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Copyright © 2021 Vania Freire

Capa: Barbara Dameto


1° Revisão: Flávia Saldanha
2° Revisão: Natalia Souza
Diagramação: Vania Freire
_________________________
O CEO FALIDO
Vania Freire
1ª Edição — 2021
_________________________
Registro:

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consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Índice
Mensagem da autora
Sinopse
Capitulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capitulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
capítulo 8
Capítulo 9
Epílogo
Agradecimento
Outras obras
Redes Sociais
Mensagem da autora

Primeiro eu gostaria de agradecer pelo seu desejo de conhecer


minha obra.
Ano passado, a Juliana Mesquita e Anu Marrone, da assessoria
CRAZY HOT FOR BOOKS, me convidaram para participar da
antologia CEO, porém não pude naquela época.
Mas a vontade de escrever um CEO ficou na minha cabeça e foi
uma delícia escrever este conto. Cristal e Rodolfo chegaram para
mim em um sonho e eu não poderia escrever a história deles
naquele momento, porque estava no meio da escrita de outro
romance.
Mas eles eram tão intensos, que não deixavam minha mente em
paz, então eu parei o que estava escrevendo e comecei a contar a
história deles.
É uma história rápida, recheada de sensualidade e, claro, muito
amor.
Eu desejo que vocês gostem de lê-la tanto quanto eu gostei de
escrevê-la e que seja uma leitura proveitosa para você e, por favor,
ao final, se puder, avalie.
Sinopse

Cristal veio da pobreza e conseguiu fortuna, mas não


prestígio!
Sua empresa fatura muito, mas o mundo de negócios
dos varejistas é dos homens e por mais que seja
competente, não consegue muita visibilidade. Então ela
aceita a sugestão do seu assistente: contratar um CEO.
Rodolfo, um CEO falido, que trabalhou duro para tirar
a empresa do sogro da quase falência e a transformou uma
das mais lucrativas do meio varejista, perdeu tudo quando
sua noiva desistiu do casamento e o sogro o demitiu.
Uma proposta foi feita, era algo somente sobre
negócios, mas eles não tinham como fingir que não existia
atração sexual.
Agora ambos vão tentar preservar o coração, ou não.
Capítulo 1
Rodolfo

“Rodolfo Andrade, o CEO falido”, dizia a matéria do jornal que


eu arremessei longe. Vejo-o cair no chão em um canto com algumas
caixas da mudança. Jogo um olhar na mesa e vejo os vários
envelopes de cartas, todas de cobrança, denunciando que a
reportagem não é Fake News, eu realmente estou falido.
Perdi quase tudo o que conquistei com trabalho árduo.
Fecho meus olhos e faço um movimento de cabeça tentando
afastar os pensamentos negativos, mas eles vêm aos montes não
me dando um minuto sequer de sossego.
Com um forte suspiro, caminho em direção a algumas caixas
vazias e jogo sem nenhum cuidado algumas peças de roupas dentro
delas. De vez em quando meus olhos batem naquele maldito jornal
e minha raiva aumenta cada vez mais, e é simplesmente impossível
não me lembrar do meu passado tão recente.
Há aproximadamente 8 meses eu era considerado um dos
homens mais poderosos do meio varejista do Brasil, comandava
uma empresa com mais de 40 mil funcionários. Contudo eu apenas
administrava, a empresa não era minha, e sim do meu sogro e da
minha noiva, esse foi o maior erro da minha vida, me empenhar
tanto em algo que de fato não era realmente meu, porém, até há
alguns meses, eu nunca poderia imaginar que perderia tudo de um
dia para o outro.
Conheci Solange há uns 5 anos, uma mulher linda, e eu fiquei
completamente fascinado por ela. Em pouco tempo estávamos
namorando e quando ela me apresentou seu pai, Augusto Ferraz,
eu o reconheci imediatamente.
Na época, estava trabalhando em uma empresa concorrente à
dele e eu sabia que a Ferraz imóveis estava em uma péssima
situação no mercado, havia rumores de que em breve entraria em
falência.
Conforme meu relacionamento com Solange progredia, minha
relação com seu pai seguia pelo mesmo caminho, então foi fácil
aceitar o convite para trabalhar na empresa e quem sabe conseguir
tirá-la do vermelho, o que de fato consegui, não foi uma tarefa fácil e
levou mais de 2 anos até que a Ferraz Imóveis voltasse a dar lucro.
Nessa época, eu pedi Solange em casamento, afinal não via meu
futuro com outra mulher que não fosse ela.
Nos 2 anos seguintes, fiz a empresa prosperar a níveis
exorbitantes, meu sucesso na administração da empresa se tornou
conhecido no meio e ganhei o prêmio de melhor CEO do ano.
Mas o sucesso no ramo também me trouxe algumas dores de
cabeça, a boa convivência com meu sogro foi se desvaindo quando
algumas desavenças se fizeram presentes. Eu queria investir no e-
comércio, e ele via essa estratégia como muito arriscada.
Meu relacionamento com Solange também começou a
balançar, começou por causa de um ciúme bobo.
Certo dia, ela me acompanhou em um jantar de negócios,
algo que quase não fazia, que achava monótono, mas dessa vez
quis ir. Seu interesse tinha nome, ou melhor, nomes, Luiz Alvarenga
e Cristal da Silva.
Luiz é conhecido por comprar empresas em dificuldades
financeiras e desmembrá-las para obter lucro, fez uma enorme
fortuna e hoje em dia é um dos homens mais ricos do país.
Já o conhecia, mas sua acompanhante, não.
Cristal era nova no ramo do varejo, sua empresa vinha
despertando o interesse de vários investidores, mas nenhum ainda
investiu nela, pelo simples fato de ser mulher.
É triste e machista, mas é uma realidade. O mundo dos
investidores e empresários do varejo era em sua maioria homens,
as poucas mulheres que administravam seus negócios o tinham
herdado de seus pais, nenhuma veio do nada, começou de baixo e
alcançou o sucesso com o suor do seu rosto.
Mas não foi sua competência nos negócios que chamou a
minha atenção, foi o seu sorriso sedutor, sua boca carnuda e seu
corpo escultural. Não tinha um único homem que não virava a
cabeça ao ver aquela negra sexy passar.
Ela caminhou em minha direção e por um momento foi como
se só existisse eu e ela naquele lugar. Cristal não parou, mas seu
aroma me pegou em cheio e involuntariamente, virei a cabeça para
segui-la.
Um forte beliscão em meu braço me fez virar o rosto e fitar
minha noiva furiosa. Dali em diante o evento se tornou insuportável.
Quando finalmente fomos apresentados a Cristal e a Luiz,
Solange foi extremamente indelicada com a linda negra que se
comportou com educação, não perdi o enlaçar de cintura quando
Luiz a aproximou do seu corpo, como também não perdi que ela
ficou tensa, me levando a crer que eles não eram amantes.
Após receber o prêmio e fazer um curto discurso, saio do local
com minha noiva espumando de raiva, brigamos a noite toda, ou
melhor, ela gritou e eu fiquei quieto assumindo meu erro.
Depois daquele dia meu relacionamento nunca mais foi o
mesmo e 6 meses depois encontrei Solange e Luiz na cama.
Terminamos o noivado, meu sogro me demitiu e investi todo meu
dinheiro na bolsa de valores, veio a pandemia e eu perdi tudo, ou
quase tudo, me sobrou o apartamento e meu carro que pretendo
vender e iniciar um novo negócio.
Jogo as lembranças amargas no fundo da minha mente e
novamente olho o maldito Jornal, com o cenho franzido caminho em
direção a ele, inclino meu corpo e pego as folhas amaçadas.
Leio a matéria completamente e descubro que Cristal é uma
das concorrentes a melhor empresária do ano, ela fez uma jogada
muito inteligente e apostou no e-comércio e foi uma das poucas
empresas que teve lucro na pandemia.
— Ela não tem a menor chance de ganhar — murmuro
jogando o jornal longe.
Novamente a lembrança dela me faz suspirar e um sorriso
preguiçoso brinca em meus lábios.
― Tantos meses se passaram e eu ainda não esqueci o
nosso único encontro. ― Rio alto ao me lembrar de quantas vezes
me masturbei pensando naquela mulher.
Meu celular vibra indicando uma mensagem, o busco no bolço
traseiro da minha calça e bufo ao ver que é uma mensagem de um
antigo concorrente da Ferraz imóveis.
Desde que fui demitido, venho recebendo várias propostas de
trabalho, mas nunca mais irei cometer o mesmo erro, eu sei o meu
valor, sei do meu potencial e eles também sabem, e de agora em
diante, eu vou usar tudo que eu sei em benefício do meu próprio
negócio.
Capítulo 2

