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1 EDIÇÃO

Copyright 2020 © Ana


Caroline
Diagramação: Juju Figueireo

Revisão: Clara

Capa: ES Design

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,

lugares e acontecimentos descritos são produtos da

imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes,


datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

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de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios


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autora.
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crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo

184 do Código Penal.


Sumário
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Douglas
De volta ao Cativeiro
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Lado de fora.
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Daniel
Capítulo 15
Marcos
Sebastian no momento da troca...
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Pedro
Eduarda
Capítulo 25
EPILOGO
Katherine do Carmo Braga.
Fim.
Nota da autora
Sinopse
Segundo livro da duologia: O Sequestro de
Katherine.
Vocês devem estar pensando em como uma pessoa
pode ser tão burra ao ponto de cair na mesma armadilha
pela segunda vez. Katherine descobriu tarde demais que
havia novamente se apaixonado pela pessoa errada.
Sebastian foi o causador de todo o seu mal, um
sádico em pele de anjo que a seduziu e a jogou em um
buraco negro. Sebastian foi seu demônio pessoal. A salvou
e a condenou na mesma proporção.
Agora peço que assim como Katherine, vocês
ABRAM OS OLHOS e vejam cada detalhe que a levou DE
VOLTA AO CATIVEIRO.
Katherine está de volta ao cativeiro, mas dessa vez
pronta para guerra!
Capítulo 1
É como um déjà vu, Katherine está deitada em uma
cama, completamente sozinha, com uma forte dor na
cabeça e no corpo.
Mas dessa vez, se lembrava perfeitamente de tudo
que viu e viveu antes de ser apagada. Seguiu o espírito da
Scarlet até um quarto, onde viu diversas coisas sobre ela e
todos os seus amigos, havia desenhos com o seu rosto,
desenhos de um plano, um plano doentio de tortura e
quando ia saindo viu um monitor, viu eles, todos eles...
Samanta, Gustavo, Thor, Pedro e Eduarda. Todos eles em
tempo real, trancados como ela estava agora, o que a faz
pensar, que se achou ter vivido tempos difíceis em sua
recuperação, imagina eles que ficaram por quatro anos
trancados, passando Deus sabe o quê. Três anos de
liberdade e quatro anos de prisão e tortura.

“Me perdoem. Eu juro que nunca desconfiei, sempre


achei que estavam todos mortos e chorei todos esses anos
pelo luto.” Katherine se lamentava. Mas, outra coisa que viu
naquele lugar a perturbava nesse momento, outra
descoberta feita, além de todas... Sebastian... O seu
Sebastian sabia de tudo! Ele era um deles, a lista de
nomes de quem deveriam sequestrar, e agora a frase que
ele sempre repetia, desde que se conheceram fez todo o
sentido: EU VEJO VOCÊ, KATHERINE. Ele sempre a viu,
ele a observava, ela era o alvo dele, desde o início.

— Vejo que já está acordada remoendo as

coisas que descobriu, recentemente, Kath.

A voz de Heliord agora lhe era familiar. Ouviu


diversas vezes, durante meses, com Douglas e Brenda,
eles queriam que kath conhecesse a voz de Heliord para
caso ele tentasse uma aproximação de alguma forma,
fosse ela direta ou indiretamente, assim ela seria capaz de
reconhece – lo.
— O que você quer, Heliord? Por que está fazendo
isso de novo, e por que continuar com esse plano doentio
de reality show dos horrores? — Grita impaciente.
— Oh, não minha querida, eu não quero fama, eu
quero vingança, a fama eu deixo para os seus cunhados e
seu futuro marido Sebastian, já eu sempre optei pelo
anonimato. — Diz sarcástico.
— Onde eles estão? Estão com você rindo de mim?
Da burra que enganaram durante anos?
— Na verdade, não! Eles estão como você, só que
em outro quarto, dessa vez eles são tão vítimas, quanto
você!
— Eu não entendo, por que você está fazendo isso?
Qual o objetivo?
— Você leu sobre mim? Sabe da minha história,
Katherine?
— Não... Quer dizer, sim! Seu irmão, junto com
outras pessoas, sequestraram uma mulher, e depois disso,
tudo desandou. A mulher era a esposa do Sebastian e
muitos outros crimes, ele foi descoberto e morto. Seu
sobrinho, o qual você criou como filho, começou a ser alvo
de piadas na escola e se matou.
— Muito bem! Você fez a lição de casa, mas
esqueceu de citar uma pessoa.
— Que pessoa? — Pergunta temerosa, embora
saiba de quem ele queria dizer.
— Seu pai, é claro! Ele estava sempre por trás de
tudo, um jornalista bem curioso e sem o menor pudor para
conseguir o que queria.
— Eu sei que meu pai cometeu muitos erros, mas
isso não justifica você me sequestrar, ele já morreu! Não irá
afetá-lo em nada me machucando.
— Mas, quem disse que minha vingança é contra o
seu pai? Seu pai, meu irmão, meu sobrinho, a esposa do
Sebastian e muitas outras pessoas morreram, e sofreram
por causa da ambição e falta de caráter do seu ex
namorado, Gustavo. Lembra dele? Acho que quatro anos
preso, vendo você criar o filho que pode ser dele com outro
homem e as muitas coisas que passou foi um castigo e
tanto, mas hoje Kath, você está aqui por outro motivo.
— Qual?
— O seu atual namorado! Desde o início do nosso
plano de sequestro, sabia que ele seria um problema, sabia
que ele sentia algo por você, era nítido, só que eu não
tinha escolha porque você era parte da nossa vingança, e
no fim eu estava certo, o Demônio se apaixonou pelo anjo.
Antes você estava em um cativeiro porque ele queria
vingança, hoje você está aqui novamente, porque eu quero
me vingar deles. No fim das contas eu sai como o doente
sádico que sequestrou quatorze jovens e eles como os
empresários que teve o irmão mais novo sequestrado pelo
irmão do cara que matou a esposa de dele. Uma doentia
necessidade de vingar a morte do irmão que foi pego, após
sequestrar a esposa de um dos jovens mais ricos do país.
Essas foram as notícias que saíram nos jornais. Mas era
tudo mentira, ele não era uma vítima, foi no passado, mas
não agora, me viram sendo arrastado para lama e não
fizeram nada, eu liguei para o Samuel e sabe o que ele
disse? Se vira! Você caiu sozinho. Bom eu não achei isso
legal, ainda mais depois de tudo que passamos juntos,
acho justo que eles provém do próprio veneno, até porque
esses playboyzinhos de merda tem que saber o que é
sofrimento de verdade.
— Isso é loucura, eu não sei quem é mais louco,
você ou eles, mas de uma coisa tenho certeza, vocês não
iram escapar ilesos dessa vez!
— Eu acho que sou eu! Bom, eu já desejei boas
vindas ao seu novo cativeiro, em breve você estará de
novo com seus amigos, ex e atual namorado, cunhados e
sua quase irmã Samanta! Estava com saudades dela? Eu
estou ansioso para esse grande encontro.
— Eu sei que você se acha muito esperto, mas
dessa vez é questão de pouco tempo até te pegarem.
— Pode ser, na verdade eu não pretendo ficar com
vocês por muito tempo, o que eu quero é que todos
paguem pelos crimes que cometeram. Eu até acho que
quem ficou aqui os quatro anos, enquanto você se
recuperava merece muito mais a liberdade do que você.
Vou organizar o grande reencontro de todos, tenho certeza
que será emocionante.
Capítulo 2
Sebastian acordou ainda com a imagem de
desespero no rosto de Katherine, em sua mente, viu o
pavor dela quando o olhou, a dor da cruel verdade, a
mesma dor que viu quando ela descobriu sobre o Gustavo
à três anos atrás.
— Você não fez o que eu te mandei fazer, Daniel! —
Sebastian diz raivoso.
— E desde quando você manda em alguma coisa,
Sebastian? Essa merda toda só está acontecendo porque
você decidiu bancar o apaixonado e assumir a Katherine e
o filho que nem sabe se é seu! O Heliord não está com
raiva da gente por termos saído limpos de tudo! Ele está
com raiva por você ter se apaixonado e estragado parte do
plano, como ele disse que você faria, ele está com raiva
porque você reconstruiu a sua vida com a garota que era
um dos nossos principais alvos.
— Já chega vocês dois! — Samuel os interrompeu.
— Ele fez isso tudo por várias razões, não foi só porque o
Sebastian estava feliz com a Kath, nem porque saímos
limpos de tudo, é porque no fim, ele não conseguiu a
vingança que queria, e agora ele tem vários motivos para
se vingar. Nós não fazemos mais parte do jogo, nós somos
o jogo, mas a diferença é que antes de sermos as peças do
tabuleiro, nós já fomos os comandantes dele, eu duvido,
que se há armadilhas aqui dentro elas sejam melhores do
que as que construímos anos atrás, o Heliord está jogando
com as pessoas erradas e está jogando sozinho, e o pior é
que ele sabe disso, por isso, temos que redobrar a nossa
atenção, pois ele está em um jogo suicida onde não tem
nada a perder. — Samuel se vira para uma das câmeras
onde sabe que Heliord os observa e dá seu recado. — E
eu sinto dizer meu amigo, o único que sairá ferido daqui de
dentro, será você!
— É exatamente por isso que sempre gostei de você
Samuel, sempre tão sério e centrado, pensa antes de agir
e age sempre na hora certa. Você tem razão, eu não entrei
achando que ganharia de vocês, as quatro mentes
incrivelmente inteligentes, que juntos podem acabar com o
mundo, eu não sou ingênuo, mas ao contrário do que
vocês acham, eu também não sou burro o suficiente de
pagar por tudo sozinho, eu quero ver os quatro na cadeia
com pena máxima ou pelo menos mortos.
— Heliord... Sério? Não existem provas que nos
liguem a absolutamente nada, temos dinheiro para não
passar nem se quer um dia dando depoimentos para
provar a nossa inocência, e não se esqueça que a justiça é
falha, meu amigo, se eu provar que fomos obrigados a
fazer tudo aquilo, nós sairíamos como as vítimas e você
será levado a morte, prisão eterna, só você sabe a verdade
e a sua palavra não vale de nada, isso se eles lhe derem a
palavra, você nos obrigou e quando tentamos fugir você
sequestrou o nosso irmão mais novo, você implantou as
provas que a katherine achou na nossa casa de praia, até
porque eu verifiquei antes mesmo de ir à delegacia na noite
em que Sebastian foi resgatado, o quarto que você montou
é diariamente limpo por nossa empregada que sumiu a
uma semana, o que me leva a pensar que você a matou
para poder ter tempo de arrumar tudo lá, eu vi as escutas
na casa da Kath no dia em que fui convidado para um
almoço em família, eu sabia que você viria, e adivinha só,
amigo? EU. ESTAVA. ESPERANDO. POR. VOCÊ!
— Como assim você viu as escutas e não me
contou nada, Samuel? Você nos colocou em risco?
Arriscou a vida do Adam. — Sebastian questiona
indignado.
— Se acalme, Sebastian! Quando você vai aprender
que de cabeça quente e no desespero só se faz merda? —
Samuel o repreende.
— O que te leva a pensar que ele não está gravando
isso tudo? — Sebastian insiste.
— Ele não está! Agora cale a boca e pare de agir
como uma criança birrenta, seja homem e aja com
inteligência, quando ele nos liberar fiquem atentos a tudo,
não se distraiam com absolutamente nada e o mais
importante; fiquem vivos!
—Isso Samuel, instrua seus soldados, porque o
campo está pronto para uma grande batalha e não se
preocupem, eu não estou filmando nada para incriminar
vocês, tudo que se passa é somente para mim, eu ao
contrário de vocês, jogo limpo e estou pronto para a guerra!
Que vença o melhor!

Quando o medo domina o ser humano as


possibilidades dele reagir são poucas, o medo paralisa
você, te faz imaginar coisas piores do que a sua realidade
realmente lhe permite ver, quatro anos em um cativeiro não
era fácil para ninguém, eles tentaram fugir inúmeras vezes,
principalmente depois que foram trocados de lugar, mas
nada deu certo, eles apenas se machucaram mais.
Luciano havia perdido parte de sua perna esquerda
em uma armadilha para animais no meio da mata enquanto
tentava fugir, Gustavo estava com diversas marcas por seu
corpo forte, mas nesses quatro anos suas feridas eram
sempre mais dolorosas ao ver que Katherine estava
seguindo a vida com Sebastian, ele sabia, tinha certeza
que ele estava envolvido em tudo aquilo, e lá estava ela,
dando total acesso ao psicótico que os enjaulou como
animais, lá estava ela colocando nos braços de um louco a
vida da criança que ele tinha certeza que era seu filho, fruto
do amor que viveram por anos, não importava as mentiras,
eles se amaram, Gustavo não mentiu sobre isso.
Pedro tinha apenas um medo, sair de lá com vida!
Ele não sabia como enfrentaria o mundo lá fora, não
superou o que viveu à quatro anos atrás, estava
conformado com seu cativeiro, tinha medo da vida real, de
não ser perdoado por sua família. Samanta sonhava com
a liberdade, mas havia perdido as esperanças, quatro anos
eram uma vida, ela riu, chorou e chorou de novo, mas
nunca, nem por um segundo deixou de pensar em como
seria sair e ver o mundo, como o mundo a enxergaria?
Como ela enxergaria o mundo?
Eduarda ainda tinha suas crises de pânico, ela tinha
medo de ficar sozinha e jurava que toda vez que fechava
os olhos conseguia ver o dia da explosão, o dia em que
eles quase se libertaram, era difícil, ela sabia que era
quase impossível, ainda mais depois de quatro anos, mas
ela tinha esperança que sairia de lá viva e viveria cada dia
como se fosse o último para recompensar todos esses
anos.
Para Thor foi um pouco mais complicado, ele
passou boa parte dos quatro anos trancado sozinho com
Heliord o mantendo informado do que faria, de como e
quando faria, mostrava a ele a vida de Katherine, mas
nunca disse se havia ou não mais alguém envolvido em
tudo aquilo. Quando foi jogado com seus amigos, demorou
um pouco para ser aceito e acreditarem que ele não estava
ajudando o tio a fazer aquilo com eles, ele explicou várias
vezes o que aconteceu todo aquele tempo.
Juntos de novo! Feridos, traídos e de volta ao
mesmo Cativeiro, será que desta vez todos sairiam com
vida? Será que passariam mais alguns anos trancafiados,
revivendo a dor um do outro dia após dia?
Até quando iriam suportar tudo aquilo.
Capítulo 3
“Lá estávamos novamente.”
É tudo que Katherine conseguia pensar, não
conseguia elaborar um plano de ataque, ou uma solução,
ou uma desculpa plausível, a única coisa que se passava
em sua cabeça, era: “Ele estava por trás disso o tempo
todo. Vingança, era isso que ele queria e conseguiu, mas
porque se manteve ao meu lado por tanto tempo? Será que
o nascimento de Adam o comoveu? Será que o fato de
achar que seria pai e a chance de formar uma família de
novo, o fez parar com tudo e ficar comigo, meu Deus
porque ele continuou a torturar eles por tanto tempo?”
— Heliord! Heliooooord. — Grita bem alto, porque
chegou à conclusão, que ficar se questionando não
resolveria em nada, precisava de respostas e naquele
momento Heliord era sua única opção, momentaneamente
segura, para suas perguntas.
— O que você quer, Katherine?
— Respostas! Eu me mantive cega por tempo
demais, mas eu não quero mais ficar no escuro. Eu decidi
ser forte, eu preciso ser! E preciso de respostas.
— E quais são as suas perguntas? — Ele questiona
nem um pouco abalado com seu desespero em busca de
algo.
— Por que tudo isso? Dos sequestros, das torturas e
porque depois de três anos estamos aqui de novamente,
qual é o envolvimento do Sebastian e dos irmãos dele,
nisso tudo?
— São muitas perguntas Kath, eu não tenho
respostas para todas elas, mas sei quem tem, e se você
quiser posso pôr ele aqui, bem na sua frente e às
respostas que eu não te der, ele com certeza irá dar.
— Quero ir onde ele está! Chega de surpresas, eu
quero fazer uma surpresa para ele, mas antes quero que
você me diga tudo.
— Olha só... A doce katherine voltou empoderada, o
que houve com você?
— Eu já disse! Quero sair do escuro, eu não vou
bancar a boneca de porcelana de novo, se for para ser
uma boneca, eu serei a noiva do Chucky, e eu te garanto
que não vou fracassar, não importa o que vocês estejam
armando dessa vez, vocês não vão sair impunes.
— Eu acho que você passou tempo demais com a
Brenda e o Douglas, Katherine. Não importa quantas aulas
de luta e tiro você fez durante esse tempo, seu psicólogo,
seus amigos policiais, e nem a sua mãe coruja, vão te
ajudar aqui! Nada do que você aprendeu nesses três anos
livres, vai te salvar.
— E quem disse que eu quero salvação? Eu quero é
justiça! E nem que eu morra tentando, você e os seus
amiguinhos, irão para cadeia e vão pagar por cada tortura,
cada morte e cada mensagem que recebi de pessoas que
não me conheciam, me ameaçando por ter saído com vida
de tudo aquilo.
— Mesmo que esses meus amiguinhos incluem o
Sebastian?
— Principalmente ele! Ele viu o que passei, passou
junto comigo, ficamos meses sem poder sair sem que
fossemos ofendidos, sem que um repórter viesse nos
questionar sobre onde estavam os outros jovens, do
porquê não acharam os corpos.
— Ótimo, Katharine, eu gostei da sua nova forma de
ver a vida e da sua postura, vamos ver até quando você irá
permanecer assim! Eu irei levar você até o Sebastian e os
irmãos dele, seu primeiro teste é descobrir quais deles são
meus amiguinhos, todos? Só o Sebastian? Em quem você
pode confiar, kath?
— Aqui dentro, depois de tudo que vi e vivi, eu só
confio em mim, mas quem sabe eu não me surpreenda!
— Ok. Vamos fazer uma surpresa aos meninos.
— Você não respondeu à nenhuma pergunta que fiz.
— Vamos combinar uma coisa? Você vai, conversa
com eles e depois que tiverem se entendido, nós dois
vamos conversar e eu termino de sanar suas dúvidas.
— Ok.
Heliord abriu a porta, e mandou que Kath seguisse
até o fim do corredor. Quando
a porta se abriu, ninguém se virou, Sebastian estava
deitado em uma cama com o braço cobrindo os olhos,
Marcos, Samuel e Daniel estavam sentados no chão,
próximo a cama, eles estavam conversando, mas estava
baixo demais, estavam sussurrando, provavelmente
bolando uma forma de escapar.

— O quão ruim é ir de caçador para caça? —


Katherine questiona sem adentrar o quarto.
— Os três se viraram para encará-la, mas Sebastian
continuou na mesma posição, porém, Kath sabia que ele
estava acordado, que estava ouvindo, só não era homem o
suficiente para encará-la.
— Katherine! — Samuel se levantou sussurrando
seu nome com um falso pesar, como se estivesse se
desculpando.
— Não chega perto de mim! Eu confiei em vocês,
abri a minha casa para todos vocês e durante todo esse
tempo estavam me enganando, ou seja, eu não tinha
escapado do cativeiro, só estava presa em um lugar
diferente, mas por ironia do destino estamos todos aqui,
juntos e encarcerados. Eu achei que você fosse o meu
amigo, Samuel, de todos eles, você era o que eu mais
gostava.
— Ei! Nós somos seus amigos, nós não temos nada
a ver com isso, esse cara está tentando nos incriminar.
— Samuel, na boa, vai para o inferno! E você? Não
vai nem tentar se defender? — Katherine elevou a voz para
Sebastian, que permaneceu do mesmo jeito, não precisava
citar nomes, ele sabia que estava falando com ele. Ela
sentia o peito queimar, seus olhos estavam ardendo das
lágrimas que estava segurando com todas as forças. —
Levanta dessa cama Sebastian, e diga a verdade! — Mais
uma vez ele não se moveu, seus irmãos tinham se
levantado e estavam em silêncio perto da porta, Samuel
apenas se calou e encostou perto deles, Kath se
aproximou da cama e com firmeza diz mais uma vez: —
Levanta e me encara, levanta dessa maldita cama e admite
o que você fez comigo por todos esses anos. LEVANTA
SEBASTIAN!
Capítulo 4
A voz dela era firme e carregada de ódio. Mas
Sebastian sentia e sabia que não era só isso, também
havia dor, arrependimento, só não havia uma coisa, e isso
o fez olhá-la, encarar aqueles olhos amendoados que
seguravam a dor de ser traída mais uma vez, só que dessa
vez com maestria, as lágrimas eram visíveis, estavam Lá,
brilhando, porém, não escorriam.
“Quando ela se tornou tão forte e segura?” Pensou,
admirando-a.
— Eu sinto muito! — Foi tudo que conseguiu dizer.
— Quem é o sonso do caralho agora, Sebastian? É
só isso que você tem para me dizer? Que sente muito.
Sente pelo que, Sebastian? Pelas mentiras? Por ter me
sequestrado, torturado, matado meus amigos e TER
ACABADO COM A DROGA DA MINHA VIDA?
— Eu sinto muito por ter me apaixonado, e não sei
se percebeu, mas eles não eram seus amigos.
— Vai para o inferno, Sebastian! Todos vocês, seus
cretinos de merda! — Grita em resposta.
— Se eu não tivesse me apaixonado por você tudo
seria diferente. — Sebastian conclui arrependido.
— Claro que seria, eu estaria morta! Não é? Vocês
teriam me matado.
— Qual a parte de que estão armando pra gente
você não entendeu, Katherine? Nós não fizemos isso,
nenhum de nós! — Marcos intervém, mas Katherine se
quer se vira para olhá-lo, o foco dela estava em Sebastian.
— Eu passei parte da minha vida fingindo que era
amada e idolatrada por todos a minha volta, eu não vou
mais errar assim, eu sei que não existe esse papo de amor
eterno e no meio de nós não existe verdades, não era esse
o jogo? Mostrar que todos mentem e guardam segredos
horríveis? Mas eu não! Eu nunca fiz nem metade do que
vocês fazem, então por que porra, eu tenho que passar por
isso de novo? Por que vocês me trouxeram aqui?
O desespero dela era agoniante, mas ninguém
ousou falar nada, não podiam se arriscar e comprometer
ainda mais a suposta inocência de cada um.
— Hora de voltar para o seu dormitório, Katherine!
— A Voz de Heliord surge, cortando o discurso
desesperado dela. Katherine respira fundo e olhando
dentro dos olhos de Sebastian mais uma vez, diz: — Te
odeio, eu te odeio seu merda!
— Eu amo você! — Responde mesmo sabendo que
ela não ouviria, pois já havia cruzado a porta.
— Eu sinto muito, irmão! — Samuel, se senta ao seu
lado e põem a mão no ombro do irmão, dando um leve
aperto.
— Eu ia pedir ela em casamento, estava esperando
o momento certo.
— Deixa tudo isso acabar. Quando sairmos daqui
vocês, vão se entender.
— Não, Samuel. Você não percebeu que ela
mudou? Viu que ela não ficou tão abalada, por achar que
eu estava envolvido em tudo?
— Ela viu tudo aquilo em nossa casa, mas quando
tudo for esclarecido ela vai te perdoar.
— Eu não vou mais mentir para ela, e nem para
ninguém, eu vou confessar o meu crime, dizer que Heliord
e eu planejamos tudo e que vocês não sabiam de nada.
— Você só pode estar louco, se acha que vamos
permitir que faça isso.
— Não é você quem decide Samuel, vocês não
estão aqui porque largaram ele na mão, estão aqui porque
eu me apaixonei por ela, sabemos disso, ele quer se vingar
de todos nós, mas eu sou o único ponto solto que liga a
gente, a minha dor será a dor de vocês, ele sabe que me
atingindo ele atinge a todos. É melhor assim, você mesmo
disse que não existem provas contra vocês, mas contra
mim tem muitas, várias para falar a verdade.
— Você vai ser preso Sebastian, linchado e por
sorte morto, ou sofrerá anos em uma cadeia de alta
segurança, nem o melhor advogado do mundo irá
conseguir te tirar de lá. — Daniel fala, se aproximando da
cama acompanhado de Marcos.
— Eles não vão me matar e sobre apanhar, bom, eu
sei me virar e você sabe disso, não vou precisar de
advogado, eu irei confessar o crime e ponto.
— Não é assim que funciona, mas você tem razão
em partes. — Marcos fala se aproximando um pouco mais,
e com um sussurro completa. — Eu tenho um plano. Foi o
suficiente para os calar, confiavam uns nos outros e
quando Marcos fala que tem um plano, dificilmente dá
errado, mas não era a hora de falar sobre isso, por
enquanto.

— Eu sinto muito Sebastian, mas ela merecia a


verdade, eu disse a você desde o início.
La estava ela de novo, o assombrando.
— Vá embora, Scarllet!
— Por favor, amor. Fiz para o seu bem, eu amo
você.
— Você está morta, porra! Me deixa em paz, eu não
quero mais ver você, eu cansei da sua voz.
— Sebastian, você não me ama mais?
— Scarllet, uma vez você me disse que você só
aparecia porque eu desejava muito, com todas as minhas
forças, ver você e te ouvir, mas agora eu não quero mais.
Eu quero que você vá embora.
— Não! Eu morri, mas cuido de você, cuido porque
te amo, diga a verdade a eles Sebastian, a todos eles, não
esconda nada e nem de ninguém.
— Ela me odeia. Por sua culpa, ela me odeia. —
Acusa inconformado.
— Não foi eu quem mandou você sequestrar e
matar, Sebastian. Pelo contrário, eu pedi para você parar
enquanto dava. Ela não odeia você, ela te ama, mas quem
pode amar um psicopata?
E outra, se eu for embora, quem além de mim que já
está morta irá ficar ao seu lado quando te prenderem?
Sebastian estava em mais uma de suas alucinações
com Scarlet. Seus irmãos estavam observando com pesar
no coração, até que Marcos olhou para Samuel e depois
para Daniel, e sorriu, Daniel entendeu o que estava
acontecendo, então diz: — Marcos, você é um gênio irmão.

— Eu sei maninho, eu sei!


