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~1~

Sawyer Bennett
Série Off

#7 Off Duty

Off Duty Copyright © 2014 Sawyer Bennett

~2~
Sinopse
Como um membro do Corpo de Bombeiros de Nova York, o pai
solteiro Tim Davis era tão resistente como todos eles. Mas por baixo dos
músculos e tatuagens, ele ainda tinha um coração partido por causa de
seu primeiro amor. Durante as férias com seu filho em Nova Orleans,
Tim esbarra com a própria mulher que lhe ensinou sobre o amor antes
de jogar tudo fora.

Holly Reynolds está reconstruindo sua vida como uma médica


ortopedista, muito longe de sua casa em Nova York e seu pai
controlador... o homem responsável por machucar ela e Tim. Mesmo
sabendo que a dor que ela causou a Tim nunca poderia ser perdoada,
ela não pode evitar os sentimentos avassaladores que ela ainda tem pelo
seu primeiro e mais profundo amor.

Verdades são reveladas quando mentiras são expostas.

Duas pessoas se juntam novamente para explorar os laços


afetivos frágeis que ainda os mantém amarrados, assim como a sua
paixão inflama mais quente do que qualquer fogo que Tim já apagou
antes.

~3~
A série
Série Off – Sawyer Bennett

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Capítulo Um
TIM
— O que está em sua agenda hoje? — Denise me pergunta
enquanto eu olho pela janela da sua cozinha para o quintal traseiro.

Virando para enfrentar a minha irmã, eu vejo que ela segura uma
xícara de café para mim. Eu aceito com um sorriso de gratidão. —
Pensei em levar Sam para o zoológico Audobon... passar o dia lá.

— Ele vai adorar, — diz ela, inclinando seu quadril contra o


balcão e bebendo seu próprio café. — Eu pensei que podíamos sair para
jantar hoje à noite. Eu devo estar em casa por volta das seis.

— Soa como um plano, — digo com um sorriso, virando a cabeça


de volta para a janela para ver Sam correndo ao redor do quintal com o
cachorro Golden Retriever de Denise, Scout. Mesmo com a janela
fechada, eu posso ouvir sua animação, seu riso de cinco anos de idade
enquanto Scout choraminga para que ele jogue a bola que tem na mão.

Denise vem até ficar ao meu lado, olhando para fora da janela. —
Esse garoto precisa de um cachorro.

— É fácil para você dizer... vivendo aqui no subúrbio de New


Orleans, — digo a ela com um sorriso irônico. — Eles não funcionam
tão bem em um apartamento no Brooklyn.

— Talvez um cão pequeno, — ela comenta. — Um daqueles que


você pode colocar em sua mochila ou algo assim.

— Você nem mesmo ouse sugerir isso na frente de Sam, — eu


advirto, batendo seu ombro com o meu. — Nunca teria fim suas
lamentações.

Rindo, Denise derrama o resto do café pelo ralo e coloca a xícara


na pia. Ela se inclina e me dá um beijo na bochecha. — Eu te protejo,
irmãozinho.

~5~
Meu braço envolve em torno de sua cintura e puxo-a para perto,
dando-lhe um beijo de volta em sua têmpora. — É bom estar aqui,
Denise. Obrigado por nos receber.

— O prazer é meu, querido, — diz ela enquanto se afasta e pega a


bolsa da mesa da cozinha. — Você e Sam são bem-vindos pra me visitar
a qualquer hora... você sabe disso, certo?

— Isso eu sei, — eu digo, quando viro de costas à janela e sigo em


direção a porta de correr de vidro, a que leva para o pátio de
trás. Abrindo-a, eu o chamo, — Sam... venha e tome um pouco de café
da manhã.

Como é típico de um menino no meio de uma brincadeira com um


cão inquieto e barulhento, ele prontamente me ignora. Eu assisto por
alguns momentos, enquanto ele atira a bola e Scout pula atrás
dela. Sam se curva, bate as mãos sobre as coxas, e grita, — Vamos lá,
garoto. Traga a bola de volta.

Sorrindo para mim mesmo, falo na minha voz mais severa de pai
e chamo de novo, — Sam... pra dentro... agora.

Sua cabeça gira na minha direção, e nunca deixo de admirar


como o meu filho pode luzir mais bonito, mais angelical, com cada
momento que passa. Ele herdou de mim a cor morena da sua pele, mas
tem os olhos verdes de sua mãe, uma combinação que aposto vai deixar
todas as garotas atrás dele quando ele ficar mais velho.

Sam joga a bola mais uma vez e, em seguida, corre em direção a


mim. Ele me dá um sorriso quando ele pisa para o pátio, mostrando a
janela na parte de cima onde um de seus dentes de leite caiu há apenas
uma semana. A um lado ele está solto, e ele tem grande prazer em me
mostrar como ele pode mexer para frente e para trás. Como um
bombeiro do Corpo de Bombeiros de Nova York, eu tenho visto muita
merda desagradável no meu trabalho, mas por alguma razão, perder
dentes me deixa maluco.

— Tia Denise, — Sam diz quando ele me empurra e entra na


cozinha. — Podemos levar Scout para casa com nós após as nossas
férias?

Denise me lança um olhar que diz, eu te disse isso, mas depois se


inclina para esfregar o topo da cabeça de Sam. — Desculpe amor. Mas
eu ficaria muito solitária sem Scout. Ele tem que ficar aqui comigo.

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A boca de Sam vira para baixo em extrema decepção, e logo se
transforma de volta em um sorriso. Seus olhos se iluminam
brilhantemente com uma ideia, e ele se vira para mim. — Pai... devemos
ter um cachorro como Scout quando voltarmos para casa. Nós
podemos? Huh, podemos ter um cachorro?

Denise começa a rir enquanto vai para a porta da frente. Falando


por cima do ombro, ela diz: — Vejo você à noite às seis. Vocês dois
divirtam-se hoje.

Eu procuro no armário e pego uma tigela, que coloco sobre a


mesa. — Sente-se, — eu digo a Sam apontando para a cadeira.

— Então, podemos, papai? — ele pergunta de novo quando ele


senta. Eu me ocupo pegando o cereal e o leite, usando isso como
desculpa para ignorá-lo.

Sam não parece entender que estou tentando evitar essa


conversa, e ele continua insistindo enquanto coloco uma tigela de cereal
na frente dele. — Um cão seria tão legal. Eu quero um como Scout,
exceto que não poderia chamá-lo Scout. Talvez eu o chame de Ranger...
ou Pete... ou talvez até mesmo Foxy Brown.

Eu reviro meus olhos, por causa das palavras infantis e tudo


isso. — Nenhum cão, amigo. Você sabe que não tem espaço no meu
apartamento, e além disso... quem iria cuidar dele quando você estiver
com sua mãe?

— Eu levaria o cão comigo à casa da mamãe quando for minha


vez de ficar com ela, — diz ele, completamente perplexo.

— Sim... se você acha que eu sou totalmente contra um cão,


espere até que você tente perguntar a sua mãe por um. Posso dizer-lhe,
sem dúvida, que ela vai dizer não.

— Ela vai dizer que sim, — ele diz com confiança, e, em seguida,
põe uma enorme colher de cereal na boca.

Enquanto ele mastiga, aproveito a oportunidade para me curvar e


beijá-lo na cabeça, e digo: — Desculpe, rapazinho. É apenas algo que
não podemos fazer agora. Não com você dividindo o seu tempo entre
mim e a mamãe, e eu morando em um apartamento.

A boca de Sam mastiga rapidamente, tentando engolir o alimento


para que possa discutir comigo. Aproveito a oportunidade para
escapar. — Termine o seu cereal, e, em seguida, vá se vestir. Eu vou
tomar um banho rápido.

