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PERIGOSAS

Copyright © 2017 MÍDDIAN MEIRELES


Todos os direitos reservados à Autora Míddian
Meireles. Nenhuma parte deste livro pode ser
utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios
existentes sem autorização da Autora. A violação
dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°
9.610/98, punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Equipe Editorial:
Capa & Diagramação Digital: Míddian Meireles
Revisão: Evelyn Santana
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter
as pessoas. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Essa obra foi escrita e revisada de acordo com a
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Nova Ortografia da Língua Portuguesa. O autor e o


revisor entendem que a obra deve estar na norma
culta, mas o estilo de escrita coloquial foi mantido
para aproximar o leitor dos tempos atuais.

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SINOPSE
Ser uma leitora viciada em romances eróticos
não costumava incomodar Cecília Magalhães, ―
ou Cissa, como era chamada pelos mais íntimos ―
ao menos não até começar a trabalhar como
secretária de um poderoso CEO.
Oliver Prado Albuquerque e Guimarães, até o
nome dele a fazia estremecer. Tão clichê quanto
costumava acontecer nos seus romances, ela logo
se viu apaixonada pelo seu chefe, um CEO
bilionário e lindo de morrer. E como se ter oito
gatos e estar prestes a ficar para “titia” não fosse o
suficiente, Cissa começara a misturar a fantasia
com a realidade e não sabia mais o que fazer
porque acabava levando tudo que seu chefe falava
ou pedia para o lado “pervertido” da coisa.
E quando ele começa a dar sinais de interesse,
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ela não sabe se é real ou fruto da sua fértil


imaginação e com o “apoio” das mocinhas literárias
e até mesmo dos mocinhos que tanto amava, decide
então conquistá-lo. Só resta saber se sua tentativa
de conquista dará certo e ela também conseguira
um CEO em sua vida ou se perderá seu coração no
processo.

Um CEO em minha vida é o primeiro livro da


Série Homens Irresistíveis, onde cada livro contará
a história de um “mocinho” que povoa o sonho das
mulheres.

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SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
EPÍLOGO
PRÓXIMO LANÇAMENTO DA SÉRIE

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PLAYLIST
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
GLOSSÁRIO

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“Que me desculpem os
inusitados de plantão, mas amor
bom é amor clichê! Não tente
entender, se entregue e se deixe
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viver!”

Autor Desconhecido

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PRÓLOGO
― Você tem certeza? ― Christian Grey
perguntou pela milésima vez e suspirei cansada,
pois não o aguentava mais no meu pé.
Nossa, ele não entendia o verdadeiro
significado da palavra “não”?
― Chris ― comecei a falar, chamando-o pelo
seu apelido, afinal, nós erámos íntimos o bastante
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para isso ―, me desculpe, mas eu realmente não


posso. Você deveria saber que minha resposta seria
essa. ― Sorri sem jeito e ele negou com a cabeça.
― Eu realmente não posso acreditar que isso
está acontecendo! Quando Cross e o Zimmerman
me disseram que você havia feito sua escolha e que
era “ele” ― cuspiu a última palavra como se
sentisse nojo antes de continuar ―, achei que
estivessem apenas blefando. Mas jamais pensei que
isso, de fato, aconteceria ― disse ainda sem
acreditar, deixando que um novo suspiro de
frustração escapasse por entre os lábios.
Meu Deus! Por que eu tinha que ser tão bonita
e gostosa, hein?
― Eu realmente sinto muito. Desde o início
falei para vocês que existia algo mais forte do que
essa disputa de egos de vocês: meu coração. E ele
não está à venda. Não importa o quão bilionários,
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poderosos e muito, mas muito gostosos vocês


sejam. Não escolhi me apaixonar por ele. ― Tentei
explicar da melhor maneira possível e Grey fechou
os olhos, totalmente desolado.
― Tem certeza de que não me ama também? Eu
posso ter te dito que “não faço amor, que só fodo
com força”, mas se é sexo baunilha que você quer,
é isso que te darei ― falou, se aproximando
rapidamente de mim. Sua mão acariciava meu rosto
enquanto ele continuava sua promessa: ― Eu juro,
minha Cissa, que por você eu faço tudo. Tudo.
Nossa Senhora Protetora dos CEO’s
Tentadores, me ajude!
― Chris, me desculpe, mas eu não posso ir
contra meu coração ― voltei a afirmar.
― Você não ouviu o que ela disse? ― A voz
grave do homem que eu amava e me amava com
loucura de volta ecoou na sala como um trovão. ―
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Agora solte-a! Não quero mais vê-lo rondando


minha mulher. Caso contrário, você se arrependerá!
― ameaçou, parecendo um “super-herói”.
Nossa! Essa coisa possessiva de macho alfa foi
quente!
Christian o conhecia o suficiente para saber que
ele era capaz de cumprir a ameaça, sendo poderoso
como era e vendo que não havia mais nada que
pudesse me fazer mudar de ideia, despediu-se com
um olhar quebrado, antes de me dar as costas e
finalmente sair dali. Fiquei com pena. Afinal, o
coitado não tinha culpa de ter se apaixonado
perdidamente por mim.
É. Ser tão desejada tinha suas desvantagens,
quebrávamos alguns corações no processo!
― Por que demorou? ― perguntei um tanto
desnorteada quando ele enrolou seu braço ao redor
da minha cintura, prendendo-me contra ele,
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fazendo-me estremecer com choque elétrico e o


calor que emanava entre nós com o mínimo
contato.
― Estava preparando um presente para você,
minha Cecília ― ele respondeu olhando para minha
boca e lambeu seu lábio inferior, como se estivesse
se preparando para me atacar.
Ah! E eu esperava que ele me atacasse mesmo!
E logo!
Meu corpo estremeceu em antecipação. Nossas
respirações entrecortadas se confundindo em uma
só.
― Que presente? ― perguntei quase sem voz.
― Eu! ― respondeu-me safado, antes de com
um só puxão me trazer para si e abrir minha blusa,
arrebentando todos os seus botões no processo.
― Ah! ― gritei surpresa e meio ofegante,
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quando ele começou a deslizar a mão pelo meu


corpo.
― Vou te provar agora e mostrar para você que
fez a escolha certa ao me escolher ― prometeu
com seus lábios roçando minha pele, suas mãos me
adorando, e ele fez exatamente o que prometera.

Trim. Trim. Trim. Trim.


O alarme do meu telefone tocava, trazendo-me a
desgostosa realidade, de que não era ele quem me
provava.
― Merda! Era só mais um sonho! ― acordei
assustada e frustrada, ainda meio ofegante enquanto
o telefone praticamente gritava para que eu
finalmente saísse da cama. ― Só mais um sonho!
Apenas isso! ― falei para mim mesma tentando
não apenas me acordar, mas também me recompor,

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enquanto olhava diretamente para a foto


emoldurada no porta-retratos que ficava no criado-
mudo ao lado da minha cama.
A foto dele, Oliver Prado Albuquerque e
Guimarães, meu chefe, o homem que eu estava
perdida e enlouquecidamente apaixonada. Ele que
me fazia sonhar não apenas dormindo, mas
acordada também. O CEO que eu queria tão
desesperadamente em minha vida.

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CAPÍTULO 1
― Cecília, faça-me o favor de vir até minha
sala. ― A voz grossa e imperativa do meu chefe
soou pelo viva-voz que ficava na minha mesa,
quase me fazendo cair para trás da cadeira, ao ouvi-
lo.
Droga! Eu tinha que parar de ficar sonhando

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com meu chefe, caso contrário isso poderia me


causar um sério acidente!
Essa afirmação não era uma exagero, mas a
mais pura verdade. Eu já era naturalmente uma
pessoa com uma tendência para divagar, vivia no
mundo da lua, como mamãe costumava repetir,
juntando isso ao fato de ter, digamos, certa
“afinidade” para acidentes, não tão acidentais
assim, e também por viver fantasiando, com o meu
chefe, não importava a hora que fosse, eu me
tornava uma bomba nuclear sobre meus próprios
pés.
― Estarei aí em um minuto, Dr. Oliver… ―
Gostoso!, completei em pensamento.
― O que disse, Dona Cecília? ― Sua voz
voltou a me assustar quando ouvi sua pergunta.
Droga! Não podia acreditar que tinha falado
isso em voz alta!
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― Er… Nada, Dr. Oliver ― eu me apressei em


responder. ― Eu quis dizer que o senhor é corajoso
― continuei, pensando na primeira palavra que
lembrava com o adjetivo que melhor se encaixa
nele: ― Acabei de ler seu artigo no jornal de hoje,
realmente tem de ser muito corajoso para fazer o
que o senhor fez para chegar até aqui ―
rapidamente me defendi, e não era de todo mentira.
Isso de fato era verdade. Mesmo antes dos
trinta, Oliver Prado Albuquerque e Guimarães,
vulgo meu chefe e amor da minha vida ― dessa
última parte ele obviamente não sabia ―, era um
empresário do ramo da construção muito bem-
sucedido, que conquistara o sucesso e seu primeiro
bilhão antes mesmo de completar vinte e cinco.
Enquanto eu, com meus vinte e sete, não tinha nem
mesmo cem reais na minha conta, e olha que ainda
teria de sobreviver com eles mais vinte dias, até o

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final do mês, quando terei o pagamento do meu


salário.
― Hm… Sei. ― Sua voz não parecia muito
convencida quando ele voltou a falar, mas apenas
completou: ― Só venha até minha sala, como lhe
pedi.
― Estou indo, senhor ― avisei, já me
colocando de pé imediatamente.
Ufa! Essa foi por pouco!
Eu tinha que aprender a controlar não apenas
meus pensamentos, como também minha língua,
porque mais dia menos dia, isso certamente me
colocaria em encrenca. Duvidava muito que meu
chefe quisesse trabalhando com ele uma
funcionária que, além de louca e desastrada, ainda
era apaixonada por ele. Ele certamente queria se
ver longe desse problema chamado “eu”.

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Enquanto seguia em direção à sala do meu


querido e amado chefe, alisei minha saia lápis,
ajeitei minha blusa branca de botões e manga
longa, que faziam parte do meu uniforme, querendo
ter a certeza de que estavam inteiras e limpas. Não
com a saia enfiada em minha calcinha, como
acontecera uma vez, ao me levantar da mesa em um
almoço informal com os investidores da empresa e
me senti gostosa demais quando todos os olhares se
concentraram em mim. Até mesmo rebolei um
pouco, de um jeito que eu achava ser provocativo,
enquanto continuei andando, sem saber que, na
verdade, estava com minha bunda completamente
exposta.
Ou com a blusa transparente e sutiã aparecendo,
como ficara da última vez que eu mesma me dera
um banho com o copo d’água que estava me
preparando para servir ao chefe, quando o vi se

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debruçar sobre a mesa, onde riscava as correções


que deveriam ser feitas no projeto que a equipe lhe
apresentara, e em meu desejo louco de lhe morder a
bunda redondinha na calça social, nem mesmo
reparei que o resultado do meu desastre com a água
era estar “pagando peitinho” na frente de toda a
equipe de projetos. E, claro, do meu chefe.
E como se desgraça pouca fosse bobagem, o ar-
condicionado estava ligado e deixando a sala tão
fria, a ponto de “acender meus faróis” completando
meu constrangimento. Mas o que eu
definitivamente não esperava era que o Dr. Oliver
fosse ficar tão bravo, a ponto de mandar que eu me
retirasse da sala de reuniões imediatamente e, desde
então, meu acesso ao local fora veementemente
negado.
Sério. Eu sabia muito bem o quão desastrosa eu
poderia ser, porém sempre fui muito cuidadosa

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quando o assunto era meu trabalho. No entanto,


naquele dia realmente temi ser demitida, e quando
descobri que não seria, passei a ter um cuidado
redobrado com a minha aparência e,
principalmente, com o que fazia durante o
expediente.
Respirei fundo enquanto batia na porta de
madeira polida e ouvindo a voz me que arrepiava
da cabeça aos pés me autorizando a entrar.
Tomando coragem, finalmente forcei a porta até
abri-la completamente. O ambiente austero e
luxuoso parecia quase apagado diante de seu
perfume inebriante, que deixava-me como sempre
zonza e entorpecida com seu cheiro tão másculo,
tão dele e que me dominava por completo.
Sentado em seu trono, atrás da mesa suntuosa de
jacarandá, o mais perfeito belo exemplar do
espécime masculino me esperava.

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Sério! Ninguém deveria ser tão bonito assim! E


isso não é exagero!
Sempre achei que nunca encontraria alguém tão
perfeito quanto os personagens dos meus livros, e
eu não era ingênua a ponto de sonhar que tal pessoa
existia, ao menos não até conhecer meu chefe. Em
dois anos trabalhando com ele nunca encontrei um
defeito. O único defeito, se é que poderia ser
intitulado assim, que possuía era por não estar
comigo, porque fora isso, Dr. Oliver beirava a
perfeição.
Meu chefe era a definição de clichê dos meus
personagens literários. Na primeira vez que o vi na
minha entrevista de emprego, pensei: “Oh, meu
Deus! Isso só pode ser um sonho, ele não pode ser
real!” Não conseguia mesmo acreditar no que via
diante de mim. Ele definitivamente só poderia ter
saído dos meus livros ou dos meus sonhos mais

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profundos.
Ele era simplesmente um deus grego com um
quê de galã de cinema, capaz de desestruturar até
mesmo uma freira com apenas um olhar profundo.
Nunca tinha visto um homem tão bonito assim. Era
uma puta de uma provação para uma mulher tão
sensível e fraca como eu.
Ah, Deus, como era difícil manter a compostura
diante dele!
Moreno dos cabelos escuros e tão brilhantes,
que me faziam sentir vergonha dos meus opacos e
secos cabelos loiros. Rosto de traços tão perfeitos,
uma boca tão linda, um nariz benfeito e ainda por
cima aquela barba por fazer que o deixava ainda
mais sexy. Ele tinha aquele jeito de homem não
apenas dominador, mas também travesso, safado,
capaz de enlouquecer qualquer uma com pouco.
E seus olhos são azuis, quase cinza, tão lindos,
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que hipnotizavam, arrepiavam e mexiam comigo


sobremaneira. Como se tudo isso não fosse o
suficiente, ainda tinha o sorriso… Ah, o sorriso!
Lindo, perfeito, os dentes brancos certinhos e as
malditas covinhas nas bochechas, capazes de fazer
qualquer mulher derreter e ter pensamentos mais do
que libidinosos!
Sim. Ele era um crime em forma humana!
Como eu o via apenas em eventos formais ou no
escritório, meu chefe sempre usava ternos caros e
impecáveis, que não apenas valorizavam seu corpo
robusto e cheio de músculos, mas também
denunciavam o homem rico e poderoso que era. Dr.
Oliver era o tipo de homem que comandava tudo e
todos em sua vida, que dominava e não aceitava
“não” como resposta. E mesmo que não fosse meu
chefe, eu certamente seria incapaz de dizer “não”
para um homem como ele.

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Claro! Eu jamais seria capaz de lhe negar


qualquer coisa!
Não preciso dizer que foi amor à primeira vista,
certo? Mas foi. Desde que entrei em sua sala para
ser entrevistada, já tinha me sentido intimidada
com as milhares de candidatas bonitas e de
currículos invejáveis, e, quando dei de cara com
tudo aquilo, achei que jamais passaria na seleção.
Especialmente depois de ter gaguejado em todas as
suas perguntas, pois não consegui controlar-me
diante de tudo aquilo, embora conhecesse muito
bem minha competência para assumir o cargo que
almejava, depois de ter terminado a graduação em
Secretariado Executivo na universidade federal do
estado e ter experiência em uma multinacional.
Depois da entrevista desastrosa, saí de lá não
apenas certa da minha paixão pelo poderoso Oliver,
mas também consciente de que não seria chamada

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para ocupar o cargo. E para minha surpresa, no dia


seguinte, recebi a ligação que, sem dúvidas,
mudaria minha vida. Mal pude acreditar que o
emprego era meu. Na verdade, até perguntei se era
pegadinha, mas era realmente real. Estava ciente de
que convivendo com meu chefe não seria tão fácil
acabar com essa coisa estúpida de ser apaixonada
por ele, o que não imaginava era que meu
sentimento por ele cresceria desde então.
Há dois anos eu sofria com meus sentimentos.
Há dois anos a paixão que sentia por ele crescia
mais e mais a cada dia. Apaixonava-me não apenas
por sua beleza, que havia feito meu coração bater
mais forte na primeira vez que o vi e ainda me fazia
estremecer apenas com sua presença, mas
principalmente pelo homem maravilhoso que ele
era. Gentil, educado, cavalheiro, um príncipe que
“montava” uma máquina caríssima de muitos

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cavalos.
― Aqui estou, chefe ― eu me pronunciei, de
frente à sua mesa, e ele, que até o momento se
encontrava entretido com os papéis em sua frente,
finalmente pôs os olhos em mim.
Respirei fundo mais uma vez, lutando para me
manter centrada diante dele. A cada dia, essa se
tornava uma tarefa árdua, principalmente quando
sua atenção estava voltada apenas para mim.
Sabe sorvete com petit gateau? Pois bem, essa
era eu quando estava em sua frente!
Às vezes a forma que ele me olhava era demais
para o meu pobre e apaixonado coração. Como se
já não fosse suficiente a forma como ele me
desconsertava com sua presença, a maneira
profunda com a qual me encava, afetava meu
estado de nervos já tão fragilizado e ao mesmo
tempo em euforia. Emoções tão distintas e confusas
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que apenas ele era capaz de me proporcionar.


Sim. Era difícil fazer qualquer cérebro pegar no
tranco, ainda mais o meu!
Embora sentisse uma vibração alcançar meu
estômago, ainda assim, não conseguia desviar meu
olhar do dele. Era como se um campo magnético
me prendesse a ele e não nos permitisse romper
essa conexão que nos ligava.
Oh, Cecília, apenas se acalme!
― Sente-se, senhorita Cecília ― ordenou com
aquela voz máscula grave e máscula, que fazia
coisas comigo, principalmente nos meus países
baixos.
― Tuuuuuudo bem ― respondi já obedecendo.
Ele estava sério como sempre. E impenetrável,
uma fortaleza em forma de homem. Algo em seu
pedido me fez temer pelo que viria. Divagando em
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meus próprios pensamentos, comecei a pensar se


tinha feito algo errado, porque Oliver Prado
Albuquerque e Guimarães, sendo o poderoso CEO
do ramo da construção, não admitia nada menos do
que a excelência quando se tratava da sua empresa.
Ele era um ótimo chefe, mas ainda assim era
implacável, exigente, perfeccionista, daqueles bem
minuciosos mesmo, gostava de tudo certinho e não
aceitava uma “linha torta” sequer. E exatamente
por ser pragmático e meticuloso como era que
havia chegado aonde chegou, mesmo sendo tão
jovem.
Ali, diante dele, comecei a refazer de cabeça o
checklist de todas as ordens que ele me dera nos
últimos dias e me tranquilizei dando-me conta de
que havia cumprido.
Sim. Você é uma excelente secretária, Cecília!
― Está tudo bem com você, Cecília? ― meu
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chefe perguntou, me deixando confusa.


Não que ele não costumasse perguntar como
estava, porque na verdade ele perguntava vez ou
outra, especialmente quando percebia que eu não
estava muito bem. Porque sim, meu chefe era
realmente muito observador e parecia perceber até
mesmo quando eu estava “naqueles dias” e não na
minha melhor forma ou humor. Na verdade, ele
costuma me dispensar mais cedo nesses dias,
usando ele mesmo uma desculpa esfarrapada para
isso. Porém nunca, em todo meu tempo de trabalho
na construtora Albuquerque e Guimarães, Dr.
Oliver me chamara até sua sala para me perguntar
tal coisa.
― Sim, senhor ― respondi rapidamente.
― Tem certeza, Cecília? ― perguntou olhando-
me profundamente, como se quisesse ter certeza de
que eu estava falando a verdade.
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Eu estava, certo?
― Sim ― garanti e o vi resfolegar, como se eu
não tivesse dito a coisa certa.
Meu Deus, o que eu lhe diria, então?
Só se fosse lhe dizer que eu tinha um problema
chamado Oliver Prado Albuquerque e Guimarães,
porque minhas fantasias e sonhos mais profundos
com meu chefe decerto eram um problema, porém
eu duvidava muito que ele fosse ser compreensivo
e no mínimo, ele me daria um chute na bunda por
lhe confessar meu amor. E perder meu emprego por
estar estupidamente apaixonada pelo meu chefe não
estava nos meus planos. Não mesmo.
― Estou perguntando porque achei que
tínhamos intimidade suficiente para sermos
sinceros um com o outro, certo? Ou estou errado?
― A pergunta, definitivamente, não era retórica,
por isso tratei de assentir com a cabeça
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rapidamente.
Ahhhh! Como eu queria ter intimidade com o
senhor, Dr. Oliver! Muita intimidade!
― Sim, claro ― fiz questão de dizer.
― Espero mesmo que sim ― complementou,
ainda sem tirar os olhos dos meus.
Novamente me vi presa em seu olhar. Era como
se ele não apenas quisesse me desvendar, mas
também soubesse tudo. Apenas tudo.
Ah! Se ele soubesse!
― Recebi um e-mail que me deixou um tanto
intrigado. ― Ele abaixou o olhar e começou a
folhear os papéis que estavam em sua mesa.
― E-mail? ― perguntei sem conseguir me
conter.
― Sim. Você pode, por favor, me explicar isso,

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Dona Cecília? ― respondeu voltando a pergunta


para mim, e, enquanto ele atendia uma chamada no
seu celular, aproveitei para ler o papel que ele me
estendia e vi que se tratava de um e-mail que eu
havia lhe enviado no dia anterior.

Ao sr. Christian Grey,


Caríssimo sr. Dominador,
Assunto: Uso de algemas e outros
instrumentos de BDSM

Oh. Nossa Senhora das Leitoras Compulsivas!


Para o mundo que eu quero descer e me ajude a
sair dessa!

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CAPÍTULO 2
Eu ainda não podia acreditar que havia
realmente enviado esse e-mail. Como eu disse, eu
era muito cuidadosa quando o assunto era meu
trabalho, e justamente por tomar cuidado com o que
fazia, que eu costumava verificar mais de uma vez
cada coisa para não acontecer nada como isso.
E, Jesus! O que poderia dizer agora?
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Lembrei-me rapidamente do que havia


acontecido para que eu viajasse tanto a ponto de
enviar esse e-mail. No dia anterior, um pouco
depois de lhe servir um café como de costume, fui
lhe entregar uns contratos que ele me pedira para
levar depois que o setor jurídico me trouxesse. Bati
em sua porta e, quando ele ordenou que entrasse,
assim eu fiz. O que eu não imaginava e sequer
estava preparada para o que encontraria: meu chefe
nu.
Tudo bem, eu não tive tanta sorte assim, ele não
estava completamente nu, estava apenas sem
camisa, mas isso era um prato bem cheio para
minha imaginação já fértil. Eu obviamente
imaginava que por trás dos belos ternos que lhe
caíam como uma luva e marcavam seu corpo com
perfeição, havia muitos músculos, um peitoral
definido e um senhor tanquinho, porém a realidade

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era muito, mas muito melhor. Melhor até mesmo


do que meus sonhos mais profundos.
Babar foi eufemismo para minha reação diante
de tudo aquilo. Vi-me não apenas de boca aberta,
sem ar, com o coração na boca, mas também sem
saber nem mesmo piscar para o homenzarrão que
fazia muito mais do que molhar minha calcinha
dessa vez.
O que aconteceu? Descobri um novo significado
para a expressão “bater palmas”!
Sério. O negócio foi feio, quer dizer, foi gostoso
demais mesmo. Hiperventilei de tal maneira, que
mesmo não sendo uma pessoa religiosa comecei a
orar para Deus e todos os santos que me ajudassem.
E como não deu certo, acabei partindo para uma
meditação tibetana que li em uma revista de
astrologia. Como meu guia espiritual não deu conta
da minha Periguete Interior, preferi fechar os
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olhos, porque temi avançar sobre meu chefe.


