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Meu JOGADOR Apaixonado

Série Profissões - Livro 5

B. TOMAZ
Direitos autorais © 2022 Bruna Alves Tomaz

Todos os direitos reservados

Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com
pessoas reais, vivas ou falecidas, é coincidência e não é intencional por parte do autor.

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recuperação, ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico,
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Registrada e Patenteada na CBL: DA-2022-017685

Design da capa por: Genevive @gbdesigneditorial


Revisão por: Rita S. Pirez
Leitura Final por: Flávia Zári

Impresso no Brasil
Dedico à todas as leitoras que pediram muito pelo livro de um certo loiro que
apareceu brevemente no livro dois da série.
SINOPSE
UM HOMEM APAIXONADO.
UMA MULHER COM MEDO DE AMAR.
UM CASAL ABENÇOADO PELO DESTINO.
ADAM ESTAVA PERDENDO AS ESPERANÇAS DE
ENCONTRAR UMA MULHER QUE O ENXERGASSE COMO O
HOMEM QUE É E NÃO APENAS O ADAM BART JOGADOR DE
HÓQUEI E SEU CARTÃO “DISK-SEXO”
SUA VIDA NEM SEMPRE FOI MARAVILHOSA, MAS NADA O
FEZ PARAR DE ACREDITAR, DE LUTAR, DE CORRER ATRÁS
DOS SEUS SONHOS E NÃO SERIA AGORA QUE ELE DEIXARIA
DE PROCURAR A SUA FELICIDADE.
O SEU ANJO.
ANGELINE ACREDITAVA NO AMOR, AFINAL, ELA CRESCEU
ASSISTINDO SEUS PAIS SE AMANDO MAIS DO QUE QUALQUER
COISA NO MUNDO, DESEJOU TER A MESMA SORTE QUE ELES
TIVERAM AO ENCONTRAR A PESSOA CERTA.
PORÉM O AMOR QUE ELA TANTO IDOLATRAVA, DESTRUIU
UMA DAS PESSOAS MAIS IMPORTANTES DA SUA VIDA.
ANGELINE CONSEGUIRIA FUGIR DESSE SENTIMENTO?
ADAM ENCONTRARIA O QUE TANTO PROCURA?
VENHA DESCOBRIR A HISTÓRIA DO CASAL MAIS
APAIXONADO DA SÉRIE E SE APAIXONE POR ADAM E
ANGELINE EM UM ROMANCE ERÓTICO CHEIO DE EMOÇÃO.
Algumas semanas antes.

Hoje não era o meu dia!


Jogo a cabeça para trás, apoiando-a no banco de couro do
meu carro desfrutando do silêncio para fechar os olhos e tentar,
mesmo sabendo que seria uma perda de tempo, fazer aquela
respiração que minha amiga, Yoga, dizia que funcionava.
Puxo o ar com força pelo nariz e solto pela boca.
Estou bem.
Puxo o ar.
Estou maravilhosamente bem.
Solto.
Meu carro não acabou de furar o pneu no meio do nada.
Respiro.
Não estou atrasada para a reunião com a autora mais
disputada que pisca-pisca em época de natal.
Solto.
Meu celular não está descarregado porque saí de casa
jurando que o colocaria na tomada assim que chegasse em meu
escritório.
Respiro.
Meu namorado não acabou de terminar comigo porque é gay.
Agarro o couro do banco ao meu lado como se esse gesto
fosse voltar a minha vida ao eixo de novo, como se fosse capaz de
mudar a realidade onde ao invés de tudo estar indo ladeira abaixo,
eu estivesse voltando do almoço com meu namorado, ou agora
conhecido como ex-namorado, com um anel enorme em meu dedo
mostrando para o mundo que estava prestes a casar e não com um
pé na bunda após ouvi-lo dizer que eu não tinha as partes certas.
Solto uma risada histérica.
“Desculpa querida, não achei que levaríamos esse
relacionamento tão longe, não era minha intenção te fazer sofrer,
mas a verdade é que não tive muita escolha até agora e por isso
precisei contar uma pequena mentira para você ... digamos que você
não tem as partes certas para me prender.”
Essas foram as suas exatas palavras para me dizer que
estávamos terminando porque ele era gay.
Balanço a cabeça com um sorriso sarcástico lembrando do
seu rosto assustado ao me ver levantar com brusquidão e jogar em
cima dele um pinto de borracha rosa que secretamente guardava em
minha bolsa para casos especiais. Fiz questão de gritar que
provavelmente ele precisaria mais do que eu daquele objeto e saí do
restaurante sob a atenção de todas as pessoas apreciando seus
caríssimos pratos.
Deveria ter desconfiado que homens atenciosos só existiam
nos livros que eu ajudava a publicar.
Continuo com o processo de puxar e soltar o ar com calma
enquanto minha mente fazia questão de sabotar minha tentativa de
me conectar com a tão famosa paz interior e me mostrava todos os
sinais que não prestei atenção durante quase um ano de
relacionamento com Diego.
“Nossa Flor, seu cabelo está precisando de uma hidratação.”
“Hoje não estou afim amor, estou com um pouco de dor de
cabeça.”
“Seu vestido é um arraso.”
“Não estou com cabeça para transar agora, Angeline.”
“Talvez o vestido preto combine com essa sandália de tira ou
você prefere uma vibe mais sombria com uma bota?”
Droga!
Como não percebi?
É sério isso?
Eu estava tão carente ao ponto de não perceber que ele
estava me usando para manter as aparências com seus amigos e
familiares? Se ele tivesse colocado as cartas na mesa desde o início,
dizendo a verdade junto com um pedido sincero de ajuda, eu teria
entrado na farsa com ele, teria me divertido com as situações e não
ficaria pensando em como fazer o meu namorado querer transar
comigo.
Agora entendo todas as vezes que empurrava minha bunda
para o seu quadril quando, com muito custo, ele aceitava dormir em
minha casa e não sentia nada crescer ali, na época achei que Diego
poderia ter problemas para ter uma ereção, mas aparentemente não
era esse o motivo, não é?
Será que ele tomava alguma pílula milagrosa quando a gente
marcava de transar?
Bufo com o pensamento.
Ainda tinha essa situação que deveria ter acionado um alerta
de desconfiança em meu cérebro.
Como um casal precisava marcar para transar?
Não tive muitos namorados, para ser sincera, antes dele só
tive um que ficamos juntos desde o colegial, mas a gente transava
sempre que tinha vontade e não precisava marcar um dia no
calendário como se fosse uma obrigação mensal.
Solto um gemido mental.
Arrrrg.
Ficar pensando nisso não está me ajudando em nada.
Abro os olhos de uma só vez e solto o cinto de segurança
antes de sair do carro e me afastar dele o suficiente para ver o
estrago, talvez ainda tivesse um pouco de ar no pneu que pudesse
ser aproveitado para me levar por mais alguns quilômetros.
Quase ri ao observar a roda encostando no chão.
É claro que não tinha.
Ok, tudo bem, essa coisa não deve ser tão difícil de trocar,
não é?
Aproximo-me do porta-malas do carro e retiro tudo que seja
de ferro dali de dentro, juntamente com a roda de emergência, ou
seja lá como essas coisas todas se chamam, não é como se
existisse uma etiqueta onde eu deveria chamar objetos pelo nome.
Olho em direção ao pneu no chão.
Oi senhora roda, como está?
Ergo a mão na direção do objeto que eu tinha quase certeza
que servia para suspender o carro.
Ah não podemos esquecer de você senhor ... pau de ferro?
Ok, agora é oficial! Eu estou realmente enlouquecendo.
Abaixo em minhas pernas, ajeitando o calcanhar sobre o salto
fino no chão escorregadio pela neve antes de colocar uma mexa de
cabelo revolto atrás da minha orelha e olhar mais de perto o enorme
rasgo, como se me aproximar fosse o suficiente para que um espírito
mecânico tomasse controle dos movimentos do meu corpo e me
fizesse trocar o pneu.
Solto um suspiro irritado antes de buscar em minhas
memórias se já tinha lido ou assistido algum tutorial na internet sobre
trocar um pneu furado.
— Hmm. — Murmuro sozinha passando os olhos pelas
poucas coisas em minha frente. — Ainda bem que não tenho tantas
opções para escolher. — Aponto para o objeto com um tipo de
alavanca giratória. — Tá, devo usar você para levantar o carro.
Estava distraída pensando em como iria usar aquela coisa,
então quando escutei uma voz grossa em minhas costas, minha
alma saiu do corpo por um segundo e, quando voltou, parecia que
estava tendo uma convulsão.
— Precisa de ajuda?
Solto um grito estridente pelo susto e levo minha mão trêmula
ao coração.
Veja bem, não sou uma mulher escandalosa, muito pelo
contrário, geralmente mantenho distância das pessoas que gritam
demais, então poderia dizer que o motivo de ter dado uma pequena
amostra de como minhas cordas vocais são potentes era o cansaço
de uma semana intensa de negociações para conseguir trazer a S.J.
Star para a minha editora, além de convencê-la do método que
queria utilizar para a venda dos kits de pré-venda, também posso
colocar a culpa em Diego que tirou o meu controle emocional de
órbita hoje com sua revelação.
— Você me assustou!
Ergo o corpo para encarar o dono da voz grossa, rouca e
muito, muito sexy e todo o discurso sobre não se aproximar de
fininho de uma mulher sozinha no meio do nada caiu por terra
quando fixei meus olhos naquele verde claro salpicado de manchas
amarelas.
Se a minha assistente estivesse aqui, teria pedido a ela que
anotasse uma informação sobre mim: A partir de hoje eu tinha uma
queda enorme por loiros de olhos verdes.
Observo sem muita cerimônia ou vergonha a estrutura óssea
do belo exemplar de homem em minha frente: o maxilar quadrado,
não daquele jeito superficial que normalmente víamos devido à febre
da harmonização facial, era mais como se Deus tivesse moldado
aquela parte do seu rosto com suas próprias mãos para deixar
perfeito, o nariz também era um presente dado por algum ser
superior já que era no tamanho ideal para ser sexy, mesmo tendo
uma pequena cicatriz mais clara que sua pele no meio dele, ainda
parecia perfeito, a boca era uma coisa a parte, cheia e masculina
que estava quase me fazendo salivar.
Hmmm.
— Precisa de ajuda? — Repetiu erguendo sua sobrancelha
loira unilateralmente enquanto me observava salivar ao olhar aquele
pequeno sorriso torto que se desenhou em seus lábios tentadores.
Limpo a garganta me lembrando da situação em que me meti.
— Aparentemente sim. — Aponto para o pneu furado. — Você
consegue me ajudar ou me emprestar seu celular para que eu possa
ligar para o seguro?
Ele me olhou de um jeito engraçado enquanto passou a mão
no cabelo, jogando os fios molhados para trás e se abaixou ao lado
dos objetos no chão.
Seus braços estavam cobertos com uma jaqueta de couro
preta, mas ainda assim meus olhos conseguiram captar os músculos
se flexionando quando ele pegou o objeto que chamei de pau de
ferro e o posicionou abaixo da lataria do carro.
— Você vai chamar o seguro por causa de um pneu furado?
O tom de voz sugeria que ele estava tirando uma com a minha
cara, mas ignorei.
Geralmente, não sou uma donzela em perigo, gosto de
resolver os meus problemas sozinha e na maioria das vezes consigo,
mas quando se trata de resolver problemas automobilísticos,
definitivamente necessito de muita ajuda, tanto que pago uma
pequena fortuna para um seguro que cobre tudo, inclusive trocar o
meu pneu quando ele furasse.
— Eu chamaria se meu celular tivesse com bateria. — Falo
olhando ao redor. — Você não é um serial killer, é?
Ele riu um pouco, me olhou de lado e continuou trabalhando
para consertar meu carro.
— O que faria caso fosse?
Pensei um pouco enquanto dava uma boa olhada ao redor,
descobrindo que não havia nada além de uma quantidade enorme de
neve acumulada ao lado e algumas árvores secas dando um aspecto
sombrio à estrada deserta, mas assim que viro meu corpo para olhar
atrás, vejo um carro esportivo vermelho.
— Roubaria seu carro.
Assisto seus olhos passarem por meu corpo, descendo até
meus pés e depois fazendo seu caminho de volta com uma lentidão
calculada antes dele soltar uma risadinha de novo.
Ah que bom que alguém está se divertindo aqui.
— Você não chegaria sequer na metade do caminho antes de
mim.
Ergui uma sobrancelha em desafio enquanto sustentava seu
olhar incrédulo.
Eu ia mostrar a esse estranho que não se deve duvidar de
mim.
Me virei bruscamente correndo em direção ao seu lindo carro
e imediatamente abro a porta para me sentar no banco do motorista
com um sorriso orgulhoso exibido em meu rosto.
— Viu? Eu disse que conseguiria! — Grito do carro e me
preparo para sair quando algo, ou melhor, alguém chama a minha
atenção para o banco ao lado.
Merda!
Viro a cabeça lentamente para encarar a mulher.
Ela era linda, tinha os cabelos loiros curtos e apesar de estar
sentada, dava para perceber que seu corpo era do estilo dessas
modelos de passarela. Fazia sentido ela estar com o homem
trocando o pneu do meu carro, eles pareciam ter saído direto de um
livro ou de algum episódio da Barbie.
— Oh, me desculpa por isso, não sabia que tinha alguém no
carro.
Sorrio um pouco sem graça observando seus traços delicados
e a vejo devolver o sorriso olhando diretamente para o homem que
estava balançando a cabeça negativamente ao dar um jeito no pneu
do meu carro. Seus olhos pareciam brilhar quando ela me encarou
de novo.
— Não se preocupe querida. — Ela pisca um olho de maneira
cúmplice. — Ele provavelmente não vai estender o nosso momento.
Com uma garrafa de cerveja em uma mão e a outra enfiada
em um salgadinho sabor cebola e salsa, estava vivendo o meu
paraíso de férias depois de uma temporada puxada de jogos e
compromissos com a mídia que meu assessor não me deixava
escapar nem se eu estivesse decapitado.
Bebo um longo gole do líquido amargo e pego o notebook
para checar meu e-mail antes de mergulhar minha atenção em um
filme ou qualquer coisa que me distraia.
Bom, esse era realmente o plano até abrir a caixa de entrada
e ver uma variedade de e-mails de Louíse.
Meus lábios se esticam em um sorriso involuntário.
Tenho uma leve impressão que não vou conseguir ter paz
enquanto não fazer o que Louíse quer.
Ela vinha há algumas semanas me enchendo todos os dias,
mandando mensagens, ligando ou me importunando até mesmo nas
redes sociais como Instagram e snap, avisando que eu precisava
arrumar logo uma namorada para sair de casal com ela e seu noivo.
Claro que não podia ser qualquer namorada, de acordo com
Louíse, seria muito legal se eu tivesse um relacionamento com sua
colega de trabalho chamada Harper.
Não tinha problema nenhum em conhecer sua amiga, mas a
futura senhora Miller estava mandando tantas mensagens, que ela
provavelmente achava sutis, avisando o quanto sua amiga gostava
de se exercitar ou como ela era bonita, engraçada e inteligente que
precisei tomar uma iniciativa quanto a isso.
Sim, eu bloqueei Louíse.
Aparentemente isso não surtiu tanto efeito, já que agora ela
estava enchendo a minha caixa de e-mail.
Ajeito-me no sofá abrindo o primeiro de muitos que ela enviou
no curto espaço de vinte e quatro horas.

De: Louíse.
Para: Adam.
Assunto: Você é um chato.
Fique você sabendo que não vou desistir, não adianta se fazer de
difícil e trate de me desbloquear.

Balanço a cabeça negativamente e passo para o próximo.

De: Louíse.
Para: Adam.
Assunto: Ela só quer um amor.
Olha, não estou pedindo que você case com ela agora, só quero
que saia um pouco, dê uma chance para se conhecerem, Harper é
linda e no próximo e-mail, se você for bonzinho e me desbloquear,
envio uma foto dela.
Ps: Ela me autorizou a enviar essa foto, não se preocupe não
estou fazendo nada ilegal.

Li mais um.

De: Louíse.
Para: Adam.
Assunto: Idiota.
Ok, você venceu! Estou enviando a imagem mesmo você me
torturando, poderia pelo menos dar uma chance para um drink com
ela? Ou podemos sair para algum lugar.
Donavan disse que iria comigo e apesar de vocês dois fingirem
implicar um com o outro, sei que se gostam, então por favor, diz que
sim.

O e-mail em seguida me fez rir.

De: Donavan.
Para: Adam.
Assunto: Pelo amor de Deus.
Responde essa merda de e-mail, dito isso preciso avisar que não
estou de maneira nenhuma sendo obrigado a enviar um e-mail para
te pressionar a aceitar sair com a Harper, e muito menos sendo
ameaçado para dizer que apreciaria a sua presença com a gente
mais tarde.

Com uma risada alta, decido ler mais um.


Sento-me o mais confortável possível no sofá e clico no mais
recente.

De: Louíse.
Para: Adam.
Assunto: Festa na sua casa.
Se você não aparecer no endereço que vou colocar abaixo às
oito, levarei todas as pessoas que estiverem ali para sua casa com a
promessa de uma festa enorme, você decide!
Aliás, espero que venha de carro porque Harper veio de táxi e é
rude deixá-la ir embora sozinha, então você irá levá-la!

Com um sorriso pregado em meu rosto, olho o canto da tela


para saber quanto tempo tenho para chegar até o House, restaurante
que ela me passou o endereço, e ajeito o notebook em meu colo
para responder seu e-mail antes de tomar um banho rápido e ir ao
encontro deles.
Realmente não duvido que uma multidão apareça aqui.

De: Adam.
Para: Louíse.
Assunto: Pé no saco.
Você é um pé no saco, sabia? Encontro vocês lá!

— Oi, você deve ser Phillipo. — Uma voz feminina chamou


minha atenção. — Desculpa a demora, estava mostrando o meu
ponto de vista para o motorista no estacionamento, sei que você
disse no chat que não gosta de mulheres que se atrasam muito e
juro que não costumo fazer isso.
Confuso, ergui minha cerveja até os lábios e tomei um longo
gole enquanto a ruiva sentada na cadeira vermelha ao meu lado
procurava, freneticamente, alguma coisa dentro da bolsa preta, ela
parecia um pouco nervosa, por isso não a corrigi dizendo que eu não
era o tal Phillipo e que estava aqui para encontrar alguns amigos e
não ela.
Falando nisso, já estava nesse bar há mais de trinta minutos e
não vi ninguém que eu conhecesse, talvez devesse desbloquear
Louíse e saber qual era a pegadinha, mas ao invés de pegar o
celular, detalhei o perfil da mulher ao me virar na cadeira.
Bochecha rosada, nariz arrebitado, pele clara e macia e o
cabelo levemente ondulado que parecia ser ruivo natural. Já estava
interessado apenas observando uma parte do seu rosto, mas quando
ela o ergueu para encarar o tal Phillipo, que no caso agora eu
gostaria de ser, meu corpo respondeu.
Não é que ela era bonita, a ruiva em minha frente era linda pra
caralho e o sorriso preguiçoso que deu ao me encarar meio de lado
foi como uma corrente elétrica ligada diretamente no meu pau.
Qual a chance dela ser Harper e Louíse resolveu brincar um
pouco ao dizer que eu sou Phillipo e não Adam?
Os olhos castanhos escuros piscaram para tentar tirar a ponta
da franja deles enquanto ela perdia o sorriso a cada instante que me
observava, em pouco menos de um segundo sua expressão passou
de animada para algo parecido com reconhecimento.
Meu próprio sorriso foi morrendo.
Por favor, não seja uma fã.
Não que eu não goste das minhas fãs ou seja um daqueles
caras idiotas que se acha superior, mas aprendi com o tempo que
não podia confiar em muita gente que me conhecia como Adam Bart
jogador do Winnipeg Jets[1] e os meus encontros com elas depois
dos jogos que ganhávamos era um lembrete disso.
Era sempre a mesma coisa, queriam conforto, luxo, sexo, mas
nenhuma delas sequer perguntava como era realmente a minha vida,
simplesmente assumiam que um jogador que dava seu “Disk-Sexo”
todo fim de jogo para uma garota queria algo superficial, mas a
verdade é que eu não quero isso.
Não vou mentir e dizer que no início não era sexo que queria,
estava deslumbrado com a fama de ser um jogador de um time
famoso e era jovem demais para entender que essa merda toda não
traria pessoas confiáveis para a minha vida, mas explique a um
garoto de dezenove anos que aquelas mulheres gostosas que
gritavam seu nome e, em momentos de loucura, até mostravam seus
seios, não era uma boa se envolver.
— É você ... — Suspirei prestes a levantar e sair quando ela
continuou. — você quem trocou o pneu do meu carro!
Franzi a testa e prestei atenção em seu rosto.
Como não reconheci a maluca do meio da estrada
conversando com um pneu e que depois saiu correndo para o meu
carro só para provar que poderia fugir de mim caso eu fosse um
serial killer?
Sondei seu rosto mais uma vez e não contive a risada.
— Acho que você continua tendo problemas automobilísticos.
Ela ignorou meu comentário e inclinou o corpo para perto de
mim.
— Você tem certeza que não é um serial killer? Me achou no
LovesDate[2] e agora quer me atrair para a sua sala de
desmembramento?
Bebi o restante da minha cerveja e acenei para o garçom.
— Sinto te decepcionar, mas não sou o tal Phillip. — O garoto
que atendeu minha mesa mais cedo se aproximou. — Traga outra
cerveja para mim e para a senhorita...
Ela me olhou desconfiada e depois desviou para o garçom.
— Pode ser uma cerveja também. — A ruiva ergueu a mão
para afastar um pouco a franja e esperou o garçom sair antes de
falar novamente. — É Phillipo e não Phillip.
Dei de ombros observando-a analisar o pub ao redor e logo
depois voltar a me encarar com o nariz franzido.
— Se você não é ele, provavelmente preciso achá-lo.
— É, acho que precisa. — Sorri, mas alguma coisa sobre ela
sair daqui para sentar com o tal Phillipo me deixou apreensivo. — Ou
você poderia fingir que estava aqui para me encontrar e beber
comigo.
Ela parou de procurar pelo lugar e me deu uma boa olhada,
daquelas que faz a pele sentir a atenção dos olhos.
— Hmm, acho que não. — Ela sorriu mais uma vez e ao
contrário do que as pessoas normalmente faziam depois de dar um
fora em alguém, a mulher ainda olhando diretamente para mim não
explicou o motivo da recusa.
— Por quê?
As cervejas foram colocadas em nossa frente e não perdi
tempo, levei-a aos lábios e tomei um longo gole enquanto observava
os movimentos da ruiva.
— Você me parece perigoso!
— Já passamos dessa fase de Serial Killer, não? Achei que
tinha superado o fato de você ser mais esperta e conseguir escapar
de mim.
Provoquei olhando as sardas bonitinhas salpicadas em seu
nariz e bochecha.
— Não perigoso nesse estilo, mas estou tentando ir devagar
em relacionamentos e acho que se ficar aqui bebendo com você, vou
acabar acordando sozinha em algum motel amanhã.
Bom, agora queria levá-la para um motel, mas ao contrário do
seu pressentimento errado, acordaria junto com ela para provar do
seu corpo mais uma vez pela manhã.
Bebi mais um gole longo da minha cerveja e ignorei o jeito que
meu corpo respondeu quando observei seus lábios carnudos
encostarem no bico da garrafa e ela engolir a cerveja sem fazer
careta.
— Você está vendo Phil por aqui?
Franzindo a testa ao ouvir o apelido, ela respondeu:
— Não. — Olhou em volta mais uma vez. — A princípio achei
que fosse você porque ele disse que era loiro e estaria com uma
jaqueta preta, mas só tem dois loiros por aqui, você e o cara com os
amigos do outro lado.
Torci o corpo para ver o lugar aonde seus olhos estavam e vi
um cara de aproximadamente vinte e dois anos, o cabelo loiro
batendo nos ombros e uma jaqueta preta que parecia estar quase
rasgando em seus braços, ele estava com mais quatro amigos
bebendo cerveja enquanto conversavam animadamente.
— Acha que pode ser ele?
Ela soltou um suspiro me obrigando a olhar em seu rosto.
Parecia desapontada.
— Espero que não, achei que ele fosse mais... velho.
Eu ri e isso chamou sua atenção.
— O que é tão engraçado?
— Você veio encontrar um homem que conheceu em um site
de relacionamento, mas não perguntou a idade dele?
Ela revirou os olhos e não respondeu.
— Não é ele não, Phillipo não deve ter chegado ainda.
Ela estava bebendo sua cerveja quando a contradição para
essa afirmação veio em forma de grito, quando um dos amigos do
garoto da mesa ao fundo gritou:
— Ei garçom, traga mais álcool para o Phillipo aqui, ele
acabou de levar um bolo de uma garota.
Eu ri e a mulher ao meu lado bufou.
Inacreditável!
Olho na direção do outro lado do pub e solto um gemido
estrangulado enquanto termino a segunda cerveja que meu salvador
de pneus gentilmente pediu quando percebemos que o meu encontro
da noite, o cara que achei perfeito para mim enquanto
conversávamos através de um site de encontros, era um garoto.
Veja bem, não tenho nada contra quem gosta de namorar
homens mais novos, mas não é a minha praia, prefiro os da minha
idade ou até um pouco mais velhos, então perceber que o cara que
em suas conversas parecia ter cerca de vinte e oito anos ou mais,
mas que na realidade têm uns vinte, foi como jogar gelo em minhas
calças.
Viro o rosto mais uma vez na direção do grupo de jovens
gritando e respiro fundo.
Talvez eu deva ir lá dar uma chance? Ás vezes ele é
realmente mais maduro do que os garotos da sua idade?
Observo Phillipo tirar a jaqueta apertada em seus braços
enquanto seus amigos o encorajam com urros, o que aparentemente
ajudou na resposta da minha pergunta anterior, já que o cara que
achei ser o melhor partido que poderia conseguir no site subiu em
cima da mesa de madeira em que estavam sentados, pegou a
enorme caneca de Chopp que o garçom havia acabado de colocar
em sua frente, estufou o peito parecendo um pavão enquanto seus
amigos batiam na mesa como se estivessem no colegial e enfim
virou tudo em sua boca, fazendo o líquido escorrer pelos lados e
molhar sua camisa cinza.
— Ele parece triste por você não ter aparecido. — O bonitão
dos olhos mais verdes que já vi na vida, me lembrou da sua
presença.
Desviei a atenção da bagunça do outro lado e ergui uma
sobrancelha.
— É o que parece, não é? — Solto um suspiro cansado.
Minha noite seria melhor aproveitada se tivesse ficado no
escritório até mais tarde terminando de resolver com a autora S. J.
Star qual dos modelos escolhidos anteriormente, era melhor para
representar seu personagem na capa ou poderia tentar entrar em
contado com uma autora iniciante que gostaria de investir, mas
nãaaaaao, eu tinha que ouvir a minha amiga Yoga e vir até aqui
encontrar um homem que vinha conversando quase todas as noites
depois do incidente do pneu e que de acordo com ela já estava na
hora de encontrá-lo.
— Não faça essa cara, veja bem, você pode beber comigo. —
Seus lábios esticaram em um sorriso tão grande que me deu vontade
de sorrir também.
Não seria nada mal aproveitar a oportunidade para ficar em
sua companhia, minha noite já estava perdida mesmo, nada mais
justo do que passar um tempo inocente com o homem com
aparência de modelo ou ator de Hollywood sentado ao meu lado com
sua atenção passeando por meu rosto e parando em minha boca.
Meu corpo reagiu àquele olhar de maneira desproporcional.
Ficar em sua presença é perigoso, ele é perigoso, mas
mesmo sabendo que o mais sensato seria ir embora e parar de
abastecer meu cérebro com a névoa alcoólica enquanto permanecia
na presença dele, uma parte de mim quer ficar exatamente onde
estou e aproveitar a oportunidade que a vida estava me dando de
conhecer um homem realmente interessante.
— Você veio sozinho?
— Não e sim, era para me encontrar com alguns amigos, mas
aparentemente fui enganado. — Ele abaixou o olhar enquanto
alcançava o celular no bolso e batucou por alguns segundos na tela.
— Mas me diz, você se chama Harper?
Balancei a cabeça negativamente enquanto ergui a mão para
chamar o garçom.
— Me traz outra, por favor? — Pelo canto do olho vejo o
homem ao meu lado rir ainda encarando o aparelho em suas mãos.
— Você quer outra?
Como ele não respondeu e nem deu alguma sugestão de que
ouviu minha pergunta, coloquei minha mão em seu antebraço para
chamar sua atenção.
— Hm?
— Outra cerveja, você quer?
Seus lábios se curvaram de novo em um sorriso lindo e seus
olhos voltaram a me encarar, ou melhor, encarar minha boca.
— Resolveu aceitar beber comigo? — Acenei enquanto ele
guardava o telefone no bolso e me dava toda a sua atenção. —
Então sim, vou querer outra cerveja.
— Mais duas então.
O garçom assentiu antes de sair apressadamente e eu não
sabia se era para buscar nossas bebidas ou se ele precisava conter
a confusão que se formou quando o Phillipo subiu em cima da mesa
de novo para tomar mais um copo gigante daquele Chopp e arrancou
a camisa mostrando todo o seu físico musculoso.
Ele era bonito, não podemos negar, mas não se compara ao
homem prestando atenção em meu rosto.
— Então, vai me dizer seu nome? Ou vou te chamar de
Harper e você me chama de Phillip?
Eu ri, mas gostei da brincadeira.
Ergui a mão e quando ele a segurou firmemente eu disse:
— Prazer, meu nome é Harper.
Ele riu.
— É um prazer conhecer você Harper, sou Phillip.
— Você sabe que o nome dele é Phillipo, não é?
Ele não falou nada, apenas abriu mais uma vez aquele sorriso
que estava cada vez me hipnotizando mais e dançou seus olhos por
todo meu rosto.
Que diabos! Será que tem alguma coisa no meu rosto?
Ajeito-me na cadeira e solto sua mão para disfarçadamente
passá-la no rosto e limpar o que esteja nele.
— Harper era a garota que você ia encontrar? Ou tem um
passado com ela?
Ele acenou antes de completar.
— Uma amiga tem me infernizado para conhecê-la, então
aceitei, mas acabei de descobrir que Louíse me passou o endereço
errado.
Interessante.
— Então acho que você deveria ir ver a garota, ela deve estar
te esperando.
Seus olhos mais uma vez analisaram meus lábios.
— Nah, estou bem aqui.
Acenei aceitando o fato de que também estava bem aqui, bem
até demais, por isso quando o garçom voltou colocando a garrafa em
minha frente, pedi algo mais forte.
— Pode me trazer um mojito?
— Você vai ficar bêbada.
Não foi uma pergunta, então apenas sorri bebendo a cerveja.
— Tem algum problema com isso, senhor certinho?
Ele me imitou ao levar a sua garrafa aos lábios e depois
inclinou o corpo para o lado, colocando seus lábios quase
encostados em minha orelha e sussurrou fazendo seu hálito quente
arrepiar minha pele.
— Nenhum problema.
Conscientemente, percebi que estava perto demais dele e
provavelmente, deveria ter me sentado na cadeira da frente e não ao
seu lado, mas se Phillip se importou com a proximidade não
demonstrou.
Dane-se!
Se ele não ligava a ponto de não ter falado nada, não seria eu
que iria me importar o suficiente para levantar e sentar longe do seu
perfume masculino e com um toque do que eu achava ser
afrodisíaco, já que meu corpo parecia cada vez mais rendido à
proximidade com o dele.
— Então, Phillip. — Ele sorriu com meu tom de voz e eu
derreti no seu sorriso mais uma vez. — Me conte o que está
passando em sua mente nesse instante.
— Tem certeza? — Acenei positivamente e o homem ao meu
lado esperou o garçom entregar meu mojito e sair para responder. —
Estou pensando que gosto tem sua boca agora.
Hm, ok! Isso é golpe baixo.
— E você, o que está pensando agora?
Engulo em seco.
Estava prestes a responder que gostaria de lhe mostrar qual é
o sabor dela, quando uma mulher muito bonita entrou no pub com
mais duas pessoas a seguindo, um cara alto, gostoso de um jeito
cafajeste e uma outra mulher muito bonita logo atrás, os três
pareciam estar procurando alguém e só confirmou minhas suspeitas
quando a que estava liderando o grupo encarou nossa mesa e abriu
um sorriso enorme enquanto se aproximava.
— Adam! — Gritou.
O homem ao meu lado desviou sua atenção do meu rosto
para o da mulher e abriu um sorriso diferente, se eu achava que os
anteriores eram hipnotizantes, o destinado à garota dos olhos azuis
quase cinzas eram ainda melhores.
— Por que não estou surpreso de você ter vindo até aqui
Louíse?
Louíse era uma mulher diferente de todas as outras que já
entreguei meu “Disk-Sexo”, como a mídia e as pessoas normalmente
o chamavam, inicialmente aquele cartão com meu número e a oferta
de um dia comigo, não era apenas destinado às mulheres e mesmo
quando as entregava, o gesto não era nada mais do que um convite
para passar um tempo comigo e trocarmos experiências.
Nas primeiras semanas realmente foi assim, apenas um
tempo dedicado às pessoas que não conhecia, mas que ficavam
animadas em saber tudo sobre minha vida, como me interessei pelo
Hóquei, como aprendi a jogar, quem me inspirava e várias outras
perguntas que costumava gostar de responder.
O que era maravilhoso antes, se tornou um inferno e
realmente não tenho ninguém para culpar a não ser eu mesmo.
A ideia de passar um tempo comigo estava fazendo sucesso,
cada vez mais pessoas apareciam no fim dos jogos, principalmente
crianças que amavam hóquei, com isso oportunidades foram sendo
criadas e meu assessor aproveitou cada uma delas.
Eram contratos milionários e para um garoto de dezoito anos
receber aquela quantia apenas para levar as pessoas a um
restaurante, tirar algumas fotos para propaganda quando eles
precisavam e dormir em um lugar luxuoso cada vez que ganhava um
jogo? Isso era mais que um sonho.
Assinei o contrato de dez anos sem pensar duas vezes.
Naquela época, não sabia que pegar aquela caneta e colocar
meu nome ali seria o maior erro da minha vida.
O primeiro ano foi bom, o mesmo esquema de levar pessoas
comigo para trocarmos experiências de vida, conheci muita gente
boa durante aquele ano, mas então veio o dia que fiz a maior
burrada da minha vida.
Era meu aniversário de dezenove anos e para ajudar na
celebração, também ganhamos o jogo contra o Montreal Canadiens,
aquela euforia toda se multiplicou quando no meio de todo mundo
aguardando para ver quem receberia o disco da partida com o meu
cartão, tinha uma loira muito gostosa, lembro que na época eu fiquei
meio hipnotizado por seus seios enormes e empinados.
Eu era jovem e uma mulher gostosa estava esperando para
passar um tempo comigo, não precisa ser um gênio para adivinhar o
que fiz.
A entreguei aquele maldito cartão, não vou mentir e dizer que
minha intenção era conversar com ela como fazia com os idosos ou
as crianças com os pais que geralmente levava nesses passeios.
Eu queria conversar com os peitos dela e foi exatamente o
que fiz, transamos a noite inteira e quando achava que ela estava
satisfeita, sua boceta já estava envolvendo meu pau de novo e seus
mamilos apertados entre meus dentes.
E na manhã seguinte? Fodi ela ainda mais.
O tempo foi passando e a cada jogo eu reparava que as
mulheres estavam aumentando ali em volta, seus olhos brilhavam
cada vez que passava e entregava a uma delas o disco com o
cartão.
O que posso dizer? Meu eu de dezenove anos não ouvia o
cérebro e sim o pau.
O arrependimento não veio imediatamente, passei alguns
anos desfrutando daquilo, não transava com todas em todos os
jogos, mas aproveitava quando estava afim e isso acabou circulando
rapidamente, quando dei por mim não havia mais nada além de
mulheres ansiosas esperando por mim a cada jogo ganho.
Queria parar de entregar meu cartão, queria romper com o
contrato, mas já era tarde demais para mim, se o quebrasse eles
arrancariam até meus pelos pubianos e levariam junto com eles
como forma de pagamento.
Não podia deixar isso acontecer, por isso continuei.
Levo todas as garotas para o hotel porque era o que elas
queriam de qualquer forma, deixo-as em seus quartos sozinhas e
não faço nada que não esteja minuciosamente escrito naquele
maldito contrato:
Levar meus convidados para o quarto destinado e depois
jantar com eles no restaurante ao lado.
Não podemos dizer que elas ficam satisfeitas com isso, mas
não posso fazer nada a respeito, cansei dessa vida, cansei dessa
fama! Tudo que mais queria nesse momento era alguém que não me
olhasse como um pedaço de carne que pudesse usar apenas para
descobrir se o que as outras diziam era verdade.
Enfim, quando Louíse recusou meu cartão soube que aquela
era a minha chance, claro que tinha uma pequena possibilidade dela
estar tentando se fazer de difícil para me instigar, mas não parecia
ser o caso.
Acabou que não era mesmo.
Um som alto vindo do outro lado do restaurante me trouxe
para o presente e não precisei virar o rosto para descobrir que era
Phillipo, o encontro da ruiva que pela primeira vez depois de Louíse,
me chamou atenção.
Não apenas por ser linda, mas também por não dar nenhum
indício de que me conhecia ou que sabia da minha merda de
reputação.
— Vou encontrar minha Jane. — O cara que no momento
estava sem camisa, bateu em seu peito com força imitando o Tarzan
e subiu em cima da mesa só para saltar dela e aterrissar no piso com
as mãos no chão como um gorila.
Aparentemente foi bom ela ter achado que eu era ele.
Desvio os olhos da cena e encontro os dela tentando não ficar
muito vidrado em seus lábios levemente avermelhados quando se
esticaram em um sorriso cúmplice.
— Essa é Harper, minha amiga. — Louíse chama minha
atenção ao puxar o braço da mulher parada em suas costas. —
Harper, esse é Adam.
Os olhos escuros de Harper se iluminaram enquanto ela
ergueu a mão e segurou a minha com firmeza, seus lábios tingidos
com um batom marrom claro se esticaram em um sorriso enorme,
como se ela realmente quisesse sorrir e não apenas um sorriso
social daqueles que a gente dava quando não queria ofender alguém
por não rir da piada sem graça.
Não posso negar que é linda e eu realmente poderia me
interessar em conhecê-la melhor se não estivesse acompanhado por
uma ruiva que despertou meu interesse.
— Oi. — Harper disse sem timidez.
— Oi.
Eu sabia que precisava desenvolver um assunto com ela, mas
perdi totalmente o raciocínio quando escutei a minha companheira
de cerveja dizer que já estava indo embora. Em segundos minha
atenção não estava mais na Harper verdadeira, mas sim na Harper
“falsa” que sem querer encontrei duas vezes.
Girei o rosto para a saída e a vi de costas, passando pelo
grupo do garoto Tarzan com o rosto praticamente enfiado dentro da
sua bolsa, parecia querer se esconder para evitar que o tal Phillipo a
reconhecesse.
Isso me fez questionar: Ela obviamente não tinha visto
nenhuma foto dele, mas será que ele tinha uma dela?
— Eu já volto! — Avisei correndo na direção dela e tomei um
tempo para analisar sua bunda na saia de couro preta apertada.
Incrível pra caralho.
Em poucos passos cheguei ao seu lado, fazendo questão de
tampá-la com meu corpo.
— Ia sair sem se despedir?
Ela não se assustou, apenas tirou o rosto da bolsa e o ergueu
para me encarar, sua atenção era bem-vinda, ainda mais quando
parou em meus lábios por poucos segundos antes de me olhar nos
olhos e abrir um maldito sorriso.
— Eu me despedi, mas a Harper verdadeira estava ali, então
não queria ser uma empata foda. — Ela sorriu de canto. — Inclusive,
você deveria estar lá com ela e não aqui me seguindo até o carro.
Afastei seu comentário com um aceno de mão enquanto abria
a porta de vidro do restaurante e esperava que ela passasse
deixando seu perfume floral flutuar no ar até atingir meu sistema.
Mais um ponto para a ruiva, ela cheirava divinamente!
Enquanto atravessamos o estacionamento ainda lado a lado,
passei os olhos rapidamente ao redor para achar seu carro e foi
inevitável deixar um sorriso invadir meus lábios no instante que o vi
bem ao lado do meu.
— Provavelmente. — Respondi sua fala anterior. — Mas
decidi que não era justo só você saber meu nome verdadeiro.
Seus lábios me presentearam mais uma vez com um sorriso,
antes da ruiva afundar sua mão na bolsa para provavelmente
procurar por algo, seus olhos não estavam nos meus, mas ainda
continuei observando-a e aproveitando a proximidade para sentir seu
cheiro.
Seus dentes seguraram o lábio inferior enquanto ela enfim
ergueu a chave e destravou o carro ao me encarar, parecia ponderar
se deveria me dar seu nome verdadeiro ou não.
— E se te der um nome errado, como vai saber?
Sorri para ela como um gato.
— Eu vou saber.
E iria mesmo!
“Harper” ergueu uma sobrancelha.
— Me chamo Anna.
Eu ri.
— Mentira!
Ela apertou os olhos e tentou esconder um sorrisinho.
— Mas é Anna! — Insistiu na mentira.
Aproximo-me do seu corpo o suficiente para invadir seu
espaço pessoal e coloco os lábios próximos ao seu ouvido, mas
antes de falar qualquer coisa, eu respiro seu cheiro audivelmente.
Nunca cheirei uma flor, mas se cheirasse tenho certeza que
teria o perfume dela.
— Acho que sei seu apelido, quer que eu diga? — Me afasto o
suficiente para vê-la balançar a cabeça positivamente. — Angel.
Sua boca faz um “O” de surpresa.
Ergo a mão com o documento que ela havia deixado cair
quando estava fuçando dentro da sua bolsa assim que sentou na
cadeira ao meu lado desculpando-se pelo atraso e dou um beijo em
sua bochecha antes de colocá-lo em sua mão, aproveitando a
oportunidade para deslizar o meu cartão para sua bolsa aberta.
— Você sabia meu nome o tempo todo? — Cerrou os olhos
desconfiada. — Por que não me disse antes?
Dei de ombros.
— Achei que poderia te impressionar mais tarde quando
tentasse adivinhar, mas claro que falaria o meu depois de te entregar
isso. — Aponto para sua mão. — Enfim, Angel combina muito já que
você se parece com um.
Queria convidá-la a voltar comigo e se sentar na mesa, mas
algo me disse que seria bem estranho se eu desse mais atenção a
ela do que a Harper, que definitivamente estava ali exatamente para
me conhecer, então enfiei minhas mãos no bolso e dei um passo
para me afastar.
— Até mais, Angel. — Andei de costas alguns passos
enquanto me recusava a desviar o olhar do dela. — Ah, espero que
não se importe, mas deixei uma coisinha em sua bolsa.
Seus olhos ainda estavam me encarando quando virei e
comecei a andar normalmente até as portas de vidro escuras do
House e segui na direção da mesa que agora estava ocupada por
Louíse, Donavan e Harper.
Passo a mão no cabelo certificando-me que precisava cortá-lo
e afasto o pensamento de que deveria voltar para o estacionamento
e chamar Angeline para sair.
Me aproximo da cadeira onde estava sentado.
— Então, você me mandou para o lugar errado de propósito?
— Sento ao lado de Harper e encaro os olhos divertidos de Donavan
antes de ver Louíse revirar os seus.
— Foi um mal-entendido, já expliquei a você. — Ela sorriu
alcançando a garrafa de cerveja em frente à Donavan dando um leve
gole antes de fazer uma careta. — Mas entãaaao, vamos mudar de
assunto! — Sorriu. — Harper ama viajar, não é? — Ela parecia ter
chutado sua amiga, porque a mulher ao meu lado se sentou direito
com uma careta.
Que sutil, Louíse!
Donavan riu levando a cerveja nos lábios.
— Sim é verdade, adoro conhecer novas culturas, descobrir
novos hábitos, novas línguas e principalmente comidas. — Enquanto
dizia os olhos de Harper realmente brilharam. — É maravilhoso o
quanto podemos aprender apenas observando um povo com
costumes diferentes dos nossos.
Acenei concordando.
Também amava viajar, principalmente para um lugar que
tenha mar e faça calor, só para variar um pouquinho do clima
congelante do Canadá, era realmente uma pena que só podia fazer
isso fora das temporadas de jogos e antes de começar a treinar
novamente, o que no caso me davam apenas dois meses de folga
por ano antes de ter que voltar.
Não podia reclamar muito, já que conhecia pessoas que nem
isso tiravam de férias, então estou mais disposto a agradecer por
esse tempo descansando do que realmente reclamar.
— Concordo, às vezes viajo para um lugar apenas por causa
da comida.
— Para onde você vai dessa vez? — Louíse interrompe
erguendo a sobrancelha várias vezes como se quisesse me mandar
um sinal.
Eu entendi querida, só não acho uma boa ideia.
— Anurb.[3]
Harper arfou ao meu lado.
— Já fui lá uma vez, foi uma das melhores viagens que já fiz
em toda a minha vida. — Ela sorriu mexendo nos cachos escuros do
seu cabelo. — Uma dica? Faça a trilha do Paraíso e não pare até
chegar no final, ela é bem longa e por isso muita gente não
completa, mas garanto que não vai se arrepender depois que ver a
vista no final e experimentar a comida da única cabana ali.
Acenei positivamente.
Os caras provavelmente não iriam querer fazer uma trilha
muito grande, eles decidiram ir para o país especialmente por ele ser
considerado o Paraíso de pessoas bonitas, mas quem sabe? Talvez
eu faça sozinho.
Louíse empurrou o bico do seu sapato em minha canela.
— Talvez você precisasse de uma guia?
Eu ri e percebi Harper ficar com as bochechas vermelhas.
— Baby. — Donavan a chamou e sussurrou algo em seu
ouvido, aparentemente tinha relação comigo porque ela mirou seus
olhos azuis em mim e os cerrou.
Esperei que perguntasse logo o que queria, mas ela não fez,
ao invés disso mudou de assunto e ficou jogando olhares
desconfiados em minha direção enquanto puxava assuntos
divertidos que ela claramente sabia sobre a vida de sua amiga.
Louíse é esperta!
— Isso ... mais rápido!
— Meu Deus, você está me matando assim!
Pego o travesseiro debaixo da minha cabeça e pressiono em meu
rosto, talvez se parasse de respirar por alguns minutos, o som do
quarto de Yoga e seu namorado estupidamente maravilhoso e
apaixonado fosse reduzido a zero e eu não precisasse me sentir mal
por ficar ouvindo sua transa insana e completamente ... barulhenta!
O som da pele dos dois se chocando chegou ao meu ouvido,
junto com o rangido da cama e os gritos da minha amiga que
estavam cada vez mais altos.
Ainda poderia bater na parede e pedir encarecidamente que eles
fizessem menos barulho, ou fossem para a casa de Jamie, ele
morava sozinho e não tinha o porquê transarem no quarto de Yoga
que era bem colado ao meu, mas a verdade é que não faria isso, não
é justo interromper a felicidade da minha amiga apenas porque sou
uma fracassada na arte do amor e não gozo com um homem faz o
quê?
Anos!
Com Diego nunca gozei porque ele provavelmente estava
sofrendo tendo que enfiar o seu pau em mim uma vez por mês e
nunca se deu ao trabalho de colocar os dedos ou a língua para
trabalhar, com Uriel só gozei uma vez e foi no último dia que
transamos, antes de entender o motivo dele ter aprendido várias
coisas que não fazia antes.
Ele tinha duas amigas com quem dividia o apartamento perto da
sua faculdade, elas eram do mesmo curso que ele, então fazia um
pouco de sentido morarem juntos e economizar, mas a verdade é
que elas estavam o ensinando a foder também.
— Por favor ... Jemie ... mais forte!
— Porra gata, não vou aguentar muito.
Mais e mais barulhos de suas peles se batendo.
Yoga, eu te odeio!
Odeio por estar transando com seu namorado todos os
malditos dias, enquanto fico sonhando acordada com um certo loiro
dos olhos verdes que só vi duas vezes.
Minha amiga começou a gemer mais alto e ouvi o som de um
tapa estalado.
Ok! Esse era o meu limite.
Pulo da cama e encaro a tela do meu celular.
Quatro horas da manhã? Sério isso Yoga? Não podia transar um
pouco mais tarde em um sábado?
Reviro os olhos colocando o celular em cima da cama enquanto
acendo a luz e me visto o mais rápido possível para ir até a
academia tentar gastar essa energia sexual que vinha acumulando
por muitos anos.
No fundo, esperava que correr alguns quilômetros e treinar perna
me deixasse mais “satisfeita”, mas algo me dizia que não resolveria
muito bem o problema, talvez devesse encontrar alguém exatamente
para sexo casual.
Existem sites para isso, o Tinder mesmo tem muitos que só estão
ali atrás de sexo ou podia contratar um profissional. Aimée, minha
assistente, me contou uma vez que estava tão necessitada que
entrou no site que uma amiga havia recomendado e contratou um
homem moreno dos olhos azuis que tinha o corpo mais sarado que
ela já tinha visto na vida e olha que aquela mulher viveu bem em
seus cinquenta e cinco anos de idade.
Ela disse que o homem faltou a virar do avesso, confidenciou
também que no final, seu corpo estava tão saciado e desgastado que
mal conseguia se levantar para pegar o dinheiro e pagar o senhor
língua vibrante que a fez parecer uma virgem ao comparar aquelas
poucas horas com seus vários anos de sexo papai e mamãe com
seu ex marido ou com os outros casos.
Não seria uma má ideia pagar para ter um homem que me
fizesse gozar, já estava cansada dos meus dedos, apesar de serem
muito eficazes, eles não me deixavam vendo estrelas e não me
sentia esgotada a ponto de querer ficar deitada em cima da cama,
esperando que o suor secasse em meu corpo.
Respiro fundo ao pentear meu cabelo todo para trás e amarrar
em um rabo de cavalo alto, assim como prender minha franja e sair
do meu quarto ainda ouvindo o barulho dos dois no quarto ao lado.
Ainda iria trazer alguém para transar comigo no meu quarto e
obrigar Yoga a ouvir, juro que gritaria mesmo se o sexo não estivesse
tão bom.
Deixa de ser rancorosa, Angel.
Ajeito a minha bolsa e antes de voltar ao quarto para pegar o
celular que esqueci em cima da cama, vejo um cartão preto com
escritas douradas ali.
O cartão dele.
Fazia quase uma semana que tínhamos nos encontrado no
House, onde ia encontrar Phillipo, mas acabei desistindo quando vi
que ele havia criado uma personalidade adulta apenas para sair
comigo. Nesses cinco dias vinha debatendo comigo mesma se
enviaria uma mensagem ou se o deixaria em paz, afinal, ele entrou
no restaurante para encontrar com a Harper que era uma mulher
linda e parecia estar realmente interessada nele, tanto que sequer se
importou em encontrar outra mulher ao seu lado na mesa.
Seguro o cartão em minhas mãos e o nome Adam Bart brilha em
minha frente, como se estivesse tentando me fazer entrar em
contato.
Não é uma boa ideia, ele é perigoso!
Meu cérebro alertou enquanto meu corpo dizia exatamente o
contrário.
É uma ótima ideia, talvez ele pudesse te ajudar na vingança
contra Yoga.
Sacudo a cabeça.
Talvez ele pudesse ser meu amigo?
A imagem que criei do seu corpo nu durante alguns momentos no
banho ou antes de dormir piscou em minha mente e soltei um
gemido baixo.
Foi assim que percebi que não queria amizade com ele.
Jogo o cartão negro dentro da bolsa de novo e dou passos
apressados na direção do meu quarto para pegar o celular e sair
daqui o mais rápido possível, mas quando estou na porta do quarto,
ouço minha amiga rir e “sussurrar”.
— Você acha que fizemos muito barulho? Angel está no quarto
ao lado.
Sério? Agora que os dois gozaram que ela pensa no barulho?
— Sim, vocês fizeram barulho pra caralho! — Não resisto em
responder e fecho a porta do quarto antes de pegar minha bolsa em
cima do sofá e enquanto a risada da minha amiga ecoava pelas
paredes finas eu finalmente saio do apartamento e sigo em direção
às escadas.
Óbvio que ela não se importaria ao saber que ouvi tudo, essa era
Yoga, uma garota inconsequente em um corpo de uma mulher
poderosa que não se importava muito com a finalidade das suas
ações, ela apenas as fazia e se houvesse alguma consequência
séria, ela resolvia depois correndo para os braços do seu pai, um
político poderoso que não havia nada nem ninguém que o impedisse
de proteger sua filha.
Houve uma vez, ainda estávamos na faculdade, que ela queria
me levar para nadar pelada na piscina do nosso professor que
estava substituindo a senhora Wilson, uma professora bem chata
que nos explicava sobre a teoria da Administração como se fosse
canção de ninar. Yoga queria transar com o professor para ver se ele
conseguia mudar sua nota na última prova e para isso, ia levar suas
amigas para nadar peladas em sua piscina, como um pequeno
presente para seus olhos e depois que o professor tivesse sua dose
de colírio ela o levaria para dentro da sua linda casa e o ofereceria
um boquete em troca de pontos.
Não concordei com isso, mas ela fez mesmo assim. No outro dia
fiquei sabendo das histórias e que fui a única a não concordar com o
plano “brilhante” de Yoga, já que as outras meninas que faziam parte
do nosso grupinho de amigas, toparam participar, só que ao invés de
apenas agraciar o professor com seus seios e bocetas nuas, elas
também transaram com ele então não foi surpresa quando
entregaram a classificação final dos alunos e elas quase receberam
medalha de ouro pelas notas e comportamento dentro de sala.
Essa foi a vez que deu certo, mas teve uma que ela queria
transar com seu recente namorado em público. Sim! Eu sei! Isso não
daria certo, e realmente não deu porque ela decidiu que queria fazer
isso em um elevador de vidro do shopping mais movimentado de
Toronto.
Uma pessoa viu e denunciou o que estava acontecendo ali, mas
isso já era óbvio para mim e acredito que para todo mundo que ela
contasse essa ideia maluca, mas claro que para a minha amiga
desmiolada essa era a melhor ideia que ela teve em anos e bom,
digamos que seu pai precisou mexer seus pauzinhos para que não
tivesse um processo de atentado ao pudor ou algo relacionado a
ações e atitudes obscenas em lugares públicos sujando o nome da
sua preciosa filha.
Destravo o meu carro e entro nele, ligando o aquecedor no
mesmo instante que minha bunda quase congela ao encostar no
couro.
Yoga pode ser maluca, mas é uma das melhores amigas que
alguém poderia ter, ela só faz o que tem vontade sem se importar
com a opinião alheia e isso as vezes incomoda muita gente, mas as
pessoas que lutem.
Ligo o carro com um suspiro e confiro se o pré-treino está ali.
Alguns anos antes

