclinou, deixando um beijo suave na
pontinha do meu nariz, então, os lábios dele foram ao encontro dos meus.
— Eu te amo, incondicionalmente — ele sussurrou, afastando-se para me olhar.
Os olhos dele alcançaram os meus, demonstrando com o olhar o quanto ele era louco por
mim, mas não só isso, sentia com apenas um olhar que ele daria a vida por mim, por nós. E eu
não poderia estar mais feliz, por ter esse homem em minha vida.
— Eu amo você, Alexandre, incondicionalmente — respondi, no minuto seguinte, arqueei
as sobrancelhas, notando com o pulsar entre as minhas pernas, que ele estava pronto para mim.
Apenas com uma pequena troca de olhar, soube que, assim como eu, ele ansiava por mais.
Ansiava por se conectar comigo, da mesma forma que eu precisava.
Ergui um pouco o quadril e deixei que ele se ajustasse em mim, afundando-se tão
lentamente, que chegava a ser torturante. Uma tortura tão gostosa que era capaz de causar um
choque intenso, enquanto seguia mais uma vez, abrindo espaço dentro de mim.
Um indecente, sim, mas um indecente que a partir do momento em que estivemos juntos,
dedicou toda a sua vida para mim, para nós. E eu não poderia ansiar por nada mais, a não ser
passar uma eternidade ao lado dele.
Tê-lo comigo, apenas isso bastava para mim.
FIM
AGRADECIMENTOS
Olá, minhas leitoras maravilhosas.
Chegamos ao fim de mais um livro e, mais uma vez, eu só tenho a agradecer, primeiramente a
Deus, por me permitir finalizar essa história.
As minhas betas e amigas maravilhosas, Andrêa Borges, Ana Paula Santos, Ana Perla, Karoline
Bittencourt e Laudiane Marinho. Aquelas que estão sempre de prontidão para me acalmar em
meio a surtos e inseguranças, que me ajudam a reerguer a confiança que eu preciso para
continuar escrevendo cada linha. Eu amo vocês.
A Patrícia Suellen pela revisão que se dispôs a segurar a minha mão e me entregar mais um
trabalho com um tempo extremamente apertado, ainda assim, entregando uma revisão impecável
como sempre.
A Vic Design por mais uma vez aquecer meu coração com uma capa exatamente como queria.
A Mr. Greek Arts, por me fazer surtar com a ilustração perfeita, que me deixou completamente
apaixonada. Espero que essa seja a primeira ilustração de muitas que faremos juntas.
A Vanessa Pavan, que entrou na minha vida para me dar a direção que eu precisava, e me
mostrar o caminho quando me sinto perdida.
A M. Colchero, que se dispõe a me socorrer sempre que eu grito, sou eternamente grata.
A meu marido e família, que estão sempre me apoiando e acreditando em mim. Eu amo vocês.
E por último, mas não menos importante, agradeço a cada uma de vocês, por darem uma chance
a essa história e por estarem comigo em mais um lançamento.
Todas vocês têm um cantinho especial no meu coração. As que deixam suas avaliações, as que
me mandam direct e estão sempre presentes no insta, as que estão sempre bagunçando no grupo
do WhatsApp, meu muito obrigada a todas. Vocês são fodas!
SOBRE A SÉRIE BILIONÁRIOS
Esse foi o terceiro livro da série, teremos pelo menos mais quatro histórias independentes,
confira também:
VOCÊ PERTENCE A MIM – LIVRO 1 (Rafael e Bianca) | LEIA AQUI

Reencontro + CEO Rendido + Sob o Mesmo Teto.


SINOPSE:
Vocês acreditam em destino? Acreditam que duas pessoas que verdadeiramente se
amam e foram feitas uma para outra são capazes de se encontrar? Ou melhor, viver um amor,
mesmo com todos os percalços que podem encontrar pelo caminho?
Sim, Rafael e Bianca estão destinados, e este livro veio para mostrar a vocês que,
independentemente do cenário, ela pertencerá a ele.
Prontas para embarcar comigo nessa história?
Bianca Martins está finalmente alcançando o patamar que sempre desejou. Ela não vê a
hora de terminar a sua pós-graduação para colocar em prática tudo aquilo que aprendeu na
faculdade de Arquitetura paisagista.
Seu maior sonho é trabalhar na empresa de Carlos Mancini. Um arquiteto renomado,
conhecido como exemplo por todos da área.
Então, Bianca decide focar apenas nos estudos, sem dar brecha para romances que podem
afastá-la de seu objetivo.
E tudo está indo muito bem, até que em uma noite curtindo com sua melhor amiga, um
homem misterioso e imponente cruza o seu caminho.
Rafael Armani.
Ele é exatamente o tipo de homem que Bianca tenta se manter longe, desde sua desilusão
com um homem que ela pensou que fosse o amor de sua vida.
Mas quanto mais ela tenta fugir desse homem misterioso, mais o destino parece jogá-la
para ele.
Como se não fosse o suficiente ter que lidar com aquele homem, ela recebe uma notícia
que vira seu mundo do avesso.
Agora, ela se redescobrirá, ao mesmo tempo em que tentará de todas as formas não cair na
cama daquele homem misterioso.
Mas ele não desiste do que quer. Mesmo que Bianca proteste, ele já decidiu. Ela pertence
a ele.
Bianca conseguirá se manter longe da cama de Rafael Armani? Ou acabará cedendo aos
encantos desse homem que ela jura que será sua perdição?

SALVANDO O CEO – LIVRO 2 (Carlos e Vivian) | LEIA AQUI


Age Gap + Pai da melhor amiga + Romance Proibido + Segunda Chance.
SINOPSE:
Carlos Mancini é o CEO da maior empresa de Arquitetura e Paisagismo do país. Com o
passado cheio de mágoas, ele se fechou para o amor e dedicou a sua vida apenas aos negócios e a
cuidar de longe de sua filha, Bianca Martins. Depois de ter sua vida virada do avesso, ele estará
retomando o controle da sua empresa, ao mesmo tempo que finalmente se aproximará de sua
filha.
O que Carlos não esperava era que, no momento em que sua filha entrasse para sua vida,
ele conheceria de perto sua melhor amiga, Vivian Bittencourt.
Uma mulher sexy, divertida e envolvente.
A atração entre os dois é imediata. E, geralmente, Carlos não é o tipo de homem que deixa
uma oportunidade passar, mas ele sabe que a única mulher com a qual ele não deveria se enfiar
era Vivian. Como se não bastasse a garota ser 20 anos mais nova, ainda era a melhor amiga de
sua filha.
Isso era loucura.
Carlos tentará lutar contra esse desejo, mas Vivian não está disposta a facilitar. Ela tomará
como seu objetivo salvá-lo de uma vida solitária e vazia. Ele tentará resistir, mas até quando?
PRÓXIMO LANÇAMENTO: ALEXANDER E RAISSA – LIVRO 4 | MARÇO 2024.
Me siga no Instagram para saber mais sobre os próximos lançamentos: @autora.mayaradias
PS.: Sintam-se à vontade para surtar comigo no direct, eu amo!

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