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Disp.

e Tradução: Rachael
Revisora Inicial: Regina
Revisora Final: Rachael
Formatação: Rachael
Logo/Arte: Dyllan

Seamus Blaecleah desfrutou de um único e explosivo beijo com o xerife John Riley e

depois o homem se recusou a falar com ele. Devastado, Seamus decide deixar a fazenda da

família e encontrar um lugar onde as memórias do homem que ele ama não assombrem cada

momento acordado.

Yancy Butler fica radiante quando o mais sexy irmão Blaecleah aparece em sua porta, à

procura de uma nova vida. Ele tinha desistido de ter alguma coisa com o homem quando soube

que Seamus amava outro. Agora, Yancy está determinado a ser o homem no coração de

Seamus.

O Xerife John Riley fará de tudo para proteger o homem que ama, até mesmo deixar

Seamus acreditar que ele não quer nada com ele. Mas se ele puder descobrir quem o está

ameaçando e todos aqueles que ele se preocupa, ele poderá trazer Seamus para casa.

Quando a traição vem pelas mãos de alguém próximo a eles, Yancy, Seamus e John

terão que aprender a colocar suas diferenças de lado e trabalhar juntos se eles quiserem

permanecer vivos. Mas fazendo isso, eles aprenderão a aceitar um ao outro ou o relacionamento

deles será apenas uma conveniência?

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Revisoras Comentam...

Regina: Até que enfim a história de Seamus. Demorou tanto que tive que reler o livro anterior

para me lembrar. Mas autora não decepcionou. Como previsto, Seamus ganhou duas lendas. No começo

fiquei na duvida se o trio daria certo, pois Seamus parecia tão incerto de sua escolha (devo confessar que

estava torcendo pelo Yancy, kkk) e Yancy parecia tão fechado a respeito de John, e o mesmo em relação a

John, mas a autora soube muito bem conduzir a relação entre eles e criar uma química realmente perfeita

entre os três, fazendo John entrar na relação quando Seamus e Yancy já se conhecem melhor. E quando os

três se juntam, as páginas quasem pegam fogo!! Realmente fechou com chave de ouro, vou sentir saudades

dessa família. Espero que a autora resolva criar algum personagem novo apenas para poder nos trazer essa

família maravilhosa novamente. Aproveitem!!

Rachael: Nossa a Stormy demorou um século para escrever essa história. Mas eu amei cada

segundo!!! Valeu a espera com certeza! Eu concordo com a Regina completamente, tinha cá minhas

dúvidas se esse trio ia funcionar, ou seria uma história terrível, mas a Stormy achou o ponto ideal entre o

carinho, a química e finalmente o amor. Eu fiquei abismada com o suspense que ela criou, pois eu

desconfiei do ser, mas não tinha 100% de certeza. Eu espero que venha um natal dessa família incrível

para termos noção de como tudo anda indo!!! Sentirei saudades deles!!!

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Capítulo Um

O coração de Seamus Blaecleah bateu um pouco mais rápido enquanto observava o

caminhão do xerife John Riley parar na garagem. Ele não sabia por que o xerife estava lá, mas

Seamus tinha certeza que não era para vê-lo.

O xerife Riley esteve evitando Seamus nos últimas semanas desde que eles tinham se

beijado. O homem praticamente saiu do seu caminho para ficar longe de Seamus. Algo sobre

isso fazia o coração de Seamus doer um pouco. Outra parte dele disse que era o melhor. Querer

o bonito xerife só lhe traria dor.

Seamus limpou as mãos em um pano de prato, jogou o pano em cima do balcão e então

caminhou até a porta da frente. O xerife estava saindo de sua viatura policial quando Seamus

abriu a porta e saiu para a varanda.

“Boa tarde, Xerife.”

“Seamus.” O xerife olhou ao redor. “Seus pais estão por perto?”

“Desculpe, xerife, eles foram para a cidade algumas horas atrás. Eu não os espero em

casa até mais tarde esta noite. Tem algo que eu posso te ajudar?”

“E Rourke e Billy? Eles estão por aí?”

“Não.” Seamus franziu a testa. “O que é tudo isso, xerife?”

“Eu tenho uma notícia para eles de Ira Thornton.”

Seamus se encolheu à simples menção do nome de Ira Thornton. O homem era

desagradável e tinha sido durante anos. Ira atualmente estava em uma cela de prisão após ser

declarado culpado em duas acusações de tentativa de assassinato, uma acusação de assalto, e

uma acusação de sequestro. Seamus pensou que mais acusações deveriam ter sido apresentadas

contra o homem que todos pensavam era o pai de Billy, mas essas foram todas as evidências o

xerife fora capaz de conseguir para pegar o homem.

“Que notícia, xerife?”

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“Ira Thornton e outro preso escaparam da custódia ao serem transferidos para outro

local. Eles bateram no guarda e levaram seu carro. Ele não foi visto na área, mas eu ainda achei

melhor vir aqui e alertar a todos.”

Seamus sentiu o sangue drenar de seu rosto, seu coração batendo tão forte no peito que

ele poderia ouvi-lo em seus ouvidos. “Como diabos isso aconteceu?”

“Ira informou que estava doente para a enfermaria. O que quer que estivesse errado

com ele foi o suficiente para o médico da prisão enviar Ira para o hospital, junto com outro

preso doente. Eles fugiram quando estava a caminho.”

Isso não era bom, absolutamente nada bom. Seamus não duvidava que Ira voltaria

direito para Cade Creek e tentar fazer valer as ameaças que ele tinha feito contra toda a família

Blaecleah. O cara tinha dito que a família Blaecleah pagaria. Seamus temia que o cara pudesse

manter sua palavra.

“Agradeço por ter vindo para nos alertar, xerife. Vou garantir que Ma e Da e todos os

outros recebam a notícia.”

O xerife segurou a aba do chapéu e deu a Seamus um breve aceno de cabeça. “Faça

isso.”

Seamus quase choramingou quando o xerife se virou e começou a voltar para seu

caminhão. Ele não queria que o homem fosse embora, especialmente sabendo que essa poderia

ser a última vez que via John em muito tempo.

“Posso lhe oferecer uma xícara de café, xerife?”

“Obrigado de qualquer maneira, Seamus.” Os curtos cabelos louros cacheados roçaram

rosto barbudo do xerife quando ele balançou a cabeça. “Eu preciso voltar para o escritório. Sem

dizer o que pode acontecer se eu ficar fora muito tempo.”

Não havia nada que Seamus pudesse dizer sobre isso. Se o xerife não queria ficar,

Seamus não poderia forçá-lo. Seamus deu ao xerife um sorriso que ele realmente não se sentia e

viu o homem subir de volta para seu veículo.

Com a rapidez que o xerife virou a caminhonete e acelerou para fora da garagem,

Seamus teria pensado que o cara estava tentando escapar de um surto de peste ou algo assim.

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Seamus ficou olhando até o veículo de o xerife desaparecer e então voltou para dentro

da casa. Ele estava realmente cansado de se sentir como se ele tivesse algum tipo de doença,

sempre que ele estava perto do xerife.

Foi um beijo, um simples e apaixonado beijo de abalar a terra — em parte estimulado

pelo medo e adrenalina depois do carro do xerife ter sido explodido e parte devido à incrível

atração que Seamus tinha pelo bonito xerife.

Ele estivera cobiçando o homem desde que o xerife assumiu o cargo do antigo xerife.

Seamus nunca fez nada a respeito até o dia que John veio para ajudá-los quando a mãe de

Ruben tentou matar todos eles.

Ela queria a custódia da filha de Ruben, Alani, para que ela pudesse ganhar a herança

da criança. Quando as ameaças e intimidações não tinham funcionado, ela havia tentado matá-

los. Elijah, amante de Ruben, tinha sido baleado, o carro do xerife explodido, e o resto deles com

medo por suas vidas.

Seamus descobrira que beijar o xerife era apenas tão bom quanto olhar para ele. O

homem tinha abalado o mundo de Seamus e então o despedaçado quando ele disse que eles

precisavam conversar e indo embora e nunca mais voltado.

Seamus teria esquecido isso e até ignorado se o xerife não tivesse começado a

imediatamente evitá-lo depois. E então se o xerife não estava realmente interessado. Então o

quê? Tinha sido um erro honesto. Isso não significa que o xerife tinha que tratar Seamus como

se ele tivesse uma doença contagiosa.

Seamus suspirou e passou a mão pelos cabelos frustrado. Ele imaginou que isso não

importava de qualquer maneira. Ele estaria partindo em breve, e ele só iria ver o xerife quando

ele voltasse para casa para os feriados.

Ele tinha pensado muito sobre sua decisão de deixar o rancho da família. Foi difícil. Ele

nasceu aqui, lá em cima no quarto de sua Ma e Da. Todos os seus irmãos, exceto Lachlan, o mais

velho, tinham nascido aqui. Lachlan nasceu na Irlanda antes de Ma e Da virem pelo mar.

Esta era a casa de Seamus, a sua família.

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Mesmo depois de seus irmãos encontraram seus amantes e se casarem, todos eles

ficaram, vivendo em suas próprias casas no rancho. Todo mundo tinha se estabilizado, exceto

Seamus. Ele precisava de algo mais em sua vida, algo que ele não poderia encontrar aqui na

fazenda ou na cidade de Cade Creek, que era realmente muito ruim. Ele teria pensado sério em

desistir de seu sonho se o xerife estivesse interessado. Ele não estava, e Seamus estava indo

embora.

Ele só precisava contar a sua família.

*****

“Ma, Da, eu queria saber se eu poderia falar com vocês por um momento?”

Seamus estava nervoso. Ele se sentia como se ele estivesse dizendo a seus pais que ele

foi reprovado em todas as aulas no colégio. Ele cronometrou seu pedido para depois do jantar,

quando seus pais estariam relaxando na varanda da frente, e seus irmãos lá fora fazendo suas

próprias coisas.

“Claro, filho,” Da disse quando ele apontou para a cadeira ao lado dele, “sente-se e nos

conte o que passa em sua mente.”

Seamus rapidamente se sentou. Ele apoiou os braços sobre os joelhos e cruzou as mãos.

“Eu meio que estive pensando sobre algo por um tempo e agora eu tomei uma decisão. Estou

deixando o rancho.”

Assim que Seamus falou suas palavras, ele prendeu a respiração e esperou pelas

consequências. Quando Ma apenas continuou a tricotar e Da apenas ficou balançando em sua

cadeira, Seamus começou a se perguntar se eles tinham até mesmo o ouvido.

“Ma, Da, eu estou deixando o rancho, me mudando.”

“Nós ouvimos você, filho,” disse Da.

“Vocês não tem mais nada para dizer?”

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“Você disse que tomou uma decisão, Seamus,” Ma disse, levantando brevemente os

olhos de seu tricô. “Você é um homem crescido. Se você optou por deixar o rancho, essa é a sua

escolha. Vamos manter o seu quarto para você, é claro.”

“Eu não sei quando eu voltarei.”

Ma sorriu. “Nós ainda vamos manter seu quarto para você, Seamus.”

“Vocês nem mesmo querem saber por que eu estou indo embora?”

“Se você quiser nos contar, vamos ouvir, filho,” disse Da.

Seamus desejou ter mantido a boca fechada. Suas razões para sair pareciam certas

quando ele as refletia em sua mente. Tentando colocá-las em alguma ordem para explicá-las aos

seus pais era outra história.

“Eu quero uma família, mãe.” Infelizmente, o homem com quem ele queria essa família

não o queria. Era uma pílula amarga para engolir, mas nem todas as coisas acabavam felizes no

final. Seamus tinha uma forte suspeita de que John Riley era sua lenda. Ele simplesmente não

via um final feliz para eles como o resto de sua família tinha encontrado.

“Claro que sim, filho.”

“Eu não vou encontrar isso aqui.”

“Você nunca sabe o que você pode encontrar até que você procurar, Seamus.”

“Não, Da.” Seamus sacudiu a cabeça, resignado a ter que procurar fora de Cade Creek

pelo que ele queria. “Eu tenho certeza que eu não vou encontrar aqui.”

Seamus tinha quase certeza disso. Ele esteve procurando por anos.

Não havia nenhuma maneira no inferno que encontraria o que estava procurando aqui.

Os irmãos Blaecleah tinham muita reputação no Cade Creek. Todo mundo sabia quem eles

eram.

E todos sabiam que Seamus era gay. Isso não o deixava com muito espaço para

encontrar alguém que não tinha saído, flertado, ou pelo menos beijado um de seus irmãos.

Simplesmente não havia muitos homens gays em Cade Creek.

“Você sabe para onde está indo, filho?” Ma perguntou.

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Seamus deu de ombros. Ele realmente não tinha pensado nisso. Sua mente tinha estado

muito consumida em ir embora. “Eu não sei ainda. Eu ainda estou meio que olhando isso.”

Mas ele sabia a quem ele poderia ligar.

“Yancy disse que eu poderia dormir no seu sofá por um tempo, se eu precisasse.”

Bem, Yancy tinha realmente oferecido Seamus um lugar em sua cama, mas isso não era

o que Seamus estava procurando, ainda não. Ele queria descobrir o que ele faria com a sua vida,

antes que ele se envolvesse com alguém novo. Seu coração ainda estava machucado da rejeição

do xerife.

“É uma decisão sensata, meu filho?” Da perguntou.

“Eu gosto de Yancy.” Seamus riu. “Ele me faz rir.” Yancy era um cara legal. Ele tinha

até ajudado quando o clã Blaecleah tinha sido atacado por Janice McCallister, a mãe de Ruben.

Ele tinha ajudado a localizar o atirador e foi fundamental para mantê-los todos vivos.

“Rir é bom,” disse Ma. Ela sorriu e estendeu a mão para dar um tapinha na coxa de Da.

“Seu pai sempre me faz rir.”

“Mas isso é suficiente?” Da perguntou. “Há mais coisas na vida do que o riso, meu

filho.”

Seamus piscou para o pai, apenas olhando para ele. “Eu vou apenas dormir em seu

sofá, Da, não me mudar.”

“Uh-huh.”

Seamus tinha certeza que seus pais eram loucos. Eles tinham quase todos os seus filhos

ou morando junto com alguém ou casados. Seamus era o solitário esperando. Não que ele

quisesse ser um, mas não havia opções.

Ele pensou por um tempo que o xerife seria aquele, mas isso obviamente estava errado.

Yancy tinha se oferecido para ocupar o lugar do xerife, mas Seamus não achava que o homem

estivesse falando sério. A oferta de Yancy era principalmente de natureza sexual, e por mais que

Seamus achasse o homem atraente, ele queria mais do que um rolo rápido entre os lençóis.

“Eu preciso ir fazer as malas,” Seamus disse quando ele se empurrou de pé.

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Ele realmente não queria ter essa conversa com seus pais, especialmente quando isso

incluía quem ele poderia estar interessado, e isso parecia ser exatamente onde esta conversa

estava indo.

“Quando você planeja sair, meu filho?” Ma perguntou.

“Eu pensei em ir para a casa de Yancy amanhã. É fim de semana, e ele disse que iria me

mostrar o redor um pouco. Eu voltarei no domingo.”

“Certifique-se de você chegar em casa a tempo para o jantar de domingo, Seamus,”

disse Ma. “E traga Yancy, se quiser. Se você vai ficar com esse homem, eu acho que nós

devemos começar a conhecê-lo melhor. Nós não tivemos tempo suficiente para realmente

conhecê-lo quando ele esteve aqui antes.”

Seamus sorriu, contente que os pais dele parecia estar levando tão bem sua decisão de

se mudar. “Eu vou perguntar a Yancy.” Ele tinha certeza que Yancy aceitaria vir para o jantar.

O homem tinha elogiado a comida de Ma durante dias depois de ficar para o jantar após o

ataque de Janice McCallister.

“Eu vou fazer frango frito, purê de batatas e molho,” disse Ma.

Seamus balançou a cabeça em diversão enquanto ele entrava na casa.

Ele se perguntou se existia alguma coisa que perturbava seus pais. Eles sempre

pareceram tão calmos sobre tudo, mesmo se um de sua ninhada fosse embora.

A única vez que Seamus tinha visto qualquer um de seus pais em pé de guerra foi

quando um de seus filhos estava em apuros.

E, então, todo o inferno começava.

Os pés de Seamus estavam pesados enquanto ele subia as escadas para o quarto que ele

tinha vivido toda a sua vida. Ele abriu a porta e olhou ao redor. Considerando que ele viveu no

pequeno quarto por mais de trinta anos, ele estava limpo e bem organizado.

Talvez ele tivesse TOC ou algo assim. Ele odiava que as coisas estivessem fora do lugar.

A desorganização o deixava louco. Ele gostava de tudo em seu lugar, organizado e limpo.

Mesmo seus livros e vídeos estavam colocados na prateleira em ordem alfabética.

Sim, ele tinha problemas.

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Seamus entrou, se sentou na beirada da cama e pegou o celular. Suas mãos tremiam

quando ele ligou para o número do telefone de Yancy. Ele sabia que o homem prontamente o

tinha convidado para ir quando quisesse, mas, na verdade, fazer o telefonema era assustador.

“Ei, Yancy,” Seamus disse quando ouviu alguém atender na outra linha. “É Seamus

Blaecleah. Aquele convite para dormir em seu sofá ainda está valendo?”

A risada sexy e profunda de Yancy deslizou através da linha telefônica. “Tem certeza

que você não prefere meu quarto?”

Seamus riu. “Não no momento, Yancy.”

“Você não sabe o que está perdendo, doçura.” Havia um tom rouco na voz de Yancy

que em qualquer outro dia teria feito Seamus desmaiar de prazer. Só não hoje. “Eu posso

prometer que minha cama é muito mais confortável do que o sofá.”

“Sim, bem, eu provavelmente não sou um verdadeiro bom juiz do que é não é

confortável agora.”

“Bem.” Yancy suspirou profundamente como se seriamente ofendido pela recusa de

Seamus do que ele estava oferecendo. Felizmente, Seamus sabia que era tudo exagero. Bem, ele

esperava que fosse exagero. “Se você prefere o sofá, então eu acho que eu vou ter que aceitar

isso.”

“Obrigado, Yancy.”

“Sem problemas, doçura. Eu tenho que trabalhar hoje à noite, caso de divórcio

desagradável, mas eu vou estar em casa a maior parte de amanhã. Quando você vai chegar?”

“Eu vou fazer a mala agora. Vou pegar o resto das minhas coisas quando eu voltar para

o jantar de domingo, o que me lembra, Ma quer que você venha para o jantar de domingo. Ela

diz que desde que eu vou ficar com você, ela quer te conhecer melhor.”

“Jantar de domingo?” A voz de Yancy saiu em um pequeno guincho, como se alguém

tivesse acabado de lhe dizer que ele teria farpas de bambu enfiadas debaixo das suas unhas.

“Ma vai fazer frango frito, purê de batatas e molho.”

“Frango frito?” A voz de Yancy estava muito mais acentuada quando ele respondeu

dessa vez. “Oh, eu estarei presente.”

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Seamus sorriu. Yancy era praticamente um grande estômago. “Eu imaginei que você

poderia dizer isso.”

“Então, quando eu posso esperar por você, cara?”

Seamus segurou o telefone firmemente em sua mão quando a percepção que ele estava

realmente pensando em sair do único lar que tinha conhecido o invadiu. “Eu devo estar aí por

volta do meio dia de amanhã.”

“Ok, Seamus, até lá então. Se eu não atender a porta de imediato, apenas bata mais

forte. O negócio desta noite pode levar algumas horas, então eu poderei estar dormindo pela

manhã.”

“Ok, eu vou vê-lo então.” Seamus desligou o telefone e ele caiu em cima da cama. Seu

coração afundou quando ele olhou ao redor de seu quarto. Quanto tempo realmente poderia

levar para arrumar uma vida inteira de posses?

*****

John fez uma careta ao ouvir a voz em sua secretária eletrônica jorrando uma longa

série de ameaças. Se metade do que seu perseguidor disse que faria com ele fosse possível, John

estaria muito mais preocupado do que já estava.

Ainda assim, ele não podia desconsiderar as ameaças ao mesmo tempo. Elas estavam

ficando cada vez mais detalhadas a cada dia que passava, e elas vinham em uma base quase

diária agora. No início, John tinha pensado na primeira ameaça como um trote. Com cada nova

mensagem, o medo de que elas não poderiam ser ameaças vazias tinha começado a preencher

John.

Ele havia sido ameaçado antes. Todo oficial da lei provavelmente tinha. Normalmente,

era só conversa. Estas estavam começando a ir de além de simplesmente falar. Ele tinha

encontrado um gato morto na varanda da frente algumas semanas atrás, exatamente como o

ameaçador tinha dito.

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A Sra. Cleary amava aquele maldito gato.

John tinha realmente esperado que fosse apenas um adolescente que ele havia prendido

por beber ou algo assim, fazendo ameaças para conseguir que John retirasse as acusações. Isso

era muito pior. Essas eram ameaças verdadeiras contra sua vida e a vida de qualquer pessoa

que ele se preocupava.

Ele gostava daquele gato, que, suspeitava, era por isso que a maldita coisa estava morta.

Mas isso também lhe dizia que alguém o estava observando. Ninguém, exceto a Sra. Cleary,

sabia que ele secretamente alimentava o gato todas as noites quando ele chegava em casa do

trabalho.

Se alguém o estava observando, então qualquer um com quem ele entrasse em contato

fora do seu trabalho poderia estar em perigo. A mente de John foi imediatamente para o único

homem que tinha o poder de destruí-lo, se alguma coisa acontecesse com ele.

Seamus Blaecleah.

O homem fazia os dentes de John doerem apenas de olhar para ele. Seamus era tão

deslumbrante que a primeira vez que ele o viu, John quase tinha engolido a língua. Não tinha

ficado muito melhor depois disso. Seamus ainda tinha a capacidade de fazer respiração de John

de fugir de seus pulmões com um único olhar.

Beijar Seamus tinha sido melhor do que qualquer orgasmo que John já tinha

experimentado. Ele queria beijá-lo repetidamente até que ambos desmaiassem por falta de

oxigênio. O fato que Seamus parecia querer seus beijos só tornavam as coisas melhores.

Ele só precisava lidar com esta pequena situação, e então ele poderia reivindicar

Seamus como seu coração exigia que ele fizesse. A mágoa que ele tinha visto no rosto de

Seamus hoje quando ele não ficou para tomar um café quase esmagou John.

Ele não conseguia pensar em nenhuma coisa que ele queria mais do que passar um

tempo com Seamus, mas colocá-lo em perigo por alguns momentos roubados não valia a pena.

Até John descobrir quem o estava ameaçando e aqueles com quem ele se preocupava — ou seja,

Seamus — estar com o homem poderia acabar com Seamus sendo ferido ou pior.

E nada valia isso.

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Ele apenas esperava que Seamus esperasse por ele.

Frustrado além da razão no rumo que sua vida estava indo, John empurrou a mão pelo

cabelo, e pegou o arquivo do caso que ele estava trabalhando nas últimas semanas. A maior

parte de sua pesquisa e investigação havia sido feita em suas horas de folga, porque ele não

queria que ninguém soubesse o que ele estava fazendo. Se a notícia se espalhasse, a sua

investigação poderia ser prejudicada, e ele sabia disso.

O xerife Miller era sujo.

Todo mundo sabia disso.

John iria provar isso.

Ele passou a maior parte da próxima hora revisando um conjunto de arquivos que ele

tinha trazido para casa do trabalho. Ele sabia que a resposta estava em algum lugar nos

arquivos de casos antigos. Ele só precisava encontrá-la.

Ele se deparou com um arquivo em particular que atraiu o seu interesse. Era um caso de

desmanche, que supostamente o xerife Miller tinha resolvido, levando os bandidos à justiça e

fechando o desmanche.

O único problema que John via no arquivo é que ele conhecia aquela oficina mecânica.

Ela esteve em atividades por anos. A Auto Repair de Murphy ainda estava em atividade. Se ela

tinha sido fechada por roubar veículos e vender as peças, por que as portas ainda estavam

abertas?

John distraidamente pegou seu telefone celular quando ele tocou. Ele rapidamente

notou que era bem depois de dez horas da noite quando ele levou o telefone para sua orelha.

Quem diabos estaria ligando a essa hora da noite?

“Hey, Xerife,” a voz do outro lado disse. “Sinto muito incomodá-lo tão tarde, e em

casa.”

John gemeu, apenas por saber que sua noite tinha começado a ficar muito mais longa.

“Está tudo bem, Webber. O que está acontecendo?”

“O chefe dos bombeiros me pediu para ligar para você. Ele está em um local de um

incêndio suspeito e quer que você vá até lá.”

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“Ok.” John fechou o arquivo e se levantou, pegando sua jaqueta. “Onde eu estou indo?”

“Auto Repair de Murphy.”

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Capítulo Dois

Yancy gemeu e enterrou a cabeça mais profundamente debaixo de seu travesseiro. Ele

sentiu como se tivesse acabado de cair na cama. A única coisa que lhe dizia que ele tinha

conseguido mais de cinco minutos de sono era a luz extremamente brilhante que brilhava

através da janela do seu quarto.

Ele sabia que deveria ter colocado cortinas.

Espere.

As sobrancelhas de Yancy reuniram quando ele tirou sua cabeça debaixo do travesseiro

e a levantou no ar, inclinando-a ligeiramente para o lado para que ele pudesse ouvir melhor.

Yancy gemeu e jogou a cabeça para trás em seu travesseiro, de cara.

Maldição.

Alguém estava batendo na sua porta da frente.

Será que as pessoas não entendiam o conceito de sono? Quem diabos estaria batendo

em sua porta nesta maldita hora e por quê? Eles estavam seriamente corendo risco de vida.

Quando a batida não desapareceu magicamente, Yancy chutou as cobertas e rolou para o lado

da cama. Ele esfregou os olhos sonolentos, enquanto se levantava e tropeçava pelo corredor em

direção à porta da frente.

Ele mataria alguém — lentamente e dolorosamente. O trabalho de vigilância que ele

tinha feito na noite passada tinha levado uma eternidade. Não foi até as primeiras horas da

manhã que ele tinha conseguido as fotos incriminadoras que sua cliente queria. Ele se arrastou

para a cama assim que o sol estava começando a aparecer, e ele queria voltar para a cama até

que essa porcaria desaparecesse de vista.

“O quê?” Yancy rosnou quando ele puxou a porta aberta.

“Uh... Yancy?”

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Yancy franziu a testa confuso. “Seamus?” Por um momento, Yancy pensou que sua falta

de sono tinha evocado o homem dos seus sonhos e o colocando do outro lado de sua porta. No

olhar hesitante de Seamus, Yancy passou a mão pelo rosto e tentou se lembrar de que Seamus

tinha recusado seu convite para se juntar a ele na cama — o que significava Seamus estava aqui

por outro motivo.

Duas vezes maldição.

“Você disse para continuar batendo até que você abrisse a porta,” disse Seamus,

hesitante.

A realização bateu em Yancy como um trem de carga. “Porra, Seamus, eu sinto muito.

Fiquei acordado até a madrugada desta manhã em uma missão. Eu esqueci completamente que

você estava vindo.”

“Quer que eu volte depois que você dormir um pouco?”

“Não, cara.” Yancy riu e recuou. “Vamos entrar.”

“Você tem certeza?”

“Sim, eu tenho certeza.” Yancy tinha certeza que ele queria que Seamus entrasse. Ele

preferiria que Seamus entrasse e continuasse direito pelo corredor até seu quarto, mas o homem

tinha deixado mais do que claro que ele não estava procurando por algo mais do que um

amigo.

Então, Yancy seria seu amigo até Seamus tirar o xerife John Riley de seu sistema... e

então ele avançaria para preencher o espaço vazio que o xerife tinha deixado na vida de

Seamus.

Idiota.

Realmente não havia outra maneira de descrever o xerife. O homem tinha que ser um

idiota completo. Qualquer pessoa que conhecia Seamus Blaecleah podia ver que ele era um bom

partido. Além do fato de que o homem era de tirar o fôlego com seus cabelos castanhos

chocolate escuro e profundos olhos cor de esmeralda, ele era inteligente, engraçado e

simplesmente tão quente quanto ele poderia ser.

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O xerife teve a chance de agarrar Seamus, e ele estragou tudo. Yancy não seria tão

estúpido. Ele não estava procurando um relacionamento quando ele respondeu ao chamado de

ajuda de Elijah James. No minuto que ele conheceu Seamus, tudo isso mudou. O homem

preenchia cada uma das fantasias noturnas de Yancy e mais algumas.

“Onde devo colocar minha mala?” Seamus perguntou quando ele se virou para olhar

para Yancy.

Yancy quase franziu o cenho quando notou o pequeno tamanho da mala. Ele estava

esperando por algo maior, algo que poderia indicar que Seamus ficaria por mais tempo. Uma

pequena mala significava que Seamus estaria voltando para casa mais cedo do que previsto.

“Apenas a jogue no chão, perto do sofá. Eu vou limpar um armário para você antes de

nós voltarmos para o jantar de domingo.” E esperar convencer o homem a arrumar o resto de

seus pertences e trazê-los de volta.

“Legal.”

Yancy apertou os lábios para não gemer quando Seamus se virou e atravessou a sala. As

calças de brim do homem poderiam ficar mais apertadas? Yancy gostaria de saber se Seamus

estava até mesmo conseguindo oxigênio para seu cérebro. Seus jeans eram praticamente

pintados.

“Ei, você está bem?”

Yancy sentiu seu rosto corar quando Seamus o pegou olhando boquiaberto. “Sim, eu

estou bem, cara. Só um pouco cansado,” ele disse rapidamente, esperando que Seamus não

tivesse notado seu deslize. Ele deveria ser amigo do homem, não o seu perseguidor. “Eu tive

que esperar horas para que esse cara escorregasse para ver sua amante na noite passada.”

“O caso de divórcio?”

Yancy assentiu. “Sim, negócio desagradável.”

“Você conseguiu o que você precisava?”

Yancy riu. “Oh, sim. Eu tenho o que eu precisava e mais um pouco. Se isso não der à

esposa o que ela quer do divórcio, eu vou comer a minha licença de detetive.”

Seamus fez uma careta. “Tão ruim assim?”

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Yancy deu de ombros. “Ela se casou com um homem vinte anos mais novo do que ela e,

colocou seu nome em todas as contas de despesas dela. Ele está usando o dinheiro dela para

financiar suas festinhas com mulheres mais jovens. Eu já localizei três amantes e uma garota de

programa que ele vê em uma base regular. Ele estará ferrado assim que os advogados da esposa

colocar as mãos em minhas fotos.”

“Nossa, como você faz isso dia após dia?” Seamus se sentou no sofá. “Eu acho que eu

estaria arrancando meu cabelo em uma semana. Não faz a sua pele se arrepiar?”

“Nem todos os meus casos são tão ruins, realmente não. A maioria deles são casos de

divórcio, com certeza, mas alguns deles são um pouco melhor que isso. Eu ainda faço um pouco

de trabalho para o departamento quando eles precisam de alguém para investigar algo que eles

não podem.”

“Eu não posso imaginar o processo do trabalho policial de tirar fotos de casais sendo

infieis.” Seamus esfregou a mão sobre o estômago. Seus lábios se curvaram nos cantos como se

ele tivesse um gosto desagradável na boca. “É algo que me deixa enjoado, sabe?”

“Nem todo mundo é tão feliz quanto seus pais ou irmãos, Seamus. É preciso alguém

especial para ver que um casamento é uma bênção.”

Oh, olhe para mim sendo todo filosófico e merda.

“Você realmente vê o casamento assim?” Seamus perguntou quando ele olhou para

Yancy, a curiosidade estampada em suas sobrancelhas levantadas.

“Sim, eu imagino que sim. Eu vi muita coisa ruim na minha linha de trabalho, tanto na

força e fora dela. Mas eu também vi muitas coisas boas. Sua família é um exemplo perfeito. Eu

nunca conheci uma família mais unida na minha vida. Não importa o que está acontecendo,

todos vocês permanecem unidos, sem questionar.”

O que realmente fazia Yancy se perguntar por que Seamus tinha saído. Lá no fundo ele

sabia a resposta. Seamus tinha saído por causa de seus sentimentos por John Riley. Mas Yancy

ainda não conseguia entender por que alguém iria deixar uma família como os Blaecleah. Se

eles pertencessem a ele, ele nunca colocaria os pés fora do rancho.

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“Ei, olhe.” Yancy esfregou a parte de trás de seu pescoço e olhou para qualquer lugar,

exceto para Seamus. Ele não queria que o homem visse o quanto ele o queria. Não faria dele um

verdadeiro bom amigo por cobiçar o cara. “Eu preciso de algumas horas a mais de sono. Você

acha que você pode se ocupar por um tempo?”

“Você tem TV a cabo?”

Yancy riu. “Claro que sim.”

“Então, eu estou bem.”

Maldição, ele estava. Ele era precioso.Yancy quase gemeu novamente.

“Legal. A geladeira está cheia, então se você ficar com fome, vá em frente e invada a

maldita coisa. O banheiro é no corredor, primeira porta à direita. As toalhas estão no armário no

final do corredor. Se você precisar de alguma coisa, é só bater na minha porta.”

“Eu vou ficar bem, Yancy.” Seamus sorriu. “Volte para a cama.”

“Cama.” Yancy respirou profundamente com o pensamento de Seamus em sua cama.

“Certo. Ok, eu vou.”

Yancy se moveu para trás até ele bater contra a parede, então tropeçar quando ele se

virou e caminhou pelo corredor. O profundo e agradável riso de Seamus o seguiu pelo

caminho. Yancy fechou a porta do quarto e encostou a cabeça contra a madeira fria.

Ele não tinha ideia de que quando ele fez a oferta para Seamus dormir em seu sofá, o

homem iria realmente o ocupar. Agora, o que ele iria fazer? Ele realmente não sabia quanto

tempo ele poderia ter Seamus por perto antes que ele começasse a dar em cima do cara.

Inferno, neste momento ele estava pronto para simplesmente declarar abertamente que

queria Seamus em sua cama. E se isso não o faria parecer um completo idiota. Seamus

provavelmente correria gritando todo o caminho de volta para o rancho de sua família — e

direto para os braços do xerife John Riley.

Aborrecido com sua falta de controle, Yancy se afastou da porta. Ele atravessou o

quarto e se jogou na cama, enterrando a cabeça debaixo do travesseiro.

Ele estava tão incrivelmente fodido.

20
*****

Yancy franziu a testa lentamente quando ele despertou. Algo cheirava muito bem, o que

era estranho, já que Yancy não era muito de cozinhar... e ele ainda estava na cama. Ele levantou

a cabeça e farejou o ar. Ele cheirava bacon, ovos e... pãezinhos de canela?

Yancy rolou para fora da cama novamente, sentindo uma sensação de déjà vu. Ele fez

uma rápida visita ao banheiro para urinar, escovar os dentes e passar um pente pelo cabelo. Ele

pegou seu jeans da extremidade da cama e os puxou pelas suas pernas, apenas se lembrando de

que ele havia recebido Seamus de cuecas quando ele fechou as calças.

Oh bem.

Se Seamus iria ficar aqui, era melhor ele se acostumar com isso. Ele, na verdade, teve

uma espécie de sorte. Yancy geralmente dormia nu. Ele estava muito cansado da noite anterior

para tirar a cueca. E não teria sido interessante se ele tivesse respondido a porta com o pau

balançando livre?

“Algo cheira bem,” Yancy gritou quando ele saiu de seu quarto. Ele contornou a

esquina que levava a sua cozinha exatamente quando Seamus se inclinou e começou a puxar

algo fora do forno.

Yancy gemeu e apalpou seu rosto. Isso nunca daria certo se Seamus ficasse se curvando.

O homem tinha uma bunda fantástica, e era exibida em seu jeans apertado cada vez que ele se

movia. Yancy precisava investir em algumas roupas largas para Seamus, ou algumas viseiras

para ele mesmo.

“Eu espero que você goste de canela,” Seamus disse enquanto colocava uma bandeja

em cima do fogão.

“Adoro.” Inferno, ele adorava qualquer coisa que ele não tivesse que cozinhar. “Isso

cheira muito bem.”

“Sente-se,” Seamus disse, apontando para a mesa com a espátula na mão. “Tudo está

quase pronto.”

21
Yancy olhou para a mesa. Suas sobrancelhas se ergueram quando ele viu a mesa bem

arrumada. Dois pratos estavam colocados frente um do outro. Havia uma jarra de suco de

laranja, um prato de torradas, alguns ovos e bacon. Seamus também incluiu manteiga, geleia, e

algum tipo de glacê branco.

Seamus não tinha se esquecido de nada.

“Droga, Seamus, você vai ser uma esposa maravilhosa para alguém um dia desses.”

“Engraçado.” Seamus bateu no ombro de Yancy, enquanto se aproximou com o prato

de pãezinhos de canela e os colocou sobre a mesa. Ele se sentou em uma das cadeiras e fez um

gesto para a outra. “Bem, venha. Está esfriando.”

Yancy ouviu seu estômago roncar quando ele puxou a cadeira que Seamus tinha

indicado e se sentou. Seamus riu, e o rosto de Yancy ficou quente. “Eu não costumo comer

assim.”

“Ah, é?”

“Além de não ter muito tempo, eu sou mais propenso a me envenenar se eu tentar

cozinhar qualquer coisa que não venha de uma caixa.” Yancy balançou as sobrancelhas e sorriu

para Seamus. “O micro-ondas é meu amigo.”

Seamus torceu o nariz em desgosto. “Cara, essa merda vai te matar.”

“Assim como a minha comida.”

Yancy encheu seu prato, garantindo que ele deixou o suficiente para Seamus comer. Ele

não queria parecer um porco total, mesmo se ele pudesse comer tudo à vista sem pestanejar. Ele

era um menino grande, com uma grande barriga.

Yancy deu sua primeira mordida do fresco rolinho de canela e gemeu. “Oh meu Deus,

Seamus. Se você não se casar comigo, eu vou me matar. Eu nunca provei nada tão bom na

minha vida.”

“Pare de palavrões.” Seamus bateu no topo da cabeça de Yancy com um pegador de

panela. “Ma acabaria com sua bunda se ela ouvisse você falando desse jeito.”

Yancy piscou enquanto olhava para Seamus em choque.

22
Quando foi a última vez que alguém o repreendeu pelos seus palavrões? Inferno,

quando foi a última vez que alguém teve a coragem de repreendê-lo por alguma coisa? Com um

metro e noventa e oito de altura, poucas pessoas tinham bolas tão grandes.

Claro, Yancy não perdeu o fato de que Seamus ignorou sua proposta de casamento.

Ambos sabiam que ele estava brincando — na maior parte. Nenhum deles estava pronto para

um relacionamento sério, muito menos um casamento. Yancy meio que queria conhecer o cara

primeiro.

Então eles falariam sobre casamento.

“Foi sua mãe que te ensinou a fazer pãezinhos de canela?” perguntou Yancy, só para

começar a conversa novamente.

“Não, na verdade foi meu Da. Ma pode cozinhar as melhores coisas, mas pãezinhos de

canela são a especialidade de Da. Ele costumava fazê-los na manhã de Natal, antes de levantar.

Nós esperávamos por eles durante todo o ano.” Seamus sorriu de repente. “Eu ainda penso em

Natal cada vez que eu sinto o cheiro de canela. Os dois meio que andam juntos.”

“Vou me lembrar disso.” E ele se lembraria. Yancy não achava que ele nunca esqueceria

nada sobre Seamus. Ele estava fascinado pelo homem.

“O que você faz no Natal?”

Yancy deu de ombros. “Assisto futebol, principalmente.”

“Futebol?”

“Meu pai morreu quando eu era jovem, ataque cardíaco, e mamãe não tinha tempo para

os feriados. Ela trabalhava em dois turnos, um no hospital e outro em um consultório médico.

Ela era uma enfermeira. Ela geralmente pegava os turnos dos feriados, mas também porque eles

pagavam uma hora e meia.”

Seamus franziu a testa, parando com o garfo a meio caminho de sua boca. “Vocês não

comemoravam o Natal?”

“Eu não quis dizer isso. Era apenas um pouco diferente do que você está acostumado.

Minha mãe sempre fazia questão que tivéssemos um jantar especial quando ela chegava em

casa, mas não era a grande festa que todos vocês estão acostumados.”

23
“Eu sinto muito,” disse Seamus enquanto seus olhos abaixavam.

“Não sinta.” Yancy acenou com a mão com desdém e pegou outro rolinho de canela.

“Minha mãe trabalhava muitas horas, mas ela estava em casa todas as noites para me colocar na

cama e garantir que eu fiz meu dever de casa.”

“Quando você a perdeu?”

Yancy piscou. “Oh, ela não está morta.”

“Mas...” Seamus franziu a testa novamente. “A forma como você fala sobre ela...”

Porra, ele podia ser um completo jumento as vezes. “Oh, não, ela está aposentada agora.

Ela conheceu meu padrasto cerca de dez anos atrás. Ele era um paciente no consultório onde ela

trabalhava. Ele deu uma olhada nela e se apaixonou loucamente, encantando Mamãe

imediatamente. Eles estão em um cruzeiro na Grécia neste momento, vivendo de luxos.”

“Oh, bem, eu estou feliz que você não a perdeu. Parece que ela é uma verdadeira

senhora especial.”

“Ela é.” Yancy sorriu. “Meu padrasto não é muito ruim. Ele não é meu pai, mas ele

tenta e ele adora Mamãe, então eu acho que isso é que é importante. Ele cuida bem dela e a faz

feliz.”

“Isso é bom.”

“Sim.”

Yancy empurrou um grande pedaço de rolinho de canela em sua boca para não ter que

dizer qualquer outra coisa. Ele estava começando a parecer como um idiota novamente. Ele só

precisava manter a boca fechada antes que ele dissesse algo totalmente irresponsável que ele

não poderia retirar — como oferecer a Seamus um lugar em sua cama novamente.

Ele tinha servido no Exército durante seis anos. Ele foi um detetive de homicídios. Ele

tinha lutado contra bandidos, rastreado assassinos, e tinha até mesmo sido baleado uma vez. E,

no entanto, cada vez que ele estava por perto Seamus, ele ficava com língua presa.

Ele nunca ganharia Seamus desta forma. Ele ficaria feliz se Seamus ficasse o restante do

dia. Do jeito que o cérebro de Yancy parecia derreter cada vez que olhava para o cara, Seamus

teria certeza em pensar de que ele estava louco pelo pôr do sol.

24
“Então, o que você faz por aqui para se divertir?”

Oh homem. Yancy revirou os olhos e rapidamente enfiou outro pedaço de rolinho de

canela em sua boca. Estou tão fodido.

25
Capítulo Três

Seamus sorriu enquanto observava Yancy comer. Era bom ver alguém apreciando tanto

sua comida. Isso não acontecia muitas vezes. A cozinha era uma espécie de domínio de Ma, e

ninguém era estúpido o suficiente para lutar por ela. Isso não dava a Seamus muita chance de

mostrar suas habilidades na cozinha, que ele tinha aprendido com os seus pais.

“Você não respondeu a minha pergunta, Yancy. O que você faz para se divertir por

aqui?” Seamus engoliu em seco quando os ombros enormes de Yancy se moveram quando o

homem deu de ombros. Exatamente o que o cara comia para ficar tão grande? Rochas?