Cristal

Seguro um sorriso ao ouvir ser anunciado como vencedor o


meu concorrente na disputa pelo prêmio de melhor empresário do
ano. Sorrio largo, bato palma, mantenho firme a imagem calma e
singela, como se realmente não me importasse com quem
ganhasse.
O que é uma tremenda mentira, apesar da postura tranquila,
por dentro estou sentindo meu sangue borbulhar de raiva.
Pelo canto do olho vejo Luiz caminhando em minha direção
com um sorriso sonso nos lábios, com certo amargor noto que ele
está perto demais para sair sem parecer mal educada.
O conheço há aproximadamente 2 anos, ele é um homem
extremamente atraente e sofisticado, mas a sua boa aparência não
consegue mascarar o seu caráter, pelo menos não para mim.
Luiz Alvarenga é um sagaz investidor e vê em minha empresa
um bom investimento, o problema é que eu não confio nem um
pouco nele, e estou indo bem sozinha e quero continuar
caminhando dessa forma, sem falar nessa irritante mania dele de
achar que é o homem mais gostoso da face da terra e que todas as
mulheres irão abrir as pernas para ele.
Ridículo.
— Minha querida Cristal, que pena que não ganhou, mas
devo confessar que a sua empresa é de longe a que mais teve
sucesso esse ano, é simplesmente surpreendente as estratégias
que você aplicou nos últimos meses, enquanto a maioria das
empresas fecharam no vermelho a sua vem crescendo cada dia
mais. — Me oferece um sorriso bajulador.
— Obrigada. — Me limito a dizer, no entanto, ele não falou
nenhuma mentira. Enquanto estávamos na pandemia, minha
empresa foi uma das poucas do ramo do vareja a ter lucro. Porém, o
sucesso não me garantiu o tão almejado prêmio.
Quando todas as minhas lojas físicas fecharam
temporariamente por causa da pandemia, eu investi forte no e-
comércio e para não demitir nenhum funcionário, implantei um
programa de coparticipação, no qual meus funcionários ganham
uma porcentagem das suas vendas feitas em suas redes socias.
Não vou dizer que tive a mesma margem de lucro de antes do
mundo virar de ponta cabeça, mas não demiti nenhum funcionário,
mantive todas as minhas lojas, mesmo fechadas, e não fechei no
vermelho.
Em contrapartida, eu não sei o que é dormir direito há meses,
minha saúde está em frangalhos, coluna inexistente e hoje foi a
primeira vez que eu pus um salto e me arrumei em meses, esses
são os males de cuidar de tudo sozinha, mas apesar do cansaço
físico, minha consciência está em paz, prefiro assim a me associar a
uma pessoa como Luiz.
Mas são pessoas como ele que dominam esse nicho, corro o
ambiente com os olhos, todos que concorreram ao prêmio comigo
eram homens, eu era a única mulher.
— Se você aceitasse a minha proposta para investir no seu
negócio, talvez fosse mais fácil vencer no próximo ano. — Sinto seu
dedo passar de leve no meu braço e um asco sobe por minhas
entranhas.
Me afasto dele de forma nada sutil e retiro o sorriso dos meus
lábios.
— Luiz, eu já lhe disse mais de uma vez que não tenho
nenhum interesse em um investidor, eu cuido muito bem da minha
empresa sozinha! — Saliento soando séria.
— Um investidor não serve apenas para investir dinheiro,
também ajuda a passar seriedade.
— Eu não passo seriedade? Você se esqueceu que eu sou
uma das concorrentes ao prêmio de melhor empresária do ano?
— Eles apenas te convidaram para ficar bem na mídia, afinal
seu comércio é popular, trouxe publicidade para o evento e de
quebra as outras empresas acabaram colhendo frutos com essas
exposições, mas todos sabiam que você não tinha a menor chance
de ganhar, foi apenas uma jogada de marketing.
E eu engulo em seco, sequer consigo rebater, porque bem lá
no fundo eu sabia que ele não estava falando nenhuma mentira.
Durante as últimas semanas dei várias entrevistas para jornais,
revistas e até alguns programas de TV.
Cristal, a empreendedora negra que saiu da favela e venceu
na vida. Essa era a chamada do jornal, eu fiquei feliz, realmente
orgulhosa, cheguei a recortar a reportagem e pôr em um quadro.
A comoção popular era grande, estava tão certa que ganharia,
afinal minha empresa merecia isso, eu merecia, batalhei duro para
ter o reconhecimento. Mas não importava os números obtidos, não
importava os resultados favoráveis ou as metas alcançadas.
Nada disso importava.
Eu fingia não ouvir quando eles sussurravam que eu era nova
demais, que tive sucesso rápido ou pior quando insinuavam que
minha beleza tinha me ajudado. Esses eram os piores comentários.
É obvio que nem todos eram assim, alguns eram educados,
respeitosos e expressavam sua sincera admiração pelo meu
sucesso nos negócios.
Começo a me sentir sufocada e sinto que se não sair dali
imediatamente, irei surtar.
— Com licença. — Me afasto antes que ele abra a boca para
falar mais alguma coisa.
Saio daquele evento como entrei: altiva e com a cabeça
erguida, distribuindo sorrisos por onde passava, eu sabia que um
dia eles iriam me ver de forma diferente.
Mas essa postura não durou, assim que entrei no meu carro
soltei um longo suspiro e senti meus olhos marejarem, meus lábios
tremerem, mas engoli o choro até chegar em casa, até tirar a roupa
sofisticada que eu vestia, até estar debaixo da água gelada, aí eu
chorei, desabei, sozinha, sem ninguém ver.

Deitada em minha cama, fungo e olho o teto e penso em tudo


o que passei para chegar até onde estou. Comecei a trabalhar cedo,
assim que terminei o ensino médio, não tinha mais como morar na
casa da minha mãe, não quando ela sentia ciúme do seu marido
comigo e me acusava de nomes terríveis.
Eu forço minha memória, procurando um momento em que
ela foi carinhosa comigo e não me recordo, mas deve ter havido,
afinal ela me deu o nome de Cristal e tinham fotos nas quais estava
escrito que eu era seu cristalzinho, mas algo mudou depois que meu
pai foi embora, nunca descobri o que houve e há muito tempo perdi
completamente o interesse.
Ao terminar a escola, fazer faculdade não era uma opção, não
tinha recursos financeiros para isso, então eu fui trabalhar, vender
bijuterias, roupas e perfumes de porta em porta, eu tinha 17 anos na
época e saía de casa às 6 da manhã com uma bolsa lotada de
bugigangas e voltava a noite quando ela estava vazia.
À princípio vendia na comunidade que morávamos, depois
comecei a vender em outros lugares, quando fiz 18 anos ficou
insuportável continuar na casa da minha mãe, seu marido estava
cada vez mais atrevido e minha mãe nunca ficava do meu lado.
Como já tinha juntado um bom dinheiro, aluguei um quarto no
centro do Rio de Janeiro e comecei a trabalhar como camelô na
Uruguaiana, não vendia mais de casa em casa, eu tinha um ponto e
notei que minhas clientes vinham até a mim, e descobri também que
a educação junto com carisma era meu ponto forte.
Dois anos depois eu já tinha três pontos de vendas, e decidi
me aventurar em abrir uma loja e legalizar a minha empresa, a
chamei de Cristal bijuterias e assessórios, eu só não contava que
seria tão caro e teria tanta burocracia, mas fui em frente, porque
desistir não era uma opção.
O tempo foi passando, as dificuldades sendo superadas e em
três anos eu tinha várias lojas na zona oeste, norte e no subúrbio do
Rio de janeiro, mas eu queria mais, queria pôr minha loja em um
shopping luxuoso, e quando surgiu a oportunidade eu comprei uma
loja.
Muitos me chamaram de maluca, que a minha loja não fazia o
perfil daquele shopping de alto padrão, que eu não iria vender nada.
Eu apenas sorria porque eu conhecia os trabalhadores daquele
local, não eram as patroas o meu público alvo e sim suas
empregadas.
Aquelas mulheres que passam a semana inteira no trabalho e
vão para casa de 15 em 15 dias, que não compram nada perto de
onde trabalham porque é tudo muito caro, e foi pensando nelas que
eu segui em frente.
E deu muito certo!
Já se passaram mais de 6 anos desde que abri aquela
primeira loja, hoje em dia tenho mais de 20 lojas espalhadas por
todo Rio de Janeiro e eu achei que diante ao meu sucesso
profissional as coisas seriam mais fáceis.
Ledo engano.
Solto um longo suspiro e me viro na cama.
― Amanhã eu volto a ser a mulher forte de sempre, mas hoje,
apenas por essa noite eu vou chorar ― murmuro virando de lado e
deixando o pranto me dominar.
Capítulo 3

Cristal

― Eu não acredito que você não ganhou. ― João se joga no


sofá e bufa. ― As lojas Cristal são as que mais tiveram bons
resultados.
― Será mesmo? ― Minha voz soa desanimada.
Estamos em meu escritório que mantenho em cima da minha
primeira loja do centro do Rio de Janeiro, pela janela vejo a
movimentação das pessoas entrando de mãos vazias e saindo com
várias sacolas da minha loja.
― Mas você tem razão, a minha empresa pode ter sido a que
teve uma das melhores margens de lucro, mas para eles eu não
tenho perfil para ser a empresária do ano, acho que sou popular
demais ― comento dando de ombros.
― Só porque é mais nova que eles, não significa que seja
incompetente ― meu amigo e assistente soa indignado.
― Eu passei a noite péssima por isso ― confesso com um
suspiro. ― Mas já amanheceu e temos muito trabalho a fazer. ―
Ofereço-lhe um sorriso confiante.
― Você está certa, já passou, vamos trabalhar. Você
conseguiu fechar com a empresa dos Estados Unidos?
― Consegui, mas com os valores bem acima do esperado.
Não consegui negociar um bom contrato, eu simplesmente odeio
essa parte do meu negócio. Amo ligar para os clientes, pôr a mão
na massa, cuidar das estratégias de marketing, enfim, amo tudo,
menos essas negociações. Às vezes me dá vontade de contratar
alguém só para cuidar disso. ― Me encosto na cadeira e solto um
leve gemido.
― E a empresa da China, ainda nada? Esses produtos
vendem muito nas lojas.
― Esses estão me enrolando há mais de 3 meses.
― Cristal, talvez esteja na hora de você contratar um CEO.
Sua empresa está crescendo e ganhando visibilidade, como você
mesma disse, é muito boa em estratégia de marketing, com os
clientes, e administra bem o seu dinheiro, mas quando o assunto é
fechar contratos, principalmente os internacionais, é sempre muito
estressante.
― Contratar um CEO? ― indago com o cenho franzido. ― Eu
lá vou pagar alguém para mandar em mim e na minha empresa? ―
zombo fazendo um meneio negativo.
― Ele não iria necessariamente mandar em você ou na sua
empresa, apenas administraria melhor essa parte burocrática e você
poderia se dedicar ao que mais gosta, poderia abrir mais lojas, dar
mais oportunidades de trabalho. Eu acho que seria uma boa ideia ―
conclui me olhando sério.
― Você realmente acha que seria uma boa ideia? ― inquiro
com o cenho franzido.
João começou a trabalhar comigo há 8 anos, na época ele
trabalhava em uma barraca ao lado da minha, eu o chamei para me
ajudar e hoje é meu assistente e amigo, confio muito na sua opinião.
― Sim, Cristal. ― Ameniza o tom de voz. ― Isso faria com
que os empresários vissem a empresa com outros olhos, traria mais
credibilidade e crédito no mercado, é uma boa solução.
― E onde eu poderia encontrar um CEO que seja confiável e
que não vá querer roubar a minha empresa? ― Cruzo meus braços
ainda meio cética quanto à ideia.
O sorriso travesso nos lábios de João me faz perceber que ele
já tem alguém em mente.
― Eu acho que sei de uma pessoa excelente para o cargo. ―
Sorri enquanto busca o celular e mexe um pouco, em seguida
escorrega o aparelho em minha direção.
Com o cenho franzido, pego o objeto sem desviar meus olhos
dos dele.
― Olha, é uma excelente ideia ― incentiva com um
movimento de cabeça.
Bufo e fixo meus olhos no celular, e é impossível conter a
minha surpresa.
― Você deveria contratar o CEO falido ― João diz convicto.
Leio a reportagem sentindo certo incômodo. O mesmo jornal
que fez uma reportagem me glorificando, fez outra manchando a
reputação de um dos homens mais admirados no nicho que
trabalho.
Mesmo eu, que não tenho muito conhecimento no mercado,
sei que Rodolfo Andrade, é conhecido como o homem que tirou a
empresa em que trabalhava do vermelho e a transformou em uma
das mais lucrativas do Brasil.
― Eu acho uma verdadeira sacanagem o que aconteceu com
ele ― comento enquanto clico na tela para ampliar a imagem dele e
reprimo um suspiro.
Ele é lindo, me recordo de quando o vi pela primeira vez. Por
um breve momento eu me esqueci de onde estava, apenas tinha a
consciência do homem alto, másculo, com uma barba rala, vestido
com um terno escuro, boca carnuda que eu imaginei fazendo um
estrago na minha buceta, seu rosto era sério, mas sexy pra cacete.
Quando ele me olhou, eu fiquei presa em seu olhar, me sentia
cativa, seduzida. Rodolfo sorriu de lado, não, aquilo não foi um
sorriso, foi um leve levantar de canto de boca, como se soubesse
que eu tinha ficado molhada apenas por vê-lo.
Foi a situação mais erótica, imprevisível e louca que eu já vivi
na minha vida.
Não trocamos mais que 3 frases, eu estava acompanhada por
Luiz, que tinha me levado à festa para me apresentar a alguns
empresários, e ele de uma linda loira arrogante.
Não houve toques, apenas olhares roubados enquanto estava
no evento. Isso faz quase 2 anos e até hoje eu não me esqueci do
que aquele homem me fez sentir apenas com um olhar.
Nenhum outro mexeu comigo como ele.
― Eu sabia que você iria gostar. ― A voz maliciosa do meu
assistente chega até a mim me fazendo voltar à realidade.
― Ele tem um bom histórico, todo mundo sabe o que ele fez
com a Ferraz Imóveis. O homem ganhou o prêmio de melhor CEO
por anos seguidos e foi merecido, e esse ano o CEO da Ferraz só
ganhou por causa do trabalho que Rodolfo fez na empresa. Mas
será que ele aceitaria trabalhar para mim?
― E por que não aceitaria?
― Convenhamos, a minha empresa é 10 vezes menor que a
Ferraz Imóveis, será que ele se interessaria em trabalhar comigo?
― indago mordendo o lábio inferior.
― Pelo menos está cogitando a ideia? ― inquire me olhando
com atenção.
Devolvo o aparelho para ele e sorrio, mas não respondo.

