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LOVE WITHOUT END1

A DILF MANIA NOVELLA

By GERI GLENN

PARCERIA

Disponibilização e TM – WAS

Revisão – WAS

Leitura Final – Bookaholic

Formatação – Bookaholic

Agosto 2021

1
Amor Sem Fim
DEDICATÓRIA

Para o meu Mac, porque passamos pelo inferno e voltamos juntos, e eu


morreria sem você.
SINOPSE

Xander ‘Crash2’ Carson está finalmente resolvendo sua vida


depois que sua esposa o deixou por outro homem. Ele ainda tem seu
trabalho, sua Avó e seu clube, o Satan’s Descendants MC.

Quando ele conhece Emery Chase, seu raciocínio rápido, atitude


arrebatadora e sorriso torto o cativam. Pena que ela não está interessada.

Sem nunca desistir de um desafio, Xander se propõe a conquistá-


la. Ele está finalmente chegando a algum lugar também, até que sua ex-
mulher aparece. E ela não está sozinha.

Em um piscar de olhos, Xander é um pai solteiro com um


garotinho com quem ele não tem certeza de como se relacionar, quanto
mais cuidar, e um clube que está implodindo diante de seus olhos.

Conforme tudo ao seu redor vai para o inferno, Xander deve


encontrar uma maneira de lidar com tudo isso antes de perder tudo
novamente.

2
Choque, colisão.
Prólogo

Xander

Oito meses atrás

Eu sei que algo está errado antes mesmo de destrancar a porta


e pisar o lado de dentro. É um sentimento que arde no fundo de minhas
entranhas do qual não consigo me livrar e quando acendo as luzes,
iluminando a casa que compartilho com minha esposa há mais de cinco
anos, entendo o porquê.

Tudo se foi. Cada maldita coisa. Onde antes ficava nosso sofá, há
apenas a marca de suas pernas no carpete, migalhas e poeira que rolaram
por baixo para escapar do aspirador. Cabos descem pela parede onde a TV
estava montada quando eu saí esta manhã. Livros, fotografias, filmes e
bugigangas. Tudo se foi.

Que porra é essa? Com os olhos arregalados e o coração


acelerado, puxo minha lâmina de dentro da minha bota e lentamente,
silenciosamente caminho pelo corredor até à cozinha. Meus ouvidos se
esforçam para ouvir qualquer som, mas, além do barulho das minhas
próprias botas, todo o lugar está silencioso. Acendo as luzes e minhas
entranhas se retorcem. A mesa que minha avó nos deu ainda está lá, mas
várias gavetas e armários estão abertos, seus interiores vazios.

Virando-me, subo as escadas correndo, ignorando os outros


cômodos da casa, a preocupação com minha esposa me incitando a
continuar sem me preocupar com minha própria segurança.
— Carla! — Meu grito ricocheteia nas paredes vazias, ecoando
ao meu redor, mas nenhuma resposta vem.

Eu bato com imensa força na porta do quarto fazendo com que


ela bata na parede atrás dela, deixando um buraco em forma de maçaneta
na sequência disso. Carla não está aqui. Não há nada aqui. Nenhuma
cama. Nenhuma cômoda. Até os candeeiros se foram. A porta do armário
está aberta e, de onde estou, vejo que metade dela está vazia, a única
coisa que ainda está pendurada lá são minhas próprias roupas.

É aí que eu sei. A casa não foi saqueada assim como não foi
invadida, e a minha esposa está muito bem. Ela me deixou e me limpou no
processo, sem nem mesmo uma porra de uma carta para dizer o porquê.

Enfio minha lâmina de volta no coldre e pego meu celular no


bolso de trás. Eu bato meu dedo na tela, puxando o número de Carla. Ele
nem chama, vai direto para o correio de voz.

— Oi, você ligou para Carla. Você sabe o que fazer.

Agarro o celular na minha mão com tanta força que corta minha
pele. — Você está brincando comigo, Carla? Você não me deixou
nada! Merda nenhuma! — Eu bato meu punho na parede, adicionando
mais um buraco para combinar com o que eu fiz com a maçaneta. — O
que aconteceu com o para sempre? Eu tenho sido bom para você. Tratei
você bem. Nunca fodi por aí. E é assim que você quer jogar? — Eu
suspiro. — Vá se foder, Carla.

Depois de desligar, coloco o celular de volta no bolso e desço as


escadas atordoado. Conheci Carla quando éramos apenas juniores no
primeiro ano do ensino médio. Ela se mudou para a cidade naquele verão
e ainda não tinha feito nenhum amigo. Ela era linda pra caralho. Cabelo
loiro encaracolado, olhos azuis nos quais eu poderia facilmente me perder
e os maiores seios que eu já tinha visto pessoalmente. Eu a convidei para
sentar comigo e com os caras durante o almoço naquele primeiro dia e
estávamos juntos desde então.

De volta à cozinha, pego uma cerveja na geladeira e tiro a


tampa. Encostando-me à porta, inclino a garrafa e o líquido frio desce tão
rápido que queima na minha garganta e enche minha barriga de calor.

É quando eu vejo. No centro da mesa da cozinha da minha avó,


está um pedaço de papel. E, além disso, estão os anéis de noivado e de
casamento de Carla. Eu comprei o par juntos em uma joalheria no
shopping seis anos atrás. Trabalhei pra caramba para pagar por eles.

Nunca vou esquecer o quão nervoso fiquei quando finalmente


decidi pedi-la em casamento. Meu amigo Nutsy achava que eu era
louco. — Para quê casar com a vadia se ela já está deixando você trepar
com ela? — Sim... Nutsy sempre foi um verdadeiro mulherengo.

Tínhamos vinte e dois anos na época, com o mundo inteiro à


nossa disposição. Eu estava trabalhando como aprendiz de carpinteiro e
prospectando nos Satan’s Descendants e Carla estava trabalhando em
turnos dobrados em um dos restaurantes da cidade. Não tínhamos muito
na época, mas foda-se, nós nos amávamos.

Eu a levei ao shopping naquele dia, que por acaso era um de


seus lugares favoritos na terra. Passei horas em um banco do lado de fora
de diferentes lojas enquanto ela entrava e experimentava roupa após
roupa, gastando mais dinheiro do que qualquer um de nós poderia pagar.
Escolhi cuidadosamente a entrada onde havia estacionado perto
de modo que, na saída, tivéssemos que passar por uma cabine de fotos
específica. Foi lá que eu fiz aquela pergunta que mudou minha vida.

Carla sentou-se no meu colo e nós dois rimos enquanto nos


movíamos, tentando colocar nossos rostos na posição perfeita. A primeira
foto era de nós fazendo caretas idiotas, nossas línguas para fora e nossos
olhos cruzados. Na segunda foto, ela está fazendo mais uma cara boba, e
eu estou abrindo a caixa do anel. Na terceira, ela notou o anel e estou
olhando para ela com uma estranha combinação de medo e esperança no
meu rosto. Na quarta, nossos lábios estão amassados, nossos sorrisos
enormes e meu anel colocado em seu dedo.

Era simples, mas as quatro pequenas fotos de nosso noivado em


andamento sempre foram um dos meus bens mais valiosos. Até
agora. Pego o bilhete escrito à mão da mesa e vou para a sala de
estar. Com certeza, a única moldura que resta na parede é essa. Aquela
em que ela concordou em ser minha para sempre, e eu me senti o homem
mais sortudo do planeta.

Tomo outro gole da minha cerveja e levanto a carta, sem ter


certeza se quero mesmo ler o que ela escreveu. Mas preciso saber. Preciso
saber por que a única mulher que amei simplesmente me limparia em um
único dia e jogaria fora tudo que construímos juntos.

X,

Eu sinto muito. Estou apaixonada por outra pessoa.

C
xoxoxo3

Eu olho para a carta. Eu a li sete vezes seguidas. Não mudou. É


só isso? Ela está arrependida? Ela está apaixonada por outra pessoa?

Um rugido sai da minha garganta enquanto eu jogo a garrafa


quase vazia de cerveja pela sala, mal percebendo quando ela se quebra,
enviando cacos de âmbar e líquido espumoso pela sala e escorrendo pela
parede.

— Cadela! — Eu grito, arrancando a foto emoldurada da parede


e batendo no meu joelho.

Mesmo isso não me faz sentir melhor. Deslizo para o chão, meus
joelhos dobrados e minha cabeça em minhas mãos. Como eu não vi isso
chegando? Achei que eu e Carla estávamos bem. Eu pensei que estávamos
apaixonados.

Coloco meus dedos em meu cabelo e os enrolo em punhos


apertados. Amor. Amor é besteira. Casamento é uma merda. Se esta noite
me ensinou uma coisa, é que nunca mais vou me permitir cair nessa
armadilha.

3
Beijos e abraços.
Um

Emery

Posso sentir seus olhos me seguindo enquanto caminho pelo


esqueleto da casa. Os homens estão por toda parte, cintos de ferramentas
bem presos à cintura, furadeiras e martelos nas mãos. É meu primeiro dia
neste trabalho, e já posso dizer que não vai ser diferente de nenhum dos
outros.

Ser mulher numa área de trabalho masculina tem apenas um


bônus que posso dizer. Como eletricista, estou rodeada de homens o dia
todo, alguns deles sendo bastante agradáveis aos olhos. Mas também
existem várias desvantagens.

Os homens ficam olhando. Eles reviram os olhos. Eles fazem


piadas sobre mim quando pensam que não posso ouvi-los, e muitas vezes
fazem isso para ter certeza de que eu escuto. Eles não se importam que eu
seja uma eletricista talentosa e certificada. Tudo o que eles veem são
meus seios, bunda e cabelos longos e sedosos, e automaticamente
assumem que não posso fazer o trabalho sem a ajuda deles. É irritante,
mas depois de seis anos trabalhando para Ron Harper Electric, estou
acostumada.

Ron me trouxe neste trabalho porque ele é um homem que


sabe o que eu posso fazer. Esta casa tem que estar completamente
acabada em menos de três semanas, o que significa que temos que fazer a
ligação elétrica do zero e rápido.
Vou até ao porão e encontro um lugar onde ninguém mais está
trabalhando e coloco minha caixa de ferramentas no chão. — É um lugar
tão bom quanto qualquer outro, — eu digo, virando-me para Ron com um
sorriso.

Ele olha furioso para alguns caras que estão martelando vigas de
madeira no lugar antes de se virar para mim. — Funciona para mim. Dê
uma olhada rápida e veja se tudo está pronto para nós, e eu irei pegar os
suprimentos.

Eu suspiro e olho ao redor. Exceto pelo piso e pelo esqueleto


das paredes, nada nesta casa está perto da conclusão. Empreiteiros de
diferentes empresas e diferentes negócios ainda estão trabalhando na
construção das paredes externas, martelando a madeira compensada no
lugar e preparando-a para ser fechada com tijolos.

Meu pai era eletricista e, quando menina, eu costumava


acompanhá-lo a alguns de seus empregos durante minhas férias de
verão. Aprendi desde cedo como evitar os cabos e ferramentas elétricas e
os homens que estavam trabalhando duro. Eu adorava ver meu pai
trabalhar, no entanto.

Achei todo o conceito de eletricidade fascinante. Eu amei a


simplicidade de tudo isso. Como um fio se conecta a uma caixa e depois a
outro fio e um interruptor, todos combinados no final para fazer passar
dezenas de milhares de quilowatts de eletricidade, escondidos atrás de
paredes e alimentando tudo, desde a mais ínfima luz noturna até ao fogão
que cozinha a refeição da família.
Quando minha mãe soube da profissão que escolhi, ela quase
teve um ataque cardíaco. Mamãe era uma mãe antiquada e dona de
casa. Ela não entendia por que uma mulher iria querer trabalhar em um
‘emprego de homem’, mas eu não me importava. Se meu pai ainda
estivesse vivo, sei que ele ficaria orgulhoso, e isso era tudo o que
importava, para mim.

— Ei, querida. Pegue um café para mim na parte de baixo das


escadas, pode ser?

Olho para o homem na escada. Não é a primeira vez que um


homem presume que estou lá apenas para fazer recados para eles, ou que
abandonaria o que estava fazendo para obedecer às
suas ordens egoístas. — Pegue você mesmo, querido, — eu atiro de volta,
não parando em minha caminhada pela casa.

Risos explodem ao nosso redor. — Ela mandou você, Randy, —


diz um homem.