Capítulo 5
LADO DE FORA
— Bom dia, eu gostaria de falar com Douglas.
— Desculpa senhora, mas o Senhor Douglas deu
uma saída e não tem hora para voltar.
— E a Brenda? Ela está?
— Infelizmente não, ela viajou ontem à noite e só
volta na semana que vem, mas se a senhora quiser deixar
algum recado, eu passo para o senhor Douglas assim que
ele voltar.
— Não, tudo bem! Eu ligo para ele depois, diga
apenas que a mãe da Katherine ligou.
— Ok, pode deixar!
O ditado: “ Coração de mãe não se engana .” Nunca
esteve tão certo. Desde o dia da viagem a mãe de
Katherine sentiu um aperto no peito, o mesmo que a filha
disse sentir, e por esse motivo estava inquieta,
principalmente depois de ter ligado dez vezes para a filha e
as ligações serem direcionadas para a caixa postal, isso a
fez lembrar de todas as vezes que ligou para o celular da
filha durante o ano em que Kath estava sequestrada só
para poder ouvir a voz dela, a questão é que desde que
Katherine voltou e começou a ter confiança de sair, elas
combinaram de que as ligações seriam constante, só para
garantir que esteja tudo bem e tem sido assim desde
então.
— Vovó, conseguiu falar com a mamãe?
— Ainda não querido, mas logo, logo ela entra em
contato, você vai ver! — Diz sem realmente ter tanta
certeza.
Douglas
— Alô.
— Boa tarde, Douglas. Está lembrado de mim,
chefe?
Douglas não reconheceu de primeira, mas logo seu
cérebro lembrou da voz da pessoa que estava do outro
lado da linha
— Heliord. — Diz com desdém.
— Que bom que o tempo não apagou a minha voz
da sua mente e você ainda me conhece, liguei por dois
motivos, o primeiro foi para matar a saudade do melhor
chefe que já tive, o segundo é porque em breve você
receberá uma ligação de uma mãe desesperada e
enquanto a isso, eu me declaro culpado! Mas não surte
chefe, pois logo, logo, eu lhe entregarei os bandidos e os
mocinhos, embora não haja muitos mocinhos entre eles.
Douglas que estava chegando em sua casa com
algumas sacolas em mãos, no momento do
reconhecimento largou tudo que tinha e se encostou no
carro que havia estacionado em frente à sua casa, se ele
não fosse emocionalmente estável surtaria por completo
com aquela ameaça, mas ele estava concentrado, estava
tentando ouvir qualquer coisa que pudesse ajudá-lo a
achar o desgraçado que quase arruinou sua carreira e de
tanto se concentrar ao fundo do que era dito por Heliord,
ele não teve tempo de responder qualquer coisa, mas o
pouco que ouviu o fazia ter certeza que ajudaria, pelo
menos é mais do que ele tinha quando houve o sequestro
há três anos.
De volta ao Cativeiro
— Quais são as possibilidades de sermos linchados
por esses merdas, que estão do outro lado? — Questiona
Daniel.
— Está com medo, irmão? — Samuel zomba do
irmão.
— Estou me preparando, posso até apanhar, mas
sem dúvidas vou bater o máximo possível e com gosto.
— Ninguém vai apanhar e muito menos bater,
estamos todos no mesmo barco, eles não vão fazer nada,
talvez fiquem felizes por verem gente nova. — Samuel
analisa os fatos.

— Samuel, você sabe que o filho da puta do Heliord


quer foder com a gente, não é? Então ele vai dizer para
todos que fomos nós quem sequestramos eles. — Daniel
rebate.
— Não se sinta culpado por algo que não fizemos,
ele pode nos acusar do que quiser, mas para isso ele
precisa de provas. Não se desespere, do jeito que ele é
movido por vingança ele vai falhar e é dessa falha que
teremos nossa liberdade e ainda sairemos como heróis!
— Heróis?
— Sim, maninho. Vamos sair nas capas de jornais
como heróis que arriscaram as vidas para libertar cinco
jovens desaparecidos há quatro anos.
Estava claro que eles tinham um plano, plano esse
que a possibilidade de dar certo era parcialmente
impossível, mas o que esperar de quatro pessoas que
bolaram o sequestro de treze jovens sem deixar rastro?
Capítulo 6
Katherine estava a ponto de ter um colapso nervoso,
precisava sair logo daquele quarto, mas não sabia o que
era pior, sair e ter que encarar todos eles novamente ou
ficar aqui remoendo o que poderia fazer para se livrar de
toda essa merda.
Ela contou os passos, cada passo que deu e que
encontrou Sebastian, o primeiro encontro foi em sua
viagem, ele já estava com o plano montado, só foi para
poder estuda - lá mais um pouco e foi embora justo quando
Gustavo chegou, ou seja, ele sabia de tudo. No dia que
quase caiu em uma das armadilhas, foi ele quem a salvou,
porque já sabia que ela morreria.
“Porque você fez isso, Sebastian?” — Se questiona.
— Está pronta para reencontrar seus velhos amigos,
Katherine? — Heliord questiona.
— Estava pensando sobre isso agora, não sei o que
é pior, ir ou ficar.
— Eu diria que ficar é melhor, odiaria voltar a ver a
cara de todas as pessoas que me fizeram mal de alguma
forma, mas você não tem essa opção, e além disso, você
também tem amigos lá, certo?
— Será mesmo que tenho? Depois de tantos anos
longe e livre, eles devem me odiar por ainda estarem aqui.
— Talvez alguns, mas nem todos, aliás, amigos são
aqueles que torcem para a nossa felicidade, mesmo que
eles não estejam tão felizes assim.
— Fala isso para eles!
Heliord dá mais uma gargalhada e diz: — Ok, chega
de papo, levanta que está na hora dos anfitriões receberem
os convidados.
Kath respira fundo e levanta, quando a porta se
abre, demora uns segundos para se mexer, ao sair vê que
Sebastian e seus irmão também saíram, mas eles não
foram em sua direção e ela não foi na deles, todos
seguiram em frente, em um determinado momento se
cruzaram, sem nenhuma palavra desceram as escadas, a
primeira a vê-los foi Eduarda, que automaticamente elevou
as mãos aos lábios e começou a chorar balançando a
cabeça em negação, logo em seguida todos estavam os
encarando, ninguém se moveu, Kath ouvia as respirações
atrás dela e era só, ninguém ousou se mover ou falar por
longos minutos.
— Como eles pegaram você de novo? — Samanta
questiona com a voz rouca. — Ou melhor, por quê?
Kath não responde, continua no mesmo lugar, olha
em todos os rostos e, por fim Samuel passa quebrando a
paralisia momentânea, seguido por seus irmãos, ao passar
por ela Sebastian toca suas costas para a incentivar a
descer junto com eles. Mas, ao contrário do que sentia
quando era tocada por ele, agora tudo o que conseguia
sentir era nojo.
— Por favor, não toque em mim. — Fala baixo e ele
a solta rapidamente, e continua descendo.
Mais uma vez, os olhos de Kath vai para cada rosto
e, por fim, admite: — Eu não sei o que dizer.
— Você não precisa falar Kath, nós vimos o quanto
sua vida estava boa longe daqui, tão boa que nem se
lembrou de nos procurar. — Eduarda acusa em meio ao
choro.
— Como assim vida boa? Eu sofri todos esses anos,
eu passei por momentos horríveis e várias sessões de
terapia. Como você tem coragem de dizer que eu estava
tendo uma vida boa, eu nunca me esqueci de vocês, a
polícia nunca deixou de ir atrás de pistas que poderiam
levar até onde vocês, supostamente, estariam enterrados,
nós achamos que vocês estavam mortos.
— Acredite Kath, era melhor ter morrido, mesmo. —
Katherine olha para Luciano, e só então vê seu estado. - O
que aconteceu com sua perna?
— Eu caí em uma armadilha de urso tentando fugir,
até que me achassem, já tinha perdido o pé e depois a
perna começou a gangrenar, foi isso que me aconteceu. —
Responde sem emoção.
— Eu sinto muito, Luciano.
— É, eu também sinto! — Ele diz abaixando a
cabeça.
— Eu não sei como, mas nós vamos sair daqui,
dessa vez todos nós vamos sair juntos. — Diz tentando
passar esperança para eles.
— Como, Katherine? Você não acha que já
tentamos de tudo? Olha para nós, estamos esfolados de
tantas fugas que já tentamos, olha para o Luciano, aquela
foi nossa última tentativa, onde ele perdeu a perna, ali
também perdemos nossa esperança.

— Eu me recuso a ficar aqui por mais um ano. Eu


não aceito isso!
— Um ano! Para e presta atenção no que você está
dizendo, analisa os fatos, você só aguentou um ano, nós
estamos aqui à quatro. Nós vimos você, vimos sua rotina,
com seu filho, com sua mãe, com o Sebastian. O casal do
ano, os únicos sobreviventes do maior sequestro já visto na
vida real. Nós não tivemos terapias, nem aulas de auto -
defesa e muito menos tivemos a oportunidade de sermos
abraçados por um parente. Nós nos abraçamos e tivemos
que nos abraçar mesmo com toda essa merda, mesmo
com todas as nossas diferenças. Sabe por que eles
trouxeram você de volta? Para nos separar, estamos
unidos demais e você é a nossa discórdia. — Samanta fala
com desdém.
Capítulo 7
“Parecia uma visão”
Gustavo pensou estar em uma fantasia que sua
mente estava projetando para o atormentar mais um
pouco, quando olhou para Eduarda e viu como ela estava,
imaginou que estivesse em uma crise de pânico, mais uma
das muitas que ela tinha por dia, mas quando seguiu seu
olhar teve quase a mesma reação, Katherine estava ainda
mais linda, com um bronzeado forte, totalmente iluminada.
Quando pensou em se mover, ouviu a voz rouca de
Samanta a questionando: — Como eles pegaram você de
novo?
Ela, porém, se manteve calada, parecia absorver a
situação, olhava cada rosto com um pesar indescritível. Um
dos irmãos de Sebastian passou por ela, e logo em
seguida, ele passou dando um leve toque em suas costas e
falando algo em seu ouvido, o semblante dela mudou, pude
ver seus lábios se movendo para dar uma resposta e ele a
soltou imediatamente seguindo os passos dos irmãos.
Depois de mais alguns segundos nos analisando ela
finalmente diz: — Eu não sei o que falar.
Depois de todas as acusações e as poucas
explicações dadas por ela, Thor corta a discussão e
pergunta:
— Quem trouxe vocês? — Desde que foi trazido por
Heliord, tem se limitado a falar apenas bom dia, boa tarde e
boa noite, fala sua primeira frase em semanas. Quando o
colocaram no cativeiro, Gustavo desconfiou dele, achou
que estava junto com os sequestradores, mas com o passar
do tempo ficou óbvio que ele era mais uma vítima, talvez
ele seja a única vítima desde o início, já que nunca teve
envolvimento com nada, ele estava no lugar errado e na
hora errada e pelo que vimos, foi criado pela pessoa errada
que por sorte não o corrompeu.
— Nós fomos pegos dentro da minha casa de praia.
— Sebastian responde.
— Achei que pessoas com o seu padrão de vida
vivia cercada de seguranças, ainda mais você que já foi
sequestrado uma vez, é curioso que não tenham redobrado
a atenção e contratado mais seguranças. — Gustavo se
envolve na conversa levantando uma clara acusação.
— Está querendo insinuar alguma coisa, Gustavo?
— Talvez. Sabe, desde que você foi sequestrado há
quatro anos eu fiquei em dúvida de quem realmente te
sequestrou, do porquê você nunca esteve realmente
apavorado como todos nós. Ficou nervoso em muitos
momentos, descontrolado em outros, mas nunca esteve
realmente apavorado ou temendo pela própria vida.
— Acho melhor você parar por aí. — Sebastian o
alerta.
— Se não o que? Vai fazer um motim com seus
irmãos e me agredir?
— Eu não preciso dos meus irmãos para arrebentar
a sua cara, seu babaca de merda. — Sebastian avança na
direção de Gustavo, porém antes que o alcançasse e o
mesmo pudesse reagir, Samuel o segura.
— Não perca a cabeça agora, ele só quer te
provocar e nós temos coisas mais importantes para pensar,
temos que arrumar um jeito de sair daqui e logo.
— Isso, segura o seu mascote Samuel, porque
vamos ter um bom tempo juntos e manter a paz é
essencial.
— Irei te dar um único aviso, Gustavo. — Samuel
olha dentro de seus olhos e
completa. — Você pode bancar o cão de caça com
qualquer pessoa aqui, mas não vem querer bancar o cão
raivoso comigo, porque ao contrário de você, eu mordo
muito mais do que ladro.
— Está me ameaçando?
— Estou te alertando, mas não se acostume com
alertas, eu não costumo dar.
— Já chega! — Katherine intervém. — Não vamos
cometer os mesmos erros que cometemos a quatro anos
atrás, vocês estão tempo demais aqui para saber que se
voltar um contra o outro não resolve nada e você, Samuel,
tente conter o seu irmão também.
Não foi falado mais nada, Katherine olhou nos olhos
de Gustavo e o mesmo se arrepiou com a intensidade do
olhar.
Ela se aproxima um pouco mais dele e diz:
— Precisamos conversar!
A frieza em sua voz era tão natural que não a
reconheceu, essa não era a mesma Kath que conhecia
alguns anos atrás.
Capítulo 8
Gustavo conduz Katherine para o quarto sentindo
seus olhos o fulminarem, a tensão entre eles é tão grande
que parecem dois estranhos. Ele abre a porta e a deixa
passar, encosta no batente e espera que ela comece a
conversa.
— Você não tem nada para me dizer depois de
tantos anos? Você não se sente culpado pelo que fez?
"Lá vamos nós". Pensa Gustavo antes de iniciar o
diálogo que ensaiou várias vezes.
— Seu pai agiu por impulso, Kath. Não tive culpa, foi
um erro dele! Não que eu também não tenha errado, mas
eu era muito novo, meu primeiro serviço. Meu trabalho era
informar com detalhes o que estava acontecendo sem
prejudicar nenhum dos dois lados, me sinto culpado pela
morte da esposa do Sebastian, mas não pela morte do seu
pai. Me desculpe!
— Meu pai morreu porque que era ambicioso, eu
demorei uns anos para aceitar isso, aceitar que ele levou
uma menina grávida direto para a morte. Agora, o que me
dói, é pensar que você se envolveu comigo por anos
sabendo de tudo! Isso eu não aceito! Não dá para
entender, Gustavo. Chega a ser doentio.
— Eu me apaixonei por você, no início me sentia
culpado e na obrigação de ficar ao seu lado, mas depois de
perceber que não foi culpa minha, eu fiquei por amor.
— Você me traiu, a Samanta era como uma irmã
para mim, então não me venha com essa de que foi por
amor, quem ama não trai.
— Eu não tenho desculpas para isso, eu traí e
ponto, mas também te amei.
— Eu que te amei, Gustavo... Tanto.
Ao ver as lágrimas escorrerem no rosto de
Katherine, Gustavo sente a raiva o preencher.
— Não chora, não vale a pena! Eu passei quatro
anos trancado aqui, pensando em como seria se um dia
visse você novamente. Quando te vi descendo as escadas,
primeiro pensei que fosse uma alucinação, tive tantas
durante esses anos, mas quando você falou percebi que
era real e tudo que programei dizer sumiu. E agora,
só consigo pensar em conhecer o nosso filho, em
como você se tornou uma mãe magnifica.
— Tive bastante tempo para te odiar, mil razões para
isso, mas eu definitivamente não te odeio mais! Mas,
Gustavo, eu não quero você como pai do meu filho, então
quando sairmos daqui, e nós vamos sair, você não irá
conhecê-lo.
— Que história é essa? Desde quando isso é uma
questão de querer? Ele é meu, Kath! Nosso filho!
— Você não sabe se é! E eu não quero que seja!
— E quem você quer que seja o pai? O Sebastian?
O cara que enfiou a gente dentro de um buraco e nos
torturou por anos? Porque você sabe que ele está
envolvido, não sabe? É isso que você quer para o seu
filho?
Gustavo começa a ficar cada vez mais irritado.
— Se pudesse escolher, nenhum dos dois seria o
pai do Adam, mas não posso, então eu prefiro ficar sem
saber e não dar a ele um pai mentiroso, assassino ou
psicopata.
— Você percebe que na sua lista não há diferença
entre nós dois? Então me diga, o erro está em nós ou em
você? — Questiona, indignado e querendo que ela
enxergue o quão hipócrita está sendo.
— Em mim! E não sei como explicar a ele que os
dois caras com quem me envolvi são completamente
loucos, e que nenhum deles é capaz de dar um futuro bom
ou uma referência descente.
— Isso depende do ponto de vista, se ele quiser ser
um agente, um espião ou um psicopata, ele terá ótimas
referências.
— Isso não é uma piada, Gustavo. É do meu filho
que estamos falando.
— Nosso, filho! — Repete.
— Meu! Eu não fiz exame de paternidade e nem
pretendo fazer, então, ele é apenas meu filho!
— É? E quando ele te perguntar quem é o pai dele
ou como ele foi gerado, você irá falar, o quê? Que a
cegonha o deixou na sua porta ou que você fez ele com o
dedo? Eu achei que você tinha mudado, mas continua
imatura. Quando nós sairmos daqui, irei atrás do meu filho,
Katherine, e não me importa o que você vai fazer a
respeito, eu irei até o fim. Perdi tempo demais aqui dentro
enquanto via você lá fora criando meu filho com um
lunático.

— E se ele não for seu? E se for do lunático?


— Você não fez o exame porque sabe que sou o
pai, mas não quer admitir.
— Eu não fiz o exame porque ainda não decidi
quem é pior! Você não vê o mal que podem causar a ele?
— Você não estava pensando nesse mal enquanto
trepava com o Sebastian durante todos esses anos! Vai
pensar agora, por quê?
— Eu não sabia o que ele tinha feito!
— Sabia, sim! Só que você fez o que sempre faz!
Fechou os olhos, porque era mais fácil e menos doloroso.
— Não, eu não sabia! Se eu imaginasse que vocês
estavam vivos, eu jamais teria deixado de procurar, a
polícia jamais teria diminuído as buscas!
— A polícia estava ocupada demais com outros
casos e com os únicos sobreviventes.
— Gustavo, o fato de você ter ficado preso não
apaga quem você é, o que você fez comigo e com todas as
outras pessoas.
— Eu sei que não, mas com tudo o que aconteceu
eu mudei, e você, Kath? Mudou ou se mascarou? Eu ficava
te olhando, admirando a pessoa linda e forte que
aparentemente você havia se transformado, mas eu não
precisei nem de meia hora com você para saber que não
houve tantas mudanças assim!
— Você está enganado e eu vou provar isso para
você!
Katherine viveu maus momentos todos esses anos,
demorou a se recuperar e ainda assim, não o fez por
completo, ela tinha em seu coração que tudo serviu para
deixá-la mais forte, mas ao conversar com Gustavo, temeu
que realmente não tivesse amadurecido o suficiente para
passar por tudo isso novamente.
Capítulo 9
Lado de fora.

Passaram-se dois dias, Brenda e Douglas estavam


a flor da pele, relembrando o sentimento de impotência e
desespero que viveram à quatro anos atrás, mas desta
vez, Douglas havia se prevenido, quando Katherine ligou
durante uma madrugada dizendo ter a certeza que viu
alguém a vigiando, na manhã seguinte se reuniram, Brenda
tinha tido a mesma sensação e decidiram não ignorar, todo
sentimento, todo instinto, não foi rejeitado, pois naquela
situação todo cuidado era pouco, o básico se transformava
em alerta, daí a brilhante ideia surgiu…
— Como assim você ainda não acionou? Minha filha
pode estar morta uma hora dessas. Você prometeu
protegê-la. — O desespero, e o medo se fez presente na
voz da D. Helena, era indescritível, a sensação de que
agora nunca mais iria ver Kath com vida, sua única filha, a
única lembrança vida de seu marido, morto brutalmente
pelo mesmo assassino.
— A senhora não entendeu? Não sou eu quem
acionou, a Katherine precisa ligar, só assim consigo sinal.
— Douglas nunca foi uma pessoa dotada de paciência,
mas estava se controlando ao máximo para não gritar com
a mãe de Katherine, três dias sem notícias, três dias que
ele tinha medo que se tornassem meses, ou quem sabe
anos, ou desta vez quem sabe não seria para sempre.
— E se ela não conseguir acionar? Isso é um
trabalho muito porco, coisa de gente burra, o rastreador
deveria ser ativado por vocês, porque se ela for
imobilizada, como vai fazer para ligar o aparelho? — Um
raciocínio lógico, e muito bem pensado, Elena sempre foi
dócil, mas o medo e o álcool são duas coisas que traz à
tona a verdadeira personalidade de uma pessoa, e lá
estava D. Elena, uma leoa tentando defender sua cria.

— Foi uma escolha da sua filha, ela deixou claro que


se algo acontecesse ela iria querer entrar em contato,
então não adianta a senhora gritar, xingar ou fazer
qualquer coisa, estou tão nervoso quanto a senhora,
esperar nunca foi meu forte, principalmente nesta situação.
Compreendo que esteja nervosa e com medo, mas não
vou mais admitir que a senhora venha aqui ofender meus
agentes e muito menos a mim, estamos nos esforçando,
passamos anos treinando sua filha para todas as ocasiões,
então não diga que não estamos fazendo nada, porque eu
mobilizei todo o prédio só para cuidar da Katherine.
— Eu sou mãe, Douglas, e é da minha filha que
estamos falando. — D. Elena não segurou mais o choro
que até então estava preso a dias, a dor em seu peito era
terrível e a impedia de respirar, porém, com dificuldade
continua. — Ela não se recuperou ainda e já foi
sequestrada de novo, ela pode estar morta agora, e você
está aqui, sentado esperando ela ligar uma droga de
rastreador que a essa altura pode nem estar mais nela.
— Com todo respeito, eu sou pai, tenho três filhos,
vejo casos de mortes, sequestros e maus tratos todos os
dias, então eu sei exatamente o que a senhora está
passando, como disse, estou de mãos atadas até que a
Katherine resolva que está na hora, sabendo como Heliord
trabalha, tenho convicção de que sua filha está viva, e na
hora que ela estiver certa do que fazer ligará o rastreador,
mas enquanto isso não acontece, a senhora e Adam
ficarão em um abrigo, não podemos correr o risco dele vir
atrás do Adam, também.
As lágrimas que desciam pelo rosto da D. Elena, fez
com que Douglas se sentisse ainda pior, o arrependimento
de ter dado uma escolha a Katherine, fez ele se odiar a
cada minuto sem a resposta dela.
— Prometa que mesmo que se passe anos, você
não desistirá de procurá-la. Que nada vai te impedir de
trazer a minha filha para mim e meu neto de novo.
Douglas se levanta e caminha até estar de frente
para a mãe de Kath, seu corpo cobria o dela facilmente,
tendo ele um metro e noventa de altura e a mulher apenas
um metro e cinquenta e seis de altura. Sem que Elena
espere, Douglas passa seus braços musculosos em volta
dela e a abraça, um abraço não de conforto, mas de
solidariedade, um abraço que transmitia confiança. Eles
firmaram uma aliança durante os cuidados de Katherine, e
nesse abraço Douglas queria mostrar que isso
não tinha se quebrado, que ele não descansaria até
trazer Kath de volta com vida para casa.
Após um tempo abraçados, Douglas se despede de
Elena e pede que alguns agentes levem Adam e ela ao
abrigo. Depois de um longo tempo remoendo a conversa,
Douglas ainda está pensativo, tentando se convencer de
que tudo daria certo, fica tão absorto em seus
pensamentos que nem sequer percebe quando Brenda
chega.
— Não fica assim, amor. Nós vamos achar ela! —
Brenda apesar de estar extremamente nervosa com a
situação, tenta acalmar o marido. Assim que conseguiram
estabilizar o relacionamento, jurou a si mesma que
mudaria, lutou com unhas e dentes para reconstruir o
casamento desgastado e assim que atingiu o objetivo,
também conseguiram construir um bom relacionamento
profissional, cada um com uma equipe diferente para
governar, mas quando necessário, uniam forças. Brenda
sempre foi muito tática, centrada e certeira. Douglas
sempre foi ação e ataque, estratégia de combate era com
ele, a união dos dois cérebros e força, era perfeito.
— Sabe o que é pior, Brenda? Ela tem razão! E se a
Kath foi imobilizada, ou até mesmo morta? Eu não deveria
ter dado escolhas, deveria ter colocado o que eu achava
melhor, porque se ela bancar a durona e reagir, ele vai
matá-la sem pestanejar.
— Ele não seria louco, Douglas. Você ainda não
entendeu? Ele quer provar que não estava sozinho! A
revolta dele, é porque foi acusado de tudo, não achamos
os cúmplices que sabemos que ele tinha.
— Se sua teoria estiver certa, por que ele
simplesmente não nos deu nomes?
— Porque ele é um lunático muito inteligente,
pensou muito bem e chegou à conclusão mais lógica de
todas: Seria a palavra dele contra seja lá quem estiver
envolvido, sem nenhuma prova, nenhum vestígio, quem
acreditaria? Como ele provaria? Ele não quer mais
vingança, Douglas, ele quer uma confissão!
— Você acha que ela está bem, que ele não vai
torturar e matar como fez com os outros? — Douglas
tentava, mas era impossível não ver em Kath um de seus
filhos, ele tinha pesadelos quase todos os dias de que um
dos caras que ele prendeu ou matou voltava só para se
vingar matando toda sua família. Antes se consultava com
o psicólogo do batalhão, mas já fazia tempo que não
ia as consultas e os pesadelos só pioravam.
— Eu tenho certeza, amor. O Heliord é esperto, não
vai matar a Katherine, de todas as pesquisas que fizemos e
de todas as conclusões, nunca chegamos na que a Kath
era o alvo, ela estava mais para uma espécie de isca. O pai
dela morreu, a lógica de vingança seria machucando ela,
mas só seria real se ele estivesse vivo para ver a filha
pagar pelos erros que cometeu.
— Você tem razão! Meu desespero não está me
deixando pensar direito, mas você está coberta de razão.
— Você está casado comigo a tanto tempo, e ainda
não aprendeu que eu sempre estou certa?
Douglas levanta de sua mesa e caminha
vagarosamente até sua magnífica esposa, ao abraçá-la
senti seu arrepio. Não só o dela, mas seu próprio corpo o
condena, ela estava viajando e desde que voltou a três
dias, quando recebeu a notícia do sequestro de Katherine,
eles não tiveram nenhum contato íntimo, foram três dias e
quase vinte e quatro horas no batalhão, sem pausa.
— Eu estou com umas ideias para essa noite, que
tal ligar para sua mãe e ver se ela fica com as crianças
hoje à noite, estou precisando muito relaxar com você.
— Eu também tenho uma ideia. — Brenda envolve
Douglas com suas pernas e aperta seu corpo, os
aproximando um pouco mais. — Que tal ligar para ela ir
fica com as crianças lá em casa e nós dois vamos
procurar um lugar quente, e bem diferente para tirar todo
esse estresse? Estou começando a me sentir
negligenciada, faz dias que nem tocamos direito um no
outro.
— Eu fico bem distante quando estou
sobrecarregado, eu sei, mas se ela topar vou te levar em
um lugar novo onde tenho certeza que você irá amar. Bem
no estilo que você curtia na época de recrutamento.
— Não brinca comigo, Douglas. — Brenda morde o
ombro de Douglas, sentindo sua ereção, tão perto da sua
intimidade, e fica ainda mais excitada ao ouvir o gemido
dele, rouco em ouvido.
— Não estou brincando, amor. Vamos aproveitar
essa noite como nos velhos tempos.
Brenda desce uma de suas mãos para acariciar o
membro duro que roça nela e completa: — Estou vendo
que já está até no clima.

— Posso comprovar agora mesmo, que você


também está!
Douglas puxa Brenda para um beijo duro e
carregado de desejo, no momento que sua mão conseguiu
abrir a braguilha de sua calça jeans, às batidas na porta faz
o casal retrocederem em suas caricias e da melhor forma
possível, Douglas ajuda sua mulher a se recompor,
fazendo o mesmo em seguida.
Capítulo 10
Katherine está na cozinha observando o nada,
quando a presença de Sebastian a deixa em alerta.
— Eu não quero falar com você. Me deixe em paz,
Sebastian.
— Uma hora vamos ter que conversar!
— Eu fui conversar com você, lembra? E a única
coisa que covardemente você soube falar foi: “Eu sinto
muito, Kath.”. Pois, sinta! E acredite, eu farei você sentir
muito mais! — A raiva de Katherine era quase palpável,
Sebastian sentia isso, e seu coração sangrava com a
distância.
— Se você colocar eles contra mim será um pouco
mais difícil da gente sair daqui, não estou pedindo para que
me inocente, estou pedindo para que pense bem antes de
me expor e ferrar tudo mais do que já está, seja inteligente,
unidos somos mais fortes e teremos mais chances de sair
daqui com vida.