Me olho no espelho do carro antes de sair e entregar a chave


ao manobrista do restaurante.
Quando liguei para Rodolfo, usei um tom profissional, mas
fiquei com medo de ele não aceitar, principalmente porque não falei
com ele e sim deixei uma mensagem eletrônica, e qual não foi a
minha surpresa quando ele me retornou com uma mensagem
informando o local e horário que queria se encontrar comigo, e mais
uma vez ele me surpreende, pois não queria me encontrar no meu
escritório, mas sim em um restaurante sofisticado.
Adentro no estabelecimento e após informar que tenho uma
reserva, a recepcionista me leva até a mesa e assim que entramos
no salão, avisto Rodolfo e meu corpo entra em um frenesi, minhas
mãos começaram a suar e meu coração a bater acelerado.
A cada passo que dou em sua direção, eu fico consciente do
seu olhar e meu corpo e minha pele vibram com essa atenção,
minha calcinha está molhada apenas com o olhar desse homem.
Eu engulo em seco e tento controlar minha libido, muita coisa
está em jogo, minha empresa está na reta e com ela muitos
empregos.
Então tesão é a última coisa que eu posso pensar agora, mais
uma vez engulo saliva e abro um belo e cordial sorriso quando paro
de frente à mesa. Se mostrando um cavaleiro, ele se levanta e puxa
uma cadeira para mim.
— Boa noite, Cristal, como sempre belíssima. — Sua voz
rouca e baixa faz novamente meu corpo vibrar.
Seu aroma amendoado me envolve e eu sugo uma boa
quantidade de ar sabendo que aquele será o máximo de
proximidade que teremos.
— Boa noite, senhor Rodolfo.
— Por favor, apenas me chame de Rodolfo, não sou tão mais
velho que você. — Seu sorriso devastador faz-me sentir como se
tivesse um monte de borboletas no estômago.
Decido ficar em silêncio e sorrio, mesmo porque novamente
estou tendo que buscar minha compostura que saiu em disparada
no momento que ele sorriu daquele jeito para mim.
— Eu fiquei curioso com o seu convite — especula.
— Eu gostaria de fazer uma proposta de negócios.
— Ah, então não é algo pessoal? — Não esconde o
desapontamento em sua voz e eu sou obrigada a cruzar as minhas
pernas, tamanho formigamento que sinto nas minhas partes íntimas.
— Não — digo séria, ou tento, mas não sei se sou
convincente.
— Então vamos fazer os nossos pedidos, prefiro fazer
transações comerciais comendo — ele fala a última palavra em um
tom baixo, devagar e em seguida sorri.
— Claro.
Fazemos nossos pedidos e enquanto comemos falo sobre a
minha empresa e em como quero crescer.
— Eu ainda não entendi muito bem. Qual é a sua proposta
profissional? — indaga quando concluo.
— Eu quero te contratar para ser o CEO da minha empresa —
faço a proposta e o observo limpar os lábios com o guardanapo, pôr
em seu colo e em seguida focar sua atenção em mim.
Não sei dizer ao certo por quanto tempo nos olhamos, eu
sabia que aquele era um momento decisivo então eu fiquei em
silêncio enquanto ele se decidia.
Mas nada me preparou para o que ele me propôs:
— Eu aceito com uma condição: case-se comigo.
Capítulo 4

Rodolfo

Vejo a linda mulher a minha frente abrir e fechar a boca


algumas vezes. Sem desviar meus olhos dela, busco a taça de
vinho branco e a degusto devagar, segurando um leve gemido.
Pedi-lhe em casamento em um impulso, e a cada segundo
que passa a ideia me parece mais sedutora, sem falar que há muito
tempo eu aprendi que minhas melhores decisões vêm de puro
instinto.
Mas não posso negar que a atração que sinto por ela pesou
na minha decisão repentina. Estou duro desde o momento em que a
vi. A verdade é que desde a hora que recebi a sua ligação, a minha
imaginação não para de agir.
Eu sabia que muito provavelmente esse encontro seria
profissional, mesmo que lá no fundo conservasse um pouco de
esperança de que fosse algo íntimo e pessoal, mas um encontro
assim não faz o perfil de Cristal.
Ela é nova demais e demonstra uma inexperiência
deliciosamente excitante. Ainda não aprendeu a mascarar seus
desejos e eu sei que ela está tão mexida quanto eu, e essa atração
não é de hoje, é de desde a primeira vez que nos vimos.
Naquela época, esse sentimento me pegou desprevenido, eu
não podia sentir, estava comprometido, mas agora não há nada que
me impeça de ter essa mulher pra mim.
― Eu não entendi ― disse por fim e com as mãos trêmulas
pegou a taça com o vinho e engoliu em uma única dose
demostrando nervosismo.
― Sim, você compreendeu perfeitamente, contudo eu não me
importo de repetir. Eu aceito a sua proposta, serei o CEO da sua
empresa, desde que você se case comigo ― falo pausadamente
analisando suas reações e a vejo novamente abrir e fechar a boca.
― Eu não acredito que você está dizendo isso. ― Ela ri e eu
creio que seja de puro nervosismo. ― Por que você iria querer se
casar comigo? ― indaga confusa.
Eu abro um lento sorriso e abaixo a cabeça, mordo meu lábio
inferior antes que eu fale algo de cunho sexual, não é a hora, não
agora.
― Cristal, eu consegui tirar uma empresa do vermelho e fazer
com que ela se transformasse em uma das mais lucrativas do país,
e ao final, fui demitido e hoje me encontro em uma situação
vexatória. Não vou passar por isso novamente.
― Eu ainda não entendi. Por que quer se casar comigo?
― Por tudo o que falou, você não tem a menor pretensão de
abrir o capital da sua empresa.
― Não tenho mesmo.
― Se fosse o contrário eu exigiria uma quantidade de ações
como uma forma de garantia.
Ela me olha como se eu fosse um completo louco.
― Um CEO sem poder não é um CEO, e um sem ações
pode ser facilmente destruído, aprendi essa última lição a duras
penas. Se você apenas me contratasse como um simples
empregado, eu não teria autoridade para fazer a sua empresa
crescer e ganhar credibilidade no mercado.
― Mas eu vou te pagar um bom salário ― insiste.
― O meu preço é o casamento! ― digo categoricamente. ―
Obviamente faríamos um contrato no qual garantiria a propriedade
da sua empresa e nosso casamento seria em regime parcial de
bens, ou seja, o que você tem hoje continuaria sendo seu, e eu teria
direito a 15% do futuro faturamento líquido da empresa.
― Você só pode estar de brincadeira.
― Obviamente que não.
― Senhor Rodolfo, eu vim para te oferecer um acordo
comercial.
― E eu estou te fazendo uma contraproposta.
― E desde quando casamento é comercial?
― Desde que o mundo é mundo.
― Não em meu mundo. Eu vim de baixo, senhor Rodolfo, nas
favelas da vida a gente não se casa, se junta e no final do mês reza
para pagar as contas ― diz com fala carregada de gíria e eu mordo
o interior da minha bochecha impedindo um sorriso.
― Mas você quer entrar no meu mundo, onde o casamento
muitas vezes não passa de um acordo de negócios. Eu investiria na
sua empresa... ― Vejo que ela faz menção de protestar e eu seguro
sua mão em cima da mesa.
Por um momento, eu esqueço completamente a linha de
raciocínio, é a primeira vez que a toco, minha mão é maior que a
dela e a cobre completamente, seus dedos são pequenos, delicados
e frágeis. Devagar, percorro seu braço com o olhar até o seu
delgado pescoço.
Seu volumoso cabelo está preso em um rabo de cavalo, na
pequena orelha, uma diminuta argola de ouro junto com uma
simples corrente ao redor do seu pescoço são os únicos enfeites
que a adornam, sua boca em um tom vermelho, lábios grossos,
olhos castanhos escuros, cílios pequenos, sua pele negra é linda,
essa mulher é absurdamente linda.
Cristal é toda pequena, singela, dá vontade de pôr no colo e
proteger, dá vontade de tê-la para mim, só para mim.
― Minha empresa não precisa de investimento de dinheiro,
ela vai muito bem, eu apenas quero alcançar novos mercados ―
sua voz me traz de volta ao assunto e eu balanço levemente a
cabeça para me concentrar.
― Investimento nem sempre é sobre dinheiro, mas muito
provavelmente, se realmente quiser investir no mercado
internacional, vai precisar de investidor, sim ― retruco.
Ela bufa e puxa sua mão, eu nem tento oferecer resistência.
― Nossa conversa acaba aqui, senhor Rodolfo.
― Cristal... ― Ela mal me dá tempo de falar alguma coisa, se
levanta e sai do restaurante
Rapidamente faço um leve movimento de cabeça e o garçom
entende que eu quero a conta. Após pagá-la saio do restaurante o
mais rápido que consigo e suspiro ao ver que Cristal está com a
cabeça encostada no carro.
— É perigoso ficar em um estacionamento sozinha. —
Modero meu tom de voz para não assustá-la.
— Vim de lugares mais perigosos que este — sua voz soa
cansada.
— Cristal, eu.... — Ela não me deixa terminar.
— Eu pensei que com você seria diferente, mas você me vê
como uma menina inexperiente que apenas tem sorte nos negócios,
não me leva a sério.
— Não, eu não te vejo como menina.
Sem conseguir mais me controlar, seguro a sua cintura, giro-a
de frente para mim e a beijo.
Estou almejando beijar a boca desta mulher desde o momento
em que recebi sua ligação nesta manhã, não, minto, há muito mais
tempo, mais em nenhum dos meus devaneios eu imaginei que ela
seria tão suave.
Sim, essa é a melhor definição para Cristal. Sua pele é
sedosa, macia, sua boca é um verdadeiro oásis e eu estou sedento
por ela.
Aprofundo o beijo, circulo sua cintura e a aproximo do meu
corpo. Ela geme e eu a aperto com mais força, sugo seu lábio
inferior e volto a introduzir minha língua na sua boca enquanto
minhas mãos percorrem seu corpo.
Nos separamos brevemente para buscar ar, muito rápido,
porque eu simplesmente não consigo ficar longe dela. Eu me
esqueço onde estou, pouco me importava se alguém está nos
vendo, eu só tenho consciência da mulher em meus braços.
Até ela se afastar timidamente, e o vento quente da noite do
Rio de Janeiro me fazer suspirar. Não tento esconder minha
excitação, seria impossível.
Eu a queria demais e tinha dado um passo muito grande para
recuar.
— Isso é loucura. — Ela passa os dedos em seus cabelos.
— Nós dois sabíamos que era questão de tempo, a atração
que sentimos um pelo outro está queimando há muito tempo.
— É por isso que quer se casar comigo? Para me comer? ―
inquire nervosa.
Notei que quando está nervosa ela usa um linguajar um tanto
peculiar.
— Não, porém devo confessar que te ver em minha cama
todos os dias atribui um tempero a mais em nosso acordo.
— Se eu aceitar, não terá sexo entre nós dois.
Dou um passo em sua direção, elevo a minha mão e acaricio
seu rosto. Ao contrário do que imaginava, ela não foge do meu
toque.
— Meu pequeno Cristal, uma coisa não está relacionada a
outra. Eu nunca iria te impor nada, mas nós vamos fazer amor,
muitas vezes, independente se fecharmos um acordo de negócios
ou não, o meu corpo e o seu corpo sabem disso. Você me quer
tanto quanto eu e posso afirmar que estou por um triz de dar vazão
ao tesão que você me faz sentir.
A vejo ofegar, morder o lábio inferior e depois suspirar.
— Eu não posso fazer isso. — Seus olhos se enchem de
lágrimas e algo se quebra dentro de mim.
Não quero ver minha Cristal triste.
— Vem comigo — peço segurando sua mão.
— Para onde? — pergunta, confusa.
— Para o meu apartamento, vamos conversar com mais
privacidade — concluo.
― Eu não vou ir ao seu apartamento, nós mal nos
conhecemos!
― Você prefere ter essa conversa aqui? Ou voltar lá para o
restaurante? Também podemos ir para sua casa, caso prefira. Eu
tenho certeza que você concorda comigo que nossa conversa é
bastante íntima para se ter em um local público ― saliento e a vejo
olhando para os lados com os olhos arregalados.
Pelo jeito não foi apenas eu que perdi a noção de onde
estávamos.
Capítulo 5