Já pensou no que isso resultaria?
Poderia dar muito certo, mas também muito
errado, o que era o mais provável de se acontecer
quando se tratava da minha pessoa. Afinal, eu só
era uma mera assistente e estava longe, muito longe
de ser uma deusa da beleza igual às mulheres com
as quais ele deveria estar acostumado a se
relacionar.
Então fechei os olhos para não cometer
nenhuma loucura e, depois que Dr. Oliver, que
pareceu achar muita graça da minha reação, me
garantiu que já estava vestido, começou a me
explicar que havia derramado café sobre sua
camisa. E por isso que quando entrei ele estava
seminu, pois estava se trocando com uma das
camisas extras que costumava deixar no guarda-
roupa do quarto secreto que ficava no fundo do seu
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escritório, o qual usava para descansar vez ou


outra.
A verdade? A única coisa que eu pensava era na
lástima de não ter derramado também nas calças!
Claro que eu deveria ter retomado minha
compostura depois de ter entregado o que meu
chefe me pedira e depois voltar ao meu trabalho
como uma profissional que eu era, ou ao menos
deveria ser, mas depois de conhecer o Sr.
Tanquinho, foi difícil pensar em qualquer coisa que
não fossem seus bíceps, aqueles seis gominhos
perfeitos e o caminho para a “felicidade”. Tudo que
eu queria era brincar de suor e escorrer pelo corpo
dele.
Quem me julgaria por tal desejo? Nem mesmo
Madre Teresa de Calcutá!
Como eu já disse, sou uma pessoa com uma
imaginação sem igual. Desde muito pequena
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fantasiava com as coisas e, quando adolescente, me


sentia a J.K. Rowling em sua viagem de trem
quando imaginou a história de Harry Potter. Mas
embora eu sempre tenha sido imaginativa, nunca
me vi escrevendo, pois além de não ter nenhum
talento para colocar minhas fantasias no papel, o
que gostava mesmo era de ler as histórias.
Quando comecei a ler os romances adultos, vi-
me ainda mais apaixonada pela literatura e não
tinha um dia sequer em que não me visse
devorando um livro. Cada mocinho tomava sua
forma de acordo com a minha leitura e por isso era
tão difícil, para mim, assistir às adaptações
cinematográficas, porque o ator escolhido, por mais
bonito que fosse, jamais chegava aos pés do que eu
idealizava em minha cabecinha.
Porém, algo diferente aconteceu quando conheci
Oliver na minha entrevista de emprego: ele

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assumira o lugar de todos os meus amores


literários.
Sério, quem é Ian Somerhalder, Henry Cavill,
Chris Evans, Jamie Dornan e muitos outros
gostosos de Hollywood na fila do pão perto do meu
chefe?
Não eram ninguém mesmo. Porque o filho da
mãe por quem eu era apaixonada ainda conseguia
ser mais bonito que todos eles. E como se isso fosse
ruim o suficiente, vez ou outra eu não entendia o
que ele queria realmente dizer e acabava
pervertendo tudo.
É. Eu achava que não iria pro céu quando
morresse!
E o que aconteceu foi que ao sair de sua sala,
depois de vê-lo sem camisa, e enquanto digitava o
e-mail que ele me solicitara, tudo em que eu
conseguia pensar era nele como Christian Grey e
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no contrato de Dominador-Submissa, sendo ele


mesmo e me dominando por completo, sem esforço
algum.
Meu Deus! Dessa vez eu fui longe demais!
― Se-senhor O-O-Oli-i-i-ver… Eu… ― Não
consegui completar o que diria, porque na verdade
não sabia nem o que dizer para me desculpar por
tamanha gafe.
Tentei tomar coragem para falar qualquer coisa,
qualquer uma que pudesse me ajudar, mas não
consegui pensar em nada e, quando abri a boca para
falar novamente, meu chefe me fez parar com um
aceno cortante.
― Há quanto tempo você trabalha para mim? ―
ele perguntou e respondi rapidamente, ainda que
estivesse envergonhada:
― Dois anos, senhor.

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― Dois anos ― ele repetiu, antes de se pôr de


pé, e, com silêncio calculado, deu a volta antes de
parar em minha frente, encostando-se em sua mesa
despreocupadamente, como se estivesse muito
confortável e perto demais para o meu gosto. Quer
dizer, não que eu esteja reclamando, mas…
Ai, meu Pai eterno! O que é que ele estava
fazendo?
Honestamente, já era muito difícil trabalhar
quando inevitavelmente me via fantasiando mil e
uma maneiras diferentes nas quais ele poderia me
beijar dentro daquele escritório, mas com ele
sorrindo assim para mim ficava difícil até mesmo
respirar.
― Você já trabalha para mim há tanto tempo,
Cecília, acho que está na hora de deixarmos a
formalidade de lado, não? ― perguntou com um
sorriso e me vi assustada diante suas palavras.
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O que ele queria dizer? Por que não me demitiu


ainda?
― Não entendi, se-senhor ― gaguejei meu
pensamento.
― O que quero dizer, Cissa ― Oliver falou meu
apelido como se o degustasse ―, é que já nos
conhecemos há anos. Você até mesmo tem acesso à
minha agenda e senhas, não creio que precisamos
de tanta formalidade.
― Não creio também que essa seja uma boa
ideia ― tratei logo de falar, afinal, se eu já não
confiava em mim mesma sem ter tanta intimidade,
imagine tendo.
Não mesmo! Cada um no seu quadrado, Cissa!
― Por que não? ― inquiriu com a sobrancelha
levantada, por seu gesto eu já sabia que ele não
gostara da minha resposta. ― Sou seu chefe e estou

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lhe dizendo que prefiro que me chame pelo nome.


Além do mais, não temos tanta diferença de idade
para que eu seja chamado de “senhor”. Não é
mesmo, Cissa? ― perguntou com um sorriso
provocante, que quase me fez cair para trás.
Ai, Jesus Cristinho! Dai-me forças!
Apenas esse sorriso dele parecia ser o suficiente
para fazer coisas comigo. E quando digo coisas, é
bem no sentido pervertido da palavra. Do tipo me
desidratar de tanto gozar.
Ok. Nunca disse que eu era normal e muito
menos santa!
― Desculpe, senhor, mas por acaso está sendo
muito gentil comigo porque pretende me demitir?
― tive que perguntar e ele soltou uma gargalhada
gostosa e calorosa, que, como tudo que vinha dele,
mexera comigo, e inevitavelmente me vi
gargalhando também. ― O que é tão engraçado? ―
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perguntei rindo, ainda sem entender.


― Você ― ele respondeu ainda rindo. ― Você,
Cissa ― repetiu, antes de soltar mais uma
gargalhada. ― Não, Cissa, eu não estou te
demitindo. ― Sorriu, passando a mão nos cabelos,
que pela primeira vez ficaram despenteados
enquanto ele completava: ― Apesar de ter achado
esse e-mail bem… interessante, digamos, por falta
de uma palavra melhor. Te chamei aqui por outra
coisa. ― Quando terminou de falar, nos seus lábios
ainda havia aquele sorriso lindo.
Para me jogar na parede e me chamar de
lagartixa?
― O que disse? ― ele perguntou, parecendo
estar segurando o riso.
Droga! Eu não acreditava que mais uma vez
disse isso em voz alta!

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― Nada. Só pensei em voz alta que fiquei tão


nervosa agora sobre esse e-mail, que estou me
sentindo uma lagartixa ― menti.
Meu Deus! Hoje eu estava com a língua afiada
para mentira! Ainda bem!
― Hmm… Sei ― murmurou em resposta, e eu
não sabia se era impressão minha, mas ele não
parecia ter acreditado muito no que eu disse, no
entanto, também não comentou mais nada sobre o
assunto.
― Então se não foi por causa desse e-mail, que
garanto ao senhor que nunca mais se repetirá, por
que foi? ― perguntei cada vez mais nervosa e em
expectativa.
Minha imaginação de novo foi a mil. E dessa
vez a culpa não era toda minha, certo? Vai que
depois do e-mail ele resolveu me fazer uma
proposta tipo a que Christian Grey fez para a
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Anastasia? Tipo dominador e submissa.


Meu Deus! Já pensou? Tudo bem que eu não
curtia muito essas coisas de BDSM, mas por ele eu,
com certeza, levaria umas palmadinhas!
Ok. Eu estava viajando, mas não custava nada
sonhar, certo? Mamãe costumava dizer que sonhar
não custa nada e era exatamente por isso que eu era
feliz, porque se não fosse minha fértil imaginação,
o que seria de mim?
Uma solteirona com oito gatos, com pontas
duplas no cabelo, com mais livros do que o
apartamento comportava, uma dívida astronômica
do financiamento da faculdade e como se isso não
fosse ruim o suficiente, apaixonada pelo chefe, que
nem sequer me notava como mulher. Mas ao menos
podia sonhar com ele.
― Cissa, ― O jeito que ele pronunciou meu
apelido me deixou flutuando por mais alguns
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segundos, porém logo tentei me focar quando ele


continuou a falar: ― Eu te chamei aqui para
definirmos algumas questões sobre a minha viagem
de amanhã. ― ele disse e entortei a boca com
pesar.
A verdade é que eu não gostava muito quando
meu chefe ficava dias fora, já me bastavam os fins
de semana que eu ficava sem vê-lo, o que era uma
lástima. Quando isso acontecia, eu ficava meio
depressiva, comia um pote de sorvete de 1kg como
se fosse um copinho de iogurte e vinha arrastada
para empresa, pois ela perdia completamente a
graça sem sua ilustre e linda presença.
― Só quero repassar minha agenda com você e
organizar algumas outras coisas. ― falou.
― Tu-udo bem ― respondi, sem conseguir
esconder o pesar em minha voz.
― Ótimo. Porém, não te chamei aqui só por
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isso… Sei que é muito de última hora, mas preciso


que me acompanhe nessa viagem comigo.
Oi? Eu entendi direito? Ele disse que me quer
com ele nessa viagem?
― O quê?! ― perguntei um pouco alto demais,
completamente chocada.
― Eu disse que preciso que faça essa viagem
comigo. Preciso de você lá ― repetiu com os olhos
ainda presos nos meus, deixando-me ainda mais
atordoada.
Suas palavras me pegaram realmente de
surpresa e minha cabeça começou a rodar.
Ele precisava que eu fosse junto? Por quê? O
que isso significava?
Provavelmente nada. Embora nunca, desde que
eu começara a trabalhar como sua secretária, ele me
pedira que lhe acompanhasse em alguma coisa que
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não fosse um almoço ou jantar profissional em seu


restaurante preferido e que já tinham um lugar
cativo e reservado para sua chegada. Apenas
almoço, jantar, evento ou algo do tipo. Nada mais.
E agora isso? Ai, Jesus!
Ainda estava atordoada, não que eu não quisesse
e não fantasiasse ir a uma viagem dessas com ele,
mas definitivamente essa notícia me pegara de
surpresa.
― Precisa de mim em uma viagem de uma
semana? ― perguntei, ainda de boca aberta em
surpresa.
― Sim, Cecília. O que preciso fazer para que
você aceite minha proposta, além de, claro, saber
que terá uma boa gratificação no seu salário? ―
inquiriu, com um sorriso torto no rosto de quem
estava acostumado a ter o que queria.

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Ele não precisava fazer realmente nada para que


eu aceitasse, isso não estava em questão, porque
por mais que não tivesse dito em voz alta, eu já
tinha aceitado. Mas minha cabeça ainda girava
enquanto eu pensava em ficar tantos dias fora desse
escritório com ele.
Meu Deus, eu só podia estar sonhando!
— Eu a quero comigo, para me auxiliar nas
reuniões e me acompanhar nos eventos aos quais
terei de comparecer. Sei que nunca foi a uma
viagem comigo antes, mas também sabe a
importância desse contrato para a empresa e para
mim. Por isso preciso de tudo bem-organizado,
benfeito, preciso da sua eficiência, anotações,
planejamento dos horários… Tudo que apenas você
sabe fazer por mim, minha Cissa.
Senhor, ele disse minha Cissa?
Se eu não estivesse sentada, certamente teria
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caído durinha nesse chão com a tontura intensa que


me pegou diante de suas palavras. Eu certamente
deveria ter imaginado aquilo, pois não podia nem
mesmo acreditar que meu chefe estava me pedindo
isso e ainda por cima se referindo a mim como
dele.
Como resistir e não me derreter com isso?
Respirei fundo, tentando deixar o ar voltar a
penetrar meus pulmões, porque em algum momento
nessa conversa eu deveria ter me esquecido de
respirar.
― Senhor Oliver… ― comecei a falar,
desviando os olhos dos seus, no entanto fui
interrompida por ele:
― Oliver, apenas Oliver, Cecília. Já lhe disse
para acabarmos com essas formalidades. ― E,
ignorando minha falta de resposta, ele completou:
― Partimos amanhã às oito. Passo no seu
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apartamento às seis da manhã para te pegar.


Abri a boca ainda mais em choque ao ouvi-lo.
― Mas eu nem mesmo lhe dei minha resposta
― falei apenas, e sua sobrancelha se ergueu,
enquanto seu sorriso enigmático e recheado de
promessas me baqueou ainda mais enquanto ele
falava:
― Eu já sabia que não resistiria e não me diria
“não”, minha Cissa.
Claro! Jamais resistiria ou diria “não” para
você, meu gostoso!
Ainda em choque, pedi licença e saí dali o mais
rápido que pude. Tentei me recompor, mas não
achava que isso seria possível, pois eu tremia mais
que vara verde e nem mesmo sei como consegui
chegar até minha mesa, antes de dar continuidade
ao meu trabalho no restante do dia. Mas, claro,

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tendo a certeza de que não voltaria a enviar mais


nenhum e-mail errado para mais ninguém e muito
menos para meu chefe.

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CAPÍTULO 3
― Ainda aqui, Cissa? ― a voz grave e profunda
do meu chefe me fez saltar da cadeira, fazendo-me
encará-lo com a mão no coração.
― Ai, Dr. Oliver, que susto! ― exclamei, com
meu coração ainda aos pulos, e ele sorriu pela
minha reação.

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Eu estava tão concentrada nos meus afazeres,


tão entretida no que tinha que fazer, que nem
mesmo notei sua chegada. Era sempre assim,
quando meu chefe estava prestes a viajar, eu
costumava ter o trabalho dobrado para organizar
tudo por aqui. E, agora, sabendo que eu também
viajaria em cima da hora, o trabalho para deixar
tudo organizado durante nossa ausência fora ainda
maior.
― Não notou a hora? ― perguntou, ainda
achando graça, e neguei antes de alcançar meu
celular dentro da gaveta da minha mesa para
conferir as horas.
Meu coração parou por alguns segundos quando
descobri que já era quase dez da noite e eu nem
mesmo me dera conta do adiantar das horas.
Comecei a pensar no quão fodida estava por ter que
pegar um ônibus a essa hora, mas Oliver deve ter

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percebido a minha expressão assustada, porque


logo se adiantou e falou:
― Nós dois perdemos a hora, pelo visto. Está
tarde para ir sozinha, pode deixar que te levo até
em casa ― avisou antes de alcançar o celular no
bolso interno do seu terno e discar algum número.
― Jorge, estou de saída. Pode preparar meu carro
para partir, por favor?
Como CEO bilionário, Oliver certamente
precisava de uma equipe de seguranças para se
manter seguro. Jorge era seu chefe de segurança e
eu gostava bastante dele, apesar de ser um pouco
sério demais para o meu gosto. Vez ou outra,
especialmente quando saía tarde da empresa ou de
algum evento em função de trabalho, meu chefe
costumava pedir que ele me levasse para casa. Mas
nunca havia sido ele a me levar antes. E é
exatamente por isso que, depois de desligar meu

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computador e pegar minha bolsa, eu ainda estava


completamente chocada enquanto o elevador
particular do chefe fazia seu percurso.
Assim que chegamos ao andar da garagem, vi
que a ordem do nosso chefe havia sido cumprida,
pois um Audi R8 Spider na cor preta nos esperava.
Meu Deus! Logo R8? De todos os carros no
mundo, ele tinha logo o mesmo do Christian Grey?
Prendi a respiração, claro, impressionada.
Apesar de saber o quão rico o patrão era, nunca
pensei que ele teria um dos carros mais caros do
mundo em sua garagem e principalmente o carro
que havia entrado na imaginação de 99,9% das
mulheres do mundo desde o livro. Eu jamais, claro,
tinha entrado em um carro daquele.
Depois de trocar algumas palavras com seu
segurança, provavelmente dando as ordens sobre
como deveriam lhe escoltar, ele abriu a porta para
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que eu entrasse, me sentindo um pouco tímida.


O interior do veículo era tão bonito e suntuoso
quanto o exterior, com seus bancos de couro na cor
creme. Meus olhos passeavam com admiração pelo
elegante painel escuro e moderno com detalhes em
madeira polida, e não pude evitar, me senti um
pouco como a lerda da Anastasia Steele naquele
momento.
― Está tudo bem? ― perguntou quando sentou-
se no banco ao meu lado.
Eu queria dizer que “não”, que o fato de ele
estar atrás desse volante não me ajudaria em nada
com meus pensamentos inconvenientes e
totalmente pervertidos, mas me limitei a responder:
― Sim.
— Não se preocupe. Prometo que não tem
perigo comigo — afirmou de forma provocativa,

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sua voz quase em um sussurro, e instantaneamente


senti meu sangue ferver e o coração disparar.
Na verdade, Oliver, eu queria, e muito, estar em
perigo com você!
Como minha pele era bem branquinha e eu não
tomava sol, provavelmente desde o início dos anos
90, eu tinha certeza de que naquele exato momento
minhas bochechas deveriam estar vermelhas diante
de suas palavras. E principalmente sobre como tudo
isso mexia comigo sobremaneira.
Toda a situação era demais para mim, reles
semivirgem, e o fato de Oliver ser cheiroso demais,
do tipo que costumava deixar seu rastro por onde
passava, não me ajudava em nada. E, bem, eu
amava isso, mas estar presa dentro daquele carro
que parecia ter seu cheiro impregnado em cada
canto só me deixava cada vez mais embriagada por
ele.
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Eu acho que essa seria uma ótima hora para ter


uma crise de sinusite para tentar me controlar!
Com um ronco potente, o carro acelerou pelas
ruas da cidade, imponente como o dono. Não
precisei dizer onde eu morava, meu chefe parecia
saber exatamente onde ficava minha humilde
residência. O trajeto até meu prédio velho e simples
foi rápido e um pouco silencioso, ao menos da
minha parte, que respondia apenas o que ele me
perguntava.
Eu não gostava daquele silêncio constrangedor,
mas também não sabia o que fazer para quebrá-lo.
Ainda que tentasse provar o contrário, meu chefe
me intimidava demais para que eu conseguisse agir
como uma pessoa normal diante dele. Até porque
era impossível agir normalmente estando com o
poderoso Oliver Prado Albuquerque e Guimarães.
Eu era apenas uma mulher boba e apaixonada pelo

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chefe.
Ele parou o carro, sua mão direita ainda apoiada
no volante.
― Eu te ligo assim que chegar amanhã, tudo
bem? ― perguntou.
― Sim, senh… Oliver. ― Apressei-me em me
corrigir, ciente de que ele estava atento e reclamaria
do meu modo de tratamento. Evitando o confronto,
tratei de desafivelar o cinto de segurança e me
preparei para deixar o carro. ― Obrigada pela
carona.
Abri a porta e antes que pudesse sair
completamente do carro, o escutei dizer:
― O prazer foi meu, minha Cissa.
Novamente, aquelas palavras foram ditas, me
desestabilizando, fazendo meu coração bater
descompassado e minhas pernas vacilarem. Sem
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saber como agir, bati a porta do veículo, me


segurando para não olhar para trás, indo em direção
à portaria do meu prédio.
Somente quando me viu em segurança, dentro
do hall de entrada, é que Oliver arrancou com o
carro, deixando-me abobada, observando seu carro
desaparecer. Eu me perguntei o que aconteceria
comigo naquela viagem, estando tão próxima e
sozinha com ele.

Quando meu telefone despertou na manhã
seguinte, suspirei sabendo que, por mais que
quisesse voltar a dormir e a sonhar com meu lindo
chefe, eu tinha que me levantar para trabalhar,
mesmo que isso significasse uma viagem com ele.
Espreguicei-me, pedindo “licença” para Grey e
Cross, meus gatos de estimação, que haviam
adormecido na minha cama na noite anterior.
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Levantei-me, tomando cuidado para não pisar em


mais nenhum felino.
Eu tinha oito gatos, Christian Grey, Gideon
Cross, Eric Zimmerman, Ethan Blackstone, Bennet
Ryan, Drew Evans, Jeremiah Hamilton e Oliver,
meus filhos de quatro patas, que receberam seus
nomes em homenagem aos meus CEOS e amores
literários e o último, o mais novo entre eles, por
causa do CEO que eu mais amava em minha vida.
Após acarinhar cada um dos meus
ciumentinhos, segui para o banheiro, levando o
celular comigo. Eu sabia que a qualquer momento
ele tocaria e anunciaria uma ligação de Oliver,
trazendo-me de vez para a vida real.
Como imaginei, no horário marcado, enquanto
tomava meu último gole de café e me preparava
para sair.
― Estou aqui embaixo ― disse apenas.
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― Já estou descendo ― respondi antes de


desligar.
Correndo, fui até o meu banheiro, tomando
cuidado para não escorregar e cair de cabeça no
chão, coisa que já havia acontecido centenas de
vezes nessa minha vida de desastrada. Escovei os
dentes em tempo recorde e depois de ter certeza de
que estava pronta, saí de casa jogando um beijo
para todos os meus bichanos.
Como havia felinos demais no apartamento,
mamãe concordou em ficar ali até ao meu retorno,
para alimentá-los e fazer companhia. Ela sabia que
eu era um pouco psicótica quando se tratava dos
meus filhos e por isso viria para cá para me deixar
despreocupada.
Quando cheguei à entrada do meu prédio, os
olhos de Oliver recaíram sobre a minha enorme
mala rosa da Hello Kitty e percebi suas
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sobrancelhas arquearem em diversão, deixando-me


envergonhada pela minha bagagem infantil. A
verdade era que, como fui avisada de última hora,
não tive como providenciar outra bagagem, algo
menos infantil, certamente. Ou era a Hello Kitty ou
a mala pequena com estampa de oncinha, que
malmente caberiam minhas calcinhas, então não
tive escolha.
― Bom dia ― cumprimentou-me com um
sorriso divertido nos lábios.
Hoje ele parecia ainda mais alto para mim, pois
ao contrário de todos os dias, eu não usava o
scarpin de salto exigido no uniforme de trabalho,
mas, sim, uma sapatilha confortável, com meu
jeans preferido, uma batinha e casaco também
jeans.
Oliver também estava diferente do que via
diariamente e o que imaginei ser impossível
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acontecia diante dos meus olhos: ele estava ainda


mais bonito. Vestido em um terno azul marinho,
camisa branca, que ressaltava os músculos
definidos, e jeans, meu olhar se prendia aos cabelos
escuros e molhados, que, ao contrário do que eu
estava acostumada a ver, caíam sobre os olhos,
despenteados, completamente em desalinho,
trazendo uma mensagem clara: aquele era “o dono
da porra toda” e do meu coração.
Seu maxilar quadrado estava com a costumeira
barba por fazer, que o conferia um visual ainda
mais sério e másculo. Seus olhos tão claros
pareciam ter um brilho perverso, que me deixou
ligeiramente zonza com a intensidade que olhava
para mim.
Meu Deus! Como vou conseguir me controlar
diante disso tudo?
― Bom dia ― consegui responder, ainda
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sentindo meu rosto queimar.