— Droga, — outro murmura.

Eu sei que não deveria fazer isso, mas quando viro a esquina,
não posso deixar de olhar para trás. O homem que eles chamaram de
Randy ainda está na escada, seus olhos estreitos nunca me deixando. Sei
por um olhar que tipo de homem ele é. Há pelo menos um em cada
trabalho que já fiz.

Um homem que presume que é o chefão por aqui. Aquele que


tenta ao máximo me fazer estremecer e me colocar no meu lugar. Aquele
que pensa que, porque ele é um homem e eu uma mulher, qualquer coisa
que eu tenho a dizer é besteira, mas tem sempre a certeza de receber o
crédito se algum for devido.

Enquanto subo as escadas, meu estômago afunda. Só uma vez,


gostaria de começar um novo trabalho e não ter que me preocupar com
idiotas como aquele. Parece como se este trabalho já não fosse o mais
adequado. Eu tinha acabado de ganhar um novo inimigo.

∞ ∞ ∞

Xander

— Não estou brincando, — diz Nutsy com uma risada. — O


idiota deu um golpe e caiu de bunda. Foi a coisa mais engraçada que já vi.

Eu jogo minha cabeça para trás e rio. Nutsy e eu somos amigos


desde que éramos apenas crianças. Eu o conheci no primeiro dia da
terceira série. Ele e sua família tinham acabado de se mudar para cá e
algumas das crianças estavam sendo idiotas. Eles o encurralaram no
banheiro, ameaçando mergulhar sua cabeça em um vaso sanitário cheio
de mijo quando eu entrei.

Ser filho de um motoqueiro tem suas vantagens. Até as crianças


sabem que não devem foder com você. Eu dei uma olhada naqueles
pequenos bastardos e eles largaram Nutsy ali mesmo, correndo para fora
do banheiro como se seus cabelos estivessem em chamas. Éramos amigos
desde então.

— Pounder beijou a bunda dele depois disso?

Risos Nutsy. — Oh sim. Aproximou-se dele e o ergueu do chão


com uma das mãos. Perguntou se ele sabia com quem estava se
metendo. Um soco e o idiota desmaiaria.

Eu sorrio. O bom e velho Pounder. Não tenho passado muito


tempo longe da sede do clube com os caras dos Satan’s Descendants. Só
não estou com muita vontade de festejar desde que Carla me
abandonou. Eu não estava sentado em casa lamentando por ela de forma
alguma, mas definitivamente não estava disposto a socializar com um
monte de pessoas que uma vez pensaram que ela e eu éramos o casal
perfeito.

Dou uma mordida na minha sanduíche, pensando que talvez


seja hora de voltar para a parte divertida de estar em um clube. As festas,
a bebida, os irmãos.

— Confira. — Assobios malucos. — Você não vê isso no trabalho


com muita frequência.

Eu sigo a direção que ele está olhando com meus olhos, sem ter
ideia do que ele está falando. E então eu a vejo. Alta, magra,
bronzeada. Seu cabelo escuro está preso em uma trança que cai até ao
centro das costas. Seu cinto de ferramentas fica apoiado em seus quadris,
acentuando a curva de sua cintura e pernas longas e bem torneadas.

— Quem é aquela?
Nutsy balança a cabeça. — Ela trabalha para Ron. Não consigo
lembrar o nome dela. O que se diz é que ela é uma verdadeira
vadia. Gosta de arrebentar as bolas dos homens apenas por olharem para
ela.

Eu observo enquanto a mulher caminha até à caminhonete de


Ron e puxa a lancheira da parte de trás. Ela procura um lugar para sentar-
se e finalmente se acomoda, deixando a porta traseira aberta e
almoçando sozinha. Todos os outros homens aqui estão olhando
diretamente para ela, alguns deles sussurrando e rindo baixinho entre si.

Não posso culpá-los, realmente. Ela é maravilhosa. Olhar para


ela é definitivamente mais atraente do que olhar para o resto desses filhos
da puta por aqui. Eu sorrio um pouco enquanto a vejo tirar um livro de sua
bolsa, e então uma garrafa térmica e alguns recipientes de plástico. Ela
não está dando a nenhum desses homens a satisfação de uma resposta
enquanto eles a encaram e zombam dela.

Com os ombros retos e a cabeça erguida, ela abre o livro, tira


metade de uma sanduíche e começa a comer.

— Crash, você vem?

Eu tiro meu olhar da mulher e olho para Nutsy. Ele já tem sua
furadeira em mãos, seu almoço está todo embalado. Há quanto tempo a
estou observando?

— Sim, — eu digo, colocando minha comida não consumida na


lancheira e me levantando. — Sim, já vou.
Eu dou uma última olhada para a mulher enquanto ela
lê. Quando Carla me deixou, decidi que as mulheres não valiam o
aborrecimento. Elas podem ser boas de se olhar e definitivamente boas
para foder, mas um relacionamento com uma mulher pode levar à tristeza
e à ruína. Eu experimentei as duas coisas nas mãos de uma mulher com
quem pensei que um dia envelheceria.

Mas esta mulher parece diferente. Ela parece


durona. Independente. E posso dizer, pela maneira como ela se comporta,
que não faz joguinhos.

Não importa, digo a mim mesmo. Nenhuma mulher vale o


inferno que você passou. Continue caminhando.
Dois

Emery

Eu reajusto o pesado rolo de fio em minhas mãos e subo as


escadas para o andar principal, diminuindo a velocidade apenas quando
ouço a discussão acontecendo acima.

— Essa é a porra de uma parede de suporte, Randy. Você não


sabe como ler uma maldita planta?

— Ah, foda-se, Xander. Nem é necessário. O arquiteto desta


casa estava batendo no cachimbo de crack muitas vezes quando a
desenhou.

Eu viro o corredor mesmo quando o homem da escada mais


cedo atira um martelo na direção do outro homem. — Cuidado! — Eu
grito, mas não foi necessário.

O homem agarra o martelo no ar e fuzila Randy com o rosto


vermelho de raiva. — Vá para casa. E procure um novo emprego, porque
quando eu contar a Mitch sobre essa merda, você estará acabado.

Tensão e raiva ondulam no ar como uma fumaça pesada


enquanto os dois homens mantêm seus olhares fixos um no outro. Esse
novo cara não parece que vai recuar, mas nem Randy.

— Você é um verdadeiro idiota, Xander. Você acha que sua


merda não cheira tão mal quanto o resto de nós? — Randy vocifera. Ele dá
um passo em direção ao homem que chama de Xander, com as mãos
cerradas em punhos do tamanho de pequenas pedras.
Xander projeta o queixo para fora, seus próprios punhos
cerrados ao lado do corpo. — O cheiro da minha merda não tem nada a
ver com a porra do trabalho feito aqui. Agora Mitch me colocou no
comando de nossa equipe neste projeto, e estou dizendo para você ir.

Nenhum deles me notou parada aqui ainda, mas quando Randy


avança para a frente, com seu punho levantado para acertar um golpe em
Xander, eu me movo. Não sei o que estou tentando fazer ficando entre
eles, mas quando o punho de Randy bate na minha bochecha, sei que
acabei de fazer o movimento mais idiota da história.

Eu caio no chão, minhas mãos segurando minha bochecha,


minha cabeça explodindo em uma combinação nebulosa de dor e tudo
desfocado.

— Porra! — Randy atira, acenando com a mão para cima e para


baixo no ar.

— Merda! — Xander diz, caindo de joelhos ao meu lado. Ele


segura meu rosto com as duas mãos e olha nos meus olhos. — Você está
bem, querida?

— Sinto muito, cara. Eu nem sequer a vi até que ela já estava no


maldito chão.

Xander olha para cima e faz uma careta para Randy, seus olhos
se estreitando em fendas mínimas. — Eu disse para você ir embora.

— Merda, — Randy murmura novamente, mas desta vez faz o


que ele disse e vai embora.
Tento abrir os olhos, mas a luz quase me cega e o sangue
correndo pelos meus ouvidos é tão alto que mal consigo ouvir a
conversa. — Querida, olhe para mim.

A voz de Xander está cheia de urgência e suas mãos estão


passando pela minha testa, seu braço atrás do meu pescoço para me
apoiar. — Emery, — eu sussurro, mesmo essa palavra muito alta para
minha cabeça girando.

Xander faz uma pausa. — O quê?

— Não é querida, — digo a ele. — Emery.

Xander ri assim que minha visão começa a clarear. —


Desculpe. Emery. Você está bem?

Pisco lentamente, desejando que meus olhos comecem a


trabalhar como Deus pretendia e me forço a sentar. — Acho que sim, —
eu sussurro.

Xander suspira. — Jesus, mulher. O que você estava pensando


voando no meio disso como você fez?

— Randy é um idiota, — eu sussurro, minha cabeça finalmente


começando a clarear. — Não queria que ele causasse problemas.

Xander sorri para mim, seus dentes perfeitos e brancos, suas


bochechas quebradas por uma barba escura e as covinhas mais sexy que
eu já vi. — Xander, — diz ele, e eu franzo a testa. Ele ri baixinho. — O meu
nome. É Xander.

Eu levanto a mão para esfregar minha bochecha. — Prazer em


conhecê-lo, Xander.
— Você vai ter um belo hematoma aí, — diz ele, estendendo a
mão para tocar minha bochecha com cautela. — Mas vai ficar bem. Randy
é um maricas. Ele não sabe dar um soco nem que fosse para salvar sua
vida.

— Graças a Deus por isso, — eu murmuro, me perguntando o


que um soco mais forte daquele pau teria feito no meu rosto.

— Um pequeno conselho, Emery, — ele diz, pegando minha


mão e me puxando para ficar de pé. — Da próxima vez que você vir
alguém dando um soco... evite. Não corra diretamente para ele.

— Te ouvi, — eu murmuro, um sorriso brincando no canto da


minha boca.

Xander suspira e olha em volta. — Vou ter que preencher alguns


papéis sobre tudo isso. Vou trazê-los para você assinar.

— Tudo bem, — eu digo, observando enquanto ele coloca


alguma distância entre nós, seus olhos nunca deixando os meus.

— Prazer em conhecê-la também, Emery.

Apenas o som do meu nome em seus lábios envia um arrepio


pela minha espinha.

Oh, você vai ter que se cuidar com este, Emery.

∞ ∞ ∞
Xander

— Você está vendo essa merda? — Pounder esbraveja quando


os três homens entram no clube. Cada um deles usa um colete de couro
novo e brilhante, livre de desgaste e todos os três estampados com o
emblema dos Satan’s Descendants nas costas.

— Que porra é essa? — Resmunga Nutsy. — Desde quando nós


apenas distribuímos patches para todos os nossos amigos, sem fazê-los
pular os mesmos aros que o resto de nós pulou?

Observo com os olhos semicerrados enquanto o presidente do


nosso clube, Rover, se aproxima dos homens, com a mão pronta para
cumprimentar e um largo sorriso no rosto. Ele cumprimenta cada um,
dando tapinhas nas costas e apontando para a sala onde realizamos
nossas reuniões semanais da igreja.

Enquanto eles desaparecem atrás da porta fechada, eu e os


outros seis membros com patch do clube nos encaramos em estado de
choque. Rover era nosso presidente há menos de um ano. Ele foi votado
depois que nosso prez original se encontrou no lado de baixo de um
tanque no verão passado. Ele não sobreviveu.

Ele estaria rolando em seu túmulo agora se pudesse ver no que


Rover transformou este clube. Meu pai também. Ele foi um dos cinco
primeiros que iniciaram os Satan’s Descendants. Ele amava tanto seu
clube, ele morreu pela causa, baleado por um clube rival que estava
tentando reivindicar nosso território como seu.
— Vamos ver o que ele tem a dizer, — digo aos outros, sentindo
a tensão aumentar ao meu redor. — Talvez haja uma explicação.

— Cite uma porra de cenário em que está tudo bem para uma
porra de civil usar nosso patch, — Pounder rosna. — Rover está
transformando este clube em uma maldita gangue de garotos velhos para
ele e seus amigos e estou cansado de deixar isso acontecer.

Ele tem razão. Rover era um cara decente. Ele foi um grande VP4
de nosso antigo prez, mas ele é um líder de merda por conta própria. O
dinheiro está sendo gasto em coisas desnecessárias, não houve
organização para nenhuma de nossas corridas e reuniões recentes. E,
ultimamente, ele tem reclamado constantemente sobre nossos números e
como é importante conseguir mais membros com patches para o clube.

