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JULIA

Ele me perseguiu das sombras, observando cada movimento


meu.

Eu não deveria ter me sentido segura, mas me senti.

Ele esperou até o dia em que me pegou, me jogou por cima do


ombro e decidiu que eu era dele. Tentei lutar contra a ideia, mas
fingir que eu não queria ser dele, que não ansiava por isso? Isso
durou apenas algumas horas. Eu sabia que pertencia a ele.

Então minha própria mãe tentou se vingar.

Mal sabia ela que eu pertencia ao Reaper e que ninguém rouba


o que é dele.

REAPER

No momento em que a vi, eu soube.

Ela era minha.

Eu a observava dia e noite, protegendo-a de longe. Esperei até


que chegasse o momento certo.

No momento em que vi sua mãe colocar as mãos sobre ela? Foi


o momento certo. Não havia mais como evitar e certamente não
havia como voltar atrás.

Ela estava em minha casa e na minha cama.

Ela era minha old lady.

Mas alguém do nosso passado decidiu que ela era deles.

Homem estúpido. Ninguém tira o que é meu.

Não me importa se eu tiver que acabar com o


mundo inteiro para protegê-la.

Que comece a matança.


Fecho os olhos e tento me acalmar enquanto meu corpo exige
que eu sacuda minha mãe pela centésima vez hoje.

Eu agarro a borda do balcão e tento controlar minha


respiração. Ela é a ruína da minha existência, então por que ainda
estou aqui?

Porque eu prometi ao meu pai, antes de ele morrer, que


cuidaria dela, mas ela estava diferente naquela época ou estava
apenas escondendo quem ela realmente era...

Há dez anos, quando eu tinha oito anos de idade, meu pai


sofreu um trágico acidente, caindo do telhado de casa e quebrando
quase todos os ossos de seu corpo. Ele nunca teve uma chance.

Eu segurei sua mão enquanto ele dava seu último suspiro. Mas
por onde andava minha mãe?

Ela estava tentando o seu melhor para encontrar outro homem


para cuidar dela, mas nunca o fez. Ela ficou odiosa e má. Ela me
culpou por sua morte porque ele estava no telhado de casa
tentando pegar meu Frisbee que eu acidentalmente joguei lá.

Ele escorregou em algumas folhas molhadas e caiu no chão; eu


me lembro de ter gritado várias vezes ao vê-lo cair.

Ainda tenho pesadelos anos depois.


Sou proprietária de uma padaria na cidade. É a melhor parte
do meu dia quando a enfermeira que contratei cuida dela e eu
estou no trabalho. Mas assim que chego em casa, é um inferno.

— TRAGA-ME MEU CAFÉ! — ela grita a plenos pulmões, e


então ouve-se um som de estilhaços, como se ela estivesse
quebrando alguma coisa para fazer valer seu ponto de vista.

Abro os olhos e pego o café que acabei de preparar para ela.


Hoje é domingo e é o dia em que meu gerente administra a loja
para que eu possa ter um dia de folga.

Mas sério, o que é um dia de folga quando tenho que cuidar da


minha mãe?

Eu sigo pelo corredor até o quarto dela, onde a ajudei mais cedo
da cama para a cadeira. Ela está olhando para mim, segurando a
borda da cadeira de rodas, suas longas unhas agarrando o couro
rachado pelo tratamento áspero.

Meu estômago revira, sabendo o que está por vir. Sua mão
dispara rapidamente, tentando pegar a caneca de mim.

O café espirra pela lateral da caneca, me queimando. Eu sibilo


e meus olhos lacrimejam de lágrimas não derramadas pela dor
ardente. Eu puxo minha mão para trás e olho para a ferida que ela
causou.

Ela começa a rir. — Você deveria ter mais cuidado, minha


querida. — Ela sopra na xícara de café antes de tomar um pequeno
gole.
Eu me afasto dela e vou até o banheiro para pegar um pouco
de creme para queimaduras. Fecho a porta e a tranco atrás de mim
para que ela não entre.

Minha cabeça pende, tentando não chorar. Quero ir embora e


deixá-la sozinha. Está piorando a cada dia, e talvez eu precise ver
se ela está mentalmente desequilibrada? Porque uma pessoa não
pode ser assim e estar bem.

Há uma batida forte na porta, onde ela está batendo com as


rodas. — Eu quero ir à loja! — ela grita através da porta e então eu
ouço algo forte bater nela. Meu melhor palpite é a xícara de café.

Eu me olho no espelho e suspiro mais uma vez, me preparando


para o dia. Abro a porta e meus pés tocam o café quente onde ela
jogou.

Ela está sorrindo para mim enquanto se dirige para a porta da


frente.

Mexo os dedos no café e volto para o banheiro para limpar os


pés, depois pego uma toalha para limpar a bagunça que ela fez.

Depois de limpar a bagunça, jogo a toalha no banheiro, nem


me importando onde ela caiu e nem me importando se ela vai
reclamar por isso.

Pego minhas chaves na parede e abro a porta enquanto ela sai


de casa em sua cadeira de rodas motorizada.

Meus olhos imediatamente procuram a entrada da garagem


onde ele está sempre sentado em sua moto. Deveria me assustar
que alguém estivesse observando da rua.
Mas não consigo me importar quando estou sendo abusada por
minha mãe. — Qualquer dia desses! — ela grita e eu me encolho.
Desvio minha atenção do homem que está sempre me observando.
Eu o notei desde que ele entrou na minha padaria para comprar
uma dúzia de rosquinhas há algum tempo.

Ele nunca disse uma palavra. Apontou para o que queria, sem
tirar os olhos dos meus. O ardor de seu olhar permaneceu em mim
por dias.

Em seguida, eu o vi em todos os lugares. No início, achei que


era porque desejava vê-lo em todos os lugares, porque, embora ele
seja assustador, meu Deus, ele é lindo.

Acho que os monstros em minha casa são piores do que


qualquer coisa que o homem possa ser. À noite, tenho de escorar
a porta com a cômoda, para que ela não entre no meu quarto.

Uma vez ela jogou um copo de água gelada em mim porque


estava gritando por mim há "horas", mas acho que ela nem gritou.
O copo atingiu a lateral do meu rosto, cortando-me, e o vidro se
estilhaçou por toda parte.

Mantenho a porta da van aberta e desço a rampa onde ela


monta a cadeira no banco de trás e prendo a cadeira com o cinto
de segurança para garantir que fique segura. Tive de lutar contra
a vontade de pisar no freio muitas vezes e ver a cadela sair voando.

Dou uma olhada por cima do ombro e vejo que ele ainda está
lá. Finjo que não o noto, mas como não notá-lo?
Talvez ele queira levar minha mãe para sair por mim. Olho para
ele através do reflexo no vidro da van enquanto fecho minha mãe
lá dentro, e então ouço a moto dar a partida.

Posso sentir o calor do olhar de minha mãe em meu rosto. Olho


para ela pela janela e meu coração se agita com o ódio que ela tem
por mim.

Eu a amei uma vez, de verdade. Se não fosse pela promessa


que fiz ao meu pai, eu teria ido embora na primeira palavra horrível
que ela me disse.

Eu entro no lado do motorista e dirijo para fora da garagem em


direção à loja, meus olhos vagando para o espelho para ver se ele
está me seguindo, e ele está.

Ele nem está mais se preocupando em se esconder; ele está


sempre a vista, me vigiando ou me seguindo.

Meu estômago revira. Tento esconder meu sorriso para que


minha mãe não perceba minha reação. Quando chegamos à loja,
ele estaciona a moto no estacionamento à nossa frente.

— Deus, eu odeio essas malditas motos. Tão barulhentas, —


minha mãe reclama do banco de trás e a porta se abre.

Acho que eu realmente gosto delas.


Eu odeio a porra da mãe dela.

Esse pensamento não sai da minha cabeça. Tenho visto sinais


de que ela abusa dela e vou descobrir com certeza.

Ela sabe que a estou seguindo; eu não tenho escondido isso.


Ela é dona da padaria da cidade; comprei uma dúzia de donuts
para a old lady do meu irmão quando a vi.

Ela implodiu minha vida.

Não consigo ficar longe.

Sento-me em minha moto e a acompanho pela janela. A


vontade de protegê-la é tão grande. Só de pensar que aquela puta
da sua mãe está sendo má com ela, é mais do que posso suportar.

Sua mãe afasta a mão de Julia. Eu peguei o nome dela nas


placas do veículo do River.

Sei que parece loucura, mas eu preciso conhecê-la.

Preciso vê-la.

Se não o fizer, vou enlouquecer.

Espero que elas entrem na loja, antes de entrar. Ela está no


vestiário, entregando as coisas para a mãe.

Meu Deus, ela é tão linda. Parece um anjo, com o cabelo loiro
comprido escorrendo pelas costas e os olhos verdes tão brilhantes
que iluminam todo o seu rosto.

Encosto-me no balcão de joias, ignorando a mulher atrás de


mim que tenta chamar minha atenção. Ela sorri para a mãe, que
está olhando para ela com uma expressão de desaprovação no
rosto.

Ela lhe entrega outra camisa; ela a pega de Julia e bate algo
nela. Agarro o vidro, tentando me impedir de empurrar aquela
velha em sua cadeira de rodas morro abaixo ou algo assim.

Julia tira a blusa dela e, em câmera lenta, sua mãe estende a


mão, agarrando Julia pelos cabelos, puxando-a com força para o
chão e a colocando metade em cima de seu colo. — Você não está
ouvindo, vadia? — Seus olhos brilham de dor.

Nem me lembro de ter me movido. Eu reduzi a distância entre


nós e olhei para a mãe dela, ainda segurando seu cabelo com o
punho. — Solte-a, — grunhi para ela e lutei para não a arrancar
da cadeira. Eu não machuco mulheres.

Ela solta Julia e eu a ajudo a sair do chão. Ela me olha chocada,


como se não pudesse acreditar que eu estivesse aqui diante dela.

Sem pensar duas vezes, eu me inclino e a levanto do chão e a


coloco sobre meu ombro. Ficar longe dela não é mais uma opção
para mim.

Ela ofega em choque e suas mãos tocam minhas costas,


levantando-se para que possa vê-la melhor. — O que você está
fazendo? — ela me pergunta.

Não respondo a ela, mas falo com a sua mãe. — Ache seu
próprio caminho para casa. Rasteje se for preciso. Você foi uma
vadia com ela pela última vez.
Julia fica paralisada e ofega em choque com o que acabei de
dizer e não me arrependo nem um pouco, vendo a expressão de
puro espanto com tudo o que acabei de dizer.

Pego a bolsa de sua mãe, que estava em seu colo. Ela tenta
mantê-la longe de mim, mas eu a arranco de seus dedos ossudos.
— O que você está fazendo? Você não pode sequestrar minha filha.

Eu me viro para ela uma última vez. — Sequestro? Estou


salvando-a de você, — eu digo a ela, então a carrego para fora.

Julia empurra minhas costas tentando se desalojar. — Pare,


você não pode fazer isso.

Eu rio. — O caralho que eu não posso. — Eu ignoro todos os


empurrões e chutes que ela faz para tentar me fazer parar, mas
não paro até estarmos bem na frente da minha moto.

Eu coloquei sua bunda no banco de trás. — Você vem comigo,


— digo a ela, estudando seu rosto e vejo o segundo que ela cede e
subo na frente dela.

Eu ligo a moto e saio do estacionamento antes mesmo que ela


possa dizer qualquer outra coisa para me convencer do contrário.
Teria sido fodidamente inútil.

O homem que está me perseguindo do lado de fora da minha


casa resolveu me sequestrar.
Minha mãe me atacou e me machucou em público pela
primeira vez e ele entrou correndo e me jogou por cima do ombro.
Agora estou na garupa da moto do meu perseguidor. Ele está com
uma mão no guidão e a outra na minha panturrilha, como se
estivesse se certificando de que eu não pulasse de trás dela, o que
é muito tentador.

A loja está se movendo cada vez mais longe na distância. Nós a


deixamos lá, com o coração apertado, mas sinto esperança pela
primeira vez em muito tempo. Mas também vem o medo porque
isso não é normal. Não, isso é loucura.

Ele para em um sinal vermelho e eu olho ao meu redor. Ele põe


as pernas no chão para nos impedir de tombar.

Sua mão solta na minha perna por uma fração de segundo e é


aí que eu não hesito. Eu saio da parte de trás da moto, arrancando
sua mão de cima de mim.

Sua cabeça vira para trás para olhar para mim. Ele
rapidamente coloca o suporte na moto.

Posso literalmente ouví-lo bufar como se estivesse irritado. Eu


piso na calçada e dou uma olhada para trás; ele está caminhando
lentamente em minha direção como o maldito Michael Myers e me
alcançando com suas longas pernas.

Meus olhos se arregalam e eu tropeço para trás, torcendo o


tornozelo no local onde o concreto da calçada e a grama se
encontram.

Que ótimo.
Caio de costas e de bunda no chão. Ele está sorrindo para mim,
e acho que estou mais chocada com o sorriso do que com o fato de
ele me jogar no ombro e me sequestrar.

Fico olhando para ele em estado de choque. — Você se


machucou? — ele pergunta, e vejo veículos desviando de sua moto.

— Eu estava tentando fugir, mas obviamente tenho duas


pernas esquerdas, — brinco. Então, percebo que estou brincando
com o inimigo, o sequestrador. Abro o sorriso e finjo estar
apavorada. — Você vai me jogar em um buraco e me obrigar a
passar loção na pele? — Eu pergunto a ele com uma cara
completamente séria.

Ele me encara por alguns instantes antes de seus lábios se


contraírem levemente, como se ele estivesse tentando não sorrir.
— Talvez, — diz ele.

Minha boca se abre em choque. Suas mãos se abaixam e ele


me levanta do chão como se eu fosse um saco de farinha, seu braço
em volta da minha cintura, minhas pernas balançando na frente
dele.

Eu bati levemente suas mãos no meu estômago. — Deixe-me ir


embora, — eu digo com pouca luta honestamente, minhas mãos
não causando nenhum dano.

Ele me ignora completamente.

Espero que ele apenas me coloque na garupa da moto, mas ele


não o faz. Ele me coloca na frente dele, praticamente sentada em
seu colo. Minhas coxas descansando em cima de suas pernas
enormes e firmes.
Posso sentir os músculos flexionando sob minhas pernas
enquanto ele as segura, sua frente pressionada contra minhas
costas. Seu peito é duro. Posso sentir através de nossas camisetas
e de seu colete.

Alguém grita conosco por estarmos atrapalhando o trânsito.


Dou uma olhada em seu ombro e vejo um homem sentado com
uma expressão irritada.

O cara atrás de mim grunhe. Ele liga a moto e partimos. Seus


braços estão em ambos os meus lados, sua cabeça diretamente ao
lado da minha. Pelo canto do olho, fico olhando para ele, minha
mente indo de uma coisa para outra.

Como minha vida se tornou tão insana de um momento para o


outro? Eu rezava para que minha vida se afastasse da vida de
minha mãe, mas nunca imaginei que isso aconteceria dessa forma.

Não falo nem me mexo durante a viagem. Seria inútil porque,


neste exato momento, estou presa.

Minha mãe está sozinha agora. Eu tento me preocupar com ela,


mas ela é tão má que ninguém se atreve a incomodá-la.

Logo ele diminui a velocidade, e isso me liberta de meus


pensamentos. Ele diminui a velocidade nessa enorme casa de
madeira em estilo rancho, mas depois dispara novamente mais
adiante na estrada para outra casa que tem brinquedos pequenos
no jardim da frente.

Espere, ele tem um filho?

Meus olhos se arregalam enquanto procuro respostas no


quintal.
Ele para e me tira da moto. Saio correndo pela entrada da
garagem, mais uma vez querendo sair daqui, especialmente se
houver crianças envolvidas.

Adoro crianças; quero ter um monte delas, mas crianças e


sequestro de uma só vez é demais para mim.

Braços envolvem meu estômago e eu grito, chutando minhas


pernas quando sou levantada do chão. Ele ri e me puxa pelo ombro
mais uma vez, minhas mãos pousam na parte inferior de suas
costas para que eu possa me levantar e ver o que está acontecendo.

Ele sobe as escadas e bate na porta da frente. — Deixe-me


descer. — Bato em suas costas e belisco a barriga em sua lateral
para chamar sua atenção.

Ele resmunga e eu solto minhas mãos de sua pele. A porta se


abre e ele entra na casa. Posso ver os pés de outro homem e olho
para cima para ver um homem bonito olhando para nós
espantado.

Sou colocada delicadamente no sofá. Encaro meu


sequestrador, cujo nome ainda não sei, e outro homem junto com
uma mulher.

Eles parecem tão atônitos quanto eu por estar aqui. Eu tento


ficar de pé, e ele coloca a palma da mão no topo da minha cabeça,
empurrando-me suavemente de volta para o sofá. A mulher se
aproxima um pouco mais de mim; ela é linda e o homem com quem
ela está é lindo. Eles formam um lindo casal. — O que está
acontecendo? — ela pergunta.
Eu olho para o homem que me levou e ele está olhando para
mim. Eu aponto meu dedo para ele. — Ele me sequestrou da loja.

Ela se engasga, — O QUÊ!?

Eu aceno com a cabeça, tipo sim garota, é assim que estou me


sentindo agora também.

O que é estranho, porém, é que não estou com medo por minha
vida.

O cara que me pegou suspira, passando a mão em seu cabelo


curto. — A mãe dela era má com ela. Eu não a deixarei voltar para
casa, — admite, com a voz áspera, como se não estivesse
habituado a falar muito.

O outro cara olha para mim atentamente. — Então, você


simplesmente a pegou? — ele pergunta.

Meu sequestrador parece confuso, como se não entendesse a


pergunta. — Claro que sim. — Como se fosse completamente
normal sequestrar alguém.

A senhora se move para se sentar ao meu lado no sofá. —


Comece do começo? — ela pede.

Eu olho para o meu sequestrador como se ele fosse me levar de


novo antes que eu pudesse explicar tudo o que aconteceu. Eu
suspiro profundamente, me preparando para explicar. — Sou a
cuidadora da minha mãe e, sim, ela é uma mulher má e horrível.
Ela me bate, me xinga. — Olho para ele, seu rosto mostrando a
raiva que sente por suas palavras. — Ele literalmente apenas me
pegou, deixou-a lá na cadeira de rodas e me carregou para fora da
loja.
Comecei a rir com a insanidade de tudo isso. — Meu nome é
Daniella, — ela começa. — Em primeiro lugar, eu não acho que ele
queria assustar você. Reaper é apenas Reaper. — Meus olhos se
arregalam com a menção de seu nome.

Eu olho para Reaper; ele concorda com a cabeça, e eu suspiro


porque, mesmo com a loucura, eu sabia que ele não teria me
machucado. — Reaper queria mantê-la segura, — ela para, e ele
acena com a cabeça novamente.

Balanço a cabeça, esfregando a mão no rosto. — Então, ele


simplesmente me sequestrou? — Eu afirmo e ele acena com a
cabeça, sorrindo para mim.

Oh, Senhor, ele é lindo quando sorri.

Engulo em seco e olho para os outros dois na sala; eles têm


pequenos sorrisos em seus rostos. — Por quê? — Eu pergunto.

Seu rosto cai. — Porque ninguém deve ser mau com você.

Meu coração parece que vai cair do meu peito. Uma garotinha
desce as escadas e corre animada para Reaper. Ele se abaixa
ligeiramente e a pega, abraçando-a contra seu peito. Ele é tão
grande comparado a ela, seus enormes braços tatuados
segurando-a gentilmente. — Tio Reaper! — ela exclama.

Uau!

Daniella põe a mão no meu braço. — Ele não é um cara mau.


Ele é como o meu homem, praticamente um homem das cavernas.
— Ela e eu rimos, porque eu não acho que fica mais homem das
cavernas do que ser jogada por cima do ombro.
Ele coloca a menina no chão com cuidado. — Bem, vamos para
casa. — Ela vai até o outro homem, que presumo ser o pai dela.

— Espere, um segundo, — digo a ele, mas ele não escuta. Ele


pisca para a garota ao meu lado e me pega mais uma vez, me
jogando por cima do ombro.

— Você acha que as pessoas gostam tanto de olhar para a


minha bunda? — sussurro, já não aguentando mais isso e ficando
um pouco irritada, mesmo que seja sexy.

Olho para Daniella antes de sairmos pela porta. Não


conseguiria impedir o sorriso, mesmo que quisesse. Dessa vez, ele
me coloca na garupa da moto em vez de na frente, como antes.

Agora, nem me dou ao trabalho de tentar fugir. Seria


absolutamente inútil.

Ele vai para uma casa bem no final da rua, a casa em estilo
rancho em que ele diminuiu um pouco a velocidade antes.

Fico olhando para ela, com os nervos à flor da pele, percebendo


que tudo isso está acontecendo. Sinto meu celular enlouquecer no
bolso. Ao pegá-lo, vejo um monte de mensagens da minha mãe me
xingando. Ela teve que ligar para meu primo para que ele viesse
buscá-la em vez de mim.

Nem um pouco preocupada comigo. Eu poderia estar morta em


algum lugar, ou Deus sabe o que está acontecendo, mas ela só está
preocupada com o fato de sua viagem de compras ter sido
arruinada.
Reaper toca embaixo do meu queixo, inclinando minha cabeça
para cima para que ele olhe para mim. — Qual é o problema? —
ele pergunta.

Eu entrego a ele meu telefone, honestamente, nem mesmo me


importando mais. Se alguém nem se importa se estou ferida, então
ela não precisa estar na minha vida, deficiente ou não.

Ele rosna e coloca meu telefone no bolso. — Alguém tão


mesquinho assim pode cuidar de si mesmo, — ele diz e eu rio
porque é verdade.

Ele pega minha mão me ajudando a descer da moto, sendo um


cavalheiro. — Sabe, eu sei que você tem me perseguido nas últimas
semanas, — eu digo, caminhando com ele pela calçada até a porta
da frente.

Ele olha para mim por um momento antes de colocar o código


na porta. — Eu sei, não me escondi.

Ele entra e penso em suas palavras. Honestamente, ele nunca


se escondeu atrás de um arbusto quando o peguei olhando para
mim, ou quando ele ficava sentado por horas na minha padaria
apenas me observando.

— Você nunca me disse para eu parar, — ele aponta, me


chamando.

Eu sugo meu lábio na boca, ignorando completamente o fato


de ele ter dito isso. Ele abaixa a cabeça e eu tento não sorrir ao ver
o pequeno sorriso que ele deu.
Sua casa é linda. Tem um clima de velho oeste incrível e meu
primeiro pensamento é que é confortável, com as almofadas no
sofá de couro e a manta no encosto.

— A sua casa é linda, — digo a ele, quando entro e meus olhos


vão direto para a cozinha, onde me apaixono imediatamente. Tudo
parece novo, há até etiquetas adesivas em alguns dos
eletrodomésticos.

— Obrigado, eu contratei uma senhora para decorar para mim,


— ele resmunga com aquela voz profunda e sexy dele.

A porta se fecha e os nervos me alcançam com força total; tudo


o que aconteceu hoje está me atingindo de uma vez.

Eu me movo para o sofá e me jogo nele, minhas mãos torcendo


no meu colo enquanto olho ao redor, insegura de tudo.

Eu não deveria estar preocupada com minha mãe, mas não


posso evitar. Cuidar dela assumiu uma grande parte da minha
vida.

Os tremores começam em minhas mãos, subindo lentamente


até que todo o meu corpo está tremendo e as lágrimas começam a
inundar meus olhos, fazendo com que Reaper fique embaçado.

Eu abaixo a cabeça porque de certa forma estou de luto pela


minha mãe, aquela que eu tentei de tudo para fazer funcionar,
para fazê-la feliz como um desejo do meu pai.

Mas eu simplesmente não posso mais.

O abuso causado por suas mãos está piorando, a ardência de


minha mão queimada e meu couro cabeludo são uma lembrança
nítida dela.
Posso sentir o Reaper pairando antes de sentí-lo sentado ao
meu lado, as lágrimas não caem, mas preciso sentir tudo.

Um cobertor macio é estendido sobre minhas costas. O rosto


de Reaper se aproxima do meu, ele está curvado à minha frente, o
que o coloca na minha linha de visão.

Ele não fala enquanto puxa o cobertor com mais força ao meu
redor. — Sinto muito, Julia.

Eu sorrio, suas palavras são suaves e gentis ao contrário do


que você esperaria dele. — Eu ficarei bem; eu precisava romper
com ela há muito tempo. — Ele acena com a cabeça e se senta na
minha frente. — Preciso reservar um hotel por um tempo até
conseguir um apartamento para mim e pegar minhas coisas, se ela
ainda não tiver destruído tudo. Você se importa se eu tirar um
cochilo? — Eu pergunto tão mentalmente exausta.

Ele acena com a cabeça mais uma vez e eu me inclino sobre


uma almofada, fechando os olhos. Ele move o cobertor para cobrir
meus pés.

Como ele é gentil.

A primeira coisa que noto quando acordo é Reaper dizendo para


alguém ficar quieto. Meus olhos se abrem e me sento olhando ao
redor da sala.
Reaper se vira para olhar para mim e depois para um homem
segurando uma sacola com o que parece ser roupas femininas.

O homem está usando um colete; vejo o patch de prospecto no


lado esquerdo de seu colete. Ele está pálido enquanto olha para
Reaper, que está chateado. — Eu disse para você ficar quieto, —
Reaper grunhe e pega a sacola dele, praticamente empurrando-o
para fora da casa.

Sigo Reaper e vejo que há uma pilha de malas do outro lado da


cozinha, malas que reconheço porque são minhas.

Espera, essas são minhas malas?

Isso soa em minha mente. — Como todas as minhas coisas


chegaram aqui? — Eu pergunto, tremendo um pouco com o frio
que sinto quando acordo pela primeira vez.

— O prospecto foi buscá-las.

Pisco algumas vezes. — Tipo, como?

— Você disse que queria suas coisas, — ele aponta, e está bem
ali.

— Obrigada. Assim será mais fácil levar tudo para o hotel, para
que eu não precise vê-la. — Se eu nunca mais a ver, será o melhor.

Vou ligar para a enfermeira dela e explicar a situação para que


alguém possa vir ajudá-la ainda mais, já que não farei mais isso.

Coloco meu telefone na mesa de centro e mando uma


mensagem para a enfermeira que contratei, dando-lhe a notícia.

Ela responde em um segundo, dizendo que cuidará de tudo.


Uma coisa a menos com que tenho de me preocupar.
Olho para o Reaper. — Você se importa de me levar até o meu
carro? — Eu pergunto.

Ele balança a cabeça negativamente e toma um longo gole de


sua cerveja, sem me responder. Eu rio. — Como assim não? — Eu
pergunto.

Ele arqueia uma sobrancelha. — Não significa não, — ele diz e


eu rio novamente do ridículo de tudo isso. Ele dá de ombros e se
encosta na parede, me observando.

— Use suas palavras, Reaper.

— Você não vai para a porra de um hotel, — ele explica


lentamente.

— Uh, sim, eu vou, — eu digo a ele, caminhando para minhas


malas e pegando uma das malas puxando a alça para cima para
que eu possa arrastá-la.

Ele se aproxima e pega a mala de mim. — Quero dizer, se você


realmente quer ir, nós dois podemos ir.

Minha boca se abre em descrença para ele.

— Você é louco, — eu digo sem rodeios.

Ele sorri. — Nunca disse que não era, querida.

— Bem, vamos para o hotel, — digo a ele, pensando que ele vai
desistir e me deixar ir sozinha.

— Está bem. — Ele coloca a cerveja na mesa e pega algumas


das minhas malas, levantando-as do chão. Ele simplesmente sai
de casa e desce as escadas sem pensar duas vezes ou discordar.
Um pensamento vem à minha mente e corro para a porta,
trancando-a atrás dele, trancando-o do lado de fora.

Seu rosto mostra sua total descrença de que eu fiz isso. Um


sorriso lento desliza sobre o meu. Agora, como é não estar no
controle, hein?

Eu puxo a banqueta e sento minha bunda, então estou na linha


direta de visão dele. Ele se senta na escada e apenas olha para a
entrada da garagem e para o campo.

Eu esfrego meu rosto, tentando entender este dia e tudo o que


aconteceu. Meu telefone não para de tocar. Acho que minha mãe
recebeu a notícia sobre as enfermeiras.

Tento lutar contra a vontade de checar o celular, mas a


curiosidade vence.

A primeira coisa que vejo é minha mãe me dizendo que sou uma
vadia egoísta, que meu pai ficaria muito decepcionado comigo por
eu tê-la abandonado.

Eu só queria sacudí-la e dizer: "Você está falando sério agora?


Você não vê o quanto é ridícula e a maneira como trata as pessoas?"

Tive de contratar muitas enfermeiras porque é horrível lidar


com minha mãe. Eu as pago muito bem na esperança de que, de
alguma forma, isso as compense.

Então, neste momento, decido usar as armas pesadas. Abro a


mensagem dela. "Se eu a tivesse abandonado, mãe, você estaria
sem teto nas ruas. Você não se importou se eu estava viva ou morta.
Ameace-me novamente e você irá para uma casa de repouso."
Percebo que ela leu a mensagem, mas não respondeu. Nunca
respondi a ela ou sequer ameacei expulsá-la de casa.

Eu realmente estou cansada disso.

"Eu sempre detestei você", ela responde, fazendo meu coração


doer. Mesmo que eu já soubesse o que ela sentia por mim, isso só
me faz sentir melhor por ela ter sido deixada na loja.

Olho para fora da porta de vidro. Reaper está sentado ali,


completamente imperturbável.

Eu o forço a me levar para um hotel ou apenas aceito meu


destino neste momento? Com quem estou lutando? Estou lutando
apenas por causa do que considero normal? E o que eu realmente
quero?

Deslizo do banquinho e caminho até a porta, abrindo-a. Ele


acena para alguém que passa de moto e depois olha para mim. —
Já terminou sua birra? — Ele sorri e eu fico boquiaberta com sua
petulância.

Eu luto contra o desejo de fechar a porta na cara dele, mas eu


simplesmente não tenho forças para brigar com ele sobre isso.

Sei que ele não vai me machucar e, vamos ser sinceros, me


sinto muito mais segura aqui do que em um hotel da cidade.

A maioria dos hotéis é da década de 70 e é horrível, com todos


os tipos de criaturas que criam acampamentos nos quartos.

— Eu vou ficar, — digo a ele, e posso ver o olhar de


contentamento lentamente surgindo em seu rosto com a minha
admissão.

Puxa, os homens são tão irritantes.


Ele volta com minhas malas e as coloca no chão. — Vou
desempacotar suas coisas para você, — ele me diz e eu mordo meu
lábio inferior para não discutir com ele me dizendo o que fazer.

— Sério? — Eu bufo e pego minhas malas dele. Percebo o


sorriso que ele tenta esconder por causa do meu mau humor.

— Vou te mostrar seu quarto. — Ele pega as malas de mim e


quase todas do chão.

Meus olhos estão grudados em seus antebraços, que estão


tensos com o peso das malas. Eu me esforço para desviar o olhar,
mas, oh, Deus, eles são lindos, as tatuagens que correm por seus
braços, as veias salientes devido ao peso das malas.

Sigo atrás dele na escada e olho para a cozinha enquanto


passamos por ela.

— Parece que você nem usou a cozinha ainda, — eu indico,


seguindo-o por um corredor. Ele para no final, empurrando a porta
que já está entreaberta.

Eu sei logo de cara que este é o quarto de Reaper. Tem o cheiro


dele e é inebriante. Todo o seu corpo preenche a porta, maciço e
intimidador.

Eu deveria estar com medo de olhar para o quarto dele, mas


não estou. Não importa o quanto eu tente ficar com medo dele, eu
simplesmente não consigo.

Ele coloca as malas no armário. — Vou buscar as outras, — ele


me diz e passa por mim para descer as escadas.
Eu analiso o quarto, a cama de madeira escura com armações
altas acima da cama. Uma grande TV de tela plana na parede em
frente à cama, duas mesinhas de cabeceira de cada lado.

Seu edredom é preto e fofo e está implorando para eu afundar


dentro dele. Só sei que a cama está inebriante com o cheiro de
Reaper.

Há um armário do outro lado à direita e à esquerda um


banheiro, que tem uma enorme parede de vidro do chuveiro.
Poderia caber um monte de pessoas em vez de apenas um.

Eu o ouço antes de vê-lo. Ele entra no quarto e coloca as malas


e sacolas no chão. — Ele teve algum problema para pegar minhas
coisas? — Eu pergunto.

— Não importa, — ele me diz e ele está certo. Eu só preciso


esquecê-la, para seguir em frente com minha vida. Ela pode ter
sido uma grande parte da minha vida; eu me acostumei tanto com
o abuso dela e com o jeito que as coisas têm sido por tanto tempo.

Vai ser difícil quebrar os hábitos.

Eu o sinto olhando para mim. Eu me viro e olho para ele de


onde eu estava olhando para as minhas coisas. — Você está certo,
não importa.

Mesmo que ele tenha me sequestrado, eu estava disposta a


participar. Talvez eu seja louca também.

— Obrigada, Reaper por tudo. Eu sei que você teve boas


intenções, mesmo que suas táticas tenham sido inversas, — eu
brinco e sorrio para ele.
Seus olhos estão grudados no meu rosto, ele dá um passo para
trás encostado na parede. — Eu deveria ter roubado sua bunda
antes.

Eu começo a rir e empurro meu cabelo do meu rosto que se


desfez da minha soneca que eu tive antes.

— Posso fazer um jantar para nós como agradecimento? —


Pergunto-lhe.

Seus olhos se iluminam. — Foda-se, sim. — Ele começa a pegar


minha mão, mas se detém como se estivesse com medo de que isso
me assustasse.

— Mostre-me o caminho? — Eu peço e ele me leva para baixo


para a cozinha de última geração. Existe até um misturador Pro
KitchenAid que está causando coceira nas minhas mãos, querendo
assar tudo e qualquer coisa.

— Use o que quiser, — ele me diz.

Eu sorrio e abro a geladeira para ver o que ele tem para eu


trabalhar. Está totalmente abastecida e encontro tudo para fazer
fettucine alfredo caseiro com macarrão do zero.

Quando ela está cozinhando, ela irradia pura felicidade. Ela


está sorrindo enquanto quebra os ovos no balcão onde fez um
círculo com farinha.
— Você comprou eletrodomésticos novos? Esta é a cozinha dos
meus sonhos. — Ela me faz parar de admirá-la.

— Apenas algumas semanas atrás, — admito, e me sento


sorrindo, esperando para ver se ela percebe.

— Apenas algumas semanas atrás? — ela questiona e liga a


batedeira que comprei para ela.

Sim, comprei para ela.

No segundo em que a vi, fiz planos. Contratei uma decoradora


de casas e contratei alguém para comprar os eletrodomésticos de
última geração.

Eu soube no segundo em que a vi em sua padaria que ela era


minha e eu queria que minha casa fosse um lar para ela, para ser
dela e ter tudo.

Sua boca se abre, suas sobrancelhas franzidas como se ela


estivesse tentando raciocinar. Sorrio mais quando seus olhos se
arregalam, e ela se vira de repente como se tivesse se chocado com
seus pensamentos e lutado contra eles.

Eu fico sentado e deixo que ela se concentre em seus


pensamentos.

Ela parece boa demais em minha cozinha. No momento em que


a vi, soube que seu lugar era aqui comigo, mesmo que eu tivesse
que jogá-la sobre meu ombro para trazê-la até aqui.
Posso sentir seus olhos em mim o tempo todo enquanto estou
cozinhando. Meu rosto queima aleatoriamente com a intensidade
de seu olhar, juro que ele nem está piscando.

Eu não quero admitir ou pensar sobre o fato de que ele acabou


de comprar todos os utensílios de cozinha novinhos em folha logo
depois de me conhecer. Talvez eu esteja apenas me lisonjeando
com a ideia, mas secretamente estou amando.

A comida está quase pronta. Eu finalmente me viro, minhas


mãos descansando no balcão atrás de mim. — Então, você
comprou todos esses utensílios de cozinha para mim? — Eu deixo
escapar e me chuto instantaneamente por mencioná-lo. Deus, isso
foi estúpido.

Ele sorri e me olha do topo da minha cabeça até a ponta dos


pés. — Claro que sim.

Minha boca se abre em choque por ele ter admitido isso e meu
palpite estava certo. Engulo em seco, meu coração disparado no
peito. — Por quê?

Ele desce da banqueta e caminha até mim lentamente,


empurrando-me contra o balcão. Ele paira sobre mim e é muito
mais alto do que eu, e me sinto tão pequena agora.

Tento respirar normalmente, esperando que ele não me ouça


quase tendo um ataque de pânico por ele estar tão perto.

— Respire, — ele grunhe, e sua mão se move lentamente como


se eu fosse um gatinho assustado, antes de envolver sua mão em
minha bochecha gentilmente. — Querida, no segundo em que a vi
em sua padaria, eu soube que você era minha, sem hesitações ou
dúvidas. Eu simplesmente sabia.

Acho que eu poderia ter sido empurrada com uma pequena


brisa diante de suas palavras e da admissão. Eu estaria mentindo
para mim mesma se não admitisse que toda vez que minha porta
se abria, eu olhava para ver se era ele.

— Você demorou bastante, — digo a ele e descanso minhas


mãos em seu antebraço, onde sua mão ainda está no meu rosto.

— Tive que ter certeza de que você estava pronta para mim. —
Ele pisca e eu rio. Acho que nunca estarei totalmente pronta para
ele. Só sei que meu rosto está vermelho. — Fofa, — ele resmunga.

Eu bato em seu peito empurrando-o para trás suavemente,


precisando respirar por um segundo. Posso sentir o formigamento
percorrendo meus braços, os arrepios.

— Não é, — eu sussurro e tento esconder meu rosto um pouco


de sua vista.

— Estou feliz por você estar aqui. — Eu olho para ele, seus
olhos são intensos olhando para mim.

Sorrio e não consigo lutar contra a vontade de apoiar minha


cabeça em seu peito e abraçá-lo. Isso é que é uma reviravolta, eu
deixei de querer esganá-lo por ter me sequestrado e agora o estou
abraçando.

Porque, de uma forma estranha e extrema, isso é doce e


atencioso. Nunca tive alguém que pensasse em mim da maneira
que ele fez. Ele sabia que eu gostava de cozinhar e assar; ele
arrumou um lugar para mim em sua casa.

