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Capítulo um

- Sinto muito incomodá-la, mas


você pode dar uma “olhada” no meu
computador?
- O quê? - Puxo meus fones de
ouvido e olho pra cima e me deparo
com um par de olhos espantosamente
castanho-dourados, em um rosto
esculpido sob uma cabeça com
cabelos pretos, raspado curto nas
laterais, com uma crista em cima
moldada com gel de lado, como uma
onda. Da gola de sua camiseta
aparecem várias tatuagens e seus
braços são cobertos delas, porém
não tenho a chance de ver o que são,
pois meus olhos são atraídos
novamente para aqueles olhos e
momentaneamente eu fico sem
palavras.
Eu procuro algo pra dizer, mas
só consigo chegar a duas palavras.
- Sim, certamente. - Brilhante.
Ele me dá um sorriso rápido
enquanto puxa seu celular, que toca
estridentemente de seu bolso largo e
sai apressadamente do café. Eu
estive tão imersa trabalhando em
meu artigo que não o tinha visto
entrar, mesmo estando em uma mesa
atrás de mim.
Lá fora ele está andando de um
lado para o outro da calçada, em
frente ao café, falando em seu
celular com um sorriso no rosto.
Viro-me em minha cadeira e dou
uma espiada em seu laptop, que está
aberto no Facebook. Estou distante
para ver alguma coisa, mas eu
conheço muito bem o layout da
página. Ele também tem uma pilha
de livros e um caderno aberto com
alguns rabiscos. Uma xícara de café
preto fumegante ao lado do
computador. Retorno ao meu lugar
antes que ele volte e me pegue sendo
uma completa bisbilhoteira. Além
disso, eu preciso voltar ao trabalho.
Não posso me distrair agora.
Estou começando o segundo
semestre de meu primeiro ano e
quase posso provar a minha
licenciatura. Tem gosto de vitória e
papel grosso. Em menos de dois
anos, eu terei um bacharelado de
Ciências em Negócios e estarei
preparada para um MBA (Mestrado
em Administração de Empresas).
Tenho tremores só de imaginar que
terei meu próprio escritório no topo
de um arranha-céu brilhante e
sentarei em minha mesa de mogno,
cruzando as pernas cobertas de
nylon, enquanto assino uma fusão
corporativa com uma caneta, que
provavelmente custa mais do que o
carro que dirijo atualmente.
Felicidade absoluta. Sim, eu quero
ter dinheiro quando for mais velha.
Eu vivi 21 anos sem ele. Eu sei que
não pode comprar a felicidade, mas
minha família foi muito miserável
sem ele.
O meu telefone vibra com um
texto de minha colega de quarto,
Hazel. Eu abro para encontrar uma
foto de um pênis.
Eu nunca tinha trocado textos ou
fotos eróticas com um rapaz. Apenas
Hazel. Talvez eu devesse considerar
essa coisa lésbica.
Desliga isso, Shannon. Desliga
e concentre-se. Respiro três vezes,
inspirando e expirando de olhos
fechados, esvaziando a minha mente.
Cada pensamento é drenado e travo
meus olhos, novamente, na tela do
meu computador. Meu trabalho não é
esperado até a próxima semana, mas
eu nunca espero até o último minuto
para fazê-lo, como os outros fazem.
Você nunca chegará a lugar algum
por procrastinar, isso é algo
comprovado por meus pais e meu
irmão mais velho,
Cole, através da infinidade
assustadora de empregos que
tiveram em suas carreiras
semifalidas. Meu irmão não pode,
nem mesmo, fazê-lo como um
traficante de maconha, sua ocupação
atual. Provavelmente porque ele
fuma muito do seu produto.
De vez em quando me convenço
que fui adotada. Mesmo parecendo
com o resto da minha família, com
cabelo loiro escuro - que cobri com
luzes - e olhos azuis, mas eu não me
comporto como nenhum deles,
sequer. Eu ouvi meus pais me
perguntarem, milhares de vezes, se
eu estava possuída. Estavam
brincando, é claro, mas ainda
machuca bastante quando apontam o
que eu já estou, dolorosamente,
cansada de saber: de que eu não me
encaixo. Eu sou a maldita ovelha
negra.
- Obrigado. - O cara do laptop
está de volta. Ele apoia suas mãos
sobre a minha mesa e se inclina de
modo que seu rosto fique bem
próximo ao meu. O Cara invadiu
minha bolha pessoal? - Eu
normalmente não confio em
estranhos com as minhas coisas, mas
você parece... - Seus olhos
percorreram meu corpo de cima
abaixo e eu passei em sua avaliação.
– Confiável. - ele finalmente disse.
Bem, eu provavelmente sou.
Tenho que ir trabalhar mais tarde no
departamento de operações de um
banco local, então estou vestida com
uma saia lápis preta e com uma
blusa branca pra dentro e calçando
meu lindo, porém confortável,
scarpin canela. Em contraste, a
camisa dele tem um robô dos
desenhos animados estampado na
frente e seus jeans são muito largos,
mas não a ponto de cair. Seria claro
para qualquer um, olhando para nós
lado a lado, que não temos nada em
comum.
- Eu acho que isso é um elogio.
- eu digo enquanto ele caminha de
volta para sua mesa.
- Isso é com você. - diz ele,
caminhando e finalmente sentando-
se. Volto a minha atenção para o que
estava fazendo, balançando minha
cabeça. Tanto faz.
Eu começo a colocar meus fones
de volta, mas paro quando alguém
bate no meu ombro.
- Pelo incômodo. - ele diz, então
lentamente viro-me para vê-lo de pé,
atrás da minha cadeira, segurando
um prato com um muffin para mim. -
Muffin de framboesa?
- Uh, não. Obrigada. Eu estou
bem. - Eu já tinha comido um muffin
de morango e estou na minha
segunda xícara de chá preto.
- Você tem certeza? Este é
realmente um bom muffin. Você
poderia embalá-lo e levá-lo para
casa. - Ele balança o prato na minha
frente, como se isso fosse capaz de
me seduzir.
- Não, obrigada. - Virei-me de
novo e esperei que ele fosse
embora.
- Tudo bem, então eu acho que
te devo uma.
Voltei a minha música e o
ignorei. Saint-Saens enche meus
ouvidos e abafa o restante do ruído
no café, enquanto eu direciono meu
foco para o meu trabalho.
Uma hora mais tarde, digito as
considerações finais e começo a
arrumar as minhas coisas. O cara
tinha ido embora. Fiquei muito
absorvida no meu trabalho que não
percebi quando ele tinha saído.
Minhas chances de vê-lo novamente
são pequenas, já que o Centro
Universitário de Maine tem quase
dez mil alunos e a maioria deles são
de outras cidades.
Faço uma rápida oração antes
de girar a chave no meu Crown
Victoria - que consegui muito barato
por ter sido um antigo carro de
polícia - na esperança de dar a
partida. Felizmente, o motor se
desenvolve com um mínimo de
pulverização e eu vou de carro, do
centro de Hartford para a cidade
mais próxima, Deermont, onde meu
trabalho está. Eu estaciono na parte
de trás do edifício e faço meu trajeto
até a porta. Tenho tempo suficiente
para chegar à minha sala, ligar o
computador de minha mesa e bater o
ponto. Até agora, eu nunca cheguei
tarde. Não só porque eu odeio estar
atrasada, mas também tenho medo de
minha chefa.
Meu cubículo está perto da
parte de trás do prédio, na
"fazenda", como todo mundo o
chama. Eu digo olá para alguns dos
meus colegas de trabalho, a maioria
dos quais são colegas de faculdade.
Minha colega de trabalho favorita,
Amelia, não está trabalhando hoje.
Que merda! O cubículo de quase
todas as pessoas só tem alguns
papéis ou fotografias, mas a dela é
coberta com seus desenhos,
mensagens positivas e fotos de
borboletas. Amelia é a pessoa mais
otimista que eu já conheci. Às vezes
é demais, mas as coisas nunca
parecem muito ruins quando ela está
por perto.
Eu tenho uma pilha de arquivos
de empréstimos a serem
digitalizados com urgência, então eu
início com a remoção dos grampos
de todas as páginas. Sim, é tão chato
quanto parece, mas pelo menos eu
posso ouvir a minha música. Coloco
meus fones e começo a trabalhar.
Isto é o que eu preciso fazer para
chegar onde eu quero estar. Todo
mundo tem que começar em algum
lugar. Eu tenho que pagar minhas
contas, mesmo que isso signifique
retirar os grampos de uma avaliação
de duzentas páginas.

Três horas mais tarde eu estou


pronta para voltar ao meu
apartamento e me ocupar com mais
lições de casa. Estou procurando
minhas chaves dentro da bolsa
quando minha mão se fecha em algo.
É uma garça de papel de caderno.
Que diabos é isso? Eu não sei de
onde veio, mas eu sei que não estava
aí esta manhã. Minha mente volta
para o café e o cara com o laptop.
Talvez tenha deixado cair aí dentro?
É uma coisa estranha de se
fazer, então espero que tenha sido
por acaso. Ele é asiático, talvez seja
apenas algo que se faça para
celebrar sua cultura? Deus, isso é
racista? Eu não pretendo que seja.
Eu a fecho em minha mão
enquanto ando para o meu carro,
meus sapatos rangem no pavimento.
Gaivotas supostamente significam
boa sorte ou algo assim, então eu
coloquei-a no meu painel. Eu
realmente não acredito em
superstição, mas você nunca pode
deixar de tomar cuidado. Eu não
quero correr o risco de qualquer má
vibração.
- Cheguei. - anuncio, enquanto
abro a porta da frente do meu pobre,
porém limpinho, apartamento. Livro-
me do scarpin e suspiro de alívio.
Não há nada tão bom quanto deixar
os pés livres dos saltos, no final de
um longo dia. Exceto, talvez, se
livrar do sutiã. Homens nunca
poderão entender isso.
- Como foi o trabalho? - Hazel,
a minha companheira de quarto, está
cozinhando algo em nossa cozinha
microscópica. Isto poderia ser ruim.
- Tudo bem. O que você está
fazendo? - Eu pergunto, colocando
minha bolsa no chão e tentando
evitar a cozinha, no caso disso ser
um de seus experimentos.
- Relaxe, é de caixa. - Ela
levanta uma caixa vazia de macarrão
com queijo. Eu ainda não respiro
com facilidade, porque ela é
definitivamente atrapalhada e não é
a primeira vez. - Eu comprei uma
salada pré-pronta e tem sorvete.
Então, estamos bem. - Só então eu
deixei escapar um suspiro. Ela
segura a colher e eu dou uma
mordida para experimentar. Puá.
- Eu juro, cada vez que eu
cozinho você age como se eu fosse
te alimentar com veneno. - Hazel e
eu nos tornado amigas há dois anos
enquanto éramos vizinhas de
dormitórios. Ela teve problemas
com sua colega de quarto, eu tive
problemas com a minha e nós
acabamos indo morar juntas, no
meio do ano. Nós temos vivido
juntas desde então. Éramos pobres
para arranjar um lugar, porém
conseguimos encontrar um
apartamento em Deermont que ainda
não tinha desabado, mesmo que seja
preciso ser mantido com fita adesiva
e pregos.
Por mais que nós nos damos
bem, Hazel e eu somos opostos
visuais. A pele dela é linda e
morena, ela se bronzeia vinte
segundos de pé ao sol. Seus cabelos
são escuros e encaracolados em
cachos perfeitos, ao contrário dos
meus, que tem vontade própria, são
encaracolados em alguns dias e lisos
em outros dias.
Hazel tem o biótipo que chama
atenção aos olhos dos homens
quando ela passa e definitivamente
recebe mais atenção do sexo oposto
(e às vezes até do mesmo sexo) do
que eu recebo.
- Você vai trabalhar hoje? - Há
alguns meses atrás, Hazel, tinha
conseguido um emprego como
garçonete no bar do campus,
algumas noites por semana. Tem um
pouco mais de classe do que alguns
outros estabelecimentos
universitários, embora exaustivo,
mas tem suas compensações. Pelo
menos, se um dos cidadãos fica mais
agitado, ela pode chamar a
segurança do campus e eles
realmente aparecem.
- Sim, em uma hora. Lembre-me,
por que eu não vendo meus órgãos
para pagar a meus estudos? - Eu
pego um garfo e começo a roubar
mordidas de macarrão com queijo
da panela. Eu estou morrendo de
fome, por isso estou disposta a
assumir o risco.
- Porque é ilegal?
- Certo. Eles desaprovam isso
na faculdade de direito, não é?
Concordo com a cabeça e ela
pega um garfo e me acompanha.
Muitas vezes, nós comemos o jantar
assim. Menos pratos para lavar.
- Normalmente.
Nós acabamos com a panela de
macarrão, e em seguida,
compartilhamos a salada no
recipiente de plástico enquanto
sentamos no sofá e trabalhamos em
nossas várias lições de casa que
nunca termina.
- Então, vai acontecer hoje à
noite. - Hazel diz, enquanto coloca
sua camisa justa que sempre usa
para trabalhar. Isso mostra o decote
na altura dos seios, mas ela obtém
melhores gorjetas dessa maneira. Eu
não odeio o jogador, eu odeio o jogo
neste caso.
- O que vai acontecer? - Eu já
sei a resposta.
- Vai encontrar um rapaz, jovem
e bonito, para perder a virgindade. -
Ela enfia o garfo em minha direção e
dou um passo pra trás, para que ela
não me apunhale com ele.
Tudo de novo. A lembrança de
que eu sou um membro de
carteirinha do
Clube da Virgindade. Eu
gostaria de ter uma boa razão, que
estivesse me guardando para Jesus
ou meus pais tivessem me deixado
apavorada ou que alguém tivesse me
dito que se eu tiver relações sexuais
com um menino minhas orelhas
fossem cair e eu ganharia 40kg, mas
eu não tenho essa desculpa.
A verdade é que os meninos são
apenas asquerosos. Parte de mim
ainda está semi-convencida que eles
têm piolhos.
Eu meio que tive encontros, mas
cada vez que penso no aspecto físico
com um cara, eu sinto cheiros
estranhos ou tem cabelo em seus
dedos ou arrotam ou fazem alguma
coisa que me dão completa aversão.
Eu estive em alguns encontros,
mas geralmente eu tenho que enviar
uma chamada de emergência para
um dos meus amigos. No ensino
médio, houve rumores que eu era
lésbica, fui em frente e deixei-os
espalhar. Claro que, em seguida, as
meninas começaram a dar em cima
de mim, mas eram mais fáceis de
afastar.
E achei que na faculdade teria a
oportunidade de talvez conhecer
alguém. Mas, aqui estou eu, bem no
meu primeiro ano e esse sujeito não
apareceu ainda.
Claro, há uma abundância de
rapazes no campus, mas muitos
deles são comprometidos. Ou gay.
Ou comprometidos e gays. Ou
completos e totais idiotas.
Ou futuro alcoólatra. Ou gay,
comprometido, alcoólatra e idiota.
Desde então, meus amigos vem
sempre arrumando meios e formas
de arranjar um rapaz a fim de torná-
lo meu namorado, mas já baixaram
suas expectativas toda vez que
aparece um pretendente.
Eu não anunciei exatamente a
minha virgindade, mas parece que
dei bandeira, porque sempre quando
as pessoas estão bebendo e trocando
histórias, eu fico com o rosto
vermelho e fujo para o banheiro
quando todo mundo começa a falar
sobre sua “primeira vez”.
- Quantas vezes eu disse que
estou pronta? Isso vai acontecer
quando tiver que acontecer. - Esta é
sempre a minha resposta. Mesmo
que provavelmente seja bobagem.
Ela balança a cabeça fazendo
seus cachos saltitarem. - Não me
venha com esse papo de fada-
madrinha de contos de merda. Nós
não precisamos encontrar o seu
príncipe encantado. Apenas um cara
não promíscuo para lhe fazer um
serviço. Pense nele como... um
encanador. - Ela raspa o fundo do
recipiente da salada para pegar o
restinho.
- Um encanador? Você já viu um
encanador sexy? Fora de um filme
pornô? -
Uma das outras coisas que meus
amigos fizeram, na tentativa de me
fazer querer ter sexo, foi me obrigar
a assisti-lo. Eu durei apenas cinco
minutos, quando então fugi e pedi-
lhes para desligá-lo. Ver outras
pessoas... fazerem coisas como
essas? Eu não entendo como alguém
pode achar isso sexy. Além disso, as
meninas eram como, incrivelmente
resistentes. De jeito nenhum eu
posso me contorcer assim.
Eu tinha sido taxada como uma
puritana a partir de então.
- Por que você está tão
preocupada com isso? Eu sei que
você tem um amiguinho de bateria.
- Sim, e daí? Eu sou virgem,
mas eu não tenho que conhecer sobre
o meu próprio corpo? Hazel já me
flagrou uma ou duas vezes, quando
eu pensei que estava sozinha. - Eu
tenho desejo sexual, Aze. Ser virgem
não me impede de ter necessidades
sexuais.
Na verdade, eu provavelmente
tenho mais do que a maioria das
meninas, apenas porque elas são
assim. reprimidas.
- Nós só precisamos transferir
esses desejos sexuais, essas
necessidades e transferi-los para
algo com um pênis. Um pênis real.
Com um rapaz ligado a ele.
Nego balançando a cabeça e
vou tomar um banho.
Capítulo dois

Quando eu saio do chuveiro,


Hazel grita para mim que ela está
indo trabalhar. Eu coloco meu
moletom favorito e começo mais
algumas lições de casa.
Eu nunca acabo com a lição de
casa. Ou talvez ela nunca acabe
comigo.
Assim de terminar tudo que está
na minha lista para fazer, eu
finalmente me permitirei uma
recompensa: alguns Capítulos do
livro que tinha chegado na semana
passada. É uma história moderna
comovente e sei que ela vai me fazer
chorar. Hazel está sempre me
dizendo que eu estou perdendo a
experiência da faculdade, mas eu
prefiro não acordar no chão de um
apartamento estranho, nua, sob um
cara estranho, sem saber como eu
tinha chegado lá. Se isso me faz um
perdedor, então acho que eu vou
usar esse rótulo com orgulho. Posso
ir a festas quando me der vontade.
Ligo meu telefone me
certificando que o alarme está
programado para as sete e apago a
luz. Tento dormir, mas minha mente
está conturbada e minha cabeça está
latejando e isso só fica pior. Eu não
gosto de dar espaço para
pensamentos negativos, porque eles
são raramente produtivos, mas esta
noite eles parecem especialmente
ruidosos. Culpo o encontro com o
cara do laptop.
Talvez a razão pela qual eu não
tenha encontrado um cara bom é que
ele não existe. Há algo em mim que
é... alérgico a eles. Eu me sinto
atraída por eles, com certeza, mas
no momento que as coisas
acontecem, eu só... não posso ir
mais longe. Eu encontro defeitos e
isso me faz desanimar.
Eu sou maníaca por controle.
Ninguém precisa me dizer isso. Eu
sei disso faz tempo. Desde que
entrei em pânico quando minha mãe
não colocou o giz de cera na caixa,
exatamente do jeito que estavam
quando tínhamos aberto. Eu sempre
precisei de ordem e tudo tinha que
estar impecável. É um milagre eu ter
um transtorno obsessivo-
compulsivo. Hazel está sempre me
dizendo que eu deveria fazer o teste,
desde a vez que eu passei 15
minutos reorganizando os pratos da
maneira certa depois que ela
descarregou a máquina de lavar
louça.
Sexo é uma daquelas coisas que
é uma perda total de controle. Você
se entrega no estado mais vulnerável
a outra pessoa e essa outra pessoa se
entrega pra você. Eu não acho que
esteja preparada para isso. Para a....
intimidade.
Mentalmente me enrolo nas
palavras.
Passei o resto da noite dando
voltas e pensando em ter sexo até
demais e tive que correr um par de
vezes para que pudesse dormir.
Você pode ser considerada uma
ninfomaníaca se você só tem sexo
com você mesma? Finalmente, eu
caio em um sono semi-inquieto e
acordo mal-humorada quando eu me
levanto na manhã seguinte.
Hazel está desmaiada em seu
quarto, então me asseguro de ser o
mais silenciosa possível e me
apronto para dirigir-me ao campus
para mais um dia da mina vida
universitária. Estou separando
minhas canetas em um porta-copos
para levá-las, quando percebo a
gaivota de papel. Encolhendo meus
ombros, jogo-a em minha bolsa. Ela
pode fazer companhia para minhas
canetas.

Eu acabo levando a gaivota


comigo pelo resto da semana, mas
não vejo o cara do Laptop
novamente. Hazel também não foi
capaz de me encontrar um cara no
trabalho, então na sexta-feira à noite
sou informada, pela milésima vez,
que devo me preparar para ir à caça.
Diversão, diversão, diversão.
Às vezes, me pergunto se
deveria mandar minhas amigas a
merda. Para me deixarem em paz.
Posso até imaginar como seria, não
iria impedi-las de continuarem
tentando. Provavelmente iria deixa-
las mais obstinadas a trabalhar, na
verdade. Então, eu enrolo meu
cabelo, coloco meu make-up de
“sair”, que é um pouco mais sexy do
que o meu make-up habitual e me
certifico de que meus seios estão
elevados, mostrando a boa
vantagem. Não há um monte de
opções sociais por perto e os bares
locais são mais do que felizes para
atender a população estudantil.
Apesar do fato de Hazel trabalhar
em um bar, a única coisa que ela
parece querer fazer com seu tempo
livre é... ir a um bar.
- Vocês já estão prontas? -
Jordyn, nossa residente beleza
sulista (que nega completamente,
apesar da evidência brutal), está na
cozinha batendo os sapatos no chão.
Uma menina natural da Carolina
do Sul, que está convencida que sua
origem não deixou impressão sobre
ela.
Ela puxa um chiclete de sua
bolsa e me entrega enquanto ajeita
seu cabelo castanho, que certamente
que não precisa de mais nada.
Jordyn tem uma tendência a ter
grandes cachos soltos sobre os
ombros e se espalham pelas costas e
ela nem usa um pente com dentes.
- Hazel está se arrumando. - eu
digo, enquanto fecho a favela da
minha sandália. Jordyn revira os
olhos.
- Vocês já estão prontas? -
Daisy põe a cabeça na porta da
frente, seguida por Cass. Ambas são
altas e esculturais (as cadelas).
Daisy com cabelos escuros na altura
dos ombros e Cass loiro morango.
Elas eram amigas desde o colégio e
eu as tinha adotado na nossa
primeira semana, já em nosso
primeiro ano, quando esbarrei com
elas depois de ter uma acidente com
minha roupa no banheiro do
dormitório.
Jordyn é a mais nova do grupo e
Hazel a tinha conhecido em uma de
suas aulas no ano passado. Estranho
como você pode ter um encontro
com alguém e formar uma amizade
que pode durar anos.
Às vezes, me pergunto se a
razão pela qual não consigo pegar
um cara, é porque só tenho amigos
que são meninas. Eu posso falar com
rapazes, sem dúvida alguma. Eu não
tenho um defeito social completo. Eu
só... tenho uma tendência a dizer
coisas embaraçosas na frente dos
caras. Ou fazer coisas embaraçosas.
Ou os dois. E então, eu tenho que
fugir para minhas amigas que me
repreendem e, em seguida, imploro
para ir para casa.
- Essa noite é a noite! - Afirma
Hazel, abrindo a porta de seu quarto
e fazendo uma pose. Um brilhante
top preto cai sobre seus quadris de
maneira provocativa com seus jeans
apertados e seus BBs (Bitch Boots).
- Esta noite é que noite? -
pergunto, mesmo sabendo a
resposta. Já tivemos essa rotina
vezes o suficiente.
- Hoje é a noite, você, Shannon
Travers, vai ter sexo. - Prolonga a
palavra “sexo” e balança seus
quadris, como se estivesse tendo
relações sexuais. O terror embrulha
meu estômago.
As outras meninas se animam,
aplaudem e eu morro um pouco por
dentro.
- Hum, gostaria de lembrar
quantas vezes você já tentou isso
antes? E quantas vezes funcionou? -
disse, arrumando minha blusa.
- Desta vez, eu tenho um
pressentimento. Meus “sentidos
Hazel” estão formigando. - diz ela,
balançando o nariz. Oh, ela está
pedindo por isso. Eu dou-lhe um
tapa e ela grita.
- Sim, eu acho que já estou
sentindo. - diz Jordyn, Daisy e Cass
acenam como se fossem uma só
pessoa.
- Vai acontecer, Shan, - diz
Cass, me dando um tapinha no
ombro. Isso não é reconfortante. Não
tenho qualquer esperança para esta
noite.
Nenhuma delas é virgem e Cass
e Jordyn ambas têm atualmente
namorados. Daisy saiu de um
relacionamento recentemente e
Hazel não tem compromisso. De
qualquer forma que se olhe, eu sou a
quinta do grupo. Sua amiga virgem
infeliz.
Eu odeio isso.
Seguem insistindo em
conseguir-me um homem enquanto
nos amontoamos no carro de Cass. É
a sua vez de ser a motorista e ela
não está muito feliz com isso, a
julgar pelo seu resmungo constante.
Eu devia ter tomado seu lugar, mas
estou indo para casa com um
homem, se elas conseguirem isso. Eu
juro, um dia desses acabarão
pagando alguém para me levar para
casa. Ou talvez façam uma vaquinha
pra me comprarem, por e-mail, um
profissional do sexo pra tirar minha
virgindade.
Há uma alegria generalizada que
aumenta quando entramos no
estacionamento do bar menos
frequentado em Hartford. Eu digo a
elas que estou animada por dentro.
Permito-me uma última inalação
de ar fresco antes de minhas amigas
me arrastarem para a escuridão, o
calor e o ruído do bar. Lá vamos
nós.
Infelizmente, é como todas as
outras vezes. Nós todas pedimos
“Sex on the Beach”, encontramos um
lugar e minhas amigas começam a
olhar enquanto espero aproveitar pra
dançar. Eu poderia ser uma maníaca
por controle, mas ao contrário do
que minhas amigas acreditam, eu
amo me deixar levar na pista de
dança. Fiz parte de um grupo de
dança na escola, mas entrou em
conflito com horário de minhas
outras atividades, então eu tive que
desistir após a graduação. Tenho
saudades disso tudo o tempo todo.
Existe algo maravilhoso em
conhecer o seu corpo, como ele se
move e escapar para uma música
por um tempo. O mundo desaparece
e eu não me sinto estranha e fora do
lugar. Mas não podemos dançar até
que eu tenha rejeitado pelo menos
três candidatos. É assim que a rotina
funciona.
- O que acha daquele? - Diz
Daisy, sorvendo sua bebida e
inclinando-se para que eu possa
ouvi-la. Aponta com o queixo para
um grupo de rapazes no bar. -
Camisa cinza, boné de beisebol.
Tento estudar o cara com um
olhar objetivo. Ele virou-se de lado
e falou com outro cara. Ambos
bebem Bud Lights. Se você procura
homens na média de vinte e poucos e
do Maine, no dicionário, é a imagem
do cara que aparece. Único...
genérico. Mediano. Tem bons
braços, suponho, e um belo sorriso.
Provavelmente não lê, nunca, e deve
estar envolvidos em esportes. Se há
uma coisa que eu não suporto, é um
cara que tira sarro de mim por ficar
emocionada com um livro, mas se
entusiasma com um time de futebol
estúpido.
Volto minha atenção para Daisy.
Ela deveria estar atrás do seu
próprio homem, mas está aqui,
tentando me ajudar. Eu não posso
ficar brava com ela por isso, posso?
- E então? - me pergunta,
sorvendo a última gota de sua
bebida. Eu volto a olhar o cara, que
percebe nossos olhares e nos olha
de volta.
- Nah. - eu digo, encolhendo os
ombros. Não é material para perder
a virgindade. Nem sequer estava
interessado em mim de qualquer
forma. Agora ele está olhando para
Dayse, que está alheia.
- Você é impossível. - grita
Daisy, negando, enquanto tenta
conseguir outra bebida. O cara tenta
falar com ela, mas ela o ignora.
Nós finalmente vamos para a
pista de dança, temos mais algumas
bebidas e eu desprezo mais alguns
outros caras. Todas as minhas
amigas se aproximam e tentam me
empurrar pra todo homem que
querem paquera-las, mas eu consigo
emitir uma vibe hostil o suficiente
para repelir os olhos que deslizam
por meu corpo. Nas raras ocasiões
em que eles realmente querem
conversar, passo o tempo todo
dando respostas monossilábicas,
enquanto enumero seus defeitos em
minha cabeça. Dentes tortos,
perfume estranho, verruga no dedo
indicador, não vai parar de me
chamar de "cara" não entende que
"independentemente" não é uma
palavra...
Elas finalmente se enchem de
mim e insistem pelo menos que eu
fale com alguém por cinco minutos.
Hazel tem até um cronometro em seu
celular. Eu acho que eu poderia
fazer isso. Cinco minutos não ia me
matar. Eu examino o bar à procura
de alguém com quem eu possa
conversar, confortavelmente, por
cinco minutos, sem desejar me matar
ou correr dali.
E então, lá está ele. Como um
farol em uma noite de nevoeiro, o
Cara do
Laptop da cafeteria entra pela
porta. Meu salvador. Aceno com a
cabeça para as minhas amigas e
aponto para ele. Todas elas me dão
um sinal positivo, então eu me
aproximo dele, com uma postura que
espero que seja de confiança. Ele
parece estar sozinho, que é ainda
melhor. Seus olhos fazem uma
varredura no local, como se
estivesse à procura de alguém e
depois param em mim. Eu levanto
minha mão e dou-lhe um pequeno
aceno.
- Oi - eu digo. Ou grito. A
música é muito alta no momento. Eu
posso sentir minhas amigas olhando
em minha direção.
- Oi. Prazer em vê-la
novamente. - Ele sorri e meus
joelhos vacilam. - Você, hum, vem
sempre aqui? - Uau, ele está nervoso
agora? Ele tinha sido tão confiante
no café.
- Sim. - é a minha resposta
brilhante. - Quero dizer, eu não
venho aqui, muito, mas eu venho
aqui, às vezes. - Ainda mais
brilhante.
- Você quer uma bebida?-
Movimento a bebida que já está na
minha mão.
Gostaria de saber quantos
minutos já se passaram. Eu devo
estar perto de ter completado os
cinco minutos. Será que elas vão me
avisar quando eu estiver feito? Elas
iriam gritar ou fazer um sinal
sonoro?
- Oh - disse. - Você está aqui
com alguém?
- Apenas algumas amigas. Elas
estão por aí... - me pergunto porque
minhas amigas não estão onde as
deixei me observando durante os
meus cinco minutos. Dou uma olhada
rápida no local e elas não estão lá.
Mas que diabos?
- Hum, elas estavam aqui. Você
pode me dar um segundo? - Vou
atrás do meu celular, mas lembrei
que tinha deixado minha bolsa na
mesa. Ela se foi. Elas haviam levado
minha bolsa refém para se
certificarem de que eu falei com ele.
Provavelmente estavam no
banheiro rindo de mim ou talvez
estavam se escondendo em algum
canto. Sim, elas estavam lá. Elas me
viram e Hazel apontou para minha
bolsa e balançou a cabeça negando.
- Algum problema? - pergunta o
Cara do Laptop.
- Não.. Só estou tendo uma noite
odiosa. - Elas pensaram que era
engraçado, e poderia ser, se não
tivessem sido tão agressivas e
insistentes tantas outras vezes. Não é
uma brincadeira inofensiva. Não
para mim. E é quando eu decido que
já tive o suficiente. Viro-me e digo
para o Cara do Laptop algo que eu
nunca disse a um desconhecido
antes.
- Isso vai soar muito estranho,
mas você poderia me levar para
casa? - O
Cara do Laptop arregala os
olhos por um segundo e depois
balança a cabeça entre risos.
- Bem, se você coloca dessa
maneira...
Agora é a minha vez de ficar
chocada. - Oh meu Deus! Eu não
estou pedindo para você... você
sabe... Eu só preciso de uma carona.
Em um carro. Tipo, eu preciso que
você entre em seu carro comigo no
banco do passageiro e me leve para
casa. Condução. Basta dirigir. Não é
um eufemismo. - Estou feliz que o
bar seja escuro o suficiente pra que
ele não veja o meu rosto em chamas.
Sim, eu posso adicionar este
momento à lista de razões pra que eu
esteja sempre sozinha. Eu respiro e
tento não olhar para trás, em minhas
amigas.
- Sim, é claro. Deve estar
desesperada, se está disposta a
pedir carona a um desconhecido. -
Essa palavra para definir o
momento.
- Você não é um estranho,
exatamente. Você é o Cara do
Laptop. - Ele ri de novo e eu me
sinto um pouco melhor. Pelo menos
há uma pessoa que está disposta a
ser amável comigo.
- Estava indo me encontrar com
meu colega de quarto aqui, mas não
consigo encontrá-lo de qualquer
forma, então vamos lá. - Ele segura
a porta aberta para mim. Eu nem
mesmo tenho o meu casaco, que
provavelmente está com elas, então
eu não poderia sair antes de falar
com elas. Eu não olho para trás
enquanto o Cara do Laptop e eu
saímos do bar, caminhando em
direção ao seu carro. - Aliás,
embora “Cara do Laptop” seja meu
nome, na minha certidão de
nascimento consta Jett. Na verdade,
é o meu nome do meio, mas ninguém
pode pronunciar o meu nome real. -
Cara legal, nome legal. Não existem
muitos caras que tenham esse nome.
Mas eu definitivamente não teria
passado como um Winston ou
David.
- Oi, Jett, sou Shannon.
Capítulo três

Ele me conduz em direção a um


carro que parece ter sido montado
pelo desmonte de vários outros
carros e o soldado novamente em
uma espécie de retalhos de veículos.
Não é nem mesmo da mesma cor.
- Hum - eu digo, quando vejo a
porta aberta para mim.
- Não parece grande coisa, mas
vai te levar onde você precisa ir. Se
assustou princesa? - Ok, então eu
pedi um favor para o cara, sei seu
primeiro nome, mas daí a estar me
chamando de princesa agora? Isso é
um pouco ... íntimo demais.
Ele deve ter percebido o meu
olhar inquieto ou minha hesitação
para entrar no carro.
E se retrata imediatamente. -
Whoa, tudo bem. Desculpa. Se você
quiser, eu posso chamar um táxi.
- Não, está tudo bem. - eu
respondo e me apresso em sentar no
banco do passageiro. Pensei que
fosse cheirar a óleo ou meia suja,
mas cheira muito bem, como se
tivesse acabado de ser limpo e
também tem um ambientador
escondido em algum lugar.
Eu entro e clico o cinto de
segurança. Olho em direção à frente
do bar e vejo as minhas amigas. Ou
seja lá o que forem agora. Eu as
encaro. Desejaria que os olhares
idênticos de choque sobre os seus
rostos fossem mais satisfatórios,
mas não eram. Hazel começa a
caminhar em direção ao carro.
- Hum, se você pudesse ir
agora, seria ótimo. - Jett dá a partida
no carro e vamos em direção as
minhas amigas.
- Você as conhece?
- Yeah. Elas estão na minha lista
negra agora. - Jett assente em
compreensão e, em seguida, coloca
o braço em volta de mim.
- Você pode querer sorrir
também como se eu tivesse dito algo
engraçado. - ele sugeriu, enquanto
nos conduzia lentamente passando
por elas.
- Bem, diga algo engraçado,
para que eu ria.
Ele virou a cabeça e disse uma
palavra.
- Pênis.
Isso foi o suficiente para eu cair
na gargalhada, enquanto passávamos
por minhas "amigas", com a cabeça
jogada para trás e com Jett rindo
comigo, enquanto ele pisa fundo no
acelerador fazendo o carro “cantar
pneu”, deixando marcas no asfalto.
Assim que estamos fora de vista, eu
tiro meu braço sob o de
Jett. Eu não posso acreditar que
me fez rir.
- Obrigado por isso.
- Disponha. Então, onde posso
levá-la? Agora eu tenho que pedir-
lhe outro favor.
- Negócio é o seguinte. Eu não
posso voltar para o meu apartamento
agora, então você poderia
simplesmente me deixar em algum
lugar e eu vou pegar um táxi para
casa, daqui algumas horas.
Jett balança a cabeça
discordando e encosta o carro na
beira da estrada.
- De maneira alguma vou deixar
alguém como você sozinha por aí,
em uma noite de sábado. Eu sei que
nós não nos conhecemos tanto assim,
mas se você precisar de um lugar
para ficar, você pode vir para a
minha casa. Meu companheiro de
quarto ainda está desaparecido no
momento. Ou poderíamos ir para
outro lugar, mas definitivamente não
vou abandonar a menina que cuidou
do meu laptop.
- Você realmente... você
realmente não precisa fazer isso. Eu
posso um...
- Eu realmente não tenho outro
lugar para ir. Eu realmente não
tenho. A menos que eu queira
acampar na biblioteca. Já fiz isso
antes.
- Eu não sou um serial killer, eu
juro. - ele me garantiu.
- Hum, provavelmente é o que
um serial killer diria. Quero dizer,
não é como se eles andassem por ai
vestindo camisa ou carregando
cartazes dizendo: Olá, meu nome é
Jake e eu sou um Serial Killer.
- É verdade. Mas um Serial
Killer provavelmente não iria se
apresentar como um Serial killer.
Você sabe, seria muito óbvio. - Ele
tem um ponto.
- Então, posso levá-la para a
minha casa? - perguntou colocando
as mãos no volante. - De uma forma
completamente não-assustadora,
não-sexual, não querendo te enganar
de forma alguma.
Eu suspiro, porque eu realmente
não tenho outra escolha. A menos
que eu o peça pra me levar de volta.
Não posso voltar, não vou fazer
isso.
- Claro.
- Bem, não parece tão feliz com
isso. - disse rindo, enquanto voltava
para a estrada.
- Sinto muito. Tem sido uma
noite péssima. É uma longa história.
Eu prefiro não entrar em detalhes. -
Ele balança a cabeça em
compreensão. É também uma
história embaraçosa.
- Bem, eu só vou dizer que um
verdadeiro amigo nunca vai fazer
você se sentir como uma merda.
Apenas a minha opinião.
Eu não sei mais o que dizer,
porque sou terrível em conversa
fiada e acabo, normalmente, dizendo
a coisa errada, mas Jett parece ser
dotado nessa área também. Fico
sabendo que ele é um artista gráfico
e também tem vinte e um anos. Me
pergunta sobre meus estudos e sobre
minhas aulas. Isso me ajuda a parar
de pensar no quanto estou magoada e
raivosa, e me encontro sorrindo e
rindo. Jett é contagiante.
Acontece que nós realmente
tivemos uma aula juntos no ano
passado e começamos a falar sobre
um professor louco e antes que eu
percebesse estávamos entrando na
garagem, do que já foi,
provavelmente, um prédio, mas só
vagamente se assemelha a um agora.
Tinha sido pintado e repintado tantas
vezes que eu não posso dizer qual a
cor que ele tinha. As janelas
parecem olhos e estão tão
emperradas que parecem
deprimidas.
- Sim, é uma merda de barraco.
Mas merda, eu sou pobre, por isso
tipo que se encaixa, não é?
- Não, é, hum. .. - Eu me esforço
para encontrar algo de bom a dizer
sobre isso. - Ok, tudo bem, é uma
merda de barraco. Mas tenho certeza
de que você fez o melhor que podia
com ele. O meu não é muito
diferente. - Estou sendo gentil. Eu
pensava que o meu apartamento
fosse ruim, mas é uma mansão
comparado a isso, com uma fonte e
uma entrada circular para
automóveis e o trailer em que cresci
era o Hotel Four Seasons.
Achei graça e ele veio abrir
minha porta antes que eu pudesse
fazê-lo. Eu estou tão surpresa que
não consigo disfarçar o meu espanto.
- Desculpe. É um hábito. . Meus
pais eram meio formais - Seu
comportamento normalmente feliz
some durante um minuto. Mas então,
seu sorriso está de volta no lugar e
ele está me levando a uma porta que
tem que destravar com duas chaves e
dois chutes antes que se abra.
- Há uma senha secreta e sem os
chutes não funcionam. - ele explicou,
enquanto me deixa entrar no
apartamento.
- E qual é isso? - Eu sussurro.
Ele se inclina e sua respiração é
quente em meu ouvido. De uma
maneira muito agradável. Não é uma
maneira assustadora.
Ele também cheira bem, nem
suado demais, nem demasiado Axe.
Apenas um toque de...desodorante
talvez? Algo fresco e limpo que
poderia ter uma "floresta" no
recipiente. É delicioso. Eu meio que
quero continuar sentindo o cheiro,
mas tenho que me mover para o
lado.
- Se eu te disser, vou ter que
matá-la.
- Então, você é um Serial Killer,
definitivamente. - Ele apenas ri. Eu
dou-lhe um olhada, mas ele continua
andando.
- Você quer a turnê pela casa? -
Ele faz um gesto para a sala de estar,
que tem um daqueles sofás xadrez
mais feios do que o pecado (se é
possível algo ser mais feio do que
isso, então isto é) que ele
provavelmente comprou em uma
liquidação de quintal, uma mesa de
café coberta de copos de plásticos
vermelhos vazios, caixas de pizza e
outros lixos masculinos.
- Sim, claro. - digo, tentando
não olhar para o chão; ele me
conduz, através da sala de estar na
parte de trás, onde há uma cozinha
completada com armários amarelos
que são provavelmente da década de
1970 e aparelhos que se encontram
demasiado velhos e de um verde
horrível que alguém deve ter estado
drogado ao pensar que eram
atrativos.
Jett esfrega a parte de trás do
seu pescoço e eu posso dizer que ele
está meio envergonhado pela
desordem. Pratos na pia, mais caixas
de pizza no balcão e cheiro de
cerveja velha.
- Sim, eu desisti da limpeza
aqui. Meu companheiro de quarto só
vem e joga tudo aqui de novo. Ele é
um cara decente, só não entende que
as coisas tem que serem limpas
regularmente. - Ele me apressa para
sair da cozinha.
- Hum, ali é o banheiro. Pelo
menos isso fica limpo, porque eu
sou um pouco obsessivo com isso. -
Ele aponta para a porta onde fica o
banheiro e eu digo pra minha bexiga
que ela vai ter que esperar pelo
tempo que estiver aqui, porque não
há nenhuma maneira que eu vá usá-
lo, não importa o quão limpo ele me
assegura que esteja. Eu prefiro fazer
xixi no mato.
- E, hum, este é meu quarto. –
diz, abrindo uma porta entre a sala e
junto ao banheiro. Eu tento me
preparar para algo nojento, mas não
é tanto assim.. com o intuito de
cobrir as paredes escuras de
madeiras horríveis (quem pensou
que seria uma boa ideia?), ele
pendurou painéis de pinturas
famosas e intercaladas entre eles,
são o que eu só posso supor a sua
própria arte. Desenhos
semiacabados feito em tinta sobre
papel branco, um pouco de cor,
alguns sem.
O quarto é pequeno, mas a arte
dá a sensação de que é um pouco
maior. A única mobília no quarto é
uma cama coberta com um edredom
vermelho vivo sobre ela, uma mesa
coberta de papeis e manchada por
vários materiais de arte e uma
cômoda com uma lâmpada sobre ela.
O quarto é limpo e organizado e até
parece haver uma ordem para cada
coisa na parede.
- Uau. Você fez isso? - Eu
atravessei o quarto e aponto para
uma imagem semi pronta de uma
jovem. É quase Da Vinci em sua
simplicidade.
- Yeah. Essa é a minha
irmãzinha River. Ela tinha nove anos
nessa foto. -
Sua voz fica embargada e triste
outra vez quando a menciona. Há
definitivamente algum drama
familiar aí. Eu sei tudo sobre isso,
mas eu não quero parecer estranha
dizendo algo a respeito, então eu só
fico olhando para a sua parede.
Eu também noto que tem várias
gaivotas de papel feitas de
diferentes materiais postas aqui e
ali, há algumas espalhadas sobre a
cômoda.
- Às vezes eu surto e fazê-las
me acalma. É um hábito agora, eu
acho. - disse enquanto eu pego uma
de sua cômoda o que parecia ser um
teste e que ele tinha conseguido
fazer um bom trabalho. Viro-me e o
vejo ainda de pé na porta. Oh, não.
Este é um daqueles momentos em
que eu sou obrigada a dizer algo
estúpido.
- Às vezes, quando eu surto,
tento imaginar as pessoas em suas
roupas íntimas, baseadas em sua
personalidade. Você sabe, é como
eles dizem para você imaginar as
pessoas nuas quando você está
nervoso sobre falar em público?
Isso me assusta, então eu percebi
que suas roupas íntimas não. Não
estou dizendo que estou fazendo isso
agora, porque seria estranho. -
Graças a Deus, sou capaz de calar
minha boca enquanto meu rosto fica
mais vermelho do que o seu
edredom e eu deixo cair a gaivota de
papel.
Ele me olha como se não
soubesse o que pensar de mim e
depois sacode a cabeça e começa a
rir.
- Qualquer coisa que funcione
para você, suponho. - Eu morro um
pouco por dentro e rezo para que ele
me pergunte se eu quero ir sentar-me
na sala de estar.
- Você quer assistir algum filme
ou algo assim? - Ele aponta com a
cabeça para a sala de estar.
- Sim, com certeza. - Ainda
mortificada, deixo seu quarto e a
porta fechada novamente.
- Oh, sim. Deixe-me arrumar
isso primeiro. - O sofá está coberto
de lixo, incluindo algumas roupas,
caixas de pizza para viagem e mais
copos de plásticos vermelhos. Parte
de mim quer levá-los e construir um
forte. Se estivessem limpos, eu
poderia tentar.
Jett murmura algo para si
mesmo e limpa o sofá, vai ao seu
quarto e volta com seu edredom e
forra o sofá.
- Hum, sim. Você vai querer
uma proteção entre você e o sofá.
Não pergunte o porquê. Apenas
confie em mim. - Minha boca se
abre de espanto e ele ri novamente.
Seus olhos se enrugam e eu não
posso deixar de sorrir, mesmo que
não queira. Os sorrisos são
contagiosos? Como bocejos?
- Eu sinto muito. Se você
conhecesse Javier, você entenderia,
mas felizmente, você não terá que
conhecê-lo. - Ele se senta no sofá e
dá um tapinha no espaço vazio ao
lado dele.
Paro por um momento e avalio a
estranha situação, como ela é. Vou
me sentar e assistir a um filme com
um cara que mal conheço (que além
de cheiroso tem um sorriso
devastador) para que minhas amigas
pensem que estou perdendo minha
virgindade com o tal rapaz. É esta a
minha vida agora?
- Eu não mordo, eu juro. - ele
diz e sorri de novo, e meu estômago
se revolve coma ideia de sentar-me
ao lado dele, mesmo que eu tenha
pavor do sofá.
Sento-me a um palmo de
distância dele e dá pra sentir o peso
da tensão no ar. Uma parede. Eu
pego o controle remoto e ligo a
televisão, que é uma caríssima tela
plana que provavelmente custa mais
do que os outros móveis do
apartamento.
- É de Javi. - diz ele em
resposta à minha pergunta não
formulada. - Ok, então temos aqui
filmes com explosões, filmes com
robôs e explosões, filmes de super-
heróis com explosões, alguns pornôs
bizarros que pertencem a Javi, The
Hangover, Knocked Up,
Superbad, Serenity, e por alguma
razão, Mean Girls. Eu honestamente
não tenho ideia da onde essa veio.
Desculpe, não tenho mais opções.
Na verdade, não são más
opções, exceto pelo pornô. De
maneira alguma vou assistir isso
com ele. Eu gosto de robôs e
explosões e tudo mais e eu sou um
grande fã de super-heróis, mas a
minha escolha final é o último filme
mencionado.
- Você já assistiu Garotas
Malvadas?
- Uh, não. Pareceu-me sem
graça. - Ele concluiu.
- Ah, não, é o melhor filme do
mundo e é por isso que vamos
assisti-lo. -Tomei a iniciativa me
levantando e pegando o DVD da
prateleira ao lado da TV, onde está
a solitária caixa cor de rosa-de-
rosa. Agora é hora de descobrir
como funciona esse caríssimo
aparelho de DVD. Pressiono o botão
de ejetar, mas nada acontece. É por
isso que eu não posso ter coisas
boas.
- Aqui. - ele diz e de repente
percebo que está junto a mim,
respirando muito próximo e não
consigo me mexer. Estou paralisada
enquanto ouço sua voz em meu
ouvido e ele passa o braço ao meu
redor para apertar o botão correto e
conseguir que a bandeja do aparelho
saia para colocar o DVD.
Suas tatuagens percorrem todo o
caminho até seu pulso. E de alguma
forma faço meu corpo mover-se e
coloco o DVD e quando volto quase
colidimos, ele coloca suas mãos em
meus ombros e consegue evitar o
choque. Então ele ri nervosamente.
- Vá com calma. - Meu corpo
treme da cabeça aos pés, sinto um
formigamento de quando seu braço
fica adormecido e começa a
acordar. Só que meu corpo todo está
acordado.
- Desculpe, eu, hum, não sou
sempre tão descoordenada.
Suas mãos estão nos meus
ombros e o DVD começa a tocar a
abertura do filme, mas nenhum de
nós parece ser capaz de se mover. E
então é como se Jett se sacudisse e
volta para o sofá. Leva um segundo
para eu fazer o mesmo.
- Normalmente, eu uso saltos e
acho que me equilibro melhor neles
do que em sapato baixos. Isso não
faz sentido, mas é verdade. - eu
balbucio enquanto pulo os previews,
indo direto ao menu do filme, mas
não início.
- Você, uh, quer um pouco de
pipoca ou algo assim? Desculpe-me,
deveria ter perguntado antes. Sou
péssimo anfitrião. Não trago pessoas
aqui frequentemente. Ou, pelo
menos, eu não sou quem lhes
divertem. Quem faz isso é Javi. - Ele
se levanta e é como se precisasse de
um motivo para fugir de mim. O
quê? Estou completamente confusa.
Não existe, aparentemente,
possibilidade alguma de que eu
tenha feito algo para afugentá-lo. A
não ser que, quando ele estava em
pé perto de mim, eu pudesse cheirar
mal.
Oh meu Deus, eu estou fedendo
Enquanto ele procura algo na
geladeira, eu cheiro minhas axilas.
Não, meu desodorante ainda está
funcionando e eu tinha borrifado um
pouco de perfume que ainda posso
sentir o cheiro, então não acho que
eu esteja fedendo. A não ser que eu
seja uma daquelas pessoas que não
sentem seu mau cheiro, porque já
está acostumada com ele.
- Eu não tenho nada para beber
que não seja cerveja, suco de laranja
e água. Desculpe-me, eu não
comprei mantimentos. Você veio na
pior noite, eu acho. - diz Jett,
interrompendo meu surto sobre mau
cheiro.
- Oh, um, a água está bem. - Ele
enche dois copos e em seguida,
coloca um saco de pipoca de micro-
ondas e volta quando já estão
prontas.
Ele me passa o copo d’água.
Nossa pele se toca e tenho um
pequeno formigamento. Posso sentir-
me corar, então me viro e pego o
controle remoto para iniciar o filme.
- Você está pronto para isso? -
Eu digo enquanto abro o saco de
pipoca.
- Vamos agitar isso. - diz
segurando o saco para mim, para
que eu possa ter o primeiro punhado.
Pressiono o play, em seguida,
pego um pouco de pipoca. Dado que
eu tenho mãos pequenas do tamanho
de criança, eu consigo pegar poucas
pipocas e as enfio em minha boca.
O filme inicia e eu pego mais
um punhado de pipoca. Jett chega
mais perto de mim, provavelmente
para que eu possa pegar as pipocas,
mas eu realmente não posso afirmar
que seja isso. Não seria ótimo se os
pensamentos dos meninos
aparecessem como os balões de
desenhos animados? Ou talvez não.
Provavelmente não iria querer
saber noventa por cento do que eles
pensam.
- Uau, Lindsay Lohan parece
realmente diferente. - disse e eu
estou um pouco aliviada. Eu sempre
falo durante os filmes,
especialmente os que já tinha
assistido, eu espero que Jett não seja
um daqueles chatos que não admitem
barulho durante um filme. Essas
pessoas são irritantes.
- Sim, são seus bons velhos
tempos de ouro. - eu digo enquanto
as nossas mãos se esbarram dentro
do saco de pipoca. Nós tiramos as
mãos rapidamente e começamos a
rir nervosamente.
- Primeiro as dama. - ele disse,
então peguei outro punhado e em
seguida, tomei um grande gole de
água.
Ele ri de algo no filme e estou
feliz que já tenha visto antes, e assim
ser fácil descobrir exatamente do
que ele está rindo. Serei realista, eu
já assisti a este filme tantas vezes
que poderia atuá-lo ou recitá-lo
todo.
Durante, aproximadamente, uma
meia hora, noventa por cento da
minha atenção estava sobre Jett e os
outros dez por cento sobre o filme.
Ele é muito mais interessante do que
a Regina George no momento.
Estou tentando descobrir o que
suas são suas tatuagens. Seu braço
esquerdo é uma cauda de dragão que
desce claramente ao redor dele e
termina em torno de seu pulso. Estou
supondo que o resto do dragão vai
mais longe e atravessa seu peito e
costas. Seu outro braço parece que
tem ondas sobre ele como uma
daquelas antigas pinturas japonesas.
Quero pedir-lhe para tirar a camisa,
mas isso seria rude e meio
incomodo e totalmente estranho.
Também tem coisas ao redor de seu
pescoço, mas eu realmente não
posso ver o que é porque a camisa
está no caminho. Maldita seja esta
camisa.
É muito difícil ver alguém do
canto de seu olho quando você está
sentado ao lado dela. Eu tenho medo
que meus olhos fiquem paralisados
desta maneira ou que ele me pegue o
observando, mas parece que a sua
atenção está totalmente no filme. Ele
não tenta olhar para mim nem uma
vez.
Talvez eu esteja fedendo.
- Esta merda é engraçada. -
disse rindo de novo, enquanto me
esforço para fazer minha risada
convincente e volto para o filme,
para descobrir em que parte estava.
- Sim, é uma das minhas cenas
favoritas. Tina Fey escreveu isso,
ela é um gênio. - Tenho um pouco de
paixão heterossexual de menina com
ela.
Jett desliza novamente e seu
braço roça o meu e se move mais
uma fração, se aproximando mais de
mim e eu tento não surtar. Apenas
um centímetro mais perto e nossos
ombros se encostarão. Isso não é lá
grandes coisas. Eu já encostei em
ombros de meninos antes. Eu tive
muita experiência com ombros se
tocando.
Eu não sou uma virgem de
ombro.
Mas ainda assim, eu estremeço
quando ele roça em mim de novo.
- Você está com frio? Eu posso
te dar um cobertor. - Sem esperar
uma resposta, ele se levanta e volta
com um cobertor felpudo e colocá-
lo em cima de mim. Em seguida ele
se senta e puxa parte do cobertor
sobre o colo. Estamos
compartilhando um cobertor. Isso
não deve ser motivo para que eu
comece a surtar de novo, mas estou.
- Melhor? - ele pergunta,
enquanto me oferece pipoca de
novo.
- Sim, obrigada. - Não resta
muito, exceto grãos médios meio
estourados e eu não gosto deles.
- Pode comer o restante. - Digo
a ele, que os despejas em sua mão,
tritura-os e depois se move mais pra
perto de mim, novamente. A
qualquer momento, o meu olho vai
começar a se contorcer ou eu vou
dizer algo estúpido. Eu tenho certeza
disso.
Ele coloca o saco para baixo e
então descansa seu braço na parte de
trás do sofá, na direção dos meus
ombros. Eu congelo por um
momento e então me inclino para
trás um pouco. Este é o sinal para
que ele coloque o braço em volta de
mim, certo? Deus, sou péssima
nisso.
O braço se arrasta ao redor dos
meus ombros e em seguida ele está
lá. Asseguro-me de não olhar pra
ele, porque se eu fizer isso, não sei
o que vai acontecer. Eu deslizo um
pouco mais pra perto e ele
finalmente desliza o braço em volta
de mim.
Soltando um suspiro tenebroso,
eu finalmente olhei para ele.
- Tudo bem com isso?
- S-sim. - eu disse, minha voz
também está trêmula. Deus, sou uma
maldita aluna cursando o primeiro
ano de uma universidade. Eu não
deveria estar agindo como uma
aluna da sexta série, em seu
primeiro baile, que está esperando
ser escolhida para dançar uma
música lenta.
Isto é o que acontece quando
você tem quase nenhuma experiência
em namoro. Se fosse algo que você
pudesse aprender nos livros, estaria
tudo resolvido.
- Bom. - ele disse e me puxa
para mais perto, então estou quase
descansando em seu peito. É um
peito muito agradável. Não muito
magro e não muito músculo. Esses
caras têm tantos músculos que as
veias se destacam e são brutos.
Hazel acha que eles são sexy, mas
eu acho que ela está é louca.
O cheiro de floresta-tropical
inunda os meus sentidos e eu juro
que provavelmente ele possa ouvir
meu coração batendo, enquanto a
mão que está no meu ombro começa
a fazer pequenos círculos no meu
braço, como se fosse algo
inconsciente.
Uau. Acho que eu não estou
cheirando mal.
Ou talvez eu o faça e ele ache
que é sexy. Isso também poderia ser
uma possibilidade.
O filme continua passando e eu
realmente me encontro relaxada, e
antes que eu perceba, meus olhos
estão fechando e estou caindo no
sono, deitada no peito de Jett.
Capítulo quatro