Com uma enorme facilidade, ele carregou minha
mala e a levou em direção ao seu carro,
acomodando-a no porta-malas. Cavalheiro como
sempre, Oliver abriu a porta para que entrasse no
seu R8.
Sentada no banco do passageiro, levemente
sonolenta, minha luta interna, naquele momento,
era apenas para não adormecer com a boca aberta e
babar como uma criança que olha o seu doce
favorito.
Depois de colocar meu cinto, ajeitei-me
confortavelmente antes de o meu chefe dar a
partida do carro. O aeroporto era localizado do lado
oposto de onde estávamos, e a contar que aquele
era um horário em que o trânsito ficava
congestionado, achei por bem checar a sua agenda
do dia e anotar algo que ele julgasse pertinente ao
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longo do caminho, assim me distrairia de sua


presença avassaladora, mas Oliver tinha outros
planos:
― Cissa, pare de pensar um pouco sobre
trabalho. Nem tudo se resume a isso ― concluiu,
exibindo um sorriso enigmático, que fez meu
coração derreter.
O que eu diria?
Não havia nada para ser dito, e por mais que me
sentisse desconcertada, pus o aparelho em minha
bolsa, depositando então as mãos vazias sobre os
meus joelhos.
― Não se preocupe com trabalho agora, Cissa.
Apenas aproveite a viagem ― ele falou de forma
misteriosa, antes de me dar uma piscadinha que me
fez arrepiar desde os dedinhos dos pés até os fios
de cabelo da cabeça, arrepiando inclusive os fios
inexistentes no meio das pernas.
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Nossa Senhora das Semivirgens Taradas, me


ajude, porque com um homem desses não dou
conta, não!

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CAPÍTULO 4
Como havia imaginado, o percurso até o
aeroporto foi bem demorado, fazendo com que
Oliver ligasse o som do carro, rompendo o silêncio
constrangedor que pairava entre nós. Vê-lo
cantarolar de forma tão leve e descontraída me
encantou, e para disfarçar meu abobamento, peguei
meu e-reader, que sempre levava comigo para todo
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canto, e simulei estar lendo um livro qualquer, mas


nada prendia minha atenção, a não ser o homem
deslumbrante ao meu lado.
Mas como se concentrar, quando você descobre
que para completar ele ainda tem a voz tão linda
quanto à do Bruno Mars?
No terminal de embarque particular, fiquei
deslumbrada olhando as aeronaves de pequeno
porte, todas alinhadas e a postos para levar seus
tripulantes abastados. Era claro para mim que
Oliver fazia parte deste seleto e exclusivo grupo de
pessoas, afinal de contas, com tantas viagens
profissionais, ele não se sujeitaria às companhias
aéreas e suas classes econômicas. Ainda assim, eu
não fazia ideia de que sua aeronave fosse tão
grande.
Nesse caso, estou realmente falando do avião.
Não que o dono não seja, ok?
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A aeronave era toda branca, com adesivos


estilizados na cauda e a logomarca da Albuquerque
e Guimarães em destaque. Após algumas
recomendações ao chefe da segurança, embarcamos
no jatinho. Admirando o interior bege com detalhes
que imitavam a madeira, me dei conta de que havia
poltronas suficientes para uma família inteira, além
de uma área para descanso e jantar, que ficavam ao
lado de uma pequena acomodação com uma cama.
O jatinho era um luxo e obviamente muito
aconchegante. Sempre li muito sobre eles nos meus
livros de romance, onde o CEO bilionário levava
sua amante para viajar esbanjando luxo e a possuía
na cabine sem se preocupar em serem ouvidos.
Nunca achei que andaria em um desses um dia, e
agora eu estava ali com um homem lindo e
bilionário, que ainda por cima era meu chefe,
exatamente como nas histórias que eu tanto amava.

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Ok. Talvez não tão exatamente, visto que ele


nem mesmo estava me pegando! Mas não custava
sonhar, certo?
Sentamo-nos em duas poltronas confortáveis,
vendo uma comissária muito bonita e elegante se
aproximar de nós, nos cumprimentando com um
largo sorriso:
― Bom dia, senhor Oliver! Bom dia, senhora.
― Bom dia, Kelly. ― Ele sorriu para ela, antes
de olhar de mim para ela. ― Cissa, essa é Kelly,
nossa comissária de bordo. Kelly… Essa é Cecília
― ele nos apresentou.
― Prazer, Kelly ― eu a cumprimentei, meio
nervosa e sem jeito.
― Prazer em conhecê-la também, Senhora
Cecília ― ela falou, muito simpática. ― Vocês
gostariam de algo para beber? ― perguntou.

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― Apenas um café, Kelly. Obrigado. ― Ele se


virou para mim, esperando que eu me
pronunciasse: ― E você?
― Não, obrigada. ― Sorri, ainda sem jeito e
começando a ficar nervosa com a situação.
Melhor não engolir nada que eu poderia
colocar para fora! Afinal, melhor prevenir do que
remediar!
― Então será apenas um café. Obrigado, Kelly.
― ele sorriu, antes de a aeromoça se retirar para
atendê-lo.
Talvez fosse besteira me sentir assim,
deslocada, no entanto, por mais que eu quisesse,
não conseguia controlar essa sensação por estar
longe da minha zona de conforto.
Devo ter demonstrado meu nervosismo de
alguma forma, pois assim que me recostei no

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assento de couro e fechei meus olhos, ouvi Oliver


me questionar.
― Você não gosta de voar?
Tentei não corar tão duramente como sentia
estar fazendo com sua pergunta, mas, ainda assim,
me vi obrigada a olhar para ele e lhe Oferecer a
verdade sobre o que estava acontecendo de fato.
― Na verdade, nunca viajei de avião antes ―
confessei, sentindo meu rosto queimar de vergonha.
― Sério? ― ele me perguntou incrédulo,
juntando as sobrancelhas, e acenei em
concordância. ― De verdade? ― voltou a
perguntar, coçando a barba por fazer. ― Bem, isso
foi inesperado ― soltou, parecendo realmente
surpreso.
― Sim. Todos os meus parentes moram perto e,
quando acontecia de viajarmos, era de carro.

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Depois, com a faculdade e o trabalho, não tive


muitas oportunidades de viajar ― admiti, olhando
para qualquer lugar que não fosse em sua direção.
Eu tinha ciência de que minhas bochechas
estavam coradas, afinal, minha pele branca
rapidamente me denunciava. Mas, dessa vez, me
senti um tanto juvenil enquanto confessava isso
para ele. Afinal, eu não era uma pessoa viajada
como ele, nem mesmo saí do estado e certamente
não tinha muita experiência de vida.
― Você está com medo? ― Sua voz calma e
acolhedora me pegou em um sobressalto, fazendo-
me engolir em seco.
― Um pouco ― admiti, dando de ombros,
tentando não demonstrar tanto minha insegurança.
― Meu pai sempre disse que avião é o meio de
transporte mais seguro de todos… E se a gente cair,
com certeza não vamos sofrer muito, certo? Acho
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que morremos logo! ― eu tentei falar para me


acalmar, mas o resultado foi o oposto. No entanto,
Oliver caiu na gargalhada.
O som gostoso da sua risada me fez sentir
aquela familiar sensação de borboletas no
estômago, que era tão clichê nos livros, mas que me
fazia um bem danado, mesmo que meu amor não
fosse correspondido. Talvez eu estivesse destinada
a viver esse amor platônico, minha própria poesia
lírica da literatura portuguesa.
Observei seu perfil perfeito, os fios escuros de
sua barba me fizeram ter ainda mais vontade de
senti-la roçando meu corpo. Deixei escapar um
grunhido de prazer por minha garganta seca, ao
imaginá-lo executando o gesto. E quando seus
olhos azuis se viraram para mim, sua risada cessou
e me vi presa como sempre ficava quando ele fazia
isso.

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― Cissa… ― ele começou a falar, mas a voz da


aeromoça soou no alto-falante da aeronave:
― Por favor, apertem seus cintos, pois dentro de
instante iremos decolar.
Com a respiração interrompida, me certifiquei
de que o cinto estivesse mesmo afivelado, olhando
pela janela, vi o jatinho taxiar. Obrigando-me a
fechar os olhos com força, desfrutei da sensação da
decolagem. Era um pouco desconfortável, um frio
estranho na barriga quando se voava pela primeira
vez.
Tentei lutar contra, mas o mal-estar aumentava,
mesmo após perceber que a aeronave estava
estabilizada no ar. Senti um tremor me dominar
vagarosamente e pensei que fosse desmaiar. O
desespero me fez alcançar a mão de Oliver, que
pendia do encosto do assento, segurando-a com
toda minha força, enquanto sentia meu estômago
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embrulhar.
― Você está bem? ― perguntou, apertando
ainda mais minha mão na sua.
Não queria soar patética, mas também não
conseguia mentir para ele.
― Não ― confessei.
― Ei, olha para mim. ― ele pediu, segurando
meu queixo.
Meus olhos se abriram imediatamente com seu
pedido e o encarei, tentando muito não chorar. Com
muito esforço, consegui me segurar, afinal, como
se já não fosse vergonhoso o suficiente minha
reação, chorar por uma besteira diante do homem
que eu amava era pedir para morrer.
― Já te contei sobre quando resolvi aprender a
pilotar helicóptero? ― ele perguntou e minha boca
se abriu em um “O”.
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Caramba, ele quer me enlouquecer com essa


coisa de Christian Grey e Charlie Tango?
Se antes eu estava suando frio, agora comecei a
sentir meu corpo todo esquentar.
Era impressão minha ou estava calor aqui?
― O ar está ligado? ― perguntei, me abanando
com a mão livre, por que minha outra ainda estava
agarrada à dele e eu não soltaria nem por reza
braba.
― Sim ― ele respondeu calmamente.
Oliver afastou as mechas de cabelo que estavam
no meu rosto com a ponta dos dedos, fazendo-me
estremecer. Meu coração acelerou ainda mais
quando senti seu hálito morno contra minha pele ao
assoprar.
Senhor, me abana! Agora eu estava era
pegando fogo!
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― Acho que vou aceitar uma água agora. Com


muito gelo! ― falei, antes de engolir em seco,
sentindo a secura da minha garganta, qualquer
medo esquecido e sobrepujado pelo que ele me
provocava.
Oliver sorriu como se soubesse de algo que eu
não sabia. E se antes eu tinha alguma dúvida, agora
tinha mais do que certeza de que estava perdida.

Assim que pousamos no aeroporto de Porto
Seguro, na Bahia, um carro já estava à nossa
espera. Com o auxílio dos seguranças que viajaram
conosco, o motorista pegou nossas malas, enquanto
nos acomodávamos no banco de passageiros.
Mais um carro importado na garagem do meu
chefe me fez suspirar. Uma Land Rover Evoque na
cor preta, que lembrou-me imediatamente de um
outro CEO da literatura pelo qual eu também era
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muito apaixonada: Luca Campanaro.


Ah, como eu queria ser a Sophia dele!
Nosso destino, na verdade, era Trancoso, onde a
Albuquerque e Guimarães tinha alguns
empreendimentos recém-inaugurados e outros
ainda em andamento. O turismo do local estava
crescendo rapidamente, se tornando um dos
destinos mais procurados entre os turistas e até
mesmo artistas. Meu chefe, que não era bobo nem
nada, logo viu a mina de ouro que era investir ali e
praticamente dominara os novos e até mesmo
velhos empreendimentos locais.
No entanto, o aeroporto mais próximo de
Trancoso era o de Porto Seguro, e, sendo assim,
pegamos a estrada em direção ao nosso destino.
Durante um pouco mais de uma hora apreciei a bela
arquitetura local e suas casinhas coloniais
coloridas, antes de finalmente chegarmos ao hotel.
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O hotel em que ficaríamos chamava-se DaVilla


e, apesar de hoje pertencer à Albuquerque e
Guimarães e ter passado por uma grande reforma e
restruturação recentemente, ainda assim era um dos
mais tradicionais da cidade.
A propriedade era cercada pela Mata Atlântica
e também tinha uma lindíssima praia com areias
branquinhas em sua frente. Fiquei chocada com o
que via, pois apesar de já ter visto fotos do lugar, a
fachada rústica e todo o resto eram realmente
lindos e aconchegantes.
Um manobrista logo veio nos atender ao
saltamos do carro e adentramos o hall bem-
decorado, de tons terrosos e decoração rústica.
Dirigimo-nos ao grande balcão de madeira de
demolição, onde uma recepcionista bonita e muito
educada nos recebeu com bastante
profissionalismo.

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Depois de levarem nossas malas para os quartos,


Oliver me convidou para que tomássemos café e
não tive como recusar. Ele encostou sua mão em
minhas costas com suavidade, indicando-me o
caminho que deveríamos seguir e me senti
estremecer sob seu toque.
Era impressão minha ou eu estava
hiperventilando?
Por alguns segundos me senti perdida e tentei
me distrair da sensação de eletricidade que ele me
fazia sentir. Aproveitei para observar um pouco o
lugar ao meu redor, vi algumas mulheres irem e
virem, desfilando muito confortavelmente em seus
biquínis, alguns até indecentes demais para o meu
gosto.
Fiquei chocada. Não que eu tivesse muitos
pudores, porque na verdade não tinha,
especialmente depois de ter sido “criada”
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devorando o meio literário erótico quase todo, ou as


julgasse pelas suas escolhas, mas eu era insegura
demais com meu corpo para me permitir vestir algo
menor do que um “maiô de vovó”. Não era à toa
que meu bronzeado atual estava mais para Olaf de
Frozen.
Entramos no bar do hotel, cujas cadeiras eram
feitas de palhinhas e as luminárias seguiam o
mesmo estilo, sendo os outros móveis com
elementos de madeira, cores claras e
naturais, fazendo do lugar ainda mais charmoso e
exótico. Sentamo-nos em uma das bonitas mesas
disponíveis em frente à piscina e um garçom logo
se apressou para vir nos atender. Oliver pediu que
nos trouxessem um café da manhã completo para
dois e perguntou se eu tinha um pedido especial, o
que de pronto neguei.
― Sente-se melhor? ― perguntou atencioso,

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quando o garçom se retirou com nossos pedidos,


após servir de água as taças à nossa frente.
Novamente me senti envergonhada pela cena
que o fiz presenciar. Se antes já não tinha chance
com meu chefe, agora nem mesmo nascendo de
novo. Assenti com a cabeça, olhando para tudo ao
meu redor, menos para ele, pois não me via
preparada para isso.
― Não se sinta envergonhada ― falou sem
deixar de dar aquele seu sorriso de canto, quando
olhei finalmente para ele.
― Fácil falar ― eu disse, sentindo meu rosto
enrubescer ainda mais enquanto o via olhar para
mim.
― Não quero que tenha vergonha de mim, Cissa
― afirmou simplesmente.
― Por quê? ― tive que perguntar.

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Eu merecia saber, certo?


― Porque não há motivos para isso. Não há por
que temer a minha pessoa. Eu não mordo ― disse,
antes de bebericar a água em sua taça.
O que era uma pena! Pois eu adoraria que ele
me mordesse todinha!
Durante um segundo fez-se um silêncio mordaz,
enquanto eu tentava entender o que havia dito,
então Oliver completou:
― A menos que me peça. ― Com isso voltou a
olhar profundamente em meus olhos, onde um
brilho perverso cintilava nos seus.
Ai. Meu. Deus. Morta eu estava! Era uma vez
uma calcinha!
― Ah! E a propósito, vamos ficar juntos na
mesma suíte — terminou de falar casualmente
enquanto eu cuspia a água que estava em minha
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boca.

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CAPÍTULO 5
— O quê?! — gritei em surpresa.
Eu ainda não estava acreditando que meu chefe
falara sério. Quer dizer, nós nunca havíamos
viajado, mas jamais imaginei que isso aconteceria,
caso contrário, teria me oferecido para viajar com
ele muito antes.

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Claro! De besta eu não tinha era nada!


Enquanto isso, Oliver parecia estar se deliciando
com a minha reação exacerbada. Até mesmo me
estendera um guardanapo para que enxugasse a
cuspida que dei em mim mesma, embora não
tivesse deixado de rir um minuto sequer.
― Você está falando sério? ― insisti,
começando a ficar irritada.
Já vi que hoje ele estava me vendo como uma
palhaça! Foca na Eva Tramell e esqueça o Bozo,
chefinho!
― E por que não seria? ― ele perguntou,
tentando não rir.
― Porque o senhor não me disse nada… disso!
― apontei o óbvio.
Não que eu estivesse reclamando! Longe de
mim!
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― Não se preocupe, que você terá sua


privacidade, Cissa. É mais como um apartamento.
Tem dois quartos, uma sala , cozinha… Enfim,
achei que seria melhor ficarmos juntos.
― E por que seria? ― tive que perguntar, um
tanto decepcionada, mas ainda assim querendo
ouvir mais dele.
― Porque posso precisar de você.
Não foi exatamente o que ele disse que me
deixou sem ar, mas como me foi dito. Talvez eu
tivesse apenas imaginado o que ele falara. O que
não seria novidade alguma, se tratando de mim.
Mas quando ele permaneceu sem tirar os olhos de
mim, dei-me conta de que ele realmente havia dito
aquilo.
Senhor, minhas orações finalmente foram
ouvidas?

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Na minha lentidão de entender o que ele queria


me dizer com aquilo, não me movi um milímetro
sequer. Meu sangue fluiu como uma descarga de
adrenalina, pulsando por todo o meu corpo, fazendo
meu coração palpitar e minha pele esquentar. Meu
pulmão deveria ter entrado em recesso, porque tive
certeza de que estava a um segundo de ter uma
insuficiência respiratória com o sorriso malicioso e
um olhar cheio de promessas que ele me dera.
Merda! O que ele estava fazendo? Queria me
enlouquecer?
Não tive tempo sequer de pensar em uma
resposta, pois o garçom retornara com nosso café
da manhã.
DROGA! Justamente quando meu querido
chefinho ia confessar que me queria não apenas em
sua cama, mas também em sua vida? Rá. Rá. Rá.
Faz-me rir, Cecília!
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Passei as mãos ainda úmidas no rosto, tentando


me fazer despertar desse sonho do qual eu parecia
me recusar a acordar. Sentindo seu olhar sobre
mim, peguei a xícara, bebericando um pouco do
líquido negro sem nem mesmo adoçá-lo, pois
precisava desesperadamente acordar.
Bora parar, né, Cissa? Hora de voltar para a
realidade e parar de sonhar e idealizar que seu
chefe está dando em cima de você!
Embora não sentisse um pingo de fome,
comecei a comer, porque não tinha nada melhor do
que isso para preencher o tempo. Precisava me
concentrar em qualquer coisa que não fosse seus
olhos cinza em mim, estudando cada gesto meu,
reparando cada detalhe sobre minha humilde
pessoa.
― Daqui vamos direto para a reunião com a
incorporadora? ― perguntei, sem conseguir mais
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postergar o silêncio, que era quebrado apenas pelos


sons dos nossos talheres e as ondas do mar que
ficava bem próximo de onde sentávamos.
― Na verdade, vou sozinho à reunião ― falou
limpando o canto da boca com o guardanapo de
pano, me deixando surpresa pela resposta.
Ué, eu não havia ido até ali para auxiliá-lo nas
reuniões? Não estava entendendo nada!
― Tem certeza de que não precisa da minha
presença? ― insisti e ele me deu aquele seu meio
sorriso, que por vezes me dizia mais do que um
cheio de dentes.
― Tenho. Vá para seu quarto descansar. Vá à
piscina, à praia… Enfim… Tire o restante do dia
para você ― disse simplesmente.
― Algo mais? ― perguntei, tentando manter a
naturalidade. Embora por dentro minha Piriguete

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Interior estivesse gritando:


Eu vou dormir com meu chefe!
― Por enquanto, não ― respondeu apenas,
antes de bebericar o suco que tomava. ― Só não se
esqueça de que à noite temos o coquetel de pré-
lançamento do condomínio ― lembrou-me e
balancei a cabeça rapidamente.
― Alguma recomendação especial? ―
perguntei, já tirando meu caderno de anotações da
bolsa.
Tipo: “Me espere nua na cama!” Afinal, eu
precisava estar preparada para qualquer coisa que
ele me pedisse! Mesmo que fosse para me deitar
nua na cama à sua espera!
― Só esteja ainda mais linda do que já é ―
disse, antes de sorrir de canto, derretendo-me por
completo.

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Para tudo que eu estava era morta e tinha


perdido uns 5kg de tanto gozar!
“Só esteja ainda mais linda do que já é.” Sua
voz penetrou meus ouvidos, fazendo meu coração
batucar de forma violenta, deixando-me espantada
demais para conseguir formular um resmungo que
fosse, nem mesmo um pensamento era possível,
quanto mais uma frase completa. Não consegui
nem mesmo sustentar seu olhar inflamado, apenas
me concentrei em respirar para não acabar
desmaiando, o que, convenhamos, quando se
tratava da minha pessoa era uma verdadeira vitória.
Não sei muito bem como consegui sair daquela
mesa depois do que Oliver me disse. Já era um
verdadeiro milagre que eu conseguisse ter me posto
de pé e continuei assim enquanto me encaminhava
para o quarto que dividiríamos pelos próximos dias,
quando a verdade era que meus joelhos não tinham

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firmeza e temi que despencasse como uma jaca


podre, caso o vento soprasse um tiquinho mais
forte.

Depois que cheguei ao nosso quarto, tomei um
banho frio e depois me joguei na cama, onde tentei
dormir, mas foi em vão. A verdade era que, por
mais que eu tentasse, suas palavras não saíam de
minha cabeça e eu já estava a ponto de
enlouquecer, pensando no quanto as coisas
pareciam ter mudado tanto do dia para noite.
Será que meu chefe tinha fumado orégano? Era
a única explicação!
Pedi o almoço no quarto mesmo e depois de
comer uma maravilhosa moqueca de camarão,
ponderei sobre o que faria a seguir. Como acontecia
a cada vez que me sentia um pouco perdida e
confusa, disquei o número do celular da minha
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mãe.
― Oliver, menino, deixe seu irmão comer
também! Para de ser guloso que tem comida para
todo mundo! ― Ela já atendeu gritando.
Sim. Oliver era possessivo e guloso que nem o
pai!
E claro que o “pai” nem mesmo fazia ideia de
que tínhamos um filho que levara seu nome e ainda
por cima a nomenclatura “Junior” no final. Não que
eu fosse lhe dizer um dia, mas quando adotei Oliver
Jr. no abrigo de animais há seis meses, algo nos
olhos azuis do bichano e a forma como ronronava,
roçando seus pelos brancos e macios em minha
mão, me lembraram do meu querido chefe.
Exatamente por esse motivo que ele recebera seu
nome.
― Oi, mãe ― chamei sua atenção, já morrendo
de saudades dos meus filhos.
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― Oi, meu Biscoitinho de Nata ― ela me


cumprimentou, chamando-me pelo meu apelido de
infância.
Esse apelido me foi dado pela minha avó
materna, porque desde que nasci eu era a mais
branquela entre seus netos. O que até hoje era
motivo de gozação na família, que me chamava de
todos os sinônimos possíveis imagináveis e
também inimagináveis de branquela.
― Como estão todos por aí? ― tive que
perguntar, porque era mais forte do que eu.
― Estão ótimos. Fora o Oliver, que como você
ouviu está monopolizando tudo para si, como
sempre.
Sim, igualzinho ao pai. Parecia o Oliver dos
meus sonhos! Não me deixava pegar nem um único
CEO além dele!