A porta da sala de reuniões se abre e Rover faz um gesto para


que o resto de nós entre. Um por um, entramos em fila pela porta,
tomando nossos lugares regulares na mesa, cada um de nós olhando os
três novos rostos sentados do outro lado da sala. Todos os três olham de
volta para nós, um olhar presunçoso em seus rostos.

— Muito bem, idiotas, ouçam. — Rover geralmente reserva um


tempo para dizer olá e conversar com o resto de nós antes de iniciar suas
reuniões, mas não desta vez. Ele não está brincando hoje. — Vocês podem
notar que temos três novos membros connosco hoje.

— Sim, — diz Pounder. — Sobre isso. Eu estive ausente nos


últimos dois anos, enquanto eles estavam se familiarizando com todos nós
e cumprindo seu papel como possíveis membros?

4
Vice-Presidente.
Rover o encara. — Não, eu decidi...

Pounder não lhe dá tempo para falar. — E quando votamos se


pensávamos que eles seriam um trunfo para esta porra de clube? Porque
eu com certeza não me lembro disso.

Os três homens não parecem tão presunçosos agora e o rosto


de Rover está com um tom desagradável de vermelho. — Chega! — ele
ruge, com as mãos sobre a mesa enquanto olha primeiro para Pounder e
depois ao redor da mesa para o resto de nós. — Eu sou o presidente deste
clube. Eu digo o que é bom e o que é ruim para ele. Se o resto de vocês,
filhos da puta, não gostarem, podem entregar seus patches agora mesmo!

Todos se mexem desconfortavelmente em seus assentos, exceto


Pounder. — Não é assim que funciona essa porra, e você sabe disso, — ele
ferve.

— Este clube não tem condições para enfrentar o Devil's Rejects


e você sabe disso, idiota. Não temos tempo para prospectar5 um bando de
garotos com meleca no nariz e transformá-los em malditos
motociclistas. Precisamos de homens, agora.

Pounder abre a boca para discutir, mas eu o antecipo. — Para


quê, exatamente? — Eu pergunto. — Quer dizer, não estamos em
guerra. Os Rejects ficam do lado deles na fronteira do condado e nós do
nosso. Então, qual é a pressa? Por que estamos abandonando o regimento
interno do clube para colocar nosso patch em mais homens?

— Porque eu disse isso, porra. É por isso, — Rover ferve.

5
Prospecto são homens que querem se tornar membros do clube e para isso costumam fazer tudo o
que são instruídos a fazer.
— Não, não é o suficiente. — Pounder se levanta de sua cadeira
e olha para o resto dos homens. — Proponho que os patches sejam
removidos destes homens, agora mesmo. E proponho uma segunda
votação se o Rover aqui vai ou não continuar a ser presidente deste clube.

Observo com os olhos arregalados enquanto Pounder faz algo


que raramente acontece no mundo dos motociclistas e desafia o
presidente.

— Todos a favor de tirar os patches desses filhos da puta? —


Pounder diz. Todos, exceto Rover, levantam o dedo e dizem ‘sim’.

Pounder se move de sua cadeira e se aproxima dos homens. —


Sem desrespeito, — diz ele. — Mas nós não os conhecemos. E não
votamos em vocês. Não é assim que este clube funciona.

Cada homem se levanta e remove seu colete, entregando-o a


Pounder sem dizer uma palavra antes de sair da sala. Pounder fecha a
porta atrás deles e se volta para nós.

— Agora, todos a favor de uma nova votação para a presidência


de Rover? — O brilho de Rover penetra cada um de nós enquanto cada
um de nós dá seu voto para possivelmente removê-lo de sua posição. —
Então está decidido, — diz Pounder. — Vamos votar na próxima
semana. Se vocês estão votando para remover o Rover, é melhor
decidirem até lá quem vocês vão nomear para ocupar o seu lugar.

— Seu filho da puta, — Rover rosna, seus punhos cerrados ao


seu lado. Uma veia sob seu olho lateja enquanto ele tenta conter sua
raiva. — Isso não vai ficar assim.
Pounder abre a porta e olha para trás, para o homem furioso na
cabeceira da nossa mesa. — Parece que acabou de acontecer. — E então
sai.
Três

Emery

Estou quase terminando de passar a fiação para o banheiro


principal quando Xander entra. — Emery, oi. Já tenho o relatório do
incidente com Randy por escrito. Será que você poderia assiná-lo por
mim?

Largo minha chave de fenda e me viro para pegar os papéis de


sua mão. Assim que estou de frente para ele, ele dá um passo para trás. —
Jesus.

Embaraçada, levo a mão até à bochecha para cobrir o


hematoma muito grande e escuro que sei que ele está olhando. — Estou
bem. Mesmo.

Estendo minha mão e faço um gesto para os papéis. Ele os


entrega para mim e levo apenas um momento para lê-los. A coisa toda é
bastante simples. Por escrito, Xander explicava o incidente que aconteceu
entre ele e Randy antes que eu aparecesse, prosseguindo como Randy
tentou dar um soco nele e em vez disso deu um golpe no meu rosto.

— Tem uma caneta? — Eu pergunto a ele, inclinando-me para


colocar o papel no balcão. Ele tira uma caneta do bolso e a entrega para
mim. — O que vai acontecer com ele de qualquer maneira? Randy.

Xander suspira e se recosta no balcão ao meu lado. — Quem


sabe, porra. Mitch, nosso chefe, é tio de Randy. Ele gosta daquele idiota.
Dá a ele mais chances do que daria a qualquer outra pessoa. Mas quando
eu lhe disse que ele te deu um soco na cara... — Ele balança a cabeça. —
Vamos apenas dizer que Mitch não pareceu muito feliz com seu sobrinho
depois que eu lhe disse isso.

Encolho os ombros e entrego o papel assinado de volta para


ele. — Ele não é o primeiro idiota com quem você provavelmente teve
que trabalhar, e posso garantir que ele não será o último.

Xander ri. — Não é verdade.

Pego minha chave de fenda e volto para o interruptor que


estava terminando, pensando que a conversa acabou, mas Xander tem
outras ideias. Sua mão sobe e passa por seu cabelo enquanto ele me dá
um adorável sorriso torto. — Uh... eu estava pensando. Você gostaria de
sair uma noite? Quer tomar uma cerveja?

Eu congelo, olhando sem ver onde a chave de fenda ainda está


alojada na cabeça do parafuso. Esta não é a primeira vez que um dos caras
do trabalho me convida para sair, mas é a primeira vez que realmente
quero dizer sim. Mas não consigo.

Se eu quiser ser levada a sério no trabalho, a última coisa de que


preciso é ganhar a reputação de namorar outros empreiteiros. Ou Deus
me livre, se o encontro não corresse bem e uma série de novos rumores
circulassem pelo local de trabalho.

Eu finalmente olho para Xander, que perdeu aquele sorriso


adorável e agora parece apenas inquieto. — Sinto muito, Xander. Eu não
posso.
Não ofereço mais do que isso, e ele não me pergunta mais
nada. Com um sorriso breve, ele balança a cabeça e se vira para sair da
sala. — Tenha um bom dia, Emery, — ele diz antes de desaparecer no
corredor.

∞ ∞ ∞
Xander

— Então, — Nutsy pergunta enquanto a garçonete se apressa


para buscar nossa cerveja. — Como você acha que vai ser essa votação?

Eu olho para Pounder, que apenas dá de ombros e se recosta


em sua cadeira. Muff e Mac estão sentados em frente a ele, nenhum dos
dois prontos para expressar seus pensamentos.

— O que Rover está fazendo é errado, — digo a eles. — Todos


nós sabemos disso. Um MC nunca sobreviveria se você simplesmente
começasse a distribuir patches como doces de Halloween. Os patches6
precisam ser conquistados. Trabalhar para isso. Não há orgulho em algo
em que qualquer pessoa pode colocar as mãos.

Muff se inclina para a frente, com as mãos plantadas em cima da


mesa desgastada. — Eu entendo, mas gritar com Rover no meio da igreja7,

6
Emblema do clube.
7
Nome que num MC se dá às reuniões do clube.
na frente de todos, não é a melhor maneira de fazer isso. — Ele acena
com a cabeça em direção a Pounder, que simplesmente sorri.

— O que ele fez no outro dia foi de tirar o fôlego, — eu o


informo. — Ele não disse nada que o resto de nós não estivesse pensando,
porra. — A garçonete volta e nos entrega nossas cervejas, dando a cada
um de nós um sorriso sedutor. Mac sorri e a observa enquanto ela
caminha de volta para o bar. Eu mantenho meu olhar em Muff. — Você
não pode me dizer que concorda com a maneira como Rover tem
conduzido as coisas?

— Eu não, — ele admite, e empurra a cadeira para trás antes de


se levantar. — Mas Pounder desrespeitou nosso prez. Eu também não
concordo com isso. — Ele dá um tapinha no ombro de Mac e se dirige
para as mesas de sinuca do outro lado do bar.

Mac se levanta e pega sua cerveja, mas antes de seguir seu


amigo, ele olha para Pounder. — Eu não te culpo por fazer o que fez, —
diz ele em seu forte sotaque escocês. — Parece-me que Rover está
desrespeitando a todos nós ao trazer aqueles tadgers para a sede do clube
sem obter nosso voto primeiro. E estou feliz que você disse o que disse.

Com isso dito, Mac levanta sua cerveja e acena com a cabeça
antes de seguir Muff para o outro lado. — Mas quem sabe o que é um
tadger8? — Nutsy pergunta com uma risada. — Eu nunca sei o que diabos
ele está dizendo.

8
Mantemos a palavra no original para que se perceba a razão da pergunta de Nutsy. Trata-se de gíria
escocesa, daí a dificuldade de Nutsy entender. Mas significa ‘saco’, ‘pau’.
Pounder sorri. — Mac é dos bons. Muff também, e eu entendi o
que ele quis dizer. Eu poderia ter feito isso um pouco mais
silenciosamente do que fiz, mas não havia nenhuma maneira no inferno
que eu deixaria aqueles filhos da puta participarem de uma reunião oficial
antes mesmo de saber quem diabos eles eram.

Nós três sentamos em silêncio, bebendo nossa cerveja e


observando um grupo de mulheres balançando os quadris na frente da
jukebox. Eu mal as vejo, no entanto. Tudo em que penso é o quão
diferente este clube tem sido desde que nosso prez foi morto. Tínhamos
saído de uma irmandade para um grupo de irmãos rivais que preferiam
tirar sangue do que resolver as coisas como costumávamos fazer. E Rover
era a razão disso.

Um MC precisa de um bom líder para ter sucesso. Meu pai me


ensinou isso. O líder precisa ser ousado, forte e duro como aço. Ele tem
que ter uma pele dura e controlar seu próprio temperamento para liderar
um grupo de homens que exalam testosterona a cada respiração.

Rover assumiu como prez com a atitude de que se tornara nosso


chefe. Que o que ele diz basta e se não gostarmos, então podemos ir nos
foder. Agora não é assim que funciona. Esse não é o papel de um
presidente em um MC. Não somos uma ditadura. Somos a porra de uma
irmandade. Temos estatutos e regulamentos. Fazemos as coisas pelo bem
do clube. Não apenas porque queremos fazer.

— Pounder, — eu digo, puxando sua atenção para longe da


mulher de saia curta. — Estou nomeando você como prez. Achei que você
deveria saber.
Pounder fica boquiaberto. Ele ganhou seu apelido por ser um
lutador. Ele adora lutar e eu nunca o vi perder uma única vez depois que
ele a começou. Mas acho que nenhum de nós jamais havia percebido seu
potencial como presidente do clube até que ele se levantou e disse o que
pensava no outro dia.

— Eu também, — acrescenta Nutsy, inclinando-se para brindar


as garrafas com Pounder. — Agora vamos parar de falar sobre essa merda
e ver se conseguimos embebedar aquelas garotas ali o suficiente para nos
mostrar o que elas têm por baixo daquelas saias.
Quatro

Emery

Eu movo o rolo de fio ao longo da estrutura de madeira e ao


redor da coluna até alcançar a viga que leva todos os fios até o painel do
disjuntor no porão. Normalmente é um trabalho para dois, mas Ron me
ligou dizendo que estava gripado, então eu estou por minha conta.