— Mas você é bem cara de pau, não é? Eu não vou


colocar ninguém contra você! Todo mundo aqui sabe, ou
desconfia que você de inocente não tem nada. E sabendo
de tudo que sabe, obviamente, nossa chance de sair é bem
maior, mas sabe o que estou me questionando? Por que
não pegou o rastreador que o Douglas, te deu?
— Eu não achei que precisaria daquilo, era
desnecessário.
— Era desnecessário? Você não imaginou que ele
viria atrás de nós de novo, de você principalmente? Olha
onde nós estamos graças a sua mente doentia.
— Não achei que ele teria coragem ou condições de
fazer um novo sequestro, não com tantas pessoas atrás
dele. Quero sair daqui, tanto quanto você, quero me livrar
de tudo isso até mais do que vocês. Queria que você visse,
ou tentasse entender o quanto eu mudei por você, o quanto
o amor que sinto fez com que me arriscasse só para ficar
ao seu lado. Mas, eu não podia te contar nada, porque
sabia que não me perdoaria, mas eu te amo, te amo tanto
que não podia correr o risco de perder você.
— Claro, porque se você me contasse, se um dia eu
tivesse desconfiado de tudo isso, você e seus irmãos
estariam presos, mofando na cadeia. Eu te amei,
Sebastian. Tanto que chega a doer, me feri demais por
esse amor, não só feridas emocionais, mas físicas também.
Muitas dessas dores guardei dentro de mim. As feridas do
meu corpo sararam, mas a da minha alma ardem, e elas
doem tanto que tudo que mais quero fazer agora é gritar,
gritar o mais alto, até que a bola em meu peito amenize.
— Eu admito minha culpa, admito que Heliord e eu
planejamos cada detalhe, mas meus irmãos são tão
vítimas quanto vocês, eles não sabiam de nada! E lamento
e sei o quanto está doendo, eu vivo soterrado na dor desde
que arrancaram a minha mulher e minha filha de mim, eu
nem sei como seria o rosto dele, se iria se parecer comigo
ou teria o rostinho angelical da mãe, mas quando eu vi o
rostinho do Adam, fiquei me perguntando se Deus estava
me dando uma nova chance, mas você não quis fazer o
teste de DNA, então eu soube, ele não é meu, eu não
mereço uma segunda chance.
— Tem toda razão, você não merece uma segunda
chance, eu não mereço que minha segunda chance seja
com você, e o Adam não merece isso também, ele é tão
doce, ama você, mas é uma criança e eu vou dar todo meu
amor até que ele te esqueça por completo. Eu não acredito
em você, vi as provas, sei que seus irmãos estavam
envolvidos e nada nessa vida vai me comover ao ponto de
não os denunciar.
— Eu sou inteligente demais, Katherine, Heliord é
movido pela dor e ódio, foi fácil manipular ele, foi fácil
parecer uma vítima diante de todos, a única coisa que não
foi fácil foi admitir que amava você! Eu me apaixonei
perdidamente e por isso escolhi me juntar a vocês, desisti
de me vingar, desisti de lutar contra e desci para que ele
não te matasse.
— Cala a boca! CALA A DROGA DESSA BOCA,
SEU IMBECIL DE MERDA.
— Para de gritar! Estou apenas dizendo a verdade!
Não era isso que você queria? A verdade? Então, vou te
contar a verdade desde o início.
— Já disse que de você não quero mais nada, me
deixa em paz, Sebastian.
— Minha esposa, Scarlet, era apaixonada por uma
menininha na internet, assistia o canal dela todos os dias
no youtube, gostava de ouvir as histórias, ela sempre dizia
a mesma coisa: Amor, essa menina vai se tornar uma
mulher incrível, olha como ela trata cada assunto com
tranquilidade. Todos os dias, ela parava qualquer coisa que
estivesse fazendo para ver o novo vídeo, fazia questão que
eu estivesse as vezes, mas eu achava tudo aquilo tão
idiota que nunca parei para ver com ela. Sabe, ficar vendo
uma menina mimada falando coisas completamente
desnecessárias. Mas um dia a menininha disse que
abordaria um tema que chamou a minha atenção e naquele
dia eu decidi assistir com ela, imaginando como uma
criança abordaria um assunto tão sério, antes do vídeo
começar Scarllet já estava chorando, ela vivia aquilo todos
os dias desde sua infância, e por isso eu estava lá, ao lado
dela. Aquele dia foi a primeira vez que vi você na minha
vida, tão meiga, linda e preocupada com os outros, você
falou sobre a mãe da sua melhor amiga e como tinha pena
dela, as crises, as tentativas de suicídio, das vezes em que
ela se cortava, aquilo prendeu nossa atenção, porque por
mais que eu a amasse, Scarlet tinha crises de depressão,
em uma briga ou um dia em que ela acordava de mal
humor, sempre havia um corte diferente em seu corpo,
geralmente entre as pernas próximo a virilha, um lugar que
ninguém veria, cortes cada vez mais profundo, mais
doloroso. Ela dizia que a dor física aliviava a dor da alma,
os cortes a faziam esquecer o quão doloroso era viver, era
olhar para alguém e em vez de amor, via pena, mas aquilo
não era verdade...

— Porque você a amava. — Katherine conclui com a


voz embargada. A dor daquele homem que amava, estava
doendo nela, ele perdeu tudo, até mesmo a chance de
recomeçar, porque mesmo que sua história seja cruel, o
que ele fez não tem perdão.
— Mais do que a mim mesmo. Ela era a minha vida
e eu a vi morrer diante dos meus olhos, não pude deixar de
pensar que ela morreu da mesma forma que se matava,
aos poucos, todos os dias se cortando. Se eu tivesse sido
mais rápido, se talvez não tivesse envolvido a polícia e
tivesse feito tudo como me foi mandado ela estaria viva,
meu filho estaria vivo e eu não teria me apaixonado por
você! Nós não estaríamos aqui, afundados em dor, ódio e
vingança. Eu faria qualquer coisa para voltar no tempo e
concertar tudo isso.
— A Scarllet deve ter sido uma pessoa incrível, eu
sinto muito que tenha morrido desta forma, sinto muito que
tudo isso tenha acontecido com a gente, mas nada disso
irá fazer você se livrar da cadeia, Sebastian, é doloroso,
mas você matou pessoas, torturou… Sua dor é muito
grande e por mais que eu te odeie eu lamento que tenha
sofrido tanto, me emociono com sua história, mas como eu
posso amar alguém que me fez passar os piores anos da
minha vida? Como posso deixar meu filho conviver com
você? Eu te odeio por muitos motivos, mas te odeio ainda
mais por te amar, por você ter permitido que eu me
apaixonasse mesmo sabendo o mal que me causaria.
— Eu só quero que você me prometa que se um dia
você fizer o teste de paternidade do Adam e ele for meu
filho você irá me contar, deixará ele saber que sou o pai
dele e onde quer que eu esteja ele poderá me visitar pelo
menos uma vez, uma única vez, Kath.
— Eu não posso prometer isso, o Adam não merece
ter o Gustavo, e nem você como pai, vou privá-lo disso, ele
nunca vai saber quem é o pai dele, aliás nenhum de nós
irá!
— Você percebe o quão idiota essa decisão é? Nós
merecemos saber, o Adam merece saber!
— Não vai! Ele merece ser feliz, livre! Livre de tudo
isso, do pai psicopata, esquizofrênico, ou do pai mal
caráter e ambicioso que também é assassino. Você teve a
chance de ver o Adam dar os primeiros passos, ouviu ele
dizer as primeiras palavras, tome isso como um presente!
Ele ama você, sei que você também o ama, mas eu sou
mãe, vou protegê-lo de toda essa merda, nem que seja a
última coisa que faça na vida!
— Não importa o quão ruim seja tudo isso, você está
cometendo um erro ao nos privar de saber quem é o pai.
Não entende que vou carregar mais essa dor o resto da
vida?
— Para de ser hipócrita, Sebastian. Você privou
todas essas pessoas por quatro anos, me torturou,
manipulou e ainda tem a cara de pau de se fazer de vítima.
— Eu tentei consertar as coisas, tentei por tudo no
lugar, mas não deu. É tão difícil assim para você entender
o que sinto? Como me sinto? A dor é indescritível, Kath,
tem um buraco negro me puxando para o fundo, esse
buraco não tem ninguém, mas eu posso ouvi-la e...
— Chega, você já contou sua história, já falou o que
tinha para falar, eu quero ficar sozinha, preciso tomar uma
decisão, preciso conversar com aquelas pessoas que um
dia foram minhas amigas e acham que eu estava feliz e
conformada com a suposta morte deles. Não quero mais te
ouvir, e se você me ama de verdade, vai aceitar isso.
Sebastian se afasta de Katherine, sentindo um peso
absurdo, ele sabia que ela tinha um rastreador também,
sabia que ela poderia acabar com isso tudo mais rápido do
que começou, mas não entendia o porquê ela ainda não ter
feito isso. O que Katherine estava esperado? Uma
confissão de seus irmãos? Um momento de redenção com
os amigos? Ou ela simplesmente estava com medo do que
aconteceria depois que todos fossem libertos? Para
Sebastian contar como a viu pela primeira vez foi tão
doloroso como no dia em que soube que suas vidas
estavam ligadas pelo homem responsável pela morte de
sua mulher. A diferença de idade entre eles era de sete
anos, Kath tinha apenas dez anos quando Sebastian
assistiu seu vídeo falando sobre depressão, sobre o porquê
uma pessoa se alto mutilava, ali ele teve a mesma
impressão que Scarllet. “Aquela menina seria uma grande
mulher.”
Capítulo 11
“Dizem que todas as formas de amor são válidas,
mas não a minha, o meu amor não é válido, é tóxico, mal e
impróprio...”
Sebastian estava absorto em seus pensamentos há
horas, já discutiu, já gritou, já surtou, mas a única coisa que
deveria fazer, ele não fez, dormir. O sono estava
consumindo seu vigor, mas ele não dava o braço a torcer,
porque toda vez que fecha os olhos ele sonha com
Katherine, seus bons momentos juntos, mas de olhos
abertos, em certos momentos ele via Scarllet, sempre com
o mesmo recado, a mesma ameaça, estava
enlouquecendo de vez, mas preferia ver quem estava
morto, do que quem estava vivo, mas a ignorava por
completo.
— Você vai surtar, Sebastian. Precisa dormir!
— Estou bem, Samuel.
— Não, você não está! Se não dormir por bem, irei
pedir que Marcos faça um calmante para que apague.
— Por favor, será que dá para respeitar a minha
decisão pelo menos uma vez? Eu não quero dormir, não
quero ver ninguém, eu não sou obrigado a ficar olhando
aquele babaca com cara de vitorioso porque ela não está
mais comigo.
Para Sebastian, ver Gustavo tão próximo de
Katherine era o mais doloroso, vê-la tratar as coisas como
se não houvesse passado quatro anos, como se ele não
fosse o grande responsável por tudo. Sebastian tinha
certeza que surtaria mais rápido se ficasse olhando a cara
de vitória de Gustavo, mesmo que o próprio não esteja se
vangloriando de nada.
— Eu respeito suas decisões, você lembra quando
decidiu se tornar um prisioneiro? Fui o único que te apoiei,
quando decidiu casar com a Scarllet, ou quando ela morreu
e você decidiu que iria até o fim em busca de justiça... EU
estive ao seu lado em todos os momentos, mas desta vez
não te darei escolhas, você dormirá, e depois irá descer e
encarar essa merda toda como um homem!
Samuel sempre foi um cara calmo, centrado e
calculista. Não dava um passo que não seja pensado dez
mil vezes antes de fazer, calcula cada possibilidade de erro
ou acerto, ver o irmão naquele estado estava começando a
desestabilizá-lo e sabia que era exatamente isso que
Heliord queria, tirá-los do foco e conseguir a confissão de
todos. Sebastian por outro lado, embora sua inteligência
fosse admirável, não consegui manter o controle de nada,
nem mesmo de sua sanidade mental. O que colocava em
risco a segurança de todos, o plano de Marcos só daria
certo com Sebastian em crise, porém de alguma maneira
lúcido a ponto de fazer o que lhe mandarem, mas com ele
dividido entre o amor, a fantasia, a realidade, o ciúme e o
ódio era, difícil.
— Tudo bem! Eu vou dormir, só por favor, me deixa
sozinho.
— Eu deixo, assim que você fechar os olhos e pegar
no sono, e não me faça pegar você no colo e te ninar, você
já está grandinho para isso.
Sebastian ia responder com sarcasmo ao irmão,
quando a voz de Heliord o interrompe, fazendo com que
sua raiva aumente mais um nível.
— Deixe seu cochilo para mais tarde, Sebastian,
pois eu tenho uma surpresinha para você lá na sala, então
desça e junte-se aos seus velhos amigos de cárcere.
Samuel, para por alguns estante controlando a
respiração, o medo de simplesmente ver o plano indo por
água abaixo cresce, esse era o momento da tortura
psicológica e com o estado de Sebastian, Samuel sabia
que perderia a batalha, ele tinha certeza que Heliord iria
expor que Sebastian é seu cúmplice, mesmo que já haja
burburinhos, mesmo que todos desconfie, dizer em voz
alta, fazer com que um grupo de pessoas presas a anos se
revolte agora, não era nada bom para eles.
— Não gaste seus neurônios, Samuel. Deixe que o
tempo coloque as coisas em seus devidos lugares, deixe
que as pessoas tentem reparar seus próprios erros,
Sebastian assim como você, acabou de dizer que não é
mais criança, então deixe ele enfrentar o mundo sozinho.
— Heliord, nós dois sabemos que isso não
acontecerá! Você vai ultrapassar limites que vai se
arrepender, mas vamos ver até onde você levara esse seu
joguinho.
— Manso como sempre! Uma serpente armando o
bote, perfeito, mas controle-se um pouco mais amigo,
vamos jogar um pouco mais antes de você dar seu bote!
Desçam e vamos assistir uns vídeos.
Sebastian é o primeiro a sair do quarto, ninguém
notou, mas havia lágrimas em seus olhos e seu coração já
sangrava antes mesmo de chegar a sala, porque ele sabia
o que se passaria ali, ele a veria com vida novamente,
relembraria os momentos mais felizes de sua vida e então
veria sua cruel realidade agora, sem as duas mulheres que
mais amou, será que ele suportará, ou dessa vez será o
fim de sua pouca sanidade?
Ao chegar na sala, todos já estavam sentados de
frente para a televisão, a seguinte mensagem aparece na
tela: Fragmentados, costurados, mas curado.
Não precisou de mais nada, ali mesmo, no primeiro
degrau Sebastian cai ajoelhado em prantos, Samuel senta
ao lado do irmão sentindo sua dor, seu coração igualmente
apertado, e uma lágrima escorre de seus olhos,
percebendo então, que o atingi - lo não era tão difícil neste
momento.
Um pouco mais a frente, Katherine sente um forte
impulso de correr para ele e o abraçar, mas não faz, ao
invés disso, olha para cada rosto que mostra a mesma
expressão de angústia e se vira para assistir.
— Espero que estejam prontos. — Heliord fala
quebrando o silêncio. — Eu faria pipoca, mas não acho
que vocês conseguirão comer com as cenas a seguir.
Quando o vídeo acabar podem voltar aos quartos de
vocês. Tenham uma ótima noite!
Sem mais, o vídeo começa a rolar e uma linda
menina aparece.
"— Oi, meu nome é Scarllet, tenho 17 anos e já
conheço o amor da minha vida. Ele tem os olhos mais
lindos e misteriosos que já vi, não sei por que, nem como,
mas esses olhos encontraram os meus e estou muito feliz
por isso. O nome dele é Sebastian, e é quem está
segurando essa câmera, que segundo ele, vai me ajudar
com meus problemas. Eu só topei fazer isso porque me
ameaçou dizendo que nunca mais sorriria para mim caso
não topasse fazer esse experimento, e acreditem, a única
coisa que me faz bem é olhar o sorriso dele, é o sorriso
mais lindo, sempre digo que esse sorriso pode mudar o
mundo, tem luz, tem amor, tem paz, mas não se animem,
pois esse garoto é meu, meu para sempre, não é amor?
— Só seu, e muito orgulhoso da namorada
maravilhosa que tenho, vou mostrar um pouco do meu
sorriso para vocês que futuramente estarão vendo esse
vídeo, o risco de se apaixonar é grande, mas lembrem-se,
já tenho dona e ela é linda."
Em meio a risos Sebastian vira a câmera para seu
rosto e sorri puxando Scarllet junto, os dois se beijam e o
vídeo acaba.
Todos na sala viram em direção ao homem que
estava deitado com a cabeça sobre o colo do irmão mais
velho, seu corpo sacudia com o choro, o desespero dele, a
dor, era impossível olhar e não se emocionar. Ela era linda,
eles juntos eram perfeitos, Sebastian tirou Scarllet da
escuridão quando eram jovens, mas agora nesse exato
momento, ele sentia a escuridão o engolindo, e não havia
ninguém para arrancá-lo de lá, e por si só, não queria sair.
Katherine não se moveu, embora as lágrimas
estivessem escorrendo por seu rosto, mesmo que o
impulso de abraçá-lo ainda fosse forte, ela se manteve
firme, e não se mexeu, do contrário Samanta ao ver que a
ex amiga não faria nada pelo homem que amava, se
levanta e ajoelha de frente para Sebastian, as mãos de
Samuel que rodeavam o corpo grande do irmão se afasta e
Samanta o abraça. O abraço que quis dar em sua mãe
todos os dias, com amor, compreensão, com desespero,
ela aperta Sebastian em seus braços e com muita
sinceridade fala:
— Eu sinto muito, ela era linda, mas juro que se
sairmos daqui com vida, farei por você o que não pude
fazer para minha mãe. Ela morreu e eu não pude me
despedir.
Quando completou dois anos de cativeiro, Samanta
recebeu por Marcos a notícia sobre a morte de sua Mãe, e
sofreu como nunca, não teve muitos momentos felizes com
ela, mesmo depois que descobriu a verdade sobre sua
maternidade passou a admirar ainda mais aquela mulher
que chamou de mãe durante a vida toda, passou a
compreender o porquê de cada crise, e queria ter tido a
oportunidade de dizer a ela o quanto a amou. Quando
aconteceu, teve seus amigos para ampará-la, cada um
com sua própria dor se disponibilizou a ampará-la, e ali ela
mais uma vez teve o real sentimento de carinho pela
primeira vez.
Capítulo 12
Anos atrás...
Samuel entra pelos fundos, onde sabe que tem uma
chave reserva, não quer que ninguém o veja, por isso
antes de sair de casa pega uma lanterna. A casa de
Scarllet é pequena, com apenas um andar e super
modesta, bem diferente da casa onde vivia com os irmãos.
Poucas coisas o assustavam, mas ao ver a quantidade de
sangue que havia no corredor, próximo a porta do
banheiro, Samuel sentiu um frio em sua espinha, entrando
viu mais sangue por todo lado, na pia, no chão, no espelho,
a banheira estava cheia e havia mais sangue. Nervoso
pega o celular e liga para Marcos.
— Ele já falou alguma coisa? — Samuel pergunta
assim que Marcos atende.
— Nada ainda, tiramos ele do banheiro e agora está
deitado encarando o teto sem dizer uma palavra.
— Faça ele falar, Marcos! Faça ele falar de alguma
maneira!
Marcos sente o nervosismo do irmão e fica em
alerta.
— O que houve, Samuel? Achou ela? Está
machucada?
— Não, ela não está aqui, mas tem sangue por todo
lado, desde o banheiro até a sala, a banheira está cheia e
tem muito sangue.
— Meu Deus, você acha que ele fez alguma coisa
com ela? Não tem sinal de onde ela possa estar?
— Não tem nada além de sangue! Eu não posso ser
visto aqui, vou tentar sair sem que ninguém me veja, chego
aí em meia hora, trata de despertar ele antes que eu
chegue, me liga qualquer coisa.
Samuel sai da mesma maneira que entrou, se
certificando em não ser visto. Ao chegar corre para o
quarto onde deixou os irmãos e ouve a voz de Sebastian.
— Nós brigamos, disse a ela que precisava vir para
casa pra não piorar as coisas, precisava de um tempo para
respirar e pensar com calma, quando estava no meio do
caminho ela me ligou chorando muito, me pedindo perdão
e dizendo que demorou muito para descobrir como era ser
amada e não suportaria perder isso por egoísmo, que seria
difícil demais me ver todos os dias sabendo que me
perdeu, ela não suportaria me ver com outra pessoa depois
que eu a esquecesse, estava me assustando e depois de
um tempo simplesmente parou de me responder. Acelerei
de volta para casa dela, quando cheguei, chamei ela, mas
não me respondeu, ao entrar no banheiro vi primeiro o
sangue na pia e no chão, depois que olhei a banheira ela
estava quase se afogando e tinha muito sangue, liguei para
emergência, mas me deixaram na linha, então peguei ela
tentando não machucar mais e levei para o hospital, lá em
vez de levarem logo para emergência ficaram me
questionando, perguntando se eu tinha machucado ela, se
foi um acidente, quando dei o nome dela eles se calaram,
me deixaram sozinho e em seguida veio um cara dizendo
ser o médico dela, começou a falar que dessa vez os
cortes tinham sido mais profundos, eu fiquei me
questionando, “como assim o médico dela? Como assim,
desta vez?” Quantas vezes ela se cortou? Porque eu
nunca notei nada além das crises de depressão,
melancolia, e... Quer dizer, ela se corta? Por quê? Por que
ela faria isso?
Cinco meses era um bom tempo para quem sofre
desse mal, o que levou todos a pensar que o quê Scarllet
precisava era de amor e atenção e isso ela tinha de sobra
com eles, por esse motivo não contaram a Sebastian sobre
o problema que ela tinha. A automutilação é definida como
qualquer comportamento intencional envolvendo agressão
direta ao próprio corpo sem intenção consciente de
suicídio. As formas mais frequentes de automutilação são
cortar a própria pele, queimar-se, bater em si mesmo,
morder-se e arranhar-se. Alguns pacientes apresentam
rituais de automutilação e passam muito tempo pensando
em como executá-la, lembrando sintomas compulsivos,
porém com intenso componente de impulsividade. O caso
de Scarllet, era sempre por impulso, não havia uma
premeditação, o que tornava tudo um pouco mais
preocupante, já que ela não tinha controle sobre seus
impulsos e sentimentos que nem sempre eram de toda
verdade. Sebastian não a deixaria, não andaria com outra
pessoa para afetá-la, ele jamais desistiria dela. Porém, em
sua mente perturbada, Scarllet já via o ex-namorado no
colégio com outra pessoa, já o imaginava dando aqueles
lindos sorrisos para outra menina, e se via ao fundo
chorando por ele. A briga em si, durou cerca de duas
horas, pelo simples fato de Sebastian ter ajudado uma
menina que estava sendo envergonhada no corredor da
escola por ter deixado cair suas coisas e entre elas ter um
absorvente, bom, Sebastian nunca gostou de injustiça, por
isso, se abaixou para ajudar a menina, e para tirá-la de lá a
abraçou carinhosamente guiando para o pátio, mas
Sebastian não reparou que ao fundo estava Scarllet com
as supostas amigas.

"— Olha aquele não é o seu namorado, Scarllet?"


“— Eu sabia, ele é bonito demais para você."
“— Era impossível esse cara ser tão perfeito e ainda
fiel. “Sempre desconfiei dele, olha como ela é bonita,
amiga, ele nunca ficaria só com você, gordinha e sem sal.”

Cada palavra dita por suas “amigas” foram parar


direto no coração de Scarllet, cada palavra formando um
monstro diferente em sua mente, o monstro da
insegurança, da vergonha, da culpabilidade por ser mais
cheia que o normal, por não ser loira como a menina que
ele abraçou com o mesmo carinho que a abraçava, o
monstro mensageiro da morte, o monstro da depressão.
Eram tantos monstros dentro de um corpo tão pequeno,
era insuportável sustentá-los, por isso correu para o
banheiro, tirando o lápis com a ponta mais afiada abaixou a
calça jeans e ali mesmo fez seus primeiros furos, furos que
a meses não fazia e por isso, desta vez foi um pouco mais
doloroso, sua coxa na parte inferior carregavam algumas
marcas mais antigas, que agora se misturavam com suas
novas marcas, cada uma delas representando uma dor
diferente, um monstro diferente.
Capítulo 13
A cada 1 hora morrem milhares de pessoas em toda
parte do mundo, não importa de que forma, se foi um
acidente, causas naturais, assassinato ou um dos mais
tristes, o suicídio. Não importa a maneira, elas morrem e
muitas sem ter um socorro imediato, pelo menos uma
tentativa de sobrevivência. - Daniel.