Rodolfo

― Eu não sei se seria uma boa ideia. ― Vejo ela morder o


interior da bochecha.
― Podemos deixar para concluir essa conversa em outra
ocasião se você preferir, mas eu creio que você não teria marcado o
jantar para hoje, caso não tivesse certa urgência.
Cristal não fala nada e apenas franze o olhar e me olha
fixamente.
― Eu não vim de carro, moro aqui perto, então teria que ir no
seu carro. Aqui tem câmeras e várias pessoas nos viram no
restaurante, não irá acontecer nada que você não queira. Confia em
mim, Cristal, eu nunca te faria mal. Apenas quero mais privacidade
para conversarmos.
Ela me olha por um momento e faz um movimento afirmativo
de cabeça, depois gira o corpo e abre a porta do carro. Eu contorno
o automóvel e me acomodo no banco ao lado do motorista.
Com poucas palavras indico onde moro e ficamos em silêncio
até entrar em meu apartamento. Vejo Cristal analisando tudo sem
disfarçar a curiosidade.
― Você está se mudando? ― Indica as caixas com um
movimento de cabeça.
― Sim, vou vender esse apartamento e meu carro para
investir em um negócio que pretendia abrir. ― Dou de ombros. ―
Por favor, sente-se, quer beber alguma coisa?
― Apenas água. Pretendia? Desistiu de abrir?
― Isso vai depender da sua resposta a minha proposta.
― Ainda pensando nisso. ― Bufa e eu sorrio virando de
costas e indo em busca da sua água.
― Meus planos eram me mudar para um flat e abrir uma
empresa de consultoria ― explico entregando um copo a ela.
― E o que isso é diferente do que eu te ofereci?
― Você não quer que eu te ensine, ou melhor, você não quer
apenas que eu te ensine, você também quer a minha credibilidade
no mercado. Cristal, você não é a primeira empresária que vem até
mim desde que fui demitido com uma proposta semelhante.
― E por que não aceitou nenhuma, por que se deixou chegar
nesta condição? ― Gira um dedo e eu olho ao redor.
― Porque eu sei o que valho, eu fiz um péssimo investimento,
não estava pensando de forma coerente na época, aprendi com
meus erros, não vou novamente levantar uma empresa e depois ser
demitido como um mero empregado. Ou eu entro ganhando uma
parte do negócio ou nada feito.
― Mas podemos fazer um contrato sem que um casamento
esteja envolvido.
― É, até poderia, mas tem um porém.
― Qual?
― Eu quero você. ― Minha voz baixa um tom.
― Não faz assim, não fala essas coisas.
― Mas é a verdade, neste exato momento eu mal consigo
manter uma conversa racional, todo meu sangue ferve apenas por
estar na sua frente.
― Isso é loucura. ― Ela se levanta e olha para a janela.
Me aproximo e paro perto dela, bem perto a ponto de sentir o
calor que desprende do seu corpo, mas não a toco.
― Concordo com você, uma verdadeira loucura, mas desde
que te propus, não sai da minha cabeça que pode dar certo.
― Você saiu de casa pensando em me propor casamento? ―
ela zomba.
― Não, eu saí de casa com a intenção de sentir o gosto da
sua buceta e te fazer gozar na minha boca a noite inteira.
Ela suspira e eu não perco o leve tremor que passa pelo seu
corpo.
― Eu não quero um marido, quero um CEO para levar a
minha empresa longe.
― Me aceita como seu marido que eu prometo fazer sua
empresa brilhar mais do que você jamais sonhou.
― Podemos ter um caso sem compromisso e você trabalhar
para mim ― sugere em um fio de voz.
― Mas eu não quero um caso sem compromisso, eu quero
você por completo.
― E você seria meu?
Eu sorrio, seguro sua cintura e a aproximo do meu corpo.
— Completamente! — asseguro soando firme.
― Me dá um tempo para pensar?
― Você tem todo tempo do mundo, minha Cristal. ― Acaricio
seu rosto.
Beijo levemente seus lábios e um frenesi se instala dentro de
mim. Seguro sua nuca, aprofundo o beijo e introduzo minha língua
em seus lábios. Ela geme baixinho contra a minha boca.
Cristal me beija devagar, como se estivesse descobrindo o
terreno, morde meu lábio inferior e é minha vez de gemer.
Pego-a no colo e a levo para meu quarto sem desviar meus
olhos dela ao entrarmos. Ela escorrega de meus braços, e eu volto
a beijá-la apaixonadamente.
Vagorosamente abaixo o zíper do seu vestido, deixando-a
somente de roupas intimas,
— Linda — murmuro admirando seu corpo.
Cristal sorri de lado e, sem desviar seus olhos dos meus, tira
sua lingerie ficando completamente nua na minha frente. Eu solto
um longo suspiro e literalmente devoro sua boca, seguro sua bunda,
aperto, e a aproximo da minha ereção.
Suspiramos juntos.
Sem conseguir me controlar, desloco minha mão da sua
bunda e acaricio sua buceta, quase enlouqueço quando sinto o
quanto ela está molhada. Com cuidado, deito-a na cama. Ela se
acomoda botando um pé em cima do colchão, mantém a outra
perna esticada e exibe a intimidade depilada exalando
sensualidade.
Minha vontade era de retirar minha roupa devagar e fazer um
pequeno show para ela, mas desisto ao ver sua buceta brilhando na
minha frente.
Com certa velocidade, retiro minha camisa, inclino meu corpo
e beijo seu tornozelo, sigo beijando sua perna até chegar a sua
intimidade, a fito e vejo que ela me observa com olhos brilhantes,
respiração presa esperando meu próximo movimento.
Sem desviar meus olhos dela, passo a língua devagar na sua
buceta e trago seu sabor para minha boca.
Ela arfa, geme e abre mais as pernas enquanto o cheiro da
sua excitação rouba o restante de raciocínio que ainda conservava.
A chupo como se fosse um sorvete delicioso. Cristal geme
descontroladamente, agarra meu cabelo e sem nenhum pudor,
rebola na minha boca e pede para usar os dedos, para chupar mais
forte.
Ela é uma mulher que sabe o que quer na cama e faço tudo
que me pede gemendo a cada vez que minha língua toca seu
clitóris. Não demorou para ela gozar na minha boca, mas nenhum
dos dois queria interromper aquele ato.
Me deito na cama, seguro a sua cintura e a puxo para cima de
mim, Cristal me beija apaixonadamente e sussurra no meu ouvido:
— Me chupa mais. — Geme baixinho e eu quase gozo.
Seguro-a pela cintura e elevo seu corpo, ela põe as pernas
em volta da minha cabeça e esfrega a buceta na minha boca.
Cristal geme alto enquanto a chupo, joga seu corpo para trás
e ondula o quadril, é a cena mais erótica que já vivi na vida, ela
estremecendo, gritando meu nome e ondulando o corpo contra meu
rosto que está todo molhado com sua excitação.
Cristal se move, estica o corpo em cima de mim, me beija e
geme ao sentir seu sabor em minha boca. Beija meu peito, segue
uma trilha de beijos molhados até a minha virilha e quando chega no
meu pau, que está duro feito uma pedra, lambe apenas a cabeça,
depois a introduz em sua boca e chupa gostoso com os olhos
fechados.
— Puta que pariu, eu estou tão excitado que vou gozar só
com você chupando a cabeça do meu pau — minha voz sai rouca e
para provocar, ela desce com a língua e suga minhas bolas.
Eu tento puxa-la, mas ela faz um movimento negativo com as
minhas bolas na boca. Começa a sair o pré-gozo do meu pau, sinto
o estremecimento característico do orgasmo e eu nunca imaginei
que iria gozar com uma mulher chupando minhas bolas.
— Se você não parar, eu vou gozar ― minha voz não passa
de um leve gemido.
Em resposta Cristal para de me chupar.
— Eu quero que goze na minha boca e eu vou continuar
chupando até seu pau ficar duro novamente ― promete enquanto
me masturba vagorosamente com as mãos.
— Porra!
Ela põe meu pau em sua boca e o chupa com volúpia e em
poucos minutos eu estou gozando e ela continua a me chupar, a
roubar meu fôlego a me marcar de uma forma que nenhuma outra
fez.
Quando ela sentou no pau, foi algo que nunca irei esquecer, o
estremecimento que passou pelo meu corpo foi além do desejo
sexual. Fizemos amor olhando nos olhos, nos beijando, e acho que
ambos sabíamos que algo muito especial estava nascendo em
nossos corações naquele momento.
Ao atingir o êxtase, murmuro seu nome contra a sua boca, ela
sorri e morde meu ombro.
― Eu acho que ainda quero você. ― Solta uma gargalhada
gostosa.
― Que fogo que você tem, e eu amo isso, vou amar apagar
seu fogo assim que eu recuperar meu fôlego. ― Busco o ar e o solto
devagar.
Ela volta a rir, sai de cima do meu pau e para gloriosamente
nua na frente da cama.
― Onde fica o banheiro?
― Naquela porta. ― Indico o local com a cabeça.
― Enquanto você recupera o fôlego, vou tomar um banho. ―
Pisca um olho e segue rebolando em direção ao banheiro.
― Essa mulher vai acabar comigo. ― Com um sorriso
travesso nos lábios, levanto da cama e vou atrás dela.
Capítulo 6