Tínhamos apenas mais uma semana para deixar todo este lugar
conectado e pronto para que as paredes fossem erguidas e eu já estava
trabalhando pra caramba mesmo quando Ron estava aqui. Seria muito
apertado para cumprir o prazo, mas sempre consigo.

Enquanto lentamente volto pelo corredor, desenrolando mais


fio a cada passo, eu paro quando meu corpo volta para uma parede sólida
de músculos. Olho por cima do ombro e meu coração afunda quando vejo
Randy sorrindo de volta para mim.

— Belo hematoma que você tem aí, querida. Acho que da


próxima vez você não será tão rápida em entrar no negócio de um
homem. É assim que meninas como você se machucam. — Eu não me
incomodo com uma resposta e tento contorná-lo, mas ele se move para o
lado e bloqueia meu caminho. — Não tão rápido. Acho que você e eu
começamos com o pé errado.

Suas palavras dizem que ele está tentando consertar, mas o


olhar em seus olhos deixa meu corpo em alerta máximo. Eu olho ao redor
do corredor, na esperança de ver alguém mais, mas não há ninguém. Já é
quase meio-dia e pelo silêncio que nos cerca, só posso supor que a
maioria deles já está lá fora, aproveitando seus almoços ao sol da tarde.

Os braços de Randy se estendem para mim e ele me puxa para


ele tão rápido que eu largo o fio e o carretel rola para longe de nós. Suas
mãos agarram minha bunda enquanto ele se inclina para mais perto, seus
dedos apertando no músculo com força suficiente para causar dor. Seu
hálito quente cheira a café velho e cigarros, fazendo meu estômago
azedar.

— Me solta, — eu vocifero, plantando minhas mãos em seu


peito. Eu me contorço e debato, fazendo tudo que posso pensar para
escapar de seu alcance, mas ele apenas me segura mais perto.

— Isso garota, — diz ele com um sorriso. — Lute. Eu gosto


quando me fazem trabalhar contra isso.

Randy abaixa a cabeça, seus lábios apontados para os meus e eu


faço a única coisa que uma mulher pode fazer na minha posição. Eu puxo
minha cabeça para trás e, em seguida, bato para a frente, conectando o
topo da minha cabeça ao seu nariz com um som forte e seco.

— Sua vadia! — ele grita, me jogando no chão.

Eu me arrasto com a minha bunda como um caranguejo,


chutando e batendo seus dedos estendidos. E então Xander está lá. Ele
está na minha frente, de frente para Randy, seus ombros pesados e sua
voz baixa.

— Fique quieto, idiota.


Randy olha furiosamente para ele, a mão segurando o nariz
obliterado, sangue escorrendo de seus lábios e dedos. — Vá se foder, —
ele cospe.

Xander olha para mim e depois de volta para Randy. — Resposta


errada, idiota. — Eu mal o vejo se mover. Em um piscar de olhos, o som de
um punho contra a carne enche o ar, e Randy está no chão do outro lado
de Xander, seu lamento de dor ecoando pela casa vazia. — Você está
acabado, Randy. Eu não dou a mínima para o que seu tio diz, mas mesmo
ele não tolera colocar as mãos em uma mulher.

Randy não responde. Melhor dizendo, ele não pode. Está muito
ocupado chorando aos pés de Xander, balbuciando sobre um hospital e
seu nariz e ambulâncias.

Xander se vira e me oferece uma mão. — Bela cabeçada, — diz


ele enquanto me puxa para ficar de pé. — Eu só peguei o fim disso, no
entanto. — Ele dá um passo para trás e me olha da cabeça aos pés. — Ele
te machucou?

Eu olho para Randy, odiando-o por me fazer sentir como uma


garotinha indefesa. — Estou bem, — digo, finalmente encontrando os
olhos de Xander. — Eu o parei antes que ele pudesse fazer qualquer coisa.

Xander balança a cabeça, respeito brilhando em seus olhos. —


Ainda bem. Só lamento não ter chegado antes. — Ele estremece. — Como
está sua cabeça? Você bateu nele com muita força.

Eu sorrio e esfrego o ponto sensível no topo da minha cabeça.

— Estou bem. Tenho uma cabeça dura.


Xander sorri de volta para mim por um momento, mas então os
gritos de Randy param e ele lentamente rola para sua frente, tentando
ficar de pé.

— Você sai daqui, — ele me diz. — Eu vou lidar com esse idiota.

Não sei o que dizer sobre isso. Obrigada não parece bom o
suficiente. Então, eu não digo nada. Apenas sorrio e pego o carretel de fio,
então volto ao trabalho sem dizer uma palavra a nenhum dos dois.

∞ ∞ ∞
Xander

Nutsy toma um gole de sua bebida e acena com a cabeça em


direção à casa. — Parece que temos companhia.

Eu me viro e vejo Emery caminhando através de ferramentas


elétricas e deslizamentos de materiais de construção até chegar até
nós. — Se importa se eu sentar? — ela pergunta.

Estendo minha mão, indicando o espaço ao meu redor. Durante


dias, observei Emery almoçar sozinha, com o nariz enterrado em um livro,
ignorando os trabalhadores que se aglomeram ao seu redor. Tê-la
querendo se sentar aqui connosco parece uma pequena vitória.

— Oi, — ela diz a Nutsy, inclinando-se para lhe oferecer a


mão. — Eu sou Emery.
— Nutsy, — diz ele com um sorriso. Ele sempre se diverte com a
reação das pessoas quando se apresenta dessa maneira.

Emery solta uma risada, seus olhos se arregalando. Ela me olha


como se perguntasse se ele está falando sério e, quando eu aceno, ela
apenas balança a cabeça e sorri. — Prazer em conhecê-lo, Nutsy9.

O nome de Nutsy não é Nutsy, é claro. É um nome que meu pai


lhe deu quando éramos crianças. Seu nome verdadeiro é Mark Marshall,
mas mesmo quando criança, ele era um pouco estúpido. Papai começou a
chamá-lo de Nutsy depois que ele caiu de uma árvore no quintal da minha
avó e quebrou o braço. Ele era um pouco desajeitado naqueles tempos.

— E você? — ela pergunta, sua atenção focada em mim. — Você


tem um apelido estranho que eu deva saber?

Nutsy se inclina para a frente e sorri. — Nós o chamamos de


Crash10.

Emery puxa a tampa da salada e despeja o molho por cima. —


Crash. Deve ter uma história e tanto.

Abro a boca para falar, mas Nutsy me antecipa novamente. —O


estúpido idiota dirigiu sua motocicleta pelas traseiras da garagem de sua
avó quando era criança. A maldita coisa desabou bem em cima dele. Ele
tem sido o Crash para o clube desde então.

Emery ri com Nutsy, os dois desfrutando de uma boa e velha


risada às minhas custas. Quando a risada desaparece, Emery mexe sua

9
Nutsy = Maluco
10
Crash = Choque, Colisão.
salada. — Que clube? — ela pergunta. — Você disse que o clube o chama
assim.

— Satan’s Descendants, — responde Nutsy, com orgulho claro


em sua voz.

Eu observo a reação de Emery a isso. Você nunca sabe como as


pessoas vão reagir quando descobrem que você faz parte de um clube de
motociclismo. Principalmente as mulheres. Elas não entendem a beleza
disso de forma alguma. Elas não entendem a camaradagem ou a
irmandade que vem de estar em um MC.

— Então você monta? — ela pergunta, desta vez olhando para


mim.

Eu aceno e aponto para a estrada. Minha Harley fica ao lado da


Nutsy, a cerca de quinze metros do final da calçada, é cromada brilhando
à luz do sol. — Estou montando desde que fui capaz de segurar uma, —
digo-lhe.

— É linda, — ela responde. Eu não sei se chamaria minha


máquina de linda. Brutal, talvez. Ou até mesmo sexy, mas não tenho
certeza se gosto de bonita. Mas não importa. Posso sentir o peso do olhar
de Emery no metal polido como se ela estivesse realmente olhando para
mim.

— Você quer dar uma volta algum dia? — Eu pergunto a ela,


imaginando como seria tê-la na garupa da minha motocicleta. — Podemos
tomar aquela cerveja.
Emery apenas sorri e balança a cabeça. — Nah, — ela diz e
aponta na outra direção. — Eu tenho a minha.

Efectivamente, eu sigo a direção de seu dedo e vejo uma Harley


Davidson Softail Deluxe vermelha e preta estacionada sob uma árvore em
frente à casa ao lado. Eu pisco de volta para ela ao mesmo tempo que
Nutsy cai na gargalhada.

— Negado, idiota, — ele ri, juntando seu lixo e se preparando


para voltar ao trabalho.

As bochechas de Emery ficam em um tom intrigante de rosa


enquanto ele se afasta e eu volto minha atenção para ela. — Você monta?

— Meu pai me ensinou.

Foda-se. Ela realmente poderia ser a mulher perfeita, se tal


criatura existisse. — E você ainda não quer beber aquela cerveja comigo?
— Eu provoco.

— Nop11, — diz ela, estalando os lábios no ‘p’.

11
Não.
Cinco

Emery

Eu me dirijo para a caminhonete, tentando não olhar para a


bunda de Xander enquanto ele anda em cima da plataforma e se ajoelha
perigosamente. Ele já me convidou três vezes para sair, e todas as três
vezes eu disse não, embora o que eu realmente quisesse fazer era arrastá-
lo até mim e atacar sua boca com a minha.

— Cuidado com as cabeças! — Eu ouço do telhado e olho para


cima a tempo de ver a furadeira caindo no chão diretamente sobre a
cabeça de Xander.

— Cuidado! — Eu grito, mas é tarde demais. Assisto com horror


quando a broca bate no topo do capacete de Xander e seu corpo inteiro
desmorona no chão debaixo dele. Eu não perco tempo para chegar ao
lado dele.

— Xander! — Eu choro, ajoelhada ao lado dele, mas ele não


responde. Ai, meu Deus. Colocando dois dedos na lateral de seu pescoço,
sinto seu pulso, o meu batendo em meus ouvidos. Finalmente, eu me
sinto forte e estável, mas Xander está inconsciente.

— Xander, acorde, — eu digo, com cuidado para não movê-


lo. Em vez disso, coloco minhas mãos em cada lado dele e coloco meu
rosto no dele. — Xander?
Seus cílios longos e escuros tremem um pouco e, então,
lentamente, seus olhos se abrem e ele pisca para mim em confusão. —
Xander, você está bem?

— O que... — Ele engole e tenta se sentar, mas eu coloco


minhas mãos em seus ombros, forçando-o a ficar no chão. — O que
aconteceu?

— Você levou um golpe feio na cabeça, — digo a ele, tirando


lentamente o capacete. Afundo meus dedos em seu cabelo curto e escuro,
ignorando o quão macio e sedoso ele é e, em vez disso, procuro por
quaisquer protuberâncias e inchaços incomuns que possam ter sido
causados pela ferramenta elétrica de quase três kilos e meio que tinha
acabado de cair nele. Sem sentir nada, levanto três dedos. — Quantos
dedos estou mostrando?

Ele encara minha mão, demorando muito para me responder. —


Três.

— Devo chamar uma ambulância? — alguém pergunta atrás de


mim.

— Sim, — eu digo por cima do ombro, mas, ao mesmo tempo,


Xander se senta e diz:

— Não. Estou bem. Mesmo.

— Sabe, é engraçado, — digo a ele. — Parece que um de nós


está sempre garantindo ao outro que estamos bem. — Eu franzo a
testa. — Mas eu não acho que você esteja bem. Você desmaiou e
provavelmente tem uma concussão. Precisa verificar como está.
As pupilas de Xander estão um pouco trêmulas e ele vacila um
pouco enquanto sorri para cima de mim. — Você vai me levar na sua
motocicleta?

Eu não posso deixar de rir. — Não, espertalhão. Vou levar você


na caminhonete de Ron.

São necessários dois homens para colocá-lo de pé e ajudá-lo a


entrar na caminhonete. Assim que ele é colocado dentro, ligo o motor e
acelero em direção ao hospital. A cabeça de Xander cai para trás contra o
encosto do assento e ele fecha os olhos.

Eu estendo a mão e pego sua mão na minha e aperto. —


Xander! Abra seus olhos. Você precisa ficar acordado. — Os olhos de
Xander se abrem e ele lentamente vira a cabeça para me observar. —
Basta olhar para mim, ok?