Ele envolve-me com seus braços enormes, abraçando-me com


força. Fecho os olhos, ignorando a ardência, por que quando foi a
última vez que alguém me abraçou?

Deus, eu realmente precisava disso.

— Obrigada, — eu digo suavemente e me afasto. — Agora


preciso terminar esta comida antes que ela estrague. — Eu rio e
me viro pegando a colher.

— Vou pegar os pratos. — Ele vai até os armários ao lado da


pia e pega os pratos e duas taças de vinho. Se ele tiver vinho, então
meu dia está ganho.

Ele abre um pequeno frigobar sob o balcão e tira uma garrafa


de vinho. — Oh, me dê, — eu afirmo e ele ri, me servindo uma taça
e eu tomo um gole profundo. Eu posso ouvir meu telefone tocando
na sala de estar mais uma vez. — Acho que preciso mudar meu
número.

Ele concorda. — Quer que eu acabe com essa merda?

Eu rio porque sei que ele fará isso totalmente.

— Isso é tentador, — digo a ele e ele pisca.

— Quer que eu desligue?

Eu concordo. — Se for uma mensagem das enfermeiras sobre


a mamãe, me avise, mas se for dela, eu realmente não me importo.

Pego os pratos no balcão que ele colocou e sirvo nossa comida


para nós. — Onde você quer comer? — Pergunto-lhe.
— Vamos relaxar no sofá? — ele sugere e eu adoro essa ideia.

Ele carrega as taças de vinho e deixa meu telefone na cozinha


longe de mim, o que agradeço.

Ele pega os pratos de mim e os coloca na mesa de centro. Pega


o cobertor que deixei cair do meu cochilo, coloca-o no meu colo.
Sorrio com a gentileza. — Obrigada.

Ele sorri levemente e me entrega meu prato. Observo-o dar a


primeira mordida para ver sua reação. Seus olhos se arregalam
quando ele prova e eu sorrio. Eu sou uma ótima cozinheira e isso
é uma coisa da qual me orgulho.

— Puta merda! — ele diz com a boca cheia, e eu rio.

— Obrigada. — Dou uma mordida na comida que fiz, mas o


verdadeiro prazer é ver os outros gostarem do que fiz para eles,
sempre foi minha linguagem de amor.

Eu sou atingida por uma onda de uau, isso está realmente


acontecendo de novo. Fiquei presa nesse ciclo com minha mãe por
tanto tempo. Tenho vinte e cinco anos, mas há anos me sinto
muito velha e sem vida dentro de mim. Aceitei meu destino com
minha mãe.

Eu gostaria que pudéssemos ter tido um relacionamento.


Honestamente, quando ela começou a me tratar daquele jeito, eu
a levei para ver se era um problema mental, tipo demência e no
final acabei descobrindo que ela é uma vadia.

Reaper limpa seu prato e eu me levanto, pegando o prato dele.


Ele está chocado com a minha ação. Eu encho seu prato mais uma
vez e o coloco de volta em suas mãos.
— Mulher, — ele resmunga, olhando para mim por alguns
segundos antes de cavar em sua comida. Eu rio e tomo um gole do
meu vinho, esvaziando a taça.

O vinho está me ajudando a relaxar. Me sinto muito melhor e


menos ansiosa com tudo. Ele pega nossos pratos e os coloca na
pia. Eu puxo o cobertor mais apertado em volta da minha cintura
e olho para a TV que ele ligou quando nos sentamos.

O telefone dele está enlouquecendo na mesa de centro à nossa


frente. — Reaper, seu telefone, — eu digo a ele apenas no caso de
ser algo importante e ele não pode ouví-lo na cozinha.

Ele pega o telefone da mesa e o coloca no ouvido.

Eu observo seu rosto; posso sentir a mudança no ar antes de


ver sua reação. Eu torço minhas mãos na minha frente
nervosamente.

— Aquela puta do caralho! — ele rosna e meus olhos se


arregalam com seu tom. Ele desliga o telefone. — Sua mãe chamou
a polícia e disse que eu a levei contra sua vontade. — Seu telefone
estala com o aperto de sua mão.

Eu rio. — Bem, você me sequestrou.

Ele olha para mim. — Não é possível sequestrar quem está


disposto, baby, — ele responde de volta para mim e minha boca se
abre e isso me cala. Ele pisca. — Diga a eles para subirem.

Ele desliga o telefone e caminha até a porta. — A porra da


polícia está na portaria; um prospecto os está conduzindo para que
possam falar com você.
Suspiro e esfrego o rosto, irritada com ela por fazer isso. Eu
apostaria cem dólares que ela está desesperada e o fato de não ter
ninguém para abusar está começando a fazer sentido.

Eu fiz tudo por ela, mas agora tudo depende dela, porque eu
cansei.

Vejo as luzes bem antes de eles entrarem na garagem. — Estou


com medo, — admito, nervosa para saber o que ela disse a eles.

Seus olhos brilham sombriamente diante de minhas palavras.


— Quer que eu atire neles, porra? — ele rosna e olha pela janela;
posso ver uma sombra escura antes que eles apareçam na luz da
varanda.

— Isso é sedutor, mas não posso ter você na cadeia agora. —


Suspiro e me levanto.

Ele não se move para abrir a porta. — Eu não dou a mínima,


— afirma ele, e eu sorrio.

— Apenas deixe-os entrar para que possamos acabar com isso,


Reaper.

Ele cede e abre a porta, os olhos do policial imediatamente se


voltam para mim e eu congelo com o pavor que me invade.

— Julia? — ele pergunta e eu aceno confirmando que sou eu.

— Posso falar com você a sós? — ele questiona e avança para


dentro da sala, mais perto de mim.

Reaper dá um passo para o lado dele e se move diretamente na


minha frente para que ele não possa se aproximar. Eu me movo
para ficar ao lado dele. — Do que se trata? — Eu pergunto a ele,
não respondendo à sua pergunta.
— Recebemos uma ligação de alguém dizendo ser sua mãe, ela
disse que você a abandonou e a deixou sem cuidados.

Minha boca se abre em choque.

Comecei a rir de como tudo isso é insano. — Você está falando


sério? — Eu seguro meu estômago dolorido de tanto rir.

— Foi isso que ela disse.

Pego meu telefone no balcão. — Veja, minha mãe é louca e


abusiva. Ela recebe assistência de enfermeiras 24 horas por dia,
sete dias por semana, e está recebendo o melhor tratamento fora
de um hospital.

Mostro a ele as mensagens ameaçadoras que ela escreveu para


mim, comprovando os cuidados de enfermagem que ela tem. Não
sinto pena dela; essa foi a última coisa que ela fez para me ferir -
tentando me colocar na cadeia.

Posso vê-lo lendo as mensagens que ela me enviou; sua


expressão mostra o choque com a forma como ela falava comigo.

Sinceramente, é doentio.

— Sinto muito por interromper sua noite. — Ele entrega meu


telefone de volta para mim.

Ele caminha até a porta e Reaper a fecha atrás dele, trancando-


a. Eu bloqueio minha mãe de me enviar mensagens, a única
comunicação que terei com ela será por meio das enfermeiras.

Sento-me exausta no sofá. Reaper rosna sem olhar para mim,


observando a saída da polícia pela janela.
— Sinto muito, Reaper, por ela ter trazido isso à sua porta. Eu
vou embora, — digo a ele, triste e espero que ele não esteja
chateado.

Sua cabeça dispara para olhar para mim. — Não faça essa
merda, isso é culpa dela, não sua.

Ele se afasta da porta.

— Vamos vestir o pijama e assistir a um filme? — Eu pergunto


a ele e ele sorri, a raiva derretendo lentamente em seu rosto com a
minha sugestão.

Subo as escadas para o meu quarto e vasculho as malas até


encontrar um par de calças de moletom e uma camiseta larga
junto com um sutiã esportivo, pronta para tirar o que eu estou.

Jogo o sutiã em uma das minhas malas e suspiro de alívio, a


melhor parte do dia a qualquer hora.

Há uma batida na porta, e eu a abro. Reaper está parado lá. —


Posso entrar e pegar minhas roupas? — ele pergunta.

Eu me afasto da porta. Meu palpite estava certo, e este é o


quarto dele. Eu sorrio e caminho pelo corredor até as escadas. Eu
me jogo no sofá puxando o cobertor de volta sobre mim.

Encho minha taça de vinho mais uma vez e tomo um longo gole
tentando relaxar. Estou tentando entender tudo o que aconteceu
hoje e até mesmo nos últimos anos.

É chocante o que você deixa acontecer. É como se isso se


esgueirasse por você e você simplesmente pega e aceita. Não sou o
tipo de pessoa que permite que alguém a machuque ou a
menospreze, mas eu permiti. Deixei isso acontecer porque ela era
minha mãe, o que eu nunca deveria ter permitido.

Logo ele desce as escadas com uma calça de moletom igual à


minha e eu tenho de me esforçar para não gemer alto por causa de
seu visual incrível, pelo modo como ela é mais apertada em suas
coxas enormes... quero dizer, coxas.

Dou um soco em mim mesma por meus pensamentos


maliciosos.

Ele pega o controle remoto da mesa de centro e coloca um filme


aleatório. Senta-se bem ao meu lado, com minhas pernas
pressionadas contra as suas.

Sorrio com o pequeno contato, com meu estômago em uma bola


de nervos. Estendo a mão e coloco o cobertor sobre as pernas dele,
de modo que o compartilhamos.

— Você está bem? — ele me pergunta.

Eu aceno imediatamente. — Estou bem, mas há muita coisa


que terei de analisar. Hoje foi muita coisa, desde uma mãe louca
até o sequestro. — Eu sorrio um pouco na última parte.

Ele ri e me olha de frente. — Como eu disse, não se pode


sequestrar quem está disposto. Podemos jogar esse jogo se você
quiser, querida. — Ele pronuncia a palavra querida e eu quase
desmaio com o som dela.

Eu viro minha cabeça e sorrio para a minha taça de vinho. —


Você demorou muito para me sequestrar, eu até destranquei
minha janela para você uma vez, — digo a ele.
Ele ri alto, jogando a cabeça para trás. É uma visão linda, e
meus olhos absorvem cada pedacinho da felicidade.

Eu sei que ele tem muitos demônios; eu posso ver pelas


cicatrizes em seu rosto, suas mãos e a escuridão em seus olhos.

Vendo-o assim, quero ver isso a cada segundo do dia, é viciante.

— Merda, eu deveria ter deixado um cartaz. Eu dormi do lado


de fora de sua casa muitas noites. — Meu coração quase sai do
meu peito com sua admissão.

— Sério?

Ele concorda. — É verdade, porra. Eu sabia que algo estava


acontecendo em sua casa, mas não sabia o quê. Não consigo
imaginar a possibilidade de você se machucar. É bom que sua mãe
esteja feliz por ser uma mulher. — Ele ri com isso, segurando o
braço do sofá.

Oh, merda.

Suas palavras deveriam me assustar, a escuridão delas.

Mas não assustam, elas provocam em mim coisas que eu


nunca senti antes e não consigo me preocupar.

Eu adoro isso.

Adoro a maneira como ele quer me proteger.


Quanto mais O filme avança, mais lentamente seus olhos se
abrem após cada piscada. Eu não posso te dizer sobre o que é o
filme, meus olhos não se afastaram dela desde que começou.

Cada pequeno movimento que ela faz me surpreende; espanta-


me que ela finalmente esteja aqui comigo.

Mal sabe ela que eu sabia que sua janela estava destrancada.
Eu a abria para poder respirar seu maldito cheiro.

Tive que lutar contra mim mesmo para saber quando pegá-la.
Sou uma ameaça; tenho demônios que outros demônios temem.

A merda com a qual tive de lidar quando era criança, a merda


pela qual minha própria mãe me fez passar, foi um inferno.

Quando vi a mãe dela sendo má com ela, fiquei furioso por


vários motivos diferentes. O olhar torturado em seu rosto pela dor
que sua mãe lhe causou me deixou enfurecido.

A traição, a mágoa e o constrangimento vieram logo em


seguida, e meu estômago se revirou por ela ter que sentir qualquer
uma dessas merdas.

Foi difícil para mim não torcer a porra do pescoço dela, acabar
com ela ali mesmo, naquela loja, para que ela nunca mais pudesse
machucá-la.
Quase o fiz.

Mas a maneira como seus olhos se arregalaram quando ela me


viu, eu sabia que ela só precisava ser levada dali, para se afastar
de todos os traumas.

Ela suspira, seus olhos se fecham. Tento lutar contra mim


mesmo, mas não consigo. Eu a levanto gentilmente, acomodando-
a em meu colo com a cabeça em meu peito.

É como se eu pudesse respirar pela primeira vez em minha


vida.

Puxo o cobertor até seu ombro, acomodando-me ainda mais no


sofá. — Durma, eu estou aqui, — eu sussurro para ela, e ela se
aproxima de mim.

Eu bocejo e me aconchego mais fundo no meu travesseiro. Abro


os olhos quando sinto meu travesseiro se mexer. Estou com o rosto
enfiado na camisa e no peito de Reaper.

Não tenho certeza de como cheguei aqui, mas não posso me


importar com isso. Eu espio ao redor da sala e vejo o relógio na
parede que marca seis da manhã.

Eu sei que ele deve estar morrendo, me segurando assim a


noite toda. — Reaper, — eu sussurro, tocando seu peito com a
mão, dando-lhe um leve toque para chamar sua atenção.
Ele olha para mim. — Quer se deitar? — Pergunto a ele, não
querendo que suas costas estejam ferradas amanhã.

Ele se mexe e acho que vai me colocar no chão para ir para a


cama, mas ele se levanta, me erguendo em seus braços.

Eu envolvo meus braços em volta do pescoço dele, segurando


firme enquanto ele sobe as escadas. Há um frio no ar quanto mais
subimos as escadas. Eu estremeço e descanso minha cabeça na
curva de seu pescoço.

Não quero admitir como é maravilhosa a sensação de estar em


seus braços neste momento, ele é tão caloroso. Não sei dizer qual
foi a última vez que alguém me abraçou. Eu não tive um namorado
quando era adolescente, eu trabalhava duro para sustentar a mim
e a minha mãe.

Ele me segura com uma mão e com a outra puxa o cobertor


para trás, colocando-o sobre meu colo. Olho para ele, que está
sendo tão carinhoso e gentil.

Sua mão passa pela minha bochecha, tirando o cabelo solto do


meu rosto e colocando-o atrás da orelha. A mão dele tem quase o
mesmo tamanho do meu rosto, mas ele está me tocando com tanta
doçura.

Aproximo meu rosto de sua mão, cedendo ao que estou


sentindo.

Ele sorri, contorna o outro lado da cama e desliza para debaixo


das cobertas comigo. Ele segura minha mão, puxando-me até que
eu esteja com o rosto apoiado em seu peito. Ele tira a mão da
minha, segurando-me junto a ele.
Eu sorrio, esticando meu braço sobre seu estômago. — Você
está segura, durma, — ele diz em sua voz áspera e sonolenta.

Sorrio ainda mais e fecho os olhos, deixando meu corpo relaxar


e pela primeira vez em muitos anos me sinto segura.

— É sério que você vai trabalhar comigo? — Eu pergunto,


chocada.

Ele nem sequer diz nada, apenas segura as chaves da moto e


espera por mim na porta. Suspiro e pego minha bolsa para ir até
a padaria e me certificar de que tudo está correndo bem.

— Reaper.

Ele ri e apenas abre a porta para mim, eu suspiro e passo. Finjo


que estou irritada com ele, mas a verdade é que gosto do fato de
ele ficar comigo o dia todo.

Ele me perseguia à distância, mas agora está aqui, de fato, em


minha vida. Ele fecha a porta e eu vou até sua moto, esperando
que ele suba primeiro antes de eu ir atrás dele.

— Eu não confio em sua mãe; ela pode ser deficiente, mas as


vadias têm métodos. — Meus olhos se arregalam com o que ele
acabou de dizer.

— Oh, meu Deus. — Ele me pega completamente desprevenida


com esse comentário. Eu envolvo meus braços em torno de sua
cintura, e começo a rir. Ele balança a cabeça e saímos em sua
moto.

Não demora muito para chegarmos à padaria; ele mora mais


perto dela do que eu. Já consigo ver a entrada e um
estacionamento cheio. No último ano, tive que triplicar meus
funcionários.

— Você vai me alimentar, mulher? — Ele bate no meu quadril


suavemente quando eu saio da moto, com ele me ajudando.

— Talvez, — eu provoco e ele ri, seguindo atrás de mim até a


entrada dos funcionários que passa pelo corredor que leva à
cozinha e ao meu escritório.

Decido que devo alimentar o homem; todo o mau humor deve


deixá-lo com fome. Abro a porta da cozinha, pego um prato e o
encho de guloseimas para ele e uma bebida.

Entrego-lhe o prato e bebo. — Obrigado, doçura, — diz ele, com


os olhos brilhando olhando para mim.

Se o fato de eu alimentá-lo o torna tão doce? Então talvez ele


queira pensar em não passar pelas portas se eu o alimentar
constantemente.

Eu o conduzo ao meu escritório, certificando-me de que a porta


dos fundos está trancada. A segurança dos meus funcionários é
importante para mim. Tem havido muitos tiroteios aleatórios
ultimamente e é assustador o quão rápido eles acontecem.

Ligo a TV de segurança para ficar de olho em tudo o que está


acontecendo na padaria. Aponto para o assento à minha frente.
Ele se senta e vira a TV para dar uma olhada.
— Não fique tirando coisas de mim. — Eu finjo estar brava com
ele.

Ele pisca e dá uma mordida em um dos muffins que eu peguei


para ele. — O que é seu é meu, o que é meu é definitivamente seu.
— Eu entendo o duplo sentido.

Meu rosto está queimando. Eu embaralho meus papéis para


me distrair. Ele ri e eu olho para ele. — Coma sua comida, Reaper,
— digo e ele ri alto.

Eu sorrio. — Você tem me observado pelas câmeras, hein? —


ele aponta e meu sorriso cai porque fui pega.

— Então, quais são seus planos para o dia? — Eu pergunto a


ele, mudando completamente de assunto. Ele sorri e me observa
por um momento.

— Eu vou sentar minha bunda aqui com você até o nosso


encontro hoje à noite.

— Quando eu concordei com um encontro?

Ele pisca. — Quando você se enrolou em mim na cama ontem


à noite, isso selou seu destino, querida.

Minha boca se abre em choque, mas o calor enche a boca do


meu estômago, porque isso é extremamente atraente. — E agora?
— Eu digo maliciosamente, recostando-me na cadeira. — E se eu
disser: prove? — Eu me surpreendo com essas palavras.

Ele sorri, coloca as mãos na escrivaninha, levanta-se e empurra


a cadeira para trás. A cada passo mais próximo de mim, meu
coração quase para em meu peito.
Dá para sentir a intensidade dele. Eu me agarro à borda da
cadeira para tentar parecer normal e não como realmente me sinto.

Estou morrendo de medo, mas é a melhor coisa que já senti.

Sua mão está apoiada no encosto da minha cadeira,


inclinando-me para trás até que meu assento fique sobre duas
pernas. Seus olhos são tão intensos, como se ele estivesse olhando
através de cada parte da minha alma.

— Provar, hein? — Sua voz é rouca, profunda. Sei que ele está
tão afetado quanto eu.

— Sim, — eu digo sem fôlego, fingindo não me incomodar.

— Ok. — Essa simples palavra me deixa em chamas, arrepios


rastejam por todo o meu corpo. Ele lambe seus lábios grossos e
deliciosos.

Movendo-se cada vez mais perto, rasgando-me por dentro. Ele


passa o nariz no meu logo antes de eu ser arrancada do meu
assento, Reaper me levantando mais alto e mais perto dele.

Ele diz uma única palavra que muda minha vida.

Minha.

Eu estremeço, prendendo a respiração no segundo em que seus


lábios tocam os meus. Sua mão aperta na parte de trás do meu
pescoço. Deus, este beijo é uma mudança de vida.

Ele me puxa, levantando-me até que minhas pernas estejam


em volta de sua cintura. Ele se vira, então estou sentada em seu
colo, minhas pernas de cada lado dele.
Eu sorrio contra seus lábios, meus dedos correndo pelas
mechas curtas de cabelo, beijando-o mais profundamente. Seus
lábios são exigentes, poderosos, reivindicando.

Suas mãos grandes estão segurando minhas costas, fazendo-


me sentir tão pequena. Precisando olhar para ele, eu me afasto e
olho em seus olhos.

A primeira coisa que vejo e noto é a felicidade. Eu coloco


minhas mãos em cada lado de seu rosto. Eu me inclino para frente
novamente, suas mãos flexionam em meus quadris e beijo sua
bochecha bem sobre uma cicatriz perversa em seu rosto que deve
ter sido tão dolorosa.

— O que aconteceu aqui? — Pergunto. Eu posso ver a escuridão


se espalhando em seu rosto, sua mente afundando em uma
memória. Não querendo que ele desapareça, pergunto a ele: —
Então, onde você está me levando no meu encontro?

Eu corro minhas mãos por seus antebraços, sentindo as


pequenas protuberâncias ao longo de seus braços. Eu olho para
baixo e vejo pequenas cicatrizes.

Quero perguntar de onde cada uma delas veio, mas não quero
ver o brilho de dor em seus olhos novamente.

Espero que ninguém o tenha machucado.

Ele sorri levemente. — Eu vou te dizer se eu quiser que você


saiba, — diz ele com aquela sua voz sexy.

— Ah, é assim? — Eu rio e me mexo em seu colo, quando sinto


algo pressionado muito perto de algum lugar que está implorando
por ele.
Meu rosto fica vermelho e tento fingir que não percebi sua
ereção enorme, mas ele pisca e agarra meus quadris, puxando-me
contra ele, exatamente de onde eu me movi.

Eu me pressiono contra ele, mais excitada do que deveria por


esse pequeno contato.

Sua mão se aproxima da minha bochecha, passando o polegar


pela minha maçã do rosto. Eu sorrio e me inclino em sua mão. —
Você é tão linda, eu nem deveria tocá-la, — ele rosna, beijando
minha testa selando suas palavras.

— Você é doce, — suspiro e encosto minha testa na dele,


apenas aproveitando o momento.

O silêncio se mantém por um momento quando, de repente, ele


sobressalta como se tivesse levado um tiro. — Que porra é essa?
— ele sibila.

Eu me viro para ver o que causou sua reação, e bem na porra


da câmera está minha mãe saindo de um táxi. Ela caminha até a
parte de trás do táxi e pega sua cadeira de rodas. Caminha até a
traseira do táxi.

Isso ressoa repetidamente na minha cabeça e a percepção me


atinge como uma tonelada de tijolos. — Ela está fingindo! — Eu
sussurro-grito em espanto. Isso dói mais do que qualquer outra
coisa que ela fez para mim. — Reaper, — eu suspiro, sem saber
mais o que dizer sobre tudo isso.

Ele beija minha têmpora e se levanta comigo, colocando-me


suavemente de pé. Observamos pela câmera enquanto ela se senta
na cadeira de rodas, puxando um cobertor sobre as pernas.
Ela nunca permitiu que eu entrasse no consultório médico com
ela quando estavam conversando sobre suas pernas; ela me
enganou e me usou.

Alguém abre a porta para ela e ela entra na padaria direto para
a recepção. — Dá para acreditar nessa merda? — Eu sibilo para
Reaper em completo estado de choque.

Ele coloca a mão na parte inferior das minhas costas. — Vamos


confrontar essa vadia. — Começo a tremer de horror por tudo; o
que eu tive que fazer para cuidar dela e o que ela me fez passar de
propósito.

Ela fez isso para que eu cuidasse dela.

Eu aceno, assustada.

Estou apavorada. O que eu pensava há tanto tempo não é


verdade. Consigo vê-la rindo e fazendo piadinhas a portas fechadas
enquanto eu cuido dela, ajudando-a a ir para a cama muitas
noites, enquanto ela caçoa de mim, sendo horrível comigo ao
mesmo tempo.

Lágrimas enchem meus olhos, meu coração arde, mas a raiva


também está crescendo no fundo do meu estômago. Tento me
controlar, a raiva e as ideias desenfreadas do que quero fazer com
ela como vingança.

Ela está conversando com um dos meus padeiros.

Suspiro e aceito minha derrota. — Vamos acabar com essa


merda, — digo a Reaper.
Tento passar por ele, mas ele pega minha mão, entrelaçando
nossos dedos. Ele não fala nada, mas sei que essa é a forma dele
de mostrar que está comigo nessa.

Andamos até a frente, abrindo as portas duplas. Os olhos de


minha mãe imediatamente se voltam para mim, enchendo-se de
lágrimas falsas. Ela coloca a mão no peito, soluçando.

Fico grata por não haver clientes no momento. Vou até a porta
e a tranco para que ninguém possa entrar, porque tenho a
sensação de que isso não vai ser bonito.

— Estou tão feliz por você estar viva! — ela soluça, estendendo
os braços para mim como se quisesse me abraçar. O vômito sobe
pela minha garganta com a ideia de tocá-la novamente.

Eu apenas olho para ela tipo, você está falando sério?

— Por que você está aqui? — Eu pergunto a ela.

Seus braços caem. — O que você quer dizer, por que estou aqui?
Você é minha filha.

Estou enojada por ela me chamar de filha, ela com certeza não
é minha mãe. Ela perdeu esse direito no segundo em que decidiu
fingir estar doente.

No segundo em que minha funcionária está de volta à cozinha,


respondo a ela. Todos sabem que ela é louca. O número de vezes
que ela ligava por dia chateada porque a enfermeira não conseguia
as coisas que ela precisava tão rápido era uma loucura.

Eu me aproximo dela. — Você não tem filha e eu com certeza


não tenho mãe. — Seus olhos se arregalam para mim respondendo
a ela, nem uma vez eu respondi.
Reaper se aproxima de mim, olhando para minha mãe como se
a estivesse desafiando a tentar algo. — O que você está falando?
Eu criei você melhor para falar comigo dessa maneira, — ela me
repreende como se eu fosse uma criança.

Eu rio de como ela é ridícula. — Você quer dizer como você


abusou de mim por anos? Me tratou como uma merda absoluta e
eu aceitei? Ou o fato de que acabei de ver você na porra da câmera
andando? Você fingiu tudo. Você fingiu por anos, não é? — Minha
voz fica mais alta a cada palavra.

Eu posso ver o leve olhar de pânico em seu rosto quando ela


percebe que sua fachada acabou. — Posso andar um pouco de vez
em quando, — ela tenta argumentar.

Eu balanço minha cabeça. — Não, você estava bem. Você tem


sido tão má comigo e eu fazendo o meu melhor por você. Você me
usou. — Minha voz falha no final.

Estou magoada, estaria mentindo se dissesse que não.

Ela começa a rir. — Merda, acho que acabou. A propósito, não


sou sua mãe, acabei conhecendo seu pai quando você usava a
porra das fraldas.

O chão cai debaixo de mim com suas palavras, mas isso


realmente importa? Não. — Graças a Deus, — digo em voz alta,
feliz por não ser parente dessa pessoa, por não ter o sangue dela
correndo em minhas veias.

Seu olhar exultante cai. — Isso significa que não sou mais
responsável por você. — Eu me aproximo dela. — Você está livre,
não terá mais minha ajuda financeira. Você sairá da minha casa e
as enfermeiras serão dispensadas imediatamente. Já que fez sua
cama, deite-se nela.

A cada palavra, fico mais livre, um pedacinho do meu coração


partido se cura. O olhar que ela me dá teria me aterrorizado, mas
não há nada pior que ela possa fazer comigo do que já fez.

— Se não sair da minha casa dentro de uma semana, eu vou


chamar a polícia, a mesma que você chamou para mim por tê-la
abandonado, — ressalto, sem esquecer que ela chamou a polícia
não preocupada com minha segurança, mas não sendo mais sua
escrava.

Ela admitir que não é realmente minha mãe é o último prego


no caixão, meus laços com ela estão extintos neste momento.

Meu pai ficaria muito magoado com ela, ele a amava. Não sei
exatamente o que ele considerava adorável nela, mas eu me
agarrava à esperança de que ela tivesse algum tipo de qualidade
resgatável.

Mas ela provou que não há esperança para ela, ela é apenas
má.

— Você não pode fazer isso comigo! — ela grita a plenos


pulmões. Eu dou a volta e agarro a parte de trás de sua cadeira de
rodas. — Abra a porta para mim, baby? — Peço a Reaper e ele
pisca, caminhando até a porta, abrindo-a.

Eu a empurro o mais forte que posso, rolando-a para fora da


porta e ela não para até sair da beirada da calçada. A cadeira de
rodas tomba fazendo com que caia de lado.
Ela grita, empurrando as mãos no chão até ficar de pé. Eu bato
a porta, abafando os palavrões que ela está vomitando em mim.

Cadela.

Ela sai correndo em minha direção. Reaper me afasta da porta


e a tranca para que ela não possa entrar. Pego meu telefone e ligo
para a polícia, avisando que há uma mulher maluca do lado de
fora da minha padaria tentando invadir.

Ela corre para a lateral do prédio e volta com uma pedra


enorme, jogando-a na janela tentando quebrá-la, mas ela quica.

Meu coração está na garganta em antecipação, vendo-a ficar


absolutamente louca. Ela joga pedra após pedra na janela até que
ela se estilhaça no meio da porta.

Reaper passa um braço em volta da minha cintura, puxando-


me para o fundo da sala, o mais longe possível do vidro, no
momento em que ele se estilhaça em um milhão de pedaços.

Ela olha para mim com triunfo.

Em seguida, entra pela porta quebrada. — É melhor você


correr, vadia, — ela diz para mim, jogando as mãos para cima como
se fosse me bater.

Como alguém pode ser assim, literalmente sem razão? Eu nunca


vou entender isso.

Reaper para na minha frente, bloqueando sua visão de mim. —


Diga isso de novo, vagabunda, e talvez eu esqueça que você é uma
mulher, — ele a ameaça, e eu sei que ele está falando sério.
Ela para de andar em minha direção e seus olhos se arregalam
ao ver Reaper. Ele está assustador agora. Eu agarro a parte de trás
de sua camiseta e a observo.

Ela olha para mim uma última vez, com o olhar fixo, como se
fosse uma promessa do que está por vir. Ela sai da minha padaria,
dá uma última olhada em mim e segue pela calçada.

Nem um segundo depois, a polícia está passando pela padaria


na direção em que ela acabou de ir. Corro até a porta quebrada,
olho para fora e vejo que a polícia a deteve.

Ela está apontando para mim, chorando muito e, quando me


vê, começa a gritar a plenos pulmões, como se a qualquer
momento eu fosse pular e machucá-la.

A estupidez dessa mulher nunca deixará de me surpreender.

Os policiais se viram para me olhar. — Podemos conversar,


senhora? — Eu suspiro, olhando para o lindo céu.

Eu olho para Reaper ao meu lado e ele está olhando por cima
da minha cabeça para minha mãe. Eu me sinto mal por ele ter sido
colocado bem no meio disso.

— Para que diabos, Darrell? Essa mulher é louca pra cacete. —


Ele dá um passo em direção à minha mãe como se fosse dizer o
que ameaçou fazer.

O oficial que estou assumindo ser Darrell, olha para Reaper e


depois para mim. — Você pode ter a porra da cidade inteira e a
maior parte da polícia em seu bolso, mas eu não, — ele responde
ao Reaper.
Eu respiro fundo com a maneira como ele falou com ele. Será
que ele é maluco?

Reaper começa a rir e não é uma boa risada. Eu estaria


correndo se fosse Darrell. Ele se vira para mim. — Você está presa
por agressão.

Minha boca atinge a porra do chão com sua declaração. Eu ouvi


certo? Ouvi, certamente ouvi.

— Se você a tocar, vou acabar com sua carreira, — Reaper


ameaça, movendo-se para ficar na minha frente, poderoso, seus
músculos estão tensos e prontos.

Darrell olha para mim, ele nem se preocupa em olhar para


Reaper. — Parece que vamos adicionar resistência à prisão a isso,
— ele zomba de mim.

Eu apenas pisco e olho porque isso não pode ser real, isso não
está acontecendo. — Você está louco? Porque temos imagens de
segurança dela fazendo estragos na minha loja. — Pego meu
celular e reproduzo o vídeo da nuvem.

Entrego a ele meu celular e o outro policial se aproxima com os


dois assistindo juntos. O outro policial, cujo nome eu não sei,
acena com a cabeça. — Sim, parece que isso foi um mal-entendido.

Os olhos de Darrell se arregalam por um segundo como se ele


estivesse em pânico. — Eu vi você mexendo no telefone, sei que
você fez photoshop nisso, ela estava fugindo para salvar a vida.

Espere, o quê?

Eu caio na gargalhada porque isso é demais.

Reaper olha para mim e depois para o policial.


— Você está tão ferrado quanto ela, — digo a ele, sem me
importar com o que estou dizendo a essa altura, porque é óbvio
que ele tem problemas com Reaper e seu clube e está descontando
em mim.

Estou cansada das pessoas me usarem.

Posso ver o lampejo de raiva no rosto de Darrell quando eu o


xingo. O outro policial dá um passo para trás e praticamente corre
para seu carro de polícia, querendo se livrar da situação, deixando-
nos para lidar com esses dois lunáticos.

Minha mãe ainda está lá embaixo, na extremidade da minha


padaria, observando com um sorriso no rosto.

Por estar distraída, não presto atenção em Darrell e ele me pega


de repente. Antes que eu pudesse reagir, Reaper arranca sua mão
no último segundo, capturando-a antes que pudesse me tocar.

Eu ofego em choque.

Reaper grunhe e torce a mão de Darrell com força até que ele
caia de joelhos na frente de nós dois. — Eu te avisei, — diz ele em
um tom ameaçador.

Ele lentamente torce a mão de Darrell até que ouço um estalo


doentio. Eu cubro minha boca ouvindo Darrell gritar. — Sua puta
do caralho! — ele grita, tentando soltar a mão.

Reaper se aproxima dele. — Você não vai desrespeitá-la. Você


não vale nada. O clube é dono desta maldita cidade. Vou arruinar
sua vida. Eu o avisei, no entanto, sua vida acabou.
Ele solta a mão com um empurrão e bate com a mão na parte
de trás da cabeça dele, fazendo-o cair de cara no concreto,
empurrando e pressionando até ele gritar.

— Se você a tivesse tocado, eu teria matado você, — ele diz e


dá um passo para trás.

Ele pega minha mão, puxa-me para junto de si e nos leva até a
padaria. Viro a cabeça e olho para Darrell, que está se levantando,
segurando a mão quebrada. Ele olha para dentro, para nós, e
minha mãe logo aparece, como se estivesse indo ver como ele está.

Eu me afasto, dispensando os dois.

Reaper me arrasta pela padaria e entra em meu escritório. Ele


bate a porta e agarra meus quadris, levantando-me do chão e
colocando-me sobre a escrivaninha, aproximando-me de sua
altura. Ele me examina e suas mãos vão até minhas bochechas. —
Eu sinto muito, — ele me diz e eu aceno.

— Ela é má, — digo a ele e ele rosna com a menção dela.

— Ela é a porra de uma mulher morta se ela falar com você


dessa forma de novo, — ele afirma claramente e eu estremeço com
a ameaça.

Eu não posso lutar contra o desejo de ser abraçada e chegar


mais perto, descansando minha cabeça em seu peito, exausta. O
dia acabou de começar e duas pessoas hoje já tentaram ferrar
comigo.

Uma que eu considerava minha mãe, mas me enganei, toda a


minha vida foi uma mentira. Então esse cara pensou que poderia
me usar porque tem problemas com o Reaper.
Não mais. Não vou mais me permitir ser um saco de pancadas.

Ele passa as mãos pelo meu cabelo comprido. — Eu vou matá-


los, porra. — Ele quebra o silêncio e começa a me deixar.

Eu olho para ele um pouco em pânico com a ideia. — Por favor,


não me deixe, vamos apenas esquecê-los, — eu imploro a ele.

Ele suspira e me puxa da mesa para seu colo, segurando-me


com força. — Deixe-me chamar alguém para consertar essa porta
para você. — Deitei-me em seu ombro observando-o enviar uma
mensagem para alguém sobre a porta.

— Quer descansar o resto do dia? — Pergunto-lhe.

— Claro que sim, — ele me diz e eu sorrio. Ele se levanta e me


coloca de pé. Ando até minha gerente, deixando-a no comando de
tudo. Ela olha para mim com simpatia e sei, sem dúvida, que todos
viram o que aconteceu.

Devo me preocupar se vou para a cadeia? Ambos refletimos


sobre o que acabou de acontecer entre Reaper e Darrell, que nem
deveria ser policial pela atitude que tem.

Saímos pela porta dos fundos em direção a sua moto. Meus


olhos vagam pelo estacionamento para ver se vejo minha mãe ou
qualquer outra pessoa que queira me assediar hoje.

— Acho que precisamos ir e jogar fora as coisas da minha mãe,


— eu digo, um sorriso malicioso aparecendo em meu rosto.

Ele ri. — Agora esse é o tipo de encontro que eu gosto. — Ele


pisca e eu subo atrás dele. Ele agarra minhas pernas me puxando
contra ele. Eu envolvo meus braços em torno de sua cintura,
segurando-o, meu queixo descansando em seu ombro.
Eu rio ao vê-la destruir as coisas da falsa mãe, jogando-as pela
porta da frente no meio do gramado.

Posso dizer que essa merda é libertadora para ela; toda sujeira
que ela a fez passar me dá nojo.

Posso ver o abuso em toda essa casa; os buracos nas paredes


são um grande indicador disso. Ouço uma moto do lado de fora da
casa e vou até a porta, deixando entrar o Terror.

— O que diabos está acontecendo, irmão? — ele me pergunta.


Nós dois nos viramos para ver Julia passar uma tesoura em uma
jaqueta de couro no armário daquela mulher.

Cubro a boca com a mão tentando não rir, mas fico feliz que
ela esteja gostando dessa merda. Não gostei de ver o medo e a
derrota hoje com a puta da mãe dela.

— Temos um problema com um membro da polícia. Ele a


assediou bem na minha frente hoje. Quebrei a mão dele, essa porra
vai causar problemas. Quero que ele seja demitido, — eu explico.

O primo do Terror é o chefe de polícia aqui e vai cuidar dessa


merda. Não cruzamos com os policiais e eles não nos cruzam;
ajudamos a manter esta cidade segura e, se eles não gostarem,
podemos tornar a vida deles um inferno.
Eles sempre escolherão a porra da primeira opção.

