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PRÓLOGO

HEATHER

Primeira série

CHANNING MONROE É UM IDIOTA EGOÍSTA.

Eu posso falar isso, porque eu ouvi minha mãe usar essa frase.
Se os adultos falam, eu também posso falar. Então eu falei na cara
dele, não me importando com quem me ouvisse.

Até que ouvi: —Heather Jax!

Eu tentei explicar para a Sra. Buxton que ele queria usar o meu
fichário, mas eu disse que era meu, que eu não daria, compartilharia
ou emprestaria. Então ele rosnou para mim, e eu bati na cabeça dele.

Uma garota tem o direito de se defender, era outra frase popular


da minha mãe. Quero dizer, ela disse isso quando estava
resmungando para si mesma e fumando na varanda da frente da
nossa casa nova.

Mas voltando ao que aconteceu hoje cedo.

A Sra. Buxton ficou do lado de Channing, pela primeira vez na


história.

Ela nunca fica do lado do Channing. Eu estou aprendendo que


ele é um problema, com um grande P maiúsculo. E ele sempre se
mete em problemas e eu só fico em apuros, quando tem a ver com
ele.

Vai entender.

—Mas eu acho que violência “não é a resposta.”

Eu discordo. O mesmo acontece com Channing. Ele me disse


depois da aula, que a violência poderia acabar com qualquer luta.
Isso fez parecer que sempre seria a resposta dele. Ele sussurrou isso
para mim no recreio, e então ele me deu um olhar estranho.

Ele deu um passo para trás me olhando, e antes que eu pudesse


perguntar o que havia de errado com ele, ele me acertou no peito.

—Está com você!

Ele saiu correndo.

Eu também.

Jogo idiota..

Eu o persegui, lidei com ele e me meti em encrencas novamente.

A Sra. Buxton estava em todo lugar! Ou o supervisor do recreio


estava, mas ainda assim, em todo lugar.

Depois disso, eu tive que prometer algo para sair do problema.


Naquele momento, eu estava disposta a prometer qualquer coisa,
mas quando eu disse a ela que daria a Channing um dos antigos
fichários do meu irmão Brandon, ela também me deu um olhar
estranho.
Então ela se ajoelhou e sussurrou em meu ouvido: —Isso é
muito gentil da sua parte, Heather. Nem todo mundo tem o
necessário em casa.

Necessário?

Eu não sabia o que isso tinha a ver comigo precisando de dentes


novos, mas eu faria qualquer coisa, para me livrar de um telefonema
para os meus pais.

Eu estava pensando sobre essa promessa, quando saí da cama


naquela noite para ir ao banheiro. Eu precisava perguntar para a
mamãe sobre onde os antigos fichários de Brandon estavam. Ela não
esteve em casa o dia todo, mesmo depois do jantar e quando fomos
para a cama.

Eu não sei onde ela foi. Suas bolsas e roupas também sumiram,
mas ouvi vozes quando entrei no corredor. Isso significava que
minha mãe estava em casa.

Ela estava conversando com o pai.

Eu precisava fazer xixi, depois contar a ela sobre a coisa do


fichário. Se eu não fizesse isso agora, provavelmente esqueceria, e
ela nunca sai da cama antes de irmos para a escola. A Sra. Buxton
cumpriria sua ameaça e ligaria para minha casa. De jeito nenhum,
não senhor!

Eu estava a meio caminho do banheiro, quando ouvi meu pai.


—Eu não vou mudar a vida deles, mais do que eu já mudei.

—Vamos. — Uma voz feminina.

Eu parei. Não era a mamãe.


Eu não sabia quem era.

—Você não está pensando direito— ela continuou.

—Heather...

—Se você vai me dizer que Heather é jovem, que ela vai se
recuperar, você pode sair desta casa agora mesmo. Suas vidas já
foram deslocadas o suficiente. Eu não vou tirá-los de uma escola e
colocá-los em outra.

—Você não tem escolha. A linha do distrito ...

Meu pai a interrompeu novamente. Ele estava falando tão


rudemente.

—Manny fica na fronteira. Nós nos mudamos para cá por causa


de sua mãe. Eu não vou atrapalhar a vida deles novamente, por causa
de sua mãe. Eu tenho amigos no escritório do condado, cobrarei
favores se necessário, mas não estou movendo meus filhos, a menos
que eles decidam que querem mudar.

Espere.

O que…?
HEATHER

DIAS DE HOJE

Eu nem quero contar o quanto isso é tarde. Eu estou velha.

Vinte e poucos anos.

Ou vinte e muitos anos.

Em torno desse período de tempo.

Você não precisa mais saber.

Eu estou velha.

É isso aí.

Espere, não tão velha.

Quero dizer…

Nós terminamos aqui.

—Deixe-o em paz!

Eu tenho que levantar às seis da manhã pois essas palavras


sendo gritadas me acordaram. Eu tive três horas inteiras de sono,
três horas depois que mandei meu gerente noturno para casa e disse
que fecharia o Manny, três horas depois que eu tive pena de toda a
minha gangue do turno da noite, e os mandei para casa também.
Então decidi beber uma garrafa de uísque e limpar minha mente,
pois essa era a melhor opção para os adultos relaxarem.
Sempre a maior estupidez dos adultos.

—Ugh

Eu gemi, quando me puxei para uma posição um pouco mais


ereta. Eu não conseguia me sentar completamente, porque meu
estômago estava ameaçando sair pela minha boca. Deixar minha
cabeça cair com a gravidade, foi a melhor opção para não vomitar as
duas torradas que eu comi antes de cair na cama há três horas atrás.

Eu sou uma idiota.

—É sério!

Um segundo grito, seguido por um baque abaixo de mim.

—Deixe-o em paz! Você, sua megera sem classe!

—Puta merda, Brianna.

—É Rebecca! Respeite o meu nome.

—Rebecca, santa merda! —Meu irmão rugiu.

Então veio um estrondo, um segundo baque e... —PARE!

—Tire ela daqui! — disse uma nova voz, mais estridente.

Mesmo no andar de cima, eu poderia dizer que a nova garota


não tinha a pontada de histeria que a primeira garota tinha. Ela não
ficaria, não a longo prazo, com meu irmão. Brandon reclamava
constantemente, por não encontrar sua “garota”, mas a verdade, era
que ele a encontrava em uma nova fêmea cerca de três vezes por
semana. E eu sabia disso, porque ele as levava para casa, para a casa
que eu dividia com ele, a casa em que ele e eu vivemos durante toda
a nossa vida.

Nós dois éramos adultos agora, deveríamos ter nos mudado


para nossos próprios lugares, mas nenhum de nós mencionou o
assunto. Embora, nessa manhã, eu me sentisse tentada a isso.

—Heather! ME AJUDE!

O T-rex rugiu. Eu quase senti as tábuas do assoalho se mexendo.


Não. Eu olhei mais de perto. Isso era apenas poeira. Minha
respiração fez isso se mover.

Eu tentei gritar de volta, mas um arroto abafado me escapou e


eu acenei para mim mesma.

Por que mesmo preciso me levantar?

Ah, sim.

Meu irmão mais velho precisava da minha ajuda, para lutar


contra seus dois encontros de uma noite.

—Heather!

—Cale a boca— eu gritei de volta, finalmente me levantando e


indo em direção à porta.

Eu paro, recuo e pego meu robe.

Eu durmo nua. Nós não precisávamos de mais uma cena muito


estranha e desconfortável, claramente já temos tudo isso.

Eu estava descendo as escadas e tentando não cair, mas não


estava preparada para o que encontrei.
Eu podia ver a bunda de Brandon em sua porta, enquanto ele
segurava uma toalha na frente ao seu pau. Graças a Deus.

Eu devo ter grunhido ou feito algum som, porque ele me olhou,


e o alívio foi evidente. Seu rosto todo relaxou e seus ombros
pareceram desinflar.

—Pode me ajudar?

Ele acenou em direção ao seu quarto, movendo-se para que eu


pudesse ver.

A porta do seu banheiro estava fechada, a luz aparecendo


embaixo.

Havia apenas uma garota na sala, então presumi que a outra


havia fugido. Ela mostrou alguma esperteza. Talvez ele pudesse
mantê-la por uma segunda noite.

Mas a garota do Deixe-ele-em-paz era o problema.

Com as mãos nos quadris, ela estava com o cabelo loiro puído e
crespo, que tinha uma má tentativa de penteado dos anos 80 ou ela
estava abraçando a parte leoa de “Eu sou mulher, me ouça rugir”. De
qualquer forma, essa garota não era uma pessoa para se ferrar.
Olhos dilatados, rosto vermelho beterraba, um batom vermelho
muito brilhante e levemente manchado.

Nada contra o batom vermelho, eu até gosto, mas é uma arma.


E essa garota tinha muito disso endurecido nela, ela ia de
desesperada, a perseguidora, o melhor tido de você-tem-que-ter-
medo-de-mim-porque-eu-tenho-uma-arma-na-minha-mochila-e-
eu-disparo-três-vezes-em-você-antes-de-você-sequer-falar-
comigo.

Eu dei um passo para trás e olhei de lado para Brandon.

—Mesmo?

Ele revirou os olhos e encolheu os ombros.

—O que? Ela parecia quente naquela noite. —Ele resmungou


baixinho: —E eu estava bêbado.

—Heather.

A garota jogou um pouco de seu cabelo para longe do ombro,


em um movimento arrogante.

—Você pode entender minha frustração aqui, não pode? Ele me


cortejou, bebeu comigo e me comeu. E agora, eu continuo o
encontrando com uma garota nova toda noite.

Seus lábios se curvaram e ela lançou um olhar de escárnio para


a porta do banheiro. —Ele também poderia fazer melhor. Eu tenho
pelo menos dezoito anos, ela tem dezesseis.

—Eu ouvi isso! — Algo bateu contra o interior da porta do


banheiro.

—Você é uma psicótica!

—Eu não sou psicótica, não me ofenda com isso. Eu sou muito
elegante.

—Você é delirante. — A garota do banheiro bufou.


—Eu vou chamar a polícia!

Oh.

Whoa, whoa, whoa.

Isso me deu uma sacudida. Parte da minha ressaca se dissipou.

—Não vamos nos apressar aqui. — Eu levantei minha voz.

—Certo? A polícia não precisa ser chamada.

Quem gostaria que a polícia aparecesse em suas casas?


Ninguém. E certamente não eu. Isso tinha sido incutido em mim em
uma idade precoce, por uma mãe que fumava loucamente antes de
nos abandonar, e reforçado por um namorado, que tinha mais do
que seu quinhão de desentendimentos com os policiais.

Ninguém precisava dessa atenção.

Eu me virei e olhei para Brandon.

—Isso é problema seu. Por que eu tenho que consertar?

Ele gesticulou para a garota louca com um aceno rápido.

—Eu não posso fazer nada com ela. Ela não está se movendo. Se
eu a tocar ...

Porra. Merda. Merda, merda, merda, merda. Eu tinha uma


grande quantidade de maldições na minha cabeça, mas ele estava
certo. Um pouco pelo menos. Essa garota era do tipo que
denunciaria por agressão, se ele tocasse no braço dela. Ela estava
falando, como se tivesse tal direito, mas era tudo besteira.
Como ela entrou aqui?

—Você. — Eu apontei para garota psicótica.

—Eu?

Ela adotou um sotaque inocente e, dessa forma, a vibração de


perseguidora desapareceu. Ela até alisou a mão sobre o cabelo,
tentando um olhar recatado.

—Você deve ver meu lado disso. Quero dizer, não é a etiqueta
adequada cortejar uma mulher, e depois se envolver em um
encontro sexual com uma prostituta pelas minhas costas.

Merdas como essa, faziam meus dentes moer.

Eu começaria por ela. —É hora de ir. Agora.

—Eu vou chamar a polícia! — A garota dentro do banheiro


gritou novamente.

—Estou fazendo isso, agora mesmo. Meu dedo está no nove


enquanto estou falando.

—E você! —

Fui até a porta e bati o punho contra ela.

—Se você chamar a polícia até aqui, você será banida do Manny.

Eu tinha essa carta na manga.

Ela ofegou pela porta, — O que?

Manny, é o bar e restaurante que Brandon e eu dirigimos. Era


do nosso pai, em homenagem a ele, mas quando ele decidiu se
aposentar e uma caravana de trailer foi sua próxima missão na vida,
nós assumimos. Eu sou a dona oficial, mas Brandon dirige o bar. É
outra razão, pela qual estamos nesta casa. Está bem atrás do lugar
que é a nossa vida.

Bem…

Revelação total aqui: Manny é mais minha vida do que a de


Brandon. Ele vai a balada, ele tem amigos e ele tem suas noites como
é irritantemente óbvio agora. Isso porque ele acha que está tudo
bem em deixar o gerente da noite fechar o bar para ele, enquanto eu
ainda trabalhava á três horas atrás.

Tudo isto para dizer, que eu não minto quando faço ameaças
assim.

Não importava quem estivesse dentro do banheiro de Brandon,


seria uma droga para ela não ser permitida a sua entrada no
Manny's. Eu não estou sendo arrogante; Estou sendo factual. Nosso
lugar é popular, em uma cidade que abriga um monte de milionários.
A maioria dos círculos sociais gosta de ficar bêbada aqui.

Ela fungou e um grunhido baixo e gutural continuou.

—Você não iria.

Eu iria, e ela sabe disso. Então, ela deixaria ele em paz, nós nos
encaramos. Um problema resolvido, o segundo logo a seguir.

—Você tem que ir— eu disse categoricamente, e então esperei.

—Mas ...

Ela começou a protestar, mas eu balancei a cabeça.


—Eu quero dizer exatamente isto.

Eu empurrei meu polegar em direção à porta. —Se você tem


um problema com Brandon, discuta isso com ele mais tarde quando
ele estiver completamente vestido. Você pode ficar brava com ele,
eu não dou a mínima, mas não aqui, não no meu horário, e não
quando você sabe que o pau dele está em alguma outra garota.

—Eu não fiz...

Eu levantei uma sobrancelha e ela se conteve.

Seus olhos baixaram.

—Eu pensei que ele gostasse de mim.

Ela fungou, mas nenhum grunhido gutural veio depois. O tom


dela mudou. Não havia besteira, nem drama. Ela estava realmente
ferida e eu olhei de volta para Brandon.

A garota no banheiro também não estava imune.

Ela murmurou em piedade: —Oh.

Um lampejo de arrependimento apareceu no rosto de Brandon


por um momento. Sua cabeça caiu e ele tossiu, limpando a garganta.

—Eu sei que isso pode ser doloroso...

A menina triste desapareceu e sua cabeça voltou a subir.

—Você não se importa!

Não. Foi um ato. Nós éramos todos idiotas.


Seus olhos ficaram selvagens, ela apontou o dedo para ele e
então ela pulou.

Eu vi isso chegando no segundo em que ele abriu a boca, e eu


estava pronta. Dando um passo à frente, meu ombro bateu no dela,
jogando seu corpo nas portas do armário.

—Mova-se, Brandon! — Eu gritei.

Ele se moveu ao meu redor e eu continuei a segurando.

Agarrando seu braço, eu a conduzi pelo corredor e coloquei


uma mão em suas costas, caminhando em direção à porta antes que
ela percebesse que estava sendo empurrada para fora da casa.

—Mas o que...?

—Hora de você ir. — Eu mantive um sorriso na minha voz.

Fiz carinho em sua cabeça, fiz ela se sentir bem. Sim, sim. Nós
estamos apenas saindo para um passeio. É tudo o que estamos
fazendo. Esse é o sentimento que eu dei a ela, até que a porta
estivesse aberta e eu pudesse dar mais uma cutucada nas costas
dela.

Ela quase tropeçou saindo na varanda, e eu teria me sentido


mal vendo como ela estava perplexa, se a garota não fosse louca.
Quando ela estava completamente do lado de fora, me apoiei na
porta e cruzei os braços sobre o peito. Eu sou uma mulher de
estatura média, com pernas bronzeadas e tonificadas, em um robe
quimono que parava logo abaixo da minha vagina.

Eu sabia como eu estava vestida.


Eu também poderia parecer louca. Inferno, algumas vezes eu
era. Esse visual funcionava geralmente, mas não agora. Em vez
disso, vesti o meu olhar de chefe durão e levantei a cabeça, olhando
para ela por baixo do meu nariz.

—Você acha que é assustadora. Mas você não é.

Assustadora foi uma vida inteira sem uma mãe. Isso foi difícil.

—Você acha que é durona. E você pode até ser, mas você não
está sendo assim agora. Não contra mim.

Eu não iria economizar nas palavras.

—Se você repetir essa merda novamente, você será exilada do


Manny também.

—Mas— ela falou.

—Você conhece a reputação do meu irmão, ele dorme com todo


mundo. E não me diga que ele te encheu de promessas doces, porque
se tem uma única coisa que ele não é, é um mentiroso. Ele pode ser
um chorão às vezes, mas ele não diz palavras bonitas para garotas
bonitas, caso ele não queira dizer. Não está no DNA dele.

Eu sei disso. Porque compartilho do mesmo.

Fiz sinal para trás, na calçada, que ligava nossa casa ao Manny's
e para o beco vazio que levava até o estacionamento.

—Saia daqui e não quero ver você novamente, por pelo menos
uma semana.

—Heather...
Fechei a porta e, para piorar a situação, a tranquei.

—Não me irrite. Eu sou a pessoa errada para você envolver em


uma briga.

Ela deve ter aceitado isso, porque eu a ouvi suspirar, e um


segundo depois seus saltos estalaram contra a varanda da frente
quando ela saiu.

—Ei. Obrigado. — Brandon estava de volta na porta do seu


quarto, de boxers agora.

Eu ouvi a porta do banheiro abrir atrás dele e acenei uma mão,


cansada.

—Sim, sim. — Minha ressaca bateu de volta, dez vezes mais


forte. Esfreguei minhas têmporas e comecei a subir as escadas.

—Faça-me um favor? Pare de trazer suas garotas aqui.

Ele riu, me observando subir as escadas.

—Estou te devendo. Me desculpa, Heather. Eu lamento mesmo.

Eu estava cansada demais para reconhecer isso, mas um


pensamento diferente me veio a mente.

—Faça o download de um alarme, que soe como sirenes da


polícia. Talvez possamos usá-lo mais tarde para assustá-las?

Ele riu.

—Só se você também fizer.

Sim. Sim, talvez eu fizesse.


Um segundo depois, a porta se fechou, e eu o ouvi cantarolando
para a garota que ficou.

Eu cheguei ao segundo andar, virando para o meu quarto.

Deixando meu robe estilo quimono cair, eu rastejei sob minhas


cobertas, minhas abençoadas e celestiais cobertas. Quando eu me
viro, encontro um par de olhos escuros e masculinos olhando para
mim. Eles se transformaram em olhos fumegantes no quarto, e
então um sorriso e seu sotaque suave saiu.

—Com vontade de transar?


HEATHER

O QUÊ!?

Eu tive três reações diferentes ao mesmo tempo.

Um, meu corpo se transformou instantaneamente em um botão


vermelho quente e latejante, do tipo que você vê nos filmes, que o
presidente precisa apertar para iniciar uma guerra mundial. Essa
era eu, mas eu não iria começar uma guerra, apenas uma explosão.
É assim que eu me sinto, sempre que meu ex-namorado aparece.

Dois, aborrecimento. Eu acabei de me livrar de uma das


companheiras de cama de Brandon. Eu não precisava lidar com o
que nós temos, desde que éramos crianças. No momento em que
chegamos à quinta série, Channing entrava no meu quarto e na
minha cama, várias vezes por semana. Primeiro vieram os beijos,
depois, muito mais tarde, com uma idade apropriada, o sexo, mas
provavelmente ainda muito precoce.

E a última reação: meu estômago se embrulho. Eu fechei minha


boca, quando uma onda de vomito começou a subir.

—Mmmmmm!— Eu cantarolei em aviso, empurrando as


cobertas para trás e correndo para o meu banheiro.
Cheguei a tempo, mas não vomitei. Eu estava apenas arfando, o
que era quase pior, porque meu estômago continuava tentando se
esvaziar, mas não conseguia.

Senti passos no chão atrás de mim, antes que uma mão viesse à
minha testa. Um toque suave, retirou o cabelo do meu rosto e
amarrou em um rabo de cavalo baixo. Ele pegou um dos meus
prendedores no armário e prendeu o meu cabelo, prendendo-o sem
torná-lo muito apertado.

Ele fez isso uma vez ou duas. Ou vinte.

Ele afundou ao meu lado e eu limpei a minha boca com as costas


da minha mão. —Você ficou profissional nisso.

Seu sorriso estava lá, mas era gentil. —Faço isso por você há
anos. Eu deveria ser um profissional agora.

Channing Monroe.

Este, é geralmente o momento em que a menina se encolhe de


vergonha, quando o cara por quem ela está apaixonada a vê em seu
pior estado, doente por causa de uma ressaca. Eu não. E não por esse
cara.

Ele tinha sido “meu” de alguma forma ou de outra, quase toda a


minha vida. Dizer que nossa jornada juntos foi com muitos altos e
baixos, seria eufemismo.

Eu pensei que nós tínhamos chegado ao nosso destino juntos, e


que estávamos no caminho para o casamento, mas nos separamos
novamente no ano passado. Nós estamos atualmente no estágio em
que estamos juntos na cama, mas não fora dela.
Eu não sabia como me sentia em relação a isso, para ser
honesta.

Mas neste momento, ele era a única pessoa que eu queria


naquele banheiro comigo, e ele podia ver isso na minha cara.

Uma vez que eu abrandei, uma das suas covinhas dignas de


babar apareceu, e ele estendeu a mão para mim.

—Vamos.

Ele me levantou com a mesma gentileza de antes, e me puxou


para o seu colo, de costas para o seu peito. Seus braços estavam ao
meu redor, mas eles não bloquearam na minha frente. Ele girou,
nossos pés estavam rodando pelo banheiro, então se eu precisasse
me inclinar para frente... O que eu realmente fiz agora.

Me inclinei sobre o vaso sanitário e esperei meu estômago


parar seu esforço inútil.

Ele esfregou minhas costas o tempo todo, e quando terminei,


me encostei nele.

—O que você está fazendo aqui?

Seus braços apertaram um pouco ao meu redor, e sua mão


esfregou minha perna. Eu estava nua em seus braços. Eu deveria ter
me vestido, mas não tinha energia.

Sentia sua respiração no meu pescoço enquanto ele respondia.


—Eu estava com os caras. Senti sua falta.

Significado: ele estava lutando ou bebendo com o grupo de


caras, que ele considerava mais família do que sua própria família.
Levantei uma de suas mãos para inspecionar as juntas,
esfregando um polegar sobre elas.

—Elas não parecem machucadas.

Seu corpo ficou tenso, todo o seu 1.82 de puro músculo.

Channing tinha um rosto para as passarelas de moda, um corpo


com tatuagens, que poderiam aparecer em qualquer revista e uma
atitude que o tornava líder entre os mais desordeiros e criminosos.
Ele era esperto, implacável, astuto, arrogante e tinha um lado
encantador, que tinha começado algumas de nossas brigas. Ele
poderia ser muito charmoso às vezes, colocando seu nome na lista
de muitas mulheres. Isso era um problema para nós desde que
éramos crianças e, embora tivesse melhorado nos últimos anos, eu
sabia que as mulheres vinham até ele regularmente.

Mas sendo transparente aqui, essa não era a causa de nossos


problemas ultimamente.

Sua voz estava baixa, quando ele falou.

—Eu não estava lutando.

Eu me virei e tentei sentir o hálito dele. Havia um leve traço de


bourbon, mas isso poderia ter sido meu mesmo.

—Você não parece bêbado também.

Ele riu, seus olhos estudando cada centímetro do meu rosto. Ele
fazia isso, quando estava tentando descobrir para onde eu estava
indo com minhas declarações e se isso nos levaria a uma briga. Nós
agíamos como se estivéssemos casados e em nossos sessenta anos.
Seu polegar foi para minha boca e acariciou suavemente.

—Eu estava apenas saindo com os caras. Cruz chegou, e disse


que você fechou para ele. Arrisquei, pensando que talvez você
estivesse acordada — Essa covinha novamente —Eu estava
esperando poder apenas deslizar ao seu lado.

Suspirei e seu polegar acariciou minha bochecha antes de sua


mão retornar à minha perna. Relaxei, descansando em seus braços
novamente.

—Eu estava dormindo, mas Brandon teve um problema com


umas garotas.

Sua risada me acalmou.

—Eu ouvi.

Eu me virei, mas não antes de ver sua bunda.

— Seu irmão precisa trabalhar mais nisso.

—Ele iria se ofender com isso.

—Não, ele não iria.

Ele estava certo.

—Ele concordaria comigo.

Eu também concordava com isso.

Brandon era mais velho, mas ele ouvia Channing. Muitas


pessoas faziam.

—Você está se sentindo melhor?


Sua mão se moveu para o meu estômago, e eu fechei meus
olhos, aproveitando o calor.

Eu senti meu estômago se acomodar.

—Acho que sim.

Seus braços se apertaram ao meu redor e ele se levantou, me


levantando com ele.

Channing cresceu lutando. Ele fazia isso desde o ensino


fundamental, quando dois dos seus amigos tentaram roubar meus
doces de Halloween. Ele tomou deles depois disso, e todo status
entre os caras mudou de colegas, para melhores amigos. Homens.
Eu não entendo, eles o seguiam desde aquele dia, e agora, ele estava
pensando em se aposentar de um ringue de luta subterrâneo que
operava em Roussou.

Por causa disso, ele poderia facilmente me levantar, então eu


apenas fechei meus olhos e aproveitei a sensação enquanto ele me
levava para a cama.

Ele me colocou entre as cobertas, me cobrindo com elas depois.

E desapareceu no corredor. Eu o ouvi descer, a geladeira abriu


e, um momento depois, ele voltou com um copo de água e colocou
na mesinha de cabeceira ao meu lado.

—Você está com sede?

Eu balancei a cabeça, e ele pegou, junto com uma xícara e uma


pequena tigela que eu tinha deixado no balcão. Eu me sentei, limpei
minha boca e bebi minha água, enquanto ele levava tudo de volta
para o banheiro. Um segundo depois, ele retornou. Ambas as portas
estavam fechadas, e ele puxou as cortinas sobre a minha janela para
que nenhuma luz do sol pudesse passar. Ele deixou a sala na
escuridão, e eu ouvi os sons familiares dele retirando suas roupas.

O lençol se levantou atrás de mim e ele se enrolou ao meu redor.

Deus.

Em momentos como esse, meu coração explodia de amor por


ele.

Adoro como ele me segura, me carrega e cuida de mim. Eu


adoro como a mão dele se curva sobre a minha coxa e depois cai no
meu estômago, e como uma parte de mim quer que ele deslize entre
as minhas pernas, mas eu sabia que ele não iria. Ele sabia que eu não
estava me sentindo bem, então, esta manhã não seria sobre sexo,
que era originalmente o motivo dele ter vindo aqui. Era sobre
conforto, e quando eu o senti deslizar sua perna entre as minhas e
enredar as nossas mãos juntas, eu sabia que ele estava prestes a cair
no sono.

—Estou feliz que você veio.

As palavras saíram antes que eu soubesse que ia dizê-las.

Seus braços me apertaram, apenas um pouco.

—Eu também.

Senti-o sorrir contra o meu ombro, e seu polegar subiu para


tocar meu mamilo antes de cair de volta ao meu estômago.

—Descanse, Heather. Podemos conversar mais tarde.


CHANNING

Cristo.

O que eu estou fazendo aqui?

Um furacão me atingiu. Foi assim que me senti acordando.

Eu estou no quarto de Heather. Eu olho reparando ela enrolada


longe de mim. Olhando para baixo, percebi que meu pau estava em
êxtase por vê-la.

Ela esteve doente ontem à noite, ou, algumas horas atrás. Ela
está respirando profundamente agora, e parece melhor. Ela não está
mais pálida.

O plano era dar espaço para ela. Era, é a palavra correta.

—Hmmm?— Heather rolou para mim, os olhos ainda fechados.


Ela ainda está dormindo.

Homem. Apenas olhar para ela dói, mais de uma maneira.

O cabo-de-guerra entre ficar longe e ser atraído por ela, é uma


verdadeira luta para mim. Eu odiava ser quebrado, mas era o que
era. Essa era uma rotina para nós agora. E eu sabia que não deveria,
mas estendi a mão e alisei sua bochecha. Ela era a mulher mais linda
que eu já vi na minha vida. Eu pensava isso quando eu estava na
terceira série, e eu continuo pensando nisso agora. Eu gostei de
Heather desde o começo, mas acho que comecei a gostar mesmo,
quando ela me bateu com o fichário. Na terceira série, foi quando
minha inteligência me atingiu. Nunca mudou depois disso, e nunca
diminuiu. Heather era a melhor. Ela era a garota que todas as outras
garotas queriam ser, ela era fiel, sexy pra caralho, mais inteligente
do que qualquer um que eu conhecia, e ela tinha boca para chupar
meu pau ou para cuspir minha bunda para o meio-fio, literalmente.

Ela não era uma pessoa para se foder, e eu sentia a mesma


vergonha, culpa e raiva rolando dentro de mim como eu sempre
fazia.

Aqui está um segredo: Eu conheço a raiz dos nossos problemas,


mas Heather não.

Ela simplesmente me ama, e essa é sua maldição, porque ela


não deveria. Eu sou o pior maldito idiota.

Não querendo ceder em beijá-la até ela acordar e em seguida,


deslizar dentro dela, eu me forço a pegar minhas coisas e sair do seu
quarto.

—Ei, perdedor.

Eu fecho a porta mesmo não querendo e me viro para encarar


Brandon. Ele estava no final da escada, quase do mesmo jeito que
eu. Só que ele estava meio vestido e eu não.

Eu desci as escadas na ponta dos pés, vestindo minha camisa


primeiro. Depois de colocar o jeans e tudo mais, eu coço o meu rosto
com o meu dedo do meio. —Idiota.

Ele sorriu, seguindo-me enquanto eu fui até a cafeteira e enchi


uma xícara de café. Ele se encostou na geladeira, bebendo o dele.
—É uma surpresa te ver por aqui.

Ele pareceu pensar sobre isso e emendou: —Tudo bem. Talvez


não seja tão surpresa assim.

Ele indicou para o andar de cima com sua caneca.

—Eu não sabia que Heather tinha alguém lá em cima.

Eu termino minha xícara e olho para ele de novo.

—Porque ela não deveria ter qualquer outra pessoa lá. Só eu e


apenas eu. Certo?

Isso saiu de maneira arrogante, mas é como deve ser, sério.

—Certo?

Brandon riu, revirando os olhos.

—Minha irmã é boa demais para você, Monroe.

Eu grunhi. Essa era uma das coisas em que nós concordávamos.


Fiquei tentado a jogar o meu café nele, mas ele não merecia. Embora
ele fosse um filho da puta, nós crescemos juntos e eu o amava como
um irmão também.

Eu olhei para cima. Eu estava tentando ouvir qualquer som de


Heather se movendo lá em cima, mas não ouvia nada. Ela ainda deve
estar dormindo.

—Você teve algum arranhão da perseguidora, B?

Eu perguntei.

—Eu ouvi quando entrei.


Ele quase engasgou um pouco do café e cuspiu.

—O que?

A cor do seu rosto foi drenada.

—Você está brincando, certo? Sobre o comentário dela ser uma


perseguidora.

Eu balancei a cabeça.

—Um dos meus rapazes dormiu com ela uma noite, e demorou
muito tempo para escapar.

Eu sorri abertamente. Esta era a minha vingança, por ele me


chamar de perdedor. O resto eu merecia.

—Você está fodido, amigo.

Ele tossiu, batendo no peito.

—Quanto tempo é “longo”? E quem foi o cara?

—Congo.

O Congo era um dos meus amigos que ou você corre ou você


morre, e ele não era um cara que alguém gostaria de perseguir. Isso
pode estar ligado à sua cabeça careca, mãos que pareciam que ele
tinha comido uma árvore no café da manhã ou seu rosto seriamente
cruel. Ele era um dos meus caras mais confiáveis, mas ele era
simplesmente mal. Não havia outro jeito de descrevê-lo.

Eu gostei de contar isso a Brandon.


Brandon Jax era legal, mas ele não dava crédito suficiente a
Heather. Me chame de super protetor ou o que for, mas isso sempre
me irritou. Ela cuidou do Manny quando seu pai o abandonou e os
abandonou. Eles pensam de outra forma, mas foi exatamente isso
que o filho da mãe fez. Ele se mandou em uma caravana de trailers
com um bando de amigos aposentados, e a última coisa que ouvi, foi
que todos se estabeleceram na Flórida. Brandon não queria lidar
com o trabalho real no Manny, então Heather o fazia.

Era a mesma qualidade que permitiu que ela continuasse me


amando.

Ela deveria ter se afastado de mim anos atrás.

Brandon gemeu.

—Quanto tempo, Channing?

Eu sorria agora, saudando-o com meu café.

—Ele levou um ano. Quantas vezes você dormiu com ela?

—Oh meu Deus.

Sua mão embalou seu estômago, como se tivesse sido


esfaqueado.

—Duas vezes. Eu transei com ela duas vezes.

Eu ri.

—Sim. Você está fodido.

—Isso não é engraçado, Channing.


Eu tomei meu café.

—É no meu ponto de vista.

—Merdaaaa.

Ele inclinou a cabeça para trás, um longo gemido vindo de sua


garganta. Suas mãos foram para o seu cabelo e enrolaram em
punhos. Foi então que a porta do seu quarto se abriu e uma menina
saiu, passando o braço por sua camisa. Seu cabelo estava um pouco
bagunçado, e sua saia jeans ainda estava aberta. Ela carregava as
sandálias nas mãos.

—Eu estou pronta para...— Ela olhou para cima e me viu, e sua
voz sumiu. —Ir...

Era a mesma garota que estava dando em cima do meu primo


ontem à noite. Ela empalideceu e eu sorri. Isso seria divertido.

Eu levantei minha caneca para ela.

—Nós tivemos uma aposta, sobre onde você iria depois que o
Scratch te mandou embora.

Meus olhos deslizaram para Brandon, depois de volta para ela.

—Não sabia que estaria aqui, mas faz sentido. Indo do Tuesday
Tits para o Manny's.

Ela engoliu em seco, mas eu não me importei. A perseguidora


era engraçada. Mas essa garota, ela pulava de cama em cama
procurando o próximo cara para financiar sua vida.

—Channing.
A cabeça dela abaixou, e assim fez a voz dela.

—Por favor.

—O que está acontecendo?

Brandon olhou entre nós dois.

—Chan?

—Ela é apenas um lance de uma noite, certo?

—O que?

Eu cedi.

—Ela estava no bar ontem à noite. Veio em mim primeiro,


depois Chad, Linc e o último que disse que não foi o Scratch. Ela
ficava pedindo por um trio.

Ela estava se contorcendo. A parte de trás do pescoço dela


estava vermelho e eu adorei.

—Certo? Disse que você sempre sonhou em fazer com dois, e


que eu e meu primo seríamos bons o suficiente.

—Pare.

Outro pedido suave.

A boca de Brandon se achatou e ele a tocou de volta. Seu tom


quase correspondia ao dela.

—Eu vou te dar uma carona para casa.


Ela olhou para cima, seus olhos gratos. Ela assentiu, então saiu
da cozinha, me evitando. Brandon ficou parado e estremeceu
quando a porta de tela bateu atrás dela. Ele passou a mão pelo rosto
e entregou o café.

Eu peguei, quando ele murmurou: —Ela estava no seu bar?

Eu coloquei seu café no balcão, me movendo para encher minha


xícara.

—Ela sempre está lá.

Ele fez uma careta.

—Porra.

Então ele assentiu, batendo no meu ombro.

—Obrigado pelo aviso.

Eu relaxei quando ele bateu no meu ombro novamente,


derramando meu café.

Amaldiçoando joguei na pia e dei a ele um olhar sombrio.

—Mesmo?

Ele riu, pegando as chaves do carro e saindo.

—Isso é para qualquer coisa que você fizer em seguida.

—Idiota!

Eu gritei atrás dele, mas não muito alto, no caso de Heather


ainda estar dormindo. Eu duvido que ela estivesse, porém, e depois
de enxaguar minha xícara e a de Brandon, não fiquei surpreso ao
ouvir a porta do quarto dela abrir no andar de cima.

Um par de pernas bronzeadas desceu as escadas, em um short


jeans curto, exatamente como eu gostava deles. Ela puxou a
camiseta branca que destacava seu decote sem sutiã. Eu sabia que
ela colocaria um sutiã mais tarde, mas por enquanto, eu gostava da
vista.

Ela era perfeita.

—Como você está se sentindo?

Ela gemeu, vindo ao meu lado e pegando o café. —Esta manhã


está uma droga.

Eu já tinha verificado antes de sair da cama, mas eu precisava


fazer isso mais uma vez. Agarrando uma alça do seu short, eu a puxei
e apertei a mão em sua testa. Ela não estava quente. Sua cor estava
normal. Ela parecia um pouco corada, mas provavelmente era só por
acordar agora. Eles não estavam com o ar condicionado ligado,
então seu quarto poderia estar quente.

Ela bocejou, esfregando os olhos.

—Você está se sentindo melhor?

Ela assentiu com a cabeça, os olhos ainda fechados e ainda


bocejando.

Quando ela terminou, um sorriso bonito apareceu. E ela disse:


—Sim. E obrigada por cuidar de mim ontem à noite.

Eu balancei a cabeça, em silêncio.


Um namorado/namorada normal, falaria sobre a noite
anterior. Como tinha sido, sobre o que fizemos, como nos sentimos,
o que nos fez rir ou que nos irritou. Você sabe, conversa geral de
casal.

Mas nós não éramos namorado/namorada. Nós éramos ex-


namorado/namorada.

Meu peito inchou.

Eu queria falar com ela sobre tudo isso. Eu quase tinha sede por
isso.

As regras não estavam claras, porque não importa qual fosse


nosso status, eu não poderia ficar longe dela.

Então eu fiz o que eu sabia que não iria atrapalhar nossas


regras.

Fiz aquela coisa de cara e apontei para a minha virilha.

—Estou feliz em ver você.

Ela bufou, mas recostou-se contra mim.

—Certo. Bem, seu pau precisa ficar triste, porque eu não estou
com vontade de dar uma volta.

Viu? Muito engraçado e agressivo ao mesmo tempo. Trocadilho


intencional.

Eu acariciei seu pescoço.

—Tenho certeza que posso te deixar com vontade de dar


qualquer passeio.
Passei a mão pela lateral dela e parei na coxa.

Apenas esse pequeno toque, essa pequena interação, e meu


corpo estava zumbindo.

Eu realmente teria que deixá-la ir ou eu a teria inclinada sobre


o balcão em poucos segundos, mas ... ainda não conseguia. Ainda
não. Agora não. Talvez nunca. Mas a merda não rolou desse jeito.

—Tem certeza sobre isso?

Minha mão mergulhou sob seu short e descansou logo acima de


seu clitóris.

Seu corpo todo se inclinou para mim, sua cabeça caindo no meu
ombro. Eu a segurei até que ela ficou tensa, afastando-se.

—É muito cedo— ela protestou.

Eu ri, deixando-a ir. —É depois das dez da manhã.

—O que? — Ela virou-se. —De jeito nenhum.

Eu balancei a cabeça, lutando contra o desejo de agarrá-la


novamente e gesticulei para fora da janela da cozinha. Manny's
estava em funcionamento desde cedo naquela manhã. Apesar de sua
incapacidade de deixar as coisas fluírem, Heather tinha pessoas no
lugar para tomar as rédeas quando ela não estava por perto. Esta
manhã não foi diferente. O estacionamento estava cheio. Estava
assim no brunch e estaria no almoço. A única hora que Manny's
acalmava, era entre duas e três da tarde, e então a multidão do
ensino médio chegaria.

—Suki abriu— eu disse a ela.


Ela bocejou, seus ombros relaxando.

—Tudo bem.

Ah, que se dane. Eu peguei ela e a puxei de volta para mim.

Um gemido escorregou dela, enquanto elas descansava contra


mim como antes.

—Você não tem uma irmã adolescente para perseguir? Ter


certeza que ela está viva?

Eu tenho. Caramba. Ela estava certa.

Eu não respondi, mas Heather sentiu eu endurecer. Ela se virou


para me encarar completamente, deslizando os braços em volta da
minha cintura enquanto seus olhos procuraram os meus.

Meus pais foram para a prisão um tempo atrás, e eu me tornei


o guardião de Bren. Tinha sido uma estrada rochosa desde então, e
em uma semana, ela estava começando seu último ano do ensino
médio. Eu tinha mais um ano, antes que ela pudesse reivindicar a
idade adulta e fazer o que quisesse. Dizer que eu não tinha sido o
melhor irmão até aquele dia, durante os dois anos, era um
eufemismo. Como com Heather, eu costumava decepcionar minha
irmã. Muito.

Mais que muito.

Mas ao contrário de Heather, que poderia conquistar o mundo,


e se ela conseguisse me deixaria na poeira um dia, minha irmã
dependia de mim.

—Ei.
O tom de Heather suavizou. Ela bateu na minha testa.

—Pense desta maneira. Sua mãe se foi e seu pai também. Você
ainda está aqui, então, você não pode fazer nada pior do que eles.
Certo?

Ela sabia o que eu estava pensando, como sempre.

Mas ela não sabia de tudo.

Houve muita coisa ruim na minha vida. Eu poderia ser perigoso.


Eu era pior quando era mais jovem, mas eu estava melhorando. Eu
ficaria melhor.

Eu precisava ficar.

Eu tenho uma irmã para criar, quer ela queira ou não.

Heather estava esperando por mim para responder, mas eu não


podia ir lá. Isso seria um apoio emocional, uma área cinzenta para
nós. O sexo era diferente. Sexo era algo que nós dois precisávamos,
como água. Era como nós éramos, mas compartilhar emoções, isso
era um privilégio que eu não deixava entrar. Não era justo.

Havia um pequeno espaço entre nós, então eu agarrei seus


quadris e a puxei para mim.

Ela sentiu o quanto eu a queria, e eu sorri, soltando minha boca


apenas um centímetro acima dela.

—Que tal um mergulho rápido?


Ela gemeu, mas ela já estava enroscando os braços em volta do
meu pescoço. Eu agarrei suas pernas e a levantei. Nós dois sabíamos
que eu estava brincando.

Nunca houve um mergulho rápido quando se tratava de


Heather.

—Você pode ser tão rude às vezes.

Eu bati na bunda dela, levando-a até as escadas.

Eu era rude por um motivo.


HEATHER

PRIMEIRA SÉRIE

—Qual é o problema?

Channing me perguntou.

Um dos antigos fichários de Brandon caiu no chão com um


baque surdo. Eu tinha empurrado isso para ele no corredor mais
cedo. Uma bolsa caiu em seguida, depois a jaqueta, então o próprio
Channing. Ele deslizou para baixo ao meu lado, de costas para os
pequenos armários que nos deram.

Eu estava sentada contra o meu, longe o suficiente, mas ainda


no corredor onde eu ainda podia ver o escritório do diretor.

Eu apontei para o escritório.

—Meu pai está lá. Ele está brigando.

—Por quê?

Channing chutou o fichário para fora do caminho, puxando


seus joelhos para cima. Ele se inclinou para frente e trancou as mãos
ao redor deles, olhando para mim.
Todas as garotas da escola gostavam dele.

Quer dizer, eu acho que eu posso entender o por que.

Ele era fofo. Cabelo loiro escuro. Eu não sei, como você descreve
quando você sabe que um menino é fofo? Ele é apenas fofo. Mas ele
era uma dor na minha bunda. (Outra frase que minha mãe gostava
de usar.) Ele não jogava coisas em outras garotas, não as cutucava,
não ria delas ou colocava seus nomes no quadro. Ele só fazia isso
comigo.

Dor. Em. Minha. Bunda.

Embora, talvez devesse parar de pensar como minha mãe.


Quero dizer…

Eu fiz uma careta para ele.

—Ele quer que a gente vá para o Fallen Crest.

—Por quê?

Dei de ombros.

—Nós nos mudamos para lá. Minha mãe queria abrir um


restaurante.

Eu deveria contar a ele? Nós éramos inimigos mortais, como em


Tartarugas Ninjas. Eu era uma tartaruga incrível e ele era o
destruidor.

Eu abaixei minha cabeça em direção ao meu colo e sussurrei:


—Ela foi embora ontem à noite.
Eu fiquei tensa, esperando por ... alguma coisa. Eu não sabia o
que. Perguntas? Para ele me culpar, talvez?

Houve silêncio, e eu levantei a cabeça para olhar para ele.

Ele olhou para mim, seu rosto totalmente vazio, e então ele deu
de ombros.

—É errado que eu gostaria que ela tivesse levado meu pai com
ela?

Eu não sei.

Ele deu de ombros novamente.

—Não se preocupe. Os pais não são tão bons assim, na minha


opinião.

—O que você quer dizer?

—Eu gosto da minha mãe, mas ...— Ele balançou a cabeça. —


Não fique como outras crianças e comece a pensar que o pai que
partiu é o Papai Noel ou algo assim. Sua mãe foi embora. Deixe isso
para trás. Fique com aquele que ficou.

—Channing...

Ele se levantou, pegando sua bolsa e seu fichário, em seguida


olhou para mim.

—Sinto muito pela sua mãe, mas se ela foi embora, ela é uma
vadia. Ela não vale a pena ser lembrada. Se eles te machucam, nunca
valem.
Ele se virou e foi para o seu armário, com o fichário do meu
irmão debaixo do braço.
HEATHER

DIAS DE HOJE

CHanning decolou depois de gozar. Literalmente.

Mas eu não esperava que ele ficasse por perto.

Uma vez que ele ligou o celular, a enxurrada de mensagens e


alertas começou. Muitas pessoas dependiam dele então ... sim ... não
demorou muito até que eu vi as luzes traseiras dele.

Ainda era meio dia antes de ir ao Manny's, atravessando o


pequeno beco de cascalho e a área dos fundos para chegar à porta
dos fundos do restaurante.

Havia algumas árvores fazendo sombra e cinco ou seis mesas


de piquenique montadas. Essa costumava ser a nossa única área de
estar externa, mas no verão passado, fizemos uma renovação e
expandimos uma área de estar na frente. Por causa disso, a parte de
trás não era mais usada com tanta frequência.

Mas estava ocupada hoje, e eu vi um monte de estudantes do


ensino médio lá, embora nenhum tivesse olhos escuros como os de
corça, uma cabeleira longa e escura e uma atitude chocante.
Ninguém cujo nome começe com um B e termine com um n, e cujo
irmão mais velho tinha acabado de sair da minha cama.

Alguém que eu sabia que não estava com celular. Bren


raramente mandava uma mensagem e ainda mais raramente ligava.
Eu não tinha certeza se ela levava o telefone com ela na metade do
tempo.

Reconhecendo um deles, eu me aproximei dele.

—Alex Ryerson.

Ele era um garoto punk e parecia o tipo típico de atleta, mas eu


não sabia se ele era realmente um atleta ou não. Ele comandava uma
gang em Roussou e eu sabia que ele tinha se envolvido com a irmã
de Channing em algumas ocasiões.

Ele se virou e um desdém lascivo começou a se formar.

Eu acenei minha mão.

—Pare. Eu não quero ouvir isso.

Ele geralmente tinha uma fila de captação.

Porque eu estava conversando com seu líder, todas as outras


conversas pararam. Cabeças viraram em nosso caminho, até mesmo
algumas das crianças que eu achava que eram de Fallen Crest.

Não ao estereótipo, mas a maioria das pessoas do Fallen Crest


eram ricas. Ou eles estavam ficando mais ricos à medida que
envelheciam. A maioria das crianças de Roussou não era, e elas
usavam um exterior endurecido. Estava nos olhos deles, na maneira
como andavam, até mesmo em como eles não reagiam quando a
violência vinha em sua direção.

—O que você está fazendo aqui?

Eu perguntei a ele.
Um sorriso arrogante se espalhou por seu rosto, e ele estendeu
os braços, afastando-se de costas para o grupo. Ele levantou a voz,
deixando-os saber que ele estava falando por eles.

—Curtindo. Nós temos uma semana restante. Ainda é verão,


Sra. Jax.

Eu bufei. Raios. Agora ele estava me chamando pelo nome da


minha mãe.

Eu olhei para cada pessoa. Oh sim. Contei talvez oito garotas do


Fallen Crest, percebi pelo medo em seus olhos, e o resto era de
Roussou.

—Vocês todos são da gang de Ryerson?

Eu conhecia os garotos que saíam com a irmã de Channing. Eles


não eram da gang de Ryerson. Eles tinham sido melhores amigos
desde o ensino fundamental e médio; era assim que as pessoas de
Roussou eram.

Eles não estavam aqui.

Eu não tinha certeza se deveria estar aliviada ou preocupada.

A maioria da multidão assentiu em resposta à minha pergunta.


As garotas do Fallen Crest se afastaram. Vendo a incerteza delas e
suas escolhas de moda de segunda linha, percebi que eles não eram
da Fallen Crest Academy. Essa era a escola particular da cidade. A
outra escola era a Fallen Crest Public, onde essas garotas
provavelmente compareceram, assim como eu tive.

—Olhe—, eu disse a Alex.


—Vocês começam qualquer briga e você será banido. Você
entendeu?

—Claro, Sra. Jax ...

—Falo sério, Ryerson. Uma briga e eu vou chamar um policial


para estacionar nesse lote para seus intervalos de café. Entendido?

Eu me aproximei, meus olhos nivelados e duros. Mas eu não


precisei fazer nada, além de emitir minha ameaça.

Ele percebeu. Seu sorriso desapareceu e seu tom mudou


também.

—Se lutarmos, sairemos. Prometo.

Isso foi bom o suficiente para mim, então eu fui para dentro.

Eu tinha dado dois passos pela porta, antes de ouvir meu irmão
atrás de mim.

—Você anda meio insistindo em proibir as pessoas


ultimamente, hein?

Eu lancei um olhar, mas continuei andando pelo corredor até o


meu escritório.

—Aquele era um garoto do ensino médio, que atualmente tem


uma gang e, a outra, era sua perseguidora. Você está realmente
reclamando?

Eu abri a porta do meu escritório.


Brandon me seguiu, fechando-a quando Suki, nossa gerente do
dia, rolou para trás de minha mesa. Seus olhos se iluminaram e ela
quase se levantou.

—Você está aqui para o dia?

Era óbvio o que ela queria.

Suki veio primeiro a nós como chef substituto, mas uma vez que
eu precisei de mais e mais ajuda, ela começou a assumir algumas
outras tarefas. Os anos haviam passado e, depois que contratamos
outros cozinheiros, ela se tornaria nossa administradora do dia.

E porque eu sabia o que Suki estava realmente perguntando, eu


assenti. —Continue. Vá em frente e faça magia gourmet, meu
brilhante gerente do dia.

Ela inclinou a cabeça para o lado.

Suki gostava de cozinhar, mas ela era a coisa mais distante de


um duende.

Ela foi construída como um tanque: curta e musculosa. Ela e


Brandon haviam lutado uma noite e, embora ele negasse, todo
mundo a viu presa a ele. Cabelo curto, preto e espetado e as roupas
mais sensatas e ecologicamente corretas (com sandálias de
cânhamo e uma bolsa feita por órfãos no Quênia), ela era nossa
funcionária de família hippie. Se ela tem senso de humor, eu ainda
não vi, mas não me importo.

Ela era uma das minhas. Eu cuido dos meus.

O que me levou a dizer: —Se você quer uma noite de folga, vá


em frente. Estou fechando para o Cruz esta noite.—
Brandon se animou.

—Você está fechando para mim também?

—Não.

Eu fiz uma careta. —Eu já fiz o meu dever de irmã para você
esta manhã, e falando nisso ...

Eu trouxe Suki até os meus dois ultimatos. Mantemos uma lista


de merda na gaveta e, quando acrescentei seus nomes, ela grunhiu.

Oh sim. Havia mais uma coisa sobre Suki.

—Suki viu isso vindo há muito tempo.

Ela fala sobre si mesma na terceira pessoa. Quase o tempo todo.

—Ei.

Brandon franziu o cenho para ela.

—Eu me ofendo assim.

Ela apontou para ele, sua cabeça chegando logo acima do


estômago dele.

—Você deveria. Aquela garota tinha olhos malucos.

Seus dedos fizeram círculos no ar ao lado de sua cabeça.

—Maluca.

—Oh

Brandon sorriu docemente para ela.


—Como os que você tem agora?

Suki rosnou.

—Como os que você está prestes a ter.

Isso não estava indo bem a lugar algum.

—Chega—, eu gritei.

—Se você vai lutar, faça isso fora do meu escritório.

Brandon levantou um dedo.

—Todos nós usamos este escritório.

Apontei para a mesa de jogo no canto e as três cadeiras


dobráveis ao lado.

—Esse é o seu escritório. Não aqui, não quando há vozes


elevadas.

—Um ...— Uma nova voz, uma nova voz suave, graças a Deus.

Eu considerei enviar orações, quando olhei para a porta agora


aberta. Reconhecendo um dos meus servidores seniores, eu recuei
minha cadeira.

—O que há, Ava?

Ela estava em seu último ano em Roussou, mas ela ganhou seu
lugar como uma das minhas garçonetes de cabeça. E todo mundo
tinha um fraco por ela. Como poderiam não ter? Sempre gentil.
Trabalha duro. Uma menina pequena com cabelo loiro fino.

Ela torceu as mãos.


—Estamos sem tomates e bacon.

Suki levantou as mãos.

—Cruz era o responsável pelo inventário esta semana.

Ela ainda deve ter verificado tudo, e eu não acho que ele
realmente estava no comando, mas nós tínhamos tido uma noite
corrida ontem. Fiquei surpresa que não havia mais que
precisássemos pegar.

—Suki pode fazer uma lista, ver o que mais precisamos.

Sim. Terceira pessoa.

—Obrigada—, eu disse a Ava.

—Eu vou correr para pegar um pouco, rápido.

—Eu posso ir.

Brandon levantou a mão.

—O bar não está super ocupado agora.

Ele pegou as chaves.

—De quantos nós precisamos?— ele perguntou a Ava quando


saiu, fechando a porta atrás dele.

Suki já havia se abaixado e, assim que a porta se fechou, ouvi o


som que eu amava.

Pratos tilintando.
Pessoas subindo e descendo o corredor, indo ao banheiro, indo
para o quarto dos fundos e indo para fora.

As portas abrindo e fechando.

O sino recebendo novos clientes pela frente e agradecendo-lhes


na saída.

Conversas com risadas. Alguns gritos aqui e ali.

Era o som de um Manny's ocupado.

Eu tinha um amigo viciado em correr, mas morando aqui,


trabalhando aqui, estando aqui, essa era a minha obsessão.
CHANNING

Kansas estava tocando no sistema de som de Quickie quando


eu parei, e a música parou quando eu estava saindo da minha
caminhonete.

A voz do balconista do posto de gasolina veio pelo alto-falante:


—Só para você, Channing. Vi você chegando.

Acenei.

—Obrigado, cara.

O cara me deu um aceno através da janela e um sinal de


positivo, antes de colocar a música de volta.

—Você é uma estrela do rock em Fallen Crest também?

Merda.

Eu não os tinha notado, mas olhando através das bombas, eu


agora via Dex Richter e alguns de seus caras habituais com ele. Eu
culpei a felicidade pós-buceta de Heather para minha distração,
porque era estritamente estúpido da minha parte não notar os
Harley.

Estúpido e perigoso.

—Richter.
Cumprimentei-o exatamente da mesma forma que eu me sentia
por ele, como se ele fosse uma pinha permanente na minha bunda,
porque ele era. Ele não se importava comigo também.

Talvez ele estivesse com ciúmes, pois eu era muito mais


atraente que ele. De longe. Ou talvez tenha sido, porque minha gang
impediu que seu clube de motocicleta dominasse Roussou, ou
talvez, eu não tivesse a mínima ideia. Eu chutei sua bunda algumas
vezes quando éramos jovens. Pode ser isso. O idiota tinha uma
memória que não deixava nada passar, incluindo ressentimentos.

Seu clube queria Rossou. Eu estava parando ele.

Nós iríamos guerrear um dia.

Mas ele não era alguém com quem eu queria lidar hoje. Eu
acabei de sair de Heather. Nós estávamos em bons termos, até agora.

Eu tinha coisas para fazer. Pessoas para ver.

Depois de primeiro rastrear minha irmãzinha, para ter certeza


de que ela ainda estava viva, não matou ninguém ou engravidado
(não totalmente brincando aqui), eu precisava checar com o meu
primo. Heather não era a única proprietária de negócio de prestígio
na minha vida. Tuesday Tits, o bar que eu dirijo com meu primo,
pode atender a uma multidão mais áspera, bem, multidão
significativamente mais áspera, mas era rentável.

Mas esse cara ... esse filho da puta ... eu tinha um sentimento de
que todos esses planos produtivos estavam prestes a subir em
fumaça.
Sua risada mordaz confirmou quando ele caminhou até a minha
caminhonete, colocando um pé na extremidade traseira e
descansando os braços sobre o canto, as mãos balançando. Toda a
sua postura era casual, como se fôssemos amigos.

Nós não éramos amigos.

—Você não parece muito feliz em me ver. Qual é o problema,


Monroe? Meus rapazes são alguns dos seus clientes habituais.

Eles eram, mas isso era no meu bar onde haviam regras que eles
tinham que seguir. Você entra no Tuesday, você está no meu mundo.
Você joga pelas minhas regras. Sem violência. Nenhuma política de
MC.

—Eu aprecio seus negócios. Eu realmente faço.

Eu lancei lhe um sorriso.

—Falando de Fallen Crest, este não é o seu lugar habitual. O que


você está fazendo aqui?

Richter e seus colegas, juntamente com outros quinze,


compuseram uma seção local dos Demônios Vermelhos. Estavam
baseados em Frisco, uma cidade vizinha a trinta milhas a noroeste
de Roussou e ao norte de Fallen Crest. Enquanto eles paravam em
Roussou regularmente, eu sabia que eles não se misturavam com a
elite em Fallen Crest.

—Você não é o único com relações aqui.

—Sim?

Eu peguei a bomba.
—Eu tenho uma prima que se casou hoje.

Ele indicou para os seus caras.

—Nós estávamos apenas no serviço.

—Mesmo?

Eu passei por eles. Eles usavam seus jeans, botas e cortes de


couro de sempre.

—E vocês se vestiram, hein?—

Richter estreitou os olhos.

Eu não pude me conter, embora eu precisasse. Eu não tinha


backup se algo descia, e eu duvidava que o balconista do posto
pudesse ajudar. Eu era um bom lutador, mas havia cinco deles, e dois
pareciam ter mais de trezentos quilos. Se eles acertassem, isso me
assustaria. E isso foi se, um grande se, eles não tirassem uma arma.

—Vi sua irmãzinha em uma festa recentemente.

Ele disse isso tão casualmente, como se estivéssemos


discutindo o clima.

Eu não sabia o quanto eu odiava a palavra irmã saindo de sua


boca, até que ele disse isso.

—Mesmo?

Eu refresco meu tom.

Ele assentiu, um sorriso queimando por um segundo.


—Oh sim. Fiquei surpreso, mas ela e seus colegas entraram e
festejaram por um tempo. Ela estava pendurada com aquele garoto
Shaw, hein!?

—Eles estão na mesma gang.

Por que esse babaca está falando da minha irmã?

—Qual é o ponto aqui, Richter? O que você está fazendo? Você


tem irmãs adolescentes. Você quer que eu comece a contar sobre
elas?

Lá estava.

A presunção desapareceu. Sua mandíbula apertou e ele se


endireitou no meu caminhão.

—Eu posso fazer isso, se esse é o jogo que você está jogando—
, acrescentei.

Ele engoliu em seco e seu sorriso colado voltou. Ele ergueu as


mãos e fez questão de recuar.

—Eu não estou pretendendo nada. Eu juro. Eu estava apenas


mencionando-os porque eles me lembram você e Jax. Eu lembro
como vocês dois eram antigamente.

O carro estava abastecido e eu me virei para tirar o bocal.

Eu terminei e olhei de volta.

—Você não precisa falar sobre ela também.

Uma risada forçada.


—Puta merda, Monroe. Você está irritado. Eu não estou
procurando nada.

—Você não está aqui para jogar conversa fora. Isso eu sei. Você
está trazendo minha irmã, então Heather. Você está falando como
ela e eu terminamos, e você sabe que não é o caso.

Minhas sobrancelhas subiram.

—É sobre a sua mulher?

Eu atirei de volta.

—Lynna estava na Tuesday Tits na semana passada, mas eu


não a notei indo para casa com ninguém.

Eu parei.

—Aquela noite.

Ele ficou tenso com o nome dela.

Um segundo depois, ele balançou a cabeça, voltando outro


passo.

—Eu vim para começar uma conversa. Isso é tudo.

Eu o estudei.

—Você está sondando.

Eu falei claramente.

—Por que você está sondando?


Seus olhos se estreitaram. Só então, o sino na porta de Quickie
tilintou, e um dos seus homens saiu de dentro.

Nossa “conversa” terminou quase tão rapidamente quanto


começou.

Seu cara grunhiu seu nome quando passou por nós e todos
pegaram suas motos. Eles pararam, mas Richter acenou para eles.
Um por um, eles saíram do estacionamento.

Richter se segurou, olhando para mim, mas agora estava se


aproximando de sua moto. E como outras vezes, um olhar diferente
veio sobre ele assim que seu MC foi embora. O emagrecimento
desapareceu, e ele soou genuíno quando disse: —Eu conheço você e
não ...— Ele hesitou. —… Trabalhamos bem junto.—

O trabalho não era a palavra que eu usaria.

Ele era esperto. Ele estava conectado. Isso o tornou perigoso.

Ele estava circulando as águas por um longo tempo agora. Esta


foi apenas a primeira vez fora do Tuesday que nós falamos nos
últimos anos. A última vez, foi através das linhas de batalha há
alguns anos atrás, quando eu disse a ele, que seu MC poderia dirigir
através de Roussou. Eles poderiam comer em Roussou. Eles
poderiam beber em Roussou, mas não poderiam reivindicar
Roussou como um dos seus territórios.

Roussou não era de ninguém, mas se tivesse que ser, eu teria


me levantado e reivindicado. Eu só não tinha feito, porque não
queria. Essa estrada seria violenta e pessoas morreriam.
—Olha, Channing.— Sua mão agarrou a parte de trás do seu
pescoço. Uma veia frustrada se projetou de sua testa.

—Eu não sou o inimigo que você parece pensar que eu sou,
meus rapazes também não. Nós gostamos de Roussou. Eu tenho
família em Fallen Crest. Eu não entendo porque há esse problema
entre nós.

Ele deu de ombros, um pequeno sorriso aparecendo enquanto


colocava seus óculos escuros.

—Quem sabe. Talvez um dia possamos nos tornar amigos?

Amigos .

—Seu MC espancou um dos meus caras há dois anos—, eu


indiquei.

Ele encolheu os ombros.

—Vocês nos pegaram de volta. Você bateu em um dos meus


homens.

Eu lancei lhe um sorriso duro.

—Estão está aí um motivo que não podemos ser amigos e, a


coisa em que você quer distribuir drogas em Roussou, tem isso
também.

Ele pegou sua moto.

—Sim. Isso também. Mas além disso, acho que devemos tomar
chá um dia.
Ele riu, iniciando-se e levantou dois dedos em uma saudação,
saindo.

Observando-o ir, um sentimento inquieto se instalou em meu


peito. Essa guerra pode estar chegando mais cedo do que eu
esperava.

Ele acabou de me dar um aviso, do jeito dele. Ele conhecia


minhas fraquezas: Heather e Bren. Ele estava me deixando saber
que ele sabia.

Eu ainda estava lá quando ouvi a campainha de saudação de


Quickie novamente.

—Você precisa de mim para chamar os policiais?

Era o funcionário do posto de gasolina, parado do lado de fora


da porta, mantendo-a aberta.

Eu quase ri. Mesmo que eu tivesse uma bala em mim, não teria
desejado isso. Eu comecei por ele.

—Não. Eles foram para 10. Eles não sabem que os policiais
começaram a multar lá semana passada.

O balconista riu, relaxando quando cheguei a ele.

Ele entrou primeiro e foi para trás do balcão.

—Muitos turistas em alta velocidade em torno dessas partes.

Sim. Sim foram. Eu fui pegar uma Red Bull antes de pagar.
Quando estava voltando para frente, um caminhão preto invadiu o
estacionamento e dois idiotas saltaram da parte de trás. Eu digo
idiotas, porque pessoas normais, racionais e pensantes não
saltariam, não quando o caminhão estava indo tão rápido que tinha
freiar forte para parar.

Fumaça real permaneceu sobre as marcas de pneus.

O cara estava me atendendo quando a porta se abriu, e os


jovens que entraram me viram. Eles frearam de repente.

—Channing!

Seus olhos estavam arregalados, mas eles não estavam com


medo.

Eles deveriam ter ficado assustados.

Por dentro eu amaldiçoei, mas externamente, eu apenas


suspirei e disse: —Bren.

Minha irmã acabara de entrar no prédio.

—Ei.

Seus três colegas vieram atrás dela. Ela parou na minha frente
e todos eles andaram em volta dela. Cada um me deu um aceno de
cabeça diferente. O mais alto moveu a cabeça para baixo,

—Channing.

Uma nota de admiração estava em sua voz, mas ele continuou.

O mais baixo olhou para mim, seus olhos se arregalaram, mas


ele levantou um dedo na testa em uma pequena saudação. Ele seguiu
o mais alto. Finalmente, o melhor amigo de Bren parou ao lado dela.
Cross Shaw olhou entre nós dois.
Ela balançou a cabeça, apenas ligeiramente, e ele acenou para
mim também.

—Hey, Channing.

Ele seguiu em frente, mas os olhos de Bren demoraram sobre o


meu ombro, um segundo antes de olhar de volta. Eu tinha a sensação
de que Shaw estava a uma curta distância atrás de mim,
certificando-se de que ela não precisaria de seu apoio.

Sua boca pressionou antes de limpar a garganta.

—Ei.

Ela estava vestindo um casaco de couro, jeans muito apertado


e uma camiseta muito apertada.

Ela era igual a Heather, mas com um corte maior no ombro e


cabelos mais escuros. E ela não fumava. Graças a Deus.

Eu queria dar a minha jaqueta para que fosse como uma camisa
de força ao redor dela, mas em vez disso eu ofereci a ela um sorriso
de boca fechada.

—Você estava em Frisco na semana passada? Numa festa?

Ela não se mexeu. Ela mal piscou.

Ela não demonstrou emoção, mas eu a surpreendi. Eu conheço


minha irmã. Ela está fria como pedra, mas ela não era assim, e se ela
tinha ido para Frisco, eu precisava de mais informações. Isso não era
normal para ela.

Eu esperei.
Alguns segundos se passaram. Ela não ia responder.

—Bren.

Ela encolheu os ombros.

—Não me lembro. Por quê?

Sua gang tinha conseguido suas bebidas e comida. Eles


voltaram, parando em volta de nós. Shaw ficou mais próximo dela.
O mais distante para o registro, era o mais alto atrás dele, mas
ambos estavam prestando atenção à nossa conversa.

—Vocês foram a uma festa em Frisco na semana passada?

Eu perguntei pra eles.

Eu não estava prestando atenção em Shaw, ele era como Bren.


Ele não daria nada, mas os outros compartilhavam um olhar.

O mais alto estreitou os olhos, seu tom confuso.

—Sim. Apenas Zellman e eu.

Ele acenou para Bren.

—B não foi. Ela ficou com Cross.

—Porque a pergunta?

Cross foi quem perguntou, mas eu falei com Bren.

—Richter disse que viu você lá.

No nome, todos se endireitaram. Eles estavam mais alerta


agora.
Eles sabiam bem quem era Richter e o que significava se ele ou
qualquer outro demônio trouxesse seu nome. Era um desafio e uma
ameaça ao mêsmo tempo.

Suspirei internamente, porque não havia muito mais que eu


pudesse fazer.

Bren fazia suas próprias coisas. Ela não era uma criança em
quem eu pudesse colocar limites. Se eu fizesse, ela fugiria. Ela sabia
disso. Eu sabia disso. Todos em sua gang e esta cidade sabiam disso.
Ela não era uma adolescente de boca inteligente, ou uma pirralha
sarcástica. Ela viu demais para sua idade, e eu sabia que tinha
contribuído para isso.

Amor, me lembrei disso de novo. Apenas a ame. Ela precisava


de todo apoio incondicional que eu poderia dar a ela, e eu esperava
como inferno que eu pudesse fazê-la voltar a ser minha irmã mais
nova, porque, como era, eu olhei para sua gang. Ela era mais deles
do que minha, e a razão era bem simples. Eles estavam lá para ela.
Eu não tinha estado.

Mas eu estaria agora. Porra do inferno, eu estaria agora. Eu


tinha que estar.

—Be cuidado.

Esperei até que eles acenassem com a resposta, antes de me


deslocar para o caixa. Eu gesticulei para eles.

—Eu pago as coisas deles.


Os dois primeiros gritaram. O mais alto, Jordan, ergueu o punho
para bater no meu ombro, percebeu quem ele estava prestes a tocar
e moveu seu punho para uma meia saudação.

—Obrigado, Channing. Você é o melhor.

—Inferno siim.

Zellman, o mais baixo, bombeou sua bebida energética para


mim, saindo da loja com Jordan seguindo-o. Eles também tinham
sacos de comida na mão.

Shaw se conteve. Ele fez a mesma coisa que antes, olhando para
Bren antes de segurar o café.

—Obrigado.

Ele seguiu seus amigos até o caminhão deles.

Bren era a única que não tinha pegado comida nem nada para
beber. Suas mãos deslizaram nos bolsos e ela murmurou: —
Obrigada.

Ela começou a sair pela porta.

—Bren.

Eu a parei.

—Pegue algo para comer.

Sem encontrar meus olhos, ela pegou o que estava mais perto
dela e jogou para o balconista. Ele digitalizou na barra de chocolate,
e ela pegou de volta.
Sem olhar para trás, ela se juntou à sua gang do lado de fora.

—Isso vai custar US $ 85,63.

Eu amaldiçoei, mas entreguei o cartão de crédito. Eu esqueci


que eles estavam cheios de gás.

Shaw e Bren pularam na traseira do caminhão, com os outros


dois na cabine, e depois de uma segunda olhada para mim, eles
saíram de lá.

Para o durão de Roussou que eu era conhecido, eu me sentia o


maior marica naquele momento.
HEATHER

TERCEIRA SÉRIE

—Pssst, Heather.

Channing se inclinou para cutucar meu braço durante a aula.

Eu fiz uma careta para ele, esfregando meu braço.

—Pare.

Eu estava tão cansada de me meter em encrencas todas as


vezes. Primeiro com a Sra. Buxton, dois anos atrás. Então a Sra.
Landish. Agora era o Sr. Graves. Assim que a escola começou,
Channing começou a fazer piadas sobre seu nome. Ele disse que um
dos amigos de seu pai havia morrido e ele era um trabalhador de
metal. Ele perguntou ao nosso professor se ele sabia o que estaria
em sua lápide.

O Sr. Graves não respondeu, então Channing declarou: —


Ferrugem em paz!

Então ele riu mais um pouco e olhou para mim.

—E o nome dele era Rusty também.

Problema.

Isso era Channing.


Eu não estava me metendo em confusão novamente. De jeito
nenhum.

Ele me cutucou uma segunda vez, abaixando a cabeça e me


dando aquele sorriso tímido, mas lindo.

Eu tentei ignorar seus brilhantes olhos brilhantes. Sempre que


ele queria me pegar, seus olhos tinham aquele olhar, como se a luz
dançasse neles.

Eu fixei uma carranca no meu rosto e cutuquei Channing de


volta.

—Ai! Pare de me assediar, mulher!

Eu poderia ter batido nele. Ele tinha aquele olhar perverso no


rosto, e ele propositalmente levantou a voz.

Eu me inclinei e assobiei: —Você está tão morto, Channing


Monroe.

—Morto?

Seu sorriso subiu um pouco.

—Como morto como eu preciso ir a GRAVE morto?!

—Channing! Heather!— o professor disse bruscamente.

Então ele apenas suspirou. Ele estava cansado.

—Não me faça escrever seus nomes no quadro.

Eu encolhi no meu assento e olhei para os dois nomes já


escritos lá. Norma Mire e Matthew Shephardson. Ambos eram
amigos de Channing, e eu sabia que o que eles tinham feito para se
meter em problemas era por causa dele.

Channing disparou seu braço no ar. Ele não esperou para ser
chamado.

—Se você vai colocar meu nome no quadro, pode deixar isso
legal? Algo diferente. Como, Ben?

Eu fechei meus olhos. Tinha mais vindo. Sempre tinha.

O Sr. Graves não disse nada por um momento, então ouvi o


rangido do marcador no quadro. Ele estava escrevendo BEN sobre
ele.

Channing esperou até que ele terminasse e acrescentou: —E


meu sobrenome é Dover. Como uma pomba. O pássaro.

O Sr. Graves terminou, acrescentando o sobrenome.

Por que ele fez isso, eu não tinha ideia. O nome de Channing
estava sempre lá em cima. Nosso professor provavelmente estava
entediado naquele dia. Ele acrescentou meu nome e recuou. Ele
olhou para os nomes.

Channing, Norm e Matthew foram os únicos a rir.

Eu não entendi.

Mas o Sr. Graves expulsou uma palavra de maldição, uma das


más, e rapidamente apagou o nome inventado de Channing.

—Channing Monroe, estou ligando para seus pais no final do


dia.
Channing apenas riu, caindo em sua cadeira. Atirando-me um
olhar, ele murmurou:—Como se eles se importassem.

Eu balancei a cabeça.

—Eu me importo—, eu disse.

Ele me deu aquele olhar estranho de novo. Ele piscou algumas


vezes.

—Você é minha melhor amiga.

E então eu senti aquele olhar estranho, no meu interior.

Isso foi…

...diferente.
HEATHER

DIAS DE HOJE

O Segurança estava se preparando para arrastar um bêbado de


Manny dois dias depois.

Ele estava chutando e gritando. Os policiais tinham acabado de


chegar, as luzes azuis e vermelhas circulando pela janela. Brandon
estava discutindo com o cara, tentando convencê-lo, ignorando a
garrafa de uísque que ele trouxe. Mas isso não foi tudo.

Um casal começou a lutar na mesa três.

Todos nós vimos isso acontecer. Eles vinham todos os sábados,


mas nem eu sabia por quê. A garota estava chateada todas as vezes,
os braços cruzados sobre o peito. O cara parecia abatido, os ombros
curvados. E apesar de terem a mesma altura, ele parecia inclinado,
permanentemente.

Esta noite, parecia que ela teve o suficiente. Ela jogou o garfo no
prato, afastando-se da mesa. Quando ela se levantou, sua cadeira
caiu nas costas de uma criança, o garoto começou a chorar e a mãe
ficou chateada, enquanto a mulher foi para fora.

E não podemos esquecer o pão, porque não ficou de fora.


Aquela mulher arremessou com tanta força, que bateu e pousou na
mão de um cara quando ele passou pela mesa dela.
Ele piscou, chocado ao encontrar um pãozinho em sua mão, e
parou de observar onde ele estava indo por um segundo, tempo
suficiente para esbarrar em um dos meus funcionários, que então
jogou a bandeja de comida que estava carregando na parte de trás
da mulher irritada, que iniciou toda a cadeia de eventos.

Eu vi tudo, e sem pestanejar, agarrei o braço da mulher e a


instiguei na direção do banheiro, murmurando: —Sentimos muito
por isso.

Ela estava se contorcendo de raiva, então eu dei um tapinha no


braço dela e acrescentei: —E não se preocupe, aquele garoto que
você bateu? Eu não direi a sua mãe que você está de volta, ou o cara
que seu pão bateu. Acidentes acontecem, certo? Tenho certeza de
que um certificado de que tudo vai se acalmar.

Ela ficou tensa. Eu senti ela se preparando para discutir.

Eu a silenciei, suavemente.

—Vou falar com a mãe em seu nome. Tenho certeza de que


nenhum dano foi feito. Vou deixa-la bem e feliz, levá-la para fora da
porta, antes que ela possa pensar em uma ação judicial.

Cruz, o gerente da noite, nos viu chegando. Ele pegou seu traje
bagunçado e abriu a porta do banheiro. Eu a guiei, dei um tapinha
no braço dela e ofereci mais um sorriso tranquilizador.

—Eu tenho suas costas, querida. Não se preocupe.

Um piscar de olhos, um pequeno clique da língua e observei a


raiva começar a desaparecer, e os cantos dos olhos dela se fecharem
em preocupação.
Eu fechei a porta quando ela ligou a água.

Cruz sacudiu a cabeça, divertido.

—O que?

Ele apontou para o corredor, para a parte de trás do Manny's.

—Eu vi a coisa toda e você não parou por um segundo.

Enquanto se afastava, acrescentou em voz baixa: —Lenda,


Heather. Lenda.

Demorou um segundo antes de clicar.

Eu vi tudo, intervi e liderei com o cliente com maior


probabilidade de causar um problema para o Manny’s mais tarde. E
eu fiz isso sem pensar.

Era uma segunda natureza para mim.

Eu estava protegendo minha casa, como protegia minha


família. E quase como se fosse um momento cósmico , ou o fato de
que tinha sido dois dias desde a última vez que o vi, Channing entrou
pela porta da frente.

Família. Channing era isso, quer eu o queira ou não.

Seu olhar encontrou o meu e, como quase todas as vezes que o


vi, meu corpo começou a reagir.

Às vezes eu sentia ódio. Às vezes dor. Às vezes alívio. Não dessa


vez. Desta vez eu queria ele. Poderia ter sido apenas dois dias, mas
eu tinha fome dele, e sabendo que Cruz iria lidar com as coisas para
mim, eu fui direto para Channing.
Ele estava de pé ao lado da porta lateral.

Vendo o olhar em meus olhos, ele começou a sorrir aquele


maldito meio sorriso, que mostrava sua covinha. Cruz olhou para
mim. Ele estava falando com Channing, mas Channing não estava
prestando atenção.

Era somente ele e eu. Ninguém mais.

O mundo deixou de existir e o mundo sabia disso.

Cruz acenou com a cabeça quando me aproximei e disse: —Eu


vou fechar hoje à noite.

Eu não respondi.

Channing abriu a porta lateral e se aproximou para me deixar


passar. Enquanto eu passava, a mão dele foi para as minhas costas e
ele disse por mim: —Agradecido, Cruz.

Então nós estávamos do lado de fora.

Sua mão caiu.

Nós não falamos. Passamos pelos adolescentes descansando


nas cadeiras que eu usara uma vez para minhas pausas para fumar.
Nós ignoramos as pessoas apreciando as mesas de piquenique nas
nossas costas. Eu liderei o caminho até a varanda e para frente da
minha casa.

Channing falou uma vez que estávamos dentro.

—Faça uma mala.

Eu parei nas minhas escadas.


—O que?

Ele estava olhando pela porta, seus lábios apertados.

—Vamos pra minha casa.

Sua cabeça se virou para mim, seus olhos escuros com intenção.

—Eu não quero me segurar. Não essa noite.

Ele não se mexeu, mas senti o quarto encolher. O ar saiu, e ele


acrescentou: —Eu quero foder com força.

A luxúria explodiu em mim.

Foi uma pequena brasa, mas suas palavras atingiram o fósforo.


Agora era uma fogueira, aquecendo-me instantaneamente e assenti,
engolindo e semtindo a boca seca.

—Uma mala, ok.

Quando saímos da casa, eu sabia que ele esperaria por mim


quando eu trancasse a porta. Eu sabia que ele esperaria que eu
liderasse o caminho descendo as escadas. Eu sabia que ele tocaria
minhas costas, um pequeno toque de apoio, embora nós dois
soubéssemos que eu não precisava disso.

Havia tanta coisa que eu sabia que ele faria, e foi esse
sentimento, conhecendo o outro como a palma da minha mão, que
eu apreciei.

Eu estava em sincronia com ele.

Quando chegamos ao seu caminhão, entrei no lado do


passageiro. Ele foi para o lado do motorista e sem uma palavra ligou
o motor. As janelas baixaram, porque ele sabia que eu gostava do
vento versus ar condicionado. E porque ele sabia que eu gostava de
certa maneira, ele dirigiu essa rota de Fallen Crest.

Quando ele entrou em sua garagem, ele circulou para a parte de


trás de sua casa. A frente estava cheia de motos, suas e de seus
amigos, mas quando entramos, fiquei contente de ouvir que
ninguém estava lá. Nós estávamos sozinhos.

Channing fechou a porta atrás de mim e foi para a cozinha.

Eu segui atrás dele.

—Bren não está aqui?

Ele bufou, enchendo um copo de água da geladeira.

—Ela ou entra sorrateiramente ou está com sua gang. Você


sabe como é.

Isso aí mesmo.

Para gang ou não gang. Esta foi a nossa luta, uma das
constantes, que esteve conosco sempre. E eu sabia o que estava
começando, mas decidi começar de qualquer maneira. As palavras
saíram, quase antes de eu perceber que eu ia dizer.

—Não, Channing.

Eu falei baixo.

—Eu não sei.

Sim, nós estávamos indo para as coisas emocionais que


geralmente evitamos. Eu precisava, mas não sabia por quê. Pareceu
certo. Naquele momento, não parecia certo ir direto para o sexo,
embora eu ainda estivesse com fome dele.

Seus olhos encontraram os meus, sobre a borda do copo. Ele


baixou devagar. Sua garganta se moveu enquanto ele engolia, e eu
me mudei para a ilha da cozinha para ter algo contra para me
inclinar.

—Vamos lá, Heather.

Sua declaração foi um pouco grossa.

Eu balancei a cabeça.

—Eu não estava em uma gang no ensino médio.

—Nem eu estava.

Eu lutei contra o desejo de revirar os olhos, porque havia tanta


história na sala conosco. Toda a velha raiva, ressentimentos, tudo
estava rolando no meu estômago, e eu lutava para mantê-lo contido.
Foi ali mesmo, ao lado de tudo que eu amava também.

Eu olhei para o chão.

—Moose e Congo se tornaram seus melhores amigos na quinta


série. Sua gang começou então, e não minta para mim. Você sabe
tanto quanto eu.

Eu esperei. Tensa.