Rodolfo

Cristal desaba sobre meu corpo exausta e ofegante e eu


sorrio buscando o ar. Passamos a noite nos amando, parecia que
nosso tesão nunca se saciaria, cada toque dela em meu corpo me
enlouquecia e eu via que o mesmo acontecia com ela.
Nunca tive essa conexão com nenhuma mulher, eu achei que
conseguiria levar isso como apenas um acordo de negócios e que
desfrutaríamos de algumas noites juntos, eu realmente achei que
logo ambos cansaríamos um do outro.
Mas isso foi antes de tocar nela, foi antes de sentir seu gosto,
antes de ela gozar em meus braços, antes de saber que... eu nem
sei definir como estou sentindo, mas eu sei sem nenhuma dúvida
que não são só negócios, pelo menos não para mim.
― Eu sabia que seria assim, essa química que existe entre
nós é muito forte. ― Acaricio suas costas enquanto a sinto suspirar.
― Eu tenho medo de me casar ― confessa do nada me
surpreendendo.
― Por quê?
― Tenho medo de me tornar como minha mãe, que abdicou
de tudo por causa de um homem, até mesmo de mim. Tenho medo
de perder o controle da minha vida e da minha empresa ― conclui
soltando um longo suspiro.
Seguro seu rosto e noto que seus olhos estão cheios de
lágrimas e que ela está lutando bravamente para não as deixar cair.
― Eu nunca vou te machucar propositalmente, já fui
machucado e não vou fazer isso com você, Cristal. Vou investir tudo
que eu tenho na sua empresa, vou dar tudo de mim para ela ser
uma das melhores do país, e principalmente vou fortificar a sua
imagem, você tem que ser a cara da sua empresa, o marketing tem
que ser todo focado em você.
— Você quer dizer que se eu concordasse você administraria,
mas para o público eu continuaria aparecendo?
— Obviamente, não daria certo de outro jeito,
intensificaríamos o marketing em cima de você, Cristal, o que você
conseguiu com carisma e muito trabalho é impressionante e temos
que focar nisso, e junto a minha administração iremos longe.
Vejo que ela me olha e começa a cogitar a ideia...
— Você precisa estar à frente, mas você não consegue fazer
tudo e também precisa de investimento e é nessa parte que eu
entro, na burocracia, fechando contratos e garantindo que você
brilhe ainda mais.
— Parece perfeito demais para ser verdade.
— Ah, mas nem tudo será perfeito, muito provavelmente
iremos passar por alguns perrengues, mas quero que saiba que
nunca vou largar a sua mão.
— Tenho medo de confiar.
— Pelo que sei da sua história, você nunca foi medrosa, saiu
de casa e enfrentou o mundo com a cara e a coragem, por que o
medo agora? Se joga, como fez lá no começo, sem medo de errar,
se não der certo, eu serei o maior perdedor.
Cristal morde o lábio inferior, faz menção de falar algo, mas
hesita.
— Se vamos iniciar isso, temos que ser sinceros um com o
outro. Eu vou vender minha casa e carro e investir na sua empresa,
vou entrar de corpo e alma. — Acho que minha declaração a fez
tomar uma decisão.
— Eu aceito desde que o casamento dure 1 ano — sugere
saindo de cima de mim e se sentando na cama.
— 3 anos — repito o seu movimento e me sento de frente a
ela.
— 2 anos — retruca.
— Não aceito menos de 3 anos! — afirmo categoricamente.
Ela suspira e me fita e eu fico em silêncio ansioso pela sua
resposta.
— Aceito. — Estica uma mão para fechar nosso acordo e eu
seguro sua nuca e a beijo sabendo que tenho 3 anos para fazer
essa mulher nunca sequer pensar em sair do meu lado.

No dia seguinte, Cristal foi embora e eu lhe disse que


retornaria em breve com o contrato, o que de fato não demorou,
pois deixei meu advogado maluco para que ele redigisse um
contrato o mais rápido possível.
Obviamente ele me alertou dos riscos que estava correndo,
que eu iria investir muito, que se a empresa não tivesse o lucro
esperado nos próximos 3 anos, no divórcio eu perderia praticamente
tudo que investi.
Eu apenas assenti enquanto ele tentava me fazer mudar de
ideia, mas o que ele não sabia era que eu não tinha a menor
vontade de me divorciar. Aquela mulher me tem em suas mãos, logo
eu, que jurei que nunca mais ficaria à mercê de uma mulher
novamente, mas eu sei que com Cristal será diferente, bem lá no
fundo sei que ela é para sempre.
Naquela noite, liguei para ela, ansioso para vê-la, para me
perder novamente nela, mas Cristal não pôde ou não quis me ver.
Eu sei que deveria dar espaço, que deveria deixá-la vir até
mim, mas simplesmente não consegui, então, na manhã seguinte eu
estava em seu escritório a esperando. Vejo-a chegando sorridente
com um homem que nunca vi na vida, e imediatamente reconheci o
desconforto que sentia como ciúme e foi inevitável sentir inveja da
intimidade que eles tinham.

Cristal
Eu nunca poderia imaginar que minha vida iria mudar tanto
em 24 horas. Quando encontrei Rodolfo, fui certa de que seria
apenas um acordo de negócios, achei erroneamente que apesar da
atração que sentia por ele, tudo iria ocorrer dentro do previsto.
Mas nada aconteceu como previra, eu não contava com sua
proposta, muito menos que fosse me deixar ser consumida pela
paixão e passar a noite inteira fazendo sexo com ele, mas não
posso mentir para mim mesma e dizer que foi apenas sexo.
Foi muito mais que isso, e é exatamente o que me assusta
horrores. Nunca fui romântica, não cresci tendo nenhum exemplo de
amor perfeito e muito nova tive que trabalhar duro, então
envolvimento amoroso ficou em segundo plano.
Eu amo fazer sexo, mas não tenho tempo para
relacionamentos. Meu trabalho sempre veio primeiro, talvez seja por
isso que nunca me apaixonei e muito cedo eu entendi que sexo e
amor são bem diferentes, e que uma coisa não tem nada a ver com
a outra.
Mas a noite que passei com Rodolfo foi diferente, teve
envolvimento e eu gostei de tudo que houve, então assim que o dia
amanheceu, eu saí da sua casa o mais rápido que pude. Precisava
pensar e tinha que fazer isso sozinha, ele confundiu meus
sentimentos, me envolveu a tal ponto que dominou meus
pensamentos.
Após analisar friamente, eu percebi que a sua proposta inicial
era realmente tentadora. Se a empresa tiver lucro, ele fica com 15%
do valor líquido; se não tiver, ele fica com nada e ainda pode perder
os investimentos que fará.
De fato, uma proposta sedutora. Mas como vou fazer para
evitar que meu coração seja completamente conquistado quando
meu corpo já sente falta dele após termos passado somente uma
noite juntos?
Eu não tinha essa resposta, mas eu sei que não conseguiria
recuar, por tudo que está envolvido, eu só não sei como tudo isso
vai terminar.
Com a cabeça recheada de interrogativas, eu preferi recusar o
convite para jantar quando Rodolfo ligou. Senti um arrepio passar
pelo corpo quando ouvi a sua voz rouca, mas eu precisava de uma
noite sozinha para pôr tudo em ordem dentro de mim antes de
entrar de cabeça nesta nova aventura.
Na manhã seguinte, João bate à minha porta com um copo de
café gelado sabor menta, meu preferido. Falamos de assuntos
aleatórios enquanto descemos as escadas. É normal João ir ao meu
apartamento me entregar café, somos amigos, e quando ele
pergunta como foi e se Rodolfo aceitou, eu solto uma gargalhada de
puro nervosismo.
Apesar de poder confiar nele, prefiro manter minha intimidade
em particular e, no momento, Rodolfo é íntimo e pessoal.
Eu volto a sorrir e digo que estamos negociando, ele suspira
aliviado e em um clima agradável entramos no meu escritório e fico
surpresa ao encontrar Rodolfo me esperando.
— Olá, vim para concluirmos nosso acordo. — Seu olhar
passeia entre mim e João.
Franzo o cenho, pois não o esperava aqui.
— Ah, claro. João, esse é Rodolfo Andrade.
— Muito prazer em conhecê-lo! Desejo que tudo dê certo e
que você se junte ao nosso time — meu amigo diz empolgado
oferecendo a mão a Rodolfo que devolve a euforia do meu amigo
com um simples movimento de cabeça.
— João, por favor, diga para quem quiser falar comigo que
estou em uma reunião muito importante.
— Claro, pode ficar tranquila, ninguém vai te incomodar. E
qualquer coisa me liga. — Sai da sala demostrando sua
empolgação.
Afinal, foi ideia dele contratar um CEO.
— Você trouxe o contrato? — Escolho ir direto ao assunto, já
que Rodolfo passa alguns minutos em silêncio apenas me olhando
como se estivesse me analisando.
— Quem é esse homem? — retruca mudando o foco do
assunto.
— João? — indago estranhando a sua pergunta. — Ele é meu
amigo e trabalha comigo há alguns anos.
— Vocês são amantes? — questiona e eu arregalo meus
olhos.
— Claro que não, nunca transaria com você se estivesse me
envolvendo com alguém, mesmo que casualmente — falo séria.
Ficamos um tempo em silêncio e eu levanto uma sobrancelha.
— Antes de eu ver esse contrato, vamos deixar algumas
coisas bem claras entre nós dois. Primeiro, confiança é a base de
qualquer relacionamento e eu só me associo com quem confio e
exijo a mesma confiança de volta. Segundo, eu conheci João
quando ainda estava trabalhando no camelódromo, nunca tivemos
nenhum envolvimento sexual, mas posso te garantir que ele é mais
minha família que a do meu próprio sangue que não vejo há anos.
Tomo fôlego e quando Rodolfo faz menção de falar, eu levanto
a mão e continuo:
— Meu nome até pode ser Cristal, mas não existe um único
osso indefeso no meu corpo. Se fecharmos acordo, você será CEO
da minha empresa e até poderá ser meu marido, mas nunca
confunda com ser meu dono. Jamais, nem sequer pense que pode
mandar em mim, ou dizer quem pode ser meu amigo ou não. —
Acabo de falar com o dedo levantado deixando claro que jamais o
deixaria me dominar.
Capítulo 7