— Você é tão linda, — ele diz suavemente e minhas bochechas


instantaneamente começam a queimar como se estivessem pegando
fogo.

— Você bateu com a cabeça um pouco forte demais, eu acho.

A mão de Xander sai e coloca uma mecha de cabelo atrás da


minha orelha. — Eu ainda acharia você bonita se aquela furadeira
arrancasse a minha cabeça.

∞ ∞ ∞
Xander

— Não é muito, — digo-lhe enquanto entramos em minha


casa. — Mas é minha.

Desde que Carla me limpou, demorei um pouco para adquirir as


coisas que precisava para fazer desta casa o meu lar. Os sofás e as
poltronas que eu tinha comprado de alguma garota on-line. Uma televisão
que eu tinha adquirido quando Pounder adquiriu um modelo maior.
Pratos, candeeiros e utensílios de cozinha, tudo comprado uma peça de
cada vez, conforme eu podia pagá-las.

— É bonita, — ela diz com um sorriso, me seguindo pela


porta. Eu tentei convencê-la de que ela não precisava ficar, mas ela
insistiu. Era ela ou minha avó, e a última coisa que minha avó precisava
era ficar preocupada comigo.

Eu balanço um pouco em meus pés, minha cabeça latejando no


lugar em que fui atingido. Graças a Deus eu estava usando meu capacete,
caso contrário, tenho certeza toda a equipe estaria raspando o meu
cérebro da lateral daquela casa novinha em folha por semanas.

— Vamos colocar você na cama, — Emery diz, seu braço


envolvendo em volta de mim para me apoiar. — Qual o caminho? — Eu
aceno em direção à escada e, como um velho bêbado, permito que ela me
conduza até ao meu quarto. Me sinto como um idiota. Eu estive pensando
em levá-la para o meu quarto praticamente sem parar por mais de uma
semana, mas nunca teria imaginado que seria assim.
Quando entramos, Emery me ajuda a sentar e depois se vira
para olhar ao redor da sala. — O que você normalmente usa para dormir?

Eu não posso deixar de sorrir antes de responder, sabendo


muito bem que isso a envergonharia. — Nada.

Os olhos de Emery se arregalam e seu rosto fica em um lindo


tom de rosa, a cor desaparecendo sob o decote de sua camisa. — Hoje
não, senhor. O médico disse que você pode dormir, mas eu preciso
acordar você a cada duas horas, e você vai estar usando roupas quando eu
o fizer.

— Minha cueca boxer, então, — eu digo com uma risada.

Somos precisos os dois para tirar minha camiseta. Emery desliza-


a sobre minha cabeça e eu levanto meus braços para que ela consiga tirá-
la.Seus olhos correm ao longo da pele nua dos meus braços e peito e ela
engole. — Você tem muitas tatuagens, — ela sussurra.

Eu aponto para a área em branco no meu peito. — Ainda não


terminei. Tenho uma excelente ideia para ser feita aqui mesmo. Só não
tive tempo de fazer isso.

Eu me levanto e desabotoo minha calça jeans, mas minha


cabeça gira e quase caio de volta na cama. A dor lateja na minha cabeça à
medida que me esforço, até que finalmente não consigo mais aguentar.
Preciso me deitar. — Uma ajudinha?

Seus dentes afundam em seu lábio inferior e seu olhar pisca


para o meu antes que ela suspire e empurre minhas mãos de lado. Emery
se agacha na minha frente, deslizando o material pesado pelas minhas
pernas e, em seguida, olhando para mim de seu lugar no chão.

Seu rosto está a poucos centímetros do meu pau, e mesmo com


essa dor de cabeça latejante, eu já posso me sentir ficando duro. Ela está
tão linda lá em baixo, seus olhos nos meus, seus lábios entreabertos e seu
peito arfando.

Naquele momento, esqueço a dor. Eu não poderia me importar


menos com minha dor de cabeça ou minha concussão ou as ordens do
médico para ir com calma. Tudo o que eu realmente quero fazer é deixá-la
nua, colocá-la na minha cama e me afundar profundamente dentro dela. E
se ela soubesse o que eu realmente estava pensando agora,
provavelmente cortaria minhas bolas fora.

— Sente-se, — diz ela, com a voz um pouco mais rouca do que o


normal. — Vou tirar suas meias e botas.

Eu faço o que me foi dito, cruzando meu braço sobre meu colo
para esconder a ereção que tenho certeza que a envergonharia. Ela
desamarra minhas botas rapidamente, puxando-as e depois minhas meias,
seguidas por meus jeans.

Ela se levanta, suas bochechas ainda muito rosadas, e puxa os


cobertores debaixo de mim. — Deite-se. — Enquanto eu deslizo meus pés
sob os cobertores e coloco minha cabeça no travesseiro, minha cabeça
gira e meu pau esquece da missão para dormir com Emery. Não
conseguiria escapar de um saco de papel molhado.

Ela puxa as cobertas sobre meu peito e as enfia debaixo do meu


queixo. — Estarei lá em baixo, — ela disse suavemente. — Se você
precisar de alguma coisa, chame. Se não, estarei aqui a cada duas horas
para verificar você. — Uma nova onda de dor me faz fechar os olhos com
força e tudo que posso fazer é acenar com a cabeça. — Durma bem,
Xander.
Seis

Emery

Definir o seu alarme para acordar alguém a cada duas horas


durante a noite é exaustivo. O médico tinha instruído que eu deveria
acordar Xander a cada duas horas e fazer-lhe perguntas simples, como o
seu nome e a data e onde ele trabalha, mas eu juro, toda vez que eu
entrava lá, estava muito longe disso, pois era ele quem me fazia
perguntas.

— Baby, — ele diz quando eu entro às quatro da manhã. —


Estou bem. Você está morta. Apenas durma.

— Uh uh, senhor. O médico disse a cada duas horas e eu estou


cumprindo.

Xander suspira. — Bem, pelo menos durma aqui. Esse sofá é


irregular pra caralho e eu odeio que você suba aquelas escadas toda vez.

Eu olho para o travesseiro de aparência fofa ao lado dele, muito


tentada a aceitar sua oferta. — Acho que não.

— Se é a sua virtude que você tem medo de perder, posso


garantir-lhe, não acho que conseguiria levantá-lo agora, se tentasse. — Eu
levanto uma sobrancelha para ele. Eu tinha visto seu pau mais cedo
naquela noite. Bem, o esboço disso de qualquer maneira, e eu sei com
certeza que ele ainda pode levantá-lo.

Xander ri baixinho e puxa os cobertores ao lado dele. — Entre. A


menos que você esteja preocupada com a minha virtude.
Eu reviro meus olhos e o lanço com um olhar. — Não é provável.
— Mas não discuto. Estou exausta e aquela cama parece muito tentadora
para ignorar.

Ando para o outro lado e me abaixo no colchão. Eu não posso


deixar de gemer enquanto me coloco sobre ele. Xander estava certo sobre
seu sofá. É irregular pra caralho. Levanto meu celular até meu rosto e
coloco o alarme para duas horas a partir de agora e puxo os cobertores
para cima de mim.

Viro para o lado esquerdo, que é o único lado em que posso


dormir, e fico cara a cara com Xander. — Por que você não quer sair
comigo? — ele sussurra.

Enquanto olho em seus olhos castanhos profundos, não sei mais


a resposta para essa pergunta. No começo eu disse não porque não queria
arriscar minha reputação no trabalho. Eu continuei dizendo não porque eu
gostava da brincadeira dele pedindo e eu atirando nele. Mas agora, não
consigo entender o que estava pensando.

Xander é bonito, forte e depois de vê-lo lidar com Randy, o acho


admirável. Se eu fosse escolher o homem perfeito para mim, ele se
pareceria com Xander. Ele teria o cheiro dele. Ele montaria uma Harley
como ele. Ele estaria coberto de lindas tatuagens como ele. Ele tinha me
tratado com nada além de gentileza e respeito, e sua paciência comigo
constantemente o rejeitando era algo que a maioria dos homens não
possuía.
— Xander? — Eu sussurro. Seus olhos se fecharam quando não
respondi sua pergunta, mas quando digo seu nome, eles se abriram. —
Quer tomar uma cerveja algum dia?

O rosto de Xander se divide em um sorriso largo que faz meu


coração palpitar no meu peito. — Achei que você nunca iria perguntar.

∞ ∞ ∞
Xander

Os membros com patch dos Satan’s Descendants entram na sala


de reuniões sem dizer uma palavra. Todo o clima na sala está mais solene
do que nunca, e eu sei que esse momento vai aparecer muitas vezes na
história dos nossos clubes.

Rover caminha até à cabeceira da mesa e não perde tempo


chamando nossa pequena reunião da igreja para começar. — Seus filhos
da puta disseram que queriam votar, então é hora de votar, mas antes de
fazer isso, tenho algo a dizer. — Ninguém diz uma palavra. — Foram vocês
quem votaram em mim no verão passado. Cada um de vocês, idiotas,
votou para me tornar o presidente deste clube. Posso não administrar
como Big Dog, ou Chopper antes dele, mas tudo o que fiz, fiz por este
clube.

Rover é um cara bom. Ele é um membro leal dos Descendants


desde que eu era apenas uma criança. Mas ele não é um líder. Não sei o
que ele fará depois que for eliminado hoje, mas parte de mim espera que
ele aceite isso como um homem e desça sem causar confusão.

— A votação deve ser unânime, — ele continua, seus olhos


brilhando para Muff. — Ou eu continuo sendo seu presidente e seus filhos
da puta vão entrar na linha. — Ele olha ao redor da mesa e faz contato
visual com cada um de nós. — Todos a favor de me remover da minha
posição à cabeceira desta mesa, digam sim.

Pounder é o primeiro a falar. — Sim, — ele diz. Um por um,


damos a volta na mesa, cada homem votando com um ‘sim’. Mac lança
seu voto, para surpresa de seu amigo Muff, que se vira para ele com os
olhos arregalados.

— Jesus, — ele murmura. — Isso não está certo. — Todos os


olhos estão sobre ele enquanto ele mordisca o lábio inferior, seu olhar fixo
na mesa à sua frente. Ele choca a todos nós, quando olha para cima e
cruza os olhos com Rover. — Desculpe irmão. Sim.

A cabeça de Rover cai para a frente. — É unânime então. A única


coisa que resta é eleger um novo prez.

— Eu indico Pounder, — grita Nutsy.

— Eu apoio isso, — eu digo ao lado dele. Os olhos de Pounder


fixam-se nos meus e ele acena com o queixo em agradecimento.

Cada homem ao redor da mesa nomeia Pounder e em questão


de segundos, nosso clube tem um novo presidente e o antigo se afasta da
mesa sem dizer uma palavra. Silenciosamente, Rover se senta no lugar em
que Pounder estava sentado alguns momentos antes.
Pounder o observa sentar, com respeito em seus olhos. Rover
poderia ter lidado com isso de várias maneiras. Ele poderia ter perdido a
cabeça e ter tido um ataque de raiva épico, removendo o adesivo e saindo
do clube do qual ele foi membro durante a maior parte de sua vida. Ele
poderia ter exigido uma audiência com os presidentes dos outros
capítulos e usado sua influência para permanecer na cadeira do
presidente. Ele poderia ter sido um idiota total e se recusado a
desistir. Mas ele não faz nada disso. Ele leva isso como um homem,
obviamente zangado, mas sabendo que não há como voltar atrás em uma
votação.

— Antes de começar, — diz Pounder da cabeceira da mesa, —


quero dizer obrigado por me terem confiado esta cadeira. Prometo que
não vou deixá-los ficar mal. Como minha primeira ação como prez, quero
fazer algo que Rover nunca fez e ocupar o lugar de VP ao meu lado e
indicar Crash.

Ao ouvir meu próprio nome, pisco e olho ao redor da mesa. —


Ele foi o único que teve coragem de ficar comigo na semana passada. Ele
cresceu neste clube. Ele sabe o que o faz funcionar e arriscaria sua vida
por qualquer um de nós.

— Eu concordo, — Nutsy grita ao meu lado.

À medida que cada homem dá seu voto, vejo maravilhado com


os olhos arregalados enquanto eles, por unanimidade, me fazem o vice-
presidente do mesmo clube do qual meu pai foi membro fundador.