Ele não disse nada, lentamente colocando o copo de água de


volta na geladeira, e então ele se virou e encostou as costas. Seus
olhos estavam ardendo novamente. Seus braços cruzaram no peito,
um momento antes de caírem e deslizarem para os bolsos. O
movimento puxou sua calça jeans uma polegada, e eu pude ver os
músculos lá, os que eu conhecia como a palma da minha mão.

Deus.

Ele era lindo.

Seus olhos eram ferozes, as maçãs do rosto parcialmente


sombreadas. Sua camisa se encaixava perfeitamente em seu peito,
mostrando o que anos de treinamento e luta tinham lhe dado. Mas
ele não era apenas um olhar. E ele não era apenas um charme
libertino.

Ele cuidou e protegeu a gang mais velha de Roussou, a que ele


havia formado para ajudar um amigo. Ele fez isso por mim. Ele não
dava a mínima para eles. Eles eram de fora, não eram de Roussou, e
assim se formou em Roussou, mas ele deu uma merda por mim. Ele
fez isso por mim.

Ele formou a primeira gang e o sistema de tripulação nasceu.


Foi assim desde então.

Eu entendi o raciocínio por trás deles.

Roussou foi duro. Você tinha que ser duro para sobreviver, mas
havia outro pedaço que eu não entendia. Essa era a parte de mim
que não era de Roussou, onde eu era Fallen Crest. A parte de mim
que amava Channing, mas não estava em sua gang. Eu nunca
consegui me juntar.

E foi essa parte que estava empurrando para ele agora.

—Você está bem com ela correndo com esses caras?


—Não—, ele atirou de volta.

—Mas eu entendo como é. Eu nunca estive em casa também.

O calor subiu, aquecendo a parte de trás do meu pescoço.

—Não é normal, Channing. Ela é uma adolescente. Ela precisa


de estrutura.

Ele zombou.

—Nós estamos começando a falar sobre isso? Você


administrou sua casa, porque seu pai só deixou de ir para o Manny’s,
para ir a trilha dos cavalos. E você conhece minha história. Nós não
tínhamos estrutura.

—Ela é sua irmã. Ela está sofrendo.

—Estou ciente.

Seus olhos escureceram e ele saiu da geladeira. Ele andou em


minha direção. Sua voz era baixa e estranhamente suave.

—Eu quero gritar com ela. Eu quero aterrá-la e trancá-la em seu


maldito quarto, mas não posso. Porque ela é como eu. Eu empurro e
ela vai embora. Ela não vai voltar para casa, o que eu devo fazer
então?

Uma dor de cabeça se formou atrás das minhas têmporas,


porque era assim que estávamos. Nós trocamos de papéis. Se eu o
empurrasse para ser mais pai de Bren, ele me lembrava das
consequências. Eu recuava e lembro que essa não era a minha luta.
E mesmo que eu estivesse em sua casa e eu fosse dormir em sua
cama, tecnicamente não estávamos juntos. Bren não era da minha
conta.

E quando me lembrei disso, senti as mesmas emoções que


sempre senti.

Eu não deveria estar aqui.

Channing estava tentando ser pai de um adolescente, eu tinha


que recuar. Se eu visse Bren, eu precisava ser a namorada mais fria
que sempre fui. Ela não precisava da minha contribuição, porque
Deus sabe que ela não estava ouvindo nada de Channing. Por que ela
me ouviria?

Eu não conhecia Bren tão bem, mas eu deveria. Eu estava na


vida de Channing, mas era a vida dele, não dela. Ele não tinha estado
ao redor dela por tanto tempo também. Ele havia deixado a casa
deles na época em que a mãe adoeceu e pouco depois disso ela
morreu. Eu sabia que seu pai tinha sido um idiota para ele. Channing
nunca me contou os detalhes disso, mas tinha sido ruim. Muito ruim.

Depois que Channing foi embora, ele nunca se afastou.

—Talvez eu deva ir para casa.

Ele suspirou, aproximando-se e colocando as mãos nos meus


ombros.

—Não, Heather. Fique.

Sua voz suavizou, e ele me puxou para ele, envolvendo seus


braços em volta de mim, sua cabeça enterrando no meu pescoço.
A faísca reacendeu. O chiado foi refrescado e, assim, foi Heather
e Channing novamente. A separação foi embora.

Ele me balançou um pouco, apertando seus braços, e seus


lábios roçaram minha pele.

—Nós brigamos, depois vamos para a cama. É o que fazemos;


Eu não quero que você saia. Por favor, não vá embora.

Meu coração quebrou um pouco. Eu deveria ter saído do


caminho, mas agora que eu estava em seus braços, eu sabia que não
faria isso.

Eu era fraca.

Era fraqueza? Esse era o meu problema?

Fosse o que fosse, meus braços estavam em volta do pescoço


dele. Eu empurrei na ponta dos pés.

Eu sussurrei contra seu peito: —Eu te amo.

Ele deu um beijo no meu pescoço e sussurrou: —Eu também te


amo.

Ele me pegou e me levou para o seu quarto.

Eu não quero dizer que transamos. É uma maneira difícil de


dizer isso, mas às vezes eu era difícil. Às vezes ele também estava. E
esta noite, é assim que fomos. Não era suave, gentil ou bonito. Foi
duro. Foi exigente.

Channing me reivindicou. Ele respondeu a uma necessidade


primordial dentro dele. Eu sabia disso, porque eu o via como ele
estava no fundo de mim, e eu reconheci isso porque estava em mim
também.

Ele era meu. É assim que foi.


CHANNING

O telefone me acordou e eu me acalmei antes mesmo de olhar


quem era. Heather ainda estava dormindo, suas costas nuas se
curvaram e o lençol caíra até o quadril, exibindo sua espinha e
cabelo.

Eu tive que parar e respirar. Essa garota era linda pra caralho.

Eu queria estender a mão e passar a mão pelas costas dela,


sabendo que ela viraria e abriria as pernas para mim, mas eu resisti.
Mal. Sentei-me, liguei o ventilador para cobrir um pouco do meu
barulho, peguei meu telefone e algumas roupas e fui para o
banheiro.

O corredor estava escuro e, sem surpresa, o quarto de Bren


também. Sua porta estava fechada, mas eu conhecia minha irmã, a
dor no traseiro que ela era. Ela não estava lá. Eu estudei a porta
fechada por um momento, sabendo que teria que rastreá-la, depois
continuei no banheiro.

Ligando a luz, coloquei meu telefone no alto-falante e atendi.

—O que foi?

—Nós temos um problema.


Eu estava puxando minha cueca boxer, mas fiz uma pausa. A
voz de Moose estava séria, o tom sério e mortal que eu não gostava
de ouvir.

—O que foi?

Eu repeti.

Eu podia ouvir gritos no fundo, enquanto Moose continuava.

—Chad trouxe alguém com quem vamos ter um problema, e o


Congo meio que ficou louco.

Chad foi uma surpresa. Ele não gostava de trazer problemas


para a ga, mas Congo não. Ele tendia a explodir a qualquer pequena
coisa.

—OK.

Eu apertei a tela e vi que era um pouco depois das quatro da


manhã.

—Você não sabe onde minha irmã está, não é?

Se minha irmã não estava em seu quarto, ela estava com sua
gang. E as gangs conversavam.

—Eu não. Houve uma festa em Belshield Field, mas nenhum de


nós foi. Ela poderia ter ido lá. Você quer alguém para rastreá-la?

Eu fiz uma careta.

—Não. Onde você está?

—No armazém.
—OK. Eu estarei aí daqui a pouco.

—Entendi, chefe.

Eu apenas revirei meus olhos. Eu odiava ser chamado assim,


mas se encaixava.

Moose estava rindo enquanto desligava.

Depois de terminar de me vestir, coloquei meu celular no bolso


de trás, voltando para o corredor. Eu bati levemente na porta de
Bren.

—B?

Sem resposta. Eu não esperava por ninguém, mas abri e esperei


para ouvir qualquer respiração. Nada. Eu acendi sua luz. Sua cama
estava feita e vazia.

Eu não ia mandar uma mensagem para ela dessa vez, eu a


encontraria de outra maneira. Eu tinha que ir embora, se não
quisesse encontrar um cadáver quando chegasse ao armazém.

Eu não queria acordar a vizinhança, então eu recuei o caminhão


e esperei até que eu estivesse no beco e com as luzes afastadas da
casa antes de ligá-las. Eles teriam inundado meu quarto e acordado
Heather.

Depois de pegar de volta a estrada para que nenhuma câmera


pudesse me seguir, eu puxei para a longa entrada que levava ao meu
armazém. Havia tantos caminhões e motos lá, eu não sabia quem
estava por perto. Metade dos veículos estavam lá para
armazenamento ou peças.
Eu mantive este armazém e outro, para o ponto de encontro
privado da nossa gang. Nós também compramos os vinte acres ao
redor, e enquanto eu gostaria de dizer que nada de ruim aconteceu
aqui, isso não era verdade. Havia uma razão pela qual eu queria
privacidade.

Ponto de situação: eu entrei e um cara estava sangrando no


chão.

Isso não me perturbou. Eu só perguntei: —Ele está morto?

Eu não poupei Congo, Chade ou Moose enquanto olhava para o


cara. Ele estava respirando, mas era bem lento, raso e ofegante.
Sangue escorria de um corte grande perto do olho.

Eu me virei para estudar meu pessoal.

—Quem é ele?

Congo respondeu primeiro: —Ele estava brincando com a mãe


de Chad. Você sabe como ela é, ser velha e merda ...

Moose o interrompeu, literalmente pisando no caminho para


que ele não pudesse me ver. Ele rosnou: —Ande. Acalme-se.

Moose era o próximo na fila depois de mim em nossa gang. Ele


era o meu homem mais confiável, e quando um de nós fala, Congo
tem que entrar na fila. Embora ele não gostasse disso. Ele tinha o
fusível mais rápido. Quando aceso, sempre haveria uma explosão, e
se não estivéssemos no armazém, eu não o teria deixado ir. Assim,
quando ele saiu pela porta e começamos a ouvir sons estridentes,
ninguém se moveu um centímetro.

Nós apenas esperaríamos até que os sons parassem.


Além do choque e do rugido de Congo, o único outro som que
ouvíamos era a respiração do cara, que era cada vez mais fraca. Ele
teria que ir ao hospital. Em breve.

Chad suspirou.

—Isto é minha culpa.

Outro acidente.

Slam!

Baque!

O cara gemeu, levantando a cabeça. Ele tentou abrir os olhos.

—O quê e quem?

Ele gemeu novamente, sua cabeça caindo de volta. Um súbito


suspiro de respiração, e ele estava fora.

Chad se aproximou, ajoelhando-se e pressionando dois dedos


no pescoço do cara. Ele relaxou uma batida depois.

—Há um pulso.

Por agora.

Chad olhou para mim, mostrando o mesmo remorso que vi nos


olhos de Moose.

Eu ainda estava esperando para saber o que tinha acontecido,


mas eu estava começando a adivinhar. Eu balancei a cabeça.

—Ele enganou sua mãe?


Chad assentiu, se levantando e indo de um lado para o outro.

Eu o prendi na parte de trás do crânio.

—Maldito ruivo.

Ele saiu do caminho, mas não havia margem para as minhas


palavras. Esta não foi a primeira vez que o temperamento de Chad o
colocou em apuros. E Deus sabe, eu não pude dizer uma palavra. Eu
era como um animal enjaulado, rondando até conseguir uma boa
libertação, seja com o sexo ou com uma briga, eu não era muito
exigente. Eu gosto de fazer as duas coisas.

—Diga-me o que aconteceu e quem é esse cara—, eu pedi.

Se Chad estava bravo, o golpe deve ter sido ruim. Ele tinha um
temperamento, mas ao contrário do Congo, Chad detestava lutar.
Uma vez que ele começou, porém, ele era como o Hulk. Caos e
destruição o seguiram.

—O nome dele é Brett Marsch—, disse Chad com um suspiro.

—Ele enganou um monte de moradores da casa de repouso.

A mãe de Chad tinha quarenta e nove anos quando ela o teve.


Ele era o segundo mais novo de doze filhos, boa e velha família
católica. Foi provavelmente dez anos depois, quando ela começou a
sofrer de demência, e eu soube que as coisas tinham piorado depois
disso. O pai de Chad vinha batendo na garrafa cada vez mais a cada
dia, e de alguma forma, checar com Mama Gold se tornara o trabalho
de Chad, ou ele achava que era. Suas irmãs mais velhas visitavam a
mãe regularmente também.
—Ele fingiu ser voluntário lá e abriu cartões de crédito em um
monte de nomes antes de pular fora da cidade.

Eu gesticulei para o cara.

—Como ele chegou aqui?

Chad fez uma careta.

—Eu poderia ter dito a ele para pegar sua bunda de volta aqui
ou eu iria atrás de sua mulher. Ouvi dizer que ele tinha alguém aqui.

Moose amaldiçoou em voz baixa.

Porra do inferno. Lá estava meu bom humor.

—O que você quer dizer?

Nós não ameaçamos mulheres nem crianças. Essa era uma


regra sólida para nós.

Ele estremeceu novamente.

—Eu sei. Eu sei. Eu nunca quis dizer isso.

Nós éramos os New Kings Crew e não blefamos. Nunca. Essa era
a nossa reputação. E era sólida também.

Ele ergueu as mãos, sibilando enquanto tentava abrir os dedos


por todo o caminho. —Mas eu não teria seguido, ou ...— Sua cabeça
baixou.

—Eu teria imaginado um jeito de não ficar tão ruim. Mas


funcionou.

Ele gesticulou para o cara.


—Ele voltou para a cidade. Dilema moral encerrado.

Eu poderia ter… Não, eu fiz.

Eu lhe dei um soco no rosto.

Ele caiu. Baque. Foi uma queda abrupta.

Moose não reagiu, apenas erguendo uma sobrancelha.

Chad não se levantou. Ele rolou de costas, me observando com


cautela.

Eu apontei para a porta.

—Saia daqui. Saia da cidade enquanto você está nisso.

Eu balancei a cabeça em direção ao cara.

—Eu duvido que sua mãe e os outros moradores sejam as


primeiras e únicas pessoas que ele tenha enganado, e eu duvido que
ele esteja sozinho.

Todos tinham uma gang em Roussou. Se você não tem, você foi
engolido. Você fica duro, ou dá o fora.

—Posso voltar?

Congo gritou de fora da porta.

Ele parecia envergonhado, mas ainda chateado, e esses tons


mistos eram o suficiente para fazer todos nós pararmos. Nós
compartilhamos um sorriso. Moose era o maior, elevando-se sobre
nós a um metro e noventa de altura e, em geral, parecendo poder
comer pedregulhos para cada refeição, e Congo era uma versão
menor dele. Ambos eram carecas. Apenas Congo era o menor da
nossa tripulação. Isso não afetou o quão duro ele era.

—Sim—, eu falei.

Ele olhou para baixo quando entrou.

—Desculpa. Eu fui trabalhado.

Moose começou a explicar.

—Chad trouxe o cara aqui e...

Congo cortou, —Ele não estava respondendo suas perguntas


rápido o suficiente, então eu ...

Eu balancei a cabeça, sabendo como o cara tinha ficado tão mal.

Chad estava fazendo as perguntas. O cara não estava


respondendo. Congo ficou louco, começando a bater nele, e então
Chad enfrentou Congo. Moose provavelmente sentou-se e comeu
pipoca.

O que eu estava fazendo pensando que eu não estava


qualificado para criar uma adolescente? Eu já tinha dois aqui.

—Eu parei Congo, antes dele ir longe demais—, concluiu Chad.

Eu balancei a cabeça, ouvindo meu palpite sendo afirmado.

—Congo não gostava de ser parado, então os dois se atracaram


depois disso. Eles estavam nisso até você chegar aqui.

Eu levantei minhas sobrancelhas para Congo.

—Não foi possível resolver?


A culpa explodiu brevemente antes de trancá-lo.

—Minha avó está naquela casa de repouso também. Se ela


pudesse falar, ele teria enganado ela também.

Os caras se acalmaram depois de terem dito sua parte.

—OK.

Eu balancei a cabeça em direção à porta.

—Vocês acham que suas mãos precisam de pontos?

Os dois olharam para baixo, flexionaram as mãos e


estremeceram.

Chad respondeu: —Estou bem.

Congo assentiu. —Eu também.

Eu sacudi minha cabeça novamente.

—Siga para o bar então. Verifique com o Scratch.

—O que você vai fazer?

Chad franziu a testa.

—Cartões de crédito?

Ele assentiu.

—Sim.

—Então, esses podem ser desativados e denunciados como


uma fraude, certo? O crédito da sua mãe está bem.
—Sim mas...

Ele queria respostas. Eu pegaria isso para ele, mas não


precisava me preocupar se um dos meus homens acabaria na prisão
por homicídio culposo.

Enfiei o dedo na porta.

—Vai. Eu vou cuidar dele.

Congo já estava lá. Ele fez uma pausa, esperando por Chad, que
o seguiu para fora, mas devagar e com a cabeça para baixo, e não
antes de olhar para o cara por mais um minuto.

—Nós vamos cuidar disso.

Moose se moveu na direção dos dois, instigando-os a sair. Ele


desapareceu pela porta depois deles, mas um momento depois, ele
voltou.

Ele se moveu para ficar ao meu lado.

—O que você está planejando?

Eu estudei o cara.

—Ajude-me a levá-lo para o seu caminhão.

Nós lidaremos com ele, mas ele precisava de ajuda médica


primeiro.

Ele grunhiu e, juntos, nós o erguemos, levando-o para a parte


de trás da caminhonete de Moose. Ele fechou a porta traseira
enquanto eu circulava e trancava o armazém.
Ele estava olhando para uma das motos quando voltei.

—Ouvi dizer que Dex Richter está tentando patrulhar


Roussou—, disse ele.

Eu grunhi dessa vez.

Eu não lhe contei sobre meu último encontro com Richter. Eu


iria, apenas não agora.

Eu bati nas traseira do caminhão de Moose.

—Leve-o para o hospital. Certifique-se de que Rena esteja


trabalhando, ela saberá como lidar com ele.

Eu peguei uma nota e entreguei. Às vezes, um suborno era o


melhor caminho.

—Por seu silêncio.

—Onde você vai?

Eu sorri para ele, indo para a minha caminhonete.

—Eu tenho uma delinquente para rastrear.

—Você poderia ter enviado os caras para encontrá-la.

Eu balancei a cabeça, entrando.

—Não. Desta vez, quero encontrá-la sozinho.

Eu segurei dois dedos quando meu caminhão passou por ele.

—Eu estou fora, irmão.


CHANNING

Há três lugares que minha irmã poderia estar.

Ela poderia estar dormindo na casa de Jordan, ele era o líder de


sua gang. Ele tinha um prédio de armazenamento, semelhante ao
meu depósito, mas ficava na casa da família dele. Descendo a calçada
do prédio, não vi o caminhão dela lá. Eu não queria lidar com
nenhuma pergunta, então desci direto para a entrada da garagem,
acendendo as luzes enquanto eu limpava a floresta em torno de suas
terras.

Outro local era a casa de seu melhor amigo.

Bren e Cross Shaw eram melhores amigos, como Heather e eu


éramos emquanto crescíamos, menos o sexo, pelo menos até onde
eu sei. Heather e eu começamos a fazer isso cedo, muito cedo, mas a
última vez que eu ouvi, Bren e Cross ainda eram apenas amigos. Essa
foi uma conversa que eu não tinha certeza se queria ter com ela, não
que ela quisesse compartilhar. Imaginei-me sentado lá, explicando
o que significava se um ferrão de abelha estivesse dentro da abelha
fêmea e como abelhas pequenas foram criadas, e todo esse cenário
parecia tão errado.

Bren era esperta. Ela praticamente se criou, porque eu sabia


que nosso pai tinha sido inútil nos últimos anos, e enquanto ela teve
um namorado por algum tempo, ela não tinha engravidado.
Heather me disse que tinha visto Bren comprando camisinhas,
então, pelo menos sexo seguro era um assunto que eu não precisava
cobrir.

Porra. Eu precisava?

Quando cheguei à casa dos Shaw, não vi a caminhonete da


minha irmã, o que significava que ela estava no terceiro lugar.

Eu não sabia se Bren sabia que eu sabia sobre este último.

Eu tinha descoberto uma noite, por volta das três da manhã,


quando acordei para mijar e percebi que ela tinha ido embora. Eu
enviei um alerta de gang completa, e levou dez minutos. Moose a
encontrou. Ou ele encontrou seu caminhão estacionado no banco
íngreme.

Eu dirigi até lá esta noite, subindo a estrada de cascalho,


subindo a colina até a pequena clareira.

Ela não estava sozinha.

O caminhão de Shaw estava estacionado atrás do dela e eu


hesitei antes de desligar o caminhão.

Aqui está a verdade da minha situação: não tenho a mínima


ideia do que estou fazendo.

Houve sobreposição entre meu pai e eu, entre o momento em


que ele estava tendo problemas legais e quando ele realmente foi
para a prisão. E mesmo antes de eu conseguir a tutela oficial sobre
Bren, eu comecei a prestar atenção, então este não foi o primeiro
ano em que eu cuidei dela. Era um casual, talvez mais, mas eu ainda
não tinha noção. Ou eu me sentia sem noção.
Eu estava cagando tijolos esse tempo todo.

Ela tinha dezessete anos. Eu saí de casa quando ela tinha quatro
anos. Houve momentos em que eu fiquei com eles, mas na maior
parte, eu tinha ido embora. Ela não cresceu me conhecendo, não de
verdade. Ela cresceu provavelmente ouvindo o papai reclamar de
mim, então eu entendi. Eu realmente fiz. Eu entendi por que ela
parecia que preferia comer veneno quando o juiz me deu a tutela
dela.

Papai era dono da casa em que crescemos. Quando ele foi para
a prisão, o banco ficou com a casa.

Isso significava que Bren perdeu sua casa.

Eu não consegui até a primeira noite em que a encontrei aqui,


porque se você descer o barranco e atravessar a rua, ali fica a casa
em que crescemos.

Ou ela cresceu.

Eu escolhi sair. Ela foi forçada a sair.

Naquela primeira noite, quando me aproximei dela, a vi


sentada ali, observando a casa, quase caí de joelhos. Ela estava
chorando. Elas não eram lágrimas altas ou um colapso. Nem parecia
que ela sabia que estava chorando.

Uma lágrima após outra deixou os olhos e deslizou pelo rosto,


e ela não reagiu. Nem um pouco.

Ela se sentou com a cara de pedra, e ela mal piscou.

Foi um pontapé rápido para o meu pau.


Eu a levei de sua casa. Não é de admirar que ela me odiasse. Eu
me odiei um pouco também naquela noite, e esta noite não foi
diferente.

Eu tinha que verificar ela. Eu precisava. Se eu não o fizesse, eu


me preocuparia a noite toda, então eu me esgueirei pela floresta
como a perseguidora de Brandon, e cheguei perto o suficiente para
vê-los.

Eles estavam dormindo, braços se abraçando, um enrolado em


direção ao outro com uma garrafa de uísque entre eles.

Um pouco de orgulho brilhou em mim. Novamente, não o


melhor modelo aqui, mas ela era uma Monroe, com certeza.

Eu caminhei de volta. Entrei na minha caminhonete, liguei e


voltei para casa.

Heather estava dormindo, o ventilador ainda ligado. Ela deve


ter acordado em algum momento, porque ela estava com sua blusa
agora junto com uma calcinha, mas sem calças ou shorts. Eu me
enrolei ao redor dela, passando a mão sobre sua minúscula calcinha.
Eu amava as brancas rendadas, ou as rosas. A maioria dos caras
gosta de vermelho ou preto porque isso significa sexo, mas eu
gostava mais do branco e do rosa. Elas eram as únicas que Heather
gostava, então quando ela as colocava, eu sabia que se sentia
confortável.

Ela provavelmente sabia que eu tinha saído com a gang,


provavelmente estava frustrada, mas eu não me importava agora.
Todo mundo que eu amava estava bem.

Heather. Bren. Minha gangue.


Eu lidaria com as outras coisas depois.
HEATHER

QUINTO ANO

O pior dia. Sempre, ao infinito. O pior de todos os tempos,


sempre, sempre.

—Qual é o seu problema?

Eu gritei, pulando para trás e senti meu rosto esquentar.

Channing estava em seu armário, tirando livros e colocando-os


em sua bolsa. Eu fui a única que não estava olhando para onde eu
estava indo. Ele esteve lá o tempo todo.

Ele riu antes de enfiar mais de seus livros em sua bolsa.

—Espere.

Eu apontei para a bolsa.

—O que você está fazendo?

Eu não conseguia segurar a histeria na minha voz, embora até


agora eu não explodi em lágrimas. Mal. Agora elas estavam
ameaçando derramar. Acabei de saber que um amigo estava saindo.
Eu não poderia perder outro.

Eu não poderia perder Channing.

Ele sorriu, embora não chegasse os olhos dele. Eles pareciam


tristes.
—Eles finalmente descobriram que eu sou inteligente e estão
me adiantando um ano.

Ele encolheu os ombros, voltando-se para o seu armário.

—Espere. O que?

—Sim.

Ele parou de limpar seu armário e olhou para ele. Suas mãos
estavam ao seu lado, fechadas em punhos.

—Eles estão me elevando, disseram que ficaria bem com a


minha idade. Ou algo assim.

—O que?!

Eu empurrei para frente. Eu não pensei. Chutei sua bolsa pelo


corredor e fechei o armário com força.

—Não! NÃO! Você não é inteligente. O que eles estão pensando?

Channing pulou para trás e olhou para mim. Seus olhos estavam
arregalados, e ele franziu a testa.

—Não é minha decisão, Jax. Minha mãe disse que sim e eu


tenho que mover tudo para o próximo corredor. Alguém está
pegando meu armário.

Não.

Não.

Não!
Agora eu era a única com as mãos em punhos, e elas estavam
pressionadas contra as minhas pernas.

Minha amiga Tate, tinha acabado de me dizer que ela estava se


mudando para Fallen Crest. Disse que seu pai conseguiu uma
promoção e sua família achou que havia escolas estúpidas melhores
lá.

—Não.

Eu rosnei.

Eu provavelmente parecia louca. Mas Tate estava saindo, e


agora Channing estava subindo um ano. Nós não estaríamos mais
nas mesmas classes.

Eu. Estava. Doente. E. Cansada. De. Todos. Me. Deixando.

Eu cruzei meus braços sobre o peito em um huff. Então ai!

—Ainda teremos o recreio e almoçaremos juntos.

Eu ouvi a tristeza em sua voz, mas não me importei. Todo


mundo estava me deixando. Sim, Channing estava subindo um ano,
ele era tão esperto. Mais esperto que o resto de nós? Bem, talvez. Ele
sempre teve as melhores notas, mas ainda assim. Isso era sobre
mim.

—Você poderia ter lutado—, eu retruquei.

Ele olhou para mim e soltou um suspiro.

Ele não poderia. Ele acabou de me dizer isso. Os pais têm a


última palavra, às vezes, e não é justo.
—Eu fiz—, ele murmurou, sua cabeça caindo novamente. —
Eles disseram que era melhor para mim.

Eu senti algo apertar. Construindo… construindo… eu ia estalar.


Deixando escapar outro grunhido, eu bati minhas mãos contra o
armário dele. Os outros ao nosso redor olhavam.

Eu me afastei. Parei, recuei e chutei o armário ao meu lado.

Ok, isso foi bom. Um pouco. Não realmente, mas eu tinha que
fazer.

Eu chutei de novo e uma porta se abriu atrás de mim.

—Heather Jax, isso não é apropriado...

Eu saí correndo.

Sim, bem, a vida não era apropriada às vezes.

As pessoas precisavam parar de me deixar.


HEATHER

DIAS DE HOJE

O ventilador estava ligado.

Quando acordei durante a noite, soube por que o lado dele da


cama estava vazio. Não me deixou com raiva, mas me frustrou. Ele
só ligava o ventilador, quando precisava fugir com a gangue. Não era
Bren, ela era diferente. Ela era preciosa, mas a gangue dele… essa
era uma história diferente.

Três dias se passaram, antes que ele me mandasse uma


mensagem.

Três dias depois de eu ter fugido enquanto ele dormia. Nós dois
sabíamos que eu estava frustrada, mas por três dias, nenhum dos
dois se aproximou do outro.

Eu estava no meu escritório no Manny's, olhando para o meu


telefone, quando o texto dele apareceu.

Channing: Como você está?

Foi o que ele perguntou, mas nós sabíamos o que ele queria.
Era o código para: você ainda está com raiva de mim? Eu sei por
que você é louca. Você sabe por que você é louca, mas eu sinto sua
falta. E segue-se com: Eu sinto sua falta e estou com medo de
conversas emocionais, então, vamos fazer sexo. Eu posso me sentir
perto de você desse jeito. Então, a costa está clara?

Se ele tivesse mandado uma mensagem no dia seguinte, eu teria


ignorado com facilidade. Mas este era o terceiro dia.

Terceiro dia e eu estava sentindo falta dele também. Ele era


meu melhor amigo. Como eu não poderia?

Eu deveria ter apagado o texto, mas caramba.

Três dias estúpidos e eu estava me rendendo.

Eu estava sem fôlego. Isso é o que eu era.

Deixando escapar uma maldição, liguei para Samantha. Ela


tinha sido minha outra melhor amiga desde meus dias de glória no
Fallen Crest. Eu precisava de força para não mandar mensagens
para Channing. Eu esperava que ela desse para mim, mas quando ela
respondeu, no momento em que seu rosto apareceu na tela do meu
telefone, eu sabia que estava em apuros. Cabelos negros, olhos
amendoados, um rosto incrivelmente bonito, e ela estava brilhando.
Tenho certeza de que era a luz atrás dela, mas havia uma maldita
auréola em volta da cabeça dela.

Suspirei.

—Você está realmente brilhando.

Ela riu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.


—Não diga a Mason. Ele acha que eu sou miserável, e ele está
indo ao mar com a certeza de que eu tenho toda a comida que ele
pode pensar. Temos um freezer cheio de sorvete de massa de
biscoito e uma gaveta do refrigerador apenas com picles.

Samantha estava grávida, e enquanto eu a amava muito, sua


felicidade era como um punho sendo forçado para baixo da minha
garganta. Chegou até o meu estômago, agarrou e puxou.

Eu pisquei de volta as lágrimas repentinas.

Eu odiava essas coisas, mas foda-se. Ela estava feliz, estava


grávida e é amada.

Minha razão para ligar não parecia tão importante agora: —


Como você está?

Eu perguntei em seu lugar.

Tudo foi varrido. Era como se a merda se mexesse e toda merda


boa fosse substituída dentro de mim.

Sabendo o quão feliz Sam estava, eu estava cheia de um


desespero repentino para ver Channing.

Mas antes disso, Sam e eu conversamos.

Ela estava com seis meses, feliz, ansiosa e no amor. Apesar de


todos os demônios e assombrações de Sam, eu sempre soube que
ela seria feliz.

Ela perguntou como eu estava e eu contei sobre quase tudo,


exceto duas coisas: a dor dentro de mim e meu relacionamento com
Channing. Depois que desligamos, eu mandei uma mensagem para
ele.

Eu: Quer vir hoje à noite?

Channing: Foda-se, sim.

Channing: Eu tenho que ficar para fechar. Eu terminarei


logo.

Uma pausa. Então...

Channing: Senti sua falta.

Eu sorri estupidamente; Eu não pude evitar.

Então houve uma batida na porta. Brandon enfiou a cabeça ao


redor.

—Suki e o cozinheiro estão brigando.

Claro, foi um dia que terminou com y.

Hora de voltar ao trabalho. Eu me levantei.

—Sobre o que?

—Ela o viu com uma faca cega.


Ela era a gerente. Dei de ombros. Fazia total sentido.
HEATHER

Quase três da manhã. Eu tive uma história com esse tempo pela
manhã.

Cruz teria fechado o Manny's, mas eu preferi ficar. Eu queria


estar trabalhando em vez de girar meus polegares em casa.

Até que terminamos. Isso foi há uma hora atrás.

Channing estava chegando, e a espera estava me colocando no


limite. Oh, quem eu estava enganando? Desde o nosso bate-papo
esta tarde, eu não consegui tirar o rosto de Sam da minha cabeça.
Misture isso com Channing vindo, e havia uma camada extra de
nervos que revestem minhas entranhas.

Pavor. Excitação. Inveja. Luto

Amor.

Houve isso também.

Eu não queria lidar com nada disso.

Eu olhei em volta do meu quarto em casa. Eu poderia limpar?


Eu considerei isso, mas eu não tinha certeza se Brandon estava lá
embaixo, ou se ele tinha ido a algum outro lugar para a noite. Tenho
certeza de que ele deixou um recado se tivesse saído, mas eu não
queria arriscar um encontro. Ele esteve me observando a noite toda
com uma sobrancelha erguida. Ele sabia que algo estava
acontecendo, apenas manteve a boca fechada.

Eu tinha um bom irmão.

Mas eu ainda não queria falar com ele, não agora.

O ar-condicionado não estava ligado, então minha janela estava


aberta, embora não houvesse nenhuma brisa. Eu olhei para a minha
mesa de cabeceira, para a garrafa de Jack. Eu já tive dois tiros e não
queria mais. Eu estava indo dormir. Estava. Estava. Estava.

Minha mente estava indo para fazer o que queria.

Eu soltei um suspiro.

Não importa o quanto eu tentava ignorar como ele me afetava,


era inútil. Ele trabalhou seu caminho sob a minha pele no primeiro
ano, nos declarou melhores amigos no terceiro, ficamos de mãos
dadas no quinto, compartilhamos nosso primeiro beijo no sétimo e
ele tinha sido uma dor de cabeça desde então.

Ouvi um som estridente do lado de fora da minha janela e,


embora meu quarto estivesse no segundo andar, virei a cabeça. Eu
sabia de quem era a cabeça que iria aparecer através das minhas
cortinas, e lá ele veio.

Um sentimento de euforia me encheu.

Channing se arrastou pela minha janela, colocou os pés no chão


e estava na minha cama em um piscar de olhos. Ele praticou esse
movimento inúmeras vezes desde que éramos crianças. Quer
estivéssemos brigando ou não, ele nunca havia parado de vir.
E como muitas outras noites, eu rolei para o meu lado e olhei
para ele.

—Ei.

Seu sorriso preguiçoso tomou conta de mim, combinando com


minhas entranhas, quando eu comecei a relaxar no segundo que eu
ouvi aquele pequeno estalo.

Seus olhos não estavam relaxados, no entanto. Eles estavam


vivos e ferozes.

Sua covinha se mostrou, quando ele me encarou.

—Ei.

—Você está agitado.

Seus olhos se estreitaram brevemente.

—Muita adrenalina.

Ele virou as costas e levantou as mãos para inspecioná-las,


passou o polegar sobre os nós dos dedos e eu não precisei do luar
para ver o sangue ali.

Eu estremeci.

—Isso esta seco?

—Sim.

Eu não pedi detalhes.

—O que?
—Hã?

Eu olhei para ele.

—O que está acontecendo? Você está suspirando mais que o


normal.

Seus olhos escureceram.

—Você está chateada, porque eu escapei a outra noite?

Eu levantei minhas sobrancelhas. Ele sabia que eu estava, essa


era uma pergunta estúpida.

Ele sorriu.

—Posso lhe dizer do que se tratava?

Eu balancei a cabeça contra o travesseiro.

—Por favor não. Eu não quero ficar chateada com você de novo.

Ele riu baixinho.

—É justo, mas acho que você entenderia se eu te contasse.

Eu dei a ele uma olhada.

Ele riu de novo e estendeu a mão para mim, curvando o braço


em volta da minha cintura me puxou contra ele.

—Isso é legal. Eu sinto saudades de você. Foda-se. Eu sinto


saudades de você.

Eu abri a porta na última vez na casa dele. Eu abri, falando sobre


os “problemas” e agora ele continua. Nós não estávamos indo direto
para o sexo, estávamos tendo a conversa, o toque, o abraço, os
momentos que nos faziam ansiar um pelo outro. Nós estávamos
fazendo a coisa toda de “melhores amigos”.

E claro, assim que pensei nisso, seu pé começou a bater. Eu


abafei um sorriso.

Ou não. Talvez nós estivéssemos indo de outra maneira.

Estava deixando-o a borda, o porquê de estar comigo, ele não


estava relaxando. Uma imagem de um tigre enjaulado e inquieto me
veio à mente. Lindo de se ver, mas ele precisava correr, fazer
barulho ou caçar.

Seus olhos assumiram um brilho de luxúria. Sua caça seria eu.

Eu me preparei.

Ele serpenteou a outra mão entre nós. Seu polegar traçou o


interior da minha palma e meu corpo começou a aquecer.

—O que estamos fazendo?

Eu perguntei.

Um pouco da minha própria inquietação avançou. Eu falei,


antes de perceber que estava falando.

Ele riu.

—Tenho certeza que você sabe.

Ele se mexeu de costas, sua mão saindo de trás de mim. Ele


moveu as palmas das mãos para o meu estômago e deixou ir para
baixo sob o meu short. Seus dedos se espalharam e ele esperou.
Caramba.

Esse cara.

Eu olhei para ele, realmente olhei para ele.

Lábios carnudos, uma mandíbula forte, maçãs do rosto altas e


esculpidas e olhos que prometiam tantos prazeres sombrios e
luxuosos.

Eu latejava entre as minhas pernas. Minha respiração ficou


superficial, meu corpo aquecido, precisando dele, mas algo abaixo
disso não estava me deixando ignorar. Não mais. Estava comigo a
noite toda.

Não ia mais ser esquecido.

Channing e eu sempre brigamos pelo envolvimento de sua


gang. Eu me afastei quando seu pai foi para a prisão, então ele
poderia se concentrar em cuidar de Bren. Mas havia outra razão pela
qual nos separamos no ano passado.

Foi o que me deixou com ciúmes de Samantha.

Talvez tenha sido por isso, que mandei uma mensagem de


volta.

Talvez eu apenas quisesse ...

Não, eu não poderia ir lá. Ainda não.

Ainda assim, peguei a mão dele e tirei da minha calça. Eu rolei


para fora da cama em meus pés em um único movimento, e minhas
mãos encontraram meus quadris.
Eu ofeguei levemente quando encontrei seu olhar.

—O que você está fazendo?

Ele se sentou, sua camisa branca encaixando perfeitamente e


deliciosamente. Eu puxei meu olhar para longe.

—Eu...— eu não sabia.

Deus doeu. Meu peito inteiro estava tentando implodir dentro


de mim.

—Heather.

Ele se moveu para a beira da cama. Esfregando a mão em seu


rosto, então através de seu cabelo.

—Nós estamos entrando e saindo da cama um do outro


ultimamente—, eu respondi.

Eu estava realmente indo lá? Mesmo? Eu, que odiava falar sobre
os problemas reais? Eu, que odiava sentir?

Merda. Eu fui.

Uma parede bateu em seus olhos. Seu rosto ficou mascarado.

—Sim.

Aconteceu tão rápido. Anos de bagagem fizeram isso.

—Você acha que devemos falar sobre o porquê de termos


terminado essa última vez?

Minha voz era um sussurro, não pude evitar. Eu estava mijando


em minhas calças aqui.
Um lampejo de emoção explodiu em seu olhar, mas ele se virou.
Sua cabeça caiu. Eu sabia que tinha machucado ele, ele estava
sofrendo também. Eu senti um nó na garganta, pensando nisso .

—Nós terminamos por diferentes razões o tempo todo—, ele


murmurou.

—Nós dois sabemos por que nós terminamos esta última vez.

Sim. Aqui estávamos nós.

O chão estava se movendo debaixo de mim. Eu queria que


parasse, e eu poderia fazer isso parar. Eu poderia abandonar a
conversa, ir até ele, tocá-lo, beijá-lo, puxá-lo para cima de mim e isso
seria feito. Podemos não mencionar isso por dias, semanas ou até
meses.

Nós poderíamos seguir esse caminho, éramos especialistas em


evitar os problemas reais.

Mas…

Isto.

Ela não era isso.

Eu estava feita. Eu não sei por que, mas eu estava cansada de


ignorá-la .

Eu estava cansada de ignorar, como minhas entranhas estavam


se rasgando todas as manhãs desde então.

—Eu também a perdi, sabe?


Eu estava cansada de ignorar como eu nunca seria a mesma
depois dela.

—Eu sei.

Ele olhou para trás, virando apenas pela metade, o rosto ainda
mascarado.

Eu fechei meus olhos.

Sentei-me ao lado dele, uma polegada de espaço entre nós. De


certa forma, isso significou nosso relacionamento. Nós dois
estávamos lá, mas não juntos. Nós estávamos sozinhos, não
conectados e nem nos tocando.

Eu precisava parar de pensar sobre isso.

Apenas doeu. Isso foi tudo.

—Nós dois perdemos nossa filha—, eu disse, minha garganta


crua.

Ele respirou fundo, endireitando-se.

—Eu sei.

Ele pegou minha mão, seu braço indo para baixo de mim
quando ele me levantou em seu colo. Sua cabeça descansou no meu
ombro e ele me beijou. Ele me segurou firme e seu corpo inteiro
soltou um suspiro profundo.

Eu senti ele relaxar em volta de mim.

Lá ela foi criada. Ela não era algo que estávamos ignorando.
Doeu, mas pareceu ... necessário.

Parecia ... melhor.

Mas minha garganta estava queimando e, embora meu peito


estivesse mais leve, eu não estava pronta para o próximo passo:
conversar.

Eu apenas sentei. Ele apenas me segurou. E depois de um


tempo, o ar na sala pareceu diminuir.

Seus braços me soltaram.

A tensão em mim levantou levemente, e eu podia senti-lo


debaixo de mim. Cada centímetro dele. Eu podia sentir seu olhar em
mim. Ele veio aqui com a necessidade de me reivindicar, e isso ainda
estava lá, mas tinha mudado. Ele havia se transformado em uma
necessidade diferente. Eu sabia disso, porque também estava
sentindo.

Incapaz de me conter, eu me movi para poder passar os dedos


pelos cabelos dele.

Seus olhos se fecharam saboreando meu toque, até que eu


balancei minhas pernas ao redor para montar nele. Eu me inclinei e
seus olhos se abriram, havia tanto amor nadando ali. Ele viu o
quanto eu precisava dele. Deus me ajude, eu precisava dele.

Senti sua mão deslizando pela parte de trás das minhas pernas,
e ele pressionou em mim. Meu peito estava em seu pescoço, suas
mãos estavam em meus quadris agora, cobrindo minha cintura, e ele
assentiu.
Eu gemi quando sua mão subiu pelas minhas costas, sob a
minha regata e, a outra mão baixou meu short de dormir apenas o
suficiente. Ele me segurou e, com nossos olhos grudados, um dedo
escorregou para dentro.

Eu ofeguei, me derretendo mais nele. Seu braço apertou minha


cintura e ele me segurou, olhando para cima, segurou meu olhar
enquanto seu dedo me acariciava. Um segundo se juntou a ele e eu
agarrei seus ombros.

Parecia tão bom, sempre tão bom, porque era nisso que nós
éramos bons, e ele continuava deslizando para dentro e para fora,
indo cada vez mais longe. Eu agarrei-o agora. Meus dedos se
curvaram, minhas unhas afundando em sua pele e eu mordi meu
lábio.

Comecei a fechar os olhos, querendo me entregar


completamente à tempestade que ele poderia dar ao meu corpo,
mas ele disse: —Não faça isso!

Seus olhos brilharam para mim e eu assenti.

Ele queria me ver gozar. Ele queria ver minhas pupilas


dilatadas, e eu odiava e amava quando ele fazia isso.

Ele me deixou vulnerável no estado mais bruto em que eu


poderia estar, completamente exposta, enquanto ele me observava.

Um terceiro dedo se moveu e eu deitei contra ele, ainda


sentada.

Cara a cara. Nariz com nariz. Seus olhos continuaram passando


para os meus lábios, mas ele não me beijou. Se ele fizesse, meus
olhos se fechariam e ele não poderia me ver. Ele não veria o poder
que ele tinha sobre o meu corpo, por dentro e por fora, e por causa
disso, eu rocei meus lábios sobre os dele.

Ele gemeu, mas recuou.

—Não é justo—, ele gritou, seus dedos se levantando e parando.

Eu os senti perto do meu estômago, e eu ofeguei, mas me


segurei.

Deus.

Por favor.

Eles estavam quase onde ela estava.

Ele os moveu ao redor, então os puxou para fora, apenas para


empurrar novamente.

—Chan—, eu gemi, minha cabeça caindo para trás, meus olhos


se fechando novamente.

—Heather—, ele rosnou, segurando a parte de trás do meu


pescoço, fazendo-me olhá-lo.

Oh-oh-oooh

Eu senti o clímax subindo, construindo lentamente. Channing


sorriu, diminuindo a velocidade e eu gemi.

Eu bati em seu ombro com um punho.

—Seu pau.

Ele estava desenhando isso.


Ele riu, mas ele cedeu, movendo-se para beijar meu ombro.

Eu comecei a montar na mão dele. Eu não pude me conter por


mais tempo, tive que soltar e meus seios começaram a roçar o peito
dele. Com um grunhido, Channing arrancou minha camisa. Ele jogou
para o lado e segurou um dos meus seios. Seu polegar beliscou meu
mamilo, enviando sensações através de mim.

Eu queria gozar. Eu queria tanto, e me abaixei, segurando seu


pulso no lugar para que eu pudesse montá-lo do jeito que eu queria.
Eu queria ter o controle, mas uma risada suave me acariciou quando
ele subiu, seus lábios encontraram os meus antes de ele dizer: —
Não, não.

—Você é tão idiota.

Deixando de lado meu peito, sua outra mão foi para a minha
cintura, e ele me segurou perto, ficando no mesmo movimento.

Eu gritei, meus braços ao redor de seu pescoço e minhas pernas


envolvendo sua cintura. Ele me acompanhou de volta, me segurando
contra a parede, e então sua boca encontrou a minha. Mas desta vez,
não havia nada de mole nisso. Nada de brincadeira, nenhum ligeiro
beliscão. Desta vez, seus lábios se abriram sobre os meus em um
beijo duro, um beijo brutal e eu sucumbi de bom grado.

Eu me movi mais alto contra ele, como se realmente


estivéssemos fazendo sexo, e não eram apenas os dedos dele em
mim. Puta merda, eu queria isso tão mal.

—Channing!
Ele riu de novo, recuando para poder me observar. Ele tinha um
olhar sombrio e primitivo em seu rosto, um que eu conhecia, e que
sempre se escondia sob a superfície, ele me acariciou com mais
força. Ele não estava mais se segurando.

Minha libertação estava chegando.

Minhas pernas se apertaram ao redor dele, e eu inclinei minha


cabeça para trás, impotente e só querendo o que estava vindo, e
então explodi. Meu corpo estremeceu em seu aperto.

Ele não me deu tempo para me aclimatar às sensações que


corriam através de mim. Empurrando suas calças e as minhas para
baixo, ele empurrou dentro de mim e eu gemi.

E parei de pensar nela.


HEATHER

QUINTO ANO

—Quem é você no Halloween?

Estávamos nos preparando para sair de casa quando meu pai


fez essa pergunta. Eu vesti seu manto verde, com uma dúzia de gatos
de pelúcia colados ou enfiados nos bolsos, e meu cabelo estava em
três rolos gigantes em cima da minha cabeça. Eu tinha explicado
toda a premissa do traje três vezes para o meu pai, e todas as vezes,
ele acabava olhando para o colo com os ombros tremendo.

Eu enruguei meu nariz.

—Aquele estúpido Channing Monroe.

—Eu pensei que vocês dois eram amigos.

Ele sufocou mais risos, trancando a porta atrás de nós.

Deixa comigo. Foi hilário.

Insira o rolar de olhos aqui, por favor.

Eu bufei: —Nós somos, mas ... ainda.

Eu estava apenas dolorida. Tate tinha ido enganar-ou-tratar


com seus amigos em Fallen Crest, porque é onde ela morava agora.
Eu me senti como uma perdedora. Ela nem me pediu para ir com
eles.
—Diga-me novamente sobre a ideia de sua fantasia— disse ele,
enquanto cruzava a varanda.

—Nós deveríamos escolher roupas que mostrem o que vamos


ser quando estivermos velhos, tipo, com vinte e cinco.

—Velho.

Nós nos separamos para ir para as portas do nosso carro. Ele


tossiu quando eu entrei. —Sim. Vinte e cinco é velho.

—É quase antigo, pai.

—Claro.

—De qualquer forma. — Eu entrei, reorganizando alguns dos


gatos para que o meu cinto de segurança não os esmagasse.

Ele ligou o carro e eu continuei: —Ele escolheu o meu. Ele acha


que eu vou ser uma dama de gato.

—E o que você escolheu para Channing?

—Isso foi um pouco difícil, porque eu tinha três opções. Ele vai
ser um astro do rock, um criminoso ou um serial killer. Ele fica
encrencado diversas vezes, tem que ser um desses três.

—Claro.

Mais uma vez, com o esmagamento labial. Suas mãos apertaram


ao redor do volante. —Então, o que você escolheu?

—O óbvio.

—Qual seria?
—Assassino em série.— Duh.

Quando chegamos à casa de Channing, eu o vi e saí do carro


num piscar de olhos. —Você deveria ser um cara matador!

Ele se levantou do degrau da frente e sorriu. Seu cabelo estava


penteado para trás e, quando passou os dedos por ele, pulseiras de
corrente deslizaram pelo braço dele. Ele usava uma camisa de
músculo rasgados, com um colete de couro por cima, junto com
calças de couro no fundo. Três colares compridos pendiam do peito,
um com uma cruz no final.

Ele inclinou a cabeça para trás, o polegar enganchado no cós da


calça.

—Vamos. Você realmente acha que eu vou ser um serial killer?

Ele acenou com a mão.

—Eu vou ser uma estrela do rock, mãos para baixo.

—Você trapaceou!

Eu rosnei, alcançando um dos meus gatos. Rasgando a fita


adesiva, eu joguei para ele.

—Eu não vou enganar ou tratar com você agora.

A janela rolou no carro do meu pai.

—As coisas estão bem?

—Sim!
Channing gritou correndo em volta de mim, então ele foi
primeiro para o carro. Sua mão encontrou a minha nas costas e
apertou-a.

—Nós ainda estamos em negociações sobre o meu traje, mas


estaremos bem, Sr. Jax. Minha mãe vai ligar para você quando
terminarmos esta noite.

Papai moveu a cabeça para o lado, um ângulo melhor para me


ver.

—Heather.

—Sim, pai?

Channing estava quase matando minha mão.

—Você está bem?

Eu cerrei meus dentes e usei as duas mãos para esmagar as


dele. Quando ele uivou em protesto, sorri docemente para o meu pai.

—Eu vou ficar bem.

Channing era o diabo, eu deveria ter feito ele se vestir assim,


mas eu não tinha nenhum plano alternativo de truque ou travessura.
Rock star teria que servir.

Assim que meu pai saiu da garagem, empurrei Channing para


longe.

—Você é um idiota.

—Vamos lá, Heather.


Eu parei no tom dele. Não era arrogante como o normal, ele
parecia envergonhado.

—Eu não quero me vestir como um criminoso ou um assassino.


Uma estrela do rock é muito mais legal.

Ele desviou o olhar.

Eu peguei meu robe.

—O que você acha que é isso? Você acha que eu sou Alanis
Morissette aqui? Eu estou em um manto com gatos gravados em
todo lugar. A dama do gato não é legal, mas eu joguei pelas regras.
Eu não sou trapaceira.

Ele revirou os olhos.

—É engraçado. Você não vai ser uma dama de gato.

Isso me fez sentir melhor, mas eu ainda estava chateada. Tinha


sido ideia dele escolher os figurinos um do outro.

—OK. OK.

Ele levantou as mãos, caminhando em minha direção.

—Que tal irmos com doces ou travessuras assim, e eu vou te


dar um pouco do meu estoque?

Bem... isso era promissor.

—Dê-me um terço do seu doce, e é um acordo.

—O que?

Seus olhos se arredondaram.


—De jeito nenhum.

—Metade do seu estoque.

Ele estreitou os olhos, inclinando a cabeça para o lado.

—Quanto mais você espera, quanto mais eu vou ...

Eu repreendi baixinho.

—Um terço.

Ele estendeu a mão.

—Acordo final.

—Metade ou sem acordo.

—Heather!

Ele choramingou, então gemeu quando sua cabeça caiu para


trás.

—Bem. Vou te dar metade.

Eu apertei a mão dele.

—Temos um plano de ação, para atingir essas casas?

—Hã?

—Quero dizer, vamos lá.

Eu coloquei minhas mãos nos meus quadris, ou em uma das


cabeças de gato.
—Precisamos de fantasias de apoio, para que possamos ir no
dobro das casas.

Ele refletiu sobre isso por um momento, mordendo o lábio


inferior, até que de repente ele foi para frente.

—Espere.

Ele correu para dentro, a porta de tela batendo atrás dele. Um


momento depois, eu o ouvi correndo de volta.

Sua mãe gritou de dentro, —O que você está fazendo com meus
novos lençóis, Channing?

Ele explodiu, abrindo a porta da tela como se fosse feita de ar.


Soltando os lençóis aos meus pés, ele pegou uma caneta e uma
tesoura preta e gritou de volta: —Nada, mamãe!

Ele se virou para mim.

—Corre!

Três horas depois, atingimos todo o Roussou duas vezes e


estávamos descendo os trilhos até a casa de Channing. Nossas bolsas
eram enormes, os trajes duplos haviam funcionado. Além disso,
nosso segundo passe atingiu as casas mais tarde, e a maioria das
pessoas queria se livrar de seus doces. Roussou não estava
recebendo os clientes que costumava ter, o que era incrível!

—Pare bem aí, vocês dois.

Um rosnado baixo veio de trás de nós.


Nós nos viramos, para encontrar dois caras lá, um em uma
fantasia de ceifador e o outro em trajes de prisão. De certa forma,
eles eram o serial killer e criminoso que escolhi para Channing. Fale
sobre a coincidência cósmica.

Ambos usavam máscaras, e o maior rosnou: —Dê-nos os doces,


seus perdedores.

Perdedores?

Cagando medo.

Sim. Isso mesmo, cagando medo.

Meu pai estava comigo sobre o juramento, mas seriamente. Ele


não estava aqui.

Foda-se esta merda! Eu gritei também.

—Ahhhh!

Os dois caras deram um passo para trás.

Channing estava me observando, franzindo a testa.

—Não fique toda louca.

Eu uivei para eles.

—Eu negociei duro para esses doces. Eles não estão levando
isso.

O serial killer e o criminoso trocaram um olhar, mas nenhum


deles disse uma palavra. Seus ombros rolaram para trás e o mais
alto levantou a cabeça. Ele tossiu. —Quero dizer. Nos dê o doce.
Tudo certo. O jogo começou, merda!

Eu era tudo sobre o juramento agora. Na minha cabeça.

Eu apoiei meus pés e larguei minha bolsa. Eu estava com o


lençol de fantasma, então, me abaixei e tirei o roupão.

—O que ...

O mais baixo franziu a testa.

—O que você está fazendo?

Eu arranquei dois dos gatos.

—Eu vou acabar com você, seu idiota!

—Não me chame de idiota!

—IDIOTA!

—Cara—, ele choramingou, olhando para o amigo.

—Nem...

Ele calou a boca de repente, explodindo os lábios e nos atirando


um olhar.

Nem? Nem o quê?

Então ouvi Channing rindo ao meu lado.

—Vocês são os perdedores.

Todos olhavam para ele.

—Chan?
Ele fez sinal para mim.

—Coloque os gatos longe. Nós não somos os perdedores. Eles


são.

Ambos os caras gemeram.

—Vamos lá, Channing.

Channing andou para frente, as mãos formando punhos ao lado


do corpo e balançou a cabeça.

—Você pode tentar levar nosso doce.

Ele esperou uma batida.

—Mas eu vou levar o seu em vez disso.

—Chan, nós estávamos apenas brincando.

—Acabou o tempo!

—O que?

O maior começou a correr para trás.

—Você não nos disse que tínhamos um limite de tempo.

Channing começou a perseguir.

—Eu não fiz, porque eu não sou um perdedor!

Toda a pretensão se foi. O serial killer/ceifador e o criminoso


saíram correndo. Channing estava logo atrás deles.

—Channing!
Eu gritei.

—O que você quer que eu faça?

Nós tínhamos dois sacos e meio de lixo de doces. Eu não


poderia carregá-los e persegui-lo também.

Ele gritou de volta: —Apenas espere. Eu volto já!

E dez minutos depois, ele voltou. Com mais dois sacos.

Nós conseguimos o grande tesouro.

—O que?— Eu perguntei, quando ele jogou uma das sacolas


para mim. Eu peguei. O saco era pesado.

Ele me deu um sorriso torto, usando as costas do braço para


limpar a testa. Ele ofegou.

—Isso foi Norm e Matt. Idiotas, eles pensaram que poderiam


roubar de mim.

—Eles são seus amigos.

Ele encolheu os ombros, deixando cair a bolsa no chão e


vasculhando-a.

—Eles são meus melhores amigos depois desta noite.— Ele


continuou olhando através de seu esconderijo, mas eu estava
olhando para ele.

Eu vi o escurecimento sobre seus olhos e me aproximei dele.

—Você vai ter um olho roxo?

Ele fez uma pausa, olhando para cima.


Eu estremeci, vendo seu rosto com força total agora. Metade
disso ficaria preto e azul, já estava inchando. Eu sabia sobre
hematomas e outras coisas, meu irmão mais velho era impetuoso.
Foi o que meu pai disse.

—Estou bem.

Toquei uma das contusões e assobiei.

Por que eu assobiei, não tinha ideia. Channing nem se mexeu.

Um olhar de pedra veio sobre ele.

—Eu estou bem, Heather.

Ele pegou meu roupão novamente.

—Você ainda acha que vai ser uma dama de gato?

Eu sorri, balançando a cabeça.

—Eu acho que vou ser um acessório em vez disso.

—Um bracelete? É isso que você quer dizer?

—Não.— Eu balancei a cabeça para ele e para as duas bolsas


que ele trouxe.

—Um acessório para um criminoso como você.

Channing riu. Eu ri. E enquanto caminhávamos o resto do


caminho até a casa dele, com os sacos de doce jogados sobre nossos
ombros, Channing estendeu a mão e pegou a minha.

Nos demos as mãos o resto do caminho.


Não conte a ninguém.
CHANNING

DIAS DE HOJE

Heather a trouxe, duas noites atrás.

Eu quase me cago em minhas calças.

Eu não estava esperando por ela, mas lá estava, bem no meio


da minha alma.

A tristeza que eu pensava que tinha ido embora, havia voltado,


como se nunca tivesse sumido.

Nós pensamos que íamos ter uma filha. Eu estava planejando


propor, mas então Heather acordou uma manhã e ...

Foi como o dia em que minha mãe morreu.

Eu estava preparado para perder minha mãe, ou tão preparado


quanto uma criança poderia estar, mas não estávamos preparados
para perder nossa garotinha.

Nós estávamos cheios de esperanças e planos para o futuro, e


eu até comecei a ver a cerca de estacas branca vindo em minha
direção. Provavelmente haveria algumas, Harley estacionaria atrás
delas, eu estava pronto para seguir a rota da “bola de cadeia”, no
tornozelo de Heather, não no meu.

Ela era boa demais para mim.


Eu ouvi a campainha tocar na minha antiga escola e olhei para
cima.

Heather dormiu na noite passada. Bren não tinha vindo para


casa, e quando eu a ouvi esta manhã, eu não tinha sido capaz de
manter a persona pai/irmão mais velho legal, em cheque. Nós
tínhamos tido algumas palavras, Bren escapou, e aqui estava eu,
perseguindo minha própria irmã caçula como o pai perdedor que eu
era, fodendo diariamente. Eu a vi entrar mais cedo, e o mundo não
parecia tão confuso. Ela parecia bem. As outras crianças deram-lhe
um amplo espaço, mas uma que era respeitada.

O orgulho encheu meu peito enquanto eu a observava.

Ela ia ficar bem. Certo? Ela parecia bem. Ela parecia excêntrica,
um pouco mais do lado aterrorizante, do que Heather costumava ser
quando estávamos na escola, mas ainda assim, durona.

Meu telefone tocou.

E assim, vendo que era uma chamada de Moose, minha vida de


gang estava de volta. Bren, Heather, elas tiveram que ser
empurradas para o lado.

O telefone tocou na minha mão, mas eu tive que demorar um


segundo para atender.

Essa preocupação/amor/tristeza não estava indo. Ele sentou


no meu peito como um maldito elefante.

Eu rosnei. Sentado na minha caminhonete parecendo uma


rasteira, cerrei os dentes e abaixei esses sentimentos. Eu pisei neles,
e sim, uma parte de mim foi com eles.
Com as narinas queimando, atendi o telefone.

—Sim?

Eu lati.

—Ei.

Moose não se incomodou.

—Tem um cara no armazém. Um advogado assustador, cara.


Eu estou olhando para ele através dos vídeos. Ele até tem o cabelo
viscoso e penteado para trás.

Moose riu.

—Ele parece um pomposo Peter.

Um Peter.

Uma parte de mim estava feliz. Já era hora de eu ter alguém


para foder.

—OK.

Eu verifiquei o tempo, dizendo: —Você está trabalhando


depois?

—Eu abro às onze.

Ele fez uma pausa.

Eu sabia que ele tinha ouvido como eu soava.

Ele só perguntou: —Você quer backup?


—Sim.

Você nunca sabe quem pode trazer uma arma para uma
chamada fria.

—Deixando a escola agora.

—Escola? O que? Você quer falhar...

Eu não queria ouvir o nervosismo, então desliguei. Meu


telefone tocou um momento depois, quando eu estava na estrada.

Moose: Fuga da escola secundária.

Eu ri. Ajudou. Não muito, mas um pouco.

Quando cheguei ao armazém, vi que Moose estava certo. O cara


do lado de fora do portão era um Peter.

Porra do inferno.

Eu sorri para ele quando ele se virou para a minha


caminhonete, e eu abaixei minha janela.

—Quem é você? Não é o seu dia.

O cara se afastou do portão enquanto eu estacionava.

Eu saí, mas não estava com pressa de fazer essa interação. A


necessidade de me tirar alguma merda, para fazer esse alvo sangrar,
era muito grande.
Eu recuei, encostado no meu caminhão.

Eu não confiava em mim mesmo, ainda não.

Ajustando sua gravata, ele começou para mim, sua mão para
fora para uma sacudida.

—Eu sou Eric McDougall. Brett Marsch é meu cliente. Ele é ...

—Eu pararia aí—, eu rosnei.

O cara tinha uma cabeça de pássaro, e ele parecia alto. Ele


passou a mão pela gravata.

—Eu...me desculpe?

Eu já tinha passado a pergunta dele, estudando-o.

—Eu não esperava que o cara fosse advogado. Eu pensei que


ele tinha uma gang aqui, pensei que teria que lidar com uma
retaliação desse jeito.

Eu fiz uma careta.

—Isso significa que ele não tem uma gang local?

—O que?

Ele franziu a testa.

—Não. Do que você está falando? Estou aqui em nome de Brett


Marsch, sênior.

—Você diz isso como se eu devesse dar uma merda.


Outro ajuste de gravata e desta vez, ele puxou os lados de sua
jaqueta mais juntos. Ele consertou o botão de cima. Ele realmente
parecia o Peter agora.

—Estou aqui para oferecer a você e sua empresa uma proposta


de trabalho.

—Uma proposta? Estou intrigado.

Eu disse isso categoricamente. Eu não estava.

Eu juro seu peito inchou.

—Como eu disse, represento Brett Marsch, Sênior, da Marsch


Industries. Ele soube que você pode ter encontrado o filho dele
recentemente. Ele gostaria de saber a base dessa interação.

—A base?

Eu falei demoradamente.

Minha mão se contraiu.

—Sim. Qual foi a razão por trás da sua interação com o filho
dele?

Moose precisava se apressar.

Inclinei a cabeça para o lado.

—Quanto ele quer saber?

Meu significado era claro.

O cara estreitou os olhos.


Ele recuou.

—Bem, ele gostaria de saber se era uma interação comercial ou


uma interação social. Qualquer informação que você pudesse dar ao
meu cliente, ele seria grato.

Eu ri, cruzando um tornozelo sobre o outro.

—Eu gostaria de saber como ele ficaria grato.

O advogado olhou para mim.

Eu olhei de volta.

Ele franziu a testa.

—Você está tentando extorquir meu cliente por dinheiro?

Eu sorri.

—Essas são grandes palavras para esta merda do ensino médio.

Eu deixei cair o sorriso, deixando-o saber que eu estava falando


sério. Eu refresquei meu tom.

—Papai quer saber onde está seu filho errante. Certo? Eu


entendi certo?

Ele engoliu em seco, seu pomo de adão pulando para cima e


para baixo.

—Sim. Você entendeu.

—Você não sabe onde você está. Nós não somos o povo
amigável da cidade pequena aqui. Você quer algo, você paga por
isso. Você quer informações sobre o filho adulto do seu cliente, você
paga por isso. Ficou claro?

Ele tossiu.

—Pagar por isso?

Eu ouvi um caminhão se aproximando. Moose teve o melhor


timing.

Sua caminhonete correu pela estrada e diminuiu a velocidade


antes de parar onde eu estava.

Ele baixou a janela.

—Ei, filho da puta do colegial.

Eu grunhi.

—Mostra que você é o idiota. Eu me formei.

—O que?

Seu sorriso desapareceu.

—Mesmo?

—Você é o único que não se formou.

Eu gesticulei à frente.

—Este excelente Peter está oferecendo dinheiro para descobrir


que negócios nós tivemos com o Sr. Brett Marsch.

O advogado se arrepiou.
—Meu nome é Eric McDougall, e eu não estava oferecendo.
Estávamos discutindo a opção de ...

—O que? Mesmo?

Moose estava mortalmente sério.

O advogado engoliu em seco.

—Sim.

Ele franziu a testa.

—Esse é o meu nome.

—Não é sobre o seu nome. Você está oferecendo dinheiro?

—Oh. Uh ...

Ele tossiu, depois seus ombros caíram.

—Suponho que esteja.

Peter ajustou seu aperto em sua pasta, movendo-a na frente


dele como se fosse um escudo.

—Sr. Marsch está disposto a pagar, mas antes que qualquer


pagamento possa ser discutido, eu preciso saber que tipo de
interação você teve com seu filho.

Ele fez uma pausa, esperando.

Eu não tinha dúvidas de que isso funcionara nos outros.

Eles ficariam impressionados com seu terno liso, seus cabelos


penteados para trás, a maleta que provavelmente era uma marca
fodidamente cara, e depois de acenar com a promessa de dinheiro
na frente deles, a baba deles ia cair nos tornozelos.

Ele olhou para nós.

Moose e eu olhamos de volta.

Nós não dissemos nada. Nós não piscamos.

Ficamos contentes em esperar por Peter. Inferno. Isso foi


entretenimento para nós, só de vê-lo inquieto.

Um minuto. Dois. Ele tossiu de novo, passando a mão pela


gravata e depois novamente, uma terceira suavização. Ele não podia
deixar isso mais plano. O empate estava morto. Ele sufocou.

—Bem ...

Ele endireitou suas abotoaduras.

Não mesmo. Ele fez.

Ainda sem reação para Moose e eu.

—Está bem então.

Seu peito subiu e desceu.

—Você pode me dizer a razão pela qual você interagiu com o


Sr. Marsch, Jr.?

Moose e eu rimos.

—O que?

O advogado parecia desnorteado agora.


Moose gesticulou para ele.

—Aqui está como nós trabalhamos. Você nos paga. Então, nós
lhes dizemos.

O advogado olhou para mim.

Eu me inclinei contra a minha caminhonete e balancei a cabeça


em direção a Moose. —Ele é só músculo. Eu o ouviria.

Moose ergueu os olhos para cima, mas foi o mais próximo que
conseguiu chegar de um olhar. Seu rosto sério e morto ainda estava
ligado.

—Seu primeiro erro foi vir aqui. Seu segundo, foi mencionar
que você conhecia Brett Marsch. Seu terceiro, foi se vestir assim e o
quarto, foi nos deixar saber que você realmente quer saber sobre o
que conversamos com Marsch.

As sobrancelhas do advogado se juntaram.

Moose emendou: —Marsch, Jr.

O advogado virou-se para mim. Eu balancei a cabeça.

—Você paga. Nós falamos.

Ele fez uma careta e amaldiçoou, pegando sua carteira. Ele


puxou algumas notas e as jogou no chão.

Vinte dólares.

Moose e eu começamos a rir.

Dois deles explodiram.


Ninguém fez um movimento para pegá-los, e eu avisei: —Você
pode querer não nos irritar.

Moose não reagiu, mas senti sua surpresa.

Eu estava perto de quebrar. Eu precisava recuar, mas ela estava


lá, bem debaixo da superfície. Assim como Heather e Bren. Três
mulheres na minha vida e uma delas já se foi.

Merda. Eu tinha que deixar esse cara saber.

—Você me insulta mais uma vez, jogando dinheiro aos meus


pés como se eu fosse um mendigo, e seu sangue vai estar cobrindo o
chão.

Eu levantei uma sobrancelha.

—Ficou claro?

Ele não se mexeu, não por pelo menos dez segundos completos.
Seus olhos se fixaram nos meus e, sem uma palavra, ele tirou uma
centena da carteira.

Quando ainda não me mexi, ele foi até Moose.

Assim que Moose aceitou, eu disse: —Ele estava aqui.

Eu parei.

Ele esperou.

Eu apenas sorri para ele, sabendo que a ameaça de violência


estava no ar e sabendo que ele podia sentir isso.

Ele murmurou baixinho: —Você está brincando comigo?


Mas ele empurrou mais uma nota de cem dólares.

A próxima rodada deste jogo começou, seguida por mais


algumas depois disso. Ele aprendeu que conversamos com ele e que
ele estava em nosso armazém.

Eu aguentei até conseguirmos uns quinhentos dele. Então, eu


tive o suficiente.

—Olhe, nos dê mais quinhentos e contaremos tudo. Qualquer


coisa menor do que isso, esqueça.

Ele se ergueu ao máximo, como se estivesse ofendido. Mas


depois de olhar entre Moose e eu novamente, ele desistiu.

—Tudo bem—, ele murmurou, tirando a carteira e esvaziando-


a.

Moose pegou o dinheiro, contou e acenou para mim.

—Marsch estava executando uma farsa no lar de idosos aqui—


, eu disse ao Peter.

—Nós o expulsamos da cidade.

Ele parecia desanimado.

—Isso é tudo?

Nós tínhamos batido a merda fora dele, mas eu não estava


compartilhando isso com um advogado.

—Por que você está procurando por ele?

Eu perguntei.
—O pai querido, está sentindo falta de seu herdeiro?

Ele segurou sua pasta mais alta, movendo-a para descansar na


frente de seu estômago.

—Isso não é da sua conta.

Moose e eu compartilhamos um olhar. Eu dei um passo à frente,


cruzando os braços sobre o peito.

Peter recuou um passo, seus olhos passando de mim para


Moose e voltando novamente. Sua boca afinou.

—Somos bons em encontrar pessoas—, eu disse a ele.

—Valeria a pena o seu tempo para nos pagar, para entregá-lo a


você.

—Entregar?

Ele ecoou.

—Sim. Nós o encontramos e o traremos para você.

Sua cabeça inclinou para o lado.

—Qual é o truque?

Veja? Ele era esperto.

—Por um preço, vamos entregá-lo para você.

Ele suspirou, seus ombros caíram e ele balançou a cabeça.

—Claro. Por um preço.


Ele resmungou, pegando um talão de cheques.

—Por que tenho a sensação de que você está prestes a me


enganar?

—Dez mil ...

—Dez mil?!— ele cuspiu.

Eu o ignorei.

—Advogados não são baratos. Você está dirigindo por aí


perseguindo o cara, então, ou ele está chantageando você ou você
está cobrando por hora. De qualquer forma, ele tem o suficiente para
querer ter seu filho de volta para ele. Então, sim. Dez mil malditos,
Peter.

Ele rosnou.

—Esse não é o meu nome.

—Se ele estiver na área, nós o teremos em quarenta e oito


horas. Se ele não estiver, levará mais tempo para viajar.

Dei de ombros.

—É pegar ou largar. Ou podemos esperar, ver se ele volta para


terminar o golpe e podemos dar a ele a mesma opção.

Moose se inclinou para frente.

—Exceto, que ele vai nos pagar para não foder com ele, mas
foda-se.

—Sua escolha—, eu terminei.


O cara estava ferrado e sabia disso.

Uma veia saiu do lado do pescoço dele. Moose e eu fizemos o


que tínhamos feito antes: nada. Nós olhamos para trás e não nos
movemos um centímetro.

—Bem.

Ele expeliu um suspiro frustrado, amaldiçoando em voz baixa.

—Tenho a sensação de que você não terá nenhum problema em


descobrir onde eu vou ficar nesse meio tempo.

Ele escreveu o cheque, assinando com tanta força que sua


caneta fez um pequeno buraco. Rasgando-o, ele arremessou em
direção a Moose, em seguida, partiu para seu carro.

Ele estava no meio do caminho, passando por nossos


caminhões, quando ele girou nos calcanhares. Ele apontou um dedo
para mim.

—É melhor que ele esteja vivo e ileso.

Nós não respondemos.

Ele partiu para o carro, mas parou novamente.

—Eu quero perguntar o que é um Peter?

Ele já estava fazendo caretas.

Moose olhou para mim. Eu abaixei minha cabeça para frente,


dando-lhe o sinal verde, e com um sorriso perverso, ele começou.

—Você ouviu falar de um lugar chamado Tuesday Tits?


As sobrancelhas do advogado se comprimiram.

—O bar da cidade?

Moose assentiu.

—Mas não é um clube de strip-tease.

—O que isso tem a ver com um Peter?

Moose estava chegando lá, ele não seria apressado, falou


lentamente.

—Um Peter, é o tipo de cara que apareceu pela primeira vez


quando o Tuesday Tits foi renomeado. Ele entrou pensando que o
lugar era um clube de strip-tease. Ele entra, olha em volta, há
algumas garotas, mas ninguém mostrando as tetas. Então, ele fica
confuso, mas ele não diz nada, mas também não sai. Ele não
pergunta se o lugar é um clube de strip-tease ou não, vai para um
canto escuro, onde está pronto para se acariciar e começa a beber.
Ele fica lá a tarde toda, esperando que alguém comece a dançar, e
inferno, quando a noite chega, ele espera que qualquer garota
comece a dançar. Bebe a noite toda, ficando tão perdido, que ele é
uma pilha de nada quando é levado para fora. Ele entra em um táxi
e vai para casa, dorme e volta no dia seguinte. Um Peter, é aquele
cara que vem todos os dias, bebe todos os dias, apenas na esperança
de ver um par de tetas. Mas ele está tão envergonhado de si mesmo,
que ele nunca pergunta se é um clube de strip ou não. Ele é o tipo de
cara que fica Patético Todo Dia No Tuesday, e quando ele é chamado
de PETER no final da noite, ele se vira e diz: Eu não sou Peter.

Moose estava sorrindo largamente agora, mas com um brilho


cruel.
—Isso é um Peter.

O Peter olhou para nós, não piscou e não reagiu. Ele ainda
estava parado, até que suas mãos se levantaram e apertaram o
volante.

—Inacreditável— ele disse novamente.

Ele saiu de lá vomitando sujeira, e parte dela chovendo sobre


nós.

Assim que ele se foi, Moose olhou para mim.

—Ele não está satisfeito.

Eu levantei um ombro.

—O que ele vai fazer? Nos processar?

Então eu dei uma ordem rápida.

—Espalhe a palavra. Pegue-o antes que Richter descubra que o


advogado está aqui. Nós não precisamos ter um problema mesclado
com o nosso outro problema.

Moose acenou com a cabeça, um olhar sombrio no rosto.

—Certo.

Toda a merda na minha vida, esse era um problema que eu


poderia resolver.

Mas eu ainda tinha a necessidade de bater meus punhos em


algum lugar.
HEATHER

EU quebrei as regras.

Eu falei sobre ela.

Houve uma trégua nos dois dias desde então, entre Channing e
eu. Nós não falamos mais sobre ela, mas nós dois a sentimos. Eu
sabia que nós fizemos. Channing estava no limite mais do que o
normal, mas eu também. Era provavelmente a razão pela qual nós
havíamos nos enfrentado como animais na noite passada.

Sexo era mais fácil que sentimentos. Sempre. Para sempre.

Eu estava deixando o seu lugar, quando Bren entrou já pulando


em seu primeiro dia de aula. Ela tinha um saco de comida na mão.

Eu perdi o equilíbrio, como quase toda vez que ela estava por
perto.

Não era culpa dela.

Ela não pediu para o pai deles ir para a prisão e para Channing
ser seu guardião. Apesar do despreocupado e frio exterior, tive a
sensação de que ela amava seu irmão, mas me lembrei de como é
estar no ensino médio. Lembrei-me de perder minha própria mãe e
de não querer chegar perto de ninguém. Eu mal deixei Sam entrar,
embora ela nunca soubesse disso.
Bren e eu conversamos um pouco, e havia um constrangimento,
como sempre.

Ela era uma loba fêmea enjaulada, que cresceu sendo abusada.
Havia tanta beleza lá, mas ela era selvagem e perigosa. Ela precisava
de amor, tanto amor, e eu era a idiota, tirando um pouco desse amor,
porque Channing não tinha descoberto como fazer malabarismos
com todos em seu prato.

Eu sofria por Bren, eu realmente sofria. Eu queria levá-la em


meus braços, abraçá-la e abraçá-la, mesmo sabendo que ela lutaria
para fugir. Ela precisava de amor, mas não queria precisar.

Eu não tenho as palavras, eu raramente tenho.

Então, ela estava aqui, eu estou aqui. E nenhuma de nós sabia o


que dizer.

Fiquei surpresa que duramos tanto tempo. Eventualmente ela


decolou, dizendo que estava voltando para a escola, mas eu não
nasci ontem. A garota estava se escondendo. Não era o meu lugar
para intervir. Porra, eu nem sabia o que teria que ser feito, então saí
também.

Eu tinha que voltar para o Manny's.

Mas uma vez no meu carro, percebi que o tanque estava quase
vazio, então entrei em um dos dois postos de gasolina em Roussou.
Channing estava sentado na frente da minha caminhonete quando
saí, uma bebida energética na mão.

Seus pés pendiam do capô e ele lançou um sorriso arrogante ao


me ver.
Eu vacilei por um instante, feliz por ver a arrogância, não o
tumulto que eu havia desencadeado duas noites atrás.

Eu aumentei meu aperto na minha bebida, antes de ir.

—Ei.

—Ei.

Ele estava zombando de mim, me dando a mesma resposta de


boca fechada.

Eu lutei contra revirar os olhos.

—O que você está fazendo aqui?

Ele não respondeu a isso.

—Você acabou de vir de casa?

—Sim, eu dormi demais.

Ficamos em silêncio, mas nós dois sabíamos o que estaria


acontecendo a seguir.

Ele era arrogante e estava sorrindo. Isso significava que


estávamos indo para a superfície, não estávamos indo fundo.

Mas Channing esperaria que eu desse o primeiro passo, se eu


quisesse tocá-lo ou se não, eu daria o tom. Ele normalmente me
deixava ditar o ritmo, a menos que sua fome fosse demais, então ele
andaria até mim e eu poderia dizer sim ou não. Mas não assim,
quando sua fome estava saciada, quando estávamos em plena luz do
dia e havia pessoas nos observando como eu sabia que havia. Todos
nos assistiram, especialmente Channing.
Ele era reverenciado aqui. Eles o amavam e me observavam,
porque sabiam que ele me amava.

A decisão era minha agora. Eu não sabia o que eu queria, então


eu joguei.

Eu forcei uma risada falsa, isso me fez estremecer.

—Eu estava voltando para o Manny's.

Ele assentiu, ainda me observando, ainda sem dizer nada. Seu


olhar assumiu um olhar de conhecimento, como se ele estivesse
lendo dentro de mim.

—Ok. Tudo bem—, disse ele.

Eu dei uma olhada nele.

—O que?

Seu sorriso se espalhou lentamente.

—O que?

—'Ok'—, eu zombei dele.

—O que isso significa? 'OK'?

—Eu não estou dizendo isso de forma alguma. Eu só estou


concordando com você.

—Vamos.

—Vamos?

Seus olhos dançaram e ele abaixou a cabeça.


—Vamos o que?

Ele estava flertando.

Eu não pude segurar meu sorriso de volta.

—OK.

Eu disse exatamente do jeito que ele fez.

Ele soltou uma risada, me alcançando e me puxando na frente


dele. Ele deslizou as mãos pelo meu cabelo, trazendo um pouco para
cobrir meu rosto até que eu não conseguisse ver nada.

—É assim que você deve usar seu cabelo, é muito bonito. Você
pode começar uma tendência, chame de Heather's It.

—Mesmo?

Eu estava comendo meu próprio cabelo, mas não conseguia


ofuscar meu sorriso. Ele tinha esse efeito em mim.

—Oh sim.

Sua voz soou suave, cada vez mais íntima, e ele se inclinou para
baixo, sua mão passando pelas minhas costas.

—E então, eu posso fazer tudo o que eu quero.

Sua mão estava na minha bunda. Ele pegou um bom pedaço,


mas não foi uma tentativa ofensiva, foi uma reivindicação
possessiva e senti sua respiração no meu pescoço. Seus lábios
roçaram minha pele e ele me segurou perto, quase me cobrindo. Eu
me movi para ele, meus braços deslizando por suas pernas e ao
redor de sua cintura. Era um toque íntimo, provavelmente parecia
desconfortável como o inferno do lado de fora, mas eles estavam do
lado de fora, eles não estavam de pé onde eu estava e não se sentiam
como eu estava me sentindo com Channing naquele momento.

Eu não queria voltar atrás.

Ele me abrigou e eu senti que tudo daria certo. Toda a merda


seria consertada, e eu não teria que encarar nada disso. Mas isso não
era verdade, e eu gemi quando me afastei.

Sua mão deixou minha bunda, embora ele não tenha me


deixado ir longe. Suas pernas apertaram ao meu redor me
segurando no lugar, e ele fechou os braços em volta dos meus
ombros. Ele estava me abraçando, de uma maneira quase casta. Sua
cabeça descansou contra a minha.