“Eu passo muito tempo trabalhando, Seamus,” Yancy disse finalmente. “No meu tempo

ocioso, eu gosto muito de vegetar.”

“Vegetar?” Seamus sabia o que a palavra significava, mas ele não tinha certeza se ele se

lembrava de fazer alguma ver. Ser preguiçoso em um ambiente de trabalho do rancho apenas

não era permitido. Havia sempre algo para fazer — barracas de estrume, empilhar lenha, freios

e selas para limpar, algo assim. “Defina vegetar.”

A mandíbula de Yancy caiu enquanto ele olhava boquiaberto com Seamus. “Você nunca

vegetou antes?”

“Na verdade não.”

“Oh, doçura, você não sabe o que está perdendo.”

Seamus sentiu o canto de sua boca subir quando ele sorriu. “Então me mostre.”

Ele não entendeu exatamente o repentino olhar inquieto e aflito que apareceu no rosto

de Yancy, mas ele tinha sumido antes que ele pudesse realmente entender. “Ok, que tal eu lhe

mostrar o bairro, já que você vai ficar aqui.”

“Isso é vegetar?”

Yancy deu de ombros, os ombros enormes se movendo novamente, mas desta vez, cada

músculo estava em exposição, já que o homem não usava uma camisa. Seamus ficou olhando

26
enquanto ele vasculhava seu cérebro tentando se lembrar de que diabos eles estavam falando e

por isso importava.

Droga.

“Seamus?”

Seamus olhou para cima, seu rosto corando quando percebeu que Yancy tinha falado

com ele e ele tinha se distraído totalmente. Inferno, quem não iria diante de todos esses

deliciosos músculos?

“Você está bem, cara?”

“Sim.” Seamus sorriu abertamente enquanto agarrava para as travessas vazias na mesa,

se levantou e começou a levá-las para a pia. “Eu estava pensando sobre essa misteriosa coisa de

vegetar que você estava falando. Eu não tenho certeza que eu já ouvi sobre isso antes.”

Yancy riu, o que era incrivelmente uma beleza no homem. Fazia seus olhos cinza

esfumaçados parecer mais brilhantes, enquanto dançavam com vida. “Você vai adorar, acredite

em mim.”

“Bem,” — Seamus acenou com a mão em direção ao corredor — “por que você não vai

tomar um banho e se vestir enquanto eu cuido desses pratos? Então podemos sair e você pode

me mostrar essa sua coisa de vegetar.”

“Oh, eu posso ajudar,” Yancy disse enquanto ele empurrava mais um pedaço de

rolinho de canela em sua boca e pegava seu prato.

“Yancy, vá. Eu cuido disso.”

“Mas — ”

Seamus levantou uma sobrancelha quando ele se virou, encostando-se ao balcão e

levantando a espátula na mão de uma maneira ameaçadora. “Yancy Butler, eu preciso me

repetir?”

O atônito olhar boquiaberto no rosto do homem valeu o sentimento que Seamus tinha

que ele estava de alguma forma fisicamente canalizando sua mãe. Seamus apontou a espátula

em direção ao corredor. “Vá.”

“Sim, senhor.”

27
Seamus apertou os lábios para não rir quando Yancy se inclinou para frente tanto

quanto podia e cuidadosamente colocou seu prato no balcão, e então correu para fora da

cozinha, como se os cães do inferno estivessem mordendo seus calcanhares.

Ele esperou até ouvir o chuveiro ligado antes de voltar para a pia para terminar de

limpar os pratos e colocá-los na máquina de lavar. Ele tinha acabado o último dos alimentos e

arrumado a mesa quando Yancy saiu do quarto vestido com o mais maldito par apertado de

jeans e camiseta que Seamus já tinha visto. Elas estavam moldadas no corpo de Yancy de uma

forma que deveria ser ilegal.

Seamus engoliu em seco para não engasgar com sua língua.

“Eu estava pensando que poderíamos ir até o calçadão e olhar alguns dos estandes que

tem lá. Depois disso, deverá ser praticamente a hora do almoço, e tem um pequeno café na

calçada que eu gostaria de levá-lo.”

Bem, obviamente, oxigênio estava chegando ao cérebro de Yancy, apesar da roupa

apertada. Seamus piscou para tirar a visão sexy de seus olhos e sua mente fora de coisas

obcenas, e acenou com a cabeça.

“Parece um bom plano.” Seamus se virou para a pia e começou a lavar suas mãos

apenas para fazer algo além de comer Yancy com os olhos — porque foda, se o homem não era

digno de comer com os olhos. Ele devia estar aqui para começar uma nova vida, não foder com

o cara legal o bastante para lhe dar um lugar para dormir por algumas noites.

“Está tudo bem, Seamus?”

“O quê?” Seamus olhou por cima do ombro para ver Yancy olhando para ele, com um

brilho crítico de preocupação em seus olhos. “Sim, eu estou bem. Por quê?”

“Eu não sei. Você parece meio distraído.” Yancy desviou o olhar, seus olhos indo para o

chão. “Pensando no xerife de novo?”

Certo, o xerife.

Seamus tinha esquecido que ele não apenas disse a Yancy sobre sua paixão pelo xerife

de Cade Creek, mas o homem tinha sido testemunha do beijo do século. “Não.” Seamus

28
balançou a cabeça, porque o xerife era a coisa mais distante de sua mente. “Eu estava pensando

em todas as coisas que eu precisava embalar para trazer para cá.”

E como fodidamente sexy você parece nessas roupas.

“Ah, bom, então.”

“Vou precisar de um casaco?” Seamus perguntou apenas para mudar de assunto.

“Não,” Yancy disse indiferente, sua voz soando muito mais normal. “O clima tem sido

muito bom nos últimos dias, e não vamos ficar fora o dia todo. Além disso, não vamos tão

longe. Se precisamos de nossos casacos, vamos voltar e pegá-los.”

“Ok.” Seamus desligou a água e rapidamente enxugou as mãos. Quando ele não

conseguiu descobrir o que mais fazer, ele se virou para Yancy. “Então, para onde estamos indo,

e como isso irá me ensinar a vegetar?”

Os olhos cinzentos de Yancy brilharam com diversão enquanto ele ria. “Vamos, rapaz

do interior. Deixe-me te mostrar como fazemos na cidade.”

Uau, essa era que uma provocação, uma que Seamus preferiu ignorar. Ele seguiu Yancy

pela porta da frente, esperando enquanto o homem trancava a porta, em seguida, os dois se

dirigiram pela calçada em direção ao calçadão. Seamus manteve as mãos enfiadas nos bolsos da

calça jeans para não agarrar Yancy.

Não foi nada fácil.

“Você tem vivido aqui há muito tempo?” ele perguntou apenas para ter algo para se

concentrar em vez de seus hormônios em fúria.

“Neste apartamento, você quer dizer?”

Seamus concordou.

“Alguns anos, eu acho. Eu costumava ter um lugar muito agradável do outro lado da

cidade, mas eu desisti dele quando as contas se tornaram maior do que o meu salário.”

“Eu posso ajudar com as contas enquanto eu estiver aqui.” Seamus não era um parasita.

“Não se preocupe com isso. Eu estou bem.”

“Sério, Yancy, se eu vou acampar em sua casa, então eu deveria ajudar com as contas.

Da arrancaria minha pele se eu tirar proveito de você.”

29
Yancy deu a Seamus um aceno casual, dizendo que ele não iria ganhar esta rodada.

“Seamus, você não poderia se aproveitar de mim se você tentasse. Eu não estou preocupado

com isso.”

Bom Deus, o homem era teimoso. “Yancy — ”

“Se você sente que tem que ajudar, me faça um pouco mais daqueles deliciosos

pãezinhos de canela. Aqueles estavam excelentes.”

Seamus piscou. “Você acabou de usar a palavra excelente?”

Os dentes brancos de Yancy brilharam na luz do sol quando ele inclinou a cabeça e

sorriu. “Sim.”

Seamus revirou os olhos. “Menino da cidade.”

“Rato do interior.”

Seamus sorriu. Ele gostava deste lado de Yancy. Ele só não esperava isso. Yancy era um

detetive da cidade grande, e agora ele investigava as relações desagradáveis de pessoas que não

podiam manter seus paus dentro de suas calças. A última coisa que Seamus esperava era Yancy

ser uma criança no coração.

“Eu adoro vir aqui nos finais de semana,” Yancy disse quando ele virou uma esquina e

o calçadão se abriu na frente deles.

As pessoas estavam se movendo sobre seus negócios, alguns caminhando e

conversando, outros visitando um ao outro, e mais pessoas estavam paradas nos estandes que

cobriam o calçadão, comprando itens artesanais de todos os tipos.

“Uau.”

“Isso não é nada. Nos fins de semana, há o dobro de estandes. Eles têm uma feira de

agricultores aqui todos os sábados e domingos. Há música, peças de rua, e comida suficiente

para alimentar um pequeno país.”

“Isso é tão legal,” Seamus disse enquanto ele olhava ao redor. Somente os cheiros eram

intensos. O cheiro de churrasco de carne enchia o ar, enquanto eles caminhavam por um

estande. Bolos fresquinhos vinham de outro. Seamus tinha certeza que ele até mesmo sentiu o

cheiro de chocolate amargo pairando no ar.

30
“Eles precisam de algo assim em Cade Creek.”

Seamus podia pensar em várias pessoas que poderiam abrir estandes em um mercado

de fim de semana. Ma e Billy poderia vender seus tomates. Mark Bozeman poderia vender os

brinquedos que esculpia à mão. Da poderia até mesmo ser capaz de vender os seus pãezinhos

de canela. Seamus sabia que ele iria comprá-los.

Além de toda a comida, eles poderiam ter pessoas tocando música. Seria ótimo para a

comunidade. Além dos almoços semanais na igreja, não havia muitos encontros regulares em

Cade Creek. Essa coisa de mercado no final de semana seria perfeita.

“Eu vou ter que mencionar isso para Ma e Da neste domingo. Eu acho que algo como

isso seria ótimo para Cade Creek.”

“Eu sei que eu adoro. Há sempre algo para fazer ou ver, mesmo quando é durante a

semana.”

Seamus seguiu Yancy pelo calçadão, parando aqui e ali para comprar um presente que

ele pensou que alguém de sua família gostaria. Ele ficou surpreso com a grande variedade de

artigos que poderiam ser encontrados, especialmente se isso era apenas a metade dos estandes.

Ele não podia esperar para ver como um fim de semana parecia.

“Cansado?” Yancy perguntou depois de algumas horas.

“Eu gostaria de algo para beber.”

“Podemos beber alguma coisa por aqui.”

Curioso sobre o misterioso sorriso no rosto de Yancy, Seamus o seguiu até um estande

colorido a vários metros de distância. Seamus ficou um pouco chocado com o pequeno rapaz

atrás do balcão, com seus vários piercings, cabelo verde espetado, e o delineador preto e grosso

ao redor dos olhos, mas enfim.

“Ei, Yancy, o que vai ser hoje?”

Yancy sorriu. “Hey, Chester, este é meu amigo Seamus. Ele é de Cade Creek. Eu o estou

apresentando para a vida da cidade grande.”

Chester?

Sério?

31
O nome deste pequeno rapaz era Chester? Ele não se parecia com um Chester. Parecia

um Zippy ou Zane, algo totalmente o oposto de Chester.

“Ei, cara,” Chester disse quando ele estendeu a mão, “é bom conhecer um amigo de

Yancy. Ele não os traz aqui com muita frequência.”

Bom saber.

“Seamus Blaecleah.” Ele estendeu a mão e apertou a mão de Chester. “É um prazer

conhecê-lo.”

“Oh, um educado.” A risada lírica de Chester encheu o ar. “Talvez você possa ensinar

ao nosso Yancy uma ou duas coisas sobre boas maneiras.”

“Oh, eu não sei.” Um canto da boca de Seamus se curvou quando ele olhou o alto e

musculoso corpo de Yancy de cima abaixo. “Eu meio que gosto dele do jeito que ele é.”

“Ele é bem gostoso, não é?”

A cabeça de Seamus se virou. Sua boca aberta, pronto para repreender Chester, até que

viu o homem alto e magro que se aproximou atrás dele. Ele passou o braço em torno de Chester

e deu um beijo em sua bochecha antes de sorrir para Seamus. Foi só quando ambos se

inclinaram sobre o balcão que Seamus viu as alianças de ouro combinando em seus dedos

anelares.

“Oh, este é meu marido, Oscar,” Chester disse que ele se virou para olhar o grande

homem atrás dele com completa adoração em seu rosto.

Seamus enviou um sorriso ao homem. “Olá.”

“Este é um amigo de Yancy do interior, querido,” disse Chester. “Ele está mostrando a

ele a cidade grande.”

“Legal.”

Seamus teve a impressão que era Chester quem falava nesse relacionamento.

“Nós vamos levar duas vitaminas de goiaba sunrise1,” disse Yancy, como se estivesse

prestes a dar a Seamus o maior prazer de sua vida.

Huh? Uma goiaba quê?

1
Tipo de goiaba.

32
Yancy deve ter visto a confusão no rosto de Seamus porque ele começou a rir. “Você vai

adorar, Seamus. Confie em mim. Chester e Oscar só usam frutas frescas e ingredientes naturais

em suas vitaminas, nenhuma dessas porcarias que eles usam em redes de fast-food.”

“Você quer soro de leite desta vez, Yancy?”

“Não, apenas me faça o normal.”

Que diabos era soro de leite? Seamus tinha medo de perguntar.

“Duas goiabas sunrise saindo.”

Seamus observou Chester colocar gelo, goiaba, framboesa, morango, suco de laranja,

uma espécie de mistura energética e um pó em um liquidificador, e então misturar tudo junto.

Ele derramou o conteúdo em dois copos e os entregou para Seamus e Yancy.

Yancy começou a tomar com entusiasmo, chupando através de um canudo até seus

cílios começarem a se agitar e o homem gemer, pressionando seus dedos contra seus olhos.

“Oh, o cérebro congelou.”

Seamus riu quando ele lentamente chupou um gole de sua bebida. Ele ficou um pouco

surpreso pela explosão de sabor que flutuou em sua língua. Aparentemente, todos os

ingredientes naturais e frutas frescas eram extremamente bons misturados.

Seamus continuou a saborear a sua vitamina enquanto caminhava ao lado de Yancy

pelo calçadão. Ele não conseguia se lembrar da última vez que ele tinha se divertido tanto.

Coisas assim não aconteciam em Cade Creek, e certamente não aconteciam com ele.

Talvez vindo para a cidade não fosse uma má ideia. Ele tinha um bom lugar para ficar,

alguns novos amigos, e parecia que ele tinha um velho amigo também. E se os olhares que

Yancy continuava lhe dando fossem qualquer indicação, Yancy queria ser mais que um amigo.

Ele havia insinuado isso antes, mas Seamus tinha descartado como a natural natureza sedutora

de Yancy.

Ele poderia estar errado.

“Você está saindo com alguém?” Seamus perguntou tão casualmente quanto podia,

considerando que seus nervos estavam saltando em todo o lugar.

Yancy balbuciou, engasgando com sua vitamina. “Uh, não, não realmente.”

33
“Não realmente?” Isso não respondia à pergunta de Seamus.

“Eu... uh... Eu já estive alguns encontros aqui e ali, mas o negócio de investigador não

me deixa muito tempo para uma vida social.”

“Oh.” Bem, merda, lá se foi a ideia.

“É claro.” Um sorriso largo começou a cruzar os lábios de Yancy. “Se eu tivesse um

bom motivo, eu sempre poderia reorganizar meu horário. Eu não trabalho sozinho, você sabe.”

A respiração de Seamus travou em sua garganta enquanto observava um brilho sensual

ganhando vida nos olhos cinza esfumaçados de Yancy. “Ah, é? E o que faria você considerar

um bom motivo?”

Yancy apenas piscou o olho e continuou andando.

Seamus continuou atrás dele, tentando decifrar o olhar que tinha aparecido nos olhos

de Yancy e o que isso poderia significar para ele, e então ele se apressou atrás do homem

quando ele percebeu Yancy estava quase no final do quarteirão.

Ele se encontrou com Yancy exatamente antes de ele virar a esquina. Yancy não disse

nada, apenas continuou andando, mas Seamus podia sentir os olhos do homem olhando para

ele. Ele estava muito nervoso olhar para cima e encontrar o olhar de Yancy.

Eles caminharam assim por mais algum tempo, Yancy levando Seamus para estandes

aqui e ali, o apresentando a pessoas que ele conhecia. Depois de um tempo, Seamus se esqueceu

de ficar nervoso e voltou a se divertir.

No momento em que o sol começou a se pôr, a multidão noturna tinha chegado à área.

Pessoas que trabalharam durante o dia inteiro estavam saindo para se divertirem. Exatamente

quando Yancy parou e se virou para ele, o estômago de Seamus rosnou.

“Bem.” Yancy riu. “Eu acho isso responde a essa pergunta.”

“Que pergunta?”

“Se você estava pronto para jantar ou não.”

“Sim.” Seamus sentiu seu rosto corar enquanto esfregava seu estômago. “Eu acho que

eu estou.”

Yancy sorriu. “Vamos lá, o Crab Shack é bem aqui.”

34
The Crab Shack não era o que Seamus esperava. Seu nome era bastante simples, talvez

até muito simples. Sugeria que o lugar seria um lugar de frutos do mar. O interior do bar de

calçada pitoresca e churrasqueira não eram nada simples.

Cabines de madeira se situavam junto a uma parede e pequenas mesas cobriam todos

os outros espaços vazios no lugar. Um longo bar corria pelo centro da sala, em forma de U,

grandes copos de margarita penduradas em um suporte de cobre no centro da área do bar. Um

palco estava em uma extremidade do bar e as grandes portas abertas de vai e vem ao longo da

outra.

Era bem legal.

Seamus seguiu Yancy para uma cabine perto dos fundos, observando enquanto o

homem acenava para várias pessoas, a maioria funcionários, e depois deslizando para dentro da

cabine. Seamus se sentou no lado oposto.

“Este lugar é extraordinário.”

“Não é? The Crab Shack tem sido um dos locais mais populares por mais de vinte

anos.”

“Por que você diz local popular?” Seamus se recostou e sorriu para a garçonete que

colocou uma cesta de batatas fritas e um pouco de molho em cima da mesa entre ele e Yancy.

“Obrigado.”

Yancy acenou para a mulher quando ele pegou uma batata. “O Crab Shack tem uma

regra, não falar sobre ele.”

“Hum... isso não é meio contraprodutivo? Vocês não querem que as pessoas falem

sobre o lugar?”

“Não.” Yancy jogou uma batata em sua boca. Depois de mastigar, ele se recostou na

cabine. “Pense sobre isso. Qual é a maneira mais rápida de fazer as pessoas falarem sobre algo

assim?”

Seamus sorriu quando resposta o atingiu. “Não contando a elas.”

35
“Sim.” Yancy pegou outra batata, mergulhando no molho desta vez. “O Crab Shack não

gasta um centavo em publicidade. Sem anúncios, sem panfletos, sem cupons de desconto. É

tudo boca a boca.”

Seamus riu, balançando a cabeça. “Isso é realmente genial.”

“E isso funciona tão bem que você tem que ter reservas nos fins de semana ou você está

sujeito a passar quarenta e cinco minutos do lado de fora à espera de uma mesa.”

“Sério?” Seamus olhou ao redor do restaurante. Ele não inspirava visões de um lugar

que precisava de reservas. Parecia um bar à beira-mar e churrasqueira. Ele era bastante limpo, e

a clientela parecia ser principalmente de moradores da classe trabalhadora. Nada sobre o local

gritava restaurante de cinco estrelas para ele.

“O que os rapazes vão querer?” A garçonete perguntou quando ela se aproximou.

“Um menu,” Seamus pediu.

A mulher riu. “Querido, Jack só serve três coisas — hambúrgueres, batatas fritas ou

onion rings2, e margaritas. Agora, você pode ter o seu hambúrguer com ou sem queijo, com ou

sem cebola, e com ou sem picles, mas, além disso, você pedir à moda do Jack. Você pode

escolher entre batatas fritas ou onion rings com o seu hambúrguer, e você pode escolher que

tipo de margarita que quiser, mas se você quiser um menu, você vai ter que ir para outro

lugar.”

Seamus piscou. “Uh... quem é Jack?”

“O chefe.”

“Certo. Eu vou querer um cheeseburger com tudo, onion rings e um Cadillac

margarita.”

“Boa escolha.” A mulher sorriu quando ela se virou para Yancy. “O que você vai

querer, Yancy? Seu habitual?”

“Sim, obrigado, Rita.”

A garçonete piscou, e então se afastou.

“Imagino que você vem muito aqui?”

2
Anéis de cebola.

36
“Não, Rita era uma cliente alguns anos atrás. Eu a ajudei a desenterrar a sujeira do

idiota do seu ex-marido. Ele estava transando com sua secretária. As fotos que eu tirei foram o

suficiente para um acordo de divórcio que ela pôde comprar este lugar.”

“Rita é a dona do Crab Shack?”

“Sim.”

“Uh... eu acho que não é o que você conhece, mas quem você conhece.”

“Não é assim no Cade Creek?”

“Sim, eu acho que é. Eu só não esperava me deparar com algo assim na cidade.”

“A cidade inteira é um monte de pequenas cidades misturadas todos juntas.”

“É verdade,” Seamus concordou. “Então, me responda isso, então. Porque é que este

lugar chamado Crab Shack3, se tudo o que eles fazem é hambúrgueres e margaritas?”

Yancy sorriu. “Rita odeia caranguejo.”

3
Cabana do Caranguejo.

37
Capítulo Quatro

Yancy estava se arrastando de bunda, e ele sabia disso. Ele estava tão cansado que seus

olhos doíam. Claro, isso poderia ter sido causado por olhar através de uma lente de câmera por

várias horas. Ele realmente odiava essas longas vigilâncias.

Este tinha levado cerca de doze horas antes que ele conseguisse as fotos vencedoras — o

marido de sua cliente em uma posição comprometedora com o advogado de divórcio muito

macho de sua esposa.

Yancy não tinha nenhum problema com dois homens fodendo, especialmente

considerando quem ele era. Mas quando uma mulher estava tentando se divorciar de seu

marido canalha, e se ferrava pelo referido marido e seu próprio advogado, meio que fazia sua

pele arrepiar.

Ele estava feliz que a tarefa tinha acabado. Com as fotos que ele havia tirado, não só o

seu cliente provavelmente iria conseguir o acordo de divórcio que ela queria, mas seu advogado

provavelmente perderia sua licença de direito. O homem estava violando claramente o código

de ética da Ordem dos Advogados.

Yancy enfiou a chave da casa na fechadura e destrancou a porta. Ele abriu a porta e foi

assaltado imediatamente com o cheiro aromático de pãezinhos de canela. Ele pairava no ar tão

densamente que ele quase podia colocar a língua para fora e sentir o gosto.

Ele olhou para o relógio. Maldição, era seis horas da manhã. Que diabos Seamus estava

fazendo de pé tão cedo? O homem deveria estar na cama dormindo. Bem, dormindo no sofá

pelo menos. Yancy ainda não tinha descoberto como conseguir o homem em sua cama.

Mas ele pensou que ele poderia estar se aproximando.

Nos últimos dias, eles tinham caído em uma espécie de uma rotina confortável. Yancy

não tinha certeza do que Seamus fazia enquanto estava no interior, mas a casa estava sempre

38
limpa, a roupa lavada, e uma panela de alguma coisa cozinhando no momento em que ele

chegava em casa de qualquer tarefa que ele estivesse.

Eles passavam todo o tempo livre de Yancy juntos. Yancy até mesmo ligava para

Seamus apenas para conversar enquanto ele estava de tocaia. Às vezes, eles conversavam por

horas. E Yancy estava gostando do cara mais e mais a cada dia que passava.

Ele não sabia o que dizer sobre isso, que ele estava feliz que ele tinha alguém para

voltar para casa, alguém que ele sabia que estaria esperando por ele em vez de lá fora,

trabalhando ou fazendo suas próprias coisas. Ele se classificou como um porco chauvinista,

exceto que Seamus era um homem.

Yancy gostava da ideia de que Seamus estava em sua casa, esperando por ele. E, até

agora, o homem não parecia estar com qualquer grande pressa para sair. Seamus ainda não

tinha falado sobre encontrar seu próprio lugar, não desde o dia em que ele chegou.

Yancy só esperava que isso permanecesse assim.

Ele sentiu que estava fazendo progressos com o cara. Seamus não tinha mencionado o

xerife. Yancy estava muito feliz com isso. Ele não gostava da ideia de que ele poderia estar

correndo atrás de um cara que poderia estar ansiando por outra pessoa, mas talvez Seamus

estivesse começando a ver que ele tinha outras opções — como Yancy.

“Oi, doçura,” Yancy gritou quando ele fechou e trancou a porta da frente. “Eu estou em

casa.”

Ele tirou o casaco e o pendurou no armário, e então tirou os sapatos e os colocou perto

da porta. Seamus não gostava que ele usasse sapatos em casa — algo sobre trazer sujeira e

deixar os todos os tapetes imundos.

“Ei, como foi?” Seamus perguntou quando ele apareceu na porta da cozinha,

enxugando as mãos em uma toalha. “Você conseguiu as fotos que você queria?”

“Oh sim.” Yancy sorriu quando ele colocou sua bolsa de equipamentos no chão ao lado

da porta do seu escritório. “A cliente vai ficar muito feliz. Seu quase ex-marido e seu advogado,

nem tanto.”

As sobrancelhas de Seamus subiram. “O advogado da mulher?”

39
“Sim.” Ele acenou com a cabeça. “Eu peguei o marido em uma posição

comprometedora com o advogado dela em um miserável hotel no centro, o que explica por que

o advogado estava dando assessoria jurídica tão péssima.”

“Maldição.”

“Realmente.”

“Elijah é um grande advogado. Eu não poderia imaginar ele fazendo algo parecido.”

“Até porque Ruben iria alimentá-lo suas bolas.”

O rosto de Seamus se iluminou quando ele riu. “Com certeza.”

Yancy cheirou o ar. “É pãezinhos de canela que eu cheiro?”

“É, e você pode ter algum, assim que você esfregar todo esse suor e sujeira.” O nariz de

Seamus se enrugou enquanto ele abanava a mão na frente na frente de seu rosto. “Você está

fedendo.”

Yancy se aproximou de Seamus, invadindo seu espaço pessoal, mas não o tocando. “Eu

pensei que você gostava do jeito que eu cheiro,” ele disse em uma voz baixa e rouca misturada

com humor.

“Eu gosto.” Seamus inclinou a cabeça para trás e olhou para Yancy, um brilho cintilante

de diversão em seus olhos verdes. “Mas esse não é o seu cheiro. Isso é sujeira de tocaia. Você

tem um cheiro muito mais agradável.”

A mandíbula de Yancy quase caiu quando Seamus se aproximou dele até seus peitos

ficarem pressionados. Os dedos de Seamus roçaram levemente a pele acima do colarinho de

Yancy, seus olhos não encontrando os de Yancy.

“Se você for rápido, eu poderia ir e esfregar suas costas.”

Antes que Yancy pudesse conseguir que sua boca voltasse a trabalhar novamente, o

temporizador do forno disparou. Seamus se inclinou e deu um pequeno beijo no canto do

queixo de Yancy, e então se virou para voltar para a cozinha.

Yancy ficou ali, segurando o batente da porta enquanto ele tentava controlar seus

hormônios em fúria. Seu corpo estava tão duro que seus músculos tinham travados no local.

40
Ele não tinha ideia do que tinha acontecido. Na verdade, ele estava trabalhando para se

aproximar de Seamus há séculos, mas o homem sempre o rejeitou, mesmo que fosse de uma

maneira agradável. De repente, ele sentia como se Seamus tivesse derrubado cada pedacinho de

resistência, cedendo ao desejo que vinha crescendo entre eles desde o dia em que se

conheceram.

“Apresse-se, Yancy,” Seamus gritou. “O café da manhã está esfriando.”

Apresse-se? Como diabos ele deveria se apressar, quando ele não podia se mover com

medo de que todo o seu corpo iria quebrar com desejo?

Yancy puxou uma profunda e controlada respiração, e então, tirou seus dedos do

batente da porta. Ele podia ouvir Seamus cantarolando na cozinha quando ele forçou seu corpo

a se mover e caminhar pelo corredor até seu quarto.

Sua mente girava enquanto ele tirava a roupa e as deixava cair no cesto que Seamus o

tinha feito comprar depois de descobrir o desleixado que Yancy era. Ele não conseguia formar

um único pensamento. Em vez disso, sua mente estava saltando de possibilidade para a

possibilidade.

Seamus estava finalmente começando a mudar de opinião ou o homem estava apenas

brincando? Seamus tinha um grande senso de humor. Yancy descobriu isso ao longo dos

últimos dias. Mas ele tinha certeza que Seamus não iria brincar com algo assim.

Mas o que ele quis dizer o que ele disse? E se sim, o que exatamente ele quis dizer?

Yancy gemeu e esfregou as mãos sobre o rosto. Ele realmente não sabia o que pensar.

Ele queria Seamus com uma necessidade que fazia doer até sua alma. Ele sabia que se envolver

com um homem que tinha sentimentos por outra pessoa era um movimento estúpido tão

quanto ele poderia fazer. Ele simplesmente não conseguia desistir.

Talvez ele fosse um masoquista.

A ideia de nunca ter Seamus o corroia. O homem era lindo por dentro e por fora, mas

era quase inocente demais para a cidade. Seamus definitivamente era um menino de cidade

pequena. Ele via o lado bom das pessoas, e não o mal. Ele não era talhado para o lado mais

sórdido da vida, simplesmente porque ele não pensava dessa forma.

41
Era uma das qualidades mais cativantes de Seamus.

Se Seamus fosse dele, e Yancy sabia com certeza que o homem era seu, Yancy

consideraria até mesmo se mudar para Cade Creek com ele apenas para manter viva essa

inocência de menino nos olhos de Seamus. Ele não conseguia pensar no quanto ele não estaria

disposto a fazer isso se Seamus fosse dele.

Ele só não tinha certeza de que Seamus era seu, ou se ele até mesmo tinha uma chance

de fazer Seamus dele. Ele não estava exatamente recebendo o tratamento quente-e-frio de

Seamus. O homem nunca brincou intencionalmente com Yancy — mesmo se isso acontecesse

cada vez Seamus entrava na sala.

Ou respirava.

Yancy entrou no banheiro e ligou o chuveiro. Assim que a água estava quente o

suficiente, ele entrou debaixo do jato quente. Talvez um banho não fosse uma ideia tão ruim. A

água quente era fantástica em seus músculos doloridos. Sentado em um carro por horas a fio, e

depois entrar em alguns lugares bem interessantes para tirar fotos de pessoas fazendo coisas

ruins não era fácil para o corpo.

Sem saber se Seamus queria dizer suas palavras ou não, Yancy decidiu que ele tinha

que se apressar e se limpar, especialmente se ele queria um pouco dos pãezinhos de canela de

Seamus. Ele molhou o cabelo e pegou o xampu e começou a lavá-lo.

Yancy tentou empurrar todos os pensamentos de Seamus fora de sua mente enquanto

ele tomava banho, mas não foi fácil. Desde que o homem chegou para dormir em seu sofá,

Yancy não tinha pensado muito mais. O homem intrigava Yancy até os dedos dos pés.

Ele ainda pensava que o Xerife John Riley era um completo idiota. Seamus estava

basicamente maduro para a colheita. Ele estava sentado lá, esperando que John reconhecesse a

atração entre os dois, e o homem praticamente tinha corrido em outra direção.

Yancy não era estúpido. Se Seamus dissesse que sim, Yancy agarraria o cara e nunca o

deixaria partir. Sua mãe não tinha criado um idiota. Seamus era um prêmio a pegar, e Yancy

sabia — e mesmo sem considerar as habilidades culinárias do homem.

42
Yancy lavou seu cabelo e estendeu a mão para pegar o sabonete só para encontrar a

prateleira vazia. Ele franziu a testa e olhou em volta, se perguntando ele havia colocado em

outro lugar. Quando ele sentiu uma mão deslizar pelas costas, Yancy gritou e girou.

Quando ele bateu na parede do chuveiro, ele derrubou o xampu da prateleira. Ele caiu

no chão, bem em cima do pé de Yancy. Yancy gemeu quando a dor começou a pulsar através do

dedo do seu pé. Ele agarrou seu pé, pulando ao redor com o outro.

Seamus apenas ficou parado, rindo. “Bem, isso não era exatamente a reação que eu

estava esperando.”

“Querido Jesus, Seamus. Eu nem sequer o ouvi entrar.”

O rosto de Seamus repente pareceu cauteloso e incerto. “Você quer que eu vá embora?”

“Claro que não!” Yancy percebeu que tinha praticamente gritado as palavras quando os

olhos de Seamus se arregalaram. Ele abaixou seu pé no chão do chuveiro, e então, sorriu se

desculpando para Seamus. “Sinto muito. Não, eu não quero que você vá.”

Nunca.

Mas Yancy não sabia se ele estava pronto para dizer isso ainda. Ele ainda não tinha

certeza de quais eram os sentimentos de Seamus, ou mesmo se ele tinha algum.

Quando ele conheceu Seamus pela primeira vez, Yancy estava pronto para uma

aventura simples. Isso já não era verdade. Depois de passar os últimos dias para conhecer o

cara, Yancy queria mais. Ele queria o sonho inteiro, ou pelo menos o que ele tinha fantasiando.

Seamus começou a sorrir novamente. “Vire-se e me deixe lavar suas costas.”

Yancy se virou e apoiou a testa contra a parede do chuveiro. Ele mordeu o lábio para

não gemer quando sentiu as mãos de Seamus começar a se mover ao longo de suas costas. A

hesitação do contato de Seamus era tão sensual quanto o homem.

Quando Seamus o virou e começou a lavar seu peito, Yancy se esforçou para não cair de

joelhos e implorar por mais para o homem. O lábio inferior exuberante de Seamus estava preso

entre seus dentes, como se o homem estivesse nervoso, mas muito determinado no que ele

estava fazendo.

Foda, o que ele não daria para ter esses lábios ao redor de seu pênis.

43
“Tudo o que tinha que fazer era pedir.” Seamus riu quando ele caiu de joelhos.

Puta merda!

Ele tinha dito isso em voz alta?

Yancy tentou manter a respiração estável enquanto ele avaliava as implicações das

palavras de Seamus. Seu coração foi à loucura, e o sangue correu quente em suas veias quando

ele sentiu a língua molhada de Seamus lamber seu osso pélvico. Um gemido subiu pela

garganta de Yancy quando a excitação o agarrou num aperto cruel e o sacudiu com força.

“Seamus, por favor,” Yancy implorou quando ele arqueou seus quadris para Seamus,

um gemido ansioso saindo de seus lábios. Ele rangeu os dentes quando Seamus apenas riu para

ele.

Um momento depois, o grito necessitado de Yancy ecoou no chuveiro quando os lábios

do homem se envolveram ao redor do seu pau duro. Ele nunca tinha sentido nada tão fantástico

em sua vida. Ele podia sentir cada movimento, cada lambida, cada carícia doce. Yancy quase

podia sentir o ar ao redor dele se movendo sobre sua pele sensível.

Ele se sentia corado, quente, e necessitado. O fogo corria pelo corpo de Yancy,

derretendo-o de dentro para fora. Ele não sabia o que Seamus faria a seguir, e isso o deixava

louco. Seu coração pulsava em seus ouvidos enquanto esperava o próximo movimento de

Seamus. Ele só queria que o homem se apressasse.

Yancy estava prestes a enlouquecer.

Ele gemeu e começou a ofegar quando algo roçou contra suas bolas. Ele abriu as pernas,

dando mais acesso a Seamus. Ele adorava ter suas bolas tocadas, chupadas, puxadas, qualquer

coisa.

Seu corpo tremia. Necessidade em brasa corria pelo seu corpo como uma onda e colidiu

em seu pênis quando Seamus de repente o engoliu por inteiro. Yancy rosnou quando ele sentiu

a ponta do seu pênis bater no fundo da garganta do homem. Usando a mão para empurrar seus

cabelos para trás, Yancy assistiu Seamus enquanto o homem movia a cabeça para trás e para

baixo em seu pênis.

Era uma visão sedutora, que ele esperava ver repetidamente — para o resto de sua vida.

44
“Porra, Seamus,” Yancy gritou, “não pare.”

O corpo de Yancy enrijeceu quando boca de Seamus se afundou ainda mais em seu

pênis. Seamus o engoliu até Yancy sentir o nariz o homem roçar contra os seus curtos cabelos

encaracolados, bem antes de Seamus começar a mover sua boca ao longo do comprimento duro

de Yancy.

“Oh, foda,” Yancy choramingou enquanto o pequeno zumbido do homem enviava

pequenas vibrações através de seu pênis. Ele enrolou as mãos no cabelo de Seamus, segurando-

o no lugar enquanto ele fodia a boca mais perfeita do mundo.

Ele podia sentir suas bolas encolhendo perto de seu corpo. Ele sabia que ele estava à

beira de um orgasmo intenso. Yancy não podia acreditar no intenso e delicioso prazer que ele

sentia. E que apenas continuava cada vez mais alto.

“Oh, Seamus, eu vou...” Yancy gritou quando uma forte pressão cresceu em suas bolas.

Ela se moveu para a base de seu pênis, e então estourou para o topo quando Yancy encontrou

sua libertação. Yancy gritou quando ele gozou, inundando a boca e a garganta do Seamus com

líquido salgado quente. Seamus engoliu até a última gota, até Yancy derreter no chuveiro.

Quando Seamus levantou a cabeça, Yancy olhou para ele, um pouco deslumbrado, sem

saber o que pensar ou até mesmo como pensar. Os dedos de Yancy tremeram quando ele

estendeu a mão e a arrastou sobre a lateral do rosto de Seamus.

“Obrigado.”

O rosto de Seamus ficou vermelho brilhante. “De nada.”

“Posso devolver o favor?” Yancy estava confuso pela vergonha repentina que ele podia

ver nos olhos verdes de Seamus bem antes do homem olhar para o chão. “Seamus?”

“Eu meio que... hum... bem, quando você... eu...”

Yancy leu através das palavras que Seamus gaguejou, e ele sentiu vontade de gritar aos

quatro ventos. Ele podia sentir a respiração ofegante de Seamus fazendo cócegas em seu

abdômen. A respiração do homem estava saindo entrecortada, baixa e nervosa.

45
Ele puxou Seamus de pé, em seguida, puxou seu pescoço até que seus lábios estivessem

apenas centímetros de distância, em seguida, reivindicou seus lábios em um magnífico beijo

cheio de paixão e desejo e uma necessidade tão grande que queimou Yancy em seu núcleo.

Yancy gemeu. Seu corpo tencionou involuntariamente, cada osso e músculo nele se

esticando por mais do gosto doce de Seamus, o calor de seus lábios. Ele afastou os lábios de

Seamus com a língua, querendo entrada.

O profundo gemido necessitado de Seamus enquanto o homem se derretia em seus

braços foi tudo que Yancy precisava para fazer este momento perfeito. Seamus timidamente

estendeu a mão e agarrou os braços de Yancy, segurando-os firmemente enquanto ele devolvia

o beijo com uma paixão que fez Yancy doer novamente.

Quando Yancy finalmente levantou a cabeça, seu coração falhou até parar e, então,

começou a bater de forma irregular quando viu Seamus olhando fixamente para ele, suas

pupilas pretas como piscinas, fascinantes e infinitas.

“Você está bem?”

O rosto de Seamus corou novamente, mas ele balançou a cabeça. “Eu estou bem.”

“O convite para o café ainda de pé?”

“Sim.”

Yancy segurou o queixo de Seamus em sua mão, inclinando sua cabeça para que seus

olhos se encontrassem. “Eu já lhe disse o quanto você é sexy?”

“Uma ou duas vezes.”

“Então me deixe dizer de novo. Você, Seamus Blaecleah, é um dos homens mais sexys

que eu já coloquei os olhos.”

“É?”

“Oh sim.”

Yancy não tinha pensado que rosto de Seamus poderia ficar mais vermelho. Ele estava

errado, e isso o fez se perguntar se Seamus realmente sabia como ele era atraente. Era difícil

para Yancy compreender como era possível que um homem tão lindo assim não saber que ele

era extremamente sexy.

46
“Eu só vou tirar essas dessas roupas molhadas, e depois verificar se o café da manhã

está quente.”

Yancy queria continuar a segurar Seamus em seus braços, de preferência nus e juntos na

cama, mas algo nos olhos do homem dizia que Seamus precisava de um momento para se

recompor. Yancy relutantemente deixou Seamus ir, mas ele tinha a intenção de ter o homem de

volta em seus braços o mais breve possível.

Seamus podia ter feito o primeiro movimento. Mas era Yancy que faria o próximo.

Seamus precisava saber que isso era algo que ele queria mais do que qualquer coisa.

“Eu vou sair em poucos minutos.”

Seamus lhe deu um sorriso vacilante, em seguida, saiu do chuveiro. Yancy ficou

debaixo da água até que ela começou a ficar fria, tentando dar a Seamus o tempo que ele

precisava. Quando ele finalmente saiu, ele riu da pilha de toalhas que ele viu sobre no balcão.

Mesmo nervoso, Seamus ainda continuava pensando nele.

Isso foi o que atraiu Yancy para o homem. Seamus era tão doce, tão generoso. Qualquer

pessoa que não pudesse ver isso era um maldito idiota, e Yancy não era idiota.

Depois de se secar rapidamente, ele vestiu calças de pijamas. Não fazia muito sentido se

vestir completamente de novo se ele logo iria para a cama. Ele ainda precisava dormir um

pouco.

Seamus estava colocando a comida em cima da mesa quando Yancy entrou. Como de

costume, Yancy pegou os pratos, talheres e copos. Ele podia não ser um bom cozinheiro, mas

ele podia arrumar a melhor mesa.

Yancy observou Seamus quando ele se sentou e começou a se servir. Seamus parecia

estar fazendo tudo o que podia para evitar o olhar de Yancy. Pouco a pouco, a bolha de euforia

em Yancy esteve flutuando desde o chuveiro começou a esvaziar.

“Seamus, você se arrependeu do que fizemos?”

Seamus lambeu os lábios enquanto colocava o garfo ao lado de seu prato. “Não.”

“Então por que você não olha para mim?”

47
Os olhos de Seamus demoraram a se levantar e encontrar os seus, e Yancy quase

estremeceu com a incerteza que podia ver em suas profundezas verdes cintilantes. Yancy

suspirou e apertou as mãos, apoiando os cotovelos sobre a mesa.

“Gostei muito do que aconteceu no chuveiro, Seamus, e eu gostaria de explorar a

atração crescendo entre nós. Mas eu não vou, se isso não for o que você quer. Por mais que eu

queira você, eu vou continuar a ser apenas seu amigo, se isso é que você quer.”

“Mas você não me quer, certo?”

As narinas de Yancy queimaram quando a raiva rasgou através dele. De repente ele

entendeu incerteza de Seamus e desejou que o bonito xerife estivesse de pé na frente dele

naquele momento, então ele poderia socar o homem bem no rosto.

