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O nome dele? O nome dele é Axel Cox, o meu homem obscuro, intenso e também o pai do meu
bebê… O bebê Cox.
Dedico esse segundo livro as pessoas que pensaram que ele poderia ser escrito em um livro
único. Pois bem, eu fiz o segundo e ano que vem tem o terceiro. Kekekek.
Beijinhos literários,
Liv!
Porto Alegre, há 23 anos atrás.
É um amor proibido? Sim, mas foi o único amor que me fez sorrir,
mesmo que com pouco tempo. Tão pouco tempo.
Conheci o Vergara em uma das minhas viagens ao México. Queria
manter a mim e eu meu filho Ângelo longe de toda guerra de território que o
Cartel do meu monstruoso marido sempre estava envolvida. Vi no México,
um país que sempre tive carinho enorme, um lugar para ser meu refúgio
quando as coisas ficavam difíceis. Jerônimo nunca me impediu de fazer isso,
principalmente porque ele queria estar livre para pensar em suas lutas e
principalmente em suas muitas amantes.
Conheci Alonzo por acaso, mas foi o acaso mais lindo que vi na
minha vida. Ele é um simples soldado, um homem descartável em um cartel
mexicano. Contudo, era um homem adorável, romântico, lindo e sobretudo
com os olhos mais gentis que conheci em toda minha vida. No início pensei
que poderia ter nele um amigo, mas as coisas não foram bem como eu havia
imaginado. E, em pouco tempo, já estava loucamente apaixonada, sentia-me
segura para lhe confiar a minha vida. Alonzo seria, finalmente, a pessoa que
me libertaria de Jerônimo, iríamos embora e viveríamos nosso amor longe de
tudo aquilo.
Tudo o que eu conseguia pensar era que eu tinha que livrar os meus
filhos dessa vida. Eu guardei o segredo sobre a paternidade da minha filha,
para Jerônimo Braganza ele iria ter um novo herdeiro.
Minha fuga estava toda planejada, eu iria aproveitar a vinda de
Alonzo ao Brasil para encontra-lo. Assim, ele conheceria a sua filha linda,
fugiríamos todos juntos e formaríamos a nossa família. Contudo, as coisas
não saíram como eu imaginei, e agora me vejo ajoelhada no chão segurando
o peito do homem que amo para conter o sangue. Enquanto o meu filho
Ângelo segura sua irmã envolta em seus pequenos braços.
— Co… corra, minha estrela! — Alonzo fala erguendo sua mão para
segurar a minha sobre o seu peito sangrando.
— Você vai ficar bem e nós vamos conseguir ficar juntos! — falo
com firmeza e ele ergue a mão para alcançar os meus cabelos cacheados.
— Você tem que correr! Você tem que sair daqui! — Alonzo fala em
desespero. Nego com a cabeça porque tudo o que menos quero é correr e
deixá-lo aqui para sua morte.
— Alonzo, por favor, dê a sua benção à nossa filha. Por favor, meu
amor! — A minha súplica faz Alonzo abrir os seus olhos cansados. — Dê-me
sua irmã, meu filho! — peço, e com um pouco de relutância Ângelo me
entrega.
— Sim mamãe, nós vamos ficar bem! — Ângelo fala com firmeza.
Coitado do meu garotinho teve que crescer rápido demais.
A mentira escorre fácil pelos meus lábios, odeio ter que fazer isso
com os meus filhos, mas será preciso. Se as pessoas que estão dentro da casa
estiverem dispostos a cuidar deles até que eu distraia os homens de Jerónimo,
eu irei ficar bastante aliviada. Não sei se isso vai dar certo, mas pelo menos
eu saberei que os meus dois bens mais preciosos estarão a salvo do mal. E é
com essa nova ideia que corro com meus filhos até a humilde casa, assim que
chego em frente à porta de madeira velha eu bato rapidamente.
— Tudo bem! — diz nos encarando. — Jovenzinho, por que não vem
comigo pegar o copo d'água para sua mãe? — Ângelo me encara com
apreensão, e eu faço questão de sorrir para acalmá-lo.
Observei ela falar com Ângelo e apontar para algo para frente, vi meu
filho assentir com a cabeça e caminhar na direção indicada. Aproveitei a
oportunidade para avançar meu passo na intenção de segurar o braço da
senhora, que me encarou com os olhos amplos confusos. Sem esperar por
qualquer outra reação eu ergui meu pequeno bebê para que ela pudesse pegá-
la. A senhora segurou minha filha nos braços e o seu olhar cheio de carinho
para ela me fez ter a certeza de que eu estava fazendo a coisa certa.
— Por favor, cuide dos meus filhos! Eles são pequenos e não
merecem o mal, eles são boas crianças, uns anjos. Por favor, senhora! —
suplico fervorosamente.
— Não! Eles vão nos levar para meu marido e ele vai me matar e
matar a minha bebê — falo com fervor, agarrando a mão da mulher com mais
força. — Como é seu nome, senhora? — pergunto rapidamente.
Sem pensar em mais nada virei para que pudesse alcançar a porta, eu
não podia ficar. se eu ficasse colocaria a vida dessa senhora gentil e a dos
meus filhinhos em perigo. Assim que alcancei a porta parei ao ouvir a
senhora chamar o meu nome.
Não, ela não pode me amar, ela jamais deveria me amar. Isso é muito
errado em todos os sentidos, eu não sou feito de um material que se deve ser
amado. E ela deveria saber disso, eu a sequestrei, porra, eu posso matar
qualquer pessoa que ousar tocar nela, eu sou um fodido carrasco, como ela
mesmo fala. Por isso que pessoas como eu não nasceram para ter alguém que
o amem, que enxuga o sangue dos seus inimigos no seu rosto após um
confronto de merda. Porra! Por que eu não consigo me afastar?
— Axel, é você? — pergunta a minha menina de forma vacilante.
— Onde você está, Axel? Por que saiu assim? Você ou os meninos
estão machucados? Por que… por que — Ela não termina sua pergunta, mas
eu tenho a breve noção do que ela iria perguntar.
— Não, não foi só isso. — Na verdade foi por que eu queria ouvir a
porra da sua voz e ter certeza de que você estava segura, porra.
— O... o Ângelo é meu irmão! — diz ela confusa e para por um breve
momento. — Mas você sabe disso, não sabe? — Seu questionamento sai com
um toque de amargura.
— Eu sei — respondo simplesmente bebendo um pouco do meu
scotch.
Mas as coisas mudaram quando ele gritou que era irmão da minha
menina. Admito que fui pego de surpresa com essa informação, pois quando
estava pesquisando sobre a vida de Isadora ele não estava na equação. E
como passar da raiva cega eu entendi e tive a prova o que exatamente estava
acontecendo. Só que mesmo ele sendo o seu irmão, eu não consigo confiar
em Ângelo. Isadora não sabe, mas ele é feito do mesmo material podre que
eu. E eu não sei se gosto disso, já basta de gente fodida na sua vida, ela não
precisa de mais.
— Vá a merda, Axel! Eu não sou o seu fantoche para fazer o que você
quiser. Você me deixou! Você nos… Argh! Esquece! — Isadora fala com
raiva me deixando na dúvida se fico orgulhoso ou irritado.
— Não volte mais, mas se voltar não me procure. Eu… eu… — Ela
solta um soluço. — Eu te odeio! — Declara e eu dou outro sorriso.
Assim que a ligação foi encerrada o copo que estava na minha mão
quebrou em pedaços. Cortando um pouco a minha carne e me deixando mais
determinado do que nunca a exterminar a vida de Killian e sua esposa
vagabunda. Esses dois são como ratos, inúteis e rápidos como o inferno. Faz
1 mês que tento colocar minhas mãos nesses dois e ainda não consigo. Eles
estavam prontos para isso, pronto para começar essa maldita brincadeira de
gato e rato comigo.
Mas eu não sou um homem de brincar, odeio joguinhos para ser mais
honesto. E é por isso que a minha armadilha já está muito bem preparada,
agora só me falta ter paciência para dar continuidade a isso. Eu vou foder
com as suas vidas e enviar suas almas para as profundezas. Em um limpo
infinito onde eles jamais vão conseguir sair, e se por algum acaso existir
realmente outras vidas. Eles vão lembrar de mim, todas as noites enquanto
assombro seus pesadelos.
— Alguém tem que cuidar da sua bunda irritante, antes que você
comece uma fodida guerra — Craig resmunga enquanto passa por mim.
Sigo meu irmão para fora do quarto de hotel, para o meu encontro
com um dos membros da máfia irlandesa. Declan O'Reilly é primo de Killian,
um homem de negócios que lida com a maior parte das lutas ilegais entre
New Jersey e New York. Já ouvi falar dele pelo submundo dos estados
unidos, mas nunca tive o desprazer de encontra-lo pessoalmente. Espero que
ele não tenha marcado esse encontro para tentar barganhar pela vida de seu
primo e da mulher dele. Por que isso não está acontecendo, com certeza não
está acontecendo.
— Não se preocupe, eu não sou — digo e olho para Craig que assente
com a cabeça e sai nos deixam sozinhos. — Eu não sou homem de palavras
floridas e simpatia forçada, Declan. Diga-me o que quer de mim — falo
fazendo o irlandês a minha frente adquirir uma nova postura.
— Isso parece bom demais para ser verdade — falo contragosto e seu
sorriso aumenta.
Olho para Earl que foi o único a vir comigo a esse encontro, ele me
encara confirmando que tudo está nos conformes. E isso me faz voltar a
atenção para o Senador.
— Não Senador, por tanto diga logo que tem que dizer. — Fixo o meu
olhar no homem negro, olhando para mim como se estivesse me estudando.
Estou acostumado com essa merda, todos fazem isso e o Senador não
seria diferente.
— Sim, isso eu já sei. — Faço um gesto de desdém com uma das mãos.
— Por que esse convite repentino? Será que o Senador não tem nenhum
cachorrinho armado pronto para fazer seu trabalho sujo? — Ele abre a boca
para dizer algo, mas eu sou mais rápido. — Oh sim, você tem, mas nenhum
deles são páreos para a minha equipe, estou certo? — digo a situação e Silas
relaxa o seu corpo me surpreendo com sua atitude relaxada.
— Certo, eu sinto muito! — diz o filho da puta. E eu sei que ele não
está sentindo merda nenhuma.
— Assumo que estou realmente, e é por isso que preciso de sua equipe
aos meus serviços. Eu sei o quanto vocês são bons, você é bom. Vocês
trouxeram a minha filha em segurança para casa. — Me sinto irritado com o
seu olhar agradecido na minha direção.
— É por fazer isso, você acha que eu aceitarei o seu convite — falo
sabendo que minha voz assume um tom sarcástico.
— Não por isso, eu não penso assim. Mas tenho dois motivos que fará
com que você pense bem sobre aceitar o emprego que estou oferecendo. —
Silas explica e eu franzo o cenho.
— Seu irmão e sua namorada. — Não fiz qualquer reação ao ouvir isso
no primeiro momento. — Como é mesmo o nome da adorável moça… ah
sim, Isadora. Não é isso? — Silas me encara fixamente do mesmo modo que
o encaro.
— Senador, não abuse da sorte. — Aviso em tom frio e ele nega com a
cabeça rapidamente. Ele está mexendo com coisas que ele não deveria, a
minha paciência estará acabando muito em breve.
— Axel, pense como seria mais segura a vida da sua mulher, do seu
irmão e dos seus homens. — O senador diz e eu encaro como se fosse um
inseto.
Olho para Earl que não está com a cara muito boa, isso prova que ele
ouviu a proposta do Senador. E eu agradeço mentalmente por ele não falar
nada, somente entrar no lado do motorista e seguir viagem até a fábrica
abandonada onde Craig e Russel estão vigiando o casal até a minha chegada.
Confio nos meus homens para que aquela dois continuem vivos até a minha
volta. Sinto o meu corpo vibrar de raiva e antecipação, raiva de ter perdido o
meu tempo com aquele encontro sem sentido. E a antecipação, é bem óbvia,
já que eu esperei muito até poder pôr as mãos nos idiotas que mandaram
Santino aniquilar minha mulher. Pobres infelizes!
Tirei meus olhos de meu irmão e encarei Russel, que estava ao lado de
uma Enya muito machucada, assim como o seu marido. Ela estava amarrada
em uma cadeira de ferro velha, com uma fita prata na boca, usando vestido
justo que antes era branco, mas que agora está tão sujo que não sei identificar
a cor exata. Enya está realmente machucada, fizeram um estrago na cadela
desgraçada. Posso ver seus olhos arregalados e amedrontados ao me ver, mas
eu não dou qualquer indício de raiva ou qualquer outro sentimento.
Permaneço impassível, como deve realmente ser.
— Não, eles nos deram eles assim. — Craig diz após largar sua fumaça
para cima.
— Por favor, não me peça algo tão impossível. A única coisa que quero
saber de vocês dois é de quem foi a ideia de matar a Isadora — pergunto
dessa vez virando a cabeça para Enya, pelo que vejo já está chorando.
— Não diga nada se não for para responder minha pergunta. — Minha
voz pode estar saindo tranquila, mas o meu corpo está tão frenético em busca
de vingança que é um verdadeiro inferno.
— Vamos lá, diga-me de quem foi a ideia. Eu sei exatamente quem foi,
mas quero ter a certeza disso atrás de você. — Peço de modo controlado
observando seu rosto vermelho.
— Minha família não deixará isso impune! — Ele diz em tom raivoso.
Como obra da porra do destino a porta do lugar é aberta, e por ela entra
nada mais nada menos que Declan O'Reilly. O primo do homem amarrado a
minha frente, e o homem que me ajudou a recuperar tanto ele quanto sua
esposa. Enya fica mais agitada com a chegada inesperada, viro a cabeça para
encontrá-la tentando dizer algo, mas é impedida pela fita.
— Pensei que você tinha acabado com isso, Cox. — Declan fala e eu o
ignoro para olhar novamente para Killian. Que agora está assustado ao
reconhecer o seu primo aqui.
—Quem você acha que trouxe você até aqui, meu querido primo? —
Questiona de modo divertido. Vejo a expressão surpresa de Killian passar de
surpreso para irritado em milésimos de segundos.
— Não querido primo, você que é um idiota que só faz coisa errada e
que tinha que ser parado de qualquer maneira. Eu só acelerei o processo. —
Declan diz com frieza e eu reviro os meus olhos internamente.
Volto a encarar Killian, que não para de fazer juras de mortes para o
primo ignorando totalmente a minha presença à sua frente. Cerro meus
punhos e minha mandíbula com força odiando o fato de ser ignorado por essa
pilha inútil de merda humana. Sem pensar duas vezes eu puxo a arma presa
na minha parte de trás da minha calça e atiro de modo certeiro no seu ombro.
Infelizmente não pude ter a oportunidade de atirar no mesmo ombro onde a
minha menina foi atingida injustamente. Mas mesmo assim eu sinto um
prazer inexplicável quando o vejo gritar de surpresa, para logo depois urrar
de dor. Enya se agita ao ver seu marido sangrando, ela tenta avançar, mas é
impedida.
— Axel, seu filho da puta doente! — Killian grita com dor, e isso me
faz dar um sorriso de puro escárnio.
Assinto com a cabeça e Russel tira a fita da boca de Enya, ela grita pela
dor do puxão, mas logo para. Observo quando a feição dela muda apontando
que ela irá começar a gritar suas injúrias, mas ao olhar para o seu marido com
uma arma apontada para sua cabeça ela pensa melhor.
Ouvi tudo o que ela disse que forma impassível, eu não tinha porque
dizer nada a ela ou qualquer coisa do tipo. Eu estava me sentindo
surpreendentemente calmo e centrado nesse momento, consigo ouvir a sua
risada ridícula, e tudo o que posso fazer é erguer minha arma, sentir seu peso
na minha mão. Tento a certeza que ela levará uma outra vida ao meu favor, e
isso me deixa sereno para dizer a verdade.
Meus olhos estavam fixos em Killian, ele sabia o que estava por vir, ele
não necessitava das minhas palavras. E eu muito menos precisei do meu
discurso de despedida. Tudo o que fiz foi apontar a minha arma bem em
direção a cabeça do irlandês a minha frente e atirar. Eu vi seus olhos
amedrontados ficarem opacos, e antes que pudessem ficar totalmente sem
vidas eu dei mais dois tiros que foram direto no seu peito.
Então sim, não havia mais volta para Killian Dunphy, ele estava morto.
Foi incrivelmente silencioso, já que o único barulho que se ouvia era o som
da minha arma. Somente a minha arma e nada mais.
— Nunca mais ouse deixar que Enya Dunphy cruze o meu caminho ou
o caminho da minha mulher. Porque da próxima vez morrerá quantas pessoas
eu achar deve morrer. — Digo as palavras friamente e Declan assume um
sorriso aberto e despretensioso.
— Por que você deixou a mulher viver? — Indaga Craig. Ele está
incomodado com a minha decisão e eu não tiro a sua razão.
— Diga-me bastardo, eu sei que não foi só por causa disso. — Sua voz
sai leve, e é assim que eu sei que ele sabe e só quer ouvir isso de mim.
— Isadora não iria ficar feliz em saber que matei os dois desgraçados.
Você está feliz, porra? — pergunto entre dentes, observando o sorriso raro de
Craig aparecer.
E agora?
Agora eu estou com uma Isadora desmaiada nos meus braços, após
revelar de forma totalmente sem sentido que está grávida de um filho meu e
que precisa que eu a leve. Que porra de história é essa que ela está grávida?
Como foi que eu sai de um homem com uma missão para ter minha mulher
de volta. E foder o inferno fora dela na cama, para um homem que não sabe
exatamente o que fazer a partir de agora. Porra! Que história é essa que eu
serei… serei… merda, eu nem sequer consigo dizer as palavras na minha
fodida mente.
— Não, ela me pediu iara tirá-la daqui, porra! — falo com os dentes
cerrados. A feição de Russel mudou, e ele me encarou seriamente.
— Tenho certeza que sim, mas não posso saber o que aconteceu com
detalhes. Preciso tira-la daqui! — Explico e Russel concorda com a cabeça.
Eu não sei o que pensar ainda sobre essa notícia tão repentina. Nunca
pensei na infame possibilidade de ter uma criança, eu não sou um bom
material para lidar com isso. A prova disso foi que eu matei o meu pai aos 12
anos de idade, aquele homem era um desgraçado violento e abusador. E eu
não sou diferente dele, não tem como ser, eu sou filho do meu pai. Porra, eu
sempre soube lidar com todos os meus sentimentos, sempre os deixei de lado,
nunca hesitei em ser uma muralha. Mas nesse momento eu não estou
conseguindo lidar com essa notícia.
— Mas que diabos, Axel! Você disse que iria fazer diferente dessa vez.
— Craig grita assim que me aproximo perto o suficiente.
— Acredite quando eu digo que não é isso que você está pensando. —
Respondo com os dentes cerrados.
Sem pensar duas vezes, sigo com Isadora para o nosso quarto, o mesmo
quarto que ela se recusou a voltar quando teve alta da clínica. Somente o
pensamento disso me faz apertar os dentes com força. Deixo esse pensamento
inútil para o lado e acomodo a minha menina na cama com cuidado. Earl não
perde tempo e começa todo o procedimento, fico tentado a revelar o que ela
acabou de me contar. Mas não sei se consigo dizer isso em voz alta, porque
eu sou uma bagunça de emoções sombrias e perturbadoras. Olho para a
minha mão, a mesma mão que foi parar no pequeno relevo no seu ventre. A
sinto formigar, a minha mente traiçoeira faz isso. Porra, porra!
— Deixe-a com Earl, ele sabe o que está fazendo. — Craig fala e eu
olho para ele com fúria.
— Me conte o que aconteceu, Axel. Você disse que iria ver Isadora na
festa dos Álvarez, mas voltou com ela desacordada no colo. — Seu
questionamento me irrita.
—Por que você está tão preocupado com a minha mulher, Craig? Ela é
minha porra! — Solto e ele revira os olhos.
— Não faço ideia, mas se foi ele que fez algo com ela eu chutarei o
inferno fora dele. — Cerros os meus punhos com força.
— Eu não faço nenhuma porra de ideia! Eu não sou um homem para ter
a porra da uma família. O que eu farei com uma criança? Em nossa vida
merdas desse tipo não se encaixam! — Revelo toda a coisa fodida que passa
pela minha cabeça.
— Axel, eu não sei o que você está passando. Mas tenho uma pergunta
para te fazer. — Craig diz de modo controlado.
—Você vai lutar contra seus demônios para ficar com a Dora e o bebê,
ou vai ser um idiota como sempre? — Craig pergunta me fazendo parar.
— Eu não sei, mas o certo é deixá-la longe de mim. Você sabe disso!
— Aponto o óbvio esperando por uma confirmação do meu irmão. Mas ele
não fala nada somente vira e sai andando em direção às escadas, me deixando
surpreso. — Craig? — Chamo com irritação o fazendo parar no mesmo
momento. — Onde vai? — Pergunto com firmeza e ele dá uma risada sem
humor.
— Por que você sempre foi um pai decente para mim e deu o seu
melhor. — Ele disse surpreendendo o inferno fora de mim.
— Temos muito o que falar, mas agora eu só quero ter você nos meus
braços. — Digo como um sussurro rouco. Fecho meus olhos sentindo algo
estupido no peito por tê-la perto de mim.
— Axel, nós temos que… — Ela começa a falar, mas para quando
seguro seus cabelos com força o suficiente para que nossos olhos fiquem
fixos um no outro.
— Axel, por favor, se nós dois não conversarmos eu terei que sair. Eu
não vou querer ficar assim! Eu preciso de mais que isso, mais que qualquer
merda possessiva que você queira me submeter. — Ela explode. — Eu estou
cansada Axel, eu estou totalmente esgotada. — O sofrimento acompanhado
pelo desespero de Isadora me pegou querendo tirar isso dela. É como se ela
estivesse disposta a tudo.
Eu não sei o que farei a partir de agora, mas o fato de ter a minha
menina sob o meu domínio me faz ter a certeza que eu não consigo deixá-la ir
para nenhum lugar.
Porque ela é minha, e eu não tenho como negar que sou dela. E se isso
não é no mínimo inesperado, eu não sei mais.
No momento que eu abri meus olhos eu sabia exatamente onde estava e
quem estava ao meu lado. Era o Earl, o meu amigo querido. Ele sorriu para
mim, me contou que havia acabado de me examinar e disse que estava tudo
bem. Eu perguntei se tudo estava bem com o bebê, não imaginava que ele
não estava ciente sobre o assunto, mas pela palidez da sua pele percebi ali
que ele não fazia a mínima noção sobre a minha gestação. Após recuperar do
choque ele sorriu para mim e disse que sim, visivelmente tudo estava bem.
Eu odeio admitir, odeio de verdade, porque ainda me sinto chateada pelo fato
que nenhum deles me deu qualquer notícia quando estavam fora. Mas tenho
que confessar que me sinto feliz e segura por estar todos nós no mesmo lugar.
Parece que as coisas agora estão começando a fazer realmente
sentido. Penso sem conseguir me conter.
Após a despedida de Earl eu sabia que não demoraria muito para que
Axel aparecesse. E como era de se esperar lá estava ele passando pela porta
do quarto, parando para me olhar com toda sua intensidade. E antes que eu
pudesse ter qualquer tipo de reação ele sentou na cama, puxou meu corpo de
encontro ao seu, encaixando minha cintura na sua para log em seguida me
beijar. Não pude fazer nada além de me entregar ao seu beijo, ao seu domínio
e toda sua força.
Foi justamente entre esse beijo cheio de saudades e desejo que eu
percebi o quanto eu sentia falta desse maldito homem. Quero continuar a
pertencer a ele em todos os sentidos da palavra, mas algo ainda não estava
bem. Para falar a verdade nada estava bem, eu tinha que dar uma direção
certa ao meu destino.
Com isso eu me afastei dele, e do modo que ele me faz sentir. Eu estou
tão esgotada de tanta coisa, que eu nem sei dizer o quanto. As pessoas à
minha volta sempre fazem algo para me decepcionar, mas eu não vou mais
ficar me lamentando. Eu não preciso disso, eu preciso somente de um
ambiente tranquilo para que eu possa gerar esse bebê com saúde. Só isso,
somente isso. Respiro algumas vezes, ignorando o olhar intenso de Axel em
mim.
— O que diabos você quer dizer com sair? — Ele pergunta friamente.
Passo a mão na testa, com o intuito de massagear o meu crânio dolorido.
— Isso mesmo que você ouviu. — Digo tentando demonstrar uma
calma inexistente. Axel levanta da cama de forma abrupta, me assustando
com sua rapidez.
— Você não vai a lugar algum. Nunca mais você vai sair da minha
frente, Isadora. — Ele avança até mim, mas eu ergo a minha cabeça e não
saio do lugar.
Não posso demonstrar fraqueza para esse homem. Agora as coisas
serão do meu jeito também.
— Eu vou onde eu quiser ir, você não vai mais me dizer o que fazer ou
deixar de fazer, Axel. — Digo com altivez. Ele tem que ver que eu estou
pronta para enfrentá-lo.
— Isadora, não brinque comigo. — Axel para por um tempo. — Eu não
estou disposto a aceitar merda agora. — Eu vejo a ira nos seus olhos negros.
— Que ótimo, querido, porque eu também não disposta a merda sua
também. — Revelo o fazendo ergue a sobrancelha.
Cerro os meus punhos, enquanto olho fixamente nos olhos furiosos de
Axel. Ele pode ser o homem mais dominante que eu já conheci, mas eu tenho
certeza que ele nunca lidou uma mulher cheia de hormônios enlouquecidos.
Estou em uma fase da minha vida que estou disposta a tudo para mostrar o
meu ponto. Eu sabia que uma hora ou outra esse nosso encontro iria
acontecer, e por mais covarde que eu tentei ser durante esses dias. Evitando
ao máximo esse confronto, agora eu sei que não tem mais jeito. Se eu disser
que não estou grata que hoje à noite ele estava no lugar certo e na hora certa,
eu estou mentindo. Mas não é por isso que serei submissa aos seus desejos.
— Isadora… — Ele começa, mas eu solto um grito de raiva o
assustando. Isso é ótimo, por que ele para de querer falar.
— Vamos conversar Axel, já chega de tudo ser do seu jeito. Temos que
resolver nossas vidas de uma vez por todas, eu não quero mais ter que ficar
evitando essa conversa com você. E sugiro que você faça a mesma coisa. —
Aponto o dedo na sua direção, e isso faz ele soltar um som para garganta.
— Eu não quero conversar, porra! — Ele diz entre dentes.
— Mas eu quero e eu vou então aceite isso. — Aviso também entre
dentes.
A máscara irritada de Axel cai, vejo o sorriso fantasma que tanto amo
alcançar seus lábios finos. Ele me encara com… com… orgulho? Oh sim,
essa é exatamente essa expressão que ele me mostra. E isso me pega
totalmente de surpresa, fazendo minhas bochechas esquentarem. Poxa
Isadora, não seja uma idiota agora! É momento de colocar esse homem no
lugar dele, não ficar encantada com o modo que ele é lindo de morrer.
Mesmo que ele seja um demônio, um verdadeiro demônio em formato
de homem.
— Fale Isadora, eu estou ouvindo. — Diz ele com indiferença. O que
me faz querer chutar seus testículos.
Respiro fundo novamente, somente assim eu irei conseguir me
controlar perfeitamente para colocar todas as cartas na mesa.
— Você foi embora! — Enfatizo o óbvio e ele assente sentando na
cama de modo relaxado.
— Sim, eu fui! — Diz de forma impassível. Olho para ele sem
acreditar.
— E você fala isso assim? — Pergunto confusa e magoada.
— Sim, eu tinha algo para fazer e eu fui. — Axel fala friamente.
— Axel, você me deixou! Você disse que eu fazia parte da equipe,
disse que eu era... que eu era sua mulher. E… — Ele me interrompe.
— Você não era minha mulher, Isadora. Você é a porra da minha
mulher. — Ele enfatiza sua confirmação e eu nego com a cabeça.
— Não! Eu não sou, porra! — Esbravejo. — Se eu fosse sua mulher,
como você mesmo gosta de dizer, eu estaria ao seu lado seu filho da puta
egoísta. — Exponho todo o meu rancor.
— Isadora, eu precisei sair do Brasil e ir até Killian e Enya. — Ele
ergue o braço para me alcançar, mesmo sentado, mas eu desvio. — Você
estava em perigo ao meu lado e eu precisei sair o mais rápido possível. — Ele
diz irritado.
— Eu estava ferida, assustada com tudo, me sentindo sozinha. — Passo
o braço à minha volta.
— Eu disse que ia voltar! — Lembra e eu solto uma risada sem humor.
— Foda-se que você deixou um bilhetinho nojento dizendo que ia
voltar. Eu não liguei para isso, Axel. Eu queria você ao meu lado, eu só
queria você ao meu lado. — Eu evitei derramar uma lágrima, mas toda essa
conversa está sendo muito intensa.
— Eu deixei você segura, eu sabia que você estaria segura, porra. —
Ele diz e eu nego com a cabeça ainda abraçada ao meu corpo.
— Eu só queria que você me dissesse que tudo iria ficar bem quando eu
descobri que estava grávida de você. — Solto as palavras mostrando a ele a
minha mágoa. — Tudo o que mais quis era estar ao seu lado, seu desgraçado!
— Me encolho para logo senti seu corpo cobrir o meu.
—Oh minha menina! — Axel fala me abraçando com força. — Tudo o
que pensei foi em tirar o perigo de você, Isadora. Eu não sou sensível ao
ponto de sentir a sensibilidade dos outros. Eu não conheço isso. — Ele diz
com a mandíbula cerrada e sem conseguir me conter eu o abracei.
É duro admitir, mas a mágoa que eu sinto por ter sido deixada por ele
ainda é forte dentro do meu peito. Mas como sou uma pessoa que sabe se
colocar no lugar dos outros, eu consigo entender que Axel nunca teve acesso
a nada além da violência. Ao contrário dele, eu tenho pais maravilhosos que
sempre me mostraram a importância de saber se colocar no lugar dos outros.
Que um abraço é capaz de amenizar qualquer dor que seja. Eu queria Axel ao
meu lado, segurando a minha mão, falando que tudo iria ficar bem. Só que
não foi isso que aconteceu, porque no seu mundo é mais fácil ir atrás daquilo
que me causou o mal. E exterminá-lo para que não me alcançasse
novamente.
— Estou grávida, Axel! — Falo de repente ainda abraçada a ele, mas
ele afasta o nosso abraço.
— Eu senti. — Aponta para a minha barriga. — Eu não sei o que fazer
sobre isso, Isadora. Eu sou um assassino, nunca fui nada além disso. — Axel
diz e eu abro e fecho a minha boca várias vezes, mas nada sai.
— Isso? — Pergunto tentando a palavra. — Isso é um bebê, meu bebê,
seu bebê, nosso bebê! — Aponto do meu ventre para ele. — Se você me
quiser, terá que aceitar o nosso bebê, porque não existe um nós sem ele ou
ela. — Digo em revolta e ele morde a mandíbula com força. Vejo as veias
saltarem no seu pescoço.
—Eu não vou deixar você ir! Você é minha! — Avisa e eu reviro os
olhos para sua possessividade.
— Você não pensou nisso quando me abandonou grávida na clínica,
seu idiota. — Rebato amarga. — Eu não sou seu objeto! — Enfatizo a
realidade.
— Eu já expliquei minhas razões, porra! — Aponta me fazendo dar de
ombros.
— Eu não me importo! — Tento soar o mais indiferente possível.
Vejo bem diante dos meus olhos Axel perder totalmente a sua pose de
mercenário frio, que não demonstra qualquer tipo de emoção. E tudo isso por
que ele começou a andar de um lado para o outro no quarto, passando as
mãos na sua cabeça várias e várias vezes, despenteando totalmente os seus
cabelos escuros estritamente arrumados. Axel para por um tempo, me
fazendo acreditar que ele vai dizer alguma coisa, mas não. Tudo o que ele faz
é olhar de minha barriga para o meu rosto, fazer uma careta e voltar a andar.
Estou perdida, completamente perdida para dizer a verdade, porque o modo
descontrolado que ele está agora é totalmente novo para mim. É como se ele
fosse um animal enjaulado, louco para ser liberto.
— Isadora você tem noção do que você quer fazer? — Axel finalmente
para de andar e pergunta.
— Para mim está claro como a água. — Digo o fazendo solta um
rosnando frustrado.
— Eu não sou nenhum príncipe de merda, não serei um… um pai
normal. — Diz fazendo uma careta ao dizer a palavra pai. Eu quero sorrir
porque ele está tentando chegar a algum lugar, mas permaneço séria.
— Se você fosse um príncipe ou um homem normal eu não te amaria
tanto, Ax. — O que eu acabei de dizer o fez parar. — Não estou pedindo isso
a você, só quero que… quero que você esteja ao nosso lado. Que seja o nosso
protetor, me deixe te mostrar o lado da vida que você nunca viu. — Peço
sentindo meus olhos arderem. Espero que ele sinta a verdade nas minhas
palavras.