Eu senti sua tensão então, e eu sabia que esse abraço era para
ele.

Ele precisava de mim e, momentaneamente surpresa, fiquei lá.

Eu afundei de volta nele.

—Vocês são tão doces?

Dex Richter!

A pergunta não foi nem totalmente feita, antes de Channing se


levantar e pular ao meu lado, seu corpo ficou rígido e eu me virei. Eu
sabia de quem era aquela voz e sabia o que Channing iria querer que
eu saísse.
Ele foi em frente para lidar com Richter, quando eu entrei no
meu veículo. Eu estava saindo de lá, enquanto contava quantos
Demônios havia com o líder deles.

Richter acenou para mim, mas eu o ignorei, girando meus


pneus para acelerar um bloco antes de encostar.

Eu chamei Moose.

—Heather?

—Channing está em um posto de gasolina em Roussou com


Richter.

Não houve hesitação.

—Qual?

—Miller.

—Estou indo. Vá para o Manny's.

—Ele tinha outros quatro com ele—, acrescentei.

Eu peguei o leve palavrão antes de Moose desligar e, embora


tudo em mim quisesse voltar e ficar com meu homem, fui até o
Manny’s. Essa é a minha casa. Lidar com Richter, é onde Channing
governa.

Eu fui trabalhar e tentei não pensar sobre o que eu tinha


expulsado.
CHANNING

Meu queixo pode cortar aço.

Eu estava muito chateado.

Ali estava Richter e quatro de sua gangue atrás dele, suas


Harleys estavam na minha cidade e eu queria esmurrar o rosto dele
no chão. Em vez disso, fiz uma pergunta, com uma frieza definida em
meu tom.

—Você acha que pode me insultar e a minha garota?

Eu dei um passo mais perto.

—Quando estou com minha garota?

Seus caras já estavam em pé em atenção. Essa era a minha


primeira pista de que Richter estava aqui para mexer comigo, mas
ao meu redor, eles entraram em uma postura de luta.

A raiva me invadiu trovejando alto, e eu fiquei tentado a entrar,


dane-se a precaução. Meu tempo com Heather estava fora dos
limites. Essa era uma lição que achei que ele tivesse aprendido a
muito tempo. Parece que uma sessão de lembretes era preciso.

—Whoa, Monroe.

Eu peguei o lampejo de cautela em seus olhos, antes que ele


mascarasse isso. Eu o assustei, e isso era tudo que eu precisava
saber. Isso significa que ele realmente não tinha a fortaleza de
homens atrás dele, como ele tentava mostrar.

Ele rolou os ombros para trás, tentando sorrir. Sua mão subiu.

—Calma, cara. Eu não sabia que você e Jax estavam juntos


novamente.

O cal…? Eu estava feito.

Eu deveria ter esperado.

Eu sabia que Heather tinha ligado.

Eu deveria ter dado tempo para me mobilizar, mas um


interruptor foi desligado na minha cabeça. Eu parei de pensar. E
toda a merda dos últimos dias rolou e se juntou no meu punho.

Eu balancei as consequências, eu seria condenado, porque esse


filho da puta teria isso vindo. Eu o soquei na cara.

Houve um segundo de silêncio logo depois. Sempre era assim


em uma briga, alguém dava o primeiro passo, esperado ou não,
depois vinha o silêncio. Por um segundo feliz.

Eu amava esse momento. Eu gostava disso. Eu respirei, porque


eu sabia que era tudo o que eu tinha, antes que o tempo batesse de
volta no lugar e as consequências aparecer.

Mas naquele momento, no momento em que seu corpo caiu,


fiquei em pé sobre ele, e não era o sangue dele na minha mão. Era o
meu, era o de Bren, era o do meu pai, era o da Heather.

Era o da minha filha.


Então, o tempo correu de volta para mim, e o momento se foi.

Era hora de lutar.

Seu segundo correu com o braço no ar.

Envolvendo meus braços ao redor de Richter, eu o joguei no


chão, mas eles estavam em mim.

Quatro pares de mãos me agarraram, me arrancando antes que


eu pudesse socá-lo.

Eu ouvi freios guinchando e, antes que eles pudessem começar


a me acertar, duas figuras grandes estavam neles.

Moose pegou um, jogou-o no chão e começou a trilhar.

Congo foi o próximo, lutando com o grande filho da puta.

Os dois últimos que me seguravam foram arrancados e Richter


voltou à minha linha de visão.

Ele congelou, me vendo chegando e começou a correr.

—Não faça isso!

Eu enfiei a cabeça e fui para ele como se ele estivesse prestes a


marcar um touchdown no final do quarto tempo, e ele estava entre
mim e ganhar o jogo do campeonato. Aquele cara estava afundando,
e ele sabia disso.

Ele recuou. Suas mãos subiram quando eu agarrei ele.

Eu bati o corpo dele e comecei a bater.


O primeiro golpe o confundiu, e qualquer briga que ele pudesse
ter terminado. Mas eu ainda estava indo. Esquerda, direita,
esquerda direita, eu o acertei em rápida sucessão a princípio, mas
quanto mais tempo ele ficava, mais distância eu tinha para meus
socos. Eu estava levantando todo o caminho, trazendo meu punho
para baixo do meu ombro quando ouvi o primeiro grito.

Eu não pude parar.

Ele ameaçou Heather antes e a Bren também. Agora ele veio e


... eu não estava lutando contra ele pelo empurrão que eu sabia que
ele estava trabalhando para entrar em Roussou. Eu estava dizendo
a ele, no meu caminho, que ele precisava ficar longe daqueles que eu
amava.

Bren

Soco.

Heather.

Soco.

Minha filha.

Soco.

—Chan!

Moose gritou na minha cara, puxando meu ombro.

Eu balancei, empurrando-o para longe.

Eu estava livre, por um segundo.


O rosto de Richter estava uma bagunça sangrenta, eu nem tinha
certeza de onde eu estava batendo. Eu não conseguia ver seus olhos
nem nada, era uma massa gigantesca de sangue escorrendo e estava
ficando em cima de mim.

Eu ainda não conseguia parar.

—CHAN!

Três caras estavam em cima de mim, puxando-me para trás, me


empurrando para longe. Eles me arrastaram alguns metros, antes de
eu ouvir os carros de polícia chegando.

—Porra, cara!

Meu primo gritou na minha cara, e eu peguei um vislumbre de


Lincoln saindo da estação, as fitas de segurança em suas mãos.

Nós temos que ir. Nós temos que ir agora.

—Deixa comigo.

Eu os empurrei de cima de mim.

—Deixa comigo!

Eu não queria passar a noite na prisão quando o resto dos


Demônios estaria à espreita. Eles não falavam comigo, queriam se
vingar, e ninguém em Roussou conversava. As filmagens de
segurança foram retiradas, então, enquanto saíssemos daqui,
estaríamos a salvo.

Por agora.

Eu comecei a andar para o meu caminhão, mas olhei para trás.


Cinco deles estavam no chão, e apenas um tinha começado a se
sentar. Havia um hospital em Frisco, eles iriam para lá, não para o
Fallen Crest.

Quando entrei na minha caminhonete, Scratch estava na porta.

—Volta.

Ele me empurrou, não esperando, e entrou onde eu estava.

—Você não está dirigindo. Não depois disso.

Ele saiu de lá, cuspindo cascalho solto.

—Você é um louco.

As janelas estavam fechadas, e ele estava indo a mais de


sessenta pela cidade, mas tudo que eu podia fazer era sorrir para
ele. Ele estava sangrando no rosto, ombros, braços e mãos, e eu
apenas ri.

—Eu aposto que você é tão ruim quanto eu.

Ele não disse nada, apenas dirigiu pelas estradas secundárias


para o bar que nós dirigimos juntos. Foi só quando chegamos ao
beco que as mãos dele começaram a tremer.

Ele estacionou e ficou sentado lá.

Sua cabeça caiu.

—Você poderia tê-lo matado, Chan—, disse ele antes de olhar


para mim.

—Onde todos nós estaríamos então?


Um calafrio desceu pela minha espinha.

Ele estava certo.

Uma imagem minha, jogando punho após punho em Richter,


passou pela minha cabeça. Eu senti sua cartilagem quebrar, senti
seus dentes quebrarem. Eu sabia que tinha quebrado a maçã do
rosto dele.

E eu não estava parando.

Scratch estava certo, eu poderia ter matado ele.

—Eu sinto muito.

Ele não respondeu.

Um caminhão parou atrás de nós, era Lincoln. Ele e o Congo


estavam saindo, vindo em nossa direção.

Eles vieram por ordens.

Meu primo não estava em nossa gangue, mas ele poderia muito
bem ter estado. Ele entrou na merda assim por mim.

Congo abriu a porta e recuou.

—Moose ligou, os Scouts estão se preparando.

Eu assenti. Estariam posicionados fora do hospital, na cidade


de Frisco e fora de Roussou também.

—Eu quero que dois sejam enviados para o Manny's.

Congo tirou o celular, para fazer o que foi pedido.


—Bren?

Lincoln perguntou.

Eu hesitei, antes de sacudir a cabeça.

—Sua gang irá protegê-la, ela vai ficar bem. Nós vamos dar-lhes
um alerta.

Scratch contornou meu caminhão, jogando minhas chaves para


Lincoln.

—Se nós tivéssemos algum Demônio aqui, eles teriam


destruído o lugar. Mas eles estarão de volta.

Ele me lançou um olhar sombrio.

Eu fechei a porta, estremecendo com o quão apertado minhas


mãos já sentiam.

—Eu tive que fazer— eu declarei depois dele.

—Ele ameaçou Heather e Bren. Essa foi a segunda vez.

Scratch ergueu as mãos para o bar. Ele entendeu, mas estava


aborrecido.

Precisávamos estar prontos, embora uma rápida retaliação


provavelmente não estivesse em andamento. Os Demônios eram
lentos, muito lentos às vezes.

Eu não estava pensando em sentar e esperar para ver qual seria


o combate de Richter. Eu queria saber antes mesmo que ele
soubesse.
—Vamos.

Eu acenei para o Congo.

—Você e Lincoln estão trabalhando juntos esta noite. Limpe e


comece seu turno.

Lincoln começou por dentro.

Congo esperou.

—Tem certeza?

Eu balancei a cabeça novamente.

—Eu preciso limpar, e depois tenho que fazer algum trabalho.

—E aquele vigarista? Moose disse que você queria encontrá-lo.

—Você sabe onde ele está?

Ele gesticulou por cima do ombro.

—Ele deixou o hospital ontem. Ele está em Fallen Crest, em um


dos hotéis.

—Qual?

—O Starroad.

Moose saiu pela porta dos fundos do bar.

—Você estacionou na rua?

Eu perguntei.
Sua mandíbula estava apertada, assim como a minha tinha
estado.

—Eu fiz. Há seis demônios dentro, apenas relaxando como se


nada tivesse acontecido.

Eu estreitei meus olhos.

—Quem são eles?

—Traverse e Connelly, são dois deles.

Eu estreitei meus olhos.

—Os telefones deles não estão funcionando?

—Eles estavam com eles, alguns dos caras. Mas não esses dois.

Isso não estava certo.

Minha gang ouviu que eu estava em apuros e veio para mim.


Esses caras deveriam ter feito o mesmo para Richter, a menos que
uma das duas coisas estivesse acontecendo eles tinham sido
ordenados a sentar e esperar, e retaliar se tivessem uma chance.

Ou…

Eu estava indo para o palpite que tive assim que vi medo nos
olhos de Richter.

Eu fui para dentro.

Moose e Congo correram para me alcançar.

—O que você está fazendo, Channing?


Eu ouvi o rastro de preocupação na voz de Congo, e isso quase
mudou minha mente, mas meu instinto estava me dizendo algo. Eu
precisava ver se funcionaria.

Eu não sabia muito sobre o Demônio MC, mas eu sabia que


Traverse e Connelly estavam frequentemente no meu bar. Richter
era o líder deles, mas ele praticamente ficava longe. E quando
Traverse e Connelly estavam aqui, eles sempre tinham os mesmos
membros com eles, além de alguns outros aqui e ali.

Eu entrei.

Moose e Congo estavam bem atrás de mim e, na minha


presença, Scratch e Lincoln pararam o que estavam fazendo. Os
regulares espalhavam-se e os poucos clientes que haviam parado
aleatoriamente de Fallen Crest ou Frisco não estavam muito atrás
deles.

Traverse e Connelly ficaram parados, sem se levantar quando


me aproximei da mesa deles.

Eu os estudei, avaliando as chances de um deles puxar uma


arma. Como se lesse minha mente, Traverse achatou as mãos em
cima da mesa. Connelly fez o mesmo e os outros também. Nenhum
deles falou. Eles estavam apenas esperando, sentados em seus
costumeiros coletes de couro, jeans, correntes e botas. Eles não
estavam vestidos de forma diferente do que os que tínhamos
deixado no chão do lado de fora do posto de gasolina.

Eu tranquei os olhos com Traverse.

—Você está falando pelos outros aqui?


Ele assentiu lentamente.

Seu cabelo era comprido e desgrenhado, sempre puxado para


trás em um rabo de cavalo. Ele tinha tatuagens correndo de suas
orelhas até o pescoço, com uma tatuagem de dragão varrendo toda
a volta. A cabeça começou por baixo da orelha esquerda e curvou-se
até logo abaixo da direita, com a cauda em forma de S. Sua testa era
baixa e plana, seus olhos eram fundos e ele tinha um nariz duro,
terminando logo acima de sua boca. Eu nem queria olhar lá. Ele tinha
alguns dentes faltando, mas mesmo com toda aquela fealdade,
Traverse era astuto.

Eu vi em seus olhos.

—Você ouviu?

Se ele tivesse, ele saberia do que eu estava falando.

Um segundo aceno lento. Ele parecia estar trabalhando duro


para não me assustar. —Eu ouvi.

Eu estudei ele.

Eu reparei tudo em um flash.

Eu deixei Richter me ameaçar uma vez, na segunda vez, não


consegui. Eu tive que lutar, ou Richter teria piorado. Uma linha
precisava ser desenhada.

Traverser arranhou sua bochecha.

—Richter subestimou você hoje. Ele não vai novamente.

—E você?
Eu esperei.

—Eu não concordo com ele.

—Eu acho que você está aqui para um segundo ataque


planejado, ou ...— Eu o observei. Ele não piscou os olhos.

—Ou você está aqui, porque está pronto para uma mudança na
liderança.

Agora ele piscou.

Era isso.

—Você quer ser o novo líder dos Demônios?

—Sim.

Sem hesitação, mais uma vez. Ele nunca olhou para longe de
mim.

—E hoje foi o dia que começou.

Ele fez sinal para o lado de fora.

—Talvez possamos conversar lá fora?

Passei a mão pelo meu rosto, sentindo o sangue secar.

—Me dê um minuto. Eu preciso me lavar.

Fui até Moose e Congo.

—Vá achar aquele vigarista. O entregue àquele Peter em seu


hotel. E ligue para Chad. Eu o quero de volta à cidade.
Ambos assentiram e se viraram para sair.

Eu fui limpar o sangue de Richter do meu rosto.


HEATHER

SEXTO ANO

Eu queria bater na cabeça de Tate Sullivan, com o bastão que


meu irmão tinha conseguido em seu último aniversário.

Ela estava flertando com Channing, empurrando os novos


peitos que ela tinha acabado de crescer em seu rosto e puxando sua
calça para baixo, ajudando-o a ver sua calcinha rosa rendada. Eu
assisti tudo isso da varanda da minha casa. Papai estava abrindo o
Manny’s, então, muitos dos meus amigos vieram para sair.

Comida e refrigerante grátis, era o grande atrativo para os


alunos da sexta série. Ou, na verdade, eu era a única aluna da sexta
série aqui. Tate sempre foi um ano mais velha, e agora Channing era
uma série acima de mim também.

Traidores.

Tate tinha falado ontem à noite, sobre trabalhar no Manny's um


dia.

Um dia, minha bunda.

Eu sonhei com meu ataque, em como o sangue dela espirraria e


eu limparia com a minha camisa. Eu soltaria o bastão, Channing
ficaria estupefato e eu me afastaria sem dizer uma palavra.
A madeira atrás de mim gemeu do peso de alguém, me
endireitei, a maldade limpada do meu rosto. Eu era a imagem de
inocência e pureza, quando olhei para cima para sorrir.

—Olá pai.

Seus olhos se estreitaram em mim, sua boca se contorcendo. Ele


esfregou a mão no queixo, mas apenas resmungou.

—Mmm-hmmm.— Ele saiu e sentou-se ao meu lado.

Olhando para o beco à nossa frente, ele assentiu.

—Entendi.

Eu gemi internamente. Ele sabia, eu sabia que ele sabia, mas eu


ainda me fingia de idiota. Isso era embaraçoso.

—O que?

Eu tentei agitar meus cílios, mas foda-se. Eu não poderia


percorrer os nove metros inteiros, fingir não estava no meu
repertório. (E vá comigo, eu acedi ao nosso último teste de
vocabulário.)

—Você sabe o que? — Ele trouxe alguns amendoins e começou


a tirar as cascas. Ele indicou Channing e Tate. —Não é esse o seu
menino e melhor amiga?

Lá estava ele, mostrando que conhecia o termo BFF.

Ele jogou a casca e enfiou o amendoim na boca.

—Hmm?
Eu já sabia onde isso estava indo.

Eu revirei meus olhos.

—Ele não é meu 'menino' e ela é uma amiga, não minha melhor
amiga.

—Você não estava chamando ela de melhor amiga ontem à


noite?

Oh. Certo. Nós tivemos uma festa do pijama e cantamos “You're


My Best Friend” do Queen no topo de nossos pulmões. Isso não
significa nada, exceto, bem... talvez eu achasse que ela era. Não nesse
momento.

Eu resmunguei, me afastando da cadeira.

—Nós estávamos cantando uma música, pai. Caramba.

Ele riu.

—Ah. Sim. Ainda ...— Ele jogou outra casca e bateu no meu
ombro. —Eu vou apenas dizer, você tem a aparência de sua mãe, não
sua propensão para sair, mas você parece tão impressionante
quanto ela, e eu sei que você vai ficar mais bonita. Então, se você
decidir que quer aquele garoto, sei que pode pegá-lo.

Ele gesticulou para Channing antes de pegar outro amendoim.

—E se você decidir que quer um menino diferente, não tenho


dúvidas de que você o receberá em vez disso. Não é nem mesmo
sobre sua aparência, Heather. É sobre o que está aqui. — Ele
apontou para o coração. —E aqui. — Ele apontou para a cabeça. —
Você tem os dois. Garotos serão atraídos por você por causa do que
está do lado de fora, mas eles ficarão e se apaixonarão, por causa do
que está dentro. E aquele menino. — Ele acenou em direção a
Channing novamente, colocando outro amendoim em sua boca. —
Eu posso te dizer que aquele menino, estava vindo por aqui muito
antes de ela conseguir aqueles.

—Eca, papai!

Mesmo ele notou os novos seios de Tate.

Eu gemi. —Você tem que apontá-los?

Ele riu. —Estou tentando dizer que você não precisa disso.
Monroe pode ser um punk às vezes, mas se você está preocupada
com o que ele sente por você, você não precisa estar.

Sua boca pressionou em uma linha de desaprovação depois


disso, como se ele tivesse provado algo sujo. Um segundo depois, ele
bufou: —E se você quiser se mudar para uma escola em Fallen Crest,
é só você falar. Transfiro você no mesmo dia.

Eu fui para Roussou durante toda a minha vida. Brandon tinha


mudado há um ano, e ele estava amando Fallen Crest, mas eu não.
Meus amigos estavam em Roussou.

E com esse último pensamento, meu estômago caiu aos meus


pés.

O gabarito foi para cima. Eu tinha que admitir, eu gostava do


cara, tipo, no jeito oficial de esmagar, e eu odiava isso.

Deus.

Meninos chupam.
—Channing!

Tate gritou, pegando sua bicicleta empurrando-a e acelerando.

A garota queria ser perseguida.

Eu olhei furiosamente, apenas sabendo que ele iria pegar sua


bicicleta e ir atrás dela, mas ele não fez. Ele a observou ir, riu e se
virou para mim.

—Ela se foi. Finalmente— ele gritou. —Agora podemos sair!

OK. Talvez nem todos os meninos sugassem ... não cem por
cento do tempo.

Me levantei para ir embora, mas meu pai falou: —Heather.

Eu parei. Ele tinha sido um pouco divertido antes, mas este era
um pai diferente. Seu olhar era solene; seus olhos tinham bolsas
embaixo deles, sua boca virou para baixo nos cantos. Ele pareceu se
encolher em seu assento.

Ah não.

—Eu saí para lhe dizer uma coisa.

Eu não queria ouvir isso. Eu me virei, olhando para Channing.


Ele andou em minha direção, vendo minha aflição. —Heather?

Ouvi meu pai suspirar e ele pareceu tão triste, tão cansado, tão
abatido.

—Sua mãe está voltando para casa—, disse ele.


Eu não olhei para ele, eu não queria ouvir isso. Ela saiu uma vez,
quem era ela para voltar? Sem responder, desci os degraus da
varanda. Eu não conseguia sentir minhas pernas, eu não podia ver
Channing enquanto caminhava até ele, mas devo ter visto. Ele tocou
meu braço e baixou a voz: —O que há de errado?

Nada.

Nada estava acontecendo.

—Vamos brincar—, eu gritei.


HEATHER

DIAS DE HOJE

Ele estava vindo esta noite.

Eu não tinha visto Channing nos últimos dias, apenas um breve


momento em que ele veio ao Manny's, para ajudar a conter uma
briga de gang que Bren havia começado. Bem, a mão de um cara no
ombro dela começou. Ela se ofendeu, e nós estávamos chutando
todo mundo alguns minutos depois. Os policiais tinham chegado, as
gangs se separaram e, durante a última semana eu tive que lidar com
a reparação do dano que causaram ao meu restaurante.

Fiquei chocada por não ter começado a fumar novamente.

Eu não era uma campista feliz, mas os caras de Channing


ajudaram a acelerar o processo de reparo, e agora era sábado
novamente. Nós estávamos reabrindo, mas eu estava no limite.

Channing me mandou uma mensagem, dizendo que ele estava


bem depois que eu o deixei no posto de gasolina, mas ele disse que
ele seria escasso por um tempo. Ele não mentiu.

Além do meu temperamento, eu estava cuidando de um tesão


por ele. Eu me perguntei quantos tipos diferentes de
estrangulamento havia, porque ele viria hoje à noite, e era isso que
eu queria fazer com ele. Eu estava sentindo, era muito longo para
nós.
Lute ou faça sexo. Foi o que ele disse que fazíamos, então,
quando ele aparecesse, eu iria fodê-lo, começar uma briga e acabar
com tudo matando-o.

Eu tinha tudo planejado.

—Você está no limite.

Eu me virei para encontrar Brandon.

—Eu não estou no limite.

Eu estava, e parecia que todo mundo estava ciente disso. Até os


clientes olhavam. Estávamos tendo uma festa de quarenta e
cinquenta anos, as mulheres estavam rindo e falando alto a maior
parte da noite, mas elas se acalmaram por agora.

Eu juro que vi a compreensão passar pelo grupo, e um segundo


depois, uma acenou, com a gordura das axilas balançando quando
ela fez.

—É isso aí, garota. Nenhum homem vale o estresse.

Eu estremeci.

Sua amiga gargalhou.

—Exceto se o nome dele é Channing Monroe. Esse cara é belo.

Toda a mesa delas começou a rir. A primeira tentou silenciá-la,


mas uma outra disse outra coisa e sua margarita bufou pelo nariz.

Elas se foram. Para a terra do zumbido.


Suspirei, ignorando a solidariedade do meu irmão e bati no
braço dele.

—Ouch— Ele esfregou o bíceps.

Fiz sinal para as senhoras.

—Ligue para Roy. Eu não quero nenhuma delas dirigindo.

—Agora.

Roy era nosso motorista local de Uber. As chances eram altas


que ele acabaria estacionado em nosso lote de qualquer maneira. Ele
era esperto. Ele também tinha dezessete anos, era magro e tinha um
rosto ainda à beira da puberdade, cheio de acne e sobrancelhas
desgrenhadas. Ele tinha uma queda por coroas toda vez que uma
sorria para ele.

As senhoras o amariam.

Como se estivesse provando meu ponto, uma delas gritou: —


Venha até aqui, Brandon. Nós temos um peito quente para te
confortar. Estamos nos sentindo brincalhonas.

Mais disparos e sugestões indecentes seguidas. Meu irmão


realmente parecia um pouco apavorado.

Eu o cutuquei com o cotovelo.

—Poderia ser pior. Rebecca ainda pode estar espreitando por


aí.

Ele estremeceu.
Sua stalker ficou por aí por uma semana, até que ela teve um
soco no rosto durante a briga da gang. Quando ela mencionou um
processo, lembrei que ela invadiu e ameaçou alguém em minha casa
há pouco tempo.

Ela foi embora depois disso, e Brandon estava além do êxtase.

Por alguma razão, ele não acha que seria capaz de sacudi-la.

—Heather.

Nosso gerente noturno veio atrás de mim. —Eu chamei mais


funcionários para o próximo turno. Nós temos alguns vindo para
ajudar a cobrir até então também.

Manny's estava além do limite, até o lado de fora tinha


capacidade, e havia uma fila entrando no estacionamento.

—Bom.

Ava passou por nós, seus ombros caídos, ela parecia exausta.

—Ava abriu hoje?

—Ela chegou às onze.

Eram três da tarde, ela não deveria estar tão cansada quanto
parecia.

—Eu vou mandá-la para casa. Ela está doente.

Cruz olhou para mim, as sobrancelhas levantadas. —Duas


garotas já ligaram. Tem certeza?

Eu assenti.
—Eu tomarei o lugar dela. Ela vai desmaiar. — Eu dei-lhe um
olhar duro. —Descubra o que está acontecendo com ela.

Ele assentiu. Ele não me saudou ou juntou os calcanhares, mas


esse era o efeito de sua resposta. Eu dava uma ordem e ele a
cumpria.

Ava era teimosa e orgulhosa, se ela pudesse andar, ela aparecia,


mas vinha lutando ultimamente. Ela havia perdido algum peso e eu
não queria fazer nenhuma suposição, mas eu queria saber o que
estava acontecendo com ela, se era a saúde dela, se ela estava
tentando perder peso para a escola ou se ela estava ficando
acordada até tarde da noite com um cara ... quem sabe, mas eu não
poderia ter uma garçonete desmaiando em seu turno.

Cruz chegaria à raiz do problema, e até então, eu assisti quando


ele foi dizer a ela para ir para casa.

Ela estava esperando no balcão por um pedido, e se endireitou


enquanto ele falava. Suas sobrancelhas puxaram os olhos tensos e
furiosos, então olhou para mim. Ela balançou a cabeça, começando
a protestar.

Eu fui até lá, toquei o braço dela.

—Você pode manter as gorjetas, mas você tem que ir.

—Não, Heather. Eu...

Seu braço era tão pequeno, eu poderia envolver toda a minha


mão em torno disso, e não fui capaz de fazer isso a seis meses atrás.

—Vá e descanse, eu tenho isso. Nós precisaremos de você


amanhã.
Parte da luta a deixou, quando a tranquilizei sobre as gorjetas,
mas agora ela começou a chorar.

—Você não deveria ter que fazer isso.

Ava era especial. Tantas garçonetes apenas decolariam,


aproveitando a bondade de seu chefe, mas Ava não iria, e é por isso
que eu ofereci para ela.

—Vá, Ava, eu tenho isso. Seu turno só era até as seis.

—Eu sei, mas ...— Ela suspirou, tirando o avental de garçonete.


Ela entregou. —A mesa um precisa de suas bebidas recarregadas,
estou esperando pela comida da dois agora e a três é exigente, então,
sempre tem algo a mais para recarregar, toda vez que você passa
por eles... — Ela me preencheu com o resto, até que eu a enxotei para
fora da porta com a comida da mesa dois em meus braços.

—Vai. Quero dizer.

Ela assentiu com a cabeça inclinada.

—Obrigada, Heather.

Eu cutuquei o braço dela. —Descanse hoje à noite. Não vai sair.

—Eu sei. — Ela olhou para cima determinada e, por algum


motivo, senti que estaria melhor amanhã.

Algumas horas depois, Cruz me preencheu, sussurrando em


meu ouvido enquanto enchia os refrigerantes de uma mesa.

—Acabei de desligar o telefone com a mãe dela. Ava tem um


novo namorado e, aparentemente, ele não é o muito legal para ela.
Idiota. Eu não sabia quem ele era, mas se ele era o motivo do seu
peso cada vez menor, eu já não gostava dele.

—Ótimo. Obrigada.

—Podemos interferir se ele aparecer, mas Candy acabou de


chegar para assumir o controle. — Ele olhou para trás, sua voz
baixou: —E na hora certa, parece.

Eu não precisei me virar, meu corpo estava em sintonia com


Channing e eu o senti. Ele tinha acabado de entrar, abrindo a porta
para um grupo de garotas adolescentes. Elas pararam para
agradecer a ele, e irromperam em risos e blushes enquanto se
afastavam.

Um sorriso arrogante apareceu em seu rosto, mas desapareceu


rapidamente quando ele olhou para mim. Ele usava uma camisa
simples por cima do jeans. Moldava-se sobre ele como suas roupas
sempre faziam, destacando seus ombros largos e mostrando o
começo dos músculos do peito, antes de cair livremente sobre seu
estômago firme.

Minha maldita boca começou a salivar, o que me irritou. Por


que eu sempre preciso dele assim? Nunca diminuiu. Só piora a cada
ano.

—Tire uma pausa para fumar — eu disse a Candy enquanto ela


se aproximava. —Eu vou te cobrir.

Ela franziu a testa. —Eu já fiz. Cruz disse para assumir para
você.
Minhas mãos apertaram em torno do copo, eu não senti o
refrigerante transbordando. Virei as costas para Channing, sentindo
o momento exato em que seu olhar me encontrou. Me senti tomada
por ele, enquanto enchia Candy dos detalhes sobre as mesas que
ainda estavam abertas. Minhas gorjetas estavam no meu avental e
eu as enfiei em um envelope, ainda ignorando Channing, coloquei o
envelope na entrada de Ava e fui encontrar Cruz.

Eu tive que contornar Channing, que estava prestes a vir para


mim.

—Não— Eu levantei um dedo.

De repente eu estava chateada com ele, mas eu não estava


chateada apenas com ele.

Eu estava brava por ter tido que deixá-lo em um posto de


gasolina, para resistir a um líder do MC. Eu estava brava por ele não
ter me contado o que aconteceu depois disso. Eu estava brava por
não querer perguntar, porque não queria saber. Eu estava louca por
ele estar na vida da gang, e que às vezes isso era além de perigoso.
Eu estava com raiva, porque ele tinha formado a vida de gang para
ajudar meus amigos, e eu estava louca por ter me beneficiado dessa
vida também.

Eu estava louca principalmente, porque queria que ele saísse


daquela vida, e eu sabia que ele não iria deixá-la. Ele não podia
deixar isso.

Ele mantinha Roussou a salvo, mas eu não estava totalmente


completa a menos que ele estivesse comigo.

E sendo ele, ele sabia o que estava passando por mim.


—Eu estava protegendo você também— ele disse suavemente.

Isso era o pior, ele tinha lutado contra aquele cara, ou o que
quer que ele tenha feito, porque ele interrompeu nosso momento.
Minha presença sempre aumentava sua reação, e de repente achei
difícil respirar.

Foda-se.

Peguei a caixa de cigarros que Brandon tinha guardado atrás do


balcão, e peguei o isqueiro junto com ele.

Eu não conseguia respirar, então eu ia fumar. Totalmente fazia


sentido.

Eu atravessei a porta já acendendo um cigarro, e assim que


bateu nos meus lábios, eu inalei tão profundamente que a merda
tóxica foi para a minha boceta. Eu precisava relaxar e precisava
disso agora.

—Heather.

Claro que ele saiu atrás de mim.

—Não—, eu murmurei, me virando quando senti ele se


aproximar de mim. —Eu quero dizer isso, Chan.

Ele me ignorou, estendendo a mão e tirando o cigarro dos meus


dedos.

—O que?!

Ele soltou, apagando com o pé, e ele tinha o pacote em suas


mãos, antes que eu pudesse piscar.
—Não. — Ele virou as costas para mim, bloqueando-me e, em
seguida, todo o maço de cigarros estava em chamas.

—O que você está fazendo?

Ele deixou cair no poço da fogueira, onde seria seguro queimar,


e tomou meus ombros em suas mãos.

Me empurrando para trás, em direção a minha casa, ele disse


severamente, —Você parou de fumar por ela. Você não voltou a
fumar por ela, e eu não vou ser a causa de você voltar.

Meus pulmões estavam em chamas, mas não do cigarro.

Meus olhos queimaram.

Ele não disse o nome dela, mas ele a mencionou, e foi a primeira
vez desde a noite em que a perdemos que ele foi o único a fazer isso.

Senti a varanda atrás de mim e me virei rapidamente, abrindo


caminho para a minha casa.

Entramos pela porta e Channing se recostou, cruzando os


braços. Ele não estava me enchendo, porque sabia que não era o que
eu queria. Agora, eu era um animal enjaulado. Ele desenterrou uma
merda dentro de mim.

Eu balancei a cabeça.

—Seu idiota.

Ele suspirou.

—Eu sei.
Eu comecei a andar de um lado para o outro, nós podíamos
ouvir as pessoas lá fora. Alguns tinham estacionado atrás da casa e
estavam cortando caminho até o Manny’s, mas eram cegos para
mim. Ouvi suas vozes, suas risadas e os odiei.

Eu odiava tudo.

Eu o odeio.

—Seu idiota.

—Deixe sair. Nós não falamos sobre isso...

Eu joguei a mão nele.

—Você não fala sobre ela! Nunca!

Eu sacudi meu dedo do meio, continuando a andar.

Eu estava prestes a explodir.

Mais ritmo.

A necessidade de fazer algo violento agitou em mim. Eu queria


bater nele, eu queria gritar, xingar, foder! Eu precisava de algo,
porque estava sentindo e não queria sentir.

Maldito.

Eu não queria sentir, porque tudo que eu podia sentir era ela
novamente.

Como ela parecia em meus braços, quão pequena ela era, como
eu queria tanto que seus pequenos olhos se abrissem.
Lágrimas rolaram pelo meu rosto. Eu a senti em meus braços,
mas não consegui parar.

Eu não pude fazer nada, exceto seguir em frente.

Se eu parasse, não sabia o que faria.

Eu desmoronaria.

Eu entraria em colapso.

Eu desmoronaria.

Heather filha da puta Jax, não desmorona.

Não estava no meu DNA, e eu não estava prestes a começar


agora.

Mas foi o silêncio na minha cabeça que me matou. Era tão alto,
tão pronunciado e estava lá, porque ela deveria estar chorando.
Gritando. Eu teria dado qualquer coisa. Não querendo ouvir nada
por outro segundo, eu bati em meus ouvidos e soltei o meu próprio
grito.

—AGHHHHHH !!!

Ele me esmagou. O peito de Channing me calou e fui apanhada


em seus braços.

Eu cedi, a luta foi embora. Eu precisava substituí-la por outra


coisa, e ele era a única outra coisa que me fazia queimar.

—Channing!
Ele já estava me levando para o meu quarto, tirando minhas
roupas. Ele não estava nem me beijando. Isso ia ser difícil, mas
depois, ele me puxou para seus braços novamente.

Ele beijou o lado direito da minha boca, depois o lado esquerdo.

Enrolei minhas mãos em seu cabelo e engasguei: —Não! Eu


preciso disso áspero hoje à noite.

—Não. — Outro beijo suave nos meus lábios, e eu senti ele


suspirar contra mim. Seu corpo estremeceu. Suas mãos varreram
meu cabelo, e ele pressionou um beijo na minha testa, em seguida,
me segurou firme. —Eu não quero lutar. Estou cansado de lutar, tão
cansado disso.

Ele se afastou e eu vi seus olhos brilhando.

—Eu também a amava—, ele disse, cada palavra dolorosa. —Eu


queria o que você queria. Eu a queria. Eu queria a porra da cerca
branca estúpida. Eu queria o casamento. Eu também queria tudo.

Uma mão macia moveu-se para o lado do meu rosto, colocando


alguns dos meus cabelos atrás da minha orelha.

Eu chorei mais lágrimas, eu poderia prová-las. Elas eram


quentes e salgadas, e eu não as queria. Eu queria esquecê-las.

Eu não queria ser levada de volta àquele tempo, mas enquanto


eu lutava, enquanto os braços de Channing me apertavam,
aparentemente ele ia me torturar com isso.

Ele abaixou a cabeça para descansar a testa na curva do meu


ombro, e ele me segurou. Sua boca se moveu contra a minha pele. —
Geralmente é a hora de brigarmos. Você grita comigo porque eu não
estou colocando você em primeiro lugar. Eu me sinto como um
pedaço de merda, porque sei que é o que você merece, mas sou
egoísta demais para ir embora, e andamos de um lado para outro. —
Ele moldou-me contra mim, sua mão caindo pelas minhas costas,
pressionando minha coxa. —Mas eu não tenho isso em mim, não
esta noite. Você está certa.

Ele ergueu a cabeça, e a crueza nele era quase dolorosa demais


para ver. Ele não estava escondendo nada.

—Eu protejo minha cidade. Eu protejo minha gangue. Eu tento


proteger minha irmã, e estou colocando todas eles acima de você, e
eu sou um completo idiota por causa disso.

Mas…

Mas ele não podia mudar isso.

Mas ele continuaria a escolher sua cidade, sua gang e sua irmã
ao invés de mim.

Eu sabia, ele sabia disso e voltamos ao começo de nossos


problemas.

Bati de leve no ombro dele, para que ele soubesse que eu estava
um pouco mais sã e o empurrei de volta um passo. Eu precisava de
um pouco de espaço e fui até a minha cama. Eu me deitei, não
querendo vê-lo. Isso se tornaria pior, porque então eu só o desejaria
dentro de mim, e essa conversa não aconteceria.

—Eu entendo sobre Bren—, eu comecei, com um sussurro


entrecortado. Eu me encolhi, embora soubesse que precisávamos
dizer essas palavras, isso não melhorou nada.
—Heather.

—Não. Deixe-me falar. — Eu esperei uma batida. Ele ficou em


silêncio, então eu comecei. —Eu observei você amar esses caras. Eu
vi você se tornar amigo deles, o líder deles e eu observei você
protegê-los. Eu sei quantos dependem de você. Eu sei. — Eu olhei
para ele agora, mas ele não estava me observando. Ele sentou ao
meu lado na cama, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça
nas mãos.

—Você me empurrou quando sua mãe morreu. Você me


empurrou quando seu meio-irmão morreu. Então seu pai foi para a
prisão. Meu pai foi embora. Nossa menininha morreu e estávamos
juntos naquela noite, era apenas nós dois. Ninguém mais importava.

Seus ombros endureceram.

—Ela era mais do que apenas nossa filha, ela era a promessa
que você estava me dando para o nosso futuro, e sem ela... — Minha
voz vacilou, começando a tremer. — Sem ela, voltamos a como
éramos antes.

A gang.

A irmã.

A cidade.

Então, talvez eu.

E eu era uma cadela ingrata por não estar bem com tudo isso.

Eu me sentei, descansando minha bochecha encharcada contra


suas costas.
—Você e eu não falamos sobre sentimentos e merda, mas talvez
devêssemos.

Ele se virou, agarrou meus ombros e me levantou para o seu


colo. Ele era tão forte. Eu separei minhas pernas, afundando em cima
dele e ele olhou diretamente para mim.

Eu vi sua dor, seus arrependimentos sua indecisão. Eles


geralmente eram mascarados por arrogância, piadas, insinuações e
qualquer coisa vistosa e charmosa, mas não hoje à noite. E apesar de
tudo, senti meu amor por ele florescer dentro de mim novamente.

Eu levantei a mão para descansar contra o lado do rosto dele.


Ele fechou os olhos, inclinando-se na palma da minha mão.

Sua mão percorreu meu quadril, me puxando para mais perto.


—Temos tempestades em tempestades de sentimentos dentro de
nós. Tem certeza de que quer começar a lidar com eles? — Seus
olhos se abriram. Ele estava me observando.

Não.

Minha resposta foi imediata. Não éramos nós, mas eu era uma
bagunça sem ele.

Quente e frio. Fogo e gelo. Óleo e vinagre. Nós éramos tudo isso,
mas também éramos a segunda metade do outro.

Eu respondi honestamente. —Eu não quero, mas acho que


temos que fazer.

Ele assentiu, com os olhos pesados e pálidos. —OK.

Eu assenti também. —OK.


Sua mão deslizou sobre a minha coxa e mergulhou entre as
minhas pernas.

—Você percebe o quão quente você fica quando está toda


irritada?

Eu sorri, não respondendo.

Ele sorriu de volta para mim.

—Podemos começar a compartilhar nossas emoções amanhã e


compartilhar outra coisa esta noite?

Honestamente.

Esse cara. Comecei a balançar a cabeça, não porque ele era


incorrigível (o que ele era), não porque essa foi a pior vez (o que foi),
mas porque eu estava indo dar (o que eu estava totalmente), e eu
sabia que não teria arrependimentos.

Como sempre, eu o beijei.

Quem se importa com a reabertura estúpida?

Nada mais importou, e não por muito tempo depois.


HEATHER

—Nós estamos juntos novamente? — Eu perguntei. —E eu


quero dizer juntos, juntos, sabe? Não apenas juntos, como sempre
estamos, mas juntos, juntos. Esse tipo de coisa juntos.

Channing sorriu ao lado do meu peito e eu o cutuquei com força.

—Ow— Ele se sentou, esfregando a cabeça com aquele sorriso


irritante.

—Você não é engraçado.

Sua mão caiu na cama, como se eu o tivesse ofendido. —Eu peço


desculpas, mas não concordo. Sou hilário.

—Você não é engraçado como Logan Kade.

Ele bufou. —Logan não tem nada de mim. Pessoas que nem me
conhecem sabem que Logan não tem nada de mim. Isso é o quanto
Logan não tem nada de mim. — Ele estava inexpressivo, mas depois
um sorriso apareceu.

Channing podia bufar e bufar o quanto quisesse, mas era ele


naquela cama que amava Logan. Sua amizade alcançou novos níveis,
e ele sempre teve uma coisa por Mason, mas em uma recente
viagem, Logan e Channing tinham ligado seu amor por burritos. Uma
vez que ouvi isso, não quis ouvir mais nada sobre isso.

—Falando do Kades ...— Channing deitou, mas desta vez ele me


puxou para seu peito, seu braço se curvando ao meu redor. —Você
tem falado com sua amiga ultimamente?

Voltei a pensar na rápida vídeo chamada do meu escritório, no


outro dia.

—Ela está feliz e grávida. Você tem falado com o Mason?

—Ele enviou um texto no outro dia. Parece que as coisas estão


bem entre eles. Ele está ocupado com futebol e se preparando para
o bebê.

O bebê.

Colocando-me de pé, sentei-me na beira da cama, nua, com o


lençol em volta da minha cintura. Eu estava prestes a levantar,
quando Channing tocou meu braço. —Ei.

Eu olhei de volta, por cima do meu ombro.

O humor arrogante sumiu. —Devemos falar sobre ela.

Eu endureci. —Sobre Sam?

Ele franziu a testa. —Você sabe de quem eu estou falando.

Nós a nomeamos, mas eu não conseguia dizer seu nome.

—Agora não.
Bom Deus, não agora. Não quando minha garganta estava
queimando, quando meu peito parecia que ia desmoronar e apertar
meu coração até que ele quebrasse. Não quando tudo o que eu podia
fazer para evitar virar minha casa de cabeça para baixo, procurando
por um cigarro para fumar.

O sexo ajudou a me distrair. Tínhamos ficado mais difíceis a


noite toda, mas já eram seis da manhã e eu estava pronta para correr
uma maratona. Falando sobre o entendimento de Sam em um novo
nível, eu poderia ter amarrado um tênis e corrido, assim como ela.

Deslizando para o banheiro, tomei banho e me vesti. Manny's já


estava aberto, mas eu ainda queria ir e verificar. Channing pegou o
pote de café, ele estava no fogão, quando desci as escadas. Eu podia
sentir o cheiro de café fresco que ele estava fazendo.

Cheirava bem, mas caramba, não tão bom quanto ele parecia,
descalço, sem camisa e com o cabelo ainda bagunçado desde a
última vez que passei as mãos por ele. Sua calça jeans tinha caído
baixo em seus quadris, e suas costas inteiras eram como uma
estátua esculpida. Ele adicionou mais tatuagens, então elas corriam
para cima e por cima do ombro, depois pelas costas. Uma começava
debaixo do braço e corria para o seu traseiro. Quando ele mexeu
alguma coisa no fogão, eu vi a tatuagem de caveira e ossos que ele
colocou debaixo do bíceps dele. Mesmo que ele alegasse odiar seu
pai, Channing também tinha um senso de obrigação para com o
homem. Ele também o amava e sei que o torturava às vezes. Depois
de uma de suas últimas visitas à prisão, ele partiu com Moose e os
dois voltaram com a mesma tatuagem. Eu não tinha perguntado,
mas sempre achei que tinha algo a ver com o pai dele.
Subindo atrás de Channing, passei o dedo por uma das
tatuagens de osso e percebi que havia uma palavra sobre isso.

Eu parei e ele ficou tenso.

Não era uma palavra, era um nome. —Você colocou o nome


dela aqui?

Ele não me contou.

Minha mente girou, senti aquelas lágrimas novamente. Porra,


porra.

Uma bola se alojou no meio da minha garganta e eu não


consegui falar nem por um segundo.

Naly

Eu segui o N.

Channing ficou parado, sem respirar.

A.

Minha mão deslizou pelas costas dele, caindo para o meu lado.

—Eu não sabia que você tinha feito isso.

Ele se virou, colocando as mãos no balcão atrás dele, mas seus


olhos permaneceram fixos em mim.

—Você não queria falar sobre ela e eu não queria esquecê-la—


, disse ele.

—Quando?
Ele escolheu os ombros, seu olhar se afastando. —Alguns meses
atrás, depois da minha última luta.

—No anel subterrâneo?

Ele balançou a cabeça, seus olhos subindo de volta. —Foi na


mesma noite que decidi que estava me aposentando. Ganhei o
campeonato e estava bêbado. Linc faz tatuagens, e nós estávamos
comemorando, então... — Outro encolher de ombros. —Eu fiz isso.

Eu queimei com ciúmes de novo, mas não como com Sam. —Os
caras sabem o nome dela?

Nós não tínhamos contado a ninguém.

Ele balançou sua cabeça. —Eu disse a eles que era um código
para se aposentar do ringue. — Ele riu baixinho. —Eles ainda
pensam isso.

Deus. Eu a queria de volta, eu queria segurar ela novamente. Eu


não queria o nome dela apenas nele.

—Eu quero uma também. Hoje.

—Hoje? — Ele não pareceu surpreso, mas levantou uma


sobrancelha.

Eu me movi na frente dele, traçando o LY que eu podia ver em


seu braço. —Sim. Você pode ir ver Bren antes da escola, e eu vou me
certificar de que Manny’s esteja bem, depois disso vamos.

—OK.
Seu peito se levantou quando ele respirou e passou a mão pelo
meu braço, curvando-se para as minhas costas. Ele me puxou para
perto e se abaixou, dando um beijo no meu ombro. —Podemos pular
tudo o que temos para brigar e ficar juntos? Eu realmente senti sua
falta.

Eu movi minha testa para seu peito e fechei meus olhos. Eu


respirei seu cheiro, o cheiro de sua colônia persistente, misturada
com sua pele permanentemente beijada pelo sol, e deslizei meus
braços ao redor de seus lados. Eu o abracei de volta.

Se fôssemos oficiais novamente, precisávamos fazer algo


diferente. Esse tempo precisava ficar.

Eu precisava muito dele, então beijei seu peito e olhei para


cima.

—Sim.

Nós estávamos juntos de novo, mas realmente, quando nos


separamos?

LINCOLN ESTAVA ESPERANDO por nós quando chegamos ao


depósito de Channing.

Eu não estive aqui há muito tempo. Estar com Channing,


significava que minhas viagens eram geralmente apenas para a sua
casa (ou seu quarto) ou ele para o meu. Normalmente havia algumas
visitas aleatórias ao seu bar, mas eu não estive lá durante este
último intervalo. Ele tinha vindo para Manny’s, mas agora que
estávamos juntos, juntos, eu ia começar a visitar estes lugares
novamente. Eu sabia que estaria saindo para o Tuesday Tits no final
da semana, então, uma viagem para o armazém parecia apropriado.

Também me senti desconfortável, como se não devesse estar


longe tanto quanto estive.

Eu tentei me livrar da sensação quando estacionamos e nos


dirigimos para dentro, mas parecia estar pendurada em meus
ombros. Não ia sair.

Alguns caras estavam do lado de fora da porta e recuaram para


falar com Channing enquanto eu entrava.

Lincoln rolou de volta ao banco quando me viu.

—Ouvi dizer que você queria uma tatuagem? — Ele apontou


para uma cadeira. —Sente-se. Você está pronta para um pouco de
dor?

Eu não tinha certeza se ele estava brincando, mas eu me sentei.


Eu fiz uma tatuagem antes e eu estava bastante familiarizada com a
dor de todos os tipos.

Eu coloquei meu braço na mesa e virei para o outro lado.

Ele olhou para cima. — É onde você quer?

Eu toquei de baixo do meu pulso para o meu cotovelo. —Letras


pequenas e espaçadas.

—Você tem um padrão em mente?


Mostrei-lhe a fonte que queria e onde queria as letras
marcadas.

Ele assentiu, medindo-me. —O mesmo que o de Chan?

Eu não conhecia bem Lincoln. Ele se juntou à gangue há um ano,


mas mesmo se ele estivesse por aí há anos, eu não acho que o
conheceria melhor. Ele ficou quieto. Havia uma aspereza nele, e ele
tinha um olhar quase feroz em seus olhos às vezes. Desaparecia
quando ele estava perto dos outros, mas eu vi mais claramente
agora, que estávamos sozinhos.

Os cabelos na parte de trás do meu pescoço se levantaram, mas


eu tinha que confiar em mim mesma. Sob esses cabelos não havia
nada, a porta estava aberta, nós podíamos ouvir os outros caras no
armazém e não importava o que, eu sabia que Channing não me
permitiria ficar sozinha em um quarto com alguém que ele achava
que poderia me machucar. Se esse cara tentasse alguma coisa, um,
eu venceria sua bunda e, dois, Channing lhe daria uma segunda
surra.

Enquanto eu o estudava, percebi um lampejo em seu olhar.

—Você sabe? — Eu perguntei.

Ele começou a limpar meu braço, e agora pegou uma navalha


para raspar. Ele não respondeu no início.

—É um palpite—, ele finalmente disse. —Ele nos disse que a


pegou no hospital. E ele ganhou tantas lutas, eu não achei que
tivesse muito a ver com isso.

Um nó surgiu na minha garganta.


Todo mundo assumiu que tinha sido um aborto, porque eu era
pequena quando ela morreu. Nós não tínhamos dito a eles de quanto
tempo eu estava. Eu não sabia que os caras sabiam que ela era
natimorto.

—Sim. — Eu não pude dizer mais nada.

Eu queria pegá-la, mas não consegui fazê-lo. Brandon me


contou que pediu a Channing e pronto. Ele pediu para enterrá-la ao
lado de sua mãe, e eu estava bem com isso. Tivemos um pequeno
memorial para ela, apenas alguns de nós.

Foi uma das coisas mais difíceis que já fiz.

Lincoln terminou de raspar a área e secar meu braço. —Alguns


de nós pensamos em fazer algo em seu nome para vocês, só não
descobri o que seria ainda.

Ele manteve a cabeça baixa, focado em seu trabalho, mas ele


olhou para mim agora. Apenas uma pequena pausa, mas o suficiente
para que eu pudesse ver que ele queria dizer cada palavra que ele
disse. Sua simpatia era genuína.

Ele olhou de volta para baixo.

Ele pegou os estênceis com as letras e acrescentou: —Você


realmente não me conhece, mas eu estive em um lugar ruim por um
tempo—. Ele colocou o Y no chão. —Quando Channing me trouxe
para a gangue, ele salvou minha vida.

Isso não era o que eu esperava de Lincoln.

Enquanto trabalhava, estudei uma cicatriz que percorreu toda


a extensão do rosto dele, quase da testa até a mandíbula. Não havia
cicatrizado adequadamente e parecia esticar a pele. Aquela cicatriz,
misturada com o ar de violência ao redor dele, contrastava
admiravelmente com o cuidado meticuloso que ele estava tomando
com a minha tatuagem e como sua voz era suave enquanto ele
falava.

Também me impressionou a reverência que ouvi em sua voz


por Channing, e se ele era da gangue, Channing sentia o mesmo por
ele. Foram momentos como este que eu entendia porque Channing
vivia do jeito que ele vive.

Calor se espalhou através de mim.

Eu estava orgulhosa de conhecer Channing. Eu estava


orgulhosa de conhecer esses caras. Eles não eram criminosos, mas
eu sabia que eles tinham cometido atos criminosos e, por causa
disso, podiam ser desprezados por estranhos. O povo rico de Fallen
Crest os temia, e eles deveriam, mas eles nunca deveriam pensar que
estavam acima de nós.

Naquele instante, me senti tola. Ridiculamente tola.

Esses caras eram o lar de Channing. Channing estava em casa


para mim.

Eu estive longe por muito tempo.

—Ele tem o hábito de fazer isso, não é? — Minha garganta


inchou. —Salvando vidas, quero dizer.

Nós não conversamos o resto do tempo. Linc fez minha


tatuagem e enfaixou tudo para mim. Quando ele terminou, esperei
até que ele guardasse todo o equipamento e limpasse a área, então
saí do quarto com ele.

Parecia apropriado, por algum motivo.


HEATHER

Um mês

Uma semana

Um dia

Uma hora

Um minuto, vou começa a derivar desde a minha última fumaça

—Você não pode proibir de fumar no Manny’s.

Brandon estava atrás de mim, quando eu coloquei o sinal de


não fume. Eu escorreguei na noite em que peguei a tatuagem de Naly
no meu braço. Aquele dia inteiro tinha sido demais, em geral. Quase
toda a gangue de Channing havia chegado ao armazém, eles
colocaram sete alto-falantes ao redor do quintal e dentro. Houve
três fogueiras, um DJ e um caminhão de taco tinha entrado. Alguém
pediu pizza também, e a noite inteira passou borrada de bêbado.

Muita bebida, e tantas pessoas estavam fumando, eu sucumbi.

Eu só peguei uma baforada antes de Channing tirar o cigarro de


mim e me levar embora, mas droga, aquela baforada parecia ter
permanecido em meus pulmões desde então.
Toda vez que eu caminhava de casa para o Manny’s (um total
de vinte passos) eu tinha que passar pelos fumantes. Foi além de
tortura, e eu juro que a tatuagem latejava também.

Eu tinha passado de irracional. Eu estava no modo de


sobrevivência.

Eu. Gostaria. De. Não. Fumar. Novamente. Mesmo se isso me


matasse ou não. Embora atualmente, eu estava quase pronta para
fazer a matança eu mesma.

Eu terminei de bater no último prego e recuei. O sinal ficou


parado.

—Eu posso, e eu vou.— Minhas mãos encontraram meus


quadris e me virei para o meu irmão. —Você deveria estar me
apoiando.

Ele abriu a boca, pegou um punhado de cabelo e fechou a boca.


Ele engoliu em seco. —Você está brincando comigo? Este é o nosso
local de trabalho.

Eu apontei o martelo para o estacionamento da frente.

—Eu fiz com que a gangue punk limpasse a parte da frente. Há


toda uma área lá onde eles podem fumar.

—Ninguém vai até lá. Está na floresta.

Eu não me importo, estava fora da minha passagem para o


trabalho.

—Brandon, você precisa me ajudar com isso.


Ele olhou para mim e eu olhei de volta, então, ele revirou os
olhos. —Bom Deus. Ainda bem que eu te amo. — Ele agarrou meu
ombro e me puxou para um abraço rápido.

—Ainda bem que eu faço muito dinheiro com este lugar. — Eu


dei um tapinha no peito dele, me afastando.

—Há também isso. — Ele parou para estudar o sinal. —Eu acho
que você deveria colocar mais um prego nisso. Pode cair.

Eu contei as unhas. —Você acha?

—Sim—, ele brincou. —Doze pregos não são suficientes para


manter este sinal de onze por quatorze no lugar.

Dei um tapinha no peito dele novamente, mas foi um baque


duro dessa vez.

—Não seja um idiota.

—Só você, querida irmã. Você é a única que pode ter esse título.

Eu comecei a entrar, mas o lancei por cima do meu ombro. Eu


segui isso com uma risada e ouvi ele se juntar enquanto ele se
arrastava atrás de mim.

Fazia um mês desde aquela noite, e um mês desde que


Channing e eu estávamos oficialmente juntos. A maioria não prestou
mais atenção. Esta era a nossa rotina, mas desta vez pareceu
diferente. Tudo parecia diferente por algum motivo, e o último mês
tinha sido bom. Muito bom. Talvez, seja porque mudei de atitude em
relação à gangue, ou talvez, porque Channing e eu começamos a
falar sobre Naly. Fosse o que fosse, estava funcionando.
—Channing está vindo hoje à noite? — Meu irmão perguntou.

—Não. — Eu balancei a cabeça, quando ele deslizou para trás


do bar. Eu me afastei, examinando o interior do Manny's. —Estou
indo para a casa dele mais tarde.— Eu estava prestes a dizer mais,
mas Ava parou bruscamente na minha frente.

Ela estava sem fôlego e batendo nos cabelos soltos que haviam
caído sobre a testa. —Suki vai atrapalhar Roy, o cara do Uber—,
anunciou ela.

—Por quê?

Ela levantou as mãos. —Eu não tenho ideia. Ele pegou sua
comida, pediu sal e ela ficou louca.

Eu só podia gemer enquanto me dirigia para a seção da frente.


Eu ouvi gritos quanto mais perto eu chegava, mas era apenas uma
voz. Suki. Seus braços estavam no ar, e ela estava sacudindo o punho
de Roy, depois o prato, depois de volta para Roy, e eu tinha que
admitir, eu não tinha certeza se ela estava falando uma língua
diferente.

Roy se inclinou para trás, com os olhos arregalados, o rosto


ligeiramente pálido.

Eu gostava de dar descontos a ele, desde que ele era tão rápido
para pegar nossos clientes.

Agora, enquanto ele segurava seu boné de beisebol na frente


dele como um escudo, eu me perguntava se Suki não tinha matado
permanentemente aquela situação.
Outro funcionário estava tentando acalmá-la, mas não estava
funcionando.

Suki o sacudiu e só aumentou seu volume. —O peixe de Suki


não precisa de sal. Sal! — Ela fingiu cuspir no chão. —Isso é o que
Suki pensa sobre sal, ketchup, manteiga. — Ela cortou a mão no ar.
—Nada disso é necessário para a comida de Suki.

—Suki! — Eu atravessei a multidão.

Metade da sala de jantar estava parada. A outra metade ainda


estava comendo.

Suspirei. —OK. É o bastante. — Eu apontei para as costas. —


Suki, meu escritório.

Ela franziu o rosto, outra explosão chegando e eu balancei a


cabeça.

—Escritório. Agora.

Ela saiu em disparada. Ava e o outro funcionário começaram a


limpar. Quando eles se foram, peguei o prato de Roy e entreguei
para Lily, outra funcionária que estava passando. —Dê a Roy o que
ele quiser—, eu disse a ela, antes de voltar para ele. —Por conta da
casa, durante todo o fim de semana. OK?

Me ouvindo, três regulares dispararam seus braços no ar. —


Nós gostaríamos de mais de sal também! Suki!

—Har, ha, pessoal.

Eles riram, abaixaram os braços e voltaram a comer.


Roy estava nervoso, olhando para mim. Ele manteve o boné de
beisebol na frente dele, aumentando seu aperto. —Isso não é
necessário, senhorita Jax.

Foda-se, o Senhorita Jax. Eu não precisava ouvir isso.

—Quero dizer. Eu quero me desculpar. Eu sei que você também


nos ajuda. Entendeu?

Seus olhos saltaram para onde Suki tinha ido, então ele engoliu
e deu um rápido aceno de cabeça. —Sim, senhorita Jax. Eu só vou ter
um hambúrguer.

Lily assentiu. —Entendi. — Ela se virou para mim. —Eu vou


cuidar dele.

—Certo.

Ava e o outro funcionário já tinham limpado o sal, junto com


qualquer outra coisa que minha gerente-que-tinha-esquecido-que-
ela-era-uma-gerente-e-não-chef tinha jogado, então, Suki era a
única que restava gerenciar. Eu comecei pelo meu escritório. Eu
queria dizer que isso era uma esquisitice, mas não era. Suki estava
sentada na cadeira de Brandon, os braços e tornozelos cruzados, seu
rosto estava em desafio.

—Você estava cozinhando de novo? — Eu perguntei quando


fechei a porta do escritório.

Ela me observou quando eu sentei na minha cadeira. —Marie


não veio, então Suki assumiu. Cruz chegou cedo para cobrir o resto.
Meus dedos se contraíram por um cigarro quando me sentei, eu
os esfreguei um contra o outro. Talvez eu pudesse esfregar esse
desejo fora de mim? Ou doce. Eu tinha doces.

Eu comecei a cavar minhas gavetas. Para onde aquela bolsa foi?

—Eu sei que você ligou para Marie e disse para ela não vir.

A primeira gaveta estava uma bagunça. Eu estremeci, mas não


achei o doce.

Segunda gaveta.

—O que?

Ah! Terceira gaveta. Tinha um caramelo lá dentro. Agradeça às


fadas doces.

Eu coloquei na mesa e falei. —Ela me mandou uma mensagem


ontem à noite, perguntou se eu tinha certeza de que não
precisávamos dela. Eu deixei passar, porque eu sabia que você
estaria cobrindo. — Colocando um pedaço na minha boca, gesticulei
em direção ao corredor. —Eu sei que você ama fazer comida, mas
você não pode fazer isso. Você sabe disso.

Suki vinha esquivando-se muito das responsabilidades de ser


gerente ultimamente. Eu deixei passar por muito tempo.

—Katrina ainda está na folha de pagamento? — Um caramelo


rosa estava próximo.

—Sim. — Seus olhos se estreitaram. —Por quê?


Joguei a rosa na minha boca e olhei para ela. Duro. —Porque
você está suspensa.

—Suki abre todo fim de semana.

—Não mais, Suki não.

Sim, na terceira pessoa. Eu me juntei à narrativa dela. Oh foda-


se, que diabos. Eu comecei a desembrulhar um caramelo verde.

—Você está brincando com Suki?

Sim, isso era ela falando, não eu. Mas eu respondi da mesma
maneira. —Heather não brinca. Não quando Heather precisa de um
maldito cigarro. — Minhas narinas se dilataram.

Suki piscou e sua cabeça recuou. Ela estava começando a


entender.

Heather não estava brincando.

Porra. Droga. Merda! Eu estava fazendo a terceira pessoa falar


na minha cabeça agora também.

Eu limpei minha cabeça, pegando aquele caramelo verde e


segurando-o como se fosse a própria vida. —Você não tem feito
inventário e não tem feito os pedidos. O que você tem feito, é colocar
tudo em cima de Cruz ultimamente, e é por isso que o dispensei
quase todas as noites e fechei para ele.

Eu estava me sentindo um pouco mais tranquila. Suki fechou a


boca.
—Temos que enfrentar os fatos aqui. — Eu usei gentilmente
meu tom. —A comida é seu primeiro amor, mas esse não é mais o
seu trabalho. Roy é como uma aranha doméstica e está por perto.
Você pode ficar brava com ele, mas ele nos ajuda e mata outras
aranhas e insetos para nós.

—Ele faz?

—O que? — Porcaria. Minha metáfora. —Não, ele não faz. A


aranha doméstica faz. São boas aranhas, mas é o que estou dizendo
sobre o Roy. Ele está muito aqui e pode pedir sal, mas não é um
insulto para você. Nós o queremos aqui, ele nos ajuda e mantém as
pessoas seguras quando elas poderiam dirigir para casa bêbadas.
Nós o queremos aqui.

Eu a perdi, eu poderia dizer pela expressão envidraçada em


seus olhos. Ela provavelmente estava sonhando com costeletas de
cordeiro.

—OK. — Eu fiz sinal para a porta. —Ponha seu temperamento


sob controle. Decida se você quer ser gerente novamente e volte
daqui a uma semana. Nós conversaremos novamente.

Seus lábios pressionaram juntos. Ela parecia querer discutir,


mas em vez disso ela se levantou com um pequeno rosnado e saiu
da sala.

Brandon apareceu na porta aberta. —Você a suspendeu?

Eu passei a mão pelo meu rosto. —Eu juro. Até meus pulmões
estão exaustos.— Eu fiz uma careta, suspirando. —Você sabe que eu
tive que fazer.
Ele assentiu. —Você quer que eu ligue para Katrina?

—Eu vou ligar para ela. E se Cruz perguntar, ele ainda tira o
final de semana. Ele está cobrindo para Suki, e é parte do problema.

—Eu sei. — Brandon encostou a mão no batente da porta. —


Ele estava tentando ser útil.

Eu também sabia disso, mas, embora Katrina possa nos ajudar,


isso não significa que não precisaríamos de um novo gerente no
futuro próximo.

—Você sempre pode pedir Moose para ajudar—, acrescentou


Brandon. —Ele já fez isso antes.

—Não.

Moose era um dos gerentes de Channing em seu bar, mas eu


não queria ir para lá. Nós realmente estávamos tentando manter
nosso relacionamento apenas nosso relacionamento. Ele e eu.

Eu estava bem com as gangues do ensino médio retornando,


contanto que não houvesse violência e eles continuassem gastando
dinheiro. Mas se Moose ajudasse, membros de sua gangue
começariam a aparecer, e isso mudaria as coisas.

As gangues de adultos estavam em uma liga diferente, uma liga


perigosa.

—Vamos tentar Katrina primeiro e descobrir outra coisa antes


de trazer Moose.

Eu peguei o telefone.
—OK.— Brandon assentiu. —Apenas deixe-me saber se você
precisar de alguma coisa.

Ele fechou a porta.

E puta merda, eu realmente queria fumar agora.


CHANNING

O telefone tocou na minha mesa.

Heather: Tenho que fechar esta noite. Suki foi suspensa.

Bem, merda.

Eu: Eu vou até aí quando terminar.

Foi uma resposta rápida.

Heather: Ok

Sexta à noite o meu bar estava movimentado. Nossos


frequentadores geralmente vinham durante o dia e nas noites de
segunda a sexta, mas os finais de semana eram uma questão
diferente. Ou eles tinham sido ultimamente. Muitos clientes mais
jovens estavam começando a viajar de faculdades próximas.
Nós mudamos a noite de karaokê para sexta-feira, o que
significa que era loucura por aí.

Scratch estava no céu, mas eu não entendia o vício dele e


Heather pelo caos.

Eu gostava de desaparecer no armazém com minha gangue,


minha garota em meus braços, minha irmã e sua gangue conosco e
um bom uísque ao meu lado. Isso é o que me deixava contente.

Embora todos os clientes lá fora significassem dinheiro. Isso


sempre foi uma coisa muito boa.

Como já era quase meia-noite, eu poderia sair. Agarrando


minhas coisas, eu tranquei o escritório atrás de mim e comecei a
atravessar a multidão. Havia algumas garotas magras no corredor,
seus olhos ficaram grandes quando me viram. Uma se inclinou para
mim enquanto suas amigas começaram a conversar uma com a
outra, com as cabeças baixas, mas ainda observando.

Eu dei-lhes um pequeno aceno, mas continuei.

Alguns caras gritaram saudações enquanto eu me dirigia ao


bar.

As pessoas recuaram, se separando para mim enquanto eu


passava. Uma ou duas vezes, alguém bêbado tropeçou em mim. Seus
amigos assobiaram, mas eu apenas os guiei de volta. Era um bar, as
pessoas iam ficar bêbadas. Esse era o propósito.

Todos os meus rapazes estavam ocupados atrás do balcão, e


Scratch também atendia aos funcionários. Nós nem sempre usamos
as meninas, mas isso se tornou mais regular nos finais de semana.
Eu pisei para o lado quando alguém encheu sua bandeja com
garrafas de cerveja.

Scratch me viu e levantou a mão. —Você está saindo? — Ele


gritou.

Eles não podiam ouvir, não com a música estridente, mas todos
os meus rapazes olharam. Eu balancei a cabeça para cada um para
confirmar que eles estavam fazendo o que eu queria: trabalhar na
terça-feira. Eu não precisava deles para mais nada.

Levantei a voz para meu primo: —Você precisa que eu fique?

Ele balançou a cabeça, examinando o bar. —Estamos


trabalhando hoje à noite. Nós deveríamos estar bem. Você está
saindo para ver Heather?

Eu assenti. —Eu posso ficar, de verdade.

—Não. Eu estou bem. — Ele fez sinal para a porta. —Vá com sua
mulher. Nós conseguimos.

—Ligue se precisar de alguma coisa.

Eu me virei para a porta quando Moose chamou meu nome. Ele


saiu de trás do bar, mas parou e disse algo para o Scratch. Meu primo
assentiu e Moose fez sinal de que ele me seguiria. Nós tecemos em
torno das garçonetes.

Os dois seguranças do lado de fora da porta baixaram suas


cabeças para mim.

—Noite, chefe.
—Tenha uma boa noite, chefe.

—Noite, pessoal.

Moose foi comigo quando eu comecei a subir o quarteirão.

Eu fiz uma careta. —O que está acontecendo?

Ele olhou para cima e para baixo na rua, que estava vazia, antes
de pegar o telefone. Ele entregou.

—Eu queria que você soubesse antes, mas fomos golpeados no


bar. Traverse mandou uma mensagem.

Eu olhei para a tela.

Traverse: Em breve.

—Os Demônios não estão na cidade desde que você se envolveu


com Richter—, acrescentou. —Eu sei que fizemos um acordo com
Traverse, nós o ajudamos a assumir o controle dos Demônios, e eles
evitam Fallen Crest, mas eu não me sinto bem sobre isso.

Fazia pouco mais de um mês desde que a luta caiu, mas eu não
estava preocupado. Traverse falava uma vez por semana comigo,
apenas enviando um texto rápido. Ele deveria nos deixar saber
quando ele precisaria de nós.

Dei a Moose o telefone de volta. —Você acha que ele está


planejando outra coisa?
—Eu não sei. — Ele franziu a testa, passando a mão na cabeça
careca. —Chad disse que sua tia teve uma visão sobre nós.

—Eu pensei que era sua mãe no lar de idosos?

—E é. Essa sua tia, é do lado do seu pai. O cigano. Ruivo.

Claro. —O que ela viu?

—Que nós fomos cruzados.

—Ela disse isso nesses termos?

Moose olhou para cima. —Não. Ela disse que viu um cavalo
sendo puxado para trás, com tinta vermelha escorrendo de suas
costas e uma faca em sua coxa traseira. Mas, de acordo com Chad,
isso significa que vamos estar no meridiano. E se algo acontecer com
Traverse? E se, enquanto esperamos que eles peçam ajuda, na
verdade estamos dando a eles todo esse tempo para obter mais
backup aqui. Isso poderia acontecer. Richter é uma cobra. — Ele se
mexeu, sua mão arranhando seu peito. —E eu quero dizer, você
sabe. — Ele desviou o olhar, mas eu ainda o ouvi. —A tia de Chad
esteve certa antes.

Certo.

—Quando ela disse que uma pena estava voando, nós não
sabemos realmente que significava que meu pai estava indo para a
prisão—, eu lembrei a ele. —Esse idiota em particular nunca foi
chamado de pena antes.

—Eu sei, mas ela disse que tinha vibrações de 'pai' para isso. —
Ele baixou os dedos para as aspas e limpou a garganta. —Você me
entende.
Eu olhei para ele. Então eu olhei para ele novamente. Difícil.
Porque ele era um idiota.

Moose evitou meu olhar. —Ela previu que Chad iria ao baile
com Melanie Fina.

—Todo mundo previu isso. Eles estavam namorando.

—Ginger Gypsy sonhou com um fogo aceso em torno de Chad.

Eu balancei a cabeça. —Melanie Fina deu-lhe gonorreia. Sua tia


previu sua DST em chamas.

—Tanto faz, há bastante história. Acho que devemos levá-la a


sério. — O pescoço de Moose estava ficando vermelho. A porta
lateral se abriu e outro par de olhos nos observava.

—Você... ou Congo? — Eu perguntei.

À menção de seu nome, Congo recuou para dentro. A porta


lateral se fechou.

Moose suspirou, olhando por cima do ombro. —Olha, todos nós


estamos na mesma página com este aqui. Já faz muito tempo e
Traverse deveria ter nos chamando agora. Você está todo feliz na
terra da vagina de Heather ...

—Presta atenção.

—...O que entendemos, porque vocês dois são adoráveis agora,


e eu não posso acreditar que acabei de dizer isso, mas você me
entende. Você está feliz e não queremos te expulsar da zona. — Ele
vacilou.
Eu estreitei meus olhos. —Mas é hora de ser expulso da zona
feliz?

—Sim.

Meu amigo muito grande e muito confiável finalmente me


considerou plenamente. Ele tinha sido eleito o porta-voz da gangue,
e talvez eles estivessem certos. Talvez fosse hora de dirigir até
Frisco e dar uma olhada no que estava acontecendo.

Moose não era do tipo que acreditava em tias ciganas, mas Chad
acreditava. Congo também. Lincoln não se juntaria à conversa, mas
ele não teria argumentado contra isso.

Eu estava tão feliz por termos chamado Chad de volta, e sim,


isso era sarcasmo.

Bem. Droga.

O grande ruivo odiava lutar. Era como unhas num quadro-


negro para ele, então se ele estivesse empurrando, e se Moose
concordasse com isso sendo a voz, eu tinha que ouvi-los.

—Ok.

—Ok? — Suas sobrancelhas levantaram em surpresa.

—Sim.

Eles estavam certos. Já era tempo.

—Eles têm um lugar fora de Frisco, vamos lá primeiro. É onde


eu me esconderia se estivesse no MC deles.
—Nós estamos explorando amanhã? — Os olhos de alce se
estreitaram. Um brilho médio substituiu a surpresa, misturando-se
com antecipação. Ele estava confortável com isso, se aproximando
de alguém que nos ameaçou e cortar cabeças, por assim dizer.

Comecei a andar de costas para a minha moto. O caminhão ficou


em casa esta noite.

—Estou transando esta noite. — Peguei meu capacete, coloquei


as chaves no motor e balancei a perna. —Amanhã nós exploramos.

—Bom.
HEATHER

Eu estava tendo déjà vu, exceto ... eu não estava.

Eu não estava na minha casa, não estava de ressaca e não tive


que descer correndo para ajudar Brandon. Em vez disso, a
perseguidora do meu irmão, estava no Manny's. Está correto. Código
vermelho. Stalker vermelho. Rebecca, a perseguidora de cabelo
crespo e leoa, enfrentaria minha ira. Ela estava aqui, pessoal.

Katrina se aproximou de mim. —Que pena que você teve que


mandar Suki ir para casa.

Eu grunhi. Ela estava certa. Aquelas duas teriam um confronto


épico. Uma gritando na terceira pessoa, e a outra tentando parecer
ser elegante, sendo que ela era qualquer coisa exceto elegante.

Eu resmunguei: —Onde está um pouco de sal quando


precisamos?

Katrina soltou uma risada. —Você precisa de mim para fazer


alguma coisa?

Eu balancei a cabeça. —Não, eu vou lidar com isso. Metade do


problema é de Brandon de qualquer maneira.— Fiz um gesto para o
resto do restaurante. —Apenas gerencie todo o resto.

Ava passou, os braços esticados ao redor de uma bandeja de


bebidas.
—Por que Ava ainda está trabalhando?

Minha gerente substituta franziu a testa para mim. —Ela disse


que você estava com falta de pessoal. Eu deveria mandá-la para
casa?

—Muito tempo atrás.

Ava parou ao lado do poleiro de Roy e se encaixou.

O que aconteceu com o namorado?

—Espere.

Katrina começou a se afastar, ela fez uma pausa e eu


acrescentei: —Apenas diga a ela que ela está em uma hora de
intervalo. Minhas ordens. Então, diga às garotas que ela acabou para
a noite.

—E quando essa hora acabar?

Eu dei a ela uma olhada. Nós estaríamos fechados até então.

Ela me deu um sorriso tímido. —Entendi, chefe.

Ava se sentiria culpada, pensando que precisava sair se não


estivesse trabalhando. Ela ficaria com Roy, desse jeito. Roy era bom.
Aquele namorado babaca não era.

—Se ela não ouvir, diga a ela que vai ter que lutar comigo—
Acrescentei.

E na mesma hora, ouvi uma nova batalha começando de novo.


—Rebecca, você precisa sair. — A voz do meu irmão estava
grossa de irritação e eu vi o branco em volta dos lábios dele. Ele
estava mordendo com força.

Rebecca usava um top vermelho, os seios quase caindo, com


batom para combinava. Ela tinha um shortinho curto que não se
encaixam bem nela e um piercing no umbigo.

Estava inflamado, então eu estava achando que era novo.

Com saltos de prostituta, um balanço não tão sedutor para trás


e para frente, e uma bebida rosa em uma mão que ela mantinha
derramando, meu irmão oficialmente tinha um problema.

A stalker era entretenimento de primeira. Nossos outros


clientes se reuniram em torno dela, todos, exceto Gus. Ele era o
nosso regular e, embora estivesse sentado a duas banquetas do bar,
ele era o único alheio a ela. Debruçado sobre uma cerveja à sua
frente, manteve os olhos na televisão pendurada sobre o bar. ESPN.

—Gus. — Eu vim atrás dele e acariciei suas costas.

Ele se levantou. —A...que? O que?!— Ele se virou, baba


deslizando pelo queixo. A frente de sua camisa estava encharcada.
—Hã?

Brandon riu, parecendo tenso. —Talvez seja hora de ir, amigo.

Gus olhou para ele. —Você fechou?

Brandon sorriu. —Sim.

A multidão ao nosso redor disse o contrário.


Gus nunca notou.

—Oh— Seus ombros caíram. Ele começou a escorregar do


banquinho, depois viu Rebecca e parou. Ele apontou para ela. —
Heeey. Por que ela está aqui então?

—Porque eu não terminei minha bebida. Não é educado forçar


um cliente pagante, quando a bebida não ainda não terminou—.

O rosto de Rebecca se contorceu e ela começou a cruzar os


braços sobre o peito. Ou ela teria. Seu copo ficou no caminho, e a
bebida espirrou, metade sobre ela e metade no chão, cobrindo as
costas de um dos bancos.

Ela não pareceu notar. Gus também não.

—Ela também está indo. — Eu me movi para frente, minha voz


firme e tranquei os olhos com ela. Puxei o copo da mão dela, despejei
o conteúdo restante na pia atrás do bar e mostrei a ela. —Sua bebida
se foi. Você está feita.

A porta lateral se abriu.

Channing entrou. Ele nos viu, e o que quer que estivesse


dizendo a alguém de fora desapareceu. Ele observou a postura
rígida de Brandon, do jeito que eu estava na frente de Rebecca e
soltou uma gargalhada.

—Becs—, ele gritou.

Ela se virou. Seu cabelo quase me bateu. —O qu ...— Seu tom foi
de raiva para um calor que poderia derreter a manteiga. —
Channing! Oi. Como você está?
Ele veio em nossa direção. —Gus, meu homem. É aqui que você
está se escondendo?

Gus já estava com quase sessenta anos. Quanto mais sóbrio ele
ficava, menos podia ouvir. Já que ele estava bêbado demais para ver
a plateia boquiaberta, é claro que sua audição era como a de um
falcão.

Ele chiou, estreitando os olhos: —Eu conheço você?

Channing fingiu estar machucado e esticou os braços para fora.


—Gus, vamos lá. Meu bar é sua segunda casa.

Ao mesmo tempo, Rebecca decidiu fugir em torno de Channing.

Seus saltos foram para a esquerda e ela foi para a direita.

Ela desmoronou no chão.

—Ow—, ela gemeu. —Isso não é muito elegante.

Ela olhou para Brandon, as bochechas avermelhadas e mordeu


o lábio. Ela agarrou o banquinho de Gus e começou a se levantar. Um
de seus peitos saiu e seu shortinho de margaridas chegaram até a
cintura. Ela estava piscando simultaneamente nos seios e na virilha.

—Pode… pode… oomph. Alguém pode ajudar por favor? — Ela


levantou a mão, parecendo arrependida.

E Rebecca estava de volta.

Gus se moveu para ajudá-la.

Ele viu seu seio e se concentrou nele. —Você, uh. Você. Hum.—
Ele apontou para ele. —Sua parte de senhora está fora.
—O que?

Ele pegou a blusa dela e moveu, a cobrindo. Então ele pegou o


braço dela, ambos estavam instáveis. Eu não queria me preocupar
com Gus quebrando um quadril, ainda não. O cara tinha sido o
zelador da escola por tantos anos. Não importa quanto bebesse,
espero que seus ossos sejam resistentes até os noventa anos.

—OK. Aqui vamos nós. — Ele estava suando agora, ofegando.


Ele moveu as mãos mais alto em seu braço e agarrou sob seus
bíceps.

Ela o deixou.

—Ok, você vai. Florzinha fracote.

Ele levantou e ela tentou se levantar. Depois de mais um monte


de oomphs, ambos estavam em pé.

O rosto de Gus estava vermelho brilhante.

Rebecca também estava suando e piscou várias vezes. —Nós


fizemos isso. — Ela deu um tapinha no braço dele. —Bom trabalho,
Dirk.

—Oh sim! — Ele achou que ela estava pedindo por mais cinco.
—Olá. — Ele agarrou o braço dela novamente, segurando-o
suspenso para que ele pudesse dar um tapa nele, e ela desceu.

Seu calcanhar virou.

O dele também.
Channing deve ter tido o suficiente, porque ele fez sinal para
Brandon. Como um, cada um deles pegou um deles sob as axilas.
Gus/Dirk e Rebecca/Daisy voltaram a se levantar, e Brandon e
Channing mantiveram a mão firme sobre os dois. Quando Rebecca
parou para olhar a mão em seu braço, Brandon amaldiçoou. Sem
uma palavra falada, ele e Channing trocaram de lugar.

