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Capítulo

1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6.
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Epílogo
Agrdecimentos


— Não vamos embora deste bar até você beijar alguém — Payton diz isso
como se estivéssemos no meio de uma conversa sobre eu beijar alguém. E não
estávamos.
Assinto mesmo assim, porque somos melhores amigas e estou acostumada
ao seu jeito repentino.
— Então você quer que eu beije alguém, depois podemos ir embora? —
Coloco meu copo no balcão do bar e me viro um pouco no assento, como se
analisasse o ambiente para procurar opções. Não estou analisando, não de
verdade, mas fico feliz em brincar com isso.
— É. Assim que você tiver pelo menos beijado alguém, podemos ir
embora.
— Pelo menos beijado? — Eu me volto para ela, rindo. — Até onde quer
que eu chegue? Em um bar? Com um estranho?
Estou rindo porque essa conversa é ridícula, mas ainda assim… a ideia me
atrai. A ideia de que eu posso escolher qualquer homem do bar e pedir que ele
me beije. Ou talvez até que me agarre no corredor. Talvez ele assuma o comando
e me pressione contra a parede. Coloque o joelho entre minhas coxas enquanto
me beija na mandíbula, e depois cubra meus lábios com os dele.
É, isso é estranhamente específico. Coloco uma mecha de cabelo atrás da
orelha e permito que meus olhos vejam, além de Payton, os dois homens
sentados do outro lado dela. Eu estive discretamente os observando a noite
inteira. Um deles tem sotaque britânico. Está bêbado e obcecado com uma
mulher com quem acabou de terminar. Ou que terminou com ele — não tenho
certeza e não me importo realmente. O objeto do meu desejo é o cara número
dois.
O cara número dois é perfeito. Tão perfeito, que nem consigo olhar para ele
diretamente, por isso os olhares discretos. É completamente fora da minha
alçada. Cabelo escuro despenteado, com uma onda. Perfeitamente cortado, e eu
simplesmente sei que seria macio sob meus dedos, e não cheio de produto
seboso de cabelo. Ele tem pelos faciais aparados, como se ele não conseguisse
decidir entre uma barba por fazer e uma barba de verdade; e os olhos castanhos
muito escuros, que me deixam com falta de ar quando encaram os meus. Seus
antebraços são bronzeados e delineados com músculos. Eles serão o foco das
minhas fantasias por, no mínimo, um mês.
Ele esfrega a ponta do polegar na ponta do dedo indicador enquanto seu
amigo fala, mas não de um jeito ansioso. Lentamente, como se fosse algo que ele
fizesse quando pensa, ou talvez seja algo que faz quando escuta. Suas unhas são
curtas e bem cortadas. Eu chutaria, com base em suas mãos, que ele trabalha em
um escritório, mas, diante do que posso ver de seu corpo, seu hobby é a
academia.
Seu dedo indicador se esfrega de novo, devagar, em seu polegar, e ah, Jesus
amado, estou imaginando algo totalmente diferente agora.
Preciso transar.
— Você precisa transar — Payton diz no exato instante em que o olhar do
homem se ergue do balcão do bar até meus olhos.
Morro dez mil vezes, mas Payton não percebe que acabei de morrer, então
continua falando sobre encontrar alguém para eu beijar antes de irmos embora.
Os olhos do sr. Perfeito ainda estão em mim.
— Eu cuido disso — ele diz.
Oh, meu Deus. Espere, ele está falando comigo? Isso está acontecendo?
Com certeza entendi mal. Entendi errado. Ele está conversando com alguém
atrás de mim, ou com o garçom ou com o cara britânico bêbado. Dou uma rápida
olhada por cima do ombro para ver quem está atrás de mim.
Não tem ninguém atrás de mim.
— Eu cuido disso — ele repete, e, por um segundo, meu cérebro sofre um
curto-circuito.
É um sim, é o que estou pensando. É um sim. Aonde vamos beijar? Não
quero que seja aqui, seria estranho. Não acho que deveríamos ir para a casa dele,
ele é um completo desconhecido. Ele poderia ir para minha casa. Isso. Payton
poderia passear na Target, ou algo assim, e nos dar privacidade. Penso se ele vai
se importar que só tenho uma cama de solteiro. Sabia que deveria ter comprado
uma cama maior, mas era mais dinheiro, e meu quarto é minúsculo — e eu
precisava de espaço para minha máquina de costura. Puta merda, isso vai
acontecer. Esse homem, que é gostoso demais para se olhar diretamente, quer
transar comigo.
Pisco e, então, ele termina de falar com um sorrisinho no rosto:
— Eu te beijo.
Oh. Certo. Não é como se ele estivesse tão atraído por mim — uma mulher
aleatória em um bar —, que quisesse fazer sexo comigo baseado em nada mais
do que ouvir minha amiga dizer que preciso transar. Burra. Sou muito idiota. Até
parece.
— Ela aceita — Payton diz e me expulsa do meu banquinho.
Na verdade, ela realmente me empurra, uma cena parecida com o que
imagino que mães façam com os filhos no primeiro dia de escola ao colocarem
as crianças para fora pela porta da frente. O homem se vira no banquinho, e o
observo me analisar agora que estou em pé. Seus olhos sobem lentamente por
minhas pernas nuas, e eu quero matar Payton por me trazer para esse bar.
Acabamos de passar o fim de semana nos mudando para nosso novo
apartamento e pensei que fôssemos sair para comer um hambúrguer, então estou
de short jeans e uma blusinha. Eu deveria ter percebido. Assim que saímos do
apartamento, Payton insistiu que precisávamos ver o que rolava ali, e aqui estou
eu, de short, com meus joelhos ossudos, observando um homem que parece
mandar em tudo me analisando.
Flexiono um joelho e bato os dedos no pé no chão enquanto penso se ele
estava mudando de ideia, mas então ele se levanta. Presumo que vá se aproximar
e me beijar bem ali, diante de todo mundo, mas não o faz. Em vez disso, ele para
à minha frente. Preciso jogar a cabeça para trás, a fim de encontrar seus olhos,
porque ele é meio metro mais alto que eu. No máximo, minha cabeça chega em
seus ombros.
Ele usa jeans e mocassins, com uma camisa com a manga enrolada até os
cotovelos. Desconfio que seus sapatos custem mais do que qualquer coisa que
possuo. Sinceramente, isso também vale para a calça e a camisa. Estou lutando
contra o desejo de enfiar as mãos nos bolsos de trás e me encolher sob seu olhar
quando ele fala.
— Como se chama?
— Lydia.
— Lydia — ele repete com os olhos nos meus.
Ouvi-lo dizer meu nome deve ser algum tipo de preliminar para mim,
porque meu coração está prestes a sair do peito. Sua voz é baixa e tranquila,
autoritária e sexy pra caramba.
— Aqui não — ele declara e pega minha mão na dele.
Sua mão está quente, envolvida na minha, e o simples contato provoca
arrepios em minha pele. Então ele se move, minha mão na dele, conforme nos
guia para além do bar.
— Brady, vou usar seu escritório por um minuto — ele grita para alguém
atrás do bar. Não para, a fim de esperar uma resposta, e, um instante mais tarde,
estamos sozinhos.
A primeira coisa que vejo é que o escritório é melhor do que eu esperava
para um bar. Há uma mesa grande arrumada, com um notebook fechado em cima
e uma única caneta ao lado. Um divã de couro com um ar caro, mas bem usado,
se encontra ao longo da parede.
A segunda coisa que percebo é o silêncio. Não era excessivamente
barulhento no bar, mas, por trás de uma porta fechada, percebo o quanto esse
escritório é silencioso sem o som de gelo e o encontro de garrafas. Apenas nossa
respiração e a batida do meu coração ecoavam em meus ouvidos.
Esse é todo o tempo que tenho para observar, porque ele se vira para me
encarar e ergue meu queixo com a ponta de seu dedo. Ok, chega de observar. O
cheiro dele é maravilhoso. Tem cheiro de alguém em quem quero me deitar com
a cabeça apoiada no peito enquanto ele enrola mechas de meu cabelo em seus
dedos. Sei que isso não é tecnicamente um cheiro, mas acredite em mim. Ele tem
cheiro de roupa limpa e especiarias e virilidade. Quero subir nele.
Seus olhos estão baixos, seu olhar se move de meus olhos para meus lábios
e volta com uma confiança calma. Não percebo que estou prendendo a
respiração até ele me lembrar de respirar. Sua expressão é uma combinação de
excitação e diversão.
Respiro e molho os lábios com a língua. Resisto a me balançar, mas quase o
faço. Há um sinal de sorriso em seus lábios quando ele segura minha mandíbula
com uma mão, a outra, se apoiando em minha cintura. Sua mão é tão quente
através do fino tecido de minha blusinha, que quase parece encostar em mim
diretamente. Então ele abaixa a cabeça em direção à minha e me beija.
Suavemente. A mão em minha cintura permanece ali. A pressão de seus
dedos é firme, segura. Uma âncora desnecessária, mas bastante apreciada,
porque não vou a lugar nenhum. Coloco a palma das mãos em seu peito,
emocionada com a sensação do tecido pressionado contra a ponta de meus
dedos. Com a firmeza de seu corpo, seus músculos e seu calor.
Seus lábios deixam os meus, mas apenas o suficiente para ele inclinar um
pouco a cabeça, e depois pressioná-los nos meus de novo. Seu polegar acaricia
minha face, e eu murmuro, ou gemo, em resposta. Não sei qual dos dois, mas
sou recompensada com outro beijo suave conforme seus lábios persuadem os
meus a se abrirem. Seus pelos faciais pinicam minha pele, e isso só me excita
mais. O leve arranhar contra minha pele faz minha atenção se focar em seus
lábios, em sua força, na potência de seu efeito em mim. Ele mordisca meu lábio
inferior entre os dentes e, então, me beija de novo; a pressão mais firme, as
línguas se encontrando, meus joelhos cedendo e o coração acelerando.
Quando ele se afasta, precisa me equilibrar, porque me inclinei tanto para
ele, que teria caído sem o apoio. Estou sem fôlego, como se tivesse acabado de
correr em volta do prédio. Com exceção de passar o polegar em seu lábio
inferior, ele parece não ter sido afetado. Ele dá um passo para trás e faz outra
análise lenta de mim, da cabeça aos pés, e eu me pergunto o que ele vê. Será que
vê uma mulher pela qual se sente atraído? Ou uma garota que ele beijou como
um favor? Ele parece centenas vezes mais centrado do que eu.
— Você teve seu beijo. Pode ir para casa agora, boa garota.

O fim de semana passa em uma névoa de caixas de papelão de nossa


mudança sendo abertas e descartadas no lixo reciclável do condomínio de nosso
apartamento. Idas à Target para diversos suprimentos e WinCo para
mantimentos. Descobrir Del Taco pela primeira vez e provar quase tudo do
cardápio de até um dólar deles. O tempo todo, eu revivo aquele beijo em minha
mente, de novo e de novo.
Amanhã, começo em meu primeiro emprego. Bom, não meu primeiro
emprego, claro. Tive empregos, muitos deles. Empregos de verão, empregos
depois da escola, empregos de meio-período.
Mas amanhã é meu primeiro emprego após a faculdade, em período
integral. É meio que uma grande coisa, certo? Um rito de passagem, o primeiro
dia da minha vida adulta.
Estou tão surpresa quanto qualquer um por ser em Las Vegas.
Em um cassino.
Mas, na verdade, cassinos têm um monte de empregos, principalmente
cassinos luxuosos novinhos que nem abriram ainda. O Windsor vai empregar
cinco mil pessoas quando suas portas abrirem no fim deste mês, e eu sou uma
delas.
Eu me formei em Recursos Humanos porque gosto de ajudar. Amo ajudar
pessoas. Payton também gosta de ajudar pessoas, mas ela se formou em
Marketing porque não há graduação em Planejamento de Festas na Universidade
do Estado de Louisiana. Palavras dela, não minhas. Ela gosta de ajudar as
pessoas a se divertir, enquanto eu gosto de ajudar as pessoas com coisas como se
certificar de que seus impostos sejam pagos no prazo. Na infância, eu era o tipo
de criança que preenchia todas as linhas do formulário de encomenda de cookie
Girl Trooper e escrevia o X seguramente no meio da coluna, para que não
houvesse nenhuma confusão entre uma encomenda de cookies de chocolate com
pasta de amendoim e uma de cookies de menta.
Não conhecia Payton antes da faculdade, mas uma vez ela me disse que foi
expulsa das Girl Troopers. Algo sobre um esquema de pirâmide por distintivos.
Nunca conheci a história inteira porque, sem querer, admiti que tinha sido das
Girl Troopers até o fim do ensino médio, e ela riu tanto, que cruzou as pernas e
depois caiu.
Tento manter essa informação para mim agora. Digo, não era algo que eu
sempre compartilhava voluntariamente, simplesmente meio que saiu quando ela
mencionou algo sobre Girl Troopers um dia. E as Girl Troopers preenchiam um
vazio maternal em mim, por ter crescido sem outra mulher em casa. Mas, que
seja, eu arrasava nas Girl Troopers. Vendi 36 mil caixas de cookies em meu
último ano.
Não se preocupe, normalmente guardo esse fato para mim.
A questão é que gosto de seguir regras. Gosto de pôr os pontos nos is e
traços nos tês, então Recursos Humanos é uma área perfeita para mim. Fiz
estágios em Recursos Humanos nos últimos dois verões, então não sou
totalmente nova nisso. É um cargo de entrada, claro, mas estou animada em
trabalhar na área que escolhi.
Quando a ideia de mudar para Las Vegas veio à tona, acho que Payton nos
imaginou morando em um arranha-céu na Strip, mas consegui convencê-la de
que morar na Strip não é exatamente realista para duas garotas com quase uma
década cada uma de financiamentos estudantis, então estamos em Henderson.
Também conhecida como os subúrbios. Nosso apartamento é ótimo. Temos
academia, piscina, um parque de cachorros e quadras de jogos de bocha. Não
tenho cachorro e não conheço ninguém que joga bocha, nem realmente sei o que
é, mas é algo legal de ter. O corretor de imóveis ficou realmente empolgado
sobre isso quando nos mostrou o lugar. Além disso, Del Taco é tão perto, que eu
poderia ir andando até lá se quisesse. Provavelmente não quero, já que está uns
cem graus do lado de fora, mas talvez no outono. Mais importante, é a uns vinte
minutos de carro do trabalho e, por dividir um apartamento de dois quartos, é
financeiramente acessível.
Payton também vai trabalhar no Windsor, já que nós duas tivemos sorte de
sermos contratadas durante uma feira de profissões que aconteceu no campus
durante nosso último ano. Eu cresci em um estado cristão, Tennessee, e fui à
escola em outro, Louisiana, então nunca me imaginei mudando para o centro do
pecado, mas aqui estou. E, até agora, é simplesmente igual qualquer outro lugar.
Normal, na verdade. Legal. Além disso, não há impostos no estado de Nevada,
então posso tentar pagar meu financiamento estudantil gigante muito mais
rápido. Todo mundo ganha.
Minha mente se lembra da noite de sexta-feira. Do bar. Daquele cara. Boa
garota. Por que fiquei tão excitada quando o cara me chamou de boa garota?
Aquele cara. É assim que tenho que me lembrar do homem mais atraente que já
beijei, ou que provavelmente vou beijar, porque não soube de seu nome. Esperta,
não? A hora educada e normal de ter pedido essa informação teria sido quando
ele perguntou o meu. Mas eu perguntei? Não. Estava distraída demais com a
ideia de que ele iria me beijar para pensar em perguntar o nome dele.
Que egoísta, né? Estava tão concentrada em colocar os lábios nos dele, que
nem perguntei seu nome. Nada disso importa. Ele me beijou e me mandou
embora, não foi? Suas últimas palavras ecoam em minha mente repetidamente.
Pode ir para casa agora, boa garota. É uma coisa condescendente de se dizer,
mas seu tom não foi protetor. Foi rude. Baixo. Rouco. Sexy pra caramba.
Estou cansada de ser boa. A única coisa boa em que estou interessada em
fazer com aquele homem é estar de joelhos, com meus lábios envolvendo seu
pau enquanto ele me diz como sou boa. Boa garota, ele sussurraria, e eu iria
gostar. Pelo menos gosto na minha imaginação. Gosto bastante. Há algo bem
atraente em ser chamada de boa quando está sendo muito, muito má. Ou quando
se está pensando em ser má, no meu caso.
Devo ser a vadia menos vadia do país. Sou uma aprendiz a vadia, o que é
meio triste, não é?
Passei meus anos de faculdade esperando me apaixonar pelo cara perfeito.
Não, isso é mentira. Não sou iludida, não existe essa coisa de cara perfeito. Sei
disso, sim. Mas esperava me apaixonar por alguém que valesse a pena. Valesse a
pena entregar minha virgindade. O que foi? Claro que não pensou que tinha
perdido a virgindade no ensino médio. Era muito ocupada no ensino médio, com
os cookies e tudo. Não quero me gabar nem nada, mas aqueles cookies me
mandaram para Costa Rica. Na verdade, foram duas semanas trabalhando em
projetos, então não foi uma viagem de praia nem nada parecido, mas mesmo
assim.
De qualquer forma, eu não tinha tanto interesse em meninos no ensino
médio. Sei que para muitos adolescentes o ensino médio era sobre chegar aos
limites e sair escondido para festas, mas eu não tinha interesse nisso. Festas
soavam perigosas para mim. Coisas ruins aconteciam em festas. Como
socializar. Ou menores beberem. Ambos assustadores. Boas coisas acontecem
quando você estuda e trabalha duro e doa seu tempo para ajudar os outros.
Formar na faculdade e continuar virgem não estava em meus planos. Nem
de perto. É que minha bondade ia longe demais. Eu realmente esperava que
tivesse conquistado o distintivo por perder a virgindade quando me formasse.
Eu me imaginava o tipo de garota que se casaria com o namorado de
faculdade, um casamento dois meses após a formatura. Mas não aconteceu. Não
me imaginava como o tipo de garota que ficaria excitada com um estranho em
um bar. Nunca. Mas aquele homem, ele tinha acordado algo em mim. Luxúria,
eu acho. Não foi somente o beijo, foi ele. A verdade é que eu fiquei observando-
o a noite toda, minha imaginação cheia de coisas que ele poderia fazer comigo.
As coisas que eu queria que ele fizesse comigo.
Como disse, uma aprendiz de vadia. Quem fica sentada imaginando um
estranho em um bar deflorando-o?


Na segunda de manhã, paro no estacionamento do Windsor, com muito frio
na barriga em relação ao meu primeiro dia de trabalho. Payton veio com outro
carro, porque está em um grupo diferente e não sabíamos se terminaríamos na
mesma hora ou não.
Então estou sozinha, assim como uma adulta de verdade, o que sou. Sou
adulta. Sorrio tanto, que tenho que morder a parte interna de minha bochecha
para controlar. Não que seja necessário, estou sozinha no carro, então ninguém
consegue me ver sorrindo como uma idiota.
Batuco a ponta dos dedos no volante conforme sigo as placas que me
indicam as áreas do estacionamento para funcionários. O resort abrirá em menos
de um mês, e novas contratações em massa começarão nas próximas quatro
semanas. Sou contratada para os bastidores, o que significa que não lidarei
diretamente com os hóspedes. Vou desaparecer na seção corporativa do resort na
qual você nunca pensa. Recursos humanos, jurídico, marketing, TI,
contabilidade: é tudo lá dentro, escondido da vista.
Encontrando uma vaga, estaciono e verifico de novo meu batom no espelho
retrovisor, depois tranco o carro e memorizo onde estacionei, para encontrar meu
carro depois do trabalho.
Ok, é isso. Primeiro dia, aí vou eu. Ocorre-me que será um grande ano de
primeiras coisas para mim. Primeiro apartamento de adulta. Primeiro emprego.
Primeiro pagamento do financiamento estudantil.
E vou absoluta e positivamente perder minha virgindade antes deste ano
terminar, então será uma grande primeira coisa para riscar da minha lista de vida.
Não que eu não tivesse tido chance de perdê-la antes, é só que não estava
interessada. Cresci com pais liberais em uma cidade conservadora, e eu fiquei
meio que presa no meio desses dois mundos. Além disso, eu simplesmente não
estava com muita pressa para isso. No primeiro ano, namorei um cara que não
gostava tanto por muito mais tempo do que deveria porque adorava seu gato. E,
não, não é um eufemismo para algo mais legal. Era um gato de verdade. Um
gato enorme, preto, de pelos compridos, com patas brancas como luva, que
atendia pelo nome de sr. McGee, e eu o amava.
O cara, não tanto. Não estou dizendo que tinha razão ou lógica, mas era
isso.
Ainda estava esperando alguma coisa, sabe? Alguma coisa que me fizesse
ter vontade de rasgar a calcinha, e esse sentimento nunca veio. Mas, que seja,
este é meu ano de rasgar a calcinha. Ou talvez seja meu ano de tirar a calcinha?
Provavelmente não vou rasgar minha calcinha, vou? Não, seria esquisito. Vou
tirá-la, com certeza. Estou aberta para um cara rasgá-la de mim, mas nunca usei
o tipo de calcinha que se rasgaria sob as mãos de um homem.
Caramba. Eu preciso de calcinha nova. Se este é meu ano, vou precisar da
calcinha adequada para quando acontecer. Faço uma nota mental para me dar de
presente novas calcinhas quando receber meu primeiro pagamento. Outro
primeiro! Meu primeiro pagamento como adulta! Uhuuu!
Entro no prédio pela entrada de funcionários, confiante de que embarcarei
no melhor ano da minha vida.
Uma hora mais tarde, tenho certeza disso.

Eu o vejo enquanto estou no tour pelo resort. Aquele cara. Aquele da outra
noite, que me beijou, mas cujo nome não peguei. Ele é simplesmente tão perfeito
quanto eu me lembrava. Faz meu coração acelerar e meu pulso bater ainda mais
rápido do que eu me lembrava. Puta merda, acho que ele deve trabalhar aqui. O
que, basicamente, significa que vou dormir com ele, certo? Certo. Vai acontecer,
certeza. É para acontecer. Está escrito. É o destino.
Se ele estiver interessado, claro. Mas ele me beijou, então deve estar
interessado em transar comigo. Eu acho. Não sei muito bem como funciona para
homens. Eu tinha beijado homens com quem não queria dormir, obviamente,
mas acho que homens são menos exigentes do que mulheres. Não são? Deus,
espero que ele seja menos exigente do que eu, porque ele é o cara certo.
É com ele que gostaria de transar, não o cara certo, certo mesmo. Não, claro
que não. Não sou tão louca que já estou planejando casamento e filhos com um
homem que não conheço baseado em um beijo perfeito. Ainda quero me
apaixonar pelo homem perfeito, quem quer que seja, e viver feliz para sempre
com ele. É só que não sei quando ele chegará, esse cara. E se eu fizer trinta anos
antes de ele aparecer? Não deveria ter que esperar até ter trinta para vivenciar o
sexo.
Então, não, não planejo me casar com ele. Só quero lhe dar minha
virgindade, porque acho realmente, com base naquele beijo perfeito, que ele
seria bom mesmo em me deflorar. Porque sinto algo quando o vejo. Algo com
que não estou familiarizada, mas que classificaria como luxúria desenfreada. Um
desejo. Um despertar, se me entende.
Deflorar. Que palavra ridícula. Faço uma nota mental de não a usar quando
pedir para ele transar comigo.
— Acho que vi aquele cara — conto à Payton quando a vejo na lanchonete
dos funcionários no almoço.
Com lanchonete, quero dizer a lanchonete mais pretensiosa em que já
estive. Há um balcão de saladas, uma estação de sanduíche, uma estação de
pizza e uma variedade de seleções quentes que parece que eles trocavam
diariamente, baseado no cardápio impresso. E é de graça! Louco, não é? Os
benefícios de funcionários são de primeira qualidade, o que foi parte do que me
atraiu para este emprego. Embora tenham sido mais a previdência privada
colaborativa e o plano de saúde do que os almoços gratuitos para funcionários,
mas mesmo assim. É um privilégio superlegal. A equipe inteira também tem
acesso a esta lanchonete. Os que ficam no balcão, nos bastidores, não importa. O
gerente geral e o camareiro, todos usam a mesma lanchonete, o que penso ser
maravilhoso e igualitário, e todas essas coisas. É um espaço enorme, mas como
um buffet, na verdade, que será necessário para acomodar a quantidade de
funcionários que trabalharão aqui assim que estivermos com todas as vagas
preenchidas.
— Que cara? — Payton pergunta antes de dar uma mordida gigante em um
pedaço de pizza.
Ela é magrela e pequena, porque, apesar de comer muito, tem o
metabolismo de um menino no ensino médio.
— O cara do bar. Da outra noite.
— Fala sério! — Ela deixa a pizza no prato e dá um sorriso que orgulharia
o gato de Cheshire. — Aqui? — ela pergunta, uma sobrancelha arqueada de
alegria com o potencial divertimento que isso lhe forneceria.
— Lógico que aqui. Não estive em mais nenhum lugar hoje, além de aqui.
— Corto o peito de frango da minha salada em pedacinhos, depois pego um com
o garfo, me certificando de pegar uma porção perfeita de alface e molho junto.
— Então ele trabalha aqui? Conversou com ele?
— Acho que sim, e não. Eu o vi quando estava andando pelo lobby do hotel
com meu grupo de orientação. É bem legar estar aqui antes de abrir, não é?
Realmente é superlegal. Você já esteve em um cassino em Vegas fechado?
Não. Não esteve, não, porque, uma vez que abrem, eles ficam abertos. Vinte e
quatro horas por dia, trezentos e sessenta e cinco dias por ano. Quantas pessoas
têm a oportunidade de ver um lugar como este antes de abrir? Não muitas,
aposto.
O lobby estava agitado. Trabalhadores da obra em andaimes fazendo ajustes
na iluminação enquanto outro grupo revestia uma fonte decorativa do tamanho
de uma piscininha. Entregas estavam sendo feitas nas lojas de varejo do lobby
conforme caixas de papelão vazias estavam sendo desmanchadas e descartadas.
O andar do cassino estava bem parecido. Mesas de aposta no lugar, mas
vazias. Fileiras de caça-níqueis estavam acesas, mas em silêncio, e o piso inteiro
estava vazio de pessoas, com exceção de um bar no centro, que ainda estava em
construção.
Sinto o cheiro de tinta e tapete novos, mas alguma outra coisa também. Tem
cheiro de primeiro dia. Tipo energia em potencial e guardada e a promessa
sussurrada de uma aventura iminente.
É estranhamente legal.
— Lydia, foco. — Payton chacoalha o gelo em seu copo, depois bebe um
gole. — Preciso de detalhes!
— Eu o vi no lobby. Acho que trabalha aqui? — digo, mas é mais uma
pergunta do que uma afirmação, porque não faço ideia. — Ele estava em pé
perto das portas da frente com mais dois caras. Estavam olhando para uma mesa
e apontando diferentes locais no teto do lobby. Oh! Talvez ele seja da segurança
ou algo assim? Caramba, não sei mesmo, mas ele parecia pertencer a este lugar.
Acho que é possível que ele seja um engenheiro e que eu nunca cruze com ele de
novo. — Enrugo o nariz e dou de ombros. Vai ser uma droga se aquela tiver sido
minha única chance e eu a tenha arruinado. Mesmo que ele trabalhe aqui, será
que nossos caminhos vão se cruzar? Este lugar é equivalente a uma cidadezinha.
Com milhares de empregados, haverá muita gente que raramente, se acontecer,
vou ver.

Não o vi de novo naquele dia, ou no seguinte. Mas eu pratico. Com isso,


quero dizer que tenho conversas imaginárias com ele, para estar pronta para uma
conversa de verdade quando o vir de novo. Ei, lembra de mim? Digo a mim
mesma no espelho enquanto seco o cabelo pela manhã. Oh, você! Trabalha
aqui? Eu trabalho aqui! Repito várias vezes durante o caminho para o trabalho
até soar natural. Se estou parada em um semáforo, adiciono um dar de ombros e
um gesto com a mão à cena. Ei, cara, acredita que não sei seu nome?
Essa última precisa ser praticada, admito. É um saco que eu precise chamá-
lo de Ei durante essas práticas fantasiosas, mas tem que ser assim. Pensei em
inventar um nome para ele até descobrir seu nome, mas não queria me apegar ao
nome errado. Tipo, e seu o chamar de Sam temporariamente, mas o nome grudar
em algum lugar do meu cérebro e, então, durante o sexo, eu chamá-lo de Sam
sem querer? Pode imaginar?
Eu posso imaginar. Imaginei, na verdade, e me encolhi mil vezes. Imaginei
que estava indo bem — o sexo —, e eu estava curtindo, e ele estava curtindo, e
eu estava fazendo um ótimo trabalho no sexo, e então, bam! Chamei-o pelo
nome errado e estraguei tudo. Se você quer os detalhes, ele estava em cima de
mim, no meio do caminho, meu tornozelo enganchado em suas costas, quando
gemi mais forte, Sam. Então ele parou, como alguém faz quando é chamado pelo
nome errado durante o sexo. E eu fiquei de milhares de tons de vermelho, em
completa humilhação, enquanto ele se vestia e ia embora.
E eu nem gozei. Então Ei vai ter que servir até descobrir o nome dele.
Imagino que, se chamá-lo de Ei sem querer durante o sexo, posso pelo menos
salvar a situação antes de ofendê-lo. Então eu aguardo, mantenho os olhos
abertos e trabalho em minhas conversas imaginárias.
Estou confiante de que dará certo, porque, em minha experiência, quando
você trabalha duro e tem uma atitude positiva, dá certo. Pelo menos, a prática
leva à perfeição, então estarei preparada quando o vir de novo.

Na sexta, recebo minha própria mesa. Nunca tive um espaço só meu no


trabalho, além de um armário no qual eu jogava minha bolsa. Na verdade, é um
cubículo. Tenho um espaço inteiro de 1,5m por 1,5m para chamar de meu;
completo, com uma plaquinha com nome, grudada na parede externa do meu
cubículo.
Lydia Clark. Passo a ponta do dedo nas letras e sorrio antes de verificar
meu novo espaço. Tenho uma mesa em formato L, com um monitor de tela plana
já no lugar sobre a superfície. Há três blocos de papel alinhados, um pacote de
canetas e seis pacotinhos de Post-It embrulhados em celofane ao lado do teclado.
As paredes do cubo são cobertas de um tipo de tecido taupe de classe industrial,
mas ele se duplica como quadros de avisos, então vou poder pendurar recados
para uma visualização mais fácil.
Own! Mal posso esperar para comprar um porta-canetas fofo neste fim de
semana. Talvez compre uma prancheta também, e pastas de arquivo coloridas.
Deixo minha bolsa na gaveta do armário de arquivo debaixo da mesa e envio
uma mensagem para Payton.

Lydia: Compra de material para escritório neste fim de semana?!


Payton: Mal posso esperar!

Oh, uau. Não achei que ela fosse querer. Ela quase não tinha dado opinião
sobre as coisas que compramos para nosso apartamento. Imagino se conseguirei
levá-la à Ikea comigo de novo.

Lydia: Sério??? Quer ir à Ikea comigo depois do trabalho??


Payton: Não, não mesmo, nerd. É nosso segundo fim de semana em
Vegas. Não vamos passar a sexta à noite na Ikea.

Oh. Bom, talvez no sábado, então.


Eu tenho uma reunião de equipe em cinco minutos, então guardo meu
celular no bolso e vou até a sala de reunião. O segundo dos quatro andares deste
hotel é para os escritórios. Estes andares não podem ser acessados pelos
elevadores de hóspedes, então estamos meio escondidos, como se tivesse um
prédio dentro de outro prédio. Temos elevadores separados da entrada de
funcionários que levam a apenas estes três andares e as salas executivas no
trigésimo quarto. Não que as tenha visto — são para funcionários mais antigos
que moram lá. Dá para imaginar?
Meu departamento — de Recursos Humanos — fica no quarto andar junto
com os escritórios jurídico, contábil, de segurança e o executivo. Sou uma
associada de Recursos Humanos, que responde ao diretor de Recursos Humanos,
que responde ao vice-presidente de Recursos Humanos. Se parece ter um monte
de gente, é porque tem mesmo. Sou uma dos sete associados. Todos começamos
juntos nesta semana e vamos, em certo momento, ser divididos e designados
como o contato para cada departamento. Limpeza, serviços de alimentação, de
recepção e concierge, entretenimento, varejo e jogos. Esses são funcionários que
são o primeiro contato com os hóspedes.
Este lugar realmente é um mundo em si. Há uma sala de descanso em cada
andar com café grátis, então paro lá a caminho da sala de reuniões. Tem uma
daquelas máquinas chiques de café que fazem cappuccino, expresso, chocolate
quente e até café normal. Deus, trabalhar aqui é como um dia na Disney para
mim! Há frutas e salgadinhos e garrafa de água também e — oh, meu Deus.
Quero morrer. Aquele cara. A sala de descanso também tem aquele cara. Digo,
ele está aqui, na sala de descanso. Não que ele faça parte da sala de descanso,
como um pacote grátis de amendoim, o que de fato tem na sala de descanso. Aff,
Lydia! Foco!
Dei dois passos para dentro da sala, meus saltos clicando no linóleo e
anunciando minha presença antes de eu mesma fazê-lo. Ele está prestes a abrir
uma garrafa de água, e eu tenho meio segundo para observá-lo antes que ele me
veja. Meio segundo para confirmar que ele simplesmente é o cara para mim. Por
quê? Tudo que fiz foi beijá-lo. Por que ele causa esse efeito em mim? Não sou
tão inocente que um beijo me faça cambalear. Já beijei outros caras, e nenhum
deles me fez sentir assim. Eles me faziam sentir, se for ser sincera, apática. Por
isso que ainda sou virgem. Pois por que se incomodar? Se um cara não te faz
sentir nada de especial, por que se incomodar?
Mesmo assim, o cara me faz sentir como se eu pudesse ser ativamente
promíscua. É. Quando o vejo, tenho quase certeza de que aflora meu potencial
de vadia. Por tudo que é mais sagrado, por que ele é tão atraente? Quase dói
olhar diretamente para ele. Eu me sinto inteira quente, excitada e estranha.
Ele me nota, e vejo o sinal de reconhecimento ou surpresa em seus olhos.
Presumo que seja um misto de ambos, mas significa que ele se lembra de mim,
não é? Com certeza.
Ele não fala nada, mas seus olhos permanecem em mim conforme ele se
vira para me encarar. Leva a garrafa até os lábios e bebe, parecendo não ter
pressa, só me observando. Sua expressão não dá sinal de nada e, se eu não
tivesse flagrado aquele breve olhar quando me viu pela primeira vez, pensaria
que ele não se lembrava de mim, mas lembra. Sei que lembra.
Estamos sozinhos. Apenas nós dois, uma sala de descanso vazia, o zumbido
da geladeira e o aroma do café permeando o ar.
Esta é minha chance.
— Oh, ei, hum, então você trabalha aqui? — Foi isso que planejei para meu
grande momento. — Nos conhecemos outro dia. No fim de semana passado.
Enfim. — Adiciono um aceno rígido à pilha de bizarrice que acabou de sair da
minha boca.
— É verdade — ele responde, assentindo de leve.
Fecha a garrafa de água sem olhar para ela porque seu olhar não desvia de
mim. Aff, seus olhos malditos. Eles fazem coisas comigo. Coisas safadas, pelo
menos na minha mente. Seu olhar dança por meu rosto, e me sinto ruborizar em
todo lugar. Dou alguns passos arriscados para a frente, meus saltos clicando no
chão. Ele tem olhos espertos. Inteligentes. Perspicazes.
Parece ser um homem capaz de decisões rápidas. Parece ser um homem que
não deixa de notar os detalhes.
— Então você trabalha aqui? Eu trabalho aqui. — Soo um pouco sem
fôlego ao dizer isso.
Expiro e tento me recompor.
— É. Parece que nós dois trabalhamos aqui.
Acho que estou me repetindo. Preciso sair disso enquanto tenho chance,
antes que alguém entre ou que ele saia.
— Então, foi legal — ofereço. — Quando nos conhecemos.
— Legal?
Acho que seu lábio se curva no sinal mais brando de sorriso quando ele
fala, uma sobrancelha erguida em dúvida ou diversão. Desejo poder passar a
ponta do dedo naquela testa. Analisar a linha minúscula por sua testa e tocar os
dedos em sua mandíbula.
— A coisa do beijo — esclareço. — No caso de você um dia querer de
novo.
Ele arregala os olhos e ergue as sobrancelhas, parando de sorrir. Então
balança a cabeça um pouco e sorri. Estou divertindo-o. Merda. Devo soar como
uma adolescente, ele com certeza está acostumado a propostas além de beijos.
— E qualquer coisa que quiser — complemento rapidamente. — Digo, se
estiver interessado.
— Jesus Cristo.
Ele diz isso lentamente e não necessariamente de uma forma respeitosa. A
mão que não está segurando a garrafa de água se ergue e passa por sua
mandíbula, depois ele inclina a cabeça um pouco, como se estivesse aliviando
um tipo de estresse no pescoço. Para de sorrir.
Espere. Será que entendi isso tudo errado? Ele me beijou. Não que me
beijar fosse uma grande declaração de interesse, mas deve ter me achado
atraente o bastante para beijar. Certamente sugerir que fizéssemos de novo seria
tão horripilante para ele?
Ele abaixa a mão da boca. A garrafa de água em sua outra mão balança na
ponta de seus dedos, e ele a bate contra sua coxa. Não classificaria suas ações
como nervosas. Nem um pouco. Agitadas, talvez. Sua expressão é de um pouco
de tortura, se eu tivesse que identificá-la. Mas seus olhos… seus olhos pareciam
interessados. Posso não ser a garota mais experiente do mundo, mas acho que ele
me olha com interesse.
— Rhys! — uma voz chama de trás de mim e meus olhos se arregalam.
Esqueci de perguntar o nome dele. De novo. Mas é Rhys. Rhys, Rhys,
Rhys.
Entoo o nome na cabeça e gosto dele. Gosto muito. Um sorrisinho curva
meus lábios antes que eu perceba que quase perdi, pela segunda vez, a chance de
saber seu nome. Simples. Bem simples. Sou uma maldita amadora.
Viro a cabeça em direção à voz para ver que a fonte é um homem bonito
alto entrando na sala de descanso. Não tão bonito quanto Rhys, pelo menos não
para mim, mas consigo ver o atrativo. Ele dá um tapa nas costas de Rhys
conforme abre a geladeira e pega uma garrafa de água para si. Está bem vestido
— percebo agora que ambos estão. Ternos. Ternos caros. Tenho familiaridade
suficiente com tecidos para enxergar a qualidade naqueles ternos sem encostar
neles. São bem-feitos, ambos. Gravatas com nós bem-feitos, sapatos engraxados,
relógios robustos. Eles são gostosos. Andam e falam de um jeito atraente.
Espere. O que acabei de falar para Rhys? Qualquer coisa que quiser? Oh,
meu Deus. Não. Sinto meu rosto começar a esquentar e rapidamente abaixo o
olhar para o piso de linóleo e me viro na direção da cafeteira chique. Pego uma
caneca da prateleira aberta e a coloco no lugar na máquina, minha mão está
trêmula conforme pressiono os botões. Não pratiquei isso. Minha prática para
quando o visse de novo não incluía minha proposta de “qualquer coisa que
quiser”. Não pratiquei para ser interrompida também. Por que não tinha planos
de contingência para me envergonhar e ser interrompida? O que faço agora?
Mordo o lábio e viro a cabeça o suficiente para ver por cima do ombro. Os
olhos de Rhys se movem do homem para mim e de novo. Eu me volto para a
máquina de café e aperto os botões até a máquina chiar e derramar líquido na
caneca. Então seguro na bancada diante de mim até os nós dos meus dedos
ficarem brancos.
Talvez não fosse ruim? O que eu disse? Era ruim. E ele não reagiu, reagiu?
Não mesmo. O que isso significa? Talvez ele tenha namorada? Mas ele me
beijou! Há uma semana, ele me beijou!
Atrás de mim, escuto o outro homem dizer a Rhys que eles vão se atrasar e,
então, passos se movendo em direção à porta. Mantenho as mãos onde estão e
observo seja lá o que selecionei enquanto cai na caneca. Então, eles se vão.
Escuto minha nova supervisora, Bethany, cumprimentando-os enquanto eles se
cruzam nos corredores, um instante antes de ela entrar na sala de descanso
conforme eles saem. Tiro minha caneca da cafeteira chique, coloco-a no balcão e
pego um palitinho enquanto Bethany coloca uma caneca nova na máquina e sorri
para mim.
— Ohh, o que você fez? — ela pergunta, assentindo para minha caneca.
— Alguma coisa com leite — digo e forço um sorriso antes de dar um gole.
Quero jogá-lo na pia porque não estou em condições de carregar uma
caneca cheia de líquido quente e não preciso mais da energia da cafeína, mas
seria estranho jogar fora com ela ali, parada, me observando. Abro um pacotinho
de adoçante e o adiciono à minha caneca antes de falar de novo.
— Ei, você conhece aquele cara que acabou de sair daqui? Rhys? —
consigo perguntar, tão casualmente, que devo merecer um prêmio de atriz. —
Sabe onde ele trabalha?
— Rhys? — Bethany se vira para mim com um olhar confuso.
— Sei que ele trabalha aqui — esclareço. — O que ele faz?
Eu me lembro de que meu departamento divide este andar com o jurídico e
o da segurança. E contábil. Mas ele parecia mais um advogado do que contador.
Sou uma idiota. Como se alguém parecesse contador ou advogado.
— Ele é o gerente geral — Bethany responde, e eu pauso, com o palitinho
suspenso na ponta dos meus dedos acima da lata de lixo.
Isso é ruim. Lá no fundo, tenho quase certeza de que existe apenas um
gerente geral na estrutura administrativa, mas tento mesmo assim.
— De qual departamento?
Consigo manter a voz estável, meus olhos no palitinho. Caiu em cima de
uma casca de banana dentro da lata de lixo. Há uma lata de refrigerante ao lado
dela, e fico irritada com seja lá quem não a jogou no lixo reciclável. Só demora
um segundo.
— Da propriedade — Bethany diz, e eu perco mais ou menos uma década
de vida útil naquele instante.

Sobrevivi ao resto do dia, embora não tivesse ideia de como não morri ali
mesmo, só que morte por humilhação não deve ser um jeito rápido de ir.
Fiquei parada na sala de descanso com minha nova chefe enquanto ela
esclarecia que Rhys é o gerente geral — do resort inteiro.
Isso era ruim. Piorou. O resort é propriedade da Sutton Travel Corporation,
o que eu sabia — claro que eu sabia disso. Fiquei animada por conseguir um
emprego em uma empresa enorme com benefícios excelentes e fiz minha
pesquisa. Sutton tem sede na Grã-Bretanha e opera em mais de cinquenta países.
Hotéis, grupos turísticos, cruzeiros e agora um resort de luxo na Las Vegas Strip.
Eles estão no mercado há décadas. São conhecidos por desenvolver talentos e
promovê-los internamente.
A empresa foi fundada por William Sutton. O avô de Rhys. Então.
Então isso o torna sócio-proprietário, não é? Serei demitida.
Completamente demitida. Sou do Recursos Humanos e propus sexo ao chefe do
chefe da minha chefe. O que há de errado comigo? Sério. Sou melhor que isso.
Não sou esse tipo de garota. Sou boa! Coloco os pingos nos is e cruzo os tês!
Pago minhas contas antecipadamente. Reciclo! Não proponho sexo para meu
chefe. Aff. Sou nojenta.
Aperto os olhos toda vez que me lembro do desastre que eu era tentando
flertar. Minha primeira semana em meu primeiro emprego, e serei demitida.
Passo a tarde me perguntando se eu mesma devo me demitir. Será que
simplesmente devo seguir em frente e ajustar a papelada? Falamos sobre o
processo da empresa em cortar emprego de treinamento ontem, então sei como
fazê-lo.
Não sei o que fazer. Então levo minha caneca com qualquer coisa de leite
dentro pelo corredor até a sala de reunião 4C. Mantive os olhos para baixo
enquanto me sento para uma reunião com minha equipe sobre o treinamento que
começaria na segunda. Com a abertura do resort se aproximando, os
funcionários que lidavam diretamente com hóspedes estão escalados para
começar em grupos nas próximas três semanas. Significa papelada infinita.
Infinitos formulários que precisam ser preenchidos. Checklists longos
multiplicados por muitos milhares de novas contratações, as quais precisam
todas começar, teoricamente, ao mesmo tempo. Cedo o suficiente para garantir
que sejam treinados nos padrões da companhia, mas não tão cedo para que
tivéssemos funcionários na folha de pagamento antes que as portas se abrissem.
Fácil. Anoto tudo, minha mente cheia de uma legião de pensamentos, não todos
focados em regulamentações do estado e reuniões beneficentes.
Então volto à minha mesa, aguardando o machado cair. Pulo toda vez que
alguém passa por meu cubo, esperando que seja Bethany com um sorriso triste
no rosto enquanto pergunta se pode dar uma palavrinha comigo.
Não aconteceu. Até fico meia hora a mais para dar a ela toda oportunidade
de me despedir antes do fim de semana. Sabe, no caso de ela estar atrasada na
agenda? Mas, em certo momento, percebo que a luz de seu escritório está
apagada, então presumo que ela foi embora e, se eu ia ser demitida, não
aconteceria até segunda-feira. Pego minha bolsa e deixo minha caneca suja em
cima da mesa para o fim de semana todo, porque só de pensar em voltar para a
sala de descanso me dá um estresse pós-traumático. Estressa um pouco deixar
uma caneca suja em cima da minha mesa também, mas você precisa escolher
suas batalhas.
Assim que estou seguramente trancada em meu carro, envio uma
mensagem à Payton e digo que tenho tarefas a fazer e chegarei em casa em
algumas horas. Preciso de tempo em meu lugar feliz antes de me preparar para
falar sobre o dia de hoje.
Então, no celular, abro o aplicativo para procurar uma Goodwill em Las
Vegas. Percebo que não é o lugar feliz costumeiro para uma mulher de vinte e
dois anos, mas não sou como a maioria das mulheres de vinte e dois anos.
Só demoro um instante para perceber que me mudei para a terra sagrada das
lojas Goodwill. Há muitas delas! Havia apenas algumas perto da casa dos meus
pais em Memphis, mas há, no mínimo, doze aqui! E o que é isso, outlet da
Goodwill? Até parece! Espere. Droga. A outlet só abre em dias da semana
durante o horário comercial. Bom, pelo menos tenho algo para o qual ansiar
quando for demitida. Conseguirei comprar na outlet Goodwill o quanto quiser.
Há duas localizações entre o trabalho e meu apartamento. Insiro o endereço
da primeira e saio da garagem do estacionamento para a Las Vegas Boulevard.
Minha experiência limitada nesta cidade é que o trânsito é sempre ruim na Strip,
mas, felizmente, só tenho menos de quatrocentos metros ali, depois posso cortar
para a Convention Center Drive e sair desta bagunça. Quinze minutos depois,
estou estacionando em um shopping a céu aberto de Maryland Parkway.
Encontro uma vaga perto da porta e vejo a loja por fora. Parece uma boa — às
vezes, você simplesmente consegue prever essas coisas, sabe?
Suspiro enquanto desligo meu carro e o tranco. É tão bonito aqui. Sei que
muitas pessoas não acham isso de Vegas, mas é. Assim que você sai da Strip, é
adorável, paisagens com palmeiras e deserto. Espero que consiga ficar. Não
estraguei tudo. Espero que não precise ligar para meus pais e dizer a eles que
vou voltar para casa.
Entro pelas portas automáticas e inspiro, sentindo o cheiro de naftalina e pó
enquanto pego um carrinho. Claro que vou precisar de carrinho. Vejo que a cor
da semana é azul, o que significa que qualquer coisa com uma etiqueta azul tem
cinquenta por cento de desconto. Batuco os dedos no carrinho enquanto analiso a
loja antes de ir à primeira arara de roupas de adulto. O tamanho não importa
porque vou lavar tudo e customizá-las. Nem me importo, particularmente, se é
roupa feminina. Já transformei ternos masculinos em todo tipo de coisa.
Cachecóis, bolsas, uma capa. Uma vez, fiz um vestido com um paletó.
Às vezes, encontro uma peça ótima, mas a maior parte é porcaria que
preciso desmanchar e refazer. Gosto disso. Acho muito gratificante pegar algo
que foi descartado e transformar em algo novo.
Minha antiga líder Girl Trooper, a sra. Barnes, me ensinou a costurar. Não é
uma habilidade que a maioria das jovens aprende atualmente. Já faz um tempo
que não é. Eu poderia usar tecido novo, mas tecido é caro pra caramba. Além
disso, é bem mais divertido ir em busca da peça, como um tesouro. Expiro e
começo no fim da fileira, rapidamente movendo os cabides. O barulhinho que
eles fazem conforme deslizam contra a barra de metal me acalma. Desliza,
desliza, desliza. Pausa. Analisa. Repete. Três fileiras, estou calma. O estresse do
dia se esvai enquanto me concentro em nada além de verificar etiquetas e preços,
olhando se um item terá tecido útil suficiente para fazer algo com ele.
Estou na metade da sessão de roupas femininas quando olho para cima e
vejo lençóis pendurados. Lençóis de estampa antiga, dobrados e pendurados em
cabides de calça. Abandono as araras de roupas conforme tenho uma ideia.
Pijamas. Eu poderia cortar os lençóis e fazer partes de baixo de pijamas. Poderia
usar as beiradas largas das fronhas e a parte de cima do lençol como bainha das
calças. Poderia fazer shorts com a parte menor que sobrasse. Caramba, aposto
que poderia conseguir, no mínimo, um short, uma calça e até uma blusinha de
alcinha com cada lençol! Tenho um molde em casa, e elástico e todo o resto de
que preciso. Posso passar o fim de semana inteiro medindo, alfinetando,
cortando e costurando.
E não pensar em Rhys. Não pensar em como ele me fez sentir quando me
beijou no fim de semana anterior. Não pensar na reação que eu tinha com ele.
Uma reação que nunca senti, não daquele jeito. Não pensar no fato de que ele é
chefe do chefe da minha chefe. Não pensar na forma como ele simplesmente me
encarou naquela tarde quando eu praticamente me joguei nele.
O que será impossível. Tenho certeza de que as palavras e seja lá o que
você queira ainda passarão repetidas vezes em minha mente quando eu tiver
oitenta anos.
Payton me manda mensagem enquanto estou olhando tudo. Ela não sabe
sobre meu hobby da Goodwill, então evito responder à pergunta dela sobre onde
estou e lhe digo que já estou indo para casa. Consegui passar duas horas naquela
loja então não terei tempo de parar em outra antes de fechar, de qualquer forma.
Ela me fala para encontrá-la na piscina quando eu chegar em casa. Diz que a
hidromassagem está cheia de homens gostosos.
Digo a ela que preciso lavar roupa, o que não é mentira. Tenho que lavar
lençóis para começar a cortá-los.