Yancy deslizou fora de sua cadeira e se moveu para se ajoelhar aos pés de Seamus.

Ainda de joelhos, ele era quase tão alto quanto Seamus sentado. Yancy agarrou o rosto de

Seamus entre as mãos e o puxou para frente até que eles estarem quase nariz com nariz.

“Agora, me escute, Seamus Blaecleah. Eu não sou o xerife John Riley. Eu não vou te

beijar e depois desaparecer. Se você me der luz verde, eu vou te agarrar e nunca mais te deixar.”

Por um momento, Seamus mordeu o lábio inferior com os dentes, olhando para Yancy

através de seus longos cílios. “Eu nunca sei se você está apenas flertando comigo, ou se você

realmente quer dizer as coisas que diz.”

“Seamus, eu quis dizer cada palavra que eu falei para você. Eu quis você desde o

primeiro momento em que coloquei os olhos em você, mas eu me segurei porque você tinha

seus olhos em John. Mas essa é a única razão. Não pense que me segurei porque eu não te

quero.”

Todo o corpo de Seamus pareceu tremer quando ele inalava uma respiração instável.

“Mas por quanto tempo?” ele sussurrou. Suas palavras estavam cheias com tanta angústia que

Yancy decidiu ali mesmo rastrear o xerife na próxima vez que ele estivesse em Cade Creek e

seguir com seu desejo de dar um soco no homem.

“Durante o tempo que você me permitir ter você.”

Que, espero, fosse para sempre.

48
Capítulo Cinco

Seamus queria acreditar em Yancy mais do que tudo, mas a experiência anterior lhe

tinha ensinado que os homens o queriam por pouco tempo, mas ninguém queria ficar por perto

em longo prazo.

Seamus queria em longo prazo. Ele queria o para sempre. Ele queria o que seus pais e

seus irmãos tinham. Podia ser um sonho improvável, mas não podia evitar o que seu coração

desejava. Ele queria o sonho.

“Que tal luz amarela?” perguntou Seamus. “Você ainda continuaria interessado se eu

lhe desse luz amarela?”

“Luz amarela?”

O sorriso de Seamus vacilou. “É uma espécie de luz verde, apenas mais lenta.”

Os olhos de Yancy começaram a brilhar. “Amarelo é a minha nova cor favorita.”

Seamus soltou uma gargalhada. Essa era uma das coisas que ele adorava sobre Yancy.

O homem o fazia rir. “Eu quero ver aonde isso vai, Yancy. Eu só preciso ir com calma. Eu

preciso ter certeza.”

“Ter certeza de mim?” Yancy perguntou lentamente.

“Não, eu preciso ter certeza de mim.” Seamus queria dizer mais, mas ele não queria

ferir os sentimentos de Yancy. Ele poderia facilmente se ver com um homem como Yancy. Mas

ele estava com medo que ele não seria capaz de dar todo o seu coração para Yancy quando ele

ainda tinha sentimentos por John.

E isso não era justo para nenhum deles.

Os olhos cinzas esfumaçados de Yancy escureceram por um momento, a emoção neles

irreconhecível, mas então ele sorriu, e mesmo o sorriso não alcançando seus olhos, ele estava lá.

“Ok, Seamus. Vamos levar isso tão lento quanto você precisar. Se eu começar a se mover muito

rápido, é só me avisar e eu vou recuar.”

49
Seamus se sentiu desolado quando Yancy se levantou e voltou para sua cadeira. Ele

observou o homem quando ele começou a comer, seu coração pesado quando Yancy evitou

olhar para ele. O estômago de Seamus começou a ter cãibras de apreensão.

Talvez tenha sido uma má ideia.

Seamus de repente perdeu o apetite. Ele empurrou sua comida pelo seu prato, dando

uma pequena mordida de vez em quando, enquanto tentava parecer que ele estava comendo,

quando ele mal conseguia engolir. Ele sabia que não deveria ter dito nada.

Seamus piscou rapidamente para afastar as lágrimas de frustração. Apesar da

quantidade de alimentos ainda em seu prato, Seamus o pegou e o levou até a cozinha. Ele

raspou a comida dentro da lata de lixo, em seguida o colocando na máquina de lavar.

Ele precisava de um pouco de ar.

“Eu tenho algumas coisas para fazer esta manhã, enquanto você dorme.” Ele disse

quando ele se virou para olhar para Yancy, tentando manter o tom neutro, enquanto sentia

como se seu coração estivesse desmoronando em seu peito. “Há algo que você precisa que eu

pegue para você enquanto eu estiver fora?”

“Não, eu estou bem.”

Sim, é claro que ele estava. Yancy sempre estava bem. O homem era o mais

autoconfiante do que qualquer um que Seamus já conhecera em sua vida. Ele parecia não

precisar de nada. Seamus estava até começando a se perguntar se Yancy poderia precisar dele.

Claro, o homem parecia gostar quando Seamus tinha comida esperando na mesa

quando ele chegava em casa do trabalho. E ele gostava de ter suas roupas e casa limpa para ele.

Mas ele realmente precisava de Seamus?

Ou era apenas conveniência?

“Estou vou sair, então.” Seamus levantou a mão para colocá-la no ombro de Yancy

quando ele começou a passar pelo homem. Ele queria tocar Yancy, para talvez ganhar um beijo

antes de sair, mas ele estava com muito medo de pedir.

Em vez disso, Seamus apertou sua mão e continuou a andar.

50
Seu coração afundou quando chegou à porta da frente sem uma palavra do outro

homem. Ele pegou o casaco do armário e o e colocou. Ele abriu a porta, parando mais uma vez

para ver se havia algum sinal de Yancy que o cara queria que ele ficasse.

Depois de alguns momentos de absolutamente nada, os ombros de Seamus caíram, e ele

saiu pela porta da frente, fechando-a silenciosamente atrás dele. Ele enfiou as mãos nos bolsos e

começou a andar pela calçada, realmente não se importando para onde ele estava indo.

Ele tinha muito a pensar e muito a avaliar. Mesmo com seus sentimentos em

desenvolvimento para Yancy, Seamus sabia que ele ainda gostava de John. Seus sentimentos

pelo xerife quase poderia ser considerado uma paixão. Exceto por alguns olhares quentes e

aquele fantástico beijo de abalar a terra, nunca houve nada entre eles que normalmente diria de

duas pessoas que tinham um futuro juntos.

Yancy parecia querer Seamus — mais ou menos. Ele pelo menos tinha manifestado

interesse em conhecer Seamus melhor e talvez com base na atração entre os dois. Isso era

melhor do que o que ele tinha com John.

Seamus não sabia exatamente o que ele tinha com John, ou mesmo se ele tinha alguma

coisa. Ele sabia que ele não gostava de ser ignorado, e isso parecia ser tudo o John vinha

fazendo desde o beijo, apesar das palavras do homem que eles precisavam conversar depois

que tudo tinha acabado.

Eles não tinham conversado, e agora Seamus só poderia se perguntar se John queria

falar com ele para lhe dizer que o beijo não significou nada para ele, que Seamus não deveria ler

nada nisso. Que tinha sido apenas um beijo causado pelo calor do momento.

Ele poderia dizer o mesmo sobre o incidente no chuveiro, exceto que Yancy tinha

afirmado que queria mais do que apenas amizade com Seamus, a menos que Seamus dissesse

que não, e então Yancy permaneceria seu amigo.

Mas ele havia declarado seu desejo por mais.

Isso tinha que significar alguma coisa.

Seamus ainda se sentia um pouco como uma conveniência. Ele não podia deixar de

pensar se Yancy teria esse entusiasmo sobre eles explorando as coisas entre eles se eles não

51
estivessem vivendo juntos no mesmo apartamento. Quartos próximos às vezes mudavam a

forma como as pessoas pensavam sobre as coisas.

Seamus parou no Crab Shack e pediu uma Coca-Cola para levar. Ele preferia uma

margarita, mas provavelmente era um pouco cedo para começar a beber. O que era uma coisa

boa ou ele estaria muito bêbado agora mesmo.

Ele estava tão confuso que não sabia se ele dava corda em suas bolas e coçava o relógio

ou dava corda no relógio e coçava suas bolas. Seamus se sentou em um banco ao lado do

calçadão e abaixou a cabeça em sua mão.

Apenas não parece ter uma resposta fácil.

Seamus sabia que tinha sentimentos por John. Ele sabia que tinha sentimentos por

Yancy. John disse que iriam conversar depois do beijo, e eles não conversaram. Agora, o homem

parecia se esforçar muito para evitar Seamus tanto quanto possível. Yancy, que parecia

interessado, estava aqui e querendo mais.

Talvez a resposta fosse simples assim.

Seamus poderia continuar a seguir com seus sentimentos por um homem que não o

queria ou ir atrás de outro homem por quem ele tinha sentimentos, aquele que queria mais.

Seamus não tinha certeza se ele iria superar seus sentimentos por John, mas ele também

não tinha certeza quais eram seus sentimentos. Ele sabia que ele gostava do cara — muito. Ele

poderia facilmente se ver apaixonando por John com o incentivo certo.

Mas o mesmo poderia ser dito sobre Yancy.

Seamus soltou um suspiro profundo e se recostou contra o duro banco de madeira. Ele

ficou olhando, realmente não vendo nada, apenas pensando. Sua cabeça estava começando a

doer pela forma como ela estava girando.

Ele puxou o telefone celular do bolso e olhou para o teclado. Talvez ele precisasse de

uma segunda opinião, embora ele não tivesse certeza de qual de seus irmãos para conversar. Ele

sabia que não queria discutir sua vida amorosa com seus pais.

Seamus ligou para Elijah. Ele podia não ser um irmão de sangue, mas ele tinha sido

adotado por todo o clã Blaecleah quando se casou com Ruben. Que era íntimo o suficiente.

52
Além disso, Elijah conhecia Yancy melhor do que Seamus, e ele também conhecia John, embora

provavelmente não tão bem.

“Elijah James, Advogado em Lei,” disse uma voz feminina. “Como posso ajudá-lo?”

“Ei, senhora Bozeman, aqui é Seamus Blaecleah. Elijah já chegou?”

“É quase nove horas da manhã, Sr. Blaecleah. Claro que sim.” O leve riso de Sandy

Bozeman filtrou através do telefone. “Alguém tem que trabalhar para pagar as contas por aqui.”

Seamus riu. “Eu pensei que fosse você?”

“É, mas a máquina de café está no escritório do Sr. James, e ele tem as chaves, então ele

tem que estar aqui.”

Seamus começou a rir. Ele ainda estava rindo quando Elijah entrou na linha, e

considerando o que ele precisava falar com o advogado, isso não era uma coisa tão ruim.

“Hey, Seamus, como vai?”

Pelo menos alguém parecia feliz em ter notícias dele.

“Hey, Elijah, você tem alguns minutos?”

“Claro. O que está acontecendo?”

Seamus esfregou a mão no rosto, e olhou para o chão. “Fale-me sobre Yancy.”

“Yancy?” Elijah pareceu quase surpreso — quase. “O que você gostaria de saber?”

“Bem, a primeira coisa que você pode me dizer por que é que você estava esperando

meu telefonema.”

Elijah deu uma risadinha. “Porque eu vi o jeito que Yancy olhou para você quando ele

estava no rancho. Certo, quando ele viu o seu interesse pelo xerife, ele recuou, mas eu percebi

que desde que você deixou Cade Creek, você não parece mais interessado. Eu suspeito que

Yancy esteja pensando a mesma coisa e ele deu em cima de você.” Houve uma pausa por um

momento, um silêncio pesado deixando Seamus nervoso. “Eu estou errado?”

“Não exatamente.”

“Diga-me o que está acontecendo, Seamus.”

Seamus suspirou e se recostou novamente, olhando o gramado verde na frente dele.

“Naquele dia, quando Janice atacou, John me beijou. Ele me disse que conversaríamos mais

53
tarde. Eu pensei que ele quis dizer que conversaríamos depois que todo o caos tinha acabado,

mas ele está me evitado desde então. Eu meio que estou farto de ser evitado como a peste, então

eu fui embora.”

“E você foi ficar com Yancy, certo?”

“Sim. Eu estou hospedado com Yancy a cerca de uma semana.”

“E qual o problema?”

“Yancy esteve flertando comigo desde o dia que eu o conheci. Ele — ”

Elijah riu. “Yancy gosta de flertar.”

Seamus franziu a testa, não muito certo se isso era uma recomendação. Ele não queria

se envolver com um homem com quem ele precisava se preocupar.

“Ele sempre flerta?” perguntou Seamus, prendendo a respiração. Toda essa conversa

podia ser discutível, dependendo do que Elijah dissesse. “Isso é algo que eu preciso me

preocupar?”

“Isso é apenas o seu jeito, Seamus. Yancy não é o tipo de cara que trai se ele estiver

envolvido.”

Seamus soltou a respiração que estava segurando. “Ok.”

“Ok bom ou ok ruim?”

“Você sabe, Elijah.” Seamus riu asperamente. “Se eu soubesse disso, eu não estaria

ligando para você.”

“Muito bem.” respondeu Elijah. “Então, o que posso lhe dizer sobre Yancy?”

“Ele é uma boa escolha?”

“Ele é uma boa escolha?” A surpresa aumentou a voz de Elijah quando ele repetiu as

palavras de Seamus.

“Sim, quero dizer, se eu fosse lhe dar luz verde, eu estaria cometendo o maior erro da

minha vida ou o quê?”

“Como amigo, ele é ótimo. Mas eu nunca tive um interesse amoroso por ele, Seamus. Eu

não posso lhe dar qualquer informação nesse aspecto. Isso será totalmente com você. Como eu

lhe disse, porém, Yancy não vai trair.”

54
Seamus queria rosnar para Elijah. O homem não tinha ajudado em nada. Não da

maneira que Seamus estava procurando. Talvez ele estivesse procurando por respostas que só

Yancy poderia lhe dar? Ele deveria dar uma chance a Yancy ou deixar as coisas no nível de

amizade?

Ele, obviamente, tinha uma decisão séria para fazer.

“Obrigado, Elijah.”

“Seamus?”

“Sim?”

“Siga seu coração.”

Seamus gemeu quando ele fechou o telefone e o empurrou de volta no bolso. Isso não

ajudou. Se ele seguisse seu coração, Seamus ainda estaria em Cade Creek, exceto que ele teria

Yancy ao seu lado, assim como John.

O que fazer, o que fazer?

Ele sabia que precisava tomar uma decisão, porque ele não podia incentivar Yancy. O

homem era muito doce, muito agradável para Seamus enganar o cara. Seamus estava tentando

não enganar. E ele não era tolo o suficiente para negar a crescente atração que ele tinha por

Yancy. Mas parte dele ainda estava em casa, com o xerife.

Seamus estava tão confuso quanto ele estava quando ele ligou para Elijah.

Ele sabia que não podia evitar isso por mais tempo. Ele precisava voltar e falar com

Yancy. Se ele examinasse os prós e contras de sua situação, Yancy era a sua melhor aposta. O

homem não só estava aqui, ele tinha declarando abertamente que ele queria Seamus.

John não estava fazendo nenhuma dessas coisas. Inferno, o homem mal falava com ele.

Nenhum relacionamento poderia durar se fosse unilateral. Não havia nenhuma garantia que

seu relacionamento com Yancy duraria tanto, mas pelo menos ele teve um começo melhor.

Com a resolução em sua mente, e uma dor em seu coração com a ideia de desistir de

John, Seamus voltou para o apartamento.

E para Yancy.

55
*****

John olhou para seu telefone celular. Ele estava olhando para ele durante os últimos dez

minutos, tentando decidir se ele devia ou não ligar para Seamus. Ele queria. Ele ansiava ouvir a

voz do outro homem, mesmo que fosse apenas a sua mensagem na secretária eletrônica.

Seamus tinha deixado a cidade há uma semana e, embora John estivesse basicamente

tentando ignorar a atração entre os dois, ele ainda queria ouvir a voz do homem ou vê-lo de

passagem na cidade. Não ser capaz de apenas um vislumbre do homem estava perto de destruí-

lo.

Saber que Seamus tinha deixado a cidade por sua causa era ainda pior.

Ninguém disse nada diretamente a ele, mas ele tinha visto os olhares da família de

Seamus quando ele se deparou com eles na cidade. Ele sabia o que eles estavam pensando,

porque ele estava pensando a mesma coisa.

Seamus tinha ido embora porque ele era o maior idiota do mundo. Apenas o medo do

que poderia acontecer com Seamus se ele cedesse ao seu desejo e fosse atrás do homem,

arrastando-o de volta a Cade Creek — chutando e gritando, se necessário — impedia John de

fazer o que ele mais queria fazer em sua vida.

Até que ele descobrisse quem o estava ameaçando, a vida de Seamus ainda estava em

perigo.

“Hey, Xerife.”

John fechou telefone celular e cerrou a mão em torno dele quando ele olhou para cima.

“Webber.” Ele não tinha certeza porque o homem estava deslizando em sua mesa. John tinha

vindo ao restaurante para almoçar, sem companhia. “Aconteceu alguma coisa?”

“Acabamos de receber o relatório sobre o incêndio no Murphy. O chefe disse que foi

sem dúvida um acelerador.”

“Certo.” John guardou seu telefone celular no bolso e pegou o arquivo que Webber

estendeu a ele. “O chefe disse que tipo de acelerador?”

56
“A velha e boa gasolina.”

John abriu o arquivo e começou a ler o relatório do chefe dos bombeiros. Parecia

bastante claro. Alguém tinha encharcado o lugar com gasolina e a usado para incendiar o lugar.

Todo o edifício tinha queimado até o chão. A oficina estava totalmente destruída.

John teria imediatamente suspeitado dos proprietários, exceto que eles estavam fora da

cidade na noite do incêndio. Eles tinham um álibi forte. Isso não significava que eles não

poderiam ter pagado alguém para queimar o lugar, no entanto.

John estava muito desconfiado de um incêndio que queimou um negócio até o chão,

exatamente quando ele estava investigando as operações do lugar. Ele não tinha contado a

ninguém o que estava fazendo, ou o que ele estava investigando, mas ele estava ficando com a

nítida impressão de que alguém sabia de qualquer forma.

Ele apenas não achava que fosse Murphy.

Ele não estava enxergando alguma coisa, e ele sabia disso. Tinha uma ligação em algum

lugar. Tinha de ter. Não existia tal coisa como o crime perfeito. Sempre tinha evidência em

algum lugar. John só precisava encontrá-la.

Ele fechou o arquivo e pegou sua jaqueta. “Vamos,” ele disse para Webber quando ele

deslizou para fora da cabine. “É melhor voltarmos para a delegacia. Eu quero que você traga o

senhor Murphy para ser interrogado.”

“Você acha que ele incendiou o lugar?” Webber perguntou quando ele deslizou para

fora da cabine e se juntou a John.

“Não, seu álibi é incontestável. Mas ele pode saber quem o fez.”

“Fraude de seguros?”

John deu de ombros. Ele tendia a ser cauteloso. Ele não gostava de fornecer

informações, e ele certamente não queria que ninguém soubesse que ele estava investigando a

Auto Repair de Murphy, isso se eles já não soubessem.

“Talvez, mas eu não penso assim. Murphy sempre pareceu ter sucesso nos negócios. Eu

só quero saber se alguém o esteve ameaçando ou se ele fez ultimamente alguns negócios ruins.

Um cliente chateado pode causar muitos danos.”

57
“A Auto Repair de Murphy está funcionando a mais tempo do que eu tenho, xerife.

Você realmente acha que alguém poderia ter queimado o seu lugar porque eles estavam

chateado com ele?”

“Pode ter sido um adolescente com raiva do velho, um golpe de seguro, alguém que ele

demitiu, ou qualquer outra coisa. Nós não saberemos até termos todos os fatos, e para conseguir

os fatos, é preciso questionar o Sr. Murphy.”

Webber era jovem, mas ele era inteligente e ansioso para aprender. Foi a única razão

que John não revirou os olhos para a forma como o seu vice estava tirando conclusões

precipitadas.

“Oh, desculpe,” disse John, quando ele se chocou com alguém. “Oh, Rourke.” John

engoliu em seco, de repente desejando que Webber não estivesse aqui olhando para ele tão

intensamente. “Como você está?”

“Nada mal, Xerife,” Rourke disse quando ele apertou a mão que John estendeu a ele.

“Como está a vida de combatente do crime na cidade?”

John riu, se sentindo à vontade na presença do grande homem. Rourke não iria dizer

nada sobre a coisa acontecendo entre ele e Seamus, o que quer que essa coisa fosse. “Nada mal.

Como está a vida de um fazendeiro?”

John queria desesperadamente perguntar sobre Seamus, mas não na frente de Webber.

Ele confiava no vice para cuidar de suas costas e lhe dar apoio quando necessário, mas ele não

confiava em ninguém com vida de Seamus.

“Muito bom.” Rourke abriu um largo sorriso, mostrando as covinhas profundas no

rosto. “Agora, se eu pudesse conseguir parar Billy de me fazer ir aos encontros do seu clube de

quilting4, eu estaria perfeito.”

John riu. “Costura não é sua praia?”

“Oh, inferno, não.”

4
O processo de fazer a fabricação de mantas e acolchoados.

58
“Ele ama isso, e você sabe. É por isso que você vai.” Apesar do comportamento rude de

Rourke, ele era massa nas mãos de Billy. John não achava que não havia muito que o grande

homem não estivesse disposto a fazer para o seu marido, até mesmo ir a um clube de quilting.

“Sim, ele ama.” O sorriso de Rourke só aumentou mais como se falar de Billy fosse o

ponto mais brilhante no seu dia. “Você deveria ir para o rancho um domingo desses e jantar

com a gente. Eu sei que você gosta da comida de Ma.”

“Isso não é dizer muito, Rourke. Todos em Cade Creek adoram a comida de sua mãe.”

Rourke piscou para John. “Seamus vai estar lá.”

John engoliu em seco, lançando um olhar para Webber, esperando que o oficial não

percebesse o quanto ele queria aceitar o convite. “Sim, talvez eu vá se eu conseguir fechar esse

caso que eu estou trabalhando.” John acenou com o arquivo em Rourke. “Na verdade, eu

realmente preciso lidar com ele.”

“Oh, sim, com certeza.” Os olhos verdes de Rourke fora de John para Webber. “Apenas

ligue para nós. Vamos todos para casa para jantar todos os domingos. Você é bem-vindo a

qualquer hora.”

“Obrigado, Rourke.” John estampou um sorriso em seu rosto que ele definitivamente

não estava sentindo. “Talvez eu faça isso. Seria bom ver seus pais novamente.”

“Sim.” Rourke sorriu, mas John podia ver a confusão nos olhos do homem. O homem,

obviamente, sabia que algo estava acontecendo, mas ele aparentemente pegou a hesitação de

John em trazer Seamus para a conversa. “Ma e Da adorariam ver você, também.”

John acenou para Rourke quando o homem começou a descer a calçada novamente e

então se virou e continuou em direção a delegacia. Webber imediatamente o acompanhou.

“Você conhece bem os Blaecleahs, Xerife?”

“O suficiente, eu acho.” John tentou agir indiferente. “Eu fui chamado ao rancho

algumas vezes quando eles tiveram alguns problemas. A Sra. Blaecleah foi bastante agradável

fazendo o jantar para me agradecer, e eu não estava mentindo quando disse que mulher sabe

cozinhar.”

59
“Eu realmente nunca passei algum tempo com qualquer um dos outros Blaecleahs que

não fossem em atividades da igreja. Todos os irmãos são mais velhos do que eu, por isso não

fizemos juntos a escola. Mas eles parecem bastante agradáveis.”

“Sim, eles são todos muito agradáveis. Vou apresentá-los a você no próximo almoço da

igreja.”

“Isso seria ótimo, xerife.” Webber sorriu, o que era uma expressão estranha no rosto do

rapaz. John não poderia dizer se Webber queria gritar aleluia ou começar a pular de excitação.

John de repente se perguntou se Webber tinha segundas intenções em ser apresentado

aos Blaecleahs. Havia apenas um irmão Blaecleah sobrando que era solteiro, e John tinha sua

mira sobre ele. Ele não estava prestes a trazer outro homem na mistura.

“Você sabe que praticamente todos os Blaecleahs estão casados, certo?”

“Não Seamus.”

“É verdade,” John cuspiu por entre os dentes cerrados por ciúme. “Mas ele se mudou

para fora da cidade.”

“Ah, ele vai voltar,” Webber respondeu. “Eles sempre voltam.”

John certamente esperava. Ele realmente não queria ir até a cidade e arrastar Seamus de

volta. Mas ele iria se fosse preciso. Assim que esta merda com as ameaças estivessem acabadas,

Seamus Blaecleah voltaria para casa, de uma maneira ou de outra.

“Vá buscar Murphy e o traga para interrogatório,” disse John, quando chegaram à

delegacia. “Não diga a ele por que queremos falar com ele ou que recebemos o relatório do

chefe dos bombeiros. Apenas lhe diga que tenho algumas dúvidas e estamos esperando que ele

possa nos ajudar com a nossa investigação.”

“Certo, xerife.”

John riu enquanto Webber arrancou. O cara era jovem, mas tinha um monte de

entusiasmo pelo trabalho. Se ele continuasse neste ritmo, John suspeitava que Webber estivesse

assumindo seu trabalho um dia desses.

60
John entrou na delegacia, parando brevemente na recepção para pegar suas mensagens

antes de se dirigir para o seu escritório. Ele jogou suas mensagens e o relatório do chefe dos

bombeiros sobre a mesa, em seguida, foi checar com o despachante.

“Alguma chamada, Marc?” John perguntou quando ele empoleirou seu quadril na

lateral da mesa de expedição.

“Não, senhor,” respondeu o oficial. Marc Walker não era ainda um policial de pleno

direito, mas ele seria em mais alguns meses, quando ele terminasse seu treinamento. Nesse

meio tempo, ele tripulava o despacho quando Webber estava fora do escritório. Era um bom

treinamento para o futuro policial.

“Chame-me se alguma coisa aparecer. Eu estarei no meu escritório esperando Webber

voltar com o Sr. Murphy.”

Marc sorriu. “Mensagem recebida, xerife.”

John riu quando ele deslizou para fora da mesa e caminhou de volta ao seu escritório.

Ele se sentou atrás de sua mesa e abriu o arquivo do incêndio no Murphy de novo, lendo o

relatório mais uma vez. Ele queria saber de todos os fatos antes que ele começasse a questionar

o Sr. Murphy.

John não sabia quanto tempo ele estava sentado lá quando ouviu seu telefone zumbir.

Ele estendeu a mão e o agarrou. “Xerife Riley.”

“Hey, Xerife, aqui é Webber. Eu estou aqui no Murphy, mas ninguém está aqui. O lugar

parece abandonado.”

“Droga”. John passou a mão sobre o rosto, suspirando profundamente. “Ok, volte para

a delegacia. Vou emitir um alerta de prisão para Murphy.”

“Ok, te vejo em breve, xerife.”

“Yeah.” John desligou o telefone e se levantou, caminhando para a porta do escritório.

“Marc, eu quero um alerta de prisão para Ezra Murphy. Eu o quero aqui para ser interrogado

em relação ao incêndio em sua oficina mecânica.”

“Certo, xerife.”

John assentiu com a cabeça e voltou para seu escritório.

61
Havia dias em que este trabalho era realmente um saco.

62
Capítulo Seis

Yancy podia sentir alguém o olhando antes mesmo que ele abrisse os olhos. Seus anos

como um detetive da polícia o fez farejar o ar por apenas um segundo antes do rico aroma

masculino de Seamus o alcançar.

Um sorriso acolhedor começou a esticar seus lábios quando ele abriu os olhos. Yancy

seria o primeiro a admitir que ele estivesse um pouco surpreso ao descobrir Seamus estendido

na cama ao lado dele. Exceto por aquele espetacular boquete no chuveiro, o homem nunca

tomou a iniciativa com ele.

Yancy não estava surpreso ao ver o tumulto rodando nos olhos cor de esmeralda de

Seamus. Parecia sempre estar lá. Apenas em algumas raras ocasiões Yancy tinha visto os olhos

de Seamus brilharem de alegria.

“Hey,” ele sussurrou baixinho para não quebrar qualquer bolha de euforia que eles

estavam flutuando.

“Hey,” Seamus sussurrou de volta.

“Você está bem, doçura?”

Os olhos de Seamus se dirigiram para longe por um momento, o homem lambendo os

lábios como se eles tivessem ficado subitamente secos. Ele estava nervoso. Yancy podia ver, e

seu coração começou a correr. Seamus estava aqui para lhe dizer adeus?

Yancy não tinha certeza se podia lidar com isso.

“Você ainda me quer?”

O choque deixou Yancy imóvel por um momento. Como Seamus poderia duvidar

disso? “Sim,” ele disse simplesmente, em vez de gritar e berrar como ele queria. Ele queria

Seamus mais do que ele queria ver o sol nascer na manhã seguinte.

“Então eu sou seu.”

63
A alegria percorreu Yancy como uma tempestade. Ele começou a alcançar Seamus

quando a realidade deu um tapa no rosto com um sonoro, mas silencioso, baque. Mais cedo

Seamus não parecia saber o que ele queria, e agora ele sabia? O que era essa súbita reviravolta?

“E John?” Ele odiava esse nome.

Seamus ergueu os olhos até que eles se encontrarem com os de Yancy. “Eu não vou

mentir para você, Yancy. Eu ainda tenho sentimentos por John. Mas eu tenho sentimentos por

você, também.” Seamus respirou fundo como se não houvesse ar suficiente em seus pulmões.

“E eu estou começando a pensar que meus sentimentos por John foram todos unilaterais, que

talvez eu visse o que eu queria ver.”

“E isso significa o quê?” Yancy queria todas as cartas sobre a mesa. Ele estava bem com

Seamus querer levar as coisas devagar, mas se o cara estava lhe dando luz verde, ele queria

saber se Seamus realmente queria dizer isso antes que ele permitisse que o homem tivesse seu

coração.

“Isso significa que se você ainda me quiser, eu estou disposto a colocar John em meu

passado e dar tudo para este relacionamento com você.”

Yancy se permitiu alcançar Seamus desta vez, puxando o homem perto, sentindo a

necessidade crescer dentro dele cada vez mais forte. “Prometa-me que você não vai quebrar

meu coração, Seamus. Prometa que você será sempre meu.”

“Eu prometo,” disse Seamus em um gemido sussurrado enquanto pressionava seu

corpo quente contra Yancy.

Ele sabia em seu coração que Seamus queria dizer o que ele disse, mas Yancy também

sabia que ele só tinha a metade do homem, o xerife possuía a outra. Tudo o que ele podia fazer

era tentar fazer Seamus esquecer o xerife e esperar que com o tempo ele pudesse ter todo o

amor de Seamus.

Yancy correu sua mão áspera para baixo da lateral do corpo do homem, segurando a

bunda de Seamus e o puxando mais perto. Ele adorou o fato de que Seamus estava totalmente

nu. Isso o deixava chegar ao doce corpo do homem muito mais fácil.

“Sabe quanto tempo eu queria te tocar?”

64
Seamus lhe deu um sorriso travesso. “Desde a primeira vez que você colocou seus olhos

em mim?”

Yancy bateu levemente na bunda de Seamus. “Não precisa ser tão convencido.”

Faíscas de brilhantes luzes dançaram nos olhos de Seamus. “Não estou sendo

convencido.”

Yancy puxou seu amante até que Seamus estava sobre seu corpo. Seu pênis estava duro

e quente quando Seamus se sentou em cima dele. O homem parecia um anjo caído quando ele

sorriu para Yancy.

Ele podia se ver amando esse homem até o final dos tempos. Seamus era tão lindo, por

dentro e por fora. Seus lábios se separaram em um gemido quando Seamus abaixou a cabeça e

começou a chupar o mamilo de Yancy. Suas mãos correram sobre o cabelo do seu amante,

puxando os fios, chiando e gemendo quando Seamus mordeu suavemente sua carne sensível.

Yancy arqueou as costas, as mãos deslizando sobre a pele lisa do homem, sorrindo

quando o homem começou a se contorcer sob seu toque. Suas unhas arranharam a pele macia

de Seamus. “É isso aí, doçura, prove-me.”

Ele rangeu os dentes contra as sensações enquanto ele segurava seu corpo, Seamus

moeu seu pênis contra o estômago de Yancy. Se o cara apenas soubesse quanto controle ele

roubava de Yancy. Ele lutou para respirar, enquanto observava Seamus lamber pelo seu peito,

mordiscando e chupando, gemendo seu prazer.

Yancy lutou para não jogar Seamus debaixo dele e o foder. Seamus não era uma

aventura de uma noite, nem era um caso ocasional. Ele era de Yancy. Ele sabia em seu coração

que não haveria nenhum outro.

“Tão grande,” disse Seamus contra o peito de Yancy enquanto ele usava os dentes para

dar uma pequena mordida dele. “Tão forte.”

A fome que ele sentia por esse cara estava levando-o a beira da loucura e além. Yancy

não tinha certeza de quanto tempo mais ele poderia ficar deitado ali e deixar Seamus fazer o

que quiser. “Eu quero te foder devagar.” Ele mal conseguia empurrar as palavras de seus lábios

pelo puro prazer o envolvendo.

65
O corpo de Yancy era como fogo líquido, firme e forte. Ele rangeu os dentes quando

Seamus começou a beijá-lo mais e mais, sua língua traçando o umbigo de Yancy. Quando

Seamus olhou para ele debaixo de seus cílios, Yancy estava quase destruído.

Ele havia se apaixonado por Seamus.

Seus dedos se enredaram no cabelo de seu amante quando Seamus mordiscou seu osso

da pelve antes de lamber um longo caminho até o pênis de Yancy e depois chupar a cabeça

inchada em sua boca.

“Foda!” Yancy gritou enquanto seus quadris empinavam. Yancy tentou se controlar,

tentou não se mover enquanto Seamus o chupava, mas seu corpo não queria ouvir. Seus

quadris se empurraram para frente enquanto seu aperto no cabelo de Seamus se intensificou.

Por mais que ele estivesse gostando da boca do homem, Yancy não queria gozar desta

maneira. Ele queria estar profundamente enterrado dentro do corpo de Seamus quando seu

clímax rugisse através dele.

“Seamus, chega.” Yancy puxou as mechas castanhas chocolate escuro de Seamus. “Não

assim.”

Ele estava malditamente perto de gozar quando Seamus se afastou, lambendo os lábios

inchados enquanto sorria para Yancy. O sorriso era travesso, gracioso, e tentador. Seamus seria

sua ruína. Ele podia sentir até seus ossos.

Yancy começou a ofegar quando Seamus se arrastou de volta pelo seu corpo e deu um

beijo suave em sua garganta. “Então, como é que você quer gozar?”

“De-dentro de você.” Ele agarrou os quadris de Seamus, moendo sua ereção dolorosa

contra a bunda do homem. “Monte-me, doçura.”

Alcançando debaixo do seu travesseiro, Yancy pegou o lubrificante. Ele começou a

derramar um pouco em seus dedos, mas Seamus arrancou o tubo de sua mão. “Quer ver me

esticar minha bunda?”

Maldição. Yancy quase engoliu a língua. A única coisa que ele conseguiu fazer foi

acenar com a cabeça. Ele não era mais capaz de falar quando Seamus se virou, presenteando

Yancy com sua bunda firme. Oh, senhor. Como ele não atacou o homem era uma incógnita.

66
“Apenas observe,” Seamus sussurrou quando ele estendeu a mão atrás dele e rodeou

seu buraco, deixando-o brilhante com lubrificante. “Me observe me dando prazer.”

Yancy soltou um som estrangulado quando ele fechou os dedos no colchão, impedindo

de se tocar. “Vá em frente.”

Como nunca tinha feto amor com Seamus, ele não tinha certeza se os gemidos eram de

verdade ou de exibição, mas independentemente disso, os sons eram tão malditamente eróticos

que Yancy teve que morder o lábio inferior. A bunda de Seamus subiu no ar enquanto os dedos

molhados deslizavam para dentro de seu corpo, o seu pequeno buraco se alongando.

Yancy engoliu em seco, sabendo que não seria capaz de aguentar muito mais tempo.

Enquanto Seamus mexia sua bunda e espetava seus dedos dentro dele, Yancy estendeu a mão e

alisou suas mãos sobre globos gêmeos de Seamus. “Tão bonito.”

“Ajude-me,” Seamus disse em um tom tenso. Yancy estava mais do que feliz em ajudar

o homem. Ele deslizou um dedo ao lado do de Seamus e gemeu alto quando o homem engoliu

o pau de Yancy.

Ele puxou totalmente para fora e empurrou de volta, fodendo Seamus com os dedos

para alguns golpes. Yancy quase implorou quando Seamus deixou seu pau escorregar por entre

seus lábios. Mas o seu protesto silenciou em seus lábios quando Seamus se virou, se

posicionando sobre o eixo duro como aço de Yancy.

“Você está pronto?” Seamus praticamente ronronou as palavras.

Yancy estava totalmente e completamente fascinado com o homem menor. Ele estava

brincando quando disse a Seamus que ele daria uma boa esposa. Agora Yancy estava

começando a se perguntar se o seu subconsciente não estava falando por ele.

A ponta do seu pênis inchado pressionou contra o corpo Seamus, pré-sêmen quase

atirando quando seu amante começou a se abaixar lentamente sobre o pênis de Yancy.

“Seamus,” ele gemeu, seus dedos cravando nos quadris de Seamus. “Oh, inferno,

Seamus.”

Seamus se inclinou para frente, as unhas cravando no peito de Yancy quando ele soltou

um longo silvo.

67
“Leve seu tempo, doçura. Leve o tempo que precisar.” Yancy disse as palavras,

querendo dizê-las, mesmo se ele quisesse empurrar para dentro da bunda de Seamus mais do

que ele queria respirar. Seu amante sorriu para Yancy antes morder sua garganta.

“Deus, você é tão bom enterrado na minha bunda.” Seamus girou seus quadris, caindo

para o pau de Yancy repetidas vezes. Yancy estava perigosamente perto de perder o controle

enquanto Seamus pegava o que ele queria, o que ele precisava. Quando seu corpo atingiu o

auge, Yancy segurou Seamus firmemente enquanto ele os virava, colocando seu amante

debaixo dele.

“O que aconteceu comigo montando você?” Seamus brincou em um tom profundo e

rouco. Ele estava ofegante, seus olhos verdes brilhando enquanto passava os dedos sobre o

dorso nu de Yancy. O homem envolveu suas pernas ao redor da cintura de Yancy, levando o

pau de Yancy mais profundo em seu corpo.

Yancy inclinou para frente, pressionando os lábios na suave concha da orelha de

Seamus. “Eu vou te foder sem sentido.”

“Sim!”

Levantando-se, Yancy empurrou as pernas de Seamus para fora do caminho quando ele

começou a bater no buraco apertado de Seamus. Pequenas explosões queimavam dentro dele

enquanto suas bolas encolhiam apertadas contra seu corpo, sinalizando que seu orgasmo estava

perto.

Seamus se debatia, gritando o nome de Yancy.

“De novo. Grite para mim de novo, doçura.” Yancy reforçou suas palavras com golpes

duros e exigentes. Não importava quão profundamente ele afundava, Yancy não conseguia

chegar perto o suficiente. Ele sentia como se a loucura estivesse assumindo, o agarrando,

ameaçando levá-lo para baixo.

“Yancy!” Seamus gritou enquanto ele envolvia seus dedos ao redor de seu pênis e

começou a se acariciar freneticamente. “Faça-me gozar.”

“O que você quiser, doçura.” Yancy dobrou seus esforços, agarrando os tornozelos de

Seamus e separando suas pernas do homem, enquanto ele batia na carne macia de Seamus.

68
Seamus arqueou as costas, gritando quando fitas brancas dispararam da ponta do seu

pênis, pintando seu peito e queixo com seu gozo. Yancy rangeu os dentes, o buraco apertado de

Seamus ordenhando impiedosamente seu pênis.

“Porra,” ele gritou quando uma cascata de energia elétrica acendeu dentro dele,

queimando-o vivo pela paixão febril quando seu orgasmo o golpeou, tornando difícil para

Yancy respirar. Os braços de Seamus caíram para o lado quando ele puxava respirações

irregulares.

Os golpes de Yancy diminuíram enquanto ele cavalgava o clímax persistente. Ele estava

suando, sem fôlego, e queria um maldito cochilo. Puxando do corpo de seu amante, Yancy se

estendeu ao lado de Seamus, puxando o homem perto de seu peito.

“Luz verde.” Seamus brincou enquanto suas pálpebras se fechavam.

Yancy riu quando ele alisou a mão pelo corpo encharcado de suor de Seamus. “Eu com

certeza espero que sim.”

Seamus era tudo o que Yancy esperava e muito mais, mas ele não podia afastar a

preocupação no fundo de sua mente que o xerife iria de alguma forma roubar a felicidade de

Yancy, que o homem levaria Seamus para longe dele.

*****

“Você tem certeza que quer fazer isso?” Yancy perguntou pela centésima vez. Ele estava

ansioso para voltar para o rancho Blaecleah. Ele o adorava e adorava as pessoas que viviam no

rancho.

Mas desta vez era diferente. Desta vez, ele não era apenas um amigo chegando para o

jantar de domingo. Ele estava voltando como o namorado de Seamus, amante, seja lá como era

chamado. Simplificando, Seamus tinha decidido que era hora de contar a sua família sobre eles.

E isso assustava Yancy até a morte. Ele não estava de modo algum envergonhado de

estar com Seamus. Inferno, ele gritaria os quatro ventos se lhe dessem uma pequena

69
oportunidade. Ele estava com medo que o retorno à cena do crime, por assim dizer, estragaria o

início frágil do relacionamento deles.

Eles tinham perdido o obrigatório jantar de domingo da semana passada, e Ma não

aceitaria um não como resposta esta semana, mas pelo menos tinha lhes dado tempo extra para

cimentar a relação deles um pouco mais antes de apresentá-lo ao mundo.

A semana passada tinha sido um sonho. Yancy foi para a cama todas as noites com

Seamus em seus braços e acordou da mesma forma. Seamus estava esperando por ele no final

de um longo dia, mas em vez de apenas dizer olá, o homem vinha e beijava Yancy como se eles

fossem um autêntico casal.

O sexo era fenomenal. Yancy tinha certeza que ele tinha fodido Seamus em cada

superfície plana de seu apartamento, e alguns que não eram tão planas. Ele não conseguia ter o

suficiente do homem. Felizmente para ele, Seamus parecia retornar esse sentimento. Quanto

mais Yancy o queria, mais Seamus parecia se abrir.

Apenas algumas vezes Yancy tinha apanhado Seamus olhando para o nada, e ele sabia

que Seamus estava pensando em John. Se ele pudesse limpar totalmente a memória do homem,

ele o faria. Mas ele não era um feiticeiro. Ele teria que esperar que Seamus superasse seus

sentimentos pelo xerife em seu próprio tempo.