Gus estreitou os olhos para Channing. —Como disse que era o


seu nome era?

Channing deu um tapinha no peito. —Channing Monroe.


Lembra-se agora?

—Hey— O dedo de Gus subiu, junto com um sorriso brilhante


e largo. —Sim. Eu lembro. Sua mãe costumava sentar no meu colo
quando trabalhava na Kitty Titties.

—Não. — Channing balançou a cabeça, lutando contra um


sorriso. —Perto, mas não. Minha mãe nunca trabalhou na Kitty
Titties. Peitos errados. Somos Tuesday.

—Vocês têm os titnis da quinta-feira à noite. Martinis de cinco


dólares. — Gus estava de volta ao jogo. —Eu me lembro agora. Você
dirige esse lugar?

—Eu faço. Sim.

—Bem, é um prazer conhecê-lo. Eu também amo o Friday Night


Titquila Shots.

Gus se afastou do bar. Ele esperou, certificando-se de que não


cairia antes de endireitar os ombros. Ele estendeu a mão.

Ele começou a cair.


Daisy/Rebecca agarrou-o.

—Obrigado, Daisy.

Ela assentiu, acariciando sua mão. —Não tem problema, Dirk.

Ele se virou para Channing, inclinando-se para frente com um


olhar sério no rosto. —Eu quero apertar a mão do homem que nos
trouxe Thursday Night Titinis. Foi a melhor ideia para capital
aventureira social se eu já vi uma. E os martinis são excelentes
também. Nomeando o lugar Tuesday Tits? Gênio. Gênio.

Channing apertou a mão de Gus, batendo no ombro dele. —Que


tal sairmos daqui? Nós temos um novo grupo de clientes vindo
ultimamente, e precisamos capitalizar sobre eles.

Gus começou a ir com ele, mas hesitou, olhando para Rebecca.


—Eu gostaria de ser tão ousado e pedir o seu número de telefone, se
estiver tudo bem para você?

—Claro.

Isso levou mais cinco minutos. Eles se atrapalharam com seus


telefones. Ambos esqueceram o código para entrar, então passaram
um guardanapo para frente e para trás. Rebecca escreveu seu
número na frente e empurrou para ele. —Aí está. Agora você.

Ele virou, escreveu seu número nas costas e deslizou de volta


para ela. —Aí está.

—Excelente. — Ela sorriu para ele.

Nem pegou o guardanapo.


Gus assentiu com a cabeça, afastou-se do bar sua mão firme e
limpou a garganta. —Milady, foi um prazer conhecê-la.

—Você também, Dirk.

Ele deu alguns passos bruscos em direção à porta antes que


Channing o segurasse no ombro, segurando-o na posição correta o
resto do caminho.

Gus olhou para ele. —Você está pensando em outro tema para
a noite?

—Algo parecido.

Eles estavam fora da porta, mas podíamos ouvir um último


comentário de Gus. —Eu sempre achei que o End of Monogamy
Mondays seria uma boa noite.

Eles desapareceram, mas um segundo depois, Channing voltou.


Ele deslizou os olhos em direção a Brandon antes de dizer: —Becs,
adivinha quem te mencionou na outra noite?

Seus olhos ficaram encobertos, se isso fosse possível. Ela


mordeu o lábio. —Você está tentando brincar comigo, tire-me do
cabelo da sua namorada. Eu não estou me apaixonando por isso,
Channing. E eu sei que você não quer minha entrada em suas noites
temáticas…

—Congo perguntou sobre você.

Ela parou tudo. Seus olhos se arregalaram. —Você está


mentindo.

Havia uma pontada esperançosa em sua voz.


Channing sacudiu a cabeça. Seus olhos nunca deixaram os dela.
—Ele disse que sentiu sua falta. — Então ele mergulhou de volta,
desaparecendo na porta.

O ar explodiu fora dela e sua boca se abriu. —Você está


brincando comigo? Não brinque comigo. — Uma lágrima se formou
em seus olhos. Sua voz ficou rouca, tremendo. —Matthew
Shephardson tem sido o amor da minha vida, toda a minha vida. Eu
sabia. Eu apenas sabia disso. Ele estava mentindo quando ameaçou
a segunda ordem de proteção. — Sua cabeça ficou mais alta. —Foi
um teste. Ele estava se certificando de que eu estava totalmente
comprometida.

Ela parou de falar, juntando a bolsa no peito. —Acho que é hora


de me levar para a cama.

Eu não tinha certeza com quem ela estava falando, mas acenei
de qualquer maneira. —Boa noite, Rebecca.

Ela lançou um sorriso distraído para mim e afastou-se do bar


da mesma maneira que Gus/Dirk - apenas alguns passos no início.
Quando as pernas dela não cederam, ela foi para a porta.

—Está bem então. Adeus a todos. Eu estou fora para encontrar


meu amor.

Eu olhei pela janela e vi uma multidão se formando. —Roy?

Ele estava enfiando uma batata na boca no balcão. —Hã?

Acenei para onde Rebecca estava tentando abrir a porta de tela.


—Você pode dar-lhe uma carona para casa?
Rebecca empurrou a porta da tela aberta. Em seguida, ela lutou
com o degrau para baixo. Ela esqueceu que estava lá.

Roy passou apressado por mim. —Claro. — Ele foi até ela,
tocando o braço dela gentilmente. —Posso ajudá-la, senhora?

—Ah, claro. — Seu sorriso era ofuscante.

Ele inclinou a cabeça para mim, ajudando-a o resto do caminho.


—Obrigado, senhorita Jax.

Eu não terminei.

Eu me virei de volta. —Ava?

—Hmmm? — Sua cabeça apareceu.

Eu fiz sinal para Roy e Rebecca, eles só deram um passo.


Rebecca continuou pensando que havia outro degrau. Não havia.

—Roy, você vai dar uma carona para Ava depois da sua
primeira parada?

Ava alisou as mãos pela calça jeans, vindo para o meu lado. —
Você tem certeza?

Eu olhei para ela. —O que aconteceu com seu namorado?

—Oh— Seus olhos caíram. —Ele, uh ... nós terminamos.

Eu pressionei meus lábios juntos, mas ela estava melhor. —


Você deveria estar fora do trabalho há muito tempo.

Ela levantou a cabeça, as bochechas coradas. —As gorjetas são


boas, e... — Seus olhos correram para Roy.
—Vai. — Eu dei um tapinha nas costas dela. —Você está fora do
turno. Passe a noite toda com ele, se quiser, mas não está mais
trabalhando.

Ela gritou e correu para pegar o outro braço de Rebecca


enquanto Channing voltava.

Ele sorriu para mim. —Gus está fazendo uma lista de ideias
para a noite do tema enquanto espera por Roy. Parece que ele estará
esperando por ele muito tempo.— Ele olhou para o trio que acabou
de sair, parando na minha frente. Suas mãos vieram para os meus
ombros e ele começou a esfregá-las.

—E aí cara. — Brandon acenou para ele, voltando para trás do


bar. —Obrigado pela assistência lá.

Channing disse algo de volta. Eu não estava escutando, suas


mãos ainda estavam esfregando.

—Puta merda. Isso é bom.

—Seu escritório? — Sua cabeça mergulhou, roçando minha


orelha. —Por favor?

Inferno ao sim.

Assim que entramos, comecei a me virar, mas ele me parou.

Eu ouvi a porta se fechar atrás de nós ao mesmo tempo em que


ele me puxou de volta contra ele. Pressionando-se atrás de mim,
senti o que mais estava pronto para mim.
Eu olhei para ele. —Seja honesto. Gus fez isso por você, não foi?
Ele deixou todos vocês excitados falando sobre as noites temáticas
do social aventura capital.

—Você sabe. — Ele pressionou em mim novamente. —Oh. O


que aconteceu com Suki?

Eu disse a ele.

Ele franziu a testa, me estudando. —A use.

Eu fiz uma careta de volta para ele. —O que você quer dizer?

Ele alisou a parte de trás do meu cabelo, pressionando um beijo


na minha testa. —Quero dizer, use-a para o que ela tem a oferecer.
Ela é divertida. Ela é obcecada por cozinhar, então deixe-a ir como
gerente, mas faça jantares gourmet. Pode ser um evento inteiro em
que as pessoas se inscrevam para vê-la cozinhar. E se você quiser
realmente adicionar ao entretenimento, peça a Brandon para ser
seu assistente ou algo assim. Os dois brigam como um casal.

Talvez. Eu gostei da ideia.

Ele perguntou: —Você vai abrir de manhã?

—Sim. — Eu dei um passo para trás, embora não quisesse. —


Katrina vai fechar este fim de semana para mim e na próxima
semana.

Ele balançou a cabeça, tomando o assento de Brandon e, em


seguida, me puxando para o seu colo. —Eu tenho que sair de manhã.

Eu endureci em seus braços. —Que horas?


—Cedo.

Então nenhum de nós estaria dormindo muito esta noite.

Pessoas normais iriam para casa, batiam nos freios de uma


maneira agradável e confortável, depois se acomodavam para
dormir o máximo possível. Não nós, e certamente não Channing. Se
ele precisasse acordar cedo, ele estava querendo dizer aproximando
uma da manhã, ele iria sacar a porra.

Eu olhei para ele. —Eu quero perguntar por que você está se
levantando tão cedo?

Tuesday Tits abre as onze.

—Não. — Ele arrastou um dedo pelo meu braço. Eu estava meio


arrebatada por isso. —É material da gangue.

Oh.

Eu estava em seus braços e sabia o que aconteceria em seguida.

Ele me puxaria para mais perto dele. Ele beijaria meu pescoço,
minha garganta e meus lábios. Suas mãos iriam para os meus
quadris, uma deslizaria para o meu estômago, e ele iria começar a
me fazer calar. A outra mergulharia nas minhas calças e ele me
deixaria excitada e incomodada, deslizando um dedo dentro de mim.

Não importava onde estávamos.

Eu me derreteria em seus braços até que ele me levantasse e


me colocasse onde ele queria. Na mesa, na cama, no balcão, no sofá,
contra a parede do chuveiro ou contra uma porta. Não importava.
Eu cairia sob o feitiço dele e esqueceria que ele ia deixar minha cama
para ir até sua gangue, até que ele tivesse que ir.

Isso é o que normalmente acontecia.

Houve um mas vindo.

Sua mão começou a se mover em mim e eu peguei seu pulso.

—O que?

As coisas eram diferentes agora.

—Eu quero saber o que está acontecendo com a gangue. Eu


quero que você me diga.

Ele se afastou e me olhou.

Ele não tinha acendido as luzes, mas alguma iluminação filtrava


sob a porta do corredor. Era o suficiente, apenas mal, para lançá-lo
na sombra. Eu senti ele colocar uma parede.

—Você não gosta do que minha gangue faz.

Eu pressionei meus lábios e engoli em seco. A reação


automática estava lá. Anos de luta sobre sua gangue me fizeram
desistir. Eu estou sufocando isso.

—Eu te amei quase toda a minha vida—, eu disse a ele. —E eu


não me vejo amando mais ninguém.

Deus.
Eu tirei todas as camadas que digerimos ao longo dos anos. Eu
estava com tanto medo de perdê-lo que o afastei a maior parte do
tempo. Ou eu deixei ele se afastar.

Mas somos diferentes agora, eu disse a mim mesma.

Nós tínhamos que ser diferentes. Eu tinha que ser diferente.

—Heather?

Eu balancei a cabeça. —É isso, Channing. Ou nós fazemos esse


tempo funcionar ou ...— Oh, foda-se. Eu realmente ia dizer isso?
Minha garganta estava queimando. —Ou nós precisamos acabar, e
eu quero dizer isso.

Ele se inclinou para frente, seu rosto voltando para aquele


pedacinho de luz.

Eu podia ver seus olhos novamente.

E eu me senti um pouco mais forte por dentro. Eu me senti mais


segura, mais certa.

Esta era a direção certa a seguir. Tinha que ser. Eu não sabia se
poderia sobreviver a outra Naly, outra promessa de muito mais, só
para perder tudo.

—Cague ou saia do vaso, você quer dizer?

Eu assenti. —Cague ou vá a outro lugar para cagar.

Sua boca se curvou. —Se isso não me colocar no clima, então eu


não sei o que vai.
Eu espelhei o sorriso dele. Ele clicou, o que quer que fosse, e se
encaixou.

Channing nunca deixaria sua gangue, então dependia de mim.


Eu tinha que ficar bem com isso. Se não, então eu teria minha
resposta.

—Eu quero saber o que você vai fazer amanhã—, eu disse


novamente.

Ele estava tão perto. Ele se endireitou. Seus braços apertaram


em volta de mim, me puxando para ficar em cima dele. Sua mão
segurou o lado do meu rosto.

Eu não sabia que ele me tocaria lá, mas eu adorei. Fechei meus
olhos, saboreando-o. Sua outra mão foi até a minha cintura, ele
pressionou contra mim me segurando. Isso significou alguma coisa.

Ele me segurou como se eu fosse o pedaço mais frágil de vidro.

—Você realmente quer saber?— ele perguntou.

Eu estremeci, minhas mãos descansando contra seu estômago,


sentindo os sulcos de seus músculos ali. —Sim.

Eu tinha que saber.

Eu tinha que tentar.

—OK.
HEATHER

SÉTIMA SÉRIE

—Hey

Channing caiu ao meu lado. Nós estávamos em cima de um


grande pedregulho, sentados mais no alto do que a maioria das
pessoas.

A maioria estava nadando nas nascentes ou bebendo sob


algumas barracas que estavam à sombra. Eu adorava as molas, e
adorava que parecesse apenas um lugar Roussou, embora Frisco
também não estivesse muito longe daqui. Hoje, enquanto eu assistia
todo mundo, eu estava meio que esperando que todos fossem
embora.

—Ei.— Até eu estremeci com o meu tom. Maçante.

Channing fez uma pausa, então cutucou meu braço. —O que há


de errado? Não está no clima de festa?

Eu movi meu braço para fora do caminho, puxando minha


camisa um pouco mais.

—Meu irmão está aqui. — Brandon estúpido. Chupando o rosto


de alguma garota. O cara do futebol, bebida e sucção - esses eram
seus três passatempos favoritos.

Channing riu. —Ele está. Aquela é Melanie?


Melanie Fina era mais recente namorada do meu irmão e tinha
comentários que ela tem DST.

Eu rosnei. —Ótimo. Olha, agora eu tenho que ir até lá e


interromper isso, antes que ele pegue algo com o qual ele ficará
preso pelo resto de sua vida, e ele vai ficar bravo comigo. Eu não sou
o mais velho, ele é. Mas ele está agindo assim?

Channing apenas sorriu. —Por que você está realmente com


raiva? Você e eu sabemos que não é pelo seu irmão. Você gosta de ir
às mesmas festas que ele.

—Você é irritante.

Ele cutucou meu braço. —Conte-me.

—Pare com isso. — Eu o empurrei para longe, rangendo os


dentes contra a dor súbita que atingiu meu ombro.

Ele apenas riu e se aproximou, passando os braços em volta de


mim.

Dor. Dor.

Eu ignorei, endurecendo até que ele disse: —Vamos lá, Heather.


Me diga o que está errado. Você sabe que você quer me falar.

Eu tentei manter meu rosto severo, mas quando ele faz coisas
estúpidas como esta, eu me derretia. Meus malditos hormônios. Eles
sempre pensaram que ele era adorável, e olhando para o rosto, eu
tinha que admitir que ele era. O sol tinha destacado seu cabelo com
listras douradas e ele tinha feito algumas tatuagens. Ele não estava
vestindo uma camisa hoje, e eu estudei a nova tatuagem no interior
de seu bíceps. Ele brincou que quando ele fosse mais forte, a pata
ficaria maior. Era apenas do tamanho da minha mão agora.

Ele tinha mais exercícios para fazer.

—Você nunca me disse por que você tem essa tattoo.

Ele soltou um suspiro e passou os dedos pela minha bochecha.

Eu bati na mão dele, sentindo uma queimadura quando um dos


meus cortes roçou seu braço. Merda.

—Ei. O que ...— Suas mãos correram para o meu braço,


puxando-o para a frente dele.

Sim.

Eu olhei para aquilo também.

Não deveria estar lá. Eu não deveria ser aquela garota.

Mas eu era.

Ele passou o polegar levemente sobre um corte. —Eu pensei


que você tivesse parado.

Eu não respondi. As palavras queimavam na minha garganta.

Channing inclinou a cabeça para o lado. Seus olhos dispararam


para onde Brandon estava chupando o rosto de Melanie, depois para
mim.

Ele suspirou. —Ontem?

Eu não respondi. Eu não queria, e não achava que pudesse,


mesmo que tivesse que falar.
Minha mãe voltou, então ela foi embora. Novamente.

Ontem foi o aniversário de um ano de sua partida. A segunda


vez.

—Heather— Seu tom era suave, me atraindo.

Eu me movi para que nossos olhos pudessem se encontrar.


Nossos lábios estavam a uma polegada de distância. Um movimento,
uma contração, uma lambida e estaríamos nos beijando.

Mas nós não nos beijamos.

Nós começamos a dar as mãos e nós nos abraçamos. Channing


entrava no meu quarto à noite e colocava os braços em volta de mim
na cama. Houveram algumas sessões de moagem por algumas vezes,
mas sem beijos. Ainda não.

Eu sabia que estava chegando. Ele sabia que estava chegando e


seus olhos estavam escuros agora. Eles sempre ficavam assim
quando nos tocávamos, mas ele se continha. E eu me segurava de
volta.

Acho que ambos estávamos com medo do próximo passo. Uma


vez que cruzarmos esse limite, seria diferente para nós. Nós não
seríamos os melhores amigos que éramos agora. Nós seríamos mais.
Nós seríamos oficiais, apesar de termos sido não oficiais por um
longo tempo. Todo mundo sabia: Channing e eu estávamos juntos.

—Channing— eu sussurrei de volta, sentindo uma lágrima cair.

Eu não queria conversar.


Ele amaldiçoou, em seguida, estendeu a mão e me levantou até
que eu estava montada nele.

Eu movi meus braços sobre seus ombros, deslizando meus


dedos pelos cabelos dele.

Ele procurou meus olhos, mergulhando para olhar meus lábios


antes de olhar de volta. —O que você quer fazer?

Eu não queria pensar, era o que eu queria, e eu era muito jovem


para pensar assim. Eu disse em vez disso —Esqueça

—Ok.

Ele segurou o lado do meu rosto. —Então vamos esquecer


juntos.

Engoli.

Eu vi a intenção em seu rosto.

Ele avançou e eu fechei meus olhos.

Seus lábios tocaram os meus.

Eles eram gentis e suaves, e um zumbido atravessou meu


sangue.

Não deveria ter sido perfeito.

Mas a razão pela qual nos beijamos não foi.

Talvez por essa razão, talvez fosse porque eu senti que estava
esperando desde a terceira série por esse beijo, mas o que quer que
fosse, fez com que eu deixasse a lembrança da minha mãe ir embora.
Eu o beijei de volta.
CHANNING

DIAS DE HOJE

—Ou faça esse tempo funcionar ... Ou precisamos acabar...

Eu poderia ter brincado sobre algumas merdas quando


Heather disse essas palavras na noite passada, eu juro que quase fiz.

Heather Jax tinha bolas de aço. Se ela disse isso, ela queria dizer
isso, e eu estava suando o último pacote de seis que eu bebi em sua
casa desde então.

—Ali estão os caras. — Heather se inclinou para frente e


apontou para um grupo de carros alinhados na beira da estrada.

Eu diminuí, parando ao lado do caminhão de Moose. Ele saiu e


veio quando Heather baixou a janela.

Se ele ficou surpreso em vê-la, ele não demonstrou. Ele


levantou o café em saudação. —Bom dia.

Se era bom ou não, ainda estava para ser visto. Eu abaixei


minha cabeça. Heather dormiu um pouco, talvez uma hora, mas eu
não. Eu estava ocupado me mijando desde que ela pronunciara
essas palavras. Mas a gangue era gangue. Nós temos que trabalhar,
então vamos encarar.

—Bom dia— eu grunhi de volta.


Eu pude ver Scratch com ele no caminhão, segurando um
sanduíche de café da manhã embrulhado.

—Vocês pararam e pegaram comida?

—Sim. Você quer comer?

Heather sacudiu a cabeça, segurando o próprio café. —Eu fiz


isso antes de sairmos.

Uma porta de carro se fechou atrás de nós e Congo apareceu ao


lado de Moose. Ele acenou com um pacote de cigarros no ar. —Você
quer algum?

Heather acenou com a mão. —Deus não. Tire isso de perto de


mim.

—Ela está tentando parar de fumar, idiota.

Ele inclinou a cabeça. —Quando você começou Heather?

Ela gemeu, deslizando em seu assento.

Eu lati para ela, —É um maldito gatilho, fumar, mastigar, beber,


porra, tudo isso. Coloque essa merda longe daqui.

O fato de que Heather bebia, trabalhava onde havia fumo e


bebida, e fizesse sexo regularmente não era algo que nenhum dos
dois mencionou. Nesse momento, Heather podia reagir ao ver um
pedaço de grama soprar no vento, e eu esmurrava qualquer um que
dizia que era bonito. Eu rasgaria o maldito gramado se precisasse.

—Oh...— Congo ainda estava franzindo a testa, mas ele colocou


de lado, encolhendo os ombros. —Desculpe, Heather.
Um leve toque na minha janela, e eu rolei para baixo.

—Ei. — O cabelo ruivo de Chad virou-se para que ele parecesse


um cachorrinho, e ele enfiou as mãos pelos fios.

—Você está com frio?

—Não. Eu só estou tremendo. Bebi demais quando estava


visitando minha família. — Seu sorriso era torto. —Você conhece
nós católicos. Gostamos do nosso vinho.

—E tudo mais— disse Congo do outro lado.

—Eu deveria ir aí também? — Scratch gritou, ainda dentro do


caminhão de Moose. —Qual é o problema?

Heather bufou.

Eu me inclinei para frente. —Por que você está aqui?

Scratch encolheu os ombros, segurando o sanduíche. —Moose


me prometeu comida e além disso, de qualquer maneira, se afeta o
bar, é da minha conta também.

Ele tinha um ponto.

—Além disso, sou sua maldita família.

Ele apontou com o sanduíche.

—E Heather está aqui. Ela não é da gangue —

Todos os caras se endireitaram. Alguém disse em voz baixa: —


Oh, droga—.
Abri a boca para responder e Moose também abriu a boca. Mas
antes que qualquer um de nós pudesse dizer alguma coisa, Heather
se inclinou para fora da janela.

—Quando um dos membros está fodendo você há anos, você


pode ter uma palavra a dizer— ela gritou. —Eles podem não ouvir,
mas eu posso ter uma palavra a dizer. Até lá, continue comendo seu
maldito sanduíche. Obrigada.

Foi um grande negócio que Heather estivesse aqui. Os caras


sabiam disso, mas Scratch - ele nem sempre estava por perto. Ele só
voltou ao rebanho um ou dois anos antes de assumirmos o bar.

Alguns dias parecia que ele era da gangue, mas manhãs como
essa me lembravam que ele havia crescido em outro lugar.

Heather era de Roussou nascida e criada. Ela nunca mudou. E


tudo o que ela disse é verdade. Eu iria até os confins da porra da
Terra por ela, e esses caras teriam minhas costas.

Scratch ficaria e cuidaria do bar.

—Desculpe, Heather. — Ele deu outra mordida, limpando a


boca com as costas do braço. —Às vezes minha boca se move antes
do meu cérebro.

—Acontece. — Ela se sentou de volta, olhando para mim. —


Vamos fazer alguma coisa ou apenas ficar de mãos dadas?

Chad começou a rir. —Eu senti falta de ter pouco de Jax em


nossas missões.

—Sim, quando foi a última vez? — Moose perguntou.


—Eu lembro. — Chad estalou os dedos. —Aquele velho lugar
de dança de celeiro. O dono disse que preferia queimá-lo do que
permitir que alguns homossexuais fizessem festa lá. Ginger Gypsy
estava lá com minha outra tia e alguns de seus amigos, quando eles
ainda podiam.

Chad tinha uma grande família. Realmente grande.

Congo levantou a voz: —Sim! Ela estava lá com a namorada, e


eles ficaram tão bravos que foram ao Manny's. Heather ouviu, veio
e nos encontrou e depois...

Heather estava me observando.

Eu terminei a história, tão orgulhoso da minha garota. —


Heather foi a primeira a começar o fogo.

Suas bochechas coraram. —Eu realmente gostei de Cora. Isso


me deixou com raiva.

A risada de Chad se suavizou. Ele descansou o braço na minha


porta. —Isso significou muito para minhas tias. Cora perguntou
sobre você até o dia em que ela morreu. Ela continuou proclamando
que você seria abençoada pelo que fez.

—Por queimar um salão de dança de celeiro? — Mas Heather


estava sorrindo.

Eu tinha esquecido o quanto ela amava as tias de Chad, mas não


eram apenas elas. A namorada também. Heather tinha adorado
elas...

—Elas eram amigas do seu pai— eu disse, lembrando.


Ela assentiu novamente. —Cora Lovell costumava tomar conta
de Brandon quando ele era pequeno. Ele tinha uma queda por ela.
Fui eu quem disse que ela não funcionava desse jeito. Acho que isso
o fez amar ainda mais ela.

—Sim, ela disse que você os visitou muito na casa de repouso.

—Como está Ginger Gypsy? — Heather perguntou ao Chad.

Ele olhou para mim, pedindo permissão. Eu balancei a cabeça,


apenas por pouco.

—Ela está bem. Ainda lutando, criando tumulto como sempre.

—E sua mãe?

Ele levantou os ombros —Minha mãe não tanto. Ela foi


enganada por alguém recentemente.

—Ah não. Me desculpe, Chad. Sinto mesmo.

—Tudo bem. — Sua cabeça abaixou um pouco. —Ela não ficou


muito mal. E nós conseguimos recuperar a maior parte do dinheiro.

Houve uma pausa depois disso.

Se alguém machuca outro alguém que um membro da gangue


ama, nós igualamos. Heather conhece a política. Eu esperei para
ouvir sua resposta.

—E quem enganou sua mãe?

Eu olhei para cima. Fiquei surpreso ao ouvir uma dureza em seu


tom. Isso refletia nos olhos dela. Eu vi a velha Heather, a que tinha
queimado um salão de dança de celeiro sem um momento de
hesitação.

Eu juro que vi as mesmas chamas cintilando em seus olhos


quando ela me perguntou: —Você conseguiu o cara?

Eu assenti. —Você sabe. — Independente do motivo pelo qual


Deus a tenha trazido à minha vida, obrigado.

Ela cortou: —Bom.

Depois de sua resposta, todos pareciam respirar mais


facilmente, recuando da caminhonete. Congo jogou fora seu último
pedaço de cigarro, depois tirou um isqueiro e começou a colocar
fogo na caixa vazia.

—Ei, ei, ei! — Moose pegou o isqueiro. —Que porra você está
fazendo?

—O que? — Congo franziu a testa. —Não há lixo por perto e eu


não quero jogar no chão.

Chad começou a rir atrás de mim.

Moose balançou o pacote vazio na frente do rosto do Congo. —


Queimar essa merda pode ser pior para o meio ambiente do que
jogar lixo no chão.

—Como? Estou apenas queimando tudo.

—Você tem certeza? — Moose deu um tapinha no topo da


cabeça do Congo com a caixa de cigarro. —Pode haver produtos
químicos nisso. Você entende?
—Sim, sim— o Congo resmungou e voltou para o seu veículo.
Ele chamou por cima do ombro, —Descubra um plano e deixe-me
saber, o que você faria.

Moose se aproximou mais e assim fez Chad.

—Você ouviu ele, chefe. Qual é o plano? — Moose perguntou.

Esta foi uma missão de reconhecimento. Então, chegou a hora


de fazer algumas escutas.
HEATHER

Peidou!

De alguma forma eu acabei correndo atrás do primo de


Channing, e cheirando os peidos que ele continuava negando soltar.

Outro. Eu bati em suas costas. —Pare de peidar! Eles fedem!

—Eu sinto muito. Eu não posso evitar. Eu não deveria ter


comido aquele sanduíche no caminhão.

—Não me diga, Sherlock.

Ele revirou os olhos. —Você é meio malvada às vezes, Heather.


Você sabe disso certo?

Minha mão ficou congelada. Eu queria bater nele novamente,


no rosto. Então zombei: —Realmente? Eu não fazia ideia.

—Não é legal. Nenhum pouco legal.

Então uma voz falou atrás de mim. —Vocês dois podem parar
de brigar? Vocês são como duas criancinhas brigando por um
brinquedo.

Scratch não respondeu, mas eu gritei meu descontentamento -


ou eu tentei. Eu dei um pulo, e assim que comecei a gritar, uma mão
segurou minha boca.
—Ssshhhh! Sou eu. Lincoln.

Eu balancei a cabeça e ele afastou a mão. Eu olhei para ele por


cima do meu ombro, ainda um pouco abalada. —De onde diabos
você veio? E faça algum barulho, pelo amor de Deus! — Eu dei um
soco no braço dele.

Garotas não devem bater. Caras não podem bater em garotas,


então deve servir para os dois lados, mas meu Deus, ele assustou
três anos fora da minha vida. E a necessidade de fumar me atingiu
como uma explosão agora. Eu podia sentir o cheiro da nicotina. Meu
nariz começou a tremer, tentando me levar até o cigarro.

—Ele está nos seguindo o tempo todo. Certo? — Congo disse,


riso em sua voz.

Lincoln assentiu. O cara estava comprometido com a imitação


de sua estátua. —Chan me enviou depois de vocês. Nenhum de vocês
estava respondendo seus telefones.— Ele acenou para a nossa
esquerda. —Devemos atravessar para lá e encontrá-los do outro
lado da colina.

Até agora, em nossa missão de reconhecimento, fizemos um


monte de corridas pelos campos e colinas. Nós cruzamos um rio (o
que não foi divertido) e passamos por mais colinas. Channing disse
que estávamos checando alguns dos territórios dos Demônios
Vermelhos, mas até agora eu estava apenas vendo terra. Em toda
parte.

—Você estava nos caminhões antes? — Ainda estava me


incomodando, não vendo Lincoln até agora.
O Congo falou por ele enquanto Lincoln seguia em frente,
assumindo a liderança. —Ele tem sido nossa retaguarda, ficando
para trás e certificando-se de que ninguém se esgueira atrás de nós.

Bem. Isso fazia todo o sentido.

Channing se movia como um fantasma. O mesmo aconteceu


com Moose e agora com Lincoln também. Mas com Congo não, e nem
o Chad. Chad cheirava a colônia de especiaria, e Congo usava essas
correntes de suas calças que sacudiam toda vez que ele se movia.
Porém, agora eu notei que suas correntes pararam de fazer qualquer
som.

Fique calma, Heather. Não é como se eles não tivessem feito isso
antes.

Esta era uma terça-feira qualquer para eles. Fiquei dizendo a


mim mesma que, enquanto corria atrás de Lincoln e Congo, via que
os outros já estavam à frente. Eles ficaram deitados no topo da
colina seguinte, alguns com binóculos.

Channing virou a cabeça, olhando para nós quando Lincoln caiu


e começou a rastejar para se deitar ao lado dele. Congo fez o mesmo,
mas foi até o final, ao lado do Chad. Channing gesticulou para a
direita e eu rastejei para lá, Moose do outro lado.

—Você está bem? — Channing perguntou em voz baixa,


inclinando-se para perto de mim.

Eu balancei a cabeça, mas não estava. Ou eu não tinha certeza.

Nas primeiras horas da manhã, quando eu normalmente


terminava de fechar o Manny's e ir para a cama, eles estavam
rastejando pelas colinas. Isso não deveria ter colocado um punhal
de medo em meu coração, mas aconteceu. Eu costumava não querer
saber. Agora eu sei e fiquei ainda mais apavorada.

Esta vida ia matar Channing. Nós não estávamos nos


escondendo de amigos ou família. Nós estávamos nos esgueirando
em um clube de motocicleta - um que faz merda ilegal.

Haveria armas, drogas, qualquer porra de pesadelo que eu


pudesse imaginar - estaria lá, e Channing estava indo em direção a
isso.

Ele era louco. Eles eram todos insanos. E eu estava louca.

—Ei. — Ele tocou meu braço, se aproximando. Nós estávamos


alinhados do ombro ao tornozelo, e ele poderia ter me beijado, mas
ele apenas sussurrou: —Você está bem?

—Não— eu assobiei de volta.

Um dos caras começou a rir.

—O que está acontecendo?

Eu olhei para ele, ou tentei. Não havia muita distância entre


nossos rostos e, enquanto eu estava olhando, ele começou a sorrir.
Seus lábios iam tocar os meus. Ele me distrairia então, empurraria
todo o medo frio e racional em mim - porque era racional. O fato de
que ele não estava com medo era irracional.

Ele era o mais insano e eu estava repetindo isso. Meu medo me


colocou em alerta.

—Não me toque. Isso é confuso, Channing.


Um dos caras sussurrou da nossa esquerda: —Channing está
em apuros esta noite.

Outro disse: —Estou pensando que Channing vai receber uma


surra—.

Um terceiro riu. —Você está brincando comigo? Ele vai acabar


comendo merda. Afaste-se. Você também pode me espancar,
Heather.

—Cale-se! — Channing levantou, olhando para ambas as


extremidades da linha.

Eu reconheci a última voz. —Eu vou fazer você comer merda,


Congo. Apenas espere e veja.

Moose começou a rir. —Congo, seu idiota. Ela queimou um


salão de dança de celeiro porque ficou chateada. O que você acha
que ela vai fazer com você?

—Jax não é alguém que eu gostaria de irritar. — Isso foi Chad.

Eu gostava de Chad, mesmo que ele fosse um pouco mais


maluco do que o resto. —Obrigada, Chad.

—Você tem cobertura, Heather. E eu não fui um dos


desrespeitosos agora. Apenas certificando-me de que você saiba
disso.

—Oh, eu sei. — Eu levantei minha voz, só um pouco. —Eu estou


totalmente ciente de que os idiotas vão receber laxante em suas
comidas quando estiverem um dia desses no Manny’s.
Um dos caras gemeu. —Eu esqueci que Jax não é como as outras
garotas. Ela é vingativa.

A segunda voz que havia inserido mais cedo acrescentou: —


Sentimos sua falta, Jax. Por que você esteve longe tanto tempo?

Eu estava no ensino médio que estive junto com a gangue pela


última vez. Enquanto os caras falavam, as lembranças dos velhos
tempos voltaram para mim - quando este era apenas nosso grupo
de amigos fazendo merda juntos, quando não era uma atividade
oficial de gangue, apenas uma brincadeira ou uma vez que
estávamos voltando a Fallen, ou seguindo os irmãos Broudou e
esperando fazer de suas vidas um inferno.

Eu encontrei o olhar de Channing, e era como se ele estivesse lá


comigo, lembrando também, porque seus olhos suavizaram. Ele
estendeu a mão e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto.

Sua testa descansou contra a minha e ele sussurrou, em


silêncio, só para eu ouvir: —É bom ter você de volta.

Seus lábios tocaram os meus, mas apenas brevemente, e ele


pressionou um segundo beijo na minha testa.

Eu apertei a mão dele antes que ele rolasse para longe.

Era bom estar de volta. Também era aterrorizante, e tenho


certeza de que ficaria louca por um cigarro toda vez que estivesse
com a gangue, mas era bom. Parecia que um pedaço de mim tinha se
encaixado de volta no lugar.

—Ei— falou Moose. —Eles estão se movendo.


Eu nem sequer olhei para o que estávamos vendo. Era um
armazém, semelhante ao de Channing, mas com outro prédio ao
lado. Um trailer estava em uma extremidade, junto com uma
pequena casa. Uma cerca de metal corria pelo lugar inteiro, e uma
luz se acendera, iluminando a área do pátio da frente.

Uma das grandes portas do armazém abriu e um trem de


motocicletas parou, sem os faróis acesos.

Eles não desligaram os motores - apenas um ronronar suave


quando se alinhavam, um após o outro. O homem da frente levantou
o braço e a cerca do perímetro começou a se abrir. Eles tinham tudo
organizado, então eles começaram a passar. Eles passaram por nós,
provavelmente uns seis metros à esquerda.

Eu entrei em pânico por um segundo, imaginando se eles


encontrariam nossos caminhões, mas então me lembrei de que
estacionamos a uma linha cheia de árvores e os deixamos dentro da
floresta. Eles estavam escondidos.

Depois que o último motociclista foi embora, a cerca se fechou


e a luz do pátio da frente se apagou. Pelo menos uma pessoa ainda
estava lá.

Moose disse por cima da minha cabeça: —Aquele era Richter.

—Não vi Traverse nem Connelly — acrescentou Lincoln.

Channing ainda estudava o complexo, sua mandíbula cerrada.


—Eu não vi nenhum dos caras leais a eles.
Um ar inquieto permanecia sobre todos. Channing tinha me
explicado mais cedo, então eu sabia que não era um bom sinal. Os
caras que deveriam ajudá-los não estavam em lugar nenhum.

Moose finalmente perguntou: — Você acha que eles estão


mortos?

Ninguém queria responder a essa pergunta, mas depois de uma


breve pausa, Channing balançou a cabeça.

—Eu não sei.— Ele se levantou. —Mas já vamos ter certeza se


eles estão lá ou não.

Todos começaram a ficar de pé. Ele fez sinal para eles pararem.
—Não. Fiquem. Eu vou sozinho.

Eu me sentei. —Como o inferno você vai.

Lincoln também estava de pé. —Eu vou com ele.

Eu sabia que Channing sabia lutar, mas eu nunca tinha visto


Lincoln em uma briga.

Ele acenou para mim. —Eu não vou deixar nada acontecer com
ele. Prometo.

Channing se aproximou, inclinando-se para que sua testa


tocasse a minha novamente. Suas mãos encontraram meu rosto e ele
sussurrou: — Eu ficarei bem, mas tenho que ir até lá, eu tenho...

Isso era o que eu odiava sobre a vida da gangue, mas eu assenti.


Ele iria de qualquer maneira. Eu prefiro que ele vá com uma cabeça
clara do que com um nublado, sabendo que eu estava chateada.
Quando ele começou a se afastar, eu o agarrei e esmaguei meus
lábios nos dele. —Você volta para mim, porra. Está me ouvindo?

— Eu ouvi — Ele usava com um sorriso orgulhoso, e ele me


beijou de novo, mais suave desta vez. —Eu prometo.

Os dois saíram, se misturando com as sombras, só conseguimos


ver quando se aproximaram do complexo.

Chad se aproximou, tomando o lugar que Channing deixou para


trás. E Congo seguiu-o.

—Se alguém puder se manter lá, são esses dois. — Chad tentou
me tranquilizar. —Eles vão ficar bem.

Moose rosnou: — E se não, haverá um inferno a pagar.

Eu grunhi. De nós dois.

Nós nos aquietamos e esperamos até que os vimos aparecer na


frente da cerca. Um deles jogou uma vara nele. Não houve faísca. Não
estava eletrificado. Ambos subiram e desceram com uma facilidade
que me surpreendeu. Eles correram pelo quintal, indo para uma
porta lateral e entraram.

—Por que eles não trancaram as portas? — Congo perguntou.

—Porque o composto deles está no meio do nada— respondeu


Moose.

—Eles provavelmente não acham que alguém teria coragem de


entrar.

Os próximos minutos tomaram alguns anos de mim.


Eu não sabia o que Channing estava fazendo. Eu não sabia quem
mais estava lá.

Eu não sabia se eles tinham armas. Eu não sabia se alguém o


atacaria com uma faca.

Nenhuma luz estava acesa, então eles estavam se movendo no


escuro.

Tudo o que eu sabia era que Channing sabia lutar. Ele era o
campeão do submundo de Roussou, mas eu também sabia que
estava pronta para rasgá-los com minhas próprias mãos, se
necessário. Cada segundo que eu esperava parecia uma vida inteira.

O idiota.

Ele foi lá com apenas um amigo.

E deixou todos nós aqui.

Ele era egoísta.

Ele era irresponsável.

Ele era ... BANG!

Ele era o amor da minha vida.

Eu estava de pé e correndo antes que alguém pudesse me parar.

—Heather!

—Heather! Pare!

Eu não me importei.
Bang! Bang!

Mais dois tiros e meu coração batia no meu peito.

Desci aquela colina como se minha vida dependesse disso,


porque dependia. Os caras estavam atrás de mim e eu continuava
correndo. A adrenalina me deu uma vantagem sobre a minha
velocidade normal, e eu cheguei rápido à cerca, usando um impulso
para subir e pular. Este era um truque velho que eu costumava usar.

Quando éramos crianças, escalávamos cercas, árvores, casas.


Através de riachos, rios ou no oceano - eu ia a qualquer lugar com
Channing, e hoje isso significava que eu estava entrando em um
depósito de MCs.

Depois daqueles três tiros, não houve outro som. As luzes ainda
estavam apagadas, mas eu estava além do cuidado.

Corri para a porta lateral e abri-a.

Depois disso, parei. Eu podia sentir o cheiro da pólvora.

Eu ouvi os caras escalando a cerca do lado de fora, alguns


grunhidos. Alguém aterrissou com força no chão e depois nada. Eles
estavam tão silenciosos quanto Channing e Lincoln estiveram.

—Heather. — Moose estava atrás de mim, pairando sobre mim.

Meu coração estava tentando sair de mim, mas me contive. Eu


esperei meus olhos se ajustarem à escuridão.

De repente, alguém amaldiçoou. —Foda-se isso. — A sala


estava inundada de luz.
Eu pisquei algumas vezes, vendo estrelas. Quando meus olhos
podiam se concentrar, meu coração parou de outro modo.

Sete rapazes estavam sentados em cadeiras, as bocas cheias de


trapos, as mãos amarradas atrás deles. Suas pernas estavam
amarradas às cadeiras. Lincoln tinha uma arma apontada para
alguém no chão e uma poça de sangue escorria de baixo dele.

E Channing - Deus, onde estava Channing?

Eu ouvi um passo do corredor dos fundos, depois outro.

Ele apareceu, esfregando as mãos com uma toalha, sangue


espalhado sobre a sua frente e seu jeans. Havia uma mancha de
sangue em seu rosto, mas parecia que ele tinha usado algo para
limpá-lo.

—Bem. — Ele olhou para cima, me viu e examinou a sala. Não


houve surpresa, apenas uma severidade quando sua mandíbula se
apertou novamente. —Se não estávamos em guerra antes, agora
estamos.
CHANNING

-Não é sua culpa, Channing.

Eu ouvi as palavras. Eu já estive lá. Eu sabia o que tinha


acontecido. Os policiais sabiam o que havia acontecido. O detetive
Miller disse que a balística também me apoiaria, junto com as outras
oito testemunhas na sala.

Mesmo assim isso não aliviou o medo no meu intestino.

Traverse se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na


mesa. — O idiota sacou sua arma em você, tropeçou e deu um tiro
na cabeça. Ele literalmente atirou em si mesmo. Você não tem nada
para se sentir mal com isso.

Eu grunhi. —Você está certo. Exceto que um dos caras de


Richter está morto por minha causa. Ele não vai dar a mínima se foi
indireto ou não. Eu assustei ele. Ele puxou uma arma e está morto.
Isso é tudo com que Richter vai se importar, e você sabe disso.

Isso calou a boca dele.

Nós estávamos sentados na parte de trás do Manny's. Heather


nos deixou mais cedo para abrir o restaurante, então eu mandei
Moose e Chad com ela. O resto ficou comigo quando soltamos o
pessoal de Traverse e os policiais apareceram. Aparentemente,
quando Heather abriu a porta, isso acionou um alerta. De certa
forma, eu estava grato que a polícia soubesse que eu não tinha
matado o cara. Eu não queria que isso pairasse sobre minha cabeça.
Depois de dar nossas declarações, e quando todos foram liberados
para sair, nós viemos para cá.

Eu queria estar perto de Heather, e ela estava bem em fechar o


quarto dos fundos no Manny's para nós.

—Vamos nos preocupar com Richter— finalmente


interrompeu Traverse. —Esta é a nossa guerra, não a sua.

Não importaria. —Ele vai me culpar.

—Ele vai me culpar, não você. Se os policiais não tivessem


aparecido, não haveria nenhum registro de vocês estando lá. — Um
dos caras de Traverse levantou a mão, começando a dizer alguma
coisa, mas ele foi cortado. —Nós iremos destruir a filmagem de
segurança— continuou Traverse.

O cara baixou a mão.

Eu já tinha visto essas imagens. Só começou uma hora antes de


entrarmos. Sentindo o olhar de Moose em mim, não reagi. Ele
assistiu comigo. Os outros caras não sabiam.

Eles estavam me observando. Eles estavam esperando por


ordens. Essa não era a coisa mais assustadora em que estivemos,
mas eles sabiam o protocolo. Nós temos muitos membros em nossa
gangue, mas nem todos moram aqui. Eu odiava fazer a ligação, mas...

—Nós precisamos circular os vagões.

Um por um, eles acenaram para mim e se levantaram para sair.

Eles não se foram juntos. Cada um foi sozinho, exceto Lincoln.


Ele permaneceu perto da porta, e eu sabia o que ele estava
esperando. Cavando no meu bolso, eu joguei minhas chaves para ele,
e ele as segurou em uma última saudação antes de sair.

—O que eles estão fazendo? — Traverse perguntou.

Eles iam visitar todos os nossos membros. Aqueles que não


pudessem vir para ajudar ficariam em alerta. Eles saberiam que
teriam que proteger suas famílias. Os que poderiam vir sabiam que
o lar e os negócios de todos os membros teriam vigilância 24 horas
por dia. Tuesday seria protegida. Nosso armazém se tornaria a base
de operações para tudo. Heather estaria protegida – no restaurante
e em sua casa. Brandon não saberia, mas alguém estaria com ele
também.

Alguns membros tinham famílias locais, então o maior número


possível de pessoas montava acampamento no armazém.

Nós até perguntamos a Ginger Gypsy se ela tinha alguma notícia


nova para nós.

Mas tudo o que eu disse a Traverse foi: —Você e eu estamos


juntos. Você sabe disso, certo?

Uma careta cruzou seu rosto. —Vamos. Essa é a nossa luta.

Eu me certifiquei que meu rosto não se movesse, mas esse cara


estava lutando comigo sobre isso? Por quê? Ele queria um motim.
Eu prometi ajudar, e ele conseguiu um.

Traverse me disse que Richter descobriu o que estavam


fazendo e os amarrou. De acordo com Traverse, eles estavam lá há
semanas.
Eles não cheiram como se tivessem sido amarrados por um
mês.

Eles não pareciam famintos, nem com sede. Ninguém estava


magro no rosto ou tinha dificuldade em ficar de pé. Eles pareciam...
Como se tivessem sido amarrados antes de invadirmos o complexo.
Era assim que eles pareciam, cheiravam como, agiam como.

Aquela fita maldita. Tinha apenas uma hora de filmagens.

Tudo isso somado a nós estarmos agrupados.

Se esse fosse o caso… e eu digo por agora. Eu precisaria de


ajuda. Eu não tenho o suficiente para fazer um movimento. Eu não
sabia o suficiente para fazer um movimento.

Eu precisava de mais informações.

—Eu não ligo para o que você diz— eu disse a Traverse. —


Richter está atrás de Roussou desde que ele assumiu os Demônios
Vermelhos. Ele pode te odiar, mas ele também me odeia. E você e eu
estamos juntos nisso. — Eu parei. —Não estamos?

Eu queria que ele colocasse suas cartas na porra da mesa. Eu


queria saber que homens ele tinha, que homens ele poderia juntar,
de onde eles vieram, quando eles apareceriam, e se ele já tinha
ligado para eles. Eu queria saber as plantas para o seu manual.

Eu não ia conseguir isso, então o que eu sabia?

Eu tive que parar e recalcular.

Ele tinha sete homens com ele.


Não havia como ele encarar Richter com sete homens, e eu não
estava me incluindo nessa situação.

Ele precisaria de mais ajuda se viesse atrás de nós.

Eu ainda estava esperando por sua resposta.

Seus olhos ficaram duros. Ele inclinou a cabeça para trás. Suas
narinas se dilataram e o tempo todo eu olhei de volta para ele.

Eu poderia tirar minha arma. Eu poderia atirar na cabeça dele.


Então eu rezaria. Essa foi uma última opção se o inferno se soltasse
agora.

Eu não me movi um maldito centímetro.

Os olhos de Traverse se estreitaram. Uma emoção cintilou


antes de desaparecer e ele limpou a garganta. Ele estendeu a mão.
—Você sabe que nós estamos. — Mas seu tom era curto.

Ele esperou e eu apertei sua mão. Nós nos levantamos ao


mesmo tempo. O resto de seus homens também, e eu vi um entrar
no banheiro.

—Talvez devêssemos respirar? Encontre-me mais tarde hoje à


noite? — Eu sugeri.

Ele sacudiu a cabeça acenando. —Sim. Isso parece ótimo.

Muito rápido. Ele sorriu rápido demais e engoliu a isca rápido


demais.

Porra.
Eu não poderia ter cronometrado o quão rápido eles saíram.
Eles se foram antes mesmo de eu pensar nisso. Houve um atropelar
pelo corredor, deixando apenas eu de pé na parte de trás.

Até eu ouvir um autoclismo.

Aquele banheiro ficava do lado de fora da porta.

A porta se abriu. Seu último membro saiu.

Eu levantei a mão. —E aí cara.

Ele examinou a sala, e seus olhos se arregalaram uma fração.


Esfregando a mão em sua mandíbula, ele puxou seu colete com a
outra mão, vindo em minha direção. —Todo mundo foi embora?

Eu inclinei minha cabeça, certificando-me de falar tão


suavemente quanto o fundo do fundo de uma cobra. —Traverse
queria que você ficasse para trás, me desse o resumo da operação
do seu grupo e tudo mais.

—Mesmo?

Eu estreitei meus olhos. —Está tudo bem?

—Oh sim. Certo. — Ele assentiu e voltou para o quarto dos


fundos, fechando a porta atrás de si. —Ele queria que eu lhe
contasse tudo?

—Basta passar por cima das operações básicas. Nós vamos nos
encontrar mais tarde e criar um plano de ataque para seus homens
e os meus.
Ele era um homem baixo. Se ele não fosse, ele não teria
escolhido aquele tempo para ir ao banheiro, então eu sabia que ele
sabia de algo.

Ainda assim, ele deveria ter hesitado.

Meus caras não teriam dito nada.

Esse cara me contou tudo - de onde vinham seus homens


extras, onde eles iriam se esconder para a luta, onde eles sabiam que
Richter poderia ficar, já que ele não estaria mais em seu complexo.
Ele me contou quantos dos homens eles achavam que poderiam
puxar para o lado deles. Ele me deu até mesmo os nomes dos caras,
que estão vindo para ajudar.

A única coisa que ele não me deu foi a camisa que usava, e eu
avistei seu telefone. Ele tinha colocado ao seu lado. Começou a
piscar enquanto ele falava, e continuava piscando o tempo todo. Ele
continuou falando, sem perceber nem mesmo uma vez.

Não importava o que Traverse realmente estivesse planejando,


ainda íamos à guerra.

Eu só não tinha certeza contra quem.

HEATHER me ENCONTROU ainda sentado lá, muito tempo depois


que o último cara foi embora. Os sons do Manny’s encheram a sala
quando ela abriu a porta, acalmando-se quando ela fechou.

—Ei. — Ela passou para mim. —Você está bem?


Como tantas outras vezes, provavelmente milhares agora, eu
levantei meu braço. Ela se enrolou no meu colo e eu a abracei. Ela
estava segura, exatamente onde ela pertencia, em meus braços.

Eu solto um suspiro longo e tenso. —Sim. Acho que sim.

—O que há de errado?

—Eu não sei se eles estavam dizendo a verdade.

Ela ficou tensa, depois soltou uma risada curta. —Você diz isso
como se estivesse desapontado.

Porque eu estava. Porque eu não tinha certeza.

Eu olhei para ela, encontrando seus olhos. —Um empurrão


para entrar em Roussou é diferente de uma guerra ou motim.

Um era muito mais sangrento do que o outro. Heather não


perguntou qual era qual. Ela já sabia.

Ela se inclinou para trás, descansando a cabeça no meu peito e


encontrou minha mão com a dela. —Nós vamos passar por isso. Nós
sempre passamos.

Ela moveu meu braço de lado e levantou minha camisa. Eu já


sabia onde ela estava indo. Um momento depois, quando a senti
traçar o nome de Naly novamente, fechei os olhos e imaginei que
estava segurando as duas.

Até que ela disse: —O que você vai fazer sobre Bren?

Foda-se.
HEATHER

—Você quer que eu faça o que? — Bren perguntou, com as


mãos nos quadris.

Channing estava contando a Bren e a sua gangue sobre a


situação, e mais uma vez, as coisas estavam um pouco tensas. Eles
pareciam bem em ficar de olho no MC Demônios Vermelhos - todos
eles, exceto Bren. Claro.

Channing encostou-se ao balcão da cozinha. Era tarde da noite,


tarde demais para esses adolescentes. Crianças normais deveriam
estar na cama, o dever de casa feito, as únicas preocupações com as
aulas do dia seguinte. Mais uma vez, não essas crianças. A meia-noite
bem que poderia ser a hora do almoço para eles, e cada um deles
estava com os olhos brilhantes.

—Você acha que eles vão ter como alvo Bren? — Cross
perguntou.

Bren estava protestando, mas ela ficou quieta quando Cross


começou a falar. Ela ficou um pouco atrás dele, os braços sobre o
peito. Seu peito subiu e desceu e ela olhou para mim. Eu vi a luta
interna dela. A irmã nela queria dizer a seu irmão mais velho para
se foder, mas Channing não estava discutindo esta ideia agora - ou
não apenas essa ideia. Ele era tripulante como eles e ele era o
responsável por tudo em Roussou.
Ela fechou os olhos um segundo antes de se mover ao lado de
Cross para encará-lo mais completamente.

Channing fez uma pausa antes de concordar. —Eles podem.


Todos estão protegidos em nossa gangue, exceto Bren. Ela será o
lobo solitário e eles podem usar isso.

O mais alto saiu da parede e parou ao lado de Bren. —Ela não


está sozinha.

—A gangue Ryerson nos ajudará— acrescentou Cross.

—Você tem certeza disso?

Eu estava pensando nisso, quando Channing perguntou.

Cross baixou a cabeça, concordando. —Eles tiveram uma


mudança de liderança. Drake Ryerson.

—Esse porra? — Channing estudou sua irmã por um momento.


—Você está bem?

Ela encontrou o olhar dele e começou a assentir, mas fez uma


pausa. —Estou mais preocupada com você, na verdade.

Um largo sorriso apareceu no rosto do mais alto, e ele jogou o


braço em volta do ombro de Bren. — Nós temos sua irmã. Ninguém
vai machucá-la, MC ou gangue.

Sem piscar ou mostrando qualquer emoção, Bren bateu com o


cotovelo em sua caixa torácica.

—Ow! — Ele olhou para ela.


Ela nem sequer lhe deu uma olhada. —Você sabe melhor, do
que fazer isso comigo — Virando-se, ela saiu do quarto.

Esfregando sua lateral, ele começou a ir atrás dela, mas Cross o


interrompeu. —Não!

O mais alto parou em silêncio, enquanto Cross seguia Bren.

O quarto membro do grupo foi até a porta da frente. —Jordan,


você vem? — Ele perguntou.

—Merda. — Os ombros altos de Jordan caíram e ele se arrastou


depois de seu último membro. Ele olhou na direção do quarto de
Bren antes de sair.

A porta da frente se fechou atrás deles.

E um segundo depois, a porta de Bren se fechou.

—Ela está lá. Com ele. Sozinho. — Channing passou a mão pelo
rosto. —Que porra eu devo fazer aqui?

Novamente. Eles não são crianças normais.

Eu atravessei o quarto para ficar na frente dele. Eu descansei


minhas mãos em seu estômago. —Não teria feito diferença para nós
quando tínhamos essa idade.

—Eu sei. — Suas mãos encontraram meus quadris, me puxando


para mais perto. —Eu sairia pela porta e entraria de novo pela sua
janela.

O relacionamento de Channing com sua irmã melhorou, mas


eles tinham um longo caminho a percorrer.
—Eu não sou uma mãe...— Essa palavra saiu um pouco rouca,
e eu engoli um nó. —Mas acho que a melhor coisa é consolidar seu
relacionamento com ela primeiro.

—Estou tentando. — Ele me puxou, envolvendo seus braços em


volta de mim e inclinando a cabeça para a dobra do meu ombro. —
Estou tentando.

Ele estava tentando. Eu estava tentando. Eu até acho que Bren


estava tentando também.

—Vamos. — Eu saí de seus braços e peguei sua mão. —Leve-


me para o quarto, meu velho.

—Velho? — Ele sorriu para mim, seus olhos escurecendo. —Eu


mostrarei a você o modo que como os homens das cavernas
costumavam fazer sexo com suas mulheres. Que tal isso?

Um arrepio passou por mim e eu não poderia querer mais nada.


—Promete?

Ele gemeu, seus lábios encontrando os meus. —Deus, eu


prometo.

Pegando-me, ele me levou para seu quarto e trancou a porta.

Naquele momento, tudo parecia certo...


HEATHER

ANO DE CALOURO

Minha. Fodida. Bolsa. Não se. Mexia

Esses malditos armários precisavam ser maiores.


Honestamente. Quero dizer, vamos lá. Como podemos manter toda
a nossa porcaria nessas pequenas coisas durante um ano inteiro?
Algum de nós tinha itens reais para colocar aqui - como livros, bolsas
e comida, e a ocasional garrafa de licor (não me julgue), e oi? E se eu
quisesse colocar uma bolsa de noite aqui? Ou a mala de outra
pessoa, como a de Channing, porque quem sabia onde ele dormia na
maioria das noites.

Na verdade, era a bolsa dele que eu estava tentando tirar do


meu armário. Por que ele não usou seu próprio armário, eu não
tinha certeza. Havia sempre uma razão com ele, mas ele ficou cada
vez mais vago com suas explicações. Eu não queria começar uma
briga (outra), então eu apenas peguei a bolsa dele e joguei todo o
meu corpo nela, enfiando dentro do meu armário.

Agora eu tinha que movê-lo porque o meu livro de história


estúpido tinha ficado para trás, e eu não conseguia tirá-lo.

Eu tentei do chão agora, meus pés apoiados em ambos os lados


do meu armário enquanto eu puxava. Eu precisaria de um banho
depois disso. Meu cabelo estava varrendo a poeira do corredor,
embora nossos zeladores realmente fizessem um bom trabalho.
Gus precisava de mais crédito pela porcaria que precisava
limpar.

—Nada bom, Jax.

Ah Merda.

Eu olhei para cima, ainda quase na horizontal como o chão, e


tirei uma boa dose de lixo de Budd Broudou.

Eu ficaria com cicatrizes pela vida.

—Fique longe de mim. — Meus dentes moem juntos.

O irmão de Budd, Brett, não era tão ruim assim, mas esse cara
era um babaca de proporções épicas, e sua irmã era tão má -
mimada, protegida e narcisista ao extremo. Eles também tinham
outro irmão, mas ele não entrou. De qualquer forma, os que eu
conhecia pareciam piorar a cada ano, e ultimamente Budd começou
a andar pela escola como se ele fosse o dono. Eu poderia ter sido
uma humilde caloura este ano, mas eu era um Jax. Eu não aceitaria
nada, e isso certamente incluía o Broudous também.

—Oh vamos lá. — Ele moveu seus quadris em um círculo,


sabendo o que eu podia ver quando olhei para cima.

Graças a Deus por seus jeans, ou eu estaria vendo uma varinha


e feijão.

Eu desisto. Subindo aos meus pés, minhas mãos encontraram


meus quadris. Eu me concentrei em seu pau por um momento, então
sorri.

—Você cuida dessa merda, não é?


Antes que ele pudesse responder dei-lhe um pequeno tapinha
com as costas da mão.

Eu tinha razão. Havia uma meia naquela coisa.

Ele uivou, se colocando. —Sua puta!

Eu revirei meus olhos. —Por favor. Você não sentiu, se sabe o


que quero dizer.

—Você…

Eu podia ver sua temperatura corporal subindo. O vermelho na


parte inferior do termostato estava subindo, subindo e subindo até
o topo. Até a testa dele estava vermelha. Suas mãos se curvaram
como se ele pudesse pular na minha garganta. —Sua puta...

Smack!

Channing apareceu do nada. Seu soco enviou Budd para o


armário ao meu lado.

—Afaste-se dela! — Channing gritou, e então ele estava em


cima dele.

Soco após soco, quase senti pena de Budd. Ele não teve tempo
para se recuperar ou revidar. Então um grito saiu do corredor, e uma
massa de estudantes empurrou em nossa direção.

O irmão de Budd, Brett, estava vindo junto com o resto de seus


amigos. Eu tinha notado uma divisão entre os alunos - metade
seguia os irmãos Broudou, como filhotes de cachorro, seguindo sua
mãe, e um quarto permanecia neutro. O último quarto era leal a
Channing. Eles eram um grupo menor, mas eram ferozes.
Channing tinha começado a lutar mais, o que fez seus amigos se
envolverem também, e de alguma forma, eles se tornariam uma
força de combate. Eles foram duros o suficiente para deixar os
seguidores de Broudou cautelosos, e é por isso que apenas Brett e
alguns outros tentaram afastar Budd de Channing - ou, mais
precisamente, os punhos de Channing.

Moose, Congo e Chad atravessaram a multidão e seguraram


Brett e Jared Caldron, o melhor amigo de Budd.

Eu estava chateada - além de chateada.

Um, eu estava lidando bem com a situação. Estaria para


começar o dia chegaria que eu não poderia lidar com um maldito
Broudou. Por favor!

Dois, eu estava tentando tirar aquela maldita bolsa do meu


armário, e agora o que eu estava fazendo? Esperando. Esperando
que esses idiotas descubram quem é o melhor.

Três, enquanto eu assistia, Channing bater Budd no meu


armário. A força foi suficiente para empurrar sua bolsa para fora.

E finalmente, minha boca caiu enquanto eu assistia todos os


meus livros e papéis saírem do armário. Não um ou dois, mas todos!
Como isso era possível?

—Idiotas! — Eu gritei.

Esqueça. Eu também entrei na briga. Se eles me machucarem,


que assim seja. Eu estava pegando meu maldito livro de história de
um jeito ou de outro.

—Heather! — Channing gritou.


—Jax!

Eu não sabia quem era. Eu não me importei. Empurrando


Broudou, empurrei as mãos de Channing de cima de mim também.
— Cai fora.

Ele amaldiçoou, empurrando Budd mais longe de mim. Bem.


Tanto faz. Eles poderiam fazer sua luta estúpida por lá. Eu caí no
chão, minha bunda naquele chão novamente, e eu apertei minha
mão sob a bolsa de Channing até que eu pude envolver meus dedos
ao redor do meu livro de história.

Claro. Porque era carma cósmico - meus livros estavam


espalhados pelo corredor, exceto o que eu queria.

Os caras ainda lutavam ao meu redor. Moose bateu Brett no


armário do meu vizinho. Os dois me viram e seus olhos se
arregalaram.

—Jax, o que diabos você está fazendo?

Mas então Brett deu um soco de volta e enviou diretamente


para o queixo de Moose. Ele socou Moose de volta para onde
Channing levara Budd - viu? Aquele irmão não era tão ruim quanto
o outro.

Eu ouvi um corvo gritar: — Saia de cima dos meus irmãos!

Havia apenas uma garota estúpida o suficiente (além de mim)


para entrar nessa confusão, e se ela começasse a lutar, eu também
teria que ir até ela, embora não quisesse. Eu tinha prioridades aqui.
Eu ainda estava esperando pegar esse maldito livro e ir para a aula.
Nem todos nós teríamos que ser detidos. Esse foi o meu pensamento
até que Shannon Broudou gritou no topo de seus pulmões.

—Professores! Busquem os professores! Channing Monroe


começou tudo.

Eu segurei bem. Eu fui capaz de envolver toda a minha mão no


livro. Eu fiquei tensa e puxei com todo o meu peso.

Ooomph!

Sucesso.

O livro saiu do armário e, como Shannon estava passando por


mim naquele momento, usei o impulso para deixá-lo voar.

Ele subiu por cima da minha cabeça e bateu no ombro dela.

—O que? — Ela se virou para mim, mas eu estava de pé até


então.

Antes de o livro atingir o chão, eu peguei o seu salto e acertei-


o. Com o livro. Não foi o suficiente para derrubá-la, mas ela caiu na
multidão ao lado dela. Um olhar de admiração veio sobre ela. Sua
mão levantou para tocar onde eu bati nela antes da fúria pura se
formar.

Foi nesse momento que repensei o que acabei de fazer.

Shannon Broudou não era uma menina pequena.

Ela estava se aproximando da linha entre sólida e rechonchuda,


mas ela abraçou seu peso. Ela amava suas curvas. Eu não tinha
problema com isso, mas era um problema quando aquelas mesmas
curvas estavam prontas para me levar. Ela tinha muito mais carne
do que eu.

—Ah, merda.

Eu tive tempo suficiente para considerar correr, mas o meu


orgulho Jax não me deixava então com os caras ainda lutando ao
fundo, eu me preparei para o seu troco.

Ela baixou a cabeça e se armou.

CHANNING cuidava de um olho roxo em detenção - bem ao meu


lado.

—Porque está zangada comigo? — ele perguntou. —Eu estava


defendendo você.

Eu olhei para ele. —Porque eu estava lidando com ele muito


bem, e não é isso. — Eu me acalmei. Eu não queria brigar, mas
estraguei tudo. —Você está lutando o tempo todo ultimamente.

Ele puxou o saco de gelo e se endireitou. —E daí?

Deus. Eu odiava como seus olhos ficaram tão frios,


especialmente quando ele estava olhando diretamente para mim.

—Sua mãe morreu, mas...

—Mas o que? — Ele rosnou. —Eu não estou lidando com a


morte dela da maneira certa? — Ele se inclinou para perto, sua
respiração quente em mim. —Diga-me, Heather. Como eu devo
chorar minha mãe, hein? Não pode ser como você, não dando a
mínima que minha mãe foi embora quando eu estava na primeira
série.

Eu estremeci.

Eu esperei pela segunda escavação, onde ela voltou e decidiu


que ainda não éramos bons o suficiente para ela. Mas isso não veio.

—Cale a boca— eu respondi. —Você não sabe do que está


falando...

—Eu sei o que é perder uma mãe. Eu simplesmente não sei


como é viver sem uma. — Ele empurrou a cadeira para trás,
levantando-se.

—Se você sair desta sala de aula, Sr. Monroe, você está
suspenso— o professor avisou.

Não importava.

Channing saiu, levantando o dedo do meio por cima do ombro.

O problema é que eu não tinha certeza se isso era para o


professor ou para mim.
HEATHER

DIAS DE HOJE

Duas semanas se passaram, e o Manny's se transformou em


abrigo para a gangue de Channing, Bren e os outros – todos
entravam e saiam o dia todo.

Eu ainda estava pronta para as gangues voltarem às suas visitas


normais e menos frequentes. As coisas não estavam tão tensas
quando não estavam por perto.

No grande esquema das coisas, porém, eu queria ter certeza de


que estávamos em segurança, então resistimos. Isso é tudo que você
poderia fazer em uma tempestade: acocore-se, espere que isso
termine.

Todo mundo sentiu isso - a gangue e os clientes - se eles sabiam


o que estava acontecendo ou não. Eles andaram um pouco mais
livremente quando estavam saindo. A única que não pareceu
afetada foi Suki. Nós tínhamos a ideia de ela organizar uma noite de
jantar privada, e ela adorava - tanto que ela tinha voltado a ser uma
gerente regular. Então, agora, quando eu não era necessária no
Manny's, eu estava na Tuesday com Channing, ou eu estava no
armazém com todo mundo.

Era uma daquelas tardes de armazém novamente. Eu comecei


a ficar longe de Manny’s o máximo possível, só porque eu não queria
sentir o peso de colocar todo mundo em perigo, mas eu estava
entediada. E inquieta, e eu comecei a carregar um maço de cigarros
em mim novamente.

Eu não os fumei. Ainda não, mas eu estava tirando eles. Eu


seguraria um na minha mão.

Eu estava fazendo isso mais do que deveria.

Eu sentei em uma mesa de piquenique. Todo mundo estava lá


dentro, ou as crianças estavam no playground improvisado que
havia sido montado no meio de tudo.

Eu não gostava de ver as crianças aqui, mas quando eu disse


isso para Channing, ele perguntou o que mais eles poderiam fazer.
Alguns de seus membros tinham filhos. Eles provavelmente não
seriam tocados. Ele não achava que os Demônios Vermelhos
machucariam as crianças, mas por que arriscar eles?

Eu não conseguia entender toda a conversa dentro, mas eu


podia ouvir. Eu podia ouvi-los rindo.

Eu não estava rindo.

Não havia nada para se rir nessa situação.

Eu precisava do meu próprio caos, não deles. Eu precisava da


disfunção do meu Manny’s.

—Eu não sabia que estava ficando tão ruim — disse Channing,
saindo do armazém. Ele se moveu para se sentar em cima da mesa
ao meu lado. Estendendo a mão, ele tirou a caixa das minhas mãos e
deslizou o cigarro dos meus dedos, acariciando minha mão no
processo.
Eu não lutei com ele. Eu não pude. Porque ele estava certo.
Estava ficando ruim.

—É este lugar.

Eu não olhei para ele, mas sabia que ele não iria comprar essa
desculpa. Ele colocou o cigarro de volta na caixa e tirou um isqueiro.
Ele acendeu a coisa toda e jogou em um dos poços de fogueira.

—Não é este lugar — disse ele. —É a situação.

Bem. Isso também.

Eu grunhi. —Eu estava tentando ser legal.

—Eu sei.

Ficamos calados - confortavelmente.

Talvez fosse porque Channing estava comigo, não importa o


quê, ou talvez fosse porque eu tinha cedido. Mas eu não estava
lutando contra ele sobre estar em uma gangue mais. Eu não estava
esperando para afastá-lo. Eu estava totalmente dentro, seja qual for
o motivo, ele disse algo que nunca teve antes.

—Eu sinto muito.

Não foi isso.

Eu olhei de relance. —Hã?

—Você está nisso por minha causa, por causa da gangue.

Foi isso.

Eu não consegui falar. Eu fiquei muito surpresa.


Ele descansou os cotovelos nos joelhos. —Eu sou gangue e isso
nunca mudará. E você está em perigo porque é a mulher que amo.
Eu sinto muito. Eu sinto. — Ele olhou agora. —Mas isso nunca vai
mudar também. Eu nunca amarei alguém como eu te amo. Não me
peça para tentar.

Channing me machucou. Ele me amava. Ele me fez rir. Ele me


fez desmaiar. Ele tinha sido arrogante, sorridente, descuidado,
imprudente e estúpido. Além de estúpido. Ele era bom e ruim, e eu
tinha um lugar na primeira fila durante todo o show. Eu também
tinha sido parte integrante de tantos desses momentos - quando ele
me afastou, quando eu o afastei, tudo isso.

—Você formou o sistema de gangue para enfrentar o


Broudous—, lembrei ele. —Você fez isso por mim.

Ele balançou sua cabeça. —Eu fiz isso porque Brett e Budd
eram fortes demais. Eles estavam intimidando todos, exceto o meu
grupo. Eu fiz isso por mim também. Seu amigo foi apenas o
catalisador. Isso é tudo.

—Ainda. — Eu me inclinei para frente, espelhando sua postura.


—Isso é história antiga. Você não conhecia a vida que o sistema de
gangue levaria. Grosso e fino, certo? — Eu não estava falando com
ele. —Estar em uma gangue é como o casamento.

Channing riu. —Estar em uma gangue é como aqueles


casamentos que duram por tudo e não desmoronam.

—Não os frágeis que se divorciam depois de um escândalo. —


Eu enruguei meu nariz, mas estava sorrindo.

Seu sorriso combinou com o meu. —Exatamente.


—Nós não temos problemas porque você está em uma gangue
— eu admiti. —Quero dizer... — Eu imaginei uma cela se fechando,
o som de uma ambulância, aquele tiro de dentro do armazém. Isso
poderia ter sido Channing no chão.

Eu teria chovido sobre quem era responsável.

Eu não sei o que levou minha mãe embora. Ela se foi. Não
importava, mas uma caravana de trailers aposentada levou meu pai
para a Flórida. Meu irmão mais velho era casado, trabalhando em
um emprego das nove às cinco com dois filhos pequenos e
provavelmente um casamento normal que tinha suas dificuldades.
Mas Brandon ainda estava comigo, e minha outra família estava
sentada ao meu lado.

Eu tinha amigos. Eu tinha bons amigos, um deles até chamei


meu melhor amigo, mas eles não estavam Roussou. Não havia
ninguém em Roussou, exceto aqueles que vinham de Roussou.

—Eu te amo—, eu disse a ele.

Eu disse isso porque ele era meu melhor amigo, meu amante,
minha alma gêmea, e mesmo sentado em uma mesa de piquenique,
eu não teria estado em nenhum outro lugar além do seu lado.

—Eu também te amo. — Havia uma grosseria em sua voz.

Eu me virei para olhar para as colinas ao redor de seu armazém,


mas eu sabia que ele estava piscando para conter as lágrimas.
Inferno. Eu senti-as também, mas eu também a senti.

—Você acha que ela estaria de pé agora? — Eu perguntei.


—Oh, foda-se sim. — Uma risada suave dele. —Ela estaria
começando a andar, talvez até estar correndo.

—Você acha?

—Sim. Ela é uma Monroe e uma Jax juntas. Ela estaria rasgando
por esse armazém, mostrando seu espólio nu para todo mundo.

Eu ri e, quando comecei, pude vê-la. Pernas gordinhas, braços


gordinhos, bochechas rechonchudas. Risadas felizes. Tão loira que
ela provavelmente teria cabelos brancos, talvez encaracolados. Ela
estaria correndo em direção ao pai, sem dúvida.

—Ela já estaria chutando o traseiro.

Eu não conseguia parar de rir e chorar. Droga.

Eu pisquei, tentando parar as lágrimas, mas ele estava certo.


Naly teria chutado, e eu sabia mais algumas coisas naquele
momento.

Não doeu falar mais sobre ela. E eu queria outro bebê.


Ferozmente.

Channing estava esperando. Ele provavelmente já sabia o que


estava acontecendo dentro de mim, e eu só tive que chamar sua
atenção antes dele se levantar e me agarrar - um braço embaixo das
minhas pernas e outro nas minhas costas - e me jogou por cima do
ombro.

—Oomph!

Ele bateu na minha bunda, suavemente. —Calma mulher. Você


e eu precisamos de um tempo sozinho. — Sua mão começou a
esfregar em círculos, tornando-se uma carícia, e eu fechei meus
olhos.

Eu saboreei esse toque.

Ele abaixou algumas pessoas na garagem e me depositou em


sua caminhonete. Sentei-me quando ele fechou a porta e o observei
dar a volta.

—Estamos saindo, indo embora?

Ele me deu um sorriso, ligando o motor. —Eu quero total


privacidade onde ninguém possa nos encontrar.

Channing parou no portão. —Saindo um pouco. Vou manter


meu telefone comigo.

Moose estava de vigia. Ele franziu a testa, mas me olhou e


suspirou. —Bem. — Ele apertou o interruptor e o portão se abriu.

Channing levantou dois dedos em uma pequena saudação e


atravessou.
HEATHER

Channing estava me levando para as fontes.

Eu reconheci onde estávamos indo para o meio do caminho, e


não consegui explicar o que passou por mim. Foi o nosso lugar.
Quando entramos na pequena estrada que levava à nossa seção do
rio, eu só conseguia olhar para ele.

Ele estava com a janela abaixada e o vento se movia pelos


cabelos. Ele tinha uma mão no volante e a outra entre nós, com a
palma para cima e o polegar voltado para mim.

Senti uma onda de amor diferente dos outros. Foi o amor de


conhecer a pessoa toda a sua vida, mas ainda sentindo aquela —
novidade— aquela emoção vertiginosa, aquela excitação acumulada
no fundo do meu estômago. Eram todos esses amores, e era feroz e
protetor, e havia uma pontada de arrependimento.

Eu me arrependi de deixá-lo ir embora antes. Eu me arrependi


de afastá-lo. Eu me arrependi de não ter falado sobre Naly, não
querendo ouvi-lo falar sobre Naly. Mas principalmente, eu me
arrependi de cada palavra que eu disse para machucá-lo, porque
isso era minha culpa. Não era dele. Ele tinha seus defeitos - não me
entenda mal. Ele me traiu, e isso foi um grande negócio. Demorou
um ano até que a parede tivesse voltado, e essa foi outra das vezes
que nunca falamos.
Mas seu erro não ofuscou Naly. Eu não deixaria isso tirar o
amor que sentia por ele agora.

Esperança.

Algo novo estava acontecendo. Algo novo estava chegando.

Eu fiz o primeiro movimento aceitando a gangue, mas ele me


encontrou a cada passo do caminho.

Coloquei minha mão na dele e fechei os olhos, memorizando a


sensação dos dedos dele sobre os meus. Foi um aperto forte, e
quando eu abri meus olhos novamente, ele estava me observando.
O caminhão havia parado. Ele parou no meio da estrada de cascalho.

—O que é isso? — ele perguntou, suas sobrancelhas se


abaixando.

Eu balancei a cabeça. Eu não queria que ele se sentisse assim.


Agora não.

Movendo-me, montei-o e ele se ajustou. Ele abriu espaço para


mim.

Nossos lábios se encontraram, provocando, saboreando,


amando.

Ele gemeu no meu ouvido, e eu senti todo o caminho até a


minha buceta. Seus braços foram ao meu redor, mas ele colocou a
caminhonete em marcha e dirigiu um pouco mais longe, depois
desligou. Nós estávamos nas fontes. Eu conhecia todos os
solavancos na estrada, todas as árvores na vala, todas as rochas
pelas quais passamos, e eu estava voltando a ser aquela aluna da
sétima série que eu era quando nos beijamos pela primeira vez.
Ele desligou o motor, sua boca encontrando a minha.

Ele rosnou, levantando seus quadris para moer contra mim.

Ele já estava duro, mas ele geralmente era duro para mim.

—Por favor. — Eu ofeguei, jogando minha cabeça para trás.

Seus lábios desceram pela minha garganta, pelo meu peito. Ele
esfregou minha camisa e encontrou meu mamilo. Sua língua girou,
provocando-a. Seus dentes roçaram, e eu ofeguei, arqueando
minhas costas. Ele apertou novamente, chupando, sua língua ainda
me acariciando.

Ele rosnou novamente e empurrou a porta aberta.

Deslizando para fora, ele me segurou com firmeza para ele.


Assim que saímos da porta, minhas pernas envolveram sua cintura.
Ele trancou a caminhonete, enfiou as chaves no bolso e levou-me
pela margem íngreme até a água.

Descansando em meus pés, ele caiu de joelhos, desafivelando


meu short jeans.

Eu ofeguei, meus olhos fechados e minha cabeça para trás.


Passei meus dedos pelo cabelo dele, e senti sua boca no meu
estômago, depois abaixei.

Ele sabia onde me provar, lamber, beijar, saborear-me.

—Channing — eu gemi.

Ele conhecia cada carícia como sua mão.


Sua boca permaneceu sobre o meu clitóris, sua boca me
chupando, e eu quase gozei. Suas mãos encontraram minhas pernas,
afastando-as para dar espaço a ele, e então sua língua deslizou para
dentro.

Eu agarrei sua cabeça e segurei.

Meus joelhos estavam se dobrando.

Sua língua continuou empurrando para dentro, de novo e de


novo e de novo, e eu estava quase cega. Eu não sabia o quanto mais
eu poderia lidar.

Como se conhecendo meus sentimentos, ele se sentou em suas


coxas e olhou para mim, seus olhos escuros com desejo e luxúria. Ele
me deu o sorriso mais largo antes de dizer: —Despir, mulher.

Eu ri, me sentindo meio bêbada e fiz exatamente isso.

Eu puxei meu top e meus seios se animaram, sentindo o ar


contra eles. Sua mão deslizou até meu estômago para pegar um
deles. Eu ofeguei enquanto me ajustava, me preparando com uma
mão em seu ombro e chutei o resto das minhas roupas - sandálias,
shorts, calcinhas. Eu estava pelada, nua na frente dele agora, e ele
ficou de pé, suas mãos caindo em seus jeans.

Eu arranquei sua camisa, precisando da sensação de seus


ombros, peito, braços, estômago. Eu tive que tocá-los, deslizar
minhas mãos sobre ele, acariciá-lo em troca. Como eu estava
perdida fazendo isso, ele tirou seus sapatos e jeans, e então eu senti
seu pênis. Era duro, descansando no seu estômago, e minha mão
encontrou como se fosse minha âncora.
Ele chupou em sua respiração, inclinando-se sobre mim, suas
mãos descendo pelas minhas costas e curvando em torno da minha
bunda.

—Droga, Heather. — Ele raspou meu nome, sua boca se


fechando sobre o meu ombro. Uma vez que ele me levantou, seus
lábios encontraram meu mamilo. Ele fechou meu peito ao mesmo
tempo em que eu afundei em seu pênis.

Ele deslizou para dentro, mas ele não começou a se mover.

Ele me carregou para a primavera e, me colocando de volta


contra a rocha, ele segurou minha coxa. Então ele começou a se
mover, debruçado sobre mim, beijando meu peito, minha garganta,
meu pescoço e voltando ao meu peito enquanto ele continuava se
movendo para dentro.

Eu apertei seus ombros, rolando meus quadris com ele. Eu


queria montá-lo, e quando eu empurrei seu ombro para me mover
daquele jeito, ele apenas riu e encontrou meus lábios.

—Não é uma chance. Eu vou te foder forte. E caralho, mulher,


eu vou te foder porque você é minha mulher. — Sua mão flexionou
no meu quadril. —Agora, deixe-me fazer o meu trabalho.

Eu ri, minha cabeça descansando na rocha. Seus lábios


desceram pela minha garganta e ele continuou. Minhas pernas
entrelaçaram ao redor dele. Nós dois estávamos nos movendo em
perfeita harmonia, e então ele gritou. Ele caiu em cima de mim, seu
corpo emplastrado em cima de mim, e ele segurou minha bunda,
batendo mais forte.