VOCÊ NÃO SERÁ DESPEDIDA, RELAXE.


Essa mensagem de sabedoria vem de Payton. Estou em casa há algumas
horas, lavando e secando lençóis. Payton voltou da piscina e me viu passando-os
e simplesmente enlouqueceu. Ela tentou instituir uma regra de colega de quarto
banindo o ato de passar lençóis sexta à noite. Ou em qualquer dia da semana.
Expliquei que eu precisava passar os lençóis, quando a história do meu dia muito
ruim, terrível, horroroso saiu de mim.
— Certeza que vou ser demitida. Trabalho em Recursos Humanos e fiz uma
proposta ao gerente geral.
Minhas bochechas ainda se esquentavam quando eu dizia isso em voz alta.
Ou pensava nisso.
— Provavelmente você fez o dia dele.
Payton tomou banho e colocou calça de ioga e uma blusinha. Seu cabelo
loiro ainda está molhado enquanto ela se senta em um banquinho de nossa
cozinha e me observa trabalhar. Monopolizei nossa mesa de jantar com minha
tábua de corte e itens de costura, perfeitamente alinhados ao meu lado enquanto
trabalho. Não olho para cima ao deslizar o cortador giratório por uma camada de
tecido, fazendo um perfeito corte no que, em breve, se tornará um short de
pijama.
— Fiz o dia dele? Não acho que assediá-lo sexualmente tenha feito o dia
dele.
Tiro a estampa do material e enfio alfinetes em minha almofadinha de
alfinetes, garantindo que nenhum deles saia do lugar e acabe no chão.
— Calma. Você não o assediou sexualmente. Além disso, ainda não
entendo o que está acontecendo aqui — ela diz, acenando a mão para a mesa. —
Você está transformando lençóis velhos em pijamas?
— Estou. Quer um?
— Ahn, não.
Ela une as sobrancelhas, e sua expressão fica confusa.
— Vai querer quando eu terminar — garanto.
— Se é o que diz. Agora, vamos voltar a Rhys.
— Não há o que voltar. Eu te contei tudo e serei despedida na segunda.
Deveria estar fazendo as malas, não pijamas.
— Primeiro de tudo, você não vai ser despedida. Segundo, não vai se mudar
mesmo se for demitida.
— Você acabou de falar que não serei demitida! — chio.
— Não vai. Mas sei que gosta de pensar no pior cenário, então vamos fazer
isso.
Verdade. Gosto mesmo de pensar em todas as opções possíveis.
— Ok — concordo, me afundando em uma cadeira da cozinha.
Brinco com a almofadinha para manter as mãos ocupadas e aguardo Payton
começar.
— Ok, então vamos dizer que você chega na segunda e é demitida.
Ela se levanta enquanto fala e vai até nossa despensa, voltando com uma
caixa de salgadinho.
— É — assinto.
Já tinha visualizado pelo menos quatro maneiras de como isso poderia
acontecer.
— Então você vai voltar para seu carro, dirigir até em casa e chorar. Eu vou
pegar pizza depois do trabalho e nós vamos chorar mais um pouco. Depois, na
terça, você vai conseguir outro emprego.
Ela joga um salgadinho na boca e ergue um ombro, como se isso resolvesse
tudo.
— Payton — resmungo e reviro os olhos. — Não funciona assim.
— Funciona exatamente assim. Estamos em Las Vegas. Há empregos em
todo lugar — ela diz, abrindo a tampa de seu laptop. — Há trezentos e trinta e
quatro listas de emprego nesse site de emprego usando a palavra-chave “recursos
humanos”. Digamos que duzentos deles sejam relevantes, e que você seja
qualificada para cinquenta deles. São cinquenta empregos para os quais você
poderia se candidatar esta noite!
Bom. Dou de ombros.
— Não significa que seria contratada em algum deles.
— Não significa, não — Payton concorda, fechando o laptop. — Mas você
poderia ser garçonete. É uma mulher de vinte e dois anos, gostosa, com um
ótimo corpo, você arrasaria com as gorjetas. Provavelmente ganharia o dobro do
que estão te pagando no Windsor.
— Você acha?
— Acabei de conversar com uma menina na piscina. Ela disse que saiu do
emprego de professora porque ganha o dobro como uma garçonete de drinques
no Wynn.
— Fala sério!
— É verdade.
— Tem certeza de que ela não era prostituta?
— Ela não era prostituta. Mas sempre tem uma segunda opção para você —
Payton diz isso com total sinceridade e me faz gargalhar. — Você está bem
agora? Não posso ir dormir até saber que você não vai ficar a noite inteira
fazendo pijamas com lençóis.
— Ainda estou envergonhada, Payton — resmungo e apoio a cabeça nas
mãos, meu cabelo caindo em uma cortina através de meus dedos abertos. —
Apenas fiquei lá, parada, balbuciando sobre como foi nosso beijo e depois
propus… nem sei o que propus. Acho que lhe dei carta branca, porque o que a
palavra “qualquer coisa” inclui? Meio que implica qualquer coisa e tudo, não é?
Talvez eu tenha oferecido espancamento e anal, até onde sei.
— Oh, você definitivamente propôs espancamento e anal.
— Aaaargh — resmungo por trás das mãos.
— Você fez o dia dele, sua apressadinha. Vai por mim. Além do mais, eu vi
o cara, você não pode ser a única mulher que já fez uma proposta a ele. Ele é
gostoso pra caralho.
— Então, talvez, ele esteja tão acostumado a mulheres se oferecendo para
ele, que nem vai se lembrar de hoje?
— Certeza. — Ela assente seriamente e joga outro salgadinho na boca.
— Duvido, mas agradeço por mentir para mim para me consolar.

Qualquer coisa que quiser.


Batuco os dedos na mesa de reunião e tento me concentrar na reunião que
Canon está mediando sobre segurança, mas não consigo. Não consigo porque
minha mente está em Lydia.
Isso me irrita porque não sou o tipo de homem que fica distraído por
boceta.
Principalmente não a boceta de uma boa garota. Droga. Essa garota me faz
sentir algo. Irritação, principalmente, porque estou pensando nela em vez de na
reunião.
Qualquer coisa que quiser. Se estiver interessado. Devo ter resmungado
alto, repassando aquelas palavras em minha mente, porque Canon me lança um
olhar antes de concentrar de novo sua atenção no presidente da empresa da qual
adquirimos nosso equipamento de vigilância. Eles estão falando sobre um pacote
de tecnologia que desvenda conexões entre pessoas — conexões que poderiam
ser usadas em jogos fraudulentos na casa. No instante em que você aparece em
uma das nossas câmeras, a imagem será jogada nos dados e começa a fazer as
conexões, significando que, quando um cliente se senta a uma mesa, o sistema
vai imediatamente tentar encontrar uma conexão entre o cliente e o negociante.
Também verifica todas as bases de dados conhecidas para procurar fotos de
identificação, pessoas desaparecidas e proprietários de armas de fogo
registradas. Sites de mídias sociais, claro. Anuários, qualquer foto postada em
uma base de dados pública. Se o sistema de segurança não conseguir identificar
quem você é em catorze segundos, um alerta é enviado à equipe de segurança
porque significa que não há imagem registrada de você em nenhum lugar na
internet. E isso é questionável pra caralho.
Lawson interrompe com uma sequência de perguntas legais, questões nas
quais eu deveria estar pensando também, mas não estou. Que bom que Lawson é
bom no que faz.
Minha atenção está em outra coisa. Está em uma coisa doce de vinte anos
que faz meu pau ficar duro. Mais duro do que deveria, baseado nas interações
limitadas que tivemos. Bem mais duro do que deveria para uma garota como ela.
Mesmo assim, minha mente vai para a lembrança de como foi sentir os lábios
dela nos meus, tão macios, tão ansiosos. O cheiro de luz do sol dela e o gosto de
lip balm de menta. A forma como seus cílios bateram contra suas faces antes de
ela voltar aqueles olhos grandes e verdes em minha direção, olhando para mim
como se eu fosse de outro mundo. Suas pupilas diminuíram com excitação
conforme ela piscava quando eu me afastei do beijo, segurando-a para se
equilibrar e não tropeçar.
Para eu não ficar tentado em pressionar minha excitação em sua barriga.
Uma excitação por um simples e maldito beijo.
Não me envolvo com boas garotas. Não mais. Nem nunca, na verdade.
Meu tipo são as temporárias. Mulheres temporárias, lindas, rápidas. O que
tornou Vegas perfeita para mim. É um reabastecimento infinito de mulheres
buscando seus momentos de “o que acontece em Vegas fica em Vegas”. Depois
elas vão embora e voltam às suas vidas tranquilas, ou seus empregos poderosos,
ou seus namorados. Não sei, e não me importo.
Quando não são turistas, são strippers. Gosto de prostitutas também. Isso é
grosseiro, eu sei. Sou um merdinha, eu sei. Posso fazer melhor, eu sei.
Eu sei, eu sei, eu sei. Não sou infeliz com minha vida. Não estou à procura
de nada ou ninguém. Não estou. Simplesmente aprendi que há algumas mulheres
a quem você pode pedir certas coisas e outras a quem não pode. “Abra suas
pernas. Abaixe. Engula. Saia.” Esse tipo de coisa.
Porra. Lydia estava usando a sala de descanso mais próxima do meu
escritório, então ela deve trabalhar no quarto andar. Simplesmente ótimo pra
caralho.
Qualquer coisa que quiser. Nós não queremos as mesmas coisas, Lydia.

— Que horas você quer ir à Ikea?


Payton boceja enquanto passa por mim a caminho da cozinha.
— Você quer ir à Ikea comigo?
Olho surpresa enquanto ergo o pezinho da minha máquina de costura e tiro
o tecido de lá. Corto os fios que sobram e me levanto, segurando a parte de baixo
do pijama pronta diante de mim, para analisar.
— Claro que não quero ir, só sou uma amiga boa.
Payton faz gracinha ao se servir de café. Ela se vira, com a xícara na mão, e
me observa analisar o pijama.
— Ei, ficou muito fofo.
Ela coloca a xícara no balcão e pega a calça de mim, segurando-a contra
seus quadris.
— Rá! Eu disse que iria querer um quando tivesse terminado!
— Então você é uma ninja costureira secreta ou algo assim? — Ela afasta a
calça do quadril e analisa a bainha larga que fiz com a beirada de um par de
fronhas. — Estou começando a achar que você estava aprendendo habilidades
para a vida enquanto eu estava ficando com meninos no banco de trás de carros.
— Acho que vou fazer um vestido depois.
— Ok, não vamos exagerar. — Payton dobra a calça de pijama ao meio,
depois a pendura em uma cadeira da cozinha. — Espere, quantas calças você já
fez? Você dormiu à noite, certo? — Ela franze o cenho ao pegar um short de
pijama com laço de cetim.
— Só estou acordada há umas duas horas. É que são fáceis de fazer. Olha,
fiz uma blusinha combinando para esse. — Ergo uma blusinha simples com
alcinhas e um pedaço de renda adicionado ao decote.
Payton pega a blusinha de mim e a examina, as alças penduradas por seus
dedos.
— Huh. O que mais você sabe fazer? Faz manteiga? Sabe tricotar um
vestido? Oh, meu Deus, aposto que você sabe como se assa um peru para o Dia
de Ação de Graças, não é? — Ela se senta à mesa e coloca uma mão em meu
antebraço. — Lydia, você ganhou o distintivo de dona de casa dos anos 1950? —
Ela pisca, os olhos arregalados curiosos.
— Pfft, não existe distintivo de dona de casa dos anos 1950, o que você
saberia se não tivesse sido expulsa. Mas eu ganhei o distintivo de organização de
jantar.
— Oh, puta merda. — Ela abaixa a mão e encosta na cadeira, me olhando
de um jeito quase horrorizado. — Eu estava brincando. Tem distintivo de
organização de jantar? Pare.
— Tem. Além disso, tricô está na moda de novo, só para você saber. E não,
não sei tricotar. Talvez possamos fazer uma aula juntas? — Estou zoando porque
acho que não há nenhuma chance de Payton se inscrever para uma aula de tricô
comigo.
— Não acho que essa seria minha xícara de Coca — ela responde.
— Xícara de Coca? Você não quer dizer xícara de chá?
— Não. Eu não gosto de chá. — Ela boceja e analisa outro short de pijama.
— É só modo de dizer, Payton. Você não precisa substituir chá por algo de
que goste.
— Humm. Acho que isso não é certo. Enfim, Ikea?
— Eu realmente mereço novos acessórios de escritório se vou ser demitida?
— Aff, chega com essa coisa de ser demitida — Payton resmunga em sua
xícara de café. — Isso não vai acontecer. E passar o fim de semana fazendo
pijamas de lençóis também não vai rolar. Vamos para a piscina, depois vamos à
Ikea e depois jantamos.


Payton é espertinha. E é por isso que não percebi que ir à Ikea e jantar era
realmente apenas um truque para me arrastar para fora e socializar. Oh, nós
fomos à Ikea. Ela até foi dirigindo. Depois, ela nos levou ao bar.
— Sério, Payton? — pergunto quando ela estaciona em uma vaga no
Hennigan’s. Você disse que iríamos jantar.
— O que foi? Podemos pedir porção de frango aqui. Isso conta como jantar.
— Ela abaixa o espelho, tira um batom da bolsa e o destampa. — Alguns caras
da piscina vão nos encontrar aqui.
— Isso é um encontro? Você arranjou um encontro para mim?
Eu me viro para ela, confusa, enquanto tento entender como conseguiu
fazer planos para esta noite enquanto eu estava com ela na piscina. Claramente,
ela é muito melhor do que eu nesse tipo de coisa. Quais caras? Ninguém que vi
hoje se comparava a Rhys, mas talvez seja hora de eu parar de ser tão exigente.
Talvez meu problema seja esse! Será que não tenho razão?
— Ahn, não. Não é um encontro. — Ela balança a cabeça, erguendo uma
sobrancelha cética na minha direção. — São dois caras que moram em nosso
condomínio e vão nos encontrar neste bar, que é a menos de um quilômetro de
onde moramos.
— Oh, ok.
— Relaxe, apressadinha. É só para tomar uma.
— Ótima ideia.
— Sério? — Agora ela está obviamente em dúvida, sem fazer nada para
esconder seus olhos estreitos e lábios franzidos.
— Sério. — Viro meu próprio espelho para baixo e analiso meu reflexo. —
Planejou bem, só me avise da próxima vez para eu usar algo sem ser uma
camiseta que diz “Vamos falafel sobre isso”. — Tiro o lacinho de cabelo e
chacoalho o cabelo, penteando-o com os dedos. Tomei um pouco de sol hoje e
passei rímel antes de sairmos, está bom. — Mas amanhã eu vou fazer pijamas o
dia inteiro — digo a ela, balançando as mãos no ar, chacoalhando os dedos —, e
não quero ouvir uma palavra sobre isso.
— Certo. Mas isso foi decepcionantemente fácil. Eu já estava me
preparando para arrastar você para dentro — Payton diz enquanto saímos do
carro.
O calor me encontra no instante em que coloco uma perna para fora do
carro. Estão uns vinte graus às oito da noite, mas, sim, é um calor quente, como
dizem.
— Desculpe te decepcionar — digo a ela quando bato a porta do
passageiro. — Se ajuda, não vou ficar com ninguém desta vez. E não é um
desafio. Não vai acontecer.
— Por que não? A melhor forma de dar a volta por cima por alguém é ficar
embaixo de outro.
— Nunca fiquei embaixo de Rhys.
— Acho que é no sentido figurado.
Assim que entramos, pegamos uma mesa e pedimos duas cervejas. Não
amo cerveja particularmente, mas, que saco, quem não tem cão, caça com gato.
Será que alguém caça com gato? Talvez não seja uma ótima analogia. Talvez eu
devesse ter pedido vinho? Não tenho certeza se porção de frango combinava
com vinho. Bom, que seja — minha cerveja chegou.
Josh e Dan também chegaram. Eu os reconheço da piscina, Payton me
lembra quem é quem antes de eles chegarem à nossa mesa. Um terceiro cara
chega alguns minutos depois deles, um que não reconheço, mas parece ser amigo
deles. Não ouço seu nome, e ele não parece muito interessado no meu, então não
me incomodo. De qualquer forma, Payton não estava mentindo. Isso não é uma
armação ou um encontro. São só algumas pessoas se reunindo para beber, fazer
amigos. Talvez mais, quem sabe?
Socializar é difícil. Não tenho nenhuma fobia em particular sobre socializar,
nada disso. Sou muito boa em etiqueta social e fazer amigos. Ganhei todos os
distintivos de habilidade na vida que alguém pode obter durante meus dias de
Girl Trooper.
Mas bares são diferentes. Distribuir porta-copos para evitar marcas de copo
no balcão não é considerado uma qualidade social, por exemplo.
O que é ridículo, mas, enfim. Molho um pedaço de frango em ramequim de
plástico com mostarda e mel e escuto o que Josh está me contando sobre seu
emprego. Ele parece interessado em mim. Não agressivamente interessado,
apenas normalmente interessado, o que é legal.
Ele é atraente.
Ele é atencioso.
Ele está disponível.
Eu não sinto nada.
Mas talvez eu vá sentir alguma coisa, se tentar bastante. Talvez seja assim
que funciona. Talvez não seja sempre um desejo instantâneo, cego e
inexplicável.
Como foi com Rhys. Por que foi tão instantâneo com Rhys? Tão
irritantemente instantâneo. Na primeira vez em que o vi, eu o desejei antes
mesmo de ele olhar para mim.
Foco em Josh. Peço outra bebida e foco. Em Josh. Josh gente boa. Josh com
idade apropriada. Não o Josh chefe do meu chefe do meu chefe.
Fiquei admirada com Rhys ontem à noite. Claro que fiquei. Depois que
Payton arrancou a régua de corte da minha mão e me mandou ir para a cama,
fiquei deitada no escuro fazendo pesquisas na internet sobre Rhys Dalton. Não
sei o que eu estava procurando exatamente, não é como se fosse encontrar um
artigo sobre outra garota que se envergonhou diante dele de uma maneira pior
que eu.
Ok, sim, eu procurava esse artigo. Não existe, obviamente. Depois, procurei
“me envergonhando diante do crush” no Google só para me divertir. Após ler
duas histórias, decidi que era melhor parar de ler, no caso de eu estar
subconscientemente armazenando formas adicionais de me envergonhar.
Enfim, não encontrei muita coisa sobre Rhys. Algumas coisas chatas de
negócios. Não consegui encontrar uma esposa ou namorada, mas ele não tinha
uma página no Facebook para eu investigar. A única coisa social que consegui
encontrar dele foi no LinkedIn, e aquele site não era realmente designado para
dar em cima de seu chefe. Não de uma forma significativa, pelo menos.
Ele tem trinta e quatro anos. Meio velho para mim, provavelmente. Mas eu
não tenho preconceito, então acho que está tudo bem. Tive dois pais ao crescer.
Dois pais que me amavam e amavam uma o outro. Minha infância foi o
contrário de disfuncional. Foi completamente funcional, de uma forma não
convencional. Então não, não tenho nenhuma necessidade de ser cuidada e, se
quiser perder minha virgindade com um homem possivelmente meio velho para
mim, é minha decisão, na verdade, não é?
— Lydia? — Josh está perguntando alguma coisa, e não estou prestando a
menor atenção. Porque estou pensando no maldito Rhys.
— Sim? — Sorrio para Josh e renovo meu esforço para prestar atenção
nele.
Ele tem um cabelo bonito. E é legal. E está conversando comigo e
provavelmente responderia se eu lhe perguntasse qualquer coisa que ele quisesse
em vez de simplesmente me encarar como se eu não tivesse acabado de fazer
uma proposta muito generosa.
— Dardos? — Ele assente para uma placa de dardo perto de nossa mesa.
Ele tem olhos gentis e parece genuinamente interessado em minha resposta,
em que eu diga sim.
— Claro. — Coloco minha cerveja em cima de um porta-copos e dou um
tapinha no balcão. — Vamos lá.
Com isso, eu quero dizer dardos, não sexo. Por enquanto. Mas talvez vá
mudar de ideia. Não tipo esta noite, não vamos enlouquecer. Mas talvez Josh dê
em cima de mim. Talvez viremos amigos. Ele é meio engraçado, e eu gosto
mesmo dele. Talvez o desejo mágico e ilusório vá chegar, nunca se sabe.

— Por que estamos em uma porra de bar em Henderson? — Canon faz uma
careta e balança a cabeça, confuso, enquanto eu estaciono em uma vaga em
frente ao Hennigan’s.
— Meu amigo é dono do lugar. Disse a ele que vou entrar para ver como é.
— É. É, foi o que disse. E é por isso que trouxe seu primo aqui no fim de
semana passado.
Porra. Esqueci que ele sabia disso.
— É só uma bebida rápida, Canon — digo, convencendo-o. — Vamos ao
Strippers Strippers Strippers assim que acabarmos.
— Não seja babaca. Você sabe que se chama Double Diamonds, não
Strippers Strippers Strippers. E também sabe que é minha boate preferida de
strip. Respeite meus hobbies.
Eu paro, encontrando Canon no para-choque do meu carro assim que pego
a chave para trancar o carro. Ele não está errado. Também não faço ideia do que
estamos fazendo em um bar em Henderson. Não mesmo. Será que estou
esperando vê-la de novo? Sei que vou vê-la de novo. Na segunda, no trabalho.
Onde vou me controlar com beijos e meus pensamentos obscenos porque ela tem
vinte e dois anos, porra. E é minha funcionária.
É. Vinte e dois. Sou um pervertido por simplesmente pensar nela. Um
babaca por usar a ficha de funcionária dela para descobrir isso, em primeiro
lugar. É só que… por que ela teve que propor aquilo? Qualquer coisa que quiser.
Eu quero. Claro que quero. Não sou um santo, pelo amor de Deus.
Seria um mentiroso, além de depravado, se não admitisse que a
inexperiência relativa que acompanha a idade dela dá um tesão gigante. Muita
confiança do caralho em minha capacidade de ser melhor do que qualquer coisa
que ela viveu até agora.
— Canon, o que é aquela regra sobre limites de idade?
— Qual regra?
Guardei no bolso meu chaveiro e passei a mão na nuca, agitado.
— O negócio de até que idade pode ir? É metade da sua idade mais cinco,
certo? Deus, por que estou perguntando a você? — Estralo o pescoço e encaro a
entrada de Hennigan’s.
O olhar que ele me dá me faz arrepender de ter tocado no assunto. Deveria
ter perguntado ao meu primo — aquele desgraçado britânico pretensioso teria a
resposta.
— É metade mais sete, não cinco. E é para encontros, não sexo. Não há
regras para sexo, só ela ser maior de dezoito. Embora dezoito seja bem, bem
questionável e, se você for foder uma adolescente, preciso que pare e avalie sua
vida.
— Certo. Metade mais sete. — Assinto como se não importasse, já me
arrependendo de ter falado nisso com Canon.
— Me diga que estamos falando de uma de vinte e um anos. Me diga que
não tem coragem de transar com uma adolescente.
— Jesus, relaxe. Não tenho. Esqueça, não vamos falar disso. — Assinto em
direção à porta do pub e começo a andar.
— É por isso que escolho Double Diamonds. Vince não contrata a menos
que tenham vinte e um.
— O quê?
— Ótimos benefícios também.
— O quê? — Paro para poder olhar para Canon. — De que porra está
falando?
— As strippers no Double Diamonds. Pacote com benefícios
compreensivos. Plano de saúde, reembolso de matrícula. Sem taxas de estágio.
Sabia que a maioria das boates cobram as dançarinas só para trabalhar? — Ele
cospe essa última parte, seu tom indicando desgosto com o patriarcado da
trabalhadora moderna de boate de strip.
— Como…? — Hesito, enquanto o encaro, sem palavras. — Por que sabe
disso?
— Joguei golfe com Vince na semana passada.
— Ótimo. Que bom ouvir que está fazendo novos amigos.
— Não fique com ciúme. Você estava ocupado. — Canon verifica seu
relógio e olhar para Hennigan’s. — Deus. Espero que sua adolescente não esteja
em um bar.
— Pode calar a porra da boca? Ela não é adolescente. E não é minha.
Não é minha, e não está no bar. Percebo isso assim que passamos pela
porta, como se esperasse que ela estivesse no mesmo assento que estava semana
passada, me esperando. Possivelmente porque sei muito bem, depois de minha
pesquisa em seu arquivo de funcionária, que ela mora no fim da rua.
Só queria confirmar de qual departamento ela era, uma ponta de esperança
que ela simplesmente estivesse no quarto andar para uma reunião e que vê-la não
seria um acontecimento comum. Mas não. Ela é do Recursos Humanos,
designada ao cubículo 4W-28, do lado oeste do quarto andar. Perto demais do
meu escritório para ficar confortável.
Caramba, fui embora por um motivo. Não transei com ela no escritório de
Brady no fim de semana passado, apesar de querer, porque não sou acostumado
a tomar decisões ruins. Então a mandei para casa, para onde ela pertencia. Longe
de um homem como eu, um homem interessado em uma coisa, e quando o brilho
suave de seus olhos se transformou em um olhar arregalado, me disse que ela
estava interessada em algo diferente. Então ela aparece em meu escritório. Quase
duzentas mil pessoas empregadas pelo Vegas Strip, e ela está trabalhando em
meu cassino. Sentada a vinte metros da minha sala.
Caralho.
Não preciso da distração, e ela, com certeza, não precisa de mim. Abrir esse
resort é meu foco. Nada mais, nada mais. Este é meu momento. Esta é a minha
vez de fazer uma contribuição duradoura para a empresa da família. Esse
empreendimento era minha ideia. Fui eu que o levei ao conselho. Fui eu que
organizei o dinheiro para investimento. Fui eu que passei os últimos quatro anos
comendo, vivendo, respirando com o único objetivo de tornar Windsor o ramo
mais lucrativo do negócio da família.
Eu. Além disso, eu fodo. Não levo mulheres para jantar e as acompanho até
em casa até Connecticut a fim de conhecer meus pais.
Focado. Sou um privilegiado filho da puta. Não, isso não está certo. Sou o
privilegiado filho de uma herdeira. Meu bisavô criou uma empresa que garantiu
estabilidade financeira por gerações. Cada geração, desde então, em vez de
descansar, aumentou ainda mais a empresa. Aumentou, melhorou, desenvolveu.
Minha mãe administra a divisão norte-americana da Sutton Corporation por
duas décadas. Ela é poderosa e, com seus cinquenta, não está preparada para
abdicar. Meu primo assumiu como CEO da empresa há dois anos.
Eu poderia ter fodido pelo resto da vida e não importaria. A empresa teria
continuado funcionando sem mim. Não sou uma parte integral, não como minha
mãe, ou meu primo, ou meu tio, que administra os cruzeiros. Meus vinte foram
uma dificuldade para encontrar meu lugar nesse conglomerado. Um lugar que
importaria, um cabeçalho em vez de uma nota de rodapé.
O Windsor é meu cabeçalho, meu legado.
Não deixei passar que minha contribuição duradoura para a humanidade
será a abertura autoindulgente de um hotel luxuoso na Las Vegas Strip, e não
uma caridade ou reforma do plano de saúde ou a abolição da disparidade racial
ou o financiamento da educação pública.
Brady está atrás do balcão, mais observando do que servindo, então, quando
nos vê chegar, ele dá a volta, e nós nos cumprimentamos obrigatoriamente com
um tapa nas costas.
— Dois fins de semana seguidos. Uau. — Brady cruza os braços e se apoia
no balcão. — Você está impressionado com a minha microcervejaria ou voltou
pela garota.
Obrigado, Brady.
— Com certeza não viemos até Henderson pela cerveja — Canon murmura
quando se senta em um banquinho. — Você passa cartão aqui, certo?
Estou prestes a dizer para Canon não encher o saco quando Brady inclina a
cabeça para o outro lado do ambiente. Então ela está aqui. Sou inundado por
uma onda de adrenalina, e algo mais, algo diferente. Há uma sensação de
exultação ao vê-la de novo, um sentimento perdido para um homem que só está
querendo foder. Como se eu fosse um adolescente e esta fosse a primeira vez que
enfio a mão na calça de uma garota, quando não sou e isso não está acontecendo.
Talvez eu só precise esquecê-la. Talvez só provar uma vez, uma foda
rápida. Um bom momento para nós dois e, então, seguiríamos em frente. Na
segunda, voltaríamos aos negócios. Eu me viro no banquinho, olhando o bar
conforme Brady coloca duas bebidas diante de nós. Eu a localizo, atirando
dardos de um alvo de cortiça, seu cabelo escuro espalhado pelas costas, a luz
destacando as luzes em seu cabelo. Ela está de saia jeans, o tecido aconchegado
à curva de sua bunda, e a visão faz meus dedos ansiosos apertarem o vidro em
minha mão. Não ajuda quando ela se ergue na ponta dos dedos do pé para pegar
um dardo que está fora de seu alcance, sua bunda se erguendo muito mais
conforme ela se estica.
Ela é pequena, e me faz sentir vontade de protegê-la de uma forma babaca e
antiquada. Como se ela precisasse que eu a carregasse para não pisar em uma
poça ou que comprasse algo bonito para ela. Ela não precisa de nada disso. Mas
seria fácil de erguê-la, suas pernas envolvidas em meus quadris conforme eu me
enfio nela, minhas mãos segurando sua bunda enquanto eu a balanço para cima e
para baixo em volta de meu pau, suas mãos puxando meu cabelo enquanto ela
implora por mais, mais e mais.
Em minha mente, ela implora. Choramingos. Por favor, Rhys. Mais, Rhys.
Ela se vira, abrindo um sorriso para alguém atrás dela. Seu sorriso é largo,
uma mecha de cabelo caindo em sua face, e seus olhos brilhando com a risada.
Seu rosto está livre de qualquer maquiagem visível, o que só serve para fazê-la
parecer mais jovem e menos interessada em alguma arte da sedução.
Como se seus objetivos fossem muito menos intencionais do que a maioria
das mulheres. Menos ensaiados. Ou talvez ela simplesmente não faz ideia de que
afeta homens, mas não pode ser.
Meus olhos pairam para o que ela está sorrindo. Ou quem. Um homem. Por
que estou surpreso? Como se ela fosse esperar desde — ontem — quando ela me
ofereceu qualquer coisa que eu quisesse com ela? Sério, que porra era aquela?
Bufo e me volto para minha bebida. Depois volto para Lydia. Canon me
observa e revira os olhos.
— Ok, uau.
— Não enche.
Levo o copo aos lábios e dou um gole, com os olhos na minha boa garota
conforme ela lança um dardo. Ela diz algo que faz o homem rir, e me pergunto
se eles vieram juntos. Onde está a loira incentivadora com quem ela estava
semana passada? Presumi, como o babaca arrogante que sou, que ela estaria aqui
com a amiga. Apenas me esperando chegar e repetir a “coisa do beijo”, como ela
chamou. Dou outro gole e analiso o bar até encontrar a loira. Ela está em uma
mesa com dois caras. O que significa que estão em cinco e não é um encontro.
Ou é uma porra de orgia.
— Lydia Clark. Recém-graduada da Universidade do Estado de Louisiana.
Nova contratada do Windsor. Vinte e dois. — Canon me dá uma piscadinha
dramática com esse detalhe antes de continuar. — Teve um cachorro chamado
Scout na infância…
Paro de observar Lydia a fim de interromper Canon.
— Como sabe disso?
— Você me paga pela segurança, lembra? Sei de tudo. — Ele me dá um
olhar sábio, como se fosse um tipo de vidente.
É assustador.
— Além disso, acabei de tirar uma foto dela e passar pelo software que
estamos usando no cassino — ele complementa, o que me faz muito mais
sentido do que ele ser um ser onisciente.
— É, mas como sabe sobre o cachorro dela? Isso não estava no arquivo de
contratação.
— Não, está em um post do Instagram da semana passada — ele diz,
olhando para seu celular. — Hashtag TBT — ele lê em voz alta. — É um post de
Throwback Thursday com uma foto de uma Lydia de dez anos e seu cachorro.
Está vendo?
Ele vira seu celular na minha direção, e eu o arranco de sua mão com mais
agressividade que o necessário, mas ele está me provocando para seu próprio
divertimento. Lá está ela. Lydia criança com um cachorro. Está com uniforme de
Girl Trooper. Jesus Cristo. Jogo o celular de Canon no balcão com desgosto.
— Sabe, quando você tiver quarenta anos, ela terá vinte e oito.
— É, já entendi, sou velho. Ela é jovem.
Eu me pergunto se eles estão mesmo em um encontro para orgia. Talvez
seja isso que as crianças façam agora.
— Não, cuzão. Estou dizendo que, quando você tiver quarenta, metade da
sua idade mais sete é vinte e sete. Quando você tiver quarenta, Lydia terá vinte e
oito.
— Então se eu conseguir não encostar nela por seis anos, não serei
pervertido? Obrigado, ajudou.
— Estou dizendo que tudo vai compensar nos próximos anos, então por que
atrasar a gratificação agora?
— Não sou especialista em moralidade, mas não acho que esteja certo.
Do outro lado do bar, o cara jogando dardo com Lydia está parado atrás
dela e coloca uma mão em sua cintura e a outra na mão que segura o dardo. As
habilidades dela de jogar dardo são boas, então é uma atitude cretina da parte
dele.
Eu me pergunto se ela vai beijá-lo. Eu me pergunto se ela vai lhe propor
mais. Eu me pergunto por que me importo. Eu me pergunto se estou tendo algum
tipo de crise maldita de meia-idade. Desafia toda a lógica. Por que preciso ficar
com essa garota, em particular? O que importa? Não há menos de dez mulheres
no Double Diamonds que iriam para casa comigo esta noite — mulheres que
foram para casa comigo no passado. Mulheres a quem pago para poder expulsá-
las cinco minutos depois de eu gozar.
Mulheres que não olham para mim como se esperassem mais de mim.
Caralho.
— É melhor irmos embora — murmuro, mas ainda estou observando Lydia.
— Vamos — Canon concorda, mas ele não se mexe para se levantar. Ele
nem tira os olhos do jogo que está passando em uma das TVs do bar.
Ela deve me sentir ao seu lado antes de me ver, porque se vira um instante
antes de eu pegar sua mão. Seus olhos se arregalam de surpresa, seus cílios
batendo contra as faces conforme ela pisca com rapidez. Seus lábios se separam,
se juntam de novo enquanto um sorriso se forma. Ela ruboriza, a cor forte em
suas bochechas, e lá está aquele olhar de novo. Expectativa. Deus me ajude, ela
olha para mim com esperança.
O que estou fazendo? Ela precisa inclinar a cabeça para trás a fim de me
olhar porque estou bem perto dela, com sua mão macia envolvida na minha,
maior, mais áspera. Eu aperto, e sua respiração acelera, seus olhos brilhando, um
olhar de pura ansiedade no rosto.
— Rhys? — ela pergunta, e ouvir meu nome em seus lábios faz minha
pulsação acelerar e meu pau endurecer.
Em vez de responder, puxo sua mão e nos guio até o escritório de Brady.
Quando passamos pela porta, já estou nela, uma junção de lábios e língua, e
puxando seu cabelo.
Até a cadeira de Brady arranhar o chão. Lydia se afasta de mim com um
gritinho.
— De novo em meu escritório. Vou sair — Brady murmura conforme passa
por nós, a porta se fechando atrás dele.
Dou risada, e Lydia ruboriza.
— Quem é o cara?
— Quem?
Ela pisca para mim com uma confusão repentina, e fico grata por ela não se
lembrar do homem com quem estava conversando há dois minutos.
— Dardos — lembro a ela, e ela olha para baixo para sua mão, que ainda
está segurando os dardos para sua vez.
Ela abre a mão e os encara, depois se volta para mim.
— Josh? — ela responde, mas diz isso como uma pergunta, como se
possivelmente já tivesse esquecido o nome dele. Boa garota. — Só um cara do
meu condomínio. Nos conhecemos na piscina hoje.
Ela tomou sol hoje, eu percebo, há algumas sardas cobrindo seu nariz e sua
face, e estou irritado com a ideia do idiota do Josh vê-la molhada e coberta por
uma tira de tecido.
— Nós temos piscina no hotel — conto a ela.
— É, e eu tenho uma piscina em meu condomínio — ela responde com uma
risadinha, como se estivéssemos simplesmente comparando, seus olhos
buscando em minha expressão alguma dica do que eu queria.
Não sei, então a beijo. Pego os dardos dela e os jogo na direção da mesa do
Brady.
Eu a beijo de novo, e ela se inclina para mais perto, colocando as mãos em
meu peito. Seu toque é leve, tímido? Mas seus lábios são sedentos. Seus lábios
são flexíveis, macios e doces. Seus beijos parecem uma prévia de como seria o
sexo com ela. Faminto. Íntimo. Explorador.
Levo-nos de costas para o sofá, rezando um agradecimento a Brady por ter
a visão de ter um sofá no escritório. Ela cai em meu peito, seu corpo macio e
leve em cima de mim, mas são seus olhos que me interessam. Eles se arregalam,
como se ela estivesse surpresa por onde se encontra, o que não deveria estar
depois de me fazer a proposta ontem. Mas talvez não seja um comportamento
normal para ela. Talvez haja algo em mim especificamente que a faz fazer coisas
fora do normal.
Vejo que gosto dessa ideia.
O olhar de surpresa dura apenas um segundo, substituído por um sorriso
lento que aumenta e toma seu rosto todo. Se eu pensava que ela era bonita antes,
não é nada comparado a este instante. Sua língua aparece para lamber os lábios
e, então, ela abaixa a cabeça, uma risadinha escapando antes de olhar para cima
de novo. Ela me observa por baixo de seus cílios, e há um brilho de empolgação
em seus olhos agora, suas mãos deslizam para cima de meu peito, seus dedos
abertos para exploração, a ponta deles massageando como um gatinho muito
feliz.
Então ela flexiona o quadril. Deus me ajude, ela flexiona o quadril. Um
movimento minúsculo de rebolado empurra a pélvis dela contra minha coxa,
buscando fricção, buscando mais. Deslizo a mão até seu quadril para segurar sua
bunda e ela faz de novo. Mais forte dessa vez, mais deliberado, mas não acho
que ela tenha consciência de que está fazendo tudo isso. Suas mãos estão
ocupadas sentindo meu corpo através do tecido da minha camiseta e seus olhos
estão ocupados analisando os lugares que ela segue com um beijo. Meu pescoço.
Minha sobrancelha direita. Meu lóbulo esquerdo. Ela para ali, puxando minha
pele entre seus dentes com um puxão delicado, depois segue com a língua.
Outra flexão de seu quadril. Coloco a mão na dela e a deslizo para baixo até
passar a bainha da minha camiseta e a deslizo por debaixo, colocando-a em
minha barriga. Seus olhos se movem para os meus, de novo com aquele breve
olhar de surpresa seguido de um arregalado e o sorriso entusiasmado, sua marca
registrada.
Ela se ergue do meu peito o suficiente para erguer minha camiseta até a
metade do meu peito e, no mesmo movimento, ela abre as pernas. Abre para
ficar montada em minha coxa direita. O movimento faz sua saia subir em volta
do quadril, então a única coisa separando-a da minha perna é sua calcinha.
Algodão. Consigo sentir sob minha mão. Trilho a ponta de meu dedo pela
costura em volta de sua coxa e na beirada de sua calcinha, e ela se arrepia,
depois sorri, mordendo o lábio em um sorrisinho. Isso faz a pele de seu nariz se
enrugar, as sardas do sol da tarde se acumularem adoravelmente.
Outra flexão do quadril. Posso sentir o calor de sua boceta através de minha
calça, e é surreal pra caralho. É surreal porque ainda estou de calça. Que porra
está acontecendo? Nós estamos… roçando? Esta mulher adulta — jovem demais
para mim, sim, mas adulta ao mesmo tempo — está se esfregando na minha
perna?
Seus lábios se partem arfando, seu cabelo é um monte de mechas caídas em
volta de seu rosto. Algumas delas, grudadas em seus lábios, então estico o braço
e as tiro, colocando-as atrás de sua orelha. Meus dedos se demoram, traçando a
concha de sua orelha, descendo pela lateral de seu pescoço, por sua clavícula.
Ela sorri e se esfrega em minha perna, ambas as mãos espalmadas em meu peito
nu para se equilibrar.
Acho que não roço assim desde que tirei minha carta de motorista, então
faz… um tempo.
E, ainda assim, estou duro. Dolorosamente duro observando-a balançar para
trás e para a frente na minha perna. Chocado por meu pau ainda estar em minha
calça, mas duro.
Baixo as mãos até as coxas dela, nuas com sua saia acumulada em sua
cintura. Sua pele é macia e lisa sob minhas mãos e tocá-la é melhor do que
deveria. Melhor do que qualquer coisa que senti em um bom tempo.
Seus olhos se lançam para onde minhas mãos estão acariciando sua pele.
Ela deve gostar do que vê, porque lambe os lábios, e quando seus olhos
encontram os meus de novo, eles estão ardentes. Com expectativa e arregalados
e no tom mais lindo de verde, o tipo de verde geralmente associado a uma
floresta ou um festival irlandês. O tom de verde reservado a homens que se
importam com tal detalhe. Eles flertam, são questionadores e docemente
interessados no que ela está olhando — que sou eu.
Quero dizer para ela não se importar. Que ela não gostaria do que
encontrasse se passasse mais tempo comigo. Que não valho a pena qualquer
fantasia de mim que ela esteja pensando. Quero lhe dizer isso.
Eu quero.
Eu deveria.
Eu vou.
Mas também quero ver se ela consegue gozar simplesmente roçando para a
frente e para trás em minha perna, ou se precisa de uma ajudinha.
Quero deslizar minha mão para dentro de sua calcinha de algodão e ver o
quanto ela está molhada. Quero saber o quanto seu clitóris está rígido. O quanto
está com tesão e molhado. Quero saber se ela gosta de pequenos círculos
provocantes feitos pela ponta do dedo ou a firme pressão de um polegar no
momento certo.
E, Deus me ajude, não quero que ela pare de me olhar assim.
Ela sorri e aquela língua cor-de-rosa perfeita sai para outra lambida em seu
lábio inferior. Então ela se apoia nos cotovelos o suficiente para me beijar. Eu
deixo. Mantenho as mãos em suas coxas enquanto ela roça contra mim de novo e
enquanto me dá beijos delicados nos lábios. Quando ela tira a mão de debaixo da
minha camiseta para passar na minha ereção, eu deixo.
Eu deixo, quando o que quero fazer é assumir o controle. O que quero é
abrir minha calça, me massagear, colocar sua calcinha para o lado e me enfiar
dentro de sua boceta quente, molhada e apertada. Mas, se eu assumir o comando,
não posso observá-la me usar para gozar. E essa merda é sexy pra caralho. Mais
sexy do que é razoável para alguém da minha idade. Ou da idade dela, que seja.
Ainda assim, ela está fazendo isso comigo nesta sessão para maiores, então, se
ela quer brincar comigo depois da escola, estou dentro. Além do mais, estou bem
curioso para ver até onde isso vai.

