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SINOPSE

Eu me construí do nada. Um produto do sistema de acolhimento


familiar, aprendi desde cedo a lutar arduamente para conseguir o que
quero. Seja abrindo minha primeira empresa na faculdade, ganhando
meu primeiro bilhão ou comprando meu primeiro time esportivo
profissional, sei como conseguir o que quero, quando quero.

Até agora.

Willow Monahan é feroz, independente e quente como o inferno.


Ela também tem grande prazer em esquivar meus avanços. A irmã
mais nova de uma das minhas estrelas, Willow me intriga
profundamente. E embora ela possa ter me dado seu corpo
voluntariamente, ela hesita em oferecer mais. Agora estou em uma
missão para descobrir o porquê.

Decidi encarar meu desejo por Willow como sempre fiz com
grande parte da minha vida; com persistência, determinação e muito
do charme alfa de Dominik Carlson. Comprar uma equipe de expansão
de hóquei, construir o Arizona Vengeance do zero e levar para casa
um campeonato pode ser uma façanha mais fácil do que ganhar o
coração de Willow.

Mas nunca fui um desistente.

Willow Monahan... estou indo atrás de você.


CAPÍTULO 1

Dominik

Existem aqueles que pensam que me conhecem. Eles veem


um homem que é generoso com seu dinheiro e atenção, o que os
faz pensar que podem me dominar. Eles estão errados.
Já estou bem acordado quando meu despertador toca às
oito. Como é sábado, eu me permiti o luxo de dormir além da
minha chamada normal de despertar às seis horas. Eu deixo o
barulho continuar por alguns momentos, fazendo com que a
mulher ao meu lado se mexa antes que eu finalmente o desligue.
Eu me viro de lado para encará-la.
Mulher típica do sul da Califórnia com cabelos dourados e
um corpo de biquíni fantástico. Se espreguiçando, ela abre os
olhos — lindos olhos azuis — e sorri. Sua voz está rouca de sono.
— Estou pensando que deveríamos sair para tomar café da
manhã, então talvez dar um passeio de carro pela costa.
Ela nem me conhece.
Desfazendo a ideia de que vamos passar o dia juntos,
levanto da cama. Agarrando meu robe do pé da cama, eu o coloco
e dou a ela um olhar simpático.
— Receio que tenho que trabalhar hoje.
— Mas é sábado. — Fazendo beicinho, ela se estica
exageradamente novamente, o que faz com que o lençol deslize
até sua cintura. Eu nem mesmo deixo meus olhos pousarem em
seus seios.
Eu amarro o cinto do robe em volta da minha cintura.
— Ainda é um dia de trabalho para mim.
— Tenho certeza de que poderia pensar em maneiras de
fazer valer a pena. — Ela faz uma pose sexy. Tenho que
reconhecer que é um pouco tentador.
Mas quando uma batida soa na porta do meu quarto, me
concentro de imediato.
— Entre, Sra. Osborne.
A porta se abre e minha assistente executiva entra,
segurando seu iPad com sua caneta Bluetooth pronta para fazer
anotações. A mulher na cama rapidamente puxa o lençol sobre
os seios, sua expressão chocada.
A sra. Linda Osborne tem cinquenta e sete anos e é minha
assistente executiva há nove. Ela se veste da mesma maneira
todos os dias, embora eu insista continuamente que não há
código de vestimenta, em um terninho preto com uma camisa
branca de colarinho por baixo e modestos sapatos de salto alto
de cinco centímetros. Seu cabelo louro-acinzentado está preso em
um forte nó na nuca. Ela sempre usa um par de óculos de aro
feitos de chifre na ponta do nariz, preso ao pescoço por uma
corrente de metal simples com contas.
— Seu motorista estará aqui para levá-lo aos estúdios da
ESPN em meia hora, — ela diz, lendo na tela do iPad. — Depois
que terminar, você retornará aqui para sua entrevista e sessão
de fotos para a Rolling Stone. Seu avião está em espera, pronto
para voar para Phoenix depois disso.
Eu dou um breve aceno.
— Obrigado. Você pode mandar alguém buscar minha
roupa na lavanderia?
— Já está resolvido.
A Sra. Osborne faz um gesto com a mão para a mulher em
minha cama.
— Venha, minha querida.
A loira vem em minha direção, suas sobrancelhas
arqueadas. Ela parece ligeiramente ofendida.
— Sra. Osborne é minha assistente executiva, — eu digo
com um sorriso. — Ela vai se certificar de que você chegue em
casa com segurança.
— Mas eu pensei...
Com um aceno de cabeça, coloco um joelho no colchão e me
inclino para pegar sua mão.
— A noite passada foi ótima, mas viajarei nas próximas
semanas. Talvez possamos nos encontrar quando eu voltar em
junho.
— Junho? Mas ainda estamos em abril, — ela reclama, e
eu tento não fazer uma careta com seu tom.
— E são os playoffs, — eu digo brilhantemente. Liberando
sua mão, eu me levanto da cama.
— Playoffs?
Eu olho para a Sra. Osborne a tempo de vê-la revirar os
olhos. Mordendo o interior da minha bochecha, tento não rir.
A loira se senta, ainda segurando o lençol.
— Mas eu pensei que sua equipe tivesse perdido nos
playoffs.
Ela está falando sobre meu time da NBA... o Los Angeles
Quakes. Eles perderam na primeira rodada na semana passada,
o que foi tremendamente decepcionante. Mas eu tenho uma
superestrela que precisa de classes de humildade, junto com um
problema de coaching para resolver. Espero que a próxima
temporada seja melhor.
Francamente, eu deixei de pensar nos Quakes, em vez disso,
concentrei minha atenção diretamente na minha equipe de
hóquei profissional... The Arizona Vengeance. Eles são uma
equipe de expansão que comprei no ano passado e estão na
disputa pelo campeonato. É praticamente inédito que uma equipe
de expansão tenha se saído tão bem, e agora eles são o assunto
no mundo dos esportes. Daí a razão de eu dar uma entrevista nos
estúdios da ESPN esta manhã.
Nas próximas semanas, espero que minha equipe chegue
até as finais.
Isso levará quatro rodadas.
Eles terão que passar por
duas rodadas de divisão contra equipes de elite, uma rodada final
da conferência e, em seguida, a final da Copa propriamente dita.
Cada rodada, o melhor de sete jogos. Agora, em virtude do nosso
recorde de vitórias, teremos a vantagem de jogar em casa. Isso
significa que os primeiros dois dos sete jogos serão disputados
em Phoenix, depois o próximo será na arena do nosso rival. Os
últimos três jogos serão alternados entre si.
Nossa primeira rodada é contra o Seattle Storm e eles são
um adversário formidável, tendo o melhor novato em sua
primeira linha e um goleiro veterano.
Mas sinto a vitória ao meu alcance. No fundo, estou
confiante de que vamos vencer.
A Sra. Osborne começa a pegar as roupas da mulher, uma
indicação de que ela precisa se apressar. Ela é uma joia, minha
Sra. Osborne, minha funcionária mais confiável e valiosa. Não é
a primeira vez que ela teve que me livrar de uma companheira da
noite para que eu pudesse começar meu dia, o que a torna
insubstituível.
Inclino minha cabeça para a loira na minha cama, que
parece extremamente confusa.
— Obrigado por uma noite adorável, Tamara.
Dada a minha rejeição abrupta esta manhã, ela parece
quase surpresa por eu me lembrar de seu nome.
Mas eu lembro, é claro.
Quando uma mulher está comigo, ela tem toda a minha
atenção. Eu ouço com interesse e me lembro de cada detalhe que
ela me dá.
Agora, vou me lembrar dela na próxima semana?
Provavelmente não.
Sem olhar para trás, atravesso minha suíte máster até o
banheiro, meus pensamentos agora em outra mulher.
Não esqueci seu nome, nem um único detalhe sobre ela.
Willow Monahan é absolutamente inesquecível.
Na verdade, ela é a irmã de um dos meus melhores
jogadores no Vengeance — Dax Monahan. Tivemos alguns
encontros, e quando digo “encontro”, quero dizer, a união
espetacular de duas pessoas com uma química explosiva.
Infelizmente, porém, ela é muito frustrante porque não me dá
atenção.
Ela se tornou um desafio, que eu pretendo vencer.
Em apenas quinze minutos, eu consigo tomar banho, fazer
a barba e vestir um terno sob medida combinado com uma
gravata verde e azul representando as cores do Arizona
Vengeance.
Quando eu chego na cozinha, a Sra. Osborne espera com
meu café e uma expressão de crítica.
— Sua amiga ficou bastante descontente. Talvez fosse mais
fácil se você as levasse para hotéis. Dessa forma, você poderia
sair sem um confronto.
Pegando a xícara fumegante de café da Sra. Osborne, eu
mostro meu sorriso mais cativante.
— Mas eu amo minha casa. Eu amo minha cama, além
disso, eu tenho você.
A Sra. Osborne resmunga enquanto eu caminho para a
mesa de jantar com vista para o Oceano Pacífico. Por que eu iria
querer estar em outro lugar?
Sento enquanto a Sra. Osborne pega sua própria xícara de
café do balcão antes de se juntar a mim.
— Ainda bem que você me paga uma quantia exorbitante de
dinheiro.
— De fato, — murmuro enquanto navego pelas manchetes
de notícias no meu smartphone.
— Apenas algumas outras coisas que preciso discutir antes
de você sair, — diz ela, mais uma vez se referindo a algo em seu
iPad. — Eu tenho um lembrete para sua doação anual para The
Miller House. Quanto você gostaria de doar este ano?
— Cinco milhões, — eu respondo sem pestanejar.
Refletindo sobre isso, tomo um gole do meu café. — E vamos
adicionar algumas novas bolsas este ano. Outro milhão deve
bastar.
— Entendi, — ela responde enquanto faz algumas
anotações com sua caneta Bluetooth.
— Também confirmei que seus móveis foram entregues na
nova casa em Phoenix. Você gostaria que eu tomasse a liberdade
de ter alguns mantimentos e outros itens essenciais estocados
hoje?
— Isso seria bom. Obrigado.
Pode ser uma compra extravagante, mas achei que uma
casa em Phoenix seria um bom investimento. Vou passar muito
tempo lá durante os meses das eliminatórias. Além disso, tenho
grandes esperanças para esta equipe nos próximos anos. Claro,
gastar dezoito milhões em uma mansão de mil metros quadrados
pode parecer um pouco obsceno para uma casa na qual pretendo
ficar provavelmente um quarto de cada ano, mas valho bilhões.
É uma gota no oceano.
A campainha toca e a sra. Osborne pula da cadeira.
— Deve ser o seu motorista.
Enquanto ela caminha em direção à porta para atender,
tomo outro gole do meu café. Eles sempre chegam um pouco mais
cedo, então eu tenho tempo para terminar. No entanto, se eles
tivessem chegado na hora certa, eu seria obrigado a sair. Nunca
estou atrasado para nenhum compromisso, algo que é
extremamente importante para mim como empresário.
Vendo minhas mensagens de texto no meu telefone, eu rolo
para encontrar a última que enviei para Willow. Foi há três dias
e ela ainda não respondeu.
Ela nunca responde, porém — a menos que seja para me
dizer para parar de incomodá-la.
É tão irritante. Ela sempre faz a palma da minha mão coçar
com a necessidade de colocá-la em seu traseiro.
Seu “fingir ser difícil” não me impede de mandar outra
mensagem.
Dominik: Estou voando para Phoenix hoje. Jantamos?
Não explico como sei que ela voltou do trabalho em Kosovo.
Ela é uma jornalista fotográfica e está hospedada na casa de seu
irmão em Phoenix. Eu consegui favores suficientes com alguns
dos meus jogadores no Vengeance para que eles me
alimentassem com as informações. Esta pérola, em particular,
veio direto de Bishop Scott, o capitão do time. Espero que este
pequeno favor tenha sido um agradecimento atrasado por
emprestar a ele meu jato particular para perseguir sua noiva pelo
país no ano passado.
Sim, é bom ter um pouco do Vengeance me ajudando no que
diz respeito a Willow. Deus sabe que o irmão dela, Dax, não
ajudará em nada. Se eu achei que Willow era irritante por sua
recusa em falar comigo, seu irmão é dez vezes pior em seu
desdém sobre meu interesse por sua irmã.
Mas, na verdade, ele não é meu problema. Mesmo que tenha
repetidamente deixado claro que quer que eu deixe sua irmã em
paz, a verdadeira questão é que eu sou seu chefe e posso fazer o
que quiser.
Então eu simplesmente não consigo entender por que
Willow não quer me ver novamente. As duas vezes em que
estivemos juntos foram de tirar o fôlego — não apenas para mim,
mas também para ela.
Como eu disse, ela é inesquecível e pretendo tê-la
novamente. Ela não é páreo para minha persistência e dedicação
em obter o que desejo, então espero que ela esteja pronta porque
vou continuar perseguindo-a até que eu receba meu prêmio.
CAPÍTULO 2

Willow

— Você está pronta? — Regan, minha cunhada, pergunta


enquanto se inclina contra o batente da porta do banheiro de
hóspedes.
Depois de um estudo crítico do meu rosto, decido que
preciso de outra camada de rímel.
— Só mais cinco minutos.
Regan não se move, apenas se instala para me ver maquilar.
Eu voei para Phoenix quatro dias atrás de Kosovo — onde estive
em uma missão que cobre o aniversário de vinte anos da guerra.
Levei três dias dormindo depois que voltei, para começar a me
sentir humana novamente.
Mas eu amo minha profissão. A viagem, conhecer gente
interessante, belas paisagens, o perigo... tudo. Eu não trocaria
meu trabalho como fotógrafa, que memoriza eventos dignos de
nota em todo o mundo, por nada. É para isso que nasci.
Mal posso esperar para ir novamente, mas por agora, vou
aproveitar meu descanso. Embora eu tenha recebido algumas
ofertas de contrato interessantes, nenhuma foi fabulosa o
suficiente para me tirar daqui. Quero passar um tempo com Dax
e Regan, meu irmão e sua nova esposa e torcer por ele e pelo
Arizona Vengeance durante os playoffs.
Hoje, Regan e eu estaremos procurando uma casa enquanto
Dax vai ao último treino da equipe antes do primeiro jogo de
amanhã. Ela e Dax moram atualmente em um condomínio
pequeno que ele alugava antes de se casarem. Regan está feliz
aqui, mas Dax quer dar a ela uma casa dos sonhos e está
determinado a fazê-lo. Ele lhe deu carta branca para escolher o
que quiser, e ela está insistindo para que eu a ajude.
Eu amo minha cunhada. Amava-a muito antes de nos
tornarmos legalmente parentes, pois a família dela e a minha
eram amigas muito próximas em Michigan. Lance, seu irmão, era
o melhor amigo de Dax.
Mas então seus pais morreram e Lance assumiu a criação
de Regan.
Então Lance morreu e Dax foi o próximo na fila para essa
responsabilidade.
Exceto que ele descobriu que Regan não era mais uma
criança. Ela é uma mulher deslumbrante que ele, pego de
surpresa, descobriu que sofria de uma doença no sangue
extremamente rara e que havia escondido de todos, exceto do
irmão.
Dax fez a coisa mais nobre ao se casar com ela, para que ela
tivesse seguro saúde.
Ele então, imediatamente se apaixonou por ela e o resto é
história.
— Eu realmente não me sinto bem com isso, sabe, — diz
Regan.
Através do reflexo no espelho, vejo que seus braços estão
cruzados sobre o estômago e ela está mordendo o lábio com uma
carranca.
— Isso é ridículo, — digo enquanto passo meu rímel. Eu
aplico um pouco mais antes de continuar. — Dax te ama. Ele
quer te dar algo lindo. Você deve ficar feliz em aceitar.
Regan revira os olhos.
— Eu amo seu irmão, Willow. Não o dinheiro dele.
Eu empurro a varinha de rímel de volta para o tubo,
girando-o para fechá-lo. Virando para encarar minha cunhada,
inclino minha cabeça ligeiramente.
— Você não acha que ele sabe disso? Que eu não sei? Eu
não conheço uma pessoa que não pode ver que vocês dois estão
loucos de amor. Então, por que diabos você está hesitando sobre
ele querer comprar uma bela casa para você?
Regan suspira e vira se afastando, caminhando em direção
ao quarto principal. Jogo o rímel na minha bolsa de maquiagem,
pego meu telefone da pia e a sigo.
— Regan, — eu chamo. — Fale comigo. Qual é o problema?
— Não tem problema, — ela murmura, em seguida,
resmunga de frustração antes de se virar assim que entra em seu
quarto. Jogando as mãos para fora, ela exclama: — Não me
importo que ele compre uma casa se é isso que realmente quer.
Mas me dar o poder de decidir tudo? É muita responsabilidade e
eu não quero isso. Ele precisa ajudar nesta decisão.
— Mas ele não pode, — respondo. — Ele começa os playoffs
amanhã. Vai ter que vestir as calças de garota adulta e fazê-lo.
— Ou podemos apenas esperar, — ela resmunga. —
Poderíamos esperar até depois dos playoffs para escolhermos
juntos.
E eu ouço em sua voz.
A dúvida. O medo.
— Ele não acha que você vai morrer, — eu digo sem rodeios,
e ela pisca surpresa antes de abaixar a cabeça envergonhada pelo
que eu acabei de falar.
A doença de Regan pode ser fatal, mas ela está recebendo o
tratamento necessário graças a ter seguro de saúde. E Dax pode
ter ficado um pouco maluco no início e se preocupar
constantemente com ela, mas agora ele está mais calmo.
Acho que ela não está tão tranquila, e eu conheço Regan...
ela está apenas preocupada que Dax esteja com medo, o que a
incomoda.
— Eu juro, — eu digo com firmeza enquanto dou um passo
à frente para colocar minhas mãos em seus ombros. Inclinando-
me, fico cara a cara. — Dax está bem. Você não precisa se
preocupar com ele. Ele não está com pressa de comprar esta casa
porque está preocupado que você morra em breve.
— Eu não acho isso.
— Pare, — eu ordeno. — Você acha sim.
— Ok, eu acho, — ela responde. — Eu só quero sua cabeça
focada nos playoffs em vez de em mim. Eu não quero que ele se
preocupe com minha condição. Na verdade, estou ótima. Melhor
que já me senti em muito tempo.
— E é óbvio, — eu prometo. — Você e Dax estão ótimos.
Verdadeiramente... ele está animado para ter uma casa
compartilhar com você e encher com os pequenos Monahan ’s.
Então, que tal você e eu sairmos e procurarmos uma casa, então
teremos um bom almoço?
O zumbido do meu telefone me assusta. Eu o viro, apenas
para revirar os olhos quando vejo uma mensagem de Dominik
Carlson.
Não há como negar a pequena emoção que sobe pela minha
espinha quando vejo seu nome. Ele é implacável, e isso é
excitante para mim. Apesar do fato de eu ter me oposto
veementemente a vê-lo novamente, não posso negar que apenas
o nome do homem me dá arrepios.
Eu leio o texto.
Dominik: Estou voando para Phoenix hoje. Jantamos?
Um tremor um pouco mais forte passa pelo meu corpo.
Jantar?
Isso se traduz em fazer sexo alucinante com um homem que
pode ser o amante mais habilidoso e incrível que já tive.
Merda.
— De quem é? — Pergunta Regan. Por seu tom melodioso
e provocador, ela suspeita exatamente de quem é a mensagem.
— Ninguém, — eu digo enquanto levanto minha cabeça e
encontro seus olhos em desafio.
— Mentirosa, — ela murmura com um sorriso conhecedor.
— É de Dominik, não é?
Eu rolo meus olhos.
— Por que você diria algo tão estúpido?
Ela sorri com conhecimento de causa.
— Porque é a mesma expressão em seu rosto sempre que eu
pergunto sobre ele. Como quando ele te mandou aquelas flores.
— Tanto faz, — eu murmuro, empurrando meu telefone no
bolso de trás. — Agora, vamos procurar uma casa?
— Ah, vamos... — Regan suspira, mais uma vez abrindo os
braços. — Como você pode não estar interessada naquele
homem?
Deus, essa é a pergunta de um milhão de dólares, não é?
Não posso admitir, mas estou mais do que interessada,
especialmente no que acontece entre os lençóis, mas não posso
repetir. Ele é muito perigoso. Apresenta o tipo de tentação que
seria difícil resistir no futuro, e eu não quero ser viciada em
alguém. Isso chega perigosamente perto de permitir que meu
coração se envolva.
Regan continua a tagarelar.
— Ele é tão bonito. E rico. E ele é tão legal. Sempre ajudando
seus jogadores, e...
Sua voz se apaga quando eu me lembro com clareza de
nosso primeiro encontro na festa de novatos do Vengeance, dois
meses atrás.
Ele era realmente muito bonito e, claro, rico. Uma força
absoluta com uma confiança tão sexy que realmente nenhum
homem pode se comparar. Mas Regan diz que ele é legal, o que
eu acho ridículo. Ele não foi legal naquela noite. Ele foi mau.
Muito sujo. Dominador, controlador e, Deus me ajude, eu amei
cada parte de seu lado desagradável.
Ele é absolutamente tudo que eu procuraria em um homem
se eu quisesse um relacionamento. A confiança que exala de seus
poros e ele sabe exatamente o que quer. Inferno, ele sabe
exatamente o que eu quero... e ele me deu em abundância.
Naquela noite em seu quarto de hotel, meu corpo respondeu
de uma forma que nunca aconteceu com outro homem. Ou
mesmo por minhas próprias mãos. Ele foi simplesmente a
experiência sexual mais incrível da minha vida. Foi especial, sem
dúvida.
Mas eu tinha resolvido que isso era tudo que seria... uma
única oportunidade. Quando nos separamos, eu não olhei para
trás porque eu não gosto de relacionamentos. A dor que eles
causam não vale a pena.
Então, estou decidida. Não tenho dúvidas em me afastar de
Dominik Carlson e de seus repetidos pedidos para me ver
novamente.
Exceto... eu o vi novamente. Eu fico excitada ao pensar na
reunião em Detroit, quando minha família se reuniu para assistir
ao jogo de Dax. Dominik apareceu no jogo e convidou toda a
minha família para o camarote do proprietário, onde ele me
observou como um falcão.
Não sou estúpida, nem estou sendo arrogante quando
digo... ele veio a Detroit para me ver. Eu sei disso porque ele me
disse.
Logo depois que ele me encurralou em uma sala privada no
restaurante onde todos nós nos reunimos após o jogo. Me apoiou
bem em um canto perto do guarda-roupas, colocou o antebraço
contra a parede perto da minha cabeça e então se inclinou bem
perto.
— Por que você está me evitando, Willow? — Ele murmura,
a voz profunda e aveludada.
Eu lambo meus lábios.
— Porque eu não estou interessada. Você não consegue
entender?
— Pequena mentirosa, — ele grunhe com um sorriso
selvagem. — No momento, seus olhos estão dilatados, seu peito
está pesado e eu aposto que você está molhada só de pensar em
todas as coisas sujas que eu poderia fazer com você agora.
Tento engolir, mas minha garganta está muito seca.
O barulho atrás de nós faz com que Dominik gire
ligeiramente, e ele faz um som de frustração no fundo do peito.
Então minha mão está na dele, e ele está me puxando pela porta
de saída de emergência para o beco atrás do restaurante. Ele vira
à direita, desce meio quarteirão e me empurra contra a parede.
Sua boca está em mim, suas mãos em meu rosto para que eu
não possa escapar, e então ele está apagando cada pedacinho de
bom senso que tentei manter no que diz respeito a este homem,
simplesmente com a magia de sua língua.
Eu gemo, coloco minhas mãos em seus quadris e o puxo para
mais perto. Seu pau está duro contra minha barriga, e não há outro
resultado aceitável além dele me foder bem aqui contra esta
parede. Toda a minha decisão de ignorá-lo, de fingir que ele não
era nada mais do que um ótimo encontro, foi jogada pela janela.
Uma mão se afasta do meu rosto, indo para minha coxa e
começa a subir minha saia. Meu corpo inteiro fica eletrizado. Eu
me inclino para ele, querendo mais, ansiando por cada centímetro
do seu pau grande e grosso. A ponta do dedo brinca com a borda
da minha calcinha.
— Eu não vou te foder, Willow, — ele murmura contra a
minha boca.
Eu congelo, a decepção gelando meu sangue.
Ele pode sentir, vibrando direto do meu corpo para o dele, o
quanto eu não gosto de suas palavras.
Mas então ele me dá algo, mordendo meu lábio inferior antes
de dizer:
— Eu vou dar a você apenas o suficiente para que toda vez
que sentir um fluxo de sangue pelo seu corpo, você se lembrará da
minha mão entre as suas pernas e meu nome em seus lábios.
E então as coisas que ele fez apenas com os dedos naquele
beco, duas vezes, me deixaram uma massa trêmula de nervos
femininos hormonais, que eu não sabia que tinha esse poder
sobre ele, para começar.
Ele não precisou me foder naquela noite.
O fato dele me puxar para fora daquele restaurante com
apenas uma parede nos separando da minha família, então me
dar dois orgasmos com nada além de seus dedos, foi mais do que
suficiente para me sacudir.
— Seu rosto está vermelho, — diz Regan preguiçosamente.
— E você está suando.
— Não estou, — murmuro, afastando-me para que ela não
possa ver a verdade em meus olhos.
Dominik Carlson me controlou sem nenhum esforço e me
fodeu até o céu... E eu adorei.
Merda.
Regan se agarra ao meu braço. Ela puxa, me forçando a
encará-la. Não há provocação ou capricho em sua expressão.
Ela está falando sério.
— Sério, Willow... por que você não sai com ele? Ao que tudo
indica, ele é um grande cara e já provou isso várias vezes.
É verdade. Ele repetidamente interveio para ajudar os
membros da equipe a nível pessoal. Está mais do que provado
que é um homem genuíno.
— Ele é um pegador em série, — eu digo exasperada,
desesperada para dar a ela algo para que me deixe em paz. Ele
pode ter estado me perseguindo nos últimos meses, mas eu vi
muitos artigos e fotos dele em eventos de celebridades com uma
mulher diferente em seu braço a cada vez.
— Você também, — ela aponta.
Isso é verdade, então eu realmente não o invejo por isso.
— Eu não quero ser apenas mais um entalhe na cabeceira
da cama dele, — respondo suavemente, cruzando os braços sobre
o peito.
Regan revira os olhos.
— Mais uma vez... você não tem escrúpulos em aumentar
seus próprios entalhes, então tente novamente.
Caramba. Eu sabia que não deveríamos ter conversas tão
abertas sobre sexo.
Finalmente, eu admito para ela.
— Ele é perigoso, Regan. Tipo, alguém por quem eu poderia
me apaixonar e simplesmente não quero isso.
— Por que não? — ela pergunta, a cabeça inclinada para o
lado.
— Você sabe por quê, — eu digo incisivamente.
Regan me estuda, dando um aceno pensativo. Bem quando
eu acho que ela pode tentar dissecar minha desastrosa vida
amorosa passada, ela simplesmente diz:
— Ouça, Willow... você é uma mulher inteligente. Você sabe
como cuidar de si mesma. Se não quer que isso fique sério, defina
os limites desde o início para que não fique. Se você não quer a
exclusividade do pau, torne-a opcional. Então vá e divirta-se.
Simples assim.
Poderia ser mesmo? Não há como impedir que minhas
sobrancelhas subam gradativamente enquanto considero isto.
— Você sabe que quer vê-lo de novo, — ela provoca com voz
monótona, sorrindo maliciosamente. — Então vá se divertir.
Você estará por perto nos playoffs e ele será uma boa diversão.
Não precisa ficar sério se você não quiser.
Regan deveria ser uma vendedora, porque ela vendeu para
mim. Ela usou todas as palavras certas.
Estabeleça limites.
Não deixe ficar sério.
Divirta-se.
— Eu sou uma mulher inteligente, — eu pondero, repetindo
suas próprias palavras. — Eu sei cuidar de mim. Eu sei como
estabelecer limites e cumpri-los.
— Maldição, você sabe, — ela responde, levantando o braço
e deixando seu punho pairar na minha frente.
Eu dou um forte aceno de volta, afirmação de que entendi e
bato meu punho contra o dela em solidariedade.
Pegando meu telefone, envio uma mensagem para Dominik.
Willow: Me pegue às 7.
CAPÍTULO 3

Dominik

Sou diferente dos proprietários de outras equipes esportivas


profissionais em muitos aspectos, mas provavelmente o mais
notável é na minha abordagem prática para o bem-estar pessoal
deles. Alguns chamam de intromissão, mas eu não me importo.
Gosto que os meus rapazes sejam felizes e realizados porque isso
se traduz em jogadores com a cabeça totalmente no jogo.
Afinal, é simplesmente um bom negócio.
Portanto, não é uma grande surpresa para a equipe quando
eu entro no centro de treinamento do Vengeance para fazer meu
treino. Eu tenho uma tarde cheia de reuniões com a diretoria,
então isso é mais conveniente para mim, mas também gosto da
oportunidade de estar entre os rapazes.
Depois de escolher uma esteira, início uma corrida
constante. Normalmente corro várias vezes por semana, junto
com a musculação, mas não tive oportunidade esta manhã, dada
a minha entrevista com a ESPN e as fotos para a Rolling Stone.
Ambos os eventos foram extremamente bem, e eu poderia
estar um pouco mais de animado do que o normal, pelo fato de
que Willow finalmente teve a graça de me enviar uma mensagem
de volta, aceitando meu convite para jantar.
Sua resposta foi inesperada, mas perfeitamente Willow. Um
punhado de palavras.
Pegue-me às 7.
Eu não respondi. Não perguntei a ela onde posso buscá-la
porque quero demonstrar que sei exatamente onde ela estará.
Claro, eu sei que ela ficará com o irmão durante os playoffs
porque Tacker me disse. Suas informações sobre Willow saíram
livremente, e sou eternamente grato, pois o irmão dela não quis
me contar nada. Acho que Tacker está de bom humor desde que
encontrou o amor com sua bela terapeuta, Nora Wayne.
De qualquer forma, estou ansioso para ver Willow. Recuso-
me, no entanto, a ter qualquer expectativa sobre o que pode
acontecer. Prefiro entrar com a atitude de que tudo pode
acontecer, com possibilidades infinitas.
Aprendi muito sobre Willow, apesar do tempo limitado que
estivemos juntos e, tenho que admitir, não foi desperdiçado em
conversas. Mas sua recusa em me dar uma segunda
oportunidade, em negação de seus próprios desejos, eu cheguei
a compreender bem quem ela é.
Willow Monahan é segura de si mesma.
Inteligente.
Independente.
Não segue as normas.
Não é facilmente adulada.
Conhece seu próprio valor.
Tudo isso é sexy pra caralho e, infelizmente, em meus trinta
e nove anos de vida, eu percebi que nenhuma mulher com quem
estive me atraiu com qualquer coisa além de sua aparência.
Claro, Willow é uma beleza estonteante com cabelo
castanho escuro e olhos cor âmbar exoticamente inclinados. Ela
é pequena, mal chegando aos meus ombros, enquanto eu
normalmente saio com mulheres que são esculturais, mas ela de
forma alguma parece frágil. No mínimo, ela parece indestrutível,
o que provavelmente se deve à imensa autoconfiança que exibe.
Resumindo... estou mais que intrigado. Não vou perder a
oportunidade de aprender mais sobre ela.
Como se o deus da ironia existisse, o único homem que
provavelmente odiaria a direção dos meus pensamentos neste
momento entra no ginásio.
Eu sorrio diabolicamente, olhando para a tela na esteira.
Estou com pouco mais de um quilômetro no que esperava ser
uma corrida de oito quilômetros, mas vale a pena desistir de
algumas coisas.
Tocando no botão para desligar a máquina, deixei
desacelerar o suficiente antes de pular. Pegando minha toalha e
garrafa de água, sigo Dax através do labirinto de equipamentos
de treino de última geração disponíveis.
Ele caminha até um suporte de barras de agachamento,
balançando a cabeça e batendo os punhos com os companheiros
de equipe ao longo do caminho. Alguns olham para mim em
choque quando eu passo, sem perceber que seu chefe está em
sua presença.
É quando Erik me vê enquanto balança alguns kettlebells e
diz:
— E aí, Dominik? — Dax se sacode e vira para me encontrar
a apenas alguns passos atrás dele.
Ele franze a testa, balança a cabeça, e vira para o suporte
de barras de agachamento e começa a carregar os pesos.
Eu sorrio para Erik, levantando o queixo e vou até Dax.
— Então, como você está se sentindo? — Eu pergunto,
parando ao lado dele. — Está com a cabeça nos playoffs?
— Claro que sim, — ele responde secamente.
Acho que em circunstâncias normais, Dax realmente
gostaria de mim. E ele parece um cara genuinamente decente.
Oh, eu ouvi tudo sobre a sua história... se casar com a irmã mais
nova de seu melhor amigo depois que ele morreu tragicamente.
Muito romântico.
Mas acho que é demais que eu esteja interessado na irmã
dele, especialmente desde aquela primeira noite em que
estivemos juntos, eu não a trouxe para casa até perto das três da
manhã e ele estava bem ciente de quem a levou para casa. Eu o
vi espiar pela janela quando minha limusine entrou, e me lembro
de como Willow estava bagunçada quando entrou naquela casa
vários minutos depois, depois que continuamos a nos beijar na
varanda da frente.
— Tenho um encontro quente esta noite, — eu digo
casualmente. A coluna de Dax se enrijece, mas ele não me olha.
Se limita a adicionar outro peso à barra.
— Alguma ideia de quem? — Eu pergunto.
Seus olhos finalmente se fixam nos meus. Embora ele tente
um tom agradável, ele falha miseravelmente.
— Eu vou adivinhar que é com minha irmã.
— Bom palpite, — eu respondo suavemente, talvez
saboreando isso um pouco demais. Então, fico mais sério, porque
minha intenção era apenas provocar um pouco, mas
principalmente para tranquilizá-lo. — Eu só quero que você
saiba... Eu não tenho nenhuma intenção nefasta em relação a
Willow.
Dax grunhe e se afasta, pegando um disco de vinte e cinco
quilos para adicionar.
— Eu gosto da sua irmã...
Ele se vira, se inclina e sussurra asperamente.
— Não finja o contrário. Você quer transar com ela.
Ok, eu não posso discutir porque eu definitivamente quero.
Mas eu quero algo mais do que isso.
— Gosto da sua irmã, — repito, desta vez lentamente e bem
articulado. — Vou tratá-la com cuidado e respeito. O que ela e
eu fazemos em nosso tempo juntos não é da conta de ninguém,
apenas nossa, mas eu prometo a você... ela terá o meu maior
respeito o tempo todo e isso é em grande parte porque eu respeito
você. Eu só preciso que você saiba disso.
Dax está totalmente perplexo, como evidenciado pelos olhos
redondos que estão piscando repetidamente para mim agora com
um leve ardor de suspeita dentro deles.
Mas eu disse o que vim dizer. Eu só precisava fazer meu
ponto a ele, esperando que fosse o suficiente para acalmá-lo. Eu
tenho sido um pé no saco ultimamente, pedindo informações
sobre sua irmã, e ele não tem nenhuma razão para acreditar que
eu serei legal com ela. Ele não me conhece.
Eu me viro para ir embora, mas não antes de ouvi-lo fazer
uma promessa própria.
— Você a machuca, eu vou te machucar. Não me importo se
você é meu chefe ou não.
— É justo, — eu respondo sem olhar para trás. Eu não
esperaria menos. Na verdade, me faz respeitá-lo mais.
Eu vou para a esteira, com a intenção de voltar a correr.
Vejo que Tacker e Wylde estão ajudando um ao outro no supino
e, logo à esquerda deles, Bishop e Legend estão nos remadores,
parecendo estar em uma competição para ver quem consegue ir
mais longe e mais rápido.
É bom ver a primeira linha inteira aqui e trabalhando tão
perto, mas esses caras tiveram algo quase mágico ligando-os
desde o primeiro jogo no ano passado. É apenas uma daquelas
equipes perfeitas de talentos e personalidades que se juntam
para formar uma equipe campeã.
Eu não poderia estar mais orgulhoso, e acabamos de
começar a temporada de playoffs.
— Sr. Carlson, — ouço atrás de mim assim que chego à
minha esteira.
Eu me viro para ver Rafe Simmons, o centro de nossa
segunda linha, vindo em minha direção. Ele está vestido com
roupas de treino e está coberto de suor, então acho que ele está
saindo da instalação.
— Eu odeio incomodar você, — ele diz enquanto se
aproxima. — Mas você tem um momento para conversar em
particular?
Eu olho entre minha esteira e ele. Meu tempo está
diminuindo desde que o desperdicei incitando Dax.
— Poderíamos marcar uma reunião?
— É realmente muito urgente, — ele responde, seus olhos
indo para o chão antes de me olhar se desculpando.
— Sim, claro, — eu digo sem hesitação. Eu posso ver em
seu rosto que algo está errado, então eu examino as instalações
antes de ver um canto privado. — Vamos lá.
Andamos entre os equipamentos. Percebo os olhos de
Bishop em nós - ligeiramente estreitados de uma forma
preocupada. Não é de se surpreender, já que ele é o capitão da
equipe e faz questão de saber tudo o que está acontecendo com
seus companheiros.
Da mesma forma que eu.
Quando chegamos ao canto, longe de qualquer pessoa que
possa nos ouvir inadvertidamente, paro e enfrento Rafe.
— O que aconteceu?
Rafe parece incrivelmente tenso, seu rosto marcado com
alguns pensamentos intensos. Ele muda seu peso de um pé para
o outro, em movimentos nervosos. Ele olha ao redor da
instalação, seu olhar demorando um momento em Bishop, e eu
percebo que tudo o que Rafe está se preparando para me dizer,
Bishop já sabe.
Com sua atenção em mim, Rafe respira fundo e solta o ar
rapidamente.
— Não há uma maneira fácil de dizer isso, mas quero falar
com você sobre me negociar.
Não há nada que pudesse ter me surpreendido mais e nem
tenho certeza se ouvi direito. Mas eu imediatamente tento
dissipar aquele pedido estúpido pra caralho.
— Ouça, eu sei que você foi movido de volta para a segunda
linha com o Tacker voltando, mas...
Rafe balança a cabeça em frustração, quase gritando sua
resposta.
— Não. Não é sobre isso.
Eu o estudo, identificando a tristeza profunda em sua
expressão. Dando um passo mais perto, baixo minha voz.
— O que está acontecendo?
— Meu pai acabou de ser diagnosticado com câncer de
pâncreas em estágio avançado. Ele não tem muito tempo.
Todo o ar sai de mim enquanto meu intestino se agita de
tristeza por ele.
— Cristo... sinto muito, Rafe.
Ele concorda.
— Olha, eu sei que é pedir muito — e nem tenho certeza se
é possível - mas esperava que você pudesse negociar com o Cold
Fury. Eu sou de Raleigh e gostaria de voltar a essa área para
poder...
Suas palavras sufocam com medo e tristeza.
— Você percebe que se for negociado, não é elegível para
participar dos playoffs? Você realmente quer desistir?
Claro que sim. Qualquer um nesta liga sabe que se um
jogador for negociado após o prazo, eles perdem a elegibilidade.
— Sem ofensa, Sr. Carlson, — diz Rafe.
Eu o cortei.
— Dominik.
Eu recebo um breve aceno de cabeça.
— Sem ofensa, Dominik. Mas existem algumas coisas que
são mais importantes do que um campeonato da Copa. Eu sei
que pode ser uma decepção para você, mas eu prefiro passar um
tempo com meu pai por apenas um dia ao invés de cem Copas,
se pudesse.
Porra... mas eu tenho que piscar para conter um brilho de
umidade em meus olhos.
Ainda assim, tenho que lembrar que primeiro sou um
homem de negócios e tenho de responder a um conselho.
— A logística seria um pesadelo, mesmo se eu estivesse
inclinado a liberá-lo. Quem você acha que o Cold Fury trocaria...
— Rand Berkley, — ele interrompe. — Ele tem uma lesão
no ligamento cruzado anterior. E ficará fora pelo resto da
temporada, mas é um jogador comparável a mim. Ele será uma
boa adição à lista no próximo ano.
Eu levanto uma sobrancelha.
— Então, você quer que eu desista de um jogador estrela
por um jogador lesionado que não me servirá de nada? Eu vejo
por que isso vai funcionar para o Cold Fury, pois é bastante
equilibrado, mas como um empresário tentando ter a melhor
equipe possível para ganhar a Copa, você quer que eu deixe você
ir por isso?
Rafe enrubesce.
— Não, de forma alguma. Existem opções do draft que você
também pode negociar. Isso é algo que eu imaginei que você faria.
Renunciarei a meu salário para torná-lo mais atraente para o
Cold Fury, se for necessário.
Cristo. Ele está falando sério.
Eu considero seu pedido, percebendo que poderia conseguir
todas as escolhas do Cold Fury, mas ainda seria uma proposta
que eu teria perdas. Rafe está jogando bem agora. Ele sem esforço
se colocou no lugar de Tacker, e ele está jogando com o mesmo
calibre na segunda linha agora. Todo mundo tende a se
concentrar nas estrelas, mas Rafe é provavelmente mais um
jogador de primeira linha do que qualquer um dos homens de
primeira linha, porque tem a capacidade de se mover para frente
e para trás entre os dois.
— Eu preciso pensar sobre isso, — eu digo. É tudo o que
posso oferecer agora, porque não importa o quanto eu me sinta
mal pelo cara, tenho pessoas para quem responder.
Eu respondo aos outros jogadores desta equipe.
Para o conselho.
Mais do que tudo, eu respondo aos fãs.
Rafe acena com a cabeça, e eu sou grato pela aceitação em
seu rosto. Eu sei que ele não esperava uma resposta neste
minuto, o que teria sido impossível.
— Eu vou te dar uma resposta em breve, — eu prometo,
lançando um último olhar para a esteira.
Não há tempo para treinar agora. Eu tenho coisas para fazer
CAPÍTULO 4

Dominik

— Deixe-me fazer algumas ligações. — Eu coloco minha


mão no ombro de Rafe. Aperto. — E de novo... eu realmente sinto
muito. Algo que eu possa fazer por você pessoalmente?
— Tem uma cura para o câncer? — Ele pergunta, seus
lábios se curvando levemente.
Meu sorriso é lamentável.
— Receio que não. Mas orarei por ele, no entanto.
— Obrigado, — diz Rafe com um aceno de cabeça.
Eu dou outro aperto em seu ombro antes de me virar.
Enquanto caminho pela instalação, eu chamo a atenção de
Bishop. Ele levanta o queixo de uma forma que não é uma
saudação, mas mais um “Eu preciso falar com você”. Eu desvio,
sigo em sua direção e observo o resto da primeira linha se
aproximando dele.
Claramente, todos eles sabem o que está acontecendo com
Rafe.
— O que você vai fazer? — Bishop pergunta quando me
aproximo deles.
O resto dos homens se amontoam em um círculo. Tacker
está à minha esquerda, um homem grande, recluso e
anteriormente quebrado que perdeu sua noiva em um acidente
de avião. Até recentemente, ele estava emocional e fisicamente
ausente da equipe, mas agora ele está de volta.
Do outro lado está seu melhor amigo, Aaron Wylde.
Defensor proeminente que acabamos de adquirir há um mês e o
prostituto da equipe. Eu respeito isso.
Ao lado de Wylde está Erik, o outro defensor e ex prostituto
da equipe. Não tenho certeza do que se trata nossos defensores e
a correlação entre serem mulherengos, mas aí está. Erik se
acalmou, então, aparentemente, Wylde deve continuar com a
tradição.
Bem na minha frente está Bishop, o capitão da equipe e
noivo da filha do técnico, Brooke Perron. Ao lado dele está
Legend, goleiro e o jogador mais recente a entrar no mercado dos
casados. Ele se casou com sua ex-vizinha, Pepper, há algumas
semanas em uma cerimônia simples no tribunal. E, finalmente,
para completar a primeira linha, Dax... estrela da extrema
esquerda e irmão da incrivelmente linda e frustrante esquiva
Willow Monahan.
Dou minha atenção a Bishop para responder a sua
pergunta.
— Claramente você sabe o que está acontecendo com Rafe.
— Ele me ligou esta manhã quando falou com sua mãe, —
Bishop confirma. — Eu disse aos meus irmãos.
Eu nunca vou admitir em voz alta, mas me enche de orgulho
por ele chamar seus companheiros de linha de irmãos. É por isso
que vamos ganhar a Copa deste ano, porque esses homens têm
algo que não pode ser ensinado ou treinado. Um vínculo que nos
dá uma vantagem extra. Na minha humilde opinião, pelo menos.
— Bem, estou a caminho do meu escritório para trabalhar
nisso, — eu os tranquilizo, encontrando cada um de seus olhos.
— Mas gostaria de saber a opinião de vocês sobre o assunto.
— Rafe provou ser crucial para esta equipe, — diz Tacker.
Ele sabe disso mais do que ninguém, desde que Rafe entrou em
cena para ocupar seu lugar quando foi suspenso. —
Francamente... não acho que ele seja substituível.
— Uma negociação não vai render nada, — eu digo,
apontando o óbvio. Eles sabem que qualquer pessoa negociada
após o prazo que expirou em fevereiro não é elegível para jogar.
— Temos bons talentos nos novatos que podem chegar
perto, — afirma Legend.
Com um suspiro, coloco o chapéu de dono e sou direto.
— Como dono desta equipe, posso dizer que se o deixasse
ir, seria uma péssima decisão de negócios. Isso pode mudar o
curso de nossa corrida na Copa.
— Mas... — Bishop insiste, porque ele provavelmente tem
uma ideia bastante boa de que estou falando mais do que o
dinheiro.
— Mas... — eu prossigo com um suspiro. — Como me
coloco entre um cara e seu pai moribundo?
— Você não precisa, — diz Wylde, e seu tom arrepia os
cabelos da minha nuca. O normalmente alegre, festeiro, travesso
e despreocupado, tem uma expressão preocupada. — Confie em
mim quando digo... ele precisa desse tempo com o pai.
Eu aceno para Wylde, um reconhecimento sutil de que,
embora eu não tenha nenhuma experiência com um pai
moribundo, sei o que é não ter um pai.
— Deixe-me perguntar isso. — Eu olho ao redor para o
grupo. — Se vocês soubessem que desistir de Rafe nos faria
perder a Taça, vocês o deixariam ir?
Sem hesitar, todos respondem afirmativamente. Eles o
deixariam ir em um piscar de olhos.
E porra... isso me deixa orgulhoso também.
— Vocês são todos um bando de maricas, — murmuro com
muito carinho.
Tenho trabalho a fazer. Afastando-me dos homens, minha
intenção é ligar para o treinador Perron e fazer com que ele e meu
gerente geral, Christian Rutherford, me encontrem em meu
escritório. Eu vejo os olhos de Dax, e é óbvio que ele está perplexo.
Não há dúvida de que ele não gosta de mim.
Mas posso dizer que o impressionei com minha intenção de
tentar ajudar Rafe se possível.
Tanto faz. Não é meu objetivo final, mas estou feliz que ele
esteja percebendo que posso ser mais do que apenas um
engravatado quando se trata desta equipe.