- Acorda Princesa. - sussurra


em meu ouvido uma voz masculina
que mal reconheço. Meus olhos
demoram em abrir e quando o faço
me deparo diretamente olhando pra
um peito e não me lembro de ter
adormecido diante dele. Levanto
meu queixo e encontro um conjunto
de lindos olhos castanhos dourados.
- Hey. - ele diz, com sua voz
suave, então me dou conta que estou
deitado em cima dele. Em algum
momento durante o filme, ele
levantou nossas pernas pra cima do
sofá de forma confortável e nos
deixando frente a frente. Meus seios
estão completamente esmagados em
seu peito, que é a primeira coisa que
me faz tentar sair de cima ele.
- Um, hey. - eu respondo,
enquanto me esforço para sair de
cima dele, mas não há lugar para
colocar minhas mãos, então eu
acabo tentando rolar e ele tenta me
ajudar, mas eu rolo pra muito longe
do sofá e caio no chão, fazendo um
estrondo, batendo a parte de trás da
minha cabeça na mesa de café.
- Oh meu Deus, você está bem?
- Ele está rindo?
- Ow. - eu digo. Estou acordada
agora. Sinto uma forte dor em meus
quadris e na minha cabeça. Jett se
abaixa e me traz pra cima.
- Você está rindo de mim. - eu
digo, enquanto passo a mão na parte
de trás da minha cabeça.
- Não, eu não estou. - disse,
tentando conter o riso.
- Imbecil. - lhe digo, mas ele
ainda está me segurando.
- Onde dói? - Disse, finalmente
mostrando alguma preocupação.
- A parte de trás da minha
cabeça e meu quadril bateu no chão.
Isso vai deixar uma marca. - Ele dá
a volta ao meu redor e move meu
cabelo cuidadosamente para o lado,
para ver a gravidade do acidente.
Estremeço-me novamente e a dor
diminui um pouco. Esse cara é
melhor do que o Tylenol. E então eu
sinto algo quente, onde está o galo e
eu juro que ele acaba de beijá-lo.
- E o seu quadril? - Pergunta em
voz baixa.
É possível morrer de
antecipação? Porque eu acho que
acabo de morrer. Jett se agacha e eu
juro que eu vou ter uma convulsão se
ele fizer o que acho que ele vai
fazer.
E logo, com muito cuidado, ele
coloca o mais rápido dos beijos em
meu quadril e oh meu Deus! Eu juro
que posso sentir seus lábios através
do meu jeans e acho que posso
morrer agora!
Ele olha para mim de sua
posição agachada e seu rosto é tão
sério.
- Muito melhor. - diz e sua voz
está um pouco embargada e me dou
conta que se simplesmente virasse o
corpo ele ficaria cara-a-cara com
minhas partes de baixo. Bem, não é
que minha parte de baixo tenha um
rosto. Porém tem lábios. .
.
Minha meditação sobre minhas
partes de baixo ter um rosto é
interrompida por Jett já de pé e
rindo novamente. Eu não sei por
que, mas eu começo a rir com ele,
porque, bem, eu não quero ser a
única não rindo.
- Que horas são? - Eu pergunto.
Ele se inclina em torno de mim e
olha para o aparelho de DVD.
- Quase uma. - Ele estende os
braços sobre sua cabeça, fazendo
com que sua camisa se levante e me
dou conta de quatro coisas:
Um: ele tem tatuagens em seu
“tanquinho.”
Dois: é um “tanquinho” muito
bom.
Três: eu quero tocar seu
“tanquinho”.
Quatro: eu preciso resistir a
esses desejos.
Não posso ajudar a mim mesma
enquanto meus olhos se movem
lentamente e param na borda de sua
roupa debaixo, que aparecem para
fora de sua calça jeans largas. Não
posso dizer se ele está vestindo
boxers ou cuecas. Ou essa coisa
híbrida estranha. Roupas íntimas de
homens é algo meio confuso, mas
suponho que não seja nada
comparado a roupas íntimas das
mulheres. Tangas, biquínis, boxers,
calcinhas de corte alto...
- Vê algo que gosta? - disse e
noto que ele para o alongamento e
está olhando diretamente para o meu
rosto.
- Não. Quero dizer, sim. Quero
dizer, o quê? - Eu olho para longe de
seu rosto e rezo para mudar de
personalidade com alguém que tenha
melhor controle de seus olhos e de
sua língua.
Jett apenas balança a cabeça.
Eu estou tentando evitar que eu
diga algo estúpido quando a porta se
abre com um estrondo e aparece um
tipo de cara, desses que saem em
calendários com o título "Musculoso
do Mês" ou algo assim. Parece um
músculo ambulante e também tem o
corpo coberto por tatuagens, mas
são abstratas, uma variedade de
tribais negras. Meus olhos se movem
para o seu rosto e não é tão duro
quanto eu pensei que seria, mas isso
não significa que você pudesse
cortar cristais em sua mandíbula.
Ele me vê e fica boquiaberto e
eu juro que ouvi Jett gemer atrás de
mim.
- Já era sem tempo homem! -
Ele atravessa a sala em três passos e
puxa Jett em uma dessas coisas -
aperto de mão-abraços de homens -
que é supostamente demonstração de
afeto, mas não de forma demasiada.
Porque eles são homens e eles se
abraçam como homens.
- Não é o que você pensa e você
deveria me encontrar no... - Jett tenta
dizer, mas outra voz chama nossa
atenção para a porta.
- Javi, pensei que você tinha
dito que íamos sair. - Era uma
menina usando um vestido tão curto
que não deve ser considerado um
vestido, ela se inclina na porta e
ignora o fato de que eu Jett estamos
olhando para ela.
- Sim, querida, nós estamos. Eu
só tive que pegar alguns
preservativos. - Agora sou eu que
fico boquiaberta.
- Não posso deixar meus
meninos travessos engravidar
alguém, você entende o que quero
dizer? - Ele diz e me dá uma
piscadela, enquanto vai para seu
quarto.
Não, eu não sei o que você quer
dizer. Eu olho de volta para Jett e
ele simplesmente encolhe os
ombros.
- Isso é Javier. - Como se eu
precisasse de qualquer outro tipo de
apresentação. Eu olho de volta para
a garota ao lado da porta. Caramba.
Geralmente o vestido deveria ser
mais longo do que a sua vagina, mas
essa menina claramente não tem
seguido esse conselho e está
ocupada travando uma batalha com
ele, tentando puxá-lo para baixo e o
vestido não cede. Ela finalmente
desiste e eu rapidamente evito olhar
para ela. Não quero descobrir que
sua parte de baixo tem um rosto.
- Qual é o seu nome, querida? -
Javier finalmente tem sua atenção
voltada pra mim e a menina na porta
suspira de irritação, porque ele a
está ignorando.
- Sh-Shannon. Me chamo
Shannon. - Por favor não diga nada
estupido, por favor não diga nada
estúpido.
- Muito prazer em te conhecer,
Shannon. - Sua voz tem insinuações.
- Nós não fizemos sexo. - eu
deixo escapar. - Quero dizer, não
que você poderia pensar que
tivemos, mas não o fizemos. Eu não
faria isso aqui. - paro de falar
devido a mão de Javier no meu
ombro.
- Whoa, aqui. Fica tranquila,
agora. - Ele dá um tapinha no meu
ombro e me dá uma piscadela,
enquanto tento engolir a minha
língua, por isso não vou falar mais.
Eu não posso olhar para Jett. Ou a
menina perto da porta. Javier se
abaixa ficando mais perto e sussurra
em meu ouvido.
- O guie com cuidado, querida. -
Ele para pôr um momento, como se
estivesse me cheirando. Eu posso
definitivamente sentir o cheiro dele.
Ele praticamente tomou um banho
nesse perfume que a metade dos
caras do campus usam. Ugh.
Ele dá alguns passos e lambe o
lábio superior como se estivesse em
algum tipo de filme erótico. Cara,
sério?
- Javi? - A garota da porta bate
o pé e finalmente consegue sua
atenção.
- Sim, querida. Estou indo. - Ele
desliza o braço em torno dela e, em
seguida, enfia a língua na sua orelha,
enquanto sua mão agarra-lhe a
bunda. Ela ri e tropeçam pra fora da
porta.
- Então, como tinha dito antes,
esse é Javier. Desculpe-me. -
Finalmente eu levanto os meus olhos
e vejo seu rosto.
- Ele é...interessante? - Parece
uma pergunta. E isso não é a melhor
palavra para Javier. Eu realmente
não tenho palavras para ele e Jett tão
pouco.
- O que ele disse para você? -
ele caminha de volta para o sofá e
eu posso dizer que realmente ele
quer saber, mas está se fazendo de
desinteressado.
- Guiá-lo com cuidado. O que
isso quer dizer? - Sento-me ao lado
dele no sofá novamente, tomando
cuidado para evitar a mesa de café
neste momento.
Jett coloca a cabeça entre as
mãos e esfrega os olhos. Ele parece
cansado quando levanta a cabeça
novamente.
- Eu não tenho ideia. - ele disse,
porém da forma que respondeu
significou que tem mais do que uma
ideia. Ele sabe exatamente o que
Javier quis dizer, mas eu não posso
entendê-lo.
- Olha, tenho que ir. Pode, hum,
me chamar um táxi?
- Não, não, você não tem que
fazer isso. Eu posso levá-la se você
quiser ir. -
Ele quase soa triste.
- Quero dizer, eu não quero ir.
Eu me senti um pouco estranha, me
intrometendo em sua vida. - Eu
começo a ficar de pé, mas ele segura
meu braço para me impedir.
- Você não tem para onde ir.
Fique. - Seus olhos gloriosos estão a
me suplicar.
- Tudo bem. - eu digo, sem
sequer pensar sobre isso e torno a
me sentar. Uau, sou fácil.
Então, e agora?
- Eu realmente sinto muito por
ele. É um grande cara, mas suas
maneiras são uma merda. Também
tem problemas com falta de tato. Ele
não sabe como se comportar e
também não quer aprender.
- Yeah, isso parece com Hazel.
- Não tenho intenção de falar dela,
mas é quase inevitável. - Minha
companheira de quarto. Ela estava
me irritando muito esta noite. Ela
também é minha melhor amiga, mas
às vezes me enlouquece. Esta noite
ela foi longe demais. - E agora eu
sinto que eu vou chorar de novo,
mas eu engoli. Jett me dá um olhar
simpático que eu quero esconder.
- Amigos, às vezes, podem ser
cruéis, eles não podem? - Eu aceno
em concordância.
- Nós os deixamos saber de
coisas que não contaríamos a
ninguém e os deixamos fazer coisas
que não permitiríamos que um
estranho fizesse.
- Te entendo. - E então,
começamos a conversar. Sobre
amigos, companheiros de quarto, ir
contra a corrente, traumas de
infância e momentos aleatórios da
vida. E nós rimos de novo e uma vez
que começo não posso parar.
Falamos até que estou morrendo
de fome de novo e vamos para a
cozinha, misturamos um monte de
coisas juntas e fazemos nachos mais
variados que nunca. Velveeta, feijão
preto, tomate, restos de frango,
calabresa, pimentão vermelho,
cebola, molho picante.
- Parece nojento e delicioso ao
mesmo tempo. - eu digo enquanto
colocamos a mistura no forno.
- Eu ainda acho que os
cachorros-quentes teriam
acrescentado algo especial. - disse
ele, ajustando o temporizador e
encostando-se ao balcão.
- Isso é muito carne. - Eu faço
uma careta.
- Isso é o que elas dizem. - Eu
rolo meus olhos por causa de sua
terrível piada.
- Sim, Javier é o imaturo. - Ele
sorri novamente e estou surpresa
com os impulsos de lamber seu
rosto. Sim, eu não tenho nenhuma
ideia de onde isso veio. Eu nunca
tive o desejo de lamber o rosto de
alguém antes. Insanidade
temporária?
- Tenho algo no meu rosto? - Fui
pega o observando enquanto estava
pensando em lamber seu rosto.
- Não.. Nada. - me viro para
responder. Talvez esteja ficando
melhor nisso. Apenas requeria
prática.
O Celular de Jett toca quando os
nachos estão quase prontos. Seu
toque é o som da respiração de
Darth Vader e isso me perturba
bastante, até que ele atenda.
- Hey... Não...Não. NÃO. Você
está bêbado. Adeus. - Ele olha para
o seu celular e balança a cabeça.
- Eu juro que se eu tiver que
buscar seu traseiro bêbado de novo,
vou amarrá-lo e desenhar pênis em
todo o seu rosto com caneta
permanente e tirar toneladas de
fotos.
- Javier? - eu perguntei.
- Sim. Ele ainda está em um
bom lugar bêbado-inteligente, só que
mais uma dose de bebida e ele vai
começar a chorar a perda de seu
gato quando tinha dez anos. Se eu
tiver que ouvir isso de novo, vou
perder minha cabeça. - Ele geme e
olha para os nachos quando o
temporizador toca.
- Eu deveria provavelmente ir
buscá-lo. Ele já tinha uma
advertência por conduzir bêbado e
não necessita de outra.
- Oh. Okay. Eu vou chamar um
táxi. Não é grande coisa. - Ele olha
para mim e eu sinto isso também. Eu
não quero sair. Apesar de todas as
coisas estúpidas que eu disse esta
noite, eu gosto de estar perto dele.
Sim, com certeza, eu sei que só o
conheço há apenas algumas horas,
mas às vezes você encontra pessoas
e tem um click. Você entende um ao
outro e você tem o mesmo senso de
humor, que é ainda melhor.
- Eu posso ir buscá-lo e em
seguida, deixá-la em casa, se quiser.
O mínimo que posso fazer é
oferecer-lhe uma carona. - Ele já
tinha me dado uma carona e me
deixou ficar em sua casa, deixou-me
força-lo a assistir Meninas
Malvadas, beijou a minha cabeça e
meu quadril e me fez nachos.
Qualquer coisa a mais que ele fizer
vou ter que lhe enviar pelo menos
um cartão de agradecimento.
- Por favor. - disse, cortando o
meu protesto.
- Ok, mas não mais que isso ou
então eu vou ficar te devendo algo. -
Estou flertando com ele? Isso foi
flertar? Faço um mal juízo desse
tipo de coisa.
- Creio que posso ficar bem
com isso - disse em voz baixa, com
um meio sorriso. E o mundo deixou
de girar. Pelo menos foi assim que
eu senti.
- Oh, você quer que eu lhe
deva? - Que diabos, de onde veio
isso? Seja como for, eu vou com ele.
Ele morde o canto dos lábios e
em seguida seu celular toca
novamente.
- Sim, temos que ir.
Capítulo cinco

- Fomos parar em um bar que é


a definição da "decadência". Eu
realmente não sei de onde esse
termo vem, mas eu sei reconhecê-lo
quando vejo um. É isso.
Eu nem sabia que este bar
existia.
Escondido numa esquina de
entre uma loja de tatuagens e um
prédio abandonado, a fachada de
tijolos está desmoronando e está
coberto de pichações e uma
cacofonia de sinais de néon de
várias cervejas. A porta é mantida
aberta por um balde cheio de pontas
de cigarro.
- Com Classe. - digo baixinho.
Jett apenas estaciona ao lado do bar.
- Eu não sei se é mais seguro
para você ficar no carro ou vir
comigo. - Eu também não. As
pessoas que estão do lado de fora do
bar, mais parecem membros
perdidos da série “Sons of
Anarchy”. Existem Clube de Motos
em Maine? Deve haver.
- Acho melhor ir com você. -
digo e ele me dá um olhar dizendo
Você tem certeza?
Eu pego na minha bolsa e a
trago comigo, minha ferramenta
Leatherman rosa.
- Para que é isso? - Diz Jett.
- Você nunca pode ser
descuidado. Além disso, tem um
abridor de garrafas.
- Eu o abro e lhe mostro
ferramentas antes de sairmos do
carro. Ele segura automaticamente a
minha mão e eu não posso dizer se é
para me manter por perto e não me
perder no meio da multidão, ou por
algum outro motivo.
Não há ninguém na porta
verificando identidades, deve ser
provavelmente por isso que existem
várias meninas que parecem não
terem terminado o ensino médio e
parecem frenéticas na pista de
dança. Jett examina o ambiente a
procura de Javier, mas eu estou
tendo problemas para ver sobre as
cabeças das pessoas.
O lugar cheira a cigarros
mofados e cerveja velha com uma
pitada de vômito e suor. Devia se
chamar de El Antro. É muito quente
aqui dentro e é fumaça pra todo
lado. Jesus me tire daqui. Eu aperto
minha faca improvisada, pronto para
atacar se for necessário.
- Lá está ele. - diz Jett,
apontando outro lado do local, onde
Javier tem a menina sem–vestido
contra a parede. Felizmente, existem
pessoas na frente deles para
bloquear a minha visão ou então eu
provavelmente poderia conferir se
sua vagina tinha um rosto.
Jett me guia através dos corpos
pulsantes até chegarmos a Javier e a
menina.
- Javi, hora de ir. - diz Jett,
colocando sua mão no ombro de
Javier e separando o rosto da garota
provocando um som como
desentupidor de pia sendo puxado
da parede. É por isso que estou
solteira. Asqueroso.
- Ei, cara. O que você está
fazendo aqui? - Pelo menos eu acho
que é o que disse. Eu não sou fluente
no idioma dos bêbados.
- Hora de ir para casa, Javi. -
Praticamente Jett cospe as palavras
para fora e pela primeira vez eu
vislumbro algo duro nele. Intenso.
Não-foda-comigo.
Eu não entendo o que diz Javier
depois, quando ele me nota. Estou
aconchegada contra Jett e prefiro
estar aconchegada com ele do que
em um estranho assustador,
especialmente porque a minha bunda
já havia sido tocada por duas vezes.
Ele murmura algo para mim e a
menina nos fulmina com o olhar, mas
Jett começa nos empurrando pra fora
dali e ainda segurando minha mão.
Jett nos arrasta a mim e a Javier
através do bar até a saída e de volta
para o ar fresco. Javier de alguma
forma consegue ficar em pé, mas
assim que chega ao carro, ele
desaba. Nós tínhamos nos perdido
da menina em a algum momento
enquanto saíamos do lugar. Espero
que ela chegue bem em sua casa e eu
peço a
Jett se ele se importa se
voltarmos para ver se ela está bem.
Nós deitamos Javier no banco
traseiro do carro. E ele tenta agarrar
meus seios, mas eu dou um tapa na
mão dele, então ele me mostra a
língua e depois adormece.
- Bom garoto. - eu digo, dando-
lhe um tapinha na cabeça, enquanto
fecho a porta.
Jett e eu voltamos para o bar,
mas não conseguimos encontrar a
menina sem-vestido novamente,
mesmo quando vou ao banheiro
feminino procurá-la.
Ela deve ter se mandado.
- Ok, bem, eu preciso levá-la
para casa e conseguir o kit ressaca
para amanhã. Por que eu o deixo
fazer isso comigo? - É evidente que
ele já fez isso muitas vezes antes.
Por que eu deixo minhas amigas
me fazerem refém?
Dou-lhe um olhar de simpatia.
Javier murmura dormindo no banco
de trás enquanto Jett me leva de
volta para o meu apartamento. Eu
não quero voltar, porque eu ainda
estou chateada com Hazel, mas eu
não tenho escolha. Estou chateada
com todas as minhas outras amigas
também, então eu não posso ficar em
suas casas e Amelia ainda vive em
dormitórios e tem uma companheira
de quarto que é muito estrita sobre
visitantes.
Eu não espero que Jett me abra
a porta desta vez, porém ele vem de
qualquer jeito. As luzes da cozinha
estão acesas, isso quer dizer que ou
Hazel deixou-as por mim ou ela
ainda está acordada. Eu não tenho
nenhuma ideia do que eu vou dizer
para ela. Eu tenho tendência a evitar
confronto, mas não desta vez.
- Bem, obrigada por tudo. - Esta
é uma maneira estranha de terminar
a noite, mas tem sido uma noite
estranha.
- Sim, quando quiser. Foi ótimo
sair com você, mesmo que as
circunstâncias não tenham sido as
ideais. - estavam longe do ideal.
- Sim. - eu digo e nós apenas
olhamos um para o outro por um
segundo. Então, Jett me puxa pela
cintura e abre o porta-luvas,
retirando um pedaço de papel. Ele
dobra o papel sobre o capô e o corta
em forma de quadrado e segue
dobrando até que tenha uma gaivota
de papel. Então ele escreve alguma
coisa sobre uma de suas asas e me
entrega.
- Eu realmente gostaria de vê-lo
de novo. - eu digo a ele enquanto
recebo a gaivota e me dou conta que
tem o seu número de celular.
- O sentimento é mútuo. -
Ambos nos damos uma espécie de
sorriso e então eu finalmente me
viro em direção a minha casa.

- Olá. - diz Hazel, quando eu


abri a porta. Ela estava sentada na
nossa mesa de jantar pequena
fumando. Eu odeio que ela fume em
casa, mas só faz isso quando ela está
muito estressada.
Eu não respondo. Ela o apaga e
empurra meu celular sobre a mesa.
Só de estar no mesmo recinto com
ela está me deixando chateada
novamente. Eu deveria ter
perguntado a Jett se eu poderia ficar
a noite toda, porque eu não posso
estar com ela agora.
- Eu sinto muito, Shan. Você
está bem?
Eu pego meu celular e me dirijo
ao meu quarto e bato a porta. Estar
com Jett tinha atenuado um pouco da
raiva, mas agora ele está de volta
com força total.
Eu caio na minha cama e espero.
Apenas alguns segundos depois, ela
bate.
- Eu sei que você está com raiva
de mim, mas você pode dizer pelo
menos se você está bem? Eu não
seria capaz de viver comigo mesma
se algo acontecesse com você. -
Sim, agora ela se preocupa.
- Eu estou bem. - digo, mas isso
é tudo o que ela vai conseguir. - Vá
embora,
Hazel.
- Por favor, não fique com raiva
de mim. - Ela funga e posso dizer
que ela está chorando. - Eu sinto
muito.
Uma das coisas que ela e eu
temos em comum são as confusas
situações familiares. Mas a minha é
brincadeira de criança em
comparação com a dela. Eu espero
que ela saia logo, mas ela
permanece lá, fungando no outro
lado da minha porta.
- Falaremos sobre isso mais
tarde, ok?
- Tudo bem. - Ela sai da porta e
eu me levanto para apagar as luzes.
Tem sido uma longa noite.
Durmo mal, e me levanto cedo
na manhã seguinte. Vou para a
cozinha e Hazel está lá, parecendo
uma merda absoluta. Ainda pior do
que eu, provavelmente. E ela está
chorando de novo.
- Podemos falar agora? - Não
estou tentando puni-la, não posso
suportar vê-la tão quebrada. Então
eu pego uma toalha de papel e
entrego a ela.
- Sim, nós podemos conversar. -
Sento-me em frente a ela enquanto
ela limpa o rosto. - Aconteceu
alguma coisa? Quem era aquele
cara? Será que você. ..
- Ela deixa o resto da frase para
que minha imaginação possa
terminá-la. Estou prestes a dizer-lhe
que eu não tinha tido relações
sexuais com Jett, mas a minha boca
tem outras ideias.
- Sim. Eu fiz. Tivemos relações
sexuais. - Quero dizer como
sarcasmo.
Hazel grita mais alto do que eu
já ouvi ela fazer e se joga em mim.
Estou envolvida em seu perfume e o
resíduo do cheiro de cigarro. Ela
apertou o botão da devastada para
exultante em menos de dois
segundos.
- Oh meu Deus! Como foi? Foi
bom? Aposto que foi bom. Esse cara
tinha algumas tatuagens
impressionantes. Ele usou
camisinha? Você provavelmente
deve ir para a clínica agora. Você
está com dor? Você sangra?
- Puta merda, Hazel, você quer
que eu responda a todas essas
perguntas? - Ela olha para mim e
senta no meu colo. Ela me abraça de
um jeito que parece um grande
coala.
- Você estava segura? - Deveria
realmente dizer a ela que eu não
tinha dormido com Jett. Mas em vez
disso, eu digo: - Sim. Estávamos
seguros. - Eu acho que estou doente.
Minha boca se divorciou de minha
mente e está falando por si mesma.
- Bem. Doeu? - E as mentiras
continuam saindo de minha boca. E,
uma vez que começo, sigo
construindo essa história de sedução
e tento fazê-la a mais realista
possível. Há velas e música e
orgasmos múltiplos. Até o momento
que termino de contar a minha falsa
história completa de como perdi
minha virgindade com Jett e estamos
no sofá e ela está desembaraçando
meu cabelo.
Ele ficou um pouco embaraçado
quando Jett e eu estávamos
dormindo no sofá, de modo que
muito se assemelha ao cabelo de
sexo.
- Você se sente diferente agora?
- Sim, eu me sinto. - Esta é a
única coisa que eu digo que não é
uma mentira.

Depois das tentativas de Hazel


me fazer o café da manhã, me dirijo
a biblioteca para estudar. Depois de
todo o caos dá à noite anterior, eu
preciso de algo reconfortante e
familiar. Uma hora mais tarde eu
estou totalmente envolvida com a
lição de casa e por isso não percebo
que alguém está de pé ao lado da
minha mesa até que empurra uma
pequena gaivota feita de papel de
caderno, em meu livro.
- Desculpe-me, mas eu queria
saber se você poderia dar uma
olhada no meu laptop? - Oh, hey
Jett. Que bom vê-lo aqui. Isso é
algo que deveria ter dito em voz
alta. Em vez disso, acabo dizendo:
- O que você está fazendo aqui?
- E soa mais acusatório do que eu
quero dizer na verdade.
- Bem, eu ouvi dizer que este é
o lugar onde os livros vivem então
eu resolvi vir visitá-los. - É claro
que a resposta é totalmente bonita e
apropriada e me faz sorrir.
- Você é uma daquelas pessoas
que tem que estudar sozinha ou este
lugar está ocupado? - Ele aponta
para o cadeira vazia a minha frente e
na qual eu tinha meus pés apoiados
em cima.
- Não, vá em frente, sente-se. -
Me dou conta da falta de sabedoria
ao dizer isso um segundo depois. De
maneira nenhuma posso me
concentrar em macroeconomia com
ele sentado em minha frente. Ele
abre sua mochila e tira seu laptop.
Ele sorri e o liga e eu pretendo
ler o meu livro, então eu não vou
olhar para ele. Mas a minha
curiosidade me ganha.
- O que você está trabalhando? -
Pergunto.
- Novo Design de uma página da
website. Quer ver? - Seus olhos
brilham ainda mais e eu me levanto
e me inclino sobre seu ombro. Agora
sou eu quem está respirando em sua
nuca. Isso também me dá uma chance
sentir seu cheiro sem que isso
pareça assustador.
Jett me mostra o projeto que
está trabalhando para um grupo
local. É audacioso e brilhante, mas
ao mesmo tempo limpo e ele mesmo
desenha o logotipo para eles.
Ele me mostra através de
diferentes abas os links que ele está
adicionado e posso perceber que o
menino tem talento. Não que
duvidasse. Encontro-me colocando
minha mão em seu ombro e
inclinando-me ainda mais. Minha
boca está quase no mesmo nível com
seu ouvido e se eu virasse minha
cabeça eu poderia lamber seu lóbulo
da orelha. Mas isso seria
completamente estranho, então eu
provavelmente não deveria. Ainda
assim, o pensamento passou pela
minha cabeça. O que está
acontecendo comigo, de ficar
pensando em lamber Jett?
- O que você acha? - Jett vira a
cabeça e as nossas bocas estão tão
perto que me faz lembrar-me dele
beijando a parte de trás da minha
cabeça e meu quadril e eu quero
saber o que eu sentiria com aqueles
lábios em meus lábios.
- É incrível, realmente. - Sou
incapaz de encontrar outras palavras
para dizer sobre isso.
- Obrigado. - não pode ser só
minha imaginação, mas seus olhos
estão fixos em meus lábios e em
seguida, de volta para os meus
olhos. Devo parar de me inclinar até
ele, mas meu corpo não quer
obedecer. O rosto de Jett fica muito
sério e eu não consigo parar de
olhar ele.
E então alguém bate um livro
fechado em uma mesa próxima e
salto como se tivesse sido pego
fazendo algo errado.
- Devo, hum, voltar ao trabalho,
provavelmente. - digo e tropeço
quando volto ao meu lugar e sento-
me em um baque.
Os olhos de Jett voltam ao seu
computador e o meu volta para o
meu livro.
Capítulo seis