Eu me inclino sobre Rhys e o beijo. Ele tem cheiro de homem e couro. Ou


talvez o couro que eu esteja sentindo o cheiro seja do sofá em que estamos nos
pegando no momento, porque sou esse tipo de garota agora. A garota que dá uns
amassos em sofás no escritório dos fundos de um bar. Para ser sincera, me sinto
bem com esse desenvolvimento da minha vida. Enfim, ele cheira bem, e seu
corpo é bom, e ele parece, bem, ele parece muito, muito bom.
E ele é tão gentil. Tipo, nem tentou tirar minha blusinha ainda, o que eu
deixaria completamente ele fazer se quisesse, mas acho que ele está indo
devagar. Será que eu deveria tirar minha própria blusinha? Não pode ser. E se eu
simplesmente arrancasse minha blusinha agora e ele ficasse tipo, Uau, Lydia. Só
gosto de você para beijar, não para tirar a blusinha?
Seria terrível. Seria a pior coisa. Ele realmente gosta de mim para beijar,
então não quero estragar. Subo meus dedos por seu pescoço, e ele me beija de
novo. Suas mãos estão acariciando a parte de trás de minhas coxas, longas
carícias da metade da coxa até a bunda, mas ele para ali, a ponta de seus dedos
trilhando ao longo da costura da minha calcinha na bunda. Então desliza as mãos
para baixo. Suas mãos parecem enormes na parte de trás de minhas pernas, sua
pele quente contra a minha, seus dedos apertando enquanto ele arrasta as mãos
para cima e para baixo, e tudo isso está me deixando louca.
Do tipo molhada, e com tesão, e muito perto de perder a cabeça. Sinto
como se todas as terminações nervosas em meu corpo se moveram para um
lugar, e eu só quero me pressionar nele para aliviar. Estou com a necessidade de
ser preenchida, de tê-lo dentro de mim, então estou compensando ao me esfregar
em sua perna. Será que estou apertando sua coxa muito forte?
Baixo os lábios até seu pescoço e o beijo. Ele tem o pescoço mais gostoso
do mundo e ele raspa na minha bochecha e na ponta de meu nariz conforme
passo os lábios em sua pele. Lambo a lateral de seu pescoço também, porque
simplesmente preciso prová-lo. Ele geme e usa uma mão para me puxar mais
para perto contra sua perna e a outra segura meu cabelo.
O ato de puxar meu cabelo quase me faz gozar. Estou muito perto. Baixo a
testa em seu pescoço e, então, ele está sussurrando em meu ouvido. Adoro o som
de sua voz independente do que esteja dizendo, mas os sussurros baixos podem
ser minha perdição.
— Você é safada, boa garota?
— Talvez — respondo, dando de ombros, afinal quem realmente sabe?
Mas acho que posso ser safada. Se o puxar cabelo é alguma indicação,
então sim. Bastante sim. Reserve para mim uma passagem de ida para a
Safalândia.
— Está molhada?
Espere, ele acabou de perguntar isso mesmo? E se eu responder “muito
molhada, Rhys”, e ele não fizer ideia do que estou falando porque o que ele
realmente disse foi “Estou entediado, saia de cima”? Logicamente, uma coisa
não parece em nada com a outra, mas nunca se sabe, não é? Além disso, não
estou acostumada a esse tipo de conversa safada. Uma vez, na faculdade, eu
estava dando uns amassos com um cara e ele disse que ia enfiar o pau nos meus
lábios. Essa é uma frase de verdade, não interpretei errado. Sei disso porque pedi
a ele para repetir. E ele o fez. Palavra por palavra. Não sei se aquela frase
funcionara para ele no passado, mas foi inútil comigo. Enfim, a questão é que eu
tenho uma habilidade limitada em conversas de sacanagem e não quero estragar
isso, então mantenho a cabeça enterrada em seu pescoço e passo as mãos em
seus mamilos enquanto espero para ver o que acontece.
— Consigo te sentir na minha perna — ele complementa.
Seus lábios estão no local macio atrás de minha orelha, e sua voz é rouca.
Sua respiração sussurra em meu pescoço e eu arrepio. Só que…
Oh, meu Deus. Estou molhando a calça dele? Vou morrer.
— Você sempre fica molhada assim, Lydia? Está me encharcando através
da calcinha. Montada em minha perna como se eu fosse seu brinquedo pessoal
de foda. Me usando para gozar. — Ele puxa meu cabelo, então preciso erguer a
cabeça e encontrar seu olhar. — Não está?
Vou derreter. Minha respiração para na garganta, e estou impossivelmente
mais quente e molhada, e levemente mais humilhada, e tudo no que consigo
pensar é no quanto minha calcinha está molhada contra sua perna, e no quanto é
gostoso ali, e em como preciso de só mais um pouquinho. Só um pouco.
— Me fale, Lydia. Diga.
Não consigo. Então simplesmente assinto e desvio os olhos quando um som
esquisito sai da minha boca que é meio envergonhado e meio vou-morrer-se-
não-gozar-logo.
— Sabe como está gostosa? Como está me deixando maluco? Como está
me deixando duro?
— Não. — Balanço a cabeça, voltando a olhar para seus olhos. — Estava
esperando que soubesse, mas não tenho certeza absoluta, sabe?
Ele olha para mim, um sinal de confusão passa por sua expressão antes de
ele sorrir como se eu tivesse sido engraçada. Sorrio de volta porque ele é lindo.
— Você é uma figurinha, não é? Sabe exatamente o que está fazendo
comigo.
Bom, posso senti-lo pressionando minha perna, então não estou totalmente
absorta. Além disso, acho que isso significa que ele gosta mais de mim do que só
para beijar, então sorrio em resposta.
— Você adoraria ser preenchida com pau, não é? — ele pergunta, mas é
mais uma declaração do que uma pergunta.
Meus olhos se alargam e posso sentir o rubor cobrindo minhas faces. Sugo
meu lábio inferior entre os dentes por falta do que dizer a isso.
— Aposto que você é apertada pra caramba. Provavelmente, precisa ficar
molhada assim para receber um pau, não é? Aposto que você seria tão apertada
em volta de meu pau, que eu teria que me esforçar para não gozar no instante em
que entrasse em você.
Bom Deus. Ninguém nunca falou comigo assim. Sento um pouco e trilho os
dedos no caminho suave de pelos de seu umbigo até a parte de cima de sua
calça. Então movo a mão para o contorno de seu pau, que está presto contra
minha perna, e o acaricio. Eu o quero dentro de mim. Eu me sinto… vazia. Não
tem outro jeito de explicar. Estou vazia e desejando ser preenchida com ele.
Ele solta um gemido quando o toco, e soa como o paraíso. O som de baixo
timbre, nem uma palavra. Suas mãos se moveram para cima de minhas pernas
agora que estou sentada de novo. Seus polegares estão na parte interna de
minhas coxas, suas mãos em cima, e ele está repetindo o movimento de carícia
que estava fazendo na parte de trás das minhas pernas. Minha saia está
acumulada na cintura, permitindo que suas mãos deslizem até em cima, seus
polegares descansando nos músculos tensos da parte interna de minha coxa onde
estou esticada por cima de sua perna. Suas mãos param, seus polegares
massageiam minha pele aquecida, depois passam pela costura da minha calcinha.
Sei que o tecido está molhado. Posso imaginar como meus pelos estão molhados,
o tecido molhado grudado e transparente. Calcinha rosa-claro. Foi essa que
coloquei hoje quando saí do banheiro depois da piscina. Uma calcinha de
algodão rosa-claro de tirinha com listras brancas. Bem diferente do branco liso
que sempre considerei sexy. Não consigo imaginar que isso seja melhor do que
as calcinhas minúsculas de renda e seda que ele deve estar acostumado a ver as
mulheres usarem.
Seus olhos estão focados no lugar molhado entre minhas pernas quando ele
fala.
— Quer que eu te faça gozar, Lydia?
— Posso morrer se não fizer — solto a resposta sem pensar, e minha boceta
palpita de ansiedade quando ele sorri de novo, como se eu estivesse sendo
engraçada.
Ele usa um polegar para enganchar minha calcinha para o lado e massageia
o outro através do triângulo de pelo exposto pelo movimento. Mantenho os olhos
em seu rosto enquanto os dele estão no lugar necessitado entre minhas pernas.
Ele desliza o polegar por minha pele molhada, depois o passa em meu
clitóris e — oh, Deus. Sinto suas mãos em mim, observo sua expressão enquanto
ele me toca, é intoxicante. E me faz querer mais. Mais dele, mais do que seja lá
que ele possa fazer. Mais de suas palavras obscenas e dedos habilidosos. Mais,
mais, mais. Então ele pressiona o polegar firmemente contra meu clitóris, e eu
gozo. Não acho que foram nem três segundos de pressão e, se eu estivesse com
algum controle de mim mesma, teria segurado mais tempo, porque a sensação
dele me tocando ali é diferente de tudo que já senti. Já aconteceu de garotos
enfiarem a mão dentro de minha calcinha antes, toques hesitantes e dedos
tateando, e não fizeram muita coisa para mim.
Não é igual. Nada igual. Ele não para, e o orgasmo continuou de uma forma
com a qual não estou acostumada quando faço sozinha. Estou acostumada a uma
explosão rápida de alívio que me faz tirar a mão logo que alcanço. Rhys mantém
o polegar no lugar, roçando firmemente para um lado e outro pela protuberância
molhada, embora eu esteja apertando seus antebraços e me contorcendo. É
demais, e quero me afastar. Quero ficar. Quero que a palpitação paradisíaca pare.
Quero que nunca acabe. Minha cabeça cai para a frente, enquanto uma sequência
de “oh, oh, oh” sai de meus lábios.
Quando acaba, eu caio em seu peito, aconchegado debaixo de seu queixo
enquanto meu peito sobe e desce e minha respiração volta ao normal. Rhys
sussurra em meu ouvido, palavras de como sou linda quando gozo, do quanto ele
gostou de me observar. Sinto uma sensação esquisita de orgulho por tê-lo
agradado.
— Você é bom mesmo nisso, hein? — murmuro em seu pescoço.
Ele definitivamente cheira bem, eu decido. Não é apenas o sofá. Ele cheira
como um dia de outono no Tennessee. Fresco, limpo, terroso e masculino.
Seu peito se mexe quando ele ri, sua respiração aquecendo o topo de minha
cabeça.
— Bom no que, exatamente? Mal encostei em você.
— Bom com o polegar, acho. Não sei — murmuro em seu pescoço de novo
porque estou ocupada trilhando os dedos em sua pele, a ponta de meus dedos
ocupada com a determinação de memorizar a sensação de seu pescoço. A pele
livre de barba, macia. Os músculos de seu pescoço. Acho tudo nele bem, bem
interessante.
— De onde você surgiu, caralho? — ele diz enquanto entrelaça uma mecha
de meu cabelo nos dedos.
— Knoxville. — Eu me sento e olho para ele. — Tennessee — adiciono
quando ele simplesmente me encara.
Demoro alguns minutos para perceber que a pergunta foi retórica e, então,
me sinto idiota, assim, pergunto a ele de onde veio. Não melhora em nada, mas é
tudo no que consigo pensar.
— Connecticut — ele responde, porque a minha pergunta não foi retórica.
Um pequeno franzido marca sua testa enquanto ele analisa meu rosto.
Depois ele passa o polegar que acabou de tirar de mim na língua, seus olhos não
deixam os meus. Prendo a respiração, porque uau. E agora estou me perguntando
o que ele pode estar pensando. Qual é meu gosto. Se gostou. Também me lembro
de que apenas um de nós gozou.
— Você ainda está duro — digo, acariciando o comprimento dele por cima
do jeans.
Está mesmo. Duro. E grande. Aperto-o gentilmente por cima da calça.
— Quem não estaria? — ele responde exalando longamente.
Olho para ele, sem saber o que quer dizer. Significa que sou um tipo de
tentação sexual capaz de deixar qualquer homem duro? Humm, seria bem legal
se isso fosse verdade. Ou significa que acabei de gozar enquanto ele não gozou e
eu deveria fazer algo para consertar isso?
— Você, hum, quer?
É, saiu assim. Nem sei exatamente o que acabei de propor. Masturbação?
Sexo? Quem saberia? Por que ele não está assumindo o comando? Na minha
fantasia, ele me fala o que fazer, então não fico confusa. Ele diz coisas como
“Lydia, quero te foder. Vamos para minha casa foder”. Digo, obviamente soa
melhor quando ele diz — eu te disse que minhas habilidades de conversa de
sacanagem precisam ser trabalhadas.
— Quero o quê?
Ele está me olhando por baixo dos cílios, sua voz baixa e sexy pra caramba.
Seu olhar baixa para meus lábios antes de voltar aos meus olhos e parece uma
carícia, a forma como ele me olha. Parece que ele está passando a mão em minha
face e me puxando mais perto dele em vez de simplesmente passar os olhos por
meu rosto.
— Quero foder? Quero aliviar essa ereção que você me deu? Quero
descobrir o quanto sua boceta é apertada? O quanto está molhada e quente?
Quero enfiar o dedo em você para ver se está pronta para foder neste exato
momento, ou se vai precisar de um segundo dedo e um pouco de aquecimento
para eu conseguir entrar em você? Quero saber como é seu orgasmo palpitando
contra meu pau enquanto estou enterrado até as bolas dentro de você?
Ele pausa.
— Quem não iria querer isso, Lydia? — Ufa. Ok, estamos pensando a
mesma coisa então. — Ou talvez eu queria provar essa boca linda primeira. Mas
espero que você engula tudo. Eu apertaria sua mandíbula para abrir com uma
mão e te alimentaria com meu pau com a outra até você engasgar. Depois o
deslizaria por sua garganta enquanto você sufocava comigo. Tudo bem para
você, Lydia? Você faz boquetes delicados com seus lábios lindos envolvidos
apenas na cabeça? Ou você engole até seu nariz estar pressionado contra a
barriga de um homem e sua próxima respiração depender de quando ele te
levantar?
Oh. Bom. Ele teria que me ensinar essa parte, obviamente.
— Aqui não, né?
Olho para a porta e depois me volto para Rhys. Ele não pode querer tudo
isso aqui, em um escritório de bar onde qualquer um poderia entrar. E este sofá
não é meu, ou dele. E se sujar? E se… eu sangrar nele? Eu me sinto ruborizar de
vergonha e sugo o lábio inferior entre os dentes.
— Por que não aqui?
Hum. Porque não.
— Porque não.
Dou de ombros e olho para a porta de novo. Porque não quero ser
deflorada em um sofá em um bar, Rhys. O que me lembra que estou pensando
em uma palavra melhor do que deflorar. Desvirginar? Eu me pergunto se é uma
palavra de verdade ou só uma palavra que tem no Urban Dictionary.
— Minha casa é perto daqui — sugiro com o que espero que seja um tom
prestativo, decidindo que não é a hora nem o lugar para vomitar tudo, que ainda
sou virgem, você se importaria de me livrar disso?
Ele ergue uma sobrancelha em resposta.
— Você só transa em camas, boa garota? Tem vinte e dois anos, com
certeza já fodeu no banco de trás uma ou duas vezes.
— Quer ir para o estacionamento?
Ele não pode estar falando sério, não é? Não consigo esconder a surpresa na
voz e tenho certeza de que a expressão em meu rosto combina porque ele dá
risada.
— Você é fofa. E isso não vai acontecer. — Então ele me tira de seu colo e
sai pela porta.

— “Isso não vai acontecer?” — Estou andando de um lado para outro na


cozinha e me repetindo. — “Isso não vai acontecer” é ainda pior do que
“qualquer coisa que quiser”!
— Ótimo. Então você está até agora falando coisas idiotas.
Payton suga o milkshake que ela nos fez comprar no caminho de volta para
casa. Para ser sincera, nós paramos em um drive-thru no Del Taco, então não foi
um desvio enorme. Além disso, devorei, devido ao estresse, um taco de queijo
antes de chegarmos ao apartamento, então não tenho direito de reclamar sobre a
parada.
— Qual é o problema com ele e suas mensagens subliminares de merda? —
Abano os braços antes de me jogar na mesa, desesperada.
— Oh, uau. Você está desembalando os xingamentos agora. Uau — Payton
murmura com as sobrancelhas erguidas. — A merda está ficando séria.
— Viu, por isso que ainda sou virgem! Homens são complicados pra
caramba. E idiotas. Eu os odeio. Todos eles.
— Está dando uma de lésbica para cima de mim agora? Olha, respeito suas
escolhas, blá blá blá, mas não acho que me sinta atraída por você. Se quer saber.
Mas talvez em uma situação de irmã-esposa em três? Eu compartilharia um
pênis com você, certeza. Pode dar certo.
— O quê? — Pisco para ela algumas vezes. — Está dando em cima de
mim?
— Não. — Ela balança a cabeça, sua expressão perplexa como se isso tudo
estivesse perfeitamente claro. — Estava propondo compartilhar um homem com
você. Teoricamente. Se chegasse a esse ponto — ela complementa, dando de
ombros. — O que é uma proposta bem generosa. Você deveria ser um pouco
mais grata.
— O quê? — repito devagar. Ela ficou doida? — Como isso daria certo?
— Compartilhando o tempo. Eu o teria às segundas, quartas e sextas. E,
então, você ficaria com ele às terças, quintas e sábados! — Ela dá outro gole no
milkshake e olha para mim com expectativa, como se eu fosse responder alguma
coisa a esse compartilhamento de namorado. — Fui gentil em te oferecer o
sábado, não fui? — Ela olha para mim de novo, com a cabeça inclinada para o
lado, o milkshake na mão.
— Claro — respondo embora nada daquilo fizesse sentido. — E o que
aconteceria aos domingos? Ele pegaria mulheres aleatórias aos domingos?
— Não! Não seja nojenta. — Payton me lança um olhar de desgosto, como
se eu a tivesse ofendido só de pensar nisso. — Ele nunca pega mulheres
aleatórias. É completamente fiel a nós. Os domingos seriam para nós três. Ou ele
poderia tirar folga. Qualquer coisa.
Eu a encaro por muitos segundos sem falar nada enquanto processo isso.
— Saia. — Aceno para o assento em que ela está. — Preciso da mesa para
fazer pijamas. — Pego uma almofadinha de alfinete e uma calça meio terminada
e me sento. — Hum, obrigada pela proposta generosa. Vou manter essa ideia em
standby.
— Sem problemas. Sou uma amiga muito boa mesmo.
— Isso você é. E modesta.
— E uma boa compartilhadora. Não se esqueça disso. Você sabe que eu
realmente penso que o estilo de vida irmã-esposa é subutilizado.
— Aham.
— Tipo, imagine se Chris Hemsworth estivesse a fim de nós duas e
quisesse se casar com a gente.
— Chris Hemsworth já é casado.
— Lydia. — Payton resmunga meu nome com um suspiro demorado. —
Não seja tão literal. Imagine se trombássemos com um Chris Hemsworth
solteiro.
— Ok.
— E imagine que ele é ainda melhor do que você tinha imaginado. Mais
gostoso, mais legal, melhor na cama.
— Aham.
— E depois imagine que ele quisesse nós duas. Que ele quisesse se casar
com a gente e comprar casas vizinhas para nós, em que criaríamos nosso monte
de filhos juntas. Quem recusaria isso? Quem? — ela repete, com os olhos
arregalados e as mãos para cima, sua expressão me dizendo que ela não
conseguia imaginar quem poderia recusar.
— Acho que a maioria das mulheres recusaria isso.
— Bom, isso é burrice. — Ela abaixa as mãos e acena, desdenhando. — Eu
aceitaria. Felizmente, minha irmã-esposa teria a mente mais aberta do que você.
— As pessoas podem ter esperança.
— Também seria ótimo se ela gostasse de cozinhar, porque eu não gosto.
Ela poderia cozinhar, e eu, lavar roupa. Sinceramente, não entendo como isso
não acontece — ela murmura para si mesma.
— Não é meio sexista da sua parte presumir que a comida e a roupa sejam
cuidadas por você e sua irmã-esposa? Não seria uma versão perfeita de Chris
Hemsworth se também cozinhasse, limpasse e lavasse roupa?
— Ohhh, bem pensado. — Payton parece genuinamente interessada por um
instante, depois balança a cabeça. — Só que na minha versão da fantasia, o cara
está muito ocupado na administração de um império bilionário de aplicativo,
então não sei se ele teria tempo de cozinhar, limpar, administrar os negócios e
manter duas mulheres sexualmente satisfeitas.
— Pensei que sua fantasia fosse Chris Hemsworth.
— Era, mas segui em frente quando estabelecemos que ele já é casado.
Você tem retalhos? — ela pergunta, assentindo na direção da minha pilha de
lençóis picotados.
Aparentemente, ela mudou de assunto quanto a se preocupar com como as
tarefas de casa serão divididas em seu futuro de ficção.
— Claro.
Assinto automaticamente na direção dos pedaços que não vou mais usar.
Payton se levanta rápido e, então, volta com uma mão cheia de canetinhas. Na
maior parte do tempo, eu a ignoro porque ainda estou pensando em Rhys e como
consegui perdê-lo em meros minutos depois de gozar. Na mão dele. Em um
minuto, estamos negociando onde vou ser sufocada por seu pau, no outro, ele
está me expulsando de seu colo e saindo pela porta.
Estou muito confusa. Obviamente, não o conheço muito bem, mas ele
parece ser uma pessoa sensata, então não consigo imaginar que ele foi embora
simplesmente porque eu não quis transar em um sofá. Não era como se eu
estivesse negando transar no sofá para sempre, só negando transar no sofá
naquele exato instante, naquele sofá, naquele escritório. Talvez ele realmente
gostasse de sofás? Ou quisesse que eu me apoiasse no encosto dele? Não sei.
Mas estou completamente aberta ao futuro potencial dos sofás.
Teria deixado isso claro se ele tivesse ficado mais para conversar sobre isso.
Babaca.
Mas estou quase certa de que negaria mesmo no banco de trás de um carro.
Estou velha demais para isso, não estou? Acho que essa fase já passou. Tenho
meu próprio apartamento — bom, quase meu próprio apartamento. Tenho meu
próprio quarto, então não consigo imaginar qualquer necessidade razoável de
transar em um carro. Além disso, não tenho garagem, e Rhys provavelmente
parou o carro no estacionamento do Windsor então, tipo, onde iríamos fazer
isso?
Ele provavelmente estava só dando um exemplo com o comentário do
banco de trás, de qualquer forma.
Ele pensa que sou boa demais para ele. E não de uma forma “Sou uma
pessoa boa”. Mas de uma forma “sexualmente incompatível”. O que é muito
muito injusto, porque tenho certeza de que sou bastante sexualmente compatível.
Sei que nunca transei e não faço ideia do que estou falando, mas posso sentir
isso. Sei que seríamos bons juntos, simplesmente sei. Mas desejo é uma coisa
bem verdadeira e palpável. Deve ser esse o motivo de eu enlouquecer perto dele.
Desejo. Porque não é como se eu não tivesse tido acesso a homens antes de
conhecê-lo. Não morava em um convento. Nem estive em coma. Até namorei
um pouco.
Mas ninguém me fez sentir como Rhys faz. Ninguém nunca me provocou a
ponto de eu propor carta branca. Sinceramente, manter minha calcinha no lugar
até hoje não foi muito desafiador. Antes de conhecer Rhys, estou dizendo.
Depois que o conheci, me transformei em uma vadia completa. Uma triste
aprendiz de vadia com uma imaginação obscena e uma aversão a perder a
virgindade em um sofá.
Perdedora.
— Tesoura — Payton pede, tirando-me do meu estado de vítima ao estender
a mão como se ela estivesse em cirurgia e exigindo um bisturi.
Suspiro, coloco na mesa minha almofadinha de alfinetes e faço uma cena
dramática colocando a tesoura na palma da mão dela. Então observo quando ela
coloca a canetinha na mesa e, com cuidado, começa a cortar.
— O que está fazendo?
— Fazendo um distintivo para você.
— Hum. — Tento olhar melhor, mas não consigo entender conforme ela
gira o tecido e continua a cortar. — Ok — digo por falta de nada melhor.
— Pronto! — Payton coloca a tesoura na mesa, depois o pega e coloca na
mesa diante de mim, um sorriso enorme cobrindo seu rosto. Ela parece estar
genuinamente orgulhosa de sua criação.
Ela desenhara uma caneca com cerveja e espuma em um pedaço de retalho
em forma de coração. Olho para o objeto e depois de volta para ela.
— O que é isso?
— Um distintivo de bar! — ela anuncia com, é, vou arriscar dizer orgulho.
— Você fez um distintivo para mim. Por um bar. — Passo os dedos nele.
Tenho que admitir que ela fez um bom trabalho. — Um distintivo em forma de
coração. Qual nível usa distintivos de coração? — Estou brincando porque não
existem distintivos em formato de coração.
— O nível divertido. — Franzo o cenho para ele, desconfiada.
— O que fiz para ganhar este distintivo?
— Você teve um orgasmo em um bar — ela diz essa parte como se
presumisse que o critério para o distintivo de bar fosse óbvio.
— Você é muito doida — murmuro.
— Eles não me expulsaram do Girl Troopers por nada. Agora precisamos
de uma faixa. Vamos ver o que podemos usar. — Ela pula e começa a procurar
em minha pilha de tecidos de lençol.
— Ei, o que quer dizer com “precisamos de uma faixa”?
— Para seu distintivo — ela responde, de novo com a testa franzida como
se eu simplesmente não estivesse entendendo. — Onde vamos pendurar todos
seus distintivos se você não tiver uma faixa?
— Quais todos distintivos?
— Todos os distintivos divertidos que você vai ganhar — ela diz sem olhar
para mim enquanto tira um tecido com estampa floral da pilha. — Posso usar
este?
Ok, o negócio é o seguinte: eu realmente gosto de ganhar distintivos. Acho
bem gratificante.
— Que outros distintivos você tem em mente? — tento perguntar
casualmente, como se fosse uma piada, mas não sei se consigo ter sucesso nisso.
Enrolo uma mecha de cabeço na ponta do meu dedo e tento parecer
indiferente. Faz muito tempo que não ganho distintivo.
— O próximo distintivo é o distintivo de “não fode”.
— Já não ganhei esse? Por não fazer sexo?
— É mais um distintivo de “que se foda qualquer um”.
Payton abre o tecido em meu local de corte e pega meu cortador de acrílico,
alinhando-o perfeitamente ao longo da beirada do tecido.
— Payton, eu te disse que sexo grupal não faz meu tipo. Normalmente,
acredito em provar algo antes de decidir que não é para você, mas simplesmente
não acho que orgias sejam algo que alguém tenta a não ser que tenha um
interesse predisposto.
— Hum, uau. — Ela se inclina sobre o tecido, alisando os vincos com a
mão, mas para e se ergue. — Você realmente é literal. — Ela me entrega o
cortador e aponta para a cadeira. — Troque de lugar comigo.
— Pensei que fosse fazer uma faixa.
— Eu ia, mas depois percebi que costurar é bem complicado e quero fazer
um bom trabalho, então acho que você deveria fazer.
— Eu deveria fazer a faixa porque você quer fazer um bom trabalho —
repito enquanto me levanto e troco de lugar com ela. — Então muitas coisas
estão fazendo sentido agora.
— Certifique-se de fazer um bom trabalho, porque sinto orgulho de meu
trabalho.
— Claro que sente.
Realinho o tecido no local de corte, em seguida coloco a régua e passo
rapidamente pelo tecido o cortador rotativo, antes de mover a régua para fazer
um segundo corte, de modo que eu tenha cinco tiras de tecido de cinco
centímetros de largura. Então pego minha almofadinha de alfinete e começo a
prender as faixas juntas para poder alinhavar.
— Enfim, vamos chamar seu próximo distintivo de distintivo da confiança
— Payton diz ao começar a trabalhar com as canetinhas. — Já que chamar de
“foda qualquer um” parece um pouco arriscado para você. Ainda nem ganhou
esse, mas vou fazê-lo e pendurar na geladeira para você ter um objetivo.
— Acha que isso é meio inadequado?
— Não. Acho que isso é ser adulto.
Eu gosto de ter objetivos, então decido que ela deve ter razão.

No fim, posso ganhar o distintivo da confiança ao ir trabalhar na segunda. É


um pouco mais complicado do que isso, mas esse é o ponto. Payton disse nova
semana, nova eu. Ela disse que tenho que ser corajosa, ir trabalhar e não me
demitir.
Também disse que, já que Rhys se agarrou comigo, significa que ela tinha
razão de que propor sexo a ele fez o dia dele. Eu a lembro de que ele se recusou
a transar comigo, e ela insistiu que era porque ele tem disfunção erétil. Ela é
mesmo uma boa amiga em dizer isso, mas não acho que seja verdade. Acho que
ele me rejeitou porque não queria transar comigo. O que é direito dele,
obviamente. Totalmente.
Payton disse que Rhys precisa parar de me beijar se não vai transar comigo.
Eu disse a ela que igualdade de gêneros funciona dos dois lados e que é ofensivo
que ela insinue que um homem é provocador por querer parar no beijo. Mas não
acho que ela tenha ouvido porque dormiu enquanto eu estava falando. Ela estava
segurando um salgadinho, jogada no sofá como as crianças que eu costumava
cuidar no ensino médio. Peguei o salgadinho dela e a cobri com um cobertor
antes de ir para minha cama, onde fiquei deitada, acordada por um bom tempo,
pensando em Rhys. Pensando na minha reação a ele. Pensando em meus
sentimentos. Pensando, pensando, pensando.
Porém, acordei na segunda mais confiante do que dormi na sexta.
Um pouco.
O suficiente para concordar que não é provável que eu seja demitida, mas
não o suficiente para ter alguma ideia do que preciso fazer em relação a Rhys.
Realmente não entendo por que ele está tão determinado em me ignorar. Senti
quanto ele gostou de mim no sábado — literalmente, senti na minha perna.
Então qual é o problema? Não estou pedindo para ele se casar comigo e ser o pai
de meus filhos, pelo amor.
A menos que…
Merda.
Talvez seja isso? Talvez ele esteja cansado de as mulheres usarem-no para o
sexo. Deve acontecer muito — olhando para ele, posso ver como seria. Não
posso ser a única mulher que enlouquece ao vê-lo. Aposto que ele está cansado
de mulheres tratando-o como um objeto para o sexo. Principalmente quando ele
tem muito mais a oferecer. Tipo, provavelmente ele faz todo tipo de coisa além
de sexo. Deve jogar golfe e… me deu um branco no que ele poderia ter
interesse. Porque sou uma pessoa terrível usando-o para o sexo. Aff, não me
impressiona ele ter me expulsado de cima dele e ido embora do bar.
Mas eu gosto de como ele me beija. E sei que isso se incluiria em algo
sexual, e se inclui. Mas também se inclui na questão de coisas que eu
simplesmente gosto nele. Coisas que me mostravam quem ele é quando está
comigo. Gostei de como ele me segurou na primeira vez em que me beijou. A
maneira como sua mão segurou meu quadril e o fato de ele não ter me
pressionado por mais ou deslizado as mãos a lugares que poderiam ter me
assustado no momento. A forma que me senti quando ele me respeitou, embora
eu fosse uma estranha que ele estava beijando em um bar. Gostei de ele ter me
levado para o escritório nos fundos em vez de me beijar diante de todo mundo
do jeito que muitos homens poderiam ter feito.
E na segunda vez — bom, gostei de tudo. O músculo em sua mandíbula
quando ele parou à minha frente enquanto eu jogava dardos com Josh. A maneira
possessiva com que ele pegou minha mão e nos levou para os fundos. Talvez eu
devesse ter ficado irritada com isso — e acho que, se estivesse interessada em
Josh, poderia ter ficado incomodada. Mas não estava incomodada, estava
empolgada. Empolgada ao ver Rhys de novo. Empolgada de ele segurar minha
mão. Empolgada em tê-lo só para mim.
Gostei do jeito que ele nos ajeitou no sofá para que eu não ficasse presa
debaixo dele. Gostei do jeito que ele me olhava, como estava fascinado por mim,
como queria me devorar, como ele disse que eu era linda. Gostei de como ele ria
para mim, sua expressão relaxando, as linhas minúsculas por seus olhos
franzidos por uma eternidade de repetição. Gostei, gostei, gostei.
Mas essas coisas são todas sexuais? Tudo isso o torna um objeto? Resolvo
que devo tentar descobrir mais coisas de que gosto nele. Coisas que não tenham
nada a ver com toque, sexo e sentimentos. Respeitá-lo por quem ele é como
pessoa.
Bom plano. Mentalmente, me dou tapinhas nas costas enquanto o elevador
se abre no quarto andar e eu vou até minha mesa. Cumprimento meus novos
colegas de trabalho quando passo e decido que esta será uma ótima semana.
Caramba, já ganhei um novo distintivo só por entrar aqui hoje e sei que Payton
está fazendo mais deles.
Fico momentaneamente desorientada pela caneca de café suja que fui
obrigada a deixar na minha mesa quando fugi do prédio na sexta, mas me recuso
a ser assombrada por uma caneca. Não. Não vai acontecer. Então coloco minhas
coisas na mesa e levo a caneca ofensiva para a sala de descanso. Eu a lavo
completamente e, então, a coloco na máquina de lavar louça para lavar melhor.
Pegando uma caneca limpa, uso a máquina de café chique para fazer uma
bebida. Viu? Hoje já está melhor do que sexta, já que consigo prestar atenção à
máquina e realmente sei o que vou beber.
Será que Rhys gosta de café? Só o vi beber água e cerveja daquela primeira
vez no bar. Mas ele bebe água de forma bem elegante, então isso é algo não
sexual, além de seu rosto, do qual eu gosto. Marquei outro ponto na coluna de
vitórias de hoje.
Só que… merda. Será? Porque isso meio que me deixou excitada —
observá-lo beber um gole de água. Mas isso conta como algo de que gosto nele
ou como algo que o torna um objeto?
Porém desconfio de que tudo que descobrir dele vai me deixar excitada,
então não sei se consigo separar as coisas de que gosto nele das coisas que me
excitam. Tipo, se eu descobrisse que ele telefona para a mãe todo domingo, isso
me excitaria e seria algo de que gosto nele.
É estranhamente complicado.
Decido que vou perguntar a Payton mais tarde como ela diferencia coisas
de que gosta em um homem versus coisas que ela acha sexualmente atraentes
sobre ele.
De volta à minha mesa, inicio minha semana de trabalho, verificando e-
mails e verificando duplamente meu calendário de reuniões. A grande
inauguração é em três semanas, o que significa que o novo processo de
contratação e orientações começam de verdade hoje para os funcionários que
lidam com os hóspedes. Limpeza, concierge, negociantes, serviços de comida,
recepção, recreação etc., etc., etc. A maior parte da contratação está feita, o
processo de entrevista e as verificações de currículo, completas. A papelada das
novas contratações, nem tanto. Minha vida, no próximo mês, será apenas
orientações, treinamento e papelada.
Fico tonta só de pensar.
Sabe como algumas crianças brincam de trabalhar em mercado? Com suas
maquininhas registradoras de plástico e dinheiro de brinquedo? Obrigando os
pais a comprar laranjas de plástico e caixas vazias de cereal para que eles
possam empacotar o pedido e dar troco para uma nota falsa de vinte dólares?
Eu não fui essa criança.
Acho que foram os cookies. Nunca precisei brincar de mercado porque
fazia as vendas verdadeiras de cookies. A diversão de verdade para mim eram os
formulários. Eu amava a papelada. Amava calcular quantas caixas eu precisava
vender mais para atingir minha meta. Amava me certificar de que todas as
encomendas estivessem organizadas corretamente e fazer um risco com marca-
texto no formulário de encomenda a cada pedido entregue. Amava essa parte.
Então estou animada para que o dia continue. Animada, quando abro minha
agenda e percebo que fui designada para o treinamento da política. Realmente
não estava prestando atenção na sexta-feira, não é? Eu amava políticas. Políticas
são a minha área!
Essa vai ser a melhor semana de todas.

Não foi a melhor semana de todas. Também não valeu a pena, foi só ok. Eu
estava ansiosa em trombar com Rhys. Assustada por isso, aterrorizada, diria.
Ficava com frio na barriga sempre que pensava que poderia encontrá-lo.
Constantemente olhando em volta para ver se o via, como uma adolescente
apaixonada obcecada esperando ter um vislumbre do rei da escola voltando para
a sala nos corredores, entre as aulas. Idiota. Era tortura. Agonia.
Patética. Eu o vi quatro vezes. Ele me ignorou todas as quatro. Bom, para
ser justa, ele só me viu duas vezes. Não acho que tenha me notado as outras duas
vezes. Como eu disse, patética. Eu deveria desistir. Como se aquele homem
estivesse pensando duas vezes sobre mim durante o que deveria ser o melhor
período de sua carreira — abrir o resort. Como se ele tivesse pensado duas vezes
em mim em uma terça aleatória.
Então faço meu trabalho. Conduzo orientação após orientação após
orientação. Respondo questões infinitas sobre seguros de vida e pacotes de
benefício e o número correto de desconto para um funcionário ali. Dou umas
olhadas para Rhys toda vez que tenho chance e arquivo tudo que descubro sobre
ele. Ele fica bem com gravatas listradas. E lisas. Bebe o expresso da máquina de
café chique na sala de descanso. E me deixa molhada e necessitada só de estar a
metros dele. Acho que essa última não foi realmente uma revelação.
Fora do trabalho, eu conheço umas doze lojas Goodwill e seus estoques
sempre rotativos de velhos lençóis. Payton me surpreende ao chegar em casa
uma noite com uma mala Jo-Ann Fabrics cheia de feltro, lantejoulas, botões e
canetas de glitter. Ela está levando a criação de distintivos com mais paixão do
que eu pensara ser possível, e com uma habilidade invejável. E é por isso que
acabo em um app de encontros conversando com caras com quem realmente não
quero conversar. Mas Rhys também não quer conversar comigo, então talvez eu
também ganhe o distintivos de app de encontros, certo? É um distintivo muito
legal também. Payton se empolgou com a caneta de glitter e alguns botões, e
tudo que precisei fazer para ganhá-lo era instalar o app no celular e abrir as
mensagens.
O que eu fiz, e pesquisas dizem que nunca vou perder minha virgindade.
Sinceramente, pensei que virgens tivessem uma demanda mais alta do que esta.
Se eu soubesse que seria tão difícil me livrar disso, teria simplesmente dado para
Mark Novak depois da festa de formatura, porque estou começando a me sentir
uma caixa de leite perto do vencimento. Aquela que as pessoas vasculham para
encontrar uma embalagem melhor, ou simplesmente deixam na prateleira em
favor dos leites mais chiques e vigaristas, de amêndoas.
O lado bom é que se um dia eu decidir me tornar uma stripper, meu nome
de stripper será Amêndoa. É bom ter outros planos, e strippers nunca usam o
nome verdadeiro, então acho que esta revelação era uma que valia a pena ter. E
eu poderia usar Amy, como apelido, quando precisar de algo um pouco mais
brincalhão. Amêndoa para os clientes sérios com problemas de
comprometimento.
Será que Rhys sabe o que é um app de encontros? Decido que
provavelmente não. Ele não parece um cara que precisaria deslizar para a
esquerda, para a direita, para cima ou para baixo para conseguir um encontro. O
que torna o fato de eu ter me oferecido para ele em uma bandeja de prata mais
frustrante ainda. Ou talvez devesse torná-lo menos frustrante? Deveria torná-lo
menos, eu acho. Se ele estivesse desesperado para transar e ainda não quisesse
transar comigo seria bem pior do que ele ter infinitas opções e não querer transar
comigo. De alguma forma, isso não me faz sentir melhor.
Faço meu melhor para testar a teoria de que estou erroneamente apaixonada
por Rhys e poderia querer outra pessoa tão fácil quanto ele. Nunca acontecera,
mas talvez se eu tentasse bastante… Então eu tento. Mantenho a mente aberta
naquele app de encontros. Abro as mensagens que me mandam. Leio. Penso em
responder. Quando Josh — lembro de seu nome agora — quando Josh pergunta
se pode me levar para jantar, eu não digo não. Não digo sim também. Fujo do
convite com um “talvez no próximo fim de semana”, porque não sei, talvez?
Talvez eu saia desse feitiço que me tomou. Talvez meu coração pare de bater
mais rápido quando Rhys está por perto. Talvez eu pare de criar cenários
imaginários em que Rhys e eu estamos sozinhos no elevador. Talvez, talvez,
talvez.
Talvez não. Eu quero Rhys. E ele deve me querer pelo menos um pouco.
Ele me fez gozar, afinal. Não consigo imaginar que homens façam mulheres
gozarem se não estiverem pelo menos um pouco interessados. Além disso, uma
das vezes em que ele me viu, seu olhar se demorou em meus lábios. Eu acho.
Não consigo exatamente passar credibilidade quando o assunto é Rhys, então
não tenho certeza, mas quase certeza de que aconteceu.


— Preciso de um distintivo Rhys — declaro quando coloco meu almoço na
mesa e me sento ao lado de Payton na lanchonete dos funcionários. Faz duas
semanas desde que ele me expulsou do colo e me deixou de palavras de
despedida que não iria acontecer. Ainda acho que vai.
— Tem certeza de que é disso que precisa? — Payton responde, brincando
com um embrulho de canudo e evitando meus olhos.
— Bom, eu preciso de um plano, e reforços positivos sempre fizeram
maravilhas para me motivar. Por que acha que eu vendia tantos cookies?
— Porque você é toda certinha?
— É — concordo, apontando para ela com meu garfo —, isso é verdade.
Mas acho o sistema de recompensa por distintivo muito gratificante e tenho
certeza de que quando você fizer um distintivo Rhys, vou pensar em um plano.
— Sorrio e enfim um monte de purê de batata na boca.
Hoje é o dia do lixo. Foram duas semanas malucas. Tivemos uma prévia de
inauguração esta semana, isso significa que as portas se abriram e os primeiros
hóspedes fizeram o check-in, mas a maioria é jornalista e executivos da indústria
de viagens com quartos oferecidos pelo hotel. É permitido que os funcionários
comecem antes da inauguração oficial em duas semanas. Já reservamos mais de
noventa por cento da capacidade para essa semana, então eles não têm muito
tempo para se acostumar com a rotina e planejar algo.
— Preciso te contar uma coisa — Payton diz, e acaba que eu também
preciso planejar umas coisas.

— Então ele gosta de pagar por isso? É com isso que estou lidando aqui?
Senhor, ele não está facilitando mesmo para mim. Sei que dizem que nada
que vale a pena vem com facilidade, mas isso é pedir demais de uma virgem.
Ainda assim… estou estranhamente atraída pela ideia. Mas isso é fodido? Estar
excitada pela ideia de ele me pagar por isso?
Provável.
Mas eu estou. Imaginar Rhys me pegando me aquece, me faz escorrer em
lugares que eu não deveria. A ideia de que eu poderia controlar a experiência. O
quando e onde. A ideia de me entregar a Rhys, deixá-lo abrir minhas pernas e me
foder, sem sequer me levar para jantar primeiro... me excita.
Está tudo tão para trás. De cabeça para baixo, e confuso, e errado. Mas
elimina a dúvida, não é? Se ele me escolher, se ele pagar por mim, significa que
ele me quer. E isso é emocionante, libertador e de formas que eu não teria
pensado. Eu não vou ter que questionar se ele está interessado. Se eu sou do faço
o tipo dele, se está sexualmente atraído por mim. Se meus peitos são muito
pequenos ou minha inexperiência também é decepcionante.
Talvez minha luxúria esteja me deixando delirante, mas faz sentido para
mim. É tão estranhamente claro assim. Parece certo para mim, isso me excita, e
isso é tudo que realmente importa, não é?
— Ele adora pagar por isso. Supostamente. De acordo com minha fonte —
Payton diz, baixando a voz em um sussurro de conspiração, embora
estivéssemos sozinhas.
— Sua fonte é um porteiro que usa sua chave para que as mulheres possam
acessar o elevador do piso executivo.
— Eu confirmei a história com minha nova amiga na limpeza! — Payton
para de falar com calma, claramente ofendida por minha avaliação de sua
informação. — Não te contei essa história sem confirmar. Isso não é Watergate.
— Não. — Balanço a cabeça. — Concordo, isso não é nada como
Watergate. Nem um pouquinho.
Payton assente presunçosamente enquanto dá uma mordida em seu almoço
e eu penso.
Passo o resto do almoço perdida em pensamentos — o resto do dia, se for
para ser sincera. Depois crio um plano. Um plano totalmente maluco.


— Você tem certeza absoluta de que quer fazer isso? — Payton pergunta
possivelmente pela terceira vez desde ontem à noite. — Ou de que essa sua ideia
é ao menos factível? Talvez você pudesse tentar propor de novo a ele primeiro?
Parece que seria muito mais fácil. E mais sensato. Sinto que podemos ter nos
empolgado um pouco com esse seu plano.
— É provável. Mas sou uma pessoa bem orientada por objetivos e quero
perder minha virgindade neste século. De preferência com Rhys.
Definitivamente, há química entre nós, e ele claramente é do tipo sem vergonha,
então ou ele me rejeitou porque tem algum tipo de fetiche para pagar por isso ou
alguma mania que ainda não descobri. Ou ele pensa muito que sou uma boa
garota para se interessar no que é interessado. — Spoiler, Rhys, não sou tão boa.
Além disso, li um romance uma vez sobre um leilão de virgens, e eles
acabaram felizes para sempre. Mas guardo isso para mim porque é muita
maluquice falar isso em voz alta, até para Payton.
Payton tira seu Del Taco do suporte para copos em meu carro e dá um gole.
O café gelado deles é uma afirmação da vida, o valor é apenas um dólar e tem
menos de cento e cinquenta calorias, então posso tomar um sem culpa de
engordar ou de ficar pobre. Além disso, nós merecemos a cafeína nesta manhã
porque estamos a caminho do Double Diamonds, que dizem ser uma boate de
escolha frequente para Rhys.
— Tem certeza de que esse lugar abre antes do meio-dia em um sábado? —
pergunto de novo, afinal por que uma boate de strip abriria antes do almoço?
Não estou em posição de julgar as escolhas de vida de alguém, mas estou
com dificuldade em visualizar um cenário em que alguém precisasse de uma
dança no colo antes do meio-dia. E é precisamente por isso que estamos indo tão
cedo, assim não vamos encontrar Rhys sem querer antes de eu estar pronta.
— Vinte e quatro horas. Verifiquei o site deles.
— Eles têm site?
— Quem não tem site?
Humm.
— Acha que eu deveria ter me inscrito on-line?
Payton se engasga com o café gelado, depois o coloca de volta no suporte
de copo.
— Não, não acho que deveria ter se inscrito on-line para ser uma prostituta.
Acho que esse é o tipo de inscrição que se faz ao vivo.
— Ok.
— Além do mais, o site deles é só para as dançarinas. Acho que as
prostitutas são todas meio às escondidas.
— Parece certo.
— Totalmente.
— Mas sabe o que não entendo?
— O quê?
— Ele não consegue encontrar mulheres para transar com ele de graça?
Claramente eu transaria. Olhe para ele.
— Bom, sabe o que dizem.
— O que dizem?
— Homens assim não estão pagando pelo sexo. Estão pagando para ela ir
embora logo depois.
Uau. Isso é bem triste.
— Você sabe que ele vai querer anal, certo? — Payton complementa.
— Presumi isso — respondo, dando de ombros.
— Não se preocupe — Payton diz tranquilamente. — Vou fazer um
distintivo de “bunda” para você.
— Você é uma boa amiga.
— Sou mesmo — Payton concorda, chacoalhando o gelo em sua bebida.