Não é fácil conseguir que o gerente geral de uma equipe de
hóquei profissional se coloque ao telefone sem uma hora
marcada, mas há alguma influência em ser o dono da equipe.
Normalmente, conversas como essa funcionariam de gerente
geral para gerente geral, mas, neste caso, quero cortar o vai e
vem. O tempo é o mais importante.
Então, quando liguei para a secretária de Gray Brannon e
disse quem era e a urgência para falar com ela, a secretária não
perdeu tempo me informando que, embora estivesse em uma
reunião do conselho, iria buscá-la imediatamente.
Gray Brannon é a gerente geral do Carolina Cold Fury. Eles
são bicampeões da Copa e têm os olhos postos em uma terceira.
Claro, minha equipe vai ficar diretamente no caminho deles,
se eu tiver alguma coisa a ver com isso.
Gray é um fenômeno em nossa indústria. A única gerente
geral mulher e a mais bem-sucedida, independente do gênero na
história recente do esporte. Eu a conheci apenas uma vez,
quando a equipe de expansão Vengeance foi aprovada pela liga,
mas acompanhei sua carreira de perto. Ela é uma gerente astuta
com um intelecto que, francamente, não pode ser rivalizado por
ninguém neste setor.
— Gray Brannon. — Sua voz é profissional, mas rouca. Se
a mulher já não fosse feliz no casamento com Ryker Evans, ex
goleiro e atual técnico do Cold Fury, eu consideraria fazer uma
jogada. Ela é uma mulher deslumbrante.
— Gray... Sou Dominik Carlson.
É claro, que sua secretária já a informou quem estava na
outra linha como um pré-requisito para fazê-la sair da reunião.
Ela não está surpresa, nem ofendida, com a minha interrupção.
Limita-se a responder:
— O que posso fazer por você, Sr. Carlson?
— Dominik, — eu digo. — Todo mundo me chama de
Dominik.
— Ok, Dominik... Diga.
Eficiente. Eu gosto disso.
— Eu tenho um jogador ... Rafe Simmons.
Ela imediatamente me conta suas estatísticas, todas as
quais estão armazenadas naquela bela, mas brilhante cabeça
dela.
— Centro de segunda linha. Ele foi criado entre os menores
de Denver. Na temporada regular teve trinta e seis gols, vinte e
sete assistências. Sessenta e três pontos em oitenta e dois jogos.
Nada mal.
Sim... um pouco esquisito, ela saber essa informação sobre
um jogador que não está na sua equipe, mas estou feliz por poder
ir direto ao ponto.
— Ele quer ser negociado com o Cold Fury, — eu digo sem
rodeios.
— Volta novamente? — Este é um pedido inédito após o
prazo de negociação, pois ela sabe muito bem que significa que
esse pedido vem com o entendimento de que ele não poderia
realmente participar dos playoffs.
Eu a informo sobre a situação de Rafe e como este é um
pedido pessoal para estar perto de um membro da família que
está morrendo.
— Isso é horrível, — ela murmura, uma olhada
relativamente pequena em seu lado empático antes de eu
conseguir a empresária novamente. — Mas ele não acrescenta
nada ao nosso time, já que não é elegível para jogar. E,
francamente, estou surpresa que você o esteja deixando ir. Será
um prejuízo. Tenho certeza de que sabe. No entanto, não posso,
em sã consciência, trocar alguém da minha equipe com você,
sabendo que o estaria condenando ao mesmo destino de não
poder jogar.
Ela não está me dizendo nada que eu não saiba e não
esperava. Mesmo assim, não consigo resistir. Vamos Grey, tenha
um coração aqui.
— Dê-me uma opção que me permita mostrar um pouco de
compaixão, mas que também me ajude, — ela rebate, o que me
faz rir.
Eu gosto muito dela.
— Ok, eu tive essa ideia, mas seria arriscado e o tempo é
crítico. — Recosto na cadeira, olhando para o horizonte de
Phoenix. Passei a última hora resolvendo isso com o treinador
Perron e Christian, e achamos que é factível. — Vou mandar Rafe
para as ligas menores hoje sob isenção. Você faz o mesmo com
Kane Bellan.
— Ele é o meu pivô de segunda linha, — ela responde,
surpresa que meus olhos estão voltados para ele assim que os
playoffs estão começando.
— Seria uma troca justa. Meu centro de segunda linha pelo
seu, mas também gostaria de salientar que meu centro é
ligeiramente melhor do que o seu. Bellan acabou apenas com
sessenta e seis pontos na temporada regular.
— Teríamos que perdê-los pelo período de espera, — diz ela.
— Quarenta e oito horas sem eles, o que significa o primeiro jogo
dos playoffs.
— É um risco, — concordo. — Mas pelo menos nós dois
teremos uma aposta justa.
Gray medita sobre minhas palavras. Eu nem consigo
imaginar os pensamentos se agitando em seu cérebro agora.
A regra é que qualquer jogador negociado após o prazo final
em fevereiro não é elegível para jogar nos playoffs. Mas se
colocarmos nossos jogadores em isenção e os enviarmos para as
ligas menores, eles manterão sua elegibilidade. Tudo o que temos
a fazer é resgatá-los após um período de espera de 48 horas e
boom... podemos trocar jogadores que poderão competir.
— Você percebe que as listas congelam à meia-noite, certo?
— ela pergunta. — Isso é em oito horas.
— É por isso que isso vai ser difícil. — O relógio está
passando rápido. Teríamos que nos envolver legalmente, esboçar
contratos e fazer notificações para a liga. Isso leva tempo e
teríamos que nos esforçar muito para fazer isso. — E é por isso
que você realmente não tem muito tempo para pensar sobre isso.
Precisarei de sua resposta, Gray. Acha que você e eu podemos
nos unir para fazer isso para que um homem possa ir para casa
e passar um tempo com seu pai moribundo?
Finalmente, ela suspira.
— Não acredito que estou considerando. Você sabe que
temos boas chances de jogar um contra o outro, não é?
— Isso é o que os bons apostadores em Vegas parecem
pensar neste momento, — eu respondo com uma risada.
— Melhor falar com meus advogados sobre isso. — Outro
suspiro dela, mas não parece irritado. Mais como arrependida,
provavelmente pelo fato de eu ter arruinado seus planos noturnos
porque temos muito trabalho a fazer.
Bem, ela tem.
E Christian Rutherford também... já que irei passar isso
para ele completar.
Isso é o que os gerentes gerais fazem.
— Obrigado, Gray, — eu digo, colocando meu coração por
trás das palavras. — Rafe é um cara bom. Apesar do que está
acontecendo com ele pessoalmente, ele vai te dar duzentos por
cento o tempo todo.
— É bom mesmo, — ela responde, mas posso ouvir o sorriso
em seu tom. — Ou eu irei para Phoenix e chutarei sua bunda.
— É justo.
Depois de trocarmos mais alguns comentários sobre o
processo de isenção, asseguro a ela que Christian ligará em
breve. Entre eles, vou confiar que as isenções serão aprovadas e
isso será feito.
Rafe poderá voltar a casa para seu pai.
Quando eu desligo, me acomodo na minha cadeira, um leve
ataque de consciência me atingindo. Não estou agindo como um
bom empresário. Construí minha riqueza do zero fundando uma
empresa de rádio na internet e, em seguida, diversificando para
outras. Atualmente, meus bilhões continuam crescendo com
investimentos sábios, imóveis e minhas duas equipes esportivas
profissionais.
Nenhum dos meus colegas, os mega ricos que começam
suas fortunas do zero, aprovaria o que estou fazendo. Eles me
diriam para manter os sentimentos fora disso. Para tomar
decisões baseadas puramente na probabilidade de sucesso.
Aposto que a maioria dos proprietários desta liga nem mesmo
consideraria.
Não com os playoffs se preparando para começar.
Eles o fariam jogar enquanto o sugavam.
Mas eu não sou assim. O valor da família é extremamente
importante. Eu digo isso como alguém que perdeu a sua no
princípio da vida, e que foi criado no sistema de adoção, saltando
de um lugar para outro sem nunca ter ligações reais. Eu
desistiria de cada pedaço de minha considerável riqueza para ter
uma família.
Exatamente como Rafe está pronto para desistir, para ficar
o tempo que resta com seu pai.
Eu o entendo mais do que qualquer um jamais saberá.
Este acordo de renúncia funcionará. Estou certo disso.
Mas tenho um plano reserva.
Se não conseguirmos, ainda colocarei Rafe em um avião
para Raleigh. Ele pode permanecer como um membro do
Vengeance, receber seu salário e cuidar de seu pai.
É a coisa certa a fazer.
CAPÍTULO 5

Willow

— Ele está aqui, — grito escada acima, alto o suficiente


para que Dax e Regan me ouçam.
Eu não espero por uma resposta. Como uma garota do
ensino médio que não quer que seu pai conheça seu novo
namorado, pego minha bolsa e saio correndo porta afora. Dax
grita algo de volta, mas eu ignoro. Ele deixou claro o que sente
sobre eu ver Dominik Carlson, e não estou com vontade de ouvir
de novo.
Ele está sendo um irmão protetor ao extremo e eu não
consigo entender. Sim, ele sempre cuidou de mim e de nossa
irmã, Meredith, mas isso é muito, muito diferente. Dax foi além
de um interesse protetor na minha vida amorosa para se tornar
mais um hiper vigilante preocupado, e não tenho certeza do
porquê.
Mesmo assim, bato a porta da casa do meu irmão e desço
os degraus da varanda. Dominik dá a volta na frente de seu carro,
um Porsche e me examina surpreso. Posso ver que ele esperava
tocar a campainha como os encontros geralmente começam.
Ele supera seu choque. Em vez disso, ele se concentra em
mim. Seu olhar viaja pelo meu corpo, observando o vestido de um
ombro só em uma cor bege. É versátil - pode encaixar facilmente
em uma pizzaria ou em algum lugar bastante caro e de alta
classe.
É claro que também funcionará bem se quisermos apenas
ir a um hotel. Vai ficar bom no chão.
— Você está lindíssima esta noite, — elogia Dominik,
virando-se em direção à porta do passageiro para abri-la para
mim. Eu o encontro lá, inclino minha cabeça para trás e o
admiro.
Principalmente seu rosto.
Tem ângulos esculpidos, olhos expressivos e um maxilar
rígido que aperta bem diante dele...
Eu balanço minha cabeça, abaixo meus olhos, e murmuro,
— Obrigada, — enquanto deslizo para o assento de couro suave.
Só depois que a porta é fechada, me permito examiná-lo
enquanto dá a volta na frente do Porsche, que cheira a novo. O
veículo elegante combina com ele. Sua roupa também. Em calças
sociais escuras e uma camisa preta de botões com as mangas
arregaçadas três quartos para cima, ele está lindo.
Especialmente revelando seus braços fortes e poderosos.
Inferno, não há uma parte de seu corpo que não seja linda.
Quando ele abre a porta e se senta no assento ao meu lado,
ele pergunta:
— Por que a fuga apressada de casa?
Não vou dizer a ele nada que ele já não saiba.
— Dax não é o seu maior fã.
Sorrindo, Dominik fecha a porta e liga o motor. Ele grunhe
antes de murmurar.
— Ele se acostumará comigo.
Rindo, eu balanço minha cabeça.
— Eu nem tenho certeza se vou me acostumar com você.
— Você está no meu carro agora, — ele murmura com voz
rouca, enviando um arrepio na minha espinha. — Eu diria que
você se animou bastante.
— Belo carro, por falar nisso, — eu digo, passando minha
mão ao longo do meu assento de couro.
— Obrigado, — ele responde facilmente, mudando a
marcha a ré para sair da garagem. — Eles me entregaram e
estava esperando por mim no aeroporto.
— Não sabia que as locadoras de automóveis tinham carros
tão sofisticados.
— Não tenho ideia se eles fazem isso, — ele responde com
um sorriso encantador. — Comprei este por telefone hoje.
— Você comprou? Só para dirigir enquanto está aqui?
— Eu comprei uma casa aqui também, — ele responde,
colocando o carro em primeira e saindo pela rua. — Vou levar
você lá agora e preparar o jantar para nós.
Eu apenas pisco, tentando processar esse tipo de riqueza.
Eu nunca experimentei isso de perto. Quer dizer, Dax ganha
muito dinheiro, mas não o suficiente para comprar casas extras
e Porsche por capricho.
— A menos que você prefira não ir à minha casa, — diz ele,
aparentemente interpretando minha falta de resposta como
hesitação.
— Você sabe cozinhar? — Eu pergunto.
— Eu não sou ruim, — ele admite.
Eu encolho os ombros. — Então vamos para sua casa.
Conversamos um pouco enquanto ele manobra o carro
esporte como um sonho, em Scottsdale. Ele entra em um bairro
com casas como eu nunca tinha visto, parando na garagem de
uma residência gigante que deve ter uns bons mil metros
quadrados ou mais.
Quando ele para o carro na garagem circular, fico
boquiaberta com a grandeza disso, assobiando baixo.
— Como alguém que viu seus bens de perto e pessoalmente,
sei muito bem que você não comprou essa coisa para compensar
algo que você... hum... pessoalmente carece.
Dominik bufa, apontando para a minha porta.
— Saia do carro, espertinha. Estava à venda.
— Oh, uma casa multimilionária estava à venda? Como
você poderia deixar isso passar? — Eu rolo meus olhos.
Ele não responde e saímos do veículo. Ao fechar a porta,
deixo meus olhos vagarem pela fachada - design clássico do
deserto, de estuque creme com um telhado de telha vermelha - e
me maravilhar com o tamanho dela.
A casa que ele comprou para morar apenas durante os jogos
de playoff em casa tem alas.
— Você sabe quantas crianças famintas você poderia
alimentar com o custo dessa coisa? — Murmuro enquanto viro
meu pescoço para olhar para ele de pé ao meu lado.
Se eu achasse que isso o ofenderia, estaria errada. Ele
apenas sorri, colocando a mão na parte inferior das minhas
costas para me guiar até o pórtico da frente.
— Eu faço muitas doações para cuidar de crianças de todos
os tipos. Minha consciência não está nem um pouco preocupada.
Eu me sinto um pouco mal por ter dito aquilo. Eu li artigos
suficientes para saber que Dominik Carlson é uma pessoa
generosa e vi em primeira mão como ele trata bem seus jogadores.
Ainda assim, tal irreverência é chocante, mas... Nunca
conheci ninguém que tivesse esse tipo de riqueza.
Dominik me leva para dentro, digitando um código em um
painel de alarme no saguão. Quando ele passa por mim, eu o sigo
por uma escada extensa para uma grande sala enorme que
provavelmente poderia caber cinco salas de tamanho normal
dentro dela.
Claro, está totalmente mobiliada e decorada com bom gosto,
até as decorações embutidas. Estou curiosa para saber quem
cuidou da decoração, já que esperava que alguém como Dominik
optasse por peças masculinas resistentes. Em vez disso, a
mobília é luxuosa, mas leve e arejada. Como se uma pessoa
pudesse sentar no sofá com um bom livro e se perder por horas.
— Você gostaria de um coquetel ou um pouco de vinho
enquanto eu cozinho? — Dominik pergunta enquanto vira para
a esquerda em uma cozinha enorme com eletrodomésticos
reluzentes, uma ilha central com capacidade para oito pessoas e
armários personalizados feitos em estilo provençal francês.
— Vinho, — eu respondo, tentando não ficar boquiaberta
com o esplendor diante de mim. Eu amo cozinhar. Esta cozinha
poderia ter sido tirada direto dos meus sonhos.
Eu coloco minha bolsa na ilha, em seguida, puxo um
banquinho enquanto Dominik abre o que eu pensava ser apenas
um armário, mas na verdade é uma porta de verdade que leva a
uma despensa enorme. É maior do que a maioria das cozinhas
que já vi. Ele volta com uma garrafa de vinho e a abre.
— Por que você está sendo tão difícil? — ele pergunta
enquanto vai até outro armário e pega as taças de vinho.
— Difícil de encontrar? — Eu pergunto, bancando a idiota,
o que me diverte totalmente. — Estive fora do país no último
mês. É meio difícil “conseguir” algo que nem mesmo está dentro
do alcance.
Dominik consegue revirar os olhos e servir uma taça de
vinho como um especialista ao mesmo tempo. Ele a desliza pela
ilha em direção aonde eu ainda não sentei.
— Não estou falando de “conseguir” no sentido físico. Você
poderia pelo menos ter respondido às minhas mensagens.
Eu levanto a taça, levando-a aos lábios enquanto considero.
Ele tem razão. Eu poderia facilmente ter respondido apenas para
dizer a ele para me deixar em paz, e ele o teria feito. O fato de eu
não ter feito isso diz muito claramente.
Mas não estou pronta para admitir que o considero
perigoso, que é o principal motivo pelo qual nunca respondi.
Em vez disso, volto para ele enquanto ele se serve de uma
taça de vinho.
— Por que você ficava me mandando mensagens de texto
quando eu não estava respondendo?
Dominik ignora a taça e vai até a geladeira.
— Eu te acho fascinante. E um desafio.
— Não é um grande desafio, — murmuro, girando o líquido
em meu copo. — Eu me rendi em poucas horas no nosso
primeiro encontro.
Jogando a cabeça para trás, ele solta uma risada
estrondosa, olhando para mim por cima do ombro.
— Porra, obrigado. Essa foi uma das melhores noites que já
tive.
— Eu sou uma ótima transa, — eu concordo.
— Você está certa nisso. — Sua voz soa quase melancólica
enquanto ele vasculha a geladeira.
— Então por que não dispensamos todas essas
preliminares de vinho e comida e vamos direto para o quarto? —
Eu sugiro, bem, mais como um desafio. — Aposto que você tem
uma cama ótima.
Dominik se afasta da geladeira, fechando a porta com o
quadril. Ele faz malabarismos com uma caixa de ovos, um pacote
de pancetta e um pedaço de queijo parmesão.
Ele também está sorrindo.
— Iremos para o quarto quando eu estiver pronto. Eu vou
te foder quando estiver pronto para isso. Mas agora, estou
morrendo de fome, então vou preparar o jantar. Relaxe e desfrute
do seu vinho.
Ok... eu sou uma mulher teimosa e independente. Não gosto
que me digam o que fazer e prefiro estar no comando. Alguns,
especialmente meu irmão me chamam de implacavelmente
mandona e superconfiante.
Mas Deus me ajude, quando Dominik toma a decisão de
comando, vamos fazer sexo apenas quando ele diz que faremos,
meus joelhos realmente ficam fracos. Por alguma estranha razão,
sinto vontade de desnudar meu pescoço e deixá-lo me prender
em submissão.
E isso não é típico de mim.
O que torna ainda mais surpreendente quando eu sento no
banquinho e tomo um longo gole do delicioso vinho tinto.
— Diga-me o que pensa sobre como o Vengeance se sairá
nos playoffs, — Dominik diz enquanto coloca todos os
ingredientes no balcão antes de se curvar para abrir um armário
inferior.
— Você quer falar sobre hóquei? — Eu pergunto curiosa.
Ele põe a cabeça na beirada do balcão.
— Por que não? Você é mais do que capaz disso, visto que
vem de uma família do hóquei.
— Acho que simplesmente não achei que se importaria com
a minha opinião, — digo cautelosamente.
Dominik se levanta, esquecendo por um momento o que
estava buscando. Colocando as mãos no topo do granito, ele se
inclina através da ilha em minha direção.
— Willow... o que você acha que está acontecendo aqui?
— Hum... — É tudo que consigo.
— Você estava apenas esperando sexo e nada mais, estou
certo? — ele adivinha.
— Pode ser…
— Bem, como eu disse, estou morrendo de fome. —
Dominik se agacha, desaparecendo momentaneamente para
vasculhar o armário. — E se você quiser apenas ficar sentada
em silêncio, vá em frente. Se você quiser ter um pouco de
conversa, descobri que o hóquei é um bom assunto para começar,
já que nós dois sabemos um pouco sobre ele.
Estou tão fora do meu elemento. O melhor que posso fazer
é sair correndo da casa. Eu certamente não quero uma boa
conversa, pois isso o torna ainda mais perigoso do que eu já
suspeitava que ele fosse. Um relacionamento do tipo apenas sexo
e sem compromisso mantém tudo preto e branco. A interação
agradável fora do quarto só vai confundir as linhas. Adicione uma
boa conversa, como eu suspeito que Dominik seja inteiramente
capaz, e isso torna a situação muito confusa.
No entanto... eu me pego fazendo exatamente o que ele
pediu.
— Não acho que o Storm vai dar problemas no primeiro
turno. Eles são bons, mas foram afetados por muitas lesões no
final da temporada regular. Eu prevejo que vocês irão arrasar,
porque sua equipe tem mais profundidade.
Dominik se endireita, uma frigideira funda em uma mão e
uma panela na outra, os olhos fixos em mim.
— Mais profundidade?
— As estatísticas são pretas e brancas, — eu digo, em
seguida, começo a recitar todos os números importantes que pelo
menos no papel fazem do Vengeance o principal candidato. —
Mas, mais do que isso, você reuniu um grupo de homens que,
por seu brilhantismo ou por acaso, conseguiram se solidificar em
uma unidade que é tanto poesia quanto hóquei. Eles fluem
naturalmente um com o outro. É quase como se eles se
comunicassem pelo pensamento. Não sei como você fez isso e
tenho certeza de que todos nesta liga querem sua fórmula
secreta, mas você fez história com esta equipe, Dominik. Não
estou apenas prevendo que você vai varrer a primeira rodada,
mas que vai sair com a Taça quando tudo estiver dito e feito. Sua
equipe é simplesmente mágica.
Dominik me encara, a cabeça inclinada levemente como se
não conseguisse descobrir se eu estou mentindo para ele ou não.
Abaixando a panela até a bancada, ele murmura:
— Eu realmente quero te foder agora.
Uma sacudida de energia sexual pulsa através de mim, não
apenas com as palavras, mas com a fome implícita nelas. É para
isso que vim, certo?
— Mas... — ele fala lentamente com um sorriso malicioso
enquanto pega a frigideira. — As coisas boas vêm para aqueles
que esperam.
Eu quero gritar de frustração. Quero tirar minhas roupas e
exigir que ele me foda aqui mesmo. Eu sei que ele faria isso
também, porque ele não poderia resistir ao me ver nua.
Mas, de novo... Deus me ajude... secretamente estou atraída
por esse lado controlador dele.
Na verdade, nem mesmo é um lado.
É a totalidade de Dominik Carlson. Ele tem que estar no
controle sendo quem manda.
No momento, é apenas um jantar. Mas eu sei, sem dúvida,
eu faria praticamente tudo o que ele me dissesse para fazer no
quarto.
Mas também tenho uma reputação a manter. Preciso que
Dominik ainda pense que sou um desafio, então levanto um
pouco meu queixo e examino os ingredientes.
— O que você está fazendo?
— Carbonara, — ele responde, agarrando a caixa de ovos.
— Parece bom?
— Parece delicioso. Posso ajudar?
Ele sorri perversamente.
— Absolutamente. Mas se você vier deste lado da ilha
comigo, não posso garantir que não vou tocar em você, enquanto
estivermos cozinhando.
Bem, aí está. Suas mãos em mim mais cedo ou mais tarde?
Isso soa como uma proposta vencedora, e ele ainda pensará que
está dando as cartas.
— Diga-me o que fazer, — eu digo com um sorriso travesso
enquanto levanto do banquinho. — Estou as suas ordens.
E eu realmente quero dizer isso.
Os olhos de Dominik brilham, e posso dizer que essas
palavras de submissão realmente significam mais do que eu
ajudando no jantar.
Ele coloca a panela no balcão. Com seus olhos quentes fixos
em mim, ele dá a volta na ilha e fica cara a cara comigo.
Colocando uma mão atrás do meu pescoço, ele se inclina para
colocar sua boca perto da minha.
— Acho que o jantar pode esperar um pouco, — ele
murmura.
— Por que faríamos isso? — Eu pareço ofegante e muito
ansiosa. Eu não gosto disso, mas não posso evitar, porque este
homem me faz sentir algo totalmente diferente.
— Porque você disse as palavras mágicas, — ele responde
rispidamente.
Eu estou as suas ordens.
Dominik se inclina para frente. Meu mundo vira quando seu
ombro vai para o meu estômago e ele me levanta em seus braços.
Sua grande mão se instala na minha bunda para me segurar no
lugar, então ele está caminhando pela grande sala para a ala
oposta da casa.
Demoro apenas alguns momentos antes de eu estar girando
novamente, pousando em um colchão macio coberto com um
edredom de algodão branco branquíssimo. Eu levo um momento
para olhar ao redor de seu quarto, maravilhada com seu aspecto
leve e arejado, que combina com o resto de sua casa.
Dominik tira minhas sandálias, jogando-as no chão.
— Tire a roupa, Willow, — ele diz enquanto começa a
desabotoar a camisa.
Hipnotizada, não me movo quando seu peito é revelado.
— Nua, Willow, — ele repete, mas então sua expressão fica
um pouco confusa. — A menos que você não queira. Prefere um
pouco de romance? Um pouco mais devagar esta noite?
Isso me tira do meu torpor. Levantando do colchão, fico de
joelhos.
— Oh, eu quero isso, — digo, segurando a barra do meu
vestido. — É exatamente assim que eu quero.
Dominik sorri. Uma ponta triunfante sobe nos cantos de
sua boca.
— Eu não preciso de romance, — eu continuo enquanto
puxo o vestido para cima e sobre a minha cabeça, jogando-o
descuidadamente no chão. O que resta é um sutiã sem alças e
uma calcinha combinando, em renda creme, que eu sei que
complementa meu tom de pele.
A expressão de Dominik é feroz.
Selvagem.
— Fique de joelhos. — Dominik rapidamente se despe de
suas roupas, ficando maravilhosamente nu para eu contemplar.
Movendo-se para a beira da cama, ele me dá mais uma ordem.
— E venha aqui.
Não há dúvidas quando ele me toma pela mão.
Sem dúvida, eu quero o mesmo quando caio para frente,
minhas palmas afundando no edredom. Eu rastejo em direção a
ele, me sentindo como uma pantera elegante caçando sua presa.
Dominik observa atentamente, com a boca aberta.
Eu olho para cada centímetro do seu pau longo e grosso. Ele
é tão magnífico quanto eu me lembro. Minha boca saliva um
pouco porque me lembro do gosto dele. Eu não tenho um grama
de vergonha. Eu já o tive na boca antes e o quero novamente.
Principalmente porque ele me quer e não pediu.
Ele ordenou.
Os joelhos de Dominik pressionam a lateral da cama para
se apoiar, seus quadris projetando-se para frente. Rastejando até
ele, eu abro minha boca.
O calor de sua pele desliza ao longo da minha língua
enquanto eu o tomo profundamente e um arrepio percorre minha
espinha com o profundo grunhido de prazer que sai dele.
CAPÍTULO 6

Dominik

Minha cabeça gira quando a boca de Willow fecha sobre meu


pau. Ela é uma maldita deusa do sexo, e eu não consigo descobrir
se ela está brincando comigo ou não.
Aqui está ela, uma criatura linda, talentosa, inteligente e
independente que me afastou por semanas. E num piscar de
olhos, ela está de joelhos na minha cama, me chupando
profundamente.
Não consigo descobrir o que ela realmente quer, mas não
tenho certeza se a resposta importa neste momento. Nós dois
parecemos estar participando de algo que ansiamos muito.
Ela disse que não quer romance e eu tenho dificuldade em
aceitar isso, porque, na minha experiência, é isso que move as
mulheres, mas, por enquanto, vou considerá-la pelo que parece.
Eu me entrego a ela, trazendo minhas mãos para os lados
de sua cabeça e a segurando com força. Inclinando minha cabeça
para frente, observo enquanto ela se move em mim, fazendo
pequenos sons no fundo de sua garganta, cujas vibrações fazem
minhas bolas começarem a latejar.
— Toque-se, — eu ordeno. Aqueles lindos olhos sobem,
encontram os meus, e ela sorri em volta do meu pau.
Inclinando minha cabeça para o lado, observo enquanto ela
traz aqueles dedos delicados para o ápice entre as pernas e os
desliza sob a calcinha creme. Não consigo ver exatamente o que
ela está fazendo, mas posso dizer no minuto em que ela toca seu
clitóris porque ela geme contra mim.
— É isso, — eu a elogio. — Você está excitada?
Os olhos de Willow se fecham enquanto ela se toca e chupa
meu pau e eu acho que ela pode ser a mulher mais perfeita que
eu já vi.
Mas eu quero mais.
Eu coloco minha mão em sua garganta, dou um aperto
suave e a empurro. Ela obedece, seus lábios se abrindo enquanto
ela lambe o lábio inferior. Eu não posso deixar de sorrir quando
sua outra mão continua a trabalhar entre as pernas.
Ela é a porra da perfeição.
Eu vou até a minha mesa de cabeceira, abro a gaveta e pego
uma camisinha. Embora a Sra. Osborne fosse diligente em
abastecer minha casa com o necessário, isso não era algo que eu
esperava que ela cuidasse. Coloquei uma caixa na minha gaveta
quando cheguei hoje cedo.
Nunca caminhei com tanta fluidez e confiança em meus
movimentos, imaginando exatamente como isso vai acontecer.
Eu coloquei a camisinha, minhas mãos estão nos quadris
de Willow e estou girando-a no colchão para que esteja em suas
mãos e joelhos com sua bunda inclinada bem diante de mim. Ela
engasga, sua mão sai da calcinha e ambas as palmas vão para o
colchão.
Eu corro minhas mãos sobre a sua bunda, deslizo meu dedo
sob a renda e puxo para o lado para revelar exatamente o que eu
quero.
Quando eu entro em Willow, ela faz um som gutural
enquanto suas costas se arqueiam profundamente e seus dedos
arranham o edredom.
Melhor do que me lembro.
Tão bom pra caralho.
Eu planto meus pés, coloco minhas mãos em seus quadris
e a fodo lentamente por trás.
Não exatamente como eu pensei que esta noite iria começar.
Eu realmente tinha a intenção de cozinhar para ela. Eu até
esperava poder fazê-la se abrir enquanto bebíamos nosso vinho.
Tentar descobrir o que motiva essa mulher.
Não funcionou bem assim, não foi a lugar nenhum, mas
aonde estamos agora, no segundo que ela me disse que estava às
minhas ordens.
Sim, isso desencadeou uma reação primitiva porque, no
fundo do meu coração, não acho que Willow Monahan possa ser
comandada a fazer qualquer coisa que não queira.
Isso é uma ilusão, tenho certeza, mas é a que pressiona
todos os meus botões.
Eu levanto uma perna, pressiono um joelho no colchão para
ter mais força e me afundo nela. Uma e outra vez até que ela não
consegue suportar meu peso ou a insistência em ir mais fundo.
Ela começa a afundar, seus braços estendidos e o torso
abaixando para a cama.
— Oh, não, você não vai, — murmuro, colocando um braço
em volta da cintura dela e puxando-a para cima. Eu apoio seu
peso, aumentando meu aperto e colocando a palma da mão no
colchão. Eu empurro profundamente nela uma e outra vez,
saboreando os gemidos de rendição que ela faz.
Sua cabeça cai, seu cabelo caindo para frente e abrindo
caminho para que eu possa ver a pele dourada de suas costas.
Meus olhos se estreitam em pontos rosa-esbranquiçados em sua
pele na parte superior. Cicatrizes estão salpicadas sobre seu
ombro esquerdo. Eu não as tinha notado antes, e me pergunto o
que os causou.
Eu abaixo minha cabeça, correndo meus lábios sobre sua
omoplata antes de roçar meus dentes no mesmo local. Willow
estremece.
— Estou perto.
Eu também. Muito perto.
— Prepare-se, — eu digo, e ela coloca as mãos de volta na
cama.
Eu coloco meu outro joelho na cama, as mãos em seus
quadris, e começo a bombear dentro dela mais forte e mais
rápido. Arqueando as costas novamente, ela balança a cabeça.
Seu cabelo escuro balança, cobrindo suas costas, e eu o afasto,
deslizando meus dedos ao longo da renda de seu sutiã.
Meus olhos vagam, observando-a.
— Tão bom, — ela geme, então ela trava com força. Seus
músculos se contraem fortemente em torno de mim, ondulando.
É o orgasmo dela se soltando e é poderoso.
É o que eu preciso para disparar no meu, e a mais longa e
satisfatória erupção de luxúria reprimida me atinge.
— Porra, — eu grito enquanto empurro em Willow com
tanta força que ela cai no colchão e eu a sigo, bombeando meus
quadris para prolongar a sensação.
Willow suspira quando eu finalmente paro, meus braços
envolvendo ao redor dela e nos rolando para os nossos lados.
— Não é exatamente assim que pensei que a noite seria, —
digo a ela, roçando meus lábios em seu ombro.
Ela ri, um som despreocupado que me garante que ela está
mais do que feliz por termos começado assim.
— E você nem precisou sujar a cozinha para conseguir.
Minha cabeça aparece.
— Voltamos?
Ela olha por cima do ombro.
— Bem... quero dizer, isso foi ótimo, certo? É o que
queríamos. Não há necessidade de cozinhar o jantar para mim,
sabe.
Eu franzo a testa.
— Você é uma mulher completamente estranha.
Willow bufa.
— Oh vamos, Dominik. Temos ótimo sexo juntos. É por isso
que você me perseguiu. É por isso que eu vim. Mas nós coçamos
a coceira e agora você pode me levar para casa. Na verdade, vou
pegar um Uber e nos vemos uma próxima vez. Não faz sentido...
Eu viro Willow de costas e subo, prendendo-a, colocando
uma mão em cada lado de suas costelas para que eu possa pairar
sobre ela.
— Foda-se que você está indo embora. Vou fazer um pouco
de carbonara para nós porque estou morrendo de fome depois
desse sexo. Nós vamos comer, então vamos voltar para esta cama
onde vamos ficar a noite toda. E eu não quero ouvir mais
nenhuma palavra sobre isso.
— Mas...
Minha boca encontra com a dela em um beijo contundente
que pretende domesticá-la. Quando eu levanto, eu repito.
— A noite toda. Eu vou te levar para casa depois do café da
manhã.
— Mas isso é só sexo. Isso é tudo. Há...
— Willow, — eu rosno, e sua boca se fecha. — Estou
começando a perceber que você tem algum tipo de problema com
intimidade ou algo assim. Se você quiser chamar isso de sexo
simplesmente ótimo, tudo bem. Mas eu sou ganancioso, o que
significa que quero muito dessa coisa de ‘só sexo’, então você vai
ficar na minha cama a noite toda e isso é tudo que há para fazer.
Ela quer discutir. Posso ver que estou interferindo em
alguma crença profundamente arraigada que ela tem. Eu não sei
qual é a base de seus problemas e, francamente, neste ponto, eu
não me importo. Eu também não estou procurando um
relacionamento profundo.
Isso pode funcionar entre nós a curto prazo, porque acho
que ambos queremos essencialmente a mesma coisa.
Exceto... eu preciso estar no comando. Isso é tudo.
— Olha, — eu digo em um tom mais razoável. — Nós dois
estaremos próximos em um futuro, enquanto o Vengeance está
nos playoffs. Nós dois somos muito, muito compatíveis na cama.
Nenhum de nós está procurando nada mais do que sexo. Então,
vamos seguir em frente, ok? E não surte se eu quiser que você
fique a noite toda. Certamente não é uma proposta de casamento
nem nada.
— Tudo bem, — ela resmunga, parecendo muito ofendida
com a palavra “casamento”. — Porque eu não quero nada
profundo.
— Tudo bem, — eu concordo, sorrindo para sua expressão
feroz. — Nem eu. Mas há uma coisa que precisamos para ter
certeza de que estamos alinhados.
— O que é isso? — Ela pergunta desconfiada.
Eu coloco meu dedo no oco de sua garganta antes de
arrastá-lo para o centro dos seus peitos.
— Este corpo é meu e só meu. Você não compartilha com
ninguém enquanto dorme comigo.
Willow estreita os olhos, mostrando os dentes.
— Bem. É uma coisa boa que você faça um trabalho razoável
de me dar um orgasmo. Você será suficiente.
Eu rio do relato totalmente desanimador do que temos
juntos. Ainda bem que meu ego é grande o suficiente para
aguentar.
Quando eu deixo meu olhar cair no dela, eu balanço minha
cabeça de uma forma repreensiva.
— Você é linda quando tenta ser totalmente independente e
age como se não precisasse de mim.
— Eu não...
Minha mão desliza para baixo em seu estômago, bem entre
suas pernas, e eu a aperto com firmeza. Willow suspira e arqueia
para mim, seus olhos tremulando fechados e seus dentes
cravando em seu lábio inferior.
Oh sim.
Ela pode não querer deixar seu coração se envolver, o que
de novo... está totalmente bem. Mas seu corpo já está trancado e
firmemente em minha posse. É meu para fazer o que quiser e já
tenho um milhão de ideias sobre como explorar isso.
CAPÍTULO 7

Willow

A atmosfera na arena do Vengeance é tão elétrica que os


pelos dos meus braços se arrepiam. A equipe está no gelo para o
aquecimento pré-jogo, e o Metallica está bombando para animar
a multidão. Até meu pai está balançando a cabeça um pouco, de
onde está sentado no final da fileira. Ele e minha mãe voaram
esta manhã para assistir ao primeiro jogo do playoff que é
historicamente monumental para a equipe em expansão...
Minha mãe está ao lado dele, mas ela não se incomoda com
a música rock. Em vez disso, ela está de pé, com os braços
cruzados sobre o estômago enquanto observa seu filho, meu
irmão Dax realizar exercícios de aquecimento com a equipe. Ela
sempre foi aquela que ficava super vigilante sobre o hóquei de
Dax, enquanto meu pai era o tipo divertido líder de torcida.
Regan e eu sentamos ao lado dela. Dax nos deu assentos
especiais além dos seus ingressos normais de temporada para os
jogos do playoff. Regan e eu vamos assistir juntas, mas meus pais
não iriam perder o primeiro e qualquer outro que eles possam vir.
Eu volto minha atenção para o gelo. Não consigo nem
começar a contar ou lembrar de todos os jogos em que vi meu
irmão jogar, que incluíram jogos de playoff com outros times,
incluindo uma decepcionante derrota nas finais da conferência
quando ele estava com Toronto. Mas há algo nesta equipe que
transcende a experiência anterior de Dax na liga.
Eu não estava mentindo para Dominik na noite passada
quando ele perguntou minha opinião sobre os playoffs. Ele
construiu algo totalmente mágico com esta equipe, e posso até
ver na maneira como eles patinam em seus aquecimentos. Cada
cara lá está focado e determinado, mas... todos eles têm um ar
descontraído em suas atitudes. É como se eles tivessem aceitado
a situação de alta pressão em que se encontram e decidido
canalizá-la para a maior energia positiva que já vi.
Não há dúvida... parte disso vem de Tacker finalmente na
primeira linha. O homem já passou por muita coisa e, embora
muito disso estivesse fora de seu controle, deve ter tido um
impacto negativo na energia da equipe. Mas eu ouvi a maior parte
de Regan e ele parece ter encontrado um verdadeiro amor pela
vida novamente, depois de se apaixonar por sua terapeuta, Nora.
Isso, por sua vez, aproximou todos eles.
A prova está no fato de que a primeira linha ajudou Dominik
a decidir, permitindo que Rafe Simmons, nosso talentoso líder da
segunda linha, fosse a Raleigh para se juntar à Carolina Cold
Fury em um negócio sem precedentes. Ninguém jamais efetuou
tal troca de jogadores na véspera dos playoffs, especialmente
entre as equipes mais bem classificadas em ambas as
conferências. Todas as redes de notícias esportivas explodiram
esta manhã com a história, embora Dominik tivesse me contado
tudo, no jantar de carbonara na noite passada.
E então... fiel à sua palavra, voltamos para a cama de onde
não saímos até esta manhã.
Eu normalmente não faço festa do pijama, uma vez que
tendem a significar “algo” mais do que apenas sexo. Eu tenho que
dar crédito a Dominik.
Dormimos muito pouco.
— Então, — Regan sussurra enquanto se inclina para mim,
empurrando seu ombro contra o meu. — Você vai me dizer como
foi ontem à noite?
Não nos vimos hoje. Quando cheguei em casa, Regan tinha
saído para um turno em seu emprego como enfermeira
pediátrica. Graças a Deus Dax também não estava. Dessa forma,
eu não tive que ver sua decepção condescendente sobre eu
dormir com seu chefe.
Mas enquanto Dax não gosta do interesse de Dominik por
mim, Regan tem fantasias românticas completas.
Precisando desiludi-la, eu chego mais perto, tendo que falar
alto o suficiente para ser ouvida por cima da música, mas não
tanto que meus pais, que estão do outro lado dela, possam
escutar. Eu até coloco minha mão em volta da minha boca para
que as palavras vão direto em seu ouvido.
— Fizemos sexo quatro vezes na noite passada e foi estelar.
— Uau, — ela responde, maravilhada. — Quatro vezes?
Dax e eu nunca...
Eu jogo minha mão para cortá-la.
— Não estamos discutindo a vida sexual do meu irmão.
Sorrindo, Regan chega mais perto.
— Então, o que... vocês dois estão namorando agora?
Minha careta de retorno deve ser resposta suficiente, mas
eu me certifico de que ela entenda.
— Não, claro que não. Eu não namoro. Ele também não. Nós
nos encontramos para orgasmos mutuamente vantajosos, só
isso.
Sua curiosidade não foi satisfeita.
— Isso significa que você vai se encontrar de novo com o
mesmo objetivo?
Eu encolho os ombros, embora Dominik pareça pensar
assim. Ele me disse isso quando me deixou depois do café da
manhã que havia prometido, que foi servido na cama, saboroso,
e seguido de mais sexo.
— Você vai voltar para casa comigo depois do jogo, — ele
me disse depois de insistir em me acompanhar até a porta de
Regan e Dax, onde começou a me beijar sem fôlego.
Mas então recuperei o fôlego o suficiente para discutir sobre
isso.
Regan me cutuca nas costelas, mas eu a ignoro. Estou
cansada de falar sobre as complexidades sem fim que Dominik
Carlson parece ter trazido para minha vida. Em vez disso, deixei
meu olhar se concentrar no gelo, fingindo estar deslumbrada com
o aquecimento do Vengeance.
Quero dizer... tenho que confiar que Dominik e eu estamos
na mesma página. Acho que nós dois tivemos um encontro de
mentes além das outras partes de nossos corpos que se
encontraram na noite passada.
Ele é um mulherengo e não está pronto para se estabelecer.
Sou avessa a relacionamentos e acredito que não há nada de
errado com uma mulher, neste mundo moderno, ter um
relacionamento sexual com um homem, sem expectativas de que
isso vá além de alguns momentos divertidos.
Somos perfeitos juntos, certo?
Regan me dá um tapinha no ombro, mas continuo a ignorá-
la, inclinando-me ainda mais para frente apoiando os cotovelos
nos joelhos. Dax parece bonito e solto no gelo.
Então, o que realmente significa que eu não tive um
momento horrível acordando ao lado de Dominik? Tenho certeza
de que não há nada de errado no fato, de que não fiquei
totalmente desanimada ao acordar envolta em seus braços. Nem
pareceu muito intimidante.
Ou que fiquei um pouco desapontada ao vê-lo ir embora esta
manhã.
Outro toque no meu ombro... desta vez mais insistente. Eu
olho resolutamente para a frente e continuo a ignorar Regan.
Ou, por assim dizer, eu totalmente não posso dar qualquer
crédito ao fato de que tivemos uma conversa muito boa quando
não estávamos fazendo sexo ou nos tocando. Concedido, o foco
foi principalmente nos playoffs e na decisão de Dominik de ajudar
Rafe Simmons a encontrar uma nova casa com o Cold Fury.
E eu definitivamente preciso ignorar os sentimentos
calorosos e pegajosos invocados por saber, que ele colocou o amor
de um homem por sua família acima do sucesso de toda a equipe
de hóquei, especialmente porque ele entende que pode estar
cometendo um grande erro fazendo esse acordo com Gray
Brannon.
Um pequeno suspiro escapa quando me lembro do que ele
disse quando deitamos na cama e conversamos ao luar. — Se
não pudéssemos chegar a esse acordo de renúncia, ele me disse
enquanto brincava com uma mecha de meu cabelo, eu
simplesmente iria colocá-lo na lista de lesionados e mandá-lo para
casa.
Isso realmente me tocou. Que ele deixaria seu jogador ir de
boa vontade, ainda pagaria a ele seu salário extremamente caro
e não esperaria nada mais em troca.
Era muito revelador sobre o caráter de Dominik, o que me
fez respeitá-lo como pessoa e o que o tornou ainda mais perigoso.
Regan me dá uma cotovelada forte nas costelas, que
realmente dói.
— Ai, — eu grito, virando-me para encará-la. — Qual é o
seu problema?
Ela não responde. Em vez disso, ela joga o polegar por cima
do ombro em direção ao final da fileira onde meu pai está
conversando com um homem.
E não qualquer homem... Dominik Carlson.
Parecendo muito comestível em um terno azul escuro
habilmente cortado em risca de giz sutil e uma gravata listrada
nas cores do Vengeance, seu cabelo escuro ondulado está
penteado para trás e uma espessa camada de barba por fazer no
rosto. É a temporada dos playoffs, a temporada das barbas e eu
ouvi que ele deixaria seus pelos faciais crescerem em
solidariedade com seus jogadores.
Isso significa perigo para mim também, pois adoro uma boa
barba e a sensação que sinto quando...
Os olhos de Dominik se movem do meu pai para se conectar
brevemente aos meus. Recebo um sorriso astuto como se ele
percebesse exatamente o que estou pensando ou lembrasse de
todas as coisas sujas que fizemos ontem à noite.
Independente disso, seu olhar permanece apenas
brevemente em mim antes de retomar sua conversa.
— O que ele está fazendo aqui? — Regan pergunta, sua voz
ligeiramente estridente com entusiasmo. Em sua mente, isso é o
equivalente a um príncipe vindo à torre de Rapunzel para
reivindicá-la.
— Não tenho ideia, — eu murmuro, voltando minha
atenção para a ação no gelo.
Isso dura alguns segundos antes do meu pai chamar meu
nome. Hesitante olho para ele, percebendo que minha mãe
finalmente se sentou.
Meu pai aponta para Dominik e um assistente ao lado dele.
— Sr. Carlson nos convidou para o camarote do proprietário
para assistir ao jogo.
Oh, simplesmente ótimo.
Ele está fazendo isso mais do que sexo, oferecendo à minha
família uma oportunidade incrível, que está definitivamente fora
do alcance de nosso acordo sem compromisso.
Eu sorrio educadamente para Dominik antes de balançar
minha cabeça para o meu pai.
— Essa é uma oferta adorável, mas eu gostaria de ficar aqui.
Dax nos deu esses assentos incríveis. Sem ofensas, mas é apenas
mais divertido sentar no meio da multidão durante os playoffs.
O rosto do meu pai cai em decepção. Para o jogo em Detroit,
Dominik colocou minha família no camarote do dono do time
convidado, e meu pai ficou muito impressionado com a comida e
bebidas gratuitas.
Eu casualmente levanto meu queixo para Dominik em uma
demonstração de desafio, transmitindo que precisamos manter
as linhas entre nós claras. Eu fico olhando para ele com desafio.
O olhar que recebo me faz estremecer. Há um flash em seus
olhos quase uma pitada de raiva pela minha recusa e então algo
um pouco mais caloroso que diz que ele gosta de um desafio.
Finalmente, a pura determinação de me colocar sob seu controle
transparece. Minha barriga estremece.
Merda... por que eu gosto tanto dessa sensação?
Dominik acena para meu pai, indicando que ele quer se
mudar para o nosso corredor. Quando minha mãe e meu pai se
levantam, Dominik começa a passar cuidadosamente por eles em
minha direção. Regan se levanta de sua cadeira para abrir
espaço. Por um segundo fugaz, acho que ele vai fazer exatamente
como fez na noite passada e me jogar por cima do ombro.
Em vez disso, ele me ignora nem mesmo me dá uma olhada
mas se inclina sobre mim para chamar a atenção dos fãs à minha
esquerda, aos quais eu mal prestei atenção.
Então eu os vejo. Um grupo, dois homens e duas mulheres
aproximadamente da minha idade, todos vestindo camisetas do
Vengeance.
Dominik se move um pouco mais sobre mim para estender
a mão.
— Perdoe a interrupção... não tenho certeza se você sabe
quem eu sou...
Um homem salta.
— Dominik Carlson, — ele exclama, apertando a mão de
Dominik com entusiasmo.
— Bingo, — Dominik responde com uma risada. — E eu
gostaria de oferecer a vocês quatro a oportunidade de sentar no
meu camarote para o jogo. Algum interesse? Há comida e bebidas
grátis.
— Inferno, sim, — exclama o outro homem, e todos os
quatro pulam de suas cadeiras.
Isso é estranho.
O que é ainda mais estranho, o sorriso maligno que Dominik
lança para mim. Quando ele começa a sair do corredor, eu o
ignoro. Tenho que me levantar e recuar para que o grupo possa
passar por mim para segui-lo.
Quero dizer... ele está tentando me deixar com ciúmes
levando quatro estranhos para o camarote? Como se isso
importasse para mim.
Eu vejo os olhares furtivos enquanto Dominik se reúne com
os quatro fãs e o porteiro no corredor principal. Ele gesticula com
as mãos para o porteiro, que começa a subir as escadas com o
grupo que o segue.
E Dominik fica parado.
Ele os observa por um momento antes de se virar para mim,
seu sorriso malicioso agora ficando positivamente triunfante
enquanto ele mais uma vez entra em nossa fileira, passando por
minha mãe, meu pai e Regan, para onde eu estou sentada.
Quando eu não me movo, ele é forçado a passar por cima
das minhas pernas. Enquanto ele se joga no assento ao meu lado,
ele proclama:
— Há mais de uma maneira de esfolar um gato, Willow.
Meu queixo cai enquanto eu olho incrédula. É claro que o
homem quer assistir ao jogo comigo e ele encontrou uma maneira
de fazer isso, apesar de eu tentar impedi-lo.
Além disso, está claro que ele sabia que eu recusaria desde
o início pelo fato de que ele trouxe um porteiro para guiar os fãs
até o camarote do proprietário. Ele sabia que eu diria “não” e ele
pegaria os assentos ao meu lado. Na verdade, não tenho dúvidas
de que se esses fãs tivessem recusado, Dominik teria começado
a oferecer quantias obscenas de dinheiro por aqueles assentos ou
pelo menos aquele ao meu lado apenas para conseguir o que
deseja.
Não sei se devo ficar ofendida ou impressionada.
— Tão romântico, — diz Regan com um suspiro. Quando
eu a olho, ela sorri.
Ouso deixar minha atenção passar dela para meus pais, que
também estão sorrindo. É evidente que eles acham que
obviamente, Dominik Carlson está interessado em sua filha, e
eles não poderiam estar mais felizes.
Eu giro em meu assento, para enfrentar o homem
brutalmente controlador à minha esquerda.
— Você não tem limites para ter as coisas do seu jeito?
Os olhos de Dominik perfuraram os meus.
— Não no que diz respeito a você. É melhor você se entregar,
Willow, e apenas se submeter.
— Nunca, — eu assobio enquanto me concentro no gelo.
Mas, no fundo, algo dentro de mim é automaticamente
ativado por sua agressividade. Por sua confiança absoluta e o
poder de seu ego. Por sua determinação de pegar o que pensa ser
seu.
É uma tendência do homem das cavernas.
Que diabos de loucura está conectado ao meu DNA que me
faz realmente gostar?
CAPÍTULO 8