Quando Daniel estava em dúvida sobre em que se


formaria, a primeira coisa que pensou foi em quando seu
irmão mais novo, Sebastian, se afogou quando foram
visitar seus avós no litoral. Bom, Sebastian não sabia
nadar, mas insistiu em ficar próximo ao mar junto com eles,
em um momento de distração uma onda pegou os quatro
irmãos que estavam brincando, os três mais velhos sabiam
nadar, mas Sebastian foi arrastado e não conseguiu voltar,
Samuel foi o primeiro a perceber que o irmão não
conseguiu mergulhar e voltar a superfície e se desesperou
gritando por ele, logo todos estavam nadando para mais
fundo tentando encontrá-lo, Daniel o avistou se debatendo
e conseguiu chegar até ele, porém Sebastian já estava
desacordado quando Daniel o alcançou, conseguindo
trazê-lo para superfície um rapaz que se identificou como
salva-vidas, fez os primeiros socorros e em questão de
minutos Daniel viu seu irmão mais novo voltar a vida,
cuspindo água ingerida e tossindo muito em buscando por
ar.
Pensar que ali poderia ter sido a última vez que
ouviu a risada descontraída do irmão, ou que seria dali
para frente dias de luto infinito, fez com que Daniel tivesse
sua primeira opção de formação, ele seria salva-vidas. O
que seria uma profissão difícil de ser aceita por seus pais.
Como um jovem com tal nível social ficaria debaixo de um
sol quente todo os dias, procurando pessoas afogadas na
praia?
Então veio sua segunda opção, ele seria médico, de
qualquer forma salvaria vidas, muito mais do que se ficasse
na praia esperando alguém se afogar.
Foram anos estudando e dedicando, estava cada
vez mais apaixonado por tudo, quando estava em seu
último estágio como residente, esperando ser efetivado
conheceu uma jovem. Ela era linda, e estava muito
assustada, e quando Daniel leu a fixa dela, descobriu que
havia sofrido um estupro, infelizmente o estrago havia sido
grande, em seu prontuário dizia que tinha uma fissura que
ia da vagina ao ânus e devido a infecção ela não poderia
receber pontos, iria ser medicada até que se curasse
sozinha. Daniel sentiu um ódio tão grande, ele queria poder
achar quem fez aquilo e sem dúvidas arrancaria o pênis
fora, para que ele nunca mais voltasse a cometer tal crime.
Daniel queria poder se aproximar da menina então
procurou a responsável do caso para pedir autorização, a
médica se recusou, pois a menina não estava reagindo
bem a aproximação de nenhuma pessoa do sexo oposto,
mas com jeito ele a convenceu de pelo menos deixá-lo
tentar.
Com a autorização concedida, Daniel entrou no
quarto, sendo vigiado por sua superior, ao se aproximar vê
que a menina está adormecida, começa verificando o soro,
depois vai para os aparelhos que monitoram os batimentos,
fica em alerta quando o mesmo começa a disparar, dando
sinal de que a menina está acordada e entrando em pânico
com a presença dele.
— Quem é você? Cadê a doutora Alessandra?
O pânico em sua voz falha fez o coração de Daniel
apertar, ele imaginou que ela se assustaria ao vê-lo, mas
ouvir o pânico e a acusação de que talvez ele estivesse ali
para machucá-la mais do que já foi fez o ódio dele crescer
ainda mais, pelo que a doutra o informou ela não quis dar
queixa, alega não saber o que houve e falava que não
tinha sido abusada, mas todos os vestígios mostravam que
tinha e fora cruel e dolorosamente.
— Calma, não estou aqui para machucá-la, meu
nome é Daniel. Sou médico residente e vim verificar como
você está, talvez conversar um pouco mais sobre o que
aconteceu com você, estamos muito preocupados com seu
estado.
— Minha mãe deixou claro que só queria médicas e
enfermeiras, nada de homem aqui comigo.
— Isso foi o que sua mãe disse, agora olhe para
mim e diga o que você quer! Porque pode ser fácil você se
abrir com outra mulher, mas eu sendo um homem vou olhar
pra você com outros olhos, não de pena ou acusação e
muito menos desconfiança sobre o que realmente
aconteceu com você, eu serei sincero com as palavras
caso veja que você está mentindo, mas nos meus olhos
você verá apenas o que está vendo agora.
— Você tem olhos muito bonitos Dr. Daniel, e tem
razão, eles não têm as mesmas coisas que vejo nos olhos
da minha mãe ou das médicas que vieram me ver.
— Viu! Eu posso me sentar aqui com você e ouvir
seus relatos? Darei minha opinião profissional e pessoal.
Mas esse será o nosso segredo, Certo? Ninguém pode
saber que dei uma opinião a você, ou não me tornarei um
médico oficial daqui.
Ao ver o sorriso de cumplicidade no rosto de
Clarisse, Daniel soube exatamente como aconteceu, soube
que não foi tão difícil conseguir assediar aquela doce
criança em corpo de uma quase mulher, é como acontece
na maioria dos casos de assédio, primeiro vem a
confiança, a suposta amizade e quando já não existem
mais barreiras, vem o tenebroso e cruel ataque. Aquele
sorriso mostrou a Daniel que a ferida ia além do corpo, e
quando Clarisse transformou o sorriso em uma careta e
logo após um choro incontrolável ele viu que perfurou a
alma, tinha ido embora a pureza e em seu lugar ficou
apenas a dor física e emocional.
— Não sei como começar, eu estou com tanto
medo.
— Vamos tornar mais fácil nosso diálogo, eu vou me
apresentar para você e depois você faz o mesmo, acha
que assim fica mais fácil?
— Certo, acho que consigo assim.
— Ótimo. Bom como já disse, meu nome é Daniel,
sou médico residente deste hospital, tenho três irmãos,
dois mais velhos e um mais novo do que eu, namoro uma
menina muito linda que você conheceu, mas não vou te
contar terá, que descobrir sozinha.
— Como vou descobrir? Eu só conheço as
enfermeiras e a médica que veio me atender, não...
Espera! Você namora a doutora Alessandra?
— Shhhhh... Quer que eu perca meu emprego? Ela
não sabe ainda, mas vamos nos casar e talvez você até
possa ser nossa madrinha, o que acha? Mas lembre-se...
Esse é o nosso segredo. — Daniel pisca e recebe em troca
outro sorriso cúmplice. - Agora que te contei o meu
segredo, vamos conversar sobre o seu?
— Estava demorando... Eu não tenho nenhum
segredo, já falei tudo o que aconteceu.
— Sabe uma coisa que mais me irrita? Eu não
receber das pessoas aquilo que de tão bom grado dou, te
contei um segredo que pode me prejudicar, mas mesmo
assim confiei em você, mas você não confia em mim para
contar algo que visivelmente te machuca e sabemos que
tudo que você falou até agora é mentira.
— Você não me contou por que confia em mim e sim
porque quer que eu confie em você, mas ninguém entende
o que eu sinto ou penso, por que eu deveria falar, então?
— Eu não sei quem te fez pensar assim, mas eu não
só vou te entender como também vou te ajudar, e aqueles
que não acreditarem em você, bom, eu farei com que
acreditem e nós dois vamos sair deste hospital de cabeça
erguida e felizes com a justiça feita.
Depois que Daniel conseguiu a verdade foi, até seus
superiores e os pais de Clarisse, mas a verdade não foi tão
bem aceita como ele achou que seria, pois o jovem
acusado por Clarisse foi inocentado e Clarisse virou motivo
de chacota, passou a ser agredida verbalmente por onde
passava e principalmente dentro de sua escola.
— Alô, Daniel? É você? Eu preciso de ajuda, não
aguento mais, hoje me trancaram no banheiro e jogaram
coisas em mim me chamando de puta e tantas outras
coisas, você prometeu me ajudar, mas tudo piorou depois
que segui seu conselho de contar a verdade, a verdade é
uma merda.
— Clarisse? É você?
— Doutora Alessandra? Ai meu Deus, me desculpe
esse é o número do Daniel? Ele me disse que poderia ligar
se precisasse.
— Ei, está tudo bem, esse é o número dele sim,
mas ele teve que sair e acabou esquecendo o celular,
vamos fazer o seguinte, até que ele chegue você pode me
contar o que está acontecendo e aí nós três juntos
podemos achar uma solução.
— Acontece que a Dani me convenceu a contar a
verdade, me garantiu que isso me faria bem e tudo ia
melhorar, mas não aconteceu, foi totalmente ao contrário,
tudo piorou de forma drástica demais e não estou
conseguindo suportar.
— Querida, me escute com atenção! O Daniel errou
muito, primeiro ele não deveria ter entrado para conversar
com você, segundo jamais deveria ter criado um laço tão
íntimo com uma paciente, isso põe em risco a carreira dele
no hospital. e pelo fato de você não se assustar ao falar
comigo deduzo que ele já havia lhe falado sobre nosso
relacionamento, o que é mais grave porque coloca em risco
nós dois como profissionais, eu sou a chefe dele, você
entende o quão grave é isso tudo?
— Doutora Alessandra, eu não vou contar para
ninguém sobre o relacionamento de vocês, mas eu preciso
muito falar com ele, é urgente.
O desespero de Clarisse não comoveu Alessandra,
ela trabalhava com ética e aquilo era completamente
antiético, Daniel não era terapeuta, nem médico ele era
ainda, era um residente, pelo que Alessandra pode
perceber com tudo aquilo, era que ele não estava apto a
ser efetivado. Enquanto ouvia Clarisse chorar, não
percebeu que Daniel estava de volta e a encarava tentando
imaginar com quem estava falando pelo celular dele, ao
levantar os olhos para ele, Daniel viu sua fúria e logo soube
do que se tratava.
— Como eu disse, ele não está e, por favor não
ligue novamente, você recebeu ajuda de uma psicóloga,
ligue para ela, nós somos médicos e já fizemos a nossa
parte!
Daniel observa Alessandra como se não a
conhecesse e de fato a mulher que acabava de se desfazer
de uma menina que passou por um trauma tão grande, não
parecia em nada com a médica maravilhosa por quem se
apaixonou dentro do hospital.
— Você tem noção do que acabou de dizer a uma
menina que sofreu o pior dos abusos? Que não se importa
com o que ela está passando!
— Ela não é mais nossa responsabilidade, Daniel. O
que você fez é errado, como quer ser efetivado criando
laços com pacientes? Dando seu telefone pessoal?
— Você não pensa em ética quando estamos
transando, né? Não pensa que se alguém do hospital
descobrir também não terei chance de ser efetivado.
— É diferente, não envolve nosso relacionamento
nessa história, você está sendo irresponsável. Se essa
menina disser que você assediou ela, também? Como irá
provar que é mentira se recebe ligações dela?
— Você acha que ela está mentindo em relação ao
babaca que fez aquilo com ela? Presta atenção no que
você está falando, você a tratou, viu como estava a
situação dela, meu Deus você é mulher! Mesmo que ela
tivesse topado transar com ele, ela é menor de idade, ele
tem o dobro de tamanho e não percebeu que estava
machucando ela? Você acha mesmo que ela não pediu
para ele para, que aguentou a dor calada?
— Daniel!
— Cai fora daqui Alessandra!
— Que? Como assim? Você está terminando
comigo e me expulsando da sua casa?
É exatamente isso, eu me recuso a ficar com uma
pessoa tão insensível e cruel, isso não é ética, Alessandra,
isso é crueldade! Vai logo embora.
Alessandra fica paralisada encarando Daniel por
alguns segundos, mas logo a fúria a preenche e ela o mais
rápido possível junta todas as coisas que havia deixado
espalhada pelo apartamento e quando volta para sala
encontra Daniel em desespero gritando no telefone.
— Daniel. — Ela o chama sem emoção alguma e o
encarando com puro ódio, quando Daniel vira em sua
direção está chorando, mesmo com um aperto no coração
por vê-lo assim o pensamento de que ele não está naquele
estado por terminar com ela a faz ter coragem de dizer o
que pensou ao chamá-lo. — Está demitido, amanhã irei
conversar com o diretor e você não fará mais parte da
nossa equipe e se depender de mim de nenhuma
outra!
Daniel não a respondeu, apenas se virou e
continuou sua prece inútil, já que Clarisse já havia feito o
pior.
Capítulo 14
Daniel
Anos antes...

Foram as horas mais insuportáveis que Daniel já


havia passado, ao sair de seu apartamento Alessandra
deixou claro que ele não era mais bem vindo no hospital,
porém horas depois de encontrar Clarisse quase morta no
quintal da própria casa ele entra com o corpo da jovem
praticamente morta pelas grandes portas da emergência,
seu corpo estava banhado com o sangue de Clarisse e o
desespero para salvar aquela vida foi mais forte do que o
pensamento de como seria a reação das pessoas ao vê-lo,
ou ao imaginar a reação da doutora por descumprir sua
ordem de afastamento.
Vinte e quatro horas. Esse foi o tempo que
demoraram para vir até a sala de espera dar a notícia de
que Clarisse veio á óbito, Daniel não era capaz de
descrever o que sentiu quando recebeu a notícia dos lábios
da mesma pessoa que poderia ter evitado tudo.
lessandra visivelmente abalada por vir dar a notícia
pessoalmente, a família sentia o ódio de Daniel que a
encarara sem piscar, ele não tinha ido para casa ainda,
está com a mesma roupa suja de sangue, seus olhos
vermelhos pelas 48 horas que havia passado acordado,
uma em um plantão de 24h trabalhando e as outras 24h
chorando por Clarisse, mas os olhos vermelhos não eram
só pelo cansaço ou pelas lágrimas, era também pelo ódio.
O choro da mãe de Clarisse, o grito de dor daquela
mulher quebrou dentro de Daniel o que ainda tinha de
inteiro e sem pensar mais, ele se levanta e em passos
largos vai até Alessandra que está na porta o encarando
com lágrimas escorrendo pelo rosto.
— Eu não me importo com a meu emprego nesse
hospital, ou em qualquer outro, mas eu juro pela minha
vida que você não terá mais uma carreira quando esse dia
acabar!
A ameaça de Daniel fez Alessandra cambalear, e
quando recobrou as forças o seguindo já era tarde, viu
Daniel abraçando o irmão e na hora soube o que o jovem
residente faria.
Marcos é um dos irmãos mais velhos de Daniel, um
repórter incrivelmente competente, responsável pelos
melhores casos, já havia cobrindo inúmeras reportagens
sobre o hospital e agora graças a Daniel teria mais uma,
que diferente das outras traria um péssima imagem.
— Tem certeza que quer se expor assim, Daniel? —
Marcos que a pouco tempo havia feito uma matéria sobre
como os profissionais daquele hospital eram
comprometidos e impecavelmente profissionais, questiona
com pesar a atitude extrema do irmão. — Pense melhor,
Dan! Faça uma denúncia contra ela aos seus superiores e
explique tudo, eles irão ficar a seu favor.
Ela irá se safar! É a melhor deste hospital, mesmo
que por um milagre a expulsem ela rapidamente será
chamada por outra unidade com o salário maior do que o
daqui. Mas se expor tudo na mídia ela nunca mais fará
nem uma verificação de pressão. — Daniel rebate decidido.
Horas depois Daniel está ao vivo em rede nacional.
Meu nome é Daniel Sanchez, sou médico residente
no Hospital Meridional Gumez, a pouco mais de duas
semanas uma jovem de 15 anos deu entrada na
emergência alegando ter sido brutalmente violentada por
um jovem, chamado Luciano Mubashiw, que está no último
ano do colégio Ellite, que fica em um bairro nobre de Foz
de Iguaçu. Nos exames foi comprovado os sinais de
violência, não só eu, mas toda a equipe médica ficaram
totalmente abalados com o estado em que a menina se
encontrava. Com muita dificuldade consegui que ela me
contasse com detalhes como o agressor agiu, sendo a
única pessoa do sexo masculino com quem a menina
aceitava converser, sua mãe Dona Mirtes, me pediu para
manter contato com a menina depois que a mesma
recebeu alta, pois ela ainda estava muito assustada e com
medo por ter denunciado o rapaz e o mesmo ter
conseguido se livrar das acusações graças a uns amigos
que serviram de álibi dizendo que o mesmo no horário da
agressão estava em uma festa o outro lado da cidade,
obviamente mentindo para encobrir o amigo, eu gostaria de
dizer que são tão culpados pela morte dessa menina
quanto o amigo estuprador de vocês. Ontem estava em
meu apartamento com a Dr. Alessandra Shon, até então
minha amante e doutora chefe deste hospital, que no
momento é ao meu ver a principal responsável pela morte
de Clarisse.
Saí para comprar umas coisas e quando voltei
encontrei a Dr. conversando com Clarisse, que havia ligado
para o meu celular em busca de socorro, porém a doutora
não só negou tal socorro como também fez com que
Clarisse acreditasse que era um erro da minha parte ajudá-
la, fez com que a menina acreditasse que eu seria demitido
por ajudar uma paciente, como se não bastasse quando
me viu desligou o telefone e me acusou de ser anti-hético,
deixando claro que se fosse ajudar Clarisse u estaria
demitido e ela faria o possível para que nenhum hospital
me admitisse. Declarou em alto e bom tom que ia me
perseguir e arruinaria minha carreira, após colocá-la para
fora da minha casa liguei para Clarisse que estava
apavorada, segundo as declarações da jovem logo após
aceitar fazer a denúncia começou a ser perseguida por
várias pessoas que faziam bullying e a chamavam de
mentirosa, homens que mandavam mensagens pelas
redes sociais com conteúdo abusivo
Infelizmente essa jovem sofreu por todos os lados e
não suportou tanta rejeição, acusação e abandono, quando
cheguei a casa de Clarisse a encontrei sangrado, fiz o
possível para estancar o sangue e parar a hemorragia, mas
infelizmente há uma hora atrás recebemos a notícia de que
ela veio a óbito.
Houve uma pausa, Daniel falou tudo aquilo sem
pausa, todos da equipe de Marcos estavam visivelmente
emocionados e revoltados com a história, Alessandra
tentou a todo custo impedir as gravações, mas vendo ser
inútil decidiu apenas se trancar em sua sala e esperar que
a bomba fosse lançada, Daniel fez tudo ainda pior, a
transformou em um monstro em rede nacional, a diretoria
estava reunida tentando entender como tudo aquilo estava
acontecendo e ninguém tomou providencia sobre nada.
Meses se passaram, as acusações de Daniel foram
investigadas, algumas pessoas processadas, mas como
Marcos previu o mais prejudicado foi Daniel, não que ele
tenha se arrependido de qualquer forma, Alessandra foi
linchada por pessoas que a viram tentar fugir pelos fundos
do hospital e teve sua licença caçada, Luciano saiu impune
porque todos os álibis mantiveram suas versões iniciais de
que o acusado estava do outro lado da cidade em uma
festa.
Marcos que já conhecia Gustavo e Luciano, decidiu
investigar de perto os passos dos dois mais novos
informantes da polícia, dos bandidos e dos repórteres, o
próprio ja havia recebido informações cruciais deles, os
mesmos que estiveram envolvidos na morte da mulher de
seu irmão mais novo. Seria isso uma brincadeira do destino
ou uma chance maior para descobrir cada detalhe do que
aconteceu de verdade?
Capítulo 15
Marcos
Anos atrás
OBS: Ano da morte de Scarllet.
— Olá, sou Marcos! O Senhor deve ser o repórter
investigativo que Jonas me enviou, conseguiu alguma
informação relevante sobre o caso? — Marcos apresenta -
se ao homem que o esperava em sua sala.
— É um prazer, Marcos. Sim, sou eu mesmo, pode
me chamar de JB. Tenho ótimas informações, trouxe um
pendrive com algumas imagens e áudios trocados pelos
suspeitos, descobri que Demétrio tem um filho menor de
idade que mora com o tio, Heliord em Foz do Iguaçu.
Demétrio é um ladrãozinho meia boca que agora faz
sequestros relâmpago, um verdadeiro sádico, mata sem dó
quando a família da vítima recusa a pagar o combinado,
como ladrão ele era um bosta, mas como sequestrador
está se saindo muito bem e já arrecadou milhões nessa
brincadeira. Seus alvos eram pessoas da auta sociedade,
porém que não tinham tanta visibilidade na mídia. Ele ataca
jovens de famílias ricas, principalmente meninas, que são
mais fáceis de abordar. Faz um tempo que está quieto e
isso é preocupante.
Para Marcos ele está calculando algo um pouco
maior, talvez mais ousado. Marcos esteve a poucos passos
dele em um dos sequestro onde Demétrio exigiu a
empresa, fez uma pequena entrevista e se designou a
achar tudo que podia sobre o mesmo depois disso. O
primeiro teste de JB para entrar na equipe foi reunir tudo
que pudesse sobre Demétrio.
— Antes de dar andamento ao nosso trabalho, JB.
Quero deixar claro que apesar de parecer novo demais
para comandar nossa equipe, tenho mais experiência em
ler as pessoas do que tenho de vida, então não me
subestime e nunca passe por cima de uma ordem minha
para querer mostrar serviço, tudo que faço é bem calculado
para que não dê errado, então por favor, não faça nada no
qual vá se arrepender depois. Já vi muitas pessoas
cometerem erros ridículos e colocar pessoas em risco por
serem ambiciosos e por querer o meu lugar, isso não vai
acontecer, não importa o quanto você se esforce!
Olhando por um lado, o alerta de Marcos a JB
pareceu completamente desnecessário e prepotente, mas
não, assim que Marcos chegou no prédio aquela manhã viu
JB com dois jovens conversando na cafeteria, nenhum dos
três notaram a presença do futuro chefe no local, mas
Marcos se manteve em alerta quando ouviu JB dizer aos
dois rapazes que pareciam mais duas crianças que ouviu
dizer que o chefe dali era jovem demais e seria muito fácil
assumir o lugar dele, já que ele era mais velho,
provavelmente mais experiente e que assim que fizesse
treinaria os meninos muito bem para serem imbatíveis.
Bom, aquilo não deixou Marcos nenhum pouco feliz, a
primeira coisa que fez foi investigar a vida de cada um.
JB, pai de família, passou por três agências de
reportagem, mas saiu por motivos não revelados, por certo
cometeu um deslize como esse, de querer ser muita coisa
sem manter o foco no que realmente importa. Tem uma
esposa linda que trabalha há seis anos e uma agência de
jovens modelos, uma filha que possui um canal no youtube,
canal esse que tem um grande número de seguidores por
ela falar de assuntos polêmicos e a julgar pela idade que
ela aparenta ter, fala de coisas que vão além da
maturidade dela. Os meninos que ele treina são jovens da
agência de modelos de sua esposa, aparentemente a
sagacidade dos meninos despertou o interesse de JB e os
mesmos ao descobrir a profissão de JB, se encantaram,
por isso largaram a carreira de modelo para seguir em algo
um tanto mais arriscado e eletrizante, lidar com bandidos e
mocinhos não era algo fácil, os meninos não seriam
repórteres, seriam olheiros, informantes. Não só da
agência, mas da polícia e o mais arriscado, seriam
informante dos bandidos, os famosos delatores. Cada
agência tinha seus próprios informantes, mas Marcos
nunca aprovou que fossem crianças ou muito jovens,
dessa vez ele não pôde impedir, mas se manteria atento
aos três.
Após meses de muito esforço JB conquistou o
espaço dentro do jornalismo, Marcos mesmo sem gostar
admitiu que JB é um bom profissional, esforçado e até
mesmo forçado em muitos pontos, mas ainda assim, dá a
ele muitos créditos e finalmente deu a ele uma equipe
completa, mesmo não gostando que em sua primeira
missão vá colocar os novatos.
Marcos estava prestes a fazer uma viagem, seria um
caso em que vinha trabalhando a anos, e estava animado,
nunca passou pela cabeça dele que sua cunhada seria a
próxima vítima de Demétrio, mas uma pessoa já estava por
dentro de boa parte de tudo que o sequestrador iria fazer,
Gustavo não fazia ideia que a garota sequestrada seria
Scarlet, a esposa do irmão caçula de Marcos. Ele sabia do
plano, estava prestes a saber quem era a vítima, a um
passo de se tornar famoso por deter um sequestro, mas
tudo desandou.
Demétrio mudou o local e o dia do sequestro porque
Scarlet teve uma crise de depressão e decidiu passar um
tempo longe do marido, tornando ainda mais fácil o
trabalho dele.
Quando Gustavo soube que o sequestro já havia
acontecido tentou correr o máximo passando as
informações para Demétrio, que logo descobriu o local
onde Demétrio estava, mas não era o local do cativeiro e
uma matéria pela metade o queimaria e colocaria a jovem
em perigo, por isso decidiu seguir o sequestrador em cada
passo.
Uma semana depois quando já sabia onde era o
cativeiro de Scalet, JB contou com a ajuda dos informantes
para seguir os passos da troca, mas cometeu um erro ao
envolver a polícia, queria sair como o bom repórter
salvador da pátria e decidiu que se ele cobrisse a matéria
da polícia chegando e predendo a todos com sua ajuda,
mas ele não contava que Sebastian já tinha tudo sobre
controle, que não precisava de reforços, pois assim como
ele, Sebastian tinha seus contatos, contatos esses que ao
ver que a polícia foi envolvida recuaram e foi exatamente
nesse momento que viu sua esposa perder a vida.
A polícia demorou, os contatos recuaram, o repórter
foi visto e os informantes, bom os informants, passaram as
coordenadas erradas na hora errada e para as pessoas
erradas.
Gustavo tinha que manter um contato com
Sebastian e os caras que ele havia contratado através de
um rádio, Luciano deveria passar as informações para JB e
a polícia. O que ninguém sabia era que Gustavo também
estava trabalhando para um dos homens de Demétrio e ao
passar coordenada se confundiu e mandou errado dando
alerta aos homens que a polícia estava no jogo.
Sebastian no momento da
troca...
O lugar da troca era uma fábrica de quatro andares
que estava abandonada, houve um incêndio no local e boa
parte de tudo foi destruído, eles estavam no segundo
andar, um de cada lado de uma ponte improvisada.
Falta pouco, amor. — Sebastian diz emocionado ao
rever a mulher com vida, fora uma semana de muita tensão
e medo de perdê-la depois de tudo que haviam construído
juntos. — Continua assim, você está indo muito bem.
Enquanto Scarlet vinha em sua direção, Samuel
caminhava com o mesmo passo para fazer a troca do
dinheiro, ele só caminhava quando Scarlet dava seus
passos com cuidado, como ordenado. A mente de Scarlet
mandava ela correr, mas a voz, Demétrio e as armas que
estavam na direção deles, a faziam ir com calma, quase
parando, o espaço entre eles parecia sem fim, a ponte em
que passavam era instável e ela tinha medo de cair, era
mais um motivo para ir devagar. Faltando quinze passos
para a troca ser finalizada, Demétrio grita para que eles
parem.
— Achei que tinha sido claro quando disse que não
queria a imprensa e muito menos a polícia envolvida,
Sebastian. E no entanto você trouxe os dois.
O pavor nos olhos de Sebastian fez com que Scarlet
sentisse seu medo aumentar, suas pernas em uma batalha
entre correr e permanecer parada e então ouviu-se o
primeiro tiro, vidros foram espalhados por todo lado e a
passagem improvisada onde estavam ficou ainda mais
instável, Sebastian viu quando Samuel correu para pegar
Demétrio que estava fugindo depois de gritar para pegarem
Scarlet novamente.
—Vem amor, corre, corre que eu pego você.
Eu não consigo, Sebastian! Eu não consigo.
— Tudo bem, fica calma que vou até ai te pegar
você, não se mexe.
Estava tudo um caos, ninguém sabia quem tinha
atirado primeiro, os homens de Sebastian não o respondia,
os homens de Demétrio estavam quase chegando onde
Scarlet se encontrava, Sebastian se moveu rápido, mas os
tiros o preocupavam e ele se preocupou ainda mais ao ver
um dos sequestradores chegar do outro lado de Scarlet,
ela olhou para trás, a ponte improvisada não suportaria os
três, com os olhos de volta em Sebastian, Scarlet chora e o
manda parar.
Você tem noção do quanto eu amo - te? Tem noção
de que você não só mudou, mas na verdade salvou a
minha vida? Quando nos casamos achei que aquele dia iria
ser o mais feliz da minha vida, mas não! O dia mais feliz foi
quando lhe contei que estava grávida e você chorou e
mesmo que pareça impossível eu te amei mais.
— Scarlet, eu te amo, mas preciso que você ande,
não posso mais dar nenhum passo, vem amor!
— Você tirou todos os meus medos, cobriu com
beijos e amor cada uma das minhas feridas e cicatrizes,
me mostrou que eu poderia sim amar e ser amada. Eu amo
você, mas vivi a pior semana da minha vida e eu não sei se
consigo seguir com isso, não sei se suportaria ser levada
de novo.
Você não vai, estou aqui e não vou deixar ninguém
levar você.
— Eles tiraram o nosso bebê, Sebastian. Eles… Eu
não estou mais grávida.
Embora a revelação de que ela havia perdido o filho
tenha machucado Sebastian, ele tenta mais uma vez
convencê-la a andar, o homem que se aproximava dela foi
atingido, mas o lugar estava um caos e era um milagre que
eles não tenham sidos atingidos ainda.
Scarlet, me ouve. Tudo bem, vai ficar tudo bem! Nós
vamos superar isso tudo juntos, eu estou aqui, vim buscar
você.
Dez passos era o que os separavam ainda, Scarlet
se abaixa e pega um caco de vidro no chão.
— Eu sinto muito, quero que me ame todos os dias,
que nunca se esqueça do quanto eu te amei, do quanto fui
forte por nós dois, mas acabou! Não vou lutar mais contra a
escuridão.
Scarlet, solta isso! Solta isso agora e anda, porra,
Scarlet você me prometeu!
— Eu sei, mas as coisas mudaram e esse será meu
último corte! EU AMO VOCÊ, nunca se esqueça disso!
— Não, Não, NÃOOOOO, SCARLEEEET!
Scarlet passa o caco de vidro de fora a fora em seu
pescoço, o sangue jorra e seu corpo cai sobre a ponte,
quando Sebastian a alcança já era tarde, ele tenta estancar
o sangue, grita por seu nome, mas já era tarde, ela se fora.
— Soccoroooo, Socorroooo. Me ajudem, por favor,
POR FAVOOOOOR.
No hospital Sebastian recusa atendimento, está em
estado de calamidade, uma bala havia acertado seu braço,
ele sentia a dor, mas seu peito doía muito mais, sua
cabeça doía mais ainda, seu coração parecia jorrar a
mesma quantidade de sangue que viu no pescoço dela, ele
sentia que estava morrendo, ele queria estar morrendo,
como ela morreu ou que pelo menos fosse ele em seu
lugar!
Quando Marcos conseguiu chegar da viagem, já era
tarde demais, JB havia sumido junto com seus contatos,
Scarlet estava morta e seu irmão mais novo destruído.
Capítulo 16
Anos antes
— Posso contar nos dedos os piores dias da minha
vida e nenhum deles se compara com o de hoje, nada que
eu diga pode mostrar o que estou sentindo, é como se
estivesse oco, não tem nada dentro de mim além de dor,
além de choro, repito a cada segundo as mesmas
perguntas: Por que ela fez isso comigo? Por que ela que
dizia me amar tanto simplesmente acabou com minha vida
de uma hora para outra? Eu estava ali, Samuel. Eram dez
passos de onde ela estava e ela não confiou em mim,
nunca confiou! Eu tinha sempre que estar provando que a
amava, que ela não precisava se cortar. Ela teve a
coragem de me dizer que eu devolvi a vida a ela, mas foi
ela que acabou com a minha. — Sebastian estava
inconsolável, todos os dias desde a morte de Scarlet,
quando ele conseguia dormir acordava gritando por ela.
Eu te entendo, irmão, também estamos sofrendo.
Mas, você precisa reagir, não pode se entregar assim. —
Samuel não tem mais argumentos, todos os dias eram
iguais.
— Viver em dor, ninguém entende! O gosto real do
que é a morrer estando vivo.
Eu não consigo mesmo, e é por isso que quero te
poupar de mais uma dor, deixe que eu cuido disso, juro não
te esconder nada do que descobrir.
Estava quase na hora de ir ao legista e Samuel quer
a todo custo evitar que o irmão piore ao descobrir todas as
atrocidades que fizeram com Scarllet.
— Eu sei o que eles vão dizer! Ela foi torturada,
violentada, ela perdeu e o nosso filho e muitas outras
coisas, eu vi o corpo dela, arrancaram meu filho e minha
mulher de mim e agora, nesse exato momento estão por aí,
livres e rindo de tudo isso.
Sebastian. — Marcos chama. — Nós vamos
encontrar esses desgraçados, eles vão pagar por tudo isso
e não estou falando só dos bandidos, vamos encontrar os
informantes, o repórter, os caras que deram para trás de
última hora, cada um deles sem exceção e muito menos
misericórdia irão pagar pela sua perda e sofrimento!
— Eu confio em você, Marcos. Mas sobre fazer eles
pagarem, eu quero pessoalmente ver o sofrimento de cada
um, com a mesma intensidade de dor que estou sentindo
agora, com a mesma dor que a minha Scarlet sentiu ao ser
tão machucada, quero fazer eles implorarem pela morte!
Samuel ficou preocupado olhando para os irmãos,
imaginando que todo aquele ódio era passageiro, mas mal
sabia ele que todo aquele ódio era contagioso e logo eles
começaram a fazer parte de uma rede de vingança,
começando pelos que desistiram de ajudar, um a um foi
morto pelos próprios parceiros de trabalho, logo depois
chegou a vez de Demétrio, Marcos o localizou facilmente
com seus contatos e o rastros de Sequestros que andava
fazendo, Demétrio facilitou as coisas não se escondendo e
acabou conseguindo uma boa dose de dor, satisfeitos os
irmãos entregaram Demétrio para a polícia e dentro da
delegacia Daniel conseguiu um amigo que acabou com o
trabalho. Um detento temido por parte da cadeia. Daniel
conheceu Morbe devido a uma rebelião onde o mesmo foi
ferido e precisou ser socorrido, se não fosse Daniel ele
teria morrido, quem diria que uma amizade daquelas
renderia algo "bom" para Daniel, ele pediu que Morbe não
tivesse piedade e o mandou fazer com que Demétrio
sofresse desde abusos sexuais a surras diárias. E assim foi
ate que Demétrio não suportou e cometeu suicídio em sua
própria cela.
Seguido de Demétrio, veio o Informante, JB. Lá
estava o cara que cometeu inúmeros erros por ser
ambicioso, o problema é que quando Sebastian pensou em
fazer algo, alguém se antecipou. Samuel abordaria JB no
shopping onde haviam marcado um encontro, Sebastian
estava do lado de fora quando avistou Gustavo e JB em
uma discussão, assim que Gustavo se afastou do carro
uma terceira pessoa se aproximou. Katherine, as próximas
cenas foram rápidas e para Sebastian não fez o menor
sentido, Katherine abordou o pai e logo depois se afastou,
cinco minutos depois ainda dentro do carro JB foi atingido,
um segundo carro bateu em cheio contra o lado do
motorista, de onde Sebastian estava era simplesmente
impossível que JB tivesse sobrevivido, e isso o irritou,
porque foi uma morte rápida e indolor, bem diferente do
que ele queria para o informante que acabou com as
chances dele ter uma família.
Meses depois, Samuel chegou em casa após um dia
estressante de trabalho e encontrou Marcos irritado
gritando com Sebastian.
— Qual é o seu problema Sebastian? — Marcos
grita transtornado. — Eu mandei você ficar na sua, disse
que cuidaria de tudo, não posso arriscar ser exposto
porque você está em crise, porra, vira homem, cresce!
— Ei, o que é isso, Marcos? Porque desse
escândalo todo? — Samuel interfere.
— Esse moleque não sabe o significado da palavra
calma, ele não sabe esperar, é impulsivo e inconsequente.
— Marcos, eu não sei o que houve, mas pega leve
com ele, não precisa disso.
— Está vendo? É exatamente por isso que ele está
assim, faz uma merda em cima de outra, porque você pega
muito leve com ele, porque você Samuel, passa a mão na
cabeça e joga a merda pra de baixo do tapete. Ele precisa
de um rumo, um psicólogo, um pulso firme, não de pessoas
que colaborem e esconda os rastros.
— Chega! — Samuel o corta impaciente. — Vamos
conversar no meu quarto, Marcos e você, Sebastian, vai
tomar um banho e tentar dormir, quando acordar teremos
uma conversa bem longa e espero eu que esclarecedora.
Ninguém rebateu, cada um foi para o lugar ordenado
por Samuel em silêncio.
Samuel embora concordasse em parte com que
Marcos disse sobre ele estar deixando Sebastian passar
dos limites não gostou de ver Marcos falar daquela forma
com o irmão mais novo, o sofrimento de Sebastian fez com
que todos o acolhesse e tomasse para si a vingança pela
morte de Scarlet, porém Sebastian estava descontrolado,
fazendo uma merda atrás da outra sem pensar que pode
simplesmente comprometer a todos ou ser descoberto e
preso.
Marcos se deitou enquanto esperava Samuel tomar
um banho e vestir uma roupa confortável, odiava ter que
tratar Sebastian daquela forma, mas estava ficando cada
vez mais difícil cobrir os rastros do irmão.
— Marcos. — Samuel ainda estava de toalha,
parecendo exausto. — Sei que está irritado, eu também
estou, sei que estou deixando ele ir longe demais, mas
pensa como vamos fazer ele superar tudo isso. Eu não
acho justo ele se tornar um monstro assassino, mas acho
completamente errado aquelas pessoas sairem impunes
com tantos crimes nas costas, tudo que descobrimos sobre
eles é surreal, aquilo é um colégio de psicopatas
mentirosos.
— Eu odeio tratar ele assim, você sabe muito bem
disso, mas não está dando, quase fui pego hoje, Samuel. O
Sebastian precisa aprender a agir com descrição ou todos
nós vamos pelo ralo e ele sairá pior do que nós.
Eu descobri quem matou o JB, ele estava perto e
surtou, só que não estávamos sozinhos na sala.
— Quem matou o desgraçado? As pessoas
perceberam alguma coisa?
— Ninguém percebeu nada, eu contornei a situação,
mas não foi só isso, ele fez mais merda, Daniel foi ver se
consegue contornar a situação.
— Odeio que Daniel tenha que se meter nessa
merda com a gente, quero ver ele trabalhando no hospital,
novamente, salvando vidas e não tirando elas.
— Tarde demais para isso, estamos todos nessa! E
respondendo a sua pergunta, quem matou o JB foi um cara
chamado Heliord.
Samuel parou para pensar, aparentemente tentando
recordar de onde conhecia aquele nome e então falou: —
Heliord, o irmão do Demétrio.
— Exatamente, pelo que vi ele não matou só o JB,
mas algumas outras pessoas e meu informante disse que
ele está atrás das mesmas pessoas que nós, o sobrinho
dele, filho do Demétrio também estuda no colégio Elitte,
parece que está em depressão pela morte do pai e não é
só isso, sabe aquele jovem que nós achavámos suspeito?
Ele foi criado pelo Heliord, um ex morador de rua que ele
acolheu, o nome dele é Thor.
Capítulo 17
Anos antes...
Samuel estava em sua cama tentando imaginar
quem era Thor, será que era inofensivo ou um dos vilões
daquele colégio cheio de marginais?
Depois da conversa que teve com Marcos tentou
falar com Sebastian, mas o mesmo tinha dormido e eram
tão raros os momentos de sono dele que Samuel não quis
acorda-lo, quando amanhecesse iria pessoalmente atrás
de mais informações sobre Thor e Heliord. Talvez seja um
bom começo para iniciar o que Marcos e Daniel tem em
mente, um plano arriscado, mas que seria o maior e mais
perfeito de todos os tempos, já haviam se preparado,
recolhido alguns acessórios e estavam estudando e
planejando melhor como atraíram todos para o mesmo
lugar.