Quando chegamos ao Double Diamonds e entramos, não é o que eu
esperava, nem um pouco. É tão constrangedor quanto eu esperava duas mulheres
entrando em uma boate de strip antes do meio-dia. Perguntaram imediatamente
se gostaríamos de nos inscrever.
— Gostaria de falar com o proprietário — respondo, dando meu melhor
para soar confiante.
— Eu também — Payton adiciona, e eu a olho de canto de olho porque não
sei se ela vai me apoiar ou se realmente quer se inscrever.
É meu dia de sorte, porque o proprietário, Vince, está aqui. E está disposto a
nos conceder quinze minutos.
Conforme andamos pela boate até o escritório de Vince, observo meus
arredores. Esperava que fosse escuro, com um palco elevado no meio do
ambiente delineado com luzes neon. Há um palco, claro. Há três deles, menores
do que eu imaginava. As cadeiras são muito mais próximas aos palcos do que eu
imaginava também. Em geral, o lugar parece mais um barzinho do que uma casa
de má reputação. Se barzinhos tivessem poles, obviamente. Tem uma loira
bonita dançando para um homem sentado sozinho. Ele está bebendo café, seus
olhos não saem de seu corpo conforme nós passamos. Penso no que o trouxe a
uma boate de strip antes do almoço, mas, já que estou aqui por meus próprios
motivos nefastos, não estou em posição de julgar.
Assim que nos sentamos no escritório de Vince, Payton quebra o gelo com
seu bate-papo característico enquanto meu coração acelera um milhão de
quilômetros por hora. Eu me concentro no ambiente e respiro fundo enquanto
reúno a coragem de pedir o que quero pedir. O escritório tem um clima
estranhamente reconfortante. Seguro. Não precisa e nem tem luz neon, já que
feixes de luz natural entram pelas janelas enormes, decorando a parede inteira. A
decoração do escritório é de corporação indefinida. Eu pensaria que tinha
acabado de entrar em um escritório de advocacia, se escritórios de advocacia
tivessem lobbies com poles.
— Então, você tem múltiplas namoradas? — Payton já entra em seu próprio
assunto depois que uma mulher, que deve ter seus sessenta anos, nos oferece
café.
Fugazmente, eu me pergunto se eles anunciaram aquele cargo em um
quadro de empregos ou se a promoveram lá dentro.
— Como disse? — Vince responde, com as sobrancelhas erguidas em
dúvida, claramente confuso se tinha ouvido errado ou simplesmente avaliado
mal a audácia da qual Payton era capaz.
— Sabe, como Hugh Hefner tinha?
— Eu administro uma boate para cavalheiros em Vegas, não uma revista de
estilo de vida.
— É a mesma coisa. Enfim, você tem? Porque Rhys vai se apaixonar por
Lydia e eles vão morar juntos e blá blá blá. Eu vou ter uma nova colega de
quarto e não sei se estou a fim de analisar alguém no momento. Então estaria
aberta a ser a namorada número três. Não quero ser a namorada um ou dois,
parece ser muita responsabilidade, sabe? Também gostaria do meu próprio
quarto. É assim que você faz? As namoradas têm seus próprios quartos? Era
assim que Hef fazia. Você tem uma casa legal? Porque não vou te compartilhar
se morar em um apartamento de merda com uma lavanderia operada por moeda.
— Está falando sério?
Vince estreita os olhos para ela, como se não conseguisse saber se Payton
está de fato falando sério ou simplesmente zoando com ele, e Vince não parece
um homem acostumado a ser zoado. Acho que a maioria das pessoas têm essa
reação com ela, então estou acostumada. Para ficar registrado, ela raramente está
brincando quando diz algo ridículo.
— Mais sério do que tubarão — ela responde sem piscar.
— Isso nem existe. — Vince leva a xícara de café aos lábios, olhando-a por
cima da xícara. — O ditado é “mais sério do que defunto”.
— Tipo, tubarão não é sério? — Ela se inclina para a frente com os olhos
semicerrados. — Tente nadar com um tubarão e me conte o quanto eles não são
sérios.
— Você sabe que ele dormia com todas elas, certo?
— Dã — Payton responde, totalmente confusa com os acordos de dormir
juntos de um homem e suas múltiplas namoradas.
— Você é uma figura, não é? — Vince pergunta, ainda olhando para ela
como se não soubesse o que pensar dela.
— Sou muitas coisas. É verdade.
Payton sorri como se ele tivesse acabado de elogiá-la. Sinceramente, não
sei quais são os sentimentos dele, porque sua expressão não está passando muita
coisa. Mas, se tivesse que adivinhar, ele não vai convidar Payton para ser sua
namorada número um, dois ou três em breve.
— Vince — digo, endireitando os ombros e interrompendo antes que
Payton nos faça ser expulsas. Respiro fundo. Eu consigo fazer isso. Eu consigo,
eu consigo, eu consigo. — Tenho uma proposta para você.
Ele tira os olhos de Payton e me encara com força total, e eu tenho uma
preocupação breve sobre com quem exatamente estou lidando. Ele poderia ser
mafioso, não poderia?
É dono de uma boate de strip — uma boate de cavalheiros, que seja — no
coração de Las Vegas. Pode ter conexões com o crime organizado. Ou agiotas ou
assassinos. Não conheço este homem ou no que ele está envolvido. Duvido que
ele lidere um grupo jovem de igreja aos fins de semana, presumo até isso. E
tenho certeza de que não é alguém com quem se pode brincar. Não que eu esteja
brincando com ele, não estou. Estou falando sério. Mas não significa que não
esteja me excedendo.
— Estou ouvindo, srta. Clark — ele diz, com os olhos desviando para seu
monitor de mesa e de volta aos meus. — Você tem mais nove minutos. Se quiser
algo, é melhor começar. Rápido.
Então eu vomito meu pedido, porque não tenho nada a perder. Porque não
sou uma desistente. Porque tenho um plano.
Há um momento de silêncio quando termino. Um longo momento. Vince
me encara, quieto, seus dedos batucando em seu computador. Payton dá um gole
em seu café gelado, mas não há mais nada no copo, então o cômodo se enche
com aquele barulho de sugar o vazio que ocorre ao se criar um túnel de vento em
um recipiente vazio. Ela chacoalha o gelo, como se isso fosse criar mais uma ou
duas gotas a mais, e bebe de novo.
— Estão falando a real? — Vince para de me encarar para se dirigir a
Payton.
— Bem real. Assim como meus peitos.
Os olhos dele baixam lentamente para o peito dela, depois ele balança a
cabeça e se volta para mim.
— Aqui não é um bordel — ele diz, e tenho medo de que ele esteja prestes
a me expulsar do escritório, meu tempo já era. — Prostituição não é legal em
Clark County.
— Claro que não. Double Diamonds é um negócio, não é, senhor…?
— Vince — ele responde, impassível.
— Certo. Sr. Vince, você é um homem de negócios, não é? Então vamos
fazer um acordo. Eu farei seu tempo valer a pena, juro.
— Palavra de escoteira — Payton complementa e, quando me viro para
olhar para ela, dá uma piscadinha para ele, uma piscada bem dramática, com
uma inclinação de cabeça e um pequeno “tsc” que ela faz com a língua. — Do
tipo Urban Dictionary, grandão.
Eu nem quero saber o que isso significa, então lhe lanço um olhar para
fazê-la calar a boca e me volto para Vince.
Ele se recosta na cadeira, passando dois dedos pelos lábios enquanto nos
observa com um interesse recém-descoberto.
— Então você trabalha no Windsor. Vocês duas?
Assinto, sentindo como se estivesse quase fazendo-o mudar de ideia.
— Vamos falar de detalhes.

— Vai apresentar sua namorada aos seus pais quando eles vierem para a
grande inauguração? — Canon pergunta ao entrar em minha suíte como se
tivesse todo o tempo do mundo para socializar.
Ele se joga em uma cadeira do outro lado da poltrona em que estou sentado
e ergue as sobrancelhas como se esperasse uma resposta de verdade.
— Não enche, Canon.
— O fato de você nem questionar a quem estou me referindo é triste.
— Estou ocupado, Canon — digo a ele, assentindo para meu laptop. — Não
tenho tempo ou interesse em comentar a merda que sai da sua boca em um dia
bom, que dirá hoje. E se você pudesse parar de usar a chave-mestra para entrar
em meu apartamento de residência, eu ficaria agradecido.
— Por que você simplesmente não cresce e a chama para sair? — ele
pergunta, ignorando meu comentário em relação ao seu uso frequente da minha
porta da frente.
— Espere. — Desisto dos relatórios diante de mim e dou toda atenção a
Canon. — Está me dando conselhos para as escolhas da minha vida agora? Você
fez um ménage com duas strippers ontem à noite.
— É, e a culpa disso é de quem? Uma delas era para você, mas você disse
que estava ocupado demais para transar. O que eu deveria fazer com ela?
Mandá-la para casa sem transar?
— Fazer o que com quem? — Lawson entra em minha suíte como se ele
tivesse bastante tempo também.
— O que é isso? Vamos dar uma festa? Vocês não têm nada para fazer?
Nossa grande inauguração é em — verifico meu relógio — duas semanas.
— Não tenho merda nenhuma para fazer. — Lawson passa uma mão no
cabelo, deixando-o bagunçado. — Vai demorar no mínimo duas semanas e um
dia para o primeiro processo frívolo chegar. Além disso, é sábado, otário — ele
complementa com um sorriso. — Viva um pouco.
Estou prestes a falar para ele que vou viver assim que passar a inauguração
e para dar o fora do meu apartamento, mas ele já está me ignorando, jogando-se
na cadeira ao lado de Canon.
— Eu estou bem também — Canon diz. — Mas obrigado. — Ele vira o
celular na direção de Lawson. — Girafas ou elefantes?
— Girafas. — Lawson se alonga como se estivesse ficando confortável para
ficar um tempo ali, suas pernas esticadas, totalmente tranquilo, e pega o controle
da minha mesa de centro.
— Concordo. Quer entrar comigo em um carrinho? Merda, essas coisas são
caras — Canon murmura enquanto mexe na tela de seu celular.
— Claro. Mas compre um carrinho Bugaboo, não vou entrar em um
carrinho simples.
— O que estão fazendo?
Paro de trabalhar — de novo — para prestar mais atenção em Canon e
Lawson, meus olhos semicerrando quando me lembro até onde Canon pode ir
para se divertir.
— Fazendo um cadastro de bebê para você e Lydia.
— Saiam daqui. Vocês dois.
— Você parece um pouco estressado, cara. Talvez, se tivesse aceitado a
proposta de Peaches ontem à noite, conseguisse se concentrar melhor.
Esfrego a testa com a mão, depois respondo.
— Já passou pela sua cabeça que o nome dela não é Peaches?
— Jesus Cristo, Rhys. O nome dela é Claire. Eu estava tomando liberdades
cômicas, se liga.
Claire. Meghan. Sara. Christine. Staci. Susan. Amy. Penny. Jessica. Etc.
Tem alguma mulher do Double Diamonds que não fodi? Lembrar o nome
delas quando as vir de novo em vez de chamá-las de “docinho” me torna menos
babaca? Estou começando a desconfiar que não. E apenas semanas atrás eu teria
dado risada de toda essa conversa. Semanas atrás eu teria fodido Peaches, dado
uma boa gorjeta e não me importado com isso.
Porque semanas atrás eu não tinha beijado uma garota em um bar. Uma
garota que olha para mim com seus olhos grandes e inocentes e o rosto cheio de
esperança. Uma garota que pensa que eu ligaria, lembraria de seu aniversário e
do sabor de sorvete favorito dela, ou que ela prefere chocolate ao leite em vez de
amargo. Coisas que eu não lembraria, coisas que nunca lembro. Uma garota que
não faz ideia do quanto sou pervertido, ou quantas mulheres vieram antes dela.
Quantos relacionamentos eu estraguei, quantas mulheres eu paguei para me fazer
sentir bem quando não estava a fim de namorar uma mulher — ou até de levá-la
para jantar — por tempo suficiente para chegar à troca de orgasmos.
Abro um novo relatório no laptop e tento me concentrar.
— Vocês alguma hora se preocupam de tudo que fazemos ser trabalhar e
foder? — pergunto em voz alta, sem saber realmente a quem estou me dirigindo
ou se espero uma resposta.
Eles estão comigo desde o início desta jornada. Estavam entre as primeiras
pessoas que chamei para trabalhar depois de encontrar esta propriedade quatro
anos atrás, um resort pela metade que tinha sido abandonado quando acabou o
dinheiro do grupo de investimento anterior no meio da construção.
Administramos as fases iniciais do projeto remotamente, voando para Vegas
conforme a necessidade. Apenas menos de um ano atrás nos mudamos
oficialmente para Vegas, mudando-se para nossas suítes executivas no trigésimo
quarto andar como um lembrete de que o hotel ainda estava passando por obra.
Vivemos como solteirões pervertidos em um bordel desde então.
— Não, na verdade — Canon responde, tocando seu celular. — Você vai
com a gente na boate esta noite?
— Vou, talvez — digo mais para ele parar de perguntar.
Talvez eu vá, não sei. Não consigo pensar direito. A inauguração está muito
próxima. Muito próxima mesmo. Anos de trabalho prestes a se materializar, e
precisam ser perfeitos. Se essa aventura falhar, será colossal para a empresa.
Para a empresa da minha família. Está mexendo com a minha cabeça. Este hotel,
este resort, é meu momento. Meu. Meu primo Jennings já assumiu o cargo de
CEO da empresa da família. Minha mãe é líder da divisão norte-americana da
empresa desde que eu estava na escola, sem sinais de renunciar.
Verdade seja dita, eu não queria nenhum desses cargos. Nunca quis. Queria
algo meu. Algo virgem e inexplorado que eu pudesse construir desde o começo.
Ou desde a metade, como era o caso. Algo novo, que somaria ao legado da
empresa, um projeto que faria crescer o império da família em vez de
simplesmente contribuir com ele.
— Vince vai fazer alguma coisa hoje na sala dos fundos — Canon
persuade.
A maldita sala dos fundos. Oficialmente, é o equivalente à sala de elite.
Danças caras.
Não oficialmente, você não está pagando pela dança. Está pagando pelos
extras. Masturbação, boquetes, sexo. Está pagando para levar a festa a outro
lugar. Uma hora, uma noite, um fim de semana. Não oficialmente, claro.
Quantas vezes estive na sala dos fundos? Pedindo algo mais do que uma
dança? Escolhendo a partir de uma seleção de mulheres dispostas como se
estivesse selecionando uma refeição valiosa no drive-thru de um fast-food?
Não sou bom o suficiente para ela. Eu a arruinaria. Partiria seu coração,
esmagaria aquele otimismo nos olhos arregalados que irradiava dela, do topo de
sua cabeça até a ponta dos dedos de seus pés. Eu a foderia como uma prostituta e
esqueceria de ligar, porque é isso que faço. Esse sou eu.
Ela pensa que sou um homem bom. Posso ver em sua expressão quando ela
acha que não estou olhando. Posso ver em sua expressão quando ela sabe que
estou olhando. Quando ela roçou sua boceta quentinha contra minha coxa.
Quando ela mordeu o lábio e abriu as mãos em meu peito. Quando ela me
observa fazer um expresso na máquina de café industrial. Acho que ela quase
gozou na semana passada quando coloquei minha própria xícara de café na
máquina de lavar louça da sala de descanso.
Fácil demais. Fácil demais de impressionar, fácil demais de arruinar.
Otimista demais, quando o que gosto é do olhar satisfeito na expressão de uma
mulher depois de tê-la feito gozar, depois ver sua bunda saindo pela porta com
um monte de dinheiro enfiado na bolsa que me garante que ela entende o que foi
aquilo. Que não houve falta de comunicação sobre meu interesse nela além de
gozar.
Além do mais, mesmo se eu quisesse algo diferente, não tenho o tempo.
Duas semanas até a inauguração. Duas. Semanas. Minha família inteira virá para
a grande inauguração. Meus pais. Meu primo Jennings e sua nova noiva. Minha
avó. Minhas tias e tios e uma penca de primos.
Quero que eles sintam orgulho do que minha equipe e eu fizemos aqui em
Vegas e não, não passa despercebido por mim que, pessoalmente, eles não têm
por que sentir orgulho de mim.
— Como sabe o que Vince planejou para esta noite? Jogou golfe com ele de
novo hoje?
— Não. Recebi um e-mail.
— Você está na lista de correspondência do Double Diamonds? — pergunto
devagar, sem saber se é verdade. — Por que eles precisam enviar e-mails? Para
avisar os clientes quando eles estão com baixa em solteiros?
— Todo mundo tem newsletter, Rhys. Não seja otário. Além do mais, isso é
só para clientes da sala dos fundos, não para todo mundo.
— Para nos avisar do quê? Danças pela metade do preço?
— Leilões.
— É a mesma coisa.
— Não é um leilão para danças pela metade do preço, Rhys. É um leilão de
virgem.
— Jesus Cristo, Canon. — Balanço a cabeça.
— Não brinca, sério? — Lawson tira o olho do jogo com interesse e
começa a mexer em seu celular. — Eu não recebi esse e-mail — ele murmura.
— Provavelmente foi para spam — Canon diz a ele como se fosse uma
conversa normal. — Veja seu lixo. Então você vai?
Canon me olha com expectativa, não perturbado pelo conceito, e não posso
culpá-lo. Não posso dizer que a ideia não me deixa com um pouco de tesão.
— Eu disse a Brady que iria passar lá esta noite. Preciso confirmar uns
números com ele sobre aquela ideia de tivemos de abrir um local à parte do
Hennigan’s dentro do Windsor.
— Lydia não estará no Brady esta noite — Canon me diz.
— Como sabe disso?
Se ele estiver fazendo umas de suas perseguições assustadoras com ela, vou
ficar bravo. Às vezes, ele hackeia pessoas só porque pode, ou porque está
entediado. Ou curioso. Ou simplesmente porque é quarta-feira. Canon, com
tempo nas mãos, não é bom para ninguém.
— Porque ela estará no Double Diamonds — ele diz, entregando o celular
para mim.
Suas palavras me atingem em câmera lenta. Logicamente, sei que estou
processando o que ele está dizendo com um piscar de olhos, mas, sem lógica,
parece que demoro alguns minutos para chegar lá.
Lydia. Inscrita para o leilão. Na sala dos fundos do Double Diamonds. Um
leilão de virgem. Uma maldita virgem? O que eu disse para ela no bar? Que tipo
de safadeza sussurrei em seu ouvido? Perguntei a ela como gostava de foder,
pelo amor de Deus. Disse a ela que queria que ela sufocasse com meu pau. Falei
com ela como se fosse uma prostituta experiente, não uma virgem inocente.
Ela me respondeu? Ou só sorriu e baixou a cabeça? Mordeu o lábio e
sugeriu que fôssemos para seu apartamento? Pensava nela como uma
provocação doce, muito provável de querer mais de mim. Como jantar ou transar
de novo. Ou pior, meu tempo.
Pensei em por que ainda estava de calça e por que ela estava roçando na
minha perna como se fosse caloura no ensino médio. Mas uma virgem? Uma
virgem de vinte e dois anos, pelo amor. Esse pensamento nunca passou por
minha cabeça.
Por que ela ia fazer isso? Se vender? Ela tem um emprego e um lugar para
morar, então qual seria a porra do objetivo dela? Dinheiro? É tudo sobre dinheiro
para ela? O que eu era? Uma diversão? Uma experiência? Um potencial?
Pensei que ela fosse diferente. Real. Real demais para mim era minha
preocupação, não era? Quando, no fim, ela era exatamente meu tipo — estava à
venda. Pensar nisso me deixa inquieto, preocupado com o que mais me enganei
à minha volta. Meus dedos se apertam em punho, imaginando-a sair daquele
leilão com um imbecil qualquer que pode pagar por ela. Alguém que vai
sussurrar safadeza no ouvido dela e fodê-la como uma prostituta. Alguém como
eu.
— Quanto? — pergunto a Canon com a mandíbula tensa.
Sei que sou fodido, porque um bom homem não teria os pensamentos que
estou tendo agora.
— É um leilão, não é para comprar agora — ele responde. — A oferta
começa em cem mil.

— Vai mesmo fazer isso, Lydia? Tirando toda a diversão, é meio drástico.
Bem drástico. Não precisa fazer isso. Tem certeza?
Nunca tinha visto Payton nervosa, e isso me faz questionar o quanto me
desviei da terra da sanidade. Mesmo assim, tenho certeza. Certeza de que vou
fazer isso. Tenho razoável certeza de que Vince vai seguir o que combinamos e
trazer Rhys. Meia certeza de que Rhys estará interessado. Semicerteza de que
Vince não vai me passar a perna e me vender para um lugar sexual subterrâneo,
para nunca mais terem notícia de mim.
Isso é bem idiota. Mas tenho Payton, então não é como se estivesse aqui
sozinha. E se nós duas desaparecermos, ela deixou instruções para seu primo
sobre onde nos procurar. Ele trabalha com a lei, o que não nos ajudará em nada
se estivermos mortas.
Uau. Este plano pareceu muito melhor antes de eu pensar nele. Tenho um
leve ataque de pânico, e com “leve”, quero dizer um soco no estômago. Como
exatamente vim parar aqui? Aconteceu tudo rápido demais. Ontem, Payton me
contou sobre Rhys e as prostitutas e, nesta manhã, inventei esse plano insano e
esta noite vou a leilão.
Ainda assim, o pensamento de ir embora, de sair correndo daqui, de ir para
casa, de abrir aquele app de encontros que Payton me ajudar a instalar e
responder a qualquer homem que tenha me enviado mensagem… não é o que
quero. Eu quero Rhys. E preciso saber se ele me quer também. Mesmo que pelo
meio menos ortodoxo já planejado.
— O negócio é o seguinte, Payton, ele simplesmente é para mim. Acho que
ele pode ser meu cisne.
Brinco com o robe de seda cobrindo a lingerie que estou usando. Branca.
Staci insistiu que fosse branca. Assim que combinamos tudo, Vince me enviou
para falar com Staci a fim de me orientar. Orientar — palavra dele, não minha.
Eu não sabia se ele estava me zoando ou não, mas, de qualquer forma, Staci me
disse tudo que eu precisava.
Fomos ao shopping, no caso de estar se perguntando. Ela disse que não
tínhamos tempo de fazer uma encomenda on-line, então me levou na Victoria’s
Secret. Eu lhe disse que de jeito nenhum iria desfilar com uma calcinha fio-
dental diante de alguém. Ela piscou para mim e depois deu risada, um pouco
desacreditada, depois escolheu um baby-doll plissado com alcinhas e bastante
decotado. Mas ela me deixou escolher calcinhas de renda que combinavam e
cobriam minha bunda. A metade superior da minha bunda, na verdade. Minhas
nádegas estão definitivamente de fora, mas pelo menos não é calcinha fio-dental.
— O que cisnes têm a ver com isso?
— Eles são parceiros para a vida toda.
— Mas você não é a parceira dele ainda.
— Eu sei — digo, arrastando a palavra —, mas cisnes não escolhem
aleatoriamente outro cisne e acasalam, Payton. Eles escolhem com cuidado para
não ficarem a vida toda com algum cisne idiota aleatório que cruza seu caminho.
Eles escolhem. Cuidadosamente.
— Uau.
— É, não é?
— Não, digo, uau, você é nerd. Você ganhou um distintivo de cisne?
— Não existe distintivo de cisne — retruco, revirando os olhos. — Era o
distintivo “animais na natureza” — resmungo. — A questão é que eu quero ficar
com ele. Quero que Rhys me desvirgine.
— Pensei que tivéssemos concordado que você não iria mais usar essa
palavra.
— Eu sei, mas é uma palavra de verdade, Payton. Uma palavra legítima do
dicionário, não do Urban Dictionary.
Há uma pausa enquanto Payton simplesmente me encara.
— Você sabe que nós não teríamos virado amigas se nos conhecêssemos no
ensino médio, certo?
— Não era tão ruim! — protesto. — Até que eu era legal no ensino médio.
— Vou ter que acreditar na sua palavra, tigresa — Payton responde, mas
sua expressão não indica que ela acredita em mim. — Olha, precisamos
conversar.
— O que foi?
Olho para Payton pelo espelho. Estamos no camarim no Double Diamonds
esperando para a grande venda. Tenho que dizer que este lugar não é nada como
eu imaginava. O camarim é bem legal, muito parecido com o estilo do escritório
de Vince. Parece mais um camarim de spa do que um lugar de má reputação.
Armários, chuveiros, um balcão enorme cheio de espelhos para fazer cabelo e
maquiagem. Há uma estação de café também, mas só com café normal. Eles não
têm uma daquelas máquinas chiques de café como temos no Windsor. Eu deveria
dizer para Vince comprar uma, acho, depois começo a sorrir. Como se eu
trabalhasse aqui agora e pudesse fazer sugestões. Rá.
Payton se vira para mim e pega minhas mãos, esperando até eu lhe dar toda
atenção.
— Você sabe como um pênis é, certo?
— Payton! Oh, meu senhor. Não sou totalmente sem noção.
— E sabe que ele vai querer colocá-lo dentro de você, certo?
— Pare de me zoar. — Sei que estou vermelha igual uma beterraba, um fato
confirmado quando me volto para o espelho. — Eu sei o que é sexo. — Analiso
meu reflexo.
— Ok, só me certificando. Nunca enviaria minha garota para a batalha sem
um mapa.
— É um plano — murmuro. — Você nunca me enviaria para a batalha sem
um plano.
— Claro, que seja. Nunca te enviaria para a batalha sem saber como é um
pênis, ponto final. Falando nisso, você tem alguma pergunta?
Ahn, não?
— Acho que não.
Droga, deveria? Ter perguntas? Que perguntas deveria ter? Sei o que é sexo.
Não sou desinformada, apenas inexperiente. Analiso minhas unhas, pintadas de
rosa-claro durante minha manicure desta tarde. As unhas do pé também. Fui
esfregada e polida, secaram meu cabelo e um profissional me maquiou. Estou
usando mais maquiagem do que normalmente usaria, mas estou gostando.
Pareço uma versão mais dramática de mim. Com a lingerie de virgem, estou me
sentindo um pouco como uma noiva no dia do casamento.
Mas não é o dia do meu casamento. Definitivamente, não.
— Não, não tenho nenhuma pergunta, mas talvez te envie mensagem mais
tarde. Se pensar em algo.
— Ok. Sinta-se à vontade para me perguntar qualquer coisa ou me enviar
fotos de Rhys nu. E/ou. Só me avise quando puder.
— Está bom. Vou te avisar, quero dizer. Não vou te enviar fotos de Rhys
nu.
— Ok, uau. Estou realmente começando a pensar que só eu me doo nesta
amizade, mas hoje é sua grande noite, então podemos discutir sobre nossos
objetivos de amizade depois.
— Combinado.
— No caso de não conversarmos depois — Payton me puxa em um abraço,
cuidadosa para não estragar meu cabelo ou maquiagem —, só quero que saiba
que tenho orgulho de você, Lydia. Por mais estranho que seja estar orgulhosa por
isso, eu estou.
— Não tenha orgulho ainda. Nem sabemos se isso funcionou. Isso pode
acabar com Vince me vendendo para um empresário decadente de Iowa. Não
sabemos ainda, não é?
Uma tosse me alerta para o fato de que não estamos sozinhas. Eu me viro
para o som e vejo que Vince havia entrado, com as mãos nos bolsos e o que
penso que é uma expressão divertida no rosto. O que é meio impressionante,
porque, pelo que ouvi falar de Vince, ele não é de expressar seus sentimentos.
— Iowa é um lugar bem legal. É com os que vêm de Maryland que você
deve tomar cuidado.
Oh, droga. Ele ouviu.
— Ha-ha, você é brincalhão.
Tento acabar com o assunto porque não tenho total certeza de como lidar
com Vince.
— Estou falando sério — ele responde, seus olhos desviando para Payton.
— Como um paraquedista.
Há uma pausa conforme Payton olha para ele, sua testa franzida enquanto o
observa. Então ela sorri.
— É, essa foi boa. Segurança de paraquedas não é brincadeira.
Vince inclina a cabeça, depois se volta para mim.
— Deu certo — ele diz. — Ele está aqui.
Deu certo. Deu certo? Deu certo! Estou pronta para rebolar, subir e descer
em meus saltos de stripper mas… talvez ele não esteja aqui por mim? Talvez ele
esteja aqui para uma dança aleatória ou algumas coxinhas quentes? Eles têm dez
sabores diferentes de molho de coxinha e eu sou apenas um sabor.
— Ele fez uma oferta antecipada.
Uma oferta antecipada? Então… ele deu um lance? Vou sair daqui com ele?
Deu certo? Deu certo de verdade?
— A oferta é por mim?
Preciso confirmar. Preciso das palavras. Preciso da confirmação antes de
ficar empolgada demais. Preciso de cem por cento de garantia de que a oferta
não é para um combo de refeição antes de me fazer de boba.
— É, você.
Eu me viro para Payton com os olhos arregalados e dou um gritinho,
saltitando. Mas com cuidado, porque sou mais do tipo de saltos baixos do que
saltos altos, e não seria bom quebrar o tornozelo no momento e acabar na sala de
emergência em vez de na cama. Transando. Com Rhys!
— Você aceitou, não é? A qualquer oferta que ele tenha feito? Eu te disse
que o lance de início que você sugeriu foi estupidamente alto.
Quando Vince e eu conversamos sobre números esta manhã, eu sugeri dez
mil e ele riu da minha cara. Então sugeriu cem, o que pensei que era um pouco
baixo até ele esclarecer que queria dizer cem mil dólares, então eu ri tanto que
tive de me curvar com uma mão na boca para me conter.
Não é como se eu fosse habilidosa, sabe? Além disso, fiz uma pesquisa na
internet quando criei este plano, e o custo médio para o sexo em Nevada fica
entre algumas centenas e alguns milhares de dólares. Sei que virgens são uma
novidade idiota, mas cem mil? Por favor.
— Ele ofereceu dez mil, como sugeri? — pergunto, me contendo de revirar
os olhos na cara de Vince por estar certa. Quase o fiz. Se ele não me assustasse
um pouco, eu teria revirado os olhos.
— Ele ofereceu duzentos e pediu para eu cancelar o leilão.
— Dólares, certo? Duzentos dólares? — É um pouco decepcionante porque
eu estava realmente esperando dez mil, mas o dinheiro não era o principal. —
Então é isso, certo? Não preciso ir lá desfilar agora?
Sou inundada por alívio com a ideia de poder pular a humilhação do desfile
nesta camisola. Meus dedos já estão coçando para vestir de volta a roupa em que
cheguei e sapatos que não exigem equilíbrio de bailarina.
— Duzentos mil dólares, Lydia. E eu disse a ele que outra oferta insultante
como aquela iria fazê-lo ser acompanhado para fora de minha boate.
Eu escuto Vince, mas demora um instante para entender o que ele está
dizendo, meu coração batendo fora do normal quando olho nervosa para Payton.
Quanto ele acabou de dizer? E por que ele recusou? No que fui me meter?
— Hum, Vince. — Engulo em seco antes de continuar. — Por que você
recusou? Nós tínhamos um plano.
— Porque eu tenho meu próprio plano, Lydia, e duzentos mil não é bom
para mim. Não chega nem perto.
Oh, Deus. Fiz um acordo com um cafetão e está acontecendo exatamente
como alguém imaginaria que um acordo com um cafetão acontecesse.

— Hora de tirar o robe e caminhar.


Caminhar. Eu pego a faixa do meu robe de seda que me cobre e viro o
tecido nas mãos. Ele quer dizer no palco da sala VIP. Staci a mostrou para mim
mais cedo, então eu sei aonde vou, sei o que me espera. A sala VIP é privada,
obviamente. Separada do andar principal por um lance de escada. O camarim é
no segundo andar também e ligado à sala VIP por um corredor curto. Ou um
corredor bem comprido, dependendo do seu estado mental.
É uma sala íntima. Eu a imagino na minha cabeça conforme tiro o robe dos
ombros e o entrego a Payton. Sigo Vince para o fim do corredor, com a minha
pulsação e o clique dos meus saltos no piso laminado fazendo barulho em meus
ouvidos.
Há um palquinho na sala VIP, e é mais em formato de passarela do que os
do piso inferior. Um pouco mais parecido com o que eu originalmente imaginava
da boate, mas em uma escala bem menor. Há uma cortina no fim da passarela
por onde as dançarinas entram — ou foi o que me disseram. Ninguém estava
usando aquela sala mais cedo hoje, quando Staci me mostrou. Ela me mostrou
por onde eu entraria, andamos pelo palco juntas, as luzes acesas e a sala vazia.
Parecia uma amostra de um espaço de eventos, não um ensaio para a maior noite
da minha vida.
— Ele está definitivamente aqui? — pergunto quando paramos atrás da
cortina, observando uma dançarina que conhecemos mais cedo no palco. Será
que ela está fazendo o ato de abertura? Acho que está. Não sei o que pensei que
eles estariam fazendo até chegar minha vez, mas não esperava ter que aguardar
alguém sair do palco. Ela é realmente uma dançarina talentosa. Forte. Flexível,
obviamente. Ela está subindo muito o nível para mim, e não sei se gosto disso.
Não em relação à dança, mas à flexibilidade.
É barulhento. O lugar todo é barulhento, muitos decibéis a mais do que
quando estive aqui antes.
— Ele está aqui — Vince me garante.
Não consigo ver os clientes de onde estou atrás da cortina. Os assentos
estão na sombra de onde estou olhando. Não é uma sala grande, não tem muitas
cadeiras. Irradiava exclusividade e privacidade quando eu a vi mais cedo.
Quando me convenci de que isto seria fácil. Eu pensaria no palco como uma
passarela e me imaginaria uma modelo, em vez de uma prostituta.
Estou pensando um pouco diferente agora.
— Por que os homens precisam ser tão barulhentos para conseguir transar?
— pergunto.
O barulho de lá de baixo está estremecendo o chão, e desejo poder ajustar o
volume tão facilmente como faço em meu iPod.
Vince balança a cabeça e ri.
— Vamos abaixar o volume durante o leilão. Vai acabar rápido.
Rápido para ele, talvez. A música termina, a dançarina sai do palco,
passando por nós. A música muda, como uma deixa para eu entrar, e me sinto
enjoada. Está mais baixa e hipnótica e sexy e aterrorizante.
— Ele está à esquerda — Vince diz. — Vamos.
Então ele passa pela cortina, segurando-a aberta para eu não ter escolha a
não ser seguir. Seguir ou virar e correr pra caramba.
Eu sigo, porque não há como correr nestes saltos. As luzes me cegam por
um instante conforme meus olhos se adaptam, embora certamente não fosse algo
que eu chamaria de brilhante no palco. Vejo que há um holofote. Estou à mostra
como algo belo em uma vitrine de loja. Vince está falando, mas eu não
conseguiria te dizer o que ele está dizendo. Estou ocupada demais piscando,
respirando e colocando um pé na frente do outro.
Foco no objetivo, Lydia. Olho para a esquerda e — e não vejo Rhys. Vejo o
chefe do departamento legal do Windsor, Lawson McCall. Meus passos vacilam
e estico o braço, segurando o pole a fim de me equilibrar. Ao lado dele está
Canon Reeves, chefe da segurança. E então Rhys. Por que não me ocorreu que
ele traria seus amigos? Por que simplesmente não pensei? São homens que terei
de ver de novo. No trabalho. Parece que meus joelhos vão ceder, então me
equilibro, agarrando o pole tão forte que os nós dos meus dedos ficam brancos.
Talvez Rhys não esteja aqui porque me quer. Talvez esteja aqui para me
demitir. Eu reúno a coragem para arrastar meu olhar para cima e lanço outro
olhar na direção dele.
Ele está olhando diretamente para mim. Não parece feliz. Parece bravo.
Bem bravo. Vou ser demitida, certeza. Uma voz à direita grita algo, e eu viro a
cabeça, sendo lembrada que não estou sozinha nesta sala com Vince, Rhys e seus
amigos. Há outros participantes. Oh, Deus. O som que ouvi era alguém dando
um lance, por mim. O homem é mais velho. Mais velho que meus pais. Lindo,
cabelo grisalho nas têmporas. Um terno adequado.
Então Rhys está dizendo algo, e minha atenção se volta para ele. Ele
também está usando terno, percebo na segunda vez que olho, porque agora ele
está em pé, tirando o paletó. Eu me pergunto se ele se vestiu para o leilão. Para
mim.
O homem mais velho está falando de novo. Ele está gritando números,
números absurdos para meus ouvidos. Rhys late “Chega” e, então, sobe no palco
para ficar ao meu lado, me envolve em seu paletó e fisicamente me vira. Sua
mão está firmemente em minhas costas, empurrando até meus pés se mexerem,
até eu estar fora do palco, até a cortina se fechar atrás de nós.
— Vista-se — é tudo que Rhys fala antes de a cortina se abrir de novo,
Vince e Canon chegando logo atrás de nós. — Agora — Rhys complementa,
seus olhos brilhando quando eu continuo simplesmente ali parada, encarando.
O corredor para o camarim é bem mais curto na volta do que foi na ida ao
palco, mas pode ser porque estou quase correndo por ele, nem me importando
com os saltos ou meus tornozelos agora. Eu abro a porta e, então, me jogo nela
quando se fecha.
— Paletó legal. — Payton está sentada de lado em uma poltrona macia de
couro, pernas penduradas para um lado, sua cabeça loira para o outro, segurando
uvas acima de sua cabeça. Ela morde uma do cacho e ergue as sobrancelhas para
mim. — Foi rápido.
— Payton. — Eu me empurro da porta, ainda tremendo um pouco. Tiro os
saltos, e eles caem no chão com um barulho de uma vez só. — Foi horrível.
— O que aconteceu? — Ela se senta, os olhos arregalados. — Lawson está
lá. E Canon!
— Oh. — Ela se recosta na poltrona. — Bom, é. Eles são amigos, então faz
sentido.
— Por que não me ocorreu que eles poderiam estar aqui? Estou com tanta
vergonha. — Aperto o paletó de Rhys em volta de mim, então me lembro de
suas instruções para me vestir, mas o paletó tem o cheiro dele e estou relutante
para tirá-lo.
— Rhys ganhou ou não?
— Não sei.
— Como pode não saber?
— Porque não sei. Um minuto, eu estava parada no palco sob um holofote
e, no seguinte, ele estava me cobrindo com seu paletó e me falando para me
vestir.
— Parece que você vai embora com Rhys.
— Talvez — concordo enquanto coloco a calça jeans. — Sou tão doida,
Payton.
— Concordo. Mas me diga por que é doida, para ver se estamos pensando a
mesma coisa.
Eu lanço um olhar desafiador, depois me viro para tirar o traje de seda e
colocar um sutiã de renda chique que combina com a calcinha que estou usando.
Não acho que já tive um conjunto antes. Tipo, conjunto combinando. Conjunto
normal é um sutiã branco e calcinha que tem bolinhas branca ou listras ou algo
parecido. Coloco uma camisa pela cabeça, então me viro de volta para Payton
conforme liberto meu cabelo do colarinho da camisa.
— Porque isso me excita. A ideia de sair daqui com ele quando ele pagou
por isso. Embora tenha odiado estar naquele palco, gostei quando ele me
arrastou de lá e me disse para me vestir. Mas, sério, quem é ele para me falar
para me vestir, sabe? Eu tenho comando de mim. Posso usar uma camisola em
público se quiser. Posso transar com quem eu quiser, quando quiser. Sei que não
preciso me justificar por querer que Rhys assuma o comando, mande em mim,
me guie. Mas será que estou contribuindo com um tipo de modelo antiquado
patriarcal sobre sexo por gostar disso?
— Uau.
— Estou certa, não é?
— Não — ela diz com um grande suspiro. — Pensei que fôssemos falar de
pijamas.
A porta se abre, e nós duas nos viramos. É Vince. Vince com um real
sorriso no rosto.
— Depois de uma pequena guerra de lances, eu consegui quinhentos dele.
— Conseguiu quinhentos de quem?
— Rhys — Vince diz, me olhando como se eu fosse louca. — Não era esse
o objetivo, Lydia?
Eu repasso aquelas palavras na cabeça conforme me afundo em uma das
poltronas de couro no camarim. As poltronas eram outro detalhe que eu não
estava esperando, junto com uma bandeja de frutas frescas da qual Payton estava
comendo, mas agora não é hora de me concentrar em nada disso.
— Quinhentos mil dólares, Vince?
— Eu poderia facilmente tê-lo levado a um milhão, mas o considero como
um amigo, então quebrei a dele em quinhentos. — Vince dá de ombros, um
sorriso curvando em seu lábio, como se encantado pela ideia da amizade ou da
negociação de meio milhão de dólares, não sei exatamente de qual dos dois. —
Você realmente o fisgou pelas bolas, não foi?
— Não o fisguei por nada! — grito. — Se eu tivesse noção de como tê-lo,
não estaria aqui agora conversando com você! — Inspiro antes de continuar. —
Ele sabe que não tenho nenhuma habilidade sexual secreta, certo? Você não fez
propaganda enganosa de mim, fez? O que prometeu a ele? Que guerra de lances?
O que ele acha que vai ter por quinhentos mil dólares? — Minha voz fica cada
vez mais alta quando repito tudo isso, porque é insano e agora estou em pânico.
— Ele acha que vai ser uma festa? Porque eu não vou ficar com os amigos dele
ou nada bizarro assim. Não vou.
— Eu ficaria — Payton se intromete. — Só se vive uma vez, certo?
— Não faço ideia do que esse cara gosta — Vince diz. — Ele queria muito
você. — Ele dá de ombros como se não fosse muito importante do que Rhys
gosta. — Lydia, relaxe. Que tipo de monstro acha que sou?
Há uma pausa desagradável, porque não sei, na verdade, o que responder,
sei? Não faço ideia de que tipo de monstro Vince é ou não é.
Ele ergue uma sobrancelha para meu silêncio e balança a cabeça.
— Você quer que eu fale? Boceta. Bunda. Boca. Eu disse a ele que você
toma pílula. Quanto ao resto, você vai falar para ele o que é demais ou o que é
desconfortável. Não sou um maldito agente do sexo, pelo amor. Não estou te
fazendo um favor.
Ele não está errado. Então ele adiciona duas palavras que me deixam tonta.
— Um mês.
Um mês? Mordo meu lábio inferior, maldito batom, e encaro Vince sem
falar. Balanço os joelhos e mexo na bainha da minha camisola enquanto penso.
Um mês? Nunca conversamos sobre o tempo porque eu presumira que
prostitutas faziam tudo por hora.
Mas, aparentemente, isso é negociável. E, logicamente, um mês é uma
vitória enorme para mim.
— Pensei que fosse só uma noite — digo finalmente, inclinando a cabeça
para trás a fim de olhar para Vince. — De onde você tirou um mês?
— Você precisar ceder e cobrar quando está negociando, Lydia. Nós demos
um mês, cobramos meio milhão.
Aquele meio milhão idiota. É ridículo e me deixa um pouco enjoada.
Talvez, em média, não seja tão ruim? Faço uma conta rápida e determino que
chega a quinze ou dezesseis mil por noite. O que ainda é demais, demais mesmo.
Espero que Rhys não seja sempre irresponsável financeiramente assim. Mas, de
qualquer forma, ainda uso a conta do Netflix dos meus pais, então não deveria
julgar tanto.
— Estamos realmente falando disso? Esta conversa vai mesmo acontecer?
— Payton olha entre Vince e eu com um olhar desacreditado no rosto. — Ela
aceita — Payton diz a ele e, então, se vira para mim. — Você aceita. É hora de
ganhar seu distintivo Rhys.

Rhys está do lado de fora me esperando. Do lado de fora, quero dizer,


estacionando o carro na entrada dos fundos.
Não tenho certeza se deveria ficar ofendida por ele usar a entrada dos
fundos ou se é assim que ele pega todas suas garotas.
Vince e Payton me levam até a porta, Vince a abre e segura a porta aberta
para eu passar.
— Divirta-se — ele diz.
Enquanto eu saio, Payton adiciona:
— Quebre um pau!1
1a autora faz uma referência ao termo usado como “boa sorte” no teatro

(quebre a perna).Há um carro em frente, esportivo e baixo, o motor roncando e


os faróis iluminando amplamente o estacionamento. A porta do passageiro está
do meu lado, então não preciso andar muito, e fico agradecida, porque até com
sapatos baixos meus joelhos estão um pouco fracos.
Está friozinho, o que, para Vegas, significa que está menos de quinze graus.
O único casaco que tenho comigo é o paletó de Rhys, dobrado por cima de meu
braço. Espero que ele não vá a lugar nenhum, porque não tenho um casaco. Mas
já é tarde, e não consigo imaginar que Rhys esteja pensando em caminhar no
parque esta noite. Espero que ele não esteja pensando em caminhar no parque
esta noite. Quando chego ao carro, abro a porta do passageiro e me abaixo,
olhando lá dentro para me certificar de que é Rhys antes de entrar. Pode
imaginar se eu entro no carro errado depois de tudo isso?
É Rhys. Eu entro e fecho a porta. Ele está olhando para a frente, e o carro se
move antes de eu ter a chance de pôr o cinto. Coloco minha bolsa no chão, seu
paletó amassado no colo e pego o cinto de segurança, colocando-o no lugar
enquanto ele acelera para fora do estacionamento e entra no trânsito.
Ele ainda não me olhou.
— Oi — tento, porque não sei mais o que dizer e ele está esquisito.
Ele grunhe em resposta. Eu aliso o paletó dele de novo, alisando-o com
cuidado para não vincar. Então brinco com a barra da minha camisa, amassando
o tecido nervosamente com os dedos porque não me importo em vincar minha
própria roupa. Quando estremeço, Rhys aperta um botão no painel e o ar quente
começa a soprar levemente.
— No que estava pensando, Lydia?
Ok, então vamos conversar agora.
— O que estava pensando?
E ele está bravo. Bem bravo.
— É o dinheiro? — pergunto. — Porquê… — Não chego muito longe
porque ele me corta.
— Não, não é o dinheiro, Lydia. Meio milhão nem cobririam os ganhos do
cassino na inauguração. Você custa menos que presentes, então não se preocupe
com o dinheiro.
Uau. Ele arregaça as mangas da camisa até o cotovelo e os músculos de seu
antebraço se tensionam conforme ele mexe no volante. Sua mandíbula se aperta
e ele ainda não está me olhando.
— Só me diga, esse sempre foi seu plano?
O quê?
— Não, claro que não. — Este plano tem menos de dois dias, então não.
Quase nem é um plano, é mais uma ideia maluca irracional.
— Uma porra de uma virgem. Pensei que você fosse diferente, mas, porra,
Lydia.
— Espere, está bravo comigo por algo que não fiz? Isso nem é justo. É
discriminação. Não pode me discriminar por ser inexperiente.
— Você me deixou sussurrar safadezas em seu ouvido pensando que sabia
de que porra eu estava falando.
— Eu gostei da safadeza!
— Jesus Cristo. — Ele tira uma mão do volante e passa pela mandíbula
como se estivesse estressado.
— Ok. — Minha voz falha e eu me controlo para não chorar. — Você está
bravo. Desculpe. Só pensei que… — Eu ne impedi de dizer mais. — Apenas me
leve de volta. Obviamente, você não está interessado em mim. Não sei por que
deu lance por mim. Apenas me leve de volta.
Vince vai me matar. Talvez literalmente, não sei. Ele vai precisar
reembolsar Rhys e provavelmente vai me fazer reembolsá-lo com o dinheiro que
perdeu, o que eu nunca, nunca mesmo, conseguirei fazer. Vai cobrar juros, e a
dívida vai simplesmente ficar cada vez maior — como acontece quando você
deve dinheiro para a máfia — até eu ser obrigada a fazer um acordo que envolva
eu enterrando um corpo ou mentindo para os policiais federais.
Literalmente não consigo acreditar no esforço que fiz por esse otário.
— Te levar de volta? — Ele dá risada, mas não me importo particularmente
com o tom dele. — Eu paguei à vista. Vou ficar com você.
— Que seja! Certo, se é o que quer.
— Se é o que quero? — Ele expira como se eu o tivesse deixado exausto
nos poucos minutos que estamos no carro juntos. — Não tenho tempo para isso
agora, Lydia. No caso de você não ter percebido, estou lidando com muita coisa
agora.
— Eu sei, mas pesquisei na internet e li que, em média, a maioria dos casais
transam por sete a treze minutos, e não me importo se for mais próximo de sete
minutos. Podemos ser rápidos.
Estamos em um semáforo, e ele, finalmente, se vira para olhar para mim.
— O quê? — Seus olhos brilham no escuro, confusos, as linhas minúsculas
nos cantos se enrugando conforme ele inclina a cabeça por um milímetro na
minha direção.
— Você disse que não tinha tempo — digo lentamente, sem saber o que ele
não está entendendo. — Mas vai demorar só sete minutos.
Ele não fala nada, então continuo falando, pensando se entendi errado o que
li.
— Talvez você possa tirar sete minutos do sono esta noite e ainda chegará
no horário. — Acho que é uma solução muito razoável, mas ele se debruça sobre
o volante e ri tanto, que tenho medo de ele não ver o semáforo. — Ou podemos
esperar até depois da inauguração — sugiro e dou de ombros, tentando fingir que
não estou decepcionada, como se não fosse importante. Mas é importante. Nunca
vou perder minha virgindade. Tipo nunca.
— Este deve ser o meio milhão mais bem gasto — ele murmura, mas não
sei se está falando comigo. — O que vai fazer com ele, de qualquer forma? O
dinheiro? — Os dedos de sua mão direita batucam rapidamente no volante como
se ele estivesse impaciente. Não sei se é comigo ou com o semáforo vermelho.
— Financiamentos estudantis — respondo, cruzando os braços ao mentir.
Não estou a fim de conversar com ele sobre o dinheiro. Eu nunca o quis, só
queria Rhys. Só queria mais tempo com ele. Uma oportunidade de entendê-lo
um pouco melhor, de explorar a conexão que senti com ele no bar, a conexão que
sei que ele também sentiu. Talvez ele não estivesse tão apaixonado por mim
quanto eu estava por ele, porém sei que ele sentiu algo.
Além disso, meus planos para o dinheiro eram pequenos. Meu acordo com
Vince era de cinquenta por cento. Eu estava pensando em cinquenta por cento de
dez mil, não cinquenta por cento de quinhentos mil. Meus planos vão precisar
ser reorganizados.
— Sabe como é. As taxas de juros não são brincadeira — complemento,
olhando para fora pela janela, evitando olhar para ele.
— Ok — ele diz, mas seu tom indica que sabe que estou mentindo. Que não
acredita em mim. Que sou uma aproveitadora interessada apenas em dinheiro.
Chegamos ao Windsor e Rhys leva o carro para o estacionamento de
funcionários, mas a uma área em que nunca estive. Nós a acessamos, embora um
portão tivesse uma placa de “particular”, e ele entra em uma vaga numerada e
desliga o motor. Ficamos sentados em silêncio por alguns minutos, Rhys
encarando a parede à frente, eu olhando de canto de olho para ele do banco do
passageiro.
— Ok, então.
Tiro o cinto e abro a porta. Rhys faz o mesmo, e nos encontramos no porta-
malas do carro, frente a frente. Olho para cima sob meus cílios, mas ele já está se
virando, andando na direção dos elevadores.
Ele digita uma série de números em um teclado, e as portas do elevador se
abrem. Entramos, e eu percebo que este elevador só para em alguns andares: o
estacionamento, os andares dois ao quatro e trinta e quatro, onde ficam as suítes
executivas. Nem sei aonde o elevador sai no quarto andar. Claramente, é
particular e um elevador pessoal para os funcionários executivos.
As portas se abrem no trigésimo quarto andar e é bem parecido com o resto
dos andares de hóspedes que já vi. Rhys vai na frente, seus passos são quase
silenciosos no tapete macio, depois para em um par de portas duplas. E entramos
em um vestíbulo enorme de mármore. Logo à frente, passando uma sala de estar
com um sofá grande, há janelas do chão até o teto com uma vista da Strip. É
bonito. Também um pouco triste. Parece uma combinação de casa modelo e uma
suíte de hotel. Não parece muito aconchegante.
— Há quanto tempo mora aqui? — pergunto.
— Há pouco menos de um ano.
— Cadê suas coisas?
— Que coisas?
— Livros? Enfeites? Algo que seja seu?
— É tudo meu. Sou dono do hotel.
Acho que esse é um ponto de vista.
— Obrigada pelo paletó — agradeço, segurando-o para ele pegar de mim.
Seus olhos baixam para o tecido em minhas mãos como se ele não tivesse
percebido que eu estava carregando algo. Ele o pega de mim, junto com minha
bolsa, e se vira, desaparecendo no fim de um corredor que imagino levar para o
quarto dele.
Continuo parada no mesmo lugar porque nunca vendi minha virgindade,
então não sei qual é o protocolo adequado ou o que é para fazer.
Rhys reaparece e passa por mim sem me olhar, seguindo para um bar
situado na área mais distante da sala de estar. Eu o sigo lentamente, ficando do
lado oposto do bar conforme ele se serve de uma bebida. Um shot de alguma
coisa, não sei bem do quê. Não sou muito conhecedora de álcool também, para
falar a verdade. Só tenho vinte e dois anos e não bebia muito quando era menor
de idade. Muito quer dizer nada.
— Posso tomar um?
— Você precisa de um? — Sua resposta é curta, seus olhos nos meus
enquanto ele bebe sua bebida de uma vez.
— Por que está sendo tão maldoso?
— Maldoso? — Ele ergue as sobrancelhas surpreso. — Maldoso? — ele
repete com uma risada. — Eu acabei de te salvar do assustador Stan, e sou
maldoso? — Ele balança a cabeça. — Agora você vai ficar com o assustador
Rhys — ele murmura para si mesmo.
— Não te acho assustador — digo, balançando a cabeça, discordando.
Eu não achava Stan assustador também, presumindo que ele estivesse se
referindo ao cara mais velho dando lances por mim, mas não acho que seria
apropriado mencionar isso no momento.
Ele era supervelho, e eu não queria transar com ele, mas parecia um cara
legal.
— Acabei de te comprar, Lydia. Para transar.
— Você compra muitas garotas para transar — respondo porque não sei por
que é tão importando o fato de ele ter pagado por mim. Não é como se ele nunca
tivesse feito isso, mas seus olhos se estreitam, e ele parece irritado de novo. —
Não foi contra minha vontade — complemento, no caso de não ter ficado claro
para ele. — Foi minha ideia. O leilão foi minha ideia. Não devo dinheiro à
máfia. Ainda não, de qualquer forma.
Ele coloca um segundo copo no balcão e enche os dois, deslizando um para
mim quando termina. Eu o pego e coloco o copo em meus lábios e, embora não
tenha muito no copo, dou um gole em vez de beber de uma vez como ele fez.
— Isso é horrível — falo cuspindo, colocando o copo no balcão.
— É uísque — ele responde. — Você sempre quer coisas de que acaba não
gostando, Lydia?
— Geralmente não. Mas uma vez eu comprei um lençol feio na Goodwill
pensando que ficaria bonitinho quando transformasse em calça de pijama, mas
me enganei. — Segurei minhas mãos no ar em um gesto de derrota. — A calça
ficou simplesmente tão feia quanto o lençol era. Mas não sei se isso inclui em
algo que eu queria. Foi mais uma situação de compra ruim, mas comprei ele com
cinquenta por cento de desconto porque estava marcado com uma etiqueta rosa e
era a semana da etiqueta rosa, então foi mais um experimento do que uma
compra ruim — termino, apressada. Acho que estou nervosa. Será que deveria
dar outro gole daquele uísque horroroso? Enquanto estou pensando nisso, outra
coisa me ocorre. — Talvez eu seja uma compra ruim? Por que estou aqui? Pensei
que estivesse ocupado demais para transar. Eu poderia ter apenas pegado uma
carona para casa com minha colega de quarto.
Rhys tinha dado a volta no bar enquanto eu balbuciava e agora estava
parado exatamente na minha frente. Coloca um dedo sob meu queixo e inclina
minha cabeça para cima, dando um beijo suave em meus lábios.
— Por que está fazendo isso comigo? — ele sussurra em meu ouvido. Não
parece mais estar bravo.
— Vai acontecer agora? Vamos transar?
— Definitivamente vamos transar — ele confirma e pega minha mão.