— Qual deles foi?

Eu rosno porque eu o odeio pra caralho. Eu o vi pela cidade,


mas nunca cruzei com ele. — O maldito Darrell.

Terror me lança um olhar de nojo. — Eu odeio aquele filho da


puta. Ele foi denunciado algumas vezes por brutalidade policial
contra mulheres. Essa merda hoje fará com que ele seja demitido,
sem dúvida.

Isso me deixa doente pra caralho. — Merda, se eu soubesse


disso, eu o teria tirado da porra do mapa.

Terror acena com a cabeça. — Eu não gosto de filhos da puta


que pensam que podem fazer essa merda e sair impunes.

Julia está com um sorriso satisfeito no rosto, as mãos nos


quadris. — Agora ela vai parecer muito melhor. — Ela joga a última
carga pela porta da frente.

Ela se vira e olha para o Terror, percebendo-o. Ela olha para


mim e depois de volta para o Terror. — Oi. Você é um dos amigos
de Reaper? — ela diz naquela porra de voz doce dela.

Ele olha para mim e pensa: "Como foi que você a encontrou?" —
Como vocês se conheceram? — ele pergunta a ela e levanta a mão
para ela apertar.

Ela ri e olha para mim. — Ele me sequestrou de uma loja.

Terror me olha chocado e depois ri. — Merda, acho que é isso


que preciso fazer. Meu nome é Terror.

Julia sorri. — Julia.


— Pronto para ir? — ela me pergunta. — Quer comer alguma
coisa com a gente? — convida Terror.

— Claro, boneca, — ele concorda e eu quero dar um soco na


cara dele por causa dessa merda. Eu a pego e a puxo para mim;
eu dou a Terror um maldito olhar deixando-o saber que eu não
gostei dessa merda.

Ele pisca para ela totalmente imperturbável.

Ela ri e eu relaxo com o belo tom de merda. — Vamos almoçar.

Somos levados a uma lanchonete bonitinha fora da cidade.


Terror entra e uma bela mulher mais velha corre direto para ele.
— Oi, mamãe. Esta é Julia, ela está com Reaper. — Ele pisca para
mim e eu tenho que lutar contra a vontade de revirar os olhos.

Nenhuma pessoa nesta sala tem certeza se estou com Reaper


ou não, considerando o jeito que ele me tem praticamente em cima
dele.

Mas não estou me importando com isso.

Toda a luta que eu tinha contra ele está fora de cogitação, pois
ele ficou ao meu lado durante toda a loucura que aconteceu hoje.

— Prazer em conhecê-la. Este é o meu garoto Terror aqui e


Reaper é como meu filho, se é que ele admite isso. — Ela se
aproxima e abraça Reaper. Ele não me solta, então acaba com ela
nos abraçando.
— Sente-se, sente-se e trarei o especial para vocês. — Ela nos
enxota e vai até a cozinha.

— Sua mãe é tão adorável. Como é ter uma mãe de verdade? —


Eu brinco e ele ri, e mesmo que eu tenha feito uma piada, meu
coração dói um pouco.

Reaper esfrega as costas da minha mão com o polegar, e eu


olho para ele sorrindo. É difícil acreditar que eu o conheci
oficialmente ontem, mas os últimos dias foram tão
emocionalmente cansativos que parece que faz muito, muito mais
tempo.

Não passou muito tempo e ela trouxe três pratos cheios até a
borda com um hambúrguer grande e batatas fritas. — Isso parece
absolutamente incrível, — eu digo a ela e ela sorri com o elogio.

Ela é tão fofa, totalmente o oposto de seu filho. Posso dizer que
ela é totalmente o oposto da minha própria "mãe", só pelo seu
sorriso, que chega até seus olhos.

Dou uma mordida no hambúrguer e poderia cair no chão, de


tão bom que é. — Oh, meu Deus, este é o melhor hambúrguer que
já comi.

Ela ri e dá um tapinha nas costas de Reaper. Eu pego seu vacilo


com o pequeno toque. Minha mente vai para como ele não queria
que ela o abraçasse e como ele congelou durante o contato.

Ela o machucou de alguma forma?

A fúria me atinge como uma tonelada de tijolos, como nunca


senti antes, ao pensar em alguém o machucando de qualquer
maneira.
Eu fico de olho em sua interação juntos; ele apenas a
reconhece, mas não finge estar realmente interessado.

Logo terminamos de comer e peço licença para ir ao banheiro.


Vejo a mãe de Terror na cozinha no caminho, ela sorri para mim e
volta a cortar uma cebola.

Quando eu termino minhas coisas, para meu choque, ela está


do lado de fora da porta da cozinha, como se estivesse esperando
por mim. — Podemos conversar? — ela me pergunta.

Eu sorrio. — Claro.

Ela me puxa para o lado e olha para trás como se estivesse


verificando se Reaper está olhando, mas ele está ouvindo Terror
falar.

— Reaper vai ficar chateado se eu te disser isso, mas eu vi você


notando a reação dele comigo. — Concordo com a cabeça. —
Reaper foi abusado por sua mãe quando era criança. Eu o acolhi
quando ele era adolescente e, mesmo depois de todo esse tempo,
ele ainda tem problemas.

Isso parte meu coração e agora entendo por que ele estava tão
determinado a me afastar de minha mãe. Meu coração dói com as
memórias que ela teve que trazer para ele.

— Oh, Deus. — Eu coloco minha mão no meu coração, olhando


para ele e me virando antes que ele possa me pegar olhando.

— Eu só quero que você saiba que não fui eu que o machuquei.


No entanto, com certeza quero matá-la. — Ela me dá um sorriso
maligno e instantaneamente me lembra de Terror.
— Talvez possamos realizar esse sonho. — Eu pisco e
instantaneamente tenho ideias de como posso encontrar essa
cadela e fazê-la pagar.

Eu nem sei o que ela fez com ele, mas não importa, se é o
suficiente para fazê-lo recuar até hoje, então isso é motivo
suficiente para mim.

Reaper olha para cima quando me vê caminhando em direção


a eles, se levanta e pega minha mão. — Pronta? — ele me pergunta.

Eu aceno, sorrindo. — Quer voltar para sua casa? — Eu


pergunto.

Seus lábios se contraem. — Nossa casa, — diz ele em voz rouca.

Eu rio e Terror se junta a ele. — Você não tem chance contra


ele, Julia.

Eu aperto a mão dele um pouco mais forte. — Bem, não estou


me importando muito com isso agora, — admito.

Posso ver o choque estampado em seu rosto com minha


admissão, mas cheguei à conclusão de que não estou mais lutando
contra isso.

No segundo em que ele enfrentou minha mãe por mim, me


protegeu contra aquele maldito policial e me beijou como se sua
vida dependesse disso, toda a luta que eu tive foi direto pela janela.

Descanso minha cabeça em seu ombro por um segundo e deixo


que ele me leve para fora da lanchonete. Aceno para Terror e sua
mãe antes de ele sentar minha bunda na garupa de sua moto.

— Eu gostei pra caralho dessa merda, — diz ele, tocando minha


bochecha e eu sorrio.
— Bem, mostre-me o quanto você gostou, — eu digo de forma
provocante e ele sorri profundamente, depositando um beijo em
meus lábios.

Dou uma risadinha e agarro seu colete, puxando-o contra mim,


aprofundando o beijo. — Eu acho que vai funcionar, — eu digo
contra seus lábios puxando para trás.

Ele balança a cabeça e beija minha testa, me abraçando por


mais um momento. Espero que ele suba na minha frente, mas ele
me puxa até que eu esteja na frente dele, o que não é a maneira
normal de montar.

— Eu não posso te segurar, porra? — ele pergunta quando eu


dou a ele um olhar questionador. Eu sorrio com sua resposta
agressivamente doce.

Acomodo-me em sua frente, me sentindo mais segura dessa


forma. Coloco minhas mãos em suas coxas, que estão de cada lado
das minhas.

Posso ver o Terror e sua mãe nos encarando quando saímos do


estacionamento. Aceno para eles uma última vez antes de virarmos
a esquina e entrarmos no trânsito.

Alguns minutos depois, entramos na cidade e avisto um abrigo


de animais onde há vários cães do lado de fora em gaiolas,
expostos.

Eu ofego muito dramaticamente e viro a cabeça para olhar para


Reaper. — Podemos parar, por favor? — Eu imploro a ele, querendo
tanto segurar um cachorrinho.
Ele nem hesita, balança a cabeça e entramos no
estacionamento. Eu sorrio quando vejo todos os filhotes.

Ele me ajuda a descer da moto, literalmente me levantando e


me colocando no chão ao lado dela. Ele pega minha mão e
caminhamos até as gaiolas. — Oi, doces anjos! — Eu acaricio o
primeiro cachorrinho que é um poodle cor de damasco.

Ele está lambendo minhas mãos como um louco e pulando para


mim. Eu rio e pego. — Oh, que bebê fofo. — Eu me apaixonei.
Olhando para Reaper, que está fingindo estar completamente
imperturbável. — Vamos, olhe para este bebê. — Espio e vejo que
é um garotinho. Eu o entrego para Reaper e quase desmaio com o
quão fofo ele está segurando um cachorro tão pequeno.

— Oh, meu Deus, podemos pegá-lo? — Eu praticamente


imploro. Seus olhinhos estão olhando para mim, olhando para o
meu coração. Só sei que ele é meu.

— Onde diabos nós registramos? — ele pergunta e eu quase


grito de emoção. Só acho que me apaixonei.

Ele não me devolve o cachorro, mas caminha até a recepção


com ele. Eu sorrio amplamente vendo como é fofo; ele parece tão
assustador com as tatuagens e como ele é grande, mas segurando
o cachorrinho tão docemente.

— Queremos adotá-lo, — digo a funcionária, acariciando o topo


da cabecinha do cachorro.

A senhora sorri. — Ok, assine esses papéis e a taxa é de


noventa dólares. — Reaper me entrega o cachorro e eu o seguro
com força.
— Oi, estamos levando você para casa. — Ele fica louco se
mexendo todo.

Antes que eu sugira que Reaper tire meu cartão do bolso, ele já
está com o dinheiro no balcão. Ele assina os papéis e eu fico
apenas segurando o cachorro.

O cachorrinho encosta a cabeça em meu ombro, olhando para


trás. Fico com o coração partido só de pensar em deixar os outros,
mas esse bebê foi feito para ser meu. Sinceramente, nem olhei para
nenhum dos outros cães, eu só o quis.

— Tudo bem, ele é seu, — diz a senhora, pegando o dinheiro e


os papéis de nós, entregando alguns de volta para Reaper para nós
guardarmos.

Eu sorrio e o aconchego, beijando o topo de sua cabeça, então


percebo que literalmente não tenho nada para ele.

— Não temos nada para ele.

— Vamos pegar a caminhonete e comprar alguma coisa. — Ele


tira o filhote de mim até eu subir na moto, depois sobe atrás, coloca
o filhote no meu colo e me ajuda a segurá-lo.

Ele vai bem devagar no caminho para casa, por segurança, e


me surpreende que o filhote não se mexa e adormeça.

Eu o coloco mais perto quando descemos da moto. Reaper olha


para nós dois e sorri. — O quê? — pergunto. Ele corre um dedo
pela minha bochecha suavemente.

— Você é linda.

Eu sorrio de volta para ele enquanto seu sorriso puxa sua


cicatriz. Quero perguntar a ele se é doloroso e como ele conseguiu,
mas guardo o comentário para mim porque nunca quero dizer
nada para impedir aquele sorriso de seu rosto.

Ele destranca sua enorme caminhonete preta e abre a porta


para mim. Eu agarro a maçaneta e ele coloca a mão nas minhas
costas me ajudando a entrar.

O cachorrinho começa a acordar e olha em volta para Reaper e


começa a balançar sua bunda. Reaper dá um tapinha no topo de
sua cabeça e fecha a porta suavemente.

Eu rio. — Acho que você vai fazer desse homem um molenga,


— eu digo para o cachorrinho.

Reaper sobe para dentro e o filhote corre pelo assento, direto


para o colo de Reaper. Ele grunhe e morde sua camiseta fazendo
uma pequena sacudida.

Eu ri. — Oh, meu Deus, ele pode ficar mais bonito?

Reaper rio e coloca o pequeno terror em seu ombro. — Como


devemos chamá-lo?

— Charlie, — eu jogo fora e ele olha para mim como se eu fosse


louca. — O quê? Vamos, olhe como ele está deitado em você.

Reaper olha para ele em seu ombro. — Porra, — ele rosna e eu


rio quando ele resmunga de volta, estabelecendo sua cabecinha na
curva do ombro de Reaper.

— Charlie. — Eu estalo meus dedos. — É isso.

Eu rio com a reação. Eu inclino minha cabeça contra a parte


de trás do encosto de cabeça observando os dois. Charlie fecha
seus olhinhos lentamente indo dormir. A coisa mais fofa.
Logo estamos em frente ao pet shop. Reaper estende a mão até
o ombro e gentilmente levanta o filhote, acomodando-o na curva
de seu braço.

Ele estende a mão e pega minha mão com o braço livre. Eu


sorrio, amando a sensação de sua mão na minha, nossos dedos
entrelaçados.

Uma das senhoras que trabalha lá abre a porta para nós. —


Bem-vindos! Podemos ajudá-los em alguma coisa? — ela pergunta
e seus olhos vão para o cachorro. — Que bebê fofo, — ela murmura
e começa a alcançá-lo.

Reaper dá um passo para trás antes que ela possa tocá-lo. —


Ele está dormindo, — ele diz e passamos por ela, deixando-a
esperando.

Eu contraio os lábios tentando não rir porque, para alguém que


fingia não estar muito interessado no cachorro, ele estava muito
protetor nesse momento.

Ele pega um carrinho e eu pego o filhote dele. Em seguida, ele


empurra o carrinho até o corredor de ração para cães. — Bem, que
porra vamos comprar? — Ele estuda cada um.

Eu me afasto e o admiro, a maneira como a calça jeans é


apertada em torno de suas coxas enormes, a maneira como a
camiseta gruda em seus bíceps e as tatuagens que revestem cada
centímetro de seus braços, até o pescoço. A maneira como seus
olhos escuros são intensos, mas lindos.

Ele é lindo.
Só de pensar que, se ele não tivesse me sequestrado ontem, eu
não estaria aqui, e é insano pensar na reviravolta que minha vida
deu.

Ele finalmente escolhe uma e a coloca no carrinho. — Eu nunca


tive um cachorro antes, então não tenho ideia do que eles
precisam, — eu admito.

— Eu também não, — ele me diz.

— Uma novidade para nós dois, — eu digo provocando,


piscando para ele.

Ele se aproxima de mim. — É melhor que não seja o seu único


primeiro. — Ele coloca a mão na minha nuca por um segundo,
puxando-me para ele, beijando minha bochecha.

Eu rio. — Eu nunca vou admitir nada.

Ele rosna e eu me afasto avistando os brinquedos. — Aww olha


Charlie, de quais você gosta? — Eu o acordo para que ele possa
olhar os brinquedos.

Eu sei que Reaper ainda está olhando para mim.

Eu não sou virgem, bem, de muitas maneiras eu sou. Eu só


estive com um cara. Perdi minha virgindade na noite do baile no
meu último ano do ensino médio. Foi uma vez e doeu muito porque
ele não tinha noção e eu também. Deixei-o no segundo em que ele
foi dormir, então minha mãe ficou doente e nunca tive tempo de
pensar em namorar outra pessoa.

Até o Reaper, claro.

Ele coloca a mão na parte inferior das minhas costas. Nunca


considerei e nunca pensei duas vezes em ninguém até que ele
entrou na minha padaria. Eu não queria admitir, mas gostei dele
no segundo em que o vi.

Fiquei tão desapontada que ele não me convidou para sair, mas
então ele simplesmente apareceu em todos os lugares que eu
estava.

— Você gosta deste? — Eu levanto um brinquedinho, do


tamanho ideal para ele e ele levanta a cabeça, apoiando-a no
brinquedo, acariciando-o.

Eu olho para Reaper como, você pode acreditar como isso é fofo?

Ele ri e pega todos os brinquedos semelhantes àquele que os


colocou no carrinho ao lado da comida que pegou. Seguimos pelo
corredor e ele estuda todas as diferentes camas até encontrar uma
de que goste.

— Ele pode dormir na cama dele ao lado da nossa cama, — ele


me diz e eu tento esconder meu sorriso por ele ter chamado de
nossa cama.

Será que é um pouco demais tão cedo?

Mas será que estou me importando com isso? Definitivamente


não, porque nada disso é normal e Reaper não é um homem
normal.

Eu fico nos bastidores; posso dizer que ele está se divertindo


escolhendo tudo para Charlie. Ele enche um carrinho e vai pegar
outro para terminar de comprar as últimas coisas.

— Droga, preciso ter um quintal cercado, — ele diz para si


mesmo e coloca tudo no balcão para ser embalado.
— Ele é tão pequenino que é melhor que a gente mesmo o
carregue, certo? — Eu o levanto e pressiono um beijo ao lado de
seu rostinho. — Eu acho que você precisa de um banho, — digo a
ele e ele lambe meu nariz. Eu começo a rir e Reaper sorri para
mim. Deus, eu amo esse olhar nele.

Nós saímos e o Reaper ignora as senhoras que estão olhando


para ele, mas eu acho engraçado o fato de ele não perceber o
quanto é atraente.

Não demora muito para voltarmos à casa do Reaper. No


caminho, passamos por um prédio enorme com um monte de
motos do lado de fora e homens ao redor que ainda não conheço.
Alguns acenam para nós e eu aceno de volta. Estamos com a janela
aberta, aproveitando o ar fresco da noite.

Ele estaciona em frente à sua casa, eu saio antes que ele possa
abrir a porta e percebo seu olhar. Coloco o cachorro no chão e o
deixo fazer xixi. Ele corre pela grama e escorrega um pouco no fim,
caindo.

Dou uma risada e corro atrás dele. Sento-me ao lado dele e ele
corre até mim, subindo em minhas pernas. Reaper pega uma
grande quantidade de suprimentos e os coloca na varanda da
frente antes de abrir a porta.

Eu mesma pego um monte de coisas. Não chego a um metro


antes que ele as tire de mim. — Você não carrega nada. — Ele leva
tudo à minha frente para dentro da casa e eu balanço a cabeça.

— Hora do banho para você. — Vasculho as sacolas até


encontrar o xampu. Eu o coloco na banheira e o esfrego bem, ele
precisa disso depois de ficar no abrigo. Ele se sacode e joga água
em mim. — Ei, isso não é legal, — digo a ele como se fosse me
responder.

Reaper entra no banheiro com uma toalha na mão. Ele limpa


meu rosto dos respingos de água e pega o filhote para secá-lo. Eu
me encosto na banheira e o observo como uma esquisita, mas não
consigo evitar.

Ele é um mistério para mim; ele me surpreende. O que eu


pensava dele é tão diferente de como ele realmente é.

Ele aconchega Charlie em seu peito e estende a mão livre para


me levantar. Eu o sigo até a sala de estar e vejo que ele montou
uma de suas camas no meio da sala com seus brinquedos.

Ele a coloca em frente à tigela do cachorro, que corre direto


para ela e a come. Vejo os papéis de adoção e descubro quando ele
foi ao veterinário pela última vez.

— Ele veio de uma fábrica de filhotes, — digo a Reaper e mostro


o papel. Ele ainda tem fotos das condições em que os cães estavam.

— Cruel pra caramba, — ele resmunga e pega outro papel com


uma foto nele.

Eu concordo. — As pessoas são gananciosas.

Ele me puxa para o seu lado, beijando o topo da minha cabeça.


— Acho que a noite de encontro não está acontecendo agora que
somos pais. — Eu bato nele e ele ri das minhas travessuras.

Eu ando ao redor da ilha, passando minhas mãos pelo topo. —


Mas a mamãe do seu bebê sabe cozinhar. — Eu pisco.

Seus olhos esquentam com minhas palavras. Eu mordo meu


lábio inferior gostando dessa reação dele. Vou até a geladeira e o
freezer para ver o que posso fazer. — Bife? — Eu pergunto e me
viro para olhar para ele.

— Parece incrível pra caralho.

— Vocês, rapazes, vão relaxar. — Eu os enxoto para fora da


cozinha. Reaper pega Charlie, e os dois vão para a sala de estar.

Sorrio ao vê-lo sentar-se no sofá com ele, é tão fofo, a diferença


de tamanho do cachorrinho e de Reaper.

É melhor ela parar de nos chamar de pais ou de ser a mamãe


do meu bebê, porque a primeira vez que eu deslizar para dentro
dela, posso plantar um filho lá dentro.

Deus, vê-la em minha cozinha, em minha cama com a barriga


inchada de um bebê é mais do que eu posso suportar. Preciso
tornar isso uma realidade.

Olho para esse cachorrinho no meu colo, dormindo. Devo


admitir que ele é uma gracinha. Eu sempre quis ter um cachorro,
mas minha mãe era uma vadia demais para sequer notar se eu
estava vivo ou morto, quanto mais me deixar ter um animal de
estimação.

Fico olhando para Julia, a TV é a última coisa em que penso.


Meu Deus, ela é tão bonita. Às vezes, tenho vontade de me beliscar
para ter certeza de que ela está aqui.
Ela é minha. Agora que ela está em minha cama e em minha
casa, não há como deixá-la. Onde ela for, eu a sigo. — Temos que
mantê-la conosco, não é, garotinho? — Eu o levanto e o coloco no
meu peito, inclinando-me para trás.

Sim, temos que ficar com ela. Eu sorrio ao vê-la derramar


farinha na frente da camiseta que está vestindo.

Sempre protegi as pessoas ao meu redor, mas o que eu faria


para protegê-la, para manter aquele sorriso em seu rosto?

Eu incendiaria a porra do mundo e não pensaria duas vezes


sobre isso para mantê-la segura.

Não importa o custo.


4

Olho para o relógio pela décima vez no último minuto porque


preciso ir para a cama, já que tenho que ir cedo para a padaria.

Mas isso significa que terei de ir para a cama com Reaper, onde
quero pular em seus músculos, mas estou apavorada com a ideia.

Estar com uma pessoa apenas uma vez e a experiência ser


horrível é assustador porque, aos 26 anos, sou tão inexperiente
que tenho medo de que ele pense que sou uma fracassada.

— Vou sair com ele mais uma vez hoje à noite e depois vou para
a cama, — diz ele e me deixa quase morrendo no local.

Subo as escadas praticamente correndo e pego meus pijamas,


depois entro no chuveiro. Demoro muito tempo me depilando e
passando loção em todas as partes do corpo. Uma grande parte de
mim sabe que provavelmente não vai acontecer nada, mas uma
garota precisa estar preparada, certo?

Eu escovo meus dentes assim que há uma batida na porta. Eu


a abro e vejo que Reaper está recém-banhado, sem camiseta e com
uma calça de moletom cinza.
Acho que meu coração para no peito por um segundo, a pasta
de dente começa a pingar da minha boca e corro para cuspir na
pia.

Aja normalmente, Julia.

Ele pisca para mim e estende a mão para pegar a escova de


dentes que está ao lado da minha. — Eu amo você com a minha
camiseta, — ele simplesmente afirma.

Meu rosto arde e vou rapidamente para o quarto. Sento-me no


chão ao lado de Charlie, que está deitado em um brinquedo. — Boa
noite, doce menino. — Eu beijo o topo de sua cabeça e puxo seu
minúsculo cobertor sobre ele, aconchegando-o.

Fico triste em pensar na situação em que ele estava antes.


Como alguém pode ser tão cruel, eu nunca vou entender.

Também nunca vou entender minha “mãe” pelo que ela fez e
pela maneira como me traiu. Posso não ter sido dela
biologicamente, mas não consigo imaginar tratar alguém que
ajudei a criar da maneira que ela fez comigo.

Só preciso esquecê-la e deixar de lado tudo o que aconteceu


entre nós, porque ela realmente não merece um segundo
pensamento.

Suspiro e me enfio debaixo das cobertas. Verifico meu telefone


e vejo uma mensagem da minha gerente informando que a porta
está consertada e que tudo correu bem depois que saí.

Ela é uma ótima gerente. Definitivamente, merece um aumento


por ter se esforçado tanto ultimamente. Eu verifico as câmeras em
minha casa e vejo que minha mãe pegou suas roupas no jardim
algumas horas atrás, caminhando perfeitamente bem.

Ela me enganou muito, os anos que desperdicei com ela.

A porta é aberta e Reaper sai, apagando a luz, deixando apenas


a luz fraca do meu telefone e uma pequena luz no banheiro.

Ele puxa o cobertor para trás e se acomoda ao meu lado. —


Traga sua bunda aqui, — ele me diz. Eu coloco meu telefone na
mesa de cabeceira e deslizo até ele. Estou inclinada sobre ele
enquanto minha mão vai para seu rosto, onde ele tem uma leve
barba por fazer.

— Acho que quero um beijo. — Eu não consigo terminar as


palavras antes que suas mãos estejam enterradas no meu cabelo
me puxando para beijá-lo.

Eu suspiro e relaxo nele, e então ele me puxa até que eu esteja


em cima dele. Sua mão desliza do meu cabelo para as minhas
costas e desliza suavemente sob minha camiseta.

Suas mãos ásperas e calejadas me arrepiam.

Eu o agarro, aproximando-me dele e pousando minha mão em


seu peito nu e quente, esfregando as cicatrizes ásperas que alguém
lhe deu, com suas tatuagens cobrindo-as.

Sua mão livre se levanta e segura minha mão em seu peito. Ele
se senta e me vira até que eu esteja de costas, ele entre minhas
pernas, seu rosto acima do meu.

Eu sorrio e toco sua bochecha, meu polegar acariciando sua


cicatriz. Seus olhos se desviam dos meus quando o toco. — O que
foi? — Eu pergunto, não gostando daquele olhar em seu rosto.
— Eu não deveria estar tocando em você. — Sua voz é suave.

Eu dou a ele um olhar confuso. — Por quê?

Ele balança a cabeça. — Olhe para você, você é um maldito anjo


e eu não estou nem perto do céu.

Ele me surpreende e não de um jeito bom. — Espere, você


realmente pensa isso sobre si mesmo? — Dói que ele pense tão mal
de si.

Eu seguro seu rosto, inclinando sua cabeça até que ele esteja
olhando para mim. — Reaper, posso ter acabado de conhecer você,
mas alguém que me defendeu e protegeu do jeito que você fez... —
Eu me interrompo. Ele empurra meu cabelo atrás da minha orelha
me ouvindo. — Você sabe a última vez que alguém tentou me
proteger? Cuidou de mim? Eu era uma criança e meu pai estava
vivo. Estou sozinha desde então, até agora, — admito
honestamente para ele.

Seus olhos suavizam com a minha confissão e ele se inclina


para frente pressionando o beijo mais suave e terno na minha
testa.

Eu fecho meus olhos com a sensação de me sentir segura. Seus


lábios derivam da minha testa para o meu nariz e de volta para os
meus lábios. Eu suspiro e corro meus dedos por seu cabelo curto.

Levanto minha perna e a coloco sobre sua coxa, querendo-o


incrivelmente mais perto. Luto contra o desejo de me esfregar nele,
sentindo como ele está duro entre nossas roupas.
Ele me beija como se essa fosse a última vez que me beijaria,
saboreando cada parte da minha boca como se estivesse tentando
memorizá-la e gravá-la em sua mente.

Ele suga meu lábio inferior entre os dentes, puxando-o


levemente.

Eu ofego contra sua boca, ele está me enlouquecendo. Ele


levanta minha perna mais alto, aproximando-o mais de mim, e
meus olhos se abrem ao sentí-lo pressionar contra mim através
das minhas roupas.

Ele se afasta. Seus olhos estão aquecidos, posso dizer que ele
está tão afetado por isso quanto eu. Quero ir mais longe, mas
também estou com medo porque não quero ser uma decepção para
ele.

Ele se senta, olhando para mim, e eu mordo o lábio ao vê-lo me


olhando. Minha respiração está pesada, estou em chamas. Não me
surpreenderia se ele não conseguisse ver como estou excitada
através do meu pijama. Estou encharcada.

— Porra de anjo, — ele geme, passando a mão no meu peito


parando bem onde estou morrendo de vontade de que ele me
toque, estou tão perto de implorar por isso.

Ele me encara por um segundo, como se ainda não acreditasse


que estou aqui com ele. Engulo em seco, tentando acalmar meus
nervos.

A maneira como ele está olhando é tão íntima que sinto que
estou totalmente exposta a ele. Ele levanta minha camiseta
expondo meu estômago. Suas mãos plantam em meus lados,
levantando-me ligeiramente, fazendo-me arquear contra ele.

Eu estremeço ao saber o que ele está vendo agora, meu


estômago balançando, as estrias nas minhas laterais por causa do
ganho de peso quando eu era adolescente.

Isso não é uma boa ideia.

Minha mente começa a pensar em todos os insultos que minha


mãe me disse ao longo dos anos. Como ninguém me amaria de
verdade, que nenhum homem se importaria com alguém como eu,
como sou inútil.

Eles ressoam continuamente na minha cabeça, todas as coisas


horríveis que ela me disse ao longo dos anos, destruindo
completamente toda a minha autoestima.

Começo a me sentar, puxando minha camiseta para baixo,


longe de seu olhar. — Qual é o problema? — ele pergunta. Meu
rosto queima com a ideia de dizer a ele o que está me incomodando
porque é tão estúpido.

— Não estou acostumada a isso, a me sentir assim. — Engulo


em seco e espero por sua reação às minhas palavras. Ele parece
confuso enquanto se senta e espera que eu explique melhor.

Eu rio desconfortavelmente, mas tenho que ser honesta. Eu


lambo meus lábios secos. — Eu só estive com uma pessoa antes,
anos atrás na noite do baile e o que eu sinto por você é novo para
mim, tudo é novo para mim, — confesso.

— Quer que eu o mate? — ele diz, me chocando.

Eu rio. — O quê?
— Quer que eu o mate porque obviamente ele foi uma merda
do jeito que você acabou de dizer. — Ele chega mais perto, seu
rosto bem acima do meu. — Então você quer que eu arranque o
pau dele? — ele me pergunta.

Eu rio e balanço a cabeça. O que eu esperava que Reaper


dissesse? — Não, Reaper, isso foi há anos. Eu só sou inexperiente
quando se trata de todas as coisas sexuais. Eu queria dizer algo
antes de nós... — Eu paro e aceno com a mão.

Ele ri. — Querida, eu não dou a mínima se você é inexperiente


ou não. Nunca fique envergonhada perto de mim, você é linda. —
Ele passa a mão pelo meu braço, para segurar meu rosto. — Não
importa o que aconteça, você é minha, mesmo que nunca vá além
de eu beijar esses lindos lábios. — Ele passa o polegar pelos meus
lábios.

Eu sorrio, chego mais perto e o beijo docemente, antes de me


inclinar para sorrir para ele. — Obrigada. — Eu me sinto muito
melhor. Eu sei que meus medos eram irrelevantes, mas quando
eles foram colocados em sua mente por anos, é difícil não acreditar
neles.

Reaper sorri. — Ainda posso matá-lo.

Eu jogo minha cabeça para trás rindo, ele é louco. Eu balanço


minha cabeça e me inclino para frente e descanso minha cabeça
em seu peito, suspirando com o quão sexy ele é.

— Iremos no ritmo que você deseja, — ele me tranquiliza.

Eu sorrio e aceno contra seu peito. — Hoje à noite, me abrace?


— pergunto, sentindo-me vulnerável. Eu realmente anseio por ele,
mas mentalmente não estou pronta para mais, considerando tudo
o que aconteceu nos últimos dias.

Só preciso encontrar meu lugar nessa nova vida que tenho.

Eu olho para cima e ele está sorrindo para mim. — Você tem,
baby. — Sua voz envia arrepios por todo o meu corpo. — Não pense
que não quero agarrar você, só preciso entender tudo o que
aconteceu nos últimos dias, — digo a ele enquanto me deito, ele
deita ao meu lado compartilhando o mesmo travesseiro.

Ele pousa a mão na minha barriga, enfiando a mão por baixo


da minha camiseta, passando os dedos ao longo das minhas
costelas e envolvendo minha lateral, puxando-me para perto dele.

Olho para o nosso filhote e vejo que ele está de costas, com as
patinhas levantadas no ar. Não é uma gracinha?

— Então, você quer me agarrar, hein? — ele diz com voz rouca
em meu ouvido.

Meu rosto fica vermelho e agora estou grata por estar escuro
aqui, então não é tão perceptível. Ele ri quando eu não respondo a
ele.

— Bem, eu quero fazer muito mais do que agarrá-la, baby, —


ele sussurra em meu ouvido, seus lábios se arrastando lentamente
contra meu pescoço.

Eu posso morrer, isso pode ser o meu fim.

Eu agarro os cobertores, deixando-o explorar meu pescoço,


arrepios estão surgindo em minha pele. Sua mão roça minha
barriga e eu luto contra a vontade de arrancar sua mão da minha
barriga, não querendo que ele sinta como ela é mole.
Ele suspira e beija minha bochecha. — Você sabe que eu nunca
vou deixar você ir, — ele me diz.

Sorrio, mas viro a cabeça para que ele não veja. —


Sequestrando-me de novo? — Eu brinco e ele ri silenciosamente,
posso sentí-lo tremendo com isso.

Ele vira meu rosto para ele. — Você ainda não entendeu?

— O quê?

Ele sorri. — Não se pode sequestrar o que pertence a você.

Senhor, abençoe-me. Meu estômago revira sem parar, tento


respirar, mas ele roubou todo o meu ar. — Eu sou sua? — Consigo
falar.

Ele paira sobre mim, com os braços apoiados em cada lado, os


olhos fixos nos meus. — Você é minha. — Não há um pingo de
hesitação em sua voz. Estou tremendo com a magnitude de suas
palavras. — As coisas que eu faria para protegê-la, para manter
sua bunda aqui comigo, iria apavorá-la. — Ele beija minha testa,
descansando a dele contra a minha. Deitamo-nos aqui em silêncio
aproveitando o momento, o único som é a nossa respiração.

— Ok, — eu digo sem fôlego. Eu corro minhas mãos ao longo


de seus braços. — Você também é meu, sei que briguei com você
no início, mas era falso, honestamente. Apenas senti que
precisava, — eu admito.

Ele ri e enfia o rosto na curva do meu pescoço. — Você me deixa


louco.

Meus lábios torcem em um sorriso. — Huh, eu pensei que você


já fosse, — eu digo.
Ele se senta e olha para mim em estado de choque. — Ah, você
vai pagar por isso. — Ele empurra minha camiseta para cima e
sobre a minha cabeça me deixando completamente cega.

Em seguida, seus dentes começam a beliscar e morder


suavemente minhas laterais. Eu grito de rir e tento afastá-lo, mas
ele segura minhas mãos, deixando-me indefesa.

— Reaper, pare, — eu digo através do meu riso, lágrimas


rolando pelo meu rosto. Ele está rindo também. Ele pode continuar
me fazendo cócegas o dia todo, desde que continue rindo.

— Ok, eu menti, — eu suspiro e tento rolar para longe.

Ele cede, me dando uma pausa na tortura. Ele puxa minha


camisa para baixo e me beija. — Agora vá dormir. — Ele bate
levemente na minha bunda com a mão, me puxando para trás até
que eu fique de costas para ele.

Eu suspiro e sorrio em meu travesseiro. Eu gosto de sua bunda


exigente, embora eu tenha a sensação de que isso vai me
enlouquecer.

Mas apenas o melhor tipo de loucura.


Esta é a primeira vez que Reaper me deixa sozinha desde que o
conheci. Ele teve que ir ao clube para ajudar seus irmãos algumas
horas atrás.

É hora do almoço e pedi que nos entregassem comida logo, pois


ele disse que voltaria a tempo.

Sorrio ao pensar que acordei ao lado dele hoje de manhã.

Sinto um pequeno puxão na perna da minha calça, olho


embaixo da minha mesa e pego Charlie. Ele tem seu próprio
cantinho em meu escritório. Não queria que ele ficasse sozinho o
dia todo.

Olho para as câmeras e vejo dois carros de polícia parando na


frente. Eu me aproximo e vejo que é o policial Darrell.

O medo me atinge quando eles entram no prédio. Eu os sigo


até a recepção. Suspiro e levo Charlie para o cercadinho que o
Reaper preparou para ele esta manhã antes de sair.

Abro a porta, fecho-a atrás de mim e vou para a frente. Darrell


se vira para me olhar sorrindo. — Exatamente a pessoa que
estamos procurando, — diz ele, estendendo a mão para trás e
tirando as algemas.
Meu coração está batendo tão rápido que estou morrendo de
medo. — Por que você está me prendendo? — Eu pergunto a ele
quando ele dá um passo à frente com as algemas.

Ele sorri como se tivesse vencido. Um arrepio percorre minha


espinha e o medo de estar à sua mercê. — Pelo abandono de sua
mãe e seu ataque.

Quase caio no chão. — Espere, isso não é verdade, — eu


começo a argumentar, mas o olhar em seu rosto mostra que não
importa o que eu diga, ele não vai me ouvir, ele nunca vai acreditar
em mim.

Não posso fugir, porque acho que as consequências seriam


fatais para mim.

Eu olho para a minha gerente. — Por favor, fique de olho no


meu cachorro e diga a Reaper o que aconteceu, o número dele está
no meu telefone, — eu digo a ela com pressa antes que eles possam
me levar.

Quando não dou um passo à frente, Darrell estende a mão para


mim, sua mão torcendo a minha com força. Eu sibilo de dor. — Ei,
não seja tão rude, eu vou com você, — digo a ele.

Os outros oficiais se entreolham. Eu me viro e grito quando sua


mão se planta no topo das minhas costas, batendo meu rosto no
balcão de vidro.

A dor vem da minha boca e do meu nariz, que se choca contra


o vidro. Sua mão empurra meu rosto com cada vez mais força
contra o vidro, que então se quebra com a pressão. Rachaduras
em forma de teia de aranha se espalham pelo balcão.
A gerente ofega em choque com o que ele está fazendo; eu estou
em pânico. — Por que ela está sendo presa? — minha gerente
pergunta, colocando-se mais perto de mim.

Estou tremendo até os pés, horrorizada com o que está


acontecendo.

Olho para cima e vejo que ela está gravando o que está
acontecendo, meus lábios estão tremendo e estou segurando as
lágrimas.