Nós nos mudamos juntos.


Nós montamos um ao outro.

Eu nunca quis parar. Eu nunca quis que o mundo real voltasse


para nós, mas quando ele me empurrou para a borda, meu corpo
começou a tremer, e ele empurrou uma última vez para si mesmo.
Nós dois explodimos.

Passei a mão pelas costas dele, sentindo-o estremecer com o


meu toque.

—Eu quero fazer melhor — eu murmurei.

Ele ficou tenso, apoiando-se em um cotovelo ao meu lado. —O


que você quer dizer? — Sua mão caiu no meu peito, me segurando
lá, me aquecendo.

—Eu não posso me afastar de você. — Eu balancei a cabeça,


rolando para frente e para trás contra a rocha. —Não é possível
agora. Se eu tivesse que... — Deus. Eu não queria nem pensar nisso.
—Eu não sei se eu iria sobreviver mais. Nós tivemos muitos
rompimentos. Muitas burradas.

Ele assentiu com a cabeça curvada para baixo. —Eu sei.

Eu peguei seu rosto em minhas mãos. Ele começou a olhar para


os meus seios, mas eu o fiz olhar para mim.

—Vamos amadurecer — eu disse a ele. —Vamos ser adultos.

—OK. — Ele balançou a cabeça, sorrindo para mim.

Eu gemi, vendo seus olhos escurecerem. Comecei a desenrolar


minhas pernas ao redor de sua cintura.
—Oh whoa, whoa, whoa. — Ele agarrou meus quadris, me
segurando ainda. —O que você está fazendo? Não vamos nos
apressar aqui.

Eu ri de novo, prendendo meus tornozelos nas costas dele. Ele


saiu de dentro de mim, mas ele ainda estava lá embaixo. Isso foi o
que fizemos enquanto esperávamos a próxima rodada. Nós
conversamos. Nós nos beijamos. Nós esfregamos. Nós rimos. Nós
brincamos um com o outro. Ele me beliscaria. Eu golpeava seu
ombro e, em apenas vinte minutos, ele endurecia novamente.

Quando isso acontecesse, nós nos encarávamos. Todas as


risadas, piadas e o que quer que estivéssemos falando acabariam, e
ficávamos mais sérios quando ele segurou meu quadril em uma
mão, recuou e depois se moveu para mim.

Hoje não foi diferente, exceto que ele estava em cima de mim
um pouco mais do que o habitual. Nós conversamos um pouco mais.
Nós rimos um pouco mais, e quando ele parou para deslizar para
dentro, eu juro que havia mais força do que o habitual.

Estávamos cimentando essa mudança para nós.

Hoje foi o primeiro dia de um novo nós, e meu Deus, enquanto


Channing se movia dentro de mim, eu prometi que seria a última
mudança. Quando senti a necessidade, empurrei-o e voltei ao topo.

Foi a minha vez agora.


HEATHER

—Oh! Oh! Ooooooooh!

Depois do nosso encontro inicial, Channing me levou para as


nascentes. Nós tínhamos estado originalmente fora da estrada. Sua
caminhonete havia nos bloqueado, mas se alguém tivesse se
aproximado e olhasse para baixo do penhasco, lá estaríamos. Mais
longe significava mais privacidade.

Estávamos voltando para o caminhão quando paramos,


ouvindo uma mulher ofegante gritar.

—Ooooooh. sim! OMG, Matthew!

Um rugido veio em seguida, e eu pulei para trás do choque.

Channing me pegou e começou a rir.

—Não é engraçado. — Eu olhei para ele quando minha alça da


camiseta caiu de um ombro. Ele pegou e colocou de volta antes de
tomar o meu cotovelo e me guiando à frente.

—Eu não tenho certeza de como reagir a ouvi-la realmente


soletrar OMG e não apenas dizer a frase — eu disse a ele.

—OOOOH CLARO QUE SIM, meu amante!—

Channing continuava rindo, com a cabeça quase no meu ombro.


Eu olhei para ele. —O que está acontecendo com você? Vamos
dar o fora daqui.

Eu comecei a avançar, mas ele me manteve no lugar, ainda


rindo. Ele me puxou para mais perto e sussurrou em meu ouvido: —
Isso é Congo.

Congo…

Eu era uma idiota.

—Oh meu Deus.

Ele bufou. —OMG, você quer dizer.

—OMG.

Uma das únicas pessoas a se referir ao Congo com o nome que


sua mãe lhe dava - Matthew Shephardson - era sua perseguidora, ou
a perseguidora do meu irmão, ou quem quer que fosse a
espreitadora que ela era agora. Era o seu pau, bêbado com Rebecca,
do Gus-Manny’s.

—Vamos. — A voz de Channing baixou e ele avançou,


agarrando minha mão. Nós tecemos em torno de mais algumas
molas, aproximando-se de suas vozes.

—Sim. Sim. Sim. — Ela estava quase cantando agora.

Havia um grande pedregulho à frente com árvores de ambos os


lados, mas eu podia ver a água saindo de trás da rocha, e podíamos
ouvi-los logo à frente.

Eu não tinha certeza se queria me aproximar deles.


Quero dizer, isso foi Congo e Rebecca. Ela se vestiu.... Bem,
quem era eu para julgar? Eu também gostava de roupas apertadas,
mas ela falava como se ela fosse uma esnobe de etiqueta. Quem disse
megera sem classe ou cortejada? Rebecca era uma mistura estranha.
Eu acabei de ir com isso, mas o Congo também?

O cara poderia ter uma arma por perto, e ele poderia agarrá-lo
em reflexo.

Quem foi mais assustador? Ele ou Stalker?

Porra.

Não importa. Channing se ajoelhou e começou a engatinhar


entre a rocha e uma das árvores. Ele estava checando para ter
certeza de que não havia cobras ou outros animais, e então fez sinal
para eu me juntar a ele.

Sim. Eu não penso assim.

Eu não fui idiota.

Eu me arrastei em cima dele. Eu não iria arriscar esmagar um


escorpião.

Então lá estávamos nós, Channing espreitando ao redor da base


da rocha e eu em cima dele com meus peitos pressionando a parte
de trás de sua cabeça. Nós poderíamos ver Congo e Rebecca do outro
lado.

Eu pensei que ele estaria em cima dela, e os dois na água, então


não poderíamos ver nada.

Não é a foto que temos. De modo nenhum.


Ela estava de quatro, as pernas abertas e viradas para nós. Seus
seios estavam quase roçando o chão e sua cabeça estava de volta, os
olhos fechados e a boca aberta enquanto ele segurava um bom
punhado de cabelo em uma mão. Totalmente montado atrás dela,
Congo tinha um joelho no chão e o outro para cima e quase sobre o
quadril. Sua outra mão apertou sua bunda, e sua cabeça estava para
cima e para trás também. Veias estavam surgindo de seu pescoço.

Tudo o que tínhamos ouvido antes só tinha sido o começo. Eles


ainda estavam fodendo.

Vendo isso, me senti mal. Isso estava errado. Foi uma invasão
de privacidade.

Channing não sentia o mesmo. Quando comecei a deslizar para


fora dele, ele enfiou a mão nos bolsos e tirou o celular. Ele tirou uma
foto enquanto andava para trás, e então todo o inferno se soltou.

Eu ouvi o aviso chocalhar e senti uma sacudida repentina. Eu vi


a cobra com o canto do olho quando Channing gritou e me jogou no
chão. Ele me rolou para o lado e ficou quase tão rápido quanto nós
caímos. Houve uma comoção e eu fiquei de pé quando o Congo e
Rebecca correram do outro lado da rocha, ainda nus, exceto por uma
arma na mão do Congo.

Channing agarrou a ponta da cauda e jogou a cobra longe de


nós, mas não foi o suficiente. A cobra estava chateada e voltando.

—Atire na filha da puta! — Ele gritou para o Congo.

—Estou tentando! — O Congo tinha a arma levantada, mas


estava apontada para Channing, que estava no caminho.
Amaldiçoando, ele abaixou e deu um passo para o lado. —A coisa
continua se movendo.

Channing não estava perdendo tempo. Ele pegou a arma da


mão do Congo, mirou e atirou. Ele acertou na cabeça. A cobra ficou
mole.

—Oh — Rebecca fez um som de piedade. —Por que você tem


que atirar?

Todo mundo se virou para ela. As sobrancelhas de Channing se


elevaram. —Porque estava tentando nos atacar, e eu não trouxe
uma arma.

Sua boca se curvou quando ela cruzou os braços sobre os seios.


—Está provavelmente era a sua casa e você entrou nela. Eu também
atacaria. — Ela fez uma pausa, inclinando a cabeça para o lado. —
Por que vocês estão aqui?

—Sim. — Congo estava ofegante, as mãos nos quadris.

Ambos estavam nus e não pareciam perturbados por isso.

Eu estava tentando não notar. Eu realmente estava, mas o pau


dele ainda tinha um meia-ereção, e os seios de Rebecca estavam
espreitando debaixo dos braços cruzados. Ela estava sufocando-os.
Eu queria que ela colocasse os braços embaixo deles ou algo assim.
Parecia doloroso e nem tenho peitos grandes.

Eu olhei para baixo. Eles eram pequenos. Eu senti pena deles


por um segundo.
A garota perseguidora estava com pena de cobras, e eu estava
com pena dos meus próprios peitos. De alguma forma, isso parecia
a coisa mais normal sobre esta situação também.

Channing deu um sorriso e tirou o celular do bolso. —O que


você acha que eu estava fazendo aqui?

A cabeça do Congo inclinou-se, tentando ter uma visão melhor


do telefone. Quando ele fez, seus olhos se arregalaram e ele franziu
o cenho. —De jeito nenhum! — Ele começou pelo telefone.

Channing riu como uma menininha. Ele não colocou de volta no


bolso, mas não o entregou. O Congo ainda estava vindo, e Channing
estava correndo, digitando.

A cobra foi completamente esquecida, exceto por Rebecca. Eu a


peguei olhando para ela, quase chorando. Eu teria ido consolá-la,
mas olá? Ela estava nua, e não parecia que isso seria corrigido tão
cedo.

—Vamos, Chan! Isso é malvado.

—É um retorno para a merda que você puxou com Marsch.

O Congo começou a correr atrás de Channing, e ele continuou a


evitá-lo, esquivando-se, correndo em círculos apertados, vindo de
volta e depois usando Rebecca e eu como escudos.

Nós estávamos na quinta série novamente. Eu estava chateada.

—Eu fiz isso para o Chad, cara.


—Mas eu paguei o preço para você. — Se Channing estava
bravo, ele não parecia. De repente, ele parou. —Lá. Feito. — Ele
jogou o telefone para o Congo. —Foi-se.

O Congo pegou, estudou. —Seu idiota! Você enviou para Moose!

Channing nunca parou de sorrir. —Eu enviei para todos os


caras.

Sangue drenado do rosto do Congo. —Eu nunca vou viver isso.


Ela está nua nessa imagem. As mamas dela estão fora.

—O que? — Rebecca estava saindo de seu coma de simpatia de


cobra. Ela piscou algumas vezes. —Hã?

Channing continuou rindo, mas suavizou-se. Ele acenou para o


telefone novamente. —Olhe para a foto, idiota.

Ele fez, e sua carranca clareou. —Oh— O Congo riu, mostrando


a foto a Rebecca. —É a cobra.

Minhas sobrancelhas se ergueram.

Channing viu meu olhar. Ele gesticulou para a cobra morta. —


Aquela.

Foi uma piada de mau gosto, mas ainda me sentia segura.


Ninguém precisava ver o Congo e Rebecca. Eu não precisava
continuar vendo Congo e Rebecca.

—Bom.
Channing pegou seu telefone. —Eu deletei um de vocês
imediatamente. Eu não sou um completo idiota. — Ele voltou para a
cobra e chutou, colocando o celular no bolso. —Quão extenso ela é?

O Congo foi com ele. —Olha em torno de quatro pés, eu aposto.

Agora que tudo estava feito, olhei para trás e para frente de
Channing e Congo para Rebecca. Eu estava bem com nudez. Inferno,
eu gostava de mostrar muita pele, mas isso era um nível diferente
de conforto.

—Você quer se vestir? — Eu perguntei.

—O que? — Rebecca tinha voltado ao seu triste estado de


estupor.

—Suas roupas.

—Oh— Ela olhou para baixo e balançou a cabeça. —Sim,


normalmente seria indelicado ficar sem roupa, mas nós andamos
aqui assim.

—Sim. — Congo juntou-se à nossa conversa. —Nós não


queríamos que algum filho da puta se escondesse e roubasse nossas
roupas. — Ele bateu Channing no peito. —Elas estão trancadas no
caminhão lá atrás.

—Seu caminhão é pelo meu caminhão?

Congo assentiu, passando a mão pela cabeça e fazendo partes


de si mesmo saltarem do movimento.

—Oh Deus. — Eu me afastei. Eu agora sabia com certeza que eu


só precisava ver o pênis de Channing. Talvez meu filho, se eu tivesse
um menino, mas era isso. Eu não estava ciente de que eu estava
questionando essa necessidade de ver outros paus ou não, mas eu
sabia agora. Com certeza.

Eu não precisava ver outra vagina também. Minha buceta. O


pênis de Channing. Nossos filhos. Foi isso. Bem, talvez eu não deva
me antecipar. Sempre houve pornografia.

Uma visão da montagem de Congo Rebecca brilhou na minha


cabeça. Não. Eu não estaria assistindo pornografia por um tempo.

—Você está bem, Heather? — Congo perguntou.

—Sim...— Eu ia ter visões desses dois na minha cabeça para


sempre, mas eu ficaria bem. Nudez não era o fim do mundo. —Eu
estou bem.

Congo suspirou, olhando para si mesmo. —Parece estar


amolecido. Moose me enviou depois de você. Ele estava preocupado,
queria ter certeza de que você tinha apoio. — Ele apontou para
Rebecca, que veio para o lado dele para que ele pudesse colocar o
braço em volta dela. —Becca me seguiu até aqui...

Porque ela é uma perseguidora. Olá? Todos nos esquecemos


aqui?

—...e eu não sou um idiota intruso. Eu queria te dar privacidade,


mas ela apareceu e uma coisa levou a outra.

Channing sorriu. —Okay, certo. Você não conseguiu nos


encontrar e sabe disso. — Ele olhou para mim e eu sabia que nós
dois estávamos nos lembrando da primeira vez. Nossas situações
teriam sido facilmente revertidas se ele viesse antes.
—Isso também. — Congo sacudiu a cabeça.

Todos nós começamos a andar em direção aos caminhões. Eles


realmente tinham andado nus para as fontes. Eles não voltaram
atrás de sandálias nem nada.

Isso não foi normal.

Nós tivemos que subir uma crista, e todos caíram em uma única
linha. O Congo começou a ir primeiro, mas Channing fez um som e o
Congo recuou. Channing foi o primeiro. Eu fiquei em segundo.
Rebecca estava atrás de mim e depois do Congo.

Pense no visual se tivesse sido qualquer outro alinhamento.

Channing e eu fomos até o caminhão dele.

Congo e Rebecca foram para o seu caminhão vestir suas roupas.


Seu carro estava estacionado atrás do dele, e Channing e eu
compartilhamos uma olhada nisso, mas eu não tinha certeza do que
dizer, então não disse nada.

Por que Congo decidiu fazer sexo com ela não estava na minha
roda de respostas, mas ela era uma bomba esperando para explodir.
Ela era outra situação inteira com a qual eles teriam que lidar, só
que aparentemente não hoje.

—Moose enviou você para cuidar de mim? — Channing


chamou, de pé em sua porta. Ele pegou um pouco de água na parte
de trás, entregando um para mim e jogando outro para o Congo
quando ele veio até nós.

—Sim, ele queria que eu lhe dissesse que ele recebeu uma
ligação mais cedo.
—Uma chamada? — Channing passou pelo seu telefone. —Eu
não estou vendo nada.

—Ele não me disse o que era, apenas disse para você ligar para
ele. — Ele olhou por cima do ombro. Rebecca tinha se posicionado
em seu caminhão, sentado no banco do passageiro do jeito que eu
estava em Channing. Seu rosto estava impassível, sem emoção.

Foi estranho.

A boca de Channing baixou um segundo antes de se concentrar


no Congo novamente. —Ok. — Ele digitou o número e levou o
telefone ao ouvido, mas continuou olhando para Rebecca. Depois de
um segundo, ele se afastou do caminhão para não ser ouvido.

Todos ficaram em silêncio, esperando por ele.

Até que Rebecca anunciou: —Richter queimou dois dos seus


armazéns.

Congo voltou para ela.

Eu saí do caminhão de Channing. —O que você disse?

Ela não estava nem piscando. —É por isso que vim te encontrar,
Matthew. Para falar sobre os planos de Richter.

—Channing! — Eu gritei por ele, acenando.

Eu o ouvi dizer algo ao Moose antes de desligar. Ele voltou. —O


que?

Eu toquei-lhe o sinal de mão mais chocante. —A perseguidora


acabou de nos contar sobre Richter.
—Heather.

—Não, Congo! — Eu agarrei.

Eu lidei com ela demais. Esta foi a última gota.

—Ela sabia de alguma coisa. Ela deveria ter dito isso


imediatamente.

Quanto mais eu pensava nisso, mais louca eu ficava.

A segurança de Channing.

De Congo.

Os caras.

As famílias.

As crianças.

Minha família.

—Você sabe de uma coisa, você cuspiu! Você não espera até
depois de uma sessão foda com sua mais recente obsessão e depois
de termos ficado por perto, aproveitando a porra da nossa vida!

A mão de Channing enrolou em volta do meu braço. Ele não


estava me restringindo, mas ele não estava me deixando subir nela,
e eu realmente queria.

Eu parei, mas ela não deu um pio.

—Fala! — Eu gritei.
Channing me manteve bem na frente dele. Sua mão enrolou em
volta do meu outro braço também.

Agora ela piscou. Finalmente. Ela registrou que eu estava


chateada.

—Richter queima dois de seus armazéns e vai culpá-lo por isso.


— Ela olhou diretamente para Channing.

Não houve mudança ou inflexão em sua voz, mas ela piscou.


Novamente.

—O plano dele é te preparar e, enquanto você for preso, ele vai


se mudar e assumir o controle de Roussou. Quando você sair, ou
provar que não queimou seus armazéns, ele terá trinta de seus
homens em Roussou, e será impossível para você tirá-los. — Ela se
virou para mim agora. —Ele está disposto a ferir Heather também,
se o pior acontecer.

Congo estava olhando para ela como se ela fosse a cascavel que
Channing havia matado. Ele ficou longe dela um pé.

As mãos de Channing se afastaram dos meus braços. —Como


você sabe disso? — ele perguntou.

—Eu ouvi isso.

Nós esperamos.

Nada. Ela não elaborou.

O suficiente.

Eu estava furiosa agora.


Sufoque a porra do fogo, Heather. Mantenha-o contido. Não fique
fora de controle.

Sim. Não, não estava acontecendo.

Eu fui até ela, meu nariz na cara dela, e eu não me importei se


ela mordesse. Eu morderia de volta, e mais forte.

—Você vem limpo com tudo. Você me escuta?

Sim. Meu nariz tocou o dela. Eu estava explodindo-a com a


minha respiração, mas para seu crédito, ela não vacilou. Nem eu.

—Ser clara com tudo. Você consegue isso? Você escolheu


Rebecca. Você escolheu nosso lado. Se você não nos contar tudo o
que sabe, vou fazer da minha única missão que nenhum cara em
Roussou toque em você novamente.

Ela piscou de volta para mim. —Você mora em Fallen Crest.

—Em qualquer lugar que você ama viver. Entendeu?

Ela piscou. Uma terceira vez. —Entendi, mas me chame de


Becca, por favor. Eu sinto que vamos ser amigas agora.

Ela era psicótica.

Eu olhei para o Congo. —Ela é seu problema. Tire todas as


informações dela.

Eu passei por ele, não me importando como ele reagiu ao meu


pedido. Passei por Channing, voltei para o caminhão e me sentei ali.
Eu tive que me acalmar.
Fique calma. Seja controlada. Mas foda-se. Eu não estava calma
em tudo.

Eu já estava planejando o assassinato de alguém.


CHANNING

Moose estava esperando por nós quando voltamos para o


armazém.

Todas as mulheres e crianças estavam dentro ou em outro


lugar. Eu não conseguia ver nem ouvir ninguém.

Ele se levantou do banco para nos cumprimentar. —Nós


mudamos todos para uma das casas da tia de Chad.

Como casas seguras foram, isso foi engenhoso. Ele tinha cerca
de dezesseis tias. Mesmo eu não tinha ideia de quem eram todas
elas.

Saí e comecei a entrar, Moose comigo. Ouvindo meu caminhão


sendo ligado, eu voltei.

Heather abaixou a janela. Ela estava atrás do volante.

Eu comecei por ela. —O que você está fazendo?

Seu rosto estava em pedra. Sua mão apertada no volante. —Eu


tenho que ir. Eu tenho que tentar proteger o meu lugar. — Ela falou
sobre o que eu estava prestes a dizer. —E você precisa de todos os
seus homens de volta aqui.

O que significava que ela tinha um plano. Eu fiz uma careta. Eu


não gostei disso. —Fique, Heather.

—Não.
—Foda-se - Heather! — Eu rosnei. Este não era o momento para
uma briga. Agora não. Aqui não. Hoje não. —Saia da porra do
caminhão.

—Não. — Seus olhos se estreitaram. —Deixar-me ir.

Nunca.

—Heather. — Eu comecei por ela.

Ela chutou o caminhão ao contrário, borrifando-me com a


sujeira dos pneus. Então ela se demorou. —Eu tenho que ir, Chan.—
Seus olhos de repente ficaram tristes, olhando para mim através da
janela do painel. Ela me deu aquele sorriso triste também, o que ela
não sabia que usava quando pensava em Naly. —Você sabe que eu
sei. Você precisa de seus homens aqui. Eu preciso estar lá. — Ela me
deu uma olhada.

—O que você está planejando? — Eu perguntei.

—Vou precisar de proteção extra, entendi. Então eu chamarei


alguns reforços.

Eu tinha um pressentimento sobre aonde ela estava indo com


isso, e não gostei disso. Nem um pouco. —Heather— eu disse
novamente, um aviso no meu tom.

—Que melhor proteção que a mídia? Talvez seja a hora de eu


pedir a Sam, Mason e Logan para visitá-lo.

—Você está brincando comigo? Você os chama e vai piorar. Sam


está grávida. Mason está no meio da temporada de futebol e Logan
está na faculdade de direito. Eles não podem vir.
Mas…

—Você vai para lá — eu ofereci em seu lugar.

—O que?

Merda. Eu sabia que ela não iria, mas eu tinha que tentar. —
Você vai visitá-los.

—Porra, não.

Se ela pudesse me matar com um olhar, eu estaria morto três


vezes até agora.

Apertando seu aperto no volante, suas sobrancelhas se


fecharam. —Eu vou ligar e ver se eles podem vir. Se eles puderem,
eu não direi a eles o que está acontecendo, só quero que eles fiquem
na casa comigo. Mesmo que seja para um fim de semana, valerá a
pena. Richter não vai me tocar se eu estiver cercado por eles, e você
sabe disso. Eles são de fora. Ele não arriscará a exposição.

Eu balancei a cabeça. —Eu não gosto disso. Você está trazendo-


os para esta guerra. Se algo acontecesse com Sam ou o bebê, Mason
me mataria.

Minhas entranhas giraram em torno de uma faca com arestas


frias. Heather assumiu que eles eram uma camada adicional de
proteção, mas ela estava errada. Richter não se importaria. Não em
guerra. Significava apenas que ela estaria vulnerável, e nada poderia
acontecer com Heather. Nada .

—Eu vou ligar para eles. — Ela começou a recuar novamente.


Eu comecei por ela. —Se você ligar para eles, eu direi a Mason
o que realmente está acontecendo.

Ela não estava parando. Se eu corresse imediatamente, ela iria


ligar o motor e ir embora. Ela iria quebrar a barricada mesmo, mas
este era o meu ás.

Se eu ligasse, seria inútil. Mason nunca permitiria isso.

Ela empurrou de volta em seu assento, batendo nos freios. Sua


boca se abriu. —Você está brincando comigo? — Seus olhos se
estreitaram e ela fechou a boca, pensando.

Eu não gostei desse olhar, nem um pouco. Ela ainda estava


planejando alguma coisa.

Um segundo depois, ela disse: —Eles ainda virão.

—Não, eles não vão.

A boca de Heather se achatou em uma linha determinada. —


Vamos ver, vamos?

Eu criei um monstro.

Ela bateu no pedal e o caminhão atirou para trás.

Eu fiquei no meio da estrada e observei enquanto ela


continuava recuando. Ela nem estava olhando.

Eu sabia o segundo em que ela ia chicotear o caminhão. Seus


olhos seguraram os meus e ela murmurou —eu te amo— pouco
antes de suas mãos apertarem o volante. Ela pisou no freio e
empurrou ao redor.
O caminhão balançou, balançando seus pneus, e então Heather
acelerou novamente.

Moose se aproximou de mim. Ele não falou. Acabei de dar o meu


pedido.

—Eu quero cinco homens nela. Um deles tem que ser Lincoln.

Ele assentiu. —Nele. — Ele avisou à frente para os caras no


portão para deixá-la passar, e para dois seguirem imediatamente.
Ele se afastou, pegando seu telefone para ligar para o resto. Eles
estariam no Manny’s quando ela aparecesse.

Becca se aproximou de nós. —Deixe-me protegê-la. Eu gostaria


de assumir essa responsabilidade. Eu me sinto um pouco protetor
de Heather, como se ela fosse se tornar uma irmã mais nova para
mim.

Eu tinha esquecido que ela e o Congo ainda estavam aqui. Eles


estavam esperando logo atrás de nós.

—Ela apenas ameaçou você nas fontes.

Ela levantou a cabeça. —Eu quero provar que ela está errada.
Eu sei que todos vocês acham que eu tenho certos problemas, e eu
admito a maioria deles, mas eu sou alguém que vale a pena ter por
perto. Deixe-me provar isso para você. — Ela folheou Congo e eu
estava pensando que ele era mais você do que eu mesmo.

Suspirei. —Congo?

Ele levantou um ombro. —Ela foi quem trouxe o plano de


Richter para nós, mas eu vou levá-la por diante. Ela será minha
responsabilidade.
Eu não confiava nela. Eu empurrei uma mão no Congo. —Você
vai com ela.

Um sorriso começou a se espalhar por seu rosto. Entrei em seu


espaço pessoal, assim como Heather tinha nas fontes, mas eu era
muito mais alto, mais forte e mais letal.

—Se qualquer coisa - e quero dizer, qualquer coisa - acontecer


com ela ou com o Congo, estou te responsabilizando. Isso significa
que o que quer que aconteça a eles acontecerá com você três vezes.

Ela se encolheu.

Bom.

—Entendeu? — Eu quase cuspi nela.

Ela assentiu rapidamente. —Entendi.

—Então dê o fora do meu rosto.

Ela não precisava de nenhum outro encorajamento. Ela estava


se afastando em segundos, e eu rosnei no Congo.

—Se ela é a única a ferir Heather, ou permitir que Heather seja


ferida.

—Deixa comigo. — Sua boca era uma linha reta. —Você vai me
deixar pessoalmente responsável.

—Você vai fazer isso.

Ele parou, franzindo a testa. —O que?


Eu soletrei. —Você. Se ela fizer alguma coisa para Heather, eu
vou fazer você se vingar dela, e você vai ter que fazer isso de novo e
de novo.

Eu não estava além de matar, mas gostava de distribuir minha


vingança de maneira lenta e tortuosa. Congo sabia disso porque ele
estava ao meu lado, às vezes observando, às vezes me protegendo, e
às vezes sendo o único a segurar alguém.

Ele fez um aceno de cabeça. —Eu entendi, chefe.

—Bom. — Fiz sinal para o caminhão onde Becca tinha ido. —


Saia daqui então.

Ele saiu assim que Moose estava voltando.

Eu comecei por ele. —E por que diabos você não ligou para os
armazéns?

Ele hesitou apenas brevemente antes de abaixar a cabeça. —Eu


não sabia o que ele estava planejando, apenas dois de seus armazéns
estavam pegando fogo.

—Qualquer coisa que aconteça aos nossos inimigos, eu sou


informado imediatamente. Eu quero saber antes que aconteça.
Entendeu?

—Entendi, chefe.

—Onde estão os outros caras?

—Assim que você ligou, eu os enviei. Todos eles estão vendo os


lugares de Richter.
Isso foi bom, mas havia uma pessoa da qual deveríamos ter
ouvido antes de qualquer outra pessoa.

Onde diabos foi Traverse?


HEATHER

Que diabos estou fazendo?

Channing estava em perigo real e eu estava enlouquecendo. Eu


estava pensando em ligar para o Kades e para quê? Para uma
fronteira civil entre Channing e os Demônios Vermelhos? Como se o
MC se importasse com isso - eles provavelmente não se
importariam. E isso colocaria Sam em perigo, o bebê dela também.
Channing estava certo. Eu fui estúpida em considerar chamá-los.

Mas eu não estava saindo também. Os membros da gangue que


tiveram esposas e filhos foram todos mandados embora por
segurança. Não fui eu. Eu queria separar os bastardos com minhas
próprias mãos, mas também queria ter certeza de que tudo, todos
que eu amava, estavam seguros. Manny's. Meu irmão. Meus
trabalhadores. Eles eram todos meus.

Minhas responsabilidades. Minha família.

Enquanto dirigia por Roussou e saía para Fallen Crest, alguns


pensamentos racionais começaram a surgir, e eu estava de volta à
raiz dos problemas que Channing e eu sempre tivemos.

A vida de gangue de Channing era perigosa. Isso se estendeu


para mim. Que se estendia ao meu irmão. Porque eu amava
Channing, meu irmão estava em risco, nosso negócio estava em
risco. Então, o que eu deveria fazer? Eu não pude deixar Channing.
Eu tentei de novo e de novo. Eu deixei o Manny's? Eu tinha a
sensação de que não importava quanto tempo passasse, os inimigos
de Channing não se importariam. Eles saberiam que eu amava meu
irmão e o bar que eu amadureci desde o colegial. Se eles queriam me
machucar, eu era um alvo fácil, mas meu Deus... Se alguma coisa
acontecesse àquele lugar, para Brandon, eu seria a única em perigo
de ir para a prisão.

Os comprimentos que eu deveria ter me assustado. Eles não


fizeram.

Então, talvez, quando olhei para cima e vi uma fila de


motocicletas bloqueando a estrada, não me virei. Eu deveria ter
virado a caminhonete de Channing. Eu deveria ter acelerado o
motor.

Eu não fiz nada disso.

Se eu tivesse, o que aconteceu depois não teria acontecido.

Se eles queriam que alguém se machucasse, tudo bem. Eles


poderiam tentar. Talvez eles me machucassem, mas eu ia levar o
último filho da puta comigo.

Eu parei o caminhão. Bem no meio da maldita estrada. Eu


conhecia as apostas. Nós não vivemos pela polícia. Nós não
esperávamos que eles nos protegessem, e nós não os usamos para
decretar nossa vingança.

Então era eu e aqueles Demônios Vermelhos.

Eu tive um forte sentimento se eu tivesse perseguido, eles


aproveitariam o passeio.
Enquanto pensava nisso, outra linha de motociclistas parou
atrás de mim. Eu olhei no espelho retrovisor.

Eles estavam esperando em uma estrada lateral.

Eu estava bloqueada.

Filhos da puta.

O cara na liderança desceu de sua bicicleta e estendeu as mãos,


significando que ele não tinha armas. Isso foi uma mentira. Nós dois
sabíamos que ele tinha uma ou duas armas nele.

Meus pensamentos correram quando ele caminhou em minha


direção.

Um buraco de gelo afundou no meu intestino, cobrindo minhas


entranhas.

Channing manteve uma arma aqui. Foi anexado sob o assento.


Eu poderia pegar, mas e depois? Eles encontrariam. Não tive dúvida.
Meus jeans estavam bem apertados. Minha camisa também. Não
havia clivagem suficiente entre meus seios para esconder uma arma
inteira.

Eu ia deixar isso. Eu precisei. Mas eu fiz embolsar a chave extra


que Channing mantinha no console. Se eles me levassem, se
trouxessem o caminhão também, eu talvez pudesse me libertar e
sair de novo? Foram muitos se e talvez, mas não tive outra escolha.

Eu poderia pegar a arma então?

Apalpei a chave, eu sabia que eu precisaria colocá-la no meu


cabelo para que eles não vissem. Aquele filho da puta poderia se
esconder no meu cabelo. Eu acabei de jogar meu cabelo em um
coque quando deixamos as molas. Era um ninho de pássaro perfeito
lá em cima.

O cara estava quase na porta quando ele tirou o capacete. Foi


Richter. Ele fez um movimento para eu abrir a janela.

Eu fiz, mas mantive a porta trancada. Eu não ia facilitar para


eles.

—Ei, Heather. — Ele se aproximou da porta, uma badana


vermelha sobre a testa. Quase cobriu os olhos, mas eu ainda podia
vê-los. Ele estava me estudando, cauteloso.

Eu não respondi, apenas estendi o dedo do meio.

Ele riu, abaixando a cabeça um pouco. Ele se encostou na porta.


—Eu posso ver esse espírito de luta. É bom saber que Channing não
tirou isso de você.

Por que diabos ele iria? Idiota.

Eu mantive minha boca fechada, embora minha garganta


queimou. Raiva lambeu minhas entranhas, me aquecendo.

—Nenhuma resposta? — Ele balançou a cabeça. —Ok. Nós


podemos fazer assim. — Ele fez um gesto atrás de mim e na frente.
—Você sabe o que vem a seguir, certo? Você está cercada, Heather.
E nós temos um trabalho a fazer. Nós temos que te levar. Entendi. Eu
faço. Seu homem não me quer em Roussou, mas o problema é que
preciso entrar em Roussou. Tenho empresários que deixaram bem
claro que querem passar por aquela cidade. Policiais não patrulham
muito lá, e nós temos que usar isso para nossa vantagem. É negócio,
Heather. Ninguém precisa se machucar.

Richter queria dirigir drogas através de Roussou.

Channing não deixaria isso acontecer.

Channing deveria trabalhar com Traverse para substituir


Richter como a cabeça.

Onde diabo estava Traverse?

—E o seu cara que morreu? Aquele que atirou em si mesmo?—


Eu não consegui manter a mordida da minha voz. —Nós devemos
acreditar que você não vai querer um retorno para isso?

Seus olhos brilharam. Eles foram duros por um segundo antes


que ele os mascarasse novamente. O criminoso liso e viscoso voltou
para o primeiro plano.

—Não, não. Sully atirou em si mesmo. Nós vimos o vídeo. Eu


não vou segurar isso contra Channing.

Ele sorriu e arrepios percorreram meu corpo. Até meus dedos


dos pés se enrolaram.

—Pelo menos ainda não — continuou ele. —Vamos ver se eu


seguro contra ele, dependendo de como ele é corrigível quando
descobre onde você realmente está.

O tempo diminuiu naquele momento.

Eu tinha que decidir. Lutar ou me render? Minha escolha


mudaria minha vida para sempre. Havia medo em meu intestino, um
sentimento doentio de que, se eu fosse com ele, não viveria. Mas se
eu lutar, seria o mesmo resultado.

Este foi o último momento em que eu ainda era Heather Jax.


Minha vida era como deveria ser - determinada por minhas
decisões, minhas escolhas. Isso, o que ele estava me obrigando a
fazer, não foi minha escolha. Lutar e morrer ou ser levada cativa não
foi minha escolha.

É uma sensação estranha, percebendo que uma luta real na


minha vida estava ocorrendo na minha frente. Os cabelos na parte
de trás do meu pescoço se levantaram, e eu sabia que me lembraria
de tudo sobre esse dia. Ia ser gravado na minha memória.

Estava quente. Úmido.

Suor encheu o ar, junto com poeira, fumaça e grama selvagem.


Eu não sabia que grama selvagem tinha um cheiro até aquele
momento, mas aconteceu. Era quase doce, mas também forte. O
calor no ar empurrou para baixo em mim, fazendo meus pulmões se
sentirem sufocados - ou talvez fosse Richter.

Enquanto eu olhava para ele naquela pequena janela de tempo,


notei algumas coisas que ele não fez, e eu quase comecei a chorar de
alívio.

Eu ouvi os caminhões se aproximando.

Eu ouvi um dos homens de Richter gritar com ele.

E eu vi o que ele não fez.

A grama de ambos os lados de nós estava se movendo - e não


apenas um pouco. Como Richter ou seus homens não perceberam
estava além de mim. Talvez eles estivessem focados em mim,
focados em seu líder, certificando-se de que eu não puxasse uma
faca nele, ou talvez eles estivessem distraídos pelos caminhões que
vinham atrás de nós. Eles estavam se movendo rápido também.

Seja qual for o motivo, tudo bateu de volta no lugar. A luta


desapareceu, e eu ofeguei em voz alta, sabendo que eu poderia
continuar minha vida do jeito que deveria. Minhas escolhas. Minhas
decisões. Eu não seria levada cativa nem morreria hoje.

Aqueles três caminhões eram os caras de Channing - um era do


Moose e outro do Chad.

Eu não reconheci o terceiro.

Uma estranha calma veio sobre mim.

Eu sabia o que ia fazer agora.

Eu ia lutar. Eu ia machucá-los. Eu não deixaria que me


machucassem, nos machucassem.

—Que porra é essa? — Richter estava distraído. Ele ainda


estava de pé na porta do caminhão, a mão agora cerrada em um
punho, e ele bateu contra o lado. —Droga! Pensei que tivéssemos as
costas cobertas.

Um cara apareceu, sem fôlego. —Nós fizemos. Eles saíram de


algum outro jeito. Nós não sabemos onde.

Agora. Agora, Heather!

Eu me inclinei devagar. Ambos estavam olhando para os


caminhões, tentando descobrir quantos estavam chegando.
Mais de seus homens estavam se aproximando. Eles estavam
entre mim e quem quer que estivesse na vala. Eles ainda não tinham
notado eles. Eles estavam todos assistindo os caminhões.

Senti a arma sob o assento e senti a correia de velcro


segurando-a no lugar.

Channing, espero que você mantenha balas nesta arma.

—Qual é o plano? — um dos homens de Richter perguntou,


esperando em sua bicicleta.

Richter ainda estava olhando.

Eu tive que me mudar. Agora. Richter ia andar para frente ou....


Não.

Ele rosnou e alcançou a maçaneta da porta.

Eu peguei a arma. Minha mão subiu debaixo do assento quando


ele chegou para destrancar a porta.

Ele viu o que eu estava fazendo, e seus olhos se arregalaram. —


Santo merd...

Ele estava recuando enquanto eu levantava, e depois havia pop,


pop, pop em todos os lugares.

—Agh!— Glass explodiu, mas ao invés de Richter correr, ele


pulou para mim. Ele mergulhou direto pela janela, pegando meu
braço antes que eu tivesse a arma na cara dele. Eu não podia atirar
nele, mas um dos seus homens estava correndo de volta para sua
moto. Eu poderia atirar nele e eu fiz.
A janela da frente se quebrou. Algumas peças choveram no meu
rosto, e eu fechei meus olhos, mas eu os abri a tempo de ver o cara
cair.

Richter estava em cima de mim, escalando a arma. O volante o


bloqueou para que ele não conseguisse segurá-lo com firmeza.

—Não!— Eu gritei, tentando me afastar dele.

Eu tenho que segurar essa arma. Eu tenho que segurar essa


arma. Isso foi repetido na minha cabeça.

Richter era muito forte. Ele não tinha me dado um soco ainda,
mas eu estava esperando por isso. Eu não pude lutar com ele. Eu não
podia dominá-lo, mas eu poderia machucá-lo. Eu poderia me afastar
dele, e levantando minha perna enquanto ele ainda estava tentando
pisar na arma na minha mão, eu derrubei o meu pé o mais forte
possível em seu joelho.

—OOOOOOW!—

Ele bateu para trás, direto para a porta.

A porra da porta.

Merda. Eu estava presa com ele. Eu o queria fora de mim.

Tentei tirá-lo de cima de mim com os pés, mas senti a arma


escorregar da minha mão.

Eu tinha algum espaço. Essa roda o manteve logo acima de mim,


para que ele não pudesse me manter completamente paralisada
embaixo dele. Usando esse espaço, eu torci meu quadril, agarrei a
arma e a puxei para trás com as duas mãos.
—Droga!

Eu trouxe meu cotovelo de volta para o rosto dele e chicoteou-


o com pistola.

Então eu saí do lado do passageiro do caminhão.

—De jeito nenhum, sua puta! — Ele rosnou, agarrando meu


tornozelo para me puxar de volta. Um aperto no meu tornozelo, uma
só vez, e eu estava de volta onde eu comecei. Ele jogou meu corpo
como se eu fosse um saco de nada.

Seu rosto se contorceu em um grunhido e eu vi o punho se


formando.

O soco estava chegando. Eu joguei meus braços para bloquear


assim que ouvi: —Saia de cima dela!

E então ele se foi.

Tão facilmente quanto ele me puxou de volta no lugar, seu


corpo inteiro foi puxado do caminhão.

Channing bateu Richter no chão, e então ele estava socando ele.


Sangue pulverizado por toda parte, e meu estômago revirou.

A adrenalina zumbiu nos meus ouvidos. Mas debaixo da


violência, do sangue, do medo da minha vida, havia também uma
tristeza.

Sentei-me no caminhão de Channing, com a arma ainda na mão


e examinei tudo.
Alguns dos homens de Richter tinham ficado para lutar e outros
não, simplesmente desapareceram. Não foi apenas a gangue de
Channing que veio. Eu reconheci alguns dos adultos da gangue de
Ryerson. Eu vi dois membros da gangue de Bren e meu estômago
caiu.

Eles eram crianças. Jordan e Zellman. Eles não deveriam fazer


parte deste mundo, mesmo sabendo que eles faziam. Eles tinham
suas próprias lutas, mas isso era nosso. Minha luta. A luta de
Channing. Não é deles.

Eu queria chorar. Eu deveria ter chorado. Eu deveria estar com


medo, furiosa, o que fosse normal nessas situações. Talvez eu
devesse estar em choque, mas eu não estava.

Eu apenas fui.

Eu olhei de volta para a arma, mas não foi a arma que me


chamou a atenção. Era minha mão - não havia tremor nem pescada.
Eu estava firme. Na verdade, levantei a arma e estudei minha mão.

Eu era maldita rocha sólida.

E isso me assustou.

CHANNING

MOOSE me afastou de tentar tirar a cabeça de Richter de seu


corpo e, ao fazê-lo, vislumbrei Heather.
A visão me parou no meu caminho. Eu podia sentir o cheiro de
sangue e sujeira e suor no ar. Houve uma tempestade ao nosso
redor, mas no meio dela, ela ficou sentada imóvel.

Havia sangue em todo o corpo dela - no cabelo dela, no rosto.


Seus braços estavam sangrando. O sangue jorrou de um corte no
peito dela. Mas os olhos dela não eram selvagens, embora devessem
ter sido. Eles estavam calmos. Ela apertou minha arma em uma mão
e sua camisa na outra, e seus olhos - eu nunca tiraria essa imagem
da minha cabeça.

Eles estavam arregalados e sem piscar, mas se demitiram.

Tudo me deixou. A necessidade de machucar, defender,


proteger, mutilar - tudo isso se foi, e em vez disso, meu estômago
despencou aos meus pés.

Eu tremi, mas não estava frio. Foi um maldito dia empolado.


Sacudi Moose e fui até ela. Richter havia sido afastado e eu sabia que
seus homens - os que ainda podiam se mover - estavam levando os
feridos com eles para que eu pudesse sair pela porta aberta.

—Heather.— Minha voz falhou. Estava tremendo. Foda-se.


Minha mão também.

Eu formei um punho e depois alisei. Ainda estava tremendo.

Eu fiz isso com ela.

Não importa o que alguém dissesse - eu fiz isso com ela.

Eu a trouxe essa violência e escuridão. Eu tinha colocado dentro


dela, e não consegui pegar de volta. O dano foi feito.
Eu a danifiquei.

—Heather — eu sussurrei e estendi minha mão.

Alcançar ela parecia significar algo mais. Perdão? Não, não isso.
Eu não merecia isso, então talvez algo mais. Aceitação? Porra. Eu até
queria isso?

Você pode ir embora. Há tempo. Você ainda pode salvá-la.

Merda. Eu quase tirei minha mão.

Isso é o que eu fiz tantas vezes. É por isso que continuei indo
embora. Foi para salvá-la de mim mesmo.

Nós vencemos esta rodada da guerra, mas haveria outra. Eu


estava esperando por Richter para ganhar uma batalha, e quando
ele fizesse, quem sabia o quão catastrófico seria. Não importa o que,
a guerra continuaria, e Heather estava no meio - literalmente, neste
momento.

Eu não podia me afastar dela, ainda não.

Você irá.

Sim. Quem quer que essa voz estivesse em minha cabeça -


minha consciência? - Eu sabia que ela estava certa. Heather
continuou pensando que era sua escolha aceitar-me e estar comigo
ou não. Mas não foi tão simples assim. Nós estávamos entrelaçados.
Não havia eu sem ela. Não existia ela sem mim, então para fazer o
que eu precisava fazer, eu iria separar os dois.

Então me ajude.
—Heather. — Eu desdobrei a palma da minha mão, estendendo
minha mão para ela, e sem um segundo de hesitação, ela agarrou-a.
Foi uma forte influência. Resistente. Ele me rasgou no meio, mas eu
puxei, levantando-a para fora do caminhão.

Suas pernas vieram ao meu redor. Meus braços a envolveram


e, quando ela se aninhou no meu peito, eu a carreguei.

Eu teria levado ela pelo resto da minha vida.


HEATHER

ANO DE CALOURO

Channing estava sentado no topo da minha caminhonete


quando saí da escola, com os pés balançando na frente. Ele poderia
estar descansando lá, parecendo todo legal e merda, mas eu ainda
estava chateada. Eu não podia negar o quão bom ele parecia, então
eu me instruí. Eu não podia deixar ele sair com a porcaria que ele
puxou. De jeito nenhum. Ou o jeito que ele falou comigo.

Eu já tinha uma palestra preparada na minha cabeça. Eu tive o


resto da detenção para aperfeiçoá-la, mas quando cheguei a ele, ele
caiu de pé.

—Sinto muito — anunciou ele.

A sério. Essas duas palavras.

Eu estava com a mão levantada, meu dedo indicador pronto


para ir, mas o pedido de desculpas frustrou meus planos. Eu
balancei o punho para ele em vez disso. —Não é legal, Chan. Não é
nada legal.

Ele suspirou, abaixando a cabeça. —Eu sei. Eu sei. — Ele


deslizou as mãos pelo cabelo, fazendo as pontas se sobressaírem, e
mesmo isso pareceu bom para ele. Ele tinha mudado da camiseta
que ele usava antes para uma camisa com as mangas arrancadas. Os
fisiculturistas às vezes os usavam na academia, mas no corpo magro
de Channing, mostrava mais de suas tatuagens recentes.

Eu vi garras envolvendo seu torso, desaparecendo sob sua


camisa. —Quando você conseguiu isso?

—Hã?

—Essa. — Eu os toquei, movendo a camisa para mostrar o


resto. Metade das marcas de garras estavam no peito dele.

—Oh— Ele se mexeu sob o meu toque - gentilmente, mas ainda


movendo minha mão para longe dele. —Apenas um tempo atrás,
com Moose.

Tentei não me sentir golpeada por esse movimento, mas falhei.


Isso dói.

Channing não falou sobre como sua mãe morreu. Ele ficou
quieto pelos poucos meses que sabiam de antemão, e ficou quieto
por seis meses depois. Ele rastejava no meu quarto à noite e apenas
deitava comigo, segurando minha mão. Mas não falando.

Eu nunca tinha certeza do que dizer, se deveria pressioná-lo ou


não. Eu estava começando a pensar que talvez eu deveria ter.

Todos os combates ultimamente estavam conectados.

—Como Bren está?

Ele nunca falou sobre sua irmã também.

Ele deu de ombros, um olhar severo em seus olhos. —Ela é


pequena. Ela vai se recuperar.
Eu lutei contra revirar os olhos. Casais deveriam falar, certo?
Bem, nós estávamos falhando nisso.

—E seu pai? Ele ainda está sendo um idiota?

Um sorriso puxou sua boca e ele bufou. —Talvez seja onde eu


entendi, certo?

—Então ele é? Ainda sendo um idiota?

—O filho da puta poderia morrer por tudo que eu me importo.

Eu não ia nem perguntar sobre seu meio-irmão. Eu sabia que a


mãe do cara odiava tudo Monroe.

—Channing — eu suspirei, mas um caminhão entrou atrás de


nós. Dois veteranos acenaram, gritando: —Monroe! Estamos
prestes a ir foder em Fallen Crest. Você quer vir?

—Claro que sim.

Eu tentei não ver o quanto ele parecia aliviado quando ele


caminhou para o caminhão.

Pegando meu olho, ele parou e beijou meu pescoço


rapidamente, sussurrando: —Eu te amo. Eu sinto muito.

Então ele se foi, pulando na traseira do caminhão.

Os dois rapazes sorriram para mim, um me dando um sinal de


paz antes de irem embora.

Eu fiquei na trilha de escape atrás deles e balancei a cabeça. Foi


então que percebi o quanto eu amava Channing Monroe, porque
enquanto ele estava sendo torturado e torcido, e se transformando
em um idiota, eu ainda achava que ele era a coisa mais gostosa de
andar nesta Terra.

Eu estava confusa.
HEATHER

DIAS DE HOJE

Eu sentei-me na varanda, uma garrafa de bourbon ao meu lado


e um maço de cigarros na minha mão.

Eu não os abri ainda, mas eu queria. Puta merda, eu queria. Na


minha frente, a parte de trás do Manny's estava cheia, mas não com
as gangues do ensino médio. Houve uma reunião de 10 anos da
Fallen Crest Academy na cidade, e a pós-festa deles mudou-se para
a de Manny’s.

Na maioria das vezes, não me importava se os ricos e os que


moravam na cidade estivessem aqui. Eu nunca os preferi aos
clientes de Roussou, mas agora, eu estava muito grata por eles terem
enchido a noite no Manny’s. As chances eram boas, nenhuma briga
em massa iria acontecer e Suki estava no céu. Alguns vieram
especialmente para pedir sua farinha de peixe, então ela pediu a
Katrina para assumir o controle dela, e ela estava fazendo um show.

Ela tinha uma mesa de preparação e toalhas de mesa brancas


sobre todas as mesas de piquenique. Havia flores, velas, potes de
pedreiro - os nove metros inteiros. Ela pediu a Cruz que ligasse a
grelha antes que ele saísse do turno. Ele ainda estava lá, mas apenas
como um cliente de bebidas. Foi a reunião da escola dele.
—Eu não sabia que Cruz foi para a FCA.

Eu ouvi os passos vindo de dentro, mas não olhei para trás. A


porta principal estava escancarada com a porta de tela no lugar,
impedindo que os insetos entrassem. Channing me deixou mais
cedo, depois saiu para verificar todos os outros. Ele queria me levar
de volta para o armazém, mas considerando o meu não-dando-a-
merda, eu tinha optado pelo meu lugar.

—Eu também não. Ele deve ter sido dois anos mais velho que
Sam.— Eu não perguntei como Channing entrou, porque ele não
tinha passado por mim. Ele deve ter estacionado nos fundos e
subido pela janela do meu quarto.

Eu podia sentir seu olhar. Ele não abriu a porta da tela, contente
de falar comigo por dentro. Uma parte de mim se perguntou se ele
não queria ser visto, se ainda havia sangue em cima dele, mas eu
sabia que não era provável. Quem sabia, no entanto. Seria como se
Channing quisesse esperar e tomar banho comigo, mas eu não tinha
esperado. Assim que ele me deixou, peguei o bourbon a caminho do
chuveiro e comecei a beber antes que a água esquentasse. Desde
então, eu apenas me vesti e fiz o meu caminho até aqui. A garrafa
não tinha saído do meu lado e eu peguei um cobertor fino para o
meu colo, apesar do calor sufocante do lado de fora. Eu não usava
sutiã e sabia que havia uma chance definitiva de cem por cento de
que meus seios estivessem se esvaindo.

Foi irônico. Eu não me importava se os ricos pudessem ver


meus seios, mas eu ainda segurava aquele cobertor sobre mim como
se eu precisasse me cobrir, como se o tiroteio tivesse exposto algo
escuro e sujo por dentro, e eu não me encaixasse a multidão a alguns
metros de distância.
O lado rebelde de mim misturou-se com o lado meio
vergonhoso.

E pensando nisso, eu tirei o cobertor. Eles que se fodam. Este


era o meu lugar. Eles estavam no meu território, não o contrário.

—Você precisa de alguma coisa antes de eu sair? — Channing


chamou.

Eu balancei a cabeça antes de ele ir para a geladeira e abri-la.


Ele saiu, uma cerveja na mão, e passou por cima das minhas pernas
desde que eu estiquei meus pés na grade da varanda. Pegando o
maço de cigarros da minha mão, ele os jogou no beco à nossa frente.
Eles pousaram no cascalho.

—Ei! — Eu olhei para ele.

Ele encolheu os ombros, sentando-se ao meu lado e apoiando


as pernas no parapeito da varanda também.

Um grupo de três rapazes andou da área de piquenique de volta


para Manny's através da porta lateral. Todos os três estavam
segurando bebidas e vestindo camisas polo com bonés de beisebol
voltados para trás em suas cabeças e sandálias da moda sob jeans.
Eles pararam, viram os cigarros e olharam para nós.

—São seus?

Eu nem tentei. Eu sabia o que Channing diria.

—Tome-os. Fume eles —ele falou.

Eles riram.
Um disse: —Realmente?

—Sim. Tome-os.

—Tudo certo. — Ele deu de ombros e desceu. Ele pegou um


cigarro e entregou o pacote para os outros. Alguém produziu um
isqueiro.

Eu gemi. Eu ia ter que cheirar meus próprios cigarros. Dando a


Channing outro olhar mortal, eu disse para os caras: —Fumar é do
outro lado do prédio.

—Oh sim. — O primeiro cara acenou com o cigarro para nós. —


Desculpa.

Eles deram a volta pela frente e desapareceram.

—Você é um idiota.

Channing riu. —Um idiota que te ama. — Ele baixou a voz. —


Você parou por ela e não voltou por ela. Eu não quero ser a razão
pela qual você começa a fumar novamente. Você sabe que estou
certo.

Sim. Sim. Não me ajudou, no entanto.

—Tanto faz— eu resmunguei, deslizando mais para baixo na


minha cadeira. Eu olhei para o Bourbon. Se eu não pudesse fumar....
Eu peguei e tomei um longo gole. Não havia queimadura, o que não
era um bom sinal.

Eu estava além de me importar com isso.

Ele trouxe Naly para cima.


Ela não estava em minha mente, não por alguns dias.

Agora a queima estava começando, só não da bebida.

—Você quer falar? — Ele perguntou.

Eu movi minha cabeça de um lado para o outro.

Channing tinha me preenchido mais cedo. Stalker e Congo


estavam me seguindo. Traverse finalmente ligou para Channing e
avisou-o do que Richter estava planejando. Stalker chamou minutos
depois de Traverse. E mais uma coisa.

Eu tinha atirado em um cara, mas ele não estava morto.

Eu não tinha matado alguém.

Esse foi o verdadeiro detalhe de todo o dia de merda.

Graças a Deus não sou uma assassina.

Havia toda uma série de outras coisas que eu também sabia. Um


monte de caras foram baleados, mas apenas um cara foi morto. Eu
não perguntei quem era ou quem atirou nele, e Channing não me
contou. Houve uma troca tensa, mas Channing havia permitido que
o segundo em comando de Richter mandasse seus homens ilesos de
volta para pegar seus feridos.

Quando eles saíram, Traverse tinha sido seu líder. De alguma


forma, nos bastidores, um outro motim ocorreu.

Richter estava completamente fora de serviço.

Eu também sabia que não queria que me dissessem o que isso


significava quando Channing transmitia a informação. Eu não queria
saber se isso significava que Richter iria morrer, ou se eu o veria
andando de volta para o de Manny’s. A única coisa que eu queria
saber é o que Channing me disse: a guerra estava terminada.

Eu não queria conhecer a política, ou como, sob o acordo com


Channing, os Demônios Vermelhos só podiam beber no bar de
Channing em Roussou - era isso. Eles nem sequer foram autorizados
a parar no posto de gasolina de Roussou. Se ficassem sem gasolina,
eles deveriam ligar para uma das gangues, que pegariam a gasolina
e o levariam até eles.

Tenho certeza de que eles tinham outros bares para frequentar


em Frisco, mas eles continuariam a vir para Tuesday Tits para
mostrar boa fé no relacionamento renovado também.

Channing ofereceu isso para o Scratch, ele disse. Seu primo


sempre dizia que quando os Demônios Vermelhos bebiam, bebiam
muito.

—Você realmente acha que eles vão continuar a beber em sua


casa? — Olhei para Channing, que estava olhando para sua cerveja,
as sobrancelhas franzidas juntas.

Ele olhou para cima. —Eu não sei. Eles são banidos de Fallen
Crest, e o único lugar onde eles podem ir em Roussou é meu bar,
então quem sabe. Eles são o problema de Frisco agora. — Ele deu de
ombros, tomando um gole de sua cerveja. —Eles estão bebendo lá
desde que meu pai cuidou disso. Há um sentimento ligado ao lugar,
mas nós temos recebido muitos estudantes universitários
ultimamente, então eles podem parar. Eles não se importam com os
estranhos. Acho que estamos recebendo seus clientes antigos. — Ele
acenou para o pessoal da reunião do Fallen Crest Academy. —Sua
base está se tornando mais sofisticada.

—Aqueles não são normais.

—Sim, eles são. — Ele encontrou meu olhar. —Você renovou a


parte de trás do Manny's, depois acrescentou na varanda da frente
e fez toda aquela outra seção só para fumantes. — Ele gesticulou
para a área da mesa de piquenique. —Além disso, você tem luzes em
todas as árvores agora. Suki voltou para lá. Ela não vai voltar para
frente. — Ele deu um tapinha na minha perna com a mão livre. —O
único lugar que não parece um pub cinco estrelas é a sua casa.

Droga. Ele estava certo.

Eu odiava admitir isso, mas eu comecei a ficar um pouco


autoconsciente do meu próprio caminhão no estacionamento. Não
estava se misturando com os BMWs, Mercedes-Benz ou mesmo os
Jettas. Havia um monte de veículos muito mais brilhantes e mais
caros também.

—As gangues entram — eu respondi.

—Não por muito tempo. Os amigos de Bren perguntaram se eu


poderia comprar o lugar ao lado do bar e transformá-lo em um lugar
onde pudessem ficar, como seu quarto dos fundos.

—Eles podem estar aqui porque Manny’s ainda é uma


lanchonete. Você não tem isso.

—Eu sei. É por isso que eu disse não, mas eles estão
procurando. É isso que eu estou dizendo. Eles estão procurando por
um novo local.
Bem, raios. Eu não tinha certeza se isso era bom ou ruim. Senti
um peso na nuvem, então tomei outro gole do Bourbon. Algumas
daquelas pessoas ricas estavam olhando para nós, mas eu estava
muito além de dar uma merda.

Eu não me importava que tivesse atirado em alguém.

Eu não me importava que estivesse no meio de um tiroteio.

Eu não me importava que estivesse perdendo minha antiga


clientela.

Eu não me importava que tivesse parado de fumar.

Eu não me importei... Havia muitas coisas que eu ficava


tentando negar que eu me importava, porque se eu não o fizesse, eu
não sabia o que faria. Até conseguir encarar a lista de problemas da
minha vida, recorri ao meu jeito de estacionar trailers de lixo
branco.

Algumas dessas mulheres de donas de casa reais viraram o


nariz para mim e eu fiquei realmente tentada a coçar o nariz.Com
meu dedo do meio.

—Eles estão olhando para mim, Heather.

Eu jurei sob a minha respiração. —Elas não estão, e você sabe


disso.

—Não elas estão. — Ele se inclinou para frente, terminando sua


cerveja e colocando a garrafa vazia no corrimão. Ele olhou de volta
para mim, e foi quando eu vi que ele ainda tinha sangue em cima
dele. —Eu não limpei ainda.
Ele havia esperado por mim para tomar banho.

Eu derreti por dentro, apesar de toda uma camada de


sentimentos putos que eu sabia que eram para ele.

—Eu sinto que estou presa entre dois mundos—, eu admiti, o


bourbon afrouxando minha língua.

Isso também queimava. Eu não admitia coisas. Eu não


compartilhava coisas. E se eu fizesse isso, seria um grande negócio.

Ele estendeu a mão e pegou minha mão, entrelaçando nossos


dedos no meu colo. —Eu sei.

Exceto para Channing. Ele foi o único que eu deixei entrar.

—Porque você está — acrescentou. Sua mão apertou,


momentaneamente, e ele se inclinou para descansar os cotovelos
nos joelhos. Ele trouxe minha mão com a dele, e eu tive que sentar
enquanto ele pressionava um beijo na minha articulação. —Talvez
você não devesse ter que estar.

—O que?

Mas ele não respondeu.

Sem olhar para mim, ele chegou de volta, me pegou e me puxou


para o seu colo. Recostando-se, ele me embalou em seus braços,
enterrando a cabeça no meu cabelo. —Deus, eu te amo. — Saiu em
um sussurro, e eu fechei meus olhos, dobrando minha outra mão
sobre a dele no meu colo agora.

Eu poderia ter ficado lá para sempre.


Um punhado de risadas me tirou do meu breve devaneio. As
mesmas senhoras estavam sussurrando juntas. Eles estavam
segurando as mãos para cobrir suas bocas, mesmo.

Foda-se elas.

Fiquei de pé com o bourbon na mão e caminhei.

Eu não pisei. Eu não ataquei. Eu nem sequer andei. Eu passeei -


lenta, sensual, e eu sabia muito bem que meus seios estavam em
exibição. Aquelas mulheres tinham seus maridos em outra mesa, e
assim que eu comecei a seguir, um silêncio caiu sobre o grupo delas.

Este não era o Business 101, mas era a Humanidade 101.

Com a cabeça erguida, parei bem em frente à mesa delas. Meu


short jeans caiu em meus quadris. Havia uma boa quantidade de
carne tonificada aparecendo. Eu sabia porque sentia a brisa. Talvez
o bourbon não tivesse me tomado completamente, mas levando a
garrafa aos meus lábios, sorri para elas.

A turma delas era dois anos mais velha que eu.

Suas contas bancárias provavelmente superaram as minhas,


mas de modo algum eram mais classificadas.

—Olá senhoras .— Tomei um longo gole, despejando a garrafa


e deixando minha garganta se esticar. Enxugando minha boca com
as costas da minha mão, eu mantive aquele sorriso frio no meu rosto
enquanto me inclinei para frente. Eu coloquei a garrafa na mesa
delas, descansando minhas mãos para que elas pudessem ver a
minha camisa - o suficiente para deixá-las desconfortáveis, deixar
seus maridos excitados. Quando seus olhares foram para lá, elas se
endireitaram e suas bocas se apertaram.

—Como vai à noite para vocês? — Eu falei demoradamente. —


Se divertindo? Tendo algumas bebidas? — Eu balancei a cabeça para
suas taças de vinho. —Apreciando o show gourmet de Suki?

O cascalho rangia atrás de mim, mas eu não olhei para ver quem
era. Eu já sabia que Channing estava lá. Seus olhos passaram por
mim e não conseguiram esconder o desejo que provocou. Uma
tossiu, olhou para o marido e olhou para o colo. Ooh, olha ela
precisava reajustar o guardanapo. Não estava no lugar certo. As
bochechas em um segundo ficaram vermelhas. Ela ficou olhando um
segundo a mais, depois fez o mesmo, olhando para o marido. Mas as
outras duas não conseguiam desviar os olhares dela.

Eu sabia como elas se sentiam.

Sentindo minha própria luxúria acesa, eu dei às mulheres um


olhar conhecedor. —Eu aposto entre as varas em suas bundas e as
longas horas que seus homens mantêm com seus empregos ou
amantes, vocês estão realmente me invejando agora. — Eu me
endireitei, ignorando os suspiros de duas delas, e as mandíbulas
cerradas dos outros dois. —Eu posso ver isso muito bem.

—Heather — Channing murmurou atrás de mim. Ele se


aproximou e senti sua mão no meu quadril.

Eu também o ignorei. Meu olhar permaneceu na última dama, a


que parecia perpetuamente chateada comigo. —Não sou eu que
você está realmente com raiva. Você está com raiva de si mesma.
Você odeia a sua vida, e me vendo, querendo o que eu tenho, você
não pode continuar mentindo para si mesma. A verdade está
borbulhando por dentro, assim como a minha está agora. Sim, eu
estou vindo como uma cadela, mas você é a única olhando para baixo
em seus narizes. Você nem me conhece. — Minha mão se flexionou
na mesa. —Você não sabe o que eu fiz hoje. Você não sabe de onde
eu vim, para onde estou indo. Você não sabe nada sobre mim, mas
acha que sabe. — Meus olhos se estreitaram. —Você acha que está
tão alta que não posso te derrubar. Você está completamente errada.
Eu posso.

—Ok. — O braço de Channing veio em volta da minha cintura.

—Tire ela daqui. — A voz de Brandon falou atrás de nós.

—Já sobre isso — Channing grunhiu, levando-me de volta para


minha casa.

Meu monólogo de desmontagem foi feito, mas eu estava


envolvida em abraçar minhas raízes.

Quando Channing me levou pela minha casa até a caminhonete,


tive a última risada.

Eu levantei minhas mãos, ambos os dedos do meio estendidos,


e minha última visão foi meu irmão, sua mão esfregando sua testa.

Eu não me importei.

Esse foi o tema do dia.

Quando Channing me colocou em seu caminhão e se aproximou


do banco do motorista, desabei. —Onde está meu bourbon?
—Espero que saia de você em poucos minutos. — Ele puxou a
marcha e recuou.

Sim. Talvez. Meu estômago começou a rolar ao redor,


misturando-se ao ritmo da caminhonete quando saímos para a
estrada principal que ia para Roussou. Eu apertei a mão lá e franzi a
testa.

Não. Eu não ia ficar doente, porque não era assim que um Jax
ficava. Nós tínhamos estômagos de aço, e nos levantávamos por nós
mesmos, quer prejudicasse a conta bancária ou não.

—Se você está preocupada com o que acabou de fazer, não


fique.

—Eu sei. — Eu tinha amigos em lugares altos. Eu recuperaria,


qualquer que fosse o dano. Uma socialite tensa era a menor das
minhas preocupações.

Eu rolei minha cabeça e o observei, apreciando como o vento


chicoteava através de seu cabelo. E porque eu não estava totalmente
no controle de mim mesma, eu disse: —Nunca me deixe. Prometa.

Ele estendeu a mão e pegou a minha, acariciando minha perna.

Mas ele não prometeu.


CHANNING

Era três da manhã quando saí da cama.

Eu não tinha dormido nada e finalmente admiti a derrota.

Heather estava enrolada em uma bola, dormindo com o lençol


puxado sobre sua perna. Passei a mão pelas costas e pelo lado dela
e puxei-a para cima. Ela estava nua, do jeito que normalmente
dormia.

Quando fechei a porta atrás de mim, ela não se moveu um


centímetro.

Fiz uma rápida parada no banheiro, onde evitei o espelho.

Eu não queria ver o que olharia para trás. Heather e eu


tomamos banho, então eu estava limpo, mas sabia que havia
arranhões e hematomas em cima de mim. Eu tive alguns cortes.
Havia uma queimadura de onde uma bala havia me atingido, e essa
merda não deveria ter sido normal. Mas era. E é isso que eu não
queria ver.

Eu estava pegando uma cerveja na geladeira da cozinha quando


ouvi um passo atrás de mim.

—Tudo é feito na frente Richter?


Parte da minha tensão diminuiu quando me virei para ver
minha irmã encostada na porta da cozinha, os braços cruzados
sobre o peito. Eu balancei a cabeça, olhando para ela. —Você acabou
de entrar? — Ela usava jeans normais, mas usava uma camisa preta.

Porra, ela parecia durona.

Foi desta vida? Bren cresceu no sistema de gang. Teria essa vida
dado a ela essa dureza ou outras circunstâncias? Eu? Estar em
Roussou?

—Se nos mudássemos, você iria com a gente? — Minha


pergunta saiu apressada, mas droga, eu estava sentindo um
desespero que normalmente não sentia.

Seus olhos se arregalaram uma fração, mas sua resposta foi


imediata. —Não. — Ela levantou a cabeça, levantando o queixo. —
Minha gangue está aqui. O Cruz está aqui.

Sim. Heather diria algo parecido.

Eu não respondi, mas Bren fez, lendo minha mente. —Você não
pode tirá-la da sua vida, se é isso que você está pensando. Vocês dois
estão entrelaçados. Você tenta empurrá-la para longe, você vai
destruir vocês dois.

—O que você quer dizer?

Ela bufou, indo para a geladeira. —Você sabe o que eu quero


dizer.

Agarrando uma água, ela foi para a porta do pátio. —Quer ir lá


fora?
Eu olhei para a água dela. —Obrigado por pegar isso. — Ela
estava pegando a cerveja, mas mudou de ideia no último segundo.

Ela sorriu, abrindo a porta. —Eu sei que não somos o irmão e a
irmã convencionais, mas posso mostrar respeito de vez em quando.

Eu soltei uma risada, pegando duas cervejas e seguindo ela.


Entregando um para ela, sentei-me ao lado dela.

Ela fez uma pausa, então dei de ombros. —Pegue. Dois de seus
tripulantes nos ajudaram hoje. Uma cerveja não vai inclinar a
balança de eu ser um guardião de baixa qualidade de um jeito ou de
outro.

Ela riu, abrindo a cerveja. —Dê um tempo a si mesmo. Somos


melhores do que éramos antes. É tudo o que podemos fazer agora.

Foda-se. —Quando você ficou tão sábia?

Ela sorriu ao redor da cerveja. —Eu sempre fui. Você


simplesmente não sabia.

Ela estava certa.

—Sinto muito, Bren. — Minha garganta parecia grossa, muito


grossa.

Eu senti sua surpresa quando ela olhou para mim. Ela se


recuperou com a mesma rapidez, voltando-se e tomando um gole de
cerveja.

—Eu não estava pensando em você, ou como minha irmãzinha


pode precisar de mim — eu disse a ela. —Eu estava apenas - porra,
eu era egoísta.
—Você estava perdendo sua mãe também.

Sua voz era suave e estudei seu perfil. Ela não estava olhando
para mim, mas eu sabia que provavelmente a queimou para dizer
isso.

—Não importa. — Minha voz estava um pouco áspera, rouca.

Ela olhou, encontrando meu olhar.

Eu não me virei e desviei o olhar, querendo que ela visse o que


eu disse. —Eu não estava lá para você até que ele foi embora. Eu
sinto muito.

Ela olhou para frente novamente, segurando a cerveja como um


bote salva-vidas, e ela empurrou um ombro para trás. —Quero
dizer, o que quer que, Channing. — Sua voz era tensa e rouca. —Você
não estava lá. Eu lidei com isso. Tanto faz.

Sim. Ela já disse isso.

—Ainda.

Ela balançou a cabeça, suspirando. —Além disso, papai não era


tão ruim assim, não no final.

Eu quase rosnei. —Não importava. — Eu não sabia com quem


eu estava mais bravo: ele ou eu mesmo. Ele era um idiota abusivo,
mas ele não tinha sido para ela. Eu sabia muito disso. Enquanto ele
gritou, jogou coisas, bateu, empurrou, provocou e me ridicularizou,
ele a deixou sozinha.
Ele deixou a nossa mãe sozinha, e ele deixou Bren sozinha.
Daquele modo muito pequeno, eu estava agradecido, mas apenas
por isso.

—Veja. — Ela expulsou essa palavra em um súbito assobio de


respiração. —Ele não era perfeito. Você não era perfeito. Eu não sou
perfeita. Pelo menos estamos juntos.

Eu não conseguia me mexer nem por um segundo.

Bren disse que estávamos juntos. Eu nunca pensei...

Se tivesse sido em um contexto diferente, eu teria brincado com


ela sobre estar doente e sentir sua testa. Em vez disso, senti um soco
no estômago e tão humilde para tê-la como minha irmã.

—Eu te amo.

Ela olhou para mim, hesitante, me estudando como se eu fosse


um animal feroz pedindo um abraço. Então ela relaxou. Eu a vi
engolir antes de ela abaixar a cabeça em um aceno de cabeça.

—Eu também te amo.

Então nos sentamos lá. Nós não nos abraçamos. Nós não
entramos em detalhes. Nós nem sequer pronunciamos outra
palavra por mais cinco minutos, mas eu nunca me senti tão perto da
minha irmã.

Eu olhei para o nosso quintal e as estrelas acima, e eu escovei


uma mão no canto do meu olho.

Não.
Eu não estava chorando.

Nem um pouco.
HEATHER

Channing ia me deixar.

Eu poderia dizer.

Nós estivemos aqui antes. Ele não estava encontrando meu


olhar o tempo todo. Ele estava sendo super legal, como se ele já
estivesse tentando dizer que sentia muito. Ele estava me tratando
como se eu fosse a criatura mais frágil de sua vida.

Como eu disse, nós já estivemos aqui antes e ele que se lixe.

Honestamente.

Porra. Ele.

Fazia três dias desde o ataque. Todos tinham voltado às suas


vidas como se nada tivesse acontecido. A única coisa que mudou foi
que Richter não dirigia mais através de Fallen Crest ou Roussou. De
fato, Richter não dirigia mais. Eu não tinha visto nenhum dos
motoqueiros. Eu sabia que eles estavam por perto - eu tinha ouvido
alguém falar com Brandon sobre Traverse, então o MC estava por
perto. Apenas não o velho líder.

Então, novamente, eu deveria ter ficado chocada com isso?

—Ei, chefe—. Cruz levantou a cabeça em um aceno de cabeça,


indo em minha direção, onde eu me sentei em uma mesa de
piquenique na parte de trás de Manny’s.
Lembrando-me da reunião do colegial, percebi que havia muita
coisa que eu não sabia sobre Cruz. Ele era um amante muito latino -
suas palavras, não minhas - e ele trabalhava para nós há dois anos.
Eu sabia que ele havia se mudado para Fallen Crest quando ele era
pequeno, originalmente de Tijuana, e ele tinha cabelos negros e
olhos escuros. Ele era bonito o suficiente para conseguir que alguns
de seus groupies viessem ao Manny's. Mas eu não sabia de mais
nada.

Não, isso não era verdade.

Eu sabia que ele era quieto, trabalhador, magro, inteligente e


nunca estava em problema. Ele apareceu para o seu trabalho, e nos
dias em que ele não precisava estar aqui como empregado, ele veio
como um cliente. Ele gostava de Brandon. Aqueles dois conversaram
e riram muito juntos no bar. Cruz veio para estar lá nas noites em
que Brandon fechou, e ele estava lá na maioria das noites —não tão
ocupadas—. Agora percebi que tudo tinha sido proposital.

Ele fez uma pausa, sentando na minha frente e franziu a testa.


—Estou fedendo ou algo assim? — Ele cheirou suas axilas.

—O que?

Ele gesticulou para o meu rosto. —Você parece com dor. Eu sei
que não é meu lado de fora - eu sou muito além da medida lá - então
eu pensei que deveria estar fedendo. — Ele cheirou sua camisa. Seu
sorriso virou astuto. —Eu não. Sinto cheiro de lilases frescos, e sei
disso porque Ava acabou de receber um buquê inteiro deles. — Ele
fez uma pausa. —De Roy.

—Roy? Uber, motorista, Roy?


Ele assentiu, descansando os cotovelos na mesa e ficando mais
confortável. —Aparentemente, ele pediu a ela para dançar, e ela está
rindo e corando agora.

Eu ri baixinho. —Fantástico. Bom para ela. Ele também.

Ele assentiu novamente. —Mmm-hmmm, e isso me leva a por


que eu estou aqui fora.

Aqui estava. Eu me preparei.

—Eu gostaria de me tornar seu principal empresário, e gostaria


de contratar Katrina para ser a minha gerente, junto com um dos
meus primos. Ele é um bom trabalhador. Muita experiência. Ele não
mora longe. Ele já está muito aqui.

Eu sabia quem ele estava se referindo. Foi o cara que ele veio
com muitas dessas noites quando eles fecharam com Brandon.

Eu já sabia que ia fazer isso, mas eu ainda gemi, esfregando


minhas têmporas. —Você está me dando dor de cabeça. Você sabe
disso, certo?

—Eu sei.

Havia uma pessoa que ainda não tínhamos mencionado, uma


pessoa que seria diretamente afetada por isso.

Ele se inclinou para frente, o sorriso descontraído indo embora.


—Ela não quer ser gerente. Você sabe. Eu sei isso. Ela sabe disso. Ela
diz o contrário, mas eu já estou fazendo o trabalho dela por ela.
Inferno, você está fazendo o trabalho dela e você é a chefe. Você
deveria nos contratar, não preencher para nós. Não está certo e é
hora de fazer a mudança.
Ele estava certo, e por que eu senti que isso poderia ser uma
metáfora para outras partes da minha vida também?

—Certo. — Eu disse isso, porque era assim que eu estava me


sentindo. Como um pedaço de merda chata e idiota. Eu deixaria as
coisas com Suki durarem mais do que deveria. Ela estava se
destacando nos jantares gourmet particulares, mas ela voltou a não
ser nem metade gerente.

Não era para ser.

Suspirei. —Sim. Ok.

—Sim? — Ele endireitou-se, as sobrancelhas subindo. Esse


sorriso começou a se espalhar novamente. —Em tudo? Meu primo
também? Eu tenho seu currículo comigo, mas ele...

Eu acenei para ele. Eu confiei em Cruz. Confiei em Brandon e


ele gostou do primo de Cruz. —Não. É bom. Diga a ele que venha no
próximo fim de semana para preencher a papelada, e podemos
descobrir o cronograma de orientação. Katrina está bem com isso
também?

Sua cabeça subiu e desceu, seus olhos dançando. —Aí sim. Foi
ideia dela, disse que estava cansada de receber ordens de Suki. É a
chamada certa. Está na hora, chefe.

Do jeito que ele estava falando, eu sabia que ele esperava que
eu deixasse Suki ir. Ele tinha outra coisa vindo.

Quando ele começou a se levantar e sair, eu observei: —Eu não


vou demiti-la, Cruz.

Ele se virou para mim. Seus olhos ficaram grandes. —O que?


Eu entendi o medo dele. Suki era ... Bem, Suki era maluca, mas
Suki era da família. Uma vez que você entrou, eu não deixei você ir.

—Ela não vai ser uma gerente, mas ela vai estar por perto.

—Oh meu Deus. — Ele caiu de volta ao banco e pegou a cabeça


entre as mãos. —Oh meu Deus. Você não tem ideia. Ela é um
pesadelo para trabalhar.

Eu sabia. Eu realmente sabia, mas ela era uma vantagem. Eu


apontei para trás dele. —Entre. Mande Suki embora, e você pode
ligar para Katrina, avise as boas notícias.

—Ah não. — Ele se levantou, mas não foi rápido. Ele continuava
balançando a cabeça, e eu ouvi essa frase repetindo várias vezes até
que ele virou a esquina do prédio.

Eu não queria fazer isso. Eu sabia como seria o resto do dia.

Suki sairia. Eu iria demiti-la como gerente. Ela ficaria chateada,


sairia toda bêbada e começaria a expressar como Suki iria causar
sua ira e danação neste lugar. Eu a interrompia, dizia a ela que
queria que ela ficasse como a chef gourmet, fazendo seus shows com
mais frequência, e ela ficaria feliz - ou eu esperava que sim - mas isso
não importava. Ela aceitaria a mudança de emprego e faria isso sem
uma atitude porque eu não estava de bom humor.

Todo esse dia se tornou sobre cuidar da merda que eu estava


deixando ir.

Uma vez que nós terminamos e Suki voltou para dentro, o


resmungo normal de seu sistema porque ela não tinha certeza se ela
deveria estar feliz em ser rebaixada, até mesmo para o trabalho que
ela realmente queria, ela teria um pequeno salto extra para o seu
passo.

E ela fez.

Então Ava veio para fora. Ela estava sorrindo e corando, e ela
jorrou sobre as flores. Ela estava além de excitada.

Eu sorri. Eu a parabenizei. Eu expressei quão feliz eu estava, e


então eu a provoquei.

Eu fui através dos movimentos, mas por dentro eu sabia que


depois de tudo isso, havia outra parte da minha vida que eu
precisava lidar também.

Uma vez que Ava entrou, aquele mesmo salto extra em seu
passo que Suki tinha, eu sabia que a próxima pessoa ao redor
daquele canto seria meu irmão.

Ele apareceu, rindo para si mesmo e balançando a cabeça. —


Você teve um dia agitado.

Eu grunhi quando ele caiu no assento que Cruz tinha


desocupado, então Suki, então Ava.

—É hilário por dentro. Cruz está radiante, mas ele está


desconfiado de Suki. Suki está feliz, mas agindo como se ela
estivesse com raiva, então parece que ela está fingindo. Katrina
entrou e está tomando uma bebida com Chester, o cara que você
acabou de contratar como gerente.

Chester? Esse era o nome dele?


Brandon girou a cabeça e massageou o pescoço, —E Ava está
agindo como uma colegial tonta, o que está irritando Suki. Ela está
tão feliz com a sua própria coisa que ela quer derrubar Ava, mas ela
não está, porque é tudo confuso pra caralho com ela.

Confundindo ela? Bem-vindo ao clube.

Eu gemi. —Minha dor de cabeça está piorando. Acho que não


quero saber o que o Roy está fazendo.

—Roy decolou. Ele empurrou os lilases nas mãos de Ava, leu


um poema e caiu de joelhos. Parecia que ele estava propondo, e
então um de seus amigos correu com um cartaz e jogou para eles.
Atingiu Ava no rosto, mas Roy pegou e leu em voz alta, pedindo-lhe
para aquela dança. Eu juro que ela vai ter um lábio gordo daquele
signo, mas ela não está sentindo nada. Eu nunca me lembro de estar
tão feliz em ir a uma dança no ensino médio.