— É isso que você quer?


— É. — Assinto rápida e repetidamente. — É, é, é.
Vamos ao quarto dele, mais janelas do chão ao teto, outra vista impagável
da Strip. Uma cama king-size perfeitamente arrumada com os lençóis colocados
para baixo para a noite. Será que ele tinha serviço de empregada ou ele arrumava
a própria cama todos os dias?
Ele me beija de novo, uma pressão leve de seus lábios nos meus e, então,
ele está se movendo pelo quarto enquanto eu permaneço enraizada no lugar, logo
depois da porta. Ele tira o relógio, deslizando-o do punho e colocando-o dentro
da primeira gaveta da cômoda. Faz igual com a carteira e, então, desenrola as
mangas.
— Medo não é bem meu estilo, Lydia.
Não estou com medo, só insegura. Insegura do que fazer comigo mesma.
Insegura do que ele quer. Insegura se é para ficar totalmente nua e me deitar na
cama ou apenas tirar a roupa até ficar com sutiã e calcinha para que ele possa
tirá-los.
— Não estou com medo, só não sei o que tenho que fazer. E estar no
comando não é meu estilo, Rhys.
— Então quer que eu te diga o que fazer?
— Poderia? — Expiro. Finalmente ele está entendendo. — Me guie. Me
ensine. Fale safadezas para mim. Gosto de tudo isso. Sou boa com instruções. E
regras. Amo regras. Elas são tão claras, diretas e sexies.
Ele se move para ficar diante de mim, parando perto o bastante para eu
precisar inclinar a cabeça para trás a fim de olhar para ele.
— Não podemos ser nada mais do que isto, Lydia. Um mês. Não estou
procurando nada além disso. Não será um tipo de fantasia felizes-para-sempre.
— Ele passa a mão em meu braço, e arrepio. Seus olhos estão travados nos
meus, garantindo que estou ouvindo. — Apenas sexo. Essa é a regra.
— Relaxe, Rhys. Não vou me apaixonar por você só porque é meu
primeiro. — Acho que não. Talvez. Há provavelmente cinquenta por cento de
chance de isso acontecer. No máximo.
— Seu primeiro — ele repete as palavras devagar, sua respiração quente
contra minha têmpora. — Vou te arruinar para quem vier depois — diz isso
baixinho, e não sei se é uma promessa ou um alerta.
Ele me leva andando de costas para a cama, suas mãos em meus quadris me
guiando, seus lábios nos meus, na minha mandíbula, trilhando até meu pescoço.
Minha camisa é erguida, levanto os braços, e ela é puxada por cima da minha
cabeça conforme a parte de trás da minha perna encosta no colchão. Ele
desabotoa minha calça e abaixa o zíper, e eu acho que estou um pouco assustada.
Mas do tipo hilariante, tipo aquela sensação que você tem quando uma
montanha-russa faz a subida com o barulho clique-clique-clique até o topo, e
você não consegue ver quando é a descida, mas sabe que está próxima, sabe que,
a qualquer instante, vai chegar ao ápice e o tempo vai parar por um segundo, um
segundo que parece dez, e então vai voar, girar e subir a velocidades tão altas,
que tudo que pode fazer é segurar na barra de segurança e curtir o passeio,
embora seja aterrorizante e você não tenha absoluta certeza de que não vai
morrer.
Tipo assim.
Ele puxa minha calça nos quadris e a tira por minhas pernas, abaixando-se
para tirá-las pelos tornozelos. Apoio uma mão em seu ombro e saio dela, um pé
de cada vez.
— Sente-se — ele me diz, e eu me sento.
Ele ajoelhou no chão aos pés da cama, meus joelhos abertos permitindo que
ele ficasse no meio.
— Isso é bom — ele diz, passando a ponta de um dedo em meu seio, no
novo sutiã de renda.
— Obrigada — digo, meus olhos em seu dedo conforme ele passa por um
seio e, então, mergulha em meu decote e sobre, repetindo o caminho no outro. —
A calcinha combina — complemento no caso de ele não ter visto e porque é
meio que importante.
— Combina mesmo — ele murmura, concordando, e então beija o lugar
abaixo da minha orelha direita. Sua respiração sussurra em meu pescoço
enquanto sua barba arranha levemente, e essa combinação me deixa bem louca.
— Vamos dar uma olhada, podemos? — Ele me dá um empurrão gentil para eu
apoiar nos cotovelos enquanto passa um dedo no meio de minha barriga até
chegar ao destino. — Muito bom.
Ele não está errado. São muito bons mesmo. Então ele abaixa a cabeça e me
beija. Bem ali. Bem na calcinha de renda chique, e acho que vou morrer. Porque
é vergonhoso. Porque é bom. Porque quero que ele faça de novo, e de novo, e de
novo. Rhys pressiona o nariz na minha calcinha e inspira, seus olhos nos meus, e
oh meu Deus, os homens fazem isso? Rhys faz. Aposto que Rhys faz muitas
coisas, e ele vai fazê-las comigo. Mordo o lábio quando Rhys engancha seu
polegar nas laterais da calcinha e puxa para baixo. Seus dedos acariciam os
lugares sensíveis atrás dos joelhos e depois nas panturrilhas até o tecido sair por
meus tornozelos.
— Você está depilada — ele diz, passando o polegar no lugar da pele lisa
no meu osso púbico. — Não estava antes.
— Você viu a roupa que eu estava usando. Pensei que era melhor tirar tudo,
porque a luz, e tal. No palco.
Sua mandíbula fica tensa.
— Você raspou ou tirou com cera?
— Raspei — respondo e não sei por que é tão difícil emitir algumas
palavras, mas estou meio sem fôlego, meu coração está batendo bem rápido.
— Da próxima vez, vai me deixar fazer isso — ele diz, seu polegar
continuando sua análise.
— Por quê? Esqueci algum lugar? — Tento fechar as coxas, mas ele está no
meio delas e seus ombros são muito largos, então o movimento não faz fechar
muito.
— Não. — Ele usa seu outro polegar e me abre, e me lambe, e oh, caramba.
Minha cabeça cai para trás com um gemido e aperto as coxas em seus ombros.
— Então por que quer fazer?
— Porque vai me excitar. Abrir suas pernas lindas. Passar creme de barbear
em você. Deslizar uma lâmina cuidadosamente por cada centímetro de sua
boceta enquanto você ruboriza da cabeça aos pés.
Ele me lambe de novo, uma lambida lenta com a língua da parte de baixo
até o topo, finalizando chupando meu clitóris. Agarro a coberta da cama e tento
não esfregar a pélvis na cara dele. Puta merda — não, não sei o que é para sentir,
mas oh, meu Deus. A língua dele é quente pra caramba e macia, e a barba por
fazer no queixo segue e é levemente abrasiva, e a mistura de sensações está
provocando todo tipo de coisa em mim.
— Vou demorar um pouco fazendo isso também — ele continua, desta vez
colocando o nariz na parte interna da minha coxa e beijando de volta até o
centro. — Vou me demorar. Vou examinar cada centímetro de você. Vou fazer de
um jeito que você nunca mais vai conseguir se raspar sem sentir tesão ao se
lembrar de como foi quando eu fiz para você.
Não consigo responder porque está muito difícil de respirar. Gosto muito
dessa ideia.
— Minha boa garota tem uma boceta bem molhada, não é? Quer que eu
brinque com ela? Que molhe meus dedos?
Quero. Oh, Deus, quero. Ele rodeia a ponta do dedo em minha entrada,
circula e circula, e então brinca com meu clitóris, e estou excitada. Depois faz de
novo e de novo. Quando finalmente desliza o dedo para dentro de mim, estou
mais do que molhada, mas a intrusão ainda é estranha para mim, e fico tensa.
Tensa em todo lugar, minhas coxas, joelhos e punhos ficam tensos contra a
coberta, mas mais especificamente onde seu dedo está. Mas ele não para, chupa
meu clitóris até eu relaxar, então faz algo mágico com o dedo até eu gozar.
Consigo me sentir flutuando ao redor daquele dedo e, oh, puta que pariu, um
orgasmo é diferente com penetração, e eu quero mais. Eu o quero. No instante
em que ele retira aquele dedo, eu o quero de volta, quero mais do que um dedo.
Eu me sinto vazia, necessitada, e preciso dele dentro de mim logo, ou vou
explodir.
Ele me puxa para ficar em pé e me beija, e tem o meu gosto, e é obsceno e
chocante e meio que estranhamente excitante e primitivo. Ele abre meu sutiã. As
alças deslizam para meus braços até ele cair no chão, e estou nua. Estou nua com
Rhys. Este é o melhor dia da minha vida. Só que ele não está nu.
— Você ainda está vestido. É para eu — gesticulei para sua camisa —, é
para eu ou para você? Ou quer ficar de roupa para transar?
Ele dá risada, seus olhos dançando e se divertindo conforme desabotoa sua
camisa e a tira.
— Não, não vou te foder de roupa, Lydia.
— Oh, ainda bem. Quero muito te ver nu. Por um bom tempo. Tipo
semanas. Desde o bar. Da primeira vez no bar, não da segunda. Posso tirar sua
calça? — Meus dedos pairam em seu cós, prontos para desabotoar e abrir o
zíper, mas precisando do empurrãozinho da permissão.
— Por favor — ele diz e, então, meus dedos se movem, abrindo o cinto,
desabotoando, abrindo o zíper.
É mais difícil de fazer isso ao contrário, tirar a calça de outra pessoa em vez
da sua própria, mas eu consigo. Conseguiria mesmo se fosse um quebra-cabeça
de mil peças em vez de apenas um zíper e um botão, porque quero vê-lo sem
calça logo.
Quando abro a calça, elas caem no chão e, então, a única coisa me
separando do sexo é uma cueca, portanto faço um trabalho rápido com ela.
Ele é lindo. Da cabeça aos pés. Poderia passar a noite inteira olhando para
ele, o mês inteiro, a eternidade. Mas não tenho a eternidade ou nem a noite
inteira, já que Rhys está preocupado com sua agenda, então olho o máximo que
posso e o mais rápido que consigo.
Porque, oh, puta merda, sei como Rhys Dalton é nu. O pouco de pelo em
seu peito. Seu abdome tonificado, e a barriga chapada, e a trilha de pelo de seu
umbigo até seu pau. A marca de nascença em seu quadril esquerdo e a definição
das linhas que compõem seu abdome. Faço uma oração mental para Jesus que
vou dar uma boa olhada na bunda dele antes de isto acabar, porque preciso saber
exatamente como ela é debaixo daquela calça de terno. E então, rápido demais,
ele está me guiando para a cama, porque é isso. Isso é sexo.
Só que não.

Ainda não, porque ele passa muito tempo — bem mais tempo do que sete
minutos — apenas me beijando. Beijando e acariciando. Meu pescoço, meus
seios, meu quadril, minhas coxas. Carícias longas e tranquilas de suas mãos,
passadas gentis da ponta de seus dedos até ele descer por meu corpo e estar entre
minhas pernas de novo. E, então, está fazendo o negócio da língua e do dedo de
novo, e eu estou tão, tão molhada e lisa, mas, quando ele adiciona um segundo
dedo, parece que é muito apertado e vi em primeira mão que ele é bem maior do
que dois dedos, então não sei como isso vai dar certo.
— Você é bom mesmo com línguas — consigo dizer depois de ter gozado
uma segunda vez. E ele está beijando a parte interna de minhas coxas como se
elas fossem interessantes.
— Alguém já te fez sexo oral, Lydia?
— Não. Está bom? Estou fazendo errado?
Será que estou gozando rápido demais? Devagar demais? Alto demais?
Baixo demais? A preocupação se agarra em mim conforme penso se outras
garotas são melhores ao gozar do que eu, o que é idiotice. Sei que é idiotice, mas
não tenho nenhuma comparação. Talvez ele tenha feito oral uma segunda vez
porque queria uma reação diferente? Nem imagino.
Então o sinto sorrir contra minha coxa, o que é uma sensação estranha, mas
adorável.
— Você está perfeita — ele diz, beijando de novo minha coxa, seu lábio
inferior se arrastando em minha pele, a sensação de sua barba me afetando em
lugares bizarros.
Ele beija minha barriga, diretamente abaixo do meu umbigo, e me fala de
novo que estou perfeita e acredito nele. Ajuda o fato de eu conseguir sentir seu
pau roçando em minha perna quando ele fala, e está duro. Está duro em todos os
lugares, na verdade. Seu corpo é muito firme, e tonificado, e quente, e
perfeitamente pesado em cima do meu, como um cobertor pesado de homem.
Ele volta para cima por meu corpo, beijando, acariciando e fazendo meu corpo
palpitar com mais ansiedade do que montanhas-russas em parques de diversão já
causaram em mim. Então me beija de novo, nossas pernas entrelaçadas e seu pau
descansando pesadamente em minha barriga. Eu quero tocá-lo. Deveria tocá-lo,
certo? Tipo tocar tocar?
— Me diga o que fazer — peço, passando as mãos para cima e para baixo
em seus antebraços.
— Faça o que quiser — ele diz, dando outro beijo suave em meus lábios.
Ele está deitado tão perto de mim, que consigo ver as linhas minúsculas em
volta de seus olhos e a pulsação batendo em seu pescoço. Passo a ponta do dedo
em sua sobrancelha apenas porque posso, porque ele está aqui na cama, comigo.
E então passo a ponta dos dedos em seu comprimento. Suas pálpebras tremem e
se fecham, e ele cerra a mandíbula, um pequeno chiado de respiração escapa
quando o toco, então me sinto encorajada a fazer mais. Envolvo o dedo e o
polegar nele — o máximo que consigo — e deslizo a mão da base até a cabeça.
Ele é impossivelmente comprido e grosso e estou ansiosa para ajustá-lo dentro
de mim, mas com medo ao mesmo tempo. Estou molhada, necessitada,
desesperada e ansiosa. E nervosa — isso também.
— Estou indo bem?
Envolvi a mão no comprimento dele e estou massageando lenta, mas
firmemente. Estou fascinada com a cabeça, o leve cume de pele me avisando que
cheguei à ponta, a forma como a pele é um pouco mais macia ali. A minúscula
fenda no topo, um pouco escorregadia do pré-gozo que encontrei e esfreguei
entre o dedo e o polegar para usá-lo a fim de massagear a cabeça.
— Perfeitamente — ele diz em outro chiado de respiração.
Olho para ele de debaixo dos cílios e, então, me inclino para a frente e beijo
seu peito.
— Eu deveria usar a boca também?
— Porra, não — ele diz, e seu pau fica tenso na minha mão.
Oh. Minha mão para, incerta, até ele a cobrir com a dele e aumentar a
pressão, continuar a rotação da carícia para cima e para baixo. Apertando mais
forte, indo mais rápido, virando nossos punhos juntos.
— Agora não. Qualquer hora, menos agora.
— Ok.
Sorrio para ele e tento me esfregar em sua coxa porque também não quero
realmente seu pau em minha boca agora. Quero que ele avance para o próximo
passo.
Desta vez, ele avança. Abre minhas coxas e se ajoelha entre elas, colocando
um travesseiro debaixo dos meus quadris.
Oh, Deus, isso vai acontecer. Meu peito se ergue e desce com minha
respiração conforme Rhys me posiciona, enganchando minhas coxas sobre seus
braços, prendendo-me bem aberta. Ele passa as mãos para baixo na parte interna
de minhas coxas, depois se posiciona em minha entrada. Consigo sentir a cabeça
de seu pau nos meus lábios, consigo ver tudo também, com a maneira que ele
nos posicionou. Aperto meus olhos e prendo a respiração conforme ele faz um
barulho, uma combinação de risada e expiração.
— Relaxe, Lydia.
— É, está bom.
Expiro e abro os olhos. Balanço os quadris no travesseiro. Estou relaxada.
Ele bate a cabeça de seu pau em mim, como um tapa. Gostei. Aperto, e ele
deve gostar disso porque geme, seus olhos no lugar em que está tentando nos
unir. Passa as mãos em minhas coxas de novo, o gesto é reconfortante. Então
circula meu clitóris com seu polegar, e é muito bom. É maravilhoso, até ele
encaixar a cabeça de seu pau dentro de mim e fico tensa de novo, prendo a
respiração.
— Relaxe, Lydia — Rhys repete, com a mandíbula tensa, assim como os
músculos do pescoço.
O negócio é o seguinte, eu realmente quero isso, de verdade. Mas também
nunca me machuquei de propósito, e não vejo outro jeito de fazer isso sem doer.
Ele desliza a cabeça de seu pau para dentro e, então, para fora de novo, e estou
tão molhada, lisa e pronta, que não dói, parece que quero mais, mas quando ele
empurra mais, fico tensa. Meus ombros, minhas pernas, meu tudo.
Sou a pior prostituta na história da prostituição.
— Me… — Desculpe, é o que estou prestes a dizer, mas não consigo
terminar porque Rhys belisca a parte interna de minha coxa, forte.
E quando ele faz isso, é como se todo meu foco de terminações nervosas
fosse para esse lugar, e não conseguisse me concentrar em tensionar mais
nenhum outro lugar, então não o faço, relaxo e me concentro naquela dor na
coxa e, nesse instante de distração, ele entra em mim com uma estocada brusca
de seus quadris. Ele está dentro, ele está dentro, e puta merda, isso dói. Com
distração ou sem, isso dói. Como se dilacerasse, como se eu fosse cortada ao
meio, e queima, e ele está tão fundo e tenso à minha volta, sem se mexer,
respirando pesado, se segurando, esperando eu fazer alguma coisa, eu acho, mas
não sei o que ou como me sinto e penso que posso chorar, então cubro o rosto
com as mãos.
Ele solta minhas pernas, debruçando-se sobre mim e se suportando com os
antebraços ao lado da minha cabeça, o movimento altera o ângulo de meus
quadris e a forma como o sinto dentro de mim e — oh, Deus — é melhor ou
pior? Não sei. Ele tira minhas mãos e beija minha têmpora.
— Você está bem?
— Não sei.
Talvez?
— Estou te machucando?
— Está! — Dã.
Ele começa a se mexer, imediatamente se erguendo de cima de mim, saindo
de mim.
— Não! — Penduro meu braço em volta de seu pescoço e o puxo de volta
para mim. — Não vá. É uma dor normal. Eu acho. Não faço ideia.
Seus lábios se curvam em um sorriso, embora haja tensão perto de seus
olhos, como se estivesse sendo doloroso para ele ir devagar, ficar parado.
— Me diga como se sente.
— Como me sinto, tipo, neste momento?
— Sim. Por favor — ele diz, e é tanto uma ordem quanto um pedido.
Ele beija minha mandíbula e o movimento causa outro leve ajuste na
posição, outra nova sensação com a qual se acostumar.
— Como me sinto com você dentro de mim? — Ruborizo ao dizer isso.
Posso sentir a cor cobrir minhas bochechas conforme as palavras saem da
minha boca.
— Isso, exatamente isso. Me diga.
— É como se você estivesse me quebrando, mas, ao mesmo tempo, eu
gosto.
Ele parece fascinado com minha resposta. Seus olhos analisando todo meu
rosto. Seu olhar intenso.
— Cheia. Me sinto bastante cheia. É gostoso, tenso e beliscante. Existe a
palavra beliscante? É como alongar depois de uma longa corrida, e doloroso.
Mas também bom. A sensação de estar cheia é bem boa, tipo, não faço ideia de
como vivi sem ela.
Coloco as mãos em seus quadris e passo em sua pele, meus dedos apertando
sua bunda enquanto eu rebolo debaixo dele, me ajustando à penetração e
percebendo que a dor diminuiu em uma dor entorpecente, mas também em uma
dor de necessidade. Como se eu quisesse mais.
— O que mais? — ele pergunta.
Ele beija o canto da minha boca, um toque suave de seus lábios, e não sei
por que isso me deixa com tesão, mas deixa.
— Parece uma pressão. Como se toda essa pressão estivesse ali se
formando ou pulsando. Posso dizer pulsando? E, tipo, que eu gostaria que você
se mexesse? — É uma pergunta-barra-declaração porque não tenho absoluta
certeza. — Não para fora de mim! — complemento, segurando mais forte seus
quadris, temendo que eu tivesse acabado de dar direcionamentos ruins. — Não
para fora de mim. Dentro de mim. — Mexo os quadris o máximo que consigo de
onde estou, debaixo dele.
Rhys segura minha cabeça com as mãos e me beija — um beijo demorado e
molhado, cheio de língua e mordidas em meu lábio inferior — e, então, se afasta,
de novo se apoiando nos joelhos, ainda enterrado dentro de mim conforme
reposiciona minhas coxas abertas por cima das dele, seus antebraços sob meus
joelhos me apoiando e mantendo-me bem aberta.
Consigo ver onde estamos unidos deste ângulo. Minha pélvis está erguida
da cama, minhas mãos voltaram a segurar a colcha com punhos cerrados. Ele sai
de mim, e sinto imediatamente a perda. O movimento lento de seu corpo
abandonando o meu, a sensação de completude se esvaindo e se tornando vazia.
Ele pausa, com apenas a cabeça de seu pau dentro de mim, e nós dois podemos
ver sangue. Seu pau está molhado, coberto de mim e de sangue escorrido, e
prendo a respiração porque é meio estranho, meio básico, meio primitivo, e
meus sentimentos sobre tudo isso são primários, mas Rhys não parece nada
assustado. Parece estar gostando bastante, então expiro e tento relaxar.
Depois, ele flexiona os quadris e volta para dentro de mim, e não me
importo muito com o que seu pau está coberto, contanto que ele não pare de
fazer isso. Repete o movimento, saindo lenta e demoradamente, depois voltando
a deslizar para dentro, e eu decido que gosto muito de sexo.
— Boa garota — ele me elogia quando ergo os quadris para encontrar os
dele, e gosto de ouvir isso tanto quanto gosto de sexo.
Reforço positivo é meu estilo, e ser chamada de boa garota enquanto seu
pau está dentro de mim é uma mudança safada de reforço positivo que descubro
que cabe muito bem a mim.
— Estou feliz que é você — digo baixinho. — Estou feliz por fazer isso
com você.
Seus olhos se fecham por um instante, e ele engole em seco. Uma gota de
suor escorre por seu peito, e dou um aperto experimental em volta de seu pau,
que está enterrado profundamente dentro de mim, e tudo fica impossivelmente
mais apertado e aquela sensação de pressão e calor fica mais intensa.
— Isso é bom — ele geme, abrindo os olhos apenas um pouco.
Então ele se inclina para cima de mim de novo, apoiando-se com uma mão
e usando a outra para flexionar meu joelho até meu peito. Fica diferente, mas
não tenho tempo para pensar ou me ajustar muito, porque ele está estocando em
mim agora. Rápido. Depressa e profundamente. Forte. Meus peitos balançam das
estocadas, e o som de sua pele batendo contra mim ecoa pelo quarto. As luzes da
Strip iluminam, e brilham, e cintilam nas janelas, e eu sinto que estou perto de
fazer todas aquelas coisas também. Bem perto.
Rhys flexiona mais minha perna para que meu joelho fique praticamente na
minha orelha e, oh meu Deus, ele fica ainda mais profundo e forte e maior desse
jeito e, então, seu polegar volta ao meu clitóris, e, sim, um firme sim, gosto de
sexo. Arqueio as costas e enfio a ponta dos dedos nos antebraços de Rhys, e ele
sussurra o negócio de boa garota de novo em meu ouvido, e toda a pressão e
fricção incendeiam, e minhas pernas ficam tensas, e estou gozando, e tudo está
muito apertado e quente, e aperto os olhos, e uma sequência de ohs sai da minha
boca.
Rhys geme quanto me aperto em volta dele, ficando parado em cima de
mim, e então se mexe de novo, fazendo movimentos curtos com os quadris até
ele gozar também, a tensão deixando sua mandíbula, e ele é lindo, tão lindo, e
não consigo acreditar que consegui fazer isso com ele.
— Foi como uma onda — digo a ele, quando ele termina, caindo em cima
de mim, respirando com dificuldade. — Como uma onda intensa e quente, ou
talvez a melhor parte de uma montanha-russa, ou como voar. — Passo os dedos
em suas costas, explorando as linhas com a ponta dos dedos, raspando as unhas
levemente em sua pele. — O orgasmo foi diferente com você dentro de mim.
Diferente de como foi com seu polegar ou sua boca. E molhado. Pareceu mais
molhado. Acho que provavelmente é porque você acabou de gozar dentro de
mim. Parece um pouco sujo, mas tipo uma sujeira depois de uma boa festa que
você ainda não quer limpar. — Ele está em silêncio, com exceção do som de sua
respiração. — Desculpe, não sou boa em falar safadeza.
— Está tentando me matar? — Ele arfa a pergunta em meu ouvido.
— Não. — Balanço a cabeça contra o travesseiro debaixo de mim. — Claro
que não. Quero fazer de novo.
Ele sai de mim, e sinto o vazio instantâneo da perda. E dor, sinto dor,
exposição e vulnerabilidade. Rhys se levanta da cama e passa por uma porta
aberta, acendendo uma luz quando entra no banheiro. A bunda dele é perfeita,
exatamente como pensei que fosse. Dura e musculosa e tem uma convinha que
preciso explorar da próxima vez.
Eu me sento na cama, sem saber exatamente o que fazer agora. Deveria ir
embora? É por isso que ele me pagou, certo? Para que eu saísse quando ele
terminasse? Será que posso usar o banheiro dele primeiro? Suas mulheres de
sempre normalmente simplesmente vão embora, certo? Vejo minha bolsa em
uma cadeira do outro lado do quarto, então me levanto, me encolhendo ao fazê-
lo. É, vou sentir amanhã. Estou tirando uma camiseta da bolsa, quando Rhys
retorna.
— O que está fazendo?
— Pensei que agora fosse a parte em que você dá um tapa na minha bunda
e me fala que é hora de ir, docinho.
— Sente-se — ele diz, assentindo para a cama.
Ele não parece se divertir com minha avaliação de como a noite termina,
então solto minha camiseta e volto para a cama. E é quando percebo que acabei
de perder minha virgindade em um edredom branco fofo e não há como salvar o
edredom fofo branco e fico mortificada. Quinhentos mil dólares, e arruinei sua
roupa de cama. Sou uma prostituta muito horrível.
Começo a puxar o edredom da cama quando ele me faz parar.
— O que está fazendo? — ele pergunta de novo, colocando uma mão em
meu braço. Parece confuso, e me pergunto se estou me comportando
racionalmente.
— Arruinei sua cama.
— Lydia, quem se importa?
Eu me importo. Todo este apartamento é intocado e perfeito, e eu sou tipo
um cachorrinho resgatado e bagunceiro.
— Vou ligar para o pessoa da limpeza e pedir para mandarem um novo —
ele diz baixinho, passando a mão em meu braço. — Vá tomar um banho.
— Quando você diz que vai ligar para o pessoal da limpeza, quer dizer que
vai encontrá-los na porta e, depois, se livrar desta roupa de cama, não entregar a
alguém que vou encontrar na lanchonete dos funcionários na segunda, certo?
— Vou cuidar disso.
— Ok.
Assinto algumas vezes e, então, Rhys gentilmente me empurra na direção
do banheiro enquanto ando. Tomo um banho obscenamente demorado e penso
em meus sentimentos enquanto uso o xampu e sabonete dele, porque é tudo o
que ele tem no chuveiro.
Quando volto, Rhys está sentado na cama, com as costas na cabeceira e um
laptop no colo. O apartamento inteiro está escuro, com exceção de um abajur ao
lado da cama e o brilho vindo de seu laptop. A vista da Strip foi bloqueada com
algum tipo de sistema de cortinas blackout. A roupa de cama havia sido
substituída, e arrumada, e afofada, e me pergunto de novo se ele arruma a
própria cama normalmente ou se a camareira vem todos os dias.
Estou enrolada em uma toalha porque não pensei em levar nada para o
banheiro comigo. Meu cabelo ainda está úmido, e estou segurando nas pontas da
toalha bem mais forte do que o necessário, já que Rhys já me viu nua.
Ele está usando calça de pijama de algodão, suas pernas estendidas para a
frente e o peito nu. Ele não parece estar planejando me levar para casa, mas esse
não é realmente o trabalho dele, é?
— Devo chamar um Uber? — pergunto, me aproximando da minha bolsa.
— O quê? — Ele olha por cima de seu laptop, um olhar confuso em sua
expressão.
— Um Uber — repito. — Ou um táxi?
— Pode ficar — ele disse, assentindo para a cama ao seu lado.
Ok.
— O que devo vestir? — pergunto, abrindo a bolsa e tirando o traje branco
que usei no palco mais cedo. — Quer que eu vista isto? — Vejo que minhas
roupas foram resgatadas do chão, dobradas e penduradas na cadeira com minha
bolsa.
— Não — ele responde. — Isso não. — Acho que o estou irritando agora.
— O que normalmente usa para dormir?
Pijamas de lençol, penso. Nada que ele iria querer ver.
— Não trouxe nada que normalmente vestiria para dormir — é o que digo a
ele, a camisola ainda pendurada em minha mão.
Seus olhos desviam para ela e, então, baixam para seu laptop.
— Pegue uma camisa da gaveta do meio — ele diz, já digitando de novo.
Descubro que a gaveta do meio tem camiseta normal e macia. Escolho uma
azul e volto ao banheiro para me trocar em uma necessidade esquisita de
privacidade.
Depois entro debaixo das cobertas, minhas pálpebras já estão pesadas. Acho
que vou dormir em questão de minutos, o que é estúpido, porque estou na cama
de Rhys e deveria estar aproveitando a experiência. Mas hoje foi um dia cheio e
Rhys está trabalhando, então acho que ele não quer dormir de conchinha nem
nada.
Estou prestes a cair no sono com os sons estranhamente calmantes de Rhys
digitando em seu laptop quando me lembro de uma coisa.
— Desculpe ter demorado tipo dez vezes mais do que sete minutos — digo
a ele, e depois apago.

Acordo com uma ereção rígida e a bunda de Lydia pressionada em meu


pau. Porque estou de lado com o braço em volta da cintura dela. Porque estou
dormindo de conchinha. Estou dormindo de conchinha. Porra. Eu me viro de
barriga para cima, decepcionado comigo mesmo.
Por muitos motivos. Deus, o olhar no rosto dela quando viu o cobertor
ontem à noite, como se eu desse a mínima para a roupa de cama? Malditas
virgens.
Nunca tinha fodido uma virgem. Nunca fui o primeiro de ninguém e penso
se isso foi um erro. Um enorme e maldito erro. Esfrego as mãos no rosto e
encaro o teto. Ela é a única coisa perfeita neste apartamento, e está preocupada
em arruinar minha roupa de cama? Foda-se a roupa de cama. A única coisa que
está sendo arruinada neste apartamento é ela, porque sou um cretino depravado
que comprou uma virgem.
Lembrar de seu sangue em meu pau está me deixando desconfortavelmente
duro. O rubor doce em suas faces, Jesus. Será que isso é para me excitar? Porque
excita. Tirar sua inocência.
Saber que isso é tudo novo para ela. Seus dedos hesitantes, pedindo uma
direção. Pedir para eu ensiná-la. Deus me ajude. Ensiná-la. Posso pensar em
centenas de coisas que gostaria de ensiná-la porque eu sou o maldito prostituto,
não ela. Então por que ela se vendeu? Acho que as pessoas fazem qualquer coisa
por dinheiro. Talvez não consiga me identificar porque sempre tive dinheiro.
Nasci com ele, ganhei mais dele. Nunca tive que tomar decisões difíceis para
ganhá-lo. Nunca estive desesperado. Ela está desesperada? Viro a cabeça e a
observo dormir. Seu cabelo tem o cheiro do meu xampu.
Quantas mulheres me quiseram pelo dinheiro? O suficiente para o fato de
pagar por sexo parecer a forma mais sincera de conduzir um relacionamento. E é
como cheguei até aqui, não é?
Que porra vou fazer com ela por trinta dias? Pensei que essa armação fosse
por uma noite e, então, Vince me disse para devolvê-la em trinta dias, como se
fosse um aluguel de carro. Devolvê-la onde? Ela tem um emprego, um emprego
de verdade, trabalhando para mim no Windsor. Será que está planejando fazer
isso como um segundo emprego depois de mim? Conseguir outro… cliente? A
parte dela de quinhentos mil não é suficiente para seja lá o que ela precise?
Maldito dinheiro. Preciso que Canon pesquise sobre ela e descubra que tipo de
dívida ela tem. Não pode ser insuperável. Se os quinhentos mil já não cuidarem
disso, eu pagarei o resto. Só que… isso é loucura. Ela não é minha para eu
cuidar. É temporária. Isto é temporário. Mesmo assim, estou curioso.
Imagino qual será a parte dela. Imagino de quanto mais ela precisa. Imagino
que é muito cedo para fodê-la de novo. Provavelmente cedo demais. É possível
que esteja dolorida. Será? Malditas virgens, inferno. Por que pedi a ela para me
contar como se sentia? Vou me torturar repensando em suas palavras pelo resto
da minha vida. Como se você estivesse me quebrando, mas, ao mesmo tempo, eu
gosto. Estou feliz que esteja fazendo isto com você. Desculpe, não sou boa em
falar safadeza.
Jesus. Cristo. Preciso me afastar dela. Tiro as cobertas, pretendendo ir à
academia do hotel até ter queimado toda energia para me impedir de foder Lydia
como um animal. Estou vestido, saio e chego a uma esteira na academia em
pouco menos de sete minutos, um dos benefícios de se morar em um hotel. A
academia está vazia quando chego. Provavelmente vai permanecer vazia, já que
o hotel ainda não inaugurou e há menos de vinte funcionários morando no local
— e não estou esperando ver nenhum deles na academia do hotel tão cedo em
um domingo.
Escolho uma esteira e corro até estar coberto de suor, aumentando a
inclinação e a velocidade na tentativa de espairecer cansando meu corpo. Trinta
dias. Quando foi a última vez que fodi a mesma mulher por um mês? É uma
pergunta retórica, porque sei exatamente quando foi a última vez — e sei que
não foi recente. Sei que minha vida sexual se transformou em variedade. Sei que
posso foder quase qualquer mulher que eu queira — e eu quis.
Lydia presumiu que deveria ir embora ontem à noite. Não há uma única
mulher que dormiu aqui desde que me mudei para Vegas, então seu pensamento
de eu querer que ela desse o fora foi correto. Também me irritou pra caralho
porque não queria que ela fosse embora — o que só serviu para me irritar ainda
mais.
Corro oitocentos metros, fazendo nada além de observar cada metro passar
na tela da esteira enquanto corro com a semana que vem na cabeça.
Mentalmente, verifico minha lista de afazeres e procuro algo que estou
esquecendo. Zoneamento, permissões, funcionários, entretenimento, comida,
bebida. Eletricidade. Precisei fazer uma reunião sobre a porra da parte elétrica
semana passada porque tinha que ser atualizado com os planos de contingência
no caso de falta de energia. No caso de dois sistema de backup separados
falharem, tínhamos um plano, e eu tinha uma compreensão rudimentar sobre o
maldito plano que deveria precisar ser implementado?
Agora tenho. Observo outra centena de metros se passar.
Eu que estou no comando aqui, lembro a mim mesmo. Não é como se
precisasse ficar com ela todos os trinta dias. Poderia terminar tudo hoje, se
quisesse — paro de pensar nisso assim que começo. Como se não fosse fodê-la
de novo? Por favor. Vou fodê-la de novo hoje, muitas vezes, provavelmente. Mas
vê-la o tanto que quiser no próximo mês, essa é a questão. Eu sou o cliente. Fui
eu que paguei. Sou eu que estou no controle aqui. Vou mandá-la para casa hoje.
Mais tarde. Quando a quiser de novo, vou pedir para me encontrar na minha
suíte depois do trabalho — e não deveria me sentir mal por isso porque paguei a
ela para usar seu tempo e seu corpo de acordo com minha agenda.
Corro mais dois quilômetros até ficar exausto para não pensar na porra da
Lydia de novo — pelo menos até o almoço —, depois me enxugo com a toalha
ao voltar para minha suíte. Quando entro, ela está vestida e sentada no sofá,
torcendo os dedos. Literalmente torcendo, sentada e torcendo os dedos no colo.
Sem celular. Sem televisão. Apenas sentada ali. Sua bolsa está ao seu lado no
sofá, fechada e aguardando como se ela estivesse pronta para ir. Tudo muito
estranho.
— O que está fazendo?
Tenho uma cozinha nesta unidade. Uma cozinha quase intocada, mas
totalmente equipada, a geladeira cheia da maioria das bebidas. É aberta para a
sala de estar, então entro e pego água gelada da geladeira, depois me apoio no
balcão e a observo enquanto bebo metade da garrafa em um gole.
Ela separa as mãos e as alisa nos joelhos antes de falar.
— Eu não sabia se não tinha problema eu ir embora ou não.
Claro que não sabia. Porque eu a paguei para ficar aqui. E também porque
sou tão cretino que não deixei um recado antes de ir para a academia.
— Está esperando há muito tempo?
— Hum, um pouquinho. — Ela balança o joelho antes de falar de novo.
Será que está nervosa? Eu a deixo nervosa ou é apenas a situação? — Meu
celular descarregou e não trouxe o carregador. E não consegui descobrir como
mexer na sua TV. Estava passando um jogo de basquete e não consegui descobrir
como mudar de canal, então fiquei só esperando — ela termina com outro
balançar dos joelhos e outra alisada das mãos no jeans.
— O que normalmente faz aos domingos? — pergunto, de repente curioso.
Curioso para saber o que ela estaria fazendo agora se eu não fosse um
cretino e ela não estivesse sentada em meu apartamento entediada me esperando.
— Oh. — Ela pisca, parecendo surpresa com a pergunta. — Coisas
normais. Lavo roupa ou fico na piscina. Tomaria um café gelado do Del Taco ou
iria à Goodwill.
— O que é Goodwill?
— Uma loja.
— Ok. Vou tomar um banho e aí nós vamos — digo, indiferente, enquanto
jogo a garrafa de água no lixo reciclável da cozinha.
Talvez, se eu puder descobrir mais sobre ela, descobrir no que ela gasta,
posso entendê-la. Talvez ela tenha um cartão da loja Goodwill com uma dívida
enorme. Talvez eu consiga descobrir por que me importo tanto, por que fico
curioso pra caralho quando o assunto é ela.
— Precisamos pegar suas coisas, de qualquer forma — complemento,
porque acabei de ter uma ideia melhor.
— Que coisas? — Seus joelhos param de balançar, e as pontas de seus
dedos congelam em suas patelas.
— Suas coisas. Roupas e tal? O que for precisar.
— Precisar para quê? Para hoje? — Suas sobrancelhas se uniram com
preocupação ou confusão ou ambos.
— Para o mês. Você vai ficar aqui.
— O quê?
Ela parece um pouco horrorizada com a ideia de morar comigo por um mês
inteiro, e não posso evitar me sentir um pouco ofendido. Poderia falar o nome
de, no mínimo, vinte strippers que ficariam aqui felizes por um mês. Estou
pensando nisso quando ela fala de novo:
— Tipo ficar ficar? Tipo morar aqui? Ninguém disse nada sobre…
— Você deveria provavelmente ler o contrato antes de fazer um pacto com
o diabo, Lydia — eu a interrompo e sou um pouco mais grosseiro do que
pretendia.
Balanço a cabeça, irritado comigo mesmo e com ela, embora seja sem
motivo, depois me aproximo dela e pego o controle remoto. Ligo a TV e mudo
para a TV aberta e, então, entrego para Lydia, dizendo que voltarei em vinte
minutos. Consigo me aprontar em sete, mas preciso de mais tempo para bater
uma no chuveiro porque, depois de observá-la balançar os joelhos e puxar a
calça de maneira nervosa, estou duro de novo.
Quando volto, Lydia está deitada no sofá, com as pernas flexionadas para
trás enquanto assiste a um programa de decoração de casa. Ela me olha
conforme me aproximo, me analisando de cima a baixo de um jeito que é óbvio,
mas ainda desconfio de que ela não percebe o fato de estar me secando tão
abertamente.
— Você tem gravador? — ela pergunta, voltando-se para o programa. —
Estou morrendo de curiosidade de ver como vai ficar essa reforma. Talvez
pudesse gravar para mim?
Ela volta a olhar para mim, seus olhos grandes verdes arregalados com
otimismo e fé de que eu poderia, tranquilamente, cuidar desse detalhezinho para
ela. Ela baixa o queixo um pouco e pisca, um sinal de dúvida cobrindo o rosto
como se tivesse pedido muito. Uma mecha tratante de cabelo cai sobre uma face,
e isso a faz parecer totalmente verdadeira demais para estar perto de mim.
Eu pego o controle e coloco para gravar enquanto ela se levanta e coloca a
bolsa no ombro. Está usando uma camiseta que diz “Eu amo Jesus e tacos”.
Jesus me ajude com essa garota é o primeiro pensamento que vem à minha
mente, e um sorriso ergue o canto de minha boca.
— Foi isso que você trouxe para usar em casa depois de uma noite de
devassidão? — pergunto, assentindo para a camiseta dela com uma risada
enquanto desligo a TV e jogo o controle no sofá.
Ela olha para sua camiseta e de volta para mim, e eu a deixei
desconfortável, percebo imediatamente.
— Eu não sabia. — Ela brinca com as alças de sua bolsa ao falar. — Não
sabia se iria ficar ou… sei lá. Eu não sabia — ela diz baixinho.
Eu a deixei insegura por causa de uma camiseta. Muito bem, babaca.
— É engraçado — lanço ao abrir a porta para ela e seguirmos para meu
carro.
Estamos na Strip na direção da Tropicana Avenue, então toco no assunto.
— Então, tacos? — pergunto a ela.
— O quê?
— Você deve gostar mesmo de tacos.
— Acho que sim. Mas quem não gosta de tacos?
Justo.
— E Jesus. Você também gosta de Jesus — complemento e, imediatamente,
penso em como um dia transei sem pagar por isso. Pareço um maldito idiota.
— Acho que sim — ela murmura, mas sua cabeça está enterrada em seu
celular, trabalhando de novo agora que está conectado ao carregador do meu
carro.
— Está se sentindo bem hoje? — pergunto para mudar de assunto.
— Sentindo? — ela pergunta, virando-se no banco para me encarar.
Estamos na esquina da Las Vegas Boulevard e Tropicana, aguardando para
virar à esquerda.
— Tipo emocional ou fisicamente? O que quer saber?
O sinal da seta clica como uma bombinha-relógio no silêncio que se segue
enquanto tento sondar seu humor. Olho-a de canto de olho e decido que não é
uma pergunta de pegadinha, que ela realmente espera que eu esclareça.
— Fisicamente — respondo. — Você está bem? — Fui muito agressivo
com ela ontem à noite? — Está dolorida?
Porque se você não está, vai ficar antes do dia acabar.
— Estou bem — ela diz.
Mas responde dando de ombros, o que me diz que estou perdendo algo.
— Você está bem mas o quê?
— Mas nada. — Ela se volta para o celular e responde uma mensagem de
texto.
Faço a curva na Tropicana e batuco os dedos no volante, incomodado.
Incomodado com ela por se conter e incomodado comigo mesmo por me
importar. Qual é a diferença?
— Não acho que possa me ajudar — ela adicionar. — É vergonhoso.
Esqueça que eu disse algo. — Ela se ajeita no banco. — Mas, na verdade, não
disse nada realmente. São só coisas de garota. Esqueça.
Assinto levemente com a cabeça e permaneço quieto. Está bom, então.
— Estou meio que molhada — ela solta quando eu paro em outro semáforo
na Tropicana.
Porra.
— Não molhada como se quisesse transar agora, molhada como se você
ainda estivesse escorrendo de mim de ontem. O que é bem esquisito e nada do
que me ensinaram sobre educação sexual no ensino médio, e eu fiquei
preocupada… Não sei com que fiquei preocupada. Mas pesquisei e vi que é bem
normal e pode durar de um minuto até um dia depois do sexo e não há com que
se preocupar ou motivo para isso. Foi só que, você sabe, eu não sabia e isso me
deixou assustada por um minuto, mas estou bem agora.
Porra, isso é excitante.
— O semáforo está verde, Rhys.
Pigarreio e acelero o carro.
— Então pode se acostumar com isso, porque vou te foder todos os dias.
— Sério? — A pergunta está envolvida com surpresa genuína. — Não
estará ocupado demais?
— Eu vou encontrar tempo.
— Oh. Ok, legal.
Viro à direita no estacionamento do Del Taco e entro no drive-thru.
— Vamos comer Del Taco mesmo? — Os olhos de Lydia se iluminam
como se eu a tivesse levado em um brunch de champagne.
— É o seu domingo — digo a ela e me pergunto como isso se tornou o
domingo dela.
Eu sou uma negação. Eu fui uma negação mesmo com a garota de vinte e
dois anos do bar. A garota de vinte e dois anos que trabalha na minha empresa. A
garota de vinte e dois anos que eu sabia que causaria problema para mim.
Negação. Mesmo.
— O que você quer? — pergunto a ela conforme avanço um pouco com o
carro, pensando que pergunta pesada é essa. Como fui de “negação mesmo” para
pagar meio milhão pelo prazer de sua companhia? Como? Fodi com minha vida.
Estou tão distraído com a grande inauguração se aproximando, que não consigo
enxergar direito.
— Ohhh — ela diz enquanto bate as mãos nos joelhos como se fosse uma
decisão muito empolgante. — Um café gelado pequeno e um burrito de ovo e
queijo. — Ela encosta no banco por um instante e cruza os braços, balançando os
joelhos no meu carro. — Espere, não — ela diz, balançando a cabeça. — Quero
dois burritos de ovo e queijo. Estou faminta. Acho que queimei muitas calorias
ontem à noite.
Faço seu pedido vezes dois, entregando a comida para ela conforme é
passada para mim pela janela. Então paro o carro em uma vaga no
estacionamento, deixando-o ligado. Lydia me entrega um burrito antes de abrir
os canudinhos para nós dois e inseri-los nos copos de plástico, colocados nos
suportes de copo.
— Posso te perguntar uma coisa? — ela pergunta ao tirar um burrito do
saco para si.
— Claro. — Eu dou uma mordida do que ela me entregou. Não é horrível.
— Já que você me perguntou — ela complementa, e eu penso no que lhe
perguntei. Ela desembrulha o pacote do burrito antes de continuar. — Como se
sentiu? Transando comigo? — Ela dá uma mordida no próprio burrito e emite
um sonzinho de felicidade quando a comida chega à sua língua.
— Foi bom pra caralho. — Eu a observo mastigar, estranhamente fascinado
com essa garota.
— Sério?
— Sério.
Ela dá outra mordida, sendo cuidadosa para não deixar cair, e me observa,
em silêncio. Dou um gole do café gelado e encolho, colocando-o de volta no
suporte do carro.
— Isso não é bom — digo a ela e observo seus olhos se arregalarem de
surpresa, depois se estreitam em julgamento, com sua sobrancelha direita
erguida, desafiando. — É doce demais — protesto.
— Você é doido.
Ela revira os olhos e dá outra mordida cuidadosa no burrito. Eu termino
meu segundo e ando com o carro. Vou pegar à direita para voltar à Tropicana
quando ela fala de novo.
— Eu te falei muito mais do que isso. Quando me perguntou — ela
argumenta, não incorretamente.
Ela estava virada para mim enquanto comíamos, mas termina seu primeiro
burrito e se encosta no banco de novo, voltada para a frente enquanto procura no
saco seu segundo.
Coloco os óculos de sol para bloquear os intrusos. O sol, as perguntas dela,
meus pensamentos. Se for um desses três, já ajuda.
— Foi uma pergunta estranha? — ela questiona quando paramos no
semáforo na Spencer a menos de meio minuto depois de voltar à Tropicana. —
As pessoas não se perguntam isso? Você me perguntou, então eu pensei… — Ela
para de falar, um pequeno suspiro sai de seus lábios. — Deixa quieto. Sou muito
ruim nisso.
— Humilde — finalmente digo quando o semáforo fica verde. — Me senti
humilde por estar dentro de você. E molhado. Liso e quente e apertado. Era
macio, perfeito. Você estava perfeita pra caralho, cada centímetro. Sua boceta
apertada, a pressão de seus dedos em meus braços quando estava muito apertado
para você, suas unhas arranhando minhas laterais quando o tamanho se ajustou.
Quando você teve orgasmo, ficou ainda mais apertado, e molhado, como se sua
boceta estivesse ordenhando meu pau, o que me fez sentir ainda maior e mais
duro e como se eu fosse perder a circulação de meu pau, mas teria valido a pena.
Diferente. Eu me senti diferente de um jeito que me confundia, mas me
fazia querer mais ao mesmo tempo. Real e primitivo. Primário.
— Então, bem normal.
— É, bem normal.