Parece que ela está prestes a surtar. — Abaixe a câmera ou você


também será presa! — ele grita com ela atrás de mim, cuspe
voando de sua boca.

Suas mãos agarram as algemas e ele me puxa para trás,


fazendo meus ombros doerem com o puxão agressivo. Quando ele
puxa com um pouco mais de força, eu choro, fazendo-me dobrar
na cintura. — Por que você está fazendo isso? — Eu pergunto a ele
e olho para os outros oficiais em busca de ajuda.

Eles não fazem nada para me ajudar ou impedí-lo de me


machucar.

Ele me puxa novamente, fazendo com que eu tropece e caia no


chão. Meus braços batem em suas pernas. — Agredir um policial
é outra acusação, — Darrell anuncia arrogantemente.

Sinto que vou vomitar, meu rosto está doendo por ter sido
jogada contra o balcão. Ele me arranca do chão, e meu corpo se
levanta. Sua mão segura a minha nuca, cravando-se em meu
cabelo, e a outra em meu braço. — Vou adorar me divertir com
você, — ele sussurra em meu ouvido, puxando meu cabelo com
força.

Eu tento me afastar, mas ele me puxa ainda mais forte, fazendo


minha cabeça cair para trás com a agressividade do puxão.

Tento afastá-lo, começando a me assustar com a agressividade


dele. Ele me puxa para fora da porta, com uma mão ainda em meu
cabelo e a outra em meu braço por trás, fazendo meu ombro
estalar.

Olho para minha gerente uma última vez antes de ser levada
para o carro da polícia. Ela está ao telefone e rezo para que esteja
chamando alguém para me ajudar, porque sinto que, se conseguir
chegar à delegacia, será um milagre.

Isso não é normal; algo está muito errado.

Eles abrem a porta e me jogam lá dentro, literalmente; minha


cabeça bate na outra porta do outro lado do banco. Tenho estrelas
dançando em meus olhos por causa da pancada.

A porta se fecha com força, mas meu pé não estava lá dentro.


Eu grito, tentando puxar meu pé pela porta. Alguém se inclina
sobre a porta com mais força. Tento não vomitar com o choque e a
dor. Um deles ri e abre a porta. Trago minha perna rapidamente e
a coloco embaixo do corpo o melhor que posso.

Tento me sentar, mas estou metade no chão e metade no


assento. É inútil, meus braços estão atrás de mim.

Ponho peso no pé para ver se consigo me sentar, mas a dor que


sinto me faz gritar, é desesperador.
Ele entra na frente e o carro é ligado, sinto que começamos a
andar. Ele bate em um buraco e eu caio completamente na porta,
caindo de cara no chão e com as pernas na metade do banco.

Tudo o que consigo ouvir é a risada zombeteira de Darrell no


banco da frente.

Eu estou ferrada.

Eu ajudo meu irmão a empurrar sua moto para que ela fique
encostada na parede de onde ele a bateu mais cedo, está destruída
pra caralho. — Quer que eu conserte sua moto? — Pergunto a ele,
pegando um pedaço de plástico que caiu no chão quando o
movemos.

Antes que ele possa me responder, meu telefone toca de um


número desconhecido. — O quê? — Eu respondo.

A mulher ao telefone está histérica. — Você tem que ajudá-la!


Eles levaram Julia.

Eu quase morro na porra do lugar. — Que porra você está


dizendo? — Eu exijo dela, minha paciência voando pela porra da
janela.

— Um policial entrou na padaria e levou ela; eles a estavam


machucando, — ela soluça e eu olho para Andrey.

— O maldito Darrell levou Julia.


Tudo acontece ao mesmo tempo. Corro para minha moto e
Andrey corre para buscar meus irmãos porque essa merda é um
ato de guerra.

Tocar na old lady de alguém, minha old lady, é uma sentença


de morte.

Gage sai correndo da sede do clube. — O que diabos aconteceu?


— Terror está bem atrás dele junto com Andrey.

— Darrell, — eu digo e Terror xinga.

— Merda. — Todos nós subimos em nossas motos. Não espero


para ver se eles me seguirão porque sei que estarão logo atrás de
mim.

Cada segundo que estou na estrada, cada maldito segundo que


ela não está segura na minha frente, é mais uma hora que vou
torturar esse filho da puta por tê-la levado.

Este é o pior erro de sua vida.

Estou tentando não chorar, mas o medo está começando a me


atingir porque estou completamente à sua mercê. — Por que você
está fazendo isso? — Eu pergunto a ele, minha voz abafada por
estar no chão.

Meu corpo inteiro está gritando pela forma como estou deitada.

— Você acha que, por ser bonita e a old lady do Reaper, pode
escapar impune, mas isso sou eu provando que não é verdade.
Ele pisa no freio com força, fazendo meu rosto bater no encosto
do banco. Eu grito e levanto meu ombro tentando de alguma forma
erguer meu rosto do assento.

Ele ri. — Merda, você é a porra de um bebê. Eu me pergunto se


você grita da mesma maneira quando está sendo fodida.

Meu coração para no peito diante do desrespeito que ele está


demonstrando por mim, o medo me atinge com força porque estou
com medo de que ele possa ter algo assim planejado para mim.

— Hum. Estou interpretando o seu silêncio como algo que você


gostaria de descobrir, — ele tenta dizer isso em um tom sexy, mas
parece que ele está segurando uma merda enorme.

Por favor, Deus, não deixe que eu me machuque dessa maneira,


por favor.

Eu não respondo a ele. Eu deixo sua incitação correr sobre


mim, e guardo no fundo da minha mente. Não tenho certeza de
quanto tempo estamos no carro antes que ele pragueje.

Ele pisa no freio e saímos da estrada. Eu posso sentir o


solavanco dele dirigindo para o lado da estrada e para a grama.

Tento respirar, ficar calma, porque o que pode piorar tudo isso
é ter um ataque de pânico.

Eu posso sentir o sangue escorrendo pela minha garganta do


meu nariz e pelo meu rosto. Eu posso sentí-lo escorrendo pelo meu
pescoço e peito, no chão de seu carro de polícia.

É quando ouço, ouço as motos.


Eu quero chorar de alívio que talvez Reaper tenha me
encontrado. Darrell está xingando mais alto no banco da frente e
depois pisa no freio novamente.

Então as luzes se apagam para mim, e tudo fica preto.


Nós o localizamos na porra da estrada. Eu posso ver o pânico
em seu rosto pela porra da janela quando ele nos nota.

Mas não a vejo no banco de trás.

Eu olho para meus irmãos e posso dizer que eles estão


preocupados com isso, mas não estou me deixando afundar nesses
malditos pensamentos.

Seguimos por uma estrada de cascalho; ele está indo pelo


menos a sessenta, mal fazendo as curvas quando ele corre direto
para uma árvore caída.

O carro bate na árvore com tanta força que a traseira do carro


se levanta do chão.

Foda-se.

Eu nem me preocupo em colocar o suporte na minha moto. Eu


só preciso chegar até ela, para ter certeza de que ela está bem. E
então eu vou matá-lo, porra.

Ele sai do carro, lentamente, mas eu estou lá antes que ele


possa dar um passo para fora do carro.

Eu o agarro pela garganta. — Onde diabos ela está? — Eu grito


na cara dele. Meu corpo está pegando fogo. Eu quero machucá-lo
por tocá-la, até mesmo por olhar para ela.
Seus olhos estão selvagens olhando atrás de mim para meus
irmãos e então ele olha para o banco de trás. Eu o jogo para Andrey
e abro a porta de trás.

O que eu vejo vai me assombrar por muito tempo.

Ela está de cara no chão, o sangue está por toda parte.

Eu caio de joelhos, a porta do lado oposto dela se abre e eu


quase atiro neles até perceber que é o Terror.

— Baby, — eu digo suavemente. Ela não se move.

Eu coloco minhas mãos sob seus braços, Terror pega suas


pernas e nós gentilmente a levantamos. Gage me ajuda a manter
a cabeça dela firme e a parte inferior do corpo para que ela não
seja empurrada.

Este é o meu pior medo e está acontecendo diante dos meus


olhos.

Minhas mãos estão tremendo enquanto a colocamos


gentilmente no chão. — Traga a porra de uma caminhonete aqui
agora. — Ouço Gage gritando ao telefone, mas não consigo tirar os
olhos dela.

— Por favor, baby, fale comigo, — eu imploro a ela.

— Aqui. — Terror coloca um pacote de lenços umedecidos que


encontrou na parte de trás do carro da polícia.

Abro e começo a limpar o rosto dela para ver de onde vem o


sangue. O sangue desapareceu de seu rosto e posso ver todos os
hematomas.
— Foda-se, tire isso dela, — eu rosno e Andrey me joga um par
de chaves para tirar as algemas. Pego suas mãos e esfrego os cortes
em seus pulsos, a reentrância que aquelas malditas algemas
fizeram.

Eu cerro minha mandíbula, tentando me acalmar. — Julia. —


Eu toco sua bochecha, sua cabeça está apoiada em meus joelhos.

Eu apalpo e sinto um nó no topo de sua cabeça. Foda-se! —


Aposto que ela teve uma concussão. — Uma caminhonete
estaciona atrás de nossas motos. Knight corre e eu quase caio de
alívio.

Ele cai de joelhos ao nosso lado. — Merda, — ele rosna e eu viro


minha cabeça para o lado. Eu falhei com ela, eu a deixei sozinha.

Eu empurro seu cabelo encharcado de sangue de sua


bochecha, seu lindo cabelo loiro está marcado com vermelho. Eu
olho para Darrell, que parece que vai mijar nas calças.

Eu o encaro, sem me mover, sem piscar. Minha mente está


pensando no que eu quero fazer com ele, para fazê-lo pagar. Eu
sorrio quando o vejo engasgando, tentando se impedir de vomitar.

Julia geme e eu me aproximo. — Baby? — Eu digo suavemente.

Ela levanta a mão. — Ai, minha cabeça, — ela murmura e a


fúria me atinge.

Andrey ainda o segura, certificando-se de que ele não saia.


Dirijo-me ao meu irmão. — Você o mantém para mim até que eu
esteja pronto para ele.
Ele concorda. — Eu cuido disso, irmão. — Ele puxa Darrell e o
joga na parte de trás de seu próprio carro de polícia. Darrell bate
na porta, mas ela tranca por fora.

Jogo para Andrey as algemas que ele tinha em Julia. Ele as


pega e abre a porta. Ele coloca as algemas nas mãos e aperta com
toda a força para coloca-las o mais apertado possível.

Eu quero estrangulá-lo, mas isso não vai ser rápido. Isso vai
ser o inferno na terra pelo resto de sua vida lamentável e patética.

— Onde mais você se machucou? — Knight pergunta a ela,


olhando para o inchaço em sua cabeça. Ela sibila quando ele toca
um ponto sensível.

— Calma, filho da puta, — eu digo a ele e Julia ri.

— Acho que meu nariz está quebrado, — ela diz e estende a


mão para tocá-lo.

— Vamos levá-la ao meu consultório e vamos fazer o check-out.


— Knight e eu nos inclinamos para levantá-la do chão.

— Você veio me buscar, — diz ela em descrença, quebrando a


porra do meu coração enegrecido. Eu a seguro mais forte, porque
eu serei amaldiçoado se ela deixar minha vista novamente.

Knight abre o banco de trás para nós, e eu deslizo com ela em


meus braços, não dando a mínima para deixar minha moto lá.

Ela estremece e agarra minha camisa. — Meu tornozelo, — diz


ela quando me pega olhando para ela. Puxo sua legging para cima
e vejo um enorme hematoma se formando em seu tornozelo.
— Foda-se, — eu rosno. — O que eles fizeram? — Eu pergunto
a ela, querendo saber para que eu saiba por onde começar com
eles.

— Eles bateram meu pé na porta de propósito, — ela se


engasga. Knight me olha no espelho. — Ele bateu minha cara no
balcão de vidro da minha padaria, quebrou o vidro e me arrastou
pelos cabelos. Me jogaram no carro e bati com a cabeça. — Ela
para e sua respiração falha, eu pego o cobertor que Knight me
entrega pela frente. — Ele disse que gostaria de saber se eu grito
assim quando estou sendo fodida e que iria descobrir. — Eu mal
posso ouví-la sobre sua voz quebrada.

Olho para Darrell uma última vez no banco de trás do carro.


Ele é um homem morto.

Às vezes a morte é muito fácil para filhos da puta como esse. —


Os outros apenas assistiram e riram junto com ele.

Eu sorrio para Knight no espelho. Oh, a diversão que vamos ter.

O alívio que senti quando acordei e Reaper estava lá foi


imensurável. Tive medo de nunca mais vê-lo e, se o visse, não seria
a mesma pessoa.

Sei que Darrell tinha planos terríveis para mim, planos que não
envolviam o judiciário. O vômito sobe pela minha garganta com as
milhões de coisas que passam pela minha cabeça sobre o que ele
possivelmente planejou.
Estou tremendo muito, meus dedos agarram seu colete
tentando absorver seu calor, o choque de tudo me atingindo.

Posso sentir Reaper olhando para mim. Não quero que ele veja
como estou apavorada porque sei que isso o machucaria.

Ele levanta o cobertor e o coloca em volta de mim. Suspiro de


alívio e me aproximo dele de modo impressionante.

— Estou bem. — Eu inclino minha cabeça para trás para que


eu possa vê-lo. — Eu prometo. — Estou dolorida em todos os
lugares, mas prefiro sofrer do que magoá-lo por mim.

Ele balança a cabeça e não diz uma palavra, apenas beija


minha testa e encosta a cabeça na minha evitando o galo na minha
cabeça.

Fecho os olhos e apenas descanso. Eu posso ouvir tudo


acontecendo ao meu redor, mas não consigo me importar. Não
importa para onde estou indo, estou segura aqui com Reaper. Tudo
o que aconteceu nos últimos dias me afeta.

Volto à plena consciência quando a porta da caminhonete é


aberta. Reaper fez o possível para me manter acordada durante a
viagem, me cutucando a cada minuto. Knight está segurando a
porta para nós. Reaper sai comigo e Knight segura minha cabeça
para que não balance.
Todo mundo está sendo tão gentil comigo; cuidando de mim.
Isso traz lágrimas aos meus olhos. Eu me sinto tão vulnerável
agora.

Meu coração parece que nunca vai parar de bater forte no meu
peito. Engulo em seco, sentindo gosto de sangue de onde escorreu
pela minha garganta.

Tenho certeza de que estou absolutamente horrível agora com


o sangue que me cobre.

Alguém passa correndo por nós. É o Terror e ele está segurando


a porta do clube onde todos os caras estão. Ele olha para mim e
balança a cabeça. Eu posso dizer que ele está chateado.

Assim que o choque de tudo passar, também ficarei chateada.


Mas agora, estou machucada e sofrendo por alguém pensar que
tem o direito de me tratar dessa maneira.

Duas mulheres que eu nunca vi antes suspiram quando me


veem. Ambas estão usando um colete com os nomes dos membros
do clube.

Acho que são old ladys.

— O que diabos aconteceu? — A bela ruiva corre até mim,


seguindo-nos pela sede do clube onde sou levada para uma sala.
Meus olhos se arregalam com a configuração que Knight tem, é
literalmente como uma sala de emergência.

Knight puxa um cobertor, deixando apenas um lençol na cama.


A senhora com longos cabelos castanhos caminha ao redor da
cama, ajudando Reaper a me deitar suavemente, mas não consigo
parar de chorar quando meu ombro toca a cama.
Reaper tira as mãos de mim, virando-se e olhando para a
parede longe de todos. Ele está tremendo forte, mais forte do que
eu.

Eu olho para as meninas e Knight, com os olhos arregalados.


— Reaper. — Estendo a mão e toco sua mão, puxando-o um pouco,
querendo sua atenção.

Ele não olha para mim e a dor me atinge com força. Talvez ele
pense que estou nojenta de se olhar agora. Eu solto sua mão e
fecho meus olhos para as novas lágrimas que estão caindo.

De certa forma, sua rejeição parece doer cem vezes mais do que
qualquer coisa que Darrell tenha feito comigo. Uma lágrima
escorre do meu olho e eu uso as costas da minha mão para
enxugá-la.

Knight suspira. — Reaper, seu filho da puta, ela acha que você
a está rejeitando. — Eu estremeço com todos sabendo disso.

Reaper se vira para olhar para mim. — Que porra é essa? Não!
— Ele cai de joelhos ao meu lado, passando os polegares pelo meu
rosto. — Porra, baby, não pense isso. É difícil ver você sofrendo e
não posso tirar isso de você. — Suas mãos estão vibrando,
afastando meu cabelo do meu rosto. — Eu quero matá-lo, torturá-
lo, fazê-lo sofrer pelo resto de sua vida por ousar tocar em você.

Meus lábios tremem com uma risada. — Estou uma bagunça


agora.

Ele balança a cabeça. — Não, você está linda. Eu só quero


matar algumas pessoas agora, só isso. — Todos os outros rindo
interferiram em nosso momento.
— Tudo bem, vamos fazer algumas radiografias para começar,
— Knight anuncia.

A mulher de cabelo ruivo aponta para si mesma. — Sou River,


a old lady de Gage. — Ela aponta para a outra. — Esta é Daniella,
de Knight. — Eu sorrio para as duas.

— É um prazer conhecê-las, mesmo que seja em condições


horríveis. — Paro de falar quando Knight levanta meu pé para
olhar meu tornozelo. — Ai. — Ela escapa antes que eu possa
impedir. Reaper olha para o chão, segurando o lado da cama com
tanta força que não tenho certeza de como não se dobrou sob seu
toque.

— Precisamos pegar a gravação na minha padaria para termos


a prova de tudo, — digo em voz alta.

River olha para mim. — Vamos conseguir a filmagem, mas


falando por Reaper e todo o clube, isso vai ser tratado fora das leis
da justiça.

Reaper sorri com isso; não é um sorriso feliz, mas cheio de


vingança. — Meu tipo de justiça.

Todo mundo fica atrás de uma parte da parede enquanto


Knight me tira um raio-x. Assim que ele puxa a máquina para fora
do caminho, Reaper está ao meu lado.

— Eu preciso tanto de um banho, — eu gemo, odiando a


sensação do sangue secando no meu cabelo e couro cabeludo.
Knight volta segurando meus raios-x e os coloca na luz na parede,
ficando para trás enquanto os estuda.
— Seu tornozelo está quebrado, — diz Knight, e eu me encolho.
— É uma pequena fratura, apenas uma tala será suficiente até que
se recupere.

Ele troca os filmes e eu reconheço meu rosto. — Seu nariz


definitivamente está quebrado também. — Eu fecho meus olhos.
Eu sabia que era esse o caso, mas isso torna a brutalidade do que
aconteceu comigo ainda mais real.

— Posso ajustar seu nariz para você, irá se sentir muito melhor
depois, — ele me diz e eu aceno. Eu aperto a mão de Reaper
enquanto Knight deixa tudo pronto.

Ele beija o topo da minha cabeça. Fecho meus olhos engolindo


em seco e respirando fundo para acalmar meus nervos. Estou com
medo e ansiosa com o que vai acontecer.

— Pronta? — ele pergunta e eu não abro os olhos. Fico imóvel


e respiro lentamente. Ele não faz uma contagem regressiva; uma
dor aguda me atinge com força. Eu mordo meu lábio para não
gritar e assustar Reaper.

Ele solta meu nariz, meus olhos lacrimejam de dor e eu me


engasgo tentando respirar. — Está tudo pronto, — diz Knight e eu
aceno, engolindo em seco.

— Posso tomar banho? — Eu pergunto, precisando lavar seu


toque.

— Sim, aqui está uma tala para o seu tornozelo. Reaper sabe
como colocá-la. — Ele entrega a tala a Reaper. — Eu acho que ela
teve uma leve concussão, Reaper; o raio-x não mostrou nada, mas
por segurança, acorde-a a cada poucas horas.
Reaper me tira da cama. Eu nem discuto e deixo ele saber que
posso andar. Eu só quero que ele me abrace. Eu me sinto segura
agora e estou desejando isso depois do que aconteceu.

Knight abre a porta e Terror corre. — Eu levo você para casa.

— Obrigado, irmão, — Reaper agradece.

— Obrigada, Terror. — Eu agradeço. Estendo a mão e aperto


seu antebraço. Todo mundo aqui estava lá por mim, todos eles
foram. — Obrigada a todos. — Eu sei que minha voz soa engraçada
por causa do nariz inchado.

Eu suspiro quando saímos, o ar me acalmando. Olho em volta


e vejo o carro da polícia de Darrell.

Eu agarro a camiseta de Reaper. — Ele está aqui? — Estou


tremendo muito, com medo.

Ele me afasta do carro. — Ele está no porão e nunca mais


poderá machucá-la.

Olho para o carro e vejo uma mancha de sangue do lado de fora


da porta traseira. — Isso é meu?

Foi tão assustador.

Eu sei que esse homem tem problemas, sejam eles mentais ou


apenas com o MC. Mas eu estava completamente à sua mercê;
tudo estava fora do meu controle.

As coisas que ele me disse não deixaram dúvidas de que ele iria
me machucar da pior maneira possível. Eu sei que poderia ter sido
muito pior, outros sofreram muito mais, mas não posso evitar o
que sinto.

Terror abre a porta e Reaper sobe na parte de trás comigo, não


me deixando sozinha. Não leva mais de um ou dois minutos para
chegar à casa de Reaper.

Terror corre e abre a porta para nós. — Até mais, irmão, — diz
Reaper, e Terror fecha a porta atrás de nós.

— Oh, meu Deus, nosso cachorrinho! — Eu grito de repente e


me sento em seus braços.

— Terror vai pegá-lo para nós, sua gerente está com ele.

Eu relaxo, grata por ele estar seguro. Estou feliz por tê-lo
deixado em meu escritório e não o trazido para a frente comigo. Eu
o teria matado se ele tivesse machucado meu cachorro.

Reaper está em silêncio subindo as escadas. — Eu posso andar


se estiver muito pesada, — eu digo a ele, me encolhendo com o
som da minha voz.

Ele me segura com mais força como se estivesse com medo de


que eu queira que ele me coloque no chão. — Eu poderia te abraçar
para sempre, porra.

Eu sorrio e deito minha cabeça em seu peito, ouvindo seus


batimentos cardíacos.

Ele me coloca na bancada do banheiro, liga o chuveiro e vai


para o quarto pegar um short e uma cueca.

Ele deixa as roupas no chão e se aproxima de mim. Suas mãos


agarram a parte de baixo da minha camiseta, que está coberta de
sangue e sujeira. — Deixe-me cuidar de você? — ele pergunta.
Seus olhos estão assombrados. Sei que o que aconteceu hoje o
feriu muito e isso me mata. Não quero que ele se culpe.

Aceno com a cabeça.

Eu sei que ele precisa disso. Ele levanta minha camiseta sobre
minha cabeça. Nunca tirando os olhos dos meus, nem olhando
para baixo. Respiro fundo e suas mãos passam pelas minhas
costas, tirando o sutiã e deslizando as alças pelos meus braços.

É possível ver as marcas de suas mãos me agarrando com


força, assim que vê os hematomas ao longo da minha pele. Reaper
olha e sua mandíbula se contrai ao vê-las.

Inclino sua cabeça para cima com meu dedo sob seu queixo. —
Estou bem.

Suas mãos descem pelas minhas laterais, tirando meu sutiã


completamente, deixando-o cair no chão. Eu me arrepio por estar
completamente exposta, mas ele não olha para baixo.

Confio minha vida a ele. Nunca me senti tão segura com alguém
como me sinto com ele neste momento. Estou coberta de sangue,
já chorei em seu ombro, estou horrível, mas ele está aqui e ainda
me trata como se eu fosse a coisa mais preciosa.

Suas mãos descem pelo meu corpo, passando pelos meus


quadris, enganchando os dedos nas minhas leggings. Inclino os
quadris para que ele possa deslizá-las até os pés, levando minha
roupa íntima junto.

Ele me abraça, com o rosto na curva do meu pescoço,


respirando fundo. — A maneira como você me abraça me faz sentir
tão segura, — eu sussurro para ele baixinho, enterrando meu rosto
no dele, segurando-o com a mesma força.

O banheiro está começando a se encher de vapor da água


quente. Corro meus dedos por suas costas e sob sua camisa
querendo tocar sua pele quente.

Agarro sua camisa e começo a levantá-la. — Posso tirar isso de


você? — Pergunto-lhe.

Ele balança a cabeça e me ajuda a tirá-la dele. Eu jogo no chão


ao lado da minha e então suas calças seguem. Desço minhas mãos
por seu peito, acariciando a pequena mecha de cabelo no centro
de seu peito, que se move para baixo de sua barriga para debaixo
de suas calças. — Posso? — Eu pergunto novamente.

Ele move minhas mãos para mim, desabotoando a calça. Eu


tento controlar minha respiração fingindo que não estou afetada
por ele.

Engulo em seco e corro minhas mãos ao longo de seus quadris,


empurrando sua cueca para baixo com as calças. A fivela de seu
cinto faz um som de tilintar assim que atinge o chão.

Ele se aproxima e eu estou tremendo de nervoso e frio no ar.


Ele acaricia meu rosto, descansando sua testa contra a minha e
aproveitamos o momento juntos. — Me mata saber que alguém te
machucou, — ele rosna, agarrando o lado do balcão com força.

Suspiro, não sei mais o que dizer, porque não acho que nada
vai melhorar. Não quero que ele se culpe. — Não é sua culpa, —
eu digo e me inclino para olhar para ele, sorrindo ligeiramente. —
Você se culpar iria me machucar mais do que qualquer coisa que
ele fez comigo.

Ele me tira do balcão, tomando cuidado com meu tornozelo.


Estou tentando ignorar o fato de que muito de mim o está tocando
agora, meu corpo está reagindo ao fato.

Há dois chuveiros e nós afundamos na água juntos. Inclino a


cabeça para trás, deixando a água escorrer pelo meu cabelo
comprido. A água no fundo do chuveiro está vermelha por causa
do sangue no meu cabelo.

Reaper estende a mão e passa os dedos pelo meu cabelo,


ajudando a água a correr. Ele se inclina para frente beijando o lado
do meu pescoço. — Posso lavar seu cabelo?

— Por favor, meu ombro dói e acho que não consigo lavá-lo
sozinha. — Knight não mencionou nada, então presumo que não
esteja quebrado ou fraturado.

Ele se vira e gentilmente me coloca no pequeno assento no


chuveiro. Ele derrama uma gota de xampu em cima da minha
cabeça e eu tento não rir da quantidade excessiva que ele usa.

Eu fecho meus olhos apreciando a sensação dele esfregando


meu couro cabeludo. — Incline a cabeça, baby, — ele me diz e eu
faço, a água correndo pelas minhas costas. Ele espreme mais
xampu e lava meu cabelo mais uma vez para tirar todo o sangue.

Em seguida, ele passa o condicionador no meu cabelo e eu olho


para ele, sorrindo. — Obrigada por cuidar de mim.
Ele se inclina na minha frente, ficando de joelhos. Ele está
segurando uma toalha de rosto e meu sabonete líquido para o
corpo, além do meu sabonete facial.

Engulo com força em antecipação. Primeiro, ele lava meu rosto


com meu produto de limpeza, finalmente livrando meu rosto do
sangue. Meu rosto está ardendo por causa dos pequenos cortes.

— Você é tão forte, — ele me diz, segurando a parte de trás do


meu pescoço, inclinando minha cabeça para trás. — É tão forte,
não se esqueça disso nunca. Sua maldita mãe e aquele desgraçado
vão sofrer por tudo o que fizeram com você. Eu faço essa promessa
a você.

Oh, merda.

Meu coração parece que vai sair do meu peito com suas
palavras. Eu posso sentir a verdade por trás delas, não há
hesitação. — Eu sei que você vai Reaper, sem dúvida.

Ele beija minha testa, enche a bucha com meu sabonete líquido
e, lentamente, a passa em meus braços, tomando cuidado com
meus hematomas.

Ele levanta meu braço, beijando os hematomas em meus


pulsos causados pelas algemas. Seus olhos se conectam com os
meus. — Você sabe que eu vou fazê-lo pagar? Fazê-lo sofrer por
todos os lugares que ele tocou. Cada segundo em que você teve
medo. — Sua voz é sombria, sua mandíbula cerrada.

Eu deveria estar com medo de quão intensa será a reação dele


e o que ele vai fazer. Mas eu não me importo.
— Ok, — eu digo simplesmente, — faça doer. — Eu sorrio e ele
ri pela primeira vez desde que tudo aconteceu e eu adoro ver isso.

— Nenhuma dúvida sobre isso, anjo.

Ele lava minhas pernas, meus pés, deixando apenas um lugar


intocado. Ele pega outro pano, acrescentando mais sabão. Ele abre
minhas pernas e me olha de frente pela primeira vez. — Tudo bem?
— ele pergunta e eu aceno. Acho que não conseguiria falar.

Ele me observa por mais um momento, isso é tão íntimo. Ao


primeiro toque do pano, engasgo, tentando não reagir ao toque.

Seus olhos brilham com a minha reação, enquanto ele


lentamente passa o pano pelas minhas dobras, seus olhos nunca
deixando meu rosto.

Eu aperto forte, tentando lutar perseguindo sua mão. — Baby,


você está ferida, — diz ele e eu quase quero chorar.

— Não estou machucada aí, — eu brinco, e tento fechar meus


olhos, me sentindo estranha.

Ele sorri para isso. — Estou com um pouco de fome. — Ele me


dá um sorriso selvagem e envolve as mãos sob minhas coxas e me
puxa suavemente, então minha bunda está quase completamente
pendurada na beirada do assento.

— Espere, o que você está fazendo?

Ele lambe os lábios. — Jantando.

Isso é tudo o que ele diz antes de me inclinar mais alto, então
sua boca se fecha no meu clitóris, chupando com força. — Oh,
Deus. — Eu jogo minha cabeça para trás.
Ele ri contra meu clitóris, causando vibrações contra ele. Eu
trago minha mão para baixo e descanso na parte de trás de sua
cabeça, sentindo sua cabeça se mover enquanto ele me dá prazer.

Minha respiração fica mais rápida em cada movimento de sua


língua e cada sucção de sua boca. Sua mão contorna entre minhas
pernas, pressionando lentamente um dedo dentro de mim.

Meus olhos reviram, minhas pernas enrijecem enquanto ele


move a boca e os dedos ao mesmo tempo. Respiro fundo e explodo,
gemendo alto.

Reaper me lambe em toda parte. Olho para baixo e ele parece


totalmente satisfeito com o que fez comigo. Ele me limpa mais uma
vez e atravessa o chuveiro, deixando-me inclinada e satisfeita. Ele
pega seu sabonete líquido e usa a mão para se lavar.

Seus olhos são intensos e fico com água na boca ao vê-lo lavar
o pênis, esfregando da ponta até o fim.

— Reaper, — eu gemo, vendo-o dando prazer a si mesmo. Ele


pisca e se encosta na parede. — Se meu nariz não estivesse
quebrado... — Eu paro, querendo nada mais do que tomá-lo
profundamente em minha boca e vê-lo desmoronar sob minha
boca e mãos.

— Um dia, — ele geme, inclinando a cabeça para trás.

Eu observo cada expressão dele, cada solavanco até que ele


desmorona. — Essa foi a melhor experiência que eu já tive. —
Deus, como eu o quero.
Ele desliga o chuveiro e se inclina para me pegar como se eu
não pesasse nada. Ele me coloca no balcão e leva seu tempo
secando cada centímetro meu.

Meu rosto começa a corar com o que aconteceu naquele banho;


era uma coisa nova para mim. Ele ri e beija minha bochecha. —
Eu me pergunto até onde vai essa vermelhidão. — Ele espia sob a
toalha me provocando.

Eu rio e empurro sua cabeça para longe de mim. — Você é o


problema. — Eu aceno meu dedo para ele. Ele enrola uma toalha
em volta do meu cabelo, secando os fios pingando.

— Você é linda pra caralho. — Ele beija minha bochecha.

Eu me viro para me olhar no espelho e quero chorar ao ver


como meu rosto está bagunçado, está longe de ser lindo. Como ele
pode pensar que estou remotamente bonita agora?

Ele bate no meu queixo com o dedo e puxa meu rosto para que
eu olhe para ele. — Não faça isso com você mesma, você é linda,
— ele me tranquiliza.

Eu sorrio e beijo sua bochecha com a barba por fazer; ainda


posso sentir a maneira como sua barba por fazer esfregou o
interior das minhas pernas.

Seu sorriso se alarga como se ele soubesse o que estou


pensando. Ele estende a mão e pega uma de suas camisetas,
deslizando-a sobre minha cabeça. Ele me ajuda a puxar meus
braços e puxa minha calcinha sobre minhas pernas, cuidando do
meu tornozelo.
Ele se inclina com minha tornozeleira, gentilmente colocando
meu pé em sua perna, prendendo a cinta no lugar. — Você é tão
gentil comigo. — Meu coração dá uma guinada com a maneira
como ele está cuidando de mim.

Não tenho certeza se mereço tudo isso.

Ele olha para mim, seu rosto suave. Ele toca minha bochecha
por um segundo, e eu me inclino em seu toque, suspirando. Ele se
sente em casa; eu me sinto tão segura com ele.

Quando abri os olhos mais cedo, sabia que estava segura, que
tudo o que havia acontecido havia acabado.

Ele me vira um pouco para o lado e pega uma escova e um


secador de cabelo. Meus lábios tremem com o doce gesto.

Ele passa a escova pelo meu cabelo, desfazendo todos os nós


antes de ligar o secador. Eu fecho meus olhos, o cabelo quente e
as cerdas da escova arrastando pelo meu couro cabeludo me
acalmando.

Ele separa meu cabelo para o lado olhando para o pequeno galo
no topo da minha cabeça, seus dedos esfregam suavemente. —
Sinto muito, querida, — ele sussurra, movendo meu cabelo para
que ele possa beijar meu pescoço.

Há uma batida na porta da frente. Dou um pulo com o som,


assustada por um segundo pensando que ele está voltando. — É o
Terror trazendo nosso bebê de volta, — ele me lembra.

Deixei escapar um suspiro profundo enquanto ele colocava um


par de moletons. Ele me pega e me leva para baixo com ele. —
Tenho certeza de que posso andar, — digo a ele.
— Eu não dou a mínima se você pode. — Ele pisca e eu rio. Ele
me coloca no sofá e me cobre com um cobertor antes de deixar
Terror entrar.

Meus olhos vão direto para o nosso cachorro. — Oi, meu bebê,
— eu arrulho e estendo meus braços para ele. Terror o coloca no
meu colo e Charlie fica louco. Eu rio de todos os beijos que ele está
me dando. — Também senti sua falta!

— Aqui está o remédio que Knight mandou, antibióticos como


precaução para os cortes e alguns analgésicos. — Terror entrega o
saquinho ao Reaper.

Terror olha para mim. — Espero que você esteja se sentindo


bem, deixe-me saber se precisar de alguma coisa, — ele nos diz e
sai pela porta e Reaper a tranca atrás dele.

— Você sentiu falta do papai? — Eu pisco para Reaper, amando


a maneira como seu rosto se suaviza. Ele pega Charlie e deita sua
cabecinha em seu ombro.

Oh, meu coração.

Olho para o relógio na parede e suspiro ao ver que são apenas


sete horas. Hoje parece que se passaram dias em vez de apenas
horas.

— Com fome? — ele me pergunta, sentando-se ao meu lado.


Charlie não se move de seu ombro, e eu me inclino deitada no
outro.

— Na verdade não, mas eu provavelmente deveria comer, já que


não como desde o café da manhã.

— Quer que eu peça alguma coisa?


— Podemos pegar alguns tacos? — Pergunto, sabendo que não
posso comer nada muito pesado agora, minhas gengivas estão
doendo, mas meu nariz sofreu a maior parte do dano.

— Combinado. — Ele beija minha bochecha e sobe as escadas


para pegar seu telefone.

— Está com fome? — Pergunto a Charlie, que se deitou ao meu


lado.

Sacudo um de seus brinquedinhos e ele fica agitado. Eu rio e o


jogo no sofá para que ele o persiga.

Eu olho sua tigela e para o meu tornozelo, mas antes que eu


tenha coragem de realmente andar sobre ele, Reaper desce com
seu telefone. — Sim, é isso mesmo. Pode deixar no portão, — ele
diz a alguém pelo telefone.

— A comida foi encomendada. — Eu sorrio e puxo o cobertor


para cima, deixando meu tornozelo machucado para fora. É
possível ver os hematomas subindo pela metade da minha perna
até a canela. Meus dedos dos pés estão ficando com uma cor
horrível de roxo escuro e preto.

— Acho que esse carinha está com fome. — Eu pego Charlie e


gentilmente o coloco no chão. Reaper enche sua tigela de comida
e dá a ele água fresca e Charlie não perde um segundo cavando.
Eu rio com a reação dele.

— Você está com dor? — ele pergunta e levanta minhas pernas


colocando-as em seu colo, passando as mãos pelas minhas pernas
já que estou apenas de cueca e sua camiseta.
Eu concordo. — Sim, estou. Quero comer primeiro porque
tenho a sensação de que o remédio vai me fazer desmaiar. — Pego
a bolsa de remédios e tiro os dois frascos olhando os rótulos.

— Vou te acordar quando a comida chegar. Disseram que vai


demorar cerca de uma hora. — Abro o frasco de analgésico, tirando
um comprimido enquanto ele se levanta, vai até a cozinha e volta
com água.

Eu tomo um longo gole, suspiro e me viro para me inclinar, e


descanso minha cabeça em seu colo. Ele afasta meu cabelo do meu
rosto, colocando-o nas minhas costas, passando as costas da mão
pelo meu pescoço até o topo do meu ombro. — Isso é bom.

Eu o sinto se mexer para me deixar mais confortável em seu


colo. Sorrio e coloco minhas mãos sob meu rosto. Ele apaga as
luzes e no segundo em que os analgésicos fazem efeito, estou longe.
Eu a observo dormir como um maldito perseguidor, mas ela é
tão irresistível. Eu simplesmente não posso deixar de olhar para
ela. Ela é a coisa mais linda que eu já vi e ela é minha.

Foda-se, ela é minha.

O gosto dela ainda permanece na minha língua, eu quero


afundar dentro dela mais do que a minha próxima respiração.

Ela sorri levemente em seu sono. Eu puxo o cobertor sobre seu


ombro querendo que ela fique aquecida. A merda que ela passou
hoje destrói minha alma.

As contusões e cortes que marcam sua pele me assombram.