— Adam, Adam, Adam! — A pequena Charlie corre em minha


direção com um sorriso enorme.
Sorrio para as bochechas rosadas e a respiração ofegante
quando ela segurou a barra do vestido e o ajeitou antes de se sentar
no degrau ao meu lado.
Charlie tinha apenas seis anos, mas conversava como se tivesse
a minha idade.
— Você não vai acreditar. — Ela ergueu a mão para colocar uma
mecha grossa de cabelo loiro atrás da orelha e me encarou com
aqueles grandes olhos verdes.
Sim, ela poderia se passar por minha irmã se não tivesse certeza
que era filho único.
— Você roubou o chocolate da irmã Kath?
A pequena abriu a boca surpresa por eu saber seu segredinho
sujo e deu uma risadinha sapeca, antes de tentar se recompor e
voltar ao seu assunto tão importante.
— Não tem nada a ver com isso. — Sorri para a revirada de olhos
teatral que ela me deu. — Vou ser adotaaaaaada!
Charlie pulou do degrau que estava sentada e ergueu as duas
mãos para cima como se estivesse comemorando um gol, seus
olhos claros brilharam para mim e a bochecha rosada parecia estar
ainda com mais cor de tanta emoção que a pequena estava
sentindo.
Já tinha visto essa animação antes, quase todos os meus amigos
chegavam assim depois de ter conhecido algum casal na sala da
madre superiora e espero de verdade que a Charlie tenha tanta sorte
quanto eles.
— Boa garota! — Ergui meu punho em sua direção e a senti bater
com o dela muito mais forte do que o normal. — Eles são legais?
O rosto dela parecia querer rachar de tanto sorrir.
— São muuuuuuuuuito legais, até prometeram me levar na
Disney para conhecer o castelo da Cinderela. — Charlie rodopiou no
ar e ajeitou o vestido quando parou e me olhou profundamente. —
Pedi para eles te levarem também, seria legal ter você como irmão
mais velho.
Me forcei a sorrir.
Eu não tinha sorte com os casais que chegavam aqui abertos a
me conhecer, eles sempre se empolgavam até olhar a minha extensa
ficha de problemas e não satisfeito, ainda tinha um agravante: eu
tinha treze anos e apesar de querer muito levar uma vida diferente e
ter uma família de verdade, os casais aparentemente não queriam
adotar um adolescente que tudo que eles viam era um letreiro
gigantesco com letras néon dizendo: PROBLEMA.
— Só de você estar indo morar em uma casa de verdade, já
estou feliz Char.
Era verdade, realmente ficava feliz por todos eles, mas tinha uma
parte de mim que ficava triste por não ter a sorte de querer sorrir tão
alegremente como a pequena rodopiando em minha frente.
Quem sabe um dia?
— Adam! — A voz da irmã Kath me fez tirar os olhos do teto e
encará-la na porta. — Tem um casal querendo vê-lo.
Apenas aceno indiferente.
Antes ficaria animado com a notícia, me arrumaria para estar o
mais apresentável possível. Naquela época, ainda me deixava
enganar com a esperança que uma roupa limpa e mais arrumada iria
realmente me fazer ter uma chance com as dezenas de casais que
apareciam aqui em busca de um filho ou filha, mas agora? Já estava
cansado disso. Era sempre a mesma história, os casais que vinham
aqui queriam bebês ou crianças muito pequenas para adotar e não
um garoto de treze anos com um histórico de se enfiar em
problemas.
Não fazia isso porque queria, precisava roubar para sobreviver já
que minha mãe biológica não dava conta de me sustentar com seu
vício em crack, então passava meus dias na rua, geralmente
roubando comida para não morrer de fome, isso durou até os meus
dez anos de idade, quando cheguei em casa e encontrei uma
ambulância parada na porta.
“Overdose”
Foi a única palavra que o paramédico disse e eu entendi
perfeitamente bem o que ele estava falando.
Que garoto de dez anos deveria entender o que é uma overdose?
Enfim, naquele momento soube que minha mãe tinha morrido e meu
destino estava nas mãos do governo.
Não tinha escapatória.
— Adam? — A voz da única freira legal do orfanato chamou
minha atenção e ela se aproximou com um sorriso bondoso nos
lábios. — Por que você não troca essa roupa suja e coloca aquela?
Ela apontou para o cabide com uma calça jeans limpa junto com
uma camisa preta.
— Pra quê? — Encarei seus olhos azuis. — Vai acontecer como
antes, eles vão me olhar e ver que não era aquilo que procuravam.
Sim, já tinha feito isso vezes o bastante para não me importar
mais com o código de vestimenta das apresentações, não fazia
sentido me arrumar para que eles tivessem a mesma reação e
acabar não me levando para casa por ser grande demais para que
moldassem da maneira que queriam.
Desvio o olhar para o quadro com Jesus no meio da parede.
Perdi as contas de quantas vezes rezei para que ele me desse
uma família nova, todas as noites pedia perdão por roubar nos anos
anteriores, mas provavelmente não merecia uma segunda chance já
que todos os casais que apareciam levavam meus amigos, menos
eu.
— Vista-se! — A freira colocou a roupa em cima de mim e sorriu.
— Estou esperando do lado de fora para te levar.
Não que estivesse animado ou algo assim, mas como uma última
dose de esperança, fiz o que a irmã havia pedido, coloquei aquela
maldita roupa cheirando a perfume que geralmente não usávamos
aqui, passei a mão no meu cabelo para que ele ficasse menos
espetado para todos os lados e segui Kath até a porta de madeira
gasta que a irmã ficava todos os dias.
Bom, digamos que esse foi o melhor dia da minha vida!
O dia que conheci Alyssa e Marcus, mais conhecidos como
minha mãe e meu pai.
— Por que ignorou minhas chamadas?
Ainda estava com a respiração ofegante pela corrida na esteira,
por isso respirei profundamente algumas vezes antes de explicar à
Yoga que graças a suas aventuras sexuais, precisei vir à academia
de madrugada para tentar liberar essa tensão sexual que estava
sentindo ultimamente.
— Você sabe muito bem o porquê. — Falo levando a garrafinha
de água até meus lábios e tomando um grande gole. — Você fez de
propósito!
— Isso não é verdade! — Retruca quase gritando. — Enfim,
preciso conversar com você.
Bebo mais água.
— Conversar comigo?
Essas palavras não me traziam boas lembranças, talvez
porque sempre que as escutava era seguido por um episódio louco
de sua vida, então não! Não confiava nem um pouco quando Yoga
vinha com esse papo de preciso conversar com você.
— É, conversar... — Com o rosto franzido, dou alguns passos
lentos para longe das esteiras. — Podemos almoçar juntas?
— Não, tenho um encontro hoje na hora do almoço lembra? Foi
você quem marcou com um desconhecido! — Falo em tom
acusatório e sigo para o banheiro.
— Ah sim, você disse que precisa trabalhar hoje... — Ela faz uma
pausa. — estará muito ocupada?
Quase gargalhei da sua pergunta.
Sempre estava ocupada na editora, quando não tinha problemas
internos para resolver, tinha os externos que geralmente eram os
mais exaustivos, como ontem de tarde que fiquei horas tentando
explicar a uma autora que a estratégia de marketing que utilizamos
para a S. J. Star não poderia ser usada para os livros dela, já que era
uma autora novata e não tinha muitos leitores fieis que comprariam
até sua lista de mercado como acontece com a S. J. Star, então, por
esse motivo, ainda não conseguiria fazer a “venda às cegas” para
ela, assim como não conseguiria utilizar do mesmo recurso para
outros autores também.
A autora em questão não parecia querer aceitar que não daria
certo com o livro dela, então quase desenhei que para fazermos uma
venda assim, sem mostrar capa, sinopse ou do que se trata o livro, o
autor tem que ser conhecido e querido o bastante para que os
leitores comprem um livro cujo não sabem NADA, eles precisam,
literalmente, ter uma confiança cega naquele escritor e infelizmente
ela ainda não tinha chegado lá, mas fiz questão de enfatizar que uma
hora chegaria.
A garota acabou de completar dezoito anos, começou a carreira
de autora agora e realmente escreve muito bem, quis colocá-la no
time de autores publicados pela Findez porque li o primeiro livro que
ela escreveu independente na Amazon e me interessei pelo enredo,
pela escrita, por todos os personagens que ela soube desenvolver
muito bem, então investi nela assim como estou fazendo com o
nosso próximo lançamento, mas não posso passar o carro na frente
dos bois porque apesar de ser muito talentosa, ela ainda não tem
leitores que comprariam os seus livros cegamente.
— Angel?
Minha amiga me traz de volta para a realidade.
— Provavelmente bem ocupada, mas você pode aparecer lá,
talvez consiga dois minutos?
Ela suspirou.
— Acho que preciso de mais que dois minutos para conseguir te
convencer. — Resmunga e antes que pergunte do que ela precisa
me convencer, sua voz sobressai a minha. — Preciso desligar, vê se
não fuja do encontro dessa vez!
— Dessa vez? Aquele com o Phillipo era um ... — Ergo a
sobrancelha. — Eu sei o que está tentando fazer Yoga, você não vai
me distrair. — Ela gargalhou. — Do que precisa me convencer? —
Sem resposta. — Yoga? — Afasto o celular do rosto e olho a tela.
A filha da mãe desligou.
— Droga, Yoga! — Resmungo olhando para a tela do meu celular.
É nessas horas que realmente não entendo porque nossa
amizade dá tão certo.
— Phillip ... Yoga, no nosso próximo encontro vai me chamar do
quê? — A voz em minhas costas causou um arrepio diferente em
minha pele. — Se tiver escolha, para variar, pode me chamar de
Adam.
Giro o corpo para encontrar aqueles olhos verdes, juro que
pretendia questionar o que diabos ele estava fazendo na minha
academia... Ok, não minha, mas a que frequento, até abri a boca
para acusá-lo de estar me seguindo, porém o sorriso bonito preso
em seus lábios assim como os olhos brilhando, me desconcentrou e
ao invés de sair palavras da minha boca, saiu um suspiro que por
pouco não virou um gemido.
— Você está me seguindo, não é? — Recupero o controle das
minhas cordas vocais.
— Não. — Diz depois de soltar uma risadinha.
Meu Deus! Até os dentes dele são perfeitos.
Pisco e volto minha atenção para os seus olhos.
— Não? Então o que está fazendo aqui?
Adam olha ao redor antes de erguer uma sobrancelha.
— Provavelmente vim fazer o mesmo que você!
Acho que não, quer dizer, não literalmente já que estou aqui a
essa hora unicamente porque Yoga não me deixou dormir com o
apetite sexual que ela e seu namorado ostentam.
O homem em minha frente parecia que mais incomodava os
amigos com um sexo barulhento do que ficava incomodado.
Ele seria um bom candidato para a vingança.
Deixo minha atenção passar em seus lábios cheios e rosados, no
maxilar que diferente das outras vezes que nos encontramos, estava
salpicado de uma barba por fazer e antes que meus olhos se
aventurem para baixo, eu me contenho.
Sim, Adam é um candidato e tanto.
— Angeline?
A voz rouca... isso não estava fazendo bem para o meu corpo.
— Hm?
Ergo a cabeça para encontrar seus olhos, percebendo
dolorosamente a proximidade dos nossos corpos, sentindo seu
perfume inundar meus sentidos, assim como os olhos ... ah esses
olhos que parecem enxergar a minha alma.
— Adam! — Uma voz masculina me tirou do transe. — Anda
cara, vamos acabar com essa tortura logo!
Adam não se afastou, muito pelo contrário, ele se aproximou
ainda mais e pude sentir seu hálito quente em meu pescoço quando
ele sussurrou:
— Estou esperando você entrar em contato, Angel.
Ele me encarou por dois segundos antes de inclinar sobre mim
com a atenção presa em meus lábios e depositar um beijo ali. Não
foi nada revelador demais, apenas um encostar de reconhecimento,
mas foi o suficiente para meu corpo querer mais, muito mais.
— Angel, o modelo acabou de chegar para a entrevista e... —
Aimée entra em minha sala com seu usual passo apressado e para
ao me ver encarando o cartão preto. — O que diabos tem nesse
cartão? Algum tipo de pornô holográfico? — Ela se aproxima com o
braço esticado e um sorriso no rosto. — É a terceira vez que entro
aqui e você está encarando essa coisa.
Afasto a mão com o cartão dele junto com os pensamentos
impróprios sobre aquela boca e o jogo dentro da minha bolsa, antes
de encarar a senhora esperta em minha frente.
— Não é da sua conta. — Sorrio enquanto ela revira os olhos e
cruza os braços sob os seios que estavam em evidência por causa
do decote que ela normalmente não usava. — Aaaaaaah, não
acredito! — Finjo incredulidade.
Minha assistente finge desentendimento ao passar a mão no
cabelo que normalmente é liso e não passa do ombro, mas hoje em
especial ela estava com uma lace Wig [4]de fios negros e ondulados
exibindo algumas mechas loiras, dando uma iluminação bonita no
cabelo. Seu rosto estava pintado com uma maquiagem quase
profissional, assim como a roupa que estava muito mais sexy do que
suas usuais blusas largas e calça jeans.
Inclinei a cabeça para trás e ri.
— Não acredito que você se arrumou assim por causa do
modelo.
Mais uma vez meu corpo estava tremendo em uma risada
descontrolada.
Não era a primeira vez que Aimée se arrumava toda por causa de
um modelo, na verdade, todas as vezes que alguma autora queria
um homem específico para fazer sua capa e os trazia aqui para
conversar e assinar o contrato para termos o direito das imagens,
minha assistente se maquiava como se estivesse indo a um evento
importantíssimo e não apenas correr de um lado para o outro
resolvendo problemas e mais problemas no mundo literário.
Se tinha uma coisa certa em nossa rotina é que os problemas
iriam aparecer em algum momento do dia, às vezes vinham pela
manhã, às vezes de tarde e o pior deles, quando vinha próximo ao
horário de irmos embora, esses sim são os problemas que mais
odeio porque significa que preciso ficar ainda mais tempo aqui.
— Não faço ideia do que você está falando. — Aimée sorri como
um gato, fazendo os olhos enrugarem um pouco por conta das
marcas da idade. — Só quis me sentir mais sexy hoje, você deveria
tentar um dia desses.
Ergui a mão para o meu coração e fingi estar magoada com seu
comentário.
— Vai me dizer que minha roupa não é sexy?
Seus olhos passam em meu vestido completamente fechado na
frente e quando sua atenção sobe, seu rosto está o puro sarcasmo.
— Você é igualzinha sua mãe.
Aceno com a mão.
— Pare de encher o saco e vá buscar o ... — Ergo a mão para
que ela me entregue a ficha e assim que o faz, procuro o nome do
modelo nela. — Damien, peça para ele entrar.
Passo os olhos na ficha em minha frente enquanto Aimée
resmunga alguma coisa antes de sair da minha sala e me deixar
observando a pequena imagem anexada do homem que entrará em
minha sala.
Balanço a cabeça com um sorriso.
Agora sim entendo o motivo da minha assistente ter gastado
quase todo seu arsenal de maquiagens antes de vir trabalhar, entre o
cabelo grande e o maxilar sexy, o modelo é mais do que apenas
bonito, o cara é maravilhoso e é perfeito para estrelar a capa do
nosso próximo lançamento.
Já posso ver a autora surtando com a arte que faremos em
sua capa.

Nome: Damien T. Jordan


Idade: 28 anos
Estado Civil: Solteiro
Altura: 1,85
Peso: 90 kg

— Senhor Jordan. — A voz de Aimée é acompanhada pelo


barulho do seu salto no chão. — A senhorita Griffin está aguardando.
Em poucos segundos o mesmo homem da foto estava sentado
em minha frente, seu cabelo não estava solto como na imagem, mas
preso em um coque bagunçado no alto da sua cabeça e como se
fosse possível, Damien parecia ainda mais charmoso de perto.
— Senhor Jordan. — Ergo minha mão e ele a segura com um
sorriso torto. — É um prazer conhecê-lo.
— O prazer é meu. — Diz antes de soltar minha mão e se
jogar na cadeira em suas costas, dando uma piscadinha sedutora ao
me encarar.
— Acredito que Aimée tenha explicado o básico sobre como
fazemos nossas fotos? — Me ajeito na cadeira ao pegar os papeis
do contrato.
Sua sobrancelha franzida foi a resposta que já esperava, é claro
que ela não explicou nada, aposto que estava ocupada demais
tentando conquistar o belo modelo em minha frente.
Ajeito o cabelo e desvio o olhar para a minha assistente ainda
parada perto da porta, observando-a sorrir enquanto dava de
ombros.
— Oh, erro meu. — Aimée diz com a voz sedutora e se aproxima
lentamente. — Posso explicar agora.
Quase ri do seu olhar implorando que eu deixasse, mas segurei e
apontei para a cadeira ao lado de Damien.
— Vá em frente!
— Ah que bom que alguém finalmente resolveu aparecer. — Os
olhos cor de chocolate da minha mãe me encaram sem emoção. —
Estou há uma hora esperando que alguém venha aqui, preciso ver o
meu filho!
Engulo em seco, impedindo que o nó em minha garganta
interrompa minha respiração.
Há alguns anos, ela começou a se confundir com as coisas,
esquecer o que ia fazer, aonde estava ou até mesmo custava a se
lembrar que eu não era mais um adolescente de quatorze anos que
aprontava para provar meu ponto, para provar que eles sem mais
nem menos não me suportariam e me devolveriam para o orfanato.
Sim! Eu era um idiota.
— Moço? O senhor pode por favor pedir ao meu marido para
trazer Adam até aqui? Preciso explicar àquele menino pela
centésima vez que ele pode tentar, mas não vou desistir dele. — Ela
suspirou com a mão na cintura e um sorriso desenhou em meus
lábios, essa era sua marca registrada quando ficava sem paciência.
— Você acredita que ele saiu de casa na noite passada escondido e
escreveu no muro da casa da vizinha com uma tinta spray preta,
chamando-a de racista? — Ela balançou a cabeça e me olhou
fixamente. — Está vendo esses cabelos brancos? Cada um
representa uma confusão que ele arruma.
Sim, eu era um terror, mas não me arrependo nem um pouco de
ter pichado a parede da senhora Nilson, inclusive faria tudo de novo
se tivesse a oportunidade porque uma coisa era aceitar a surpresa
das pessoas ao saber que eu era totalmente diferente dos meus
pais, outra completamente diferente era aceitar a falta de noção das
pessoas, a falta de empatia e principalmente o racismo disfarçado de
“ajuda” ou de “curiosidade”. Como no dia que a vizinha que morava
na casa de frente para a nossa sugeriu que eu deveria ser adotado
por pessoas mais “civilizadas e competentes” que saberiam cuidar
de um garoto como eu.
Civilizadas e competentes?
Um garoto como eu?
Nesse dia que percebi o porquê meus pais não apareciam nas
festas que davam no início do verão ou nas reuniões que aconteciam
entre os moradores do bairro, o que antes pensava ser porque eles
não queriam ter que explicar as confusões que eu arrumava com
alguns idiotas da rua se tornou muito mais doloroso.
Eles não compareciam porque não eram convidados, não eram
bem-vindos apenas por causa da cor da pele.
Fiquei com raiva disso, sempre fui bem recebido nas casas que
ia, era até convidado para as festas de aniversário e também para
passar a noite na casa dos amigos que fiz ali, mas meus pais não
tinham a mesma recepção só porque são negros?!
Isso não ia ficar assim nem ferrando.
A lembrança me atinge como um soco de emoção, nunca tinha
visto Alyssa chorar daquele jeito.
— Adam, meu filho. — Alyssa chama quando passo pela sala,
tentando ser discreto ao entrar em sua casa.
Fazem um pouco mais de dois anos que estou aqui com eles,
mas ainda não consigo abaixar a guarda e me deixar acreditar que
essa casa agora é minha, que Alyssa realmente quer ser minha mãe
e Marcus meu pai, por isso pensar que essa casa é deles e não
minha, me mantém com a sensação de que não estou apegado o
suficiente para não saber o que fazer caso for rejeitado mais uma
vez.
— Oi. — Aproximo-me com os patins em uma mão e o taco na
outra.
Sempre fui apaixonado por jogos, gosto dessa adrenalina que dá
quando tem alguma competição, a vontade de ser melhor a cada dia
me inspira a continuar dando cem por cento da minha capacidade
sempre, mas apesar disso, nunca tinha me interessado pelo Hóquei,
talvez porque nunca tive o contato direto com o esporte até o dia que
Marcus me levou para assistir um jogo.
Devo ter ficado vidrado e animado demais, pois no dia seguinte o
senhor Bart apareceu com um equipamento completo e me deu.
Nunca tinha ganhado algo tão caro e por isso até hoje, era o
melhor presente material que alguém poderia ter me dado.
— As crianças já vão começar a passar de casa em casa pedindo
doces, você vai sair com seus amigos?
Ah sim, o famoso Halloween!
Não era a minha data comemorativa favorita, mas sabia que era a
de Alyssa e Marcus já que viviam falando sobre esse dia e as
histórias de quando eles moravam em Preston eram as mais
divertidas, principalmente porque envolviam sustos e pessoas
incomodadas com o quanto eles levavam a sério as pegadinhas
espalhadas pela casa, como quando passei pelo jardim decorado de
caixões e caveiras e quase desmaiei quando uma delas se levantou
do chão com um grito.
Meu coração acelera só de lembrar.
— Sim, vamos sair de bicicleta.
O sorriso enorme de Alyssa apareceu e ela limpou as mãos
molhadas no avental.
— Não se esqueça de olhar bem os doces que for comer e por
favor, não jogue ovos na casa dos outros.
Aceno positivamente.
Eu tinha feito isso ano passado, mas havia um bom motivo, tem
um menino que todo mundo com menos de dezessete anos do bairro
tem medo, talvez por ele ser bem maior do que a gente, mas não me
importava muito com isso, tamanho não diz a força que você tem e
ele me irritou ao lançar Kennedy longe da sua bicicleta só porque
meu amigo não tinha o doce que ele queria.
— Não vou jogar, mãe...
Congelei ao mesmo tempo que Alyssa colocou a mão na boca.
Merda!
Nunca tinha chamado ela assim, não sabia se podia e também
não queria entrar em questões muito emocionais com medo da
minha estadia na casa dos Bart acabar mais cedo do que deveria.
— Oh... — Ela fungou e me puxou para si em um abraço tão forte
que quando abri a boca para respirar melhor soltei um gemido
estrangulado. — Meu Adam, estou há dois anos esperando você me
chamar assim.
Engoli em seco e forcei um sorriso.
Amo estar aqui, amo a família que me deram, amo que Marcus e
Alyssa sejam meus pais e amo eles, amo de verdade, mas o medo
estava me deixando sem ar.
— É... — Falo sem jeito enquanto ela me solta dos seus braços e
enxuga o rosto. — Vou só guardar as coisas, Kennedy está me
esperando do outro lado da rua.
Subi correndo as escadas com o carpete creme indo até o meu
quarto para guardar os equipamentos de Hóquei, estava prestes a
descer os degraus depois de trocar de roupa, quando ouvi uma voz
que eu conhecia bem.
— Senhora Bart, tenho um abaixo-assinado para você parar de
enfeitar sua casa no Halloween. — Desço alguns degraus da
escada, colocando a cabeça para espiar quem estava falando. —
Você já sabe que não deixaremos nossos filhos virem aqui pegar
doces de procedência duvidosa, mas como nem todos os pais
podem ficar de olho em todo mundo, queremos que a senhora pare
de oferecer a eles doces ou para entrar... aqui.
Apertei a mão em punhos.
— Senhora Nilson, meus doces não são de procedência
duvidosa, posso mostrar à senhora e a quem quiser ver a nota fiscal
de onde comprei. — Alyssa diz parecendo nervosa.
— Não precisa. — A vizinha diz com desdém. — Só quero
mostrar a senhora o abaixo-assinado e vir reforçar o pedido que pare
de enviar e-mails para saber quais os dias das reuniões do bairro...
— Escuta senhora Nilson, tenho tanto direito quanto você a
participar das reuniões, afinal moro nesse lugar, a minha casa está
aqui, meu filho anda nas ruas por aqui...
— Seu filho? Adam não é como vocês.
— Como nós? O que quer dizer com isso? Que por ele ser
branco, não pode ser filho de dois negros? Pois a senhora fique
sabendo que ele é meu filho sim, independente da cor da pele,
aquele menino é MEU FILHO!
Ergo as mãos até o rosto e limpo as lágrimas.
Fiquei ali por alguns minutos enquanto a senhora Nilson falava
mais algumas coisas maldosas para a mulher que cuidava de mim
com todo o amor que tinha e só desci as escadas quando me
acalmei alguns minutos depois da porta bater, isso também deu
tempo de Alyssa se acalmar.
— Já está indo? — Acenei e ela sorriu. — Não volte muito tarde e
divirta-se meu filho.
— Ok mãe.
Saí de lá com a intenção de me divertir enquanto ainda não era
odiado pela vizinhança e meus amigos ainda podiam conviver
comigo, porque a partir de hoje, eles iriam pagar por fazer minha
mãe chorar!