Passamos por uns dois semáforos e um Wal-Mart quando vejo uma placa
para a Goodwill e entro na galeria.
— Oh, meu Deus, nós vamos mesmo à Goodwill? — A pergunta é feita
com bem menos empolgação do que eu estava esperando.
Pensei que teria a empolgação do Del Taco, mas sua reação foi mais
receosa do que animada.
— Você disse que é isso que faz — respondo, confuso.
— Acho que Goodwill não é o que você pensa que é e não será seu estilo.
Nem preciso de nada hoje, então não precisamos fazer isso.
Eu a ignoro e estaciono. Ela pega seu café gelado com um pequeno
resmungo e abre a porta do carro.
— Loja de varejo e centro de doação — leio a placa assim que encontro
Lydia no capô do carro. — Estamos em um brechó?
Ela hesita, a ponta de seu tênis se arrastando no cimento e seu corpo meio
virado para trás na direção do carro.
— Você é ocupado demais para isto, Rhys. Não preciso mesmo ir hoje. Só
vamos embora.
— Já estamos aqui.
Aponto para as portas e começo a andar sabendo que ela vai seguir — mais
porque já havia trancado o carro. Quando chego à porta, eu a seguro aberta para
Lydia e a sigo para dentro.
Coisas usadas. Esse é meu primeiro pensamento ao entrar. Esta não é a
fonte de sua dívida. Lydia ergueu o copo de café gelado aos lábios e está dando
um longo gole, o canudinho pressionado entre seus lábios. Eu me pergunto por
que estamos em um brechó em vez de voltando ao hotel com meu pau entre seus
lábios, mas vir aqui foi minha ideia. Eu acho. Ela está parada em um pé só, a
ponta do outro de novo circulando no chão, desta vez no linóleo em vez de no
asfalto, e agora que estamos dentro da loja, o pavor em sua expressão abriu
caminho para um olhar de ansiedade.
— A cor da semana é azul. Eu sempre tenho sorte com azul — ela diz, e me
pergunto se estou tendo um infarto de algum tipo porque nada, nem uma única
coisa nas últimas vinte horas ou mais faz sentido.
Lydia pega um carrinho e o leva para os fundos da loja, passando prateleiras
industriais organizadas com pilhas de porcaria. Eu a observo analisar
rapidamente as prateleiras enquanto passa, mas claramente ela tem algum tipo de
estratégia ou destino já em mente porque continua se movendo, mesmo quando
um abajur de cerâmica laranja em formato de gato chama sua atenção. Está
opaco e é medonho. Ainda estou encarando-o e pensando no que teria possuído
alguém para comprá-lo em primeiro lugar, pensando se foi uma produção em
massa ou se era uma horrível peça única, quando vejo que Lydia chegou aonde
queria. Está colocando lençol usado no carrinho quando a alcanço. Um lençol
usado que parece que saiu da casa de um animador de Vegas dos anos cinquenta.
— Quando Vince vai te pagar? — eu pergunto, porque não consigo
entender o que está acontecendo neste exato instante.
Ela está precisando de dinheiro? Os lençóis não estão identificados até onde
consigo ver, então como ela sabe que vai caber na cama dela? Acho que ela nem
pegou um conjunto, apenas um aleatório de cima da prateleira com um passado
sombrio desconhecido.
Que eu nem posso julgar, porque ela está dormindo comigo e não duvido de
que meu pau tem um passado ainda mais sombrio do que esse lençol.
— O quê?
Ela para e olha para mim. Está segurando um cabide de calça com uma
fronha pendurada nos pregadores, alisando o material com a ponta dos dedos da
outra mão.
— Quando Vince vai te pagar? — insisto. — Você precisa de dinheiro?
— Oh. — Ela pisca e baixa os olhos dos meus, um brilho de mágoa ou
desconforto passa por sua expressão. — Não sei. — E, então, depois de uma
pausa: — Não. Não quero mais dinheiro de você. Obrigada.
O que ela quer dizer falando que não sabe? Aquele otário me fez transferir
o dinheiro para ele antes de sair, como se eu não fosse bom o bastante. Babaca.
— Então você não recebeu ontem à noite?
— Não. Temos que ver as coisas dos impostos primeiro.
Coisas dos impostos? Penso nisso e tenho certeza de que minha cara
expressa minha confusão, porque ela para, sua mão passando por uma estante de
fronhas, e se vira para mim.
— Desculpe, isso não faz parte de seu fetiche? Não deveria ter mencionado
os impostos?
— Que fetiche?
— Hum, o negócio de pagar por sexo. Não sei como você faz normalmente.
É a visão do dinheiro que te excita? Porque, se quiser deixar um pacote de
dinheiro no criado-mudo toda manhã, posso devolver na sua gaveta quando não
estiver olhando e, então, pode colocar de volta no criado-mudo depois de gozar.
O que precisar.
Quer saber qual é a parte mais bizarra desse discurso? Não acho que ela
esteja me zoando. Nem um pouquinho. Não havia um milímetro de reprovação
em seu tom, apenas total aceitação.
— Não é bem um fetiche, Lydia. É mais uma conveniência. Como frete de
dois dias.
Caralho. Acabei mesmo de compará-la com a conveniência de receber um
desodorante em menos de vinte e quatro horas? Não sou emocionalmente
apropriado para ela. Ela é do tipo profunda-emocional-apegada, não uma garota
de expectativas mínimas.
— Oh, ok. — Ela pisca algumas vezes e coloca uma fronha no carrinho. —
Posso ser conveniente.
— Ótimo. — Estou irritado com toda essa conversa e não sei bem por quê.
— Ótimo — Lydia responde, e não sei se ela está irritada com alguma
coisa.
Ela dá outro gole em seu café gelado e sorri para mim, chupando o
canudinho, e eu quero beijá-la. Ou fodê-la. Ou levá-la de volta para Vince e
esquecer que tudo isso aconteceu. Foi isso que ela disse ontem, não foi? Apenas
me leve de volta. Apenas me leve de volta, Rhys.
Levá-la de volta para Vince? Para o Double Diamonds? Para começar,
quando foi que ela se envolveu com ele?
Quando tudo isso ficou tão distorcido? Eu tenho responsabilidades. Um
hotel para inaugurar. Um legado para construir. Sou ocupado demais para
complicações no momento. E é por isso que pago strippers, e dança, e boquetes,
e sexo. E é por isso que dei meio milhão para uma garota colocar um abajur de
gato laranja em um carrinho de compras neste instante.
Minha vida é fodida. Estou sob muito estresse, eu decido. Estresse que
Lydia vai me ajudar a aliviar no próximo mês. O que quer que seja isso que
temos, sairá do meu sistema até lá. Esse pensamento alivia um pouco da tensão
de meus ombros e deixo pra lá o resto.
Parece que Lydia acabou de fazer compras com a adição do abajur — um
abajur que só posso presumir que é uma piada —, então, assim que ela paga
onze dólares e setenta e quatro centavos por sua compra, nós vamos embora. Ela
menciona algo sobre o ótimo achado que foi o abajur enquanto destravo o carro.
Não respondo porque não faço ideia de que porra ela está falando.
Ela fica quieta a caminho de seu apartamento, com exceção de perguntar se
pode beber o resto do meu café. Parece bem satisfeita com o silêncio, feliz
bebendo seu segundo café e dando direções para sua casa. Já sei que ela mora
perto do Hennigan’s, mas não conto, em vez disso, sigo seus direcionamentos
para pegar a 515 até a Hendersonville sem comentários. Quando saímos da
rodovia na Galleria, ela começa a falar. Mais ou menos.
— O negócio é o seguinte — ela começa, depois para, mexendo o
canudinho no copo a fim de distribuir o gelo ou procrastinar, não sei qual dos
dois.
— Qual é o negócio? — incentivo.
— O negócio é que não sabia que isso era para durar um mês — ela diz. —
Sei que fiz um acordo com o diabo e é problema meu, não seu, blá, blá, blá.
Blá, blá, blá. Esse é um ponto de vista.
— Mas não sei o que espera de mim.
— Espero que esteja disponível para quando eu quiser transar.
— Digo, sim. Isso eu entendi. Essa é meio que a descrição do meu trabalho,
dã.
— Você acabou de falar “dã” para mim?
— Com certeza.
— É uma prostituta horrível.
— Eu sei! — Ela dá um tapa em seu joelho e se vira para mim no banco. —
Não consigo acreditar que você pagou tanto por alguém sem referências ou
experiência. Nem é lógico! Você é que está me educando sexualmente e está me
pagando pelo privilégio. Deveria realmente trabalhar suas habilidades de
negociação, porque acho que Vince te enrolou. — Ela termina o discurso
balançando um pouco a cabeça, depois continua: — Não acho que me comprar
foi uma aquisição financeira boa. Aposto que seu contador ficará bem
decepcionado quando ele descobrir.
Olho para ela para sondar se está falando sério agora. Meu palpite é de que
é cem por cento sério.
— Tenho certeza de que Anthony vai lidar adequadamente com sua
decepção.
— Talvez ele consiga encontrar um jeito de me colocar em seus impostos
como uma despesa. Tipo gastos. Arquivado junto com o entretenimento da
grande inauguração ou algo assim? Certeza que Vince te dará um recibo, certo?
Se ele faturar isso como entretenimento, não seria mentira. Sexo por si mesmo é
um tipo de entretenimento.
Minha certeza se ela estava me zoando ou não acabou de cair oitenta por
cento, então fico calado, o que ela toma como um convite para continuar
falando. Sinto falta da Lydia quieta. Gostei dela nos cinco minutos em que a
conheci.
— Uma coisa seria você ser terrível no sexo e precisasse pagar para alguém
fingir gostar, mas você é superbom no sexo! Não precisei fingir nada.
— Obrigado — respondo sem expressão.
— Oh, droga, isso foi grosseiro? Aposto que você é bom em outras coisas
também. Deve ser, você é muito bem-sucedido. Aposto que é bom em coisas de
CEO.
— Com exceção de negociar.
— É — ela diz com um pequeno suspiro. — Com exceção disso. Mas, sabe,
provavelmente você só não está pensando com clareza agora, com a grande
inauguração chegando. Tenho certeza de que você é um negociador muito
melhor quando não está sob muito estresse. Mas tudo bem, porque você é bom
em muitas outras coisas, tipo malhar, e arrumar sua própria cama, e reciclar. —
Ela está contando nos dedos conforme lista minhas conquistas, pausando depois
do terceiro dedo. — E compartilhar. Você é um compartilhador excelente. — Ela
mexe o café gelado com uma mão e ergue o quarto dedo com a outra. — E… —
Ela pausa de novo, claramente não sabendo mais com qual conquista pode me
elogiar, o que vagamente me decepciona. Também me faz pensar que tipo de
conquistas poderiam impressioná-la o bastante a fim de ganhar seu respeito. —
Você, por um acaso, tem algo a ver com a máquina de café na sala de descanso?
Porque ela é fenomenal.
— Qual é a questão, Lydia? Para começar? Me lembre por que estamos
tendo esta conversa?
— Oh! Verdade. O negócio é que não percebi que isso era por um mês,
então só comprei um conjunto de lingerie sexy. Minhas coisas de sempre são
todas de algodão. Nem são fio-dental porque prefiro calcinha que cubra minha
bunda.
A ideia de Lydia com uma gaveta cheia de calcinhas de algodão entediantes
que ela não espera que ninguém veja me deixa duro de novo. Será que tem algo
errado com meu pau? Algum tipo de semi-ereção permanente induzida pelo
estresse? Não parece certo.
— E não tenho nenhum pijama sexy também. Então não sei o que espera
que eu pegue. É por isso que estou tentando te perguntar suas expectativas.
Entendi a parte do sexo, só não sei o que espera de mim nas outras vinte e três
horas e meia do dia.
— Ontem à noite foi bem mais do que meia hora — resmungo quando
paramos em outro semáforo.
— Eu sei! Desculpe! Mas você ficou fazendo oral em mim, e me beijando,
e todas essas coisas que não eram colocar seu pênis dentro de mim. Acho que
aquele artigo que li não estava contando todas essas outras coisas quando
concluíram a média de sete a treze minutos, e ainda não sei sobre essas outras
coisas ou por quanto tempo você iria querer fazê-las.
Vou precisar que Jesus assuma o volante deste carro se ela não ficar quieta
logo.
— Enfim, podemos ser mais rápidos, tenho certeza. Sei que você é
ocupado, então, talvez, possamos fazer umas rapidinhas e isso irá baixar nossa
média. Tipo se transarmos umas duas vezes por cinco minutos e uma vez por
uma hora, então é uma média de tipo vinte ou vinte e cinco minutos por sexo.
Droga, ainda é muito tempo? Talvez três rapidinhas para uma demorada? É você
que tem horário, então você que sabe.
Jesus. Volante. Ajusto meu pau conforme ela continua falando.
— Enfim, não era bem essa a questão — ela diz, respirando.
Obrigado por pequenos favores.
— A questão era que eu não tenho nada sexy, mas posso sair e comprar algo
hoje. Só preciso saber do que você gosta, porque essas coisas são caras, e você
não pareceu impressionado com a lingerie, e não sei ler mentes.
A lingerie que ela estava usando no palco diante de outros homens. Ela tem
razão. Eu a detestei.
— Apenas pegue o que você normalmente usaria, Lydia.
— O que eu normalmente uso não é o que você pensa, Rhys. Tem certeza
de que não quer que eu saia e compre umas coisas? Ou poderia pedir à minha
nova amiga Staci para me ajudar. Provavelmente, ela poderia me dizer onde
comprar on-line se você quiser algo mais ousado do que consigo encontrar no
Fashion Show. Quer que eu compre couro ou rendado ou que vista alguma
fantasia? É só me falar.
Ela leva o canudo até os lábios e dá outro gole, piscando para mim em uma
curiosidade inocente e sem um sinal de julgamento.
— Eu te quero exatamente do jeito que você é.
— Oh.
Uma linha minúscula se forma em sua testa como se fosse confuso para ela.
Ou talvez ela estivesse esperando que eu gostasse de brincar de escrava ou
alguma merda assim, é difícil dizer.
— Estava esperando viver uma experiência extrema, Lydia? Queria que eu
colocasse um plug com um rabo na sua bunda e pedisse para você se arrastar por
meu apartamento? Beliscasse seus mamilos? Batesse em você?
— Não particularmente. Só quero ser boa para você. Gosto quando você me
diz que sou uma boa garota. Isso realmente me excita.
— Excita?
— Uhumm — ela murmura e se ajeita no banco.
Digo a ela que preciso de um pouco de silêncio depois disso. O condomínio
em que ela mora é bacana. Um complexo de luxo a apenas vinte minutos da
Strip, perto o bastante para ser conveniente, mas longe o bastante para ter uma
sensação residencial relaxada. Ela mora em uma unidade perto da área de lazer
que deve ter uma academia, porque um babaca coberto de suor passa por nós ao
sair.
Ele grita “Oi, Lydia” ao passar, o que me irrita pra caralho.
— Seu amigo? — pergunto ao segui-la até a porta, carregando o abajur de
gato laranja.
— Eu o encontrei na piscina uma vez — ela diz, mostrando-me um sorriso
envergonhado por cima do ombro. — Mas não consigo me lembrar do nome
dele, então sempre faço tipo “Ei, e aí?” quando ele tenta conversar comigo.
Eu ia dizer que ele não daria a mínima em lembrá-la de seu nome se ela
estivesse disposta a lhe dar seu tempo, mas foda-se. Não estou pagando Lydia
para lhe dar dicas de como conseguir outros homens.
Ela abre a porta do apartamento e grita por sua colega de quarto, que não
parece estar em casa.
— Estranho, pensei que ela estivesse aqui — Lydia diz. Ela parece triste
por não a ver. — Acho que vou vê-la amanhã — ela diz, dando de ombros.
— Vocês são próximas? — pergunto por falta de mais coisa para conversar.
— Ela é minha melhor amiga.
— Você a conhece há muito tempo?
— Alguns anos. Nos conhecemos na faculdade, depois nós duas fomos
contratadas pelo Windsor, então decidimos nos mudar e morar juntas.
— Ah.
Eu não tinha percebido que sua colega de apartamento era funcionária
também, mas faz sentido. Sei que contratamos muitas pessoas de universidades.
Porra, detesto o lembrete de que Lydia estava na faculdade recentemente.
— Me dê isso — ela diz, pegando o abajur da minha mão.
Eu tinha até me esquecido de que estava segurando aquela coisa horrorosa.
Ela desaparece em um dos quartos, então eu dou uma olhada no apartamento.
Acho que este é um empreendimento relativamente novo. O apartamento em si
não é enorme, mas é conceito aberto e os eletrodomésticos parecem novos. O
sofá parece novo, assim como as mesas de canto e abajures. Abajures normais,
eu percebo, não em formato de gato ou unicórnio ou qualquer porra de que ela
gostasse. Há uma antiga cômoda pintada de azul-petróleo sendo usada para
apoiar a televisão e uma mesa de cozinha com cadeiras variadas que desconfio
que vieram da Goodwill. Há uma faixa de algum tipo pendurada em uma placa
de cortiça perto da mesa de cozinha. Como uma faixa de concurso, só que mais
feia. Eu me aproximo para olhar quando Lydia grita do quarto que está pegando
suas roupas de sempre.
Esta faixa é ainda mais ridícula do que o abajur. Há algo chamado distintivo
de bar costurado nela. Um distintivo de app de encontros. Um distintivo de
confiança. Pregado à placa, mas não costurado à faixa, está o distintivo Rhys. E
um distintivo de sexo. E um distintivo de bunda.
Meu pau lateja com a ideia de foder a bunda de Lydia, mas minha mente
está presa ao distintivo Rhys. Sou um tipo de jogo para ela?
A porta da frente se abre, e Payton aparece. Eu me afasto do quadro
enquanto Lydia sai de seu quarto com uma expressão feliz com a chegada de sua
amiga. Ela nos apresenta e, então, pausa, olhando melhor para sua amiga.
— Payton, por que ainda está usando a mesma roupa de ontem à noite?
— Ahn — Payton responde, olhando para baixo para si mesma, confusa. —
Estou? Chega de falar de mim. Como foi o sexo ontem à noite?
— Payton! — Lydia arregala os olhos e olha para mim, com a expressão
mortificada. — Não vou te contar como Rhys é na cama com ele parado bem
aqui.
— Ok, então amanhã no almoço? — Payton parece completamente
desorientada com a réplica de Lydia.
Os olhos de Lydia se lançam entre mim e Payton.
— Provavelmente também não, Payton.
— Ohhh — Payton fala pausadamente, olhando entre nós. — Claro que
não. Nunca falaríamos dessas coisas. Piscadinha, piscadinha.
Ela realmente fala “piscadinha, piscadinha” em voz alta.
— Já está quase pronta? Tenho bastante trabalho para fazer esta tarde. —
Incluindo fazer Lydia gozar múltiplas vezes para ficar fresco em sua memória
quando ela recapitular durante o almoço. Porque impressionar essa virgem, de
alguma forma inexplicável, se tornou meu objetivo.

Rhys desaparece em seu escritório quase assim que voltamos ao hotel.


Além de seu quarto e o cômodo que ele usa como escritório, há um quarto extra,
mas Rhys coloca minha mala em seu quarto e me fala para desfazê-la. Então eu
desfaço. Arrumo meu xampu e condicionador ao lado do seu no chuveiro.
Penduro minhas roupas ao lado das suas no armário e finjo que isso é tudo
normal e que ele gosta de mim. Que gosta como se fosse namorada, não
prostituta, o que é ridículo porque nenhuma namorada mora junto depois de um
encontro.
Verifico a geladeira e a vejo vazia, com exceção de garrafas de água,
cerveja artesanal Hennigan’s, suco de laranja, uma caixa de ovos e uma bisnaga
de mostarda. Há uma cesta de frutas frescas no balcão, então me sirvo de uma
pera e, então, encaro a vista da Vegas Strip enquanto a como.
Depois disso, acaba oficialmente as coisas para fazer, e acho que faz apenas
meia hora desde que cheguei aqui, então duvido que Rhys saia de seu escritório
em breve. Assim, recorro à minha atividade normal de domingo à tarde: pijamas
e programas de reforma de casa. Estou com minha calça preferida de pijama de
lençol e uma blusinha, deitada no sofá de Rhys esperando descobrir qual casa
um casal de Downers Grove, Illinois, escolhe em sua busca de casas, quando a
porta da frente abre, e Canon entra.
— Oh, oi, não percebi que você estava aqui — ele diz, me notando no meio
do caminho até o cômodo em que Rhys está trabalhando.
Estou jogada no sofá com os pés na mesa de centro e o celular na mão,
jogando um jogo de palavras enquanto espero descobrir se a localização supera o
espaço do quintal para o casal de Illinois.
— Você se mudou para cá? — Canon pergunta com um sorriso amplo,
observando a forma como estou jogada no sofá de pijamas.
— Basicamente — digo, dando de ombros, como se não fizesse ideia de
como isso aconteceu também.
Sobretudo, desvio meu olhar porque ele me viu ontem usando uma lingerie
leiloando minha virgindade e isso é supervergonhoso.
— Uau. Isso é muito melhor do que eu pensava — ele diz, rindo sozinho ao
continuar pelo corredor a fim de encontrar Rhys.
O casal de Illinois escolhe a casa com o quintal bom e a cozinha antiquada.
Eu marco trinta e quatro pontos soletrando a palavra “abespinhado”. Nem sei o
que essa palavra significa. Praticamente apenas mudo as letras de lugar até
conseguir uma palavra que valha uma pontuação decente e, então, aperto play.
Rhys e Canon saem do escritório, Canon nos diz boa-noite e vai embora.
Rhys tranca a porta quando ela se fecha, anda até onde estou sentada e para.
— Jantar?
Oh.
— Quer que eu me vista?
Eu me descubro, coloco os pés no chão e me levanto. Ter de me vestir de
novo em um domingo não é minha ideia de diversão.
— Não, vamos comer aqui.
— Comer o quê? Você não tem nenhuma comida.
Eu me jogo de volta no sofá com meu cobertor, aliviada por não precisar
me vestir.
— Vamos pedir para a cozinha. O que você quer?
— Você pede todas suas refeições para a cozinha?
— Praticamente — ele diz como se isso não fosse estranho.
Penso em como vou sobreviver sem Del Taco. Aposto que posso fazer
Payton me trazer um café gelado a caminho do trabalho.
— O que você quer?
Ele fora até a cozinha e pegara um tipo de aparelho de tela smart que vi
mais cedo em um suporte de carregador ao lado do fogão. O fogão que ainda
continha o manual de instrução dentro.
— Não sei. O que eles têm? Você tem um cardápio?
— Eles têm o que você quiser.
— O que eu quiser?
— É.
— Então eu poderia pedir… — Busquei em meu cérebro algo bem distante,
e não consegui pensar em nada. Com certeza eles conseguem fazer um
cheeseburger ou uma pizza de pepperoni ou uma salada com frango ou um
sanduíche de peito de peru. — Poderia pedir torta de limão de jantar e eles
trariam?
— Não faço ideia do quanto demoraria, mas, sim, trariam. Você queria torta
de limão?
Ele está mexendo na tela, e espero que não tenha acabado de pedir uma
torta de limão, porque não gosto realmente de torta de limão. Foi apenas a coisa
mais esquisita em que pude pensar em pouco tempo, o que é bem, bem idiota.
— O que você vai querer?
— Frango grelhado, batata assada e brócolis.
— Oh! Já sei o que quero.
Estou meio que empolgada, porque é minha coisa preferida da vida, mas eu
mesma fazê-lo exige a compra de muitos ingredientes que não são
economicamente viáveis. Ele ergue a sobrancelha, questionando, então eu
continuo:
— Gostaria de uma salada com frango desfiado, milho, feijão preto,
abacate, tomate, queijo e molho de coentro.
Rhys digita meu pedido.
— Sem torta?
— Ahn, não. Estava brincando quanto à torta — digo isso
supercasualmente, como uma garota que nunca pediria torta. Mas a ideia de uma
cozinha mágica para a qual eu possa pedir qualquer coisa é muito tentadora. —
Eles têm sorvete com sabor de bolo de aniversário?
— Isso não é somente baunilha?
— Não! Não, não é só de baunilha. — Bufo e balanço a cabeça. — Você
vive mesmo na sua bolha, Rhys. Tem doze anos inteiros a mais do que eu e,
ainda assim, há muita coisa que você não sabe.
Rhys me encara por cima do tablet sem falar, depois balança a cabeça como
se estivesse deletando seus pensamentos.
— Se eles não tiverem, alguém vai sair para comprar — ele diz ao terminar
de digitar nosso pedido, depois joga o aparelho no sofá.
— Você tem uma vida e tanto aqui — digo a ele. — Camareiros. Serviço de
quarto. Vista matadora.
— É alguma coisa — ele diz, sentando-se no sofá ao meu lado e puxando
minhas pernas para cima de seu colo.
Eu congelo por um instante porque é uma coisa tão “de casal” de se fazer,
mas Rhys não parece perceber, sua atenção está na televisão.
— O que nós estamos assistindo?
Nós. Eu nunca fui um “nós”. Sempre quis ser um, até no ensino médio,
quando estava ocupada demais e tímida demais para fazer muita coisa sobre isso.
Lembro que, no primeiro ano, na segunda-feira depois de um baile a que eu não
tinha ido, outra garota olhou para mim no corredor e disse:
— Oh, vejam, ali está aquela menina que não conseguiu um par para ir ao
baile.
Ela era do segundo ano, alguém que eu só conhecia de vista, mas suas
palavras me devastaram por… bom, por um bom tempo. Mas aqui estou eu, com
o homem mais atraente que já vi, deitada em seu sofá com as pernas em seu colo
enquanto aguardamos o serviço de quarto. E daí que era falso? Poderia ser
verdadeiro. Parece um pouco verdade. Rhys começa a massagear os arcos dos
meus pés e fica bem verdadeiro. A menos que ele tenha um fetiche por pé, e eu
finalmente o tivesse entendido.
— House Hunters — respondo finalmente.
— O que é House Hunters?
Eu o encaro, sem saber se ele está brincando ou não. Não está.
— Você não sabe o que é House Hunters?
— Não.
— Está tipo na centésima temporada.
— Centésima?
— No mínimo. Você é a única pessoa do universo que não viu House
Hunters. Precisa mesmo viver um pouco, Rhys.
— Então o que estou perdendo?
— Ok, então, cada episódio tem um casal que quer comprar uma casa. Em
uma cidade diferente dos Estados Unidos. A menos que você esteja assistindo ao
House Hunters International e aí eles podem estar comprando uma casa em
qualquer lugar! Tipo Paris ou Praga ou Edimburgo ou Heidelberg.
— Heidelberg?
— É na Alemanha. Você saberia se assistisse ao House Hunters
International.
Sou mais do que um pouco arrogante sobre meu conhecimento de cidades
aleatórias da Europa.
— Eu sei onde é Heidelberg.
Oh.
— Por que é interessante assistir a alguém comprar uma casa?
— Como não seria?
Rhys ri da expressão em meu rosto, mas eu realmente não entendo o que ele
não está entendendo.
— Todo casal tem um orçamento diferente, prioridades diferentes, em uma
cidade diferente. E você consegue ver que tipo de casa eles podem comprar com
aquele orçamente naquela cidade. Eles visitam três casas e, então, escolhem
uma. Mas, antes de escolherem, eles recapitulam as três e você tenta adivinhar
qual eles vão escolher.
— Aham.
— É muito interessante. Você vai ver.
— Você não poderia simplesmente olhar algumas casas no Zillow e
economizar vinte e cinco minutos?
— Pffft. Não é a mesma coisa.
— Ok. — Rhys assente. — Então, que cidade vamos ver agora?
Seu polegar continua a massagear a parte de baixo do meu pé, e esse deve
ser o momento de mais satisfação da minha vida. Bom, o segundo. Aqueles
orgasmos que ele me deu ontem à noite definitivamente estão em primeiro lugar.
— Você, meu amigo, vai assistir a um programa especial.
— Vou? — Seus lábios se curvam de divertimento. Ele pode se divertir o
quanto quiser porque não faz ideia do quanto está prestes a ter sorte. — É bonita,
aliás — ele diz, mexendo no tecido da minha calça de pijama.
Ainda não sei se ele está falando sério sobre isso de “usar o que
normalmente eu usaria”, então guardo para mim mesma o fato de eu ter feito a
calça de um velho lençol.
— Vai. O próximo episódio é de House Hunters Renovation. O que
significa que vamos ver qual casa eles vão escolher e a reforma. Uau! — Eu me
abano com a mão como se precisasse esfriar a cabeça. Estou brincando. Mais ou
menos. É meu House Hunters preferido.
Estamos na metade do episódio — um casal em Austin, Texas, selecionou a
casa deles, e a reforma está só começando — quando nossa comida chega. Rhys
se levanta para chegar à porta e um cara do Serviço de Quarto entra com um
carrinho exatamente como fazem em filmes. Provavelmente é exatamente como
fazem na vida real também, mas nunca vi um serviço de quarto antes. Já estive
em muitas férias de família com meus pais, mas nunca fomos de pedir serviço de
quarto.
O cara do Serviço de Quarto é um cavalheiro mais velho chamado Mitchell.
Ele estava em um dos meus grupos de orientação há algumas semanas, e eu sei
que ele me reconhece ao mover as bandejas para o balcão da ilha na cozinha a
mando de Rhys, porque ele diz:
— Boa noite, srta. Clark.
— Oi, Mitch. — Aceno do sofá. — Como está sendo seu dia?
— Sem reclamações. Não estamos muito ocupados, pois o hotel ainda não
foi oficialmente inaugurado. Desconfio de que está prestes a mudar rapidamente.
— É melhor mudar — Rhys concorda.
Ele acompanha Mitchell até a porta e, então, me diz que vai colocar o
sorvete no freezer.
— Ok. Espero que haja espaço lá — zombo.
— Oh, você se acha engraçada, não é?
— Você tem uma geladeira top de linha enorme cheia de água e ketchup,
então sim.
Ele coloca nossa comida na mesa de centro e volta para meu lado e, sem
querer, eu o vejo olhando a televisão. Ele nunca admitiria, mas aposto que ele
está tão curioso quanto eu para ver se aquela parede da cozinha pode ser
demolida facilmente ou se o casal de Austin vai precisar de uma viga cara.
— Então, hum, como vamos fazer isso com o trabalho? — pergunto a ele
durante o próximo intervalo comercial.
— Como assim? — Ele coloca um pedaço de frango na boca. Sei que é um
pouco maluco, mas ele mastiga de um jeito bem sexy.
— Vou meio que morar aqui.
— Por um mês.
— Ou até você se entediar comigo.
Ele vira a cabeça e me olha quando digo isso, um brilho de algo passou por
sua expressão, depois ele se volta para a televisão.
— Sei que Sutton Travel tem uma política de relacionamento bem liberal —
digo, me referindo à matriz que é dona do Windsor, e tentando guiar a conversa
de volta à questão do momento —, mas as pessoas vão me ver aqui, como
Mitchell acabou de fazer. Ou me ver indo e vindo ou usando o elevador
executivo para chegar ao trabalho de manhã. Vão presumir que sou sua
namorada, a menos que queira que eu entre e saia escondido? Poderia pegar o
elevador, descer até a garagem e, depois, ir até a entrada de funcionários e pegar
aquele elevador para o quarto andar. Daria certo. — Prendo a respiração e me
pergunto se é agora que ele percebe que só gostou de mim por uma noite, não
um mês todo, e me fala para ir embora.
Eu realmente gosto dele para durar um mês. No mínimo. Talvez até muitos
meses. Sei que meu gosto parece um pouco presunçoso, um pouco ingênuo, mas
sabe como alguns homens têm aquele quê? Uma presença? Aquela coisa que
suga o ar do ambiente quando eles entram, quando seus olhos flutuam na direção
deles antes de você saber que chegam lá? Essa atração não é normal — não pode
ser, porque conheci muitos e muitos homens durante minha vida e só senti isso
com Rhys.
Não sei o quanto esse quê dura. Obviamente, é minha primeira vez
vivenciando isso, mas não pode simplesmente desaparecer ou acabar em um
mês. Já faz um mês desde a primeira vez em que senti isso, naquela primeira
noite no bar, quando ele estava com seu amigo britânico bêbado (que
recentemente fiquei sabendo que é o CEO de Sutton Travel e primo de Rhys,
então deveria provavelmente parar de me referir a ele como o amigo britânico
bêbado no caso de um dia conhecê-lo) e o quê não diminuiu. O quê só ficou
mais forte. E agora sinto coisas por ele como uma pessoa adicionada ao quê, o
que, claramente, é algum tipo de atração sexual por vodu.
Mas talvez este seja o momento em que Rhys perceba que não se sente
igual. Talvez nem um pouco, ou talvez não o suficiente para me querer aqui.
Talvez ele esteja cheio de mim e pronto. Deve haver um motivo para ele não ter
namorada, certo? Um motivo pelo qual ele prefere dançarinas, strippers,
qualquer que seja sua preferência de sempre. Talvez ele goste da variedade.
— Não, eu não quero que entre escondido em lugar nenhum. Entre e saia
como quiser. Vou cuidar do escritório pela manhã.
Espeto um pouco de frango desfiado na minha salada, que está deliciosa,
bem melhor do que quando eu mesma faço, e penso no que significa “vou cuidar
do escritório”. Quero fazer perguntas sobre isso, mas ele voltou sua atenção para
a televisão, e sua expressão não combina muito bem com perguntas. Além disso,
acredito nele quando diz que vai cuidar disso. As perguntas são realmente de
xeretice, então decido vou esperar até amanhã.
Nós assistimos ao resto do episódio em silêncio. A parede da cozinha é
demolida, mas precisa de uma viga de apoio de três mil e quinhentos dólares
para tornar realidade a cozinha dos sonhos deles. Então, eles são pegos de
surpresa com um vazamento inesperado do teto, e o orçamento de contingência
explode. Mas tudo acaba bem, quando encontram uma promoção de azulejos
para o banheiro da suíte e chamam um amigo para ajudá-los a aplicá-los a fim de
não estourar o orçamento. A reforma termina no tempo certo e apenas com sete
mil dólares a mais do orçamento original de oitenta mil dólares.
— O que achou? — pergunto a ele quando o episódio acaba.
— Humm — ele responde, como se precisasse refletir.
Tínhamos terminado de comer e, de alguma forma — realmente não
conseguia explicar como aconteceu —, em algum momento dos últimos dez
minutos do episódio, acabei deitando a cabeça no peito de Rhys, ambos
reclinados no sofá.
— O que tem nele que te atrai?
Ele está mexendo em meu cabelo, e é tão bom quanto a pequena massagem
no pé que recebi antes. Decido que Rhys é bom no toque também. É muito
reconfortante, tranquilizante de uma forma que não consigo explicar. Além
disso, talvez haja uns trinta por cento de chance de eu estar me apaixonando por
ele.
— Adoro ver o que é possível. À primeira vista, aquela casa era tão antiga e
escura. Mas era um diamante bruto, sabe? Só precisava da pessoa certa para vir e
descobrir seu potencial. Com apenas um pouco de trabalho, realocar a lavanderia
e reformar a cozinha, de repente, transformou a casa em um lar espaçoso e
iluminado do jeito que sempre deveria ter sido.
— Está mais para bastante trabalho.
— Às vezes, o trabalho vale a pena — digo isso baixinho, um pouco mais
para mim mesma do que para ele.
Estou brincando com o ilhós do cós de sua calça jeans, alisando-o com meu
indicador e polegar, meus olhos na televisão.
— Eles poderiam simplesmente ter comprado uma casa pronta para morar e
pular toda a sujeira.
— Talvez. Mas talvez eles realmente quisessem essa casa em particular e
nenhuma das que eram prontas para morar os empolgou.
Ele ainda está debaixo de mim, sua mão pausa em meu cabelo.
— Talvez eles tivessem um fetiche imobiliário por aquele local ou algo
assim. Esqueça — termino com pressa. Acho que minhas analogias imobiliárias
podem ser muito reveladoras, ainda assim, não consigo parar. — Além disso,
todo episódio tem um final feliz.
— Uma procura de casas feliz para sempre?
— Isso. É uma experiência bem gratificante. Você sabe que eles vão
escolher uma das três casas, porque eles sempre escolhem uma das três casas.
Você tem garantia virtual no fim de cada episódio de que em uma casa eles terão
a melhor vida com uma nova família.
— E as duas casas que eles não escolheram?
— Não gosto de pensar nelas.
— Claro que não.
— Tenho certeza de que foram escolhidas — complemento, depois de um
minuto, porque é um detalhe incômodo. — Fora da gravação. Só porque não
aconteceu durante o episódio não significa que nunca deu certo para aquelas
casas.
— Talvez as outras casas fossem muito prejudicadas para merecer uma
família. Talvez estivessem cheias de mofo e precisassem ser niveladas. — Ele
está brincando com meu cabelo de novo enquanto fala.
— Não. Mofo pode ser retirado. Elas só precisam do comprador certo que
veja o potencial delas.
Começa um novo episódio, e Rhys não faz nenhum movimento para se
levantar do sofá. Desta vez, é um episódio de Beach Hunters, no qual possíveis
compradores estão procurando suas casas dos sonhos com acesso à praia.
Nunca fui muito de praia.
— Você tem mais trabalho para fazer esta noite? — pergunto, olhando para
ele por debaixo dos cílios.
Não sei quanto tempo tenho com ele ou como perguntar o que quero.
— Você queria que eu voltasse a trabalhar?
— Não. — Balanço a cabeça contra seu peito, o tecido de sua camiseta
contra meu queixo.
— Acabei de trabalhar por hoje.
— Que ótimo.
— Por quê?
Passo a mão por seu peito e me pergunto como posso fazer o sexo acontecer
de novo.
— Talvez possamos trabalhar em nosso TMS — sugiro.
— TMS?
— Tempo Médio de Sexo. Lembra que precisamos trabalhar em nossas
eficiências porque você é muito ocupado?
Seus olhos se fecham por um instante e seus lábios emitem um pequeno
gemido. Mas não consigo decifrar o gemido. É interesse? Desespero? Excitação?
Não tenho certeza. Olho o relógio, pensando que horas ele planeja começar a
trabalhar de manhã. Talvez seja hora de ele dormir, não faço ideia.
— Poderíamos ser rápidos para baixar a média — complemento, no caso de
ele estar considerando usar meia hora de sono para transar. — Ou eu poderia te
fazer um boquete. Mas não acho que contaria para o TMS. Mas acho que li algo
sobre boquetes ajudarem a dormir, então ainda seria um uso eficiente de seu
tempo, não acha?
Ele solta o ar e abre os olhos, olhando para mim com uma cara de espanto.
— Você já fez um boquete, Lydia?
— Não. — Balanço a cabeça. — Masturbei um ex-namorado algumas
vezes, mas ele gozava bem rápido sem eu realmente fazer muita coisa. É por isso
que pensei que sete a treze minutos era uma meta razoável porque só demorava
tipo uns dois minutos para aquele cara gozar.
Rhys para de brincar com meu cabelo e usa aquela mão para alisar as linhas
de sua testa, então temo que possa estar perdendo interesse.
— Mas sei como fazer — adiciono rapidamente. — Assisti a alguns vídeos
para pegar o básico e aprendo rápido. — Sempre tive orgulho da minha
capacidade em aprender rapidamente. — Não esqueci que você quer que eu
sufoque com seu pau, mas vai precisar me ensinar essa parte porque em nenhum
dos vídeos vi se as mulheres simplesmente nasceram sem o reflexo de se
engasgar, ou, se não, como elas conseguiram superar isso. Além disso, algumas
delas simplesmente engoliam o pênis sem emitir um som e outras eram bem
barulhentas ao fazê-lo, e não sei qual que você quer.
— Lydia — ele fala entre dentes cerrados.
— Sim?
— Por favor, pare de falar.
Oh, direto. Mordo o lábio para disfarçar minha decepção. Sobre não transar
esta noite e não saber quando que ele perdeu o interesse. Repasso a conversa na
minha mente tentando identificar exatamente onde o perdi para que possa
remover esse trecho do meu depósito de técnicas sedutoras.
Mas espere. Ele está interessado. Sei que está interessado porque posso
sentir seu interesse crescente em minha barriga e é um interesse novo, não estava
ali durante os últimos dez minutos da reforma da casa quando eu estava deitada
nele e os balcões de quartzo estavam sendo apresentados. Então, talvez, “por
favor, pare de falar” significa “comece a trabalhar”? Estou aqui a trabalho,
afinal. Quando era uma Girl Trooper, nossa líder, sra. Barnes, costumava nos
dizer “menos falatório, mais trabalho” quando estávamos verificando nossas
encomendas, mas acho que não é nem um pouco parecido.
Mesmo assim. Poderia ser similar. Olho para os olhos dele e deslizo a mão
do peito dele para seu crescente interesse e aplico um pouco de pressão. Quando
ele não me impede, me levanto do sofá e me ajoelho entre suas pernas abertas e
me movimento para abrir o zíper de sua calça, mas ele me impede.
— Lydia, pare. Levante-se.

— Fiz alguma coisa errada? Ainda nem comecei.