— Sim, então, — declara Pounder, uma vez que todos os votos


são lançados. — Venha se sentar ao meu lado, VP.
Levantando da minha cadeira, eu lentamente caminho até à
cadeira à esquerda de Pounder, incapaz de compreender o que tinha
acontecido. Quando cheguei aqui hoje, a única coisa que conseguia pensar
era no meu próximo encontro esta noite com Emery. Eu tinha poucas
dúvidas de que Pounder se tornaria nosso presidente hoje, mas nunca
sonhei que meus irmãos me tornariam vice-presidente.

Pounder conduz a reunião como um profissional. Ele fala sobre


as pequenas mudanças que gostaria de fazer na sede do clube e de
reescrever alguns dos estatutos do nosso clube para que cada um de nós
tenha clareza de como a merda deve funcionar por aqui.

À medida que a reunião avança, a tensão na sala quase


desaparece. Rover não parece feliz, mas vendo que ele não vai lutar
contra a nova hierarquia, todos relaxam. Eu faço o meu melhor para
prestar atenção. Esta reunião é um momento crucial para o nosso clube,
mas só consigo pensar em Emery.

Esta noite é a noite em que concordamos em sair. Não namorei


nem estive com outra mulher que não fosse Carla. Mesmo depois que ela
me deixou, eu tinha pouco interesse em sexo. Um dos efeitos colaterais
de ser um motociclista são as mulheres que tendem a se atirar em você,
mas eu as evitei todas.

Emery é diferente. Mal posso esperar para passar um tempo


longe do trabalho com ela. Só espero me lembrar de como fazer essa coisa
toda de namoro.
Sete

Emery

Verifico meu reflexo no espelho pela trigésima vez desde a


última há cinco minutos. Xander deve me pegar a qualquer segundo
agora, e eu ainda não consigo fazer meu cabelo ficar como quero. —
Droga, — eu murmuro, molhando os dedos sob a torneira e alisando meus
cabelos soltos no lugar.

Ele não me disse para onde íamos, ou o que estaríamos fazendo,


mas eu me vesti para a motocicleta. Vesti meu jeans skinny favorito. Eles
fazem minha bunda parecer redonda e firme, acentuando minha cintura
fina e combinando com minha blusa branca fluida e botas de motociclista.

Uma batida na porta do meu apartamento me coloca em ação e


corro em direção a ela e a abro. Xander está do outro lado, seu cabelo
ainda úmido do banho, e pela primeira vez desde que o conheci, ele está
usando seu corte dos Satan’s Descendants.

— Oi, — eu digo, surpresa com a leveza em minha própria voz.

— Droga, — é tudo o que ele diz em retorno, seus olhos


viajando pelo meu corpo e voltando para baixo novamente. — Você está
pronta para dar um passeio?

Eu sorrio e pego minha jaqueta de couro das costas da cadeira


na entrada. — Como sempre estarei.

Saio e tranco a porta, em seguida sigo-o pela passagem aberta


em direção ao estacionamento. Demos apenas três passos quando Xander
estende a mão, enroscando seus dedos nos meus. Borboletas explodem
em minha barriga e o calor me envolve em uma onda.

— Pronta para tomar aquela cerveja? — ele pergunta. Sua


motocicleta está parada no estacionamento de visitante, um segundo
capacete apoiado no assento atrás do seu. Ele o entrega para mim e
coloca o seu na cabeça.

Eu ajusto a alça em baixo do meu queixo e vejo quando ele joga


a perna por cima do assento. — Como sempre estarei, — eu digo e subo
atrás dele.

Eu só estive em cima da uma garupa de uma moto com um


homem em minha vida, e foi com meu pai. Comprei minha primeira
Harley logo após a graduação na escola e tenho andado sozinha desde
então. No entanto, andar com Xander não é nada como andar com meu
pai.

Seu corpo é firme e quente quando me sento atrás dele. Eu


envolvo meus braços em volta de sua cintura, despertando todos os
nervos do meu corpo enquanto pressiono suas costas. Ele acelera o motor
e a máquina ronca e vibra por baixo de nós, fazendo minhas endorfinas
acelerarem.

A cabeça de Xander se vira e ele encontra meus olhos por cima


do ombro e sorri. — Segure-se, querida.

Não sei para onde estamos indo enquanto descemos a rua, mas
não consigo me importar. Andar na garupa de uma motocicleta é tão
emocionante quanto pilotar, mas de uma maneira diferente. Carros e
casas passam em um borrão e o cheiro de limpeza e o aroma de sabão
suave de Xander invade meu nariz e eu não posso deixar de me inclinar
para mais perto. Ele cheira a fresco do banho, junto com couro e uma
especiaria que só pode vir do próprio Xander. É inebriante.

Quando paramos no minúsculo estacionamento do bar, eu fico


olhando para ele com surpresa. Um bar? Eu torço meu nariz. De todos os
lugares que ele poderia ter escolhido, ele escolheu este bar de
motoqueiros?

Eu desço da motocicleta e tiro meu capacete, observando


enquanto Xander faz o mesmo. — Eu sei que não parece muito, mas eles
têm os melhores hambúrgueres da cidade.

Hambúrgueres. A chave para o meu coração. Eu o sigo para


dentro, deleitando-me com a sensação de sua mão na minha enquanto
escolhemos uma mesa no canto. — O de sempre, Crash? — a garçonete
diz, seus olhos o devorando como um leão faria a um cordeiro.

Ele olha para mim. — Você gosta de queijo em seus


hambúrgueres?

— Existe alguma outra maneira?

Ele sorri. — Faça dois, — ele diz a ela. — E duas Buds12.

A garçonete me olha de cima a baixo, seus lábios se curvando


antes de se afastar para fazer o pedido. — Você vem muito aqui, então?
— Eu pergunto, olhando ao redor da sala quase vazia.

Xander acena com a cabeça. — É uma espécie de ponto de


encontro para o clube. Eles têm boa comida. É cedo agora, mas a música

12
Buds- abreviação para Budweiser, marca de cerveja americana.
geralmente está bem decente depois das nove horas e mais pessoas
começam a aparecer.

— Aí está, querido, — a garçonete diz para Xander, colocando as


duas garrafas de cerveja na mesa na frente dele e me ignorando
completamente.

Xander franze a testa para ela enquanto ela se afasta, em


seguida, entrega uma das garrafas para mim. Pela primeira vez, eu
realmente penso no fato de que Xander pertence a um MC. Olho para trás
para a garçonete e não posso deixar de me perguntar se ele dormiu com
ela. Os motociclistas gostam de dormir por aí, certo?

— Estou muito feliz que você concordou em sair comigo esta


noite, — diz ele, mexendo no rótulo de sua garrafa.

Eu inclino minha cabeça para o lado, ainda refletindo sobre o


seu estilo motociclista e tudo o que isso implica. — Por que você me
chamou para sair? — Eu não posso deixar de me perguntar. Nunca lhe dei
qualquer indicação de que estava interessada. Isso é algo que sempre
tenho o cuidado de não fazer. E eu disse não. Repetidamente.

Xander dá de ombros. — Gosto de você. Você é corajosa, anda


de Harley, pode trabalhar em uma casa cheia de homens e se manter
sozinha. Você é linda. Parece boa demais para ser verdade. Eu queria ver
se você é mesmo assim.

Jogo minha cabeça para trás e rio, mas meu rosto queima e eu
sei que provavelmente estou corando até os dedos dos pés. — Você
realmente pensou sobre isso.
— Muito, — ele admite, seus olhos fixos nos meus. — Então
prove que estou errado. Conte-me todas as coisas realmente horríveis
sobre você para que eu possa tirá-la desse pedestal em que eu a coloquei.

Meus ombros tremem enquanto eu rio. — O que você quer


saber?

— Tudo.

Então, conto tudo a ele. Conto a ele sobre meus pais e sobre
crescer trabalhando com meu pai. Digo-lhe por que adoro ser eletricista e
como pode ser difícil para mim trabalhar na área que amo tanto.

Por sua vez, ele me conta sobre a morte de sua mãe quando ele
era jovem e sobre ter sido criado por seu pai e sua avó. Ele me conta
histórias sobre Nutsy e ele se metendo em problemas quando crianças e
como a amizade deles é realmente a única coisa que lhe resta além de seu
clube e sua avó.

Conversamos por horas, nossos hambúrgueres se foram e eu


acabei bebendo outras duas garrafas de Bud. Xander apenas uma garrafa.

— Nutsy é um bom amigo para você, — digo-lhe. — Quando


você estava no hospital, ele me fez colocar o número dele no meu celular
e prometer mandar uma mensagem de texto a cada poucas horas para
que ele soubesse como você estava.

Xander acena com a cabeça. — Nutsy é do melhor.

Olho ao redor da sala e percebo que ela está rapidamente se


enchendo de mulheres e homens vestidos para uma festa. O nível de
ruído cresce a ponto de termos que gritar para sermos ouvidos.
— O que você acha de sairmos daqui? — Xander pergunta. —
Podemos voltar para a minha casa e apenas conversar.

Normalmente, a ideia de ir à casa de um homem no primeiro


encontro me desanimaria, mas confio em Xander. E ainda não estou
pronta para esse encontro acabar. Aponto em direção à porta. — Depois
de você.

∞ ∞ ∞

Xander

Não esperava convidar Emery para voltar para minha casa esta
noite. Eu tinha um grande plano de ser esse cara cavalheiro que a deixa
em sua porta, a beija na bochecha e faz uma jogada para conseguir o
encontro número dois. Mas ainda não estou pronto para o fim do número
um, e acho que ela também não.

Pego duas cervejas na geladeira e me junto a ela no sofá,


puxando a tampa de uma e entregando-lhe. Quando ela se acomoda em
sua poltrona, seu braço roça no meu e tudo que posso pensar é em como
ela cheira bem e como sua bunda fica incrível com aqueles jeans
apertados que ela está usando.

A conversa fácil que tivemos no bar praticamente desapareceu e


agora estamos sentados em um silêncio que beira o constrangimento. Ligo
a televisão e coloco em algum filme que reconheço vagamente, mas não
estou prestando atenção.

Limpo minha garganta e me viro para encará-la. — Estou muito


feliz que você veio comigo esta noite.

Ela sorri. — Estou feliz por ter feito isso. — Um sorriso se


espalha por seus lábios carnudos e brilhantes. — Então, eu consegui
descer daquele pedestal que você mencionou?

Eu fico olhando para ela, mal conseguindo respirar. — De jeito


nenhum.

O sorriso sai de seus lábios e seus olhos olham para baixo para
olhar para os meus. Seu rosto se aproxima e estou cercado por seu
cheiro. Uma mistura inebriante de baunilha e flores. — Você nunca vai me
beijar? — ela sussurra.

Meus lábios colidem com os dela em um instante, e no instante


em que nossas bocas se conectam, o ar é expulso dos meus
pulmões. Estou sufocando nela e nem me importo. A noite toda eu tentei
tanto ser o cavalheiro perfeito, mas aquela pergunta dela me fez jogar
essa ideia pela janela.

Meus dedos enrolam em seu cabelo, puxando sua cabeça ainda


mais perto, pressionando meus lábios contra os dela com ainda mais
força. Pressiono minha língua na costura de seus lábios, e assim que ela
me concede acesso, eu mergulho dentro de sua boca, nossas línguas
deslizando uma contra a outra.
Por um momento, parece que não consigo chegar perto o
suficiente, mas Emery resolve esse problema para nós dois. Ela se move,
jogando a perna sobre meu colo e enterrando os joelhos no sofá de cada
lado meu. Inclino minha cabeça de volta, permitindo-lhe assumir o beijo,
dando-lhe tanto de mim quanto ela está disposta a receber.

— Xander, — ela geme, quando minha mão sobe e meu polegar


roça seu mamilo através de sua camisa. Sua boceta está quente quando
pressiona contra meu pau através do material de nossos jeans.

De repente, ela arranca sua boca da minha e eu assisto em


estado de choque e admiração enquanto suas mãos descem e arrancam a
camisa de seu corpo. Ela é magnífica. Sua pele é tão cremosa, lisa e
perfeita. Seus seios preenchem seu sutiã, derramando-se sobre ele apenas
o suficiente para que eu não consiga resistir a correr minha língua sobre
seus montes ondulados.