— Moço? — Sua voz me faz voltar para a realidade. — O senhor


já avisou meu marido?
Balanço a cabeça negativamente enquanto falo:
— Mãe, sou eu! Adam.
Ela estava sentada na poltrona confortável ao lado da janela e
seu olhar preso na televisão sem som, mas no momento que fechei a
boca, seus olhos realmente prestaram atenção em mim.
— Adam?
Aceno.
— Mas...
Sorri quando ela se levantou, aproximou o suficiente para ter que
erguer a cabeça para me olhar e ficou ali, passando seus olhos
escuros em todo meu rosto, tentando achar algo que se
assemelhasse ao Adam adolescente que ficou em sua memória
mesmo com o Alzheimer avançado.
Nunca sabia como ela reagiria quando falava que eu era Adam,
quando percebia que não era mais um adolescente que cheirava a
encrenca, mas sim um homem feito que é grato a todos os anos que
foi amado incondicionalmente por um casal maravilhoso que
resolveu adotar um garoto considerado problemático.
Minha mãe me puxa para um abraço forte, daqueles que se
apertasse mais, me dividia ao meio.
Respiro aliviado.
Havia dias que ela não acreditava que eu estava falando a
verdade e acabava ficando nervosa achando que estavam tentando
enganá-la, mas também tinham dias, como hoje, que por algum
motivo ela sabia e aceitava que esquecia boa parte da sua vida.
— Eu cresci, não é? — Brinquei ainda abraçando-a.
— Sim. — Alyssa se afasta para me observar e depois que o faz,
um sorriso enorme se desenha em seus lábios. — Sabia que você
iria se tornar um homem lindo.
— Meu ego agradece o elogio, mãe. — Dou um beijo em sua
bochecha. — Você quer assistir o vídeo da recordação?
— Então senhorita Griffin, você não falou muito, no que trabalha?
Estava prestes a abrir a boca para dar o mínimo de informação
possível para o homem em minha frente quando, felizmente, o
simpático garçom se aproximou rapidamente com nossas
sobremesas, mais conhecidas como: meu passe para dar o fora
daqui o quanto antes.
Provavelmente esse é um sinal do destino que deveria aposentar
os encontros, ou melhor, tenho que parar de deixar Yoga escolher os
homens com quem vou sair, essa não é a primeira vez que ela me
enfia em uma roubada e também não será a última.
Respiro fundo observando a interação entre meu encontro e sua
mãe.
Isso mesmo!
Ele trouxe a mãe para um encontro e até agora não me
disseram se é uma pegadinha, um teste ou sei lá como se chama
uma coisa dessas.
— Nossa, meu amor. — A mulher geme fechando os olhos ao
aceitar a colherada de doce que seu filho colocou em sua boca
sensualmente. — Isso está uma delícia.
— Griffin, minha mãe é especialista em descobrir sabores. —
Dant diz com um sorriso. — Vem mãe, descubra quais ingredientes
tem aqui.
Seus lábios se esticaram em um sorriso enorme quando virou
para o lado com uma quantidade maior que o necessário e apoiou a
colher nos lábios da sua mãe, antes de colocar com cuidado o doce
em sua boca e observá-la fechar os olhos e mover a mandíbula
como se estivesse sorvendo o conteúdo para descobrir quais
ingredientes foram utilizados.
— Com certeza tem chantili, geleia de morango, massa podre,
morangos picados, chocolate branco e claro, o sorvete de baunilha.
— A mulher diz olhando para o filho com adoração.
— Oh! — Dant geme alto. — Sim! Com certeza tem tudo isso!
Bizarro!
— Você quer provar, Angeline? — Diz erguendo a colher em
minha direção.
Afasto-me um pouco da mesa enquanto impeço, com dificuldade,
que uma careta se desenhe em meu rosto.
— Não, obrigada! — Bebo o último gole do meu suco e finjo não
perceber a expressão de desgosto da senhora Quinn ao olhar para
mim.
Ela claramente não negava nada ao seu filho e também não
gostava que outras pessoas o fizesse.
— Harper. — A voz do garçom chegou em mim antes que eu
pudesse dizer algo a respeito. — Seu amigo pediu para avisar que
está te aguardando do outro lado do restaurante para sua reunião de
negócios.
— Harper? — Dant questiona surpreso.
Ignoro-o e subo o olhar para encarar os olhos amigáveis do
garçom.
— Amigo?
A princípio achei que estava me confundindo com alguém, até ele
explicar:
— É, ele disse que se chama Phillip. — O homem girou um pouco
o corpo apontando para algum lugar atrás de mim. — Está sentado
ali.
Isso é uma piada, certo?!
Giro o rosto para seguir o lugar que ele está apontando e me
deparo com aquela íris verde-claro junto com o sorriso torto
estampado em seus lábios cheios enquanto me observa da sua
mesa.
Qual é a chance? Duas vezes no mesmo dia?
— Você marcou uma reunião no encontro com meu filho? E seu
nome não é Angeline?
O tom acusatório da senhora Quinn me faz desviar o olhar para
encará-la com incredulidade.
Sério isso? O cara traz a mãe para o encontro e eles passam o
almoço todo gemendo e falando a qualidade um do outro e sou
repreendida por hipoteticamente ter marcado uma reunião?
Não consegui controlar a minha risada.
— A senhora acha isso estranho, mas acha normal vir em um
encontro com seu filho? — Ri mais uma vez. — Bom, como vocês
ouviram... — Levanto deixando a taça com o mousse intocada em
cima da mesa. — preciso ir.
Deixo um sorriso de cortesia pregado em meus lábios até me
levantar e ir na direção da mesa que estava Adam, talvez fosse mais
inteligente seguir o caminho da saída, mas precisava saber porque
diabos ele estava me seguindo em todos os lugares, por isso, segui
o garçom até nos aproximarmos do homem sentado com usual
sorriso torto e olhos hipnóticos que inclusive estavam detalhando
minhas pernas nesse momento.
Observei a interação dos dois e fiquei um pouco surpresa ao
vê-los tocar os punhos em cumprimento.
Isso não podia ser uma coincidência.
— Pronto senhor Bart, não se esqueça da minha camisa
autografada.
Adam sorri para o garoto antes de me encarar.
— Obrigado Richard, deixarei aqui mais tarde. — Diz com seus
olhos fixos nos meus. — Angel.
Reprimi a vontade de fechar os olhos e imaginá-lo sussurrar
assim enquanto está com o corpo colado ao meu.
Em cima do meu.
Entre minhas...
Interrompi o pensamento.
— O que você pensa que está fazendo? — Consegui dizer.
— Eu? — Seus olhos passam de mim para o prato em sua frente.
— Não é óbvio?
Cruzo os braços.
— Como sabia que eu estava aqui?
O sorriso divertido em seus lábios me fez sentir estranha.
— Não sabia. — Diz pegando uma boa quantidade de macarrão
ao molho branco e enfiando na boca. — Sente-se para nossa
reunião de negócios.
Estava morrendo de vontade de sentar, mas ao invés disso, fiquei
em pé observando sua mandíbula trabalhar até ele engolir e apoiar
as costas na cadeira.
Apesar da minha enorme atração por ele, não podia ignorar o fato
que encontrá-lo em todos os lugares era estranho pra caralho.
— Não sabia que estava aqui, assim como não sabia que você
treinava na mesma academia que frequento. — Seus olhos
sondaram meu rosto e ele deve ter percebido que ainda estava
cética quanto a sua explicação porque suspirou e deu mais detalhes.
— Treino naquela academia desde os meus dezoito anos, meu
trabalho tem parceria com eles, pode perguntar aos donos depois e
esse restaurante é do meu pai, se quiser posso chamá-lo para
confirmar.
Seus olhos ficaram nos meus até o momento que acreditei e cedi
com um suspiro.
— Ok! — Falo contrariada. — Mas é muito estranho todos esses
encontros.
— Encontros, hein? — Diz com um sorriso antes de colocar mais
uma garfada de macarrão em sua boca. — Bem, queria ter um de
verdade com você, mas parece ter receio em usar o número no
cartão.
Dou de ombros ao me ajeitar na cadeira confortável para
observá-lo comer e ignoro propositalmente sua suposição mais que
certa sobre ter receio de usar aquele maldito cartão.
É obvio que me sentia atraída, quem não sentiria? Mas o
problema é que tem algo sobre o homem em minha frente que me
faz pisar no freio, como se toda minha impulsividade fosse posta de
lado quando se tratava em ligar para ele e marcar um encontro.
— Deveria ter trago o mousse. — Sussurro para mim mesma
enquanto espio por cima do ombro minha linda e saborosa taça.
— Qual estava comendo? — Quando o encarei sem responder,
Adam inclinou o corpo um pouco para o lado e sorriu para mim antes
de se levantar e caminhar até a mesa.
O que diabos ele vai fazer?
Discretamente, o observo se aproximar de Dant e sua mãe.
Adam parecia confortável ao trocar algumas palavras com os
dois, se não tivesse o visto em outros lugares poderia achar que era
apenas porque estava em um lugar que provavelmente tinha
autoridade, por ser de sua família, mas a verdade é que ele é assim.
Não o conhecia direito, mas sabia que o homem apertando as
mãos de forma calorosa com os Quinn se sentia confortável em
todos os aspectos da sua vida, inclusive indo reivindicar o meu
mousse.
Mas com essa aparência até eu estaria confortável em fazer
qualquer coisa.
Parei de prestar atenção na interação dele com os meus
antigos companheiros de almoço e fiquei apenas o observando, seus
gestos ao apontar para a taça de mousse, o sorriso bonito quando
destinava suas palavras à senhora, o antebraço a mostra com a
manga da sua camisa erguida exibindo alguns desenhos pretos em
sua pele, a bunda discretamente desenhada em sua calça jeans.
Se estivesse sem a calça, conseguiria prestar mais atenção
na volta que ela parecia dar.
Sorrio para mim mesma quando, mais uma vez, o
pensamento dele ser um bom candidato para me vingar da minha
amiga rodopiou em minha mente e fez meu corpo responder às
sensações que sentiria ao tê-lo em mim.
Um suspiro me escapa bem quando Adam vira o rosto,
pegando meus olhos dançando por seu corpo e pisca.
Claro que ele percebeu.
Ajeito o corpo desviando o olhar no mesmo instante que o vejo
pegar a taça e andar em minha direção.
— De nada, linda. — Ele sussurra colocando-a em minha frente e
volta a sentar em sua cadeira. — Aliás, encontro com o cara e a mãe
dele?
Observo seu cabelo loiro balançar conforme faz uma negação
com a cabeça.
— Não sabia que gostava de encontros assim.
Suspirei.
— O que posso fazer? Pessoas bizarras parecem ser a minha
escolha ultimamente.
Pego um pouco do mousse e enfio na boca, no instante que o
sabor delicioso do chocolate com um toque picante encontra minhas
papilas gustativas, fecho os olhos e deixo um gemido baixo passar
por meus lábios.
— Hm. — Passo a língua nas costas da colher. — Isso é
maravilhoso!
Esperava vê-lo concentrado em seu macarrão quando abri meus
olhos, mas estava enganada, os olhos de Adam estavam fixos em
meus lábios.
— Você não pode fazer uma merda dessa!
Confusa, ergui a sobrancelha.
— Fazer o quê?
Ficamos alguns segundos nos encarando até ele resmungar algo
que não entendi e enfiar mais macarrão em sua boca.
Foi inevitável vir ao restaurante do meu pai depois de passar a
manhã inteira conversando e atualizando minha mãe sobre todas as
coisas que aconteceram depois de todos esses anos esquecidos,
explicando qualquer dúvida que aparecia e até mesmo contando
alguns detalhes das nossas vidas, além de assistirmos o vídeo da
recordação que fizemos logo depois que descobrimos sua doença.
Na época minha mãe insistiu em contar tudo para a câmera
alegando que se fosse outra pessoa além dela, poderia não surtir
efeito na aceitação de que ela esqueceu todos os anos maravilhosos
em sua vida.
Porra! Foi um dos dias mais difíceis da minha vida, a incerteza
se ela lembraria que um dia foi naquele orfanato e abraçou o garoto
que ninguém queria, que cuidou de mim como nunca antes fui
cuidado. Não sabia se ela ainda permaneceria comigo em sua mente
e essa dúvida ou só o pensamento dela nunca mais me chamando
de filho e me dando seus abraços apertados me deixava triste pra
caramba.
Suspiro ao mastigar.
Essa era a minha rotina aos sábados, primeiro ia à academia
para cumprir as ordens do treinador, logo depois passava o resto da
manhã com a minha mãe e quando ela tinha que almoçar para
depois se encontrar com os outros moradores da clínica em mais um
dos eventos de socialização, me dirigia para o restaurante afim de
passar um tempo com meu velho.
Marcus se fazia de forte, dizia que estava agradecido por
apenas cuidar da minha mãe depois de tantos anos que ela fez isso
por ele, mas eu via através dos seus sorrisos amplos, sei o quanto é
dolorido vê-la ali, ter que deixá-la em uma espécie de
clínica/condomínio, mas apesar de doer, sabíamos que era o melhor
para minha mãe.
Enfim, vim aqui como em todos os outros sábados, mas então
cabelos acobreados chamaram a minha atenção.
Angel não estava diferente das outras vezes que nos
encontramos, a não ser pela mudança da roupa social que
anteriormente a vi, pela calça jeans de lavagem clara, uma blusa de
frio branca enfiada dentro da calça e uma bota de cano curto sexy
pra caramba e como se não fosse o suficiente para me deixar
afetado, a ruiva em minha frente comendo o mousse de chocolate
como se quisesse me provocar, estava com uma jaqueta preta que
ela provavelmente tirou para entrar aqui.
Eu tinha um fraco por mulheres vestidas assim.
— Por favor. — Diz lambendo a colher mais uma vez. — Diga ao
seu pai que esse mousse. — Ela aponta para a taça em sua frente e
lambe os lábios. — A partir de hoje é o meu favorito.
Estava ciente que precisava olhar em seus olhos para manter
uma conversa “adequada”, mas minha atenção se recusava a sair da
sua boca.
Ela tinha uma pequena mancha de chocolate nos cantos que
precisei me forçar muito para não levantar e passar minha língua ali.
— Adam?
Pisco.
— Hm?
— Você me ouviu?
Aceno enquanto enfio mais macarrão em minha boca e me obrigo
a encarar seus olhos brilhantes.
— Não parece que ouviu. — O tom acusatório me fez sorrir. — O
que eu falei?
Angeline sabia que me afetava, essa era a explicação do porquê
ela ergueu o metal em sua mão e passou a língua lentamente tirando
todo o conteúdo dali e soltando um pequeno som que o ser entre
minhas pernas gostou pra caralho de ouvir e acabou ganhando vida
própria.
— Para avisar meu pai do mousse...
— Isso foi antes. — Me interrompeu com a sobra de um sorriso
divertido pairando sobre seus lábios cheios.
Porra Adam, você já foi mais esperto que isso.
— Eu disse... — Ela lambeu a colher de novo fazendo minha
concentração ir para sua língua enquanto um desejo repentino de
comer chocolate me toma.
Nem gosto de chocolate, mas na língua dela? Provaria sem
reclamar.
— ... encontro com Harper?
Enfio o restante do macarrão em minha boca e ganho tempo
enquanto a atenção da mulher em minha frente dança em meu rosto.
Aquele encontro com a amiga de Louíse foi bom, Harper é uma
mulher bonita além de termos muito em comum como gostar de
viajar, esportes e até mesmo nossos gostos por filmes de terror
poderia ter nos aproximado muito naquele dia se eu não tivesse
ficado muito mais interessado em uma mulher que só tinha me dito o
nome e sua preferência por homens mais maduros.
— Por que não me ligou? — Ignorei sua pergunta.
Angel ergueu uma sobrancelha.
— Perguntei primeiro.
— Como foi o encontro com a Harper verdadeira? — Pergunto
para sondar se acertei o seu questionamento e quando a vejo
acenar, decido ser sincero. — Foi bom, ela é uma mulher legal e
estranhamente parece uma versão feminina de mim.
A expressão de Angeline mudou, era quase como se ela
estivesse decepcionada.
— Hm, que bom.
— Agora responde minha pergunta.
— Por que não liguei? Provavelmente por pensar que você
estava conhecendo melhor outra mulher e não queria atrapalhar.
— Bom, não estou! — Apoio as costas na cadeira, deixando meu
corpo mais relaxado e ignorando a expressão de surpresa que surgiu
em seu rosto. — Então agora que não tem mais essa desculpa, vai
entrar em contato ou você prefere encontros com a família inteira?
Sabia que ela não estava gostando de ficar sentada na outra
mesa, além dos seus ombros estarem rígidos, pedi ao Richard para
descobrir se ela estava tendo um bom almoço. Ele nem precisou
ficar olhando muito tempo para me dar a informação de que
precisava: Angel parecia querer desaparecer dali, então decidi dar a
ela uma saída.
— Muito engraçado! — Ela revirou os olhos, mas sorriu e comeu
mais um pouco do mousse. — Não sei se entrarei em contato.
— Por quê?
Ela me avaliou um pouco antes de suspirar.
— Não quero me machucar Adam e você me parece um cara que
poderia fazer isso, não que esteja apaixonada ou qualquer coisa
nesse sentido, mas sinto que você é o tipo de cara que isso poderia
acontecer, então para ser sincera pensei muitas vezes em entrar em
contato, talvez tirar o atraso de algumas... coisas, mas não sei fazer
isso. — Ela sorriu desanimada. — Sexo sem compromisso e
Angeline não combinam.
Ok, a honestidade dela me pegou desprevenido.
Ajeitei-me na cadeira e preparei para dizer a ela que faz anos que
não procuro sexo casual, que não gosto de pular de cama em cama
e que apesar de não nos conhecermos, poderíamos entrar nessa
fase e ver no que iria dar, mas a voz do meu pai soou em minhas
costas.
— Até que enfim vou conhecer uma namorada do meu filho?
Girei o rosto e o vi com o maior sorriso que já vi.
— Aparentemente seu castigo hoje é ter encontros com os
familiares dos pretendentes também. — Sussurrei para ela antes de
me levantar e abraçar meu velho. — Oi pai, não mencione nada dos
jogos. — Falei baixo o suficiente para somente ele escutar e ignorei
seu semblante questionador antes de virar para Angel.
Ela parecia um pouco sem jeito quando se levantou e ergueu a
mão para cumprimentar meu pai.
— É um prazer conhecê-la senhorita ...
— Griffin... Angeline Griffin. — O sorriso em seus lábios foi quase
hipnótico. — O prazer é todo meu senhor...
Meu pai virou para mim e sorriu antes de voltar sua atenção para
ela.
— Pode me chamar de Marcus! — Eles soltaram as mãos. —
Não quero incomodar, mas preciso falar com você.
Aceno.
— Ok pai, já vou.
Meu pai estava prestes a sair quando a voz de Angel o parou.
— Marcus? Pedi a Adam para lhe dizer, mas já que está aqui
quero parabenizá-lo por esse mousse, claro que tudo estava incrível,
mas esse doce? Com certeza entrou para a minha lista dos melhores
do mundo.
— Fico feliz que tenha gostado, senhorita Griffin. — Ele sorri. —
Espero vê-la mais vezes, agora preciso ir ao escritório. — Seus olhos
negros vieram para mim e ele sorriu como se soubesse de tudo que
se passava em minha cabeça. — Estou te esperando lá filho.
— Já estou indo.
Esperei que ele se afastasse um pouco para voltar a encarar a
mulher que agora estava me olhando engraçado.
— Tenho que ir. — Observo-a acenar. — Vai me esperar aqui?
Sabia a resposta para essa pergunta, mas esperei ela me
responder mesmo assim.
— Não posso, preciso trabalhar.
— Vai me mandar uma mensagem?
O sorriso triste foi resposta o suficiente.
— Olha Adam...
Aproximei-me impedindo que ela concluísse a frase e segurei seu
rosto antes de pressionar meus lábios nos dela, assim como fiz mais
cedo, apenas os conectei, pelo menos até Angel reagir soltando um
leve e involuntário gemido que me fez pedir espaço entre seus lábios
com a língua.
O gosto dela misturado com o mousse que estava comendo
inundou minha boca e meus sentidos, se tornando o meu novo sabor
favorito.
Ignorei minha consciência alertando que deveria me afastar e
apenas continuei provando seu sabor, explorando sua língua,
sentindo-a entrelaçar com a minha e engolindo todo e qualquer som
que tentava sair por seus lábios macios.
Um limpar de garganta me fez afastar os lábios dos dela.
— Estou esperando você entrar em contato, Angel. — Seus olhos
estavam desfocados enquanto me observava.
Tomei o tempo que precisava ali, apenas encarando-a e
reprimindo o desejo de colocá-la sobre o ombro e achar o primeiro
lugar vazio e com uma porta para eu poder beijá-la sem ter uma
plateia nos observando.
— Preciso ir ver meu pai. — Falo mais para mim mesmo. — Você
vai entrar em contato?
Angel não respondeu, mas acenou positivamente enquanto
lambia os lábios.
Porra! Isso não era justo.
Tomei sua boca de novo, mas dessa vez foi rápido, apenas senti
seu sabor em minha língua e a soltei antes que fizesse alguma
besteira irreversível.
— Preciso ir, mas não esquece que estou esperando você usar
aquele maldito número no cartão, Angel.
— Ok! — Ela sussurrou e só então virei e segui o mesmo
caminho que meu pai fez.
Entrar em contato ou não, eis a questão.
Não deveria ter prometido que iria mandar uma mensagem
naquela situação de nevoa que meu cérebro entrou depois que
experimentei seus lábios quentes, naquela hora, não estava em
condições de prometer nada, mas mesmo assim concordei que
entraria em contato com o maldito homem que parece ter infiltrado
em meu corpo com aquele cheiro almiscarado e muito masculino
dele.
Como alguém em sã consciência recusaria algo depois daquele
beijo?
— O que você tem? — A voz de Yoga me faz piscar rapidamente
para prestar atenção.
— Nada!
— Nada? Então por que está suspirando e colocando os dedos
nos lábios? Você não acabou de me dar um sermão por não saber
escolher direito os caras com quem vai sair? — Sua sobrancelha
escura se ergue unilateralmente. — Se foi tão ruim, qual o motivo
dos suspiros?
Ignoro sua pergunta com um aceno brusco de mão.
É muito mais fácil ignorar do que explicar a ela que apesar dos
encontros estarem sendo horríveis e ela realmente precisar rever
melhor seu “sexto sentido” para homens, estou tirando proveito deles
no momento que encontro um certo loiro dos olhos verdes.
Adam pode não ser o cara com quem fui me encontrar nas duas
últimas vezes, mas ele certamente seria a escolha perfeita para um
encontro e por isso a dúvida se entro em contato ou ignoro
completamente a parte do meu corpo que espera ansiosamente por
isso.
— Você está suspirando de novo. — Minha amiga tira o fio de
cabelo cacheado da frente dos olhos e me encara curiosa.
Tinha um bom motivo para não contar a ela sobre Adam e toda
essa história maluca de encontros inesperados. Yoga tem um poder
de persuasão assustador e com certeza daria um jeito de me
convencer a usar aquele número dourado.
Abri a boca para retrucar, mas uma voz me interrompeu.
— Ela fica assim sempre que encara aquele cartão preto. —
Aimée diz ao fechar a porta da minha sala e se aproximar da cadeira
ao lado de Yoga.
Oh Deus! Tudo menos isso.
Podia aguentar minha assistente enchendo o saco sobre o cartão
que eu fingia não lembrar que estava dentro da minha bolsa, em um
lugar estratégico para evitar que se perca no buraco negro dentro
dela, mas se Yoga também souber dele, estarei realmente fadada a
viver um inferno até explicar a elas que o motivo dos suspiros é que
naquele cartão contém o número do homem que venho fantasiando
coisas nada legais.
— É mesmo? De que cartão estamos falando?
O interesse da minha amiga me fez sentar direito na cadeira e
voltar ao foco do motivo que ela está aqui em um sábado ao invés de
estar em um shopping ou aproveitando seu lindo e sarado namorado.
— Nenhum cartão! — Interrompo a troca de olhar cúmplice das
duas. — O que você está fazendo aqui? Não era para supervisionar
a entrega dos exemplares da autora Kimberly Wilson? — Desvio o
olhar. — E você ... — Ergo a mão apontando o dedo indicador para
Yoga. — está me enrolando... fala logo o que você quer.
Pela visão periférica vejo minha assistente balançar seus ombros
para baixo e para cima enquanto continua sentada confortavelmente,
como se não tivesse nada melhor para fazer no momento. Com um
suspiro cansado, mantenho a atenção em Yoga que me observa com
uma curiosidade aguçada, como se estivesse prestes a saber um
segredo sujo.
Balanço a cabeça negativamente.
— Vim aqui avisar que as caixas já estão na sala que você pediu.
— Aimée sorri. — Ia embora agora, mas estou mais interessada no
que tem no cartão preto.
Bufo.
Claro que está!
— Vamos lá, não seja uma má amiga.
Respiro fundo.
— Só o telefone de um cara que ainda não sei se vou ligar ou
não. — Passo as pontas dos dedos em minha franja para tirá-la dos
meus olhos. — Agora você pode me falar o que diabos precisa me
convencer? — Olho diretamente para a mulher de pele negra e
cabelos dourados sentada confortavelmente em minha frente.
— Jamie vai viajar com uns amigos e quero ir com eles, então
falei que nós duas iríamos.
— Yoga...
Ela ergue a mão para me impedir de continuar.
— Sei a desculpa que vai dar. — Seus olhos estavam fixos nos
meus e eu tinha minhas dúvidas se ela não estava tentando me
hipnotizar. — Não posso deixar a editora, tenho que trabalhar em
não sei quem para ser lançado até o mês que vem, além de
supervisionar as entregas de tal autor e blá, blá, blá, bléeeh. — Ela
forçou uma imitação que não parecia em nada com a minha voz e
terminou jogando a língua para fora da boca de um jeito idiota
enquanto revirava os olhos.
— Eu não falo assim.
Aimée soltou uma risada alta, chamando minha atenção em sua
direção.
— Fala sim!
— Não importa, mas tudo que disse nessa imitação péssima é
verdade Yoga e você sabe muito bem disso. — Olho para as duas
mulheres em minha frente. — Desde que minha mãe me deixou no
comando da editora, eu respiro isso aqui e não posso de uma hora
para outra sair de férias.
— Você assumiu a empresa a quanto tempo?
Cinco anos. — Pensei, mas não falei.
— Há quanto tempo não tira uns dias para descansar?
Cinco anos. — Pensei de novo.
— Pois é, você sabe que precisa de um tempo. — Suspirei
enquanto ela balançou a cabeça negativamente. — Sei que sou
inconsequente, faço o que quero e aos olhos de muitos não me
importo com nada que não seja meu próprio umbigo, mas você sabe
que isso não é verdade e que me importo pra caramba com você e
por isso confirmei que nós duas iríamos nessas férias, não vamos
ficar com Jamie e seus amigos o tempo todo, eu prometo.
Fecho os olhos por um segundo.
Não era tão fácil quanto ela imaginava, às vezes tinha a
impressão que tudo estava em cima de mim aqui, eu resolvia todos
os problemas, tudo que acontecia envolvendo o processo de trabalho
caía em meus ombros e todos os problemas que surgiam, os
funcionários batiam em minha porta, então sair de férias por sei lá
quanto tempo não me parecia uma boa ideia.
— Posso ficar de olho em tudo. — Aimée diz com seriedade. —
Você sabe que trabalho para essa editora antes mesmo de você
nascer, então sei de todos os processos e posso resolver problemas
que a equipe não consegue até você chegar.
Os olhos claros dela me mostravam que estava falando sério.
Respiro fundo colocando as pontas dos dedos na testa e
massageando-a levemente.
Sabia que Aimée daria conta do recado, tenho certeza que ela é
mais do que a pessoa certa para resolver qualquer problema que
surgisse aqui dentro, pois além de estar aqui trabalhando com minha
mãe antes que eu nem sequer pensasse em assumir o lugar mais
importante da Findez, ela é o meu braço direito aqui dentro, sempre
foi a pessoa que sanou minhas dúvidas no começo e sempre estava
disposta a ajudar, mesmo quando não tinha obrigação nenhuma de
fazer isso, mas ainda assim não queria deixar a responsabilidade de
lidar com tudo sozinha enquanto me divertia por ai.
Mas também tinha certeza que Yoga estava certa quando disse
que eu precisava de umas férias.
Arg.
Depois de um tempo em silêncio escutei Aimée dizer.
— Sei que brinco com você sempre, mas sei ser séria quando o
assunto é trabalho, venho falando com você há quanto tempo que
precisa tirar uns dias de férias? — Senti suas mãos segurarem meus
pulsos e abaixá-las na mesa. — Você não têm nem trinta anos ainda
Angel, sempre foi responsável demais e está na hora de tirar alguns
dias para ficar longe dos problemas aqui.
— Mas...
— Nada de mas, nem sua mãe ficava enfiada nesse escritório
como você fica, todo ano ela tirava um mês de férias e sumia, nem
se a Findez estivesse pegando fogo ela gostaria de ser avisada e era
eu quem resolvia tudo.
Concordo ao balançar a cabeça.
Era verdade, me lembro de sempre ter minha mãe o dia inteiro
dentro de casa por algumas semanas, eram os dias mais legais da
minha infância e adolescência porque sempre tínhamos aventuras
para fazer.
— Confio em você para resolver tudo, Aimée, você sabe que
confio. — Sorrio cansada para ela. — Você sempre foi minha
segunda mãe, mas tenho receio de deixar tudo em suas costas
porque é muita coisa.
Ela bufou fingindo irritação, mas depois seu rosto iluminou com
um sorriso.
— Você acha que não vou gostar de ter que tratar com aqueles
modelos que estão agendados para vir aqui? — O sorriso malicioso
em seus lábios me fez rir.
— A sua parte safada nunca descansa, não é?
— Você me conhece, não posso evitar.
Balanço a cabeça com uma risada.
— Então... — Yoga chama nossa atenção. — Nós vamos?
Respiro fundo.
— Ok, sim. — Reviro os olhos enquanto abro um sorriso. — Nós
vamos.
— Ainda bem porque já comprei as passagens, mas agora quero
saber do homem que te deu o cartão. — Yoga diz e Aimée concorda
com os olhos brilhando em curiosidade.
— Como assim já comprou as passagens? — Ignoro a menção
do cartão. — Para onde vamos?
Minha amiga sorri como um gato e se ajeita confortavelmente na
cadeira.
— Sem informações sobre o homem do cartão, sem informações
sobre nossa viagem.
Bufo contrariada.
— Fala logo de quem é o cartão. — Aimée diz. — Estou a dias
tentando descobrir de quem é e você não fala.
Por uma benção do destino o telefone pregado em minha mesa
toca.
Graças a Deus!
Alguns dias depois.