Nós descemos para a cafeteria e


Jett pede café e um bagel.
- O que você quer? - Será que
ele vai pedir e pagar pra mim? Não
posso deixar isso acontecer.
- Oh, você não tem que fazer
isso. Eu tenho dinheiro. – digo,
enquanto a atendente aparentemente
entediada espera por meu pedido.
Ela também masca um chiclete e faz
bolas até estourá-la. Agh. Não é
ilegal mascar chiclete em um lugar
que faz comida?
- Tenho certeza de que você tem
dinheiro, mas me encarrego disso. O
que você quer? - o doce sorriso de
Jett é a minha perdição. Eu pedi uma
fatia de pão de banana e um Milk
shake de abóbora.
- Obrigada. Agora eu devo a
você. - digo a ele.
- Não, você não me deve. Isto
vale por me ajudar com Javi. - Ah,
certo. Eu quase tinha me esquecido
dele. Nos movemos para o lado, a
espera de nossas bebidas.
- Como ele está?
- Recuperado. Aquele
desgraçado pode beber como uma
esponja e ficar bem no dia seguinte.
Se eu bebo duas cervejas fico
destruído para a semana inteira.
- Sim, eu sei o que você quer
dizer. - A menina entediada nem
sequer chamou nossos pedidos,
apenas os empurrou sobre o balcão,
em nossa direção.
- Tudo o que estava
acontecendo ontem à noite terminou
bem? - Ele pergunta.
- Mais ou menos. - Tinha
recebido várias mensagens de
desculpa de todas as minhas amigas.
Depois de lidar com Hazel, a única
coisa que quero fazer é terminar com
isso.
Pegamos nossos pedidos e nos
dirigimos a única mesa disponível.
A cafeteria está lotada, mesmo para
um sábado e eu percebo que deve
ser por causa de algum evento
esportivo. Às vezes acho que
deveria estar mais envolvida nessas
coisas assim, mas então eu me
lembro como minha bunda fica
quando tenho que ficar duas horas
sentada numa arquibancada de
metal.
- Eu sinto pelos nachos. - digo.
- Oh, não é um grande coisa.
Javi comeu tudo que havia, no meio
da noite.
Eu encontrei os recipientes
vazios está manhã. Espero que tenha
sido ele ou temos um fantasma
comedor de nacho.
Isso soa assustador.
- Bem, olá. - uma voz que
conheço muito bem soa atrás de
mim. Eu me viro e a encaro enquanto
Jett não a vê.
Antes que eu possa perguntar o
que diabos está fazendo aqui, ela
fala.
- Eu precisava de um energético
antes da minha sessão de estudo. -
Ela frequentemente tem sessões de
estudo com livros gigantescos com
letras superpequenas. Estará cega
quando chegar aos trinta, eu juro.
- Oh, um, Hazel, este é Jett. -
Jett olha de mim para Hazel e volta
pra mim. Não tinha contado a ele o
que realmente tinha inventado sobre
nós dois, porém ele foi o
suficientemente inteligente para dar-
se conta do que acontecia ali.
- Prazer em conhecê-lo, Jett.
Espero que esteja sendo bom para
ela.
E o amor desaparece.
Jett não perde nada.
- Ela faz que seja fácil ser bom
e é um prazer conhecê-la, também,
Hazel. -
Ele meio que se levanta e lhe
estende a mão. Ela segura sua mão,
enquanto o seu olhar salta para o
braço e acompanha suas tatuagens e
em seguida, volta à para seu rosto.
Eu quase posso ler os pensamentos
que estão passando por sua mente.
- Hum. - diz ela e libera sua
mão.
Seu sorriso não se vai enquanto
se senta de novo. O café da Hazel
está pronto, então ela o pega e diz
adeus, dando-me um olhar
penetrante. Grande. Isso vai ser
divertido mais tarde.
- Você tem Javi, eu tenho Hazel.
- eu digo com um encolher de
ombros.
- Entendido. Então você
inventou? - Oh, eu realmente não
quero entrar nesse assunto.
- Sim. Sobre isso. Eu tenho que
contar-lhe que a razão pela qual
Hazel estava se comportando dessa
maneira era porque ela pensa que
fizemos sexo.
- Uh oh. Eu não sei se vou
gostar de como isso vai soar. Parece
um pouco como perdição. - Ah, se
você soubesse.
- Então, o que você acha sobre
eu ter dito a Hazel que fizemos
sexo? - Quero dizer, eu pedi-lhe uma
carona e fingi que estava me levando
para casa, provavelmente para fazer
sexo, mas ele não sabia que era
também a minha primeira vez. Ou
será que ele teria descoberto se
realmente tivéssemos feito sexo?
- Eu diria que não tenho um
problema com isso. Quero dizer, não
é uma coisa absurda de se achar.
Você é uma garota e eu sou um cara
e passamos um tempo sozinhos no
meu apartamento. Estaria me
insultando se ela não acreditasse em
você. - Tento ter sua confiança, mas
parece que ele está sendo casual
demais.
- Você tem certeza? Porque eu
posso esclarecer isso. Quer dizer, eu
gosto de sair com você e ela é minha
melhor amiga, por isso, se a gente
sair de novo, você provavelmente
vai vê-la novamente e
provavelmente vamos ter que fazer
isso de novo.
- Não é um problema, eu juro. É
uma honra ter dormido com você.
Mesmo que seja apenas para
representar. – disse e seu rosto fica
um pouco vermelho e não volta a
olhar para mim.
- Tudo bem. Legal. - Eu não sei
o que mais dizer. Eu definitivamente
não direi a ele sobre minha
virgindade. Teria que por uma arma
na minha cabeça e eu não prevejo
que isso aconteça em breve.
Há um momento de silêncio
embaraçoso que eu tento mudar de
assunto para terreno diferente e
menos embaraçoso.
- Então, você quer sair de novo?
- Diz Jett, sem olhar para mim.
- Uh, sim. A menos que você
não queira. Eu não deveria ter
assumido que você quisesse. Isso foi
estúpido. - Ugh, eu fiz isso de novo.
- Não! Não, eu quero sair de
novo. Eu só não sei se você iria
querer. Quero dizer, depois do
apartamento nojento, Javi e tudo
mais. Eu não fui exatamente um
grande anfitrião. - Desta vez ele
parece envergonhado. E de um jeito
fofo.
- Eu quero sair, também. - eu
digo.
- Tudo bem.
- Tudo bem. Bem, tecnicamente,
estamos saindo agora. Mas pode ser
divertido fazer algo fora do campo
acadêmico. Não que não tenha sido
ruim estudar com você. - Este é um
flerte, certo?
Ele sorri e me olha nos olhos
novamente. Uau. Ele tem olhos
lindos. Eu poderia olhar para eles
durante todo o dia. Mas eu não
deveria. Porque isso é assustador.
- Javi pensa que dormimos
juntos. - disse, finalmente sem
piscar.
- O quê?
Suspiros e se inclina para trás
em sua cadeira.
- Bem, ele perguntou se
tínhamos feito e eu não o corrigi.
Desculpe. - Por que ele está se
desculpando? Eu tinha feito
exatamente a mesma coisa.
- Eu vou que esclarecer as
coisas.
- Não, está tudo bem, Jett. Quer
dizer, eu seria hipócrita se ficasse
chateada com isso, considerando
que eu fiz a mesma coisa. - E isso
me dá uma ideia.
Jett olha para mim e é como
estivéssemos pensando exatamente a
mesma coisa no momento.
- E se a gente não contar a
verdade pra nenhum deles? Quero
dizer, meus amigos estão sempre a
chatear-me sobre encontros e Javi
está na sua cola sobre isso. Que tal
se...mantermos a farsa? Fingir que
estamos saindo?
É a solução perfeita, sem
realmente estar saindo com alguém e
ter que passar por toda a situação de
novo. Além do fato de que a maioria
dos caras me fazem arrepiar de
pavor e relacionamentos levam
tempo e energia. Tempo e energia
que eu prefiro canalizar para nos
meus estudos. Eu também não quero
o meu coração todo torcido e
quebrado, muito obrigada. Eu já vi
muitos términos de minhas amigas e
não quero chegar perto de ter a
minha própria experiência.
Além disso, eu gosto de Jett. Ele
é engraçado, atraente e temos boas
conversas. Ele é o falso namorado
perfeito.
Sento-me à espera do veredicto.
Ele provavelmente vai pensar que
sou louca e vai sair correndo.
- Huh. É engraçado você dizer
isso porque eu estava tendo o
mesmo ideia. Namorar é assim...
complicado. - disse.
- E estranho. E potencialmente
confuso e comovente.
- Exatamente. Mas se você não
está namorando, então você é,
basicamente, um leproso social e as
pessoas se perguntam se há algo
seriamente errado com você.
- Ou que você é gay.
- Eu não sou. Caso você queira
perguntar. - disse.
Eu bufo.
- Sim, que eu já percebi que
você não é. Eu também não sou.
Caso você também queira perguntar.
- Uma vez, eu fiquei bêbada com
Hazel e nos beijamos em um
desafio, mas eu realmente não me
lembro, então eu tenho certeza que
essa vez não conta.
- Então, isso significa que
somos Namorados de Mentira? -
disse.
- Uh, sim. Somos. Você agora é
meu namorado de mentira.
- E você é minha namorada de
mentira. Há algum tipo de anel pra
isso.
Falando nisso, eu preciso do seu
número. - Então trocamos nossos
números de telefone. Ele me mostra
que estou listado em "NM".
Nós rimos e eu termino de beber
o resto do meu Milk Shake. Até que
foi fácil.
- Nós provavelmente devemos
ter algumas regras básicas, no
entanto. As Dez Regras de Um
Relacionamento de Mentira. - eu
digo. Pego um dos meus cadernos.
Sempre lembro melhor as coisas
quando eu as escrevo. Exceto para
as anotações de hoje cedo, mas isso
não foi culpa minha.
- Regra número um... - digo,
escrevendo em minha caligrafia
miúda.
- A primeira regra do
relacionamento de mentira. Você
não fala sobre o relacionamento de
mentira. - diz Jett com um sorriso.
Estava escrevendo isso. De repente
dou-lhe um olhar e então eu tenho
uma ideia. - Ok, ok, o que acha
disso. Primeira regra do Namoro de
Mentira é que se algum de nós
quiser sair, temos que dizer uma
palavra. Algo como uma senha para
sair da prisão.
- Ou uma palavra de segurança.
- ele diz, antes de pensar como isso
soa.
- Uma palavra de segurança? -
Isso me faz ganhar um levantar de
sobrancelha.
é O quê? Eu li. - Eu tento não
ficar um pouco vermelha, mas falho.
- E como é que você sabe sobre as
palavras de seguranças? - Essa é a
questão.
Ele coça a parte de trás de sua
cabeça.
- Lembra que te disse que Javi
tem uns filmes estranhos de pornô?
Foi por aí. Além disso, eu também
leio. E eles mencionaram em
Serenity.
- Ok, então. Escolha sua palavra
segura.
- Escolha a sua.
Eu dei a língua para ele. - Eu
perguntei primeiro.
Ele olha para o teto e acaricia o
queixo como se tivesse uma barba.
- Palavra de Segurança, palavra
segura. - Enquanto isso, eu estou
pensando em minha própria.
- Perspicaz. - ele disse. - Eu
quis escolher uma palavra que eu
não iria usar em uma conversa
normal. Então, sim. Perspicaz.
Isso me faz sorrir.
- O meu é...necrofilia. Eu
definitivamente não iria usar em uma
conversa normal. - Ele faz uma cara
de nojo. Então anoto nossas palavras
de segurança. Como se fossemos
esquecer delas.
- Ok, bom. Podemos querer
colocar um limite de tempo para
isso. Então, podemos ter um
rompimento de mentira. - digo.
Ele balança a cabeça em
concordância e começa a dobrar o
guardanapo.
- Perfeito. Um mês. É uma boa
quantidade de tempo. Então deve ser
a regra Dois. Também vou anotar a
regra três que diz que temos que ter
pelo menos um encontro por semana.
- E nenhum contato físico a
menos que estamos em público. –
digo, ainda escrevendo.
- Nenhum contato? Isso vai ser
muito difícil. Você vai me punir se
eu violar essa regra? - Ele sorri e
me deixa quente e formigando.
- Nenhum contato que não seja
algo acidental. Que tal assim?
- Isso funciona para mim. Eu
acho. - Ele mexe as pernas sob a
mesa e esbarra na minha. Antes que
eu possa dizer algo, ele põe as mãos
para cima se dizendo inocente.
- Contato acidental.
As próximas regras são um
pouco mais fáceis. Regra Cinco: não
há beijo de boa noite a menos que
estejamos em público. Seis: sem
apelidos a menos que estejamos em
público. Sete: uma mensagem de
texto e um telefonema por dia.
- Oito? - lhe pergunto. Estou um
pouco sem ideias.
- Bem. Até que ponto queremos
levar esta situação? Nós
provavelmente deveríamos passar
uma noite juntos de vez em quando.
Você sabe, uma vez que estamos
namorando e já fizemos sexo. Eles
vão pensar que algo está errado, se
não passarmos a noite juntos
novamente. - Ele tem um ponto muito
válido.
- Tudo bem. Então, que tal pelo
menos duas noites juntos a cada
semana?
- Você está falando sério?
Quantas vezes suas amigas, que têm
novos namorados, passam a noite em
suas casas? Eu acho que tem que ser
pelo menos quatro, se não mais -
Whoa. Este vai ser um grande
compromisso de tempo. Mas eu acho
que não é muito diferente do que
passar uma noite na biblioteca. Eu já
fiz isso uma vez ou duas. Ou talvez
eu poderia apenas ir para o seu lugar
e, em seguida, fugir para a
biblioteca. Tanto faz. Nós vamos
trabalhar nisso.
- Ok, quatro noites por semana é
a Regra Oito. Devemos alternar?
- Bem, Javi tende a trazer um
monte de meninas para casa em uma
base regular, a menos que você não
queira saber os sons que ele emite
quando chega lá, então o sua casa
pode ser melhor. - Isso é
preocupante em muitos níveis.
- Hazel trabalha à noite, de
modo que realmente funciona.
Podemos sair ou você pode fazer
trabalhos de casa ou qualquer outra
coisa. Oh, regra nove deve haver
partilha de cama. Eu realmente tenho
um colchão reserva que posso
instalar pra você.
- Parece bom. - ele disse de uma
maneira que faz parecer que não é.
- Algum problema?
Ele balança a cabeça
negativamente e então sorri, mas ele
não parece verdadeiro.
- Você não está dando pra trás
em nosso relacionamento de mentira
antes mesmo de começar, não é?
- Não, eu estou bem. Qual é
regra Dez?
Eu a anoto e viro o caderno para
que ele possa lê-la.
- Divertir-se. Sim, isso deve ser
uma regra. - ele disse, tirando uma
caneta e sublinhando.
- Ok, é isso. Dez Regras de Jett
e Shannon para um Relacionamento
de
Mentira. - Jett começa a
rabiscar o título.
- Nós apenas temos que ter
certeza de esconder isso em algum
lugar. - Ele disse.
- Eu vou colocá-la na minha
bolsa com meus absorventes.
Ninguém mexe ali. - Ele está muito
ocupado com seu desenho para
captar minha piada.
- Então, você está dentro? -
sinto como se estivesse dando pra
trás.
- Estou dentro. – disse, sem tirar
os olhos do papel e acena.
- Eu sinto que nós devemos
selar este de alguma forma. Algo
oficial para iniciamos nosso
relacionamento de mentira. - Eu
retiro o meu telefone e coloco uma
data de término no meu calendário.
Perfeito. É antes das provas finais,
de modo que funciona bem.
- Que tal um beijo? Estamos em
público e estamos começando o
nosso relacionamento de mentira. As
pessoas que estão namorando
beijam-se, não é? - Ele finalmente
tira os olhos da lista de regras.
- Uh. É. Eu, hum. Eu acho. -
Então, aqui está o negócio. Todos os
beijos que eu já tive na minha vida
foram terríveis. Ou com narizes se
chocando, baba, dentes esbarrando
ou simplesmente ruim. Eu não vi
fogos de artifício, fiquei com os
joelhos fracos ou qualquer coisa
parecida. Eu só esperava acabar e
ter conseguido me livrar da situação.
Além disso, o que se passa na
cabeça desses caras para comerem
coisas pavorosas e em seguida,
beijar você? Me desculpe, mas eu
não quero provar o seu churrasco de
bacon, seu cheeseburger ou seus
anéis de cebola, muito obrigado.
Jett se levanta, vem para o meu
lado da mesa e se inclina para
baixo, segurando meu rosto com uma
mão, seu polegar roçando minha
bochecha. Eu fecho meus olhos e
rezo para que não vá estragar tudo
com este beijo.
- Abra os olhos e olhe para
mim, Shannon. - Sua voz é tão suave
e doce que eu não tenho nenhuma
opção a não ser obedecer. Ele está
mais perto do que eu pensei que
quase pulo, mas ele está me
segurando no lugar.
- Com esse beijo, tenho a honra
de selar a nossa relação de mentira.
- disse, como se estivesse
concedendo o título de cavaleiro a
mim ou algo assim. Eu não deveria
estar tocando-me no ombro com uma
espada?
Vejo seus ângulos faciais e
muito lentamente, como se ele
temesse que eu pirasse, move seus
lábios macios nos meus. Por um
momento ele fica quieto.
Como se estivesse esperando eu
me acostumar com a sensação. Até
este momento não foi nada terrível.
Na verdade, é bem agradável. Mais
do que agradável. Eu me inclino
para a frente e abre a boca
aprofundando o beijo.
ESTE é o que deve se chamar
um beijo. Ouço-me gemer um pouco
e abrindo a boca também. O que era
pra ser um beijo para selar a nossa
relação de mentira. Se sente como o
primeiro beijo de verdade que já
tive. Antes que ele possa ir mais
longe, eu empurro seu peito e ele se
retira lambendo os lábios, como se
estivesse saboreando o meu sabor.
Sexy.
- E assim começa.
- E assim começa.

Eu me acerto com minhas outras


amigas, via mensagem de texto. Eu
estava mais chateada com Hazel,
porque ela instigou toda a situação.
Se é que deveria fazer um dramalhão
com o que me havia feito, porém a
coisa com ela já tinha sido ruim o
bastante e agora só quero deixar pra
trás e seguir adiante com meu
relacionamento de mentira.
Isso, Jett e eu já decidimos o
nosso primeiro "encontro" para a
noite seguinte.
- Alguma coisa pública. - ele
disse.
- Bem, há uma festa da Kappa
Sig. Javi vai e me pediu para ir com
ele.
Parece muito público para mim.
A festa da fraternidade? Eu só
tinha ido em uma e foi culpa de
Hazel. Acabei a noite com um banho
de cerveja que alguém tinha
entornado em minha bolsa. Mas
pode não ser tão ruim com Jett.
Poderia provavelmente proteger
minha bolsa. E o resto de mim.
- Hazel vai ficar muito chateada
de não pode ir. Ela está sempre me
pedindo para ir para essas coisas.
Mas talvez eu possa conseguir que
uma das outras meninas possam vir.
- Eu envio um SMS em massa para o
resto das meninas e tenho respostas
imediatas. Daisy e Jordyn podem
vir, Cass não pode e Hazel tem que
trabalhar. O namorado de Jordyn,
Tanner, também está dentro. Eles
começaram a namorar, por isso eu
ainda não os tenho avaliado como
uma só pessoa. Mas ele parece doce
(pelo que ela diz) e ela está feliz
(pelo que ela diz), então isso é tudo
que importa.
- Ok, agora nós temos um grupo
de cinco. Ou seis, eu acho. Isso deve
ser interessante. - eu digo quando
Jett quer saber quem vai.
- Seus amigos são meus amigos.
Se você está bem com eles, eu estou
bem com eles, também. - Sim, é o
que nós vamos ver.
- Você realmente não conhece
as minhas amigas, então você
provavelmente vai mudar de ideia
depois de amanhã à noite.
Nós dois saímos para nossos
carros e eu não sei como nós vamos
dizer adeus. Nos beijamos de novo?
Estamos em público. Posso dar
outro beijo em pé? Eu estava
sentada e havia sido bastante mal.
Meus joelhos não são fortes o
suficiente para o tipo de beijo de
Jett.
- Te ligo hoje à noite? - ele diz
e eu me encosto no meu carro.
- Sim, claro. - Ele se inclina
para a frente.
- Nós estamos em público. -
disse, porque eu meio que olho pra
trás. - Tem um cara, bem ali. - Ele
aponta e eu vejo um cara com
dreadlocks fumando, fora da
biblioteca. Ele também está em seu
celular, então eu tenho certeza que
ele não tem nenhum conhecimento de
nós. Mas ainda assim. Você nunca
sabe quem vai passar.
- Sim, nós estamos. - Desta vez
eu coloco a mão em seu ombro e me
inclino.
Talvez desta forma posso
controlar o beijo. Eu dou-lhe o mais
rápido dos beijos e puxo para trás o
mais rápido que posso, antes que
possa transformá-lo em algo mais.
- Vemo-nos amanhã. - eu digo,
virando-me e abro minha porta antes
que ele possa fazer qualquer coisa
para me parar. Eu o ouço suspirar
atrás de mim e seus dedos roçam
minha espinha antes de eu entrar no
carro. Eu olho para ele e fico um
pouco agitada.
Bye, Namorado de Mentira.
Capítulo sete

- Então, Jett e eu estamos


oficialmente juntos. - eu anuncio
quando eu chego em casa, depois da
biblioteca. Hazel se encontra na
mesa de jantar, lendo um de seus
livros gigantescos e tomando notas.
Demora um minuto para que seus
olhos se desprendam do mundo
emocionante da jurisprudência.
- Você tem namorado? Minha
Shannon tem um namorado! Você
está falando sério? - Ela grita e pula
em mim como se eu tivesse ganho o
Miss América.
- Jesus, deixe-me ir. - respiro
com dificuldade. Ganho um abraço
apertado e lhe dou umas
palmadinhas nas costas, tento fazê-la
parar antes que me mate sufocada.
Ela finalmente me solta e me dá um
tapa no traseiro.
- Deus, eu estou tão feliz que eu
não tenho que me preocupar com
você se tornar uma velhinha
estranha, com uma casa cheia de
gatos. - diz ela.
- Bem, eu ainda sou jovem.
Tenho tempo de sobra para os gatos.
- Ela pega meu rosto e o espreme
entre suas mãos. Eu quase engoli
minha língua.
- Nem pense nisso. Não vou
deixar isso acontecer. Além disso,
agora que você já fez sexo, não vejo
você voltar pra essa vidinha. Minha
primeira vez, definitivamente, não
foi tão boa. - Tudo o que sei sobre
“a primeiras vez” de minhas amigas
elas variam de terrível para não tão
terrível. Eu provavelmente tinha ido
um pouco longe demais com a minha
história, mas eu culpo o fato de que
tenha lido muitos livros sensuais.
- Hum, então eu poderia ter dito
para o resto das meninas sobre você
e Jett. - disse Hazel, se preparando
para que eu gritasse com ela. Mas eu
a conheço o suficiente para saber
que compartilharia este tipo
informação.
- Está tudo bem. Disse-lhes
praticamente que eu estávamos
juntos quando perguntei-lhes sobre a
festa da Kappa Sig. - Ela suspira de
alívio.
- Ah, bom. Eu não quero que
você fique com raiva de mim. Mais
uma vez.
Então, você terminou o monte de
trabalho?
Eu não entrei em detalhes sobre
não estudar pelo fato de ter
encontrado Jett na biblioteca, porque
isso levaria à conversa do Namoro
de Mentira e eu só menti saindo com
ele por algumas horas. Eu tenho que
passar pelo menos uma semana. Em
seguida, um pouco mais.
Um mês. O que eu estava
pensando? Como posso mentir e
fazer isso durante um mês? Eu não
sou uma boa atriz. Eu pego o meu
celular e corro para o meu quarto
para ligar para Jett.
- Hey. Eu não posso fazer isso.
Por que nós decidimos fazer isso? É
Shannon, por sinal. No caso de você
não saber quem é. - Não dei se quer
a chance dele dizer alguma coisa
antes de lhe lançar minhas
divagações.
- Sim, eu sei. Você já está
arrependida? - Eu o ouvi fechar a
porta e, em seguida, sentar-se,
provavelmente, em sua cama. -
Merda, temos sido apenas
namorados de mentira por algumas
horas.
- Eu sei. Eu estou te liberando.
- Por quê? Fale comigo.
- Porque eu sou uma mentirosa
horrível. E eu não acho que posso
lidar com isso. Quatro noites juntos?
E se você ficar cansado de mim? E
se você achar que eu sou louca? Ou
grossa? - Ele me corta.
- Whoa. Reduzimos seu papel,
Shannon. Podemos falar sobre as
Regras. Podemos ajustá-los se for
necessário. E se você continuar me
fazendo rir e sendo adorável, eu
nunca vou ficar cansado de você, eu
te prometo isso. Eu gosto de loucas.
Bem loucas. E você não é grosseira,
eu juro. - Eu posso ouvi-lo abafando
o riso. Isso não é engraçado.
- Não tira sarro de mim. Estou
em uma condição delicada.
- Não estou tirando sarro de
você, princesa.
- Ei, você está quebrando a
regra Seis.
- Desculpa. - Ele não parece
arrependido. Nem um pouco.
- O que são as regras se não
forem seguidas? Entende o que eu
quero dizer?
Isso é impossível e sem sentido.
- Eu me deitei na minha cama, minha
cabeça saltando em meus
travesseiros.
- Eu não acho que seja nenhuma
dessas coisas. Você é apenas uma
pessimista. Mas, felizmente para
você, seu namorado de mentira é um
otimista. Então, eu não aceito o seu
raciocínio. Além disso, você não
usou a palavra de segurança, de
modo quem não está seguindo as
regras agora?
Merda, eu tinha esquecido da
estúpida palavra de segurança.
Estou prestes a pronunciá-la, mas
depois eu paro. Jett espera.
- Ok, então talvez eu seja um
pouco pessimista.
- Eu acho que um pouco é um
eufemismo, Shan. - Pelo menos não
me chamou de princesa novamente. -
Mas se você realmente não quer
fazer isso, então tudo que você tem a
fazer é dizer a palavra e isso está
feito.
- Eu sei.
Mas se isso acabar significa que
provavelmente não o veria e não
passaria mais tempo com Jett. Sim,
eu só o conheço a dois dias, mas eu
quero ele na minha vida. Ele é fácil
de falar, é divertido e também é
atraente. As tatuagens são sexy. Eu
nunca soube como eram sexy até
conhecê-lo. Além disso, ele tem um
cabelo muito legal.
E eu não posso voltar atrás e
dizer a Hazel e o resto das meninas
que eu menti para elas sobre isso.
De jeito nenhum. A humilhação me
mataria.
Não há como voltar agora.
- Nãoo. Eu estou bem.
- Estamos dentro?
- Sim, ainda estamos dentro.
- Tem certeza?
- Sim. Te vejo amanhã à noite.
- Ok, então. Boa noite, Shannon.
- Boa noite, Jett.
Desligamos e eu lanço o meu
telefone na cama. Há uma batida na
porta.
- Sim. - eu digo.
- Posso entrar? - Sério? Hazel
está perguntando se ela pode entrar
no meu quarto? Imediatamente eu
estou no limite.
- Tem certeza? - Parece uma
pergunta. Ela abre a porta como se
estivesse com medo de algo do outro
lado que vai saltar e estrangulá-la.
- Algum problema? - Deus, eu
espero que ela não tenha ouvido a
conversa telefônica. Especialmente
a primeira parte.
- Eu só queria ver como você
está. Quero dizer, você fez sexo pela
primeira vez. Eu me sinto no dever
de sentar e conversar ou algo assim.
Saber se você tem alguma dúvida.
Ser a sua melhor amiga. Esse tipo de
coisa. - Ah, isso é doce. Se eu
precisasse.
- Eu estou bem, eu juro.
Estávamos seguros e todo esse jazz.
E agora nós estamos namorando. Por
isso está tudo bem. Eu estou bem. -
Quantas vezes nos últimos dois dias,
eu usei a palavra bem? Eu
provavelmente atingi minha cota.
- E sobre a pílula? Os
preservativos não são cem por cento
eficaz. - Sério? Ela está mandando
essa pra mim? Quantas vezes eu lhe
preveni sobre fazer sexo com caras
aleatórios? Agora eu estou chateada.
Acabei de dar-lhe um olhar e
ela tem a decência de parecer sem
graça.
- Eu tenho tudo sob controle. -
eu digo.
- Bom. Eu só quero que você
esteja a salvo. Eu sei que eu não dei
o melhor exemplo no passado. - *
Tosse * eufemismo * tosse *.
Acho que tenho que dar-lhe
crédito por tentar se certificar que
não vou terminar grávida do sexo
imaginário que vou ter.
- Obrigada, Hazel. - Ergo meus
braços para um abraço.
- Ok, me mostre o que você vai
vestir para sair. - Eu nem sequer
pensei nisso ainda. Tudo o que
esteja limpo? Levanto-me e encontro
um jeans e uma camiseta bonita que
faz com que meus seios pareçam
bem e cobre o que precisa para ser
coberto.
- Oh, inferno não. - Como eu
sabia que Hazel não ia aprovar? Ela
procura nas minhas gavetas, indo
direto para as roupas que eu tento
evitar. Puxando um top decotado
com renda na frente e alças que mal
seguram meus seios, ela sorri para
mim. Definitivamente vai arrebentar
todo.
Eu me pergunto se Jett é um
homem de peitos ou de bundas.
Acho que ambos.
Pego a blusa de Hazel. Sempre
posso colocar um suéter sobre isso,
eu suponho. Ela aprova o meu jeans,
mas pega umas botas de seu próprio
armário. Calçar o mesmo número de
sapatos que sua companheira de
quarto é realmente tirar a sorte
grande. Além disso, os sapatos dela
são mais elegantes que os meus.
- Estes farão suas pernas mais
longas. - diz ela, entregando-me um
par de seus BBs preto clássico. Para
arrasar com eles. Espero.
- Então, você está feliz? - Ela
me pergunta, enquanto coloco as
botas para me certificar que posso
andar nelas.
- Sim, eu estou. - Posso estar
mentindo para ela sobre o fato de
que eu estou namorando Jett, mas eu
não posso mentir sobre disso. Ele
me faz feliz e eu amo estar perto
dele.
- Bom.

Visto-me com o top preto de


renda, jeans e botas pra essa noite,
deixo meus cabelos soltos e
selvagem. Sempre me sinto mais
sexy com os meu cabelos soltos.
Hazel já está no trabalho e as
outras meninas vão chegar logo. E
Jett. Jett está vindo para me buscar.
Estou apenas afofando meus
seios para me certificar de que eles
estão seguros e não vão pular fora
do meu sutiã ou fazer qualquer outra
coisa inesperada, quando há uma
batida na porta. Eu dou uma última
olhada em meus seios e vou atendê-
la.
Jett está do outro lado,
iluminado pela luz da varanda.
Caramba!
Seu cabelo é esculpido em um
moicano e veste uma camiseta gasta
com uma gravata impressa e por
cima uma jaqueta de couro, jeans
largos e seu tênis de lona rasgado.
Um estilo despojado bem bacana,
me faz questionar a minha própria
roupa e falta de conforto. Eu
finalmente olho para os seus olhos e
vejo que ele está olhando para mim.
Ou melhor, em mim, mas seus olhos
pulam para meus seios. Com toda a
justiça, não posso culpá-lo. São
muito óbvios e não dá pra perdê-los
de vista.
- Está vendo algo que gosta? -
Eu digo, usando sua frase.
- Algumas coisas. - Seus olhos
voltam para o meu rosto e sorriem.
- Você quer entrar, namorado de
mentira?
- Eu adoraria, namorada de
mentira. - Eu dou um tour com ele
pela casa. Passei a maior parte da
tarde arrumando a casa e a enfeitá-la
tanto quanto poderia ser enfeitada.
Eu tinha acendido algumas velas
perfumadas para criar um ambiente
romântico.
- Fiz a cama para você. Os
lençóis estão limpos e eu espero
tenha travesseiros suficientes. - Eu
posso ter exagerado.
- Sim, parece ótimo. - diz Jett,
pegando um dos travesseiros e, em
seguida, jogando-o para baixo
novamente no colchão extra.
- Então, você está pronto para a
nossa primeira saída, Namorado de
Mentira?
- Eu estou, você não está? - Oh,
não é essa a pergunta? Eu me viro e
seus olhos automaticamente vão para
meus seios e depois de volta para o
meu rosto, como se tivesse de forçá-
lo a subir o olhar.
- Eu estou pronta. E eu não vou
te dar um soco por estar olhando
para os meus seios. Eu não sou
dessas garotas que os exibem e
depois ficam revoltadas quando as
pessoas olham para eles. Quero
dizer, não é isso que você quer? - Eu
coloquei minhas mãos em meus
quadris e ele tosse limpando a
garganta e olha para longe.
- Bem, é bom saber que eu não
vou levar um soco por olhar para os
seios da minha namorada de mentira.
Agora se alguém fizer, eu vou ter um
problema com isso. - Há aquele
sorriso que eu adoro. - Não se
preocupe, eu sei usar o “The
Vulcan nerve pinch.”
- O que é The Vulcan Nerve
pich? - realmente nunca assisti muito
Star Trek . Eu sou mais um uma
garota Star Wars.
- Aqui. - Ele fica atrás de mim,
até que estou com as costas em seu
peito. Oh.
Olá.
- Teoricamente você deveria
ficar inconsciente quando faço isso.
- Ele comprime uma de suas mãos na
base do meu pescoço onde se
encontra com os meus ombros.
- Tem certeza que você está
fazendo a coisa certa? Tudo que eu
sinto é um aperto. - É uma sensação
bem legal, na verdade. Parecido
com uma massagem.
- Eu acho que nós vamos ter que
praticar. - disse no meu ouvido,
provocando arrepios na espinha. Eu
removo sua mão do meu pescoço,
mas não o afasto de mim. Ele é
muito quente. Me inclino um pouco
para trás eu suspiro.
E, em seguida, a porta da frente
se abre e vozes invadem meu
apartamento. Jett salta longe de mim
como se eu estivesse pegando fogo.
- Olá? - diz Jordyn, com sua
doce voz sulista e eu me viro para
enfrentar
Jett.
- Você está pronto, Namorado
de Mentira? - Eu ergo minha mão
para um high five.
- Eu estou pronto, Namorada de
Mentira. - Nós batemos as mãos e
saímos para a cozinha.
- Ei, eu sou Jordyn. - Com seu
forte sotaque sulista ela sempre age
como se estivesse trabalhando em
uma festa no jardim. Ela também
gosta de empurrar as coisas para
debaixo do tapete e fingir que nada
aconteceu, por isso que não faz
nenhuma menção sobre o que
aconteceu na noite em que fui para
casa com Jett.
Jett aperta a mão de Jordyn e,
em seguida, ela o apresenta para
Tanner. Ele tem uma camiseta
Harley Davidson e parece meio
chapado. Ou talvez seu rosto seja
assim todo o tempo. Ele é bonito de
qualquer jeito.
Daisy vem atrás deles,
parecendo um pouco amarga já que
não tem nenhum namorado, mas, em
seguida, Jett menciona Javier e seus
olhos se iluminam. Encantador.
- Ei, vocês me ajudam com
algo? - Diz Cass, agarrando o meu
braço e me arrastando em direção ao
banheiro com Daisy e Jordyn a
seguir.
- De que "ajuda " você precisa
Cassandra? - Digo enquanto fecho a
porta e volto a elas.
- Ok, então todas nós nos
sentimos uma merda a respeito do
que fizemos, mas nós queríamos ter
certeza de que você está sendo
cautelosa com esse cara. - diz ela.
As outras duas acenam em
concordância.
Estou chateada. Estou prestes a
explodir, mas eu não faria um
drama, os rapazes estão esperando.
Meus pais brigavam constantemente
enquanto eu crescia e eu acho que
isso tenha afetado minha capacidade
de relacionar-me de forma normal.
Ou talvez eu seja apenas
amaldiçoada. De qualquer forma, eu
não estou fazendo isso. Não vou
enfrentá-las.
- Essa conversa nunca
aconteceu. - eu digo, e passo por
elas voltando pra cozinha.
Poucos minutos depois,
estávamos nos apertando dentro da
lata velha que Jett chama de carro.
- Tem certeza que essa coisa é
um carro? - Diz Daisy, tentando
colocar o cinto de segurança sem
muito sucesso.
- Nunca insulte a montaria de
um homem. - diz Tanner, jogando o
braço em volta de Jordyn. Eu amo
essa menina pra caramba, mas ela
tem um fetiche para os homens que a
tratam como lixo. Irônico,
considerando o discurso que acabei
de ter no banheiro. Pelo menos
Hazel tinha ficado de fora desta vez,
mas talvez só porque ela estava no
trabalho.
- Ela é uma boa menina. - diz
Jett, batendo no painel. O que há
com os caras e seus veículos? Não
que eu posso falar. Tenho uma
relação louca com minha coleção de
livros usados. Tenho-os em uma
prateleira especial no meu quarto e
até converso com eles às vezes. Isso
não é estranho, não é?
Estou no banco da frente com
Jett e todo mundo está esmagado no
banco de trás. Javier já está na festa.
- Ele provavelmente já foi
suficiente para duas pessoas. - Jett
murmura para mim.
- Oh, isso vai ser divertido.
- Vamos ver.
Encontrar um lugar para
estacionar perto da fraternidade é
quase impossível. Sim, é um dia de
semana, mas isso não impede
ninguém de ficar bêbado.
Nós finalmente encontrarmos um
lugar na beira da estrada e pulamos
para fora do carro de Jett. Me
certifico que meu cardigã está bem
fechado na frente dos meus seios.
Os dois rapazes nos dão as
mãos e tentam andar atrás de nós,
pelo acostamento da estrada. E
falam dos perigos.
- Quem diria que caminhar fosse
um esporte de contato? - Diz Jett,
praticamente me carregando porque
os saltos das botas de Hazel
afundam nos buracos dos cascalhos
que me faz tropeçar.
- Nós, garotas, gostamos de
coisas complicadas. - eu digo com
uma risada, enquanto seu braço me
enlaça e me desvia de um buraco.
Nós finalmente chegamos na
fraternidade, sem nenhum incidente
importante.
A festa está em pleno vapor
quando entramos. A cerveja está
fluindo, a música é alta e eu tenho
certeza que eles tinham comprado
todo o estoque de copos de plásticos
vermelhos do Sam’s Club. Há até
uma pirâmide deles ao longo de uma
parede. Devem estar colados,
porque essa é a única explicação
plausível para que eles continuem de
pé, mesmo com tanta gente
esbarrando neles.
Jett localiza Javier e vai de
encontro a ele, do outro lado da
salão. Ele está em um dos barris,
enchendo copos das pessoas.
- Ele é mesmo um membro
dessa fraternidade? - Eu grito sobre
a música.
- Uh, não. Ele é uma espécie de
membro honorário, em cada
fraternidade. Sua especialidade e na
batida de um barril. - Eu não duvido.
Javier nos cumprimenta e enche
dois copos e nos entrega. Jordyn sai
com Tanner quando encontra alguns
de seus amigos e Daisy flerta com
Javier no início, mas logo outro cara
vem e a rouba.
- Se cuida. - eu grito pra ela,
que me dá um tchauzinho sobre o
ombro.
- Você pode vesti-las, mas você
não pode despi-las. - eu digo a Jett
quando encontrarmos um canto para
fugirmos do meio dessa loucura. Jett
pega minha mão e entrelaças nossos
dedos. Depois a traz até sua boca e
beija o dorso.
Borboletas se agitam no meu
estômago, como os dançarinos que
se esbarram junto as caixas de som.
- Você está fantástica, sabe
disso? - Ele balança nossas mãos
unidas pra frente e pra trás e eu
tenho um impulso quase irreprimível
de rir como uma garotinha.
- Elogios não fazem parte das
regras, mas deviam fazer. - eu digo,
apertando sua mão.
- Por que vocês estão perdidos
aqui? - Diz Javier, finalmente
deixando o posto no barril.
- Só admirando esta encantadora
senhorita. - diz Jett, com uma
piscadela.
- Pare com isso. - eu digo,
afastando-me um pouco.
- Então, vocês dois estão juntos
agora? - Jett apenas ergue nossas
mãos unidas e eu tento rir como uma
menina apaixonada. Soa um pouco
louco, mas ninguém parece notar.
Javier apenas balança a cabeça.
- Continuem bebendo. - Ele diz
e vai embora.
- Esse é o seu conselho habitual.
- diz Jett, tomando um gole de
cerveja. Tomo um gole também.
Pelo menos está gelada. Isso é tudo
que posso dizer em seu favor.
Algumas pessoas vêm para
cumprimentar Jett. Ele não é Javier,
mas também é tão popular quanto.
Meio que me sinto como se
estivesse saindo com alguém
famoso. Ele me apresenta como "sua
garota" cada vez que alguém vem
falar com ele e as borboletas no meu
estômago se agitam toda vez que
isso acontece. Esta relação pôde ser
de mentira, mas as borboletas que
sinto agitar são muito reais.
Eu aperto mãos, trago bebidas e
tento memorizar nomes e rostos até
que sinto minha cabeça girar por
causa da quantidade de álcool em
minhas veias.
- Você quer um pouco de ar? -
Jett diz, um pouco mais tarde.
Definitivamente o ambiente está
abafado com toda essa gente se
esbarrando um no outro.
- Claro. - eu digo. Saímos para
parte de trás da casa e vamos até
onde existem algumas árvores, que
servem de divisas para a casa
vizinha. O som da festa diminui, mas
ainda podemos ouvir o barulho da
farra na noite. Está escuro e caminho
com determinação até que eu paro e
me viro repentinamente. Quase nos
colidimos.
- Desculpe. - diz ele.
- Está tudo bem. - Ele se recosta
contra uma árvore e faço o mesmo
do seu lado. Está frio e dói para
respirar um pouco, mas é melhor do
que estar lá dentro.
- São momentos como estes que
eu gostaria de ter um cigarro. - O
quê? Eu não sabia que fumava.
- Eu não me importo se você
quiser fumar. - Minha família toda
fumava, eu cresci com a minha casa
cheirando como um cinzeiro.
- Não, não. Se eu começar de
novo, não vou conseguir parar. Está
com frio?
- Estou tremendo e a qualquer
momento vou começar a bater os
dentes.
- Um pouco. Mas podemos ficar
aqui, se quiser.
Balança a cabeça em negação. -
Vamos voltar lá para dentro. Hey,
foi até bom termos saído. Eles
provavelmente vão pensar que te
arrastei aqui pra fora, para uma
rapidinha contra uma árvore. - Me
pergunto se esse foi seu plano de
mestre.
- Bem, se vamos jogar assim,
Deveríamos, então, torná-lo crível. -
Eu faço um sinal pra que ele se
abaixe e bagunço um pouco seu
cabelo deixando-o um pouco
confuso. Então eu faço o mesmo com
o meu cabelo. Faço-o tirar sua
jaqueta e eu amasso um pouco
nossas roupas, então parece que nós
a vestimos com pressa. E como
último toque, reaplico meu gloss e
depois mancho um pouco a boca de
Jett. Meus dedos acariciam seus
lábios e ele permanece quieto
enquanto faço meu trabalho, mas eu
quero que ele beije meus dedos.
Para um cara, seus lábios são
surpreendentemente macios, mas
firme. Esculpidos.
- O que você acha? - Pergunto,
levantando meus braços para
mostrar o meu desalinho.
- Perfeito. - Ele acaricia meus
cabelos para trás e sua mão se detém
por um segundo de lado do meu
rosto. Então eu deslizo sua mão na
minha e me inclino contra o ombro
dele e caminhamos de volta para o
caos.
.
Capítulo oito

Fingir que tivemos uns amassos


ao ar livre é a melhor coisa que
poderíamos ter feito. Jett recebe
tapinhas nas costas, olhares
maliciosos e até ouço alguns caras
que sussurram algo sobre eu ser
fácil. Tanto faz. Eu não dou a
mínima para um bando de garotos de
fraternidade bêbados pensam de
mim. Eles não vão se lembrar de
nada amanhã, de qualquer maneira.
Javier, por outro lado, age como
se isso fosse algo digno de
comemoração. Ele "me compra uma
bebida" - ou seja, ele me dá um
novo copo e o enche no barril - e diz
pra mim que se eu quiser deixar Jett
e "vir para o lado negro", ele ficaria
mais do que feliz por " mostrar-me
como se faz". Me sinto como se
tivesse que colocar aspas no ar a
tudo que ele disse.
Jett apenas mantém sua mão na
minha e eu me recosto contra ele.
Está ficando tarde e a cerveja está
me afetando e tudo que eu quero é
me enrolar sob alguns cobertores e
dormir.
- Você está pronta para ir? - Jett
diz assim que termino a bebida que
Javier tinha "me comprado".
Concordo com a cabeça e nos
juntamos ao resto do grupo para
irmos. Como eu já imaginava, Daisy
está longe de ser encontrada e
quando eu lhe passo um sms, ela
envia uma resposta concisa. Isso me
diz que ela vai ficar aqui. Tanner
está absolutamente destruído. De um
jeito que não consegue abrir seus
olhos, levantar sua cabeça e nem
mesmo lembrar seu nome. De
alguma forma, entre mim, Jett e
Jordyn eles estavam em melhores
condições e então deram um jeito de
levar Tanner até o carro.
- Cara, se você fizer xixi ou
vomitar no meu carro, eu vou te
chutar para fora daqui. - Jett avisa a
Tanner, enquanto nós o colocamos
no banco de trás e Jordyn entra,
trazendo sua cabeça pra seu colo. Eu
me sinto culpada por ter insistido em
trazer meus amigos. Deveria saber
que isto aconteceria.
- Uggissshhh Mgussshh
gusshhss. - Ou pelo menos eu acho
que foi o que ele disse.
- Shh, baby está tudo bem. - diz
Jordyn, acariciando seu cabelo para
trás. - Nós vamos levar você pro
Mcdonald em pouco tempo.
- E foi isso que ele disse? - Eu
pergunto.
- Acho que sim. - disse Jordyn e
eu me ajeito no banco da frente,
enquanto
Tanner começa a chorar.
Maravilha. Um bêbado emocional.
Mas Jordyn enxuga suas lágrimas e o
faz calar como se fosse um bebê.
Fico aliviada quando eu dou as
indicações para a casa de Jordyn. O
carro dela está na minha garagem,
mas eu não acho que ela deva dirigir
e nem ele. Ela pode vir e levar o
carro amanhã.
Jett a ajuda subir as escadas
com um Tanner chorão e a entrar
com segurança no apartamento.
- Eu não a invejo. Ele parecia
que estava a ponto de explodir em
prantos, quando fechei a porta. - diz
Jett.
- Eu sinto muito por fazer você
dirigir e por ter que lidar com eles.
- Você tem que parar de se
desculpar, Shan. Está tudo bem. Eu
posso lidar com isso. - Sua voz é
suave, mas seu tom de voz me diz
para parar. Então eu começo a
pensar sobre outra coisa, e então eu
começo a entrar em pânico.
Jett vai passar a noite. Na minha
casa. No chão, mas ainda assim. Ele
vai estar dormindo, uma das coisas
mais íntimas que se pode fazer com
alguém. E se eu roncar? Eu não acho
que ronco. Hazel teria me dito sobre
isso, certo? Ela não tem nenhum
problema em me falar sobre coisas
assim. Sim, ela teria me contado.
- Você tem certeza que quer que
eu fique? - Ele desliga o carro e se
vira pra olhar para mim. Seus olhos
brilham no escuro sob a luz da
varanda, como estrelas.
- Vamos até o fim com isso,
Namorado de Mentira. - eu digo com
mais confiança do que na realidade
eu sinto. Andamos até minha porta e
eu abro sem necessidade de senha.
- Você trouxe alguma coisa para
passar a noite? - Eu pergunto assim
que coloco minha bolsa em cima da
mesa.
- Merda, sim. No carro. - Ele
sai e volta com sua mochila. Deus,
espero que haja roupas para dormir.
Eu nos sirvo com dois copos de
água. Sei que, definitivamente,
preciso me hidratar. Também pego
um frasco de aspirina, pego algumas
e as tomo de uma vez só, num gole
d’água.
São quase duas da manhã e eu
realmente só quero ir para a cama,
mas estou também estranhamente
“acesa”. Como se tivesse consumido
muita cafeína.
- Acho que eu vou escovar os
dentes. - avisa, levando sua mochila
com ele para o banheiro. Enquanto
ele não está por perto, vou vestir
meu pijama.
Definitivamente com sutiã,
apesar de ser super incomodo. Uso
um conjunto de camiseta e calças
largas, que tem a carinha dos Smyles
estampada por todo lado, tinha sido
um presente dos meus pais, há
alguns natais atrás. Eu sei que me
amam, mas eles não têm ideia
alguma de quem eu sou ou o que eu
quero em meu pijama.
Estou colocando a parte
superior por cima da minha cabeça
quando ouço Jett na cozinha. Eu
puxo a camiseta para baixo e me
certifico se os meus mamilos não
estão aparecendo através da
combinação do sutiã e da camisa e
depois saio.
Pelo amor de todas as coisas
sagradas.
- Ei, você tem algum chá ou algo
assim? - Estou momentaneamente
muda, pela surpresa. Meus olhos
estão demasiado ocupados a olhar
para os seus braços e clavícula. Ele
está usando uma camiseta preta sem
mangas e calças de moletom que são
bastante, malditamente, apertadas.
Quente. Maldito seja.
É difícil dizer, mas acho que as
tatuagens em seu braço são
realmente dois dragões, um
vermelho e outro azul. O de
vermelho está na frente do seu peito
e o segundo, em azul, fica nas
costas, envolvendo-se com a cauda
ao redor de seu pescoço.
As ondas no seu outro braço são
lindas e reparo em um detalhe que
eu não tinha visto antes. Há um
pequeno barco balançando em todo
o caos da tempestade. Gostaria de
saber o que significa. Meus olhos
finalmente desprendem-se de suas
tatuagens, quando finalmente volto a
atenção pro seu rosto, percebo que
ele está esperando a minha resposta
sobre...alguma coisa.
Eu vasculho meu cérebro até
que eu encontrar. Chá. Ele perguntou
sobre chá.
- Sim, há alguns no armário à
sua esquerda. - Ele se vira e eu
tenho o vislumbre do dragão azul em
suas costas. Eu realmente quero
pedir-lhe para tirar a camiseta.
Jett pega duas canecas, as enche
e as coloca no micro-ondas. Ele não
comentou sobre minha roupa e eu
suspeito que seja porque pareço uma
idiota. Maravilha.
Eu gosto de mel no meu chá, por
isso vou até o armário pegá-lo, ao
mesmo tempo em que o micro-ondas
apita e Jett move-se para pegar as
canecas e nós nos chocamos.
- Desculpe! - falamos ao mesmo
tempo e nos afastamos um do outro,
mas suas mãos ainda estão na minha
cintura. Ele ri e eu também, mas tudo
o que posso pensar são as suas mãos
em mim.
O micro-ondas ainda está
apitando, mas o som está distante,
mesmo que estando de pé ao lado
dele.
- Desculpe. - disse novamente,
sua voz baixa. Vejo seu pomo de
adão subir e desce, quando ele
engole.
- Está tudo bem. - eu sussurro.
Seus olhos são realmente
excepcionais. Há até mesmo partes
de azul e verde neles, se você olhar
bem perto. Como se fossem
salpicados com glitter colorido.
E antes que eu possa dizer
qualquer palavra para detê-lo, ele se
inclina e me beija. Minhas mãos vão
para seu peito para afastá-lo, mas eu
não encontro forças. O calor flui em
minhas veias e os meus lábios estão
pegando fogo. Minhas mãos, por
vontade própria, deslizam para cima
ao redor de seus ombros, puxando-o
mais baixo para que ele fique mais
próximo. Suas mãos estão me
apertando com tanta força que eu sei
que ficarão marcas. Depois eu cuido
disso.
A respiração torna-se
secundária porque o foco está na
dança que nossas bocas estão
fazendo uma com a outra. Sua língua
lambe a costura da minha boca, me
pedindo para deixá-lo entrar. Sim,
Jett, pode entrar. Abro minha boca e
ele aproveita o máximo.
Uau.
Mas assim que o beijo começa,
ele acaba. Seus lábios e língua se
retiram da minha boca, meus olhos
se abrem e o encontro respirando
com dificuldade, enquanto eu
também pisco como se tivesse
acabado de sair de um transe.
- Você acabou de quebrar a
regra Cinco. Sem beijo de boa noite
a menos que nós estejamos em
público. - eu digo, lambendo meus
lábios. E realmente o gosto é bom.
- E quatro, tecnicamente. - ele
diz, com a voz áspera. Limpa a
garganta e suas mãos, finalmente,
soltam meus quadris. - Mas eu
prefiro pensar que foi um contato
incidental. Meus lábios foram
atraídos para os seus. Foi contra a
minha vontade. Eu não pude fazer
nada. - Ele ri um pouco sem fôlego,
enquanto eu me encontro mordendo
meus lábios. E fico longe dele e ele
faz o mesmo.
- Bem, eu não sei o que eu possa
fazer sobre isso, Namorado de
mentira. -
Abro o micro-ondas e retiro as
duas canecas de chá e empurro uma
para ele, derramando um pouco no
chão, quase queimando seus pés.
- Desculpa! - Ele balança a
cabeça em negativa, em seguida,
pega um rolo de papel toalha no
balcão e começa a limpar o chão. Eu
decido que o melhor a fazer é fazer
logo o chá, enquanto isso Jett
termina a limpeza e depois joga as
toalhas de papel molhadas no lixo.
O apartamento está muito
tranquilo, então eu levo o meu iPod
e coloco nos alto-falantes que Hazel
comprou. "Can I Stay” de Ray
LaMontagne toca e Jett olha para
mim reconhecendo a música. Pode
ser possível que nós ouvimos a
mesma música? É um pouco irônico
que essa música seja a primeira a
tocar. Nós dois rimos um pouco.
- Você conhece essa música? –
pergunto, enquanto nos sentamos em
frente ao outro. Meus lábios ainda
estão latejando pelo beijo.
- Sim. Conheço. - Ele mexe o
chá e eu sei que há mais do que isso.
- Eu amo essa música. É
também conveniente, dadas as
circunstâncias. - eu digo. Acabei de
responder com um sorriso e
saboreio nosso chá a dois.
Eu pensei que a música ajudaria
o clima melhorar, mas na verdade o
efeito é contrário. De algum modo.
Estamos em silêncio quando
ouvimos a voz gloriosa de Ray e, em
seguida, muda para "Only You", de
Ellie Goulding. Eu tenho todos os
estilos de músicas ali, mas parece
que o meu iPod tem segundas
intenções esta noite.
- Você quer assistir algum filme
ou algo assim? - Eu pergunto,
enquanto Jett leva sua caneca para a
pia e começa a lavá-la. E junto-me a
ele, mas se afasta de mim, como se
estivesse com medo de chegar perto.
Eu tento não fazer beicinho.
- Se você quiser. Você não está
cansada?
- Sim, é tarde. Que horas você
tem aula?
- Não até dez.
- Oh. Bem. Eu não tenho até
onze. - Eu limpo as minhas mãos em
um pano de prato e simplesmente
não sei o que fazer aqui.
- Devo ir. - disse, saindo.
- Não, fique. - eu sussurro. Eu
quero que ele fique. Eu gosto de
estar com ele e não quero que este
seja o fim.
- Você quer que eu fique?
- Quero. - As palavras pairam
no ar entre nós, como se fossem
reais e tivessem tomado um peso.
Respiro lentamente.
- Tudo bem.