Pego meu telefone e olho para a foto de Darrell que Andrey me
enviou. Ele está amarrado no porão, parecendo abatido pelos
ferimentos que meus irmãos lhe causaram no caminho para lá.

Ele é meu.

Neste momento, a tortura é esperar que eu apareça. Ele não é


estúpido, ele sabe que estou indo atrás dele.

Ele conhece o clube, sabe das coisas que fizemos para proteger
as pessoas da comunidade, mas isso não é nada comparado ao
que faremos com aqueles que ferirem o que é nosso.
Mexer com os nossos não é apenas uma sentença de morte.
Não, é o novo modo de vida deles. Nós não os matamos logo de
cara, nós os deixamos saber que isso está chegando, mas eles não
sabem quando. Às vezes, nós os mantemos vivos por anos, por
puro prazer.

Eles desejam a morte, porque a morte é uma saída fácil. A saída


fácil não é o nosso objetivo.

Enquanto eu olhava para a foto dele, recebi uma mensagem de


Topper, um de nossos novos prospectos.

Topper: Você não vai acreditar nessa merda, a porra da mãe


dela está aqui no portão exigindo vê-la.

Agarro meu telefone com tanta força que quase quebra. Eu


quero matar aquela cadela também. A única coisa que a salva é
ela não ter um pau agora.

Eu mando uma mensagem para o nosso presidente, Gage:


Mande um prospeto para ficar de guarda na casa, eu tenho uma
cadela para estrangular. Estou com raiva por ter que acordá-la e
lidar com sua “mãe”. Eu toco seu ombro sacudindo-a suavemente
para acordá-la. — Baby, eu tenho que ir para a sede do clube.
Estarei de volta em alguns minutos. Estou trancando a porta
quando sair, — digo a ela assim que seus lindos olhos olham para
mim.

Eu coloco um travesseiro sob sua cabeça, pego Charlie e ele se


aconchega ao lado dela. Ele olha para mim como se fosse protegê-
la. — Cuide da nossa garota. — Esfrego sua cabecinha e caminho
até a porta ficando mais irritado a cada passo.
Estou pronto para acabar com essa merda.

Estaciono minha moto em frente ao portão. Ela está encostada


na sala de segurança onde ficam os prospectos, vigiando a porra
do portão.

Topper está olhando para ela enquanto ela coloca a mão em


seu braço de forma sedutora e eu quero vomitar. Eu entro pela
porta dos fundos do prédio da segurança e insiro o código. Não
quero que o portão seja aberto para ela.

— O que você quer, vadia? — Eu pergunto, saindo para encará-


la.

Ela parece muito mal; está usando roupas manchadas e parece


que não dormiu. — Posso falar com minha filha? Ela não atende
minhas ligações. — Ela está torcendo a camisa como se estivesse
nervosa.

— Por quê? — Eu pergunto.

Seus olhos se estreitam por uma fração de segundo antes que


ela reforce suas feições, voltando a agir de forma lamentável. —
Estou sem-teto, não tenho dinheiro, — ela me diz e enxuga uma
lágrima imaginária.

Eu dou de ombros. — É só isso?

Seus olhos se arregalam com a minha rejeição. — Olha, deixe-


me falar com ela e vou embora, — ela me implora.
Topper suspira. — Ela praticamente ficou nua aqui,
perguntando se eu a deixaria entrar. Ela disse que sequestramos
seu namorado e sua filha.

Meus olhos se arregalam e eu começo a rir bem na cara dela.


— Ah, é mesmo? Somos simplesmente sequestradores em série,
não somos? — Acho que nosso pequeno Darrell está com essa
cadela aqui - eles combinam.

Ela olha para Topper. — Porque você está abrindo a boca!


Levaram minha filha contra a vontade dela. — Ela olha em volta
amplamente. — Roubaram todo o dinheiro dela também.

— O que mais você pode inventar nessa porra de seu cérebro


frito? — Topper se move para ficar ao meu lado.

— Vocês são maus e eu os farei pagar pelo que fizeram com ela!
A polícia é imprestável, mas meus amigos não são. — Ela sorri e
olha para trás. Ela acena com o braço e dez malditas luzes se
acendem junto com o som estridente de motos.

Topper olha para mim e corre para o escritório para apertar o


botão vermelho de alerta. Mantenho minha posição, ninguém vai
entrar em meu território e provocar esse tipo de coisa.

Eles param e eu fico enojado, pois sabemos quem são esses


caras. Eles são de outra parte do Texas e fazem parte da KKK1.

1
Ku Klux Klan, organização terrorista formada por supremacistas brancos que surgiu nos Estados Unidos depois da

Guerra Civil Americana com o intuito de perseguir e promover ataques contra afro-americanos e defensores dos direitos
desse grupo. Ficaram conhecidos por suas vestimentas peculiares e por promoverem o espancamento de pessoas. O grupo
chegou a possuir quatro milhões de membros na década de 1920 e existe até hoje, mas bastante enfraquecido, felizmente.
Eles acham que seu trabalho no mundo é livrar as pessoas dos
impuros.

Não demorou nem um minuto para que meus irmãos corressem


pela estrada até o portão em nossa direção. — Que porra está
acontecendo? — Gage exige.

Eu não falo e deixo aqueles filhos da puta na nossa frente


estacionarem. O líder, Grant, caminha em direção à mãe de Julia.
— Bem, se não é um bando de sangue-ruim.

Meu pai era negro, mas minha mãe era branca, sou mestiço e
o Andrey também. Nós estivemos à mercê deles antes, anos atrás,
então eles desapareceram da face da Terra quando começamos
uma guerra com eles.

Eles correram e se esconderam.

Gage rosna e se move para ficar na minha frente. Todos aqueles


malditos membros estão olhando para mim com desgosto. — Este
é o homem que sequestrou minha filha. — Ela aponta para mim
alegremente.

— Vamos recuperá-la enquanto nosso acordo ainda estiver em


vigor. — Grant dá um tapinha suave nas costas dela e olha de
soslaio para mim.

Eu quero colocar uma bala na cabeça dele, mas não tanto


quanto eu quero nela. — Devemos contar a eles o acordo? — Ela
cacareja. Eu tenho que lutar comigo mesmo para não estrangular
a vida dela agora.

Grant ri e pisca para mim. — Parece que nossa velha princesa


aqui prometeu sua filha para mim. Ela é de sangue puro, nada
manchando seu sangue. Ela é um prêmio e eu a quero de volta.
Temos que repovoar o mundo e ela é nossa última esperança. —
Eles são loucos pra caralho.

O que eu faço? Eu sorrio.

Tiro minha arma da parte de trás da calça e aponto para eles.


— Boa sorte. — Eu puxo o gatilho.

Eu suspiro com o que acabei de testemunhar e grito em estado


de choque.

Minha ex-mãe está deitada no chão, chorando. Duas balas em


seu corpo, uma no tornozelo e a outra no braço, onde está o
símbolo da supremacia branca, uma bala bem no centro,
destruindo-o.

Ninguém se mexe, os olhos do homem que disse que eu estava


prometida estão olhando para mim através do portão.

Eu acordei e descobri que estava sozinha. O prospecto do lado


de fora me disse que minha mãe estava no portão causando
problemas.

Então, fiz com que ele me trouxesse até lá para que eu pudesse
confrontá-la e fazê-la me deixar em paz. Nunca imaginei que ela
teria feito isso comigo.
— Julia, saia deste lugar. Venha até mim, onde você pertence,
— o homem me chama pelo portão, levantando a mão para que eu
a pegue.

A raiva me atinge em cheio. Estou tão cansada de pessoas que


tentam controlar minha vida, achando que têm poder sobre mim.

Que podem me machucar.

Que abusam de mim.

Nem mais um segundo.

Passo pela porta aberta e todos os homens ficam ao meu lado.


Reaper está me encarando e, pela primeira vez, vejo medo em seus
olhos quando ele me olha e depois para a mulher que um dia
considerei minha mãe.

Não consigo sentir um pingo de tristeza por ela. Ela não


significa nada para mim.

Eu me aproximo de Reaper, sua cabeça cai ligeiramente como


se ele estivesse esperando que eu o machucasse. Estendo a mão e
toco sua bochecha. — Obrigada, — eu sussurro para ele.

Seus olhos disparam para os meus em estado de choque. —


Ninguém machuca você, ninguém. — Ele pega minha mão me
puxando para trás, então estou um pouco atrás dele, me
protegendo com seu corpo.

Olho fixamente para o homem com os horríveis dizeres racistas


em seu corpo. — Não tenho certeza do que ela lhe disse, mas ela
não é minha mãe, — digo a ele.
— Mentiras. Você está destinada a ser minha esposa; eu fui
prometido a você anos atrás, mas sua mãe desapareceu, — ele diz
para mim e minha mente está explodindo com a loucura de tudo
isso. Isso não pode ser real.

— Ela é minha filha. — Ela fica no chão, seu pé ileso esmagando


um dos homens que Reaper atirou.

O líder se aproxima de mim. — Sei que esses pagãos estão


forçando você a ficar aqui, mas não precisa mentir para eles. Nós
a protegeremos deles e restabeleceremos a palavra para que as
coisas melhorem sem eles. — Ele curva os lábios olhando para
Reaper com desgosto e depois de volta para mim com uma
expressão falsa e suave.

Será que ele realmente acha que eu vou cair na besteira que ele
está dizendo? Isso é irreal.

O que me irrita pra caralho que alguém ouse insultá-lo dessa


maneira, por causa de sua pele ser mais escura?

Como alguém pode ser assim?

O fogo queima dentro de mim. Eu gostaria que ele a tivesse


matado. Eu a quero morta. O mundo seria muito melhor sem ela
nele.

— Não estou, — repito. — Mesmo que estivesse, você não vai


me querer, não quando eu já fui fodida por Reaper, bem aqui. —
Entrelaço nossos dedos e adoro ver o ódio estampado em seus
rostos. — Eu não sou mais pura. — Eu pisco para o homem que
diz que eu devo ser dele. Posso ter dito uma pequena mentira, mas
tenho plenas intenções de ser fodida por ele em um futuro
próximo. — Você não pode reivindicar algo que não é seu. Eu sou
do Reaper, — eu anuncio em voz alta, querendo colocar isso em
suas cabeças fodidas.

Estou tão cansada de pessoas tentando controlar minha vida.

Não mais. — Saia agora! — Eu digo a eles.

O líder responde: — Não importa, o que importa é o sangue.


Limparemos você de novo. — Ele acena com a mão como se o que
ele está dizendo fosse a coisa mais normal do mundo e estende a
mão para eu pegar.

— Não sou, prefiro morrer.

Ele olha para mim. — Eu posso providenciar isso. Você vai


sofrer por trair sua espécie e sua mãe. Isto é apenas o começo. —
Seus olhos mostram sua promessa do que está por vir para mim.

Ele se vira de mim para minha mãe. Ele vira seu olhar para ela
e levanta sua arma. — Por favor, eles estão fazendo ela dizer isso,
— ela implora a ele, mas ela não consegue terminar suas palavras.
Ele coloca a arma na cabeça dela e puxa o gatilho. Tudo isso
acontece em uma fração de segundo.

Sangue espirra em sua camisa branca e calça. Seu nariz


queima quando ele olha para o cadáver dela com nojo, o sangue
dela batendo em seu rosto.

Eu grito de horror e Reaper me puxa para seus braços, virando


meu rosto para longe de seu corpo. Eu posso tê-la odiado, mas vê-
la assassinada na minha frente...

Estou tremendo de medo e choque com o que acabou de


acontecer.
— Isso é guerra. Você pegou o que é meu e a arruinou. Eu vou
arruinar você, — ele anuncia.

Ele não sabe o quão estúpido ele soa?

Eu espio seu corpo. Eu nunca vi alguém ser assassinado antes


e é chocante.

Reaper vai atrás dele, mas Gage o impede. — Agora não. Sua
old lady está aqui.

Gage anda na frente e no centro. — Estou ansioso por isso,


cadela, — Gage cospe para ele e prendo a respiração esperando o
que vai acontecer a seguir.

Eles recuam para suas motos e vão embora. Reaper olha para
o local onde eles estavam.

— O que acabou de acontecer? — Eu digo em voz alta, tão


confusa com o que tudo isso significa, e olho para o corpo dela no
chão, morto.

Cuidei dela e, à minha maneira, eu me importei com ela. Eu


não queria que ela fosse assassinada, mesmo que ela merecesse.

Gage se aproxima de mim e de Reaper. — Guerra.

Reaper sorri, mas não é agradável. Não, está cheio de


promessas. — Guerra, — ele concorda.

Todos os homens estão em silêncio. Eu sei que eles estão se


preparando para o que está por vir. Lágrimas enchem meus olhos.
— Sinto muito que isso esteja à sua porta. Eu vou embora. — Não
suporto a ideia de alguém se machucar por minha causa.
Reaper corre para mim, rosnando e pega minha mão como se
estivesse com medo de que eu fosse fugir a qualquer momento. —
Não, você é minha, Julia, — ele me lembra severamente e meu
coração dispara quando ele fica mandão comigo.

Ele se vira para enfrentar todos os seus irmãos. — Quero


anunciar oficialmente. — Ele segura minha mão mais alto para
todo mundo ver. — Julia é minha, ela é minha old lady. Eu vou
matar por ela, morrer por ela! — ele brada.

Todos os caras acenam com a cabeça para Reaper e inclinam a


cabeça para mim, por respeito. O momento é poderoso, seus olhos
estão em mim e no Reaper.

Nunca senti que pertencia totalmente a algum lugar na minha


vida até agora, no caos que me cerca, alguns dos piores e
devastadores momentos da minha vida.

Eu encontrei. Minha casa.

— Acho que sou uma old lady, — eu digo em voz alta e todos
eles aplaudem.

Reaper me arranca do chão e me abraça forte, beijando-me


profunda e completamente na frente de todos, selando a
reivindicação.

Propriedade de Reaper soa bem.


LAVO meu copo e espio por cima do ombro quando sinto mãos
em meus quadris. Eu sorrio quando Reaper se inclina para beijar
minha bochecha.

As últimas semanas foram surpreendentemente calmas depois


de tudo o que aconteceu. Aprendi mais sobre o clube White
Saviours MC e estou enojada com o que eles disseram e fizeram às
pessoas.

Fui ver se minha suposta mãe era minha mãe e ela não era.
Meu pai era policial disfarçado e realmente a tirou do clube um
ano depois que eu nasci.

Depois disso, eles se juntaram de alguma forma e foi por isso


que cresci pensando que ela fosse minha mãe. Tive a oportunidade
de investigar minha mãe biológica, mas não tenho vontade de
conhecê-la, acho melhor deixar essa parte para trás.

Sinceramente, não entendo como alguém pode conviver com


uma pessoa a vida inteira e fazer as coisas que ela fez comigo.

É realmente muito ruim.


Mas, percebendo a maneira como ela cresceu e a vida que teve
durante esse tempo, eu meio que entendo como ela é e como isso
ferrou sua mente.

Reaper me vira e me levanta para que eu me sente no balcão.


— Você está bonita hoje. — Ele levanta meu colete, seus olhos no
patch que diz Propriedade de Reaper.

Depois que ele me reivindicou na frente de todos, ele colocou o


colete na cama na manhã seguinte. Eu o conheci apenas algumas
semanas atrás, mas em meu coração e alma, sinto como se o
conhecesse desde sempre.

O tempo é superestimado.

— Vai trabalhar hoje? — ele me pergunta e passa as mãos pelas


minhas coxas.

Ainda não fizemos sexo e acho que posso morrer a qualquer


momento. Ele tornou sua missão pessoal me enlouquecer todas as
noites.

Sei que ele está esperando até que eu esteja curada e sou grata
por termos levado nosso tempo em relação a isso.

Eu precisava desse tempo para pensar em tudo o que


aconteceu - minha "mãe" fingindo ser deficiente, seu abuso, as
mentiras e a dor que ela causou ao revelar que realmente não era
minha mãe.

Descobrimos que Darrell estava namorando com ela e que ele


me levaria até ela para que ela me entregasse a Grant. Se eu
realmente tivesse conseguido chegar lá, acho que nunca mais teria
visto ninguém de quem eu gostasse.
Teria sido o meu fim.

Pesquisei a história da minha "mãe" e ela não é boa. Eles sofrem


lavagem cerebral desde crianças e isso é muito triste. Ela foi
dissolvida graças ao meu pai, mas acho que eles pegaram as
migalhas do biscoito e começaram de novo.

Aprendi a me locomover em um pé só muito bem. Cansei de ver


o Reaper me carregando para todos os lugares, quando ele preferia
ficar comigo, e fazer xixi foi o limite. Posso fingir que não gostei de
tudo isso, mas quem não gostaria de estar nos braços desse
homem.

— Sim, preciso verificar a contabilidade e me certificar de que


tudo está funcionando bem. — Eu me acostumei a ficar em casa e
a me esconder do mundo.

O policial que me agrediu foi divulgado o desaparecimento e


não se ouviu falar dele desde que Reaper me resgatou. Mas nós
sabemos onde ele está.

Uma vez por dia, Reaper vai até lá e eu não me preocupo com
o que está acontecendo lá.

Sinceramente, a maneira como trataram Reaper, dizendo as


coisas que disseram sobre ele pelo fato de sua pele ser um pouco
mais escura, é espantosa e repugnante.

Meu coração dói por alguém se atrever a fazer isso. Eu me


inclino para a frente e envolvo meus braços em seus ombros,
abraçando-o com força.
Ainda não sei o que aconteceu com ele e seus pais, mas quando
alguém menciona sua mãe, ele fica tenso e eu quero agredí-la por
tê-lo machucado de alguma forma.

— Dois prospectos estarão com você hoje, quando eu não puder


estar. — Ele afirma e eu me inclino para trás, beijando seu rosto e
depois seus lábios, suavemente.

Ele assume o controle, colocando a mão em meu rosto e


aprofundando o beijo. Posso sentí-lo até os dedos dos pés, o calor
e a segurança que sinto só de estar em sua presença.

Ele me tira do balcão e me leva para fora. Quero andar em sua


moto, mas ele não quer correr o risco de alguém atirar e uma bala
me atingir.

Então, é a caminhonete, e eu a odeio.

Charlie está latindo na porta, acostumado com a rotina de ir


comigo todos os dias. Abro a porta e Reaper me acompanha pelos
degraus até a caminhonete. Charlie segue atrás de nós, correndo
pela grama.

Dou uma risada quando ele tropeça em um galho e o vira


rosnando para ele. — Ele é muito fofo, — eu digo pela centésima
vez hoje.

Abro a porta da caminhonete e ele me coloca dentro, colocando


o cinto de segurança em mim. — Vamos, Charlie, — Reaper chama
e ele corre, pega-o e coloca-o no meu colo.

Fico olhando para ele. Como tive tanta sorte de ter alguém com
essa aparência incrível e poder chamá-lo de meu?
Ainda tenho que me acostumar com o fato de ser uma old lady;
os prospectos literalmente morrem de medo de nós, não olham em
nossos olhos, mesmo que os toquemos acidentalmente. Os rapazes
colocaram medo neles e eu acho engraçado porque todos esses
homens têm uma escuridão dentro deles, mas o modo como eles
se comportam ao nosso redor é muito diferente do que o mundo
exterior vê.

Eles levaram a sério a ameaça dos White Saviours MC, todos


estão nervosos. Tenho que lutar contra a culpa que sinto porque
sinto que é por minha causa.

Acabei de deixar a Julia na padaria dela. É difícil deixá-la lá,


mas deixei Topper lá com ela e confio nele tanto quanto posso
confiar em alguém com ela.

Esses filhos da puta tentaram invadir nossa merda nos últimos


dias, mas River os impediu antes que eles pudessem chegar perto.

Encontrei o maldito Grant anos atrás, na faculdade, porque ele


estava tentando recrutar pessoas para entrar em seu clube.

Ele não sabia que eu era mestiço, porque minha pele é mais
clara. Fui à reunião e deixei claro que não sou totalmente branco
e eles ficaram furiosos.

Foi o melhor momento ao ver o horror em seus rostos quando


me contaram seus pequenos segredos.
Desde então, ele tem uma fixação por mim. Acho que é o
destino que ele esteja de volta à minha vida para que eu possa
acabar com aquele desgraçado de uma vez por todas.

Abro a porta e Darrell começa a se arrastar para trás com as


mãos e os pés, empurrando-se até ficar contra a parede.

— Qual é o problema? Já não somos amigos? — Eu rio quando


seu rosto empalidece de medo. — O que, não somos? — Eu o
provoco.

Sento-me de bunda e pego uma garrafa de água que está fora


de seu alcance, abrindo-a. — Então, você vai me contar hoje o
plano que você tinha para Julia?

Meu primeiro pensamento quando o trouxe até aqui foi que eu


iria torturá-lo até que ele me desse tudo o que eu precisava.

Mas isso é mais divertido; prolongar a situação e deixá-lo sofrer


sabendo que vai morrer, mas sem saber quando ou como.

Ele olha para a água, pois não bebeu nada em dois dias. —
Então, conte-me o plano quando chegasse ao fim da estrada? —
Eu repito.

— Não posso lhe contar, porque eles vão me matar, — diz ele.

— Bem, Darrell, já fiz várias tentativas, mas acho que é hora


de mudarmos algumas coisas. — Eu pego a água e jogo no chão,
deixando a água espirrar, fora de seu alcance mais uma vez.

Pego uma cadeira arrastando-a, abaixo-me e agarro-o pelos


cabelos, puxando-o com mais força do que o necessário. — Isso
dói? — Eu o provoco e o jogo no assento. — Sabe, acho que você
vai precisar de força para isso. — Eu me aproximo e pego outra
água dando a ele, ele joga na garganta, engasgando-se.

— Ah, cara, esqueci que essa estava cheia de remédios. — Eu


rio e entrego a ele outra que na verdade é água.

Ele não pode andar porque seus dois tornozelos foram


quebrados. Minha mente afunda nessa memória - eu o trouxe até
a pesada porta de aço e bati a porta em seu pé até que todos os
seus ossos fossem esmagados.

Suas pernas estão pretas dos pés até os quadris, seus gritos
alimentam a porra da minha alma. Vendo o vídeo dele
machucando-a, assombra meus malditos sonhos que ele a tocou.

Fico muito feliz por ele estar com dores constantes, por estar
sofrendo dez vezes por ter quebrado o tornozelo dela.

Seu nariz está achatado no rosto; eu bati seu rosto várias vezes
na borda da cadeira até ficar satisfeito com o estrago.

Isso foi há uma semana e agora estou deixando-o faminto,


brincando com sua mente.

Talvez eu o deixe morrer de velhice aqui, isso sim seria


divertido. Posso vir aqui todos os dias para me divertir um pouco.

A culpa é dele por tocar no que é meu.

Ninguém toca no que é meu. NINGUÉM.

— Então, me diga qual era o plano para ela, — peço pela


centésima vez e puxo minha própria cadeira, descansando.

— Posso comer se eu disser? — ele pergunta.


Eu rio. — Você pode comer a porra de um bife, se quiser, —
digo a ele.

Ele acena com a cabeça, não tão duro agora, dependendo de


mim para sua sobrevivência. — Ela deveria prestar juramento na
irmandade.

Eu aceno minha mão para ele continuar. — O que isso


significa?

Ele olha ao redor da sala escura, a única luz na sala está sobre
ele. — Olha, não aconteceu e é isso que importa, certo? — Ele tenta
soar entusiasmado e ignora.

Eu balanço minha cabeça. — Não, me diga.

— Eu não teria tocado nela, — ele diz primeiro.

Todo o meu corpo congela. — Diga-me ou você sofrerá uma dor


inimaginável que você nunca poderá compreender.

Ele quase deixa cair a água, derramando-a na frente da calça.


— Ela deveria ser fodida por todo o clube até ser purificada, depois
deveria ficar com Grant quando ele estivesse convencido de que ela
estava limpa para ele.

Meu estômago se contorce com o que eles planejaram para ela.


— Você planejou estuprá-la. Ela me disse que você perguntou se
ela gritaria quando você transasse com ela. — Eu me levanto e ele
começa a gritar a plenos pulmões.

— Eu só estava tentando assustá-la! — ele implora para mim,


me implorando para não o machucar.

Eu corro para ele, segurando-o pela garganta. Eu posso sentir


a diferença de peso nele, ele está lentamente morrendo de fome. —
Você está mentindo! Você a queria e a machucou só para tentar
pegá-la. — Eu o agarro com mais força, adoro ver seus olhos
rolarem para trás em sua cabeça, ele me batendo com seus punhos
patéticos. — Admita, — eu digo a ele, jogando-o de volta em sua
cadeira. Ele aperta o peito tentando respirar.

— Por favor, não me obrigue, — ele implora.

Pego minha cadeira e a jogo do outro lado da sala. — Tenho


sido legal com você até agora, pode ficar muito pior.

— Legal? Como? Como poderia piorar?

Eu sorrio com o desafio. — Oh, pode ser muito pior. Confie em


mim.

Sim, nós fodemos com ele principalmente mentalmente, mas a


dor ainda não começou. Seu tornozelo e nariz são a porra de um
corte de papel em comparação com o que pode acontecer com ele.

Eu ando até a porra da parede de dor onde guardamos nossas


armas de escolha. Pego um alicate, tenho que começar pequeno.

— O que você está fazendo com isso? — ele pergunta


freneticamente e tenta se levantar e fugir, mas ele cai no chão,
arrastando-se pelos braços.

— Você sabe como você está patético desse jeito? — Eu o agarro


pelos cabelos, ignorando o quanto ele parece nojento. Eu o arrasto
de volta para seu assento. — Quer que eu o pendure pelos seus
tornozelos quebrados de novo? — Eu digo e ele para de lutar.

Eu levanto sua bunda quebrada no assento e pego sua mão.


Eu olho para suas malditas unhas nojentas. — Bem, não é muito
respeitável para um policial ter unhas compridas hoje em dia, não
é? — Eu mostro minha língua e agarro a ponta de sua unha com
o alicate.

Ele tenta puxar a mão, mas grita quando puxa a própria unha.
Ele é tão estúpido. Eu puxo sua mão para trás. — Parece que você
foi pego, vou consertar isso para você. — Eu sacudo meu pulso e
arranco a unha de sua mão. — Agora, não está melhor? — Eu jogo
a unha nele. Ele está segurando sua mão gritando. — Acha que eu
teria alguma simpatia por você, Darrell? Você acha que algum dia
irá sair daqui?

Seu rosto empalidece, mostrando como ele é realmente idiota.


— Você vai ficar aqui neste porão até morrer. Não tenho certeza de
quando isso vai acontecer, pode ser amanhã ou na velhice. Mas
saiba que é pela morte que você vai implorar.

Eu me levanto sobre ele. — Todos os dias estarei aqui para


torturá-lo, para realmente fazê-lo pensar no que ousou fazer com
o que é meu. Sua sorte é que eu a salvei a tempo, porque as coisas
teriam sido muito piores para você. Então, estou tomando meu
tempo e tornando isso um pouco mais suportável para você. —
Dou um tapinha em sua cabeça e pego meu alicate novamente. —
Seja um bom menino e me mostre como você pode gritar. — Eu
jogo suas palavras de volta para ele.

Se eu fosse um homem melhor, acabaria com ele, para deixar


toda essa merda de lado.

Mas quando se trata de Julia, não consigo abrir mão de nada.


Eles queriam machucá-la da pior maneira que você pode
machucar alguém.
Isso é imperdoável, não importa quantas súplicas, quantos
"sinto muito", não importa. Porque ele não teve piedade dela,
quebrou a porra do nariz, machucou seu corpo e ela fica apavorada
quando vê a porra de um policial nas ruas agora.

Seus crimes são imperdoáveis. Fico com nojo só de olhar para


ele. Então me ocorre uma ideia. — Então, você está no KKK? —
Pergunto-lhe.

Ele está olhando para o colo e acena com a cabeça. Eu puxo a


camisa de seu corpo e vejo o símbolo em seu peito bem acima do
coração.

— Ah, cara, você realmente está fodido, não é? — Eu balanço


minha cabeça. — Já que você ama tanto ser branco, talvez eu
possa mudar isso para você? — Vou até lá e tiro o maçarico da
parede. — Sim, acho que vai funcionar.

— Por favor, não faça isso! — ele grita e eu dou um soco forte
na porra da sua boca.

— Cale a boca, — eu grunhi para ele, meu ódio crescendo por


ele a cada segundo. — Você não pode implorar por sua vida! É
minha para fazer o que eu quiser, porra! — Grito em seu maldito
rosto nojento. Eu empurro sua cabeça para trás com força e ela
bate contra a parede de tijolos atrás dele. — Aceite isso como a
porra de um homem, você chega a ser patético. — Rasgo sua
camisa e me concentro em tirar aquela tatuagem dele.

Seus gritos alimentam a porra da minha alma; cada ferida,


cada queimadura escura à medida que a tatuagem derrete, cura
uma parte da minha alma que esse tipo de gente me tirou desde
que eu era criança, quando descobriram que eu tinha uma mãe
branca e um pai miscigenado.

Topper está sentado no chão brincando com Charlie. — Topper,


de onde você é? — Eu pergunto a ele já entediada.

— Eu sou daqui, senhora. — Ele ficou do lado de fora do meu


escritório por horas a fio, mas eu o convenci a entrar em meu
escritório e relaxar. Eu me sinto mal o suficiente por ter
interrompido a vida de tantas pessoas.

Há uma batida na porta e Topper está imediatamente de pé,


Charlie em meus braços. — Quem é? — ele pergunta antes de
abrir.

— Sou só eu. — Minha gerente abre a porta e sorri para Topper,


docemente. Eu tento não rir de sua reação. Todas as mulheres
aqui andam atordoadas com a beleza desses homens MC.

— Há uma mulher aqui perguntando por Reaper, — ela me diz


e eu posso dizer que ela está inquieta. Eu me viro para as câmeras
para verificar quem está lá. Topper se junta a mim.

Ele xinga e esfrega as têmporas, o que imediatamente me faz


querer surtar. — O que foi!? Quem é essa? — Eu bato em seu braço
para chamar sua atenção, não gostando disso.

Eu a olho mais de perto e seus olhos vão para a câmera. Eu


conheço esses olhos, são do Reaper. — Porra, essa é a mãe dele?
— pergunto a Topper.
Seus olhos ainda estão fechados. — Ela é má pra caralho pelas
merdas que fez com Reaper, — ele diz para mim, mas não entra
em detalhes.

— Topper, — eu digo severamente. Ele olha para mim em


choque por eu ter levantado minha voz para ele. — Ela o
machucou? Abusou dele? — Eu pergunto, precisando saber.

Ele olha para minha gerente e ela sai da sala, pegando a dica
de que ele quer que ela saia.

— Olha, não é da minha conta contar a vida dele. Aquela


cicatriz em seu rosto? — Ele aponta para o que cobre metade de
sua bochecha. Concordo com a cabeça, querendo que ele continue.
— É por causa dela. Ela o violentou todos os dias de sua vida até
que ele saiu de casa.

Meu estômago revira quando a raiva me atinge. Eu viro minha


cabeça para o lado tentando acalmar minha raiva. — Por que ela
está aqui? — Estou surpresa que minha voz soe tão calma quanto
parece. — Na verdade, não importa. Vamos descobrir, droga. —
Beijo o rostinho de Charlie e o coloco em seu cercado, para que ele
não mastigue nada.

— Espere. — Topper tenta me impedir de ir até lá, mas nada


vai me parar. Em vez de ir direto para o saguão, faço um desvio
para a cozinha e pego algo em uma gaveta que talvez eu precise e
enfio na parte de trás da minha legging.

Sei que Topper percebeu, mas ele não comenta nada.


Abro as portas giratórias com mais força do que o necessário.
Seus olhos se voltam para mim e isso machuca meu coração, pois
são os olhos do meu Reaper.

— Oi, você deve ser a namorada do meu filho. — Eu me encolho


quando ela diz meu filho.

— O que você quer? — pergunto, cruzando os braços sobre o


peito. Não vou ser gentil com ela. Todos os sinais que ouvi, da mãe
do Terror, as poucas coisas que Topper me disse, tudo está se
encaixando e a pessoa que o machucou está bem na minha frente.
Então, mudo minha tática. — Me desculpe, isso foi rude da minha
parte. — Eu rio e sorrio para ela. — O que posso fazer por você?

Topper está me olhando chocado, mas eu lhe dou um olhar de


reprovação, dizendo-lhe para me deixar em paz. Ela está
esfregando os braços dramaticamente. — Preciso de algum
dinheiro para o meu remédio.

Ah, drogas.

— Ah, que tipo de remédio? Posso levá-la à farmácia. — Eu digo


a ela docemente, fingindo ser ingênua.

Sua boca se contrai e eu posso ver a raiva começando a se


espalhar. — Ah, muito obrigada, mas você não precisa fazer isso.
Apenas cem dólares cuidarão de tudo.

Eu aceno minha mão. — Não, não tem problema. Siga-me ao


meu escritório e eu vou pegar o dinheiro para você. — Sorrio e faço
sinal para que ela me siga.
Ela praticamente corre pela porta. Eu a levo para uma das salas
vagas que usamos para armazenamento e movimento para ela
entrar primeiro.

— Sente-se, sente-se. — Aponto para uma cadeira e bato a


porta na cara de Topper, deixando-o fora da sala. — Nós, garotas,
precisamos de um tempo sozinhas, — eu grito para ele através da
porta.

Ela se senta na frente da mesa em um dos assentos e eu me


sento na frente dela na mesa. — Você é a mãe do Reaper? — Eu
pergunto, fazendo conversa fiada.

Abro e fecho gavetas vazias fingindo que estou procurando


dinheiro. Ela está sentada muito relaxada no assento.

Ela acha que vou entregar toda essa merda para ela.

Prefiro morrer, porra.

— Conte-me sobre Reaper quando ele era jovem, — eu peço a


ela e ela se mexe em seu assento nervosa. Ela afasta o cabelo
bagunçado do rosto. — Ele era complicado. — Isso é tudo que ela
me dá.

Eu rio para mim mesma e me inclino sobre a mesa. — Vamos


direto ao assunto, candela. — Ela pula chamando-a de vadia. —
Você acha que eu iria te dar alguma coisa depois do que você fez
com Reaper?

Ela salta de seu assento. — Do que você está falando? — ela


pergunta e seus olhos se movem ao redor da sala como se ela
estivesse tentando encontrar uma saída.
— Sente-se, porra! Você não vai sair desta sala. — Eu aponto
para o assento e ela se joga de volta.

— Diga-me o que você fez com ele. — Eu quero ouvir isso da


boca da puta que o machucou. Pego minha faca, jogando-a sobre
a mesa, quebrando a madeira barata. Ela grita um pouco de medo,
os olhos na faca. — Diga-me como ele conseguiu a cicatriz no rosto.

— Por favor, — ela implora.

— Agora.

— Você vai me deixar ir se eu contar? — ela pergunta.

Eu concordo. — Claro. — Mas eu não disse como.

Ela passa as mãos nas calças sujas, seus dedos têm


queimaduras nas pontas do cachimbo que ela fumou.

Sento-me e espero que ela me responda. — Não tenho o dia


todo.

Ela suspira, olhando para mim. — Ele roubou dinheiro de mim.

Fique tranquila, Julia. — Por quê?

— Importa por quê? Ele era ladrão e tinha que ser punido, —
tenta argumentar.

— Por quê? — Eu me repito. Ela não responde, apenas olha


para suas mãos. Eu bato minha faca na mesa e ela grita mais uma
vez com o súbito som alto. — POR QUÊ? — Eu grito com ela.

— Porque ele usava para pagar a porra de comida, — ela grita.


E se levanta mais uma vez, sua cadeira caindo no chão.
Meu coração se parte em um milhão de pedaços, imaginando
um pequeno Reaper com seus lindos olhos. Ele teve que roubar
dinheiro da porra da mãe para comer.

— Por que ele tinha que roubar o dinheiro para comer? — Eu


pergunto, ignorando seus espasmos e andando pela sala. — Foi
porque você injetou todo o dinheiro no seu braço e ele estava com
fome? — Eu pergunto a ela.

Ela passa as mãos pelo cabelo, puxando os fios, pois a


abstinência a atinge com força. — Eu precisava, e ele tirou de mim.

Cubro o rosto com as mãos e deixo a raiva tomar conta de mim.

Nunca entendi por que as pessoas praticavam a violência.


Porque sentiam essa necessidade, mas agora, na frente da porra
da mãe dele que não o protegeu, eu entendo.

Agora eu entendo.

Porque as coisas que quero fazer com ela por ter ousado
machucá-lo são avassaladoras. Eu me levanto e vou em direção à
porta, abrindo-a. — Topper, ignore os gritos, — digo a ele e ele
começa a abrir a porta, mas eu a fecho novamente, trancando-a.

— Que porra você está dizendo? Gritos? — ela pergunta e se


move para o canto da sala.

— O quê? Você tem medo de alguns gritos? Reaper gritou


quando você esculpiu o rosto dele? — Aproximando-me dela,
pergunto: — Será? Ele perguntou por que sua mãe patética, que
prefere usar drogas a amar alguém tão especial como ele, poderia
machucá-lo?

Ela não fala, seu corpo todo tremendo.


— Você prometeu.

Comecei a rir, jogando minha cabeça para trás. — Prometi?


Você acha que eu me importo em quebrar minha palavra com
alguém tão inútil como você, alguém que machucaria uma
criança? Meu maldito homem?

Ela me empurra e eu mal me mexo. — Deixe a droga vadia


porque você é fraca. — Eu bato forte no rosto dela, o som
irradiando pela sala. Ela grita e segura o rosto.

— Sua cadela! — ela grita. Eu a seguro pelos cabelos e jogo seu


pescoço para o lado, batendo nela novamente. — Por que você está
fazendo isto comigo?

Eu chuto suas pernas. Ela cai de costas no chão e eu me abaixo


ao seu lado, meus joelhos em suas mãos prendendo-a no chão,
deixando-a indefesa.

Ela chuta as pernas, tentando colocar os joelhos em minhas


costas para me tirar de cima dela. — Você vai se deitar aqui e
aguentar essa porra. Para uma prostituta falida, seu rosto é
estranhamente perfeito. Mas eu vou consertar isso para você. —
Eu pisco para ela. Ela grita e realmente tenta me repelir.

Eu lhe dou um soco forte no rosto, e seus olhos ficam vidrados.