“Quer parar?” Seamus revirou os olhos, mesmo quando ele agarrou a mão de Yancy,

apertando-a. “Eu me recuso a escondê-lo da minha família.” Seamus riu enquanto olhava Yancy

de cima abaixo. “Por um lado, isso seria extremamente difícil de fazer. Você é tão forte como

uma maldita casa de tijolos.”

“Você não parecia se importar como eu sou forte esta manhã quando eu tinha você

preso contra a parede.” Yancy sorriu quando o rosto de Seamus corou com uma profunda e

bonita cor vermelha. “Meu grande pau batendo em sua bunda, meus lábios em seu pescoço.”

“Sim, bem.” Seamus respirou fundo enquanto ele puxava a gola de sua camisa, sem

querer descobrindo a marca do chupão vermelho escuro que Yancy tinha deixado em sua

garganta. “Eu nunca disse que eu tinha um problema com o quão grande você é. Só que eu não

podia te esconder.”

70
Yancy quase saiu da estrada quando Seamus estendeu a mão e ajustou seu pau duro, o

que era extremamente visível em seus jeans apertados. Yancy gemeu na tenda grossa,

desejando que ele tivesse tempo de brincar com ele.

“Eu te disse o quanto eu gosto de você nesses jeans?”

Os olhos de Seamus arregalaram. “Não.”

Yancy mal conseguiu tirar os olhos do pau esticado de Seamus tempo suficiente para

olhar para fora da janela da frente ter certeza de que eles ainda estavam na estrada, e então ele

olhou para Seamus. “Você fica lindo neles, doçura.”

As sobrancelhas de Seamus se uniram como se o homem tivesse ficado perplexo com a

declaração de Yancy. Ninguém nunca lhe tinha elogiado antes?

“Uh... obrigado?”

Yancy mordeu o lábio inferior por um momento enquanto seus olhos iam do rosto

rosado de Seamus para a estrada e então de volta. “Você ficaria fantástico se você tirasse esse

seu bonito pau para fora e brincasse com ele para mim.”

O queixo de Seamus caiu.

Yancy acenou com a cabeça para o tecido apertado na virilha de Seamus. “Isso parece

doloroso. Talvez você queira corrigir isso antes de chegar à casa de seus pais. Eu não me

importo que eles saibam sobre nós, mas eles não precisam saber muito.”

“Yancy — ”

“Por favor?” Yancy precisava ver Seamus, e ele não se importava de implorar para

conseguir o que queria. Ele podia não estar em uma posição para sentir seu pau afundar no

corpo sexy do homem, mas se ele não tivesse algum tipo de ligação com Seamus antes de

chegarem à fazenda, ele perderia o homem.

Ele simplesmente sabia.

“Você tem certeza?” Seamus perguntou numa voz incerta, mesmo quando suas mãos

foram para o zíper de sua calça jeans. O homem se virou em seu banco, apoiando as costas

contra a porta do passageiro e levantando uma perna acima no assento, as afastando.

“Oh inferno, sim, doçura.”

71
“Não deixe que Ma o ouça xingando desse jeito.”

“Não fale de sua mãe enquanto segura seu pau em sua mão.”

“Meu pau ainda não está na minha mão.”

“Porra, eu te adoro, Seamus.” Yancy riu, balançando a cabeça um pouco. Às vezes, ele

não podia acreditar o quão bem eles se encaixavam. “Agora, tire esse pau para fora de suas

calças e se masturbe para mim antes de eu encostar o caminhão e fazer isso por você.”

As sobrancelhas escuras de Seamus subiram na testa. “Isso é uma ameaça?”

“Seamus!”

O profundo riso de Seamus encheu a cabine do caminhão, quebrado apenas pelo som

do zíper do homem descendo e de Yancy gemendo quando pau grosso de Seamus foi revelado

aos seus olhos famintos.

Yancy tentou manter os olhos sobre o que Seamus estava fazendo e ver onde ele estava

dirigindo, os dois ao mesmo tempo. Não era fácil, mas tirar os olhos dos longos dedos de

Seamus enrolados em seu pênis enquanto o homem acariciava lentamente todo o comprimento

teria precisado de um maldito milagre.

Os olhos de Yancy saltavam do que Seamus estava fazendo para a estrada, e então, de

volta com a mesma rapidez. Conforme a mão de Seamus começou acelerar, assim também a

respiração de Yancy, até que ele estava quase hiperventilando com a necessidade de ver seu

amante gozando.

“Maldição, doçura, isso parece tão bom,” Yancy murmurou, lambendo os lábios. Até

mesmo o pau de Seamus era lindo, todo grosso e vermelho com uma cabeça bem brilhante e

lateral com veias grossas. “Eu aposto que é bom e excitante, não é?”

“Sim, sim,” Seamus ofegava.

“A sensação é boa?”

O gemido de Seamus foi sua única resposta.

“Esfregue o polegar por cima, doçura.” Yancy quase engoliu a língua quando Seamus

fez exatamente o que ele pediu, esfregando a ponta do polegar sobre a pequena fenda na cabeça

de seu pênis.

72
Yancy lançou um olhar rápido pela janela da frente novamente e se virou para Seamus

bem a tempo de ver o homem levantar o polegar para cima, segurando-o para Yancy.

O pequeno dígito brilhava.

Yancy se inclinou para frente e chupou o polegar de Seamus em sua boca. O doce sabor

picante de pré-sêmen explodiu pela língua de Yancy. Yancy gemeu, seu pau pulsando em suas

calças quando ele rodou sua língua sobre o polegar de Seamus, lambendo todos os vestígios.

“Obrigado, doçura,” disse Yancy quando Seamus puxou o dedo de volta.

“Se-sempre,” Seamus gemeu.

Oh homem, Yancy iria para o inferno pelas coisas sujas passando por sua cabeça,

especialmente quando ele deveria ter sua mente na condução.

Ele simplesmente não conseguia se conter. Seamus era um sonho erótico.

“Você pode... você pode alcançar sua bunda?”

Seamus parou, as sobrancelhas subindo mais uma vez. Yancy estava começando a ter a

impressão de que ninguém nunca tinha brincado com Seamus. O homem não era virgem, ele

tinha admitido isso. Mas ele não agia como alguém que tinha explorado a sua sexualidade

também.

Yancy mudaria isso.

“Eu quero que você se toque enquanto você se masturba.”

Lá estava aquele olhar atordoado no rosto de Seamus mais uma vez. Yancy quase

balançou a cabeça em descrença. Como este homem bonito podia ser tão tímido e inexperiente

estava além dele. Parecia quase triste.

O lado positivo era que Yancy teria a alegria de ensinar a Seamus algumas coisas, e

talvez mais do que algumas se ele tivesse a chance. “Empurre as calças para baixo, Seamus, e se

toque para mim. Eu quero ver você todo.”

O rosto de Seamus estava vermelho rosado quando ele empurrou suas calças até os

joelhos. Depois de um momento tentando se mexer, ele os empurrou até os tornozelos, tirando

um sapato para que ele pudesse empurrar o jeans para fora uma perna.

73
Assim que ele estava situado novamente, ele abriu as pernas. Yancy estendeu a mão e

agarrou o tornozelo que ainda tinha o jeans em torno dele e o levantou para o painel. Então ele

enfiou a mão no porta-luvas e tirou um frasco de lubrificante, estendendo-o para Seamus.

“Você vai precisar disso,” Yancy instruiu, principalmente porque ele sabia que no

momento que ele visto o pequeno buraco apertado de Seamus olhando para ele que ele não

seria capaz de se parar de foder o homem até inconsciência.

Isso não era mais uma simples sessão de punheta no carro. Ele havia se transformado

em uma sessão de preparação. Yancy iria brevemente foder Seamus.

Yancy apertou a mandíbula para manter um forte controle, enquanto observava Seamus

lubrificar seus dedos e estender a mão para corrê-los em torno de sua entrada enrugada. A

visão sedutora dos dedos de Seamus deslizando em sua própria bunda era quase mais do que

Yancy podia lidar.

Yancy manteve uma mão no volante e apertou a outra contra o seu próprio pênis

dolorido. Ele estava tão duro que doía. Ele praticamente podia sentir seu pau afundar na bunda

de Seamus.

Os olhos de Seamus tinham ficado vidrados em algum momento. Yancy não tinha

certeza de quando, mas o prazer brilhando em suas profundezas verdes escuras mostrava que o

homem estava se divertindo. Essa tinha sido a intenção principal de Yancy quando começou

isso. Agora, era simplesmente conseguir Seamus pronto para que ele pudesse transar com ele.

No momento que Seamus podia facilmente afundar três dedos em sua bunda, Yancy

puxou o caminhão para o lado da estrada. Ele o parou e pulou para fora da cabine. Yancy

rapidamente correu para a porta do passageiro, que estava — felizmente — de frente para a

floresta. Ele abriu a porta e pegou Seamus antes que ele pudesse cair.

“Hey, o que — ”

O resto das palavras de Seamus ficou perdido quando Yancy pegou um punhado de

seus cabelos e puxou sua cabeça para trás, cobrindo a boca do homem com a sua própria. A

momentânea surpresa de Seamus desapareceu tão rapidamente quanto suas palavras. Ele abriu

74
a boca e começou a beijar Yancy de volta, seus suaves gemidos aumentando até que o homem

estava praticamente vibrando de desejo.

“Preciso de você, doçura.” O tom de Yancy não admitia resistência. “Preciso de você

agora.”

Ele estava tão desesperado que suas mãos tremiam quando ele puxou Seamus para fora

do caminhão e o empurrou para o banco, sua bunda para fora. Ele abriu a braguilha e tirou seu

pênis, empurrando-o contra a bunda de Seamus.

Um impulso profundo e Yancy estava enterrado profundamente até as bolas dentro de

Seamus. O grito estridente do homem era como nirvana verbal. Yancy agarrou os quadris de

Seamus e bateu no homem, dirigindo seu pênis tão profundo quanto ele podia sem ferir

Seamus.

Isso não era nenhum amor lento e gentil.

Isso era necessidade extrema.

Yancy bateu no buraco acolhedor de Seamus, seus dedos cravando as laterais do

homem enquanto o prazer o inundava. Os músculos tensos de Seamus o segurando como uma

luva feita apenas para ele, cada impulso aumentando seu prazer até Yancy estava pronto para

gritar.

Yancy alcançou ao redor do corpo de Seamus e agarrou seu pênis. Ele o acariciou,

apertando-o, assim como a bunda de Seamus estava apertando sua ereção dolorida. Assim

como seu clímax começou a chegar ao topo, Yancy se inclinou e raspou os dentes sobre a nuca

de Seamus.

“Goze para mim, doçura,” ele pediu, se recusando a ter seu próprio prazer antes de seu

amante. “Me dê o que eu quero, Seamus.”

“Yancy!” Seamus gritou quando ele encheu a mão de Yancy.

O som de seu nome gritado no auge do prazer do Seamus era mais do que Yancy

poderia suportar. Ele levou seu pênis tão profundo dentro de Seamus quanto seus corpos

permitiriam e deu liberdade para o êxtase o enchendo.

75
“Seamus,” ele sussurrou, a palavra muito mais silenciosa do que o próprio grito de

Seamus, mas igualmente pungente.

Seu pênis pulsou, atirando carga após carga de sua liberação no homem debaixo dele.

Yancy abaixou sua cabeça, apoiando-a no meio das costas suadas de Seamus enquanto tentava

recuperar algum controle sobre suas emoções caóticas.

As palavras que ele estava segurando por muito tempo permaneceram na ponta da sua

língua, implorando para serem livres. Yancy estava com muito medo de dar voz a elas. Seamus

poderia possuí-lo de corpo e alma, mas ele sabia que ele ainda compartilhava Seamus com

outro homem. Até que ele soubesse que Seamus era todo dele, ele não poderia dar essa última

parte de si mesmo para o homem.

Não importa o quanto ele quisesse.

76
Capítulo Sete

Seamus fez uma careta quando eles pararam em frente da casa de seus pais e viu todo o

clã sair para a varanda da frente. Apesar das palavras de confiança de Yancy, ele ainda estava

um pouco envergonhado com o que eles tinham feito no carro a caminho para cá.

Qualquer um poderia tê-los visto no lado da estrada. Cade Creek era conhecido por

seus cidadãos amigáveis. Se alguém tivesse visto um caminhão na beira da estrada, eles teriam

parado para ver se eles poderiam prestar assistência.

Seamus estava apenas grato que não tinha acontecido. Ele estava ainda mais grato que o

xerife não tinha aparecido e os pego. Ele não queria nem considerar ter que tentar explicar isso.

Inferno, ele estava esperando evitar John completamente enquanto ele estivesse aqui.

Sua relação com Yancy era muito nova e Seamus não queria se arriscar por ver John, um

homem por quem Seamus ainda tinha sentimentos.

Seus sentimentos por Yancy estava crescendo aos trancos e barrancos. O homem era tão

lindo que Seamus poderia apenas se sentar e olhar para ele por horas. Mas, além disso, Yancy

era simplesmente um cara legal. Ele era engraçado, carinhoso e doce. Ele poderia se parecer

com uma grande e monstruosa casa, mas bem no fundo ele era um urso de pelúcia.

Yancy queria o que todo mundo queria, alguém para chamar de seu. Por que ele

decidiu que ele queria que esse alguém fosse ele, Seamus nunca saberia, mas ele seria

eternamente grato que isso tinha acontecido.

Exceto por aquele momento em que John o tinha beijado, Seamus nunca tinha sido tão

feliz. E ele planejava fazer tudo o que podia para se garantir que ficasse assim, mesmo que isso

significasse evitar o outro homem que segurava um pedaço dele como refém.

“É bom estar em casa?” Yancy perguntou enquanto ele estacionava o caminhão e

desligava o motor.

“Sim, eu senti falta do lugar.”

77
Yancy olhou na direção da casa, rindo. “Acho que o lugar sentiu sua falta se aquela

multidão na varanda da frente for alguma coisa.”

Era bom estar em casa. Seamus gostava da cidade, mas só porque era ali que Yancy

estava. Seu pequeno bairro era bom, e as pessoas de lá pareciam ainda melhores, mas não havia

realmente nenhum lugar como Cade Creek.

“Você nunca considerou se mudar aqui para Cade Creek?”

O rosto de Yancy não mostrava nenhuma emoção, quando ele se virou para olhar para

Seamus. “Por você eu me mudaria.”

Seamus piscou. “Sério?”

“Eu não consigo pensar no quanto eu não estaria disposto a fazer por você, Seamus.”

Os dedos de Yancy se arrastaram rapidamente ao lado de seu rosto antes que ele se virasse e

abrisse a porta do caminhão e saísse. “Especialmente se eu soubesse que você era meu.”

Seamus não precisava perguntar a Yancy o que ele estava falando. O assunto tinha

estado implícito entre eles desde que eles decidiram fazer um movimento em seu

relacionamento. Mas pairava no ar como um cheiro ruim.

Seamus não podia evitar quem ele amava, e ele amava tanto John quanto Yancy. Ele

sabia disso agora. A única diferença era que Yancy parecia amá-lo de também onde John não

queria nada com ele.

Seamus esperava que chegasse o tempo em que ele poderia finalmente colocar John em

seu passado e se dedicar inteiramente à Yancy. Ele também esperava que Yancy esperasse

tempo suficiente para que isso acontecesse. Ele não podia culpar Yancy em nada se o homem

apenas se cansasse e o abandonasse. Seamus estava pedindo muito para Yancy, e ele sabia

disso.

Seamus rapidamente saiu do caminhão e caminhou ao redor da frente para se juntar a

Yancy. Ele agarrou o braço de Yancy para impedi-lo de seguir até a varanda, esperando até que

Yancy o olhasse bem nos olhos.

“Eu estou com você, Yancy. Eu tomei essa decisão, e eu não vou voltar atrás.”

78
“Eu sei, doçura.” Ao lhos cinzas esfumaçados de Yancy estavam um pouco tristes

quando ele olhou para Seamus. “Mas eu não posso evitar o que eu sinto. Estou apavorado que

John aparecerá e irá te levar para longe de mim, que você vai querê-lo mais do que você me

quer.”

O coração de Seamus desmoronou no chão enquanto observava Yancy se virar e se

afastar. O homem devia ter guardado suas emoções e sorriu ao cumprimentar o clã Blaecleah

porque todos eles estavam animados quando o cumprimentaram, como se o homem não tivesse

acabado de fazer Seamus se sentir como se tivesse saltado do penhasco mais próximo.

Seamus de repente se perguntou se sua indecisão estava destruindo o homem que

Yancy era, o homem que ele estava rapidamente se apaixonando. Yancy continuou brincando

com ele e todos os outros. Ele tinha um sorriso pronto para todos.

E Seamus não tinha visto nenhum sinal de que isso estava mudando, mas ele começou a

se perguntar se talvez ele não tivesse visto isso porque ele não queria. Ele estava ignorando o

que ele estava fazendo com Yancy, porque ele não queria lidar com isso?

“Você está bem, filho?”

Seamus olhou para longe das costas de Yancy para encontrar seu pai de pé ao lado dele.

“Sim, Da. Eu estou bem.”

“Parece que você tem algo pesado em sua mente.”

“Só algumas coisas que eu preciso pensar.” Como o fato de que talvez ele precisasse

desistir de Yancy antes que ele o destruísse. “Eu vou resolver isso.”

“Se você precisar conversar...”

Seamus sorriu e se inclinou para a mão que pousou em seu ombro. “Eu sei a quem

chamar, Da. Eu acho que isso é apenas algo que eu preciso resolver sozinho.”

“Certo, tudo bem então. É melhor você ir até a varanda e cumprimentar sua mãe antes

de ela quebre alguma coisa.”

Seamus riu, deixando de lado a tensão em torno dele quando ele se apressou a subir os

degraus da frente e caiu nos braços que sua mãe lhe estendia. Ele inalou profundamente,

atraindo a doce fragrância reconfortante que era exclusivamente de Alani Blaecleah.

79
“Ei, Ma.”

“Olá, meu filho.”

“Eu senti sua falta.”

Alani se inclinou para trás e segurou o rosto de Seamus entre suas delicadas mãos,

olhando para ele com um olhar inquisitivo que só uma mãe tinha. “Eu senti sua falta, também,

filho. Eu acho que você precisa voltar para casa com mais frequência.”

Seamus riu nervosamente, sabendo que sua mãe podia ver as coisas apenas olhando

para ele onde ninguém mais poderia. “Eu só estive fora por duas semanas, Ma.”

Alani arqueou a sobrancelha.

“Não discuta com sua mãe, garoto.”

Seamus sentiu a curva de lábios subir na suave repreensão de seu pai. “Sim, Da.”

Era bom estar em casa.

“Vamos entrar, filho,” Ma disse quando ela soltou o rosto de Seamus para pegar sua

mão. “O jantar está quase pronto.”

“Ótimo. Eu estou morrendo de fome.” Ninguém cozinhava como sua mãe.

“É essa toda comida da cidade,” Ma insistiu. “Isso não pode ser bom para você.”

Que lembrou a Seamus sobre algo que ele queria falar com seus pais. “Tem uma coisa

no calçadão a poucos quarteirões do apartamento de Yancy. Durante a semana eles têm

barracas por todo o lugar com alimentação e artesanato. E fica ainda maior nos fins de semana

com músicos e artistas e ainda mais barracas.”

“Isso parece divertido.”

“É como uma grande festa,” Seamus respondeu enquanto ele seguia sua mãe para a

cozinha. “Eu estava pensando que talvez pudéssemos conseguir algo assim acontecendo aqui

em Cade Creek. Seria uma boa maneira das pessoas se reunirem e socializarem, bem como

vender alguns de seus produtos, como o tomate.”

“Você já falou com seu papai sobre isso?”

Seamus balançou a cabeça. “Ainda não. Esta é a primeira oportunidade que eu tive de

falar com alguém sobre isso, exceto Yancy.”

80
Ma olhou por cima das batatas que ela estava mexendo no fogão. “Como vão as coisas

com você e Yancy?”

Seamus estava realmente esperando por um pouco mais de tempo antes que essa

discussão viesse à tona. “Estão boas. Ele é um ótimo cara.”

“Ele está te tratando bem?”

O rosto de Seamus coloriu enquanto ele pensava sobre o que tinha acontecido no

caminhão e quão bem Yancy o estava tratando. “Sim, Ma, Yancy está me tratando muito bem.

Como eu disse, ele é um ótimo cara.”

“Bom.” Ma voltou a agitar as batatas em cubos.

Seamus mordeu o lábio por um momento, hesitante. Ele sabia que tinha que ser honesto

pela forma como sua mãe ficou olhando para ele. Ela sabia que algo estava acontecendo. Ela

sempre sabia. Ela era o terror de cada um de seus filhos.

“Sim, de fato, nós meio que começamos a namorar.” Seamus engoliu em seco quando

Ma parou de mexer e só ficou olhando para ele. “Ma?”

“Você está namorando Yancy?”

“Sim.”

“É sério?”

“Sim.”

“Oh meu.” Pela primeira vez no que pareceu uma eternidade — talvez até mesmo em

toda a sua vida — a mãe de Seamus parecia perturbada. “Então nós podemos ter um

problema.”

“Que tipo de problema?”

Em vez de lhe responder, Ma colocou sua mão em volta de sua boca e gritou, “Donnell,

venha aqui.”

Seamus mal teve tempo de sair do caminho antes de Donnell entrar na cozinha,

derrapando até parar quando os viu. “O que há de errado?”

“Seamus e Yancy começaram a namorar,” disse Ma. “Seamus diz que é sério.”

Os olhos verdes enevoados de Da se arregalaram para Seamus. “Oh, meu.”

81
Seamus começou a ficar desconfortável quando seus pais apenas ficaram ali olhando

para ele. Será que eles não gostavam de Yancy? Ele sabia que não era porque ele estava se

apaixonando por outro homem. Isso nunca tinha sido um problema em sua casa.

“O que está acontecendo?”

Ma torceu as mãos em seu avental, seus olhos correndo para longe, o que era totalmente

o oposto de Ma. “Seamus, nós — ”

O rosto de Seamus drenou de qualquer cor quando ouviu a porta da frente se abrir e a

voz do xerife John Riley flutuar pelo ar. “O que vocês fizeram?” ele sussurrou enquanto sua

desgraça iminente lhe dava um tapa no rosto.

“Filho, nós não sabíamos sobre você e Yancy ou nunca teríamos convidado John para

jantar,” Da disse rapidamente. “Você tem que saber isso. Nós só queríamos que você fosse feliz,

e você estava tão triste quando você saiu. Nós pensamos que se convidássemos John para jantar,

vocês dois poderiam se falar e talvez resolver as coisas entre vocês.”

“Vocês pensaram errado.” Seamus apertou sua mandíbula quando ele empurrou a mão

pelo cabelo, se virando para olhar pela janela para o quintal. Isso não ia acabar bem. Inferno,

podia até mesmo acabar em derramamento de sangue.

“Donnell, faça alguma coisa.”

“Alani, esta família nunca mandou alguém embora da nossa porta, e não estamos

prestes a começar agora porque as coisas podem ficar um pouco tensas. Convidamos o xerife

aqui para jantar. Seamus e Yancy vão ter que encarar e lidar com isso.”

Encarar.

Certo.

É evidente que os pais dele não entendiam que eles poderiam ter destruído qualquer

chance que Seamus tinha de ser feliz. Yancy ficaria muito irritado quando visse John. Ele iria —

a respiração de Seamus congelou em seu peito quando ele percebeu que Yancy e John

provavelmente estavam na sala agora — juntos.

82
Ele se virou e correu para fora da cozinha, parando bruscamente em frente à entrada da

sala. Yancy estava sentado em uma das cadeiras junto à lareira. Seu olhar estava atirando

punhais na direção da porta da frente, que Seamus não podia ver de sua posição.

Ele não quer ver. John estava nessa direção.

“Yancy.” ele disse em voz baixa, tentando apenas chamar a atenção de Yancy e não da

sala toda. “Posso falar com você por um momento?”

Os olhos de Yancy se estreitaram com o que Seamus sabia que era raiva quando o

homem olhou para ele, o encarando por vários segundos tensos. Sem dizer uma palavra a

ninguém, Yancy se levantou e atravessou a sala.

Assim que ele estava ao seu alcance, Seamus agarrou a mão do homem e o puxou para

subir as escadas para o seu antigo quarto, que estava do jeito que ele havia deixado. Seamus

empurrou Yancy para dentro. Ele fechou a porta e abaixou a testa contra a madeira dura e fria,

puxando uma respiração profunda e tentando acalmar seu coração disparado.

“Você sabia?” a pergunta de Yancy ecoou por todo o quarto silencioso como uma bala

disparada de uma metralhadora.

“Não, eu juro.” Seamus engoliu o medo e se virou para olhar para Yancy, se recostando

contra a porta. “Eu não sabia até que minha Ma me dizer que ela tinha convidado John apenas

um momento atrás. Eu juro, Yancy, eu nunca teria feito nós virmos se eu soubesse.”

Yancy pareceu aceitar suas palavras, mas ele ainda parecia irritado.

“Eu disse a meus pais que nós estávamos namorando e que era sério.”

As sobrancelhas escuras de Yancy subiram como se ele não tivesse esperado que

Seamus dissesse nada diante da chegada de John. “O que seus pais disseram?”

“Foi quando eles me disseram que tinham convidado John.” A culpa comia Seamus

enquanto observava Yancy caminhar e olhar pela janela através das cortinas, o conjunto rígido

dos ombros do homem era de raiva implacável.

O homem estava em crise, e era tudo culpa dele. Talvez Yancy realmente estivesse

melhor se não estivessem juntos. Ele simplesmente poderia enviar Yancy de volta para casa, e

ele ficaria aqui. Yancy poderia enviar suas coisas para ele.

83
“Você quer ir embora, Yancy?” Seamus sussurrou, seu coração batendo forte em sua

garganta enquanto esperava pela resposta de Yancy, temendo-a.

“Você faria isso?” Yancy perguntou quando ele se virou e prendeu Seamus com os

olhos.

Como o seu coração poderia doer assim e continuar batendo?

“Como você disse no caminhão,” Seamus sussurrou enquanto ele afastava as lágrimas

surgindo em seus olhos. “Eu não consigo pensar no quanto eu não estaria disposto a fazer por

você.”

Mesmo que isso significasse desistir de Yancy.

“E John?”

Seamus franziu a testa, confuso. “Isso não tem nada a ver com John.”

“Tem tudo a ver com o John,” Yancy gritou, usando um tom que Seamus nunca tinha

ouvido do homem antes. Independente do que Seamus disse ou fez, Yancy nunca gritou com

ele. Agora que ele tinha, Seamus sabia que ele não gostava disso e ele nunca queria ouvir esse

tom utilizado em sua direção novamente.

Seamus se aproximou e se sentou ao lado da cama, seus ombros caindo quando o

desespero encheu cada célula de seu corpo. Ele sabia desde o início que Yancy não ficaria por

perto para sempre. Mesmo sendo ele o único a abandonar Yancy para o bem próprio do

homem, ele ainda se sentia como se estivesse sendo abandonado.

Ele tinha pensado que ele estaria preparado para quando Yancy finalmente o deixasse,

mas como é que alguém se preparava para este nível de dor? Ele sentiu como se seu coração

estava sendo literalmente rasgado de seu peito.

“Se estiver tudo bem com você, eu vou mandar um dos meus irmãos pegar minhas

coisas,” Seamus disse, muito sufocado para falar mais do que um sussurro. “Ou, se você

preferir, você pode simplesmente enviá-los para mim.”

“Você está terminando comigo?”

“Não, eu — ”

84
“Foda.” Yancy explodiu. “Eu deveria saber que no momento em que você visse John

você voltaria correndo para ele.”

Talvez isso fosse verdade, exceto que Seamus não tinha visto John. Ele propositalmente

evitou olhar para o homem. Seamus não achou que agora era a hora de mencionar isso. Ele

apenas apertou seus lábios e olhou para suas mãos.

Um soluço baixo se soltou do peito de Seamus quando ele ouviu a porta do quarto se

abrir e se fechar um momento depois, os passos pesados de Yancy desaparecendo enquanto ele

caminhava pelo corredor, em seguida, pelas escadas.

Ele ficou ali sentado do lado da cama, com medo de se movendo ele se quebrasse pelo

chão. Respirar era uma coisa do passado, assim como as batidas do seu coração. Ele não poderia

nem mesmo formar um pensamento, porque eles estavam girando dentro de sua cabeça como

uma explosão.

John não o queria, e Yancy o tinha deixado — os únicos dois homens que ele tinha

amado. Não havia nada que Seamus podia dizer ou fazer para mudar a forma como as coisas

eram e ele sabia disso.

Todos os seus irmãos tinham encontrado suas lendas, talvez por querer mais um final

feliz fosse pedir demais. As lágrimas que ele estava segurando escorriam pelo seu rosto sem

controle quando a percepção que ele estava destinado a ficar sozinho para o resto de sua vida se

afundou.

Ele nunca teria a família que ele tanto queria.

85
Capítulo Oito

John Riley segurou seu temperamento tanto quanto pode, as vozes do andar superior

combinando com os olhares preocupados que Ma e Da Blaecleah lançavam em sua direção.

Alguma coisa estava acontecendo, e envolvia Seamus.

Considerando que ele foi convidado para jantar com o conhecimento expresso que

Seamus estaria aqui, John achou o silêncio do pessoal do homem um pouco estranho. Se ele não

os conhecesse melhor, John teria pensado que os Blaecleahs queriam que ele saísse.

“Tem alguma coisa errada, Alani?”

“Não, Xerife, claro que não.” Alani sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos, que

disse muito a John.

Ele era um homem da lei há um tempo muito longo. Ele tinha aprendido a ler as

pessoas, de ver o que eles estavam dizendo, mesmo quando eles ficaram em silêncio. Ma

Blaecleah estava gritando com ele agora, e ele queria saber por quê.

John tinha esperando um bom tempo para ver Seamus novamente. Ele tinha quase

enlouquecido quando soube que Seamus havia deixado a cidade. Ele tinha feito tudo o que

podia fazer para não ir atrás do homem e assegurar que Seamus estava bem. Apenas a palavra

dos Blaecleahs de sua segurança o manteve em Cade Creek.

Ser convidado para jantar no rancho Blaecleah tinha sido ótimo. Descobrir que Seamus

estaria lá também tinha sido um sonho. John podia ver com seus próprios olhos que Seamus

estava bem. Ele poderia falar com Seamus sem que ninguém soubesse. Ninguém suspeitaria

que ele tivesse algum sentimento por Seamus se eles apenas se encontrassem no rancho para o

jantar. Todo mundo ia jantar nos Blaecleahs.

John estava começando a suspeitar que estivesse acontecendo mais do que um simples

convite para jantar. “Seamus está em algum tipo de problema?”

“Não, não, Seamus está bem.”

86
John teria acreditado nisso se Alani não olhasse para o teto com uma pequena expressão

preocupada no rosto. Donnell acariciando gentilmente o ombro de sua esposa só aumentou a

certeza de John que algo estava acontecendo.

John quase pulou da cadeira quando a porta no andar de cima de repente bateu. Um

momento depois, Yancy desceu as escadas apressado. Ele atirou em John um olhar que poderia

ter colocado um homem normal em seu túmulo, e em seguida, disparou pela porta da frente.

Donnell foi atrás dele.

Quando ninguém se moveu, todos eles apenas continuando a olhar para o teto, John se

levantou e se dirigiu para as escadas. Ele precisava checar Seamus, ver com seus próprios olhos

que o homem estava bem.

“Oh, John, espere — ”

John ignorou Alani e subiu as escadas. Quando chegou à porta de Seamus, ele parou.

Ele podia ouvir fungadas do interior, e por um momento, a raiva correu desenfreada por ele

quando considerou a possibilidade de que Yancy poderia ter ferido Seamus.

Sem bater, John virou a maçaneta e abriu a porta. Seus olhos pousaram

instantaneamente em Seamus, ou melhor, no seu rosto coberto de lágrimas. John se virou e

desceu as escadas antes que Seamus pudesse dizer qualquer coisa.

O que ele poderia dizer para explicar as lágrimas em seu rosto?

John ignorou os gritos atrás dele quando ele saiu da casa na intenção de encontrar

Yancy e bater a merda fora do homem. Ele não era um xerife naquele momento. Ele era um

homem determinado a vingar a dor que ele tinha visto no rosto de Seamus.

Ele sabia que Yancy era responsável.

O homem iria pagar, e John era o único que iria fazê-lo pagar.

Ninguém feria Seamus, não enquanto John estava por perto. Ele tinha esperado muito

tempo pelo homem, para ele começar a entender que estava se comportando de um jeito

estúpido no que dizia a relação deles. Apenas quando ele pensou que eles poderiam chegar a

algum lugar, coisas tinham acontecido que impediu John de reivindicar o que era dele.

87
Ele tinha dado um passo para trás para a segurança de Seamus, mas isso não significava

que ele estava desistindo do cara. E certamente não queria dizer que ele iria permitir que

qualquer pessoa magoasse o homem que ele amava.

John viu Donnell saindo do celeiro. Já que o caminhão de Yancy ainda estava

estacionado na garagem e Donnell tinha saído atrás de Yancy quando o homem saiu correndo

da casa, John assumiu que o cara que ele estava atrás estava no celeiro.

Ele se dirigiu nessa direção.

Mais uma vez, John ignorou os gritos atrás dele, até que eles desapareceram quando ele

entrou no celeiro. A luz era muito boa para um celeiro deste tamanho. John foi capaz de

identificar Yancy imediatamente recostando contra uma das portas da linha dos estábulos.

Ele caminhou até a grande passagem. Yancy olhou para cima exatamente quando John

levou seu punho na cara do homem. Yancy, tão grande quanto ele era, caiu como uma tonelada

de tijolos. Os cavalos em suas cocheiras começaram a bufar e soprar como se pudessem sentir a

violência no ar.

Apesar da raiva o montando como uma marreta, John sabia o que aconteceria se os

cavalos ficassem perturbados. Ele tinha sido criado em uma fazenda e tinha experimentado

cavalos cheios de terror em sua pior fase.

John estendeu a mão e agarrou o colarinho de Yancy, puxando o homem de pé. Yancy

tropeçou atrás dele enquanto John o arrastava de volta para a passagem e para as grandes

portas duplas. Assim que ele as alcançou, John girou Yancy de frente a ele, e então deu um soco

na cara do homem de novo.

Yancy saiu voando para trás, cambaleando, enquanto tentava não cair. Quando ele

finalmente se firmou, John esperava que o cara exigisse uma explicação para o soco. Ele não

esperava que Yancy rosnasse e o atacasse violentamente.

John grunhiu enquanto o ombro de Yancy bateu em seu estômago. Suas botas

deslizaram sobre a terra solta enquanto tentava se manter de pé. Ele conseguiu um bom soco

nos rins de Yancy antes que o homem desferisse um soco na cara dele.

88
John podia dizer pela quantidade de sangue enchendo sua boca que Yancy tinha

dividido seu lábio. Ele não se importava, porque ele podia ver o mesmo no lábio inchado de

Yancy. O sangue escorria pelo queixo de Yancy, manchando sua camisa.

“Seu estúpido filho da puta!” Yancy gritou.

As sobrancelhas de John subiram, a surpresa dando a Yancy uma chance de desferir

outro soco na cara dele. John retaliou lançando um soco no estômago de Yancy. “Você

machucou Seamus,” ele gritou. “Ninguém magoa Seamus.”

“Você o machuca a cada dia do caralho!”

John piscou. “O que — ” Desta vez, quando Yancy o acertou, John caiu no chão. Ele

estava atordoado demais para fazer qualquer outra coisa. “Eu nunca machucaria Seamus,” ele

retrucou enquanto limpava o sangue de seu queixo.

“Mentira!” Yancy rosnou. “Ele te ama, e você nem mesmo fala com ele.”

“Que diabos você está falando?”

Os olhos de Yancy se estreitaram. “Oh, não aja todo inocente comigo. Eu sei exatamente

o que você fez. Seamus me contou tudo.”

“O que exatamente ele disse?” John perguntou como ele subiu lentamente de pé e dava

um passo para trás, colocando espaço entre ele e o touro enfurecido do homem parado na frente

dele.

“Ele amava você. Ele teria lhe dado tudo. E você o jogou fora como se fosse a sujeira

debaixo dos seus pés.” John deu um passo rápido para trás quando o lábio de Yancy enrolou.

“E por sua causa, Seamus jogou fora tudo o que ele e eu poderíamos ter tido juntos.”

“O quê?” John começou a ter uma sensação de vazio profundo dentro do seu intestino.

“Você e Seamus...?” Ele quase caiu de joelhos quando uma angústia indescritível o percorreu.

Seamus não tinha esperado por ele. É por isso que o homem tinha ido embora. Ele tinha alguém

em sua vida.

“Não existe mais eu e Seamus,” Yancy gritou. “Não mais. Ele deu uma olhada em você

e me chutou para a calçada. Espero que você esteja feliz com você mesmo, xerife. Você tirou de

89
mim o único homem que já amei, e eu aposto que você não vai nem mesmo reivindicá-lo. Você

vai?”

Os olhos de Yancy se estreitaram, sua voz baixa e letal. “Alguma vez ele significou

alguma coisa para você, afinal? Alguma vez você realmente se importou com ele, ou era tudo

apenas uma brincadeira de mau gosto?”

“Eu amo Seamus,” John sussurrou.

“Você tem um jeito malditamente engraçado de mostrar isso.”

“Você não entende,” John começou. “Eu tive que — ”

“Eu não me importo, John. Você quase destruiu Seamus fingindo que você o queria, em

seguida, o ignorando. Ele estava finalmente começando a sair de sua concha, começando a te

colocar atrás dele e você tinha apenas que aparecer e destruir toda a paz que ele tinha

encontrado.”

“Eu não estava fingindo.”

“Eu não acredito em você!” Yancy gritou enquanto seu rosto ficava furioso novamente.

Quando Yancy começou a caminhar na direção a ele mais uma vez, seu punho erguido no ar,

John deu um passo rápido para trás, levando seu próprio punho para cima.

Exatamente quando Yancy o alcançou e começou a balançar, John ouviu um grito alto

vindo da direção da casa. Ele se virou, reconhecendo a voz de Seamus como ele conhecia a sua,

apenas para baixar suas defesas.

O grande punho de Yancy bateu na lateral do rosto de John. A dor explodiu em sua

cabeça. Luzes explodiram pelos olhos de John em um caleidoscópio de cores quando ele caiu no

chão, e então tudo ficou escuro.

*****

90
A primeira coisa que John sentiu foi uma dor lancinante que queimava por todo seu

corpo. Parecia que ele tinha sido atropelado por um caminhão — várias vezes. A segunda coisa

que sentiu foi os dedos suaves acariciando delicadamente o lado de seu rosto.

John abriu um olho e tentou abrir o outro, mas isso doía demais. Além disso, tudo

estava embaçado daquele olho. O que ele podia ver de seu olho bom, no entanto, roubou a

respiração de seus pulmões.

Seamus estava inclinando em cima dele. As lágrimas em seus olhos não estavam caindo

pelo seu rosto como a última vez que John tinha visto o homem, mas elas estavam perto. Elas se

reuniam nas pontas dos seus cílios longos e grossos, como pingos de chuva.

“Seamus.” John piscou os olhos, surpreso como arranhada sua voz soava até mesmo

para ele.

“Ei, como você está se sentindo?”

John sorriu, e então rapidamente desejou que ele não tivesse quando a divisão em seu

lábio começou a sangrar novamente. Ele estremeceu quando Seamus levantou um pano e

limpou o sangue. “Acho que eu estou pior do que eu pensei que eu estava.”

“Isso é o que acontece quando você enfrenta um caminhão Mack.”

Falando de caminhões Mack... John levantou a cabeça e olhou em volta para o que tinha

ocorrido com ele. Ele não ficou muito satisfeito ao encontrar Yancy de pé a vários metros de

distância, cercado por dois irmãos de Seamus. Seus olhos se estreitaram em pequenas fendas

pequenas enquanto olhava para John, obviamente desejando a rápida morte de John.

Ele quase mostrou a língua para o homem.

John gemeu e jogou a cabeça para trás para baixo, grato que Seamus a estava segurando

com suas coxas. Ele já tinha batido no chão muitas vezes hoje. Ele não gostaria bater novamente.

“Você pode ficar de pé?” Seamus perguntou.

John assentiu a contragosto. Ele não queria se levantar. Este era o mais próximo que ele

tinha chegado de Seamus em semanas. Ele estava perfeitamente feliz exatamente onde ele

estava. Com a ajuda de Seamus, John de levantou. Ele cambaleou um pouco quando ele

conseguiu, mas pelo menos ele estava de pé.

91
Ele tentou estender o braço para Seamus, só para ter o homem recuado dele. Os olhos

de John foram imediatamente para Yancy, apenas para saber que o cara estava rindo dele.

Sim, havia um sorriso firme no rosto de Yancy.

“Seamus,” ele disse enquanto ele se virou para o olhar para o homem, “nós precisamos

conversar.”

Nunca, em todos os seus sonhos, John tinha esperado pelo som saindo da boca de

Seamus quando ele começou a rir. Era amargo e frio, e um pouco assustador, especialmente

vindo de um homem tão doce.

“Eu já ouvi isso antes, John.” Seamus balançou a cabeça. “Eu não vou acreditar nisso

uma segunda vez.”

“Não, Seamus, estou falando sério. Precisamos conversar.” Ele tinha tanta coisa para

contar a Seamus, tanto para explicar. Ele sabia que assim que ele fizesse isso Seamus iria

entender, e que esperançosamente o perdoasse.

“Vá se foder, John. Não temos nada para falar.”

John olhou quando ouviu Yancy rir. Não era amarga e fria como a risada de Seamus.

Era feliz. John podia apostar que o homem estava satisfeito com as palavras de Seamus.

Mas Seamus não parecia estar. Ele se virou e olhou para Yancy. “Não temos nada para

falar também. Você fez a sua decisão.”

Antes que alguém pudesse dizer qualquer outra coisa, Seamus girou nos calcanhares e

saiu em direção a casa. John estremeceu quando a porta bateu atrás de Seamus.

Fodidamente esplêndido.

John passou a mão pelo rosto, fazendo uma careta quando ele esfregou exatamente

sobre a divisão no seu lábio. Ele limpou as novas gotas de sangue, e em seguida, colocou as

mãos nos quadris enquanto ele voltou seu olhar sobre o homem que ele responsabilizava por

toda essa merda.

Talvez Yancy tivesse sido a pessoa a fazer todas as ameaças contra ele a fim de ficar

entre ele e Seamus. Era uma explicação tão plausível quanto a que ele tinha. John começou a

sorrir. Também daria a John uma desculpa de algemar o homem e levá-lo longe de Seamus.

92
Ele teria um ataque a um policial se ele precisasse de mais.

Sabendo que ele iria jantar, e por respeito ao Sr. e Sra. Blaecleah, John havia trancado

suas coisas no porta-malas de sua viatura, juntamente com sua arma. Era hora de retirá-los.

Ignorando o homem de pé perto do celeiro olhando para ele, John se aproximou e abriu

o porta-malas. Ele puxou a arma, a checando para garantir que ela estava com o tambor cheio, e

então a colocou em seu coldre. Ele afivelou o coldre em sua cintura, e pegou o resto dos itens

que ele precisa para conduzir Yancy Butler fora de sua vida.