Dominik

Eu sorrio para mim mesmo enquanto observo Willow. Ela


está na minha casa novamente, exatamente onde eu a quero. Ao
lado de sua mãe, pai, irmão e cunhada.
Trazê-la de volta aqui tão cedo foi um pouco mais difícil do
que eu esperava. Quando eu a deixei na casa de Dax esta manhã,
depois de nossa noite muito longa e muito satisfatória juntos, eu
pedi o prazer de sua companhia após o jogo.
Ela recusou, afirmando que queria passar um tempo com
os pais que estavam vindo de avião.
Era um motivo legítimo, mas também senti que não era toda
a verdade. Então eu perguntei:
— Se seus pais não estivessem vindo, você ficaria comigo?
E como eu suspeitava, ela balançou a cabeça.
— Não. Isso não vai ser o tipo de coisa que acontece todas
as noites, Dominik. Isso meio que implica um relacionamento.
— Não, Willow, — eu corrigi em voz baixa enquanto
estávamos na varanda da frente de Dax. — Isso simplesmente
implica que eu quero te foder todas as noites em que tiver a
oportunidade.
Ela riu, me deu um último e rápido beijo, e se virou para a
porta. Sua última tentativa foi:
— Vejo você por aí.
O objetivo era me colocar no meu lugar. Para exercer um
pouco de poder sobre o que esteja acontecendo entre nós.
O que é absolutamente inaceitável para mim.
Por isso, eu planejei sentar com ela durante o jogo hoje à
noite. Eu teria preferido que ela concordasse em ir ao camarote
do proprietário com sua família, mas eu não estava disposto a
desanimar. Eu não tinha dúvidas de que conseguiria fazer as
pessoas ao lado dela se moverem se necessário, e tinha
funcionado muito bem.
Mas eu queria mais do que apenas um tempo com ela no
jogo. Por causa disso, pedi à sra. Osborne que planejasse uma
festa na minha nova casa para esta noite, depois enviei um e-
mail dizendo que esperava que a equipe e suas famílias
estivessem lá para que todos pudéssemos comemorar o início dos
playoffs juntos.
Era uma besteira total. Eu só queria levar Willow para
minha casa esta noite. Uma vez que eu a trouxesse, eu não
pretendia deixá-la sair. Mas uma festa é sempre divertida e a sra.
Osborne fez tudo para cuidar do bufê. Também ajuda que
derrotamos a Seattle Storm esta noite - 7-1 – o que deixou todos
de bom humor.
Eu, mais do que qualquer outra pessoa, porque não apenas
minha equipe venceu, mas Dax também apareceu com seus pais
e o mais importante, sua irmã a reboque.
Até agora, eu a ignorei. Alguns dos jogadores estão cientes
do meu interesse por ela, já que não escondia isso quando estou
perto de seu irmão, tendo-o repetidamente perseguido por ajuda
para chegar até ela enquanto me ignorava. Tenho certeza de que
isso se infiltrou pelo vestiário, com fofocas suculentas e tudo.
Além disso, qualquer pessoa com metade do cérebro que esteve
na festa dos novatos, onde conheci Willow viu meu interesse por
ela, e gosto de pensar que meus jogadores são muito espertos.
Agora, eu não tenho ideia do que seus pais pensam. Tenho
certeza de que as ações que tomei para sentar ao lado de Willow
no jogo provavelmente disseram muito. Infelizmente, eles
provavelmente têm noções românticas. Eles veem um homem
tentando cortejar sua filha quando o que eu realmente quero
fazer é controlá-la e transar com ela.
Claro, talvez eles estejam cientes de que sua filha não é o
tipo de pessoa que tem relacionamentos e eles não têm
expectativas.
Apesar de tudo, não posso me preocupar com os
sentimentos deles. A esse respeito, sou egoísta e procuro cuidar
de mim mesmo.
Alguém bate no meu ombro e eu me viro para ver Rafe
parado ali. A partir desta manhã, ele está tecnicamente fora do
elenco do Vengeance e em nossa equipe da liga secundária em
Rapid City, Dakota do Sul. Ele não fará a viagem até lá. Sua
renúncia será validada amanhã, e Gray Brannon irá contratá-lo.
Nossa equipe ficará com Kane Bellan.
Obviamente, Rafe não jogou esta noite desde que foi liberado
para as ligas menores, mas torceu para sua ex equipe nas
arquibancadas. Ele está voando amanhã para sua cidade natal,
Raleigh, Carolina do Norte, para se juntar a sua nova equipe, o
Carolina Cold Fury.
Quando ele estende o braço, aperto a sua mão.
— Eu só queria agradecer novamente por tudo que você fez
por mim, — diz Rafe, sua voz cheia de emoção. — Você não
precisava, e percebo que isso coloca a equipe em risco.
— Fiquei feliz em ajudá-lo, — respondo humildemente.
— Sim... — ele diz, parecendo pasmo. — Você está feliz em
ajudar. Isso o torna diferente. Então, embora eu seja grato por
poder ter este tempo com meu pai, estou extremamente chateado
por deixar o Vengeance. Sempre o considerei uma família e o que
você fez validou esse sentimento.
E merda... suas palavras causam uma sensação
desagradável no meu peito. Emoções dolorosas.
Limpando a garganta, mudo de assunto para algo um pouco
mais fácil de discutir.
— Você está pronto para ir amanhã?
Rafe acena com a cabeça.
— Passei a maior parte do dia fazendo as malas. A
transportadora virá no final da semana para pegar minhas
coisas, mas vai levar direto para o armazenamento. Vou ficar na
casa dos meus pais até...
Ele corta a frase imediatamente. É óbvio o que teria
acontecido a seguir se o pensamento não tivesse sido horrível
demais para terminar.
Até seu pai morrer.
— Ele ficou feliz por você estar voltando para casa? — Eu
pergunto.
Rafe ri, balançando a cabeça tristemente.
— Não. Ele queria que eu ficasse aqui e tivesse isso. Ele
sempre foi assim quando se trata da minha carreira no hóquei.
Mas ele também entende por que eu não posso, e está tão grato
quanto eu por você ter conseguido me colocar no Cold Fury.
Agora, pelo menos terei meu emprego, o que me ajudará a manter
minha sanidade.
Eu dou a ele um sorriso malicioso.
— Bem, você não vai ganhar a Copa com aquela equipe,
então está se sacrificando bastante.
Rindo, Rafe se inclina depois de olhar furtivamente ao redor.
— Ouça... amanhã, serei um membro oficial do Cold Fury, o
que significa que meu apoio e lealdade absoluta estarão com eles.
Mas, por esta noite, deixe-me apenas dizer... Acho que esta
equipe vai chegar à final.
Eu aperto seu ombro.
— Obrigado pelo voto de confiança. Sentiremos sua falta.
— Vou sentir falta de vocês também, — ele responde com
tristeza, examinando a sala. — Esta festa está ótima. Me dá a
chance de dizer adeus a todos.
— Se você quiser retornar... — eu digo, deixando a ideia
pairar no ar. — Basta ligar para Christian, ok? Veremos o que
podemos resolver.
— Obrigado, Dominik. — Apertamos as mãos novamente,
então Rafe se mistura na multidão para o que tenho certeza, será
uma série de despedidas emocionantes.
Eu decido circular, garantindo falar com cada um dos
jogadores e com os familiares que trouxeram. Quero ser
conhecido como o dono da equipe que está sempre disponível
para qualquer necessidade.
Consigo evitar Willow por quase uma hora. E não faço com
má intenção. Acabei de passar a maior parte de três horas com
ela e sua família no jogo, e não quero assustá-la. Enquanto
Willow aguenta alguns dos meus modos dominadores porque eu
a divirto, tenho a sensação de que se ela se sentir muito
encurralada, fugirá de mim.
Não estou pronto para perder quando ainda não entrei
totalmente na corrida.
Mas quando percebo que as pessoas estão começando a se
retirar, decido melhorar minha aposta e exigir que ela passe a
noite. Olhando ao redor da grande sala, não a vejo. Por um
momento me preocupo dela ter escapado enquanto eu não estava
prestando atenção, mas então noto seus pais, Dax e Regan
avançando lentamente em direção à porta da frente.
CAPÍTULO 9

Dominik

As regras de mediação exigem que nos encontremos em um


local neutro. O lugar que combinamos é uma sala de conferências
em um hotel no centro de Phoenix. Representando a organização
Vengeance em um lado da longa mesa, estou sentado com nosso
advogado Fred Gruber, Christian Rutherford como gerente geral
e os três réus individualmente nomeados, Dax Monahan, Erik
Dahlbeck e Sebastian Parr, que é nosso diretor de
merchandising. Todos os três são vítimas de falsas acusações,
feitas pela mulher diretamente à minha frente.
Nanette Pearson não é nada como eu imaginava. Ela foi
descrita por nosso advogado como uma sereia do sexo,
manipuladora que magistralmente armou para três dos meus
funcionários para um processo de assédio sexual a fim de obter
um grande pagamento.
A mulher é muito bonita, sem dúvida. Mas seu próprio
advogado claramente teve uma participação em sua
“transformação”. Cabelo preso em um coque discreto,
maquiagem mínima e um terno preto monótono com uma blusa
abotoada até o pescoço completam seu conjunto. O toque final é
um colar de pérolas em seu pescoço.
Ela parece a vítima humilde e dócil, que é como tem se
portado desde que entrou com o processo. De acordo com ela,
Erik, Dax e Sebastian a atraíram para relações sexuais com a
promessa de que ela receberia algo valioso em troca, da equipe
do Vengeance. O que ela espera que esses “retornos” sejam, não
está claro, e estou interessado em ouvir seu pensamento hoje. No
entanto, é apenas para minha própria diversão. Não vou acreditar
em merda nenhuma que ela diga, porque confio totalmente nos
meus rapazes.
Ela está nisso pelo dinheiro e nada mais. Certo, Dax de fato
dormiu com ela, mas não há lei ou regra contra isso. Ele não
estava representando a organização em qualquer posição oficial
e não tinha poder ou autoridade para fazer qualquer promessa a
ela. Erik jura que nunca a tocou, e Sebastian a denunciou
diretamente a Christian depois que ela ofereceu sexo oral em uma
entrevista de emprego. Ela afirma que Sebastian exigiu isso dela
em troca de um emprego, mas eu não acredito. Se fosse esse o
caso, por que ele teria deixado seu escritório imediatamente
depois e ido diretamente a Christian para informá-lo sobre o que
aconteceu?
Resumindo, eu conheço esses homens.
Eles são meus homens e minha lealdade é para com eles.
Sem mencionar que, por meio de extensas investigações e
entrevistas, pudemos confirmar que Nanette é completamente
maluca e sempre vem com esquemas de enriquecimento rápido.
Além disso, ela tem um histórico criminal de pequenos furtos e
falsificações. Eu colocaria sua credibilidade contra meus caras
em qualquer dia da semana.
Apesar de tudo, a mediação hoje é simplesmente uma
tentativa de ver se podemos resolver a questão. É algo que os
tribunais preferem por conveniência.
Hoje, Fred Gruber havia se encontrado conosco para
explicar o processo e o que ocorreria. Primeiro, haveria uma
apresentação do advogado de Nanette para expor seu caso e por
que eles acreditam que ela tem direito a uma compensação.
Então Fred teria a chance de detalhar nossa defesa e por que
acreditamos que ela não tem direito a nada. Após seus discursos,
um mediador neutro supostamente fará sua mágica para entrar
em negociações e chegar a um acordo sobre uma quantia que
seja justa para todas as partes.
Fred nos ordenou que mantivéssemos nossas bocas
fechadas, nossas expressões brandas e nosso temperamento sob
controle. Vai ser difícil, com certeza. Especialmente ouvir essa
mulher contar mentiras, sabendo que espera que eu pegue minha
carteira para entregar seu dinheiro.
O mediador é um advogado mais velho recém-aposentado
que usa gravata-borboleta e suspensórios. Ele começa fazendo
algumas observações sobre a importância do processo de
mediação e como precisamos ser respeitosos com os dois lados.
Não é um problema. Afinal, sou um empresário e entendo a arte
das negociações.
O sino da batalha soa metaforicamente quando o advogado
de Nanette pigarreia e, em seguida, inicia sua apresentação do
caso. É difícil ouvir enquanto ele apresenta metodicamente
supostos fatos que eu sei que são mentiras descaradas, mas
Gruber lembrará ao grupo que ela já tinha como alvo pessoas
com falsos processos civis antes. Nossa investigação sobre seu
histórico rendeu muitas informações úteis.
Minha nuca esquenta um pouco quando ele começa a
contar o quanto sua cliente ficou traumatizada. Como ela
incorreu em imensa dor e sofrimento. Nanette abaixa a cabeça
enquanto brinca com seu colar, com um leve sorrisinho no rosto.
Essa alegação também será descartada por Gruber, pois nossos
investigadores a seguiram, e a mulher está tudo menos
traumatizada. Ela leva uma vida altamente social, com muitas
festas e flertes com o sexo oposto. Na minha opinião, ela está
procurando seu próximo objetivo. Além disso, descobrimos que
ela está comprando imóveis de alto padrão, os quais ela não pode
pagar em seu estado financeiro atual. Ela está tentando gastar o
pagamento antes mesmo de ser recebido.
No momento em que seu advogado termina o procedimento,
meus dedos estão enrolados com força em torno dos braços da
minha cadeira.
— Em conclusão… — ele diz com muita prepotência.
Nanette me olha nos olhos enquanto ele continua: — Estaríamos
dispostos a desistir do processo e chegar a um acordo por quatro
milhões de dólares. Tenho certeza de que você vai concordar que
é muito menos do que ela merece pelo que passou.
Nanette levanta o queixo, um sorriso confiante enfeitando
seu rosto. Ela sabe que sou eu com o talão de cheques gordo e
não tem dúvidas de que vou pagar o que ela quiser.
Nosso advogado rabisca algumas notas em seu bloco de
notas, em seguida, faz um pouco de drama olhando para cima e
parecendo surpreso por eles terem terminado sua apresentação
como se não fosse importante o suficiente para ouvir, mas eu sei
que ele estava absorvendo cada palavra.
Ele limpa a garganta, abaixa a caneta e junta as mãos sobre
a mesa enquanto lança um olhar severo para o outro advogado.
— Embora aprecie a perspectiva da sua cliente sobre o que
ela pensa que aconteceu, acreditamos...
— Espera aí, — eu digo, endireitando-me na cadeira. No
momento, o olhar de Nanette permanece fixo em mim, mas agora
seu escrutínio se intensifica. Eu interrompo o contato visual para
me dirigir a Gruber. — Sinto muito, Fred, mas preciso dizer algo.
— Eu realmente aconselharia que não o faça, — ele afirma,
mas seu tom transmite que ele está ciente de que eu não vou
ouvir.
Eu estudo as duas pessoas à minha frente Nanette Pearson
e seu advogado. Por enquanto, nem me preocupei em olhar para
os meus rapazes, todos os três à minha esquerda. Mas eles não
são importantes agora porque não fizeram nada de errado.
Não dou a mínima para Nanette, falando apenas com seu
advogado porque ela não é nada para mim.
— Eu entendo que você tem um trabalho a fazer, — eu digo,
mantendo meu tom de voz, sem ser confrontador. — E nos dias
de hoje, é mais importante do que nunca assumirmos o papel de
proteger aqueles que não podem se proteger.
Quando deixo meu olhar pousar em Nanette, ela está
realmente se inclinando para frente, ouvindo cada palavra.
Porque, em sua mente, essas palavras são a validação de que ela
está se preparando para se tornar rica.
Movendo-me na cadeira, olho entre Dax, Sebastian e Erik.
Todos estão com expressões tensas, sem saber o que diabos estou
fazendo.
Eu nem me preocupo em olhar para Gruber.
Finalmente, volto minha atenção para Nanette, travando
meus olhos nos dela. Minha voz fica cortante.
— Mas se você acha que vou pagar a porra de um centavo
do meu dinheiro para recompensá-la por nada além de mentiras
e manipulações bizarras, um golpe que você maquinou para ficar
rica enquanto destrói a reputação de homens bons, então eu
sugiro que você se interne em um centro psiquiátrico para um
check-up porque isso nunca vai acontecer.
Gruber solta um longo suspiro de resignação, sabendo que
acabei de mandar esta mediação direto para o inferno.
Que assim seja.
Eu me levanto da cadeira, abotoo meu paletó e gesticulo
para meus jogadores.
— Vamos. Temos coisas melhores para fazer.
Todos os três levantam de seus assentos. Gruber suspira
novamente enquanto começa a guardar seus papéis.
O advogado de Nanette fica paralisado, olhos arredondados
e boca aberta.
— Se isso não ficou claro, deixe-me reiterar. Não vou pagar
a esta mulher um centavo. Nem agora, nem nunca. Você pode
continuar este processo por sua própria conta e risco, mas lutarei
com você com todo meu arsenal. Vou afundar você em honorários
legais e descobrir todos os detalhes desagradáveis sobre a sua
cliente, e acredite em mim, já temos muitos, mas tenho certeza
de que há mais. Ela quer ir à guerra comigo, então esteja
preparado... Eu estou indo com artilharia pesada, o que incluirá
contrademandas por difamação, assedio e danos morais em
meus rapazes, bem como o pagamento de nossas despesas legais.
Eu sugiro que você a faça ter um pouco de bom senso.
Eu não olho para Nanette. Em vez disso, concentro-me no
mediador, que permaneceu em silêncio, a expressão atordoada.
Inclinando minha cabeça como desculpa, saio da sala de
conferências, seguido por Gruber e meus homens.
Assim que a porta se fecha atrás de nós, Gruber começa a
me atacar.
— Difamação? Assedio e danos morais? Você ao menos sabe
do que está falando? Você provavelmente a irritou e agora ela vai
processar e pedir mais dinheiro. Eu terei que fazer uma
indenização...
Eu me viro, ficando cara a cara com ele.
— Deixe-me lembrá-lo, Sr. Gruber... você trabalha para
mim, não o contrário. É a minha decisão sobre o que farei ou não
em relação a esta demanda, e não pagarei nada a ela. Portanto,
seu trabalho agora é lutar contra eles e não ceder em nada. Você
terá fundos ilimitados para travar esta guerra. Se não estiver de
acordo com sua sensibilidade, então tenho um exército de
advogados à minha disposição que ficarão felizes em fazer o que
eu pedir.
Gruber começa a gaguejar e recuar, dando garantias de que
ele pode lidar com o trabalho e o quanto ele admira e respeita
minha abordagem obstinada do caso.
Eu o deixo falar um pouco antes de colocar um fim nisso,
dizendo-lhe para me encontrar no meu escritório amanhã com
um plano de jogo para o nosso próximo movimento. Ele sai
correndo e eu me viro para encarar meus rapazes.
— Isso foi brilhante pra caralho, — Erik diz, o cara que
sempre vai resumir as coisas da forma mais crua. Eu não me
importo nem um pouco.
— Muito obrigado, Sr. Carlson, — Sebastian diz enquanto
estende a mão para eu apertar. — Obrigado por acreditar em
nós.
— De nada, — digo, mas então, como sempre faço, aponto:
— E é Dominik.
Sebastian balança a cabeça, sorrindo, e ele e Erik vão em
direção ao elevador. Isso deixa Dax e eu no corredor e, como de
costume, sua expressão diz que ele não se importa comigo.
Tanto faz. Eu não fiz isso por ele. Fiz isso pela minha equipe
como um todo.
Eu aceno antes de ir em direção ao elevador onde Erik e
Sebastian esperam.
— Dominik, — Dax chama, e eu me viro para encará-lo. Ele
parece um pouco desconfortável ao se aproximar um pouco mais,
baixando a voz. — Não me lembro de nenhum momento fora da
minha própria família em que alguém já tenha me defendido
daquele jeito. Não tenho certeza se algum dia poderei retribuir.
Pisco surpreso, não esperava uma gratidão tão sincera do
homem que tenho quase certeza que me odeia porque gosto de
sua irmã.
Não tenho certeza do que mais dizer, eu respondo:
— De nada.
— Você sabe que vai ter uma reação adversa com isso, —
ele continua franzindo a testa com preocupação. — Descartar as
reivindicações dela tão... insensivelmente. Ela vai parar na
imprensa e isso vai fazer você ficar mal.
— Que assim seja, — eu digo calmamente. — Eu não
cederei a golpistas e mentirosas. A verdade acabará
prevalecendo. Mas eu sugiro que você não se preocupe com isso.
Eu vou cuidar de tudo. Você apenas se concentre em nosso
próximo jogo de playoff.
— Eu farei, chefe, — ele responde de brincadeira. Pela
primeira vez desde que o conheço, ele me oferece um sorriso
verdadeiro e genuíno.
Eu retribuo seu sorriso enquanto caminhamos para os
elevadores.
— Você sabe, — ele diz, — Willow pode ser desagradável às
vezes.
Estou surpreso que ele tenha mencionado voluntariamente
sua irmã, e isso me faz parar no meio do caminho. Eu inclino
meu corpo para encará-lo, as sobrancelhas levantadas.
Dax encolhe os ombros, como se também não pudesse
acreditar que está falando.
— Tudo o que estou dizendo é não desista dela.
— Não tenho intenção de fazer isso, — eu garanto.
Não tão cedo.
— Bom, — ele responde levantando o queixo, o que
considero um sinal de que agora tenho sua aprovação.
Tenho que dizer... é uma sensação boa, embora eu ache que
sentirei falta de torturá-lo com meu interesse por sua irmã. Só
um pouco.
Viramos para os elevadores novamente, mas sou
interrompido por sua mão pousando no centro do meu peito. Ele
inclina a cabeça, baixando a voz para um grunhido de
advertência. — Mas só para reiterar... se você a machucar, eu
vou te machucar.
— É justo, — eu respondo.
CAPÍTULO 10

Willow

Dominik sai da limusine, virando-se imediatamente para


me oferecer a mão. O motorista fica ao lado, segurando um
guarda-chuva sobre a cabeça para se proteger contra o ataque da
chuva de Seattle que começou enquanto estávamos no caminho
da arena para o hotel. Enquanto Dominik me ajuda a sair do
veículo, ele sai da proteção do guarda-chuva para que possa ficar
somente para mim. O motorista tenta ajustar sua postura para
cobrir nós dois, mas Dominik apenas o puxa de sua mão para
cobrir apenas a mim.
É alfa, protetor e doce ao mesmo tempo.
E sim, eu gosto disso.
Caminhamos rapidamente para entrar no Four Seasons,
Dominik suavemente entregando o guarda-chuva ao motorista da
limusine antes de entrarmos. Ele limpa as gotas de água de seu
terno e, em seguida, passa os dedos pelo cabelo molhado com
uma risada.
Esse terno provavelmente custa milhares de dólares, mas
ele ficou molhado para que meus jeans Gap e minha camisa de
hóquei Monahan ficassem secos.
Eu gosto disso também.
— Fiz o check-in antes do jogo, — explica Dominik
enquanto me leva diretamente para os elevadores, com a mão na
parte inferior das minhas costas. É o máximo que ele me tocou
desde que colocamos os olhos um no outro pela primeira vez no
jogo.
Conforme planejado, voei de Ottawa direto para Seattle,
depois peguei um Uber direto para a arena. Dominik insistiu que
eu me sentasse no camarote do visitante e eu não discuti com
ele, apenas me certifiquei de que Regan também fosse convidada.
Ela já estava lá quando cheguei e depois que abracei minha
cunhada, Dominik apenas se inclinou e me deu um beijo suave,
mas muito rápido, na minha bochecha.
Acho que a mensagem foi clara.
Dominik não ia falar abertamente sobre nosso
relacionamento na frente de outras pessoas, e o camarote estava
cheio com muitas delas. Ele me apresentou a todos, alguns dos
quais esqueci imediatamente seus nomes. Era uma mistura de
empresários ricos de Los Angeles com algumas celebridades
incluídas no meio. Enquanto o jogo se desenrolava no gelo,
Dominik passava grande parte do tempo conversando com os
convidados e indo em cada grupo. No entanto ele fez isso com um
olho sempre no gelo, muitas vezes interrompendo conversas para
gritar uma obscenidade para o árbitro ou o que fosse apropriado.
Na maior parte, ele me ignorou e, francamente, foi um alívio
porque não tenho certeza de como eu teria reagido. Admitindo
isso apenas para mim, pensei muito sobre ele nos últimos quatro
dias.
Dominik principalmente me deixou tranquila enquanto eu
estava fora. Ele mandou mensagem algumas vezes para verificar
como as coisas estavam indo. Uma vez, ele me disse que mal
podia esperar para me ver. E eu mandei uma mensagem para ele
depois que o Vengeance ganhou do Seattle no jogo dois por 3-2
para parabenizá-lo.
Sua resposta de, mal posso esperar para comemorar com
você, me fez sentir toda nervosa e carente.
Eu não gostei, mas deixou claro que o homem tinha um
efeito sobre mim que eu não conseguia controlar.
Mas agora, com sua mão na parte inferior das minhas
costas sentindo-a pesada, possessiva e quente, eu percebo que a
obsessão que tive por ele nos últimos dias era justificada. E eu
vou admitir para mim mesma, mas certamente não para ele, que
ele meio que me fisgou.
De uma forma não sentimental, é claro. Só quero dizer que
estou fascinada e gosto de passar o tempo com ele entre os
lençóis e, portanto, estou bastante satisfeita com essa coisa sem
amarras que temos.
E isso é tudo.
Eu juro.
Pegamos o elevador até o décimo andar, e Dominik me
conduz até uma sala no final com uma placa dourada ao lado da
porta que proclama ser a suíte presidencial.
— Uau, — eu digo lentamente enquanto ele abre a porta.
— Que elegante.
Dominik grunhe, conduzindo-me para dentro com a mão
nas minhas costas. Ele caminha até um bar que flanqueia uma
grande sala de estar enquanto tira o paletó, que joga sobre uma
cadeira. Mostrando o tamanho da sala, ele abre uma garrafa de
vinho.
— Quase duzentos metros quadrados, dois quartos, dois
banheiros. Você não pode ver agora porque está escuro e
chuvoso, mas você e eu vamos desfrutar do nosso café da manhã
com uma vista deslumbrante de Puget Sound, Elliot Bay e as
Olympic Mountain. Nada pode superar o trio de paisagens que
este quarto de hotel oferece.
— Estou quase com medo de saber o quanto isso te custou,
— eu digo enquanto ele me entrega uma taça de vinho.
— Apenas $ 6.900 por noite, — ele responde com uma
piscadela. — Mas posso assegurar que essa quantia não me
prejudica em nada.
Rindo, eu caminho pela sala de estar, dando uma olhada
rápida na luxuosa suíte máster. Estou de costas para ele quando
comento:
— Não consigo nem compreender o tipo de riqueza que você
tem.
De repente, ele está bem atrás de mim, lábios no meu
ouvido.
— Por que minha riqueza a incomoda tanto?
Eu me viro para encará-lo, notando que ele carrega um copo
com um líquido âmbar.
— Isso não me incomoda. Apenas confunde minha mente.
— Você acha que isso é frívolo? — Ele pergunta,
estendendo a mão livre para indicar as acomodações luxuosas.
— Um pouco, — eu admito antes de tomar um gole do
vinho.
— Então, no próximo jogo fora de casa, ficaremos em um
motel, — diz ele com magnanimidade. — Promessa.
Rindo, eu balanço minha cabeça.
— Não vamos nos deixar levar agora.
Dominik sorri, pega minha mão e me leva para o quarto.
Minha pulsação acelera, sabendo o que está por vir e me
perguntando se ele sempre me fará sentir assim.
Espera.
Sempre?
Não pode haver um sempre, Willow. Você precisa se livrar
desses pensamentos.
Ele solta minha mão, tira os sapatos e sobe na cama.
Posicionando-se contra a cabeceira da cama, sem derramar uma
gota de sua bebida, ele sorri e dá um tapinha no colchão.
— Venha me contar tudo sobre sua viagem a Ottawa.
Por um momento, sinto o pânico passando por mim. Por
mais coisas sujas que ele fez ao meu corpo, ele não fez nada tão
íntimo quanto pedir que eu deitasse na cama com ele enquanto
desfrutamos de bebidas e conversamos.
Ele também vê no meu rosto.
— Relaxe, Willow, — ele fala lentamente. — Só quero tomar
um drinque com você e podemos ficar nos olhando em silêncio
ou conversar. Ottawa parece muito fácil de discutir, certo?
Eu solto um suspiro, seguida de uma risada nervosa.
Subindo na cama, equilibro minha taça de vinho tinto sem me
preocupar em tirar os sapatos como ele fez. Ele parece tão
perfeitamente gostoso esticado ali em seu terno chique, cabelo
molhado e gravata pendurada torta por causa do ângulo em que
está reclinado. Em contraste com a minha camisa gigante, jeans
rasgados e cabelo em um rabo de cavalo desleixado, não tenho
certeza do que ele vê em mim, mas não penso muito sobre isso.
Nunca fui do tipo que fica obcecada se minha aparência é boa o
suficiente para alguém. Um homem me quer ou não. Se ele não
me quer, ele é quem perde, não eu.
Pelo menos, essa é a minha atitude hoje em dia.
— Então... Ottawa, — Dominik pede.
Eu arrasto meu dedo pela borda da taça de vinho, refletindo
sobre meus últimos quatro dias lá.
— Foi bom. Nada muito emocionante aconteceu, a menos
que você conte o fato de que alguns garotos jogaram tomates na
polícia de Ottawa e foram presos.
Dominik ri.
— Você já fez algo assim quando estava na faculdade?
— O que te faz pensar que eu fui para a faculdade? — Eu
pergunto.
— Não banque a misteriosa comigo, — ele rebate com uma
expressão severa. — Eu sei que você foi para a State Michigan.
Em que você se graduou?
Não faço ideia de como ele sabe disso. Talvez as redes
sociais, talvez meu irmão, ou inferno... talvez meus pais tenham
contado isso em algum momento em uma das poucas vezes em
que o encontraram. Não é realmente importante.
— Fotojornalismo, — digo, e acrescento. — E é claro que
fiz coisas malucas na faculdade. E você?
— Nunca terminei a faculdade, — diz ele, o que me choca
totalmente. Como eu não sabia disso sobre ele?
— Você está brincando comigo? — Minha boca fica
ligeiramente aberta e eu a fecho rápido. — Quero dizer... isso é
de conhecimento comum?
Dominik encolhe os ombros.
— Não é segredo. Quero dizer, a imprensa fez um grande
alarido sobre isso quando comprei os Quakes, mas não é uma
notícia tão emocionante hoje em dia.
Eu apenas fico olhando... ansiosa. Um homem que não se
importa em gastar quase sete mil por noite em um quarto de hotel
nem tinha terminado a faculdade. Quero dizer, não que as
pessoas precisem ter um diploma para ter sucesso nesta vida. Eu
sei.
Mas caramba, se isso não o torna ainda mais misterioso e
emocionante, e eu quero saber mais.
— Então, como exatamente você ficou tão rico e...
— Maravilhoso? — Ele interrompe, seus lábios se curvando
maliciosamente.
— Você é razoável, — murmuro, tomando outro gole do meu
vinho. — Mas, falando sério... me diga como você fez isso. Quero
dizer, talvez eu possa me tornar uma multimilionária como você.
— Bilionário, — ele corrige.
— Tanto faz, — eu respondo revirando os olhos. — Então,
delicia. Conte-me todos os detalhes sangrentos.
Dominik se acomoda nos travesseiros recostados na
cabeceira da cama e toma outro gole de sua bebida.
— Bem, eu fui para a UCLA e estava na metade do meu
segundo ano de licenciatura em administração geral quando um
amigo e eu abrimos uma empresa de rádio pela internet no
campus. Era mais um hobby do que qualquer outra coisa, mas
então começamos a conseguir patrocinadores e atrair dinheiro
decente para publicidade. Nosso argumento de venda não foi
categorizar a música por décadas ou gêneros, mas por emoções.
— Emoções? — Eu pergunto, meu queixo caído de
surpresa.
— Digamos que você voltou de um dia difícil de trabalho e
seu cérebro está absolutamente doendo. Você quer tomar um
banho de espuma quente e simplesmente deixar tudo acalmar.
Imagine ter uma lista de reprodução de música apropriada ao seu
alcance.
— “Calgon take me away.” — Eu rio, fazendo referência ao
comercial antigo e icônico.
Dominik acena com a cabeça, rindo.
— Nós o chamávamos de canal Calgon. Ou digamos que
você estava com raiva e chateada, e só queria jogar coisas e a sua
raiva contra o mundo. Tínhamos uma lista de reprodução de
música agressiva e raivosa. Ou você queria uma festa dançante.
Ou canções de ninar para seu filho. Todos os nossos canais
estavam direcionados para um estado de ânimo.
— Isso é brilhante, — eu digo, minha voz repleta de
admiração.
— Nós a batizamos de Rádio Verve. Antes do final de nosso
segundo ano, recebemos uma oferta de compra por 48 milhões
de dólares.
— Oh meu Deus, — eu exclamo.
— Peguei aquele dinheiro e depois investi parte em
empreendimentos de alto risco. Quando rendeu seus bons frutos,
abandonei os estudos e nunca mais voltei.
— E então você comprou um time de basquete, —
murmuro.
— E uma equipe de hóquei.
— E uma equipe de hóquei, — eu concordo com uma
risada. Tomo outro gole do meu vinho. — A propósito, Dax me
disse que o processo contra ele, Erik e Sebastian foi arquivado.
Dominik acena com a cabeça, seus olhos iluminados com
satisfação. Também sei por quê, porque meu irmão também me
contou que Dominik enfrentou a Nanette Pearson, disse que ela
era uma mentirosa e se ela quisesse enfrentá-lo, seria como ir
para a guerra. Aparentemente, na manhã seguinte, eles foram
informados de que seu advogado havia desistido do processo e
fez uma breve declaração à imprensa a respeito. A Vengeance
permaneceu estoicamente silenciosa sobre a situação.
— Dax ficou extremamente impressionado com você. — Eu
sorrio, muito ciente do quanto meu irmão não gosta de Dominik.
Melhor dizendo, não gostava.
Eles provavelmente terão um bromance agora.
— Foi a coisa certa a fazer, — diz Dominik sem rodeios.
— Mas alguns milionários...
— Bilionário. — Ele me dá um sorriso malicioso.
— A maioria dos multibilionários teria pago algo a ela para
fazê-la ir embora. Teria sido a coisa mais fácil a fazer. Na minha
experiência, as decisões de negócios raramente são feitas sobre a
coisa certa a fazer, mas sim o que for mais fácil.
— Eu não trabalho assim. — Dominik toma um bom gole
de sua bebida antes de depositá-la na mesa de cabeceira. — Não
é quem eu sou.
— É estranho que eu esteja atraída por mais do que apenas
seu corpo e seu pau mágico agora? — Eu pergunto, chegando um
pouco mais perto.
Dominik sorri.
— Você realmente acha que meu pau tem propriedades
mágicas?
— Tem alguma coisa, — eu respondo sedutoramente.
Isso faz com que Dominik pegue minha taça. O olhar em
seus olhos é a prova de que estou bem com isso. Ele o coloca na
mesinha de cabeceira ao lado de seu copo quase vazio, então rola
para trás, sua mão indo atrás da minha cabeça.
Quando sua boca atinge a minha, eu me deito de costas, os
braços envolvendo ao redor dele para puxá-lo.
O grande corpo de Dominik cobre o meu, sua língua
deslizando em minha boca. Isso sedimenta o que está no fundo
da minha mente, estive mais do que obcecada por ele nos últimos
quatro dias.
Eu realmente senti falta dele.
CAPÍTULO 11

Willow

Quando chego no Ranch Shërim, agradeço silenciosamente


a Regan por me deixar usar seu carro hoje, já que ela está saindo
com Dax. É raro o dia que ele tenha folga nos playoffs, mas a
primeira rodada acabou e Vengeance acabou ganhando da
Seattle Storm em quatro jogos. A próxima rodada só começará
nos próximos quatro dias, quando estaremos recebendo o
Vancouver Flash para o primeiro jogo.
Acordar na cama de Dominik Carlson pelo quarto dia
consecutivo não é necessariamente uma coisa ruim. Na verdade,
parecia quase natural eu acabar lá todas as noites. Fiquei com
ele em sua suíte presidencial em Seattle quando Vengeance
derrotou a Storm nos jogos três e quatro. Voltamos para Phoenix
com nada além de tempo em nossas mãos até o segundo turno
começar, e eu fiquei em sua nova casa nas duas noites seguintes.
Tentei resistir, argumentando que não precisávamos passar
todas as noites juntos. Ele respondeu com:
— Tudo bem. Almoce comigo durante o dia, e eu terei o
prazer de dar-lhe uma folga durante a noite.
Minha boca se fechou. Discutir era inútil. Ele deixou seu
ponto claro. Ele queria um tempo comigo e preferia noites assim
como eu, mas se eu não lhe desse isso, ele iria insistir em pegar
alguma coisa.
Como ele me disse antes, ele era ganancioso quando se
tratava de mim e, francamente, isso era mais excitante do que
desagradável.
Neste ponto, me resignei a desfrutar da atenção de Dominik
e ele é uma boa distração enquanto estou na área para torcer por
meu irmão nos playoffs.
Uma distração extremamente agradável.
E não há perigo de isso se transformar em algo mais. Ambos
concordamos que é apenas o que é, o que faz com que meu
argumento contra passar todas as noites com ele não tenha
mérito.
Então, sim... foi bom acordar com ele.
Hoje, Dominik está fazendo tudo o que os multibilionários
fazem. Tenho planos com ele mais tarde. Ele insistiu que
fôssemos a um bom restaurante, o que significa que terei que
comprar um vestido bonito.
Tudo bem, mas por agora... é hora de conhecer Nora.
Eu estive em Kosovo por pouco mais de um mês antes de
vir para Phoenix para os playoffs. Como fotojornalista, viajo pelo
mundo todo. Essa tarefa específica era cobrir o vigésimo
aniversário das guerras de Kosovo.
Sem que eu soubesse, o colega de equipe do meu irmão,
Tacker, começou a fazer terapia com uma mulher chamada Nora
Wayne. Ela é proprietária do Ranch Shërim e usa cavalos em
algumas de suas terapias.
Nora, em uma estranha reviravolta do destino do nosso
mundo pequeno, morou em Kosovo. Ela é albanesa e sua família
era composta de rebeldes que foram tragicamente exterminados
pelos sérvios. Ela era apenas uma criança e a única sobrevivente.
Dax e Tacker me ligaram algumas semanas atrás,
colocando-me no viva-voz. Eles me contaram tudo sobre Nora e o
que ela passou, e Tacker me pediu um favor. Fiz isso de bom
grado por ele e Nora, que eu nem conhecia.
Isso vai mudar agora.
Saio do meu veículo e subo os degraus da varanda da casa
principal do rancho. Nora me convidou para o café da manhã
porque tenho coisas para compartilhar com ela.
Não há tempo nem para levantar minha mão para bater na
porta da frente antes que ela seja aberta por Tacker Hall.
Concedido, eu o vejo desde que voltei, mas foi principalmente no
gelo, onde ele está totalmente arrasando.
Mas não há dúvida de que o homem sorridente é diferente
daquele que eu conhecia antes de partir.
Dax explicou sobre a transformação de Tacker. Como o
homem normalmente taciturno agora ria fácil, mais leve no gelo,
e uniu a equipe com seu retorno.
No entanto, ainda fico surpresa quando ele cruza a soleira
e me envolve em um grande abraço de urso. Ele me aperta com
força.
— É tão bom ver você.
Quando ele me solta, eu rio.
— Você realmente mudou. Dax me disse que você não era
mais um idiota, mas eu não pude acreditar até agora que vejo
com meus próprios olhos.
Tacker inclina a cabeça para trás e dá uma risada
estrondosa, seus olhos brilhando enquanto ele balança a cabeça
divertido.
— Eu gosto de como você sempre diz o que pensa.
Eu o estudo por um momento, e está claro como o dia.
Ele está curado.
Seu coração foi curado.
Sua alma renasceu.
— Entre, — ele diz, recuando e apontando para mim. Eu
entro, notando várias caixas na sala de estar.
— Você está mudando? — Eu pergunto quando ele fecha a
porta.
— Sim... um pouco antes dos playoffs começarem. Meu
apartamento era um lixo, e não na melhor área. Já que Nora
trabalha aqui, é apenas mais conveniente se ficarmos no rancho.
— Este lugar é lindo, — comento enquanto Tacker me
conduz pela casa.
— Eu amo isso aqui, — ele responde por cima do ombro.
— Nora até me fez andar a cavalo, o que eu odiava.
Quando entramos na cozinha, meus olhos pousam em Nora,
que está curvada pela cintura e puxando uma panela com o que
parece e cheira a rolos de canela do forno. Ela os coloca no fogão
e se vira em nossa direção com um sorriso. Minha respiração fica
presa ao vê-la.
Ela é deslumbrante.
Quero dizer... supermodelo linda.
Seu sorriso faz com que sua beleza seja ampliada para
proporções quase dolorosas, mas é a luz em seus olhos que
aumenta a magia. É óbvio que ela é um bom ser humano.
Tacker nos apresenta.
— Querida... esta é Willow Monahan.
Nora tira a luva de forno antes de se aproximar de mim.
Quando eu estendo minha mão, ela a contorna, envolvendo-me
em um abraço caloroso e abrangente que dura por vários
momentos. Sem uma palavra trocada entre nós, posso sentir sua
gratidão saindo de seu corpo para o meu.
Ela se afasta, as mãos nos meus ombros e me olha de frente.
— Obrigada por tudo que você fez por mim.
— Não foi nada, — eu digo, minhas bochechas esquentando
um pouco.
Ela ri.
— Foi tudo para mim.
Minhas bochechas esquentam e ela me solta, apontando
para a mesa.
— Sente-se. Quer uma xícara de café?
— Isso seria ótimo, — eu respondo enquanto me movo para
tomar um assento.
— Vou pegar o café e os pãezinhos, — oferece Tacker, e eu
fico surpresa. Ele realmente mudou. — Vocês duas sentem e
conversem.
Nora vai até Tacker, põe a mão no quadril dele e fica na
ponta dos pés para beijá-lo. Ele fecha os olhos para receber seus
lábios e meu coração bate em resposta ao seu amor. Por um
momento, um mero instante acho que talvez queira isso algum
dia.
Então a realidade absoluta me dá um tapa na cara, um
lembrete de que tentei uma vez. O amor fez merda comigo, tanto
que ficarei feliz sem esse tipo de devoção, muito obrigada.
— Sente-se, — diz Nora enquanto se dirige para a mesa.
Puxo uma cadeira, sentando e pego meu iPad da minha
mochila.
— Trouxe algumas fotos para você.
Nora congela, fica no meio do caminho para a cadeira
acolchoada ao meu lado, com os olhos arregalados de surpresa.
Eu ligo o tablet.
— Passei algum tempo na Albânia e em Kosovo, incluindo o
Vale do Drenica.
Nora finalmente se abaixa. Respirando fundo, ela o libera
lentamente.
— Se você preferir, — eu ofereço rapidamente. Nunca me
ocorreu que ela pudesse não querer ver a área que um dia fora
sua casa. Quando Tacker me convidou para vir, ele disse que
Nora estava interessada por informações sobre Kosovo e como era
hoje. Ela não voltou desde que saiu há vinte anos.
— Não, — ela exclama, me dando um sorriso confiante. —
Eu quero vê-las. É mais do que eu jamais pensei que seria
possível. Quero dizer... você encontrando os túmulos da minha
família e...
Ela para, pois é um momento difícil. Eu tinha, de fato,
localizado os túmulos. Dois deles um enorme buraco no chão
onde jogaram sem cerimônia os corpos dos rebeldes depois que
foram massacrados e os cemitérios decentes que os
trabalhadores internacionais da paz lhes deram anos depois.
Tirei muitas fotos de ambos, junto com algumas das belas
paisagens, edifícios antigos e pessoas interessantes.
Com a ajuda da embaixada, também comecei a descobrir
como fazer para que a família de Nora fosse desenterrada e se
mandada para os Estados Unidos para ser enterrada no Ranch
Shërim ao lado de sua mãe adotiva, Helen Wayne. É a principal
razão pela qual eu pensei que Nora e Tacker queriam que eu
aparecesse hoje, para que eu pudesse contar a eles tudo o que
descobri.
— Não consigo imaginar os horrores que você sofreu, —
digo. Dax me contou sobre isso e se eu tivesse que assistir minha
família ser morta a tiros, não tenho certeza se poderia ter
sobrevivido como Nora. — Então, não tenho certeza se essas
fotos serão curativas ou não. Mas elas são lindas. A Albânia é
linda, como tenho certeza de que você se lembra. E as pessoas de
lá são tão bonitas. Podemos começar, se você quiser.
É onde ela nasceu. Pelo que entendi ela não morou lá muito
antes de sua família se mudar para Kosovo, mas ainda é sua
herança.
— Sim, por favor, — diz ela ansiosa, mas sua voz treme
ligeiramente. Tacker vem por trás dela, inclinando-se para
colocar duas xícaras de café na mesa. Ele pressiona um beijo no
topo de sua cabeça enquanto seus olhos encontram os meus.
Posso dizer que ele está feliz por eu ter trazido fotos e ele
obviamente pensa que será bom para ela.
Pela próxima hora, nós comemos rolos de canela enquanto
percorremos minha filmagem. Só vou mais rápido quanto Nora
quer, começando pelo país de sua infância, a Albânia, antes dela
corajosamente seguir para Kosovo. Ela estuda cada uma das
fotos, às vezes em silêncio e outras vezes contando a Tacker e a
mim sobre um momento feliz de que ela se lembra. Isso traz
lágrimas aos seus olhos e aos meus. Tacker segura a mão dela o
tempo todo.
Eu termino o último gole da minha segunda xícara de café,
o iPad desligado agora, enquanto conversamos sobre os playoffs.
— Para onde você vai agora? — Tacker pergunta enquanto
Nora se levanta para levar os pratos e xícaras vazias para a pia.
Eu deslizo meu tablet em minha bolsa.
— Na verdade, acabei de receber uma oferta para um
emprego na República Democrática do Congo.
— Por que? O que há lá?
Eu faço uma careta.
— Guerra, epidemia, fome... o de sempre. Neste caso, no
entanto, a agitação sobre as próximas eleições.
— É perigoso? — Nora pergunta.
— Pode ser, — eu respondo com um sorriso. — Mas isso é
apenas parte do trabalho.
— A parte de que você gosta, — adivinha Tacker.
Embora seja verdade que sou um pouco viciada em
adrenalina, não gosto de colocar minha vida em perigo. Acontece
que eu amo tanto meu trabalho que é um risco que tenho que
correr.
— Eu gosto da adrenalina de pular de aviões ou mergulhar
com tubarões... — Eu me levanto da cadeira, então sorrio. —
Mas eu não gosto de levar tiros. Eu tomo todas as precauções de
segurança, e sempre temos nossa própria equipe de proteção.
— Então, você aceitará o trabalho? — Nora pergunta.
Eu encolho os ombros. — Preciso avisá-los logo, mas queria
tirar uma folga nas próximas semanas para os playoffs. O
Vengeance está fazendo história, você sabe.
— Nós estamos, — Tacker concorda com uma risada.
— Eu realmente preciso ir, — digo com pesar. — Eu tenho
coisas para fazer.
Nora me dá um sorriso malicioso.
— Droga... Eu esperava que pudéssemos conversar sobre
você e Dominik Carlson.
— Sim, — Tacker fala arrastado enquanto se levanta da
cadeira, os olhos brilhando com travessura. — O que está
acontecendo com vocês?
Eu me perguntei o que as pessoas sabiam ou suspeitavam.
Não é nenhum segredo que estive no camarote do dono para os
jogos. Sei que Dominik perseguiu pessoalmente meu irmão para
conseguir informações sobre mim de uma forma não tão
particular. Deus sabe que eu já o ouvi reclamar disso com
frequência. E Dominik certamente mostrou uma agressividade
silenciosa em relação a Wylde na festa da semana passada, e eu
pessoalmente conheço os jogadores de hóquei fofocando tanto
quanto as garotas do ensino médio.
— Digamos que estamos curtindo a companhia um do
outro temporariamente, — eu ofereço vagamente. — Mas depois
disso, tenho certeza de que seguiremos caminhos separados.
Nora inclina a cabeça.
— Por que?
— Porque o que?
— Por que seguir caminhos separados?
Tacker e Nora parecem incrivelmente confusos, mas eles
não me conhecem bem.
— Não estou procurando um relacionamento, — respondo.
— Não é minha praia.
— Nunca é, — diz Tacker, e o tom de sábia sabedoria
ecoando em suas palavras causa um arrepio na minha espinha.
— Até que seja.
CAPÍTULO 12