—Porque você é um mulherengo. Você não tem a visão simples


e pura da vida que eles têm.

Ele grunhiu agora também. —Você acha?

Merda. Ava era veterana na Escola Pública de Roussou. Naquele


mesmo ano, eu estava cuidando de Manny’s, fazendo sexo com
Channing e saindo com Samantha e Kades. A única coisa que mudara
desde então até agora era que os Kades haviam se mudado pelo país.

—Oh sim. Eu não posso imaginar Channing pensando em me


pedir para dançar com um cartaz, muito menos eu corar por causa
disso. Se eu estava corando, era porque a cabeça dele estava entre a
minha perna...
—Oh Deus não! — Ele ergueu a mão. —Pare. Por favor. Não me
faça vomitar.

Eu ri. —Você acha que eu gostei de ouvir a sua última


perseguidora exigir que você tire o seu pau da garota embaixo de
você?

Ele gemeu novamente. —Merda. Eu nunca vou viver isso. Mas


uma, ela não estava debaixo de mim. Eu era o único e...

—Como eu preciso saber disso!

Ele continuou como se eu não tivesse dito uma palavra,


sorrindo. —E Becca não é mais minha perseguidora. — Ele mexeu
as sobrancelhas para cima e para baixo. —De alguma forma, você
adquiriu ela como um stalker. Eu sei que ela não está no Manny’s
agora, sentada em uma cabine de canto para minha bunda. Ela é toda
sobre o Congo ser seu homem. Roy perguntou se ela poderia
precisar de uma carona para casa hoje à noite, e ela gritou para ele
deixá-la sozinha, seu homem poderia arrancar sua espinha de suas
costas, se ele quisesse.

—E você acha que Roy saiu porque ele estava envergonhado


com Ava? — Eu falei demoradamente.

—Sim. Eu acho. As ameaças de Becca são comuns. Estou


surpresa que ela e Suki não tenham se tornado melhores amigas.

Meus olhos quase saíram de mim com esse pensamento. Eu


estremeci. —Eu não quero nem pensar sobre isso... a merda que elas
fariam.
—Becca atearia fogo a uma garota inocente, e então Suki
entraria e insistiria que mostrasse a diferença entre o uso de
abóbora ou abobrinha para macarrão com fettuccine.

Eu comecei a rir, e quanto mais eu ria, mais eu agradecia a


Brandon.

—Obrigada. — Eu me acalmei, sentindo uma pequena liberação


no meu peito e ombros. As coisas também não pareciam tão
apertadas entre minhas omoplatas. —Eu precisava disso.

—Sim.

Eu ouvi o quão sabendo ele soou. —O que?

—Depois do seu momento de lixo branco há alguns dias, você


tem trabalhado sem parar. E eu sei que Channing não está
rastejando pela sua janela. Você quer falar sobre o que está
acontecendo?

Eu dei uma olhada nele. —Você não me conhece?

Ele sorriu. —Eu sei. Sou eu quem fala sobre sentimentos, mas
sou meio sério. — O sorriso desapareceu. —O que está
acontecendo? E não minta e não diga nada porque conheço minha
irmã. — Ele apontou por cima do ombro. —Você está sempre lá, não
importa em que papel você precisa se concentrar. Você nunca está
aqui fora, se escondendo. Por que você está se escondendo?

—Brandon — Um aviso baixo de mim. —Não empurre isso.


Sério.

—Eu não dou a mínima. Minha irmãzinha está sofrendo e quero


saber por quê. O que está acontecendo?
Porra de merda. Eu estava apenas começando a admitir para
mim mesma. Agora ele quer que eu derrame minhas entranhas? Isso
me fez querer vomitar. Isso é uma tonelada de sentimento e
expressão, e eu estava começando a sentir falta de estar em um
tiroteio. As coisas eram mais diretas lá.

—Eu só estou fazendo papelada. Isso é tudo.

O rosto dele se encolheu. Ele ia discutir.

—Papai ligou. — Eu estava mentindo, mas tive que jogar


alguma coisa. Eu precisava distraí-lo de alguma forma.

—O que? — Ele se inclinou para longe de mim. —Por quê? Algo


está errado?

—Não. Quero dizer…— Pense, Heather. Enrole. Seja uma grande


dor no rabo e fuja dele. —Nós compramos Manny's dele, mas ele
ligou para abrir outro Manny's na Flórida.

—O que?!

Eu me encolhi.

—Ele está em seus sessenta anos. E ele mora em um maldito


estacionamento para trailers. O que diabos ele está pensando? — O
vapor poderia ter saído dos ouvidos de Brandon. Ele agarrou a mesa
e empurrou para frente. —O que Brad acha disso? Ele está lá
embaixo com ele. Ele deveria estar cuidando de Pops e cuidando
dele. Se o pai é sério, ele deveria estar controlando-o.

Eu estava indo para o inferno. —Eu acho que ele quer que Brad
o execute, na verdade.
—Você está falando sério? — Brandon gritou, empurrando
metade do seu lugar. —Tão típico de Brad. Manny’s tem sido o seu
cachorro. Sim, papai cuidou dos livros, mas você assumiu todo o
resto. Ele não pode fazer isso. Papai não pode fazer isso. Se ele quer
fazer parte do Manny's, ele precisa comprar de nós justo e quadrado.
Brad não pode montar sua popularidade. De jeito nenhum.

Comecei a orar, com fervor, para que isso não explodisse em


uma batalha familiar completa, mas até então... assenti. —Eu sei.
Que idiota.

—Sim! Ele sempre foi um idiota. Eu não me importo se ele é o


mais velho. Ele é o maior fodido de todos nós.

Oh garoto. —Bem, eu não sei sobre isso.

—Eu sei. — Brandon se levantou e começou a andar de um lado


para o outro na minha frente. —Achava que ele estava indo para o
profissional, então ele machuca o joelho na faculdade. Não é nossa
culpa que sua mãe o tenha feito casar com ela. Não é nossa culpa que
ele tenha cinco filhos. Isso é sobre ele. Ou que ele odeia o seu
trabalho. Ele não pode explorar o papai, e se ele acha que vai
conseguir uma franquia da nossa parte de graça, ele está pronto
para um rude despertar da porra.

Bem, foda-se. Brandon ia causar dano se eu não parasse com


isso. Eu não tive escolha.

Eu fiquei de pé. —Ok, pare! — Eu enfiei minhas mãos no ar. —


Simplesmente pare. Ok?

—O que? — Mas sua mandíbula ainda estava cerrada.


Eu não esperava nada disso.

—Eu inventei. Tudo isso. — Eu abaixei minhas mãos,


descansando meus dedos na mesa. —Eu inventei.

—O que?! Por quê ?

—Porque eu não quero falar sobre o motivo de estar aqui fora!


— Eu gritei. —OK? Eu não quero falar sobre isso.

—Oh— Mas ele estava franzindo a testa, as sobrancelhas ainda


juntas. —Você não tem que mentir sobre isso, e isso é realmente
uma mentira de merda, Heather.

—Eu sei. — Meu Deus. —Eu sei. — Eu suavizei meu tom,


voltando a me sentar novamente. Eu puxei minhas mãos pelo meu
cabelo, embalando minha cabeça. Se eu pudesse me esconder do
meu esconderijo, eu teria. —Eu realmente não quero falar agora, e
me desculpe. Papai não ligou. Brad não está explorando ele.

Eu ouvi Brandon sentar na minha frente novamente com um


baque suave. —Agora eu me sinto como um idiota por ficar tão
bravo. — Ele riu, o som meio estrangulado. —Eu quase sinto que
devo ligar para Brad e pedir desculpas.

Eu não me importei - não sobre isso.

Eu senti falta de Naly.

Isso me atingiu no peito. Ela me bateu lá. Foi abrupta, e veio do


nada, mas estava lá e eu não podia empurrá-la para baixo.
Eu senti falta dela na minha barriga. Eu sentia falta de não ter a
chance de segurá-la, ouvi-la chorar, acalmá-la, alimentá-la, ver seus
olhos olhando para mim quando eu disse a ela que a amava.

Eu sentia falta de não ter a chance de nada disso, e sentia falta


de Channing, porque durante esse tempo, ele e eu estávamos contra
o mundo.

Eu não tinha sido o segundo violino para sua gangue, uma vez
que ela nasceu. Mas quando o coraçãozinho dela parou, o mesmo
aconteceu com a outra vida que eu teria.

—Heather?

Meu irmão estava olhando para mim. —Você está bem? Eu não
ligarei para o Brad.

Eu não podia negar isso. Eu senti isso chegando. Eu até conhecia


o catalisador porque tinha visto como Channing me olhava quando
eu estava naquele caminhão. Ele terminou de bater em seu inimigo,
e sua cabeça se levantou, a adrenalina da luta se esvaindo.

—Channing vai me deixar. — Eu conheci o olhar do meu irmão.

Isso não era novo. Ele tinha um banco da frente para o nosso
relacionamento.

Ele engoliu em seco. —Tem certeza?

Eu balancei a cabeça, sentindo o buraco no meu estômago se


abrir e todas as minhas entranhas caírem. —Sim.

Eu nunca disse a ele sobre as outras vezes. Se Channing e eu


terminamos, Brandon sempre percebeu isso semanas depois. Não
havia sentido em compartilhar, porque ele sempre voltava. Eu
sempre fui para ele. A porta giratória era apenas isso, girando.

—Eu sinto muito.

—Sim.

Levantei-me, aceitando-o, sentindo emoções pressionando


meus ombros que eu geralmente gostava de ignorar. Eu senti
Brandon me seguindo para dentro. Mesmo quando fui ao escritório,
ele também. Guardei a papelada, desliguei meu computador, peguei
minhas chaves e me virei para ele.

Ele estava na porta, esperando por mim.

Ele sabia onde eu estava indo.

Seu peito se levantou. Sua boca começou a abrir. Ele ia dizer


alguma coisa, mas então uma emoção cintilou sobre ele, e ele fechou
a boca.

Eu deixei. Eu ia fazer o que eu tinha ameaçado com Channing


quando nos reunimos esta última vez.

Era hora de cagar ou sair da porra do vaso.


HEATHER

PRIMEIRO ANO

Foi um dia normal, ou tão normal quanto eles se tornaram.

Eu tive dois anos de Channing agindo como um idiota -


brigando, amaldiçoando, sendo um idiota. Ele pediria desculpas, e
eu o perdoaria porque eu era uma covarde, ou apenas uma garota
idiota apaixonada. Haveria abraços, me beijando e ficaria feliz por
alguns dias.

Então ele iria começar de novo.

Como Channing cresceu mais e mais em um pau, eu trabalhei


mais e mais em Manny’s. Eu era um membro da gangue em tempo
integral quando eu tinha quatorze anos. Não conte ao governo.
Manny's era o meu lar. Tornou-se meu santuário longe da loucura
de Channing. Ele e seus amigos estavam fora de controle. Algumas
noites ele se arrastou para a minha cama e eu não o reconheci. Ele
parecia um estranho. Ele cheirava a álcool. Na maioria das noites
havia sangue nele - dele ou de outra pessoa.

Eu parei de perguntar.

Ele parou de me contar.


Hoje foi meu primeiro dia do primeiro ano em Roussou. Eu mal
falei com Channing durante o verão, o que eu não estava pensando.
Ele ainda entrou à noite, mas isso foi para nós. Não muita conversa
aconteceu então, e indo para a escola, eu não sabia se o pesadelo iria
começar de novo ou haveria uma pausa em alguma coisa. Qualquer
coisa.

Aconteceu quando eu estava andando pelo corredor, livros na


mão. Eu estava indo para a minha quinta aula do período quando a
vi.

Uma garota saiu do armário do zelador de Gus.

Nada sobre ela deveria ter me chamado a atenção. As conexões


do armário aconteciam o tempo todo.

Mas, por qualquer motivo, eu a vi.

Seu batom estava manchado. Era óbvio o que ela estava


fazendo.

Comecei a me mover, procurando pela minha sala de aula,


quando a porta se abriu novamente.

Eu vi os sapatos dele primeiro. Os mesmos tênis pretos que


estavam na minha cama esta manhã. Os mesmos sapatos que ele
chutou quando ele subiu pela janela e pulou na minha cama. Os
mesmos sapatos que ele empurrou quando precisou de uma fuga
rápida.

Meu coração afundou.

Eu parei, quase caindo.


Eu não pude… Minha cabeça estava nadando. Eu não conseguia
pensar isso.

Certo?

Ele não faria isso.

Certo?

Mas ele saiu.

O mesmo jeans.

As mesmas mãos.

As mesmas tatuagens em seus braços.

A mesma camisa que eu o vi puxar esta manhã.

O mesmo rosto.

Os mesmos lábios - não, não é o mesmo.

Havia batom manchado em seus lábios, e ele esfregou o lado do


rosto enquanto saía completamente.

Eu estava no lado oposto do corredor. Primeiro ele olhou para


os estudantes que se moviam, e então seus olhos se lançaram ao
redor até que ele me viu. Ele se endireitou, a mão caindo e vi mais
batom ali.

Jesus.

Eu respirei fundo. Minhas mãos apertaram meus livros. Era


como se ela o tivesse marcado.
Ele me traiu. Eu o peguei em flagrante.

Um pedido de desculpas brilhou em seus olhos, mas não. De


jeito nenhum.

Ele deu um passo à frente, na minha direção, mas eu bati de


volta nos armários atrás de mim. Eu ouvi o som, mas nunca senti
isso. Eu apenas balancei minha cabeça.

Ele murmurou meu nome, mas eu balancei a cabeça


novamente.

De jeito nenhum.

Minhas mãos estavam tremendo.

Nenhuma maneira do caralho!

Meus livros caíram no chão. Eu nunca ouvi o baque.

De maneira nenhuma!

Minhas pernas estavam tremendo. Meus joelhos bateram um


contra o outro.

Eu estava feita.

Eu me senti tonta. Spots apareceu na minha visão, mas foda-se


ele.

Feito.

Foda-se ela.

FEITO!
Foda-se tudo.

Eu já tinha ido embora.

Afastando-me, passei pela minha sala de aula. Eu passei pelo


escritório. Caminhei até o estacionamento, peguei o conjunto extra
de chaves que Channing mantinha sob o caminhão e fui até a Escola
Secundária Fallen Crest.

Eu terminei com ele, transferi de escola e peguei seu veículo -


tudo sem dizer uma palavra a ninguém.

Eu terminei com o Roussou.


HEATHER

DIAS DE HOJE

Tuesday Tits tinha uma linha fora da porta. Channing estava


certo. Ele estava começando a receber nossa antiga clientela. Eu
reconheci um grupo de estudantes universitários que frequentavam
o Manny's. Ele disse que suas noites de karaokê estavam indo bem,
mas esta noite era a noite de Martini.

Algumas pessoas me reconheceram quando passei.

Um cara gritou: —Ei, Heather!

—Ei pessoal. Você está aqui para aproveitar os Titinis da


quinta-feira à noite?

O nome era ridículo, mas deu certo. Eu tive que dar crédito
Channing onde estava devido, e sim, pode ter havido alguma inveja
empresarial ligada a ele. Eu era humana.

Uma das garotas riu, jogando o cabelo por cima do ombro. —


Cinco dólares um martini? Nós seríamos doidos para não aceitar o
acordo.

Nota para si mesmo: roubar sua ideia.

A venda durou apenas uma hora, mas foi o suficiente para


deixar as pessoas acesas e mantê-las por perto.
Outra garota ligou o cotovelo com o primeiro. —Além disso, há
gatas para olhar.

Houve isso também.

Eu grunhi. —Talvez eu te veja lá.

Eles acenaram enquanto eu me dirigia para a porta. Alguns


resmungaram que eu estava cortando, mas eles estavam calados.

O Congo e o Chad manejavam a porta e ambos sorriram em


saudação.

—Como está minha mulher? — Congo perguntou.

—Ainda louca. Não sei de quem ela pensa que está me


protegendo, mas ela ainda está no Manny's e eu estou aqui.

Chad começou a rir antes de apontar por cima do meu ombro.


—Você tem certeza disso?

Um brilho de orgulho e luxúria apareceu nos olhos do Congo


quando ele também olhou.

Stalker se aproximou de mim, quase passeando. Ela passou a


mão pelo braço do Congo, inclinando-se para um beijo. —Olá,
amante.

Eu não precisava ver isso.

Ninguém precisava.

Quando a língua se envolveu, eu levantei minhas mãos. —Ok.


Pare. Até seus futuros filhos estarão com cicatrizes.
Merda. As palavras escaparam antes que eu soubesse o que eu
estava dizendo, mas eu fui a única que congelou.

Chad e Congo riram.

Rebecca (eu não conseguia chamá-la de Becca como as outras


eram, e parecia um pouco ruim continuar se referindo a ela como
Stalker) bufou, virando-se para mim. —Respeite os Becs. Estou aqui
para protegê-la, quer você goste de mim ou não.

Congo passou o braço em volta dela. —Ela prometeu a


Channing que cuidaria de você.

Eu levantei uma sobrancelha. —Você prometeu a Channing?

O braço do Congo escorregou para cobrir sua frente. Ela


segurou em sua cintura. —Eu fiz. Eu cumpro minhas promessas.

Ela ainda era uma perseguidora. Eu não ia agradecer a ela. Em


vez disso, eu virei para o Chad. —Ele está aqui?

—Ele está no prédio ao lado.— Ele apontou além da linha. —A


porta está virando a esquina.

—Obrigada.

Eu comecei quando Becca me chamou: —Você precisa de


apoio?

Eu joguei alguns dos meus cabelos por cima do meu ombro.


Sim. Eu me tornaria aquela garota nessa situação. Eu ainda não
confiava nela e não sabia se o faria. Por que Channing a colocou em
mim era algo que eu teria que lidar com ele. —Eu estou indo na
esquina. Tenho certeza de que ficarei bem.
Chad tinha voltado a verificar as garotas na fila.

Rebecca se separou do Congo e se aproximou, cavando sua


grande bolsa de couro branco. —Aqui. — Ela enfiou um broche na
minha mão. —Coloque em sua bolsa.

—Eu não uso bolsas.

Ela olhou para o meu corpo, seu nariz enrugado. —Onde você
guarda todas as suas coisas? Suas chaves, telefone? Seu receptor de
senha. Suas roupas são uma segunda pele o tempo todo.

Eu lutei contra revirar os olhos, repreendendo baixinho: —Eu


não acho que isso é uma etiqueta adequada.

Deixei o comentário do receptor de senha sozinho.


Perseguidora. Ela. Lá você tem isso.

Ela corou. —Não, você está certa, mas coloque isso no seu jeans
ou algo assim. Se você precisar de mim, apenas pressione. Ele envia
um alerta para o meu telefone e eu sei exatamente onde você está.

Oh meu Deus. Isso levou a perseguição para outro nível.

—Não. Não. — Eu dei a ela de volta o broche. —Se eu precisar


de ajuda, vou mandar uma mensagem para Channing.

—Vamos. Não seja assim. — Ela murmurou enquanto pegava o


broche e começava a procurar um lugar para prendê-lo. Ela pegou
minha jaqueta jeans, mas eu a evitei, recuando. —Venha agora,
Heather. Todos nós precisamos de ajuda. Você também. — Ela foi
para o meu bolso jeans, inclinando-se para a minha cintura.

—Pare!
Eu dei dois passos para trás. Ela me seguiu.

—É sério. Pare.

—Apenas segure-se. — Ela estava indo para a minha camisa


agora, onde estava espiando da minha jaqueta. —Oh, ali estaria
perfeito.

Comecei a recuar, através da linha e ao virar da esquina. Becca


seguiu atrás de mim, ainda tentando fixar o broche.

—Pare. — Arranquei o broche da mão dela e virei para jogá-lo.

—Espere...

—Senhora. Heather Jax? — Um cara se aproximou, saindo de


um SUV preto. Ele alisou a gravata e inclinou a cabeça para frente.
—Você é Heather Jax, correto?

Eu me encostei contra ele. —Sim?

Nós tínhamos dado a volta na esquina, e este lado da rua tinha


iluminação mínima. Os carros estavam estacionados para cima e
para baixo na estrada, mas a linha serpenteara para o outro lado.
Nós podíamos ouvir as pessoas do outro lado, mas era isso. Nós
estávamos quase isolados.

Becca saiu de trás de mim. —Quem é você? — Ela pegou o


broche da minha mão, segurando-o.

Ele era um filho da puta alto, talvez com mais de um metro e


noventa, mas o cabelo para trás e os olhos evasivos lhe davam uma
vibe desprezível - isso e tudo se aproximando de nós em uma rua
escura. A única luz que funcionava nessa estrada ficava na metade
do quarteirão. Ele projetou uma longa sombra, e esse cara entrou,
vindo em nossa direção.

Ele estendeu a mão. —Eu sou Eric McDougall. Eu represento


um associado do seu outro significativo.

Esse cara tinha a ver com Channing. Eu cruzei meus braços


sobre o peito. —O que você quer comigo?

—Nós — Rebecca esclareceu, também dobrando os braços.

Eu revirei meus olhos.

—Uh...— Ele olhou entre nós. Ele começou a puxar a mão de


volta, mas Rebecca avançou e agarrou-a.

—É um prazer conhecer você, Sr. McDougall. — Ela sorriu para


ele, e quando ele franziu a testa para ela, em seguida, transferiu sua
atenção para mim, sua mão disparou para fora. Deixou cair o broche
no bolso, esbarrando nele ligeiramente. —Oh, desculpe! Eu tomei
um pouco de vinho mais cedo. Deve ter ido direto para minha
cabeça. — Ela afofou o cabelo loiro encaracolado, sacudindo-o antes
de voltar a ficar ao meu lado. Ela pegou meu olhar e eu arqueei uma
sobrancelha. Ela moveu a cabeça para frente e para trás, um discreto
tremor antes de limpar a garganta e sorrir para o cara.

Ele tossiu, sua mão para mim novamente. —Como eu estava


dizendo, Brett Marsch é um dos meus clientes. Eu recentemente tive
uma interação com o Sr. Monroe e queria saber se você sabia onde
eu poderia encontrá-lo?

Não. Eu não conhecia esse cara. Eu não me importei em


conhecê-lo. Eu não confiava nele.
—Eu não tenho ideia.

Ele piscou algumas vezes. —O que?

—Nenhuma pista. Você quer saber onde Channing está? Eu não


tenho ideia.

Ele estreitou os olhos, varrendo sobre nós. —Senhora?

—Oh— Sua cabeça foi da esquerda para a direita. —Não. Eu


também não sei.

—Disseram-me que, se alguém soubesse, seria sua 'mulher'. —


Seu olhar descansou em mim.

Ele ficou em silêncio depois disso.

Eu também.

Assim como Rebecca.

Um total de vinte segundos de silêncio passou.

Era óbvio que esse cara esperava que o ajudássemos e, pelo


amor de mim, eu não fazia ideia do motivo.

—Senhorita Jax. — Ele era todo autoritário, chegando a ficar na


calçada com a gente. —Eu gostaria de sua ajuda com este assunto. É
muito importante para mim encontrar o Sr. Monroe.

—Oh! — Meus braços caíram do meu peito e me virei para


Rebecca. —Quando ele diz assim? Você sabe? Deve ser importante.

Ela não conseguiu o sarcasmo, seus olhos correndo de volta


para ele e estreitando-se.
—Quero dizer, deve ser algo vital para você me encontrar e me
perguntar. Certo? — Eu não esperei por sua resposta, apressando-
me. —Você precisa de ajuda para localizar Channing. É disso que
você precisa?

—Sim. — Seus olhos brilhavam.

—Bem, então...— Eu parei. —Eu provavelmente deveria te


dizer...

Ele se inclinou para mais perto. —Sim?

—…naquela…

—Sim? — Ele começou a sorrir.

O jogo estava em alta. Eu não tive paciência. —Você precisa


decifrar o sarcasmo melhor.

Ele retrucou e o sorriso caiu abruptamente.

Stalker começou a rir. Seu cotovelo cutucou meu braço. —Isso


foi bom, Heather.

Eu a ignorei, empurrando minha cabeça para o canto. —Se você


não tem coragem suficiente para tentar entrar em seu bar, por que
diabos você acha que eu iria ajudá-lo? — Eu bufei, começando ao
redor dele. —Saia daqui, idiota.

—Senhorita Jax, eu...

A porta se abriu mais para baixo, um sino tilintando e ouvimos:


—É o Peter.
Channing deixou a loja com sua irmã e seus membros da
gangue, bem como outro cara atrás dele.

—O que você está fazendo falando com a minha mulher? — Ele


passou por mim, indo até o cara e ficando perto o suficiente para
violar sua bolha pessoal.

Seu tom estava frio. Seu sorriso não era atraente.

O cara puxou sua gola, endireitando a camisa antes de voltar


um passo. —É Eric McDougall, Sr. Monroe. — Ele suavizou a voz
também. —Mas você está bem ciente do meu nome, não é?

—Sim. Assim como você sabe, subir até Heather seria a


primeira maneira de me irritar. — Channing riu baixinho. —Então,
bom trabalho. Seu chefe mandou você no meu caminho? Ele quer se
livrar de você e eu devo fazer isso por ele?

O cara não respondeu, examinando o grupo. Ele parou em mim,


então Rebecca. Seu olhar se moveu atrás de nós para Bren e sua
gangue. Eu não precisava olhar para saber que ninguém estava
quebrando. Nenhum de nós ficou chocado com as ameaças de
Channing.

Esse cara era o estranho. Pessoas de fora não eram bem vindas.

—Entendo. E não, Sr. Monroe, meu patrão não me enviou. Eu


realmente vim como um ato de boa fé. Nós já havíamos discutido
anteriormente fazer negócios juntos.

No segundo em que ele parou de falar, Channing começou.

—Sim. Não, não mais. Você precisa aprender as regras, e


encontrá-la primeiro quebrou todas elas.
—Eu não estava ciente. Eu estou agora.

—Você está agora.

Channing não estava recuando, um brilho duro em seu tom.

—Bem então. — O Peter tossiu. —Talvez eu pudesse falar com


você em particular?

Ele dirigiu sua pergunta para Channing, mas Channing acenou


para Rebecca. Ela deu a volta na esquina enquanto Channing nos
olhava de volta. —Bren? Por que vocês não...

—Nós vamos sair.— O melhor amigo de Bren seguiu em frente.


—A menos que você precise de nós?

—Não. Eu estou bem.

Eles passaram, um por um, contornando a esquina até que só


eu, Channing e o Peter.

—Heather?

—Não é uma chance. — Eu não estava saindo. Eu vim para uma


conversa. Eu ia ter essa conversa, mas me inclinei contra o prédio.
—Eu posso esperar. — Eu sorri para ele, ignorando o pequeno
sorriso que apareceu no rosto do Peter.

Não importava de qualquer maneira.

Moose, Chad e Lincoln chegaram na esquina. Eu esperei, mas


não Rebecca.

Como se lesse minha mente, Chad disse: —Ela é a outra porteira


agora.
Eu grunhi. Isso soou certo.

Ele entregou algo para mim. —Ela me disse para lhe dar isso.

Era o telefone dela, e fiquei surpresa ao encontrá-lo


destrancado com uma luz vermelha piscando na tela. Eu zerei e vi
que era um mapa - de nós. Ela estava me mostrando o rastreamento
naquele broche e foi ativado o tempo todo.

Ela mentiu para mim.

Cadela.

Sufoquei um grunhido, vi todos me observando e coloquei o


celular no bolso. —Eu estou bem. Continue.

Channing olhou para os outros, depois indicou a loja que ele


havia deixado. —Nós podemos conversar lá.

O Peter e todos os homens de Channing entraram, mas


Channing ficou para trás. Uma vez que éramos só nós dois, ele tocou
minha mão. —Espera um pouco?

Eu fiz. Moose fechou a porta e se moveu para ficar na frente


dela. Ele estava nos dando um pouco de privacidade.

Channing se dirigiu mais para a rua, para que não pudessem


nos ver através das janelas e entraram no beco entre este prédio e o
seguinte. Nós estávamos completamente isolados desta vez.

—Estás bem? — Ele recostou-se contra um dos edifícios.

Eu balancei a cabeça para o que agora abrigava os caras. —Você


comprou este lugar?
Ele esfregou a mão na testa. —Sim. Eu comprei para as gangues
ou qualquer outra coisa.

Oh. Ele não estava brincando antes, quando ele disse que eles
estavam procurando por um novo lugar. —Você vai criar algo para
eles?

—Eu não sei. Talvez. Não é disso que se tratava.

—Ok.

—O que está acontecendo, no entanto? Você normalmente não


vem aqui.

Soltei um suspiro suave, encostado no outro lado do beco,


sentindo o tijolo atrás de mim. —Eu vim a nosso encontro, mas
talvez agora não seja a hora certa.

—Nosso?

Eu odiei isso. Ele estava agindo bem, educado até, mas não era
Channing. Não foi o cara que deslizou dentro de mim todas as noites
ou que tinha ficado no rosto daquele cara. Esse foi o meu cara, não
este. Ele estava falando comigo como se fossemos brotos.

Isso colocou meus dentes na borda.

—Channing, pare com isso.

—Parar o quê?

Ele sabia muito bem.

—É sério.
Ele não respondeu, fechando os olhos por um momento.

—Você sabe por que estou aqui.

—Sim. — Ele agarrou a nuca, expelindo uma respiração


entrecortada. —Eu sei.

Lá estava. A sensação incômoda no meu estômago floresceu,


tomando conta do meu corpo, e eu me senti mal. —É por causa de
Richter? Porque eu estava lá?

Ele abriu a boca. —Eu...

BOOM !

A parede atrás de mim tremeu.

Eu empurrei para frente. Channing me varreu para trás dele,


um braço de cimento em volta da minha cintura, e nós sentimos
mais do que ouvimos uma batida rápida vindo em nossa direção.

A porta lateral se abriu e Moose gritou: —Entre aqui! Chad


virou a tampa.

Channing reprimiu uma maldição. Eu estava prestes a segui-lo,


mas seu braço se apertou. —Você não.

—O que?

Nós poderíamos ouvir gritos de dentro.

—Mas...

—Falo sério. — Ele era firme. —Vá para casa, Heather. Eu já te


danifiquei o suficiente. Vá.
—Channing!

Ele não estava esperando. Ele se dirigiu para dentro, batendo a


porta atrás de si e ouvi o estalo da trava um segundo depois.

Se isso não fosse uma metáfora perfeita para o nosso


relacionamento, não sei o que era.

Eu estava além de chateada. O tempo não estava certo, mas eu


não me importei. Se eu pudesse passar por um tiroteio, eu poderia
lidar com o que estava acontecendo lá, e eu comecei na frente da loja
esvaziada para dizer a Channing exatamente isso.

Quando cheguei lá, estava vazio. Eles se mudaram para os


fundos, a única luz que brilhava debaixo de uma porta mais distante.
Eu alcancei a porta da frente.

Estava trancado.

Se alguma vez houve necessidade de Stalker, era agora. Ela teria


um jeito de entrar. Eu estava indo para o bar para pegá-la quando
houve uma onda de movimento atrás de mim. Eu me virei, ouvindo
alguém correndo.

Houve um borrão antes de escurecer.

Um saco ou algo foi empurrado sobre minha cabeça, e alguém


me pegou.

—Que-não! — Comecei a lutar, chutando, tentando dar um


soco, mas tudo aconteceu tão rápido. Eu deixei cair o telefone de
Rebecca. Caiu com um barulho no chão.
—Foda-se — um cara grunhiu, apertando os braços em volta de
mim.

Eles me jogaram em um veículo.

—O que é que foi isso?

—Era o telefone dela. Foi-se. Vamos lá!

Alguém entrou no veículo. A porta se fechou e uma voz


profunda gritou: —Vá, vá, vá!

Nós fugimos, pneus gritando.


HEATHER

Um deles estava falando enquanto dirigiam, mas eu poderia


dizer que havia três deles. Dois na frente e um ao meu lado. Toda vez
que comecei a me aproximar da porta, o cara à minha esquerda me
puxou de volta.

A maldita bolsa ainda estava sobre a minha cabeça. Mas isso


mostrava seus níveis de inteligência: eu podia ver isso. Eu não
consegui entender detalhes, mas vi as formas dos caras. E eu pude
ver as formas dos edifícios enquanto passávamos.

Eles se viraram várias vezes, então perdi a noção de que direção


estava indo. Então, em vez de rastrear para onde estávamos indo,
concentrei-me neles.

O motorista era grande. O cara no banco do passageiro era tão


grande. O cara à minha esquerda era menor, mais meu tamanho.

OK. Respire fundo. Pense, Heather. Pense, porque você não vai ser
estuprada ou mantida como refém.

Meu maldito orgulho não aguentou.

Eu ia sair. Então eu ia chutar suas bundas.

Eu tive que pensar em um plano.

Eles não amarraram minhas mãos juntas, apenas a bolsa.


Eu ainda tinha minhas chaves, ID, algum dinheiro e meu
telefone. Becca estava certa. Não havia muitos lugares onde eu
pudesse colocá-los, mas eles cabiam nos bolsos da minha bunda e
eu silenciei meu telefone.

Eles pensaram que já tinham se livrado do meu celular quando


o de Rebecca caiu.

Louvor porra para essa pequena pausa!

Agora espere. Pense. Mantenha a calma.

Esse era realmente todo o meu plano - esperar por uma


abertura, pular para fora do veículo e arrastar o traseiro para a
floresta. Eu cresci como um moleque. Ok, eu cresci como um
moleque um pouco sacana, mas a sacanagem estava apenas na
aparência. Nenhum cara iria me segurar como refém, ou o que
diabos eles estivessem planejando. Se alguma coisa, a minha pura
determinação iria me manter, mas eu estava pronta para lutar e
lutar duro.

Arma.

Eu precisaria de uma arma, então comecei a olhar em volta.

O cara ao meu lado tinha uma arma - não boa - mas também
tinha uma faca. Estava amarrado ao seu quadril direito, apenas um
botão mantendo-o no lugar. Eu poderia pegar isso, pegar a arma. Eu
teria que dar uma cotovelada nele primeiro, jogá-lo em sua garganta
e empurrar o máximo possível. Deitar meu corpo sobre o braço dele
para que ele não possa me bloquear ou me jogar fora, ou até mesmo
atirar em mim. Eu teria que quase sentar em sua mão onde a arma
estava, então depois de enfiar um cotovelo em sua garganta, eu
pegaria a faca, e a arma, e puxaria a bunda.

Esperar. Relaxar. Tome um segundo.

Se eles não parassem, haveria apenas um cara para lidar. Ele


estava na frente. Ele estaria se contorcendo, agarrando-se a mim. Eu
teria que trazer a arma para cima. Eu atirarei? Eu atirarei em um
segundo cara? Este pode ser fatal.

Eu engoli em um nó.

A última vez foi diferente. Foi autodefesa. Isso seria calculado.


Mas também seria uma autodefesa, pensei… Passei pelos passos em
minha cabeça, planejando dar um tiro em um cara.

Eu me atreveria?

Eu precisei. Esses caras não estavam falando, então eu não


sabia o que eles haviam planejado. Eu tinha certeza de que eles
estavam seguindo ordens, mas quem conhecia o jogo final? Para
quem eles estavam me levando e quais eram suas intenções? Eu não
ia esperar para descobrir.

Então, o plano revisado: atacar o cara ao meu lado e atirar no


cara no banco do passageiro da frente. Mas onde?

Abater. Atire no braço dele? Atire no ombro dele? Eu seria


capaz de mirar?

Merda. Talvez eu deva apenas correr para isso? Então se


preocupe com eles me atirando nas costas.... Essa era uma
possibilidade distinta.
Foda-se. Eu faria o que tivesse que fazer quando a
oportunidade aparecesse - mas estaríamos deixando a floresta. Se
eu fosse ir, precisava ir agora. Havia um campo à frente. Não haveria
cobertura a menos que eu estivesse engatinhando, e isso significava
ir devagar.

Porra!

Vá, calor, foda-se!

Eu fui para a porta. Eu podia ver através da bolsa o suficiente,


mas merda - estava trancada.

—Ei! — O cara ao meu lado latiu.

Eu torci de volta e estava nele como um gato raivoso. Eu lancei


meu corpo inteiro para ele e arranhei. Lá estava todo o plano legal,
calmo e coletivo.

A bolsa saiu e eu estava lutando pela minha vida. Arranhar,


morder e puxar o cabelo não ajudaria por muito tempo. O cara
deslizou para baixo de mim e eu o senti reunindo seu peso. Ele
estava prestes a me jogar fora.

De joelhos.

Eu segui meus próprios comandos, batendo meu joelho em seu


pau, e quando ele se curvou em um uivo debaixo de mim, olhei para
trás de mim. O passageiro da frente estava indo para sua arma. Dei-
lhe o cotovelo, avançando para bater em sua garganta o mais forte
possível. Ele grunhiu, recuando, e então eu estava lutando.

Arma, arma, arma.


Faca.

Eu peguei os dois, socando o pau do cara novamente e usando


meus pés para chutar a janela.

O motorista estava desacelerando.

O passageiro da frente gritou: —Não, não! Richter a quer ilesa.


Vá rápido.

Richter, aquele idiota. Então ele não estava morto.

Eu usei todo o meu peso para chutar a porta, me apoiando


totalmente no cara atrás de mim. Ele ainda parecia ocupado
agarrando seu pau e, finalmente, a janela quebrou. Inferno sim.

O pensamento racional me deixou neste ponto e eu mergulhei


pela janela. Eu sabia que estava cortado. Senti a dor lancinante e
mais quando aterrissei ao lado da estrada de cascalho. Algo bateu na
minha cabeça, e uma dor entorpecente começou lá, mas eu não pude
parar e avaliar o dano.

Eu tive que correr. Eu tive que ir rápido e forte, e não consegui


parar. Se eu parasse, não queria descobrir o que aconteceria.

Eu não ia ser uma maldita vítima. Eu sabia muito disso. Quando


o SUV parou, fiquei de pé e comecei a correr. Nós passamos pelas
árvores, então eu bati na vala. Grama alta raspou contra minhas
pernas, mas continuei indo. Eu não sabia o que eu estava correndo -
animais, qualquer coisa. Tudo que eu sabia era que eu tinha que ir.
Eu tive que ir embora. Saia daqui! Então, quase cegamente,
continuei até a primeira linha de árvores estar mais perto.
Eu ouvi os caras gritando, mas não consegui entender o que
eles estavam dizendo. O sangue bombeava tão alto em meus
ouvidos, meu batimento cardíaco era como o baixo em uma música
Techno - realmente pânico e hipnótico de certa forma.

—Lá! — Um cara gritou.

Eu virei para as árvores, ou mais me joguei na direção delas, e


olhei por cima do meu ombro. Todos os meus movimentos eram
selvagens e meio enlouquecidos, mas eu podia fazer o cara apontar
para mim.

Um som animalesco saiu da minha garganta. Assustou até a


mim e ouvi outros animais fugindo. As árvores eram grossas,
percebi. Os galhos iam doer. Eu caí através deles e, sim, eles picaram
como uma cadela.

Melhor que um tiro.

Melhor que ser uma vítima.

Lute, Heather.

Eu fui. Eu estava brigando. Eu estava correndo. Eu tinha


chutado suas bundas, e isso não seria o meu fim. Eu correria até não
poder mais correr. Então eu andava, e se eu não pudesse fazer isso,
eu rastejaria. Eu fodidamente rastejei até que a pele foi arrancada
de mim e todo o meu sangue sumiu. Então eu rastejaria mais um
pouco.

—Onde ela foi?

Eles não podiam me ouvir? Eu estava batendo em mais e mais


ramos.
Isso significava que eu poderia ir mais devagar.

Eu teria que me esconder.

Eles teriam que sair, e se eles pedissem ajuda, eu também


poderia. Ou tentaria. Não, eu não poderia fazer isso. Mesmo quando
pensei, esqueci. Eu não sabia onde eu estava, e não podia arriscar
meu celular piscar ou zumbir ou qualquer coisa.

Eu me senti enfraquecendo. O sangue escorria pelo meu braço.


Eu ia perder a consciência e logo. Eu me senti meio tonta. Era aquela
pedra ou o que quer que tenha batido na minha cabeça. Isso é o que
estava fazendo isso, nem mesmo os cortes ou erupções na estrada.

Espera. O que eu estava fazendo?

Parei, cambaleando para frente e caí contra uma árvore.

Eu me estabilizei, mas meu coração parecia querer bater em


mim, perfurando pela minha garganta. Eu olhei para baixo para ver,
mas não consegui fazer nada. Eu não conseguia nem me ver. Eu
estava em completa escuridão.

—Onde aquela cadela foi?— um cara grunhiu, xingando. —


Fodida prostituta.

Prostituta? Eu não era uma prostituta.

Eu me senti mais e mais tonta. Uma onda de náusea caiu sobre


mim. Eu queria vomitar. Meu estômago estava subindo também.
Tudo estava empurrando para cima. Não foi um bom sentimento.

Eu ia ficar doente.
Não…

Eu estava fugindo daqueles caras.

Eu precisava vomitar.

Eu agarrei a árvore e me inclinei, mas eu tinha que continuar.

O que eu estava fazendo de novo?

E então - oh merda - eu ouvi eles se aproximando. Eles também


tinham uma luz. Eles estavam brilhando em todos os lugares.

Eu corri deles.

Eu tive que me esconder, eu não conseguia continuar. Mas


onde?

Oh Deus.

Uma ideia muito ruim veio para mim. Sentindo meu estômago,
sentindo tudo em mim afundar, eu olhei para cima.

Eu tinha que me esconder. Foda-se. OK. Eu não tinha para onde


ir. Eles me encontrariam aqui embaixo, mas talvez não lá em cima.

Eu comecei a subir.

Esta ia ser uma longa noite de merda.


HEATHER

—Heather!

Eles não pararam de procurar por mim. Eu senti como se


estivesse sentada aqui por horas, mas poderia ter sido trinta
minutos. Eu não fazia ideia. Eu estava tonta quando subi nesta
árvore. Eu estava mais alto do que sua linha de visão agora, então
eles teriam que brilhar uma lanterna de bom tamanho na minha
direção para me ver. A árvore tinha dois galhos grandes saindo do
tronco, e eu me movi para aquele pequeno entalhe onde a árvore se
separava e usava minha jaqueta para me segurar no lugar. Não era
a melhor maneira de me proteger, mas era o que eu tinha, porque o
tronco era grande o suficiente para que eu não pudesse envolvê-lo
em meus braços. Eu me deitei contra o galho para que meu próprio
peso me mantivesse ancorado no lugar.

Peguei meu telefone para pedir ajuda, mas quando o fiz, eles
viram o flash da tela.

—Ei! Lá! — Um gritou, e eles vieram atravessando a floresta em


minha direção.

Eu desliguei.

Ainda estava em silêncio para que nem sequer zumbisse. Eu


odiava, odiava, odiava fazê-lo, mas eu o virei de modo que, se alguma
luz piscasse, seria na direção da minha perna, e enfiei-a no bolso. Eu
fui mergulhando de volta na escuridão.
Eles pararam a cerca de dez metros de onde eu estava, mas eu
podia ouvi-los.

Muito perto. Muito perto.

Eu devo ter cochilado porque quando eles andaram bem


embaixo de mim, isso me acordou.

Eu empurrei no lugar, então agradeci aos deuses que minha


âncora tinha ficado no lugar. Algum latido raspou e caiu no chão.
Parecia ensurdecedor para mim, mas não pude ouvir quando
pousou. O chão era macio, sem pedras lá embaixo.

Eu ainda prendi a respiração, rezando por cinco minutos


sólidos que eles não tinham ouvido.

Quando eles não recuaram, senti lágrimas de alívio no rosto.

Como eu estava nessa situação mais uma vez?

Channing.

Era por isso que devemos nos separar.

É por isso que devemos seguir caminhos separados.

Eu tive uma vida. Eu tinha amado com quem me preocupar e


me manter segura. Mas toda uma nova quantidade de palavrões
brilhou na minha cabeça, porque não importava quantas vezes eu
dissesse a mim mesma para ir, eu sabia que não iria. Eu fisicamente
não seria capaz de me afastar dele.
Eu tinha uma atração magnética por ele; sempre me levava de
volta para ele e, embora soubesse que eu deveria estar furiosa, não
estava.

Encare isso, Heather.

Eu estava falando comigo mesmo. Eu recorri a isso, mas afundei


ainda mais porque respondi.

Sim, Sim. Eu sei. Não é Channing. Sou eu. Eu sou atraída pelo
maluco disfuncional. Essa é minha família, meus amigos e minha
outra metade. Sou eu.

Eu era o problema.

E eu não achei que pudesse mudar. Eu não acho que eu queria


mudar.

Eu tentei imaginar isso.

Normal significaria mudar para uma casa longe de Manny’s. Eu


precisaria de mais silêncio. Viver tão perto significava que eu
basicamente morava no Manny's. O caos, a adrenalina, a excitação
eram inebriantes. Ele sempre sangrava para a casa, então eu teria
que me mexer. Mesmo com esse pensamento, eu estremeci.

Eu precisaria de uma casa simples, em um bairro simples onde


as pessoas se importassem com o comprimento de sua grama. Onde
eles se importavam se uma cerca era de corrente ou pintada de
marrom contra branco, se era decorativa ou para privacidade, se
tinha seis pés de altura ou um metro e vinte de altura. Os vizinhos
gostariam de me conhecer. Eles se preocupam com as taxas do HOA.
Haveria uma regra quieta forçada no bairro. Não haveria motores de
motocicleta acelerando após a meia-noite, ou mesmo dez.
Certamente não haveria tiros - que perdedores.

Eu estremeci. Foi do frio ou da ferida na cabeça? Quem sabia?


Eu. Era o pensamento de viver uma vida normal e simples.

Eu não poderia fazer isso.

Não havia nenhum cara que eu queria tanto quanto eu queria


Channing. Eu tenho sede dele. Eu não queria acordar ao lado de
qualquer outra pessoa todas as manhãs. Nenhum cara poderia viver
até Channing.

Eu estava dentro. Eu estava nessa.

Quero dizer, eu já sabia que estava. Eu tive a realização mais


cedo, mas estar em um tiroteio e, em seguida, ser sequestrada pediu
alguns segundos pensamentos. Então eu apenas corri de volta sobre
tudo isso, enquanto estava amarrada em uma árvore e sangrando na
cabeça.

Foi isso. Eu estava em um estado alterado. Eu não sabia o que


estava pensando porque não deveria estar bem com isso.

—Heather?

Eu quase rosnei. Isso foi Richter. Eles chamaram reforços. Ele


não estava muito longe, talvez uns trinta metros ou mais. Eu ouvi
um cachorro latindo também.

Pelo amor de Deus. Eles conseguiram cães.

—Heather! Escute-me. Eu sei que você ainda está aqui.


Não, ele não sabe. Ele não tem ideia de onde estou.

—Ouça. — Crise. Ele estava andando em minha direção. —


Meus homens não te machucaram. Eles tentaram te conter, mas eles
não te machucaram. Eu sei disso porque essa era a minha ordem.
Você não deveria ser prejudicada, e eu ainda quero seguir isso. Eu
não quero que você se machuque, mas Heather... — Sua voz subiu.
—Se você ficar aqui fora, não posso garantir que isso não aconteça.
É um longo caminho daqui até a cidade.

Ele estava quase na minha árvore. Parecia que a luz do


amanhecer estava começando a se estender no horizonte. Houve
algumas quebras das árvores, o suficiente para deixar entrar alguma
luz, mas ainda estava escuro.

Quanto tempo passou?

Minha cabeça girou.

Eu não tinha certeza.

Eu poderia fazê-lo sair, a forma de sua cabeça.

Ele estava quase abaixo de mim.

Ele segurou a mão pela boca e gritou: —Meus homens me


mostraram a rocha sangrenta. Você bateu com a cabeça, Heather.
Havia muito sangue. Onde quer que você esteja, sei que está doendo.

Porra, cale a boca, seu fodido Peter.

Eu estava falando com ele na minha cabeça e sabia que


provavelmente estava formando as palavras com a minha boca. Eu
deveria ter me parado, no caso de acidentalmente deixar as palavras
escaparem, mas não consegui. Eu mal estava aguentando.

Eu olhei para a árvore embaixo de mim e acrescentei,


literalmente.

Ele estava bem embaixo de mim agora. Ele parou na base do


tronco e examinou a área.

Eles pensaram que eu ainda estava no chão.

Porra.

A ferida na cabeça. É por isso.

Eles não achavam que eu era estúpida o suficiente para escalar


uma árvore.

Eu quase bufei. Mal sabiam eles.

Eu comecei a rir, silenciosamente, me empurrando.

Merda. Talvez eles estivessem certos.

Comecei a deslizar para a direita, mas a jaqueta amarrada me


manteve no lugar. Eu não ousei me mover, nem um centímetro.
Casca cairia e pousaria em sua cabeça.

Por que o bandido sempre tem que estar bem em cima da


heroína? Por quê? Ou neste caso, logo abaixo?

Ooooh! OH! Oh foda-se.

Comecei a deslizar mais para a direita.

Se eu caísse, acabaria com o pescoço partido e tudo mais.


Richter precisava se mover e em um nível sísmico.

Mova-se, idiota!

Eu comecei a avançar novamente. Mais. Mais. Mais uma


polegada

Puta merda.

Eu estava muito perto da borda. Se eu continuasse, cairia.

Eu estava me aproximando de um precipício, com o perdão do


trocadilho. Ou cair e morrer ou se mover e arriscar ser encontrada?

Eu tive que me mudar.

Se eu esperasse mais, não seria capaz de fazer uma escolha.

Eu fiz isso. Voltei para a esquerda, certifiquei-me de que meu


corpo estava apoiado no galho e prendi a respiração.

Casca caiu, raspando e eu congelei. Eu pude ver um pouquinho


melhor e, enquanto observava, a casca moveu-se em direção à sua
cabeça. Este é o tempo nos filmes onde o bandido se move e a casca
cai a poucos centímetros de sua cabeça.

Este não foi o cinema.

A casca pousou na cabeça dele, e ele olhou para cima, uma mão
levantada para roçar o que havia caído dele. Quando ele fez, seus
olhos se moveram para cima ... e para cima ... e para cima - até que
eles pousaram em mim.

Eles quase saltaram para fora de sua cabeça.


—Desça daí! — ele gritou, as veias do pescoço saindo. —Puta
merda.

Eu tinha certeza que o sangue drenou de seu rosto, mas eu não


estava completamente certa. Ele recuou alguns passos para ter uma
visão melhor.

—Como você chegou aí em cima? Você tem um desejo de


morte?!

Quando ele colocou assim...

O jogo acabou. Eu poderia me mudar oficialmente de novo,


então peguei meu celular do meu bolso.

—Ela está aqui!

Ele estava gritando quando eu chequei para um sinal de celular,


e bam! Eu tive um. Eu cliquei no meu GPS e apertei para encontrar
minha localização.

Os caras estavam gritando, lutando em nossa direção. Um


cachorro latiu descontroladamente. Quando chegaram à base da
minha árvore, vi que era um galgo italiano.

—Maneira de trazer os farejadores, hein? — Continuei falando


enquanto fotografava minha localização e a enviava para Channing.
Eu esperei um segundo, repensado, e enviei para Rebecca também.
Quem sabia quando ter um stalker pessoal seria útil?

O cachorro puxou sua coleira, indo em todos os sentidos, exceto


na minha árvore. O cara continuou xingando e puxando de volta, até
que Richter acenou com a mão e o cara se afastou. Eu jurei que ouvi
um —Graças a Deus— vindo dele.
—Heather.

Richter estava de volta. Eu queria dizer algo mal-humorado,


mas não estava sentindo. Eu estava salvando minha força. Eu
precisava me gabar o suficiente para a minha última frase, e só de
pensar nisso me fez sorrir. Aqui veio um pouco dessa força
novamente, como um pequeno fio.

—Desça daí.

—Espere. — Um dos caras dele se adiantou. —E se ela cair?

Richter fez uma pausa e encolheu os ombros. —Nós a pegamos?

Outro cara perguntou: —E se não a pegarmos?

—Você está brincando comigo?! — Richter latiu, fulminante.

Os dois abaixaram a cabeça e os outros entraram na fila.

—Heather! Desça daí antes de escorregar e cair. Se você


morrer, bem, isso vai sugar para todos na mão. Apenas...— Ele
suavizou. —Desça. Por favor.

Oooh Por favor. Ele estava realmente tentando ligá-lo.

Eu tentei falar, mas apenas um som áspero saiu. Tossindo, eu


limpei minha garganta o suficiente para ligar roucamente de volta,
—Só se você ficar de joelhos, Richter.

—Heather. — Um grunhido de aviso.

Meu telefone tocou, e eu vi os textos chegando, um após o outro.

Channing: Estamos chegando.


Channing: Aguente.

Channing: Mulher, eu te amo. Não faça nada estúpido.

Muito tarde.

Rebecca: A cavalaria está montada. Estamos andando no


seu caminho.

Eu gemi.

Channing: Você está machucada? Você precisa de uma


ambulância?

Uau. Ele realmente estava preocupado. Uma ambulância


geralmente significava policiais, e nós não trazíamos policiais aqui.

Eu: Não. Apenas venha.

Eu empurrei enviar, depois reparei e enviei outro.

Eu: Talvez um elevador? Eu estou em uma árvore

Eu estava prestes a ser resgatada, e esse pensamento tinha


meus ovários no hiperdrive.

Richter ainda estava tentando me derrubar. Eu devo tê-lo


sintonizado, mas eu podia ouvi-lo tagarelando sobre algo, soando
cada vez mais louco.

—Heather!

Eu ouvi isso dele mais algumas vezes antes que eu achasse que
era hora de dizer o meu pedaço.

—Richter — eu liguei para baixo.


Ele se acalmou e se aproximou da árvore, com a cabeça em um
ângulo de noventa graus com seu corpo. —O que?

Eu sorri. —Chamei reforços.

Seus olhos ficaram lisos. —O que? — Suas narinas se alargaram.


—Você não tem telefone.

Um dos caras jurou. —Ele caiu. Eu juro.

Eu balancei a cabeça, rindo como uma maníaca. —Aquele não


era meu telefone. Eu estava devolvendo para alguém quando me
pegaram. Eu tive meu telefone esse tempo todo. — Eu parei,
saboreando isso. —A cavalaria está chegando. Eles estão a caminho
agora.

—Eu não acredito em você. Não há sinal de celular aqui.

Eu peguei meu telefone e acenei, só um pouquinho. —Você está


certo, a menos que você esteja aqui. — Eu apontei para uma
abertura na linha das árvores. —E você sabe que há uma torre não
muito longe.

Ele olhou para mim.

Eu olhei para trás, senti-me inclinado para trás e empurrei para


frente novamente.

Ele sorriu. —Eu não acredito em você. Acho que está blefando.

Naquele momento, dois caras correram com sacos grandes


sobre os ombros. Ele acenou para eles. —Você sabe o que é isso? —
Os caras abriram as malas e puxaram as cordas de escalada.
Meu coração afundou.

—Esse é o fim dessa estupidez. Eles estão chegando para pegar


você.

—É tarde demais—, eu gritei. —Eu realmente tenho um sinal.


— Para provar, cliquei no som e liguei. Demorou um segundo. Eu
segurei o telefone no ar. Richter sorriu para mim e aqueles dois
caras estavam realmente se movendo rapidamente. Eles tinham
apertos e tudo mais.

Merda. Merda. Merda.

Eles me pegariam antes de Channing.

E então, meu telefone começou a tocar.

Esse sorriso mudou de seu rosto para o meu. —Melhor ir,


porque eu disse a eles para trazer uma ambulância.

Ele fez uma pausa, então chegou a uma decisão. —Movam-se


mais rápido, pessoal!

Meu coração estava oficialmente em meus pés agora.

Channing não chegaria aqui a tempo.

Eu tive que me mexer e, olhando para cima, decidi que teria que
ir mais alto.

—Heather, não se atreva. Não faça isso!

Minha decisão foi tomada. Ele não era o único idiota aqui.
—Chupe meu pau — eu rosnei enquanto me preparava para me
mover.

Eu ia morrer.
CHANNING

O fato de eu estar descendo pelo lado da estrada de cascalho,


coberta de sangue da cabeça aos pés, não era uma visão que eu
esperava ver. Eu quase pisei no freio, pensando que ela era uma
aparição, então apertei o pedal do acelerador.

Richter ia morrer.

Eu não me importei com as consequências. Ele ia doer,


repetidamente, antes de cair seis pés abaixo.

—Puta merda! — Brandon exclamou antes que um silêncio


viesse sobre o veículo.

Nós éramos um dos oito caminhões, todos cheios, todos


prontos para a batalha. E sim, eu trouxe seu irmão para uma briga
de gangue.

Quando chegamos mais perto, Heather entrou em foco. Ela


estava tão coberta que vi sangue fresco, sangue seco. Sujeira. Lama.
Ela parecia algo saindo do pântano.

Eu bati a uma parada a poucos metros de distância dela. Eu não


queria mais sujeira para vomitar nela, e eu não confiava em mim
mesmo para ir devagar, então estacionei e saí pela porta no instante
seguinte.
Eu senti Brandon fervendo em meus calcanhares, e eu estava
pronto para rasgá-lo se ele a pegasse com muita força.

Ela mancou em nossa direção, suas roupas rasgadas e sua


jaqueta jeans pendurada na mão, arrastando-se no chão atrás dela.

Quando chegamos a ela, ambos nos controlamos, mas ela


continuou mancando para frente. Um pulo, meio arrastar, um
segundo pulo, o outro pé atrás dela, a jaqueta por último. Havia um
brilho nos olhos dela, mas eu vi fogo por baixo, e eu poderia ter me
chateado de alívio.

Ela estava bem.

Eu sabia.

Ela estava furiosa. Ela estava sofrendo, mas ela teve o mesmo
fogo que ela teve antes. Se alguma coisa, estava enraizada ainda
mais, e quando ela encontrou meu olhar, seu lábio superior se
curvou.

Ela parou, seus olhos perfurando os meus e ela disse: —Vou


levar um martelo para os joelhos de Richter. Ambos. Um por vez. Eu
vou derrubá-los. Então eu vou levar o martelo para o pau dele.
Depois disso, vou começar a arrancar pedaços de seus membros.
Seus cotovelos. Sua garganta. Seus dedos. Os dedos dos pés. Vou
arrancar as bolas dele por último e fazê-lo comê-las. Ele vai vomitá-
las e eu vou fazê-lo engoli-los novamente.

Seu fogo não foi abatido. Era uma chama completa e estava
fervendo.
Ela deixou cair a jaqueta jeans no chão. —Eu vou matá-lo.
Lentamente. Com o máximo de tortura possível, e vou aproveitar
cada maldito segundo que ouço seus gritos.

Brandon recuou um passo. Ele tossiu. —Bem então…

Oh sim. Heather estava bem.

Comecei a balançar a cabeça lentamente e me aproximei dela.


—Fora isso, você está bem?

Ela não respondeu, apenas olhou para mim.

Ela era um animal agora. Feroz. Perigosa.

Eu não era o único a sentir isso. Brandon ficou em silêncio,


deixando-me assumir. Os outros saíram de seus veículos. As portas
se fecharam, mas quando chegaram até nós, um silêncio misterioso
tomou conta deles. Eles pararam e logo pudemos ouvir um pássaro
chamando a um quilômetro de distância.

Ninguém disse uma palavra. Nós estávamos esperando por


Heather.

—Heather? — A preocupação surgiu em mim. Eu queria tocá-


la, mas não se isso iria machucá-la. Ainda assim, não pude evitar. Eu
estendi a mão e toquei seu cotovelo, apenas gentilmente.

Ao meu toque, ela pareceu se dissolver.

Sua cabeça caiu. Ela sufocou, —Channing.

Ela desmoronou.

Eu a peguei. —Whoa. Whoa .


Foi quando ela começou a soluçar.

Parecia que estava vindo de seu intestino. Ela enrolou minha


camisa em seu punho, pressionando a testa no meu peito. —
Channing. — Foi um sussurro desta vez.

Eu alisei a mão sobre o cabelo dela e a levei para longe do grupo.

Heather chorou seis vezes em sua vida - três delas em Naly. Esta
foi a sétima. Ela não gostaria que os outros a vissem assim,
espancada e exposta.

Uma vez que estávamos longe de todos, onde não podiam ouvir,
encontrei um lugar na estrada e sentei-me. Eu a embalei no meu
colo. Eu a balancei como um bebê.

Ela chorou. Seus soluços sacudiram seu corpo inteiro até que
finalmente ficaram quietos, mas mesmo assim suas lágrimas eram
um fluxo constante.

Eu reduzi a raiva assassina em mim. Ela sairia de novo, mas não


até que Heather estivesse bem. Ela era meu trabalho agora. Eu tinha
que ter certeza que ela estava bem, e quando ela se acalmou,
comecei a checá-la por feridas.

Ela foi atingida na cabeça. Mau. O caroço era do tamanho da


minha mão.

Eu podia ver os arranhões em seu corpo. Arranhões. Cortes


finos. Olhando de onde ela tinha vindo, percebi que eles poderiam
ter vindo dos galhos.

Eu estremeci por dentro, sabendo o quão rápido ela deveria ter


sido cortada tão profundamente.
Merda.

Ela disse que estava em uma árvore. Nós estávamos trazendo


coisas para ajudá-la a sair, e eu não conseguia parar de olhar por ela.
Ela tinha caído? Onde estava Richter?

Por que isso aconteceu? Verifique isso. Eu sabia por quê.

Como eu poderia me certificar de que isso nunca aconteça


novamente?

Sair? Porra. Eu me parei mesmo. Eu não ia pensar tão longe.


Cuidar de Heather. Isso vinha primeiro.

Então eu apenas a segurei. Eu a seguraria para sempre.

Talvez tenha sido alguns minutos depois, talvez vinte, talvez


uma hora. Eu não estava prestando atenção, mas pareceu um bom
tempo antes de ouvir alguém andando na nossa direção. Houve um
leve ruído de cascalho e Heather endureceu. Ela ficou em silêncio
em meus braços, mas ela não se moveu um centímetro. Eu não iria
fazê-la se mover, mas nós dois olhamos.

Heather se sentou, mas eu não a deixei ir longe demais. Eu


coloquei meus joelhos para cima, meus pés no chão, e eu a puxei
para que suas costas descansassem contra mim. Sua cabeça se
moveu para o meu peito. A pessoa parou atrás de nós, mas eu não
queria que Heather se virasse, então fiz sinal.

—Venha na frente.

Brandon deu a volta, ajoelhando-se e aproximando-se


delicadamente.
Havia uma emoção extasiada e brilhante em seus olhos. Se eu
não soubesse melhor, diria que ele estava tentando não chorar.

Sua voz quebrou sob a tensão. —Heather.

Heather endureceu ainda mais. Seu braço balançou até que eu


descansei a minha em cima, ainda cauteloso com seus cortes. Ela
soltou um suspiro, deixando parte de sua tensão.

Brandon parou, engoliu em seco e olhou para baixo. Quando ele


levantou a cabeça, ele estava mais controlado. Ele apertou os lábios,
engolindo novamente. —Heather, você está bem?

Heather segurou a mão dele.

Brandon pegou e seus dedos se uniram ao redor dos dele.

—Eu quero matar alguém— ela murmurou. —Essa resposta é


suficiente?

Alívio o inundou. Ele fechou os olhos, sentando-se em seus


calcanhares. —Claro que sim. Isso me responde. — Ele tentou sorrir,
mas ainda estava pálido. —Devemos levá-la para um hospital.

—Eu sei.

Mas Heather não se mexeu. Se qualquer coisa, ela afundou mais


em mim.

Brandon se levantou de novo. —Talvez você pudesse levá-la,


Channing?

Eu assenti. —Sim. — Minha própria garganta estava cheia. Eu


não esperava isso. —Você pode nos dar um minuto?
—Oh. Certo. — Ele sorriu para Heather carinhosamente. —Te
amo irmã.

Heather não respondeu. Ela acabou de devolver o sorriso


quando Brandon se moveu atrás de nós.

Uma vez que éramos apenas nós dois de novo, uma fungada a
deixou.

Eu não sabia o que estava acontecendo atrás de nós.

Não importava.

Eu tinha a mulher que amava em meus braços. Ela estava


segura. Ela estava sofrendo. E eu nunca poderia deixar isso
acontecer novamente. Isso é tudo. Meus braços se apertaram ao
redor dela. Eu nunca quis deixá-la ir.

Eu levei outro minuto - nós dois fizemos. Então eu perguntei:


—Você está pronta?

—Não. — Ela suspirou, seu dedo subindo e descendo sob o


meu.

Ela disse que não, mas senti a aceitação em seu corpo. Ela soltou
e eu sabia o que ela precisava. Movendo-a em meus braços para
embalá-la mais uma vez, fiquei de pé, com cuidando para não a
machucar com qualquer movimento repentino. Quando me
endireitei, ela fechou os olhos, sua cabeça descansando contra o
meu peito.

Algo mudou dentro de mim.

Eu não podia deixá-la. Nunca.


A percepção soou forte e alto, e nossas vidas juntas brilhavam
diante dos meus olhos.

Quando eu propuser a ela.

Quando me casar com ela.

Quando nós tivermos nosso primeiro filho.

Nosso segundo filho.

Nossa nona criança, se ela quisesse.

Nós nos mudaríamos para uma casa maior.

Bren iria se casar e Heather estaria ao meu lado.

Todos os feriados juntos, aniversários juntos. As futuras lutas


que teríamos.

Fazendo todo o amor.

À medida que envelhecemos.

Quando nos juntarmos à caravana de RV de seu pai ou fizermos


a nossa própria. Quando nos mudarmos para a Flórida e fizermos
todos os nossos amigos virem conosco - os que ainda estão vivos.

Quando um de nós mudar-se para um lar de idosos.

E quando um de nós deixar este mundo, mas mesmo assim, eu


cuidaria dela quando ela ficasse mais velha e começasse a ficar com
algum outro cara velho.

Para todo o sempre. As palavras estavam nos votos de


casamento por um motivo.
Tudo isso passou diante dos meus olhos e, quando comecei a
levá-la de volta ao veículo, eu sabia duas coisas.

Eu ia casar com ela.

E eu seria o primeiro de nós a morrer, mas só daqui a muito


tempo - muito tempo.
HEATHER

Eu precisava de um novo telefone.

Comecei a explicar isso depois que eles terminaram de me ver


no hospital. Tudo foi documentado. Cada centímetro do meu corpo
havia sido fotografado em busca de evidências - ou parecia ser cada
centímetro. Eu fui exposta.

Eu não sabia o que eles fariam com as fotos, se eles seriam


entregues à polícia? Eu nem tinha certeza se os policiais tinham sido
chamados. Channing me trouxe sob o disfarce de ter tido um
acidente escalando. As enfermeiras não piscaram, mas o médico fez
uma pausa quando viu o cinto de segurança no meu corpo. Quando
isso aconteceu, eu não tinha ideia. Ele fez uma pausa também
quando eu disse a ele que a maioria dos cortes eram de galhos de
árvores. De cair. Quando ele olhou para mim, eu sabia que ele sabia
que o ângulo desses cortes vinha de correr em uma corrida de
morte, não caindo.

Mas eu não vacilei com a minha história e, depois de um


segundo, ele continuou me avaliando.

Eu não achava que os policiais estariam envolvidos, mas uma


parte de mim se perguntava se isso era ruim ou bom. A concussão
que eles me informaram que eu tinha estava fazendo minha cabeça
um pouco tonta. Eles me disseram que eu teria pensamentos claros
em uma semana ou duas. Até então, deveria ser um descanso escuro
e entediante.
Channing nunca saiu do meu lado, embora eu soubesse que ele
provavelmente estava ansioso para encontrar Richter. Eu disse a ele
uma vez que ele podia, e ele apenas grunhiu: —O retorno pode
esperar.

Eu fiquei aliviada. Eu não queria que ele fosse embora. Doía


admitir, mas eu mal lidei com ele quando ele saiu do quarto, por
qualquer motivo - se uma enfermeira teve que verificar alguma
coisa, ou se ele teve que falar com um dos tripulantes. Todas aquelas
vezes, ele se moveu para que eu pudesse vê-lo através de uma janela
ou eu podia ouvir sua voz, e então ele voltava para o seu lugar ao
meu lado.

Brandon tinha prometido me checar na noite de Channing,


depois saiu para cuidar de Manny’s.

Agora estávamos no caminhão de Channing, indo para a casa


dele. Ele estava atrás do volante com Rebecca ao meu lado atrás e
Congo no banco da frente.

Os caras ficaram em silêncio no caminho de volta, até que


Rebecca falou. —Se ao menos eu colocasse o broche em você, e não
naquele outro cara. — Ela embalou sua cabeça em sua mão. —Eu
pensei que os caras iriam querer ficar de olho nele, e eu te dei meu
telefone para mostrar a você desde que eu estava ajudando o Congo.
Quando toquei meu telefone e o encontrei na rua, soube que algo
estava errado. Horrivelmente, horrivelmente errado.

—Becca— eu grunhi, dando uma chance ao seu nome preferido


por uma vez. —Nada é sua culpa. Eu só fugi por causa de você.
Ela passou a mão sobre o rosto, enxugando as lágrimas. Ela
fungou. —Mesmo?

Eu balancei a cabeça ou tentei. Os analgésicos estavam


chutando. Eu estava começando a me sentir como se estivesse presa
a uma montanha russa.

—Quando eu estava lá fora, e os caras de Richter estavam


subindo para me pegar, achei que teria que ir mais alto do que eles.
E eu não pude fazer isso. Comecei a escorregar e achei que ia morrer,
mas depois pensei comigo mesma: o que Becca faria? — Eu sorri
abertamente. —OQBF, cara.

Ela sorriu de volta. —Você está brincando comigo.

—Eu não estou. Eu realmente não estou.— Doía rir. Bem, isso e
parecia que a montanha-russa tinha acabado de virar de cabeça para
baixo. —Eu percebi que você não iria subir. Você pensaria em outra
maneira de sair da situação, então eu terminei. Eu queria que eles
saíssem e pensei no que os faria sair. Vocês não iriam chegar lá a
tempo, então eu precisava de outra coisa. E eu pensei: a polícia.
Policiais os obrigariam a correr o mais rápido possível.

—Sim?

—Então eu puxei meu telefone, coloquei o alarme da sirene da


polícia, e acionei um temporizador para que ele saísse em um
minuto e ficasse mais alto. Então eu joguei meu celular.

Lembrei-me de me preocupar que o telefone quebrasse, que


não funcionasse.

Eu me preocupei que o alarme não funcionasse.


Aquele minuto foi o mais longo - bem, não na minha vida, mas
levou uma eternidade.

Eu me senti sorrindo novamente. —Quando o alarme disparou,


quase comecei a chorar. Eu escorreguei na árvore e caí um pouco,
mas eles nem perceberam.

O alarme foi suave no começo.

—Eles não ouviram a princípio. Então ficou mais alto e


começaram a ouvi-lo.

—Espere! O que é que foi isso?

—Oh foda-se.—

—Policiais!

—Esse alarme ficou mais alto e mais alto, e eles fugiram de lá.

—Ei!— Um dos alpinistas começou a xingar .—Espere por nós!

—Eles deixaram os dois caras que estavam subindo para mim.

—Você não está longe. Apenas corte a corda e o parafuso. — O


primeiro disse como ele fez exatamente isso.

Ambos caíram quase ao mesmo tempo.

—Eles decolaram depois do resto. Eu nunca ouvi mais caras


gritando.

—E quanto a Richter? — Congo perguntou, virando-se para me


olhar.

Eu balancei a cabeça, ainda sorrindo. —Ele foi o primeiro a ir.


CHANNING

Eu senti o cheiro do cigarro antes mesmo de me aproximar da


porta da frente.

Heather estava na varanda, a porta da tela aberta e eram três


da manhã. Ela queria voltar para a casa dela, então depois de lidar
com alguns negócios no armazém, nós viemos para aqui.

Richter estava de volta.

O Peter estava de volta.

Parecia que nada havia mudado.

O estacionamento de Manny’s estava vazio, por uma vez, e


todas as luzes estavam apagadas. Eles geralmente mantinham uma
luz acesa no local, no caso de alguém ter que voltar para um carro,
mas tudo estava escuro agora. Eu sabia que Heather estava fazendo.

Eu parei apenas dentro da porta de tela antes de sair.

Eu não fiz nenhum som. Eu nunca fiz, mas não importava. Ela
sabia que eu estava lá. Ela permaneceu quieta, assim como eu. Não
havia razão específica, exceto talvez para respirar, para me
preparar.

Eles a levaram. E eles eram intercambiáveis - poderia ter sido


Richter, poderia ter sido o Peter, poderia ter sido o vigarista. Eles
poderiam ter sido quaisquer outros inimigos que tivéssemos ou que
tivemos.

Mas ela estava aqui.

Ela estava segura.

Ela estava chateada, ferida e exausta, mas ela estava aqui.

Momento feito.

Eu me senti pronto para fazer isso, e abrindo a porta, olhei para


o lado.

Heather estava sentada em sua cadeira de balanço, com um pé


apoiado no banco ao lado dela, um cobertor enrolado em volta dela
para que um dos ombros fosse exposto. Sua pequena alça estava
pendurada em seu ombro, sua clavícula um pouco mais pronunciada
do que o normal, me dando um bom tiro nas mercadorias. Se fosse
possível, ela parecia menor para mim. Menor. Mais vulnerável. Mas
eu sabia que a maior parte disso era uma miragem. Se Heather
subisse contra um penhasco, não a aterrissaria em sua bunda. Ela
imaginou uma maneira de escalar a cadela e depois proclamar que
era dela no topo.

Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo solto, alguns fios


livres emoldurando seu rosto, e ela tinha um cigarro entre dois
dedos.

—Não julgue. Eu fui sequestrada. Isso garante uma fumaça.

Sua voz estava rouca, mas não era o fumo.


Eu fui até lá, peguei-a e a deitei de volta no meu colo. Ela nem
sequer ficou tensa. Ela apenas segurou o cigarro e saiu do caminho,
então esperou até que eu estivesse confortável antes de reorganizar
o cobertor em torno de si, uma ponta sobre a minha perna e relaxar
contra o meu peito. Sua cabeça descansou no meu ombro, e eu
coloquei a mão sobre a testa dela, acariciando seus cabelos.

Ela amava isso. Sempre tive.

—Eu te amei quando você tinha oito anos de idade — eu


murmurei.

Seu peito e ombros se moveram de sua risada. —Isso não é


possível. — Ela levou o cigarro aos lábios, inalando o último pedaço
dele.

Ela segurou-o para o lado, e eu peguei, moendo-o antes de


passar o botão para dentro da lata de metal que ela tinha no chão.
Meu braço voltou ao redor dela, deslizando sob o cobertor e se
acomodando em seu estômago. Ela estava com o pijama, e alguns
dos meus dedos deslizaram por baixo do cós, descansando lá.

—Isto é. — Eu belisquei seu ombro exposto, apenas uma


pequena pitada dos meus lábios.

A risada gutural de Heather deixou meu pau no ar agora.

Ela tinha acabado de passar por um pesadelo, e eu estava tendo


que me impedir de deslizar minha mão entre suas pernas,
mergulhando meus dedos nela, e tirando-a de lá. Mas não. O médico
disse que ela precisava descansar, e o sexo que eu queria agora não
era suave, gentil ou algo próximo de fazer amor. Eu apenas a queria,
e lutei para diminuir a necessidade de possuí-la, reivindicá-la e
garantir que nada de ruim lhe acontecesse novamente.

Era primitivo.

Eu tive que enrolar minha mão em um punho, descansando-a


na minha perna.

—O que há de errado? — Heather não estava mais relaxada. Ela


estava tensa - ela estava respondendo a mim.

Coloque-se sob controle, idiota.

Eu expulsei uma respiração profunda e me forcei a relaxar.


Deixando o punho ir, eu deslizei meu braço em torno dela do outro
lado, abraçando-a por um momento antes de roçar meus dedos
contra sua parte interna da coxa.

—Nada. Eu estou bem.

—Você não está bem. Você está me dizendo que estava


apaixonado por mim quando eu tinha oito anos.

Eu ri, pegando sua orelha com meus lábios agora. Eu a senti


tremer quando disse: —Eu estava. Foi o melhor tipo quando éramos
crianças. Eu só queria pegar em você o tempo todo. Eu não me
importei com outras garotas.

Ela bufou uma risada. —É mesmo? O que aconteceu no


primeiro ano?

Primeiro ano.

Como eu poderia explicar isso para ela?


Eu precisei. Já era hora e eu só podia esperar que ela não me
odiasse.

—Nada, na verdade.

Ela congelou, em seguida, empurrou para fora do meu colo. —


O que você quer dizer? Você não fez...

Havia uma meia lua atrás dela, e como eu poderia descrever o


que vi? Ela era bonita. Feroz. Forte. Protetora. Atrevida. Inteligente.
Espirituosa. Ambiciosa. Fiel. Eu podia ver a aluna da terceira série
por quem me apaixonei. Pode não ter sido o amor adulto que eu
tinha por ela agora, mas era o começo de toda essa jornada em que
estivemos. Eu podia ver a mulher que ela era, a esposa que eu
esperava que ela fosse no futuro, a mãe que eu queria ao meu lado.
Mas neste exato momento, ela era a garota cujo coração eu havia
quebrado naquele ano.

Inclinei-me para frente, descansando meus cotovelos sobre os


joelhos e passei minhas mãos pelo meu cabelo. —Eu sinto muito.

Ela não me deixou dizer mais nada. Ela agarrou meu cabelo e
levantou minha cabeça. Os olhos estavam em chamas. —Do que
diabos você está falando? Você não me traiu?

A verdade. Essa foi a única coisa que eu poderia dizer a ela para
melhorar isso.

Então eu comecei: —Você não me viu saindo do armário do


zelador depois que eu traí você.

Suas sobrancelhas se uniram. Sua boca se virou e ela se afastou,


vacilando. —Eu… eu vi. Você tinha batom no rosto.
—Você me viu saindo depois que eu empurrei a garota para
longe. Gus pediu-me para lhe pegar uma chave inglesa - deu-me as
chaves e tudo mais. Eu entrei e aquela garota entrou atrás de mim.
Ela me agarrou, não o contrário.

—Mas...— Seus olhos estavam correndo de um lado para o


outro, lembrando.

Foi uma história bastante fácil de verificar. Gus era regular no


Manny's. Ele pode não se lembrar, mas havia uma chance que ele
faria. Eu tinha a sensação de que ele faria.

—Minha mãe morreu, Heather.

Deus. Este foi o nosso padrão, ao redor e ao redor. Um longo


círculo de merda.

Algo ruim aconteceu. Eu andei. Ela andou. Um de nós andou e o


outro deixou. Nós seguiríamos nossos caminhos separados,
começaríamos a sentir a falta um do outro e voltaríamos juntos. Foi
um maldito ciclo que teve que parar. De alguma forma.

—Você se lembra?

Heather se moveu para se sentar ao meu lado, seu cobertor


ainda envolto em torno dela. Ela não estava olhando para mim, mas
olhando ao longe, e uma lágrima caiu por sua bochecha. Ela o jogou
longe, um movimento rápido e selvagem antes de falar, sua voz
rouca: —É claro que eu lembro quando sua mãe morreu. Eu a
amava.

Eu assenti. —Ela amava você também.

—É por isso? É por isso que você fez?


Senti uma dor cavando no meio do meu peito, abrindo um
buraco oco. —Eu estava fodido. Eu estava sofrendo. Eu estava te
machucando. Eu estava me machucando. Bren. Eu estava
machucando alguém perto de mim. Você estava chateada comigo o
tempo todo, e eu não podia culpá-la, mas eu não queria puxar você
para baixo comigo.

—Channing — Ela começou a me alcançar.

Esta foi a outra parte do ciclo.

Eu machucaria, ou ela machucaria, e o outro viria. Eu era um


idiota egoísta. Se eu estava sofrendo, às vezes eu não tinha forças
para mantê-la longe. Eu fiz esse tempo. Ela pensou que eu havia
enganado, e eu deixei.

Essa foi a primeira vez que a deixei ir.

Eu balancei a cabeça e me sentei para frente. —Não. Você tem


que ouvir tudo isso. — Eu não conseguia olhar para ela. Chame-me
de fraco, mas não queria ver a mulher que amava em lágrimas. Eu
não queria saber que eu os colocaria lá, mas era mais do que a
maldita vez que toda a verdade estava fora.

Pressionei a mão no corrimão da varanda e usei-a como âncora.


Eu precisava disso para me segurar firme. —Eu estava em espiral.
Machucados. Vandalismo. Bebendo. Eu já estava começando tudo e
eu ia trazer você comigo. — Eu inclinei minha cabeça para trás,
fechando meus olhos. Jesus. Isso doeu. —Eu saí do seu quarto uma
noite e seu pai me encontrou com um rifle de caça.

—O quê? — Eu senti ela se mover atrás de mim.


—Ele levantou e apontou para mim. Porque, você vê, ele sabia
o que estava acontecendo comigo. Ele me contou todas as coisas que
acabei de contar - estava indo por um caminho ruim. Eu estava
levando você comigo, e foda-se, Heather... — Eu gesticulei ao nosso
redor, embora houvesse apenas escuridão. —É verdade, mesmo
agora. Você estava em um tiroteio. Você foi sequestrada. Você se
machucou hoje e é minha culpa.

—Cale-se. Apenas cale a boca.

Eu não pude. —Ele me disse para deixar você, e no dia seguinte,


quando você me viu, eu sabia o que você pensava.

Isso me queimou. Ainda. Eu estava de volta lá no corredor. A


cadela estava saindo atrás de mim, esfregando sua boca. Heather
estava enraizada no lugar, os olhos arregalados, indo do meu rosto
para a garota e de volta para mim. Eu esfreguei minha boca e vi o
batom então.

—Eu deixei você pensar isso.

—Eu mudei de escola por causa disso. Por sua causa. E Tate?
Você dormiu com ela. As garotas me contaram naquela escola.

Eu balancei a cabeça. —Tate me mandou uma mensagem, disse


o que te disseram. Eu pedi a ela para deixar você pensar.

—Você está fodendo comigo? — Sua testa estava se enrugando


novamente.

Eu respondi antes que ela falasse novamente. —Tate não disse


nada naquele dia porque não achou que você acreditaria nela. Sam
começou no Fallen Crest Public, e você foi a melhor amiga dela. Tate
sabia que era uma batalha perdida. Ela veio até mim mais tarde para
me convencer a apoiá-la.