— Eu não sou um bom homem, Isadora. A única coisa que consigo
pensar é que foi eu quem fez isso em você. Tenho uma noção primitiva e
irrevogavelmente distorcida que você e o… o bebê me pertencem. — Axel
diz e eu franzo o cenho.
— Não sei dizer se isso é bom ou não. — Digo confusa e é a vez dele
dar de ombros.
— Eu não entendo o que você quer de mim. — Posso ver sua
frustração. E isso me faz puxar segura os dois lados da minha cabeça.
— Eu só quero te conhecer e te mostrar algo diferente de tudo o que
viveu, Axel! — Ouço um rosnado de irritação vindo dele.
— O agora é a única coisa que posso te dar no momento, minha
menina. Não pode me forçar a aceitar logo toda a situação. — Axel diz com
irritação. Minha dor de cabeça aumenta, me sinto estupidamente exausta de
tudo isso.
— Eu não vou te forçar a ser o pai do meu bebê, Axel. — Falo em tom
baixo isso o faz cerrar os olhos na minha direção. Não me abalo pelo seu
olhar e endureço minha espinha. — Mas em contrapartida, eu também não
seria forçada a ser a sua mulher. — Eu vi bem diante dos meus olhos sua
feição mudar de irritado para impassível.
— Isso não está acontecendo! — Sua voz saiu tão gélida que arrepiou
os cabelos da minha nuca.
— Como? — Pergunto na intenção de ver se exatamente isso que ouvi.
— Isso mesmo que você ouviu, Isadora. — Axel diz de forma
impassível. — Não há nenhuma porra de maneira que eu possa aceitar
qualquer coisa que me deixe longe de você novamente. — Axel diz com
confiança. Observo o seu absurdo e jogo as mãos para cima.
— Você me cansa, Axel Cox! Simplesmente me cansa, poxa! — Digo
exasperada. — Entenda uma coisa, Axel, você não é o dono do meu destino.
Isso pertence a mim, eu não vou ceder a você. Não vou fazer as coisas que
você quer, do modo que você quer. — Falo enraivada.
—Certo! — Ele confirma, mas eu estou tão louca com ele que não
presto atenção.
— Se for para escolher entre você e o nosso filho, pode ter toda certeza
da merda da sua vida bandida que eu escolherei nosso filho sempre. Não me
importo com sua loucura, não importo com os meus sentimentos tolos por
você. Eu o escolho, sempre ele! — Digo e viro para sair do quarto.
Eu estava tão exasperada com toda a situação, com tudo, que não fiz
nada quando meu corpo foi puxado rapidamente. Eu comecei a lutar com os
punhos fechados e dentes cerrados. Minha intenção era machucar Axel tanto
quanto ele me machucou esse tempo todo, mas todos os meus golpes eram
inúteis contra esse homem. Eu o odeio! O odeio muito mesmo!
Minha luta foi cessada quando, de forma rápida, Axel me prendeu
contra a parede mais próxima. Segurando meus ombros com força, mas não
força o suficiente para me machucar, fazendo com que nossos olhos se
encontrem.
— Eu disse que entendo, Isadora! — Ele disse e meus lábios inferiores
tremeram.
— Você aceita nosso filho, Ax? — Pergunto chorosa.
— Eu não sei, querida, me dê um tempo para assimilar tudo e lutar
contra esses demônios que me atormentam, sim? — A doçura e a confusão na
sua voz me desarmaram totalmente.
— Sim, estaremos esperando! — Minha mão vai para minha barriga, e
seus olhos vão automaticamente para ela. Mas para mim tristeza ele desvia o
olhar e morde o maxilar com força.
— Isso tudo é loucura, eu não estava esperando por isso. — Axel revela
me surpreendendo.
— Eu também fui pega de surpresa, mas tive algumas semanas para
aprender a lidar com a situação. Eu darei isso a você sem força a barra. —
Digo tranquilamente. Ele me encara por um tempo, e sem que eu pudesse
esperar sua boca vai até a minha.
Esse beijo é diferente do anterior, aquela tinha um gosto de saudade e
prazer. Esse aqui é mais intenso, mais selvagem e mais… mais perigoso. É
como se Axel quisesse me marcar através dele, e como eu amo senti-lo em
todos os sentidos, me entrego a isso. Aproveito sua mão alisando as minhas
costas até parar na minha bunda. Sinto o aperto forte, tão forte e punitivo que
me faz gemer entre seus lábios. Eu não deveria, mas eu quero ser possuída
por ele. Quero sentir o seu desejo, me fazendo sua novamente, estou tão
louca de excitação por esse homem obscuro. Sinto a úmida na minha
intimidade aumentar, pressiono uma perna entre a outra na intenção de contar
o latejar constante.
— Ax, eu preciso de você! — Peço totalmente entregue.
— Não! — Ele diz simplesmente estendendo os braços para se
distanciar de mim.
—Não? — Pergunto virando a cabeça para o lado confusa. — Você não
me… — Começo a fala, mas Axel me olha de um modo que me faz calar.
— Não continue com essa porra de frase, Isadora. — Sua fúria é meio
que um alívio, não deveria, mas é. — Ouça o que faremos agora. — Axel se
acalma. — Você vai ao banheiro lavar seu rosto, tirar essa maquiagem forte.
Eu vou pegar uma roupa para você, e tirarei a minha. Depois vamos deitar e
descansar, você parece que vai ter uma síncope a qualquer momento. — Axel
diz e eu faço uma careta.
— Eu não irei ter uma síncope, Ax. — Digo com o cenho franzido, e
ele dá de ombros.
— Mas é o que parece. — Aponta. — E também tem o fato de que
quero saber exatamente o que aconteceu hoje à noite que a fez correr com
tanto medo. — Sua feição mudou rapidamente ao falar de algo que estou
evitando pensar. Estremeço com a lembrança desconfortável dessa noite.
— Tudo bem, mas você terá que me dar uma roupa sua para vestir. —
Digo tentando distrair meus pensamentos.
— Certo! — Ele fala seriamente me fazendo dá um sorriso.
— Quero uma cueca sua também! — Falo quando Axel me solta para ir
em direção ao seu closet.
— Mas alguma exigência, Isadora? — Ax pergunta sem calor, tentando
passar indiferença.
— Não, se precisar eu falo. — Pisco para ele descaradamente, o
pegando de surpresa com a minha ousadia.
— Você será a porra da minha morte, mulher! — Axel resmunga me
deixando sorrindo.
— Com prazer, Cox! — Respondo correndo em direção ao banheiro.
Fecho a porta atrás de mim soltando uma forte respiração. Faço de tudo
para controlar as minhas emoções enlouquecidas. Oh Deus, eu não posso
acreditar que finalmente consegui falar tudo a ele. Minha nossa! Minha
nossa! Minha nossa! Eu estou tão orgulhosa de mim mesma, se eu pudesse eu
iria me beijar e dizer o quanto eu fui incrível até pouco tempo atrás. Isso aí!
Eu sei que ainda tenho um caminho muito longo daqui pra frente, sei que
nem tudo está resolvido. Mas… mas… somente a possibilidade de que ele
está aberto a lidar com a ideia que será pai, é como se eu ganhasse o mundo
inteiro.
Eu não estarei sozinha nisso, não, eu tenho fé que não.
E é com essa esperança renovada no meu coração que eu vou até a pia e
lavo toda a maquiagem do meu rosto. Tiro a roupa da festa, solto os meus
cabelos me livrando de todo o desconforto. É um grande alívio fazer isso,
porque do mesmo modo que eu estava me sentindo linda, eu estava
incrivelmente desconfortável. Olho para o chuveiro, sentindo que ele está me
chamando para tomar uma ducha. Querendo lavar do meu corpo toda essa
angústia que a noite de hoje me proporcionou. Nego com a cabeça dizendo a
mim mesmo que amanhã é outro dia.
— Minha menina! — Axel chama, entrando no banheiro. Ele encara o
meu corpo nu descaradamente, seu olhar de desejo fazendo os pelos do meu
corpo se arrepiarem. — Você está fodidamente linda. — Ele diz em tom
profundo me fazendo engolir em seco.
Me encolho ao ter noção que meu corpo está realmente diferente de
quando ele me viu pela última vez nua. Antes a minha pele era pálida demais,
diferente do bronzeado que exponho agora, graças a praia na casa de Ângelo.
Meu corpo que era magro demais, agora está recheado de curvas, seios
inchados e escuros. Até mesmo meus cabelos estão mais cheios e muito,
muito mais brilhantes. Lara diz que estou radiante, que a gravidez trouxe
mais vida para mim. Oh não, não quero pensar em Lara agora. Não, agora
não!
— Obrigada, Ax! — Agradeço sentindo o constrangimento me tomar.
— Não precisa me agradecer, ou ficar envergonhada, só disse a
verdade. — Ele diz seriamente se aproximando para passar os dedos
delicadamente no meu rosto.
— Dizem que a gravidez deixa a mulher mais bonita. — Conto
sorrindo, mas meu sorriso cai quando vejo ele tirar suas mãos de mim e dá
um passo para trás.
— Aqui estão as roupas, estarei te esperando. Não demore! — Sua voz
impessoal me deixou cabisbaixa.
— Tudo bem! — Respondo rapidamente.
Observo Axel andar em direção a porta, mas antes de sair ele para e
olha para a minha barriga. Noto o seu acenar de cabeça, como se estivesse em
uma luta interna. Sem falar nada ele sai me deixando sozinha.
—Desculpe o seu pai, bebê. Eu tenho fé que ele vai conseguir vencer
seus demônios. — Passo a mão no meu ventre. — Ele vai, eu sei que vai! —
Sussurro as palavras com força.
Agora vem algo muito fodido, o fato de como eu sei sobre toda essa
história. Bem, há um tempo atrás eu fui contratado para poder encontrar,
revelar e matar o fantasma. Mas infelizmente esse infeliz é mais poderoso do
que eu poderia imaginar. Nem com a junção de toda habilidade da minha
equipe, eu consegui fazer o trabalho no qual fui designado. Cheguei muito
perto algumas vezes, mas nada que eu pudesse dizer muita coisa. Inferno!
Ainda sinto o gosto amargo do ódio na minha boca, e pode ter certeza que eu
não estava esperando que uma revelação dessa pudesse acontecer.
Admito que acho super sexy o jeito como ela acha que pode ser durona
comigo. Somente essa menina é capaz de falar comigo dessa forma e sair
impune. Apesar que as coisas que surgiram na minha cabeça que eu poderia
fazer com ela, eu não posso realmente dizer que ela ficaria totalmente
impune. Tudo o que posso dizer é que envolve cordas bem apertadas e meu
pau entrando nessa sua bunda bonita. Porra! Eu não posso ir por esse maldito
caminho, não quero ter uma ereção na frente do infeliz do Gutierrez.
— Isa, será melhor para você subir e descansar um pouco. Adoraria que
você voltasse comigo para casa, eu posso cuidar de você, mas como eu sei
que você não vai querer ir, eu não vou forçar. — A voz calma e quase
beirando a doçura de Gutierrez chama a nossa atenção. Desgraçado falso!
— Obrigada por respeitar minha escolha, Angel. Você sabia tão bem
quanto eu que a minha estadia na sua casa era passageira. — Minha menina
dá um sorriso triste, que é retribuído com um aceno de seu irmão.
— Eu sei que sim, mas mesmo assim eu não fico tranquilo em saber
que você não estará sendo cuidada como deve ser. — Desgraçado! O que ele
quer dizer com isso?
— Eu posso ceder a Luíza para você por um tempo, ela irá te ajudar
com as coisas e você não ficará tão sobrecarregada. — A sugestão de
Gutierrez me deixou com raiva. Nem fodendo isso vai acontecer!
— Tudo bem então, mas o pedido ainda está de pé. — Ele sorri e ela
sorri de volta.
— Ângelo, fico feliz que resolvemos as coisas. Obrigada por vir aqui se
desculpar. — Isadora diz e eu posso ver suas bochechas ficarem coradas.
Levo minha menina para o nosso quarto, não deixando de perceber que
ela está um pouco mais pálida do que de costume. Apesar de que agora ela
está com um toque de bronzeamento na pele, ela nunca deixou de ter uma
pigmentação saudável. Parando para analisar alguns fatos, Isadora é a junção
perfeita de duas combinações latinas. Se ela for realmente filha de Alonzo
Vergara com Esther Gutierrez. Ela saiu com uma mistura das suas
características, tanto mexicana quanto colombiana. Solto uma forte respiração
me sentindo enfurecido com os meus pensamentos, e falo com Isadora que
chamarei Earl para vê-la.
Mas ela negou rapidamente, afirmando que ficaria bem após alguns
minutos deitada quieta. Fiquei um tempo lá parado olhando-a fechar os olhos
e respirar de forma tranquila, quando percebi que realmente ela poderia pegar
no sono a qualquer momento. Eu saí do quarto antes que eu me arrependesse,
porque tudo o que sinto é raiva. Raiva dela, raiva de mim e principalmente
raiva desse bebê estúpido que deixa a minha menina desse jeito. Ao chegar
novamente na sala vejo que Gutierrez ainda está no mesmo lugar, mas ao
invés de estar sozinho como deixei Craig e os outros estão aqui também.
Pelas suas caras eu posso ver que eles ouviram a conversa anterior.
— Porra! — Gutierrez xinga. Posso ver que ele que tenta esconder o
quão abalado ficou com o que Earl acabou de contar.
— Que merda é essa que a nossa Dorinha pode ser filha do Fantasma?
— Olho com irritação para Russel, por sua falta de amor à sua fodida vida.
— É a mais pura verdade, apesar de não ter 100% de certeza tudo isso.
— Gutierrez passa a mão na cabeça com força.
— Então você percebeu isso, não foi? — Questiona saltando uma breve
risada.
— Você nunca foi um homem que gosta de ser passado para trás, Cox.
Isso é o que eu gosto em você. — Aponta Gutierrez e eu solto um som de
irritação com a boca.
— Cox, eu não pretendo prejudicar a minha irmã. Então olha como fala
porque eu não tenho tanta paciência para você. — Sustento o olhar violento
de Gutierrez, por que eu sou tão violento quanto ele.
— O que diabos você quer dela então? — Minha voz sai sombria.
— Eu já fiz tudo o que eu queria fazer aqui, agora é minha hora de sair.
— O desgraçado fala e eu cerro os olhos na sua direção.
— Russel! — Chamo.
— Não precisa colocar o seu cãozinho atrás de mim, Cox. Pensei que
fossemos família, cunhado. — Coloca a mão para trás na intenção de segurar
o cano da minha arma.
Desgraçado!
No momento em que fiquei sozinho eu sabia que não deixaria com que
ninguém fizesse mal a Isadora. E quando eu falo ninguém eu estou colocando
o Gutierrez no meio, e ele sabe disso. Ele sabe agora que eu farei qualquer
coisa pela minha mulher, até mesmo tirar a sua vida. Eu sinto que as coisas
estão prestes a ficar muito feia, só que independente de quão feio fique tudo,
eu tenho que ficar preparado.
Ainda mais que… paraliso quando ouço um grito alto vindo de cima,
para logo em seguida meu nome ser chamado.
Espero que ela não perca essa criança, não digo isso por mim, mas sim
por ela. Eu sei que ela será uma mãe melhor do que a minha e a de Craig foi
para nós.
Alguns dias se passaram após a visita muito bem vinda dos meus pais,
e hoje finalmente foi a minha consulta para ser liberada do repouso. E eu não
via a hora de que isso acontecesse de verdade, e acho que nem preciso dizer o
porquê, não é mesmo? Porque sim, eu odeio ficar de cama, sem poder fazer
nada, eu já estava perto de enlouquecer. Juro, que eu iria bugar totalmente
como um servidor ruim se não chegasse o dia que eu estaria livre das
amarras. Mesmo sabendo que tudo isso era para o bem do meu filho ou filha,
a minha mente traiçoeira não queria aceitar toda a sua prisão. Mas agora eu
não preciso mais me lamentar, eu estou livre!
Após alguns exames com a minha obstetra maravilhosa, ela finalmente
disse que estava tudo bem comigo e com o brotinho de feijão. Sendo após
algumas recomendações aqui e outras ali a minha liberdade foi finalmente
autorizada com sucesso. Eu estava feliz, só que eu não estava somente feliz
por ser liberada, mas também pelo fato de que eu conseguiria seguir adiante
com a minha gravidez. Nada mais prazeroso do que saber que os riscos que
antes te afligiam, hoje não afligem mais.
— Está pronta, Isadora? — A voz de Axel me tira totalmente dos meus
pensamentos.
— Sim, querido, nós podemos voltar para casa se quiser. — Aviso
erguendo a cabeça para encontrar seu olhar frio.
— Não vamos para casa! — Axel fala de repente me fazendo parar.
— O que? Onde estamos indo? Você e os meninos tem uma nova
missão? — Pergunto em disparada.
Admito que a possibilidade de voltar a fazer trabalho com os meninos é
algo que eu espero há muito tempo. Sentir novamente aquela adrenalina, e o
fato que eu posso ser útil para eles é muito inebriante.
— Você acha que te levaria para qualquer trabalho perigoso nessa
situação? — A repreensão na voz de Axel enquanto me faz a pergunta não
escapou de mim.
— Quem estaria mais em perigo aqui seria você e não eu. — Digo de
modo desafiador. O olhar que Axel está me dando um olhar faria com que eu
quisesse correr para as colinas a algumas semanas atrás, mas hoje? Hoje não
vai acontecer!
Não sei se estou corajosa ou louca!
— Não importa, nada de trabalho até tirar essa criança de dentro de
você. — Axel fala brutalmente e eu reviro os olhos.
— Sim, senhor! Se não vamos ao trabalho para onde estamos indo? —
Indago enquanto acompanho Axel até o carro. Mas ele para de repente e vira
de frente para mim, seus olhos estão presos ao meu e eu não consigo desviar.
— É uma surpresa! — Sua voz saiu rouca, tão rouca e sexy que me fez
engolir em seco.
— Uma… uma surpresa? — Pergunto inutilmente.
— Sim, minha menina, agora vamos! Não podemos nos atrasar! —
Axel segura minha mão e me puxa para que eu possa segui-lo.
Eu estou totalmente confusa! Qual será a surpresa que Axel Cox é
capaz de fazer pra mim? Só espero que seja lá o que for, tudo ocorra bem.
Eu não sei se estou cometendo um fodido erro com o que eu estou
planejando fazer, mas seja como for, se eu decidir ter Isadora na minha vida é
hora de fazer isso. Nunca imaginei que um dia eu poderia estar aberto a esse
tipo de situação, mas cá estou eu. Esperei pacientemente para que Isadora
fosse liberada do repouso, preparei tudo o que tinha que preparar. Deixei meu
irmão, e o restante dos meus homens em prontidão para me alertar se algo
acontecesse enquanto estivermos fora. Ou até mesmo se algo suspeito estiver
beirando o local que estaremos durante esses poucos dias. Eu não posso
vacilar nem um mísero segundo, porque eu conheço muito bem Jerônimo
Braganza.
Eu sei exatamente o poder que aquele desgraçado possui em suas mãos,
sendo assim eu não posso vacilar. Ainda mais que o seu novo alvo é a mulher
inocente que está ao meu lado, porque a única coisa que Isadora não tem
nessa vida é sorte. Porra, sim! Parece que a má sorte a acompanha desde o
momento do seu nascimento, até o momento em que nossos caminhos se
cruzaram. Isso porque foi atrás da minha fixação por ela, o meu desejo
doentio de tê-la para mim, de controlar o seu destino, que a levou direto a
pessoas como Ângelo e Jerônimo Braganza. E se eu disser que faria diferente
do que eu já fiz anteriormente, eu estaria mentindo.
Por que eu sou um filho da puta egoísta o suficiente para querer que os
nossos caminhos tivessem se cruzado de qualquer maneira. E é justamente
por isso que farei o que eu puder e o que eu não puder para tê-la protegida.
Estou pronto para aceitar o que o destino reservou para nós dois, por tanto
não deixarei com que ninguém atrapalhe o andamento das coisas. Cerro os
meus punhos com esses pensamentos, mas sou libertado deles assim que
ouço a voz da minha menina me chamar.
— Axel? — Ela chama, e olho na sua direção.
— Sim? — Respondo tentando me livrar da tensão que estava sentindo
a pouco tempo atrás.
— Por que estamos no aeroporto? — Pergunta me fazendo arquear a
sobrancelha.
— É meio óbvio, não? — Indago, fazendo ela me encarar com uma
careta.
— Axel, não seja assim! Diga para onde vamos, por favor! — Súplica
ela e eu nego rapidamente.
— Eu já te disse que era uma surpresa? Não direi mais do que isso,
Isadora. — Falo com firmeza.
Sinto suas mãos pequenas e frágeis tomando o meu braço. Olho para
sua mão, e sem me conter cubro a minha, muito maior, com a sua.
— Querido, por favorzinho! — Pede novamente. Vejo um bico se
formar nos seus lábios inferiores.
— Não! — Desvio meus olhos dela e puxo para retomar a andar.
— Você não vai me contar mesmo? — Nego sem dizer em palavras. —
Nem se eu fizer um carinho em você? — Questiona dócil. Paro com o corpo
rígido, girando rapidamente para que meu rosto paire sobre o dela.
— Nem mesmo se você se ajoelhar na minha frente agora, abaixasse o
meu zíper e chupasse o meu pau até gozar eu saciaria a sua curiosidade,
Isadora. — Revelo entre dentes a fazendo arregalar os olhos e olhar para os
lados.
— Axel, que horror! — Diz com as bochechas vermelhas.
— Acho que já me fiz ser entendido, certo? — Questiono. Isadora
desvia o olhar de mim, e tenta se soltar.
— Sendo um pervertido assim, não tem comonão ser tão cristalino. —
Responde mal humorada. Eu não consigo aguentar essa menina ousada e
deixo o canto dos meus lábios se erguerem.
Sem me preocupar muito eu arrasto Isadora para mim, apertando
fortemente meus braços na sua cintura. Ela me olha com uma expressão de
pura surpresa, e sem esperar por qualquer palavra eu a beijo. Quando avanço
mais e mais contra os seus doces lábios eu ouço o seu gemido. E no momento
que sinto suas unhas cravarem nos meus ombros, percebi que a minha menina
deseja que eu lhe dê mais do que um simples beijo. Não, ainda não! Afasto os
nossos lábios, observando de perto o sorriso desleixado tomar conta da boca
rosada que acabei de possuir.
Linda e pura como um anjo fodido anjo! Essa é a minha Isadora,
penso.
— Sem perguntas por agora, tudo bem? — Indago usando um tom de
voz mais calmo.
— S… sim! — Gagueja, me deixando satisfeito.
— Agora vamos, temos um avião para pegar. — Digo assumindo um
tom mais firme.
— Tudo bem, eu confio em você! — Isadora diz me fazendo parar.
— Se eu fosse você eu não falaria isso tão fácil. — Aviso a fazendo dar
de ombros.
— Digo porque não há mais volta, Axel. Eu confio em você, porque eu
sei que ao seu lado nós estaremos seguros. — Revela abrindo um largo
sorriso, enquanto acaricia a barriga.
Desvio meus olhos porque eu não aguento a sinceridade que essa
menina transmite tão fácil de ler. É tão complicado lidar com isso depois de
todas as mentiras e mais mentiras que eu vivi na minha vida de merda. Mas
com Isadora é estupidamente fácil, tudo ao seu lado se transforma em algo
muito mais brilhante. Eu seria louco se deixasse essa menina escapar. Não,
mesmo sendo um fodido do merda, eu sei que ela é tudo o que preciso.
Soltando uma forte respiração eu encaminho Isadora até o local para
poder pegar o jatinho particular. Sei que desse ponto em diante Isadora está
louca para voltar a fazer suas perguntas espertinhas. Mas como não há tempo
para que isso aconteça, nós entramos no jatinho e em poucos minutos
estávamos sobrevoando o céu. Me afasto de Isadora para poder mandar
algumas coordenadas para os meus homens. E quando estou pronto para
voltar até minha mulher, sinto o meu celular vibrar.
— Fale logo porque eu já estou no jatinho. — Digo friamente.
— Quanto carinho para falar com seu único irmão. — Responde
usando o mesmo tom que eu.
—Foda-se, idiota! — Vejo a aeromoça se aproximar.
— Deseja alguma coisa senhor? — Pergunta de modo profissional.
— Um whisky para mim, e um suco para a minha mulher. — Indico o
lugar onde Isadora está distraída olhando pela pequena janela do jatinho.
— Sim, senhor! — Responde ela.
Antes de sair para me dar privacidade, eu sinto seus olhos em mim. Se
fosse antes eu poderia levar ela para o banheiro e foder para aliviar o estresse
de mais alguma missão, agora eu preciso disso então eu apenas ignoro.
— Por que ligou? — Questiono, chamando a atenção do meu irmão.
— Quero avisar que a filha dos Álvarez esteve aqui à procura da
Isadora. — Meu corpo ficou rígido ao ouvir essa notícia.
— Ela disse alguma coisa? — Indago, olhando para Isadora que acena
para mim.
— Não, ela só exigiu que pudesse ver a amiga. — Ouço atentamente
retornando o aceno.
— Você não disse para onde estávamos indo, certo? — Pergunto
duramente.
— Inferno, Axel! Você acha que eu sou algum fodido novato nessa
vida de merda? — Craig diz irritado.
— Só estou querendo confirmar. — Falo tranquilamente.
— Nenhuma informação foi passada para ela, mas nada a impede de
ligar para Dora. Então fique de olho. — Meu irmão me alerta.
A filha dos Álvarez está sendo uma fodida dor na minha bunda.
Consegui evitar que ela se aproximasse de Isadora o máximo que pude, mas
haverá um dia que não poderei mais fazer isso. Eu não confio nessa menina
ou em qualquer pessoa que é ligada diretamente a Jerônimo. Não me importo
com seus sentimentos, ou com qualquer outra merda, a minha prioridade é e
sempre será Isadora. Ela está frágil demais com essa gravidez, e mesmo não
gostando nenhum pouco da ideia de ser pai daquela criança. Eu prometi a ela
que esse bebê ficaria bem, e quando eu faço uma promessa eu a cumpro. Até
que seja provado que estar próximo a Lara Álvarez não é prejudicial a minha
mulher, eu continuarei a afastá-la.
— Obrigado por avisar, tenho que ir! — Digo e quando estou pronto
para desligar ouço Craig me chamar.
— Axel? — A hesitação de meu irmão não passou despercebido por
mim.
— O que foi? — Questiono.
— Você tem certeza que quer levar Dora para aquele lugar? — Ao
ouvir sua pergunta, meus olhos foram novamente para minha menina.
— Posso estar cometendo um enorme erro, mas eu sinto que
precisamos disso. Se depois que souber tudo ela quiser continuar a estar
comigo, com a gente, então que seja. — Comento sinceramente.
— Entendo, então boa sorte! — Craig fala, mas eu não agradeço de
volta.
— Tenho que ir! — Falo e logo em seguida desligo a ligação.
Ainda com as palavras de Craig na minha cabeça, eu caminho até
Isadora. Deixo um beijo na sua cabeça antes de sentar ao seu lado. Seu rosto
se ilumina como uma criança que acaba de descobrir algo que é muito do seu
agrado. Quando ela abriu a boca para me falar algo a aeromoça aparece
trazendo o meu whisky e o seu suco.
— Com licença, senhor! — A aeromoça chama nossa atenção. —
Trouxe o que o senhor havia pedido. — Ela aponta com um sorriso cheio de
segundas intenções.
— Certo! — Respondo, virando novamente para Isadora. Noto que ela
fecha totalmente sua expressão brilhante de antes.
— Você pediu isso aqui? — Indaga ela com os olhos cerrados.
— Sim, por quê? — Questiono e ela nega com a cabeça. Vejo o modo
que ela olha para a aeromoça, que ainda continua a nos servir.
— Mais alguma coisa, senhor? — A aeromoça me pergunta. Oh minha
menina territorial, agora eu sei o que está acontecendo!
— Para mim não, mas seria bom perguntar a minha mulher se ela quer
algo. — Digo friamente, quebrando a confiança da mulher à minha frente
totalmente.
— Oh sim, desculpe-me! — Ela se atrapalha com o pedido. —
Senhora, gostaria de algo a mais? — Pergunta visivelmente sem graça.
Isadora, com uma expressão fechada, nega com a cabeça.
— Não, se eu precisar chamo! — responde friamente. Com isso a
aeromoça gira nos seus calcanhares e se afasta de nós dois.
— Eu posso saber o que foi isso? — Indago tranquilamente.
— Não, você não precisa saber. — Diz irritada, e eu prendo meus
lábios para não rir.
— Vamos lá, querida, assume que você estava com ciúmes do
excelente tratamento que a aeromoça estava me dando. — Falo
descaradamente fazendo Isadora me encarar com fúria.
— Ah é? Você gostou de tratamento exclusivo, Axel? — Questiona a
ponto de me dar um soco se a minha resposta for afirmativa.
— Longe de mim, eu só tenho uma mulher e está de bom tamanho. —
Digo tranquilamente.
— É bom mesmo, senhor! Saiba que posso ir atrás de o… — Não a
deixo terminar a maldita frase e a seguro pela bochecha.
— Não vá por esse caminho, Isadora. Garanto que ele é perigoso! —
Digo entre dentes. Fervendo por dentro com a possibilidade de outro homem
chegar perto do que é meu.
— Se você se interessasse pela aeromoça o seu caminho também seria
perigoso. — Rebate ela furiosa me deixando louco.
— Somos um casal muito fodido, minha menina. — Sussurro olhando
nos seus olhos.
— Eu nunca tive dúvidas disso, querido. — Retruca. Sem pedir licença
deixo um beijo forte na sua boca, para logo em seguida soltá-la do meu
aperto.
— Não precisa ter ciúmes, eu posso ser um monstro, mas eu sou o seu
monstro, Isadora. — Digo observando um lindo sorriso formar no seu rosto.
— Isso é muito bom de ouvir, querido. É sim! — Ela bebe um pouco
do seu suco e procura pela minha mão com a sua. — Axel?
— Sim? — Aceito sua mão, vendo o modo que ela brinca com as
minhas mãos, usando a sua.
— Por favor, agora me diga para onde estávamos indo tão de repente.
— Pede ansiosa demais para se conter.
— Essa sua curiosidade é terrível! — Falo sem calor, e ela me encara.
— É só estranho o fato de você ter me arrastado para o jatinho sem nem
ao menos pegar uma mala. Isso foi bem estranho mesmo! — Fala dando de
ombros.
— Não se preocupe, nossas malas já foram despachadas mais cedo. —
Conto e ela arregala os olhos. Quando percebo que ela vai dizer alguma
coisa, eu não perco tempo e volto a falar. — Estamos indo para Boston! —
Digo finalmente.
— O que tem de tão importante em Boston? — Indaga, me fazendo
cerra o maxilar com força.
— Minha casa! — Revelo de forma tensa.
Agradeço mentalmente a Isadora não perguntar mais nada. Ela mesmo
me pediu sobre isso, ela quer transparência, e é isso mesmo que darei a ela.
Ela merece isso!
Chegamos a Boston muitas horas depois que Axel finalmente havia me
dito para onde estávamos indo. Como a temperatura de Massachusetts é
infinitamente menor do que eu estava acostumada eu tive que trocar de roupa
no jatinho, me agasalhando bem o suficiente para não morrer de hipotermia.
Eu estava me sentindo muito nervosa porque agora era hora de poder
conhecer um pouco sobre Axel. Ele está realmente disposto a me ter na sua
vida, está abrindo caminhos para que o nosso relacionamento tome um rumo
melhor a partir de agora. Eu não sei o que verei depois disso, sei que não vai
ser bonito saber de tudo o que ele e o Craig passaram, mas eu estou me
fortalecendo todos os dias para que esse momento enfim aconteça.
Eu amo Axel Cox, sei que ele é um homem muito complicado para se
apaixonar, mas não mudaria ele em nada. Sim, eu sou uma mulher muito
doente da cabeça, eu sei! Mas é a mais pura e infinita verdade porque mesmo
Axel sendo do jeito que ele é, eu não o mudaria de forma nenhuma. E sabe
por quê? Porque ele não usa máscaras! Oh sim, eu já vi muitas pessoas ao
meu redor usando máscaras de todos os tipos, e no final isso nunca é bonito.
Deve ser muito legal conhecer um homem lindo, que te trata logo de primeira
como uma princesa. Fazendo assim o seu único objetivo de início a sua
felicidade, mas logo depois toda essa postura de bom namorado e bom moço
se desmorone.
Não tive relacionamentos amorosos, mas já fui enganada e maltratada
muitas das vezes. As pessoas podem ser sujas e falsas, elas podem te seduzir
por uma fantasia muito facilmente. É por isso que eu não me arrependo do
meu sentimento por Axel, e também eu não tenho motivos para fazer isso.
Ele é um homem altamente obscuro, capaz de sequestrar uma moça
totalmente inútil na pequena sala da sua kitnet, fazendo dela sua de todas as
maneiras possíveis. Só que ele sempre foi isso o que demonstrou no início,
somente escondendo o protetor feroz que está atrás de sua escuridão. Esse
homem à minha frente, amarrando o cordão do meu casaco grosso, sempre
fez com que eu acreditasse que eu poderia ser mais do que nunca imaginei.