Dominik

Nunca considerei minha riqueza garantida, e esta é uma


dessas ocasiões. Uma das vantagens desta casa insanamente
bem equipada que comprei em Phoenix é um banheiro máster
praticamente projetado para ser habitável. É tão grande que tem
um conjunto de móveis de um lado com carpete macio embaixo.
Um sofá e duas espreguiçadeiras e, por mais que eu goste, não
consigo entender por que é necessário assento para mais de duas
pessoas em um banheiro.
Mas eu posso viver com essa estranheza porque a banheira
funda, que poderia facilmente acomodar quatro pessoas, é um
refúgio perfeito para relaxar com Willow depois de uma transa
extremamente vigorosa que nos deixou bastante suados. Com o
milagre de um sistema de água quente, temos uma piscina
profunda de água quente coberta com bolhas perfumadas para
mergulhar e relaxar.
Willow se senta entre minhas pernas abertas, reclinando-se
totalmente para que suas costas fiquem no meu torso. Eu tenho
uma esponja em uma mão, passando ao longo de seu braço.
— Kane Bellan parece estar se encaixando bem com a
equipe, — ela comenta.
Assim parece. Ele fez uma mudança rápida de Raleigh para
Phoenix na troca de Rafe, uma vez que as renúncias passaram, e
ele pisou no gelo conosco a tempo do segundo jogo contra o
Seattle. No quarto jogo, ele encontrou o equilíbrio e o ritmo e
contribuiu com um gol e três assistências na primeira rodada.
— Acho que o estilo de jogo dele é tão parecido com o de
Rafe que é muito mais fácil para nós. Realmente foi uma boa
troca.
— O que é bom, já que Vancouver não tem uma segunda
linha profunda. — Ela pontua isso com uma risada enquanto eu
coloco a esponja debaixo do braço e ao longo da lateral de seu
seio.
— Você sabe que me excita completamente que você possa
discutir hóquei comigo, — eu pondero, movendo a esponja para
o meio de seu peito. Eu coloco minha boca perto de sua orelha,
murmurando: — Isso me faz querer fazer coisas realmente sujas
com você.
— Mmmm, — ela responde preguiçosamente. — Eu estou
bem com isso.
Claro que ela está. Ela é inesgotável quando se trata de sexo,
o que combina perfeitamente comigo. Ela realmente gosta da arte
disso. Ama o orgasmo e tudo o que leva a ele. Ama dar e receber.
Às vezes, ela gosta de dar tanto que tenho que fazer com que ela
se deite e receba.
Ela é perfeita em todos os sentidos quando se trata de foder.
Quando eu movo a esponja para baixo em sua barriga, ela
se move contra mim, abrindo as pernas em um pedido silencioso
para que eu continue mais para o sul.
Quando eu deslizo sobre ela, ela se arqueia ligeiramente,
torcendo o pescoço para revelar a inclinação elegante de seu
pescoço e ombro.
As cicatrizes que percebi várias vezes, principalmente ao
fodê-la por trás ou esfregar sabão no chuveiro, aparecem através
da camada de bolhas que estão ali.
Eu paro meus movimentos para traçar uma das cicatrizes
com o dedo indicador da minha outra mão. É um pouco mais
profunda do que as outras, completamente branca contra o tom
oliva de sua pele.
— De onde você tirou isso? — Eu pergunto.
— Afeganistão, — ela responde em um tom tão blasé, que
não tenho certeza se ela está brincando comigo ou não.
— Afeganistão? — Não escondendo a incredulidade que
estou sentindo.
— Sim. Cerca de três anos atrás, eu acho. Fui atingida por
alguns estilhaços de uma explosão de RPG.
Estou tão surpreendido com essa revelação que me levanto
com força, o que empurra Willow para longe de mim. É bom, pois
preciso ver o rosto dela.
Ela se vira franzindo a testa.
— Você está brincando comigo? — Pergunto.
Suas sobrancelhas uniram-se, não muito feliz com o meu
olhar. Ela fala devagar... como se precisasse explicar algo para
um aluno do terceiro ano.
— Sou fotojornalista. Às vezes, trabalho em zonas de guerra.
— Você está brincando comigo — retruco, sem saber se
estou fazendo uma pergunta ou ordenando que ela obedeça.
Sua expressão faz com que uma vozinha na minha cabeça
comece a gritar, aborte, aborte, mas eu escolho ignorar.
— Você lida com protestos de estudantes e corre o risco de
ser atingida por um tomate, — eu a lembro como se estivesse a
par de todos os segredos misteriosos que compõem Willow
Monahan quando, na verdade, eu não sei de nada. — Isso é o
que você faz como fotojornalista.
— Não, — ela fala lentamente, a irritação clara em sua voz.
— Eu vou para qualquer trabalho que eu escolher, alguns dos
quais acontecem em áreas perigosas. Às vezes, tomates são
jogados. Outras vezes, podem ser granadas.
— Essa merda acaba agora, — quase grito.
E então... Willow ri. Cabeça jogada para trás, olhos bem
fechados, ela realmente agarra a barriga enquanto gargalha
histericamente.
Meu maxilar trava, os dentes começam a ranger.
Felizmente, ela não ri muito. Abrindo os olhos, ela os fixa
em mim com uma frieza que eu nunca tinha visto antes.
— Ninguém me diz o que posso e o que não posso fazer.
Isso simplesmente não é verdade. Nas últimas semanas,
Willow se curvou a uma série de exigências minhas. Eu sei, sem
dúvida, eu poderia pegá-la pela cabeça e enfiar meu pau em sua
boca sem uma palavra... e ela aceitaria como uma campeã.
Mas até eu percebo que isso é diferente.
Isso é sexo e eu já descobri que Willow gosta que eu assuma
o controle quando transamos.
Mas esta é a vida de Willow, e eu não tenho absolutamente
nada a dizer sobre isso.
Ainda assim, como um idiota, eu prossigo, tentando manter
uma calma que não sinto por dentro.
— Eu entendo que você ama o que você faz, Willow. Admiro
até. Mas você não acha que talvez devesse reconsiderar essa linha
de trabalho?
— Por que? — Ela exige, lutando para me encarar
totalmente. Cascatas de água e bolhas saem de seu corpo,
revelando sua glória para mim, mas pela primeira vez desde que
a conheci, não estou interessado nessa beleza.
— Porque você pode morrer, — eu respondo.
— Posso ser atropelada por um ônibus amanhã, — ela
aponta.
— Eu diria que as chances de isso acontecer são muito
menores do que ser explodida no Afeganistão.
— Não estou discutindo com você sobre isso, — ela
responde com veemência, girando para sair da banheira. Eu não
esperava isso, e rapidamente me levanto para sair atrás dela.
Ela pega uma toalha, enrola ao redor do corpo e sai pisando
forte para o quarto.
Pego uma toalha e rapidamente coloco em volta da minha
cintura. Quando eu a alcanço, ela está pegando suas roupas do
chão, onde foram descartadas antes.
Agarrando seu braço, eu paro seu progresso, forçando-a a
me encarar.
— O que você está fazendo?
— Indo embora, — ela responde.
— Por que?
— Porque eu tenho que me preparar para o próximo
trabalho que vou aceitar. Eu voo amanhã.
— O que? — Eu pergunto incrédulo. — Onde? Por que você
está me contando sobre isso agora?
Ela puxa o braço do meu alcance, então encolhe os ombros
para tirar a toalha. Inclinando-se, ela começa a colocar a calcinha
que pegou do chão.
— Porque eu não aceitei o trabalho até agora.
— Que trabalho? — Eu grito.
Ela desliza a calcinha sobre os quadris e me olha
diretamente nos olhos, um vislumbre de desafio ali.
— República Democrática do Congo. Alguma agitação
política lá. Pode ser muito, muito perigoso.
Ela está me provocando, mas eu sei que ela também não
está exagerando. O desejo de agarrá-la, jogá-la na cama e
amarrá-la para que ela não possa escapar é insuportável.
— Então você está aceitando um trabalho perigoso só para
me irritar? — Eu rosno. — Realmente maduro, Willow.
— Não, para provar a você que eu sou dona da minha vida
e você não possui nenhuma parte de mim.
Palavras erradas, Willow.
Muito desafio também.
— Você está errada sobre isso, — eu prometo enquanto
avanço, o estrondo sensual de minhas palavras deixando claro
que minha mente não está mais pensando em guerra e perigo.
— Dominik, não, — ela diz, com as palmas das mãos
voltadas para fora para me afastar. Ela volta para a cama, o que
é realmente perfeito.
Eu ataco, agarrando-a pela cintura e jogando-a na cama.
Ela tenta lutar para trás, mas eu caio em cima dela.
Nossos olhos se encontram por um momento, e eu digo a
ela uma verdade que ela nunca vai esquecer.
— Eu sou dono de cada pedaço seu.
Ela abre a boca para discutir, mas eu a encho com minha
língua em vez disso. Ela não luta contra mim nem por um
momento, suas mãos mergulhando em meu cabelo molhado para
me puxar com mais força contra ela.
O beijo é curto, e ela faz um som descontente quando minha
boca se afasta da dela. Mas então ela geme enquanto vou para o
pescoço, desço entre os seios e ao longo do estômago. Eu rolo
para fora dela apenas o tempo suficiente para empurrar sua
calcinha para baixo de suas pernas, e ela consegue tirá-la.
Então meu rosto está enterrado em sua boceta, suas pernas
estão sobre meus ombros e ela está balançando com força contra
minha língua. Não leva nenhum tempo para que goze, seu grito
através de seu próprio orgasmo validando minha reivindicação
sobre este pequeno pedaço dela.
Estou tão duro quanto uma rocha quando dou a ela uma
última lambida, em seguida, subo em seu corpo e penetro fundo.
Ela se arqueia para fora da cama, chamando meu nome. Eu
quero dar um grito de vitória quando começo a fodê-la.
Tínhamos deixado de lado os preservativos em Seattle após
garantias de monogamia e atestados de saúde. Já que ela
também toma pílulas anticoncepcionais, estamos fodendo sem
nada entre nós desde então e o sexo nunca foi tão íntimo. Sempre
usei camisinha, não importa a parceira.
Estou com a adrenalina alta, pois saber que o trabalho de
Willow é perigoso, que ela está e estará em perigo novamente e
não parece dar a mínima para isso, e me incitando a afirmar meu
domínio sobre ela na cama. Isso me fez penetrá-la com tanta força
que tenho medo de estar machucando-a.
Mas ela está cravando as unhas na minha bunda, ofegando:
— Mais forte. Mais forte, — no meu ouvido.
Deus, nós somos perfeitos juntos. Por que ela não consegue
ver isso?
Sem aviso, Willow começa a gozar novamente, sua boceta
apertando em torno do meu pau e eu me perco, gozando dentro
dela tão forte que soltei um rugido primitivo com o meu orgasmo.
Eu desabo sobre seu corpo, completamente vazio e sem
saber onde meu mundo está.
Mas ela deixa tudo muito claro me empurrando para fora de
seu corpo.
Relutantemente, eu rolo para o lado e ela sai da minha cama
sem olhar para trás. Silenciosamente, ela puxa as roupas e
caminha em direção à porta do meu quarto.
Eu não faço nenhum movimento para impedi-la, mas lanço
meu próprio desafio.
— Não faça isso, Willow. Se você for, não posso continuar
com isso. Eu não quero esse tipo de preocupação.
Ela para na minha porta, sua mão indo para o batente como
se ela precisasse se firmar. Ela se vira levemente em minha
direção, talvez se perguntando se vou dizer mais alguma coisa.
Eu não vou. Deixei minha posição clara e não negócio.
Prendo minha respiração, esperando que ela reconsidere.
Apenas se vire, Willow. Vamos conversar sobre isso. Tenho
certeza de que posso fazer você ver a razão.
Em vez disso, quando sua coluna se endireita e sua mão se
afasta do batente, eu percebo que perdi. Com a cabeça erguida,
ela sai do meu quarto e não olha para trás.
CAPÍTULO 13

Dominik

— Eu não me importo, Roger, — eu grito ao telefone. A


mulher ajoelhada na minha frente faz um ruído impaciente,
batendo um dedo na parte interna da minha coxa. Eu abro
minhas pernas um pouco mais. — Entregue esse prospecto até
o fechamento do negócio hoje ou encontrarei outro lugar para
investir meu dinheiro.
Depois de desligar a ligação, eu olho fixamente para fora da
janela do meu escritório para o horizonte de Phoenix. Não é típico
de mim ser um idiota com meus colegas de trabalho, mas os
últimos dias não foram bons. Willow saiu pela minha porta seis
dias atrás, e eu não tenho a menor ideia de onde ela está ou se
ela está viva.
Claro, fico dizendo a mim mesmo que não devo me
preocupar com isso. Eu disse a ela que tínhamos acabado porque
não podia me preocupar com ela e, ainda assim, aqui estou eu,
descontando minha raiva naqueles que não a merecem.
Para aumentar meu estresse, perdemos o primeiro jogo da
segunda rodada dos playoffs para a Vancouver Flash na noite
passada. Nossa equipe parecia uma merda, o que corresponde às
minhas emoções exatamente porque agora me sinto culpado por
Willow ter partido. Talvez se eu não tivesse exigido coisas dela,
ela não teria ido embora. Tenho a nítida impressão de que sou a
razão exata pela qual ela aceitou a oferta de emprego que a enviou
para uma área perigosa do mundo.
Eu olho para a mulher diante de mim, as mãos trabalhando
de forma eficiente em mim. Eu tenho uma reunião em dez
minutos para a qual devo estar me preparando e ela não é nada
além de uma distração.
Uma batida forte na minha porta me faz olhar por cima do
ombro. Ela abre e Dax enfia a cabeça para dentro.
Eu sorrio em boas-vindas e por um momento, Dax faz o
mesmo. Mas então seu olhar abaixa, talvez captando o
movimento da mulher. Seu rosto fica estrondoso e quase roxo de
raiva.
Não tenho absolutamente nenhum tempo para reagir
enquanto ele me ataca como um touro. Uma mão plantada no
meu ombro, ele agarra a parte de trás do meu cinto e me joga em
meu escritório.
— Seu filho da puta traidor de merda, — ele berra enquanto
ataca novamente, desta vez colocando as duas mãos no meu peito
e me jogando contra a parede. Minha cabeça bate contra uma
fotografia emoldurada de Gordie Howe.
— O que diabos há de errado com você? — Eu rosno, mas
não faço nenhuma tentativa de interromper seu domínio sobre
mim.
— O que diabos há de errado com você? — Ele grita, os
dentes à mostra. — O que diabos há de errado com você? Namora
minha irmã enquanto seu pau é chupado por outra pessoa?
Você deve estar brincando comigo.
Eu poderia esclarecer as coisas, mas alguma faísca maldosa
dentro de mim lembra o quanto é divertido deixar Dax
preocupado. Então, simplesmente respondo:
— Sua irmã e eu terminamos há seis dias.
— Besteira, — ele rebate com raiva.
— Verdade. — Eu dou a ele um leve encolher de ombros. —
Acho que você deve àquela senhora simpática um pedido de
desculpas por ter vindo aqui e agido como um idiota.
Dax me solta, girando para olhar por cima do ombro. Não
consigo ver sua expressão, mas posso dizer o momento exato em
que ele percebe o quão errado está sobre todo esse cenário
quando ele murmura, — Merda.
Porque a mulher ajoelhada no chão é meu alfaiate, fita
métrica em uma mão, um bloco de notas enfiado debaixo do
braço e um lápis enfiado atrás da orelha, ela tem feito ajustes
personalizados em meus ternos sob medida há quase sete anos.
Ela também tem quase 60 anos, o que torna isso mais engraçado
do que deveria.
— Essa é a Sra. Welsh, — informo a Dax alegremente,
batendo a mão em seu ombro. — Ela é minha alfaiate.
— Maldição, — murmura Dax, em seguida, começa a pedir
desculpas à Sra. Welsh, que lhe garante que está tudo bem.
Ele me encara, estremecendo. Para minha surpresa,
também recebo um pedido de desculpas.
— Desculpa.
Não é muito e não é realmente necessário, mas parece fazê-
lo se sentir melhor.
— Sem problemas. O que você precisa?
Vou até a Sra. Welsh, que volta a medir silenciosamente a
costura da minha perna. Não tenho certeza por que eles insistem
em medir todas as vezes. Quase certo de que não estou ficando
mais baixo, mas acho que estou recebendo o que pago.
— Acabei de terminar meu treino e vim perguntar se você
queria ir almoçar, — ele responde.
Eu pisco de surpresa. Quer dizer, Dax e eu deixamos nossas
diferenças de lado. Ele me aceitou namorar sua irmã, mas eu não
contava com uma amizade nem nada.
— Eu terminei, Sr. Carlson, — diz a Sra. Welsh, e eu ofereço
minha mão para ajudá-la a se levantar. Ela é ágil para sua idade,
no entanto, e se levanta sem minha ajuda. — Vou tirar isso,
junto com as escolhas que fizemos. Espero que possamos fazer a
primeira prova em cerca de quatro semanas.
— Parece bom, — eu digo, meu sorriso apologético. —
Obrigado.
A Sra. Welsh sai, fechando a porta do meu escritório atrás
dela.
— Por que você terminou com minha irmã? — Dax
pergunta, parecendo defensivo.
Eu me viro para encará-lo, não exatamente surpreso por ele
ter me acusado de ser o culpado aqui, mas não sinto a
necessidade de conter o fato de que isso não é tudo culpa minha.
— Porque sua irmã é louca pra caralho, é por isso.
— Espero que você tenha um bom motivo para dizer isso, —
ele rosna em voz baixa, cheia de advertência. — Caso contrário,
vou ter que chutar o seu traseiro.
— Oh, vamos lá, — eu respondo enquanto levanto meus
braços em frustração. — Não me diga que o que ela faz para viver
não te incomoda. Quer dizer, eu não sei como todos vocês podem
apenas ficar parados enquanto ela se coloca em tal perigo...
— Do que você está falando? — Dax interrompe, seu rosto
inundado de confusão.
Isso me dá uma pausa. Ele realmente não sabe o que ela
faz?
— Estou falando sobre o fato de sua irmã ir a lugares
perigosos por causa de sua linha de trabalho. Você não sabia
disso?
Ainda carrancudo, ele se esquiva.
— Bem, sim... quero dizer, sabemos que ela esteve em
algumas áreas perigosas, mas ela sempre vai com todos os
equipamentos de segurança para proteção. Ela nos garantiu que
é de baixo risco e, na verdade, bastante seguro...
— Jesus, você é um idiota de merda, Dax, — murmuro, o
que o cala. — Como você pode dizer isso especialmente sabendo
que ela foi ferida...
— O que? — Dax grita tão fortemente que seu corpo inteiro
fica tenso com a surpresa.
— Ferida, — repito, desta vez um pouco mais baixo.
Obviamente, esta notícia é uma surpresa. — Ela foi atingida por
estilhaços de uma granada.
— Que porra? — Afirma ele.
— Exatamente o que eu disse quando descobri, — eu
murmuro, então balanço minha cabeça. — Olha... é claro que
você não sabe que ela está em áreas onde a ameaça de ferimentos
e morte são reais e muito presentes. Como você pode não saber
disso?
— Porque minha irmã nunca nos disse que ela foi ferida, —
ele rosna antes de cair pesadamente no meu sofá, esfregando as
mãos pelos cabelos. Ele está claramente angustiado e eu sinto
muito pelo cara.
Eu me aproximo dele, então sento na outra ponta do sofá.
Minha voz está pesada quando digo:
— Ela tem cicatrizes na parte de trás do ombro.
— De cair de uma mountain bike, — diz Dax, a esperança
em sua voz patética. É claro que essa é a história que ela contou
a ele e sua família.
— De um RPG, — eu corrijo.
— Foda-se, — ele murmura com raiva. — Que porra ela
está pensando?
— É o trabalho dela. Ela adora. Aparentemente, ela não vai
desistir, então ela optou por não contar a você e sua família sobre
o perigo para que vocês não se preocupem.
— Mas ela disse a você, — ele ressalta.
— Porque ela não se importa comigo. — É uma verdade
dolorosa que acabei de perceber. Ela não teve nenhum problema
em me contar sobre isso porque, em sua mente, era apenas uma
conversa depois do sexo para ela. Isso nunca foi feito para ir mais
longe e na mente de Willow, nosso relacionamento tinha limites
tão definidos que se o trabalho dela me preocupava ou não,
nunca seria um problema para ela.
Ela simplesmente não se importava comigo o suficiente para
querer manter isso em segredo para me proteger.
É uma admissão pesada que doeu quando eu coloquei tudo
junto. Eu estava preocupado com ela e seu bem-estar, mas ela
não estava nem um pouco preocupada com meus sentimentos.
— Tenho certeza de que não é verdade, — murmura Dax.
Estou tão perdido em minhas próprias reflexões que
momentaneamente não tenho certeza do que ele está falando.
— Acho que ela se preocupa com você, — ele continua.
— Não importa. — Isso sai sem nenhuma quantidade de
autopiedade. Tenho uma reunião chegando, então me levanto do
sofá. — Como eu disse, não estamos mais juntos. Você vai ter
que me desculpar, porque eu tenho uma reunião para participar.
— Por que você terminou? — Ele pergunta, pegando a
deixa e se levantando também.
— Porque eu não gosto do que sua irmã faz para viver, —
declaro. — Eu não quero ter que me preocupar com ela desse
jeito, então eu dei a ela um ultimato. Ela escolheu ir embora.
Eu me preparo para Dax ficar ofendido com isso, mas ele
apenas balança a cabeça.
— Eu tentaria fazer com que ela parasse também. Eu
entendo.
Eu aceno, em seguida, passo em direção à porta para abri-
la para ele.
— Mas... — ele diz, sua mão apertando meu ombro. —
Ainda precisamos impedi-la.
— Nós? — Eu pergunto surpreso, girando sobre ele. — Não
há nós. Sua irmã e eu não estamos mais nos vendo.
Dax ergue uma sobrancelha.
— Você está cheio de merda. Eu posso ouvir em sua voz
quando você fala sobre ela. Você está muito preocupado com ela,
então não importa se ela desistiu ou não, você ainda está
emocionalmente envolvido com o bem-estar dela. Então, sim...
precisamos fazer algo.
— Como o quê? Uma intervenção?
— Exatamente, — diz Dax, com um sorriso maligno no
rosto. — Vamos ligar para ela. Eu, você, meus pais. Todos nós
vamos lutar contra ela, insistir para que ela volte para casa. Meu
pai é extremamente bom em nos fazer sentir culpados. Ele teve
problemas cardíacos há alguns anos, e ele pode até fingir
algumas palpitações cardíacas ou algo assim.
— Você realmente acha que sua irmã vai voltar correndo
para casa porque você está exigindo? — Eu pergunto
ceticamente.
— De jeito nenhum. Não se exigirmos. Como eu disse...
vamos tentar fazer com que ela desista dessa carreira
ridiculamente perigosa. Todos nós... juntos... como uma equipe.
Estudando Dax, percebo que conheço sua irmã melhor do
que ele. Não vai funcionar. Willow é sua própria dona, nenhuma
quantidade de bajulação, culpa ou exigência vai fazer nada além
de levá-la a ir mais fundo.
Mas... não posso deixar passar a pequena chance de que
funcione.
Porque Dax está certo. Podemos ter terminado, mas não fez
nada para me impedir de me preocupar com ela, o que significa
que ainda me importo demais. E, se for esse o caso, preciso fazer
tudo o que puder para garantir a segurança dela.
O que quer que isso signifique para nós como casal...
Bem, eu posso descobrir essa merda mais tarde.
CAPÍTULO 14

Willow

Eu passeio pelo interior do meu quarto. Minha conta diária


de viagem era decente, então eu me esbanjei em um bom hotel
em Kinshasa com vista para o rio Congo. Normalmente, eu
gastaria meu tempo de inatividade explorando sozinha, mas não
é possível aqui. O crime é excessivo e a corrupção é muito
comum.
Parte do meu acordo com o Washington Post quando me
contrataram era para me fornecerem segurança, então estou
segura enquanto estou realizando minha missão sobre o novo
governo de coalizão que foi formado. A infraestrutura política está
incrivelmente instável agora, e estou junto com um repórter que
está entrevistando vários membros do Senado e da Assembleia
Nacional. Temos mais uma série de entrevistas amanhã, antes de
eu voltar para os Estados Unidos.
A questão é... para onde irei?
Eu quero voltar para Phoenix, ou qualquer cidade em que
Vengeance jogará. Eu queria assistir a todos os jogos para apoiar
meu irmão e não tinha a intenção de assumir nenhum trabalho
durante os playoffs. Mas, caramba, se Dominik não tinha me
enviado correndo, com suas exigências para concordar com o que
ele acha que eu deveria fazer sobre minha linha de trabalho. Eu
aceitei este trabalho puramente por despeito e embora o dinheiro
seja decente, eu não preciso dele. Passei minha carreira morando
em hotéis sem hipoteca ou empréstimos estudantis, então minha
conta bancária é bastante saudável.
Mas eu serei amaldiçoada se algum homem vai ditar o que
eu posso ou não posso fazer da minha vida, só porque isso o
preocupa.
E ainda... há uma pequena parte de mim que se sente mal
por desconsiderar seus sentimentos. Nós concordamos que nosso
acordo era apenas sexo, mas também sou inteligente o suficiente
para reconhecer que se transformou em um pouco mais do que
isso. Eu percebo que veio de um lugar em seu coração que está
cheio de preocupação, mas se manifestando em uma atitude de
controle que eu não suporto. Sim, eu gosto de Dominik ser o que
manda na cama, mas, fora disso, eu faço minhas próprias
escolhas.
Uma batida na porta me assusta e considero ignorá-la, mas
provavelmente é o repórter com quem trabalho, verificando se
quero ir jantar. Eu não abro, no entanto, até olhar pelo olho
mágico. Quando vejo quem está do outro lado, não há como
controlar o pequeno rosnado de frustração.
É Jean-Paul Bisset, um fotógrafo freelance francês com
quem ocasionalmente me metia entre os lençóis. Na verdade, ele
foi o último cara com quem estive antes de conhecer Dominik.
Regan adora quando lhe conto nossas aventuras, já que ele tem
o maior pau que eu já vi. Costumo me encontrar com ele em
várias missões ao redor do mundo.
Mas não estou mais interessada e espero que minha
expressão reflita isso quando abro a porta. Jean-Paul foi
implacável em flertar comigo. Com outros jornalistas tivemos um
jantar algumas noites atrás, e ele ficou muito bêbado. Ele
começou a falar merdas sobre estar apaixonado por mim. Tudo
um monte de mentiras. Ele só queria transar. E eu entendo... em
outra vida, eu estaria sorrindo agora.
— O que você quer? — Eu pergunto secamente, recusando-
me a abrir mais a porta.
— Oh, vamos lá, Willow, — Jean-Paul implora em seu
sotaque francês sedoso. — Você sabe que eu não quero nada
mais do que te dar prazer
Houve um tempo em que isso teria sido o suficiente para
mim, mas suas palavras não aumentaram minha temperatura
nem um pouco, não por atração, de qualquer maneira. Eu
endureço meu tom para um nível frio de educação para cobrir
minha irritação.
— Sinto muito, Jean-Paul, mas não estou mais interessada.
— Eu não acredito, — ele ri. — Você está sempre
interessada.
— Não desta vez, — eu respondo, cruzando os braços sobre
o peito. Para tornar as coisas um pouco mais fáceis, acrescento:
— Estou saindo com alguém exclusivamente.
As sobrancelhas de Jean-Paul erguem-se de surpresa.
— Não.
— Sim. E quando sou exclusiva com alguém, sou exclusiva.
Eu não engano.
— Mesmo se eu fizer aquela coisa com o meu...
— Boa noite, Jean-Paul, — eu falo lentamente. Tentando
não revirar os olhos, começo a fechar a porta.
Ele estende a mão para impedir meu progresso.
— Se mudar de ideia, você só precisa ligar.
— Eu sei, — eu respondo suavemente, em seguida,
empurro até trancar a porta.
Inclinando-me contra ela, me pergunto o que diabos
aconteceu. Eu não sou exclusiva de Dominik. Eu não tenho nada
com ele. Ele terminou comigo. Disse que se eu aceitasse este
trabalho, estaríamos acabados, então não devo a ele nenhum
nível de lealdade.
Então, por que diabos eu ainda sinto que sou dele e ele é
meu?
Por que não estou nem um pouco interessada no que Jean-
Paul tem a oferecer? Ótimo sexo e sem laços emocionais. É tudo
o que eu sempre quis.
Mas isso não é verdade, é?
Maldito seja, eu quero Dominik em todos os sentidos da
palavra. Eu não posso evitar.
E bem, ele só vai ter que me aceitar do jeito que sou. Vou
falar com ele quando voltar e fazê-lo ver que posso continuar a
fazer este tipo de trabalho enquanto permaneço perfeitamente
segura. Que, com o tempo, ele vai perceber que não é grande
coisa. Tenho certeza de que posso fazê-lo ver a razão.
Além disso... eu tenho isso acontecendo em todos os
sentidos da palavra. O homem seria estúpido em me deixar sair
permanentemente de sua vida. Quero dizer... eu sou quente,
fantástica na cama, faço aquela coisa com a minha garganta que
ele adora, e eu sou tranquila. Eu sou um ótimo partido, e ele sabe
disso. Ele só vai ter que aceitar que tenho um trabalho perigoso.
Fim da história.
Meu celular toca e por um momento, eu apenas fico olhando
para ele, incapaz de me mover. Estou perdida na minha fantasia
de fazer Dominik me aceitar do jeito que sou. O telefone desliga
após cinco toques, o que significa que meu correio de voz
atendeu.
Quando começa a tocar novamente, tenho um lampejo de
medo explodindo dentro de mim. Uma chamada de volta imediata
como essa significa que alguém precisa urgentemente falar
comigo e o correio de voz não é aceitável. Claro, meu cérebro vai
imediatamente para o pior resultado possível que algo aconteceu
a um membro da família.
Eu corro pelo quarto, rolo sobre minha cama e pego o
telefone da mesa de cabeceira, vendo que é o número de Dax.
Conectando a ligação, coloco o telefone no ouvido e,
hesitante, sem nenhum medo no tom de voz, respondo:
— Alô?
— O que você tem? — Dax pergunta, parecendo confuso.
— O que eu tenho? O que você tem? Me ligando duas vezes
seguidas assim? Algo está errado, certo? Mãe? Pai? Você? Regan?
— Estamos todos bem, — ele responde um pouco
rigidamente. — Além de jogar como uma merda anteontem no
primeiro jogo.
— Sim... eu li sobre isso, — eu me compadeci. Tenho me
perguntado como Dominik está reagindo, mas, claro, sou
orgulhosa demais para estender a mão e perguntar.
— Ouça, — diz Dax com hesitação suficiente para que eu
entre em alerta máximo. — Tenho algumas pessoas ao telefone
comigo.
— Está todo mundo bem? — Eu grito, incapaz de controlar
meu medo de que alguém da minha família esteja morto e o resto
esteja na linha por apoio moral.
— Estamos bem, — ele insiste novamente. — Eu juro. Mas
eu tenho a mãe e o pai no telefone, e bem... Dominik também.
A menção do nome de Dominik me faz ficar entorpecida.
Porque, pela minha vida, não posso imaginar em um milhão de
anos por que ele estaria em uma ligação telefônica com Dax,
meus pais e eu.
— Estamos preocupados com você, querida. — É a voz da
minha mãe, e eu caio na cama.
— Preocupada? — Eu murmuro. O que diabos Dominik
disse a eles sobre nosso relacionamento?
— Sobre o nível de perigo do seu trabalho, — meu pai fala,
e o entorpecimento desaparece com o tom duro de sua voz. —
Você foi ferida por uma fodida granada, Willow, porra. Como você
pode esconder isso de nós?
Estou atordoada e até imobilizada porque meu pai acabou
de lançar a bomba “F”. Nunca em meus 27 anos eu o ouvi fazer
isso, e é tão chocante quanto a vez que eu realmente, recebi
estilhaços de uma explosão de granada.
— Eu tomo precauções.
— Você foi atingida por uma granada, — meu pai rosna. —
Se eu soubesse disso, você pode ter certeza de que estaria em
outra linha de trabalho...
— Eu sou adulta, — eu respondo. Minha voz carrega todo
o gelo que sinto por dentro por eles me tratarem como uma
criança. — Você não tem nada a dizer sobre o que eu faço.
— Eu tenho o direito de expressar minhas preocupações,
— meu pai grita, e eu estremeço. — Acha que eu quero você
voltando para casa em um saco de cadáveres?
— Claro que não, — eu tento tranquilizá-lo com um tom
conciliador, mas então algo me atinge. — Espere um minuto...
como você soube que eu fui ferida?
E antes que alguém possa me dizer, isso me atinge como um
saco de tijolos caindo bem em cima da minha cabeça. Eu grito
minha fúria na linha quando entendo por que ele está ao telefone.
— Dominik... seu idiota. O que você fez? Correr para minha
família e dizer a eles para que você possa... o quê? Me arrastar
de volta e me colocar no meu lugar como uma boa garotinha?
— Você nunca disse que era segredo, — ele responde de
volta. — E eu não corri para contar a eles. Surgiu em uma
conversa com seu irmão e presumi que ele já soubesse sobre isso.
Não fique com raiva de mim quando você é a que guarda segredos
das pessoas que a amam.
Não tenho tempo para responder a Dominik, o que
realmente fico feliz com isso. Ele está certo. Nunca disse a ele que
era segredo.
Minha mãe fala de novo, sempre a pacificadora em qualquer
situação. Ela também tem caráter forte, o que admiro.
— Querida... eu não era a favor de te chamar assim. Eu
disse que seria melhor discutir isso quando você voltasse para
casa. No entanto, os homens desta família parecem pensar que
podem convencê-la a entrar em um avião agora e voltar. Eu a
conheço melhor do que isso, então só vou pedir que você pense
um pouco sobre nossas preocupações. Queremos que você seja
feliz e tenha uma carreira que goste, mas, por favor, respeite
agora que sabemos exatamente o quão perigoso é o seu trabalho,
estamos francamente apavorados.
Deus, isso me faz sentir uma merda. É a razão exata pela
qual escondi isso deles.
Mas eu amo minha família e não quero que eles sofram. A
maior parte dessa intervenção é provavelmente o medo do
desconhecido, e preciso dar algumas garantias.
— Do jeito que está indo aqui, estou voando pela manhã. Eu
prometo que podemos conversar quando eu chegar em casa.
— Ok, — minha mãe responde com uma rajada de alívio.
— Nós te amamos muito.
— Eu amo todos vocês também, — murmuro, e, em
seguida, tentando adicionar um pouco de leviandade à situação,
digo para provocar meu pai. — E da próxima vez, pai, talvez deixe
as bombas “F” fora disso. Você quase me deu um ataque
cardíaco.
— Agora você sabe como me sinto, — ele responde com
tristeza, e eu faço uma careta. Eu tinha caminhado direto a isso.
— Mas eu te amo, Willow, e podemos conversar sobre isso quando
você chegar em casa.
— Obrigada, pai, — eu respondo, minhas orelhas um pouco
quentes com o lembrete de que eu realmente machuquei meus
pais.
— Quando você estará em casa? — Dax pergunta.
— Estou pronta para voar para Phoenix, — eu respondo.
— São vinte e quatro horas inteiras de viagem com minhas
conexões. Vou mandar uma mensagem com os detalhes.
— Regan vai buscá-la, — ele confirma. — Estarei na arena
me preparando.
Nada de Dominik. Ele permaneceu em silêncio, então eu
tenho que me perguntar por que diabos ele está nesta chamada.
— Querida, — minha mãe interrompe. — Estaremos na
cidade para o jogo. Talvez possamos tomar café na manhã
seguinte e conversar.
— Mal posso esperar, — eu respondo com uma voz
excessivamente animada que tem Dax rindo.
A linha fica muda e ninguém a corta. Por alguma razão,
quero que Dominik fale para me dar alguma pista sobre o que ele
está sentindo agora. Ele desistiu, mas aqui está ele agora, parte
de uma intervenção familiar em minha escolha de carreira.
Estou tão confusa.
— Ok, — eu finalmente digo lentamente. — É melhor eu ir
andando. Tenho planos para o jantar esta noite.
Na verdade, não, mas tanto faz.
Todos começam a falar ao mesmo tempo, se despedindo e
mandando lembranças.
Todos, exceto Dominik.
Ele não pronuncia uma única palavra.
Quando finalmente desligo, não tenho ideia de como me
sinto por ele neste momento.
CAPÍTULO 15

Dominik

Eu tomo um gole de uísque com gelo. É o meu segundo da


noite e apenas o início do terceiro período, mas posso respirar um
pouco mais fácil, pelo menos no que diz respeito ao jogo. Temos
a Vancouver Flash bem nas mãos com uma liderança de 5-1 neste
ponto. Claro, tudo pode acontecer, mas meus homens parecem
os campeões que eu sei que eles são até agora.
Não posso dizer com certeza o que causou a desconexão no
gelo durante o primeiro jogo, mas parece ter sido um acaso. Hoje
à noite, eles estão patinando melhor do que nunca, fazendo
passes mais precisos e parecem estar pensando cinco
movimentos à frente do outro jogador em situações um-a-um.
Isso não significa que ainda não esteja irritado, e isso têm
tudo a ver com o fato de que Willow não está no camarote do
proprietário comigo. Não que eu esperasse que ela aceitasse meu
convite, dado o fato de que ela pensa que eu a delatei para sua
família, mas porra... Eu só quero vê-la.
Quero confirmar por mim mesmo que ela está bem.
Quero que ela reconheça que não contei intencionalmente a
seu irmão na esperança de ganhar algo com isso. Se eu soubesse
que era segredo, teria levado para o túmulo por ela.
Acima de tudo, preciso que ela saiba que, apesar do fato de
ter um trabalho extremamente perigoso, não vou deixar que isso
se interponha entre nós. Quando terminei com ela, era o ego
masculino puro e duro que falava mais alto.
Não era o meu verdadeiro eu e preciso de uma chance de
dizer isso a ela.
Pensei que seria esta noite, aqui no jogo, mas parece que
não será.
— A equipe está muito bem, — disse Tom Solomon ao meu
lado. Ficamos bem atrás das quatro filas de assentos no camarote
do proprietário durante a maior parte do jogo. As poltronas estão
sempre ocupadas por sócios de negócios, convidados desses
sócios e até amigos de amigos. Há uma estrela da música country
popular e seu par na primeira fila, cortesia de um amigo de um
amigo que pediu os lugares.
Eu nunca me sento. Sempre estou muito nervoso.
— Eles estão definitivamente fortes esta noite, — eu
respondo. Tom é um velho amigo meu dos tempos de rádio na
Internet.
— Você parece distraído.
Eu dou a ele um olhar penetrante. É tão óbvio que, apesar
de estar com os olhos grudados no gelo, estive pensando em algo
ou melhor, em alguém além da minha equipe de hóquei?
— Apenas estou muito nervoso por causa deste jogo, — eu
respondo suavemente, girando o bourbon em meu copo.
Na verdade, eu estou tenso, pra caralho.
Levo o copo à boca, engolindo o resto do líquido em um gole
tão grande que quase engasgo. Meus olhos lacrimejam e me viro
em direção ao bar, com a intenção de pegar outro. Eu acionei um
serviço de motorista para o jogo hoje à noite, então não há
problema em ficar bêbado. Na verdade, parece uma grande ideia,
especialmente porque o jogo está indo muito bem.
Um movimento no canto faz meu olhar se mover para a
porta do camarote. Ela se abre e rápido, e então Willow Monahan
entra. Pela expressão em seu rosto, ela não é uma mulher feliz.
Eu levo um breve momento para apreciá-la, embora eu
tenha certeza de que essa expressão é apenas para meu benefício.
Ela está deslumbrante com o cabelo escuro preso em um rabo de
cavalo baixo, maquiagem mínima e uma camisa larga de
Monahan com legging preta.
Ela examina o camarote e quando seus olhos pousam em
mim, eles piscam com fúria e outra coisa que não consigo
identificar. Eu coloco o copo na mesa e começo a ir em sua
direção, encontrando-a antes que ela possa avançar muito. Pelo
que parece, eu sou a causa disso.
Willow entra agitada.
— Você é um filho da puta traidor, sabia disso?
É alto o suficiente, alguns dos meus convidados devem ter
ouvido, e eu não vou deixar esse drama se desenrolar na frente
deles.
— Eu discordo veementemente, — digo em voz baixa
enquanto a pego pelo cotovelo e a conduzo em direção à porta.
— Mas teremos essa conversa em particular, se você não se
importar.
— Por que? — Ela exige, tentando se afastar. Eu aperto
meus dedos, empurrando-a através da porta para o corredor.
Como o jogo está em andamento, a maioria das pessoas está
sentada, mas há alguns atrasados que nos olham surpresos
enquanto continuo a marchar enquanto ela me grita.
— Contar a Dax era sua maneira de se vingar de mim? Você
achou que eu voltaria rastejando para você ou algo assim? Ser a
namoradinha dócil que fica sentada e deixa você cuidar de mim?
É isso que você pensou, Dominik?
Chegamos ao elevador privativo, ao qual apenas os
executivos têm acesso. Sobe para os escritórios e desce para onde
estão os vestiários. Quando pressiono meu crachá de segurança
no scanner, as portas se abrem. Eu empurro uma Willow irritada
para dentro.
Quando as portas se fecham, eu aperto o botão do último
andar e dou um passo para trás para lhe dar uma olhada.
— Você sabe muito bem que não tem motivo para ficar
brava, Willow. Eu não contei seu segredo intencionalmente, nem
sabia que era um segredo.
— Oh, você sabia, — ela rebate, mas posso ouvir em seu
tom... ela não acredita nisso. Ela só queria a oportunidade de
estar a meu alcance para que possamos resolver tudo.
Que assim seja.
O elevador se abre e eu a pego pelo cotovelo novamente,
levando-a por um corredor escuro a meu escritório. Eu empurro
a porta e chuto para fechá-la. Antes que Willow pudesse dizer
outra palavra, eu a puxo até que ela colide com meu corpo. Minha
boca cai sobre a dela e eu a beijo em silêncio.
É lindo a maneira como ela responde e confirma tudo o que
eu esperava. Ela não está realmente brava. É reparável.
Eu me afasto, preparado para pedir desculpas por dar a ela
um ultimato, mas foda-se se ela não se lança contra mim
novamente.
— Quero dizer, sério, Dominik... você deveria saber que
minha família não saberia sobre como eu consegui aquelas
cicatrizes. E, além disso... o que eu faço da minha vida não é da
sua conta. Por que você estava naquele telefonema para
começar...
Eu a ignoro. Desconectando de seu discurso retórico,
começo a remover minha gravata verde limão e azul elétrico.
Cores do Vengeance, mas tem outros usos além do orgulho
de equipe.
Aparentemente sem respirar, Willow continua a reclamar.
Eu coloco minha mão atrás de sua cabeça e quando sua boca se
abre especialmente, para me chamar de todos os tipos de nomes
coloridos, eu empurro a gravata para dentro.
Ela faz um tipo de som sufocado, mais descrença do que
qualquer coisa e eu tenho apenas um vislumbre de seus olhos se
arregalando em choque antes de girá-la e empurrá-la sobre a
minha mesa.
Suas mãos batem na madeira de cerejeira, seu peito
pressionado em uma pilha de pastas que contém perspectivas de
reconhecimento para o próximo ano. Eu me coloco atrás dela,
pressiono minha pélvis em sua bunda e me abaixo sobre ela.
Minhas mãos descem sobre a mesa perto de sua cabeça, e levo
minha boca ao ouvido para que ela possa me ouvir claramente.
— Chega de recriminações. Você já deveria ter jogado tudo
para fora agora.
Rosnando, ela move os dedos como se fosse tirar a gravata
da boca. Minha mão se fecha em seu pulso.
— Deixe. Gosto de não a ouvir, para variar.
Outro pequeno grunhido escapa dela, mas sai fraco desde
que ela mexe sua bunda contra o meu pau grosso.
— Admita, — eu sussurro, esfregando em sua bunda. —
Você veio aqui porque queria isso.
Willow balança a cabeça freneticamente e eu rio.
— Mentirosa. Uma linda e fodida mentirosa. Você quer isso
totalmente. É por isso que você veio ao camarote.
Ela começa a balançar a cabeça novamente, mas eu deslizo
minha outra mão entre suas pernas para segurá-la
possessivamente e ela se arqueia contra o meu toque.
— Eu darei a você, Willow. Se você quiser.
Um som baixo e agudo vem de sua garganta. Acho que isso
significa que não é apenas algo que ela deseja, mas algo de que
ela precisa.
O resto é um borrão. Eu acho que é o jeito que ela balança
para trás, esfregando aquela bunda exuberante contra o meu pau
duro. Ela não tira a gravata da boca, embora seja mais do que
capaz. Escolhendo o silêncio em vez da oportunidade de me dizer
que estou certo sobre os motivos de ela estar aqui.
De alguma forma, suas leggings acabam em torno de seus
tornozelos. Também consigo tirar um sapato e puxar uma perna
da calça. Eu a forço a separar suas pernas, ajoelhando-me a
acaricio com a boca desde atrás. Ela se contorce contra mim,
grita contra a mordaça. Quando ela está se contorcendo e
molhada, eu levanto com meu pau na mão e minhas calças
baixas. Entrando nela, reivindicando-a como minha é a porra da
melhor sensação do mundo porque Willow voltou por sua própria
vontade.
Eu não tenho ideia do que isso significa.
Pelo que sei, ainda é apenas sexo para ela.
Talvez mais, já que Willow é a mulher mais complexa que já
conheci.
Temos muito que conversar, mas primeiro... vamos foder.
Eu a penetro uma e outra vez. Willow planta seus pés e
empurra de volta contra mim a cada estocada, me forçando a ir
mais fundo, quer eu queira ou não.
Mas, oh... eu quero estar lá.
Bem dentro dela a cada chance que eu tenha.
Estendendo a mão, coloco uma mão em seu ombro e com a
outra, puxo a gravata de sua boca antes de agarrar seu quadril
para mantê-la firme enquanto a fodo sobre a minha mesa.
— Admita, Willow, — eu grunho, mergulhando meu pau
nela. — Estamos bem juntos.
Eu não recebo nada além de suspiros e gemidos em
resposta.
Eu puxo minha mão de volta, em seguida, a deixo ir para
um tapa em sua bunda. É algo que descobrimos que ela gosta
muito... na primeira noite em que estivemos juntos.
Willow grita, batendo de volta no meu pau com tanta força
que realmente dói. Eu bato em sua bunda novamente, o golpe
retumbante fazendo minha mão formigar.
— Admita, — eu rosno.
— Estamos bem juntos, — ela suspira, então suas costas
se arqueiam tanto que acho que sua coluna pode quebrar quando
ela começar a gozar. Eu posso sentir acabando, seu orgasmo me
sugando e eu galopando para encontrar seu prazer.
Eu empurro com força, profundamente e descarrego oito
fodidos dias de frustração reprimida, luxúria e preocupação nela.
Vagamente, ouço a campainha na arena tocando, significando o
fim do jogo.
Minha equipe está lá embaixo no gelo, provavelmente
mantendo nossa liderança e vencendo o segundo jogo, mas... Eu
não consigo encontrar dentro de mim algo para me preocupar ou
me importar agora.
Porque a mulher estendida debaixo de mim, mais uma vez
abalou meu mundo de uma forma, que não posso comparar com
qualquer sentimento que já tive antes.
O que eu tenho com ela é único e, portanto, não pode mais
ser menosprezado.
Eu coloco minhas palmas na mesa novamente, me abaixo
nela e toco meus lábios em sua nuca.
— Você está bem?
— Mais do que bem, — ela murmura e, embora eu não
possa ver seu rosto, posso ouvir seu sorriso.
— Você vai voltar para casa comigo esta noite, — ordeno,
não permitindo espaço para discussão.
— Ok, — ela sussurra... parecendo totalmente satisfeita.
— E você vai ficar comigo, pelo menos até os playoffs
terminarem, — eu pressiono, precisando que ela concorde com
mais de uma noite.
— Ok, — ela diz novamente sem um pingo de hesitação e
eu me sinto triunfante.
— Boa garota.
CAPÍTULO 16

Willow

As coisas mudaram, e não entendo mais nada. Em um


minuto, eu estava furiosa com Dominik por tentar ser
controlador e contar para minha família sobre o quão perigoso é
meu trabalho. No próximo, eu estava entrando em sua casa em
Santa Monica para uma escapada romântica de quatro dias para
que eu pudesse ver onde ele mora e encontrar seus amigos.
Entre o infame sexo na mesa que pode ser considerado o
melhor que já tive e ele abrindo a porta de sua casa de praia na
encosta, tanta coisa aconteceu.
Na manhã seguinte ao meu retorno aos Estados Unidos,
encontrei-me com meus pais no café da manhã e tivemos uma
conversa franca. Basicamente, meu pai se enfureceu enquanto
minha mãe acariciava sua mão o tempo todo em silenciosa
solidariedade. Quando tudo foi dito, chegamos a uma aceitação
silenciosa das posições um do outro.
Ou, como meu pai resmungou, chegamos a um impasse.
Basicamente, recusei parar de fazer o que amo, mas prometi
ser mais transparente com eles sobre exatamente o nível de
perigo e mantê-los atualizados sobre a segurança e proteção que
tenho no local, para ajudar a aliviar seus medos.
Eles se recusaram a parar de se preocupar, mas
prometeram que apoiariam minha necessidade de continuar
minha carreira escolhida e amada. Também prometi que seria
mais exigente nas atribuições que aceitasse e não assumiria as
perigosas em deferência aos seus medos.
Dax e eu somos um assunto diferente. Não há como falar
sobre isso porque ele não escuta. Ele é muito parecido com
Dominik na forma de pensar que sabe tudo, sendo basicamente
um homem das cavernas, quando se trata de mulheres na linha
de perigo. Também estamos em um impasse e, felizmente, não
tenho estado muito perto dele, já que está sombrio e carrancudo.
Passei a maior parte do meu tempo na semana passada com
Dominik em sua casa em Phoenix. Honestamente, eu fui uma
preguiçosa. Enquanto ele ia para seu escritório na arena todos os
dias para fazer o que quer que fosse para administrar seu
conglomerado de coisas bilionárias, eu tomava sol à beira da
piscina, lia livros e preparava novas receitas para o jantar. Eu
estava em um modo férias, na verdade. Ainda estou.
Claro, a segunda rodada dos playoffs predominou para nós.
A Vancouver Flash acabou sendo um pouco melhor do que a
Seattle Storm, mas o derrotamos no jogo cinco. Isso nos deixou
com quatro dias até o início da próxima rodada - as finais da
conferência e Dominik sugeriu uma viagem à Califórnia.
Eu concordei porque as coisas definitivamente mudaram, o
que é principalmente obra minha.
Isso decorre da minha aceitação do fato de Dominik ser
diferente, não apenas dos outros homens, mas das pessoas em
geral.
Resumindo... Estou fascinada por ele.
Extremamente atraída por ele.
E apavorada, mas adoro o perigo e a adrenalina, então é
como o clichê usado de uma mariposa atraída pela chama.
Dominik de alguma forma conseguiu estourar minha bolha
de autopreservação, contra desgosto e decepção e decidi correr o
risco. Não tenho ideia de onde isso vai dar, mas estou curiosa o
suficiente para deixar acontecer.
Agora, eu sigo Dominik em sua casa enquanto ele leva nossa
bagagem sem esforço. Vamos admitir... ele é tão forte quanto seus
jogadores de hóquei.
Não há como parar meu suspiro de espanto e choque
enquanto observo a sala de estar com vista para o cintilante
Oceano Pacífico. Tem portas do chão ao teto que se abrem para
um pátio que percorre toda a extensão da casa, dando-lhe uma
vista panorâmica.
— Caramba, — murmuro enquanto caminho. — Como
você consegue fazer alguma coisa com essa vista?
Dominik ri enquanto coloca as malas no chão. Ele pega
minha mão e me leva até uma porta deslizante que se abre para
o pátio. É pontilhada com móveis confortáveis, cobertores de lã
pendurados nelas. Não imagino que os móveis fiquem aqui o
tempo todo, teoria reforçada quando vejo uma bandeja carregada
com uma garrafa de vinho branco gelado e dois copos, junto com
uma tábua de charcutaria. Quando ele percebe no que estou
focada, ele sorri.
— Sra. Osborne arrumou a casa para que possamos
aproveitar o dia sem distrações.
Na verdade, ela o fez. Eu poderia felizmente passar a viagem
inteira no pátio, relaxando, lendo livros e, ocasionalmente, me
perdendo na paisagem.
— Você é um relaxador? — Eu pergunto enquanto ele vai
até o vinho. Está em uma mesa baixa rodeada por um sofá com
almofadadas em cada extremidade. Corro para o sofá e me enrolo
em uma das pontas, puxando um cobertor sobre minhas pernas.
Faz quase 21 graus, mas estamos na parte sombreada do pátio e
está um pouco frio com a brisa do oceano.
— O que você quer dizer com isso? — Ele pergunta
enquanto retira a rolha com delicadeza.
— Eu poderia literalmente passar o dia todo aqui sem fazer
nada, — explicou. — Você pode fazer isso... ou você é alguém
que sempre precisa estar fazendo algo?
Dominik puxa a rolha, levantando uma sobrancelha antes
de começar a servir. Seus lábios se curvam para cima.
— Você sabe a resposta para isso.
Eu percebo que sim.
Dominik é influenciador e impulsionador. Ele nunca seria
capaz de fazer nada por um dia inteiro. Algumas horas, talvez,
mas nunca mais do que isso.
Eu fico em silêncio enquanto ele serve uma segunda taça
para si, antes de sentar-se no sofá ao meu lado. Colocando uma
taça na minha mão, ele diz:
— Se você quiser ficar sentada aqui pelos próximos quatro
dias, estou tranquilo. Eu quero que esta seja uma boa escapada
para você.
— Por que? — Eu pergunto desconfiada. Eu tomo um gole
do meu vinho, apreciando o sabor limpo e fresco. Simplesmente
perfeito.
Dominik revira os olhos. Alcançando com a mão livre, puxa
minhas pernas sobre seu colo, em seguida, ajeita o cobertor sobre
mim.
— Porque eu convidei você e não quero que se arrependa de
ter vindo. Você é tão esquiva com algumas coisas e não quero que
seja capaz de dar qualquer desculpa para não voltar um dia.
Eu deixo assim. Ele está fazendo planos para o futuro e,
embora eu tenha me aberto para algo que é definitivamente mais
do que “apenas sexo”, eu só aguento isso um dia de cada vez.
Dominik se acomoda nas almofadas. Ele apoia os pés na
mesa de centro, que é uma peça de pedra pesada com tampo de
cobre.
— Ainda está tudo bem com a sua família?
É uma pergunta casual. O Senhor sabe que ele compreende
a ruptura que houve entre os membros de minha família desde
que souberam a verdadeira natureza do que eu faço. Eu também
o perdoei por sua parte nisso. Ele não fez intencionalmente.
— Mamãe e papai estão tão bem quanto possível com isso,
— eu digo enquanto me movo para as almofadas macias com um
suspiro de contentamento. — Dax ainda está me olhando mal.
— Seu irmão gosta de pressionar os botões, — Dominik
responde com uma risada. — Ele fica desconfortável com o que
você faz, então, por sua vez, ele vai deixar você desconfortável
com isso.
Eu sorrio.
— É por isso que agradeço muito ter me deixado ficar com
você na semana passada... e por me convidar para a Califórnia.
Dominik resmunga.
— Quem você está enganando? Não há como “deixar” você
ficar comigo. Nem estaria aqui nem teria ficado comigo em
Phoenix se eu não tivesse mandado você fazer isso. Nunca teria
vindo voluntariamente.
Eu fico olhando para ele por um momento, minha boca
aberta de surpresa.
— Isso não é verdade.
— É pura verdade, — Dominik mantém um olhar
penetrante. — Você tem essa independência obstinada. Mas seja
o que for... Eu não me importo de dar as ordens e assistir você
obedecer. Me excita, na verdade.
Eu balanço minha mão para acertá-lo no peito. Ele ri, mas
depois fica sério, os olhos fixos em mim.
— Você tem sorte de ter uma família que te ama tanto.
Suas palavras me atingem profundamente, mas não são
uma revelação.
— Eu sei. Eu percebo o quão incrivelmente sortuda eu sou.
Dominik sorri, então deixa seu olhar vagar sobre o oceano.
Ele toma um gole de vinho, aparentemente contente com o
silêncio.
— E sua família? — Eu pergunto. — Eles são loucamente
protetores com você como os meus são comigo? Ou eles são
indiferentes?
Dominik nunca perde o sorriso, mas a tristeza enche seus
olhos.
— Eu não tenho família.
— O que? — Exclamo, sentando um pouco mais reta. Como
eu não sabia disso? Eu tenho uma profunda intimidade com este
homem... o conheço há alguns meses..., mas eu não sabia disso
sobre ele. — Como você pode não ter uma família?
Virando o pescoço para trazer sua atenção de volta para
mim, ele dá de ombros.
— Muitas pessoas não têm família, Willow. No meu caso, foi
uma sorte de merda, eu acho. Meus pais morreram em um
acidente de carro quando eu tinha nove anos. Fui morar com meu
avô, o pai da minha mãe, mas ele morreu quando eu tinha onze
anos. Não havia nenhum outro membro da família além de um
tio afastado do lado do meu pai que não estava interessado em
criar um filho. Então eu fui para o sistema de adoção. Saltei de
casa em casa por um tempo. Vi o lado bom e o lado ruim do
sistema, mas vamos encarar... eu não era adotável. Ninguém
quer trazer um filho mais velho para sua casa de forma
permanente.
Não sei o que dizer, mas consigo gaguejar:
— Isso é ... isso é ... horrível.
— Não foi uma existência fácil, — diz ele. Ele é tão realista
sobre isso que meu coração realmente dói por ele.
— Como assim? — Eu me forço a perguntar, embora eu
prefira voltar e não saber esta triste informação sobre ele.
— Não há proteção no sistema de adoção, — explica ele,
mudando ligeiramente para colocar o braço sobre o encosto do
sofá para que possa me encarar. — Em lares adotivos,
geralmente há vários filhos, então você tem que lutar pelo que
quer. As melhores roupas de segunda mão, comida, atenção. É
pior nos orfanatos. Entrei em um quando tinha quatorze anos e
não saí até que fui liberado dos cuidados do estado aos dezoito.
Tive que lutar por tudo o que tinha lá, tive que proteger minhas
coisas de serem roubadas e tive que dormir com um olho aberto
todas as noites.
Não tenho ideia de qual a expressão no meu rosto, mas
Dominik deve ver algo que o faz recuar.
— Não foi tão ruim, — ele corre para me assegurar. — Tive
boas experiências. Honestamente... acho que a maneira como fui
criado é o que me tornou o homem que sou hoje. Permitiu-me
aprender como abrir meu caminho para o sucesso.
Balançando a cabeça, eu puxo minhas pernas de seu colo e
as cruzo no estilo indiano, inclinando-me mais em direção a ele.
Essa conversa saiu do modo relaxado e mudou para o intenso.
— Você está jogando por terra todos os meus estereótipos
horríveis aqui.
— O que você quer dizer?
— É só que... você é tão organizado e bem-sucedido. Gentil
e generoso. Como sociedade, acreditamos que qualquer pessoa
que venha de outra situação que não seja uma unidade familiar
em funcionamento tem pouca ou nenhuma chance de sucesso.
— Isso, provavelmente é verdade, — diz ele com um aceno
pensativo.
— Mas você... — Eu cutuco o centro de seu peito com meu
dedo indicador. — Você é um multimilionário...
— Bilionário, — ele corrige com um sorriso malicioso.
Eu sei disso, é claro, mas gosto de minimizar sua riqueza.
— Tanto faz. A questão é... você prosperou. Triunfou. É
francamente... incrível. Quero dizer, pense sobre isso. Você é tão
confiante. Onde conseguiu isso? Que modelos de conduta
forneceram a você, porque eu estou supondo que não foi ninguém
no sistema de adoção, certo?
Algo brilha nos olhos de Dominik. Ele levanta o queixo
sorrindo alegremente.
— Acho que alguém pode gostar de mim por outras razões,
além do orgasmo.
Eu rio, dando-lhe um tapa com as costas da mão contra seu
braço antes de voltar minha atenção para o oceano, tentando agir
como se ele não fosse o homem mais interessante que eu já
conheci.
— Eu não gosto de você de jeito nenhum.
— Você gosta tanto de mim que te assusta muito, — ele
brinca, embora haja um fio de verdade por trás disso.
Eu o ignoro, olhando para a água azul enquanto bebo meu
vinho.
Dominik puxa minhas pernas para seu colo novamente e eu
me acomodo confortavelmente nas almofadas. Ficamos em
silêncio por um tempo enquanto apenas passamos o tempo na
companhia um do outro.
Ele não insiste no assunto, e estou feliz. Porque não
precisaria muita provocação dele para me fazer admitir que gosto
dele muito mais do que jamais sonhei ser possível.
E eu simplesmente não estou pronta para fazer isso ainda.
Pelo menos não em voz alta, porque isso o torna muito real.
E quando se tornar real, terei que me esforçar e fazer algumas
escolhas sobre como quero continuar a levar minha vida.
CAPÍTULO 17