CRISTAL

Eu deveria imaginar que estava tudo bom demais para ser


verdade, um homem lindo e sexy que me propõe casamento em
troca de gerir a minha empresa e investir financeiramente nela e
ainda me oferece maravilhosos orgasmos.
Era óbvio que tinha que ter um defeito. Não gosto de homens
controladores que acham que podem controlar uma mulher ao seu
bel prazer, eu vi o que um homem assim faz com uma mulher que
se deixa levar.
Isso aconteceu com minha mãe, ela abdicou de tudo, inclusive
da sua própria filha por causa de um macho escroto. E eu não
deixaria um assim se meter na minha vida, não mesmo.
Tomo fôlego, dou alguns passos em direção à janela e de
costas para ele, começo a falar:
— Olha, Rodolfo, eu acho que não vai dar certo nosso acordo.
— Não consigo esconder a tristeza em minha voz, eu realmente
achei que tinha encontrado um cara legal que me ajudaria a crescer,
um cara que tocou meu coração de um jeito que nenhum outro fez.
— Me desculpa. — Sinto que se aproxima de mim e pelo
reflexo do vidro, vejo que eleva a mão para me tocar, mas desiste e
a abaixa. — Eu sei que não deveria sentir ciúmes, sei que ainda
estamos começando, também sei que independente do nosso
relacionamento eu nunca posso me intrometer nas suas amizades.
Peço perdão pelo meu comportamento — Seu tom é rouco e vejo
que a cabeça está abaixada.
Escolho ficar em silêncio e ele continua a falar.
— Eu nunca fui de sentir ciúmes, mas o que me incomodou foi
a intimidade de vocês, entende? Eu também sei que isso é algo que
somente com o tempo se consegue. Nós temos uma química
incrível, sei que na cama a faço delirar, mas eu também desejo que
você sorria das coisas mais bobas que eu falar, quero andar de
mãos dadas, que você me conte algo engraçado que aconteceu.
Rodolfo segura minha cintura e me gira de frente para ele.
— Eu não quero que você deixe de ter a intimidade que tem
com seu amigo ou se afaste dele, mas eu também quero ter isso
com você, entende?
— Sim — murmuro sentindo meu coração bater acelerado.
— Quero saber o que te faz feliz, o que faz triste, quero que
me diga cada merda que já passou na vida, a minha está exposta
pelos jornais, mas posso te contar o que eles não falaram, tudo que
realmente houve. Eu quero fazer parte da sua vida, mas não quero
controlá-la. Eu sei que é tudo muito recente, tudo muito novo, mas
quero apenas que você me deixe entrar, porque você já tomou conta
de tudo dentro de mim, Cristal — sua voz está rouca e eu sinto
meus olhos cheios de lágrimas.
— Eu acho que devemos olhar aquele contrato — tento
brincar, mas ele segue sério.
— Você me disse que tinha algumas condições para assinar e
eu respeito e prometo cumprir todas elas e peço que se novamente
algum dia fizer algo parecido com o que ocorreu hoje, se eu passar
dos limites, você puxa a minha orelha.
— Eu te garanto que meto o dedo na sua cara — zombo e ele
beija meu nariz me fazendo sorrir.
— Mas eu também tenho algumas exigências. Eu quero que
você leve a sério nosso relacionamento, que nosso casamento seja
de verdade e que realmente dê uma chance real para nós dois.
Eu abro e fecho a boca e não sai nada.
— Pelo menos me deixe tentar te conquistar, não somente
seu corpo, mas seu coração. Pode me chamar de piegas, mas eu
estou encantado por você, Cristal, e vou me jogar nesta relação sem
nenhum paraquedas.
— E se você cair?
— Eu vou ter tentado, vou ter dado tudo de mim, porque eu
sei que se não fizer isso, se não lutar cada dia para que você me
queira como eu te quero, vou me arrepender pelo resto da minha
vida.
E eu tento segurar as lágrimas, eu realmente tento, mas vejo
tudo embaçado.
— Eu não sei o que falar. — Na verdade, eu sei, quero gritar
que sim, cada poro do meu corpo pede por isso, mas eu me seguro,
a cautela fala mais alto e eu apenas mordo meu lábio inferior.
Vejo seu sorriso falhar, mas ele segue me olhando e
provavelmente notando a minha dificuldade em dizer sim. Ele faz
um movimento de ombros.
— Então me dê uma chance de te fazer ter certeza e de sentir
o mesmo que eu. Eu peço apenas uma chance de nosso casamento
ser real. Se não der certo, se no final você me disser que não sente
o mesmo que eu, eu me comprometo a te deixar livre.
— Você entraria em uma relação sem saber o que a pessoa
realmente sente?
— Com você e por você, eu entro, porque você vale a pena,
Cristal. — Ele acaricia meu rosto e eu não consigo me controlar e o
beijo.
— Vamos saltar de paraquedas juntos — sussurro contra a
sua boca.
Rodolfo segura minha cabeça e me beija com volúpia
introduzindo a língua em minha boca em uma dança sensual,
desliza a mão pelo meu corpo e aperta a minha bunda e eu gemo
na sua boca.
— Não podemos fazer isso aqui — digo me afastando dele,
virando de costas e respirando com dificuldade.
Sinto suas mãos em minha cintura e o leve roçar na minha
bunda indicando que ele está duro, e eu tenho que apertar as
minhas pernas ao sentir meu centro pulsar.
— Eu não estou fazendo nada — sua voz aveludada faz
cócegas na minha orelha e meu corpo inteiro treme.
— Para, não faz assim, não morde minha orelha — peço
manhosa.
— Tenho certeza que se te tocar agora você estará com a
buceta molhada.
Não nego, nem confirmo, não confio em minha voz, pois se
abrir a boca, eu gemo, porque neste momento ele está segurando
meu cabelo com força enquanto morde meu pescoço, depois o
lambe e assopra.
— O que você acha de se sentar na cadeira, abrir as pernas,
tirar a calcinha e me deixar te chupar até você gozar na minha
língua?
— Puta que pariu — profiro o xingamento antes que consiga
me controlar e ele segue me torturando.
— Ou então você pode apenas encostar as mãos em sua
mesa, inclinar o corpo e eu retiro sua calcinha, abro suas pernas e
te chupo bem gostoso.
Eu apenas suspiro.
— Posso te dar mais um monte de alternativas, mas todas
elas vão terminar do mesmo jeito: sua buceta em minha boca. É só
você escolher, porque eu não saio daqui antes de você gozar na
minha língua.
Não me aguentando mais, empurro-o, me encosto na parede,
desço minha calcinha, levanto minha saia exibindo minha intimidade
e chamo-o com o dedo, e ele vem, sorrindo de lado, segura minha
nuca forte o suficiente para me fazer gemer sem realmente sentir
dor, só prazer. Desliza uma mão pelo meu corpo, toca meu clitóris
com os olhos fixos nos meus.
Eu estremeço, movimento o quadril contra o seu dedo que faz
movimentos circulares e ele encosta a testa na minha, acelera os
movimentos e eu gozo em seus dedos, e ele me beija afogando
meus gemidos.
Ele retira o dedo que está em minha buceta, introduz em seus
lábios e chupa. Com a respiração acelerada, vejo-o descer até ficar
de joelhos em minha frente e sentindo minhas pernas bambas, o
observo fechar os olhos e começar a me chupar e suga meu clitóris
intensamente.
Mais uma vez eu deliro, só que agora em sua boca, baixinho,
com medo de ser descoberta, com o tesão à flor da pele, eu gozo
novamente e ele levanta e me beija, quando vou abrir a sua calça,
ele segura a minha mão.
— Aqui não, eu só precisava desesperadamente sentir seu
gosto.
— Mas e você? — Abaixo o olhar e noto que apesar de estar
duro, a calça social que veste esconde bem a sua ereção.
— Eu espero até hoje à noite, eu não quero uma rapidinha, te
quero a noite toda.
Esse homem consegue dizer as coisas certas para me fazer
sorrir.
— Vou ao banheiro me recompor e depois olhamos o
contrato.
— E eu vou estar te esperando. — Volta a me beijar e eu me
dirijo ao banheiro.
Não demoro muito e é a sua vez de entrar no banheiro.
Ao sair, nos sentamos e começamos a conversar sobre o
contrato. Ali estava expresso tudo o que já tínhamos conversado.
Não vendo nada de errado, eu faço menção de assinar, mas ele me
pede para mostrar para o meu advogado primeiro, assinto e digo
que à noite o levo.
Rodolfo, antes de ir embora, mais uma vez me beija.
Foi difícil esconder o sorriso no meu rosto o restante do dia,
marquei com meu advogado e após analisar o contrato, eu envio
uma mensagem para Rodolfo avisando que meus advogados deram
o “ok” e que já assinei o contrato.
Ele não escondeu o quanto ficou feliz e eu estava ansiosa por
revê-lo, combinamos que nos encontraríamos na minha casa e
confesso que me produzi com esmero, minhas mãos estavam
suando e mil borboletas viviam em meu estômago.
Celebramos a assinatura do contrato com muito sexo e mais
uma vez eu percebi que era muito mais que apenas atração sexual.
capítulo 8