E sabe o que é mais engraçado? Eu realmente sou tudo isso o que ele
diz que eu sou! Então sim, e digo com todas as letras possíveis, que prefiro
meu mercenário sanguinário a qualquer principezinho de merda, e nunca irei
me arrepender.
— Cuidado ao descer as escadas, Isadora! — Axel me alerta quando
estou pronta para descer as escadas do jatinho.
— Eu sei, querido! — Dou uma piscadela, mas quando eu começar a
descer eu perco o passo um pouco. — Ops!
— Isadora! — Sinto a mão de Ax segura meu braço. — Eu disse para
ter cuidado! — A tensão na sua voz não escapou de mim.
— Acho que fiquei sentada tempo demais! — Brinco para quebrar o
gelo, mas ele continua a encarar de forma carrancuda. — Vamos lá, Ax,
mude essa cara! — Peço ficando de frente para ele.
Axel amolece sua carranca um pouco, soltando um suspiro resignado
logo em seguida. Ele passa os braços à minha volta, abaixando a cabeça para
poder beijar levemente os meus lábios. Não consigo parar o enorme sorriso
nos meus lábios. Sei que Ax está muito nervoso ao me trazer aqui, não deve
ser difícil para ele, mas mesmo assim estou aqui. Por isso tentarei o máximo
deixá-lo relaxado com isso.
— Você é muito desastrada, minha menina. — Sua voz sai leve.
— Você sabia disso quando resolveu me obrigar a ficar com você. —
Jogo com ele, observando suas sobrancelhas arquearam.
— Então é isso, não é? — Confirmo com a cabeça.
— Oh sim, foi sim! — Digo de forma sarcástica. De repente meu riso
fecha no mesmo momento que sinto a mão forte de Ax tomar a minha nuca
com força.
— Isadora, você tem certeza que quer fazer isso? — Vejo a dúvida nos
olhos de Axel pela primeira vez que nossos olhos se cruzaram pela primeira
vez.
— Sim, Ax, eu tenho! — Concordo rapidamente. — Eu quero o que há
de mais profundo em você, quero sua alma assim como lhe dei a minha. —
Nossos corpos são pressionados juntos, fecho os meus olhos, agarrando com
força o tecido grosso do seu sobretudo preto.
— Se é assim que você quer, minha menina, saiba que não tem mais
volta. Depois disso você será minha para sempre. — A possessão na voz de
Axel me fez soltar uma risada leve.
— Mas querido, eu pensei que eu já fosse! — Digo de forma inocente.
Vejo Axel negar com a cabeça enquanto um sorriso fantasma toma seus
lábios.
— Ah minha menina! — Diz para logo em seguida me segurar nos
braços. — Segure-se!
Eu não precisei dizer nada, somente me agarrei a Axel com força,
escondendo assim o meu rosto na curva do seu pescoço. Queria esconder o
sorriso idiota que insistia em não sai dos meus lábios. Sinto os movimentos
de Axel e logo estávamos fora do jatinho, não demorou muito para que
alcançássemos o carro que estaria nos levando para o nosso destino. Sou
colocada no chão, ao lado do carro, e antes de me acomodar vejo Ax
conversar com um homem alto, de pele escura, cabelos presos em tranças no
topo da cabeça. E algumas tatuagens saindo pela gola do terno azul escuro
que está usando.
Franzo o cenho um pouco quando vejo o mesmo homem sorrir para
Axel de forma amigável, para logo em seguida eles apertarem as mãos. Dou
um pulo de repente quando os dois viram suas cabeças na minha direção. Oh
Deus! Fui pega espionando, por ser uma curiosa sem salvação! Penso
engolindo em seco, forçando um sorriso para acenar uma breve saudação.
Não esperava que o homem respondesse a minha saudação com um sorriso,
mas ele fez. Observo Ax responder alguma pergunta ao homem, mas não fico
para ver mais nada e entro no carro para esperar pacientemente. Não demora
muito e Axel entra no carro no banco do motorista, ligando o carro e o
aquecedor logo em seguida.
— Quem era aquele homem, querido? — Pergunto sem conseguir
conter minha curiosidade.
— Eu estava me perguntando quanto tempo demoraria para você
começar suas perguntas. — Diz Ax levemente. Tenho a decência de sentir
minhas bochechas esquentarem um pouco. — Aquele ali era o Aiden, um
velho amigo de Craig. A família dele comanda o tráfico de drogas local, e
nós temos um bom relacionamento depois que o ajudei a fugir da prisão com
o Craig. — Fico paralisada com tanta informação.
Oh merda, ele deveria me contar isso tudo?
— Você deveria me contar isso tudo, Ax? — Inchado ainda
consternada.
— Você queria transparência entre nós, minha menina, então é isso que
você terá. — Revela virando o rosto para me encarar antes de colocar o carro
para andar.
— Sutileza passou longe de você. — Digo o óbvio. — Vi realmente
que vocês são amigáveis, isso é bem difícil de ver você agir assim com outras
pessoas. — Comento o fazendo dar de ombros.
— Tenho uma dívida com ele e sua família. Quando estava fora, sem
saber da prisão do Craig, ele e sua família cuidaram do meu irmão idiota. —
Confidência me deixando confusa.
— Onde você estava? — Indago.
— Em missão! — Axel responde.
— Missão? Você já era mercenário nessa época? — Questiono.
— Não, me tornei mercenário após tirar Craig na prisão. — Vejo os nós
dos seus dedos ficarem brancos.
— Então, onde você estava quando Craig foi preso? — Pergunto em
dúvida se ele vai me responder essa pergunta ou não. Axel não esconde de
mim seu desconforto.
— Eu estava no Iraque, lutando a guerra fodida desses fodidos! —
Cospe Axel com raiva.
— Você é um ex-militar? — Questiono totalmente desacreditada.
— Fui! — Responde e emenda logo em seguida. — Antes de ser
exonerado e intimado pela CIA. — Sua ira ao falar sobre isso é ácida
demais.
— Eu não… — Começo a falar, mas ele me para logo que abro minha
boca.
— Podemos falar sobre isso depois, minha menina. Não é que eu não
vá te contar, mas só não quero ter de reviver essa merda agora. — Pede ele.
Assinto com a cabeça, estendendo a mão para tocar sua coxa, tentando passar
algum conforto para ele.
Sem que eu tivesse esperando Axel cobre a minha mão com a sua,
levando-a logo em seguida entre seus lábios deixando assim um beijo. Fico
encarando nossas mãos juntas enquanto ele continua a dirigir pelas ruas de
Boston. Não consigo parar de pensar no que Axel acabou de me contar, o
homem ao meu lado já foi um ex-militar, se isso não é algo surpreendente eu
nem sei mais. É muito engraçado que eu nunca cheguei sequer a pensar nessa
hipótese, porque só quem já teve a visão do que é esse homem ao meu lado
em ação sabe exatamente que a ideia de ele ter sido um ex-soldado não é algo
tão surpreendente assim. Mas a ideia de Axel, um homem frio e sem nenhum
escrúpulo, ter sido um patriota que jurou proteger seu país é meio que
assustador.
— Isadora! — Axel chama com a voz dura. Me tirando totalmente dos
pensamentos.
Observo sua expressão totalmente dura, apertando a mandíbula com
força. É quase como se ele estivesse em luta se deveria me chamar ou não, e
isso é claro não pode passar despercebido por mim.
— O que foi, querido? O que aconteceu? — Indago sentindo a
apreensão tomar conta de mim.
— Deixe-me esclarecer as coisas para você. — Diz e eu o encaro sem
entender.
— Prossiga, Ax! — O induzo.
— Nós estamos aqui em Boston, não para que você conheça um novo
lugar e uma nova cultura. Antes eu não imaginaria que estaria disposto a
fazer isso com qualquer ser vivo, mas agora estou. Queria poder te levar a
lugares que tem pessoas normais e fazer com que você viva um momento
único. Mas não é para isso que eu te trouxe aqui. — Sua seriedade ao me
falar isso traz um leve sorriso aos meus lábios.
— Ax, eu sei! — Minha voz leve faz com que ele me olhe de forma
estranha.
— Você sabe? — Ele arqueia a sobrancelha.
— Não sei exatamente o que você vai fazer, mas sei que você é um
homem muito objetivo. — Digo observando sua expressão se tornar
impassível.
— Já que reconhece a minha objetividade deixe-me te mostrar o porquê
te trouxe aqui. — Fala ele acenando com a cabeça para que eu olhe através
da minha janela.
Eu estava tão concentrada no que Axel estava dizendo, e nas suas
expressões faciais que não percebi que o carro havia parado. Olho para frente
primeiro dando de cara com árvores grandes, e uma estreita estrada de terra.
Desvio meu olhar da estrada para olhar para o lado e dar de cara com uma
casa toda feita de madeira e vidro. Paro de respirar um pouco quando percebo
que essa é a casa mais esplêndida que eu já vi. Ela não é muito grande, parece
mais um chalé alto e mediano, mas as grandes janelas de vidro fazem dar um
ar de tranquilidade absoluta. Sem conseguir me conter eu abro a porta do
carro indo para fora. Eu precisava ver isso de perto, eu precisava saber que
não estava presa a algum sonho.
A uma curta passagem de pedra, tendo pequenas árvores, e grama
verdinha ao redor. Toco na minha barriga quando a imagem surge na minha
cabeça. Vejo o meu filho ou filha correndo por essa grama, enquanto Axel
pede para que ele não corra para longe. É uma imagem boba? Talvez! Mas é
uma imagem que me traz um bom sentimento, o sentimento de um futuro, um
futuro para nossa família. Nossa, meu Jesus! Como estar de frente para essa
casa pode me dar tantos sentimentos assim? Tomo um breve susto quando
sou despertada da minha imaginação por Axel que passa o braço ao meu
redor, enquanto encosta seu peitoral nas costas da minha cabeça.
— O que achou? — Pergunta me fazendo me aconchegar mais ainda a
ele.
— É simplesmente incrível, Ax! — Digo de forma apaixonada.
— É bom que você tenha gostado, porque essa casa é minha casa. E
como nossas vidas agora estão entrelaçadas, eu deveria dizer que essa casa é
a nossa. — Axel revela e eu arregalo os olhos.
"O que? Como assim nossa casa?"
— No… nossa? — Gaguejo, nervosa demais para me conter.
— Sim, eu nunca imaginei trazer qualquer pessoa aqui fora o meu
irmão, mas quero você aqui, Isadora. Não sei se posso ser aquilo que você
sonhou para a sua vida, mas com certeza eu posso ser tudo o que você
precisa. Quero que conheça o único lugar que eu conheço como lar, aqui você
o meu eu completo. — A seriedade e sinceridade na voz de Axel tocou o meu
coração.
— Vo… você tem certeza disso? — Pergunto, me sentindo muito
insegura de repente.
— Nunca tive tanta certeza nessa minha vida fodida, querida. — Sinto
as costas dos seus dedos tocarem a minha bochecha delicadamente. Fecho
meus olhos brevemente para sentir o seu toque no meu rosto.
— Obrigada por confiar em mim, Ax! Eu estou feliz! — Revelo após
abrir meus olhos para encará-lo com um sorriso.
— Não precisa me agradecer, você estava certa ao dizer que eu preciso
confiar em você para que isso tudo dê certo. Eu te quero como minha
parceira, Isadora, hoje eu sei disso mais do que qualquer coisa. — Ouço suas
palavras e é como se eu estivesse sonhando nesse exato momento.
— Axel… — Começo, mas ele coloca o dedo entre meus lábios me
fazendo calar.
— Vamos entrar, você deve estar cansada do voo longo. — Fala ele e
eu concordo com a cabeça.
— Posso fazer o jantar para nós dois, o que acha? — Pergunto ansiosa
pela sua resposta.
— Você cozinha? — Axel arqueia a sobrancelha.
— Para, Axel! Você sabe que sim! — O empurro, mas ele não se mexe
nem um centímetro.
— Tudo bem, tudo bem aqui toma! — Ergue um chaveiro na minha
frente. — Pode entrar primeiro, eu vou pegar nossas malas. — Pego a chave
na sua mão abrindo um largo sorriso.
— Sim, chefe! — Brinco saindo dos seus braços antes de sofrer
qualquer retaliação por chamá-lo de chefe.
Sigo em direção até às escadas, subindo devagar para não cair de bunda
e Axel me matar. Chego até a enorme porta de madeira, colocando a chave na
fechadura logo em seguida. Não sei por que, mas o meu coração bate de um
modo super acelerado no peito. No momento que abri a porta eu sou
surpreendida por um ambiente bastante agradável, largo, luminoso e
sofisticado. Deixo a porta aberta enquanto entro no local, olhando para cada
canto de modo apaixonado e curioso. Nossa, até lareira tem! Todo o
complemento do lugar é lindo, mas são as esculturas de madeira escura que
chamam totalmente a minha atenção.
A única coisa que me vem à cabeça é que elas não deveriam estar na
sala de estar do meu namorado. E sim em algum museu para que os amantes
de belas artes pudessem apreciar sempre que quiserem. Toco a madeira
gelada, sentindo o acabamento liso e envernizado. São lindas demais, é tudo
o que posso pensar. Tiro os olhos das esculturas quando algo chama a minha
atenção, é um tabuleiro de xadrez. Me aproximo do tabuleiro, e quando estou
perto o suficiente eu arregalei meus olhos de surpresa. Tiro a minha bolsa do
ombro, abro e começo a procurar algo que eu sei que nunca deixo longe de
mim. Achei!
— Meu Deus, é isso! Foi daqui que ele tirou essa peça! — Exclamo
surpresa apertando a peça preta de xadrez entre meus dedos com força.
— Então quer dizer que você descobriu. — Ouço a voz de Axel atrás
de mim, me fazendo pular de susto.
— Axel! — Olho para na sua direção, o vendo descansar as malas no
chão.
— Você guarda isso com você o tempo todo? — Ele pergunta
apontando para a peça na minha mão. Assinto sem saber o que falar. — Por
quê? Por que você guarda isso? — Indaga me olhando com intensidade.
— Me acostumei a fazer isso. — Dei de ombros, abrindo as mãos para
admirar o rei preto. — Quando você me deixou isso aqui no hospital, eu tive
a noção de cada vez que eu o mantivesse perto de mim era como se você
mesmo estivesse. — Sinto minhas bochechas esquentarem ao admitir isso em
voz alta.
— Nossa Isadora, sua sinceridade… porra, essa sua sinceridade é doce,
minha menina. — Quando ele está perto o suficiente, sinto seus dedos
entrelaçarem nos meus cabelos.
— Ax, por que me deixou essa peça? — Pergunto, mas logo emendo.
— Sempre tive vontade de perguntar, mas nunca tive coragem. Fora que eu
estava muito chateada com você na época.
— Para falar a verdade, eu não sei, minha menina. Acho que eu queria
que você tivesse algo meu, somente meu. — Axel para olhando para a peça.
— Feito por mim para falar a verdade. — O encaro rapidamente confusa.
— Feito por você? Como assim? — Questiono rapidamente.
— Sim, querida, todas essas peças de madeira, incluindo essa em sua
posse, foram feitas por mim. — Conta Axel me deixando sem saber o que
dizer.
Olho em volta novamente pela sua sala de estar, fixando minha atenção
nas esculturas que eu me apaixonei perdidamente assim que pus meus olhos
nelas. Eu não posso acreditar que foi Axel que fez essas obras de arte! Ele…
ele não deveria ser um mercenário. Não, não mesmo! Ele deveria estar
expondo essas esculturas pelo mundo, fazendo outras pessoas suspirarem
assim como eu suspirei. Isso é inacreditável demais!
— Ax, isso é incrível! — Me empolgo — Você deveria ser um artista
muito famoso, por que você não… — Não consigo terminar a minha
pergunta.
— Não, eu não preciso disso. Isso aqui… — Ele aponta para as
esculturas — Isso aqui é o que sou, e eu não gosto de mostrar esse lado meu a
ninguém. — Axel fala friamente, se afastando de mim.
— Acho que entendo o que você quer dizer, querido. — Solto um
suspiro. — Eu também não digo as pessoas que sou uma hacker muito boa.
As pessoas sempre tem uma visão distorcida das coisas. — Dou de ombro,
dando um passo para frente para alcançá-lo novamente. — Desculpa por
invadir dessa maneira.
— Não precisa se desculpar. — Diz ele negando. — Deixe-me te
mostrar algo! — Axel entrelaça os nossos dedos.
Sem que eu me desse conta Axel estava me levando pela casa, até
chegar a uma porta da cozinha que dá direito para os fundos. Ele me levou a
um lugar que mais parecia uma garagem, mas que foi perfeitamente adaptada
para ser uma incrível e muito bem equipada oficina. Consigo ver algumas
ferramentas penduradas, algumas máquinas sofisticadas e muita, muita
madeira bruta. Olho para Axel que assente brevemente e me induz a dar um
passo para frente. Não consigo imaginar o quanto de coisas maravilhosas esse
homem misterioso conseguiu produzir aqui. Me sinto como se estivesse
quebrado uma barreira entre nós, é como se eu pudesse ver o Axel Cox
agora.
— Então, querida, o que acha? — Pergunta. Posso sentir um fio leve de
empolgação em Axel.
— Então esse é você, Ax? — Pergunto emocionada sem qualquer
barreira.
— Sim, esse sou eu! — Diz com firmeza. — Ainda há muito o que
contar, mas essa é a parte mais importante que eu queria que você conhecesse
sobre mim, Isadora. — Conta ele e eu sinto meus olhos arderem.
— Eu amei, querido! Eu amei saber que você tem o dom pode me
surpreender todos os dias. Amei isso aqui! — Abro os braços e rodopio. — E
pode ter certeza que o nosso bebê iria amar se o pai dele fizesse algo especial
para ele, hum? — Pergunto entre risos, descanso a mão no meu ventre.
— Se você diz que sou capaz, quem sabe, não é mesmo? — Sua voz
sai com incerteza.
— Sim, Ax, você é capaz! Capaz de qualquer coisa! — Deixo um
sorriso leve nos lábios, enquanto olho para o homem que amo.
Eu amo isso, eu amo essa viagem inesperada, amo essa casa linda, mas
principalmente amo conhecer o Axel de verdade… o meu Axel!
Acordei assustada em um lugar estranho, sento rapidamente olhando ao
redor de um modo assustado. Aos poucos a consciência vai tomando conta de
mim, me fazendo lembrar que eu estou em Boston, na casa de Axel. Solto a
respiração, que nem tinha noção que estava aprendendo, bem devagar. Passo
a mão cegamente ao lado da cama, tentando sentir se Axel estava ao meu
lado, mas foi em vão. Porque ao sentir o lençol frio tive a noção de que eu
estava sozinha na cama por muito tempo. Passo a mão pelo rosto, tentando
me livrar dos resquícios do sono, quando me sinto acordada o suficiente
levanto da cama. Como estava escuro não consegui encontrar a minha
pantufa, sendo assim resolvo ir descalça mesmo atrás do meu homem.
Antes de caminhar até a saída, pego o meu celular na intenção de ligar
a lanterna. Lembro perfeitamente do caminho, já que antes do jantar Axel me
levou para cada canto da casa. É muito significativo para mim tudo isso que
está acontecendo, nunca imaginei que eu estaria vivendo um momento como
esse. Tudo bem que para algumas pessoas isso pode ser banal, e comum
demais entre relacionamentos, mas para mim é muito, muito especial mesmo.
Porque assim eu posso ver que eu e Axel podemos ter uma relação “normal”
nem que seja algum dia. Sorrio ao lembrar que ele me trouxe para seu
refúgio, e me mostrou cada canto dele me fazendo entender que esse lugar
poderia ser meu também se eu assim quisesse.
Até mesmo o jantar de hoje foi feito por nós dois! Nossa, olha só como
isso tudo é surpreendente! Quando foi que eu imaginei que aquele homem
frio e distante poderia estar em uma cozinha comigo? Nunca! Isso mesmo, eu
nunca imaginei que isso um dia poderia acontecer, mas enfim aconteceu e eu
sou uma mulher satisfeita. Isso por que além de fazer o jantar, pudemos
também conversar abertamente sem a sombra trevosa cobrindo nós dois. Ele
falou sobre suas esculturas, do modo como elas foram feitas a cada vez que
ele tirava um tempo longe dos trabalhados como mercenário. E eu é claro,
ouvir tudo com muita atenção, não conseguiriam tirar minha atenção dele de
qualquer jeito.
Pensando bem, a única vez que Axel ficou distante foi quando eu
perguntei a ele sobre sua família. Por um breve espaço de tempo ele ficou
pensativo, ficou longe de ser alcançado, e quando voltou não era o Axel que
antes estava sentado respondendo minhas perguntas livremente. Foi ali que
eu tive a certeza que qualquer assunto relacionado a sua família é complicado
para ele. E justamente por isso eu não quero tocar no assunto mais, não quero
mais vê-lo distante.
Balanço a cabeça para me livrar dos pensamentos e sigo agora em
direção a cozinha. Vendo que as luzes da oficina estão ligadas, eu sigo até lá
sem qualquer outra ideia. Tenho certeza que ele está lá, agora eu só preciso
traze-lo até a cama. Axel precisa descansar, ele nunca para, mas necessário
porque uma hora o corpo irá ceder. Com uma nova onda de coragem eu abro
a porta da oficina. Logo de cara eu o vejo, usando uma calça de moletom
preta, sem camisa, expondo sua tatuagem que antes eu achava
amedrontadora. Consigo ver que tem um fone de ouvido plugado no seu
ouvido, enquanto entalha um pesado troco de madeira.
— É possível um homem ser tão sexy de costas, entalhando uma
madeira? — Murmuro soltando um lamento logo em seguida.
Axel percebe que ele não está sozinho, consigo ver daqui a tensão nos
músculos das suas costas. De modo rápido, e como assassinado bem treinado
que eu sei que ele é, Axel vira na minha direção apontando uma arma.
Levanto os meus braços, ampliando os meus olhos, mesmo sabendo que ele
me reconheceu e que não vai atirar é bem pavoroso ter uma arma apontando
em diretamente para sua cabeça.
— Porra, Isadora! O que faz aqui assim? — Ele reclama abaixando sua
arma.
— Desculpa, Ax, eu só senti sua falta na cama. — Respondo e sua
expressão descontente cai.
— Abaixa esses braços, mulher! — Manda de um jeito que me faz
morder meus lábios inferiores para não deixar o sorriso escapar.
— Com certeza, senhor mercenário fodão! — Brinco e ele faz um som
com a boca, enquanto nega com a cabeça.
De repente ele para novamente, cerra os olhos para mim, enquanto me
olhava de cima a abaixo. Ops, sei exatamente o que ele vai falar! Em 3… 2…
1…
— Cadê a porra do seu sapato, e por que está aqui assim sem um
roupão? — Axel diz entre dentes.
— Eu só levantei e vim, Axel! Só não pensei, tudo bem? — Respondo
com altivez para não dar gosto a ele de ficar me repreendendo.
— Venha cá, minha menina! — Chama ele, e é claro que eu vou sem
pestanejar.
Assim que cheguei perto o suficiente dele eu fui puxada para o seu
colo. Como eu não estava esperando por isso, solto um grito assustada. Mas
logo o meu susto fica para segundo plano por que Axel segura minha nuca
com força, me fazendo assim olhar diretamente nos seus olhos.
— Te peguei! — sussurra entre meus lábios. Sinto o arrepio tomar
conta da minha espinha.
— Eu gosto disso! — Sussurro de volta.
— É bom saber disso, minha menina. — diz tirando um fio de cabelo
rebelde da minha testa, para colocar atrás da minha orelha.
— O que está fazendo aqui, querido? Por que não está na cama
comigo? — Questiono com cautela. Observo como Axel morde o maxilar
com força, e desvia o olhar do meu.
— Tive um fodido pesadelo! — Responde com raiva.
— O que aconteceu nesse pesadelo? — Indago usando uma boa calma.
— Eu não quero falar sobre isso, Isadora! — Ele tenta desviar o olhar
novamente, e se afastar de mim.
— Axel, amor, você lembra? — Seguro os dois lados dos seu rosto. —
Transparência e confiança, você lembra? — Me afundo nos seus olhos negros
profundos.
— Lembro muito bem, mas eu não sei se isso é uma coisa que você vai
querer saber. — Ele diz colocando nossas festas juntas.
— Quero sim, Axel! Eu quero saber tudo sobre você, principalmente o
que tanto te atinge e o que te faz se afastar de mim sempre que eu estou tão
perto. — Eu poderia sentir as minhas emoções fervilhando dentro de mim.
— Isadora, eu já disse que… — Ele começa, mas eu não vou deixá-lo
se afastar assim.
— Conte-me sobre esse pesadelo! — Mando bruscamente. Axel me
encara por um longo tempo, até que solta uma forte respiração e começa a
falar.
— Eu sonhei que estava na minha antiga casa onde vivia eu, Craig, e
meu fodido pai. — Ele segura meus braços com firmeza. — Nesse sonho ele
chegava em casa bêbado e drogado ao ponto de não conseguir falar palavras
corretamente. Eu tinha mais ou menos uns 10 anos e Craig tinha 6 anos, e
sempre sabíamos que toda vez que aquele homem chegava em casa daquele
modo, nada bom acontecia. — Sua voz estava carregada de ódio. — Tinha
acabado de tomar alguns socos e chutes por ele não achar sua maldita cerveja
na geladeira. Ele gritava que eu não tinha arranjado a grana para comprar
aquela merda! E até que… — Axel parou novamente. Sinto suas mãos
apertarem mais forte em volta dos meus braços, mas não me importei.
— O que aconteceu? — Pergunto em forma de sussurro.
— O velho desgraçado havia pego Craig, ele estava pronto para matar
meu irmão de porrada. Só que do nada o sonho mudou, e quem estava ali não
era o velho. — Ele nega com a cabeça assumindo uma expressão mais gélida.
— Quem era, Axel? Quem era o homem do sonho? — Indago usando
um tom leve.
Sem que eu estivesse esperando, Axel me tira do seu colo e se afasta de
mim como se estivesse com uma doente. Ele me encara com o cenho
franzido, para logo depois começar a andar de um lado para o outro passando
a mão na cabeça. É como se eu estivesse voltado no tempo algumas semanas,
no momento que conversamos sobre a nossa gravidez. Axel anda de um lado
para o outro, esfregando os cabelos da nuca em um gesto nervoso. Ele parece
como um animal selvagem preso na gaiola, que estava totalmente rendido e
não pode sair.
Não gosto disso, não gosto nenhum pouco!
— Axel! — chamo, mas ele estende o braço me impedindo de chegar
mais perto.
— Não, Isadora, fique aí! Não é seguro para você, minhas emoções não
estão estáveis! — diz me deixando nervosa. Só há um jeito, e eu tenho que
tentar.
— Quem estava no sonho, Axel? Quem? — Pergunto novamente após
controlar o meu nervosismo.
— EU, PORRA! ERA EU! VOCÊ ESTÁ FELIZ AGORA? — Grita
ele, me pegando totalmente desprevenida. — Eu estava lá, eu era aquele
velho asqueroso, e eu batia na criança, eu batia nela, Isadora. E você? Porra!
Você está amarrada pelo pescoço em um maldito galho de árvore. Você
estava fria como uma pedra, morta! — Axel termina de falar com os punhos
cerrados.
Consigo sentir o seu sofrimento daqui, e eu não posso deixar isso
acontecer por mais tempo. Tenho que tirar isso dele de qualquer jeito.
— Você não é seu pai, Axel! Você não, pode apostar a porra do
universo que você não é o seu pai. Entende? — Digo com rigidez, chamando
sua atenção para mim.
— Você não entende, Isadora! Você e a criança ao meu lado não pode
ser, eu não sei ser uma família. — Conta ele tentando recuperar sua
impassibilidade, mas falha. – O único gesto de bondade que tive na vida era
de uma velha vizinha que dava comida a mim e ao meu irmão caçula quando
tínhamos fome. – Axel conta com a mandíbula cerrada.
Oh Deus, eu não esperava por isso, mas não... eu não vou deixa-lo me
afastar!
— Não vou me afastar, muito menos vou afastar nosso filho ou filha de
você. Como é que você, um homem tão inteligente e astuto, ainda não
entendeu que você é diferente disso que você mesmo acabou de me contar?
— Questiono me aproximando a cada passo.
— Eu mato pessoas, Isadora! O quão diferente eu sou? — Rebate com
raiva.
— Sim, você mata! Isso é errado? Na minha concepção sim, eu não
estou aqui para julgar o que é certo ou errado. Eu estou aqui para ser egoísta e
mostrar ao meu homem que ele é muito mais que isso, que ele não é e nunca
mais será como o pai dele. Porque o meu filho merece ter um pai protetor, um
pai feroz e fará de tudo para que ninguém o machuque ou nos tire dele. —
Arfo forte, porque eu falei sem parar.
— Isadora… — Ele começa, mas como estou perto dele eu soco o seu
peito com toda minha força.
— PARA DE FALAR, AXEL! — Grito irritada. — Eu vou dizer
novamente, então entenda de uma vez por todas. — Falo entre dentes. —
Você não é o seu pai! Você fez o possível e o impossível para proteger seu
irmão dele, você até hoje protege seu irmão com unhas dentes. Eu vejo isso,
vejo nitidamente isso, e mesmo que tente esconder com sua máscara de frieza
que não se importa. Deixe-me te contar uma coisa. VOCÊ SE IMPORTA!
— É difícil admitir isso, mas tenho medo. — Axel confidencia fazendo
meu coração perder a batida.
— Eu também tenho medo! — Confesso pegando a sua mão e
colocando em cima da minha barriga. — Você disse que não sabe ter uma
família, mas me deixe te falar mais uma coisa, querido. Você já tem uma
família! — Digo dando um pequeno sorriso logo em seguida.
Por mais que ele não queria admitir, ele tem uma família. Os meninos
já eram sua família antes de mim e do bebê chegar, eles compõem esse
núcleo desajustado, mas muito, muito unidos. Se bobear eu posso totalmente
incluir os meus paizinhos também na equação, por que eles consideram Axel
como genro a muito tempo. E se ele não consegue entender isso, então eu
terei que fazer isso por ele.
— Eu sei! — Sua voz sai baixa, mas eu consigo entender muito bem.
— Boston é minha casa, Isadora. Eu cresci aqui, e por mais que eu tenha
vivido um inferno com o pai, nunca pensei em sair desse lugar para sempre.
Será que consegue entender? — Ele me pergunta e eu concordo com a
cabeça.
— Sim, querido, eu entendo! — Respondi prontamente. — Agora me
diga o que aconteceu depois que seu pai morreu. Esqueça ele, me deixe saber
o após. — Peço tentando livrar ele da lembrança do seu pai. Ainda com a
mão na minha barriga, ele começa a falar.
— Depois que eu e Craig ficamos órfãs nós fomos enviados para casa
de acolhimento. Obviamente nós não nos adaptamos em lugar algum, então
sempre que tinha uma oportunidade nós fugíamos. — Não me surpreendo
com essa revelação.
— O que faziam? — Pergunto curiosa.
— Eu trabalhava em um posto de gasolina, para comprar comida para
Craig. Era um trabalho lixo, mas eu podia receber uns trocados. — Axel
conta e não sei por que, mas consigo imaginá-lo trabalhando arduamente para
cuidar do seu irmão caçula.
— Vocês eram pegos? — Pergunto o fazendo soltar um bufo
descontente.
— Sempre! Não importava o quão furtivo eu achasse que podia ser,
mas eles sempre me encontravam. — diz e eu dou um pequeno sorriso. —
Mas teve uma hora que tive que parar de correr, eu percebi que nós dois
tínhamos que terminar a escola para que eu pudesse consegui algo melhor. —
Revelou de repente.
— Foi aí que você se alistou? — Pergunto. Axel concorda com a
cabeça, enquanto me puxa novamente em direção a cadeira de antes. Ele
senta, para me sentar no seu colo logo em seguida.
— Sim, e isso foi a pior merda que já fiz. — Conta ele me abraçando
com força. — As coisas que eu vi ali, que tive que fazer para ganhar uma
merda de dinheiro. Foi horrível!
— Eu não consigo imaginar, uma guerra nunca é bonita. — Digo o
fazendo concordar.
— Eu já estava indo para a minha quarta incursão quando soube da
prisão de Craig. — Axel diz me fazendo piscar várias vezes. — Naquele
momento ele já era maior de idade, e não precisava ficar em lares adotivos. E
com um erro maldito ele foi pego e encarcerado.
— O que ele fez? — Indago.
— Agressão e tentativa de assassinato. — Dar de ombros. — Craig
tinha acessos repentinos de raiva, e quando foi provocado pelo filho de um
político cretino, ele perdeu a cabeça. Ele estava sozinho e não era filho de
uma família rica, foi fácil colocá-lo em uma gaiola, sabe. — Concordo com a
cabeça.
— Por isso que quando você voltou da guerra foi e tirou seu caçula de
lá. — Questiono, passando minha mão levemente pelo seu ombro.