Não sei até onde ela vai me deixar levar isso, então não hesito
em aceitar sua oferta. Puxo para baixo as copas e tranco meus lábios
primeiro em um mamilo e depois no outro, e o tempo todo seus quadris
rolam, pressionando ainda mais forte no meu pau e me enviando ao
frenesi. Não estive com uma mulher desde que Carla foi embora todos
esses meses atrás, e sei sem dúvida que esta primeira vez não vai durar
muito se for tão longe.

Nossas mãos percorrem o corpo um do outro e minha cabeça


gira enquanto ela puxa minha camisa e, em seguida, joga o sutiã em cima
dela. Nosso beijo continua e seus jeans são os próximos a sair,
rapidamente seguidos pelos meus até que estamos um na frente do outro,
vestindo nada além de nossas roupas íntimas.

Seu corpo é longo e magro, sua calcinha branca fazendo-a


parecer virginal na luz fraca dos candeeiros da minha sala de estar. Seus
seios são fartos, seus mamilos firmes como botões de dar água na boca no
ar frio, mas essa não é a parte dela que estou desejando agora.

Eu caio de joelhos diante dela e olho para cima para encontrar


seus olhos, sem palavras implorando por permissão. Ela não fala, mas, ao
invés disso, se aproxima, me dando toda a permissão de que
preciso. Movendo meu rosto para a frente, beijo uma linha de sua barriga
tensa e passo minha língua por cima de sua calcinha, enganchando meus
dedos na bainha. Arrasto-as por suas pernas, correndo meu nariz sobre
seu monte enquanto me movo, deleitando-me com a pele macia e os
lábios húmidos que estão à minha disposição.

Agarro sua cintura, virando-a em um movimento rápido e coloco


sua bunda no sofá. Coloco um de seus pés em cada um dos meus ombros
e olho para sua boceta. Ela já está encharcada e eu mal a toquei.

Eu caio sobre ela, minha língua arrastando sobre sua fenda e


pressionando contra seu pequeno clitóris, fazendo círculos e deleitando-
me com seus gemidos. Seus dedos agarram meu cabelo e seus quadris
começam a balançar. Enquanto eu a devoro, lambendo e chupando, ela se
move, fodendo meu rosto e gritando meu nome até que eu sinto suas
pernas começarem a tremer.

— Deus, Xander, — ela chora e eu continuo a beijá-la, mordiscá-


la e chupá-la até que ela fique desossada debaixo do meu corpo.
Alcanço atrás de mim e puxo um preservativo do bolso dos
meus jeans e em seguida, deixo cair minha cueca boxers no chão. Ela
observa, seus olhos semicerrados enquanto rolo sobre meu pau duro
como pedra e me posiciono em sua entrada.

— Tem certeza? — Eu pergunto a ela antes de prosseguir.

Emery move seus quadris, rolando-os e movendo-os para mais


perto, levando meu pau dentro dela sem dizer uma palavra. Minha cabeça
cai para trás em meus ombros e eu não me movo enquanto ela se fode no
meu pau, suas paredes apertadas massageando meu pau e fazendo meu
corpo inteiro explodir em arrepios.

— Foda-me, — ela sussurra, e eu só levo um segundo para me


perguntar para onde a mulher conservadora que eu peguei esta noite
tinha desaparecido, mas então percebo que não dou a mínima. Esta
pequena atrevida funciona tão bem.

Empurro os meus quadris, mergulhando dentro dela, meu


polegar movendo-se entre nós para massagear seu clitóris inchado
enquanto a fodo. Ela é incrível. Eu engulo seus gemidos e gritos com o
meu beijo, o tempo todo dando-lhe o meu.

Minha liberação se constrói na base da minha espinha e sei que


não vou durar muito mais tempo. Tento de tudo para esperar enquanto a
sinto se aproximando de outra liberação. Penso em gatinhos mortos e
motocicletas arranhadas. Nutsy em uma toga e atropelado na lateral da
rua. Porém, é inútil. Quando as unhas de Emery cavam na minha bunda,
eu perco o controle. Meu corpo inteiro estremece quando me liberto para
ela, tentando como o inferno me concentrar enquanto ela goza em todo o
meu pau.

Desmoronando em cima dela, eu respiro fundo enquanto ela faz


o mesmo, seus dedos correndo pelo meu cabelo. — Desculpe, isso foi tão
rápido. Já faz um tempo, — eu finalmente digo, levantando meu corpo
para olhar para ela.

Emery ri. — Nunca se desculpe por fazer uma mulher gozar duas
vezes em vinte minutos, Xander. E faz muito tempo para mim também.
Oito

Emery

A campainha toca uma e outra vez, me arrastando do melhor


sono tranquilo que tenho tido há muito tempo. Levanto minha cabeça e
olho para o relógio. São três horas da manhã. Xander ainda está dormindo
ao meu lado, sua mão envolvendo a minha como se ele tivesse medo que
eu desaparecesse no meio da noite.

— Xander, — eu sussurro, dando-lhe uma pequena sacudida. A


campainha continua tocando. — Xander. A porta.

Xander geme e abre os olhos, um sorriso aparecendo em seu


rosto quando me vê ao lado dele. A campainha toca novamente e ele
franze a testa. — Que porra é essa?

— Está tocando há alguns minutos, — digo a ele. — Alguém


realmente quer entrar.

Ele rola para fora da cama e veste sua camiseta e jeans. — Fique
aqui, — ele diz e eu fico olhando para ele com os olhos arregalados
enquanto ele puxa uma arma da gaveta em sua mesa de cabeceira.

Observo enquanto ele desaparece da sala, mas nunca fui de


ouvir instruções. Saindo da cama, olho ao redor do quarto em busca de
minhas roupas, mas elas ainda estão na sala de estar lá em baixo.

Eu me movo para sua cômoda e puxo uma gaveta, vasculhando


até encontrar uma de suas camisas. Ela me cai como uma camisola, a
bainha chegando até à metade dos meus joelhos. Chego ao fim da escada
bem a tempo de ver Xander abrir a porta.

Uma mulher está do outro lado, com o rosto inundado de


lágrimas. — Carla? — Xander diz, sua voz embargada com algo que não
reconheço.

— Sinto muito, — ela soluça. — Eu não posso mantê-lo.

Eu vejo com horror quando ela levanta uma cadeirinha de carro


de aparência antiga, com um pequeno bebê dentro e a empurra para
Xander. — Ele é seu. Eu o tive ontem à noite. Jonny não me deixa ficar
com ele.

Ela coloca a cadeirinha do carro aos pés de Xander e desce


correndo os degraus da frente. — Carla! — Xander grita, pulando do
assento e correndo atrás dela.

Eu me movo para a porta aberta e vejo quando a mulher pula


em uma caminhonete que está esperando e ele sai pela rua. Xander para
em seu caminho, as mãos entrelaçadas no topo da cabeça, os ombros
pesando enquanto ele observa as lanternas traseiras desaparecerem na
noite.

Com os olhos arregalados, ele se vira e encontra meu olhar na


porta. Nós dois olhamos um para o outro em choque por um momento
antes de baixar o olhar para o assento do carro. O bebê dentro é tão
pequeno que seu rosto ainda está coberto pelas pequenas manchas
brancas que provêm de dentro do útero.
Ele não está vestido com nada além de um pequeno pijama com
uma abertura na linha do pescoço. Definitivamente, não é o suficiente
para proteger um recém-nascido contra o frio desta época do ano. —
Precisamos levá-lo para dentro, — digo a Xander, saindo do transe do
choque que a mulher estranha tinha me deixado. — Ela deixou mais
alguma coisa? Um cobertor? Uma garrafa? Nada?

Xander permanece no gramado da frente, sua cabeça


balançando lentamente de um lado para o outro, seu rosto ainda
inundado pelo choque. Sem saber mais o que fazer, pego a cadeirinha de
carro e trago para dentro, colocando-a no sofá. Xander entra na sala, seus
olhos no bebê, mas ele não fala.

— Ele é realmente seu? — Eu sussurro, incapaz de acreditar que


tudo isso está acontecendo.

— Não sei. — Xander cai na cadeira atrás dele, seu olhar nunca
deixando o bebê se contorcendo.

— Quem era aquela? — Eu pergunto a ele, preocupada que ele


possa estar entrando choque.

Ele olha para mim com olhos arregalados e aterrorizados. —


Minha esposa.

∞ ∞ ∞
Xander

Sento-me na cadeira, observando enquanto Emery alimenta o


bebê com uma das mamadeiras que comprei na farmácia 24 horas. Um
bebê? Carla estava grávida e não me contou.

— Ele se parece tanto com você, — diz Emery, correndo a ponta


do dedo ao longo de sua bochecha minúscula. — Tem certeza que não
quer segurá-lo?

Eu balanço minha cabeça de um lado para o outro, me


perguntando quando diabos eu vou acordar desse pesadelo. Um ano
atrás, eu teria dado qualquer coisa para ter um filho com Carla. Estávamos
fodendo como coelhos, rezando para que ela ficasse grávida e poderíamos
finalmente começar nossa família. Mas nunca esperei que isso
acontecesse assim.

— Que tipo de mulher dá à luz numa noite e deixa o bebê em


uma porta na noite seguinte?

Eu não sei como responder isso. Carla acabou sendo tão


diferente do que eu pensava que ela era, mas mesmo eu nunca teria
sonhado que ela abandonaria um recém-nascido assim.

— Por que você não me disse que era casado, Xander?

Encolho os ombros. — Não sei. Acho que não queria assustar


você com a ideia de que ainda não tinha me divorciado. — Eu finalmente
levanto meu olhar para encontrar o dela. — Ela me deixou. Oito meses
atrás, voltei para casa e minha casa estava vazia. A única coisa que ela
deixou foram algumas fotos e a mesa que minha avó tinha me dado
quando eu me mudei para morar sozinho. Não ouvi falar dela desde
então, mas uma de suas amigas me disse que ela estava morando com um
cara que conheceu numa boate.

Colocando a mamadeira na mesa de centro, Emery reajusta o


cobertor do bebê e o coloca cuidadosamente na cadeirinha. — Isso é
terrível.

Eu concordo. Quando ela o deixou aqui inicialmente, eu estava


cético de que ele fosse meu, mas Emery está certa. Ele se parece
comigo. — O que diabos eu vou fazer com um recém-nascido? Eu nunca
segurei um bebê antes.

Emery se levanta e se move em minha direção, acomodando-se


no meu colo e envolvendo os braços em volta do meu pescoço. — Nós
vamos descobrir isso, ok? Mas a mãe daquele garotinho simplesmente o
abandonou. Você precisa se recompor.

Seus lábios pressionam contra os meus e é quando eu sei que


não posso fazer isso com ela. A ideia de um relacionamento com Emery
tinha sido boa demais para que afinal de contas, seja verdade. Não posso
submetê-la a uma família instantânea cinco minutos depois de dormir
com ela pela primeira vez.

— Você deveria ir.

Sua cabeça sobe e sua boca se abre. — O quê? Mas como você
vai fazer isso? Não me importo de ficar para ajudar.
Eu balanço minha cabeça e a empurro do meu colo, meu
coração gritando para eu parar antes que eu foda com tudo além do
reparo, mas minha cabeça me diz que estou fazendo o que é melhor para
ela. Eu me levanto e pego suas roupas espalhadas. — Vou ligar para minha
avó pela manhã. Vamos descobrir isso juntos. Ela é família. Ela vai
ajudar. Você precisa ir.

Eu encontro seus olhos e estremeço com a dor que vejo


neles. — Por que você está fazendo isso?

Porque eu não posso sujeitar você à bagunça fodida que é a


minha vida. — Porque eu não posso fazer isso com você agora, ok? Você
não vê? Eu tenho a porra de um bebê agora. Tenho uma esposa tóxica que
acabou de deixá-lo na minha porta sem sequer deixar uma fralda extra.
Porque começar algo com você foi um erro.

O lábio de Emery treme enquanto ela enfia as pernas em seus


jeans e pega o resto de seus pertences. — Como irei para casa? Você me
trouxe aqui…

Eu suspiro e pego minha carteira, sabendo muito bem que estou


arruinando tudo que trabalhei tão duro para construir com ela. Entrego-
lhe vinte dólares. — Pegue um táxi.

Quando Emery sai por aquela porta, ela leva um pedaço do meu
coração com ela. Eu não a conheço há tempo suficiente para estar
apaixonado por ela, mas eu tinha tanta esperança em um relacionamento
com aquela mulher. E agora, ela se foi.
Nove

Emery

Faz três dias desde que Xander me expulsou de sua casa. Não
tive notícias dele e não me dei ao trabalho de tentar ligar. Parte de mim
entende por que ele fez o que fez. Afinal, ele é um homem, e se eu estou
me baseando em todos os homens pensando em meu pai, eu sei que eles
tendem a ser um pouco irracionais durante uma situação de crise.