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Suas sobrancelhas franzem com raiva, Sam engole seu cereal e
me olha. Dando um suspiro, eu volto para o quarto de hóspedes da casa
de Denise onde Sam e eu dividimos uma cama. Este é o segundo ano
consecutivo que nós vínhamos a Nova Orleans para as férias de verão,
aproveitando o quarto livre com a minha irmã e da variedade de
atrações disponíveis em NOLA1. Denise está morando em Nova Orleans
durante os últimos seis anos, depois de seguir um cara até aqui, que
acabou por ser um imbecil. Ele a deixou para voltar a Nova York, mas a
minha irmã mais velha adorou o lugar e decidiu fazer desta cidade seu
novo lar.

Denise é toda a família que me resta, nossos pais morreram em


um descarrilamento de trem alguns anos atrás, quando eles estavam
viajando de nossa casa na cidade de Brooklyn para Nova Orleans para
visitar Denise. Desde então, só parece a coisa certa a fazer visita-la para
que possamos ter algum tempo de qualidade juntos.

Assim que eu começo a procurar em minha mala algumas roupas


limpas, meu celular vibra com um texto. Eu o tiro do meu bolso e aperto
no ícone de mensagens de texto.

Como estão as férias? As coisas estão chatas aqui sem você.

Eu sorrio. Nada como um texto do meu melhor amigo e colega de


trabalho, Flynn Caldwell. Nós já passamos por bons e maus momentos
juntos desde o início no NYFD2, e ele é o mais perto que eu tenho de um
irmão. Não importa que a pele dele é branca e a minha é negra. Nós
ainda somos chegados.

Tenho certeza de que Rowan está mantendo você


muito ocupado, mando o texto de volta.

Sim... pegando fogo entre os lençóis, ele responde imediatamente.

Eu sorrio, pois isso é verdade. Flynn e Rowan mal podem manter


as mãos longe um do outro. Eu começo a digitar de volta um
espirituoso, se não bruta, resposta quando ouço Sam gritando no
quintal.

— Papaaaaai!

O medo e a adrenalina aumentam através de mim quando


reconheço a dor e o terror na voz de Sam. O telefone cai de minha mão e
eu corro fora do quarto, batendo meu ombro no batente da porta. Desço

1
NOLA. Abreviatura para New Orleans Louisiana.
2
NYFD. Abreviatura para Departamento de Bombeiros da cidade de Nova York.

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o corredor, voando pela cozinha, ao redor da mesa, e deslizo a porta de
vidro aberta.

Sam está correndo pelo pátio em direção a mim, com uma mão ao
peito. Lágrimas estão escorrendo pelo seu rosto. Scout corre atrás dele,
parecendo preocupado como só um Golden Retriever pode.

Eu corro em direção a ele, caindo de joelhos na grama e abrindo


meus braços. — O que está errado? O que aconteceu?

Sugando uma respiração profunda, ele gagueja em meio às


lágrimas, e lamenta: — Eu estava perseguindo Scout, e eu tropecei e
caí. Minha mão dói muito mesmo.

— Está tudo bem, amigo, — eu digo suavemente, meu coração


começando a acalmar agora que eu posso ver que ele está, basicamente,
bem. — Deixe-me ver.

Cuidadosamente, eu puxo a mão do seu peito. Seu pequeno


gemido de dor corta através de mim profundamente. Imediatamente, eu
vejo o topo de sua mão direita está inchando feio, e suspeito que ele
pode ter uma fratura.

Com uma mão, seguro a parte de trás de sua cabeça e levo-o para
dentro. Dando-lhe um beijo na testa, digo-lhe, — Vai ficar tudo bem,
Sammy. Parece que você tem algo quebrado na sua mão, e eu vou ter
que levá-lo para o hospital.

— Dói, — diz Sammy com uma fungada.

Levantando-me do chão, eu tenho dó dele enquanto o levo pelo


ombro de volta para a casa. — Eu sei, cara. Mas eles vão fazer sentir
tudo melhor no hospital. Eu prometo.

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Capítulo Dois
HOLLY
— Dra. Reynolds... há uma fratura de fêmur exposta vindo na
entrada um. Múltiplo acidente de carro com outras vítimas vem
atrás. Dr. Falter perguntou se você poderia fazer a triagem, mas ele vai
realizar a cirurgia, uma vez que você está saindo do serviço.

Olhando para o meu relógio, percebo que eu supostamente devia


ter terminado o meu turno da noite quarenta minutos atrás. No
entanto, aqui estou ainda, às nove horas da manhã, trabalhando duro
em casos no Centro Médico de Tulane.

— Claro, — murmuro enquanto vou em direção a entrada da


ambulância.

— Oh, e Dra. Reynolds? — a enfermeira chama novamente. Eu me


viro para encará-la e tento colocar um olhar alegre no meu rosto.

— Não se esqueça sobre a suspeita de fratura do metacarpo na


Sala Dois. É um caso de pediatria, — diz ela com um olhar severo
quando me entrega a prancheta.

— Merda, — murmuro e pego o prontuário. Eu tinha esquecido


completamente, ficando enrolada em uma estabilização de uma fratura
de C5 de um motorista bêbado que decidiu bater em um poste de
telefone. Olhando o prontuário, eu o entrego de volta para ela. — Vamos
em frente e enviá-lo para a sala de raios-x e tirar uma radiografia
bilateral e uma oblíqua, mas primeiro inicie um intravenoso e dê a ele
dois mg de morfina para aliviar a dor. Eu vou estar lá assim que
examinar a fratura de fêmur que está chegando.

Nos trinta minutos seguintes, eu trabalho para examinar o


homem trazido com a perna quebrada. Claro, ele estava alto com algum
tipo de drogas e agressivo. Todos os meus cuidados delicados só me
fizeram ganhar seu punho na minha têmpora enquanto eu estava
tentando sondar a ferida. Mais do meu precioso tempo foi desperdiçado
enquanto eu esperava que os seguranças o colocassem com restrições

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para que eu pudesse terminar meu exame. Foi com muita alegria a hora
que eu o entreguei ao Dr. Falter.

Antes que eu fosse capaz de voltar minha atenção para o menino


na sala dois de emergências, fiz uma rápida parada no banheiro, porque
eu tenho certeza que já fazem cinco horas desde que eu fiz xixi. Depois
de minha bexiga suspirar de alívio, eu lavo minhas mãos e dou um
olhar aborrecido à minha aparência no espelho enquanto seco as
minhas mãos. Meu rosto está pálido com sombras azuis sob os olhos...
atestando o fato de eu não ter dormido em vinte e sete horas. Meu
cabelo loiro está saindo da trança frouxa que pendura para baixo nas
minhas costas, por isso rapidamente ajeito com meus dedos os cabelos
soltos atrás da minha orelha, e então eu rapidamente deixo o banheiro.

Assim que a porta de vaivém se fecha atrás de mim, meu telefone


toca. Tirando-o do meu jaleco branco, eu faço uma careta antes de
responder.

— Mãe... Eu estou no caminho para ver um paciente. Eu não


tenho muito tempo para conversar, — eu digo baixinho ao mesmo
tempo que ando pelos corredores.

— Você sabe que eu não ligaria a menos que fosse importante,


Holly. — ela suspira dramaticamente, fazendo-me beliscar a ponta do
meu nariz para evitar o início de uma dor de cabeça por stress.

Porque assim tão facilmente, minha mãe pode tornar um dia ruim
ainda pior.

— Seu pai foi escolhido como o vencedor do prêmio Franklin R.


Murray este ano, — diz ela, orgulhosa.

— Isso é maravilhoso, — eu digo sem rodeios, porque eu parei de


me preocupar com as realizações médicas do meu pai anos atrás. O
homem deixou de ser o meu herói e inspiração para me tornar médica
para ser nada além de uma grande decepção para mim.

Ela ignora a minha falta de entusiasmo e continua. —


Gostaríamos que você participasse do jantar de premiação. É no
próximo mês no dia vinte e seis.