— Claro, eu não poderia deixá-lo preso por 7 anos por quase matar na
porrada um merdinha. O cara era um lixo, Isadora, ele era acusado de várias
tentativas estupros, mas estava tudo bem por que ele era filhinho de um
homem rico. Foda-se tudo! — Reclama com ira. — Planejei tudo, tirei Craig
de lá, viramos fugitivos e depois fundei minha equipe de elite usando
dinheiro sujo que conseguia nos trabalhos para o submundo do crime.
— Toda essa história só me mostrou uma coisa. Sabe o que é? —
Questiono vendo ele cerra os olhos para mim.
— O quê? — Pergunta com desconfiança.
— Tudo o que você fez nessa vida foi exclusivamente para ter o seu
irmão por perto. Para dar a ele uma vida melhor, mesmo que para isso tivesse
que virar um fugitivo procurado pelo governo dos Estados Unidos. — Falo as
palavras com calma, alisando seu rosto com carinho. — Você é muito mais
do que qualquer coisa que pense, Ax. Eu te amo mais ainda por isso, e pode
ter certeza que esse bebê aqui irá amá-lo também. — Deixo um largo sorriso
tomar conta dos meus lábios.
Meu homem sombrio me observa de um jeito como se fosse a primeira
vez. Não consigo decifrar o que ele está pensando ao me encarar dessa
maneira, mas não precisa ficar tentando adivinhar, já que ele avança sob
mim. Me puxando para que os nossos lábios batessem juntos, liderando assim
um beijo de tirar totalmente o meu fôlego. Sinto seu braço tomar conta do
lado da minha cintura, para que logo em seguida eu fosse suspendida, sendo
de frente para ele. Nossos quadris estão encaixados, fazendo com que a
minha vagina tocasse ferozmente no seu pau duro. De modo descarado eu
rebolo no seu colo, procurando por mais atrito.
— Eu preciso de você, querido! — Digo afastando nossos lábios um
pouco.
— Você me tem, você sempre terá — fala com uma voz animalesca.
— Ahh... Axel! — Gemo baixinho quando sinto suas mãos apertar com
força na minha bunda, no mesmo momento que lambe o lóbulo da minha
orelha.
— Sim, querida, gema para mim. Ninguém irá nos ouvir aqui, estamos
sozinhos. — Sussurra ele no meu ouvido
Axel volta a me beijar, mas o beijo gostoso não dura muito porque sua
boca habilidosa desce da minha boca até o meu decote. Ele faz um pedido
silencioso para que eu levante os braços, e quando faço o que ele pede
imediatamente a minha camisola é tirada do meu corpo. Axel olha para os
meus seios enormes de inchados com fome, e sem pedir permissão ele
começa a chupar o meu mamilo esquerdo. Solto um gritinho de prazer,
misturado com dor, porque eles estão muito doloridos. Mas como meu corpo
parece gostar dessa junção de dor com prazer, isso se torna muito mais
gostoso.
— Esses peitos já eram deliciosos antes, agora estão prontos para serem
chupados por mim. Tão bom! — Axel diz com a voz cheia de devoção.
— Axel! — Tento me esquivar, mas Axel é rápido como um felino e
prende meus dois pulsos usando somente uma das duas mãos.
— Veja bem o que você vai fazer. — Ele diz de forma dominante. —
Você vai levantar, tirar minha calça, virar de costas para mim e sentar com
essa boceta encharcada no meu pau. Você pode fazer isso, minha gostosa? —
Pergunta-me, fazendo assenti sem pestanejar.
— Sim, eu posso fazer o que você quiser que eu faça. — Respondo e
ele rosna de forma que me deixa mais e mais excitada.
— Isadora, cuidado com aquilo que você deseja! — Ele avisa e meu
coração acelera.
— Não tenho medo de você, Ax! — Revelo mordendo meu lábio
inferior.
Axel olha para minha boca ferozmente, sendo assim eu não perco
tempo e jogo meu corpo na sua direção para beijá-lo. Comando o beijo, que
se transforma em uma bagunça de lábios e chupão de línguas molhadas. Para
minha surpresa Axel interrompe o beijo, me levanta do seu colo e acena para
que eu faça exatamente o que ele pediu. E eu faço! Eu realmente adoro ser
controlada por ele no nosso prazer. Eu me sinto muito mais excitada quando
ele me olha com essa expressão mandona. Dizendo sem palavras que está
pronto para fazer de mim tudo o que ele quiser.
Abaixo sua calça de moletom, fazendo seu pau saltar logo em seguida.
Posso ver que a cabeça do seu pau está molhada, o que faz minha boca
encher d'água. Um dedo no meu queixo faz com que eu desvio os meus olhos
famintos do seu pau, e então ele negou com a cabeça. Poxa! Lamento antes
de virar de costas para meu homem bruto, e quando estou perto de sentar no
seu colo como ele havia pedido. O meu corpo é curvado para frente, todo um
susto, mas ele é transformado em um gemido sofrido no momento que sinto o
dedo de Axel passear entre a minha buceta até o meu ânus.
— Um dia, um dia ainda vou comer essa sua bunda virgem, querida. —
Meu corpo fica rígido. — Vou foder ela com carinho, não agora, mas ainda
vou. — Sinto um tapa forte na minha bunda antes que meu corpo seja erguido
novamente.
Sou guiada para sentar no colo dele de costas, meus braços são
induzidos a entrelaçar na sua nuca. Fazendo assim com que os meus mamilos
fiquem a sua disposição. E Axel não perde tempo e me provoca de todos os
modos, aumentando muito mais a minha vontade de ter o seu pau em mim.
Gemo baixinho, cravando as minhas unhas na sua nuca, quando sinto ele
entra em mim. É torturante o modo que ele mete o seu pau em mim, enquanto
massageia um dos meus mamilos e o meu clitóris ao meu tempo. Choro de
prazer, pedindo por mais, por que eu necessito disso. A minha cavalgada
aumenta o ritmo, eu estou totalmente entregue a ele.
— Axel, eu preciso gozar! Axel, amor… por favor! — Choro em meu
pedido, louca de tesão, com os olhos fechados. Sentindo seu pau entrar e sair
de mim em um ritmo constante.
— Senta no meu pau, querida! Me faça gozar e alcance seu prazer!
Vamos! — Axel sussurra no meu ouvido e eu gemo mais alto ainda.
E com uma velocidade que não sei explicar, nós mudamos de posição.
Com isso eu volto a sentar de frente para ele, mas não antes de colocar seu
pau dentro de mim. Jogo a cabeça para trás, apoiando as minhas mãos nos
seus joelhos. Axel me abraça com força, emaranhado os cabelos de trás da
minha cabeça com força enquanto chocam os nossos lábios. Quando menos
espero eu estou gozando, tremendo e gritando pelo seu nome. Me agarro a
ele, e não demora nada para que ele goze logo em seguida.
— Porra! — Geme Axel, eu não sou capaz de falar nesse momento.
Ficamos parados por um momento, recuperando o nosso fôlego desse
sexo devastador que acabamos de ter. E quando sinto o meu corpo
estremecer, sinto que estou ficando com frio. Também não é para menos, eu
estou nua em plena oficina que fica do lado de fora. Axel finalmente percebe
o estado que estamos e sem falar uma única palavra, ele me carrega nos
braços e sai comigo da sua oficina. No momento que chegamos no quarto,
fomos direto para o banheiro. Fizemos uma breve limpeza, e fomos para
cama se aquecer, abraçados juntinhos. É tão bom estar assim com ele, mas
quando sinto que meus olhos estão quase se fechando eu lembro de algo.
— Querido? — Chamo e ele responde com "Humm" — Eu só queria te
agradecer, então obrigada!
— Me agradecer pelo o quê? Pelo sexo incrível? — Brinca com os
olhos fechados. Tento empurrar seu corpo para longe de mim, mas ele é
incrivelmente forte.
— Não, Axel, seu pervertido! — Brigo, mas logo sinto a vergonha me
tomar. — Agradeço por toda essa confiança, isso é muito importante para
mim. Para o nosso relacionamento. — Digo e sinto ele cheirar meu cabelo.
— Minha menina, não precisa agradecer, porque se eu tinha dúvida,
agora eu tenho certeza. — Diz ele de modo misterioso e eu fico curiosa.
— Dúvida de quê? — Questiono.
— Se eu tinha dúvidas que faria tudo por você, agora eu não tenho
mais. —Axel para e cheira meu cabelo novamente. — Eu faço tudo por você,
minha menina. Tudo! — Abraço seu corpo contra o meu com força, feliz da
vida por ouvir suas palavras.
E eu não tenho dúvidas disso, porque eu faria qualquer coisa por ele
também. Sempre!
Estou terminando de comer panquecas e ovos feitos por meu adorável
vilão, quando o vejo levantar da mesa e ir atender uma ligação no seu celular.
Ele está fazendo sua expressão fechada de sempre enquanto fala algo que eu
não consigo ouvir. Dou de ombros para a minha curiosidade, e volto a comer
a minha comida. Imediatamente a minha lembrança vai para o momento em
qual fui despertada com a boca de Axel na minha… Oh minha nossa senhora
das mulheres com tesão! Que homem! Ele me fez gozar duas vezes essa
manhã, é bem nítido como ele acordou com tesão, não é mesmo? Solto uma
risadinha cretina enquanto volto a esperar um punhado do meu café da
manhã.
— O que fez você ficar com as bochechas vermelhas desse jeito? —
Axel pergunta se aproximando de mim. Ele me olha com uma feição
carregada de safadeza.
— Nada, eu não estava pensando em nada! — Digo rapidamente,
pegando a banda de laranja que estava no meu prato e enfiando na sua boca.
— Olha como ela está docinha, querido! — Falo e ele chupa com avidez.
— Sim, minha menina, ela está realmente doce. — Ele diz
sugestivamente e eu engulo em seco.
Poxa, meu rapaz, esse tom de provocação eu golpe baixo. Baixíssimo!
— Então… — Solto um pigarro. — Quem era ao telefone? — Pergunto
despistando a minha safadeza.
— O Aiden! — O encaro com surpresa. — Ele nos convidou para
almoçar com a sua família. — Axel dá de ombros.
— E você recusou! — Exclamo categoricamente, mas nega com a
cabeça me deixando confusa.
— Não, eu aceitei! — Sua resposta positiva me deixou totalmente
surpresa.
— Aceitou? Assim, do nada? — Indago sem acreditar. Axel dá de
ombros, estendendo a mão para tirar o seu prato da mesa.
— Achei que você poderia querer fazer algo diferente. — Responde
seriamente e eu arregalo os olhos.
— Oh Axel, agora sim você me pegou totalmente desprevenida. —
Falo com maior sinceridade. Observo o modo rígido que ele olha para mim.
— Não abuse da sorte, minha menina! — Diz friamente e eu levanto os
braços com o sinal de rendição.
— Longe de mim, querido! Longe de mim mesmo! — Digo mordendo
os lábios inferiores para que uma risada divertida não escape de mim.
Não consigo segurar o riso por muito tempo, principalmente quando
olho para a forma que os olhos de Axel estão cerrados na minha direção. Sem
conseguir aguentar esse olhar cheio de promessas dele eu caio na risada, mas
minha risada para quando o sinto me abraçar por trás. Aceito o abraço,
esfrego minha cabeça contra o seu peito, me sentindo como uma gatinha
manhosa. Deus, por favor, faça com que esse dia dure por muito e muito
tempo. Eu sei que as coisas não serão as mesmas quando sairmos daqui,
temos a sombra do pai de Ângelo atrás de nós. E muitas coisas que a vida de
Axel como um mercenário conhecido por todo mundo do crime. E também
pelo fato de que se ele for pego pelo seu governo, sabe-se lá Deus o que pode
acontecer.
É tanta coisa, inúmeras coisas que podem nos impedir de ter momentos
como esses. Para falar a verdade eu quero continuar aqui, com essa conexão
profunda que estamos tendo. Ter isso aqui que conseguimos construir é tão
difícil, nunca imaginei que poderia ter com Axel. Só tenho medo que tudo
isso seja passageiro, e só o sentimento disso faz com que meu corpo fique
rígido. Ao notar a minha rigidez, ele me abraça com mais força. Me fazendo
entender, mesmo sem dizer qualquer palavra que ele vai estar ao meu lado. E
isso é bom, Deus, como é bom! Eu estou pronta para dizer isso em voz alta
quando sinto um leve movimento na minha barriga. Paro de respirar no
mesmo momento, com medo de que seja alguma invenção da minha cabeça.
— O que foi, minha menina? O que está te deixando tão
desconfortável? — Axel dispara a perguntar.
— Oh Ax, não é desconforto! Para falar a verdade, é algo muito bom.
Eu só não sei se… — Paro de falar quando sinto novamente. — Oh Deus, é o
nosso bebê! — Levanto a cabeça para encontrar os olhos de Axel amplos.
— O quê? Está sentindo alguma coisa? Você quer ir ao hospital? —
Axel pergunta nervoso.
Eu poderia rir por vê-lo como se eu estivesse pronta para ter o bebê na
cozinha, mas eu estava emocionada demais. Com os olhos marejados, eu
negando com a cabeça enquanto pego a sua mão e descanso no lugar exato
que senti o bebê mexer pela primeira vez.
— O quê? — Indaga com a maior careta de interrogação.
— O bebê mexeu, Ax! Consegue sentir? — Pergunto sentindo
novamente o movimento.
— Oh, é isso? — Sua pergunta sem expressão me deixou triste de
repente.
— Você consegue sentir? — Pergunto novamente e ele nega com a
cabeça.
— Eu não sinto nada, Isadora! — Diz e eu murcho totalmente.
Pensei que havia superado tudo isso, mas parece que temos muito
caminho pela frente. Mas porra, isso é muito frustrante!
— Você é um puta de um insensível, Axel Cox! — Esbravejo tirando
as mãos dele de mim e levantando da cadeira.
— Isadora! — Chama ele, mas sigo para longe dele antes que eu volte e
chute sua perna.
— Me deixe, Axel! Eu vou subir com o meu bebê mexendo na minha
barriga e vou tomar banho para que possamos sair. — Digo irritada. Quando
percebo que ele dá um passo para vir até mim eu ergo o meu dedo indicador.
— Não me siga, caramba! — Mando.
— Isadora! — Chama novamente, mas eu não quero saber.
— Não venha aqui, nesse momento eu quero muito chutar você. —
Revelo e posso ver o seu sorriso fantasma.
— Você não conseguiria, mesmo se tentasse, minha menina. — Ele diz
o óbvio e eu ergo minhas mãos para cima praguejando qualquer coisa sem
sentido.
— Obrigada por me lembrar disso, idiota! — Digo entre dentes.
E sem perder tempo com coisas sem sentido eu viro e saio pisando duro
até as escadas. No momento que chego até o quarto, eu solto um suspiro
resignado. Eu tenho que parar com essa mania de querer transformar Axel em
um homem, namorado, e pai normal. Porque ele não é e nunca vai ser
qualquer coisa normal nessa vida. Tenho que aprender a lidar com o fato de
que ele não sabe agir dessa maneira, e forçar ele a ser o que ele não é só
quem vai ser magoada no final sou eu. É frustrante admitir isso, mas nunca
terei o pai do meu bebê saltando de felicidades junto a mim porque pude
sentir o primeiro movimento na barriga.
Droga, por que eu tenho que ser tão sentimental!
Acho que sou uma mulher muito ambiciosa. Sim, acho que é isso!
Depois de tudo o que Axel fez ao se abrir comigo daquela maneira. Me
contando coisas da sua vida, que conhecendo-o do modo que conheço, tenho
certeza que não foi revelado para mais ninguém além de mim. Eu ainda quero
mais, muito mais para ser exata. Só que… só que eu sei que as coisas não
funcionam dessa forma, tudo leva tempo. Axel não sabe o que é ser um
homem carinhoso, ele demonstra afeto a sua maneira, o que muitas vezes
pode deixar uma pessoa como eu de queixo caído.
Tudo isso martelando na minha cabeça, só me faz ter mais e mais
certeza de que eu tenho que ser paciente. Tenho fé que nós vamos encontrar
uma maneira de lidar com nossas diferenças, de um jeito ou de outro.
Soltando uma respiração forte eu decido tomar um banho de banheira
relaxante. Eu preciso disso, preciso descarregar todas as minhas neuras em
um banho energizante. E é com isso em mente que encho a banheira, coloco
os sais de banho que encontrei no armário, tiro minhas roupas, prendo meu
cabelo e relaxo o máximo que posso. Quando estou com os olhos fechados,
curtindo o meu momento de paz, sinto uma mão passear delicadamente pela
minha barriga.
Sei muito bem a quem pertence essa mão, mas estou receosa a abrir os
olhos e perder o seu toque reconfortante.
— Eu não entendo o que foi que eu fiz que te deixou tão chateada, mas
de qualquer forma eu acho que te devo um pedido de desculpas. — A voz de
Axel saiu baixa, quase como se estivesse receoso de me assustar.
Decido abrir meus olhos encontrando o mar escuro dos seus olhos.
Ergo minha mão e passo na sua bochecha com barba por fazer.
— Tudo bem, Ax! — Digo e ele solta um som frustrado.
— Não, não está tudo bem e eu sei disso. — Ele diz e eu dou um
sorriso sem jeito.
— Acho que são os hormônios, eles me deixam em ponto de ebulição o
tempo todo. — Dou uma desculpa esfarrapada.
— Não é isso, você sabe disso e eu também. — Quando vou abrir
minha boca para falar alguma coisa, ele me impede. — Sei que não sou
exatamente o homem que você sonhou para sua vida, minha menina. Mas a
única coisa que você pode ter certeza é que eu faço de tudo para que você
esteja bem e… e feliz.
— Ax, não me faça chorar! — Mando o empurrando de leve.
— Não foi minha intenção, prometo! Eu só não gostei de ver você tão
irritada. — Ele faz uma careta. — Er… você pode me explicar o que eu fiz
que te deixou tão magoada? — Pede ele e sem me importar de estar toda
molhada, eu me jogo nos seus braços.
— Oh Axel, você às vezes fala as coisas mais erradas do mundo, mas
tem momentos… tem momentos como esses que você acerta muito. —
Revelo o abraçando com força.
— E isso é bom, certo? — Indaga, me afastando para segurar os dois
lados do meu rosto.
— Oh sim, querido, isso é muito certo! — afirmo com o maior sorriso
do mundo.
Nesse momento eu tenho um sentimento de esperança que não há nada
nesse mundo que seja capaz de me tirar. Assim como eu havia sentido antes,
eu tenho certeza que o meu futuro com Axel pode ser melhor do que eu posso
imaginar. Se ele precisa de ajuda para ser mais aberto a certos sentimentos, e
a me perguntar se agir de modo que pode me magoar. Quem sou eu a impedi-
lo de fazer isso? Ninguém! Ninguém realmente!
Após passar o momento de felicidade, Axel pediu espaço e entrou atrás
de mim na banheira. E foi assim que terminamos de tomar banho juntos,
enquanto eu contava a ele que a sua frieza, com relação a algo que para mim
é muito importante, me magoou e me deixou muito brava. Ele ouviu tudo
sem dizer muita coisa, e concordou com a cabeça como se estivesse anotando
mentalmente cada palavra minha. E foi justamente dessa maneira que
terminamos de tomar banho juntos. Após o banho nós nos arrumamos para ir
até a casa do amigo do Craig. Agora estamos no carro, a caminho do nosso
destino.
— Isadora, deixe-me explicar algo para você. — Axel fala, me fazendo
tirar atenção das ruas de Boston para ele.
— Sim, querido, o que foi? — Questiono ao ver sua expressão séria.
— Lembre-se que estamos indo para um lugar que pertence a uma
família de gângsters. — Ele conta e eu confirmo.
— Eu sei, você me disse isso no outro dia. — Lembro a ele.
— É, mas é sempre bom falar de novo. Não quero que você se assuste
caso veja algo que não goste. — Axel diz e eu franzo o cenho.
— Você já foi alguma vez na casa desse Aiden? — Indago o fazendo
negar. — Então relaxe, Ax. Tudo vai dar certo! — Digo, observando a tensão
sair dos seus ombros.
— Tudo bem então! — Enfatiza mais relaxado.
Volto a olhar para fora, prestando atenção em cada lugar de uma cidade
tão bonita, mas ao mesmo tempo tão distante da minha antiga realidade.
Quem iria imaginar que em tão poucos meses eu iria conhecer New Jersey e
Boston? Bem, eu não sei se eu iria acreditar se alguém me disse que um
homem entraria no meu caminho e me mostraria o mundo dessa forma. Não,
com certeza, eu não acreditaria. É engraçado como as coisas acontecem, não
é verdade? E só o pensamento disso me faz rir um pouco.
— Porra, filhos da puta! — Pragueja Axel com violência me
assustando.
— Aconteceu algo? — Pergunto sem entender.
— Eu achei que fosse uma fodida impressão minha, mas parece que
estamos sendo seguidos. — A revelação de Axel faz com que o meu
estômago se aperte.
— Você tem certeza disso? — Questiono nervosa, sentindo minhas
mãos tremerem.
— Ei! — Axel chama, tirando uma de suas mãos e colocando sob a
minha. — Olhe para mim! — Faço o que ele manda. — Eu te prometo que
não vou deixar nada acontecer com você, com vocês dois. — A força na sua
voz me fez ter mais confiança.
— Certo! — Enfatizo com força. — O que eu devo fazer? — Pergunto
sem querer perder tempo para o medo.
Axel me encara como se estivesse muito satisfeito comigo, e ver isso
me faz ter a certeza que seja lá o que vá acontecer a seguir nós dois vamos
conseguir superar.
— Quero que você vá até o banco de trás, puxe uma pequena alavanca
do lado direito. Assim que você puxar a alavanca, o assento irá se erguer. Lá
você vai encontrar armas, coletes e munições. — Axel explica com calma,
enquanto olha pelo espelho retrovisor.
— Tudo bem! — Minha voz treme um pouco, mas eu ignoro.
— Consegue fazer isso rápido? — Indaga ele olhando para mim com
firmeza.
— Sim, eu consigo! Sou pequena, então não vai ser problema! — Digo
e ele confirma com a cabeça.
—Certo, minha menina, então faça isso agora enquanto nenhum carro
avança para nos tirar da estrada. — Axel diz e eu engulo em seco.
Não digo mais nenhuma palavra, e vou fazer exatamente como ele
ordenou. Não posso negar que o medo que estou sentindo é muito grande,
mas eu confio em Ax. Ele é um homem experiente nesse tipo de situação, por
isso que eu sei que tenho que fazer exatamente do jeito que quer que eu faço.
Sendo assim eu já perco tempo, me espremi entre os bancos do motorista e
passageiro para chegar até o banco de trás. Me ajoelho no chão do carro,
tateando a frente e as laterais do lado esquerdo. No momento que minha mão
alcançou a alavanca, eu não perdi tempo, puxei com força. Axel estava certo,
está tudo aqui como ele disse.
— Isadora, preciso que você coloque um desse coletes! — Me assusto,
mas faço o que ele pede. — Agora preciso que você arme duas Glock 's para
mim e coloque elas, junto com mais quatro cartuchos no banco do
passageiro.
— Eu vou… — Começo a falar, mas ele me corta.
— Faça o que eu mandei! — Ele diz repentinamente. — Você lembra
como montar uma arma, não é? — Tenho vontade de revirar os olhos pela
sua pergunta, mas não temos tempo para isso.
— Sim, eu lembro! — Confirmo o vendo olhar para o retrovisor
novamente.
— Eles não vão demorar. Faça, Isadora! Não podemos perder tempo.
— Axel diz me fazendo tremer novamente.
Respiro profundamente duas vezes, tentando controlar o nervosismo
que toma conta de mim. Começo a fazer a tarefa que Axel me incumbiu, a
primeira arma demorar um pouco para ser armada por conta das minhas mãos
trêmulas, mas logo a adrenalina toma conta de mim e termino a minha
pequena missão com honras. Após colocar as armas, as munições e o meu
colete, eu vou a procura de uma arma para mim. Eu não vou ficar parecendo
uma idiota aqui agachada entre os bancos do carro, tenho que me preparar
caso seja necessário que eu use a arma. Axel me vê com a arma, mas não fala
nada, somente assentiu me dando o incentivo que preciso.
Vejo abrir a boca para falar algo, mas o aviso no carro de uma ligação
chama nossa atenção.
— Cox, falando! — Axel responde. No mesmo momento conseguimos
ouvir um barulho alto de tiros.
— Axel, parece que o fodido do Jerônimo Braganza está começando a
agitar as coisas. — Ouço a voz agitada de Craig do outro lado da linha.
— Eu sei, porra! Não sei como, mas ele nos achou aqui também! —
Axel responde entre dentes. — O que está acontecendo aí? — Indaga.
— Os homens dele resolveram nos presentear com uma chuva de balas.
— Craig e eu arregalo os olhos. — Consigo ouvir gritos, e sons altos de tiros,
e vidros quebrando.
— Morram seus desgraçados de merda! — Consigo ouvir o grito
raivoso de Russel.
— Matem todos que conseguirem, depois saiam daí o mais rápido
possível. — Axel comanda.
— E vocês? — Craig pergunta em tom sombrio.
— Vou proteger a Isadora com a minha vida se for preciso, mas eles
não vão leva-la! — Axel promete com uma frieza que me faz arrepiar.
— Chame, Aiden! — E com isso Craig desligou a ligação.
Axel pragueja brevemente, eu fico sem entender por um momento, até
que duas motos entram em cada lado do nosso carro. Ele consegue virar o
carro em direção a uma das motos, fazendo com que um dos caras sejam
mandados pelos ares. O vejo pegar uma das armas, soltar o volante e em um
movimento rápido colocar as munições, destravar, abaixar mais a janela e
tirar no miserável. Ergo um pouco minha cabeça, vendo como o motociclista
é atingido no pescoço e desequilibra na moto antes de cair morto. Axel
acelera mais o carro, aproveitando para apertar algo na tela de controle do
carro.
— Axel, onde você está cara, estamos te esperando aqui e… — Ouço
uma voz grossa pelo alto falante do carro.
— Aiden, ouça-me! — Axel fala fazendo Aiden ficar mudo. — Minha
mulher e eu estamos sendo perseguidos pelos homens do cartel colombiano.
— Explica Axel.
— Onde vocês estão? — O tom de voz do Aiden mudou de animado
para frio no mesmo momento.
Axel diz onde nós estamos sem perder tempo, contando quantos
veículos estão nos perseguindo.
— Já estamos chegando, Cox! Proteja a sua senhora! — Aiden diz com
confiança. Com isso ele desliga a ligação.
— Isadora! — Ax chama.
— Sim? — Pergunto tentando não demonstrar o quão amedrontada
estou.
— Se segure forte aí, acho que as coisas ficaram um pouco mais
complicadas. — Axel avisa.
Assim que ele fechou a boca, senti uma forte batida no lado direito do
carro. Mordo um grito que queria sair dos meus lábios, e seguro em qualquer
lugar o mais forte possível. Consigo sentir os tiros batendo na matéria do
carro, abro um pouco os meus olhos, para dar de cara com uma pequena
granada. Sim, eu sei que aquilo é uma granada por causa de Russel que adora
brincar com isso quando Axel não está por perto. Ele gosta de mostrar como
é ágil em malabarismo, usando aquela maldita granada. E por isso ele me
ensinou como arma-la e contar o tempo delas. O pensamento disse traz uma
ideia louca na minha cabeça.
— Axel, você consegue acelerar o mais rápido possível o carro se eu
jogar algo no carro ao lado? — Grito entre os tiros.
— O que você está pensando? — Indaga entre dentes.
— Granada! — Falo simplesmente e ele encontra meus olhos pelo
retrovisor.
— Você acha que consegue? — Questiona e eu assunto. — Você só
terá uma chance, tudo bem?
— Eu entendo, temos que nos livrar desses carros ou eles vão nos fazer
capotar. — Falo em meio a gritos e ele confirma, mas não antes de virar e
atirar.
— Você está pronta para isso? — Ele questiona sem olhar na minha
direção.
— Sim! — Afirmo, fechando o compartimento do banco de trás e me
arrastando até ele.
— Quando eu mandar, você abre a janela e joga a granada no carro
esquerdo. Vamos explodir esses filhos da puta! — Axel diz com ódio e eu
aperto tanto a arma quanto a granada nas minhas mãos. Como estou curvada,
não vejo o que Axel está fazendo, mas eu não preciso olhar. Eu confio nele.
— Agora, Isadora!
Ao ouvir o comando de Axel, eu me ergo para dar de cara com a janela
do carro à minha esquerda. Com a mente em branco, eu puxo a chave da
granada e jogo na janela. Os capangas de Jerônimo percebem o que acabou
de acontecer, e tentam atirar, mas quando eles veem que sou eu, eles
desistem. Axel acelera com muita força o carro, mas mesmo assim o nosso
carro consegue sentir o impacto quando a granada explode. Sinto o carro
pender para o lado, fecho meus olhos no mesmo momento que sinto um
corpo abraçar o meu com força.
— Isadora, Isadora! — Axel me chama. Pisco os olhos algumas vezes
desorientada.
— Axel? — Chamo de volta, ergo a minha cabeça e vejo que é o seu
copo que está contra o meu. — Como veio para aqui? — Indago após ter a
mente clareada.
— Eu notei que o carro ia sofrer o impacto, e vim te segurar. Você está
bem? O bebê está bem? Você o sente? — Axel dispara a perguntar. Quando
ele se move alguns pedaços de vidro caem no meu rosto, mas ele mesmo tira
de mim.
— Eu estou bem, e sinto o bebê também. Você amorteceu o meu
impacto. — Então a realização cai sobre mim. — Você está bem, Axel? —
Questiono com os olhos arregalados.
— Eu estou bem, temos que nos preocupar a sair daqui. Estamos muito
expostos. — Axel diz, mas logo ouvimos o som alto de carros sendo freados
com força no chão.
— Querido… — Falo baixinho, com medo, mas ele pede para que eu
fique quieta.
— Axel! — Uma voz masculina que eu reconheço brevemente é
ouvida. — Oh porra, vocês estão aqui! Ajudem aqui! — O homem recém
chegado grita.
— Vamos ficar bem agora, minha menina. É o Aiden! — Axel diz e o
meu corpo relaxa no mesmo momento.
Estamos a salvo! É a única coisa que vem na minha cabeça, e eu
agradeço muito a Deus. Não foi fácil, mas finalmente estamos bem agora!
Quando eu ouvi a voz de Aiden eu sabia que estaria tudo bem. Odiaria
ser pego por mais homens de Jerônimo enquanto eu e a minha menina
estamos nessa situação. Apesar que eu faria qualquer coisa para que Isadora
não saísse ferida nesse confronto, jamais deixaria que nada lhe acontecesse.
Se tem uma coisa que já percebi é que meu ego não existe se a minha mulher
está em perigo. Principalmente se for para ser levada por aquele Colombiano
filho de uma puta. Por que sim, é exatamente isso o que ele quer. Ele quer
nos enfraquecer, nos separar para poder pegar a Isadora.
Sei como trabalha a cabeça desses desgraçados, eu sou um deles, e é
exatamente isso que eu estaria fazendo se por algum acaso estivesse no seu
lugar. Mas o que Jerônimo já sabe é que o inferno vai congelar se em iria
permitir que essa merda fodida acontecesse.
Isadora é minha e isso não vai mudar. Ninguém a terá, ninguém irá
machucá-la!
Deixando esses pensamentos de lado, eu foco na minha saída desse
carro com a minha mulher. Peço para que Aiden tire a Isadora primeiro,
porque ela está grávida, e é justamente isso que ele faz. Óbvio que a minha
menina tentou evitar sair primeiro, mas no momento que disse a ela para
pensar em si mesma e no bebê, algo mudou no olhar dela a fazendo
concordar. Após que Isadora estava sob os cuidados de Aiden, eu pude soltar
o resmungo dolorido que estava segurando a sua presença. Sei que essa
minha manobra de largar o volante e vir até ela fez com que o meu ombro
deslocasse, mas eu não me importo. A única coisa que eu queria era protegê-
la e foda-se se eu me machuquei.
— Axel, cara, é sua vez! — Aiden fala chamando minha atenção.
— Porra, sim! — Digo entre dentes.
Depois disso as coisas aconteceram de forma rápida, e logo eu estava
fora do carro também. A primeira coisa que eu fiz, ainda apoiado por Aiden e
um dia seus homens, foi procurar por Isadora. Mas eu não precisei procurar
demais, pois logo senti o meu corpo ser agarrado repentinamente. Me soltei
dos homens que me apoiaram e passei um dos meus braços em volta dela. A
chequei, olhando por todo o lugar à procura de um ferimento grave, mas só
entrei pequenos arranhões.
— Eu estou bem, estou perfeitamente bem! — Isadora fala, tentando
sair dos meus olhos avaliadores.
— Bom! — Digo com firmeza a puxando novamente para mim. Olho
na direção de Aiden, para encontrá-lo com uma cara surpresa. — Obrigado,
Aiden! — Agradeço seriamente, realmente agradeço pela ajuda.
— Esse é o mesmo Axel Cox que eu conheço a anos? — Aiden
perguntou abrindo um largo sorriso. Reviro meus olhos pela sua idiotice.
— Sim idiota, sou eu. E essa... — Olho para Isadora que está grudada
em mim. — Essa é minha mulher, Isadora Martins. — Apresento e o idiota
não esconde sua feição de surpresa.