Semanas se passaram até que Marcos finalmente


conseguiu um encontro real com Heliord, irmão de
Demétrio, e foi algo estimulador, Marcos pode ver o mesmo
ódio, revolta e cede de vingança que havia em Sebastian,
naquele homem. Seus olhos transbordavam dor e ódio,
suas palavras mostravam o quanto ele seria útil para a
concretização de tudo. Após alguns meses de conversa,
decidiram ter um encontro para fazer uma reunião de
mestres, quatro mentes brilhantes e uma conturbada.
Sebastian estava melhor devido a terapia, mas ainda não
estava completamente são.
— É um prazer finalmente conhecer vocês, confesso
que já estava ficando preocupado. — Heliord cumprimenta
os quatro irmãos e se senta analisando cada rosto com os
quais vinha sonhando, como seria e se realmente existia.
— Espero que entenda, tínhamos que nos precaver,
não é todo dia que bolamos algo tão delicado e ainda
envolvemos pessoas de fora, a confiança é algo
completamente escassa hoje em dia.
— Eu compreendo com certeza! Também tive que
fazer umas pesquisas sobre vocês, mas não encontrei
nada comprometedor, parecem a família perfeita, um
jornalista bem sucedido, um empresário bem sucedido, um
médico exemplar e um jovem bem casado, rumando a vice
presidencia da empresa dos pais. Nada fora do comum até
que uma infeliz fatalidade acontece, a esposa do irmão
mais novo é sequestrada e morta, as coisas que
aconteceram depois, também não os tornam culpados,
mas para mim, não os tornam inocentes.
— Uma boa observação, uma interessante teoria, o
difícil seria você conseguir qualquer tipo de prova que nos
ligue a qualquer coisa que seja...
— Samuel diz com semblante inabalável assim como no
início da conversa, o que leva a Heliord a pensar que não
será fácil agir contra eles caso precisasse em algum
momento.
— Precisamos antes de mais nada, Heliord. —
Samuel interrompe os pensamentos de Heliord. — Deixar
claro que se algo der errado eu irei sempre proteger minha
família, ou seja, você estará sempre em desvantagem,
nosso nome nunca irá ser ligado a nada porque eu cuidarei
pessoalmente dos mínimos detalhes, mesmo que o plano
dê errado em algum momento, nós nunca seremos pegos,
mas também nunca te entregaremos. Se der errado não
conte com nossa ajuda para proteje-lo.
— Você é bem confiante e isso é bom, mas não
esqueça que confiança não é tudo.
Com o passar do tempo Heliord percebeu que os
irmãos não tinham apenas confiança, mas inteligência,
habilidade, cautela, astucia e para finalizar o conjunto da
obra, tinham bastante dinheiro, o que obviamente ele não
tinha, por isso com tudo que viu decidiu manter em segredo
sua descoberta sobre JB, seria sua carta na manga.
Quando conseguiram deixar tudo que planejaram
pronto, estava na hora do mais emocionante, observar
mais de perto cada um, reunindo mais jovens, mais
segredos, mais culpados. Heliord tinha Thor, seu sobrinho
de consideração, que serviu de espião mesmo sem saber,
Daniel conseguiu pôr no caminho de Luciano uma moça
que serviu de informante, a mulher com rosto de menininha
conseguiu arrancar tudo que Luciano tinha escondido.
Gustavo com sua ambição foi facil controlar, bastou Marcos
arrumar um caso que precisava de um observador, e aí o
caçador se tornou a caça, Marcos teve que admitir,
Gustavo melhorou muito desde que o conheceu a anos
atrás, discreto, rápido e certeiro, se tornou o melhor na
área. Kath não precisava de um espião próximo pois sua
vida era exposta em sua página do youtube por ela
mesma, facilitando e economizando tempo. Pedro foi
delicado, colocar alguém dentro da igreja para seduzi-lo foi
difícil, já que em sua igreja as doutrinas eram rigorosas, foi
quase um ano e meio para faze-lo cair em tentação e trair a
noiva com um jovem do coral, mesmo que tenha sido só
um beijo. Eduarda foi vista nas câmeras da escola no dia
do suicídio do filho de Demétrio, Heliord a odiou por não ter
ajudado seu sobrinho, por não tê-lo impedido, ela ficou
paralisada observando o jovem se matar. Samanta era
extremamente previsível, e seu caso com Gustavo era
notório a todos, por isso não deu o menor trabalho, Helena
e Hellen eram sonsas demais, foi como tirar doce de
criança colher informações sobre as duas. Diogo era o
exibicionista sem cérebro, um homem bissexual, bastou
alguns meses em um ménage para abrir sua vida nada
emocionante e sem segredos. Rebeca era mais uma água
com açúcar, foi pega apenas por fazer parte daquele grupo
horrendo e encobrir segredos de todos. Felipe que era o ex
namorado de Samanta, bom só por ele ter aturado Sam por
tanto tempo e a ajudar a esconder seu caso com Gustavo o
tornava sujo e um alvo. Todos eles se interligavam, todos
se completavam, quanto mais estudava e conhecia cada
um, mais ódio enchia a mente dos cinco, mas algo
preocupava Heliord, a forma que Sebastian assistia cada
vídeo que Katherine postava, ele soube que os vídeos de
Kath ajudavam Sebastian a tratar o transtorno de Scarlet,
só que ali havia algo mais, Sebastian estava se
apaixonando e aquilo seria um puta problema se por um
acaso fosse fortalecido e o sentimento se tornasse maior
do que a sede por vingança, a busca por justiça. E assim
Heliord decidiu se manter mais atento a Sebastian.
Heliord tinha um segredo, mas os quatro irmãos
também tinham um.
Heliord não sabia que fora os irmão prodígios que
haviam levado seu irmão ao suicídio na cadeia.
Mas aquilo não era nada comparado a informação
que Heliord tinha escondido deles.
Prontos para o embate final? Tudo foi muito bem
arquitetado, Marcos o repórter mais eficiente do estado,
sabia cada detalhe sobre informática, e montou o reality
show perfeito, sem pistas, sem pontas soltas e impossível
de ser rastreado. Instalou cada microfone e cada escuta
de última geração na mansão preparada para os jovens.
Daniel o médico, elaborou cada armadilha fatal e não fatal
junto com Sebastian que soube organizar muito bem cada
brincadeira, Samuel ficou como o cérebro da operação,
fiscalizando tudo para que não sobrasse rastros, nada
poderia ligar eles ao que estaria para acontecer e por isso
contou com a ajuda de seus familiares, seus pais e primos
com aparência mais chegada aos quarto, eram chamados
frequentemente para aparecer em câmeras de aeroportos,
da empresa, nas câmeras de segurança das residências de
seus pais e parentes e vez e outra eles saiam para levar a
vida normalmente, e assim quando surgisse uma dúvida
sobre o envolvimento deles, ali estariam as provas, sempre
em viagens, sempre com a família, tocando as empresas,
Samuel não parou de trabalhar, fazia toda a movimentação
da empresa por seu notebook, e frequentemente ia na
empresa mesmo depois do sequestro. Heliord era policial e
ja estava se preparando para conseguir transferência para
onde o caso iria supostamente ser designado, estudou bem
a vida de Douglas e tendo certeza que passariam para o
Jovem policial competente a responsabilidade de resolver
a grande bagunça que estava para acontecer fez seu
pedido e logo iria estar lado a lado com o inimigo, Por ser
um ótimo policial, com conduta impecável e histórico
perfeito, logo Heliord estava sendo o braço direito de
Douglas.
Perfeição é pouco para definir o que eles
planejavam.
Capítulo 18
Dias atuais.
Lado de Fora...

— Você tem certeza disso, Brenda?