Depois de presenciar o olhar de desejo que deixei em Angeline


no restaurante do meu pai, quis acreditar que ela entraria em
contato, nem que fosse apenas para continuarmos falando um com o
outro sem a intenção de encontrarmos, já que de acordo com ela sou
“perigoso”, eu realmente esperava uma mensagem dela nos últimos
dias, até parei no meio do último treino antes das férias para atender
o celular achando que poderia ser uma ligação daquela ruiva.
Doce ilusão.
Não era ela me ligando e sim meu agente querendo descobrir
quando estaria de volta para conversarmos sobre a renovação do
contrato que ele tanto queria que acontecesse.
Que tal no dia 18 do mês nunca?!
Era só o que me faltava mesmo, estava contando os dias para
o término daquele inferno e o homem queria me enfiar em mais dez
anos de castigo? Nem ferrando aceitaria entrar nessa de novo. Nem
sei o motivo dele ainda ter esperança que eu vá assinar, na última
vez que abordamos o assunto, fui bem claro quando falei que não
entraria naquela merda de novo, então não tem conversa.
A resposta para essa renovação de contrato é não!
Solto um suspiro cansado.
Em breve ficaria livre desse “compromisso”.
Fecho os olhos por alguns segundos.
Pelo menos foi o que achei até ouvir um toque alto ao meu
lado e perceber que caí no sono.
Meu celular.
Tateio a cama na direção do barulho e acho o aparelho
vibrante.
— O que você está fazendo?
A voz masculina soa antes que eu consiga abrir a boca para dizer
qualquer coisa e um suspiro me escapa quando me viro na cama.
— Dormindo.
A risada do outro lado me fez passar a mão no rosto.
— Vai pro inferno Loira, vem logo para o quarto 905... — Henry
fez uma pausa como se precisasse ter certeza do que falar e soltou
um gemido antes de concluir. — está cheio de mulher muito...
Sua voz foi interrompida por uma muito feminina e sedutora.
— Seu amigo não quer vir?
— Não, mas você pode convencê-lo, não pode?
Não tinha nada contra festas, viemos para esse país exatamente
por ele ser lotado delas, mas o problema é que tínhamos
praticamente acabado de chegar e além da viagem cansativa de
mais de vinte horas, eu estava de ressaca depois de passar a noite
inteira na casa de Louíse. Aparentemente ela estava me enchendo
de bebida para tentar tirar alguma coisa interessante sobre a garota
que estava comigo antes dela chegar com sua amiga e o idiota do
seu noivo no House.
Angel.
É, ela se parece mesmo com um.
Um barulho de risada estridente me fez perceber que ainda
estava em ligação.
— Cara, preciso dormir hoje! — Murmuro. — Amanhã a gente
arruma uma festa.
Sem esperar uma resposta, deslizo o dedo no ícone vermelho
antes de deixar o celular cair ao meu lado e rolo na cama, ficando
com a cara enfiada no travesseiro.
Minha mente rodou mais uma vez em torno de uma certa ruiva
dos olhos escuros e mais sedutores que já encarei, o que não era
novidade, ultimamente meu cérebro se recusava a pensar em outra
coisa que fosse diferente do motivo que ela teria para não entrar em
contato depois daquele beijo.
“Você é perigoso.”
Sorrio jogando a cabeça para o lado.
Droga, deveria ter pego seu número ao invés de confiar que ela
me procuraria, teria sido mais inteligente da minha parte.
Senti meu sorriso morrendo aos poucos quando o sono começou
a tomar conta do meu corpo mais uma vez, as atividades exaustivas
dos últimos dias estavam começando a fazer efeito em mim,
principalmente as brincadeiras das crianças no orfanato quando as
visitei no dia antes de vir pra cá.
Sempre que podia, dava um jeito de visitá-las ...
Uma batida cadenciada na porta interrompeu meus pensamentos
e fez a consciência que estava quase indo embora, voltar.
Claro que aqueles idiotas iriam vir me encher.
Mais algumas batidas soam na porta.
Aperto os olhos com força antes de os abrir minimamente.
— Droga, Henry. — Murmuro me levantando e caminhando na
direção da madeira tingida de branco. — Porra cara, já disse que...
— Abri a porta e as palavras simplesmente pararam de ser
pronunciadas.
Literalmente perdi a fala quando encarei quem realmente estava
na minha porta, não era Henry e muito menos Tyler ou os outros
caras, quer dizer, até a última vez que eu tinha checado, eles não
possuíam olhos castanhos, cabelo cor de fogo e muito menos sardas
salpicadas em cima do seu nariz um pouco mais vermelho do que
me lembrava.
Isso só podia ser brincadeira, não é? Como diabos a encontrei
aqui? Ou melhor, como ela veio parar no meu quarto de hotel?
Seja o que for, o sorriso esticando meus lábios dizia muito sobre
como me sentia ao vê-la ali, com os olhos cerrados e corada.
Angeline colocou a mão na boca antes de inclinar a cabeça para
trás e gargalhar alto.
Ela parecia diferente do habitual e quando pronunciou as
primeiras palavras percebi o porquê.
— Oh, você é o amigo certinho daqueles dois? — Sorriu
preguiçosamente antes de balançar um pouco. — Eu já devia saber.
— Ela apontou para si mesma e riu mais uma vez.
Isso estava bizarro demais para ser real.
Observei a ruiva bêbada que apareceu na minha vida do nada
e se infiltrou em meu cérebro, erguer a mão direita e encostar o dedo
indicador em cima do meu nariz.
— Por que você não quer ir à festa da Yoga?
— Yoga?
Por que esse nome não era estranho?
— Ééééé ... minha amiga está dando uma festa láaaaaa no
quarto... — Ela arrastou as palavras e em seguida riu. — Por favor,
preciso que você venha comigo. — Aqueles olhos castanhos me
encararam enquanto seu corpo se aproximou ainda mais do meu e
sussurrou como se confidenciasse um segredo. — Apostei com eles
que o levaria comigo.
O sorriso estava gravado em meus lábios ao observá-la mais de
perto.
Porra, estava parecendo um adolescente prestes a perder a
virgindade com a garota dos sonhos.
— Você apostou o quê? — Coloco uma mecha do seu cabelo
atrás da sua orelha, aproveitando para acariciar sua pele com a
ponta dos meus dedos. — Dependendo, posso querer metade do
seu prêmio.
Angeline prendeu o lábio inferior em seus dentes e sorriu
lentamente.
Puta que pariu, isso era mesmo real? Ou eu estava em um
maldito sonho?
— Talvez eu não queira dividir meu prêmio com você. — Ela
chegou perto o suficiente para que eu sentisse seu cheiro e apoiou
as mãos em meu abdômen. — Eles prometeram nos levar no
passeio de barco amanhã e, aparentemente, Yoga aaaaaaama
passear de barco.
O revirar de olhos me divertiu.
— E se eu quiser algo em troca para atender seu pedido? —
Sussurro ao aproximar os lábios do seu ouvido.
Angeline afastou minimamente o rosto para me encarar e abriu
um sorriso diferente de todos os outros que havia presenciado antes.
— Hm, não sei. — Seus olhos estavam mais cerrados,
provavelmente por causa do álcool. — Mas seja o que for, não vou
tirar a roupa para você.
A minha risada reverberou no corredor em suas costas.
— Não tiro a roupa de mulheres que não se lembrarão disso no
dia seguinte, linda. — Aviso observando sua atenção descer para os
meus lábios.
Não tirava mesmo, mas não podia perder a oportunidade de
conseguir uma vantagem do seu estado atual.
— O que quero é que você. — Faço uma pausa para obter sua
atenção e assim que a tenho, continuo. — Me passe o seu número.
— Sorri para a sobrancelha arqueada dela.
— Só isso? — Debochou. — Você é fácil.
Acenei positivamente.
— Muito fácil. — Admiti. — Ao contrário de você. — Resmunguei.
— Fechado, senhor certinho. — Ela se afastou ao mesmo tempo
que ergueu a mão como se estivéssemos fechando um negócio e eu
a agarrei, puxando seu corpo de volta até senti-la contra minha pele.
— Só vou me vestir. — Dou um beijo casto em seus lábios e me
afasto rapidamente.
A minha vida às vezes era caótica.
O pensamento rodopiou em minha mente, enquanto via o chão se
aproximar do meu rosto em câmera lenta, quase como se eu
soubesse que ia cair, mas, ao mesmo tempo o meu corpo não
respondesse em uma velocidade suficiente para evitar.
Corrigindo: Minha vida é caótica.
Senti o impacto do piso gelado do aeroporto em meu antebraço
antes das minhas pernas irem para o ar, dando a pirueta que nunca
tive coragem de fazer nas aulas de ginástica que tinha no colégio, a
minha visão ficou embaralhada por um segundo enquanto sentia
minhas pernas darem a volta por cima do meu corpo e por fim fazer
o movimento de queda até o chão.
Arg.
Resmunguei em minha mente quando senti o impacto do chão
gelado em minhas costas e escutei um grito de surpresa ecoar pelo
espaço fechado do aeroporto ao mesmo tempo que uma voz
masculina soltava um palavrão.
Ah sim, esses deviam ser meus companheiros de viagem.
Os mesmos que prometeram não me deixar beber muito porque
sabem como perco o controle das minhas ações quando o álcool
ultrapassa o limite que meu cérebro permite.
Yoga e seu namorado.
Dois idiotas que me obrigaram a vir nessa viagem.
Eles disseram:
“Vamos, vai ser legal.”
“Você precisa tirar férias.”
“Nós vamos encontrar os amigos de Jamie, eles são legais.”
“Não vou deixar você sozinha.”
“Não vou deixar você beber vodka.”
Até agora não estou achando nada legal, não vi nenhum
amigo do namorado de Yoga por perto, fiquei sozinha durante o voo
inteiro e estou louca assim porque Yoga me ofereceu vodka para
beber no avião, de acordo com ela, eu estava muito estressada e
preocupada com o trabalho.
Silenciei as reclamações da minha mente e os barulhos ao
redor foram ficando mais altos, até eu conseguir distinguir os passos
apressados, as malas de rodinhas sendo arrastadas de um lado para
o outro, as vozes animadas se misturando nos assuntos variados,
um choro agudo e por fim uma risada escandalosa.
Espera!
Eu estava rindo.
Apoio o cotovelo no chão para me erguer, mas aparentemente
perdi a capacidade de aguentar meu próprio peso, já que meus
braços cederam e minhas costas voltaram a bater no chão.
Sabia que não devia ter bebido naquele maldito avião.
Sinto uma mão segurar meu pulso e me colocar de pé, de
frente para a minha melhor amiga.
— Angel? Você está bem?
Ri mais ainda, deixando meu corpo balançar para frente e para
trás.
— Estooou ótima! — Sorri para a mulher responsável por eu estar
aqui e não resolvendo um milhão de problemas na editora. — E
vooocê? Está bem?
— Ela está bêbada mesmo!
A voz masculina nas costas de Yoga faz meus olhos erguerem e
encontrar as íris castanhas do Jamie. Ergo o dedo indicador em sua
direção.
— Foi a sua namorada quem disse que era uma booooa ideia. —
Sorrio me afastando das mãos de Yoga. — Ela disse que iria me
distrair dos graaaandes problemas, não é Yogs?
Ouço um resmungo e sorrio.
— Precisamos fazer ela comer alguma coisa, vai melhorar pelo
menos até a festinha começar.
— Aaaaah a festa. — Abaixei para pegar minha mala caída e subi
o corpo ajeitando o cabelo que foi pra frente do rosto. — Aqueeeeela
festa que você quer que eu escolha um dos amigos dele. — Aponto
para seu namorado. — Para virar meu príncipe encantado?
— Isso mesmo querida!
Bufo.
— Como se existisse essa cooooisa toda de príncipe, só
encontrei sapos até agora. — Puxo a mala seguindo para o mesmo
lugar que já estávamos indo antes da minha queda.
Adam não parece um sapo.
Uma vozinha irritante em minha mente fez questão de lembrar.
Adam... Agradeço a Deus por estar longe dele agora ou poderia
agarrá-lo.
Hm, isso seria bom.
O que eu estava fazendo? Por que Adam estava no quarto dos
amigos de Jamie? Por que estou olhando sua bunda coberta com
uma cueca branca enquanto ele se abaixa para vestir a calça jeans?
As respostas para essas perguntas estão embaralhadas na
minha mente junto com o álcool, porque não consigo encontrá-las.
Observo as tatuagens espalhadas por seus braços fortes
enquanto ele se abaixa ao lado de uma mala grande para pegar uma
camisa branca e a veste antes de se virar, colocando os lindos olhos
em mim.
Lembra de que agradeci por não estar perto do Adam mais cedo?
Pois é! Retiro meus agradecimentos.
Engulo em seco ao observá-lo se aproximar.
Cada passo que suas pernas davam em minha direção fazia
minha temperatura corporal subir a ponto de sentir minhas
bochechas queimando pela atenção dos seus olhos.
Precisava aliviar o calor.
— Gosto desse olhar. — Adam sorriu de canto ao se aproximar.
— Gosto ainda mais desses lábios. — Seu polegar raspou em meu
lábio inferior fazendo-o formigar com a carícia sedutora.
Gosto disso, gosto muito disso.
Um sorriso afetado brota em meus lábios enquanto abro a boca
para devolver o elogio, mas para a humilhação do dia ficar completa,
o som que sai por ela não é nada parecido com palavras.
Fecho os olhos enquanto a risada do homem em minha frente faz
meu corpo inteiro estremecer.
Eu ainda estava bêbada, não tanto quanto no aeroporto e muito
menos o bastante para não sentir vergonha em arrotar na cara de
um Deus do Olimpo como ele.
Droga!
— Essa é sua nova forma de me recusar? Arrotando na minha
cara?
Tampo a boca com a mão e isso parece ter deixado ele ainda
mais divertido porque sua risada ficou ainda mais forte e alta.
Deus! Que vergonha.
Devo ter murmurado isso, porque Adam parou de rir, abaixou
minha mão do rosto e me deu um breve e macio beijo antes de me
olhar com diversão.
— Você arrota bonitinho, linda.
— Bonitinho? Foi o maior que já soltei na vida.
A incredulidade de tudo foi fazendo meu sorriso abrir até que
minha própria risada fez eco no corredor enorme do hotel.
Primeiro: Estou em Anurb, conhecido como o país Paraíso e que
fica longe, beeeem longe do Canadá.
Segundo: Vim com Yoga, uma péssima amiga que me fez
participar da sua festinha com os amigos do seu namorado, os quais
ela queria que eu conhecesse melhor e escolhesse um para começar
um romance, ou melhor, que tirasse meu atraso de anos sem gozar.
Terceiro: Fiz uma aposta com um dos homens, acho que chama
Tylan ou algo do tipo e por isso vim até a porta idêntica à nossa
tentar convencer o amigo que se dizia cansado demais para
participar da festa.
Quarto: O tal amigo não é ninguém mais e ninguém menos do
que Adam, o homem que venho encontrando em todo lugar.
E por último e não menos importante: Acabei de arrotar na cara
dele.
Vou soletrar para ver se entenderam direito.
E-U A-R-R-O-T-E-I N-A C-A-R-A D-E-L-E.
Inclino a cabeça para trás e dou mais uma risada alta.
Esse dia poderia ficar pior do que já está?
— Antes que me esqueça. — Sua voz grave chamou minha
atenção. — Quero o meu pagamento antes de irmos.
Ergo a sobrancelha com um sorriso de desafio.
— E qual era o pagamento mesmo?
A risada que saiu de seus lábios aqueceu meu corpo.
— Não seja espertinha. — Adam se aproximou ainda mais,
invadindo o meu espaço pessoal. — Quero o número do seu telefone
e não vamos a lugar nenhum sem antes você me passar.
— Ok, anota aí!
— Gostou da surpresa? — Tyler pergunta jogando o queixo
minimamente para uma Angel bêbada e muito animada. — Ela te
lembrou da ruivinha que você está obcecado?
É! Eu fiz a besteira de contar a ele sobre a mulher que vem
ocupando boa parte da minha atenção nas últimas semanas.
Não que tivesse alguma escolha sobre isso já que depois de
sair do restaurante do meu pai, recebi uma mensagem do treinador
convocando os jogadores para o último treino antes das tão
sonhadas férias, só que ao invés de me concentrar e jogar como
sempre faço, fiquei obcecado com meu celular, parando para checar
se ela tinha cumprido com o combinado e mandado uma mensagem.
Tyler acabou percebendo minha falta de concentração e como
o grande idiota que é, encheu o saco até descobrir o motivo pelo
qual eu estava o tempo inteiro correndo até o celular e olhando-o
como se esperasse a melhor notícia do mundo.
Desde então sua diversão tem sido me provocar.
Balanço a cabeça enquanto um sorriso fica pregado em meus
lábios.
Só que dessa vez, ele não faz ideia do quanto acertou na
provocação.
— Você não faz ideia do quanto. — Murmuro observando Angel
inclinar a cabeça para trás, fazendo seus cabelos ruivos que
estavam presos em um coque frouxo no alto da sua cabeça, caírem
como uma cascata em suas costas enquanto sua risada alta e muito
bêbada ecoa pela suíte.
Desde o momento que a segui até aqui, depois de conseguir seu
número, meus olhos se recusam a deixá-la, é como se suas curvas,
sua pele clara e molhada de suor tivessem um ímã que puxavam
minha atenção onde quer que esteja.
Sorrio quando ela também estica os lábios em um sorriso enorme
ao ver a amiga se afastar e voltar logo em seguida com um copo
cheio de um líquido transparente que até Angeline aceitar, virá-lo de
uma vez só e o engolir com uma careta, imaginei ser água.
— Adam? — A voz de Tyler me faz desviar os olhos da ruiva.
— Hm?
— Em que mundo você está loira? — Ele ergue a mão e dá um
aperto em meu ombro. — Amanhã vamos dar uma volta de barco,
você vai?
Aceno positivamente ao voltar a encontrar Angel com o olhar, só
que diferente da outra vez, não era só eu observando seus
movimentos, suas íris escuras estavam me analisando de longe,
como se ponderasse na melhor escolha: Se aproximar ou não.
Se meu voto contar, escolho a primeira opção.
— Claro que vou.
A risada do meu amigo mais antigo reverbera ao meu lado ao
mesmo tempo que sinto um tecido raspando levemente em minha
pele debaixo dos lábios.
Imediatamente, afasto o braço de Tyler.
— Você está babando meu amigo.
Empurro seus ombros, fazendo-o se levantar do pequeno sofá,
mas não consigo impedir minha própria risada.
— Idiota. — Murmuro.
O filho da mãe dá de ombros de maneira despreocupada antes
de erguer a garrafa de cerveja em um brinde silencioso e beber todo
o líquido de uma vez só.
Balanço a cabeça negativamente ao notar seu sorriso
enigmático.
— Deixa de ser um pé no saco e vai buscar outra cerveja pra
mim. — Viro a garrafa em meus lábios, bebendo o restante do líquido
amargo.
Tyler abre a boca para provavelmente me mandar ir à merda,
quando uma voz em suas costas o interrompe.
— Ei Adam. — Henry se aproxima com os braços em volta dos
ombros de uma loira muito bonita e abre um sorriso. — Minha amiga
aqui. — Ele ergue a mão com a cerveja apontando para ela, mas
logo se inclina para perguntá-la: — Qual é seu nome amor?
— Talya. — Ela respondeu baixinho e apesar de estar falando
com Henry, sua atenção estava em mim.
— Minha amiga Talya aqui. — Ele sorriu para ela. — Quer
conhecer você.
Henry pisca como se tivesse me fazendo um favor e se afasta
puxando Tyler consigo, deixando a mulher parada ali, me olhando
com um interesse nada inocente.
Podia mentir e dizer que não sabia o motivo do meu coração ter
acelerado no instante que desviei o olhar de Talya para localizar
Angel e a vi observando toda a cena, inclusive, percebi seu sorriso,
que antes estava largo e brilhante, ir morrendo aos poucos quando a
loira se aproximou do sofá e sentou tão perto do meu corpo que
parecia querer subir em meu colo.
Merda.
Minha atenção se recusava a sair do rosto de Angel, suas
bochechas ainda estavam coradas do álcool, mas ela não estava
mais dando risadas e conversando animadamente, pelo contrário,
suas íris escuras passavam entre mim e a mulher ao meu lado
sussurrando alguma coisa que meus ouvidos se recusavam a prestar
atenção.
— ... quarto? — Senti seus dentes prenderem o lóbulo da
minha orelha e voltei minha atenção para seus grandes olhos azuis.
— Podemos nos divertir.
— Estamos nos divertindo, não? — Afasto um pouco o corpo
e apoio as costas no estofado do sofá.
— Hm. — A mulher ao meu lado dá um sorrisinho malicioso.
— Acho que vamos nos divertir mais sozinhos, Adam.
Sua mão direita pousou em minha coxa, deslizando
suavemente para baixo como se ela quisesse dar uma pequena
amostra do que iríamos usar para nos divertir sozinhos.
Não, obrigado!
Estava prestes a tirar sua mão dali e me levantar quando um
corpo praticamente se jogou no espaço ao meu lado e tirou a mão da
mulher dali, puxando-a.
— Querida, onde você fez suas unhas? — Angel segura a
mão da loira e ergue-a até seus olhos, provocando um pequeno
resmungo na mulher. — Adorei as pedras, mas cuidado com isso,
pode machucar lugares sensíveis.
Angeline não estava olhando para mim, mas não importava,
se eu ainda sabia ler uma mulher, essa atitude significava uma coisa:
Ciúmes.
Abri um sorriso tão grande que minhas bochechas
reclamaram.
— Fiz na minha cidade. — A loira puxa a mão de volta para si
e me observa. — Então, vamos?
Abri a boca para responder, mas Angel foi mais rápida.
— Aonde vocês estão indo? Também estou precisando dar
uma volta, posso ir?
A risada escapou por meus lábios antes que eu conseguisse
conter.
— Não vamos a lugar nenhum. — Falei chamando a atenção
da ruiva e me inclinei sobre ela para sussurrar em seu ouvido. —
Ciúmes de um cara por quem você se recusa a entrar em contato?
Essa é nova linda.
Sorri percebendo o estremecer da sua pele.
— Não estou com ciúmes, só quis participar da conversa.
— Aham, sinta-se à vontade para deixar claro que estou com
você Angel.
Ela bufou e eu sorri.
Aparentemente ficamos nos encarando por tempo o suficiente
para Talya sentir a necessidade de falar algo para chamar nossa
atenção.
— Então... seu amigo me convidou para dar uma voltinha de barco
amanhã. — Sua mão voltou a deslizar em minha perna. — Você vai
estar lá, não é?
— Ele? — Angeline se intrometeu mais uma vez me dando uma
breve olhada. — Não, nós vamos fazer a trilha dos Cinco amanhã.
Ergui a sobrancelha.
— Vamos?
Angel sorriu sem vontade ao mostrar todos os dentes e me
encarou como se estivesse tentando me avisar de algo.
— Claro que vamos, se esqueceu da sua promessa?
Talya nos olhou com curiosidade.
— Ahhhh, se mudar de ideia sabe que pode me encontrar com
seus amigos.
— Ele não vai mudar de ideia. — A ruiva praticamente rosnou. —
Mas Adam, pode me ajudar com uma coisinha ali fora?
Que merda eu estava fazendo?
Isso é ciúmes? Não, não pode ser! Não sou ciumenta e muito
menos com alguém que praticamente não conheço.
Com passos apressados, marchei para fora do quarto de Yoga
como um soldado da Inglaterra se apresentando para a rainha e
segui pelo corredor rumo ao nada. Não fazia ideia do que pretendia
ao me intrometer em uma conversa que claramente não me cabia,
nem sequer pensei no motivo de atravessar o quarto com a intenção
de tirar a mão daquela mulher da coxa de um homem que eu recusei
a entrar em contato.
Não foi ele quem me ignorou, fui eu e por qual motivo?
— Angel?
Não precisava me virar para saber que era Adam me seguindo,
os pelos do meu corpo fizeram a conexão por mim.
Ah é, lembrei o motivo de ignorar aquele cartão!
Adam é perigoso.
— Angel!
O tom se assemelhava a um comando, o que fez minhas pernas
quase vacilarem e pararem a caminhada apressada pelo corredor
sem fim.
Quase.
Eu nem sabia para onde estava indo, mas continuei.
— Ei, linda. — Senti sua mão se fechar em meu pulso e parar o
movimento das minhas pernas ao ficar em minha frente, quase como
uma parede de tijolos.
A não ser pela pele macia envolta em seus músculos, ele
realmente parecia uma.
Forço-me a abrir um sorriso ou melhor, mostro meus dentes.
— Pensei que queria uma ajudinha com algo aqui fora?!
Adam mexe as sobrancelhas e abre um sorriso tão amplo que
meus lábios se esticam como se precisasse imitar o dele.
Droga!
Malditos.Lábios.
Malditos.Olhos.
Maldito.Adam.
— Não, só estava te ajudando! Inclusive ... — Deslizo minha
atenção dos seus lábios até seus olhos. — de nada.
— E por que estou te agradecendo?
Cruzo os braços sobre o peito para impedi-los de denunciar o que
seu corpo tão próximo ao meu provoca em meus sentidos.
— Por te livrar do problema lá dentro.
Seu sorriso se transforma em uma risadinha zombeira.
— Então era isso que estava fazendo? — Acenei. — Ajudando a
me livrar do problema?
Acenei mais uma vez, fingindo acreditar em minha mentira.
Era melhor isso do que dizer: Ei, sou uma maluca que sente
ciúmes de desconhecidos!
Arg.
— Dito isso... — Ignorei o formigamento em meu corpo com a
atenção daquelas íris verdes. — podemos voltar.
Dei a volta em seu corpo para refazer o caminho e voltar a tentar
manter distância do homem me olhando de um jeito que estava
fazendo meu corpo inteiro aquecer quase a ponto de entrar em
combustão, quando fui interrompida por um puxão forte e firme.
Minha visão ficou borrada no momento que Adam me
pressionou entre seus músculos firmes e a parede fria, senti as
pontas dos seus dedos rasparem em minha nuca para firmar minha
cabeça e encará-lo.
O sorriso torto exibindo a covinha unilateral em sua bochecha
antes de chocar seus lábios macios e decididos nos meus, iria me
acompanhar pelo resto da vida e tenho certeza de que não precisarei
me esforçar muito para lembrar, vai ser só fechar os olhos e pronto!
Como um passe de mágica, a imagem estará lá.
Nítida, assim como foi com o beijo.
Graças àquele beijo no restaurante do seu pai, eu já tinha vivido a
sensação que meu corpo estava experimentando nesse momento,
me deixando em um misto de excitação e leveza que tenho certeza
ser capaz de levitar.
Sempre lia nos livros sobre beijos que prometiam sexo, mas
nunca achei que realmente fosse ter o prazer de protagonizar um.
Bom, mais um item da minha lista sobre o que fazer antes de
morrer que posso riscar.
Sem conseguir me controlar, soltei um gemido entre seus lábios o
que parece ter agradado o Deus do beijo, já que Adam aprofundou
ainda mais nossa troca, sua língua que dançava com a minha
sensualmente começou a ser mais possessiva, mais exigente.
Isso! Esse é o beijo que toda mulher deveria sentir.
Ofegando, ele se afastou e apoiou a testa na minha.
— Sabe o que acho, Angel? — Adam sussurrou com a respiração
pesada batendo em meus lábios.
— Hm? — Foi um gemido vergonhoso, mas nesse momento
nada mais importava, eu só queria sentir seus lábios nos meus de
novo, sentir esses lábios em mim.
— Que você estava com ciúmes.
Estava planejando soltar uma risada zombeteira ou responder
sua provocação com algo espirituoso, mas nada saiu, porque os
lábios de Adam estavam nos meus de novo, tomando tudo de mim
para si, arrancando suspiros, gemidos e todo o meu auto controle.
Quando nos afastamos de novo, pela primeira vez, falei o que eu
realmente queria:
— Quero você Adam. — Sussurro ofegante.
Ainda não tinha despertado completamente, acho que meu sono
pesado foi interrompido pela vontade de fazer xixi? Não fazia ideia,
porque no instante que senti o braço pesado segurando minha
cintura e um corpo quente pressionado em minhas costas, passei da
necessidade de esvaziar a bexiga para surtar, pensando ter transado
com alguém enquanto estava completamente bêbada.
Merda!
Fecho os olhos e imagens de Adam pressionando meu corpo na
parede inundam minha mente, junto com meus sentidos já que de
repente comecei a me sentir muito quente. Ajeito o corpo para me
afastar de quem quer que esteja em minhas costas, mas o braço
pesado me puxa de volta, fazendo minha bunda pressionar algo
duro.
Oh.Meu.Deus.
“Não podemos fazer isso Angel, não com você assim.”
A voz de Adam estava nítida em minha mente, ele havia dito algo
sobre eu estar bêbada demais para que a gente fosse além de
beijos.
Mas se não era Adam, quem estava me segurando agora na
cama?
Meu corpo esfriou consideravelmente enquanto tentava fazer
meu cérebro se lembrar dos acontecimentos de ontem depois que
Adam nos forçou a voltar para o quarto. Ele brincou dizendo que não
podíamos ficar sozinhos por muito tempo porque meus gemidos
estavam ficando mais altos que sua consciência.
Lembro de ter usado isso a meu favor enquanto aceitava mais e
mais bebida que Yoga me dava.
Merda, merda, merda!! Mil vezes merda!
Eu beijei ele na frente de todo mundo.
Arg.
Aperto os olhos com força.
Uma coisa de cada vez! Primeiro preciso descobrir quem está
com esse terceiro braço pressionado em minha bunda.
Foco Angel.
Os acontecimentos foram voltando em ondas de imagens para o
meu cérebro.
Bebida.
Risadas.
Beijos quentes.
Mais risadas.
Eu passando mal ...
Solto um gemido estrangulado.
Adam me ajudando.
Outro gemido.
Eu implorando para ele dormir comigo porque estava com medo
de ficar sozinha.
Mesmo não enxergando muita coisa por causa das luzes
apagadas, olho para o teto como se estivesse olhando para o céu.
Quando perguntei se não tinha como piorar o dia, não era
para ver isso como um desafio, Deus!
Reclamo em minha mente, mas de certo modo um alívio toma
conta de mim em saber que não estava deitada com um completo
estranho.
— Você está bem?
Sua voz me faz arrepiar.
Tem alguma chance da gente ter transado e meu cérebro
estar me impedindo de lembrar?
Sinto o volume pressionado em minha bunda.
Naaaah, eu saberia se isso tivesse entrado em mim.
Respiro fundo e permaneço virada de costas para ele.
— Aham. — Limpo a garganta. — Éeeh ... desculpa por ontem.
Podia sentir o sorriso em sua voz quando falou:
— Então já está pronta para a trilha que vamos hoje? — Adam
diz, claramente ignorando minhas desculpas.
Ah meu Deus! Tinha me esquecido disso.
— Arg.
Ele riu afastando o corpo do meu, o que eu secretamente odiei.
— Você decide o que quer fazer linda. — Senti seus lábios
quentes encostarem em meu ombro antes do barulho do seu beijo
ser captado por meu ouvido. — Preciso mijar.
O farfalhar dos lençóis soaram no instante que o peso do seu
corpo fez o colchão mexer, ouvi um estalo como se ele estivesse se
alongando e depois o barulho dos seus passos seguiram para o
banheiro, até a porta se abrir e fechar.
Ótimo, o que quero fazer?
Andar de barco não me parecia uma boa ideia, mas fazer uma
trilha só eu e o Deus grego também não.
— Então, escolheu onde nós vamos? — Pergunto enxergando
minimamente por causa da escuridão do quarto.
Angel se mexe na cama um pouco, provavelmente estava se
virando para tentar me ver.
— Não sei, acho melhor irmos com o pessoal no barco.
O sorriso em meu rosto vacilou um pouco quando a expectativa
de passar um dia só com ela foi reduzida a zero.
Talvez fosse a quantidade de vezes que ela tomou a iniciativa de
me beijar ontem ou sua reação que julguei ser ciúmes quando a loira
se aproximou, mas me iludi pensando que realmente passaríamos o
dia inteiro juntos, até procurei saber mais sobre a trilha dos cinco que
ela havia comentado e fiquei animado com a perspectiva de
conhecer um lugar isolado e muito bonito, com uma mulher
interessante que passei a cobiçar.
— Ok. — Aproximo-me da cama pegando a camisa que tirei para
dormir e a visto. — Nos vemos lá então.
Saio do quarto sem esperar uma resposta e caminho até o meu.
O motivo de me sentir desanimado depois da sua decisão era
estranho. Eu estava afim dela? Com certeza. Queria ficar sozinho
com ela? Claro que sim.
Mas nunca fiquei “triste” por levar um fora.
Esfrego o rosto ao parar em frente à minha porta e tatear o
bolso da calça jeans para achar o cartão do quarto.
— Vejo que passou a noite bem. — A voz de Henry me faz virar o
rosto no instante que sinto o formato do cartão em meu bolso e o tiro
para abrir a porta.
Ergo uma sobrancelha.
— Estava com o ouvido na porta para perceber quando eu
voltaria?
Ele riu balançando a cabeça negativamente.
— Tenho coisas mais interessantes para fazer do que ficar
esperando você foder com a ruivinha. — Ele olhou por cima do
ombro com uma expressão que dizia tudo e voltou a me encarar. —
Ia ver se no seu quarto tem camisinha. — Henry batucou os dedos
na porta. — As minhas acabaram ontem e a loirinha dormiu em
minha cama, então preciso aproveitar.
Balanço a cabeça negativamente, mas abro um sorriso cúmplice.
Esse era Henry, o idiota que não se importava em foder com uma
mulher e não olhar nunca mais em sua cara.
— Na minha mala deve ter, espera aí.
Passo o cartão de acesso no leitor ao lado da porta e entro, indo
diretamente para a mala jogada no canto do quarto, quase do
mesmo jeito que estava quando a arrumei em meu apartamento.
Pego o pacote preto e volto para a porta, entregando-a para o
idiota.
Pelo menos alguém iria transar.
— Só uma cara?
— Não vou dar a você todas que tenho aqui.
— Ah sim, vai usar na ruivinha mais tarde!
— Vai se foder Henry.
Ele sorriu enquanto entrei no quarto e fui direto para o celular que
tinha colocado para carregar quando desligou por falta de bateria no
meio da noite, não sem antes escutá-lo gritar:
— Não precisa dizer duas vezes!
Com um sorriso, abro a primeira mensagem que aparece nas
notificações.
“Adam, olha isso!”
Curioso, clico na imagem que Louíse me enviou e vejo uma vela
vermelha acesa e o meu nome escrito nela.
Franzo a testa confuso.
“Você não está respondendo, mas vou mostrar mais uma coisa.”
Abro a outra imagem exibindo uma vela idêntica à que tinha o
meu nome, a diferença era que estava apagada e com o nome de
Louíse nela.
Sorrio balançando a cabeça.
Isso só podia ser obra de Candice.
“Para que serve essa vela?”
Envio e passo para as mensagens do meu pai:
“Oi filho, sua mãe está bem! Hoje ela pediu que eu tivesse uma
conversa de homem para homem, você sabe, usar camisinhas e etc.
De acordo com ela, você já está entrando na adolescência e precisa
ser alertado sobre os perigos de fazer algo sem pensar nas
consequências.”
Eu ri.
“Fico feliz que já tivemos essa conversa, com ela escutando tudo
atrás da porta.”
Com um sorriso e pensamentos nostálgicos, deixo o celular em
cima da cama antes de tirar a roupa para tomar um banho e depois
comer algo.
Meu estômago roncou em resposta.
É, definitivamente preciso comer algo.
Estava prestes a me aproximar do telefone do quarto quando
uma batida na porta interrompeu meus passos.
— Não vou te dar outra camisinha, seu idiota.
Abro a porta esperando ver meu amigo parado ali.
— Ok. — Sua voz estava diferente, mais baixa. — Nos vemos lá
então.
Fiquei quieta escutando os sons dos passos de Adam o levando
para fora do quarto, assim como a porta se fechando
cuidadosamente enquanto ele ia embora.
Droga, Angel!!
Eu claramente quero ele, então por que estou com medo de me
entregar?
Sento na cama rápido demais para alguém que bebeu além da
conta na noite anterior e apoio a testa em minhas mãos, segurando
minha cabeça como se ela fosse se soltar do pescoço e rolar pelo
piso impecável.
Arg.
Deslizo minhas mãos pelo cabelo e fecho meus dedos neles,
segurando-os com firmeza.
Eu sabia de onde vinha esse medo.
Fecho os olhos por um segundo e tudo que vejo é o sorriso dele,
aqueles lábios macios que com certeza sabem fazer muito mais do
que dar beijos deliciosos, os olhos intensos me observando e
principalmente sua maneira descontraída e fácil de viver a vida.
Adam é um homem em todos os aspectos, seja físico ou no jeito
de agir e caramba, isso é tudo que eu procuro em alguém.
Levanto da cama, com um suspiro e caminho ainda um pouco
tonta até o banheiro para tirar esse cheiro de álcool impregnado em
mim e também o cheiro dele, que parece ter ficado em minha pele.
“Não tenha medo de viver um grande amor como vivi com o seu
pai, meu amor.”
A voz da minha mãe soou tão nítida em minha cabeça que virei o
rosto, olhando para a porta do banheiro afim de vê-la ali, mesmo
sabendo que isso era impossível, já que estávamos há quilômetros
de distância uma da outra.
Entro debaixo da água quente, deixando-a limpar qualquer
resquício da noite maluca de ontem.
“Seu pai se foi, mas sempre permanecerá comigo, com você.”
“Lembra quando ele deu uma entrevista dizendo que te tratava
como uma princesa porque queria que quando você crescesse
soubesse que o homem merecedor do seu coração não deveria te
tratar diferente disso?”
“Pra sempre vou amá-lo, Angel, seu pai sempre vai ser o amor da
minha vida, mas ele não iria querer nos ver deixando de viver para
chorar a morte dele.”
“Não deu certo com Diego também? Ah meu amor, sinto muito.”
As frases da minha mãe foram ficando cada vez mais altas, mas
a próxima voz que escutei, não foi a dela e sim de Yoga:
“Para com isso, Angel, você sabe muito bem o porquê não dá
certo com ninguém que chama para sair.”
“Nunca foi porque não tem sorte! Ok, um ou outro foi sim, mas
você escolhe caras que não combinam com você, com medo de se
apaixonar e depois perdê-los como foi com sua mãe.”
“Acorda amiga, você sabia que Diego não era o certo, apenas se
enganou dizendo que era, porque não se apaixonou por ele o
suficiente para sofrer por uma vida caso acontecesse algo.”
Engoli o nó formado em minha garganta.
Sabia que elas estavam certas, desde que meu pai se foi há
alguns anos, minha mãe tentou ser forte, tentou de verdade, mas
acabou entrando em depressão por causa da perda e da falta tão
grande que ele fazia em nossas vidas. Nunca havia parado para
pensar o quanto poderia ser doloroso amar alguém até ver com
meus próprios olhos o amor que minha mãe sentia por meu pai a
destruir por dentro, me destruir por dentro.
Fecho os olhos deixando uma lágrima se misturar com as gotas
quentes do chuveiro.