— Prazer em conhecê-lo, estou muito agradecida por nos ajudar nessa
situação tão terrível. — Isadora com a sua sinceridade doce. Vejo que Aiden
não deixou de ficar fascinado olhando para nós dois como se fossemos algo
raro, o que me traz uma certa irritação.
— Não precisa agradecer, eu devo a esse idiota aí. — Aiden responde
prontamente, voltando a sua expressão desacreditada. — Nunca imaginei que
veria Axel Cox chamando alguma mulher de sua. — Os olhos de Aiden vão
em direção a barriga arredondada. — E, puta merda, com uma família.
— Como? — Isadora pergunta confusa. Olhando de mim para Aiden
sem entender.
— Preciso que nos leve a alguma clínica segura. — Faço uma careta
ignorando todas as perguntas e olhares.
— Está desviando, não é? Tudo bem! — Aiden fala em tom divertido.
— Tenho um lugar que posso levar vocês. Você tem que colocar esse ombro
no lugar. — Aiden diz e eu assinto com a mandíbula cerrada.
— Oh Deus, você está com o ombro deslocado? — Isadora tenta se
afastar de mim, mas eu não posso permitir isso.
— Vai ficar tudo bem. — Digo engolindo a dor.
— Axel… — Isadora começa, mas eu a impeço rapidamente.
— Minha menina, temos que sair daqui. Estamos muito expostos,
podem haver mais homens do cartel vindo até nós. Tenho que saber se você e
a criança estão bem, depois vamos voltar para o Brasil. Ok? — Questiono em
tom baixo, olhando nos seus olhos assustados.
— S… sim, ok! — Responde me fazendo soltar uma respiração forte,
antes de avançar e deixar um beijo na sua testa.
— Vamos, Axel! — Aiden me chama, e logo aponta para um Hummer
preto. — Meu primo vai levá-los, eu vou logo depois. — Aiden diz e eu
franzo o cenho.
— Eu não conheço seu primo! — Renato. Meus olhos vão em direção
homem alto e muito musculoso, com a cabeça raspada e olhos que conheço
bem, olhos de um assassino.
— Ele pode ter aquela cara ali, mas uma manteiga derretida quando se
fala em grávidas, bebês e pessoas gentis. Confie em mim, ele vai proteger sua
mulher enquanto você estiver assim fodido. — Aiden conta acenando com a
mão para o primo, que acena de volta.
— Vamos, querido! Você deve estar com dor! — Isadora fala me
fazendo olhar na sua direção. Ela concorda com a cabeça e eu não vejo outro
jeito a não ser confiar.
Inferno, eu odeio tudo isso! Eu é que tenho que cuidar da minha
mulher.
— Tudo bem! — Digo friamente apertando Isadora contra mim
novamente.
Aceno com a cabeça para Aiden antes de virar em direção até onde está
o Hummer. Observo Isadora acenar para o gigante que irá nos levar, e ele dá
um sorriso meio tímido para minha mulher. Faço uma careta, mas escondo
quando ela abre um sorriso na minha direção. Tentando passar algum tipo de
confiança para mim. Pobre menina tola, ela é um tipo de pessoa que
realmente não foi feita para esse mundo de cão que eu estou tão acostumado.
Ela é doce, tão doce e verdadeira que a primeira pessoa que nos estende a
mão ela já está feliz e totalmente agradecida. O que ela não sabe é que essa
ajuda pode vir a ser um problema no futuro. Por que sim, toda ajuda é como a
porra de uma dívida que deve ser paga.
Apesar que para Aiden isso é algum dia fodido de retribuição. Mas seja
como for, eu não me importo, tudo o que eu quero é que Isadora esteja
segura. Eu posso até mesmo dever ao Diabo se for preciso, mas a minha
mulher tem que estar no topo das minhas preocupações. Se for para dever a
alguém, que assim seja. Sou despertado dos meus pensamentos quando o
primo de Aiden avisa que chegamos. Entramos em um lugar pequeno, que
não dá nada do lado de fora, mas quando se entra dá para ver nitidamente que
é uma clínica. Pedi para que Isadora fosse atendida primeiro, mas ela é
teimosa o suficiente para negar e me ameaçar. Caso eu não deixasse de ser
um idiota mandão e fosse ser atendido. Palavras dela e não minhas, é claro.
Depois de sofrer uma dor desgraçada ao ter meu ombro de voltar no
lugar e apoiado a uma tipoia, ter algumas lacerações desinfectadas,
costuradas e cobertas, foi a vez de Isadora. Como ela havia dito antes, ela não
estava muito machucada, tinha alguns pequenos arranhões e nada mais. Até
mesmo o bebê não sofreu nada com o impacto. Fico satisfeito que pude fazer
com ela não fosse ferida, no momento eu não pensei, somente lembrei que ela
estava sem cinto de segurança e corri até o fundo do carro para segurá-la. E
deu certo! Assim que nós dois fomos atendidos, Aiden apareceu afirmando
que havia feito a limpeza de tudo e que não havia ninguém a nossa procurar.
Graças a buda, por isso!
— Então, Axel! Que diabos você fez agora que tem até mesmo o cartel
colombiano atrás de você? — Aiden pergunta sentado em uma das poltronas
que havia no quarto.
— Eles não estão atrás de mim. — Digo categoricamente, sem tirar os
meus olhos da minha mulher que adormeceu na maca.
— Como? Então o que diabos foi aquilo ali? Se não tivesse chegado,
vocês poderiam ter morrido. — Aponta ele e eu faço um som de
descontentamento.
— Estou ciente dessa merda, já te agradeci por isso. — Respondo
carrancudo. Passo a mão delicadamente pelos cabelos cacheados da minha
menina. — O Cartel está atrás dela, de Isadora. — Conto.
— Porra, cara, o que essa menina fez para merecer uma merda dessas?
— Aiden indaga e eu mordo com força.
— Nasceu! Ela só precisou nascer! — Digo simplesmente ouvindo um
"porra" sussurrado dele.
— O que você fará agora? — Questiona ele me fazendo tirar os olhos
de minha mulher, para encara-lo.
— Vou destruir qualquer um que tentar pôr as mãos nela. — Falo com
fervor sombrio.
— Não julgo, se fosse com a minha Kyra eu faria o mesmo. — Aiden
fala da sua filha de cinco anos.
A intensidade na voz de Aiden ao falar da sua filha me fez olhar
automaticamente para o ventre da Isadora. E sem que eu pudesse perceber, ou
até mesmo me parar, minha mão estava sob o seu ventre. É como se algo a
mais acendesse dentro de mim, uma coisa que dúvida que poderia se firmar
algum dia. Mas enfim aconteceu, e tudo isso é pelo fato de que se eu perder
Isadora não será somente ela, o que seria uma merda muito fodida, mas eu
também estaria perdendo essa criança. Diabos! Como essa porcaria
sentimental mexendo comigo?
— Aiden! — Chamo repentinamente.
— Sim? — Responde ele.
— Como é? — Pergunto seriamente. No início ele fica parado, confuso
com o que eu acabei de perguntar, mas logo ele cai em si.
— Eu não sei explicar em palavras, Axel, mas é algo que eu nunca
senti na minha vida inteira. Por minha Kyra eu sou capaz de fazer qualquer
coisa, não me vejo longe dela e muito menos pensar que ela nunca pudesse
existir. Porra, cara, é louco demais! — Ele para dando um sorriso entendedor.
— Você pode ser descrente agora, mas logo saberá! — Não pude dizer nada
além de assenti com a cabeça.
— Certo! — Falo após soltar um pigarro. — Conseguiu recuperar
alguma coisa nossa? — Indago.
— Oh sim, uma bolsa e um celular. — Aiden fala levantando para
pegar algo do outro lado do quarto.
— Isso é bom! — Falo estendendo o braço bom para pegar o meu
celular.
Aperto o botão e vejo que o aparelho está com a tela um pouco
trincada, mas está funcionando em perfeito estado. A primeira coisa que eu
faço e mandar uma mensagem para Craig, avisando que eu e Isadora estamos
bem e logo estaremos voltando. A próxima mensagem foi enviada para
Ângelo.
O filho da puta do seu pai fez o jogo dele. E eu não vou deixar isso
barato.
Minha irmã, ela está bem?
Sim, não graças ao Colombiano dos infernos.
Daqui a poucos dias eu volto para o Brasil. Vamos falar sobre essa
merda.
Só quero se for para bolar um plano para acabar com Jerônimo.
Não será menos que isso.
Certo!
Cuide da minha irmã!
Faço uma careta, porque ele não tem que me mandar fazer uma coisa
dessas. Ela é minha mulher! Minha, porra!
Lembre-se Gutierrez, Isadora é minha mulher!
Fecho a conversa com Ângelo, faço uma breve ligação para que
preparem o jatinho. Após a ligação eu aperto o celular com força, quando o
pensamento de matar Jerônimo me consome.
Ele pode até tentar, mas nunca terá a minha menina. Se isso acontecer
ele é um homem morto, e isso é uma promessa.
Eu estou vivendo com medo ultimamente. E não é aquele medo que
você pode superar facilmente usando de alguns métodos. Não, com toda
certeza não é assim! Esse é um medo que gela a alma e faz com que você não
possa viver de modo livre. Tenho a impressão que a qualquer momento o pai
de Ângelo vai me pegar, e fazer de mim algum exemplo doentio. Faz três
dias que Axel e eu voltamos para o Brasil após o ataque que sofremos, tentei
de todas as formas conseguir entender como ele conseguiu nos encontrar, só
logo a minha mente foi clareada quando imediatamente a minha ficha caiu.
Aquele homem é extremamente poderoso, é um tipo de poder que vai além
da minha imaginação.
Por que uma pessoa que ataca dois lugares de forma simultânea,
mostrando assim a todos os lados o quão poderoso é somente seu aviso, ele
definitivamente não está de brincadeira. Jerônimo Braganza me mostrou que
começou a sua caça contra mim a partir daquele momento, e que eu deveria
me preparar. Mas eu decidi não me deixar abalar por isso, porque eu não
estou sozinha. Isso mesmo! Eu tenho Axel e os meninos ao meu lado, e se
eles disseram que não vão deixar com que nada me aconteça, então cabe a
mim acreditar neles. Porque se o pai de meu irmão é poderoso, eles também
são, e é por isso que tenho fé que vou conseguir sair dessa.
Pelo menos é isso que eu estou rezando para acontecer.
Balanço com a cabeça, tentando me livrar desses pensamentos. Porque
se eu ficar deixando com que os últimos acontecimentos me assombrem eu
não vou durar muito tempo nesse mundo. Ouço meu celular chamando na
mesinha de cabeceira, o pego rapidamente vendo o nome de minha mãezinha
na tela. Deixo um sorriso carinhoso escapar dos meus lábios
automaticamente.
— Olá, mãezinha! — Atendo rapidamente, sentando na cama.
— Oi meu amor, o que há com essa voz triste? — Minha mãe pergunta
me fazendo dar uma tosse leve.
— Eu não estou triste, mamãe. — Mudo rapidamente o meu tom. —
Está tudo bem, realmente. — Termino forçando um sorriso, mesmo sabendo
que ela não pode ver.
— Oh Dorinha, eu sou sua mãe, sendo assim eu te conheço muito bem.
Por favor, me diga o que há. — Ela continua, mas eu respiro fundo.
— Não é nada demais, mãezinha, acho que estou nervosa com a minha
apresentação de hoje. — Minto, porque não existe outra saída.
— Agora eu sei o que é, não precisa mentir para sua mãe, querida. —
Fico estática quando ouço essas palavras.
O que será que mamãe sabe? Será que Jerônimo… Oh não!
— Mamãe o que… — Começo falar, mas ela me interrompe.
— Você está triste porque nem eu e seu pai vamos poder estar aí hoje,
não é? — Questiona mamãe carinhosamente.
Paro por um momento, tirando o celular do meu ouvido para poder
acalmar meu coração acelerado. Cristo, o medo louco que acabei de sentir
nesse momento é de matar qualquer um. Pensei realmente que mamãe havia
descoberto sobre as ameaças do pai de Ângelo. Mas graças a Cristo não é
nada disso! Odeio esconder essas coisas dos meus pais, mas não tem outra
alternativa. Eles são idosos com uma saúde frágil, ter essa sombra nas costas
deles, os assombrando dia e noite como está acontecendo comigo é muito
pesado para eles suportarem. Eles estão seguros sem saber de nada, e com
homens de Axel nas redondezas. Então deixa como está, é melhor.
— Admito que adoraria ter meus pais aqui, mas não preocupe
mãezinha. — Falo fazendo com que ela não fique aflita.
— Mesmo assim eu lamento, como eu havia te dito antes, o seu pai não
está muito bem. Acabamos de voltar da sua consulta. — Meus olhos se
enchem de lágrimas.
— Eu posso fazer alguma coisa para ajudar, mãezinha? Será que o
paizinho vai… — Não consigo terminar de formular a minha pergunta.
— Dorinha, seu pai é o burro velho mais teimoso que existe. Duvido
muito que ele deixe esse mundo sem poder conhecer o seu netinho ou
netinha. — Dou uma risada contida ao ouvir o que acabou de falar.
— Isso é verdade, fora a parte do burro. — Defendo paizinho e mamãe
faz um som de desdém.
— Eu estou bem ouvindo você me difamar, sua velha encrenqueira. —
Ouvir a voz do papai e isso fez meu coração se acalmar um pouco.
— O que está fazendo fora da cama, Gene? — Minha mãe pergunta.
— Não queira mudar de assunto, Jó! Bah! Você está jogando meu
passarinho contra mim, isso eu ouvir bem. — Reclama meu velho pai e é
impossível não rir da briga sem sentido desses dois.
— Mãezinha, coloque no viva voz, por favor. — Peço.
— Sim Dorinha, aproveita e reclame desse velho. — Mãe fala, mas
logo ouço de fundo ela sussurra algo com o papai que rebate. — Pronto filha,
agora pode falar.
— Paizinho, o que está fazendo fora da cama? O senhor está com o
coração cansado. — Lembro a ele que solta um som de desgosto.
— Quem está cansado aqui é a minhas costas de estar naquela cama.
Eu não sou homem de ficar parado, Dorinha. — Desabafa meu velho me
fazendo negar com a cabeça.
— Tão teimoso, mas eu entendo um pouco. — Me compadeço por
saber como é chato ficar de repouso.
— Viu só, minha velha, a minha filha me entende. — Papai provoca.
— Mas isso não quer dizer que o senhor deve burlar as ordens médicas,
papai. Se seu médico disse para descansar, deve fazer isso. — Completo o
fazendo murchar um pouco.
— Eu sei minha filha, é só chato demais. Até os meus joguinhos
ficaram chatos. — Meu pai reclama, mas logo dá tosse forte.
— Quer um pouco de água, meu velho. — Mãezinha pergunta a ele
aquecendo meu coração.
— Estou bem, minha velha. — Papai responde com carinho após
acalmar a tosse.
— Eu amo muito vocês! — Declaro com todo o meu coração.
— Oh Dorinha, por que isso tão de repente? — Mamãe pergunta
carinhosamente.
— Nada, eu só queria que vocês dois soubessem disso. Hoje eu estarei
apresentando meu projeto final, tenho certeza que irei passar e espero que
vocês se orgulhem de mim. — Digo emocionada.
— Nós sempre sentimos orgulho de você, meu passarinho. — Papai diz
com a voz rouca.
— Eu sei disso, nunca duvidei. — Afirmo sem qualquer sombra de
dúvidas.
— Vamos parar com isso, para que eu não cai no choro de emoção,
sim? — Minha mãe diz soltando um pigarro. — Dorinha, sabe o que estou
fazendo nesse momento? — Mamãe emenda uma pergunta repentinamente.
— Não, o que é? — Questiono confusa com a mudança rápida.
— Estou tricotando uma roupinha linda para o meu netinho. — Abro
um largo sorriso com o que eu acabei de ouvir.
— Oh mamãe, que lindo! Obrigada! — Agradeço alegremente.
— Não precisa agradecer, minha filha, porque se não é a vovó Jó
fazendo isso o meu netinho ou netinha vão nascer sem nada para vestir. —
Ela reclama e eu faço de tudo para não rir da sua reclamação.
— Ainda tenho tempo para montar o enxoval, mamãe. Não se
preocupe! — Lembro a ela.
— Que seja, mas uma roupa tricotada pela vovó Jó, o bebê vai ter. —
Enfatiza ela e eu não faço nada além de concordar.
— Dorinha, tenha uma boa sorte lá da sua apresentação e tenha um
bom jantar de formatura, certo? — Papai fala e eu respiro fundo.
— Obrigada paizinho, quando as coisas se acalmarem por aqui, eu e
Axel vamos ver vocês. Mas enquanto isso se cuidem, por favor. — Relembro
e eles fazem um som de confirmação.
— Tudo bem, minha filha. — Minha mãe diz.
— Voa, meu passarinho! — Papai diz e não tem como eu não me
emocionar.
Após mais algumas despedidas eu desliguei a ligação. Controlo a
emoção dentro de mim, porque eu não posso deixar que ela me tome de vez.
Digo várias e várias vezes na minha mente que esse sentimento de despedida
é algo da minha cabeça, que por mais que o coração do meu paizinho esteja
bastante cansado, assim como o médico disse, ele vai ficar bem. A porta
sendo aberta interrompe as minhas divagações, olho para o lado e vejo Axel
entrando com toda sua altivez. Quando nossos olhos se encontram ele cerra
os olhos, fazendo uma careta logo em seguida.
— Esteve chorando, querida? — Questiona ele estendendo a mão assim
que chega perto o suficiente.
— Estava em ligação com os meus pais. — Conto, recebendo um beijo
na testa.
— Está explicado então. — Diz colocando o dedo no meu queixo para
que eu volte a olhar para ele.
— Estou preocupada e queria que estivessem aqui. Boa parte da minha
formatura eu devo a eles, sabe. Agora tudo isso está acontecendo, e eu estou
muito sobrecarregada. — Revelo a Ax, que me abraça com força.
— Eu sei, minha menina. Se você quiser podemos cancelar o jantar, o
que acha? Querendo ou não, temos que ficar de olho em qualquer movimento
do Colombiano desgraçado. Não gosto de ser pego desprevenido. — Axel diz
com irritação ao lembrar do último ataque que sofremos.
— Não! Eu não vou me privar de ter um momento de comemoração
com vocês por causa daquele homem. Eu me recuso. — Digo com firmeza.
Me afastando do abraço de Axel.
— Essa é a minha menina! — Ele fala com tom leve, me deixando sem
graça.
Não estou muito acostumada a ver Axel mais leve ao meu lado, mas
tenho que admitir que é muito bom. É como se finalmente pudéssemos dar
uma direção verdadeira a esse relacionamento, e eu amo isso. Lá mesmo em
Boston eu já havia notado essa mudança, até mesmo pensei que quando
chegássemos no Brasil as coisas voltariam à mesma frieza de sempre. Mas
não, não foi isso o que aconteceu. Ele me deixou entrar, e dessa vez não há
nada nessa vida que me faça sair. Sei que Axel quer isso tanto quanto eu
agora, sem quaisquer amarras de futuro pouco provável. E o mais bacana de
tudo é que ele não deixou de ser o meu Axel, só está me dando a abertura que
eu tanto queria.
— Axel, eu acabei de ver uma coisa! — Falo observando algo de
repente.
— O quê? — Indaga ele seriamente.
— Por que você tirou sua tipóia? — Questiono e ele revira os olhos.
— Eu não iria mais ficar com aquela merda, Isadora. Aquilo me
impede de atirar, se caso eu precise. — Axel diz e eu nego com a cabeça.
— Você usa muito bem as duas mãos, Axel. — Aponto, sabendo que
ele é ambidestro.
— Minha menina. — Axel chama, aproximando seu rosto contra o
meu. Posso sentir o cheiro o cheiro forte de café e cigarro entre seus lábios.
— Eu estou bem, querida, e mesmo se eu não estivesse eu tiraria aquela
merda para ter todos movimentos possíveis. Odeio aquela merda estúpida! —
Conta ele para logo depois deixar um beijo nos meus lábios.
— Você está querendo me distrair para eu não continuar falando? —
Pergunto entre beijos.
— Está funcionando? — Sua mão aperta a minha bunda.
— Sim, está sim! — Digo após soltar um gemido abafado. Axel solta
um som de contentamento antes de parar suas investidas em mim.
Droga, eu fui tapeada!
— Você está pronta para sair? — Questiona ele me lembrando que
temos que sair logo.
— Falta somente terminar alguns ajustes, e colocar minha apresentação
na bolsa. — Conto e ele olha fixamente nos meus olhos.
— Você vai se sair muito bem hoje. — Afirma e eu faço uma careta.
— Como você sabe disso? — Indago com uma careta.
— Porque você é minha mulher, e a minha mulher não é menos que
perfeita. — Eu não pude deixar de rir da sua baboseira.
— Esse é o seu modo de me deixar relaxada? — Pergunto e ele dar de
ombros.
— Eu não sei fazer essa merda, então improviso. — Comenta e eu o
empurro.
— Sai daqui Axel! — O empurro novamente. — Encontro você e os
meninos lá embaixo.
Axel caminha até a porta, dando um simples aceno com a mão antes de
passar por ela. Aproveito que a distração que ele me causou, fez com que
alguns pensamentos saíssem da minha cabeça e terminei de me arrumar.
Como já estava vestida com vestido envelope azul, com manga três quartos, e
de comprimento até abaixo do joelho. Admirei novamente o vestido no
espelho, antes de arrumar meus cabelos, fazer uma maquiagem leve e colocar
meus sapatos de salto não muito alto. Evito os saltos sempre que posso, já
que sou uma pessoa sem muita gravidade para viver. E eu odiaria cair de cara
no chão, ainda mais estando grávida.
Depois de estar pronta, eu pego o restante das minhas coisas. E
obviamente não esquecendo o material da minha defesa de hoje. Fui
acompanhada até a universidade por um grupo de homens muito lindos e
intimidantes. Não me preocupo com os olhares de algumas pessoas, isso não
me incomoda mais, já estou terrivelmente acostumada. Como aqui é
permitido ter convidados para assistir a defesa, pedi para que os meus
acompanhantes sentassem em seus respectivos lugares para que eu pudesse ir
ao banheiro. Obviamente Axel não ficou feliz, e afirmou que iria me seguir
onde quer que eu fosse, mas eu consegui fazer com que ele se acalmasse. Fiz
ele entender que logo voltaria.
Consegui ir ao banheiro em paz, minha pobre bexiga estava a ponto de
explodir, mas o meu alívio é coisa dos céus. Lavo minhas mãos, olhos para o
relógio e vejo que faltam pouco para a minha apresentação. Sem perder
tempo eu saio do banheiro, mas antes que possa seguir o meu caminho eu sou
parada por ninguém menos que Jonas. Como eu não tenho por que parar por
causa desse pequeno infortúnio, eu tento passar por ele sem dizer uma única
palavra. Mas as coisas não acontecem como eu quero.
— Isadora? — O idiota me chama e eu solto um bufo antes de dar
atenção para ele.
— O que você quer, Jonas? Eu tenho minha defesa para fazer. — Falo
e ele não esconde a sua surpresa.
— Sua defesa é hoje? — Ele pergunta o óbvio.
— Sim, mas não que isso seja da sua conta. — Ele ignora a minha
hostilidade e volta a falar.
— Mas por que tão rápido assim? — Respiro fundo para não o mandar
a merda.
— Não que isso seja do seu interesse, mas eu sou competente o
suficiente para ter o meu projeto terminado, avaliado, liberado e nenhuma
matéria atrasada que poderia me impedir de adiantar o que tenho que fazer.
— Explico a ele com os punhos cerrados.
— Você sempre foi muito capaz mesmo. — Fala Jonas me pegando de
surpresa.
— O que é isso? — Indago olhando para os lados. — É alguma
pegadinha? Onde está sua turma do mal? Ou sua namorada está vindo me
humilhar? — Pergunto.
— Kimberly e eu já não estamos mais juntos! — Ele diz dando um
passo para frente, mas eu recuei dois passos. — Eu queria falar com você a
um tempo, Isadora, mas você não estava vindo a faculdade. — Diz ele e eu
franzo o cenho.
— O que você queria comigo? — Indago sentindo que vou me
arrepender de fazer essa pergunta.
— Queria te convidar para jantar, com a intenção de que você me
perdoe todas as coisas que fiz a você. — Jonas diz e eu não aguento e solto
uma gargalhada.
— Sério isso Jonas? Você não tem coisa melhor para fazer não, cara?
— Pergunto controlando a minha risada.
O que esse idiota está pensando em falar uma perda dessas? Pelo
amor dos céus!
— Eu estou sendo sério aqui, Isadora! — Ele tenta me alcançar, mas eu
desvio dele novamente.
— Jonas! — Enfatizo o seu nome sem esconder a minha repulsa. —
Não sei que joguinho você está pretendendo fazer, mas saiba que eu nunca
aceitaria o seu convite para jantar. Primeiro que eu não tenho sangue de
barata para aceitar um convite de uma pessoa que eu desprezo. Segundo que
eu tenho um relacionamento, e estou prestes a ter um bebê. — Quando falei a
palavra "Bebê" os olhos arregalados de Jonas foram diretos para minha
barriga.
— Nossa, eu não sabia! — Idiota fala surpreso, mas eu o encaro com
indiferença.
— E não é para saber realmente, já que você não faz parte da minha
vida. — Passo a mão na minha barriga quando sinto o bebê se mexer.
— Mesmo assim eu quero… — A voz de Jonas é esquecida quando
ouço Axel me chamar.
—Isadora! — Sua voz intensa me faz perceber que ele não está feliz.
Viro minha cabeça para trás e sorrio ao vê-lo.
Salva novamente pelo meu vilão favorito!
— Querido, desculpe a demora! Como pode ver eu meio que fui
impedida. — Falo fechando meu sorriso ao apontar para Jonas.
— Posso ver claramente. — Axel diz de forma gélida, antes de virar
para mim. — Você está bem? — Pergunta me avaliando.
— Sim, eu só estava terminando aqui para poder ir. Já fui chamada? —
Indago e ele nega ainda com uma expressão de assassino sanguinário no
rosto.
— Não, querida! — Ax me responde e volta a encarar Jonas. — Você
tem algum problema para falar com a minha mulher? — Axel pergunta
rudemente a Jonas, que não fala nada só nega com a cabeça e dá um passo
para trás.
HA HA HA… Olha só quem está com medo do meu vilão!
— Vamos embora, querido, não quero me atrasar. — Chamo a atenção
de Axel para mim.
Ele assente sem demora, mas antes de me induzir ele olha com o
mesmo olhar assassino para Jonas. No momento que eu ia deixar Axel me
guiar eu lembrei que havia esquecido de algo. E sem soltar a mão de Ax, eu
viro a cabeça para olhar para Jonas novamente.
— Jonas, eu esqueci de dizer a terceira coisa a você. — Paro dando um
sorriso de escárnio. — Bem, o terceiro nada mais é que esse é o último
encontro que vamos ter. Da próxima vez que você me impedir de seguir meu
caminho, eu não serei tão complacente.
Sem dizer qualquer outra palavra, eu deixo Axel me levar para onde eu
deveria estar. Deixo o beijo em Axel, agradecendo por ele ter vindo até mim
e deixando com que eu lidasse com Jonas. Ele não disse nada, somente
aceitou o beijo e me desejou sorte, o que fez meu coração aquecer. A defesa
do meu TCC foi um grande sucesso para mim, no início eu me vi nervosa,
mas logo percebi que não haveria o que de tanto nervosismo, já que aquilo
tudo foi eu que estudei muito para fazer. Então sim, foi tudo muito bem e
com isso eu terei nota máxima.
O sorriso não cabia em minha boca quando finalmente fui liberada para
poder receber os parabéns da minha família, porque esses marmanjos
intimidadores são parte da minha família. Após todas as felicitações nós
fomos podemos enfim ir embora, como eu não iria participar da cerimônia de
graduação, o meu diploma estaria em minhas mãos em poucos dias. No
mesmo instante em que estamos indo em direção a saída da universidade eu
avistei uma mulher ruiva ao lado de uma moto vermelha que eu conheço
muito bem.
— Lara! — Exclamo feliz.
Quando dou indício que estou indo até minha amiga, amiga essa que
tenho dias sem ver e que morro de saudades, eu sou barrada por Axel.
— Isadora, não! — Axel manda, mas eu puxo o meu braço do seu
aperto. — É perigoso estar perto dela agora, Isadora! — Axel fala me
deixando irritada com suas palavras.
— Lara é minha amiga, ela nunca faria nada que pudesse me
prejudicar, Ax! — Falo com firmeza, mas a súplica no seu olhar me quebra
um pouco. — Vai ser rápido, querido, qualquer sinal de perigo eu tenho você
e os meninos. — Olho para Craig, Russel e Earl que assentem rapidamente.
Sorrio em agradecimento para os meninos e volto a olhar para Ax.
— Seja rápida, minha menina. Não podemos vacilar com a sua
segurança. — Ele diz a última parte entre dentes.
Antes de ir até Lara, eu não pude deixar de dar um beijo rápido em
Axel. Eu estou tão contente e aliviada que Lara está aqui, eu realmente estava
sentindo sua falta. É uma verdadeira merda que tenhamos que nos separar
dessa maneira, nossos mundos estão opostos agora, mas tenho fé que no
futuro tudo irá se ajeitar. E foi com esse sentimento de esperança que eu
alcancei a minha amiga e a abracei com força.
— Poxa Dorinha, senti sua falta, garota! — Lara diz enquanto nos
abraçamos.
— Também senti sua falta, Lala! É uma merda que isso esteja
acontecendo com a gente, você é minha única e melhor amiga. — Digo com
pesar. Nos afastamos do abraço, e Lara não perde tempo e passa a mão na
minha barriga.
— É uma merda mesmo, mas seu dragão assassino está certo em nos
manter distante. Meu pai está de olho firme em mim, porque sabe que somos
amigas. — Lara diz com raiva.
— Lala, tudo isso é terrível, mas vamos falar de outra coisa. — Sugiro
e ela não perde tempo em concordar.
— Parabéns pela sua formatura, minha amiga. Eu sei que você queria
muito. — Ela fala e eu sorrio.
—Obrigada, é muito bom esse sentimento de dever cumprido. —
Revelo a fazendo sorrir também.
— E esse bebê dragão da dinda, como está? — Lara pergunta e antes
que eu pudesse dizer algo, ela torna a falar. — Eu sou a madrinha ainda, não
é? — Indaga com apreensão.
— Não existe ninguém melhor para essa tarefa, Lala. Tenho esperança
que toda essa porcaria com o pai de Ângelo irá se ajeitar. — Digo com
firmeza e ela relaxa o corpo automaticamente.
— Eu também tenho fé, Dorinha. Não aguento mais essa vigilância
ridícula em mim. — Lara fala e eu não posso deixar de me compadecer.
— Não se preocupe, estou bem e o bebê também. Espero que você
esteja bem também, apesar dos pesares. — Falo fazendo Lara confirmar com
a cabeça.
— Dorinha, eu não posso ficar muito tempo. Só vim para poder te
parabenizar e dizer para ter cuidado. — Lara olha para algum lugar e isso
chama minha atenção. — Não olhe, garota! Eles descobriram que eu saí.
Filhos da puta!
— Você vai ficar bem? Porque não vem com a gente, Axel e os
meninos vão te proteger. — Digo amedrontada, segurança seu antebraço.
—Eles não vão me machucar, Dorinha, mas não posso falar o mesmo
de você. Desculpa! — Lara fala com tristeza.
— Você não tem culpa! — Rebato e ela me abraça.
— Você é boa demais para esse mundo de cão. Fica bem, Dorinha, seu
dragão assassino está vindo até você. Vá! — Manda e eu concordo com a
cabeça.
— Amo você, Lala. — Digo com os olhos ardendo.
— Eu também amo você, Dorinha. — Diz ela com um sorriso triste.
Observo Lara sentar na sua moto, colocar seu capacete, ligar sua moto
e sair em disparada. Axel me alcança, e sem dizer qualquer palavra ele me
puxa para fora da universidade para me guiar até o carro. Sinto uma puta
injustiça por tudo isso que está acontecendo, eu não fiz nada para merecer
isso. Esse homem me odeia, e com isso está mexendo com a vida de todos
que me rodeiam. Eu o odeio! Odeio com tudo que tenho em mim, porque se
não fosse pro ele minha vida não estaria tão louca como está agora. Sinto o
braço de Axel apertar a minha volta, me tirando desse mar de raiva cega.
Respiro fundo, por que isso não é bom para o meu bebê.
— Algo não está certo, Axel! — Craig fala chamando nossa atenção.
— O que está houve? — Axel indaga seriamente e eu já fico
apreensiva.
— Aquele ali não é o carro de Ângelo? — Earl questiona.
— O bastardo deve ter voltado de viagem. — Axel fala. — Mas não
vamos abaixar a guarda. — Alerta ele.
— Espero que não atirem na gente, passei dois dias consertando a
merda que fizeram da última vez. — A irritação de Russel poderia me fazer
rir, se eu já estivesse tão tensa.