Dominik

Meu orgasmo é tão poderoso que quase desmaio. É sempre


tão foda com Willow. Cada um parece que um terremoto poderoso
está me destruindo de dentro para fora.
É incrível que a intensidade da nossa relação sexual não
tenha diminuído nem um pouco ao longo das semanas que
estivemos juntos.
Meu corpo desaba em cima dela, e eu vagamente a sinto
desenrolar as pernas de meus quadris, onde ela as prendeu em
torno de mim. Eu a seguro em meus braços, com o peito arfando
com o esforço, e rolo para o meu lado, levando-a comigo.
Eu considero um triunfo milagroso que ela agora coloque os
braços em volta de mim em troca, porque a Willow Monahan que
eu transei pela primeira vez não tinha sido carinhosa de forma
alguma. Agora ela se aconchega e pressiona sua bochecha no
meu peito, seus próprios pulmões ainda ofegando por ar após o
sexo.
O grande plano que tive de trazê-la ao sul da Califórnia para
umas miniférias não funcionou como eu havia imaginado. Eu
visualizava jantares em restaurantes chiques, encontrando
algumas famosas amigas ou talvez dançando em alguns dos
melhores cubes de Los Angeles.
Em vez disso, ficamos na minha casa quase o tempo todo.
Fizemos churrasco, andamos na praia e passamos horas de lazer
no pátio dos fundos. Enquanto ela lia livros, eu trabalhava no
meu laptop. E não há porque lutar contra a necessidade física de
que parecemos ter um do outro, nós transamos muito. Foram
quatro dias perfeitos.
— Pronto para voltar ao estresse dos playoffs amanhã? —
Ela me pergunta com uma voz rouca derivado aos gemidos e
gritos que fez.
Estamos voando para Phoenix pela manhã e nosso primeiro
jogo das finais da conferência será naquela noite contra a L.A.
Demons. Teremos a vantagem de jogar em casa, então os dois
primeiros jogos serão em Phoenix. O vencedor desta série seguirá
para o campeonato da Copa.
Está se tornando real agora, e estou amando cada minuto
disso, mesmo que seja altamente estressante.
— Totalmente pronto para o jogo de amanhã à noite, — eu
respondo, passando meus lábios sobre o topo de sua cabeça. —
Mas estou chateado por estar deixando este pequeno casulo que
tivemos nos últimos dias.
— Foi bom, — ela responde, sua voz ficando baixa e
sonolenta.
Eu inclino minha cabeça para ela.
— Bom?
Ela encontra meus olhos, um sorriso malicioso rastejando
em seu rosto.
— Sim, bom.
— Mulher, você estava gritando até o fim enquanto a fazia
gozar. Bom é um insulto. Retire o que disse.
— Eu não vou, — ela provoca, e pronto.
Eu a viro de costas, monto nela e começo a fazer cócegas.
Ela contorce seu corpo delicioso e bem usado debaixo de mim,
rindo histericamente enquanto meus dedos trabalham em suas
costelas.
— Pare, — ela engasga enquanto ri e agarra minhas mãos.
Eu lhe dou uma breve pausa, minhas palmas agora em suas
costelas.
— Retire a parte 'bom'. Diga-me como foram fantástico estes
últimos quatro dias.
Ela morde o lábio inferior, sorrindo em desafio. Quando eu
afundo a ponta do meu dedo indicador contra uma costela, ela
estremece com um grunhido antes de dar um tapa na minha
mão.
— Bem. Se o seu ego frágil precisa ouvir, então os últimos
quatro dias foram estupendos.
Franzindo a testa, eu me sento.
— Não tenho certeza se estupendo é realmente a palavra
certa.
Willow ergue uma sobrancelha.
— O que você sugeriria?
— Fantástico pra caralho, — eu exclamo. — Eu já sugeri
isso, na verdade.
— Tudo bem, — ela fala em exagero. — Este tempo com
você foi fantástico pra caralho. Você é fantástico. Sua casa é
fantástica pra caralho, e seu corpo é fantástico pra caralho. Você
me faz sentir todos os tipos de coisas fantásticas pra caralho.
Você está feliz agora?
Eu sorrio antes de me jogar na cama ao lado dela.
— Imensamente, sim.
Lado a lado, olhamos silenciosamente para o teto. Com
Willow, não sinto nenhuma necessidade urgente de preencher
todos os silêncios vazios com conversas inúteis. Gosto dela tanto
no silêncio quanto gosto quando ela está gritando a plenos
pulmões.
Mas um pensamento me ocorre e eu rolo de lado para
encará-la, colocando o cotovelo no colchão e apoiando minha
cabeça na palma da minha mão.
— Eu presumo que seus pais virão para os dois primeiros
jogos?
Willow acena com a cabeça.
— Minha irmã Meredith e seu marido também.
— Ainda melhor, — eu respondo pensativamente. — Então,
eu adoraria tê-los todos na minha casa para jantar uma noite.
Talvez entre os jogos um e dois?
A cabeça de Willow se inclina na minha direção e suas
sobrancelhas estão franzidas.
— Você quer convidar minha família para jantar em sua
casa?
— Sim, — eu digo lentamente.
— Por que?
— Por que não? — Eu respondo de volta.
Seus olhos voltam para o teto e ela morde o lábio inferior,
franzindo a testa no que parece ser concentração.
— Sua família sabe que estamos namorando? — Eu
pergunto com cautela. — Quero dizer, além de Dax, eles sabem,
por exemplo, que você está aqui na Califórnia comigo?
Willow se levanta sobre os cotovelos, virando-se para mim.
Isso faz com que seus seios empinem, o que me distrai, mas me
recuso a morder a isca.
— Eles não sabem necessariamente que estamos
namorando, — diz ela, hesitante. — Quero dizer, Dax sabe que
estamos nos vendo. E meus pais provavelmente suspeitam disso,
considerando como você estava naquela ligação. Mas nós
realmente não conversamos sobre isso.
— Bem, convidá-los para jantar em minha casa vai colocar
isso em evidência. Então você não terá que se preocupar em
anunciá-lo, — eu digo.
— Não estou preocupada em anunciá-lo, — ela retruca. —
É só que... não tenho certeza se deveríamos...
— O que? Tornar oficial? — Sua expressão diz que é
exatamente isso. Trazer outras pessoas para o nosso
relacionamento o tornará real para ela, e isso ainda é claramente
uma barreira.
Alcançando seu cabelo, eu coloco um pouco dele atrás da
orelha e o toque a faz afundar nos travesseiros com um suspiro,
seu olhar focado no teto.
— Willow... eu entendo que seja avessa a relacionamentos.
Você foi clara sobre isso. Mas desde que nos aproximamos, acho
que não entendo o que ainda está prendendo você.
Mais uma vez, ela morde o lábio, um sinal claro de que o
cérebro dela está girando.
— Willow, — eu digo baixinho, e seus olhos encontram os
meus. — Você tem sentimentos por mim. Eu sei disso e você
também. Esses mesmos sentimentos são correspondidos por
mim. Gostamos de passar tempo um com o outro. Por que você
não pode simplesmente superar quaisquer obstáculos que você
tenha, e admitir que estamos nos vendo de uma maneira real?
Ela fecha os olhos brevemente antes de abri-los. Estou
chocado com a dor e o medo que vejo neles.
— Porque fui gravemente ferida por alguém e temo que isso
vá acontecer de novo.
Eu recuo, chocado com essa admissão. Willow sempre é tão
feroz, independente e corajosa que é difícil pensar nela como
tendo a capacidade de se machucar.
— O que aconteceu?
Ela encolhe os ombros como se não fosse nada, mas nós
dois sabemos que não é verdade. Eu estendo a mão e pego a sua,
dando-lhe um aperto suave para tranquilizá-la. Ela estuda
nossos dedos onde eles estão entrelaçados, sua voz saindo oca.
— Eu estive noiva alguns anos atrás.
Mais uma vez, um choque me percorre com a notícia. Eu
tinha acabado de assumir que Willow sempre foi contra
relacionamentos. Mais ou menos como eu. É difícil para mim
imaginar, porque passei muito tempo sem eles. Nunca me
ocorreu que ela teve uma experiência singular ruim que a afastou
deles.
— Olha… — ela começa. No que parece ser uma onda de
força, ela se senta contra a cabeceira da cama e me olha bem nos
olhos. — Eu estava séria com esse cara. Ele era rico. Não era um
bilionário como você, mas ganhava um bom dinheiro. Ele estava
sempre comprando coisas porque podia. Ele tinha uma espécie
de bom senso. Achei que ele poderia ter qualquer coisa que
quisesse, o que acabou incluindo sua escolha sobre qualquer
mulher que quisesse. Ele me traiu. Isso era tudo que havia para
fazer, e bem... eu nunca fui realmente capaz de confiar desde
então. E, francamente, você é muito mais rico do que ele. Você
poderia ter qualquer coisa ou qualquer pessoa que seu coração
desejar, por isso é difícil me investir totalmente. Estou me
segurando porque concordamos no início que isso não iria além
dos playoffs, e...
— Eu já dei a você algum motivo para acreditar que seria
como ele? — Não posso deixar de interromper porque é ofensivo
ser confundido com alguém assim só porque sou rico.
Willow balança a cabeça vigorosamente.
— Não. Claro que não. Mas ainda... Quando dei meu
coração para alguém antes, ele abusou dele, é uma dor que não
quero sentir novamente. Então, na minha opinião, é mais fácil
não permitir que os sentimentos se envolvam. Se você não teve
seu coração partido antes, você não entende.
— Eu nunca tive meu coração partido antes, — eu admito.
— Não por um interesse romântico de qualquer maneira. Mas eu
entendo a perda. Acho que o que não entendo é como uma garota
esperta como você não consegue perceber a diferença entre eu e
seu ex noivo. Porque certamente, você é uma ótima juíza de
caráter. Se eu quisesse outra pessoa, simplesmente diria que não
quero ser exclusivo ou que estava pronto para seguir em frente.
Você tem que me conhecer bem o suficiente agora para acreditar
que eu não trairia você, certo?
Ela acena lentamente. Estabelecemos nossas expectativas
de maneira bem definida e somos capazes de comunicar o que
queremos e onde estão nossos limites.
— Olha... — Eu esfrego meu polegar nas costas da mão dela
de uma forma que espero ser reconfortante. — Talvez você e eu
precisemos ter uma conversa realmente clara. Vamos reavaliar o
que queremos com isso.
— O que você quer dizer? — Ela pergunta, curiosidade
brilhando em seus olhos.
— Bem, por exemplo, eu realmente gosto de você. Estou
extremamente atraído e certamente amo foder você, mas também
gosto de estar com você. Conversar. Rir. Gosto muito mais do que
apenas sexo. Eu realmente gosto de conhecê-la. Vou apenas
colocar tudo para fora. Gostaria de continuar a vê-la de forma
exclusiva e realmente não quero que isso acabe. Eu gostaria de
continuar avançando para ver onde isso vai dar.
Para minha consternação, um toque de pânico se infiltra em
seu olhar. Felizmente, ela não desvia o olhar.
— Isso seria tão ruim? — Eu pergunto.
Para meu alívio, ela balança a cabeça.
— De jeito nenhum. Apenas... este é um grande passo para
mim.
— Vamos devagar, — eu asseguro a ela. — Não temos nada
além de tempo e, nas próximas semanas, teremos a oportunidade
de passar muito tempo juntos. Podemos ver para onde vai.
— Mas talvez possamos adiar a coisa toda do jantar em
família agora, — ela diz, e eu tenho que rir. Se isso é necessário,
então é o que faremos.
— Claro, — eu digo antes de me inclinar para escovar meus
lábios contra os dela. — Embora eu não veja seus pais como
nada além de pessoas muito espertas. Meu palpite é que eles já
descobriram isso.
— Talvez, — ela brinca soltando uma risada. — Mas eu
ainda gostaria de manter isso entre nós por um tempo. Deixe-me
entrar nessas águas com cautela.
— Tudo bem, — eu respondo. Entretanto sou um
empresário, preciso de algo em troca. — Mas você tem que
concordar em sentar no camarote comigo em cada jogo. Sua
família também pode sentar lá.
— Então eles vão realmente descobrir, — ela exclama.
— Vou manter minhas mãos longe de você. Eu prometo.
— Tudo bem, — ela faz beicinho, então deixa escapar outro
suspiro exagerado. — Oh, quem eu estou enganando? Eles
sabem. Assim como todo mundo, desde que você perseguiu Dax
impiedosamente e as pessoas nos viram juntos. Não sei por que
de repente estou tão assustada.
— Não é como se eu estivesse pedindo para você se casar,
Will, — provoco, reunindo-a em meus braços e puxando-a para
perto. — E se isso a faz se sentir melhor, quando alguém
perguntar, direi apenas que você transa bem.
Recebo uma cotovelada nas costelas por isso, mas então ela
se acomoda a mim. Seu corpo fica todo macio, seus braços
envolvem minha cintura, e ela mais uma vez pressiona sua
bochecha no meu peito.
Ficamos em silêncio por vários momentos e sinto que
fizemos progressos.
E então, Willow limpa a garganta suavemente para chamar
minha atenção. Acho que ela pode não dizer absolutamente nada
quando finalmente ela solta:
— E eu sei que não disse isso, mas eu realmente gosto de
você também.
E sim... aquele sentimento está ali mesmo. Como se eu
tivesse acabado de escalar o Monte Fuji ou ganhado a Copa.
Vitória total.
Ela gosta de mim também.
CAPÍTULO 18

Willow

Não tenho certeza de como fui arrastada para uma noite de


garotas, mas fui. Estamos nos reunindo na casa de Brooke, que
ela e Bishop compraram recentemente juntos. Eles não estão
programados para se casar até o final de junho, mas para todos
os efeitos, eles são praticamente como um casal.
Como era de se esperar, a casa é típica da maioria dos
atletas profissionais. É em um condomínio fechado com mais de
500 metros quadrados de espaço e os melhores detalhes. Brooke
nos levou em um passeio fabuloso assim que chegamos e Regan,
que não teve sorte em encontrar algo para ela e Dax, fez um
milhão de perguntas, pois ela é uma potencial compradora de
imóvel residencial frustrada. Não é como se não houvesse casas
disponíveis para escolher, mas ela não consegue escolher uma
sem a aprovação de Dax e ele simplesmente não tem tempo para
olhar para nada enquanto os playoffs estão acontecendo. Ele
disse repetidamente a Regan: — Vá comprar algo que você ama
e eu ficarei feliz, — mas meu irmão é relativamente idiota por
pensar que ela não teria problemas em fazer isso. Claro, ela quer
ter certeza de que ele ama a casa deles também, então decidiu
adiar a busca por uma casa até depois dos playoffs.
Acabamos na cozinha onde Brooke oferece um banquete
mexicano para nós. Tacos de peixe, uma salada picante de feijão
preto e sopapillas.
O melhor de tudo é que tem margaritas.
Ela começa a preparar um grande jarro enquanto nos
sentamos ao redor da enorme ilha da cozinha com capacidade
para oito.
Somos apenas seis, Brooke, Blue, Pepper, Regan, Nora e eu.
Os respectivos homens dessas mulheres estão fora, cumprindo
uma noite de garotos.
Depois de encher os copos com uma crosta de sal na borda
com a bebida, Brooke os passa para nós.
Segurando o dela, ela diz:
— O primeiro brinde é ao Arizona Vengeance por vencer o
jogo um contra os Demons de L.A. na noite passada.
As finais da conferência realmente começaram, e o
Vengeance venceu por 1 a 0 sobre os Demons na corrida pelo
título da Pacific Conference. Foi para a prorrogação, o que
adiciona um período extra de vinte minutos. No hóquei, no
playoff, não há pênaltis e os times continuam jogando períodos
de vinte minutos até que alguém marque. Tacker terminou
rapidamente na noite passada, fazendo o gol da vitória em pouco
mais de dois minutos do período de prorrogação.
Levantamos nossas taças, dando vivas ao nosso time. Tomo
um gole profundo da margarita, minhas papilas gustativas
dançando de alegria.
— Senhoras, — Brooke diz enquanto acena com a mão para
as travessas de comida na bancada de granito. — Pratos e
talheres estão todos lá. Fiquem à vontade.
Passamos pratos, os carregamos com comida e bebemos
nossas margaritas enquanto conversamos. Fiquei feliz com o
convite porque Dominik queria convidar minha família para
jantar em sua casa esta noite. Embora ele não tenha mencionado
novamente, eu não tinha certeza se ele não faria outro pedido
para mim. Então, quando Regan me disse para ter esta noite livre
para um encontro de garotas, eu aceitei, apesar do fato de nunca
ter tido muitas amigas antes. Minha carreira torna difícil
encontrar amigos. Francamente, é muito difícil fazer um vínculo
duradouro quando se viaja tanto. Não ter casa também é um
empecilho, já que normalmente fico com meus pais entre as
viagens. Eu nunca realmente criei minhas próprias raízes em
lugar nenhum, o que é uma espécie de requisito ao construir uma
comunidade de amigos.
Regan se tornou extremamente próxima dessas mulheres
desde que se mudou para Phoenix ao se casar com meu irmão. E
como agora sou sua cunhada, ela me puxou para este grupo,
querendo ou não.
O bom disso, porém, é que essas mulheres são incríveis e,
portanto, me considero em boa companhia. Brooke é formada em
marketing de moda, o que se traduz bem em sua posição na
equipe de vendas comerciais da Vengeance. Ela também é filha
do treinador, por isso tem sido um equilíbrio delicado se
apaixonar por uma das estrelas da equipe. Blue é comissária de
bordo da equipe, mas também cuida de seu irmão adulto com
deficiência, Billy. Ela tem uma agenda incrivelmente agitada, mas
ainda consegue dedicar muito tempo a ele. Ponto bônus para ela
também, por ter o maior playboy da equipe quando Erik se
apaixonou por ela.
Pepper pode ter a história mais maluca de todas. Ela se
apaixonou por nosso goleiro, Legend, enquanto ele descobria que
tinha uma filha secreta, de uma mulher com quem ele havia
namorado no passado. A mulher simplesmente largou a pequena
Charlie, quando era apenas uma recém-nascida nos degraus de
sua varanda em uma noite com um bilhete. A mãe do bebê era
doida como o diabo e deu um tiro em Pepper, que está recuperada
agora. Pepper e Legend não perderam tempo em começar sua
vida juntos depois. Eles foram para o tribunal e se casaram, e
agora são uma família pronta. E, claro, a adição mais recente
além de mim é Nora, a terapeuta que fez Tacker voltar a vida
novamente depois que ele entrou em uma espiral depressiva após
a morte de sua noiva em um acidente de avião.
Como eu disse... é um grupo incrível de mulheres. Eu me
sinto um pouco sem graça em comparação com elas.
Mas ei, tacos de peixe e margaritas. Não é uma maneira
ruim de passar a noite, especialmente considerando que não
estou na casa de Dominik entretendo minha família e percebendo
o quão sério acabou sendo essa coisa entre nós.
— Por que você não está bebendo? — Pepper pergunta a
Blue, e nós, coletivamente, viramos nossas cabeças para focar
nela.
Com certeza, o copo de Blue está cheio até a borda e
intocado. Um rubor rosa rasteja em suas bochechas, e sua voz
fica alta.
— Oh, sem razão. Só não estou com vontade.
— Mas você adora margaritas, — Brooke aponta, franzindo
as sobrancelhas.
O blush de Blue muda de rosa para vermelho, e isso me
atinge. Sua expressão é de empolgação, mas ela também parece
um pouco inquieta.
— Oh meu Deus, — exclamo, dando-lhe um olhar astuto.
Os olhos de Blue se fixam nos meus, seu rosto ligeiramente
em pânico.
— Você está grávida, — eu digo, supondo que é por isso que
ela não tocou na bebida.
— Não, — ela murmura.
Brooke coloca as mãos nos quadris, inclinando-se em
direção a Blue com um olhar desconfiado.
— Algo está definitivamente acontecendo.
Blue solta um suspiro que afasta um pouco o cabelo do
rosto. Ela estende as mãos.
— Bem. Estou grávida. Acabamos de descobrir ontem e eu
não ia contar porque Erik e eu não discutimos quando e a quem
contar. E então, quando você serviu as margaritas, fui pega
totalmente desprevenida e não sabia se deveria falar. Mas você
sabe o que... Estou feliz que tenha sido assim. Estou feliz que
todas vocês saibam. Esse é um segredo muito grande para
guardar.
Nós pulamos de nossos banquinhos em empolgação com
sua admissão, aglomerando-nos para lhe dar um abraço de
felicidades.
— Você estava tentando engravidar? — Brooke pergunta
enquanto se move de volta ao redor da ilha. Sempre a graciosa
anfitriã, ela tem comido em pé para que possa continuar a nos
servir se precisarmos de alguma coisa. Todos as outros voltam
para seus lugares.
Blue balança a cabeça.
— Não. Foi um acidente, embora tenhamos obviamente
conversado sobre ter filhos depois de nos casarmos. Mas Erik
está totalmente empolgado com isso e, bem, eu também, para ser
honesta.
Pego meu taco de peixe, mas antes de dar uma mordida,
pergunto:
— O que isso faz com seus planos de casamento?
Blue e Eric ficaram noivos alguns meses atrás.
Blue encolhe os ombros, um sorriso bobo no rosto.
— Eu realmente não me importo se temos um casamento
ou não. Eu ficaria feliz em ir ao tribunal como Regan, Dax, Legend
e Pepper fizeram. Eu nunca imaginei que nada disso iria
acontecer. Eu nunca pensei que teria um casamento ou um bebê
por causa de Billy, mas Erik me apoia em tudo. Ele me faz
acreditar que todas as coisas são possíveis. Posso lidar com a
vida por conta própria, mas Erik a torna muito mais feliz e fácil.
Ele é um verdadeiro parceiro em todos os sentidos da palavra, e
estou muito animada em termos um bebê juntos. Acho que a
maior parte do casamento é discutível neste momento.
Eu medito sobre suas palavras. Houve um tempo em minha
vida em que sonhei com um grande casamento com um vestido
fabuloso, lindas flores e minha família e amigos ali para
compartilhar minha alegria. Uma vez que essas visões foram
destruídas, eu nunca pensei nelas novamente.
Mas ouvindo Blue agora, e vendo como Regan e Dax, Legend
e Pepper estão felizes, eu percebo que esse tipo de coisa é apenas
uma armadilha. Se o amor for verdadeiro, do tipo genuíno,
confuso e fabuloso ao mesmo tempo, posso ver que não é preciso
uma exibição tão grande apenas para provar o compromisso.
— Ou apenas faça algo sem complicações do jeito que
Bishop e eu planejamos, — Brooke sugere com um sorriso.
Brooke e Bishop vão celebrar o casamento no final de junho,
para o qual recebi um convite. Embora seja em um resort chique,
ela disse que desistiu do controle do planejamento para as
pessoas de lá. Isso inclui pegar seu bolo, flores e comida para a
recepção. Estou seriamente impressionada com sua capacidade
de desistir desse tipo de controle como noiva.
— Bem, se fôssemos fazer um casamento... — Pepper diz
enquanto pega outro taco do prato. — Faríamos da mesma
maneira. Nunca quisemos um grande acontecimento, mas viajar
para um local exótico com amigos e família parece divertido.
Regan dá um suspiro meio ofegante, o lábio inferior
ligeiramente saliente.
— Sempre quis um grande casamento. Claro, nunca pensei
que Dax fosse me levar para o tribunal e exigir que me casasse
com ele para que eu pudesse ter o seguro de saúde. Não foi o
evento mais romântico, mas ele diz o tempo todo que me dá um
grande casamento, se eu quiser. Parece meio bobo agora.
— Bobagem, — exclamo. — É uma ótima ideia. Vou ajudá-
la, contanto que você não me faça usar um vestido cafona de
dama de honra.
Os olhos de Regan se iluminam e ela se senta um pouco
mais reta em seu assento.
— Mesmo? Você acha que devemos? E eu desejo que seja
minha dama de honra.
Fui pega de surpresa pelo sentimento pegajoso e
sentimental em minha barriga de que ela gostaria que eu fosse
sua dama de honra, mas me recupero rapidamente.
— Absolutamente. Você merece isso. Afinal, você se casou
com meu irmão, então realmente... você merece tudo.
Todas riem e Regan se vira para Nora.
— E quanto a você e Tacker? Será que vamos ouvir os sinos
do casamento para vocês dois?
Nora ri, sua voz baixa e rouca.
— É muito cedo para nós. Tudo é tão novo e maravilhoso
com Tacker, mas um casamento é a última coisa em que estamos
pensando.
O grupo fica um pouco silencioso enquanto refletimos sobre
o fato da noiva de Tacker ter morrido no caminho para
experimentar seu vestido de noiva. É um lembrete sombrio de
que nem todos os eventos de casamento terminam bem.
— E você, Willow? — Blue pergunta, e todas se concentram
em mim. — O que está acontecendo entre você e Dominik?
Meu corpo inteiro congela, meus olhos quase saltam da
minha cabeça por ter os holofotes voltados para mim. Sou muito
nova neste grupo para compartilhar minhas questões pessoais.
Faça-se de boba, Willow. Seja vaga.
— O que você quer dizer?
Brooke revira os olhos.
— Ah, vamos... todo mundo sabe. Apenas comece a contar.
Eu olho em volta para o grupo de mulheres. Cada uma delas
está olhando para mim com sorrisos encorajadores e uma luz nos
olhos que diz que estão comigo, não importa o que eu possa
revelar.
Com exceção de Regan, que conheço toda a vida, só conheci
essas mulheres há um mês, algumas um ano atrás. E, no
entanto, sinto uma afinidade com elas por algum motivo. Talvez
seja porque aquela primeira margarita era muito forte, ou porque
elas compartilham tão livremente com as outras, que eu sinto um
vínculo.
Antes que eu perceba, estou divulgando.
— Não tenho certeza do que fazer com isso. Eu não me
importaria em receber ajuda para clarear minha mente.
— Então, há algo aí? — Nora pergunta.
Eu aceno, uma risadinha escapando.
— Começou com nada além de sexo. Tínhamos limites
muito definidos. De alguma forma, porém, lentamente se
transformou em algo mais.
Aparentemente, para ter certeza de que estamos na mesma
página quando se trata do meu passado desastroso em
relacionamento, Regan informa a todas:
— Ela se queimou muito com seu ex noivo. Ele a traiu.
Então, Willow decidiu que nunca mais se envolveria com outro
homem.
Eu estreito meus olhos para ela.
— Posso contar minha própria história.
Ela dá uma risadinha.
— Você não é muito boa em se abrir e divulgar as coisas.
Além disso, esta primeira margarita subiu à minha cabeça. O
álcool tende a me fazer abrir a boca. De nada.
— Então você... acabou de declarar que nunca mais teria
um relacionamento? — Blue pergunta. — Quero dizer, isso é
mesmo viável? Você está apenas pedindo que o destino lhe lance
uma bola curva nesse ponto.
Eu encolho os ombros, limpando um pouco do sal da borda
do meu copo e levando-o à boca.
— Algo parecido.
— Mas o que mudou exatamente? — Brooke pergunta,
pegando a jarra para terminar nossas margaritas com exceção de
Blue, é claro, que agora está bebendo um pouco de água gelada.
Antes que eu possa responder, Regan fala novamente.
— Sim... Por favor, diga-nos o que há de tão mágico nele,
porque nunca pensei que veria você se apaixonar por alguém.
Quero dizer, ele é além de lindo.
— E sexy, — acrescenta Brooke.
— Inteligente também, — Blue fornece.
— E rico, — diz Pepper com uma risada. — Isso nunca
machuca.
Essas são, de fato, todas qualidades boas, mas eu já as tive
antes. Elas não me levaram muito longe. Dou-lhes minha
avaliação mais honesta do que pode estar acontecendo.
— Dominik não desistiu de mim. Quando a maioria dos
homens percebe que eu não quero nada mais do que uma noite,
isso não tende a durar muito. É assim que eu gosto. Mas,
caramba, Dominik é persistente, mandão e exigente...
— Oh meu Deus, — diz Blue com os olhos arregalados. —
Ela se apaixonou por um verdadeiro alfa.
As mulheres começam a tagarelar ao mesmo tempo, e eu
mal consigo manter tudo certo.
— Alguém que não aceita merda.
— Garante a atenção de uma mulher independente.
— Maneira infalível de fazê-la sucumbir.
Eu levanto minhas mãos.
— Não. Não é isso. Eu não estou sucumbindo a nada. Ele
me deu um ultimato, disse que eu não poderia continuar no meu
trabalho porque era muito perigoso, mas eu não cedi. Então aí
está. Ele não tem nenhum poder sobre mim.
Elas apenas me olham com sorrisos maliciosos.
— O que? Por que vocês estão me olhando assim? — Eu
exijo.
Regan, que está sentada à minha direita, me dá uma
cotovelada amigável nas costelas.
— Porque você ainda está com ele. Mesmo depois que ele
exigiu isso de você. Você está com ele há mais tempo do que com
qualquer outra pessoa desde que seu noivo te traiu, e quando
você fala sobre seus modos alfa...
— Ele não é o alfa em nosso relacionamento, — eu
resmungo. — Eu sou.
Regan me ignora, continuando com um brilho nos olhos. —
Quando você fala sobre seus modos alfa, você tem uma expressão
sonhadora em seu rosto.
— Não, — eu insisto.
— Sim, — diz ela, mostrando a língua. — E garota... isso é
quente. Ele é um animal entre os lençóis? Eu meio que suspeito
que sim, e provavelmente é por isso que você está realmente
ficando por aqui.
Ela está brincando, é claro, mas meu queixo cai quando eu
olho para minha cunhada incrédula, meu rosto aquecendo
ligeiramente.
— Quem é você? Apenas alguns meses atrás, você não
conseguia nem olhar para mim e falar sobre sexo com homens.
No entanto, agora você quer saber se o homem com quem estou
é um animal entre os lençóis?
— Bem, ele é? — Pepper pressiona. Aparentemente, é uma
pergunta que todas querem que eu responda.
Antes que eu possa fazer isso, Regan me lança um olhar
penetrante.
— Olha... ele é um homem legal. Um cara bom. Ele possui
todas as qualidades que qualquer mulher deseja, e você é louca
por ele. Você pode não admitir, mas...
Eu jogo minhas mãos para cima mais uma vez, desta vez
em sinal de rendição.
— Bem. Eu estou louca por ele. Mas eu ainda estou com
medo de me machucar. O fato de eu ser louca por ele torna quase
certo de que vou acabar magoada quando isso não der certo.
Nora ri, sempre a terapeuta treinada para desafiar as
crenças.
— Por que você acha que vai se machucar?
— Ele é um mulherengo, — murmuro.
Blue balança a cabeça.
— Era um mulherengo. Ele está com você agora, então isso
o tira do mercado. E acredite em mim, eu sei que os mulherengos
podem se recuperar. Experiência pessoal e tudo.
Erik era famoso na liga antes de Blue o domesticar.
Brooke pega seu copo de margarita.
— Todos os nossos rapazes eram mulherengos até certo
ponto.
— Não é o meu caso, — diz Nora com uma gargalhada.
— Isso é verdade. — Pepper dá a Nora um sorriso de
desculpas. — Tacker era um idiota. Sem ofensa.
Nora acena com a cabeça.
— Nenhuma. Essa é uma avaliação justa.
Brooke bate na bancada de granito com o garfo, e nós
olhamos para ela.
— A questão é que homens poderosos podem ser
mulherengos, mas podem facilmente se estabelecer. E parece que
ele está realmente a fim de você. Quero dizer, o homem perseguiu
você implacavelmente pelo que ouvi.
Meu tom é resmungão por natureza e eu admito:
— E ele me disse isso. Que ele gostaria de dar uma chance
a este relacionamento.
Regan põe a mão no meu ombro.
— Então você precisa dar a ele o benefício da dúvida e ir em
frente. Você vai se arrepender se o deixar escapar.
Todas acenam com a cabeça e murmuram concordando
com o conselho de Regan.
Ela não está me dizendo nada que eu já não tivesse em
minha mente. Só tenho que descobrir se sou corajosa o suficiente
para ir com tudo ou se vou continuar retendo uma parte de mim
mesma para que possa ficar protegida no caso de tudo dar errado.
CAPÍTULO 19

Dominik

Normalmente, não aceitaria um convite para uma saída à


noite com a primeira fila da minha equipe, pois não gostaria que
parecesse a alguém que há qualquer favoritismo, embora, não
seja o tipo de homem que se preocupa com o que outros pensam.
Mas agora estamos nos playoffs, então tenho que ser um pouco
mais cuidadoso ao pesar todas as minhas decisões.
Por fim, aceitei o convite para me juntar a Dax, Bishop, Erik,
Legend, Tacker e Wylde para um churrasco na casa de Erik, por
causa de Willow que recebeu o mesmo convite, da parte feminina
deste grupo de homens e incentivei-a a ir.
Veja, eu descobri muitas coisas sobre Willow durante as
últimas semanas, uma é que ela não tem quase amigos,
principalmente amigas. Ela viaja tanto, sem uma base doméstica
para se estabelecer, que depende exclusivamente de sua família
para seu grupo social. E embora eu sei que a família dela é
adorável, posso dizer que, uma pessoa deveria ter mais amizades.
Ou melhor, Willow deveria ter tudo.
Então aceitei o convite porque sabia que ela faria o mesmo.
Funcionou muito bem. Willow está tendo um tempo
necessário com um grupo de mulheres maravilhosas, e eu estou
comendo bife grelhado e bebendo uísque premium com caras de
quem gosto também. Mas eu me mantenho na maior parte do
tempo, sempre ciente de que existe uma linha divisória entre nós.
Eu sou o empregador deles, eles são meus funcionários, e
não faz diferença se eu cruzei essa linha algumas vezes no ano
passado, estendendo ajuda pessoal a alguns deles. Eu
certamente não conto meu assédio para obter informações
pessoais de Dax sobre sua irmã. Isso era brincadeira na maioria
das vezes, porque eu sabia que um dia seria capaz de falar com
Willow.
O que quero dizer é que eu sou o chefe, então, em essência,
posso meio que criar regras que se ajustem a mim em relação ao
trabalho.
Pelo menos essa é a minha ética e vou cumpri-la esta noite.
A maior parte da conversa gira em torno dos playoffs. Como
um bando de atletas profissionais em um campeonato em
andamento, do que mais eles conversariam?
No momento, estamos no pátio dos fundos da casa de Erik,
a temperatura à noite está em maravilhosos vinte e sete graus. O
jantar acabou e estamos tomando nossas bebidas enquanto
relaxamos em cadeiras almofadadas ao redor de uma fogueira.
— Está gostando do uísque? — Wylde pergunta à minha
direita.
Eu rolo o copo, deixando o líquido âmbar girar enquanto eu
o contemplo.
— Não é ruim.
Na verdade, fiquei impressionado com a seleção de bebidas
de Erik. O uísque é uma das marcas que estoquei em minha
própria casa.
— Todo scotch tem gosto de meias sujas para mim, —
Wylde responde com o nariz enrugado. Ele está bebendo cerveja
nacional, então o que ele poderia saber sobre as sutilezas mais
finas de sabores?
Rindo, Dax balança a cabeça.
— Cara... você é tão pouco sofisticado quanto parece.
Wylde dá de ombros.
— Eu sou apenas um homem de colarinho azul enfiado no
corpo de um atleta profissional. — Ele dá um sorriso malicioso
para Dax. — Além disso... sou sofisticado onde é importante.
— Oh, você quer dizer com as mulheres, — diz Erik com
um sorriso malicioso.
— Não fique com ciúmes agora que você perdeu sua coroa
reinante como o playboy da equipe, — retruca Wylde com um
sorriso antes de puxar sua cerveja.
Todos nós rimos, mas então Bishop faz uma pergunta séria
a Wylde.
— Você ouviu mais alguma coisa de Rafe?
O clima em torno da fogueira esfria instantaneamente
tornando-se sombrio. Ontem, descobrimos que o pai de Rafe
havia morrido. Wylde manteve contato próximo com Rafe desde
sua mudança para a Cold Fury, já que ele aparentemente, passou
por algo semelhante com um de seus pais, embora eu não tenha
conhecimento desses detalhes.
Wylde balança a cabeça.
— Nah... ele disse que me mandaria uma mensagem com
detalhes sobre o serviço quando conversei com ele na noite
passada.
— Me avise, se não se importar, — digo, com a intenção de
fazer algo de bom para a família de Rafe. Um gesto pessoal fora
do que quer que a equipe faça, conforme determinado pela
recepção.
— Com certeza, — Wylde responde suavemente.
— Eu odeio isso por ele, — murmura Tacker. — Ele passou
por grandes mudanças... seu pai adoeceu, mudou-se para uma
nova equipe, playoffs e agora seu pai morrendo.
É muito, sem dúvida, e sim, a Cold Fury está nos playoffs
também. Eles fizeram o primeiro jogo pelo título da Conferência
Leste na noite passada, assim como nós. Eles estão indo contra
o New York Vipers, um adversário difícil, mas que eles devem
derrotar. Do jeito que está, quase todo mundo pensa que vai ser
um confronto final entre a Vengeance e a Cold Fury nas finais da
Copa, mas eu nunca presumo nada. Em vez disso, abaixo minha
cabeça e avanço o máximo que posso até alcançar meus
objetivos.
A melhor coisa dessa equipe é ser formada com homens que
têm a mesma filosofia.
Conversamos mais um pouco sobre Rafe e os caras fazem
planos de talvez fazer uma visita a ele durante o verão. Legend
liga para a babá que está com Charlie para fazer o check-in, e as
bebidas são recarregadas.
Decido tocar no assunto antes de ficarmos bêbados demais
e simplesmente esquecer. É uma questão simples, realmente.
— Escutem, — eu digo, e aquela palavra chama a atenção
deles. — Tenho alguns convidados especiais vindo para o jogo
amanhã. Crianças, na verdade, e eles vão se juntar a mim no
camarote do proprietário. Eu esperava que alguns de vocês
encontrassem com eles antes do jogo. Tenho algumas camisetas
e outros equipamentos de presente para eles. Sei que eles
adorariam fotos e autógrafos.
Cada um responde que estará lá, o que agradeço muito.
Sabia que poderia contar com eles. Eles mostraram como é fácil
se unirem como um grupo para apoiar algo, como fizeram em
inúmeras outras ocasiões quando alguém na equipe precisou de
ajuda.
— O que há de tão especial nessas crianças? — Dax
pergunta.
— Eles moram em um lar de adoção na Califórnia para o
qual eu doo muito dinheiro, — digo.
— Uma causa próxima ao coração? — Ele pergunta.
Eu tomo um gole do meu scotch, saboreando a turfa
esfumaçada e um toque de baunilha antes de engolir.
— É onde eu cresci durante minha adolescência.
As sobrancelhas de Dax se erguem e posso sentir os olhos
de todos os outros em mim também. Não é um fato privado, mas
claramente não é bem conhecido, pois posso sentir o choque
entre eles.
Prossigo e conto tudo, pois posso ver as perguntas em seus
rostos.
— Meus pais morreram quando eu era jovem. Vivi com meu
avô. Ele morreu. Fui para uma casa de adoção, mas estava velho
demais para ser adotado. Acabei em um orfanato e fui embora
quando fiz dezoito anos. É simples assim.
— Nada é simples sobre isso, — Bishop diz em um tom
baixo.
— Eu não tinha ideia, — diz Dax, balançando a cabeça
lentamente. — E olhe o que você fez de si mesmo.
Impressionante, cara. Saúde.
Ele segura sua bebida em um brinde silencioso, e eu aceno
de volta com um sorriso. Não preciso de elogios ou afirmações
dele, mas é bom saber que ele aprecia minha jornada, assim
como sua irmã.
Provavelmente seja fato Dax e eu termos um bromance
acontecendo neste momento. Tudo começou quando percebemos
nosso ódio mútuo pela carreira de Willow devido aos perigos, e
floresceu a partir daí. Na verdade, tínhamos saído para tomar
uma cerveja na noite em que a família dela a chamou para uma
intervenção mal concebida. Continuamos a nos relacionar
enquanto bebíamos e reclamamos livremente sobre sua irmã.
Definitivamente, não é normal para um dono de equipe ser
amigo pessoal de um jogador e esta reunião aqui provavelmente
está ultrapassando os limites, mas devo dizer... Gosto de Dax.
Acho que essa amizade continuará a crescer enquanto meu
relacionamento com Willow continuar a progredir.
— Já que você parece estar com vontade de compartilhar,
— Legend pergunta maliciosamente, — qual é o problema entre
você e a irmã de Dax? Essa coisa vai longe?
Eu lanço um olhar para Dax, que apenas me encara de volta
suavemente. Ele sabe o que eu sinto por ela, então minha
resposta não terá nenhum problema.
Mas acho curioso que Legend e provavelmente os outros
homens olhando para mim em expectativa estejam interessados
em minha vida amorosa. Na minha experiência, os homens
geralmente não são tão curiosos sobre essas coisas.
É certo, porém, que este grupo é diferente. Eles se juntaram
repetidamente quando cada homem se apaixonou por uma
mulher e se deparou com obstáculos. Eles se reuniram em torno
de Bishop e seu falso noivado, Erik e seu amor por uma mulher
com um irmão deficiente, a recém-descoberta paternidade de
Legend e sua ex louca que tentou matar Pepper, Dax e sua amiga
da família gravemente doente com quem ele se casou para salvar
a vida dela, e finalmente... Tacker, o homem que repetidamente
distanciava-se de seus companheiros de time e não os deixava
ajudar até que Nora abriu seus olhos.
Sim, esses são um tipo diferente de homens, mais amigos
do que eu já conheci antes. Então eu digo a eles diretamente.
— Willow é uma mulher especial, estou esperando que isso
vá longe.
— Oh, como a queda do poderoso. — Tacker ri.
— Falando como um homem que caiu recentemente, — eu
brinco de volta.
— Touché, — ele retruca com um sorriso. — Todos nós
caímos, então nós entendemos.
— Eu não, — grita Wylde com uma onda de sua cerveja. —
Ainda estou solteiro e não tenho intenção de cair.
Tacker concorda, aparentemente tendo esquecido que seu
melhor amigo ainda é um jogador nesta equipe.
— Todos nós caímos, com exceção de Wylde, — ele
esclarece, em seguida, levanta o copo para brindar. — Bem-vindo
ao clube, meu amigo.
Rindo, eu levanto meu copo e tomo um gole para reconhecê-
lo, mas o zumbido do meu telefone me distrai. Eu coloco meu
copo na mesa e pego minhas mensagens, sorrindo para a
mensagem de Willow.
Willow: Como está a sua noite?
Eu digito de volta uma resposta rápida enquanto os caras
brincam com Wylde um pouco mais.
Dominik: Boa. E a sua?
Willow: Descobri algumas boas notícias, mas você não pode
contar a ninguém. Blue está grávida. Ela nos contou, mas não
tenho certeza se Erik vai dizer alguma coisa para os caras ainda.
Meu olhar desliza para Erik, que está rindo de algo que
Bishop está dizendo para Wylde. Achei que ele estava de muito
bom humor esta noite, e agora sei por quê.
Dominik: O segredo está seguro comigo, respondo. Mal
posso esperar para te ver mais tarde. Ainda vem para minha casa?
Sua resposta é rápida.
Willow: Sim. Mandarei uma mensagem quando estiver a
caminho.
E isso é bom o suficiente para me segurar. Eu respondo com
um emoji de punho, em seguida, coloco meu telefone de volta na
mesa.
Quando eu olho para cima, noto Bishop e Dax olhando para
seus telefones. Eu não penso em nada até Bishop levantar a
cabeça e fixar os olhos em Erik.
— Cara, — ele exclama em voz alta, chamando a atenção
de todos. — Blue está grávida?
— Como diabos você sabe disso? — Erik exige, mas ele
parece mais chocado do que com raiva.
Bishop levanta seu telefone.
— Brooke acabou de me enviar uma mensagem.
— E Regan acabou de me mandar uma mensagem da
mesma forma, — acrescenta Dax, inclinando o telefone de um
lado para o outro enquanto o segura como prova.
Eu seguro minha risada, não estou prestes a delatar Willow
e seus modos de revelar segredos.
Se é mesmo um segredo, o que estou duvidando pela
expressão tímida no rosto de Erik.
— Sim, — ele admite. — Nós descobrimos ontem.
Ele parece considerar algo, então franze a testa, falando em
um tom excessivamente recriminatório que é claramente
direcionado a Blue. — Embora não tenhamos discutido contar
as pessoas ainda.
— Mulheres. — Legend ri. — Elas não podem evitar a
fofoca.
— Certo, — Bishop declara. — Quando elas entram em um
grupo, tudo o que fazem é falar sobre amor, relacionamentos e
bebês.
— Essa é a verdade, — acrescenta Dax.
— Mais ou menos como temos feito a noite toda, — eu
aponto, e Tacker bufa tão forte que engasga com o bourbon que
acabou de tomar.
Erik ri, se acomodando em sua cadeira.
— Estou feliz que vocês saibam. Ao lado de meus pais e
Billy, vocês seriam os primeiros com quem compartilharíamos de
qualquer maneira.
E então, porque esses caras não são normais de forma
alguma, eles começam a falar sobre o bebê. Legend, o único pai
do grupo até agora, dá conselhos sábios, enquanto os outros
caras basicamente dizem que esperam que seja um menino que
jogue hóquei como seu pai.
Eu apenas observo todos interagirem uns com os outros,
feliz por minha equipe estar bem unida.
E penso em Willow e se ela quer filhos. Não é algo que já
discutimos, mas eu tenho que pensar que sim. Em um ponto de
sua vida, ela era uma fã de casamento, então pode-se presumir
que isso incluía filhos.
Embora isso não seja necessariamente uma garantia.
Muitas pessoas optam por não serem pais. E com ela viajando
tanto...
Eu olho profundamente em meu interior, fazendo um
balanço das minhas emoções. Eu nem tenho certeza de como me
sinto em relação a crianças. Eu sei o fardo de criá-los, e não quero
dizer isso de uma maneira ruim. Apenas reconhecer a
responsabilidade é um grande peso.
Willow e eu somos incrivelmente fortes. Estaríamos à altura
do desafio.
Mas eu tive uma educação estranha. Embora tenha boas
lembranças de meus pais e de meu avô, enquanto eram vivos,
mas também tenho muitas sobre o quanto estava sozinho. Passei
tanto tempo crescendo, me defendendo e lutando por mim
mesmo quanto tinha sido o tempo com os outros me cuidando.
Meu maior medo quando considero relacionamentos de longo
prazo e filhos, é se tenho a capacidade de me apegar
verdadeiramente.
Eu tenho o que é preciso para me entregar a Willow e a um
filho pelo resto da minha vida? Eu tenho esse tipo de
disponibilidade?
Gostaria que a resposta fosse clara, mas não é. A única
coisa que posso fazer é me consolar com o fato de que chegar a
uma resposta real se tornou incrivelmente importante para mim,
e nunca vou levar isso de ânimo leve. Eu me importo muito com
Willow para fazer isso.
CAPÍTULO 20