— Amor, eu nunca erro e você sabe disso, por mais
que eu queira estar errada nesse momento, acredite, não
estou!
— Nós não podemos vazar essa informação. Não,
enquanto não acharmos esse infeliz! Você tem noção do
que fariam se pegarem ele antes de nós? Seria um inferno
para ele e para nós, mais um sequestrado e o pior, um que
deveria estar morto.
— Eu não sei o que seria pior, mas de uma coisa
tenho certeza, se ele entrar lá, não sairá com vida.
— Eu estou tão cansado, percebeu que quebramos
nossa promessa de não trazer trabalho para casa? São
duas da manha e estamos focados em trabalhar para
solucionar isso, nossos filhos estão na casa da sua mãe a
mais de uma semana. — Douglas mostra sua exaustão e
incerteza.
— Mas agora é diferente você não está se afastando
de mim, nós estamos juntos, e pensa... A Kath merece
nossas noites sem dormir, aquela menina ja sofreu tanto,
nós nos apegamos a ela e o Adam, ja é a segunda vez que
ele vai para o hospital, ele esta sentindo falta da mãe e do
tio Sebastian.
— Eu penso nele, fico imaginando um de nossos
filhos nessa situação, chego a me arrepiar, acho que morro
se alguma coisa acontecer com um de vocês. — Douglas
puxa Brenda para eu colo e acaricia o rosto da esposa com
pura veneração em seus olhos. — Eu te amo tanto, tenho
tanto medo que te aconteça alguma coisa.
— Eu também te amo, mas você sabe que sei me
defender, e nada vai nos acontecer, somos mais que um
casal, somos uma dupla, parceiros na vida, na cama e no
trabalho. — As mãos de Brenda passam pelo corpo forte
de Douglas, causando a mesma sensação que sempre
teve ao tê-la tão próximo de seu corpo, aquele mesmo
desejo do começo do namoro, o mesmo frio na barriga, o
amor que nunca se desgastou, pelo contrário, só cresceu a
cada dia mais.
— Eu gostei dessa parte de parceiros na cama. Que
tal a gente da um tempo de quebrar a cabeça e ir para
nossa cama provar dessa parceria. — A voz rouca e o
sorriso descarado no rosto do policial, chefe e marido fez
com que Brenda se animasse. Ela salta de seu colo e corre
para fora do escritório, dizendo: — Não tão facil, bonitão.
Prenda-me, se puder...
Essa era a brincadeira dos dois desde o início do
relacionamento, quando Brenda dizia a frase: "Prenda-me,
se puder", Douglas ja sabia que teria trabalho para pega-la
e saciar o fogo que os consumiam, dava a ela vantagem
para se esconder e logo após saia a caça. Quando
conseguia alcança-la a prendia e torturava um pouco antes
de concluir a missão.
Dando tempo para que ela se escondesse Douglas
sai de seu escritório, seu primeiro ato é parar e tentar ouvir
qualquer barulho que fosse, olha para cada canto da sala
até que ouve um pequeno barulho vindo da cozinha, mas
sabe que aquilo era apenas distração, conhecendo sua
mulher sabia que ela não tornaria aquilo tão facil, então
passou pela porta que dava acesso a área da piscina e viu
a sombra de Brenda, ela havia passado pela cozinha e
estava escalando pela lateral da casa até o quarto das
crianças. Douglas sorriu e entrou nova mente assim que
Brenda abriu a porta do quarto dos meninos ele a capturou.
— Você ja foi mais esperta, amor. E mais rápida
também!
Ele não teve tempo de dizer mais nada, logo Brenda
inverte as posições e o coloca contra parede sussurrando:
— Digo o mesmo a você, AMOR.
A risada de Douglas preenche o local, Brenda o
solta e tenta correr novamente entre risos, mas antes que
se afaste ele a alcança e agarra sua cintura jogando-a no
chão.
— Quer de maneira facil ou difícil, coração?
Mais uma vez reagindo ao ataque do marido Brenda
o chuta e consegue rolar os dois ficando por cima do corpo
de Douglas. — Você sabe melhor do que ninguém que
nunca fui facil, e jamais facilitaria para você, CORAÇÃO.
Os dois iniciam uma luta ali mesmo no chão valendo
tudo, desde chutes, socos e até mordidas, Brenda não
tinha pena e nem medo de machucar o marido, ja Douglas
fazia o máximo para não feri-la de alguma forma, o que o
deixava em desvantagem, quando finalmente domou a fera
a colocou sobre seus ombros ainda recebendo socos em
suas costas, porém bem mais ameno, chegando eu seu
quarto Douglas tira as algemas que estavam em seu bolso
e sentencia: — Uma vez que você tornou muito difícil essa
brincadeira e lutou como uma verdadeira policial, lhe darei
o tratamento de uma criminosa de alta periculosidade. —
Dito isto ele fecha as algemas em tono dos punhos de
Brenda e a prende ao pé da cama, se levanta e caminha
lentamente pelo quarto, ao retornar tem em mãos uma
espécie de bastão, com algemas em cada ponta. —
Preparada, coração?
— Você não seria tão cruel! — Diz Brenda com a
voz rouca de desejo.
— Sendo minha esposa a tantos anos você deveria
saber o quão cruel eu sou quando desejo.
Douglas prende os tornozelos de Brenda nas
extremidades do bastão e suave e lentamente vai subindo
as pernas torneadas de sua mulher, admirando cada
pedacinho daquele corpo maravilhoso, a respiração forte
de Brenda fez com que seus seios sobre a fina camisola se
tornassem ainda mais atraentes.
— Vai ficar só me admirando ou vai fazer algo
realmente útil? — Brenda percebeu as feições de Douglas
mudarem por alguns segundos e o medo a tomou, em meio
a brincadeira havia esquecido que não contou ao marido a
novidade, temendo a reação dele, caso notasse as sutis
mudanças em seu corpo chamou sua atenção mesmo
sabendo que não o enganaria por muito tempo. — Amor?
Douglas sorri leve mente e começa a acariciar
desde seus pés que estão na altura de seus ombros, até
alcançar sua calcinha de renda fina, a cor rosa bebe,
combinava com o tom rosado que sua pele. Deslizando a
peça lentamente pelas pernas torneadas de Brenda, ele
consegue arranca suspiros pesados de ambos, Douglas
está faminto, mas vez e outra amava essa tortura e
lentidão, gostava de deixa-los no limite para finalizar com
um bom sexo selvagem.
— Vamos deixa-la por aqui, gostei dessa calcinha,
não irei rasga-la e muito menos soutarei seus pés para
remove-la. — A voz carregada de desejo fez Brenda fechar
os olhos e suplicar.
— Deixe essa maldita calcinha onde quiser, só
comece logo a me foder ou quando me soltar irei faze-lo
pagar por toda essa agonia.
— O que aconteceu com a mulher romântica que
namorei? Ela gostava de fazer amor e não de ser fodida. —
Douglas inclina a cabeça fazendo cara de inocente e da um
meio sorriso descarado.
— Pare de brincar e me fode! — Brenda solta entre
dentes semicerrando os olhos na direção do marido.
Douglas desce as pernas de Brenda e se levanta
mais uma vez, em nenhum momento desviou os olhos dos
dela, retira a camiseta e a começa box revelando clara e
abertamente seu desejo, nu e completamente irresistível,
sorri e lentamente se agacha sobre ela e pergunta em seu
ouvido: — E onde você quer que eu comece fodendo?
Esses seus lábios deliciosos e malcriados? — Ele desce
passando a linha nos lábios de Brenda que os abre em
desejo, descendo mais um pouco encaixa a mão por baixo
do seio esquerdo e depois de uma longa e dolorosa
sugada levanta os olhos par ela e questiona mais uma vez.
— Ou por esses seios deliciosos? — Douglas faz um
caminho tortuoso com lambidas e mordidas, sorri mais uma
vez e introduz dois dedos na vagina de Brenda que solta
um gemido alto. — Posso ir direto ao ponto e começas te
fodendo bem aqui. - As investidas aumentam, e Brenda
arqueia chamando por seu nome, mas Douglas para,
retirando seus dedos, ela abre os olhos furiosa e o vê
rindo, Douglas lambe os dedos que estão molhados pela
excitação da esposa e diz: - Por você ter sido uma mocinha
muito má ira primeiro me satisfazer, e só depois irei pensar
se vou recompensa-la.
Dito isto Douglas levanta e posiciona seu pênis na
direção dos lábios de Brenda, ela por si fica irritada por ele
ter parado o que começou e fecha bem os lábios
firmemente, soltando uma risada rouca Douglas começa a
pincelar sua glande nos lábios de Brenda, como se
estivesse passando um batom, delicado e cauteloso.
Vendo que por mais que ela estivesse louca para
abocanha-lo, não cederia ele se inclinou um pouco para
incentiva-la e alcançou com uma das mãos o seio de
Brenda, começou com uma leve carícia em seu mamilo, fez
pequenos círculos e quando ela fechou os olhos ele deu
um doloroso beliscão fazendo com que ela abrisse a boca,
aproveitando o deslize da jovem policial Douglas pôs seu
pênis, ela se engasgou um pouco e ele recuou, mas logo
voltou e ela desistiu de relutar e iniciou seu apelo, sabia
que se fizesse um bom trabalho ele a levaria ao céu, por
isso decidiu leva-lo primeiro, com as mão amarradas ela só
tinha a boca e a usaria com maestria, seus dentes passava
pela extensão do membro de Douglas dando pequenos e
estimulantes arranhões, quando chegava na ponta ela fazia
círculos com a ponta da língua, sempre olhos nos olhos,
ele nem se quer piscava, o que a deixava ainda mais
excitada e determinada, quando viu que seu marido estava
quase alcançando a liberação fez um sinal para que ele a
liberasse e disse: — Vamos experimentar o qual profundo
consigo levar você?
— Douglas entendendo o recado riu e retrucou: —
Você é tão incrível, não consigo imaginar como tem
momentos que você se sente insegura pensando eu
trocaria você, essa mulher completa de tudo por qualquer
outra. — Ele abaixa dando um beijos longo e avassalador.
— Eu te amo e você é tudo que eu preciso, minha mulher,
minha amante, minha aventura, minha parceira no trabalho
e na cama, mãe dos meus filhos, minha melhor amiga, EU
AMO VOCÊ, Brenda Gusmões. — Após a declaração de
amor repentina Douglas enxuga a lágrima dos olhos da
esposa e atende seu primeiro pedido deslizando seu pênis
por sua boca avida, quando os lábios de Brenda estava em
muito mais que a metade de seu membro ele parou, com
medo de machuca-la, os olhos dela ainda nos dele
estavam lacrimejando, mas a policial fez um impulso
mostrando que ainda aguentava mais um pouco, que
poderia ir mais fundo.
— Minha pequena garganta profunda, você é muito
valente, mas não irei empurra-la ao limite, não com isso,
esta bom aqui, aliais, esta perfeito. — Douglas fala com
dificuldade e acariciando o rosto de Brenda libera seu gozo
com um gemido alto.
Ao se retirar espera que a esposa recupere o fôlego
e a beija sem se importar em degustar o gosto de seu
próprio gozo. Brenda sorri extasiada e diz: — Eu também
te amo, mas agora por favor me faça a mulher mais feliz e
recompensada do mundo.
— Vamos testar o quão flexível você esta! — Brenda
não entende a frase do marido até estar na cama com as
mãos presas no bastão que prendiam seus tornozelos,
uma posição completamente desconfortável, mas que
ambos ja testaram antes e Douglas sabia como manusear
as coisas para que o prazer sobressaísse ao desconforto.
Ali com sua mulher totalmente exposta para ele
Douglas a amou com os lábios, fez com que Brenda
soltasse tantos gemidos seguidos de gritos que ela ja
estava rouca e dolorida, em certo momento depois de
duras investidas ela disse fraca: — Amor, estou no meu
limite, me desamarre, não sinto mais meus braços.
Douglas pronta e rapidamente atendeu seu pedido e a
liberou, puxando-a para seu colo como uma criança e a
abraçando com uma doçura aparentemente impossível
para um homem com 1,98 de altura, com calma ele
massageia os braços de Brenda, a deita de bruços na
cama e continua a massagem, por seu corpo dolorido,
Brenda solta pequenos gemidos e Douglas se sente
incomodado por ela não ter pedido para ser solta antes.
— Ja conversamos sobre isso, você não precisa
chegar no limite para me pedir socorro, poderia ter tido
cãibra tão forte quanto aquela.
Douglas e Brenda sempre curtiram algo mais
agressivo no sexo, sempre foram diversificados e a pratica
de BDSM os fascinavam, curtiam esse estilo de vida,
mesmo que depois de casados e com as crianças tenha
ficado praticamente impossível a pratica eles ainda tinham
seus momentos, certa vez quando ainda eram iniciantes
foram a um clube que o primo de Douglas junto com alguns
amigos estavam abrindo. Bryan o primo de Douglas era o
dom mais jovem do clube, porem parecia ter anos de
experiência e foi ele que viu quando Brenda havia
ultrapassado os próprios limites sem pedir ajuda, quando
ele interrompeu a cena de Douglas com a namorada
infelizmente ja era tarde, tiraram as restrições de Brenda e
ela caiu no chão segundos depois com fortes cãibras que
atrofiavam seu corpo no chão, o desespero de Douglas foi
inexplicável, mas Bryan mantinha médicos no local para
qualquer eventualidade e logo Brenda foi atendida, estava
desidratada e seus músculos estavam atrofiando devido ao
tempo em uma posição que nunca esteve. Depois disso o
casal passou por umas aulas de iniciantes, onde era
ensinado como realmente funcionava a relação dominante
e submissa, Douglas aprendeu a ler as necessidades de
Brenda como se ela fosse um livro escrito com letras
grifadas e maiúsculas, por não poderem participar de todo
o curso, pois tinham que voltar para o treinamento da
policia ainda tiveram momentos de erros graves, como em
uma noite em que Douglas quase deslocou o braço de
Brenda com Shibari (amarração erótica japonesa). Hoje
completamente experiente sabe exatamente tudo que
precisa para fazer a ligação perfeita entre a dor e o prazer.
Mas para que saia tudo perfeito Brenda precisava também
cumprir sua parte e dizer sobre suas limitações, e essa era
a parte mais difícil, pois ela odiava mostrar fraqueza.
Depois de alguns bons minutos de massagem
Brenda adormeceu e Douglas ficou a observando, linda e
completa, pensava o que tinha feito para ter recebido como
prêmio aquela mulher magnifica. Se levantou para pegar
uma tolha e tomar um banho, Douglas viu no alto do
armário a caixa com as lembranças do casal, ao pegar viu
algo que chamou sua atenção, um envelope que
aparentemente foi colocado ali recentemente ja que
parecia novo perto dos papéis ja amarelados que estavam
ali, ao abrir sentiu a paz evaporar, a raiva o tomou por
completo, ela não faria isso tudo se aquilo fosse real.
— Quando você ia me contar? — Douglas questiona
Brenda com a voz dura, assim que ela acorda. Ele esta
sentado com o envelope nas mãos na ponta da cama,
ainda incrédulo sobre tudo, ainda puto por ter notado que
ela andava indisposta, reclusa, as mudanças em seu corpo
ainda que poucas, ele havia notado e como não ligou os
pontos?
— Contar o que, Douglas? — Questiona com a voz
trêmula mesmo sabendo sobre o que era.
— Brenda! — A chamou como uma advertência.
— Eu não sei do que você esta falando.
Douglas puxa o ar para seus pulmões, tentando se
acalmar e repete a pergunta: - Porque você não me contou
que esta grávida, Brenda? Não me faça de idiota.
— Não contei porque não queria que você ficasse
com essa paranóia, que surtasse e me mandasse sair do
trabalho, não agora com isso tudo acontecendo. Você
precisa de mim ao seu lado.
— Você não aprendeu ainda? Depois de tudo que
passamos ainda arrisca a sua vida e de nossos filhos como
se não fosse nada demais.
— Não fala merda! Eu amo meus filhos e nunca os
colocaria em risco e você sabe disso, eles são as minhas
prioridades, vocês são! Estar grávida não me faz uma
boneca de porcelana, eu sei me defender, sei dia meus
limites.
Brenda se sente tão incapaz quando Douglas a
coloca nessa posição de donzela indefesa e insinua que
ela ela é uma mãe e esposa inrresponsavel. Sempre lutou
pela família, e sabia que poderia fazer muito mais mesmo
estando grávida. Mas Douglas só conseguia pensar em
quando ela quase morreu estando grávida. Ele não
consegue ver o potencial que a esposa tem quando se
trata de estar gerando um filho.
— Você acabou de colocar, Brenda. — Douglas
altera seu tom de voz e se ergue da cama encarando a
mulher. — Nós acabamos de lutar, você usou todas as
suas habilidades, e se eu tivesse usado as minhas de
verdade como costumamos fazer você teria abortado essa
criança hoje, eu coloquei você em uma posição totalmente
desconfortável e fodi você sem dó, você chegou a sangrar,
porra! — Esbravejou socando a parede próxima a
cabeceira da cama. — Ontem estamos em campo, uma
explosão, um tiro ou qualquer outra coisa mais pesada que
atingisse você faria com que abortasse, então não me vem
com esse papo de paranóia, você esta suspensa até que
eu tenha certeza que vocês estão bem, amanha iremos
fazer uma ultra e iniciar o acompanhamento, porque pelo
visto nem isso você se deu ao trabalho de fazer, não vou
permitir que sua carreira na policia seja mais importante do
que a vida de nossos filhos! - Não era mais o marido a
falar, era o chefe, chefe da policia, chefe da casa e o chefe
da família e tudo aquilo irritou ainda mais a jovem policial
que sempre sonhou com tudo que estava voltando a viver!
— Você não pode fazer isso comigo, primeiro que
não é meu chefe, nós somos uma dupla, você não vai me
acorrentar dentro de casa para cuidar dos seus filhos,
Douglas! Eu amo vocês, mas não vou deixar de viver meu
sonho por vocês, e para a sua informação eu ja fui ao
medico, ja fiz minha ultra, e essa semana tenho uma
consulta, amanha eu irei trabalhar você querendo ou não!
— Veremos! — Foi tudo o que Douglas disse antes
de sair e bater a porta com toda força deixando Brenda
furiosa, ela deita novamente sentindo o cheiro de Douglas
impregnado ali, o que fez o choro romper forte por sua
garganta, trazendo a tona toda dor, medo e insegurança
que estava escondendo desde que descobriu sobre a
gravidez.
Capítulo 19
Sebastian havia acabado de acordar, sentindo um
corpo entrelaçado ao seu não quis se mover, ficou
pensando em Katherine, pensou em Scarllet, quando
acordavam e ela estava agarrada a ele como um bicho
preguiça e se recusava a sair até que estivessem quase
atrasados para qualquer que fosse o compromisso, o
atraso era a marca registrada do casal, nada era mais
importante do que o tempo deles juntos. Mas ali, atrelado a
ele não era a Kath e muito menos Scarllet, era Samanta,
que passou a noite inteira acordada o acalmando das
crises que teve em hora e hora, ela estava esgotada.
Sebastian sente dor por todo seu corpo, mas não ousa se
mecher, é consciente do trabalho que deu a sua amiga, ele
tinha um carinho especial por Samanta, criaram um vinculo
logo de primeira quando ele entrou como um dos cativos
enquanto o plano era deles. A amizade mais improvável ja
que ele a desprezava por todas as atitudes, acontece que
pessoalmente ele viu que nela havia mais dor e carência
do eu maldade, e sim, havia um pouco de Scarllet no jeito
de Samanta, olhando por cima do corpo dela viu Samuel os
observado, deu ao irmão um sorriso fraco que logo foi
correspondido.
— É bom ver que você está bem, irmão. — Samuel
diz em um sussurro.
— Não tão bem, porém consciente.
— Estou preocupado com você, acho melhor
começarmos a agir logo, pois não sei até quando você
aguentará.
— Você não entende, Samuel? Eu já estou mal,
aliais, desde que Scarllet morreu não sei o que é estar
bem.
— Sei que não, mas Katherine conseguiu mudar um
pouco isso, você deu uns bons e verdadeiros sorrisos
depois que a conheceu.
— E do que adiantou? Onde ela esta agora? Nem
Scarllet quando estava em seus piores dias me negava
consolo de qualquer coisa, eu me apaixonei de verdade,
mas ela é infantil e egoísta demais para me oferecer
sequer uma palavra amiga ao me ver destroçado.
— Esta sendo difícil para ela também, e com tudo
que você viu sobre ela dava para saber que não seria algo
facil, por mais arrependido que você esteja.
Samanta se move chamando a atenção deles, com
os cabelos bagunçados e olhos atentos, observa Sebastian
com cautela e depois olha para Samuel. Sem dizer nada
arruma os cabelos e levanta da cama indo em direção ao
banheiro. Ela ouviu parte da conversa, e com o coração
apertado foi para o banheiro, tomou fôlego e criando
coragem saiu para enfrentar os dois.
— Eu não sei qual é o plano de vocês, mas estou
com um mal pressentimento, seja lá o que for vocês
precisam ser rápidos e certeiros, ou vão acabar como nós.
Samuel e Sebastian continuam a encarando sem
reação.
— Eu sonho com a liberdade desde o dia que você,
Sebastian, junto com o lunático la de cima decidiram que
deveríamos pagar pelos erros que cometemos, eu sonho
em poder abraçar meu pai e dizer que sinto muito pela
morte da minha mãe, mesmo que ela não fosse, mesmo
que dá pior forma vocês tenham me mostrado que todo
aquele ódio e desprezo tinha uma razão lógica e até
mesmo aceitável. Dizer que lamento pela minha mãe
biológica e por não a ter conhecido, dizer que sinto muito
por já nascer estragando a vida das pessoas, começando
pela dele.
A minha liberdade é responsabilidade sua, então tratem de
bolar um bom plano de fuga onde nenhum dos meus
amigos saíam mais feridos do que já estão, ou estamos.
Ela não merece o seu amor e duvido que você meraça o
dela, mas ambos merecem um recomeço, um novo rumo,
não surte por ela, não chore e nem se culpe caso a
Katharine simplesmente lhe der as costas para o resto da
vida assim como ela fez ontem.
— Samanta... — Samuel interrompe, porém Sam
não está disposta a parar.
— E sobre o seu luto, bom creio que já esteja
vingado, levanta essa cabeça e quando ela aparecer
mande ela seguir a luz e ir para o outro mundo, está na
hora de você se desgarrar desse fantasma e seguir a sua
vida, Sebastian, eu sinto muito por tudo que aconteceu
com vocês, mas aconteceu, já era e nada do que você faça
vai trazer ela se volta, o filho da Kath, pode não ser seu
então não
Crie esperanças antes de ter certeza, e se for ele nunca vai
substituir o bebê que a Scarllet estava esperando, e mais
uma vez eu digo, você terá que superar, bancar o doido,
descontrolado só irá afastar eles de você, porque a Kath
jamais vai deixar um cara com disturbiomental ficar perto
do filho dela.
— Já chega, Samanta! — Samuel diz com um tom
mais elevado desta vez, mas sem intimidar-la.
— É engraçado não é mesmo, nós dois nos
encontramos de novo, assim... — diz finalmente se
voltando para Samuel. — Eu sei que o Sebastian não
lembra de mim, mal nos vimos duas vezes quando você
era responsável pela empresa do meu pai, mas você,
Samuel, é como se o tempo não passasse, como se sente?
Está feliz de me ver aqui? De quebrar meu coração mais
uma vez? Feliz de me ver indefesa? Devastada?
Lembra do que você jurou a mim quando descobriu que
meu pai estava usando sua empresa de fachada?
Responde!
VOCÊ CONSEGUIU O QUE QUERIA? — A última frase
sai gritada e Samuel está internamente pensando em como
seria bom se seu irmão estivesse fora de si nesse
momento e não presenciasse a cena que Samanta acabou
de fazer, os olhos dela estam como no dia em que ele jurou
vingança, cheios de mágoa, dor e lágrimas não
derramadas.
— Eu amei você, Samuca. Amei de verdade e você
pisou em cada sentimento, jogou meu coração no lixo
como se não significasse absolutamente nada.
— Não seja ridícula, Samanta. Você era uma
criança, não fazia ideia do que era amor.
— Claro, porque você, um homem feito dono de
uma empresa multimilionário não era capaz de se
relacionar com uma "criança" como você acabou de dizer.
Mas a criança, já não existe mais e graças a você se
tornou completamente fria e desacreditada no amor, ou na
amizade.
— Não me culpe pelas suas merdas. Você é o que
sempre foi, mentirosa, manipuladora e oportunista!
— EU amei você! — grita mais uma vez. — Não era
mentira, não era paixão de criança, eu te amei e sei que
você sentia alguma coisa por mim. Não sobrou nada,
Samuel? Nada do que nós vivemos importou para você?
— Do que vocês estão falando? Que porra de amor
é esse, Samuel? — Sebastian cansado de apenas ouvir
tudo aquilo sem fazer ideia do que estava acontecendo
questiona.
— Você era uma criança! Me enganou, mentiu para
seu pai, mentiu sobre tudo. Para de fazer show. — Samuel
ignora o irmão e continua encarando Samanta.
— Você tem razão, eu menti sobre muita coisa, mas
nunca sobre o que eu sinto por você. Eu acompanhei cada
passo seu, cada vitória pela empresa, cada conquista
pessoal, eu tenho suas entrevistas, suas fotos e contratos
que assinou. Eu guardei cada coisa que achei sobre você.
— Você é louca!
— Eu amo você desde o primeiro dia em que te vi
na minha casa para a primeira reunião com meu pai, me
escondi para que não me visse e no dia seguinte fui a
empresa porque meu pai falou que estava fechando
negócio com você, quando cheguei encontrei você no
corredor, terno azul escuro, cabelo e barba tão bem
alinhados e seu perfume tomou conta do ambiente, todas
as funcionárias daquele setor estavam ensandecidas pela
sua presença, tão perfeito, quando passei por você, tive
seu segundo olhar, vi o quanto se interessou e decidi que
você seria meu. Um mês depois você me beijou, naquele
mesmo corredor, depois disse que foi um erro, já que
descobriu que além de ter beijado a filha do novo sócio
também beijou uma menor de idade. Mas o erro se repetiu
algumas vezes não é mesmo? Os beijos escondidos eram
perfeitos, mas 14 anos de diferença era muita coisa para
você, era fraco demais para admitir que também me
amava, assim como está sendo fraco agora fingindo que
não me conhece, que nunca se apaixonou por mim, eu
tinha 15 anos, e na sua opinião era uma criança
impossibilitada de saber o que era o amor, mas e agora?
Eu tenho 25, acha que ainda sou incapaz de saber?
— Samanta, chega! Isso não irá nos levar a lugar
nenhum.
— Meu coração ainda dispara, quando eu vi você
descendo as escadas minha voz sumiu, meu coração
disparou e meus olhos encheram de lágrimas, a mesma
sensação que eu tinha com 15 anos. Eu sei o que é amor,
Samuel. Mas você nunca se permitiu ser amado, por mim
ou por qualquer outra mulher, porque você é um fraco, não
lutou por mim porque tinha medo, a diferença de idade
pesava, a diferença social, as pessoas... É por sua causa
que eu cago para as pessoas, eu não ligo para os
sentimentos de ninguém, assim como você não liga para
os meus.
Sebastian está sentado na cama apenas
observando, o rosto de Samanta estava molhado pelas
lágrimas derramas, já o de Samuel estava contorcido pelo
ódio, pela falta de palavras, Sebastian nunca o viu a assim,
o irmão mais velho sempre teve tudo sobre controle e o
fato de nunca ter nada sério com ninguém sempre foi
estranho, mas isso... Tudo que foi revelado agora era
insano de mais.
Samuel nunca demonstrou nada, ele fazia questão de
torturar a Samanta pessoalmente, sempre demonstrou
detestar a menina, como digerir toda aquela informação?
Todo aquele fingimento.
Capítulo 20
O dia amanheceu perfeito, Heliord tinha tudo sobre
controle e decidiu que hoje é o dia de acabar de uma vez
por todas com Sebastian, a conversa entre ele, Sam e
Samuel a três dias atrás deu umas ideias a Heliord, porém
com curto prazo não seria eficaz então voltou a sua
atenção ao irmão mais novo e mentalmente mais frágil,
Samuel não seria tão fácil de se sobrar, na verdade do jeito
que conhece o rapaz era capaz do próprio Samuel matar
Samanta só para se safar.
Quando todos acordaram encontraram na sala a
cabine de acrílico coberta, estranharam por que desde que
foram colocados lá ela sempre esteve aberta, um pouco
mais a frente tinha algumas cadeiras e logo veio a ordem
para que se sentassem, um a um tomou o assento, até que
Marcos, encarregado de ir procurar por Sebastian voltou
um tanto que desesperado dizendo não ter encontrado o
irmão, logo estavam todos de pé em alerta.
— Eu irei pedir encarecidamente que novamente se
sentem, ou perderam o grande e único espetáculo, o Grand
finale, dependendo da decisão do Sebastian vocês estarão
livres em três dias, ou morreram aqui. — A voz de Heliord
soa diferente, como se ele usasse um dos aparelhos de
distorção de voz como era feito no começo do sequestro.
— Cadê o Sebastian, Heliord? — Samuel questiona,
sua voz carregada de ódio, mas sempre glacial e calma.
— Eu ja disse isso, mas preciso repetir, você me
inspira, Samuel. Sua calma, seu auto controle, é incrível.
Eu vou te responder porque te respeito demais. Sebastian
esta com um amigo de longas datas e comigo bem na sua
frente, mande que todos se sentem e venha ate a cabine,
puxe o pano que nos cobre e vamos assistir mais alguns
vídeos e ver mais algumas revelações.
Sem precisar falar absolutamente nada, com apenas
um olhar de repreensão de Samuel todos que ainda
estavam em pé se sentam, Samanta, Gustavo e Katherine
tomam as primeiras cadeiras deixando uma vaga para
Samuel, que estava em pé ao lado da cabine, pronto para
puxar o pano preto que a cobria, esperando somente a
ordem de Heliord.
— Muito bem, agora que todos estão em seus
devidos lugares irei passar algumas ordens que devem ser
seguidas, destro dessa cabine tem três pessoas como já
falei, e vocês conhecem todas cada uma, Sebastian, um
amigo e eu. Também há uma televisão, uma arma com
apenas uma bala, um aparelho de choque que esta direta
mente ligado a Sebastian e eu e mais algumas coisas de
comer, a mesa que esta posta com diferentes alimentos
para que vocês comam, espero que se deliciem com cada
coisa, hoje é um dia especial, hoje é dia de reencontro.
Samuel, antes de você puxar essa cortina quero que sirva
o café da manhã para seus amigos, pois as cenas a seguir
só será sustentável com o estomago forrado, só vamos
começar quando todos se alimentarem.
Samuel respirou fundo, buscando a calma que
sempre teve, mas que estava fugindo dele nesse momento.
Levou alguns minutos até que todos estarem
satisfeitos mesmo contra vontade, Samanta se pegou em
numeras vezes encarando Samuel, parece ironia, seu
primeiro amor, sua segunda rejeição da vida, ele vez e
outra encontrava seu olhar perdido em sua direção, não
tem como descrever o que Samuel sente mesmo que
passe horas o encarando, não da para prever suas
reações, ou adivinhar seus pensamentos.
— Agora que estão todos alimentados e satisfeitos
pode descobrir a caixa e prestigiar a visão que todos estão
ansiosos para ver, Samuel. — Heliord diz fazendo a
apreensão de todos aflorar ainda mais. — Depois que fizer
sente-se novamente e ai só levantei quando eu der
permissão.
Samuel se levanta e cuidadosamente puxa o pano
que tampa a visão de todos, dentro da grande caixa de
acrílico existe muitas informações, do lado direito
Sebastian está sendo em choque, ele não se move, esta
paralisado com os olhos focados na televisão a sua frente,
de onde estão não conseguem ver o que esta passando na
tela, Heliord e do lado esquerdo da caixa também sentado,
porém sorrindo e ao seu lado existe uma pessoa amarrada
na em uma cadeira com uma pano preto cobrindo eu
corpo, envolta existe uma poça de sangue, dava para ver
que era um homem e estava vivo, pois sua respiração
irregular por debaixo do pano estava evidente.
— Sente-se, Samuel! — A voz de Heliord soou, mas
Samuel não se moveu, encarou o irmão que estava ainda
pior do que os outros dias, olhos fundos, vermelho,
chorando em silencio, Sebastian não tirou os olhos da tela
a sua frente nem se quer um segundo, seu corpo sacudia
com o choro, e Samuel teve pela primeira vez em muito
tempo vontade de chorar também. — Samuel, sente-se. —
Heliord ordenou um pouco mais duro desta vez, antes de
se virar para seguir até a cadeira vazia mirou Heliord com o
olhar, uma clara ameaça, depois olhou para a pessoa que
estava na outra cadeira e franze a testa, olhou mais
atentamente e disse baixo: — Não pode ser!
Indo em direção a sua cadeira olhou para Gustavo
que estava pálido encarando a caixa, depois encontrou os
olhares de seus dois irmãos, e ambos estavam igualmente
espantados.
— Antes de abrir o áudio do vídeo que Sebastian
esta ouvindo quero alertar a todos que se qualquer um de
vocês se levantar Sebastian e me amigo aqui morrem.
Então crianças comportem-se. — Heliord encara o rosto de
cada um dando um leve sorriso e em seguida abre o áudio
para que todos ouçam.
— Você pode por favor ouvir o que temos a dizer
primeiro?
— Eu não sou assassino e nem sequestrador.
— JB, seja homem, esta com medo de que? É a
chance que você precisa para ser reconhecido de verdade,
o Marcos nunca vai te dar espaço.
— Eu quero ser reconhecido sim, mas para tudo se
tem limite, eu não vou te ajuda com isso Demetrio.
— Você quer fama e eu quero dinheiro, tem noção
de quão rico o seu chefe e a família dele são? É muito
dinheiro meu amigo, e quem seria mais lucrativo para um
sequestro do que a esposa do casula? O tal Sebastian é
mimado ao estremo, a menina é toda problemática e pelo
que soube esta gravida, ou seja, ela é a fortuna que pedi a
Deus, eles dariam todo dinheiro que tem por ela. E eu só
quero alguns milhões, e 5% do que ganhar será seu e dos
seus ajudantes. Tem certeza que são de confiança?
— Eles são, mas como falei não estamos disposto a
virar sequestradores. Eles são jovens demais para se
arriscarem assim.
— Vocês não irão fazer absolutamente nada, deixe
eles de fora, passe apenas as informações necessárias do
trabalho de olheiro deles, ninguém precisa saber do que
estamos planejando. Você é esperto JB, não vai precisar
sujar as mãos, só precisa investigar a fundo a vida do seu
chefe, da família, a rotina de cada um, principalmente da
menina, se infiltre, faça amizade e no dia do sequestro só
preciso que você chame ela para um café, e o resto eu
faço, com alguém conhecido ela não fará alarde, diga que
foi ver se encontrava o Sebastian para dar um recado de
marcos a ele, sei lá, qualquer coisa, não precisamos
pensar nisso agora, faça primeiro o que mandei, siga os
passos de cada membro da família.
— Dimi, eu não
— Todos tem seu preço, JB. Pense no seu e
conversamos de novo.
O áudio foi pausado e ninguém deu um pio, dava
para se ver o espanto no rosto de cada um, até mesmo em
Gustavo e Luciano, que descobriram terem sido vendidos
pelo próprio chefe. Samuel esta com os olhos fixos na
cadeira onde o homem ainda coberto estava, Sam
encarava Sebastian que estava devastado, chorando ainda
mais, Marcos parecia ter levado um duro e forte golpe, seu
semblante endurecido de ódio mostra o quão culpado se
sente por ter dado a BJ um emprego e com isso a chance
dele conhecer sua família, Katherine esta estática,
encarando Sebastian, chorando e em silêncio lhe pedindo
perdão, se sentindo digna e estar ali e passar por tudo isso,
seu próprio pai, o homem honrado, o herói de sua vida, era
na verdade um bandido, um real assassino e sequestrador,
manipulou a todos inclusive a Gustavo, outro a quem
estava pedindo perdão, nesse momento ela vira em
direção a ele, e como se o mesmo estivesse sentindo a
mesma necessidade também e vira para ela, e ambos
pedem perdão um a outro.
— É difícil, não é? — Heliord começa a falar. — Ver
que tudo viveram até hoje era mentira, ver que cada luta
enfrentada até aqui foi em vão, meu irmão morreu, meu
sobrinho se suicidou e tudo por causa de um homem que
queria dinheiro, poder e reconhecimento, um verme que se
vendeu por alguns milhões, que matou uma jovem gravida
e destruiu duas famílias, a dele e a de vocês, Samuel.
Depois de algumas semanas dessa gravação o digníssimo
JB entrou em contato com meu irmão e disse o preço dele,
então deu inicio ao plano, porem quando JB descobriu que
seria roubado por Demétrio ele abriu o jogo para os
bandidos, para a policia e para os repórteres, entregou
todo mundo e fugiu, ele colocou um contra o outro, o que
resultou em todo esse inferno. Mas o pior ainda esta por
vir. Prontos para conhecer nosso convidado de honra?
Heliord se levanta indo em direção a Sebastian e
antes que alguém se mova da o aviso, ou melhor, o
lembrete. — Não se movam, ou eles morrem antes da
hora, Sebastian esta sedado, mas falta pouco para que ele
recupere os movimentos, os fones que ele esta usando não
deixa que ele ouça nada além dos áudios que coloquei
para repetir a noite inteira, as imagens que ele esta
assistindo mostram com detalhe o plano do meu irmão e de
JB, mostra exata momento em que JB coloca em risco a
vida da sua tão adorada esposa.
Heliord tira os fones, desamarra cuidadosamente as
mão de Sebastian tira os fones dele e pergunta: — Esta
ouvindo Sebastian, consegue se movimentar?
Sebastian levanta a cabeça com dificuldade e com
um pequeno aceno faz entender que ele esta ouvindo o
que Heliord diz. Satisfeito Heliord termina de solta-lo vira a
tela que ainda passam algumas imagens, mas não liga o
áudio, depois caminha ate uma mesinha e coloca a arma
que havia mencionado, com uma única bala que decidiria a
vida de todos ali. Com calma ele vai até a pessoa
amarrada e puxa o pano que o cobre revelando um homem
desfigurado.
— Alguém consegue adivinhar quem é o um
convidado?
Todos os olhares estão sobre o homem, e como
Gustavo, Luciano, Samuel e Marcos ja haviam notado
quem era não foi surpresa, logo Samanta disse em voz
alta: — Tio?. — Isso aparentemente despertou Katharine
que encarava o homem sem saber o que dizer. — Pai?
Samuel, é o meu pai ali? Como?
— Isso ,Kath. Seu querido e amado pai não morreu,
ainda. — Heliord diz dando um tapa no rosto de JB. —
Esse verme forjou a própria morte depois do acidente.
Quando sua mãe foi reconhecer o corpo foi facil engana-la,
ela estava muito abalada, nem se quer quis entrar na sala,
pelo vidro mesmo ela o identificou sem notar que estava
apenas sedado, apesar dos muitos ferimentos. Ninguém
soube onde foi parar o dinheiro do resgate, mas agora,
podendo provar venho mostrar quem foi o felizardo. JB
conseguiu fugir com todo o dinheiro, antes do acidente
escondeu, e assim conseguiu pagar as cirurgias, as
pessoas que o ajudaram a fugir, mas depois de um tempo
ele cometeu um erro e procurou os seus informantes e foi
assim que tive a primeira pista sobe o dinheiro e sobre
você, JB. Mas o mais engraçado foi ver que mesmo com
tudo ele não abandonou você, doce Kath. Sabe aquele
homem do seu canal, aquele fã aquém você e apegou de
tal forma que conseguiu superar o luto? Era ele, seu
próprio pai.
Depois disso deu um certo trabalho te rastrear, mas
depois de 8 anos aqui estamos nós. — Heliord respira
fundo, olha para Sebastian que parece mais alerta, ele vai
ate onde estava sentado e se acorrenta. — Sabe crianças,
eu estou muito cansado, a vingança não é algo facil, pelo
contrario, é cansativa e dolorosa, porque mexe com as
nossas feridas, chegar até aqui não foi prazeroso,
acreditem! Mas foi necessario, por isso chegamos ao fim,
eu sou responsável pelos 4 anos de sofrimento de vocês,
mas aquele homem ali é responsável por toda a desgraça
que nos trouxe até aqui, na arma tem o tiro de misericórdia,
Sebastian tem que decidir quem deve morrer. Se ele me
matar todos vocês irão morrer aqui, porque só eu consigo
abrir esse lugar e liberta-los, se ele matar aquele homem, o
cara responsável por tudo vingara a morte da mulher, do
filho, vingara a cada um de vocês aqui, e lavara a alma. A
escolha é sua, Sebastian. Se recupere, pense e mate o
homem que desgraçou você!
Capítulo 21
Sebastian ainda estava com o corpo pesado, mas o
ódio o consumia por completo, ele estava mais lúcido do
que nunca, embora Heliord o tenha deixado ali por horas
revivendo aquelas cenas e mostrando como tudo
desmoronou tão rápido em sua vida. De pé com a arma em
sua mão direita, sem mirar em nenhum canto específico
tremia com medo.
— Eu amo você, estou pronta para te receber,
Sebastian. — Scarlet aparece em sua frente com um
sorriso encantador. — Chega de dor, de ódio e vingança!
Está na hora de voce descansar, vem comigo e veja como
tudo ficará mais fácil.
— Sebastian, Sebastian… Por favor me ouve, não
mata meu pai, ele pode e vai pagar por tudo que fez da
maneira certa, você não precisa se tornar um assassino. —
Katherine bate na cabine desesperadamente tentado
chamar sua atenção.
— Mate quem tirou tudo de você e vingue a morte
da sua mulher e filho, mate o homem que fez você se
tornar esse lixo que é hoje.
— Pensa em tudo que você tem a perder, irmão.
Não vale a pena tirar sua vida, e JB já é um caso resolvido,
pense. Nós temos uma vida do lado de fora, nossos pais
estão esperando por você. — Samuel tenta manter o
cotrole na voz, pois mesmo com tudo ele consegue ver que
Sebastian ainda está sã.
Mas nada ali estava fazedo senindo, Sebastian
levanta a cabeça e olha para cada rosto, cada boca que
gritava algo diferente que ele não conseguia ouvir, sua mão
parou de tremer, sua mulher estava sorrindo para ele entre
Heliord e JB, a mulher por quem se apaixonou estava do
lado de fora da cabine aos prantos, seus irmãos o olhavam
atentos, sua amiga também em prantos chama por seu
nome, ele conseguia ler nos lábios dela, “por favor,
Sebastian,” mas o zumbindo no ouvido o impedia de ouvir
qualquer coisa, seu peito doia, a alma chorava vendo a
vida que perdeu, vendo a vida que jamais poderia ter e o
recomço que também foi destruido, ele não tinha escolha,
era morrer ou matar, mas matar quem? Morrer por quê?
Viver para que Sebastian?
E então por um segundo ele se lembrou, pode ver o
sorriso que hoje o ilumina, pode ouvir a voz que o guiava
para a sanidade. “— Eu amo você, tio Sebastian.” Adam…
o rosto da inocente criança que acreditava ser seu filho, a
imagem de uma nova vida, sem dor, sem culpa, sem ódio.
Sebastian ergue a arma mais uma vez, não para ele,
mas para JB intensificando os gritos de desespero de
Katherine, que rodava incansavelmente o dispositivo de
seu colar, o rastreador não era capaz de teletransportar os
policiais até o local onde estavam, mas ela rodava com a fé
de que eles chegariam antes da arma ser disparada contra
seu pai.
— Mate, acabe com isso tudo, Sebastian, nos
vingue de uma vez. — A frase de Helior fez com que
Sebastian refletisse mais uma vez, e pensou que se ele
matasse JB, ele não teria o tal recomeço que sonhou e
abaixou mais uma vez a arma, voltou para onde esteve
sentado a noite inteira e decidiu ver mais um pouco de sua
mulher, queria se despedir de uma vez por todas de
Scarlet.