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― Acabei de dar banho em todos eles. Depois


do esforço que fiz, não preciso ir para
hidroginástica pelos próximos seis meses ―
continuou a tagarelar.
Como quase todos os gatos, os meus não
gostavam muito de banho também. Com exceção
de Oliver e Gideon, que adotei quando ainda eram
bebezinhos e os acostumei a gostar de banho, todos
os outros, como chegaram um pouco maiores,
lutavam para entrar embaixo da água.
Eu não era apenas apaixonada por eles, como
também cuidava deles com todo amor do mundo.
Eles costumavam ir para o Pet Shop tomar banho e
passar por uma revisão com o veterinário do
Abrigo em que os adotei, ao menos uma vez por
mês. E por mais que não saiam do meu
apartamento, ainda assim, costumava lhes dar
banho de shampoo a seco uma vez na semana,

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porque realmente não conseguia dar conta deles


todos. Mas minha mãe não se intimidava e banhava
meus bichanos a cada visita na minha casa.
― E como está tudo por aí? A Bahia é
realmente bonita? E a comida? ― disparou, me
enchendo de perguntas.
― Sim, mãe. Aqui é tudo lindo. Ainda não saí
do hotel, mas o pouco que pude ver realmente
excede todas as expectativas. A comida…
Mas ela nem mesmo esperou que eu terminasse
e foi logo me cortando:
― Não quero saber o que você andou comendo,
quero saber se está sendo comida! Já arranjou um
baiano para te pegar de jeito?
Lá vem…
― Mãe! Que coisa! Já falei para parar de
perguntar esse tipo de absurdo! ― eu a repreendi.
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― Não venha me repreender ou querer mandar


em mim, não! Me respeite que sou sua mãe! Claro
que não vou parar de perguntar! Não que não ame
meus netos felinos, mas não posso desistir da
minha filha caçula sem lutar! ― afirmou com
convicção. ― Não quero vê-la ficar, literalmente,
para titia e sua casa com 27 gatos!
SEN-HOR! Eu mereço!
― Mãe, para com isso! ― gemi, porque eu
odiava, com todas as minhas forças, esse papo.
É. Estava bem chato, já!
― Sério, filha, já disse que não me incomodaria
que fosse lésbica. Não entenderia direito, afinal,
tanto eu quanto sua irmã gostamos muito do que o
homem tem a nos “oferecer” e aproveitamos
muuuuuito nossa juventude e solteirice, mas juro
que aceitaria sua escolha. Ao menos morreria
sossegada, sabendo que minha filha não seria
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comida pelos seus gatos caso morresse, pois não


estaria sozinha ― falou com pesar.
― Ai, mãe, que horror! ― Outro gemido me
escapou ao ouvir o que ela disse.
― Que horror nada! Estou fazendo apenas uma
constatação do que será sua realidade caso não
arranje alguém. Mas como meu sonho de vê-la
desencalhar será possível, se você ou está
trabalhando ou está com a cara enfiada nos seus
livros? Se ao menos largasse esses livros bobos e
fosse atrás de um relacionamento, como uma
pessoa normal, eu não me veria tão preocupada
com você. Sério, Cecília, tem dias que nem mesmo
durmo pensando nisso! ― dramatizou, fazendo-me
revirar os olhos.
Era sempre assim, não sei como ainda me
surpreendia. Eu amava demais minha mãe, mas
odiava essa sua preocupação exagerada sobre
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minha vida amorosa… Ou a ausência dela. O pior,


era que ela não era a única a me cobrar isso, toda a
família me cobrava. Estava cansada das mesmas
perguntas a cada encontro. Tudo bem que eu era a
única filha solteira dos meus pais… E também
única neta, porque até mesmo as bisnetas já haviam
começado a arranjar namorados… Tá, eu também
era a única solteira entre minhas amigas, mas isso
não significava nada, certo?
Ok. Talvez significasse que, mesmo com meus
vinte e sete anos, com um único namorado durante
toda vida ― que por sinal era meio gay ―, sem
nenhuma perspectiva de romance além daqueles
que lia nos meus livros, eu realmente ficaria para
titia e morreria cercada de gatos. Mas quem ligava?
Eu, mas isso não vinha ao caso no momento!
― Mãe, pode parar? Isso é chato! Estou nova,
tenho uma vida toda pela frente, quando menos
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esperar vai acontecer ― tentei me convencer e


achei por bem reiterar. ― E só para constar, eu
gosto de homens, só não achei o certo ainda! ―
Novamente, tentei me convencer de que era
verdade, embora, se fosse sincera comigo mesma,
já tinha ficado um pouco cética.
Ou talvez, tivesse achado o homem certo, porém
eu era a mulher errada para ele!
― Imagine se odiasse ― debochou. ― Estou
sendo sincera, filha, pois sua situação é realmente
preocupante. Sei que não é mais virgem desde
aquele Projeto de Barbie que você namorou… Se é
que podemos chamar o que aconteceu com vocês
de perder virgindade, mas vamos colocar como se
de fato tivesse acontecido, para não fazer a situação
ainda mais triste… Mas já faz tanto tempo!
Quantos anos você tinha? Dezenove? Eu acho que
você dançava Ragatanga na época. Faz tanto

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tempo, que o próximo homem que te levar para


cama precisará de uma britadeira no lugar do pau
ou de uma dinamite para embrenhar-se nessa
caverna! Você precisa de uma trepada épica para
deixar de ser assim… tão lesa!
Sangue de Cristo tem poder! Eu deveria ter feito
o Santo Sudário de pano de chão para merecer
isso! Só podia!
― Mãe, por que em vez de ficar falando dos
meus problemas sexuais, você não vai falar dos da
Clarissa? Porque não sei se já percebeu, estando tão
interessada em me desencalhar, mas sua filha mais
velha, sim, parece ter problemas com isso! Acho
bom ir conversar com ela e aconselhá-la a fazer
essa laqueadura, porque ela tá pensando que
procriar menino é a missão de vida dela! E
aproveita e vai à igreja se confessar, porque, com
certeza, deve ser pecado uma mãe falar esse tipo de

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coisa para sua filha! ― exclamei horrorizada e ela


soltou um muxoxo antes de responder:
― Sua irmã ao menos tá transando e me dando
neto, então deixe ela! ― bufou, antes de segredar:
― Parei de ir à igreja. Acho que entrarei em greve!
Santo Antônio, o que dizem ser “santo
casamenteiro”, ficou de castigo e de nada adiantou,
pois não deu conta do meu humilde pedido. Apelei
para Santa Rita, santa dos desesperados e também
não deu certo. Agora, como último recurso, meu
papo é com Santo Expedito, porque, minha filha,
você está tão encalhada, que não teve santo que
desse jeito e agora é a vez do santo do impossível!
Puta que pariu! Eu merecia isso!

Depois que finalmente consegui desligar o
telefone, claro, após ouvi-la cantarolar para que eu
arranjasse “um negão de tirar o chapéu”, como na
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música da Alcione, vi que já eram mais de quatro


da tarde e por isso resolvi começar a me arrumar.
Eu me depilei, hidratei, repintei as unhas dos
pés e mãos e depois de modelar meus cabelos loiros
com cachos, finalizei a maquiagem. Calcei meus
saltos e coloquei o vestido que havia trazido
especialmente para o evento dessa noite.
No momento em que entrei na sala, senti os
olhos de Oliver sobre mim. Foi impossível não
sorrir quando notei que ele não conseguia disfarçar
a forma cobiçosa que me olhava. Era a primeira vez
que eu percebia como ele me encarava e isso
mexeu comigo sobremaneira.
Ok, talvez eu não estivesse tão louca assim e ele
realmente me notara!
O vestido que eu usava tinha sido comprado
para o último evento da empresa, mas como eu
ficara na dúvida entre ele e outro, acabei levando os
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dois e esse ficara guardado no meu guarda-roupa


para a próxima oportunidade, que havia chegado.
Como os eventos da empresa costumavam ser bem
formais, esse era um tubinho longo na cor preta,
que me dava mais curvas do que eu realmente
tinha. E os Scarpins da mesma cor ajudavam-me a
parecer mais poderosa sobre meus pés.
Eu o vi abrir a boca mais de uma vez, parecendo
sem palavras e eu gostei de vê-lo assim. O olhar de
cobiça ainda não havia deixado seu belo rosto e,
pela primeira vez, desde que o conheci, vi o
poderoso Oliver Prado Albuquerque e Guimarães
sem saber como agir diante de mim.
Cissa, eu acho mesmo que ele estava babando!
― Algum problema? ― perguntei-lhe, fazendo
meu melhor olhar inocente.
Quando achei que estava no controle, vi que não
podia estar mais errada, pois em um piscar de olhos
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ele estava em minha frente, com toda sua


magnificência e perto demais para que eu pudesse
suportar e manter minha cara de paisagem. Tão
perto, que meu cérebro já não conseguia nem
mesmo raciocinar. Tão perto, que o calor do seu
corpo reverberou pelo meu, aquecendo-me e
arrepiando-me por completo.
Jesus! Alguém, por favor, me arranja um
desfibrilador?
Engoli em seco, sentindo-me como uma presa
diante o caçador. Uma Eva diante do seu Gideon…
Senti-me um pouquinho como minhas muitas
mocinhas literárias diante de seus amados. E por
um segundo infeliz de inocência, achei que ele me
beijaria… e eu queria, mais do que qualquer coisa,
que ele fizesse isso.
― Muitos. Mas não acho que você precise
pensar neles agora, quando fez exatamente o que
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pedi e está tão linda que sequer posso colocar em


palavras. ― Sorriu de lado.
Senhor, me abane! Ele disse isso mesmo?
Sem dizer mais nada, Oliver tocou minhas
costas nuas com sua mão, indicando-me o caminho,
porém tive que me segurar para não me derreter,
enquanto seguíamos em direção à noite que
mudaria minha vida para sempre.
Se eu estava sonhando, ainda não sabia, mas
que eu precisava de uma calcinha nova depois do
que ele dissera? Ah, isso eu precisava mesmo!

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CAPÍTULO 6
A cada passo que dávamos, eu sentia uma
corrente elétrica percorrer cada milímetro do meu
copo, com o toque firme de Oliver em mim. Prendi
a respiração quando senti sua mão escorregar um
pouco além do final do decote do vestido.
Deus, isso era um teste da minha sanidade?
Porque se for, pode me declarar louca!
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Passamos pelo saguão do hotel sem uma troca


de palavras e por mais sem graça que eu estivesse,
foi impossível não notar os olhares vindo até nós e
até mesmo vi um homem entortando o pescoço
para me olhar. Não que eu não me achasse bonita,
porém não estava acostumada a ter as atenções em
mim e por isso senti-me enrubescer rapidamente.
Era impressão minha ou o sorriso de Oliver se
desfizera e ele agora estava de cara fechada
enquanto apertava os passos? Estou louca ou isso
foi ciúmes?
Mas foi ao entrar no carro que as coisas
misteriosamente começaram a mudar. Com um
movimento rápido, ele se inclinou em minha
direção e demoradamente fechou o seu cinto de
segurança.
― “Você está segura, sem escapatória” ―
murmurou baixinho e aproveitou-se da nossa
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proximidade para sussurrar com a voz rouca em


1
meu ouvido: ― “Respire, Cissa…”
Oi? Era impressão minha ou já ouvi isso em
algum lugar?
Ele se afastou com um sorriso satisfeito nos
lábios após esfregar seu nariz na pele do meu
pescoço, antes de arrancar o carro. Mas quem disse
que eu conseguia racionar direito? Na verdade,
nesse momento não conseguia fazer mais do que
piscar, depois de ele ter me deixado tonta e trêmula
quando senti seu nariz deslizar pela minha pele. Era
difícil até mesmo me lembrar de que eu tinha que
respirar. Decerto, além de sofrer de insuficiência
respiratória, eu tinha tido ao menos uns cinco
derrames nos meus países baixos.
Tocava uma das minhas músicas preferidas,
Like I'm Gonna Lose You de Meghan Trainor e
John Legend, quando enfim paramos em frente ao
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lugar onde estava acontecendo o coquetel.

“Então eu vou te amar como se eu fosse te


perder
Eu vou te abraçar como se eu estivesse dizendo
adeus
Onde quer que estejamos, não vou te ter como
garantido
Pois nunca sabemos quando
Quando ficaremos sem tempo
Então eu vou te amar como se eu fosse te perder
Eu vou te amar como se eu fosse te perder…”

Eu estava em choque ouvindo-o cantarolar a


canção, enquanto vinha abrir a porta e me ajudava a
sair do carro como um perfeito cavalheiro que eu
sabia que ele era. Não apenas porque Oliver tinha
uma voz linda, mas principalmente porque a letra
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em sua voz grossa parecia estar mandando um


recado para mim.
Meu Deus! Eu acho que precisava beber para
parar de imaginar coisas!
O lugar já estava cheio, provavelmente com as
pessoas mais ricas da região. Albuquerque e
Guimarães costumava construir imóveis de alto
padrão, então não estava surpresa em ver até
mesmo alguns artistas na festa. Quando entramos,
Oliver foi cumprimentar algumas pessoas, e como
estava ao seu lado, ele sempre me apresentava,
embora não dissesse que eu era apenas uma mera
secretária. Se até mesmo eu não havia deixado de
perceber esse detalhe, as pessoas que me
conheceram decerto não deixariam e certamente
estavam pensando que eu era alguma coisa sua.
Nossa Senhora das semivirgens necessitadas,
era meu sonho de vida!
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Um gentil garçom veio nos atender e nos


mostrou a carta de bebidas e vinhos para fazermos
nossa escolha. Embora a variedade fosse bem
grande e eu estivesse desesperada para beber
alguma coisa e ver se conseguia colocar minha
cabeça no lugar, achei melhor ficar apenas na água.
Afinal, eu estava trabalhando e tinha que me
manter centrada.
Sim. Era melhor assim, Cecília! Nada de
vexame!
Eu não costumava beber muito, na verdade,
como eu normalmente já era um perigo ambulante
sem nem um pingo de álcool no sangue, imagine
como seria estando alcoolizada. Eu já havia tido
uma experiência antes e, digamos, que a bebida
fazia com que eu desse vazão a uma nova Cecília,
uma completamente louca e tarada, que era
completamente dominada pela sua Piriguete

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Interior. E eu com certeza não confiava na minha


capacidade de ser forte contra ela, então
exatamente por isso, que me limitei a continuar
apenas com minha água.
Embora a festa estivesse agradável, pessoas
bonitas, ótimos aperitivos e uma escolha perfeita de
repertório musical, que, por sinal, parecia ter saído
do meu arquivo de favoritas, era impossível prestar
atenção em qualquer coisa que não fosse ele.
Oliver vestia-se, como sempre, de forma
impecável, um terno italiano que parecia ter sido
feito especialmente para ele. O disgramado era tão
lindo e tão malditamente sexy, que nem precisava
fazer esforço para isso, bastava sorrir que já tinha
qualquer uma em suas mãos. Deveria cansar ser
ele.
Depois de um tempo andando de um lado para o
outro, dando atenção aos seus convidados como um
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verdadeiro anfitrião, uma mulher linda, morena,


que mais me parecia a próxima capa de revista
masculina, se aproximou e sorriu para Oliver, antes
de ele abraçá-la com carinho. O que me deu certeza
da intimidade que pareciam compartilhar.
Quando finalmente se afastaram, ela se virou
para mim com seus belos olhos azuis, observando-
me com curiosidade, enquanto mostrava seus
dentes perfeito em um sorriso matador. Eu me vi
querendo morrer.
Por que, de todas as mulheres, ele tinha que me
aparecer com uma dessas que parecia ter saído das
páginas da Vogue?
Há dois anos eu trabalhava com Oliver e nunca,
em todo esse tempo, o vi com uma mulher antes.
Não que eu acreditasse que ele fosse celibatário,
porque um homem lindo e gostoso como ele
obviamente não ficaria sozinho, no entanto, nem
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mesmo as mídias sociais o haviam associado a


algum relacionamento amoroso. CEO bilionário
nunca, nunca estava acompanhado. E,
principalmente, ele não era gay, porque o homem
exalava testosterona para onde passsava.
Porém, era óbvio que um dia isso aconteceria.
Mais dia menos dia, ele encontraria a mulher
perfeita, se casariam, viveriam sua vida perfeita de
comercial de margarina. E quem era eu para
condená-lo ou dizer qualquer coisa? Eu era apenas
a estúpida secretária que caiu na besteira de se
apaixonar pelo chefe, fantasiando viver com ele as
belas e tórridas história de amor que lia nos livros,
mas a verdade era que eu jamais teria uma chance
com ele.
E como eu poderia competir com isso?
Não que me achasse feia com meus 1,70 m de
altura, os cabelos loiros medianos, que como todos
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os cabelos do mundo tinham dias que estavam de


bom-humor e em outros me odiavam. Minha
academia se limitiva a subir e descer as escadas do
meu prédio, embora não fosse infeliz com meu
manequim tamanho 40, também não seria ruim se
perdesse um quilinho ou dois. Mas eu tinha espelho
em casa e jamais poderia competir com alguém tão
bonita e refinada como ela.
― Er… Desculpe… Eu preciso ir ao banheiro
― menti, e quando virei as costas, Oliver me
segurou pelo braço.
Tive que contar até dez, porque temi
desmoronar em frente ao meu chefe, apenas por
saber que ele tinha uma mulher em sua vida que
não era eu. Era fato, minha paixão por ele havia ido
longe demais e, agora, eu não sabia se poderia
suportar continuar trabalhando com ele.
Definitivamente, meu emprego era a última coisa

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que conseguia pensar.


Droga! O que eu faria?
Tudo bem que ele nunca havia me dado
qualquer esperança de que algo poderia acontecer
entre nós… Quer dizer, além das últimas
insinuações desde ontem, ele nunca havia
atravessado a barreira patrão-funcionária. Ao
menos não que eu tenha notado. O que decerto já
deveria me dizer muita coisa.
Respira fundo, Cissa. Segura. Forte, forte…
Tantas mocinhas literárias conseguiram passar por
uma desilusão, por que você não conseguiria?
Eu tinha ciência de que estava me acovardando
apenas com a presença da tal mulher, mas se ele
não estivesse me segurado, sabia que estava prestes
a fazer algo que odiava com todas minhas forças:
fugir.

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― Cecília?― Oliver chamou meu nome,


obrigando-me a virar de frente para ele e em seu
rosto era visível o pequeno sorriso.
― Oi ― respondi com a voz fraca.
Desviei o olhar, não podia manter aquela
conexão que me prendia a ele. Precisava apenas
aprender a me manter distante, de agora em diante,
claro, se ao menos quisesse manter meu emprego.
― Quero que conheça uma pessoa… ― ele
começou a falar e prendi a respiração.
Por mais que pudesse sentir minha garganta
fechando, respirei fundo, tentando engolir as
lágrimas que ameaçavam romper. Só tinha que me
manter forte enquanto ele me apresentava à futura
senhora Albuquerque e Guimarães.
― Essa é Raquel… ― começou a falar e me
forcei a lhe dar um pequeno aceno de cabeça, sem

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nem mesmo olhá-la nos olhos, porque mais do que


isso seria pedir demais.
Eu me retraí. Achei que seria possível continuar
fingindo, que não morreria por dentro ao vê-lo nos
braços de outra, mas a cada nova batida do meu
coração, eu sabia que isso seria impossível.
Com um gesto um tanto brusco, desvencilhei-
me dos seus braços no exato momento que Oliver
continuava sua apresentação:
― … minha irmã ― completou, fazendo-me
acordar do meu torpor e me deparar com um
enorme e lindo sorriso seu.
― O quê? ― sussurrei debilmente a pergunta,
querendo ter cerrteza de que havia escutado aquilo
direito.
― Sou Raquel, irmã de Oliver ― ela mesma
repetiu, deixando-me atônita.

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Oh, meu Deus, que vergonha!


Oliver era o único filho do Senador Luiz
Albuquerque e Guimarães, e, embora eu soubesse
que ele tinha uma irmã, pois sua mãe se separara
dele logo após o primeiro ano de vida do filho e se
casado novamente, tendo então sua segunda filha
com o segundo marido, eu nunca havia conhecido a
caçula dos Prado antes.
Justamente porque ela morava no interior da
Bahia, sua tonta!
Vi-me completamente sem graça olhando para
os dois. Se não tivesse agido como uma louca
apaixonada pelo chefe e morrido de ciúmes ao vê-
los juntos, teria notado o quão parecida ela era com
o pai, o padrasto de Oliver, com exceção dos belos
olhos que ela e o irmão haviam herdado da mãe.
Mas em vez de procurar um buraco para me
enterrar, eu fiz a única coisa que uma pessoa feliz
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com o que acabara de ouvir poderia fazer: Abracei-


a como se não houvesse amanhã, sem que
tivessemos intimidade para isso.
Ela era irmã dele! Ela era irmã dele!, eu fazia
uma dancinha mental, enquanto cantarolava.
― É um prazer enorme conhecê-la! ― afirmei
animada, voltando a abraçá-la com entusiasmo
desmedido.
Ué. Eu estava feliz que ela não estava pegando
meu homem!
Raquel pareceu um pouco surpresa com meu
rompante, ainda assim retribuiu o abraço de forma
educada.
― Finalmente nos conhecemos ― ela então
falou e quando tentou se afastar, voltei a abraçá-la
novamente.
Sim. Eu estava feliz! Julguem-me por isso!
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― Não fazia ideia de que você ficaria tão


contente em finalmente conhecer minha irmã ―
Oliver comentou com um sorriso presunçoso,
quando finalmente livrei sua irmã dos meus braços,
ficando sem graça pela pequena cena que eu havia
criado.
― Cl-laro… Falávamos-nos apenas por telefone
durante tanto tempo ― apressei-me em me
defender.
― Claro que é por isso ― ele falou de maneira
sarcástica, mas me fiz de desentendida, claro, antes
de começar a conversar com a simpática Raquel.