John não pôde evitar o sorriso que surgiu em seu rosto quando ele caminhou para ficar

na frente de Yancy, girando as algemas em seu dedo. “Yancy Butler, você está preso. Por favor,

vire-se e coloque as mãos atrás das costas.”

“Em seus sonhos, homem da lei.”

John arqueou uma sobrancelha. “Você quer eu adicione resistência à prisão com as

acusações contra você?”

“O que acusações?”

“Vamos começar com agredir um policial e a partir daí.”

“Você deu o primeiro soco, Riley.”

O sorriso de John se alargou. “Prove.”

“Escute,” Rourke começou quando ele deu um passo na direção dele. “Você não pode

fazer isso.”

“Isso não está certo, John,” disse Lachlan.

“Eu sou um oficial da lei. Eu não tenho que me explicar para vocês, mas para o bem do

seu irmão, eu vou. Esta pequena briga que ocorreu entre Yancy e eu não é a única coisa

acontecendo aqui. Vocês me conhecem há muito tempo, e eu sempre fui sincero com vocês. Eu

estou pedindo para vocês se afastarem e me deixem fazer o meu trabalho.”

Os dois irmãos pareciam confuso. Eles começaram a olhar entre Yancy e John. Yancy,

por outro lado, estava olhando fixamente para John, fazendo furos nele. John podia dizer que

não seria fácil levar o homem.

Talvez impossível.

93
“Você vai ir tranquilamente, ou eu preciso chamar reforços?”

Yancy cruzou os braços como se ele não tivesse a intenção de ir a qualquer lugar ou se

permitir ser algemado. “Oh, você precisa chamar reforços.”

Yancy falou com tanta certeza que John sentiu os cantos de sua boca contrair. Em

circunstâncias normais, John teria achado Yancy divertido. Infelizmente, estas não eram

circunstâncias normais.

John sabia que ele não tinha outra escolha. Ele tirou o celular do bolso e ligou para a

delegacia. “Webber, aqui é o xerife Riley. Preciso que você mande reforços no rancho Blaecleah.

Tenho um suspeito resistindo à prisão.”

Rourke estendeu a mão e cobriu o bocal com a mão. “Não faça isso. Yancy irá

calmamente.”

“Eu vou?”

“Sim. Vamos pedir que Elijah te encontre na delegacia. Entre seu conhecimento e as

nossas declarações sobre o que realmente aconteceu aqui, Elijah deve soltá-lo em poucas horas.

Resistência à prisão em frente a um bando de policiais não é o caminho a seguir. Você, de todas

as pessoas, deveria saber disso.”

Yancy revirou os olhos quando ele estendeu os braços. “Tudo bem, me prenda.”

John não era estúpido. Ele algemou Yancy tão rapidamente quanto ele podia, antes de

falar com o despacho novamente. “Cancele, Webber. O suspeito está agora sob custódia. Eu

estarei na delegacia em cerca de trinta minutos. Tenha uma sala de interrogatório esperando

por mim.”

“Você tem certeza, Xerife?” Webber perguntou.

“Eu tenho certeza.”

“Copiado, xerife.”

John desligou o telefone e o colocou de volta no bolso. Ele agarrou Yancy pelo braço e o

escoltou até a parte de trás de sua viatura. Assim que ele colocou Yancy na parte de trás, ele

olhou para a casa.

94
John realmente desejava que ele tivesse tempo para conversar com Seamus, mas se ele

conseguisse afastar essa ameaça que pairava sobre sua cabeça, ele poderia estar com Seamus

ainda mais rápido. Ele não queria colocar Seamus no centro das atenções mais do que ele já

tinha.

John entrou no carro e ligou o motor. Ele podia sentir os olhos aborrecidos de Yancy em

sua direção quando ele deu marcha ré, e em seguida dirigiu para a rodovia. O homem

realmente o odiava, e no dizia respeito a John, o sentimento era completamente mútuo.

“Você não vai se safar dessa, você sabe.” disse Yancy do banco traseiro. “Você talvez

possa me prender, mas eu não sou um de seus caipiras locais. Eu fui um detetive da polícia por

um tempo muito longo, e eu sei o que você está fazendo é contra a lei.”

“Conte a alguém que se importe.”

“Você vai perder o seu distintivo com isso, Riley.”

“Se isso te deixar longe de Seamus, eles podem ficar com o meu distintivo.”

“É isso que tudo isso se trata?” Yancy começou a rir. “Graças a você, Seamus já não

quer ter nada comigo.”

“Você já disse isso.”

O riso desapareceu imediatamente da voz de Yancy. Quando ele olhou no espelho

retrovisor, a angústia brilhando nos olhos de Yancy lhe fez pausar. Será que um homem que

estava com tanta dor por ter perdido Seamus ameaçava sua vida?

A resposta foi retumbante um sim.

“Você esteve ligando para a minha casa, Yancy?”

Yancy franziu a testa. “Por que diabos eu iria ligar para você?”

John não podia dizer se o homem estava dizendo a verdade ou não. “Para me

ameaçar?”

“Não.” Yancy riu novamente. “Mas eu gostaria de ter pensado nisso.”

John abriu a boca para questionar Yancy ainda mais quando ouviu o estalo muito

distinto de um disparo de rifle e um segundo depois o pneu da viatura explodiu. Ele agarrou o

volante com as duas mãos quando o veículo começou a se desviar, passando por toda a estrada.

95
John ouviu a janela traseira quebrar antes de perder o controle da viatura e capotar, o

jogando no ar várias vezes. Quando o veículo finalmente parou inclinado no ar, John estava

olhando para o chão de seu caminhão, deitado no teto.

John ficou ali ofegando muito, com o corpo todo dolorido novamente. Ele ouviu um

gemido baixo na parte de trás do veículo esmagado e se virou para ver Yancy tentando levantar

a cabeça. “Ei, cara, você está bem?”

“Estamos mortos?”

96
Capítulo Nove

Yancy tinha certeza que ele estava morto. É claro que a dor queimando através de cada

centímetro de seu corpo dizia que ele estava muito vivo. Mas ele ainda se sentia morto. Ele

tinha que estar morto. Ninguém sobrevivia sendo jogado no ar assim.

“Não, nós não estamos mortos,” John respondeu. “Mas se não sairmos daqui,

desejaríamos que estivéssemos. Quem atirou no pneu pode estar vindo até aqui para terminar o

trabalho.”

“Alguém atirou no pneu?” Yancy lentamente virou a cabeça para olhar para John.

“Quem você irritou?”

John grunhiu enquanto ele rolou para ficar de joelhos. “Eu pensei que fosse você, mas

eu estou começando a reavaliar essa conclusão.” Ele enfiou a mão no bolso e tirou uma chave,

estendendo-a para Yancy. “Aqui, solte-se.”

Yancy pegou a chave e rapidamente abriu as algemas em seus pulsos. Ele começou a

largá-las no teto da viatura, então, decidiu melhor. Ele as segurou até que John as pegou de

volta, guardado-as.

Yancy saiu pela janela de trás quebrada e se recostou contra a lateral do veículo. Um

momento depois, John saiu, olhando por cima do veículo.

“Você está vendo alguma coisa?”

“Não. Acho que quem atirou em nós se foi. Não há nenhum movimento em qualquer

lugar.” John caiu no chão ao lado de Yancy. “Eu imagino que você saiba como usar um desses?”

As sobrancelhas de Yancy subiram quando John estendia uma pistola para ele. “Você

acabou de me prender e agora você está me armando?”

O homem tinha que ser louco.

John deu de ombros. “Se você não me matou até agora, você provavelmente não vai.”

97
“O dia ainda não acabou.” Yancy respondeu quando ele pegou a arma e verificou o

pente. Assim que ele checou que John não tinha lhe dado uma arma vazia, ele voltou o pente no

lugar e olhou para o homem. “Então, quer contar o que está acontecendo?”

Os ombros de John caíram quando ele passou a mão pelo rosto. Ele abaixou a mão em

seu colo e olhou na direção das árvores como se sua cabeça estivesse flutuando em outro lugar.

“Algumas semanas atrás eu comecei a receber telefonemas ameaçadores. As ameaças

são parte do trabalho e elas eram apenas palavras, então eu as ignorei. Então elas começaram a

chegar com mais frequência e cada vez mais letais. Quando eu encontrei o gato morto da minha

vizinha na minha porta, eu sabia quem estava fazendo isso estava falando sério.”

“Quem diabos você irritou?” Yancy perguntou novamente.

John sacudiu a cabeça. “Eu não sei. O que eu sei é que quem está fazendo isso é cruel.”

“Se eles estão ameaçando você, o que eles querem?”

“Esse é o problema, Yancy,” John disse enquanto acenava com a mão enfaticamente no

ar. “Não há exigências, nenhuma palavra sobre ficar fora deste caso ou daquele caso. Sem

retirar nenhumas acusações. Nada. O autor da chamada só me diz repetidas vezes o que ele

pretende fazer comigo e com aqueles com quem me preocupo.”

Yancy puxou uma forte e trêmula respiração. “É por isso que você se recusou a falar

com Seamus.” As palavras machucavam, mas ele tinha que dizê-las. Ele tinha que ver o rosto de

John quando o homem respondeu. Ele sabia a verdade. Ele podia senti-la apodrecendo lá no

fundo dele. Ele apenas rezou para que John mentisse para ele.

John balançou a cabeça, a angústia escurecendo seus olhos azuis acinzentados. “Isso

não aconteceu até que eu encontrei o gato na minha porta. Eu não podia...” John umedeceu os

lábios, seus olhos caindo de suas mãos. “Eu não poderia colocar Seamus em perigo.”

“Mesmo que isso significasse que ele te deixasse e fosse para mim?”

As mãos de John se fecharam, apertando tanto que ficaram brancas. “Mesmo assim.”

Por isso Yancy não queria ter essa conversa. Seamus deveria ser seu. Ele havia dado a

Seamus todas as chances de ter apenas amizade entre eles, mas o homem lhe tinha dado luz

verde. Isso significava que Seamus era dele.

98
Só que ele estava começando a suspeitar que Seamus realmente não era dele.

“Você o ama?”

“Sim, eu o amo. Eu acho que eu amei Seamus desde o primeiro momento que o vi.”

Uma fria e pequena risada amarga saiu da boca de John. “Não que isso vai me fazer nenhum

bem agora. Ele está apaixonado por você.”

Yancy recostou a cabeça contra a lateral da viatura novamente e deixou aquelas

palavras flutuarem sobre ele. Ele queria acreditar nisso mais do que tudo, talvez até mais do

que ele queria o Xerife John Riley fora de sua vida.

Ele simplesmente não podia.

“Seamus é apaixonado por você, John.” Yancy engoliu em seco quando ele admitiu o

conhecimento que ele tinha lutado por tanto tempo. “Ele sempre foi.”

Os olhos de John se arregalaram quando ele olhou para Yancy, o choque drenando

completamente a cor de seu rosto. “Se ele é apaixonado por mim, então por que diabos ele está

com você?”

Yancy deu de ombros, tentando parecer indiferente enquanto sua alma estava

definhando. “Eu era conveniente.”

E isso era péssimo em tantos níveis.

“Você é apaixonado por ele, também.”

“Sim.” Yancy fez uma careta. Não parecia haver nenhuma necessidade de expandir sua

resposta. John entenderia exatamente como Yancy se sentia.

“Oh homem.” John começou a rir. “Somos uma dupla, não é?”

“Certo?” Yancy inclinou a cabeça para trás contra a viatura novamente. Ele queria bater

a cabeça no metal duro. Poderia fazê-lo se sentir melhor ou pelo menos lhe dar outra coisa para

se concentrar que não o seu coração dolorido.

“Eu não vou desistir dele, Yancy.”

Yancy apertou sua mandíbula quando ele se virou para olhar para John. “Eu não vou

desistir dele também.” Imaginando que ele poderia convencer Seamus a ficar com ele. Ele teria

99
que viver com o conhecimento que parte do coração de Seamus pertencia a John, mas metade

de Seamus era melhor do que nada dele.

“Então nós temos um problema.”

“Nós vamos deixar Seamus decidir.”

“Sim.” John começou a rir de novo. “Eu não acho que Seamus quer saber de nós agora.

Nós meio que fodemos isso lá no rancho.”

Yancy sorriu quando ele estendeu a mão para esfregar o lábio inchado. “Nós fizemos

isso mesmo.”

“Você não o estava machucando.” Foi uma afirmação, não uma pergunta, mas Yancy se

sentiu obrigado a respondê-la de qualquer maneira.

“Não.” Yancy balançou a cabeça. “Não da maneira que você estava pensando. Eu nunca

levantaria a mão para Seamus.”

“Então, o que você estava discutindo — oh.” John piscou. “Vocês estavam discutindo

sobre mim.”

Yancy assentiu. “Nós deveríamos ir ao jantar para contar a seus pais que estávamos

namorando e que era sério. Não tínhamos ideia de que você tinha sido convidado.”

“Quão sério?” John rosnou, todos os vestígios de diversões desaparecido de sua voz.

“Eu me casaria com ele se ele dissesse sim.”

“Droga.”

Yancy levantou uma sobrancelha quando ele virou a cabeça para olhar para John. “Você

está dizendo que você não faria o mesmo?”

“Não, eu o faria. Se Seamus me desse luz verde, eu o amarraria em mim de qualquer

maneira maldita que eu pudesse. Eu só não acho que isso irá acontecer.” O rosto de John ficou

tenso de repente, a expressão em seu rosto lembrando a Yancy de um caçador visualizando sua

presa. “Mas, primeiro, eu tenho que ter certeza de que ninguém está à espera de machucá-lo.”

“Eu vou ajudar.” Yancy estava tão surpreso quanto John, quando as palavras saíram de

sua boca. Ele tinha que estar completamente louco.

“Por que diabos você me ajudaria?”

100
“Porque Seamus te ama.” Yancy esfregou as mãos sobre o rosto, sabendo que o que ele

estava prestes a fazer poderia possivelmente fazê-lo perder Seamus para sempre. “Porque eu

não posso suportar a ideia dele machucado. Porque ele te ama e eu quero que ele seja feliz,

mesmo que isso signifique que ele está com você, em vez de mim.”

“Mas e se ele quiser você?”

“Ele pode me ter.” Yancy bufou. “Eu até mesmo vou amarrar um laço em volta do meu

pescoço e me colocar debaixo da maldita árvore de Natal.”

“Não é Natal.”

“Eu não me importo. Se Seamus disser que me quer, ele pode me ter.”

“Eu pensei que você disse que ele me amava.”

Yancy tinha um forte desejo de bater John. Ele só conseguiu se conter porque precisava

de muita energia para levantar a mão. “Esfregue na cara, idiota.”

“Eu só estou dizendo que, se ele está apaixonado por mim, por que você estaria

disposto a ficar com ele?”

“Porque, porra,” Yancy se levantou para que ele tivesse uma posição superior sobre

John. “Porque metade de Seamus é melhor do que nada.”

John olhou para ele por tanto tempo que Yancy começou a ficar impaciente. Ele mudou

seu peso de um pé para o outro, em então, novamente. Finalmente, quando John continuou a

permanecer em silêncio, Yancy revirou os olhos e soltou um grunhido exasperado.

“O quê?”

“E se nós o compartilhássemos?”

“Eu... você...” Yancy franziu a testa. “O quê?”

“É uma boa ideia, Yancy. Pense nisso. Seamus te ama, e ele me ama. Eu o amo. Você o

ama. Mas nós dois queremos que Seamus seja feliz, e a única maneira para que isso aconteça é

ele ter os dois homens que ele ama.”

“Eu pensei que iríamos deixar Seamus escolher.”

John encolheu os ombros. “Eu gosto dessa mais dessa ideia.”

101
“Por quê?” Yancy tinha uma boa ideia. John tinha os mesmos medos que ele. “Porque

você está com medo que Seamus irá me escolher em vez de você.”

John não se incomodou em responder. Ele apenas virou a cabeça. Mas Yancy podia ver

a verdade na respiração profunda que o homem puxou em seus pulmões. Yancy se adiantou e

se sentou ao lado de John.

Ele levou um momento para reunir seus pensamentos e descobrir se ele estava prestes a

cometer o maior erro de sua vida. Se ele concordasse com isso, ele poderia perder Seamus. Se

ele não concordasse com isso, ele ainda poderia perder Seamus. De qualquer maneira que ele

olhasse para isso, ele poderia perder Seamus.

Isso era uma merda.

“Como isso deveria funcionar?”

“Eu não sei. Foi apenas uma ideia que me veio.” John balançou a cabeça. “Foi estúpido.

Esqueça.”

“Se pudermos descobrir a dinâmica do mesmo, você pode realmente ter alguma coisa.”

A mandíbula de John caiu quando sua cabeça girou. “Você está falando sério?”

“Você está disposto a desistir de Seamus?”

“Não.”

“Bem, nem eu, por isso, ou descobrimos uma maneira de trabalhar juntos para manter

Seamus ou nós dois vamos perdê-lo.”

“Você está realmente certo de que nenhum de nós realmente o tinha?”

Yancy jogou a cabeça para trás quando o riso tomou conta dele. “Não, mas com certeza

ele nos tinha, não é?”

“Acho que ele ainda tem.” John riu quando ele acenou com a mão ao redor deles. “Nós

estivemos em uma briga, atiraram em nós, batemos a viatura, e agora estamos calmamente

sentados aqui discutindo como manter o homem. Se isso não disser que Seamus nos tem pelas

bolas, eu não sei o que diz.”

102
“Entendido.” Yancy concordou com a cabeça, principalmente porque John estava

absolutamente certo. “Mas temos que esconder essa informação de Seamus. Nós nunca

ouviremos o fim disso ele descobrir até onde estamos dispostos a ir para mantê-lo.”

“Oh, eu não sei sobre isso.”

Yancy e John pularam quando ouviram uma voz atrás deles. Yancy agarrou a arma

firmemente em sua mão quando ele se inclinou para espiar sobre o veículo de cabeça para

baixo. Ele soltou um profundo suspiro de alívio quando ele afrouxou os dedos, deixando sua

cabeça cair em sua outra mão.

“Jesus, Rourke.”

Rourke sorriu de sua posição de onde ele estava encostado na beirada da viatura. “Eu

acho que o meu irmãozinho estaria muito interessado no fato de que ele tem vocês dois pelas

bolas.”

“Você está tentando se matar?” Yancy retrucou quando ele levantou a cabeça e olhou

para o homem.

As sobrancelhas de Rourke subiram. “Você vai atirar em mim porque eu vou entregar

vocês?”

“Não, o idiota que atirou em nosso pneu que vai atirar em você.”

A cabeça de Rourke girou ao redor quando ele começou a checar os arredores. “Alguém

atirou no seu pneu?”

“Certo, eu não conheço John tão bem,” — mesmo isso parecia que estava prestes a

mudar — “mas eu tenho certeza absoluta que ele é um piloto melhor do que isso.”

Rourke parou de examinar a área ao seu redor e fixou seu olhar em Yancy. “Quem você

irritou?”

Os olhos de Yancy se estreitaram na acusação de Rourke. “Agora, por que tem que ser

eu que irritei alguém? Não poderia ter sido John?”

“Oh, eu não tenho nenhuma dúvida que John tenha irritado muitas pessoas, mas elas

não costumam atirar nele.” O sorriso sarcástico de Rourke irritou os nervos de Yancy ao ponto

103
de onde ele queria dar um soco no cara. “Temos a tendência de evitar isso aqui no campo.

Arruína nossas camisas de flanela.”

“Você não está usando uma camisa de flanela, Rourke, e isso não é Deliverance5.”

“Eu poderia ter me enganado.”

Yancy revirou os olhos e se afastou de Rourke antes que ele se lançasse sobre o chassi

do veículo e agarrasse a garganta do homem. Rourke estava tentando irritá-lo de propósito.

Yancy só não sabia por que.

E ele realmente não tinha tempo para descobrir isso agora. John estava pálido e parecia

estar inclinando para o lado. Considerando o acidente que ele tinha acabado de passar, Yancy

temia que o homem pudesse ter lesões internas.

Seamus iria matá-lo se alguma coisa acontecesse com John.

“Rourke, eu acho que nós precisamos de uma ambulância,” ele disse quando ele se

agachou ao lado de John e checou seu pulso. O homem estava vivo. Yancy já sabia disso. Mas

ele só queria ter certeza que ele estava realmente vivo. Um pulso lento poderia significar que ele

estava entrando em choque. “John, você se machucou em algum lugar?”

“Sim, em todos os lugares.” John riu, o que podia ou não ter ser um bom sinal.

“Qualquer lugar mais do que o normal?”

“Não, só as dores habituais e dores de andar em um veículo que capotou no ar várias

vezes.”

“Você esqueceu a briga.”

“O inferno que eu esqueci.” John sorriu para Yancy. “E nós vamos revisar esse assunto

assim que eu estiver de pé novamente. Agora...” John ofegou por um minuto, uma careta

cruzando suas feições pálidas. “Eu só vou descansar um minuto.”

“Não!” Yancy caiu de joelhos e bateu suavemente no rosto de John quando os olhos do

homem se fecharam. “John, vá lá, acorde. Abra os olhos.”

Os olhos de John se agitaram, mas ele parecia estar tendo muita dificuldade de abri-los

totalmente.
5
Deliverance é um filme de suspense americano 1972.

104
Yancy fez a única coisa que podia pensar. “John, você precisa abrir os olhos. Seamus

está esperando por você.”

“Seamus?” John sussurrou, seus olhos tremulando novamente. Desta vez, eles se

abriram lentamente. “Onde — ”

“Ele está vindo, John.” Yancy realmente rezou para que isso fosse verdade. Se John não

aguentasse, ele e Seamus precisavam fazer as pazes entre eles. “Ele estará aqui em breve. Você

tem que manter os olhos abertos ou você não irá vê-lo.”

“Seamus.”

“Sim, Seamus.”

Yancy olhou para Rourke quando o homem deu a volta na frente da viatura. Rourke

assentiu antes de se ajoelhar no outro lado de John.

“Ei, John, eu acabei de conversar com Seamus, e ele está a caminho.”

“Não, não.” John se esforçou para se levantar, mas isso parecia lhe trazer mais dor do

que qualquer coisa. Yancy pôs a mão no ombro de John e o empurrou de volta para baixo.

“John, você tem que ficar aqui até a chegada da ambulância.”

“Não Seamus, Yancy. Não deixe que ele... ele não pode...”

“Eu sei, John.” Yancy deu um tapinha no ombro de John, então, olhou para Rourke.

“Ligue para Seamus de novo. Diga para nos encontrar no hospital, e peça a um dos seus irmãos

para ir com ele. A vida de Seamus pode estar em perigo.”

Yancy viu mandíbula de Rourke se apertar, um tique pulsar ao longo de sua linha da

mandíbula antes do homem puxar o celular novamente e discar. Assim que Rourke começou a

falar, Yancy ignorou o homem e se concentrou em John.

Ele realmente não gostava da cor pálida do homem. Havia alguns arranhões e cortes no

rosto de John, alguns hematomas ao redor de um dos olhos e no canto do queixo. Fora isso,

Yancy não podia ver uma única lesão, e isso o preocupava.

John estava em choque, mas por quê? Um homem que era acostumado com

perseguições em alta velocidade, usando uma arma em perigo ou no trabalho, e enfrentando

105
bêbados idiotas não deveria estar neste grande choque por um acidente de carro. Algo mais

tinha que estar errado.

“Fique comigo, John.”

“Eu estou... Eu estou aqui.”

“Eu posso ouvir as sirenes, John. A ambulância estará aqui em poucos minutos, e

depois vamos levá-lo para o hospital.”

“Seamus...”

“Ele vai nos encontrar no hospital.”

“Não.” A cabeça de John revirou para os lados. “Conte... conte a ele o que... o que

falamos. Diga... diga a ele que eu...”

Os lábios de Yancy se afinaram quando ele os pressionou. Ele sabia o que John queria

que ele dissesse a Seamus. Ele queria recusar o pedido do homem, mas sem saber como John

estava ferido, ele não sabia se isso seria um pedido de morte do homem.

E isso ele não podia ignorar.

“Eu vou dizer a ele, John.”

A cabeça de John caiu para frente.

“John?” Yancy rapidamente estendeu a mão e sentiu o pulso. Alívio que ele não

esperava sentir fluiu através dele quando sentiu uma batida lenta, mas constante, sob a pele de

John. Yancy esfregou a mão sobre o rosto, só então percebendo que ele estava tremendo.

“Como ele está?” Rourke perguntou quando ele caminhou de volta e parou no outro

lado de John.

“Ele está desmaiado.”

“O que aconteceu, Yancy?”

“Eu ainda estou tentando entender tudo, Rourke. Pelo que John me disse, alguém está

deixando mensagens em sua secretária eletrônica ameaçando feri-lo e todos com quem ele se

importa — ou seja, Seamus.”

“Mas por quê?” Rourke perguntou. “O que eles querem?”

106
“Esse é o problema, Rourke. Eles não fizeram uma única exigência. Eles apenas

continuam o ameaçando. Ele pensou que era tudo uma brincadeira, até o gato da vizinha

aparecer na varanda da frente, e do olhar no rosto de John quando ele me disse isso, não foi

bonito.”

“Isso é realmente uma merda, cara.”

Esse era o eufemismo do século.

107
Capítulo Dez

Seamus correu para a sala de emergência do hospital através das portas de vidro

deslizantes. Ele correu até a mesa da enfermaria, reconhecendo imediatamente o pequeno

homem de cabelos loiros atrás do balcão.

“Sammy, Rourke ligou e disse que o xerife e um homem chamado Yancy Butler foram

trazidos por uma ambulância.” Seamus bateu os dedos ansiosamente na bancada, enquanto

observava Sammy — um cara com quem ele ia para a escola — digitar algo em seu computador.

“Sim, o xerife está na sala de exame três. O médico está o examinando agora.”

Seamus engoliu em seco para limpar a garganta antes de fazer a pergunta que ele

queria saber, o que ele precisava saber. “Ele está vivo?”

“Oh, sim.” Sammy parecia um pouco confuso quando ele olhou para cima, mas não

havia uma ponta de diversão em seus olhos cor de ovos azuis de Robin6. “Ele estava gritando

feito um louco quando a ambulância o trouxe. O médico teve que ameaçar tranquilizá-lo se ele

não se acalmasse.”

“Oh, graças a Deus.” Seamus apertou a mão contra o peito, seu coração acelerando

diminuindo um pouco. “E Yancy?”

Sammy digitou por um momento e depois balançou a cabeça. “Não, eu não o tenho

como um paciente.”

“Ele está...?” Seamus não poderia mesmo dizer isso.

Sammy sorriu quando ele olhou para cima. “Homens dos sonhos, alto e com cabelos

pretos?”

“Sim, é ele.”

6
Pássaro americano chamado Robin.

108
“Ele veio com o xerife, mas ele não precisava ver o médico. Eu mesmo o vi. Ele tem

alguns arranhões e cortes, mas nada grave. O enfermeiro está dando uns pontos.”

Essa era uma preocupação a menos na mente de Seamus. “Posso ver o xerife?”

“Uh...”

“Por favor, Sammy?” Ele só tinha que ver John, mesmo que fosse de longe. Ele

precisava ter certeza com seus próprios olhos que o homem estava vivo.

“Eu realmente não deveria fazer isso,” Sammy disse quando ele olhou em direção às

portas duplas que levavam para a sala de exame de emergência. “Espere aqui por um

momento, enquanto eu vou dar uma olhada e ver se consigo te esgueirar pra dentro.”

“Obrigado.”

Seamus sentiu uma mão em seu ombro, enquanto observava Sammy sair. Ele se virou

para ver Lachlan em pé ao lado dele. Seu irmão lhe deu um pequeno sorriso preocupado e

apertou seu ombro.

“Ele vai ficar bem, Seamus.” Lachlan o tranquilizou. “Rourke disse que ele estava vivo,

apenas em estado de choque pelo acidente de carro. Não havia ferimentos graves que ele

pudesse ver.”

“Yeah.” Seamus engoliu em seco novamente. “Que ele podia ver.”

Desde o segundo que Rourke tinha ligado para dizer que Yancy e John tinha sofrido um

acidente de carro, todos os possíveis — e horríveis — cenários imagináveis tinha passado por

sua cabeça. Ele não sabia o que tinha causado o acidente, e ele realmente não se importava. Ele

só precisava ver John e Yancy com seus próprios olhos.

Mesmo que ele não estivesse falando com nenhum deles no momento.

A raiva que ele sentiu quando descobriu que Yancy e John estavam brigando no quintal

tinha sido esmagadora. Ele se sentiu como um osso que dois cães estavam brigando, o que era

estranho, considerando os dois tinham basicamente se livrado de sua bunda.

Descobrir que John e Yancy tinham sido feridos em um acidente de carro mudou tudo.

Seamus jurou a si mesmo por todo o trajeto até o hospital que não importava o que ele queria e

como ele se sentia.

109
Ele faria o eles que quisessem — até mesmo deixá-los ir — se ambos ainda estivessem

vivos. Se ele pudesse ver John e Yancy, e se assegurar que ambos estavam bem, ele não cederia

à sua enorme necessidade de implorar.

Ele apenas iria embora.

Mesmo agora, a promessa que ele se fez girava pela sua cabeça, pesando fortemente em

sua mente. Ele lutava com a necessidade de ver John e Yancy. Após a briga que ele tinha

testemunhado no rancho, ele duvidava nenhum deles queria vê-lo. Ele só tinha trazido para eles

nada além de dor.

Quando Sammy voltou através das grandes portas duplas, Seamus quase tropeçou em

seus pés para chegar à enfermeira. Ele apertou as mãos enquanto esperava por Sammy, que o

permitiria ou lhe negaria o acesso. Seamus não tinha certeza do que ele estava esperando.

“Ok, eu posso te levar, mas só você,” disse Sammy. “E só por alguns minutos. O xerife

está descansando agora, enquanto o médico espera pelos resultados da sua tomografia

computadorizada.”

“Tomografia computadorizada?” Seamus guinchou. “Por que ele precisa de uma

tomografia computadorizada?”

“Olhe,” Sammy disse enquanto olhava ao redor e então se inclinou para Seamus,

abaixando a voz a um mero sussurro. “Eu não deveria estar falando com você sobre isso.

Informações dos pacientes são confidenciais.”

“Por favor, Sammy. Eu não vou contar a ninguém. Eu só preciso saber se o xerife está

bem.”

“Não é nada importante.” Sammy olhou ao redor novamente, parecendo nervoso. “O

médico acha que o xerife tem uma concussão por ser jogado pela cabine de sua viatura durante

o acidente. É provavelmente o que o fez entrar em choque. O médico só quer ter certeza que não

há nada de importante acontecendo. Fora isso, não há outras lesões que lhe preocupam.”

“Mas ele tem outros ferimentos?”

“Apenas alguns arranhões e cortes, que são bastante normais durante um acidente de

carro. Mas não se preocupe, nenhum deles precisavam de pontos, apenas alguns curativos.”

110
“Eu posso vê-lo, então?”

“Sim, mas você tem que ficar quieto. Se alguém souber que eu deixei você entrar, eu

poderia perder meu emprego.”

“Eu vou ficar quieto como um rato de igreja. Prometo.”

Sammy acenou com a cabeça, em então se virou e levou Seamus pelas portas duplas.

Assim que passaram por elas, ele fez uma pausa, olhando para o posto de enfermagem. Com a

mesma rapidez, ele liderou Seamus pelo grande corredor e para o quarto número três.

“Eu vou voltar em dez minutos. Se alguém chegar, diga apenas que estava pegando as

chaves do xerife para trazer para ele uma muda de roupa. Todo mundo sabe que o xerife é

amigo de sua família. Eles vão acreditar nisso.”

Seamus assentiu com a cabeça e viu Sammy voltar correndo. Ele respirou fundo, em

seguida, abriu a porta e entrou no quarto. O zumbido baixo das luzes do teto quebrava o

silêncio em torno dele.

Tinha um cheiro metálico de aço inoxidável no ar, apenas superado pelo cheiro

esmagador de antisséptico que fez as narinas de Seamus queimarem. Um bipe constante atraiu

os olhos de Seamus para uma máquina na cabeceira da cama que John estava. As pequenas

luzes vermelhas de LED mostravam a estável frequência cardíaca de John.

Seamus o observou quando ele se aproximou. Quando chegou ao lado da cama, seus

olhos se moveram da máquina para o homem. Tinha várias escoriações no rosto de John, mas

Seamus não sabia se eles eram do acidente de carro ou da luta que ele teve com Yancy. Ele tinha

certeza que o ferimento em torno de seus olhos e do seu queixo foi feito por Yancy.

Seamus ignorou os hematomas da briga, enquanto observava John dormir.

Mordendo o lábio inferior, ele estendeu a mão para tocar John, só para ter certeza que o

homem estava bem. O baixo barulho de uma porta se abrindo chamou sua atenção antes de sua

mão poder se conectar com o braço de John.

O ar travou nos pulmões de Seamus quando ele se virou para ver Yancy entrar no

quarto. “Yancy,” ele sussurrou. Ele rapidamente examinou o homem alto da cabeça aos pés, à

procura de qualquer sinal de lesão grave.

111
Quando ele não encontrou nenhuma, ele ergueu os olhos apenas para encontrar Yancy

o olhando tão intensamente que Seamus sentiu o pulso acelerar. Não era uma avaliação ruim,

mas mais como se Yancy estivesse tentando descobrir alguma coisa. Quando o olhar de Yancy

foi para John, Seamus rapidamente se afastou do lado da cama, colocando a mão por trás dele.

“Vá em frente, doçura,” Yancy disse em um tom suave e gentil. “Eu sei que você

precisa.”

Seamus hesitou, sem acreditar muito no que Yancy estava dizendo. Ele manteve os

olhos presos em Yancy quando ele se moveu de volta para o lado da cama e lentamente

levantou a mão para colocá-lo no braço de John. No momento que seus dedos tocaram a carne

quente, um grito baixo saiu dos lábios de Seamus e ele se virou para olhar para John.

Ele estava vivo.

Ele estava realmente vivo.

“Ele vai ficar bem, doçura.”

Seamus saltou, percebendo que Yancy agora estava bem atrás dele. “O que aconteceu?”

ele sussurrou enquanto acariciava seus dedos suavemente sobre a pele de John.

“Oh.” Os olhos de Seamus se fecharam quando sentiu os dedos de Yancy deslizarem

pelo seu cabelo.

“É uma longa história, Seamus. John e eu vamos explicar tudo para você, quando o

levarmos para casa.”

“O médico vai deixá-lo ir para casa?”

“Acho que sim,” respondeu Yancy. “Nós provavelmente vamos ter que ficar de olho

nele nas próximas vinte e quatro horas ou mais, só para ter certeza de que ele não tenha uma

recaída, mas eu acho que poderemos levá-lo para casa com nós.”

Seamus engoliu em seco. “Nós?”

“Temos muito que conversar, Seamus.”

Por que Seamus não se sentia tranquilo com as palavras de Yancy? Tinha algo

acontecendo que ele não estava ciente. Estava nas linhas em torno da boca de Yancy, pela

112
maneira que ele não parava de olhar entre Seamus e John. O cara não estava mais olhando para

o xerife com os olhos cheios de ódio. Eles estavam suaves, quase... carinhosos.

Ele tinha perdido os dois, apenas para Yancy e John perceberem que eles sentiam algo

um pelo outro? Seamus não tinha certeza do que estava acontecendo, mas ele não podia

suportar a ideia de não apenas perder os dois homens, mas os dois homens que ele mais amava

ficarem juntos — sem ele.

“Apenas me diga, Yancy.”

Yancy sacudiu a cabeça, a mão ainda escovando os cabelos de Seamus. “John deve estar

acordado para isso.”

Oh Deus! Eles iriam dizer a Seamus que eles agora eram um casal, e Seamus iria ficar de

mãos vazias. Seu coração não conseguiria receber a notícia iminente. Apenas que diabos

aconteceu na viatura?

“Não,” disse Seamus, firmando a voz e se preparando para o que estava por vir. “Se

você vai se afastar de mim, o mínimo que você pode fazer é me dizer agora, em vez de arrastar

isso.”

Yancy parecia chocado enquanto olhava para Seamus. “O que diabos você está

falando?”

“Não é isso que — ”

“Será que vocês dois podem parar?” John sussurrou. “Minha cabeça parece que vai

explodir, e vocês não estão ajudando.”

“John.” Seamus virou, seus olhos comendo as belas feições de John. “Como você está se

sentindo?”

“Eu estou bem, querido.” Os cílios de John se agitaram e um momento depois, Seamus

se encontrou se afogando em azul acinzentado. “Eu poderia ter algumas dores, mas eu vou

viver.”

Querido? Seamus engoliu em seco. Se apenas John realmente quisesse dizer isso.

A mão de Seamus tremeu quando ele estendeu a mão para acariciar o rosto de John. Ele

tinha que tocá-lo. A pele de John era tão suave, tão quente. Isso tranquilizou Seamus mais do

113
que qualquer coisa poderia, que o homem estava vivo, mesmo que ele estivesse um pouco

machucado.

“Você precisa de alguma coisa?” Seamus perguntou suavemente. “Eu posso chamar o

médico.”

Seamus começou a se virar quando John agarrou seu pulso, puxando-o de volta. Havia

um sorriso descontraído em seu rosto, mas Seamus não sabia se isso era dos remédios que o

médico deu a ele ou alguma outra coisa.

John espalhou a mão de Seamus sobre seu peito, em seguida, deu um tapinha a parte

superior dela. “Eu tenho tudo que preciso aqui.”

“Eu... er...” Seamus olhou por cima do ombro para ver a reação de Yancy ao suave

toque de John. O choque rolou por ele quando Yancy apenas sorriu para ele em vez ficar

irritado como sempre fazia se Seamus apenas mencionasse o nome de John. “O que está

acontecendo aqui?”

“É muito simples, Seamus,” disse Yancy. “John e eu conversamos e decidimos que

nenhum de nós está disposto a desistir de você, então nós não vamos.”

“Eu... você...” Seamus tirou a mão de John e recuou, se afastando também de Yancy. Ele

sentiu como se tivesse cheirado gás hilariante. Nada do Yancy ou John diziam estava fazendo

qualquer sentido.

A menos que eles estivessem brincando com ele.

Esse pensamento se chocou com Seamus tão forte e tão rápido que ele quase caiu de

joelhos de angústia. Ele apertou a mão contra o peito quando não ele conseguiu ar suficiente

para seus pulmões.

Sua outra mão começou a cobrir a boca, mas seu estômago revirando o mandou

correndo para o banheiro. Seamus caiu de joelhos e esvaziou o conteúdo de seu estômago no

vaso sanitário de porcelana branca.

Quando ele levantou a cabeça, Yancy estava agachado ao lado dele, um pano limpo em

suas mãos. Seamus fez uma careta, tanto pelo gosto ruim na boca como pela carranca sombria

no rosto de Yancy.

114
Ele só queria ir embora. Ele não sabia que tipos de jogo Yancy e John estavam jogando

por balançar seu maior sonho na frente dele, mas era cruel, algo que ele nunca tinha pensado

em ver em nenhum dos homens.

Talvez ele não os conhecesse tão bem quanto ele pensava que ele conhecia.

Quando Yancy tentou limpar seu queixo com o pano, Seamus o empurrou. Ele tinha

tido o suficiente disso. Se John e Yancy queria jogar seus joguinhos, eles poderiam jogá-los sem

ele.

Lágrimas de mágoa saltaram aos olhos de Seamus quando ele ficou de pé e empurrou a

forma maciça de Yancy para passar. Ele viu John sentado ao lado da cama quando ele entrou no

quarto. Ele ignorou a mão que John estendeu para ele e foi direto para a saída, com a intenção

de escapar do inferno que ele se encontrava tão rápido quanto podia.

“Seamus, espere.”

Seamus agarrou a maçaneta da porta, sua frustração borrando sua visão quando ele não

conseguia abrir a porta, não importando o quão forte ele a puxava. Seamus de repente sentiu

uma presença, um suave calor afundando em sua pele por trás. Ele não sabia se era John ou

Yancy, mas isso não importava.

Ele baixou a cabeça contra a porta e apertou os lábios, fechando os olhos para não ceder

à miséria e a esmagadora desolação nele. “Por favor, me deixem ir,” ele sussurrou. Ele sabia que

ele estava implorando, mas neste momento, era melhor do que a alternativa, que estaria

cedendo a sua necessidade de implorar a um — ou ambos — dos homens para mantê-lo.

“Desculpe, doçura, isso não vai acontecer.”

Então, era Yancy de pé atrás dele. Seamus tinha certeza que ele não tinha a menor

chance de fugir do homem. Yancy era malditamente grande.

“Nós nunca vamos deixá-lo ir, Seamus.”

A força e a confiança dessa afirmação causaram arrepios de apreensão pelas costas de

Seamus. Ele se virou para que ele não tivesse Yancy em suas costas, e então desejou que ele não

tivesse quando viu a determinação de aço nos olhos de Yancy. A única coisa que manteve

115
Seamus de correr foi o desejo que também estava queimando em suas profundezas cinza

esfumaçados.

Seamus respirou trêmulo. “Por que vocês estão fazendo isso comigo?”

“Bebê,” John disse quando ele se levantou e caminhou lentamente em direção a ele, “o

que você acha que estamos fazendo com você?”

“Eu não sei.” Seamus sentiu desejo de pisar em seu pé. “Mas pare de me chamar de

bebê.”

“Não... Na verdade, eu poderia tatuar em seu bunda.” John riu quando ele deu um

passo ao lado Yancy. “Eu fico com a bochecha direita.”

“Eu com a esquerda,” Yancy respondeu.

“Gah!” Seamus gritou quando ele jogou as mãos para o ar, mais irritado do que ele

jamais poderia se lembrar de ficar, e isso era dizer muito. Ele tinha um monte de irmãos.

“Ninguém vai ter minha bunda até vocês me explicarem o que diabos está acontecendo aqui.”

“Nós lhes dissemos, Seamus,” disse Yancy. “John e eu conversamos sobre isso, e

nenhum de nós está disposto a desistir de você, então nós não iremos.”

“Nós iremos mantê-lo,” John acrescentou.

As sobrancelhas de Seamus subiram. “Os dois?”

Yancy e John concordaram ao mesmo tempo. Suas sobrancelhas até mesmo se juntaram

sobre os olhos, da mesma maneira sombria. Mas eles cruzaram os braços sobre o peito, no

mesmo momento que Seamus.

“Não tenho uma palavra a dizer disso?” Não que ele fosse dizer não nem nada ridículo

assim. Ele só queria saber onde ele estava. Ele se preocuparia com a dinâmica de como tudo

funcionaria mais tarde, tipo, após o choque ter passado.

“Não!”

116
Capítulo Onze

John não estava muito feliz com o olhar perplexo que ele podia ver no rosto de Seamus.

Ele estava ainda menos feliz com o fato de que o médico tinha vindo antes dele e Yancy poder

explicar as coisas para o homem.

Depois de conseguir as instruções do médico e ser liberado aos cuidados de Yancy, John

e Yancy saíram do hospital com Seamus. Yancy manteve o braço em volta dos ombros de

Seamus para guiá-lo em direção a caminhonete de Rourke ou para impedir que ele corresse.