— Vamos sair! — Axel diz após ver algo no seu celular. Acho que foi
alguma mensagem.
No momento que saímos do carro, vejo meu irmão sair do seu carro
também. Abri um sorriso ao vê-lo ali parado, sorrindo para mim em resposta,
não sabia o quanto eu sentia falta dele até tê-lo aqui de frente para mim agora.
Penso em ir até ele, mas a porta do carona se abre repentinamente me fazendo
retroceder.
— Porra! — Axel fala no mesmo instante que ele vê o homem que saiu
do carro de Angel.
— ¡Mi madre Guadalupe! No puedo creer lo que me están mostrando
mis ojos. ¡Es ella, es mi pequeña estrella! ¡Mi hija está viva! (Minha mãe
Guadalupe! Eu não posso acreditar no que meus olhos estão me mostrando. É
ela, é a minha estrelinha! Minha filha está viva!) — O homem elegante diz
visivelmente emocionado. Procuro por Axel confusa, porque eu realmente
estou perdida com o que está acontecendo nesse exato momento.
— Isa, minha irmã! — Ângelo me chama, atraindo minha atenção
novamente.
— Angel, o que está acontecendo? Quem é esse homem? — Pergunto
desviando o olhar do meu irmão para o homem que está abalado o bastante.
— Deixe-me apresentar a você, Alonzo Vergara, seu pai! — As
palavras de meu irmão vêm a mim como uma marreta pesada no meio da
minha cabeça.
Como assim esse homem é o meu pai? Ele… ele não está morto? Oh
Deus, o que está acontecendo aqui?
Quando você é uma criança adotada a sua imaginação é algo muito,
muito forte. A partir do momento que descobre que os pais que você sempre
conheceu na verdade não são aqueles que lhe deram a vida, então é aí que
tudo começa. Por que sim, nenhuma criança pequena sabe exatamente o
verdadeiro significado da adoção até que lhe contam. E no meu caso isso foi
feito quando eu ainda era bem nova, meus pais nunca esconderam esse fato
de mim, eles diziam que tinham medo que alguém da família revelassem isso
para mim de modo que eu pudesse me machucar muito.
O que eu realmente quero dizer, depois de tanta divagação, é que eu
imaginava como poderiam ser os meus pais biológicos. Mesmo que muitas
das vezes eu me sentisse culpada por pensar em algo assim, já que na minha
cabeça eu estava traindo os meus paizinhos.
Porque sim, para minha cabeça de criança e adolescente sonhar com os
seus possíveis pais biológicos era como se fossem o fim do mundo. Mas tudo
isso mudou com o tempo, eu cresci e entendi algumas coisas que antes eu não
conseguia entender direito. Então todas as coisas sobre a minha origem
ficaram de escanteio durante muito tempo, meu foco era poder terminar a
faculdade, trabalhar em alguma empresa de software, ter algum dinheiro e dar
um pouco de conforto aos meus pais sua velhice.
E como o destino às vezes concebe para a gente coisas inexplicáveis,
aconteceu comigo algo que nunca poderia esperar. Um pai que eu pensei que
estava morto, enfim está parado bem na minha frente, olhando para mim
como se eu fosse a melhor coisa que poderia acontecer com ele.
Deus, o que será que eu faço agora? Como as coisas aconteceram tão
de repente?
Essas são as únicas palavras que rondam a minha cabeça ao olhar o
homem de meia idade, lindo demais para que possa ter algum traço genético
entre nós. Tudo bem, agora eu peguei um pouco pesado comigo mesma, mas
não posso deixar de pensar em algo assim quando vejo o quão bonito e
elegante é Alonzo Vergara. Seus olhos castanhos claros, puxados nos lados
quando sorri para mim emocionado. Seu corpo grande e forte coberto por um
terno chumbo, sem qualquer resquício de gravata, a barba grisalha
contornando boa parte do seu rosto bonito dá uma característica única a ele.
Estou completamente hipnotizada, porque não consigo desviar os meus
olhos dele. Principalmente não consigo deixar de sentir um misto de
saudades, saudades de um homem que nunca vi na minha vida, mas que pela
sua forte reação ao me ver não esconde o fato de que sou sua filha. Uma filha
que ele pensou que estava morta tanto quanto o amor da sua vida também.
Meu Deus! Essas palavras caem em mim com muita força, e os meus olhos se
enchem de lágrimas. Dou um passo para trás involuntariamente, sendo parada
por Axel que está logo atrás de mim.
— Você está bem? — Axel pergunta com preocupação e eu olho para
cima.
— Eu… eu não sei! — Sussurro minha resposta.
— Hermanita! — Ângelo chama, mas eu continuo presa a Axel.
Eu não consigo olhar na direção dele e do homem ao seu lado, o
sentimento que ele me transmite é pesado demais.
— Vamos entrar um pouco, vou levá-la para o nosso quarto e você
descansa um pouco antes de fazer qualquer coisa. O que acha? — Axel
pergunta e eu assinto com a cabeça.
— Por favor, Ax! — Peço nervosa. Sem dizer qualquer outra palavra,
Axel me carrega no colo. Pressiono meu rosto contra o seu pescoço,
aspirando o seu cheiro a fim de controlar minhas emoções.
— ¿Qué sucedió? ¿Ella está bien? (O que aconteceu? Ela está bem?)
— Ouço sua pergunta, mas não viro para encará-lo. Eu sou uma covarde!
— Sim, ela está bem, mas é muita coisa para ela lidar agora. Sendo
assim peço para que vocês a esperem se recompor primeiro e se depois disso
ela se propor a ouvir vocês então que assim seja. — Axel dia friamente. —
Isadora está grávida, ela teve muita emoção demais por hoje e acho que
precisa de um tempo para assimilar.
— Aconteceu alguma coisa, Cox? — Meu irmão perguntou.
— Ultimamente muitas coisas andam acontecendo, Gutierrez. — Ele
responde de forma seca.
— Tudo bem, estaremos esperando. — Ângelo diz.
— Craig, Russel e Earl, cuidem das coisas enquanto não voltamos. —
Axel manda.
— Sim chefe! — Respondem os três uníssonos.
Aperto mais os meus braços em volta do pescoço de Ax quando sinto
me guiando para dentro de casa. Eu não estou pronta para ter essa conversa
agora, porque eu sei que não vai ser fácil para mim estar de frente para o
meu… er... o Alonzo. É tudo muito forte não só para mim, mas sim para nós
dois. Não faço ideia o quanto de dor esse homem já sentiu nessa vida, queria
poder estar mais aberta agora para isso, só que eu não sei se consigo. Sinto
algo intenso e dolorido pressionar o meu pai toda vez que lembro do seu
olhar de pura felicidade, agradecimento, amor e saudade. Eu preciso de um
tempo longe para poder pensar direito, poder colocar todas essas emoções em
ordem.
No momento que chegamos no nosso quarto eu senti um enjoo muito
forte. Indico a Axel para que eu pudesse me colocar no chão e corro em
direção até o banheiro. Quando eu estava colocando até mesmo o meu
estômago para fora pela boca, eu sinto a mão de Axel segurar o meu cabelo.
Queria muito poder mandá-lo sair de perto de mim, mas não consigo fazer
isso. E quando terminar de deixar a minha dignidade, junto com o conteúdo
do meu estômago, descer pelo vaso sanitário eu me sinto um pouco mais
leve. Literalmente falando.
— Você está bem, minha menina? — Axel pergunta me erguendo da
minha miséria.
— Eu adoraria poder encontrar a pessoa que escreveu nos sites e
aplicativos de gestação que os enjoos só acontecem até o primeiro trimestre.
— Digo com irritação.
— Por que isso agora? — Axel indaga após dar uma risada curta e
rouca.
— Por que eu iria poder chutar a bunda dessa pessoa com muita força.
— Revelo com os punhos cerrados.
— Sim, minha pequena lutadora tola, venha aqui! — Axel fala me
fazendo sentar no balcão da pia.
— Esse apelido saiu muito longo, não? — Pergunto sem conseguir me
conter.
— Você vai falar disso agora, e não do seu pai biológico te esperando
lá embaixo? — Ax me atinge no ponto sensível.
— Você sabe apertar o botão certo, não é mesmo? — Resmungo
aceitando a escova de dentes que ele está colocando na minha frente.
— Eu não seria eu mesmo se não fizesse isso, querida. — diz
sombriamente e eu não posso falar nada além de concordar.
Começo a escovar meus dentes, porque ninguém merece estar perto de
um bafo terrível desse. Nem mesmo eu!
— O pior que é verdade! — Lamento sentindo sua mão tocar no meu
rosto.
— O que está acontecendo, Isadora? Você não quer falar com eles? Se
for assim eu posso mandá-los… — Coloco a mão na boca de Axel
brevemente, o fazendo parar.
— Não precisa fazer isso, Ax. Eu vou encontrá-los, eu só precisava de
um tempo. — Revelo e ele me encara com firmeza.
— Você não é obrigada a ver ninguém se não quiser. Você sabe disso,
não é? — A pergunta de Axel é doce.
— Eu sei, querido. — Digo dando um pequeno sorriso. — Só que… —
Começo, mas não consigo terminar.
— Só o quê, minha menina? Fale comigo! — Pede ele e eu solto um
suspiro.
— Eu só não estava esperando por isso, Ax. Pensei que meu pai
biológico estivesse morto, nunca me passou pela cabeça estar de frente para
ele e ver toda a sua emoção. Eu nunca havia visto esse homem, mas não
consigo deixar de sentir saudades de algo que nunca tive. — Paro de falar e
olho para Axel. — Isso é louco, não é? — Indago.
— Eu nunca vou saber te dizer sobre isso, Isadora. Não tenho as
mesmas expectativas que as suas, não me importo com muitas pessoas ou
com certas emoções. — A sinceridade de Axel é algo que ainda me
surpreende.
— Mas você se importa comigo, certo? — Não pude deixar de
questionar isso.
— Sempre, querida! Até eu me surpreendo do quanto sou louco por
você. E faria qualquer coisa para te ver bem, até mesmo matar quem quer que
seja. — Ele diz um arrepio frio toma minha espinha.
— Eu sei disso, Ax. — Falo e ele deixa um beijo suave na minha testa.
— É bom que saiba, minha menina. — Diz com firmeza.
Não passou despercebido por mim que as palavras dele saíram mais
como uma promessa velada. E eu não poderia me sentir aliviada por isso, por
que eu sei que Axel fará de tudo para me manter segura sempre. E eu amo
isso nele, essa proteção, essa mudança e essa confiança em nós. Esse nosso
momento fez com que toda a confusão e medo dentro de mim diminuíssem
em uma grande proporção. E foi por me sentir um pouco em ordem que
decidi que era hora de enfrentar o que quer que seja. Sendo assim eu troquei a
roupa que eu estava, por uma mais confortável, deixando de lado o vestido
formal por uma calça legging preta e uma camisa simples.
Antes de sair eu coloquei a medalha de madre Guadalupe, que minha
mãe havia deixado para mim. Não sei por que, mas eu me sinto mais à
vontade tendo ela presa no meu pulso. Depois disso eu saí do quarto sendo
guiada por Axel, e no momento que eu cheguei na sala eu senti o clima tenso
demais. E é óbvio que todos olharam na minha direção, principalmente
Alonzo que estava agora com uma cara de pura apreensão. Sei que esse clima
foi ocasionado por mim, e somente eu posso melhorar as coisas. Eu respiro
fundo e vou até o meu irmão primeiro, ele dá um sorriso de desculpa quando
me vê a sua frente. Sem pensar muito eu abraço com força pela cintura.
— Senti sua falta, Angel! — Revelo sentindo sua cabeça encostar na
minha.
— Também senti hermanita! E o bebê? — Pergunta.
— Com ele está tudo bem também! — Respondo ainda o abraçando.
— Desculpe não poder chegar a tempo para sua defesa. — Diz ele e eu
dou de ombros.
— Não se preocupe com isso, eu sei que estava fazendo algo
importante. — Me afasto dele e olho para onde Alonzo está.
— Sim, eu estava! — Ângelo diz dando um curto sorriso. — Vá se
apresentar, minha irmã! Ele está esperando por isso desde o momento que
contei a ele que você estava viva. Dê uma chance para ele. — Meu irmão
sussurra no meu ouvido e eu concordo com a cabeça.
— Como… como você o encontrou? Como soube que estava vivo? —
Indago desacreditada.
— Eu sempre desconfiei, mas nunca tive a certeza. — Angel conta com
confiança. — Dê uma chance a ele, hermanita.
— Tudo bem. — Respondo simplesmente.
Me afasto de Ângelo e vou em direção a Alonzo. Minhas pernas estão
bambas, eu não sei explicar o que estou sentindo nesse momento,
principalmente quando chego perto o suficiente para estender minha mão
para cumprimentá-lo.
— Olá, eu… eu sou Isadora! — Falo envergonhada.
— Desculpa, estrellita, mas tudo o que quero é abraçar você, ¿Puedo?
— Diz ele com a voz embargada em um português muito ruim, mas
entendível.
— Sim… — Respondo sentindo um bolo enorme na garganta.
Sem mais delongas eu fui puxada para os seus braços, e no momento
em que me senti presa contra o seu peito eu sabia, de algum modo eu sabia
que aquele na minha frente era o homem que me trouxe ao mundo. Seu
cheiro era algo familiar, mesmo que eu nunca tenha sentido na minha vida. E
eu chorei! Chorei muito sem conseguir me conter, mas esse choro não era de
dor. Nunca foi de dor, era algo diferente disso, algo que nem eu mesmo sem
identificar. Alonzo fala algumas palavras em espanhol, o que mais parece
como uma oração de agradecimento.
— Mira esto, mi amor, es nuestra pequeña estrella en mis brazos.
Gracias por cuidarla hasta que pueda encontrar mi camino hacia ella. (Veja
isso, meu amor, é a nossa estrelinha nos meus braços. Obrigada por cuidar
dela até que eu pudesse encontrar o caminho até ela.) — Diz ele me
apertando contra ele, mas não foi um perto dolorido, mas um seguro. —
Dejáme, vê-la! — Ele pede nos afastando do abraço. Observo o quanto seus
olhos estão irritados por chorar.
— Tudo bem! — Falo permitindo que ele segure os dois lados do meu
rosto.
— Você é tão guapa quanto a tu mamá! — Ele diz e eu nego com a
cabeça.
— Impossível, ela era muito mais linda. — Digo e ele nega.
— É como se eu estivesse olhando para Esther. — Revela emocionado.
— Se eu soubesse que você estava viva eu correria o mundo pra te encontrar.
Me perdoe, por favor, perdoe tu papa! — Suplica e eu nego com a cabeça.
— Não há o que perdoar, todos nós fomos enganados, machucados e
afastados por um homem cruel. — Falo sem esconder a minha tristeza.
— E ele irá pagar caro por isso! — Ângelo diz e eu o olho na sua
direção.
— Ven aquí, me conte sobre você! Como foi a sua vida aqui? —
Alonzo chama a minha atenção e eu volto a encará-lo.
— Acho que Ângelo deve ter falado um pouco, estou certa? — Digo
me sentindo tímida por um momento.
— Sim, mas quero saber de você. Quero saber tudo sobre você,
estrellita! — Diz ele, mas quando eu vou falar Axel se faz presente.
— Assim como você deve dizer como você virou uma sombra por
muitos e muitos anos. — Axel diz me surpreendendo.
Nesse momento a expressão de Alonzo se transformou totalmente. Era
como se o pai que eu vi antes fosse desligado por um momento, para dar
lugar a um homem extremamente poderoso. Com uma aura muito elegante,
intimidade e ao mesmo tempo fria como gelo.
—Então é verdade, você é o mercenário que tentou me matar, mas sem
sucesso algum. — Alonzo diz com frieza e eu arregalo os olhos.
— Você tentou matar o meu pai, Axel? — Pergunto sem conseguir me
conter.
— Sim, tu papa! — Alonzo diz feliz me fazendo dá conta do que eu
acabei de falar.
— O preço pela sua cabeça era alto, e eu gosto de dinheiro. — Axel dá
de ombros enquanto cruza os braços.
É como dizem: O destino pode ser uma cadela.
— Não se preocupe, estrellita. Esse aí nunca conseguiu descobrir que
eu sou El fantasma! — Alonzo diz de forma tranquila.
— Me explica isso por favor, o que é El Fantasma? — Pergunto
confusa demais para juntar uma coisa com outra.
— O que acha que sentar um pouco, hermanita? Assim podemos contar
a você tudo o que você já sabe. — Ângelo induz e eu confirmo com a
cabeça.
— Acho melhor mesmo, porque estou começando a ficar louca aqui.
— Conto fazendo exatamente o que Ângelo sugeriu.
No momento em que me acomodei no sofá, Axel não perdeu tempo em
vir até mim para ficar ao meu lado. Observei Alonzo olhar para Ax como se
quisesse que ele sumisse, mas como o meu vilão não se importa com olhares
ele ficou sua atenção em mim. Reviro os olhos para toda situação, e espero
até que todos procurem um lugar para sentar também. E quando isso é feito
toda a história de El fantasma é revelada para mim. Alonzo conta do dia que
ele e minha mãe decidiram fugir de Jerônimo, dá para ouvir o sofrimento na
sua voz ao lembrar dessa noite terrível. Ele me contou que quando foi
deixado para morrer, ele foi salvo por um dos seus aliados que vieram ao
Brasil para ajudá-lo com a fuga.
Disse também que como ele estava desacordado durante muito tempo,
só soube da morte da minha mãe e a minha quando não havia mais jeito. Ele
não escondeu como ficou perdido e devastado, pensando também em se livrar
da sua própria vida para estar ao lado das mulheres que ele tanto amou. Nessa
hora eu senti sua mão tocar a minha, o que me faz acreditar que Alonzo
precisa da certeza de que eu estou realmente aqui. Aperto sua mão em
resposta, não deixando de perceber o alívio na sua feição.
— Após a tentativa falha de acabar com a minha própria vida, eu fui
consumido pelo desejo de vingança. Eu era somente um soldado de um Cartel
de drogas, eu não poderia ter minha vingança sem qualquer tipo de poder. —
Alonzo conta.
— Foi então que você se transformou no Fantasma. — Craig diz que
meu pai assentiu.
— Isso mesmo, passei 23 anos da minha vida nas sombras. Unindo
forças, poder e muita determinação para que chegasse a hora certa destruir
Jerônimo Braganza com as minhas próprias mãos. — Alonzo olha para mim
com carinho. — Essa é a primeira vez depois de mais de vinte anos que eu
saio das sombras, mas eu não me arrependo de modo algum.
— Como Ângelo conseguiu te encontrar? — Indago, mas Alonzo induz
meu Irmão a contar.
— Essa saga para encontrar tio Alonzo vai desde o momento que
descobrir que você era de fato a minha irmã perdida. — Ângelo revela e eu
fico sem entender.
— Se é assim então por que você nunca me falou nada? — Questiono
rapidamente.
— Eu não queria te dar falsas esperanças, Isa. Havia um burburinho no
submundo que Alonzo Vergara é os El Fantasma eram de fato as mesmas
pessoas, mas nada foi realmente confirmado. — Ângelo conta e eu confirmo
com a cabeça devagar. Tentando juntar todas as peças. — Mas quando tive o
encontro com Javier Ponce, o braço direito do Fantasma, e contei
pessoalmente a situação não teve outra.
— Eu fui atrás de Ângelo sem pensar duas vezes. — Alonzo diz. —
Nunca consegui me aproximar dele depois que descobri que estava com
Jerônimo. Eu pensei que ele me odiava.
— Não tenho porque te odiar, minha mãe te amava. E foi com você que
eu soube o que era ter uma família normal, pelo menos um pouco que pude.
— Ângelo conta e eu posso ver que ele ficou sem jeito com que acabou
revelando.
— Você sempre foi um menino forte, sua mãe ficaria orgulhosa. —
Alonzo diz e meu irmão faz um gesto de confirmação sem jeito.
Vejo o modo como eles se comunicam e percebo que sim, eles dois tem
uma história também assim como eu e a nossa mãe também. E ver essa
aproximação deles é algo bom, mas só que tem algo que ainda está me
deixando curiosa.
— Se você ficou nas sombras por tanto tempo, e dando como morto.
Como o seu nome conseguiu ser ligado ao Fantasma? Eu não entendo. —
Perguntei observando como todo mundo ficou calado de repente. Olhos para
os lados observando que cada um dos presentes está olhando para Axel. —
Não, mentira! Foi por sua causa, Ax? — Pergunto e ele dá de ombros.
— Foi uma suspeita, eu disse que sou bom no que faço. — Ele diz
como se não fosse nada.
— Mas não conseguiu me pegar. — Alonzo provocou.
— Eu poderia fazer isso agora, seu bastardo! — Axel ameaça, mas
como eu o conheço bem sei que é uma ameaça vazia.
— Não, você não faria! — Craig diz simplesmente e Axel passa os
braços à minha volta.
— Não, não faria só por causa da Isadora! — Ele diz me surpreende
totalmente.
— E o mercenário sanguinário enfim foi tomado. — Ângelo brinca me
fazendo querer rir da careta de Ax.
— Essa merda está me parecendo a porra de uma novela mexicana
ruim. — Russel solta de repente fazendo todo mundo olhar na sua direção.
— Você tem o poder de falar merda nas horas improprias, não é? —
Earl alfineta irritando Rus.
— Fica quieto, principezinho das trevas! — Rebate Rus. Prendo a boca
para não rir.
Oh Deus, o que há com esses meninos?
Penso agradecida por eles aliviarem o clima tenso do momento. Sinto
olhos em mim, viro minha cabeça para dar de cara com Alonzo me
admirando feliz.
— Eu nunca mais vou deixar você, minha estrellita. — Ele diz me
pegando desprevenida. — Quero conhecer tudo sobre você, e quero ter a
esperança de um dia poder ser o papa que nunca pude ter a oportunidade de
ser. E também ser um bom abuelo (vovô). — Ele aponta com a cabeça em
direção a minha barriga. Engulo em seco ao ouvir sua declaração.
— Acho que quero isso também! — Conto dando um sorriso de lado.
Alonzo coloca sua mão em minha barriga.
— É tudo o que eu precisava ouvir. — Alonzo casa palavras dando um
sorriso brilhante,
Sinto minha mão ser erguida até a altura dos seus lábios. Um beijo
carinho é deixado nas costas da minha mão selando assim a promessa do
cumprimento das suas palavras. Eu não posso deixar de sentir somente a
verdade, e nada além disso.
Os nossos planos de ir jantar fora hoje em comemoração à minha
defesa caiu por terra quando meu irmão apareceu aqui trazendo Alonzo
Vergara, meu pai biológico, com ele. Não poderíamos nos dispor a sair e
confraternizar expondo aos olheiros de Jerônimo o homem com que sua
esposa se apaixonou e teve uma filha, traindo assim os seus votos de
casamento. Admito que depois de ter uma longa e explicativa conversa com
Alonzo, eu não poderia deixar de me sentir bem com a sua presença aqui. Eu
não conseguia tirar os meus olhos do homem bonito, ainda não dá para
entender como sair esquisitinha como sou, tendo a genética dele e da minha
mãe biológica. O pensamento disso me faz dar uma pequena risada e negar
com a cabeça.
— Hija, o que há? — Alonzo pergunta. Olho para ele vendo a sua
careta de confusão, e ele não está só nisso porque os restantes dos presentes
estão me encarando sem perceber.
— Oh não é nada! Estava pensando que poderíamos jantar todos juntos
aqui. — Revelo dando um pequeno sorriso.
— Por mim está bem! — Ângelo é o primeiro a concordar.
— Íamos jantar pra comemorar, certo? — Axel pergunta e eu
confirmo.
— Sim, mas eu acho melhor ficarmos aqui. Quero que meu pa… er…
quero que Alonzo esteja com a gente. — Digo sentindo minhas bochechas
ardem por um momento.
— Oh minha estrellita, eu vou adorar poder jantar com você em
comemoração. — Alonzo fala e eu dou um pequeno sorriso em confirmação.
— Fico contente! — Respondo realmente sentindo isso.
— Se é assim, então devo ir à cozinha. — Craig fala com seu modo
sério de sempre.
— Eu vou te ajudar! — Exclamo chamando a atenção de todos para
mim.
— Você, querida? — A pergunta de Axel de um algum modo de
deixou irritada.
— Claro, por que não? Cozinhamos juntos em Boston, não é? —
Indago cruzando meus braços.
— Sim, mas… — Ele começa a falar com uma expressão descontente,
mas eu não lhe dou chance de terminar.
— Vamos cunhado, vamos mostrar os nossos dotes culinários a eles. —
Digo com uma animação fingida, observando o modo que Craig nega com a
cabeça.
— Você vai me ignorar? — O tom frio de Axel me fez querer ignorar
ele mais ainda.
— Oh chefe, ele é seu irmão não fique com ciúmes. — Russel diz em
tom brincalhão, recebendo um olhar gélido de Ax.
— Fique quieto, Sanchez! — Axel comanda e Russel não esconde sua
careta.
— Falar a verdade agora é crime! — Resmunga Rus, fazendo Earl
socar seu ombro. — Ai príncipe do caralho!
— Você perdeu, literalmente, o amor a sua vida. — Earl diz soltando
um suspiro resignado.
— Vamos, Craig! — Chamo meu cunhado e ele acena com a cabeça.
— Se é assim, então vamos! Mas não me atrapalhe. — Diz ele cerrando
os olhos na minha direção.
Que homem mais egoísta na cozinha!
— Claro, claro, minha intenção é somente ajudar. Minha mãezinha
sempre disse, duas mãos são melhores que uma. Então vamos logo! — Digo
e Craig me encara de forma impassível. Sem dizer qualquer outra palavra ele
passa por mim e vai em direção a cozinha.
Sigo Craig rapidamente, porque não quero ser deixada para trás. Acho
que me transformei em uma incrível mentirosa, porque a minha intenção de ir
ajudar Craig nada mais é do que fugir um pouco da pressão que estou
sentindo dentro do meu peito. Mas não é uma pressão ruim, mas é uma coisa
da qual eu vou ter que me acostumar. E tudo isso é por causa de Alonzo, e o
fato de que terei que me acostumar com o fato de que também sou filha dele e
não só do senhor Gene e da dona Jó. Necessito colocar minha cabeça no
lugar, e não existe lugar melhor para isso do que na frente do meu velho
notebook com os meus códigos.
Mas como não posso fazer isso agora, então vou para o segundo lugar,
ótimo para isso. A cozinha! Oh sim, é isso mesmo! A Cozinha é um lugar
onde você pode focar muito bem em outras coisas do que nos seus próprios
pensamentos. Com isso balanço a cabeça fazendo com que o meu foco fique
exatamente onde eu quero. Pergunto a Craig o que ele pensou em fazer e ele
me diz, com muita relutância, que pretende fazer um carbonara e um risoto de
camarão. Sinto a minha boca encher d'água somente com a possibilidade de
comer o risoto de Craig.
Oh menino, meu cunhado é realmente muito bom na cozinha!
Com isso eu me disponho a limpar o camarão, pois não quero perder
tempo de não começar essa maravilha. Coloco o avental que Craig me
apontou, observando ele colocar o dele também. É tão estranho vê-lo dessa
maneira tão confortável que me faz dar uma risadinha.
— O que foi esse risinho aí? — Craig pergunta friamente e eu ergo as
mãos em sinal de rendição.
— Oh, não é nada! Eu só estou acho bonitinho você tão confortável na
cozinha. — Revelo e ele olha em volta.
— Eu gosto de estar aqui realmente. Mas posso te sugerir uma coisa?
— Craig fala e eu concordo. — Não use a palavra "Bonitinho" em uma frase
com outro homem, não acho que meu irmão ficaria muito satisfeito. — Vejo
o canto dos lábios de Craig se erguerem e me deixando um pouco satisfeita
porque sei que ele está brincando comigo.
— Seu irmão é muito ciumento! — Digo com altivez, virando para
trabalhar nos camarões.
— O que é estranho, já que ele nunca foi assim com ninguém. Isso
acho que prova uma coisa. — Craig diz e isso chama a minha atenção.
— E o que seria? — Pergunto me sentindo ansiosa de repente.
— Que ele gosta de você, do jeito dele, é claro. — Craig revela fazendo
meu coração bater forte.
Deixo um sorriso escapar dos meus lábios, fechando os olhos por um
breve momento a fim de absorver o que o Craig acabou de falar. Eu já sabia
disso, eu já sentia isso todas as vezes que Axel e eu estávamos juntos, mas
ouvir isso do seu irmão me dá mais certeza ainda de que Axel poderia vir não
só gostar de mim, mas também de me amar um dia. Assim como eu o amo
com todo o meu coração e alma. Sonho todos os dias com a possibilidade de
que ele fale com todas as letras que me ama. E mesmo que isso demore a
acontecer, ou até mesmo nunca aconteça, eu vou seguir esperando por esse
dia. Axel ainda tem muito o que aprender, e se for para ensinar eu estarei
disponível para ser aquela que lhe mostrará o caminho.
— Por que ficou calada de repente? — Craig indaga e eu nego com a
cabeça. Voltando a fazer o meu trabalho.
— Não é nada, eu só queria te agradecer por fazer o jantar. — Minto
após soltar um pigarro.
— Não é como se eu não fizesse o jantar todos os dias. Não faz
diferença. — Reto o direto como somente Craig pode responder.
— Certo! — Respondo.
Por um momento ficamos em silêncio, mas não é um silêncio
desconfortável, mas sim aquele que é muito tranquilo e te deixa à vontade em
ficar em silêncio somente apreciando o trabalho que está executando. Mas
logo essa quietude é interrompida por Craig. Que fala algo que me pega
totalmente desprevenida.
— Dora, muito obrigado! — Craig fala me fazendo parar o que eu
estava fazendo para olhar para trás. Estou totalmente sem reação, vendo
como ele trabalha com a faca, enquanto corta os tomates.
— Mas… mas por que isso? De que está me agradecendo? —
Questiono sem entender.
— Olha, eu não sou o homem mais sensível, mas eu sei identificar
quando as pessoas são boas. E você, Isadora, é uma pessoa boa que faz muito
bem ao meu irmão. — Ele para e eu o vejo apertar o cabo da faca com força.
— Eu sei o que é a maldade, eu já vi e a usei muito bem ao meu favor, mas
fico feliz que você esteja com a gente, com o meu irmão. Axel foi o pai que
não tivemos, eu sei que ele já te contou sobre o que passamos. — Craig diz e
eu faço um som de confirmação. — Meu irmão já fez muitas coisas e a
maioria delas era para que pudesse me dar uma vida para viver.
— Craig… — Sussurro sentindo o meu coração pesar no peito.
— Você não precisa falar nada, eu só queria que você continuasse a
fazer o que está fazendo com Axel. Ele foi como um pai para mim, perdeu
sua patente, sua liberdade e perdeu tudo por mim. Por isso é bom vê-lo a
caminho de ter uma família, Axel pode não entender agora, mas ele vai ser
um grande pai. Assim como foi um irmão muito foda para mim. — As
palavras de Craig trouxeram lágrimas nos meus olhos.
— Você está se esquecendo de algo, cunhado. — Digo com a voz
embargada. Ele vira a cabeça para me encarar, e ergue a sobrancelha.
— É? E o que pode ser, Dora? — Pergunta com tom leve.
— Você, o Russel e o Earl fazem parte da minha família agora. Eu
nunca me importei com o passado de vocês. Eu amo vocês como se fosse
meus irmãos, e adoraria que o meu filho ou filha pudesse ter os titios por
perto sempre. Sempre mesmo, por que é isso que família significa para mim.
— Digo cada palavra tentando transmitir a verdade por trás delas.
Craig olha para mim com firmeza, descendo seus olhos em direção ao
meu ventre protuberante. Depois de um tempo ele ergue os olhos e dá para
mim um sorriso curto, para logo em seguida assente com a cabeça. Dou um
sorriso em resposta, sabendo que não passará disso, já que eu o conheço o
suficiente para entender que não há necessidade disso. Um homem de poucas
palavras, mas que quando resolve deixar as palavras saírem, elas são aquilo
que você precisa ouvir. Um sujeito que é agradecido e reconhece todos os
sacrifícios que o seu irmão mais velho estava disposto a fazer por ele. Assim
é Craig, e é desse jeitinho que eu quero que ele seja, por que esse é ele de
verdade.
Após essa conversa nós nos concentramos em fazer o jantar. Nunca
imaginei que uma simples tarefa como essa, junto com o tio mercenário do
meu bebê poderia ser tão, tão agradável. E quando finalmente acabamos, o
cheiro delicioso do risoto e da carbonara me deixou com mais fome do que já
estava. Eu realmente estava pronta para comer, e eu não iria me fazer de
rogada, mas quando estava pronta para tirar meu avental e levar a salada para
a mesa eu fui surpreendida por braços longos invadindo minha cintura.
— Como foi cozinhar ao lado do idiota do meu irmão? — Axel
pergunta de forma irritada. Tento esconder meu sorriso, mas é impossível.
— Você sabe que é loucura isso, não é? Ter ciúmes do seu próprio
irmão, tem coisa mais sem noção que isso? — Digo em tom de repreensão
fingida, ficando na ponta dos pés para deixar um beijo no seu queixo.