Nas poucas ocasiões em que encontrei o pai de
Oliver, o Senador Luiz Albuquerque e Guimarães,
ele fora um pouco seco comigo, mas eu sabia que
era apenas seu jeito, e que seu filho o herdara

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usando-o vez ou outra, especialmente quando o


assunto era trabalho. Ao contrário da mãe e do
padrasto de Oliver, que sempre me trataram de
forma educada e com muito carinho desde que eu
havia sido contratada para a função de secretária de
seu filho.
Raquel havia herdado o jeito espansivo e
simpático da mãe, e por mais que nos falássemos
de vez em quando, quando a mesma procurava o
irmão, durante o resto da noite, me vi ouvindo-a
falar sobre sua vida e até mesmo segredar-me uma
coisa ou outra.
A diferença de mais de oito anos entre os irmãos
era interessante, porque enquanto Oliver era
centrado e de poucas palavras, Raquel era inquieta
e muito, mas muito tagarela. O que acabei me
indentificando rapidamente, porque apesar de não
ter muitos amigos e preferir viver no meu

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mundinho de gatos e livros, quando me davam a


chance e ousadia de falar, eu falava até que me
pedissem para calar a boca. O que felizmente não
aconteceu, porque uma tagarela se entende bem
com a outra.
Oliver havia seguido a engenharia e Raquel
estudava medicina, motivo pelo qual havia
escolhido o interior da Bahia, onde fazia sua
graduação em uma faculdade estadual local.
Ela confessou-me que sua intenção era
continuar morando ali mesmo após a conclusão do
curso, porque já amava a Bahia e eu não podia
julgá-la por isso.
Eu havia adorado sua companhia e fiquei feliz
em tê-la ali, mesmo quando Oliver saíra algumas
vezes para dar atenção aos convidados, não me
senti sozinha e muito menos deslocada. Embora,
tivesse tentado evitar e fingir que não estava vendo
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aqueles olhos azuis dele sobre mim.


Ai, meu Pai! Era um verdadeiro pecado!
Depois de encher minha barriga de água e
camarão, sua irmã se afastou com a desculpa de ir
ao banheiro, embora tivesse saído com um sorriso
carregado de malícia. Oliver veio até mim com
passos calculados, parecendo inquieto. Seus olhos
azuis brilhavam de forma predatória quando ele
disparou de forma assertiva:
― Agora é minha vez de ter sua atenção.
Vamos dançar?
E naquele momento senti que não tinha
escapatória.

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CAPÍTULO 7
Seu tom de voz imperativo deveria ser o
suficiente para me fazer ficar irritada, mas não foi
bem isso que aconteceu. Não era apenas por ele ser
meu chefe que me vi seguindo-o, mas
principalmente pela maneira com a qual ele me
olhava, de forma tão intensa, que tornava-se
doloroso conseguir disfarçar o quanto ele mexia

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comigo.
Quando finalmente chegamos ao meio do salão,
onde um ou outro casal dançava de forma tímida.
Oliver me puxou para ele e quando seu corpo se
chocou com o meu, produzindo um estrondo
audível apenas para nós dois e tive que segurar o
gemido que ameaçava escapar. Um arrepio se
espalhou pelo meu corpo, lembranças de alguns
sonhos que tive com ele me vieram à mente e tive
que fechar os olhos para não fantasiar coisas que
não existia.
Era apenas uma simples dança, Cecília!
Boyce Avenue começou a cantar Wanted e foi
nesse momento que começamos a dançar.
2
― “Você não para de fugir” ― Oliver
murmurou.
Era a primeira vez que ficávamos tão próximos

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assim e talvez fosse a última também, porque eu


definitivamente estava prestes a ter um ataque
cardíaco. Como tudo que Oliver fazia na vida, ele
dançava com destreza e confiança. Tentando
relaxar e aproveitar a dança, respirei
profundamente, sendo envolvida por seu cheiro
másculo e único, querendo com todas as forças
guardar esse momento para sempre.

Você sabe que eu desmorono sem você


Eu não sei como você faz o que você faz
Porque tudo que não faz sentido sobre mim
Faz sentido quando estou com você
Como tudo o que é verde, menina, eu preciso de
você
Mas é mais do que um e um faz dois
Ponha de lado a matemática e a lógica disto
Você tem que saber que você é querida demais

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Porque eu quero envolvê-la


Quero beijar seus lábios, eu
Eu quero fazer você se sentir desejada
E eu quero te chamar de minha
Quero segurar sua mão para sempre
E nunca vou te esquecer
Sim, eu, eu quero fazer você se sentir desejada
Qualquer um pode dizer que você é bonita (yeah)
E você tem que todo o tempo, eu sei que você faz
Mas sua beleza é mais profunda do que a
maquiagem
E eu quero te mostrar o que eu vejo hoje à noite
Quando eu envolvê-la
Quando eu beijar seus lábios, eu
Eu quero fazer você se sentir desejada
E eu quero te chamar de minha
Quero segurar sua mão para sempre
E nunca vou te esquecer

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Porque, baby, eu, eu quero fazer você se sentir


querida
Tão bom como você me faz sentir (me faz sentir)
Eu quero fazer você se sentir melhor
Melhor do que seus contos de fadas (seus contos de
fadas)
Melhor do que seus melhores sonhos (seus
melhores sonhos)
Você é mais do que tudo que eu preciso
Você é tudo que eu sempre quis
Tudo que eu queria
E eu só quero envolvê-la
Quero beijar seus lábios, eu
Eu quero fazer você se sentir desejada
E eu quero te chamar de minha
Quero segurar sua mão para sempre
E nunca vou te esquecer
Sim, eu, eu quero fazer você se sentir desejada

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Sim, baby, eu, eu quero fazer você se sentir querido


Porque você vai ser sempre quis

― Está com medo de mim, Cissa? ― perguntou


depois de um tempo, a pergunta sendo feita em um
sussurro provocativo ao pé do ouvido.
O que foi isso? Ai, meu…
― Não ― neguei, embora o som que tivesse
saído da minha boca mais parecesse um gemido.
Era mentira, mas sentindo seu nariz roçar meu
pescoço, causando pequenos estremecimentos nos
lugares certos e nos errados também, Oliver tirou
murmúrios vergonhosos dos meus lábios, que mais
eram súplicas misturadas com gemidos de uma
mulher completamente inebriada por ele.
E, porra, ele era bom demais para o meu
próprio bem!

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― Eu amo essa música ― falei com a voz ainda


fraca, querendo quebrar mais uma vez o silêncio,
ainda embalando-me com ele junto à canção.
Oliver riu, parecendo saber exatamente o que
me causava e também como me sentia. Mas então
novamente me surpreendeu.
― “A música amansa as feras e que as letras de
muitas canções são tão significativas para o ser
humano, que podem mesmo ajudar-nos a esclarecer
3
muitos sentimentos” ― murmurou, deixando-me
atônita e me afastei para olhar para ele.
― O que disse? ― perguntei em um sussurro
fraco.
Eu estava imaginando, certo? Ele não disse
realmente o que ouvi!
― Eu disse que “a música amansa…” ― Eu o
cortei quando começou a repetir.

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― Eu estou louca ou você está citando Peça-me


o que quiser? ― perguntei cada vez mais atordoada
e ele sorriu.
― Achei que você notaria logo quando comecei
a fazê-lo ― afirmou, e pisquei em uma tentativa de
me despertar dessa espécie de delírio, o que
certamente justificava o que estava acontecendo, e
me afastei.
Lembrei-me de outras coisas que Oliver havia
me dito e isso me impactou. Realmente não era a
primeira vez que ele falava algo familiar essa noite.
Meu Deus! Ele estava citando frases dos meus
livros?
― O que isso significa? ― inquiri, ainda mais
confusa, e ele puxou-me de volta para ele.
― Significa que estou cansado de esperar. Eu
quero te chamar de minha, porque quero que você

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seja minha, Cecília.


Meus olhos se arregalaram e me vi sem ar diante
suas palavras. Palavras estas que por tanto tempo
quis ouvir. Mas agora que ouvira, quase não podia
acreditar nos meus ouvidos.
Nem mesmo em meus sonhos mais profundos
esperei por elas. Se não tivesse suas mãos firmes
em minha cintura, eu certamente desmaiaria,
porque me vi perdendo o equilíbrio.
― Sua? ― quis ter certeza de que havia
escutado direito, embora sentisse minha bochechas,
que provavelmente estavam muito vermelhas,
pegarem fogo.
― Sim. Quero que seja minha, Cissa. Apenas
minha ― murmurou com a voz perigosamente
baixa, provocando-me mais do que deveria.
Foi impossível não me derreter diante de suas

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palavras. Por mais que eu fosse apaixonada por


Oliver há tanto tempo, nunca esperei ouvir nada
parecido vindo dele. Quer dizer, sonhar com isso
era completamente diferente de achar que poderia
ser possível.
Deus, isso era um sonho? Porque se fosse eu
não queria acordar!
Nesse momento nós já havíamos parado de
dançar e de alguma maneira ele conseguira me
arrastar da festa, pois estávamos longe dos olhares
curiosos quando continuou:
― Eu quero ficar com você. Sempre quis.
Desde o momento que pôs os pés no meu
escritório, tão linda, tão envergonhada… Você
mexeu comigo, Cissa. E tem mexido desde então,
porque minha cabeça e meu coração já perdi para
você há dois anos.
― O quê? ― A pergunta saiu mais alta do que
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eu pretendia e Oliver pareceu achar engraçado


minha expressão incrédula.
Ele disse mesmo que tinha perdido a cabeça e o
coração para mim?
― Mas antes que a gente se entregue
finalmente, quero ter certeza de uma coisa ―
sussurrou sensualmente, fazendo-me sentir seu
hálito delicioso, uma mistura de uísque com algo
dele, menta, talvez.
― De quê? ― minha resposta saiu inaudível,
porque decerto hiperventilava.
― Quero ter certeza de que saiba que depois de
se render e se entregar a mim, não terá mais volta,
Cissa, porque você será definitivamente minha.

Depois de ouvi-lo, eu tive certeza de que
realmente não haveria mesmo mais volta para mim.
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E sinceramente? Não estava nem um pouco


preocupada com o estrago que poderia fazer
comigo depois que isso acontecesse. No entanto,
por mais que quisesse me entregar a ele naquele
momento, Oliver achou melhor voltarmos para
festa, pois, segundo suas palavras, não se
responsabilizaria pelos seus atos.
E, Deus, quando ele disse isso, passei por um
dilúvio que faria inveja para Noé!
Embora não tivesse recuperado o fôlego
completamente e desde então tenha me dado conta
da necessidade de comprar um desfibrilador na
primeira oportunidade, passei o resto da noite com
um sorriso nos lábios, como se tivesse acabado de
ver um passarinho verde.
Passarinho verde é o caralho, eu estava na
expectativa de ver outro “passarinho”!
Ainda estava muito encucada com algumas
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coisas, principalmente quando o DJ continuou a


seguir uma playlist que me era muito familiar. Por
mais confusa que eu ainda estivesse, decidi que
realizaria meu sonho de me entregar a ele e só
depois buscaria todas as respostas que não havia
tido ainda. Afinal, não queria me arriscar a perder a
oportunidade.
Quem me julgaria por isso?
Fora que ainda era difícil de assimilar que,
durante dois longos anos, como eu disse, um
homem como Oliver Prado Albuquerque e
Guimarães estivesse secretamente interessado na
sua desastrada secretária. Porque se realmente fosse
verdade mesmo, ele certamente não passaria
vontade e teria vindo pegar o que queria, certo?
Mas isso não apenas não aconteceu, como
também jamais imaginei que ele poderia ter
qualquer interesse amoroso pela minha pessoa,
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afinal, Oliver era uma fortaleza impenetrável em


forma de deus grego, um verdadeiro mistério que
eu adoraria desvendar.
Pensei no que minhas mocinhas literárias fariam
em meu lugar e apesar de conhecer cada história de
cor, de lembrar-me com detalhes do que faziam,
não conseguia pensar em nada que pudesse me
ajudar nesse momento. A verdade era que eu temia
estragar qualquer coisa com um passo errado.
Após longas horas, deixamos o evento. Como
um verdadeiro cavalheiro que era, Oliver abriu a
porta do carro para mim, enquanto eu tentava a
todo custo não demonstrar o quanto seu ato era
desconhecido para mim e também o quanto o meu
coração estava acelerado com a expectativa de sua
promessa.
No percurso de volta para o hotel, tornou-se
impossível, para mim, não pensar no quanto toda
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essa tensão entre nós mexia comigo, era algo que


não conseguiria ignorar.
Minha respiração e batimentos cardíacos
pareciam se intensificar a cada segundo ao lado
dele. Tudo de mim parecia se preparar para o que
estava por vir. O carro seguia em alta velocidade
pelas ruas da cidade, me trazendo a certeza de que
Oliver estava tão ansioso para ficar a sós comigo,
como eu estava para me jogar em seus braços
fortes.
Oliver praticamente saltou do automóvel em
movimento, não fosse o fato de ele estar dirigindo e
comigo no banco do passageiro, acho,
sinceramente, que ele o teria feito. Sua inquietude
nítida, arrancou um tímido sorriso dos meus lábios,
enquanto o via dar a volta no carro e abrir a porta
para mim. Ajudando-me a desembarcar, ele agarrou
minha mão com firmeza, guiando-me

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apressadamente pelo lob do hotel em direção ao


elevador.
Quando entramos no elevador, meu coração
palpitava descontrolado e eu suava frio. Lembrei-
me da cena do elevador de Cinquenta Tons de
Cinza, e estar com Oliver naquele espaço de metal
tão apertado me fez sentir da mesma forma: o clima
elétrico, carregado de expectativa e excitação.
Minha respiração já não estava mais presente fazia
tempo e meu coração estava tão disparado, que se
eu sobrevivesse depois dessa “viagem”, decerto
precisaria de um transplante, porque ele não dava
mais conta do serviço diante do que meu chefe me
fazia sentir.
Oliver parecia pensar o mesmo que eu, pois ao
se virar, encarando-me com seu olhar ardente, sua
boca se abriu para me dizer algo e eu quase morri:
4
― “O que será que os elevadores têm?” ―
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murmurou, fazendo-me estremecer ao me lembrar


de quem falara essas mesmas palavras em uma
situação parecida.
Minha Nossa Senhora das Anastasias Submissas
e Lesadas, dai-me forças!
E nem um desfibrilador daria conta do que veio
a seguir:
5
― “Ah, foda-se!” ― Oliver resmungou sem
tirar o sorriso dos lábios, antes de avançar sobre
mim.
Como Christian Grey, ele tomava minha boca
com a sua, uma das mãos forçando as minhas para
se posicionarem acima da cabeça, a outra me
agarrando com necessidade, ao mesmo tempo em
que sua língua me explorava, beijando-me com
sofreguidão.
Indefesa e completamente entregue, ter seu

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corpo colado ao meu, fazia-me sentir o “tamanho”


da sua necessidade por mim. E quando achei que
tudo poderia acontecer ali mesmo, as portas do
elevador se abriram, fazendo-o se afastar de mim
como se nada tivesse acontecido. Muito pelo
contrário, enquanto ele me puxava para fora,
guiando-me pelo corredor em direção à suíte, eu
tentava de maneira falha retirar os fios revoltos do
meu rosto, que estavam tão descabelados, que
pareciam ter acabado de tirar a mão da tomada e
respirava como uma porca prenha correndo atrás do
trio elétrico enquanto dançava “É o Tchan”.
E isso era tão injusto! A gente não tinha nem
direito de ser sensual!
Quanto mais passos dávamos, mais distante a
porta parecia estar. Tentando me comportar como
uma mulher segura e dona de si, e não como uma
semivirgem desastrada, que estava louca pelo

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próprio chefe, fiquei de boca fechada até que se


tornasse inevitável falar.
É, desesperada era apelido!
Entramos na suíte e novamente me vi impactada
pela beleza da arquitetura rústica e ainda assim
elegante que o lugar possuía. Inspirei
profundamente quando ouvi a porta se fechar atrás
de nós.
Ai, Deus! Era agora!
Fechei os olhos quando senti suas mãos em
minha cintura, sua respiração quente em minha
pele, e logo ele me virou de frente para ele.
― Olhe para mim, Cissa. ― Obedeci,
deparando-me com aquele lindo par de olhos azuis.
― Sei que deve ter perguntas, mas depois que tive
uma prova, não vou conseguir esperar para ter mais
de você ― disse em um sussurro rouco.

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Ai. Meu. Deus.


Com a respiração ofegante e a boca ligeiramente
seca, esperei que ele matasse sua vontade, que
também era minha.
Oliver apoderou-se dos meus lábios com um
misto de firmeza e doçura, sua língua tomando tudo
de mim, deliciosa e longamente, deixando minhas
pernas bambas.
Minhas mãos foram para o seu cabelo e logo me
vi puxando-o, como se quisesse ter certeza de que
não me deixaria, e Oliver gemeu em minha boca,
aprofundando ainda mais o beijo. Sua língua
atacava a minha com movimentos lascivos e quase
indecentes, deixando-me completamente entregue a
ele.
Quando se afastou, gemi em protesto. Ele sorriu
enquanto olhava para mim, seu semblante sempre
sério e indecifrável me olhando de forma profunda
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e desconcertante, como se tentasse decifrar meus


pensamentos e desejos, fazendo com que as minhas
bochechas ficassem enrubescidas.
Oliver inclinou a cabeça para o lado, seus olhos
observando cada detalhe meu, enquanto sua mão
grande e macia contornava meu rosto, acariciando
cada pedaço dele como se o adorasse. Sua língua
passeou pelo lábio inferior suavemente, deixando-o
úmido e convidativo.
― Por que demorei tanto tempo para fazer isso?
― A pergunta foi feita mais para si mesmo do que
para mim.
Resfoleguei diante das suas palavras, diante do
seu olhar quente e sua voz repleta de erotismo no
tom baixo e rouco.
― Oliver, por quê? ― tive que perguntar, era
mais forte do que eu, embora não soubesse
realmente o que queria saber.
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― “Quer saber? Eu não fui completamente


sincero com você. Você quer realmente saber a
verdade?” ― perguntou puxando-me para ele. ―
6
“Eu quero mais do que tudo que você seja minha.”
Oh. Meu. Deus! Ele estava parasafreando Luca
Campanaro agora?
― Por que você está recitando frases dos meus
livros? ― A pergunta saiu antes que eu pudesse
segurá-la.
― Porque sei que gosta e se for isso que quer,
posso ser seu Christian, seu Gideon, seu Luca, o
caralho que você quiser! ― afirmou, antes de
finalmente voltar a me beijar.

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CAPÍTULO 8

Suas mãos buscavam o meu corpo, enquanto sua


boca explorava com ânsia a minha, fazendo-me
estremecer.
Grunhidos de prazer escapavam dos seus lábios,
arrancando de mim tantos outros mais intensos. O
fôlego escasso, os nervos em frangalhos, atrelados
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ao homem que havia se tornado o meu maior


desejo, faziam-me esquecer todo o resto.
Que resto? Nada mais importava além desse
momento, além dele!
O beijo agressivo e exigente me fazia querer
mais e a sensação que eu tinha era a de que, se nos
afastássemos, eu morreria ali mesmo, porque
apenas precisava de mais dele. E quando ele
atendeu a essa necessidade, um gemido descontente
saiu da minha garganta, enquanto meus olhos se
fechavam automaticamente em deleite pela
sensação de seus dedos deslizando na pele das
minhas costas, ao mesmo tempo em que ele trazia
para baixo o zíper do meu vestido.
Seu nariz desceu pelo meu pescoço, os dentes
provando minha pele, deixando um rastro de calor
por onde passava. Sua boca então alcançou o lóbulo
da minha orelha, mordiscando-o, fazendo-me
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estremecer quando tornou a perguntar com a


respiração quente em meu ouvido:
― O que quer que eu faça? Quem quer que eu
seja?
Por mais que eu desejasse que Oliver fizesse
como dissera e assumisse algum dos personagens
que tanto faziam a imaginação das mulheres, e
também a minha, só existia uma pessoa cujo papel
eu queria que ele interpretasse e que mexia comigo
mais do que qualquer CEO da literatura: ele
mesmo.
― Eu não quero que interprete nenhum outro
CEO, quero que seja você… Eu quero você ―
respondi, de forma quase sôfrega.
― “Ah, Cecília Magalhães, o que eu vou fazer
7
com você?” ― ele perguntou em um rosnado,
voltando a me puxar pela cintura.

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― Não sei, mas “peça-me o que quiser e te


8
darei” ― respondi, corajosa, como nunca pensei
que pudesse ser, e um som animalesco lhe escapou
dos lábios.
Puxando-me pela nuca, sua boca voltou a tomar
a minha em um beijo ainda mais voraz. Suas mãos
grandes e macias deslizaram pelo meu corpo,
enquanto meu vestido virava apenas uma poça no
chão. Carregando-me com facilidade, Oliver andou
comigo ainda em seus braços e não parou até meu
corpo encontrar a maciez da cama e senti-lo sobre
mim.
Enquanto ele deslizava sua mão pela lateral do
meu corpo, como se estivesse me marcando, fechei
os olhos para senti-lo correr os dedos até minhas
coxas, tirando dos meus lábios um gemido fraco.
― Como desejei esse momento. ― Sua voz era
um pouco mais alta que um sussurro enquanto dizia
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isso.
― E por que demorou tanto? ― perguntei
ofegante, sentindo seus dedos se encaixarem nas
laterais da minha lingerie, rasgando-a em um só
golpe, para depois encontrarem o meu centro
pulsante.
― Porque sou um tolo, um tolo que temia
perder a melhor coisa que me aconteceu: você.
Ai, Deus do céu!
Ainda sem fôlego diante de sua resposta, vi
Oliver se afastar e, com uma cara de safado, livrar-
se do seu paletó e camisa, dando-me a visão do seu
torso e braços fortes, que por tanto tempo desejei
conferir. E com ele nu, diante de mim, faltaram-me
palavras.
Nossa Senhora das semivirgens, eu enfartei!
Oliver era definitivamente a confirmação da
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existência de Deus, porque algo tão perfeito quanto


ele não poderia ter sido feito por outras mãos. Ele
era lindo demais. Não havia nada nele que não
fosse perfeito. O corpo malhado e cheio de
músculos, a barriga tanquinho com um traço de
pelos escuros e aquele “V” sexy que indicava o
caminho da sua masculinidade, que me deixou com
a boca aberta em um “O” perfeito quando vi todo o
resto.
Christian Grey, Gideon Cross ou quaisquer
homens lindos literários pelos quais por ventura me
apaixonei um dia, não eram nada diante dele.
Oliver Prado Albuquerque e Guimarães me dera
um novo significado para palavra perfeição. Ele era
a verdadeira definição de beleza masculina.
Lançando-me um olhar cheio de promessas, ele
não me fez ansiar por muito tempo. Deitando-se
sobre mim, encaixou seu corpo ao meu e foi tão

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natural, que parecíamos desfrutar daquela conexão


a vida toda.
Sua boca capturou a minha uma vez mais,
deixando-me a certeza de que, a partir daquele
momento, tudo entre nós seria diferente. Com os
olhos presos aos meus, finalmente tive o prazer de
senti-lo por completo, sem muros, sem barreiras,
nossos desejos e necessidades conduzindo-nos dali
em diante. Nossos movimentos deixaram de ser
cadenciados e tornaram-se cada vez mais rápidos,
exigentes, transformando-se em febris. Nós dois em
busca de algo que só encontraríamos juntos.
Um gemido alto me escapou quando Oliver foi
mais longe, mais fundo, levando-me junto com ele
em uma viagem sem volta. Eu sabia que era
exatamente isso, eu não resisti, circundei sua
cintura com as pernas, elevando meu quadril ao
encontro do seu, em busca de um contato ainda

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maior. Embora o prazer de estar entregue ao


homem que eu amava, por tanto tempo
secretamente, estivesse além das palavras, era
impossível não nutrir um sentimento puro que ia
muito além dele. A sensação que se intensificava
era de que não apenas meu corpo, mas tudo em
mim pertencia a ele, me devastava a cada segundo,
porque de fato pertencia.
Sem conseguir mais conter a barreira que me
segurava da queda do precipício, senti o exato
momento em que caí e as primeiras ondas
quebraram sem dó nem piedade sobre mim,
fazendo-me contorcer de prazer enquanto me
entregava ao êxtase de uma forma que não achava
ser possível.
Ir para Lua e voltar? Que nada! Viajei pelo
sistema solar todo antes de finalmente voltar à
Terra!