Eu chego à sala dois de emergências, que não é mais que uma


seção separada com cortinas da baia de tratamento de emergência. Eu
posso ver duas grandes sombras em movimento por trás da cortina e a
crescente voz de um homem muito irado, que não está falando em voz
alta, mas está claramente muito chateado.

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— É ridículo que ainda estamos à espera para ver o médico. Meu
filho tem fodidamente apenas cinco anos de idade, e ele está com medo,
— eu ouço o homem dizer.

Eu ouço a voz suave de Amy, uma das nossas mais experientes


enfermeiras, lá dentro. — Ela está a caminho, Sr. Davis. E juro que Sam
não está sentindo nenhuma dor.

— Eu sei isso, — ele retruca. — Ele está apenas com medo e


cansado. Precisamos fazer este tratamento para que eu possa levá-lo
para casa.

Voltando a atenção para o meu telefonema, rapidamente digo a


minha mãe, — Eu sinto muito, mas não serei capaz de ir. Dê os
parabéns ao papai. Eu tenho que ir agora.

Antes de minha mãe poder tomar uma respiração indignada, eu


termino a chamada e desligo meu telefone de volta no bolso.

Eu empurro para trás a cortina para entrar na sala dois no


mesmo momento que escuto o Sr. Davis dizer: — Eu quero um médico
aqui imediatamente, ou eu quero ver o administrador do hospital.

Olhando para baixo para pegar o prontuário colocado no final da


cama, e em minha voz conciliatória mais profissional, digo: — Eu
realmente sinto muito por sua espera, Sr. Davis.

Eu coloco um sorriso caloroso no rosto e olho para cima para


encontrar o olhar do pai irado.

E meu mundo é arremessado, dá voltas, e depois volta


precariamente ao seu eixo.

Diante de mim está um fantasma do passado.

Um fantasma bonito que está a pouco mais de seis pés3 de


distância com pele cor morena e olhos de um castanho tão leve que
poderiam muito bem ser de cor âmbar.

— Tim? — eu digo, hesitante, quase não acreditando que ele está


bem ali na minha frente. A última vez que o vi foi há dez anos atrás,
quando meu pai quebrou meu coração e eu, por minha vez, quebrei o
do Tim.

Ele ainda é o mesmo, mas diferente. Ele agora tem um bigode fino
e cavanhaque circundando aqueles lindos lábios e o queixo forte que me

3 1,88 mt

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lembro tão bem. Seus olhos carregam uma sabedoria dentro deles que
me faz pensar o que ele passou ao longo da última década.

O farfalhar da cama me chama a atenção, e eu rapidamente


percebo que meu jovem paciente é o filho de Tim. Tomo uma breve
respiração e me recomponho. Coloco um sorriso caloroso e verdadeiro,
ando para o lado da cama e dou um tapinha na perna do menino
deitado.

— Ei... você deve ser Sam? — pergunto suavemente, e ele acena


com a cabeça quase timidamente.

Seus olhos estão arregalados e temerosos. Eles não são os olhos


de Tim. Muito mais brilhantes... avelã com manchas de verde, e eu me
pergunto se a mãe de Sam é branca. O resto de seu rosto é de Tim
penso... por completo, e esse garoto vai ser grandioso quando crescer.

— Como está se sentindo? — pergunto-lhe suavemente. —


Alguma dor?

— Não. — ele fala tão baixo que eu mal posso ouvi-lo.

— Isso é bom, — eu digo com um sorriso. — Meu nome é


Holly. Eu sou a médica que vai cuidar de você hoje e prometo que vou
fazer você se sentir melhor. Ok?

Ele balança a cabeça... desta vez com um pequeno sorriso, que eu


retorno.

Afastando-me de Sam, eu dou um rápido olhar para Tim. Ele não


disse uma palavra ainda para mim e pelo olhar em seu rosto, eu não
tenho certeza se ele realmente quer falar comigo. Isso eu posso entender
porque eu já pensei muitas vezes ao longo dos anos o que nós iríamos
realmente dizer um ao outro se este momento alguma vez ocorresse, e
eu sempre terminava com a mente vazia também.

Vou até um carrinho que tem um terminal de computador e com


apenas algumas teclas, tenho seus resultados de raios-x. E só levo um
nanosegundo para ver o problema.

Olhando para Tim por cima do meu ombro, eu mostro nas das
imagens digitais. — Ele tem uma pequena fratura em seu primeiro
metatarso.

Tim dá alguns passos e fica ao meu lado. Eu aponto para a


fratura. — Ali. A boa notícia é que é não deslocada e é um reparo

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fácil. Apenas uma boa tala e muito descanso nas próximas três
semanas.

Tim balança a cabeça, solta um suspiro grato, e, em seguida,


murmura: — Isso é bom.

Afastando-me, ele caminha para a cabeceira de Sam e coloca sua


mão grande em cima da cabeça do menino. — Não parece tão ruim,
amigo. Holly vai colocar uma tala na sua mão e você vai ter que ter
cuidado por um tempo, mas deve se curar bem.

— A tempo para a temporada de beisebol? — Sam pergunta


hesitante.

— Definitivamente, — Tim diz com um sorriso, e depois se inclina


para beijar Sam na testa. O movimento é uma simples demonstração de
carinho de um pai para uma criança, mas por alguma razão... olhando
Tim... o homem que ele se tornou, desperta um profundo sentimento
dentro de mim.

Limpando minha garganta, me viro para a pia ao lado do


computador e lavo as mãos novamente. — Eu vou examina-lo
rapidamente. Eu não acredito que vou encontrar alguma coisa para
mudar o meu diagnóstico, e depois nós vamos enfaixar você, para que
possa voltar para casa.

Amy pega a tala e as faixas de um gabinete de abastecimento e


coloca os materiais em um carrinho de metal ao lado da cama. Eu passo
até o lado que Tim está de pé, e ele rapidamente se move para trás para
me dar espaço. Eu atiro-lhe um pequeno sorriso e não consigo um em
troca, seus olhos passam rapidamente para descansar em Sam.

— Sam... eu vou olhar a sua mão. Pode doer um pouco, mas não
tenha medo de me dizer quando isso acontecer. Eu quero ter certeza
que nada mais está danificado que eu não consiga ver nos raios-x, ok?

Eu recebo um aceno corajoso em troca e passo os próximos


minutos examinando a mão de Sam. Tim me diz que ele caiu ao brincar
com um cão, então eu vou em frente e faço um exame rápido de
amplitude de movimento em seu pulso, cotovelo e ombro. Quando Sam
me assegura que nada mais dói, eu tomo alguns momentos e imobilizo
a mão para cima, explicando a Tim como aplicar a bandagem em torno
para um ajuste seguro, mas não muito apertado.

— Tudo feito, — digo Sam com um aperto rápido no ombro. —


Você vai estar tão bom como novo em algumas semanas.

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Virando-me para Amy, digo-lhe, — Vá em frente e remova o
intravenoso e faça a papelada da alta.

— Sim, Dra. Reynolds, — diz ela vivamente.

Dirijo-me de volta para Sam. — Foi bom conhecer você,


Sam. Cuide-se.

Em seguida, viro-me até o Tim, e eu o encontro com o mesmo


olhar impassível que ele esteve mantendo desde que eu atravessei a
cortina para o quarto. Decepção me enche quando percebo que Tim
realmente não quer falar comigo ... pelo menos, não fora da minha
experiência médica.

Eu tomo uma respiração, enquadro meus ombros, e dou um


sorriso educado para ele. — Bem... foi bom vê-lo novamente. Cuide-se.

Ele não diz uma palavra. Não move um músculo facial em


resposta. Apenas olha para mim com aqueles olhos cor de âmbar até
que eu viro e caminho em direção da cortina para, mais uma vez, deixar
Tim atrás.