— Mãe?
Chamo olhando ao redor antes que Titus apareça com aquelas
patas enormes e tome toda a minha atenção para si.
— Estou aqui, querida. — Sua voz estava alegre, o que sempre
me fazia sentir melhor. — Na sala.
Aproximei-me com um sorriso e a vi sentada no sofá com o
notebook em seu colo, digitando freneticamente.
— Tudo bem? — Seus olhos castanhos claros me encaram por
cima do óculos.
— Sim! — Procuro ao redor. — Onde está Titus?
Ela sorriu apontando para as grandes janelas da sala, mostrando-
o pulando e correndo ao mesmo tempo atrás da bolinha que Peter, o
marido da minha mãe, havia jogado para ele.
Titus é um cachorro milagroso, foi ideia do psicólogo achar um
cachorro para ajudá-la com as crises de ansiedade e depressão que
vinham sendo cada vez mais recorrentes na vida da minha mãe, com
a ajuda dele e do remédio, ela teve uma melhora significativa em seu
estado.
Graças a Deus por isso.
— Vim pra avisar que vou viajar com Yoga por algumas semanas.
— Volto a encará-la. — Não vou deixar a editora na mão, Aimée
estará supervisionando tudo e a obriguei a entrar em contato quando
alguma coisa acontecesse.
Minha mãe acenou ainda sorrindo.
Era bom vê-la assim depois de tanto anos sem vontade de
levantar da cama.
— Ok querida, sei que Aimée dá conta do recado, não se
preocupe com a editora, você sabe que eu e seu pai costumávamos
viajar e deixá-la organizando as coisas por alguns dias.
Acenei antes de olhar para fora, ainda observando o cachorro
enorme que mais parecia um bezerro, latindo e balançando o corpo
inteiro, denunciando o quão feliz estava.
— Você quer conversar sobre algo, meu amor?
Voltei a encarar minha mãe, seus olhos pareciam enxergar minha
alma enquanto me observava.
Melhor perguntar logo.
Respiro fundo.
Falar sobre meu pai era sempre difícil para mim e para ela.
— Você acha que valeu a pena viver um tempo com meu pai?
Se minha mãe estava surpresa com o assunto não demonstrou,
ela apenas colocou o notebook no espaço ao seu lado e se
aproximou pegando minhas mãos nas dela.
— Valeu e faria tudo de novo! — Respondeu com seus olhos
brilhando. — Não é segredo para ninguém que amo seu pai mais
que tudo nessa vida, filha. Ele sempre vai ser o primeiro homem que
amei e doeu muito perdê-lo, você sabe como fiquei.
Pisco rapidamente para espantar as lágrimas.
— Mas nem depois de tanta dor, eu deixaria de viver os anos que
tive com ele.
Uma batida em minha porta me fez voltar para a realidade.
— Angel? Você está aí? — A voz da minha amiga soa abafada
pela porta.
Estou mesmo sabotando minha própria vida por medo?
Uma euforia toma conta do meu corpo, fazendo meu coração
acelerar.
Ah meu Deus!
Em uma sequência rápida de movimentos, desligo o chuveiro e
me enrolo na toalha branca e muito confortável, tentando não cair ao
deslizar no piso branco e extremamente escorregadio.
Corro até a porta, abrindo-a num só golpe, assustando Yoga no
processo.
— Que porra é...
Passo por ela sem explicar.
Qual era o quarto dele mesmo?
Hã... pensa Angel, ele te falou ontem.
Corro ao mesmo tempo que passo os olhos nos números
pregados nas portas.
908? Não!
Segurei a toalha quando ela ameaçou a cair.
— Angel? — A voz de Yoga soou em minhas costas, mas não
parei para explicar o porquê estava parecendo uma louca toda
molhada no corredor de um hotel cinco estrelas.
910? Não!
912?
Uma dúvida surgiu em minha mente.
Bati na porta freneticamente, mas voltei a correr quando um
homem que parecia ter uns cinquenta anos apareceu na porta com o
olhar pesado de sono, uma barriga que provavelmente demorou
anos de muito álcool para adquirir e os poucos fios de cabelos
espetados para todos os lado.
— Desculpa, senhor! — Gritei indo para a próxima porta, mas
antes de bater nela e incomodar alguém que não deveria, me lembrei
das palavras de Adam antes que eu implorasse para ele ficar comigo
no quarto:
— Se precisar de algo, estou no 915.
Corri e parei de frente para ela.
Bati.
— Não vou te dar outra camisinha, seu idiota.
Sua voz sexy foi acompanhada por poucos passos e em seguida
a porta abriu.
Não tinha planejado vir aqui, então não sabia o que falar agora
que estava em sua frente, por isso deixei meus olhos descendo por
seu peito largo e esculpido em músculos firmes até o ponto onde a
toalha me impedia de ver o que estava escondido ali.
Pisquei para me obrigar a encará-lo.
— Hã... — Ajeitei a toalha em cima dos meus seios. — ainda
podemos ir na trilha?
Imaginei que Adam iria recusar e falar que minha chance de fazer
qualquer coisa com ele tinha evaporado depois de tê-lo enrolado
tanto, mas o homem em minha frente apenas sorriu para mim.
O seu maldito sorriso bonito.
— Se precisarmos ir combinando. — Ele apontou entre mim e
ele. — Podemos sair daqui agora.
Olhei mais uma vez para a sua toalha e depois para a minha.
A tensão deixou meu corpo e meu sorriso se alargou junto com o
dele.
— Você está decorando o caminho? — Angel pergunta subindo o
pedaço de trilha mais íngreme. — Se não está, acho melhor
começarmos a nos preocupar, porque não sou boa com direções.
Ajeito a mochila em minhas costas e viro o rosto para observá-la
inclinar o corpo um pouco para frente e fazer uma careta ao forçar
suas pernas a subir o morro.
— É só seguir a trilha que viemos, não tem erro. — Respondo
erguendo a mão em sua direção.
E não tinha erro mesmo, a trilha estava bem visível, indicando
que o pessoal que cuida dessa área sabe o quão turístico o país é e
dá um jeito de deixar tudo certo, como o caminho que seguimos,
apesar de ter algumas partes um pouco complicadas de subir por
conta do cascalho, os matos ao lado não invadiam o local, o que nos
dava uma visão boa do lugar que devemos seguir.
A expressão de incredulidade no rosto da ruiva dizia que ela não
compactuava do mesmo pensamento que eu.
— É só seguir a trilha. — Ela resmunga e sorri ao aceitar minha
ajuda. — Se não conseguirmos voltar, você fica acordado para nos
proteger dos possíveis animais que existem aqui.
Ela arqueia as costas soltando a respiração e passa seus olhos
amendoados pela mata ao redor, como se precisasse se certificar de
que não tem nenhum bicho à espreita. Sua atenção é desviada para
mim e percebo um leve, quase imperceptível, tremor em seus lábios
macios.
— Não vamos nos perder. — Confirmo ao entrelaçar meus dedos
nos dela e não espero para observar sua reação, apenas volto a
subir a trilha puxando-a levemente. — Além disso, pesquisei sobre a
trilha e não acho que temos que nos preocupar.
Não tinha muito tempo para pesquisar, já que precisávamos sair o
mais rápido possível do hotel, então apenas procurei o essencial no
Google, incluindo sobre os animais que poderíamos encontrar no
local.
Algumas cobras, cães, micos e alguns outros animais que não
nos colocariam em risco.
Angel resmunga alguma coisa que não consigo entender e se
deixa ser guiada por mim.
O caminho inteiro foi assim, cheio de subidas às vezes tranquilas
e outras nem tanto, mas sempre podíamos parar e virar para o lado
esquerdo para admirar a imensidão de montanhas se encontrando
suavemente antes de conseguirmos ver o mar de um azul-claro
quase bonito demais para ser verdade.
Não era à toa que o país era considerado um paraíso.
— Me lembre de novo porque não estamos no barco, bebendo e
descansando?
Sorrio quando avisto a placa de madeira fincada entre um monte
de pedras indicando que estávamos mais perto do que
imaginávamos da cachoeira no final da trilha dos cinco.
— Você não me disse o motivo, mas imagino ser porque você
ficou com ciúmes na noite passada e precisou inventar uma desculpa
rápida. — Angel começou a tentar negar, mas fui mais esperto que
ela. — Chegamos.
O barulho da queda d’água um pouco mais distante de onde
estávamos chamou a atenção da ruiva que ainda mantinha seus
dedos delicados entrelaçados aos meus, ela abriu um sorriso enorme
e cheio de dentes brancos e alinhados e me encarou com as íris
brilhando ao endireitar as costas e soltar o ar pela boca.
— Não acredito. — Diz olhando para a placa que indicava a
cachoeira dos cinco e soltou minha mão para dar alguns pulinhos. —
Está ouvindo esse barulho?
O sorriso em meus lábios se intensificou ainda mais ao
perceber sua animação.
— Estou.
Angel me encarou com os olhos brilhando.
— Posso te contar um segredo? — Ela espera tempo o
suficiente para me ver concordar e volta a caminhar devagar,
claramente esperando que eu vá junto com ela.
Com passos igualmente vagarosos, a acompanho na direção
da cachoeira que a cada passo que dávamos, o barulho da queda
d’água ficava mais alto.
— Meu pai sempre me levava para fazer trilha, na verdade,
caminhar em família era sempre o passatempo favorito dele, então
acabei me acostumando com a rotina de todas as férias que tinha,
passava com ele fazendo trilhas que eu conseguiria concluir. — Sua
voz estava mais baixa, carregada de saudade e amor. — Às vezes
não tinha vontade de ir e reclamava o caminho todo que estava
cansada e sabe o que meu pai falava? — Apesar do tom ser de
pergunta, Angel não queria uma resposta, então fiquei calado
esperando que ela concluísse. — Dizia que o caminho difícil valeria a
pena no final e era verdade, sempre valia a pena quando
chegávamos no nosso destino.
O caminho cheio de árvores foi se abrindo até estarmos de frente
para uma das quedas d’água mais lindas que já vi em toda a minha
vida. As pedras estavam tão perfeitamente dispostas nos lados e
debaixo da água que quase pareciam terem sido ajeitadas por
alguém, o lago abaixo era cristalino o suficiente para que
conseguíssemos enxergar o fundo e o barulho da água junto com os
sons que a mata emitia, mais parecia um sonho.
Virei o rosto para olhar Angel e me deparei com aquele par
castanho me observando atentamente.
Um sonho bom demais para ser verdade.
— Por que você não me ligou?
Sua atenção não desviou do meu rosto quando engoliu em seco,
ela parecia analisar cada pedaço de pele até parar em meus lábios,
o que me provocou um sorriso.
— Estava com medo. — Admitiu antes de passar a língua nos
lábios e subir o olhar para me encarar.
— Medo? — Ergo uma sobrancelha. — E não está com medo
agora?
Dei um passo em sua direção, invadindo seu espaço pessoal.
— Estou.
— Então o que mudou? Se estava com medo antes e isso a
impediu de me ligar, porque agora está aqui comigo sozinha, mesmo
ainda tendo esse receio?
Angel lambeu os lábios mais uma vez.
Droga, ela precisa parar de fazer isso.
— Não sei.
Seu sussurro foi quase inaudível.
Meu instinto gritou para grudar seu corpo no meu e beijá-la como
se não precisássemos respirar, mas ao invés de colocar em prática o
que eu queria, apenas inclinei sobre ela e coloquei os lábios em seu
ouvido para sussurrar.
— Já dei o primeiro passo várias vezes, agora é sua vez, linda. —
Afasto do seu corpo com dificuldade e solto seus dedos antes de
caminhar na direção do lago com o coração acelerado.
Ele estava me provocando.
Adam balançou a cabeça vigorosamente, fazendo as gotas de
água do seu cabelo voarem para todos os cantos, assim como as do
seu torso esculpido descerem quase em câmera lenta até a base da
sua bermuda, fazendo-me por um segundo desejar ser aquela fina
camada detalhando seus músculos mais do que perfeitos.
Meus olhos pareciam travados em sua pele levemente
bronzeada e nem a sugestão do sorriso convencido exibido em seus
lábios em uma clara demonstração que ele estava mais do que
ciente da minha atenção em seu corpo, foi capaz de me fazer desviar
o olhar para a linda e exuberante paisagem em suas costas.
Estávamos em uma das cachoeiras mais visitadas por turistas
em Anurb, quando pesquisei sobre locais preferidos no site de
turismo do país, descobri que a trilha dos Cinco era uma das que
ficavam mais perto do centro da cidade e talvez seja esse o motivo
dela ser uma das mais procuradas ou pode ser que seja escolhida
por causa do lago cristalino o suficiente para que eu consiga ver o
fundo, devido às pedras ao redor da queda d’água, assim como
disposta em todos os lados do lago, que davam um charme rústico e
muito bem-vindo aos meus olhos, ou também a mata ao fundo,
deixando a aparência misteriosa e maravilhosa ao mesmo tempo.
A paisagem é realmente linda, mas o que me fez prender a
respiração foi o homem seminu sentado ao meu lado na enorme
pedra na beira da água, com aqueles olhos verdes grudados em
mim.
Sim! Ele, definitivamente, estava me provocando.
Os músculos definidos do seu abdômen ficaram evidentes
quando ele se deitou, colocando um braço em cima dos olhos e o
outro largado ao lado do corpo, como se nada fosse mais satisfatório
do que estar ali ouvindo o barulho da água se misturar com os da
mata ao nosso redor.
Sério isso? Quem tinha um corpo desse?
Minha atenção foi puxada em sua direção como se um ímã
estivesse pregado em sua pele e não passou despercebido por meu
cérebro que poderia me aproveitar da sua falta de visão para
observá-lo sem que fosse flagrada.
Um sorriso dominou meus lábios enquanto observei os
desenhos marcados em sua pele, havia muitos ali e dentre todas
aquelas formas lindas de flores, pássaros, espirais e animais, uma
me chamou atenção.
Um desenho que me lembrou de uma das pessoas mais
importantes em toda a minha vida.
Meu pai.
— Você gosta de Hóquei?
Minha pergunta pareceu enrijecer sua postura tranquila.
— Gosto.
Foi a única palavra que saiu da sua boca e parecia amarga.
Ergo uma sobrancelha quando uma pontada de curiosidade é
aguçada por essa resposta curta e um tanto seca.
— Legal. — Sorrio mesmo sabendo que ele não está vendo. —
Entããão, você trabalha com o seu pai no restaurante?
Ainda não havia passado por minha cabeça saber onde e no que
ele trabalha, provavelmente porque não tinha intenção de encontrá-lo
depois daquele primeiro dia no bar, mas agora a curiosidade estava
levando a melhor de mim.
Apoio o peso do corpo nos cotovelos para conseguir me erguer e
o observo.
Ele parecia incerto sobre o que falar, isso ou estava escolhendo
as palavras sobre seu trabalho.
Estranho.
Será que estava desempregado?
A curiosidade aumentou enquanto Adam permanecia quieto
por um tempo consideravelmente grande e só voltou a falar depois
de suspirar audivelmente e erguer o braço de cima dos seus olhos e
mirá-los em mim.
— Não, meu trabalho é esse. — Seus dedos foram para a parte
do bíceps tatuado com alguns rabiscos.
Para ser mais exata, o desenho que me chamou a atenção.
— É tatuador?
Ele abriu um sorriso rápido demais para que chegasse aos seus
olhos.
— Não, sou o que a tatuagem representa.
Olho para o desenho que claramente representava um
jogador de Hóquei.
Isso me deixou um pouco surpresa.
Era coincidência demais que ele tivesse a mesma profissão
que meu pai.
O homem ao meu lado não parecia querer falar sobre isso, mas
para o azar dele, eu queria! Principalmente porque fazia muito tempo
que não procurava saber sobre o esporte e depois de ter me deixado
com vontade de sentir seus lábios nos meus mais cedo, estou ainda
mais tentada em provocá-lo.
— Jogador, hein? — Empurro seu ombro, mandando para longe a
curiosidade. — Então senhor-sou-jogador-de-hóquei qual a sua dica
para uma pessoa que não tem muita destreza no gelo?
Na época que meu pai jogava no Calgary Flames[5] antes de
morrer, ele tentou me ensinar, tentou de verdade, mas
aparentemente não tenho equilíbrio o suficiente para ficar em cima
dos patins.
— Permaneça nas bordas para segurar as barras de apoio caso
precise ou tenha alguém que saiba patinar ao seu lado.
O sorriso enfim voltou aos seus lábios.
— Essa é sua dica? Que sem graça. — Reclamo, ignorando a
sensação de aperto no meu peito ao lembrar do meu pai.
— Quer saber o que tem graça?
Acenei observando-o se levantar e passar as mãos na bermuda
como se estivessem sujas antes de se aproximar com um sorriso
malicioso exibido em seus lábios.
Se eu tivesse uma bola de cristal, teria antecipado sua ação e
corrido, mas como não tinha, apenas senti meu corpo sendo erguido
rapidamente e em seguida sendo engolido pela água fria.
Filho da mãe.
Balanço as pernas e braços para conseguir chegar à superfície.
— O que foi? Não achou engraçado?
Sua risada arrancou um sorriso dos meus lábios.
— Não achei nada engraçado. — Os meus lábios esticados ia
contra essa afirmação. — Se prepara, Adam. — Ameacei nadando
até a saída do lago. — Você acabou de comprar uma briga.

Adam estava distraído.