John não tinha entendido essa parte ainda.

Rourke levantou uma sobrancelha quando ele os viu, mas não fez nenhum comentário

quando John e Yancy balançaram suas cabeças. Eles cercaram Seamus em ambos os lados,

protegendo-o de interferência externa.

“Falaremos amanhã,” John disse por meio de uma explicação.

“Eu vou esperar seu telefonema.” Tinha um toque de aço na voz de Rourke, que

basicamente dizia a John que, se Rourke não tivesse notícias dele, ele poderia se ver

enfrentando o resto do clã Blaecleah — uma perspectiva que ele não estava ansioso.

“Na parte da manhã, Rourke. Eu juro.” John suspirou, olhando para Seamus. O homem

parecia tão abatido que John sentiu vontade de chorar. “Nós só precisamos de uma chance de

conversar com Seamus. Yancy e eu temos algumas coisas para explicar a ele.”

Isso era uma grande mentira. O que eles tinham de explicar a Seamus era maior do que

apenas uma pequena conversa. John não sabia se Seamus entendeu totalmente o que ele e

Yancy queriam dele. Eles haviam tentado insinuar — mas ou menos — mas, aparentemente,

eles teriam que explicar completamente para ele, Seamus simplesmente não pareceu entender.

John não entendia por que Seamus não estava compreendendo o que eles queriam dele,

mas se ele tivesse que mostrar ao homem, ele e Yancy definitivamente ficariam nus quando

demonstrassem tudo para ele.

117
Deuses, essa imagem o deixou duro.

Rourke acenou com a cabeça e entrou em seu caminhão. John subiu na parte de trás do

táxi, deslizando ao lado de Seamus, que ficou imprensado entre ele e Yancy. John realmente não

gostava de como Seamus ainda não estava falando. Ele só olhava para frente, sem olhar para

nenhum deles, uma expressão inescrutável no rosto.

Aquele olhar cauteloso o preocupava — muito.

Por mais que ele queria que este acordo entre ele e Yancy funcionasse, ele não o queria

ao preço de sanidade de Seamus. Se o homem realmente não quisesse ser compartilhado por ele

e Yancy, John se afastaria. Ele preferia ver Seamus feliz e com Yancy, do que louco e com ele e

com Yancy, ou apenas com ele.

Esse pensamento o rasgou. John queria Seamus desde primeiro olhar colocado sobre

ele. Mas se ele tivesse que se afastar para fazer Seamus feliz, era o que John faria — mesmo se

isso quebrasse seu coração.

John estava começando a duvidar se ele realmente sabia o que Seamus queria. Não era

como se eles tivessem muito tempo de estabelecer um relacionamento como Seamus e Yancy

tinham feito. Tecnicamente, eles realmente não se conheciam muito bem. Um beijo espetacular e

muito olhares não fazia uma relação.

“Yancy.”

“Espere até chegarmos em sua casa, John,” Yancy disse sem tirar o olhar de Seamus.

“Tudo vai dar certo. Nós só precisamos explicar as coisas para Seamus.”

A mandíbula de Seamus se apertou e John não sabia o que fazer. Explicar a dinâmica do

que eles queriam não era algo que John queria fazer na parte de trás de um táxi.

Ele relaxou em seu assento, olhando para fora da janela, e refletindo sobre como eles

iriam resolver isso. Yancy nem sequer vivia em Cade Creek. Ele iria querer que eles mudassem

para a cidade onde ele morava?

John não podia fazer isso. Ele era o xerife da pequena cidade e tinha obrigações. Yancy e

Seamus eram livres para viver isso onde Yancy morava. John não tinha esse luxo. Ele tinha que

ficar em Cade Creek.

118
O trajeto permaneceu em silêncio tenso, e os nervos de John estavam em carne viva no

momento em que o taxi parou em sua casa. Ele estava pronto para puxar o homem menor em

seus braços e esquecer a conversa que precisavam ter. Os braços de John estavam doendo para

sentir Seamus neles, para acariciar o homem, beijá-lo mais uma vez, e experimentar aquele beijo

explosivo mais uma vez.

Yancy pagou o táxi, e John os levou para dentro. Ele jogou as chaves na mesa da

cozinha e se sentou, sua cabeça latejando.

“Você precisa de alguma coisa?” Yancy perguntou, a preocupação gravada em linhas

duras em seu belo rosto. Enquanto John estudava Yancy, ele realmente deu um olhar longo e

duro. Yancy realmente era um homem bonito. Começar um relacionamento com o cara não

seria uma dificuldade. “Não, eu estou bem.”

Seamus permaneceu perto da porta, com um braço dobrado sobre o outro enquanto ele

olhava para o chão. Ele parecia perdido como o inferno. John e Yancy trocaram um olhar antes

de John limpar a garganta. “Você se importaria de se sentar, Seamus?” Ele acenou para a

cadeira em frente a ele.

Oh, era irritação que ele viu no rosto de Seamus? Sim, com certeza era. O homem

parecia chateado como o inferno, mas se sentou — relutantemente.

John suspirou interiormente. Isso não estava indo tão bem quanto ele gostaria. A

desconfiança de Seamus estava alta, e o homem estava na defensiva. John poderia ver. Estava

escrito pelo rosto do homem menor.

Ele iria cair direitamente de cabeça — e sem nada para amenizar. “Yancy e eu queremos

que você seja nosso amante.”

A cabeça de Seamus subiu, e se olhares pudessem matar, John teria ficado em chamas.

“Olha, eu não vim aqui para brincar. Eu não sei qual jogo doente que você e Yancy estão — ”

“Não é nenhum jogo,” Yancy interrompeu. “Porque você não pode ver o que estamos

pedindo?”

“John prende você e de repente você quer que sejamos amantes, nós três?” Seamus

bufou. “Eu não sou o único com uma concussão.”

119
“Seamus,” John disse.

“Não!” Seamus deu um pulo da cadeira. “Eu não gosto de vocês dois tentando brincar

com o que sinto por vocês. Eu entendo. Eu estou apaixonado por dois homens. É uma forma

egoísta de sentir. Mas eu não vou ficar aqui e deixar qualquer um de vocês — ”

John estava cheio disso! Foda-se o tato e foda-se tentando explicar as coisas para o

homem. Eles iriam apenas ter que mostrar a Seamus que eles estavam falando sério. John se

afastou da mesa, seus passos calculados quando ele se encaminhou para o homem menor.

Seamus recuou, mas em vez de se afastar, Seamus esbarrou em Yancy, que tinha se movido

para trás.

“Olha, é óbvio que você não está entendendo o que estamos tentando dizer a você,

então nós vamos ter que te mostrar.” Um sorriso perverso brincou nos lábios de John quando

ele encontrou o olhar de Yancy sobre o ombro de Seamus. “Segure-o.”

Yancy sorriu de volta, seus olhos cinza esfumaçados ficando quentes em uma única

vibração de seus cílios. “Com prazer.”

John ignorou o leve gemido que ele ouviu vindo de Seamus quando Yancy agarrou os

braços do homem menor. Seu corpo estava tenso de desejo quando ele caiu de joelhos e

rapidamente abriu o zíper da calça jeans Seamus, ignorando o mexer do homem. Ele sabia que

Seamus queria isso tanto quanto ele. O pênis do homem estava como um cano de aço quando

John o livrou.

“Oh, Seamus, este é um pau muito bonito.” Grosso e duro com largura apenas

suficiente para fazer um homem sentir a carne endurecida enquanto Seamus o fodia. John

queria ser esse homem, porque o pau de Seamus era francamente obra de Michelangelo.

John esfregou os dedos sobre a cabeça inchada, alisando a pré-sêmen ao mesmo tempo.

O polegar pressionado na pequena fenda no topo da cabeça, e ele ouviu um gemido baixo

saindo do peito de Seamus.

A excitação do homem, juntamente com o líquido claro que saía de seu pau encheu os

pulmões de John, fazendo sua boca encher de água apenas um gosto. Com um sorriso

120
selvagem, John engoliu a ereção de Seamus. O gosto de pré-sêmen explodiu em sua língua, e ele

sabia que queria mais.

John passou os lábios ao redor da cabeça do pênis do homem. Ele ouviu uma rápida

ingestão de ar e, Seamus estremeceu, seus quadris dando um leve empurrão para frente.

Encorajado pela resposta de Seamus, John começou a chupar, sua língua traçando as veias, suas

bochechas afundando enquanto movia a grossa ereção do Seamus ainda mais em sua boca,

balançando a cabeça para cima e para baixo.

Ele ouviu uma rápida ingestão de ar, e então Seamus empurrou novamente, seus

quadris empurrando mais uma vez. John sorriu quando ele começou a chupar, sua língua

traçando o comprimento grosso, suas bochechas afundando enquanto ele engolia ainda mais a

ereção de Seamus em sua boca ávida.

John usou toda a habilidade que possuía para ouvir os suaves grunhidos e gemidos de

Seamus. Os sons foram quebrando seu controle enquanto ele chupava e engolia pré-sêmen do

homem.

Foda! John sabia que estar com o homem seria fantástico, mas ele nunca imaginou que o

gosto de Seamus e os sons flutuando para os ouvidos de John seriam como uma droga para ele.

Usando sua língua, John lambeu a depressão suave debaixo da coroa inchada e, em

seguida, a fodeu com a língua a pequena fenda com um entusiasmo sensual que ele nunca

soube que possuía. Lambendo o gosto salgado dos desejos de Seamus era mais do que uma

ação. Parecia um privilégio maldito.

Outro gemido retumbou através de Seamus, que por sua vez, tremeu até ao pau

dolorosamente latejando de John. Seu buraco pulsava e tremia no pensamento de ter esse

impressionante pau em sua bunda, e que só fez John chupar o pau do homem com um pouco

mais de vigor.

Os quadris de Seamus empurraram com força, levando seu pau profundamente entre

os lábios de John. Seus quadris bombearam mais rápido, seus gemidos ficando mais altos a cada

segundo. Pré-sêmen estava vazando da cabeça do pau do homem menor em riachos, e John

sabia que o seu quase amante estava perto. Os gemidos Seamus estavam ficando fracos e

121
fragmentados, dizendo a John que Seamus estava perdendo o controle enquanto seu corpo

tremia com impulsos firmes.

“John... por favor... deuses!”

Ouvir os gritos desesperados e sensuais que saíam da boca de Seamus quase fez John

gozar em sua calça jeans. Separando mais os lábios, ele engoliu o pau de Seamus tanto quanto

pôde até que seu nariz ficar enterrado em seus cachos. Ele criou uma sucção mais forte, fazendo

o desejo de Seamus — o seu próprio — aumentar.

John reconheceu os sinais do orgasmo se aproximando e estava mais do que pronto

para engolir o creme de doce de sua libertação. Ele trabalhou a carne dura em sua garganta sem

piedade, usando tudo o que ele conseguia pensar para levar impiedosamente o homem lindo à

beira do clímax.

Enquanto sua garganta trabalhava para massagear o comprimento de Seamus, Seamus

gozou forte, gritando o nome de John enquanto seu corpo curvava e os quadris bombeavam

freneticamente. Sua semente quente jorrou na garganta de John em fitas quentes de gozo. John

engoliu avidamente, saboreando o gosto salgado do sêmen enchendo sua boca em grandes

jorros.

“Maldição!”

John olhou para cima enquanto ele lambia o último sêmen do pênis de Seamus, dando

uma última lambida na carne amolecendo antes de se afastar. E só porque John se sentia

excitado como o inferno que ele deu um show aos dois homens acima dele, lambendo os lábios

de uma forma sedutora, deixando Yancy e Seamus saberem o quanto ele gostava do sabor de

Seamus em sua boca.

“Isso foi fodidamente quente, homem.” Yancy estava olhando para ele com algo

parecido com espanto. Seus lábios estavam entreabertos e seu belo rosto estava corado quando

John e Yancy se olharam.

Oh, sim. Este pequeno arranjo poderia funcionar apesar de tudo. John sorriu, satisfeito

com os elogios de Yancy, ainda sobrecarregado com a súbita necessidade de ver se o sabor de

Yancy tão bom quanto o de Seamus. “Quer tentar?”

122
Os olhos cinza esfumaçados de Yancy pareciam explodir de desejo quando ele olhou

para John, mas, um sorriso torto apareceu em seus lábios. “Eu tenho algo melhor em mente.”

John se moveu rapidamente para trás quando Yancy balançou o corpo dócil do Seamus em seus

braços. “Qual o caminho é o quarto?”

John ficou de pé tão rápido que sua cabeça nadou. Ele levou alguns segundos para

afastar a tontura, antes de sorrir para o homem que era uns oito centímetros mais alto do que

ele e construído como um maldito deus. Se Yancy queria levar isso para o quarto, quem era ele

para discutir?

Mas, tanto quanto ele queria começar as coisas entre eles, John parou de correr para o

quarto. Ele não queria parecer tão desesperado, mesmo se ele estivesse se sentindo assim. Ele

abriu o caminho para fora da cozinha e para o corredor de seu quarto em passos firmes e

uniforme.

Lá vai ele!

Quando ele abriu a porta e entrou, John subitamente desejou que ele tivesse uma cama

maior. Até agora, ele tinha sido o único que dormiu aqui. Felizmente, isso estava prestes a

mudar em um nível mais permanente.

John deu um passo para trás quando Yancy entrou com Seamus, olhando com muito

cuidado os dois homens que estavam prestes a se tornar seus amantes. “Isso deve resolver para

esta noite, mas eu estou pensando que eu preciso conseguir uma cama maior.”

Ele propositalmente passou os olhos pela estrutura alta de Yancy, garantindo que o

homem soubesse exatamente o que queria. Yancy podia ter uma ideia, já que eles estavam

entrando no quarto de John, mas John queria garantir que Yancy soubesse que não era apenas

em Seamus que ele estava interessado.

E não por um tiro no escuro.

“Minha cama é king size,” Yancy respondeu enquanto ele moveu as sobrancelhas de

brincadeira antes de deitar Seamus na cama. Ele se endireitou e olhou ao redor do quarto. “Mas

eu acho que não vai caber aqui. Podemos considerar comprar algo maior.”

123
John estava a dois segundos de distância de levantar seu punho no ar e gritar aleluia.

Ele só queria ter certeza de que ele não estava ouvindo o que ele queria ouvir, antes que ele

fizesse isso. John tinha escolhido cuidadosamente suas palavras quando disse a Yancy que ele

precisava de uma cama maior, porque ele não queria supor nada, mas o cara estava falando os

desejos de John. “Você está disposto a se mudar aqui para Cade Creek?”

Yancy se virou rapidamente, seu rosto parecendo um pouco aflito e pálido. “Você não

quer?”

“Não, não,” disse John depressa, percebendo agora que ele havia feito a pergunta tão

rápido a Yancy que o homem podia ter entendido mal a ânsia de John como hesitação. “Eu acho

que é uma ótima ideia. Eu estava preocupado sobre como iríamos trabalhar os condições de

moradia, porque não posso deixar Cade Creek como vocês dois podem. Eu não...” John engoliu

em seco enquanto olhava para longe da intensidade nos olhos cinza esfumaçados de Yancy. “Eu

não quero viver aqui sozinho e só ter a chance de ver vocês dois quando eu tiver tempo livre.”

O rosto de Yancy corou quando ele sorriu timidamente. “Eu estava esperando que você

me desse uma boa referência com o xerife.”

John piscou os olhos, rezando para que ele não tivesse ouvido o homem errado. “O

xerife?”

Yancy baixou a cabeça em um aceno de cabeça. “Eu pensei eu me candidatar a uma

vaga de vice aqui em Cade Creek.”

“Você está contratado,” John disse sem hesitação.

“Oh, eu... Eu estava brincando sobre a recomendação, John. Eu prefiro conseguir o

emprego com meus próprios méritos.”

“Você está conseguindo o emprego com seus próprios méritos, Yancy. Após essa merda

com Ira, eu chequei seus antecedentes. Eu sei exatamente o que você faz e quão bem você faz.

Você seria um grande trunfo não apenas para o xerife” — John piscou — ”mas para Cade

Creek.”

“Você checou meus antecedentes?”

124
John não iria pedir desculpas pelo que tinha feito. “Você honestamente esperava que eu

não fizesse depois da maneira como você estava flertando com Seamus?”

Os olhos de Yancy se arregalaram, uma pequena risada explodindo de seus lábios.

“Você estava tentando desenterrar alguma sujeira minha.”

Agora, isso não era verdade!

“Eu estava tentando encontrar qualquer evidência de que eu poderia conseguir em

minhas mãos para colocar sua bunda atrás das grades, ou pelo menos fazer você sair da

cidade.” John encolheu os ombros. Ele apostava qualquer coisa que Yancy teria feito a mesma

coisa. “Além de uma reclamação do seu ex-capitão e uma reprimenda por todo aquele fiasco

com o ex-parceiro de Elijah, você está limpo. Você nunca foi investigado pela corregedoria ou

teve uma reclamação formal apresentada contra você.”

Yancy abriu a boca para dizer alguma coisa — John não tinha ideia do que — quando

uma camisa de repente lhe bateu na cara. Ele se virou para ver Seamus empurrando suas calças

o resto do caminho de suas pernas, e quase engoliu a língua na recompensa diante dele.

John sonhava em ver Seamus, fantasiou isso em inúmeras sessões de punheta. Nada do

que ele tinha imaginado estava em qualquer lugar perto da realidade do homem que se

estendia pela cama.

Maldição!

“Então, como é que vamos fazer isso?” perguntou John, com os olhos fixos no corpo

deslumbrante diante dele. Ele tinha feito um monte de coisas na sua vida, mas de alguma forma

ele tinha perdido ménages. Ele também não sabia o que era e o que não era permitido. Como é

que um cara perguntava uma coisa dessas?

“Assim,” Yancy rosnou quando ele abaixou a cabeça para acariciar o pescoço de John.

Yancy selou os lábios sobre a garganta de John, sugando uma contusão enquanto ele lentamente

abaixava John para a cama.

Seu interior em nós, seus músculos travados no lugar, esperando que o homem o

mordesse. Esta era a primeira vez nos braços de Yancy, e John inalou o perfume masculino do

125
cara diretamente para seus pulmões, imaginando como alguém poderia parecer tão

malditamente comestível.

“Ohhh, isso é um bom começo,” John gemeu enquanto ele inclinava a cabeça para o

lado para dar melhor acesso a Yancy. Quem diria que alguém chupando seu pescoço poderia

fazer seu pau doer tanto assim?

Yancy lambeu eroticamente a pele macia do pescoço de John, seus dentes mordiscando

levemente a carne de John. A sensação só deixando o pau de John mais duro, pulsando mais

forte em suas calças.

Mãos suaves deslizaram pelos lados de John até alcançar o fecho dos seus jeans. John

prendeu a respiração quando Yancy lentamente começou a retirar os jeans de John.

John não era virgem, tanto quanto se poderia imaginar. Mas foda-se se ele não estava

tremendo um pouco na maneira como Yancy estava olhando para ele.

Yancy se afastou do pescoço de John e puxou suas calças para baixo e todo o caminho

para fora. Ele parou por um momento para tirar os sapatos de John, e depois John estava nu da

cintura para baixo. Esse problema foi resolvido um momento mais tarde, quando a camisa foi

puxada pela cabeça e voando pelo ar.

Porra, eu vou transar com dois homens. O pensamento o assustava e o excitava na

mesma medida. Mas John não podia simplesmente ficar deitado ali. Ele puxou a camisa de

Yancy até que o homem ergueu os braços e permitiu que John a puxasse sobre a cabeça do

homem, jogando-a de lado.

Ele não podia acreditar que ele estava realmente aqui com ambos. Ele havia fantasiando

sobre isso desde que ele tinha visto Yancy flertando com Seamus, e agora, isso realmente estava

acontecendo. Ele só esperava que esta fosse a primeira de muitas mais vezes por vir.

John estava tão envolvido com a sensação de ter os dois homens com ele que saltou

quando Yancy de repente se moveu, jogando o edredom no chão. Um pouco confuso, ele

observou Yancy se ajoelhar entre suas pernas. A compreensão chegou de repente quando Yancy

se inclinou e engoliu seu pau dolorido.

126
“Oh inferno,” ele gemeu quando Yancy começou a chupar, sua língua correndo ao

redor da cabeça.

“Ele é muito bom nisso.”

John olhou para onde Seamus estava assistindo os lábios de Yancy se moverem sobre

seu pênis. Só quando viu a fome intensa nos olhos de Seamus que ele lembrou que Seamus

provavelmente tinha sentido os lábios de Yancy sobre ele antes.

John teve que se perguntar por que isso não o deixou em um acesso de raiva como teria

poucos dias antes. Ele teria apenas que se perguntar sobre isso mais tarde. Neste momento, ele

estava um pouco ocupado conseguindo seu cérebro sugado para fora do seu pau.

“Sim.” John riu nervosamente. “Ele é muito bom no que faz.”

Ele observou Yancy levantar a cabeça, um sorriso perverso surgindo em seus lábios. Ele

piscou para John antes de se inclinar para levar a grossa ereção de John de volta em sua boca,

sua língua se movendo rapidamente sobre a cabeça inchada.

“Foda!” John gritou, suas mãos imediatamente se movendo para apertar os cabelo de

Yancy, puxando o homem fora de seu pênis. “Você tem que parar, Yancy.” Palavras que John

nunca quis expressar em sua vida, mas sabia que tinha que fazer. “Eu estou malditamente

perto.”

Yancy sorriu enquanto ele se movia para engolir o pau de Seamus até a raiz. John

observou com muita satisfação que os olhos de Seamus se fecharam, sua mandíbula apertando

quando ele caiu para trás contra o colchão. John não culpá-lo em nada. As coisas que Yancy

podia fazer com a língua eram mágicas.

John se virou, mas olhou primeiro para Yancy, lhe dando um olhar que dizia que ele

não tinha terminado com o homem. Yancy inclinou a cabeça, indicando que ele entendeu, e

então John subiu pela cama atrás de Seamus. Ele levantou Seamus da cama, pressionando seu

peito nu nas costas nuas de Seamus.

A respiração de Seamus saía em curtos suspiros.

“Calma, bebê,” John disse quando ele apertou os lábios no ouvido de Seamus. “Eu só

quero fazer você se sentir bem.”

127
Os lábios de John deslizaram por cima do ombro exposto de Seamus e a curva de seu

pescoço, mordiscando a carne de sabor adocicado. Ele esticou os dedos e passou a mão pelo

peito ondulado de Seamus. Quando sua mão chegou à parte inferior do estômago do homem,

ele sentiu a cabeça do pênis de seu amante pressionando-se contra o abdômen de Seamus.

Seamus estava duro como pedra — de novo.

Esta seria a primeira vez que John estaria com dois homens ao mesmo tempo, e o

pensamento o excitava. Yancy e Seamus não eram dois estranhos satisfazendo uma

necessidade, mas — esperançosamente — seus amantes permanentes. Esse pensamento apenas

tornava o que eles estavam fazendo mais íntimo, mais significativo em sua mente.

John apertou os lábios na nuca de Seamus e deslizou sua língua por toda a extensão

lisa, saboreando a pele salgada enquanto seus dedos curvavam em torno de bunda de Seamus.

Ele sentiu a cama afundar quando Yancy se estendeu do outro lado do Seamus.

“Você vai transar com ele, John?” Yancy perguntou quando ele arrastou seus dedos

sobre o braço de Seamus até seu peito. O rosto de Seamus corou para a cor das cerejas, um

pequeno gemido saindo de seus lábios, enquanto os dedos de Yancy se movam sobre os

mamilos do homem menor.

John olhou para o homem que estava entre eles. Tinha que ser decisão de Seamus. John

não iria forçar o homem. “Seamus?”

Seamus deu um leve aceno de cabeça.

John mentalmente ergueu o braço no ar. Ele iria golpear aquela pequena bunda firme

da forma que ele esperava que deixasse o cara de pernas bambas e andar engraçado. Ele teve

que respirar lentamente, ganhando algum controle antes de deslizar Seamus sobre ele e colocar

o menor homem entre ele e Yancy.

Seamus ficou apenas deitado eles, seus profundos olhos esmeralda amplos enquanto

eles olhavam de John para Yancy, como se ele estivesse incerto sobre seu próximo movimento.

“O que eu devo fazer?”

“Apenas fique deitado, bebê,” John disse com um gemido. “Nós vamos cuidar de

você.”

128
Seamus olhou com ceticismo para John até Yancy deslizar para baixo da cama e engolir

o pau de Seamus até a raiz novamente.

“Foda!” Seamus gritou enquanto suas mãos apertavam os lençóis.

John apenas observava com fascinação enquanto Yancy trabalhava o pau de Seamus

com a perícia de uma estrela pornô. Ele estava usando seus lábios, língua e dentes, enquanto

Seamus pressionava para trás no peito de John, sua respiração se tornar irregular.

Agarrando o queixo de Seamus, John inclinou a cabeça do homem e beijou uma trilha

pelo pescoço, acrescentando prazer ao que Yancy já estava dando Seamus. O homem em seus

braços empinou, seus gemidos ecoando pela sala. John moveu seus quadris enquanto ele

chupava o pescoço de Seamus, deixando seu pau deslizar para cima e para baixo do vinco da

bunda de Seamus.

“Você quer sentir o meu grande e grosso pau na sua bunda?” John perguntou a

Seamus, mantendo seu tom de voz suave como seda.

Os olhos de John se bloquearam com os de Yancy enquanto o homem continuava a

deixar Seamus louco com sua perversa boca. Havia um brilho nos olhos de Yancy. John sabia

sem dúvida que este homem estava se divertindo completamente.

“Vou enfiar meu pau bem aqui.” Ele apertou a ponta do seu dedo na entrada que ele

esperava em breve ter seu pênis enterrado.

“Simmm,” Seamus sussurrou quando ele empurrou de volta no dedo de John, tentando

se empalar.

John riu.

Yancy soltou o pau de Seamus e subiu na cama, com os olhos a sensuais e escuros. “E

depois eu vou enfiar meu pau em sua bunda, John.”

John se esqueceu de como respirar. Bem, porra! Esse era um convite que ele ficaria feliz

em se render. Fazia muito tempo desde que ele sentiu mãos ásperas o segurando enquanto ele

era fodido no colchão.

129
“Inferno, sim,” John gemeu antes de rolar Seamus de estômago. O homem de cabelos

chocolate escuro rolou com facilidade. Ele projetou sua bunda no ar como uma gata no cio,

abertamente mostrando a John exatamente o que ele queria.

E dane-se se John não estava pronto para proporcionar.

“Lubrificante, precisamos de lubrificante.” John estava desesperado. Ele sabia, sem

dúvida — mais do que tudo em toda a sua vida — que, se ele não conseguisse seu pênis na

bunda do Seamus nos próximos sessenta segundos, a maldita coisa iria estourar. “Onde foi que

eu coloquei o maldito lubrificante?”

“Esta é a sua casa, doçura,” Yancy disse. “Eu costumo manter o meu na mesinha de

cabeceira.”

John rosnou quando ele se levantou rapidamente e foi para a mesa de cabeceira para

retirar um pequeno frasco de lubrificante e uma tira de preservativos que ele tinha escondido lá.

Ele não gostava de pensar sobre por que Yancy iria manter um frasco de lubrificante á mão em

sua mesinha de cabeceira. Ele entendia essa coisa toda de masturbação. Ele até mesmo entendia

que ele fodesse Seamus, mas, além disso, o homem não precisava de lubrificante.

Ok, ele estava se desviando. Sua mente estava saltando de um pensamento aleatório

para o outro, e John sabia que tinha de se recompor.

Rastejando de volta para cima da cama, ele se ajoelhou atrás de Seamus. Ele

praticamente arrancou a tampa do lubrificante e esguichou uma quantidade razoável em seus

dedos antes de colocar a garrafa em cima da cama. Alcançando entre as bochechas da bunda de

Seamus, ele esfregou o lubrificante em Seamus, dando especial atenção ao pequeno buraco

franzido que seus dedos estavam provocando.

“Você gosta disso, bebê?”

John ouviu um grande grito estrangulado encher o quarto quando ele empurrou um

dedo na bunda apertada de Seamus. Ele empurrou mais uma vez, adicionando um segundo

dedo quando pensou que Seamus poderia aguentar.

130
As bolas de John começaram a doer quando os tremores de excitação começaram a

sacudir a forma mais leve de Seamus. Seu corpo formigava com a necessidade de gozar, mas ele

se recusava, sem o prazer de Seamus chegando primeiro.

John fodeu Seamus com os dedos repetidamente, e depois alternou com um dedo e

depois dois. Ele moveu os dedos em um ritmo constante, certificando de acariciar a glândula de

Seamus quantas vezes quanto podia.

Se John não estivesse tão malditamente perto, ele gostaria de assistir Seamus gozar em

seus dedos. Mas ele sabia que não aconteceria, porque ele tinha sonhado em foder a bunda do

homem por eras.

Não tendo certeza da total aceitação de Seamus, ele puxou os dedos da bunda de

Seamus e rapidamente rasgou um dos pacotes de preservativos, rolando a proteção pelo seu

comprimento dolorido. Ele agarrou seu pênis, empurrando a cabeça contra a entrada pulsante

do homem. Empurrando um pouco, olhou para cima e para baixo de Seamus.

“Seamus,” ele sussurrou baixinho.

Um momento depois, ele estava gemendo baixinho quando Seamus rapidamente

empurrou para trás contra ele. John se viu afundar lentamente em Seamus, surpreendido pelo

calor sedoso em torno dele. Ele lentamente fodeu seu caminho, esticando o anel de músculos

apertados de Seamus ao redor de sua circunferência grossa, centímetro por centímetro.

Quando ele se sentiu pressionar o último pequeno pedaço, suas mãos apertaram contra

os quadris de Seamus. Os tremores começaram a sacudir seu corpo. Isso seria o sexo mais curto

na história... tipo, milésimos de segundo.

“Droga, bebê, você é tão bom pra caralho.”

“Fico feliz...” Um pequeno tremor teceu seu caminho através do corpo de Seamus. “Fico

feliz que você aprova.”

Inferno, sim, ele aprovava. Ele havia fantasiando sobre foder a pequena bunda de

Seamus desde o dia em que conheceu o homem. Suas fantasias simplesmente não eram tão boas

assim. John começou a se mover, tão lentamente quanto o seu corpo lhe permitia, empurrando

131
seus quadris para frente, e então, puxando para trás até que apenas a cabeça de seu pênis ficou

presa no buraco apertado de Seamus.

A sensação de estar dentro de Seamus era incrível. A respiração sibilou por entre os

dentes quando ele começou a recuar para trás novamente. Pouco a pouco, o corpo de Seamus

parecia começar a chupá-lo para dentro, e John começou a se mover mais rápido. Ele se sentiu

como se fosse sua primeira vez novamente. Ele achava que ele duraria não muito tempo.

Isso era simplesmente malditamente bom.

Ele estremeceu quando ele sentiu a mão de Yancy em suas costas, o empurrando sobre

as costas de Seamus. Ele se inclinou para frente, apoiando seu corpo em seus braços. Ele podia

sentir sua respiração batendo sobre a nuca de Seamus enquanto ele se movia.

John ouviu a tampa da garrafa de lubrificante estalar, e então ele sentiu as mãos de

Yancy em sua bunda, espalhando suas bochechas quando ele empurrou um dedo nele,

movendo-o várias vezes antes de adicionar um segundo, depois um terceiro, o esticando

rapidamente e completamente.

“Yancy,” ele gritou enquanto seus braços tremiam.

“Apenas deixe vir naturalmente, doçura.” Yancy riu quando o som de outro pacote de

preservativo rasgando encheu o ar. Um momento depois, Yancy substituiu seus dedos com seu

pênis, entrando em John com uma estocada rápida.

Ambos congelaram com a sensação prazerosa. John adorava a sensação do

comprimento rígido de Yancy enterrado dentro de seu corpo escorregadio de suor. Era tão bom

quanto sentir seu próprio pênis enterrado dentro de Seamus.

“Yancy.” John não estava implorando, não exatamente. Ele estava sugerindo ao maldito

homem que se apressasse, ou o show acabaria antes que John fosse fodido no colchão. Ele já

podia sentir um pequeno formigamento na base do seu pau, e ele sabia que não tinha muito

tempo antes que ele explodisse.

Ele meio que esperava levar seus amantes com ele. Ele nunca antes tinha

experimentado esta dupla sensação, e o deixou oscilando sobre a extremidade.

“Agora, doçura,” Yancy sussurrou no ouvido de John.

132
John ofegou e esperou enquanto seu anel de músculo comprimiu sobre a invasão. Ele

quase não podia respirar pelo prazer que correu por ele enquanto Yancy o esticava. Ele

empurrou para fora, girando nas estocadas para levar o pênis de Yancy mais profundamente,

em seguida, empurrou seus quadris para frente, afundando em Seamus.

Ele sentiu seus braços e pernas começarem a tremer quando Yancy começou a empurrar

mais rápido, entrando e saindo dele. Cada impulso dos quadris de Yancy o empurrou mais

profundamente em Seamus. John demorou um pouco para pegar o ritmo quando ele começou a

bombear lentamente dentro e fora de Seamus.

Ele podia sentir a contração do canal apertado de Seamus ao redor de seu pau com uma

intensidade quase brutal. A mão de John se moveu debaixo de Seamus, deslizando sobre seu

peito e estômago. Ele acariciou para baixo, traçando seus dedos sobre eixo rígido de Seamus.

Os dedos de John agarraram o pau de Seamus. Ele gemeu baixinho com a visão erótica

quando Seamus jogou a cabeça para trás e gritou. Com uma carícia forte, John sentiu calor

úmido deslizar sobre seus dedos quando Seamus gozou, sua bunda apertando e ordenhando

John, de uma maneira mais sensual que ele jamais havia esperado.

Ele bateu seu pau cada vez mais forte em Seamus, balançando a cama com a força de

seus golpes. O longo pau grosso que parecia enchê-lo tão perfeitamente roçava em sua próstata

com cada impulso dos quadris de Yancy. Ele gemeu quando o ângulo de Yancy alterou e seu

ponto doce foi atingido repetidamente.

Suas estocadas falharam quando seu orgasmo o agarrou pelas bolas e arrancou um

grito alto dele. John jogou a cabeça para trás, seus movimentos frenéticos enquanto seu pênis

explodia, enchendo a camisinha com sua semente.

Ele enterrou o rosto no ombro de Seamus, cheirando seu doce aroma e sentindo a pele

lisa de Seamus contra o próprio peito. Ele sentiu Yancy apertar seus ombros por baixo e

começar a o levantar e o abaixar, empalando-o enquanto seus impulsos aumentavam

repentinamente de intensidade.

133
O profundo rugido gutural que ressoou no peito de Yancy foi o único aviso que John

teve antes do pau do homem o golpear e o eixo grosso bater um ritmo constante na sua bunda,

dando prazer a John em uma onda sensual que fez todo o seu corpo tremer.

John estendeu o braço para envolver sua mão ao redor da cabeça de Yancy, onde

descansou contra seu pescoço. Ele estendeu a outra mão para suavemente acariciar o rosto de

Seamus, sorrindo para si mesmo.

Como ele ficou de fora de um ménage antes? Era a forma perfeita de fazer sexo, a única

forma... com ele imprensado no meio.

134
Capítulo Doze

Yancy riu quando viu Seamus e John lutarem por uma posição na frente do espelho do

banheiro, os dois homens rindo enquanto eles se empurravam. Não era como se Seamus

precisasse fazer a barba.

Ele mal tinha penugem cobrindo o rosto, ou em qualquer outro lugar.

John, por outro lado, não tinha nada além de pelos no rosto. Sua barba era cheia, mas

bem aparada. Meio que combinava resto peludo do corpo do homem. Entre os dois homens,

Yancy tinha o melhor de dois mundos.

E isso o espantava completamente.

Nunca, nem mesmo em suas fantasias mais selvagens e pervertidas, Yancy nunca havia

considerado ter um relacionamento com dois homens. Ele sem dúvida tinha fantasiado sobre

ter um ménage com dois homens. Que homem gay não tinha? Mas essas fantasias nunca tinham

acontecido além disso.

E ele não entendia por que não. As coisas pareciam muito mais simples agora que os

três haviam reconhecido a atração mútua e feito algo para cimentar a crescente ligação entre

eles.

Seamus estava voltando a ser pessoa feliz e alegre quando Yancy o conhecera. Seus

olhos cor de esmeralda brilhavam com vida. O carinho que ele sentia por Yancy e John estava

evidente em cada toque.

E havia muitos toques.

Seamus não conseguia ter o suficiente de nenhum deles. Ele estava constantemente

tocando Yancy e John, beijando-os, ou apenas abraçando-os — quase como se ele precisasse se

assegurar de que os dois estavam lá.

Yancy sabia que John via a necessidade de Seamus tanto quanto ele pela forma como o

homem parecia se esforçar para que Seamus pudesse tocá-lo ou se inclinar para ele. Yancy

135
estava praticamente fazendo o mesmo, só que ele não estava se limitando a Seamus apenas. Ele

estava tocando e acariciando John tanto quanto.

Yancy sabia que John estava apreensivo sobre estar com dois homens, mas não mais do

que Yancy estava. Yancy amava Seamus, faria qualquer coisa por ele. Sua afeição crescente por

John colocava o xerife na mesma categoria — alguém por quem Yancy faria qualquer coisa.

Yancy revirou os olhos quando Seamus atacou a água da torneira. “Eu vou fazer um

pouco de comida. Vocês limpam o banheiro.”

Yancy saiu do banheiro exatamente quando uma toalha molhada veio voando pelo ar,

batendo na porta do banheiro. Ele olhou pelo batente da porta, mostrando a língua para seus

amantes antes de correr.

Pelo jeito como John estava olhando Seamus, Yancy tinha certeza que ele tinha tempo

de sobra para preparar algo para eles comerem. Aparentemente, John estava tentando

compensar o tempo perdido. O homem era praticamente um tesão caminhando, não que Yancy

estivesse reclamando.

John não faria discriminações entre ele e Seamus. Ele atacou a ambos com o mesmo

grau de desejo. Yancy ficou mais deitado nos últimos dias do que ele ficou em semanas, talvez

anos. A ideia que John tinha que voltar ao trabalho amanhã quase fez Yancy querer chorar.

Yancy ouviu um baque forte contra a parede enquanto ele pegou uma das frigideiras

penduradas no suporte sobre o console central. Ele fez uma pausa, a mão na frigideira, e olhou

para a parede. Ele não estava exatamente certo sobre o que John e Seamus estavam fazendo no

banheiro — mesmo que ele tivesse ideia muito boa — mas estava balançando as fotografias na

parede.

“Oh, sim!” Seamus gritou.

Maldição!

Yancy piscou quando as fotografias balançaram ainda mais antes de uma delas cair no

chão. O que quer que fosse que John estava fazendo com Seamus definitivamente estava

agitando as coisas. Yancy só esperava que Seamus fosse capaz de andar depois.

136
Yancy riu quando ele puxou a frigideira e a colocou no fogão. Ele foi até a geladeira e

pegou os itens que ele precisava para fazer crepes. Depois de anos vivendo sozinho, Yancy

descobriu a necessidade de poder cozinhar algo comestível. Felizmente, sua mãe era uma

grande cozinheira e teve um imenso prazer em lhe ensinar tudo o que sabia.

Ele aprendeu um prato. Crepes de morango de eram sua especialidade.

Enquanto a frigideira estava esquentando, Yancy pegou uma tigela e começou a

misturar a massa do crepe. Assim que estava pronta, ele a colocou de lado e começou a cortar os

morangos. Um a um, ele começou a despejar a massa na frigideira. No momento em ele teve

uma pequena travessa de crepes recheados de morango, ele ouviu o chuveiro ligar.

Yancy estava colocando a frigideira usada na pia quando o telefone tocou. Sem pensar,

ele estendeu a mão e agarrou o telefone sem fio, apertando o botão de atender e colocando o

telefone no ouvido.

“Residência Riley,” ele disse distraidamente enquanto ligava a água para lavar a

frigideira. Ele odiava deixar louça suja na pia. Vinha de anos de obrigação de lavar a louça

quando sua mãe cozinhava.

“Você vai morrer,” retrucou uma voz profunda e má, “e todos os seus amiguinhos

bichas vão morrer com você.”

Yancy deixou cair o telefone. Ele rapidamente pegou o aparelho, o agarrando antes que

ele pudesse cair no chão. Quando ele o segurou de volta ao seu ouvido, sua mandíbula estava

cerrada, tanta raiva correndo por dele que Yancy corria o risco de quebrar um dente.

“Que porra é essa?”

Tom de discagem.

Maldição!

“John!” Yancy gritou quando ele desligou a água e começou a descer o corredor. John

deve ter ouvido a intensidade de sua voz porque o homem vinha correndo do banheiro com

uma toalha enrolada na cintura, gotas de água escorrendo pelo seu corpo quase nu.

“O quê?” John perguntou. “O que é o problema?”

137
Yancy levantou o telefone. “Eu quero ouvir aquelas mensagens que você esteve

recebendo.”

Os olhos de John se estreitaram no telefone na mão de Yancy, uma carranca

escurecendo suas feições. “Ele ligou de novo?”

“Sim. Ele disse que você e todos os seus amiguinhos bichas irão morrer,” Yancy

retrucou. Não era de admirar que John tentasse proteger Seamus. Yancy teria feito a mesma

coisa. “É que o que ele costuma dizer?”

“Bem, ele nunca mencionou nenhum dos meus amigos antes, apenas quem eu me

preocupava.” John franziu a testa, suas sobrancelhas loiras se juntando sobre os olhos. “Você

acha que ele sabe sobre você e Seamus?”

“Sabe o quê?” Seamus perguntou quando ele saiu do banheiro, esfregando uma toalha

sobre a cabeça.

Yancy abaixou a cabeça. Eles passaram muito tempo conversando sobre os últimos dias,

e mais tempo ainda entre os lençóis. Mas de alguma forma, em tudo isso, eles tinham se

esquecido de explicar a Seamus porque John o tinha afastado.

“Precisamos conversar, doçura.”

Seamus empalideceu, todos os vestígios de sangue deixando seu rosto. “Você vai me

deixar?”

“Oh deuses.” Yancy correu entre o espaço entre eles e puxou Seamus em seus braços.

Ele passou os braços em torno de Seamus, enfiando a cabeça do homem debaixo do seu queixo.

“Não, doçura, eu não vou embora. Ninguém está indo embora.”

“Então o que você precisa falar comigo?” A voz de Seamus estava trêmula e ofegante.

“Nós nunca conversamos sobre por que John se afastou de você, Seamus. Eu acho que

talvez seja a hora de você saber.”

“Não!” Os cílios de Seamus vibraram loucamente quando ele se empurrou para fora

dos braços de Yancy. Ele esfregou as mãos para cima e para baixo dos braços, os olhos

pousando em qualquer lugar exceto em John ou Yancy. “Tenho certeza que você tinha um bom

138
motivo. Está tudo bem. Eu não preciso saber. As coisas estão indo bem para nós agora, e eu... eu

só não preciso saber.”