— Cale a boca e aguente, ou eu posso piorar. — Eu alcanço a mesa
e pego a faca que peguei na cozinha. — Agora, deixe-me ver por
onde vou começar. — Bato a faca em seu rosto, passando a ponta
por ele.

— Por que você está fazendo isto comigo? — ela pergunta, seus
olhos seguindo a faca.
Eu pressiono a ponta da faca com mais força em seu rosto. —
Porque você o machucou, ninguém machuca ele e sai impune. É
melhor ficar feliz por eu não saber de tudo, porque vou encontrá-
la e descontar na sua carne. — Eu agarro sua garganta com força
e ela luta comigo novamente, tentando tirar minhas mãos do seu
pescoço. — Nada que você diga vai mudar minha opinião, você vai
sofrer. Você não saberá quando irei buscá-la, mas saiba que irei.
— Eu empurro com mais força fazendo com que ela se engasgue
antes de eu desistir.

Eu seguro seu cabelo na minha mão, agarrando sua cabeça no


chão. Eu pressiono a ponta da faca com mais força em seu rosto,
o sangue saindo de onde a ponta a cortou.

— Agora, vamos deixar você mais bonita. — Pego um monte de


guardanapos e enfio na boca dela porque não quero assustar meus
clientes.

Lágrimas estão rolando por seu rosto, mas eu não tenho


nenhuma simpatia porque tudo que posso imaginar é ela
machucando Reaper assim repetidamente em minha cabeça.

Neste momento, não sou Julia. Sou uma pessoa que tem fogo
na porra do sangue querendo tirar um quilo de carne por ferir o
que é dela.
Entro pela porta dos fundos da padaria, abro a porta do
escritório e a única coisa lá é Charlie. — Onde está sua mãe? —
Eu pergunto a ele, dando-lhe um afago.

É quando eu ouço um som estranho do caralho.

Que porra foi essa? Foi um grito estranho e abafado. Eu corro


para fora da sala e pelo corredor onde vejo Topper parado do lado
de fora de uma sala. — O que diabos está acontecendo lá dentro?
— Eu pergunto.

Ele balança a cabeça. — Olha, eu tentei falar pra ela... — Ele


nem termina as palavras porque só ouvi ela.

Passo por ele e tento abrir a porta, mas está trancada, então
chuto essa porra para dentro. Dois pares de olhos piscam para
mim e eu o encaro em estado de choque.

No chão, minha mãe, Trista, está sendo espancada e Julia tem


uma faca pressionada contra seu rosto. — Desculpe, eu estava
terminando, — Julia diz e termina de cortar a mesma cicatriz em
seu rosto que minha mãe me deu quando eu tinha oito anos.

— Oh, desculpe.

— Que porra é essa? — Topper diz e eu olho para ele como, por
que diabos você está interrompendo. Ele fecha a porta atrás de si e
entra na sala conosco. — Por que ela está aqui? — Eu pergunto.

— Dinheiro, — responde Julia, já que minha mãe está


engasgando-se com uma tonelada de lenços de papel.
— Oh. — Puxo uma cadeira e deixo a porra da Julia terminar o
que está fazendo. — O que você quer para o jantar esta noite? Bife?
— Eu pergunto e pego meu telefone olhando minhas mensagens.

— Sim, parece bom, mas provavelmente não malpassado. —


Julia franze o nariz e faz um corte longo e profundo, terminando a
cicatriz exatamente como a minha, mas maior. — Agora está muito
melhor. — Ela bate com a mão no rosto da minha mãe. — Você
não acha, meu amor? — Julia me pergunta, e eu quero dobrá-la
por dizer merdas como essa para mim.

— Vocês dois são fodidos da cabeça, — diz Topper.

— Se você não calar a boca, eu vou te mostrar exatamente o


quanto, — eu rosno para Topper, cansado de sua boca, mesmo que
eu ame aquele filho da puta.

Topper levanta as mãos no ar. — Tudo bem. — Ele sai do quarto


enquanto eu ajudo Julia a sair de cima da minha mãe e fico
enjoado olhando para ela.

Julia se levanta na ponta dos pés, beijando minha bochecha


cheia de cicatrizes. Eu odiava isso; representava o que minha mãe
fazia comigo.

Meu pai foi embora quando eu era bebê e ela ficou viciada em
drogas e homens. Ambos eram muito mais importantes do que eu;
eu era espancado todos os dias e às vezes ficava pior do que isso.

Ela se senta, o sangue escorrendo do rosto até a camisa. —


Olha o que você fez comigo, — ela grita, tentando arrancar todos
os lenços de sua boca.
— É melhor você sair antes que eu decida fazer pior. — Os olhos
de Julia brilham e ela dá um passo em sua direção.

Ela grita alto, se levanta e corre para a porta, mas eu a


interrompo com minha pergunta. — Por que você veio aqui me
procurar? — pergunto a ela, imaginando como sabia sobre Julia.

Seu rosto empalidece. — Olha, foi uma coincidência só isso.

Oh, eu não gostei disso. — Diga-me, agora. — Meu nariz queima


enquanto eu seguro minha raiva.

— Eu devo dinheiro e meu traficante te seguiu até aqui.

Eu vou matá-la. Ela colocou Julia em perigo com merdas como


essa. Os olhos de Julia se arregalam, afundando nela a magnitude
dessa merda.

Quantas vezes os filhos da puta tentaram me machucar porque


ela dizia que sou rico e pagaria por suas coisas?

Eu prefiro morrer do que dar a ela um centavo para ajudá-la.


— É melhor você abrir essas malditas pernas, é tudo o que tenho
para lhe dizer, — Julia diz a ela.

— Ele está lá fora? — Eu pergunto. Não vou permitir que Julia


se machuque.

Eu posso ver o pânico em seu rosto. — Bem, vamos fazer uma


visita a ele. Mostre-me. — Eu agarro seu braço e a puxo para fora
do prédio, Julia bem na minha bunda.

— Amor, você pode ficar aqui? Eu não quero que ele veja você,
— eu peço a ela suavemente, virando-me para olhar para ela.
Ela acena com a cabeça. — Sim, estarei no meu escritório. —
Ela olha para minha mãe. — Lembra do que eu disse? Lembre-se
disso. — Ela bate na lateral da cabeça com o dedo e eu abro a
porta.

— Onde diabos ele está?

Ela aponta para um carro velho e surrado. Eu me aproximo e


ele sai do carro. — Aqui está sua cadela. — Eu a jogo e ele tenta
pegá-la, mas erra, e ela cai no chão.

— Que porra é essa? — ele grita, sua pele amarela


provavelmente por causa da porra de uma insuficiência hepática.
Ele se move para pegá-la, mas eu o jogo contra o carro, minha
arma pressionada sob sua garganta.

— Esqueça-me, esqueça este lugar. Se vier aqui novamente,


vou estourar seus miolos. Traga-a aqui, e eu vou estourar seus
miolos. Irei matá-lo. — Eu pressiono a arma com mais força. —
Você entendeu? — Eu rugo na cara dele. — Se mais alguém
aparecer conectado a ela, eu vou te encontrar e te matar.

Ele acena com a cabeça, virando o rosto para longe do meu e


eu o solto. Não quero correr nenhum risco com Julia, não vou
brincar com a vida dela.

Agora preciso entrar e torná-la oficialmente minha.


Topper roubou Charlie. Acho que ele tem medo de que Reaper
o mate e Charlie diminua o golpe.

Isso é muito inteligente, na minha opinião.

Eu observo as câmeras enquanto tudo acontece lá fora. No


segundo em que Reaper se afasta, olho para a grande pilha de xixi
entre as pernas daquele homem.

Puta merda, ele o fez fazer xixi nas calças.

Ele entra como um homem em uma missão, com um sorriso


malicioso no rosto e os olhos voltados diretamente para a câmera,
como se soubesse que eu estava assistindo.

Oh, merda, ele está vindo para mim. Eu me contraio com força
em antecipação.

Arrumo meu cabelo, dou um retoque e levanto o sutiã para que


meus seios fiquem em posição de destaque. Nem um minuto
depois, Reaper abre minha porta. Ela bate contra a parede.

— Tira as suas roupas! — ele exige, fechando e trancando a


porta.

— Sim, porra! — Eu praticamente gemo.

Ele empurra tudo da minha mesa e tudo cai no chão com um


estrondo. Eu me apresso e tiro minhas roupas, ficando
completamente nua na frente dele.

Ele me puxa para si, com a mão enterrada em meu cabelo,


inclinando minha cabeça para trás, de modo que fico olhando para
ele. Meu coração parece que vai explodir de tão intenso que ele está
olhando para mim.

Ele está me olhando como se eu fosse a porra do seu mundo, e


eu estou olhando para ele da mesma forma porque ele é meu.
Estou disposta a fazer coisas que nunca imaginei, fazendo alguém
pagar por ter ousado machucá-lo.

— Eu vou foder você, fazer você oficialmente minha, — ele


grunhi e meus dedos do pé se enrolam. Posso sentir como estou
molhada, um pouco escorrendo pelas minhas coxas.

Ele me pega e me coloca na mesa. Eu desabotoei sua calça


empurrando-a para o chão.

— Deus, — ele geme, olhando para mim. — Eu desejo tanto


você. — Ele se ajoelha na minha frente, abrindo minhas pernas. —
Para ver até que ponto você iria por mim. — Ele balança a cabeça,
beijando o centro do meu estômago, olhando para mim
intensamente. — Você roubou cada pedaço de mim, você é tudo o
que eu quero, querida.

O que eu faço? Choro. Eu me sento e o beijo com força,


impressionada com suas palavras e o quanto elas realmente
significam para mim. Eu me afasto, as lágrimas rolando pelo meu
rosto. — Você também é isso para mim. A raiva que senti quando
a vi, eu queria machucá-la por ter ousado machucá-lo.

Seus olhos se fecham. — Ninguém nunca fez isso por mim. —


Sua voz mostra sua vulnerabilidade.
— Eu faria isso de novo e de novo, ninguém vai machucá-lo
novamente. — Meu coração se parte; ninguém jamais o protegeu
antes.

Eu deveria ter feito pior com ela. Ele me beija suave e


gentilmente enquanto sua mão contorna entre minhas pernas,
deslizando dois dedos dentro de mim. Eu suspiro contra seus
lábios, inclinando meus quadris, levando-o mais fundo.

Ele me levanta da escrivaninha, e o clima mudou. Ia ser forte e


bruto, mas agora? O que importa é a sensação.

Ele me coloca gentilmente no tapete no centro do meu


escritório, o pelo macio correndo contra minhas costas.

Em seguida, ele levanta minha perna, encaixando-se entre as


minhas. Estendo a mão entre nós, acariciando-o entre minhas
pernas, ansiando para que ele me preencha.

— Por favor! — Eu imploro.

Ele suspira, encostando a testa na minha. Ele tem um braço


em um lado do meu rosto, e o outro se move entre nós, sua mão
circunda a minha e juntos o colocamos onde eu preciso.

Com cuidado, acaricio minhas unhas ao longo de seu pau,


enquanto ele se move lentamente dentro de mim. Ele esfrega meu
clitóris, devagar, a cada passada, até que esteja completamente
dentro de mim. Corro minhas mãos por suas costas.

Foi por isso que esperei; eu sabia que ele estava por aí e que
alguém cuidaria de mim da maneira que eu merecia.

Olho fixamente em seus belos olhos e, neste momento, eles não


estão assombrados, estão satisfeitos. Eu me inclino para a frente
e o beijo, minhas mãos vão de suas costas até sua bunda e eu o
puxo com força para mim.

Ele ri contra meus lábios e beija até chegar à minha orelha. —


Aguente, baby, — ele sussurra.

Ele puxa para fora e empurra de volta, a cada estocada ele se


move mais forte, mais rápido, mais fundo até que eu não tenha
certeza de onde começamos e terminamos.

— Oh, merda, — eu sibilo em chamas.

Ele grunhe em meu ouvido, suas mãos se movem sob meu


corpo até minha bunda e ele me levanta mais alto, movendo-se de
joelhos para trás, fazendo com que ele se sinta muito mais
profundo.

Eu me agarro ao tapete, tentando me prender a alguma coisa,


seus olhos são de aço olhando para mim, absorvendo cada
momento de minha pura felicidade.

Ele lambe o polegar, pressionando-o contra meu clitóris, e eu


desabo. Mordo meu braço para não gritar e assustar todos no
prédio.

Ele cai sobre mim, com os braços de cada lado da minha


cabeça, enquanto continua a me penetrar. — Oh, meu Deus, — eu
gemo, agarrando seu cabelo. Ele está arrancando outro orgasmo
de mim. Minhas pernas se fecham ao redor dele, meus dedos dos
pés se enrolam.

— Mais um, — ele me diz e esfrega-se contra o meu clitóris.

Meus olhos se reviram e meu corpo inteiro estremece com a


força do orgasmo. Mais três estocadas e ele me preenche.
Seus braços caem e eu assumo todo o seu peso. É uma
sensação de felicidade, ele pressionado sobre mim. Beijo seu
pescoço, envolvendo meus braços ao redor dele.

Sorrio para o teto, isso é melhor do que eu jamais imaginei.


Beijo sua têmpora e levanto sua cabeça para um beijo. — Você me
faz feliz, — confesso a ele. Ele sorri e beija minha bochecha,
voltando para a curva do meu pescoço. Não tenho certeza de
quanto tempo ficamos aqui apenas curtindo o momento juntos. —
Temos que fazer isso pelo menos três vezes por dia.

Ele ri e se senta, deslizando para fora de mim. — É bom que


você se alegre por eu estar tomando pílula, — eu brinco.

Ele tem um olhar mal-humorado em seu rosto. — Não estou


alegre.

Sento-me completamente nua e tenho certeza de que meu rosto


provavelmente está mostrando minha confusão com as palavras
dele. — O quê? — Eu rio. Ele se recosta e olha para mim, seus
olhos indo direto para os meus seios. Eu os cubro com minhas
mãos. — Ei, o que você quis dizer? — Eu pergunto.

Ele pisca e então move seus olhos para baixo, e eu me cubro.


— Ei, você está sendo muito safado agora. — Eu olho para ele
fingindo estar brava.

Ele ri e, como sempre, fico surpresa ao ver como é ofuscante


ver aquele lindo sorriso dele. — Eu quero que você tenha nossos
bebês, é melhor jogar fora essa merda de pílula.

Minha boca se abre em choque. — Oh, meu Deus! Reaper, você


é louco.
Ele dá de ombros, como se não fosse nada demais. Uh, isso é
muito sério. Eu estaria mentindo totalmente para mim mesma se
ter um pequeno Reaper correndo por aí não fosse algo que eu
desejasse.

O trauma que nossos pais nos causaram pararia conosco,


nenhuma maldição geracional continuará em nossos bebês, se
tivermos algum.

— Pronta para ir para casa? — ele me pergunta, pegando minha


mão e me ajudando a levantar do chão.

— Sim, tenho que jogar fora as pílulas. — Já somos


considerados loucos pela maioria das pessoas, então por que não
tornar isso ainda mais louco?

Sei em meu coração que ele é meu para sempre.

— Por favor, posso tomar conta de Charlie esta noite? — Topper


está implorando há uma hora. Deveríamos estar em casa há uma
hora, mas ele está tentando roubar nosso cachorro.

— Topper, sério? — Eu gemo e Reaper está começando a ficar


irritado também.

Ele entrou logo depois que nos vestimos e começou a implorar.


— Por favor, estou me sentindo sozinho em casa. — Ele me dá os
maiores olhos de cachorrinho que eu já vi em um homem.
Eu olho para Reaper como se ele estivesse falando sério?

— Ugh, tudo bem! Só por esta noite. Quero que ele esteja em
casa pela manhã, — eu digo a ele e Topper grita.

— Charlie, vamos brincar de pegar a noite toda, — ele sussurra


para Charlie. Ele é um homem grande que se apaixonou por nosso
pequeno poodle.

— Se ele choramingar, está voltando para casa, — diz Reaper a


Topper severamente.

O fato de Reaper ser todo protetor me faz pensar que ele será
pai e que seria o melhor. Lanço-lhe um olhar ardente, pronta para
atacá-lo novamente.

— Vou levar as coisas daqui para minha casa para que ele fique
confortável, — diz ele e literalmente sai correndo da sala como se
estivesse com medo de que mudássemos de ideia.

Eu rio. — Oh, meu Deus, ele é tão bobo. — Reaper ri comigo e


pega minha mão. Saímos pela porta dos fundos até a caminhonete
de Reaper que está estacionada um pouco perto da porta.

— Então, bife esta noite? — Eu digo e ele ri. Eu me junto a ele,


pensando na loucura que foi ele perguntar enquanto eu estava
cortando a mãe dele.

Ele não me responde e eu olho para ele, seguindo seu olhar


para um SUV aleatório estacionado no final da rua.

Os pneus guincham e eles partem em nossa direção. Paro de


respirar e Reaper entra em ação.
Ele me levanta do chão, cobrindo seu corpo com o meu e
correndo para seu carro. As balas estão sendo disparadas ao nosso
redor, atingindo a lateral da parede e a caminhonete.

O medo que sinto é avassalador.

Reaper tropeça por um segundo comigo antes de se equilibrar,


abrir a porta e entrar, ainda me segurando.

As balas ricocheteiam nas janelas. — Oh, meu Deus, — eu grito


quando vejo o sangue escorrendo de seu ombro onde ele foi
baleado. — Você foi atingido.

— Foi de raspão, — ele diz e saca sua arma, abre a janela e


começa a atirar de volta neles.

Agradeço a Deus por Topper ter insistido em ficar com Charlie.


Eu teria morrido se algo acontecesse com ele.

Olho para as pessoas atrás de nós e, através da janela, vejo a


porra de uma cabeça careca.

Eles fizeram seu primeiro ataque, a guerra está aqui agora. O


olhar mortal no rosto de Reaper é algo que nunca esquecerei.

É um olhar cheio de tanto ódio que acho que estou prestes a


ver por que Reaper recebeu esse nome.

É hora de ceifar.
Eu espreito minha cabeça por trás do assento e grito quando
uma bala atinge a janela bem na frente do meu rosto.

— Filhos da puta, — Reaper grunhe e me puxa para o assoalho


do banco do passageiro, mais balas atingem a janela
repetidamente até que ela finalmente se quebra.

Eu cubro minha cabeça e tento respirar, me acalmando, as


balas se chocam repetidamente tentando nos atingir.

Reaper atira de volta e eu pulo quando ouço alguém gritando


do lado de fora da caminhonete; ele deve ter acertado um deles.

— Ele atirou no meu pau! — alguém grita, e eu olho para


Reaper, que está sorrindo, observando-os.

— O que você fez? — Eu pergunto, tentando não rir


histericamente de tudo isso. Isso é loucura, estamos sendo
alvejados neste momento.

Reaper se vira e liga a caminhonete, o homem está chorando


histericamente do lado de fora do carro. Meu rosto está quente,
queimando por causa do pânico que estou tentando conter.

De repente, minha porta é aberta e braços me envolvem,


puxando-me para fora.
O medo me sufoca com força e tento não gritar de puro pânico
que me invade.

Reaper se move pelo assento e me agarra, impedindo-os de me


puxar do veículo. Eu me agarro à borda do assento, tentando parar
o impulso.

Sinto outro par de braços envolvendo meu corpo. Inclino a


cabeça para o lado para ver quem está me agarrando, dois homens
que sei serem do clube White Saviors. Olho para baixo, para os
antebraços em volta de meus quadris e vejo o logotipo do clube.

Isso não é bom.

Olho para o Reaper, horrorizada com o que está acontecendo.

— Solte-a, porra! — Reaper ruge e tenta empurrá-los para longe


de mim, sem que eu me machuque no processo.

Reaper me puxa com mais força para ele, não me deixando ir


por um segundo. Eu uso a parte de trás do meu calcanhar
tentando chutá-los para longe. — Me solte, — digo a eles. Isso está
me irritando.

Reaper me segue para fora enquanto eles me puxam. O olhar


em seu rosto é assustador e fico feliz que não seja direcionado a
mim.

Eu sei que ele está tentando não me machucar tentando me


puxar para longe deles. Eu posso sentir os homens atrás de mim
tropeçando, observando a visão de Reaper indo na direção deles.

Eu jogo um cotovelo para trás, acertando um dos homens no


rosto. — Sua puta do caralho! — Ele dobra meu braço com força e
eu grito porque meu braço ainda está dolorido pelo que Darrell fez
comigo semanas antes.

Reaper saca uma arma e eu congelo em estado de choque ao


ver a arma apontada diretamente para mim e para os homens
atrás.

— Deixe-a conosco e esqueceremos tudo isso, — um deles diz


a Reaper.

Que porra é essa?

Reaper está calmo e então sorri. — Você está morto.

Os homens atrás de mim tentam me puxar para a frente deles,


mas Reaper é mais rápido. Reaper puxa o gatilho e eu pulo de
susto, um dos homens atrás de mim cai no chão, com sangue
espirrando por toda a lateral do meu rosto e nas costas.

O outro homem me solta e começa a fugir, correndo.

Fico imóvel, chocada. Olho para o sangue que escorre pelo meu
braço, para os meus dedos, para o homem deitado aos meus pés.
Ele está morto, com uma bala bem no meio do rosto,
completamente imóvel.

Alguém acabou de tentar me sequestrar, bem no meio do dia,


tirando-me do carro e tentando matar todos nós em poucos
minutos.

Reaper espera até que o outro indivíduo esteja perto de fugir e


puxa o gatilho, acertando-o bem na parte de trás do joelho. Ele cai
no chão gritando ao lado do outro, cujo pênis provavelmente está
faltando neste momento.
Reaper caminha até eles, segurando-os pela parte de trás da
camiseta. — Você pode abrir a traseira da caminhonete para mim,
baby? — Ele pergunta baixinho por cima do ombro.

Concordo com a cabeça, engolindo em seco, assustada e tão


confusa sobre por que as pessoas fazem coisas assim. Eles
machucaram Reaper, e eu quero vomitar porque se eu o perdesse,
não acho que sobreviveria.

Abro a traseira e Reaper os arrasta, literalmente chutando e


gritando no porta-malas.

Ele os levanta e joga dentro. Há um rolo de fita adesiva. — Isso


é para momentos como este? — Eu pergunto ao Reaper.

Ele pega o rolo de fita e os cola um no outro, cada membro


junto para que não possam se mover. — É melhor torcer para não
bater em nenhum buraco ou eles podem sair voando, — eu brinco.

Aquele que levou um tiro no pau está chorando. — É melhor


você ficar feliz por não o ter machucado mais. — Eu jogo a fita com
força no pau dele, ela quica e acerta a cabeça do outro.

Reaper ri. — Adoro quando você é violenta.

— Bem, ótimo, agora eu tenho sangue no meu cabelo, de novo.


— Eu puxo uma mecha de cabelo para cima para ver os respingos,
fazendo-me estremecer. — Agora, se fosse o sangue da sua mãe,
eu o usaria como uma medalha de honra.

Ele ri e fecha a traseira da caminhonete. — Por que estamos


levando-os conosco? — — pergunto, passando por cima do
cadáver.
Ele sorri. — Quero me divertir um pouco e descobrir a merda
que eles planejavam. Eles podem ter começado essa merda, mas
eu vou acabar com ela.

Disso não tenho dúvidas.

Topper sai um segundo depois e observa a cena. — Eu ouvi


tiros.

Reaper olha para ele. — Sim, um pouco tarde demais. — Ele


segura minha mão e abre a porta, me ajudando a entrar. Ele se
volta para Topper. — Da próxima vez que ouvir tiros, corra para a
merda e não se esconda como uma vadia.

Eu sugo meus lábios com o que ele disse a Topper. Observo


enquanto ele caminha em direção a ele e começo a lhe dizer para
não agredí-lo, mas ele afasta Charlie dele. — Até você se tornar
homem, nada de babá.

Eu cubro minha boca tentando não rir. Reaper se aproxima


com Charlie segurando-o em uma mão. Ele entra no carro e sai do
estacionamento em direção ao clube.

Ele me ergue e se aproxima, colocando o cinto de segurança em


mim. — Eu vou matar todos aqueles filhos da puta. — Ele olha
para trás para ver se alguém está nos seguindo.

— Sinto muito, Reaper. — Eu olho para o sangue escorrendo


por seu braço, arruinando sua camiseta branca.

— Diabos, pelo quê? — ele me pergunta e faz uma curva


fechada.

— É tudo minha culpa, — eu digo, me sentindo culpada. Eu


abraço Charlie, feliz por ele não estar no meio disso.
— Baby, esses filhos da puta já me odiavam anos antes de eu
conhecer você, isso não é culpa sua. Há uma diferença entre
aquela época e agora.

— Qual? — Eu pergunto.

— Você. As coisas que farei para mantê-la segura. Vou matar


cada um desses filhos da puta, — ele promete.

Estou na água por mais tempo do que deveria com o Reaper;


estamos parados sob o jato de água, ele me abraçando.

O único som é o da nossa respiração e o da água batendo no


chão do chuveiro. Eu me viro e descanso minha cabeça em seu
peito. Ele levou um tempo limpando todo o sangue do meu cabelo
e do meu corpo.

Knight inspecionou seu ombro - estava limpo e ele colou o


pequeno buraco. Eu me levantei na ponta dos pés e beijei o
ferimento, que estava começando a ficar com hematomas.

— Isso me machuca. Não sei bem o que sua mãe fez com você,
mas quero matá-la por ter magoado, machucado você. — Eu corro
meu dedo sobre a cicatriz em seu rosto.

Ele envolve a mão ao redor da minha em seu rosto, se inclina e


me levanta do chão. Envolvo minhas pernas em torno dele, meus
braços em volta de seu pescoço precisando segurá-lo agora.
— Você é a pessoa mais importante da minha vida, — digo a
ele, minha voz abafada por eu estar deitada em seu ombro.

Ele me puxa de volta. — Baby, você tem sido a pessoa mais


importante da minha antes mesmo de eu ter você em meus braços.
Eu sempre soube, porra. — Seu rosto mostra o quanto suas
palavras são verdadeiras para ele.

As três palavrinhas estão na ponta da língua, mas eu me seguro


para não as dizer. Eu me inclino e o beijo suavemente, sem mais
palavras entre nós, apenas aproveitando o momento.

Ouvimos um pequeno latido do lado de fora do banheiro e eu


dou uma risadinha com o som fofo. — Eu acho que Charlie está
querendo atenção. — Reaper sai do banho comigo ainda em seus
braços.

Eu me seco e deslizo sua camiseta sobre minha cabeça. Levo-a


ao nariz e respiro fundo. — Eu amo o seu cheiro.

Ele se inclina para frente, mordendo meu lábio, arrastando-o


em sua boca. — Eu amo tudo em você, principalmente isso aqui.
— Ele enfia a mão por baixo da camiseta, segurando-me.

Eu arranco meu lábio de seus dentes e rio. — Eu acho que é a


única coisa, hein. — Eu pisco, tentando reconhecer que ele disse
a palavra com “A” e não surtar.

Ele ri. — Você sabe que estou fodido quando se trata de você,
ponto final. — Ele me beija e me coloca no chão. Abro a porta e
Charlie entra correndo, eu o pego e lhe dou um abraço.
— Nós arruinamos o seu encontro com o tio Topper, hein? —
Beijo sua bochechinha e me sento no chão a sua frente para
podermos brincar.

Reaper põe a cabeça para fora da porta. — Quando crescer


algumas bolas no Tio Topper, então ele pode levá-lo durante a
noite.

Se Reaper é tão louco por nosso cachorrinho, não consigo nem


imaginar como ele será quando for pai. Eu acho fofo; Charlie é
nosso bebê, ele pode ter pelo e merda no chão, mas eu cuido dele
e o amo.

— Seu pai está bravo com o tio Topper, — digo a ele e jogo seu
brinquedinho para ele perseguir.

Reaper vai até a gaveta e pega minhas pílulas


anticoncepcionais, meus olhos estão arregalados quando ele as
joga direto no lixo. — Você acabou de jogar fora meu controle de
natalidade? — Eu pergunto a ele, esquecendo que ele disse que
queria.

— Foda-se, sim, eu fiz isso. — Ele se inclina e beija o topo da


minha cabeça enquanto passa. Ele pisca e me deixa lá em cima em
nosso quarto com Charlie.

— Seu pai é louco. — Charlie me dá um pequeno latido como


se entendesse o que estou dizendo. Deitei-me no chão de bruços,
brincando com ele.

O dia de hoje foi difícil, foram muitos dias difíceis. De sua mãe
aos White Saviors tomando uma posição. Bateram na porta da
frente e eu gemi, levantando-me do chão para ver quem era.
É Topper.

Coloquei uma calça de moletom antes de descer as escadas


para ver quem era. — Olha, cara, me desculpe por não ter ajudado,
— ele se desculpa.

Agora que penso nisso, é estranho que ele tenha ficado dentro
da padaria até que tudo estivesse praticamente acabado, mas ele
é jovem e provavelmente estava com medo.

Reaper olha para mim e eu pego sua mão, ficando ao seu lado.
— Como você está se sentindo, Julia? — ele me pergunta.

— Estou bem, — digo a ele.

Todos nós ficamos aqui por um momento em silêncio, é


estranho. Reaper está sendo muito reservado com ele e não tenho
cem por cento de certeza do porquê.

— Tivemos um longo dia, Topper, talvez seja melhor não nos


preocuparmos com isso esta noite, — peço a ele que acena com a
cabeça. Ele sai pela porta e fica na varanda, olhando para dentro
por um minuto antes de sair.

Reaper tranca a porta e eu me viro para ouvir o som de


pequenas unhas descendo as escadas. Prendo a respiração,
esperando para ter certeza de que ele conseguirá descer sem cair.

— Eu não confio nele, — Reaper diz, e eu me jogo no sofá,


pegando sua mão e puxando-o para o meu lado.

Eu descanso minha cabeça em seu peito, minha mão correndo


para cima e para baixo ao longo de seu corpo, não querendo que
ele fique com raiva. Ele está ferido e eu só quero que relaxe. —
Sinto muito por ele ter traído sua confiança. — De fato, ele confiava
nele; foi ele quem o designou para cuidar de mim enquanto ele não
estava lá. Ele não me respondeu sobre o assunto, e sei que isso o
está incomodando.

Sei que o Reaper não deixa as pessoas entrarem com


frequência, então sempre que ele se sente traído por alguém, isso
o atinge com força. Ele inclina minha cabeça para cima para que
eu possa olhar para ele, com o dedo sob meu queixo. — Não sei
por que diabos me sinto assim, mas me prometa que não vai ficar
sozinha com ele? — ele afirma.

Aceno instantaneamente. — Prometo. — Apesar de ser extremo,


eu confio em Reaper.

— Que tal eu preparar alguma comida para nós? Estou um


pouco cansada de visitas, — digo a ele e ele dá uma risadinha. Eu
me sento e sua mão vai até minha bunda.

Minha mente se volta para o que fizemos mais cedo em meu


escritório. Mordo meu lábio, ficando excitada com a ideia de sentí-
lo dentro de mim novamente. — Oh, que olhar é esse? — ele
pergunta, sombriamente.

Eu rio e me afasto de seu toque porque sei que uma vez que
começarmos, não vamos parar.

— Deixe-me alimentá-lo primeiro, então podemos brincar. —


Eu desarrumo seu cabelo e me afasto antes que ele possa me pegar
de volta em seu colo.
Meu telefone toca e eu atendo sem verificar a identificação. Eu
sei quem é. — Grant, o que você quer?

— Irmãozinho, três dos meus homens estão desaparecidos.


Sabe alguma coisa sobre isso? — ele pergunta.

— Eles estão mortos, eles não valiam nada. — Fecho a porta do


meu quarto na sede do clube, entrando no banheiro para que
ninguém possa me ouvir.

— Bem, não vou mandar meu melhor homem buscar uma


vadia. — Aperto minhas mãos no telefone, surpreso por não
quebrar.

— Ela não é uma vadia, — eu sibilo e jogo meu colete no chão,


enjoado e cansado dessa merda. Meu irmão me forçou a entrar
nesse clube para que eu pudesse me infiltrar.

— Oh, cara, me diga que você não está pegando um pouco


dessa boceta, está? — Ele ri e minha mandíbula cerra olhando
para a parede.

— Ela não é uma má pessoa.

Grant pragueja. — Ela é, ela está traindo toda a sua espécie e


sua linhagem! Ela é pior do que uma prostituta; ela é uma traidora.
Traga-a para mim para que possamos resolver isso, ou acabarei
com você também.

Joguei meu celular na cama. Eu odeio isso. Odeio essa vida de


merda em que nasci. Mas eles são minha família. Tenho que fazer
o que eles dizem ou minha vida acabará.
Tenho que sequestrá-la e devolvê-la à vida que lhe pertence.
Tenho de ser o único a fazer isso para garantir meu lugar na fila,
para fazer um nome para mim.

Eu preciso fazer isso.


Eu acordo com um sobressalto e sinto mãos correndo ao longo
da parte interna das minhas coxas.

Estarei pronta para ele num instante. Eu desejo seu toque a


cada momento do dia. — O que você está fazendo comigo, Reaper?
— Eu gemo com o primeiro golpe de sua língua ao longo da parte
interna das minhas coxas.

— Um homem deve tomar seu café da manhã logo cedo. — Sua


voz está rouca de sono e eu olho para baixo para vê-lo sorrindo.
Sei que ele está esperando que eu olhe para ele para que eu o veja
saborear o primeiro pedaço meu.

Ele sopra meu clitóris antes de dar uma lambida profunda e


lenta, provocando meu prazer. — Oh... — Eu suspiro e abro mais
minhas pernas, querendo mais dele.

Ele rosna e coloca a mão debaixo da minha bunda, levantando-


me mais alto para que ele possa se banquetear comigo. — Eu acho
que um dia você pode acabar me matando, — eu engasgo quando
ele desliza dois dedos dentro de mim movendo-se em um ritmo
vagaroso.

— Apenas me foda, — eu gemo, mas ele não cede à tortura com


sua língua.
— Não, — ele diz claramente.

Meus olhos rolam para a parte de trás da minha cabeça, seus


dedos se enrolam dentro de mim, me deixando louca e eu empurro
seu rosto para longe, movendo-o de costas e agarro seu pau. —
Sim, — eu resmungo e me empurro de volta para ele.

Reaper parece estar muito satisfeito consigo mesmo por ter


conseguido me enlouquecer com seu pênis.

Ele se move dentro de mim, o que o faz pressionar com mais


força e mais profundamente dentro de mim. — Acho que você estar
dentro de mim é a melhor sensação, — eu gemo, pressionando
minhas mãos em seu peito para ajudar a me levantar e descer
sobre ele.

Ele joga a cabeça para trás e eu me inclino e beijo o centro de


seu pescoço. Eu beijo lentamente até seu peito, circulando seu
mamilo perfurado com minha língua.

Seus dedos se unem em meus quadris, segurando-me com


força, puxando-me com mais força para ele. Ele me puxa para
baixo, seus braços nas minhas costas, me segurando. Ele planta
os pés na cama e me penetra.

Eu me fecho com força em torno dele, já perto desde o início.


Inspiro com força, minhas pernas tremem, nem mesmo consigo me
manter em pé.

— Eu poderia viver dentro de você, — ele geme, movendo as


mãos para a minha bunda apertando, me puxando mais fundo.

— Viva dentro de mim, — eu praticamente imploro. Ele é tão


grande que é quase doloroso, mas é a melhor dor que já senti.
— Com prazer, porra.

Eu levanto minha cabeça e o beijo. Ele bate dentro de mim,


roubando minha respiração e eu gozo forte, pulsando em torno
dele.

Tremo com força, quase puxando-o para fora de mim, mas ele
me segura com mais força e se move com mais força, mais fundo
até encontrar sua própria liberação.

— Goze, — eu gemo, apertando-o mais forte dentro de mim e o


formigamento de outro orgasmo me deixa ofegante.

— PORRA!! — Ele goza forte, me preenchendo. Eu amo a


sensação de vê-lo desmoronando sabendo que eu fiz isso com ele.

Eu o beijo e me sento, trazendo-o o mais fundo que posso. Ele


bate na minha bunda. — Bem, eu sei que essa fez um bebê.

Eu rio e me deito em seu peito, tentando recuperar o fôlego. —


Vamos faltar ao trabalho hoje. — Suspiro e me aconchego mais em
seu peito. Eu rastejaria para dentro dele se pudesse, é viciante
estar tão perto dele.

Ele beija minha testa, depois meus dois olhos. — Você é linda
de manhã. — Ele empurra meu cabelo bagunçado do meu rosto.

Deslizando para fora de mim, e eu quero chorar pela sua perda.


Hoje à noite, todos nós vamos jantar na sede do clube para que eu
possa conhecer oficialmente todo mundo sem precisar passar por
uma crise.

Todos no clube estão em lockdown com os problemas devido ao


White Saviors MC e nós, garotas, estamos ficando loucas por não
podermos sair e fazer o que quisermos.
— Tem certeza de que quer vender sua casa? — ele me pergunta
e passa a mão pelo meu braço, segurando minha mão.

Eu concordo. — Sim, eu preciso encerrar esse ciclo.

Os caras a enterraram. Não consegui comparecer ou fazer uma


cerimônia para ela. Ela está enterrada nos fundos da propriedade,
cercada por flores silvestres.

Eu realmente espero que ela tenha paz na vida após a morte,


porque com certeza não teve nesta vida. Acho que a maneira como
ela foi criada a afetou de maneiras muito negativas.

Tive que deixar de lado a amargura porque não queria carregá-


la comigo por toda a vida. Ela já foi muito afetada e é hora de
colocar isso para descansar com ela.

— Também posso alugá-la ou usá-la para alguém que tenha


sofrido abuso de um familiar para que tenha um começo. Não
preciso dessa casa; ela não foi um lar para mim. — Um sorriso
surge em meus lábios. — Você é minha casa, você é tudo que eu
preciso. — Eu o beijo, querendo que ele sinta o quanto eu
realmente me importo com ele.

Ele me abraça com força. Embora não diga nada, sei que
minhas palavras o atingiram. Charlie tem sua própria portinha de
cachorro e o quintal foi cercado para que ele possa entrar e sair
quando quiser. A porta tem um timer, de modo que só abre de
manhã, quando está claro, e desliga à noite.

Não acho justo continuar a levá-lo para o trabalho comigo todos


os dias e ele ficar sentado no escritório o dia todo comigo.
— Vamos tomar banho, — eu digo, arrastando-o para fora da
cama comigo. A água fica fria por um segundo quando é ligada, e
eu grito quando ele ri, afastando-me do jato de água para que ele
fique com o peso da água fria.