Que ótimo! Era a minha chance.
Tento não fazer barulho ao dar alguns passos hesitantes para
perto do homem com a água até a metade do peitoral esculpido e os
olhos à procura do que ele disse ser um tucano no topo da árvore.
De fato tinha um pássaro nos observando ali em cima e era
maravilhoso, mas a oportunidade de me vingar estava na pontas dos
meus dedos.
Sorrio me aproximando ainda mais de suas costas e quando
chego perto o suficiente pulo na tentativa de com o meu peso, fazer
Adam se afundar na água.
Digamos que esse era o planejamento, a execução foi muito mais
vergonhosa, pois ao invés dele afundar, seu rosto virou um pouco
para me observar e o sorriso divertido estava estampado em seus
lábios quando me encarou.
Droga.
— O que está tentando fazer?
Afasto um pouco na intenção de nos colocar o mais distante
possível, o que não adiantou muito já que Adam se aproximou com
passos ainda maiores que os meus, então com a mais vergonhosa
voz de ingenuidade, eu disse:
— Eu? Nada.
Meio segundo depois as bolhas de ar estavam saindo dos meus
lábios enquanto soltava o ar em uma risada debaixo d’água.
— Você é um idiota.
Passo a mão no rosto ainda rindo.
— É mesmo? Não fui eu quem quis atacar o inimigo de costas.
— Inimigo?
Ele sorriu de novo e agradeci por estar na água, pois minhas
pernas pareciam gelatina ao observar seus lábios se esticarem até
formar a sombra de uma covinha rasa.
Não era justo ele ser tão lindo.
— Acho que sou, depois de tantas vezes que você fugiu de mim.
Apesar de sua voz estar divertida e vir acompanhada de uma
piscada sexy, algo dentro de mim se agitou para tentar explicar o
motivo de ter ignorado tudo a respeito dele.
Respiro fundo.
— As pessoas dizem que tenho medo de me relacionar, poderia
dizer que não tem nada a ver com você, mas tem! — Pelo canto do
olho vejo seu rosto virado em minha direção, mas continuo
observando as folhas das árvores balançando conforme o vento as
agitam. — Você não foi um cara que escolhi aleatoriamente para sair,
não tive nenhuma expectativa, apenas te conheci em um dos vários
dias que tenho problemas automobilísticos e desde então não paro
de te encontrar.
Os meus problemas com carros pareceu diverti-lo.
— Não sei como dizer a você o porquê não entrei em contato
sem parecer covarde, porque estava com medo, ainda estou com
medo Adam. — Viro-me para encará-lo. — Às vezes tenho a
sensação que já te conheço há anos, apesar de não ter mais que
dois meses e isso me assusta.
Respiro fundo mais uma vez antes de me virar e perceber que
estávamos mais próximos do que eu imaginava, sua boca parecia
estar tentadoramente perto, sua pele molhada emanava um calor
que ia diretamente para a minha e seus olhos estavam cravados em
mim como se eu fosse uma miragem.
Engulo em seco esquecendo tudo que estava formulando para
falar.
— Me beije.
Minha voz estava baixa, mas ele conseguiu escutar, o sorriso
iluminando seu rosto foi a confirmação disso.
— Eu disse que você precisava tomar a iniciativa, linda.
Um arrepio tomou conta da minha pele ao sentir a ponta de seus
dedos alisarem meu rosto ao colocar uma mecha de cabelo atrás da
minha orelha.
Não fazia sentido fugir mais.
Eu não queria mais fugir dele.
Sem perder mais tempo, envolvi seu pescoço com meus braços
deixando que meus seios se apertassem em seu peito e encostei
meus lábios nos dele, deixando a sensação me levar para o próximo
estágio.
Aquele que me sinto vazia e cheia ao mesmo tempo, o estágio
que existe apenas sua boca me devorando, sua língua duelando com
a minha e suas mãos deixando uma marca física em meus sentidos.
Apoio o ombro na parede ao lado da porta do quarto de Angeline
e um sorriso divertido toma conta dos meus lábios ao perceber sua
mão trêmula se erguer para passar o cartão no leitor e enfim abrir a
porta.
— Você está me deixando nervosa.
Meu sorriso se transformou em uma risada.
— Não estou fazendo nada, linda.
Era verdade, exceto pelo movimento que fiz com minhas mãos
para afastar algumas mechas acobreadas do seu cabelo em seu
ombro e expus sua pele um pouco avermelhada por causa do sol
quente.
Angel estremeceu e eu sorri ainda mais.
— Que droga de porta. — Seus olhos castanhos encontraram os
meus por alguns segundos antes dela desviar novamente para a
porta.
Aproximo-me por trás do seu corpo e puxo o cartão da sua mão,
virando-o para o lado certo.
Reparei seu erro na primeira tentativa, mas quis observá-la mais
um pouco para ver até onde o nervosismo a impediria de ver que
estava passando o cartão errado.
Angel pareceu prender a respiração e não soltou quando
encostei o peito em suas costas e afundei meu rosto em seu
pescoço, inalando seu cheiro para dentro do meu corpo para
provocar meus sentidos, ela continuou segurando o ar quando
estiquei o braço para passar o cartão no leitor da porta e o clique
soou alto demais no corredor vazio do hotel.
— Você vai acabar desmaiando se não respirar, linda. —
Sussurrei provocando-a antes de deixar um beijo casto em seu
pescoço.
Aparentemente passar horas provando seus lábios não foram o
suficiente, eu queria mais e podia sentir que ela também queria.
Percebi seu corpo estremecendo e amaldiçoei internamente o
pulsar que meu pau deu contra a bermuda ao senti-la soltar a
respiração e se encostar ainda mais em mim.
— Você... podia entrar. — Prendo o lóbulo da sua orelha entre
meus dentes.
— Hmm. — Solto a carne lentamente e pressiono meus lábios
contra sua pele para sussurrar. — Isso é um convite?
Ela acenou ao inclinar a cabeça para o lado, me dando ainda
mais acesso ao seu pescoço.
Passei a língua por ele e senti sua pele se arrepiando mais uma
vez.
— Ei Adam!
O corpo de Angel que estava relaxado pressionado ao meu, ficou
tenso ao ouvir a voz de Henry.
Sério mesmo?
Ainda com meu pau pressionado em sua bunda perfeita, viro o
rosto na direção da voz e encontro a expressão divertida no rosto do
idiota que preciso rever seu status de amigo.
Ele riu e eu grunhi antes de mordiscar a pele da mulher em minha
frente.
— Vejo você mais tarde, linda.
Abri a porta esperando que Angel entrasse no quarto, mas ela
não se mexeu, me fazendo grunhir mais uma vez pela interrupção do
idiota do Henry.
— Adam, cara. — Ele insistiu com sua voz divertida ecoando pelo
corredor.
Balanço a cabeça negativamente.
Claro que ele não me deixaria em paz agora.
O que eu estava esperando? É o maldito Henry.
— Passo aqui mais tarde para jantarmos. — Ergui uma mão até
sua mandíbula e pressionei levemente para o lado, a fim de fazê-la
me olhar. — Se você quiser, pode ser minha sobremesa.
Angel arfou me encarando de lado com as pupilas dilatadas de
desejo e aproveitei o momento para pressionar meus lábios nos dela
por alguns segundos antes de escutar Henry limpando a garganta.
É! Vou matá-lo.
Observei a ruiva engolir em seco antes de me virar e andar na
direção do filho da mãe encarando-me com a melhor expressão de
“te ferrei” que ele poderia exibir.
Passei o dia inteiro vendo Angeline de biquíni, provando seus
lábios e tentando não ser preso por atos obscenos em um lugar
público e cheio de pessoas que queriam relaxar e aproveitar a
paisagem e não assistir um cara devorando uma mulher.
Ah sim! Era isso que eu queria fazer com ela, mas no momento
que eu teria para isso sou interrompido.
Encaro Henry com o melhor olhar de ódio que tenho e ele
percebe, pois inclina a cabeça para trás e gargalha.
— Isso tudo é felicidade por me ver?
Balancei a cabeça com uma risada por seu comentário idiota.
Era típico do Henry.
— Você é um idiota.
— A loirinha bunduda acabou de me chamar de uma coisa
parecida.
Por coisa parecida ele provavelmente queria dizer que foi
chamado de algo pior do que idiota, já que de todos esses anos que
somos amigos, as mulheres os chamavam de tudo e idiota seria um
elogio perto dos insultos.
— Sei. — Olho para trás, confirmando que Angel entrou em seu
quarto e meu movimento é imitado por Henry. — Desembucha logo o
que você quer.
— Pelo visto o dia foi interessante. — Seu ombro empurra o meu.
— Se soubesse, teria encomendado uma ruivinha pra você antes.
Dou um olhar de aviso em sua direção e ele logo ri ao erguer os
braços em rendição.
— Ok, ok! Só preciso de mais uma camisinha.
— Você poderia ter comprado.
— Mas qual seria a graça de não impedir você de entrar no
paraíso acobreado.
Passo a mão no rosto ao mesmo tempo que balanço a cabeça
negativamente.
Não sei porque ainda me surpreendo com as merdas que esse
idiota fala.
Deveria ter insistido para ele entrar.
Solto um suspiro enquanto encaro o teto branco imaculado.
Ou dado a entender que ele poderia ver o que o amigo queria e
depois voltar.
Se você quiser, pode ser minha sobremesa.
Sua frase dita em uma voz rouca altamente perigosa para o meu
coração zumbiu em meu cérebro.
Droga, eu estava mais que pronta para fazer o meu papel de
sobremesa.
— Angel. — A voz de Yoga foi seguida de uma batida ritmada
na porta. — Abre aqui e me conta tudo.
A pitada de curiosidade em sua voz foi perceptível.
Assinei minha sentença quando fui obrigada a contar para minha
amiga sobre Adam e os bizarros encontros inesperados que estamos
tendo, além é claro, de falar para ela que aquele cartão preto e
dourado que ficou passeando em minhas mãos por vários dias, era
dele.
Levanto-me da cama, ainda sentindo um desconforto entre as
pernas.
Necessidade.
Reconheci.
Esse era o nome do desconforto.
Abro a porta encontrando uma Yoga com os olhos arregalados, o
rosto corado em sua melhor expressão de curiosa.
Sorrio ao dar espaço para ela entrar.
— Vai, conta logo. — O cabelo cacheado dela parecia ter vida
própria quando se jogou em cima da minha cama e ficou ali deitada.
Ela parecia estar confortável, mas o jeito que seu cabelo longo e
pesado voou sobre sua cabeça deixando os fios molhados
espalhados em cima da minha cama e sua pele negra brilhou,
parecíamos mais em um ensaio fotográfico do que uma conversa
sobre o homem que eu estava viciada.
Yoga bateu a mão na cama em um sinal claro de impaciência.
— Anda logo, preciso saber se o loirinho é isso tudo mesmo.
Quase ri da sua frase.
Eu queria saber a resposta para isso, mas infelizmente antes
que conseguisse prender ele aqui em meu quarto, um de seus
amigos apareceu atrapalhando tudo.
— Não aconteceu nada de mais.
A expressão de descrença da minha amiga me fez sorrir.
— Você não vai me dizer que passou o dia inteiro no meio do
mato com aquele homem maravilhoso, por quem você tem uma
queda enorme, e não fez nada.
— Nos beijamos, mas nada além disso aconteceu. — Interrompi
o som reprovador saindo de seus lábios. — Não tinha como
acontecer algo lá.
— Por quê? Era só se enfiar no meio do mato e ele colocava a
camisa dele na sua boca para não fazer muito barulho.
Balanço a cabeça ao soltar uma risada.
Do jeito que meu corpo parecia querer o dele, se ficássemos mais
umas horas apreciando aquela paisagem, eu poderia considerar a
oportunidade de embrenhar naquela mata com ele.
Pensando bem, não seria nada mal se tivéssemos ficado lá por
mais tempo.
Reprimo um gemido ao me jogar na cama ao lado de Yoga, mas
diferente dela, eu estava muito menos “pose de modelo” e mais
como uma estrela do mar.
— Me fala como foi o passeio de barco.
Pedi, tentando mudar minha linha de raciocínio e me impedir de ir
até o quarto do Adam e tirar a roupa.
— Não teve passeio de barco, ficamos em um bar na praia
porque o pessoal remarcou o passeio para amanhã, mas não mude
de assunto. — Yoga se apoiou em um cotovelo, erguendo o tronco
da cama e me olhou com curiosidade. — Por que aquele homem não
está aqui agora te fazendo gritar?
Fecho os olhos por um segundo.
— Um dos amigos dele apareceu, chamando-o.
A mulher ao meu lado se joga na cama de novo e bufa.
— E você não vai fazer nada?
O que ela queria que eu fizesse?
— Acha que eu deveria ir lá?
— Não sei o que está esperando, o cara claramente te quer e
nem precisamos falar o quanto você o quer.
Ela parecia entediada, apenas falando um fato como se não
acreditasse que eu iria me levantar e seguir com o plano de ir até
Adam em seu quarto e, se for preciso, implorar para ele dar um jeito
nos meus vários anos sem ter um orgasmo.
Levanto da cama em um pulo, assustando Yoga no processo.
— Ok.
— Ok? — Repetiu com um toque de incredulidade.
— É! Vou até o quarto dele.
Minha amiga sorriu como um gato, com uma espécie de orgulho
brilhando no fundo de seus olhos escuros.
— Graças a Deus!
Espantei seu tom debochado com um aceno de mão e corri na
direção do banheiro.
O tempo que fiquei debaixo d’água poderia servir para esfriar o
fogo que parecia arder meu corpo inteiro, tive tempo mais do que o
suficiente para desistir de andar a passos largos pelo corredor, que
justo nesse momento haviam várias pessoas passando e olhando-
me estranhamente, vestida apenas com o roupão que o hotel
disponibilizava em todos os quartos, mas mesmo assim segui com o
plano.
O único plano em minha mente.
Chegar até o meu destino.
Até Adam.
O número da sua porta brilha com a minha atenção presa em
cada detalhe preto contrastando com a porta branca e o som da
minha batida fica quase imperceptível com o meu coração fazendo
tanto barulho assim.
Respira Angel.
É só respirar.
Puxo o ar quando o escuto soltar uma risada.
Ele parecia estar falando algo com um tom divertido, mas não
registrei nada além do seu abdômen nu, exibindo uma quantidade
considerável de músculos saltados, mas não foi apenas isso que
prendeu minha atenção e sim o tecido branco da sua cueca.
Alô, Deus? Não me mata agora.
Encaro a forma do seu pau marcando o tecido que pouco fazia
para esconder o quão ... magnífico era.
Isso! Adam parecia ser perfeito da cabeça aos pés.
— Você está encarando meu pau, Angel.
Lambi os lábios e limpei, ou melhor, tentei limpar a garganta, mas
um gemido escapou junto, formando um som estranho.
Eu estava encarando seu pau.
— Angel. — Adam rosnou.
Forcei meus olhos a subirem para encarar aquela imensidão
verde.
— Adam.
Ele grunhiu ao se aproximar para passar seu braço em minha
cintura e me puxou para dentro do seu quarto tão rápido que não deu
tempo de reagir até estar espremida entre a porta e seu corpo
quente e duro.
Muito duro.
Sabia que precisava afastar meus lábios dos dela para deixá-la
respirar.
Eu precisava respirar.
Mas minha necessidade de encher o pulmão ficou para
segundo plano quando a cada gemido que Angel soltava contra
minha boca, me viciava mais. Eu queria mais. Precisava cada vez
mais de sentir sua língua entrelaçando com a minha, seu corpo
quente colado ao meu, suas mãos se aventurando por minha pele e
ouvir os sons que escapavam por seus lábios quando a temperatura
parecia ser incapaz de ser controlada.
Uma necessidade esmagadora me fez agir para diminuir ainda
mais nossa distância, se é que existia alguma.
Espalmo minhas mãos em sua bunda e a puxo para cima.
Angeline não pestanejou em fazer o que eu queria. Suas pernas
se abriram, colocando-me no meio delas e o calor do seu centro no
meu pau me inundou ainda mais e quase perdi o controle de tudo ao
perceber que ela não estava vestindo nada além de sua pele por
baixo daquele maldito roupão branco.
Porra!
Afasto o rosto o suficiente para puxar o ar com força e
observar os traços delicados da mulher que parecia totalmente
entregue às sensações que seu corpo experimentava.
Eu entendia isso, estava prestes a dar-lhe a última chance de
sair daqui antes que seja tarde demais.
Sinto as pernas de Angel apertarem ao meu redor e me puxar
ainda mais para si, me pressionando naquela parte quente e muito
macia da sua anatomia e não restava mais dúvidas, a ruivinha com
certeza estava sem calcinha.
Deus me ajude a ir devagar, porque nesse momento eu era
tudo, menos um cara calmo e controlado.
— Você tem certeza disso? — Afundei meu rosto em seu
pescoço, sentindo o cheiro do seu perfume adocicado alimentar meu
vício. — Quando eu te colocar em cima daquela cama não tem mais
volta, linda.
Passo os lábios em seu pescoço e em seguida a língua, traçando
um caminho molhado por sua pele arrepiada.
Não sei explicar a sensação de tê-la pressionada contra mim,
assim como não consigo dizer o porquê de muitas coisas que
aconteceram em minha vida, como:
O motivo da minha mãe biológica ter se afundado em um vício
que acabou com sua vida.
O porquê fui adotado pela melhor família que eu poderia
sonhar.
A finalidade das pessoas ainda possuírem tanto preconceito.
O propósito da minha mãe ter se esquecido da maior parte da
sua vida comigo.
Não sei responder várias perguntas que tenho feito ao longo
da minha vida, mas de uma coisa meu cérebro parece ter certeza
nesse momento:
Angel é como uma droga altamente viciante e eu estava
obcecado, viciado, enlouquecido.
— Me leva para a cama.
Sua voz estava baixa e foi acompanhada por um ondular lento do
seu quadril que poderia me fazer gozar em um segundo.
Sorrio contra seu pescoço e afasto da porta com Angel colada em
meu corpo.
— Vai me deixar fazer tudo? — Apoio uma das mãos na cama
abaixando o corpo da ruiva, até colocá-la deitada. — Até beijar aqui.
— Deslizo a ponta dos dedos por sua coxa até encontrar sua boceta
escorregadia.
Ela gemeu e foi como música para os meus ouvidos.
— Hm? — Pressiono seu clitóris com a ponta do dedo. — Me
deixa te beijar aqui? — Circulo lentamente e observo sua boca
entreaberta tentar pronunciar alguma coisa, mas ao invés de
palavras, o que saiu foi um gemido rouco.
Segurei a necessidade de tirar a cueca para entrar nela com força
e apenas observei seu rosto corado, os olhos cerrados de desejo e a
boca ainda entreaberta, apenas sentindo as voltas que meu dedo
fazia em seu ponto inchado.
— Ainda não respondeu Angel. — Sussurro, colocando meus
lábios nos dela.
— S-sim... — Foi um sussurro baixo e logo saiu mais um gemido
dos seus lábios.
— Hm... — Segurando seu lábio inferior entre meus dentes, eu
me afasto deixando que a carne escorregue até escapar.
Com as mãos ansiosas para tocar seu corpo, desfaço o nó que
mantinha seu roupão fechado e o abro, exibindo suas curvas
delicadas aos meus olhos famintos.
Os bicos dos seus seios estavam empinados na direção da minha
boca, como se soubessem o rumo que tomariam daqui a pouco, a
pele rosada por causa da exposição ao sol estremeceu ao sentir a
carícia que minha atenção fazia a cada parte que passava e as
pernas abertas me mostravam o que eu mais queria provar nesse
momento.
Linda demais!
Angel não parecia envergonhada como estava na cachoeira
antes de tirar a roupa e ficar de biquíni em minha frente, não estava
na defensiva como ficou por vários dias quando nos encontramos por
acaso e também não parecia ter medo.
É! O tesão fazia bem a ela.
Inclino-me sobre seu corpo, puxando um mamilo para minha boca
e circulando-o com a língua enquanto me delicio com seus sons
excitados ecoando por meu quarto.
Quero mais, quero ouvir cada som que ela tem para me dar.
Porra, eu estava realmente parecendo um viciado provando
da droga que meu corpo mais necessitava.
Mordisco levemente a volta suave do seu seio e passo para o
outro, repetindo o processo até deixá-lo molhado e levemente
avermelhado.
— P-puta merda.
Tiro os olhos da sua pele, levando-os para suas íris castanhas
tomadas pelo preto de suas pupilas.
— Você é linda demais, Angel.
Seus dentes seguraram o lábio inferior quando me observou
descer o rosto e um gemido mais alto escapou quando passei a
língua em toda a sua fenda.
Foi apenas uma lambida, nada forte ou demorado, mas foi o
suficiente para me enlouquecer.
Mulher, excitada, gostosa pra caralho.
Esse é o gosto de Angeline.
Apoio o corpo em cima da cama, colocando os cotovelos ao
lado do seu quadril e mergulho meu rosto no paraíso molhado e
muito excitante.
Já fiquei com muitas mulheres durante a minha vida, posso
culpar isso ao meu deslumbre pelo sexo fácil que conseguia apenas
por ser jogador de Hóquei ou pela fama que me deram de ser
“Himeros[6] do Hóquei”, mas nenhuma chegava aos pés do que
estava acontecendo agora com Angel.
— Adam ... — O sussurro em sua voz estava com um toque
de necessidade que senti em minha alma.
Acelerei o movimento circular com a minha língua e pressionei
ainda mais meu corpo entre suas pernas.
Quando a mulher sob minhas carícias começou a contorcer e
elevar o quadril, soube que ela estava perto.
Muito perto.
Sorrio ao sentir seus dedos segurarem meu cabelo com força.
— Merda. — Gemeu antes do seu corpo começar a tremer
violentamente quando se entregou ao prazer.
Passei a língua nos lábios, capturando cada gota da sua
excitação e subi até conseguir encostar minha boca na sua.
Angel parecia estar satisfeita e faminta ao mesmo tempo.
Acomodei meu pau pulsante e extremamente no limite em seu
centro encharcado e continuei explorando cada canto da sua boca,
misturando o gosto da sua boceta com o da sua língua.
Divino.
— Quero você Adam. — Sussurrou no breve momento que
afastei os lábios para deixá-la recuperar o fôlego.
— Então tira minha cueca.
Jogo o corpo para o lado, caindo no colchão e espero que a
mulher ofegante, corada e linda se levante para tirar o único tecido
que me impede de entrar no paraíso.
Angeline me encara com um fogo no olhar que enviou um sinal
diretamente para o meu pau.
— Vamos linda, quero te sentir.
Ela riu levemente ao se sentar na cama antes de apoiar os
joelhos no colchão e encarar o membro pulsante por cima da cueca
que estava levemente molhada com o seu fluido.
— Você é grande.
Sorri quando seus olhos encontraram os meus brevemente.
— Mais uma qualidade que anotarei na sua lista, sabe como
elogiar.
Ela riu de novo e puxou minha cueca para baixo rapidamente.
Ótimo! Se ela estava com a mesma fome que eu estava, iria se
sentar rapidamente em cima de mim e se mover.
Observei seus movimentos de retirar o pano até jogá-lo no chão,
seus seios balançaram sensualmente quando ela engatinhou ao meu
lado na cama e apoiou as mãos em meu peito antes de sentar em
minhas coxas e observar meu pau apoiado na barriga.
— Angel. — Seu nome saiu mais como um rosnado.
Seu sorriso apareceu mais uma vez, mas seus olhos não subiram
até os meus.
— Olhando você assim. — Ela engoliu em seco ao passar a
palma da mão da base até a ponta. — Quero me bater por não ter
entrado em contato antes.
Sorrio.
— Talvez você mereça alguns tapas. — Sugeri como uma
brincadeira, mas Angel parou de olhar fixamente para o meu pau e
me encarou com fome.
Acabou para mim.
Game Over.
Foi tudo que meu cérebro registrou antes de puxá-la para meu
quadril, sentindo sua carne quente acomodar meu pau, ainda sem
penetrá-la, e deslizar minha mão até a base do seu cabelo, puxando-
a para mim afim de beijá-la até não restar mais nenhum ar em seu
pulmão.
— Você quer me matar? — Sussurrei contra seus lábios, sentindo
a fricção gostosa quando Angel ondulou o quadril.
— Quero te fazer ir ao céu, assim como fez comigo.
Ela estava prestes a me colocar dentro dela quando lembrei.
Seguro seu quadril no lugar, ignorando o som de surpresa que
escapou por seus lábios inchados.
— Proteção linda.
Angeline arregalou os olhos e concordou imediatamente,
assumindo o peso do quadril e esperando enquanto eu tateava a
gaveta ao lado da cama para encontrar os pacotes de camisinha que
deixei ali.
Graças a Deus que não demorei a achar.
Ela suspirou de alívio quando tirei a mão de lá com um e mais do
que rapidamente rasguei e deslizei o látex sobre meu pau, liberando-
o.
Observá-la assim tão necessitada não estava ajudando a me
controlar e quando me guiou para sua entrada e me espremeu, foi
quase como permissão para gozar antes de estocar.
Fecho os olhos, sentindo-a me engolir inteiro.
Me apertando.
Levando-me ao limite.
Rápido demais.
Droga!
Imaginei bezerros nascendo, matérias escolares que eu odiava
no colégio, corridas na esteira que o treinador nos obrigava a
fazer...Tudo que pudesse me impedir de explodir antes de senti-la
direito.
Aparentemente funcionou, já que Angeline estava com meu
pau inteiro dentro dela.
Abro os olhos, observando-a inteiramente.
— Gostosa pra caralho.
Ela sorriu lindamente e remexeu o quadril, me fazendo gemer.
— Quero que você assuma.
— É mesmo? — Ergo o tronco colocando uma mecha de fios
ruivos atrás de sua orelha e nos viro na cama.
— Por favor.
— Posso gostar que implore, linda. — Afasto lentamente o quadril
e aproximo novamente.
Apoio os cotovelos na cama e sussurro:
— Mais alto, Angel. — Afasto e aproximo mais uma vez. — Quero
ouvir você melhor.
Estou perdido. Fodido.
— Adam... Por favor... mais.
Era tudo que eu precisava para não aguentar mais.
À medida que nossa respiração acelerava, meus movimentos
também seguiam o mesmo caminho, seu corpo estava recebendo o
meu lindamente e foi mais do que o suficiente para entender que se
antes eu estava como um cachorrinho rastejando à procura do seu
cheiro, agora que sei como é estar dentro dela, seria muito pior.
Afundei o rosto em seu pescoço e mordisquei, chupei, lambi e
beijei enquanto estocava em Angel tão forte que parecia ser uma
alucinação.
Fazia sentido ela não ser real.
— Mais Adam.
Foi um sussurro tão baixo que só escutei porque meu ouvido
estava próximo à sua boca.
Porra!
Aumentei a velocidade e juntei meus gemidos com os dela.
Agora sim era game over.
Observando estrelas aparecendo e sumindo em minha visão, eu
simplesmente me perdi.
— Ei, linda.
Uma voz distante parecia falar comigo, então resmunguei o que
achei ser uma resposta.
— Angel. — O chamado parecia rouco demais, sexy demais, mas
mesmo assim não conseguia abrir meus olhos e ver o rosto que
provavelmente viveria em meus sonhos quentes por muito, muito
tempo. — Sua amiga está na porta querendo saber se você está
bem.
A névoa de sono parecia estar embaralhando as palavras em
meu cérebro, então respondi o que era capaz.
— Uhum. — Ajeito o corpo na cama ao virar o rosto para o outro
lado e me concentro na escuridão confortável.
Uma risada soou perto demais do meu ouvido e não fui capaz de
impedir o arrepio que se seguiu por todo meu corpo.
— Angel. — Lábios macios depositaram beijos rápidos em meu
ombro. — Linda.
— Hm?
— Sua amiga, Yoga, está na porta e disse que não vai embora
enquanto não ver você.
Respiro fundo antes de abrir os olhos e amaldiçoar Yoga
mentalmente por estar me tirando do tão gostoso transe que me
enfiei depois da noite de ontem.
Desde o primeiro dia que vi Adam, naquela rua deserta com o
meu pneu furado, que algo na maneira como ele andava, olhava e
falava me dizia que era um homem, que no mínimo, sabia o que
estava fazendo e mesmo nos dias que se seguiram e continuamos a
nos encontrar inesperadamente, continuei com a impressão de que
sim, o homem acariciando meu ombro com os lábios era mais que
capaz de levar uma mulher à loucura.
O beijo no restaurante do seu pai não mandou embora essa
impressão, muito pelo contrário, levantou ainda mais a quase certeza
que eu tinha sobre suas habilidades.
Bom, essa noite provou que eu estava muito errada em imaginar
que ele conseguiria apenas levar uma mulher ao céu.
Adam conseguia muito mais que apenas uma viagem ao paraíso,
tanto que estou completamente esgotada, com as pernas fracas e
uma sensação boa entre minhas pernas.
Como se ele ainda estivesse ali, me prometendo coisas que eu
jamais imaginaria e cumprindo todas elas.
— Se continuar com esses sons, sua amiga vai escutar você
gritando lindamente como fez ontem. — O hálito quente em contato
com o rastro do seu beijo molhado em minha pele quase foi capaz de
me fazer entrar em combustão.
Soltei outro gemido involuntário.
Não foi por querer ou para provocá-lo.
Eu juro!
Mas estava tão bom.
— Angel.
O aviso em sua voz rouca me fez estremecer.
— Estou reagindo ao que você está fazendo.
Outro gemido escapou quando senti seus dentes rasparem em
meu pescoço.
— Puta merda, o que eu vou fazer com você?
Eu tinha uma resposta para isso e estava na ponta da língua
quando escutei uma batida seguida da voz de Yoga.
— Angel!
Que bela hora que ela decidiu se preocupar comigo.
Reviro os olhos mentalmente e suspiro.
— Preciso ver o que ela quer.
Adam não disse nada, mas senti seu sorriso contra minha pele
segundos antes dele se jogar na cama e parar suas carícias
sensuais.
Fiz beicinho como uma criança, não que ele pudesse perceber já
que estava com o braço jogado em cima dos seus olhos impedindo
que visse qualquer reação minha.
Visto a camisa branca jogada em cima da cômoda e observo o
corpo completamente deslumbrante à mostra.
O quarto estava parcialmente escuro, mas não era o suficiente
para me impedir de enxergar o corpo esculpido do homem deitado
em cima da cama, com uma enorme ereção pedindo para ser
libertada da cueca.
Não era branca como a de ontem, mas nem por isso deixava de
ser sexy.
— Abre aqui!
A voz da minha amiga me fez colocar a mente no lugar.
Certo!
Olho para o corpo de Adam e para a porta.
Como se sentisse a minha hesitação em ver o que queria, Yogs
bateu na porta.
Ok! Tenho que ver o que ela quer.
— Já estou indo.
Dou passos lentos até a porta, sentindo em cada um deles o
quanto fui até meu limite na noite passada, e a abro.
O sorriso da mulher em minha frente quase me fez fechá-la em
sua cara.
— Wooow! Agora você recebe a porta quase nua?
Olho para baixo e vejo a blusa branca exibir meus mamilos
salientes sob o tecido fino.
— Como se você nunca tivesse visto meus seios antes.
— Claro que vi, mas preciso comprar um biquíni novo e você vai
comigo.
Balanço a cabeça negativamente.
Fazer compras com ela não era uma das minhas tarefas
favoritas.
— Ou você se troca para ir comigo ou te levo assim mesmo.
— Yogs, chama seu namorado...
— Não, ele está descansando da noite de ontem. — A insinuação
em sua voz era tudo que ela precisava fazer para que eu entendesse
que a noite dela foi quente.
Assim como a minha.
Não! Não como a minha, nenhum homem conseguiria fazer
aquilo a não ser o que estava deitado na cama.
— Agora reconheço o sorriso do cartão.
Ergo uma sobrancelha em confusão.
— Você está bêbada a essa hora?
Ela riu e ignorou minha provocação em forma de pergunta.
— Você está sorrindo feito uma idiota, assim como ficava quando
estava segurando um cartão preto com escritas...
— Ok! Ok! — Interrompo. — Você já não tem biquíni o suficiente?
— Tenho, mas hoje vamos naquele passeio de barco e
aparentemente passaremos em várias praias lindas, então quero um
biquíni novo e você também está querendo um.
— Estou?
— Sim, ou você vai ficar com aquele horroroso que comprou há
dez anos?
— Meu biquíni não é horroroso.
— É sim! Vá se trocar logo, precisamos sair agora para não
atrasar o passeio.
Resmungo e dou um passo para trás, fechando a porta em
seguida.
Queria voltar para a cama e ficar ali o dia inteiro.
— Concordo que seu biquíni não era horroroso, mas quero falar
sobre o cartão preto.
A voz de Adam me fez dar um pequeno pulo.
— Não sei do que está falando. — Escondo o sorriso ao caminhar
até meu roupão jogado no chão.
Angeline estava fechando o roupão quando encostei suas costas
em meu peito e a segurei pelo quadril.
— Não vai voltar a fugir de mim de novo, não é linda? —
Sussurro.
Senti seu corpo relaxar contra o meu.
Angel não aparentava perceber o quão natural era ter sua
pele junto à minha, seu cheiro misturado ao meu e principalmente
seu gosto inundado em minha língua, meu corpo, meu ser, mas essa
sensação não passou despercebido por mim e agora, com sua
bunda macia pressionada em meu quadril, era ainda mais
perceptível o quanto estou completamente ferrado, fodido e viciado
na bela ruiva.
— Não vou fugir.
Com as mãos segurando seu quadril, giro-a para mim e sem
deixar espaço para pensamentos, choco minha boca com a dela,
engolindo o começo de um som de surpresa.
Aproveitei aqueles poucos segundos para roubar o ar de seu
pulmão e deixá-la sentindo os lábios inchados por alguns minutos
depois que saísse por aquela maldita porta.
Dizer que não queria que ela saísse com sua amiga para
comprar biquíni era um eufemismo, preferia colocá-la deitada sobre
os lençóis inundados com seu cheiro e abrir suas pernas, mas iria
me contentar com seu beijo.
Por enquanto.
Sorrio com a memória vívida da noite anterior.
— Que bom! — Mordo seu lábio inferior. — Porque ainda não
acabei com você.
O sorriso em seus lábios foi minha recompensa e então minha
boca estava explorando a dela novamente, provocando aqueles sons
que agora eu sabia ser do paraíso.
Meus sons favoritos.
— Você precisa parar de soltar esses pequenos gemidos,
linda. — Afasto do seu corpo relutantemente.
Se Angel iria mesmo sair desse quarto, precisava fazer isso
agora.
Travei o olhar com o seu por alguns segundos antes dela
apertar o roupão em volta da cintura e caminhar até a porta.
Observei cada movimento dela, os passos hesitantes para
atravessar o quarto, as pernas nuas logo abaixo do tecido branco e
felpudo, até mesmo sua mão um pouco tremula quando a ergueu até
a maçaneta.
Sorrio ao vê-la parar o movimento de abrir a porta e girar o
rosto, me olhando por cima do ombro, antes de perguntar:
— Só para saber, nós vamos no passeio de barco hoje?
O nós em sua frase fez meu rosto rachar em um sorriso
enorme.
— Sim.
Henry comentou que o passeio de barco foi cancelado e
remarcado para hoje, mas não disse o motivo e nem me importei em
perguntar.
Angel acenou antes de abrir a porta rapidamente, como se
soubesse o que aconteceria caso eu ficasse em sua presença por
mais alguns minutos, e saiu com um sorriso satisfeito exibido em
seus lábios rosados e inchados por minha culpa.
Porra!
Coço a cabeça ainda olhando para a porta fechada.
Adam, você está muito fodido!
Sorrio soltando um suspiro antes de me jogar na cama outra
vez.
Como posso estar viciado em uma mulher tão rápido? Não
sou um cara como o marido de Louíse, mas também não tenho
costume de me apegar tão rápido a uma mulher assim.
Esfrego o rosto prestes a me levantar e tomar um banho
quando o barulho do meu celular muda meus planos.
— Merda!
Na confusão toda de ontem, não lembrei de checar como
estão as coisas.
Vou até a calça jogada em cima da cadeira marrom clara perto
da janela do quarto e pego meu celular que foi esquecido dentro
dela.
A quantidade de mensagem me faz soltar um som de
frustração.
“Oi filho, sua mãe está bem.”
“Como sempre assistimos ao vídeo da recordação e ela
perguntou por você, como sempre faz.”
“Manda notícias para eu saber que está tudo bem.”
Sento na cadeira antes de responder:
“Desculpa não ter respondido, pai.”
“Que bom que está tudo bem, manda um beijo pra ela por
mim e diz que em breve estou aí de novo.”
“Se eu ficar sem responder por um tempo, não se preocupe,
nos passeios que vamos fazer aqui o sinal não funciona.”
Apesar de que ontem não mandei nenhum sinal quando
cheguei porque estava acompanhado.
Um sorriso ganha forma em meus lábios enquanto passo para
as mensagens de Louíse.
“Não consegui descobrir qual é a finalidade das velas, minha
mãe disse que não precisamos saber.”
“Mas fica tranquilo, não é nada para nos prejudicar.”
“Quando você volta da viagem? Estou com saudades e
precisamos sair de casal mais uma vez.”
“Donavan disse que é para você arrumar para ele um ingresso
do primeiro jogo da temporada, porque já estão esgotados.”
Balanço a cabeça negativamente.
O final do encontro com eles naquele dia que definitivamente
me interessei por Angel, não foi nada extraordinário, Harper apenas
me abraçou e disse que foi bom conversarmos, não teve química,
apesar dela ser linda e se eu já não queria nada antes, agora que
não quero mesmo.
Volto a ler suas mensagens.
“Aliás, você disse que aquela ruiva bonitona que estava
sentada com você na mesa era apenas uma conhecida e não quis
me dar mais detalhes, mas não sei não.”
“De onde você a conhece mesmo?”
“Adam? Você me bloqueou de novo?”
“Vou encher sua caixa de e-mail se você me bloqueou.”
Estava prestes a responder todas as mensagens de Louíse,
quando a notificação de uma nova apareceu chamando minha
atenção.
“Precisamos conversar a respeito do seu contrato, o primeiro
jogo da nova temporada está fazendo o maior sucesso e o senhor
Vallen quer que você escolha uma mulher especial para encerrar
com chave de ouro.”
Não vou escolher porra de mulher especial nenhuma.
Rosno em minha mente, como se meu agente pudesse ouvir.
“Vou escolher quem eu quiser, mas depois conversamos
sobre isso.”
Volto para as mensagens de Louíse e a respondo
rapidamente antes de me levantar e seguir na direção do banheiro.
A cada passo que dava com essa minúscula calcinha do biquíni
que Yoga praticamente me obrigou a comprar, o tecido parecia ter
vida própria e caminhar para o meio das minhas nádegas.
Isso mesmo!
A minha bunda estava completamente de fora e nesse momento,
não poderia fazer mais nada, porque tive a brilhante ideia de ouvir
minha amiga quando ela disse que seria uma ótima oportunidade de
provocar Adam e confiei em seu julgamento para me dizer se não
estava esquisita nesse troço que parecia ser indecente demais para
usar fora de um quarto.
— Vai ser legal ver a cara do loirinho. — Ela disse enquanto me
empurrava para chegarmos mais perto de onde Adam e seus amigos
estavam esperando. — Não posso esperar para ver a reação dele ao
ver você tirar esse short.
Se eu tirar.
— Yoga. — Resmungo ao dar passos hesitantes.
Não foi surpresa quando vi Adam e o ar pareceu espesso demais
para ser respirado e rapidamente meu corpo precisava de mais
oxigênio, fazendo-me abrir os lábios o suficiente para ofegar.
Droga, existe alguma situação que esse homem ficava feio?
Adam estava de frente para mim, então não passou despercebido
por ele que meus olhos fizeram um caminho lento dos seus pés com
um chinelo branco, passando pela bermuda preta com o símbolo da
Nike cinza brilhante, o abdômen esculpido à mostra, assim como o
peitoral forte e extremamente sensual, o maxilar quadrado, o nariz
arrogante, um boné azul-escuro virado para trás, deixando algumas
mechas loiras do seu cabelo escapar pela fenda de ajuste na parte
traseira e por fim, fixei meus olhos nos dele, deixando aquele verde
brilhante me guiar.
A gente aprende desde a infância que o verde significa siga em
frente.
E é exatamente o que estou fazendo.
Seguindo em sua direção.
Alguma coisa em Adam parecia diferente das últimas vezes
que nos encontramos, como se estivesse mais leve... mais feliz.
Mirei meus olhos em seus lábios e o sorriso torto exibido ali me
fez esticar os lábios também.
— Nunca pensei que iria ver você assim.
A voz de Yoga parecia divertida, então virei o rosto para encará-la
e a encontrei sorrindo.
— Me ver assim?
Fingi não entender sua insinuação, mas a verdade é que entendi
exatamente o que ela quis dizer.
Adam era tudo que um homem precisava ser para que eu me
apaixonasse e consequentemente, tudo que eu evitava antes de
marcar um encontro.
Não era segredo para minha mãe e nem para minha melhor
amiga que quero um relacionamento, quero me apaixonar, mas ao
mesmo tempo tenho medo de tudo que vem com o sentimento
chamado amor.
Toda a dor e o sofrimento que essa pequena palavrinha pode
causar.
Paro ao lado do namorado de Yogs junto com ela.
Não estava fugindo do homem que agora me olhava com as
sobrancelhas erguidas em confusão, mas não conversamos sobre
como vamos agir perto dos seus amigos e até onde sabia, somente
Yoga estava ciente da nossa noite.
— Oi, meu amor. — Ela apoia o peso nas pontas dos pés e dá
um beijo demorado nos lábios de Jamie antes de encarar cada um
dos homens parados a nossa volta. — Oi meninos, então... vamos?
— Oi baby, estávamos esperando vocês.
Adam manteve seu olhar em mim enquanto o grupo de pessoas
conversavam, parecia esperar algo.
Provavelmente você se aproximar, tonta.
Minha consciência alertou.
Sorri para mim mesma e dei alguns passos até ele.
Tive a vaga impressão que apesar da conversa rolar animada ao
nosso redor, a atenção de todo mundo estava em nós dois, mas não
me importei com isso e Adam aparentemente também não, já que
passou um dos braços em minha cintura e me puxou para si.
Aaaah, isso!
O sabor de menta inundou minha boca no instante que ele
entrelaçou sua língua com a minha.
— Achei que ia fugir de mim de novo, linda.
Apesar da sua voz estar abafada por meus lábios, percebi que o
cara ao seu lado ouviu, porque ergueu um braço e deu um leve tapa
no ombro do homem que agora estava com um sorriso maior que o
rosto.
— Percebi pelo beicinho. — Afasto para encarar seus lábios que
ainda exibiam um sorriso.
— Beicinho? Não faço beicinho.
— Faz sim e é fofo.
Ele riu inclinando a cabeça para trás rapidamente e depois voltou
a colar seus lábios nos meus.
— Passa no meu quarto hoje à noite que vou te mostrar como
não sou nada fofo.
Um arrepio correu por meu corpo e terminou em um leve pulsar
entre minhas pernas.
Hm, concordo com essa afirmação! A demonstração da dureza
na noite anterior foi o suficiente para saber que nenhuma parte do
seu corpo era fofa.
Sexy, excitante e gostoso? Com certeza.
— Angel, o que conversamos sobre esses sons? — Ele gemeu
enfiando o rosto em meu pescoço e mordiscando a pele ali.
Hmm, isso é melhor que qualquer coisa que eu já tenha
experimentado.
Chocolate? Perde feio.
Sorvete? Nem se fala.
Até mesmo a mistura de sorvete com chocolate perde para o que
estou experimentando agora.
Sorri quando um som que parecia frustração misturado com um
aviso sedutor saiu de seus lábios.
— Perdemos pessoal, o Adam se foi. — A voz divertida ao nosso
lado soou alta. — Descanse em paz, loira.
O sorriso que se recusava a sair dos meus lábios ficou ainda
maior.
— Senhoras e senhores, vamos fazer uma parada na praia do
elefante, quem quiser fazer um mergulho ou aceitar o nosso desafio,
fique à vontade. — O senhor de barba grisalha e boné vermelho
gasto disse no microfone perto da cabine do capitão quando senti o
movimento do barco diminuir consideravelmente até parar. — O
desafio já vai ser lançado ao mar.
De acordo com o que foi falado anteriormente a praia ganhou o
nome de elefante por causa da sua forma vista de cima, que se
assemelhava muito ao animal. Do barco não dava para perceber,
mas nem por isso me impedia de entender o porquê do lugar ser um
dos mais procurados pelos turistas.
É impressionante.
Observo ao horizonte a água cristalina formando ondas nem
tão grandes e nem tão pequenas que iam diretamente para a areia
clara e em seguida quebravam perto de algumas poucas pessoas
que se aventuravam pela água. A vegetação logo atrás era mais um
bônus que a natureza aqui nos proporcionava.
— Vai no desafio, loira? — Dylan pergunta ao se aproximar
com uma garrafa de cerveja na mão.
Olho em sua direção rapidamente e em seguida desvio a
atenção para a lateral do barco onde alguns homens estão
conectando um monte de boias redondas umas nas outras.
O desafio.
Reconheci com um sorriso.
Um dos motivos que escolhemos esse passeio de barco foi
por causa das brincadeiras que eles costumavam fazer com as
pessoas durante as paradas nas principais praias.
Até agora tiveram apenas uma, que foi a cesta mais difícil do
mundo, de acordo com eles.
Consistia em colocar um tipo de boia com o formato de uma
cesta de basquete longe o suficiente do barco e desafiar a todos,
quem conseguia acertar ganhava uma cerveja.
Foi interessante, apesar que a melhor parte da brincadeira
toda foi pressionar meu corpo nas costas de Angeline e ajudá-la com
o movimento.
Sorrio ao buscá-la com o olhar.
Suas bochechas estavam rosadas por causa do sol quente,
assim como a pele abraçando seu corpo divino, mas não foi a
constatação de que ela provavelmente precisava passar mais
protetor solar que fez meu sorriso morrer e sim um homem que
estava sussurrando algo em seu ouvido e o pior, a fez rir.
Rir de verdade.
A ruiva inclinou a cabeça para trás e gargalhou.
Não sou um homem das cavernas.
Não sou um homem das cavernas.
Tentei a tática de Louíse: Repetir até se tornar verdade.
Não sou um homem das cavernas.
Não sou um homem das cavernas.
Não estava dando muito certo, ainda mais quando ele ergueu
a mão e tirou uma mexa de cabelo acobreado do rosto dela.
Saí de perto do meu amigo que estava falando algo sobre
apostarmos entre nós quem ganharia o tal desafio e me aproximei
dos dois, fazendo questão de passar meu braço em volta do pescoço
da minha ruiva e dar um breve beijo em seus lábios antes de encarar
o homem nos olhando.
Angel riu, já um pouco alta por causa da bebida e apoiou a
mão em meu abdômen.
— Viu? — Ela diz meio cantarolando. — Eu disse que estava
muito bem acompanhada.
Meus olhos estavam pregados nos do homem ainda nos
observando, ele não parecia tão feliz quanto Angel e isso inflamou
ainda mais meu sangue que já estava fervendo.
Apesar de toda conversa ao nosso redor, o clima tenso
pareceu silenciar todas as vozes.
— Entãaao. — Sinto os dedos de Angeline tocarem meu
queixo e me obrigo a encará-la. — Quero ir ao banheiro, você pode
me levar até lá?
Ela ficou na ponta do pé e beijou meu maxilar antes de sorrir
abertamente.
Porra, estou ficando louco.
Não disse uma palavra, apenas acenei positivamente para ela
antes de dar mais um olhar de aviso para o cara que ainda estava
em nossa frente e guio Angeline para a área dos sanitários no fundo
do barco.
— Nunca pensei que iria gostar de ver alguém com ciúmes de
mim. — Revelou com um toque de diversão na voz.
Balanço a cabeça.
Não adiantava negar, era isso que estava sentindo.
Estava com ciúmes dela.
Parando em frente à porta com um desenho de uma boneca,
seguro seu braço impedindo-a de entrar e puxo seu corpo para o
meu, pressionando os lábios nos dela.
Minha intenção era apenas deixar um beijo em seus lábios,
mas ela os abriu como se exigisse minha língua entrelaçando na
dela.
Bom, não podia recusar um pedido feito assim.
— Hm. — Angeline gemeu e meu instinto foi aprofundar nosso
beijo.
Beijar.
Morder.
Punir.
Pressionei ainda mais seu corpo contra o meu e devorei sua
boca, punindo-a levemente por soltar esses pequenos sons que me
deixavam louco.
Droga! Porque mesmo não escolhemos um passeio mais
reservado?
Ah sim, não planejei encontrá-la aqui, assim como não
planejei nenhum dos nossos encontros.
— Vai. — Foi a única palavra que saiu da minha boca quando
afastei meus lábios dos seus.
Eu não podia entrar no banheiro feminino e satisfazer minha
vontade de tê-la aqui, então era melhor ela se afastar, enquanto
tomo um ar e espero meu corpo esfriar.
Dou um passo para trás, mas a mulher em minha frente
parecia ter outro plano já que sorriu maliciosamente e preencheu o
espaço dando um passo na minha direção, suas mãos se
aventuraram por meu abdômen até o peito e em seguida, ela
acariciou meu cabelo antes de abraçar meu pescoço entrelaçando
seus braços em volta dele.
— Nada de sexo no barco. — Uma voz levemente rouca
chegou por minhas costas como um aviso.
Reconheci a voz do senhor que estava falando no microfone e
ri.
Angel resmungou algo como “estraga prazeres” e colocou
seus lábios nos meus por mais alguns segundos antes de se virar
com aquele biquíni minúsculo em sua bunda e desaparecer na porta
rosada do banheiro feminino.
Apesar de saber das regras do barco, já que foram lidas no
início da viagem, agradeci pelo senhor ter nos parado agora.
— Desculpa filho, ordens do chefe. — O senhor me encarou
com um olhar cúmplice, apertou meu ombro rapidamente e saiu de
perto, me deixando com uma ereção monstruosa.
Olho para o boneco do banheiro masculino.
Vai ter que ser o jeito.
Olho para baixo, vendo o contorno do meu pau pedindo
espaço para o tecido.
Como vou voltar para perto das pessoas assim?
Com um suspiro, entro no banheiro masculino.
Duas semanas depois.

A minha mente estava uma loucura.


Ao mesmo tempo que precisava ir embora para resolver tudo que
Aimée estava guardando numa enorme pilha de arquivos e mais
arquivos para mim, o meu coração queria ficar aqui pra sempre.
Levo a cerveja artesanal do restaurante em minha boca e bebo
um gole considerável.
O lugar era um charme à parte, tinha um aspecto viril e
estranhamente delicado ao mesmo tempo, talvez por causa da
madeira rústica e escura que faziam parte da construção do
restaurante que em conjunto com o vidro, dava uma vista
maravilhosa da areia clara que mesmo pouco iluminada pelos postes
de luzes nas calçadas ainda dava para ver o quão branquinha era e
o mar que está maravilhosamente agitado nesta noite.
Ajeito-me na cadeira e os dedos de Adam, que antes estavam
acariciando meu ombro, param por alguns segundos quando o
garçom aparece com seu enorme carisma e dispõe na mesa alguns
petiscos que pedimos.
Aproveito para dar uma boa olhada ao meu redor, observando
as mesas que também eram de madeira, umas maiores que as
outras, mas ainda assim não deixavam de ter um aspecto delicado
nas cadeiras acolchoadas, nos detalhes das flores em cima de cada
mesa e em quase toda a decoração do local.
É, eu poderia facilmente morar em um lugar como esse.
Faziam mais de duas semanas que estávamos em Anurb e
em nenhum dos dias que passei aqui senti saudade de casa, claro
que tenho saudades da minha mãe, do meu padrasto, até mesmo
dos funcionários da editora, mas em nenhum momento cheguei a
pensar que estava na hora de ir embora, nem mesmo hoje que era o
nosso penúltimo dia aqui.
Os movimentos das pontas dos dedos do homem ao meu lado
voltaram, era uma carícia inocente, mas mesmo assim meu corpo
parecia ignorar essa constatação porque tudo que vinha de Adam,
eu interpretava como algo indecente.
Será que conseguiríamos manter esse “relacionamento”
quando formos embora daqui?
Um suspiro escapa por meus lábios e foi o suficiente para que
Adam me olhasse daquele jeito que fazia minha barriga estremecer e
meu coração acelerar, o que só me provava o quanto estou
apaixonada.
Quem não estaria?
— Está tentando me provocar, linda?
Balanço a cabeça negativamente, provocando um sorriso em
seus lábios deliciosamente beijáveis.
— Acho bom mesmo, você sabe o que acontece quando você me
provoca.
A promessa implícita em seu olhar, a voz rouca, a proximidade
que seu corpo estava do meu, assim como seus lábios, tudo isso
estava me deixando quente.
Excitada.
Necessitada.
E a gente tinha praticamente acabado de transar no meu quarto
de hotel.
— Angel, Angel... — Ele sussurrou afastando-se um pouco,
pegou uma batatinha frita e a colocou na boca. — Amanhã vamos
ficar na praia e sua bunda não pode ter a marca dos meus dedos.
Eu ri e apoiei a cabeça em seu ombro.
Não é segredo para ninguém que minha pele é branca demais,
basta observar que mesmo depois de duas semanas pegando sol,
não consegui ficar bronzeada, apenas vermelha como um tomate,
então quando Adam se aventurou em me dar um tapa quando
estávamos transando antes de fazer um passeio, não foi uma
surpresa para mim que a marca da sua mão ficou desenhada em
minha bunda.
— Gostei daquela marca, não me importaria nem um pouco se
você deixasse outra. — Sussurrei em seu ouvido de propósito.
Inclino o corpo para frente e pego uma batatinha para mim, mas
antes que eu consiga levar até a minha boca, Adam se aproxima e a
morde tão próximo dos meus dedos, que sinto seus dentes raspando
levemente em minha pele.
O encarei enquanto ele mastigava.
Seus olhos estavam me dizendo sem palavras que dependendo
de como eu reagisse agora, nós iríamos embora o mais rápido
possível para o hotel.
Sorri para ele e por alguns segundos ponderei o que fazer.
Com um suspiro, resolvi que queria ficar mais um pouco
aproveitando o restaurante.
— Nem acredito que já está chegando o dia de dar adeus a esse
lugar.
Adam por algum motivo entende a minha escolha de ficar um
pouco mais e volta a encostar o corpo na cadeira e acariciar meu
ombro.
— A gente pode ficar aqui pra sempre. — Ele diz me fazendo
encará-lo.
— Pra sempre? Você não precisa trabalhar? Achei que jogadores
tivessem um ritmo insano de treinos e etc.
Eu tinha certeza disso, acompanhava a rotina do meu pai de
perto e não era nada fácil quando chegava próximo das temporadas
de jogos.
Adam parecia incomodado com o assunto, o que também não era
novidade, apesar de ter meus problemas com o esporte por me fazer
lembrar que nunca mais vou ver uma das pessoas mais especiais e
importantes da minha vida, algumas vezes nesses dias que estamos
aqui, tentei conversar com Adam sobre o assunto, mas não deu
muito certo. Ele sempre ficava tenso e dava um jeito de mudar o
rumo da conversa, então acabava deixando pra lá.
Um silêncio caiu entre nós.
— Por que sempre foge do assunto?
— Hã?
Remexo-me na cadeira para virar e encará-lo.
— Por que sempre foge do assunto e fica todo tenso quando falo
sobre a sua profissão?
Vê-lo fechar os olhos por alguns segundos e tomar todo o líquido
da sua cerveja me deixou ainda mais curiosa e apreensiva para
saber o que ele escondia sobre o seu trabalho, eu também não tinha
contado tudo da minha vida para ele, inclusive que meu pai tinha a
mesma profissão que a sua, mas nem por isso estava tão tensa.
É normal não abrir a vida inteira para uma pessoa no início do
relacionamento.
Observei o perfil do seu rosto enquanto ele se recusava a olhar
para mim.
— Adam?
O homem tenso ao meu lado não disse nada, apenas pegou seu
celular do bolso, digitou e mexeu em algumas coisas antes de erguer
o aparelho em minha direção e me olhar nos olhos.
— Promete que depois que ler tudo que está aí não vai levantar e
sair correndo?
Aceno positivamente ao erguer a mão e puxar o celular.
Adam o segurou.
— Promete Angel, promete que vai me deixar explicar antes.
Meu coração começou a martelar como um louco em meu peito,
depois suas batidas foram subindo pelo pescoço e quando pensei
que ele ia sair pela boca, as batidas seguiram para a minha testa.
Engoli em seco.
Eu não sabia o que esperar, então como iria prometer algo a ele?
O que tinha nesse telefone?
A única coisa que eu não perdoaria é se ele fosse...
Senti o sangue ser drenado do meu rosto.
— Você é casado?
Seus olhos se arregalaram antes dele franzir a testa.
— Não! Claro que não, não tinha ninguém até você.
Soltei o ar que nem percebi estar segurando.
— Ok! Prometo deixar você explicar. — Puxo o celular da sua
mão mais uma vez e me concentro nos vários textos ali.

O NOSSO HIMEROS DO HÓQUEI ATACOU DE NOVO!


Como sempre Adam Bart não decepciona a mulherada que
recebe o seu tão sonhado e requisitado disk-sexo e dessa vez não
foi diferente, de acordo com a Isabel Levis, a última conquista do
nosso jogador bom de cama, ele a fez voar alto com suas investidas.
“É como transar com um Deus Grego, se tiverem a oportunidades
meninas... Se joguem!”
As falas da nossa querida Isabel fazem sentido para vocês?
Vocês se jogariam em um homem como Adam Bart? Lembrando que
ele é dono desse corpo.