Decidimos assistir a um filme, e


parece um déjà vu de quando
tínhamos estado na casa dele, só que
eu tinha um monte de filmes de
garotas que eram de Hazel. Minha
coleção é um pouco diferente.
- Você tem duas cópias de
Willow? - disse, balançando com a
cabeça para o lado enquanto ele
olha para minha coleção.
- Sim. Um deles é uma edição
especial. - ele sorri e fica olhando.
E então pega uma capa de um DVD e
entrega para mim.
- Labirinto? - escolha
inesperada.
- Eu tenho assistido a este filme
já faz um tempo. Só me lembro de
Bowie com o cabelo louco. - É
muito louco.
Nós nos acomodamos no sofá,
com espaço suficiente entre nós para
não haver nenhuma possibilidade de
contato acidental. Eu dou play no
filme e tento assisti-lo e não a Jett.
- Uau, eu nunca percebi quão
mau aquela coruja era no início. -
Meus olhos podem estar na tela, mas
meu foco está em Jett e em toda sua
pele exposta.
- Eu sei. - Eu digo sem saber do
que ao certo ele está falando. Eu me
dou um tapa mental e concentro-me
novamente no filme, mas então eu
sinto os olhos de Jett em mim. Ele
provavelmente está pensando como
pouco atraente é meu pijama.
Suspiro.
- Jesus, há um monte de brilho
neste filme. - eu digo. Também fazia
anos que não assistia a esse filme. E
ainda mais impressionante é que me
recordo de tudo. Jett e eu rimos das
mesmas partes e falamos o tempo
todo. Meus olhos começam a ficar
pesados e eu me recosto no braço do
sofá e antes que perceba, meu corpo
está se movendo.
Por um momento, eu não sei
onde estou. Então abro meus olhos
eu percebo que estou sendo
transportada. Eu olho para cima em
pânico, até que meu cérebro
processa e que Jett está me
carregando.
Ele me coloca suavemente em
minha cama e em seguida, puxa as
cobertas.
- Hey. – diz, quando me vê com
olhos abertos.
- Hey. - Minha voz é grossa de
sono.
- O filme acabou e você caiu no
sono. – disse, explicando o porquê
do transporte.
Ele não precisa justificar isso
para mim. Não é como se fizesse
algo completamente ultrajante. Se eu
estivesse nua, então ele teria que dar
algumas explicações.
- Obrigada. - eu disse, seu rosto
ainda está muito perto do meu.
Parece que ele está esperando por
algo. Um beijo? Não acho que eu
posso suportar outro essa noite.
E então, ele se levanta e
caminha de volta ao colchão que
tinha feito para ele.
Ele se senta e eu rolo para lado,
de forma que estou de frente para
ele. Eu estou acordada novamente.
Jett coloca as sobre os joelhos.
Nossos rostos estão quase no mesmo
nível. Já é quase manhã. Eu vou ter
uma "ressaca" por causa desta noite.
Espero que nós dois possamos
dormir. Mas a minha experiência
com Hazel diz que não é o caso. Ela
faz muito barulho quando chega em
casa.
- Nós provavelmente devemos
dormir. - digo, ajeitando meu
travesseiro.
- Sim, você está certa. Boa
noite. - diz Jett, estendendo a mão e
acariciando meu rosto. Não é um
contato acidental, mas vou deixar
passar.
- Boa noite. Durma bem. -
sorrio e então se deita de frente para
mi, e fecha os olhos. Eu faço o
mesmo, mas abro os olhos por um
momento. Seus olhos já estão
fechados. À luz verde fraca do meu
relógio, me possibilita a
oportunidade de estudá-lo sem que
eu pareça estranha.
Talvez observar alguém
enquanto dorme seja estranho. Sim,
é estranho. Eu fecho meus olhos e
tento dormir.

Eu sou acordada por um


estrondo na cozinha e, em seguida,
uma voz amaldiçoando alto. Hazel
está em casa.
Abro os olhos e a primeira
coisa que eu vejo é Jett.
Normalmente, quando eu caio no
sono, eu fico na mesma posição e
não me movo. O menino que está no
meu chão, porém, não está no mesmo
lugar. Ele está de costas, com todos
os seus membros para fora. Quase
como se tivesse caído de costas
sobre o colchão com um soco de
direita. Eu me inclino e o observo
por um minuto, em seguida, passo os
dedos pelo meu cabelo para arruma-
lo e provavelmente deve estar
fabuloso agora. Mas não é nada
comparado ao de Jett. O seu está pra
todos os lados, assim como seu
corpo.
Entro em choque de repente e
encaro a porta, como se eu estivesse
olhando para Hazel. São sete da
manhã, apenas. Tanto para dormir
ainda. Eu odeio acordar Jett, mas se
vamos simular um desempenho de
casal feliz pós-sexo, temos que
começar agora.
- Jett? Jett. - Eu toco seu ombro
suavemente e a reação que eu
consigo não é o que eu estou
esperando.
Uma de suas mãos voa para
cima e me dá um soco no olho
direito.
- Oh meu Deus. - Eu caio de
volta contra os meus travesseiros e
aperto meu rosto. Perdi meu olho e
minha bochecha parece meio
inchada. Depois de abrir e fecha
meus olhos algumas vezes, eu chego
à conclusão que não é ruim. Eu só
espero que não deixe uma contusão.
- O que aconteceu? - O rosto de
Jett aparece na beira da minha cama.
- Uh, você me deu um soco. Que
maneira de acordar. Eu prefiro
tomar um café. - eu digo, cutucando
meu rosto. - Eu acho que o susto foi
pior.
- Merda, eu sinto muito. Deixe-
me ver. - ele chega perto para olhar
meu rosto, minha primeira reação é
me afastar, mas tenho que ficar para
que ele possa vê-lo.
- Está um pouco vermelho, mas
eu não acho que vai deixar uma
marca. Ainda bem que não acertei
no olho, ou você poderia ter um olho
roxo. Eu sinto muito. Eu deveria tê-
la avisado que eu tenho uma
tendência a atacar quando tentam me
acordar. Mas eu acho que agora
você sabe disso.
- Assim, sei. - acho que ele está
tentando amenizar a importância do
acontecido, porém suas mãos são
suaves enquanto analisa o lado do
meu rosto para me garantir que não
há dano algum.
- Sinto muito, princesa. - Estou
prestes a dizer-lhe que acabou de
violar uma regra, quando ele se
apoia na ponta do meu colchão para
levantar e plantar um beijo rápido na
minha bochecha.
- Já está melhor. - Ele sorri para
mim e, em seguida, fica de pé. Ugh,
eu odeio pessoas matutinas.
- Violador de Regras. - digo,
quando olho para ele. Ele senta-se
ao meu lado, na minha cama.
- Seu cabelo parece fabuloso
agora, Shan. - Ele ri de meu cabelo e
enfio minha mão em seu moicano,
bagunçando-o com os dedos. Em
seguida, ele começa a fazer cócegas
em minhas costelas. Oh inferno não.
- Pare com isso! - Eu grito.
Minha porta se abre em um
golpe e do ângulo que me encontro
vejo as pernas de Hazel em suas
legs apertadas.
- Bem, hey, olá. - Diz , enquanto
eu e Jett estamos congelados em
meio ao ataque de cócegas. Ele se
recupera mais rápido do que eu e se
levanta para cumprimentar Hazel.
- Prazer em vê-lo novamente. -
diz ela e isso me lembra como
conheci Javier.
- Posso lhes oferecer um de café
da manhã? - Nenhum de nós tem aula
mais cedo hoje. O que é bom, isso
significa que temos tempo para
comer e tirar um cochilo antes. Eu
só tenho duas aulas, mas eu tenho
que trabalhar esta noite. Por que
decidi ir para a festa de ontem à
noite?
- Sim, obrigado. Isso seria
ótimo. Você precisa de ajuda? -
Hazel me dá um olhar rápido e, em
seguida, sua atenção de volta a Jett.
- Ela precisa de toda a ajuda
que possa conseguir. - eu digo,
levantando-me e passando pelos
dois para ver o que Hazel pretende
fazer.
Assim como eu suspeitava.
Waffles congelados.
Balanço a cabeça e pego os
waffles e os coloco na torradeira,
em seguida, vou para a geladeira. Eu
posso ter comprado uma tonelada de
alimentos apenas para Jett, então eu
não tenho que lidar com qualquer
uma das especialidades culinárias
de Hazel ou de nossa menu regular
de macarrão com queijo pré-pronto.
Posso também ter estourado meu
orçamento por duas semanas de
comida. Namoro de Mentira custa
caro.
Começo a preparação dos ovos
e do bacon e não percebo que Jett e
Hazel sumiram faz um tempo.
Desligo o fogo e me esgueiro até
meu quarto.
Eles estão conversando, mas
suas vozes são muito baixas para
que consiga ouvir corretamente.
Aproximo um pouco e percebo,
tarde demais, que a porta não está
fechada. Inclino-me demais e perco
o equilíbrio, bato a cabeça na porta
e caio estirada no chão.
- Oh meu Deus! - Hazel grita,
colocando a mão no peito como se
quisesse manter o coração dentro
dele.
Jett é um pouco mais rápido
para perceber o acontecido. E se
abaixa rapidamente ajudando-me.
- Você está bem, princesa? - O
apelido é permitido nesta situação.
Eu me esforço para ficar de pé.
- Eu, hum, só queria ver se você
queria, uh, bacon. - Tãaaaao
convincente.
- Sim, eu amo bacon. Quem não
gosta? - Diz, não me deixando
quando fiquei de pé novamente. Esse
contato é permitido e de certo modo
estou feliz por isso.
- Exatamente os meus
sentimentos. - eu digo, minha pele
formiga em cada lugar que entra em
contato com a dele. Hazel limpa a
garganta.
- Bacon. - eu digo, para lembrar
o que eu estava pensando por um
segundo atrás.
- Bacon. - diz Jett.
Capítulo nove

Hazel foi dormir por algumas


horas e Jett voltou para casa, para
tomar banho e assim por diante. Eu
tenho que fazer o mesmo e depois
terminar alguns deveres de casa.
Obrigado pelo café da manhã.
A próxima vez é comigo. Nos
vemos hoje à noite?
Fico derretida apenas com essas
poucas palavras. Eu não posso ouvir
sua voz ou ver seu rosto, mas eu
ainda posso senti-lo. Encontro-me
mordendo os lábios com vontade e
querendo pular e girar como Julie
Andrews.
Nos vemos hoje à noite.
Pensar no que escrever em
reposta me toma aproximadamente
dez minutos.
Eu sei. Ridículo.
Estou enojada de mim mesma.
Eu não sou esse tipo de garota. Esse
Namoro de Mentira está começando
a me confundir.
Sou grata por ir a aula. No
minuto em que meus pés pisam na
sala de aula, sinto como estivesse
em casa. Quando o professor faz
uma pergunta, eu sei a resposta
quase antes que ele a termine. Eu me
perco na história, nos fatos, nos
números e linhas e nos assuntos que
gosto. Coisas que eu domino. Não
existe outro lugar em que me sinta
tão confiante e segura de mim
mesma, do que quando estou
respondendo a uma pergunta em sala
de aula. Sim, eu sou uma aberração.
Eu não conheço ninguém que
realmente sinta felicidade em fazer
testes e trabalhos. Eu sou uma
esquisitona certificada. Jett me envia
várias mensagens de textos ao longo
do dia e cada vez que as recebo,
meu coração dá um salto e as
borboletas do meu estômago se
agitam.
- Uau, você está de bom humor
hoje. - diz Amelia, quando chego ao
trabalho. Coloco a mão em meu
rosto para me certificar que estou
sorrindo.
- Eu tive um bom fim de semana.
- decido não tocar no assunto sobre
o namoro de mentira com Amelia.
Parece errado. Nós não
conversamos muito sobre nossas
vidas pessoais, apesar de sermos
muito próximas.
Eu começo a trabalhar na pilha
de arquivos que não tinha terminado
no outro dia. Normalmente, quando
estou trabalhando em algo
burocrático, minha mente divaga e
penso todo tipo de coisa. Hoje, eu
tenho uma só coisa em minha mente.
Jett, Jett, Jett. Jetty.Jetty-Jettson.
Embarcar em plano “Jett”.
Uma mão bate no meu ombro e
eu quase pulo de susto. É minha
chefe, Gillian. Com um sonoro G.
Ela definitivamente não é a minha
pessoa favorita no mundo, mas ela
me deixa em paz na maior parte do
tempo. Nunca tive desentendimento
algum com ela.
- Olá, como vai você? -
pergunto, olhando rapidamente para
minha mesa para ter certeza que está
organizada. Sou um pouco obsessiva
com minha área de trabalho, a
mantenho sempre organizada, mas
Gillian é pior. Pessoas foram
despedidas por ter coisas
inapropriadas em suas mesas, uma
mulher, em certa ocasião, tinha
ficado em grandes apuros por ter
uma foto do marido sem camisa, em
cima de sua mesa.
- Estou bem Shannon, como vai
você? - mudamos para uma conversa
sobre a rotina do escritório, mas eu
sei que ela me procurou por uma
razão. Ou eu estou fazendo algo
muito mal ou algo muito bom. Eu
não posso imaginar em que apuros
estou metida, mas com Gillian nunca
se sabe.
- Então, como vão as coisas? -
Diz ela e há mais por trás da
pergunta.
- As coisas estão indo muito
bem. Espero chegar à metade do
trabalho, com os arquivos de
empréstimos, até o final desta
semana. - O que é antes do previsto,
mas não digo essa parte.
- Bem, isso é maravilhoso.
Continue o bom trabalho. Quando
você terminar esse trabalho, me
avise, lhe darei um novo projeto
para que você não perca o ritmo por
não ter o que fazer. - Com um
sorriso rápido e hipócrita ela sai da
sala. Eu solto um enorme suspiro de
alívio e, em seguida, surge a cabeça
de Amelia sobre a minha baia.
- O que ela disse? - Ela
sussurra. Eu gesticulo para que entre
em minha baia. Eu não direi nada
que me faça correr o risco de
contarem a Gillian e isso se voltar
contra mim. Estas paredes têm
ouvidos.
- Oh nada, ela só queria me
dizer para manter o bom trabalho e
que ela vai me dar outro projeto
quando eu finalizar com os arquivos
de empréstimo.
- Parece divertido. - Sim, a
diversão é exatamente o que vou ter.
Provavelmente vai ser horrível,
por isso ela veio me falar antes do
tempo. Na maioria das vezes, eu
recebo os projetos que outras não
querem fazer, assim são repassados
para parte inferior da hierarquia.
Felizmente, há mais do que alguns
de nós, mas é um grande banco e há
sempre novos projetos que os
superiores não querem fazer.
- Eu também queria saber se,
talvez, você gostaria de sair para
jantarmos hoje à noite? –
Surpreendentemente Amelia não tem
muitos amigos. Creio que seja
porque pensam que toda a sua
felicidade e positividade sejam
falsos, mas eles realmente não são.
Eu não entendo por que alguém não
gostaria de estar perto dela, mas o
que fazer?
- Eu adoraria. Quer ir ao Tony?
- É o nosso Greco-italiano favorito,
para comer em Deermont. Ok, é o
único lugar Greco-italiano, para
comer em
Deermont. E mesmo que
houvesse cem lugares destes, ele
ainda seria o melhor.
- Ooohh, já faz quase uma
semana que estivemos lá. Necessito
de um pouco de baklava. Como
agora. - Ela bate palmas e gira.
- Legal. Estamos combinadas. -
Faço um sinal de joinha e ela se
levanta em um salto e volta para sua
baia. Não pego meu telefone
imediatamente para ler as mensagens
de Jett, pois durante o horário de
trabalho fazer isso é ganhar um
convite para ir ao ninho da cobra,
que é o escritório de Gillian, então
eu dou um fugida até o banheiro para
enviar-lhe uma mensagem rápida,
avisando-o que eu vou chegar
atrasada.

- Ah, coitada. Você foi flechada


pelo amor. - Me leva cinco minutos
para contar a Amélia sobre Jett. Eu
não contei sobre o Namoro de
Mentira, é claro, mas eu conto tudo
sobre ele. É quase impossível não
fazê-lo.
- É uma merda. - murmuro antes
de pegar um pedaço de pão de alho,
molha-lo no molho maninara e enfiá-
lo na minha boca.
- Pobrezinha. - diz Amelia com
um sorrisinho, enquanto come uma
folha de uva recheada. Amelia,
atualmente, não tem um namorado e
não parece muito interessada em
encontrar um. Pergunto-lhe sobre
isso e ela apenas suspira e diz:
- Um dia meu príncipe virá. - O
que, inevitavelmente, nos remete a
uma citação de filme da Disney, eu
ando tão atordoada que me esqueço
de perguntar sobre ela.
Amelia e eu passamos o restante
de nosso jantar falando sobre aulas,
professores loucos com suas
expectativas irreais, senhorios
horríveis e sobre os carros que não
gostam de funcionar quando
precisamos deles. Pegamos nossas
baklava e chás, em seguida, ela me
leva de volta para o meu carro, que
ainda está no estacionamento da
empresa.
- Me liga se precisar surtar.
Você sabe que eu estou aqui. - diz
ela, dando-me um abraço. - Vejo
você na quinta-feira.
Eu a abraço de volta. Em
seguida, me dirijo tão rápido quanto
eu posso, para voltar para o meu
apartamento. Eu só tenho dez
minutos para ficar com uma
aparência apresentável. Sim, isso
não é tempo suficiente. Bem, ele
poderia muito bem se acostumar
com a minha aparência rotineira.
Não há sentido em manter quaisquer
ilusão. Sério.
- Você vai usar isso? - Hazel
diz, quando eu estou prestes a sair
pela porta.
- Sim, por quê? - Minhas calças
jeans estavam limpas e sem rasgos,
minha camisa valorizava meus seios
e não tinha aquele elástico estranho
na frente, que sempre nos machuca e
deixam os seios maiores.
- Não me parece adequado para
a ocasião. Você deveria tentar
impressioná-lo. Envolve-lo em uma
falsa sensação de sensualidade.
- Você está dizendo que eu não
sou sexy?
- Não, eu só estou dizendo que
você deveria provocá-lo um pouco.
Especialmente no início do namoro.
- Vou deixar esse conselho entrar
por um ouvido e sair pelo outro. Na
realidade, não quero pensar nisso,
nem ouvir isso. Vou abstrair e
deixar minha mente vazia.
Corro para o meu carro, procuro
em minha bolsa fazendo uma
pequena oração. VITÓRIA.
O apartamento de Jett
apartamento parece cada vez mais
assustador toda vez que venho aqui.
Todo o percurso parece levar a uma
casa assombrada. Caramba. Pessoas
vivem aqui? Eu faço uma
verificação rápida para ver se há um
daqueles letreiros dizendo NÃO
ENTRE, ESTE EDIFÍCIO NÃO
SEGURO E ESTÁ CHEIO DE
ZUMBIS E/OU FANTASMAS
Nada.
Eu bato em sua porta e ele leva
três tentativas para abri-lo por
dentro.
- Oi - eu disse e não posso lutar
contra o sorriso que se espalha em
meu rosto. Sorrio de novo e me
movo para o lado para me deixar
entrar.
- Ele já foi. – ele responde à
minha pergunta muda sobre Javier.
- Ah, bom. Não que me
incomode em passar um tempo com
ele de novo. Jett ri.
- Você não tem que fingir que
gosta dele por minha causa, Shan. Eu
sei que nem todos gostam de Javi ou
vice e versa. -Yeah. Javier não é a
minha pessoa favorita. Mas talvez eu
não tenha dado a ele chance o
suficiente para conhecê-lo? Quero
dizer, Jett gosta dele, obviamente,
ele deva ter algumas qualidades
redentoras. Certo?
- Eu trouxe um pouco de
baklava - eu digo, segurando um
saco de Tony.
- Você é minha namorada de
mentira favorita. - ele disse,
pegando a embalagem da minha mão
e se jogando no sofá.
Coloco minha bolsa no chão,
perto da porta e me junto a ele.
- Espero que eu seja sua única
namorada de mentira. - Ele pega um
pedaço da baklava e antes que a
leve a sua boca eu consigo dar uma
mordida.
- Hey, hey! Você disse que
trouxe isso para mim. - Eu sorrio
com minha boca cheia e ele me dá
uma olhada antes de virar a cabeça
para dar uma mordida. Acho que ele
não está preocupado em compartilha
meus germes.
Eu mastiguei e engoli, em
seguida, limpei minha garganta. Ele
revira os olhos e segura a baklava
na minha frente para que eu morda
mais um pedaço.
- Brigado - Eu digo com a boca
cheia. Ele balança a cabeça e come
o último pedaço.
- Você vai me odiar se eu te
disser que tenho que fazer lição de
casa? - Diz
Jett, colocando a bolsa em cima
da mesinha de centro.
- Sim. Eu te odeio. Você é um
namorado de mentira horrível. Você
é o pior. Dane-se idiota. - cruzo
meus braços e viro minha cabeça,
mas não consigo ficar assim por
muito tempo. - Não, eu tenho dever
de casa também, idiota. Eu também
esperava que você não me odiasse
porque preciso fazer o meu. - Pego a
minha bolsa e deixo-a cair com um
baque.
Jett tinha muita sorte, a maior
parte de seu trabalho de casa
poderia ser feito no laptop. Não que
isso faça com que seja mais fácil.
Não consigo me imaginar olhando
para um programa de gráficos por
horas, aumentando ou diminuindo
uma imagem até chegar ao ponto
certo. Isso me deixaria louca.
Abro meus livros, alinho minhas
canetas e coloco meus cadernos em
uma pilha. Eu tenho um diferente
para cada matéria, além de
diferentes post-it para cada uma. Eu
também tenho minhas anotações
digitadas e estou pronta pra acabar
esses período.
- Eu gosto de fazer minha lição
de casa com música. Se você gosta
de silêncio, posso colocar meus
fones, mas eu costumo ouvir apenas
isso. - diz Jett.
- Não, eu escuto música
também. - Mas, provavelmente, não
é o mesmo tipo de música. - Eu
costumo ouvir clássicos. Ou algo
suave.
- Sim, isso é meio oposto do
que eu escuto quando estou
trabalhando. Se tecno for o oposto
do clássico. - Eu não tenho ideia se
é ou não, mas eu acho que posso
fazer a lição de casa ao som de
tecno.
- Podemos chegar a um acordo?
O que há entre tecno e clássico? -
Nós dois pensamos nisso por um
momento e então Jett pegou seu
celular.
- Entendo - Ele colocou seu
celular em uma base e conectou ao
alto-falante, perto da TV e
"Bohemian Rhapsody" de Queen,
explode alto pelo apartamento. Eu
não posso evitar, mas rio.
- Perto o suficiente - eu digo,
enquanto Jett diminui um pouco o
som e senta-se novamente.
Com Queen tocando e Jett ao
meu lado, começo a trabalhar.
Espero que me saia melhor do que a
última vez.
Eu criei um sistema de
recompensa para mim. Essa é a
única forma que eu possa fazer algo.
Lia duas páginas, olhava pra Jett.
Lia mais duas. Olhava para
Jett. Permito-me olha-lo quando
termino um Capítulo. Ele está tão
focado em seu trabalho que nem
sequer me nota. Ou talvez não?
Ele se mexe o tempo todo e suas
mãos não estão fazendo muita coisa
com o teclado. Ele rola o mouse e
aperta os olhos para a tela. Algo me
diz que não faz parte de suas
atribuições. Eu checo o primeiro
item da minha lista e faço uma
pequena dança da vitória
internamente. Existe coisa melhor do
que eliminar um item fora de uma
lista de afazeres? Acho que não.
E então Jett apoia sua cabeça
em sua mão e se inclina para o lado
e eu decido deixar a lista pra
depois, afinal não é lá grandes
coisas. Ainda assim, pego meu
segundo livro juntamente com meu
segundo caderno. Jett suspira. Eu
quase deixei pra lá, mas posso sentir
que ele quer falar alguma coisa, mas
não quer me interromper. Durante
todo o tempo Queen está cantando
sobre meninas com traseiros grandes
que fazem o mundo girar. No caso
de alguém vir me perguntar.
- O que está acontecendo? -
abro meu livro em uma página
específica e finjo que eu não estou
interessada na curva de suas costas,
em seu pescoço e na forma que
inclina sua cabeça, meio que me
inclino para a frente. Eu também
estou interessada em suas orelhas,
que são bonitas. Orelhas podem ser
bonitas? Eu realmente nunca tinha
reparado em orelhas antes. A não
ser que elas se destacassem. Mas
fazer o quê. Elas são graciosas e
perfeitas. Huh. Quem diria que
orelhas pudessem ser sedutoras?
- Nada, apenas travado neste
projeto. - Ele fecha seu computador
e esfrega o rosto com as mãos. - A
melhor coisa a fazer é dar um tempo
e tentar outra coisa.
- Ele apanha um bloco de
desenho debaixo do sofá e também
uma das minhas canetas. Eu quase
fico brava com ele por pegar uma
das minhas canetas, mas eu estou
muito curiosa para ver o que ele vai
fazer com esse material.
Ele vira para uma nova página e
se inclina bem pra trás contra o sofá,
de modo que eu não possa ver o que
ele está desenhando.
Eu me inclino mais em sua
direção e ele ri e vai chegando mais
para trás ainda.
- Volte para seu trabalho de
casa, Shan. Não me atrapalhe.
- Mas eu quero saber o que você
está fazendo. - Deixei meu livro de
lado e me inclino até que estou
quase em cima dele. Ele levanta o
bloco de desenho para que fique
fora do meu alcance, me esforço
para chegar até lá, mas seus braços
são mais longos do que os meus e
logo me dou por vencida.
- Você não presta. - Jogo uma
caneta em sua direção e ele se
agacha.
- Vale tudo no Namoro de
Mentira e na guerra. - diz ele,
encolhendo ombros e voltando para
o desenho. Eu tento retornar aos
meus estudos ou pelo menos deixa-
lo pensar que estou estudando. Não
quero que me flagre distraída
observando-o. É embaraçoso se
você é o único que não consegue se
concentrar.
O som da caneta sobre o papel,
juntamente com a música do Queen,
se torna calmante. As palavras na
página em minha frente são apenas
linhas, pontos e curvas. Há também
gráficos e imagens, mas nenhum
deles significa nada para mim.
Mergulho de volta para tomar notas
e na esperança de que algo penetre
em meu cérebro. Desta vez, porém,
eu flagro Jett olhando para mim por
cima do bloco de desenho. Pequenos
flashes de seus lindos olhos para
mim e depois se volta para o bloco.
- Pare de olhar para mim. -
reclamo, mantendo meus olhos em
meu livro.
- Como sabe se estava olhando
para você, se você não estava
olhando para mim? - rebate. Ele faz
um traçado longo com caneta e em
seguida se ajeita no sofá. Balanço a
cabeça e viro a página do meu livro,
mesmo não lendo nada da página
anterior.
- Você ainda está me olhando.
- Esta é outra regra que você
deseja adicionar à lista? Não olhar?
- Mais traços de caneta.
- Tanto faz. - decidi deixá-lo
pra lá e procuro uma posição no
sofá, me apoio no braço do sofá e
fico meio de costas pra ele. Jett
suspira novamente e cobre o
desenho com uma almofada que logo
cai no chão. Então ele pega outra
coisa debaixo do sofá.
- Meu Deus, quanta coisa você
tem aí?
- Eu tenho que esconder meus
pertences em lugares estranhos. Javi
tem uma tendência a mexer nas
minhas coisas e muda-lo de lugar
quando não estou aqui. Engraçado,
mas ele nunca olha debaixo do sofá.
- Abre a caixa de madeira que tinha
puxado debaixo do sofá e pega
alguns quadrados de papel brilhante.
E então começa a dobra-los e eu não
posso deixar de assistir.
- Quem te ensinou a fazer isso?
- Meu pai. - Isso é tudo que eu
tenho. Descobri há pouco tempo que
sua família é um assunto delicado,
por isso estou surpresa por ter me
dito algo sobre isso. - Isso me
relaxa. Ajuda-me a concentrar em
outras coisas. - Ele faz um vinco no
papel e pressiona seus dedos ao
longo do novo vinco para torná-lo
mais nítido. Então dobra de novo e
de novo. É quase hipnótico.
Constato como pode ser relaxante.
Jett continua dobrando e girando e
eu não tenho nenhuma ideia do que
ele está fazendo. Depois de dezenas
de dobras outra gaivota surge, mas
esta é diferente. Puxando sua cauda,
suas asas batem. Eu resisto ao
impulso de aplaudir com alegria
como uma criança vibrante.
- Você é muito talentoso.
- Sim, pena que não se pode
pagar as faturas com origami.
Existem pessoas que fazem coisas
extraordinárias, mas leva anos de
treinamento e uma tonelada de
papel. Eu poderia te fazer todo um
jardim zoológico, se você quisesse,
mas esses são os meus favoritos. - A
gaivota foi feita de papel iridescente
vermelho e logo começa a fazer
outro em azul. Eu o observo fazendo
e logo temos duas pequenas
gaivotas. Eu as movo para que seus
bicos se toquem, como se
estivessem se beijando.
- Quer que eu te ensine como
fazer um? - Diz Jett. Hum, aprender
alguma coisa com o meu namorado
de mentira sexy ou ler sobre ética
nos negócios? Essa é uma decisão
muito difícil.
- Sim. - eu digo, empurrando
meu livro pra longe, fazendo com
que ele caia no chão com um baque.
Eu não quis parecer tão
entusiasmada, simplesmente
aconteceu.
Não é como se estivesse
adiantada com meu dever de casa.
Jett e eu passamos a próxima
hora ouvindo Queen enquanto me
ensinava a fazer gaivotas de papel.
É uma estranha combinação, mas de
alguma forma faz sentido.
Demoro cerca de doze tentativas
para acertar, quero dizer doze folhas
de papel. E a cabeça da minha
gaivota é um pouco instável em
comparação com a cauda, pelo
menos parece um pássaro.
Eu bocejo, mesmo estando bem
acordada.
- Você está cansada? - Jett
pergunta, organizando a nossa
pequena família de gaivotas sobre a
mesinha. Ao lado da lição de casa.
- Não, mas eu definitivamente
estou com fome. Deveríamos fazer
alguns nachos malucos?
Ele sorri e se põe de pé,
estendendo as mãos para me puxar
pra cima. Uau.
Forte. Enganosamente forte.
Quer dizer, não é um anúncio
ambulante para esteroides como
Javier, mas ele definitivamente não
é um fraco. Na verdade, ele é tão
forte que ao me puxar para cima me
faz perder o equilíbrio e me choco
contra seu peito. Ele me segura,
claro, porque é cuidadoso e eu não
sou. Eu costumava ser. Eu
definitivamente caia muito menos
antes de conhecê-lo.
Ele me mantém apertada contra
seu peito, as mãos entre nós. Meus
seios estão totalmente espremidos
contra ele. Jett teve mais contato
com meus seios do que meu próprio
médico. Para ser justa, eles ficam no
caminho. São um pouco difíceis de
evitar, se você está perto de mim.
Não é brincadeira, realmente dá pra
dar um tapa na cara das pessoas com
eles.
Parece até que tem mente
própria, meus mamilos endurecem
sob minha camisa e eu dou um passo
atrás para que Jett não possa senti-
los. Mamilos são equivalentes a uma
ereção feminina. Em uma escala
menor. Ainda assim, é constrangedor
quando você está piscando seus
faróis para todo mundo ver.
As mãos de Jett ainda estão
entrelaçadas com as minhas e ele me
leva para a cozinha.
- Nachos? - ele diz.
- Nachos. - eu concordo.

Desta vez, os nachos são sobra


de carne mais Velveta (eu realmente
preciso comprar pra esse menino um
pouco de queijo de verdade)
pimenta-jalapenho, coentro,
azeitonas, algumas rodelas de
cebola e o deixo adicionar pedaços
de cachorro-quente.
- Devemos abrir um restaurante,
só de nachos. Poderíamos fazer café
da manhã nachos, sobremesas de
nacho. Seria um sucesso - disse,
dando uma mordida enorme após a
coisa tenha derretido no forno.
Limpo o pouco de queijo do seu
queixo com meu dedo e enfio na
minha boca. Parece uma coisa
natural de se fazer agora. Sirvo-me
com um nacho bem carregado de
mistura de ingredientes e enfio em
minha boca.
Uau, que um...cacofonia de
sabor. Eu mastigo e tento descobrir
se gosto ou não. Demora um tempo
para me acostumar com a textura e o
sabor, é meio um choque.
- Os outros eram melhores. - diz
Jett, comendo um pouco mais.
- Dane-se. - Como outro pedaço
e chego a conclusão que gosto deles.
Quero dizer, eles não são os meus
favoritos, mas são muito bons.
- Como é que você faria os
nachos de sobremesa? - pergunto.
- Se pudesse descobrir como
cortar a massa em forma de batatas
chips, poderia cobri-las de
chocolate e chantilly e assim por
diante. Também poderia fazer
nachos de frutas.
- Isso seria muito bom para a
epidemia de obesidade no país. - eu
digo, jogando água na festa de
nachos de Jett.
- Isso não é divertido. - diz Jett,
enfiando cinco nachos em sua boca
ao mesmo tempo. Tenho que admitir
que é impressionante. Eu enfio um
só, acho que não seria muito sexy
para ter em minha boca entupida
com nachos ou qualquer outra coisa.
- Não se mexa. - diz Jett e eu
congelo. Com uma das mãos, ele
segura meu queixo o mantendo
estável enquanto move seu rosto
próximo ao meu. Gostaria de
perguntar o que ele está fazendo,
mas eu meio que perdi a capacidade
de falar.
Ou respirar. É o meu coração
ainda está batendo loucamente?
Muito lentamente, milímetro por
milímetro, Jett traz seu rosto mais
perto do meu. Sua língua lambe
alguma coisa em meu rosto.
E eu estou morta. Ele coloca a
língua de volta na boca e sorri para
mim.
- Você tinha um pouco de queijo
em seu rosto. – disse, em uma voz
calma e algo se contrai dentro de
mim e me faz ter arrepios dos fios
dos cabelos ao dedão do pé.
Minha boca fica seca e eu tento
engolir, mas parece que meu corpo é
incapaz de se mover no momento. Se
alguém entrasse armado no
apartamento, eu duvido que eu iria
passar de minha posição atual.
Jett finalmente solta meu queixo
e minha pele queima com a
lembrança de seu toque. Ele se move
para trás e pega mais uns nachos.
Eu ainda estou tentando
descongelar meu corpo. Finalmente
meus pulmões se expandem e eu
torno a respirar instavelmente.
- Já volto. - aviso e vou
tropeçando até chegar ao banheiro.
Eu só... Preciso de ar.
Eu tranco a porta e respiro
fundo. Jett deve ter limpado
recentemente, porque tem cheiro
fresco de limão. Há uma pequena
janela ao lado do chuveiro, então eu
a abro. Ou pelo menos eu tento. Só
abre uma polegada e em seguida,
emperra. Oh, que bom. Eu me
inclino e descanso meu rosto no
peitoral da janela e inalo o ar gelado
que vem de fora. Mesmo que seja
primavera, o ar de inverno pode ser
sentido durante a noite e é só o que
eu preciso para arejar minha cabeça.
Depois de várias respirações
profundas, eu acho que posso voltar.
Jett lambeu meu rosto. Eu nunca
imaginei em alguém lambendo meu
rosto e isso não fosse desagradável,
mas Jett deixava tudo sexy. Como
fosse um bruxo e pudesse
transformar qualquer coisa em algo
sexy. Bruxo Sexy. Com a sua
varinha... mágica.
Pensar na varinha mágica de Jett
me faz começar a rir e eu tenho que
abrir a torneira da pia, para abafar o
barulho.
Eu acho que estou ficando
louca.
Eu tento me recompor. Antes de
deixar o banheiro, me certifico que
meu rosto não tem mais queijo.
Estou bem, mas eu pareço que acabo
de fumar crack. Meus olhos estão
dilatados, parecendo de maluco e
meu rosto está vermelho. Meus
cabelos estão realmente em estado
especial. Tento penteá-los com os
dedos e prendo-os com elástico, que
sempre trago em meu pulso, em um
rabo de cavalo baixo. Não há muito
que eu possa fazer pelos meus olhos
e meu rosto vermelho.
Espero que Jett ache bonito.
Quando eu volto para a cozinha,
a maioria dos nachos tinham
desaparecidos. Jett deve ter
inalados. Pra onde é que tudo isso
vai? Ele deve ter o metabolismo de
uma supermodelo. Maldito.
- Eu te salvei alguns - disse,
segurando um recipiente com três
nachos pequenos tristes, deitados
quase sem coberturas. Mas seu rosto
é tão doce, que luto para fazer a
minha cara de brava e encará-lo.
- Nova regra: Não comer todos
os nachos enquanto sua namorada de
mentira está no banheiro.
- Você está colocando adendo
as regras, agora? - Eu quase ri ao
ouvir a palavra 'adendo'. Por alguma
razão ele sempre faz meu
pensamento ir pro ralo.
- A regra não escrita nas regras
é que a namorada de mentira pode
acrescentar qualquer outra coisa
quando ela quiser. – Digo, enfiando
o último nacho na minha boca.
Jett balbucia, mas eu sorrio com
a boca cheia, mastigo e engulo.
- A outra regra não escrita nas
regras é que a namorada de mentira
tem sempre razão. - acrescento. E
desta vez Jett me fuzila com o olhar,
mas não consegue mantê-lo por
muito tempo e acaba meneando com
cabeça.
- Ok, namorada de mentira. Vou
tomar um banho e ir para a cama, se
você não se importa. Eu tenho a
minha cama pronta para você, então
se você quiser ir pro quarto e se
sentir à vontade, você pode. - Quê?
Ele vai dormir no chão? Estou
totalmente bem com dormir no chão.
Qualquer coisa menos o sofá.
Eu tento protestar, mas Jett
coloca um dedo nos meus lábios e
me cala rápido.
- Regra Três não escrita do
namorado de mentira: nunca fará a
namorada de mentira dormir no
chão, quando ela estiver em sua casa
e não haverá nenhuma discussão da
namorada de mentira sobre isso. Ela
vai balançar a cabeça e concordar e
deixá-lo ir tomar um banho. - O
tempo todo que ele está falando, ele
mantém a mão na minha boca e meus
lábios estão todos quentes e
formigando.
Sua pele é tão boa. Não muito
suave, mas nem todos calos são
desagradáveis como dos outros
caras. Eu juro, se um cara me
tocasse com suas mãos sujas e as
suas unhas ruídas, com comida ou
pedaços de carne morta debaixo
delas, provavelmente iria fugir
gritando. Jett tem mãos bonitas.
Além de todas as suas outras partes
do corpo.
- Tudo bem. - eu digo contra seu
dedo e com esse mesmo dedo que
ele comanda os movimentos para
cima e para baixo de minha cabeça.
- Bom o suficiente. - Ele me
deixa na cozinha e alguns segundos
depois o chuveiro é ligado. Esse
menino. Eu juro.
Capítulo dez

Quinze minutos depois, estou


sentada na cama de Jett, vestida com
meu pijama e em pânico. Eu sei que
ele está fazendo isso pelo
Relacionamento de Mentira,
dormindo no sofá sujo, mas eu me
sinto muito mal sobre isso. Talvez
seja para compensar todos os
nachos. Acho que exista um “dar e
receber”, mesmo em
Relacionamento de mentira.
Estou girando meus polegares,
esperando Jett de voltar do banho,
em seguida, a porta se abre.
Congelo, não tenho certeza se eu
deveria mergulhar debaixo do sofá
ou gritar ou fugir.
Não faço nenhuma das opções
acima.
- Você de novo - diz Javier. Ele
parece cansado, mas realmente
sóbrio. Não que eu o conheça o
suficiente para saber a diferença,
mas é muito fácil de ver que não está
caindo de bêbado como da última
vez.
- Eu de novo - digo, enquanto
Jett sai do banheiro, com uma
camiseta sem mangas cobrindo o
peitoral e uma toalha em volta da
cintura.
- Se você quiser... - ele começa,
mas não termina quando vê Javier.
- O que você está fazendo aqui?
- Jett age como se encontrasse um
cadáver no chão da sala. Não estou
apavorada com o que está
acontecendo, mas definitivamente
não é a situação perfeita. Espero que
ele só tenha dado uma passada
rápida em casa e já esteja saindo.
- Aparentemente, eu moro aqui.
Ou pelo menos é o que eu tenho sido
levado a acreditar. Espere, isso é
algum tipo de conspiração? Você é
um robô? Eu sou um robô? Isso é
mesmo real? - Olhos de Javier se
arregalam e ele olha de mim para
Jett e para trás, como se
estivéssemos prontos pra atacá-lo.
Jett é o primeiro a sair da
inércia. Eu pego um travesseiro do
sofá e arremesso em Javier, que se
abaixa para não ser atingido.
- Imbecil - diz Jett.
- O quê? Você tem que ser
precavido. Eu, por exemplo, irei
receber os nossos senhores robôs e
servi-los com toda minha alma e
coração.
Este é o Javier sóbrio? Porque
parece, de alguma forma, bêbado.
- Mais uma vez, me desculpe.
Não há desculpa para ele. - diz Jett,
tirando os cabelos molhados do
rosto e os levando pra trás. Porém
continuam caindo de forma atraente
sobre seus olhos. Se Javier não
estivesse aqui, teria levantado e
corrido minhas mãos por ele. Ou
talvez não. Eu não sou ousada o
suficiente para fazer isso. Mas, na
minha imaginação, eu sou.
- Só vim trocar uma roupa.
Relaxe. Não parece que eu estava
interrompendo alguma coisa de
qualquer forma. Cara, por que você
está vestindo uma camiseta?
Esquisito.
É um pouco estranho. A
camiseta de Jet está molhada por
causa de sua pele molhada e está
quase transparente. Totalmente sem
sentido. Além disso, eu realmente
quero vê-lo sem camisa. AGORA.
- Por que você não cuida da sua
vida de merda e dar o fora? -
Ooohh, Jett está zangado. Eu não
posso afirmar que ele está fingindo,
mas parece muito verdadeiro. Javier
apenas balança a cabeça e vai para
o seu quarto, leva em torno de um
minuto e, em seguida, volta para
sala, em um novo par de calças e
uma camisa limpa.
- Madam, Sir. Espero que vocês
tenham uma esplêndida noite, com
muito sexo. Eu terei o mesmo. Que
todos os seus preservativos sejam
resistentes e sem buracos. Adeus! -
Ele nos saúda e depois se vai.
- Javier está sóbrio?
- Surpreendentemente, sim.
- Uau.
Jett suspira.
- Eu sei.