Lado de Fora
Douglas está em mais uma discusão com Benda
sobre ela ficar em casa ou de repouso, ele está uma pilha
de nervos, sendo cobrado pelo desaparecimento não só de
Katherine e Sebastian, mas também dos três irmãos do
jovem. Era difícil manter a calma, quando além de tudo tem
que se preocupar com Brenda e a gravidez, faz dois dias
desde que descobriu e desde então tem brigado
constantemente com a mulher sobre não ir para agência.
Ele está prestes a gritar mais uma vez quando Thais entra
correndo em sua sala.
— Douglas, o rastreador foi ligado. — O agente da
polícia federal ficou sem ação, mas logo uma euforia o
encheu e ele estava correndo em direção a sala de
reuniões.
No telão a luz piscava na área que a polícia já havia
rodeado, porém não tinham explorado o local por falta de
provas, por ser uma área particular precisariam de um
mandado e o juiz estava dificultado um pouco as coisas por
não gostar de Douglas, sua forma de trabalhar, o juiz era
pai de um dos primeiros jovens dado como morto no
primiro sequestro, não acharam o corpo de sua filha e isso
fez com que ele dificulte qualquer coisa relacionado ao
caso, mesmo que seja antiético, mesmo que sem saber
esteja dificultando a saída da própria filha, Eduarda.
— Vamos sair em 15 minutos e ninguém pode saber,
nada de imprensa, ouviram? — Douglas passa as últimas
instruções e vai até sua esposa.
— Sei que não vai adiantar te pedir para ficar, mas
quero que saiba que nao vou me responsabilizar por nada
que possa te acontecer, se algo der errado e você se
machucar eu vou lhe proteger e cuidar porque te amo, mas
não me sentirei culpado, a culpa de qualquer coisa será
completamente sua.
Brenda se levanta encarando - o e no mesm tom diz:
— Eu te amo, nunca pedi para ser protegida por você, sou
capaz de fazer isso sozinha.
Capítulo 22
25 vezes
Essa foi exatamente à quantidade de giros que
Katherine deu em seu dispositivo em segundos, e essa foi
à quantidade de vezes em que gritou o nome de Sebastian,
mas em nenhuma delas ele a olhou, ele nem sequer a
ouviu, seus ouvidos estavam com um zumbido irritante e o
impediam de ouvir qualquer coisa, mas ele chegou a uma
conclusão, decidido e com a arma em punhos mirou mais
uma vez nas três pessoas que ele poderia matar, suas
únicas opções, primeiro ele, depois Heliord e então JB. Em
nenhuma das opções ele estaria livre, pagaria de qualquer
forma por tudo, mas em uma delas ele salvaria seus irmãos
e com esse pensamento Sebastian se vira para Samuel,
Marcos e Daniel, murmura um eu amo vocês e dispara a
única bala, a bala de misericórdia na cabeça de Heliord, e
então o caos começa.
Em Heliord havia dispositivos, quando seu
corpo sem vida puxou parte da corrente que o prendia
ouviu-se uma explosão do outro lado e as luzes se
apagaram.
— Precisamos ficar juntos, não corram, temos que
quebrar isso, não sabemos quantas armadilhas ele
preparou e nem se esta realmente sozinho. — Samuel grita
quando vê todo mundo querendo correr por caminhos
diferentes.
Gustavo, Pedro, Daniel, Marcos e Samuel tentavam
quebrar a caixa de acrílico, enquanto Sebastian soltava JB
das amarras. Sua mente grita para que ele o mate com as
próprias mãos, mas o desespero de Katherine os olhando
do outro lado da cabine o impede, ela jamais o perdoaria
se tomasse aquela atitude e ele jamais teria a paz que
tanto desejava.
30 minutos
Esse foi o tempo que a polícia levou para chegar ao
local onde eles estavam tempo suficiente para que metade
do lugar estivesse em ruínas, novamente a mesma cena de
anos atrás, as mesmas sensações e dúvidas, será que tem
alguém vivo? Ou mais uma vez chegaram tarde demais?

Quando Douglas passou pelos portões avistou um


grupo de pessoas maior do que aquele que veio buscar,
reconheceu de imediato Samuel que tinha em seus braços
Samanta, logo atrás Pedro carregando Luciano, Gustavo
carregando um homem que não soube identificar e ao lado
deles vinha Daniel com Eduarda e Marcos carregando
Katherine. Mais do que vieram buscar, porém, ainda sim
faltava um... Sebastian.
Os agentes correram em direção a eles, os
protegendo das explosões que ainda estavam
acontecendo, todos muito machucados, porém vivos,
como?

Horas antes

— Eu vou procurar onde ele ficava, quem sabe de lá


não consigo abrir isso e aproveito para descobrir como tirar
a gente daqui. — Pedro diz depois de um tempo tentando
quebrar a caixa junto com os outros.
— Eu vou com você. — Samanta diz.
— Tenham cuidado, pois tudo aqui deve estar
cercado de armadilhas, é melhor que Daniel vá com vocês,
ele é médico e se acontecer alguma coisa saberá o que
fazer. — Samuel sugere.
— Ótimo, vamos então! — Pedro chama já se
retirando.
Os três seguem atentos pelos corredores que não
tinham acesso durante o tempo que estiveram ali, depois
de alguns minutos procurando finalmente acham a sala
central. Assim que Pedro consegue abrir à porta toda a
sala começa a piscar um som de alerta, eles conseguem
abrir todas as saídas, mas um gás toma conta do lugar por
onde corriam.
Ao voltarem só encontram Marcos com uma espécie
de máscara no rosto, esperando - os.
— Cadê todo mundo? — Pedro Questiona com
dificuldade na fala devido a fumaça.
— Achamos melhor todo mundo sair assim que as
portas se abriram e a fumaça começou a se espalhar,
pega, enrola isso no rosto. — Marcos estende para eles
alguns panos molhado com soro.
— Gente eu não estou bem. — Samanta diz
chamando a atenção deles e desmaiando em seguida,
dando tempo apenas de Daniel segurá-la pela cintura
impedindo que caísse no chão.
— Vamos, precisamos tirar ela daqui antes que
sufoque de vez.
Daniel pega Samanta nos braços e os quatro correm
para a direção em que Marcos disse que os outros foram,
mas ao chegarem à última porta encontram todos sentados
no chão, não há fumaça ali, mas também não há saída.
— O que houve? — Ao ouvirem a voz de Marcos,
Samuel, Gustavo e Sebastian se levantam.
— Essa foi à única porta que não abriu. E adivinhem
só, nossa única saída. — Samuel diz raivoso. — O que
houve com ela, pergunta ao ver Samanta nos braços de
Daniel.
— O mesmo que aconteceu com elas. — Daniel
aponta para Eduarda e Katherine desmaiadas no chão. —
Não aguentou a fumaça.
— Ok, me da ela, eu vou com Marcos resolver isso,
vi alguns explosivos na cozinha, acha que consegue pegar
eles e arrebentar esse portão? Sem se matar no processo,
Marcos?
— Não, é um caminho longo de lá até aqui, a
fumaça tomou conta de tudo e eu era um repórter e não um
masoquista, não sei mexer com bombas assim.

— Eu consigo! — Pedro interrompe. Só preciso da


máscara, o resto eu consigo. Vocês precisarão se afastar o
máximo possível.
— Ótimo, então vai e quando estiver pronto nos
avise e cuidado para não se explodir, nerd. — Samuel diz
pegando Samanta dos braços de Daniel e ordenando que
ele acompanhe Pedro novamente.
— Irmão, estou começando a achar que você está
querendo que eu morra, só me envia para furadas.
— Estou mandando você justamente pelo contrário,
não quero que mais ninguém morra. Vamos sair todos
daqui e vamos sair vivos. — Diz firme, recebendo em
resposta um ok de seu irmão.
Seguindo o plano, Pedro e Daniel vão até a cozinha
e conseguem com sucesso remover os explosivos sem
acionar, voltando para a porta encontram todos no outro
corredor afastados, com cuidado, Pedro e com a ajuda de
Daniel e Marcos colocam e acionaram os explosivos
correndo para longe em seguida, 5 segundos é o tempo
suficiente para se protegerem.
A Explosão foi mais que eficiente e logo eles viram a
tão sonhada liberdade. Porém esqueceram que as
armadilhas não estavam apenas dentro da casa, mas fora
dela também, Samuel tropeça com Samanta em seus
braços em uma corda de náilon próximo ao chão e em
seguida estilhaços de ferro são lançados na direção deles,
antes que se jogassem no chão ouviram um grito agudo.
Sebastian foi atingido no pescoço e Pedro na perna.
— Estão bem? Pedro! Você está muito machucado,
dá para continuar? — Marcos questiona, sem perceber que
o irmão também estava ferido.
— Bem não estou, mas vou continuar porque não
estou a fim de ficar para trás e correr o risco de ficar preso
por mais uns anos e sozinho.
— Atenção! Aqui é a polícia, o lugar está cercado,
quero todos de joelhos e com as mãos para cima.
— É sério isso? Demoram quatro anos para nos
resgatarem e ainda querem nos fazer de suspeitos? —
Gustavo diz antes de se baixar com Luciano.
— Como se vocês fossem inocentes. — Marcos
retruca.
— Calma, crianças, a tão sonhada liberdade está
mais próxima. — Diz Samuel.
O local está cercado, há policias para todos os
lados, nos fundos esta Brenda e sua equipe, pela frente
Douglas com seus agentes, assim que resgataram todos
se certificando que são os desaparecidos, ou parte deles,
os levaram para as ambulâncias que estavam na parte de
cima da ladeira. O Lugar era praticamente uma ilha, parte
estava cercada de árvores e a outra parte de água, uma
ilha particular que funcionava como um presídio para
criminosos de alta periculosidade.
Douglas estava conversando com um dos agentes
que seria responsável por acompanhar as ambulâncias
para o hospital quando mais explosões vindas da parte de
trás do prédio chamaram sua atenção.
Brenda — Brendaaaaaaaaaaaaa. — Seu grito
desesperou ainda mais os agentes que correram para o
local. Mas, mais explosões e alguns gritos de agentes
feridos dificultaram sua chegada ao local onde Brenda
estaria. Havia milhares de armadilhas espalhadas e a única
coisa que vinha na mente de Douglas enquanto corria para
os fundos onde havia fogo e gritos era sua voz dura antes
de sair da delegacia.
"— O que acontecer com você lá é responsabilidade
sua e eu não irei me sentir culpado caso você se
machuque."
Capítulo 23
Hoje completa três dias que cinco dos treze jovens
sequestrados há quatro anos foram encontrados com vida,
junto com eles foram resgatados os quatro irmãos, Samuel,
Marcos, Daniel e Sebastian Oliver, filhos de um dos
empresários mais bem sucedidos do mundo. E a jovem
Katherine do Carmo que também foi vítima do sequestro há
quatro anos, porém a jovem foi resgatada após um ano de
confinamento, a informação dada pelos policias e pela
própria jovem anos atrás era que todos os seus amigos
haviam morrido, quem acompanhou o reality show de
horrores pôde ver ao vivo a tortura e a morte de alguns dos
jovens, cujos corpos nunca foram encontrados. Depois de
alguns meses de sequestro e tortura outra pessoa foi
colocada em cativeiro junto com os treze jovens,
Sebastian. Sebastian também teve sua esposa
sequestrada a mais ou menos nove anos, a jovem cometeu
suicídio após achar que não seria libertada, Scarllet Olive,
tinha 23 anos e estava grávida. Recentemente houve um
novo sequestro onde Katherine, Sebastian e seus três
irmãos foram levados, mas para nossa surpresa tudo
acabou com o resgate de dez pessoas e não cinco como
era o esperado.
É confuso, é apavorante e assustador, mas ficamos
felizes ao rever cada um com vida, além deles foi
encontrado um homem cuja identidade ainda não foi
revelada, mas segundo informações é alguém cujo
passado não é um dos melhores e pode até mesmo ser um
dos sequestradores, mas devido ao seu estado nada pode
ser confirmado. Durante o resgate, infelizmente, tivemos
muitas perdas, foram no total cinco policias mortos, sete
gravemente feridos e uma das chefes de investigação
Brenda Dantas, Casada, com o chefe de polícia Douglas
Dantas esta desaparecida, as dúvidas de seu
desaparecimento esta deixando seu marido descontrolado.

— Como assim não acharam nada? Quer dizer que


minha mulher evaporou? — Douglas grita com o homem
responsável pelas buscas. — Eu não sei o que vocês irão
fazer, mas minha mulher não irá ficar desaparecida por
anos devido à incompetência de vocês.
— Com todo respeito, Sr. Douglas, mas cinco
daqueles jovens ficaram desaparecidos por quatro anos e
mesmo com todos os alertas, mais cinco deles foram
sequestrados de novo, o que o senhor teria a falar disso?
Foi incompetência sua e de sua equipe? Porque eu garanto
que a minha está fazendo de tudo para achar sua mulher o
quanto antes, mas como eu disse, a não ser que ela tenha
caído no mar e ido pra longe já que havia mergulhadores lá
também ela está em outro lugar, não sabemos se viva ou
morta, mas com certeza em outro lugar.
Douglas teve que usar o pingo de autocontrole que
ainda tinha para não avançar no homem a sua frente, ele
mesmo foi chamado de incompetente por anos graças ao
Sequestro que não teve sucesso de resgate, e sempre
odiou isso, mas agora, sentindo o desespero na pele, o
medo de perder alguém, de vê-la sofrer como os outros,
pensando em Sebastian quando perdeu a mulher grávida.
— Douglas, olha eu entendo o seu desespero, de
verdade, e nós não vamos cansar de procurar enquanto
não acharmos a Brenda, somos amigos, nos formamos
juntos, eu fui ao casamento de vocês, então acredite em
mim, também estou sofrendo com isso, mas não vamos
desanimar. — Fábio consolou. — O que aconteceu com os
que foram resgatados, sabe?
— Sebastian ainda está desacordado, mas tudo
indica que fez parte de tudo, tenho certeza que os irmãos
também, mas não temos provas contra nenhum deles,
além do que está em coma.
Estão em fotos na casa de observação, foram
interrogados ontem, e a única pessoa que acusa os quatro
é a Katherine.
— Você acha mesmo que eles estão envolvidos?
— Não seria tanta surpresa, um médico, um
repórter, um Crânio em empresas de exportação e um
lunático doente por vingança. Mas sabe, eu entendi o
Sebastian, estou sentido o mesmo desespero em relação à
Brenda e sou capaz de matar qualquer pessoa que fizer
mal a ela, sem pensar duas vezes e os irmãos, bom ele é o
casula, sofreu o pão que o diabo amaçou, o que você
faria?
— Eu iria atrás de justiça, sem dúvidas, mas isso
não é coisa que possamos ficar comentando,
principalmente perto de imprensa.
— Acredita que não consegui ir para casa, nem sei
como meus filhos estão, eu não tenho coragem de olhar
para eles e dizer que deixei a mãe deles desaparecida,
cinco dias sem vê-los.
— Ei, não faça isso, eles precisam de você, amigo.
— Hoje vou interrogar alguns deles, talvez tenha
respostas e daí vou para casa, minha sogra deve estar me
xingando. — Fábio da um sorriso amistoso ao amigo e sai.
Douglas fica ainda pensativo, se levanta e vai para o
bendito interrogatório.
— Como está se sentindo? — Douglas pergunta a
Katherine.
— Feliz por estar viva, por poder sair de lá bem, mas
estou confusa, com medo. O meu pai está vivo, Douglas.
Como? — Katherine questiona com a voz embargada.
— Não cuidei do caso do seu pai na época, mas
tudo indica que o que foi passado é verdade, ele pagou
para forjar a própria morte depois do assistente, se passou
por um dos seus seguidores e mesmo com vocês estando
preso ele não se entregou. Eu sinto muito, mas ele só
apareceu agora porque foi encontrado, e não porque você
foi sequestrada.
— Meu pai é um monstro da pior espécie, mas,
ainda assim, é meu pai, Gustavo e Luciano eram
comparsas dele e mesmo vendo que iriam morrer ele não
veio, e ainda assim eles o protegeram.
— Eles serão encaminhados para responder por
alguns crimes, mas já te adianto que, por causa, do que
passaram lá dentro qualquer Juiz dará o direito a pagar a
fiança, eu mesmo daria se fosse possível, entende?
— Eu também não os condenaria mais, acho que
quatro anos de tortura é castigo suficiente.
— E sobre o Adam? Já sabe o que fazer?
— Não, mas sei o que devo fazer, o teste de
paternidade será um alívio para todos, ele tem o direto de
saber, e não quero brigar em juízo com Gustavo por causa
disso, ele já deixou claro que se precisar vai à Justiça pedir
o exame.
— Você tem algum palpite?
— Não, na verdade eu gostaria que ele não fosse
filho de nenhum dos dois, mas isso é impossível.
— O Sebastian será preso, Katherine. E por muito
tempo, se for ele o pai mesmo que você esteja com ódio e
com medo dele, diga a verdade, por pior que tenha sido ele
merece saber que tem um filho.
— Nunca imaginei que diria isso, mas não tenho
medo dele, nem ódio mais, ele agiu de forma monstruosa
prendendo a todos nós, mas consigo enxergar nele algo
bom.
— Tenho que te interrogar agora. Irei ligar o
gravador e chamar a testemunha.
— Ok.
— Katherine do Carmo Braga, estamos aqui para
dar início ao seu interrogatório, você confirmar estar de
acordo?
— Sim.
— Na noite de sexta feira, do dia 17/05 você saiu
para a casa do até então namorado Sebastian Oliver,
certo?
— Sim.
— Chegando lá, o que viu e quem estava lá com
vocês.
— Estavam os três irmãos do Sebastian, Marcos,
Daniel e Samuel, que foi quem nos recebeu. Nós jantamos,
conversamos um pouco e fomos dormir. Durante a
madrugada tive um sonho ruim e fui andar pelos
corredores, vi uma porta e curiosa a abri, quando entrei vi
várias fotos e desenhos meus, tinha um quadro-negro com
uma espécie de plano desenhado, tinha nomes, e fotos
minhas e dos meus amigos. Fiquei apavorada e quando eu
ia sair vi um monitor, nele tinha Samanta, Gustavo, Thor,
Eduarda, Luciano e Pedro em uma sala, no começo achei
que fosse imagens velhas já que pensei que tinham
morrido, mas então vi que estavam diferentes, quando me
virei para correr, Heliord apareceu e me bateu, quando
acordei estava trancada em um quarto.
— Na casa do Sebastian não havia mais nada de
estranho? Porque essa casa foi revistada, esse quarto foi
visto e revisto várias vezes e não tinha nada nele.
— Não tinha mais nada, mas sei o que vi, estava lá.
— Você nunca viu nada de estranho com o
Sebastian ou os irmãos dele?
— Sebastian é perturbado, ele sonha com a Scarllet
dia e noite, tem alucinações com ela, mas o tempo que
passamos juntos estava mais controlado, sem crises.
— Só para esclarecer, Scarlet é a mulher dele que
foi morta há nove anos, certo? Ele a via e conversava com
ela?
— Exatamente, era a esposa dele e sim,
eventualmente, sem os remédios ele tinha longos diálogos
com ela.
— Na casa, o que você viu? Ou ouviu que ligasse os
irmãos do Sebastian aos crimes?
— Sinceramente? Nada! Mas eu sei que eles foram
cúmplices, o Sebastian é perturbado mentalmente e não
seria capaz de fazer tudo isso sozinho, além disso, tinha os
nomes lá na casa.
— Katherine, não podemos prender eles sem provas
concretas, não achamos nada na casa que os incriminasse
e os poucos áudios que tivemos enquanto vocês estavam
presos só acusavam o Sebastian e o Heliord. Além deles
dois, o único com provas reais de crime de assassinato é o
seu pai, Luciano será indiciado por estupro, Gustavo por
alguns delitos, mas o restante? Não temos nada contra
eles.
— Não acho justo que o Sebastian pague por tudo
sozinho.
— Ele só não irá pagar se denunciar alguém, mas
para isso precisamos esperar que ele acorde.
— E o Pedro, como está?
— Se recuperando, quando foi questionado do
porque tentou se matar disse que estava com medo de
como seria recebido pela família.
O interrogatório demorou por alguns minutos a mais,
Katherine acabou em prantos e precisou ser medicada. O
próximo interrogatório seria um dos mais difíceis para
Douglas.
Capítulo 24
2 meses após o resgate

— Sabe Kath, por um lado eu achei bem injusta


essas sentenças, eles não vão responder por seus crimes,
em minha opinião o Sebastian deveria está em uma prisão
considerada para assassinos de Alta periculosidade. Ele
nos sequestrou, torturou e matou pessoas e vai ficar em
uma clínica psiquiátrica.
— Você viu que foi provada incapacidade mental,
ele foi influenciado pelo Heliord que está morto. Você
voltou por ele, por pouco não morre lá dentro, seu tio era o
verdadeiro louco da história, mas ainda sim você voltou
para pegar o corpo dele dentro do cativeiro. — Katherine
responde sem ânimo.
— Mas ele fez, não importa se foi influenciado ou
não, ele fez! E quanto o Gustavo e o Luciano? Um
estuprador e seu cúmplice?
— Thor, seja sincero comigo, se você fosse o juiz ou
o júri popular, condenaria por mais anos de prisão cada um
deles? Foram quase cinco anos, Thor, de tortura, dor e
perdas. Sinceramente eu não os condenaria mais, talvez
colocasse todos na mesma clínica porque nenhum de nós
vai ficar normal, depois de tudo.
— Como eu disse um lado meu achou injusto, mas o
outro lado também pensa em tudo que passamos. E o seu
pai?
— Os médicos disseram que não tem previsão para
que ele acorde, está em coma e sem sinal de melhoras.
Mas para mim continua morto, como estava a mais de sete
anos.
— Sua mãe, como está?
— Devastada, ela não consegue acreditar que era
casada com um monstro, que ele mesmo me vendo quase
morrer não veio me socorrer.
— Imagino como está a cabeça dela, vai demorar
um pouco, mas ela vai superar.
— Eu só estou de pé por causa do Adam, meu filho
precisa de mim, se não fosse ele já teria sucumbido com
tudo isso.
Thor que desde que foram resgatados tem se
mantido ao lado de Katherine, a abraça com carinho,
tentando dar a ela o conforto que não teve por anos.
Pedro
— Como você está se sentido, meu amor?
A mãe de Pedro tem ficado com ele dia e noite no
hospital, pois assim que bateu a realidade de que ele
estava livre após cinco anos, após ter sido exposto
nacionalmente, Pedro teve uma crise de pânico e tentou se
matar no hospital, o medo de como seria recebido por seus
familiares e por seus amigos o deixou histérico.
— Estou bem, mãe. Sinto-me um pouco fraco, mas
estou bem.
— Aline está lá fora, ela quer te ver, mesmo com
tudo que aconteceu ela te ama e quer conversar com você,
saber como está e como vai ser daqui para frente.
— Não estou pronto para vê-la, para falar a verdade
achei que ela estaria me odiando.
— Ela não está! Ama-te e não se importa com nada
do que aconteceu.