Puxo minha moto para a minha vaga de estacionamento e puxo


a pequena sacola de mantimentos da minha bolsa de selim. Sorvete,
pipoca e chocolates variados. A receita perfeita para consertar um coração
partido. Eu tinha uma noite emocionante pela frente.

Enquanto subo os degraus para a passagem aberta, procuro por


minhas chaves até chegar à minha porta de casa. Um movimento nas
sombras chama minha atenção, mas quando olho mais de perto, não há
nada lá.

Meu apartamento fica na outra extremidade do prédio, em


frente a uma área arborizada. É um edifício de conceito aberto, muito
parecido com um motel, e sempre gostei de ter uma porta para o exterior,
ao contrário da maioria dos apartamentos na cidade.

Insiro a chave na fechadura e giro, abrindo a porta. É quando


sou empurrada por trás, minha sacola voando das minhas mãos quando as
coloco na minha frente para amortecer minha queda. A porta bate atrás
de mim e, do chão, eu olho para cima para ver Randy parado na minha
entrada, seu rosto contorcido de ódio.

— Perdi meu emprego por sua causa, — ele ferve, dando um


passo para mais perto de mim. — Você exibe sua bunda pela porra do
lugar todo, mas não quer dar essa bunda. Porra de provocadora de pau,
isso é o que você é.

Eu me levanto do chão, mas antes que eu possa me levantar, as


mãos de Randy se agarram ao meu cabelo e ele me arrasta para a sala de
estar, me jogando no sofá. Suas mãos instantaneamente vão para o botão
de sua calça jeans e eu grito.

Grito por ajuda. Grito tão alto que parece que minha garganta e
meus pulmões estão sangrando, mas é sábado à noite e este é um prédio
de solteiros. Ninguém nunca está em casa a essa hora em uma noite de
sábado.

Eu chuto meus pés, tentando como o inferno me conectar com


suas bolas enquanto ele coloca um joelho no sofá e se enfia entre minhas
pernas. Randy é um homem enorme e, quando ele prende meus braços
no sofá atrás de mim, sei que estou ferrada.

— Não vai me provocar desta vez, — ele rosna, seu rosto


vermelho com o esforço. Ele é inteligente o suficiente para ficar longe da
minha cabeça, já testemunhou minhas habilidades de cabeçada, mas para
tirar minhas calças e as dele, ele tem que soltar meus pulsos. Assim que o
faz, eu faço minha jogada.

Meus polegares afundam em seus olhos com um barulho


nauseante e ele se afasta do meu alcance com um uivo de
dor. Alcançando atrás de mim, pego a única coisa que posso alcançar e
coloco no topo de sua cabeça. O candeeiro se estilhaça em cima de mim e
Randy cai como uma pedra, seu peso me prendendo no lugar.

Ele está desmaiado, sangue escorrendo de um corte em sua


têmpora onde eu o acertei. Com um grande esforço, eu o empurro de
cima de mim e para o chão. Não sei por que faço o que faço a seguir. A
maioria das mulheres chamaria a polícia. Eles iriam registrar a denúncia e
dar seguimento a essa denúncia.

Mas isso raramente funcionava assim. Porque na verdade ele


não teve a chance de me estuprar, ele levaria umas pancadinhas em cima
e voltaria a sair pelas ruas pela manhã. E não pararia de vir atrás de mim.

Então, eu ligo para Nutsy. Ele atende no primeiro toque. Eu nem


percebo que estou chorando até ouvir sua voz. — Sim?

— Nutsy? — Eu murmuro junto com os soluços que se formam


no peito. — É Emery. Randy invadiu meu apartamento e ele... — Lágrimas
escorrem pelo meu rosto e meus soluços ficam mais altos enquanto olho
para o homem que está desmoronado na carpete do chão da minha sala.

— Onde você está? — Nutsy rosna. Eu dou a ele o endereço. —


Estarei aí em cinco minutos. Leve sua bunda para fora e espere onde ele
não possa te ver.

∞ ∞ ∞
Xander

— Este pequeno amendoim precisa de um nome, — minha avó


diz, entregando meu filho de volta para mim. — Ele tem quase cinco dias,
você sabe.

Eu sorrio para ele e percebo que ela está certa. Eu não tinha
pensado muito sobre isso para ser honesto. Estive muito ocupado
aprendendo como aquecer uma mamadeira, trocar uma fralda e enfaixar
um recém-nascido que quase todo o resto havia desaparecido no fundo.

Aquela primeira noite com meu filho foi um inferno. Depois que
Emery saiu, ele dormiu por cerca de quatro horas e então acordou,
gritando a plenos pulmões. Obrigado pela porra do Google. Isso ajudou
muito a mim e ao meu filho. Liguei para minha avó na manhã seguinte e
ela está aqui desde então. Não sei o que teria feito sem ela.

— E quanto a Benjamin, como seu pai? — ela sugere, e eu olho


para o menininho em meus braços. Ele se parece tanto comigo que é
quase chocante. Ele tem meu nariz, meus olhos e a mesma curva dos
lábios. A única diferença entre nós é a leve camada de cabelo dourado no
topo de sua cabeça que ele claramente recebeu de sua mãe.

— Eu gosto, — digo a vovó, estendendo a mão para apertar a


mão dela. — Benjamin Carson Jr.

— Combina com ele, — diz ela, inclinando-se sobre as costas da


minha cadeira.
— Obrigado, vovó. Por tudo. Eu sei que isso deve ter sido tão
exaustivo para você quanto foi para mim.

Vovó acena com a mão para mim com desdém. — Oh, bacana,
— ela murmura. — Tem sido bom ter um novo bebê para estragar. E foi
bom passar todo esse tempo com você também. É uma coisa linda ver seu
neto segurando o próprio filho. — Ela estende a mão para tocar o rosto do
pequeno Benjamin e sorri. — Não posso dizer que gostei da forma como
você chegou a ele, mas você vai ser um pai incrível para este garotinho,
Xander.

Eu olho para ele e penso em Emery. — Você acha que ela vai me
perdoar?

Eu tinha contado tudo à minha avó. Contei-lhe tudo sobre


Emery e como ela era incrível. Falei sobre nosso encontro, sem a parte do
sexo alucinante. E então eu lhe falei sobre como a tratei depois que Carla
tinha deixado o bebê na minha porta.

— Se ela não o fizer, então ela não é tão maravilhosa quanto


você pensa que ela é, — é tudo o que ela diz antes de se mover para a
cozinha e dar a mim e ao meu filho um pouco de privacidade.

Ela está certa, é claro. Só espero que Emery entenda onde


estava minha cabeça e possa me perdoar por ser um idiota e jogá-la na
rua no meio da noite.
Dez

Emery

É o último dia nesta casa e estou mais do que pronta para


acabar com isso. Com Ron doente, a maior parte da fiação foi deixada
para mim, e entre encontrar Xander e lidar com Randy, eu simplesmente
não quero mais ficar aqui.

Xander não voltou ao trabalho desde que sua ex-mulher deixou


o bebê. Já pensei em ligar para ver como eles estão algumas vezes, mas
não o faço. Eu sei que Xander não estava em seu juízo perfeito quando me
mandou embora, mesmo que ele tenha sido um idiota total sobre
isso. Não tenho certeza do que faria se alguém deixasse um bebê na
minha porta também.

Mas já se passou mais de uma semana e ele ainda não


ligou. Houve muito tempo para ele acertar as coisas entre nós, mas ele
não o fez. Por esse motivo, recuso-me a dar-lhe mais do meu
tempo. Começando agora.

Reviro meus olhos e pego minhas últimas coisas do


porão. Quem estou enganando? Xander e o bebê são tudo em que pude
pensar durante toda a semana. Eu não posso simplesmente parar com um
estalar de dedos.

— Tudo feito? — Nutsy pergunta, pegando um dos carretéis de


fio da pilha que estou carregando.
— Sim, — digo a ele, forçando um sorriso. — Tudo conectado e
pronto para o resto das paredes subirem.

Ele me segue até à caminhonete e me ajuda a carregar minhas


coisas. Ele nunca me disse o que fez com Randy naquela noite. Ele
apareceu com outro homem que ele chamou de Pounder, e juntos os dois
pegaram o corpo inconsciente de Randy da minha casa e nenhum de nós
nunca mencionou isso novamente.

— Vai ser estranho terminar esta casa sem você por perto para
olhar, — ele diz com um sorriso torto.

Eu bato em seu braço e ele cai na gargalhada. — Pervertido.

Dou a volta e abro a porta da caminhonete, mas antes de entrar,


me viro e encaro Nutsy. — Obrigada. Por tudo.

Nutsy apenas balança a cabeça e fecha a porta atrás de mim


enquanto entro. Ele coloca as mãos na beirada da janela aberta e se
inclina para dentro. — Ele está indo bem, você sabe. Xander. Ele está
transformando essa merda de papai em uma ciência.

Forço um sorriso e ignoro a dor em meu coração só de ouvir o


nome dele. — Bom para ele. Para ambos.

Nutsy me encara por um momento e depois concorda. Ele dá


um tapinha no lado de dentro da porta e se afasta. — Vejo você por aí,
Emery.

Eu dirijo para longe do local de trabalho, me perguntando como


apenas algumas semanas no trabalho com um homem podem me deixar
com uma sensação tão quebrada.
∞ ∞ ∞

Xander

Sento-me na beira da escada para o apartamento de Emery, a


cadeirinha de Benjamin nova aninhada entre meus pés. Encaro meu filho
adormecido, incapaz de acreditar na rapidez com que alguém pode se
apaixonar por uma criança. Em apenas sete dias, ele me privou do sono,
de ficar sozinho e de centenas de dólares, e nunca amei ninguém tanto
em toda a minha vida.

Com a ajuda da vovó, nós começamos uma rotina em minha


casa, e o quarto de hóspedes é agora um berçário adequado para um
pequeno rei que ama Harley. A única coisa que falta para nós é Emery.

Ela para no meio-fio e desce de sua motocicleta, seus olhos


nunca se desviando de mim. Observo enquanto ela tira o capacete,
coloca-o no assento e se move em nossa direção.

— Oi, — ela diz baixinho.

— Oi. — O silêncio se estende entre nós, e eu esqueço tudo o


que pretendia dizer na próxima vez que a visse.

— Ele ficou tão grande, — ela sussurra, inclinando-se e olhando


para meu filho. Ela olha para mim e sorri. — Como você o nomeou?
— Benjamin, — digo-lhe, olhando para a parte de trás de sua
cabeça enquanto ela observa meu filho dormir. — Me desculpe, — eu
deixo escapar. Eu tinha esse discurso perfeito todo planejado, cheio de
desculpas e promessas e, se necessário, implorar um pouco. Mas ao vê-la
novamente, não consigo deixar de ser totalmente sincero e no momento.

Emery se levanta e me encara. — Eu estava uma bagunça na


outra noite, — digo. — Não sabia o que diabos iria fazer, e tudo que eu
conseguia pensar era como finalmente tinha encontrado uma mulher
incrível com quem tinha acabado de compartilhar uma noite incrível e não
poderia forçá-la a mergulhar nas coisas comigo enquanto tentava viver
com um recém-nascido.

Os olhos de Emery se enchem de lágrimas. — Não consigo


imaginar o que você está passando, Xander. Não consigo. E estou feliz que
você tenha conseguido resolver as coisas da melhor maneira possível com
o bebê.

Eu aceno e dou um passo à frente para pegar a mão dela. — Eu


também, mas falta algo. — Levando a mão ao lado de sua bochecha,
inclino-me e sussurro: — Você.

O lábio de Emery treme enquanto ela procura meus olhos e


então olha para o meu filho.

— Não estou pedindo seu perdão, — digo a ela. — Só que você


me dê... — Eu olho para Benjamin. — …a nós, uma chance.

No típico estilo Emery, é ela quem dá o primeiro passo. Ela se


inclina para a frente, coloca seus lábios nos meus e me dá o beijo mais
doce que já recebi. Quando ela se afasta, seu sorriso ilumina todo o seu
rosto. — Xander, não há nada a perdoar.

FIM

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