Jett e eu temos outra pequena


discussão na hora de ir para a cama.
Eu me sinto muito mal, sobre fazê-lo
dormir no seu sofá.
- É mais confortável do que no
chão. Eu não tenho um colchão extra.
Por favor, pare de fazer um grande
negócio sobre isso. Eu não estou
tentando ser cavalheiro.
Nós dois nos sentamos na cama,
ele com sua regata e bermuda, eu em
meu pijama bobo.
- Nós poderíamos compartilhar.
- eu digo, sem olhar para ele. Minha
boca está um pouco seca, mas é a
única solução que eu posso pensar
que me faça sentir bem.
- Pode haver contato acidental,
se fizermos isso. - ele argumentou,
com a voz tão suave.
- Isso está...bem. Estou de
acordo. Além disso, se Javier
voltar, não haverá mais explicações
a dar.
- Eu poderia colocar tudo a
perder de novo. - disse, fingindo me
socar novamente em câmera lenta,
mas apenas evitando bater no meu
rosto. Ele me faz dar risadas.
- Eu vou ter cuidado. -
Finalmente eu olho em seus olhos.
Giram quase como um
caleidoscópio. Poderia sentar e
assistir as cores girando por horas.
Mas eu teria que piscar
eventualmente.
Eu me levanto e Jett retira as
cobertas.
- Você quer lado do canto ou da
beirada?
- Beirada. - se eu tiver que fazer
xixi no meio da noite, posso me
levantar sem ter que acordá-lo. Ou
se eu decidir fugir, vai ser mais fácil
e sigiloso.
Ele se deita no canto e então me
dou conta de que que ocupa um
grande espaço na pequena cama.
Nós vamos ficar muito próximos.
Bem, estaremos bem se lembrarmos
que estamos em um Relacionamento
de Mentira.
Eu me deito de costas pra ele e
puxo os cobertores sobre mim. Jett
fica longe de mim quanto pode,
praticamente colado na parede.
Estou tão na beirada que mais um
pouco posso cair da cama. - Você
pode me tocar. Eu não vou quebrar.
- digo e ele se move um pouco mais
perto. Eu posso sentir o calor
emanando de sua pele, pois aquece o
ar debaixo dos cobertores.
Eu me acomodo até que me sinta
confortável e fecho os olhos,
inalando o cheiro de seu travesseiro
limpo. Ele suspira atrás de mim e se
move um pouco mais perto e eu
posso sentir sua respiração agitando
meus cabelos. E, em seguida, seu
braço me envolve por cima das
cobertas. Meus olhos se abrem, não
que eu posso vê-lo e meu estômago
se contrai. O braço se move um
pouco mais até que esteja
completamente em torno de mim.
Jett está me segurando. Em sua
cama.
- Boa noite, princesa. - diz no
meu ouvido.
- Boa noite, - consigo dizer de
alguma forma e fecho os olhos. Vai
demorar um pouco até eu cair no
sono.

Pensei que seria difícil


adormecer. Mas a respiração de Jett
atrás de mim e seu braço quente a
me envolver, me faz sentir segura e
não só isso. Foi agradável e
acolhedor e meu corpo gostou. Tudo
de mim gostou.
Na verdade, eu gostei tanto que
quando meus olhos abriram, eu não
estava olhando para parede da arte
de Jett. Eu estava olhando para Jett.
Seu peito, especificamente.
Seu braço ainda está em torno
de mim, e de alguma forma durante a
noite, eu puxei as minhas mãos sob o
queixo, agarrando sua camisa.
Minhas pernas estão tão quentes que
eu estou quase ardendo. Minhas
calças de pijama subiram, por isso
estamos pele com pele de meus
joelhos para baixo. Suas pernas são
cabeludas, mas as pernas dos
rapazes supostamente são. Se elas
estivessem sem pêlos, eu estaria
preocupada. Viro a cabeça
devagarzinho e enfim posso ver a
parte do dragão vermelho sobre o
peito. Seu coração bate na minha
mão e seu peito se expande
conforme respira. É fascinante. Sinto
como se uma repugnante canção de
amor deveria ser tocada ao fundo.
Ele faz um barulho e se mexe um
pouco, me puxando para mais perto.
- Seu cabelo é cheiroso - ele
disse, com a voz retumbando contra
meus dedos.
- Bom dia. - digo, porque isso é
o que você diz na parte da manhã,
mesmo que você esteja em uma
situação que você não sabe como se
meteu.
- Como isso aconteceu? -
Presumo que ele esteja se referindo
a nossa atual posição.
- Não faço a mínima ideia. -
Solto sua camisa e ele tira o braço
que estava em torno de mim, para
que eu possa ir um pouco para trás e
poder olhar para ele. Seus olhos
estão um pouco inchados e seu
cabelo está em todas as direções.
Ele é adorável todo despenteado e
espero ter a mesma aparência,
mesmo tendo a certeza que não.
- Este é um rumo de
acontecimentos interessantes. - Ele
disse.
- Uhum.
Por favor, não deixe que meu
hálito esteja fedorento. Por favor,
não deixe que meu hálito esteja
fedorento.
Quero cobrir minha boca para
que ele não possa sentir o meu mau
hálito, mas não há realmente uma
maneira de fazer isso, eu viro minha
cabeça, então eu estou olhando para
o teto. Eu também fecho a minha
boca. Jett apoia a cabeça em suas
mãos e eu posso senti-lo me
observando.
- Pare com isso. - digo,
agarrando as cobertas e tentando
puxá-las sobre a minha cabeça.
Ele não deixa.
- Por quê?
Eu realmente tenho que
explicar?
- Porque sim.
- Por quê porque sim? - Oh, isso
está virando rotina entre nós? Sinto
como se tivesse três anos
novamente.
- Porque é estranho e assustador
e isso me deixa desconfortável. -
Porque me faz consciente de meus
defeitos e de quanto desejo ser outra
pessoa no momento.
- Menina boba. - diz Jett,
esticando os braços acima da
cabeça, os ombros aparecendo. -
Nós provavelmente devemos nos
levantar. Que tal sair para um café
da manhã? Eu realmente não tenho
muita coisa em casa.
- Parece bom. - digo. Ugh, eu
tenho que me levantar primeiro e
não quero, então rolo para o lado e
coloco meus pés pra baixo. Jett está
bem atrás de mim, com as mãos
sobre meus ombros. As deixo ali por
um segundo e em seguida, me solto e
corro para o banheiro para me
deixar um pouco apresentável.

A integração de Jett em minha


vida tem sido quase perfeita. Pensei
que teria de mudar algumas coisas e
deixar outras, alguns compromissos,
mas é como se a minha vida
mudasse para encaixa-la nela. Como
se ele necessitasse de fazer parte da
minha vida, e assim por diante. Soa
estranho, porque eu o conheço a
muito pouco tempo, mas é como se
ele sempre estivesse ali. Também
tenho guardado todas as gaivotas
que ele fez pra mim. Todas elas
estão vivendo em minha gaveta de
meias. Pelo menos vou tê-las quando
isso tudo acabar.
Não quer dizer que tudo é linear
e suave. Oh, há muitos sustos e
imprevistos. Eu quase me troquei na
frente dele uma vez e tenho medo de
peido ou arroto ou qualquer outra
coisa desse tipo perto dele. Nós não
estamos prontos ainda para esse
estágio. Eu acho que isso leva algum
tempo para chegar lá, mesmo com os
amigos. Jett também teve alguns
contratempos pela manhã, quando
acordava com um problema em suas
calças, mas ele virava para outro
lado e eu fingia não notar. Eu não
consigo lidar com isso. Eu
simplesmente não posso.
Nosso Namoro de Mentira
parece estar funcionando e todo
mundo parece estar comprando-o,
pelo menos até agora. Jett e eu de
mãos dadas, trocando olhares de
adoração e usando apelidos
estúpidos e essa parte me fez querer
vomitar e a outra parte de mim
adorou e desejou que fosse real.
Mantenho esse desejo longe. Não
penso muito sobre isso, porque não
é real. Estamos atuando,
interpretando um papel e isso é tudo.
Um mês. Já se passou uma semana e
tudo está indo bem. Eu não posso
estragar o plano por querer algo que
não posso ter.
- Você vai ficar bem. Acho que
estuda demais e se angustia na
mesma proporção. Você já teve
menos de um A em alguma coisa? -
perguntou, quando estamos na
biblioteca e eu estou estressada com
o meu próximo teste.
Dei língua pra ele. - Sim, eu
tive. - Duas vezes. Uma vez na
escola secundária e outra depois na
Universidade. Isso nunca vai
acontecer de novo. Eu não vou
deixar. Mesmo se eu conseguir um
90.01, é melhor do que um 89.
Sempre.
E quem é Jett para falar. Eu sei
que suas notas são impecáveis. Ele é
um daqueles idiotas que o
aprendizado vem naturalmente. As
pessoas pensam que as minhas boas
notas vem fácil, mas não é assim. É
muito sangue, suor e lágrimas,
quantidades enormes de cafeína e
noites perdidas de sono para chegar
onde estou. Eu simplesmente quero
isso mais do que qualquer outra
coisa na minha vida. Mais do que
beber ou ter relações sexuais ou
assistir a mais um episódio de The
Real Housewives of Bitchtown.
- Não humilhe os meus métodos
de estudo. Nem todos nós podemos
ser academicamente talentosos como
você, querido. - Estou tentando
encontrar apelidos para Jett. Eu não
tenho certeza se eu gosto deste.
- Seja como for, princesa. -
disse, enquanto fazia uma gaivota
aterrissar no meio do meu livro
aberto.
- Estou morrendo de fome. Quer
comer alguma coisa? - Eu pego a
gaivota e em seguida, fecho meu
livro. Tenho mais coisas pra fazer,
mas podem esperar.
Quero olhar nos olhos de Jett
mais uma vez. Eu mereço uma
recompensa por um trabalho bem
feito.
- Plano brilhante de uma menina
brilhante. - As borboletas no meu
estômago se agitam novamente. Elas
sempre o fazem quando ele diz algo
parecido. Pensei que passaria, mas
pelo jeito ainda não. Eu quero me
acostumar com isso, porque é difícil
lidar com os altos e baixos desta
relação de mentira.
Quase como se fosse uma de
verdade.
Jett me sopra uma bolinha de
papel, com uma zarabatana de
canudo e me acerta antes que
consiga me desviar, ficando presa
em meu cabelo.
- Imbecil. - digo, então eu faço o
mesmo com ele. Claro que eu falho.
Ele dá língua pra mim e eu quero
chutá-lo sob a mesa.
- Bem, se não é o casal feliz. -
diz Javier, atrás de mim. Oh, Javier.
Eu realmente não consigo lê-lo. Eu
ainda estou tentando descobrir se ele
está falando sério, na maioria das
vezes ou se está atuando pra mim.
Pelo que Jett me contou, ele é assim
o tempo todo.
- Olá, Javier. - digo, virando-me
e encontrando seu rosto sorridente,
em cima de seus ombros enormes.
Eu estava morrendo de vontade de
perguntar a
Jett se ele está usando
esteroides ou se é muito exercício.
Também deve ser naturalmente
dotado.
- O que vocês estão fazendo,
nerds?
- Só porque nós estudamos, não
significa que nós somos nerds. Além
disso, nerds são os que dirigem este
país. Quem poderia levar o mundo a
beira do desastre? Os Hackers da
informática. - diz Jett. Ele tem um
ponto.
Javier apenas balança a cabeça.
- Acredite no que quiser. - Ele
está vestindo uma camiseta e calças
de treinamento de tecidos moles que
fazem ruídos quando ele anda. Ele
está brilhando de suor também.
Deve ter acabado de sair do ginásio.
- Você está tão cheio de merda,
Javi. Acontece que eu sei que você
tem boas notas. - Os olhos de Javier
se arregalaram e então ele olha ao
redor e se inclina sobre a mesa.
- Shh, não deixe que isso se
espalhe por ai. Pode arruinar a
minha reputação.
- Você não sabe? Ser Inteligente
agora é sexy. - disse. Eu sempre
achei sexy ser inteligente, mas o
resto do mundo descobriu a pouco
tempo.
Javier apenas ri e balança a
cabeça.
- Então, eu queria saber se
vocês, vadios dos livros, gostariam
de sair e fazer algo divertido para
variar. Eles não checam identidades
na pista de boliche e servem grandes
porções de Jelly Shot (gelatina com
Vodka). - Ugh. Eu detesto Jelly Shot.
Isso me faz vomitar. Deve ser a
textura, não importa o sabor. E
também acho boliche irritante. Mas
não quero me indispor com Javier e
disse que iria sair em público.
Portanto, parece que esta é a nossa
chance. Espero que eu possa consiga
convencer alguma das meninas ou
até mesmo todas, para vir comigo
como suporte e aliviar meu
sofrimento. Gostaria de saber se
Javier vai levar a menina com o
vestido não-vestido que conheci na
primeira noite. Eu prefiro não vê-la
novamente.
- Sim, soa muito legal. - eu digo.
- Estou dentro. - diz Jett, sem o
seu entusiasmo habitual. Mas Javier
não nota.
- Fantástico. Agora se você
pudesse levar algumas de suas
adoráveis amigas solteiras, isso
ficaria ainda melhor. Eu vou
encontrar alguns amigos e todos nós
vamos ter um grande momento. - Ele
vira a cabeça quando um cara, com
o mesmo biótipo e suado como ele,
o chama pelo nome e ele o
cumprimenta.
- Tenho que ir. Vejo vocês dois
mais tarde. - Jett recebe um tapa nas
costas e eu recebo uma piscadela.
- Tem certeza que você está
pronta para isso? - Jett me pergunta,
depois que Javier sai.
- O quê, você está com medo
das minhas perigosas habilidades no
boliche?
- Estou tão cheia de neura, mas
Jett não sabe disso.
- Oh, princesa, tenho
movimentos no boliche nunca vistos
antes. - Muito arrogante?
- Tanto faz. Eu vou limpar o
chão com você, namorado de
mentira.
- Isso é o que você diz,
namorada de mentira.

Acontece que todos os meus


amigos querem vir. Quem diria que
boliche fosse tão popular? Com
sapatos gastos e dedos enfiados nos
buracos de uma bola, onde outras
pessoas enfiaram seus dedos
nojentos, também. Não é minha ideia
de diversão, mas serve para nos
verem juntos, eu espero. Além disso,
eu realmente quero ver se Jett vai
cumprir tudo que prometeu em seu
discurso. Aparentemente, ele parece
competitivo. Outra coisa a
acrescentar à lista que fui
compilando, coisas que eu aprendi
sobre Jett. É estranho para um cara
tão desencanado como Jett, mas
acho que tem algo a ver com Javier.
Talvez tenham uma aposta secreta
que eu não saiba. Quem sabe? Os
rapazes são um mistério.
Eu concordo em ser o motorista
da noite e usar como desculpas para
recusar todo Jelly Shot que me
oferecerem. Jett está no banco do
passageiro e tenho Hazel, Cass e seu
namorado, Boyd.
Como a maioria das outras
coisas em uma cidade universitária,
o boliche é algo popular entre os
estudantes universitários. Eu me
sinto mal pelos moradores de
Hartford que não são estudantes
universitários, mas eles sabiam onde
estavam se metendo quando se
mudaram para cá.
Temos um grupo muito grande,
Jett, Hazel, Cass, Boyd, Jordyn,
Tanner, Dayse, Javier e os dois
caras que ele trouxe, Marty e Skye.
A primeira coisa que percebo são os
sapatos, depois que ficou resolvido,
pagamos por nossas pista. Somos
barulhentos. Não quero dizer que
não existam falatório de outros
grupos de estudantes, mas nós
ganhamos em termos de volume. De
longe.
O maior culpado, sem nenhuma
surpresa, é Javier. Parece que gosta
de uma plateia. Ele está sempre
"ligado". Tomando para si o cargo
de líder do grupo, organiza e decide
que os meninos jogarão contra
meninas, e eu não gosto da ideia. Os
amigos de Javier são, nitidamente,
fãs de uma bebida forte e isso pode
funcionar contra eles. Pelo menos
conto com isso.
Quando conseguimos nos
acomodarmos e colocarmos nosso
nomes no computador, Javier
organiza uma festa para ir buscar
comida e bebidas. Jett apenas olha
para mim e encolhe os ombros.
- É melhor você não sabotar pra
deixar seu namorado ganhar. - diz
Hazel. -
Os rapazes são horríveis quando
ganham. - O resto das meninas
assentem com conhecimento de
causa. Sim, eu sei. Só porque eu
nunca tive um namorado, não
significa que seja ignorante do sexo
oposto. Quero dizer, eu tenho um
namorado de mentira agora. Eu sei
disso.
- Sem misericórdia, senhoras.
SEM MISERICÓRDIA. - Unimo
nossas mãos e damos um grito de
guerra. Os meninos zombam, mas
eles não sabem o que está por vir.
Está decidido.
Capítulo onze

Eu posso acrescentar "Jett é um


jogador incrível" à minha Lista de
Jett.
Como realmente é bom. Ele
obteve três Strikes em uma fileira.
Enquanto eu consegui duas bolas na
calha e um semi-strike. Nada do
outro mundo.
Mas as outras meninas estão
fazendo todo o trabalho e estamos na
frente com uma pequena margem. A
força de Javier tem lhe conseguido
dois Strikes e um semi-strike, mas
eu tenho uma tendência de jogar com
muita força e errar o alvo. O mesmo
acontece com Marty e Skye. Além
dos pontos que estão sendo
negociados, há um inferno de
palavras ofensivas. A maior parte é
com intuito de provocar e com isso
estamos conseguindo a atenção de
outros grupos mais silenciosos.
Hazel se levanta e consegue
fazer um strike e desfila lentamente
provocando os rapazes, logo volta a
se juntar a nós batendo nossas mãos
em comemoração.
- Nós não podemos deixar isso
acontecer, podemos rapazes? - É a
vez de
Javier. Ele se levanta, pega sua
bola e a beija, eu acho que é
nojento. Quem vai saber onde a bola
esteve? Então sussurra algo, segura
a bola na frente, dá um passo à
frente e joga com um movimento do
pulso.
Os pinos caem no chão e Javier
levanta as mãos em vitória. Os
rapazes urram em celebração. Todas
nós o vaiamos e jogamos coisas
nele. Estamos ainda mais
barulhentos depois de várias
bandejas de Jelly Shot consumidos.
Eu juro, eu sou como, contato
bêbado. Conforme o jogo avança, os
fluxos de álcool, a gritaria ficam
mais alto e o flerte e a conversa
ficam mais evidente.
Ambos, Marty e Skye, estão
interessados em Hazel, mas ela não
está dando-lhes nem um pouco de
atenção, ou talvez ela esteja se
fazendo de difícil para conseguir. Eu
vou ter que perguntar a ela mais
tarde. Ela é tão boa no que faz, às
vezes é difícil para mim dizer se é
genuíno. Jordyn não pode deixar de
dar a Tanner olhares arregalados de
aviso, mas ele estava um pouco
distraído com uma menina do outro
grupo que estava lhe dando
confiança. Isso é um desastre prestes
a acontecer. Cass continua olhando
para Boyd e vice e versa, ele é
muito tranquilo quando se trata de
falar. Na verdade, ele mal disse três
palavras. Forte e silencioso.
E Jett. Oh, Jett. Se Alguém pode
ser sexy jogando boliche, esse
alguém é ele, o menino com as
tatuagens de dragão.
- Você o deseja. - disse Hazel
em meu ouvido, enquanto eu assisto
Jett suavemente fazer outro strike.
Estive tão distraída com ele que a
voz de Hazel me fez pular de susto.
- Eu não posso evitar.
- Ele é muito sexy, se você gosta
desse biótipo. Eu gosto de um cara
com um pouco mais de carne, você
sabe o que quero dizer. - Paro de
olhar pra Jett quando ele se senta
novamente.
- Ele tem muita carne. Não há
nada de errado com ele. - Com
certeza, eu não a sua carne, mas eu
tenho certeza que está bem. Pelo
menos eu espero que esteja. Eu
tenho certeza que vou amar sua
carne, digo, a carne que se refere.
Hazel ri.
- Mas a sua carne é a única
carne que você teve. Você tem que
provar muita carne diferente para
descobrir qual é a melhor. Como
você pode julgar a carne se só teve
um tipo?
- Eu estou bem com a sua carne.
- Essa conversa está ficando um
pouco complicada para mim.
- Você diz isso agora... - ela se
detém.
- Ok, podemos parar de falar
sobre carne? - digo, sendo ignorada.
- Que papo é esse sobre carne?
- Diz Jordyn, finalmente tirando os
olhos de
Tanner. Ela propositadamente
tem ignorando Tanner e seus olhares
indiscretos.
- Como é a carne de Tanner?
Agradável e suculenta? - Jordyn
parece escandalizada e depois sorri.
- É perfeitamente suculento. -
Ugh, isso se tornou uma conversa
nojenta, quero dar um jeito de sair
fora desta conversa.
Felizmente, chegamos ao final
do jogo e a vitória do Time
Feminino e com isso finalizamos a
conversa sobre carne. Nós
decidimos terminar com o boliche
(já que os meninos estão com seus
egos feridos), mas nós não estamos
prontos para ir pra casa, então
vamos para o bar, onde o barman
não parece perceber se alguém é
menor de idade ou não. Ou talvez
ele simplesmente não se importa.
Provavelmente é um mal negócio
pedir a identidade de alguém. Eu
não teria nenhum cliente. Seja como
for, não é problema meu.
Eu pedi uma bebida e a tomei de
um gole só. No momento em que
tivermos que irmos embora, devo
estar bem.
Javier está bêbado de novo e
começou a cantar junto com a
música que está tocando no bar.
Realmente não posso dizer o porquê
está gritando e acabando com a letra
da música. Ele sobe em uma mesa e
fica em pé, para grande
descontentamento do barman que
grita com ele para descer antes que
tenha algo quebrado em sua
propriedade. Relutantemente Javier
desce e Jett coloca seus braços ao
redor de meus ombros.
- Ei, princesa. Teve um bom
tempo? - Eu me viro e beijo sua
bochecha. Estou me sentindo super
carinhosa neste instante.
- Eu tive e você? Mesmo
perdendo sua virilidade nos
entregando o jogo? - Oh, pressão.
- Comporte-se. - ele disse,
apertando meu nariz. - Vamos
conseguir da próxima vez. Agora
temos contas pendentes e reputações
em jogo. Vamos ganhar de vocês.
- Tem certeza?
- Eu nunca brinco quando o
assunto é boliche. É um negócio
sério.

Fomos praticamente expulsos do


boliche, pudera, eles fecham as
02:00 da manhã. Todos, menos eu e
Jett, estavam completamente
bêbados e prontos para desmaiar.
Bem, todos, exceto nós e Javier. Ele
é o único bêbado que não desmaiou
ainda.
Jett e eu levamos todos de volta
aos seus respectivos apartamentos
porque, todos sem condição alguma
de dirigir, depois voltamos para a
minha casa. Hazel murmura duas
palavras e vai para o quarto dela.
Jett não bebeu durante toda a noite e
por algum motivo, não estou
cansada. Acho que estou no meu
segundo bocejo ou algo assim. Eu
provavelmente vou estar acordada a
noite toda e, em seguida,
adormecerei só pela amanhã.
- Você quer ir pra cama? - Diz
Jett, esticando os braços. Ele tem
essa mania.
Eu gosto porque sua camisa
sobe e posso ver seu abdômen. Só
gostaria de poder ver mais de tudo
isso.
Qualquer dia desses, vou
conseguir ver por inteiro. Temos
uma regra tácita sobre camisas e
shorts serem necessários para
quando dormimos no mesmo quarto.
Se não fosse algo do tipo “dois
pesos duas medidas”, teria dito a
Jett que deveria ficar sem camisa,
mas depois ele diria que eu deveria
ficar sem minhas calças de pijama e
não chegaríamos a lugar nenhum. Eu
poderia brincar com esse argumento
na minha cabeça, sem fazê-lo em voz
alta.
- Eu não estou tão cansada, mas
podemos ir para a cama, se você
quiser.
- Não, se você quiser ficar, tudo
bem. Assistir a um filme ou algo
assim? -
Esta é uma das nossas coisas
favoritas a fazer quando estamos
juntos. Parece que temos os mesmos
gostos em filmes.
- Eu poderia cair no sono. Que
tal algo que já tenha assistido, então
eu não perco nada? - digo, enquanto
nós vamos para o meu quarto para
vestirmos nossos pijamas. Eu parei
de usar os feios. Ok, então eu saí e
comprei alguns. Shorts combinando
com as camisetas. Fofos e lindos e
com o logotipo do Batman sobre
eles, outros com palavras
engraçadas estampadas e um que até
mesmo tem um par de porquinhos.
Imaginei que Jett poderia gostar
deles, então estarei usando-os esta
noite.
é Você escolhe. - Estamos
negociando quem vai escolher o
filme que assistiremos. Eu escolhi
na vez passada e o fiz assistir Crazy,
Stupid, Love. A razão é porque era
muito engraçado e tinha Steve
Carell, mas na verdade, eu queria
ver Ryan Gosling sem camisa. Se eu
não posso ver Jett sem camisa, Ryan
é a segunda melhor opção. Para
morrer.
- Uh, Garotas Malvadas.
- Espere, você está escolhendo
Garotas Malvadas? Você gostou
tanto assim?
Ele dá de ombros, pega o
pijama e vai para o banheiro.
- O quê? Tina Fey é um gênio.
Sim, ele é o cara perfeito. Estou
com ciúmes.

Uma hora mais tarde, eu estou


no meu pijama de porquinhos e Jett
está vestindo uma camiseta sem
mangas e short, estamos encolhidos
no sofá. Ele continua tentando fazer
cócegas em meus pés e eu continuo
ameaçando chutá-lo no rosto. Quanta
confusão para tentar ficar quieto.
Pobre Hazel. Espero que esteja
embriagada o suficiente e que já
tenha desmaiado.
- Sério, para com isso. - eu
peço, quando tenta, de novo, fazer
cócegas nos meus pés.
- Seus seios sentem quando vai
chover? - Ele pergunta, citando o
filme, enquanto eu mudo de posição
de forma que ele não alcance meus
pés.
Eu olho para as meus seios.
Eles são bonitos, mas não são assim
tão impressionantes.
- No. Eu não acho que eu tenho
ESPN.
- Trágico.
- Tenho essa cruz para carregar.
Suas mãos começar a brincar
com o meu cabelo, enrolando-o em
torno de seus dedos. É uma sensação
muito, muito boa, então me dou
conta que esse é um contato físico
que faz muito tempo que não tenho
com outra pessoa. Meus pais nunca
foram de abraços e era mais certo
que meu irmão fosse me socar do
que me abraçar. Hazel é mais
afetuosa, mas é diferente com Jett.
Eu fecho meus olhos e suas
mãos começam massageando meu
couro cabeludo.
- Eu não vou ficar em apuros
por isso, vou? - Ele pergunta
calmamente.
- Só se você parar.
Foda-se as Regras nesse
momento. Eu estou gostando disso.

Jett acaba me carregando para a


cama de novo, eu adormeci com ele
fazendo cafuné em minha cabeça.
Mas desta vez ele deita ao meu lado
e me puxa em para o peito. Nós
dormimos de conchinha todas as
noites agora, não adianta, acabamos
enrolados como um nó pela manhã
de qualquer maneira. Todo. Único.
Momento.
Esta manhã (quase tarde, pra ser
honesta) acordei com algo
pressionando meu estômago e
quando percebo o que é, eu quase
empurro Jett para longe.
Pobre homem. Não é culpa dele.
Ele grudado em mim e sair dessa
situação vai ser pior do que
desarmar uma bomba. A chave do
problema é conseguir me mover
lentamente e com cuidado o
suficiente para que não acordá-lo.
Primeiro eu puxo meu braço de
debaixo dele, e depois, lentamente,
começo a puxar as pernas. Se
conseguir me virar de costas, então
eu vai ficar tudo bem. Eu acho.
O menor movimento que faço, é
o suficiente, pra que seus olhos se
abram de repente e travem com os
meus.
Olá, esse é o momento mais
constrangedor de todos os
momentos.
- Bom dia. - eu digo, meus olhos
vibrando como se eu tivesse
acabado de acordar. Estendo meus
braços para cima e bocejo. O
maxilar de Jett está fechado e sei
que ele está se perguntando se eu
tenho conhecimento sobre seu
amiguinho.
- Bom dia, princesa. - disse
cautelosamente. Eu apenas sorrio e
espero que ele aja naturalmente.
- Estou morrendo de fome. Quer
tomar café da manhã? - Nunca
acordo de bom humor, mas espero
que minha “alegria” desta manhã
sirva pra que ele não note meus
sinais de alerta. Ao sair da cama,
tenho o cuidado de não abaixar
muito as cobertas e então corro pra
cozinha.
Não ouço nada vindo do quarto
de Hazel. Ela provavelmente vai
desmaiada por mais algumas horas.
Preparo o café da manhã em
alguns minutos antes de Jett se juntar
a mim. Evito olhar em sua direção,
enquanto se dirige a cafeteira em
busca de café.
- Eu odeio chegar em casa altas
horas da noite, porque eu fico mal o
restante do dia. Levo pelo menos
dois dias para me recuperar da
saída. Juro, eu sou como uma
velhinha. Eu gostaria de não
precisar dormir.
Balbucio enquanto preparo a
massa para waffles.
Um dos meus presentes
favoritos de Natal, que Hazel tinha
me dado ano passado, foi uma
máquinas de waffles que tinha forma
de pinguins, e a uso tanto quanto é
possível.
Eu não gosto de waffles puro,
por isso estou fazendo waffles
caramelados de maçã. Jett ainda não
os provou e meio que quero dar-lhe
algo delicioso para compensar o
fato dele não poder dar atenção
devida a seu pênis, esta manhã.
Eu tenho que parar de pensar
nisso. Graças a Deus eu não tenho
que lidar com uma porcaria como
essa. Sério, eu estaria andando o dia
todo com uma ereção. Uma pequena
parte de mim, está se remoendo cada
vez mais, querendo saber dele se
estava pensando em mim. Mas isso é
estranho. E muito egocêntrico.
Quero dizer, antigamente, se
cobriam as perna das mesas porque
achavam que excitavam os homens
ao relaciona-la com as pernas das
mulheres. Que ridículo.
- Você precisa de ajuda? - Estou
tão distraída com pensamentos em
Jett e pernas de mesa que eu meio
que esqueci Jett ao meu lado.
- Você poderia pulverizar a
máquina de waffle e ligá-la? - Eu
bato a massa na tigela para tirar os
caroços e não mistura-los. Tem que
ser tirado assim, porque não
desmancham.
Jett toma cuidado para não me
tocar, tentando manter pelo menos
uma distância de um metro em torno
de mim, que não violo. Muito
diferente de ontem à noite, quando
estava tão dentro da minha bolha que
não tinha como chegar mais perto do
que estava. Enquanto tudo estivesse
... bem. .. na minha bolha.
Eu tenho que parar de pensar
sobre isso.
Ele me serve de uma xícara de
café, com canela e noz-moscada, que
é algo que só posso fazer em casa.
Amo o fato dele saber como eu
gosto do meu café.
- Obrigada. - digo pegando a
xícara que oferece. Nossos dedos
tocam e eu os encolho.
- Algum problema? - Isso não
pode continuar a ser ignorado.
- Não. Apenas cansada da noite
passada. - Ele me dá um sorriso
tenso que parece doloroso e vai
pegar sua xícara antes de se sentar à
mesa.
- Sim, eu também. - As coisas
estão um pouco tensas, então eu ligo
uma música, mas mantenho volume
baixo para que não acorde Hazel.
“Tudo Mudou" de Taylor Swift e Ed
Sheeran toca. Eu quase rio de como
é irônico. Os olhos de
Jett não são verdes, como os da
letras, mas praticamente todo o resto
é certeiro. Esquisito.
Eu cantarolo um pouco enquanto
espero os primeiro waffles pinguins
ficarem prontos. Jett parece beber
seu café perdido em pensamentos.
Eu não quero incomodá-lo, então eu
apanho nossos pratos.
Os waffles estão prontos e eu os
sirvo. Jett encharca o seu de calda,
mas eu sou um pouco mais
conservadora do que ele é. Eu gosto
de sentir o sabor dos meus waffles.
Comemos em silêncio, exceto pela
música e eu quase não posso
suportar isso. Estou tentando pensar
em algo para dizer, para iniciar uma
conversa neutra, mas não consigo
pensar em nada. Jett termina o
silêncio para mim.
- Eu não sei se eu posso
continuar com essa situação. - Ele
está olhando para o seu café e
mexendo o restante da calda com o
garfo.
- Você vai usar a palavra de
segurança? - Meu coração se aperta
em pânico. Eu só estive nessa
situação, tão assustadora, apenas
algumas vezes na minha vida.
Abre a boca e fecha, em
seguida, pega a xícara e toma um
gole. Sem saber o que dizer, eu só
fico sentada ali e espero
aterrorizada. Isso não pode estar
acontecendo.
Pode o seu coração parar de
bater? Eu acho que o meu sim, só
por um momento.
Jett está olhando para mim e eu
não posso ajudar, só olhar de
encontro aos seus. Eles estão
procurando, procurando, tentando
encontrar alguma coisa em mim.
Acho que sei o que ele está
procurando, mas eu quero
desesperadamente que ele encontre.
Meu coração para de novo antes
dele dizer: - Não. Esquece. - E
então, eu recebo um sorriso genuíno.
Meu coração começa a bater
descontroladamente, como se
estivesse tentando compensar o
tempo parou.
- Você quer um pouco mais de
waffles? - Levanto-me e levo nossos
pratos. Não tinha colocado mais
massa na máquina, caso não
quiséssemos mais.
- Sim, mais pinguins, por favor.
- Quero aliviar um pouco da tensão
e então caminho até a mesa imitando
um pinguim e nos sirvo com mais
waffles. Sou recompensada com
gargalhadas alegres de Jett e depois
ouço um gemido vindo do quarto de
Hazel. Jett coloca a mão na boca
para mantê-la fechada e eu paro de
agir como um pinguim.
- Merda. - eu sussurro, quando
Hazel emerge de seu quarto.
O termo "Completo Desastre"
cai como uma luva, para o estado em
que ela se encontra no momento.
Manchas de rímel, cabelo
desgrenhado, a mesma roupa da
noite anterior, que ela não se
incomodou em trocar, massacrada,
marcas de travesseiro no rosto.
- Você... repugnante. .. - Ela diz
e tropeça lentamente até a cozinha
com os braços para frente, como se
estivesse pedindo algo.
Rapidamente eu lhe sirvo uma xícara
de café. Ela fica diante da xícara,
como o homem das cavernas deve
ter ficado quando viu o fogo pela
primeira vez. Por um momento, ela
só respira-lo e então começa a bebe-
lo.
- Melhor? - pergunto, indo para
a máquina de waffle, colocando
mais massa, para outra remessa. Vou
fazer mais alguns, caso Hazel queira
mais tarde.
Ela despenca na única cadeira
vazia, então eu sou obrigada a
encostar-me no balcão. Ou seria
porque Jett se levanta e faz sinal pra
que sente em seu lugar.
- Eu tenho que tomar conta dos
waffles. Está tudo bem. - Ele se
senta novamente e Hazel ainda está
encantada com seu café. Ela vai
precisar de mais uma xícara de café
para se sentir humana de novo.
Provavelmente ela irá voltar para a
cama com intuito de dormir por mais
algumas horas, até sua ressaca
acabar.
- Sabe, acho que precisamos
comprar mais uma cadeira. - digo,
enquanto
Jett afoga seu pinguim em mais
calda.
- Você não tem que fazer isso. -
ele diz, mas não vou deixa-lo ficar
de pé toda vez que vier.
Nós terminamos o restante dos
waffles e Hazel volta para a cama.
Desde que eu estou dispensada de
comprar mais comida para Jett, que
lotam suas sacolas sobre o pijama,
vamos para a loja de segunda mão
para conseguir uma cadeira para
Jett, apesar de seus protestos. Como
um compromisso, ele dirige.
- Ok, então já que você é a
pessoa que vai usa-la a maior parte
do tempo, acho que deveria começar
a escolher. - Jett espera enquanto
reúno as três candidatas para o
julgamento.
- Aqui, a informação que temos
da cadeira número um: É uma
linda... cadeira de mogno com
muitas...características de madeira.
Além disso, tem quatro pernas, para
que você não caia. - apresento-lhe,
fazendo uma mesura com o braço.
- Bem, essa é uma perspectiva
impressionante. - diz ele, batendo
palmas.
- Informação que temos da
cadeira número dois:. É do
início...do período psicodélico e é
pré-enferrujada para o estilo
moderno. - Ele aplaude a segunda.
- Outra opção sólida. Isto não
vai ser fácil. - ele diz.
- Oh, mas espere. Há mais uma
candidata. - Eu apresento a terceira
cadeira.
- Esta pequena beleza vem de
um local exótico, Topeka – Kansas,
tem um belo acabamento e foi
costurada manualmente para dar
aquele toque rústico. - Caso ele não
tenha notado, a terceira cadeira é
minha favorita. Ela combina melhor
com as outras duas que já temos e é
a menos desgastada das três.
- Bem, são todas as opções
sólidas. - Jett caminha de um lado
para o outro na frente das cadeiras. -
Você fez boas observações sobre
todas elas. - Ele bate no queixo,
pensando.
- Mas eu acho que eu vou
escolher cadeira número três. - Ele
coloca as mãos sobre ela e desta vez
eu bato palmas.
- Bom. Era essa que eu estava
esperando que você escolhesse.
- Sim, as suas sugestões foram
muito sutis.
- Bem, o que você está dizendo?
Experimente. Você realmente não
pode escolhe-la sem experimenta-la.
- Ele concorda e se senta
suspirando.
- Sim. Esta é a escolhida. -
Decido que ele não pode
experimentá-lo sem mim, então me
sento em seu colo.
- Perfeito. Eu gosto desta
cadeira. - Eu me inclino e dou-lhe
um beijo.
-Eu também. - Escuto uma
mulher suspirar sobre o "amor
juvenil" não muito longe de nós.
Sim, eu tenho certeza que somos
repugnantes. Eu mesma não seria
capaz de me suportar.
Depois de escolhermos a
cadeira, passeamos pela loja,
elegendo os itens mais estranhos e
bizarros. Jett me obriga a
experimentar a camisa mais horrível
que já existiu, feita em uma máquina
de tricô. É verde exército, manchada
com bolas laranja sobre ela e
estampada com o rosto horroroso de
um gato gigante na parte de trás. Eu
o obriguei vestir uma camisa
horrível no mesmo estilo e que
parece com a mesma que Bill Cosby
poderia ter usado na época que
andava drogado. Tiramos fotos de
nossos celulares, e terminamos
comprando-as, para festas de
suéteres feios, que as pessoas estão
sempre fazendo.
Jett me convence a comprar uma
xícara de cerâmica, que tem a forma
de um urso que está correndo. Não
soa mal, mas está mal pintado e os
olhos são tão grandes e tortos, ele é
vesgo.
- Você não se sente mal por ele?
Ele está apenas sentado aqui, sem
ninguém que o compre. - diz Jett,
pegando o urso e fazendo beicinho.
Ele poderia fazer qualquer coisa
comigo usando aquele beicinho.
Qualquer coisa.
Em represália, eu o faço
comprar um guarda-chuva
estampado com porcos brincando
em poças de lama.
- Todo mundo precisa de um
guarda-chuva. Você conhece o
ditado.
- Do que está falando?
- Que todo mundo precisa de um
guarda-chuva. - Ele balança a
cabeça negativamente, mas acaba
comprado de qualquer maneira.
Antes que gastemos mais dinheiro
do que não temos em qualquer outra
coisa que não precisamos,
Jett paga as blusas e o guarda-
chuva e eu pago pela cadeira e a
caneca urso.
Colocar a cadeira em seu carro
é algo interessante, mas finalmente
consegue. Jett está sorrindo à
medida que fecha o porta-malas.
- O que é isso? - pergunto.
- Nada. Estou apenas... feliz.
- Eu também.
- Você me faz feliz.
- Te digo o mesmo.
Algo no meu estômago gela,
estou com um pouco de medo. Mas
eu não estou tão assustada. Estou
dizendo a verdade sobre a parte
feliz. Eu não ria tanto ou fui
assim....tão livre que não me lembro
desde quando. Isso provavelmente
não é uma boa coisa.
Eu tento ignorar enquanto Jett
liga o rádio, à procura de uma boa
estação. Finalmente coloca em uma
estação que toca de tudo e no
momento está tocando
"Punk Rock Princess -
Something Corporate” e saímos do
estacionamento. Eu adoro essa
música, e parece que Jett também, já
que ele está batendo no volante, no
ritmo da música.
Uma vez que voltamos para o
meu apartamento, enquanto Jett traz
a cadeira e eu encontro um lugar
para a caneca de urso. Eu não posso
esperar para ver a reação de Hazel.
Ela provavelmente vai dizer para me
livrar dela. Ela tem esse medo
estranho de objetos inanimados que
são feitos para parecer como coisas
reais. Ela morre de medo de
bonecas. Como se fossem vir a vida
e matá-la enquanto está dormindo ou
algo assim. Sim, eu sei, mas todos
nós temos nossas peculiaridades.
Jett coloca a cadeira no chão e
depois senta-se na mesma.
- Perfeito.
Pego algumas das centenas de
canetas que temos e as coloco na
caneca urso. Espero que isso não
assuste muito Hazel.
- Ugh, eu tenho dever de casa
para fazer. - digo. Eu ainda tenho
algo pra estudar para o meu teste.
- Lição de casa é algo estúpido
- ele diz, dando um tapinha em seu
colo. Então me sento ali e ele coloca
seu braço ao meu redor. Eu
costumava achar que fosse quebrá-
lo, sentando em cima dele, mas ele
não parecia se importar.
- Eu concordo. Mas tem que ser
feito. - Ele suspira e enterra a
cabeça no meu ombro.
- Eu deveria ir para casa e ver
como Javier está. Me assegurar de
que ele foi para cama e não
desmaiou no capô de um carro na
garagem. - Quase amuo quando
percebo que vamos estar separados,
mas seguro minha onda.
- Então, eu vou te ver hoje à
noite? - digo, fingindo que não é
grande coisa ficar sem ele por
algumas horas. Realmente, não deve
ser um grande negócio. Eu posso
ficar sem ele. Eu só... não quero.
Eu não sei mais quem eu sou.
- Vou te enviar uma mensagem
antes de eu vir. Vou trazer pizza. -
Ele me dá um beijo rápido e eu
quero mais, então me levanto e o
deixo ir.
Capítulo doze