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Capítulo Três
TIM
Eu ainda estou me recuperando de ter visto Holly.

Quando ela atravessou aquela cortina e meu cérebro reconheceu


primeiro ela, eu senti cada célula do meu corpo responder a sua beleza.

Ela estava exatamente igual como há dez anos.

Longos cabelos loiros, mais de um tom dourado, grosso e


ondulado. Olhos verde-claros com cílios longos e lábios que parecem
sempre inchados por ter beijado muito. Ela ainda é a mulher mais linda
que eu conheço, um fato verdadeiro que me levou a estar perto dela
com a língua presa.

O que era bom, porque não é como se esse fosse o melhor lugar
para reabrir velhas feridas. Porque isso é o que aconteceria se Holly e eu
realmente tivéssemos um momento para conversar.

Em vez disso, eu estava feliz em vê-la concentrar-se em Sam. Ela


era tão gentil... tão paciente e amável com ele, que eu poderia dizer que
ele ficou imediatamente à vontade. Ela foi eficiente em sua experiência,
e eu sou grato por ela tomar conta dele.

E depois?

Então, ela estava dizendo adeus e passando por mim para sair da
pequena sala com cortinas.

Minha mão move-se para segurá-la pelo pulso. Ela sacode de


surpresa e por um breve momento, eu me concentro em meus dedos
apertando frouxamente sobre ela. Minha pele escura contra sua pálida,
e uma assombrosa imagem do meu corpo cobrindo o dela enquanto eu
fazia amor com ela, chia pela minha mente.

— Espere, — eu digo arrastando o meu olhar até o dela.

~ 16 ~
Holly inclina a cabeça um pouco... com curiosidade, e eu limpo
minha garganta. — Você tem um momento para conversar? — eu
pergunto.

— Claro, — diz ela com um sorriso. — Acabei de terminar o turno


da noite. Vai demorar alguns minutos para a alta do Sam.

Voltando-me para Sam, eu o vejo conversando com a enfermeira


quando ela tira o seu soro intravenoso. — Sam... amigo... Eu vou um
passo fora da cortina por um momento para falar com a Dr.
Reynolds. Tudo bem?

— Sim, pai, — diz ele com um sorriso desdentado, mas


corajoso. — Eu estou bem. Amy me prometeu alguns adesivos.

Eu dou um sorriso pálido para a enfermeira. Movendo minha mão


do pulso de Holly para o cotovelo, eu a levo para fora das cortinas.

— Nós podemos entrar aqui, — diz ela e me leva até um pequeno


escritório enfrente à sala.

Eu a sigo para dentro e ela fecha a porta, voltando-se para mim


com as mãos dentro dos bolsos do seu jaleco. O sorriso dela é quente,
os olhos abertos e curiosos.

— É realmente bom ver você, Tim, — ela começa, com a voz


trêmula ligeiramente.

Eu passo minha mão sobre minha cabeça, sentindo a picada das


cerdas curtas de cabelo porque eu mantenho a minha cabeça raspada
quase ao ponto de calvície. É apenas mais fácil de cuidar. — Sim... você
também, — eu digo distraidamente.

— Eu não acho que você gostaria de conversar, — ela murmura,


com seu olhar caindo no chão.

Um breve momento de raiva surge através de mim quando me


lembro da última vez que falei com Holly. Foi antes de nossa formatura
do ensino médio. Todos os alunos estavam reunidos do lado de fora,
esperando para ser levados dentro do nosso auditório para a cerimônia.

Holly segurava minha mão e me puxou para o lado, longe o


suficiente de outros estudantes assim, não poderíamos ser ouvidos. Era a
primeira vez que eu a via desde o meu desastroso encontro com seu pai
quatro dias antes. Desde então, eu não tinha ouvido falar de Holly e ela
não estava respondendo às minhas chamadas ou e-mails.

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— Você está bem? — eu perguntei a ela rapidamente, procurando
seu rosto para detectar qualquer sinal de que seu pai tivesse feito algo
extremo.

Seus olhos não encontraram os meus e seu lábio inferior


tremia. Meus dedos seguraram seu queixo, e eu levantei o rosto dela e a
fiz olhar para mim. — Holly... baby... você está bem?

Ela deu uma sacudida quase urgente de sua cabeça, e as lágrimas


brotaram em seus olhos. — Tim... Eu não posso... hum, — ela começou, e,
em seguida, um pequeno soluço saiu de sua boca.

Isso fez que eu a puxasse com força em meus braços, e eu beijei o


topo de sua cabeça. — Conte-me. Diga-me para que eu possa corrigir isso
para você, — pedi a ela.

Mais uma vez, ela balançou a cabeça e realmente ela levantou os


braços até quebrar meu aperto, afastando-me. Ela tomou uma respiração
profunda e piscou as lágrimas. — Eu sinto muito, Tim. Mas eu não posso
mais te ver.

Raiva explodiu dentro de mim. — Que porra é essa? Por causa do


que seu pai disse?

Aquele desgraçado intolerante me jogou pra fora de sua casa à


força há quatro dias quando Holly decidiu que era hora de eu conhecer
seus pais. Ela estava nervosa, e, aparentemente, com razão, mas estava
convencida de que a única maneira de fazê-lo era puxando o Band-Aid
fora rapidamente por assim dizer. Então ela disse a seus pais que queria
convidar o namorado para jantar... e eles concordaram alegremente.

Quando Holly me levou dentro da sala para conhecer o estimado


Dr. Philip Reynolds e sua esposa socialite, Marielle, eu soube no momento
que os olhos do pai pousaram em mim que a noite tinha acabado de
tomar um rumo terrível. Ele explodiu de raiva ofendido, rosnando que sua
filha não ia namorar ‘alguém como eu’. Um rápido olhar sobre Holly tinha
me dito que ela estava totalmente e completamente atordoada pela
explosão de seu pai, aparentemente chocada em silêncio
absoluto. Somente quando seu pai se agarrou ao meu braço e começou a
me puxar em direção a porta da frente Holly entrou em ação, gritando
com seu pai para me deixar ir.

Eu tinha apenas 18 anos de idade, mas eu já estava praticamente


feito. Por ser parte da defesa da linha dos seis pés para o time de futebol
da nossa escola, eu superava Dr. Reynolds por umas boas quarenta

~ 18 ~
libras4, mas não fiz nenhum movimento para lutar contra ele. Eu não
poderia fazer isso por respeito a Holly.

O resto foi uma espécie de borrão. Holly segurando seu pai. Ele
empurrou de volta contra ela, e ela foi caindo no chão. Então eu fui
empurrado para a varanda da frente, e a porta foi batida em meu rosto.

Quatro dias depois, Holly me disse que ela não poderia mais me
ver, e eu me tornei um daquelas das tristes estatísticas, onde o meu
primeiro amor quebrou meu coração e praticamente me arruinou para
qualquer outra mulher.

Piscando longe aquelas memórias amargas, eu olho para Holly


agora de pé na minha frente. Eu tinha perdido a noção do seu paradeiro
após a graduação e, apesar de tudo, estou imensamente satisfeito de
ver que ela cumpriu seu sonho de ser médica.

— Eu não sei exatamente o que dizer, — eu digo-lhe com


sinceridade. — É um pouco surreal encontrar você aqui... em Nova
Orleans.

— Tenho estado aqui há nove anos, — diz ela. — Transferi meu


segundo ano de Columbia a Tulane. Fiz tanto a minha graduação e a
escola de medicina aqui.

Eu pisco para ela com surpresa porque Holly tinha sua vida toda
traçada quando estávamos no colégio. Ela ia estudar em Columbia e,
em seguida, seguindo os passos de seu pai para ser uma cirurgiã
cardiovascular. Ela ia realizar suas práticas onde eles trabalhariam lado
a lado para salvar as pessoas.

— Seus planos mudaram um pouco, — eu comento.