— Você vai me proteger de tudo, hein? — Balanço a cabeça


porque nunca sonhei que alguém pudesse cuidar de mim assim.

— Querida, eu protegeria você de uma maldita unha quebrada


se pudesse, — diz ele descaradamente e eu rio porque é tão
ridículo.

— Eu faria isso por você também. — Minha mente vai para o


que eu fiz para sua mãe. Não ouvimos falar dela ou de qualquer
outra pessoa associada a ela.

Espero e rezo para que ela fique longe por causa dele. Eu nunca
quero ver aquele lampejo de dor em seus olhos quando ele a viu.

Eu apenas imagino um pequeno Reaper implorando para sua


mãe amá-lo e cuidar dele, isso parte meu coração, quebra-o em
um milhão de pedaços.

Eu o amo.

Me mata por dentro que ele tenha passado por algo assim. Eu
quero matá-la, sacudí-la e perguntar por que diabos ela fez isso
com ele.

— Se tivéssemos filhos, você seria o melhor pai, — digo a ele


que não tenho dúvidas disso.

— Eu quero uma garotinha que se pareça com você, — ele diz,


sorrindo e meu coração pula só de pensar em vê-lo com uma
garotinha que se pareça conosco.
Ele segura meu rosto, sorrindo para mim e descansando sua
testa contra a minha. — Eu quero você grávida o mais rápido
possível, — ele sussurra.

— É melhor praticarmos mais, — eu sussurro de volta e ele joga


a cabeça para trás rindo.

— Eu criei um monstro, — ele diz e eu pulo, envolvendo meus


braços em volta do seu pescoço, e ele me levanta do chão, me
beijando.

— Agora? — ele diz.

— Ah, sim, agora. — Eu rio e me esfrego contra ele.

Não sei por que estou tão nervosa por estar perto de todos, mas
estou. Estas são as pessoas mais importantes em sua vida.

São a sua família e eu adoro isso, porque esta é uma verdadeira


família, uma família que todos deveriam ter.

Terror abre a porta e nós entramos. — Como você está? — Eu


pergunto a ele e dou-lhe um abraço. Reaper não tira a mão das
minhas costas, praticamente abraçando Terror também.

— Muito melhor agora, querida. — Ele pisca e Reaper grunhe e


murmura algo baixinho.

Balanço a cabeça e Reaper me leva pela sala até onde Gage e


River estão. — Oi! Senti sua falta, — digo a ela, já que não a vejo
há algum tempo. Ela tem estado ocupada no computador
destruindo o White Saviour MC.

Quando a conheci, nunca imaginei que ela fosse uma hacker


incrível, mas as coisas que Reaper me disse que ela faz me
surpreenderam.

— Estive ocupada. — Ela pisca e eu rio.

— Eu gostaria de ser talentosa assim; eu gostaria de ser


talentosa assim; eu sei fazer um bolo maravilhoso. — Coloquei
todas as guloseimas que fiz na mesa do outro lado da sala. Pedi a
uma das garotas que os entregasse mais cedo.

— Ah, eu já estou comendo e estou obcecado. — Gage sorri e


esfrega a barriga dela. Observo a mão sobre sua barriga e tento
controlar minha reação a esse pequeno gesto.

Ela pega minha mão e me leva para longe de todos. Dou uma
risadinha porque ela está olhando dramaticamente ao redor da
sala para ver se alguém está ouvindo. — Estou grávida.

Eu fico tão animada que a abraço apertado. — Estou tão feliz


por você! — Eu a balanço de um lado para o outro; eu sabia que
eles estavam tentando.

Ela está radiante e tem um brilho sobre ela. Estou surpresa por
não ter notado isso primeiro. — Se você precisar de alguma coisa,
me avise, — digo a ela e aperto sua mão.

— Sinceramente, seus donuts, eu sonhei com eles quase todas


as noites na última semana, — ela admite e seus olhos vão para
onde eu deixei uma pilha deles em uma mesa.
— Bem, você não é a primeira mulher grávida obcecada por
eles. Tive um pai tentando invadir uma vez porque sua esposa o
estava deixando louco por querer eles às duas da manhã. — Conto
a ela a história e como o peguei quando estava saindo depois de
fazer um bolo noturno para um casamento que estava atrasado.

— Isso é loucura, — diz ela.

— Quer fazer um prato e podemos conversar mais? — Eu


pergunto a ela, não querendo que ela fique de pé mais do que o
necessário.

— Claro, — ela diz rapidamente e eu dou uma risadinha. Ela


me deixa para trás e vai direto para a mesa de sobremesas.

Olho por cima do ombro e vejo que o Gage está olhando para a
River e o Reaper está olhando para mim. Eu lhe dou um pequeno
sorriso e abasteço meu próprio prato, sem me importar se estou
parecendo uma porca.

Daniella entra com Knight e River acena para ela se juntar a


nós. — Acho que precisamos de uma noite de garotas - filmes,
comida ou simplesmente dar uma escapadinha. — Não tenho uma
noite de garotas desde que estava no ensino médio.

— Oh, meu Deus! Por favor! — Daniella concorda.

— Talvez possamos fazer sob o gazebo atrás da sede do clube?


— River sugere.

Nós realmente não podemos sair agora ou ir para os clubes por


causa do White Saviours MC causando caos.
Eu olho para a barriga de River, com medo de que ela possa se
machucar e acho que não conseguiria me perdoar se alguma
dessas pessoas se machucasse.

Sei que a culpa não é totalmente minha, mas é difícil não me


culpar porque eles vieram aqui por mim, minha mãe os trouxe
aqui.

— Topper, você pode nos trazer um pouco de chá doce, por


favor? — River pergunta a Topper quem está passando com
garrafas de cerveja vazias.

Percebo seu olhar confuso sobre o motivo de não estarmos


bebendo, mas ele olha para mim por um segundo, fixando o olhar
por um momento longo demais para ser confortável. Talvez ele
esteja se sentindo culpado por ter perturbado o Reaper?

River o observa sair e eu também. — O que foi aquilo? — ela


me pergunta.

Eu dou de ombros. — Quando fomos atacados, Topper não se


esforçou para ajudar, ficou lá dentro até que tudo acabasse. Acho
que o Reaper sentiu que ele não estava dando cobertura.

River e Daniella se encolhem. — Sim, isso é uma merda, —


River concorda.

Eu sei que se River e Daniella estivessem em apuros, eu não


teria ficado esperando até que acabasse, eu teria tentado ajudar.

Mas talvez ele não tenha visto até que tudo tivesse acabado?
Ele estava indo buscar as coisas de Charlie no escritório.

Ele volta e coloca as bebidas na mesa para nós. — Aqui está,


senhoras, — diz ele e desliza as bebidas para nós.
Daniella sorri para ele. — Obrigada, Topper.

Ele se afasta e se senta à mesa ao nosso lado, pega o telefone e


digita na tela.

Estou começando a me sentir meio mal por ele, ninguém está


realmente falando com ele. Eu olho para verificar Reaper e ele está
em uma conversa profunda com Knight.

— Tudo bem, é hora de comer! — Knight anuncia e todos nos


levantamos para ir para a mesa do bufê.

— Damas primeiro, — Gage diz e nos faz pular na frente de


todos para que possamos pegar nossa comida primeiro. Eu beijo a
bochecha de Reaper ao passar por ele e sua mão vai direto para
minha bunda.

Tento não rir da quantidade absurda de comida que River


coloca em seu prato. Topper coloca o telefone na mesa em que
estávamos e corre para ajudar River com seu prato enquanto ela
prepara outro.

Cubro a boca para que ela não me veja sorrindo. Eu a ajudo


com as bebidas e todos voltamos para a mesa.

Afasto o telefone de Topper para abrir espaço para tudo e deixo


o assento ao meu lado aberto para Reaper. Todas as meninas
deixaram um assento para seus homens.

— A que horas vocês querem ter a noite das garotas amanhã


para que eu possa dizer a Knight quando irei embora? Às vezes,
ele faz rodízio no hospital quando há falta de pessoal.

Franzo os lábios e olho para River para ver se ela tem alguma
ideia. — Talvez por volta das sete?
O telefone de Topper está tocando, o zumbido vibrando na
mesa. Eu tento não olhar toda vez que ele pisca.

— Você acha que eu deveria dizer ao Topper que o telefone dele


está tocando, no caso de algo estar errado? — pergunta Daniella.

— Eu posso levar para ele. — Ela está bloqueada contra a


parede e teria que escalar River para sair.

Eu pego o telefone dele na minha mão e ele vibra novamente.


Tento lutar comigo mesma, mas olho para a tela sem pensar.

A mensagem que aparece faz com que o ar escape de meus


pulmões.

Faça com que ela saia pela parte de trás, pois temos
pessoas no portão dos fundos esperando com o código. Acene
com a luz de seu celular e nós a pegaremos.

Estou arrasada.

Eu olho para River sem acreditar, meu coração parece que vai
explodir. — Venha comigo agora, — digo a ela e literalmente
corremos para o banheiro com o telefone dele.

— O que foi? — ela pergunta e tranca a porta atrás dela para


que ninguém possa interromper.

Eu mostro a ela a mensagem que apareceu. Está bloqueado


para que você possa ver apenas as mensagens que alguém acabou
de enviar. Ela coloca seu telefone nele e faz algo que desbloqueia
para que possamos ver tudo.

Ela está aí?

Topper: Ela acabou de chegar com o Reaper.


Temos que pegá-la. Não podemos nos dar ao luxo de entrar
em uma guerra sem a vantagem, irmão.

Topper: Eu sei, ela irá sumir hoje à noite, mesmo que eu


tenha que pegá-la. Se eu não conseguir, vou pegar a cadela
do presidente.

Eu sinto que poderia desmaiar com o que acabei de ler, minha


mente piscando para todas as vezes em que as coisas aconteceram
sem lógica.

Como alguém sabia onde estávamos, informações sobre nós,


como ele não nos ajudou, mas conseguiu ficar dentro da padaria
até que tudo acabasse.

— Fomos traídos, — River suspira, com os olhos arregalados,


tão chocada quanto eu porque estive sozinha com ele tantas vezes.
Eu nunca esperei que isso acontecesse.

Nunca.

— O que nós vamos fazer? — Pergunto a ela, tentando não


entrar em pânico, porque ele está lá fora agora, e basicamente está
armando para que eu ou River sejamos sequestradas.

Isso é de partir o coração.

Isso vai matar esses homens porque eles o acolheram em sua


família. — Coloquei um rastreador clonado no celular dele, então
cada mensagem que ele receber, eu também receberei. Fique
tranquila e finja que não sabe de nada.

Aceno com a cabeça, com meu coração batendo muito rápido.


— Essa merda me irrita pra caralho, — ela sussurra e respira
fundo tentando se controlar. — Espere, precisamos falar com
Daniella caso ele tenha alguma ideia sobre ela. — Saio pela porta,
pegando o celular de volta.

Avisto Topper na mesa com ela e me apresso a disfarçar. — Ah,


aí está você! Aqui está seu telefone. River ficou enjoada e eu me
distraí. — Eu entrego para ele, com a tela voltada para baixo.

Ele pega de mim e enfia no bolso sem suspeitar de nada. —


Obrigado, — diz e atravessa a sala para a área do bar.

Olho para o Reaper, tentando não gritar para que ele venha até
mim. Nossa comida já foi esquecida há muito tempo, enquanto eu
lentamente me aproximo de Reaper, conversando com as pessoas,
mas estou morrendo de vontade de me achegar a ele, de me sentir
segura.

Ele estende a mão para mim e eu a pego, passando a outra mão


em seu peito. — Eu preciso muito falar com você, — sussurro em
seu ouvido, fazendo parecer que estou dizendo algo sedutor.

Gage está ao nosso lado e River também está fazendo cara de


paisagem. — Diga ao Knight para pegar a Daniella, — digo a Terror
baixinho para que ninguém possa ouvir. Andrey está nos dando
um olhar estranho quando nos vê meio amontoados.

Pego a mão de Reaper e o conduzo pelo corredor em direção aos


quartos. — O que está acontecendo? — ele pergunta e eu coloco
minha mão na boca para fazê-lo ficar quieto.
Encontro uma sala vazia e entro, puxando-o comigo. Estou
tremendo muito agora que estou sozinha, posso me permitir sentir
o que sinto.

— O que diabos está acontecendo? — ele me pergunta, e eu sei


que ele está começando a ficar com raiva porque algo me deixou
chateada.

Então, eu começo do começo. — Topper deixou o celular na


mesa, ele não parava de tocar e eu estava ficando preocupada que
talvez houvesse algo errado. Ele se iluminou em minha mão, eu
não queria ler, Reaper.

Ele coloca as mãos no meu rosto. — O que dizia?

— Era uma mensagem de alguém dizendo para me fazer


escapar pela parte de trás, que outros estão esperando e que
Topper deu a eles o código para entrar. River entrou no telefone e
disse que se não conseguir me pegar, ele vai levar River. — Minha
voz falha com o pensamento de River se machucar, ela está
carregando um bebê. Eu não revelo essa parte para ele, já que é o
segredo dela.

Reaper está congelado em estado de choque, então ele explode.


Ele abre a porta e sai correndo da sala, deixando-me ali em transe.

Eu saio de lá e corro atrás dele. Os olhos de Topper se


arregalam quando ele vê Reaper correndo a toda velocidade em sua
direção.

— O que está acontecendo? — ele pergunta logo antes de


Reaper o bater na parede com força, com as mãos em sua
garganta.
— Você é um maldito traidor! — ele ruge em seu rosto, a raiva
saindo dele.

River pega minha mão e Daniella pega a outra. Todos os


homens do clube passam por nós deixando-nos para trás, mal
conseguimos distinguir o corpo de Topper entre todos eles.

Gage estende a mão e tira o telefone do bolso. — Ouvi dizer que


você tem novos amigos, Topper.

River se aproxima e ajuda Gage a fazer o login em seu telefone.


Meu coração está martelando com muita força no peito. Estou
assustada, nervosa e magoada. Topper ficou sentado em meu
escritório comigo por horas e foi tão gentil.

Será que foi tudo uma encenação?

Minha mente se lembra dele chamando River de vadia. Será que


ele planejava ajudá-los a me sequestrar? Essa é a pior coisa que já
imaginei acontecer.

— Sobre o que diabos vocês estão falando? — Topper pergunta


e tenta tirar as mãos de Reaper de seu pescoço.

Reaper está respirando com tanta dificuldade que está


tremendo. Eu sei que ele está tentando se conter para realmente
não o deixar ir e machucá-lo.

Eu esfrego minhas mãos ao longo da minha boca tentando me


acalmar. Eu realmente odeio conflito. Daniella parece tão nervosa
quanto eu, ela tem uma filha para pensar. E se eles fossem atrás
dela? Isto é mau! Isso poderia ter sido tão ruim se eu realmente
não tivesse visto a mensagem.
Topper olha para mim por cima dos ombros, furioso. Daniella
aperta a mão na minha, vendo o olhar que ele está me dando.

Andrey volta a ficar ao nosso lado, para nos proteger.

— Suas mensagens mostram que você tem alguns amigos que


não conhecemos. Será que eu poderia enviar uma mensagem de
volta e ver quem se apresenta? — Gage manda uma mensagem de
texto ao telefone e passa para River.

— Quem lhe contou isso? — ele pergunta e então olha ao redor


da sala antes de se fixar em mim. — Ela está mentindo, ela adora
um dramalhão, — ele me acusa.

Minha boca se abre em choque por ele ter acabado de dizer isso.
Que porra é essa?

Ele não tem chance de dizer mais nada quando Reaper dá um


soco forte em seu rosto. Ele cai para trás, batendo a cabeça na
parede, nocauteado.

Eles não estão pensando que sou dramática, não é?

— Você provavelmente salvou River e a si mesma esta noite.


Inferno, eles poderiam ter ido atrás de Daniella também. — Os
olhos de Knight brilham com a menção de sua old lady.

— Não é sua culpa, — Daniella me diz suavemente, seus olhos


mostrando sua preocupação por mim.

— Senhoras, vocês querem ir para a sala de cinema até


terminarmos essa merda? — Gage pergunta.

River o olha de soslaio por ter sido deixada de lado. — Eu vou,


desde que eu tenha meu laptop e eu possa assistir você. — Ela lhe
dá um ultimato.
Ele revira os olhos e cede. Daniella não solta minha mão
quando Knight se aproxima para lhe dar um beijo.

Todos os homens estão furiosos, posso ver isso em todos eles.


Reaper está olhando para Topper. — Eu já volto, — digo a Daniella,
precisando estar com Reaper por um instante.

Eu ando na frente dele, quebrando sua visão de Topper. —


Baby, — eu digo suavemente, correndo minhas mãos ao longo de
suas bochechas. Ele suspira e me puxa para ele, segurando-me
em seu peito. Eu o abraço forte e esfrego suas costas.

Reaper havia tomado Topper sob sua proteção, então sei que
Reaper está magoado com isso. Estou enojada com isso, com o fato
de ele ter planejado me levar ou até mesmo levar a River.

Ele beija minha testa e eu fecho os olhos, me sentindo segura


em seus braços, mesmo quando o mundo lá fora está indo para o
inferno. Neste momento, somos apenas eu e ele.

Topper geme atrás de mim, e Reaper me vira para que eu fique


atrás dele. — Prospectos, levem-no para o porão, — Gage grita e
os outros vão buscá-lo. Os prospectos parecem inconsoláveis por
terem que fazer isso.

Os olhos de Topper se abrem e ele olha ao redor da sala


confuso. Ele se levanta e puxa os braços com força, tentando fazer
com que os prospectos o soltem. — Não façam isso por causa de
uma mulher, — ele grita para os rapazes.

Reaper me vira para que eu fique fora da vista de Topper


enquanto ele continua a gritar e gritar histericamente o tempo todo
descendo as escadas até que a porta é fechada.
Lágrimas enchem meus olhos; isso não é o que eu imaginei que
aconteceria esta noite. Estou enjoada. Daniella caminha até mim
e River. — Vamos. Vamos começar uma noite de garotas, hein?
Daniella sugere, e deixo que me levem para fora da sala. Eu sei
que Reaper está olhando para mim o tempo todo.

Fico arrasado ao ver a dor em seus olhos e estou muito irritado


por tê-lo deixado ficar sozinho com ela.

Se ele a tivesse machucado...

Não deixo minha mente ir para lá porque vou marchar até lá e


matá-lo. — Vamos pegar esses filhos da puta. — Eu estalo meus
dedos.

Antes era pessoal, mas agora eles trouxeram as outras


mulheres para isso, e esse é um limite que você não cruza.

— Andrey, vá se esconder do lado de fora e espere aqueles filhos


da puta entrarem pelo portão, — disse Gage a Andrey. Ele sai e os
outros olham para mim como se estivessem esperando que eu
explodisse, e eles estariam certos.

Estou prestes a rasgá-lo em pedaços lentamente. Uma coisa é


um idiota que eu não conheço se meter com ela, mas alguém em
quem eu confiava?

Essa merda me queima até a porra da minha alma.


— Nós confiamos nele como um irmão, ele estava prestes a
receber um patch. — Eu aponto meu dedo para a porta em direção
ao porão. — Isso muda tudo, temos que ter mais cuidado com
quem trazemos.

Knight concorda com a cabeça. — Nós temos nossas senhoras


agora para pensar, não podemos arriscar a porra de suas vidas.
Essa merda é a porra de um alerta.

— Foda-se, sim. Nunca imaginei que Topper fosse assim.

— Espera, quero ver se ele está com ela, — diz Terror pela
primeira vez, e desce as escadas correndo. Nós o seguimos,
deixando Andrey para lidar com os filhos da puta que podem estar
aparecendo lá fora.

Terror acende as luzes ofuscantes, com os prospectos


conseguindo amarrar Topper. Terror saca sua faca e rasga seu
colete fora dele. — Você não precisa mais disso, você não merece
isso, — eu digo a ele e pego de Terror. Eu agarro o patch,
arrancando seu nome, jogando-o no chão.

Ele corta a camisa do corpo, vira-o e bem no meio das costas


está o símbolo do White Saviours MC.

— Porra! — Gage xinga, então eu sorrio. — Parece que temos


nosso trunfo, rapazes! — Eu digo alto. O rosto de Topper está
branco porque estamos quebrando a porra do código.

— Ah, sim, acho que você é alguém muito importante para eles.
— Terror bate com a faca na tatuagem em suas costas.

Uma ideia me ocorre. — Parece que precisamos enviar uma


parte dele de volta para sua verdadeira família. — Eu curvo meus
lábios em desgosto com o símbolo em suas costas, com o que isso
significa, o que eles fizeram com tantas pessoas. — Como você
pode fazer parte disso? Está com a cabeça tão fodida assim? — Eu
rosno na cara dele.

Ele está com raiva, seus olhos olhando para mim. — Porque
não somos pagãos sujos como você. — Ele cospe em mim, viro a
cabeça para o lado e enxugo o rosto.

— Eu acho que você entendeu ao contrário, filho da puta. —


Eu o soco com força. Sua cabeça voa para trás, sangue escorrendo
pelo queixo.

Um dia, em breve, verei a luz se esvaindo de seus olhos e


daquele filho da puta do Grant também. Gage pega o telefone. —
Andrey disse que eles estão chegando.

Topper começa a lutar mais forte e eu aperto seu rosto com


força. — Oh, eu já volto, e você sabe das coisas de que somos
capazes. Pense nisso. — Eu bato em seu rosto com força.

— Você não vai me fazer gritar. Não vou lhe contar nada. Tive
que sentar e fingir que gostava de todos vocês por meses. Eles
sabem tudo sobre vocês. — Ele se vangloria como se estivesse
ganhando algum tipo de prêmio.

— Ele disse que não vai gritar irmãos, acho que temos que
provar que ele está errado. — Eu rio alto porque essa foi a coisa
errada que ele disse para nós. Nós gostamos muito dessa merda,
de ver as pessoas que fizeram coisas erradas conosco se
quebrarem. É uma emoção que você nunca esquecerá.
Todos nós rimos, subindo as escadas, da audácia desse maldito
de entrar em nossa casa e nos trair. Corremos pela frente do prédio
e pelas laterais para podermos nos aproximar deles. Podemos ver
uma pequena luz e ouvir um pequeno sussurro. — Onde diabos
está Gabriel?

Todos nós olhamos para o novo nome que temos para ele.
Alguma coisa que esse filho da puta disse é verdade?

Ele apareceu um dia, recém-saído do exército, e disse que


queria se associar. Ele se esforçou muito para fazer parte do clube.

A culpa é nossa por não termos verificado seu histórico, esse é


um erro que nunca mais cometeremos.

— Vamos sair daqui, — um dos homens sibila e eles começam


a correr, mas todos nós os atacamos ao mesmo tempo, parando-
os antes que eles percorram um metro.

Bato na nuca do cara que peguei e ele cai no chão. Grunhi ao


ver o logotipo do clube em seu braço. Se tínhamos alguma dúvida,
ela desapareceu.

Nós os pegamos e os arrastamos para dentro, direto para o


porão, para que possamos pendurá-los ao lado de seu melhor
amigo.

— Bem, Gabriel, olha quem temos aqui! — Chuto um dos caras


que ainda está nocauteado, tentando acordá-lo.

Ele se encolhe quando o chamo de Gabriel.

A porta atrás de nós se abre e Royal entra. — Voltou das férias?


— Gage pergunta e o abraça.
— Sim, parece que perdi muita merda quando estava fora. —
Ele encara Topper. — River me contou o que aconteceu.

— Ela estava na sala de cinema? — Gage pergunta a ele.

Royal dá uma risadinha. — Não, estou supondo que é onde ela


deveria estar. Mas ela pegou Penelope e a levou para lá com elas.

Gage revira os olhos. River não é uma pessoa que ouve o que
lhe é dito.

Uma ideia me ocorre. — Tive a ideia perfeita de enviar uma


maldita mensagem para esses filhos da puta. — Eu me aproximo
e pego uma faca curva que uso para certas ocasiões como esta.

Viro Topper, expondo suas costas. A tatuagem em suas costas


me dá nojo e ele tem a nossa no antebraço, sua tatuagem de
prospecto.

— Primeiro, acho que devemos queimar isso. — Passo minha


lâmina ao redor da tatuagem e ele tenta se afastar de mim, mas é
inútil, pois ele está amarrado.

— Posso aceitar essa porra de ideia. — Royal caminha até a


parede, pega um maçarico e o liga. O assobio do fogo faz alguns
dos outros filhos da puta acordarem.

— Qual de vocês, seus filhos da puta, quer sair daqui? Mas isso
tem um preço, — Gage pergunta a eles.

Todos gritam ao mesmo tempo dizendo que querem ser


escolhidos. — Mas primeiro, precisam nos dizer o que planejaram
para nossas mulheres aqui.

Toda a cor sangra de seus rostos.


Topper consegue se virar para olhar para nós. — Deixe-os em
paz, seu problema é comigo.

Nós rimos. — Acha que no momento em que esses homens


chegassem à nossa propriedade, nós os deixaríamos viver? Eles
estavam aqui para roubar uma das nossas! — diz Gage.

Topper grunhe e eu me viro para ver Andrey curvado, o


maçarico sobre a tatuagem em seu antebraço derretendo-a, o
sangue escorrendo de sua mão para o chão manchado.

Seu rosto está vermelho, e sei que ele está lutando para não
gritar. — Então, me diga, você a queria para você? Eu vi o modo
como você olhava para ela. — Eu aperto seu rosto, olhando em
seus olhos. Quero ver a luz se esvair deles. Eu quero ceifar, porra.

O maçarico é desligado e, quando olho para baixo, vejo que seu


braço está uma bagunça preta e mutilada. — Ah, é melhor tomar
cuidado, você não é mais branco puro. — Eu bato na lateral de seu
braço. Ele grunhe, mas ainda não faz nenhum som.

Ele durou muito mais do que noventa por cento desses filhos
da puta que trazemos aqui, fiquei impressionado.

— Que comece a diversão. — A adrenalina flui por mim.


Estremeço só de pensar em seu grito, aquele que ele disse que
nunca daria, mas ele irá dar, nem que seja a última coisa que eu
faça, eu o farei gritar.

Eu o viro, expondo suas costas. — Vamos ver se você consegue


manter sua palavra.

Coloquei a ponta da minha faca em sua pele, fazendo uma linha


longa, lenta e profunda ao longo da parte superior da tatuagem.
Ele está se sacudindo e se contorcendo. — Você sabe que fazer isso
só vai impedir que eu o corte ainda mais fundo, — aponto para ele.

Ele para de se mexer, sua respiração está pesada e eu sorrio


para o resto dos caras que estão ocupados aterrorizando os outros.

Agarro a parte superior de sua pele entre os dedos, passando a


faca para cima e para baixo em suas costas, afastando a pele à
medida que avanço.

Seus braços estão tremendo.

Puxo a pele com mais força e dou uma olhada por cima de seu
ombro, depois dou um puxão forte e ele grita. Isso alimenta minha
alma. Arranco o resto da pele enquanto enfio minha faca, rasgando
o pedaço de carne.

Vou até a frente dele e lhe mostro a pele com a tatuagem nas
costas. — Agora, você não se sente muito melhor? — Eu sorrio,
seus olhos estão caídos, o choque de um pedaço grande de suas
costas caindo em seu rosto. Passo na frente dos três perdedores e
olho para eles para ver qual deles vai ganhar o prêmio. Encontro o
mais lamentável e amedrontado. — Você. — Eu aponto.

— Knight, acho que isso é algo em que você seria melhor. —


Entrego o pedaço de pele para Andrey, corto sua camisa e vejo a
porra do logotipo deles.

— Merda, vamos tirar isso primeiro. — Pego minha faca e, com


um corte sólido, corto-a do peito, bem em cima do coração. Ele
grita e implora para que tenhamos misericórdia dele.
Jogo o pedaço de carne e ele atinge o rosto de um dos outros
homens. Os olhares horrorizados em seus rostos me deixam
pronto para rolar no chão.

Knight está rindo e segura uma pistola de grampos. — Eles não


valem os pontos.

Pego a pele de Andrey e a coloco contra a carne do cara que


acabei de cortar, e a seguro. — Este é seu primeiro transplante de
pele? — Eu brinco com Knight e ele ri.

Somos completamente loucos, mas todos nesse clube são


pessoas loucas. É assim que a justiça deve ser, as pessoas
precisam ser punidas por seus crimes. As prisões são tão
estúpidas, como se sentar em uma cama e receber comida? Isso é
um luxo.

Ele grita a cada grampo que perfura sua pele enquanto todos
nós nos sentamos e observamos. — Ele já parece muito melhor, —
Terror diz e se aproxima de mim, inclinando a cabeça para o lado,
admirando seu trabalho.

— Topper vai sangrar até a morte, é melhor você correr para o


seu líder. — Soltei o cara que estava usando a pele de Topper.

Ele tropeça e se levanta, caindo de joelhos, onde vomita. Que


nojo, esses homens são tão maricas. Quando eu era criança e
ganhei essa cicatriz no rosto, não fiz nenhum alarde, colei com
supercola e fui para a cama.

— Apenas me matem, — Topper nos implora, e eu passo na


frente dele.
— Você não pode ter essa maldita sorte, você sabia quem nós
éramos, o que faríamos com alguém que nos traísse. Tudo isso é
culpa sua. Pare de choramingar.

Sua cabeça cai, e eu viro de costas para ele. — Acho que


devemos deixá-lo ficar aqui embaixo com Darrell. — Eu me
aproximo e abro a porta, dando a Darrell o primeiro pouco de luz
em dias.

Ele se arrasta lentamente para a luz como se fosse um filme de


terror. Sua aparência, seus olhos fundos por não ter comido bem,
sua pele mais pálida do que o normal, ele parece horrível.

Os homens gritam como um bando de garotas bundudas,


vendo Darrell rastejar. — É melhor se acostumar com isso, você
será o próximo, — diz Terror, aterrorizando-os.

Darrell chega direto à porta antes que a corrente o pare. — O


que aconteceu com ele? — um dos homens pergunta.

— Ele tocou na minha old lady, não é, Darrell? — Eu bato no


topo de sua cabeça como se ele fosse um cachorro. Ele cai no chão,
meu pequeno toque demais para seu corpo fraco.

— Nós não a teríamos machucado, — o mesmo homem diz e


seu lábio treme. — Eu nasci nesta vida; eu não tinha escolha.

— Todo mundo tem uma escolha. Você escolheu vir aqui e


sequestrar uma mulher que está apenas tentando viver sua vida.
Está me dizendo que não sabia o que eles planejaram para ela? Eu
sei tudo sobre seus malditos costumes sobre como tornar uma
mulher pura.
Juro que é como se o chão tivesse sumido debaixo deles. —
Diga-me, qual é o costume? — Gage pergunta. Eles planejaram
tomar River também.

Cruzo os braços sobre o peito. — O costume é que cada pessoa


em seu clube tenha que transar com elas para torná-las puras
novamente. Acho que é uma porra de costume para um homem ter
uma desculpa para ferir alguém.

Vejo a mudança em Gage, em todos os caras, a raiva que todos


sentimos. — Com quantas mulheres você já fez isso? — Eu
pergunto, quase com medo de saber.

— Não diga a eles. — Topper decide voltar à vida dos vivos.

Eu arqueio uma sobrancelha. — E então? — Eu pergunto.

— Cinco.

Eu poderia vomitar. Eu olho para os caras horrorizados com


essa merda. — Quantas garotas estão presas no seu clube
atualmente? — Eu pergunto a seguir.

— Duas, mas uma é a filha de Grant, e ela está trancada no


porão por desobediência, — diz ele tão claramente, como se fosse
normal ter alguém trancado no porão.

— O que ela fez? — Royal pergunta.

— Nós a encontramos apenas ontem, ela deveria se casar com


o Topper, — ele para e olha para Topper. Sim, ele não está se
casando com merda nenhuma.

— Você a machucou? — Eu pergunto, querendo saber. Quero


tirar todas aquelas mulheres de lá. Preciso tirá-las de lá, ninguém
merece essa vida.
— Não, ela é do Topper.

Eu olho para Gage. — Diga-me o endereço do clube, — exige e


eles nem hesitam em passar o endereço.

Nós os deixamos lá embaixo sozinhos, trancando a porta atrás


de nós. River está sentada na sala de vigilância e eu rio. Ela levanta
a mão. — Olha, eu tenho um mapa aqui para vocês, para que
possam ir ao clube. — Ela entrega a Gage um pedaço de papel e
sorri, ele suspira e a beija.

Alguém espia por trás de River, mostrando um globo ocular


antes de sair de trás da cadeira. — Por que você está se
escondendo? — Eu pergunto a ela, divertida. Eu a puxo para o
meu lado, ela sorri e beija minha bochecha.

— Vocês vão tirar as garotas do clube. Não consigo suportar a


ideia de alguém ficar preso naquele lugar.

River parece assombrada. — Eu invadi as câmeras deles.


Nenhuma delas está lá neste momento, — ela nos diz.

— Vou ficar com River e a pequena Penelope, — ela diz e olha


para Royal. — Ela é uma garotinha preciosa.

Ele olha para mim como se eu tivesse sua aprovação.

River vira a câmera. — Grant tem uma filha, mas não é ela que
está desaparecida, é sua irmã mais velha que está na faculdade.
— Ela esfrega o rosto. — Aposto mil dólares que eles pegaram a
garota errada. Ela foi dada como desaparecida há alguns dias.

Que droga.

Beijo Julia uma última vez. Eu e meus irmãos nos olhamos.


Vamos dar uma volta.

Todas nós os observamos saindo pela porta da frente. Meu


estômago está em frangalhos. O Reaper me lança um olhar longo
e caloroso, cheio de promessas do que ele planejou para mim mais
tarde.

— Aquele homem está encrencado, — brinca River e eu rio,


fechando a porta.

— Querida, ele não é o único. — Eu pisco para ela, e ela se


junta a mim na risada.

Ela aperta alguns botões na parede, e posso ouvir um zumbido


nas paredes do clube. Os caras expulsaram todos os prospectos,
então somos só nós aqui. A confiança que eles tinham neles se foi
e não vou mentir, me sinto melhor por eles não estarem aqui
depois de tudo.

— Que som é esse? — Eu pergunto a ela e me sento no sofá em


frente à enorme TV.

River sorri. — É um sistema de segurança; ninguém entra a


menos que tenha o cartão-chave, — ela me responde.

— Vocês já se acostumaram com isso? — Pergunto às duas


quando elas se sentam ao meu lado.

— A Penny está cochilando na sala de jogos, — conta Daniella.


Ambas balançam a cabeça. — Eu com certeza, não, mas esses
homens são bons, eles vão ficar bem, é a espera que é ruim, — diz
Daniella.

Eles são os melhores. Ao saber que alguém está aprisionado,


eles vão imediatamente resgatá-lo.

— O portão também está trancado e eu mudei o código de


bloqueio desde que aquele filho da puta o revelou. — River revira
os olhos em irritação, mas posso ver a dor em seu rosto.

— Ainda não consigo acreditar que ele brincou com a gente


assim, — digo a elas e esfrego o rosto, já superando tudo isso. Eu
só queria nunca ter conhecido Topper, ele me fez gostar dele e
depois jogou tudo na nossa cara.

Eu me sinto uma idiota.

Alguém que consegue fingir tão bem tem sérios problemas


psicológicos. Tenho certeza de que a maneira como ele foi criado
teve uma grande influência nisso. Pessoas com tanto ódio no
coração pelo simples fato de a cor da pele de alguém ser diferente
me deixa pasma.

Eu pego suas mãos. — Vamos rezar para que tudo acabe bem.

Mal sabíamos nós que nem todos os prospectos saíram quando


deveriam ter saído.
O clube deles é uma merda, foi meu primeiro pensamento
quando chegamos. Chegamos devagar e silenciosamente? Não.

Também deixamos o maldito cara em que grampeamos a pele


de Topper na beira da estrada. Espero que eles o encontrem.

Estamos indo com armas em punho, nada de se esconder.


Esses filhos da puta são maricas e não têm um único membro
perigoso no corpo. Isso vai ser fácil demais.

Eles são bastardos nojentos e eu quero matar todos eles. Eles


querem minha mulher? Terão de passar por mim para chegar até
ela.

Estou cansado de vê-los tentando pegá-la, de pessoas tentando


machucá-la e destruir sua vida. Estou tão cansado disso.

Gage lidera o ataque à sede do clube, ou seja, lá como você


queira chamá-lo. É como um armazém enorme com apenas alguns
móveis.

Alguns dos homens se viram e olham para nós em choque, com


os rostos vermelhos como se esperassem que fôssemos Grant.

Surpresa, filhos da puta.


Levantei minha arma e, sem hesitar nem um segundo, puxei o
gatilho e meus irmãos se juntaram a nós até que não houvesse
mais ninguém de pé.

Eles nem sequer tiveram a chance de erguer a arma. Eles


gritam, levantando as mãos para nos deter, mas nós acabamos
com eles e nenhuma pessoa neste mundo sentirá falta deles.

Nós todos nos separamos. Eu encontro a porta do porão e


Andrey desce comigo enquanto os outros procuram nos quartos.

Há um conjunto de três portas e o cheiro que me atinge é de


merda e morte. Abro a primeira e vejo alguém morto, deitado e se
decompondo. O que é uma merda é que é uma pessoa de cor.

— Andrey, essa merda é fodida. — Essa é a pior coisa que eu


já vi. Eu ando e encontro um cobertor e os cubro. Estendo a mão
e pego a carteira deles, encontrando a identidade, é um homem de
quarenta anos. Esse é o familiar de alguém, e ele está aqui
apodrecendo. Ele poderia ter cometido crimes horríveis, mas como
esses homens são pessoas horríveis, imagino que não tenha sido
nada disso.

— Cadelas do caralho, — ele grunhe e nós embolsamos a


identidade. Passamos para a próxima porta e está vazia. Então,
pela última porta, posso ouvir algo batendo na parede.

Andrey a abre com um chute e uma mulher é amarrada contra


a parede. River nos disse seu nome antes de chegarmos. — Nicole?
— Eu pergunto.

— Que porra você quer? — ela diz calmamente, e me choca que


ela esteja tão calma por estar neste lugar fodido.
Andrey se abaixa na frente dela. — Estamos aqui para levá-la
daqui, não vamos machucá-la, — ele diz a ela suavemente, mais
suave do que eu já ouvi daquele filho da puta.