—Pode ser, mas eu não me importo! — Enfatiza ele, deixando um
beijo nos meus lábios.
— Craig é bonitão, e tem uma grande presença com aquelas tatuagens e
olho azul assassino, mas… — Minha fala foi interrompida quando senti a
mão de Axel no meu pescoço.
— O que diabos você está falando? — Axel pergunta em tom obscuro.
— Mas ele é como irmão para mim, e somos uma família. Então, não,
Craig não me interessa. O meu interesse está em um certo vilão possessivo aí.
— Ao ouvi o que eu acabei de falar a expressão de Axel deixou de ser
sombria e o sorriso fantasma que amo surgiu.
— Gosto do som disso. — Fala seriamente e eu reviro os olhos.
— Você não tem jeito, não é? — Pergunto negando com a cabeça.
— Você sabe a resposta, querida. — Axel diz passando a mão no meu
rosto.
Sim, eu sei! E isso é uma das coisas que eu mais gosto nele.
— Você está confortável com Ângelo e Alonzo aqui? — Axel pergunta
e eu concordo.
— Sim, eu sei que conheci Alonzo a poucas horas, mas eu não sei… eu
me sinto confortável com ele. É como se eu o conhecesse a minha vida toda.
— Revelo a verdade a Axel que não fala nada somente em abraça com força.
— Você sabe que é todo sujo assim como cada um que está naquela
sala, certo? — Ax questiona e eu solto um suspiro.
— Sim, eu sei, mas um homem que ama alguém do jeito que amou a
minha mãe merece um voto de confiança. — Digo com esperança e Axel me
encara com seus olhos negros profundos.
— Pronta para jantar? — Ele pergunta deixando o nosso antigo assunto
de escanteio.
— Sim, querido, estou mais que pronta! — Respondo feliz por ir
comer. E quando eu virei novamente para pegar a salada, Axel me faz parar
para segurar os dois lados do meu rosto.
— Eu não sei se esqueci de falar isso antes, mas seja como for eu quero
falar novamente. — Axel diz e eu fico confusa.
— O que foi? — Pergunto curiosa.
— Parabéns pela sua formatura, minha menina! — Axel sussurra as
palavras, fazendo meu coração bater mais forte.
—Obrigada, Ax! — Agradeço emocionada. — Agora podemos ir
comer? Seu filho está lutando comigo aqui para irmos comer logo. — Digo
abrindo um largo sorriso.
— Sim, querida, podemos sim. Vamos! — Ele me chama, estendendo
sua mão para que eu a segure.
Eu não perco tempo e vou logo me deixando ser guiada por ele. Espero
que tudo ocorra bem com esse jantar, por que eu não fazia ideia de que era
isso mesmo o que eu precisava hoje depois de tantas revelações.
Uma semana depois...
Acordo com uma sensação agradável, eu nem preciso abrir meus olhos
para saber quem está aqui. O perfume que está entrando nas minhas narinas, e
faz meu corpo inteiro se embriagar de prazer, é de ninguém menos do o meu
homem. Continuo de olhos fechados, esperando que ele me chame ou algo do
tipo, mas nada acontece. Sendo assim eu abro um pouco as minhas pálpebras,
e pela fresta eu vejo Axel ajoelhado ao lado da cama. Penso em deixá-lo
saber que estou desperta, mas o modo que ele está olhando para minha
barriga faz com que eu espere para saber o que exatamente ele está
pretendendo com isso. Observo ele erguer a mão para tocar, me deixando ter
esperança, mas logo sua mão retrai e ele fecha os punhos com força.
— Ei monstrinho, você está deixando sua mãe muito cansada esses
dias. Não seja assim, ela não merece isso! — Axel fala com o nosso bebê, e
eu me controlo o máximo para não mostrar que eu acabei de presenciar essa
cena, mas falho miseravelmente.
— Não chame o nosso bebê de monstrinho, Axel. — Digo o
surpreendendo.
— Então quer dizer que você estava acordada esse tempo todo, sim? —
Axel indaga me encarando com os olhos cerrados.
— Desculpe, querido, eu não pude evitar de bisbilhotar. — Digo
fingindo estar culpada.
— Como está sentindo? Ontem você foi dormir fortes dores de cabeça.
— Pergunta e eu concordo com a cabeça.
— Sim, eu estava, mas não sinto mais nada. Obrigada por cuidar de
mim. — Agradeço o fazendo bufar.
— Não me agradeça por isso. — Diz assumindo sua pose séria.
— Claro que sim, eu nunca pensei que… — Mordo os lábios inferiores
me impedindo de falar o restante da frase.
— Você pensou que eu não fosse cuidar de você por causa do
monstrinho? — Axel pergunta com irritação e eu não tive como negar.
— Bem, não desse jeito tão, tão atencioso. — Digo não querendo usar
meias palavras.
Axel odeia que eu use meias palavras para falar com ele o que eu quero
falar exatamente.
— Isadora, eu vou dizer isso de novo e será a última vez. — Axel
respira fundo. — Você é minha, esse monstrinho na sua barriga é meu
também. Não existe nada nesse mundo que não me faça cuidar e zelar pelo o
que é meu. Entendeu? — Axel pergunta e eu reviro os olhos.
— Entendi, entendi senhor mandão! Mas você pode, por favor, parar de
chamar nosso bebê de monstrinho? Coisa chata! — Reclamo, mas ele nem se
abala.
— Não vai acontecer! — Ele diz me deixando irritada.
— Axel, você… — Aponto o dedo na sua direção, mas sou pega de
surpresa quando Ax vem até mim com dois passos. Para que o nossas testar
estejam coladas juntas.
— Você fica linda quando está toda com essa aura hormonal, eu já te
disse isso? — Axel diz me pegando de surpresa. Por um momento eu fico
parada sem saber o que fazer, mas logo um riso explode em mim.
— Axel, isso foi ridículo! — Falo ainda rindo.
— Pelo menos você riu agora, não é? — Pergunta de forma séria e eu
não aguento e passo meus braços em volta do seu pescoço.
— Você é um homem estranho, mas é o meu homem estranho. —
Revelo e ele beija os meus lábios.
— Bom saber disso! — fala me beijando novamente. — Bom dia,
minha menina tola!
— Bom dia, amor! — Respondo feliz.
— Vamos, levante! Vou levar você para compramos o seu presente de
formatura. — Axel fala me ajudando a sair da cama.
— Presente? Mas a minha formatura foi há uma semana. — Lembro a
ele confusa.
— Sim, eu sei, mas eu estava evitando sair com você para sua
segurança, mas podemos sair. — Ele explica e eu aceno meio ainda sem
saber direito.
— Tudo bem então… — Paro por um momento e a curiosidade toma
conta de mim. — Que presente você vai me dar, querido? — Indago como
uma criança excitada.
— Não sei, veremos isso! — Axel diz, mas isso só atrai ainda mais a
minha curiosidade.
— Tudo bem então! — Digo amuada.
— Não seja assim, minha menina. Ou você pode receber umas
palmadas no traseiro bonito. — Axel fala de forma perigosa, e isso desperta
um fio de excitação em mim.
— E se eu quiser? — Questiono observando seus olhos negros como a
noite sem estrelas ficarem mais intensos e selvagens.
— Minha menina, não mexa com algo que você não pode lidar agora.
— Axel fala de forma perigosa e eu engulo em seco.
— E se eu puder? — Indago observando como as narinas dele se
expandem.
— Isadora, você sabe que se eu começo com algo eu não termino, não é
mesmo? — Ele fala vindo até mim, o que faz meu coração começar a bater
com força.
— Humrum! — Respondo fechando os olhos para poder sentir sua
boca no meu pescoço.
— Mais tarde, querida. Eu prometo a você, sim? — Pergunta se
afastando de mim, me deixando carente e ansiosa por seu toque.
Abro meus olhos para ver Axel andar até a porta, olho para ele
mostrando a minha careta de descontentamento. Mas o infeliz passa pela
porta e me deixa aqui sem olhar para trás. Que homem terrível! Me deixou
excitada desse jeito, com aquele olhar penetrante e não tem intenção
nenhuma de me penetrar. Que horror! Respiro fundo várias vezes, a fim de
afastar a vontade terrível de socar o pai do meu bebê. Argh! Saio pisando
duro até o banheiro, procurando outra coisa para pensar e não no corpo forte
e muito, muito gostoso que somente aquele homem pode ter.
Notei que não tive enjoo matinal hoje, o que me deixou imensamente
feliz a ponto de fazer uma dancinha ridícula no banheiro. Paro a minha
dancinha quando eu escuto o som de que eu recebi uma mensagem. Decido
deixar para tomar banho após verificar a mensagem, e quando vejo de quem é
não posso deixar de sorrir.
¡Buenos días mi estrellita! ¿Como estas? Volto amanhã para o Brasil,
espero ter um tempo com você.
¡Besos, papá!
Não perco tempo e respondo rapidamente.
Estou bem, obrigada por perguntar! Volte em segurança, por favor.
Beijo!
Faz exatamente uma semana que eu conheci o meu pai biológico, e
desse dia em diante ele faz questão de estar sempre presente seja
pessoalmente ou por mensagem de texto como agora. Tivemos um tempo
para podermos conversar, e em uma de nossas conversas eu contei a ele um
pouco sobre mim. Ele ficou muito feliz por saber que tive pais incríveis, e fez
questão de me pedir para que quando ele voltasse de viagem pudesse
conhecê-los. No primeiro momento eu fiquei meio apreensiva, mas foi
somente eu contar a novidade sobre o aparecimento de Alonzo aos meus
velhos pais, que eles concordam em conhecê-lo. Obviamente o meu paizinho
ficou meio enciumado em saber que haveria outro homem em minha vida,
mas isso logo passou.
O maravilhoso de ter pais como os meus, eles são pessoas de mente
aberta. E sempre me disseram que se um dia a minha família biológica me
procurasse era para eu ter o coração aberto e ouvir tudo ou qualquer coisa que
eles tenham para me contar. É por isso que para mim é fácil ter Alonzo e
Ângelo na minha vida, principalmente depois de saber de todas as condições
por trás da minha adoção. Seja do jeito que for é bom saber que posso contar
com os meus pais, sejam eles os adotivos e o meu biológico também. Eu me
sinto única, porque sei que nem todos filhos adotivos têm essa sorte que
tenho.
Deixando esses pensamentos de lado eu jogo o meu celular na cama, e
vou a procura de uma roupa para poder sair com Axel. Após colocar um
macacão jeans, um cropped vermelho escuro, calçar meus tênis brancos e
prender meus cachos de modo confortável. Eu me senti pronta para enfrentar
o dia, sendo assim eu já peguei minhas coisas e saí do quarto. Mas no
momento que eu desci as escadas eu senti imediatamente que o clima estava
estranho. Principalmente eu vejo os meninos e Axel com uma expressão tão
sombria enquanto seguram um buquê de rosas. Quando eles notaram a minha
presença, eles viraram para me encarar.
— O que é isso? O que está acontecendo? — Questiono. Como estou
mais de perto vejo que o buquê de rosas que Axel segura são de lírios
brancos. — De quem é esse buquê? — Pergunto confusa já que Axel nunca
foi de comprar rosas para mim.
— São para você! — Axel diz friamente.
— Para mim? Você me comprou rosas? Mas por que… — Minha
pergunta foi interrompida por Craig.
— Não foi Axel e nenhum de nós! — Craig responde e um frio toma
conta da minha espinha.
— Quem diabos me enviou lírios brancos? Foi Angel, ou Alonzo?
Quem foi? — Como nenhum deles respondeu eu fui mais rápida e peguei o
maldito buquê.
— Isadora, não! — Axel fala, mas é tarde demais.
Olho o buquê com curiosidade e logo eu pude ver que nele tem um
pequeno gravador de voz. Sem conseguir pensar direito eu ligo o aparelho e
aperto o botão do play para logo em seguida uma voz suave, forte e cortês
preencha o silêncio do momento.
— Olá Sarah! Ou eu deveria te chamar pelo seu novo nome que é
Isadora Martins? — Eu não precisei pensar demais para saber que essa voz
era de ninguém menos que Jerônimo Braganza. — Espero que tenha
recebido o meu pequeno presente, ele representa as minhas condolências a
você. Eu soube que tem bons pais, mas é uma pena que eu tive que me
desfazer deles para que você possa vir até mim de boa vontade. — Paraliso
no mesmo momento e encaro Axel com medo. — Se isso não acontecer, eu
estarei me desfazendo de todas as pessoas importantes para você. Eu
comecei pelos seus adoráveis pais. Quem serão os próximos? — Assim a
gravação é encerrada, para logo depois o meu corpo inteiro começar a
tremer.
— Axel… — Chamo, após ser aparado por Earl. Que pega o buquê e
gravação e jogo longe de mim.
— Espera, eu vou checar isso! — Axel diz pegando o seu celular. —
Craig, Russel, tentem entrar em contato com os nossos homens! — Axel
comanda e sem mais outra palavra eles pegam seus celulares.
— Os meus pais, Earl! O que será… o que será que aconteceu com
eles? — Pergunto em desespero, apertando minhas mãos no seu braço.
— Se acalme Dorinha, nós vamos descobrir! — Earl fala, mas não é
essa a resposta que preciso.
— Não, não, não! Algo aconteceu, eu sinto! Eu sinto aqui! — Bato no
meu peito com força.
— Dorinha, se acalme! — Earl tenta me persuadir, mas eu não quero
saber disso agora.
— Eu vou… eu vou ligar para mamãe! — Falo empurrando Earl de
perto, para poder pegar meu celular.
Disco o número de minha mãezinha várias vezes, mas eu não consigo
fazer com que ele atenda o celular. Ao perceber que não teve jeito eu resolvo
ligar para o meu pai, mas ele também não atende. Solto um grito de pura
frustração e terror, muito terror. Eu estou com muito medo de que o que
Jerônimo disse na gravação seja verdade, eu… eu… eu não posso acreditar!
Não! Nada aconteceu com os meus pais! Quando eu estou pronta para ligar
novamente, eu sou surpreendida por uma ligação desconhecida.
— O que é isso? — Ouço Axel perguntar.
— É um número desconhecido. — Respondo encarando meu celular
com medo. — Vou atender! — Aviso.
— Não, Isadora, pode ser uma armadilha! — Axel fala, mas eu não me
importo. Pode ser meus pais!
— Alô! — Falo rapidamente.
— Aqui é da Santa Casa de saúde de Porto Alegre, gostaria de falar
com Isadora Martins. — Uma mulher desconhecida fala do outro lado da
linha.
— Sim, sou eu! — Minha voz treme, fecho os meus olhos e deixo com
que as lágrimas escorram pela minha bochecha.
Oh Deus, por favor, não! Que não seja os meus pais, por favor!
— É sobre os seus pais, eles… — Eu não deixo a atendente terminar.
— O que aconteceu? O que houve com eles? Eles estão… eles estão…
— Não consigo terminar de falar.
— A senhora poderia vir até aqui no hospital? — Pergunta a atendente.
— Eu estou em Florianópolis, não consigo chegar rápido possível, por
favor me fale o que aconteceu com os meus pais. Eu te peço, por favor, me
conte! — Nesse momento eu senti o meu corpo ser abraçado com força.
— Senhora Isadora, houve um incêndio no sítio dos seus pais,
infelizmente o senhor Genival veio a óbito. — Oh não, não! Eu não posso
ouvir isso! — E a senhora Maria José, está viva, mas seu estado é grave. Eu
sinto muito!
Deixo o celular cair da minha mão e começo a chorar com força, eu não
consigo conter os meus soluços são dolorosos. Os meus paizinhos, meus
pobres paizinhos não têm nada a ver com essa vingança sangrenta que aquele
desgraçado tem comigo. Oh por favor Deus, meu papai! Oh não, não o tire de
mim assim, com uma morte tão terrível. Ele não merecia isso, minha mãe não
merecia isso e eu também não. Que culpa eu tenho? O que eu fiz de ruim para
colocar esse terror na vida dos meus humildes velhinhos.
— Isadora, temos que ir! Vamos, sua mãe ainda está viva e precisa de
você. — Axel sussurra no meu ouvido.
— Axel, dói tanto! Meu papai, ele… ele morreu! O que faço agora?
Como vou viver com essa culpa? Por minha culpa, é minha culpa! — Digo
em sofrimento.
— Não! Não é sua culpa, você não fez nada! — Axel diz com firmeza
enquanto me segura com força. — Vou te levar para ver sua mãe, mas você
precisa se recompor um pouco. Eu estou do seu lado, eu não te deixarei
sozinha. Estou aqui, minha menina! Eu vou te segurar! — Axel diz e eu
choro. Choro muito, choro sem conseguir me conter.
— Pedi o helicóptero a Ângelo. — Ouço alguém falar, mas eu não me
importo em saber quem é.
— Sim, vamos logo! — Axel responde enquanto me carrega no seu
colo.
A dor é tão grande e tão intensa que eu me desligo de tudo o que está
acontecendo à minha volta. Eu não me importei quando entramos no carro,
quando viemos até Ângelo e ele tentou de modo desconfortável me dar um
consolo. Ou até mesmo quando estávamos dentro do helicóptero. Eu não
liguei para nada, até mesmo os soluços de antes não mais fazem parte do meu
sofrimento. Cada célula do meu corpo vibra em agonia, e tudo o que sei é que
a culpa é minha. Toda e exclusivamente minha! Porque se eu não tivesse
entrado na vida deles, eles poderiam não ter que lidar com um homem
doentio assombrando sua existência.
Jerônimo já conseguiu me tirar uma mãe que me amava muito antes
que eu viesse a ter lembranças dela, e agora… agora ele matou o meu pai e
sabe-se lá Deus se minha mãe vai suportar o que quer que ela esteja
suportando. Meus pensamentos são interrompidos quando Axel fala que
chegamos no nosso destino. Saber disso me faz despertar do meu estupor,
sendo assim eu saio do helicóptero e deixo com que Axel guie o meu
caminho em direção a Santa Casa. Assim que cruzamos a entrada do hospital
eu pude ver alguns parentes dos meus pais, no mesmo instante que eles me
veem tentam vir até mim. Mas eu não quero isso! Eu não suporto olhar para
cara de nenhum deles nesse momento.
— Onde está Maria José Martins? — Pergunto em desespero a
recepcionista.
— Você é Isadora Martins? — Indaga e logo reconheço a voz dela.
— Sim, sim sou eu! Onde está a minha mãe? E meu pai, onde está o
seu… o seu corpo? — Me corta o coração ter que falar uma coisa dessas.
— O doutor está esperando por você neste corredor, siga por aqui e
bata na segunda porta a direita. — A recepcionista fala e eu assisto
rapidamente com a cabeça.
— Axel! — Olho para trás à sua procura.
— Estou aqui, eu não vou te deixar sozinha! — Ele diz seriamente
segurança a minha mão com força.
Agradeço mentalmente por Axel estar aqui comigo. Eu não sei se eu
conseguiria passar por toda essa porcaria sozinha. Ele está sendo o conforto e
a força que eu preciso nesse momento, e eu só posso agradecê-lo por tudo
isso. Sem mais delongas eu corri em direção ao local que fui indicada,
chegando lá eu fui recepcionada por um médico baixinho chamado Evandro
Santana. Ele me deu as condolências pela morte do meu pai, e explicou que
quando ele e minha mãe foram socorridos ela já havia falecido de um infarto
fulminante no coração.
E que não havia nada que eles pudessem fazer sobre isso, já que
conhecia o histórico hospital do meu pai. E no caso da minha mãe, ela se
machucou muito ao tentar tirar ela e meu pai do perigo do incêndio no sítio.
Só que no processo inalou muita fumaça, e teve algumas queimaduras que
não seria perigoso se minha mãe não estivesse em idade avançada. Não pude
deixar de sofrer ao ouvir tudo isso, mas eu engoli o meu pesar e pedi para que
pudesse ver a minha mãezinha. Eu necessito vê-la!
Assim que o médico me indicou a sua localização eu não perdi tempo e
saí em disparada para lá. Graças a Deus foi rápido encontrar o setor que era
onde minha mãe estava internada. Chegando lá eu fui guiada pela enfermeira
responsável, ela me contou como minha mãe e que ela chamava pelo meu
nome o tempo todo. Ouvir isso fez o meu coração apertar dentro do peito. Oh
minha pobre mãezinha! Entrei no local sozinha, já que Axel não poderia me
acompanhar dessa vez. No momento que entro eu pude ver a minha mãe, tão
fragilizada, deitada na cama hospitalar, ligada por aparelhos para ajudar que
ela pudesse respirar melhor.
— Oh mamãe, eu sinto muito! Me desculpa, mãezinha! A senhora está
nesse estado por minha culpa, era para ser eu no meu lugar. — Seguro a sua
mão delicada e coloco contra a minha bochecha banhada por lágrimas. —
Mãezinha, eu sinto tanto! — Fecho os olhos e choro, derramado assim toda a
minha mágoa.
— Dorinha, é você? — Ao ouvir a voz rouca e dolorosa de minha mãe
eu abri os olhos.
— Mãezinha! A senhora vai ficar boa, eu prometo isso a senhora. Eu
vou pedir ajuda a Axel, a Ângelo a qualquer pessoa que puder ajudar para a
senhora ter o melhor tratamento e… — Minhas palavras desesperadas foram
interrompidas quando mamãe colocou a sua mão no meu rosto.
Mamãe tosse um pouco, mas mesmo respirando com dificuldade ela
tira a máscara.
— Oh minha filhinha, eu… eu não preciso de nada disso. Eu só estava
esperando por você. Eu só precisava ver a minha garotinha antes de deixar
desse mundo. — Mamãe fala vagarosamente e eu não pude deixar de
arregalar os olhos e negar com a cabeça.
— Não, mamãe! Não fale isso, a senhora não pode me deixar também.
— Falo rápido enquanto continuo a negar coma cabeça.
— Mas eu não quero minha filha, eu não sei se consego seguir em
frente sem o meu velho. Entenda meu amor, essa é a nossa despedida. —
Minha mãe fala revela e eu não posso aguentar a dor que estou sentindo.
— Mamãe, eu não sei o que fazer sem vocês! Eu estarei sozinha, por
favor, mamãe! — Choro com força apertando sua mãe contra minha testa.
— Você nunca estará sozinha, meu amor. Você tem o Axel, tem
pessoas legais que gostam e vão cuidar de você. E sem falar do meu netinho,
ele te dará um propósito maior, assim como você deu a mim e ao Gene. —
Mamãe para por um momento para puxar um pouco de ar através da máscara
facial. — Dorinha, dê uma oportunidade ao seu pai biológico, deixe ele sentir
como é prazeroso ter você como filha. Eu e seu pai tivemos essa sorte, dê isso
ao Alonzo também. — Mamãe diz com firmeza.
— Mamãe, eu não sou tão boa assim. Por minha culpa… — Eu não
consegui terminar pelo bolo na minha garganta.
— Não, amor, não foi sua culpa! Nunca se culpe por algo que você não
fez, minha filha. Se você quiser nos deixar em paz, então viva sua vida, meu
amor. Viva muito, viva bem e seja feliz. — Minha mãe falou enquanto
passava a mão no meu rosto para enxugar as minhas lágrimas. — Eu
consegui salvar a roupinha que fiz para o meu neto, não esqueça de pegar na
mão da enfermeira, sim? — Pede ela e eu não consigo não concordar.
— Sim, mãezinha, qualquer coisa por você. — Digo rapidamente.
Observo que ela está com mais difícil ainda de respirar — Coloque a
máscara, por favor, mamãe. — Peço e é sua vez de negar.
— Não, não quero! Eu tenho algo para te pedi. — Ela tosse novamente
e eu entro em desespero. — Venda o sítio, pegue esse dinheiro da venda e
compre o enxoval do bebê. O pobrezinho não pode vir ao mundo sem roupas.
— É impossível não dar um pequeno sorriso ao ver que ela se preocupa com
o meu bebê. — Vá embora daqui minha filha, vá e não olhe para trás. E por
favor, seja feliz, sim?
— Como irei conseguir isso sem você e o paizinho? Como? —
Pergunto e volto a chorar copiosamente.
— Você é a mulher mais forte que conheço, meu amor. E se sua força
não for suficiente eu estarei junto com o seu pai olhando por você. — Mamãe
disse e eu podia ver que ela estava com mais dificuldade ainda de respirar. —
Te… te a… te amo, minha filha! — Essas foram as únicas palavras de minha
mãe antes de entrar em colapso, fazendo assim os aparelhos apitarem
fervorosamente e as enfermeiras invadirem o lugar.
— MAMÃE! NÃO MAMÃE! FALE COMIGO! MAMÃE! — Grito
em plenos pulmões, mas sou afastada dela.
— Tirem ela daqui! — Alguém grita, mas eu não quero saber.
— Eu te amo também mãezinha! Eu te amo! Eu… — Senti braços
fortes rodearem meu corpo, e eu me agarrei a eles. — Ela se foi, também!
Eles me deixaram, Axel! Me ajuda! — Pedi entre soluços.
— Estou aqui, querida! Estou aqui para você! — Axel fala no meu
ouvido, e eu cravo minhas unhas no seu braço.
Senti o meu corpo entrar em colapso, e a única coisa que eu me lembro
antes de deixar a escuridão me levar era que Axel não me deixou só em
nenhum momento. E por isso eu estava segura em deixar o meu corpo ser
levado.
Eu finalmente consegui fazer com que a Isadora pegasse no sono. Olho
para o seu rosto adormecido, e mesmo assim eu posso ver que não há
tranquilidade em seu sono, ele é turbulento e cheio de tristeza. Confesso que
já vi muitas mortes, muito sofrimento como esse que a minha menina está
passando. E muita das vezes também, todos aqueles sofrimentos eram
causados por mim de alguma maneira. Já matei incontáveis pais e mães de
várias famílias diferentes, mas nenhuma dessas dores me fez sentir algo. Só
que isso acontece até agora, porque agora senti o pesar forte da minha
menina. Eu quis fazer de tudo, rodar esse fodido mundo sangrento a fim de
poder tirar um pouco de tudo o que ela está sentindo. Mas eu não tenho esse
fodido poder!
Vendo-a abraçando com força a manta vermelha tricotada pra sua mãe,
me faz pensar no quanto eu quero matar Jerônimo Braganza agora. Aquele
desgraçado está mexendo com a mente da minha mulher, ele quer vê-la pagar
por algo que ela não tem culpa. O seu ódio é tão denso que faz com que esse
filho da puta não pense direito e é aí que eu vou poder pegá-lo! Eu tenho
certeza absoluta que uma hora ele vai ter alguma falha, nem que seja uma
minúscula fagulha que seja. E quando isso acontecer, eu vou fazer vingança
por todo mal que ele está causando a Isadora. Cada choro, cada culpa que ela
sente, cada olhar apático dela será revestido em sangue.
Vou fazer com que Jerônimo Braganza sangre como um porco que é.
Ou eu não me chamo Axel Cox!
Tento acalmar o ódio crescente dentro de mim, e passo a mão
levemente nos cabelos da minha menina. Hoje foi um dia complicado para
ela, porque foi hoje o enterro dos seus pais. Obviamente eu não poderia de
forma alguma deixar com que Isadora lidasse com todos trâmites legais.
Sendo assim eu mesmo fui o responsável por fazer um velório digno para
aquelas duas pessoas que amavam tanto a minha mulher. Não poupei gastos
para que eles dois descansarem em um lugar especial e obviamente juntos.
Isso fez a Isadora feliz, foi o único sorriso que ela deu quando viu que seus
pais estariam juntos mesmo depois da morte.
Durante o velório algumas pessoas sanguessugas da sua família, vieram
perguntar sobre o que ela faria com as terras dos seus pais. Pensei em matar
os desgraçados ambiciosos, mas o olhar desprovido de emoção da minha
menina foi o bastante para afastá-los. O que foi bom, por que se eles
continuassem a insistir eu poderia puxar minha arma ali mesmo, e depois de
matar quem quer que seja eu mesmo iria providenciar o fodido caixão. Solto
um suspiro irritado e passo novamente a minha mão no cabelo da minha
menina antes de me afastar e deixá-la dormir tranquilamente.
No mesmo instante que cheguei na sala eu pude avistar Ângelo e o
novo recém chegado, Alonzo Vergara. Os dois estão sentados no sofá,
enquanto conversam sobre Jerônimo. Passo por eles sem falar qualquer
palavra que seja e vou a procura do meu whisky e um maço de cigarro. Não
sou muito de beber e fumar direto, mas a momentos como esse que eu não
posso evitar isso.
— Como está Dorinha? — Earl pergunta e eu tomo a dose de whisky
em um gole só.
— Ela finalmente dormiu um pouco. — Respondo seriamente,
enquanto encho novamente o meu corpo.
— Que bom, ela precisava disso, foram três dias muito intensos para
ela. — Ângelo diz e eu não posso deixar de concordar.
— Ela teve dois ataques de asma durante esse tempo. — Earl fala com
pesar e eu cerro meus punhos.
— Isadora é forte, ela vai passar por isso. — Craig fala entre dentes e
eu não pude deixar de concordar.
Sim, a minha Isadora é a mulher mais forte que eu tive a sorte de
conhecer. Desde o primeiro dia que nossos caminhos se colidiram, eu vi
aquela expressão de medo cru misturado também com determinação bondosa
eu sabia que ela era diferente. Tenho certeza que Isadora vai passar por isso,
não vai ser fácil, por que a pensar da sua força ela é uma menina jovem, de
luto, grávida e com um lunático tentando foder com a sua cabeça. Minha
menina, minha doce menina inocente vai passar por isso, eu tenho tanta fé
nela de um modo que nunca tive em nada nessa vida de merda que levei. E
seja como for, se mesmo assim ela for fraquejar, eu estarei lá para segurá-la
sempre que for preciso. Isadora é minha, e é assim que vai continuar sendo.
— Ainda não entendo como isso aconteceu. Como Jerônimo conseguiu
matar todos nós homens e ainda incendiar a casa dos pais de Dorinha? —
Russel fala com raiva, enquanto grita a primeira coisa que está a sua frente.
— É fácil isso! — Respondo liberando a fumaça que acabei de puxar
do cigarro.
— O que você está querendo dizer? — Ângelo pergunta e vejo Alonzo
me encara com calma.
— Ele sempre esteve a dois passos à frente de tudo. — Alonzo diz e eu
ergo o meu corpo para ele.
— Exatamente! — Concluo friamente.
— Filho da puta desgraçado! — Earl Pragueja.
— Eu odeio admitir, mas Jerônimo é um homem inteligente, se não
fosse assim ele não construiria o império que tem hoje. — Ângelo fala sobre
pai sem esconder seu ódio.
— E é justamente por isso que pecamos, não imaginávamos que ele iria
querer atingir primeiro os pais de Isadora. — Falo analisando a situação. —
Para ele foi muito fácil fazer isso, porque ele sabia que não haveriam falhas e
que irá desestabilizar Isadora totalmente. — Falo observando a expressão
sombria de cada presente.
— E fazendo isso ele fez questão de zombar de nós. — Craig diz e eu
não posso deixar de concordar também.
Tenho que admitir que Jerônimo é um homem capaz e muito poderoso.
Me causa um ódio fora do normal saber que esse colombiano esteve a dois
passos à frente de nós o tempo inteiro. Sua intenção nunca foi mexer com a
Isadora diretamente, ele queria testar as suas possibilidades. Mas ainda acho
que tem mais alguma coisa nisso, por que eles iriam fazer tudo isso somente
para poder matar Isadora? Não, não é só isso! Tem algo mais em toda essa
merda, acho que…
Inferno! Como eu não vi isso antes?
— Ele nunca teve todo esse interesse em Isadora. — Falo de repente
fazendo todo mundo parar e olhar na minha direção.
— Como assim? O que você está querendo dizer? — Ângelo pergunta
em confusão.
— Para falar a verdade, Isadora é o que menos importante para ele.
Para ele, Isadora não é nada do que um bode expiatório para que pudesse
brincar. O que ele quer mais é… — Não pude terminar de falar por que
Alonzo de adianta.
— Sou eu! O que Braganza quer sou eu! — Alonzo fala entre dentes
sem esconder seu ódio.
— Porra! Que puta! — Russel esbraveja.
— Ele sabia! Ele sabia que eu ia tentar entrar em contato com o único
homem que poderia vingar a minha mãe. — Ângelo fala ressentido.
— Ele ainda tinha dúvidas se El Fantasma era de verdade Alonzo
Vergara, seu inimigo antigo e o homem que fez a sua esposa trai-lo. —
Deixei as minhas conclusões expostas.
— Mas agora Jerônimo sabe, agora ele tem a prova que eu sou El
Fantasma e que estou vivo. — Alonzo conclui levantando do sofá em um
pulo.
— Bem assim! — Digo bebendo um pouco mais do líquido âmbar.
— Por que você está tão tranquilo, Axel? — Ângelo pergunta fazendo
uma careta descontente.
— Por quê? — Rebato. — Por que não adianta gritar, praguejar aos
quatro ventos sobre os eventos fodidos que acabaram de acontecer. Eu tive
que segurar a minha mulher grávida enquanto ela urrava de sofrimento pelas
mortes terríveis dos seus pais gentis. Aguentei isso tudo, e vou aguentar mais.