— Vai fazer cinco anos desde a última vez que nos


vimos mãe. Ela soube através da internet que eu era gay,
que a traí e menti por anos para todo mundo.
— Será que é difícil acreditar que eu ainda te amo
mesmo com tudo isso?— Aline entra interrompendo a
conversa entre mãe e filho e mostra a Pedro que ele pode
sim ter uma chance de ser feliz, que o amor dela não sumiu
junto com a imagem que ele tentava passar.
Eduarda
— Aquele juiz só pode ser louco, como vamos nos
tratar com a mesma psicóloga que o Sebastian?
— Talvez seja melhor, para superarmos tudo, vê-lo
uma vez por semana não nos machucará mais do que já
fomos machucados, temos que superar nossos medos e
não terá maneira melhor do que olhando para quem nos
colocou lá. — Samanta explica.
— Uma terapia em grupo com nosso sequestrador,
que loucura.
— Eu acho que ele já sofreu o suficiente.
— Está falando isso porque é apaixonada pelo irmão
dele. Por falar nisso, as acusações da Katherine não deu
em nada, ninguém achou provas contra eles, acha que
realmente não sabiam sobre o que o irmão mais novo
estava fazendo?
— O que achamos não importa, eles têm álibis e
provas de que não sabiam.
— Espertos e loucos, não sei como não tem medo
de ficar perto deles.
— Talvez eu seja tão esperta e louca quanto eles. —
As duas riram e saíram do hospital, tinham ido visitar
Pedro, mas ao ver que ele estava com a família em um
momento íntimo decidiram ir embora.
— Tem visto o Gustavo? — Eduarda pergunta.
— Fui visitá-lo ontem com meu pai, parece estar
bem, Luciano que não está nada bem, entrou em uma crise
de depressão e tem tido noites ruins. Depois da sentença
ele ficou pior, diz que não sabe se vai suportar ficar preso
mais tempo.
— Eu vou pedir para ir comigo amanhã ver eles,
caso de certo, eles vão sair rápido para responder em
liberdade, é importante que estejamos perto para que ele
não cometa uma loucura como o Pedro.
— É, mas eu também não ando muito bem, estou
criando coragem para ir ver o túmulo da minha mãe, me
despedi, sabe?

Culpados!

Tudo que fazemos na vida nos traz consequências,


uma mentira nunca é escondida para sempre, uma verdade
nem sempre é absoluta e às vezes um ato pode mudar
toda sua vida.
Qual o preço do seu pecado?
Qual o peso pela sua mentira?
A dor do outro é menos ou mais suportável que a
sua própria dor?
Merecemos o perdão? Merecemos a redenção?
Talvez você esteja pensando: Bem feito, teve o que
mereceu, ou merece passar por muito mais.
Bom, vamos refletir... Uma pessoa sem amor ou
uma que amou demais, qual delas sofre mais?
Um ser que não conhece sua própria essência, ou
um que a perdeu no caminho?
Uma mãe que perdeu um filho, ou uma que jamais
poderá ter um?
Talvez você seja imparcial, ou se compadeça ao ver
um ser infeliz.
Não importa quem você é, ou quem já foi, o que
importa de verdade é quem você será após um dia de dor.
Capítulo 25
Oito meses após o resgate.

— Tem certeza do que está fazendo? — Thor a


questiona pela milésima vez, enquanto a mãe de
KATHERINE arrumava Adam que estava animado com a
possibilidade de ver o pai.
— Ele errou, mas sei que ama o Adam, foi difícil
fazer aquele exame, mas não conseguiria seguir em frete
sem antes descobrir a verdade sobre a paternidade, o
tempo que passamos juntos vi o quanto ele o amava,
Adam viu uma reportagem sobre ele e ficou doente, a
psicóloga me orientou a deixar com que eles se
aproximassem pelo menos uma vez na semana, me
afirmou que é seguro e que faria bem ao dois.
— Fiquei sabendo que ele encontrou alguém lá
dentro.
— Pelo que o Samuel me disse a menina é idêntica
a Scarllet, aparência, doçura e loucura. Acho que ele viu
nela a chance de recomeçar, de retomar o amor que foi
interrompido de uma forma tão trágica. Você deve achar
que sou louca, mas eu ainda o amo, quero que ele seja
feliz, nada do que passamos pode ser apagado, ele está
pagando por tudo, mas pensa comigo... Ele já estava
pagando bem antes de começar a nos torturar, ele sofreu
tanto quanto nós.
— Eu também amo você, Katherine. Mas nem por
isso recebo a chance que preciso para nos fazer feliz, para
cuidar do Adam da forma que ele merece ser cuidado, que
você merece!
Katherine coloca delicadamente as mãos no rosto
forte de Thor e diz: — Você seria o homem perfeito para
mim e meu filho tenho certeza disso, mas nós não estamos
prontos, e não sei se um dia estarei pronta para deixar que
outra pessoa entre no meu coração da forma que Gustavo
e Sebastian entraram.

— Eu espero por você há muito tempo, posso


esperar o tempo que for, contando que você me deixe ficar
ao seu lado, cuidando, e tratando todas essas feridas
abertas.
— Não seria justo com você, jamais pediria para que
me espere sendo que não tenho certeza se realmente
estarei inteira um dia.
Thor se aproxima um pouco mais de Katherine e a
abraça com carinho.
— Você ainda vai ser minha, Katherine, não me
importo se inteira ou pela metade, eu prometo te amar e te
fazer feliz de qualquer jeito.
— Oi, amigo. — Samanta como todos os dias vai
visitar Sebastian na clínica.
— Oi, Sam. Como você está?
— Melhor que você, com certeza! Está pronto para
sair? Falta apenas dois meses.
— Posso te contar um segredo?
— Claro! O que é?
— Eu não quero ir. Não estou pronto para deixá-la
aqui, acho que ela não vai suportar.
— Olha tudo bem ter esse medo, mas ela não vai
ficar sozinha e você vai voltar à noite, será só uma chance
de você ver a rua novamente.
— Eles querem me tirar daqui, todos querem
inclusive você, mas aqui é o meu lugar. Eu achava que a
Katherine era minha redenção, mas não, ela era o meu
castigo, por tudo que decidir fazer depois da morte da
Scarllet, aquela moça ali... — Sebastian aponta para uma
jovem que estava sentada mais a frente brincando com um
gato. — Ela é minha redenção, o Juiz me perguntou se eu
me arrependo do que fiz e eu fui sincero ao dizer que não,
porque se não tivesse feito, hoje não estaria aqui.
Arrependo-me de algumas coisas, claro. Da morte dos
seus amigos, por exemplo, por mim estariam todos vivos.
— A Kath ficou de vir aqui lhe ver, você não tem
medo, de sentir tudo de novo?
— Não, eu a amo. Mas da última vez que nos vimos
ela foi clara ao dizer que preferia morrer a me amar ou
deixar que o filho dela venha aqui, mas também disse que
se um dia criasse coragem ela voltaria e se viesse sozinha,
ele seria o filho do Gustavo, mas se ela trouxesse o Adam
essa seria a minha resposta. Eu daria tudo para ser o pai
daquele moleque, aceitaria sair daqui por algumas horas só
para viver com ele alguns bons momentos, talvez o
apresentasse a Carolina, sem dúvidas ela o amaria
também.
— Tive pouco contato com a Kath depois que nos
livramos de toda aquela bagunça, mas tive o prazer de
conhecer o Adam e tenho certeza que independente do
resultado, ela em algum momento deixará você vê-lo, ela
tem um bom coração.
— É eu também tinha!
— Ei, pode parando com esse papo depre, você tem
um coração enorme e não importa mais, já passou, você
está pagando pelos seus erros.
— Ontem a Eduarda veio aqui, nós conversamos um
pouco e ela me ajudou com a Carolina, ela teve uma crise
forte, jurava que tinha visto o pai escondido atrás da árvore
a chamando para brincar.
— A história dela é bem cruel, estou feliz que a
Eduarda se reencontrou, está se tornando uma mulher
incrível, acho, mas acho que ela está fazendo o curso
errado, deveria cursar psicologia e não assistência social.
— Ela é ótima, às vezes fico pensando,
independente de tudo eu tive sorte, não é mesmo?
— Como assim? Com o quê?
— Eu recebi o perdão de todos vocês, até mesmo
da sociedade, fui absolvido de algumas acusações que
todos sabemos que eram reais, e com menos de um ano já
posso ter uma condicional.
— Não, isso não é sorte! É dinheiro, coisa que sua
família tem de sobra e usou para amenizar suas merdas.
— A voz dura de Thor cortou a conversa amena que
estavam tendo. Mas o grito de Adam foi quem paralisou a
todos.
— Tio Sebastiaaaaan. — a respiração de Sebastian
estava irregular, seus olhos encheram de lágrimas e então
seu coração quebrado transbordou, com apenas um olhar
em Katherine confirmou suas dúvidas, sim, ele era o pai.
— Meu filho... — Sussurra esmagando Adam em um
abraço. — Meu filho!
Ao longe ele a viu pela última vez, Scarlat sorria
para ele igualmente emocionada, junto a ela havia uma
criança, e mais uma vez Sebastian repete, mas desta vez
no plural. — Meus filhos.
Ao encarar o lugar onde ele olhava Katherine
também a viu, assim como na noite em que foi levada, ela
nunca contou a ninguém sobre aquilo, mas sorriu ao ver
Scarlet dizer: — Obrigada, Katherine.
Sebastian olhou para ela e naquele momento soube
que ela também estava vendo, quando seus olhos se
cruzaram Kath sorriu para ele e disse: — Eu também vejo.
Thor e Samanta se afastaram para que Sebastian
pudesse ficar a sós com Kath e Adam. Eles tinham muito
para conversar.
— Você não queria está aqui não é mesmo? —
Samanta pergunta a Thor.
— Não, mas vim por ela e pelo Adam.
— Eu admiro você, faz quanto tempo? Nove anos
que você é apaixonado por ela?
— Talvez um pouco mais, porém sempre chego em
último lugar, primeiro o Gustavo, depois o Sebastian, agora
o Adam, ele só tem quatro anos e ainda conseguiu passar
na minha frente. Acredita?
— Eu amei duas pessoas impossíveis para mim,
uma delas foi o Gustavo e hoje estou conquistando a
primeira.
— Você e o Samuel? Quem diria...
— Ele sempre foi o amor da minha vida, está sendo
difícil assim como foi anos atrás, ele tem muitas barreiras e
impedimentos, preconceitos e é muito moral, mas aos
poucos estou quebrando as barreiras dele, hoje ele vem
me buscar.
— Fico feliz por você, Samanta. De verdade!
— Obrigada, mas o que quero te mostrar é que o
tempo não importa o que passamos marcou a gente para
sempre, hoje somos pessoas diferentes, machucadas, ela
mais do que todos, mas diferentes. Logo, logo, ela vai abrir
não só a vida, mas o coração para você.
— É o que mais desejo, fazer ela feliz.
— De todos, eu sou a quem menos merecia o
perdão dela, e ainda sim ela me perdoou, não somos mais
amigas íntimas, mas no aniversário da minha mãe ela foi
lá, esteve comigo, chorou comigo e me abraçou dizendo
que tudo ia ficar bem agora.
— Ela é perfeita!
— Sim, ela é. — Samanta admite olhando Sebastian
e ela conversarem, rindo enquanto Adam fazia alguma
coisa engraçada.
EPILOGO
Katherine do Carmo Braga.
De cada cem homicídios no país, no máximo oito
são apurados até o final, com uma definição do autor e das
circunstâncias do crime. A própria porcentagem, no
entanto, é uma estimativa: a tendência é que esses
números sejam ainda menores. Quem chegou a 8% no
início da década foi o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz,
coordenador do mapa da violência
O Instituto Sou da Paz publicou um estudo intitulado:
Onde Mora a Impunidade? Abordando, entre outras
questões, os índices de resolução de homicídios. Os
pesquisadores questionaram as 27 unidades da federação
a respeito de seus números e apenas seis responderam e
com péssimos resultados.
O meu caso foi dado como: RESOLVIDO!
Mas como sabemos nem todos os culpados foram
pegos ou melhor, descobertos.
— Eu sinto muito por tudo isso, Douglas, mas tenho
certeza que vocês vão achar ela. — Katherine tenta
consolar Douglas que desde o desaparecimento de Brenda
a 2 anos não consegue ser mais o mesmo.
Dia e noite tentado encontrá-la, pagou os melhores
detetives depois que a polícia deu o caso por encerrado
mesmo depois de terem recebido uma pista de seu
paradeiro. Por último aceitou a ajuda de Samuel, que
ofereceu os melhores detetives, mergulhadores e
seguranças particulares.
O desespero era tanto que deixou de lado a rincha
criada entre os dois desde que Katherine garantiu o
envolvimento dos 4 irmãos nos Sequestros e deu livre
acesso a Samuel no caso de sua esposa.
— 2 anos, Kath. Parece até castigo por ter
demorado a encontrar vocês. Meus filhos perderam mãe e
pai, porque quase não os vejo, fui afastado da polícia e
deixaram claro que tudo que eu fizesse seria de
responsabilidade minha e responderia por isso.
— Deve ser difícil para você, pois seu trabalho até
onde Brenda me contou era o seu maior prazer. E agora
ser afastado quando mais precisa dele.
— Não, meu maior bem era minha família, me
orgulhava do que tinha conquistado profissionalmente, mas
minha família é meu bem maior, eu só não dizia isso a ela,
e em relação a polícia, meus amigos lá dentro me dão total
apoio e ainda me ajudam a procurar.
— Mas vai ter a oportunidade de dizer, todos
achavam impossível que Luciano, Gustavo, Pedro,
Samanta, Thor e Eduarda estivessem vivos, mas estavam,
após 5 anos presos hoje estamos todos bem e felizes.
— Dois anos, eu conto cada dia, cada minuto, só
para poder dizer a ela que me arrependo do que disse, e
que me culpo pelo que aconteceu. Se ela ficou bem nosso
filho hoje esta por ai sem pai.
— Irei viajar amanhã com Adam e Thor, mas quero
que você me mantenha informada de tudo.
— Pode deixar.
Dois anos se passaram desde que Brenda
desapareceu, Douglas recebeu uma ligação a seis meses
dizendo que ela tinha sido vista em uma cidade vizinha
com um homem de origem suspeita, porém a mesma
estava bem e parecia feliz. A certeza de sua sobrevivência
estava ali, mas a duvida do porque ela não voltou para
casa ou o procurou era o que mais o incomodava. Só se
sabe que com a explosão ela foi lançada para longe. Mas
em algum lugar distante da li uma pessoa obtinha a
resposta que Douglas queria, e ele se aproveitaria de cada
coisa que Brenda tinha a oferecer antes de deixa-la.
Chegando a clínica onde Sebastian ainda está
preso, KATHERINE e Thor ficam observando por um
tempo, Sebastian esta abraçado a Aline, ambos riam de
algo que Sebastian disse animado, Adam agora com 7
anos amava os momentos vividos com o pai, mesmo esse
tempo sendo limitado, ambos partilhavam do mesmo
desejo, saciar todas as vezes em que ficam longe um do
outro.
— Pai. — Adam o chama com euforia, fazendo
Sebastian sentir a mesma sensação de sempre, uma
plenitude toma conta de seu coração e um sorriso brota de
seu rosto. Estendendo o braço quando Adam se aproxima
o recebe com um forte abraço e um "Eu te amo, filho".
— Também te amo, pai. Vinhemos mais cedo porque
vamos viajar.
Katherine se aproxima e sorri para Aline e
Sebastian.
— Como vocês estão? — Questiona simpática.
— Bem obrigado! Adam me contou que vocês vão
viajar, acha uma boa ideia levar ele?
— Sei que não é uma viagem a passeio, mas vou
levá-lo. Quero que ele interaja com outras crianças, Duda
está precisando de apoio e adora ficar com ele.
— O Gustavo vai com vocês? Ele veio aqui ontem
com o Luciano, não pareciam muito bem.
— O Luciano está passando por uma fase difícil,
eles não irão, embora eu ache que é uma boa eles
participarem.
— Um projeto para vítimas de abuso, quem diria que
a Eduarda seria uma profissional tão boa a ponto de
promover eventos assim e ainda conseguir envolver todos
vocês?
— Ela de todos nós foi a quem mais se estabeleceu
e achou o caminho certo.
— E você? Não encontrou seu caminho ao lado
dele? — Sebastian aponta para Thor que estava
conversando com Aline e Adam um pouco mais a frende,
eles nem mesmo tinham notado o afastamento.
— Ele tem sido paciente como sempre, é ótimo com
o Adam, mas algo me impede de ir além, nós saímos, nos
beijamos, mas quando é exige algo mais sério eu travo,
não que não queira, mas não consigo. — Admite sincera.
— Sei que já disse isso várias vezes, mas eu sinto
muito por ter feito isso com vocês. Por ter tirado de você
sua inocência.
— Já falamos sobre isso. Vou deixar o Adam um
pouco com vocês, aproveitem, daqui a uma hora venho
buscá-lo, vou ver o Pedro, a noiva dele não saiu muito feliz
com a psicóloga, parece que ela não está pegando leve
com eles. Ele desistiu da viagem em cima da hora.
— Sobre o Pedro eu não sei, mas queira te dizer
mais uma coisa. Ontem trouxeram o JB aqui, fizeram uma
sessão com ele, mostraram alguns vídeos, mas ele não
reagiu. Eu sinto muito!
— Eu também sinto. Mas assim como todos, ele
está pagando pelos delitos que cometeu. Eu nunca fui
visitá-lo acho que é um dos maiores castigos e ele merece!
— Katherine diz dura. Desde que foi condenado ela só o
visitou uma vez, disse tudo que estava sentindo e jurou
nunca mais voltar, JB foi condenado a 40 anos de prisão,
fora o sequestro e Scarllet foi descoberto muitos outros
crimes cometidos por ele.

— Samuel, assume que você está errado pelo


menos uma vez! — Samanta diz irritada.
— Sam, não vai acontecer, seu pai já me roubou
uma vez e pode fazer de novo, não confio nele e se você
insistir vou passar a confiar menos ainda em você.
— Eu não sei porque você assumiu um
relacionamento comigo se não confia em mim, talvez seja a
hora de rever isso também.
— Samanta. — Diz com um tom de advertência. —
Nós dois não vamos discutir por algo que já esta resolvido,
e você sabe que eu não confio em ninguém, amor nem
sempre significa confiança, você deveria estar craque no
assunto, nosso relacionamento seria muito melhor se de
vez em quando você não tivesse crises de infantilidade.
— Ok, senhor maduro, eu espero que essa semana
que estarei longe seja o suficiente para que você repense.
— Espero que você ajude muitas vítimas
traumatizadas e volte mais mansa. — Diz inalterável,
mesmo diante da namorada raivosa.
— Não vou nem te responder, idiota! — Samanta sai
deixando um sorriso satisfeito no rosto de Samuel que
responde alto para que ela ouça: — Também te amo. — O
relacionamento de Samanta e Samuel se iniciou um ano
após o resgate, mesmo com todas as acusações
levantadas por Katherine sobre o envolvimento de toda
família, Samanta se manteve firme ao correr atrás de seu
primeiro amor. Daniel e Marcos conseguiram retomar suas
vidas, Daniel é diretor chefe de um hospital e Marcos
retornou a sua empresa de jornalismo, agora ambos com
muito mais reconhecimento por terem sido considerados
Heróis, desde que foram libertos.
Segredos que nunca serão revelados, Segredos que
assim como muitos eles levarão para os túmulos.
Fim.
Nota da autora
Esta duologia dará vida ao livro: Prenda-me se
puder.
Livro único do casal: Brenda e Douglas.
O livro será lançado no mês de Março.
Este livre me trouxe muitas emoções e cada capitulo
me fez chorar e refletir sobre muitas coisas, espero poder
passar o mesmo para cada leitor.
Sobre a autora
Ana Caroline. 28 anos.
Mora em Vitória, mas é natural do Rio de Janeiro,
possui ensino superior incompleto. (Curso psicologia 5°
período).
Sua inspiração de escrita vem de seus sonhos e
desejos pessoais.
Possui seis obras:
UM NOVO AMANHECER - Romance com um
cadeirante. Romance único e primeiro livro lançado da
autora, está disponível na Amazon.
Trilogia O SEQUESTRO DE KATHERINE -
Suspense com uma pitada de romance Dark, com o
primeiro livro já completo e o segundo livro está em
andamento no wattpad.
UM AUTISTA EM MINHA VIDA - Romance que
envolve uma chefe arrogante e um Estagiário com TEA,
está disponível na Amazon.
"QUEM NUNCA..." — Romance. (Ainda não
publicado).
Espero que tenham gostado de conhecer um pouco
mais de tudo que escrevo e espero vocês nas outras obras.
??
Redes Sociais da autora
Instagram:
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r=nametag
Facebook:
https://www.facebook.com/anacarolne.viana.9
Wattpad: AninhaAninha1
Email: anacaroline127@gmail.com
O sequestro de Katherine
https://amzn.to/2QGzs8B

Eu Katherine do Carmo Braga, moro em Foz do

Iguaçu e tenho hoje 26 anos, meu namorado Gustavo do

Nascimento, minha amiga de infância e mais 10 pessoas,

dentre eles amigos e alguns conhecidos fomos

sequestrados a mais ou menos três anos traz, ninguém


além de mim, do meu filho cujo o parto foi realizado ainda

em meu cativeiro e de Sebastian sobreviveu, onze pessoas

terrivelmente torturadas e mortas, onze pessoas cujo as

famílias ainda buscam por vingança ou pelo menos

justiça...

Gustavo era meu namorado a mais ou menos cinco

anos, Samanta de Nóbrega era minha amiga de infância e

também morreu junto com os outros, eu fui torturada tantas

vezes, mas a maior e mais dolorosa das torturas que sofri,


foi escolher entre cinco vidas ou a do meu filho, as pessoas

me julgam por esse ato, outras me apoiam, mas eu duvido

com todas as minhas forças que alguém suportaria tudo

que suportei e ainda teria forças pra falar ou explicar. Todos

nós que estávamos lá naquele cativeiro tínhamos pecados

ocultos relacionados uns com os outros, cada um segundo

os nossos sequestradores teve a sua paga. Fui traída por

todos daquele cativeiro e quando digo que escolhi entre

cinco vidas ou a do meu filho sei que devo reformular e


dizer que escolhi entre cinco vidas e sete corpos, pois

cinco daquelas onze pessoas já haviam morrido. Foi

exatamente um ano de tortura física e psicológica, uns


morreram logo no início, e outros quase suportaram até o

fim, eu vi todos eles serem torturados e mortos, não só eu,


mas quase que o pais inteiro, pois meus sequestradores

fizeram um reality show de torturas e transmitiu para


metade do país e mesmo assim só nos encontraram depois
de um ano.
Um ano, um maldito ano e metade do país me viu
ser torturada, traída e machucada, física e

emocionalmente.
Essa é a minha história, peço que sente-se, segure

as emoções e caso você não tenha estrutura para historias


com torturas físicas e psicológicas, com palavras
inapropriadas e cenas de sexo com violência, sugiro que

não inicie essa leitura, pois nada do que você verá aqui
será fácil de se ver!

Att: Katherine do Carmo Braga


Um Novo Amanhecer:
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Sinopse: "Um Novo Amanhecer"

Vivianne Velloso ou Vivi, como é conhecida, acabou de se


formar em fisioterapia e com isso seu melhor amigo e
antiga paixão de adolescência, Enzo Gabriel, acha que ela
é a pessoa perfeita para cuidar de seu irmão Ian Gabriel.

Ian sofreu um grave acidente de carro que o fez perder o


movimento das pernas e apesar de não ser permanente
isso o fez desistir da vida e ele acabou se tornando uma
pessoa amargurada e vazia.

Mas nem tudo que parece é o que realmente aconteceu e


por trás de um simples acidente, se pode descobrir
verdades inimagináveis.
Será o amor capaz de suportar o ódio, traição,
ressentimento, amargura, medo e erros do passado?

O amor pode transformar um ser humano para uma pessoa


totalmente irreconhecível, mas também pode ser a cura
para ela voltar a vida.

Uma amiga, uma paixão, um trabalho e um segredo!


Tudo misturado em uma só trama.

Vamos juntos desvendar os mistérios que rondam este


acidente que, querendo ou não, mudou a vida de todos,
vamos juntos descobrir a cura de todas as dores e ver "Um
novo amanhecer" para cada um deles...
Um Autista em Minha Vida:
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Sinopse: Sophia é chefe de um grupo especializado em
análises científicas, ela tem trinta anos, solteira e com um
temperamento explosivo. Ninguém atravessa seu caminho,
ninguém a faz recuar ou baixar a guarda. Após seu
assistente se apaixonar por uma das estagiárias que eram
frequentemente enviadas por alguma instituição,Sophia
decidiu assumir a responsabilidade dos estagiários, mas
não está sendo fácil, ela é uma pessoa arrogante demais
para poder "cuidar" de um grupo de jovens curiosos, mas
sua guarda começa baixar quando ela se depara com
Bernardo, um jovem de vinte e cinco anos que sofre de
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Bernardo tem um coração de ouro, sua inteligência
vai além da compreensão daqueles que o rodeia, o fato de
ter TEA o torna aos olhos dos outros uma pessoa frágil,
mas longe disso. Bernardo é forte, determinado e o mais
importante: o único ca

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