Cristal

Não vou dizer que foi uma tarefa fácil delegar poderes,
não quando sempre dependi apenas de mim para tomar todas as
decisões. Não foi algo fácil dizer aos meus funcionários que Rodolfo
era o CEO da empresa e deixá-lo fazer as coisas ao seu modo.
Mesmo que a cada decisão que tomasse ele me consultasse
antes, levou algum tempo até que eu me sentisse confortável com a
situação e não ajudou muito ele ter conseguido fechar em uma
semana um contrato que estava há meses tentando fechar.
― Meus parabéns ― felicito assim que ele me dá a notícia,
eu simplesmente não consigo esconder que algo não está bem.
Então eu estico o braço e bebo um longo gole de água.
Convidei Rodolfo para jantar e ele chegou com um sorriso enorme e
agora descobri o motivo.
― Por que eu tenho a sensação de que, mesmo fechando um
contrato muito vantajoso para sua empresa, você não está feliz? ―
Rodolfo inclina o corpo e põe uma mão no queixo enquanto analisa
as minhas reações.
Eu até penso em inventar uma desculpa, mas me lembro que
uma das exigências do nosso contrato é a honestidade.
― Eu nem sei dizer ao certo. ― Sorrio ou tento sorrir.
― Sim, você sabe, apenas fale ― incentiva suavemente.
― Eu estou há meses tentando fechar com essa empresa,
eles sempre põem um empecilho, e em uma semana você
consegue. Sei lá, me senti muito incompetente. ― Abaixo a cabeça
e ouço o som da cadeira arrastando me indicando que ele se
levantou.
― Você me contratou para isso, Cristal, para fazer o que você
ainda não tem conhecimento para fazer.
― E você acha que um dia terei?
― Se você quiser, eu te ensino. Mas para ser sincero, eu
tenho outros planos para você, eu quero vincular a marca a sua
imagem.
― Não entendi, todo mundo sabe que a empresa é minha. ―
Movimento os ombros, não entendo onde ele quer chegar.
― Sim, mas não é a sua cara, e é isso que eu quero, seu
rosto estampado em cada ação de marketing que fizermos para a
empresa.
― Mas não serei eu a negociar um contrato.
― Volto a dizer, foi para isso que você me contratou.
― Me desculpe, é que eu não imaginei que seria tão difícil
ceder o controle da empresa, eu lutei muito para ela chegar onde
chegou.
― Eu sei e eu estou aqui para fazê-la crescer mais ainda.
― Vou resolver isso dentro de mim.
― Eu quero que você me diga sempre que algo te incomodar,
e sempre vou pedir sua opinião antes de assinar um contrato, estou
aqui para te ajudar, Cristal, não quero que se sinta mal por eu
conseguir resolver rápido algo que você está tentando fazer há
algum tempo.
― Eu sou uma boba, não é? ― indago abaixando a cabeça.
― Não, você é muito linda. ― Sorri e esfrega seu nariz no
meu.
Eu apenas sorrio e ele beija levemente meus lábios
― Me deixa entrar. ― Pousa a mão na altura do meu coração
e me olha com carinho.
― Você já entrou e está demonstrando que eu realmente não
sabia de quase nada sobre contratos.
― Não estou falando de trabalho e eu já te disse que vou te
ensinar tudo o que eu sei.
― Então do que você está falando? ― Me faço de
desentendida.
Rodolfo não responde, ao invés disso, sobe vagorosamente a
mão, fazendo um singelo carinho na minha pele até chegar a minha
nuca, adentra seus dedos no meu cabelo e traz a minha cabeça em
direção a sua boca.
― Me deixe entrar no seu coração ― sussurra encostando a
testa na minha. ― O meu já é completamente seu ― diz pouco
antes de encostar a sua boca na minha e roubar meu fôlego e
minha capacidade de falar.
Ele me pega no colo e me põe sentada em cima da mesa,
sequer passa pela minha cabeça protestar. Rodolfo me seduz de tal
forma que quando suas mãos estão no meu corpo e sua boca na
minha, tudo em minha volta desaparece e ele se torna o meu
mundo.
Então eu apenas suspiro quando ele fica de joelhos e tira
minha calcinha, arfo quando põe minha perna em seu ombro e
gemo alto quando sinto seus dedos me tocando.
Rodolfo me faz delirar em seus dedos e depois em seu pau.
Grito seu nome quando o êxtase me pega em cheio. Imploro por
mais e ele faz tudo o que eu peço, promete sempre me fazer delirar,
passamos a noite fazendo amor, trocando múrmuros incoerentes de
uma noite de muita paixão.
Eu entrego meu corpo sem reservas e falo muitas coisas,
menos a que ele quer ouvir, porque ainda não estou preparada para
entregar o meu coração.
8 meses depois

Nos casamos há 5 meses e Rodolfo vem cumprindo sua


promessa. Ele vendeu seu carro e apartamento e investiu o valor
em minha empresa. A princípio, eu achei que ele não aceitaria
morar no meu apartamento, afinal, ele é bem mais modesto que o
de alto luxo que ele vivia, mas mais uma vez ele me surpreendeu ao
se sentir tão confortável no meu lar que com o tempo passou a ser
nosso lar.
Também está me ensinando as coisas que sabe, me pediu
para fazer um ensaio fotográfico e usou as fotos no marketing.
Agora todas as minhas lojas têm fotos minhas. Pela cidade tem
vários outdoors com minha imagem e o nome da minha empresa ao
lado.
Discutimos sobre fazer um comercial, eu preferia que fosse
com uma modelo ou uma atriz negra que representasse a marca,
mas ele insistiu que tinha que ser eu. Mesmo contra a minha
vontade, eu fiz, e mais uma vez ele comprovou que sua ideia estava
certa, porque quanto mais vinculava a minha imagem a da minha
empresa, mais lucros tínhamos.
Então, eu comecei a focar nisso, no meu marketing pessoal
junto com o da empresa.
Nossa vida pessoal era baseada em trabalho e muito sexo,
não tínhamos uma vida social, não íamos a jantares românticos, ou
fazíamos passeios como um casal normal. Ambos estamos focados
em fazer a minha empresa crescer. Era normal depois do jantar
sentarmos na cama cada um com seu notebook no colo e celular na
mão e trabalharmos até alta horas e depois nos amarmos
loucamente até cair na cama, exaustos.
Então foi com grande surpresa que um dia, após fecharmos
mais um acordo favorável para a empresa, ele me convidou para
jantar fora. Momentaneamente eu fiquei confusa, pois não era algo
que fazíamos, mas acabei concordando.
Rodolfo me levou para um lugar sofisticado, a noite tinha um
clima meio romântico e sedutor. Ao sairmos, ele sugeriu esticarmos
para uma boate, e eu sinceramente não me lembro qual foi a última
vez que eu me diverti tanto sem ser com ele entre quatro paredes.
Algo estava diferente naquela noite, dançamos grudados,
olhos fixos, meu coração batia acelerado e de repente ele abriu um
sorriso lentamente, como se tivesse conseguido ler algo em meu
olhar, e eu tenho absoluta certeza que não conseguia mais
esconder o que eu estava sentindo.
No decorrer dos meses, eu tinha me apaixonado por Rodolfo.
Tentei resistir o máximo que consegui, mas foi impossível, e ele
também não facilitava, sempre me cercando de cuidados, carinhos e
atenção.
Sempre fazendo eu me sentir sua prioridade, como se eu
fosse seu cristal mais precioso, na verdade, essa era a frase que ele
mais usava, meu marido não escondia o quanto me queria por
inteiro.
Rodolfo encosta a testa na minha e esfrega o nariz no meu.
Dançamos assim, com os olhos grudados um no outro, e eu sei que
ele me ama, todo seu corpo diz isso. Começo a sentir meus olhos
cheios de lágrimas e eu sorrio. Em nossa comunicação muda
falamos muitas coisas que temos medo de dizer em voz alta.
― Eu amo você, Cristal ― finalmente verbaliza o que eu já
sabia há um tempo.
Não consegui segurar minhas lágrimas, elas desciam livres
pelo meu rosto. Carinhosamente ele limpa minha face, e beija
levemente meus lábios, depois inclina o rosto e sussurra ao meu
ouvido:
― Eu não me declarei esperando que você faça o mesmo,
apenas fiz porque não conseguia mais esconder esse sentimento de
você. Eu te quero na minha vida para sempre, Cristal, eu te amo de
uma forma que não achei que fosse possível ― murmura ao meu
ouvido e eu sorrio e mordo meu lábio inferior ao mesmo tempo,
sentindo uma euforia descomunal em meu peito.
Mas não tenho chance de falar nada, pois neste momento sua
ex-noiva entra no meu campo de visão, caminhando em nossa
direção com a raiva estampada em seu rosto.
Capítulo 9