Como Jett previu, recebo um 94


no meu teste da semana passada e
depois de estar na cozinha com a
caneca de urso por uma hora, Hazel
me faz guardá-la em um armário e
prometer-lhe nunca usa-la à noite.
Ela está em um dia ruim, percebo
seu esgotamento quando ela retorna
de um dia inteiro de aula.
- Quer um pouco de café? - Ela
deixa cair sua bolsa ao lado da
porta, se joga em uma cadeira e
deita sobre a mesa, com seu rosto
pra baixo.
- Lembre-me por que eu queria
ser uma advogada? - empurro uma
xícara de café fumegante em sua
direção e ela levanta a cabeça.
- Porque você vai ficar fabulosa
em uma saia lápis e você gosta de
dizer às pessoas o que fazer. - Ela
me dá um olhar e bebe o café,
suspirando de prazer.
- Ambas as coisas pode ser
verdade, mas não são as únicas
razões. Estou tão cansada, que
droga, não me lembro o que fazia
para não chegar a esse ponto.
- Não a tenho tratado tão bem
ultimamente, ela sempre esteve ao
meu lado quando não havia mais
ninguém e nada pode mudar isso.
Posso mudar meu tratamento.
Matando-a com bondade.
- Beba. Vou fazer o jantar e em
seguida assistiremos um filme. Você
escolhe. Vou massagear seus pés,
você pode me contar qualquer coisa
que você queira e eu não vou falar
do cara com quem estou saindo ou
qualquer coisa relacionada a ele.
Esta é uma noite sem pênis. - Hazel,
finalmente, dá um sorriso e bebe o
resto do café.
- Obrigada, Shan. - Ela se
levanta e me dá um abraço. - Você é
a melhor.
- Então, eu sinto que estou
cercada por idiotas. Sério,
simplesmente não se importam. Eu
duvido que alguma vez passem do
Bar. Provavelmente usam o dinheiro
do papai para matar o tempo, antes
de começarem a trabalha nos
negócios da família. Ugh. Eu odeio
essa gente. - Ela tira o pé direito das
minhas mãos e me dá seu pé
esquerdo. Derramo um pouco mais
de creme hidratante nas mãos e
começo a massagear. Algumas
pessoas têm problemas com os pés,
mas eu não sou uma dessas pessoas.
- A maioria deles são horríveis.
- Sim, às vezes as pessoas boas
podem ser horríveis. - eu disse,
dando-lhe um olhar.
- Às vezes podem.
Hazel termina a tigela de chili
que fiz para ela e a coloca sobre a
mesa de café, O apresentador fala ao
fundo. Ela acende um cigarro,
prometendo-me que é "apenas para
desestressar." É a sua noite, então
deixei passar. Também não
perguntei se ela sabia alguma coisa
sobre as meninas me questionem
sobre Jett. Essa conversa nunca
aconteceu.
- Eu realmente preciso fazer
sexo. - diz ela, de repente. - Você
tendo sexo o tempo todo está me
fazendo querer tê-lo o tempo todo. -
Certo. Porque eu faço sexo o tempo
todo.
- Isso é uma dica para eu te
comprar um vibrador? Porque não
vou deixar você usar o meu
emprestado. Somos próximas, mas
nem tão próximas assim. - Isso é
desagradável.
- Não, eu não estou pedindo seu
vibrador emprestado. Plástico não é
a minha praia. Preciso de um homem
suado e quente. Só um cara para me
agarrar e sair comigo. Algum tipo de
sexo animal. Você sabe? - Sim,
porque eu faço sexo o tempo todo.
- Por que você não vai procurar
alguém em um bar? - Se foi bom o
suficiente para mim, é bom o
suficiente para ela.
- Eu já fiz isso. A maioria dos
caras, ou estão muito bêbados para
continuar ou são ruins nessa
categoria. Eu quero um homem que
me satisfaça. Alguém que conheça a
arte de fazer amor e apertar os
botões certos. Eu acho que Jett
conhece todos seus botões agora. -
Ela meio que me olha quando ela diz
a última parte.
- Sim, ele é bom. - me viro
deixando um ar misterioso e
sonhador, como se eu não quisesse
compartilhar todos os detalhes. -
Mas eu não estarei falando dele.
Esta noite é livre de pênis.
- Não posso evitar. Preciso de
um pouco de pênis em minha vida.
Ainda que, o que está acontecendo
com você seja algo muito legal,
sinto como se não te vejo a muito
tempo. Quem poderia imaginar que
no dia em que tomei suas chaves e
disse-lhe para ficar com alguém,
você encontraria um cara como Jett?
Estou muito feliz por você, Shan.
Parece que ele é dos bons, só sinto
muito pela forma como o conheceu.
- Ele é um dos bons. - Não tem
ideia. Deixo outro comentário.
- Eu quero encontrar alguém
como ele. Com mais carne. - Oh,
aqui vamos nós, de novo, com a
conversa sobre carne.
- Vou estar à procura.
- E quanto a colega de quarto de
Jett? Javier. Gah, adoro dizer seu
nome.
Parece tão sexy quando
pronuncio. Javier. Javier. - Dou-lhe
um olhar. Ela pode ir em frente e
arrumar quem quiser, mas gostaria
de avisa-la pra ficar longe de Javier,
apesar de seu nome sexy. Meninos
como ele não são nada mais do que
problemas. Eu não preciso ter
nenhuma experiência de namoro
para saber disso. Caras como Javier
entram em sua vida e a destrói e se
vão tão rapidamente como
chegaram, tudo o que deixam pra
trás são pedaços quebrados. Ou pelo
menos é o que suponho, baseada
pelo que tenho visto de seu
comportamento até agora.
Ele me lembra um pouco meu
irmão e o que costumava fazer com
suas namoradas. Elas ficavam
arrasadas depois. Não estou dizendo
que Javier é um cara mau. É apenas
quem ele é. A bola de demolição
humana.
é É uma possibilidade. - diz ela,
suspirando. - Mas acho que eu vou
ser mais seletiva neste momento.
Tenho me queimado muitas vezes no
passado. - Isso não é a verdade? No
ano passado tinha havido um desfile
de caras dentro e fora do nosso
apartamento. Uma noite, eu mesma
vi um cara entrar e na parte da
manhã sair outro completamente
diferente. Eu ainda estou tentando
descobrir o que aconteceu.
- Isso é provavelmente um bom
plano. - Nós começamos falando
sobre outras coisas e logo Hazel
estava dormindo. Consigo me
desvencilhar dela, cubro com um
cobertor e vou lavar os pratos.
Deus, eu espero que ela fique longe
de Javier.
- Sentiu minha falta? - pergunto
como uma namorada pegajosa e
necessitada, quando estamos na
cama naquela noite. Jett ri.
- Só um pouco. Javier não é tão
bonito como você e seu cabelo não é
tão bom. Bem, isso é verdade em
ambos os casos.
Conto-lhe sobre Hazel.
- Bem, ela não é a única pessoa
que está interessada. Ele tem me
perguntando sobre ela também. O
que acontece com Javi é que seu
interesse dura pouco. Dura o tempo
de uma saída e depois ele estará
procurando a próxima.
- Isso é meio nojento. - eu digo,
enquanto Jett acaricia meu cabelo.
Eu suspiro.
- Sei que não é a melhor
maneira de viver, mas ele não é um
cara mau, realmente. Ele tem feito
muito por mim e eu não sei onde eu
estaria sem ele. Foi o meu único
amigo em um período que não tinha
mais ninguém, sinto que devo a ele
por isso, então eu fico sempre ao seu
lado. Seu lado terno fica muito bem
escondido. O personagem que ele
montou é muito importante para ele.
- Grande surpresa.
- Você tem que trabalhar
amanhã? - Jett começou um trabalho
na cafeteria.
Pelo visto seu trabalho de
website design não está pagando o
suficiente para o manter na escola.
Nunca perguntei sobre sua
família, a não ser na primeira vez
quando ele me mostrou a foto de sua
irmã. Só posso supor que o fato de
não querer falar sobre seus pais, é
que já estejam mortos.
Provavelmente em algum acidente
trágico. Isso me deixa tão triste que
eu não posso nem pensar, quero que
ele compartilhe comigo para poder
abraçá-lo e cuidar dele. Mas não
quero tocar no assunto e eu não
quero pressioná-lo. Não é da minha
conta. Sou apenas a sua namorada de
mentira. Não sou real.
Mas eu quero perguntar-lhe algo
pessoal, então eu escolho outra
coisa.
- O que suas tatuagens
significam? - Acaricio da cauda do
dragão vermelho em seu braço. Está
me matando de curiosidade não
saber o que significa, mas não quero
me intrometer.
- Elas querem dizer um monte
de coisas, eu não tenho certeza se
realmente posso colocar em
palavras o que significam,
especificamente. Meu corpo é meu e
posso fazer o que quiser com ele.
Então, escolhi cobri-lo com tinta e
dragões e todos os tipos de coisas.
Será que isso faz sentido?
É. Sim, faz.
- Eu posso vê-los? - Não estou
pedindo para vê-lo nu, mas quase
parece. Jett me olha por um longo
momento, logo em seguida, ele senta
para poder tirar sua camiseta sobre
a cabeça. Eu quase ouço o rufar de
tambores na minha cabeça antes que
tire, definitivamente, sua camiseta
então volta a deitar-se para que eu
possa ver bem de perto. Eu me
inclino para trás de modo que possa
obter o efeito completo.
Impressionante. De tirar o
fôlego. A minha se foi e eu não sei
como obtê-la de volta.
O dragão vermelho cobre quase
todo peito, enrolando em torno de si,
com todas as garras e escamas de
fogo. O redemoinho começa atrás do
dragão no lado de seu ombro
esquerdo, e em seguida, cobre o
resto do braço. Meus olhos seguem
o resto das ondas, que finalmente
chegam no pequeno barco que está
flutuando nesse mar agitado.
Timidamente, eu contorno com um
dedo sobre o caos, eu entendo o que
isso significa, mesmo sem ter que
me dizer.
Ele está tenso, esperando meu
veredicto, ou aprovação. Não sabe
que já tinha.
- É lindo. - Ele é lindo.
Continuo seguindo o
redemoinho das ondas, ele vira, para
que eu possa ver as costas e o
dragão azul. É menos intenso do que
o dragão vermelho. Pacífico e
calmo. O fogo e a água. Yin e yang.
Eu poderia sentar e admira-lo o
dia inteiro, mas eu me sinto mal de
ficar ali comendo-o com os olhos.
- Você pode colocar a sua
camiseta, se quiser. - Parece uma
coisa estranha de dizer, então eu
desvio o olhar para longe quando eu
digo isso. Ele ainda está me olhando
por cima do ombro.
Depois de um momento de
silêncio, ele veste a camiseta de
novo e digo adeus aos dragões e
ondas em minha mente. Jett é muito
modesto para um homem ou talvez
ele esteja apenas tentando manter os
limites do Namoro de Mentira. Ele é
melhor nisso do que eu.
Os limites, mesmo os escritos,
estão se tornando cada vez mais
confusos em minha mente. Quero
dizer, nós temos passado por cima
da regra sobre contato físico
acidental, porque nós dormimos
juntos todas as noites. E gosto
quando me chama de princesa
quando estamos sozinhos. Há um
milhão de outras pequenas violações
de regras a cada dia e eu ignoro
totalmente, porque eu não me
importo mais. Eu estou me
divertindo muito ser uma namorada
de mentira.
- Obrigada por compartilhar
isso comigo. Sinto que deveria
mostrar minhas tatuagens, mas eu
não tenho nenhuma. - Ele está de
volta ao meu lado, mas de bruços,
apoiado em seus cotovelos.
- Então, me diga uma coisa.
Algo que ninguém mais sabe. - Eu
desvio meu olhar para longe de seu
rosto e fixo o teto. Bem, há uma
coisa que eu poderia dizer a ele,
mas todos os meus amigos sabem
sobre a minha virgindade, de modo
que, na verdade, não conta.
Felizmente.
Então, o que eu posso dizer a
ele? Não pode ser algo vergonhoso.
Algo que vai fazê-lo pensar que eu
sou adorável e querer tirar a
camiseta de novo. O primeiro é
possível, mas o segundo
provavelmente não é. Ah, entendi.
- Tudo bem, quando eu tinha
sete anos, eu estava completamente
apaixonada por Batman. Eu
costumava assistir os desenhos
animados e filmes, ainda mais que
meu irmão. - Eu não acho que já
mencionei meu irmão para Jett
ainda. Oh bem.
- Ok, então eu estava obcecada
com Batman. Eu queria, mais do que
qualquer coisa, uma camisa do
Batman para usar, com o sinal de
morcego nele. Meu irmão tinha uma,
mas iria esconder isso de mim, se
gabava me deixando com mais
inveja. Então, eu pedia a minha mãe
para ter uma, mas ela dizia que
meninas não deveria usar camisetas
do Batman. Sim, eu sabia. Havia
uma razão para não falar com os
meus pais. Então ela me comprou
uma camiseta Disney
Princess, que estava bem, mas
eu queria uma camiseta do Batman.
Então eu decidi que eu teria uma,
não importava como. A próxima vez
que a minha mãe me levou para
comprar roupas, me escondi em uma
estante e esperei ela se distrair para
que eu pudesse correr para o
departamento dos meninos, peguei
uma camiseta do Batman, corri para
o banheiro, rasguei as etiquetas com
os dentes, a vesti sob minha outra
camiseta e sai como se nada tivesse
acontecido. Eles não tinham essas
etiquetas com alarmes na época. Ou
talvez eles simplesmente não o
tinham nesta loja. Só sei que passei
a usar a camiseta sob as minhas
outras roupas durante todo o mês.
Todos os dias. Ninguém percebeu,
mas eu não poderia colocá-la na
máquina de lavar, por isso a escondi
na parte de trás da minha gaveta. E
provavelmente está lá até hoje.
É uma história estúpida e não
tão grande, mas é uma daquelas
coisas que me pego pensando, por
vezes, e ninguém mais sabe.
- Então é isso. Agora que você
sabe da minha história de
cleptomaníaco com a camiseta do
Batman. - Jett sorri e pega meu rosto
e me dá um beijo.
- Você é a cleptomaníaco mais
doce que já conheci. E eu não vou
contar a ninguém. Seu segredo está
seguro comigo, princesa.
- Jura por Deus? - Eu digo.
- Juro por Deus. - diz ele,
fazendo o sinal em seu peito. Em
cima do seu dragão vermelho.
Espero que seu dragão também
guarde segredos.
Capítulo treze

- Para marcar a metade do


caminho. - diz Jett, enquanto
almoçamos no dia exato em que faz
duas semanas. Eu pensei que eu era
a única que estava obsessivamente
contando, então eu não queria fazer
um grande negócio sobre isso.
- Pelas duas semanas de sucesso
do Relacionamento de Mentira.
Como foi para você? - pergunto,
tilintando nossas taças de plástico.
- Eu acho que foi muito bem até
agora. Javier tem me deixado em paz
e seu apartamento é muito mais
agradável do que o meu. Além
disso, você cozinha melhor também.
- Não quando se trata de nachos.
- Isso é verdade. Eu sou
realmente bom em nachos.
- E em artes. Você me humilha
em artes. E dobrar papel. Você é o
melhor nisso também. E acho que
você é um mentiroso melhor do que
eu. - Ele é definitivamente um
mentiroso melhor do que eu. Isso foi
provado e comprovado várias vezes.
- Mas você é a melhor nos
waffles. E comprando cadeiras. E
roubando camisetas do Batman.
Falando nisso, eu tenho algo para
você como uma espécie de presente
de aniversário. - Ele puxa algo de
sua bolsa. É um presente
embrulhado no jornal da escola.
- Sinto muito sobre o embrulho.
O único papel que eu tenho é papel
de origami e são pequenos, não iria
adiantar. Eu ia amarra-lo,
mas...Enfim. Era isso ou papel
higiênico. Eu acho que você não
gostaria de papel higiênico.
- Você tem razão. - Eu pego o
presente e o abro lentamente. Eu não
quero agir como uma criança e
rasgá-lo desesperadamente. Algo
preto e macio surge, e eu percebo o
que é com bastante rapidez.
- Você é um idiota. – digo e
retiro uma camiseta do Batman. É
exatamente o meu tamanho. Deve ter
procurado em minha gavetas ou
olhado nas etiquetas de minhas
camisetas.
- Você está querendo me dizer
que não vai me dar um presente para
celebrar o nosso aniversário? As
meninas não amam essas coisas?
Levanto o olhar da camiseta e
olho pra ele e posso ver que está
brincando. E é melhor que esteja.
- Não sabia que estaríamos
trocando presentes. Você deveria ter
me informado de antemão. Eu acho
que nós precisamos adicionar as
regras. Quando presentes vão ser
trocados, o outro deve ser informado
para poder retribuir.
- Mas isso tira toda a
espontaneidade de dar presentes.
Além disso, eu não quero nada. -
Isso é bobagem. Todo mundo adora
presentes. - E você me comprou uma
cadeira. Isso é tudo que eu preciso.
Isso é verdade. Eu tinha lhe
dado uma cadeira. Talvez isso tinha
se convertido na camiseta.
- Você gostou? - ele perguntou.
- Eu amei loucamente. Nunca
mais vou tirá-la.
- Então, você tem uma camiseta
que tem o Batman e você vai usá-la
embaixo de todas as suas roupas? -
Eu sei que ele está parafraseando
uma citação de
Garotas Malvadas e eu adoro
isso.
- Esta vez, Batman me deu um
soco na cara. Foi incrível.
Nós dois rimos e eu abracei a
camiseta contra meu peito. Irei
vesti-la, logo que voltar ao meu
apartamento e irei dormir com ela
esta mesma noite.
- Tocando um assunto menos
divertido, eu acho que devemos
começar pensar sobre como vamos
acabar com isso. Acho que deveria
ser público, para maior impacto e
finalidade. Você não acha? - A
mudança de assunto me deixa como
tonta.
Eu não quero falar sobre o
término. Eu quero esperar até o
último momento possível, mas sei
que, no fundo, temos que planejar
isso. Não há nenhuma razão em
passar por esta farsa se não
pudermos acabar com isso de forma
convincente.
- Yeah. Isso soa muito bem. -
Não. Parece terrível. Eu odeio
confronto. Eu o evito a todo custo,
mesmo que isso signifique que eu me
trate como lixo. Mas isso não é real.
É uma Briga de Mentira. Eu posso
lidar com isso.
- Estava pensando que poderia
dizer algo estúpido e você ficar
chateada, depois gritar e então você
acabar com isso. Eu quero que você
saia por cima. - No meio da minha
depressão repentina sobre o nosso
Rompimento de Mentira, eu tenho
outro pequeno momento de
desfalecimento. Como posso dizer
adeus a ele?
- Você não tem que fazer isso.
Eu poderia dizer algo horrível.
Culpar a TPM e então você poderia
gritar comigo por isso, e depois eu
rompo com você. Por causa da
TPM. - Isso realmente vai funcionar,
essas coisa de ciclo.
- Não, acho que eu deveria ser o
idiota. Eu quero te dar um monte de
motivos para acusar-me quando se
reunir com suas amigas.
Provavelmente deveria começar a
ser um idiota agora, para isso não
vir do nada. Nós devemos ter pelo
menos uma ou duas brigas antes.
Você sabe, tornar convincente. - Ele
pensou sobre isso. E muito. Tenho
evitado tanto quanto posso. Eu sei
que ele tem razão, mas eu não quero
que tenha razão. Eu quero estar
falando sobre a camiseta do
Batman ou suas tatuagens ou
qualquer outra coisa.
- Soa-soa bem. - eu digo,
engolindo. Minha boca está seca. -
Então, quando você acha que deve
ser a nossa primeira briga? -
Devemos programá-la agora e
certificar-nos de todas nossas lutas
em público. Devemos escrever um
script, ou apenas deixar fluir? Ou
deveríamos dizer coisas comuns e
apenas fazer parecer que estamos
brigando? Eu não tenho nenhuma
ideia de como fazer isso. Sou
horrível com relacionamentos de
mentira. Eu sou aquela garota que
acolho um cachorrinho e depois não
consigo deixá-lo ir quando é hora de
devolvê-lo à sua família, para
sempre.
Exceto que Jett é muito mais
sexy do que um cachorrinho.
Cachorros não são sexy. Bem, eles
não devem ser, se você é uma
pessoa normal. Mas há,
provavelmente, um maluco por aí
que ache
- Devemos ensaiar? - Jett
pergunta, trazendo-me de volta para
o que nós deveríamos estar
resolvendo.
- Como, agora? - Eu não quero
fazer isso.
- Sim, agora mesmo. Por que
você sempre tem que ser tão difícil?
- Ele me dá uma piscadela, mesmo
sendo sua voz alta e o tom nada
divertido. Engulo um nó na garganta
e atuo com ele.
- Por que você está sempre
tentando controlar as coisas? -
Minha voz ecoa pelo local e
algumas pessoas se viram pra olhar.
Sua voz sobe. Uau, - Eu não
estou tentando controlar tudo, eu só
acho que devemos falar sobre isso
de uma forma calma e racional. - Ele
é bom. Se eu não soubesse o que
estava acontecendo, acho que nós
estávamos realmente brigando.
- Aqui vamos nós de novo, você
sempre me trata como se eu fosse a
louca. -
Eu pego minha bandeja e vou
em direção das latas de lixo, me
certifico se meus talheres e copo
estão separados em minha bandeja
para que possam ser lavados.
Jett está bem atrás de mim.
- Não se afaste de mim! - Ele
grita tão alto que quase todas as
conversas cessam. Ouvir a voz
severa de Jett é um pouco
assustador.
Dou a volta e decido se vai ou
racha.
- Eu vou fazer o que eu quiser!
Você não é meu dono! - Com isso,
eu volto a mesa, pego minha bolsa e
saio correndo. Me sinto bem, mesmo
não sendo real. Eu nunca gritei com
alguém em público antes. É uma
espécie de habilitação. Eu quero dar
um salto ou algo parecido. Então, eu
dou um salto.
- O que foi isso? - A voz de Jett
diz atrás de mim.
- Meu salto de vitória sobre o
meu namorado idiota que finalmente
teve o que mereceu. E em público,
não menos. Isso foi um salto da
vitória. Eu deveria ter feito o golpe
de punho como em Breakfast Club.
- Você deveria mesmo. Eu
pareci um imbecil. Espero que você
o derrube. - Ele se inclina contra a
frente do edifício.
Concordo com a cabeça
seriamente.
- Eu pretendo. - E então nós
dois sorrimos ao mesmo tempo e
começamos a rir.
- Acho que fizemos muito bem,
não é? - digo.
- Nos dariam o Oscar. Meryl
quem?
- Nunca ouvi falar dela. - digo. -
Mas, na verdade, não devemos
humilhar Meryl. Ela é incrível.
Ele rapidamente concorda,
mudando o tom. - Sinto como se
pudesse nos mandar para o inferno.
Retiro o que disse Meryl - Ele
clama aos céus. Isso me faz rir de
novo, e só paro quando Jett me
beija. A maioria dos nossos beijos,
recentemente, tem sido doces,
delicados e tímidos. Esse, no
entanto, não é.
Jett assume o controle de minha
boca, seus lábios e língua exigindo
mais de mim, tudo de mim. Oh, bem,
isso é novo. E acaba assim que
começa. Ele se afasta como se
estivesse surpreso do que tinha feito.
Eu estou... Eu não sei como estou
neste momento.
- Devo ir para a aula. - disse, e
então foi embora e eu fico com os
lábios ardentes, com o seu gosto na
minha boca e um inferno de um
monte de confusão.
Foi um beijo de reconciliação?
Poderia ser algo parecido?
Eu realmente preciso brigar com
ele com mais vezes.
Estou a caminho do
estacionamento para pegar meu
carro quando alguém segura meu
braço. Meu primeiro pensamento é
que deveria ter prestado atenção
durante a orientação quando falavam
sobre spray de pimenta e assobios
de estupro.
E então uma voz diz: - Ei, loira.
Vamos conversar um pouco. - então
fico cara a cara com Javier.
- Estou perdendo a circulação. -
digo, porque eu tenho certeza que
ele está fazendo o meu braço mudar
em uma nova forma, com suas
garras. Ele olha para sua mão e
libera meu braço, mas acena com a
cabeça para eu segui-lo. Eu reviro
os olhos, mas o sigo ao redor do
prédio ao lado onde não há tantas
pessoas.
- Posso te ajudar com alguma
coisa? - pergunto assim que paro de
caminhar e o enfrento outra vez. Ele
puxa um cigarro e um isqueiro do
bolso e o acende.
Eu não sabia que ele fumava. Eu
nunca o vi fazer isso antes.
- Eu tentei parar, mas não
consegui. Enfim, eu só queria falar
com você sobre Jett. - Cruzo meus
braços. Eu realmente não sei aonde
isso vai dar.
- O que tem ele? - Não é da
conta dele, mas talvez seja coisa de
melhor amigo. Hazel provavelmente
faria a mesma coisa. Na verdade, eu
sei que ela faria.
- Eu só pensei que deveria ter
uma conversa, já que vocês dois
estão ficando sério agora. Jett
é...olha, ele tem sido meu melhor
amigo há anos e estou sempre
olhando por ele. Ele não é meu
irmão biológico, mas ele é meu
irmão. Só queria ter certeza de que
você sabia disso.
- Isso é algum tipo de estranha
ameaça?
- Não, não. Não é uma ameaça.
Apenas deixando você saber que eu
estou olhando por ele e se algo
acontecer, eu estou do lado dele. E
só...tenha cuidado com ele. Pois já
passou por muita coisa e eu odiaria
vê-lo se machucar.
Agora essa última parte soa um
pouco como uma ameaça.
- Não é a minha intenção
machucá-lo. - Oh, isso vai ser
péssimo. Eu definitivamente estou
com medo de Javier. Ele poderia
esmagar meu crânio com dois de
seus dedos musculosos. Por isso,
provavelmente, que Jett quer levar a
culpa pelo rompimento. Eu não vou
discutir com ele sobre isso.
- Eu posso ver que leva a sério.
Honestamente, estou feliz por ele ter
encontrado alguém como você,
Shannon. Você parece ser uma
garota legal e ele tem estado muito
feliz ultimamente. - Ele apaga o
cigarro na lata de lixo e pega um
chiclete do bolso.
- Só não estrague tudo. - Ele diz,
mascando seu chiclete e me dando
uns tapinhas no ombro antes de ir
embora.
Eu desabo contra a parede do
prédio. Essa situação é uma porcaria
de um desastre.

Eu me estresso durante todo o


horário de trabalho, naquela tarde, e
não tenho Amelia para desabafar.
Quando saio, alguém está me
esperando, encostado em seu carro.
Ou o que chama de carro. Acredito
que o júri ainda está decidindo essa
questão.
- O que você está fazendo aqui?
- pergunto. Eu não o tenho visto
desde que
"brigamos" e "do que fizemos"
mais cedo. Também não disse a ele
sobre a conversa que tive com
Javier. Não tenho certeza se deveria
dizer. Pensei e repensei sobre o
assunto. Quero dizer, Javier não me
disse para não contar a ele, mas
parecia ser algo que Jett não deveria
saber.
Ugh. Dilema.
- Achei que iria levar minha
namorada de mentira para um jantar
real. Vamos - ele abre a porta para
mim. Parece tão sério que me
assusta um pouco.
- Uau, Camiseta do Batman e me
levando para jantar. O que eu fiz
para merecer isso?
Encolhe os ombros. - Eu me
senti mal com a briga. Mesmo que
tenha sido de mentira. Não tive
noção de quão real seria o impacto.
- Eu sei. Vai ser muito difícil
quando tivermos que fazer e bem ou
mal será real. - Ou... seja lá o que
for.
Jett liga o rádio e parece muito
tranquilo.
- Algum problema? - pergunto,
meu estômago embrulha. Entre a
conversa com Javier e Jett parece
estranho, sinto que existe mais
alguma coisa acontecendo. Mas eu
não tenho certeza se ele vai me
contar sobre isso.
- Não, eu só queria te ver e eu
estava com fome, achei que
deveríamos sair.
Isso é tudo. - Não me
convenceu.
- Sim, eu suponho que você
esteja estranho porque Javier veio
falar comigo sobre você, hoje.
Jett se vira um pouco e eu posso
dizer que ele não sabia sobre Javier.
Huh. Só havia uma maneira de
descobrir se ele sabia ou não.
- O que ele disse?
- Apenas disse-me que se eu te
machucar, iria me encontrar, tirar
minhas vísceras e me obrigar a
comer próprios órgãos. - digo a
sério.
- Shannon, fala sério. O que ele
disse? - Ótimo, eu estraguei tudo. Eu
deveria ter mantido minha boca
fechada.
- Disse que esperava que eu não
te magoasse e que você tinha
passado por alguns momentos
difíceis e estava tomando conta de
você.
- Mas não lhe disse nada,
especificamente? - Ele está pirando.
O tiro saiu pela culatra.
- Não. Falou de forma geral. -
Está claro que Jett tem uma coisa
que não quer que eu saiba. Ou talvez
várias coisas, mas isso não faz
diferença. Eu não posso ficar
chateada, caso não queira me contar,
eu não sou sua namorada de
verdade. - Está tudo bem, Jett. Eu
sei que você tem coisas que são
pessoais, não se preocupe comigo.
Se você quiser me dizer, diga, se
não quiser, não diga. Não vou
obriga-lo a dizer o que não quer e
nem vou ficar chateada por isso.
Não sou esse tipo de garota.
Ele suspira e estaciona em
frente a uma pizzaria.
- Sinto muito sobre tudo isso. -
Não sei do que ele está se
desculpando. Se é por manter
segredos de mim? Javier? A "briga"
mais cedo? Ele vai ter que ser mais
específico.
Entramos, e logo conseguimos
uma mesa e pedimos as bebidas,
antes de Jett começar a falar.
- Eu sei que você não se dá bem
com seus pais. A maioria das
pessoas mencionam os pais ou falam
deles em algum momento, mas você
nunca diz nada. - Espere, agora
estamos falando de mim? Eu estou
confusa, mas posso lidar com a
questão.
- Não. Não me dou bem com os
meus pais. Quero dizer, eu os amo,
isso é fato, mas não tenho um bom
relacionamento com eles. Nós não
temos quase nada em comum. Eles
gostam de beber cerveja e assistir a
NASCAR, fofocar e criarem brigas
estúpidas com outras pessoas que
têm idade suficiente para ter mais
razão que eles. Nenhum deles
terminaram o ensino médio e
costumavam tirar sarro da minha
cara por fazer minha lição de casa.
Meu irmão é a mesma coisa, a
diferença é que se meteu com o
cultivo da maconha e pra piorar o
apoiam. Ele vive no sótão, você
pode acreditar nisso? Planta
maconha em um monte de panelas e
assiste um monte de filmes do Will
Ferrell. Nenhum deles tem ideia do
“porquê” você iria querer passar
por mais escolas da obrigatória ou
até mesmo porque alguém iria ler.
Eu não consigo viver dessa forma,
como eles. Assim que eu pude sair,
eu o fiz, e eu só voltarei quando
tiver que voltar.
Ok, eu não tive a intenção de
dizer-lhe tudo isso, mas de certo
modo saiu. A garçonete voltou e nós
não nos demos conta que nem
pensamos no que pedir. Jett diz a ela
que precisamos de um minuto. Acho
que ele vai começar a falar, mas
depois me pergunta o que eu quero.
O suspense está me matando.
- Hum, eu não me importo. O
que você quiser.
- Pizza grande com bacon soa
bem?
- Sim, tudo bem. - Jett está
distraído com o menu. Está evitando
falar sobre qualquer coisa que seja,
isso deve significar que é algo ruim.
Eu não sei o que os meus problemas
com meus pais têm a ver com isso,
mas eu estou pronta para descobrir.
A garçonete volta e ele pede a
pizza e eu também peço uma salada.
Pelo menos deveria comer algo que
seja remotamente saudável. Quando
a garçonete deixa a mesa, de novo,
cruzo meus braços sobre a mesa e
tomo um gole de meu refrigerante.
Jett olha para a mesa, em
seguida, fecha os olhos e olha para
mim.
- Meus pais eram muito
rigorosos durante meu crescimento.
Muito rigorosos mesmo. O oposto
dos seus. Mesmo vivendo neste país,
e eles adoram morar aqui,
praticamente acham que tudo que
seja americano é ruim. Desde as
roupas e tudo em geral. Inclusive
nossa educação, minha e de minha
irmã, foi toda em casa, para não
corrêssemos o ricos de nos
influenciarmos. Entendo que
estavam tentando nos ensinar
valores tradicionais, porém fizeram
de uma forma completamente errada
e controladora. Costumavam dizer
que teria pesadelos se assistisse
algum filme americano e meu
cérebro apodreceria, se tornaria
líquido e sairia pelos meus ouvidos.
- Ele estremece e eu realmente não
sei o que dizer. Isso é
completamente diferente do que eu
pensava e agora eu tenho que
processar toda essa informação.
- Então foi assim que eu vivi a
maior parte de minha vida, logo
depois completei dezesseis anos e
tirei minha carteira de motorista.
Ainda estava estudando em casa,
mas tinha permissão para dirigir e
fazer compras no supermercado e
outras tarefas. Todo o tempo, eles
sabiam onde estava indo e quanto
tempo demoraria, então não havia
nenhuma maneira de sair. Então,
comecei a pensar que eu não queria
mais viver dessa maneira. Eles
chamaram de
"rebeldia adolescente" e
"desconexo" e "desonrar minha
família", mas tudo o que eu queria
era ir ao cinema e fazer coisas que
as outras pessoas faziam. Amo
minha cultura, mas não entendo por
que não poderia ser japonês e
americano, também. Um dia, estava
sentado em minha janela, tempo
depois de meus pais me mandarem ir
pra cama, e teve uma festa na rua.
Os pais do garoto tinham viajado e
ele estava aproveitando a ocasião.
Estava sentado lá, ouvindo a música
que eu não tinha permissão para
ouvir, as pessoas estavam rindo e se
divertindo, e então eu
sorrateiramente desci as escada e fui
para a porta da frente. Essa foi a
noite em que conheci Javi. Era ele
que estava dando a festa. "
Sim, posso acreditar nisso.
- Daí por diante aconteceu tudo
muito rápido, mais rebeliões, mais
músicas proibidas, filmes proibidos
e todas as outras coisas da cultura
proibida, tudo foi só piorando.
Estraguei tudo e muito. Nada ilegal
ou pelo menos nunca puderam me
acusar, e ignorei a escola. Essa é
uma das razões que colocaram na
situação onde estou. Javi sempre
estava lá para me socorrer e quando
meus pais descobriram sobre tudo o
que eu tinha feito, me expulsaram de
casa. Disseram que eu era uma má
influência para a minha irmã e uma
desgraça para o nome da família.
Então, fui morar com Javi.
Que Merda. Meus pais tinham
dito coisas horríveis para mim, mas
não a esse ponto. Não consigo
imaginar um pai dizendo isso pra
seu filho. Muito menor para Jett.
- Não demorou muito para
conseguir minhas coisas, inclusive
recebendo minha GED e depois vir
aqui e conhecer você. Deus, eles
provavelmente teriam um ataque
cardíaco se soubesse de tudo que
estou te contando, não vejo meus
pais ou minha irmã tem quatro anos.
Nenhum telefonema, nem um cartão,
nenhum contato. Eles me disseram
que eu nunca seria bem-vindo em
casa de novo e isso foi antes das
tatuagens. Eu dirigi por lá algumas
vezes, porque quando entro de
férias, fico com a família de Javi,
mas eu não tenho coragem de bater
na porta da minha própria família.
Eu só...Eu gostaria de poder ver a
minha irmã. Eu não quero que ela se
sinta como se eu a tivesse
abandonado.
E a garçonete escolhe esse exato
momento para trazer a pizza e servi-
la. Eu fico olhando para ele como se
fosse me dar as respostas que eu
preciso. Talvez não há uma coisa
certa a dizer nesta situação. Jett
espera.
- Não era o que imaginava,
contudo. Eu não sei o que dizer.
Pensei que estava mal, mas pelo
menos posso ir para casa e ver meus
pais. Fugi de meus pais, mas não
dessa forma. Eu sinto muito por
você e acho que você é assim, tão
corajoso para fazer o que fez. -
Estico meus braços na mesa até
chegar do outro lado, evitando me
queimar com a pizza, e seguro suas
mão. Estou com raiva dessa mesa
estúpida entre nós.
- Eu não sou tão corajoso. Eu
me rebelei contra meus pais. Nem
todo mundo acha que isso é um ato
de coragem. - O que é um monte de
porcaria. Saio do meu lugar e vou
me sentar a seu lado, coloco meu
braço em volta dele e dou-lhe um
beijo em sua bochecha.
- Você é incrível, Jett Nguyen.
Nunca duvide de si mesmo. - Ele me
envolve com seu braço e me puxa
para mais perto que possa chegar e
dá um beijo em meu cabelo.
- Estou tão feliz que eu te
conheci, Shannon Travers. Eles
dizem que as coisas acontecem por
uma razão, mas eu sempre acreditei
que fosse bobagem, porque coisas
terríveis acontecem o tempo todo e
isso não faz sentido. Mas acho que
era para eu conhecê-la naquele café.
- Eu sinto da mesma maneira.
- Obrigada por compartilhar sua
história comigo. Você não
precisava, mas eu estou feliz que
tenha feito e não precisa se
preocupar, não vou contar a
ninguém. Seu segredo está seguro
comigo.
- Isso nunca passou pela minha
cabeça, que você contasse pra
alguém. Eu confio em você,
princesa. - Ele finalmente sorri e
meu coração fica todo mole
novamente.
Quanto mais conheço Jett,
quanto mais tempo passo com ele,
mais medo eu tenho de pensar em
como vai ser depois que tudo isso
acabar.
- Podemos ser amigos? Depois?
Quero dizer, depois que tiver
passado um tempo adequado,
durante o qual eu vou chorar pela
sua perda e amaldiçoar sua
existência? - Também é esperado
que eu vá rasgar suas fotos e
amaldiçoá-lo com verrugas genitais.
Pelo menos foi isso que aprendi nos
filmes.
- Nós ainda temos algum tempo.
Não vamos jogar a toalha ainda. -
Ele puxa meus cabelos dos meus
ombros.
- Menos de duas semanas. Não é
muito tempo. - agora ele parece
relutar em falar sobre o rompimento.
E continua acariciando meus
cabelos, mas a proximidade que eu
senti momentos atrás, quando estava
me contando sobre seus pais se foi.
Posso estar fisicamente perto, mas
emocionalmente, acabou.
Agora é a minha vez de
suspirar. Volto para meu lugar e
começamos a comer em silêncio.
Quando voltamos a falar foi
para discutirmos o sobre o projeto
de lei e o deixei ganhar.
Capítulo quatorze

- Você tem que usar isso pra Jett


esta noite. - diz Hazel, quando
chegamos em casa. Nós tínhamos
ido fazer compras com as meninas e
acabei comprando um conjunto de
renda - top e short – verde-hortelã.
Foi melhor do que a roupa de couro
bizarra que elas tentaram me
empurrar, estremeço só de pensar.
- Talvez eu vá usar, talvez –
digo, com uma piscadela.
- Você vai ter que me dizer se
ele gostou. Quero detalhes. Você
tem sido muito mesquinha com
detalhes sobre sua vida sexual. O
que significa que está acontecendo
algo estranho que você não quer me
dizer ou não é assim tão grande. -
Ou apenas gostaria de mantê-lo
privado? Por que não há essa uma
opção?
- Não, nada disso. Talvez só
não me sinta confortável em
partilhar algo que tão íntimo e é
apenas entre duas pessoas.
Ela estreita os olhos para mim.
- Isso significa que é ruim. Ele é
muito pequeno? Será que ele termina
muito rápido? O negócio dele é
torto? - Não tenho conhecimento de
qualquer uma dessas coisas. Exceto
talvez da primeira. De ter o seu,
hum, membro, pressionado em minha
perna, em várias ocasiões, eu sei
que não é pequeno. Não tive muitas
experiências com pênis, mas eu sei
que não é pequeno. Na verdade, ele
parece ser do tipo assustadoramente
grande. Estou feliz por não ter que
se encaixar dentro de mim. Deus
abençoe a sortuda que recebê-lo.
Isso soa tão estranho. Eu
também tenho certeza sobre a parte
torta. Acho que teria sentido bem.
- Não há nada de errado com o
seu equipamento ou sua
performance. Está tudo bem. Estou
bem. Nós estamos bem. Estou
satisfeita. - Na verdade, desde que
comecei a passar muito tempo com
Jett, ele me deixa... irritada, por
falta de um termo melhor, eu sou
meio reprimida dentro dessa área.
Demoro o tempo que posso
debaixo da ducha, meu pobre
vibrador tem sido muito
negligenciado nos últimos tempos. O
escondi debaixo da minha cama,
bem no fundo, de forma que se ele
mergulhar debaixo da minha cama e
pesquisar, Jett não vai encontrá-lo.
Isso seria uma bela e estranha
conversa que eu realmente não quero
ter.
- Se você diz. – diz ela
cantando. Tanto faz. Minha vida
sexual não é assunto seu.
- Então, o que tem a sua?
Encontrou alguém para foder? -
Cruzo meus dedos para que ela não
vá dizer “Javier".
Revirando os olhos, ela vai para
a máquina de café e coloca um novo
filtro de papel.
- Agora que você já fez sexo,
você pode entender o quanto é
angustiante quando não se tem. Eu
juro, vou enlouquecer e matar o
primeiro que passar pela frente se eu
não ficar com alguém em breve. -
Ela coloca um novo filtro, e em
seguida, enche o recipiente de água.
- Bem querida, não posso ajudá-
la. Eu não acho que os requisitos
companheira de quarto e amiga
possam ir tão longe.
Ela me fuzila com o olhar.
- Eu nunca iria pedir-lhe para
fazer isso. Não vou pra esse lado.
Nem eu.
- Só cuida de você mesma. -
Isso é o que eu tenho que fazer. Ou o
que eu costumava fazer antes de ter
um namorado...
- Não é tão bom. Preciso de uma
outra pessoa. Preciso de estimulação
visual. - Bem, ela sempre poderia
assistir filme pornô, mas eu sei que
virá com outra desculpa.
- Então, por que você não sai e
vai fazer algo respeito, se é um
problema para você? – Estou
cansada de ouvi-la reclamar desta
situação. Mas, ao mesmo tempo, não
quero ver um desfile de perdedores
dentro e fora do apartamento. Estou
em uma espécie de um dilema.
- Talvez eu faça. - Isso soa
como um desafio e uma ameaça.
Grande. Ignoro o comentário, porque
realmente não quero continuar
falando sobre isso, então eu
murmuro algo sobre a lição de casa.
Na verdade, tenho algumas pra
fazer, então vou para o meu quarto,
ligo meu som e começo a escrever
em uma folha. Hazel me traz um
pouco de café com noz-moscada e
canela, sou grata por isso.
O tempo demora a passar e não
chega a hora de me encontrar com
Jett, já estou com meu trabalho feito
com uma hora de antecedência. Eu
poderia começar a fazer outra coisa,
mas eu realmente quero sair de casa.
Surge uma ideia, então eu pego
minhas chaves e corro para o meu
carro e dirijo de volta ao shopping.
Ao lado tem algumas lojas que
atendem exclusivamente a estudantes
universitários, incluindo uma de
música-bar-cafeteria, que também
oferece noites e tardes de microfone
aberto.
Cara, adicione cerveja nessa
mistura e vai atrair pretensiosos
estudantes modernos universitários
mais rápido do que imagina. - eu
gostava muito antes de virar moda. -
Tendo a evitá-lo, mas há algo que
preciso, então eu enfrento a multidão
de pessoas que têm quinhentos
dólares em um celular dando
palestra sobre a escassez de água
nos países de terceiro mundo,
mantenho minha cabeça baixa até
chegar a seção dos CD.
Não há nada de romântico em
dar a alguém um cartão de iTunes de
presente, então dou voltas na parte
CDs até encontrar o que eu quero.
Saio de lá mais rápido que posso e,
em seguida, volto para a
universidade. Demora uma
eternidade para encontrar uma vaga
de estacionamento e então tento
embrulhar o presente com o que
tenho no meu carro, que era um saco
de Dunkin 'Donuts ou uma conta de
telefone celular. Escolhi o primeiro
e depois vou para a cafeteria da
biblioteca, a fim de comprar dois
cafés e alguns doces de confeitaria.
Eles têm canolas. Compro seis
deles, porque definitivamente vou
querer pelo menos três e se tiver
três, parece justo dar três a Jett. Ou
talvez eu coma quatro e darei dois a
Jett.
Ok, eu como um canola em dois
segundos, depois de sair da
cafeteria, por isso há apenas cinco.
Então tenho que comer mais um para
termo dois pares. Droga, já é hora
de me encontrar com Jett.
- Você tem alguma coisa em seu
rosto. - diz Jett, antes que possa
fazer algo.
Droga, tenho canola por todo o
rosto. Eu limpo e ele balança a
cabeça em negativa.
- Faltou aqui. - Ele dá um passo
para perto de mim e levanta a mão
para tirar o creme do canola (eww,
eu não posso deixar de acha-lo sexy)
e, em seguida, me lambe onde o
doce estava. Não posso evitar, a
exclamação escapa de minha boca,
enquanto sorri de minha surpresa,
me dá um beijo rápido e, em
seguida, diz: - Espero que tenha sido
glacê ou algo assim.
- Bem, você deveria ter
perguntado antes de lamber meu
rosto, idiota. - digo, parecendo sem
fôlego.
- Talvez eu devesse mesmo.
Devemos acrescentar as regras? Não
lamber o rosto da namorada de
mentira a menos que você pergunte a
ela o que está em seu rosto pela
primeira vez?
- Eu acho que é um plano. Oi. -
Eu fico na ponta dos pés e o beijo
novamente. Não pude resistir.
- Oi. - disse, segurando meu
rosto e acariciando minhas
bochechas com os polegares. Rapaz,
estou feliz em vê-lo. Parece que o
sentimento é mútuo.
- Eu tenho uma coisa. - eu digo,
farfalhando o saco Dunkin 'Donuts,
com o
CD nele. Meu outro lado tem o
saco com os canola sicilianos com
limão e assim por diante. Eu tive
que colocar os copos de café sobre
a mesa ao meu lado.
- Você não tem que fazer isso. -
diz, soltando meu rosto e fazendo
backup para que eu possa dar-lhe o
saco. Sento-me e pego mais um
cannoli.
Ele pega o CD e o gira. É
Leaving Thorough The Windows do
Something Corporate. Notei o
quanto ele gostava deles quando
tocavam na rádio e o mencionou
novamente quando me contou sobre
sua família.
- Achei que você deveria ser
capaz de ouvir livremente. Mesmo
que por vezes soe um pouco emo. -
Ele olha para o CD e eu não consigo
ler seu rosto. Uh oh.
- Obrigado. - disse calmamente.
Eu começo a comer o meu cannoli,
esperando que demonstre alguma
emoção.
é De nada. - Eu digo com a boca
cheia, antes de pegar um
guardanapo. - Não é muito, mas eu
apenas pensei que você deveria tê-
lo, mesmo que você já tenha.
- Isto é....realmente especial,
Shannon. Amo. - Olha em meus
olhos e me dá um sorriso que faz
meu coração tremer, quase não
posso suportar isso.
- Você realmente gostou disso?
- Sim. Eu queria que meu carro
tivesse um leitor de CD.
Isso mesmo. Eu esqueci que
aquilo que ele chama de carro não
tem um leitor de CD. Ele nem sequer
tem um toca-fitas, o que é incrível.
- Você realmente precisa
comprar um carro novo e não apenas
para tocar esse CD. - Digo,
terminando meu cannoli enquanto
Jett guarda CD e começa a beber o
café.
- Não tenho condições. Quando
meus pais romperam relações
comigo, eles realmente o fizeram. Se
eu não conseguisse uma bolsa de
estudo ou tivesse um monte de ajuda
de Javi e sua família, eu estaria
vivendo em uma caixa de papelão na
rua. - Deus, não consigo nem
imaginar. Ele é tão jovem para ter
que lidar com essas merdas. Sim,
lidei com uma situação semelhante,
mas pelo menos se eu estivesse em
uma crise real, meus pais iriam
socorrer-me. Meu irmão me daria
um pouco de seu dinheiro e minha
mãe iria me conseguir um emprego
em qualquer rede fast food ou
restaurante que ela estiver
atualmente trabalhando, meu pai iria
me dizer que é o que eu ganho por ir
para a faculdade e não conseguir um
emprego certo fora da escola, antes
de eu começar a esconder notas de
dólar na minha bolsa ou no bolso
dos minhas calças jeans.
- Você não tem que viver em
uma caixa de papelão na rua. Eu não
iria deixá-lo. Você poderia
simplesmente morar comigo. -
Assim que digo, percebo que é
verdade. Ele está vivendo comigo
já, praticamente, por isso não seria
um grande negócio. Exceto que ele
não tem nenhum lugar para as coisas
dele. Isso seria um problema.
- Bem, salvo qualquer desastre
com Javi, não vamos ter que pensar
sobre isso. - Ele sorri, mas não
parece um sorriso verdadeiro.
- Então, eu acho que devemos
brigar hoje à noite. - disse depois de
entregar-lhe um cannoli. Ugh, eu
estava com medo disso. Por alguma
razão, Javier havia surgido com esse
plano de que todos nós devemos ir
ao apartamento dele e de Jett, para
termos um adorável e grande jantar
não-familiar.
Eu acho que isso é apenas uma
desculpa para me interrogar na
frente de
Jett. Ou talvez dar em cima de
Hazel. Ou talvez arranjar alguém
para fazer-lhe uma refeição caseira,
já que eu tenho "voluntariado" para
cozinhar. Desde que estamos
dormindo algumas noites lá, me
sinto na obrigação. Suspiro.
Só vai ser eu, Jett, Javier e
Hazel, a convenci de que não é um
encontro duplo e Hazel concorda.
Ela não tem encontros. Nunca. Sua
teoria é de que o namoro sério,
serve para conhecer o seu futuro
companheiro e ela não está nem
perto de fazer isso, então por agora
ela quer apenas "ser jovem e se
divertir." Eu não julgo.
Decido fazer tortellini com alho,
limão e frango, salada Caesar e um
bolo de éclair. Assim é melhor que
Javier goste porque é o melhor que
ele vai conseguir. Jett também
concordou em ajudar, mesmo
dizendo que ele nunca havia
cozinhado tortellini em sua vida.
Pelo menos ele está disposto a
tentar.
- Isso provavelmente seria uma
boa ideia. – digo, enquanto meu
coração dá pontadas em desespero. -
Essa briga será transmitida para
todas as minhas amigas no momento
em que terminarmos dizendo "Muito
bem!" - Se há uma coisa que você
pode contar para Hazel, é pra
espalhar o drama em relação a todas
as nossas outras amigas, para que
possam discutir o assunto e
decidirem o que fazer sobre isso e
como intervir e de alguma forma
torná-lo melhor, tornando-se pior
também. Ela tem boas intenções. Eu
acho.
- Então sobre o que devemos
brigar? - perguntou.
Ok, Apesar de não querer
brigar, eu realmente fiz uma lista de
tópicos sobre o que nós poderíamos
brigar, eu tiro da minha bolsa.
Sempre que tive um tempo, trabalhei
sobre a lista. Estou insanamente
entediada em sala de aula.
- Você tem uma lista?
- Bem, nós fizemos uma lista
quando começamos isso. Eu pensei
que nós devêssemos acabar com
uma lista. Ok, em primeiro lugar:
Você não gosta do meu cabelo. -
Sim, eu sei que é fraco.
- Mas eu amo o seu cabelo.
- Dois: nós discordamos sobre o
tema que as mulheres pertencem a
cozinha.
Jett coloca as mãos para cima,
como se eu tivesse uma arma
apontada para sua cabeça.
- Whoa. Eu não estou tocando
nesse assunto. Não há nenhuma
maneira que eu possa dizer a coisa
certa.
- Três. Você acha que eu sou
gorda. - Isto faz com que ele comece
a rir. Não sei o que há de tão
engraçado sobre isso. Eu olho para
ele por cima da lista.
- O que é engraçado?
é Porque eu nunca, jamais, te
chamaria de gorda, nem você ou
qualquer outra mulher. Nem mesmo
se fosse o caso. Essa é a primeira
regra pra se lidar com qualquer
mulher. Além disso, é uma coisa
idiota para fazer. Então, não, qual é
a próxima?
Eu pego mais cannoli.
- Quatro: Você não gosta
quando eu falo enquanto durmo.
- Mas você não fala enquanto
dorme.
- Eu sei disso, mas eu poderia
falar. E você poderia ter um
problema com isso. E então eu
posso surtar e então pode ser uma
daquelas discussões que começa
pequena e explode em outra coisa e
acabamos gritando coisas aleatórias
e boom. Briga.
Tem sido minha experiência
com brigas, quase sempre, começa
com algo pequeno, de forma
sintomática, mas nunca queremos
falar a respeito, depois se
transforma em algo maior.
- Ok, eu acho que posso ir com
essa. O que mais você tem? - Eu
entrego a lista e nós dois rimos
sobre isso por um tempo enquanto
terminamos o cannoli e depois o
resto das coisas que eu tinha
comprado.
- Você tem tido muito tempo
livre, Shan. - diz, entregando a lista
de volta para mim.
- Bem, nós não podemos gastar
todo o nosso tempo livre na internet
ou fazendo obras em papel. - Eu lhe
jogo uma bolinha de papel feita com
guardanapo.
- Oh, eu estava pensando sobre
outra coisa também. Se brigarmos,
isso significa que você não vai ficar
essa noite na minha casa. - Merda,
eu não tinha pensado sobre isso. Eu
não posso dormir sozinha! Não é
que que não tenha passado quase
vinte e um anos de minha vida
dormindo sozinha, mas eu não sabia
o que estava faltando.
- Ou, talvez, eu possa esperar
até que Javi esteja dormindo e ir
para seu apartamento e saio
sorrateiramente na parte da manhã,
antes que Hazel se levante. - Oh,
Deus o abençoe.
- Oh, você poderia vir e
podemos fazer durante a noite. Você
sabe o que quero dizer. - Eu tenho
certeza que sim.
- Sim. Isso funciona
perfeitamente. Ok, feito. Olha, eu
tenho que voltar ao trabalho, a vejo
em duas horas? Tem certeza que não
precisa de algo?
- Não, não. Eu tenho tudo
planejado. Hazel vai às compras
comigo e então nós duas vamos
demorar. Teremos momentos de
diversão. - digo com os polegares
levantados.
- Exatamente. - disse enquanto
se levanta e me dá um beijo. –
Obrigado pelo canoli, princesa. -
Quebrou a regra e o beijo de volta e
digo adeus.
Eu não sei se vou fazer direito,
essa falsa briga, pelo menos Jett
vem depois para compensar. Essa é
a única parte aceitável. Além disso,
vai me parecer real. Acho que não
vou ser capaz de rastejar para a
cama com Jett na mesma noite.
Sim, não vou pensar sobre isso.
Capítulo quinze