— Só um pouco, — diz ela com um sorriso irônico. — Mas e


você? O que você está fazendo aqui?

— Somente visitando a minha irmã nas férias. Eu trabalho para o


Departamento de Bombeiros da cidade de Nova York, no Brooklyn.

— Denise, — diz Holly com prazer com a menção de minha


irmã. — Como ela está? Ela sempre foi tão boa comigo.

— Ela está bem. Fantástica, na verdade, — eu digo, e começo a


sentir como nos velhos tempos de novo, do jeito que estamos levando
uma conversa fácil.

4
18,14 kg.

~ 19 ~
— E Sam, — Holly jorra. — Deus, ele é adorável. O que a sua
esposa faz?

— Nós estamos divorciados, — eu digo a ela, sem sentir um pingo


de constrangimento por Holly perguntando sobre a minha ex. Não
parecia apreensiva, apenas curiosa de uma forma amigável. — Apenas
cerca de um ano depois de Sam ter nascido. Mas nós mantemos uma
boa amizade. Ela é professora.

Holly não disse nada por um momento, baixando o seu olhar para
o chão e para trás. Quando ela olha de volta para mim, seus olhos são
de desculpas. — Eu realmente sinto muito, Tim. Por tudo. Apenas... Eu
me sinto terrível e meu pai foi horrível... horrível... e se eu pudesse
voltar atrás...

Eu cortei. — Holly... está tudo bem. Não foi culpa sua.

— Não foi? — ela diz com amargura. — Eu não lutei por nós. Eu
não defendi você. Pelo menos... não até que fosse tarde demais.

O tom melancólico de sua voz me provoca arrepios em meus


braços. — O que você quer dizer com ‘não até que fosse tarde demais’?
— eu pergunto a ela, minha mão automaticamente segura a dela.

Ela aperta meus dedos. — Meu pai e eu.

A porta do escritório abre abruptamente e Holly deixa cair a


minha mão, inclinando-se lateralmente para olhar atrás de mim. Amy
tem Sam pela mão, o outro braço em uma tipoia. — Desculpe
interromper, mas tenho Sam pronto para ir.

Eu sorrio para Amy, que me entrega a papelada da alta e se vira


para sair. Eu me agacho na frente de Sam. — Como está se sentindo,
companheiro?

— Tudo bem, — diz ele com um sorriso tímido, os olhos cortando


para trás e para frente entre Holly e eu.

— Bom, — eu digo quando me levanto. — Vamos para casa.

Sam se vira em direção à porta, mas eu o seguro com uma mão


em seu ombro. Minha cabeça se volta para Holly. — Quando é a sua
próxima noite de folga?

Suas sobrancelhas sobem em surpresa. — Hum... Eu tenho os


próximos dois dias de folga, e então eu pego turno dobrado.

~ 20 ~
— Jantar amanhã à noite? — pergunto-lhe. — Nós podemos pegar
você e você pode me dizer sobre o seu pai.

— Tudo bem, — diz ela com um sorriso, os olhos arregalados e


quentes quando eles descansam em mim.

— Ok, — eu digo a ela e devolvo o sorriso.

~ 21 ~
Capítulo Quatro
HOLLY
Minha campainha soa, e meus nervos fervem. Dando uma última
ajeitada no cabelo no espelho, eu olho para mim mesma com severidade
e murmuro, — Tim é apenas um amigo. Isso vai ser agradável, jantar
amigável onde nos encontraremos e nada mais.

Meu reflexo zomba de volta para mim. — Claro, certo. Você está
tão atraída por ele quando você estava na escola. Você ainda está
apaixonada por ele, por isso se importa. Basta cair dentro, baby. Seu
destino está selado.

Eu mostro a língua para mim e desligo a luz do banheiro. A


campainha da porta soa novamente então eu apresso o passo até minha
porta da frente, tomo uma respiração profunda, e abro.

E santo inferno... os homens não deveriam ser autorizados a ser


tão lindos. Tim não devia ser permitido ser assim tão lindo, porque isso
me faz contorcer e ter coceira. Ele tem seis pés de músculo sólido, algo
que eu não apreciei o outro dia no hospital. Ele está vestindo uma
camiseta cinza escura que está moldada e bem justa em seu peito e
abdômen, jeans escuros. Os músculos dos seus braços e ombros estão
bem definidos, e ele claramente continuou seus treinamentos rigorosos
que ele seguia na escola. Seu braço direito está coberto de tatuagens, o
detalhe eu não posso ver facilmente por causa de sua pele escura.

Não passa despercebido para mim, ou para Tim, que eu estou


examinando seu corpo e quando meus olhos finalmente arrastam-se
para encontrar os seus, essas íris cor de âmbar estão olhando-me
atentamente, com apenas um peculiar e leve sorriso de diversão. Então
Tim me dá o troco, passando lentamente seu olhar pelo meu
corpo. Estou satisfeita com a minha escolha de ir com uma blusa cor de
pêssego que pendura em um ombro e uma saia jeans branca que
mostra minhas pernas. Eu deixei meu cabelo comprido solto, porque eu
nunca poderia esquecer a forma como Tim constantemente acostumava
passar os dedos nele.

~ 22 ~
— Você está linda, — diz Tim, a voz rouca.

— Você também, — eu sussurro, e com o reconhecimento mútuo


de que a atração de um para o outro ainda existe, uma corrente elétrica
parece correr entre nós.

— Nossas reservas são em quinze minutos, — ele murmura


enquanto seus olhos fazem outra passagem pelo meu corpo. — Está
pronta?

Engulo em seco e, antes que possa me convencer do contrário, eu


digo: — Ou... nós poderíamos apenas ficar aqui ... Eu tenho certeza que
posso preparar algo ou podemos pedir uma pizza.

Tim levanta os braços e agarra as bordas do batente da porta. Ele


inclina a parte superior do corpo mais perto de mim e murmura: — Se
eu colocar os pés nesta casa, agora, você sabe que jantar é a última
coisa que qualquer um de nós vai estar pensando.

— E nós precisamos conversar, — eu termino seu pensamento.

— Nós precisamos conversar, — ele concorda. Quando ele estende


a mão para mim, eu coloco a minha na dele, imediatamente
reconectando-me com o seu calor e segurança.

***

Tim me leva para um restaurante que eu sugeri que não é muito


longe da minha casa. Nós decidimos apenas pedir vários aperitivos e
umas ostras grelhadas, tomates verdes fritos, e caranguejo, peço a Tim
me atualizar sobre sua vida desde nos formamos no colegial.

Fiquei surpresa sobre sua carreira. O Tim Davis que eu conhecia


e amava, tinha seu coração decidido a fazer faculdade para que ele
pudesse conseguir graduação em Direito. Fiquei espantada que ele
largou a faculdade depois de seu segundo ano na Syracuse e em vez
disso escolheu ser um bombeiro. Tornou-se rapidamente evidente para
mim que isso é o que ele deveria fazer com sua vida, porque a alegria e
paixão quando fala sobre o seu trabalho é profundamente comovente
para mim.

— Então, o que aconteceu com Columbia? — ele pergunta quando


corta um tomate verde frito ao meio, colocando um pedaço no meu

~ 23 ~
prato e toma o outro para si mesmo. — No outro dia você disse que se
transferiu para Tulane.

Eu aceno, usando um garfo e faca para cortar a minha fatia em


pedaços iguais. Isso me dá a desculpa de olhar para a minha comida
em vez de para ele. — É ... hum, meu pai e eu meio que tivemos uma
briga pelo que ele fez.

Eu dou uma olhada no Tim. Ele ainda está assombrado, seus


olhos escuros com interesse. Ele põe os talheres para baixo e descansa
os cotovelos sobre a mesa, juntando as mãos diante do seu rosto. — O
que aconteceu?