Rodolfo

Eu simplesmente não conseguia mais me segurar, não quero


mais um casamento com data para terminar, quero Cristal para
sempre em minha vida. E neste momento eu sei, não sei explicar
como, mas eu sinto como se ela quisesse o mesmo, então eu me
declaro e verbalizo tudo o que sinto em meu coração.
Me abro por completo para essa mulher que de frágil só tem o
nome. A cada dia que passa, eu a admiro mais e mais.
Cristal se esforça para aprender sobre o mundo financeiro,
aceitou minhas dicas sobre marketing e sua empresa está
ganhando destaque e respeito no seu nicho.
Não vou mentir e dizer que não é bom novamente estar no
comando de uma empresa. Eu amo essa sensação de poder,
também amo o trabalho que isso dá, e até nisso Cristal é parecida
comigo, nenhum de nós dois se incomoda de sacrificar finais de
semanas e feriados por causa do trabalho.
Também nos damos muito bem na cama, ela me completa e
satisfaz como nenhuma outra mulher conseguiu fazer. E eu amo
cada pedacinho dela, amo sua teimosia, amo a forma como ela faz
bico quando não gosta de algo, amo sua curiosidade e sagacidade,
amo sua garra e sua vontade de vencer, mas sem passar por cima
de ninguém.
Eu nunca trabalhei com alguém tão honesto quanto minha
mulher, ela não quer crescer sozinha, quer que seus colaboradores
a acompanhem e isso incentiva todos a sua volta a lutarem juntos.
Minha mulher sempre diz que eu estou ensinando muitas coisas a
ela, mas o aprendizado é mútuo.
Por todos esses motivos eu não aguentava nem mais um
minuto sem externar tudo o que eu sentia. Eu a amo e quero que
todos saibam disso, e quando eu acho que vou ouvir algo parecido
dela, sinto seu corpo endurecer.
Minha esposa não precisou me dizer que algo estava errado,
eu a conhecia muito bem para saber quando alguma coisa a
incomodava. Franzo meu cenho e noto que Cristal está olhando
para um ponto atrás de mim, sigo seu olhar e vejo Solange, minha
ex-noiva caminhando em nossa direção com uma expressão que eu
bem conhecia.
Solange queria briga.
Ela tentou disfarçar quando notou que eu estava olhando para
ela, abrindo um falso sorriso que durante anos eu achei que era o
mais lindo do mundo e agora eu sei que cada expressão do seu
rosto é calculada e se molda ao momento.
Desvio meus olhos dela e volto a fitar minha esposa que não
gosta de exposição, Cristal é discreta e bem diferente da mulher que
se aproxima de nós.
E foi impossível para mim não fazer comparações, não no tipo
físico, pois são completamente diferentes, e sim no caráter e na
forma de agir diante a determinadas situações.
Eu sei que cada sorriso que Cristal me oferece é sincero,
cada expressão do seu rosto é natural, seja de raiva ou paixão, e eu
sei que não mascara nada para que eu faça algo que ela queira.
Mesmo porque não precisaria, eu faço qualquer coisa por
essa mulher e a última coisa que eu quero é ela tensa porque minha
ex está vindo em nossa direção falar sabe-se lá Deus o quê.
Inclino minha cabeça e beijo seus lábios demoradamente e
sinto que ela suspira contra os meus. Pisco um olho tentando
passar segurança e viro meu rosto em direção à Solange que está
parada em nossa frente e não mais carrega um sorriso amistoso e
falso nos lábios.
― Querido, há quanto tempo não nos vemos. ― Inclina o
corpo em minha direção fazendo menção de beijar meu rosto e eu
desvio e busco sua mão a apertando.
― Como vai, Solange? ― minha voz soa fria. ― Você já
conhece minha esposa, Cristal? ― Eu sei que ela se recorda da
discussão que tivemos quando eu vi minha mulher pela primeira
vez. Aperto a cintura de Cristal e sinto que ela faz o mesmo e eu
gosto disso, gosto muito.
― Sim, a conheço. ― O olhar de Solange desce por Cristal de
forma debochada, depois olha para mim com um sorriso carregado
de sensualidade e pede com voz rouca: ― Podemos conversar um
momento em particular, querido? ― Eleva sua mão e a pousa em
meu peito.
Novamente sinto Cristal endurecer em meus braços, mas ela
não diz absolutamente nada. Confesso que uma parte de mim
queria que ela tirasse a mão de Solange com certa dose de
grosseria do meu peito e dissesse para não encostar no homem
dela novamente.
Mas minha Cristal não é assim, ela apenas espera a minha
reação.
E eu faço o que eu queria que ela fizesse, sem nenhuma
gentileza retiro a mão de Solange do meu peito e a fito com
desprezo.
― Não temos mais nada a conversar, seja no âmbito pessoal
ou no profissional.
― Meu querido, não seja mau comigo. Papai também quer
conversar com você e resolver o mal entendido do passado.
Agora tudo faz sentido. Os rumores de que a Ferraz Imóveis
enfrenta uma terrível dificuldade financeira pós-pandemia deve ser
verdade, e vendo meus resultados como administrador da empresa
de Cristal, talvez eles me queiram de volta. Não existe a menor
chance de eu voltar a trabalhar com eles.
― Por um acaso você é surda? ― Nós dois nos
surpreendemos com a voz mansa, porém firme de Cristal.
― O que você disse? ― Solange pergunta desviando o olhar
de mim e fitando Cristal.
― Além de surda, se faz de idiota. Você ouviu perfeitamente
o que meu marido disse.
― Rodolfo, como você pode se envolver com uma pessoa tão
sem classe? ― Solange tem a cara de pau de falar e eu
simplesmente não consigo esconder o sorriso que está estampado
nos meus lábios.
Cristal apenas bufa e eu gargalho alto, foi mais forte que eu e
Solange tenta mais uma vez:
― Rodolfo, eu sei que te magoei, mas... ― Eu a interrompo
levantando as mãos.
― Como disse antes, não há mais nada a se falar com você
ou com o seu pai. Tudo ficou no passado, eu estou casado e quero
que você respeite a minha mulher.
― Pelo amor de Deus, Rodolfo, todo mundo sabe que esse
casamento é de mentira.
― Eu amo a minha mulher, Solange, como nunca amei
ninguém na minha vida, e eu sugiro que você não se aproxime mais
de mim, pois minha mulher é ciumenta ― minha voz soa divertida.
― Um homem como você nunca se casaria com uma mulher
que veio de uma comunidade ― debocha.
E mais uma vez Cristal me surpreende.
― Oh, minha querida, eu não sou de comunidade não, tá, sou
da favela mesmo. E se você não parar de graça, vou te mostrar
como uma favelada resolve as coisas. E te garanto que depois que
eu acabar com você, tu vai gastar um bom dinheiro para consertar o
estrago que vou fazer na sua cara, tá me entendendo agora? ―
Cristal eleva o tom de voz e noto que algumas pessoas viram o
rosto interessados na discussão.
Eu mentiria se dissesse que não estou gostando de toda essa
explosão de Cristal. Sentindo meu corpo vibrar de emoção, seguro
seu rosto e beijo sua boca e ouvimos algumas pessoas soltando
assovios.
Quando desloco minha boca da dela, vejo que Solange não
está mais na nossa frente.
― Meu Deus, que vergonha, está todo mundo nos olhando,
que barraco.
― Pois eu simplesmente amei!
Cristal me olha por um tempo e com voz suave fala o que eu
estou esperando ouvir há meses.
― Eu amo você, Rodolfo.
E eu sorrio, seguro sua cintura e a giro no ar. Ela solta uma
gargalhada gostosa e mais uma vez ouvimos assovios quando
novamente colo minha boca na dela.
Epílogo

Cristal

Alguns meses depois na premiação das melhores empresas


do ano, a minha novamente está concorrendo ao prêmio. Mais uma
vez teve toda exposição da mídia em cima de mim e da minha
empresa.
Minhas mãos estão suando e meu marido as busca e as leva
aos lábios e as beija repetidas vezes.
― Calma, amor, esse prêmio já é nosso! ― Ele pisca o olho,
inclina o rosto e me beija.
Logo depois que saímos da boate e declaramos nosso amor,
decidimos em comum acordo rasgar o contrato e nos jogamos de
cabeça na nossa relação.
Algumas coisas mudaram na nossa rotina, ainda trabalhamos
feito dois loucos, ambos gostamos demais disso, mas também
reservamos nossos momentos de lazer, nossos sábados são
sagrados, saímos, namoramos como um casal apaixonado.
Também fizemos algumas viagens românticas, e a cada dia
que passa nosso amor aumenta mais e mais.
― Olá, Cristal, novamente o nome da sua empresa está entre
os premiados, mas diferente do ano passado, dessa vez você tem
um CEO, é muito provável que ganhe ― a voz maliciosa de Luiz
chega até mim, me causando repulsa.
Sinto os músculos do braço de Rodolfo ficarem tensos e faço
um leve carinho em seu braço.
Mas antes que tivesse a chance de responder, é anunciado o
vencedor e o nome do meu marido é chamado, não tinha como ser
diferente, afinal ele é o CEO da minha empresa. Abro um amplo
sorriso, realmente feliz com o seu sucesso, com o nosso sucesso.
No decorrer deste ano, Rodolfo me fez entender que o
sucesso da minha empresa não era só dele, e sim nosso, afinal,
ambos trabalhamos juntos para que isso acontecesse.
Então eu aplaudo, sentindo meu coração explodindo de
alegria ao ver meu marido subir ao palco para receber seu merecido
prêmio.
― Qual a sensação de ter ganho e não levar o prêmio? ―
novamente Luiz usa um tom maldoso.
― E como você pode afirmar isso? Sabe por que eu nunca
quis trabalhar com você? ― Levanto uma sobrancelha e não espero
ele falar algo para concluir. ― Porque você nunca me deixaria
brilhar, você pegaria todas as glórias para você.
― E não é isso o que o seu digníssimo marido está fazendo?
― Não, Luiz, olha a imagem que está atrás dele. ― Vejo-o
virar o rosto e ver a minha imagem junto com o nome da empresa.
― Sua foto ali não significa nada, é ele que manda em tudo.
― A minha imagem ali significa tudo, absolutamente tudo. Em
cada loja da minha empresa está estampado o meu rosto, nas redes
sociais, na mídia, em absolutamente tudo. Rodolfo administra minha
empresa e o faz de maneira exemplar, mas em momento algum ele
quis me tirar do negócio. Ele nunca quis ser a cara da empresa,
sempre fez questão de que fosse eu. Nós somos parceiros nos
negócios e eu confio nele cegamente, coisa que eu nunca fiz com
você. ― Termino de falar e vejo seu pescoço vermelho de raiva,
olho para frente e foco no meu marido que começa a discursar.
― Há mais ou menos um ano, a Cristal me fez uma proposta
de administrar sua empresa, e naquele momento eu era conhecido
como o CEO falido, era exatamente assim que os jornais me
chamavam, o que era uma grande verdade. ― Ele sorri quando
todos dão uma risada pelo seu tom cômico.
― O que me levou a aceitar a proposta dela não foi apenas o
bom desempenho da sua empresa no mercado, mas sim sua garra,
sua história de vida e principalmente sua vontade de vencer. Em
minha trajetória, eu aprendi que ninguém pode querer mais que a
gente, e temos que lutar para termos o que queremos e Cristal fez
isso, procurou o melhor para a sua empresa e eu fico feliz que tenha
me escolhido. Então esse prêmio eu divido com ela, pelo seu
brilhantismo, honestidade, criatividade e principalmente por sua
perseverança. Sobe aqui e vem dividir esse prêmio comigo, Cristal.
― Meu marido estende as mãos para mim ao som de aplausos, eu
sigo em sua direção, subo no palco e ele me oferece a estatueta
banhada a ouro, dá um passo para trás e bate palmas como todo
mundo está fazendo.
Eu olho para frente e vejo tudo embaçado, eu sei que poderia
ter chegado aqui sozinha, mas acompanhada dele foi muito mais
gostoso.
Vejo que Luiz é o único que não bate palmas, elevo a estátua
e levanto uma sobrancelha antes de abrir um amplo sorriso.

5 anos depois
Caio na cama buscando o ar fortemente, olho para o lado e
vejo que Rodolfo não está diferente.
― Isso está melhor a cada dia que passa ― murmura virando
o corpo e ficando de lado.
― Eu tenho que concordar com você. ― Inclino a cabeça e o
beijo.
― Eu fico louco de saudades quando você viaja. ― Ele me
puxa ao encontro do seu corpo.
Eu fiz uma pequena viagem para fechar um contrato, com o
passar dos anos, eu fui entendendo cada vez mais sobre os
negócios e hoje em dia eu sei negociar tão bem quanto ele.
― Eu queria conversar algo com você. ― Começo mordendo
o lábio inferior.
― Você sabe que pode falar o que quiser comigo. ―
Incentiva, mordendo meu ombro.
― Você acha que é muito cedo para nós começarmos a
pensar em filhos? ― Sinto congelar e me olhar com o cenho
franzido.
― Você quer ter um filho comigo? ― indaga em um fio de voz.
― E de quem mais eu teria filhos? ― brinco meio nervosa. ―
Mas se você acha que está muito cedo...
― Eu quero! ― Ele se senta na cama e abre um amplo
sorriso. ― Eu quero que você seja a mãe de todos os meus filhos,
eu quero criá-los com você e quero... ― Eu seguro seu rosto e o
calo com um beijo.
― Então vamos fazer nosso bebê. ― Pisco um olho e mais
uma vez ele me faz delirar em seus braços.

10 anos depois
Rodolfo
Eu nunca imaginei que seria tão feliz. Nosso amor se fortalece
a cada ano e nossos filhos são felizes e saudáveis.
― Você não cansa de babar em nossos filhos. ― Seus braços
rodeiam minha cintura e sinto um leve beijo em meus ombros.
― E tem como não babar? Eles são lindos. ― Sorrio aberto
ao ver nosso menino correndo atrás de uma bola e nossa menina
brincando com seus patins.
Me viro em sua direção e beijo seus lábios.
― Eu não me canso de dizer que amo você ― murmuro
contra a sua boca.
― Mesmo depois de tantos anos? ― pergunta, abrindo um
amplo sorriso
― Por toda a minha vida.

Fim.
Agradecimento

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, pois sem ele nada


seria possível, e a minha amada e luz da minha vida, minha filha,
Gabi.
Sou grata as minhas lindas e maravilhosas assessoras Anu Marrone
e Juliana Mesquita, da assessoria CRAZY FOR HOT BOOKS, às
parceiras e amigas literárias, minha revisora Flávia e a minha beta
Natália, que sempre me incentiva a escrever novas histórias.
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