- Estou fazendo isso certo? - Me


afasto da panela fumegante de água
de onde estou a ponto de lançar os
tortellini, Jett está ralando queijo
para a salada e age como se nunca
tivesse visto um ralador antes. Pobre
homem.
- Você é um amador. - diz
Javier de onde está picando o alho
como um profissional. Estou
comovida por ele ter aceitado picar
o alho, eu odeio faze-lo. Toda vez
que tenho que pica-lo, minhas mãos
cheiram a alho por dias.
Desagradável.
- Não, você não está fazendo a
coisa certa. - digo, abandonando a
água do macarrão e indo para
resgatar Jett.
- Martha Stewart teria te levado
para um canto e feito picadinho de
você com uma mezzaluna. - Eu tomo
o queijo dele e mostro-lhe a maneira
correta de ralar.
- Que diabos é um Mezzaluna?
- É um tipo de faca curva que
você pode usar para cortar as
coisas. Tem a forma de uma meia
lua. Mezzaluna significa meia lua em
italiano. - diz Javier antes que eu
possa dar uma explicação. Que
droga?
- O quê? Às vezes eu assisto
programas de culinária.- Isso é um
choque enorme, porque eu nunca o
vi cozinhar.
- Javier é um homem de muitos
talentos. - diz Jett, olhando para o
ralador como se fosse mordê-lo.
Bem, não é chamado de detonador
de imbecil por nada.
Balanço a cabeça e volto para a
massa. Hazel saiu para comprar o
queijo parmesão, porque eu esqueci
completamente dele.
Um estrondo na porta anuncia
seu retorno. Ela vem erguendo o
queijo como Simba com Rafiki em
The Lion King. Nós todos batemos
palmas e nos curvamos á sua
grandeza.
- Obrigada, Hazel. - digo,
pegando o recipiente de queijo,
colocando-o no balcão ao lado de
todas as outras coisas.
- O que eu posso fazer? - Hazel
vem e coloca o queixo no meu
ombro dando uma olhada para as
panelas e frigideiras, etc. Eu tenho
que ir até o fogão. Tenho certeza de
que a última vez que foi limpo foi na
época da Segunda Guerra
Mundial. Sim, eu vou cuidar
disso mais tarde. Ou alguém vai,
porque Jett e eu vamos brigar.
- Hum, você poderia fazer o
frango? Basta jogar um pouco de
azeite na panela e tomar conta para
que não queime. - Esta é uma tarefa
para Hazel. Eu costumava pensar
que as pessoas que não podiam
cozinhar eram apenas preguiçosas e
queria que outras pessoas fizessem
isso por elas, mas então eu conheci
Hazel e cheguei à conclusão que
cozinhar é uma habilidade como
qualquer outra coisa, algumas
pessoas são boas para ela e outras
pessoas não.
De alguma forma, e com a minha
ajuda, Hazel consegue não queimar
o frango e a massa está perfeita e
tem a quantidade certa de limão e
alho, mas não muito. Os meninos
continuar trabalhando, e mais cedo
do que eu esperava, o jantar está
pronto e nós estamos sentados com
pratos incompatíveis (incluindo
alguns que têm logotipos de cerveja
sobre eles) e todo mundo está
comendo.
No meio do jantar, Jett me
cutuca por baixo da mesa, para me
mostrar como
Javier e Hazel repugnantemente
flertam.
- Você estava falando enquanto
dormia na noite passada. - diz Jett
casualmente, como se fosse um
comentário casual.
- Eu não tenho ideia do que
você está falando. - digo, como
combinamos.
É Você fala, fala e fala. Você
nunca pensou em ver um médico por
causa isso? É um tipo de tortura. -
Aos meus ouvidos, posso dizer que
ele está mentindo. Deus, espero que
Javier não possa dizer também.
- Bem, é uma pena que o meu
falatório durante o sono está te
incomodando.
Talvez você não deva vir, se
você não gosta disso. - tento jogar
tanto veneno em minhas palavras
quanto posso e quase que me traio.
Isso é uma merda.
- Olha, você não precisa pirar
com isso, eu só estava comentando. -
Hazel e
Javier estão em silêncio,
observando o pingue e pongue
verbal entre Jett e eu. Não tenho
certeza de quem está ganhando.
Parece que ninguém o faz nesta
situação.
- Tanto faz. Estou tão cansada
de você me criticar. Se não gosta do
jeito que eu durmo, então não durma
COMIGO. - Levanto-me, jogo meu
"guardanapo"(que é na verdade uma
toalha de papel) e pego minha bolsa.
- Sinto muito se não posso lidar
com isso agora. - digo, minha voz
embargada, realmente não tenho que
fingir. As lágrimas que estão
crescentes nos meus olhos também
são muito reais. Eu não posso olhar
para Jett quando pego meu casaco e
bato a porta. Ouço Hazel correndo
atrás de mim, tentando me alcançar.
Eu chego ao meu carro e dou um
suspiro trêmulo.
Meu Deus, isso foi mais difícil
do que eu pensei que seria, isso foi
o pior.
Brigar com meu namorado de
mentira foi horrível, deixe-me dizer.
Mesmo quando a briga é de mentira.
Tudo isso parece muito real. Muito
Real. Aspiro o ar, choro como se
fosse real.
- Que diabos, Shan? O que foi
isso? Você é bipolar e eu nunca
percebi? Ou você tem o caso mais
grave de TPMS na história do
mundo?
Eu Desejaria.
- Eu simplesmente não consigo
lidar com ele agora. Estava sendo
um idiota e eu não estava
aguentando. - Eu abro a porta e atiro
minha bolsa. Tomara que as minhas
habilidades de atuação realmente
sirvam pra alguma coisa. Uma coisa
é a briga de mentira. Outra é fazer
que sua melhor amiga e companheira
de quarto acredite, quando ela te
conhece tão bem.
- Bem, eu vou ser direta com
você e dizer-lhe sem rodeio que
você está sendo uma idiota com ele.
Ele estava apenas fazendo uma
brincadeira e você está entendendo
isso completamente errado. Por que
ele não vem atrás de você? - Ela
olha para trás, para porta e as
janelas do apartamento de Jett.
- Tanto faz. Você vem comigo
ou não? Eu só quero ir para casa. -
balanço minhas chaves.
- Sim, claro. Podemos ir.
Apenas, hum, eu só vou pegar um
pouco das sobras, se estiver bem. -
Bem, não sou do tipo que deixa para
trás massas e saladas. E o bolo.
Querido Deus, o bolo.
- Pegue o bolo. - digo. - Vou
precisar dele.

Uma hora depois, Hazel e eu


temos garfos mergulhados no bolo
éclair. Parece muito mais
sofisticado do que é. Basicamente, é
uma camada biscoitos com pudim de
baunilha e o topo entupido com
cobertura de chocolate. É delicioso
e perfeito quando você está
deprimido por causa de uma briga
de mentira, com seu namorado de
mentira.
- Eu pensei que vocês estavam
indo tão bem. Você parecia feliz. Eu
só não entendo. - Dou uma garfada
no bolo e o levo em minha boca. Eu
quero comer isso e também quero
que ela pare de falar. Eu não quero
falar sobre isso, então digo a ela.
- Tudo bem, tudo bem. Não quer
falar sobre isso. - Ela abaixa o garfo
e liga a
TV. Boa. Algo para distrair a
minha atenção.
Ou talvez não. O primeiro canal
está exibindo Meninas Malvadas.
Quais são as chances de trocar isso?
- Troca. - peço e ela me dá um
olhar antes de mudar de canal.
Depois de pular todas as notícias e
redes esportivas (eu não estava de
bom humor), ela chega a um canal de
programas de antigos. Leave it to
Beaver está passando.
Hazel deixa nesse canal sem
precisar me perguntar. Podemos ser
pessoas muito diferentes, mas
compartilhamos um fascínio
estranho com programas como este.
As mães com o cabelo perfeito que
usam saltos para aspirar a casa, os
filhos perfeitos, as refeições, a
misoginia sutil. Ah, bons tempos.
- Eu acho que o cabelo dela é a
prova do furacão. - diz Hazel,
quando a Sra. Cleaver serve outro
jantar perfeito.
- Você sabe, eu sempre me
pergunto se a Sra. Cleaver e Eddie
Haskell foram secretamente “se
pegando”. Ele está sempre a
elogiando e ela meio que flerta. Mas
ninguém teve relações sexuais nos
anos 1950, de modo que nunca teria
acontecido.
- Isso teria deixado o programa
muito melhor. Aposto que há um
monte de fanfiction com eles por ai.
- Concordo.
Devoramos metade do bolo
enquanto o Beave tentam sair de uma
situação.
O episódio termina e termina
tudo bem. Grande surpresa. Há algo
de reconfortante sobre um programa
como esse. Você sabe exatamente o
que vai acontecer e no final do dia,
tudo acaba bem.
- Eu quero um avental. – digo,
quando um outro episódio começa.
- Eu vou te dar um no seu
aniversário. - Deixo o prato de bolo
sobre a mesa. Estou satisfeita, mas
eu ainda me sinto uma merda. O
bolo era para resolver tudo.
- Você ainda não quer falar
sobre isso? - pergunta Hazel.
- Não. - eu respondo. Ela
encolhe os ombros e volta para
assistir ao show.
Hazel vai para a cama cedo, o
que é ótimo para mim. Fico na sala
assistindo televisão aleatoriamente,
à espera de Jett. Estive olhando para
meu celular a cada minuto, à espera
de uma mensagem. Eu acho que eu
poderia passar uma mensagem pra
ele primeiro, mas estou com medo.
Tenho medo de que ele use a
palavra de segurança. De nenhuma
forma essa situação vale a pena para
ele. Ele poderia muito bem acabar
com isso aqui.
Finalmente por volta das onze
horas eu recebo uma mensagem.
A barra está limpa?
Corro para o quarto de Hazel e
coloco o ouvido na porta. Sua
respiração profunda e suave me
saúda, mas eu ouço por mais alguns
minutos só para ter certeza. Sim, ela
está fora do ar.
Pode vir.
Vou para a cozinha e faço duas
xícaras de chá, uma deles coloco na
caneca de urso. Eu também troca de
roupa e coloco o conjunto verde
hortelã de renda, mas coloco um
roupão por cima, para não ficar de
lingerie enquanto espero na minha
cozinha. Isso seria um pouco
estranho. E frio.
Eu estou aqui.
Corro para a porta e a abro
lentamente. Meu coração fica
frenético quando vejo Jett em sua
camiseta e shorts curtos.
- Oi - eu sussurro, me
encostando contra a porta.
- Oi - ele disse, com as mãos
enfiadas no bolso do moletom. -
Posso entrar? Está meio frio aqui
fora.
- Oh, sim. - Eu saio do caminho
e o deixo entrar, depois fecho a
porta tão silenciosamente como
posso atrás dele.
- Imagino que Hazel já está
dormindo, mas que provavelmente
devemos ir para o meu quarto. -
Pego as duas canecas de chá e ando
na ponta dos pés para o meu quarto.
O quarto de Hazel fica próxima à
sala e o meu ao lado da cozinha,
eles são longe o suficiente para que
algum som chegue acorda-la. Graças
a Deus.
Fecho a porta e Jett se senta na
minha cama. Eu entrego-lhe a caneca
do urso e me sento a seu lado, cruzo
minhas pernas no colchão e coloco a
caneca de chá no meio delas.
Jett é o primeiro a falar. - Foi
desgastante, Shan.
- Completamente. O que
aconteceu depois que sai? - Ele
bebe seu chá antes de me responder.
- Javi queria que eu fosse atrás
de você e tive que fingir que não
queria. Então, me chamou de idiota e
depois saiu, não voltou para o
apartamento. Então, eu vim aqui.
Estou muito, muito triste com o que
eu disse. Eu sei que era de mentira,
mas ainda assim sinto muito. - Eu
encontro meu ombro no seu.
- Está tudo bem. Eu sei que você
não quis dizer aquilo e não sou tão
sensível. - Deus, eu sou uma
mentirosa.
- Bom. Então, estamos bem
agora? O urso realmente quer saber.
- Ele segura a caneca e eu rio.
- Sim, eu tenho certeza. Sim, nós
estamos bem. – digo, enquanto me
levanto para colocar minha caneca
sobre a cômoda e pego o urso dele.
- Bom. - diz Jett, e me puxa para
sua frente e me dá um beijo suave.
Ou, pelo menos, começa suave. Mas,
em seguida, minha boca se abre e de
alguma forma nossas línguas
envolvem-se e antes que me dê
conta, o roupão está caído abaixo de
meus ombros, meus lábios estão
inchados e latejante, minha cabeça e
minha boca estão preenchidas com
Jett.
Ele se afasta um pouco de mim
dando espaço o suficiente para olhar
o que estou vestindo. Eu ainda estou
de pé e ele está sentado na beira da
minha cama, comigo entre suas
pernas.
- O que você está vestindo? -
Até então, todos os pijamas que usei
foram bem modestos e comportados.
O conjunto que estou usando esta
noite, foi o que mais deixou partes
do meu corpo expostas, até hoje.
- Comprei hoje. Você...você
gosta? - Suas mãos se movem para
baixo dos meus ombros, quase me
tocando. Se Movem pelas minhas
laterais, deslizando apenas sobre a
renda e, em seguida, passa pelo meu
estômago.
- Sim. - ele disse, engolindo
sem tirar os olhos de mim. - Sim, eu
gosto. -
Suas mãos são grandes e
quentes e me fazem latejar em todos
os lugares. E, a julgar por seus
shorts, eu não sou a única afetada.
- Jett... - Eu começo a dizer, mas
ele me interrompe.
Ele sussurra - Perspicaz.
Capítulo dezesseis

Tira suas mãos das minhas


costas e move-se ao meu redor,
agarro seu braço para detê-lo e ele
me dá um olhar aflito que o deixo ir.
Com um último olhar, fecha a
porta do quarto e em seguida ouço a
porta da frente se fechar, também.
Abraço a mim mesma e por
sorte encontro a minha cama, antes
que caísse no chão.
Oh. Meu. Deus.
Em um momento pensei que nós
estávamos indo para... e então ele...
Eu fecho os olhos e respiro
fundo. O meu celular vibra, me
assustando.
Me Desculpe.
Apenas duas palavras. Elas não
explicam nada. Nada que tinha
acontecido entre nós ou por que ele
tinha ido. Ou por que ele tinha usado
a palavra de segurança.
Então eu respondo seu texto com
duas palavras.
Por quê?
Ponho meu celular na cama e
espero por uma resposta.
Eu espero por vinte minutos.
Até o chá está frio agora e a caneca
urso está olhando para mim, eu a
viro para que ele pare de me julgar.
Espero mais meia hora e me dou
conta de que ele não vai me
responder. Então eu desligo a luz e
me deito.
Fria e sozinha.

- Acorde! - Algo suave bate em


meu rosto, abro meus olhos.
- Você está acordada? - Hazel
grita. Jesus Cristo.
- Estou agora. - me queixo.
Passei a maior parte da noite
rolando e procurando algo, mas não
encontrando. Não preciso ser um
gênio para saber do que se trata.
- Levante. O dia é um
desperdício. - Que porcaria ela está
falando? É domingo. Não temos que
fazer nada no domingo.
- Você está louca. - digo,
tentando puxar os cobertores sobre
minha cabeça, mas Hazel o puxa pra
longe de mim. Ela pula na minha
cama e gruda seu rosto no meu.
- Vamos fazer você esquecer os
problemas com seu namorado e isso
começa agora. Vamos. - Escuto
vozes fora da minha porta. Sério, o
que diabos está acontecendo com
aqui?
- Ela já levantou? - Cass grita
atrás da porta.
- Quase," Hazel responde de
volta. Isso é inacreditável.
- Vamos, levanta para brilhar.
Ou pelo menos levante. Você não
tem que brilhar. Você pode ser não-
brilhante como você queira, mas
apenas levante. - Ela me bate com o
travesseiro e isso é tudo. Eu pego o
travesseiro dela e o esmago em seu
rosto.
- Essa é minha garota. - diz ela,
pegando meu braço e me puxando
para cima. Eu ainda estou usando o
conjunto de renda. Olhando para
mim mesma faz-me lembrar a noite
passada e eu não quero me lembrar
de ontem à noite.
Hazel me entrega o roupão e eu
o coloco, me certificando de que
tudo está coberto. Então ela me
arrasta até a cozinha, onde o
despertar rude continua. Me
entregam um copo de isopor de café
de um lado, um donut na outra.
O grupo inteiro está aqui e todas
elas são dolorosamente alegres, mas
elas estão com a preocupação
estampada em seus rostos também.
Deus, é como se alguém tivesse
morrido.
- Vamos, vamos. - diz Hazel,
batendo as mãos próxima ao meu
ouvido. Eu vou matá-la. Em vez
disso, dou um gole no meu café e
uma mordida no meu donut.
Ou elas todas decidiram ficar
juntas para me animar ou Hazel
chamou todas elas e planejou tudo.
Quando, eu não tenho ideia. Talvez
ela tivesse passado mensagens de
texto de seu celular ontem à noite,
quando eu pensei que ela estava
dormindo.
Eu termino meu café da manhã
sob o olhar atento de minhas amigas.
É como estar em um Jardim
zoológico. Eu só quero que elas se
comportem normalmente, mas
suponho que isso é pedir demais.
- Ok, alguém tem que dizer
alguma coisa ou então vou voltar
para a cama. - digo lançando minha
xícara de café.
- Uma vez que esta é a sua
primeira briga com o seu namorado,
nós pensamos que você iria precisar
de um pouco de consolo. - diz Cass
finalmente. O resto delas concordam
balançando as cabeças com
cachorrinhos.
- Nós só tivemos uma briga,
pessoal. - Ou pelo menos foi o que
aconteceu antes da palavra de
segurança acontecer. Eu não tenho
ideia do que vai acontecer agora.
Quero dizer, esse é o fim. O Fim?
Eu preciso falar com Jett. Eu
não acho que mensagens de texto
vão funcionar. Eu tenho que fazer
isso cara-a-cara. Eu acho que vou
ter que esperar, no entanto, até
depois de todas as travessuras que
essas cadelas tinham planejada.
- Oh, querida. - diz Jordyn, seu
sotaque ainda mais forte que o
normal. Parece que vem quando ela
é mais relaxada com alguém. Ela
envolve seus braços em mim e me
abraça. Tenho que admitir, ela é boa
com abraços. Deve ser uma coisa do
sul, juntamente com a voz
reconfortante.
Eu a abraço de volta, mas eu
não estou a ponto de chorar. Não até
que eu saiba com certeza.

Aparentemente, a maneira de
acabar com uma angústia é ir ao
salão e empreguinar-se de produtos
químicos enquanto faz as unhas,
seguido por um filme com os caras
mais lindo e sem camisa por minuto,
seguido de um almoço que engorda.
Não é que eu não goste de nenhuma
dessas coisas, mas quando me
impedem de ver Jett, eu me ressinto,
um pouco.
Eu tento me divertir, mas sou
miserável. Elas fazem o seu melhor,
tentando me fazer rir e à procura de
novos “caras” para me ajudarem
"esquecer Jett".
- A maneira mais rápida de
esquecer alguém é arrumando outra
pessoa.
Especialmente porque era o seu
primeiro. Você sabe. Se não dá
certo. - diz Daisy.
- Nós só tivemos uma briga. -
repito. Todas se olham com rostos
tristes, como se eu estivesse
delirante.
- Bem, você não começou a
namorar com ele sob as melhores
circunstâncias. - diz Cass. Sim e de
quem é a culpa? Olho pra elas e
todas têm o bom senso de parecerem
culpadas.
- Nós. - diz Hazel, apontando
para o coletivo e, em seguida,
suspirando. - Nós temos conversado
muito e nos sentimos como idiotas.
Por tirar suas chaves no bar e ter
pressionado para sair com Jett. Não
era certo e estamos muito
arrependidas. Todas nós. Você
estava tão chateada quando você
brigou com ele e nos sentimos
responsáveis. - Todos assentiram
como se fosse uma só pessoa.
Eu cruzo meus braços. Isso
deveria ter sido dito há um tempo
atrás. É um pouco tarde demais.
Agora que elas estão pedindo
desculpas, eu percebo o quanto isso
tem me incomodando ultimamente e
tentando não bater de frente com
elas sobre isso. Isto é o que
acontece quando você deixa as
coisas mal resolvidas por muito
tempo.
E então perdi o controle.
- Oh, você está arrependido
agora? Fodam-se por isso. Estou
feliz por estarem arrependidas
agora, depois do fato. Nunca deveria
ter acontecido em primeiro lugar!
Vocês deveriam ser minhas amigas e
vocês, porra, me trataram como
merda. Pra mim chega. - A raiva que
estava fervendo em banho-maria,
entornou esta noite e se eu não sair,
vou dizer um monte de outras coisas.
Então saio intempestivamente,
pegando as chaves e bolsa no
caminho. Tinha dado um jeito de me
deixarem ir com meu carro, tinha a
esperança de escapar para ir ver
Jett.
- Não brinque comigo agora. -
digo para o meu carro quando viro a
chave e ele ruge para a vida.
- Sim, isso é o que imaginava. -
saí do estacionamento e percebi que
não tinha para onde ir. Mais uma
vez. Minhas malditas amigas
estúpidas fizeram isso de novo.
Minhas mãos tremem no volante e
lágrimas borram minha visão.
Encosto antes que mate alguém e
depois pego minha bolsa e me
certifico que o pequeno presente que
fiz para Jett está nela. Não é muito,
realmente, mas eu espero que isso
vá significar algo para ele.

Quando finalmente chego ao


apartamento de Jett, bato na porta e
Javier atende, estreitando os olhos
para mim.
- Bem, você está de volta. -
Jesus, eu tenho medo dele me dar um
soco. Deve está vendo o horror no
meu rosto porque ele abaixa a
cabeça e eu juro que está rindo.
Hum, o que? Essa é a última
reação que esperava conseguir. Ele
se endireita novamente, mas
continua rindo.
- Você realmente achou que eu
iria acreditar no desempenho da
noite passada? Vamos, entre. - Ele
segura a porta e eu tropeço por ele.
- O quê? Eu não sei o que você
quer dizer? - Não parecia
convincente em absoluto.
Ele coloca seu braço em torno
de mim.
- Sério, você pode deixar de
atuar. Boa tentativa, mas conheço
Jett e sei que ele nunca falaria
assim, especialmente em público.
Então, boa tentativa, querida.
- Onde ele está? - pergunto,
ignorando o que disse.
Finalmente ele registra que
estou sendo séria, grosseira e
arrogante. Eu deveria ter pego uma
caixa de lenços quando sai. Não
pensei na hora.
- Eu só precisava de um lugar
para ir. - Posso sentir as lágrimas
tentando rolar de novo, mas eu tento
detê-las.
- É claro. - Ele dá um tapinha no
meu ombro e me leva para a sala,
me faz sentar no sofá. Ainda bem
que eu não tenho medo dele.
Nunca vi Javier tão sério. Pela
primeira vez ele não tinha palavras.
Huh, quem diria que Javier ficaria
mudo com choro de meninas?
- Eu sinto muito. Você não tem
que fazer nada. Eu só vou sentar
aqui, até
Jett estar de volta. Pode voltar a
fazer suas coisas.
- Dane-se - diz Javier, enquanto
vai até ao banheiro e volta com uma
caixa de lenços, antes de correr para
a geladeira e trazer de volta uma
garrafa de uísque e um copo.
Serve uma dose e entrega a
mim.
- Beba isso. - diz, olho para ele
como se tivesse nascido outra
cabeça.
Minhas mãos ainda estão um
pouco trêmulas quando pego o copo
de suas mãos.
Eu nunca tomei um trago de
uísque puro, mas está em tempo de
mudar isso, então viro minha cabeça
para trás e para baixo em três goles.
Claro que sufoca. Deus, é como
beber gasolina. Eu engasgo e Javier
me entrega um lenço para limpar o
rosto. Eu encho os pulmões e expiro
com vontade, fazendo minha franja ir
para trás.
- A ardência é boa, não é? - Não
realmente. Mas quando finalmente
sou capaz de respirar, me sinto um
pouco melhor. Só um pouquinho.
Então pego um copo d’água e bebo
de uma vez só.
- Você quer falar sobre isso?
Porque sou péssimo conselheiro,
mas posso ouvir. - Bom, parece ser
minha única opção. Poderia ter
mandado uma mensagem de texto pra
Amelia, mas isso significaria
explicar toda a situação com Jett e
Javier já sabe sobre tudo.
- Minhas amigas são idiotas. -
eu digo, fungando meu nariz
novamente. Isso praticamente
resume tudo. Javier serve mais uma
dose, mas desta vez ele o bebe.
E toma tudo em um gole só e
nem sequer tosse.
- Sim, Jett me pôs a par do
assunto. - Bem, Jett não SABE de
tudo, mas eu vou contar tudo agora.
- Estou cansada de ser tratada
como amiga coitadinha, digna de
pena.
Deveriam querer ser minhas
amigas porque sou divertida pra
sair, porque temos algo em comum,
porque nos preocupamos uma com
as outras. Ser amigo de alguém,
porque você sente pena dele é a pior
razão para ser amigos. A Pior.
Eu acho que estou começando a
sentir a bebida subir. Meu rosto está
ficando mais quente e meu estômago
está queimando um pouco. Estou
querendo outra dose, mas se eu fizer
isso não vou ser capaz de dirigir de
volta pra casa, isso é certo. Se é que
eu quero voltar.
- Então, por que você fica com
amigas como essas? Largue essas
cadelas. - Conselho simples e difícil
de seguir.
- Não é assim tão fácil. Elas são
tudo o que tenho.
- E eu? E Jett? - Ele não
menciona minha família, suponho
que Jett provavelmente deve ter
contado sobre meus problemas
familiares.
- Isso não é o suficiente. Hazel
era minha melhor amiga, quando eu
não tinha ninguém. Nem mesmo a
minha família. Ela estava lá por
mim. E as outras também, a mesma
coisa. Elas estavam sempre lá.
- Então? Em algum momento,
"estarem lá" não foi o suficiente.
Qual é o intuito de manter alguém
em sua vida, se eles estão a tratando
dessa maneira? - sei que ele tem
razão. Eu sei disso.
- Bem, gritei com elas e usei a
palavra foda-se algumas vezes. -
Javier ri e serve outra dose. Eu
bebo, engasgo e começo a tossir.
- É um começo, loira. Temos
que trazer a sua vadia interior. Você
precisa ser mais firme. Não deixe
que as pessoas andem em cima de
você. - Ele me dá um tapa nas costas
e, em seguida, dá mais uma dose.
Para alguém que diz que é
péssimo em conselhos, ele tinha
feito um bom trabalho.
- Você não é tão idiota como eu
pensei que você fosse. – digo,
enquanto me encosto para trás no
sofá. Eu realmente preciso ir lavar
meu rosto.
- Não diga a ninguém. Vamos
manter essa informação estritamente
entre nós. - Ele pisca e toma mais
uma dose e leva a garrafa de uísque
de volta para a cozinha.
- Gaaahhhhh - digo, esfregando
meu rosto. Ainda está pegajoso por
causa de minhas lágrimas.
- Oh, não está tão ruim quanto
você pensa que está. Você pode
encontrar novos amigos. Eu conheço
algumas moças muito agradáveis que
poderia fazer amizades.
- Hum, como aquela com aquele
vestido que perdemos no bar
naquela época?
- Victoria? Não, definitivamente
não. Ela não é muito agradável. -
Isso soa como um eufemismo. Não
que eu realmente saiba alguma coisa
sobre ela, além do fato de que ela
saiu com Javier e usava isso, hum,
vestido.
- Jett deve estar de volta em
poucos minutos. Você quer ficar?
- Eu acho que esse é o plano. Eu
tenho bastante coisas aqui para
fazer, assim que eu puder. - Agora
que acabamos de beber e eu terminei
de chorar, parece que Javier não
sabe o que fazer comigo. Fui lavar
meu rosto e quando terminei, Jett
tinha chegado. Ouço ele e Javier
conversando em voz baixa e
continuo deixando a água correr
para que eles não percebam que
posso ouvi-los.
Há uma batida na porta do
banheiro.
- Shan? Você está bem? - Fecho
a torneira e abro a porta. O álcool
fez efeito, deixando tudo com uma
qualidade quente e nebulosa. Nada
parece tão ruim assim e estou me
perguntando por que estava tão
chateada antes.
- Sim, eu estou bem agora. - Jett
parece derrotado. Até mesmo seu
moicano não está estiloso. É mole e
sem vida. Lembro que uma vez eu
assisti um filme sobrea baleias e as
que tinham sido criadas em
cativeiro, sua nadadeiras superiores
estava atrofiadas. Como se seu
espírito estivesse quebrado. Eu me
lembro disso agora.
Ele abre os braços e o abraço.
Ele me cheira e afasta.
- Você está bêbada?
- Ainda não. Mais algumas
doses e eu estarei. Não é culpa de
Javi. - acaricio sua cabeça e volto
para sala e me bato no sofá.
- Oh meu Deus! - Jett me agarra.
- Ow. - Este sofá me odeia, eu
juro.
- Bem, creio que é minha deixa
para dar o fora daqui e vou fazer
isso agora. Liguem-me se
precisarem de alguma coisa. Vejo
você mais tarde, Meryl.
Eu ignoro o fato dele me chamar
de Meryl, porque estou muito focada
em
Jett.
- Eu sinto muito ter vindo, mas
minhas companheiras de quarto... -
Eu ainda estava tão brava com elas
que não poderia mesmo terminar
esta frase. - E não poderia ter saído
daquele jeito a noite passada. Por
favor, fale comigo. - peço, tirando o
presente da minha bolsa. É uma
gaivota que tinha feito de papel de
caderno. Eu mesma desenhei um
pequeno logo do Batman nas asas. É
idiota, mas é tudo que eu consegui
pensar.
Eu mantenho na palma de ambas
as mãos e ele a olha. Seu rosto se
enternece e a toma de mim.
- Eu sinto muito, Shannon. Eu
só...Eu tive um momento ruim na
noite passada e me apavorei. Eu
venho tentando pensar em como
procurá-la para compensar isso, mas
eu não sabia o que dizer. Estou tão,
tão triste.
- Portanto, este não é o fim? -
Ele ainda está olhando para a
gaivota.
- Não, este não é o fim. Nós
podemos continuar com isso na
próxima semana e meia. Quão difícil
pode ser? - Ele ri um pouco. Certo.
Quão difícil pode ser?
Capítulo dezessete

Agora que Javier sabe nosso


segredo, me sinto um pouco menos
pressionada. Eu também não me
importo dele estar por perto quando
estou com Jett. Eu passei algum
tempo com ele e agora é evidente, o
que pensei que fosse uma atuação,
na verdade é sua personalidade. E
agora ele está mais confortável
comigo, ainda mais aberto. Se isso é
possível.
- Então, Javier não acreditou em
nossa briga? - Jett e eu estávamos
sentados no sofá, a partilhar uma
sobra de salada da noite passada. A
tortellini já tinha acabado.
- Sim, mas não me disse até que
voltasse...Depois que eu usei a
palavra segura. Mas sim, ele sabia
que era uma farsa. Então, hum, eu
disse-lhe tudo.
- Disse-lhe! - Quero dizer, ele
não tinha escolha, mas ainda assim.
Não gostei disso.
- Olha, eu não tinha escolha. O
que eu deveria dizer a ele?
- Eu não estou brava com você
contando a Javier. Só aborrecida
por não sermos mais convincente.
- Não é culpa sua. Não
deveríamos ter brigado na frente
dele. Ele me conhece muito bem. Ele
disse que nem cheguei perto. Como
foi com Hazel?
- Bem, eu acho. Ela parecia ter
fisgado a isca, linha e chumbo. As
meninas me levaram para um dia de
spa para me ajudarem na
recuperação. - Eu estendo minhas
unhas recém-feitas para mostrar a
ele. Elas são pretas com pontos
amarelos. Espero que ele veja a
homenagem ao Batman.
- Enquanto estávamos fora, elas
finalmente conseguiram acabaram
com minha paciência. Então gritei
com elas e vim pra cá.
- Legal. - Ele tem minhas mãos
nas dele. Só um pequeno toque e
instantaneamente me faz sentir
melhor. É como inalar ar fresco e
isso me acalma de imediato.
Jett não soltou minhas mãos e
meu coração vibrou. Ah, estar com
ele é tão bom. Como está destinado
a ser. Eu aperto suas mãos e ele
aperta as minhas também.
- Senti sua falta. - digo, olhando
para nossas mãos unidas.
- Senti sua falta. Eu sei que
foram apenas algumas horas atrás,
mas me senti horrível. Então,
podemos simplesmente apagar essa
palavra que eu disse e fingir que não
disse isso?
- E como é que você está
pensando em apagar aquelas horas?
- pergunto, e assim que as palavras
saem da minha boca, percebo o que
ele deve estar pensando. Eu não quis
dizer isso do jeito que saiu.
Seus olhos brilham por um
segundo.
- Não foi isso que eu quis
dizer... - me retrato. - Você deve
saber agora que não consigo parar
de dizer coisas estúpidas.
Ele sacode a cabeça como se
quisesse clarear as ideias.
- Eu não iria tão longe. Mas
acho que precisamos de um abraço.
- Ele deixa de lado as minhas mãos
e abre os braços. Me lanço em cima
dele e caímos contra o braço do
sofá. Ele me abraça forte e eu o
abraço de volta.
Eu levanto minha cabeça e ele
está sorrindo.
- Senti sua falta. - eu digo.
- Senti sua falta. - Nós já
tínhamos dito isso, mas valia a pena
repetir. Ele estala um beijo na minha
testa e então nos separamos. Nós só
temos mais uma semana, e teremos
que passar por ela.
- E agora? - pergunto.
- Vem cá princesa, você está
tendo um dia difícil. - Ele me pega
em seus braços e me carrega para o
quarto e me coloca em sua cama.
- Vamos ficar aqui para o resto
da noite, ok?
- Claro. - digo, inclinando-me
contra o travesseiro.
- Fique aí. – disse, ele corre até
a sala e depois volta com seu bloco
de desenho.
Eu viro minha cabeça, mas ele
faz um barulho e acena para que
volte para posição em que estava.
- Você vai me desenhar?
- Sim, eu vou. Agora fique
quieta. - Ele se inclina contra a sua
cômoda. Tenta obter o melhor
ângulo antes de vir para a frente e
ajeitar um pouco o meu cabelo,
depois meu braço e, em seguida,
uma perna. Eu me sinto uma estátua
de argila.
Quando ele está satisfeito com
minha posição, apaga todas as luzes
e acende uma pequena lâmpada ao
redor.
- Meu Deus, ainda não
terminou?
- Só mais uma coisa. - Ele pega
uma de suas gaivotas e coloca no
meu ombro, como se tivesse
pousado ali.
- Agora não se mova.
- O que acontece se eu espirrar?
Ou sinta vontade de fazer xixi?
- Muito ruim. Lute contra os
impulsos.
- Sim, Sr. Calça de chefe. - O
encaro e ele me aponta o dedo em
sinal de advertência.
- Quieta. - Dou-lhe língua, mas
volto para a posição que estava. Jett
suspira e depois começa a trabalhar.
- Sabia que está parecendo com
a cena de Titanic? Mas sem a nudez.
E o navio afundando com todos.
Ele olha para mim e volta para
o papel.
- Na verdade, o naufrágio do
navio aconteceu bem depois que a
desenhou nua. Portanto, estas duas
coisas não são realmente
relacionados.
- Você já viu Titanic? - não
conheço nenhum cara que tenha
assistido.
- Olha, eu não tinha permissão
para assistir qualquer coisa
enquanto estava crescendo, então
quando fiquei livre, eu assisti
TUDO. Incluindo Titanic. -
Respiro de novo. E me pergunto
o que mais ele viu. Estou prestes a
perguntar, mas ele me cala. As
coisas parecem muito engraçada
agora e é difícil me manter séria e
não rir. Uísque estúpido.
- Poderia ficar parada? - Jett
finalmente diz, mas ele está rindo de
mim. É mais divertido irritá-lo do
que ficar parada. Mas então relaxo
para vê-lo trabalhar. Eu poderia
fazer isso o dia todo.
As coisas são calmas e
tranquilas até que a porta se abre
com um golpe.
- A porcaria do seu celular está
explodindo, não para de tocar, por
causa de suas malditas amigas.
Whoa. Espero não estar
interrompendo nada - ele disse
quando vê o que estamos fazendo.
Bem, nós não estamos fazendo nada.
Poderia ter sido muito pior.
- Nós estávamos prestes a
atacarmos. - eu digo, enquanto ele
voltava para sala. - Quer ver? - O
uísque faz as palavras saírem da
minha boca.
Javi coloca as mãos para cima.
- Nããão obrigado. - Jett pega o
celular da mão de Javi e fecha a
porta.
- Puta merda. Eu não sei como
suas amigas tem o meu número, mas
elas ligaram e deixaram mensagens
perguntando se eu sabia onde você
estava. - Ele me mostra o celular e
eu rolo meus olhos.
- Eu deixei meu celular em casa
quando sai.
- "Bem, o que você quer fazer a
respeito?
Eu realmente não me importo.
- Apenas mande uma mensagem
de volta dizendo que estou bem, mas
não diga a elas que você está
comigo, porque elas vão vir aqui. -
Eu não quero vê-las ainda. Eu não
quero lidar com elas ainda.
- Tudo bem. Se é isso que você
quer. - Ele acha que tenho que
enfrentar isso, mas elas não são suas
amigas. Ou ex-amigas. A menos que
algo mude drasticamente, eu ainda
sou amiga delas.
- Isso é o que eu quero. Agora
volte para me desenhar. - digo e
retomo a minha posição, enquanto
ele envia a mensagem de seu celular.
Ele me dá uma olhada e desliga
o celular, em seguida, o guarda.
- Tudo o que você disser, Mona
Lisa.