E sabe por que, Gutierrez? — Ângelo ficar quieto pela minha pergunta
repentina. — Por que é nesses momentos que você tem que ser frio e
fodidamente calculista. Isadora não precisa da minha raiva, o que ela tem
dentro dela é o suficiente, o que ela precisa é que eu seja a arma dela e é
assim que eu vou ser. Eu vou matar Jerônimo Braganza nem que para isso eu
tenho que ir para o inferno junto com ele.
— Obrigada por isso, querido! Eu sempre soube que podia contar com
você — Sou surpreendido pela voz de Isadora atrás de mim.
— Mi estrellita! — Alonzo vai até Isadora e a abraça. Minha menina
não recua do seu abraço e passa o braço a sua volta. — Oi pai! — responde
surpreendendo Alonzo que fica sem palavras e a abraça com mais força.
— Lamento não poder estar aqui para ti. — Alonzo diz e posso ouvir o
lamento na sua voz.
— Tudo bem, eu não estive sozinha. E você está aqui agora, certo? —
Isadora fala e vejo que sua voz começou a embargar.
— O que está fazendo aqui? Você deveria estar dormindo. — Falo e ela
solta um suspiro, ajeitando os seus óculos com o dedo indicador após se
afastar de Alonzo.
— Eu não consegui ficar sozinha. — Confessa ela.
— Vem aqui! — Chamo e após um aceno com a cabeça ela vem até
mim e senta no meu colo. Enterrando a sua cabeça no meu ombro.
— Você está bem, Hermanita? — Ângelo pergunta com cautela.
— Não, meu irmão, mas eu vou ficar com o tempo. — Ela responde
dando um sorriso triste.
— Você precisa de um tempo, Isa! — Ângelo fala, mas a minha
menina nega com a cabeça.
— Não, eu não preciso de tempo, o que preciso é ver Jerônimo
Braganza sofrer por todo mal que ele nos causou. E principalmente por
assassinar os meus pais. — Ela diz com firmeza, apertando sua mão no meu
ombro.
Vejo a veracidade das palavras de Isadora. Estava certo para quem
quiser ver que ela não iria ficar parada e deixar com que aquele que bagunçou
dia vida de uma maneira tão suja saia impune. Ela quer vingança, e eu com
certeza estarei com ela por todo caminho para poder dar a ela a satisfação de
fazer esse Colombiano infernal pagar com todos os tipos fodidos de juros o
que ele lhe causou.
— Então temos que bolar um plano, porque como já sabemos meu pai
está sempre um ou dois passos à frente. — Ângelo comenta.
— Eu não preocupe irmão, eu sei exatamente o que fazer para poder
fazer com que Jerônimo pague por tudo. — Isadora fala e eu franzo o cenho.
— E como seria esse plano, mi hija? — Alonzo pergunta com
curiosidade.
— Faremos o império do Cartel De Ângelis entrar em colapso, fazendo
assim com que Jerônimo perca aquilo que ele mais ama... o poder. — Ela diz
com confiança e eu não pude deixar de ficar atento às duas palavras.
— Você não entende, Isa. O cartel do meu pai é muito forte e sólido,
não vejo como isso acontecer. — Ângelo fala e nega com a cabeça.
— Tem sim! Isso se formos muito precisos. Iremos mexer com as três
coisas fundamentais para que qualquer estrutura fique em equilíbrio. A
primeira o dinheiro, e essa parte é comigo, por que não foi à toa que eu me
formei com honras na faculdade. Eu sou uma hacker muito boa, e não vou
descansar até roubar cada centavo daquele desgraçado. — Ela para e olha
para cada um de nós. — Segundo, vamos fazer com que cada um dos seus
contatos importantes desacredite nele. E para isso acontecer eu vou precisar
de você Ângelo e de você pai. — Ângelo e Alonzo pensam por um tempo
para depois assentir. — E o terceiro é nas suas estruturas. Vamos descobrir
cada propriedade que pertence ao Cartel e vamos fazer o que vocês
mercenário fazem de melhor. Axel, Russel e Earl vocês vão roubar o máximo
de carga do Cartel.
— Puta merda! — Ouço Russel falar.
— Com isso, nós podemos fazer com que Jerônimo seja destronado
para que meu irmão mais velho assuma o seu lugar. Por que se ele quer um
herdeiro, é um herdeiro que ele vai ter. — Isadora fala e seu irmão abre um
largo sorriso.
— Minha nossa, Dorinha, eu não sabia que sua cabeça era tão boa
assim. Foda-se! — Earl exclama animado.
— Nem eu sabia, mas eu farei o possível para que em menos de três
meses Jerônimo perca o máximo de prestígio que ele tem. Ele vai pagar por
tudo de ruim que me fez! — Ela diz entre dentes. — Posso contar com
vocês?
— Eu estou com você, mi hija. — Alonzo diz com firmeza.
— Vamos fazer o nosso melhor! — Ângelo responde concordando.
— Somos família! E a família protege a família. — Russel diz fazendo
Craig e Earl concordarem. Isadora vendo que eu não falei nada, viro na
minha direção.
— E você, querido? Quer tentar fazer isso comigo? — Ela pergunta
meio apreensiva.
— Eu disse antes, querida, e vou dizer novamente se assim for. Eu
estou do seu lado, seja para o que quer que seja. Não importa o que aconteça
eu vou te segurar. Vou sempre te segurar. — Digo as palavras olhando nos
seus olhos bonitos e tristes.
— Obrigada Ax, obrigada por tudo! — Ela me abraça com força e eu
retribuo sem pensar duas vezes.
Eu não sei o que irá acontecer a partir desse momento, mas seja lá o
que for, eu vou dar a Isadora a vingança que ela precisa para seguir em frente.
E faremos isso juntos!
Três meses depois
Passaram-se três meses da morte dos meus pais e desse dia em diante
eu posso afirmar que muitas coisas mudaram. Obviamente a dor de suas
mortes ainda está machucando o meu peito a cada dia que passa, mas eu não
posso ser desonrosa com o último pedido feito pela minha adorável
mãezinha. Ela me pediu para ser feliz, para me apegar às pessoas que se
importam comigo e é isso que eu venho tentando fazer a cada dia. Só que…
só que há algo que ainda me incomoda muito, que é o fato de eu não ter
destruído Jerônimo Braganza com todos os meios que cabem a mim. Eu
decidi me vingar dele naquela noite após o enterro dos meus pais, onde eu
peguei uma parte da conversa de Axel com os outros.
Eu ouvi a voz fria e carregada de ódio de Axel, jurando vingança em
meu nome. Presenciar aquilo foi como se uma chave fosse virada dentro de
mim. A partir disso eu deixei que a minha dor causada pelo luto assumisse
nos momentos certos. Porque era a minha vez de mostrar aquilo que eu sou
capaz, não poderia dizer que era tão fraca ao ponto de entregar seja de qual
jeito for. Sendo assim eu pensei em um plano, plano esse que eu não estava
muito certa de que viria a dar muito certo. Mas que para minha surpresa após
um mês de trabalho constante tendo Axel, meu pai Alonzo, meu irmão e os
outros meninos fazendo que aquilo fosse possível eu me vi ainda mais
empenhada.
Meu plano começou com meu pai, ele usou todo poder, que conseguiu
adquirir com o passar dos anos, para poder fazer com que os contatos mais
importantes de Jerônimo enfraquecem a influência contra o Cartel. Sendo
assim, tanto meu pai quanto o meu irmão viajaram para alguns lugares nesses
meses. Eles tiveram encontros com altas pessoas do submundo, alguns deles
eram mais hostis que outros, mas todos foram conquistados. E sabe o que
levou eles a serem conquistados? Oh sim, é algo muito interessante chamado
dinheiro. Sim, o dinheiro e também a promessa de fazer acordos muitos mais
lucrativos do que o Cartel de Ângelis estava disposto a oferecer.
Aos poucos ficamos sabendo como o Cartel Colombiano foi ficando
sem saída. As drogas e as armas que eles vendiam para alguns outros lugares
não foi mais aceita. E o meu pai e Ângelo começaram a fazer negócios muito
mais lucrativos para eles. É claro que fazendo isso houve uma perda
significativa no direito do meu pai e Ângelo, mas isso não era nada com
relação aos fundos que viriam no futuro. Durante todo este esquema
fantasma, eu conheci Javier Ponce, a imagem e braço direito do El Fantasma.
Tenho que admitir que ele é um homem extremamente bonito, com um
carisma e uma segurança invejável. Ele é um sujeito que sabe o que quer, e é
pra isso que ele foi ótimo nesse esquema.
Meus pensamentos são interrompidos quando ouço uma batida na
porta. Franzo o cenho, tiro os meus óculos e coço os meus olhos antes de dar
autorização para quem quer que seja entre.
— Pode entrar! — Mando enquanto me afasto um pouco do
computador.
— Mi hija? — Ouço a voz de meu pai assim que a porta é aberta.
— Você chegou, pai! — Saúdo dando um pequeno sorriso.
Observo Alonzo Vergara entrar com toda sua aura do homem poderoso
que é, mas que além disso é um homem que está tentando todos os dias
conquistar meu coração. Solto um suspiro enquanto observo ele estender os
braços na minha direção. Sem pensar demais eu seguro suas mãos, o
deixando me erguer para cima. Porque com essa barriga de 31 semanas e
alguns dias, quase oito meses, fica um pouco complicado fazer alguns
movimentos bruscos. O abraço com carinho, mas logo me afastar para que
ele pudesse abaixar e beijar a minha barriga.
— Olá pequeno, está aqui seu abuelo! — Ele diz o vejo esperar com
olhos cheios de expectativas para que possa sentir um chute do bebê em
resposta. Mas nada acontece!
— Desculpa, pai, mas esse bebê aqui tem sua pessoa favorita. — Digo
passando a mão no ombro dele.
O que é a mais pura e cristalina verdade, pois o bebê somente responde
a Axel. Não que ele não se mexa outras vezes, ele se mexe muito, até demais.
Principalmente quando quer chutar minhas costelas ou dar cabeçadas fortes
na minha bexiga. Mas o que digo é em relação a responder, sendo assim não
existe outra pessoa que encontre resposta que não seja o seu papai vilão.
— Eu posso ser sua pessoa favorita também, eu trouxe muitos
presentes da minha viagem. — Ele diz magoado e eu nego com a cabeça.
— Obrigada pelos presentes, mas não precisava se incomodar. — Falo,
mas ele faz um gesto de desdém com a mão.
— Não é incomodo algum, fazer isso me deixa muito feliz. — Ele
sorrir, mas do nada seu sorriso se fecha. — Eu não pude fazer isso por você,
Estrellita, perdi muita coisa de sua vida. Então, por favor, deixe-me fazer isso
pelo meu neto. — O seu pedido causou um aperto no meu peito muito
grande.
— Só não o mime demais, ninguém gosta de criaturinhas mimadas. —
Brinco tentando desviar esse sentimento dentro de mim.
— Não me importo, se você e aquele idiota do Axel se cansarem
podem mandar o netinho para passar uns dias com o abuelito! — Diz e eu
cerro meus olhos para ele.
— Não sei se isso vai acontecer, pai! — Enfatizo e eu dar de ombros.
— Isso é você que está dizendo, estrellita! — Fala de modo relaxado e
logo em seguida solta um sorriso divertido.
Às vezes eu me sinto totalmente culpada por gostar tanto e me senti
muito bem ao lado de Alonzo. Mas daí eu lembro daquilo que minha mãe me
falou no seu leito de morte. Ela sabia que eu poderia fechar o coração para
Alonzo, porque durante toda a minha vida eu somente tive Seu Gene como
meu paizinho. Aquele senhor me ensinou muita coisa, e uma delas é ser
aberta às oportunidades que a vida nos dá. Se Deus colocou Alonzo Vergara
no meu caminho antes que meus velhinhos fossem tirados de mim, então isso
tem que me dizer algo.
Obviamente o amor e gratidão que sinto por meu paizinho tenho
certeza nunca irá acabar. Mas eu… eu posso deixar Alonzo entrar no meu
coração também. E posso dizer de coração aberto, que ele está se esforçando
o máximo.
— Obrigada por estar sempre se esforçando me amá-lo, padre! — Digo
de repente o pegando totalmente desprevenido.
— Oh mi hija! — Ele fala carinhosamente antes de me abraçar. — E eu
farei isso todos os dias, não importa o que aconteça. Não estou querendo
forçar a minha presença em você, mas quero que você me deixe cuidar de
você. Eu sempre te amei, minha filha, mesmo pensando que você estava
morta. E agora que a tenho nos meus braços é como um presente divino dia
céus. — Meu pai fala e eu não posso deixar de sentir meus olhos arderem.
— Ainda dói a partida dos meus velhinhos, mas eu tentarei me dedicar
ao máximo nessa nossa nova relação. Eu só conheci um pai durante a minha
vida toda, mas fico feliz por ter outro a quem me apoiar. — Revelo
sinceramente e seu braços à minha volta me apertam um pouco mais.
— É tudo o que eu quero ouvir, filha. Eu amei sua mãe, eu poderia
morrer por ela, e eu amo você e posso… — Antes que ele termine o que quer
dizer eu o calo.
— Não! Não diga o que você está pensando em dizer aí. — Falo
abruptamente o pegando de surpresa.
Não, eu não vou permitir que ninguém mais morra por minha causa.
— Lo siento, não é minha intenção deixá-la nervosa. — Diz ele
naturalmente vendo a minha expressão de pânico.
— Não pense em morrer, pai. Eu não posso aceitar isso. — Aviso entre
dentes.
— Ei, ei, já passou! Desculpa, por falar coisas sem pensar. Se acalme,
sim? Pense no bebê, tudo bem? — O tom de voz de sua voz é calmo, e isso
fez com que eu me acalme também.
— Tudo bem, mas por favor, não diz mais isso. — Falo amuada e ele
nega rapidamente.
— Não, claro que não! — Exclama com os olhos amplos.
— Obrigada, pai! — Agradeço o vendo soltar um suspiro.
— Venha cá, me dê outro abraço! — Chama ele e eu vou sem
pestanejar.
Fico mais um pouco com Alonzo até que ele avisa que precisa se
preparar para a invasão que ele fará junto com Axel ao Cartel de Ângelis.
Isso faz o meu coração bater mais rápido dentro do meu peito. É hoje! Hoje
vamos acabar com tudo isso, eu só preciso terminar de fazer o que tenho que
fazer. Já que todos os outros estão fazendo os seus trabalhos, então é minha
vez de encerrar com isso também. Passei a maior parte do tempo aqui
trancada dentro desse escritório, montado por Axel para mim, onde tem todo
o tipo de equipamento de ponta para que eu pudesse usar o máximo do meu
conhecimento para roubar cada centavo de Jerônimo.
O programa que eu havia criado antes era pouco invasivo, mas após
alguns upgrades em alguns códigos aqui e ali ele se transformou em uma
incrível arma do mal. Consegui invadir algumas pequenas contas fantasma
que pertenciam ao Cartel. Retirei tudo o que eu podia encontrar, e é claro que
para descobrir sobre essas contas eu usei da ajuda de Ângelo. Mas a maioria
da ajuda veio mesmo foi da Lara. Sim, isso mesmo! A minha melhor amiga
está me ajudando nessa vingança também, agindo de um modo que não posso
ser pega. E eu só tenho a agradecer isso a ela, porque se não fosse assim não
sei se poderia encontrar as empresas que o pai dela é responsável.
Ainda me lembro do dia que eu me permiti finalmente atender as suas
ligações. Desde a morte dos meus pais eu havia ignorado Lara com tudo de
mim, mas logo percebi que eu estava sendo uma idiota depressiva.
Inconscientemente eu estava culpando a minha amiga por algo que ela não
tem nada a ver. Confesso que me senti uma tola por completo quando atendi
a ligação e ouvi o seu soluço do outro lado. Lara amava meus pais também,
assim como eles a amaram também. Eles a acolheram como uma sobrinha e
estavam orgulhosos por ela ser minha amiga. Sendo assim eu me desculpei
com ela no mesmo momento enquanto ela dizia o quanto sentia muito pelo o
aconteceu.
Então nós duas choramos juntas por um longo tempo. E após o choro
cessar ela avisou que estava abandonando sua família de louco e estava vindo
até mim. Mas eu avisei a ela sobre a minha vingança, porque eu não poderia
deixar Jerônimo se safar pelo o que fez. E avisei que não envolveria seus
pais, por serem seus pais e nada mais. Ao me ouvir falar isso Lara se propôs a
me ajudar. Ela disse que faria de tudo para me ajudar, e eu tentei persuadi-la,
mas não teve jeito. Agora eu estou aqui, pronto para invadir uma enorme
conta de Jerônimo e eu não vejo a hora de vê-lo tão desesperado a ponto de
enlouquecer.
Você vai cair seu desgraçado, eu vou fazer você perder tudo! Vou fazer
você sofrer com a perda de algo que tão significativo para você, assim como
meus pais eram para mim!
Juro mentalmente após estar sozinha novamente, já que faz um tempo
que meu pai saiu e eu voltei a trabalhar na queda do imperador das drogas.
— Minha menina? — Ouço a voz de Axel atrás de mim e dou um
pequeno pulo de susto.
— Nossa, Ax, você me assustou! — Digo colocando a mão no peito.
— Eu sou tão feio assim, querida? — Pergunta cruzando o braço na
altura do peito.
— Nunca! Jamais! Você é sexy como um inferno! — Digo rapidamente
observando ele dar o seu sorriso fantasma. — Eu que sou uma porca gorda
agora! — Falo sem pensar observando sua expressão escurecer.
— O que diabos você acabou de falar? — Axel pergunta com irritação.
— Oh Ax, vamos admitir aqui! Olha o tamanho dessa barriga. —
Aponto para a minha pança sentindo o bebê começar suas acrobacias só por
que está ouvindo a voz do pai. — Não é hora de você ficar a favor do seu pai,
ele está querendo brigar com a mamãe. Me ajude bebê! — Falo com o bebê
que continua agitado.
— Eu já disse que não falta de ouvir você se autodepreciar Isadora.
Você é linda, porra! — Diz com firmeza. — Repita! — Manda e eu reviro os
olhos. — Isadora!
— Oh está bem! Eu sou lindona! Está bom assim? — Falo derrotada
jogando os braços para cima.
— Não foi tão sincero, mas eu gosto do som disso! — Ele diz e vem
andando até mim.
— O que você está fazendo? — Pergunto com desconfiança quando ele
tira os meus óculos de mim e puxa minha cadeira.
— Estou tirando você desse lugar. — Axel fala seriamente e eu
arregalo os olhos.
— Não, Ax! Está faltando pouco, eu ainda tenho muito trabalho a
fazer! Eu não posso sair daqui agora! — Falo desesperada tentando evitar que
Axel me obrigue a sair daqui.
— Eu não posso mais tolerar isso, Isadora! Você está se matando, se eu
não venho carregar você para fora você não se alimenta direito e não faz nada
por você. — Axel briga em tom obscuro e eu me encolho um pouco, tendo a
noção de que ele está certo.
— Ax, só falta uma única conta para conseguir tudo! — Falo em tom
suplicante. — Você e os outros estão dando tudo de vocês, me deixe fazer
minha parte. — Digo com amargura e a sua expressão amolece um pouco.
— Você está se sobrecarregando, minha menina. Você está com
praticamente oito meses de gravidez e só está definhando. Eu não posso mais
permitir que você faça isso, Isadora. Não pense mais em você, em mim ou na
vingança, pense nesse monstrinho no seu ventre. — É impossível não enrugar
o nariz cada vez que Axel chama nosso bebê de monstrinho.
— Não chame nosso bebê assim. — Reclamo apontando o dedo na sua
direção.
— É meu modo de ser carinhoso, não julgue! — Ele diz
tranquilamente.
— Se você diz. — Resmungo, mas logo penso no que ele acabou de
falar. — Acho que você está certo. — Digo cabisbaixa, mas ergo a cabeça
novamente quando sinto sua mão no meu queixo.
— Você tem que descansar, minha menina. — Axel fala olhando nos
meus olhos. Não posso deixar de sentir meu coração bater forte quando seus
olhos negros como a noite sem estrelas me encaram desse jeito.
— Tudo bem, vou fazer o que você diz. — Digo com a voz baixa.
Abrindo mão da minha obsessão por um tempo.
— Essa é a minha menina! — E com isso ele me levanta da cadeira e
me puxa para seus braços.
Enquanto estou sendo acalentada pelo homem que amo, eu lembro de
algo e o meu corpo ficar rígido.
— Que hora você está saindo? — Indago sentindo minha voz tremer
um pouco.
— Mais tarde, mas não pense muito nisso, tudo bem? — Pergunta e eu
confirmo apertando mais seu corpo contra o meu. — Venha, querida, vamos
tomar um banho juntos! — Axel fala e logo está me carregando no colo.
Deus, ser carregada e estar grávida desse jeito é muito desconfortável.
Penso, mas como sei que Axel é forte e não vai me deixar cair eu o
deixo me levar. Não falo nada somente deito no seu peito, percebendo o
quanto é bom ouvir as batidas do coração de Axel. Ela me relaxa totalmente,
me faz acreditar que eu não estou sonhando e que ele está aqui ao meu lado.
E que mesmo ele indo, eu sei que ele voltará. Fecho os olhos me deliciando
com esses pensamentos, mas ele logo foram deixando para escanteio no
momento que chegamos no banheiro. Axel me colocou no chão e foi logo
tratando de tirar as suas roupas. Quando meus olhos foram para seu corpo, eu
sinto minha boca secar, dei uma boa olhada sem ter necessidade de me sentir
tímida por fazer isso.
— Se você continuar a me olhar dessa maneira eu não vou conseguir
me conter, minha menina. — A voz rouca de Axel aumentou a minha libido,
fazendo o meu clitóris pulsar e a minha calcinha molhar.
— Eu não preciso da sua contenção, Axel. Eu preciso de você! — Falo
de modo arrastado, me sentindo embriagada de prazer.
Em um piscar de olhos Axel estava em cima de mim, mas ele não
avançou de modo descontrolado. Não, ele foi gentil, me pressionando contra
a parede enquanto vagarosamente descia a sua boca contra a minha. O nosso
beijo foi deliciosamente gentil e perigosamente gostoso, deixando os pelos de
todo o meu corpo arrepiarem e a minha coluna enrijecer. Nesse mesmo
instante eu tive o desejo de não ter essa barriga grande entre nós, porque eu
adoraria poder tocar o meu corpo contra o dele livremente. Sinto sua boca
largar a minha e ir direto para o meu pescoço, no mesmo momento que uma
das suas mãos acaricia vagarosamente os meus seios.
— Eu adoro como você está sensível, esses seis gemidos leve são uma
perdição para mim. Você é sempre uma perdição para mim! Porra! — Axel
fala entre dentes e eu fecho os olhos, me concentrando em como seu cada
toque seu reacende uma chama dentro de mim.
— Me toque Axel, me toque mais! Eu preciso disso! — Peço gemendo
logo em seguida.
— Eu quero te machucar! Quero sentir a sua pele quente sob a palma
da minha mão. Quero foder sua boca com força, deixando você sem ar no
processo. Quero que você grite que é minha enquanto fodo essa sua bunda
gostosa e virgem. — Axel diz cada palavra no meu ouvido e meu corpo
estremece.
— Faça isso Axel, eu confio em você! Me foda! — Peço descontrolada
o fazendo soltar um som de puro contentamento.
— Minha adorável menina! — Axel fala e desce sua mão até a minha
calcinha. — Molhada, hum? — Pergunta e eu assinto inconscientemente.
— Pra você! Somente para você! — Digo alto sentindo seu dedo
esfregar preguiçosamente o meu clitóris. — Axel, não me provoque!
— Ainda não, minha menina! Teremos muito tempo no futuro, mas
agora eu vou ser gentil com você. Vou afundar meu pau em você e fazer você
gozar. Você quer isso? — A sua voz rouca está me deixando mais e mais
enlouquecida.
— Sim, faça isso! Me foda já! — Mando segurando sua nuca com
força.
— Tão mandona! — Diz arrogante, voltando a beijar minha boca.
Mas dessa vez o nosso beijo é mais intenso, e fazendo gemer alto
quando sinto uma leve mordida boa nos meus lábios inferiores. Axel me
coloca sentada na bancada do banheiro, mas não antes de tirar toda a minha
roupa me deixando nua a sua mercê. Suas mãos tateiam meu corpo, e eu
aproveito isso para descer minha mão em direção ao seu pau alongado e
grosso. É tão gostoso! Tudo nesse homem é extremamente gostoso. Eu o
quero agora, quero ele tocando em meu corpo para sempre.
— Segure firme da bancada, minha menina! — Pede ele tirando na
boca do meu seio.
— S… sim! Ahhh! — Gemo apreciando sua língua brincar com o bico
do meu peito. Eu estou tão sensível!
Seguro a bancada com força, fazendo exatamente o que ele me pediu. E
quando Axel larga o meu seio para me preencher com o seu pau eu vou ao
céu no mesmo instante. Inclino o meu corpo para trás, sem tirar os olhos do
rosto lindo desse homem à minha frente. É tão bom olhar para ele assim, faz
com que eu me sinta especial e desejável. Te Axel dentro de mim me faz
esquecer de tudo, toda a tristeza, todo o rancor e principalmente todo o medo
que venho escondendo atrás de todo trabalho duro. Aqui e agora só existe eu
e ele! E foi entregue a todo desejo que eu acabei gozando sem nem ao menos
me dar conta. Gemi alto, tirando minhas mãos da bancada para poder
alcançar o corpo dele com força.
— Ahhh... Axel! — Digo trêmula.
— Você é linda gozando, você é mais gostosa ainda gemendo meu
nome assim. — Ele diz entre dentes para logo em seguida gozar dentro de
mim.
Tão bom! Isso é… isso é o céu!
Após nos recuperarmos Axel me carrega novamente no colo e me leva
para tomar banho. Eu ainda estou mole pelo pegamos maravilhoso que ele me
causou, sendo assim eu me encosto da parede do banheiro e deixo com que
ele me lave. Axel parece gostar dessa tarefa e faz sem nem ao menos
reclamar. Oh sim, ele é um homem que gosta de cuidar de mim. E será que eu
odeio? Obviamente que não! Depois de estarmos banhados, Axel pegou um
lanche leve para mim e me obrigou a comer um pouco. Olhei feio para ele
porque tudo o que eu queria nesse momento era dormir, mas mesmo assim
terminei de comer. Agora tenho o braço forte de Axel envolta da minha
cintura, e eu me acalmo com a sua respiração quente na minha nuca.
— Que horas você está saindo? — Pergunto com a voz baixa.
— Antes do amanhecer! — Responde e eu fecho os olhos com força.
— Eu vou vê-lo antes disso? — Questiono roucamente.
— Não! — Diz com firmeza.
— Você vai voltar para mim, não é? — Questiono tentando esconder o
meu nervosismo.
— Sempre, minha menina! Eu sempre volto para você! Quando você
menos imaginar eu estarei de volta. — Diz e eu confirmo com a cabeça.
— Tome cuidado, está bem? Volte para nós dois, porque nós amamos
você! — Declaro e ele aperta seu braço sobre mim.
— Durma minha menina! — Manda beijando minha nuca e cheirando
meus cabelos logo em seguida.
Faço o que ele diz sonhando com o dia que eu ouvirei a sua resposta
para o meu eu te amo.
Faz exatamente duas semanas que venho aqui todos os dias, sento nessa
mesma cadeira e fico velando o coma profundo que a minha menina se
encontra nesse momento. Todos os dias eu tenho a esperança de que ela irá
abrir seus lindos olhos para mim, que vai me dar o mesmo sorriso brilhante
toda vez que estivermos juntos. Mas infelizmente nada disso acontece, e eu
me sinto a beira de um fodido abismo. Me sinto a porra do homem mais
impotente do mundo, porque por mais que eu faça promessas e mais
promessas que eu irei protegê-la, eu nunca consigo fazer isso exatamente.
Diabos! Se fosse assim, Isadora não estaria aqui, se recuperando de todos
machucados deixados por aquele Colombiano de merda.
— Você tem que se recuperar logo, Isadora. Você sabe que não sou um
homem bom ou paciente, mas por você eu faço qualquer coisa. Porra! Então
acorde no seu. — Digo apertando sua mão contra o meu rosto.
Ouço um toque na porta, ergo minha cabeça para dar de cara com
Alonzo entrando pela porta. Nossos olhos se encontram e eu consigo ver a
tristeza nos seus olhos. Sem dizer qualquer palavra ele vem até a Isadora
inconsciente.
Agora que tenho a minha filha eu não consigo imaginar passar pelas
mesmas coisas que Alonzo Vergara passou no passado. É até um grande
alívio sentir esse aperto do peito quando penso nisso, por que só prova que eu
estou longe de ser parecido com um fodido do meu pai. Inferno, não me vejo
querendo mais nada da Maria Esther do que o seu amor. É algo que eu
necessito além da explicação, e agora que isso aconteça eu farei diferente de
tudo o que recebi na minha infância. Agora eu tenho noção de coisas que eu
não sabia antes. Quanta ignorância essa minha!
— Nunca pensei que eu iria dizer isso alguma vez na minha vida. Mas
fico feliz que você esteja ao lado delas. — Alonzo diz e eu franzo o cenho.
Não digo mais nada a Alonzo e saí do quarto de Isadora para deixá-los
à vontade. Caminho em direção ao berçário, pois eu necessito ver se a Maria
Esther está bem. Assim que chego no corredor eu encontro Ângelo, Craig,
Earl e Russel olhando para minha filha através do vidro. Uma onda de ciúmes
toma conta de mim, mas faço de tudo para deixar isso de escanteio. Se
Isadora souber que quero muito afastar os olhos desses babacas da nossa
filha, tenho certeza que ela chutaria minha bunda e me chamaria de louco.
Cerro os punhos e vou me aproximando deles.
— O que fazem aqui? — Pergunto, não consigo evitar que minha voz
saísse rude.
—Ei, chefe! — Russel diz e vejo o seu largo sorriso. — Estamos aqui
para ver a nossa sobrinha. — Ele termina fazendo Ângelo e Craig o fuzila
com olhar.
— Não sei onde você tirou que ela é sua sobrinha. — Ângelo solta com
raiva
— Nunca defendo esse porra louca, mas dessa vez eu fiquei ofendido.
Eu também sou o titio legal da princesa Maria Esther! — Earl diz apontando
para minha filha através do vidro.
E a única coisa que quero é matar cada um deles no momento, mas não
quero que minha filha veja o sangue desses idiotas.
— Não se engane, ofereci por causa de minha mulher, não por você,
seu traficantezinho de merda. — Reforço normalmente e isso o faz rir.
— Meu Deus, eu sempre achei minha irmã uma santa, mas agora eu
vejo que ela faz milagres de verdade. — Ângelo brinca e eu quero afogá-lo
no seu próprio sangue.
— Earl, tire Ruse daqui antes que eu atire nele aqui mesmo. — Peço e
o loiro rir antes de puxar o mexicano louco junto com eles.
— Sim, ela mesma veio me dizer. — Conta com um tom de voz mais
leve. — A pequena Lara não me deve nada, esse noivado foi entre os inúteis
dos nossos pais. Sendo assim, ela é livre para fazer da sua vida o que bem
desejar. — Conclui.
— Sim, isso foi há uma semana, mas eu não pensei muito sobre isso no
momento até que ela veio ontem me pedir a mesma coisa. Ela não me alegou
o motivo do pedido, mas vi que ela está levando muito a sério. — Contei
dando de ombros. — E com relação a aceitar eu não sei ainda, tenho coisas
para arrumar primeiro. — Falo superficialmente e Ângelo confirma com a
cabeça.
— Entendi, mas seja como for, cuide dela! Lara é uma boa garota! —
Ângelo pede e eu confirmo.
Depois disso Ângelo saiu, mas não antes de apertar meu ombro e
agradecer por cuidar da sua irmã e sobrinha. Ignorei o seu agradecimento, já
que essa era a minha família e era o meu dever cuidar das minhas garotas.
Observo Maria Esther dormir tranquilamente, e ao vê-la bem e saudável uma
onda de satisfação toma conta de mim. Mas o meu momento foi interrompido
por meu irmão.
— Que você iria ser um pai muito foda, e principalmente que você é
diferente do lixo do nosso pai. — Certo os punhos ao ouvir suas palavras.
— Claro que vai, e eu sei disso por que sou seu irmão seu idiota. —
Craig diz dando um sorriso idiota.
— Você sabe que sim, e tenho certeza que os outros dois pensam da
mesma forma. — Craig diz falando de Russel e Earl.
— Por vocês, minha menina, por vocês eu faço o que quer que seja. —
Digo deixando um beijo na sua testa antes de virar de costas e pegar o meu
celular no bolso interno do meu blazer preto.
— Axel, que bom que você ligou! Esperava ansiosamente pela sua
chamada! — Bennett fala com satisfação.
— Ainda não, tenho coisas mais importantes para cuidar agora. Mas
assim que possível estarei aí! — Com isso eu desliguei a ligação.
Aperto o celular com força entre meus punhos, farei o que for melhor
para manter a luz das mulheres da minha vida sempre brilhante.