Lydia parece confusa, e possivelmente decepcionada. Ela está decepcionada
por ser impedida de me pagar um boquete? Minha vida é fodida. Em vez de se
levantar, como lhe digo, ela se senta nos calcanhares e olha para mim, um sinal
de mágoa em seus olhos.
— Não, você não fez nada errado.
Balanço a cabeça e belisco a ponte do nariz. Jesus. Ela é tão ansiosa.
Ansiosa para me agradar, e eu não mereço. Não a mereço, mesmo que eu tenha
pagado para ela estar aqui, pagado para ela me dar prazer.
— Está preocupado que eu seja ruim nisso? Porque, em minha cabeça, eu
sou bem boa nisso, mas não posso confirmar se não tentar. Além do mais, eu
quero. Quero tentar. Quero saber como é fazer isso para você.
— Vou deixar você tentar. Só não hoje.
— Ok, quando?
— Na quarta — falo qualquer dia porque perdi totalmente a cabeça.
Nem sei de onde tirei quarta-feira, mas Lydia ainda está de joelhos diante
de mim, e eu não quero reprimir seu entusiasmo natural por sexo, e não é que eu
não queira um boquete. Claro que quero. Porra.
Ela morde o lábio inferior e sorri, assentindo uma vez, como se quarta-feira
fosse uma resposta razoável para quando ela pode chupar meu pau. Suas mãos
estão espalmadas em suas coxas, sobre a calça fofa de pijama que está usando.
Seu cabelo está puxado para trás em um rabo, e posso ver seus mamilos debaixo
da blusinha, e isso tudo parece muito normal. Normal demais tê-la aqui, como se
ela sempre estivesse aqui, como se sempre fosse para ela estar aqui.
Pego o controle e desligo a televisão, me levanto, estendendo a mão a fim
de levantá-la do chão. Ela me dá a mão e se levanta de joelhos antes de colocar
um pé no chão para se erguer. Quando fica de pé, eu a puxo e a beijo. Um
gritinho se perde em sua garganta, já que, claramente, ela não esperava o beijo.
Então, ela se apoia em mim e abraça meu pescoço para me puxar para mais
perto. Seus mamilos estão pressionados contra meu peito, seus lábios bem
macios sob os meus, e seus dedos estão puxando mechas curtas do meu cabelo
na nuca e isso — isso está me deixando duro como uma pedra.
Levo as mãos para a parte de trás das suas coxas e ergo até ela envolver as
pernas em minha cintura. Dá uma sensação esquisita de paz conforme ando pela
sala apagando as luzes com Lydia pendurada em mim, uma segurança fodida em
saber que ela estará aqui a noite toda, saber que ainda estará aqui de manhã. Por
que não é sufocante? Deveria ser, não deveria? Mesmo assim, Lydia está
literalmente pendurada em mim, e eu gosto. Gosto de tê-la aqui. Gosto da
companhia. Gosto dela, e de suas camisetas temáticas de taco, e seu amor por
fast-food barato, e seus hábitos de compras estranhos, e sua alegria por assistir
alguém que ela nem conhece escolher uma casa em uma cidade na qual ela
nunca pisou.
Quero saber tudo que ainda não sei sobre ela. Tudo.
Só preciso desvendar seu envolvimento com Vince. O que quer que seja,
posso consertar. Ela tem vinte e dois anos e pensa que compras em brechó são
divertidas, de quanto pode ser a dívida dela? Canon me prometeu um relatório
até amanhã. Vou começar por lá.
— Vamos transar agora, certo?
Ela ficou me beijando na lateral do pescoço enquanto eu andava.
Esfregando sua pélvis contra mim em seu roçar característico. Também gosto
disso. Sei que não deveria. Sei que a ansiedade dela é devido à falta de
experiência, e essa falta de experiência, devido à sua idade e, de alguma forma,
devido à sua total falta de noção em relação a homens, mas adoro pra caralho
isso nela. Ela ainda não está entediada. Não sabe nada sobre sedução. Ruboriza
quando eu apenas olho para ela e ela me diz que é demais. Como neste instante.
Neste instante, enquanto ela se balança em meu braço e me afasta o suficiente
para me olhar no olho e perguntar se vamos transar. A dúvida de mais cedo se foi
e deu lugar ao seu brilhante entusiasmo.
Eu já transei pra caramba e tenho certeza de que nem uma única mulher um
dia me perguntou se estávamos prestes a transar.
— O beijo e sua mão em minha bunda e essa progressão ao quarto significa
que vamos transar, certo? Você vai pular o boquete porque tem tempo para sexo
de verdade?
Quando não respondo imediatamente, seus olhos se arregalam e, então, ela
pisca e diz em uma voz muito mais baixa que pode ser significativa para ela:
— Por favor, diga que sim.
— Sim, vamos transar, Lydia.
— Eba!
Ninguém também nunca disse isso para mim. Escutara todo elogio
conhecido enquanto fodia, mas nunca eba. E, Jesus me ajude, acho que esse é o
mesmo eba que ela reserva para o café gelado do Del Taco, então sei que é
genuíno.
— Me conte uma coisa, Lydia.
— Ok. — Ela inclina a cabeça para o lado, os olhos arregalados e ansiosos.
— Me conte como se formou na faculdade ainda virgem.
— A questão, Rhys, é que… — ela começa, mas pausa como se buscasse as
palavras corretas.
— Qual é a questão?
— Sei que isso pode ser surpreendente, então se prepare. A questão é que
eu era meio nerd no ensino médio.
— Não me diga. — Mantenho a expressão neutra.
— É. — Ela assente. — É verdade. E meio que espirrou na faculdade. Eu
queria transar, queria mesmo. Mas queria realmente sentir. Sentir a conexão.
Sentir que queria arrancar a roupa, mas nunca senti. Transar era meio divertido,
mas de um jeito “Tudo bem, você pode ficar de calça”.
— Então decidiu que vendê-la era o caminho? — pergunto, confuso.
Ela desvia o olhar e morde o lábio inferior, franzindo um pouco a testa.
— A questão é que eu estava me tornando uma solteirona. — Ela me olha
de novo para ver qual é minha reação.
— Uma solteirona. Uma solteirona de vinte e dois anos?
— É. Podemos falar sobre isso depois?
Eu a coloco nos pés da minha cama e tiro sua blusinha em um movimento.
Desamarro o laço de cetim que está segurando sua calça de pijama na cintura e a
tiro também. Então fico de joelhos e ergo uma de suas pernas em cima de meu
ombro.
— Por que você pode fazer oral, e eu tenho que esperar até quarta para
fazer?
— Porque eu estou no comando e eu que digo o que fazer.
— Humm, eu gosto de você estar no comando. Sua confiança me faz sentir
confiante. E desejada. E também eu só tenho que meio que seguir ordens.
Sua respiração acelera enquanto fala, e seu peito está vermelho. Ela tem
seios pequenos. São verdadeiros e perfeitos, e gosto de observá-los subir e
descer deste ângulo. Gosto de ver sua cabeça cair para trás quando chupo seu
clitóris e adoro sentir seus dedos apertando meus ombros para ela não cair e a
forma como ela rebola os quadris para se aproximar da minha boca.
Agarro sua bunda com as mãos a fim de equilibrá-la e deslizo a ponta do
dedo pela faixa de pele de sua boceta até a bunda. Isso chama sua atenção. Sua
cabeça se volta para a frente com um pequeno “oh” saindo de sua boca conforme
círculo seu ânus com a ponta do dedo. Ela fica tensa, depois relaxa quando
chupo mais forte seu clitóris. Seu calcanhar aperta minhas costas e ela se ergue
com um pé quando o círculo de novo.
Ela é perfeita pra caralho. Tiro o pé dela de meu ombro e a empurro de
costas na cama, assim posso abrir mais suas pernas. Gosto de acesso irrestrito
enquanto estou trabalhando, embora este seja mais um hobby do que um
trabalho.
— Me diga do que gosta — instruo ao passar as mãos para cima e para
baixo na parte interna de suas coxas.
Beijo sua barriga, logo abaixo de seu umbigo, e seguro suas panturrilhas
conforme posiciono seu joelhos onde os quero.
— Gosto de tudo até agora — ela expira em uma suspiro alegre, e eu dou
risada.
— Digo bem especificamente, boa garota, já que não tem nenhuma
comparação.
Abro com os polegares e trilho a língua entre seus lábios enquanto continuo
olhando para ela. Ela está com uma mão na barriga e a outra agarrando o
cobertor acima de sua cabeça. Seus peitos estão subindo e descendo e sua cabeça
está virada para o lado, de frente para as janelas, mas seus olhos estão bem
fechados.
Porra, ela é tão bonita aqui. Molhada, rosa e lisa, e a estou fodendo. Poderia
olhar para ela e sentir seu gosto a noite inteira.
Passo a língua de sua base até o topo de leve. Então de novo com mais
pressão.
— Qual você preferiu?
— Oh. — Seus olhos se abrem, e ela se contorce. — Não sei. Gostei dos
dois jeitos.
Faço de novo. E mais uma vez antes de ela arquear o pé e me dizer que
gostou mais do mais suave.
Então envolvo o clitóris com a boca e chupo. Suavemente primeiro. Depois
com mais sucção. Ela gosta da sucção mais forte aqui.
Lambo e chupo e mordo e incluo dedos, todo o tempo pedindo a ela que
verbalize de qual gosta mais. Tenho uma boa ideia do que exatamente ela gosta
baseado no subir de seu peito e no arquear de seu pé. Na forma como seus dedos
apoiados na barriga ficam tensos e relaxam e como os músculos de suas coxas se
flexionam e suas pernas se abrem ou se apertam em meus ombros.
Mas gosto de ouvir dela.
— Mas e se eu não gostar disso do mesmo jeito toda vez? — ela pergunta
depois de gozar duas vezes.
Suas coxas estão molhadas, e ela está um pouco sem fôlego, já que acabei
de fazê-la dizer exatamente de quanta pressão gosta de meus dedos acariciando
aquele perfeito lugar dentro dela.
— E se estou te ensinando hábitos ruins baseado no que estou gostando
neste segundo?
Deus me ajude, ela é demais.
— Sou muito melhor em me adaptar do que negociar — respondo. Consigo
fazê-lo sem sorrir.
— Oh. Ok.
Ela assente e solta a respiração. Eu me levanto e puxo a camisa com uma
mão pela nuca e tiro. Então baixo a calça e puxo Lydia para uma posição em pé
antes de me deitar de costas na cama.
— Venha por cima — digo a ela, segurando meu pau com uma mão.
Estou tão duro, que sinto que poderia gozar agora mesmo. Pego o pré-gozo
da cabeça e o uso para me masturbar. Os olhos de Lydia se alargam com a
instrução, depois ela escala na cama e joga uma perna por cima da minha,
colocando a mão em meu peito para se equilibrar e apoiando o peso em minhas
coxas com seu quadril.
Ela assume por mim, deslizando a mão para cima e para baixo no meu
comprimento, seus olhos se desviando para meu pau e para meu rosto, sua língua
saindo de seus lábios em concentração.
— Ainda não entendo como isto cabe dentro de mim — ela diz, com os
olhos arregalados ao se erguer nos joelhos um pouco para me erguer até sua
entrada.
— Coube perfeitamente ontem à noite — eu a lembro, e ela ruboriza.
— Meu corpo deve produzir algum tipo de lubrificação mágica para
possibilitar isso.
Ela acaricia a cabeça do meu pau em sua entrada, e eu chio com o calor e a
umidade e preciso de um considerável controle para não assumir e entrar com
tudo nela. Em vez disso, passo as mãos no topo de suas coxas, encorajando-a
conforme ela me põe para dentro.
Apertada pra caralho. Ela deve ter razão em relação à mágica. Ela consegue
me enfiar um centímetro mais ou menos, mas sua expressão está tensa e sua
boceta, mais tensa ainda. Ela se ergue e se senta de novo, soltando a respiração
enquanto lhe digo para relaxar. Eu a toco em todo lugar. Acaricio suas coxas,
passo as mãos para suas laterais, seguro seus peitos e aperto seus mamilos com o
polegar tudo enquanto ela expira e enfia de novo um ou dois centímetros, depois
se ergue de novo nos joelhos para impedir que a gravidade faça seu trabalho.
— Não consigo, Rhys. Ainda não consigo fazer isso. Desculpe. — Ela solta
meu pau e passa a perna por cima e sai de mim, sentando-se no colchão ao meu
lado. — Desculpe — ela repete, e eu franzo o cenho, afinal o que é isso? Escutar
“desculpe” saindo de sua boca é a última coisa que quero no momento. — Você
é grande demais e fica muito apertado desse jeito. Não sou muito boa nisso. É
cedo demais, preciso de mais prática para fazer desse jeito. É melhor para mim
se você fizer. Já pagou Vince? Deveria pedir um reembolso ou uma taxa
reduzida ou algo parecido, já que não consigo fazer tudo do jeito que você quer.
Desculpe. Podemos fazer de um jeito diferente em que você assume o controle?
Tipo de quatro? Então você estará no comando, e eu sou melhor nisso quando
você assume o comando e está por cima.
Ela balança as mãos ao falar, e eu seguro uma e a puxo para cima de mim.
— Lydia. — Pauso até ter sua atenção.
— O quê?
— Não quero que se desculpe.
— Ok — ela concorda ao baixar os olhos, mas seus ombros ainda estão
tensos.
— Não precisamos fazer em uma posição que te deixe desconfortável.
Nunca.
— Ok.
— Mas eu te juro que montar em mim como uma cowgirl safada é uma
posição de que você vai gostar muito quando tiver um pouco mais de confiança.
— Humm, talvez. — Ela dá de ombros, mas está desenhando círculos em
meu peito com a ponta do dedo e olhando para mim sob os cílios, um rubor de
novo colorindo sua pele.
— E até lá, há muitas e muitas mais posições que podemos tentar.
Dá certo.
— Quantas? — Seu interesse volta, e ela se aproxima mais.
Seus olhos estão brilhando para mim de um jeito que me faz sentir como se
fosse o centro da porra do universo.
— São tantas. Mas vamos pular ir de quatro por enquanto, por mais que
seja uma sugestão adorável, e por mais que eu queira você de quatro enquanto
puxo seu cabelo e meto em você por trás.
— Oh. — Ela faz beicinho, sem tentar esconder a expressão, sua testa
franzida e seus lábios para baixo. — Por que não podemos fazer essa agora?
Gosto de como parece ser.
— Porque não consigo ver seu rosto desse jeito. E quero ver seu rosto
enquanto estou te fodendo.
— Ohhh, ok. — Ela arrasta o “oh”. — Gosto do seu rosto também. — Seus
lábios se curvam em um sorriso safado. — Mas gosto de ver seu rosto o tempo
todo. Estou especificamente ansiosa para ver seu rosto na quarta.
— Você — digo a ela, depois nos giro para que ela fique debaixo de mim
— é bem atrevida para uma boa garota.
Beijo-a até estar relaxada e apertando um calcanhar em minha bunda na
tentativa de me puxar para mais perto. Eu me ajoelho na cama e coloco seus
joelhos em seu peito, mantendo-os unidos e colocando ambos os calcanhares,
também unidos, em meu ombro esquerdo. Então me enfio nela. Deus, ela é boa.
Eu observo seus olhos se arregalarem e seus quadris se retraírem. Ela pisca
rapidamente, depois sorri.
— Oh, uau. Não fazia ideia. — Ela balança a cabeça contra o travesseiro e
segura meus antebraços com as mãos. — Sempre achei que minhas pernas
precisassem estar abertas para transar. Quanto mais você sabe, hein? — Ela
aperta os olhos e balança a cabeça de novo. — Que coisa idiota de se dizer.
Movo um de seus tornozelos para poder beijar a sola de seu pé e flexiono
meus quadris até estar enfiado tão fundo, que minha visão fica embaçada por um
instante. É a porra do tesão, cada centímetro de mim está abraçado por ela.
Deslizando quente e apertado.
— Não é idiota.
A ignorância dela é uma porra de tesão, e sei que sou um desgraçado por
me sentir assim, mas foda-se. Ela tem vinte e dois anos, não dezesseis, e estou
gostando pra caralho de apresentar o sexo a ela. Observá-la se encolher e
ruborizar. Responder suas perguntas e ampliar seus horizontes. Ela está muito
convencida de que eu tenho um fetiche misterioso, mas acho que meu fetiche é
ela. Ensiná-la.
— Bom, sou bem esperta para resolver problemas — ela diz com um
sorriso que parece um segredo. Então aproxima mais os joelhos do peito,
mudando a penetração, e seus olhos se arregalam.
— Como se sente? — pergunto. — Você está bem?
Ela está assentindo antes de eu terminar de perguntar.
— É bom. Isso é bom. Mais disso, por favor.
Ela me esmaga e tudo fica impossivelmente mais apertado e mais gostoso, e
ela está tão lisa, e suscetível, e perfeita, que entro e saio dela facilmente.
Deslizes longos para dentro e para fora. Ela é perfeita. Perfeita demais para mim,
mas afasto isso da minha mente porque tenho o suficiente no que pensar no
momento e minha única prioridade agora é escutar “Rhys, Rhys, Rhys” sair de
seus lábios.
É assim que ela faz quando goza. Toda vez. “Oh, oh, oh” seguido de “Rhys,
Rhys, Rhys, Rhys”.
— Eu quero você mais perto — ela diz agora, seus braços se esticando para
alcançar meu pescoço.
Ela abaixa os joelhos e abre as coxas para meus quadris se encaixarem ali.
Então me puxa para ela, peito com peito. Seus seios pequenos e perfeitos estão
pressionados em meu peito, nossa barriga está pressionada pele com pele, e eu
seguro sua cabeça com as mãos e a beijo.
— Você é bom — ela sussurra, mas não pode estar certo.
Eu não sou bom. Estou pagando para fodê-la, pelo amor. Ela só está
fazendo seu trabalho. Um trabalho que ela não pode precisar e é terrível nisso ou
ótima, dependendo do seu ponto de vista. Adiciono isso ao monte de merda no
que pensar mais tarde, porque Lydia está passando as mãos em minha bunda e
rebolando debaixo de mim, então foco em não aumentar aquela média de tempo
de sexo pelo qual é tão obcecada e garantir que ela sinta isto o dia inteiro
amanhã.
Depois de chegarmos ao “Rhys, Rhys, Rhys”, digo a mim mesmo que
deveria pegar meu laptop e enviar um último e-mail para o escritório de Londres,
assim terei uma resposta na hora em que acordar, mas a bunda de Lydia está
pressionada contra minha lateral e seu cabelo está esparramado em meu
travesseiro, então foda-se. Só foda-se. Vou enviar o e-mail pela manhã.

Será que estou diferente? Que todo mundo vai saber que transei muito esse
fim de semana só de olhar para mim? Eu me olho no espelho do banheiro de
Rhys e ruborizo. Esse é o pensamento mais vergonhoso da vida. E idiota.
Ninguém vai olhar para mim e simplesmente saber. Além do mais, eles
provavelmente fizeram a mesma coisa o fim de semana inteiro, porque todo
mundo transa. Até eu.
Por exemplo, não vou encontrar Rhys no escritório hoje e imaginar como
ele é nu. Não vou. Se trombar com ele na sala de descanso no quarto andar, só
vou ter pensamentos normais sobre ele. Pensamentos completamente normais,
cobertos de roupas. Porque sou uma mulher adulta e uma pessoa profissional.
Se, por um acaso, acontecer de passar por ele no corredor, não vou imaginar
como ele fica de toalha na cintura enquanto está diante de mim se barbeando no
espelho. Não. Absolutamente não. Na verdade, vou parar de encará-lo neste
instante e tentar retirar esta lembrança do meu cérebro para ela não aparecer sem
querer mais tarde.
— O que foi? — ele pergunta enquanto eu me olho no espelho sem olhar
para ele.
Acabei de acordar e vim cambaleando até aqui para fazer xixi e o encontrei
já de banho tomado e — pelo que parece — quase acabando de se barbear. Eu
teria me virado e usado um dos outros banheiros, mas o sanitário aqui é separado
do resto do banheiro, o que é a melhor invenção do mundo porque nunca vou
gostar de Rhys no nível de fazer-xixi-na-frente-dele. Acho que não. A menos que
nos casemos e tenhamos filhos e ele me veja dando à luz. Talvez, depois disso,
não tenha problema fazer xixi na frente dele. Mas talvez.
— Nada.
Dou de ombros e pego minha escova de dente, porque tenho uma escova de
dente no banheiro de Rhys. Apenas uma manhã de segunda normal. Coloco
pasta de dente e a coloco na boca para me impedir de falar. Então olho de canto
de olho para Rhys ainda naquela toalha, só que ele terminou de se barbear, jogou
a toalha em um cesto e está andando nu até seu armário, e como uma garota não
pode se lembrar exatamente de como é sua bunda nua? Como? Não sou mágica,
pelo amor de Deus. Não posso simplesmente fazer aquela visão desaparecer de
meu cérebro. Além disso, não quero. Quero fazer um relatório detalhando
exatamente como é a bunda dele para toda mulher infeliz — e qualquer homem
interessado, sem preconceitos — que não teve a sorte de ser abençoada por isso
em primeira mão. O que me lembra…
— Então, hum, o escritório. Isto — digo, balançando um dedo entre nós
quando ele volta totalmente vestido, fazendo um nó em uma gravata no pescoço.
— O escritório — repito com outro aceno enquanto enxáguo minha escova de
dente.
— Vou cuidar disso — ele diz e, então, dá uma piscadinha para mim e me
fala “bom almoço” e sai. Meu Deus, ele começa a trabalhar cedo.
Espere. Almoço?
Oh, Deus, ele está se referindo ao meu almoço com Payton. Referindo-se a
ouvir Payton me perguntar por um relatório do sexo durante nosso almoço.
Isso é… embaraçoso. Mas ele pareceu que estava se divertindo, então acho
que não se importa. Além disso, ele trabalhou bem mais no sexo ontem à noite,
então, talvez, me lembrou do almoço porque está esperando uma boa crítica.
Tomo um banho demorado e enrolo para me arrumar porque tenho tempo.
Acordei mais cedo do que o normal e não preciso pegar o carro, o que é
conveniente, mesmo que morar em um hotel seja meio estranho.
Estranho, mas bem legal. Diferente de não ter comida. Isso é simplesmente
bem estranho, independente do que Rhys pense sobre o serviço de quarto ser
conveniente, não vou pedir serviço de quarto toda vez que quiser comer, então
vou consertar a situação da comida se vou sobreviver um mês aqui. Além disso,
ele tem cafeteira e café, mas não tem creme nem adoçante orgânico natural,
então por que tem os outros dois?
Não sei. Ainda bem que tem a máquina de café chique na sala de descanso.
Vai funcionar para hoje enquanto tomo conta do resto.
Assim que me apronto, saio do apartamento — ou suíte; não sei bem como
me referir a ele — e pego o elevador particular até o quarto andar. Rhys me deu
uma chave ontem que abre a porta de seu apartamento e acessa o elevador
particular. Também me mostrou onde o elevador particular sai no quarto andar,
para eu não me perder hoje. Acho que ele sabia que iria trabalhar mais cedo do
que eu. O que não tem problema, não é como se eu esperasse que ele pegasse o
elevador junto comigo para trabalhar. Não estamos dando carona um para o
outro nem nada, apenas morando juntos e transando. E nos dando muito bem e
curtindo a companhia um do outro. É isso. Não estou nem um pouco apaixonada
por ele. Só há, talvez, cinquenta por cento de chance de isso acontecer.
Assim que chego ao trabalho, coloco a bolsa na minha mesa. Ainda a
trouxe para o trabalho porque seria estranho deixá-la lá em cima, mas meio que
parecia desnecessário trazê-la quando não preciso das chaves do carro nem
carteira e já tenho um brilho labial extra na gaveta da minha mesa. Essa coisa de
morar em hotel realmente tem seu próprio conjunto de complicações. Então sigo
para a sala de descanso a fim de me abastecer antes de começar a trabalhar.
Cedo, como a funcionário produtiva que sou.
Minha chefe, Bethany, também é produtiva, porque ela já está na sala de
descanso usando a máquina chique quando eu chego. Ela sorri, diz bom dia e
comenta sobre como cheguei cedo esta manhã, o que agradeço porque o
reconhecimento verbal é quase tão bom quanto um distintivo.
— Teve um bom fim de semana?
Tive. Tive, sim.
— Tive, obrigada. — Mentalmente dou um tapinha nas minhas costas,
porque tenho certeza de que disse isso em um tom normal eu-não-transei.
— Você parece diferente — ela comenta ociosamente ao pegar uma barra
de granola da parte de petiscos gratuitos organizada com vidros abertos no
balcão.
Oh, meu Deus. Estou com um brilho. Estou com o brilho de eu-transei. Eu
sabia que estava. Sabia que seria totalmente óbvio, e agora as pessoas vão me
imaginar como devo ser nua.
— Tomou um pouco de sol?
Ou elas só vão pensar que tomei um pouco de sol.
— Hum, não este fim de semana, não. Mas peguei uma cor desde que me
mudei para cá. Provavelmente é isso. — Coloco minha xícara no lugar do café
enquanto Bethany tira a dela e aperto o botão para selecionar uma opção. — E
você? — pergunto quando a máquina murmura e a primeira gota de café cai em
minha xícara. — Fez algo divertido este fim de semana?
— Cortei o cabelo — ela responde, dando de ombros. — Não algo que
muda a vida exatamente. Só um corte — complementa, segurando as pontas de
seu cabelo.
— Legal — digo por falta de algo melhor para dizer.
Bethany espera até minha bebida ficar pronta e, então, voltamos juntas às
nossas salas. Ela tem um escritório no fim do meu corredor, então me deixa em
minha sala, dizendo para ter um bom dia, enquanto continua até a sua.
Eu tenho. Completo uma lista inteira de verificações de currículo para um
grupo de funcionários para comida e bebida que vão começar esta semana,
depois me entretenho em preparar uma orientação especializada para os
funcionários do spa que começarão amanhã. Estou tendo o melhor dia da minha
vida, até meu computador apitar com um alerta de reunião da qual eu não sabia
que estava agendada.
Um alerta de reunião que começa em cinco minutos. No escritório de Rhys.
Desconfiei que ele estava me chamando para um tipo de sexo safado na mesa
dele, só que, quando abro o ícone da reunião, vejo que não somos os únicos
participantes. Além disso, ele nunca se portou diferente de profissional comigo
no escritório — mesmo depois de eu lhe propor na sala de descanso, antes de
saber quem ele era.
E isso, pensando agora, não foi nem de perto tão ruim quanto me prostituir
para ele depois de saber quem ele era.
Então. É isso. Vou ser demitida. Bethany está listada como participante da
reunião. Assim como seu chefe, Harrison, o vice-presidente dos recursos
humanos. E, finalmente, Lawson McCall, chefe do departamento jurídico do
Windsor — e testemunha da minha venda no Double Diamonds.
Expiro o ar grandiosamente e me lembro do número de empregos
disponíveis em minha área em Las Vegas. Ou poderia ser garçonete, como
Payton disse. Provavelmente ganharia mais dinheiro e ficaria com as pernas bem
torneadas de toda a correria. Isso é simplesmente muito confuso. Pensei —
pensei que estivesse seduzindo Rhys. Que ele estivesse sentindo as mesmas
coisas que eu.
Talvez seu fetiche seja partir corações, e nesse caso, que se dane ele.
Endireito os ombros e me levanto, empurrando minha cadeira perfeitamente
perto da minha mesa, porque não há necessidade de ser desorganizada em
tempos de estresse.
Estou pensando em qual Goodwill deveria passar a caminho de casa,
quando Bethany aparece em minha mesa e diz que vai me acompanhar. Ela não é
muito mais velha do que eu, e me pergunto se um dia já teve que demitir alguém.
Então penso se demitir alguém é igual a sexo, e você sempre se lembra do seu
primeiro. E, então, penso se ela não está me acompanhando, mas me escoltando
até a reunião e, então, paro de me importar tanto com o quanto isso pode ser
difícil para ela.
Somos as últimas a chegar. Nunca estive na sala de Rhys. Nunca estive em
nenhuma sala executiva. Eu sabia onde eram, perto da minha no departamento
de recursos humanos, mas no fim de um corredor pelo qual nunca tive a
necessidade de andar. Passamos o elevador particular que peguei para ir
trabalhar esta manhã, localizado em uma alcova logo depois do corredor
executivo, e dou uma olhada triste.
A sala de Rhys é previsivelmente enorme. Há uma mesa, uma sala de estar
com um sofá e uma mesa de centro e uma mesa de reunião posicionada diante de
janelas do chão ao teto com uma vista da Las Vegas Boulevard. Lawson e
Harrison estão na mesa de reunião, com a postura relaxada. Penso ter ouvido
algo sobre pontuação no golfe. Empatados? Não sei, mas parece que eles estão
falando de golfe. Rhys está em sua mesa, ignorando ambos, revisando uma e
outra coisa em um monitor de sua mesa. Ele deve ver que entramos na sala
porque olha em nossa direção com instruções de fechar a porta, então se levanta
e vai para a mesa de reuniões, sentando-se à ponta.
O Rhys profissional não é tão bom, na verdade. Ele é meio que focado e
frio, e decido que vou me lembrar dele como o Rhys do bar. Ou o Rhys do Del
Taco. Ou o Rhys da Goodwill. O Rhys que assistiu ao programa de reforma
comigo. O Rhys a quem dei minha virgindade e por quem nunca me
arrependerei de ter passado por tantos apuros.
Bethany se senta e me sento ao lado dela. Estamos diretamente à frente de
Lawson e Harrison, a vista da Strip às costas deles.
Então Rhys começa a falar.

— De acordo com a política da empresa, eu preciso notificá-los de que a


srta. Clark e eu recentemente nos envolvemos em um relacionamento romântico.
Devido ao meu cargo, o conselho também foi notificado.
Oh, meu Jesus. Fico vermelha, ninguém diz uma palavra, e os olhos de
Bethany se arregalam quando ela vira um pouco a cabeça a fim de olhar para
mim, com uma expressão surpresa, a qual rapidamente tenta disfarçar. Seus
olhos se desviam para Rhys e de volta para mim e, com certeza, ela está
pensando na gente transando. Agora ela sabe que não estou com um brilho de
bronzeada, estou com um brilho de sexo. Aposto que todos estão pensando na
gente transando. Todos exceto Rhys, porque esse ainda é o Rhys profissional e
não o Rhys que ama-fazer-oral-em-mim.
Oh, Deus. Agora eu estou imaginando isso. Todo mundo está imaginando
isso.
— Não estamos namorando! — solto. — Só estamos…
Rhys ergue uma sobrancelha do outro lado da mesa de reunião, sua
expressão fria, com exceção do músculo tenso em sua mandíbula. Tá bom, tá
bom.
Este é nosso disfarce e estou estragando tudo. Ele não quer dizer nada
disso, está falando com sua voz de Rhys profissional. É disso que ele estava
falando quando disse que cuidaria de tudo, e eu estou atrapalhando.
— Só estamos apaixonados, foi isso que quis dizer. — Oh, Deus. Isso foi
corrigir demais, mas agora abri a boca e não consigo parar. — Ele é louco por
mim. É embaraçoso na verdade, o quanto ele gosta de mim. Gosta
entusiasmadamente de mim. — Finalizo dando de ombros como se estivesse
simplesmente tão surpresa quanto qualquer um por esse acontecimento. Então
foco toda minha energia em não bater a testa na mesa.
Gosta entusiasmadamente de mim soou uma coisa sexual, certo? Ninguém
fala que alguém gosta entusiasmadamente de outra pessoa por causa de uma ida
à Goodwill. Uma olhada rápida em volta confirma que eu posso ter exagerado
porque todos estão encarando a própria perna, com exceção de Rhys, que está
me olhando sem piscar, sua cabeça inclinada para o lado e uma expressão que
não consigo muito bem identificar.
— Qualquer promoção, rebaixamento, mudança de salário ou ação
disciplinar envolvendo a srta. Clark vai precisar ser submetida por escrito com
uma cópia para Harrison, Lawson e o conselho — Rhys continua depois de
pigarrear como se eu não tivesse falado uma palavra. — Assim como os
feedbacks dela, quando ocorrerem.
Quando ocorrerem? Mas nosso relacionamento acabará antes de eu ter um
feedback. A menos que ele também esteja sentindo algo? A menos que ele
finalmente esteja apaixonado.
— Obviamente, essas exigências vão continuar ao longo do emprego da
srta. Clark independente de qualquer futuro envolvimento comigo.
Oh. Então, assim que terminarmos, ainda estou protegida de qualquer
retaliação no local de trabalho. É disso que esse discurso fala. Ele não está
contando a todos que estamos namorando. Está contando a todos que estamos
transando.
Por enquanto. Transando por enquanto.
Enquanto eu estou contando a todos que estamos apaixonados.
Meu Senhor, ele é muito trabalhoso. Outra olhada em volta confirma que
todos ainda estão encarando as próprias pernas, exceto por Lawson. Estou quase
certa de que acabei de vê-lo revirar os olhos para Rhys.
Há um momento de silêncio mortal doloroso e, então, Rhys nos dispensa de
sua sala. Eu não me demoro, e ele não pede que eu o faça. Pelo contrário, sou a
primeira a levantar, educadamente volto minha cadeira para o lugar e saio
voando da sala.
Estou começando a desconfiar de que este meu grande plano não foi tão
grande, afinal de contas. Quando chego à minha mesa, tenho outra reunião, mas,
felizmente, essa é só uma reunião que Payton inseriu em minha agenda para me
dizer para encontrá-la na lanchonete, o que é a hora perfeita porque preciso
desabafar. Além disso, realmente espero que ela tenha trazido um novo distintivo
para mim, porque poderia usar o encorajamento da confiança.

— Cadê o relatório que pedi da Lydia? — pergunto ao entrar na sala de


Canon.
Passo por sua mesa sem parar ou cumprimentá-lo, só com minha cobrança
brava, e sigo para a porta que conecta o escritório dele diretamente à sala de
segurança. Há espaço para mais de vinte pessoas trabalharem naquele espaço,
com um centro de comando coberto por vidro em uma plataforma elevada que os
observa de cima. É para lá que vou.
Paro diante do monitor maior. Está pendurado na parede, rodeado por
monitores menores todos focados em diferentes áreas da propriedade. Canon
entra atrás de mim conforme estou encarando os controles, tentando descobrir
como conseguir o que quero no monitor maior.
— Olá para você também, babaca — Canon afirma, sarcástico.
— Me ajude com as câmeras. — Ignoro sua piadinha com minha falta de
habilidades sociais e gesticulo para a parede de monitores.
— Finalmente, você se interessou pela segurança. — Canon mexe no painel
de vidro, e um controle digital aparece. — O que gostaria de ver? O andar do
cassino? O depósito? Um dos cofres? — Canon mostra imagens no monitor
grande conforme fala.
Eu me jogo em uma cadeira e passo a mão no maxilar.
— A lanchonete dos funcionários. Temos câmera lá, certo?
— A lanchonete — Canon repete. — Claro. Queria saber o que vão servir
de almoço hoje? Vamos ver se conseguimos ver o cardápio daqui. Que uso
fantástico do meu tempo — ele complementa, sarcástico. — Posso calcular a
capacidade de hóspedes no piso do cassino ou ler a placa do carro do caminhão
armado do banco chegando, mas, claro, vamos dar uma olhada na lanchonete.
Canon pega um dispositivo portátil e se senta, a lanchonete aparece em não
menos do que seis monitores diante de nós, sob diferentes ângulos. A carteirinha
de funcionário de Lydia aparece no monitor principal, Canon digita algo no
dispositivo e, um instante mais tarde, a imagem muda para uma filmagem ao
vivo de Lydia. Ela está sentada a uma mesa para quatro pessoas na lanchonete
com sua amiga Payton.
— Presumo que esteja procurando isto.
— Merda, como a encontrou tão rápido?
— Eu sincronizei as carteirinhas dos funcionários com o software de
reconhecimento facial, depois criei um programa que guarda as fotos nas
imagens de segurança. Posso te dizer onde qualquer um está, a que horas chegou
na propriedade e que horas saiu.
— Humm — murmuro. Não estou interessado em nada disso, mas é porque
eu sei que Canon dá conta disso e eu não preciso ficar preocupado. —
Aproxime.
Canon aproxima e todos os outros monitores redirecionam para diferentes
ângulos das câmeras na mesa de Lydia.
— Temos áudio?
— Na lanchonete? — Canon olha para mim como se eu fosse burro. —
Não, não investimos em áudio em nenhuma das câmeras da lanchonete. Posso
pedir para instalarem, se seu novo hobby for perseguir Lydia enquanto ela está
almoçando.
— Não, tudo bem.
No monitor à nossa frente, Payton está com as mãos erguidas, unidas e
afastando-as, depois unindo-as de novo conforme Lydia ruboriza e cobre os
olhos com uma mão.
— Payton é bem linda — Canon diz.
— Como conhece Payton?
— Do Double Diamonds. Ela estava lá no sábado. É bem legal.
— Alguma coisa aconteceu naquela noite?
— O que não aconteceu? — Canon expira com um assobio baixo. — Mas
isso é problema do Vince, ainda bem.
— É. — Penso se quero que ele explique isso. Decido que não. — Está com
meu relatório?
— Mandei por e-mail para você enquanto estava em sua reunião.
— O que sabe sobre minha reunião?
— Lawson mandou mensagem para mim. Disse que foi um show de merda.
— Foi tudo bem.
— Ele disse que é um milagre você um dia ter transado sem pagar por isso
e que Lydia está apaixonada por você e você está fodendo com tudo.
— Primeiro de tudo, eu estou pagando por isso. Segundo, Lydia não está
apaixonada por mim.
— Claro.
No monitor de vigilância, Payton tira algo de sua bolsa e coloca na mesa,
empurrando na direção de Lydia.
— Aproxime nisso — digo a Canon, mas ele tinha trocado o ângulo da
câmera para uma visão diferente antes de eu terminar de falar.
— Boquete — Canon lê a palavra do objeto.
Parece um pacote de sementes. Um pacote de semente de pepino colado a
um pedaço de feltro com “boquete” escrito em cima em glitter.
Depois, Payton coloca na mesa um círculo de jeans com “bunda” escrito
com tinta preta e, finalmente, um pedaço de lona cortada na forma de escudo
com “sexo” escrito na superfície. Com lantejoulas azuis.
— Essas coisas são — Canon soa um pouco, inacreditavelmente,
impressionado, o que não é comum — distintivos de safadeza das Girl Troopers?
— Acho que sim.
Observo Lydia ruborizar no monitor dois e pegar o distintivo de sexo e
puxá-lo para perto dela no monitor um. Ela balança a cabeça e devolve os
distintivos de “boquete” e “bunda” para Payton.
Canon olha de lado para mim. Na lanchonete, a mão de Lydia pausa sobre o
distintivo de boquete e ela o desliza de um lado a outro com a ponta do dedo.
Posso ver que ela está falando no monitor dois e fazendo gestos com a outra
mão. Imagino que ela esteja perguntando se pode ficar com o distintivo ou se
precisa esperar até quarta-feira. Não faço ideia do que ela realmente está
dizendo, claro, mas posso imaginar isso bem claramente. Payton balança a
cabeça e coloca dois dos três distintivos de volta na bolsa.
— Merda. Você tem algum tipo de fetiche com gratificação? Era aquela
criança que esperava até o jantar para abrir os presentes do Papai Noel? Você
guardava seu Dia das Bruxas até a Páscoa?
— Por que todo mundo acha que eu tenho um fetiche? Sou só um babaca
normal. E Lydia não é uma bala.
No monitor, Payton pergunta algo a Lydia. Lydia ruboriza de novo e passa o
distintivo de sexo na ponta dos dedos. Então sorri e faz uma mímica de desmaiar.
Eu pego o celular e encontro o e-mail de Canon. Leio — rapidamente —
porque não há quase nada aqui.
— O que devo fazer com isso? — pergunto a ele.
— Não sei. Foi você que pediu.
— Pensei que encontraria algo útil.
— Tipo o quê? Uma afiliação secreta com os russos?
— Não sei. Dívida de cartão de crédito ou algo assim.
— Não. Ela paga uns trezentos dólares por mês de financiamento
estudantil.
Presumindo que ela divida o aluguel com a colega de quarto, está pagando
uns oitocentos por mês de aluguel. Adicionando suas despesas, celular e
utilidades, ela fica com uma renda disponível restante de mil e quinhentos todo
mês.
— Então ela não está desesperada.
— Não.
— Então por quê? Por que o leilão?
— Não consigo imaginar por quê — Canon fala enquanto eu encaro o e-
mail de novo.
— Ela foi uma Girl Trooper até o terceiro ano do ensino médio? — Olho
para Canon para ver se isso é algo que ele inseriu para me zoar. — Quem fica na
Girl Troopers por tanto tempo?
— Virgens.
Verdade. Então como uma boa garota igual a ela se envolveu com Vince?
— Os pais dela estão passando por problemas financeiros? Irmãos?
— Filha única. Dois pais. Eles têm uma casa, não têm dívida e têm contas
saudáveis de aposentadoria.
Canon está me ignorando enquanto fala, ajustando as câmeras no andar do
cassino em um dos monitores menores. Lydia e Payton ainda estão aparecendo
no principal. Payton está falando, e Lydia, rindo. Imagino o que a está
divertindo.
Penso em como ela entrou na minha vida e me fez sentir coisas por ela.
Coisas que não quero e para as quais não tenho tempo, um fato de que sou
lembrado quando meu celular toca com outra ligação que preciso atender. Vou
ter que lidar com meus malditos pensamentos mais tarde. Agradeço a Canon
enquanto me levanto, o celular já pressionado na orelha ao sair.

Estou tão ocupado, que não consigo pensar direito. Então não penso. Só
continuo vivendo a semana. Na segunda, chego em casa só depois das nove.
Nunca tinha pensado na suíte em nada além de um lugar para dormir antes de
Lydia morar lá, mas ela mudou as coisas.
Na quarta, derrubei café na manga da minha camisa e, quando corri para o
apartamento a fim de me trocar, estava com cheiro de alguém cozinhando. Só
que era no meio do dia, e minha cozinha nunca é usada. Além disso, eu tinha
acabado de ver Lydia sentada em uma das salas de reunião no quarto andar,
então sabia que não era ela. Mas era. Ela tinha obtido uma panela de barro de
Deus sabe onde — não, não, eu sei exatamente de onde. Baseado na estampa de
flores marrons da panela de barro, ela é mais velha do que Lydia, e sei muito
bem que a comprou na Goodwill. Meio milhão de dólares não parecem tê-la
influenciado em seus hábitos de compras.
Carne de panela. Ela tinha feito carne de panela em uma panela de barro.
Quando lhe perguntei sobre isso depois do trabalho, ela disse que não tinha
problema, que havia pedido as compras para o serviço de quarto e não era mais
fácil ter o jantar pronto quando chegássemos em casa? Então ela me fez o
boquete mais inexperiente que já recebi desde o ensino médio, e gostei.
Mais do que gostei. Foi o melhor, menos habilidoso boquete da minha vida.
Ela começou perguntando se não tinha problema ela usar lubrificante.
— É de mirtilo — ela disse, acenando o tubo na mão, os olhos arregalados
em dúvida.
Como se o sabor cobrindo meu pau fizesse diferença para mim. Então ela
explicou que precisava do lubrificante porque não queria cuspir. Que as
mulheres nos vídeos que ela assistiu — para pesquisa — cuspiram, mas ela
pensava que havia um jeito melhor, porque, enquanto ela estava realmente
empolgada para chupar meu pau, ela não queria cuspir nele, se não tivesse
problema para mim.
Ela realmente pausou para esclarecer.
— A menos que cuspir seja a melhor parte? Posso cuspir, se você quiser.
Depois de confirmar que o lubrificante era novo e não comprado em uma
promoção pela metade do preço, dei a ela minha permissão e lhe disse que não
tinha opinião sobre cuspir ou não. Ela sorriu e abriu a tampinha. Não foi um
sorriso sedutor, nem um pouco. Ela não tentou me olhar por baixo dos cílios
enquanto lambia os lábios. Não ronronou como uma gatinha safada. Não. Ela
sorriu com se eu tivesse acabado de abrir a porta para ela e chacoalhou os dedos
com uma ansiedade empolgada como se não soubesse por onde começar. Então
abriu totalmente a tampa e colocou o dobro da quantidade necessária na palma
da mão e a envolveu em meu pau, seu nariz franzindo quando ela percebeu que o
exagero no lubrificante fez bem mais sujeira do que ela tinha pensado.
Quase gozei bem ali.
— Oh — ela murmurou. — Ok, um segundo. Posso consertar isso.
Então se levantou, retornando com uma toalha de mão do banheiro. Assim
que ela limpou a mão, ajoelhou-se de novo, desta vez o olhar mais sincero no
rosto ao olhar para mim, ajoelhando-se entre minhas coxas separadas.
— Pronto? — ela me perguntou, me envolvendo com a mão de novo e,
notando que o lubrificante estava mais do seu gosto, deslizou a mão até a base e
de volta para a cabeça antes de se inclinar para a frente e envolver os lábios na
cabeça, um pouco da língua lambendo a ponta.
Foi aí que uma mecha de cabelo dela grudou no lubrificante. Ela parou de
novo, tentando tirá-la antes de eu assumir e segurar o cabelo longe de seu rosto
em um rabinho, contendo-me em ditar o ritmo para ela. Ela me lambeu, da raiz à
ponta, com a língua na parte de baixo do meu pau. Conseguiu enfiar três
centímetros, e olhe lá, chupando e girando a língua. Então se sentou e disse:
— Ok, agora me sufoque com ele.
Ela sorriu, como se pedir para sufocá-la com meu pau fosse um favor para
ela, em vez de para mim.
Eu disse a ela que não e expliquei o motivo, o que nos rendeu uma segunda
conversa. Não acho que um mês será tempo suficiente para ensiná-la a sufocar
com meu pau. Não acho que um mês será tempo suficiente, ponto final.
Então ela me perguntou se poderia engolir — claro que perguntou — e,
depois, nós comemos a carne de panela em frente à televisão assistindo a um
programa sobre simulador de casas.
Carne de panela caseira. De uma panela de barro.
Parece que ela obteve um Tupperware tão histórico quanto a panela de
barro, porque encheu um recipiente com sobras e o colocou em minha geladeira.
Uma geladeira que agora continha creme de café e homus, uvas, queijo e não sei
mais o quê.
No domingo, eu ia pegar algo de meu home office quando passei pelo
quarto de hóspedes e dei uma segunda olhada. Não tinha percebido que ela tinha
colocado algo neste quarto, mas ela colocou. Tinha posto uma máquina de
costura na mesa. A máquina parecia relativamente nova, o que significa que é da
década passada, então pensei que não era uma aquisição recente da Goodwill,
mas algo que ela voltara ao seu apartamento para pegar. Havia pilhas de lençóis
cortados em cima da cômoda e rolos de elástico e fita. Dobrados no encosto da
poltrona estavam duas calças de pijama feitas. Deduzindo o óbvio, elas foram
feitas de lençóis.
Ela faz os próprios pijamas de lençóis velhos. Não sei se contratei uma
prostituta ou uma dona de casa. Tenho certeza de que sou um canalha. Eu a fiz se
mudar e a deixei sozinha todas as noites desta semana. Só consegui jantar com
ela duas vezes. Nas outras noites, cheguei em casa tarde, entrei e fiz amor —
fodi. Eu a fodi e depois dormi, levantando de manhã para ir à academia enquanto
ela ainda dormia. Eu me juntei a ela no chuveiro algumas manhãs, ou desci para
minha mesa antes de ela acordar em outras.
Ainda assim, olhar para esse hobby dela, do qual eu não sabia, me fez sentir
um babaca. Mas ela me faz querer tentar. Tentar ser diferente. Tentar ser melhor.
Tentar ir mais devagar e me importar com o que é de verdade e com o que é
importante. E acho que ela é de verdade.
E ela me faz rir. Durante o intervalo comercial de um dos programas de
procura de casas, começou um comercial de máquinas de lavar, fazendo
propaganda de seus ciclos profundos. Ela passou a mão na minha coxa e disse:
— Eu gosto quando você entra fundo em mim, Rhys.
Dei risada, sem perceber que era uma tentativa de sedução, não uma piada.
Ela piscou, aquele olhar levemente magoado que ela tem quando pensa que está
sendo rejeitada passou por seu rosto. Então a beijei e usei as analogias da
máquina de lavar para falar safadezas até ela sorrir de novo.
Jesus Cristo. Pode ser que a ame.