Baixando meus talheres, eu limpo minha garganta. — Eu nunca


poderia perdoar o que ele fez com você. As coisas terríveis que ele disse
para você. Tentei argumentar com ele e, pela primeira vez na minha
vida, meu pai me bateu. Foi mais como uma bofetada no meu rosto,
mas ele me chamou de prostituta suja por estar com um homem negro.

— Jesus fodido Cristo, — Tim rosna.

Eu levanto uma mão para detê-lo. — Ele tentou me fazer sentir


suja por amar você, mas eu simplesmente não conseguia. Não havia
nada de errado nisso. Era tão certo. Eu tinha tanta certeza dos meus
sentimentos por você.

— No entanto, você terminou comigo, — diz ele em voz baixa, e eu


não perco o toque de amargura em sua voz.

Concordo com a cabeça, baixando os olhos de vergonha. — Ele


me obrigou. Ameaçou me chutar para fora de casa depois da formatura,
com nada mais que as roupas do corpo.

— Foda-se, — Tim resmunga, mas não me atrevo a olhar de volta


para ele.

— Eu estava com medo, Tim. Eu tinha minha vida inteira


traçada... graduação, faculdade de medicina, uma carreira ajudando as
pessoas. E lá estava eu, prestes a ser sem-teto e sem dinheiro.

— Holly, — Tim sussurra, mas eu ainda não olho para ele.

— Eu não sei se ele ia cumprir sua ameaça, mas eu estava com


muito medo de enfrentá-lo. Eu era muito fraca. Escolhi deixar você ir no
lugar.

~ 24 ~
Tim está totalmente silencioso. Embora essas realmente foram
algumas palavras difíceis de sair, eu sinto ter aliviado um peso dos
meus ombros agora que ele sabe toda a verdade. Eu finalmente me
atrevo a olhar para ele, e estou chocada ao ver simpatia nadando em
seus belos olhos.

— Oh, baby, — ele murmura, colocando uma mão sobre a mesa


para pegar a minha.

— Eu sinto muito, — digo-lhe, minha voz trêmula de emoção. —


Eu sinto muito que eu não pude ser mais forte.

Os dedos de Tim apertam forte os meus. — Não, — diz ele


asperamente. — Não é sua culpa. Você tinha fodidos dezoito anos e com
medo dominando sua mente. Você fez o que tinha que fazer, e se isso
significava me deixar, então você tinha que fazer isso para se manter
segura.

— Eu não mereço isso de você, — eu boto pra fora.

— Não, Holly, — ele me diz com firmeza. — Você precisa esquecer.


Você não fez nada errado. Você me escutou? Você. Não. Fez. Nada. De.
Errado.

Eu aceno, não aceitando realmente o que ele está dizendo, mas já


não tenho forças para argumentar contra o seu perdão.

— Como você terminou em Nova Orleans? — Tim pergunta


quando me dá um aperto final e solta minha mão. Em seguida, ele
acena para o meu prato e acrescenta: — Coma.

Eu tomo o pequeno alívio que ele me dá da conversa pesada e


pego um bolo de caranguejo. — Minha relação com meu pai estava
quebrada. Peguei seu teto esse verão e, em seguida, o dinheiro da
mensalidade, mas o dia que ele o expulsou da nossa casa ... eu rompi
emocionalmente com ele. Passei meu primeiro ano na Universidade de
Columbia solicitando bolsas de estudo em outras universidades para
que eu pudesse sair de seu aperto completamente. Eu consegui várias
ofertas, mas Tulane era a mais distante de Nova York. Eu sai após meu
primeiro ano e nunca olhei para trás.

— Você cortou relações com seu pai? — Tim pergunta incrédulo.

— Ele era o meu herói, Tim, — eu defendo minhas ações. — E


então ele quebrou completamente minha confiança nele. E eu sinto
muito... mas eu simplesmente não posso aceitar seu ponto de

~ 25 ~
vista. Eles não me representam. Ele me fez sentir mal por ter
sentimentos por você, e eu simplesmente não podia perdoá-lo.

— Eu não sei o que dizer, — ele murmura, tomando um gole do


vinho que pedimos.

— Eu ainda falo com meus pais, mas é formal... impessoal. Eu


acho que eu estive de volta em casa talvez três vezes nos últimos nove
anos. Minha mãe ainda finge que nós somos uma família, mas nós não
somos. Não temos sido por dez anos.

— Eu sinto muito, — diz Tim.

Dou-lhe um sorriso irônico. — Não há nada para você se


desculpar.

— Há sim, — diz ele em voz baixa. — Sinto muito por pensar o


pior sobre você por tanto tempo. Eu presumi que você se deixou levar
no modo de pensar de seu pai. Que talvez eu fosse apenas uma
novidade para você ... menina rica, branca namorando o robusto
jogador de futebol negro bonitão.

Eu sorrio sobre a imagem, mas depois eu fico séria. Espero que


ele entenda quando digo: — Eu amei você, Tim. Você foi meu primeiro
amor. Era verdadeiro. Meu pai nunca mudou isso. Ele apenas tornou
impossível para mim, ver um futuro.

Os músculos da garganta de Tim trabalham quando ele engole em


seco. Seus olhos são poços profundos de tristeza e tempo perdido. — O
que vou fazer com você? — ele murmura.

Eu levo o meu olhar para o nosso garçom, que está pairando nas
proximidades. Com um movimento do meu pulso, eu silenciosamente
peço a conta. Pegando meu guardanapo do meu colo, eu limpo minha
boca e, em seguida, coloco-o no meu prato. — Que tal me levar para
casa? Tenho certeza que você pode descobrir alguma coisa depois disso.

Os olhos de Tim brilham quente... acendendo com intensidade


enquanto ele olha para mim do outro lado da mesa. Seus lábios se
curvam para cima em um sorriso perverso. — Eu acho que eu posso
surgir com algo.

~ 26 ~
Capítulo Cinco
TIM
A curta distância de volta de carro para a casa de Holly é
visivelmente tranquila. Espero que seja porque as nossas mentes estão
preocupadas com o que está por vir.

Eu não posso negar... desde o momento em que coloquei os olhos


em Holly na sala de emergência no outro dia, eu fui lembrado quão
profundamente atraído sou por esta mulher em um nível físico. Apesar
da dor que ela tinha me causado, meu pau ainda estava muito
interessado nela.

Depois de nossa conversa hoje à noite... e as coisas que eu


aprendi?

Minha mente está em sobremarcha absoluta tentando entender


tudo isso. Porque agora, eu fui liberado para agir com base nessa
atração, e claramente, Holly quer a mesma coisa. Antes de muito
tempo, eu vou estar afundado naquela beleza.

Mas isto agora é mais do que apenas atração física, algo que com
Holly e eu nunca foi pouco quando estávamos juntos na escola. Agora
sentimentos antigos foram ressuscitados, e cada gota de dor e raiva se
foi. Tudo o que eu sinto agora é o calor e cuidado para ela, bem como
uma enorme simpatia pelo que ela passou. Eu admiro sua coragem em
opor-se ao seu velho homem e por manter-se fiel aos seus valores. Isso
tudo pressiona em mim, e eu tenho que saber o que o fodido destino
tem em mente para nós daqui para frente.

Para o futuro imediato, a única coisa que eu sei é que eu vou


foder Holly como ela nunca foi fodida antes. Eu era um garoto, então...
mas agora eu sou um homem. Eu aprendi uma coisa ou duas desde
que perdemos a nossa virgindade no banco de trás do carro da minha
mãe o velho Buick Skylark.

Eu estaciono o carro na garagem de Holly e sigo-a em silêncio até


sua varanda de entrada. A sua casa é simples para uma médica, mas

~ 27 ~
Holly nunca me pareceu como alguém que queria desperdiçar dinheiro
comem extravagância. Mesmo que ela cresceu com riquezas, ela nunca
foi o tipo de garota que ficava presa em tendências ou posses, que é algo
que me deixava mais confortável com ela, porque eu absolutamente não
vim da riqueza.