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E quando isso aconteceu, senti minha respiração


já escassa se esvair, enquanto minha mente se via
completamente entorpecida com a sensação de
prazer que ele me proporcionara. Oliver jogou a
cabeça para trás e me seguiu, fazendo sua viagem
com um gemido animalesco e tão sexy, que me fez
estremecer novamente, enquanto sentia-o inundar-
me com o seu prazer, prolongando ainda mais o
meu.
Desabando o corpo pesado sobre o meu, nossas
respirações ainda mais difíceis, Oliver beijou meu
queixo, antes de descer para mordiscar meu
pescoço, alcançando minha boca, beijando-me
profundamente, antes de cair para o lado e me
puxar para ele.
Desfrutei do calor do seu corpo, sentindo suas
mãos inquietas percorrerem o meu em uma carícia
sedutora, reacendendo meus desejos. Seus lábios se

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abriram em um sorriso preguiçoso e sensual,


enquanto os dedos se aninhavam em meus cabelos,
antes de dizer, com palavras, o que nem eu
conseguia expressar:
― Você não imagina quantas vezes desejei esse
momento. Quantas vezes desejei tê-la em meus
braços, para amá-la, adorá-la… Mas estar com você
agora é muito melhor do que sequer ousei imaginar
― afirmou, acariciando meu rosto.
Ah, Cecília, respira… Apenas respira!
― Quero compensar todos os dias Em que
imaginei como seria estar dentro de você, vendo-a
se contorcer de prazer nos meus braços e, depois,
assim, quieta e tão entregue como eu ― continuou,
antes de voltar a me beijar.

Acordei com a luz da manhã seguinte

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incomodando meus olhos. Pisquei confusa com a


sensação de estranheza ao me deparar com um
lugar desconhecido. No entanto, o pesado braço de
Oliver envolvendo minha cintura de maneira
protetora e possessiva demonstrava que a noite
anterior não tinha sido mais um de meus devaneios,
e sim uma deliciosa realidade.
Meu Deus! Não fora um sonho!
Minha mente era tomada pelas lembranças da
noite anterior, fazendo-me recordar o motivo pelo
qual eu estava ali, nua em seus braços. Virando-me
cuidadosamente para ficar de frente para ele, eu o
observei por longos minutos, no mais absoluto
silêncio, gravando cada traço perfeito seu ainda
adormecido.
Sem conseguir me conter diante da visão mais
sexy que meus olhos já presenciaram, me
aproximei, aninhando-me em seu peito. Inspirei o
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perfume delicioso que emanava de sua pele,


desejando poder memorizá-lo e nunca mais deixar
aqueles braços, quando o aperto em volta de mim
tornou-se mais significativo, indicando que ele
havia despertado, deixando-me envergonhada por
ter sido pega em flagrante o admirando de forma
tão descarada.
― Bom dia. ― Sua voz era um ronronar grosso
e sexy quando me cumprimentou.
Seu rosto logo se afundou em meus cabelos,
cheirando-os, como se ele quisesse o mesmo que
eu, antes de depositar um beijo no topo da minha
cabeça.
― Bom dia ― eu o cumprimentei sem jeito, o
rosto ainda escondido em seu corpo.
Não queria soar tão tímida e envergonha, mas
por mais loucas e deliciosas que tenham sido as
coisas que fizemos na noite anterior, eu ainda me
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sentia intimidada diante o poderoso Oliver.


― Acho que acabamos de ultrapassar o limite
de patrão e empregada ― falei, tentando romper o
silêncio.
Seu corpo tremeu enquanto sua gargalhada
gostosa pairava no ar, ainda assim ele não me
soltou. Seus braços permaneceram ao meu redor e
sua mão continuou acariciando minha pele, me
trazendo arrepios.
― Se é essa sua preocupação, então está
demitida, Cecília ― disse simplesmente, antes de
beijar minha boca.
Nem mesmo me importei em estar
desempregada naquele momento. Não quando o seu
corpo pairava sobre o meu e… Opa! Algo
pressionava minha entrada pulsante.
Trabalho? Para quê? Eu viveria de luz a partir

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de agora!
― O que fez comigo? ― perguntou com a voz
tão rouca, que trouxe novas vibrações para o meu
corpo.
― Não sei. E, confesso, estou tentando entender
tudo que me disse até agora. ― Recordei-me do
que não conversávamos na noite passada.
Oliver levantou-se, e quase protestei por isso,
mas quando se sentou com as costas apoiadas na
cabeceira da cama, puxou-me para o seu colo e
gostei muito, muito dessa posição. E pelo visto ele
também, pois senti algo duro pulsar debaixo de
mim.
Minha nossa! Esse homem já acordava disposto
assim?
― Tudo bem. Vamos conversar. ― Ele sorriu
com aqueles dentes brancos perfeitos, afastando

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alguns fios de cabelo que caíam sobre meu olho. ―


O que quer saber?
Ergui os olhos e, prendendo-os aos seus, que
pareciam estar ainda mais azuis naquela manhã.
― Você estava falando sério quando disse
que…
― Que te queria desde que a vi? ― ele
completou a pergunta e assenti mordendo os lábios.
― Sim, Cissa. Você tem um currículo ótimo, mas
não foi a sua gagueira momentânea que me fez te
contratar. ― Alçou a sobrancelha, tentando segurar
o riso.
― O que foi? ― tive que perguntar.
― Foi porque me apaixonei por você desde
aquele momento e sabia que não podia deixá-la
escapar ― disse simplesmente e me engasguei com
sua resposta.

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Obviamente não era uma crise de tosse a reação


que Oliver esperava ao confessar sua paixão por
mim, mas eu não pude me ajudar. Estava impactada
demais com sua confissão.
— Seu e-mail me chamando de Christian não
foi o primeiro que recebi. ― Oliver me
surpreendeu quando continuou a falar.
― Não? ― perguntei chocada.
― Não. Vez ou outra recebia um e-mail de
cliente ou fornecedor querendo entender o que era
aquilo que você mandara.
― Ah, meu Deus! ― Levei a mão à boca,
envergonhada.
― Nunca duvidei da sua capacidade
profissional, Cissa. Só que em dois anos
observando você, reparei que é apenas o seu jeito
de ser. Você por vezes vive em um mundo só seu.

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― Ele me encarou, sem tirar o sorriso dos lábios.


— Mas, por mais atrapalhada que seja, por mais
louco que me deixe tentando explicar esses e-mails
sem nexo, eu não podia perder você. Porque ficar
sem você, Cissa, ah… Isso, sim, seria o pior dos
castigos.
A essa altura, meu coração já tinha perdido o
compasso. A maneira como seus olhos brilhavam a
cada palavra proferida e o jeito como sorria
enquanto falava me fizeram perder o equilíbrio.
― Me desculpe… eu… eu nunca notei ―
confessei, e dentre o turbilhão de emoções que se
formava dentro de mim, ante sua admissão, senti
meu rosto queimar de vergonha e ele riu baixinho.
― Devo ser muito sutil, então, embora discrição
seja o último adjetivo que possa me descrever
quando se trata de você. Porque acredite, Cissa, eu
não conseguia ficar cinco minutos sem olhar para
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você. Para uma pessoa que lê tantos livros, livros


estes que falam tanto de sentimentos, achei que
você seria capaz de “me ler” mais facilmente ―
brincou, antes de puxar meus lábios com os dentes.
― Eu estava muito ocupada suspirando e
intimidada pela imponência do meu inalcançável
chefe ― admiti, fazendo-o voltar a rir, mas logo
beijava minha boca rapidamente.
A miríade de sentimentos que Oliver me
causava se amplificou enquanto ele me beijava.
Nosso beijo era apaixonado, tão intenso, que me
deixava tonta, completamente entorpecida. Estar
em seus braços era tudo que sempre esperei e agora
mal podia conter a emoção de saber que o
sentimento era recíproco.
Quando nos vimos sem ar, ele se afastou apenas
o suficiente para sua testa encostar na minha. Seu
nariz acariciando o meu, suas mãos ainda tocando o
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meu corpo, estremecendo-o completamente em


reposta ao ouvi-lo murmurar “minha”.
Por mais que eu o amasse desde o primeiro
momento, sempre achei que seria impossível existir
um sentimento tão arrebatador como sentia estando
ao seu lado. Achava que era apenas uma ilusão
criada nos livros de romances. Mas aqui estava ele,
provando-me exatamente o contrário, tornando real
o pensamento de pertencer a alguém, me fazendo
querer verdadeiramente ser dele.
― E você leu livros de romance? ― A pergunta
foi feita logo que consegui me recompor.
― Sim. Porque apesar de todas as pistas que lhe
dei durante esses dois anos, foi preciso apelar para
os seus romances, para que pudesse ter de você
alguma atenção ― confessou, fazendo-me morder
os lábios para segurar o riso.
― E se arrependeu? ― perguntei hesitante,
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temendo a resposta que viria.


Os olhos azuis brilharam divertidos e um sorriso
tomou conta dos seus lábios. A voz era rouca e
sexy, mas seu olhar era terno quando ele me
respondeu de uma maneira que, se já não me
tivesse em suas mãos, teria a partir daquele
momento.
― Claro que não. Se estou aqui com você é
porque quero estar. Quero estar com você e tê-la
todos os dias.
E quando achei que Oliver não podia me
surpreender mais, ele finalizou derretendo-me
como sorvete no calor:
― Quero você, Cissa. Não só aqui, te quero em
qualquer lugar. Quero você hoje, amanhã…
sempre.

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CAPÍTULO 9
Depois daquela manhã, combinamos de curtir
juntos o restante da viagem naquele lugar
paradisíaco. Trancoso é um lugar realmente
incrível. Seu povoado exótico atraía pessoas de
todas as partes do mundo e dentre tanta diversidade
e riqueza histórica, ainda podíamos relaxar nas suas
belas praias.

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Anteriormente, Trancoso era uma aldeia


habitada por índios e, por isso, hoje considerado
um dos mais valiosos sítios históricos do sul da
Bahia. Mas foi apenas quando foi descoberta pelos
hippies, nos anos 70, que Trancoso tornou-se
conhecido, e o lugar mantém o mesmo astral, com
suas lojinhas lindas onde você pode comprar de
tudo, desde roupas de grifes famosas a suvenires
feitos com artesanato local, e também pode se
deliciar nos restaurantes mais requintados da
região, sendo frequentados até mesmo por pessoas
famosas. O lugar é um palco dos grandes shows e
do futebol ao cair da tarde.
Seu charme está em suas praias e no Quadrado,
área da praça central da vila, emoldurada por
casinhas coloridas superlindinhas, um campo de
futebol no centro e a igreja de São João Batista ao
fundo. Nada de carros ou motos, nada de asfalto,

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tudo acompanha a rusticidade do lugar.


À noite o Quadrado é iluminado por
candelabros, velas coloridas, e restaurantes a céu
aberto, que com a cumplicidade da lua e das
estrelas torna o ambiente mais aconchegante e
romântico.
Eu não era uma pessoa que conhecia muitos
lugares, obviamente, mas podia dizer com toda
certeza que essa viagem havia me marcado de
muitas maneiras. Mas embora o lugar fosse
lindíssimo e eu quisesse voltar em breve, a
felicidade de estar ali tinha um motivo especial:
Oliver.
Não apenas por estar em um lugar desconhecido
até então, mas estar com Oliver era diferente de
tudo o que já vivi ou sonhei. A cada dia, a cada
amanhecer, a cada peixe assado na telha ou
qualquer outra delícia da culinária local, todos os
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momentos ao seu lado foram únicos.


Durante os dias com ele, descobri em Oliver
muito mais do que o CEO poderoso e implacável
deixava transparecer, muito mais do que meu chefe
sempre educado e cortês, por quem eu me
apaixonara e suspirava pelos quatro cantos. Oliver
não era apenas um cara lindo, gostoso, com uma
pegada deliciosa e que me enlouquecia só de olhar
para mim, ele era muito mais do que esperei. Ele
era divertido, sarcástico, sedutor e um amante
incrível.
Eu temia que quando voltássemos para a nossa
realidade tudo mudasse e, mesmo sabendo que não
deveria me envolver, eu já havia ultrapassado todos
os limites para mim e o meu pobre coração, em
relação ao meu chefe. Se é que eu ainda possuía um
emprego, porque sempre que eu mencionava o
assunto, Oliver desconversava solenemente, e

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apesar do receio que eu sentia, nunca me senti tão


viva e feliz como naqueles dias em que passei com
ele.
Nem em meus sonhos mais loucos e pervertidos
imaginei que essa viagem resultaria no que eu
estava vivendo. Jamais pensei que Oliver
confessaria sentir-se atraído por mim. Tudo bem,
ele disse apenas que me queria há tanto tempo
quanto eu o queria e até mesmo usou a palavra
“sempre”. Embora ele tivesse confessado ter me
trazido para essa viagem de forma intencional,
ainda assim eu estava com medo.
Eu estava com medo de que, quando fôssemos
embora, tudo isso simplesmente ficasse para trás.
Talvez eu estivesse exagerando, mas depois de
tanto tempo sonhando com meu chefe, temia estar
vivendo apenas um sonho.
Não queria acordar no dia seguinte para
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descobrir que criei expectativas demais e fui apenas


mais uma em sua vida. Sabia que não deveria sofrer
por antecipação, porque minha mãe me ensinou que
quem sofre antecipado sofre duas vezes, embora
Oliver tivesse deixado claro como se sentia, minha
insegurança falava mais alto quanto mais perto da
nossa partida ficávamos.
Tentei não me prender a esses pensamentos,
aproveitando cada momento ao seu lado e por mais
que eu não quisesse pensar sobre minhas
inseguranças, temi que a qualquer momento
pudesse acontecer uma despedida dolorosa, para
mim, é claro.
Sempre que ele me interpelava sobre minha
introspecção, eu apenas o beijava com lascívia,
descobrindo que era a melhor resposta que eu
poderia lhe dar, distraindo a nós dois.
Na véspera de nossa partida, fomos ao Morro do
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Mirante, e se eu considerava ser impossível cair


ainda mais de amores por ele, me vi novamente
enganada.
Durante todos os dias em que permanecemos na
cidade, recebemos recomendações para
conhecermos o lugar, mas Oliver sempre me dava
uma desculpa qualquer para não irmos, porém,
quando se deu conta de que eu iria sozinha, me
prometeu com um sorriso devastador que me
levaria antes que o final do dia chegasse.
― Por que você está com esse sorriso? ―
perguntei curiosa, enquanto seguíamos para lá.
― Nada, minha Cissa. ― Beijou minha mão e
me puxou para seus braços, enquanto
continuávamos andando em frente.
Sei não. Ele estava estranho! Mas quem liga
quando ele me chama de “minha Cissa”?

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Eu amava quando ele se referia a mim de


maneira tão carinhosa e possessiva, fazia-me sentir
derreter a cada palavra, demonstrando o quanto me
queria. Sentia-me tão boba e ainda mais
apaixonada.
Oliver usava uma bata na cor branca, bermuda
bege, sandália de couro marrom e óculos estilo
aviador. Eu vestia uma blusinha solta, um short
jeans e sandália rasteira. Usava óculos escuros
também e me vi entupida de protetor solar no
corpo, porque mesmo que não tivesse tomado sol
propositalmente, minha pele branca já estava mais
rosa que a da Peppa Pig.
Muitos poderiam dizer que era loucura minha
não aproveitar para tomar banho de praia ou de Sol
nas lindíssimas praias de Trancoso, mas eu tinha de
discordar. Existia uma coisa chamada prova do
biquíni, e eu morria pavor de passar por ela. A

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prova do biquini nada mais era do que a prova que


corrobora ou não o relacionamento. Ela funcionava
da seguinte maneira: o namorado ou peguete via a
mulher de biquíni e digamos que, depois dela, “ou
vai ou racha”.
Isso era definitivamente de extrema importância
para um relacionamento, e eu não queria arriscar
perder o Oliver. Afinal, muitos relacionamentos já
terminaram depois disso.
Então, sim, seguro morreu de velho!
Ao fundo do Quadrado fica a Igreja São João
Batista, que se encontra no alto de um morro,
conhecido como “Mirante”. Depois de conhecer a
bela igrejinha, caminhamos até os fundos, em
direção ao mirante, de onde se tem uma vista
panorâmica do lugar. As belas praias de areia clara,
mar azul-turquesa, coqueiros e falésias coloridas
me fizeram perder o fôlego.
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Oliver envolveu seus braços em volta da minha


cintura e eu me deixei levar, colando minha cabeça
ao seu peito definido, apreciando a sensação do seu
calor me dominar enquanto eu admirava a beleza
extraordinária do lugar e tudo que já era tão lindo
ganhou um novo significado para mim em seus
braços.
Chegamos ao entardecer, apreciando o por do
sol nos embalar até uma noite tranquila.
Emocionou-me a beleza daquele momento, a
companhia que me aninhava nos braços, superando
todas as minhas expectativas.
Eu estava louca de saudade da minha casa, dos
meus bichanos, da minha família, mas sabia que
quando partíssemos sentiria muita falta de
Trancoso. Minha vida mudara de forma irreversível
naquele lugar e a impressão que eu tinha era de que
uma parte minha ficaria ali.

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Depois de um tempo em silêncio, nós dois


impactados pela beleza fenomenal e pelo
sentimento bom que emanava, Oliver se abaixou
para beijar meu pescoço sussurrando em meu
ouvido perguntou:
― Lindo, não é? ― Sua voz rouca e baixa fez
tudo dentro de mim vibrar.
― Muito. ― Minha voz saiu emocionada. ―
Gostaria de congelar esse momento para sempre ―
pensei alto.
― E eu, o que vem a seguir ― falou
simplesmente.
― Qual? ― inocente perguntei, sem entender
aonde ele queria chegar.
Oliver riu gostosamente e afastou-se, me
fazendo imediatamente sentir falta de estar em seus
braços. Olhei para ele de canto de olho, sentindo

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uma certa relutância em me afastar. Não queria. Por


mim ficaria agarrada a ele vivendo aquele momento
eternamente.
Percebendo que não gostei muito do seu
afastamento repentino, seus olhos ardiam em
expectativa, mas nada que tivesse relação ao desejo
que nos consumia, ia além disso.
― Você está aprontando, Oliver ― apontei o
óbvio, e ele riu novamente, fazendo as covinhas de
suas bochechas se acentuarem.
― Não necessariamente ― respondeu com uma
timidez que não lhe era habitual.
Embora Oliver parecesse um pouco inseguro,
até, diferente do homem que via todos os dias há
dois anos, seu sorriso se alargou e ele deu um passo
um pouco mais perto, terminando a distancia que
nos separava, cortando o fornecimento de oxigênio
para o meu já ofegante pulmão e meu coração foi
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parar na boca. Não importava que estivessemos


juntos, não tinha dúvidas de que ele nunca deixaria
de mexer comigo daquela maneira avassaladora.
― Eu, intencionalmente, deixei para trazê-la
aqui por um motivo ― confessou, remexendo nos
bolsos da bermuda de marca, demonstrando
insegurança que não esperava vir de sua parte.
― Qual? ― tive que perguntar, sentindo-me
cada vez mais ansiosa, e também temendo o que
viria.
Seu par de olhos azuis tinha um brilho de
expectativa e me encarava de forma tão intensa,
que me vi hipnotizada. Ele me endereçou um
sorriso irresistível e respondeu-me com muito mais
do que esperava:
― Porque queria fazer deste um momento
especial para nós dois. ― Suspirou, tomando
coragem para prosseguir. ― Me apaixonei pela
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bela mulher, meiga, inteligente e forte que você é,


Cissa. Por sua doçura, amabilidade, paciência. Amo
como ri quando está nervosa, morde a caneta para
controlar sua ansiedade e os lábios quando lê algo
de que gosta. Você é sempre bem-humorada e vê-la
feliz é um dos meus maiores prazeres. Amo seu
cheiro, seu sabor, sua risada, seu calor. Amo tudo
em você, porque amo você!
Ai. Minha. Nossa!
Uma coisa bateu dentro de mim, aquecendo
minha barriga e meu coração de uma forma que
nunca tinha sentido antes. Toda insegurança, todo
aquele medo absurdo que sentia, se esvaiu.
Sorrindo, lágrimas escorriam pelo meu rosto por
tamanha emoção e nesse momento não me importei
em parecer uma boba. Não mesmo, afinal, ele me
amava.
Quando pensei em me jogar em seus braços e
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também declarar meu amor, ele tirou uma caixinha


de veludo do bolso e, quando me viu com os olhos
arregalados e a mão na boca, completamente em
choque, tratou logo de me acalmar.
― Calma. Não é isso que está pensando… ―
Sorriu torto antes de completar. ― Ao menos não
ainda.
Com um passo ele estava em minha frente outra
vez.
― Oliver… ― ofeguei.
― Ninguém nunca me fez sentir dessa maneira.
Ninguém nunca chegou a fazer com que me
sentisse como me sinto ao seu lado. Eu não sei o
que é, mas apenas sei que preciso estar com você.
Não sei mais sem viver sem você. Por isso, eu
gostaria de saber: aceita namorar comigo?
Enquanto ele permanecia lindo e pleno ao dizer

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tudo aquilo, algo que tinha o poder de mudar minha


vida para sempre, eu estava tipo KLB: Devolva
meu aaaaaar!
Uma parada respiratória? Um ataque
fulminante? Tudo isso era pouco diante ao que eu
senti naquele momento. Por quê? Porque quando se
lia muito como eu, a gente acaba atingindo um
nível de exigência altíssima e acaba acreditando
que homens quase “irreais” como aqueles só
existiam realmente nas páginas dos livros. Uma
fantasia, um sonho de perfeição inalcançável, mas
Oliver me provava a cada dia que eu estava errada.
Na minha cabeça, a única coisa que conseguia
pensar era que ele me amava e realmente queria
ficar comigo. Descobrir que o que sentia com
tamanha intensidade também era correspondido,
não somente era surreal, como também um alívio
para minhas inseguranças.