Algumas imagens de Adam sem camisa aparecem logo após o


texto, provavelmente fotos que ele fez para propagandas de algumas
marcas patrocinadoras.
Prendo a respiração ao passar por vários outros textos falando
praticamente a mesma coisa, cada um com o nome de uma mulher
diferente, mas seus relatos eram praticamente iguais.
Sexo com Adam era maravilhoso.
Sexo com Adam era fenomenal.
Sexo com Adam era mágico.
Sexo com Adam era animal.
E vários outros adjetivos que utilizavam para falar de como era
maravilhoso ir para a cama com ele.
Todas elas tinham razão, era maravilhoso mesmo, tive prova mais
do que o suficiente de como ele sabia o que estava fazendo.
Ergui os olhos do celular, me recusando a ler mais e encontro
aquelas duas íris verdes carregadas de um sentimento que até
agora, não tinha presenciado em seu semblante.
Tristeza e medo.
Combinações estranhas para quem está sendo citado em várias
matérias como Deus do sexo.
A minha vida nem sempre foi fácil e nesse momento não estava
tão diferente de antes.
Mantenho meus olhos fixos em Angel, enquanto ela observa com
atenção a tela do celular.
Não estava planejando contá-la hoje sobre a maldita fama que
me deram, esperava poder explicar primeiro e depois mostrar as
matérias que publicaram sobre o quão bom de cama as mulheres,
que nunca dormiram comigo, achavam. A verdade é que se pudesse,
eu apagaria todos esses registros e fingiria que nada disso tinha
acontecido.
Seria apenas Adam, um cara normal que amava esportes e
viajar.
Um suspiro mental viaja por meu cérebro.
Claro que planejar contar à Angel depois não deu certo.
Por que daria? Ela sempre age fora do meu roteiro.
Foi assim quando decidiu não usar o número no cartão nas
diversas oportunidades que teve e está sendo assim agora.
Senti minha respiração pesada no instante que seus olhos
castanhos miraram os meus e em seguida o celular, que mais
parecia uma parede, aparece entre nós dois.
Ok, Adam! Agora é a hora da explicação.
A parte mais difícil, porque dependia apenas dela acreditar em
minha palavra enquanto tudo que estava nas matérias que acabou
de ler, dizia exatamente o contrário.
— Olha, não sei como falar isso para você além de: tudo que
estão nessas páginas de fofocas, entrevistas com as mulheres que
foram parar na minha cama depois de um jogo, tudo que está aí, é
mentira. — Angel não esboçou nenhuma reação, apenas continuou
me olhando.
Observando-me.
Talvez quisesse achar alguma parte do meu corpo que exalava
mentira.
Segurei seu olhar.
— Precisei levar aquelas mulheres para um hotel e depois para
jantar, mas nenhuma delas passou a noite comigo. Não vou mentir e
dizer que nos primeiros anos do contrato, eu não aproveitei a
oportunidade para ficar com algumas delas, seria hipócrita da minha
parte mentir assim, mas faz muito tempo que não faço mais isso.
— Por que elas contam uma história diferente para esses sites?
— Não sei, já tentei entrar em contato com uma delas no passado
para descobrir o motivo, mas no fim não obtive resposta nenhuma,
então acabei desistindo e seguindo como um robô, sonhando com o
fim dessa merda de contrato.
Angel assentiu e ficou em silêncio por um fodido minuto antes de
inclinar o corpo em minha direção e segurar meu rosto firmemente.
Não tenho ideia do que esperei que ela fizesse, mas de todas
as situações que imaginei, nenhuma delas envolviam seus lábios nos
meus.
Não me leve a mal, prefiro mil vezes sentir o gosto da sua língua
do que a ardência que sua mão provocaria em meu rosto, eu só não
esperava essa reação.
Não sei ao certo se correspondi ao seu beijo, não faço ideia do
porquê a mulher com o rosto próximo ao meu estava sorrindo, mas
meus lábios se esticaram também.
— Eu já te contei sobre meu pai, que ele gostava de me levar
para fazer trilha, que era o melhor pai do mundo e que o perdi há oito
anos. — Angel diz ao se afastar. — Então, uma coisa que não te
disse é que ele era jogador de Hóquei e assim como você, também
teve um problema com a mídia uma vez.
Ela bufou.
— Uma vez nada, foram mais de três.
Vasculhei em minha mente todos os nomes de jogadores que eu
conhecia com o sobrenome Griffin e não encontrei nenhum que fazia
sentido na história dela.
— Na primeira vez, alguns jornalistas realmente conseguiram
fazer um pequeno estrago no relacionamento da minha mãe e do
meu pai, era o começo de tudo e aparentemente ser um dos
jogadores mais bem pagos do mundo e uma das modelos mais
famosas do país, atraía a curiosidade mais perversa das pessoas.
Ainda estava um pouco surpreso com tudo que estava
acontecendo, então apenas acenei acompanhando sua história.
— Minha mãe me contou uma vez, que meu pai tinha viajado
para Nova York poucos dias depois de se apaixonar por ela,
aparentemente ele teria que tirar algumas fotos para um dos seus
patrocinadores ou algo do tipo, ela não entrou em muitos detalhes do
motivo que ele precisava estar em NY naquela data específica, mas
o fato é que ele foi e como você deve saber, quando há eventos
assim, de uma pessoa famosa ir para um lugar, atrai atenção. — Ela
sorriu carinhosamente para mim. — Para resumir, uma mulher que
trabalhava na equipe que tiraria as fotos dele o chamou para jantar,
não foi um convite romântico, ela alegou ser por causa da sessão de
fotos que fariam e queria conversar sobre o mesmo.
Angeline alcançou a sua garrafa de cerveja e tomou um gole.
— No dia seguinte saiu em uma revista de fofoca a foto do
meu pai sentado em um restaurante com aquela mulher e acabaram
distorcendo tudo que estava acontecendo. — A irritação em sua voz
era perceptível. — Até tiraram uma foto de um casal qualquer e
disseram que era o grande Hernández traindo sua nova namorada.
Abro a boca impressionado.
Não conhecia essa história, mas conhecia Hernández.
Quer dizer, quem não conhecia? O homem foi considerado o
melhor dos melhores e ouso dizer que se não fosse o acidente,
provavelmente estaria jogando até hoje.
Uma lágrima escapou dos olhos de Angel e rolou por sua
bochecha, até eu pegá-la com os dedos.
— Sinto muito por sua perda, linda. — Dou um leve e
hesitante beijo em seus lábios.
— Não queria chorar, mas para resumir. — Ela sorriu
limpando o rosto de mais duas lágrimas. — Sei como uma mentira
pode virar verdade nesse meio e eu, estranhamente, confio em você.
Merda!
Agora eu que queria chorar.
Achei minha mulher, porra!
Achei o caralho da mulher da minha vida.
Seguro seu rosto e a beijo.
— Estou fodidamente apaixonado por você, linda. — Sussurro
contra seus lábios.
— Eu também estou fodidamente apaixonada por você,
Adam.
A beijei mais uma vez.
E de novo.
De novo.
Mais uma vez.
Beijei até não restar fôlego em nós dois.
— Então vocês dois estão oficialmente, o quê? Namorando? — A
voz no corredor soou alta.
— Shiiii! — Duas risadas distintas soaram pelo quarto. — Yogs,
ele está dormindo.
Sorrio ao me manter quieto em cima da cama, mesmo que esteja
escuro demais para que Angel e sua amiga me enxerguem, mas não
quero correr o risco de anunciar que já estou acordado.
— Ele não vai acordar! Você parece acabada e provavelmente
ele está pior, nem uma buzina deve ser capaz de acordar o homem,
mas não me respondeu.
Nesses dias que passamos aqui, não tive muitas oportunidades
de conhecer Yoga e nem o namorado dela que era um dos melhores
amigos de Henry, mas se tem uma coisa que descobri muito rápido
sobre a amiga de Angeline é que ela não se contém por ninguém.
— Está ou não namorando?
— Não sei, não conversamos sobre relacionamento.
Ah linda, você não sabe?
Estou amarrado desde o segundo dia que nos vimos.
— Ah pelo amor de Deus. — Yoga bufa.
— Yoga, estou cansada. — Angel respirou fundo, mas pude
perceber um sorriso em sua voz. — Pode por favor, dizer o que você
quer?
— Hoje é nosso último dia aqui e combinamos de fazer algumas
compras cedo, lembra? — Angel deve ter balançado a cabeça
negando porque sua amiga disse: — Não acredito Angel, você me
fez prometer que não te deixaria sozinha para ficar com o meu
Jamie, mas quem está deixando quem sozinha agora? Hein?
Um som frustrado saiu da ruiva.
— Ok, ok! Só preciso trocar de roupa e avisar Adam que estou
indo com você.
A última coisa que escutei foi Yoga concordando e o barulho da
porta fechando.
— Para a sua informação, eu estou namorando com você.
Não queria assustá-la, mas o gritinho que escapou de sua boca
foi o suficiente para me dizer que fiz exatamente isso.
Sorrio.
— Você está acordado?!
Foi mais uma constatação do que pergunta, mas mesmo assim
respondi.
— Aham e estou namorando você.
Angel subiu em cima da cama e deitou ao meu lado, ficando de
frente para mim, mas com o corpo distante.
Puxo-a pela cintura.
— Então também estou namorando você. — Sorri ao acenar
positivamente enquanto aproximava ainda mais do seu corpo.
— Está?
— Uhum.
— Que bom!
Encosto meus lábios nos dela.
— Você não tem que se arrumar?
Ela acenou, mas não se mexeu.
— Linda?
— Hm?
Observo-a de olhos fechados, o rosto rosado por causa dos dias
no sol, os lábios tão próximos dos meus que conseguia beijá-la sem
esforço, o nariz e bochecha salpicados de sardas finas, o cabelo
acobreado jogado para trás apenas com a franja para frente, tudo
formando um conjunto que era demais para o meu coração.
— Sua amiga vai derrubar essa porta se você não for com ela.
Ela sorriu ajeitando o corpo até estar com o rosto em meu peito.
— O pai dela paga depois ... só vou descansar os olhos um
pouquinho.
Com uma risada, também fecho meus olhos.
Em uma coisa Yoga estava certa, depois de passar a noite inteira
explorando o corpo de Angel para agradecê-la por acreditar em mim
nessa história fodida que se tornou a minha vida, eu estava
completamente acabado e feliz.
Feliz pra caralho.
— Não acredito que você está namorando e não me contou nada.
— Aimée entra em minha sala com os olhos arregalados, a
bochecha corada e um pouco ofegante.
Logo atrás dela, entra a informante.
Yoga.
Cerro os olhos enquanto minha amiga ri.
Claro que ela não se importa.
— Não tive tempo de contar, até agora você não terminou de me
atualizar das coisas da editora, como entraria nesse assunto antes?
— Talvez chegando e falando. — Minha assistente se jogou na
cadeira de frente para a minha mesa. — Olha Aimée, só para te
informar, estou namorando um cara gostoso pra caramba e aliás, ele
é o dono do cartão que você ficou tão curiosa para saber a respeito.
— Ela puxou o ar audivelmente. — Ah e não posso me esquecer de
falar que passei a viagem toda sentando nele como as mocinhas dos
livros eróticos que lançamos.
— Não me lembro de você falar tão rápido assim, Me. — Yoga diz
se sentando calmamente na cadeira ao lado de Aimée e me encara
com um sorriso estranho.
Nada que vinha depois desse sorriso era boa coisa.
— O quê?
— Você não vai comprar nada especial para comemorar a vitória
do seu namorado hoje?
Abri a boca para questionar se ela achava que eu precisava
comprar um presente, mas minha assistente foi mais rápida que eu.
— Aaaah, ainda tem essa enorme notícia que você não me deu!!
Seu namorado é um jogador de Hóquei, um famoso pra caramba.
Balanço a cabeça com um sorriso que não conseguia tirar do
rosto.
Tinha sido assim na viagem inteira e não foi diferente depois que
chegamos no Canadá há pouco mais de uma semana.
O motivo dos sorrisos? Um certo homem loiro dos olhos verdes
mais intensos que já vi.
Adam estava em meus pensamentos o dia inteiro.
Solto um suspiro sem querer que chama a atenção das duas
mulheres em minha frente.
— Ah para de fazer beicinho, Me. — Minha amiga diz divertida. —
Tem que admitir que esperávamos vê-la se apaixonar há anos.
Reviro os olhos.
— Vocês estão fazendo o que mesmo na minha sala?
Aimée deu de ombros enquanto falava:
— Vim aqui dizer que você deveria ter me contado sobre o seu
namorado gato.
— E eu vim te levar às compras, você vai precisar de uma lingerie
nova.
Meu celular vibrou em cima da mesa e lutei contra a vontade de
olhar quem era.
Na verdade, eu sabia exatamente quem estava me mandando
mensagem.
— Não posso sair agora, Yogs. — O levantar da sua sobrancelha
me fez explicar. — Fiquei fora vários dias, Aimée deu conta do
recado, mas tenho mais de quinze livros para ler e avaliar se vale a
pena lançar pela Findez, tenho que fazer algumas ligações e
reuniões com minha equipe, não posso sair para fazer compras
agora.
Meu celular vibrou de novo e minha atenção foi para ele.
— É rapidinho, só vamos em uma loja de lingerie e eu te trago
aqui sã e salva.
Tirei os olhos do aparelho detentor da minha atenção e encarei os
olhos negros da minha amiga.
— Você não tem nada programado para agora. — Aimée se
intrometeu. — Seu horário de almoço é livre, mas às 14 horas temos
uma reunião com o pessoal do marketing para discutirmos como
vamos fazer no livro do autor Ryder.
— Eu odeio vocês.
As duas riram juntas.
— Odiamos você também.
— Yoga. — Chamo quando ela se prepara para levantar. — Uma
loja e voltamos pra cá, viu?
— Já escutei.
O celular vibra de novo e minha atenção vai para ele,
provavelmente as duas também perceberam, porque Yoga dá uma
risadinha enquanto Aimée diz:
— Vamos esperar na minha sala enquanto ela conversa com seu
namorado-jogador-de-hóquei-que-ela-me-escondeu.
— Não vai esquecer disso nunca, não é?
— Nunquinha! — Diz com um sorriso carinhoso em seu rosto. —
Estamos na minha sala.
Aceno enquanto observo as duas se afastarem até saírem da
minha sala.
Pego o celular.
“Oi linda.”
“Depois do jogo você quer fazer alguma coisa ou vamos para
casa?”
Casa.
A perspectiva de ir para casa com ele fez meu coração se agitar.
“Tenho uma reunião com meu agente daqui a pouco, se não
fosse isso, já estaria aí.”
“Aliás, quero que você vista uma camisa minha para ir no jogo
hoje, assim todo mundo vai saber que você está comigo.”
Sorrio encarando a tela do celular.
“Você quer ir em algum lugar?”
“Depois me conta sobre a reunião.”
Adam me contou o motivo do seu agente estar tão interessado
na renovação do contrato e para dizer a verdade, não me
impressionou descobrir que envolve dinheiro já que ele recebeu uma
porcentagem gorda dos milhões de dólares oferecidos para a ação
de levar alguém para o hotel e depois para o restaurante.
“E sobre a camisa, não sabia que era um homem das
cavernas.”
“Se quiser escrever em uma delas: “Mim ser de Adam”, deve
dar tempo de ficar pronta para usar no jogo hoje.”
Uma batida na porta me fez levantar os olhos e encontrar o rosto
de Yoga colado na madeira.
— Não queria te apressar, mas temos horário para ir.
— Estou indo.
Guardo o celular dentro da bolsa e vou para a sessão de tortura.
— Nany. — Debruço em cima do balcão de atendimento dela e
recebo um sorriso. — Como está Melanie?
O sorriso em seu rosto assumiu uma curvatura ainda mais
acentuada e feliz ao me ver perguntar da sua filha.
Há dois anos, Nany foi contratada de última hora como secretaria
de Oliver e como não teve tempo de achar alguém para cuidar da
filha, acabou trazendo-a consigo o que meu agente não gostou nada
da bagunça que a garotinha fez em seu escritório. Eu, por outro lado,
adorei aquele sorriso enorme, as bochechas coradas e a língua mais
afiada que já vi em uma menina de apenas quatro anos.
— Terrivelmente bagunceira. — A mulher em minha frente me
olhou sem graça. — Hã, não tive muito tempo de agradecê-lo senhor
Bart.
Ergui uma sobrancelha.
Sabia muito bem do que ela estava falando, há alguns meses
descobri que Melanie precisava fazer uma cirurgia e Nany não tinha
dinheiro o suficiente para arcar com as despesas do hospital e de
tudo que precisava para a pequena se recuperar, então fiz uma
doação anônima.
Quer dizer, não tão anônima assim.
— Aquela pestinha me dedurou?
Nany riu um pouco.
— Para ser justa, ela não queria falar quem a havia dado aquela
sacola cheia de dinheiro.
Sorrio.
— Mas fico feliz que ela esteja ...
Uma voz furiosa me interrompeu.
— Olha só se não é Adam Bart. — Virei para tentar reconhecer a
mulher que parecia brava. — Aposto que tenta comprar todas as
mulheres, mas não sou uma que me vendo por pouca bosta.
Era perceptível o quão nervosa ela estava, mas não tive muito
tempo de falar alguma coisa ou tentar descobrir o que a deixou com
tanto ódio assim, só percebi o que estava acontecendo quando seus
cinco dedos ficaram ardendo em minha bochecha.
Segurei sua mão impedindo um segundo tapa.
— Que porra é essa? — Rosnei encarando os olhos raivosos da
mulher em minha frente.
Não se parecia com ninguém que eu conhecia.
— Que porra é essa digo eu. — Ela disse entredentes ao tentar
se soltar. — Você pode comprar essas mulheres vulgares que você
leva pra cama, mas já tenho dinheiro o suficiente para me sustentar,
não preciso mentir para ganhar migalhas suas.
Quê?
Meu cérebro estava confuso.
— Olha, não sei de que Adam a senhorita está falando, mas acho
que me confundiu com alguém.
— Senhorita Sanchez, por favor se acalme. — Nany disse dando
a volta em seu balcão de mármore branco.
— Não vou me acalmar porra nenhuma. — Os olhos azuis-claros
se fixaram nos meus com um ódio que nunca vi destinado a mim. —
Não sou uma prostituta para você me comprar, seu idiota.
— O que está acontecendo aqui?
Essa voz eu conhecia!
Oliver.
A mulher que eu ainda segurava o braço riu e se afastou
bruscamente, arqueou as costas como se isso fosse fazê-la ficar
maior e ergueu a mão para apontar o dedo para o meu agente
parado com sua usual pose indiferente.
— Agora que os integrantes do circo estão todos aqui, vou dizer
em alto e bom som. — A mulher se afastou mais um pouco e gritou a
plenos pulmões. — NÃO VOU ENTRAR NESSA FARSA QUE
VOCÊS INVENTARAM!
Se no início eu estava perdido, agora estava pior.
— ESPERA AÍ, PORRA! — Grito, fazendo a atenção de todos
irem em minha direção. — Vamos começar por você. — Aponto para
a loira raivosa. — De que merda está falando?
— Não é nada. — Oliver interrompe parando ao meu lado. —
Essa mulher está delirando.
A risada da senhorita Sanchez, como Nany a chamou, ecoou pelo
salão mais uma vez.
— Você não sabe, não é? — Ela riu de novo. — Claro que não
sabe, seu agentezinho filho da puta não contou o que está fazendo?
QUE ESTÁ COMPRANDO AS GAROTAS PARA DAR ENTREVISTA
ENALTECENDO SUA GRANDE EXPERIÊNCIA SEXUAL?
Ela estava prestes a gritar mais quando dois homens vestidos de
terno preto se aproximaram e a seguraram pelos braços,
assustando-a.
— ME SOLTA!
— Pode levar. — Oliver não pareceu surpreso com o que saiu da
boca da mulher, ele parecia apenas cansado.
— Que merda é essa cara?
— Vamos conversar na minha sala, por favor.
Bati na mesa.
— Então você está dizendo que essa palhaçada de matéria que
sai toda vez, é por sua causa?
Não aumentei o tom de voz, mas a minha raiva fez as palavras
saírem vibradas da minha boca.
Só podia estar em um maldito pesadelo.
Não é como se uma pessoa desconhecida tivesse armado pra
mim, não! É a porra do meu agente, o cara que confiei minha
carreira, que conversei diversas vezes e contei como estava
incomodado com essas matérias mentirosas sobre mim.
Porra!
— Se você tivesse comido aquelas mulheres, eu não precisaria
ter feito tudo isso, você nem parece que é homem!
Quase ri.
— Quer que eu pareça homem? — Me aproximei dele o
suficiente para erguer a mão e acertar um soco em seu rosto. — Seu
idiota.
Ele riu colocando a mão na boca e em seguida olhou os dedos
para ver se tinha saído sangue.
— Está demitido, não vai cuidar mais da minha carreira.
— Não preciso do seu dinheiro Adam.
— Tomara que não mesmo.
Não perco mais tempo em ficar aqui, apenas giro os calcanhares
e saio da sala dando de cara com os dois homens que teriam uma
reunião comigo.
— Adam, estamos animados para renovar o contrato.
Balancei a cabeça, tentando esfriar os pensamentos.
— Não tem contrato!
São as únicas palavras que pronuncio antes de ir até o balcão de
Nany para acertar o que devo e depois sair dessa merda de lugar.
Que saudade das férias.
O pensamento passou por meu cérebro e aqueceu meu coração.
Desde o meu primeiro dia assumindo a editora, que minha mãe
criou quando se aposentou das passarelas, que não tirava férias. Um
dia era o máximo que deixava meu corpo e mente descansar da
rotina ás vezes estressantes daqui, mas agora meu cérebro parecia
estar programado ao contrário.
Nem sequer voltei da viagem direito e já estou com vontade de ir
de novo.
— Você deveria tirar mais férias, isso faz bem para você, querida.
Como se lesse minha mente Aimée diz enquanto anda ao meu
lado pelo corredor que dava acesso à recepção.
A estrutura da empresa não era enorme, mas também não era
pequena. A parte administrativa fica nesse andar, um corredor
grande e espaçoso dava acesso à todas as salas, inclusive a minha.
Nas paredes tingidas de um cinza névoa foram feitos alguns
desenhos e frases com uma tinta branca, intercalando vários tipos de
artes ao misturar grafite, quadros, letras elaboradas, arabescos e
jarros de plantas, deixando a parede delicada e despojada.
O corredor ligava minha sala à recepção, que ficavam nas
duas extremidades do prédio, essa última não tinha as paredes
desenhadas como nas salas dos setores e no corredor, mas ainda
assim, fiz questão de deixar plantas e quadros espalhados pelo local.
O andar de baixo era quase a mesma coisa, com a diferença
que as salas não eram escritórios e sim salas de produção e reunião.
— Boa tarde, senhorita Griffin. — Uma das recepcionistas
sentadas atrás de seus computadores no enorme balcão de
mármore cinza me cumprimentou com um sorriso caloroso.
— Boa tarde. — Ando na direção dela com Aimée me
seguindo. — Se alguém vier me procurar, avise que estou em
reunião e se for importante, peça para esperar.
Não estava esperando que ninguém viesse aqui hoje, a não
ser o autor do nosso próximo lançamento, cujo a reunião trataria dos
detalhes que teria no livro, mas ele já está na sala de reunião nos
esperando.
Lysa acenou em concordância.
— Pode deixar. — Ela mexeu em alguns papéis em seu
espaço de trabalho e leu rapidamente o que havia escrito ali. — Sua
mãe ligou, disse que é para você retornar quando sair daqui.
Acenei e ouvi o barulho das portas do elevador abrindo e em
seguida fechando.
Quem quer que seja, chamou a atenção das mulheres atrás
do balcão, porque todas as quatro estavam olhando por cima do meu
ombro.
Inclusive Aimée se virou para observar.
— Meu Deus! — Aimée diz. — Ele é muito mais bonito
pessoalmente.
Sorrindo, eu me viro para descobrir de quem a mulher ao meu
lado estava dizendo e meu ar quase fugiu dos meus pulmões ao
observar Adam se aproximando com passos firmes, raivosos até.
Talvez seja a maneira como seu rosto estava fechado ou
como sua postura parecia tensa a cada passo que dava em minha
direção, mas meu cérebro emitiu o alerta de que algo estava errado.
Ele ergueu a mão até o cabelo que estava quase chegando
nas orelhas e o jogou para trás ansiosamente.
Definitivamente, tinha algo errado.
A reunião dele com o agente.
Só podia ser isso.
— Tudo bem?
Pergunto ao mesmo tempo que ele diz:
— Posso falar com você?
Seus olhos se fixaram nos meus e não saíram dali.
Sem linda.
Sem beijo.
Sem sorrisos.
Sem cumprimentar ninguém ao redor.
Se tinha alguma dúvida antes, agora não tenho mais.
Aconteceu algo.
Olho para Aimée que no momento estava vidrada observando
o corpo de Adam coberto de um jeans escuro e uma blusa branca
que mal continham os músculos de seus braços.
Limpo a garganta.
— Aimée, você pode assumir a reunião pra mim?
Minha assistente piscou e com dificuldade desviou o olhar do
homem em minha frente.
Eu te entendo, é difícil deixar de olhar.
— Claro.
Sorrio com sua reação antes de voltar a encarar Adam.
— Vamos para a minha sala.
Adam esfregou o rosto antes de acenar, fazendo minha
atenção ir para a sua bochecha estranhamente vermelha.
Ele brigou?
— Vamos?
Sua voz tensa chamou minha atenção e eu assenti.
Ok, na minha sala!
Entrego a pasta para Aimée e volto pelo corredor, indo
diretamente para a minha sala.
Nervosa era pouco para dizer como estava me sentindo quando
sentei no pequeno e aconchegante sofá no canto da minha sala e
observei Adam andar até minha mesa e apoiar a bunda na borda.
— O que aconteceu?
— Oliver é o culpado de tudo.
Permaneci sentada, olhando-o passar a mão no cabelo diversas
vezes.
Oliver?
— Oliver é seu agente?
Deduzi.
— É! Ele estava comprando as mulheres para dar depoimentos
de como tinha sido a noite comigo.
Adam ri, mas nenhuma parte do seu rosto iluminou como sempre
fazia.
— Confiei naquele filho da puta e o que ele fez? Ferrou comigo.
— Como você descobriu?
Ele respirou fundo e finalmente parecia me enxergar.
A história não foi longa, Adam parecia querer resumir os eventos
porque quanto antes contasse tudo, mais rápido poderia esquecer
essa parte da sua vida e simplesmente seguir adiante. Mesmo
assim, ele disse as partes importantes de como descobriu a verdade,
o que me explicou porque seu rosto está vermelho.
— Você vai fazer alguma coisa a respeito? Cabe processo?
Seus olhos verdes fixaram nos meus.
— Sinceramente? Não sei, preciso ver com meus advogados.
Ele mexeu no cabelo de novo.
— Outra coisa, no jogo de amanhã preciso entregar o cartão para
alguém, porque é o último jogo listado no contrato, vou entregá-lo a
você, então não se estranhe se aparecer um cartão preto na sua
frente.
A primeira sombra de um sorriso apareceu em seus lábios.
— É mesmo?
Ele balançou a cabeça ao se desencostar da mesa e dar alguns
passos até o sofá onde eu estava, meu coração começou a martelar
com força em meu peito e as batidas pareciam refletir entre minhas
pernas.
— Aham.
Ajeitei-me no sofá enquanto observava Adam se aproximar com
passos felinos.
— Acho que não te cumprimentei direito, linda. — O sorriso
estava de volta em seus lábios.
— Concordo.
— Concorda?
Sua mão direita segurou meu queixo e manteve meu rosto
inclinado enquanto me provocava chegando a boca próxima o
suficiente para meus lábios formigarem.
— Sim. — Minha voz não era nada além de um sussurro.
— Abre as pernas.
Deus, a voz desse homem deveria ser gravada.
Fiz o que ele pediu, ou melhor, tentei fazer o que ele mandou, já
que minha saia lápis não me possibilitava abrir muito.
Adam sorriu passando os olhos por minhas coxas, seios, pescoço
e lábios.
— Levanta a saia, amor.
Sorri para o carinho em sua voz e envolvi a costura final da saia
para subi-la até minha cintura.
— Assim?
Seus olhos passearam por meu corpo mais uma vez, fazendo
minha pele sentir cada atenção recebida.
Um gemido escapou por meus lábios e Adam gemeu de volta
colando sua boca na minha.
— Você é linda! — Ele sussurrou antes de encostar o polegar em
minha clavícula e descê-lo por minha pele até circular o bico do meu
seio por cima da minha camisa social branca. — Responde
lindamente ao meu contato também.
Inclino a cabeça para trás, apoiando-a no estofado do sofá.
— Adam.
— Oi, linda?
— Você está me deixando louca.
Ele riu baixinho com a boca próxima ao meu pescoço e em
seguida passou a ponta da língua ali.
Mexi o quadril quase involuntariamente e acabei fechando um
pouco as pernas, o que o homem me deixando cada minuto mais
excitada pareceu não gostar. Adam parou de acariciar meu mamilo e
desceu as mãos para abrir minhas pernas, em seguida apoiou um
dos joelhos entre elas e se inclinou sobre mim.
— Então estamos quites, porque você me deixa louco também.
Senti meus lábios se esticarem em um começo de sorriso que foi
interrompido por Adam quando desceu sua boca até a minha e me
beijou.
Me beijou com fome.
Ah meu Deus, estou completamente ferrada.
Ergui a mão até sua nuca e entrelacei meus dedos em seus fios
loiros.
Envolvi minha língua na de Angel, explorando cada canto da sua
boca, mordi seus lábios, os chupei e voltei a entrelaçar a língua na
dela, sentindo seu sabor fazer meu coração rugir no peito, assim
como meu pau pulsar contra o tecido da cueca.
Ela gemeu e meu auto controle se foi.
Deitei Angeline em cima do sofá que parecia pequeno demais
para todas as coisas que eu queria fazer com seu corpo e me
posicionei em cima dela, não deixando espaço para que ela soltasse
mais dos seus sons viciantes, continuei roubando seu fôlego.
Não sei se é cedo demais para confessar, mas a certeza de que
meu sentimento por ela é muito mais forte que atração e paixão, fez
meus movimentos ficarem ainda mais rápidos.
Porra, eu a amo.
Sorrio contra seus lábios, afastando o suficiente para observar as
pupilas dilatas, os lábios levemente inchados e entreabertos, as
pálpebras cerradas de desejo e as bochechas coradas.
Minha ruiva parecia arder.
— Adam.
A necessidade em sua voz parecia muito com a que eu estava
sentindo.
— Você está molhada, amor?
Ela balançou a cabeça positivamente e segurou o lábio inferior
entre os dentes enquanto me observava descer por seu corpo até
parar o rosto próximo à renda da sua calcinha.
Molhada era pouco.
Com os dedos, afasto a renda preta o suficiente para encarar a
carne encharcada e necessitada.
Porra!
— Você é o meu paraíso!
Meus pensamentos foram abafados pelos gemidos sedutores que
Angel soltava a cada vez que minha língua tremia e circulava seu
clitóris inchado.
A mulher, que roubou meu coração para si, estava literalmente
derretendo.
Circulei mais uma vez e com a mão livre acariciei sua entrada
antes de penetrar dois dedos lentamente.
— Meu Deus!
Se eu não tivesse tão focado na minha tarefa de fazê-la gozar,
teria me divertido com a urgência em sua voz.
Continuei penetrando-a lentamente com os dedos enquanto
tremia e circulava seu clitóris com a minha língua. Angel parecia
cada vez mais perdida com as sensações que seu corpo provava,
seus olhos que antes observavam atentamente meus movimentos,
não estavam mais abertos, as mãos delicadas iam do meu cabelo
para o estofado do sofá à medida que o prazer inundava seus
sentidos.
É lindo vê-la se perder assim.
Chupo seu clitóris o suficiente para fazê-la gritar e gozar.
Rindo, eu subo por seu corpo rapidamente e coloco a mão em
sua boca, impedindo-a de chamar atenção de toda a sua equipe para
o que estava acontecendo aqui. Não que eu me importasse, mas
Angeline provavelmente gostaria de manter o que estamos fazendo
aqui, em segredo.
— Angel é realmente o seu apelido.
Senti seus lábios se esticarem por baixo da minha mão.
— Um anjo criado para me encantar. — Substituo a mão por
minha boca.
— Isso o tornaria o quê? Um demônio criado para desvirtuar o
anjo?
— Talvez. — Dou mais um beijo em seus lábios. — Se o anjo
quiser ser desvirtuado o demônio está disposto a esse sacrifício.
Senti a vibração da sua risada em meus lábios e sorri junto.
— Hm. — Permiti que ela me empurrasse para sair de cima do
seu corpo e sentei largado no sofá, observando suas coxas nuas se
abrirem para ela sentar em meu colo. — O anjo também tem suas
maneiras de entreter, você quer ver?
Posiciono minhas mãos em sua bunda e acaricio a pele macia ali.
Aceno positivamente deixando-a assumir o controle.
Angel não demorou muito a agir, rapidamente saiu do meu colo e
seus dedos ágeis abriram minha calça, a abaixando o suficiente para
que escorregasse por minha perna e ficasse embolada no meu
tornozelo.
Logo, senti suas mãos deslizarem por minhas coxas lentamente,
até ela acariciar meu pau por cima da cueca.
Seus olhos agarraram os meus.
— Quero te provar.
O sussurro junto com o calor da sua mão em meu membro, me
obrigou a fechar os olhos.
— Porra Angel, você quer me ferrar?
Ela soltou um risinho malicioso e segurou o cós da cueca box,
abaixando-a para liberar a parte de mim que mais queria sua
atenção no momento.
Com certeza ela queria me ferrar.
Não previ sua língua, até sentir um caminho molhado arrepiar
minha pele conforme subia e por fim, sua boca se fechou na glande,
dando uma leve chupada ali.
— Porra!
Abro os olhos e a observo.
Olhar desfocado, bochechas coradas, lábios vermelhos que
estavam engolindo lentamente meu pau.
Não precisava fechar os olhos para ter certeza que essa imagem
me acompanharia para o resto da vida.
Eu estava completamente perdido quando a mulher me chupando
habilmente acrescentou as mãos às suas carícias.
— Linda. — Limpei a garganta para clarear a voz que estava
rouca demais consumida pelo desejo. — Se você continuar assim,
vou gozar rápido.
Como resposta, Angel me colocou quase todo em sua boca.
Merda!
Sua boca continuou dando a atenção que meu pau necessitava e
a cada lambida, a cada chupada, eu ficava mais perdido, mais cego,
mais feliz, mais excitado, mais apaixonado.
— Eu te amo, linda.
Senti seu choque antes mesmo dela parar o que estava fazendo.
Por um segundo meu coração parou de bater, imaginando que
não deveria ter declarado o que sinto por ela agora, talvez tenha sido
cedo demais para Angel, afinal, ela fugiu de mim por mais de uma
vez com medo do que eu representava para ela.
“Você é perigoso.”
Sua voz repetiu em meu cérebro antes que eu percebesse
que não poderia estar mais errado, Angeline estava surpresa, mas o
brilho em seus olhos me dizia tudo que eu precisava sem ao menos
pronunciar uma palavra.
— O que disse? — Perguntou rouca.
Sorrio ao erguer a mão para ela e ajudá-la a se sentar em meu
colo.
— Eu te amo.
O sorriso que cresceu lentamente em seus lábios acelerou meu
coração.
— Eu também te amo, Adam. — Ela sussurrou e engoliu em
seco. — Amo de verdade, não achei que fosse capaz disso.
Interrompo o caminho de uma lágrima com meu polegar e seguro
seu rosto.
— Você é uma mulher incrível, linda. — Beijo em cima de mais
uma lágrima.
— Tão incrível que nem terminei o que estava fazendo. — Ela
sorriu colocando as mãos em cima da minha e pressionando seus
lábios nos meus antes de descer do meu colo e voltar a ajoelhar
entre as minhas pernas. — Mas agora vou terminar.
O meu sorriso divertido morreu quando assisti meu pau sumir em
sua boca.
Movi as pernas quase mais rápido do que meu cérebro conseguia
registrar, o punk[7] escorregando em minha frente, sendo guiado pelo
stick[8]. Girei o corpo junto com o punk, desviando-me de um dos
adversários, e pela visão periférica vi Henry, lancei o disco
rapidamente para ele e me impulsionei para frente, movendo minhas
pernas ainda mais rápido para chegar próximo ao gol, enquanto o
punk ia para Dylan, que rapidamente o lançou com toda força que
conseguia para o gol.
Isso!
Pulei socando o ar quando vi a rede balançar e busquei com o
olhar a ruiva maravilhosa em pé na arquibancada, vestida com a
minha camisa, antes de juntar com o time no meio da quadra.
— Boa cara!
Falamos em uníssono ao bater um no punho do outro.
— Vamos logo terminar essa merda que eu tenho uma morena
para encontrar depois daqui.
Claro que tinha.
Balancei a cabeça negativamente com um sorriso sarcástico
dominando meus lábios enquanto seguia para o nosso lado no
rinque de patinação e me posiciono no meio, mantendo o stick no
chão enquanto o árbitro anunciava o início da partida jogando o punk
entre mim e meu adversário, Allan.
Bati no punk ao mesmo tempo que Allan também tentou acertá-
lo, observei o disco preto ir para Tyler que driblou o jogador número
oito e lançou o punk para Henry que estava um pouco mais atrás, o
filho da mãe girou o corpo desviando de um e driblou o segundo,
procurando-me rapidamente com o olhar.
Seus passos o levaram para perto de Dylan, que pegou o Punk e
o levou até perto do gol antes de lança-lo com força, fazendo o disco
preto bater no goleiro e voltar com velocidade.
Acelerei na direção dele e senti um ombro esbarrar o meu.
Allan.
— Bom te ver, bailarina.
Soltei uma risada alta o suficiente para ele escutar.
Quando entrei para o Winnipeg Jets, Allan já era um dos
jogadores principais do time e em uma das prendas que me fizeram
pagar como o novato do time, foi me vestir de bailarina.
Ele parecia achar que isso me afetava.
Coloquei meu stick na frente do dele e puxei o punk para mim,
jogando-o imediatamente para o jogador mais próximo.
Tyler pegou o disco e habilmente desviou de um dos jogadores
antes de achar Henry ao lado.
Patinei rapidamente, seguindo a trajetória do punk e o recebi
quando Tyler passou por trás do gol adversário. Sem pensar, lancei-o
por entre as pernas do goleiro.
Mais uma vez, procurei Angel com o olhar, só que dessa vez
apontei em sua direção antes de ir até os caras e erguer o punho
para eles.
— Agora é segurar até terminar. — Falo ofegante.
— Dois minutos, porra. — Henry responde.
Balanço a cabeça ao assumir meu lugar no meio do rinque mais
uma vez.
Saio do vestiário com a enorme mala pendurada em meu ombro
e caminho até o pessoal me esperando animadamente na
arquibancada.
O meu pessoal.
Sorrio ao ver Angel virada de costas para mim, com o meu nome
exibido na blusa que a entreguei mais cedo, conversando com
Louíse e Donavan. Ela parecia muito mais à vontade do que quando
a deixei aqui com eles antes de começar o jogo.
“Não os conheço Adam, o que vou falar com eles?”
Parece que achou um jeito de conversar com os dois, linda.
Observei mentalmente ao me aproximar.
— Os Gilbert estão comemorando o aniversário do filho, você e
Adam podiam...
— Acho que já temos um compromisso. — Interrompi Louíse, que
me olhou engraçado.
Não tenho certeza do porquê ela estava me olhando desconfiada,
talvez fosse a minha ausência nesse último mês ou ter escondido a
informação que estava apaixonado até ontem de noite quando enviei
uma mensagem avisando que deixaria minha garota com ela e seu
futuro marido.
— Qual é esse compromisso que não pode remarcar?
Donavan acenou rapidamente para mim e abraçou minha amiga
por trás, dando um leve beijo em seu pescoço, o que a fez relaxar o
corpo contra o dele.
— Vou levar Angel para conhecer minha mãe.
Passei o braço em volta dos ombros da ruiva e a puxei para mim,
dando um beijo rápido em seus lábios antes de encarar o rosto
surpreso de Louíse.
Desde a doença, eu nunca levei nenhuma namorada para
conhecê-la.
Louíse sabia disso.
— Ah claro, isso é importante. — Seus olhos azuis diziam mais
que isso e eu apenas sorri para ela. — Então faça me o favor de não
sumir, quero conhecê-la mais. — Sua atenção foi para a minha
Angel. — Por favor, não o deixe te prender em uma caverna pra
sempre.
A mulher ao meu lado deu uma risadinha e me olhou meio de
canto.
— Pode deixar.
Pressionei meus lábios em seu ouvido.
— Quero te prender em minha cama, o que acha?
Senti seu corpo estremecer e me afastei.
— Precisamos ir.
— Tudo bem, mas não se esqueça de aparecer Adam!
— Pode deixar.
— E traga Angel com você sempre!
— Aham.
Afasto-me com Angeline ao meu lado e um frio na espinha me faz
respirar fundo.
Estava nervoso com a situação que iríamos encontrar na clínica,
não fazia ideia se minha mãe iria aceitar minha presença, pois
mesmo assistindo o vídeo da recordação que meu pai garantiu que
ela visse hoje mais cedo, poderia ser um dos dias mais difíceis.
Aqueles que ela não aceitava ter esquecido uma boa parte da
sua vida.
Respiro fundo mais uma vez.
— Gostei muito deles.
A voz de Angel me puxou.
— É mesmo? Garanto que Louíse te amou.
Ela sorriu amplamente.
— Ela disse isso.
Sorrio ao sair para o estacionamento e entrelaçar meus dedos
nos dela, antes de aproximar do meu carro.
— Disse também que você é um homem de ouro, falou que
quando chegou no pub com a Harper verdadeira, você não deu muita
atenção à ela. — Observei seus olhos brilharem em curiosidade. —
Por quê?
Abri o porta-malas do carro e coloquei a mala lá dentro antes de ir
até a porta do carona e abrir para Angel.
— Não queria ela.
Dei um beijo rápido em seus lábios e a esperei entrar.
— Quis você no instante que se sentou ao meu lado e não me
reconheceu. — Continuei ao entrar no carro, colocar o cinto de
segurança e o ligar. — A conversa com ela foi legal, mas meu
cérebro estava na Harper falsa.
Ela riu encostando-se no banco do carro.
— Agora fala a verdade. — Angeline fez uma pausa dramática
enquanto acelerei nas ruas um pouco mais movimentas que o
normal. — Você estava me seguindo, não estava?
Parei no sinal vermelho e a encarei.
— Você gostaria que eu tivesse? Estilo esses homens
obcecados? — Ela estremeceu e eu ri. — Não estava, por incrível
que pareça todos os nossos encontros foram por acaso.
O que era no mínimo muito estranho, mas nunca iria reclamar
disso.
— Isso é muito esquisito, apesar que hoje agradeço por todos
esses acasos.
Acelerei quando o sinal ficou verde e acenei em resposta.
Também sou grato por esses acasos, linda.
Eles me trouxeram você!
Foi meu último pensamento, pelo menos o último que foquei
antes de tudo sumir e restar apenas um zumbido em meu cérebro.
Uma buzina alta.
Um grito.
E por fim, um som alto de batida.
Até que tudo girou, girou, girou até parar e restar apenas o
silêncio e uma palavra rondando meus pensamentos:
Angel.
— Não me pega... — Uma voz infantil soou longe.
Não reconhecia a voz da menininha com o timbre doce e um
tanto ofegante, mas algo me fez sorrir no jeito como parecia se
divertir com quem quer que esteja brincando com ela.
Por um segundo cogito a hipótese de permanecer assim, apenas
de olhos fechados ouvindo-a gargalhar.
— Volta aqui, pestinha! — A voz grossa soou por meus ouvidos e
mais uma vez os cantos dos meus lábios se esticaram.
A gargalhada infantil soou de novo, só que dessa vez mais perto.
Como se estivessem em minha frente.
A curiosidade venceu, me fazendo abrir os olhos.
Nada me preparou para assistir à cena desenrolando em minha
frente.
A menina de cabelos ruivos, todo bagunçado, correu
desajeitadamente em volta do quarto segurando um ursinho de
pelúcia enquanto pisava na calça do seu pijama e ria quando um
homem fingia se esforçar para pegá-la.
Estranhamente, ele parecia ainda mais feliz que a menina.
Os dois continuaram com a brincadeira até ela, visivelmente, se
cansar e o seu pai, o que julguei ser o homem correndo atrás dela, a
pegar no colo dando um beijo em sua bochecha rosada.
— Você não pode fugir de mim! — Ele engrossou a voz e soltou
uma risada ridícula que a fez rir ainda mais.
— Papai... — A garotinha parecia ter dificuldade em parar de rir.
— Oi minha princesa. — Ele continuou forçando a voz.
— Te amo!
Ela sorriu ao mesmo tempo que engoli em seco.
— Também te amo minha menina.
Minha menina.
Minha menina.
Um bolo cresceu em minha garganta quando o ouvi,
reconhecendo-o.
Reconhecendo-me naquela garotinha.
Não é possível.
— Esse também foi um dos meus dias preferidos.
A voz deveria ter me assustado, mas não o fez, apenas senti um
calor familiar em meu peito.
— Olhe para mim, querida!
Continuei com minha atenção pregada na criança e seu pai, em
mim e meu pai.
Como isso é possível?
— Angel.
Essa voz... era a do...
Viro o rosto minimamente.
— Pai? — Encaro-o. — Mas...
Seu sorriso enorme me calou.
— Oi minha menina.
Engoli com dificuldade o nó em minha garganta ao encarar
aqueles dois olhos castanhos que refletiam todo o amor que poderia
existir no mundo.
Os mesmos olhos que eu não via há anos.
Sorri para ele no instante que lágrimas escorreram por minha
bochecha.
O que está acon... espera! Eu morri?
A risada do homem mais importante da minha vida, me fez
sorrir.
— Não, querida, você não morreu.
Olho-o atentamente.
Espera, tenho certeza que não pronunciei isso!
Ergui uma sobrancelha e parece ter divertido ainda mais o meu
pai.
Meu pai!
— Você ainda é a mesma garotinha de sempre, apenas cresceu.
— Ele terminou sua risada em um sorriso terno que me fez querer
abraçá-lo e nunca mais soltar.
— Você pode me abraçar quando quiser meu amor.
Mais uma vez, tenho certeza que não disse isso em voz alta.
Olho-o desconfiada.
Se não morri, então estou sonhando?
— Quase isso.
Continuei olhando-o sem ter nenhuma reação.
— Tudo que precisa saber é que não está morta, anjo. — Sua
mão ergueu até meu rosto e senti a carícia tão familiar em minha
bochecha. — E que não importa onde você e sua mãe vão, sempre
estarei com vocês, assim como sempre estive.
Não fazia sentido ser um sonho, parece tão ... real.
Senti o calor dos seus dedos se espalhando por minha
bochecha, capturando lágrimas que até então eu não tinha
percebido.
— Acompanhei tudo da sua vida e estou muito orgulhoso da
mulher que você se tornou, estive com você em cada momento que
você viveu, nos felizes, nos tristes, nos fáceis e nos difíceis.
Pisquei com força para desembaçar minha visão.
— Pai ...
— Você e sua mãe merecem ser felizes, meu amor. — Senti seus
dedos limparem minhas lágrimas mais uma vez. — Estou de longe,
mas ainda continuo torcendo por vocês duas e fiquei muito feliz que
sua mãe finalmente seguiu em frente e que você está fazendo o
mesmo agora.
Queria dizer algo a ele, mas nenhuma palavra saía.
— Pai ...
Engoli em seco de novo e apenas fechei os lábios, desistindo de
tentar pronunciar algo.
— Não tenho muito tempo aqui com você, mas quero que saiba
que em todos os momentos da sua vida, eu estarei lá! — Ele sorriu
de novo. — Sempre estarei com você, minha menina.
Sem perder tempo, me joguei em seus braços e todo o meu
corpo estremeceu com o pranto ao sentir o abraço que tanto amava.
“... Ela teve uma parada cardíaca, mas conseguimos reverter a
situação ...”
A voz da médica continuava repetindo a frase em minha mente
enquanto meus passos eram guiados pela sala fria e vazia do
hospital, meu corpo parecia anestesiado com todos os
acontecimentos das últimas horas e meu coração não sabia como
parar de bater apertado no peito.
“Desculpa senhor Bart, só podemos deixar familiares entrarem no
quarto.”
Esfrego o rosto voltando pelo mesmo caminho.
— Você não quer se sentar um pouco?
A voz de Louíse me fez girar o rosto minimamente para vê-la ao
meu lado com o braço agarrado ao meu e caminhando junto comigo
de um lado para o outro enquanto esperava mais notícias da minha
Angel.
Balanço a cabeça negativamente em resposta.
— Quer algo para beber? — Mais uma vez minha resposta foi
balançar a cabeça. — Quer alguma coisa?
Quero! Quero voltar horas atrás, quero trocar de lugar com a
minha ruiva, quero entrar naquele quarto e a ver com os enormes
olhos castanhos me observando, quero tudo, menos estar nessa
merda de sala esperando alguém vir me dar notícias dela porque eu
não podia entrar para vê-la.
As palavras ficaram apenas em minha mente, mas a mulher ao
meu lado assentiu com os olhos brilhando em lágrimas, como se
conseguisse ouvir cada pensamento, e se colocou em minha frente,
puxando-me para um abraço que até então não imaginava precisar.
— Angeline é uma mulher forte, daqui a pouco ela acorda e vai
querer ver você! — Suas palavras não acalmaram meu coração.
Acredito que nada acalmaria, apenas Angel seria capaz disso.
Respiro fundo ao me afastar de Louíse.
— Estou contando com isso!
Um telefone soou no canto da sala, chamando nossa atenção.
Donavan que estava sentado na cadeira nos observando, olhou
para o meu celular jogado em cima de uma cadeira.
Não era uma surpresa para mim que a mídia já estava sabendo
sobre o ocorrido, mesmo quando estava em cima da maca, sendo
transportado para dentro da ambulância, percebi alguns fleches em
minha direção, assim como vozes misturadas umas às outras
dizendo sobre quem estava envolvido no acidente.
Adam Bart e sua última conquista.
Essa porra me irritou tanto que quis pular da maca e dizer a quem
quer que estivesse ali, que Angel não era uma conquista, ela não era
um troféu que recebi depois de ganhar um jogo, mas antes que
pudesse fazer isso, um dos socorristas me impediu dizendo algo
sobre ter que me examinar antes que eu pudesse me mover e blá blá
blá.
— Não é o senhor Bart. — Donavan disse ao atender o telefone.
— Não é da sua conta.
Desligou o telefone e me olhou com um sorriso torto.
— De nada.
Antes que eu pudesse responder, o celular tocou mais uma vez e
seus olhos miraram a tela.
Ele atendeu com uma expressão de tédio.
— Não é o senhor Bart. — Repetiu. — Não estou interessado no
que a senhorita quer saber.
Desligou mais uma vez.
Se não fosse o medo esmagador em meu peito, eu poderia ter
sorrido da expressão de Donavan quando o meu toque soou mais
uma vez pela sala sem cor em que estávamos.
— Cara, como você aguenta isso?
Ele não esperou uma resposta, apenas atendeu o telefone por
alguns segundos antes de desligar dizendo uma frase parecida com
as anteriores.
Os próximos minutos se seguiram assim, Donavan atendendo o
telefone e perdendo um pouco da paciência a cada ligação, meus
pensamentos indo e voltando em Angel, as lembranças do meu
desespero ao chamá-la dentro do carro e perceber que minha linda
ruiva estava inconsciente, o silêncio assustador que seguiu depois
que o carro parou de rodar na via, o barulho da sirene se
aproximando, as vozes distintas soando pelo local e o barulho do
meu coração martelando forte a cada minuto que eu não sabia como
Angeline estava.
— Adam? — Uma mulher colocou apenas sua cabeça na fresta
da porta que abriu.
Não a reconheci, mas seus traços me pareciam familiares, o nariz
pequeno e levemente arrebitado, as poucas sardas espalhadas por
ele e suas bochechas que estavam coradas, os olhos castanhos
claros exibiam lágrimas, assim como uma enorme mancha escura
logo abaixo e o cabelo ruivo acobreado todo jogado para trás.
Mãe de Angel.
Meu cérebro fez a conexão.
Engoli em seco, soltando Louíse e me aproximando dela.
— Oi.
Ela sorriu minimamente para mim e abriu ainda mais a porta.
— Angel está te chamando.
Por um segundo senti o mundo girar.
— Ela... — Respirei fundo. — Ela acordou?
A mulher em minha frente acenou com um sorriso de alívio,
provavelmente o mesmo que eu estava exibindo nesse momento.
— Posso vê-la?
— Claro, querido. — A senhora Griffin disse quando um homem
apareceu em suas costas com a mesma expressão de alívio e dor
que ela exibia. — Eu e meu marido vamos esperar aqui.
Aceno e não perco mais tempo.
A medida que meus pés me levavam para perto do quarto onde
Angeline estava, mais meu coração parecia acelerar, mas não estava
de um jeito assustador como antes, parecia mais como ansiedade do
que medo.
Ela está bem!
Abro a porta do seu quarto e a vejo inclinada na cama, com os
olhos fixos na porta como se aguardasse ansiosamente por minha
passagem, os fios desgrenhados do seu cabelo estavam dando cor à
cama completamente branca do hospital e o sorriso que cresceu em
seus lábios ao me ver, quase fez minhas pernas vacilarem.
— Ei linda. — Aproximo-me da sua cama rapidamente. — Você
está bem?
Angel suspirou audivelmente e deixou as lágrimas rolarem por
seu rosto.
— Agora estou, mas você... — Ela engoliu em seco. — O que
está fazendo de pé?
Sorri para ela e segurei seu rosto com as duas mãos, adorando
aqueles olhos abertos me encarando com tanto sentimento que
provocou um arrepio em minha pele.
— Estou bem minha linda... porra, eu estou mais do que bem.
Uma expressão de alívio tomou conta da sua face.
— Fiquei com tanto medo de te perder, meu amor. — Beijo
levemente seus lábios.
— Nunca! — Ela sorriu em meio às lágrimas. — Você nunca vai
me perder.
— Sério! Você sabe que não precisa me carregar para todos os
lados, não sabe? — Reclamei enquanto o homem da minha vida me
levava para o estacionamento.
— Não pode forçar o pé.
Bufo.
— Eu posso pisar com a bota, é só não colocar muita força. —
Digo enquanto ele abre a porta do seu novo carro e me coloca com
cuidado no banco do passageiro antes de me encarar com seu rosto
próximo ao meu.
— Enquanto estiver com essa coisa no pé, vou te carregar!
Adam sorriu antes de prender meus lábios entre os seus e me
beijar suavemente, engolindo todas as palavras de protesto que
vinha falando toda vez que ele fazia isso.
Nesses últimos dias perdi o direito de me locomover sozinha,
nem mesmo dormir em minha casa eu podia, não que isso seja uma
reclamação. Acordar ao lado de um Deus grego seminu, com seu
pau excitado pressionado em minha bunda, aquele corpo quente
pressionado ao meu e os olhos verdes me adorando a todo momento
não era nenhum sacrifício, o problema era ter que ficar sentada ou
deitada na cama o dia inteiro, sem poder pisar no chão sem ter
Adam com seus braços me erguendo e levando-me ao banheiro e
em todos os lugares que eu precisava.
A instrução do médico foi: Não force muito a sua perna.
O que Adam escutou: Não toque os pés no chão.
Observei ele colocar sua enorme mala nos bancos traseiros do
carro e depois se sentar atrás do volante com um sorriso enorme no
rosto.
Não sabia se o motivo do sorriso era porque ele estava me
tratando como sua boneca de pano ou se foi a ligação que recebeu
mais cedo do seu pai.
Aparentemente a mãe dele estava em um dia atípico em sua
condição, ela estava se recordando de alguns dias que não se
lembrava mais e pediu para Marcus chamar Adam.
— Não vou entrar no quarto da sua mãe no seu colo.
Os olhos verdes me encararam com determinação.
— Você sabe que vai, linda.
Seus lábios encostaram nos meus mais uma vez antes dele ligar
o carro e seguir na direção da clínica.
— Graças a Deus amanhã eu tiro essa bota e vou conseguir até
mesmo ir ao banheiro sozinha. Olha só que privilégio.
Ele riu baixinho, me fazendo resmungar.
— Você tem se divertido muito com isso, não tem?
Adam não respondeu, apenas continuou sua atenção no trânsito,
mas seu sorriso ainda estava exibido nos lábios.
Claro que sim.
Ver a emoção nos olhos da senhora Bart ao ver Adam entrando
em seu quarto na clínica foi como se estivessem formando um
casulo de amor em volta do meu coração que me aqueceu inteira,
me embrulhou em um misto de sentimentos acolhedores e minha
vontade era pular dos braços do homem carregando-me, contra a
minha vontade, e deixá-la esmagar o seu filho.
Foi lindo de ver o amor transbordar em lágrimas em seu rosto ao
abraçá-lo como se fizesse anos que não o visse e com Adam não foi
diferente, o homem não se aguentava de tanta emoção ao ver sua
mãe o reconhecer, depois de adulto, pela primeira vez em anos.
Observo os dois sentados em cima da cama enorme da senhora
Alyssa, assistindo a novela preferida dela enquanto conversavam
baixinho sobre a vida ou sobre o que estava acontecendo na
televisão.
— Você o faz muito feliz. — A voz de Marcus tirou minha atenção
dos dois. — Há alguns anos que Adam não ficava assim tão
relaxado.
Os olhos do senhor Bart estavam acompanhando Alyssa e Adam
com carinho.
— Ele também me faz muito feliz.
Mais feliz do que qualquer pessoa poderia imaginar.
Adam chegou para virar o meu mundo de cabeça para baixo, me
mostrou que tudo que eu procurava estava errado, tudo que eu
achava que queria não era o certo, não era para mim porque ainda
não o conhecia.
Demorei a aceitar, mas encontrei a minha metade.
Meu homem perfeito.
Meu príncipe de cueca branca.
Meu Adam Bart.
Um sorriso esticou meus lábios no mesmo instante que seus
olhos verdes buscaram os meus.
O destino me pregou uma peça maravilhosa quando o colocou
em minha vida e alguém lá em cima trabalhou arduamente para que
esses encontros esquisitos dessem certo.
Essas eram verdades irrefutáveis, mas ainda mais verdadeiro que
isso, é que o mérito do nosso relacionamento ter dado certo é todo
do homem me encarando com amor, adoração e paixão.
— Obrigado por fazer meu filho feliz, Angeline.
Não consegui desviar os olhos de Adam e muito menos consegui
evitar que uma lágrima escorresse por minha pele.
— O pé está doendo, linda? — Adam disse assumindo seu papel
integral de protetor.
Limpo meu rosto.
— Está tudo certo com o meu pé. — Sorrio quando ele ergue
uma sobrancelha em confusão.
Eu queria gritar que o amava para o mundo inteiro ouvir, mas me
contentei em apenas mover os lábios.
Eu.te.amo.
Ele captou a mensagem, porque abriu um enorme sorriso.
Fazia sentido falar apenas para ele, já que Adam é o meu mundo.
Estava um pouco atrasada para o dia mais importante de uma
das pessoas mais especiais para mim.
Ajeito o vestido azul-turquesa que minha filha me ajudou a
escolher e passo por Edward sentado no sofá com seu traje social
impecável, não sem antes depositar um beijo rápido em seus lábios.
— Onde vai querida? — Ele se ajeitou com um sorriso. — Eles já
estão chegando para nos buscar.
— Só preciso fazer uma coisa antes de irmos.
O homem que passei a vida inteira compartilhando sonhos, me
encarou com amor e assentiu com um sorriso.
— Não demore muito.
— Não vou.
Com isso, saí apressada até minha sala coberta de plantas e
velas.
Hoje eu não tinha muito tempo para gastar aqui como costumo
fazer ao agradecer por mais uma benção na vida das pessoas que
amo, mas é por um bom motivo.
Aproximo-me da vela rosada com o nome do filho que meu
coração escolheu e fecho os olhos rapidamente agradecendo por ele
ter encontrado a sua mulher, por ter persistido mesmo quando não
havia motivo para isso, por ter sido forte quando descobriu a doença
da sua mãe, por ter sobrevivido por tudo na infância e por não deixar
que as coisas horríveis que aconteceram em sua vida o levassem
para um caminho ruim.
Afinal, ele tinha todos os motivos para seguir o caminho errado,
mas é um menino inteligente e fez as escolhas certas para ter uma
vida digna.
Uma vida abençoada.
Obrigada por colocar uma mulher especial em seu caminho, uma
que seja sua companheira de verdade, que não tenha medo de se
entregar ao amor enorme que esse homem carrega no coração.
Assopro a vela em minha frente e sinto um arrepio cobrir minha
pele.
Sorrio abertamente.
— Mãe?
Viro o rosto para a voz da minha filha, vendo-a parada perto da
porta coberta de flores com a sua usual curiosidade zumbindo em
minha direção.
— Oi querida. — Aproximo-me dela.
— O que a senhora está fazendo?
Viu? A minha Louíse é assim desde pequena, sempre quer saber
o que fico fazendo em minha sala.
Dou um beijo em meus dedos e os pressiono em sua testa.
— Para não te deixar com a marca do meu batom.
Segurei seu braço.
— Vamos? Precisamos casar o Adam.
— Aham, mas o que a senhora estava fazendo?
Caminhamos juntas até a sala.
— Só agradecendo por algumas conquistas.
Fecho os olhos quando o cheiro de fritura inunda meu corpo de
ânsia.
O ambiente agitado, animado e completamente lotado das
arquibancadas não estavam ajudando em nada a controlar a criança
dentro de mim.
Acaricio minha barriga.
— Oi meu amor. — Converso.
Na minha primeira gravidez, não tive nenhuma “complicação”.
Sem enjoo.
Sem azia.
Até me disseram que fui uma grávida de sorte.
Bom, toda sorte que tive ao ficar grávida do Noah se reverteu em
azar agora na minha segunda gravidez, Alyssa estava me fazendo
sentir tudo que não tive antes.
— Mamããããe!? — Meu pequeno se aproximou com os olhos
verdes enormes em minha direção.
— Oi, amor. — Afasto uma das mãos da minha barriga e mexo
em seus fios dourados.
Igualzinho o pai.
Esse menino não tinha nada meu, nem mesmo o jeito de ser.
Era o mini Adam.
Ele sorriu ao se enfiar entre minhas pernas e colocar o rostinho
pressionado na minha barriga de quatro meses.
— Aly tá te dando trabaio de novo?
— Só um pouquinho. — Confesso dando mais uma alisada em
seu cabelo.
— Ei, Aly. — Noah sussurrou imitando Adam ao apoiar a boca em
cima da minha camisa e dando um beijo em minha barriga antes de
continuar: — Deixa a mamãe assistiiiiiiiir o jogo do papaaaaai.
Esse garoto ...
Inclino o corpo para aproximar-me e seguro seu rosto para
enchê-lo de beijos.
Noah desde que nasceu é o meu pinguinho de luz, assim como o
pai dele. Apesar de ser um pouco agitado, é um menino obediente,
divertido, feliz, amoroso, cuidadoso, protetor ... acho que poderia
ficar aqui tecendo elogios ao meu menino o dia inteiro e ainda não
seria o suficiente para dizer o quanto ele é um menino de ouro.
— Noah. — Um dos filhos de Louíse se aproximou com as
bochechas rosadas por causa do frio. — Vaaaaaaaaaaamos comer
pipocaa que explodeee.
Ele pulou e seus olhos azuis tão claros sorriram ao me encarar.
— Tia Gel. — A voz doce foi perfeitamente moldada para
conseguir tudo que quer. — Noah pode ir?
Olho para o meu mini Adam, que me encara com expectativa.
— Claro querido. — Os dois começaram a correr no segundo
seguinte que fechei a boca, então completei gritando. — Não saia de
perto do tio Don, tudo bem?
Noah olhou para trás enquanto ainda corria, seu cabelo loiro
balançou enquanto ele ria ao acompanhar um dos gêmeos.
— Tá bom, mamãe.
O acompanhei com o olhar até se aproximar de Donavan e o
outro gêmeo.
Eu ainda me confundia quando não conseguia ver a única
pinta que os diferenciava.
— Vou com Donavan para olhá-los, você vai ficar bem aí?
Louíse chamou minha atenção e eu acenei.
Ainda estava enjoada com os cheiros misturados ao meu redor,
mas aos poucos ia passando.
— Estou bem. — Sorrio me ajeitando na cadeira.
Respiro fundo alisando minha barriga e olhando pela proteção do
rinque o meu Adam deslizando com destreza pelo gelo.
Era lindo de ver.
— Sabe minha menina, você tem o melhor pai do mundo. —
Senti uma leve pressão no lugar onde estava acariciando. — É, eu
sei que você gosta quando ele fala com você.
Ela chutou de novo.
— Tem o melhor irmão também, quando sair daí, vai perceber o
quanto os dois são maravilhosos. — Sorrio ao acompanhar meu
marido com o olhar. — Suas vovós também são ótimas, o vovô
então? Vai te bajular mais do que já faz com seu irmão.
Queria que você pudesse conhecer o meu pai.
O pensamento passou furtivamente em meu cérebro e junto com
ele veio uma brisa agradável.
Não estávamos em um espaço aberto, então essa sensação me
surpreendeu.
Sempre estarei com vocês.
Foi quase como se meu pai estivesse falando comigo.
Sorrio em meio às lágrimas.
No mesmo instante, as pessoas ao meu redor se ergueram
gritando em comemoração e logo encontrei os olhos verdes do amor
da minha vida por trás da proteção do rinque.
Adam fez um coração com as mãos e me mandou um beijo antes
de voltar para perto dos seus amigos.
Sabia que vir assistir ao último jogo antes das minhas merecidas
férias, seria demais para a minha garota, sugeri a ela que ficasse
descansando em casa e quando terminasse aqui iria direto para lá,
mas como sempre fez nesses últimos anos, minha ruiva não queria
perder nenhum dos meus jogos e afirmou que viria de qualquer jeito.
Aliso seu ombro com os dedos enquanto com a outra mão levo a
garrafa de cerveja nos lábios.
— E aí!? O que vamos fazer nessas férias?
Henry perguntou passando os olhos por cada pessoa em volta da
mesa comemorando a nossa vitória.
A minha resposta para essa pergunta seria a mesma de todos os
anos:
Cuidar da minha família.
A frase em minha mente aqueceu meu coração e puxou minha
atenção para a barriga saliente da minha ruiva.
Nossa garotinha estava ali.
— Eu voto em irmos ao paraíso novamente. — Dylan diz com um
sorriso fácil.
— Tem meu voto também. — Tyler concordou.
— Eu voltaria naquele país todos os anos. — Henry concordou.
Balanço a cabeça negativamente ao beber o meu último gole.
— E aí Adam, vamos?
Os olhos dos três dançaram entre mim, Angel e Noah.
Poderia ser uma boa ideia, mas antes eu precisava conversar
com Angeline e também com o médico para saber se poderíamos
fazer uma viagem tão longa assim.
— O pestinha iria adorar aquela água e pesquisei um hotel que
tem tipo um espaço para criança, algo assim. — Dylan disse dando
de ombros.
Como se ter pesquisado sobre isso não fosse nada.
— A ruivinha também parece precisar de um descanso.
Encaro minha mulher e filho apagados ao meu lado, Angel com o
corpo encostado ao meu e Noah deitado em cima dela.
Se íamos viajar, eu não fazia ideia, mas vou levar minha esposa e
filho para casa.
— Não sei. — Deposito um beijo na testa de Angeline. — Vou
conversar com ela e depois aviso a vocês.
Os três acenaram e logo entraram no assunto do quanto
aproveitaram nossa viagem há alguns anos.
— Amor. — Sacudi Angel levemente. — Ei linda.
Ela resmungou e ajeitou o rosto em meu peito.
Sorrio.
— Acorda, vamos embora.
— Uhum.
Ela continuou dormindo.
— Angel. — Chamei um pouquinho mais alto e seus olhos
sonolentos apareceram.
O sorriso em seguida sempre fazia meu coração vacilar.
— Oi amor.
Beijo seus lábios furtivamente.
— Oi, linda. — A beijo de novo. — Vamos?
Ela acenou e continuou me encarando com amor.
Beijo seus lábios mais uma vez.
— Eu te amo!
Sussurrei com meus lábios grudados aos dela.
— Eu também te amo!
[1] Winnipeg Jets é um time de Hóquei no gelo do Canadá.
[2] LovesDate é um site de relacionamento fictício.
[3] Anurb é um país fictício criado pela autora.
[4] Lace Wig é uma peruca feita para parecer um cabelo natural, como se os fios
estivessem saindo do couro cabeludo.
[5] Calgary Flames é um time de Hóquei no gelo.
[6] Himeros de acordo com a mitologia Grega era o Deus do desejo sexual.
[7] Punk é o disco usado para jogar Hóquei.
[8] Stick é o taco utilizado para mover, lançar o punk.
Agradecimentos