Dominik

É o segundo jogo das finais da conferência e a energia dentro


da arena é palpável. Claro, também é maior pelos dezesseis
garotos que estou levando em um tour privado pela arena antes
que as portas principais se abram. Enviei o avião da equipe para
Los Angeles para buscá-los e eles chegaram há algumas horas.
Depois do jogo, eles ficarão em um dos melhores hotéis de
Phoenix antes de voar de volta para suas vidas em Miller House
pela manhã.
A maioria dessas crianças é do centro da cidade e de origem
muito pobre. Na grande parte das vezes, era o vício em drogas ou
o encarceramento dos pais que os colocaram no sistema de
adoção, e uma viagem como essa é um grande presente para eles.
Normalmente, eu levo os residentes da Miller House para ver meu
time de basquete jogar, mas isso é apenas uma viagem de ônibus
da casa para a arena.
Os meninos têm de doze a dezessete anos, tendo três
acompanhantes na viagem com eles, além de mim aqui na arena.
Alguns nunca viram um jogo de hóquei antes, enquanto outros
já são grandes fãs desde que comprei a Vengeance. Sou um
visitante frequente na Miller House, pois não é apenas meu
dinheiro que dou, mas minha presença também. Costumo falar
com as crianças, com foco nos mais velhos que estão se
preparando para abandonar o programa para que vejam que tudo
é possível se eles realmente quiserem algo.
Conseguimos fazer um rápido tour pelos vestiários,
encontrando Tacker e Bishop que chegaram mais cedo do que o
normal. Eles fizeram um ótimo trabalho posando com os garotos
para fotos e respondendo às perguntas. Trouxe os meninos para
o gelo e os deixei andar cautelosamente por ele um tempo. Levei-
os aos escritórios da administração e à sala de exercícios.
E agora chegamos ao camarote do proprietário, no momento
que a arena começa a encher de fãs. O camarote está reservado
exclusivamente para os garotos e acompanhantes da Miller House
hoje à noite. A única outra pessoa que tem um convite é Willow,
e espero por ela em breve.
Eu tinha considerado convidar sua família para se juntar a
nós, mas não o fiz porque ela está preocupada com a
possibilidade de tornarmos isso oficial com eles. Vou dar a ela
algum espaço. Estou disposto a deixá-la decidir quando quer que
sua família “saiba” sobre nós, embora, é óbvio que eles já sabem.
De qualquer forma, Willow não tem ideia sobre os garotos,
e eu não tenho certeza por que não contei a ela. Talvez eu esteja
preocupado que ela não queira se sentar aqui conosco ou que ela
não se sentirá bem. Não tenho ideia de como ela se sente em
relação às crianças, muito menos às adotivas um tanto
problemáticas de um lar de adoção. Embora ela tenha
demonstrado imensa compaixão pela minha situação, ela
também viu um resultado final bem-sucedido.
Apesar de tudo, não vou me arrepender de trazer esse bando
de meninos espertos aqui. Se eles não forem expostos a situações
positivas na vida, eles nunca saberão o que podem aspirar ou
alcançar. E se Willow não gostar, ela sempre pode ir se sentar
nos assentos que Dax comprou para eles.
Há um porteiro esperando na porta do camarote. Ele
destranca, abrindo a porta sorrindo enquanto todos os garotos
correm para dentro ao mesmo tempo, causando um rebuliço. Um
dos acompanhantes grita para se acalmarem, mas eles ignoram.
Lembro-me de ser quase da mesma forma.
Seguindo o grupo, eu grito:
— Cada um de vocês encontrará um assento com seu nome
em um cartão. Também há alguns presentes para cada um.
Os meninos correm pela área do lounge mobiliada com
cadeiras e mesas, o bar e um pequeno balcão de cozinha que está
sempre equipado e abastecido com comida, até as fileiras de
assentos na frente do camarote com vista para o gelo e o resto da
arena.
— Há pizza, pipoca e sorvete no balcão, — eu grito acima
da conversa animada, gritos de alegria e surpresa quando eles
encontram todas as guloseimas em seus assentos.
Um garotinho chamado Mickey, que está na Miller House há
cerca de seis meses, vem correndo em minha direção. Com 12
anos ele é pequeno para sua idade, ele agarra sua camisa do Bay
e joga os braços em volta da minha cintura. Ele quase me derruba
alguns passos, pois eu não esperava.
— Muito obrigado, Sr. Carlson, — ele diz enquanto olha
para cima com um grande sorriso no rosto. — Esta é a melhor
coisa que já me aconteceu.
Eu engulo o nó na minha garganta. Se eu tivesse tido essa
oportunidade quando estava na Miller House, eu teria me sentido
da mesma maneira. Eu coloco minha mão no topo de sua cabeça,
despenteando seu cabelo.
— O prazer é meu, amigo.
Ele me solta e corre para os assentos novamente. Eu giro
em direção ao bar, com a intenção de pegar uma cerveja para
relaxar, quando a porta do camarote abre. O porteiro
educadamente a mantém aberta e Willow entra. Ela está vestida
como sempre para um jogo com sua camisa Monahan combinada
com jeans escuro e botas até o tornozelo, pretas.
Seus olhos focam em mim e ela sorri amplamente, batendo
palmas uma vez e esfregando-as com alegria. Quando ela
caminha em minha direção, é a coisa mais sexy que acho que já
vi.
— Tenho um bom pressentimento sobre este jogo, Sr.
Carlson. Acho que nossos caras vão chutar alguns traseiros
importantes esta noite. Eu posso apenas sentir isso no ar.
Eu rio, sabendo que suas palavras foram ouvidas pelas
crianças, ela nem mesmo as notou ainda. Eles já ouviram coisas
piores, tenho certeza. Eu era fluente em todo tipo de palavrão
quando tinha dez anos.
Willow caminha até mim, se aproxima pressionando seu
corpo contra o meu e deslizando a mão em volta do meu pescoço
enquanto a outra vai para o meu quadril. Ela me puxa para baixo
e dá um beijo que fala de muitas promessas para mais tarde esta
noite.
Ouvem-se vivas atrás de nós, algumas das crianças
gritando:
— Oooooh, Sr. Carlson ... você tem uma gostosa.
Willow congela, seus lábios colados nos meus, antes que ela
lentamente se afaste e se incline para a direita para ver quem
está lá. Eu levo um momento para apreciar o contorno chocado
de seus olhos e a maneira como sua boca cai ligeiramente aberta
quando ela vê dezesseis garotos que provavelmente estão
olhando. Eu odeio até mesmo pensar no que alguns dos mais
velhos podem estar pensando sobre minha mulher.
Willow dá um pulo para trás até que ela esteja
completamente escondida de sua visão, então geme enquanto
olha para cima.
— Por que seu camarote está cheio de um bando de garotos
que parecem ter acabado de tropeçar acidentalmente em um
canal pornô?
Comecei a rir da imagem, pegando-a pela mão. Virando-a,
coloco a mão em suas costas, levando-a em direção aos assentos
onde todos os garotos ainda estão mexendo em suas guloseimas.
— Meninos... esta aqui é minha namorada, Willow
Monahan. Espero que todos sejam educados e a tratem com
respeito, porque se não o fizerem, vou chutar o traseiro de vocês.
E depois que eu terminar, o irmão dela, Dax Monahan que joga
pela Vengeance, continuará de onde parei.
Os garotos estão todos bem-humorados, é claro, porque
acabaram de viajar para ver um jogo de desempate em um
camarote de luxo, cheio de todos os tipos de brindes e boa
comida. Eles sorriem para Willow e oferecem saudações.
Ela sorri de volta antes de se dirigir a mim, franzindo a testa
em confusão.
— O que é tudo isso?
— Estas são algumas das crianças da Miller House, que é
um lar em Los Angeles com o qual eu trabalho, — digo.
Leva apenas um segundo antes que sua expressão e seus
olhos se suavizem. Ela olha por cima do ombro para eles e depois
de volta para mim, sua voz ficando toda pegajosa.
— Você trouxe todos aqui para o jogo?
Balançando a cabeça, eu respondo:
— Nem todos. Alguns estão sob restrição, mas a maioria
deles. Normalmente os levo a jogos de basquete em Los Angeles
algumas vezes por ano, mas achei que seria divertido virem a
Phoenix.
Willow bufa.
— Divertido? Você está brincando comigo? Provavelmente é
a melhor coisa que aconteceu a eles.
Meu olhar passa por ela para os meninos sorridentes com
sua alegria realmente enchendo o ar ao nosso redor.
— Você é incrível, — murmura Willow. Ela diz isso com
tanta reverência, em um tom que nunca ouvi nela antes, que um
tremor sobe pela minha espinha. Quando meu olhar se fixa em
seu rosto, ela está me lançando um olhar que faz meus joelhos
quererem dobrar com o calor que ela está expressando.
Eu suspeitei.
Ela insinuou.
Ela está tentando.
Caramba, eu sei que ela está realmente tentando.
Mas agora, ela está me olhando de uma maneira que diz que
realmente se preocupa comigo. Que ela me enxerga além das
amarras e da riqueza, e está deixando de lado os medos que tem
com base em sua experiência anterior. Ela está olhando para
mim como se eu fosse um homem em quem ela poderia confiar.
Possivelmente.
Eu posso estar vendo muito sobre essa atitude.
Independente disso, eu não dou grande importância, já que
iria assustar Willow se eu o fizesse. Em vez disso, eu casualmente
coloco meu braço em volta do ombro dela.
— Vamos pegar um pouco de comida e bebidas e, em
seguida, pegar nossos lugares. Temos uma multidão barulhenta
aqui conosco esta noite, então vai ser muito divertido.
— Mal posso esperar, — ela exclama alegremente.

O jogo está intenso faltando menos de três minutos para o


término do período normal. A Vengeance vence por 2-1 sobre os
Demons, e o desespero permeia o ar. A equipe está empenhada
em manter essa liderança até que a campainha final soe, e os
Demons estão se agarrando e chutando a cada passo para
permanecer nele. Os garotos estão todos fora de seus assentos,
enlouquecendo.
Todos os torcedores na arena estão de pé, gritos frenéticos
de incentivo, o que cria um rugido que faz o chão vibrar.
Willow e eu estamos de mãos dadas. Ela está pulando para
cima e para baixo, gritando tão forte que a maior parte de sua voz
se foi, e meus olhos estão fixos no gelo enquanto vejo minha
equipe colocar cada grama de esforço para vencer.
Os Demons vão retirar seu goleiro se não marcarem logo,
optando por mais um atacante. Por um momento vertiginoso, eles
assumem o controle do disco no nosso lado e conseguem um
chute à queima-roupa, que Legend consegue desviar. Os Demons
recuperam o controle, fazendo alguns passes suaves entre seus
jogadores para tentar criar uma abertura, mas então Wylde
consegue empurrá-lo para longe.
Tacker está lá, conseguindo colocar seu taco perto da
murada. Tudo o que ele precisa fazer é tirá-lo de nossa zona, mas
o pior que se pode imaginar acontece. Lars Nilsson bate nele por
trás, esmagando todo o corpo de Tacker no vidro com tanta força
que posso ouvir o impacto acima do rugido da multidão.
Normalmente, isso não é nada para se preocupar. Tacker é
um cara grande. Ele é duro como aço.
Mas ele e Lars Nilsson têm uma história de desavença
juntos. Em novembro passado, quando Tacker estava em um
lugar realmente escuro, ele e Nilsson entraram no gelo. Então
Nilsson fez um comentário horrível sobre a morte da noiva de
Tacker, o que resultou nele ficando louco. Ele arrastou Nilsson
para o gelo e deu uma joelhada na cabeça dele com tanta força
que ele perdeu a consciência.
Tacker foi suspenso por dez jogos, o que deu início a uma
grande espiral fora de controle para ele.
Felizmente, ele voltou daquele lugar escuro e seguiu em
frente. Ele está jogando o melhor que já jogou e lidera nossa
equipe em pontos nos playoffs. Aquele empurrão de Nilsson no
vidro não significa nada para um cara como Tacker hoje em dia,
mas se o jogador rival disser algo sobre sua noiva morta, não há
como dizer o que o cara fará.
Willow e eu congelamos, olhando impotentes para o gelo.
E então... o inferno desabou.
Luvas voam, pousando ao acaso no gelo. É um sinal
universal entre dois jogadores que eles querem lutar. Mas não
são apenas dois jogadores. É a porra de cada cara no gelo e eles
começam a se endireitar, os punhos levantados e prontos para a
briga. Tacker encara Nilsson e posso ver em seus olhos... ele tem
o controle de si mesmo. Não significa que ele não vá perder o
controle, mas também não vai desistir.
As brigas não são tão comuns no hóquei nos playoffs como
na temporada regular. Claro, elas acontecem, mas na maior
parte, neste nível, os jogadores tentam evitar penalidades e
lesões. A maioria dos caras sabe da importância de manter a
calma quando o campeonato está próximo.
Mas é sobre Tacker que estamos falando.
Esta é a Arizona Vengeance, uma equipe que tem estado ao
lado de Tacker enquanto ele lutou contra as profundezas do
desespero e ajudou a solidificar nossa corrida como um
candidato principal para a copa.
Nenhum dos meus caras vai levar o ataque de Nilsson ao
nosso centro estelar levianamente.
A multidão enlouquece porque todo mundo adora brigas. Os
árbitros ficam para trás, inquietos, circulando os homens que
agora estão lançando socos cruzados. Bishop se enreda com um
jogador Demon, e eles caem no gelo. Um árbitro corre para
separá-los, mas os outros homens estão indo para lá
furiosamente contra seus oponentes dos Demons.
E então o que raramente acontece... acontece.
Legend deixa seu taco cair no gelo, as duas luvas o
seguindo, então ele dispara em direção ao outro goleiro. Por um
momento, o defensor da rede dos Demons não se move. Mas
então ele percebe que está sendo desafiado e não tem escolha a
não ser enfrentá-lo. Ele corre, os dois goleiros se encontrando no
centro do gelo. Legend agarra o Demons pela camisa, que
retribui, e eles começam a lutar. Prendo a respiração, rezando
para que Legend não dê um soco, porque sua mão provavelmente
vai quebrar contra o capacete do outro goleiro.
Meus olhos vão para o banco. Meus jogadores da Vengeance
estão de pé, inclinados sobre a meia parede e posso dizer pelos
olhares em seus rostos que eles querem sair do banco e entrar
na briga.
— Não façam isso, — murmuro baixinho. Não podemos
permitir as suspensões que virão se eles deixarem o banco.
Os garotos da Miller House estão enlouquecendo. Eles estão
experimentando uma raridade, de fato... uma briga completa até
mesmo com os goleiros, e as crianças não poderiam estar se
divertindo mais.
Felizmente, tudo acaba rapidamente. Os quatro juízes
avançam, de alguma forma conseguindo interromper as brigas.
Para dar crédito ao meu pessoal, eles parecem perceber que isso
pode ficar fora de controle e causar ferimentos, o que pode afetar
seriamente nosso futuro. Aqueles cujas brigas terminaram
começam a tirar seus companheiros da briga. Os dois últimos
combatentes a serem separados são Legend e o goleiro Demon,
que realmente só conseguiram lutar um contra o outro no que
considero uma exibição de nada mais do que não querer ficar de
fora da diversão.
Os jogadores são separados, os oficiais conferem e as
penalidades são aplicadas. A caixa de penalidade é preenchida
com cada membro da primeira linha que estava envolvido na luta,
o mesmo com os Demons. Legend recebe uma penalidade, mas
como goleiro, ele não pode deixar o gelo, então outro jogador do
Vengeance patina para cumprir pena por ele.
Nossa segunda linha entra no gelo junto com os novos
jogadores de Demons, e o jogo recomeça.
— Isso foi intenso, — Willow sussurra asperamente.
Percebo que suas unhas estão cravadas no meu braço, onde ela
esteve me agarrando o tempo todo que demorou a briga.
Eu gentilmente a afasto e nós assistimos o resto do jogo em
um silêncio tenso, embora a multidão na arena retome o rugido
ensurdecedor de encorajamento para seu time. Os próximos
minutos passam agonizantemente lentos. A briga parece ter
tirado o ânimo dos Demons por um tempo, mas quando eles tiram
o goleiro, eles recuperam o ímpeto.
Eles conseguem dar três chutes à gol enquanto a sua
própria rede permanece vazia. Legend está na zona, porém,
desviando dois e pegando o terceiro.
Quando a campainha toca e reivindicamos a vitória, quase
desabo contra Willow de alívio. Estamos agora dois jogos nesta
série, e ainda mais perto de chegar às finais da Copa.
Eu me viro para encará-la, indiferente se alguma das
crianças estar olhando. Minha mão vai para sua nuca, minha
boca caindo sobre a dela.
Estou emocionado pela Vengeance ter outra vitória e agora
estamos um passo mais perto. Estou em êxtase por meus garotos
da Miller House terem tido uma experiência tão fenomenal.
Mas agora, tudo que eu realmente quero é estar com Willow.
Estou chegando ao ponto em que meus melhores sentimentos
vêm diretamente dela.
CAPÍTULO 21

Willow

Resisto a tentação de abrir a porta do forno para verificar o


jantar. Em vez disso, uso o pano de prato em minha mão para
passar outra vez na bancada da cozinha de Dominik. Já está
limpa, mas estou gastando energia nervosa.
Largando o pano na pia, espio pela porta de vidro de um dos
fornos para notar que minhas batatas estão dourando
lindamente e precisarão sair em breve. Momento perfeito, pois
nossos convidados chegarão a qualquer minuto.
Não tenho certeza do que me deu para fazer isso.
Concordar com o pedido de Dominik de levar minha família
para jantar em sua casa, quero dizer.
Na verdade, eu sei o que me possuiu. Foram aquelas
crianças malditas que ele convidou do lar onde ele foi criado.
Aquele lindo ato de bondade e solidariedade me tocou. Não me
surpreendeu exatamente, porque aprendi que Dominik é
generoso. Mas o fato dessas crianças terem tanto significado para
ele, e a importância de que tenham oportunidades só faz com que
eu me apaixone pelo cara ainda mais.
Eu só queria dar a ele algo em troca e sei que convidar meus
pais para jantar era algo que ele não só realmente queria fazer,
mas também algo que desistiu de bom grado porque eu não
estava pronta.
Acho que quero mostrar a ele que estou pronta e que posso
avançar nisso.
Esta é a noite e meus pais, Dax e Regan devem estar aqui
em breve. A Vengeance estará na estrada direção Los Angeles
para jogar contra os Demons os próximos dois jogos da série.
Vencemos o terceiro jogo, mas eles nos mantiveram uma vitória
na final da conferência do quarto jogo, com uma vitória na
segunda prorrogação.
Ok. Isso significava que podíamos voltar a Phoenix e vencer
em casa. Esse jogo é amanhã e meus pais chegaram hoje de
manhã. Minha irmã, Meredith, não veio para este, querendo
economizar alguns dias de férias que ela teria que usar para as
finais da Copa.
Corro até a pia, começando a pegar o pano, mas a voz de
Dominik me interrompe, assustando-me.
— Pare de limpar o balcão. Está impecável.
— O que você espera que eu faça? — Eu pergunto. Ele está
sentado do outro lado da ilha da cozinha, me observando ser a
imagem de dona de casa enquanto ele bebe uma garrafa de água.
Ele parece tão casual e relaxado, apesar do fato de estar
bem mais vestido do que eu. Eu estou com jeans e uma blusa
enquanto ele está com uma calça social e uma camisa polo de
mangas curtas.
Ele estende a mão sobre o balcão uma exigência silenciosa
de que ele quer minha mão.
Segurando-me.
Tranquilizando-me.
Eu sorrio e estendo a minha, colocando minha palma contra
a dele, e seus dedos enrolam em volta da minha mão brevemente.
— Jesus, — ele exclama com uma careta, afastando-se de
mim e limpando apressadamente a mão na perna da calça. —
Sua mão está encharcada de suor.
Com um sorriso tímido, limpo as palmas das mãos na parte
de trás do meu jeans.
— Desculpe... elas suam quando estou nervosa.
— Essa é uma condição médica que você provavelmente
deveria investigar, — ele resmunga. — E me ocorreu que nunca
estive perto de você quando está nervosa. Quando eu segurei sua
mão nos jogos do playoff, elas sempre estavam frias e secas.
— O que posso dizer? — Eu brinco enquanto pego minha
própria garrafa de água do balcão para tomar um gole. — Eu
tenho uma constituição forte.
— Independente disso, — ele responde secamente, me
dando um olhar muito penetrante. — Por que você está tão
nervosa? Esta é sua família. Eu deveria estar nervoso.
Eu inclino minha cabeça curiosamente.
— Você está?
— Claro que estou. Nunca conheci a família de outra mulher
antes, nos anunciando oficialmente como casal.
— Você está brincando.
Dominik ri.
— Olha, Will. Eu sei que você tem problemas, mas você deve
perceber... eu também tenho. Crescer como eu cresci, não é fácil
formar vínculos. Sempre fui um solitário por natureza.
Eu franzo a testa, contornando a ilha para chegar perto,
com ele sentado em uma banqueta de bar, estamos quase cara a
cara. Eu pego sua mão, não me importando se a minha está
úmida novamente.
— Eu nunca enxerguei você assim. Você é sempre tão
generoso, tão inclusivo doando seu tempo e energia. Você se
concentra nas pessoas. Você ajuda as pessoas. Você não é um
solitário.
A mão de Dominik envolve a minha, seus dedos apertando
suavemente os meus. Seus olhos são suaves e compreensivos
com meu mal-entendido.
— Você pode fazer todas essas coisas e ainda estar sozinho.
Posso fazer todas essas coisas e não depender de outras pessoas.
E eu faço isso para me dar alegria, não porque as pessoas
esperam, ou exijam de mim, o que vem com os relacionamentos.
Assim como você quando não está comprometida com alguém
pessoalmente, não tem o fardo de expectativas frustradas. Então,
apenas saiba... isso está fora do meu elemento também.
— Isso faz sentido, — sou forçada a admitir.
Dominik me solta apenas para levar a mão à minha nuca.
Ele aperta, inclinando-se um pouco mais perto.
— Diga-me por que você está nervosa? Talvez eu possa
consertar para você.
Eu não posso deixar de sorrir. Uma das coisas que mais me
cativaram nele é o quanto ele se preocupa comigo e como não
gosta de me ver desconfortável com qualquer coisa. Ele é o
protetor clássico.
Eu me aproximo, colocando minhas mãos em seus ombros.
— Porque este é um grande passo para mim. Minha família
viu como eu estava magoada antes, e eles estavam esperando por
isso. Eu encontrar outra pessoa. Agora acrescente o quão
assustados eles estão, já que sabem sobre o meu trabalho, todos
virão aqui com a expectativa de que eu vou sossegar.
Provavelmente morar em L.A. e ter muitos bebês com você ou algo
assim, e nunca mais pisar em outro país estrangeiro. Eu não
quero desapontá-los.
Dominik considera antes de me lançar um olhar malicioso.
— Acho que, desde que você não lhes dê uma intoxicação
alimentar esta noite, as expectativas deles estarão bem.
Eu exalo um pequeno grunhido de frustração.
— Estou falando sério, Dominik. Eles querem que eu seja
feliz, então estarão preocupados.
— Eu quero isso para você também, sabe.
— Eu também quero, — asseguro-lhe. — Eu quero ser feliz
e quero que você seja feliz.
— Você está? Agora, além do fato de que está nervosa, eu te
faço feliz?
Minha resposta é simples e vem sem hesitação.
— Sim.
Seus dentes brilham em um sorriso enorme.
— Agora, a grande questão, Willow... você confia em mim
para não a machucar?
Infelizmente, há um pouco de hesitação desta vez, mas só
para que eu possa fazer uma pausa e refletir sobre este homem
que conheci. Ele é generoso, gentil e genuíno. Vê-lo com aqueles
garotos da Miller House e saber o quão fodido ele poderia ter sido
por causa do seu passado, só solidificou para mim que ele é um
produto de sua própria criação e não de sua educação. Ele pegou
sua adversidade e a transformou em uma força.
A prova está em como ele me trata. Com cuidado.
Com delicadeza.
Respeito.
E isso inclui respeito pela minha carreira. É difícil para ele
com certeza, mas ele recuou porque sabe que ser aceita por quem
sou é importante para mim. Minha profissão e minha
determinação falam muito sobre mim.
Eu sorrio.
— Sim... eu confio em você para não me machucar.
Eu realmente faço.
Ele tira uma das minhas mãos de seu ombro, em seguida,
leva-a à boca para que possa beijar as costas dela.
A campainha toca, alertando-nos que minha família chegou.
— Que nojo, — murmura Dominik, deixando cair minha
mão como se fosse uma batata quente. O mero toque da
campainha fez minhas mãos ficarem imediatamente úmidas pelo
nervosismo novamente.
Eu rio e rapidamente limpo minhas palmas na minha calça
jeans enquanto Dominik se levanta do banquinho. Ele sorri,
roçando mais um beijo na minha testa antes de se apressar para
deixar minha família entrar em sua casa.

Após abraços e cumprimentos, Dominik, meu pai e Dax


desaparecem na caverna de homens no andar de baixo, enquanto
minha mãe e Regan se juntam a mim na cozinha enquanto
termino o jantar. Estou fazendo uma costela bovina com batata
ao alecrim e alho e espinafre refogado. Amo cozinhar, mas
raramente tenho a oportunidade de fazer uma refeição tão
extravagante. É a desvantagem de não possuir uma casa.
Cozinhar aqui na casa de Dominik e em sua casa na
Califórnia é um prazer porque ele está abastecido com todos os
eletrodomésticos, utensílios de cozinha e aparelhos que eu
poderia desejar. Posso ter exagerado um pouco com o alho porque
seu extravagante espremedor era simplesmente muito divertido.
Verificando com o termômetro digital a costela para ter
certeza de que atingiu a temperatura ideal, pego-a e deixo
repousar enquanto dou os últimos retoques na salada. Salpico
parmesão ralado na hora sobre as batatas e, em seguida, ligo a
grelha por alguns instantes para dourá-las.
Enquanto eu trabalho, mamãe e Regan começam a
conversar sobre sua busca por casa, ou a falta dela. Menciono o
fato de que eles deveriam estar falando sobre um casamento para
Regan, já que Dax quer que ela tenha um, mas ela acha que é
bobagem.
— Oh, Regan, querida, — minha mãe fala com entusiasmo
com sua nova nora, embora ela conheça Regan a vida toda, então
ela é mais como uma filha. — Você deve ter um casamento. Você
seria uma noiva tão linda, e eu adoraria ver meu filho bem-
vestido.
Eu sorrio quando minha mãe vai direto para o modo de
planejamento e Regan está com os olhos arregalados, mas ela
também tem um sorriso sonhador no rosto. Eu quero que ela
tenha um casamento. Ela vive dia após dia com uma doença fatal,
então ela deveria ter o casamento dos seus sonhos.
E daí se eu tocasse no assunto do casamento apenas para
ter certeza de que o foco da minha mãe permanecesse em Regan
e Dax e nem chegasse perto da minha nova vida amorosa, sobre
a qual eu sei que ela provavelmente está morrendo de vontade de
saber mais?
Com tudo acabado e pronto para jantar, chamo os homens
do porão e comemos na cozinha, em uma mesa para tomar café
que está em um canto que dá para o quintal. Ela acomoda
confortavelmente nós seis, e coloquei os novos pratos e talheres
de Dominik. O barulho que fazemos é de confraternização e é um
bom som. Conversa baixa, garfos batendo nos pratos e o som de
vinho sendo servido nas taças.
A conversa imediata é focada nos playoffs, cada um de nós
se sentindo incrivelmente animado com as possibilidades que
esta equipe tem. É principalmente meu pai, Dominik e Dax
dominando a conversa. Não é que eles pensem que nós,
“mulheres”, não podemos manter uma conversa sobre esporte,
somente que eles são muito mais cheios de opiniões do que nós,
e estamos contentes em ouvi-los.
Novamente, isso também está bom para mim, já que
ninguém está focado em Dominik e eu como um casal. Não
haverá nenhuma pergunta embaraçosa ou investigativa de meus
pais para me colocar no centro das atenções.
Em algum lugar, porém, entre meu pai perguntando a
Dominik se ele gostaria de ter outro time esportivo e Dax
recarregando a taça de vinho da minha mãe, a atenção se volta
totalmente para mim.
Meu pai se mexe em sua cadeira, pousando o olhar
diretamente em mim.
— Willow... você tem algum trabalho previsto?
É a primeira menção direta ao meu trabalho desde que
tivemos nossa “conversa” depois que voltei do Congo.
Eu sorrio antes de focar na minha costela para cortar um
pedaço suculento, em seguida, mergulho no molho de rabano
picante que eu preparei antes.
— Ainda não. Meu objetivo é manter meu tempo livre para
que eu possa assistir ao resto dos playoffs, mas também não
houve nada interessante o suficiente para me afastar.
— E você nos diria se algo fosse perigoso, certo? — Ele
pressiona, e todos ficam em silêncio. Nem um único tilintar de
talheres no prato ou uma taça de vinho batendo na mesa.
Eu suspiro enquanto dou um sorriso tenso.
— Sim. Eu prometi que faria.
Minha mãe intervém, seu tom apaziguador.
— Querida... gostaríamos da oportunidade de conversar
com você sobre um trabalho potencialmente perigoso antes de
aceitá-lo. Só queremos ser ouvidos.
— Mas vocês já foram ouvidos, — eu digo baixinho,
largando o garfo e a faca. — Eu sei exatamente como vocês se
sentem. Mas qualquer decisão de aceitar um emprego será só
minha. O que prometo é ser transparente sobre os riscos, e vou
lhes dar informações sobre a segurança que terei para que vocês
se sintam melhor.
É claro em seus rostos que eles não gostam desta resposta.
Eu movo meu olhar dos meus pais para Dax, mas ele apenas me
encara suavemente. Eu não tenho ideia do que ele está pensando.
Se eu tivesse que adivinhar, ele está do lado da mamãe e do papai
agora. Quando eu olhei para Regan, seu sorriso de volta é de
apoio e simpatia.
Meu pai volta toda sua atenção para Dominik em seguida.
— Você tem uma participação nisso agora, Dominik. O que
você acha?
Eu estreito meus olhos na direção de Dominik. Ele não
parece nem um pouco desconfortável por ter sido arrastado para
o que eu acho que logo se tornará uma briga de família.
Ele tem alguma participação nisso, como meu pai sugeriu?
Suponho que ele tenha o direito de se preocupar, o que lhe dá o
direito de, pelo menos, expressar sua opinião.
Dominik pega sua taça de vinho e toma um pequeno gole, o
que obviamente é uma espécie de tática de distração para que ele
possa refletir sobre sua resposta. Eu imagino que seja um
movimento que se adapta bem a ele em negociações comerciais,
dominar a capacidade de não deixar escapar seus primeiros
pensamentos.
Ele pousa o copo, olhando meu pai bem nos olhos.
— Calvin... eu tenho exatamente as mesmas preocupações
que você e Linda. Tive minha chance de falar com Willow sobre
elas, então ela sabe minha posição. Mas, neste ponto, tenho que
confiar que Willow sabe o que está fazendo. Eu respeito suas
habilidades, e ela é muito boa em seu trabalho. E também tenho
que respeitar que ela se preocupa o suficiente conosco para
retribuir o mesmo respeito por nossas aflições. Não quero que
Willow vá a qualquer lugar remotamente perigoso, mas se ela
tiver proteção adequada, então não posso fazer nada além de
apoiá-la totalmente, porque ela está realizando seus sonhos.
Fica tão silencioso que espero que os grilos comecem a
estridular. Um toque de puro deleite percorre meu corpo com o
apoio público de Dominik a mim em oposição direta aos meus
pais.
Apesar do fato de que ele absolutamente odeia que meu
trabalho me coloque em perigo, ele está me dizendo que apoia
totalmente minha carreira.
É um momento de definição para mim.
É quando eu percebo que vale a pena correr o risco de sofrer
por Dominik.
CAPÍTULO 22

Dominik

Tenho que admitir que as coisas têm andado muito bem nos
playoffs. Derrotamos a Seattle Storm, e a Vancouver Flash não
resistiu muito melhor.
Mas os Demons estão nos fazendo suar, e estamos na
véspera de “agora ou nunca”. Amanhã decidimos nosso destino,
se seremos capazes de nos reunir como uma equipe unificada
para vencer o campeonato da conferência ou se cairemos na
infâmia como a “equipe que não conseguiu”.
É um fato triste que esperávamos vencer o quinto jogo em
Phoenix, obtendo uma vitória final da conferência na frente da
torcida. Mas os Demons saíram com tudo, e nós levamos nossos
traseiros chutados por 4-2.
O sexto jogo voltou para Los Angeles e, embora seja muito
mais difícil vencer fora do que em casa, sentimos como equipe
que poderíamos agarrar a vitória pelos chifres.
Isso não aconteceu.
Mais uma vez, os Demons pareciam ter algum tipo de fogo
místico aceso sob suas bundas, junto com fãs estourando os
decibéis que faziam tanto barulho que mal podíamos ouvir dentro
de sua arena durante os três períodos. Eles nos tiraram uma
vitória, conseguindo empatar a série em três jogos cada.
E agora estamos de volta a Phoenix e amanhã à noite,
jogaremos o jogo sete. O vencedor segue para a série da Copa...
O perdedor sai de férias até a próxima temporada.
Não estou nem perto de sair de férias ainda.
Então, em um lance final para garantir que minha equipe
esteja tão pronta como nunca, convidei os jogadores, treinadores
e seus parentes para jantar em minha casa. Quando fiz o convite
que dizia “outra pessoa importante”, — fiz questão de defini-la de
maneira restrita. Significava seu cônjuge ou alguém próximo. Eu
não queria impedir que alguém como Tacker trouxesse Nora, mas
não queria que Wylde aparecesse com uma coelhinha que ele
pegou em um bar na noite anterior. Eu também esclareci que não
queria nenhum outro membro da família ali. Eu queria que fosse
íntimo para que pudesse ter um momento final com meus
rapazes e, no que me diz respeito, a única pessoa que está mais
próxima dos meus jogadores e treinadores, faz parte desta equipe
tanto quanto os que estão na folha de pagamento.
Precisamos de um evento unificador. Um momento em que
podemos estar tranquilos, lembrar que nossos sonhos estão ao
nosso alcance e nos fortalecer para a batalha que está por vir.
Achei que a chance de nos reunirmos e apenas “estarmos
juntos” em um ambiente descontraído poderia ser de imenso
benefício. Vendo como estamos nos preparando para entrar no
jogo sete e ir mais longe do que qualquer outra equipe de
expansão já foi, é o suficiente para colocar os nervos e a tensão,
em um ponto máximo.
Preciso que meus rapazes relaxem, se reagrupem e
fortaleçam sua determinação.
Precisamos que eles entrem nessa arena amanhã com
atitudes vencedoras.
Não havia como eu conseguir resolver isso sem Willow. Foi
uma decisão repentina, e não é fácil receber quase cinquenta
pessoas com essa rapidez.
Mas Willow alcançou nossa comunidade de “casais”. Ela
pediu a cada casal que trouxesse seu prato favorito. Não importa
se é doce ou salgado, basta trazer o favorito. Pelo que eu sei,
poderíamos terminar com 25 sobremesas, o que normalmente
não é uma coisa ruim, mas meus rapazes têm um jogo amanhã.
Não podem ter problemas de estômago e tudo mais.
O ponto é que o núcleo central da organização Vengeance
está na minha casa. Há boa comida espalhada por todos os
balcões e mesas da cozinha. As pessoas estão em pequenos
grupos, comendo em pratos de papel com garfos de plástico
enquanto se conectam pessoalmente com seus colegas jogadores.
É uma raridade termos eventos em que toda a equipe esteja
presente e com seu acompanhante. Não há crianças para se
distrair, e não há nem mesmo uma atmosfera de festa porque
temos um jogo crítico amanhã.
É uma conversa tranquila e com companheirismo, que é
exatamente o que esta equipe precisa esta noite.
Para minha surpresa, Willow se ocupa como anfitriã da
festa. É um pouco chocante, já que ela me ajudando a dar uma
festa em minha casa faz uma declaração ousada para todos que
somos um casal. Embora não seja nenhum segredo que estamos
saindo, apenas o círculo interno da primeira linha sabe que está
ficando sério. Suponho que depois desta noite, o resto da equipe
vai entender isso também.
Eu estou bem com isso.
Em êxtase, na verdade.
Isso significa que Willow está se abrindo cada vez mais para
a possibilidade de algo profundo e significativo comigo. Estou
mais do que pronto.
Sigo seu exemplo esta noite, entrando e saindo dos
pequenos grupos de pessoas conversando, certificando-me de
passar tempo de qualidade com cada membro da minha equipe.
Se eu não conheço o acompanhante, certifico-me de conhecer
antes de seguir ao próximo grupo.
O treinador Perron e eu dividimos o tempo com copos de
uísque e deixo que ele fale sobre qualquer preocupação que possa
ter. Acontece que ele não tem, porque como eu, tem confiança
nessa equipe. Eu gosto muito disso.
A comida é consumida, as conversas acabam e as pessoas
começam a sair para o que todos esperamos, ser um boa noite de
descanso. Willow e eu acabamos passando uma boa meia hora
na minha porta, desejando boa noite a cada um dos rapazes e
suas parceiras. Não há apertos de mão porque, no momento em
que tudo acaba, eu me sinto mais perto de cada uma dessas
pessoas. Beijo o rosto das mulheres e dou meio abraços com
tapinhas nas costas dos rapazes. Willow está ao meu lado,
também dando abraços de despedida.
É quando fechamos a porta depois que sai o treinador
Perron, com quase todos os outros, e voltamos para a sala de
estar que percebo que o grupo principal ainda está aqui. Minha
primeira linha.
Bishop, Erik, Legend, Dax, Wylde e Tacker.
Eu olho através da sala de estar aberta para a cozinha,
localizando Brooke, Blue, Pepper, Regan e Nora na cozinha
fazendo a limpeza.
Willow desliza o braço em volta da minha cintura,
inclinando-se para mim com um leve aperto.
— Vou ajudar a limpar a cozinha. Você vá ficar com os
rapazes.
Eu poderia ficar olhando para ela por dias enquanto ela
estiver assim. Olhando com uma suavidade em seu rosto que é
comovedora. É uma clara aceitação do que eu significo para ela.
Ela assume o papel de minha parceira e estou muito orgulhoso
dela porque sei como foi difícil para chegar a este lugar.
Esta nova função que ela assumiu me faz sentir de uma
maneira que eu ainda não havia sentido com Willow. Parece que
cheguei ao cume depois de uma escalada longa e árdua e o nascer
do sol no topo é impressionante demais para descrever.
Não posso fazer nada além de dar a ela um sorriso de
reconhecimento, porque se tentasse responder de qualquer outra
forma, poderia fazer papel de bobo.
Willow se afasta de mim e eu gesticulo para os homens me
seguirem antes de ir pela sala de estar para as portas de vidro
deslizantes do pátio. Os homens me seguem para que possamos
aproveitar o ar fresco da noite.
Há uma grande área de bar ao ar livre em forma de ferradura
que a Sra. Osborne mantém totalmente abastecida. Eu chego
atrás dele.
— Alguém quer uma bebida antes de dormir?
Todos eles recusam, o que não é surpreendente. Embora o
álcool não seja de forma alguma proibido na noite anterior ao
jogo, inferno, alguns jogadores até festejam bastante na noite
anterior, mas está claro que esses caras não farão nada para
colocar seus corpos em risco durante as eliminatórias.
Eu me curvo para alcançar a pequena geladeira embutida
no balcão, em seguida, distribuo garrafas de água para os
homens. Depois, eu me sirvo de outro copo de uísque. Não
preciso me preocupar com uma ressaca, mas esta é apenas
minha terceira bebida da noite. Minha última também.
Ninguém se dá ao trabalho de se sentar, afastando os
bancos que circundam o bar. Eles apoiam os cotovelos no topo
de pedra e não passa despercebido, pois estou atrás do formato
em U da barra que eles circundam do lado de fora, o que o torna
um encontro íntimo de amigos.
— Esta noite foi realmente ótima, — diz Bishop. —
Precisávamos disso.
— Sim, — Tacker concorda. — Isso foi perfeito.
Precisávamos apenas nos acalmar.
Eu encolho os ombros, não querendo admitir minha
interferência.
— Só precisamos nos concentrar no fato de que somos mais
do que apenas uma equipe esportiva. Somos uma família, e não
importa o que aconteça amanhã... vamos fazer isso juntos como
tal.
— Eu beberei por isso, — diz Erik com um sorriso. Ele
levanta sua garrafa de água, o que gera murmúrios de
concordância.
— Alguma notícia de Rafe? — Eu pergunto a Wylde.
Já se passou uma semana e meia desde que o pai de Rafe
morreu no dia em que a Cold Fury fez o primeiro jogo contra New
York Vipers em suas finais de conferência. Ele não jogou naquele
jogo, mas notei que ele estava de volta para os próximos três,
onde a Cold Fury acabou com seus oponentes em quatro jogos,
garantindo sua vaga nas finais da Copa.
Enquanto lutamos, raspamos e abrimos caminho através
desta série, a Cold Fury está relaxando e recuperando sua força
enquanto espera para ver com quem jogarão.
— Foi bom para ele voltar ao gelo, — diz Wylde. — Disse
que era o desejo de seu pai que não perdesse nenhum jogo depois
de sua morte. Eles farão uma cerimônia fúnebre após o término
dos playoffs.
Reconheço que uma pequena parte de mim está um pouco
arrependido de que Rafe não esteja ainda entre nós. Mas estou
feliz que ele conseguiu passar aquelas semanas preciosas com
seu pai antes de morrer, e ele ainda poder jogar. Provavelmente
é a melhor coisa para ele.
— Acho que vale a pena dizer novamente, — Wylde
continua, e há algo em seu tom que faz com que todos os nossos
olhos estejam nele. — Foi uma coisa realmente decente que você
fez trocando-o.
Eu ignoro o elogio.
— Parece que me lembro de pedir a opinião de cada um
sobre o assunto e todos concordaram que deveríamos fazê-lo. A
decisão foi tanto de vocês quanto minha.
— Mas você é o chefe, — afirma Legend. — Foi sua decisão
e suas habilidades que levaram Gray Brannon a fazer o negócio.
— Apesar de tudo, — Wylde diz suavemente. — Eu sei por
experiência própria... você não poderia ter dado a Rafe um
presente melhor.
O olhar de Tacker cai e ele balança a cabeça como se
soubesse exatamente o que Wylde está se referindo. Claro, ele
sabe. Ele e Wylde são melhores amigos há muito tempo.
Há dor e arrependimento no tom de Wylde, e eu quero saber
mais porque aparentemente não consigo me conter quando se
trata de meus rapazes. Abro a boca para perguntar o quê, mas a
porta deslizante se abre. Então, as mulheres vêm caminhando
pelo pátio.
— Ok, rapazes, — Brooke anuncia enquanto caminha até
Bishop. — Como a capitã autoproclamada da equipe das
melhores metades...
— A equipe das melhores metades? — Wylde pergunta com
uma risada.
— Somos nós, mulheres, — responde Brooke, circulando a
mão para indicar as ditas mulheres. — Você sabe... as melhores
metades de vocês, homens.
— Fale por você mesmo — retruca Wylde com uma piscadela
maliciosa. — Eu sou uma metade melhor só para mim.
— Você vai ter uma boa mulher um dia, — Pepper o
tranquiliza enquanto se inclina e lhe dá um soco de brincadeira
no braço.
— Não, obrigado, — ele diz lentamente, em seguida, dá um
falso estremecimento para ter certeza de que entendemos que ele
gosta de estar solteiro.
— De qualquer forma, — Brooke continua enquanto passa
o braço pelo de Bishop. — Está ficando tarde e queremos que
vocês tenham uma boa noite de sono. Então, estamos acabando
com esta festa e levando-os à força da casa de Dominik.
Willow é a última a sair para o pátio. Ela segura uma taça
de vinho, um sorriso enfeitando aquele rosto lindo.
Os homens se endireitam, se afastam do bar e formam pares
com suas mulheres. Todos, exceto Wylde, isto é, que nunca
parece se incomodar durante essas reuniões por ser o único
solteiro restante neste grupo.
— Parece que estamos encerrando a noite, — Erik reflete
enquanto agarra Blue pela mão.
— Vou acompanhá-los, — Willow oferece, movendo-se para
o bar e colocando seu copo ao lado do meu.
— Não se preocupe. — Nora acena para ela enquanto
Tacker coloca o braço em volta do ombro dela. — Nós nos
veremos amanhã. Vocês dois fiquem aqui e aproveitem esta noite
linda.
Isso é tudo que eu preciso ouvir. Estendo a mão, pego Willow
pelo cotovelo e a puxo para o meu lado. Quando eu coloco um
braço em volta de suas costas, ela retribui. Ficamos lado a lado
enquanto nossos convidados, sim, nossos convidados,
desaparecem pela porta do pátio e entram na casa enquanto se
despedem.
Quando a porta se fecha, observamos silenciosamente a
turma através das grandes janelas ao longo do pátio. Eles vagam
pela casa e vão embora. Deixando um lembrete na minha mente
para acionar a fechadura antes de irmos para a cama.
Pego meu uísque, apoio o cotovelo na barra e inclino a
cabeça na direção de Willow.
— Obrigado.
Ela pega sua taça de vinho, vira o corpo para me encarar e
também coloca o cotovelo no balcão. — Pelo que?
— Por apenas ser você, — eu digo, tocando a ponta do meu
copo no dela. — E por ser mais.
Willow sorri, baixando olha para o vinho antes de levar a
taça aos lábios. Ela dá um pequeno gole.
— Estou feliz que você gostou.
Ela sabe exatamente do que estou falando. Que eu percebi
que ela deu o próximo passo para levar nosso relacionamento
adiante.
Eu também sei que ela não gostaria que eu fizesse um
grande alarido sobre isso. Willow está resolvendo seus problemas
de confiança. Ela está aprendendo lentamente que não vou
machucá-la e está dando passos de bebê para me encontrar no
meio do caminho.
Ainda assim, eu preciso que ela saiba de uma coisa. Aprendi
uma lição difícil quando criança, que nada é garantido e as
pessoas que amamos podem ser tiradas de nós sem qualquer
aviso ou razão. Isso me ensinou a nunca segurar o que sinto.
Coloco meu copo no balcão, pego o de Willow da mão dela e
coloco também. Enquadrando seu rosto com as palmas das
mãos, me curvo para colocar meu rosto perto do dela. Ela pisca,
esperando pacientemente, sem medo de ouvir o que tenho a dizer
que é tão importante que preciso prender sua atenção assim.
— Eu sou louco por você, Willow, — eu digo baixinho, me
curvando para poder roçar meus lábios nos dela. Afastando-me
apenas o suficiente para que eu possa vê-la novamente, eu
continuo. — Você precisa saber quando tudo isso começou, eu
estava exatamente na mesma página que você. Era para ser
temporário. Um caso divertido. Nós teríamos um bom tempo e
então seguiríamos em frente. Mas se transformou em mais. Nós
dois sabemos disso e acho que esta noite deixou claro que ambos
aceitamos também. Estou feliz por isso. Eu só preciso que você
saiba que o que temos entre nós é lindo, e mais do que eu jamais
sonhei em ter na minha vida.
Os olhos de Willow se movem entre os meus enquanto ela
considera o que eu disse. Seus lábios se curvam para cima,
claramente felizes com minhas palavras. Ela me responde com
um beijo, suas mãos fechando atrás do meu pescoço para me
puxar para ela.
Eu sei que é difícil para ela dar esse passo. As palavras
provavelmente estão presas em sua garganta e soltá-las tornaria
tudo ainda mais real.
Está tudo bem eu não as ouvir, porque foda-se se eu não
sinto suas emoções no próprio beijo que ela me dá. Eu sinto o
âmago de seus sentimentos por mim apenas com o toque de seus
lábios e o deslizar de sua língua.
Meu coração responde, mas meu corpo também. Eu coloco
minhas mãos em sua bunda, em seguida, a puxo para que ela
possa sentir minha resposta.
Willow geme quando minha ereção pressiona contra ela,
então está em meus braços, as pernas em volta da minha cintura.
Eu me viro, indo em direção às portas, mas Willow puxa sua
boca da minha.
— Aqui fora.
Fazendo uma pausa, considero as opções de mobília do
pátio. Há um sofá pesado de vime com almofadas grossas e
largas. Vai funcionar.
Claramente, nosso relacionamento sexual tem sido um
componente importante no nível de nossa intimidade. Willow é
aventureira, ávida por explorar e não tem medo de nada. Na
maioria das vezes, eu lidero.
Ordenar.
Demandar.
Empurrar
Forçar.
E ela se curva lindamente. Eu aprendi muito bem que é isso
que Willow ama. Eu realmente acho que é a única vez em que ela
tem o poder de renunciar ao controle. Por não tomar decisões e
permitir que outra pessoa lhe diga o que fazer.
Mas esta noite, eu quero que ela me mostre mais de si
mesma. Ela pode não ser capaz de responder com palavras - para
me deixar saber como se sente - mas ela é ótima com o toque.
Eu caio no sofá, me deitando, e coloco Willow em cima de
mim. Suas mãos vêm ao meu peito e ela olha para baixo, a cabeça
inclinada em questão.
— Faça o seu pior, Srta. Monahan, — eu provoco,
colocando minhas mãos atrás da minha cabeça.
Por um breve momento, ela parece insegura de si mesma.
Forçando-a a liderar, significa que ela tem controle de nossa
narrativa esta noite. Não é uma posição com a qual ela se sinta
confortável.
Mas minha garota não tem medo quando vejo uma centelha
de desafio em seus olhos.
— Que tal eu fazer o meu melhor? — Ela responde, o que
soa ainda melhor.
Willow chega até os quadris, puxando lentamente o vestido
de linho sem mangas que ela usa. Ela combinou com sandálias
pretas simples que agora estão faltando. Eu imagino que ela as
tirou enquanto estava limpando a cozinha com o resto das
mulheres, porque ela se sente confortável na minha casa.
Seu corpo é revelado, centímetro a centímetro. Eu sempre
pensei que era pura perfeição suas curvas e ângulos, mas minha
parte favorita de longe é como sua pele é macia. Nunca me canso,
e coloco minhas mãos em seus quadris.
Pedaços bonitos de renda rosa cobrem a junção entre suas
coxas e seus seios. Meus polegares brincam com a renda de sua
calcinha. Willow se acomoda em mim e posso sentir o calor dela
através do material da minha calça, fazendo meu pau engrossar
ainda mais.
Willow coloca as pontas dos dedos bem na base do pescoço.
Lentamente, ela os segue pelo centro de seu peito, através do
decote profundo de seus seios e sobre sua barriga lisa. Ela flerta
com o cós da calcinha antes de passar para o quadril para enrolar
os dedos em volta do meu pulso.
Eu a seguro com força enquanto ela puxa, mas
eventualmente a deixo fazer o que quer. Ela guia minha mão para
o espaço entre suas pernas, dando-lhe um empurrão insistente.
Quando meus dedos roçam nela, sua cabeça se inclina para trás
e seus olhos se fecham. O pequeno gemido que sai dela é minha
ruína.
Sua mensagem é simples e eu a recebo em alto e bom som.
Willow não quer assumir o controle.
Não, isso não está certo.
Ela precisa que eu tenha isso nesta parte do nosso
relacionamento, e acho que estou bem.
Eu a puxo para baixo para que eu possa provar sua boca.
Ela faz coisas incríveis com os lábios, eu só os quero nos meus
agora. O beijo é profundo, mas gentil. A força pode ser parecida
com uma pomba às vezes.
Enquanto nos beijamos, deslizo minha mão de volta entre
suas pernas. Os dedos mergulham sob a renda rosa em suas
profundezas molhadas. Eu amo fazê-la se contorcer e com
movimentos doces e experientes, ela está se contorcendo em
momentos.
Eu coloco a mão no centro de seu peito, empurrando-a para
trás até que ela se sente ereta novamente. Quando eu belisco um
mamilo, ela empurra contra mim.
Acenando para onde ela está sentada em cima de mim, digo
a ela o que fazer.
— Pegue o meu pau, Willow. Monta-me.
Ela crava os dentes no lábio inferior, batendo as pálpebras
lentamente. Em seguida, ela abre meu cinto e, desfaz o botão e o
zíper. Estou livre e em suas mãos. Então ela está de joelhos,
puxando sua calcinha para o lado, e ... porra, sim... abaixando-
se sobre mim.
Eu assobio em resposta porque cada vez que estou dentro
dela, me perco no prazer. É tão impressionante que acho que
nunca vou recuperar os pedaços que ela pega.
Eu estou bem com isso. Eu confio nela para mantê-los
seguros, assim como vou manter as peças que ela me dá seguras.
CAPÍTULO 23

Willow

Não tenho certeza de que aguento muito mais essa pressão.