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Céus! Eu não podia acreditar… Isso parecia um


sonho!
― Cissa? ― ele me chamou, parecendo
preocupado.
― “Devolva meu aaaaaar!” ― cantarolei,
deixando-o sem entender.
― O quê? ― perguntou com o cenho franzido.
Tive que rir da minha própria loucura. O cara
por quem fui apaixonado por tanto tempo estava
aqui declarando seu amor por mim e eu cantando
KLB em resposta?
Sério. Eu era caso de internação!
Ainda que estivesse em meio ao nevoeiro da
minha loucura, meu coração não tinha dúvidas.
Limpei as lágrimas que umedeciam o meu rosto,
sorrindo e chorando ao mesmo tempo, me lancei
em seus braços, abraçando-o, enterrando meu rosto
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em seu peito. Com seus braços em volta do meu


corpo, sentindo seu coração bater tão forte quanto o
meu, me afastei o suficiente para acariciar seu rosto
lindo, sentindo a maciez da sua barba por fazer, e
apesar de Oliver me olhar de modo questionador,
ele também me sorria.
― Minha resposta é sim, e eu também amo
você.
Emocionado, como se quisesse garantir que não
o largaria, ele me segurou em seus braços,
murmurando em meu ouvido palavras doces. E
depois me provocou com sua barba, como sabia
que eu adorava. Seus lábios roçaram minha testa,
depositando beijos nos meus olhos molhados,
antes, de seu nariz tocar minha bochecha como
pirraça e, por fim, beijou minha boca.
O beijo doce e apaixonado logo se tornou ávido
e febril, me causando um frenesi e me perdi nele.
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Oliver me beijava segurando meu rosto entre as


mãos, daquele jeito tão dele, que me fazia sentir
especial sempre me tocava. Como se quisesse
demonstrar o quanto eu era importante para ele.
― Você não tem ideia de como eu amo você,
Cissa. ― Seus dedos enroscaram em meus cabelos
enquanto suas palavras invadiam a minha mente e
seus lábios alcançarem minha orelha, então curvou-
se, até sua boca alcançar minha orelha e completar:
― Mas eu prometo que farei você sentir isso a cada
dia.
Eu não tinha dúvidas, sabia que ele faria.

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CAPÍTULO 10

Eu não queria ir embora da Bahia. Não queria


deixar aquele paraíso que fora palco dos melhores
dias da minha vida. Porém, dias maravilhosos
regados a paixão não ficaram para trás, apenas
voltamos para realidade e começamos a viver tudo
que tínhamos para viver.
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Voltar para casa também foi uma experiência


nova para nós dois e muita coisa mudou desde
então. Nossa relação não era perfeita, óbvio.
Brigávamos como qualquer casal, mas, ainda
assim, estar com ele era maravilhoso e eu não
trocaria por nada nesse mundo.
Oliver fez questão de conhecer meus pais logo
que voltamos. E embora eu tivesse recusado de
início, dizendo não precisar, afinal não sabia como
me portar em frente a eles com um namorado, pois
como meu ex não contava, nunca tinha tido um
realmente antes. Contudo, ele dizia ser um homem
à moda antiga, que não aceitaria ser tratado como
um moleque que não mostra compromisso e
respeito diante da família da namorada. Depois que
ele disse isso, claro, não tive mais como fugir e
tratei de marcar um jantar para a noite seguinte, que
era véspera do aniversário de meu pai.

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Oliver sugeriu um restaurante para esse


encontro e achei ótima sua ideia, afinal, meu pai era
muito ciumento e talvez um local público fosse o
ideal. Meus planos foram por água abaixo quando
resolveram fazer uma comemoração para o
patriarca da minha família.
Mamãe, muito animada por eu ter finalmente
desencalhado, teve a brilhante ideia de oferecer um
jantar para comemorar a minha nova situação
amorosa e de quebra o aniversário do meu pai.
Embora tenha tentado de tudo para convencê-la a
desistir da ideia de promover aquele jantar, o circo
se agigantou, tornando-se um evento para toda a
família.
Sério. Quase morri do coração quando soube!
Minha mãe e irmã já eram razões suficientes
para que eu fosse reticente quanto apresentar meu
namorado, mas juntar toda família, significava que:
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eu, com toda certeza, como se dois e dois são


quatro, morreria de vergonha e ficaria encalhada
para sempre
Quando passei pela porta, me benzi, porque dali
em diante sabia que tudo poderia acontecer e eu
certamente acabaria me arrependendo amargamente
de ter levado aquela situação adiante.
― Pare com isso ― Oliver pediu, com um
sorriso zombeteiro no rosto.
Eu já havia exposto o motivo da minha
reticência, mas Oliver não me levara a sério. Mal
sabia ele que se arrependeria disso no final da
noite.
― Sei bem o que me espera, mas você não sabe
e é justamente esse o problema. Foi bom enquanto
durou ― lamentei emburrada, e ele revirou os
olhos, tratando logo de ficar sério.

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― Você está merecendo umas boas palmadas


para acabar com essas besteiras, Srta. Cecília ―
falou emburrado.
Ui! Adoro!
Se ele queria me assustar, o tiro saiu pela
culatra, porque eu gostei e muito da sua ameaça.
Com um sorriso provocativo nos lábios, fui até ele
e lhe roubei um beijo.
― Vou cobrar, Sr. Grey ― avisei em tom
provocativo e ele rosnou alguma coisa, antes de
voltar a me puxar para si, para seguirmos em frente.
Eu sabia que daquele momento em diante nada
estaria garantido, que me traria um alto nível de
arrependimento e de tamanha vergonha, mas ainda
assim decidi ser corajosa. Como dizia minha vó:
Dono do beijo, dono dos peidos. Quer beijar, tem
que aguentar toda família!

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Logo de cara, minha avó, assistia sua sagrada


novela, me fez desejar que um buraco se abrisse a
minha frente para que pudesse me esconder nele.
― Oi, vó. Como à senhora está? ― perguntei
depois de lhe cumprimentar com um abraço e beijo.
― Tudo na mesma, minha filha. Com dor nas
costas, nos ossos, a pressão como sempre está alta.
Essa semana, inclusive, descobri que estou
praticamente diabética. Quase cega também, por
causa do glaucoma, e ainda por cima tenho que
aguentar o insuportável do seu avô no meu pé, que
decidiu não morrer para continuar infernizando o
resto dos meus dias. Fora isso, está tudo ótimo. Já
fiquei sem graça daí.
― Misericórdia, vó, que horror!
― Não esquente, filha. Estou pagando meus
pecados por ter escolhido um marido filho da puta.
Por isso pense duas vezes antes de dar uma de
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desesperada e casar com o primeiro que lhe propor.


Eu deveria ter sido sensata assim ou ao menos ter
pedido o divórcio naquela vez que encontrei seu
avô com aquela vadia em um Hotel em 1950.
― Jesus, vó! Esqueça isso. ― desconversei, era
embaraçoso receber meu namorado logo com esse
papo. ― Vó, esse é Oliver, meu namorado ―
apresentei e ela o analisou detalhadamente.
― Ué, mas Oliver não é o nome daquele seu
chefe gostoso por quem você era apaixonada? ―
perguntou, superdiscreta, ainda sem tirar os olhos
dele.
Oliver riu, enquanto meu rosto queimava de
vergonha.
Senhor! Eu merecia mesmo passar por isso?
― Sou eu mesmo. Prazer, dona Terezinha. ―
ele a cumprimentou, sem nenhum constrangimento,

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enquanto eu ainda tentava me enfiar embaixo do


sofá da sala.
― Prazer, Oliver. ― Ela ainda o analisava e
temi, porque o olhar perscrutador de Dona
Terezinha era poderoso. É, minha filha, você não
brinca em serviço mesmo. Parabéns! Tenho
orgulho de você, não é burra como suas primas,
tratou logo de pegar um bom partido. Se não
estivesse tão barreada e aquele encosto do seu avô
não existisse, eu o roubaria de você ― falou
simplesmente e foi a vez de Oliver enrubescer.
― Vó! ― ofeguei, horrorizada.
― O que é, Cissa? Não me olhe com essa cara!
Estou falando a verdade. Não vem pagar de santa
para cima de mim não, porque na escola que você
está, eu sou professora. Acha mesmo que alguém
acredita que você é pura e não deu para esse
gostoso aí? Se você puxou a mim, com certeza já
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lhe deu muito trabalho e ainda vai enlouquecer o


coitado!
Sim! Minha vó disse isso! E eu? Já estava na
sala de cirurgia nas últimas!

Minha família é enorme. Por parte de mãe,
tenho cinco tios, mas eles não são a minha
vergonha. Mas por parte de pai são oito tios e seus
descendentes são daqueles em que tem como
esporte preferido procriar. Para se ter uma real
noção, minha Vó nunca decorou o nome de todos
os netos, tamanha quantidade que a velhinha tem.
Imagine os bisnetos, ela não fazia nem mesmo ideia
de quem era quem. Quando queria falar com
alguém, perguntava logo de quem o guri era filho,
para não confundir e não chamar nenhum pelo
nome errado.
Quem convivia, já estava acostumado com o
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nível de baixaria que rolava na minha família. Mas


o problema era que Oliver era um cara da alta
sociedade, educado e muito refinado, certamente
não estava acostumado e aceitar um convite desses
só aconteceu justamente porque ele não fazia ideia
do nível de tortura que era uma reunião dessas.
Minha irmã que o diga, já havia perdido mais de
uma dúzia de namorados com esse tipo de teste, tão
singulares.
Sim, isso era um teste, ainda pior e mais
decisivo do que a prova do biquíni!
Não demorou para que eu me irritasse com
todos os olhares e mãos sobre Oliver. Obviamente
que toda a minha família sabia que meu
rompimento com meu ex-namorado há séculos,
mas ainda assim os filhos da puta ainda insistiam
em perguntar por ele, deixando tanto a mim quanto
Oliver desconfortáveis. Fora que Vovó Terezinha

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insistia em continuar chamando-o pelo nome do


falecido.
Eu não era muito ligada às minhas primas, mas
a culpa não era inteiramente minha se elas sempre
tiveram um pouco de inveja de mim e da minha
irmã. Na verdade, meus tios acabaram passando
para elas a inveja que sentiam pelo meu pai, que era
o filho caçula e por causa disso o preferido de
minha vó. Consequentemente, minha irmã e eu
acabamos nos tornando suas netas preferidas
também. Mas daí a ter que suportar seus
comentários ácidos e suas má-intenções com
Oliver, havia um caminho muito longo a ser
percorrido.
Durante o jantar servido em uma enorme mesa
alojada no quintal e que contava com as
especialidades culinárias da minha mãe,
presenciamos várias discussões acaloradas, como

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ade uma tia que afirmava estar sendo traída pelo


marido e uma sobrinha, desde o natal do ano
passado.
Bom… nem eu duvidava disso! Mas achava
melhor ficar quieta!
Do outro lado, dois tios meus discutiam sobre
como iria ficar a divisão de bens dos meus avôs,
que ainda estavam vivinhos “da silva”,
comemorando e bebemorando suas bodas de
séculos de casamento que tinham acontecido há
algumas semanas e brigavam a todo vapor na
cabeceira da mesa. Meu avô comia um pedaço
enorme de torta prestígio, enquanto minha vó a
brigava com ele e com minha tia ao mesmo tempo.
Vovô Zé começou a discutir fervorosamente
com minha Vó Terezinha e todo mundo resolveu
parar suas DR’s para ver o que estava acontecendo.
A princípio achei que era porque ele estava
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atacando a mesa dos doces e meu avô era diabético,


mas antes fosse por isso.
E foi somente quando meu avô começou a gritar
para meu pai que entendemos a verdadeira razão.
― Carlos Augusto, conversa com sua mãe e
coloque algum juízo na cabeça oca dessa mula
empacada! Você é o único filho que ela escuta! ―
pediu isso aos gritos, o rosto vermelho de irritação.
― Por que, pai? ― meu pai perguntou, tentando
trazer a naturalidade impossível de existir em um
recinto em que os Magalhães estavam.
― Não ouça esse filho da puta! ― vovó se
meteu na conversa, gritando para meu pai.
― Filho da puta? Tô aqui na maior disposição e
você aí cuspindo no prato que comeu. Sessenta
anos de casado para quê? ― perguntou para ela,
parecendo nitidamente ofendido.

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― O que foi, vovô? ― perguntei, segurando sua


mão e tentando ajudar a acabar com a briga.
Minha tentativa de resolução foi ignorada e meu
avô levantou-se da cadeira em um pulo com algo
que minha avó, que já gostava de uma confusão
também, murmurou para ele, o que me fez prender
a respiração.
Porra! Lá vinha merda!
― Olha só, Terezinha, se você continuar não
cumprindo com suas obrigações como minha
mulher, não vou devolver os cartões de crédito que
tomei.
― O quê? ― todos gritaram ao mesmo tempo.
Senhor! Ele tomou os cartões dela?
― Isso mesmo que vocês ouviram! ― Meu avô
apontou para todos da mesa e continuou ― Vocês,
meus filhos, acham justo que eu vá para rua atrás
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de mulher e ter de pagar para me satisfazer, sendo


que tenho uma em casa, que me jurou diante o altar
“na saúde e na doença” para fazer justamente isso?
Oh, meu Deus! Ele não disse isso!
Os olhos do meu pai se arregalaram ao mesmo
tempo em que ele se engasgava e se via sem ar,
Minha boca caiu aberta tamanho choque. Minha
mãe deixou cair no chão a taça de vinho que
segurava. Minha irmã tapou a boca. Outros
deixaram cair o talher no prato, mas ninguém ousou
abrir a boca.
― O que você queria que eu fizesse, seu broxa?
Que abrisse minhas pernas para um velho
asqueroso como você? ― minha vó perguntou para
ele, ignorando a presença dos seus filhos e netos e
principalmente a sensatez.
― Que fodesse com seu marido, mulher!

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Deveria era agradecer o fato de eu ter oitenta anos e


ainda ter tesão e querer uma velha arriada como
você.
Puta que pariu! Estava ficando cada vez pior!
― Pois enfie a merda dos seus cartões de
crédito no cu! No cu, José Augusto! Prefiro não
gastar um tostão, a ter sua pica velha e brocha
dentro da minha boceta! minha vó bradou
completamente fora de si, jogando o conteúdo da
sua taça de vinho na cara de meu avô.
A confusão voltou a todo vapor, pois embora a
confissão da noite tivesse sido chocante, estavam
todos acostumados e bêbados demais para se
importarem com qualquer coisa e principalmente
em não me envergonharem.
Os bacuris começaram a chorar ao mesmo
tempo, gritando de modo ensurdecedor. A verdade
era que meus sobrinhos eram os únicos quietos e
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educados, enquanto o restante tocava o terror pela


casa, levando-me a temer que a construção viesse
abaixo com tamanha bagunça.
Minha mãe dizia para seu sogro se acalmar e
parar de comer doce, por causa da diabetes. Já
minha vó gritava ainda mais alto que qualquer um.
― Deixa ele comer. Tomara que esse velho
desgraçado caia duro aqui e morra logo! Vai ser o
dia mais feliz da minha vida!
Enquanto meu pai tentava, sem sucesso,
controlar a vovó, que continuava a trocar ofensas
com o marido, decidida a dar na cara dele, sem se
importar em passar mal por conta da pressão alta.
Mas quem disse que ela ligava?
Do outro lado da mesa, minhas primas
discutiam sobre quem pegou quem primeiro e fez
mais gostoso. Ainda por cima jogavam piadinhas
para cima do meu cunhado e até mesmo para
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Oliver.
Sim. Eram umas vadias mesmo!
A mulher do meu tio começou a dizer para
quem quisesse ouvir, que o marido já não dava
mais no couro, nem mesmo com Viagra e que por
causa disso tinha que usar um vibrador. Ao mesmo
tempo, começou a perguntar a minha mãe se meu
pai era brocha e minha mãe não sabia quem acudir
ou bater.
A outra tia começou a dizer que os melhores
orgasmos que teve na vida foram provocados pelo
vibrador e começou a compartilhar suas
experiências de sexo virtual.
É, vadia mãe, vadia filha!
Minha avó começou a gritar com as noras,
dizendo que não justificava o fato dos seus
respectivos maridos serem broxas para criar as

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netas para serem vagabundas. E ainda fez questão


de salientar que eu era a única neta que não era
puta.
― A Clarissa esteve por um tempo perdida no
mundo. Achei até achei que fosse dar para ruim
como as primas, mas felizmente, depois de muita
oração minha para Santo Expedito, ele operou esse
milagre e conseguiu o impossível: sossegar a
periquita dessa menina! ― ela nos segredou,
fazendo minha irmã morrer de vergonha, mas logo
começou a discutir com ela também.
Na minha frente, meus tios continuavam a
discutir sobre a herança e entraram mais dois no
meio da conversa. Falaram até mesmo da fazenda,
que ninguém queria repartir e isso deu início a uma
nova discussão.
E quando olhei para mesa do bolo, tia Neta já
tinha juntado uma outra ao lado e colocado todos
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seus seis netos sentados, que já comiam a o bolo de


aniversário como se tivessem acabado de voltar de
um jejum intermitente. O maldito bolo de papai que
ainda nem havíamos cantado parabéns!
Estávamos no inferno!
Meu avô então começou a dançar, fazendo sua
coreografia de sempre, descendo até embaixo com
os dedinhos para cima, apenas para pirraçar minha
avó. Quando achei que não podia ficar mais
envergonhada com toda aquela zona, minha vó
chamou por Oliver e começou a falar.
― É. Estou feliz que Cissa arranjou um homem.
Conversei muito com Santo Expedito para que isso
fosse possível, porque achei que ela ia morrer
encalhada, coitada. Achei que a sina dela era ficar
para titia. Espero que se casem logo, porque você já
deve ter percebido que estou para morrer e não vai
querer que isso aconteça sem que eu veja minha
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neta casada, certo? Aquele outro gay que ela


namorou devia ser tão broxa quanto meu marido.
Nunca pegou ela de jeito, por isso que é reprimida a
coitada. Enfiar um filho nela nem pensar. Espero
que você pelo menos seja útil para engravidar
minha neta logo ― ela disse, terminando de acabar
comigo.
Oliver ficara tão assustado, que foi um
verdadeiro milagre nosso relacionamento ter
chegado até o final daquele jantar.
Quando acordei na manhã seguinte, envolta em
seus braços, sentindo sua respiração ouriçar os
pelos da minha nuca, tive a certeza de que ele não
fugiria, e agradeci a Deus por isso e por não ter que
pagar pelos pecados da minha insana família.
Meu pai ainda permanecia cético em relação a
Oliver, sempre olhando-o de um jeito meio torto e
desconfiado. Estava sempre com aquela cara que
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todo pai fica quando conhece um novo namorado


da filha. Mas Oliver não se deixou intimidar por
ele, ou pela minha louca família, provando ser o
homem perfeito para mim.
Como Oliver já havia conquistado minha mãe
antes mesmo de conhecê-la, afinal, as esperanças
dela de que eu não fosse ser comida pelos meus
gatos se renovaram, ele havia concentrado seus
esforços em conquistar o sogro.
Depois de arrancar de mim toda informação que
julgou que seria útil, ele achou por bem, começar
pelo ponto fraco do velho: futebol. E como a
Albuquerque e Guimarães patrocinava os maiores
times do país, conseguir algumas entradas para o
camarote para que pudessem assistir ao time do
coração do meu pai não seria difícil e ainda
amoleceria o seu coração. Mas ainda assim, mesmo
depois de todos os esforços, ele ainda continuou

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fazendo jogo duro com o genro.


No jantar seguinte, estávamos mamãe, Clarissa
e eu terminando de preparar a comida, enquanto o
marido dela olhava as crianças e papai estava
sozinho na sala com Oliver. Temi por estarem
apenas os dois, porque meu pai poderia matar meu
namorado e esconder o corpo, sem nenhuma
testemunha. Ou pior, entregar algum podre meu e
fazê-lo correr.
Claro que eu estava preocupada com isso,
afinal, já havia chegado até aqui e morrer na praia
depois de me deliciar na minha “ilha grega” me
traumatizaria para o resto da vida!
Eu queria espiar o que conversavam, mas nem
minha mãe e nem minha irmã permitiam.
― Se o Márcio, magrelo e franzino daquele
jeito que era, passou pelo papai e não morreu e
muito menos correu, não seria aquele homem todo
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do seu namorado que faria isso ― minha irmã dizia


em uma tentativa de me acalmar.
Ela tinha razão, pois quando aparecera com um
namorado em casa, depois de um desastroso
relacionamento atrás do outro, uma verdadeira
guerra civil foi instaurada sob nosso teto. Achei que
meu cunhado não teria chance, mas ele não se
intimidou e mostrou para o papai o quanto queria
ficar com minha irmã. Três anos e muitas caras
feias depois, minha irmã noivou e se casou seis
meses mais tarde. E hoje tinha quatro filhos que
eram os amores do vovô.
Contudo, apesar de as palavras de Clarissa
terem me acalmado, minha quietude não durou
muito e logo eu estava espreitando para ouvir sobre
o que os dois homens da minha vida conversavam
na sala de estar.
― Quais são suas intenções com minha filha,
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rapaz? ― Ouvi o questionamento direto de papai e


gemi.
Não acreditava que ele fizera aquela pergunta
tão retrógrada!
― Sei que isso pode soar clichê, senhor, porém
minhas intenções com sua filha são as melhores ―
Oliver respondeu e eu o conhecia o suficiente para
saber que, embora ele tivesse tentado soar seguro,
havia um tom de nervosismo em sua voz.
― De boas intenções o inferno está cheio! ―
meu pai debochou, parecendo muito insatisfeito
com a resposta e quase vi e ouvi Oliver engolindo
em seco.
Droga! Isso estava indo de mal a pior! E eu
nem podia ir em socorro dele!
― Sr. Carlos, sei que é difícil para que aceite
que sua filha cresceu e que agora tem um

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namorado…
Sim, demorei, mas finalmente tinha um!
― Isso não significa que vou deixar qualquer
moleque namorá-la ― meu pai o cortou, todo
bruto.
Merda!
― Desculpe, mas sou um homem, e não um
moleque. Sou apaixonado por sua filha há bastante
tempo e jamais brincaria com ela. Quero te pedir
não apenas que me deixe namorar com sua filha,
mas também fazê-la feliz…
Droga! Eu não podia acreditar!
Não ouvi mais nada do que Oliver disse, porque
foi naquele exato momento em que minha mãe
descobrira que eu estava espiando-os e me puxando
pela orelha de volta para a cozinha, brigando
comigo como se eu fosse uma criança.
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Porém, algo de muito interessante aconteceu


durante o jantar. Papai já não tinha mais a carranca
costumeira na intençãodireção do meu namorado.
Na verdade, ele e Oliver gargalharam horrores
juntos, cúmplices, parecendo amigos de infância.
Ele até mesmo passara a chamá-lo de “filho”.
Com o cenho franzino observei a interação dos
dois, me perguntando o que diabos Oliver havia
dito para que isso acontecesse.
E quem souber morrer, porque ainda não sabia
o que foi conversado entre eles!
Obviamente perguntei a ele o que falara para
papai para que começasse a tratá-lo como filho,
mas ele nada me respondeu, limitou-se apenas a
dizer que não se lembrava, embora eu soubesse que
era uma mentira deslavada. Nem greve de sexo o
faria revelar o que havia acontecido, ainda mais
porque eu não teria forças para resistir a ele.
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Oliver parecia ciente de que eu estava blefando,


porque no segundo seguinte, avançava sobre mim,
com um sorriso felino e perigoso, provando o seu
ponto de vista. Na verdade, provou-me isso três
vezes aquela noite.
Desde que voltamos de Trancoso, Oliver parecia
estar muito à vontade na minha casa, pois dormia
mais na minha do que na própria. Ele até mesmo se
apegara os meus gatos e falava com eles como se
fosse o “papai”. Quando soube os nomes, Oliver
gargalhou tanto, que achei que fosse morrer sem ar.
O que seria uma perda irreparável.
Mas embora tivesse gozado bastante e até
mesmo criticado minha escolha, ele gostou
particularmente de saber que meu caçula felino
tinha o nome em sua homenagem. E o traíra do Jr.
era tão safado, que só me procurava para comer,
porque no restante do tempo era colado no Oliver e

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acabava tendo que disputar sua atenção.