Eu fico para trás, não querendo ficar acima dela e assustá-la.


— Como eu sei que você não vai me machucar? — ela pergunta,
inquieta.

— Porque acabamos de matar todos os filhos da puta que


estavam aqui e descobrimos que você foi forçada a vir para cá.

Ela acena com a cabeça. — Por favor, me tire daqui, — ela


implora e ele se inclina para levantá-la no estilo de noiva. Eu o
ajudo abrindo as portas para ele. Os caras estavam prestes a
descer as escadas até nos verem.

— É ela? — Gage pergunta e ela parece assustada por estar


cercada por tantos homens.

— Como você me achou? — ela pergunta e olha ao redor da sala


até ver um homem no chão. — Deixe-me descer. — Andrey a deixa
descer e ela pega uma garrafa de vidro, acertando-o com força no
rosto. — Estúpido filho da puta! — ela grita e bate o pé direto nas
bolas dele.

Andrey dá uma risadinha. É hilário porque essa garota não


deve ter nem um metro e meio de altura, de tão pequena que é. Ele
se aproxima e a puxa para longe. — Precisamos sair daqui, — diz
ele e ela acena com a cabeça.

Ela olha ao redor da sala, parando um segundo a mais nos


homens que estão mortos. Todos nós corremos para as motos,
Andrey está carregando-a de novo, colocando-a na garupa de sua
moto.

Terror caminha até mim e sorri. — Acho que mais um acabou


de ser abatido.

Todos nós montamos nossas motos, meio que desapontados


por não haver mais desses filhos da puta.

River olha para cima de seu telefone. — Eles a pegaram, ela


estava no porão.

Eu suspiro. — Ela estava gravemente ferida? — Eu pergunto,


torcendo minhas mãos odiando a ideia de outra garota ser
machucada por aqueles homens.

River encolhe os ombros. — Ainda não sei bem. Ela pode falar
e andar porque eu a ouvi falando ao fundo.

Daniella se levanta do sofá. — Vou dar uma olhada em Penny.


— Ela desliza ao virar o corredor.

River se recosta no sofá. — Estou feliz que eles estão voltando,


isso me estressa. — Ela esfrega a barriga e eu sorrio com o gesto
fofo.

— Você vai ser uma ótima mãe, — digo a ela, animada com a
ideia de um bebezinho se juntar à família. — Eu sou a primeira a
ter direito a ser babá.

Ela ri. — Eu vou aceitar isso de você.


Há um som de batida no final da sede do clube. Eu olho para a
escuridão, as luzes estão apagadas. River também está olhando
para trás. — Daniella, foi você? — Pergunto a ela e vou até a sala
em que ela desapareceu.

Ela está sentada no chão, segurando uma Penny adormecida.


— Ela acordou por um momento, — ela sussurra. — O que há de
errado?

Eu me aproximo da porta e giro a trava da maçaneta. — Não


abra a menos que a gente diga para você abrir. — Eu olho para
Penny. — Fique quieta, — eu digo a ela baixinho, não querendo
acordar Penny.

Seus olhos se arregalam em pânico. Eu pressiono meu dedo em


meus lábios querendo que ela entenda. Fechei a porta suavemente
atrás de mim.

River está parada no mesmo lugar olhando para a escuridão.


— Existe uma maneira de acender todas as luzes? — Eu sussurro
para ela.

Ela acena com a cabeça e aponta para a parede onde há uma


tela. Ela corre comigo e eu aperto os botões para acender todas as
luzes para que possamos ver os fundos do clube.

River coloca um código em um cofre contra a parede e puxa


uma pistola, enfiando-a na parte de trás da calça.

Ela me entrega uma, mas não uso há anos. Ela vê minha


expressão inquieta. — Apenas aponte e dispare se precisar.

Concordo com a cabeça e pego, colocando-o na parte de trás da


minha calça também.
Prendo a respiração para ver se consigo ouvir alguma coisa,
então ouço um estrondo alto, mais alto do que antes e um rangido.

Oh, merda.

Está vindo da porta dos fundos perto da entrada do porão. Isto


não é bom. River pega o telefone e a vejo apertar um grande botão
vermelho que diz SOS.

Eu fecho meus olhos e tento me acalmar porque isso é muito


importante e agora minha principal preocupação é aquela
garotinha naquele quarto.

— Penny, — eu sussurro para River. Ela fecha os olhos e


quando os abre, vejo a mesma coisa nos meus.

Raiva.

— Vamos acabar com essa merda, — digo a ela e levanto o


punho para que ela o bata. Não sou uma lutadora, mas defenderei
alguém com quem me importo até a morte.

Ouço um som de passos, depois outro, depois outra batida na


porta. — Por que o código não foi alterado? — Eu pergunto a ela,
imaginando como eles estão entrando pela porta dos fundos.

Suas sobrancelhas franzem e eu fico de pé, esperando


impacientemente. Então seus olhos se arregalam, seu rosto
mostrando seu horror. — A única maneira de isso acontecer é se
alguém tiver o cartão-chave, é uma fechadura especial, não
importa quantas vezes ele mude.

Oh, porra.
— Tem que ser um prospecto, — ela sussurra e eu engulo em
seco. Não fomos traídos apenas por uma pessoa. — Porra! — eu
sibilo.

Isso não é bom, de jeito nenhum. Nós nos aproximamos. —


Precisamos detê-los antes que eles entrem aqui por causa de
Penny, — eu digo a ela suavemente, segurando seu braço. —
Vamos tentar afastá-los.

Saímos correndo, nossos passos silenciosos no chão de


madeira. Eu me inclino contra a parede com River do outro lado.
Eu lentamente espio minha cabeça ao virar da esquina e quase
caio no chão em choque com quem vejo lá.

Grant e Topper, que, pelo jeito, está quase morto. — Isso não é
bom, — eu digo repetidamente na minha cabeça. E murmuro para
River: — O que vamos fazer?

Seus olhos se arregalam e então eu sinto algo na lateral da


minha cabeça, é duro e metálico. Oh, droga. Eu viro minha cabeça
e vejo um Darrell muito, muito ferido. Ele sorri para mim de forma
doentia. — Olá, baby.

Engulo em seco, enjoada e a única coisa em que consigo pensar


é em Reaper.

Ele nunca se perdoará se algo acontecer comigo, com qualquer


uma de nós e, acima de tudo, morrerei se algo acontecer com
Penny.

Ele pressiona a arma com mais força em meu crânio e eu


prendo a respiração, endurecendo minha coluna, me preparando
mentalmente para tudo.
Mas eu sei de uma coisa, não vou cair sem lutar. Um dos
prospectos, que conheço como Jaret, está parado na porta. Eu sei,
sem dúvida, que foi ele quem nos traiu.

Eu prefiro morrer a ficar aqui e ser abusada por eles, não vou
mais ficar parada e deixar que alguém me machuque.

Nunca mais.

Sem pensar duas vezes, me aproximo por trás e tiro a arma da


parte de trás da calça. Giro e a levanto, pressionando-a sob seu
queixo, a arma escorregando da minha cabeça devido à sua
fraqueza.

Sorrio e digo uma única palavra: — BOOM.

Sangue espirra em meu rosto. Eu não vacilo, eu não dou a


mínima. Seu corpo atinge o chão com um pequeno baque, devido
à sua condição de emancipado.

Depois, o caos.

Mal chegamos à sede do clube quando todos os nossos telefones


tocam com um alerta VERMELHO de River. Todos olhamos para
nossos telefones e depois uns para os outros.

PORRA.

Passamos pelo portão, correndo para a frente para podermos


estacionar. Os prospectos estão sentados na frente da sede do
clube, completamente alheios a tudo o que está acontecendo lá
dentro.

Corremos para a porta da frente, com meu rosto e meu corpo


entorpecidos pelo medo do que está acontecendo ali dentro. Se
alguém a machucar, sofrerá a pior dor e morte imagináveis.

Gage passa o cartão-chave na porta e ela se abre no momento


em que um tiro ecoa pelo ar, roubando o ar de meus pulmões.

Posso sentir meu coração bater até os ouvidos, assustado como


a porra da minha cabeça quando viro o corredor. Procuro por ela
e pelas meninas na sala e a encontro nos fundos da sede do clube.

E é uma visão que jamais esquecerei.

Minha mulher, minha Julia, está de pé, com sangue cobrindo


toda a frente de seu corpo, com Darrell no chão, morto, diante dela.

Atrás dela estão Grant e Topper, de pé.

Grant levanta sua arma e começa a apontá-la para Julia


quando olha para alguém ao meu lado, Nicole. — Parece que o pai
da minha irmã ainda é um perdedor.

Ela continua: — Ele nem mesmo sabe como é a filha dele.

Vejo a raiva em seu rosto por ter sido chamado de burro e passo
a arma de Julia para Nicole. Eu ouço sua respiração profunda e
Andrey dá um passo na frente dela. Todos nós caminhamos
lentamente pela sala até as meninas, tentando não fazer nenhum
movimento brusco para o caso de ele tentar machucar uma delas.

Assim que a alcanço, Julia tenta ir até mim, mas Grant aponta
sua arma para ela. — Pare de andar porra ou eu vou matá-la agora
mesmo! — ele grita, quase derrubando Topper no chão, que está
cinza e muito pálido. Não tenho certeza se ele está respirando. Ele
está completamente caído, todo o seu peso sendo sustentado por
Grant e pela parede.

Verifico River, que está completamente imóvel atrás de uma


cadeira. Eu posso ver o pânico em seus olhos sem saber o que
fazer, sua mão atrás dela e eu sei que está em sua arma.

Julia está calma, relaxada até, enquanto encara Grant. Se eu


não estivesse tão fodidamente chateado e com medo de que algo
acontecesse com ela, eu estaria orgulhoso.

Ela está tão perto que quero estender a mão e puxá-la para
mim. Não vejo Daniella e Penny. Espero por Deus que elas estejam
escondidas em algum lugar, e aquela garotinha não esteja vendo
essa merda.

— Grant, isso acabou, você não vai sair daqui, — Gage diz a ele
e se aproxima dele, distraindo-o de Julia. Grant entra em pânico e
tira a arma de Julia.

Eu tenho uma de fração de segundo. Estendo a mão e pego a


mão dela, puxando-a para mim. Eu posso sentir seu corpo inteiro
suspirar no segundo em que ela está em meus braços.

Eu sinto que posso respirar pela primeira vez desde que entrei.
Eu a puxo até que ela esteja atrás de mim, fora da linha de fogo,
eu a seguro nas minhas costas.

O medo de algo acontecer com ela me deixa e agora é pura


raiva, meus olhos em Grant.
Eu olho para a garota ao meu lado, e estou assumindo que esta
é a garota que os caras foram resgatar. Eu sorrio para ela quando
ela me pega olhando. Ela está atrás de Andrey, praticamente
escondida.

Eu posso ver como ela está apavorada, seus lábios estão


tremendo. Eu sei que a provação pela qual ela passou foi muito.

Sem pensar, estendo a mão e pego a mão dela, apertando.


Tenho certeza de que ainda é tão assustador porque ela também
não nos conhece.

Grant derruba Topper, ele cai no chão, rola de barriga para


baixo, expondo suas costas ou o que sobrou delas. Eu tento não
vomitar com o quão nojento parece.

Reaper estende a mão para trás e segura minha mão como se


estivesse se preparando para me puxar em qualquer direção para
me manter fora da linha de fogo.

A porta dos fundos se abre e meu coração sai do meu peito ao


ver mais homens entrando, todos usando o colete do White
Saviours MC.

Isto não é bom.

Reaper ri histericamente, como se estivesse se divertindo


muito. Eu sou levantada do chão, River é levantada por Gage,
Nicole por Andrey e somos carregadas para fora da sala por uma
porta lateral fora da linha de fogo.

— Onde diabos está Daniella? — Knight pergunta.


— Nós as escondemos na sala de jogos, — digo a ele e meu
coração dói porque está lá fora.

— Porra! — Royal diz e ele agarra o corte de Knight. —


Precisamos chegar às meninas - os túneis? — ele sugere e eles
saem correndo por outra porta.

Ouve-se um estrondo na porta, então um tiro ecoa pelas


paredes. É abafado da porta. — Jaret, deixe-os entrar, — digo a
eles.

Andrey dá um soco forte na parede, deixando um buraco.


Nicole se aproxima de mim e sei que ela está com medo. Eu seguro
seu braço, querendo que ela não fique com medo, embora eu esteja
apavorada agora.

Eles estão batendo e batendo na porta tentando entrar. Gage


está segurando o rosto de River sussurrando para ela, então até
seu estômago, como se estivesse checando o bebê.

— O que nós vamos fazer? — Eu pergunto, minhas mãos estão


tremendo tanto de nervoso.

Reaper se vira para mim, segurando minhas mãos trêmulas e


beija minha testa, me puxando para mais perto dele. Eu inspiro e
expiro profundamente, tentando acalmar meus nervos.

— A sala segura, — diz Terror.

Ele corre por uma sala onde Knight e Royal passaram, é um


pequeno espaço para rastejar. — Vou levar as meninas, conheço o
caminho. Voltarei para matar alguns filhos da puta. — Ele rasteja
para dentro e River entra em seguida, então Nicole, que estremece
com a ajuda de Andrey, é quando vejo os hematomas em seus
lados quando sua camisa está levantada.

Eu olho para Andrey para ver se ele percebeu e seus olhos estão
no mesmo lugar que eu estava olhando. Isso me irrita pra caralho.

Eu me viro para olhar para Reaper. — Faça doer, — eu digo a


eles, vê-la machucada assim me leva ao limite.

Reaper sorri. — Eu cuido disso, baby. — Ele beija o topo da


minha cabeça, batendo na minha bunda enquanto me inclino para
entrar no túnel.

A pequena porta está fechada atrás de nós, deixando apenas


luz suficiente para ver para onde estamos indo.

Terror nos conduz pelo túnel, várias curvas e então ele abre o
portão com um chute, e vemos uma sala com uma enorme porta
de metal.

Ele nos ajuda a sair do túnel, tendo um cuidado especial com


Nicole. Ela estremece e tento ajudá-la, mas não sei onde tocá-la.

River caminha até a enorme porta, digitando um código. — Este


código é apenas para as meninas saberem, apenas eu e Daniella
sabemos disso.

Eu ouço algo dentro do túnel e agarro o braço de Terror


apontando para ele. Ele aponta uma lanterna com uma mão e a
outra tem uma arma.

A porta se abre, é literalmente como uma sala enorme. Tem


uma cama, uma mesa e comida suficiente para durar um bom
tempo. Eles realmente pensaram nisso.
Ajudo Nicole a entrar porque a dor está afetando-a e localizo
um kit de primeiros socorros que vou usar logo de cara.

Eu me viro e vejo alguém saindo do túnel. Começo a ficar com


medo até ver que é Royal. Ele se inclina e pega uma garotinha, e
eu corro. — Vou levá-la para dentro. — Ele parece inseguro, mas
lentamente a entrega. — Eu sei que é difícil deixá-la, mas vou
protegê-la com minha vida.

Ele acena para mim um: “Obrigado”.

Ela ainda está meio adormecida como se tivesse acabado de


acordar. Eu a carrego para dentro e há uma cama no canto. Eu
gentilmente a deito e a cubro com um cobertor, já que está um
pouco frio aqui. Daniella sai em seguida e depois Knight. —
Prometam-me que vocês vão ficar dentro da sala segura, não
importa o que aconteça, — Knight diz para nós e eu olho para
River, que parece não gostar da ideia, mas ela concorda.

Eu a puxo para a sala e Daniella está olhando para Knight, seu


rosto está com o coração partido.

A porta se fecha lentamente e então somos bloqueadas. River


liga uma TV na parede, mas Gage está em frente a um computador
e, em seguida, todos os aparelhos são desligados, exceto alguns
nos corredores e na sala fora da sala segura.

Não sabemos o que está acontecendo lá fora. Fico feliz, mas é


aterrorizante se algo acontecer a um deles.
Esperamos e fechamos a porta, esperando que os caras
cheguem, para saber que estão todos bem. Eu os ouço no túnel
antes de saírem, Knight e Royal logo atrás de Terror.

— Prontos para terminar essa merda? — Terror diz e estala os


nós dos dedos.

— Vamos dizer "foda-se" e marchar até lá? — Knight pergunta.

— Foda-se, — Gage diz e saca sua arma.

Todos nós fazemos o mesmo, nos preparando. Gage aguarda


todos os nossos acenos de cabeça e, em seguida, abre a porta no
momento perfeito. Quatro homens voam para dentro da sala ao
mesmo tempo e caem no chão. Gage fecha a porta antes que mais
alguém consiga passar.

Não perco um segundo, coloco uma bala na cabeça de um deles


e meu irmão atira nos outros antes mesmo que eles consigam
levantar a cabeça do chão.

— River está grávida e esse estresse pode tê-la feito perder o


bebê. Esses filhos da puta já foderam com a gente por muito
tempo, — Gage diz e eu sinto meu peito queimando de raiva.

— Eles colocaram todas as nossas mulheres em perigo,


sequestraram e machucaram pessoas inocentes. Essa merda
acaba hoje, — diz Knight.

Sinto uma calma tomando conta de mim, uma aceitação do que


está por vir e do que farei para proteger minha mulher, meus
irmãos e suas famílias.
Eles ainda não viram o pior em mim ainda, deixando a
escuridão tomar conta de mim. Gage abre a porta e todos nós
saímos com as armas em punho.

Meu foco está em uma única pessoa, Grant, sem nem mesmo
ver os rostos em que estou atirando, o sangue que está cobrindo
meu corpo.

Ele está recuando para o fundo da sala, seus homens estão


tentando ficar na frente dele, para protegê-lo de nós.

Nada pode nos deter; temos uma coisa em mente, que é acabar
com todos eles. Destruí-los por se atreverem a ferir um dos nossos,
os inocentes.

É agora ou nunca.

Ou eu morro ou o Grant, mas ele não vai sair deste clube.

Grant recua até encostar as costas na parede, não tem para


onde ir, ele está sem saída. Ele aponta a arma para mim, com os
olhos arregalados de pânico. Não ouço mais nenhum tiro. Ouço o
clique, a arma está vazia. Ele a joga no chão, levantando os braços
como se isso fosse nos deter.

Eu dou uma risada. — Bem, isso não é uma merda de sorte?


— Eu o provoco, meus irmãos se aproximando nas minhas costas.
Ele balança a cabeça negativamente.

— Por favor, não faça isso, é para o bem de todos, — ele tenta
explicar.

— Eu cansei de ouvir a porra da sua merda, Grant, — Terror


cospe seu nome como se fosse sujo como ele.
Pego minhas duas facas, coloco minha arma no coldre e decido
seguir o exemplo de minha mulher.

Ele começa a responder algo ao Terror, mas para quando me vê


caminhando em sua direção, com os braços levantados. Giro
minhas facas em minhas mãos. Eu as levanto e as acerto em suas
mãos, as lâminas atravessam suas palmas e o perfuram contra a
parede, deixando-o preso.

O grito é de pesadelo. Assustaria a maioria, mas, para nós, esse


é o sonho. Fazer alguém se machucar, sangrar, vingar-se da dor
que causou.

É viciante.

Eu me aproximo e roubo a faca de Andrey. — Minha senhora


me ensinou isto. — Eu coloco a ponta da minha faca, sorrindo com
o olhar assustado em seu rosto. Com um único puxão, empurro
com força, arrastando a faca por seu queixo, e posso ver seus
dentes e dentro de sua boca.

— Ela é uma boa professora, — Terror brinca, e se inclina como


se estivesse inspecionando meu trabalho. Grant tenta soltar a
mão, mas ele apenas empurra as facas mais fundo em suas mãos,
rasgando-as ainda mais em pedaços.

Eu sorrio na cara de Grant sabendo que ela é minha e ele nunca


a terá. Ele tenta abrir a boca, mas sai como um resmungo. — Ah,
o gato comeu sua língua?

Ele tenta empurrar a cabeça para longe de mim. Porque eles


tentam lutar contra essa merda, eu nunca vou entender. Isso só
me irrita mais.
— Abra, — eu digo a ele e bato minha faca contra seus lábios.

Terror abre sua boca no momento em que uma voz atrás de


mim diz algo. Eu me viro e vejo Julia atrás de mim. Oh, merda.

O resto das garotas, exceto Daniella e Penny, entram na sala e


River se volta para Royal. — Penny ainda está dormindo, Daniella
queria ficar com ela, ela não está se sentindo muito bem. — Knight
sai para ver como ela está.

Grant ainda está pendurado na parede pelas mãos, e observo


Julia para ver sua reação. Ela caminha até mim, parando bem
antes de Grant. Juro que ele suspira de alívio como se ela fosse
salvá-lo.

Ela põe a mão na minha, tirando a faca da minha mão e


virando-a na dela. — Mantenha a boca dele aberta? — ela
pergunta.

Eu rio. — Foda-se, sim, eu vou, baby.

Eu abro sua boca. Terror me entrega um alicate, e eu agarro


sua língua, puxando-a para fora de sua boca o máximo que posso.
— Aí, querida.

Ela passa a faca pela língua dele sem hesitar. Ele grita e se
debate, chutando e quase acertando Julia.

Eu piso em seus pés com força, mantendo seu pé parado. —


Um último pedaço. — Julia pisca para ele, e eu tento não gemer
bem na frente de todos. Eu nunca estive tão excitado na minha
vida.

Vê-la coberta com o sangue de nosso inimigo e fazê-los sofrer


por isso? É a porra de um sonho molhado para mim.
— Agora, podemos ser capazes de aguentar você um pouco, —
Julia diz a ele e eu puxo enquanto ela corta, arrancando metade
de sua língua para fora de sua boca.

— Não é justo. Faz um tempo que não consigo machucar


ninguém, — River fica de mau humor e todos riem. Se alguém tinha
alguma dúvida sobre o fato de nossas mulheres pertencerem a nós?

Então olhe para esta maldita sala.

Nossas mulheres ficam ao nosso lado, fazem o que for preciso


para manter nossa família segura. Deixo a língua cair no chão e
minhas mãos vão até o rosto de Julia, ambos cobertos de sangue
e sabe Deus o que mais.

Mas preciso tocá-la, abraçá-la, fodê-la aqui e agora. Ela envolve


seus braços em volta do meu pescoço e eu a levanto do chão,
beijando-a na frente de todos.

— Pegue um quarto! — Terror diz e nos afastamos rindo.

Ela entrega a faca a Terror, pois acho que River está


procurando uma chance. Ela pisca para River e aperta o peito. —
Uma mulher atrás do meu coração. — Ela pega a faca e corre para
Grant com Gage.

— Eu preciso ir para casa e foder minha mulher, vejo vocês


filhos da puta mais tarde. — Eu não me viro ou espero para ver se
eles precisam de mim.

O som de Grant tentando gritar por sua boca fodida me dá


prova suficiente, eles não precisam de mim e Grant com certeza
não vai sair daquele quarto vivo.
Nós nem nos preocupamos em deixar a água esquentar antes
de arrancar nossas roupas e entrar no chuveiro.

Reaper está parado sob os jatos, sangue escorrendo por seu


corpo. Eu corro minhas mãos ao longo de seu rosto lavando um
pouco do sangue lá.

Ele coloca a mão na minha nuca, me puxando para ele, nossos


corpos se chocando. Ele me beija como se este fosse o último
momento que passaríamos juntos.

Então isso me atinge.

Eu poderia tê-lo perdido hoje, ele poderia ter se machucado


tentando proteger a todos nós. Deixei escapar um soluço contra
sua boca, meus dedos cavando em suas costas, querendo-o mais
perto.

Ele recua em estado de choque. — Você está machucado? —


Ele me puxa para trás para me examinar.

Ele me levanta do chão, minhas pernas vão ao redor de sua


cintura, suas mãos na minha bunda. — Por que você está
chorando?

Engulo em seco, emocionada. — Eu poderia ter perdido você


hoje. Não sei se conseguiria sobreviver sem você. — Esse
pensamento por si só me apavora profundamente.

Ele fecha os olhos. — Querida, se algo acontecer com você, eu


não perderia um segundo para me juntar a você. Você nunca
estará sozinha, nesta vida ou na próxima.
Foda-se.

Lágrimas rolam. Ele tira uma mão da minha bunda, segurando


meu rosto. Seus lábios pressionam um beijo suave e terno no meu
rosto. — Eu te amo muito.

Isso realmente me faz chorar. — Eu também te amo Reaper,


muito. — Eu choro contra seus lábios precisando estar tão perto
dele quanto humanamente possível.

Ele pressiona minhas costas contra a parede do chuveiro,


deslizando lentamente para dentro de mim. Eu jogo minha cabeça
para trás, amando o jeito que ele se sente dentro de mim.

Ele beija meu pescoço, movendo-se gentilmente dentro de mim.


Isso não é apressado, temos toda a nossa vida juntos.

Ele me ama.

Com essas palavras, ele cura partes de mim que eu não sabia
que estavam quebradas. Sinto-me inteira, completa e sei onde devo
estar em minha vida.

Bem aqui com ele.

Gemi quando ele esfregou meu clitóris suavemente e me envolvi


fortemente com ele. — Case-se comigo. — Com isso, gozo mais
forte do que nunca em minha vida, quase como se fosse desmaiar.
Ele goza com força e, se isso não me fizer ter um bebê, não sei o
que fará, brinco comigo mesma.

Consigo me recompor o suficiente para lhe dar uma resposta.


— Eu me casarei com você agora mesmo, Reaper. Sim. Sim. Sim!
— Eu grito alto e o beijo com força. Ele ri contra a minha boca e
aquele som feliz ainda é a melhor coisa que já ouvi.
— Merda, deixe-me pegar meu telefone e ligarei para a porra de
um pastor. — Ele me coloca no chão e literalmente sai correndo do
chuveiro. Eu rio dele correndo para o telefone.

Ele tira o telefone do bolso e olha para a tela. Eu vejo a


mudança nele. — Qual é o problema? — Eu pergunto,
aproximando-me dele através do chuveiro, colocando minha
cabeça para fora.

— Topper se foi.

Minha boca forma um “O’, porque presumi que ele estava quase
morto.

Reaper balança a cabeça, desligando o telefone. — Não, ele


fugiu e mandou uma mensagem para Gage.

Eu sinto que vou desmaiar. — O que ele disse? — Eu pergunto.

— Ele disse que não está acabado até que Nicole seja dele.
Andrey está pirando pra caralho.

Oh, inferno.

Reaper entra no chuveiro comigo, inclinando minha cabeça


para trás. — Isso não importa. Grant está morto e ninguém nunca
mais vai te machucar. Acabou, querida.

Eu fecho meus olhos com isso, acabou.

— Eu amo você, meu Reaper. — Eu o beijo e ele sorri me


beijando de volta, — Eu te amo, minha Julia.
Í

Entro na ponta dos pés no berçário onde sei que Reaper


escapou pela décima vez esta noite. Eu me inclino contra a porta
e vejo Reaper em uma cadeira de balanço segurando nosso bebê,
de frente para a janela. — Você se parece com sua mãe. — Ele põe
o dedo na mãozinha dela.

Meu coração literalmente parece que vai explodir. Eu sabia que


ter um bebê seria a melhor coisa que já nos aconteceu, mas nada
poderia me preparar para o amor avassalador que você sentiria por
eles.

Como eu amo essa garotinha, nossa Josie.

— Você sabe que o papai vai amá-la sempre, não importa o


quanto você faça de errado na vida, a vida vai ser difícil, mas eu
estarei lá para dar uma surra neles, — ele diz a ela.

Eu começo a rir disso, não conseguindo segurar. Ele se vira


para olhar para mim, sorrindo. — Verificando sua garota?

Concordo com a cabeça e me aproximo, e nós dois olhamos


para seu rostinho perfeito.
Como nossas mães puderam nos tratar tão mal, eu nunca vou
entender. Tendo meu bebê e o quanto eu a amo, prefiro morrer mil
mortes do que machucá-la.

— Ela é perfeita. — Corro meus dedos ao longo de sua bochecha


e aliso o cobertor sob seu queixo. Reaper beija minha bochecha.

— Assim como a mãe dela.

— Aposto que ela vai ter um temperamento igualzinho ao do


pai. — Eu pisco e ele ri.

— Deus, espero que sim, assim ninguém vai se meter com ela.
— Ele a move para mais perto dele, beijando o topo de sua cabeça.

— Ela veio ao mundo de forma inesperada e gritando, — eu


aponto e ele ri, balançando a cabeça.

— Sim, ela com certeza fez.

UM MÊS ANTES
Eu seguro minhas costas, tentando nos últimos dez minutos
sair do sofá, mas é impossível. Cansei de estar grávida; não consigo
ver os dedos dos pés, não consigo depilar as pernas, esse não é um
bom visual para mim.

Além disso, sou dona da padaria. Você sabe como é difícil para
mim ir lá todos os dias e dizer não a todos os assados?

Bem, eu não digo não e esse é o problema. Não vamos falar


sobre quanto peso ganhei porque Reaper ainda age como se eu
fosse o último gole de água que resta na terra.

Mas acho que quase o matei.


Os doces não são a única coisa que estou desejando. O pênis
do Reaper é igualmente delicioso e viciante. Neste momento, acho
que ele está se escondendo de mim porque estou precisando de um
carinho na hora do almoço.

Decidi incomodá-lo um pouco. — Ohhh, Reaper, — grito em


uma voz cantada e consigo sair do sofá com uma única força e um
pequeno movimento de braços. Esfrego a parte de baixo da minha
testa, já exausta, e vou para a cozinha, evitando qualquer contato
visual com os biscoitos que Nicole trouxe mais cedo. Ela é minha
principal fornecedora; é uma padeira incrível, além de estar
grávida também, portanto, somos as revendedoras uma da outra.

Sinto uma pressão forte na parte inferior do meu estômago e


sinto algo escorrendo pelas minhas pernas. Olho para baixo o
melhor que posso e vejo uma poça sob meus pés.

Será que acabei de me urinar?

Então, sinto outro jato e meus olhos se arregalam com o que


está acontecendo, minha bolsa acabou de estourar. — REAPER
MINHA BOLSA ACABOU DE ESTOURAR! — Eu grito a plenos
pulmões.

Eu o ouço tropeçar e correr para mim. Eu sabia que aquele filho


da puta estava se escondendo de mim. Ele caminha da porta da
garagem direto para mim. — O quê? — Suas mãos vão para o meu
estômago.

— Minha bolsa estourou, — digo a ele e seu rosto fica branco


como um fantasma. Ele olha para o chão como se não pudesse
acreditar no que está vendo.
A contração me atinge com força, e eu agarro a borda do balcão
e balanço para frente e para trás esperando que ela passe.

— Puta merda, isso não é mais forte do que deveria ter sido? —
ele me pergunta.

— Senti um pouco de dor o dia todo, mas pensei que era o bebê
apenas se ajustando desde que ficou sem espaço, — confesso e ele
me olha horrorizado.

Ele envolve o braço em volta de mim e me leva para o sofá. —


Vou pegar todas as nossas coisas, depois vamos para o pronto-
socorro. — Ele começa a correr, tropeçando em um dos brinquedos
de Charlie, que vem pulando de fora para dentro de casa.

Agarro a lateral do sofá quando outra contração me atinge com


força. Eu grito e cerro os dentes. — Reaper, eu não acho que vamos
conseguir chegar ao hospital, — eu grito, sentindo muita pressão
lá embaixo. — Traga-me um vestido, por favor! — Eu peço, suando
de dor.

Ele desce as escadas rápido e estou preocupada que ele vá


tropeçar. — O quê? — ele pergunta e eu engulo em seco.

— Acho que não consigo chegar ao hospital, sinto que preciso


cagar.

— Oh, merda, deixe-me ligar para Knight. — Ele larga o


telefone, pega e liga para Knight. — Está acontecendo, vem, — ele
diz sem nem mesmo fazer sentido.

Eu rio, embora esteja doendo muito. Reaper tira minha calça e


minha roupa, vestindo uma bata que comprei no Walmart para
essa ocasião.
Então o medo me atinge. — Estou com tanto medo. — Eu
aperto sua mão com força, minhas costas parecem estar
quebrando.

— Eu sinto muito, — ele sussurra para mim, afastando meu


cabelo do meu rosto, e eu me inclino para descansar minha cabeça
em seu ombro, deixando a dor passar.

Não se passaram alguns minutos e então Knight entrou, nem


mesmo se incomodando em bater. — O que está acontecendo? —
Ele está carregando um enorme saco.

— Ela diz que não acha que chegaria ao hospital a tempo, —


Reaper diz e eu grito com a próxima contração, nem mesmo me
importando com o que eu pareço.

— Deixe-me verificar se você está dilatada, — Knight me diz e


eu corro ao longo do sofá até que minha cabeça esteja descansando
no braço. Tiro minha calcinha e Reaper olha para ela.

— Espere, espere um maldito minuto. Knight, você não está


olhando para a boceta dela, — Reaper rosna.

Se alguém pudesse morrer com o meu olhar, então Reaper


estaria a dois metros de profundidade neste ponto. — Reaper, ele
não está fazendo isso para ser um canalha, é assim que ele
consegue ver.

Knight ri. — Você sabe que eu não estou fodidamente chateado.


Por que você acha que Daniella tinha uma médica?

Eu rio porque todos esses homens são loucos. O Reaper fica de


olho nele e eu tento manter a calma porque essa merda dói, mas
se eu agir como se estivesse doendo, Reaper vai se descontrolar.
Mas, meu Deus, eu amo esse homem e toda a sua loucura.

Levanto minha mão para que ele a pegue. Ele a pega e beija o
dorso dela. Tudo está perdoado com esse pequeno beijo.

— Bem, você não vai para o hospital porque está muito perto
de ficar totalmente dilatada. — Ele puxa meu vestido para cima,
tira as luvas e as joga no lixo.

— Acho que não foi dor nas costas que senti o dia todo.

Knight olha para mim como se eu fosse louca.

— Reaper, você quer levá-la para cima? — Knight pergunta.

Reaper não hesita e me levanta do sofá, me carregando escada


acima, o que não é mais uma tarefa fácil, mas ele age como se eu
não pesasse nada.

Eu descanso minha cabeça em seu peito, e ele me coloca


suavemente na cama. Ele começa a mover os travesseiros ao meu
redor para me deixar mais confortável. — Você vai ser papai. — Eu
pego sua mão antes que ele possa me deixar.

Ele sorri e me olha suavemente. — Você nunca esteve tão


bonita, — ele me diz, me beijando.

Eu me afasto quando outra contração me atinge. — PORRA! —


Eu cerro entre os dentes.

Knight entra no quarto e começa a colocar os itens na cama.


Eu tento não olhar, porque isso vai me enlouquecer.

Não sei quanto tempo passa quando sinto vontade de


empurrar, inspirando e expirando pela boca, a pressão e a dor se
acumulam, não me deixando, sem pausa. — Dói muito, eu
realmente acho que preciso empurrar.

Knight coloca as luvas e se senta na beira da cama, virando a


cabeça com Reaper quase de pé sobre ele.

— AI! — Eu grito sem me importar se estou falando alto ou não.

— Eu sinto a cabeça, você está definitivamente pronta para


empurrar. Seu corpo sabe o que fazer, agora se esforce para fazer
mais do que sente, — Knight me diz e sobe até o final da cama; ele
coloca algumas toalhas debaixo de mim.

— Reaper, — eu digo e ele se move para mim, de joelhos ao meu


lado.

— Estou tão orgulhoso de você, — ele diz e eu sorrio, mesmo


que eu esteja sofrendo tanto.

Por que diabos eu pensei que era dor nas costas? Eu poderia ter
tomado uma epidural, mas simplesmente estraguei como uma
pessoa estúpida.

A vontade de empurrar me atinge com força. — Eu preciso


empurrar. — Reaper se move para que ele esteja atrás de mim na
cama, suas pernas de cada lado de mim para apoiar minhas
costas.

Eu respiro fundo e puxo minhas pernas para cima, puxando


meu vestido para cima e seguro meus joelhos. Eu empurro com
toda a minha força, gritando e cerrando os dentes, precisando
colocar tudo para fora.

Reaper está esfregando minhas pernas, tentando me acalmar.


Eu solto e caio de volta no Reaper, as lágrimas estão rolando
pelo meu rosto com as emoções e a dor.

— Foi um bom empurrão, Julia, — Knight me encoraja e eu me


ancoro desta vez nos joelhos de Reaper. Eu me levanto e empurro,
sem respirar desta vez.

— AI! — Eu grito, tentando mover minhas pernas e me mover


tentando ficar confortável.

— É agora, estou vendo a cabeça Julia, ela está quase aqui, —


exclama Knight.

Uma ideia me ocorre. — Reaper, você quer pegá-la? — Eu


pergunto e seu rosto se ilumina com a ideia. Ele posiciona os
travesseiros atrás de mim e se move para ficar ao lado de Knight.
Desligo o que Knight está dizendo a Reaper para fazer.

Eu agarro o cobertor ao meu lado e empurro o mais forte que


posso. Reaper está curvado abaixo de mim. — A cabeça está fora.
Mais um empurrão! — Knight me encoraja novamente e eu grito,
empurrando e empurrando até que eu a sinto sendo puxada para
fora.

Instantaneamente ela grita a plenos pulmões e Reaper a segura


contra o peito. — Parabéns, papai! — Knight diz a ele e se move
para assumir o lugar de Reaper. Ele está esfregando minha
barriga, mas tudo o que vejo é nossa pequena Josie.

Ele se aproxima e a coloca no meu peito. — Você é uma mãe


agora, baby. — Ele beija minha testa e eu choro, impressionada
com o quanto ela é perfeita.
— Ela é tão bonita, — eu sussurro em estado de choque por ela
estar aqui.

— Ela se parece com você. — Ele a esfrega com uma toalha


tentando tirar o sangue dela.

— Papai, quer cortar o cordão? — Knight pergunta e Reaper se


inclina para cortar o cordão.

— Eu te amo, — ele me diz. — Obrigada por me dar isso. —


Seus olhos estão brilhando e eu sei que ele está segurando as
lágrimas. Eu toco sua bochecha.

— Você me deu esta vida Reaper, você é minha vida.

A lágrima cai e eu a pego com o polegar. Se alguma vez tive


dúvidas de que ele me amava, foi neste momento, quando um
homem como ele está chorando por mim.

Deus, eu o amo.

— Eu também te amo. — Ele me beija e nos inclinamos para


olhar nosso bebê, o começo de nossa nova vida.

Que linda vida.

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