Quando Holly inclina a cabeça para enfiar a chave na fechadura,


eu vou perto atrás dela, imediatamente imerso em seu perfume. Meu
peito escova contra as suas costas, e eu me inclino para frente para
acariciar seu pescoço. Ela suspira... suavemente, e se inclina para trás
em mim, a fechadura momentaneamente é esquecida.

Meus braços envolvem sua cintura, e eu a puxo mais contra mim.


Minha voz é suave, mas áspera. — Faz tanto tempo, Holly.

— Parece que faz uma vida inteira, — murmura. — Mas, às vezes,


parece que foi ontem.

Minha mão serpenteia, segurando-a pelo queixo, e viro sua


cabeça para o lado. Eu me inclino ao seu redor, mantendo ainda meu
outro braço em volta da cintura.

Eu a beijo... não muito suave, mas não muito forte. É mais como
reivindicar a boca que eu devo admitir, fantasiei ao longo dos anos que
estivemos separados. Holly pode ter quebrado meu coração, mas isso
não significa que todas as minhas memórias dela eram cruéis. Muito
pelo contrário, o esmagamento do meu coração indica a profundidade
dos meus sentimentos por ela, o que proporcionou uma impressão
permanente em mim e me fazia comparar todas as outras mulheres na
minha vida a ela.

Sim, éramos jovens quando estivemos juntos, e sim... foi o


primeiro amor. Mas, assim como disse Holly, era um amor
verdadeiro. Era puro, doce e inocente. Era inocente porque não
tínhamos ideia dos problemas que deveríamos enfrentar, porque a
nossa cor da pele era diferente. Isso só não importava para mim e Holly,
por isso, foi além da compreensão de nossos jovens corações que aquilo
iria ficar no nosso caminho.

Holly me beija de volta... profundamente e sem reservas. Sua mão


desliza para cima e em torno do meu pescoço, os dedos cavando. Meu
braço aperta em torno de seu estômago enquanto eu pressiono meus
quadris em suas costas. O pequeno gemido que ela solta me diz que ela
sente e aprecia o quão duro eu estou já para ela.

~ 28 ~
Puxando minha boca fora, eu dou-lhe um pequeno empurrão em
direção à porta. — Destrave essa porta.

Minhas mãos vão aos seus quadris, apenas para que eu possa
continuar tocando, e ela habilmente desliza a chave para nos dar
entrada. Assim que a porta está fechada, ela se vira para mim com os
braços abertos e estamos nos beijando novamente. Desta vez mais
profundo... mais quente. Ela geme, e então eu gemo, a sensação dela
em minha boca é bom pra caralho.

Então ela está em meus braços e eu estou levando-a de costas


para o quarto dela quando ela me dá instruções soltas, ao mesmo
tempo em que continuamos nos beijando. Coloco seus pés no chão, e
ela está puxando a minha camisa enquanto eu trabalho o botão e o
zíper da sua pequena saia branca. Nossas mãos se atrapalham...
frenéticas para chegar à pele. Nós nos contornamos para tirar nossos
sapatos e para que eu pegue um preservativo da minha carteira, mas no
final, leva apenas poucos segundos para nós ficarmos nus.

Ela dá um passo afastando-se de mim, os olhos lentamente


percorrendo meu corpo. Quando ela chega ao meu pau, que está duro
como uma rocha e inclinado para cima, eu posso literalmente sentir o
calor de seu olhar. Luxúria corre através de mim, e eu não consigo me
conter, e agarro minha própria espessura. Eu me massageio para cima
e para baixo, vendo os olhos de Holly praticamente dilatados. A luxúria
ferve dentro de mim.

— Deite-se na cama, baby, — eu ordeno a ela enquanto eu


bombeio meu pau com a minha mão.

Ela se atrapalha... sobe para o centro e se deita de costas. Sua


pele é pálida, cremosa e, a partir da aparência dela, suave como
cetim. Eu não posso esperar para correr meus lábios e mãos tudo sobre
ela. Eu sempre amei a forma como a minha pele escura parecia perto da
sua suavidade de porcelana. O contraste na verdade aumenta o
erotismo da nossa foda.

Rastejando sobre a cama, eu empurro-lhe as pernas e não perco


tempo. Eu não posso esperar... Faz muito tempo e quero essa mulher
agora muito forte. Eu vou tomar o tempo para redescobrir o corpo dela
mais tarde esta noite. Ajoelhado entre suas pernas, eu lhe entrego o
preservativo e com a voz grossa lhe ordeno, — Coloque-o em mim.

Lambendo os lábios, ela rapidamente abre o preservativo e


estende uma mão para agarrar meu pau. Magros e pálidos dedos se
curvam em torno de meu eixo, que sacude em resposta ao seu toque.

~ 29 ~
— Foda-se, eu amo seu toque, — eu gemo. — Sempre adorei.

Ela me dá um sorriso suave enquanto ela rola o preservativo, me


dando um aperto duro quando ela o faz. Eu afasto a mão dela e caio em
cima dela, certificando-me de me apoiar em um antebraço para que eu
não a esmague com o meu peso. Minha boca imediatamente encontra a
dela, e é tudo sobre a língua e os dentes quando nós nos beijamos
desesperadamente um ao outro.

Uma mão desliza entre suas pernas, primeiro a cubro


gentilmente, e depois deslizo um dedo dentro dela. Ela esfrega contra
mim e geme. Ela está fodidamente tão molhada já, mas ela não está
completamente pronta. Acrescento outro dedo e lentamente bombeio
dentro e fora, esticando-a e aperto o meu polegar contra o seu
clitóris. Os quadris de Holly giram desenfreadamente, e seus dedos
cravam em minhas costas. É uma das coisas que eu sempre amei sobre
ela... como ela se entregou a mim com total abandono, nenhuma vez
com vergonha de me mostrar o quanto ela amava o meu toque.

— Tim, — murmura, com a voz rouca. — Eu quero você dentro de


mim.

— Você está pronta para mim? — pergunto. — Porque eu não vou


ser capaz de levar isso lento ou gentil com você. Eu quero você muito
para poder segurar.

Ela balança a cabeça e bombeia seus quadris contra minha


mão. — Deus, eu estou pronta. E eu posso aguentar qualquer coisa que
você me der.

Eu a beijo novamente, brutalmente duro, e puxo a minha mão de


suas pernas. Agarrando meu pau, eu passo-o sobre suas dobras lisas,
encontro o meu prêmio, e dou um pequeno impulso. Ela é tão
fodidamente apertada e eu sou um homem grande, então eu não quero
machucá-la. Eu trabalho com movimentos curtos de meus quadris,
avançando meu caminho um pouco mais de cada vez, sentindo sua
carne relaxar e moldar-se em torno de mim como uma luva. Mais
umidade cai em torno de mim e suas mãos caem na minha bunda para
me apressar.

— Por favor, — ela geme quando as suas unhas marcam a pele na


minha bunda.

Eu deixo cair a minha cabeça em seu ombro, tomo um fôlego, e


bato meus quadris para frente até que eu estou afundado até a base do

~ 30 ~
meu pau. Holly grita um — sim, — e eu não posso parar o que soa
como um grunhido animalesco que sai da minha própria boca.

— Porra, porra, porra, — murmuro em seu ombro. Eu me seguro


absolutamente imóvel, com medo de que eu poderia explodir com
apenas alguns golpes.

— Deus, eu sentia falta disto, — ela sussurra suavemente. —


Senti falta de você dentro de mim. Senti falta da sua bondade... do seu
coração... tudo isso dentro de mim.

Suas palavras me tocam profundamente e trazem um pouco de


controle de volta para mim. Eu timidamente saio dela um pouco e
afundo de volta lentamente. Ah, sim... porra, puro céu logo ali.