Eu tenho a mão de Dominik em um aperto mortal nos últimos
cinco ou mais minutos enquanto o tempo passa no relógio.
É o terceiro período do sétimo e último jogo das finais da
conferência. O placar está empatado em 1 a 1 e ninguém quer
que isso vá para a prorrogação.
Como tal, ambas as equipes estão jogando freneticamente.
A adrenalina está levando-os mais rápido, mais forte, mais
malvados.
Dominik não estendeu convites a nenhum parceiro de
negócios, colegas ou celebridades para este jogo. Em vez disso,
ele convidou os cônjuges ou outras pessoas significativas para se
juntarem a ele no camarote.
Nem todos aceitaram a oferta, pois muitos tinham familiares
que queriam sentar-se juntos no jogo. Mas muitos o fizeram e o
camarote está lotado.
Meu grupo de garotas está completo, pois todas optaram
pelo camarote. Blue até trouxe Billy esta noite e sua cadeira de
rodas está estacionada bem atrás da última fileira de assentos,
sua irmã ao seu lado segurando sua mão.
Meus pais, Meredith e seu marido também estão aqui. Eles
estão na última fileira de assentos na frente de onde Dominik e
eu estamos.
Nem uma única pessoa consegue se sentar - incluindo Billy,
que pula para cima e para baixo em sua cadeira de rodas. Todos
estão fora de seus assentos ou amontoados na última fileira da
área comum.
Dominik e eu nem tínhamos nos sentado, preferindo ficar
na área comum. Podemos ver a ação da mesma forma, já que as
linhas giram para baixo e não se impõem na linha de visão.
Dominik sempre fica em pé durante os jogos, com muita energia
nervosa para ficar parado.
Minha respiração fica presa quando o disco é solto e um dos
jogadores dos Demons o agarra, disparando em direção à nossa
rede. Ele também dá um bom salto e, no momento em que nossos
jogadores começam a perseguição, ele está um metro e meio à
frente.
— Oh, merda, — eu grito, ainda segurando a mão de
Dominik com força. Eu o sinto ficar totalmente imóvel enquanto
observa o que pode ser o fim de seus sonhos, mas eu faço o
oposto, pulando para cima e para baixo enquanto grito a plenos
pulmões.
Kane Bellan, o cara por quem trocamos Rafe, é o mais
próximo na perseguição. Legend está na rede, agachado com as
pernas abertas, esperando o inevitável tiro certeiro.
Kane pode fazer uma de duas coisas. Ele pode arrastar o
jogador para baixo potencialmente enganchando seus patins, o
que acabará sendo um pênalti para a outra equipe, ou ele pode
apenas tentar pressioná-lo para fazê-lo atrapalhar seu chute. Não
são escolhas muito boas porque, de qualquer forma, eles vão
conseguir um chute a gol.
Por algum milagre, ou porque Kane comeu seus Wheaties
esta manhã, ele ganha terreno o suficiente sobre o cara, que
quando está pronto para terminar e chutar a gol, Kane é capaz
de colocar seu taco ao alcance do disco.
É o suficiente quando o Demons dá um rápido tiro de pulso
em Legend, mas ele falha, fazendo com que o disco realmente se
mova rapidamente ao longo do gelo. Legend é capaz de abrir-se
como uma borboleta, ficando de joelhos para parar o disco e
cobrindo-o rapidamente com a luva para interromper a jogada.
Todos no camarote e provavelmente o resto da arena soltam
um grande suspiro de alívio por ainda estarmos no jogo.
A luz vermelha acende na caixa do contador luminoso,
sinalizando um tempo limite da TV, e os jogadores patinam em
direção ao banco para pegar água e respirar. Eu consigo
desbloquear meus dedos de Dominik.
Ele sorri, apertando um pouco a mão.
— Se você e eu chegarmos a um ponto em nosso
relacionamento em que você esteja em trabalho de parto...
lembre-me de não segurar sua mão.
Eu começo a rir, observando minha mãe virar a cabeça de
onde ela está parada na nossa frente. Os ouvidos dos pais são
aparentemente treinados para captar qualquer indício de
informação que possa revelar o quão sério Dominik e eu levamos
um ao outro.
Acho isso adorável, mas resisto à vontade de provocá-la.
— Quer beber alguma coisa? — Dominik pergunta, sua
mão indo para minhas costas.
— Uma dose de qualquer coisa para acalmar meus nervos,
— eu digo, não muito séria. Mas ele deve querer o mesmo porque
se dirige ao bar onde algumas outras pessoas estão correndo para
pegar bebidas durante os cerca de dois minutos que temos antes
do jogo começar novamente.
Pepper e Brooke se juntam a mim, e vejo Blue ajudando
Billy a beber um pouco de água. Ele de repente parece exausto.
— Isso é uma tortura, — lamenta Pepper. Suspeito que ela,
mais do que qualquer um de nós, teve mais estresse naquela
última jogada, já que era seu homem enfrentando o jogador que
estava escapando.
— Legend está tendo um jogo incrível, — diz Brooke,
passando o braço em volta do ombro de Pepper. — Ele vai nos
levar até a final. Agora só precisamos fazer com que um dos
outros faça um maldito gol para que possamos ir para casa e
relaxar.
Eu abaixo minha cabeça para ver o placar pairando sobre o
gelo. Só faltam onze segundos para o término do jogo regular. Se
um gol acontecer, terá que ocorrer nos primeiros passes deste
confronto, o que é uma façanha quase impossível.
Meu pai se vira em sua cadeira, claramente tendo nos
ouvidos. Ele puxa sua carteira, em seguida, uma nota de vinte
dólares.
— Eu tenho vinte que dizem que vamos marcar no tempo
regular e colocar esta série para descansar.
Todos nós apenas piscamos surpresos, especialmente com
a veemência em sua voz. E porque ninguém quer apostar contra
tal confiança apesar das esmagadoras probabilidades contra sua
previsão todos nós sorrimos e recusamos educadamente.
Meu pai sorri maliciosamente ao devolver o dinheiro à
carteira, mas se inclina sobre o encosto da cadeira e declara com
confiança:
— Guarde minhas palavras. Venceremos no regular.
— Deus, espero que você esteja certo, pai, — eu digo com
uma risada.
— É a primeira vez que ouço você dizer isso ao seu velho,
— ele murmura, revirando os olhos, e eu dou uma risadinha.
— Ok, querida, — Dominik diz atrás de mim. Ele coloca o
braço sobre meu ombro, balançando o que parece ser pelo menos
dois dedos de uísque na minha frente.
Ele aparece, aproximando-se do meu lado e segurando seu
próprio copo. Batendo a borda contra a minha, ele diz:
— Saúde.
Eu sorrio.
— Saúde.
Nós dois inclinamos nossas cabeças para trás e bebemos.
Dominik é homem o suficiente para esvaziá-lo de um só gole, mas
eu preciso de três.
Ainda assim, a queimação no meu estômago e a onda de
euforia diz que era muito necessário. Quando o jogo recomeçar,
provavelmente estarei mais calma.
O pensamento me faz rir alto, e Dominik se inclina para se
aproximar.
— O que é tão engraçado? — Ele pergunta.
Eu balanço minha cabeça.
— Só que a bebida foi direto para a minha cabeça e você
provavelmente vai precisar me carregar para fora daqui depois do
jogo.
— Hmmm, — ele rosna baixo em sua garganta. — Gosto
da ideia de você ser extremamente flexível com a minha vontade
mais tarde, esta noite.
— Como se você precisasse de bebida para me levar até lá,
— eu zombo, dando-lhe um empurrão brincalhão.
O olhar de Dominik se move para o gelo e meu maxilar
endurece um pouco. Os jogadores estão de volta ao gelo, o que
significa que o jogo recomeçará em breve.
Também significa que o estresse está voltando e não importa
quanto bourbon bebamos, isso não vai enfraquecer a intensidade
das apostas.
Toda a conversa cessa no camarote e algumas pessoas
voltam correndo para seus lugares, mas ninguém se senta.
Estamos todos de pé, preparados para enfrentar isso.
O juiz de linha avança para o círculo de confronto. Temos
nossa primeira linha no gelo, que é nossa melhor chance de
garantir uma vitória rápida. Os pivôs geralmente disputam o
confronto direto, então Tacker está no círculo, preparado para
dar o salto sobre seu oponente.
O juiz de linha se inclina ligeiramente para a frente e os
outros jogadores se plantam, prontos para entrar em ação.
O disco é solto e Tacker é rápido como um relâmpago,
conseguindo colocar seu taco nele. Como uma dança
orquestrada, ele atira direto no taco de Bishop e ele já está a um
passo de distância do círculo e ganhando o terreno dos Demons.
Esse confronto foi tudo. Tão rápido como um relâmpago, tão
perfeito, que Bishop está riscando o gelo. Dax está do lado oposto
quando um defensor do Demons consegue se colocar entre eles e
o gol.
A arena irrompe em um rugido enorme e estrondoso de
encorajamento da multidão.
Eu deslizo minha mão na de Dominik, apertando com força.
Ele não diz uma palavra, apenas se inclina ligeiramente para a
frente, seus olhos se estreitando na ação. Eu começo a pular no
lugar, gritando:
— Vai, vai, vai.
Bishop continua manobrando no gelo. O jogador dos
Demons começa a atacar, mas Bishop habilmente passa para Dax
enquanto eles correm em direção à rede, forçando o defensor a se
posicionar na direção oposta. Dax se aproxima da rede, deixa cair
o ombro esquerdo e gira. O goleiro agora também tem que atacar.
O atacante do Demons tenta empurrar o disco para longe dele,
mas Dax habilmente o passa para Bishop, que agora tem um
caminho claro e desobstruído.
Enquanto o disco desliza pelo gelo em direção a Bishop, ele
simplesmente coloca o taco nele e dá um pequeno giro. Ele
começa a cair e, no momento em que o goleiro do Demons tenta
se mover para o lugar, o disco está caindo por cima de seu ombro
e na rede.
Parece que o tempo para por um momento, todos se
perguntando se nós, de fato, apenas marcamos o gol da vitória,
mas então aquela bela luz vermelha atrás da rede começa a
brilhar em glória... e os fãs enlouquecem. O rugido é tão
ensurdecedor que sinto uma leve pressão na cabeça e a próxima
coisa que sei é que estou nos braços de Dominik e ele está me
girando, girando e girando.
Eu rio, segurando-o com força.
Eu consigo vislumbrar os outros no camarote enquanto ele
me gira. Meus pais se abraçando, Billy pulando para cima e para
baixo em sua cadeira de rodas e Regan com lágrimas escorrendo
pelo rosto.
Puta merda. Marcamos um gol quase impossível com o
tempo que restava, quase garantindo a vitória. Faltam apenas 2,7
segundos para o jogo terminar, e não há tempo suficiente para os
Demons fazerem qualquer coisa. Existem poucos momentos na
minha vida em que me lembro de ter sido mais feliz do que agora.
Dominik finalmente me coloca no chão e eu me firmo com
uma mão em seu peito. Observo o movimento no gelo,
procurando por meu irmão. Ele está com seus companheiros de
linha, todos se abraçando e dando tapinhas nos capacetes. O
replay está no placar eletrônico e todos estão gritando ao ver
acontecer novamente, desta vez em câmera lenta.
Sou puxada para abraços, assim como Dominik. Não há
nada além de pura felicidade circulando.
Regan e eu nos abraçamos com força. Ela está mais tonta
do que a maioria, pois seu marido acabou de entregar a
assistência mais perfeita para criar a oportunidade de gol.
No gelo, o jogo ainda não acabou. O juiz de linha alinha os
jogadores para outro confronto, mas é óbvio na inclinação dos
ombros dos Demons. Eles sabem que perderam.
O disco cai, Tacker coloca seu taco no disco primeiro
novamente, bem entre Dax e um jogador Demons. Eles lutam pelo
controle, mas é inútil. A campainha toca, o que significa o fim do
jogo.
A Arizona Vengeance venceu as finais da conferência e
jogarão contra a Cold Fury pelo campeonato.
Confetes verdes, azuis e prateados caem das vigas da arena,
e o resto da equipe se amontoa no gelo. Mais abraços e gritos de
alegria podem ser ouvidos no camarote. Meu pai me puxa para
um abraço de urso que me deixa sem fôlego.
Dominik é levado, todos querendo uma chance de abraçar o
proprietário o homem que tornou isso possível.
Nós damos olhares roubados um ao outro no meio da
multidão. Eu sei que Dominik terá que ir para o gelo em breve,
mas ele começa a contornar as pessoas caminhando de volta para
mim primeiro.
Seus olhos estão fixos nos meus, e eu nunca vi essa mistura
de emoções em seu rosto bonito. Alegria e triunfo temperados
com um olhar duro de determinação. Se não estivéssemos em
uma sala cheia de pessoas, algumas das quais são minha família,
eu lhe diria que é o olhar que ele tem quando quer me arrastar
para a cama e me foder.
O que eu adoraria.
Dominik entra e sai do meio das pessoas e, finalmente, para
na minha frente. Mais uma vez, estou em seus braços e ele me
balança. Estou rindo e minha cabeça está girando. Sim... um dos
momentos mais felizes da minha vida.
Colocando-me suavemente em meus pés, Dominik coloca as
mãos nas laterais da minha cabeça e me dá um beijo forte que
dura para sempre, mas ainda não é longo o suficiente. Nós dois
começamos a sorrir no beijo até estarmos rindo.
Ele se afasta apenas alguns centímetros, todo o seu rosto
inundado de felicidade e promessa para o futuro. Ele parece que
poderia conquistar o mundo, e eu acredito que ele pode.
O sorriso de Dominik é tão largo que chega a ser contagioso,
e eu estou sorrindo como uma idiota de volta.
Soltando as mãos nos meus ombros, ele deixa escapar uma
declaração como se estivesse guardando isso por muito tempo.
— Vamos nos casar, Willow.
É como se eu pudesse ouvir o barulho de uma agulha em
um disco de vinil. Tudo meio que congela para mim. Estou
vagamente ciente de que todos ao nosso redor ainda estão rindo,
gritando de alegria e agindo como loucos por causa da vitória.
Mas há apenas Dominik e eu, olhando um para o outro, e
suas palavras ecoando em meus ouvidos.
— Casar? — Eu pergunto, minha língua parecendo grossa
e inchada na minha boca.
— Sim, — ele exclama. — Casar. Estou louco por você. Eu
me apaixonei perdidamente por você e sei que é rápido...
— Tão, tão rápido, — eu interrompo enquanto tento dar um
passo para trás.
Ele se agarra a mim com força, me dando uma sacudida
repreensiva de sua cabeça.
— Sim, é rápido, mas estamos lá. Eu posso sentir isso. Você
superou seus medos e entrou nisso comigo. Eu quero passar o
resto da minha vida com você, Willow. Sei muito bem que posso
fazer de você a mulher mais feliz de todas, se você der esse salto
comigo.
Minha cabeça está girando, e não tem nada a ver com a
vitória ou o bourbon que eu engoli momentos antes. Também
estou um pouco enjoada, o que tem tudo a ver com o fato de não
querer decepcionar Dominik, mas também estou muito
assustada agora.
— Dominik, — eu digo baixinho... ok, suplicante. Minhas
mãos vão para seu peito e não tenho pensamentos formulados.
Apenas um monte de emoções na minha cabeça agora. — Isso é
muito rápido para mim. E sim... eu dei o passo com você, e eu
realmente gosto muito de você, muito, mas eu gostaria de apenas
manter do jeito que estamos agora.
— Você gosta muito de mim, — ele repete. Estou tão
aliviada por ele ter me ouvido que sinto falta de seu tom
aborrecido e do olhar inexpressivo.
— Sim... também sou louca por você, mas você precisa
pensar mais nisso. Eu sei que você está animado com a vitória,
mas pense bem. Quero dizer... você deveria pensar em um acordo
pré-nupcial. Você é um multimilionário...
— Bilionário, — ele murmura.
Eu rio, sabendo que não tenho noção de quão rico ele é,
sempre será nossa piada.
— Sim, certo... um bilionário. Um bilionário gostoso e
elegível, e sou pobre em comparação. Você precisa de alguma
proteção e...
— Eu não quero nenhuma proteção, — ele me corta, e eu
estremeço um pouco com a dureza de seu tom.
A alegria em seu rosto se foi agora. Não há mais ansiedade
em seus olhos. Eu a tirei e me sinto uma merda. Eu tirei a alegria
dele dessa vitória.
— Olha, — eu digo suavemente enquanto me aproximo. —
Vamos conversar sobre isso mais tarde.
— É uma resposta simples sim ou não, Willow.
Eu me encolho, sabendo como isso vai soar.
— Então, por agora, é um ‘não’, mas eu realmente gostaria
de falar sobre isso...
— Eu tenho que ir, — ele diz, começando a se afastar de
mim. Ele tem obrigações no gelo. Haverá uma cerimônia de
premiação e entrevistas com a imprensa.
— Falaremos sobre isso esta noite, — grito atrás dele, mas
ele não olha para trás. Ele se move pelo camarote com propósito,
ignorando outros simpatizantes que tentam prendê-lo para dar
os parabéns. Eles parecem atordoados por sua rejeição, mas ele
sai pela porta e vai embora.
— Você está bem? — Regan pergunta, aparecendo ao meu
lado.
— Você ouviu isso? — Eu digo.
— Eu o ouvi pedir você em casamento, — ela murmura. —
O mesmo aconteceu com seus pais.
Eu estico meu pescoço para olhar para eles, e eles estão me
olhando com olhos preocupados. Eles podem não ter ouvido toda
a conversa, mas pelo jeito que Dominik acabou de sair daqui,
está claro que eu não dei a resposta que ele queria.
— Ele me pegou desprevenida, — eu digo, tentando
desculpar minha resposta idiota à sua proposta. Quero dizer...
estou firme em meus sentimentos sobre o assunto, é muito cedo
mas acho que poderia ter lidado com isso melhor.
Em vez de ficar com aquela expressão de cervo nos faróis e
me afastar dele, eu poderia ter me mantido um pouco mais alegre
e provocadora. Eu poderia ter rido, o abraçado ou beijado.
Prometer a ele que a ideia tinha mérito, mas que seria mais
adequada para uma discussão mais privada. Talvez na cama com
champanhe e morangos.
Em vez disso, agi como se sua oferta de casamento fosse a
coisa mais horrível que eu poderia imaginar.
Eu lidei muito mal.
Mas vamos resolver isso. Ele está a caminho de desfrutar da
glória da vitória agora. Ele ficará de bom humor mais tarde e
talvez no caminho da arena para casa, eu vou fazer coisas sujas
com ele na limusine que ele providenciou para nós esta noite.
Vai tudo ficar bem.
Estou certa disso.
CAPÍTULO 24

Dominik

Virando meu pulso, dou um rápido giro com a mão e o ioiô


se estende suavemente pela corda.
Alcança o final, gira por um momento e começa a subir de
volta. Quando chega ao topo, faço o mesmo movimento
novamente.
Eu faço isso enquanto ando para frente e para trás em
minha sala de estar, incapaz de me acalmar. Esta noite foi a noite
mais carregada de emoção de toda a minha vida.
Minha equipe conseguiu uma vitória espetacular para nos
levar às finais da Copa. A euforia naquele momento foi incrível.
Pedi em casamento a minha namorada, convencido de que
ela sentia por mim o mesmo que eu por ela. Ela me rejeitou
categoricamente, e eu percebi que não sabia de nada quando se
tratava de Willow Monahan. Foda-se ela e sua aversão ao risco.
Eu a deixei no camarote e não olhei para trás. Enquanto
andava até o gelo, cercado por executivos da equipe e dois
policiais estaduais, disse a mim mesmo várias vezes para tirá-la
da cabeça. Agora era a minha hora de comemorar com minha
equipe e aproveitar toda a glória que veio de uma batalha árdua.
Mas eu não consegui.
Não consegui tirar Willow da minha cabeça.
Meu corpo inteiro parecia vibrar com esse zumbido baixo de
raiva, intensificado apenas por um vazio interno sobre a rapidez
com que caí de tão alto.
Nem uma vez durante todas as vezes em que repassei o
momento em que a pedi em casamento e vi o olhar horrível em
seu rosto, me arrependi de ter perguntado. Não sou um cara
excessivamente impulsivo, mas ouço meu instinto.
E meu instinto estava me dizendo para ir em frente. Eu
peguei a alegria, reuni com a energia positiva do momento e
esperava, porra, propor de uma maneira que ela não poderia dizer
não.
Sem nenhuma dúvida, eu sei que estou apaixonado por
Willow e estou pronto para comprometer minha vida com a dela.
Assim, não vou me arrepender de ter perguntado.
Acho que me sinto culpado por não tê-la lido corretamente.
Na verdade, pensei que ela sentia o mesmo. Estava tudo lá... ela
trazendo sua família para o nosso círculo e a maneira como ficou
ao meu lado como parceira quando convidei a equipe. A maneira
como fazemos amor e a maneira como transamos. Duas coisas
muito diferentes, mas ambas cheias de confiança e profunda
intimidade, como nunca senti antes.
Nossas conversas. Podemos conversar por horas e ela me
conhece melhor do que ninguém.
Achei que também a conhecia melhor do que ninguém, mas
isso é algo pelo qual continuarei a me castigar.
Eu continuo a virar o ioiô enquanto ando pela sala, me
perguntando para onde diabos eu vou a partir daqui. Meu avô me
ensinou como dominar um ioiô no breve período que morei com
ele após a morte de meus pais. Quando fui para um orfanato, foi
o único objeto que consegui manter. As coisas tendiam a serem
roubadas em lares adotivos ou em orfanatos, e eu era pequeno e
facilmente caçado quando cheguei. Mas eu sempre pude manter
o ioiô no bolso e aprendi a puxá-lo, virando-o sem pensar quando
precisava pensar.
Enquanto ando, percebo que terei que falar com Willow,
mas não tenho ideia do que dizer.
Durante toda a cerimônia de apresentação após o jogo,
consegui manter a calma. Fui charmoso, cortês e alegre com
minha equipe. Posamos para fotos e aceitamos o troféu, que na
verdade é uma tigela de prata com o nome de um ex-presidente
da liga. Alguém jogou champanhe na equipe e fui borrifado junto
com minha equipe.
Depois, fui para o vestiário e dei a eles uma pequena
conversa de estímulo. Espero que tenha soado sincero o
suficiente porque, embora eu ache que disse as palavras certas,
eu ainda estava em uma espiral de Willow me derrubando.
Em seguida, dei uma breve coletiva de imprensa com os
treinadores.
E porque eu não estava pronto nem para olhar, muito
menos falar com Willow, eu saí da arena despercebido. Desci dois
quarteirões, chamei um Uber e pedi que me trouxesse para casa.
Eu deixei instruções com a limusine que contratei para levar
Willow e sua família onde quer que eles precisassem. Suspeitei
que haveria alguns bares ou festas esta noite, mas espero que
não muito. Afinal, o primeiro jogo da final começa amanhã.
Minha campainha toca e eu congelo, o ioiô girando fora de
controle antes de se enroscar. Tiro o barbante do dedo e coloco o
brinquedo na mesinha de centro.
Não tenho dúvidas de que é Willow e não tenho certeza do
que fazer.
Eu realmente não esperava que ela viesse aqui porque não
fiz nenhum convite. E, no entanto, como eu poderia não saber
que era ela?
Claro, ela gostaria de falar sobre isso.
Com um suspiro, vou até a porta. Nunca fui de fugir do que
deve ser feito e, sim, precisamos conversar.
No entanto, parece prematuro porque ainda estou
processando meus sentimentos.
Eu destranco a porta e abro, sem surpresa ao encontrá-la
parada lá com um olhar incrivelmente preocupado no rosto. Ela
torce as mãos, mas não fala. Presumo que ela esteja esperando
um convite para entrar.
Finalmente, ela explode:
— Você saiu da arena sem dizer uma palavra! Eu esperei
por você. Quase todo mundo deixou a arena antes de eu
finalmente ir para a limusine, apenas para o motorista me dizer
que você tinha ido embora.
— Olha, Willow, — eu começo, mas ela me interrompe.
— Precisamos conversar sobre isso, Dominik. Você não
pode simplesmente ir embora e não terminar esta... esta...
— Conversa? — Eu pergunto incrédulo. — Porque, pelo
que me lembro, a conversa acabou. Eu te pedi em casamento e
você disse 'não'. Eu realmente não sei o que mais há para falar.
Ela passa por mim e entra em minha casa. No final das
contas, estou bem com isso porque seria rude mantê-la na
varanda quando ela sente a necessidade de discutir. Com um
suspiro, me viro para segui-la, fechando a porta.
Willow gira para mim.
— Nós podemos fazer isso funcionar, Dominik. Só porque
eu disse 'não' agora, não significa que não irei dizer 'sim' algum
dia.
Eu cruzo meus braços sobre meu peito.
— Você acha?
Ela totalmente não entendeu meu tom sarcástico, seu rosto
se transformando em um sorriso aliviado.
— Sim. Quero dizer... estamos no caminho. Se as coisas
continuarem como estão, acredito que seja possível. Quero dizer,
eu acho que você foi pego pelo momento esta noite. A emoção da
vitória. Eu entendo e estou muito lisonjeada. É apenas um
momento ruim, só isso. Você precisa saber, Dominik, que você é
o único homem com quem eu consideraria voltar para o jogo
novamente.
— Isso não é um jogo, Willow, — eu retruco, fazendo-a
estremecer, o sorriso deslizando de seu rosto. — E eu não fui
pego no momento. Eu estive pensando sobre um futuro com você
muito antes de propor. Pedi que você se casasse comigo, não
porque estava animado por termos vencido o jogo, mas porque te
amo e pensei que você sentia o mesmo por mim. Então, repito...
isso não é um jogo. Isto é minha vida. É o meu coração.
Parece que eu apenas a golpeei fisicamente, porque embora
eu não tenha dito isso, minhas palavras a colocam como a vilã.
Sua cabeça cai ligeiramente, seu olhar indo para o chão.
Sua voz é baixa.
— É o meu coração também. E ele está com medo.
Eu solto um grunhido de frustração e me afasto dela. Essas
palavras deveriam me apaziguar. Eu deveria ter alguma empatia
por sua história que a deixasse com medo, mas foda-se... Eu
também tenho uma história. Eu superei meus problemas e decidi
que ela valia o risco.
Veja o inverso disso... ela claramente não acha que valho o
risco.
Eu giro para encará-la mais uma vez.
— Eu propus e você disse não. Mas mais do que isso, eu
disse que te amava e você não me deu nada em troca.
Seu rosto fica vermelho de culpa.
— Você me ama? — Eu exijo.
— Eu... hum... eu não sei como chamar isso, — ela
finalmente murmura. — Eu me importo muito com você, mais
do que jamais me importei com alguém antes. Isso é amor? Eu
não sei... ou então eu teria dito sim sem hesitação, certo?
Ela tem um ótimo ponto de vista, e acho que tenho minha
resposta.
— Eu não posso fazer isso, Willow. Isso está tudo errado
agora...
— Não, — ela exclama em voz alta, fazendo-me estremecer.
Então ela está parada na minha frente, as mãos fechadas na
minha camisa. O olhar em seu rosto é desesperado... quase
selvagem. — Você não pode desistir de nós só porque não
estamos exatamente no mesmo lugar. Não é justo.
Eu cubro suas mãos com as minhas, tentando puxá-las,
mas ela é rápida. Rápida como um relâmpago, ela está me
puxando pelo pescoço para baixo em sua direção enquanto fica
na ponta dos pés. Sua boca toca a minha e ela sussurra.
— Temos algo bom, Dominik. Não se esqueça disso.
Estou com raiva de Willow, disso não há dúvida. Ela me
machucou e eu quero revidar, mas não há como negar que o
toque de seus lábios contra os meus acende algo dentro de mim.
Tire o coração de tais questões, e eu nunca vou superar o fato de
que apenas o menor toque dela me excita.
Eu me odiaria por isso se não fosse tão bom.
Ainda assim, coloco minhas mãos em seus ombros em uma
tentativa meia-boca de empurrá-la para trás para manter alguma
dignidade.
É sujo, porém, a maneira como ela joga. Sua língua desliza
para dentro da minha boca e ela coloca a mão na minha virilha,
me segurando suavemente no início, mas depois aperta com
força.
Meu corpo dispara porque Willow nem sempre é a agressiva,
e o fato de ela estar massageando meu pau faz com que todo
pensamento racional desapareça.
Eu gemo quando minha mão cobre a dela, não para afastá-
la, mas para forçá-la a me acariciar através da minha calça.
— Veja, — ela murmura contra a minha boca, cravando os
dentes no meu lábio inferior. — Temos algo forte aqui. Não se
esqueça disso.
Sexo.
Ela está certa... nós sempre tivemos um ótimo sexo. É
incendiário entre nós, cada vez é melhor pra caralho.
Ainda assim, eu hesito. Isso só baralha mais.
Willow deve sentir isso porque suas mãos começam a mexer
habilmente no meu cinto, botão e zíper.
Minha cabeça cai para trás quando ela me pega nas mãos e
começa a masturbar-me.
— Cristo, — eu murmuro, então eu gemo quando ela cai de
joelhos.
Seu objetivo é me levar em sua boca e se eu deixar que ela
faça isso, ela terá todo o poder.
Isso é inaceitável.
Eu coloco a mão em seu cabelo, aperto com força e a puxo
de volta. Ela estremece e sorri ao mesmo tempo, e odeio aquele
olhar triunfante em seu rosto.
Mas foda-se se eu não amo que ela ame que posso controlá-
la.
Eu a manobro para trás, direto no meu sofá. Dando-lhe um
empurrão forte, imediatamente pego suas pernas para tirar suas
botas, depois seu jeans e calcinha.
Estou com raiva e excitado por ela ao mesmo tempo. Algo
tão sujo em mim apenas tirar a roupa da parte inferior de seu
corpo. Eu amo Willow totalmente nua, mas também amo apenas
sua boceta nua e ali para meu uso.
E eu sinto a necessidade de usá-la.
Talvez até para minimizar o que há entre nós.
É culpa dela, realmente. Ela acendeu este fogo.
Eu deslizo a mão entre suas pernas e sou recompensado
com uma umidade sedosa. Quando eu coloco dois dedos nela, ela
quase se arqueia para fora do sofá em resposta.
Foda-se ela por me fazer querer tanto isso.
Ela geme, gira os quadris e estende a mão para mim.
— Agora, Dominik.
Sim... agora.
Com meu pau já livre das minhas calças e inchado em
proporções dolorosas, eu caio entre as pernas abertas de Willow.
Ela me pega na mão, me guiando até seu ponto ideal, e eu
empurro em sua boceta.
Seu rosto se transforma mais uma vez, desta vez em uma
bela felicidade. É uma expressão que sempre tenho muito
orgulho de criar e, no entanto, agora, não suporto nem olhar para
ela. Dói muito meu coração saber que essa parte entre nós é
perfeita, quando nada mais é.
Eu aperto meus olhos, abaixo minha cabeça e empurro meu
rosto em seu pescoço. Envolvendo meus braços em volta dela com
força, eu a fodo com força.
Willow se contorce, grita e crava as unhas na minha bunda.
Ela goza antes de mim... sua boceta apertando, arqueando
as costas. Willow tem um orgasmo forte e seu grito de alívio me
irrita. Ela não tem nenhum problema em fazer essa conexão
comigo, mas a cada estocada, eu me sinto cada vez mais longe
dela.
O entorpecimento se instala, criando quase um vazio negro
entre nós. Muito estranho... é uma sensação muito fantástica, a
fricção do meu pau batendo forte dentro dela. Minhas bolas
começam a se contrair e sei que o orgasmo é iminente porque
seria impossível não gozar nesta criatura de sensações
fantásticas.
Mas quando finalmente acontece... quando eu despejo nela
com um gemido de alívio que acabou, eu não sinto muito.
E pela primeira vez na minha vida, estou dolorosamente
ciente de quanta emoção está ligada à intimidade sexual. Eu já
havia erguido uma parede em volta de mim no momento em que
Willow rejeitou minha proposta. Não tenho certeza se isso me
torna menos homem ou o quê, mas foda-se se essa não foi a
experiência sexual mais insatisfatória da minha vida, e tem tudo
a ver com o fato de eu amar essa mulher e ela não me amar de
volta.
— Maldição, — murmuro enquanto puxo meu pau,
cambaleando para fora do sofá. Eu me endireito, enfio meu pau
traidor de volta em minhas calças e puxo meu zíper para cima.
O sorriso de Willow é suave e satisfeito. Mas então ela vê...
o jeito que estou cambaleando para trás e a carranca vincando
minha testa enquanto eu a estudo onde ela está esticada no meu
sofá. Nua da cintura para baixo, cheia do meu sêmen e satisfeita
de um grande orgasmo.
— Você precisa ir embora, — eu digo.
Há um lampejo de profunda dor em seus olhos enquanto ela
monta o quebra-cabeça. Minhas palavras, minha linguagem
corporal, minha expressão.
Sinto uma pontada de dor no peito quando, pela primeira
vez, vejo os olhos de Willow se encherem de lágrimas. Seu lábio
inferior treme.
— Foi tão ruim assim?
Eu não quero machucá-la.
Espera... porra, sim, eu quero. Ela me machucou muito e
eu preciso retribuir.
— Isso foi vazio, — eu digo com sinceridade. — Eu sei que
você acha que ainda temos um ótimo sexo, mas aparentemente
eu não. Não é o suficiente.
— Ouch, — ela murmura levianamente enquanto levanta
do sofá. Seu rosto está vermelho de vergonha enquanto ela puxa
apressadamente a calcinha, depois a calça jeans. Eu assisto
impotente, minha consciência me dizendo para parar de ser um
idiota, mas meus próprios sentimentos feridos são justificados
por ela agora se sentir tão mal quanto eu.
Eu sei que vou me arrepender.
Eu sei que estou agindo precipitadamente.
E ainda... eu não iria parar este desastre de trem por nada
no mundo. Minha parede ainda está firme no lugar e não
pretendo abaixá-la novamente. É uma pena amar e não ser
amado.
Willow se senta na beira do sofá para calçar as botas. O
silêncio é opressor e me sinto tão deslocado em minha própria
casa. Eu mal consigo olhar para ela não pelo que fez comigo, mas
pelo que eu acabei de fazer por nós dois.
— Você realmente não quer mais falar sobre isso? — Ela
pergunta enquanto se levanta.
Eu balancei minha cabeça.
— Não acho que haja nada para falar.
— Eu acho que você está errado, — ela murmura enquanto
se afasta de mim. Eu observo enquanto ela caminha até a porta
da frente e agarra a maçaneta. Espiando por cima do ombro, ela
me olha com um olhar malicioso. — Estou chocada... Dominik
Carlson é um absoluto perdedor.
Isso me dá um soco profundo. Nunca fui chamado assim
antes em minha vida. Na verdade, sou muito definido pela minha
atitude vencedora.
Eu me odeio ainda mais porque ela está certa.
Mas tudo isso é novo. Este novo inferno de emoções que
nunca experimentei. Não sei ao certo se desisti completamente,
só que estou cansado de tentar descobrir as coisas.
Como tal, é melhor nem mesmo prolongar a conversa, então
fico resolutamente em silêncio. Sua expressão se enche de
decepção, então ela sai pela minha porta e sai da minha vida.
Eu imediatamente sinto sua falta quando ela se vai.
CAPÍTULO 25

Willow

Estou com os olhos cheios de lagrimas enquanto leio o


artigo de notícias no meu iPhone. Duas xícaras de café não
afetaram meu cansaço, então me levanto da mesa da cozinha e
vou até a cafeteira. O sol mal apareceu no horizonte quando eu
olho pela janela por cima da pia e percebo que já estou acordada
há quase 24 horas direto.
Dizer que não consegui dormir ontem à noite quando
cheguei na casa de Dax vindo de Dominik é um eufemismo,
apesar do fato de que eu estava exausta. Eu deitei no meu quarto,
virando e revirando, repetindo cada momento humilhante na
minha cabeça uma e outra vez.
Particularmente a última parte depois que fizemos amor e
ele me disse que simplesmente não foi bom. Não sei por que isso
está atingindo meu coração tanto quando deveria apenas ferir
meu ego, mas estou pensando que tem algo a ver com o fato de
que sexo com Dominik nunca foi um esforço sem emoção.
Eu sirvo outra xícara de café antes de voltar para a mesa.
Pego meu telefone e leio outro artigo de esportes sobre a vitória
de Vengeance na noite passada.
Arizona se dirigindo para as finais com uma vingança!
Por Kat Mizera
Foram dois meses emocionantes para o proprietário da
equipe Dominik Carlson e sua equipe Arizona Vengeance. Em sua
temporada inaugural, a equipe da Cinderela do deserto está se
dirigindo para a final da Copa contra a bicampeã Carolina Cold
Fury, e esta se prepara para ser muito quente.
Com a vantagem de jogar em casa, a Vengeance está
aproveitando o momento de sua espetacular sequência nos
playoffs. Depois de vencer a Seattle Storm no primeiro round e
derrotar a Vancouver Flash em cinco jogos no segundo, eles
estavam preparados para as finais da Conferência Oeste contra
os L.A. Demons.
A série final da conferência de sete jogos eletrificou os fãs e
os deixou na ponta dos seus assentos quando o relógio parou no
último jogo. Empatados, o capitão do time Bishop Scott e o ala
esquerdo Dax Monahan deslumbraram os fãs com uma corrida
memorável no gelo. Scott marcou o gol da vitória, no goleiro do
Demon Ryder Hayes garantindo a primeira aparição do Vengeance
nas finais da Stanley Cup.
Depois de uma temporada um tanto tumultuada, incluindo a
suspensão de dez jogos do veterano pivô e então capitão, Tacker
Hall, a equipe se uniu e se recuperou para terminar a temporada
liderando a Conferência Oeste. Sua capacidade de superar as
adversidades como uma equipe totalmente nova, sem dúvida,
desempenhou um papel importante em seu sucesso, para não
mencionar o impacto do técnico Claude Perron.
Sob sua tutela, os artilheiros do time nos playoffs, Scott e
Monahan, acumularam impressionantes dezenove e vinte pontos,
respectivamente, em dezesseis jogos. O goleiro da Vengeance,
Legend Bay, parou 52 lançamentos, deixando passar apenas um
gol do capitão do Demon, Artur Lafleur. Com apenas dez gols ao
longo dos playoffs, Bay alcançou uma notável porcentagem de
0,932 de defesas, colocando-o firmemente na disputa pelo troféu
Con Smythe.
Os defensores Erik Dahlbeck e Aaron Wylde foram essenciais
para o sucesso da equipe, com Dahlbeck marcando seu primeiro
hat-trick contra os Demons, e Wylde marcando três gols na vitória
do jogo e estabelecendo um recorde para a equipe.

Paro de ler por um momento para refletir sobre como tudo


isso é importante. Esta série final será brutalmente travada. A
Cold Fury está tentando um tricampeonato, o que é praticamente
inédito. O Vengeance está tentando fazer história como a
primeira equipe de expansão a ganhar a Copa. Eu prevejo que ele
irá aos sete jogos e alma sangrando. O primeiro jogo é esta noite
e temos a vantagem de estar em casa mais uma vez. É uma coisa
boa, já que Cold Fury tem uma vantagem no que diz respeito à
experiência.
O som de passos descendo as escadas me assusta, e estou
chocada que alguém tenha acordado tão cedo. Posso dizer pelo
peso dos degraus que é Dax descendo.
Eu levanto os olhos do meu iPhone assim que ele entra na
cozinha. Ele franze a testa.
— Porque você está acordada tão cedo? E Jesus... você está
uma merda.
— Obrigada, — eu respondo secamente, pegando meu café
e tomando um gole. — Toda garota adora ouvir isso.
Ele nem mesmo parece chateado porque é meu irmão e
temos dito isso um para o outro durante toda a nossa vida.
Passando por mim, ele vai até o armário e pega uma caneca. —
Não, mas sério... você está doente?
— Só falta de sono, eu acho, — eu murmuro.
Dax serve uma xícara de café e se junta a mim na mesa. Eu
finjo rolar pelo meu telefone, mas posso sentir seus olhos
pousando pesadamente em mim.
Finalmente, eu olho para cima.
— O que?
Seus olhos se estreitam em mim, e não há como esquecer
que ele me conhece melhor do que provavelmente qualquer
pessoa neste mundo.
— O que você tem? E não tente negar. Eu posso dizer.
Eu poderia dar uma desculpa esfarrapada. Elimine um
problema estomacal ou cólicas menstruais. Mas ele sabe que o
que me aflige não é realmente físico, a menos que a dor em meu
coração e a vergonha girando em minhas entranhas contam.
— Dominik propôs casamento na noite passada, — eu digo,
e seu queixo empurra para dentro em surpresa. — Estou
surpresa que Regan ou mamãe e papai não lhe contaram. Eles
ouviram.
— Ninguém disse nada, — ele responde suavemente.
— Provavelmente não queriam incomodá-lo com isso, —
arrisco um palpite. — Quero dizer... por que arruinar sua alegria
por ter vencido as finais da conferência? Parabéns, por falar
nisso.
— Obrigado, — ele responde com um sorriso. — Legal da
sua parte reconhecer isso.
— Eu sinto muito, — retruco sarcasticamente. — Eu
estava ocupada recebendo propostas, e recusando, partindo o
coração de Dominik e, em seguida, tentando resolver isso, apenas
para vê-lo partir o meu. Eu tinha questões mais urgentes em
mãos.
— Sinto muito, — ele murmura com simpatia agora.
— E ele foi realmente cruel, Dax, — eu digo... em, sim, uma
voz chorona.
Uma voz queixosa demais, aparentemente, já que Dax não
se deixa levar por qualquer tipo de simpatia que o coloque no
modo de irmão superprotetor.
— Diga-me o que aconteceu, — ele ordena em um tom
prático. Ele pretende avaliar a situação e depois me dar uma
palestra que não seja revestida de açúcar. É claro que, se ele
achar que é justificado, ele vai chutar a bunda de Dominik por
mim, mas ele quer ouvir tudo.
Normalmente, eu ficaria com vergonha de repetir tudo para
a maioria das pessoas, mas Dax não é “a maioria das pessoas”.
Ele é meu irmão, mais próximo da minha idade, e temos sido
incrivelmente ligados durante toda a nossa vida. Como sou uma
nômade sem casa, muitas vezes morei com meu irmão por alguns
momentos, como evidenciado por sua generosidade em abrir sua
casa novamente para que eu pudesse assistir a todos os jogos do
playoff.
Respiro fundo e depois solto. Eu conto a ele sobre como
Dominik propôs casamento. Como era tão fora do comum que
tive dificuldade em processá-lo. Que eu senti que ele poderia
estar com a adrenalina alta por causa da vitória, e talvez não
fosse isso. Acima de tudo, admiti que a ideia de ficar noiva me
assustava profundamente porque, embora eu realmente tivesse
me apaixonado por Dominik, aparentemente ainda tinha alguns
problemas de confiança que não sabia que precisava resolver.
Eu não entro nos detalhes essenciais do que aconteceu na
casa de Dominik. Por exemplo, não digo a Dax que cheguei perto
de implorar a Dominik para continuar trabalhando nisso comigo,
ou que fui uma atrevida desavergonhada ao colocar minhas mãos
nos lugares mais íntimos de seu corpo para induzi-lo a fazer sexo
comigo. Era muito vergonhoso usar o sexo como um meio de nos
manter juntos, mas eu estava convencida de que funcionaria.
Mas Dominik estava certo no final. Nós dois podemos ter
gozado, mas não foi bom. Era simplesmente... normal, e o que
costumávamos ter era extraordinário.
Não, eu não disse nada disso a Dax. Só que fui à casa de
Dominik e fiz um apelo muito apaixonado para que ele nos desse
uma chance, esperando que um dia pudéssemos progredir a um
ponto onde pudéssemos falar sobre casamento.
— E então, como vocês dois deixaram as coisas? — Dax
pergunta enquanto ele toma seu café.
Eu encolho os ombros.
— Ele me pediu para ir embora. Disse que não poderia fazer
isso comigo.
Dax franze a testa.
— O que exatamente isso significa?
Eu encolho os ombros novamente. Não estou prestes a dizer
a meu irmão que fizemos sexo e não foi bom, e Dominik jogou
direto na minha cara que não foi.
Vazio era como ele disse que o fazia se sentir.
— Ele me pediu para sair de sua casa, — repito com forte
amargura, como se isso dissesse tudo. — Ele não falaria sobre
isso.
Dax afasta sua cadeira da mesa, se levanta e volta para a
cafeteira.
— Não acho que isso signifique que as coisas
necessariamente acabaram entre vocês dois.
— Você não acha? — Eu pergunto, sentando-me um pouco
mais reto. Porque as coisas parecem sombrias como o inferno
agora.
Ele me lança um olhar por cima do ombro antes de segurar
a jarra sobre a xicara e esvaziá-la. Ele a coloca de volta no
queimador e desliga a máquina. — Ele provavelmente só precisa
de tempo para se acalmar. Eu imagino que foi um golpe para o
ego dele que você disse 'não'.
Cada fibra em meu ser diz que isso não tem nada a ver com
o ego de Dominik e tudo a ver com seu coração, que eu
inadvertidamente machuquei.
— Eu acho que realmente o machuquei, — murmuro
tristemente.
Dax pisca. Ele pode ouvir a vergonha em minha voz.
Voltando para a mesa, ele se senta e pega minha mão
suavemente na sua.
— Willow... se você o machucou, então isso significa que ele
está muito, muito profundamente apaixonado por você. Quero
dizer, eu suspeito desde que ele propôs, mas se você tem a
capacidade de realmente causar dor, então eu acho que isso
significa que há uma boa chance de você salvar as coisas. Amor
assim simplesmente não desaparece. Eu tentaria falar com ele
novamente.
— Você realmente acha isso? — Eu pergunto,
experimentando um sentimento plausível de esperança pela
primeira vez.
— O que você tem a perder? — Ele pergunta.
— Nada, — eu respondo com um sorriso genuíno.
— Então, eu trabalharia em suas técnicas de rastejar, —
ele sugere com uma risada, liberando minha mão.
Nenhum momento como o presente, eu acho. Eu me levanto
da cadeira e me inclino para dar um abraço rápido em Dax.
— Obrigada pela conversa estimulante.
— De nada, — ele responde com um sorriso tranquilizador.
— E mais tarde, se você realmente quiser que eu chute a bunda
dele, eu vou. Mas depois que os playoffs acabarem, ok?
— Combinado. — Eu rio, pegando meu telefone da mesa.
Subo as escadas para o meu quarto, escolhendo o número de
Dominik em meus contatos.
Eu ouço o telefone tocar, esperando que ele atenda, mas
muito nervosa com a ideia de falar com ele.
Toca cinco vezes antes de ir para o correio de voz, e me
pergunto se ele ainda está dormindo, talvez no chuveiro, ou talvez
apenas ignorando minha ligação. Eu ouço sua mensagem curta
que é toda profissional. Despois do bip, deixo minha mensagem.
— Dominik... Eu esperava que talvez pudéssemos conversar
mais um pouco hoje. Lamento muito por tudo o que aconteceu e
bem... acho que ainda temos algo genuíno entre nós. Eu sei que
podemos voltar ao caminho certo se apenas tentarmos. De
qualquer forma, me ligue de volta. Estou livre o dia todo.
Hesito por um momento, sem saber se devo dizer mais
alguma coisa. Devo dizer a ele que o amo? Ou isso soaria falso
neste ponto? Talvez eu sinta falta dele? Isso é verdadeiro e
preciso. Ou talvez eu deva implorar um pouco?
No final das contas, eu apenas murmuro outro:
— Me desculpe. Eu realmente quero resolver isso.
Eu desligo o telefone, batendo contra meu queixo,
pensativa. Talvez ele ligue de volta e queira se encontrar para
tomar o café da manhã. Eu deveria tomar banho, então estarei
pronta para ir.
Com um plano de ação em vigor, vou para o banheiro,
sentindo-me esperançosa de estar no caminho certo.