Eu caio no sono enquanto Jett


está desenhando e me acordo com
ele colocando os cobertores em
cima de mim. Murmuro algo, mas
ele me acalma e me abraça.
Horas depois acordo com minha
cabeça doendo um pouco. Estou
sozinha na cama de Jett. Onde
diabos ele se meteu? Me levanto e
procuro algumas roupas minhas,
mais confortáveis e me livro dos
meus jeans. Visto uma camiseta
grande e um par de shorts furados e
tropeço até a sala de estar. Jett está
no sofá de camiseta e boxer.
- Venha para a cama. - eu digo,
cutucando-o. Ele abre os olhos e os
pisca para mim.
- Nós não precisamos fazer isso,
agora que Javi já sabe.
- Eu não quero dormir sozinha e
não quero discutir, então, basta ir
para a cama, idiota. - pego sua mão
e lhe dou um puxão, ele se levanta e
me segue de volta para seu quarto.
Eu o empurro para a cama e vou
logo atrás dele.
Muito melhor.
Dentro de instantes estou
dormindo novamente.
Capítulo dezoito

- Deixe-me vê-lo! - Estou me


sentindo muito melhor e a dor de
cabeça se foi, felizmente. Nós dois
temos aulas, mas não existe
possibilidade alguma de ir hoje.
Não vai acontecer. Eu nunca
gazeteei antes. Eu sempre pensei que
as pessoas que fizeram isso não
davam a devida importância ou
respeito a sua educação ou para o
quanto de dinheiro estava custando,
mas eu preciso de uma pausa hoje.
Apenas um dia.
Jett concorda com meu plano,
mais rápido do que eu imaginava,
mas ele não vai concordar em
deixar-me ver o desenho que fez de
mim a noite passada.
- Mostre-me. - eu reclamo,
descansando minha cabeça em seu
ombro.
- Não está pronto ainda. Quando
estiver eu vou mostrar. - Ele esfrega
a mão no meu cabelo, bagunçando
mais do que já está por causa da
noite dormida.
- Idiota. Então, se não vai me
mostrar, o que vamos fazer hoje?
- Eu tenho algumas ideias. Você
tem alguma ideia?
- Devemos fazer algo divertido.
Algo que normalmente não faríamos.
Devemos sair para algum lugar fora
do Campus. Menos chance de
encontrarmos minhas amigas e de me
rastrearem. Vou usar a minha
camiseta nova do Batman.
- A tinha deixado aqui da última
vez.
- Pode e deve vestir sua
camiseta. - Ele sorri e faz uma pausa
antes de continuar. - Você tem
certeza que não quer vê-las?
- Não, eu tenho.
- Eu entendo se você não quer
perdoá-las. - Apesar de ter
bagunçando meu cabelo um segundo
atrás, ele começa a alisá-lo
novamente.
- Não é uma questão de perdão.
Trata-se de se conscientizarem que
não podem me tratar desse jeito.
Ninguém deveria sentir o que eu
senti quando elas me fizeram passar
por essa situação, mas estou
chateada comigo mesma, em
primeiro lugar, por permitir que isso
acontecesse. Deveria ter colocado
um fim nisso há muito tempo. Mas
foi gradual e elas eram minhas
amigas. É insano, se você para
pensar, o que permitimos que as
pessoas nos façam quando nos
importamos com elas. - Ainda mais
do que estar brava com elas, eu
estou com raiva de mim mesmo.
Nunca pensei em mim como um
capacho, mas que eu estava fazendo
isso há anos e justificando isso.
Resumindo, elas me trataram assim
porque eu permiti.
Mas essa merda para agora.
- Eu acho que nós deveríamos
fazer algo mau. Nada ilegal. Talvez
um pouco contra as regras. - digo.
- Ok, então. Vamos quebrar as
regras. Vamos lá, vai para o
chuveiro.
- Ora, estou fedendo? - Ele
franze o nariz e assente. Eu tenho
vontade de enfiar seu rosto debaixo
do meu braço, mas não faço.
Quando termino o banho e saio
vestida no banheiro, posso
definitivamente sentir o cheiro de
algo delicioso.
Abro a porta e Jett está sentado
no sofá com dois sacos de fast food.
- Vamos levar o café da manhã.
Prepare-se, princesa, está
desperdiçando tempo. - Não sei
como ele teve tempo para se vestir,
arrumar seu cabelo e comprar café
da manhã, enquanto eu estava no
chuveiro, mas eu tenho a sensação
de que alguma coisa tinha haver com
Javier. Falando dele, já havia
desaparecido.
- Vamos, vamos. - diz Jett,
agarrando minha mão e os sacos de
fast food, me puxando para porta.
- Nós provavelmente
deveríamos ir com seu carro, uma
vez que sei que você odeia o meu.
- Não, não. Estamos vivendo no
limite hoje. Vamos com o seu.
- Vivendo no limite. Eu gosto
disso. - Ele mantém a porta aberta
para eu entrar e assim que eu sento
abro os sacos. Parece salsicha, ovos
e queijo, croissants, batatas fritas e
dois copos de café no outro.
- Eu adicionei canela e a noz
moscada. - diz com um sorriso.
- Obrigada, namorado de
mentira. - Eu retiro um dos
sanduíches e o entrego. Ele o mete
em sua boca enquanto tira o carro da
garagem.
- Ok. - disse depois de comer
um pedaço de seu sanduíche.
Enquanto eu mastigo o meu. É
gorduroso e fabuloso e é apenas o
que preciso. - Então, tenho um monte
de sugestão de filmes, para hoje.
Assim, eles não são originais, mas
são incríveis.
Tiro os copos de café e os
coloco no suporte para copos. Eles
balançam e entornam um pouco no
chão. Tenho certeza que Jett não se
importa. Ele pisa no acelerador e
ganha velocidade.
- Esta é a primeira regra que
está quebrando. Acelerar! Oh merda,
um policial. - Ele bate o pé no freio
e vai de volta para o limite de
velocidade.
- Boa tentativa. - digo, mas
mantenho um olho no retrovisor, em
direção ao policial. Ele não pode
vê-lo, mas eu posso, então mantém
exatamente o limite de velocidade,
mesmo quando saímos na estrada.
Eu termino meu primeiro sanduíche
e começo o segundo. Eu também
seguro o sanduíche de Jett para
comer, ele está ocupado dirigindo.
Nós terminamos nosso café
quando pegamos uma saída da
autoestrada e, em seguida, nós
estamos dirigindo por uma pequena
cidade. Apesar de ser tão perto da
faculdade, eu nunca estive ali. Ele
continua olhando ao redor enquanto
dirige pela rua principal, o tempo
todo resmungando para si mesmo.
- Aha! - exclama, puxando o
carro para uma rua lateral e, em
seguida, para o estacionamento.
Observo um prédio de tijolinhos ao
lado do estacionamento. Uma
biblioteca. Ainda não consegui
saber o que está pretendendo.
- Vamos. - Ele sai, espera por
mim enquanto abro a porta. Assim
que eu saio ele pega minha mão, e
então nós estamos correndo em
direção à biblioteca, subindo os
degraus e entrando pela porta dupla.
- Devagar - tenho pernas curtas.
- Não é possível desacelerar. -
Com isso ele começa a correr de
novo, deixando a senhora do balcão
da recepção abismada.
- Desculpe! - grito, enquanto Jett
me puxa para as escadas. Corremos
muito, e em seguida, ele para no
topo de uma varanda que tem vista
para o lobby. É uma bela biblioteca
e me lembra um pouco de A Bela e a
Fera. Muita madeira e tapetes
grossos e uma rede de lâmpadas.
- O que estamos fazendo aqui?
- Estamos quebrando as regras.
- Ele sussurra. - Você sabe que não
deveria gritar em uma biblioteca?
- Sim. - eu sussurro de volta.
- Bem, nós estamos indo para
quebrar as regras, em seguida,
vamos fugir. -
Eu olho para baixo. É cedo,
portanto, há apenas alguns clientes
na biblioteca e alguns nos
computadores de um lado da sala.
Tirando a senhora do balcão da
recepção, ninguém nos notou.
- Pronta? - pergunta, com os
olhos brilhantes.
- O que nós vamos gritar?
- Que tal as nossas palavras
seguras?
Eu realmente não quero gritar
isso em uma biblioteca. Inferno! Sou
uma pessoa tensa, eu sei disso.
Talvez o que eu precise é relaxar um
pouco.
- Um. - eu sussurro.
- Dois. - ele continua.
- Três. - dizemos juntos.
- Perspicaz.
- Necrofilia. - Assim que nós
fazemos isso, eu tenho um ataque de
risos e Jett pega minha mão e me
puxa para trás de uma pilha de
livros.
- Eu não posso acreditar que
fizemos isso. - sussurro. Ouço
passos na escada e tenho a sensação
de que nós corremos o risco de
sermos expulsos. Jett coloca o dedo
sobre os lábios e nos agachamos por
trás dos livros, enquanto a senhora
da recepção começa a nos procurar.
Nós serpenteamos em torno dela e
corremos para as escadas o mais
rápido que podemos, e assim que
descemos fomos direto para a porta
de saída. Algumas pessoas olharam
para nós, como efeito dominó,
continuamos correndo até voltarmos
ao carro de Jett, como se tivéssemos
roubado o lugar. Claro, é infantil,
mas, por vezes, fazer algo infantil é
maravilhoso.
Estamos respirando com
dificuldade enquanto Jett acelera
fora do estacionamento e de volta a
estrada. E então nós dois temos um
ataque de risos.
- Isso foi tão estúpido, Jett.
- Eu sei. Mas achei que
deveríamos começar estupidamente
até chegarmos a algo grandioso.
- Bom plano. - Meu estômago
dói de tanto rir, enquanto Jett
começa a acelerar novamente para
nosso próximo destino.
- Sei que é o seu dia, mas eu
posso fazer uma sugestão?
- Você não vai querer voltar
para a biblioteca e dançar na
varanda, não é?
- Não, Judd Nelson, esta não é a
minha ideia. Minha ideia é irmos a
uma loja que vende móveis e
pularmos em uma das camas e
depois tirarmos um cochilo. Vamos,
seria hilário. - Seu olhar de
ceticismo não é encorajador.
- Ok, vamos fazer isso, desde
que tiremos fotos disso.
Acabamos tirando fotos de tudo.
Dormimos nas camas da loja de
móveis, competimos com os carros,
fizemos cambalhotas com chapeis
idiota, fomos a uma livraria e
reorganizamos alguns dos títulos em
lugares estranhos, compramos
entradas para um filme e entramos
na sala de exibição de outro. Além
disso, levamos nosso almoço, que
incluía vários sanduíches de frango,
batatas fritas e dois refrigerantes.
Foi a maior diversão que já tive em
tão pouco tempo do que já tive ao
longo de minha vida, que não
gostaria de pensar.
Deixamos, também, gaivotas de
papel em todos os lugares que fomos
e tiramos fotos também.
Eu não me preocupo com
minhas amigas ou com o que estão
pensando em mim, ou minhas aulas,
ou a minha família, ou qualquer
coisa assim. Somente eu e Jett, nós
somos jovens e estamos nos
divertindo.
Quando percebo, nós dois
estamos compartilhando nossas
batatas fritas no cinema.
Eu me preocupo com ele. Muito.
Eu não tenho certeza se você
poderia chamá-lo de amor, mas é
algo bem perto disso. Ou pelo
menos é o mais próximo do que já
aprendi a amar.
Este é um daqueles momentos
em que você precisa de um melhor
amigo, mas estou saindo com o meu
agora, então eu guardo para mim
mesma enquanto voltamos para a
casa de Jett. Nós vamos ficar em
casa hoje e Javi vai se juntar a nós
para o jantar. Jett não mencionou
minhas amigas durante todo o dia,
mas eu sei que preciso avisa-las,
pelo menos onde eu estou. Como se
elas não soubessem.
Jett me ajuda a levar as compras
para seu apartamento e Javier nos
aplaude à medida que entramos.
- Bem, bem, bem. Os dois
voltaram triunfante. Como foi o dia?
- Ele se inclina sobre o encosto do
sofá e mexe as sobrancelhas.
- Bem, nós roubamos um banco
e em seguida, nós compramos
algumas drogas, então as vendemos,
depois roubamos pirulitos de
crianças, alguns carros e os
explodimos. Tivemos um dia cheio,
não foi? - digo e Jett só me olha.
Javi ri.
- Eu gosto de você. Você pode
ficar por aqui depois que este
pequeno teatro termine. Por que
você não é sincera com suas
amigas? Ou o que elas são agora.
Quero dizer, qual é a razão de
continuar com isso? É claro que
vocês dois não querem ser
Namorados de Mentira. - O quê? O
que ele está falando?
Olho para Jett, mas ele está
olhando para Javi. Acho que estou
perdendo alguma coisa. Alguma
coisa grande.
- E com isso, eu vou manter
minha boca fechada. - diz Javi,
pegando os sacos de supermercado
de Jett e indo para a cozinha. Então
começa a cantarolar alto e eu olho
para Jett a procura de uma
explicação.
- Você vai me explicar?
- Não. - Sua voz é nítida e
raivosa. Ouvi esse tom apenas
algumas vezes anteriormente, mas
estou me sentindo decidida a romper
todas as regras hoje, então não vou
deixá-lo ir sem explicação.
- Do que ele está falando, Jett?
Responda-me? - Eu toco seu braço,
mas ele se afasta de mim.
- Esquece isso, Shannon. Deixa
pra lá. Eu não posso falar sobre isso
com você. - Ele diz irritado, mas
depois está implorando. Assim
quando eu perguntei sobre sua
família e ele implorara para não
perguntar. Não estava pronto para
me dizer.
- Tudo bem. Me procure quando
estiver pronto. - passo por ele a
caminho da cozinha. A parte
divertida do dia acabou e meu
humor é um pouco azedo agora, mas
isso não vai me impedir de fazer
nachos, os mais épicos de todos os
tempos, em seguida, devora-los.
Então, isso é exatamente o que
eu faço, com a ajuda de Javi. Jett me
observa, mas está quieto e retraído.
Nada o distrai agora. Javi sente a
tensão e tenta chamar a atenção.
- Suas amigas estão enchendo o
meu celular de novo. - Jett diz em
voz baixa, me mostrando os textos.
As mensagens estão em letras
garrafais e bem enfáticas. Eu ainda
não quero lidar com elas. Eu disse o
que eu queria dizer e elas
precisavam sentar e pensar sobre
isso por um tempo. Será que elas
não têm nada melhor para fazer do
que se preocupar comigo?
Digo a Jett para ignorar as
mensagens e é isso que ele faz,
desligando seu celular. Isso é o
suficiente.
Os nachos que fazemos são de
proporções astronômicas. Cachorro-
quente, hambúrguer, pepperoni,
molho picante, pimenta, azeitonas,
cebolas, tomates, coentro fresco,
frango, condimentos, feijão,
cogumelos e dois tipos diferentes de
queijo.
- Esses são nachos malditamente
loucos. - diz Javi, enquanto
assistimos a bolha de queijo
enquanto estão no forno. Vai
demorar uma eternidade para
cozinhar com toda essa baboseira
sobre ele, mas somos paciente. Ou
pelo menos eu sou.
- Eu acho que eu vou...ir para o
meu quarto por um tempo, então eu
não perturbarei o processo de
cozimento. - diz Javi, com um olhar
de mim para Jett.
Sutil.
Assim que a porta se fecha, ele
liga o som tão alto que não
conseguiria nos escutar, mesmo que
quisesse.
- O que há com você? Eu sei
que você não quer que pergunte, mas
vou perguntar. Se você não quiser
fazer isso, então não temos que fazer
isso. Você pode dizer a palavra de
segurança agora e acabar com isso.
Feito.
Jett lambe os lábios e eu seguro
o balcão.
- Eu não quero que isso acabe.
- Bem, ainda temos mais uma
semana mais ou menos.
- Não, eu não quero que isso
acabe em uma semana. Eu não quero
que isso acabe. - O silêncio no final
da sua frase me faz engolir em seco.
Me fogem as palavras quando penso
no que ele acabou de dizer. Quase
quero fazê-lo repetir para ter certeza
que ouvi direito.
- Por favor, diga alguma coisa.
Eu não queria dizer, mas você me
colocou contra a parede, Shan.
- Espere, estou pensando. Isto é
inesperado. Eu não planejei isso.
Quero dizer, eu sei que me
apaixonei por você, mas eu não
achava que você iria...- eu paro.
Opa. Não queria dizer isso a ele.
- Você se apaixonou por mim? -
ele falou tão baixinho que eu quase
não o ouvi.
Em seguida, o estúpido
temporizador dispara. Demos um
salto, como se tivessem disparado
em nós. Roboticamente eu passo
longe de Jett e chego ao forno para
desligá-lo e retiro os nachos. Ouço
Jett se mover atrás de mim e seus
braços estão sobre os meus ombros
e o sinto respirando no meu cabelo...
- Shannon?
Ouço uma batida frenética na
porta.
.
Capítulo dezenove

- Filho da puta. – digo, quando


Javi rompe pela sala.
- Não se importem comigo,
continuem. - Ele olha pelo olho
mágico e depois de volta para mim,
seu rosto caindo.
- É Hazel. E o resto da
comitiva. O que você quer que eu
faça? - Jett se mantém afastando de
mim e eu não posso pensar com
clareza devido a rapidez dos
acontecimentos.
- Nós podemos fazer isso mais
tarde. - diz Jett, afastando-me ainda
mais. Ele está se fechando
novamente, mesmo assim, se eu digo
a elas para irem embora, nós não
iremos lidar com isso agora.
Hazel toca novamente.
- Vamos lá, Shan. Eu sei que
você está aí. Eu só quero ter certeza
que você está bem. Estou
preocupada com você e eu sinto sua
falta, as meninas estão aqui e elas se
sentem muito mal e estamos aqui
para pedir desculpas. Então diga a
Javi para nos deixar entrar. - Eu
suspiro, mas aceno para Javi. Acho
que a minha ideia de deixá-las por
muito tempo pensando sobre o que
fizeram comigo, foi estúpido.
Ele destranca a porta e abre-a
lentamente.
- Vou deixar vocês entrarem
porque ela me pediu. Se ela me
disser que deseja que vocês saiam,
então vocês vão sair. Entendeu? -
Ele flexiona um pouco seus
músculos, para que tenham um noção
do que está dizendo.
- Ele é seu segurança agora? -
Hazel pergunta, enquanto vem direto
a mim... Ela tenta me abraçar, mas
eu dou um passo para trás. A
"comitiva" para logo atrás dele, com
semblantes que pareciam que
estavam indo para forca.
- Você esqueceu seu celular e
me deixou muito preocupada. Eu
sabia que você estava aqui e que
precisava de algum tempo, mas eu
não aguentava mais. Precisamos
conversar sobre isso. Não aguento
mais brigar. - Então ela começa a
chorar. Feio, soluçando
dolorosamente. Era o suficiente para
me derreter e colocar meus braços
em torno dela. Assim como da
última vez. Eu não suporto vê-la tão
emocional.
- Eu sinto muito por tratá-la
dessa forma. Você está certa. Eu
tirei vantagem de você e estava te
pressionando, foi errado e sei disso
agora. Vou fazer de tudo para
sermos as “Melhores Amigas”
novamente. Você me faz uma pessoa
melhor.
Era uma cadela antes de te
conhecer. - Isto me fez rir um pouco.
- Eu estava ciente do seu lado
cadela, Hazel. E não é tudo culpa
sua. Deveria ter me imposto com
firmeza. Deveria ter enfrentado
vocês quando vocês me mandaram
encontrar um cara para sair. Eu
deveria ter mandado todas vocês a
merda. - Javi bufa.
Hazel funga e uso meus dedos
para limpar suas lágrimas.
- Sinto muito. - disse ela
novamente.
- Eu sei. - Eu abraço de novo e
ouço mais fungados. Elas estão
todas chorando agora. Javi começa a
distribuir lenços, enquanto minhas
amigas, uma por uma, vêm e me
abraçam e pedem desculpas. Isso
era o que eu queria o tempo todo.
Que elas me tratassem como ser
humano. Sua amiga. Não alguém que
precisa de uns conselhos terríveis.
Ou intervenções em seu nome. Eu
explico tudo isso e elas parecem
escutar. Realmente ouvirem.
- Você tem que parar de me
tratar como uma criança. Eu não sou.
Sou sua amiga e sou uma adulta. Eu
te amo, mas eu preciso viver a
minha própria vida.
Todas concordam e há mais
abraços. Javi me dá uma salva de
palmas, todos elas unem-se a ele e
faço um pouco de reverência. Jett
está assistindo tudo ao fundo e posso
dizer que ele está orgulhoso de mim,
mas ainda temos assuntos
inacabados.
Este é um passo na direção
certa.
- Agora que isso acabou, quem
quer nacho? - Javi pergunta e todas
nós levantamos as mãos. Olho por
cima do ombro, para Jett e ele me dá
um sorriso e uma piscada. Eu pisco
para ele de volta.
Precisamos conversar. Mas,
primeiro, nachos.

- Vou contar para eles. - Digo


para Jett, enquanto minhas amigas
devoram os nachos e contam piadas
sujas e Javi serve bebidas. -
Podemos muito bem sair do armário,
proverbialmente.
Ele só dá de ombros.
- Isso é tudo que você tem a
dizer?
- Eu não me importo se você
lhes contar. - Às vezes eu quero
estrangulá-lo. Mas eu gosto muito
dele.
- Então vem comigo. - Pego sua
mão e o arrasto até a frente da TV
gigante de
Javi.
- Nós temos um anúncio a fazer.
- Eu olho para Jett, parece preferir
abrir um buraco no chão, ao invés de
ficar ao meu lado agora. Péssimo.
- Jett e eu não estamos
namorando. Nós nunca fomos
namorado. Nós fizemos um acordo e
fingimos ter um relacionamento para
que nossos amigos parassem de nos
importunar para sair e encontrar
alguém. Agora vocês podem ter a
TV. Obrigada pela atenção. - Outra
reverência e começo a arrastar Jett
de volta para a cozinha, mas Hazel
bloqueia meu caminho.
- Você fingiu? A coisa toda?
Por quê? - Minhas outras amigas
estão chocada demais para falar.
- Porque você não iria parar de
me importunar para ir a um bar e eu
não tinha coragem para te dizer para
me deixar em paz. Então ao invés de
enfrenta-la, envolvi este pobre rapaz
em um esquema elaborado com
regras e insanidades. Não tenho
ideia do porquê ele me deixou ir tão
longe. - A verdade é que eu
realmente gostei de “fingir” sair com
Jett.
Eu me viro para Jett e pela
primeira vez, seu rosto está
vermelho como uma beterraba.
Merda. Eu não deveria ter feito isso
com ele. Não pediu por isso. Eu
tinha acabado de brigar com minhas
amigas por me tratar como lixo e
agora estou fazendo o mesmo com
Jett. Caminho em direção a Jett com
a intenção de pedir-lhe desculpa e
ele murmura algo em voz baixa. Não
consigo ouvir porque minhas amigas
estão cochichando umas com as
outras.
- O que você disse? - ele faz um
grunhido.
- Porque eu gostava! E eu queria
estar perto de você! E agora eu acho
que te amo. - Ele grita e a sala fica
em silêncio de uma forma que dá pra
ouvir o espirro de um rato.
- Você acha que me ama? - Eu
pergunto, tocando seu ombro.
Olha pra mim e assente - Sim,
eu amo.
Oh. Uau. Eu não posso
acreditar. Eu sei que me importo
com ele, mas eu nunca imaginei que
ele se importava tanto comigo. Eu
olho para o garoto com as tatuagens
de dragão, do cabelo moicano e das
gaivotas de papel. Eu me preocupo
tanto com ele que eu não sei como
aguento. Ele ocupa minha cabeça e
meu coração e eu sei que isso aqui é
real.
- Bem, acho que também te amo.
- Percebo que foi acontecendo
lentamente, dia a dia, momento a
momento. Com cada gaivota de
papel que me fez, eu tinha me
apaixonado um pouco mais. A cada
noite, tinha me conquistado um
pouco mais.
E agora estou aqui.
Verdadeiramente apaixonada pelo
meu Namorado de
Mentira.
- Que porra você está
esperando? Beije a garota! - Javi
grita e eu olho dentro dos olhos
multicolorido de Jett, ele se inclina
e me beija.
É suave e doce. Ele coloca seus
sentimentos ali e o beijo é melhor do
que antes. Me levanto nas pontas dos
pés e coloco meus braços em torno
dele e seus braços me envolvem e é
tudo o que um beijo deve ser. Fogos
de artifício e confetes e aplausos. O
último vem das minhas amigas e de
Javi.
Finalmente nos desgrudamos.
- Então isso significa que você
vai ser meu Namorado de Verdade,
agora?
- Sim, acho que vou, Namorada
de Verdade.
E nós nos beijamos novamente
para selar o acordo.
Capítulo vinte

- Então, há algo que eu tenho


que te dizer, antes de contar a todos.
- diz Jett nesta noite, quando estamos
nos preparando para a cama. Javi
não vai dormir em casa para nos dar
privacidade e eu estou
enlouquecendo.
Esta é a primeira vez que vamos
passar a noite juntos, sem Regras.
Eu a aboli depois que minhas amigas
tinham ido embora. Elas me fizeram
lê-la em voz alta como todas as
coisas bobas que eu e Jett fizemos
para manter nosso relacionamento
de mentira. Agora estamos sós, sem
nada entre nós. Exceto pelo fato de
que sou virgem. Acabamos de dizer
aos outros que não se preocupem
conosco, nosso relacionamento é
real e só tem algumas horas de
nascido. Acho que nós não
precisamos entrar imediatamente
nisso. Certo?
Além disso, parece que Jett tem
algo a me dizer, então me sento em
sua cama e dou-lhe toda a minha
atenção. Contanto que não estejamos
falando sobre a minha virgindade,
estou bem.
- Tudo bem, vá em frente. - Ele
abre sua boca, mas depois muda de
ideia.
- Não, não é nada. Nada que
tenhamos que falar neste momento.
Hora de irmos pra cama? -
Concordo e ele se encosta em mim,
porém me viro de frente para ele.
- Então, isso significa que
podemos nos beijar sempre que
queremos, agora. - digo e nós
ficamos a uma polegada de nossos
rostos.
- Fizemos isso todo o tempo.
Nós falhamos em seguir as regras na
maioria das vezes. Você me deixou
quebrar muitas delas. - Ele sorri e
eu sorrio também.
É verdade. Eu o deixei quebrar
com qualquer coisa que quisesse.
- Nós estragamos tudo de
alguma forma. Como acha que nós
vamos com um
Relacionamento de Verdade?
- Eu não sei, mas acho que
devemos praticar.
- Eu acho que você está certo.
Eu movo minha cabeça um
pouco para frente e nossos lábios se
encontram e, em seguida, os
abrimos, nossas línguas estão
dançando, dando e recebendo.
Estávamos sempre bem nessa parte.
Ele sabe exatamente como eu gosto
de ser beijada e sempre tem um
gosto bom. Nossos corpos se
moldam, e em seguida, estou deitada
de costas, com Jett sobre mim. O
beijo está fica intenso e eu quero
mais.
Ele quer mais, também.
Eu passo as minhas mãos na
parte de trás de sua cabeça, até a
bainha de sua camiseta e ele se
move para que eu possa tirá-la dele.
Entendi na primeira tentativa! Nada
mau para uma virgem. Talvez ele
nem vai notar?
Assim que sua camiseta está
fora do caminho, seus lábios estão
de volta nos meus e os intensifica
em um frenesi e eu quero algo, quero
tanto que acho que vai me matar. E
então o beijo para.
- Eu sou virgem. - Jett deixa
escapar. - Nunca tive relações
sexuais, porque meus pais e eu
nunca conversamos sobre isso, a não
ser para me perguntarem se já havia
feito e que os desonraria se o
fizesse. E então, eu poderia
encontrar a garota certa e eu não
acho que ela fosse querer um virgem
desajeitado. Então, eu entendo se
não fizermos... se não quiser nada.
Eu entendo.
Se ele tivesse me dito que era
um serial Killer eu estaria menos
chocada. Mas, uma vez que tenha
feio essa revelação, muitas coisas
começam a fazer sentido. Então
começo a rir. Provavelmente não é a
melhor resposta, mas não posso
fazer nada a esse respeito.
Mesmo no escuro posso ver a
dor e confusão em seu rosto.
Balanço a cabeça e tento abafar os
risos.
- Então... eu também sou! - E
tenho outro ataque de risos.
- Você é virgem?
- Sim. - E então ele começa a rir
comigo. E não paramos por um
longo tempo. Até que estamos
ofegantes e enxugando as lágrimas.
- Nós dois somos virgens. Quais
são as chances disso? - Eu digo.
- Eu não sei, porra. - Jett tinha
se deitado ao meu lado quando
começamos a rir, ele se vira e logo
estamos frente a frente novamente.
- Então, o que dois virgens que
começaram a namorar de verdade e
estão sozinhos em um apartamento
fazem? - Eu sei o que eu quero fazer,
mas eu não quero pressioná-lo se ele
não está pronto pra isso.
- Bem, eu sei o que eu gostaria
de fazer. Eu gostaria de vê-la nua. Já
pensei e sonhei com isso e eu
gostaria que acontecesse. Então, eu
quero olhar para você com as luzes
acesas. Ver todas as curvas. E quero
provar cada curva e quando você
estiver satisfeita, quero estar com
você. Se você quiser ficar comigo.
Quero desenha-la com nada mais
além de luz em você.
Bem, se ele queria fazer um
discurso para saber se lhe daria
minha virgindade, acertou em cheio.
É sua. Pode ficar com ela. Eu quero
que a tenha.
- Você sabe que não vai ser
assim, na primeira vez.
- Eu sei, mas talvez seja para
nós. Nós quebramos as regras do
namoro até agora.
- Então você está dizendo que
você quer tentar? Agora?
- Acho que agora é um momento
tão bom quanto qualquer outro.
- Você tem camisinha?
- Javi sempre garante que eu
esteja bem abastecido. - Ele vai até
sua cabeceira e a pega. A visão do
pacote brilhante faz sentir mais real.
O que eu quero mais? Manter-me a
mesma, manter a parede no meio?
Ou deixá-lo ter cada parte de mim?
- Vamos fazer isso.
- Tem certeza?
Concordo com a cabeça. Eu
tenho certeza. Esta é a decisão mais
precipitada que já fiz, mas tenho
certeza, já disse que o amava mais
cedo, então eu não me importo.
Decisões precipitadas são incríveis.
- Então, eu posso acender as
luzes?
Concordo com a cabeça
novamente, ele passa sobre mim até
o interruptor e acendo a luz do
quarto. Meus olhos estavam
acostumados com a escuridão, então
eu pisco algumas vezes. Ele está ao
lado da cama e sua intenção é clara.
Muito, muito clara.
Eu posso saber muito sobre
sexo na teoria, mas fazê-lo é outra
coisa. Bem, hora de começar o
show.
Eu me levanto na frente de Jett e
beijo-o. Ele me puxa para a frente e
suas mãos roçam minhas costas. Isso
nós sabemos. Suas mãos levantam
minha camiseta e eu levanto os meus
braços sobre minha cabeça para que
eu possa retirá-la. Eu ainda estou
usando um sutiã e sua respiração se
intensifica quando ele olha para
mim.
Oh, meu Deus. Jett e eu teremos
relações sexuais. Vou vê-lo nu, ele
vai me ver nua e vai colocar seu
pênis dentro de mim. Pênis. Galo.
Dick. Pau. E tão rápido como me
decidi, quero voltar atrás. Decisões
precipitadas não são pra mim. Eu
estava errada. Porque eu penso
demais em TUDO.
- A luz vermelha. - Ele para o
que está fazendo, como se eu tivesse
lhe dado um tapa. Levanta as mãos.
- O que há de errado?
- Eu estou pirando. Eu...Eu não
acho que estou pronta para isso. E
sei que eu disse um segundo atrás,
mas eu não acho que esteja.
Podemos colocar o pé no freio? -
Ele segura meu rosto, suavemente,
como se tivesse medo que eu fosse
fugir.
- Tudo o que você quiser fazer é
o que vamos fazer, princesa. Sem
pressão.
Foi o que nos trouxe até aqui,
em primeiro lugar. - Ele se abaixa e
pega minha camiseta e entrega-a
para mim e depois pega a sua.
- Quer apenas ir para a cama? -
Diz assim que nós dois estamos
vestido novamente.
Só porque eu parei e decidi que
eu não estou completamente pronta
para percorrer todo esse caminho,
no entanto, não significa que eu não
quero. Na verdade, minhas partes de
baixo estão gritando comigo. Não
tenho certeza se tem um rosto ou
não, mas definitivamente vou
descobrir. Dormir provavelmente
não vai acontecer e não sou eu que
tenho uma ereção.
- Você acha que vai passar? -
Meus olhos estão fixos em sua
boxer. Ele olha para baixo também.
- Sim, é só um pequeno
problema. - Eu não tenho bastante
experiência nesta área. Eu não sei
até que ponto ele tem o controle da
situação ou se vai precisar cuidar
disso.
Seu rosto parecia transtornado e
então fecha seus olhos. Eu não digo
nada. É como se ele estivesse
falando mentalmente com sua parte
de baixo. Demora alguns minutos,
mas, como que por magia, volta ao
normal. Ele respira fundo e abre os
olhos.
- Merda. É difícil olhar para
você, porque me deixa aceso, mas
acho que eu posso lidar com isso. -
Ele vai para a cama e deita de
costas.
Eu me levanto para desligar as
luzes e entro na cama timidamente
depois dele, também rolando e
ficando de costas.
- Como você está por aí? -
pergunto.
- Bom. Nós estamos bem. - Ele
me dá um polegar para cima. Ergo
minha mão e ele me dá high five.
- Desculpe sobre essa coisa do
sexo.
- Honestamente, eu estou feliz
que você tenha pedido para parar.
Você não era a única que estava
pirando aqui. Nós não devemos nos
apressar para isso. Já esperamos
tanto tempo, certo?
Viro-me de lado para encará-lo.
- Certo. - Nós definitivamente
tomamos a decisão certa. - Boa
noite, namorado de verdade. - digo e
dou-lhe um beijo rápido.
- Boa noite, namorada de
verdade.

Jett e eu não tivemos relações


sexuais no dia seguinte. Ou no
próximo. Nós nos encontramos
durante toda uma semana e depois
outra. Nós falamos sobre o tema sem
tabus. Quase todas as noites. Não
existe duas pessoas, como nós, que
fale tanto sobre sexo sem realmente
fazê-lo. Concordamos que
desejamos ir além dos beijos e que
vamos nos deixar levar, nosso
limites são bastante claros.
Desta vez, no entanto, nós não
escrevemos regras para seguir.
Estamos deixando as coisas fluírem.
Eu adoro estar com Jett. Estar
com ele a cada segundo me faz
querer explodir de felicidade. As
vezes não sei como lidar com esse
sentimento. A cada dia ele me dá
uma gaivota. Tenho tantas, que meu
quarto está cheio delas e agora estão
empoleiradas em todo o
apartamento. Escrevo pequenas
notas em suas asas, tenho uma a cada
citação.
Finalmente me mostra meu
retrato, juntamente com os vários
outros que eu nem imaginava que
tinha feito. Era óbvio que já me
amava quando os desenhou, e que
provavelmente, foi por isso que não
queria que eu os visse. Agora eles
ficam pendurados na parede ao lado
de sua cama, de forma que possa ver
meu desenho sempre que acorda e a
mim também de verdade. Me assusta
um pouco ver minha cara assim que
acordo, mas Jett é tão talentoso que
eu não me incomodo com isso.
Também estou em vias de
consertar meu relacionamento com
minhas amigas. Conversamos muito
e estou muito mais feliz nesse
departamento também. Hazel e eu
nos acertamos, ela realmente parou
de fumar. Ou pelo menos ela está
tentando.
Já é quase final de semana,
estou meio estressada por conta de
minhas aulas, mas pela primeira vez
eu tenho alguém pra me acalmar e
que vai ficar tudo bem.
Jett foi tão surpreendente, que
eu quero fazer algo por ele. Então,
uma noite, quando estávamos na
cama e depois da nossa conversa
sobre sexo, eu disse a ele.
- Então, eu estava pensando que
poderíamos fazer uma viagem este
fim de semana.
- Onde? - respiro, porque
realmente não sei como ele vai
reagir.
- Eu estava pensando que
poderíamos visitar sua casa e talvez
ver sua irmã.
Se você estiver pronto.
Ele olha para mim e eu não
consigo ler a expressão em seu
rosto. Está com raiva? Ou está
apavorado?
- Vamos no meu carro e nos
revezar na direção. Só assim você
poderá vê-la.
Eu sei o quanto você a ama, se
preocupa com ela e quer ter certeza
que está bem.
Ele continua olhando para mim
e depois se inclina para frente e me
dá um beijo.
- Eu te amo. - Ok, então ele não
está com raiva. Bom.
- Eu também te amo. Então,
vamos fazer isso?
- Sim. Nós vamos fazer isso.
Capítulo vinte e um

- Você está surtando? Podemos


voltar. - digo, e guio o carro para o
caminho que leva à casa de Jett. Sua
família vive nessas ruas
urbanizadas, onde todos os
gramados são verdes artificialmente
e todas as casas parecem como de
revista. O oposto da que tinha
crescido.
- Não, apenas vá. - Suas
palavras são entrecortadas e sei que
ele está pirando porque não para de
estalar os dedos.
Como sua motorista continuo
dirigindo. Sua casa é o número
dezenove. Dirijo passando as
primeiras casas e desacelero quando
chegamos perto.
- Eles estão em casa. - diz,
apontando para dois carros na
garagem. Eu mantenho uma
respiração instável e dirijo tão
devagar quanto posso e o mais
próximo da casa. Devem achar que
somos assaltantes em potencial. É
por isso que sugeri em dirigir.
Estamos na frente da casa
quando a porta se abre e alguém sai.
- Pare, pare o carro! - Jett diz, e
assim que paro o carro ele abre a
porta. Assim que posso ver,
descubro o que está acontecendo.
Ele abre os braços e a garota,
que é uma versão mais velha da
garota nas fotos de sua parede, se
joga em seus braços, rindo e
chorando. River. Eles se abraçam
por um longo tempo e não param de
falar enquanto matam a saudade.
Percebo que ela está vestindo
uma saia até os tornozelos, seu
cabelo é comprido, brilhante e desce
até as costas.
Finalmente ele a põe no chão e
posso ver que ambos estão
chorando. Ele pressiona algo em sua
mão e olha para trás, em direção à
casa, quando a porta se abre
novamente. Sim, é hora de ir. Jett
corre de volta para o meu carro.
- Vai, vai, vai! - acelero o carro
e a menina nos dá adeus antes de
sair correndo de volta para a casa.
Tenho um breve vislumbre da mãe
de Jett do lado de fora, mas então
viro uma esquina e a casa não é mais
visível. Não paro de dirigir por
mais alguns minutos. Jett fica em
silêncio o tempo todo.
Dirijo por uma estrada
arborizada e estaciono em um local
onde não se ouve mais barulho de
movimentação alguma.
- Então, era sua irmã? - Dãã,
Shannon.
- Sim. - Ele ainda parece estar
um pouco sem fôlego.
- Ela está bem?
- Sim. Ela sente falta de mim e
está tentando fugir para vir me ver.
Dei a ela o número do meu celular e
o endereço do apartamento, para que
possa vir me ver quando quiser. Eu
não posso acreditar o quanto ela está
mudada agora.
Lágrimas escorriam pelo seu
rosto e eu inclinei-me e coloquei
meus braços em torno dele. É difícil
abraçar em um carro, mas eu estou
fazendo isso de qualquer maneira.
Eu choro, por um tempo, junto
com ele. Ficamos sentados ali no
meu carro, por um longo tempo. Jett
vira a cabeça e me beija, tem gosto
de lágrimas. São beijos ferozes,
cheios de saudade, raiva, dor e
esperança. Sem eu perceber, ele me
puxa para seu colo e minhas roupas
começam a desaparecer.
- Agora? - Eu pergunto, com
meus olhos queimando nos seus
multicoloridos.
- Agora.
Não tem maneira de fazermos
isso no banco da frente, por isso
passamos para a parte de trás. Nós
chegamos até lá e eu estou apenas no
meu sutiã e ele em sua cueca e
começo a questionar se esta é a
melhor ideia ou não. Estamos no
meio do dia e a estrada principal
não é tão longe.
Mas não me importo. Estou bem
com isso e sei que Jett também.
Bem, está tudo certo, até ele
tentar soltar meu sutiã. Não quero
me meter, mas posso dizer que ele
está se esforçando. Eu devia ter-lhe
dado aulas. Ele faz um som de
frustração contra a minha boca,
então eu viro os braços nas minhas
costas e faço isso por ele.
- Obrigado. - ele diz, beijando o
caminho até meu pescoço.
- De nada.
Meu sutiã está fora e é a
primeira vez que Jett me vê seminua
desde a noite que oficializamos
nosso namoro.
- Sinto que deveria lhe dar uma
salva de palmas. – diz, enquanto
suas mãos deslizam sobre minha
pele. Jesus. Isso é muuuuito bom.
Poderia viver com isso.
Hesitante, aperta meus seios e
eu não posso evitar que um gemido
sai da minha boca.
- Você gosta disso?
- Poderia dizer que sim.
- Você gostaria eu os beijasse?
Que tipo de pergunta é essa?
- Siiiim. - digo, ele coloca a
boca sobre um dos meus mamilos e
suga-o.
Puta merda. Era disso que
estava falando? A mão de Jett
trabalha no outro seio, rolando para
trás e para a frente entre os dedos.
Não sei onde ele aprendeu, mas eu
estou muito, muito feliz.
Ele passa muito tempo de
qualidade nos meus seios e pelo
tempo que fez isso, se soprasse
sobre eles, eu teria um orgasmo.
- Foi tudo bem? - Ele pergunta
tão docemente que eu quero rir.
- Bom trabalho. - eu digo e lhe
dou tapinha no ombro.
- Então, você quer que eu faça
mais?
- Porra, sim. - Ele sorri e beija
o caminho até a costura da minha
calcinha. O momento da verdade. Eu
não sei se estou pronta para isso,
para ter seu rosto ali embaixo,
quando ele levanta a cabeça e olha
em meus olhos, enquanto suas mãos
puxam minha calcinha, seus olhos
são escuros e eu posso ver que me
deseja. Bem, merda, eu desejo ele
também.
Levanto meus quadris e ele
termina de tirar minha calcinha, em
seguida, está fora. Uau. Aqui estou
eu.
Luto contra o impulso de me
cobrir enquanto ele inala lentamente
e olha para mim.
- Sim, definitivamente estou
desenhando assim.
Eu posso sentir o rubor no meu
rosto enquanto ele abaixa a cabeça e
beija logo abaixo do meu umbigo.
Eu sei o que ele vai perguntar, então
vou responder antes que faça.
- Sim. Quero que faça. - Faço
uma pequena oração para que não
ache ruim.
E então sua boca está me
tocando lá uma vez, duas, três vezes.
E isso é o suficiente para que eu
liberte tudo dentro e estou gritando
seu nome, meus quadris empurrando
em direção da sua boca. Ele parece
um pouco surpreso, mas tenho
certeza que sabe sobre o orgasmo
feminino. Logo sua boca está em
mim novamente, lambendo e
chupando, ficando mais confiante,
levando-me ao limite outra vez. Eu
nunca “cheguei” tão rapidamente, ou
com tanta força ou tantas vezes.
Cristo.
Ele me olha.
- Você está bem?
- Estou fudidamente incrível. -
não consigo parar de xingar. A
situação parece exigir. - Tenho um
gosto ruim? - Eu não posso deixar
de perguntar. Tenho que saber.
- Não, você tem um gosto doce.
Tive a sensação que seria. Mas,
hum, estou muito perto de perdê-lo,
então eu acho que nós precisamos...
- Nos movermos juntos. - digo,
terminando a frase. Bem, ele já fez
um bom trabalho até agora, mas esta
parte seguinte, provavelmente, não
vai ser tão agradável para mim.
- Se eu te machucar, por favor,
deixe-me saber e vou parar. - Eu
odeio dizer isso para ele, mas vai
doer e vai ser horrível. Mas isso é
assim e eu prefiro passar por algo
terrível com ele do que com
qualquer outra pessoa.
- Eu estou pronta. - digo, então
ele busca seu jeans e tira um
preservativo.
- Javi continua colocando-os
nos bolsos. - Javier é anormal.
Tiro de sua boxer e finalmente
começo a ver Jett Nguyen completo.
Ok, isso parece muito maior do que
eu pensei que seria. Talvez seja
apenas a minha perspectiva, mas eu
não tenho nenhuma ideia de como
essa coisa vai caber dentro de mim e
começo não sentir o pânico.
- Shannon. - ele diz
rapidamente. - Nós não temos que
fazer isso. - A menos que algo
trágico aconteça, o pênis não vai
mudar e em algum momento ele vai
estar dentro de mim. Eu o quero.
- Eu te amo. - digo, passando
minhas mãos pelo seu peito e
alcançando seu pau.
- Não me toque. Eu não vou
durar se você me tocar. - deixo
minhas mãos longe e ele coloca o
preservativo. Demora um pouco.
Esses coisas são complicadas.
Posso ouvi-lo xingando baixinho
enquanto desenrola.
E então ele está acima de mim e
se acomoda para que eu possa estar
na posição correta.
- Pronta?
- Como nunca estive. Eu te amo.
Muito.
- Eu também te amo. - Então ele
está empurrando e eu posso senti-lo
entrar em mim. É apenas um pouco
desconfortável no início. E então
fica pior. E pior, até que fica
malditamente doloroso.
- Se você quer que eu pare, eu
posso parar. - Sua voz é apertada, e
eu posso dizer que ele está tendo um
momento difícil.
- Eu estou bem. - Não, eu não
estou TÃO bem. Ele continua
empurrando e eu sinto que algo
dentro de mim se rompe, e, em
seguida, está todo caminho. Por um
segundo, é apenas um pouco
doloroso e então é como se eu
estivesse sendo dilacerada. Eu não
posso fazer nada quanto a isso, só
gemer. Jett congela.
- Só me dê um segundo. - digo,
tentando não chorar. Eu não posso
chorar. Isso vai ficar melhor.
Os braços de Jett estão
tremendo e eu tento não me mover.
A dor cegante se dissipa por um
instante, assim eu espero, posso
sentir meu corpo tentando acomodá-
lo. Isto é uma necessidade biológica,
acima de tudo. Meu corpo foi feito
para ter um pênis dentro dele.
- Tudo bem, eu estou bem. -
digo, e ele puxa os quadris para trás.
- Oh meu Deus. Você é incrível
e eu sinto muito te machucar, mas
isso é tão bom, princesa. - Bem, isso
é lisonjeiro. Eu sorrio e nossos
lábios se encontram novamente,
então ele puxa quase todo para fora
e em seguida, mergulha novamente
em mim, dói como o inferno outra
vez, mas não tanto quanto a
primeira. Eu continuo não podendo
fazer nada a não ser estremecer, no
entanto.
Ele empurra uma terceira vez e
posso sentir alguma coisa
acontecendo, ele fica rígido e chama
meu nome e então desce sobre mim.
Espere, o quê? O que foi isso?
Ele está ofegante, com a cabeça
no meu ombro. Eu não quero dizer
nada, mas eu não imaginava que
seria assim.... rápido.
- Eu sinto muito. Eu não pude
aguentar mais. - disse e não voltou a
olhar para mim.
Coloquei meu dedo sob seu
queixo e inclinei-o para ver o meu
rosto.
- Está tudo bem. Nós apenas
temos que tentar novamente. Nada é
perfeito na primeira vez. Mas eu te
amo e eu não me arrependo.
Ele me beija e puxa para fora.
Eu realmente não quero olhar para
baixo, porque eu tenho quase certeza
que estou sangrando. Ainda bem que
o meu banco traseiro é de couro e
fácil de limpar.
- Eu te amo. Você é minha
primeira e única.
- E última. - acrescento eu.
Ele puxa meus cabelos para trás
e olha para mim como se eu fosse o
seu mundo inteiro.
- E a única.
Epílogo

A segunda vez que fizemos sexo


foi alucinante. A terceira? Melhor
ainda. É tão bom, que decidimos
nunca mais sair do quarto e vamos
passar o resto de nossas vidas
fazendo amor um com o outro. Eu
ensino algumas coisas a Jett sobre o
corpo feminino e ele aprende como
um profissional. Deixe-me dizer
algo, essas habilidades com origami
podem se transformar em outras
habilidades. Ele também me ensina.
Eu aprendi algumas coisas que eu
nunca soube sobre o pênis e eu sou
uma excelente aluna.
Ele recebe o primeiro
telefonema de sua irmã, uma semana
depois de ir vê-la, e mesmo que seja
apenas por alguns minutos, é o
suficiente pra fazê-lo muito feliz.
Outra pessoa que está muito feliz é
Hazel. Ela está radiante pelo passo
que eu e Jett demos, ela chama de
"mergulho" e está repleta de dicas
de sexo para nos dar. A maioria das
quais, ignoro. Mas ainda assim seu
coração está no lugar certo.
Para comemorar o fim da fase
final (e o final do ano letivo), todos
nós vamos para a pista de boliche de
novo, mas desta vez Jett e eu
estamos juntos e Jordyn está
solteira. Javi traz Marty e Skye e os
dois passam toda a noite tentando
entrar em suas calças, mas acho que
ela vai ficar um tempo sozinha, algo
que apoio totalmente.
Javi decide não ficar se
embebedando e em vez disso passa
a maior parte da noite tirando sarro
de mim e de Jett e provocando
Hazel, que definitivamente não se
importa. Há algo acontecendo entre
eles, qualquer um poderia ver. Javi
está relutante. Ele acha que Hazel é
boa demais para ele. Interessante.
Perguntei sobre isso pra Jett, mas,
aparentemente, os homens tem um
código de honra também e ele não
me diz nada.
E finalmente chegou a minha vez
e fiz meu primeiro Strike. Levanto as
minhas mãos em sinal de vitória e
então vejo Jett, erguendo suas mão
também, e em seguida, me pegando
em seus braços e nos fazendo girar.
Como se eu tivesse ganho os Jogos
Olímpicos. Todo mundo bate palmas
e rio enquanto Jett continua me
fazendo girar até eu ficar tonta.
Começo a gargalhar, até que não
consiga respirar, então ele me põe
para baixo e me beija até meus
joelhos ficarem fracos e eu não
poder me sustentar de pé, mesmo se
eu quisesse.
Vamos passar o verão juntos,
fazendo gaivotas de papel, fazendo
amor e fazendo nachos. Vai ser
perfeito. E REAL.
Fim
Sobre a Autora
Chelsea M. Cameron é uma
YA/NA and Adult New York
Times/USA Today Best
A autora mais vendida do
Maine. Amante de coisas aleatórias
e ridículas,
Fã de Jane Austen / Charlotte e
Emily Bronte, fanática por Red
Velvet Cake, bebedora obsessiva de
chá, vegetariana, ex-líder de torcida
e pior jogadora de vídeo game do
mundo. Quando não está escrevendo,
gosta de assistir infomerciais, cantar
no carro e tuitar. Ela é formada em
jornalismo pela Universidade de
Maine, Orono que ela prontamente
abandonou para escrever sobre as
pessoas de sua própria cabeça. Mais
frequentemente do que não, essas
pessoas acabam por ser tão
estranhos como ela é.
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