Como sempre quero agradecer a todo mundo que me ajudou a


terminar essa história, às minhas leitoras betas que estavam sempre
surtando e me incentivando a continuar e não desanimar, mesmo
quando o bloqueio criativo tomava conta do meu cérebro. Aos meus
familiares que estão sempre ao meu lado, apoiando-me em tudo que
faço. Aos leitores maravilhosos que me dão forças e animação para
continuar escrevendo. Às minhas amigas maravilhosas que
independente do que aconteça, nunca soltam a minha mão.

Enfim, obrigada a todos.


PAPO COM A AUTORA

Olha nois aqui de novo.

Já pegaram seus drinques para podermos bater um papo maroto


aqui no fim do último livro da série Profissões??
Ultimamente tenho gostado bastante de bebidas com nomes
estranhos, então a de hoje vou escolher Xixi de Índia.

Apesar do nome ser no mínimo engraçado, a bebida é muito


gostosa, mas não estamos aqui para falar disso e sim sobre Adam e
Angel, dois personagens que me deram uns vinte cabelos brancos
de estresse.

HAHAHA
~ Rindo de desespero. ~

Como foi difícil concluir esse livro, não sei se o motivo de tanta
dificuldade foi pelo fato de ser o último da série e algo dentro de mim
queria escrever mais e mais histórias com essa pegada mais leve ou
se os personagens simplesmente não queriam me falar nada, a
única coisa que sei é que demorou demais, fiquei travada em
inúmeras partes e me irritei com tudo isso, mas apesar de toda essa
confusão, o final valeu muito a pena.

Conhecer um pouco mais da história de Adam que o vimos


brevemente no livro MEU ADVOGADO SEDUTOR e descobrir por
quem ele iria se apaixonar e ter o seu tão sonhado final feliz foi uma
experiência desgastante, mas muito gratificante.
Quando comecei a escrever o livro do Adam não sabia o que esperar
sobre a história que o personagem iria me contar e nem com quem
ele iria se relacionar, como seria sua parceira de vida e me
surpreendeu que a minha escolha inicial não foi aceita por nenhuma
das partes. (Pelo menos é essa interpretação que tenho depois de
ficar travada e só desbloquear quando mudei a personagem) Como
sempre os personagens que mandam nos autores, mas isso não foi
um problema tão grande, apesar de querer a Fernanda (Ela
apareceu no livro do COWBOY) como personagem principal do livro,
a Angeline não me decepcionou em nada e não podia ser uma
escolha melhor para o loiro apaixonado.

Enfim a série profissões chegou ao fim no quinto livro e hoje,


terminando a série, sinto-me um pouco melancólica por causa da
saudade que já está batendo na porta, mas também me sinto muito
feliz por conseguir dar vida aos personagens, contar as histórias
lindas que cada um trilhou.

Mas isso aqui não é um adeus definitivo, ainda tenho uma surpresa
para quem ama o CEO, ADVOGADO, COWBOY, POLICIAL e agora
o JOGADOR.

Aguardem!
Sobre o autor
B. TOMAZ
Mora na região metropolitana de Belo Horizonte em Minas Gerais
junto com sua família.

Se tornou escritora por incentivo de suas amigas, ou como gosta de


chamar "seus anjos", que a incentivaram a conhecer um lado da sua
personalidade que nunca havia sido explorado.

Formada em Administração, a autora decidiu largar a vida dentro de


um escritório para dar vida às histórias criadas por sua mente e
desde então as compartilha com o mundo.

Autora da Série Profissões

Instagram: @btomazautora
Livros dessa série
Profissões
São histórias CURTAS e PRECISAS, contando sobre as pessoas
que trabalham em profissões diversas. O intuito das noveletas NÃO
é se aprofundar nas áreas de trabalho de cada personagem, mas
sim contar as histórias de cada casal.
Cada noveleta aborda um tema profundo além do romance caliente.

MEU CEO SEXY


Uma Loira determinada.
Um CEO rabugento.
Um casal inflamável.

Jonathan passou alguns anos gerindo empresas para se aperfeiçoar,


tornando-se o melhor para assumir a Bert B, mas será que seu
coração é tão duro quanto seu pulso firme para os negócios? Brooke
pensava estar vivendo um conto de fadas, os preparativos do
casamento estavam indo na velocidade máxima, assim como a sua
ansiedade por se casar com o seu então príncipe encantado, mas o
universo resolve dar um tapa em sua cara.

O universo ou o cara por quem ela suspirava de amor?

VENHA CONHECER O CASAL MAIS APAIXONADO da Bert B e se


queime com o romance tórrido de Jonathan e Brooke, repleto de
conteúdo.

MEU ADVOGADO SEDUTOR


UMA MULHER DIVERTIDA
UM ADVOGADO MULHERENGO
.
Donavan nunca se apegou ou se apaixonou por alguém, talvez por
não permitir que outra pessoa chegasse perto demais ou por
simplesmente sair com mulheres que ele tinha certeza que não se
apaixonaria. Gostava desse estilo de vida e sentia que isso o
mantinha afastado de mais "problemas" e seguia vivendo sua vida da
maneira que achou que queria. Será que ele era tão anti-
relacionamentos assim ou tinha medo de se entregar?

Louíse é uma mulher excêntrica e feliz com a vida, ela não tem ideia
nenhuma do quanto sua beleza mexe com as pessoas ao redor. Com
seu carisma natural essa mulher se joga de cabeça no que acredita,
faz o que tem que fazer, fala o que precisa ser dito e isso nos rende
boas risadas.

Mas aonde o seu senso de aventura a levará em seu novo emprego?


.
VENHA CONHECER O CASAL MAIS IMPROVÁVEL da Bert B e se
apaixone por Donavan e Louíse em um romance erótico pra lá de
divertido.
.
Adequado para maiores e 18 anos.

MEU COWBOY BRUTO


UMA MULHER FERIDA.
UM HOMEM BUSCANDO REDENÇÃO.
.
Matthew se arrepende amargamente do que precisou fazer para
salvar as duas pessoas que mais amava. Sua intenção era de
proteger, mas acabou machucando profundamente o coração da
mulher de sua vida e agora precisava justificar o verdadeiro motivo
de suas ações.

Será que ele conseguiria o tão sonhado perdão?

Haylie é uma mulher forte que cresceu fazendo todo possível para
agradar uma das pessoas que amava e que na realidade não se
importava com ela. Mesmo com as inseguranças que esse
relacionamento familiar causou em sua vida e a dor de ser enganada
pelo único homem que já amou, ela conseguiu seguir em frente.

Mas agora ela teria que encarar e enfrentar o passado que tanto a
feriu. Será que Haylie superou mesmo o que aconteceu anos antes
ou apenas guardou sua dor?
.
VENHA DESCOBRIR A HISTÓRIA DO CASAL MAIS "CÃO E GATO"
da série e se apaixone por Matthew e Haylie em um romance erótico
pra lá de emocionante.
.
Adequado para maiores de 18 anos.

MEU POLICIAL PROTETOR


UMA MULHER INDEPENDENTE E COM SANGUE QUENTE.
UM POLICIAL SÉRIO E PROTETOR.
.
Logan planejou todo seu futuro ao lado da pessoa que julgou ser a
certa para compartilhar sua vida. Acreditou que após um curto
período trabalhando na CSPO haveria tempo o suficiente para curtir
sua família, mas a realidade bateu em sua porta com um balde de
água gelada. Conforme trabalhava, menos tempo conseguia dedicar
em casa e matinha a esperança de dar mais atenção à mulher que
acreditava amá-lo.

Bonnie é uma mulher curiosa e de pavio curto que não necessita de


um príncipe encantado para beijar seus lábios ou salva-la do perigo
eminente. Essa mulher sempre foi assim: um misto de bravura e
sensualidade que aos olhos de um certo policial tinha apenas um
defeito: era uma Maria fifi (fofoqueira) com selo de qualidade
aprovado.

Será que Bonnie vai fazer o belo policial mudar de ideia


em meio a investigação de um serial killer?
O amor entre eles terá alguma chance?
.
VENHA DESCOBRIR A HISTÓRIA DO CASAL MAIS INUSITADO da
série e se apaixone por Logan e Bonnie em um romance erótico
cheio de ação.
.
Adequado para maiores de 18 anos.
Livros deste autor
EM TODO NATAL
OLÁ, VOCÊ!

IREI TE ACOMPANHAR DURANTE A LEITURA DE UM PEDAÇO


DA MINHA HISTÓRIA. NÃO ESTRANHE O FATO DE NÃO ME
APRESENTAR POR AQUI, VOCÊ IRÁ ME CONHECER DENTRO
DO LIVRO.

OK! OK!

A AUTORA ME PEDIU PARA TE DAR MOTIVOS PARA LER,


ENTÃO VOU LISTAR ALGUMAS COISINHAS:

× LEITURA HOT.
É isso mesmo! Se você for menor de 18 anos, esse conto não é para
você.

× PITADA DE HUMOR.
Como tudo na minha vida, os acontecimentos provocam risadas.

× MOMENTOS DE CONFUSÃO.
Outra palavra que frequentemente faz parte do meu vocabulário.

× HOMEM GOSTOSO.
Ainda bem que isso também está na minha rotina sempre, equilíbrio
é importante.

× EUZINHA.
Sim, apareço algumas vezes para conversar com você.

× NATAL.
Para completar a lista, vem a minha data preferida.

ESPERO TER DESPERTADO SEU INTERESSE E AGUÇADO SUA


CURIOSIDADE.

VAMOS EMBARCAR NESSA HISTÓRIA COMIGO?

LEMBRANDO QUE ISSO É UM CONTO. SE NÃO CURTE


HISTÓRIAS CURTINHAS, ESSA AQUI NÃO É PARA VOCÊ!

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