Sim, meu gato era safado e sabia o que era
bom!
Depois de duas semanas juntos, onde ele
praticamente ia para casa apenas para trocar de
roupa, Oliver começou a reclamar sobre isso. E foi
nessa ocasião que ele ganhou uma gaveta, que logo
se tornou uma parte inteira do meu guarda-roupas
repleta de ternos e outras roupas suas.
Mas embora nosso relacionamento estivesse
ótimo, o maior dos nossos problemas, no entanto,
era meu trabalho. A primeira discussão que tivemos
sobre o assunto aconteceu no dia seguinte a nossa
chegada. Tomávamos café da manhã, quando eu,
casualmente, peguei os classificados do jornal que
ele lia e comecei a procurar por algo que se
adequasse as minhas especificações profissionais.
― O que está fazendo? ― perguntou um tanto
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seco.
― Estou procurando emprego ― respondi,
mordendo um pedaço do meu pão com queijo.
― Não. Você não fará isso. ― O jornal que eu
segurava então foi tomado de minha mão sem
aviso.
― Ei. Eu preciso trabalhar para viver. Por mais
que eu queira, não sou dona de uma fortuna
descomunal e não posso viver de luz, infelizmente
― debochei e ele bufou.
― Pare com isso! ― Arqueou a sobrancelha
enquanto me fazia o pedido, o que mais me pareceu
um sinal de alerta e foi a minha vez de bufar.
― Tudo bem, eu entendi que você não quer
misturar trabalho com o relacionamento e não estou
tentando dissuadi-lo para conseguir meu emprego
de volta. Mas eu simplesmente não posso ficar

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desempregada, eu tenho contas para pagar. Além


do que, preciso comer e alimentar meus gatos
também! ― Prendi o cabelo em um coque, ficando
irritada pela sua falta de compreensão.
― Uma porra! Você não vai trabalhar para
qualquer pessoa, Cecília! ― rosnou, fazendo minha
paciência se esvair.
― E para quem vou trabalhar, então?
― Para mim.
― Mas você me demitiu! ― apontei o óbvio.
Deus! Brigar com esse homem era cansativo!
― Cecília! ― Sua voz saiu em um grunhido
sexy, enquanto me dava o segundo alerta.
― Vou trabalhar com você novamente? ― eu
quis ter certeza, mordendo o lábio para não rir da
sua linda cara enfezada.

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― Vai. Sei que em algum momento você me


fará perder a cabeça, mas não me preocupo com
isso. Afinal, você não sairá do meu lado pelo resto
da vida mesmo. ― Olhou sério para mim, embora
um sorriso despontasse discretamente em seus
lábios.
― Hum?
Impaciente, Oliver me puxou para seu colo e
ainda que usasse um tom baixo e assertivo quando
continuou, não pude me impedir de deixar de olhar
para ele, com minhas mãos enlaçadas em volta do
seu pescoço, quando sua voz melodiosa prosseguia:
― Você entendeu o que eu disse, Cecília. Me
conhece muito bem para saber que não brinco e
muito menos blefo. Penso em nós dois em longo
prazo. Não quero passar minha vida inteira te
apresentando como minha secretária. Para falar a
verdade, não estou nem um pouco preocupado em
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perder meu braço direito, estou preocupado em te


perder. Você pode ser competente o quanto for,
mas não vou permitir que nossa relação profissional
estrague o que temos. Então, quando eu te demitir,
porque acredite, isso vai acontecer, esteja ciente de
que meu plano não caberá aviso prévio e seu
trabalho será somente esse, ser minha mulher e a
mãe dos meus filhos.

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EPÍLOGO
Voltar a Trancoso depois dos dias lindos que
vivemos ali era tudo que eu queria. E retornar com
Oliver para comemorarmos nosso primeiro
merversário de namoro era maravilhoso. Melhor
que isso não poderia existir. Ao menos eu achava
que não.
Embora por vezes eu ainda achasse que estava
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sonhando, nossa relação estava cada dia mais séria.


Eu trabalhava na Albuquerque e Guimarães, tendo
Oliver como meu chefe, e estávamos tentando fazer
a relação amorosa e profissional coexistirem de
forma harmoniosa, embora trabalhar com o
namorado realmente fosse difícil.
Ainda assim não tinha um dia sequer que
dormíssemos separados, e apesar de brigarmos vez
ou outra, nunca, nunca mesmo, íamos dormir sem
resolver nossos problemas, e a última coisa que eu
ouvia antes de fechar os olhos era um “eu te amo”
com gostinho de para sempre.
A família de Oliver me recebeu de braços
abertos. Todo mundo parecia saber que um dia isso
aconteceria. Pelo visto erámos tão óbvios e eu tinha
sido a única idiota a não ter percebido o seu
interesse por mim. Fiquei envergonhada, mas não
me importei com isso Afinal de contas, nem todo

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mundo possuía o discernimento necessário para


compreender uma relação entre patrão e
funcionário. Por sorte, não precisei e preocupar
com comentários maldosos acerca do meu real
interesse por Oliver.
Oliver era ciumento para caramba e isso só não
me surpreendeu mais, do que o fato de ser tão
romântico e carinhoso como era. Embora
trabalhássemos juntos e tentássemos não misturar
as coisas, ele procurava sempre me agradar, seja
mandando mensagens fofas ou flores quando não
estava por perto e até mesmo me surpreendendo
com presentes ou me levando para comer o
hambúrguer e a batata frita mais gordurosa da
cidade.
― Está pronta? ― ele perguntou, entrando no
quarto com um sorriso de quem estava aprontando,
depois de guardar o celular no bolso do short que

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usava.
― Estou sim. ― Não deixei de analisá-lo
enquanto respondia. Como bom observador que
era, ele se aproximou e me beijou, com a clara
intenção de me distrair.
Mas quem estava reclamando? Eu nem mesmo
me lembrava do que estava fazendo antes!
Depois de quase me perder em seus lábios,
Oliver se afastou e continuou sorrindo para mim,
enquanto me puxava em direção a sabe Deus onde.
Ainda me surpreendia a maneira com a qual ele me
olhava, seu jeito tão apaixonado, quase como se
estivesse hipnotizado, não sabia se era impressão
minha ou se estava amando-o mais a cada dia, mas
as emoções dos seus olhos pareceram faiscar de
uma forma diferente.
― Vamos? ― incentivou com um sorriso, mas
embora eu estivesse meio abalada pelo beijo, ele
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não me convencera de que não me escondia nada.



O Mirante continuava com a mesma vista de
tirar o fôlego e fizera com que eu me apaixonasse
quando estive aqui da última vez. Rever as belas
praias de areia clara, as falésias coloridas e o
marzão azul me fizeram um bem danado.
Como de costume, Oliver se posicionou às
minhas costas, envolvendo minha cintura em um
abraço firme, enquanto eu encostava minha cabeça
em seu peito em resposta, sentindo-me tão segura,
amada e protegida que seria um sacrilégio me
afastar dele.
O sol dava o seu espetáculo ao se despedir,
fazendo-me notar que algo diferente estava
acontecendo. Apoiando-me no batente, me afastei
de Oliver, olhando com curiosidade para as tochas
acessas, que formavam um pedido:
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CASA COMIGO?
Virei-me para olhar para Oliver, mas congelei
quando o vi se ajoelhar na minha frente,
empunhando uma caixinha azul aveludada,
revelando-me, ao abri-la, uma linda aliança, e
fazendo-me levar as mãos à boca em um gesto de
surpresa. Todo o ar pareceu desaparecer, meu
coração estava em descompasso e à medida que a
compreensão me atingia, eu sentia minha visão
embaçar.
Como era mesmo que se respirava?
O sorriso de Oliver era enorme, revelando os
belos dentes brancos e aquelas covinhas na
bochecha que eu queria muito beijar. Era tão difícil
de acreditar que aquilo tudo era real. Mas acordei
do meu torpor ao ouvir sua voz grave e profunda
começar a falar, me trazendo lágrimas aos olhos.
― Minha Cissa, por dois anos você se
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empenhou em me levar à loucura e, por fim,


quando conseguiu, mesmo sem saber, me arrebatar
definitivamente, fazendo-me correr atrás de você e
experimentar as melhores sensações ao seu lado.
Passou por um curto período de experiência, onde
teve êxito e está mais do que apta a ser a mulher do
chefe. Então, você me faria o homem mais feliz do
mundo e se casaria comigo para se tornar a Sra.
Albuquerque e Guimarães, futura mãe dos meus
filhos? Seja minha, Cissa.
E por um acaso ele tinha alguma dúvida? Como
poderia ter? Porque eu não tinha nenhuma quando
se tratava dele. Tudo o que eu sempre quis era tê-lo
e, agora que o tinha, não abriria mão jamais.
― Sim. ― Minha voz foi um sussurro trêmulo.
― Sim? ― Ele pareceu não acreditar na minha
resposta.
Sério. Ele era louco por achar que lhe negaria!
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― Claro que aceito, seu besta. Nada me fará


mais feliz do que me tornar a Sra. Albuquerque e
Guimarães e também a mãe dos seus filhos.
Oliver sorriu emocionado, antes de retirar o anel
da caixinha e deslizá-lo em meu dedo, beijando-o
com ternura. Pondo-se de pé, ele se curvou,
tomando minha boca, beijando-me com paixão,
fazendo meu coração quase explodir de felicidade.
Com os olhos ainda fechados, disse para mim
mesma que jamais esqueceria aquele momento. E
sentindo seus lábios ainda colados aos meus, eu
sabia que aquele beijo prometia um futuro e muito
mais.

Foi em uma tarde de verão, ao pôr-do-Sol, que
dissemos “sim”. O local não poderia ser outro: no
alto do morro do Mirante, nosso cantinho especial e
lugar que havia nos marcado tanto, o palco de
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nossos melhores momentos.


Quando o vi em frente àquele altar improvisado,
me esperando, nervoso, senti como se meu coração
fosse sair pela boca Oliver sorria para mim,
esbanjando aquele sorriso lindo que me fizera cair
de amores por ele e que era dedicado apenas para
mim.
O que parecia ser impossível, tornava-se
realidade bem diante dos meus olhos. Três meses
após o pedido, nossos amigos mais íntimos e
familiares compartilhavam conosco a celebração a
da nossa união e eu não poderia ter desejado algo
mais perfeito.
O homem da minha vida usava uma camisa e
terno na cor branca, assim como o restante dos
convidados que também vestiam roupas do mesmo
tom. Ele estava ainda mais bonito que qualquer
mocinho literário ou que minha fértil imaginação
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ousou imaginar.
Meu vestido de noiva era de renda com uma
pequena cauda. E sem véu e os cabelos soltos e
livres ao vento suave que soprava, carregava um
buquê de lírios brancos enquanto de braços dados
com meu pai seguia com destino a minha
felicidade.
Não conseguia deixar de sorrir e nem de
derramar minhas lágrimas, sem me preocupar com
a maquiagem ou que parecesse boba, nada mais me
importava além daquele que me esperava com seus
olhos fixos nos meus.
Olhávamo-nos com amor, com paixão. Para
muitos as coisas entre nós poderia ter acontecido
muito rápido, mas o que nos importava de fato, era
que nós dois tinhamos mais do que certeza do que
queríamos. E nossos sorrisos e a emoção que
sentíamos naquele momento definitivamente
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falavam por si.


Quando finalmente cheguei ao altar, e a
cerimônia se iniciou, chorei, tomada pela emoção e
Oliver também não conseguira esconder o quanto
estava emocionado e nem mesmo se importou de
derramar suas lágrimas. Além das belas palavras
proferidas pelo padre, tivemos não apenas as
pessoas mais queridas com a gente, dividindo esse
momento especial, mas também um lindo por do
sol.
Nossa festa aconteceu no DaVilla, hotel da
Albuquerque e Guimarães, no qual havíamos nos
hospedado em minha primeira viagem a Trancoso.
A festa foi organizada à beira do mar. A decoração
rústica e cheia de flores, deixando tudo ainda mais
lindo.
Conforme anoitecia, as luzes foram se
acendendo ao nosso redor, bem como as tochas,
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tornando o caminho de luz tão incrivelmente lindo,


fazendo-me sorrir largamente. Também havia as
velas, o varal de lâmpadas e lanternas também
apareceram para dar ainda mais brilho ao ambiente.
Tudo tão incrível e lindo. Nada poderia ter sido
mais perfeito.
Apesar de não querer me afastar de Oliver,
disfarçar todas as vezes que os garçons passavam
com suas bandejas de petisco e drinques, fazendo-
me torcer o nariz em recusa, era cansativo. Mas
depois de sair do banheiro, ainda um pouco sem ar,
fui flagrada por ele.
― Tudo bem? ― perguntou, parecendo
genuinamente preocupado, e achei por bem me
fazer de desentendida.
― Sim. Não foi nada. ― Dei de ombros como
se nada tivesse acontecido, embora minha voz
soasse fraca, até mesmo para meus próprios
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ouvidos.
A ruga de preocupação em sua testa se desfez,
embora ele parecesse um pouco emburrado com
minha resposta evasiva quando se aproximou.
Abraçando-me por trás, me derreti quando ele
beijou meu pescoço, arrancando um pequeno
gemido dos meus lábios.
― Quando vai me contar? ― perguntou e
estaquei, virando meu rosto para encará-lo.
― Como? ― fiz a pergunta quase muda e ele
sorriu, como se eu não pudesse esconder nada dele.
― Só quero saber quando você vai me contar
que está grávida. ― Minha boca abriu em um “o”
enorme.
Meu Deus! Como assim?
― Por que você acha isso? ― Ri de nervoso,
ainda sem acreditar que ele descobrira o que eu
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estava lhe escondendo e ainda tentando aceitar.


― Porque te conheço bem demais e além das
mudanças óbvias que seu corpo sofreu nos últimos
meses, sei que isso não é impossível. Na verdade,
para mim, é óbvio, especialmente quando sei que
você não toma anticoncepcional e nunca usamos
camisinha. ― D sua voz escorria deboche, bem
como o sorriso torto que me dava certeza que nada
lhe escapava.

Acordei com o som da canção que eu conhecia
de cor e uma risadinha infantil satisfeita, e eu era
capaz de tudo para ter a chance de ouvi-la a cada
segundo pelo restante dos meus dias. Ainda sem
abrir os olhos, tateei o colchão macio, encontrando
apenas os lençóis caros e a cama vazia.
― Oliver? ― chamei por ele e logo obtive
resposta.
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― Oi, amor.
A voz grossa e poderosa do meu marido, mesmo
depois de tanto tempo, ainda me causava arrepios.
― Bom dia ― murmurei com a voz ainda rouca
e sonolenta.
Sentei-me na cama devagar e, enquanto me
espreguiçava, vi Oliver sentado na poltrona que
ficava de frente à TV, com nossa filha deitada em
seu peito, assistindo com um sorriso no rosto a um
desenho animado de princesa, que eu sabia ser seu
preferido.
Eu não me cansava de vê-los juntos. Admirá-los
acabou se tornando o melhor dos passatempos,
especialmente porque eles eram tão parecidos, com
exceção dos meus cabelos loiros. Mas era só isso,
porque com apenas dois anos, até mesmo o jeito de
ser, Eva herdara do pai, geniosa, decida e tão
determinada, minha filha era uma líder nata.
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Sem dizer uma palavra, Oliver se levantou e


trouxe nossa pequena até mim, arrancando-lhe um
resmungo desgostoso por estar interrompendo sua
programação. Fora que ela sabia que agora perderia
seu colo, porque era um dengo com o pai e adorava
assistir aos seus desenhos sentada em cima dele,
recebendo seu carinho e cafuné.
Depois de Oliver fazê-la me desejar “bom dia,
mamãe”, deixou a pequena emburrada e sentada na
poltrona novamente, vindo até mim. O sorriso com
aquelas covinhas profundas, aquele corpo perfeito
de fazer qualquer um babar e seu cabelo escuro
bagunçado e completamente displicente de um jeito
sexy, fazendo meu coração disparar e causando
aquele turbilhão de sentimentos que pareciam
apenas se intensificar à medida que o tempo
passava.
Quase cinco anos apaixonada por esse homem e

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três anos juntos ainda não foram o bastante para


que me acostumasse a acordar ao lado do marido
mais lindo e maravilhoso de todo o mundo. Eu era
tão sortuda por tê-lo e por ter me dado as melhores
coisas da minha vida, que apenas podia agradecer a
Deus por isso.
Com o sorriso de tirar o fôlego no rosto, ele me
beijou como se fosse a primeira vez, sussurrando
em meu ouvido:
― Bom dia, minha vida.
― Bom dia, amor ― ronronei, sem deixar de
roçar os lábios nos seus.
Quando nos afastamos, lembrei-me do sonho
que tive antes de acordar e sorri, fazendo-o me
olhar com cenho franzido.
― O que foi? ― perguntou com sua curiosidade
natural. Nada lhe escapava, era incrível.

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― Nada. Só me lembrando do meu sonho. ―


Acariciei seu rosto, sentindo sua barba macia raspar
em minha pele, vendo-o fechar os olhos e emitir
sons de prazer com o meu toque.
― Com o que sonhou? ― perguntou, trazendo-
me para seus braços, voltando a sentar-se na cama,
comigo em seu colo.
Ao meu redor, a tão familiar decoração rústica
me fizera sorrir. Como sempre fazíamos naquela
data, em comemoração ao nosso terceiro
aniversário, viajamos para Trancoso. E não
poderíamos ir para outro lugar, senão aquele onde
tudo começara.
― Sonhei com nossa história ― confessei sem
tirar o sorriso dos lábios e ele também sorriu, sem
deixar de acariciar minha barriga protuberante,
onde nossa segunda filha crescia tranquila,
esperando os três meses que faltavam pelo
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momento de nos conhecer, aumentando nossa


felicidade.
― A melhor de todas e ela ainda está no início,
porque já te disse que está presa a mim pelo resto
dos seus dias. ― Com ele plantando mais um beijo
em minha boca, fechei os olhos e agradeci por tê-
lo, e pela família linda que havíamos construído.
Oliver era tudo de que eu precisava.

Fim.

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PRÓXIMO
LANÇAMENTO DA
SÉRIE

Em breve saberemos o próximo volume da Série


Homens Irresistíveis, onde cada livro contará a
história de um “mocinho” que povoa o sonho das
mulheres.

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PLAYLIST
Like I'm Gonna Lose You - Meghan Trainor e
John Legend
Wanted - Boyce Avenue
A dor desse amor - KLB

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AGRADECIMENTOS

UM CEO EM MINHA VIDA é uma história


que eu queria contar há muito tempo e justamente
por sua causa tive a ideia de toda a série, que em
cada livro terá um homem que povoa os sonhos da
mulherada. E por mais que tivesse demorado um
pouco para colocá-la no papel, estou feliz demais
por estar dividindo com vocês!
Preciso agradecer algumas pessoas, que vocês já
devem ter cansado de ver por aqui, mas que se não
as tivesse não teria ido tão longe como já fui e
ainda espero ter a chance de ir...
A minha família, meus pais, meus maiores fãs.
Ao meu marido e filho, meus maiores
incentivadores... Obrigada por estarem comigo a

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cada passo, tudo por vocês! <3


A Martinha, Kamila Cavalcante e Larissa Maps
(a dona do homem!rs), por terem estado comigo a
cada dia... meu amor e carinho pro vocês
transcendem qualquer coisa que posso dizer aqui!
Amo vocês! <3
Carlie Ferrer, minha BFF, por cada palavra
amiga, pelo apoio de sempre. Maria Rosa, por estar
comigo sempre a cada loucura. <3
Taciana, Thais & Thuany, sempre. <3
As minhas queridas amigas autoras da Panela de
Pressão: Joice Bittencourt, Evy Maciel (Minha irmã
de alma!), Sue Hecker, Kacau Ti Amo, Márcia
Lima, Sylmara, Bya Campista, Camila Ferreira...
Juntas sempre seremos mais fortes! Amo ôces! <3
Ao Lado Purpurinado da Força: Villar,
Paulinha, Liv, Sara, Marta e Kami, por serem esse

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time incrível que amo e me apoiam sempre!


Amoooo <3
Minhas princesas lindas e eternas em meu
coração, meus leitores maravilhosos, por cada
palavra linda e amiga, obrigada por cada livro, cada
e-book comprado, mas principalmente por me
permitirem viver esse sonho de escrever para
vocês. S2
A minha equipe linda de divulgação: Laís,
Paula, May, Alinne, Laiza. Obrigada por me
“levarem” para o mundo! <3
A Evelyn Santana, que me fez chegar perto de
odiá-la menos depois que embarcou na minha
loucura de pegar o Oliver para revisar em cima da
hora. Sabe que te amo, né? As minhas lindas
colegas talentosas que eu amo: Mary Oliveira,
Milena Cavalcanti, Ali Graciotte, ALC Alves, Bia
Tomaz, Lucy Berhends, Janaína Rico, Nana
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS

Pauvolih, S Miller, Ju Mendes e LM Gomes.


Danilo Barbosa, meu agente divo, por acreditar
em mim e me ajudar a acreditar também, por puxar
minha orelha na hora certa e estar comigo nessa
aventura! <3
Aos meus queridos Gracielle Rattes, Alinne
Leite, Mayse Margarida, Thays Lima, Bianca
Patacho, Vanessa Fiorio, Aline Mendes, Aline
Silva, Deisi Riewi, Débora Favoretto, Mari Sales,
Diana Medeiros, Anne, Ellen, Nilton, Mariana
Ornelas, Marianna Rodrigues, Dammy, Veveta,
Daiane Marinho e todos os meus parceiros, que só
tenho que agradecer por estarem comigo! <3
E quero agradecer também a você, que me deu a
oportunidade de contar mais uma história, que me
acompanha a cada loucura, que me permite
continuar a sonhar... Obrigada!
Beijos,
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Míddian Meireles

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SOBRE A AUTORA
Míddian Meireles

Filha única e nada mimada. Mas ainda assim era aquela


menina que trocava um quarto de brinquedos por uma
caneta e um papel mesmo antes de aprender a escrever.
Era aquela que escrevia no diário sobre o seu dia a dia,
mas também sobre seus medos, sonhos e desejos. Aquela
que odiava Matemática, mas adorava Redação.

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É Mãe, esposa, amiga, viciada em maquiagem e sapatos.


Aquela em que seus fiéis companheiros para a Insônia são
os livros e por essa paixão incontrolável, resolveu usar a
imaginação e escrever suas próprias histórias. E hoje com
vinte e tantos anos, encontrou-se na escrita, redescobriu-
se através das palavras, novas histórias e personagens.

Contato: contato@mimeireles.com
Perfil | Grupo Face | Página Face | Site | Wattpad

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muito importante para nós autores... <3

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GLOSSÁRIO

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Notas
[←1]
Trecho do livro de Cinquenta tons de Cinza de EL James
usado como referência para diálogo.

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[←2]
Trecho do livro Toda Sua de Sylvia Day, usado como
referência para diálogo.

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[←3]
Trecho do livro Peça-me o que quiser de Megan
Maxwell, usado como referência para diálogo.

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[←4]
Trecho do livro de Cinquenta tons de Cinza de EL James
usado como referência para diálogo.

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[←5]
Trecho do livro de Cinquenta tons de Cinza de EL James
usado como referência para diálogo.

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[←6]
Trecho do livro Era uma vez o Amor, primeiro livro da
Trilogia Era uma vez – Série Destino, da Autora, usado
como referência para diálogo.

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[←7]
Trecho do livro de Cinquenta tons de Cinza de EL James.

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[←8]
Trecho do livro Peça-me o que quiser de Megan
Maxwell.

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