—Você disse que não? Novamente?

—Nós já estávamos indo e voltando, mas você estava em uma


escola melhor. Você não estava mais viajando de volta para Roussou.
Você tinha novos amigos, melhores amigos.

—Cale-se. — Um pequeno sussurro.

—Passei a primeira parte da minha vida tentando pegar você.


Passei a última parte tentando ir embora. — Minha voz caiu para
combinar com a dela.

Eu observei enquanto a cabeça dela se curvava. Ela estava


tentando se enrolar em uma bola, o cobertor em punhados no colo.

—Eu estava tentando deixar você ter uma vida melhor.

E agora…

Agora, eu a vi andando na minha direção na estrada de cascalho


novamente. Sangue em cima dela. Sangue saindo da cabeça dela. Eu
me vi correndo para ela, esperando que ela desmoronasse, mas ela
não o fez. Seus olhos brilharam. A briga estava lá. O desafio. Ela disse
sua peça. Ela se manteve forte até não precisar mais, e eu estava lá.

Eu peguei ela.

O segundo capítulo da minha vida acabou naquele momento.


Quer ela me quisesse ou não, ela poderia me ter. Eu não tinha mais
forças para ir embora.
Essa luta foi embora.

Eu não tinha nada em mim. Eu não podia andar, não mais.

—Você me afasta toda vez que algo ruim acontece em sua


vida— disse ela.

Meu meio-irmão Max morreu. Meu pai foi para a prisão. Minha
mãe morreu.

Ela estava certa. Toda vez.

—Naly— eu murmurei.

Ela olhou de volta. O sangue drenou de seu rosto. Eu vi o brilho


das lágrimas e seus olhos estavam tão arregalados e imaginando. —
O que?

—Naly— eu disse novamente. —Quando ela morreu, você me


afastou.

—Não.

—Sim.

—Não.

Eu me ajoelhei na frente dela, meu tom mais gentil. —Sim,


Heather. Eu fiz isso para você todas as vezes, então eu sei quais são
os sinais. Eu sabia que você estava me afastando, e obriguei esse
tempo. Aquela hora.

Seus olhos escureceram. —Do que você está falando?


Eu peguei as mãos dela. Ela começou a puxá-las para baixo do
cobertor, mas eu segurei uma delas e entrelacei nossos dedos. —Eu
não estou mais saindo.

Ela segurou meu olhar, estudando-me, tentando decidir se


acreditava ou não. Ela engoliu em seco. —Você está mentindo.

—Eu não estou.

Eu terminei com a distância. Eu disse meu pedaço. Ela ainda


estava aqui. Isso foi um bom sinal para mim, então me movi para
frente, pegando-a. Eu a puxei de volta para o meu colo e disse, quase
asperamente: —Quando a carreguei de volta para o carro hoje de
manhã, nossa vida passou diante dos meus olhos. Eu não sou
psíquico, mas mesmo assim, aconteceu. Eu não posso explicar isso.
— Minhas mãos apertaram ao redor dela. —Não há nenhuma
maneira que eu esteja saindo. Qualquer merda que vem do nosso
jeito, nós a arregaçamos juntos.

Ela riu, pequena. —Manny's. Brandon. Minha casa. Tudo isso


está aqui. Suki. Cruz. Ava. Gus mesmo. Toda minha gangue. Eles
estão aqui. — Seus dedos relaxaram e começaram a esfregar contra
os meus. Seu polegar acariciou a palma da minha mão. —Se você
quer que eu tenha uma vida melhor, eu tenho que sair, e não sou eu.
Eu sou de Roussou. Este lugar é quem eu sou.— Ela olhou para cima,
nossos olhos se encontrando. —Você é quem eu sou.

Nada. Ninguém. Não é um desastre natural. Não é um crime


aleatório. Não é má sorte. Nada iria machucá-la. Aquela promessa
bateu no meu peito, e eu toquei seus lábios, esfregando o inferior. —
Eu te amo muito pra caralho.
Um sorriso ofuscante voltou para mim, e ela desistiu,
entregando tudo. Eu poderia ter pego ela e embalado ela como uma
criança.

—Eu também te amo, muito caralho.

Levantei-me, segurando-a como se ela não fosse nada, e levei-a


para seu quarto.
HEATHER

Eu estava fora de serviço pelas próximas duas semanas.

Eu estava confinada em minha casa a princípio, e eu queria


escalar as paredes, ouvindo o barulho do Manny's, ouvindo a
abertura e batida das portas do carro, ouvindo as pessoas rindo,
sabendo que todos estavam indo para o meu local de trabalho. Então
ouvindo a música, cheirando a fumaça - eu estava no inferno.

Eu queria saber o que estava acontecendo. Eu queria estar no


caos.

Isso foi uma tortura.

Brandon entrou uma vez, me viu segurando um maço de


cigarros e prontamente ligou para Channing. Eu me permiti a noite
depois que fui atacada, mas era isso. Eu voltei a tentar parar e fiquei
na casa de Channing depois que Brandon me pegou.

Estava mais quieto lá, às vezes. Channing não me queria no


armazém. Ele disse que eles lidariam com tudo. Eu não deveria me
estressar. O estresse era ruim para concussões. Sim. Bem. Esse tédio
insano era pior. Ele chegou em casa a cada minuto que podia, e eu
sabia que Bren estava entrando e saindo. Ela estava principalmente
fora - ou se esgueirando tarde da noite.

Channing tentou acompanhá-la, mas foi uma batalha perdida.


Bren poderia se mover pela casa como um gato, e seu cara era o
mesmo. Se eles estavam fazendo sexo, eles eram muito quietos e que
foi um caso porque eu não sabia plenamente o que estava
acontecendo. Eu acho que Channing sabia, mas ele não queria falar
sobre eles.

Nós geralmente ligamos nosso ventilador para cobrir nossos


ruídos também. Nós éramos de alta classe, em uma espécie de
parque de trailers.

Nós éramos de alta classe, de um jeito meio Roussou.

Então, Channing chegou em casa cedo uma tarde.

Eu não o vi. Eu acabei de ouvi-lo, mas foi o suficiente. Todos os


cabelos na parte de trás do meu pescoço se levantaram. Eu estava
na cozinha quando ele entrou. Ele foi ao banheiro, abrindo e
fechando as gavetas. A porta do armário se abriu. Algo estava
acontecendo, mas eu esperei. Ele veio até mim e, alguns minutos
depois, ele veio.

Uma mala também veio com ele, junto com minha mala de
viagem.

Ele descansou aquilo em cima da mesa, colocando uma


passagem de avião ao lado dela.

Ele estava me mandando embora.

—Não. — Eu balancei a cabeça. Decisão tomada. Conversa feita.


Eu não ia a lugar nenhum.

Ele passou a mão pelo cabelo e sentou-se à minha frente na


mesa. —Não é o que você pensa. Mason me ligou.

Eu me sentei, inclinando-me para frente. —Sam está bem?


—Ele acha que Sam vai ter o filho em breve. Ele queria te fazer
uma surpresa.

Tempo conveniente. Eu estreitei meus olhos para ele. —


Mesmo? — Mas eu estava fazendo a matemática na minha cabeça e
estava perto.

—Mesmo.

Ele se acalmou. Ele não estava olhando em volta. Ele não estava
se mexendo, coçando, coçando, inquieto. Não houve batidas no
dedo, nem batidas nos pés. Ele estava calmo. Este foi o sério
Channing, mas sem a parte morta. Não houve intensidade dele,
apenas uma expressão de fato.

—Eu não acredito em você. — Só um blefe.

Seu telefone disparou através da mesa para mim. —Chame


Mase você mesma.

Eu empurrei de volta. —Mason vai mentir para ter suas costas


sete dias da semana. Sam faria o mesmo por mim.

Deus. Uma bolha de frustração subiu na minha garganta. Eu não


podia ligar para Sam porque estava chegando perto data do parto.
Isso era verdade, mas eu não podia perguntar se Mason queria me
surpreender. Isso poderia ser verdade também. Eu tive que ir com o
meu instinto. Se Channing fizesse algum movimento, ele me queria em
segurança - e voar para Massachusetts era bastante seguro para nós.

Eu tentei uma tática diferente.

—Eu vou ficar em uma das casas deles na cidade— eu ofereci.


—Mason comprou uma casa. Eu poderia ir lá. Ou a casa dos pais de
Nate. Eles nunca estão aqui. Ou até mesmo a casa dos pais de Sam.
Malinda e David. Eles deixariam eu ficar.

Eu estaria perto, mas segura.

Eu esperei, sem desviar o olhar, mas Channing não quebrou. Ele


balançou a cabeça e suspirou, abaixando os ombros. —Eu tenho
outros lugares seguros para onde você poderia ir se fosse por razões
de segurança. Mason realmente está te levando para surpreender
Sam. Quando você voltar, ele vai expulsar Malinda. Ela vai ficar com
eles por um tempo, ajudar Sam com o bebê.

Eu cerrei meus dentes. Tudo parecia legítimo, e isso fez meus


dedos se curvarem. Channing estava me mandando para fora do
caminho, mas caramba - ele estava fazendo um trabalho tão bom.
Comecei a me sentir obrigada a ir.

—Seu filho da puta.

Ele sorriu, um meio sorriso arrogante. Seus olhos brilharam


para mim, escurecendo. —Como está sua cabeça?

Esta foi outra das nossas rotinas. Channing voltava para casa.
Às vezes começava imediatamente, outras vezes no final da tarde ou
depois de ficarmos sentados fora por uma hora juntos, mas essa
pergunta sempre aparecia.

Como está minha cabeça?

Alguma dor de cabeça?

Quanto era oito multiplicado por vinte?


Ele era um idiota com a última pergunta. Eles deveriam ser
perguntas que eu poderia ter respondido antes da concussão -
multiplicação e pedir-me para recitar as capitais de todos os
cinquenta estados não eram essas perguntas. Eu ainda não sabia, e
estava terminando o final do meu prazo de duas semanas para curar
a concussão. Eu era boa. Eu estava bem. Eu estava pronta para
entrar na luta.

Fodido Richter tinha me levado, tinha me feito escalar uma


árvore, e eu queria entrar nessa vingança. Eu sabia que Channing
estava cozinhando. Ele começou a ficar longe mais e mais, às vezes
caindo na cama às três ou quatro da manhã, apenas para se levantar
e sair por volta das seis. Toda vez que eu perguntava, ele recitava as
palavras do médico: —Descanse. Coma direito. Quartos escuros.
Sem televisão. Sem internet. Nada que estimulasse o cérebro. — Ele
seguiu isso com um estudo recente que dizia que poderia levar até
cem dias para se recuperar completamente de uma concussão, se
uma pessoa não seguisse essas diretrizes.

Toda vez que ele disse isso, eu disse a ele —dane-se—.

Ele citaria a fonte em resposta.

No momento em que a troca foi feita, eu sempre tive uma dor


de cabeça, e então ele me beijava suavemente e dizia: —Eu avisei.

Eu queria dar um soco nele. Uma vez eu fiz, mas Channing só


pegou minha mão, começou a rir e me colocou debaixo dele. Eu não
estava reclamando. Essa foi uma atividade que eu poderia fazer.

Bem. Eu engoli meu rosnado.

Eu teria ido. Eu tive que ir agora.


Mas eu ia sugá-lo de todas as informações que podia antes de
sair.

—O que está acontecendo com Richter?

Channing relaxou, recostando-se em seu assento. —Ele está


indo para baixo. Isso é o que está acontecendo.

—Você falou com Traverse?

Os olhos de Channing se arregalaram e uma parede deslizou no


lugar. Ele se levantou, como eu sabia que ele faria. Ele odiava quando
eu me virava para o interrogador, e ele foi até a cozinha e olhou pela
geladeira.

Ele falou de costas para mim, metade de suas palavras


resmungou, mas eu ouvi, —...liguei, e disse que eles estão assistindo
Richter.

—Channing.

Ele se endireitou e se virou de volta.

—Eu só vou se eu souber. — Eu cruzei meus braços sobre o


peito. —Me conte todos os detalhes. Esta é a minha vingança
também, não apenas a sua.

Ele me estudou, avaliando minhas palavras e eu olhei de volta.


Ele podia olhar tudo o que queria. Eu não estava mentindo. Eu não
estava blefando.

Minhas narinas se dilataram. —Eu não estou entrando naquele


avião a menos que eu saiba. Tudo isso.
—Ok. — Ele pegou uma cerveja, mas ele não voltou para a
mesa. Ele descansou no balcão da cozinha, com os pés cruzados nos
tornozelos.

Ele começou.

—Traverse disse que Richter trouxe outra carta dos Demônios.


Eles não concordaram com o que Traverse fez, então há uma guerra
entre eles. É por isso que Richter não fez nada e por que não fizemos
isso também. Estamos esperando que isso termine. Não importa
quem seja o vencedor, Traverse nos dará Richter. — Seus olhos
deslizaram dos meus e sua boca se apertou.

—Você está enviando sua gangue para ajudar Traverse?

Seus olhos voltaram para os meus e eu vi o olhar endurecido


neles. —Porra. Sim. Estou enviando toda a ajuda que posso. Eu
quero que Richter queime pelo que ele fez com você.

—Então você está em um período de espera com Richter. E


aquele outro cara? Aquele que falou com você em sua nova loja.

Aborrecimento brilhou em seu rosto. —Sim. Aquele idiota. Ele


era o cara querendo aquele vigarista.

—O golpe com a mãe de Chad?

—Sim.

—O vigarista era um herdeiro de um cara rico e excêntrico. Seu


advogado, um Peter...

Eu sorri para isso. Ele parecia um desses caras.


—...pagou-nos para entregar o filho a ele. Nós fizemos. Eles
foram embora, e o advogado apareceu de novo para nos informar
que ele havia deixado a propriedade de seu pai rico e provavelmente
estava vindo para pagar. Ele disse isso, e Chad ficou louco, no estilo
do Hulk.

Suspirei. Eu já tinha visto uma vez e foram fogos de artifício.


Uma parte doente e torcida de mim queria ver de novo - talvez em
Richter.

Inclinei minha cabeça. —É possível que o Peter estivesse


trabalhando com Richter? Ele era a isca para te afastar e foi quando
me pegaram?

—Nós pensamos nisso, mas pegamos o telefone dele. Não


houve histórico de chamadas entre os dois. Nós diminuímos todos
os números. Todos eles saíram.

Eu não ia perguntar como eles conseguiram o telefone ou a


história. Conhecendo Channing, eles apenas pegaram, se o cara
queria entregá-lo ou não.

—Então ele estava deixando você saber como? Uma cortesia?

—Não. — Channing sacudiu a cabeça. —Dinheiro. Se o filho


voltar, ele quer que o entreguemos de volta ao papai pelo mesmo
dinheiro. Eu disse a ele que não voaria. Nós apenas lidamos com ele
nós mesmos.

Eu sorri abertamente. —O que ele fez depois disso?

Channing combinou com meu sorriso. —Ele dobrou a taxa. É


em uma base contínua.
—Por que o vigarista continuaria voltando?

Ele deu de ombros, tomando sua cerveja. —O Peter acha que


ele tem uma pontuação aqui que ele ainda não conseguiu, e é bom o
suficiente para continuar trazendo ele de volta. Nós vamos
descobrir. Se ele aparecer, vamos pegá-lo e espancá-lo por
informações.

—É isso que você fez antes?

Channing franziu o cenho. Sua mão apertou sua cerveja, então


ele a jogou de volta em um gole. —Você está certa. — Ele jurou em
voz baixa. —Nós vamos ter que tentar um método diferente.

—Deixe Becca para ele.

Ele inclinou a cabeça.

—Eu tenho a sensação de que se alguém pode descobrir como


obter informações do cara, será ela.

—Merda. — Suas sobrancelhas se levantaram. —Você está


certa. Aposto que ela faria, e se ela não pode... — Um sorriso sedutor
puxou seus lábios. —Talvez nós vamos deixar você ir para ele.

O pensamento de ter um cara amarrado na minha frente a


minha inteira disposição, onde eu poderia fazer o que quisesse,
dizer o que eu quisesse - eu não podia negar o entusiasmo que
desceu pela minha espinha. Mas então eu realmente imaginei o cara,
quem quer que ele fosse. Eu escolhi um cara desprezível e
espertinho. Cabelos oleosos. Muito bronzeado. Dentes brancos
cegante. Correntes pesadas em volta do pescoço e um falso Rolex no
pulso.
Aquele entusiasmo secou imediatamente, então eu o substituí
por Channing.

Channing amarrado. Channing à minha disposição, ao meu


comando, e eu poderia fazer o que quisesse com ele.

Isso tinha apelo, muito apelo. Um pulsar começou entre as


minhas pernas e me observando, os olhos de Channing escureceram
em resposta.

Ele deixou de lado sua cerveja. —O que você está pensando?

—Eu quero foder você. Eu quero te montar com tanta força, tão
suave que eu vou ser capaz de apenas apertar minhas pernas no
momento certo, com a quantidade certa de pressão, e você virá tanto
tempo e duro, você estará vendo a porra da galáxia.

Seus olhos se arregalaram e eu sorri. Eu estava quase


ronronando quando ele jogou sua garrafa na pia e me pegou.

—As coisas que você diz.

Minhas calças foram logo desabotoadas, tiradas. Ele puxou-os


para baixo, sua mão na minha bunda nua.

Ele me jogou por cima do ombro, mas droga, eu queria descer.


Eu queria tocá-lo. Ele me levou para o seu quarto e me deixou na
cama, se inclinando comigo para que sua mão permanecesse na
minha bunda. Gemendo, ele se afastou para fechar a porta. Ele
sacudiu a fechadura e virou o ventilador em plena explosão.

Pessoas de alta classe. Alta classe.

Eu rolei de costas e observei ele vir até mim.


Ele começou a tirar a camisa, mas fez uma pausa, com os olhos
fixos nos meus.

Lambi meus lábios e murmurei com voz rouca: -—Tire isso.

Seus olhos eram tão escuros, quase negros. Ele cutucou minhas
pernas e se colocou entre elas. Sua cabeça inclinou apenas o
suficiente para me deixar saber que ele queria dizer negócios. —
Você tira isso.

Uma explosão de luxúria me encheu. Ele queria jogar jogos?


Inferno pra caralho sim.

Eu desci até a beira da cama, envolvendo minhas pernas ao


redor dele, e eu empurrei-o para frente. Tomando um bom controle
sobre seu jeans, eu o puxei pelo resto do caminho até que ele quase
caiu em cima de mim. Ele se segurou, estabilizando e sorriu para
mim.

Seu pau estava duro, de pé, e eu deslizei minha mão até a frente
dele, deleitando-me com seu pequeno gemido. Ele inclinou a cabeça
para trás, deixando-me fazer o que diabos eu queria.

E eu queria. Eu queria.

Eu empurrei sua camisa para cima, minha mão correndo sobre


todos esses músculos. Ele chupou seu estômago sob aquele toque.

Eu poderia fazê-lo suspirar. Eu poderia fazê-lo tremer. Eu


poderia fazê-lo fazer qualquer coisa que eu quisesse, e esse poder
era viciante. Subindo de joelhos na cama, levantei a camisa por cima
da cabeça dele e seus olhos captaram os meus mais uma vez. Eu
joguei ao mesmo tempo em que sua mão subiu para segurar meu
pescoço. Era a vez dele agora. Ele se abaixou, seus lábios pairando
sobre os meus.

—Você tem alguma ideia de quão quente eu estou por você


agora?

Minha mão desceu pelo seu peito e eu desfiz o jeans dele,


escorregando para dentro. Envolvendo meus dedos ao redor de seu
pênis, eu sorri de volta para ele.

—Eu tenho uma sensação. — Meu polegar roçou o topo dele e


um gemido gutural o deixou, quase de um jeito explosivo. Ele se
abaixou, colocou as mãos em volta das minhas pernas e me levantou
no ar.

—Channing! — Eu segurei nele, minhas pernas e braços


apertados, mas depois fechei meus olhos. Eu comecei a não me
importar onde ele estava me levando. Eu podia senti-lo entre as
minhas pernas e um pequeno turno - lá estava ele. Ele estava
empurrando o seu caminho dentro A única barreira entre nós era
minha calcinha.

—Porra, mulher.

Eu sorri, beliscando o pescoço dele. —Tire minha calcinha.


Agora.

Ele me colocou em sua penteadeira e os arrancou em um piscar


de olhos. Ele era muito duro. Tenso, eu não sabia por que, mas ele
parou por um segundo a mais do que eu queria. Ele pegou abriu sua
gaveta, mas eu não estava esperando. Preservativo seja
amaldiçoado. Eu queria outra Naly e peguei o pau dele na minha
mão como um pau. Eu coloquei esse filho da puta em marcha.
Andando até a borda da cômoda, eu o movi para dentro de mim ao
mesmo tempo.

Channing ofegou, sua mão agarrando a cômoda.

—Puta merda, Heather.

Eu realmente não estava esperando. Ele poderia ajustar em seu


próprio ritmo. Comecei a rolar meus quadris, montando-o em um
movimento suave, levando-o profundamente, em seguida, trazendo-
o de volta para a borda e repetindo. Eu fui devagar no começo,
acelerando em seguida.

Channing estava congelado, rígido como eu o montei até que de


repente, outro rosnado entrou em erupção e ele me agarrou,
girando e soltando nós dois em sua cama. Uma mão segurou meu
quadril e a outra agarrou a parte de cima de sua cabeceira e ele
começou a me montar em troca. Ele se levantou, seus quadris
combinando com meus movimentos a uma velocidade quase
frenética. Eu estava cega de desejo. O prazer foi construído e
construído, revestindo minhas entranhas, me tencionando, me
alongando.

Eu amava esse homem, mas eu poderia ter amado o que ele


mais me fez na cama.

Estendendo a mão, agarrei-o, tentando derrubá-lo. Eu queria


sentir o peso dele.

—Claro que não — ele grunhiu e apenas empurrou mais duro


em mim.

Deus.
Ele era como um homem possuído, mas esta tinha sido a minha
hora de dominar. Não é dele. Ele estava me atormentando. Quer
dizer, ele estava dando para mim, mas eu queria mais. Eu precisava
de mais, e rosnando, eu agarrei seu braço e o puxei para baixo.

—O qu...

Eu quebrei o seu aperto da cabeceira da cama. Antes que ele se


contivesse, eu abri nossas posições, arrastando-o para baixo na
cama e subindo em cima. Eu joguei uma perna por cima dele e me
afundei nele.

Oh maldito. Isso foi bom.

Eu podia senti-lo em lugares que eu não tinha antes, e me


apoiando em seu peito, eu comecei a ir de novo. Suas mãos foram
para meus quadris, e ele combinou comigo, nossos quadris quase
dançando juntos, rangendo.

Este. Sim. Deste. Jeito.

Minha cabeça caiu para trás e eu saboreei isso.

Depois de um tempo, senti-o sentar-se e seus lábios


encontraram meus seios.

Prazer passou por mim. Eu agarrei a parte de trás de sua


cabeça. Meus dedos afundaram, segurando-o para mim enquanto
ele tomava meu mamilo em seus dentes. Comecei a desejar isso,
ansiando por ele torturar o outro também.

Não havia palavras bonitas entre nós. Não havia promessas


floreadas. Havia apenas nós. Nosso amor. Nossos corpos. O vício que
tivemos um pelo outro. Nós estávamos ligados, como correntes
invisíveis. Eles estavam lá, quer quiséssemos ou não. Quanto mais
distantes nós íamos, eles apenas iam conosco, ficando tensos até que
o outro cedia e voltava.

Foi assim que fomos, e enquanto eu montava meu homem até o


fim, senti ele se mexendo embaixo do meu corpo e se atirando em
mim, isso era êxtase. Eu o apertei, saboreando como ele se sentia
dentro de mim. Eu não precisei da droga. Eu tive ele. Eu fui até a
borda e senti meu orgasmo quase assaltando meu corpo. Foi até os
dedos dos pés, aos dedos, até a base do pescoço, onde uma das mãos
dele tinha se arrastado, me ancorando quando ele veio.

Eu ofeguei.

Minhas pálpebras se abriram e eu olhei para ele.

Eu vi o mesmo contentamento em seus olhos, e um canto de sua


boca se curvou. —Você é bem-vinda para fazer isso a qualquer hora,
em qualquer lugar e de qualquer maneira que quiser.

—Talvez eu voe amanhã.

Seus braços vieram ao meu redor, me puxando para baixo. Ele


rolou por cima e encaixou bem entre as minhas pernas.

—Sim. Talvez você vá voar amanhã. — Ele não estava pronto


para outra discussão, mas ele deitou em mim, e eu saboreei esse
sentimento dele. Eu tracei meu dedo pelas costas dele enquanto ele
passava a mão pelo meu lado e perna.

Eu passei meus dedos pelos cabelos dele.

Ficamos assim por uma hora.


Channing teve que fazer algumas ligações, mas quando voltou,
subiu na cama. Ficamos lá o resto do dia, e quando estava ficando
escuro, ele me rolou para o meu estômago e empurrou por trás.

Foi a sua vez de me fazer ver as estrelas.


HEATHER

Eu estava no avião no dia seguinte.

As pessoas ainda estavam chegando aos seus lugares, mas eu


estava com o cinto de segurança. Eu fui ao banheiro. Meu telefone
estava na minha mão, fones de ouvido para música e eu já estava
entediada. Folheando as revistas de viagem na bolsa do banco na
minha frente, olhei entre eles e meu telefone. Então eu pensei, foda-
se. Eu liguei para Sam. Nós não tínhamos conversado por um tempo
- não desde o dia em Manny’s, quando eu precisava de alguma força
para não acabar na cama com Channing.

Foi uma batalha perdida desde o começo.

—Ei! — Ela respondeu um segundo depois, parecendo sem


fôlego.

—Ei. O que você estava fazendo? — Eu sorri abertamente. —


Batendo feios com o seu homem?

Ela riu. —Sim. Certo. Eu gostaria. Eu estava fazendo algumas


daquela ginástica de mamães. Qualquer coisa para ajudar no parto,
você sabe. Estou preocupada com quão esticada estarei.

—Você está tentando se induzir?

Outra risada —Sim. Certo. Eu ficarei assim mais perto do


encontro, mas é cedo demais.
Espere o que?

—Quando é a data do parto novamente? — Eu deveria saber.

Eu era uma amiga horrível. Eu não conseguia lembrar. Por que


não me lembro?

—Nós temos outro mês. Mason quer fazer uma cesariana, mas
eu disse a ele... — Ela parou. —Heather?

Eu não estava sendo levada para um presente surpresa de


parto. —Mason não pediu para eu voar para fora, não é?

—Espere. O que?

Eu sabia. Eu não precisava que ela perguntasse a Mason. Eu


sabia.

Aquele idiota. Channing mentiu para mim.

—Ei. Hum…— Fiz um sinal para a senhora ao meu lado,


murmurando, —sinto muito— quando eu desfiz o cinto e me
levantei.

Aquele idiota.

Imbecil.

Foda-se.

Eu ia matá-lo.

Não, eu ia encontrá-lo, depois matá-lo, depois trazê-lo de volta


à vida e talvez eu o matasse novamente. Ele sabia muito bem o que
estava fazendo.
Ele estava me tirando do caminho.

—Você está bem? Heather? — Sam ainda estava no telefone.

Merda. —Desculpe, Sam.

Eu peguei minha bolsa do topo e comecei a frente.

—Senhorita! — Uma comissária de bordo entrou na minha


frente. —Senhorita!

—Eu tenho que ir. — Eu passei por ela, subindo a rampa.

—Heather, você está bem? Onde está você?

Eu ri, estremecendo com o quão amarga eu soei. —Estou


deixando um avião que fui colocada para visitá-la como uma
surpresa.

—O que?! Mesmo?

Outra careta. Ela parecia tão feliz.

Eu enfiei o telefone na curva do meu pescoço, suavizando meu


tom. —Sim. Ouça, eu tenho que ir.

—O avião está decolando?

—Não. Eu estou fora do avião.

—O que? Eu pensei que você acabou de dizer...

—Eu sei. — Eu passei pelos comissários de bordo. Ambos me


viram e balançaram a cabeça. —Escute, Sam. Eu te ligo mais tarde.
Eu explicarei tudo, mas não vou.
—Oh. Oka...

Eu desliguei ela. Eu mandaria uma mensagem para ela pedindo


desculpas, mas eu tinha uma mala para tentar parar primeiro.

—Há uma emergência...

Eu comecei lá, e recebi uma negação do primeiro funcionário,


depois uma negação com um sorriso, depois uma negação com um
sorriso forçado, depois uma longa pausa e depois dois telefonemas
até que eu saía do aeroporto com minha bagagem.

Channing tinha me dado uma carona até o aeroporto, então eu


joguei minhas coisas no táxi mais próximo e dei ao motorista meu
endereço.

Eu estava oficialmente fora do regime de cura de concussão.

Eu ia chutar a bunda de Channing.


CHANNING

Nós estávamos passando por detalhes de última hora quando


Moose me cutucou. —Bola de demolição na entrada.

Eu olhei para cima e xinguei.

Heather estava caminhando em nossa direção, entrando rápida


e forte. Aqueles olhos - eles me derreteram esta manhã, mas
estavam furiosos agora. Quanto ao resto dela, ela fizera sua
pesquisa. Ela estava vestida para o papel: calças pretas, sapatos
pretos, uma camisa preta de mangas compridas. Seu cabelo estava
preso em uma trança, caindo nas costas. Ela tinha uma lanterna na
mão, embora não estivesse ligada, e eu estava de olho na outra arma
que ela segurava quando Lincoln perguntou: —Isso é uma arma de
choque?

—Merda. — Eu saí correndo.

Adivinha quem ela quis usar isso.

—Channing! — Ela decolou logo depois de mim.

Estávamos nos encontrando com metade dos homens de


Traverse sobre como cercar o grupo de Richter. Ser perseguido por
Heather, não importa o quão divertido, não era algo nesses planos.
Na colina seguinte, mais de meio quilômetro, estavam os
últimos fiéis a Richter. Eles não estavam nos esperando, e eles não
sabiam que tinham sido cortados do resto das cartas dos Demônios
Vermelhos. Traverse tinha conseguido permissão para nos trazer a
luta, que levou duas semanas, mas finalmente estávamos nos
aproximando deles.

Traverse cuidaria dos homens de Richter, enquanto eu pegava


Richter. Eu não estava planejando uma execução, mas não diria não
a alguma tortura. Foi o que foi. Isso foi o que fizemos para proteger
nossa cidade.

—Channing! — Heather gritou atrás de mim.

Eu não consegui continuar correndo. Ela alertaria os Demônios


Vermelhos, então eu girei e abaixei, envolvendo meus braços ao
redor de sua cintura, assim como ela se inclinou para dentro de mim.
Eu a peguei em um movimento, jogando-a por cima do meu ombro.

Antes que ela pudesse me atacar, eu avisei: —Richter está na


colina. Não faça algo que você vai se arrepender.

Eu a senti pausar, então seu cotovelo bateu nas minhas costas.

—Oomph! — Eu esfreguei minha mão em sua bunda, gostando


disso. —Eu vejo que você perdeu o seu voo.

—Você é tão idiota.

Nós estávamos longe o suficiente dos dois acampamentos


agora. Se ela gritasse um pouco, os Demônios não ouviriam. Meus
rapazes poderiam, mas eles não podiam ouvir uma conversa
normal. Eu a coloquei na minha frente e a empurrei para trás de
algumas árvores com meus quadris.

—Ei. — Ela recuou, a mão no meu peito. —Pare.

Não longe o suficiente. Os caras podiam nos ver, ou podiam ver


nossas formas. Houve uma lua cheia acima. Eu queria ter certeza de
que não havia sombras no caminho.

Nós nos mudamos para trás de outra árvore antes de eu estar


feliz.

—Você tem GPS em mim?

Ela deve ter. Ela estava preparada para o que íamos fazer.

—Becca me disse.

Eu estreitei meus olhos. —Stalker não deveria saber.

Ela revirou os olhos. —Congo poderia cortá-la amanhã e ela


ainda saberia seus planos para os próximos dez anos.

Verdade. E perturbador.

Correndo minhas mãos pelos braços de Heather, eu a puxei


para perto, apenas o suficiente para senti-la. Eu descansei minha
testa na dela. —Então... — Eu sorri. —Como foi sua viagem?

—Você é um idiota, você sabe disso?

—Eu estava sendo cauteloso.

—Você mentiu para mim. — Ela me deu um soco no peito, mais


forte desta vez. —Você fodidamente mentiu para mim.
Eu lutei para não tatear ela - não na hora e no lugar certos, mas
minha mão se flexionou em seu quadril. Eu poderia… sim. Eu me
movi, guiando-a de volta contra uma árvore, e me aproximei, então
estávamos em total alinhamento.

Meu pau estava feliz em vê-la também. Eu fechei meus olhos ao


toque.

—Channing — Ela suspirou e descansou a cabeça contra a


árvore. Seus dedos roçaram em mim e eu mordi de volta um gemido.
—Isso não é o que eu tinha em mente quando cheguei aqui.

—Isso é óbvio. — Eu abaixei minha cabeça, mordiscando seu


pescoço. Ela estremeceu sob o meu toque. Isso só me fez querer
fazer muito mais. Eu estava lutando aqui.

Eu não era um neandertal. Eu era profissional, e os negócios da


gangue às vezes pareciam ser uma profissão.

Mas eu estava faminto por outra sessão como a que tivemos


ontem, exceto que eu queria que todo o nosso objetivo fosse
destruição total.

Heather valia mais que uma volta rápida e silenciosa atrás de


uma árvore.

—Ei. — Ela me agarrou levemente através do meu jeans e


apertou.

Eu mordi de volta um gemido. —Eu estava apenas falando de


uma rapidinha.

Ela riu, um pouco da raiva desaparecendo de seu rosto. As


linhas ao redor de sua boca se suavizaram. —Como isso voaria com
seus sujeitos aqui. Você pode pensar sobre isso, quer, mas você e eu
sabemos que você nunca faria isso.

—Você me dá muito crédito. — Minhas entranhas estavam se


aproximando. Eu estava ficando mais afiado, mais alerta, predatório
mesmo. Heather foi minha presa, mas não realmente. Ela era minha
parceira, minha igual. Ela era minha outra metade, e uma explosão
de sangue subiu para o meu lixo.

Eu estava duro.

—Puta merda, Chan. — Heather olhou para baixo, embora


estivesse escuro. —Escala de volta em tudo o que você está
pensando.

Isso ia ser doloroso. Eu fiz uma careta. —Temos cerca de trinta


segundos antes de um dos rapazes chegar e nos pegar.

Eu me forcei de volta. Eu senti como se estivesse descascando


uma segunda camada.

Heather ficou sombria. —Eu quero saber o que você está


planejando.

Eu imaginei, precisando me ajustar. —Eu estava planejando


entregar Richter para você. Seria um presente, sinto muito por eu
mentir para você— e subornar ao mesmo tempo. Eu estudei ela. —
Teria funcionado?

—Não.

Eu levantei um ombro. —Um cara tinha que tentar.

—Eu estou indo com você.


Eu assenti. —Eu sei. — Eu estava resignado.

Suas sobrancelhas subiram. —Você sabe?

Eu amei essa mulher. Eu a amava porque a conhecia por dentro


e por fora. —No segundo em que você apareceu aqui, eu sabia que
não havia como persuadi-la a voltar. Eu nem vou tentar, mas você
tem que me dar crédito por tentar a melhor maneira de mantê-la
segura.

Seu olhar aquecido se derreteu. —Eu sei. — Ela se moveu em


minha direção, sua mão deslizando sob a minha camisa e
descansando no meu estômago.

Eu me abaixei para encontrar seus lábios.

Vivendo esta vida e amando esta mulher, nós íamos dar voltas
e voltas constantemente. Uma parte de mim esperava que nunca
parássemos. E ainda não ouvindo ninguém vindo nos buscar,
quando Heather começou a puxar para trás, eu a puxei para perto,
minha boca se aprofundou sobre a dela.

Nós fizemos até que alguém pisou em um galho, tirando-o.

Lincoln emergiu da escuridão. Revestido de tinta de


camuflagem, seu rosto estava sombrio, mas seus dentes brilhavam
brancos enquanto ele falava. —Está na hora.
HEATHER

Eles eram lindos de assistir.

Channing me colocou em um dos pontos de observação com


óculos de visão noturna. Eu olhei enquanto todos eles se moviam de
uma só vez. A gangue de Channing e os homens de Traverse, todos
descendo do alto do vale, circulando a casa solitária abaixo.

Os caras de Richter estavam festejando. Eles tinham música


tocando, embora não fosse estridente, e uma fogueira no quintal. Eu
quase podia sentir o cheiro da bebida.

Eu contei oito do lado de fora e pelo menos três se movendo na


casa.

Meu estômago deveria ter se agitado com o que iria acontecer.

Era assim que eles viviam, os Demônios Vermelhos. Esta


também era a porta onde os Demônios estavam de um lado, as gangs
do outro. Noites como esta noite, eles tiveram que passar por aquela
porta, entrar naquele mundo, e eu esperava que eles voltassem
ilesos. Essa era a minha esperança, mas observando, minha mão
apertou os óculos, eu sabia que nem todos iriam.

Eu não faria.
Richter me machucou. Ele pretendia ferir Channing, e quem
sabia onde ele iria parar. Por causa disso, eu estava bem com isso.

Por causa disso, meu estômago estava duro como pedra.

Por causa disso, não havia incerteza sobre o que estávamos


fazendo aqui.

Se eu tivesse ficado naquele avião, eu estaria em um mundo


totalmente diferente. Eu amava meus amigos, mas eles viviam em
um mundo privilegiado. Eles eram normais. Feliz. Saudável.

Eles estavam inteiros.

Estando aqui, sentada na colina com esses óculos, observando


um ataque em progresso - não era mais o mundo de que meus velhos
amigos faziam parte, não mais.

Este foi o de Channing.

E quando o primeiro grupo escorregou pela cerca de arame,


fiquei de pé.

Isso foi meu.

Já era tempo.

CHANNING
LINCOLN, Traverse e eu fomos juntos. Nós fomos a primeira
rodada. Nós éramos todos do mesmo tipo de corpo - magro e
fodidamente rápido. Nós éramos os melhores lutadores, e nos
movendo como um só, chegamos de diferentes direções.

Para cima e por cima da cerca.

Havia nove no quintal: oito junto ao fogo e outro atrás do


galpão. Eu me aproximei, então ele era meu cara para derrubar.
Precisávamos nos mover silenciosamente, rapidamente e como uma
unidade, tanto quanto possível.

Lincoln viu minha aproximação.

Ele se achatou contra a garagem, então jogou uma pedra para


pousar no lado direito do nono cara. Quando ele olhou, eu deslizei
para trás dele e bati. Braços enrolados no pescoço dele, eu enfiei
uma camisa na boca dele e puxei. Eu segurei o mais firmemente
possível, meu corpo quase enrolado em torno dele como uma
aranha. Nós caímos quando ele começou a perder a consciência, e
uma vez que eu o senti escorregar para a inconsciência, eu o soltei,
chutando o corpo dele de cima de mim.

Aconteceu tão rápido que mal lutou.

O primeiro foi para baixo. O resto não seria tão fácil.

Eu me juntei a Lincoln. Nós nos mudamos para o outro lado da


garagem.

Ele levantou um braço. Tomei o sinal e invertemos as posições


como se lêssemos os pensamentos um do outro. Ele saiu. Eu me
movi atrás dele e ele recuou. Se alguém estivesse observando, eles
poderiam ter visto apenas um pequeno movimento na escuridão,
mas esses caras estavam todos bebendo. Fazia duas semanas desde
que eles tentaram levar Heather. Eles baixaram a guarda. Tivemos
que atacar enquanto permanecesse assim.

Eu era o mais distante do lado de dentro, liderando o ataque, e


dei uma espiada na esquina.

Traverse estava esperando. Eu o vi do outro lado da casa, tendo


feito um círculo ao redor das costas. Ele acenou para mim.

Havia oito entre nós, quatro deles do outro lado do fogo. Mesmo
se nos movêssemos rápido, eles nos veriam. Eles alertariam os
outros, ou poderiam.

Se tentássemos atrair um ou dois para longe, ainda corríamos


o risco deles alertarem todos.

Nós tivemos que atacar imediatamente, ir o mais rápido


possível.

Eu fiquei tenso, sabendo que Traverse estava esperando que eu


fosse primeiro, mas me contive. Eu não tinha certeza do por quê. Era
agora ou nunca, mas então eu ouvi um suave —Hey—

Lincoln e eu nos viramos.

Chad, Congo, Moose e outros três estavam se alinhando atrás


de nós, todos tentando achatar o máximo possível contra o lado da
garagem.

—O que você está fazendo aqui? — Lincoln sussurrou.


Eles não deveriam vir até que tivéssemos a frente contida.
Então íamos todos entrar na casa como um só.

—Heather ligou. Ela disse que, se todos nós cuidássemos dos


oito daqui, poderíamos manter o elemento surpresa.

Foda-se.

—O que? — Lincoln perguntou.

Moose apenas deu de ombros, sorrindo para mim. —Fale com


sua mulher, mas faz sentido.

Ele estava certo. Nós tivemos que nos mover rápido, mais
rápido agora, já que havia tantos que poderiam ser descobertos.

—Cada um de nós encontra um cara. Vá rápido e vá com força.


Leve-o para fora e faça o mais silenciosamente possível.

Todos eles assentiram. Eles estavam prontos para ir.

Eu olhei ao redor para ver se Traverse ainda estava lá. Ele


estava e ele murmurou: —O quê?

Eu fui. Não havia razão para esperar agora.

Nós corremos.

HEATHER

NÃO HOUVE SOM.


Eu vi a coisa toda - quão rápido cada um se movia, quão
eficiente cada passo era. Eles se lançaram ao redor dos lados dos
edifícios como fantasmas, flutuando a uma velocidade alucinante
em direção ao alvo.

Um.

Dois.

Três.

Quatro.

Cada um deles derrubou uma pessoa, e eu esperei para ouvir


um grito, um grito, mas não havia nada.

Calafrio desceu pela minha espinha. Arrepios subiram sobre a


minha pele.

Eles pareciam sobrenaturais. Eles pareciam ter crescido


treinando para este momento, e eles o executaram perfeitamente.
Não houve percalços.

Eu sabia que a música ajudava a cobrir o ataque deles, e eu


sabia que aqueles homens tinham entorpecido os sentidos. A
fogueira provavelmente ajudava a cegar alguns deles, então eles não
podiam dizer o que estava acontecendo - não rápido o suficiente
para fazer algo sobre isso, pelo menos, mas ainda parecia
orquestrada, como uma obra-prima.

Channing me disse para ficar aqui em cima.

Eu deveria vigiar, foi o que ele disse, mas eu sabia que era para
me manter fora do caminho e segura. Ele precisava de uma mente
sadia. Se eu estivesse lá embaixo, se poderia me comportar ou não,
isso pesaria sobre ele. Ele estaria distraído, então isso foi feito.

Agora os caras estavam arrastando os homens para longe,


escondendo os corpos inconscientes do outro lado da garagem.
Quando terminaram, avançaram na casa.

Havia outros três batedores posicionados ao redor do


território, e eu não tinha sido colocada em nenhum dos cantos.
Channing tinha escolhido um local aleatório, então eu sabia que o
que eu podia ver estava coberto por dois dos outros. Eu senti uma
inquietação dentro de mim.

Ele não queria que eu fosse lá.

Vai.

O comando era simples e silencioso, mas autoritário dentro da


minha cabeça. Talvez fosse meu subconsciente, ou inferno, talvez
fosse só eu me rebelando. Eu não queria admitir que estava
quebrando as fileiras, mas eu fiz. Eu comecei a descer a colina.

Eu não deveria descer.

Ele me disse para não ir.

Isso seria perigoso.

Eu ainda estava indo. De fato, quanto mais eu me aproximava,


mais eu me sentia bem sobre isso.

Eu deveria estar lá embaixo.


Eu estava destinado a estar ao lado de Channing para isso,
qualquer que fosse o último confronto.

No momento em que bati na cerca, não havia como me impedir.

Segurando o elo da corrente, comecei a subir.


CHANNING

Richter estava gritando de dentro da casa.

Nós nos mudamos, todos os caras assumindo posições. Moose


sinalizou para um dos caras de Traverse, e quando recebi o sinal,
comecei a avançar. Traverse e eu deveria atravessar as duas portas
laterais, entrando em ambos os lados da casa. Nós tínhamos feito a
nossa vigilância. Havia dois outros dentro, um na cozinha e outro no
porão. Três homens diferentes foram vistos.

Richter estava gritando. Nós ouvimos seus passos. Ele estava


vindo de costas.

—Channing — sussurrou Moose.

Eu olhei para ele, olhei para onde ele sinalizou. Lincoln estava
lá com uma arma. Seu rosto estava sombrio, seus olhos em branco
quando ele me entregou os 9mm.

Eu peguei.

Assim que a arma mudou para as minhas mãos, Lincoln chegou


atrás dele e trouxe outro para fora. Ele pegou logo atrás de mim e
esperamos.
Haveria um sinal final, o som de uma coruja piando, e nós
entraríamos.

Moose levantou a mão. Três dedos.

Dois.

Um.

Os dois homens gritaram com a coruja e eu entrei.

Dois passos para dentro, Lincoln estava ao meu lado.

Traverse estava do outro lado da sala de estar.

O cara estava na pia, e ele se sacudiu, contornando. Sua mão


agarrou sua arma no balcão.

Duas balas bateram nele. Uma em seu ombro, a outra em seu


peito.

Quando me virei para Traverse, Lincoln correu para o cara. Ele


se moveu silenciosamente, pegando-o antes que ele pudesse gritar
e enrolou uma toalha no pescoço. Ele puxou, mantendo-o apertado
até que o cara caiu no chão, inconsciente.

Nós esperamos, tensos.

—Brent? — O chamado veio de mais longe no corredor.

Algo mudou. Eu senti passos a seguir.

Uma porta se abriu. —Brent? — Mais silencioso. Mais hesitante.

Então, uma maldição em voz baixa. Richter começou a descer o


corredor. —Brent, eu juro por Deus, responda-me!
Ele entrou na sala de jantar, congelando quando nos viu. Um
som sufocante e gorgolejante saiu dele, e ele se virou para voltar de
onde vinha.

Eu comecei depois dele.

Bang!

Uma bala bateu em suas costas, lançando-o para frente.

O qu...!

Traverse tinha sua arma apontada e ele andou para frente,


devagar.

Bang!

Metodicamente.

Bang!

Calculando

Bang, bang!

Um último chiado ofegante veio de Richter, e então ele se foi.

Não houve tempo para me debruçar sobre o que acabara de


acontecer. Ouvimos sons de estampidos no porão. Uma cabeça
apareceu, sua arma já em chamas.

Eu estava na linha de fogo.

Eu vi o flash de luz quando caí de joelhos, minha arma pronta.


Eu atirei nele.
Duas balas entraram em seu peito.

Este último foi diferente do primeiro. Eu bati no ombro do cara


da cozinha, intencionalmente não o matando. Eu mataria para me
defender, para defender os entes queridos, mas eu não faria o que
Traverse fizesse.

Assim que tirei as duas balas, virei-me.

Traverse estava atrás de mim, sua arma já em mim. O jeito que


ele estava olhando para mim. Não houve surpresa. Sem
arrependimento. Ele estava frio por dentro, morto.

Ele teve sua arma levantada para me matar.

Ele só não estava preparado para eu virar tão rápido. Atirei-lhe


primeiro - uma na mão onde segurava a arma. A arma caiu no chão
e meu segundo tiro encontrou o joelho dele. Quando ele começou a
gritar, eu chutei sua arma para o Congo.

—Tranque a porta! — Eu estava indo para Traverse enquanto


eu gritava com Lincoln, que já estava vindo.

Ele me viu atirar em Traverse. Ele não precisava ser informado.

O resto estava confuso, chegando mais devagar.

—O que...

Puxei uma faca e bati a alça na parte de trás da cabeça de


Traverse. Ele caiu quieto, inconsciente.

Eu olhei para cima quando o Congo encontrou meus olhos. —


Ele se virou contra nós.
Isso foi tudo que eu precisava dizer. Congo estava fora da porta,
dizendo aos nossos homens o que aconteceu. O minuto seguinte
determinaria a vida e a morte - se escapássemos ilesos, ou o futuro
inteiro acabaria.

Meus homens fariam o que precisavam fazer. Confiando neles,


ordenei a Lincoln: —Entre em seu escritório. Encontre imagens de
segurança, qualquer coisa. Temos que agarrar, pegar tudo.

Ele assentiu e se dirigiu de volta.

Eu gritei atrás dele: —Use luvas. Nenhuma impressão.

Nós precisávamos proteger a casa. Alguns caras estavam do


lado de fora, lutando contra os homens de Traverse, então desci as
escadas. Eu podia ouvir brigas e gritos. Eu ouvi um tiro, então um
segundo quando terminei de limpar a casa. Eu tive que confiar que
havia bastante fora para fazer o trabalho. Quando cheguei no andar
de cima, eles estavam puxando um dos caras de Traverse, com a
cabeça baixa. Chad e Congo deixaram cair o corpo flácido no chão.
Mais dos meus homens seguiam carregando um dos nossos, Hawk.
Seu nome verdadeiro era Paul Mainley. Ele era um bom homem. Ele
trabalhava como contratado a uma hora de distância - tinha uma
esposa, dois filhos.

Ele esteve aqui para nos apoiar porque se manteve fiel à nossa
gangue desde o nosso último ano na Roussou High.

Agora ele estava sangrando de um buraco de bala no estômago.

Eu tinha pensamentos de manter as imagens de segurança


como um suporte, apenas no caso, e incendiando tudo, mas a ferida
de Hawk significava que eu não podia fazer nada disso. Ele não podia
aguentar uma hora de carro para consertar aquela ferida. Ele teria
que ir ao hospital em Fallen Crest, e haveria perguntas. Os policiais
descobririam, juntando dois e dois, não importando quantas provas
tivéssemos destruído.

Eu estava com frio, trancado. Não havia espaço para


arrependimentos. Apenas calculando pensamentos. Mente limpa.

Eu empurrei tudo para baixo. Qualquer fúria que eu senti, eu


pisei à força. Impiedosamente.

Nós precisávamos de um plano diferente.

—Todos os caras estão detidos do lado de fora?

Moose entrou, com sangue em todo o rosto. Ele usou a parte de


trás da manga para limpar os olhos. —Eles estão detidos, todos,
exceto os caras no ponto.

Os caras no ponto, senti todo o sangue deixando meu corpo.


Heather!

—Estou aqui.

Ela falou como se tivesse ouvido meu pensamento. Ela se


materializou logo atrás de Moose. Um pouco abalada, pálida
também, mas sem sangue, sem ferimentos de bala. Nem mesmo um
corte. Suas mãos estavam vermelhas e eu permaneci sobre elas.

Ela amaldiçoou, empurrando elas atrás dela. —O elo da cadeia.


Mais rude do que pensei que seria.

Eu não sabia porque ou como. Eu não me importei. Atravessei


o quarto em três passadas e a tive em meus braços.
Tudo o que eu acabei de forçar caiu logo de volta.

Um dos caras do lado de fora pertencia a Traverse. Ele poderia


ter - estremeci, alisando uma mão pelas costas dela, e segurei-a. Ela
estava segura. Ela estava aqui. Ela estava em meus braços. Uma
parte de mim se sentiu desequilibrado, não querendo lidar com essa
bagunça, mas segurando-a - ela me endireitou. Eu me senti melhor,
mais certo. Beijando sua testa, eu me virei para os meus homens.

O telefone de Moose tocou. Ele leu o texto. —O cara de Traverse


foi embora. Eles não conseguiram encontrá-lo.

O que significava que ele alertaria o resto dos Demônios


Vermelhos.

Nós estávamos oficialmente no meio de uma guerra de MC e,


desta vez, não tínhamos aliados.

Lincoln voltou, uma bolsa por cima do ombro. Como um, todos
os meus homens se aquietaram e olharam para mim.

O Congo disse: —Qual é o plano, chefe?

Essa foi a questão na minha cabeça.

Qual seria o plano?


HEATHER

Eu enrolada em uma bola na cama de Channing. A porta estava


aberta, mas as luzes estavam apagadas no corredor também. Eu
escutei os caras meditar sobre suas opções. Isso durou a noite toda.

Eu não tinha certeza se tinha ouvido uma decisão quando os


caras finalmente saíram por volta das seis da manhã. Então,
novamente, eu sabia que cairia nos ombros de Channing. Tempos
como esse sempre acontecem. Era seu fardo para carregar. Eu quase
podia vê-lo cedendo ao peso quando ele foi para a cama.

Ele entrou em silêncio, abrindo a porta e fechando-a atrás dele.

Seus olhos estavam assombrados.

Ele tirou a camisa, os músculos se esticando, movendo-se


perfeitamente sob a pele. Suas tatuagens saíram do movimento, e
suas mãos foram para o zíper quando me sentei. Eu coloquei uma de
suas camisas. Ela pairou sobre mim. Eu queria senti-lo mesmo
quando ele estava na sala de estar. Ele deslizou para baixo de um
dos meus ombros enquanto eu movia suas mãos para o lado, indo
para o zíper sozinho.

Eu ouvi um suspiro suave deixá-lo, e uma das mãos dele


deslizou no meu cabelo, segurando a parte de trás do meu pescoço,
mas ele não fez nada. Ele apenas me segurou quando eu deslizei o
zíper para baixo. Quando tirei o jeans dele, olhei para cima.
Nossos olhos se encontraram e seguraram.

Eu vi a dor nele. Eu também senti isso. Sua dor era o que ele
teria que fazer, pelo que já havia acontecido. Channing poderia agir
despreocupado às vezes, hiper e inquieto com os outros, mas ele se
importava. Ele se importava profundamente e estava lhe custando
agora. Eu ansiava por acalmar isso. Eu queria nutrir, proteger, amar.
Eu queria fazê-lo esquecer, só por um momento.

Como se lesse meus pensamentos, ele sussurrou: —Eu te amo.

Eu não respondi, mas me mudei de joelhos, minhas mãos


viajando em seu peito, ao redor de seu pescoço. Eu o atraí para mim.

Nossos lábios se encontraram. Foi quase brincalhão, e eu recuei


um pouco, minha mão enrolando em seu cabelo. Minha outra mão
correu de volta pelo seu peito, saboreando cada mergulho entre
seus músculos, demorando-se sobre suas tatuagens, em seguida,
movendo-se para descansar sobre seu nome.

NALY

Agora foi a minha vez de suspirar.

Minha testa descansou contra a dele e eu sussurrei: —Eu quero


outra. — Eu olhei para cima, vendo o amor escurecendo seu olhar.
—Eu quero tentar.

Ele acenou com a cabeça, oferecendo um rouco —Ok—. Sua


mão foi para a parte de trás do meu pescoço e ele me inclinou para
cima, sua boca caindo sobre a minha.

Nós fizemos amor naquela manhã.


Foi lento. Foi torturante e, quando ele deslizou para dentro de
mim, parecia a coisa mais perfeita do mundo. Um prazer quase
eufórico e viciante varreu-me. Eu corri minhas unhas em suas
costas, levemente, apreciando o jeito que ele estremecia sob o meu
toque. Seja qual for a bagunça em que estávamos, algo de bom sairia
disso.

Fechei meus olhos, desligando minha mente.

Eu procurei pelos lábios de Channing.

Sua boca abriu, sua língua encontrando a minha, e ele


continuou se movendo dentro de mim.
HEATHER

PRIMEIRO ANO

Houve uma batidinha na minha janela e parei para trocar


minha camisa.

Eu realmente abri a cortina, pela primeira vez. Não havia muita


necessidade para isso, já que meu quarto não ficava de frente para o
Manny’s. Os poucos clientes que tivemos não podiam ver, e talvez
tenha sido a minha atitude de não-dar-a-foder que me fez ter a
pequena chance que alguém pudesse ver. Tanto faz. Nudez não era
algo para se ter medo, embora eu soubesse que meu pai e dois
irmãos discordariam veementemente.

Eu tive que atravessar a sala e levantar a cortina.

Channing estava ajoelhado na pequena saliência do lado de fora


da minha janela. Dificilmente havia espaço para um pé descansar ali,
muito menos um menino adolescente inteiro.

Eu recuei, cruzei os braços sobre o sutiã e bati na minha


bochecha.

Ele revirou os olhos. —Vamos. Por favor? — Sua voz foi abafada
através do vidro.
Cedendo, abri a janela, mas não a levantei. Eu recuei e esperei.
Ele poderia levantar a maldita janela ele mesmo.

O que ele fez, pressionando a mão contra o vidro e usando essa


tração para levantá-lo. Uma vez que se moveu um centímetro, ele
ficou por baixo e empurrou-o o resto do caminho, içando-se para o
meu quarto.

—Obrigado por isso. — Ele me lançou um olhar sombrio


enquanto tirava os sapatos.

Essa era nossa rotina habitual - até alguns meses atrás.

—Pare. — Minha garganta estava cheia. Minha voz saiu rouca.

Eu tinha visto Channing desde que eu transferi as escolas, mas


não era o mesmo.

Ele pediu desculpas por ser um idiota. Essas foram suas


palavras exatas. Nós não havíamos falado muito depois disso, e eu
não tinha corrido de volta para ele com meus braços bem abertos.
Eu me transferi para o Fallen Crest.

As coisas eram diferentes. Eu era diferente.

—O quê? — Ele parou, mantendo os sapatos. Ele sentou na


cama, mas não me alcançou. Ele apenas sentou e esperou, me
observando.

Eu senti lágrimas e me contorci para longe, enxugando-as.

Eu odiava lágrimas. Eu odiava fraqueza. Eu odiava sentimentos.


Eu era uma espertinha descontraída com todo mundo, mas esse
cara... Eu me virei e olhei para Channing. Ele ainda estava quente, o
cabelo amarrotado, uma nova tatuagem aparecendo ao redor do
braço dele, mas eu olhei para os nós dos dedos dele. Eles estavam
machucados e rachados.

Me encostando contra a parede, eu acenei para as mãos dele. —


Você ainda está lutando?

Ele olhou para baixo, como se tivesse esquecido deles. —Oh


sim. — Ele passou a mão por um dos seus dedos. Parecia infectado,
mas ele não estremeceu com o contato. Era como se ele nem sentisse
isso. Talvez ele não tenha feito isso.

Eu me esgueirei para o chão, colocando meus braços para


cobrir meus joelhos. —Você está entorpecendo sua dor? É isso que
você está fazendo?

—Estamos fazendo essa merda? — Ele ficou de pé, passando a


mão pelos cabelos. O movimento levantou a camisa. Eu esperava ver
seu abdômen normal de tábua de lavar. Eu vi uma grande contusão
em vez disso.

Eu tinha razão.

Meu coração afundou. Bem, na verdade não. Parou de fazer isso


há muito tempo com Channing. Mudou para a direita agora.

Eu não sabia se alguma vez pararia de mudar, de alguma forma,


saindo do meu corpo. Mas até então, ainda estava batendo, e
enquanto estava dentro de mim, eu sabia que ainda pertencia a ele.
—Por que diabos não? — Eu murmurei. —Eu continuo ouvindo
rumores sobre você foder outras garotas.

Seus olhos brilharam. Eu vi agonia, mas havia uma emoção


acalorada lá que eu não pude nomear. Arrependimento? Remorso?
Eu até queria saber do que se tratava?

—Não acredite em tudo que você ouve.

Eu esperei, mas foi isso. Isso foi tudo o que ele disse.

Eu não me importei que ele disse isso em um sussurro rouco,


como se essas palavras estivessem sufocando ele.

Eu não me importei. Não.

Mas caramba. Lá estava. Eu senti.

Um buraco se formou no meu peito, e toda vez que eu via esse


cara, ele podia preenchê-lo ou ele poderia torná-lo maior. Eu o
odeio. Eu fiz. Eu não era nada além de vulnerável e sangrando. Foi
para isso que ele me reduziu.

Ele poderia me curar ou me arruinar. Eu não aguentava mais


'estragar'.

Eu abaixei minha cabeça, sussurrando: —Você tem que me


deixar ir.

Eu o ouvi suspirar, depois vi movimento e levantei a cabeça. Ele


se abaixou, então ele também estava no chão. Ele permaneceu na
cama, espelhando-me com os joelhos para cima e os braços apoiados
em cima deles.
Eu o enfrentei e ele encarou a porta.

Se isso não significasse algo, eu não sabia o que significava.

Seus olhos se afastaram de mim para olhar para o chão. —Estou


tentando fazer a coisa certa por você, Heather. Eu realmente estou.

Eu bufei. —Você está fodendo. — Eu fiquei tensa, esperando


por uma resposta.

Isso nunca veio. Apenas um silêncio: —Eu sou tóxico agora. —


Ele rosnou profundamente em sua garganta. —Eu fodo tudo e todos
ao meu redor, e estou tentando ficar longe de você. Eu tenho tentado
há anos, fazendo a coisa certa para você, e estou falhando. — Sua
cabeça se levantou. Ele olhou para mim, me marcando, mas desta
vez, eu sabia que o ódio não estava direcionado para mim. Ele odiava
a si mesmo.

Eu era apenas o seu reflexo.

Ele agarrou alguns dos seus cabelos. Suas juntas ficaram


brancas. Sua mão tremeu.

—Toda vez que digo a mim mesmo que estou deixando você em
paz, acabo voltando para cá. Eu nem sequer penso onde estou
dirigindo e venho aqui. Eu... — Ele jurou, baixo e selvagem, e recuou
contra a cama. —Essa maldita vida. Por que é tão difícil?

—Você tem que parar — eu disse baixinho. Eu nem queria


ouvir minhas próprias palavras. —Temos que parar. — Eu olhei
para a cama. Meu significado era claro.

Ele não respondeu, mas seus olhos se fecharam e sua cabeça


caiu para frente novamente.
Meu coração estava se abrindo, pela centésima vez com ele. Eu
cavei minhas unhas em meus joelhos, apenas segurando.

—Ok.

Ele ficou em pé, então olhou para mim por um momento. —Eu
amo você, Heather.

Eu encontrei seu olhar, inabalável, mas sabendo que estava


chorando. —Isso não é problema nosso.

Nunca foi.
HEATHER

DIAS DE HOJE

Eu entrei pela porta lateral do Manny's no dia seguinte pela


primeira vez em duas semanas, e Ava foi a primeira a me ver. Ela
enfiou a conta que estava carregando debaixo do braço, virou-se
para me encarar de frente, e começou um lento aplauso.

Eu corei, mas não pude parar o sorriso estúpido no meu rosto.


—Oh, pare.

Brandon se juntou, sorrindo por trás do bar.

Então outro. E outro.

Suki e Katrina saíram do escritório, já batendo palmas. E logo


toda a seção de bares e lanchonetes estava de pé, batendo palmas, e
alguns gritavam. Alguns lobos assobiaram.

Eu acenei uma mão no ar. —Você vai fazer o bebê de alguém


chorar.

Na sugestão, um bebê começou a gritar.

—Sentimos sua falta por aqui. — Katrina se adiantou para me


abraçar.

Suki passou os braços em volta de mim, levantando-me. Ela me


empurrou um pouco e grunhiu: —Suki sentiu sua falta também. Não
foi o mesmo.
Ava foi a próxima. Até Roy deu uma onda tímida e contornou
para um abraço rápido. Então ele correu de volta ao seu lugar no
balcão da frente, onde ele tinha torta na frente dele. Ava voltou ao
deixar o cheque de seu cliente e foi encher o copo de Roy. Ela me viu
observando-os e abaixou a cabeça, a parte de trás do pescoço
ficando vermelha.

Então isso estava realmente acontecendo.

Eu estava contente.

—Ava.

Não foi o cara que levantou os alarmes em mim. Foi a voz dele.
Foi como Ava ficou tensa, como o sangue drenou de seu rosto. Era
tão choroso e pegajoso e desesperado que ele soava. Foi tudo isso,
misturado com raiva logo abaixo de sua superfície.

Um garoto passou por mim, indo para Ava. Se o tivesse visto em


outro momento, teria pensado que ele era um adolescente de Fallen
Crest. Cabelos louros cobertos de sol, bronzeados dourados, ombros
largos como os de um atleta. Ele estava vestindo roupas bonitas, mas
sua mandíbula estava cerrada.

Roy deu um passo à frente, bloqueando Ava. Ele puxou a gola


de sua camisa e engoliu em seco. —Já chega.

O cara deu um passo ameaçador de qualquer maneira. —Foda-


se, seu imbecil. Seu maldito nerd...

Ele balançou, nem mesmo terminando sua própria frase.

Ava gritou.
Roy se abaixou.

O punho chegou perto do rosto de Ava, mas ela não vacilou.


Seus olhos estavam arregalados de terror.

Eu comecei por eles, Brandon se aproximando de mim.

Mas Roy o pegou primeiro. Depois que ele se abaixou, ele socou
o cara no pau, e ele caiu com um grito agudo e estrangulado, como
um animal sendo torturado. Foi horrível. Então Brandon estava lá.
Ele agarrou os ombros do sujeito e puxou-o para cima, ignorando
seus gritos.

—Vamos. Estamos em plena capacidade, idiota.

Brandon não estava brincando.

Ele sinalizou para alguns caras no bar, e eles se adiantaram.


Eles levaram o garoto de Brandon e, juntos, eles o arrastaram para
fora.

Brandon os seguiu, e eu pude ouvi-lo dizendo: —Você nunca


será permitido de volta nessas premissas... — Houve mais, mas eu
tenho o sentimento. O garoto estava permanentemente na lista de
merda.

Eu perguntei a Ava e Roy: —Vocês estão bem?

Roy pareceu abalado, olhando para a mão dele, que ainda


estava em punho. —Sim…

As mãos de Ava estavam em concha sobre a boca, mas ela as


abaixou, estudando Roy. —Roy?
—Sim? — Seu olhar subiu para o dela. —Hã?

Ela tocou o braço dele. —Você está bem?

Ele assentiu. Engolindo. —Oh sim. Enquanto você estiver.

—Sim. — Um sorriso tímido levantou seu rosto. Ela se


aproximou dele. —Obrigada.

—Aquele era o namorado? — Eu perguntei.

—Ex. — Seus olhos estavam fixos em Roy. —Ex por um longo


tempo agora e para sempre.

Os olhos de Roy assumiram um brilho úmido e ele se virou para


ela, puxando-a contra ele. Eles envolveram seus braços em volta um
do outro.

Eu não disse mais nada, não achei que fosse o meu lugar agora.
Ava estaria bem. Roy ficaria bem. Isso foi tudo que eu me importei.

Brandon me encontrou um pouco depois no escritório.

Eu apontei para o corredor atrás dele. —Aqueles eram seus


velhos amigos da escola?

—Sim. — Ele caiu na outra cadeira. —Isso foi o ex de Ava?

—Ela disse seu ex para sempre.

—Bom. Ele é uma maldita doninha. Ele estava ameaçando


processar até que eu lembrei que ele cobrava primeiro. Ele poderia
ser o único processado. — Ele balançou a cabeça, enojado. —Ele tem
pais ricos, pelo que parece. Podemos precisar de advogado, mas
nem me importo. Ele é um punk. Nós poderíamos deixar as gangues
soltas nele, por tudo que eu me importo. E falando de...— Seus olhos
clarearam. —Channing me disse que você voltaria hoje. Não sei o
que aconteceu, mas pedi alguns favores para o caso de precisarmos
de segurança extra. Esses caras estarão por todo o fim de semana.

Eu mordi minha língua. Eu queria dizer a ele que não era tão
ruim assim. Eu não pude. Porque isso foi.

Então eu assenti.

Estava bem. Parecia bom ouvir o zumbido das conversas,


pratos tilintando, cadeiras arranhando do lado de fora, e era bom
estar no meio do caos. Eu estava em casa novamente.

Havia linhas de preocupação ao redor da boca de Brandon.


Bolsas sob os olhos dele. Seu cabelo estava um pouco bagunçado.

Meu estômago se apertou. —Você está de ressaca ou... — Ou ele


estava preocupado de pensar em mim.

Seus olhos baixaram e ele levantou um ombro. —Não, você


sabe. — Ele olhou para a porta, embora ninguém tivesse batido.
Ninguém abriu. —Meus amigos estão aqui. Nós poderíamos ter
tomado algumas cervejas extras na noite passada. — Ele fez uma
pausa. —Ou tiros de tequila.

Ele estava mentindo por entre os dentes.

—Eu sinto muito.

Ele olhou de volta para mim, sua expressão fechada. Eu odiava


me sentir afastada do meu irmão. Brandon e eu nos trocávamos
todos os dias, mas éramos parceiros no crime. Fui eu quem pediu
ajuda, nua, quando havia uma perseguidora em seu quarto e uma
garota de uma noite se escondendo no banheiro. Isso foi a gente, não
essa dinâmica, onde eu mantinha ele no escuro sobre as ameaças
reais para mim, onde ele estava preocupado o suficiente para pedir
favores pessoais e ter seus antigos colegas do colégio andando por
aqui durante um fim de semana inteiro.

—Está bem. Quero dizer... — Ele parou e olhou para o chão.

O ar na sala estava sufocante, pressionando-me.

Channing não me pediu para manter as coisas quietas com


Brandon. Eu fiz essa escolha, assim como eu escolhi lutar ao lado
dele.

Eu estava de volta ao mesmo lugar que sempre me encontrei


com o meu relacionamento.

O que aconteceu comigo aconteceu com meu irmão. Isso


também o afetou.

Mas eu não podia deixar Channing. Eu sabia disso, então só


havia uma coisa que eu poderia fazer.

—Eu quero que você me compre.

Brandon congelou. Sua boca caiu aberta. —O que?

Minhas entranhas se torceram. Este lugar era minha casa -


havia mais tempo do que eu conseguia lembrar. Eu amei todos os
membros da gangue, todos os clientes, até o estúpido punk Alex
Ryerson. Eu amei as memórias que tive aqui. Eu adorava morar
naquela casa com Brandon. Eu adorava poder andar fora da minha
casa e estar onde eu morava.
Eu amei tudo sobre esse lugar...

…Mas eu amava Channing mais.

—Você me ouviu.

—Não.

—Brandon...

—Não. — Ele empurrou a cadeira e abriu a porta.

—Brandon! — Eu o segui para o restaurante.

Ele passou por Cruz, dizendo-lhe algo quando ele empurrou a


porta lateral.

Cruz ficou perplexo ao se aproximar. —O que foi aquilo? — ele


perguntou-me.

—O que ele disse para você?

—Só para assumir até ele voltar.

Eu tinha um palpite para onde ele estava indo.


CHANNING

—Ela está vendendo por você. — Brandon atravessou a porta


do meu escritório.

Eu estava finalmente no escritório. Fazia muito tempo desde


que eu era capaz de entrar e cuidar dos negócios no Tuesday.
Scratch estava no corredor. Seus olhos dispararam de mim para
Brandon, perguntando silenciosamente se eu queria ajuda cuidando
disso.

Eu fiz sinal para ele. —Eu vou ficar bem.

Ele assentiu, fechando a porta.

Brandon se virou e começou a andar de um lado para o outro,


com os punhos apertados ao lado do corpo. Ele balançou sua cabeça.

—Seu maldito pedaço de merda. Seu pedaço de merda! — ele


gritou.

Ele continuou andando.

Eu não perguntei o que ele quis dizer. Eu sabia. Havia apenas


um lugar que Heather venderia para seu irmão, e enquanto ele se
enfurecia e delirava no meu escritório, eu pensei em nossas
interações recentes.
Houve um olhar em seus olhos. Foi diferente. Resolvido.
Resignado. Eu vi quando ela me pediu outra Naly. Eu vi quando
entrei no quarto e a encontrei enrolada na cama, esperando por
mim.

Estava lá quando ela entrou na casa de Richter. Quando ela


atravessou a porta e veio para o meu lado, foi quando ela decidiu.

Eu deixei Brandon me xingar. Vinte minutos se passaram antes


que Moose batesse na porta. Ele acenou com o celular para mim pela
janela.

Eu balancei a cabeça, levantando um dedo.

Moose sacudiu a cabeça para o lado e desapareceu.

Eu levantei-me. —Brandon.

Ele ainda estava indo. Ele não me poupou um olhar. —Não.


Sente-se. Você senta, caramba. Eu te amo como um irmão, Channing,
mas às vezes, às vezes eu gostaria que minha irmã nunca tivesse
conhecido você. — Ele parou, tanto ódio em sua carranca. —Ela está
desistindo do Manny's por você! Você não se importa?

Mais do que você poderia saber.

Eu apontei atrás dele para a porta. —Há um telefonema que


tenho que fazer.

—Claro. — Ele bufou, revirando os olhos. —Um maldito


telefonema. Minha irmã está se preparando para cortar metade de
sua vida para você e você tem que atender. Jesus fodendo Cristo,
Channing. É tudo com o que você se importa? Uma chamada
telefônica? Espere. Deixe-me adivinhar. — Seus olhos estavam
selvagens. —É negócio de gangue, não é?

Ele voltou a vomitar, cuspindo voando de sua boca. —Maldito


você. Maldito seja você, Channing! Sempre foi sua gangue primeiro.
Quando você vai colocar minha irmã em primeiro lugar? Ela não
pode deixar você. Ela deveria. Ela deveria ter feito isso anos atrás.
Ela deveria ter feito antes de você se esgueirar por sua pele e
reivindicá-la. É como se você estivesse lá e a segurasse, e você não a
deixou ir desde então.

Ele começou a andar de novo, mas deu meia-volta e bateu com


o punho na minha mesa.

Aconteceu tão rápido que não reagi. Eu só segurei seu olhar


enquanto ele ofegava, seu punho pela metade da minha mesa.

Ele provavelmente quebrou a mão.

—Maldito você, Channing.

Parte da luta estava deixando-o.

O sangue se acumulou em torno de sua mão, mas ele não


demonstrou sua dor. Ele apenas olhou para mim. Sua fúria o cobria,
entorpecendo-o da dor, mas ele viria e duramente.

—Brandon.

Ele rosnou, mostrando os dentes para mim como um cão


selvagem. —Te odeio. Você sabe disso? Se eu pudesse fazer você ir
embora, eu faria isso em um piscar de olhos. Se eu pudesse…
Ele não terminou, deixando a ameaça pairar no ar entre nós. Ele
se endireitou e puxou a mão da minha mesa. Sangue escorria por
todo o chão, descendo pelo jeans até o chão por seus pés.

Ele ainda não pareceu notar.

Outra batida suave na porta.

Moose estava lá novamente, com o celular na mão. Ele acenou,


mas seus olhos estavam na mão de Brandon.

Eu tenho que ir. Eu tive que atender a ligação. Eu tive que


consertar tudo.

—Eu tenho que ir, Brandon. — Eu me movi em torno da mesa,


devagar.

Ele ainda estava meio enlouquecido. Havia uma luz em seus


olhos, como se ele estivesse imaginando minha morte. Tudo bem. Eu
entendi.

Recolhendo minhas chaves, minha carteira, meu telefone, dei


um passo ao redor dele e abri a porta do escritório.

Ele não se mexeu.

Eu olhei para trás e ele estava olhando para onde eu estava de


pé.

—Eu amo sua irmã. — Eu precisava cuidar desse negócio, mas


ele, essa situação, ele também era importante.

Sua cabeça balançou a meio caminho para mim para que eu


pudesse ver seu perfil.
Ele sabia que eu a amava, mas ele não sabia de tudo. Ele não
sabia o que eu estava prestes a fazer, ou que era para ela. Foi tudo
por ela.

Mas ele tinha que saber uma coisa: —Eu irei até o fim da
maldita Terra para sua irmã. Eu vou cair antes dela. Eu vou matar
qualquer filho da puta que tentar machucá-la. Eu vou despedir toda
a gangue para ela. Não há nada que eu não faça...

—Exceto colocá-la em primeiro lugar.

Ele parecia quebrado.

Sim. Eu também.

—Espere — eu disse a ele. —Apenas espere, porque você vai


comer suas malditas palavras.

—O que? — Ele se virou mais completamente para mim. Suas


sobrancelhas franzidas.

Mas isso era tudo que eu podia dizer, por enquanto. Então eu
pisei no corredor.

Moose se mudou comigo.

Ele baixou a voz. —O que você quer fazer com ele?

Eu balancei a cabeça. —Nada.

Passei por Moose, indo para a sala principal. —Quem chamou?

—O rei da carta.
Scratch mudou-se para me encontrar no balcão, uma toalha em
uma mão e um copo vazio na outra. —Jax vai ser um problema lá
atrás?

—Vocês ouviram?

Eu olhei ao redor do bar. Havia toda uma fila de frequentadores


regulares nos observando. Até as pessoas em uma mesa nos
observavam. A música tinha sido cortada em algum momento, então
o lugar todo estava em silêncio.

Eles ouviram tudo.

Meu primo fez uma careta, esfregando a mão no queixo. —Não


é difícil. O Congo tentou alimentar a música para conseguir uma
música, mas Becca puxou o cordão.

Becca se adiantou. —Ele não deveria falar com você assim. Ele
não sabe o que está acontecendo.

Sua boca estava apertada e, quando olhei ao redor do bar, vi


expressões semelhantes.

Eles estavam chateados, mas eles não sabiam de tudo.

Brandon não.

Becca não.

Até minha gangue não sabia completamente.

Os únicos que sabiam foram Heather e eu.

Eu tinha que dizer alguma coisa. Isso poderia ser bem rápido, e
isso seria ruim para todos.
Eu segurei a mão para cima. —Vocês todos podem estar se
sentindo de uma certa maneira, mas me façam um favor,
mantenham a mente aberta. — Fiz um gesto para o corredor onde
Brandon estava agora, colocando a mão no peito enquanto o sangue
pingava sobre a camisa.

Ele ainda usava um olhar atordoado. Ele estava piscando


rapidamente, suando.

Eu apontei para ele. —Ele está com raiva de sua irmã, e ele tem
um direito.

Becca rosnou. —Ele não tem o direito de rasgar você.

Eu abaixei minha mão. —Ele tem o direito a seus sentimentos,


assim como vocês, mas ninguém sabe tudo. Ninguém sabe.

—Não nos diga para sair, porque eu amo essa garota se ela quer
ou não. — Becca cruzou os braços sobre o peito. Ela olhou para
Brandon antes de olhar para mim. —Eu amo meu homem e você faz
parte da família dele. Heather faz parte dessa família. Ele não é. Ele
quer julgá-la e mantê-la longe de nós. — Ela zombou dele. —Você
não consegue ter essa opinião, Brandon. Você é um estranho.

—Foda-se isso. Foda-se você! — Ele empurrou para frente. —


Eu não sou um estranho. Eu também sou de Roussou.

—Não. — Ela balançou a cabeça, ficando calma, sombria


mesmo. —Você não é. Não mais. Você não tem sido há muito tempo.

Ele examinou a sala.

Ninguém falou por ele.


—Channing? — ele questionou, a luta desaparecendo dele
novamente.

Scratch veio ao redor do bar e ficou na minha frente. —Você é


inacreditável. Você vem aqui, chama-o para fora, e agora quer que
ele te ajude? Não estamos dizendo isso para ferir seus sentimentos.
Estamos dizendo isso porque é a verdade. Você é de Fallen Crest,
Brandon. Você tem sido por muito tempo.

—E daí? — Brandon avançou novamente. —Por que isso é


ruim?

—Não é.

Isso passou do mal para o errado. Eu balancei a cabeça, virando


enquanto todo mundo olhava para ver quem tinha acabado de
entrar no bar.

Heather.

Eu vacilei, vendo a tristeza em seu olhar. Ela se agarrou a ela,


fazendo-a parecer menor do que ela. Essa não era a garota que eu
amava desde que estávamos na terceira série. Aquela garota era
feroz. Ela era uma lutadora. Ela nunca deu uma merda contra a qual
ela foi contra, e eu odiei que ela estivesse sangrando por dentro,
tendo que escolher um lado - meu ou do seu irmão.

Mas não foi assim. Eu não ia deixar ser assim.

—Heat — Brandon começou a suspirar.

Eu bati, apontando para ele. Não. Não diga uma maldita palavra.
Eu segui em frente, passando pelo meu primo, minha gangue,
Stalker. Eu não podia mais ficar calado. Eu não deixaria Heather
aceitar isso.

—Heather. — Eu fui até ela. —Não.

—Não, Channing. — Ela deu um passo ao meu redor, encarando


seu irmão. —Ele não sabia o que eu ia fazer — ela disse a ele. —Eu
nunca disse a ele. Foi minha decisão de fazer...

—Você não deveria ter que tomar essa decisão — ele protestou.

—Eu não me importo com o que você diz agora. — Ela se moveu
na minha frente, sua mão alcançando atrás dela para encontrar a
minha. —Eu estou com Channing, e isso nunca vai mudar. Eu não
posso continuar fazendo isso. Eu estou escolhendo, Brandon. É
escolha minha. Eu estou voltando para Roussou. Está na hora.

Isso foi longe demais.

Eu levantei minhas mãos. —Pare! Todo mundo cala a boca! —


Eu apontei para Brandon. —Volte para o seu trabalho. — Fiz sinal
para Moose e os caras. —Vamos lá. Vamos fazer essa reunião. — Eu
apontei para Becca. —E não mais dando nossos detalhes para as
pessoas. — Eu a espetei com um olhar e ela abaixou a cabeça.

Heather se virou para mim. —Chan?

Eu a puxei para mim, abraçando-a. Eu me inclinei para beijar


seu pescoço. —Não faça nada agora. Ok? — Eu deslizei a mão pelas
suas costas, beijando sua garganta e depois sua boca. Segurando seu
rosto, recuei, descansando minha testa na dela. —Não tome
nenhuma decisão. Não faça nada. Vá para Manny's, ou onde quiser,
mas espere por mim.
Os caras passaram por nós.

Eu fui seguir, mas ela agarrou minha camisa e me puxou de


volta, seus olhos no meu rosto. —O que você está fazendo?

—Nada. — Eu pressionei meus lábios nos dela. —Eu voltarei.


Eu prometo.

Eu comecei a sair.

—Becca? — Heather ligou.

—Não. — Eu virei de volta. —Becca, mantenha sua boca


fechada.

Ela passou por Heather e eu a ouvi dizer —desculpe—


enquanto seguia o Congo até a caminhonete.