Dominik não liga enquanto estou no banho. Eu vou em


frente e seco meu cabelo, coloco uma leve camada de maquiagem
e, em seguida, rastejo na minha cama para esperar.
Isso se transforma em um cochilo de três horas.

Estou impressionada com a placa de vende-se na frente da


casa de Dominik quando eu estaciono. Depois da minha soneca,
ainda sem nenhuma palavra de Dominik, eu sabia que teria que
ser um pouco mais agressiva para fazê-lo falar. Sempre há a
opção de dar espaço a ele por enquanto, mas eu simplesmente
não posso fazer isso. Eu sinto que todo o nosso relacionamento
está pendurado por um fio muito tênue que está prestes a se
romper. Preciso salvar isso agora para minha paz de espírito.
Há um carro na garagem não o Porsche dele, mas a porta
da garagem está fechada, então não tenho ideia se ele está aqui
ou não. Só há uma maneira de descobrir.
Depois de estacionar no meio-fio, vou até a porta da frente.
Eu toco a campainha, meu coração batendo forte enquanto
espero que Dominik esperançosamente me dê a hora do dia.
Quando a porta se abre, fico surpresa ao ver a Sra. Osborne,
sua assistente, parada ali. Ela é uma mulher agradável, mas
muito ativa e eficiente. Pelo menos é o que me lembro das poucas
vezes em que interagi com ela durante minha viagem a Los
Angeles.
Seu sorriso é educado, mas indiferente.
— Posso ajudar?
— Dominik está em casa? — Eu pergunto, movendo-me um
pouco mais perto para olhar além dela.
Ela se move para bloquear minha linha de visão, claramente
criando uma barreira protetora entre mim e a casa de Dominik.
— Eu temo que não.
— Onde ele está? — Eu pergunto.
— Não tenho liberdade para divulgar isso, — ela responde.
— Sra. Osborne, você sabe quem eu sou, — eu a lembro
com um sorriso encantador. — Tenho certeza de que ele não se
importaria...
— Eu não tenho liberdade de revelar o paradeiro dele para
você, — ela repete com firmeza, e eu me pergunto... Dominik
realmente a instruiu a não me dizer nada no caso de eu aparecer?
Ou ela está apenas fazendo seu trabalho como normalmente faz?
— Por que a casa está à venda? — Eu pergunto.
— Você teria que perguntar isso a ele, — diz ela, cruzando
as mãos na frente do corpo.
Não sei por que a ideia de ele colocar esta casa à venda é
tão assustadora. Não é como se eu esperasse que ele mudasse
para cá permanentemente. Quero dizer, por que ele iria? Ele não
tem laços permanentes aqui, e nem mesmo eu faço desta cidade
meu lar permanente.
Mas ainda... nós compartilhamos muito nesta casa. Acho
que tinha imaginado que ficaríamos aqui juntos, e percebo o quão
pretensioso é, até mesmo pensar assim quando eu não pude me
comprometer com nada quando ele me pediu.
— Eu presumo que ele estará no jogo hoje à noite, — eu
pressiono.
— Eu não tenho liberdade…
—Para divulgar isso, — eu termino, descontente. — Sim.
Entendi. Existe alguma coisa que você possa me dizer? — Eu
pergunto, finalmente deixando cair a minha fachada de
confiança. — Eu realmente preciso falar com ele.
Ela apenas fica olhando, com o rosto impassível.
— Eu o machuquei, — eu admito. — E estou tentando
consertar. Mas não posso se ele ficar escondido.
A expressão da Sra. Osborne não muda nem um pouco, mas
ela admite:
— Ele estará no jogo esta noite. Isso é tudo que posso dizer
a você.
Não é muito, mas pelo menos significa que ainda tenho uma
chance. Eu aceno com gratidão.
— Obrigada. E se você o vir antes do jogo hoje à noite, por
favor, diga a ele que eu vim e eu realmente preciso vê-lo.
O tom indiferente está de volta.
— Ficarei feliz em passar essa mensagem.
Então ela fecha a porta na minha cara.

A arena está lotada com uma multidão recorde esta noite. A


emoção é palpável, e ainda... Eu simplesmente não consigo me
importar com nada disso.
Vim para o jogo com meus pais e Regan. Dax nos arranjou
ótimos assentos na arena, bem atrás do banco da equipe. Se
juntando a nós na mesma fila estão Pepper e seus pais, junto
com Brooke, Nora e o gerente do rancho de Nora, Raul.
Eu não consigo ficar parada por muito tempo. Com Dominik
não atendendo minhas ligações ou mensagens de texto, não
tenho escolha a não ser tentar pegá-lo no camarote. Eu não vou
fazer uma cena, no entanto, apenas um pedido de desculpas
muito sincero e um pedido de algum tempo, talvez amanhã, para
conversarmos.
Não encontro problemas para chegar ao nível onde ficam as
entradas dos camarotes, pois os atendentes que atendem a área
me conhecem bem.
Mas quando chego ao camarote de Dominik, o atendente
levanta a mão quando me aproximo.
— Sinto muito, Srta. Monahan, — ele me informa,
claramente tendo recebido instruções se eu aparecer. — Mas o
camarote está cheio esta noite. Eu sei que você tem bons lugares
na arena.
Oh meu Deus, isso é humilhante. Dominik conseguiu que
um de seus funcionários me frustrasse. Eu nem consigo imaginar
o que esse cara ouviu.
— Eu só preciso falar com Dominik por um momento, — eu
digo, agarrando-me a qualquer coisa. — Se eu puder entrar...
— Sinto muito, mas o Sr. Carlson nem está no camarote
esta noite, — ele responde. — E, como eu disse, está cheio.
Eu fico olhando com desconfiança.
— Você não estaria apenas me dizendo isso para eu ir
embora, não é?
O homem parece ofendido.
— Eu certamente não o faria.
— Porque eu entenderia se Dominik dissesse para você me
manter longe, — eu continuo.
— Senhorita Monahan... o camarote foi dado a outro grupo
para usar esta noite. O Sr. Carlson está realmente aproveitando
os assentos regulares da arena.
Eu olho para trás em direção à escada rolante que leva ao
nível de assentos principal, então de volta para o atendente.
— Ele está sentado com a multidão normal? Onde?
— Eu não sei onde estão os assentos dele, — ele responde
rigidamente. — Eu só sei que o camarote está em uso particular,
e o Sr. Carlson me pediu para avisar a todos que costumam
sentar aqui que não está disponível hoje à noite.
Talvez ele tenha um assento onde todos nós estamos.
Talvez ele tenha escolhido se sentar lá comigo.
É um bom sinal, tenho certeza.
— Obrigada, — eu digo ao atendente antes de correr de
volta para a arena.
Eu estou grunhindo enquanto caminho para nossos
lugares. Estou desapontada por não ver Dominik, mas ainda há
alguns lugares vazios ao redor. Passam-se uns bons quinze
minutos antes do jogo começar.
Sento-me ao lado de Regan, ouvindo indiferentemente
enquanto ela fala sobre como está animada. Eu continuo
observando os assentos ao nosso redor se enchendo, sem
nenhum sinal de Dominik. Eu começo a vasculhar a multidão,
olhando ao redor de toda a arena, esperando poder localizá-lo.
É como tentar encontrar uma agulha em um palheiro e, pelo
que sei, o atendente pode estar mentindo.
Ou ele poderia estar me dizendo a verdade como a conhece,
dada a ele diretamente por Dominik.
Independente disso, no momento em que o disco é solto e o
jogo começa, algumas coisas estão impossivelmente claras.
Dominik não quer falar comigo.
Dominik certamente não quer me ver.
Há até uma chance de que ele esteja fazendo isso para me
machucar de propósito, do jeito que eu o machuquei.
O mais importante é perceber que o peso esmagador em
meu peito e a dor dentro de mim é a coisa mais terrível que já
experimentei. Ninguém jamais conseguiu me machucar dessa
maneira e me sinto completamente destruída.
CAPÍTULO 26

Dominik

Sentei no lobby do hotel, esperando o ônibus chegar do


aeroporto com minha equipe... Normalmente, eu estaria no avião
com eles de Phoenix para Raleigh enquanto nos dirigiríamos para
os jogos três e quatro das finais da Copa, mas eu precisava fazer
uma visita à cidade de Nova York para alguns negócios.
Apesar de a Vengeance ter vencido o primeiro e o segundo
jogo, não tenho expectativas de vencer a série, vencendo três e
quatro. Quer dizer, seria bom e as manchetes seriam incríveis,
mas a verdade é que Cold Fury é nosso oponente mais difícil
possível. Os jogos um e dois foram duramente travados em
batalhas, e eles poderiam ter ido em qualquer direção, para ser
honesto. Espero que os jogos serão igualmente intenso nos
próximos dois jogos, mas a Cold Fury estará em casa e terá a
vantagem da torcida por trás deles.
Independente disso, estamos no meio de tudo agora e o que
posso fazer é continuar a ter fé na minha equipe.
Admito, eu tive um pouco de dificuldade em colocar toda a
minha energia em qualquer coisa recentemente. As vitórias nos
jogos um e dois foram incríveis, mas elas também pareciam
agridoces por causa da maneira como as coisas terminaram com
Willow. Ainda estou chateado, mas sinto falta dela. Eu não acho
que temos um futuro e estou zangado por não termos.
Zangado com Willow e comigo mesmo porque não consigo
pensar além da minha própria dor. Em minha mente, as coisas
estão em preto e branco. Eu propus e confessei meu amor. Ela
me rejeitou, o que significa que ela claramente não me ama.
Eu deveria deixar isso de lado e seguir em frente, mas estou
chafurdando como um perdedor de merda.
Eu não tenho ideia do que Willow está pensando. Ela se
esforçou para iniciar mais uma conversa no dia seguinte ao do
rompimento, mas eu não estava pronto. Não queria falar com ela
ou ouvir tudo de novo que, com sorte, um dia ela poderia chegar
ao ponto em que estou. Quero dizer, quão ofensivo é isso... que
talvez com trabalho duro e talvez um pouco de sorte, ela possa
ser capaz de se apaixonar por mim?
Eu não preciso dessa merda.
A sra. Osborne me disse que Willow foi até a casa que
coloquei à venda sem pensar duas vezes. Eu voltarei para Los
Angeles após a final da Copa e não voltarei a olhar para Phoenix
até a próxima temporada começar. Quando isso acontecer, eu
voarei para alguns dos jogos e ficarei em um hotel.
Eu também ouvi que Willow tinha ido ao camarote.
Ela tinha me ligado e me enviado mensagens de texto várias
vezes, mas, com toda a honestidade, eu apaguei as mensagens
de voz sem ouvir e mal olhei para suas mensagens. Era tudo a
mesma coisa. Ela queria conversar para que pudéssemos tentar
voltar ao assunto.
Eu só queria seguir em frente sem ela.
Mas então ela ficou em silêncio. Sem mais comunicações.
Ela não tentou me ligar ou enviar uma mensagem de texto depois
que ganhamos o primeiro jogo, exceto para um simples texto de
parabéns que dizia nada mais do que, Grande vitória.
Claro, eu não respondi.
Não tive notícias dela no dia seguinte, ou no outro, que era
o segundo jogo. Quando voltei para o camarote meio que esperava
que Willow aparecesse de volta. Eu estava mais bem preparado
para enfrentá-la naquele momento, e eu ia apenas dizer a ela que
gostaria de um espaço. Talvez eu até sugerisse que ela me desse
até depois dos playoffs para que eu pudesse manter o foco na
minha equipe. Eu nem tenho certeza do que eu esperava que
acontecesse, mas sinceramente... Fiquei um pouco desapontado
quando ela não apareceu.
Eu não podia fazer nada além de considerar isso um sinal
de que tudo estava funcionando da maneira que deveria.
E eu odiava o jeito que isso estava me fazendo sentir.
Agora tenho dúvidas.
Eu deveria ter falado com Willow? Talvez tenha dado a ela a
chance de processar o que eu pedi a ela? Eu sei que a peguei
desprevenida e sei que ela tem medo. Eu deveria ter sido mais
solidário ao invés de ficar chateado de como isso me afetou?
Todas são perguntas para as quais não tenho respostas, e
temo que se soubesse as verdadeiras respostas, me sentiria ainda
mais uma merda do que já me sinto.
Então eu prossigo.
Eu me concentro nos playoffs e espero minha equipe chegar
ao hotel para ser o primeiro a recebê-los do ônibus.
Meu telefone toca, me assustando. Eu o puxo do bolso
interno do meu paletó, surpreso ao ver o nome de Gray Brannon.
Eu respondo o mais informalmente possível a gerente geral
da equipe adversária nas finais da Copa.
— Ligando para nos conceder a vitória?
Gray ri, um som rouco e enfumaçado de diversão.
— Você é adorável, Dominik. E enquanto eu vou te dar os
parabéns pelos jogos um e dois, eu prometo isso aqui e agora...
nós vamos ganhar os próximos dois jogos.
Eu não me incomodo em rir, pois sei que é uma
possibilidade muito real.
Mas eu rio em resposta, porque gosto de termos esse
relacionamento agora.
— Então, a que devo o prazer desta ligação?
— Bem, para começar, — diz ela com eficiência profissional,
— eu queria recebê-lo formalmente em Raleigh e ver se há algo
de que você precise?
As formalidades educadas são estendidas o tempo todo
entre os donos das equipes e a alta administração. Faz parte da
profissão.
— Estou bem, — digo quando vejo o ônibus parar na frente
do hotel. Eu me levanto da cadeira que estava ocupando, em
seguida, sigo em direção às portas. — Mas eu agradeço.
— Também gostaria de estender um convite a você e a
convidados de sua escolha para se sentar no camarote do
proprietário comigo, meu pai e alguns dos membros da família do
Cold Fury.
Agora, isso me surpreende. Sempre há um camarote
disponível para os proprietários e gerentes visitantes, mas nunca
uma oferta para compartilhar a do time da casa. O pai de Gray
também é o dono da Cold Fury.
Ela continua explicando.
— Eu realmente amo como fechamos o acordo para ajudar
Rafe Simmons com seu pai. É apenas um ótimo exemplo de como
podemos ser oponentes e ainda celebrar nossa solidariedade nos
unindo. Achei que seria legal se algumas das famílias das equipes
adversárias pudessem passar um tempo juntas esta noite. Sim,
eu sei que esta é uma competição e pode ficar acirrada, mas eu
também gosto do espírito de estarmos juntos mesmo enquanto
jogando um contra o outro.
Por um momento, não sei o que dizer. Chego às portas, mas
hesito antes de sair. Pelo vidro, vejo as portas do ônibus se
abrindo e os jogadores começando a desembarcar. Eu quero
cumprimentá-los, então tenho que me apressar.
— Gray ... acho que é uma ideia fenomenal. Aceito e
estenderei o convite a alguns parentes que sei que estão viajando
para cá para o jogo de amanhã. Eu vou chamá-la de volta.
— Parece bom. Nos falamos. — E com isso, ela se
desconecta porque tem coisas importantes para fazer, como
dirigir uma equipe de hóquei profissional.
Eu empurro as portas, pegando os primeiros jogadores
saindo do ônibus. Todos nós chegamos a um ponto em nossos
relacionamentos em que sou — Dominik — e não mais — Sr.
Carlson — para eles. Eu aperto a mão de cada jogador conforme
eles descem, oferecendo palavras de incentivo que são
personalizadas para eles individualmente.
Quando Bishop sai, eu digo:
— Aqui está o líder da minha equipe. Todos saúdam o Rei
Bishop.
Ele ri e pega minha mão, dando um forte aperto.
Eu me inclino mais perto.
— Escute... você pode pegar os caras e esperar por mim? Eu
preciso revisar algo com você.
Não há necessidade de explicação sobre a quem estou me
referindo quando digo “os caras”. Ele sabe que estou falando da
primeira linha... o grupo de homens de quem realmente me tornei
amigo nas últimas semanas.
— Claro, chefe, — ele brinca antes de se afastar.
Continuo a cumprimentar todos os jogadores, assim como
os treinadores e equipe de apoio. Há dois ônibus que vieram do
aeroporto com nossa equipe, e me certifico de entrar em contato
com cada pessoa por alguns minutos antes de entrarem no hotel
para fazer o check-in.
Quando finalmente consigo encontrar minha primeira
linha, vejo-os amontoados em um canto do saguão. Todos estão
navegando em seus telefones, alguns com fones de ouvido
inseridos.
Quando me junto a eles, eles guardam seus telefones e me
dão atenção total.
— Então, recebi uma ligação de Gray Brannon antes de
vocês chegarem, — digo a eles. Bishop, Erik, Dax, Tacker, Wylde
e Legend me estudam com curiosidade. — Ela está abrindo o
camarote do proprietário apenas para membros da família de
ambas as equipes para comemorar o espírito de como nos
reunimos para providenciar a volta de Rafe para Raleigh. Ela me
pediu para comparecer e trazer alguns da família de nossa equipe
para lá. Eu queria oferecer isso às suas famílias primeiro.
Legend é o primeiro a falar.
— Eu sei que Pepper, Brooke, Blue e Nora estavam
planejando sentarem juntas durante o jogo de amanhã. Tenho
certeza de que elas provavelmente gostariam disso. Podemos ligar
para elas.
Não esqueci que o nome de Willow não foi incluído naquele
grupo de mulheres e não tenho certeza do que isso significa. Mas
nem o de Regan, então é mais do que provável que vão se sentar
com a família.
Então eu me volto para Dax.
— E sua família? Eu sei que seus pais planejaram vir a
todas as finais.
Não vi ou falei com Dax desde que Willow e eu terminamos.
Não tenho ideia se ele sabe ou não, porque não sei se ela contou
a alguém.
O olhar que ele me dá de volta é sem graça, e eu não consigo
ler absolutamente nada.
— Vou ligar para meus pais quando eles pousarem. Eles
estão chegando hoje. Tenho certeza de que eles gostariam disso.
Regan também.
Hesito, não tenho certeza se devo questionar a maneira
óbvia como Willow não é mencionada, mas, novamente, ele não
mencionou sua irmã Meredith também.
Eu decido que não é da minha conta. Se estivessem vindo,
ele as teria mencionado. Então eu dou a ele um breve aceno de
cabeça, em seguida, dirijo-me ao resto dos caras.
— Alguém me envia uma lista final de quem virá.
— Claro, — Bishop responde, e os homens começam a se
separar.
Eu me viro para os elevadores, pensando em ir para o meu
quarto e trabalhar um pouco, mas então rapidamente decido que
não posso deixar a coisa com Willow passar.
— Dax, — eu chamo enquanto giro em direção a ele. —
Tem um minuto?
O olhar que ele me dá não é um bom presságio. É o mesmo
quando eu costumava pedir a ele o tempo todo, quando o
perseguia para obter informações sobre sua irmã. Isso transmite
claramente que ele não quer ser incomodado com isso.
Eu nunca deixei isso me desencorajar antes.
Dax se aproxima e eu pergunto sem rodeios:
— Willow não vem para o jogo?
Ele balança a cabeça.
— Obrigações de trabalho.
Isso me surpreende. Nunca pensei que ela faltaria aos jogos
de seu irmão quando a Vengeance chegasse tão longe.
— Ela conseguiu um trabalho?
— Sim. — Seu rosto está pétreo e ele claramente não está
procurando uma conversa prolongada.
— Por que? — Eu exijo, mesmo pensando que sei a
resposta.
E isso faz com que a emoção cintile em seus olhos. Ele se
inclina, rosnando:
— Por que diabos você acha que ela conseguiu um trabalho?
Sua mensagem é alta e clara. A acusação é que eu a afastei
de assistir seu irmão potencialmente ganhar seu primeiro
campeonato da Copa.
— Onde ela foi?
— Por que você se importa? — Ele retruca. — Você
claramente não se importou o suficiente para dar a ela um
minuto para falar dessa merda. Você não tem nada que saber
sobre ela a partir de agora.
— Onde? — Eu rosno. Porque tenho uma leve suspeita de
que estará em algum lugar de que não gosto.
— Síria, — Dax grita. — Porra, você a levou a um dos
lugares mais perigosos da terra. Você fez isso... e tudo porque
você não podia perder cinco malditos minutos para falar com ela.
Merda.
Ele está certo, porra. Não tenho ideia se teríamos sido
capazes de resolver as coisas, mas não duvido por um minuto
que ter ignorado suas tentativas de se comunicar comigo foi o
que a fez ir. É a típica Willow, determinada a viver sua vida como
achar melhor, e eu a conheço bem o suficiente para perceber que
isso é claramente uma demonstração para todos, para provar que
ela não precisa de mim e está seguindo em frente. O fato dela ter
aceitado o emprego na Síria não significa necessariamente que
ela o fez para me irritar. Não acredito que ela seja o tipo de pessoa
que faria isso para se vingar de mim pessoalmente, mas sei muito
bem que ela não se assustaria com um destino particularmente
perigoso, então não seria impedida por isso.
Nesse momento, Tacker meio que abre caminho entre Dax
e eu. Ele deve ter estado nos observando e embora não
estivéssemos falando alto o suficiente para ouvir, a linguagem
corporal de Dax é ameaçadora o suficiente.
— Há um problema aqui? — Ele pergunta suavemente,
mas a expressão em seu rosto diz que ele está pronto para entrar
em contato físico se precisar.
Dou um passo para trás apenas em deferência a Dax, que
tem o direito de estar chateado.
— Estamos bem aqui.
— Não estamos bem, — rosna Dax. — Se algo acontecer
com ela, vou responsabilizá-lo.
Ele se vira e sai pela porta do saguão, provavelmente para
se acalmar.
— Você está bem? — Tacker pergunta, seu tom agora cheio
de preocupação. É óbvio que ele sente que me deve algo por causa
da ajuda e do apoio que eu dei a ele, ao longo dos meses enquanto
descobria seu próprio caminho, mas ele não me deve porra
nenhuma. Fiquei feliz em fazer isso.
— Estou bem, — digo com um sorriso que sei que não chega
a alcançar meus olhos. Eu bato em seu braço. — Mas obrigado
- sigo em direção ao elevador, mais uma vez pensando que tenho
um monte de trabalho que precisa ser feito.
Mas agora tudo em que consigo pensar é em Willow na Síria,
fazendo Deus sabe que tipo de tarefa, e meu estômago está
agitado de culpa por tê-la colocado lá.
CAPÍTULO 27

Willow

Se eu tenho algum arrependimento por ter aceitado este


trabalho, eles estão ocorrendo neste momento.
— Willow, Mark, John... Eu não posso enfatizar o suficiente
o quão importante é para vocês ficarem aqui, não importa o quão
curioso possam estar, — Malik Fournier nos diz enquanto embala
seu equipamento. — Não podemos nos preocupar com a
segurança de vocês.
— Entendido, — eu digo.
Estamos há dois dias com esta equipe civil de soldados
contratados que trabalham para uma empresa com sede nos EUA
chamada Jameson Force Security. Eles estão trabalhando em
conjunto com um pequeno grupo de soldados das Forças
Especiais do Reino Unido e da Austrália, para resgatar alguns
trabalhadores refugiados que foram feitos reféns na semana
passada.
Esta não era minha missão original quando cheguei na
Síria. Fui contratada pelo Washington Post para me juntar a
repórteres que estavam fazendo uma matéria especial sobre uma
zona de segurança para refugiados que havia sido criada na
fronteira entre a Síria e a Turquia. A sangrenta guerra de oito
anos que deslocou milhões de civis sírios parece não ter fim, e a
consciência da situação vale sempre a pena uma notícia.
O risco sempre esteve lá, mas era o mais baixo possível,
dadas as circunstâncias. Estávamos em uma região bastante
estável na época. Eu sei que provavelmente não deu muito
conforto aos meus pais ou a Dax quando eu disse a eles que
estava indo embora, mas eles não brigaram muito comigo.
Meus pais não entenderam o verdadeiro motivo de eu sair,
porque eu precisava colocar a maior distância possível entre mim
e Dominik. Meu coração estava despedaçado demais para
continuar por perto. A maneira como ele não me via, falava
comigo ou mesmo reconhecia uma das muitas mensagens que eu
enviei a ele tinha sido muito esmagadora. Puro e simples, estava
claro que havíamos acabado, e essa era minha tentativa
desesperada de seguir em frente com minha vida.
Eu tinha sentado e conversado com Dax sobre isso cara a
cara, porque estava sentindo um pouco de culpa por ir embora
enquanto a Vengeance estava prestes a realizar seu sonho de um
campeonato da Copa. No dia seguinte que eles conseguiram uma
vitória sobre a Cold Fury no jogo um, o mesmo jogo em que
Dominik nem entrou no camarote do dono apenas para que
pudesse me evitar, eu sentei com Dax na mesa da cozinha e disse
a ele que estava partindo para a Síria no dia seguinte.
Ele xingou e resmungou por uns bons cinco minutos sobre
os perigos e o quanto isso preocupava a família. Eu contra-
argumentei sobre a necessidade de viver minha vida de uma
forma que me trouxesse realização profissional.
Todos os mesmos argumentos que tivemos antes.
Mas então eu disse a ele diretamente.
— Eu não posso ficar por aqui.
Meu irmão não é estúpido. Ele sabia exatamente o que eu
quis dizer com isso, mas ainda assim se fez de bobo.
— Por que não?
E pela primeira vez desde que Dominik partiu meu coração,
comecei a chorar. Apenas coloquei minha cabeça em meus
antebraços e comecei a soluçar.
Eu ouvi o barulho de sua cadeira, e então seus braços
estavam em volta de mim. Eu chorei em seu peito por muito
tempo, murmurando e chorando sobre o amor perdido e chances
perdidas e como Dominik era uma pessoa horrível por me
ignorar.
Ele me deixou tirar tudo do meu peito e nunca tentou me
convencer de que era estúpido correr até a Síria por causa de um
coração partido.
Eu finalmente olhei para cima e limpei as lágrimas restantes
dos meus olhos.
— Dax... Eu me sinto péssima ao sair quando você está nos
playoffs, mas este trabalho que eu faço... Eu amo isso. Isso vai
tirar Dominik da minha cabeça e vai fazer com que eu me sinta
bem comigo mesma. E eu me sinto tão mal agora que realmente
preciso ir. Se você me disser que minha ausência nas
arquibancadas será prejudicial a você pessoalmente, eu ficarei.
Mas se você pode entender minimamente o que estou sentindo,
preciso que me diga que está tudo bem em ir.
Ele praguejou baixinho, mas depois me deu um abraço
forte.
— Está tudo bem para você ir. Mas, por favor, prometa que
você ficará segura.
Eu prometi.
Ele me soltou.
E agora eu vim e me coloquei em perigo extremo.
John, o repórter com quem eu tinha feito par, ficou sabendo
dos reféns que foram levados e da equipe de resgate que estava
chegando para fazer uma extradição. Ele mexeu os pauzinhos e
ofereceu favores, então, de alguma forma, pudemos viajar com
eles enquanto faziam o reconhecimento e coletavam informações.
Mark é o nosso segurança particular contratado pelo Washington
Post para permanecer conosco o tempo todo.
E agora, eles estão prontos para fazer a operação de resgate
dos reféns que são todos cidadãos australianos. Jameson foi
contratado como força suplementar para fornecer as equipes das
Forças Especiais.
Eu comecei a conhecer e gostar da equipe Jameson nos
últimos dias. Jimmy Tate é tranquilo com uma esposa grávida
em casa. Tank Richardson e Sal Mezzina são rudes, mas de
maneiras bem-humoradas. E Malik Fournier ... bem, tenho muito
em comum com ele. Seus irmãos, Max e Lucas Fournier, jogam
hóquei pela Carolina Cold Fury, que atualmente está lutando
contra a equipe do meu irmão pela Copa. Felizmente, um dos
colegas de trabalho de Malik é uma mulher gênio da tecnologia
chamada Bebe, que conseguiu nos retransmitir as transmissões
de rádio dos jogos e nós ouvimos juntos. Do jeito que está, o
Arizona Vengeance tem três jogos a dois, e Malik e eu temos uma
aposta colossal de vinte dólares em quem vai ganhar a Copa. Tem
sido uma rivalidade divertida que ajuda a tirar nossas mentes do
perigo urgente que o espera.
Quanto a mim, ainda devo estar relativamente segura. Não
temos permissão para avançar com eles. Em vez disso, recebemos
ordens de permanecer no acampamento base.
Infelizmente, o sexto jogo vai começar em breve. É quase
meia-noite e, com a diferença de fuso horário, já que o jogo é em
Raleigh, começa em duas horas. A equipe de Malik se mudará em
breve, e nos disseram para ficarmos absolutamente em silêncio
enquanto somos deixados para trás.
Não vou conseguir ouvir o jogo por causa disso, não aqui no
meio da noite. Se tudo correr conforme o planejado, eles estarão
de volta muito antes do amanhecer com os reféns em segurança
nas mãos, e John e eu teremos a história de uma vida.
É tenso dentro do acampamento enquanto os caras da
Jameson arrumam seus equipamentos. Eles estão vestidos com
camuflagem do deserto, seus coletes à prova de balas amarrados
com granadas e seus rifles de assalto travados e carregados.
Aproveito a oportunidade para tirar fotos enquanto eles
trabalham, concentrando-me na determinação implacável em
seus rostos.
Malik me dá um sorriso irônico.
— Vai me tornar famoso, Monahan?
Ninguém me chama de Willow aqui.
— Você terá uma fila de mulheres por quilômetros assim
que isso for publicado, — respondo com uma risada.
Por um momento, recebo um sorriso espontâneo e genuíno
de diversão antes que ele volte para suas malas.
— E quando você voltar, estarei pronta para receber esses
vinte dólares de você porque a Cold Fury vai cair esta noite.
— Em seus sonhos, irmã, — ele responde com uma risada.
Neste ponto, eu não me importo com quem ganha esta noite.
Só espero que esses caras voltem em segurança.
É neste momento que percebo que não penso em Dominik
há quase vinte minutos. Eu estive tão consumida em receber
instruções de última hora sobre o que fazer quando eles
deixassem o acampamento, repassando todos os cenários
possíveis na minha cabeça, que tive algum alívio abençoado da
angústia que venho sentindo.
Se eu tivesse pensado que a distância de Dominik e o perigo
urgente o apagariam da minha mente, eu estaria errada, porque
mesmo agora me pergunto o que ele está fazendo. Tenho certeza
de que ele está animado por, em poucas horas, ser o dono de uma
equipe campeã.
Ele provavelmente já está na arena, talvez até dando uma
palestra de última hora para a equipe.
Não importa como as coisas vão aqui na Síria ou em Raleigh
tudo que sei é que sinto uma falta terrível dele e não estou nem
perto de superar a dor que ele me causou. Eu me pergunto se
isso algum dia irá embora.

Olho para baixo, o meu relógio. Eles se foram há quase


quarenta e cinco minutos e estou impaciente. Sei que pode levar
horas antes que voltem, e também entendo que talvez nunca mais
os veja.
Suas informações mostram que os reféns estão sendo
mantidos em uma propriedade abandonada a cerca de um clique
de distância em termos civis, a cerca de um quilômetro e meio de
distância. É noite de lua nova, a época mais escura do mês, e foi
especificamente escolhida para eles fazerem seu movimento.
John, Mark e eu nos sentamos do lado de fora de nossa barraca
apenas com nossas jaquetas para evitar o frio da noite. Todos nós
temos nossos aparelhos eletrônicos desligados, então estamos
cobertos pelo campo noturno também. Mantivemos nossa
conversa no mínimo, apenas murmurando no tom mais baixo se
precisarmos nos comunicar.
Pelos meus cálculos, a Vengeance está bem no primeiro
período do jogo seis, e eu intercalo minhas orações pela
segurança dos homens que acabaram de resgatar reféns
inocentes, com pedidos a Deus para deixar a Vengeance vencer
esta noite. Tento tirar os pensamentos de Dominik da cabeça,
concentrando-me em Dax e imaginando como seria seu rosto
enquanto ele patina no gelo, segurando a taça bem acima de sua
cabeça.
Porra, cometi um erro ao vir aqui. Eu deveria estar lá para
meu irmão, não importa se ele me deu sua bênção para fugir.
Um estalo ressoa na noite, um único tiro solitário que me
choca profundamente. Embora meus olhos tenham se ajustado
à escuridão, não consigo ver as expressões de John ou Mark, mas
posso sentir seus corpos ficando tensos.
E então... o inferno desabou. Seguem-se tiros rápidos,
rajadas curtas de dez a quinze tiros. Não sei dizer de que direção
está vindo ou a que distância está.
Então, há uma explosão.
Uma granada.
Eu sei muito bem como isso soa.
— Temos que ir, — sussurra Mark asperamente,
levantando-se, mas mantendo o perfil baixo. Ele tem um rifle de
assalto amarrado nas costas e uma pistola na cintura. Todos nós
estamos usando coletes à prova de balas e capacetes, mas John
e eu não estamos armados. Eu tenho um telefone pessoal por
satélite, no entanto. Assim que estivermos instalados em algum
lugar, podemos pedir ajuda.
John e eu levantamos, seguindo Mark em uma corrida,
enquanto mantemos nossos corpos abaixados para nos
minimizar como alvos.
Este não foi um evento planejado.
Os caras da Jameson nos disseram explicitamente que se
ouvíssemos tiros, deveríamos deixar o acampamento
imediatamente e nos esconder entre as colinas. Se eles tivessem
problemas, nosso acampamento seria eventualmente procurado
e seríamos encontrados.
Meu coração bate enquanto corremos. Tropeço em algum
tipo de planta, sinto pedras cortando meus joelhos, mas me
levanto antes que John possa estender a mão para me ajudar. O
tiroteio continua e não soa mais longe, mas também não está
mais perto. Não sei dizer se estamos fugindo de um perigo maior,
mas preciso confiar em Mark. Ele é um ex Ranger do Exército e é
bom em seu trabalho.
Estou com falta de ar, uma pontada dolorosa na lateral do
corpo quando Mark finalmente empurra John e eu para um
arbusto espinhoso. Eu ignoro as picadas na minha carne através
das minhas roupas grossas enquanto me movo atrás dele. Ele
ordena ir o mais longe que pudermos, então se posiciona próximo
à borda, puxando para baixo um par de óculos de visão noturna
presos no topo de seu capacete.
Tento controlar minha respiração porque estou com medo
de que os suspiros ásperos que saem de mim nos denunciem.
O tiroteio continua e há mais duas explosões.
John murmura:
— Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem.
Ele repete várias vezes, e eu percebo que ele não parece
nada confiante.
E é neste momento que percebo algo tão importante que
quero chorar pela epifania. Eu poderia muito bem morrer aqui,
encolhida sob este arbusto no meio da Síria, e Dominik nunca
saberia a verdade mais importante de todas. Entre todas as
minhas desculpas e tentativas de me explicar, através de meus
apelos desesperados para que pudéssemos fazer isso funcionar,
eu nunca disse a ele a única coisa que ele provavelmente
precisava ouvir, porque eu estava com muito medo de dizer.
Mas agora, estou com mais medo de morrer sem que
Dominik saiba o que sinto por ele.
Pego o telefone via satélite preso ao cinto, inclino meu corpo
sobre ele e o ligo. A tela de LED brilha e John sussurra:
— Desligue essa merda.
Eu rosno de volta.
— Eu tenho que fazer uma ligação.
— Você vai nos matar, — ele rosna.
Ignorando-o, fico de joelhos, abro minha jaqueta e me
inclino ainda mais ao redor do telefone para amortecer a luz que
ele emite. Trêmula, toco o botão de um dos quatro números que
programei antes de sair.
Dominik.
Eu tinha toda a intenção de ligar para ele, mas a cada dia
que passava sem uma palavra dele, ficava cada vez menos segura
de mim mesma.
O telefone começa a tocar.
Eu o imagino no camarote do dono visitante na arena do
Cold Fury. Ele mantém o telefone no bolso interno da jaqueta.
Ele puxaria para fora e veria que era eu ligando, já que estava
conectado à minha conta de celular. Ele se perguntaria por que
eu estaria ligando para ele da Síria nas primeiras horas da
manhã?
Ele ficaria preocupado?
Por favor, responda, Dominik.
Mas depois de quatro toques, seu correio de voz toca, e um
pequeno gemido de decepção desliza para fora de mim.
Mais tiros e outra explosão que soa ainda mais perto.
Leva uma eternidade para ouvir uma mensagem no correio
de voz, mesmo que seja curta e simples. John rosna para eu
desligar novamente, mas eu o ignoro. Mark permanece
equilibrado com seu rifle apontado para a escuridão.
Finalmente, o tom para indicar que é hora de deixar uma
mensagem dispara.
— Dominik... sou eu, e eu realmente, realmente gostaria que
você tivesse respondido.
Mais tiros ... desta vez, é apenas uma única rodada.
Talvez para acabar com a vida de alguém?
Meu tom se torna mais urgente. — Hum ... ouça, estou meio
que em uma situação difícil. — Outra explosão de tiros, desta vez
definitivamente mais perto. Eu baixo minha voz. — Eu tenho que
fazer isso rápido, mas hum ... estou com medo. Estou com muito,
muito medo agora e não sei o que vai acontecer, mas estou
principalmente com medo de morrer sem que você saiba o que
sinto por você. Eu só queria dizer... eu te amo. Eu deveria ter dito
sim quando você me pediu em casamento. É o maior
arrependimento da minha vida, e preciso que você saiba que é
meu tudo.
Há outra rodada de tiros e agora podemos ouvir homens
gritando.
— Desligue a merda do telefone, — John exige, e o terror
em sua voz rompe minha névoa.
Eu aperto o telefone com força.
— Eu tenho que ir, Dominik. Eu amo você.
Desconectando o telefone, eu o empurro de cara no chão
para apagar a luz, em seguida, me coloco no chão ao lado de
John.
Sinto-me estranhamente satisfeita por ter feito a chamada.
Era necessário que Dominik soubesse que não tenho medo dele
ou do que ele representa. Pelo contrário, ele é tudo para mim.
E agora tenho que esperar para ver o que acontece.
CAPÍTULO 28

Dominik

Eu percebo agora que nunca gostei de ser obscenamente


rico. Muitas vezes eu não dei valor ao meu dinheiro. Muitas vezes
me castiguei por comprar os brinquedos mais caros.
Mas agora, nunca estive mais grato. Poucos jatos
particulares podem fazer o voo de mais de dez horas de Raleigh,
Carolina do Norte a Istambul, Turquia, mas acontece que eu
tenho um que pode.
Tinha meu Gulfstream G650ER cheio de combustível e
pronto para sair em uma hora após receber a ligação de Willow.
Meu estômago rola só de pensar em quando decidi ouvir seu
correio de voz. Eu a vi ligar durante o jogo e até pensei em
atender, mas ainda estava decidido a puni-la. Eu agi, como se
não precisasse dela. Que seu fosse tão pouco importante ela
partiria assumir uma missão perigosa na Síria, então ela poderia
ter um gostinho disso também.
Foi o segundo pior erro da minha vida, o primeiro foi deixá-
la escapar.
Foi uma noite horrível. A Vengeance perdeu o sexto jogo
para a Cold Fury, preparando-nos para um confronto final em
Phoenix. Não me incomodei em ouvir seu correio de voz até depois
que o jogo terminou. Todo mundo tinha saído do camarote do
proprietário visitante, e eu estava saindo quando não aguentei
mais. Eu simplesmente precisava ouvir o que ela tinha a dizer
depois de seis dias de silêncio desde que ela partiu para a Síria.
Quase vomitei quando ouvi sua voz.
O terror.
O tiroteio ao fundo.
A maneira como ela estava sussurrando para que sua voz
não fosse escutada.
Algum homem rosnando para ela desligar.
E então aquelas palavras que pensei me fariam o homem
mais feliz do mundo... Eu te amo.
Eu não pude nem mesmo apreciá-las porque quando aquela
mensagem acabou, tudo que eu conseguia pensar era que a
mulher que eu amava poderia muito bem-estar morta enquanto
eu ouvia suas palavras.
Mas dinheiro é poder... e poder significa conexões. Peguei
um Uber para o aeroporto enquanto a Sra. Osborne fazia sua
mágica. Antes mesmo de embarcar no meu avião, eu tinha um
senador dos EUA na linha enquanto tentava descobrir onde
diabos Willow estava.
Estávamos em algum lugar sobre o Oceano Atlântico
quando descobri os detalhes do que aconteceu. Ela estava
incorporada a algumas forças que estavam fazendo uma tentativa
de resgate de reféns. Não era sua tarefa original, mas uma que
ela seguiu quando ficou disponível. Eu queria odiá-la por essa
decisão, mas prometi a mim mesmo que se ela ainda estivesse
viva, eu perdoaria qualquer coisa.
Estávamos a uma hora de pousar em Istambul quando
soube que Willow estava sã e salva, o que foi um milagre dado
por Deus, considerando que algumas das pessoas com quem ela
estava haviam morrido. Eu não sabia se deveria abraçá-la ou
sacudi-la quando a visse, mas Istambul não era meu destino
final. Parece que Willow e parte da tripulação com quem estava
foram resgatados e levados para a Base Aérea Incirlik em Adana,
Turquia, onde ela estava sendo interrogada por oficiais dos EUA.
Os relatórios diziam que ela estava fisicamente bem, mas
definitivamente abalada.
Sim... eu a perdoaria por tudo.
Meu avião pousou em Istambul. Demorou cerca de trinta
minutos para reabastecer, mas não houve mais atrasos para
voltar ao ar, pois meu amigo senador já havia obtido a
autorização do meu avião para pousar em Incirlik.
Agora estou em um jipe militar sendo conduzido até algum
edifício na grande base aérea que é compartilhada pelas forças
aéreas dos EUA e da Turquia. Enquanto sou levado por um
corredor em direção a uma porta fechada, sei que Willow está do
outro lado.
Eu posso senti-la.
O oficial abre a porta para mim e eu entro. Willow está em
uma janela de costas para mim. Ela se vira, os olhos se
arregalando de incredulidade quando me vê. Meu olhar a
percorre. Ela está com um top branco e shorts cáqui com uma
bandagem em volta do joelho, mas ela parece saudável e inteira.
Eu paro quando vejo aquele rosto lindo pra caralho, e nós
apenas olhamos um para o outro por vários longos momentos.
E então ela está correndo em minha direção, joelho
machucado e tudo, e, finalmente, está em meus braços, de onde
eu juro que nunca vou deixá-la ir novamente.
— O que você está fazendo aqui? — Ela pergunta, sua voz
abafada desde que eu a levantei do chão e seu rosto está
enterrado no meu pescoço.
Minha mão vai para a nuca dela.
— Você realmente não acreditou que eu não viria buscá-la
depois daquele correio de voz que você mandou, não é? Sério,
Willow... posso pensar em maneiras melhores de chamar minha
atenção.
Ela solta uma risada sufocada, se pressionando mais perto
de mim. Enrolando meus dedos em seu cabelo, aperto um
punhado para puxar sua cabeça para trás para que eu possa ver
seu rosto.
— Então você me ama, hein?
— Deus... sempre, — diz ela com um gemido, em seguida,
cola sua boca na minha.
É um beijo que representa longos dias de repressão e perda,
todos saindo para limpar nossas almas. É suave e gentil e depois
desaparece, seu rosto enterrado na curva do meu pescoço mais
uma vez.
— Eu estava com tanto medo, Dominik, — ela sussurra
contra a minha pele. — Eu estava com tanto medo não de
morrer, mas de que morresse sem que você soubesse como me
sentia.
— Está tudo bem, — eu a tranquilizo.
Ela afasta um pouco, balançando a cabeça.
— Não, não está tudo bem. Jimmy e Sal morreram lá. Malik
está desaparecido, e...
Eu coloco meus dedos sobre sua boca.
— Eu quero que você me conte tudo sobre isso. Mas
primeiro quero tirar você daqui. Eu tenho um médico de
prontidão para examiná-la, então vamos voar para Paris para que
você possa descansar alguns dias...
— Não, — ela praticamente grita, seus olhos ficando
incrivelmente arregalados e cheios de angústia. — Acabei de
perceber... você está realmente aqui.
— Claro que estou aqui.
— Não, não, não. Dominik... o jogo sete vai começar em
menos de dezoito horas. O que diabos você está fazendo aqui?
E então me dou conta. Não pensei sobre a Vengeance desde
que saí, mas Willow está pirando com isso?
— Relaxe, — eu a acalmo, tentando tranquilizá-la.
— Não, não, não, — ela repete freneticamente. — Você tem
que entrar em um avião e voltar. Talvez você possa fazer isso
antes.
— Willow, apenas pare, — eu digo severamente enquanto a
coloco no chão. Eu coloco minhas mãos firmemente em seus
ombros, certificando-me de que ela está olhando para mim.
— O jogo não significa nada. Você é a única coisa que
importa.
Seus olhos ficam molhados e sua voz baixa.
— Mas... Dominik, é o seu sonho.
— Você é meu sonho, — esclareço. — E não importa se eu
estou lá ou não. Vengeance vai vencer.
Ela apenas pisca.
— Eu realmente não posso acreditar que você deixou os
playoffs por mim.
— Eu faria qualquer coisa por você, Willow. Eu amo você.
— Eu sinto muito por não ter conseguido dizer essas
palavras para você antes. Eu estava tão preocupada com o medo
do casamento que nem parei para pensar em como me sentia por
você. Se eu tivesse feito isso, apenas um momento, nada disso
teria acontecido. Eu te amo muito, Dominik.
Isso merece outro beijo, então eu o dou a ela, na esperança
de transmitir que realmente vai ficar tudo bem entre nós.
Eu me afasto da suavidade de seus lábios.
— Não fale mais. Vamos voltar para o meu avião e ir para
Paris. Ou Londres. Ou mesmo Amsterdã. Onde quer que você
queira ir na Europa, pois podemos estar lá em quatro a cinco
horas. Vamos deixar você descansar um pouco antes de voltar
para os Estados Unidos.
— Eu gostaria que pudéssemos ir direto para Phoenix para
que ver o jogo, — ela murmura desanimada. — Eu me sinto
péssima por ir embora.
— Nós nunca voltaríamos a tempo, — eu digo, pegando-a
pela mão. Levo-a à boca e pressiono meus lábios nela. — Mas eu
prometo... nós vamos assistir na TV enquanto estamos nus na
cama. Parece bom?
Ela sorri, embora seja um pouco triste, porque não estar no
jogo pessoalmente é uma merda.
Independente disso, eu prefiro ter Willow sã, salva e
firmemente de volta à minha vida. Eu sou o vencedor absoluto
agora.

Não estamos nus. Em vez disso, estamos sentados na ponta


da cama, inclinados em direção à TV de tela plana.
Assim como ter um jato particular capaz de atravessar
oceanos em um tanque de gás, foi muito fácil garantir uma suíte
de luxo com acesso a uma transmissão ao vivo do jogo final do
campeonato.
Quando Willow e eu chegamos a Paris, tomamos banho,
ambos cansados, e dormimos por algumas horas. Acordei-a com
a minha boca e fizemos amor duas vezes.
Pedi serviço de quarto e comemos como animais famintos.
Fodemos no chuveiro, depois vestimos os robes fornecidos
pelo hotel.
E agora, estamos gritando com a TV nas últimas três horas
enquanto o tempo passa para alcançarmos a vitória. A Vengeance
está em 4-2 com menos de um minuto para terminar o jogo que
está em tempo limite de TV agora.
Willow salta para fora da cama e rasteja no meu colo,
montando em mim. Seu rosto está iluminado de entusiasmo e
pura alegria.
— Eu não posso acreditar, Dominik. Você está se
preparando para ganhar o campeonato. A novíssima equipe de
bebês na liga está derrubando verdadeiros gigantes, e tudo por
causa do elenco incrível que vocês montaram.
— É surreal, — eu admito. — Quero dizer... quando
comprei a equipe, era apenas um investimento, mas foi muito
além disso.
— Tornou-se uma família, — diz ela. E, sim, é exatamente
isso. — Ainda me sinto mal por não estarmos lá.
— Todo mundo entenderá — eu prometo a ela. Willow ligou
para seus pais e Dax do avião enquanto saíamos de Adana em
direção a Paris. Ela contou a eles alguns detalhes encobertos
sobre o que aconteceu e que estávamos indo para Paris. Eles
estavam tão felizes que ela estava segura e voltando para casa
que ninguém se importou em nada especialmente Dax que ela
não estaria lá.
Quanto à minha equipe, tenho certeza de que eles vão
entender. Na verdade, eu sei que sim. Dax pegou o telefone para
uma palavra em particular comigo, para me agradecer por ir atrás
de sua irmã. Suas palavras de despedida foram:
— Sempre estarei com você, irmão.
Acho que todos os meus jogadores se sentirão assim.
Então, sim... está tudo bem, estamos aqui. Willow está no
meu colo e minha equipe está se preparando para ganhar a Copa
em seu ano inaugural.
Na verdade, é mais do que bom que Willow esteja no meu
colo agora.
Eu vagamente ouço o locutor voltar na TV, mas Willow é
suave e quente e sei que não há como a Vengeance perder a
vantagem de dois gols faltando menos de um minuto.
— Dominik? — Willow sussurra em meu ouvido.
— Sim? — Colocando minhas mãos em seus quadris,
pressiono nossos corpos juntos.
— Eu amo você. Você sabe disso, certo?
— Certo.
— Seu avião está cheio combustível?
— Deve estar, — eu digo. Não tínhamos feito planos sólidos
sobre quando partir.
— Vamos voar para Las Vegas amanhã.
Meu queixo cai e a empurro ligeiramente para trás para que
eu possa ver seu rosto. Olhos claros olham de volta, cheios de
devoção.
— Vegas?
E então me ocorre.
Vegas.
Terra dos casamentos rápidos.
— Tem certeza? — Eu pergunto enquanto envolvo meus
braços firmemente em torno dela.
— Nunca tive mais certeza de nada na minha vida, — ela
responde. Na TV, ouço vagamente a campainha tocar,
significando o fim do jogo.
A Arizona Vengeance é o campeão.
E parece que estou prestes a me casar.
A vida não poderia ser mais perfeita.

Fim!
Agradecimentos

Um agradecimento especial a Kat Mizera por contar com


suas raízes como ex jornalista de hóquei para fornecer o artigo
sobre a Arizona Vengeance e playoff no capítulo 25!

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