Yancy estava confuso até John falar. Ele não conseguia entender por que Seamus não

queria saber por que o xerife tinha se afastado justamente quando parecia que eles iriam se unir.

“Seamus, eu não queria te afastar, mas eu estava com medo.”

Os olhos de Seamus olharam brevemente para John, e então para baixo. “Nós não

tínhamos que nos envolver. Poderíamos ter sido apenas amigos até que você estivesse mais

confortável com a gente juntos. Eu não teria que — ”

Puta merda!

Seamus achava que era algo que ele tinha feito que afastou John.

“Alguém está ameaçando a vida de John e a vida de todos com quem ele se preocupa,

incluindo você, Seamus. John se afastou porque ele não queria que ninguém soubesse que ele

gostava de você. Ele não queria magoar você.”

A expressão de Seamus oscilou por um momento, passando de confuso a triste e

completamente irritado. Quando ele olhou para cima, havia tanta raiva em seus olhos verde

esmeralda que eles quase ficaram pretos.

Yancy deu um rápido passo para trás. O Seamus que ele conhecia era doce, inteligente e

engraçado. Este Seamus parecia que poderia enfrentar um pelotão inteiro de fuzileiros armados

e não derramar um suor. Era meio excitante, mas também assustador como o inferno.

“Seamus?”

“Você poderia ter me dito,” Seamus disse em uma voz rouca muito, muito baixa

quando ele olhou para John. “Você poderia ter me dado a opção de ficar ao seu lado ou de me

esconder. Eu posso ser o Blaecleah mais jovem, mas isso não significa que eu sou fraco.”

“Seamus, eu nunca pensei que você fosse fraco”, John disse, sua voz não tão baixa

quanto Seamus, mas malditamente perto. Embora Yancy tivesse certeza que John não estava

com raiva, apenas talvez com o coração partido.

John passou a mão sobre o rosto, dando alguns passos para a cozinha, parando para

olhar para fora da janela sobre a pia. “Eu não poderia te colocar em perigo, Seamus. Você não

139
entende isso? Quem está fazendo isso para mim está falando sério. Ele deixa telefonemas

ameaçadores na minha secretária eletrônica. Ele matou o gato da minha vizinha porque eu

alimentava o maldito todas as manhãs. E eu estava com medo do que ele faria para o homem

que eu amo se ele descobrisse quem era.”

Yancy desejava que John não estivesse olhando para longe de Seamus. Ele perdeu

totalmente a expressão maravilhada que veio sobre o rosto de Seamus quando o homem

percebeu o que John disse.

“Você me ama?”

Os ombros de John endureceram, e ele se virou lentamente. “É claro que eu te amo. Eu

sempre amei você.” Tinha pura agonia em sua voz. E estava espelhado em seus olhos azul

acinzentados. “O que você acha que isso é tudo?”

“Você nunca disse nada,” Seamus insistiu com um pequeno encolher de ombros. “Eu

pensei que talvez você gostasse de mim, mas — ”

“Não, bebê.” John correu para o lado de Seamus, puxando o menor homem contra seu

corpo. Ele segurou o rosto de Seamus entre as mãos, inclinando seu rosto para cima. John era

apenas alguns centímetros mais alto do que Seamus, mas assim juntos, Yancy podia ver

claramente a diferença de altura. “Eu te amo, Seamus. Eu te amo há séculos. Inferno,” — John

riu levemente — “Eu não consigo me lembrar de um tempo em que eu não te amasse.”

“Eu também te amo,” Seamus sussurrou.

Yancy sentiu um grosso pedaço de emoção subir em sua garganta no olhar de adoração

que se passou entre John e Seamus. Ele não invejava nenhum deles em seu momento de ternura

juntos. Ele só queria que ele fosse uma parte dele. Yancy não sentia ciúmes, apenas deixado de

fora.

Yancy começou a sair da sala, para dar aos dois homens um momento a sós, quando

Seamus continuou falando novamente e o nó na garganta se transformou em lágrimas em seus

olhos.

“Eu amo Yancy também. Você precisa entender isso. Eu sei que não é politicamente

correto um homem amar dois outros homens, mas eu amo. Se você não pode viver com isso, eu

140
preciso saber agora. Eu sei que você concordou com esta coisa de trio, mas eu preciso poder me

compartilhar com Yancy tanto quanto eu me compartilho com você.”

Yancy se virou para os dois homens bem a tempo de ver John acariciar o cabelo de

Seamus fora seu rosto, colocando uma longa mecha atrás da orelha. “Eu entendo, Seamus,”

John disse, “e eu não gostaria que fosse de outra maneira.”

Seamus piscou rapidamente, como se ele estivesse tentando afastar as lágrimas de seus

olhos brilhantes. “Sério?”

John sorriu, acenando com a cabeça. “Nós três vamos ser uma equipe imbatível.”

Yancy engoliu em seco quando John se virou para olhar para ele. Os pelos em seus

braços começaram a se levantar, um arrepio de algo por vir deslizando pelas suas costas.

“Yancy e eu somos apenas amigos neste momento, Seamus, amigos muito íntimos, veja

bem, mas ainda assim apenas amigos. Espero que com o tempo, com tudo o que está se

desenvolvendo entre nós, isso irá se transformar em algo mais. Eu quero que essa coisa entre

nós funcione.”

John parecia estar perguntando algo com suas palavras, algo que escapava de Yancy até

que ele olhou para Seamus e viu a esperança nos olhos esmeraldas. E ele então entendeu o que

John queria.

“Eu também quero que isso funcione,” ele respondeu. “Mas você precisa saber que eu já

sinto por você mais do que simples amizade. Eu não te amo como eu amo Seamus, ainda não.

Isso só virá com o tempo. Mas eu me importo com o que acontece com você mais do que eu me

importaria se fossemos apenas amigos, ou até mesmo amigos com benefícios.”

“Oh, graças a Deus!” Os ombros de John caíram como se um grande peso de repente

tivesse sido tirado deles. “Eu sabia que você estava aqui por causa de Seamus. Eu não queria te

colocar em uma posição em que você sentisse que tinha que ficar comigo só para que você

pudesse ter Seamus.”

“Você não é uma conveniência, John, ou um meio para um fim.” Os lábios de Yancy

inclinaram nos cantos. “Eu escolhi estar aqui com você.”

141
“Você sabe que isso vai te colocar na linha de fogo, certo?” John se virou para Seamus,

um olhar de preocupação enrugando sua testa quando ele franziu a testa. “Vai colocar os dois

em perigo de quem está atrás de mim.”

“Talvez.”

Seamus começou a sorrir. Agora o homem era tão doce como ele normalmente poderia

ser. Seamus era o calmo e descontraído Blaecleah na mente de Yancy. Mas a maldade no sorriso

do homem de repente o fez se perguntar se ele realmente conhecia Seamus totalmente. Havia

profundezas ocultas em Seamus que ele sabia que ele ainda não tinha tocado.

“Agora que nós somos uma equipe, isso significa que toda a minha família está do

nosso lado.” Seamus franziu a testa por um momento. “Bem, assumindo que eles não irão me

enterrar no quintal com os tomateiros de Ma por me envolver com vocês dois.”

Yancy riu. “Sua família é uma das famílias mais compreensivas que eu já conheci,

Seamus. Inferno, cada um dos malditos dos seus irmãos é casado com um homem. Duvido que

eles irão fazer alguma coisa para você.”

“Talvez.” Seamus bufou. “Mas nenhum dos meus irmãos levou dois amantes para casa

antes, também.”

142
Capítulo Treze

Seamus estava tão nervoso que ele podia provar a bile subindo em sua garganta. Eles

estavam a caminho do rancho de sua família para conversar com seus pais e irmãos sobre a

situação com John. Eles também estariam anunciando a sua família que ele estava envolvido

com John e Yancy.

Isso era como uma garantia ao fracasso.

Donnell e Alani Blaecleah eram os pais mais compreensivos que um filho poderia ter,

mas até mesmo eles tinham seus limites. Eles nem sequer piscaram um olho por Seamus trazer

outro homem para casa, mas dois? Isso precisaria de mais entendimento do que eles poderiam

ter.

Seamus temia o confronto próximo. Ele amava sua família, mas ele também amava

Yancy e John. Escolher entre eles quebraria seu coração de uma forma que ele duvidava que

pudesse ser consertado.

Ele nem sequer queria pensar sobre as consequências que viriam quando sua família

descobrisse que, amando John, ele havia se colocado em perigo. Eles iriam ficar irritadíssimos,

especialmente seus irmãos. Como o mais jovem dos Blaecleahs, seus irmãos tendiam a ser

superprotetores com ele. Havia momentos em que Seamus realmente gostava disso sobre seus

irmãos.

Este não era um deles.

Lachlan iria enlouquecer. Ele provavelmente começaria a gritar. Quaid iria ficar em

silêncio enquanto ele planejava a morte de alguém. Rourke entraria em modo de proteção.

Neason correria para Brody e exigiria que o ex-motociclista que virou ministro protegesse

Seamus.

Deus, ele os amava, mas eles podiam ser um pouco arrogantes às vezes.

143
Seamus engoliu em seco quando Yancy virou o veículo na garagem do rancho

Blaecleah. Ele fez uma careta quando viu todos os veículos da família reunidos na frente da casa

de seus pais.

Maravilha, todo mundo estava em casa.

Seamus meio que tinha esperado dar a noticia a eles um de cada vez... ao longo de

vários meses, talvez? Ele nunca tinha sido capaz de esconder nada de sua família de qualquer

jeito, então ele não sabia por que deveria se surpreender que ele tivesse que contar a eles todos

ao mesmo tempo. Até agora, sua sorte nesse departamento havia sido desanimador na melhor

das hipóteses.

“Ei, você vai ficar bem?”

Seamus estampou um sorriso em seu rosto que ele não sentia e se virou para acenar

para John. “Eu estou bem.”

“Pare de mentir, Seamus,” disse Yancy. “Eu sei que você está nervoso, mas vai ficar

tudo bem.”

“Eu não estou mentindo,” Seamus insistiu.

“Bem, você não está dizendo a verdade.”

Maldição! Yancy o conhecia um pouco bem demais.

Seamus suspirou. “Ok, eu estou nervoso. Eu não tenho nenhuma ideia do que meus

pais vão dizer sobre eu levando dois homens para casa. E depois há os meus irmãos.”

“Seus irmãos gostam de mim,” John insistiu.

Seamus deixou escapar um pequeno suspiro muito rude. “Isso foi antes que eles

soubessem que você está fornicando7 com seu irmão caçula.”

O carro se desviou por um momento, em seguida diminuiu a velocidade e parou

completamente ao lado dos outros veículos estacionados na garagem. Yancy desligou o motor e

se virou para olhar para Seamus. “Você acabou de usar a palavra fornicar?”

Risos saíram por entre os lábios de Seamus. “Talvez.”

7
Tendo sexo, transando.

144
“Eu nunca forniquei em minha vida,” John retrucou, mas houve um tremor de riso em

sua voz, como se ele estivesse se esforçando muito para não rir. Quando Seamus olhou para ele,

o queixo do homem estava cerrado, como se estivesse à beira de arrebentar e lutar com tudo

nele. “Xerifes não fornicam.”

“Ah, sim, eles fornicam.” Seamus riu. “Assim como os fazendeiros, ex-motociclista que

viraram ministros, advogados, contadores, e detetives particulares. E alguns deles fazem isso de

maneiras muito interessantes.”

“Quão interessante?” perguntou Yancy.

Seamus apenas sorriu. De jeito nenhum ele iria contar todos os seus segredos de uma só

vez. Ele tinha que deixar algumas coisas para o futuro. Além disso, se ele contasse sobre o que

ele sabia, seus irmãos o amarrariam com certeza.

“Hey,” Yancy disse de repente, “lá está seu pai.”

O estômago de Seamus começou a apertar quando ele olhou para a casa que ele tinha

vivido por toda a sua vida e viu seu Da em pé no topo dos degraus. A postura do homem não

era desanimadora, mas não parece que acolhedora também.

“Ele parece chateado,” Seamus sussurrou distraidamente. “Você acha que ele já sabe?”

“Não, eu acho que ele está preocupado que seu filho está andando em um veículo com

dois homens que atiraram neles e foram tirados da estrada alguns dias atrás.” John agarrou a

mão de Seamus, lhe dando um aperto tranquilizador. “Se você estivesse no lugar dele, não

estaria?”

“Sim, eu suponho.” Esse conhecimento ainda não fez Seamus se sentir melhor em falar

com os pais dele, mas o fez se lembrar de que alguém estava ameaçando John. Claro,

lembrando que alguém estava atrás de um de seus amantes meio que colocava tudo em

perspectiva.

Eles precisavam de ajuda se eles tinham alguma esperança de descobrir quem estava

atrás de John. Ajuda que esperançosamente viria na forma de todo o clã Blaecleah. Eles eram

muito conhecidos como uma família disposta a assumir riscos por aqueles de quem eles

gostavam.

145
Seamus esperava que fosse verdade quando ele seguiu John e Yancy para fora do

caminhão e se dirigiu para a casa. Quanto mais se aproximava, mais apreensão ele sentia. Da

realmente parecia sombrio. Seamus parou no primeiro degrau e olhou para seu Da.

“O que há de errado?” ele perguntou quando notou o olhar cauteloso nos olhos verdes

de seu Da.

Da olhou para Seamus por um momento, então voltou seus olhos para John. “Xerife,

você recebeu um telefonema cerca de uma hora atrás.”

John franziu a testa quando ele tirou seu telefone celular e checou. “Eu não recebi

nenhuma mensagem no meu celular.” Suas sobrancelhas estavam unidas em uma profunda

carranca quando ele olhou para cima. “A delegacia teria ligado no meu celular se precisassem

entrar em contato comigo.”

“Eu não acredito que este telefonema veio da delegacia, xerife.”

John estava perto suficiente para Seamus senti-lo enrijecer. Ele sabia sem perguntar

sobre qual telefonema seria, se ele não soubesse exatamente quem havia ligado. Ele só não

entendia por que o autor dessas ameaças havia ligado para a casa de seus pais.

“O que a mensagem dizia?” perguntou Seamus.

“Vamos lá dentro,” Da disse quando ele virou para a casa. “Você mesmo pode ouvi-la.

Ma não teve tempo de chegar ao telefone antes que ela caísse na secretária eletrônica. Assim que

ela ouviu o que estava sendo dito, ela não o atendeu e foi me encontrar.”

E isso podia explicar por que cada veículo do clã Blaecleah estava estacionado em frente

da casa. Todo mundo estava reunindo em torno de Alani Blaecleah.

Isso não iria acabar bem.

Seamus olhou para John e Yancy, e então se apressou a subir os degraus, seguindo o

seu Da para a casa. Ele podia ouvir seus dois homens seguindo logo atrás dele. E mesmo se não

tivesse, ele os sentiu bater de encontro a ele quando ele tropeçou para parar dentro da porta de

entrada. Cada um dos seus malditos irmãos e seus maridos estava na sala de estar, em torno de

Ma.

E eles pareciam irritados.

146
Seamus engoliu em seco quando Lachlan avançou. Lachlan era o irmão mais velho, e,

geralmente, o porta-voz quando havia um problema. Ele também era o mais protetor e mais

teimoso de todos eles. Ao lado de Ma e Da, Lachlan era normalmente o único responsável.

“Hey, Lachlan.”

“Seamus.”

Não. Isso definitivamente não estava indo bem.

Seamus não queria nada mais do que voltar pela porta da frente. Ele odiava ser

confrontado por seu irmão. Mesmo que ele fosse inocente de fazer qualquer coisa errada, olhar

feroz de seu irmão o fazia se sentir culpado.

Lachlan era quase tão bom nisso quanto Ma.

Seamus olhou por cima do ombro para John, apontando para a cozinha. “A secretária

eletrônica é na cozinha. Por que você não vai ouvir enquanto eu lido com isso?”

John sacudiu a cabeça. “Eu não vou deixar você enfrentar isso sozinho.”

“Exatamente o que é isso, John?” perguntou Lachlan. Seamus estremeceu. Ele podia

ouvir a fúria debaixo do tom educado de seu irmão. “Por que alguém está ameaçando a minha

mãe?”

“Não é o que você pensa, Lachlan,” Seamus insistiu, recusando a deixar Lachlan colocar

sentimento de culpa em John. “Alguém vem ameaçando John há algum tempo. Eu não sei por

que eles ligaram para aqui, a menos que eles soubessem que John estava vindo para o rancho.”

A resposta de Lachlan era como um bisturi afiado. “Que tipo de ameaças?”

“Alguém tem deixado mensagens na secretária eletrônica de John, o ameaçando e a

qualquer um com quem ele se preocupa.”

“Bem.” Asa riu bem-humorado, quando ele andou até ficar ao lado de seu marido.

Tinha uma grande preocupação gravada em seu rosto, mas não a mesma animosidade como na

de Lachlan. “Isso explica muita coisa.”

Seamus apenas levantou uma sobrancelha, porque ele realmente não tinha uma

resposta para as palavras de Asa. Ele não tinha certeza se ele sabia exatamente o que Asa

pensava que suas palavras explicavam, e ele não tinha certeza se queria saber.

147
Pelos olhares pensativos em sua direção, ele tinha uma boa ideia do que Asa quis dizer,

no entanto. Seamus de repente teve a sensação de que ele não tinha escondido absolutamente

nada de nenhum membro de sua família.

“Sim, bem...” Seamus sentiu um caroço do tamanho de um estádio inchar em sua

garganta. Ele endureceu por um momento, quando sentiu uma mão quente se espalhar no

centro de suas costas, e depois relaxou quando percebeu que era um de seus amantes. “Eu acho

tem de ter mais algumas explicações.”

Seamus de repente sentiu uma grande presença em suas costas, rapidamente seguida

por uma segunda. Ele sabia sem olhar que tanto John quanto Yancy tinham chegado perto atrás

dele. Eles estavam em silêncio lhe dando o seu apoio, e isso, mais do que tudo, deu a Seamus a

coragem de enfrentar sua família com sua notícia.

“John e Yancy são minhas lendas.”

148
Capítulo Quatorze

John não entendeu exatamente o que Seamus quis dizer com suas palavras, mas ele

ficou completamente perplexo pelas expressões atordoadas sobre os rostos daqueles olhando

para ele. Atordoado seria uma boa descrição.

“O que é uma lenda?” ele sussurrou para Yancy, mas Asa deve tê-lo ouvido falar,

porque o homem começou a rir como se tivesse acabado de ouvir a coisa mais hilariante em sua

vida. Ele estava praticamente caindo enquanto ele segurava no ombro de Lachlan.

“Você acha que foi algo que você disse?” Yancy sussurrou pelo canto da boca,

inclinando-se mais perto de John.

John encolheu os ombros. Ele não tinha ideia.

Mas ele realmente não gostava do jeito que Lachlan estava olhando para Seamus. John

sentiu um grunhido irritado começam a se formar em sua garganta quando o olhar atordoado

no rosto de Lachlan se transformou em uma profunda carranca.

Era disso que Seamus estava com medo. Ele só sabia disso. Antes que Lachlan pudesse

abrir a boca e dizer algo crítico para Seamus, John contornou Seamus, se colocando entre o

homem irritado e seu amante.

“Não.” Uma palavra, mas que tinha veemência suficiente atrás dela que ela tirou a

atenção de Lachlan de Seamus e para John. “Você não tem que decidir como Seamus vive sua

vida ou fazê-lo se sentir mal pelas escolhas que ele faz.”

“Eu não dou uma fod — ” Lachlan olhou rapidamente em direção à cozinha. “Não me

interessa com quem Seamus decide quem ele quer estar. O que eu quero saber é por que alguém

está deixando mensagens ameaçadoras no telefone dos meus pais.”

As sobrancelhas de John subiram. “É isso que você quer saber?”

Lachlan deu a John um olhar incrédulo. “Você não?”

149
John fechou a boca. Ele não podia culpar Lachlan em nada por se preocupar com sua

mãe. John também ficaria puto.

“Sinto muito,” disse ele. “Eu não tenho ideia de quem está deixando esses telefonemas

ameaçadores, mas eu sei que quem quer ele seja, ele esta falando sério.”

“Nós não podemos provar isso neste momento,” Yancy acrescentou, “mas suspeitamos

de que quem está atrás de John, atirou em seu pneu, o que causou o acidente de carro que nós

estávamos alguns dias atrás.”

“Meu vice rebocou minha viatura, mas eu ainda tenho que saber se eles encontraram

alguma coisa.”

“Há quanto tempo você vem recebendo esses telefonemas?” perguntou Asa, parecendo

sério mais uma vez.

“Algumas semanas, pelo menos.”

“Desde que Ira escapou?”

“Não.” John balançou a cabeça. “Eu pensei nisso, mas Ira ainda estava preso quando os

telefonemas começaram.”

“Então, quem mais você irritou?”

John tinha se perguntado isso logo depois que ele descobriu o gato da Sra. Cleary em

sua varanda. Ele podia pensar em algumas pessoas que ele tinha irritado, mas Ira tinha sido sua

primeira aposta, exceto que Ira estava preso quando os primeiros telefonemas foram deixados.

O próximo na sua lista de possíveis ameaças era o antigo xerife. John pensou que sua

investigação havia sido discreta, mas talvez não. Se alguém tivesse descoberto que ele estava

investigando o Xerife Miller, e a informação chegasse até o homem, John não tinha nenhuma

dúvida de que o cara tinha bolas grandes o suficiente para deixar mensagens ameaçadoras em

seu telefone.

Exceto que o homem não parecia o xerife. A voz em sua secretária eletrônica era muito

mais jovem. John quase teria suspeitado de Clem Thornton de deixar as ameaças, mas ele estava

atrás das grades também.

150
Além de algumas sementes ruins na cidade, John não conseguia pensar em mais

ninguém que ele tinha irritado o suficiente para ameaçá-lo e a qualquer um com quem ele se

importava, certamente não alguém que atiraria em sua viatura ou mataria um gato só para fazer

um ponto.

“Eu não consigo pensar em ninguém que realmente se destaque,” disse John. “Ira ainda

estava preso. Clem ainda está atrás das grades, e a voz na minha secretária é muito jovem para

ser o xerife Miller. Fora eles e alguns bêbados descontentes, não há ninguém. Cade Creek é uma

cidade muito tranquila.”

O rosto de Rourke estava nublado quando ele se aproximou, seus braços em torno de

Billy. “Por que o Xerife Miller está no seu radar?”

“Eu lhe disse antes quando a mãe de Billy foi ferida e Ruben foi sequestrado que eu não

pararia de procurar por sujeira do xerife até que encontrasse algo. Não é uma investigação

oficial, mas eu estive revisando todos os arquivos de casos antigos do xerife, tentando encontrar

algo, qualquer coisa.”

“Você já encontrou alguma coisa?” Rourke perguntou.

John deu de ombros. “Houve algumas incoerências aqui e ali, mas nada que não

pudesse ser atribuída ao caso de má gestão ou de se esquecer de preencher um relatório

corretamente. Infelizmente, nem todo mundo é meticuloso sobre o preenchimento de

formulários.”

“Mas você ainda está o investigando, certo?” Billy perguntou com uma voz tão nervosa

que Rourke apertou instantaneamente seus braços ao redor do pequeno homem e se inclinou

para sussurrar algo em seu ouvido. Billy balançou a cabeça depois de um momento, mas ele

ainda parecia pálido.

“Sim, Billy, eu estou,” John respondeu. “Eu sei que o Xerife Miller é sujo. Sua própria

mãe constatou isso. Só porque eu não encontrei um registro oficial de qualquer delito não

significa que eu não vou. Acredito que a informação está lá. Eu só tenho que encontrá-la.”

“Obrigado.”

151
John piscou surpresa. De todas as coisas Billy poderia ter dito, isso não era o que John

esperava. Billy podia não ser apaixonado pelo xerife aposentado, mas o homem ainda era seu

pai biológico.

“Sinto muito, Billy. Eu gostaria de não ter que investigar o seu pai, mas — ”

A mandíbula de John quase caiu quando Billy levantou a cabeça, com um sorriso nos

lábios. Se toda a situação gritasse triste, era essa. “O Xerife Miller não é o meu pai,” disse Billy.

“Ele doou um pouco de esperma, mas foi isso. Da é o único pai que eu tenho.”

“Estou feliz por você se sentir assim, Billy. Eu não queria te colocar em uma posição

onde você pudesse se sentir desconfortável, porque eu estava investigando o... uh... doador de

esperma. Mas depois do que sua mãe disse quando Ruben foi sequestrado, eu não poderia

deixar passar.”

“Já faz mais de três anos desde que Ruben foi sequestrado, John,” disse Rourke. “Você

esteve investigar o homem desde então?”

John assentiu. “Eu não tinha nenhuma causa provável para investigá-lo oficialmente,

então eu tive que fazê-lo discretamente, sem levantar suspeitas de ninguém. O homem tem

ligações que abrange mais de trinta anos, conexões que vão até a capital do estado. Se vazasse a

informação que eu estava investigando-o, ele poderia criar um monte de problemas para mim.”

“O Xerife Miller não é o único homem aqui com conexões que vão até a capital do

estado,” Elijah disse quando ele andou até ficar ao lado de Billy e Rourke. “Eu fiz alguns amigos

aqui e ali.”

John levantou uma sobrancelha. “Amigos que pode nos ajudar a investigar as

atividades do xerife?”

“É possível.”

John estava cético que alguém pudesse ajudá-lo a investigar as atividades de Miller. O

ex-delegado era completamente limpo, quase limpo demais. Nenhum agente da lei que John já

havia conhecido não tinha nenhum tipo de reprimenda em seu arquivo pessoal.

152
Casos, eventualmente, chegavam a um oficial da lei. Eles não podiam sair e se tornar

um vigilante, mas às vezes as circunstâncias iam além de seu controle. Eles buscaram um caso

muito difícil ou eram um pouco duros com um suspeito.

Era o que acontecia.

Mas nada disso apareceu no arquivo de Miller, e depois de uma carreira de trinta anos,

deveria ter havido algo. Ou alguém era muito bom em cobrir seus rastros ou o registro do xerife

tinha sido limpo.

“Seja discreto, mas se você pudesse perguntar por aí sobre as atividades do xerife, eu

agradeceria.”

Elijah concordou. “Eu vou ver o que posso fazer.”

“Você tem certeza de que isso não poderia ser o Xerife Miller?” perguntou Rourke. “Se

o homem é tão sujo como você suspeita, ele não poderia ter conseguido alguém para fazer as

ligações?”

“Tudo é possível, eu imagino. A voz não parece familiar, mas era a mesma o tempo

todo.”

“Você ainda tem essas mensagens?”

“Oh sim. Uma coisa que eu aprendi como xerife é ter o máximo de provas possível,

quando eu fosse atrás de um suspeito. Eu posso não saber quem está me ameaçando, mas tenho

certeza que pretendo ter provas suficientes para colocar sua bunda na prisão quando eu tiver.”

“Olha a linguagem, John,” Ma gritou da cozinha.

John gemeu, equilibrando sua voz para o riso baixo das pessoas na sala. A mulher tinha

ouvidos que podiam ouvir um grão de areia se movendo na lua. “Desculpe, Sra. Blaecleah.”

“Se você vai fazer parte desta família, John,” disse Ma enquanto sua voz ficava mais

alta. John se virou para ver a mulher saindo da cozinha com sua neta em seus braços. “Então é

melhor você se acostumar a me chamar de Ma.” Os olhos de Ma foram para Yancy. “Você

também, Yancy. Meus meninos não me chamam de Sra. Blaecleah. Essa era a minha sogra, e eu

estou longe de ser aquela velha.”

John apenas se virou e sorriu para Seamus.

153
O sorriso de Yancy era enorme. “Sim, senhora.”

“Bom, eu estou feliz por ter isso resolvido. Agora, entrem na cozinha e ouçam esta

mensagem para que eu possa ter minha cozinha de volta. A hora do almoço será em breve e eu

tenho alguma comida para fazer se eu tiver alguma esperança de alimentar todos vocês.”

John estendeu o braço e agarrou a mão de Seamus e começou a puxá-lo para a cozinha.

Ele sabia que Yancy estaria segurando a outra mão. As palavras podiam ter sido silenciosas,

mas John e Yancy sabia que queria apresentar uma aliança para a família de Seamus.

Além disso, todos os Blaecleah precisavam se acostumar a ver os três juntos, tocando

um ao outro, porque isso não iria parar tão cedo. Enquanto caminhavam para a cozinha, John se

inclinou para sussurrar no ouvido de Seamus.

“Talvez mais tarde você possa me explicar essa coisa lenda.”

“Eu vou pensar sobre isso.” As palavras de Seamus eram cautelosas, mas cheias de

alegria, como se a aceitação de sua mãe fosse tudo o que ele precisava. Se John tivesse sabido

disso, ele teria arrastado Seamus volta para o rancho de sua família há muito tempo.

Ma estava em pé na frente do fogão, mexendo alguma coisa quando eles entraram na

cozinha. O cheiro da sopa de galinha cozinhando enchia o ar. E só era ofuscado pelo

maravilhoso aroma caseiro de pão fresco assando.

John começou a babar.

Da estava sentado na mesa da cozinha, soltando punhais pelos olhos para o telefone em

cima da mesa na frente dele. John engoliu em seco quando Da olhou para cima, a raiva nos

olhos do homem fazendo com que ele desejasse poder se virar e sair antes que o homem o

rasgasse.

“Eu sinto muito por isso ser trazido à sua porta, Sr. Blaecleah,” John disse, desejando

que ele estivesse em qualquer lugar, exceto onde ele estava — na berlinda. “Eu tentei evitar

isso.”

“É por isso que parou de falar com meu menino?”

154
John lançou um rápido olhar para Seamus antes de assentir com a cabeça. “Sim, senhor.

Quem está fazendo isso ameaçou machucar as pessoas por quem me preocupo. Eu estava

tentando manter Seamus seguro.”

“Você não acha que você deveria ter falado com Seamus antes de abandoná-lo do jeito

que você fez?”

“Da — ”

Donnell levantou a mão, silenciando Seamus eficazmente. “John é um homem adulto,

Seamus. Ele pode responder sozinho.”

Droga.

“Sim, senhor, eu deveria,” John admitiu. Se Donnell Blaecleah precisava de punição a

fim de aceitar John na vida de Seamus, John estaria disposto a dar para ele. “Mas eu estava com

medo.”

“Não há nada de errado em ter medo, filho.” Donnell balançou o dedo para John. “É

como você lida com esse medo que faz com que seja um homem ou não.”

“Sim, senhor.” John não tinha lidado com isso muito bem, e ele sabia disso. Ele só não

tinha pensado que ele tinha outra escolha. “Vou me lembrar disso.”

“Faça isso.” Por um breve momento, as feições de Donnell enrijeceram, e John teve uma

boa visão de como o chefe do clã Blaecleah se parecia quando sua ira estava no limite. Ele

esperava nunca enfrentar aquele olhar novamente, especialmente se ele fosse destinado em sua

direção. “Eu não quero ver meu menino com esse tipo de dor novamente. Estamos

entendidos?”

“Sim, muito, senhor.” John puxou Seamus em seus braços, não se importando a mínima

que toda a família Blaecleah estava ali olhando para ele. “Eu nunca quis fazer Seamus sofrer. Eu

só queria mantê-lo a salvo.”

“Bom, então é melhor você começar a me chamar de Da.”

A cabeça de Seamus inclinou para trás, um grande sorriso em seu rosto e brilhando em

seus olhos cor de esmeraldas. John sorriu, acariciando sua mão na lateral do rosto de Seamus.

“Acho que isso resolve isso, não é, bebê?”

155
“Eu disse que eles iriam adorar vocês dois,” disse Seamus, uma pitada de incerteza se

misturando com a alegria em seus olhos.

A mandíbula de John caiu. “Isso foi — ”

“Exatamente o que você disse e você estava absolutamente correto,” Yancy disse

rapidamente. “Certo, John?”

“Sim.” John piscou rapidamente confuso. “Certo.”

John não sabia exatamente o que tinha acontecido, mas Yancy acenou aprovando a

resposta de John e a incerteza deixou o rosto de Seamus. E isso era bom o suficiente para John.

Ele perguntaria aos dois sobre isso mais tarde.

“Nós precisamos levar isso para outro lugar?” John perguntou quando ele olhou para o

fogão. “Se Ma — ”

“Ela já ouviu isso, filho.”

“Sim, mas — ”

Em vez de lhe responder, Da apertou o botão play. A mandíbula de John apertou

quando ele mais uma vez ouviu uma voz proferir ameaças contra ele e aqueles que ele se

preocupava. A única diferença desta vez foi que ele mencionou Seamus pelo nome.

John rosnou quando ele bateu as mãos sobre a mesa no momento em que a mensagem

tinha terminado de passar. “Droga, como diabos ele sabia sobre Seamus? Eu fui muito, muito

cuidadoso. Não contei a ninguém sobre ele.”

“Bem, é claro que alguém sabe,” Rourke disse quando ele se sentou na frente de seu pai,

Billy puxando para seu colo. “Mais uma vez, quem você irritou? Há algum caso que você está

trabalhando que alguém possa não querer que você esteja?”

“Não!” John passou a mão pelo queixo, vasculhando seu cérebro para qualquer coisa

que pudesse lhe dar uma pista. “Eu peguei um casal de adolescentes no riacho na semana

passada bebendo cerveja.” John deu de ombros. “Isso acontece. Toby Winston foi pego furtando

uma barra de chocolate. De novo, isso acontece.”

“Algo mais que se destaca?”

156
“Eu estou investigado o incêndio no Auto Repair de Murphy. Eu queria trazer o Sr.

Murphy para interrogatório, mas ele está desaparecido. Eu acho que ele fugiu da cidade. Eu

emiti um alerta de prisão para ele, mas até que ele seja capturado e trazido, o caso não vai a

lugar nenhum. Eu realmente não tenho nenhuma pista.”

“Você acha que homem velho Murphy queimou o lugar?” Rourke perguntou.

“Não, na verdade eu não acho. Nada aponta para ele como o principal suspeito. Além

do fato de que o Sr. Murphy tem um álibi férreo, eu não fui capaz de encontrar nenhuma razão

para ele incendiar um negócio que ele possuiu há mais de trinta anos. Quero dizer, a Auto

Repair de Murphy é uma espécie de item necessário em Cade Creek.”

“Então, por que levá-lo para interrogatório?” perguntou Da.

“Porque eu acho que ele sabe quem fez isso. No curso de minha investigação sobre o

Xerife Miller, me deparei com um relatório de um desmanche que o xerife disse que fechou, um

desmanche na Auto Repair de Murphy. Minha confusão veio porque se ele prendeu uma

quadrilha de roubos, então por que a loja de automóveis ainda está aberta?”

“Murphy pode ser um bastardo cruel quando se trata de seu negócio,” Da disse, “mas o

homem nunca se envolveria em nada ilegal. Seja qual for o desmanche você está falando, não

estava acontecendo na sua loja. Murphy nunca iria tolerar isso.”

“Isso foi o que eu pensei, também, e é por isso que eu estava investigando. A loja de

Murphy queimou e ele desapareceu antes que eu pudesse investigar mais.”

“Você acha que há uma ligação com quem está ameaçando você e desaparecimento de

Murphy?”

John apenas deu de ombros, porque ele não tinha nenhuma fodida ideia. Ele tinha um

milhão de diferentes teorias e nenhum pingo de evidência para apoiá-las.

“Posso ouvir a gravação de novo?”

John olhou por cima do ombro para Seamus. “Por quê?” Ele poderia passar o resto de

sua vida sem ouvir essas ameaças novamente.

“Eu acho que eu reconheci a voz.”

157
John olhou fixamente para Seamus por um momento, em seguida, estendeu a mão e

aperte o botão play na secretária eletrônica. Ele tentou ouvir a voz em vez das palavras. As

palavras simplesmente o irritavam.

“Eu avisei, Xerife, e agora você vai pagar por seus maus caminhos. Você e todos com

quem você se preocupa, incluindo Seamus Blaecleah, vão pagar pelas coisas más que você fez.

Você vai desejar nunca ter se tornado o xerife de Cade Creek quando eu tiver terminado com o

seu amiguinho. Eu vou deixar você ver quando eu brincar com ele. Você vai desejar nunca ter

vindo a Cade Creek. Eu vou matar você, xerife, lentamente, e eu vou aproveitar cada maldito

minuto disso. Você vai implorar por misericórdia antes de morrer gritando.”

Assim que a mensagem terminou, John se virou para Seamus. “E então?”

“Quem quer que seja,” Rourke interveio, “ele te odeia, John.”

“Eu estou começando a perceber isso.” E se ele realmente acreditasse que quem o estava

ameaçando poderia realmente ser capaz de pegá-lo, ele iria vomitar. Sua preocupação era mais

por Seamus, que não era treinado prestar atenção para perigo em cada esquina. “Você sabe

quem é, Seamus?”

“Há algo estranho com a voz, quase como se fosse gravado ou algo assim.” Seamus

franziu a testa, seus olhos olhando para o espaço. “Ou talvez a voz tenha sido alterada de

alguma forma. Simplesmente não parece como alguém que pegou o telefone e ligou. Há algo

estranho nisso.”

“Ele está certo,” disse Neason. “A voz foi alterada digitalmente, mas se você ouvir

atentamente, você pode ouvir certos tons.” Neason deu de ombros quando John apenas olhou

para ele. “Você aprende a ouvir as coisas com mais cuidado quando você não pode ver.”

Isso fazia sentido.

Neason tinha se envolvido em um acidente de carro alguns anos atrás. Ele bateu seu

caminhão em uma árvore e sofreu uma lesão na cabeça que o fez ficar cego. Mesmo após a

cirurgia, ele só tinha recuperado parcialmente a visão. Embora ele parecesse viver uma vida

plena e feliz com seu marido, Brody, Neason não tinha sequer permissão de dirigir um carro.

“Então, quem é então?” John perguntou quando ele olhou para Seamus.

158
“Você não vai acreditar em mim.”

“Tente-me.”

“O vice Webber.”

159
Capítulo Quinze

Yancy estava fumegando de raiva. O olhar de traição sobre o rosto de John na revelação

de Seamus era um que ele nunca mais queria ver no rosto de seu amante novamente. Saber que

um homem que confiava para proteger suas costas em uma situação perigosa era na verdade

um perigo a ele tinha que ser devastador.

John não tinha dito uma palavra desde que Seamus nomeou o vice Webber como o

homem deixando as ameaças, e isso preocupava Yancy. O homem simplesmente tinha se

levantado e saído da sala. Alguns momentos depois Yancy ouviu a porta da frente abrir e

fechar. Ela não bateu. Se Yancy não a tivesse ouvido ranger, ele provavelmente não teria sabido

que John saiu de casa.

Isso foi à uma hora, e John não tinha voltado ainda. Yancy tinha ficado sentado com o

resto do clã Blaecleah enquanto eles falaram sobre o que eles sabiam sobre o vice Webber, um

homem nascido e criado em Cade Creek.

Webber era jovem, e até este momento, considerado bastante inofensivo. Yancy mal

conhecia o homem, tendo apenas o encontrado algumas vezes de passagem, quando a mãe de

Ruben e Matty tinha tentado raptar a filha de Ruben.

Todos os rapazes Blaecleah tinham se formado alguns anos antes de Webber, então eles

não conviveram na escola. Nenhum deles tinha muito em comum com o cara. Ele não era um

fazendeiro, não frequentava a igreja regularmente, e ele não frequentava os mesmos bares que

os irmãos Blaecleah.

Eles nem sequer sabiam se ele era gay ou hetero.

Então, por que ele odiava tanto John?

Essa parecia ser a pergunta do dia, e ninguém tinha uma resposta.

“Eu acho que nós precisamos localizar Webber e interrogá-lo,” disse Yancy. “Talvez

questionar seus pais.”

160
“Mãe,” Da informou. “Ninguém sabe quem é seu pai. Foi um grande escândalo na

época. Marla Webber ficou grávida no colégio. E já que ela estava saindo com metade do time

de futebol na época, todo mundo sempre imaginou que era um deles, mas ninguém assumiu e

Marla se recusou a contar quem era. Ela deu à luz Webber e o criou sozinha.”

“Onde ela está agora?”

“Marla faleceu cerca de três meses atrás,” disse Ma. “Ela tinha câncer.”

Yancy podia não ser mais um oficial na ativa, mas ele não tinha esquecido tudo o que

ele aprendeu. “Se Webber perdeu sua mãe recentemente, isso poderia ter sido o que lhe fez

surtar.”

“Mas por que essa fixação em John?” perguntou Seamus. “Ele não é o responsável por

sua morte.”

“Ele está em uma posição de autoridade. Webber poderia simplesmente estar atacando

a figura mais importante em sua vida.” Yancy bateu os dedos impacientemente sobre a mesa.

“Ou ele poderia ter ficado apenas mais louco que o normal.”

“A linguagem, Yancy,” disse Ma.

Yancy sorriu. “Desculpe, Ma.”

“Apenas tenha certeza que isso não aconteça novamente.”

“Sim, senhora.” Yancy faria o seu melhor, mas depois de uma vida de palavrões

quando surgia a necessidade, ele duvidava que esta fosse a última vez que Ma o repreendeu.

Yancy olhou para Seamus, notando o olhar triste no rosto de seu amante cada vez que ele

olhava para frente da casa. “Doçura, por que você não vai encontrar John e ver como ele está?

Eu vou ficar aqui e discutir o assunto com seus pais.”

“Sim?” Seamus parecia se forçar para desviar o olhar para longe da porta. “Tem certeza

que você não se importa?”

“Nem um pouco. Tenho certeza que John precisa de um rosto amigável neste

momento.”

Seamus praticamente pulou e correu para fora da cozinha. Yancy riu quando ouviu a

porta da frente bater desta vez. Seamus estava com pressa. Yancy não poderia culpar o cara. Ele

161
queria ir ver John tanto quanto Seamus, mas ele também queria descobrir quem estava atrás

dele.

Yancy cruzou as mãos e olhou para aqueles sentados ao redor da mesa. “Então, como é

que iremos provar que o homem ameaçando John é o seu vice?”

“Exceto pelo teor, as gravações não irão ajudar muito porque elas foram alteradas. Só

um especialista poderá provar que é Webber.”

“E, com exceção dos telefonemas, não temos mais nada para continuar.”

“E quanto à bala que foi disparada no pneu da viatura de John?” Rourke perguntou.

“Se ela foi recuperada, não poderia nos levar a Webber?”

“Se foi recuperada,” disse Yancy. “E isso é um grande se. A viatura foi rebocada para a

delegacia e examinada. Se Webber foi o encarregado da investigação sobre o tiroteio, ele pode

ter removido qualquer evidência que foi deixada para trás.”

“Eu realmente acho que deveríamos apenas localizar Webber e interrogá-lo,” disse

Rourke. “Com um incentivo suficiente, qualquer um vai falar.”

“Essa não é a forma como fazemos as coisas, meu filho,” disse Da. “Eu não vou deixar

você violar a lei só porque você não gosta de como as coisas estão acontecendo.”

“Eu não quero violar a lei, Da,” Rourke respondeu. “Eu só quero... dobrá-la um pouco.”

“Não.”

Rourke fez uma careta. “Sim, senhor.”