Meus ombros relaxaram um pouco. Becca havia escolhido


agora mesmo. Ela escolheu a gang. Congo estava assistindo. Ele
encontrou meu olhar. Eu assenti.

Todos os caras foram para seus caminhões. Entrei na casa de


Moose e ele saiu primeiro, liderando a investida.

Eu ia consertar tudo. Acabei de ter mais uma reunião para


levar.
CHANNING

Trinta motos formavam uma linha reta em um lado do


estacionamento abandonado.

Eles estavam estacionados de frente para nós, seus homens de


pé atrás deles, todos em linha também. Nós dirigimos para cima,
sobre o pavimento rachado com ervas daninhas crescendo através
dele. A loja havia fechado anos atrás, encerrada quando James Kade
voltou para Fallen Crest. Seu alcance se estendia passando pelo
Fallen Crest, passando por Roussou, passando por Frisco, até
Callyspo, uma cidadezinha que costumava não ser tão pequena.
Estava quase extinta agora, e as poucas lojas que ainda dependiam
da carta local do Demônio Vermelho para ajudar a mantê-las à tona.

Esse líder não era como Richter.

A carta de Maxwell era grande.

Eu reconheci alguns dos caras que nós deixamos ir depois do


nosso desastre com Traverse. Esta carta recentemente ficou maior.
Quando entramos no estacionamento, cinco homens passaram por
suas motos em nossa direção. Eles se moveram alguns metros à
frente e depois pararam.

Moose olhou para mim. —Devemos nos alinhar também?


Eu examinei o grupo deles. Cada um de seus homens tinha uma
arma, metade estava segurando-a, enquanto os outros tinham seus
rifles descansando em suas motocicletas, prontos para serem pegos,
se necessários.

Toda a sua exibição era apenas isso, uma exibição.

Maxwell queria que eu soubesse que eles tinham números. Ele


queria que eu soubesse que eles estavam armados e que esses
homens não eram novos nem jovens. Eles eram mais velhos. Alguns
estavam com cabelos grisalhos, alguns tinham barrigas grandes e
outros eram magros. Alguns foram construídos como alguns dos
meus, mas eu recebi a mensagem.

Eles eram experientes.

Nenhum de seus homens se contorceu de nervosismo. Eles


ficaram lá, apenas esperando por qualquer coisa que seu líder lhes
ordenasse fazer.

Eu esperava que esse encontro tivesse um bom resultado, mas


também sabia que não podia confiar nisso. Então eu disse: —Não. —
Fiz sinal para o final do lote. —Estacione aqui. — Antes de Moose
recomeçar, saí do caminhão.

Ele freou e eu me inclinei pela janela. —Mova-se para uma fuga,


se você precisar ir.

—Mas...

Acenei para ele e recuei antes que ele pudesse terminar. Moose
se virou para continuar me observando, então fiz um sinal para que
ele continuasse. Uma carranca se formou, mas ele puxou à frente. O
caminhão do Congo era o próximo e eu transmiti meu plano para
ele. O resto entrou, todos estacionando atrás um do outro, apontou
para a saída, até que Lincoln subiu a traseira. Ele parou ao meu lado,
mas ao contrário dos outros, ele não esperou pelas minhas ordens.
Ele estacionou e pulou para fora, indo para a parte de trás de sua
caminhonete. Quando ele abriu, eu fiquei de pé.

Ele chegou, pegou Traverse e puxou-o para fora.

Traverse caiu no chão, raspando o joelho dele.

—Levante-se.

Lincoln pegou sua camisa, colocando-o de pé.

Eu olhei para ele. Ao contrário do que eu queria, ele não havia


sido torturado. Eu queria tanto, mas me contive. As duas balas que
eu coloquei através de sua mão e joelho tinham que ser o suficiente.
Ele ainda lutava para ficar de pé, com um bom motivo. Nós
trouxemos um amigo da gangue para examiná-lo - uma enfermeira
que Moose estava batendo - e ela o consertara o máximo que podia.
As balas foram tiradas, e ela cauterizou os dois locais para impedir
qualquer infecção. Ele precisaria de um pouco mais para cuidar, mas
eles poderiam lidar com isso. Ele permaneceu vivo no meu tempo,
tudo que eu me importava.

Lincoln o empurrou para andar para frente, mas eu acenei para


ele.

—Eu pego ele.

—O que?

—Vou levá-lo — eu disse. —Deixa comigo.


—Channing — Ele começou a dizer mais.

Eu empurrei para frente. —Deixa comigo. Sério. — Eu balancei


a cabeça para os outros. —Cubra as costas se algo acontecer.

—E quanto a cobrir suas costas?

Eu não estava escutando.

Traverse tropeçou, quase se inclinando para a frente. Eu me


endireitei, segurando-o firme enquanto ele grunhia, o rosto pálido.
—O que você está fazendo? Esta é uma missão suicida?

Minha mão apertou debaixo do cotovelo dele, cavando no osso.


Não o afetaria, não normalmente, mas ele era fraco. Quando eu
quebrei a pele, diminuí a pressão e disse: —Cala a boca. Ao contrário
de você, eu tenho um plano.

—Você vai morrer, Monroe. Você está caminhando para o seu


próprio túmulo agora mesmo. Você simplesmente não quer admitir
isso.

Ele riu maniacamente. O cara estava meio histérico, e quando


nos aproximamos de Maxwell, ele começou a gritar: —Ele atirou em
mim. Duas vezes. Ele me torturou, Maxwell. Eu não tive cuidados
médicos.

—Cale-se. — Eu peguei sua mão machucada agora e puxei de


volta.

Um grito saiu de sua garganta e ele caiu de joelhos.


Eu estudei seus rostos. Eles estavam perto o suficiente para
ouvir tudo, e eu estava perto o suficiente para ler suas expressões.
Nada apareceu. Eles eram paredes de cimento.

Maxwell, seu líder, avançou, parando a alguns metros de


distância. Bronzeado de anos em sua motocicleta, ele tinha um
brilho de couro. Pelo que eu sabia sobre ele, ele estava na casa do
cinquenta. Ele cresceu como um Demônio Vermelho, assumindo dez
anos atrás depois que seu tio se aposentou. Ele era conhecido por
ser razoável e justo, mas se você o cruzasse, já estaria morto.

Eu estava apostando em algumas dessas honras pelo que eu


havia planejado. Se não, Traverse estava certo. Eu era um homem
morto.

—Você se parece com seu pai — Maxwell disse como uma


saudação. Ele ignorou Traverse, me inspecionando enquanto eu
fazia o mesmo com ele.

O grito de Traverse vacilou. —O que?

Eu fiz sinal para ele. —Você pode levá-lo. Atirei na arma dele e
atirei para feri-lo. Nós tínhamos alguém cuidando dele, e ele foi
alimentado, dada água, e tinha uma cama para dormir até que
pudéssemos te encontrar. Ele não foi torturado.

Maxwell hesitou, depois levantou a mão.

Três dos caras que haviam avançado avançaram o resto do


caminho. Eles pegaram Traverse e meio arrastaram metade o
levaram de volta para suas motos. Ao passar pelo último homem
ainda de pé, Traverse se sacudiu em seus braços.
—O que... Connelly?

Connelly não respondeu.

—Espere um minuto. — Traverse começou a lutar, tentando se


livrar de seu domínio. —Connelly, o que você está fazendo? O que
está acontecendo aqui?

Maxwell assentiu para Connelly, que se virou para Traverse e


disse: —Você não deveria matar Dex. Eu sei que é o que você
planejou quando foi. É por isso que eu não fui. Não foi com isso que
concordamos. A passagem da gangue de Monroe também não fazia
parte do acordo. — Ele fez sinal para mim. —Ele está conectado.
Você esqueceu.

—O que? As gangs? Eles são nada. Metade são crianças do


ensino médio. —

—Não. — A voz de Maxwell era alta, ecoando por todo o


estacionamento. Mas ele não estava gritando. Ele era apenas
autoritário. Ele tinha carisma e não precisava fazer outra coisa
senão falar.

Traverse acalmado. Connelly também.

—Ele tem raízes que você nem conhece — continuou Maxwell.


—Você foi tolo, Traverse. Você se adiantou, pensando que poderia
nos enganar, esperando que não fizéssemos nosso dever de casa. —
Ele gesticulou para seus homens. —Leve-o embora. Nós vamos lidar
com ele mais tarde.

Connelly aproximou-se, parando ao lado de Maxwell. Ele


inclinou a cabeça brevemente para mim. —Eu não concordei com o
que Traverse fez, e sinto muito por minha parte. Nós vamos fazer
tudo certo.

Bem. Merda. Eu não estava esperando nada disso.

Connelly seguiu o resto, ajudando-os a colocar Traverse na


traseira de seu único caminhão. Três caras pularam com ele e
Connelly entrou no lado do passageiro. O caminhão saiu, passando
pelos meus homens.

Maxwell pegou um palito e colocou na boca. Ele começou a


mastigar, movendo-se sobre os dentes. Quando ele colocou o palito
na boca, eu tive um vislumbre diferente dele. Ele queria parecer
descontraído, quase despreocupado, mas eu vi sua inteligência. Seus
olhos eram afiados.

Se eu não soubesse a sua reputação, eu teria pego de qualquer


maneira.

—Seu pai disse que você é um dos caras mais inteligentes que
ele conhece — disse Maxwell. —Vindo dele, isso é um grande elogio.

Eu ri, estremecendo também. —Você soa como você o


conhecesse bem.

—Eu conheço. Ele foi meu colega de cela por um ano. Eu nunca
pensei que ouviria de novo seu pai, a não ser que eu fosse colocado
de volta. Imagine minha surpresa quando ele me ligou hoje de
manhã.

—Sim.
Eu odiava fazer isso, mas entrar em contato com Maxwell Raith
não podia ser feito pela porta da frente. Ele não era esse tipo de cara.
Eu precisava de um caminho de volta.

—Para ser justo, acho que dei um ataque cardíaco ao meu pai
quando liguei para ele.

—Sim. Sim. — Maxwell assentiu. —Ele me contou sobre você.


Disse que as coisas não estão muito boas entre vocês dois.

Eu levantei um ombro. —Sim, bem. Talvez eles melhorem


depois disso.

—Você tem uma irmã também? Mais nova que você?

Eu estreitei meus olhos. O que ele sabia sobre Bren? —Sim. —


Ele não precisava saber de mais nada.

Ele riu. —Relaxe. Isso não era uma ameaça velada. Seu velho
salvou minha vida na prisão. E, assim, estamos claros, não considero
essa dívida paga aqui. — Ele fez sinal para onde o caminhão tinha
ido. —Connelly já partiu, contou-nos o que Traverse ia fazer. Nós
não somos uma carta que quer inimigos em Roussou. O clube inteiro
evitou sua cidade por um motivo. Sabemos que o sistema que você
tem em funcionamento, já existe há anos. Richter estava se mudando
por conta própria. Ele era um pedaço ambicioso de merda. Traverse
estava nos fazendo um favor ao se aproximar dele. Mas ele não sabia
que não teria permissão para se mudar para você.

—Então, se isso não é uma dívida para o meu pai, por que você
está fazendo isso?

—Bem, isso é para nós sabermos. Você não. É negócio do clube.


Foda-se isso. —Então, como eu vou saber que outro jovem
punk não vai entrar na cabeça dele para 'ficar ambicioso'?

Ele olhou para mim, pesando minhas palavras.

Aqui estávamos nós. Dois líderes. Dois exércitos atrás de nós.


No grande esquema das coisas, seus homens ganhariam. Ele sabia
disso. Eu sabia. Ele tinha outras cartas a serem chamadas para
reforço. Eu tinha meus homens e talvez cinquenta membros da gang,
metade dos quais - Traverse estava certo. Eles eram jovens. Meu
trabalho aqui era protegê-los. Não mais sangue precisava ser
derramado, mas Roussou era um prêmio. Se Richter e Traverse
quisessem controlá-lo, por que não outra pessoa? E se isso foi uma
batalha no futuro, que movimentos devemos começar a fazer agora
para nos proteger?

Seus olhos se estreitaram, me estudando.

Ele balançou a cabeça um pouco. —Ok. — Ele pegou o palito e


jogou no chão. Um segundo saiu do bolso e o colocou em seu lugar.
—Sua cidade está muito perto de Fallen Crest. Eles têm muitas
corporações, empresas, impérios. Nós não queremos atenção em
nós, e onde há gente rica, há policiais. Eles gostam de impor sua
própria espécie, e isso não somos nós. Roussou está muito perto.
Nós gostamos de mover nosso produto através da Frisco, através da
Callyspo. Nós gostamos de ficar nas estradas secundárias onde
poderíamos derrubar um caminhão, mas não o suficiente para nos
trazer muito calor. É por isso que nos afastamos de Roussou. Sua
cidade é o limite para nós. Nós vamos ao redor de vocês.

Faz sentido, de certa forma.


—Obrigado por isso.

—Há outra coisa. — Ele pegou o segundo palito, mas ele apenas
segurou. —Seu pai ofereceu outra coisa. Nós o aceitamos, o que é
outra razão pela qual eu não considero essa transação como uma
dívida paga. — Ele começou a coçar-se perto da boca, usando as
costas da unha do polegar. —Seus amigos não querem que eu diga
nada, mas imaginei que talvez você devesse saber. Eu quero que a
minha saiba.

Eu sabia. Eu sabia antes que ele dissesse as palavras. Não havia


rima ou razão. Não havia nada para construí-lo, mas eu sabia por
que isso só fazia sentido.

—Seu pai se juntou. Ele é um membro mais velho. Nós não


costumamos pegá-los nessa idade, mas ele é um bom lutador. Ele
pode se manter. Ele é um dos nossos caras na prisão. — Ele inclinou
a cabeça, medindo-me, esperando para ver minha resposta. —Como
você se sente sobre isso?

O que eu diria aqui?

Meu pai estaria protegido, mas ele sairia. Ele ainda tinha
quarenta anos para viver quando sair e depois? Bem, agora eu sabia.
Ele sairia. Ele estaria com os Demônios Vermelhos.

Ele estaria fora da vida de Bren.

—É uma jogada inteligente, para vocês e ele.

—Isso? — Ele estreitou os olhos.

—Sim. É isso aí. Estamos todos bem então?


Ele franziu os lábios, ainda me avaliando, e então suspirou e
estendeu a mão. —Foram bons.

—Não há mais Demônios Vermelhos em Roussou? Traverse


não será um problema?

Isso deu uma risada superficial dele. —Você não vai ouvir de
Traverse novamente. Connelly será meu porta-voz a partir de agora,
e ele ficará baseado em Frisco. Se tivermos que fazer negócios
novamente, você pode passar por ele ou pelos seus amigos.

Eu não estaria passando por meus estalidos, e do jeito que


Maxwell estava me observando, eu peguei o olhar de conhecimento
em seu rosto. Ele também sabia que eu não estaria passando por
meu pai.

—Combinado.

Nós nos agitamos.

Eu estava prestes a voltar para o meu pessoal quando ele disse:


—Eu tenho que perguntar...

Ele fez sinal para onde meus caras estavam empoleirados,


todos de pé nas costas de seus caminhões, observando a troca.

—Qual foi a ideia para isso? O que você faria se tudo isso fosse
para o sul?

Eu balancei a cabeça. —Nada. Eu ia te oferecer uma coisa.

Eles não teriam sido capazes de me impedir até então. Eles não
teriam estado perto o suficiente para lutar ou tentar me proteger.
Eu teria feito a oferta, e teria resistido. Eu teria feito tudo por eles.
—O que você ia me oferecer? — Maxwell perguntou.

Eu encontrei seu olhar sem hesitação.

—Eu.
CHANNING

—Que diabos foi isso? — Lincoln exigiu.

Eu tinha que dar crédito a Moose, porque ele era o único que eu
achava que estaria na minha bunda assim que o resto da gang fosse
embora. Não foi ele. Foi o Lincoln.

Todos nós retornamos ao armazém, e o Congo acabava de


fechar a porta no último membro que saía. Aqueles que tinham
retido eram o meu núcleo: Chad, Moose, Lincoln e Congo. Fazia
muito tempo que éramos os cinco. Eu só precisava de Bren, Scratch
e Heather aqui, e esta seria a minha família.

Eu tive sorte.

Isso me atingiu.

Eu tive muita sorte porque pude passar a maior parte da minha


vida com essas pessoas. Eles não tinham entrado e saído da minha
vida, com algumas exceções. Lincoln se juntou há um ano. Bren - eu
tinha sido a porra de tudo e não estava em sua vida tanto quanto
deveria estar. Mas eu tinha Heather, Moose e Congo comigo desde o
ensino fundamental. Chad se juntou ao final do sexto ano.

Esses eram meus caras.

Eu os amava, mas o que eu disse a Maxwell era a verdade.

Já era hora de eu contar para esses caras.


—Se as coisas corressem mal com os Demônios Vermelhos, eu
ia me oferecer.

—Você mesmo, para quê? — Moose rugiu.

Houve o rugido ameaçador que eu esperava do meu melhor


amigo. Moose avançou um passo, com os braços enormes dobrados
sobre o peito - troncos de árvores literais, os dois. E como ele
conseguiu que eles se dobrassem era impressionante.

—Você mesmo, para quê? — ele perguntou novamente.

Levantei a cabeça, encontrando cada um de seus olhares, um


por um. Então olhei de volta para Moose.

—Eu ia me oferecer para deixar a gangue.

As narinas de Moose se alargaram.

Chad amaldiçoou, balançando a cabeça de um lado para o outro.

Congo xingou e chutou uma lata perto de seus pés. Ele bateu na
parede, se recuperou e ele chutou de novo. Ele enviou claro através
do armazém pela segunda vez.

Ninguém se importava. Ninguém prestou atenção nele.

Eu esperei, estudando Lincoln.

Ele não teve reação visível. Ele estava estoico, esperando por
mais.

Merda. Ele sabia. Havia mais vindo, e maldito, ele sabia de


alguma forma. Eu olhei de volta para Moose e vi o mesmo olhar lá.
Ele também sabia.
—E? — Moose foi quem cortou a palavra. —E agora? Você não
vai a lugar nenhum, certo? Tudo está bem. A merda acabou.

Ele sabia que não era o que iria acontecer.

Então eu me preparei e os preenchi.


HEATHER

PRIMEIRO ANO

Eu saí alguns minutos antes do jogo de basquete terminar. Sam


ainda estava dentro, sentada com Logan e alguns outros, mas eu
queria chegar ao Manny’s antes de todos entrarem.

Eu poderia ser uma estudante do ensino médio, mas eu tinha


trabalho a fazer.

Eu estava tecendo os veículos no estacionamento quando o


ouvi.

—Você está se tornando uma Fallen? Indo para os seus jogos


também?

Eu parei bruscamente, meu interior apertando sua voz, e eu


olhei.

Channing estava encostado no caminhão, com um pé sobre o


outro, os braços no peito e a cabeça baixa.

Eu me preparei para qualquer coisa que ele fosse fazer do meu


jeito, mas ele não parecia zangado. Ele quase parecia.... Eu inclinei a
cabeça para o lado. Isso não podia ser verdade.

Ele quase parecia resignado.


De jeito nenhum. Channing Fodido Monroe não era um cara que
me deixava me tornar uma —Fallen—, seu termo depreciativo para
eles - não sem uma briga de qualquer maneira.

—Talvez. — Parei a poucos metros dele, deslizando as mãos


nos bolsos de trás. Inclinei a cabeça para o lado, sabendo que isso o
deixava louco. Ele sempre quis entrar, deslizar a mão em volta do
meu pescoço e me puxar para um beijo.

—Eu não vou mais à escola em Roussou. Eu acho que isso me


faz uma Fallen Crest agora.

Seus olhos escureceram. —Você sempre será Roussou.

Nós somos o Roussou.

O pensamento brilhou em mim em suas palavras, e eu não


podia negar que eu queria também. O beijo. Eu toquei o topo da
minha boca com a minha língua. A sede estava lá. A fome. Fazia
muito tempo desde a última vez que o provei.

Ele gemeu. —Foda-se, Heather. Você está brincando com fogo


aqui.

—Talvez. — Eu sorri para ele. Eu não pude me conter.

Seus olhos dispararam atrás de mim. —Você está fazendo


novos amigos.

Oh. É por isso que ele esteve aqui. Todo o flerte me deixou. —
Sim, mas você sabia disso.

—Amigos vêm e vão. — Ele empurrou sua caminhonete,


andando na minha direção, um predador perseguindo sua presa. Ele
parou bem na minha frente, agora a poucos centímetros. —Esses
amigos não parecem estar indo — ele respirou.

Eu não queria mais olhar em seus olhos. Havia muita história


lá.

Eu me concentrei em seu peito, murmurando: —Sim, eles


fazem.

Seu braço mudou.

Eu senti ele agora, e eu suguei um pouco de ar ao seu toque. Sua


mão descansou no meu peito, então deslizou para cima, curvando-
se ao redor do meu pescoço. Ele inclinou minha cabeça para
encontrar seu olhar. Estava aquecido, mas não de raiva, não de
querer lutar. Seus olhos eram ardentes por minha causa, porque ele
estava me tocando.

—Se eles te machucarem.... Se ela te machucar...— Ele deixou


sua ameaça pairar no ar.

Meu coração pulou uma batida. A temperatura do meu corpo


estava subindo rapidamente e eu estava apenas me impedindo de
pressionar contra ele.

Eu toquei seu peito, com a intenção de empurrá-lo de volta um


centímetro. Mas eu não fiz. Eu só sussurrei em vez disso. —Eu gosto
de Samantha. Ela é uma boa pessoa. — Ela era uma nova amiga. Eu
pensei que ela poderia ser uma boa também, mas só o tempo diria.

Ele grunhiu, esfregando o polegar contra a base do meu


pescoço. —Ela está conectada, Heather.
—Eu sei. — Ele já sabia disso. Não foi por isso que Channing
esteve aqui. Ele estava aqui para me lembrar que eu também estava
conectada, que tinha outros que me protegiam. Eu não estava
sozinha, o que eu tinha que admitir era às vezes como eu me sentia
indo para a escola em Fallen Crest. Eu tinha amigos, mas eles não
eram como ele.

Ninguém era como ele.

Eu estendi meus dedos, movendo minha mão para sentir o


batimento cardíaco dele.

Nós não éramos um casal - quando éramos realmente oficiais -


quem era brega. Nós não tínhamos as belas palavras, as boas
promessas. O que nós tivemos foi diferente. Nós tivemos história.
Nós sangramos um pelo outro. Nós lutamos um pelo outro. Nós
lutamos um contra o outro. Mas quando eu alisei minha mão sobre
seu coração, fechei meus olhos.

Não. Em vez do material romântico que outros poderiam ter,


nós tínhamos isso.

Eu senti meu coração se alinhar com o dele.

Nós tivemos o mesmo batimento cardíaco.

Channing também cedeu, seus braços se movendo para me


segurar. Ele inclinou a cabeça. Eu senti seus lábios roçarem minha
testa.

—Eu posso não ser o homem para você agora. — Ele segurou o
lado do meu rosto e moveu minha cabeça para trás para que eu
pudesse vê-lo. Seus olhos estavam francamente fumegantes. —Eu
nunca serei digno de você, mas um dia, espero ser melhor. Um dia te
darei tudo. Eu prometo.
HEATHER

DIAS DE HOJE

Jesus cristo.

Os Anjos Caídos estavam fora e com força total. Eu os assisti da


minha varanda da frente novamente. O cigarro em uma mão, o
isqueiro na outra, e um Jaguar entre as minhas pernas. Eu era a mais
branca possível. Novamente.

Óculos de sol nos meus olhos.

Meu top era baixo, meu short apertado e alto, e eu não faria de
outra maneira. Eu até tive meu cabelo todo soprando no vento,
porque eu não dava a mínima.

Aquele idiota.

Como se eu não soubesse o que ele estava fazendo.

Ele saiu, dizendo que iria consertar tudo, e foram três dias de
silêncio.

Três. Fodido. Dias.

Não é uma maldita palavra.

—Ei.

E assim, agora ele está aqui?


Eu olhei para cima, vi ele de pé na calçada, parecendo todo
quente e merda. Ele usava jeans desbotados que deslizavam por
seus quadris e uma camiseta branca. Aquela camisa... eu odiava
essas camisas. Elas não deveriam parecer bem. Elas são camisas
básicas. Básico. Isso deveria significar que eles pareciam básicos em
todos, mas não. Não este idiota que é agraciado com alguns dos
melhores genes que eu conheço.

Idiota.

Tudo calmo, acendi meu cigarro.

—Heather.

Olhando-o para baixo, eu joguei nele.

Ele bateu, sibilando. Quando caiu no chão, ele se desligou. —


Você está falando sério?

Eu grunhi, não respondendo, e puxei o Jaguar importei. Eu tive


dois outros antes de pegar este. Tomei outro gole saudável.

Três. Dias.

Eu limpei minha boca com as costas da minha mão. —Foda-se


você.

Ele suspirou, subindo os dois degraus até a minha varanda. —


Você está chateada.

—E você é inteligente.

Minha garganta queimava. Eu precisava terminar o Jaguar.

—São seis da tarde.


O que significava que eu precisava me atualizar. Eu estava
atrás. Eu terminei o meu pé e segurei.

Channing pegou. —Podemos falar agora...

Eu me abaixei e peguei outro debaixo da minha cadeira.

—Oh Deus.

Abri a lata, dando-lhe um sorriso brilhante ao ouvir aquilo sem


olhar para ele. Para ser honesta, eu não estava vendo muita coisa. Se
eu me concentrei em uma coisa, comecei a nadar e minha cabeça
ficou toda confusa.

Channing se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos


joelhos. Ele pegou a cabeça entre as mãos, passando os dedos pelos
cabelos.

Eu ignorei como a camisa dele se apertou nas costas dele.

Eu ignorei como suas costas estavam apertadas e amarradas


com músculos, e como isso estava me fazendo doer em alguns
lugares, e eu precisava beber. Pesadamente.

—Tudo funcionou com os demônios.

Eu grunhi. —Bom para você. — Eu precisava de pizza.


Balançando as pernas para baixo do corrimão, eu quase prendi
Channing na cabeça.

Quase.

Que pena.

—Onde você vai?


Ele não tinha o direito de parecer cauteloso e derrotado. Aquele
desgraçado me deixou enforcar por três dias. Esperando.
Preocupante. Eu liguei. Ele não respondeu. Eu mandei uma
mensagem. Ele não respondeu.

Idiota.

IDIOTA!

—Heather. — Ele pegou minha mão.

Eu segurei. —Não. — Um passo à frente. A varanda estava


tombando. Não. Eu peguei ele na cabeça, me endireitando. Eu
poderia fazer isso. Eu poderia entrar e fazer uma pizza. Meu
estômago estava roncando, e foda-se tudo, eu ia comer a pizza mais
gordurosa de sempre.

Ou o que quer que estivesse no freezer.

Cambaleando por dentro, senti como se estivesse andando em


uma inclinação, mas eu fiz isso. A porta de tela se fechou atrás de
mim. Eu precisava pegar o balcão. Usando-o como base, eu me movi
em torno dele e fui para a cozinha.

Eu tive que usar o contador todo o caminho além do micro-


ondas, pia, cafeteira, fogão e, em seguida, a geladeira. Ah.
Finalmente. Descanso.

Eu abri a porta do congelador com uma explosão de energia.

Revirando as caixas, peguei uma das pizzas. Eu não me importei


com qual. Eu peguei a primeira coisa e deixei cair no fogão.

—Você vai fazer pizza? Em sua condição?


O... Eu não pude... Por que não abria? Eu enfiei na minha boca e
tentei morder o embrulho. Lá. Ele se abriu. Eu joguei um braço para
trás, meu dedo do meio no ar.

—Você— eu lati, deixando a pizza cair no fogão novamente. —


Você não começa. Ainda estou decidindo se quero falar com você.

Ele soltou um suspiro.

Eu me atrapalhei, pegando uma panela e colocando a pizza nela.


Eu estava colocando no forno, sentindo muito orgulho de mim
mesma, quando Channing chegou atrás de mim. Ele estendeu a mão
e pegou a pizza.

—Hey...— Minha voz morreu quando ele ligou o forno. —Oh!

Sua mão foi para o meu quadril. Ele me virou gentilmente. —Vá
e sente-se. Eu vou fazer isso por você.

—Eu gosto mais crocante.

—Eu sei.

—Eu gosto apenas de queijo.

—Eu sei. — Ele estava pegando algo disso. Eu me concentrei e


vi que eu peguei a salsicha. Ele estava tirando todos eles.

—Eu...

—Vá e sente-se.

Ele abandonou a pizza, colocando as duas mãos nos meus


quadris, e ele me levou para trás até que senti uma das cadeiras
atrás de mim. Eu sentei e ele se inclinou para baixo, seu rosto perto
do meu.

Ele olhou duro para mim, sua testa quase tocando a minha. —
Eu sei que você gosta de pizza, como você gosta, como você quer
cortar. Eu sei como você gosta de comer em uma toalha de papel,
como você vai querer uma cerveja com ela, mas eu realmente só vou
lhe dar um refrigerante, e então eu sei que você vai comer uma fatia,
mas vai querer uma segunda, e eu vou esgueirar uma no seu prato e
você vai comer, fingindo que estava lá o tempo todo.— Ele
pressionou um beijo na minha testa. —Eu conheço você como se
fosse eu. Ok?

Eu limpei algo dos meus olhos. Eu não sabia o que era aquilo. E
minha garganta estava inchando sobre um caroço.

Eu não sabia por que isso também estava lá.

—Bem. — Eu limpei novamente. —Estou com fome, isso é tudo.

—Eu sei que você está. — Um segundo beijo, este na minha


bochecha, e um terceiro no canto da minha boca antes de ele voltar
para o forno. Ele terminou de tirar toda a salsicha e, depois de alguns
minutos, começou a falar.

—Na primeira série, você me deu meu primeiro fichário.

Ele se virou, descansando as mãos na porta do forno atrás dele.

Eu fiz uma careta. O que ele estava falando?

Ele olhou para baixo. —Eu não tinha um. Eu não tinha nada
além de uma pasta que o conselheiro da escola me deu. Foi isso.
Então no segundo grau, você me deu uma bola de futebol. Não foi
muito para você. Você provavelmente não se lembra...

Eu fiz. Mal. —Era um dos de Brad. Eu estava com raiva dele,


então eu peguei para irritá-lo.

Channing ainda não olhou para mim. Ele apertou a porta do


forno, seguindo os músculos do braço. —Ele me viu com isso. Eu
estava andando para casa e ele parou, perguntou onde eu consegui.
Suas iniciais foram escritas no marcador vermelho. Ele viu da rua.
Quando eu disse a ele que minha amiga deu para mim, ele não levou
embora. Ele poderia ter. — Sua voz era rouca. —Ele me deu uma
bola de basquete naquele Natal. Eu nunca te disse.

Oh cara. Minha garganta estava realmente queimando agora.


Eu sussurrei: —Ele nunca me disse também—

Channing finalmente olhou para cima. Seus olhos estavam


brilhando. —Ele me deu uma bola de beisebol naquela primavera e
minha primeira luva pegadora. Ele me deu chuteiras. Ele fez com
que eu tivesse tudo que eu precisava para o próximo ano com
esportes.

Eu fiquei sem palavras.

—Terceira série, você me disse que se importava. Foi a


primeira vez que ouvi essa frase em muito tempo. Minha mãe... ela
se importava, mas estava exausta demais da vida. Os momentos em
que uma mãe faz seu filho se sentir amado, eu não consegui, não o
suficiente. Então, quando você disse isso, ficou para mim. Percebi
então que você era minha melhor amiga.

Uma lágrima escorregou pelo meu rosto. Eu lembrei disso.


—Quarta série, eu beijei você na bochecha.

Eu suspirei. —Você não.

—Eu tentei. Você me deu um olho roxo. — Ele riu, mas sua voz
ainda era suave, ainda áspera. —Então, na quinta série, demos as
mãos.

—Seus amigos — eu disse acusadoramente, —tentaram roubar


meus doces de Halloween.

Ele sorriu. —Você está certa. Foi apenas o seu doce.

Eu bufei.

—Na sexta série, percebi que você estava com ciúmes de outras
garotas.

Outro bufo, mas maldito, era verdade. Eu rosnei. —Tate. Ela foi
uma má notícia desde o início. Eu deveria saber.

—Quando você estava na sétima série, nos beijamos.

Lembrei-me. Lembrei-me do que mais acontecera naquele ano


também.

—Você nunca contou a ninguém. — Ele sabia do que eu estava


falando.

—Sua mãe foi embora novamente. Mas eu teria. — Seus olhos


eram ferozes, firmes em mim. —Se você tivesse continuado, eu teria.

E minha garganta estava inchando mais uma vez.


Sua cabeça caiu novamente. —Minha mãe morreu naquele ano,
e você segurou minha mão durante o funeral.

Meu rosto estava ficando quente. Nós fizemos mais do que dar
as mãos naquela noite.

—Meu pai era abusivo comigo e ela se foi, e isso foi o começo
do fim para mim. Eu estava fora de controle, mas você era minha
constante. Tudo o mais na minha vida foi fodido, e a única vez que
parte da tempestade foi embora estava com você. Às vezes eu
precisava de você desesperadamente, e às vezes eu odiava você por
isso. Eu odiava precisar de você. Eu odiava te amar. Eu odiava
depender de você, e eu sabia tudo isso mesmo na porra da oitava
série. Merda. Eu sabia disso antes. Você era minha. Foi apenas o jeito
que foi.

Mais lágrimas.

Eu odiava essas coisas.

—Havia uma escuridão em mim. Comeu-me todos os dias, mais


e mais, e te afastei. — Uma risada seca escorregou dele. —Eu não
percebi que eu iria empurrá-la todo o caminho para o Fallen Crest.
Foda-me. Foi o que pensei quando você foi, mas depois pensei que
talvez fosse melhor para você. Melhor escola. Melhor comunidade.
Eu não estaria te arrastando para baixo. — Ele mordeu a última
frase, balançando a cabeça. —Eu não deixei você ir. Eu te empurrei
para longe. Eu não tinha ninguém exceto meus homens, mas eu juro,
Heather. Eu juro. Eu não queria te puxar de volta. Eu não queria, eu
simplesmente não conseguia ficar longe, mas tentei. Eu tentei tanto.
Você estava melhor sem mim. Eu sabia. Seu pai sabia disso. Você
sabia disso. Todo mundo sabia disso.
—Channing — eu disse, suavemente.

—Não. — Ele balançou sua cabeça. —Não é isso. Estou levando


a alguma coisa.

—Oh!

Ele soltou uma risada. —Eu lhe disse que naquele dia eu seria
bom o suficiente para você um dia. Um dia. Isso me levou quase dez
anos, mas mesmo que não haja jeito de eu ser bom o suficiente para
você, não tenho como ser digno de você, espero que você me leve.

Quê?

O forno apitou. Nesse estranho, desajeitado e confuso


momento, ele colocou a pizza. Ele programou o temporizador,
depois virou-se para seguir em minha direção.

Minha mente estava girando. Agora eu não tinha certeza se era


a bebida ou qualquer outra coisa.

Eu vi dois dele por um instante.

Ele se ajoelhou na minha frente, tomando minhas mãos nas


dele.

O que diabos está acontecendo?

—Eu não mandei uma mensagem de volta para você ou liguei


para você, não porque eu seja um babaca imprudente. Desta vez, é o
oposto. Porque eu tenho tentado fazer todo o possível para me
preparar para você. Eu fiz tudo isso por você.

—Do que você está falando?


Suas mãos apertaram as minhas. Ele olhou para mim. —
Demorou alguns dias, mas tudo está acertado com os Demônios
Vermelhos.

Ele me contou o que aconteceu, junto com a parte sobre o pai


dele se juntando.

—Oh, Channing. — Eu comecei a me ajoelhar com ele. Eu queria


consolá-lo, tocá-lo.

Ele balançou sua cabeça. —Não, fique aí.

—Mas seu pai...

—Ele não faz mais parte dessa conversa, não depois disso. Está
feito. Toda a batalha com os Demônios Vermelhos, isso também
acabou. Eles não vão mais entrar em Roussou. E eu acho que minha
irmã está bem. Minha gangue está bem. E... — Ele respirou fundo. —
Eu estava preparado para me oferecer para os caras. Eu ia me
oferecer para deixar a gang. Eu estava esperando que isso fosse bom
o suficiente para eles, caso algo acontecesse, mas não era apenas
uma oferta para os Demônios Vermelhos. — Ele parou, fechou os
olhos, beijou minha mão e começou de novo. —Eu deixei a gang.

Eu não pude…

Não havia palavras.

Sem pensamentos.

Eu só olhei para ele.

—Hã?
—Você disse que queria fazer as coisas de maneira diferente.
Você disse que queria que fosse a última vez. Você disse que nós
tínhamos que cagar ou sair do vaso. Você disse tudo e eu estou aqui.
Estou fazendo tudo isso porque quero você. Eu quero tudo o que
você disse também. Eu mudei. Eu fiz o sacrifício. Eu sei que você está
tentando. Você ia deixar o Manny's por minha causa, minha gangue,
mas não é a sua vez. É minha. É a minha hora, Heather.

Ele sorriu, e aquele sorriso era tão terno, tão amoroso, tão
gentil que eu comecei uma nova explosão de lágrimas.

—A raiz dos nossos problemas sou eu. Nunca você. Eu estava


fodido crescendo, e então se tornou sobre a gangue, sobre ficar
longe de você, então Bren. Eu era a raiz dos nossos problemas. Eu
sabia desde que estava com a gang, você não era a primeira, mas
acabou. Estou fora. Eu deixei a gangue para nós, para você. Está na
hora. — Ele disse novamente.

Eu pisquei.

Quê?

Porra?

Minha garganta estava se fechando.

Um olhar de admiração veio sobre ele. Ele pressionou a mão


sobre meu estômago. —Nós fizemos uma vida aqui. Ela estava
chegando, quer estivéssemos prontos ou não, e eu não estava. Não
ainda, mas eu queria. Eu queria tudo o que ela significava. Nosso
passado, presente e futuro. Ela trouxe tudo para frente.
Precisávamos nos preparar. Não havia outra escolha. Foi você e ela
e eu. Eu soube então, e então nós a perdemos, e eu odiei isso.
Nós estávamos juntos naquela noite, mas como outras vezes,
nos afastamos.

Eu o empurrei para longe. Ele foi embora. Nenhum de nós lutou


pelo outro.

Eu estava envergonhada.

—Channing.

—Não.

Tentei me sentar com ele novamente, mas ele me segurou no


lugar. Sua mão estava quente no meu estômago.

—Eu quero outro, e se não posso ter um, não me importo. Eu


quero você. Eu quero a eternidade.

—O quê?

Eu estava chorando.

O forno ia apitar. Eu podia sentir o cheiro da pizza. Meu


estômago roncou sob sua mão, mas depois sua mão se foi.

Ele estava segurando, ele estava segurando um anel em seu


lugar.

Ah.... Oh!

—Eu ia fazer isso na frente de sua gangue, seu irmão, meu


pessoal. Eu tinha tudo pronto, mas não parecia certo. Então eu vim
aqui. Você estava bêbada. Você estava chateada comigo e briguenta.
Você queria sua pizza, o que você costuma fazer se você está
bebendo, e parecia certo. Então, decidi fazer agora. Espero que você
esteja bem com isso, porque com tudo o que disse... — Ele respirou
fundo, mordendo uma vez antes de dizer: —É a minha hora de dar
tudo a você. Para fazer de você tudo para mim. — Uma pequena
pausa. —Heather Jax, você vai se casar comigo?

Eu não podia, eu juro, havia dois anéis agora.

—Eu estou bêbada! — Eu soltei. —Você está propondo agora?!

Ele encolheu os ombros. —Parece apropriado de alguma forma.

—Oh Deus. — Eu gemi, mas puta merda.

Ele se inclinou para frente e pressionou um beijo amoroso no


meu estômago. Ele sussurrou contra a minha pele: —Eu vou fazer
tudo de novo pela manhã.

Tudo de novo? Eu não sabia se poderia lidar com as emoções.


Elas estavam batendo em mim, de um jeito bom e puta merda!

Eu caí, envolvendo meus braços em volta dele e o abracei tão


apertado.

Eu nem sabia o que estava dizendo, mas tudo que eu conseguia


pensar era SIM!

Eu empurrei para trás, enquadrando seu rosto com as minhas


mãos. Eu sabia que as lágrimas ainda estavam no meu rosto, mas eu
não me importei. —Sim. Eu vou me casar com você.

—Sim? Tem certeza? Eu posso perguntar amanhã novamente.


Você pode me dizer amanhã.
Não importaria. Eu o amava. Ele era meu. Eu era dele, mas eu
ainda assenti, engasguei e chorei, e não dei a mínima.

Ele me beijou, cruzando os braços em volta de mim e ficou


comigo em seus braços.

Ele desligou o forno.

Nós continuamos nos beijando.

Ele nos levou até o andar de cima.

Beijando.

Nós mostramos um ao outro o quanto nós amamos o outro.

E ele me perguntou de manhã, e minha resposta foi a mesma.

Uma porra toda retumbante sim.

CHANNING

HEATHER ARRASTOU o dedo pelo meu braço. Manny's havia


fechado há muito tempo e passamos o tempo todo na cama. Nós
passamos a noite inteira, parando para finalmente comer aquela
pizza. Heather insistiu.

—Me diga de novo.


Eu passei meus braços ao redor dela, levantando-a em cima de
mim e me inclinei contra sua cabeceira. Ela arrastou as mãos pelo
meu peito.

Seu cabelo caiu sobre os ombros, emoldurando seu rosto e


escondendo apenas os topos de seus seios. Ela era tão feroz, tão
amorosa, tão minha.

Eu era uma seiva.

Eu peguei sua cintura. —Dizer de novo o quê?

—Tudo.

Eu balancei a cabeça, sabendo o que ela queria.

Eu disse a ela como Lincoln havia me enfeitado quando eu


anunciei que estava deixando a gangue.

Eu disse a ela como o Congo começou a chorar.

Eu disse a ela como Chad tinha explodido, e uma vez que ele
começou, ele não conseguia parar.

Eu disse a ela como Moose enxugou uma lágrima de seus olhos,


mas foi o primeiro a me abraçar. Ele foi o primeiro a me parabenizar
também.

E eu disse a ela como todos estavam alinhados, todos dizendo


parabéns e todos odiando ao mesmo tempo.

Eu disse a ela como eu conversei com Brandon e disse a ele o


que tinha feito para que ele não comprasse a parte dela no Manny’s,
não importava o que ela dissesse.
Eu disse a ela como eu tinha ligado para o pai dela e consegui
sua aprovação, embora fosse uma aprovação relutante.

Eu disse a ela como eu liguei e agradeci ao irmão dela, Brad, e


também obtive sua aprovação.

Eu peguei a mão dela na minha, entrelaçando nossos dedos


enquanto eu compartilhava o último pedaço pela primeira vez. —Eu
pedi a aprovação de Bren também.

Ela parou, seus olhos segurando os meus. —Sim? — ela


respirou.

—Bren está feliz por nós. Ela grunhiu, literalmente, e disse: 'já
era o tempo do caralho'.

Heather começou a rir. —Bom. Isso é bom.

—Isto é para nós.

—O que você quer dizer?

—Vamos envelhecer juntos e ficar chatos. — Eu levantei uma


sobrancelha. —Você está pronta para isso?

Ela soltou outro suspiro de ar e se fundiu em mim. Eu passei


minha mão pelos cabelos longos dela. Sua respiração aqueceu meu
ombro e ela estendeu a mão para me abraçar.

Então senti seus lábios se moverem contra a minha pele. —Eu


sempre estive pronta.

Eu sorri, acariciando seus cabelos e apertando meus braços ao


redor dela.
Ela me beliscou. —E eu não acho que algum dia ficaremos
entediados. Não está no nosso DNA.

Eu me afastei de seus dedos. Ela sorriu contra mim novamente


e eu respondi: —Sim. Talvez não.

Então eu contei a ela sobre o próximo empreendimento que eu


queria fazer.
CHANNING

TRÊS MESES DEPOIS

A campainha tocou.

Eu estava descarregando uma caixa na sala de armazenamento


de volta quando ouvi isso. Andando até a seção da frente da loja
vazia - ou o que era agora meu novo escritório - vi Bren parada ali.
Não estava vendo ela que me fez parar. Foi que ela estava sozinha.

Nenhuma melhor amiga com ela, sem membros da gang.

Por um momento, não foi ela que eu estava vendo. Era Heather
- um flashback para outra época em que Heather havia entrado na
casa no Manny’s. O lugar estava vazio. Ela estava assumindo
oficialmente e sua mão agarrou a minha. Ela não sabia que ela estava
apertando quase ao ponto de quebrar um osso, e eu nunca disse uma
palavra.

Por uma fração de segundo, Bren e minha imaginada Heather


ficaram exatamente na mesma posição - na minha frente, apenas
entrando pela porta. Virado de lado, de cabeça baixa, o cabelo delas
caiu sobre os ombros.

Ambas pararam como se o peso do mundo estivesse sobre elas,


mas então Bren olhou para cima e a semelhança se foi.
A memória desapareceu.

—Ei — eu murmurei.

—Ei — ela murmurou de volta. Ela examinou o escritório,


observando a grande sala principal, os dois escritórios menores nas
traseiras. Havia um corredor curto que levava a um banheiro e à
porta dos fundos. Nós tínhamos acabado de instalar outra porta, que
conectava a Tuesday a esse lugar.

—Eu pensei que você estava recebendo isso como um lugar


para as gangues para sair.

Eu sorri para ela. —Okay, certo. Como vocês, relaxariam em um


lugar que eu possuo com o resto das outras gangues.

Eu peguei a contração do lábio dela. Eu estava certo e ela sabia


disso.

Sua gang se manteria, apenas se misturando com as outras


gangues em festas - festas que seu irmão mais velho não estava
participando.

—Este é o lugar, então? Onde você está começando esse novo


negócio?

Este foi o meu segundo negócio agora. Tuesday Tits ainda


estava com força total à frente. A clientela expandida estava
trazendo nova vida a ela, mas nos certificamos de manter os
regulares felizes também.

Eu assenti. —Sim. É isso. New Kings Bounties.


Ela bufou. —Você está nomeando depois da sua gang? Você está
se enganando sobre a coisa toda?

Eu fiz uma careta. —Não. Eu saí.

Naquele momento, a porta se abriu e entraram Moose, Congo,


Lincoln e Chad, cada um carregando uma caixa. Eles
cumprimentaram Bren com um aceno de cabeça, depois começaram
a desembalar.

Eles não perguntaram onde colocar as coisas. Eu não lhes dei


instruções.

Chad levou a caixa até a janela da frente e começou a


descarregar os cartazes.

Congo e Moose levaram suas caixas para um dos escritórios nas


traseiras.

Lincoln colocou a caixa no quarto principal e começou a


descarregar o que acabaria sendo sua escrivaninha.

Bren assistiu tudo e balançou a cabeça. —Deixou a tripulação,


minha bunda.

Nenhum dos caras respondeu, mas Lincoln estava escondendo


um sorriso. Que dizia muito dele.

Ela gesticulou ao redor do lugar. —Então é isso que você está


fazendo? Abrindo uma agência de recompensas?

—Isso.
—E deixe-me adivinhar, seus colegas de trabalho são todos os
seus antigos membros da gang?

Lincoln fez uma pausa, olhando para cima.

Chad olhou por cima.

Congo e Moose vieram do escritório de trás. Eles pararam na


porta.

Eu assenti. —Sim. Quero dizer, todos nós temos que fazer o


teste e sermos registrados, mas tenho a sensação de que
passaremos bem. Nós já temos nosso primeiro cliente.

—E Heather está bem com isso?

—Oh sim. — Todos os caras estavam sorrindo. Eu estava


tentando não fazer. —Ela estava em êxtase.

Isso foi um exagero, mas ela estava feliz.

Eu ainda estava com meus amigos, só não estava envolvido com


o negócio da gang.

Bren revirou os olhos, as mãos deslizando nos bolsos da calça


jeans. —E a mentira que você está perpetuando, aquela em que você
deixou sua gang - você ainda está espalhando isso?

Os caras começaram a rir.

Meu sorriso desceu um entalhe —Isso é realmente verdade.


Estou fora. Esses caras sabem disso. Eles aceitam, mas isso não
significa que eu não possa sair com eles. — Ou trabalhe com eles em
outra capacidade.
Bren assentiu. Lentamente. —Certo. — Ela começou a porta.
Antes de abri-la, ela olhou para trás. —E se algo acontecer e você
tiver que voltar para a vida da gang?

Meu sorriso sumiu.

Eu me endireitei até a minha maior altura. —Se algo acontecer


onde eu tenho que intervir e salvar meus irmãos, eu vou. Mas será
uma viagem rápida e uma viagem mais rápida. Eu fui para a Heather.
Depois de você, ela é minha primeira prioridade.

O exterior de pedra normal de Bren suavizou-se. Ela piscou


algumas vezes. Um pequeno sorriso puxou seus lábios antes que ela
tossisse e a velha máscara escorregasse de volta para o lugar.

—Bom — ela disse, —porque eu a amo. Não tanto quanto você,


mas eu ainda faço. Não estrague tudo, irmão.

A inversão de papéis não foi perdida em mim. Isso me fez sentir


todo caloroso e carinhoso, não sentimentos que eu estava
acostumado a experimentar com a minha irmã.

Eu toquei dois dedos na minha testa, dando-lhe uma pequena


saudação. —Vai fazer, irmã.

Ela sacudiu os olhos para o teto e saiu, como se a demonstração


momentânea de emoção fosse uma lembrança ruim para ela. Qual
poderia ter sido.

Foi assim que Bren foi.


MAIS TARDE NAQUELA NOITE, sentado na varanda de Heather,
contei a ela sobre a visita de Bren.

—Espere. Você não me disse que já tinha um cliente — disse


ela. —Quem é?

Eu deslizei minha mão pelo seu braço, movendo-me para sua


cintura e a peguei. Manny's estava cheio, com uma linha que se
estendia para o estacionamento. Eles tiveram que obter um sistema
de bip para alertar as pessoas quando poderiam conseguir uma
mesa lá dentro. Metade do estacionamento tinha pessoas sentadas
em seus veículos esperando. A outra metade tomava uma bebida do
bar, pendurada do lado de fora. Todas as mesas na parte de trás
estavam cheias.

Mas como sempre, Heather gostava do caos. Então, ao invés de


ficar na minha casa, nós estávamos na dela, mesmo com todas as
caixas móveis ocupando a cozinha e a sala de estar. Ela estava se
mudando para o meu lugar, depois de vender sua metade da casa
para Brandon. Essa foi a única coisa que ela foi autorizada a vender,
no entanto. Não falar mais sobre a venda de Manny’s. Eu estava
esperando, mas era no fundo da minha mente esperar e ver como o
negócio de caça de recompensas faria, então abordar Heather sobre
Franchising Manny’s e configurar outro em outro lugar.

Nós veríamos, no entanto. Isso foi todas as aventuras futuras,


projetos futuros. Neste momento, eu estava muito contente com
onde estávamos.

—Ei.

—O que?
Heather bateu no meu ombro. —Quem é seu cliente? Conte-me.

—Oh. Você se lembra daquele Peter há um tempo?

Ela fez uma pausa, franzindo a testa. Suas sobrancelhas se


comprimiram. —Aquele advogado da moda? O filho de seu
empregador era aquele vigarista, certo? Ele foi embora de novo?

Eu sorria agora, porque não havia nada para não sorrir -


finalmente. —Não. O golpista está na prisão agora, mas acontece que
Peter tem alguns outros clientes que também têm pessoas que eles
querem encontrar.

—Eu pensei que você fosse um negócio de caça a recompensas.

—Caça de recompensas. — Dei de ombros, puxando-a para


descansar contra mim. Quando ela fez, levantei meu queixo acima
do topo de sua cabeça. Ela se encaixa perfeitamente. —Ou apenas
procurando por pessoas. Eu vou ser pago de qualquer maneira. Meu
único requisito é que a pessoa que procuramos mereça ser
encontrada.

—E se alguém tenta usar vocês de um jeito ruim? — Perguntou


Heather. —E se alguém precisar ficar perdido por qualquer motivo?

Eu alisei seu cabelo para trás, beijando sua testa. —Então nos
viramos e os ajudamos. Ninguém está se machucando no meu
relógio.

Isso significava ela.

Isso significava Bren.

Isso significava meus caras.


Minha mão mergulhou em seu estômago.

Isso significava o pequeno dentro dela.

Ginger Gypsy ligou para Chad e mandou que ele compartilhasse


comigo que ela teve um sonho. Ela disse que nossa garotinha que
passara estava cuidando de nós, e me ocorreu agora o que mais ela
disse.

Ela disse ao Chad que ela sonhou conosco na nossa varanda.


Tudo estava no lugar, e Heather estava no meu colo, minha mão
descansando em seu estômago. Havia caos que nos cercava, mas não
onde estávamos. Nós estávamos em paz.

Senti arrepios no meu braço enquanto Heather cumpria a


última parte do sonho de Ginger Gypsy:

Sua mão caiu sobre a minha, exatamente como Ginger Gypsy


havia dito.

E Naly estava cuidando de nós.

Se eu não soubesse então, eu fiz agora.

Heather, eu, nossa família, ficaríamos bem.


HEATHER

—Mãeeeee!

Uma respiração.

—Mãeeeee!

Saí do meu escritório no final do corredor. —O que? Estou aqui.

Eu podia ouvi-lo apenas dentro da porta. —Mãeeee!

—Max! — Eu peguei meu ritmo. Este corredor estava


enlouquecendo por muito tempo. —O que há de errado?

Ele gingou dois passos para frente, só até que ele pudesse se
virar para me ver.

Eu parei. Minha mão subiu para o meu rosto, escondendo meu


sorriso. Eu já estava mordendo meu lábio.

Meu menino.

Ele parecia... Bem, ele parecia estar prestes a entrar em


território zumbi. Ele prendera travesseiros na parte de cima e de
baixo de seus braços com fita adesiva - um travesseiro cobria seu
pulso ao ombro. Ele tinha o mesmo nas pernas, frente e verso. Os
travesseiros passavam dos joelhos, então ele usou algumas das
almofadas decorativas do sofá para cobrir o resto. Eles meio
cobriram seus pés também. Mais duas almofadas decorativas
cobriam seu peito e costas, e uma almofada redonda cobria sua
bunda.

Ele também usava um capacete de motociclista, com alguns de


seus cachos loiros saindo.

Eu não pude.

Eu perdi isso.

—O que você está fazendo? — Eu parei de rir o suficiente para


perguntar.

—Hã? — ele gritou.

—Max. Levante o capacete.

Ele tentou. Ele realmente tentou. Ele estendeu a mão, mas os


travesseiros estavam no caminho. Bufando, eu atravessei para
ajudar.

—Não, não! — Ele balançou seus braços ao redor, então eu


apenas levantei o escudo sobre seus olhos.

Lá, olhando para mim, estava meu Max Monroe de seis anos de
idade. Os mesmos olhos escuros que seu pai, mas em vez da
arrogância de Channing, os olhos de Max tinham pura inocência.

—Mãe, isso é muito importante.

Suas pequenas mãos descansaram em meus braços, tanto


quanto os travesseiros os deixavam. Eles continuaram a escorregar.

—Sim. — Eu limpei o sorriso do meu rosto. Ele estava falando


sério. Eu tinha que ser séria também. Ele era sensível às vezes.
Ajoelhei-me e descansei minha testa na dele. Eu sussurrei: —O
que está acontecendo?

Ele sussurrou de volta, inclinando-se para mim: —Eu preciso


que você verifique minha área do meu pênis.

Não. Nem um riso superficial poderia escorregar. Ele estava


falando sério.

—Por quê?

—Porque Maddy está vindo para me jogar uma bola de beisebol


e não posso me machucar lá. O tio Logan sempre diz que as fotos de
sucata não são legais. Eu não posso deixar ela me machucar lá. Eu
nunca poderei ter filhos.

Ele tinha seis anos. Indo em vinte.

Eu olhei para baixo. Não havia travesseiro naquela área crucial


e ele estava certo. Maddy Kade jogaria no único ponto não coberto.
Ela tinha um traço malvado nela. Ela levou depois de seu tio Logan.

—O que devemos fazer sobre isso? — Eu perguntei.

—Espera. — Ele bateu nos meus braços e andou para a sala de


um lado para o outro como um adorável pinguim que usava
capacete. Ele balançou todo o caminho até o sofá e pegou a última
rodada de almofadas que tínhamos, aquela com a lista de Óvnis na
frente.

Foi um presente do seu tio Nate. Porque havia mais de um tipo


de OVNI por aí. Max tinha visto quatro deles pessoalmente. Ele
jurou.
O travesseiro era seu valioso travesseiro - ele apenas o
emprestou para o sofá.

Ele segurou-o agora, o melhor que pôde. Ele levantou-a até o


peito e gritou através do capacete: —Este, mamãe!

Uma mãe tem que fazer o que uma mãe tem que fazer.

Maddy Kade - não importava o quão adorável com seus cabelos


negros, olhos verdes e características faciais que já prometiam ser
tão impressionantes quanto as de sua mãe - não podia machucar
meu garotinho. Maddy era um ano mais velha, mas isso não
importava. Já que eles estavam engatinhando e correndo, os dois
tinham sido inseparáveis. Havia outros primos, mas aqueles dois
tinham um vínculo especial.

A fita adesiva me chamou da prateleira na entrada da frente, e


eu suspirei, estendendo a mão para ela.

—Ok, pequeno cowboy. — Eu segurei. —Estou pronta. Vamos


fazer isso.

Ele volta para mim, sorrindo largo através de seu capacete o


tempo todo.

GRITOS e GRITOS DAS CRIANÇAS surgiram do lado de fora, e Channing


parou na janela com vista para o pátio lateral. Ele levou uma
cerveja à boca, mas segurou-a lá, franzindo a testa. Ele girou
rapidamente para mim e estreitou os olhos.

—Por que Maddy Kade está jogando uma bola de beisebol no


meu filho como se ela quisesse matá-lo?
—Porque aparentemente, Maddy Kade está provando que ela
pode jogar tão bem quanto qualquer garoto. Suas palavras, não
minhas.

Os olhos de Channing se arregalaram ainda mais alarmados. —


Ela tem um braço tão bom quanto o de um menino, melhor que a
maioria. Por que meu filho se permite ser um alvo em movimento -
e melhor, por que você está deixando isso acontecer?

Quase o mesmo olhar que eu vi antes.

Ele era tão sério quanto seu filho, com os mesmos olhos negros
olhando para mim.

Eu tinha uma sensação de que Max iria tomar depois de


Channing, porque sua razão tinha sido a mesma que Channing uma
vez me deu quando éramos crianças.

—Quando perguntei, ele estufou o peito e disse: 'Mãe, ela não é


tão durona quanto eu, mas tenho que deixá-la pensar que ela é'.
Então ele piscou para mim e disse: 'Além disso, sou mais rápido que
ela. Não seria justo se eu jogasse as bolas nela, agora seria? E então
ele saiu para esperar por Maddy.

Channing baixou a cerveja agora. —Que. Porra?

—Relaxe. — Eu cedi, aliviando sua preocupação. —Eu troquei


todas as bolas. Ela não está jogando uma bola de beisebol para ele.
Ela está jogando uma bola Wiffle de espuma.

Seus olhos se arredondaram e ele voltou para a janela. —Droga.


Ela pode jogar, se é isso que eles são.
Ele continuou assistindo, assim como eu tive no começo. Eu
esperei o tempo suficiente para ver a primeira bola Wiffle atingir o
travesseiro de Max com apenas um tapa. Max não se incomodou.
Com o capacete no lugar e cada centímetro dele coberto de
travesseiros, ele ficaria bem.

E de qualquer maneira, foi como ele disse. Ele foi rápido o


suficiente para balançar para frente e para trás, esquivando-se da
maioria dos seus lances.

—Eles foram furando para o quintal sul?

Eu fui até ele e ele se moveu, me acomodando na janela. Ele


colocou a cerveja de lado e moldou nas minhas costas. Suas mãos
foram para meus quadris, seu queixo foi para o meu ombro, e na
hora certa, eu o senti endurecendo enquanto seus polegares
deslizavam por baixo da minha camisa.

Um arrepio agradável e quente se espalhou através de mim.

Meu sangue zumbiu como se eu fosse a única com a cerveja.

—Sim — eu murmurei. —Eu disse a eles que tinham que ficar


atrás do portão de jogo.

Três cachorros correram ao redor deles, junto com nossa cabra


pigmeu, na qual Max ficou obcecado em uma feira um pouco mais de
um ano atrás. Era uma cabra castanha que parecia convencida de
que era parte do pastor alemão e parte buldogue inglês, até que
tentou enfiar a cabeça em alguém. Ela era toda bode então.

Mas, por enquanto, Channing e eu tínhamos a casa para nós


mesmos. Foi abençoadamente silencioso.
Ele se aninhou embaixo do meu queixo e sua mão escorregou
pelo meu estômago, esfregando-se ali. —Você contou a Sam nossas
novidades?

Inclinei-me mais contra ele, uma dor começando a pulsar entre


as minhas pernas. Eu queria que a mão dele se movesse para o sul.
Eu ofeguei levemente. —Não. Malinda deixou Maddy hoje. Sam está
em Baltimore com esse novo treinador.

Durante o período de entressafra de Mason, ele e Samantha


mantiveram uma segunda casa em Fallen Crest, embora Sam já
estivesse treinando duro para as próximas Olimpíadas. Eu não
mantive seu cronograma de treinamento, mas todos nós ajudamos
a cuidar das crianças, tanto quanto possível. Se eles perguntassem,
nós ajudamos. Foi o mesmo do lado deles também.

—Quem está pegando Maddy?

—Nós a temos para a noite — eu disse, lutando para manter a


minha voz.

Merda. Aquela chama estava viva e faiscando. Alcançando o


walkie no balcão, eu o liguei e me movi para os braços de Channing.
Os sons que podíamos ouvir do lado de fora ficaram cristalinos como
aquelas vozes agora soavam como se estivessem na mesma sala. Nós
pudemos observar sem observar agora, e eu estendi a mão para
enrolar meus braços em volta do seu pescoço.

Channing gemeu, me pegando.

Minhas pernas foram ao redor de sua cintura quando ele me


sentou no balcão, suas mãos indo para minha bunda e me puxando
com força contra ele.
—Deus eu te amo. — Ele gemeu, ainda segurando. Seus lábios
pairaram sobre o meu pescoço. Ele deslizou a mão para cobrir meu
peito. —Fizemos bem, não foi?

Eu sabia o que ele queria dizer e sim, nós sabíamos.

Manny’s tinha sido franqueado para três outros locais.


Channing's Tuesday Tits teve uma irmã Monday Mooners mais
próxima da cidade. Ele não estava envolvido com os negócios da
gang, mas seus irmãos da gang ainda estavam em nossas vidas todos
os dias. Eles jantavam aqui três a quatro vezes por semana.

Mas esta noite foi uma só para nós, já que estávamos cuidando
de Maddy.

O armazém que Channing comprou fora renovado


recentemente para a nossa nova casa. Tínhamos uma piscina no
extremo sul e uma varanda que cobria todos os lados da casa, exceto
a garagem.

Brad teve outro filho. Brandon tinha dois filhos, um par de


gêmeos que tinham vindo de uma de suas noites, mas descobriu-se
que ele e a mãe se deram tão bem que se casaram no verão passado.

Meu pai estava amando todo o seu status de avô. Ele até levou
outra caravana de RV para alguns meses do ano.

Suki ainda estava fazendo seus jantares gourmet - quase todas


as noites porque nós destruímos a velha casa e a transformamos na
cozinha de Suki.

Eu não sabia o último sobre Ava, mas sabia que ela e Roy
namoraram por alguns anos enquanto ela cursava a faculdade. Ela
costumava fazer o check-in conosco quando estava na cidade, mas a
última vez que ouvi, ela estava indo para a faculdade em algum
lugar. Seus pais estavam além do orgulho dela, e isso dizia tudo.

O Congo se casou com Becca.

Eu aguento a presença dela por um longo tempo. Mas a


aceitação relutantemente e gradualmente veio até agora, ela era
uma das minhas amigas mais confiáveis.

Moose acabara se casando com uma enfermeira de Fallen Crest.


Eu perguntei uma vez como eles se encontraram, e Moose
resmungou algo sobre um Peter. Eu parei de perguntar depois disso.

Lincoln tinha uma companheira de cama, era tudo que


sabíamos sobre ela.

Chad se casou com alguém que veio do grupo de amigos de


Ginger Gypsy e, portanto, Channing recebeu relatórios de muito
mais visões do que ele queria, mas era assim que eles trabalhavam -
ou pelo menos, era assim que a esposa de Chad trabalhava.

Mas, no geral, sim, nos saímos muito bem.

Eu estava ofegante vinte minutos depois, estendida no balcão


com as minhas calças abertas e três dos dedos de Channing dentro
de mim. Eu estava montando a mão dele quando me lembrei
vagamente do tempo.

Uma porta de carro bateu fechada.

Um segundo.

Eu congelo. —Ah Merda!


Channing grunhiu, os olhos dele brilhando com luxúria. —Hã?

—Ah merda!

E então ouvimos um grito estridente da minha filhinha —


Mamãeeeee!

Essa seria nossa pequena criança de quatro anos. Natessia era


minha réplica exata. A porta se abriu e ouvimos Bren chamar: —Tire
seus malditos dedos da sua esposa. Você tem três cachorros
correndo por aí rasgando seus travesseiros. Você tem outra criança
coberta de fita adesiva, que Maddy está tentando arrancar, e sua
cabra estúpida apenas deu uma cabeçada na minha bunda.

Channing olhou para mim, seus olhos tão amorosos, e nós


levamos outro segundo - apenas um segundo. O mundo se desfez
para nós, e ele murmurou —eu te amo— antes de contrair os dedos
em um movimento repentino, que me empurrou para a borda.

Eu ainda estava tremendo enquanto ele lavava as mãos e ia


cuidar de tudo do lado de fora.

Sim. Nós nos saímos muito bem.

E nós tivemos um terceiro a caminho.

FIM
Para os leitores

Eu sei que não recebi tanto as piadas de Fallen Crest no livro de


Heather e Channing, então, para compensar isso, aqui vai você!

Espero que você goste.


CENA DO BÔNUS DE FALLEN CREST

TIMELINE É DURANTE O THE BOY I GREW UP WITH, O DIA


EM QUE HEATHER LIGOU PARA SAMANTHA NO AVIÃO.

SAMANTHA KADE

Eu estava no sofá quando ouvi a porta da garagem se abrindo.

Erguendo o controle remoto, desliguei a televisão ao mesmo


tempo em que ouvi duas portas de carros baterem.

Não - houve uma terceira, seguido por três vozes masculinas.


Eu nem precisava ouvi-los para saber quem era.

Mason, Logan e Nate. Eles estavam juntos por alguns dias antes
de Logan ter que voltar para a faculdade de direito, e Nate levou
algum tempo para estar aqui conosco.

A porta dos fundos se abriu e a voz de Logan ficou muito mais


alta.

—Eu estou dizendo a você...— ele disse, —se todos nós formos
juntos, faríamos uma matança.

—Não, Logan.

Eu sorri fracamente, descansando minha cabeça contra o


travesseiro atrás de mim. Mason parecia cansado do seu irmão já.
Eles teriam saído da cidade, então, do que quer que Logan estivesse
falando, ele provavelmente estaria em toda a viagem.

—Eu não sei, Logan.


Até mesmo Nate parecia cauteloso.

Ótimo.

Eles entraram onde eu estava na sala de imprensa. Mason


passou primeiro e depois inverteu.

Deus. Ele me tirou o fôlego.

Ele era um grande receptor para os New England Pats


ultimamente, então ele tinha uma cintura fina e ombros largos - ele
tinha diminuído de sua posição anterior no futebol no ensino médio.
Ele havia moldado seu corpo para a velocidade agora, e eu era uma
das mulheres mais sortudas do mundo. Eu acordei todos os dias
para ser feliz por ele.

Sem camisa, seu corpo era como a Noite Estrelada de Van Gogh
com todos os belos mergulhos e redemoinhos de seus músculos. Eu
poderia olhar para ele e nunca conseguir o suficiente, e agora, com
o cabelo levemente molhado e a jaqueta de lã com um pouco de água
por cima, ele parecia fan-fodendo-tastico.

Sentindo um leve chute no meu estômago, eu sorri para ele. —


Você parou para pegar sorvete para mim?

Ele tinha uma bolsa marrom nas mãos e colocou em uma mesa
perto da porta.

A loja ficava a alguns quarteirões de distância, e estava


chovendo, e ele sempre parecia saber exatamente o que nossa
garotinha queria. Ela estava levantando uma tempestade agora.

Eu coloquei minha mão sobre meu estômago enquanto Mason


entrava no quarto. Seus olhos seguiram a minha mão e eles se
aqueceram. Um sorriso suave e terno apareceu em seu rosto. Isso
fez meu coração ficar empinado cada vez que eu o via.

Recentemente eu percebi que ele tinha um sorriso especial


para mim, um sorriso de Samantha. E eu sabia disso porque agora
eu podia ver o outro sorriso que ele tinha pela nossa garotinha. Nós
já tínhamos escolhido o nome dela, mas estávamos mantendo isso
em segredo. Queríamos surpreender todos quando ela estivesse
aqui.

Ele assentiu. —Babaca atrás de mim— Ele apontou um polegar


por cima do ombro. —Estava choramingando, então eu percebi que
eu iria conseguir algo também.

Logan deu um passo ao redor dele, seus próprios olhos se


aquecendo quando ele me viu. Ou, devo dizer, quando ele viu meu
estômago.

—Babaca — disse ele distraidamente.

Não houve rosnado. Apenas sorri aqui. Ele não se importava


com o insulto.

—Pensei em bater aqui — Ele acenou para Mason com a cabeça.


—...foi um idiota. Nós não aparecemos na casa sem algo para você.
Temos que ter algo conosco. — O lado da boca dele se inclinou ainda
mais alto. —Nós não queremos arriscar sermos mortos, você sabe.

Ele piscou e eu o ignorei.

Eu tinha sido a mulher grávida menos hormonal - eu não podia


dizer que sabia, porque não conhecia muitas outras, mas é isso que
os companheiros de gangue de Mason ficavam dizendo quando eles
vinham até a casa. Eles pensaram que eu era um alienígena, ou
tinham um alienígena dentro de mim, porque eu deveria estar
furiosa.

Eu tive meus desejos, e eu jurei que podia sentir o sorvete


naquela bolsa marrom.

Batendo. Idiota.

Olhei para Nate, que sorria do outro lado de Mason. —E você


seria?

—Eu sou Rebocador.

Claro. Eu não tinha dúvidas de que eles tinham chamado esses


nomes na sorveteria também. A gangue estava familiarizada com
eles, pelo menos - Logan mais do que o resto. Logan parecia parar o
tempo todo. Isso e o local do taco. Ele alegou que continuava
recebendo tacos e sorvetes para Taylor, mas nos dois anos que eu
conheci a outra metade de Logan, ela nunca tinha expressado um
amor por qualquer um desses alimentos.

Talvez Logan tivesse seus próprios desejos por procuração de


cunhada? Isso era uma coisa?

—Como está a futura mamãe? — Nate perguntou.

—Eu estou bem.

Ou eu estava hoje... Lembrando-me da ligação que recebi mais


cedo, concentrei-me em Mason. —Você não ligou para Heather,
ligou? Você não queria que ela saísse para me surpreender?
Seus olhos verdes se estreitaram um pouco antes de ele sacudir
a cabeça. Ele franziu a testa. —Não. Eu estava planejando pedir que
ela se aproximasse do seu parto, só para estar aqui para você. Mas
ainda não. Por quê?

Logan bufou, sentando-se em uma das poltronas reclináveis de


couro no canto. —Aposto cinquenta dólares que Channing estava
tentando tirá-la da cidade por algum motivo.

Mason estudou-o, mas não disse nada.

—Você acha? — Nate perguntou.

Logan assentiu. —Oh sim. — Ele se virou para mim. —Ela disse
isso ou algo assim?

—Sim. Me ligou do avião, então algo aconteceu e ela decidiu


sair.

Mason puxou o celular para fora, enviando um texto.

Logan levantou o queixo. —Você mandou uma mensagem para


Channing?

Mason respondeu ainda olhando para o telefone. —Sim. Meu


palpite é que alguma coisa está acontecendo e, como você disse, ele
queria que Heather saísse do caminho.

Logan estreitou os olhos. —Você acha que deveríamos ir lá?


Certificar-se de que tudo está bem?

Mason levantou a cabeça, estreitando os olhos também. —Você


está procurando uma desculpa para voltar?
Eu conheci o olhar de Nate antes de considerarmos Logan
também. Mason estava certo. Logan parecia estar pescando por um
motivo. Não era como ele querer verificar Heather.

Logan deu de ombros. —O que? Quero dizer, Taylor pode


querer visitar seus pais. Além disso, temos pessoas lá agora. Gente
com quem conversamos. Nós podemos visitar Matteo.

—Eu tenho treinamento.

—Eu tenho escola — Logan atirou de volta para seu irmão. —


Não significa que eu não posso balançar isso.

Os ombros de Mason levantaram e abaixaram devagar. Seu tom


esfriou. —Isso não tem nada a ver com a sua ideia repentina de
franquiar Manny's?

Logan abafou uma maldição. —Mesmo? Porra mesmo?

—Espere. — Eu me sentei. —O que? — Eu olhei entre os caras.


—Isso é uma coisa real? Franquear Manny's?

Nate suspirou, movendo-se atrás de Mason para se sentar na


outra cadeira de couro. Ele fez sinal para Logan. —É a sua ideia
repentina.

—Não é minha. Channing. Ou bem, da Heather. — Logan franziu


o nariz, parecendo indignado.

A boca de Mason se achatou. —Explique mais.

Logan revirou os olhos, levantando os pés. —Tanto faz. Sim, eu


estava conversando com Channing uma semana atrás, e ele
mencionou que Heather disse algo para Brandon sobre seu irmão
mais velho fazendo um Manny’s na Flórida, onde ele mora. O pai
deles também está lá. Foi um blefe dela ou algo assim, mas acho que
é um bom negócio. Heather é muito esperta, mas...— Ele olhou para
mim. —Isso significa que Heather teria que vir aqui e fazer tudo
acontecer. Todos nós podemos entrar juntos, colocar nossos
funcionários e gerentes no lugar, e acho que seria bom. — Ele fez
sinal para Mason. —Aparições de celebridades. É um acéfalo, tanto
quanto eu estou pensando. Além disso, é algo que todos nós
podemos fazer juntos.

Eu levantei uma sobrancelha. —E você acha que Heather


estaria pronta para isso?

Nate começou a rir.

Mason sorriu.

Logan amaldiçoou novamente, caindo em sua cadeira. —Não,


mas quero dizer, estamos falando de projetos futuros. Eu acho que
é uma boa ideia para algo a longo prazo. — Seus olhos dispararam
para o meu, um pedido ali.

Eu já sabia o que ele ia perguntar.

Eu seria a única a trazer isso para Heather.

Eu seria a única a acabar com a resistência dela.

E eu seria a responsável mais do que qualquer outra pessoa,


porque Manny’s era o bebê de Heather e eu era a melhor amiga de
Heather.

Para ser honesta, eu não ficaria surpresa se Heather fosse à


ideia. Havia méritos nisso, mas sentindo minha filhinha chutar de
novo no meu estômago, eu sabia que tinha outros assuntos urgentes
para lidar primeiro.

Voltando ao motivo dessa conversa, perguntei a Mason: —Será


que Channing mandou uma mensagem de texto?

Ele puxou o celular e balançou a cabeça. —Você não pode se


apossar de Heather?

—Não desde que ela desligou comigo. Ela disse que estava tudo
bem, mas ela teve que ir. — Eu fiz uma careta.

—Mas você está preocupada de qualquer maneira? — Mason


perguntou.

Eu assenti. —Estou preocupada de qualquer maneira.

Ele enviou outro texto. —Bem, vamos esperar. Eu não pergunto


o que Channing e sua gangue fazem, mas sei que ele vai voltar para
mim assim que puder. Se você está preocupada, ele sabe que
Heather vai esfolar sua bunda viva.

Eu balancei a cabeça, um pouco da minha ansiedade se


estabelecendo. Ele estava certo. Channing foi bom em voltar para
nós. Assim era Heather, contanto que ela tivesse o telefone dela e
estivesse funcionando. Ela tinha mencionado que queria dar uma
chupada em um de seus chefs uma vez, e eu tinha certeza que ela
também tinha jogado em Channing. Ele se abaixou e bateu na
parede, quebrando. Tinha sido uma boa semana antes de ela ter
outro.

—Agora, se tudo estiver resolvido, Sam — Logan chamou, já


sorrindo.
—O que?

—Qual é a diferença entre um advogado e um mentiroso?

—Logan — Eu balancei a cabeça. —O fato de você


constantemente ter piadas de advogado e você vai ser um é apenas...
bem... você, eu acho.

—A soletração — ele terminou triunfante. —Ha!

—Logan, qual a diferença entre um advogado e um gigolô?

Ele sorriu. —Você está tentando enganar o advogado, Sam?


Você está pedindo um processo? — Ele sorriu. —Não há diferença.
Ambos fodem por prazer. — Ele falou. —Sério, cara. A sério. Como
sobre sua volta? Qual é a diferença entre uma ruiva e uma vampira?

—Nem sequer comece — Nate rosnou, levantando-se e indo


para o corredor.

Logan seguiu. —Ok. Que tal este? Como você chama uma ruiva
com uma atitude?

Eu podia ouvir Nate gritando de dentro da casa: —Eu não sou


uma ruiva!

—Não, mas você está fodendo uma ruiva...

—Logan, cala a boca!

—Vamos. Mais um...

Uma porta bateu. Depois de uma pausa, pudemos ouvi-los


novamente, mas não consegui entender suas palavras. Eu me virei
para olhar para Mason e o encontrei olhando para mim, um olhar
especulativo em seus olhos.

—O que? — Eu perguntei.

—Quer pegar um cachorro?

Eu quase fiz um duplo exame. Eu não sei o que eu estava


esperando, mas não isso.

—O que? — Mas então comecei a sorrir. —Um bebê e um filhote


de cachorro? Você está louco?

Ele deu de ombros, vindo até mim. Pegando-me, ele nos


manobrou, então eu estava descansando entre suas pernas. Ele
sentou debaixo de mim e suas mãos embalando nosso bebê.

Vê-lo tocá-la me dava arrepios toda vez. Eu deslizei minhas


mãos sobre as dele e seus dedos entrelaçados com os meus.

Eu senti ele se aconchegar atrás da minha orelha. Ele


sussurrou: —Você sabe o quanto eu te amo?

Calor se espalhou através de mim. Eu não precisei responder.

Ele me amava de todas as maneiras e em todos os lugares. Ele


me amou totalmente e completamente. Ele me amava o suficiente
para encher uma galáxia inteira de estrelas. Ele simplesmente me
amou, e minha cabeça caiu para descansar em seu ombro. Eu inclinei
para cima para olhar para ele do lado.

—Nem mesmo uma fração do quanto eu te amo — eu


murmurei.
Seus lábios se moveram para tocar os meus. Ternamente.
Delicadamente. Ele me beliscou de brincadeira no final, e senti sua
bochecha se movendo enquanto ele descansava a cabeça contra a
minha. —Eu te amo tanto assim, é o quanto.

—Você acha que Heather está bem? — Eu perguntei, tentando


apertar meu último fragmento de preocupação. Eu não estava
apenas perguntando sobre esse evento mais recente. Ela e Channing
tinham perdido o bebê depois do nosso casamento, e Heather
raramente falava sobre ela. Eu lutei com o que dizer, e isso não era
comum para a nossa amizade.

Mas nosso bebê ainda estava chegando. Ela era forte e chutando
todos os dias, enquanto eles perderam os deles.

Ele fez uma pausa. —Eu acho que Heather vai ficar bem — ele
finalmente disse. —Não importa o caminho deles, ninguém foi feito
um para o outro como esses dois. Ela e Channing, eles vão se acertar.

Eu sabia que ele estava certo, e como se estivesse dando a ela


dois centavos, veio outro chute de dentro de mim - esse forte o
suficiente para que víssemos um esboço rápido do pé dela.

Aparentemente, Logan Malinda Kade concordou conosco.


Ah, droga!

Eu não posso acreditar que estou aqui escrevendo isso agora.


Eu sempre faço essa parte por último! Eu só vou fazer uma lista
completa dos meus agradecimentos porque há MUITO!

Em primeiro lugar, obrigado ao meu agente. Kimberly, você me


empurra e chuta minha bunda, e eu não acho que você saiba o
quanto eu aprecio você por isso. Além disso, você é um agente
incrível, e eu tenho uma sorte inacreditável em ter você como
minha.

Obrigado a Debra Anastasia e Helena Hunting. Vocês dois estão


sempre lá para qualquer coisa! Perguntas, ventilação, leitura mais
sinopse, etc. Lol! Vocês dois são tão além de apoio, é inspirador.

Obrigado a Jessica e a todos os meus revisores: Paige, Kara,


Amy, Chris e Rochelle. Todos vocês me encaixam em sua agenda
ocupada, e geralmente não há um problema e eu sou muito grato
por todos vocês.

Obrigado a Crystal, Eileen e Amy por ler e me dar feedback para


ajudar a tornar este livro muito melhor! Você está sempre lá para
qualquer pergunta que eu possa ter.

Obrigado a todas as senhoras do meu grupo de leitores! Você é


tão ativo lá, e você não tem ideia do quanto eu atraio apoio e
inspiração apenas de vocês. Eu raramente me preocupo em manter
o meu grupo leitor indo por sua causa, e se eu precisar de um pouco
mais de entusiasmo para continuar escrevendo naquele dia, eu
entro, vejo seus posts e sei que devo estar fazendo algo certo!
OBRIGADO!

Obrigado a Nina por ser adaptável, e quando eu pego em sua


caixa de entrada e digo: —Vamos fazer a capa revelar amanhã—.
Você nem sequer reage. Você é apenas —Tudo yeah!— Eu amo isso
e aprecio muito!

Obrigado a Crystal por quase tudo! Você seriamente rock.

Por fim, este livro foi dedicado à minha irmã e sobrinho, mas
também quero acrescentar uma terceira dedicação aqui ao meu
próprio relacionamento com Jason.

Ele saberá por quê.

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