Rhys trabalha muito, mas tenho uma sensação estranha de que ele está
tentando arrumar tempo para mim. Como se tentasse me impressionar, o que
acho que significa que gosta de mim. Talvez de um jeito ainda mais-do-que-
trinta-dias. Sem querer parecer convencida ou sem humildade, mas achava que
ele poderia. Eu pensei que, se ele apenas me desse uma chance, poderia gostar
de mim do tipo de muitos-meses em vez de dois-dias-de-duração.
Afinal de contas, esse era o plano. Era meio que o plano. Eu me apaixonar
por ele não estava nos planos. E também é contra as regras. Somente sexo, ele
disse. Essa é a regra, ele disse.
Ele me disse que não havia felizes-para-sempre para nós, mas eu não ouvi e
agora há uma chance de sessenta por cento de eu estar apaixonada por ele. O que
realmente será um problema se ele decidir que trinta dias de mim é mais do que
suficiente para ele. Problema para mim, de qualquer forma. Mas não perdi a
esperança, porque ainda tenho duas semanas. A grande inauguração oficial do
Windsor é esta noite e também marca a metade do tempo de nosso… acordo.
Mas tenho motivo para ter esperança, porque, por exemplo, no domingo
passado, ele me acordou com um café gelado do Del Taco e dois burritos de ovo
e queijo. Na cama. Ele me trouxe Del Taco na cama. Então acho que realmente
gosta de mim, porque isso é cortejar. Você não pega o elevador para o
estacionamento, entra no carro, dirige, espera no drive-thru e se lembra do café
da manhã de uma garota a menos que sinta alguma coisa. Certo?
Além disso, outro exemplo, continuamos transando por bem mais tempo do
que sete a treze minutos. Embora uma manhã tenhamos feito uma rapidinha no
chuveiro, mas até isso demorou, no mínimo, dez minutos. Já que a internet
acabou sendo uma fonte estranhamente não confiável de informação nesse
assunto, perguntei a Payton sobre isso. Ela me explicou que a maioria dos caras
consegue gozar em aproximadamente três minutos se eles não estiverem
preocupados com o prazer da mulher, então acho que isso é porque Rhys está
profundamente preocupado com meu prazer.
No domingo passado, depois de me trazer café na cama, ele demonstrou sua
preocupação. Múltiplas vezes. Então tomamos banho juntos e fomos à Goodwill.
É. Goodwill! Dois fins de semana seguidos. Se isso não é cortejar, não sei o que
é. Claro, algumas garotas podem preferir um jantar chique, mas eu não sou uma
delas. E nem pedi que ele me levasse! Foi ideia dele. Depois de nosso banho, ele
disse para eu me vestir para que pudéssemos sair. Pensei que ele quisesse ir ao
mercado, porque tinha parecido realmente perplexo quando eu lhe disse que
estava pedindo as compras para o serviço de quarto, mas ele me levou à
Goodwill. E… e! Foi uma diferente da que tínhamos ido no fim de semana
anterior. O que significa que ele teve que usar o app deles para encontrar a loja.
O que significa — sinceramente significa: esqueça os sessenta por cento de
chance. Tenho setenta por cento de confirmação de que estou apaixonada por
ele.
Após nossa ida à Goodwill (comprei um conjunto de lençóis vintage
bordados), nós fomos ao Forum Shops na Caesars. O que confirmava que ir até a
Goodwill na Sahara era completamente fora do caminho e provava ainda mais
que Rhys poderia, de verdade, estar entusiasmadamente gostando de mim.
Comprei um vestido para usar na grande inauguração e, então, almoçamos tarde
no Palm. Exatamente como um encontro de verdade. Ele até conversou comigo o
tempo todo sem olhar para o celular nem uma vez. Perguntou há quanto tempo
eu costurava e não riu de mim quando expliquei sobre os pijamas de lençol.
É quase como se Rhys tivesse esquecido que me pagou para eu estar aqui.
Da minha parte, eu fizera meu melhor para fingir que esqueci como cheguei até
aqui.
Vince, no entanto, não tinha esquecido. Nem chegara perto de esquecer. Na
verdade, ele estivera bem ocupado. E prestativo, já que estamos pensando em
outra… ideia. Eu o estive enrolando porque não estou pronta para tomar
nenhuma decisão sobre o que vem em seguida porque estou em uma bolha no
momento. Estou feliz na bolha e não quero que a bolha seja estourada por nada.
Então, na realidade, estive ignorando Vince um pouco.
Mais porque ele fica me perguntando coisas estranhas como se falei com
Payton hoje, o que não entendo, porque já expliquei a ele que não estou sendo
mantida presa e converso com Payton quando quero. Mas é legal da parte dele
estar preocupado comigo, e ele me fez um favor terrivelmente grande, então eu
deveria ser mais educada. Ignorar alguém é um comportamento bem grosseiro e
não é de uma Trooper. Eu me sinto castigada só de pensar nisso.

A grande inauguração é um pouco desesperadora, porque preciso ser a


namorada de Rhys em público. Claro que as duas últimas semanas no trabalho
podem ser consideradas públicas, mas nós não interagimos no escritório. Tipo
nunca. Eu o vejo passar, mas mantenho minha síncope guardada onde deve. Mas
esta noite, na grande inauguração, todos vão nos ver juntos e nos imaginar nus.
Certo? Ou talvez seja apenas eu. Talvez seja apenas eu que faço isso.
Enfim. Esta manhã foi o corte de fita oficial. O prefeito de Las Vegas estava
no local para ajudar com o literal corte de fita. Uma tesoura enorme foi usada e
pensei de onde ela saiu e se todo cassino em Las Vegas tinha sua própria tesoura
ao alcance ou se era só uma tesoura que era repassada pela cidade para eventos
especiais. Também pensei onde tesouras gigantes eram compradas porque nunca
vi uma tesoura na Goodwill e, se todos em Vegas tivessem sua própria tesoura,
você pensaria que mais cedo ou mais tarde haveria muitas delas, com todas as
grandes inaugurações e os eventos especiais que acontecem aqui normalmente.
Decidi que vou dar uma olhada melhor durante minha próxima ida às
compras. Conheci os pais de Rhys e sua avó no jantar ontem à noite. Ele me
apresentou como sua namorada, o que obviamente faria. Não iria me apresentar
à sua mãe como uma acompanhante. Mas foi difícil, porque a mãe dele me
adorou, então senti uma culpa enorme bem profunda de Trooper por enganá-la.
Mas talvez não conte como uma fraude de verdade, já que estou realmente
oitenta por cento apaixonada pelo filho dela. Essa é uma situação difícil. Mas ela
mostrou entusiasmadamente que gostou de mim, aliás. Também disse que
adoraria nos receber em Connecticut no Natal. Eu não fazia ideia do que era para
responder a isso, porque claro que queria ir a Connecticut para o Natal, mas não
tinha noção se ainda estaria com Rhys no Natal porque natal é bem mais longe
do que a bolha de trinta dias.
— Está pronta?
Rhys sai de seu closet fazendo o nó em sua segunda gravata do dia. Depois
do corte da fita, do qual participei, e um tour para a imprensa, do qual não
participei, nós dois voltamos ao apartamento para nos trocarmos para as
atividades noturnas. Também transamos no banho de novo. Transei apoiada em
um pé só porque Rhys me prendeu na parede com uma das pernas erguidas e por
cima de seu ombro. Preciso conversar com Payton, porque sinto que aquela
manobra pode valer um distintivo.
— Pode fechar o zíper? — pergunto, virando-me de costas para ele.
Só consegui fechar o zíper pela metade sem ajuda.
— Preferiria abrir o zíper — ele murmura em meu ouvido, um único dedo
trilhando o caminho do fecho contra minha pele. — Mas você já parece que
acabou de foder o suficiente para meu gosto — ele complementa, fechando o
vestido com suavidade.
Olho para nós no reflexo do espelho, um pouco alarmada. Eu sabia que
estava certa. Todo mundo vai pensar na gente transando. É inevitável. E, olhando
para ele, não posso culpar as pessoas. Também foi a primeira coisa que imaginei
quando o vi pela primeira vez.
— Parece mesmo que acabei de transar? Como pode ver? — Eu me
aproximo do espelho e analiso meus olhos. — Obviamente, entendo que todos
presumiriam que eu transo com você a toda oportunidade que tenho, mas como
podem saber que foi há uma hora ou ontem à noite?
Rhys pausa no ato de colocar uma abotoadura na manga de sua camisa e me
encara. Ele semicerra um pouco os olhos, daquele jeito que faz quando não tem
certeza se estou falando sério ou não.
— Vamos parar de pensar nisso agora — ele diz, mas eu continuo me
encarando no espelho, enrugando o nariz e virando a cabeça de um lado a outro,
tentando descobrir o que me denuncia para poder parar de emitir o aviso de
acabei-de-transar.
— Não se preocupe com isso — Rhys diz depois de colocar a segunda
abotoadura. — Eu estava brincando. Vou contar a todo mundo que você ainda é
virgem.
— Como se eu tivesse passado por tudo isso para não transar com você —
bufo.
— O que isso significa? — Rhys está semicerrando os olhos de novo.
— Hum… — Droga. — Vamos parar de pensar nisso agora também. —
Coloco meus saltos e pego minha clutch. — Vamos chegar tarde.
— É um evento à noite. Tecnicamente, não dá para chegar tarde.
Aham.
— Gostou da minha clutch? — Ergo a bolsa para ele ver. — Comprei na
Goodwill. É fofa, não é? Quer que eu carregue seu chiclete ou algo assim? — É
uma clutch preta com dois cisnes de lantejoula na frente.
— Eu não masco chiclete. Olha, sei que estive ocupado, mas não podemos
continuar assim. Precisamos conversar.
Espere, o quê?
— Sim, sim, podemos continuar assim. Por mais duas semanas podemos
continuar assim. Exatamente assim.
— Exatamente assim? — Sua mandíbula fica tensa quando ele diz isso.
— É!
Por que ele está tentando tirar minhas duas últimas semanas com ele? É
metade do meu tempo comprado! E eu sei que ele gosta de mim, sei que gosta. E
gosta de mim mais do que só gostar. Apenas precisa entender isso ou algo assim.
O celular de Rhys toca e, quando ele olha a tela para silenciá-lo, eu passo
por ele para sair do banheiro e quase saio correndo pela porta da frente.
— Lydia. — Ele está logo atrás de mim, mas eu continuo andando. —
Espere.
Eu o ignoro e abro a porta, quase trombando em Canon.
— Ei! — Coloco um sorriso enorme no rosto, o que não é difícil porque
fico muito grata pela interrupção.
— Eu ia bater — Canon diz com um toque de sarcasmo, mas parece estar
direcionado a Rhys, não a mim, então continuo sorrindo e saio no corredor.
O elevador executivo não vai direto para o andar do cassino, então temos
que pegá-lo até o estacionamento e, então, mudar para um elevador diferente a
fim de chegar nas áreas dos hóspedes. Rhys está quieto. Eu estou quieta. Canon
está distraído, verificando seu celular, até reparar no silêncio. Ele olha para cima,
seu polegar se movendo pela tela, e olha para nós dois.
— Está tudo bem?
— Claro — respondo.
— Está? — Rhys diz ao mesmo tempo.
Os olhos de Canon se desviam entre nós de novo, e ele murmura:
— Ok, então.
E as portas do elevador se abrem, e nós encontramos uma multidão. Canon
guia o caminho enquanto Rhys pega minha mão e meu coração para com o
gesto. Ele me mantém bem perto dele, mas não sei se é por causa da multidão ou
por causa das aparências ou porque ele simplesmente me quer perto.
Espero que seja porque me quer perto.
A hora seguinte é uma chuva de apresentações e socialização. De sorrisos e
apertos de mão e fingimento. Sou apresentada ao primo britânico de Rhys,
Jennings. Ele também é o CEO da matriz dona do Windsor, então acho que isso
o torna chefe do chefe do chefe da minha chefe. Felizmente, ele não se lembra
nada de mim; ele estava lá naquela noite em que conheci Rhys no bar. Estava
bêbado e declarando amor naquele momento, então não espero que ele se
lembre. Parece que ele resolveu suas questões amorosas, porque sou apresentada
à sua noiva Violet. Ela é americana, então pergunto como ela conheceu Jennings
assim que ficamos sozinhas, Rhys e Jennings foram requisitados para
cumprimentar um ou outro mandachuva.
— Bom, eu estava me fingindo de minha irmã gêmea idêntica. Que era
funcionária da empresa no setor de excursões.
— Oh.
— Jennings estava de férias com a avó e acabou em minha excursão. Bom,
a excursão da minha irmã.
— Aham.
— Então se transformou nessa coisa de Chefe Disfarçado — ela diz,
acenando a mão livre. A outra está segurando uma taça de vinho. — Porque ele
nunca me contou que era dono da empresa.
— Certo.
Pensei se era uma história real ou um tipo de invenção estranha. Ela não
parece estar nada bêbada, então não pode ser.
— Mas nós demos certo — ela finaliza com um grande sorriso. — Então,
como você e Rhys se conheceram?
— Hum, em um bar.
Do jeito normal, penso. Claro que a coisa toda do leilão de virgem não me
dá muito crédito para ser uma Senhora Julgadora. Então, penso em outra coisa.
— O Rhys sabe dessa história?
Talvez ele não pense que o que fiz foi tão estranho, comparado à história
dela. Não é como se eu estivesse me passando por ninguém.
— Oh, tenho certeza. Eles são bem próximos. Ei, esses sapatos são LK
Bennett Sledge?
— Hum. — Olho para meus pés e depois de volta para Violet. — Acho que
sim? Comprei na LK Bennett quando comprei o vestido. Não tenho certeza do
nome deles.
— É o sapato preferido da Princesa Kate — ela me conta.
— Oh. Ok.
— Desculpe, sou um pouco anglófila.
— Acho que ter um noivo britânico realmente é bom para você então, hein?
— É. É muito. Além disso, posso ouvir esse sotaque sexy britânico quando
quiser. Às vezes, faço perguntas a ele só para ouvi-lo falar. Na semana passada,
pedi que ele explicasse a história da União Europeia para mim. Ele ficou meia
hora falando antes de perceber que eu só queria escutá-lo usar palavras como
“plebiscito” e “organização”.
Não posso culpar a lógica dela. Jennings volta para recuperar Violet assim
que Payton vem para perto de mim, olhando por cima do ombro.
— Ei! — Eu a puxo em um abraço rápido. — Que bom te ver. Agora me
diga quem você está evitando.
— Vince.
— Ele está aqui?
— Ele está em todo lugar.
Huh.
— Acho que ele é amigo de Canon — menciono. — Canon provavelmente
o convidou para o evento VIP.
— Claro — ela diz rapidamente. Muito rapidamente. — Provavelmente é
por isso que ele está aqui.
Um garçom para diante de nós com uma bandeja de canapés. Balanço a
cabeça recusando enquanto Payton pega um tipo de mini-folhado e coloca na
boca. Colocar comida na boca é uma de suas táticas diversionárias preferidas.
Ela deve estar usando um tipo de batom mágico que permanece intacto por
horas, porque consegue comer sem borrar nada.
— Está envolvida em alguma encrenca?
— Claro que não. — Ela acena a mão enquanto balança a cabeça ao mesmo
tempo, mas não olha para mim. — Estou cuidando disso.
— Cuidando do quê? — Estreito os olhos, desconfiada.
Pensando bem, ela está agindo meio estranho desde o leilão. Foi fácil não
perceber até agora, porque estive morando com Rhys e distraída com toda a
coisa do sexo, mas tem algo errado.
— Do negócio. Vou consertar. É que está sendo um pouco mais complicado
do que alguém poderia pensar. E não percebi que ele estaria aqui esta noite.
Pensei que o trabalho fosse uma área segura, mas aqui está ele.
Ela está segurando uma taça de champanhe, e bebe um gole, e analisa de
novo o ambiente, depois gira a taça nos dedos. Seu cabelo loiro está arrumado
humildemente em um penteado, e ela está usando um vestido rosa-claro com
mangas três quartos e uma saia modesta-para-ela até a coxa. Isso a faz parecer
um anjo inocente, mas é mentira.
— Que negócio, Payton? O que está havendo?
— Nada. Depois eu te conto — ela complementa quando lhe dou uma
olhada questionando, mas não estou acreditando em nada que ela diz. Ela olha
além de mim e seus olhos se arregalam. — Olha, preciso ir. Te amo!
Conversamos depois.
Ela começa a passar por mim sem esperar uma resposta, mas fica presa
entre um garçom ponderando com uma bandeja cheia de taças de champanhe e
uma atriz tirando uma selfie com não sei quem. Ela gira, procurando outro modo
de escapar, quando Vince para diretamente à nossa frente.
Ele está vestido com um terno preto em uma camisa branca perfeitamente
passada e parece valer um milhão de dólares. Mais alto, moreno e italiano do que
semicafetão e proprietário confirmado de uma boate de strip. Também parece
irritado.
Com Payton. Isso fica bem claro porque ele não está olhando para mim,
está olhando para ela. Payton está tentando encontrar um espacinho para sair
correndo.
— Sra. Rossi — ele diz. — Pare. Bem. Aí.
Oh. Talvez ele não esteja olhando para Payton. Rossi é o sobrenome dele.
Não sabia que ele era casado. Viro a cabeça para olhar para sua esposa, mas não
há ninguém. A atriz e o tirador de selfie sumiram. Só sobraram Payton e o
garçom, e o garçom já está se afastando. Payton arranca uma taça de champanhe
da bandeja dele no último segundo e bebe tudo em um único gole.
Olho de Vince para Payton e de volta para ele. Vince ainda está encarando
Payton. Payton olha para mim e dá de ombros antes de seus olhos se desviarem
para Vince e, então, para o outro lado.
— Você se casou com ele? — Quase gritei.
Na verdade, acho que gritei, mas o andar do cassino está barulhento o
suficiente para disfarçar meu ataque.
— Estamos em Las Vegas, não é?
Payton ergue sua mão livre e levanta a sobrancelha como se dissesse que a
cidade de Las Vegas é totalmente responsável por seu estado de casada. Como se
fosse a mesma coisa que reclamar do trânsito da Las Vegas Boulevard ou da
temperatura no verão.
Ela está totalmente indiferente.
— Quando? — pergunto. — Quando isso aconteceu? Como isso aconteceu?
Você só o conhece há duas semanas! Payton! E… — aponto o dedo para ela,
depois cutuco meu peito — … e nem me convidou?
— Eu teria convidado — Payton responde devagar como se eu estivesse
sendo irracional — se soubesse o que iria acontecer. Com certeza, teria te
convidado. Você teria sido uma dama de honra muito melhor do que Canon, isso
é certeza. Meu cabelo estava horrível, e ele nem me disse. As fotos do
casamento ficaram horríveis.
— Tem foto?
— Tem. Acho que vinha com o pacote. Vinha com o pacote, Vince? — Ela
se vira para ele como se não tivesse acabado de tentar se esconder dele e como
se ele não quisesse mais matá-la com os olhos. — Quase certeza — ela diz de
novo. — Mas bem pensado. Talvez Canon tenha tirado umas com o celular que
ficaram melhores do que as profissionais.
— Claramente não foi isso que pensei.
— Oh.
— Quando aconteceu?
— Hum, um tempo depois do leilão, mas antes da manhã seguinte. — Ela
acena a mão em um arco. — Nesse meio-tempo. As coisas ficaram — ela pausa
— um pouco malucas. Não quero desperdiçar tempo contando porque você
perdeu, mas foi uma noite bem legal.
Olho entre ela e Vince de novo. Confusa.
— Então por que está evitando Vince agora? — pergunto. — Vince,
também conhecido como seu marido.
— Calma. Todo mundo sabe que o que acontece em Vegas não é
juridicamente válido.
— Isso não é verdade — respondo quando Vince expira alto e se aproxima
de Payton, colocando a mão em sua lombar em uma tentativa bem óbvia de
prevenir que ela fuja.
— Chega. Precisamos conversar — Vince diz a ela.
— Aff. Conversar é a pior coisa — Payton resmunga, arrastando a palavra
“aff” e jogando a cabeça para trás em desespero. Ela bate um pé em protesto.
Pela primeira vez, tenho que concordar com Payton. Também estou
pensando se eles já transaram.

Lydia está conversando com Vince, e ela está chateada. Agitada. Enquanto
eu estou preso conversando com o governador de Nevada, um membro do
conselho do Reino Unido e um magnata de Hollywood cujo nome não consigo
me lembrar embora tenhamos sido apresentados há cinco minutos. Porque estou
distraído. A única coisa que eu queria evitar durante esta inauguração eram
distrações, e acabei tendo a maior distração da minha vida.
Estou irritado por permitir que isso tenha acontecido. Permitir que Lydia
entrasse em minha vida e perturbasse tudo.
Estou mais incomodado por não conseguir escutar o que eles estão falando.
Por não saber por que ela está chateada ou o que a está fazendo arregalar os
olhos e fazer beicinho.
Porra de Vince. Vou dar um fim nisso esta noite. Por que ainda convivo
com pessoas assim? O que estou fazendo? O acordo com Lydia não pode
continuar assim. Nem por mais um dia.
Só que vai ter que continuar, porque Vince desaparece logo depois de eu vê-
lo conversando com Lydia. E não tenho oportunidade de conversar com Lydia
sobre o motivo de ela estar chateada porque ficamos em locais totalmente
opostos o resto da noite, ou rodeados por um monte de gente.
Todos a adoram. Entendo, de verdade, mas não quero compartilhar. Eu a
quero toda para mim como o canalha egoísta que sou. Quero levá-la para cima e
descobrir o que Vince queria, depois fazer amor com ela até ela falar “oh, oh,
oh” e “Rhys, Rhys, Rhys”.
Mas não acontece. Quando, finalmente, vamos subir, sou afastado para falar
com a presidente de uma empresa enorme de bebidas, uma mulher que voou da
França para participar da grande inauguração, então preciso falar com ela. Lydia
sobe sem mim e está dormindo quando me junto a ela trinta minutos depois.
No domingo de manhã, me levanto e vejo que Lydia acordou antes de mim,
o que nunca aconteceu.
— Precisamos conversar — digo a ela quando vou para a sala.
Acabei de sair do banho, uma toalha ainda enrolada na cintura. Sinto cheiro
de padaria, e Lydia está cortando bananas na ilha da cozinha. Está acordada e
vestida e, de alguma forma, já estou me sentindo bem atrasado no dia de hoje.
Verifiquei minhas mensagens antes de tomar banho, então sei que não dormi
demais. Também sei que não tenho menos de que doze mensagens de voz que
exigem resposta e Jennings quer me encontrar às dez para verificar os relatórios
de previsão para o próximo trimestre.
E é domingo. E estou cansado pra caralho. E tudo que quero é tomar café
da manhã no sofá com Lydia e assistir a qualquer programa de casa que esteja
passando às nove da manhã.
— O que está havendo com você e Vince?
— O quê? — Lydia olha para mim, confusa. — Oh, aquilo. Maluquice. Fiz
torrada com Nutella e bananas caramelizadas. Na panela de barro, viu como é
útil? Só tenho que grelhar estas bananas para pôr em cima e está pronto.
A panela de barro. Deve ser por isso que está com cheiro de alguém que se
importa aqui.
— De quanto mais você precisa?
— O quê?
— Quero que você fique. Então de quanto mais você precisa? Vou
conversar com Vince e cuidar disso.
Ela pisca lentamente para mim por muitos segundos conforme meu celular
apita com outra maldita mensagem.
— Tenho que fazer um monte de ligação, mas quero cuidar disso. Hoje.
Então qual é seu preço?
Lydia se vira de costas e coloca uma frigideira que não sabia que eu tinha
no fogão. Esqueça, tenho certeza de que não tenho frigideira. Ela deve ter
comprado em algum lugar. Me pergunto se ela pediu para o serviço de quarto
junto com as compras. Será que um dia vou parar de achá-la infinitamente
fascinante?
Lydia está mexendo no fogão, me ignorando, então volto para o quarto e
pego meu celular, digitando uma mensagem conforme retorno à cozinha.
— Me fale alguma coisa, Rhys. Me fale alguma coisa que não seja o que
acabou de falar.
— Não sei o que quer que eu fale.
Quero saber que porra ela estava conversando com Vince ontem à noite.
Quero saber o que ela sente por mim. Quero resolver toda essa incerteza. Meu
celular apita de novo e olhar para ele, depois mando a chamada para a caixa de
mensagens.
— Sabe de uma coisa, Rhys? Acho que você tem tanto medo de algo
verdadeiro, que se esconde atrás de trabalho e boates de strip e estupidez em
geral.
O quê? Ok. Solto a respiração. Ok, posso ter entendido tudo isso errado.
— Espere, então…
— Não, não quero esperar. Não sou mais uma garçonete, Rhys. No caso de
não ter percebido. Sou uma recrutadora e tenho feito tudo. Você é uma década
mais velho que eu. É você que tem toda a experiência e confiança e habilidades
de vida e, mesmo assim, sou eu que estou fazendo tudo. Fazendo. A coisa. Toda.
— Ela diz essa última parte devagar, como se estivesse pontuando as palavras.
— Ok. Vamos com calma. Se isso é sobre o café da manhã, sempre
podemos pedir o serviço de quarto.
— Oh, meu Deus. — Ela desliga o fogo e solta uma colher de pau. Eu não
sabia que tinha isso também. — É, Rhys. É sobre quem faz o café da manhã.
Você tem trinta e quatro anos. Acorde. Preste atenção no que está se passando na
sua vida por meio segundo. Que tal isso?
— Eu estou — respondo. — Prestei atenção na sua conversinha com Vince
ontem à noite. E é por isso que…
— Acha que estou tendo reuniões secretas com Vince, Rhys? — ela me
interrompe de novo. — No meio da grande inauguração na frente de todo
mundo? É. Certeza. Eu estava alinhando meu próximo contrato antes de subir
para procurar receitas em panelas de barro para o café da manhã.
— Não quero você com mais ninguém, Lydia.
— Mas não me quer para você também, não é? Não de verdade. — Ela
balança a cabeça e aperta os lábios, depois respira fundo. — Me pergunte como
me sinto, Rhys.
Desconfio que acordei do lado errado esta manhã.
— Esqueça. Eu vou te dizer. Me sinto… tipo vazia. — Ela dá de ombros
quando diz isso, mas é um dar de ombros triste, talvez até beligerante. — Me
sinto como se chegasse em um parque de diversão e visse que está lotado e não
posso entrar. Parece que alguém acabou de me contar que o Papai Noel não
existe antes de eu estar preparada. Parece que está chovendo dentro do meu
coração.
Percebo, meio tarde demais, que ela pegou a bolsa e passou a alça por cima
da cabeça enquanto vai até a porta.
— Só para constar, eu estava noventa por cento apaixonada por você.
Deduzi cinco por cento por ser financeiramente irresponsável, porque poderia ter
ficado comigo de graça se não tivesse tanto medo de seus sentimentos idiotas. E
dois por cento por ser um babaca. Provavelmente estou contando em dobro as
porcentagens idiotas em relação às porcentagens do dinheiro, mas sabe de uma
coisa: não me importo.
— Lydia, espere.
Tento segurar a porta com a mão, para impedi-la de abrir, o que é
simplesmente uma merda, e ela me recompensa com um olhar que diz
exatamente isso. E então ela vai embora.
Porra. O que acabou de acontecer?

Eu fodi com tudo. Fodi com tudo e não faço ideia de para onde ela foi.
Liguei para Canon enquanto me vestia, uma mão no celular e a outra enfiando a
camisa pela cabeça, e pedi que ele a rastreasse da porta da minha suíte,
esperando que ela estivesse em algum lugar no hotel. Sabendo que não estaria.
Ela não estava. Pegou o elevador até o estacionamento, entrou em seu carro
e saiu da propriedade menos de dois minutos depois. E não vai atender se eu
ligar porque seu celular está no criado-mudo ao lado da minha cama, carregando.
Caralho. Provavelmente ela não teria atendido de qualquer forma, mas
odeio que ela esteja sem celular. E se seu carro quebrar ou acabar o combustível
ou ela quiser ligar para alguém que não seja eu?
Nem sei quem são seus amigos, além de Payton, ou se ela fez amigos desde
que se mudou para Vegas. Digo a Canon para falar para Payton e instruí-la que
me ligue se Lydia voltar para seu apartamento. Então, abro o app Goodwill no
celular ao entrar em meu carro. Será que ela iria para aquela entre o Windsor e
seu apartamento? Acho que seu carro não tem GPS, então ela não vai conseguir
encontrar as lojas às quais ela ainda não foi, mas isso não elimina uma única loja
porque provavelmente ela já foi em todas elas.
Por que há tantas malditas Goodwill em Las Vegas? Saio com o carro e sigo
para a loja na Tropicana. É a primeira a que fomos juntos, duas semanas atrás, e
fica entre minha casa e a dela. O estacionamento está muito lotado para fazer
uma busca rápida por seu carro, então eu entro. Ela não está lá. Claro que não
está lá, afinal por que deveria ser fácil? Eu não mereço que seja fácil. Ligo para
Canon e pergunto se ele consegue hackear nas câmeras de segurança da cidade
para rastreá-la desde quando saiu do estacionamento.
Ele ri de mim e desliga. Ligo de volta e digo para ele me cobrir porque vou
tirar o dia de folga. Porque Lydia tem razão sobre tudo. Porque eu não prestei
atenção na minha própria vida e agora a melhor parte dela se foi. Coloco o
celular no banco do passageiro, volto ao carro e penso se ela teria ido à loja na
Maryland ou na Sahara, onde a levei semana passada. Ou ela teria ido para uma
das seis em Henderson, mais perto de seu apartamento? Jesus. Decido dar uma
chance à que fica na Maryland. É mais perto do hotel do que a da Tropicana,
então talvez ela tenha ido nessa primeiro. Ou talvez eu passe o dia todo atrás
dela de um centro de doação ao outro.
Vou atrás dela o quanto precisar. O quanto ela me deixar. Ela não está na de
Maryland.
Não está em seu apartamento. E não voltou ao hotel.
É hora de fazer uma visita a Vince.

— Cadê a Lydia?
Encontrei Vince em seu escritório no Double Diamonds e pulei as
formalidades. Passei da fase de ser educado com esse babaca.
— Eu a enviei para olhar umas propriedades — Vince responde sem se
incomodar com minha chegada ou minha atitude. Ele nem está olhando para
mim, ocupado demais com seu laptop para se importar. Provavelmente está
calculando a receita da noite ou fazendo uma encomenda de desinfetante de
poles, maldito canalha. — Você a quer de volta?
Digo a mim mesmo que matá-lo só vai atrasar meu encontro com Lydia.
— Sim, eu a quero de volta, babaca. O que você tem sobre ela, Vince?
Quanto ela te deve? Fale seu preço para podermos acabar com essa brincadeira.
— Outro milhão mudaria as coisas — ele diz lentamente, encostando-se na
cadeira ao me analisar com interesse.
— Certo. Vou fazer a transferência hoje, e então você não tem mais nada
com ela. Agora me diga onde posso encontrá-la.
— Você é um idiota. — Ele se inclina para a frente na cadeira de novo e me
encara. — E nunca mais falar com Lydia será um problema para mim.
— Por quê?
— Estou casado com sua melhor amiga, para começar.
Eu o encaro, esperando que as palavras façam sentido.
— Você se casou com Payton?
Sinto que estou perdendo algo aqui. Eu me sento na cadeira à frente de
Vince e desvio o olhar um pouco. Só um pouco. Ainda não estou preparado para
estar errado sobre Vince. Além do mais, ele ainda é um babaca,
independentemente de qualquer coisa.
— Sim. Me casei com Payton, Deus me ajude. Até onde Lydia sabe, você é
a única pessoa que não consegue enxergá-la direito se não descobriu isso até
agora.
— O que quer dizer com isso?
— Ela é transparente pra caralho. Você nem sabe o quanto tem sorte. Queria
eu que Payton fosse tão transparente. Não faço ideia em que porra ela está
pensando ou onde ela está na maior parte do tempo.
— O que está dizendo exatamente?
— Aquele leilão foi todo para você. Prostituição nem é legal em Clark
County, Rhys. A coisa toda foi uma armação. Acha que estou adicionando meio
milhão em meus registros pela venda de uma virgem? Aqui é uma boate de
cavalheiros, não um bordel, seu otário.
— É, como se não houvesse prostituição em Las Vegas — contra-
argumento. — Nós dois sabemos que não é esse o caso.
— Com certeza. Mas não comigo. Eu administro um negócio legítimo aqui.
Caralho. Nós nos encaramos separados pela mesa dele e sei que ele está
dizendo a verdade, tenho quase certeza. Mas, porra. Será que eu prestei tão
pouca atenção assim?
— E aquele cara com quem eu estava competindo no leilão? Stan?
— Stan é o cara da manutenção aqui e aquele terno me custou uma nota.
Vou te mandar a conta dele, aliás.
— Teve um e-mail — contra-argumento. — Uma newsletter.
— Uma newsletter — ele repete de volta para mim como se eu fosse um
idiota. — Claro que vendo sexo por uma newsletter, Rhys. Ganho inscritos pela
newsletter como todos os outros bordéis do estado — ele solta e, é, agora estou
enxergando. Sou um idiota. — Nos reunimos no Starbucks e pensamos em
formas de nos promover — ele continua. — Você nos descobriu. Bom trabalho.
— Já entendi. A newsletter foi falsa — eu completo, mas é desnecessário,
porque Vince não está me escutando.
— Foi ideia de Canon. Eu disse a ele que era idiota demais para alguém
acreditar, mas ele disse que…
— É, sou um idiota. Já entendi — interrompo, ansioso para chegar à parte
em que descubro onde encontrar Lydia e consertar isso. Aceno para ele
continuar.
— Ele disse que você andava bem distraído — Vince continua. — E que a
visualização iria te ajudar a vir aqui.
Canon sempre adorou visualização.
— Espere. Como Canon se envolveu nisso? Ainda não entendo de onde
essa conspiração toda saiu, em primeiro lugar.
— Lydia — Vince responde como se eu fosse especialmente lento. — Foi
tudo ideia de Lydia. Pelo que ela me disse, vocês dois tiveram um lance em um
bar, mas ela pensou que você tivesse um fetiche de pagar-por-isso porque não
pôde avançar com ela.
Vince não poderia estar menos impressionado comigo neste momento. Ele
simplesmente ergueu dois dedos e os flexionou no gesto universal de aspas
quando disse “fetiche de pagar-por-isso”.
— Eu não…
— Não quero saber — ele interrompe, balançando a cabeça. — Liguei para
Canon para descobrir se alguma coisa que ela estava dizendo era verdade ou se
ele precisava que eu ligasse para a polícia para denunciar que você tinha uma
doida te perseguindo. Canon confirmou que vocês dois tiveram um lance. — Ele
faz aspas de novo quando diz “um lance” como se fosse ridículo para ele. — E
ele ficou bem atraído pelo grande plano de Lydia em te seduzir e para você
admitir que estava interessado nela ao fingir um leilão. Eu estava me sentindo
especialmente caridoso naquele dia, então nós pensamos no melhor jeito de te
trazer até aqui.
Faço uma nota mental para cortar a equipe de Canon. Ele realmente tem
tempo demais sobrando.
— Então o dinheiro foi para quê? Por que você me incitou até meio milhão
se tudo isso é falso? — pergunto, mas minha mente está pensando em como
estraguei tudo epicamente com Lydia.
— Não sou contrário a doações beneficentes, Rhys. Fazer você financiar
uma causa beneficente era o mínimo que você poderia fazer para me reembolsar
pelo meu tempo.
— Você é um otário mesmo, sabe disso?
Vince dá de ombros.
— Foi por uma boa causa.
— E qual seria a causa? — pergunto. — Pastéis de mamilo de folha de ouro
para todos?
— Lydia não queria o dinheiro — Vince responde, ignorando minha ironia
ao passar um dedo pelo mousepad em seu laptop. — Eu estava te incitando para
meu próprio divertimento. E pela causa, claro — ele complementa, abrindo um
sorriso sarcástico para mim.
— Certo. A causa. Que é?
— Um novo local de camping — Vince responde, virando seu laptop para
eu olhar. — Para as Girl Troopers da Grande Las Vegas. Encontrei uma
propriedade ótima na Red Rock, mas a propriedade não tem uma cabana
adequada. Tem uma lá, mas foi abandonada há uma década e o corretor disse que
está inabitável. Além disso, você sabe como é quente aqui — ele diz, erguendo a
sobrancelha. — Uma piscina seria um complemento legal. Para as acampantes.
— Era para isso que você precisava de meio milhão?
— Era. Presumindo que Lydia goste da propriedade. Vou colocar a
propriedade na garantia, então contratar um empreiteiro para verificar a cabana
existente e construir algo melhor. Adicionar uma piscina, talvez uma quadra de
tênis. Depois vamos doar para as Girl Troopers.
— Ela vai querer reformar. — Suspiro. — Ela vai querer salvar qualquer
estrutura em ruínas que existir com alguma visão romântica de seu charme
histórico. Mesmo que seja um monte de merda dos anos 1980. Vamos precisar
contratar alguém que possa reformar ou usar o que restar para construir um
balanço na varanda ou alguma merda assim. Isso a deixará feliz.
— Por mim, tudo bem. — Ele dá de ombros. Ele tira um Post-It da gaveta
da mesa e rascunha o endereço do camping, depois me entrega. — Acabamos
aqui? Vou te mandar um recibo da doação beneficente. Não espere muito para
sair e ainda pode encontrá-la lá.
— Obrigado, Vince.
— Ela é boa demais para você.
— Eu sei. Eu a quero mesmo assim.
Se não for tarde demais. Não pode ser tarde demais porque não posso voltar
a viver sem Lydia.

Red Rock é saindo de Vegas e, de acordo com o GPS do meu carro, devo
chegar ao camping a que Vince me mandou em pouco mais de meia hora. O que
significa que tenho meia hora sentado no carro para pensar no quanto sou
babaca. São dois quilômetros e meio reto pela Charleston até fazer curva, e
começo a acelerar até o camping.
Demora mais dez minutos e quase uma entrada perdida para chegar ao meu
destino, e fico aliviado ao ver dois carros parados do lado de fora da cabana, que
deveria, com certeza, estar condenada. Estaciono ao lado do carro de Lydia e
observo o local, em dúvida se elas estão lá dentro ou andando pela propriedade.
Não há porta na cabana, nem um teto de verdade. Não vejo ninguém, então vou
para a porta. Ou o que seria a porta.
Escuto a voz dela assim que passo pela soleira. Ela está em pé com a
corretora encarando uma janela na lateral da cabana, sem vidro. Há uma vista do
Cânion Red Rock no fundo, mas nem chega aos pés do brilho de Lydia.
— Eu escolhi um cisne ruim — ela está contando à mulher. — Escolhi um
cisne ruim e acasalei com ele e agora estou presa a ele porque estou noventa e
três por cento apaixonada por ele, embora ele seja um idiota. — Ela balança a
cabeça, depois para abruptamente, inclinando-se na direção da corretora. — Não
o acasalamento do tipo que engravida, só do tipo divertido. Posso falar? Fui uma
Trooper por treze anos, sabe? Ganhei todos os distintivos de saúde, então sei
como é um acasalamento de reprodução e me preveni. Provavelmente vou
ganhar um distintivo “não engravidou sem querer”.
— Hum… — a corretora responde, inclinando a cabeça para o lado,
claramente sem saber como responder a qualquer coisa que acabou de sair da
boca de Lydia. Então ela me vê e o alívio toma sua expressão. — Bom, veja só.
Parece que seu cisne veio atrás de você.
Lydia se vira e seus olhos brilham de surpresa. Um olhar de confusão em
seguida.
— Rhys. — Ela suspira um pouco ao falar isso, e soa como uma pergunta.
— Vou deixar vocês dois sozinhos. — A corretora sorri e, dando um olhar
entre nós dois, se vira para sair.
Seus saltos clicam no chão até ela chegar à varanda, Lydia e eu ficamos
quietos até que ela saia. Então me aproximo dela, andando lentamente em sua
direção enquanto observo o interior da cabana.
— Lugar legal — digo para começar.
— É. — Ela assente. — É mesmo. Tem muito potencial. — Ela ergue um
pouco o queixo. — Com a visão certa, poderia ser bem especial.
— Desculpe.
Ela pisca rapidamente e respira, mas eu continuo antes que ela diga algo.
— Desculpe por tudo. Exceto por aquele primeiro beijo no bar. Aquela foi a
melhor decisão que já tomei. Desculpe por tudo que veio depois.
— Você está se desculpando? — Ela pisca de novo. — Desculpando do tipo
“deseja que não tivesse acontecido”?
— Deus, não. — Balanço a cabeça. — Desculpando do tipo “estou
apaixonado por você”. Do tipo “espero que não tenha fodido tudo”. Do tipo
“espero que me dê outra chance”.
— Oh.
— Desculpe por ter te dado sinais confusos. Desculpe por abandonar você
no bar e desculpe por colocá-la em uma posição para pensar em um plano
totalmente maluco a fim de chamar minha atenção.
— Também peço desculpa. Minha hora não foi boa. Deveria ter esperado
até depois da grande inauguração, mas fiquei com medo de você se apaixonar
por uma prostituta de verdade em vez de por mim.
— Não é possível. — Balanço a cabeça.
— Claro que é. Tudo é possível.
— Você é a única mulher para mim, Lydia. Não sei o que posso te oferecer
— digo baixinho, colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha e levando
suas mãos aos meus lábios. — Mas estou apaixonado por você e quero tentar.
— O que está fazendo? — Ela parece assustada e dá um passo para trás,
tirando a mão de mim. — Vai me pedir em casamento neste instante?
— Não ia, na verdade. Mas posso. Me caso hoje com você, se precisar.
— Não!
— Ok, uau. Foi um não bem espirituoso. Então não quer se casar comigo?
— Nos conhecemos há menos de dois meses, Rhys. Quero ser cortejada.
Paquerada. Pedida de uma forma romântica. Em algum lugar que não seja Del
Taco. Não, isso é mentira. Del Taco é legal, na verdade.
— Quer ser cortejada com café gelado do cardápio?
— É muito bom, Rhys. Independentemente do que diga.
— Muito bem.
— Aqui vai um spoiler, Rhys: eu vou me casar com você. Algum dia. Mas
isto — ela gesticula entre nós com seu dedo — não é meu pedido. Você vai pedir
um dia, quando nós dois estivermos prontos, e vai fazer direito. Me entendeu?
Que bom. As palavras “não ia, na verdade, mas posso” não sairão da sua boca
nesse momento. Entendido?
— Sim, senhora.
— Que bom. — Ela semicerra os olhos para mim como se não soubesse se
meu sim era sincero ou não.
— Posso falar uma coisa?
— O quê? — ela solta.
— Esse negócio de você ser mandona é excitante.
Um sorriso lento se abre em seu rosto junto com um pouco de rubor.
— Posso falar outra coisa?
— Ok — ela concorda, desta vez sorrindo.
— Você tinha razão quando disse que estava fazendo todo o trabalho e
quero consertar isso. Vai me deixar? Porque realmente preciso ganhar esses
setenta por cento de volta.
— Humm — ela murmura enquanto pensa. — Eu tenho alguns distintivos
ainda para ganhar. Talvez possa me ajudar com eles.
— Eu adoraria.

SETE ANOS DEPOIS…


— Era uma vez uma garota que entrou em um bar e sequestrou meu
coração, mas eu era burro demais para ver o que estava acontecendo. Felizmente
para mim, ela era do tipo de garota muito bem orientada por um objetivo e que
decidiu ir contra toda a lógica de que eu valia a pena. Eu não valia, mas isso não
a impediu. Graças a Deus que isso não a impediu.
— Rhys! — Lydia chia. — Não conte isso a ele! Não é uma versão correta
de conto de fadas. Nem uma versão apropriada.
— Shhh. É nossa história preferida para dormir. Além disso, ele é um
cachorro, e não acho que se importe com qual versão eu conte.
Nós dois nos viramos para olhar para nosso novo cachorro, Trooper. Ele
bate o rabo contra o chão e inclina a cabeça para o lado, olhando para cima
conforme tenta identificar se Lydia está prestes a lhe fazer um carinho extra na
barriga antes de dormir. Ele é um vira-lata com mistura de Labrador que
pegamos com um grupo de resgate, mas não acho que deveria ser surpresa para
alguém. Lydia ama resgatar coisas. Pessoas, lençóis velhos, turistas perdidos, um
casal de cisnes que precisavam de patrocínio — sinceramente, não perguntei os
detalhes sobre esse último. Trooper é um cão adulto e malcomportado. Bem
parecido comigo quando Lydia me encontrou. Ela diz que ele tem potencial.
— Ele precisa dormir no canil dele?
Trooper abana o rabo em resposta. Ele sabe como me convencer.
— Sim. Precisa, sim. Até ele ganhar o distintivo de bom comportamento de
que precisa para dormir em seu cesto.
— Ele só comeu dois de seus sapatos — argumento. Trooper baixa a cabeça
e emite um grunhido dramático. — E um era um chinelo. Nem conta.
— Conta, Rhys. Assim como conta comer duzentos gramas de bife do
balcão depois de me distrair virando sua tigela de água.
Trooper fica de barriga para cima e balança o rabo de novo.
— E se o melhor cachorro que ele consegue ser ainda for terrível? — Estico
o braço e faço carinho em sua barriga.
— Então vou comprar sapatos novos.
— Ou você poderia simplesmente andar por aí descalça e grávida,
afirmando que sapatos são irrelevantes.
— Você gostaria que eu andasse descalça e grávida? Parece terrivelmente
inconveniente.
— Qual dos dois? Estar descalça ou grávida?
— Descalça enquanto grávida. Imagine cortar o pé enquanto anda descalça,
mas estar tão grávida, que não consegue alcançar o próprio pé para cuidar dele.
— Lydia.
Eu me levanto e aponto para Trooper ir para seu canil. Ele o faz sem
reclamar, girando antes de apoiar a cabeça nas patas da frente.
— O quê?
— Acho que deveríamos falar sobre o acasalamento do tipo reprodutivo.
Ter uns filhotes de cisne.
Lydia sorri.
— Você sabe que bebês de cisnes são chamados de filhotes?
— Claro que sei. — Certo. Prestei um pouco de atenção no pacote de
patrocínio dos cisnes.
— Baby. Isso é tão sexy. — Lydia está me olhando e lambendo os lábios
como faz quando volto da academia, com a camisa pendurada no ombro.
Ela ainda é fácil demais.
— Poderíamos comprar uma casa. Trooper precisa de um quintal. As
crianças vão precisar de um quintal. E eu poderia estar enganado, mas tenho
quase certeza de que nenhum ônibus escolar faz uma parada na Strip.
— Poderíamos comprar uma casa que precise de reforma! — Lydia
exclama.
Ela foi para a cama e está sentada de pernas cruzadas em cima da cama,
usando calça de pijama e uma blusinha.
— Ou poderíamos construir — sugiro. — Encontrar o terreno perfeito com
uma vista da Strip de um lado e as montanhas do outro. Construir como
queremos.
— Ou poderíamos comprar uma casa que precise de reforma!
— Ou poderíamos comprar uma casa que precise de reforma — concordo.
Porque, desde quando parei de ser egoísta, não sou mais tão burro.
— Será exatamente como um episódio de House Hunters — Lydia diz,
sonhadora. — Só que eu vou poder ver todas as casas, em vez de apenas três.
— Será exatamente assim — concordo. — Só que melhor.
Eu passava todos os dias, desde quando pensei que havia estragado tudo
com ela, apreciando-a. Apreciando o que temos juntos. Passamos fins de semana
explorando Vegas. Fins de semana viajando. Noites fazendo nada e dias fazendo
tudo. Fomos a Austin para os foodtrucks de taco e San Antonio para os tacos
recheados. Quando fomos a Paris, em lua de mel, comemos crepes, e ela os
chamou de tacos franceses. Depois ela riu de si mesma até quase ficar sem
fôlego. Eu me apaixonei por ela de novo.
Lydia torna toda experiência melhor. Estar com ela parece ser sorte, destino
e ganhar na loteria. É como ter confiança e amizade e um lar. Seu amor é como
uma surpresa tão boa, que você nunca ousaria ganhar, mas, quando ganha, você
a segura forte.
E é o que vou fazer. Vou segurar minha boa garota para sempre.

Este precisou de uma vila… de pessoas para me convencer do contrário.


Liv Morris, obrigada por dizer me contar a história mais fofa da sua filha
beijando um homem no bar e me contar que eu poderia contá-la porque seria
estranho se você usasse material da sua própria filha. Leitores, por favor,
lembrem-se: a Lydia da vida real beijou o garçom. Ela não fez nada das
maluquices que a Lydia da ficção fez.
Kayti McGee, obrigada por pensar que este livro é a coisa mais engraçada
do mundo e me enviar mensagens de voz que às vezes eram incompreensíveis
porque estava rindo ao mesmo tempo, mas sempre eram um incentivo enorme à
minha confiança frágil. Você é a melhor, e seu apoio foi inestimável!
Staci Hart, obrigada pelas mensagens tarde da noite nas quais trocávamos
frases sem parar, como: “Meu livro é horrível!… Meu livro é muito bom!… É
oficial. Esta é a pior coisa que já escrevi… Consertei tudo e acho que vai ficar
tudo bem!… Meu livro é muito ruim!… Acho que preciso de um emprego
novo… Este livro é meu preferido de todos!”
Raine Miller, Amy Daws, Sierra Simone, Laurelin Paige, CD Reiss, Jade
West, obrigada por sua amizade.
Lauren Lascola-Lesczynski, obrigada pela amizade, e pelo apoio, e por me
fazer rir tanto, que fiz xixi na calça. Gosto muito de você e amo sua amizade!
Candi Kane, Sarah Piechuta, obrigada pela ajuda com este lançamento. Não
sei como agradecê-las por me ajudar com o montante de trabalho.
Letitia Hasser, Kari March, obrigada pela capa e a arte!
Jean Siska, Melissa Gaston, Beverly Gardner Tubb, Mila Tracey, Melissa
Panio-Peterson, obrigada por serem os primeiros leitores e lerem quando não
estava terminado e ainda bagunçado e, mesmo assim, quererem mais. Não fazem
ideia do quanto isso significa.
LEITORES, obrigada por aguardarem pacientemente e por continuarem
comigo. Obrigada, obrigada, obrigada.

Table of Contents
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6.
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Epílogo
Agrdecimentos

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