Yancy não tinha passado muito tempo com os Blaecleahs, mas até mesmo ele sabia que

a palavra de Da era a final. Discutir provavelmente só faria Rourke conseguir uma pancada na

cabeça com alguma coisa. Ma tinha um movimento cruel com uma frigideira.

Eles conversaram por mais algum tempo, não chegando a quaisquer grandes

conclusões que fossem ajudá-los a pregar a bunda de Webber na parede. Tudo o que eles

tinham eram apenas suposições. Eles não tinham nenhuma prova real de que o cara estava por

trás das ameaças a John.

Quando Ma anunciou que o almoço estaria pronto em poucos minutos, e ordenou a

todos para irem se lavar, Yancy ficou de pé e se dirigiu para a porta da frente. “Vou buscar John

162
e Seamus.” Ele só esperava que ele tivesse dado muito tempos para eles sozinhos para

conseguir John com um humor melhor.

“Experimente o celeiro.” Lachlan riu. “O sótão é um favorito.”

“Matty e eu preferimos o riacho,” disse Quaid.

Rourke sorriu quando ele olhou para o seu marido. “Billy e eu gostamos da grande

árvore atrás da nossa casa.” O rosto de Billy corou quando ele empurrou o braço de Rourke.

Yancy olhou para Neason e Brody, apenas esperando que eles adicionassem suas

opiniões.

“A cabana da família.” Neason riu.

Yancy riu, balançando a cabeça. “Neste ritmo, talvez eu precise embalar o almoço, ou

eu nunca vou comer.” Ele ainda estava rindo quando ele saiu para a varanda da frente um

momento depois. O celeiro era o local mais próximo que ele teria se dirigido, então Yancy foi

nessa direção.

Tinha um cheiro distinto de poeira de feno, enquanto caminhava para o celeiro, uma

espécie de cheiro doce. Embora o celeiro fosse bem limpo, ainda havia feno no chão, no canto,

pedaços de grãos e aglomerados de terra. Surpreendentemente, o lugar não cheirava a estrume

de cavalo. Yancy tinha a impressão de que todos os celeiros cheiravam assim. Aparentemente, o

celeiro dos Blaecleah não era um estábulo de cavalos normal.

“John? Seamus?” Yancy chamou, não tendo nenhuma ideia de onde seus dois amantes

poderiam estar. “Ma está com o almoço pronto.”

Houve um ligeiro sussurro de feno quando o cavalo na baia mais próxima a ele se

moveu, mas nada mais. Yancy inclinou a cabeça para um lado, para ouvir melhor. A

preocupação começou crescer por dele quando o pequeno relincho de um cavalo foi sua única

resposta.

“John,” ele gritou mais alto.

Depois de esperar um momento, Yancy pegou seu telefone celular e discou o número

de John. Ele sabia que os outros disseram que John e Seamus provavelmente estariam apenas

163
em um dos outros lugares mencionados, mas ligar para eles seria muito mais fácil do que tentar

localizá-los — e isso aliviaria a ansiedade de começava a dominá-lo.

Os olhos de Yancy se moveram rapidamente para o canto do celeiro perto de uma pilha

de feno quando ouviu o leve som de um telefone tocando. Ele engoliu em seco quando ele

olhou para o seu próprio telefone celular, e então, caminhou até chutar no feno no chão.

Quando ele viu um telefone celular aninhado no feno, raiva pura e descontrolada

guerreou com uma dor tão forte que quase o fez cair de joelhos. Yancy apertou o botão de

desligar em seu telefone, observando brevemente que o telefone celular no feno parou de tocar,

e ligou para a casa Blaecleah.

“Eu estou no celeiro,” disse Yancy assim que alguém atendeu. Ele não se importava

quem fosse, desde que trouxesse ajuda. “Eu encontrei o celular de John no feno, mas não John

ou Seamus.” Yancy sentiu o nó em sua garganta engrossar com medo quando viu pequenas

gotas vermelhas no feno ao redor do telefone. “Tem sangue.”

*****

Yancy apertou sua mão em punho para parar de tremer. Ele não podia decidir se ele

estava com raiva ou com o coração partido ou ambos. Provavelmente ambos. Toda a fazenda

Blaecleah tinha sido vasculhada, até mesmo a cabana na floresta, e não havia nenhum sinal de

John ou Seamus além do telefone celular e as gotas de sangue no celeiro.

Yancy sabia que Webber estava com eles. Ele podia sentir isso em seu estômago, e ele

aprendeu há muito tempo a confiar em seu intestino. Neste momento ele estava gritando que

ele precisava encontrar seus amantes o mais rápido possível, ou não haveria absolutamente

nenhuma razão para encontrá-los.

Eles estariam mortos.

Todo o clã Blaecleah estava procurando por John e Seamus. Eles haviam se dividido em

equipes, procurando em lugares diferentes pelos dois homens. Yancy estava em um caminhão

164
com Lachlan e Asa enquanto se dirigiam para a casa de Webber. Os outros irmãos estavam

procurando em outras áreas da cidade, incluindo a delegacia do xerife.

Ma e Da tinham ficado no rancho, esperando notícias ou o possível retorno de seus

entes queridos. Yancy tinha visto Ma pegando o telefone enquanto se dirigia para fora da casa, e

ele tinha certeza que quase todos em Cade Creek saberiam que John e Seamus estavam

desaparecidos no momento em que ele chegou à garagem.

Quando eles estacionaram em frente a uma pequena casa térrea amarela, Yancy tentou

imaginar o homem que vivia no local. A casa parecia em más condições e mal utilizada. Tinta

amarela desbotada estava descascando do tapume de tábuas. Uma janela na frente da casa

estava quebrada no canto, e a porta da frente parecia que estava prestes a cair de suas

dobradiças.

A casa certamente não se encaixava no homem. Webber sempre estava impecavelmente

vestido, sem um fio de cabelo fora do lugar ou uma mancha em seu uniforme. De tudo o que ele

sabia, Webber era um bom policial. John não falava muito sobre o homem, mas ele parecia

respeitá-lo, o que fazia a traição de Webber ainda pior.

Yancy esquadrinhou a área quando ele saiu do caminhão. Havia apenas algumas outras

casas na rua, todas nas mesmas condições precárias como aquela em frente. Cada cidade tinha

uma área ruim da cidade. Aparentemente, esta era a de Cade Creek.

Yancy acenou para Asa e Lachlan enquanto se eles dirigiam para a parte de trás da casa.

Ele caminhou até a porta da frente e esperou alguns momentos para que os outros dois homens

ficassem em posição, e em seguida, bateu na porta.

De alguma forma, ele não se surpreendeu quando ele não recebeu uma resposta.

Depois de bater novamente, Yancy verificou a maçaneta. Quando ela se virou

facilmente em sua mão, Yancy empurrou a porta e entrou, rapidamente procurando por sinais

de alguém. Ele foi recebido por um cenário que não esperava.

Parecia que um tufão tinha varrido o interior da casa. Tudo tinha sido destruído, das

fotografias quebradas em pedaços e aos pedaços de espuma de borracha das almofadas do sofá

que cobriam o chão.

165
Um olhar ao redor da sala disse a Yancy que ele provavelmente não encontraria John e

Seamus aqui, mas quem fez isso, fez em um acesso de raiva. Yancy tinha uma boa sensação de

que tinha sido Webber.

O homem era psicótico, e ele provavelmente ele estava se escondendo há anos. Algo o

tinha tirado de controle, e recentemente, também. Pode ter começado com a morte da mãe de

Webber, mas outra coisa estava em ação aqui — algo mais drástico.

“Alguma coisa?”

Yancy olhou dos escombros no chão para ver Asa e Lachlan de pé no arco que levava

para outra sala. Ele balançou a cabeça, mais frustrado do que ele pensava que fosse possível

antes de hoje.

“Vamos ver se podemos encontrar alguma coisa nessa bagunça que possa nos dizer

aonde ele foi,” disse Asa enquanto pegava alguns papéis espalhados no chão a seus pés. “Lany,

por que não vá checar a parte de trás da casa? Yancy e eu vamos procurar aqui.”

“Ok.” Lachlan se dirigiu para a parte de trás da casa.

Yancy balançou a cabeça enquanto olhava ao redor para a desordem destruída no chão.

“Como é que vamos encontrar alguma coisa nessa bagunça?”

“Qualquer coisa ajuda, Yancy.”

“Certo.” Yancy fez uma careta quando ele foi até um aparador perto da porta da frente.

As gavetas tinham sido puxadas para fora, mas elas estavam no chão em frente à mesa de

madeira. Ele se agachou e começou a examinar os documentos e os itens das gavetas.

Peças de bijuterias baratas, algumas caixas de fósforos, contas, avisos de atrasos —

exatamente o que a pessoa normal teria, apesar dos avisos de atrasos serem interessantes. Uma

verificação rápida mostrou que o vice Webber estava endividado — profundamente

endividado.

Isso poderia explicar um pouco por que ele tinha enlouquecido. Havia um monte de

contas médicas não pagas, bem como um aviso de uma execução hipotecária da casa. Yancy

sabia que cuidar de um parente doente precisava de muito dinheiro, especialmente se esse

166
parente fosse terminal, e Webber tinha tentado todos os meios necessários para manter sua mãe

viva.

“Alguma coisa?” Asa perguntou quando ele se aproximou.

“Webber estava endividado até seus ouvidos.” Yancy acenou com os papéis na mão.

“Tenho a sensação de que ele estava gastando dinheiro que não tinha para tentar manter sua

mãe viva um pouco mais.”

“Ele poderia ter pedido ajuda,” disse Asa. “Sequestrar seu chefe não era a resposta.”

“Na verdade,” Lachlan respondeu atrás deles, “na mente de Webber, isso poderia ter

sido a única resposta.”

“Huh?” Yancy se levantou, se virando para olhar para Lachlan. “O que você está

falando?”

Lachlan levantou uma pilha de velhas cartas desbotadas em sua mão. “Eu encontrei

isso no quarto dos fundos. Eu suspeito que fosse o quarto de Marla. Está intocado, nada está

fora do lugar. É quase assustador como o quarto se parece em comparação com o resto da casa.

Estas cartas estavam empilhadas ordenadamente em uma caixa sobre o pé da cama.”

Yancy franziu a testa. “Sobre o que elas são?”

“Eu acho que eles são antigas cartas de amor.” Lachlan olhou para as cartas, seu rosto

um pouco chocado. “Mas elas finalmente respondem à pergunta de quem é o pai de Webber.”

Yancy não sabia o que aquela pequena informação tinha a ver com o desaparecimento

de seus amantes, mas ele não podia negar o fato que ele estava curioso. “Ok, quem é?”

Os olhos verde grama de Lachlan estavam amplos e arredondados quando ele olhou

para cima, como se não pudesse acreditar no que estava lendo, mesmo que estivesse bem na

frente dele. “O Xerife Miller.”

167
Capítulo Dezesseis

Yancy batia o dedo sobre a borracha da janela do caminhão, nervoso e assustado ao

mesmo tempo. Eles estavam indo para a casa do xerife Miller para ver se o ex-xerife tinha

algum conhecimento dos planos de Webber ou aonde o vice poderia estar.

Yancy estava tão ansioso que seu estômago era um nó contínuo.

Ele iria vomitar!

“Nós não te contamos sobre nossas lendas, não é?”

Yancy olhou para cima para ver Lachlan olhando para ele pelo retrovisor. “Não, nós

não tivemos tempo para isso,” ele respondeu, se perguntando por que isso era importante

quando os amores de sua vida estavam desaparecidos e nas mãos de um louco.

“A família Blaecleah existe há centenas de anos, Yancy, muito antes de nós virmos para

a América. Há uma antiga lenda Blaecleah que diz que cada Blaecleah terá um companheiro,

uma pessoa que eles saberão à vista que é destinada somente para eles. E eles irão amar essa

pessoa, homem ou mulher, para o resto de suas vidas. Não haverá outra para eles.”

Asa estava sorrindo quando olhou por cima do ombro. “Eu sou a lenda de Lachlan. Da

me explicou no dia que eu comprei nossos anéis e propus casamento a Lachlan.”

Lachlan sorriu, como se o pensamento em sua cabeça lhe trouxesse grande alegria. “Eu

soube no momento que eu vi Asa que ele era tudo para mim. Eu nunca amaria outra pessoa, e

eu nunca irei. Eu nunca olhei para outro homem desde que eu o conheci. Eu imagino que seja o

mesmo para Seamus.”

“Eu não acho que eu seja a lenda de Seamus.” Yancy fez uma careta, olhando para os

dedos enquanto a dor inchava dentro dele. “John, talvez, mas não eu.”

“Besteira!” Lachlan disse com veemência. “Eu vi o jeito que meu irmão olha para você

quando você não está olhando. John pode ter pendurado a lua para Seamus, mas você

pendurou as estrelas. Juntos, acredito que vocês dois serão a maior alegria de Seamus.”

168
Yancy desejava acreditar nisso. Ele estava desesperado para acreditar nisso. Ele sabia

desde o início que parte do coração de Seamus pertencia a John. Ele só queria ter a outra

metade.

“Acredite em mim, Yancy,” Lachlan continuou. “Você é a lenda de Seamus tanto

quanto John é. Certo, é um pouco estranho ter dois, mas isso já aconteceu antes.”

A cabeça de Yancy girou. “É?”

“Quando Seamus levou vocês dois para casa, estávamos um pouco chocados. Não é

porque ele estava com um homem, você sabe, mas porque ele estava com dois homens. Da nos

levou de lado e nos explicou que o nosso tio-avô Syros teve duas lendas, embora os seus fossem

um homem e uma mulher. Todos eles viveram até a idade avançada de noventa e oito anos,

morrendo poucos minutos um do outro.”

Yancy não estava muito interessado em toda essa coisa de morrer, especialmente nas

circunstâncias atuais, mas era bom ouvir sobre outro Blaecleah que teve duas lendas, assim

como saber de um trio que viveram juntos — felizes, espero — até dia de sua morte.

“Eles eram felizes?” Ele tinha que saber.

“Da diz que eles eram. Ele era muito jovem quando eles faleceram, então ele não se

lembra de muita coisa, mas sua Ma lhe disse que eles morreram com sorrisos em seus rostos, os

três segurando as mãos enquanto eles davam seus últimos suspiros.”

“E você realmente acha que John e eu somos as lendas de Seamus?”

“Sem dúvida,” respondeu Lachlan. “Meu irmão nunca olhou para ninguém do jeito

como ele olha para vocês dois. Vocês são mais do que suas lendas, Yancy. Você e John são o

mundo inteiro dele.”

Isso era bom o suficiente para Yancy.

“Você sabe que Seamus estava realmente nervoso em nos levar para casa,” disse Yancy.

“Ele estava com medo que vocês não aceitariam dois homens em sua vida.”

“Dois homens são diferentes do que duas lendas, Yancy,” explicou Lachlan. “Se vocês

estivessem apenas namorando, poderíamos ter um problema com isso. Vocês serem suas lendas

colocam vocês em outra estimativa. Lendas não desaparecerem.”

169
“O que você quer dizer?”

“Se você ou John tivessem que deixar Seamus, ele continuaria a amá-los até o dia em

que ele morresse,” disse Asa. “Não importa se você está lá ou não. Ele nunca vai amar outra

pessoa, exceto você e John.”

Maldição!

“Isso é uma grande responsabilidade,” disse Yancy quando ele empurrou a mão pelo

cabelo, despenteando as extremidades.

“É,” disse Asa, e Yancy imaginou que o homem sabia o que ele estava falando já que ele

era a lenda de Lachlan, “mas no final, vale a pena. Lachlan e eu discutimos muito. Nós dois

somos muitos teimosos, mas eu nunca estive mais feliz do estou desde o dia em que eu decidi

ficar.”

“Eu quero ficar,” Yancy insistiu. “Eu quero estar onde quer que Seamus esteja.”

“E John?” Asa perguntou. “E sobre ele?”

O coração de Yancy apertou com a menção do xerife bonitão. “Ele também.”

“Você sabe, você tem que amar os dois.”

Yancy inalou uma respiração trêmula. “Eu acho que eu já amo.”

“Ei, pessoal, chegamos.”

Yancy olhou para fora da janela quando eles pararam em frente a uma casa marrom em

estilo de rancho. A casa estava em muito bom estado, mas até mesmo Yancy podia dizer que era

uma casa velha. “Este é o lugar onde o Xerife Miller vive?”

“Sim.”

Isso surpreendeu Yancy. Ele pensaria que um homem que tinha sido o xerife de Cade

Creek por mais de trinta anos viveria em algo um pouco maior. “Ele não tem uma pensão ou

algo assim?”

“Como é que eu poderia saber?” perguntou Lachlan. “Eu não sou um xerife.”

Yancy saiu do caminhão e se reuniu a Asa e Lachlan na parte da frente. “Como você

quer fazer isso?”

170
“Eu não acho que bater na porta da frente seria uma boa ideia,” disse Lachlan. “O Xerife

Miller não é um grande fã dos Blaecleahs. Nós nos desentendemos em mais de uma vez. Ele

provavelmente atiraria em mim, em vez de falar comigo.”

“Então o que você sugere?”

“Você vai bater na porta e interrogá-lo,” disse Lachlan. “Ele não te conhece.”

“E o que vocês vão fazer?”

“Asa e eu vamos verificar a garagem e os fundos. Se encontrarmos alguma coisa, vamos

deixá-lo saber. Se não, vamos nos encontrar de volta ao caminhão.”

“Ok.” Yancy não gostava da ideia deles se separarem nestas circunstâncias. A última

vez que ele tinha se separado de alguém, John e Seamus tinham desaparecido. Mas, sem outra

opção, ele se dirigiu para a porta da frente enquanto Lachlan e Asa se encaminhavam para a

garagem.

Ele mal tinha chegado à porta da frente e levantado a mão para bater, quando ele ouviu

um grito alto da lateral da casa. Pensando que Asa e Lachlan poderiam estar em apuros, Yancy

correu pela lateral do prédio, se dirigindo para os dois homens.

Asa estava de joelhos nos arbustos do lado da garagem, esvaziado o conteúdo do seu

estômago no mato. Quando Yancy parou ao seu lado, Asa apenas apontou para a garagem.

Yancy sentiu seu coração parar de bater enquanto ele caminhava lentamente para a porta da

garagem, não sabendo o que encontraria lá dentro.

Lachlan estava dentro da garagem, de pé sobre um freezer. Ele tinha uma mão sobre

sua boca enquanto ele olhava para dentro do congelador. Seu rosto estava tão pálido que Yancy

se preocupou que o homem poderia desmaiar. Ele se preocupou mais com o que Lachlan estava

olhando.

“É...” Não, ele não podia perguntar.

Lachlan sacudiu a cabeça. “É Ira Thornton.”

Yancy lembrava vagamente da menção de que Ira Thornton tinha escapado da prisão

durante uma transferência para o hospital. Ele não sabia muito sobre o homem que não fosse o

fato de que Billy tinha sido criado acreditando que o homem era seu pai.

171
Yancy ainda não tinha certeza se Billy ficou aliviado ou não por saber que o Xerife

Miller era o seu verdadeiro pai biológico em vez de Ira. Nenhum dos homens jamais ganharia o

prêmio como pai do ano.

Yancy se aproximou do freezer, cobrindo rapidamente a boca quando um odor nocivo o

alcançou. Havia um cheiro que ele tinha aprendido a conhecer quando era um detetive que ele

nunca seria capaz de esquecer, não importa quantos anos ele tinha saído da polícia — o cheiro

de um corpo em decomposição.

Não havia outro cheiro parecido no mundo.

Yancy tentou respirar pela boca enquanto verificava o corpo. Quem quer que tenha

matado Ira, tinha jogado seu corpo no freezer, provavelmente para disfarçar o cheiro. O homem

era um pingente de gelo congelado.

“Ele está morto há algum tempo, Lachlan,” Yancy disse rapidamente. “Eu diria que por

pelo menos duas semanas, talvez três.”

“Isso não é muito tempo depois que ele escapou.”

“Sim, eu sei.”

“Você pode dizer como ele morreu?”

Yancy olhou ao redor até que ver um par de luvas de jardinagem. Ele rapidamente as

pegou e as colocou antes de se inclinar sobre o freezer para verificar o corpo morto. Não

demorou mais do que um momento para encontrar o ferimento de bala no peito de Ira. O

sangue tinha congelado, mas a mancha era clara como o dia.

“Ele foi baleado.”

“Sim, mas quem fez isso?” perguntou Lachlan. “Webber ou o Xerife Miller?”

“Eu acho que a melhor pergunta é onde eles estão agora e quem levou John e Seamus?”

Antes de Lachlan poder dizer qualquer coisa, ambos ouviram um estrondo de dentro

da casa. Yancy congelou por cerca de meio segundo antes de sair correndo em direção à porta

que levava à casa. Ele podia ouvir Lachlan chamando por ele enquanto ele corria, mas parar

para falar com o cara não estava em sua agenda atual.

Encontrar seus amantes superava tudo, até mesmo sua própria segurança.

172
*****

O estômago de Seamus girou, ameaçando se rebelar enquanto ele olhava para o corpo

caído no chão no canto da sala. Ele estava tentando não olhar para ele desde que ele tinha

acordado. Não estava funcionando. Por mais que ele tentasse não olhar, seus olhos ficavam se

desviando nessa direção.

Depois de tudo que sua família tinha passado por causa do Xerife Miller, ver o corpo do

homem morto e ensanguentado caído no chão era uma espécie de anticlímax. Era também um

pouco assustador. Se Webber podia matar o ex-xerife e insensivelmente descartar o seu corpo

como um pedaço de lixo, não havia como dizer o que ele faria com ele e John.

Seamus ainda estava chocado que tinha sido o vice Webber que os sequestrou. Certo,

ele sabia que o homem não era bom pelos telefonemas ameaçadores que ele havia deixado na

secretária eletrônica de John, mas ele nunca sonhou que Webber era um assassino.

E a julgar pela quantidade de sangue no corpo do Xerife Miller, isso claramente tinha

sido assassinato. A faca ensanguentada caída a poucos centímetros do corpo do ex-xerife só

reafirmava essa opinião. Webber tinha matado Miller.

Por que era a grande questão. Embora Seamus não entendesse por que Webber o

sequestraria e a John, isso fazia muito mais sentido do que matar o Xerife Miller. John era o

chefe de Webber, uma pessoa em posição de autoridade em relação ao vice. Se Webber queria

direcionar sua raiva em alguém, John era o alvo mais provável.

Bem, pelo menos Seamus tinha pensado assim, até que ele viu o corpo do Xerife Miller.

Webber, obviamente, tinha alguma coisa contra o homem, tanto quanto ele tinha contra John.

Depois de ver o que Webber tinha feito para o ex-xerife, Seamus estava aterrorizado com o que

ele faria com ele e John.

Ele estava mais preocupado com John do que com ele mesmo. Seamus tinha certeza que

ele caiu na categoria “lugar errado e hora errada”. Se ele não tivesse seguido John ao celeiro, ele

173
provavelmente estaria em casa são e salvo neste momento — enlouquecendo de preocupação,

se perguntando onde John estava.

Ele ainda estava enlouquecendo de preocupação, mas pelo menos ele sabia onde John

estava. O xerife estava a poucos metros dele, seus braços e pernas amarrados a uma cadeira

como Seamus. Sua cabeça pendia sobre seu peito, os ombros caídos.

John tinha estado assim desde que Seamus entrou no celeiro. Ele tinha ficado

momentaneamente atordoado ao ver John e Webber lutando quando ele entrou, mas não mais

do que John. O homem gritou um aviso, dando tempo para Webber acertá-lo na cabeça com a

coronha de sua arma. John tinha caído no chão, e ele não se moveu desde então.

Seamus estava apavorado que ele nunca mais se movesse. Um rastro fino de sangue

escorria de um corte no cabelo de John para o lado do seu rosto. Depois de sofrer uma

concussão poucos dias antes, ser nocauteado novamente não poderia ser bom. Seamus estava

preocupado que essa lesão seria ainda pior.

Imaginando que eles conseguissem sair vivo daqui.

Seamus não tinha ideia do que Webber tinha planejado para eles. Desde que ele tinha

trazido ele e John para o quarto e os amarrados, Webber tinha saído e não tinha retornado,

resmungando baixinho enquanto ele saía.

Seamus não tinha certeza de onde eles estavam já que Webber tinha vendado seus olhos

depois que ele foi amarrado. Ele tinha certeza de que a única razão para a venda ter sido

retirada foi para torturá-lo, enquanto ele observava John sangrar lentamente até a morte. Bem,

isso e ver o cadáver do ex-xerife no canto.

E estava funcionando. O nível de ansiedade do Seamus estava pelo teto. John não

acordava. Ele não sabia onde eles estavam. E o corpo morto e ensanguentado de Miller só

lembrava a Seamus do que estava por vir.

Como uma técnica de tortura, isso estava funcionando fantasticamente.

O sangue nas veias de Seamus gelou quando a porta se abriu e Webber entrou. Os

cabelos do homem estavam em desordem, como se tivesse corrido os dedos por ele

repetidamente. Seu uniforme, geralmente bem passado e imaculado, estava enrugado e

174
manchado de sangue. Ele não se parecia com o homem que Seamus conhecia, aquele que John

respeitava muito.

Ele parecia um louco psicótico, que havia enlouquecido há muito tempo e já não vivia

no aqui e agora. O que quer que estivesse acontecendo com o vice Webber tinha começado há

muito tempo e só agora estava se manifestando na forma de um monstro diante dele.

“Webber, algo está errado com John.” Ele falou com cuidado, suavemente. Ele não

queria assustar Webber se ele pudesse evitar. Ele especialmente não queria que Webber usasse a

arma que ele tinha na mão. “Deixe-me vê-lo e verificar se de que ele está bem.”

Os olhos de Webber estavam selvagens e sem foco quando eles olharam sobre a forma

de bruços de John. Eles vacilaram como se Webber não tivesse certeza porque John estava aqui.

Seamus rezou para que fosse uma coisa boa, e não que o homem estivesse a ponto de se irritar

com eles.

“John é seu amigo, lembra?” Seamus lembrou ao vice. “Nós queremos que nada de

ruim aconteça com ele.”

“John está...”

A respiração de Seamus travou em sua garganta enquanto ele observava Webber

caminhar e levantar a cabeça de John. Ele deu um pulo, um grito saindo de seus lábios quando

os olhos de John se abriram de repente e o homem gritou enquanto ele se lançava sobre

Webber, levando a cadeira com ele.

Webber cambaleou para trás, deixando cair a arma, a surpresa fazendo seus olhos se

arregalaram e seu queixo cair momentaneamente antes de seu rosto escurecer de raiva. Seus

olhos se estreitaram, e sua boca se apertou — e Seamus sabia o que confuso vice tinha

desaparecido e o assassino psicótico estava de volta.

Webber uivou de raiva quando ele se moveu rapidamente para John. No último

segundo, logo antes de Webber o alcançar, John se virou e usou a cadeira para bloquear o

ímpeto de Webber. Webber acertou a cadeira com tanta força que quebrou a estrutura das

pernas de madeira que John estava amarrado, libertando as pernas de John.

175
Webber caiu no chão, mas ele se levantou com a mesma rapidez. John estava tentando

soltar as cordas de suas mãos, mas antes que ele pudesse, Webber o atacou novamente. O grito

de Seamus ecoou no ar quando Webber bateu em John várias vezes, o forçando ao chão.

Seamus começou a lutar contra suas próprias amarras, determinado a se livrar e ajudar

seu amante. Os sons de punhos batendo em carne se misturaram com os gemidos de frustração

que saiam dos lábios de Seamus quando ele não conseguia se livrar. John morreria bem diante

de seus olhos, e não havia nada que Seamus pudesse fazer para impedir isso.

Ele nunca se sentira tão impotente em sua vida.

Seamus gritou de dor quando John e Webber colidiram com ele, e ele caiu para trás,

batendo a cabeça no chão de madeira implacável. Com os braços e pernas amarrados à cadeira,

não havia como ele se manter de pé ou parar sua queda livre para trás.

Seamus ficou ali em transe, sua visão nadando e sua cabeça latejando de dor. Ele podia

ouvir os sons característicos da luta contínua em torno dele, John e Webber se movendo pelo

quarto enquanto eles lutavam.

Mas o som era quase fraco como se viesse de muito longe. Seamus sabia que ele mais

que provável teve uma contusão ao bater a cabeça, um grande caroço, se nada mais. Ele bateu

no chão bem forte.

Outro grande barulho ecoou pela sala, alto o suficiente para chamar a atenção de

Seamus, mesmo atordoado como estava. Ele virou a cabeça a tempo de pegar um vislumbre de

tecido e ouvir o rugido de alguém enfurecido correndo por ele.

Seamus piscou confuso um momento depois quando a cadeira em que estava amarrado

foi levantada e ele foi colocado na posição vertical. Sua confusão se intensificou quando ele

percebeu que Asa e Lachlan estavam ao lado dele. Lachlan estava agachado, desamarrando

Seamus. Asa estava verificando a ferida na parte de trás de sua cabeça.

“Como...?”

“Nós vamos explicar mais tarde,” Asa disse, “depois que os paramédicos te

examinarem.”

176
Seamus franziu a testa, sabendo que estava acontecendo mais coisas do que do que sua

possível lesão na cabeça e se perguntando por que Asa e Lachlan estavam tão preocupados com

ele, quando John estava lutando por sua vida.

“John...”

“Eu estou bem, bebê.”

“Oh!” Lágrimas encheram os olhos de Seamus quando ele se virou para encontrar John

de pé na frente dele. “John, você...” Os olhos de Seamus se arregalaram. “Webber, ele queria...”

“Yancy o imobilizou, amor.”

Os olhos de Seamus giraram ao redor da sala na velocidade da luz, finalmente

pousando no canto da sala onde Yancy estava por cima do Webber com uma arma apontada

para o vice. Webber estava sentado no chão com as mãos amarradas atrás das costas, parecendo

confuso e desamparado, como se ele não entendesse completamente o que estava acontecendo.

“Seamus, você sabe o que aconteceu com o Xerife Miller?” Asa perguntou.

A cabeça de Seamus começou a clarear quando ele olhou para seu cunhado. “Webber o

matou. Ele ficava resmungando alguma coisa sobre isso tudo ser culpa do Xerife Miller e que, se

o homem tivesse feito o que ele prometeu, nada disso teria acontecido.”

“Nada do que, Seamus?”

Seamus encolheu os ombros. “Eu não sei.”

“Eu acho que sei,” disse Lachlan. “Naquelas cartas que encontramos na casa de

Webber, o Xerife Miller falou sobre treinar seu filho para assumir quando ele se aposentasse,

que ele queria que seu filho fosse o próximo xerife.”

“Bem, isso explica por que Webber estava tão puto com John,” disse Asa. “John se

tornou o xerife em vez de Webber. Se Webber sabia o que estava naquelas cartas, ele

provavelmente estava com muita raiva porque ele não conseguiu o emprego.”

“Ou o reconhecimento de que ele era o filho do Xerife Miller.”

“Mas isso não faz sentido, Asa. Eu sou xerife há alguns anos,” John insistiu. “Por que

ficar louco agora?”

177
“Marla só morreu poucos meses atrás. Talvez ela nunca tenha mostrado a Webber essas

cartas ou o deixou saber quem era seu pai. Se ele só descobriu recentemente que ele deveria ser

o novo xerife, então...” Lachlan deu de ombros, deixando aquela declaração pairando no ar.

Seamus olhou para Webber novamente. O cara não tinha absolutamente nenhuma vida

em seus olhos enquanto ele olhava para o espaço. Era como se qualquer que fosse o surto

psicótico que ele tinha passado estava acabado e ele tinha morrido.

Seamus esperava que para onde ele fosse, tivesse grades realmente fortes.

“Podemos ir para casa agora?” Seamus perguntou. O olhar vazio nos olhos do Webber

o estava afetando. Ele queria ir, e ele queria ir agora. “Eu realmente gostaria de ir para casa

agora.”

“Hospital primeiro, amor,” John disse quando ele ajudou Seamus a ficar de pé,

segurando em seu braço. “Então, Yancy e eu vou te levar para casa.”

“Sua casa?”

“A nossa casa,” disse Yancy como ele se aproximou e pegou o outro braço de Seamus,

“pelo menos até que um lugar para todos nós possa ser construído no rancho de sua família.”

Seamus se virou para olhar para Yancy até que o homem riu.

“Seu irmão explicou o que é uma lenda Blaecleah, Seamus. Ele também me explicou que

você não é o primeiro Blaecleah ter duas lendas.”

As sobrancelhas de Seamus subiram. “Eu não sou?”

“Não.” O sorriso de Yancy começou a ficar maior. “Parece que o seu tio-avô, ou algo

assim, teve duas lendas. Todos os três viveram juntos até a idade de noventa e oito anos,

morrendo em poucos instantes um do outro.”

“Parece bom para mim,” disse John.

Seamus pensou sobre isso por um minuto, e então balançou a cabeça. “Não, noventa e

oito anos não é suficiente. Precisamos chegar em pelo menos uma centena.”

“Só se você prometer que vai me amar quando eu estiver velho e grisalho,” disse Yancy.

“Eu prometo,” disse Seamus sem hesitação.

“Eu prometo, também,” disse John.

178
Os olhos de Yancy umedeceram quando ele olhou para John. “É?”

“Sim.” O rosto de John corou quando ele deu de ombros. “Acho que se eu amo os dois

agora, eu vou te amar até o dia que eu morrer também. Não é assim que funciona essa coisa de

lenda?”

Seamus gemeu. “Podemos, por favor, não falar sobre morte?”

John riu quando ele passou os braços em torno de Yancy e Seamus. “Tudo o que você

quiser, bebê.”

Seamus sorriu enquanto batia no peito de John. “Agora, essa é a maneira de começar

um relacionamento.”

179
Capítulo Dezessete

Yancy observou seu reflexo no espelho enquanto alisava sua gravata. Ele odiava o

uniforme que ele era obrigado a usar, mas regra era regra. Cada oficial em Cade Creek era

obrigado a usar um uniforme. Como o mais novo oficial na força, Yancy não podia ser diferente

— não importando qual era seu relacionamento com seu patrão.

Yancy sorriu enquanto olhava para a nova aliança de ouro enfeitando seu dedo anelar.

Esse era um novo item que ele não tinha nenhum problema em usar. Ele ainda não podia

acreditar que ele estava realmente casado, e com dois homens.

No momento que Ma soube que eles queriam se casar antes que ele começasse a

trabalhar como vice em Cade Creek, ela tinha organizado um casamento. A mulher era um

dínamo, coordenação e planejamento, como se o destino do mundo dependesse do casamento

acontecer na hora certa.

Yancy não sabia para quem ela tinha ligado, mas menos de uma semana depois, ele

tinha ficado na frente de Brody na igreja e trocado votos com os dois homens que ele planejava

passar o resto de sua vida.

E que vida estava se tornando.

As coisas ainda estavam um pouco caóticas com a morte de Ira Thornton, do Xerife

Miller, e como se descobriu, de Ezra Murphy, cujo corpo foi encontrado enterrado no quintal da

casa do Xerife Miller. As evidências mostraram que Webber tinha matado todos eles. A teoria

atual foi que Webber descobriu que o Xerife Miller era seu pai e enlouqueceu, matando Ira e

Ezra, porque ele os via como uma ameaça em sua relação com o xerife. Ele tinha de alguma

forma descoberto sobre a investigação de John em seu pai e sentiu a necessidade de matá-lo,

primeiro ameaçando-o, e depois, por tentar matá-lo. Sua amizade com John tinha sido a única

coisa que o manteve vivo.

180
Felizmente para praticamente todos os envolvidos, não haveria julgamento para

Webber, o que significava que ninguém precisava testemunhar. Webber estava mais insano do

que o normal. Ele seria trancado em uma instituição mental pelo resto de sua vida, considerado

muito louco para ser julgado.

Yancy estava se estabelecendo muito bem, depois de ter arrumado todos os seus

pertences e se mudado para Cade Creek no primeiro momento possível. Ele estava com John e

Seamus no pequeno apartamento de John até a casa deles poder ser construída no rancho

Blaecleah.

Seamus estava encarregado de projetar a nova casa, uma tarefa que o homem era

apropriadamente adequado. Ele parecia saber exatamente o que eles precisavam para seu novo

lar, até a sala dos homens ele tinha projetado e os quartos extras para as crianças que haviam

discutido adotar.

Seamus estava determinado a ter a família que sempre sonhou, e John e Yancy não

tinha coragem de negar nada ao homem — mesmo se o pensamento de crianças o assustassem

pra caralho.

“Como vão as coisas por aqui?”

Yancy olhou para o espelho. Ele podia ver Seamus entrando no quarto pela porta atrás

dele. O luminoso sorriso no rosto de Seamus o fez se sentir um pouco menos nervoso, mas só

um pouco.

“Eu odeio esta gravata.”

“Oh, eu não sei,” disse Seamus enquanto caminhava para ficar na frente de Yancy. Ele

brincou com a gravata por um momento, alisando-a em seu peito. “Eu acho que você está muito

bonito.”

“Você acharia que eu pareceria bonito em um saco de pano.”

“É verdade.” Seamus concordou. “Mas um homem de uniforme é malditamente

quente.”

181
“Sério?” Yancy riu enquanto imaginava John em seu uniforme de xerife. O homem o

usava como se a roupa fosse moldada ao seu corpo. “Eu tenho fantasias de John me fodendo em

seu uniforme.”

O rosto de Seamus corou. “Eu também.”

“Eu também, o quê?” John perguntou quando ele entrou no quarto. “Oh, hey, olhe para

você, Sr. Vice.”

Yancy franziu a testa enquanto olhava para o uniforme que ele usava. Deuses, ele

simplesmente não foi feito para usar um uniforme. Como um detetive, ele era autorizado a usar

roupas normais. Ele só tinha sido obrigado a usar um uniforme durante as cerimônias especiais.

Ele odiava uniforme.

“Você vai se acostumar com isso, bebê,” John assegurou. O homem se aproximou por

trás de Yancy e colocou os braços sobre ele, olhando ao redor de seus ombros largos. “Você está

lindo. Imagino que assim que todos em Cade Creek descobrirem que temos um sexy novo vice

na força, as chamadas vão começar a chegar.”

“Eu pareço ridículo.”

“Você está lindo.”

“Assim diz o homem que usa jeans com seu uniforme, em vez das calças do uniforme.”

John riu. “As vantagens de ser o chefe, bebê, as vantagens de ser o chefe.”

“Você pensaria que haveria vantagens em transar com o chefe.”

“E há.” John riu quando ele deu um tapa na bunda de Yancy e então se dirigiu para a

porta. “Você começa a passar sua hora de almoço em meu escritório, curvado sobre a minha

mesa.”

Yancy gemeu no sensual visual que isso lhe deu. Ele fez uma careta quando ele

estendeu a mão e ajustou seu súbito e doloroso pau duro. “Que horas é o almoço?”

“Você realmente precisa começar seu primeiro dia de trabalho antes de poder desfrutar

de um almoço com o chefe, grande homem.” Seamus se inclinou e roçou os lábios em Yancy, lhe

dando mais outra necessidade de se ajustar, e então, se dirigiu para a porta. “Vamos lá. Fiz café

da manhã, e está ficando frio.”

182
Yancy gemeu quando ele alisou a gravata mais uma vez, em seguida, seguiu seus

amores para fora do quarto. Ele ficou um pouco surpreso e encantado ao ver o café da manhã

que Seamus tinha colocado na mesa. Existia comida suficiente para alimentar todos os irmãos

Blaecleah.

“Sirvam-se,” Seamus disse quando ele começou se servindo de alguns ovos em seu

prato.

“Quais são os seus planos para hoje, doçura?” Yancy perguntou.

“Bem, eu vou para o rancho depois que vocês dois saírem para o trabalho. Da e eu

vamos rever os planos para a casa. Eu acho que eu encontrei o local perfeito ao sul da casa de

Asa e Lachlan.”

“Aquele espaço aberto ao longo dos limites das árvores?”

“Sim. Da diz que vai nos dar a privacidade que precisamos e ainda ficar perto da casa

principal.”

“Parece perfeito.”

Seamus sorriu. “Isso é o que eu pensava.”

“Você tem outros planos?” Yancy estava realmente esperando ver Seamus em algum

momento durante o seu dia. Por mais excitado que ele estivesse por seu novo trabalho como

vice, ele sentiria falta de passar o tempo com Seamus.

“Billy e Rourke estão indo ao hospital estadual esta tarde para ver Webber. Apesar de

tudo o que o homem fez, ele ainda é meio-irmão de Billy e Billy quer falar com ele, deixá-lo

saber que ele tem algum parente lá fora.”

O garfo de Yancy parou a meio caminho de sua boca. “Isso é uma boa ideia?”

Seamus deu de ombros. “Eu acho que isso é mais para Billy do que para Webber.

Apesar de Billy nos ter e à sua mãe, ele quer alguma ligação com a família. Com Ira morto e

Clem na prisão, isso não deixa muitas pessoas.”

“Billy sabe que Webber é louco, não?”

Seamus assentiu. “Ele sabe.”

183
“E ele entende que Webber provavelmente nunca vai ver o mundo do lado de fora de

novo?” Yancy perguntou. “Ele provavelmente vai passar o resto de sua vida atrás das grades.”

“Ele sabe disso, também. Mas ele acha que se talvez Webber soubesse que ele tinha

outra família além de Miller, isso talvez não o tivesse feito ir ao fundo do poço.”

Yancy não tinha certeza se acreditava nisso. O vice tinha matado duas pessoas e

sequestrado John e Seamus. No que dizia respeito à Yancy, Webber poderia apodrecer no

inferno pelo que ele tinha feito.

“Eu só queria sentar e conversar com Billy por um pouco de tempo antes que ele saísse.

Rourke adora o chão Billy anda, mas ele pode ser um pouco exagerado, às vezes. Eu pensei que

se Billy tivesse alguém além do meu arrogante irmão para conversar, ele poderia ser capaz de

lidar com as coisas um pouco mais fáceis.”

“Isso é ótimo, doçura.” Yancy era constantemente surpreendido com a forma generosa

de seu amante. Ele mostrava seu carinho para aqueles ao seu redor em palavras e ações. Era

uma das qualidades mais cativantes de Seamus.

Seamus deu de ombros. “Eu me sinto mal por Billy. A maior parte de sua família

biológica é louca, assassinos e monstros inatos. Sua mãe é bastante agradável, mas até mesmo

ela não é completamente boa da cabeça. Ela está ficando melhor com o tempo, mas Billy diz que

pode levar uma vida inteira para ela poder superar o que Ira e o Xerife Miller fizeram com ela.”

Yancy entendia isso. Ele ainda estava tentando lidar com o trauma de ter as pessoas que

ele amava sequestradas e ameaçadas. A visão de John lutando por sua vida, enquanto Seamus

estava amarrado na cadeira sempre ficaria com ele.

“Depois disso,” — Seamus sorriu enquanto ele balançava as sobrancelhas, “já que meus

dois maridos trabalham no mesmo lugar, eu imaginei que eu poderia lhes levar o almoço.”

“Maldição.” Yancy riu. “Agora, isso é conveniente.”

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