Levantando minha cabeça, eu olho para ela. Seus olhos estão


meio fechados, mas brilhando com sensualidade. — Você está bem? —
eu pergunto.

Ela sorri para mim. — Melhor do que nunca.

— Eu não posso acreditar que eu estou aqui... dentro de você


agora. Nunca pensei que isso iria acontecer novamente.

— Eu sei, — ela diz baixinho, com uma mão acariciando meu


rosto. — Eu senti sua falta.

— Eu senti sua falta também, Holly, — eu digo-lhe com


sinceridade. Embora eu não tenha passado cada dia dos últimos dez
anos ansiando por ela, eu tenho pensado sobre ela mais do que eu
provavelmente deveria.

Eu continuo entrando e saindo dela languidamente quando nos


olhamos fixamente um para o outro. Ela arqueia seu pescoço e inclina a
cabeça para trás, tendo sido envolta no prazer. Isso me faz ir um pouco
mais forte... um pouco mais rápido. Eu vejo seu rosto o tempo todo,
seus olhos finalmente cedem e fecham. Seus lábios ofegantes se
separam para sair o ar. Um breve olhar para baixo e vejo seus seios
saltando e balançando por minhas estocadas em seu corpo.

Desço uma mão entre as pernas dela, coloco a almofada do meu


dedo contra seu clitóris e começo a esfregar em círculos... suavemente
no início, mas, em seguida mais áspero. Controlo a força dos meus
impulsos, indo primeiro um pouco mais fundo para ter certeza que ela
pode lidar com isso, e em seguida, adicionando velocidade e potência.
As pernas de Holly se levantam, apertam minhas costelas com seus

~ 31 ~
joelhos, e sou recompensado com um pequeno gemido cada vez que eu
entro nela bem profundo.

— Eu estou tão perto, Tim, — ela praticamente choraminga.

Eu a fodo mais duro, o suor escorre agora em minhas têmporas e


rola no lado do meu rosto. Eu posso sentir minhas bolas começando a
apertar, e eu cerro os dentes para tentar contê-lo, porque eu não quero
desistir desse sentimento agora.

Mas, em seguida, Holly dá um grito estrangulado, e eu sinto sua


buceta apertar duramente o meu pau quando ela começa a gozar. Suas
costas arqueiam e eu entro nela de novo, e de novo, e de novo, mais
uma vez, enquanto ela geme seu orgasmo.

E foda... bem ali, eu começo a gozar. Eu gozo duro e longo, e com


outro impulso profundo, eu gozo um pouco mais. Todo o meu corpo
treme com o alívio, e eu gemo contra a pele macia de seu pescoço.

Cristo, isso foi melhor do que jamais foi antes. Melhor do que
qualquer coisa que Holly e eu já fizemos em nossa juventude, e
fodidamente melhor do que qualquer outra mulher com quem eu já
estive.

Eu não sei o porquê disso, e eu realmente não me importo. Há


apenas uma coisa entre Holly e eu que não pode ser explicado, mas por
qualquer motivo, nos conecta em um nível diferente. Um plano mais
elevado. Um universo emocional cósmico em que apenas nós existimos.

E isso, eu gosto muito.

~ 32 ~
Capítulo Seis
HOLLY
Eu saio da sala de cirurgias, descarto minha máscara e touca, e
dou às minhas mãos uma boa esfregada. Enquanto eu passei os últimos
quarenta e cinco minutos colocando todo o meu foco para fixar uma
fratura do rádio distal, eu tiro um momento para deixar minha mente
desestressar do meu trabalho e me concentrar em algo um pouco mais
agradável.

Tim.

A outra noite foi... bom, eu não tenho certeza do que foi.

Foi uma espécie de voltar para casa. Parecia natural e familiar


ficar com ele, mas era novo e excitante ao mesmo tempo. Nós dois ainda
somos os mesmos, mas estamos diferentes também. Temos idade e
maturidade revestindo as nossas almas, o que levou a uma incrível
conversa de travesseiro depois que ele praticamente me colocou em
coma com um orgasmo alucinante. Nós conversamos sobre a vida um
do outro, não escondendo nada. Ele me contou sobre sua ex-mulher,
Bonnie, e eu disse a ele sobre meus relacionamentos passados. Foi uma
discussão franca, sem qualquer medo de represálias.

Então Tim me empurrou de costas, abriu as minhas pernas, e


desceu sobre mim. Isso era algo muito novo em nosso relacionamento,
porque quando tínhamos dezoito anos de idade e perdemos a nossa
virgindade, nenhum de nós sabia muito sobre sexo. Quero dizer, um
tempo selvagem juntos para nós, foi tentar o estilo cachorrinho no
banheiro em uma festa um fim de semana.

Tudo o que sei é que ele me fez gozar duas vezes antes que ele me
fodesse de novo, e foi muito bom. Eu não me lembro de ter sido tão
bom.

Nunca.

Com ninguém.

~ 33 ~
Espero que seja porque nós temos história e sentimentos que em
um ponto eram muito profundos, e pode estar começando a
aprofundar-se novamente.

O meu telefone vibra no meu jaleco que está pendurado no


gancho na parede. Eu seco minhas mãos e o agarro.

Sorrindo, eu leio o texto de Tim. Eu tirei uma chance para ver você,
se você tiver tempo para uma visita. Eu estou no saguão.

Eu digito uma resposta rapidamente. Apenas terminando uma


cirurgia. Estarei lá em um minuto.

Quando eu chego ao lobby, Tim está navegando em seu iPhone


enquanto ele está sentado relaxadamente. Tão lindo... sentado lá em um
par de shorts cáqui, tênis e uma camiseta vermelha. Está tarde e eu sei
que esta é uma visita rápida, mas caramba... ele parece estar bom o
suficiente para comer.

— Ei, — eu digo, quando caminho até ele.

Seu rosto se inclina para cima com um belo sorriso de boas-


vindas. — Ei. Sam está na cama por isso pensei que eu podia
aparecer. Espero não estar incomodando.

— De jeito nenhum, — eu digo a ele, estendendo a mão para


pegar a dele. — Vamos... podemos passar um tempo em uma das salas
dos médicos de plantão. Está muito calmo agora.

Ele caminha ao meu lado... descemos alguns corredores, e de


volta para a seção administrativa da sala de emergência, que abriga três
escritórios vazios que os médicos de plantão podem usar para trabalhar
em sua papelada. Eu tomo a primeira à direita, que eu posso dizer está
desocupada desde que não tem luz brilhando por debaixo da porta.

Eu ligo a luz enquanto Tim me segue, então eu fecho e tranco a


porta.

O barulho do bloqueio chama a atenção de Tim e as sobrancelhas


sobem em surpresa quando eu chego perto dele, fico na ponta dos meus
pés, e dou uma pequena alfinetada em seu queixo. — Eu realmente não
tenho muito tempo, então vamos fazer mais do mesmo.

Minhas mãos trabalham rapidamente no botão e zíper de sua


bermuda e antes que ele possa até mesmo dizer uma palavra, eu
empurrei seus quadris e peguei seu pau na minha mão.

~ 34 ~
Ele incha rapidamente quando o acaricio, e Tim amaldiçoa. —
Porra, baby.

— Sim, nós vamos, — eu digo-lhe com confiança. — Mas


primeiro... necessito fazer isto.

Caindo de joelhos, eu bombeio mais algumas vezes, amando quão


inacreditavelmente duro ele se tornou. Abrindo a minha boca, eu dou-
lhe uma pequena lambida na ponta, e ele empurra em minhas mãos. Eu
dou uma espiada para ele. Ele está olhando para mim com um olhar tão
feroz em seus olhos, eu quase duvido de mim por um segundo.

Esse momento passa e eu levo-o em minha boca


profundamente. E oh... ele é grande. Quero dizer, realmente grande, e
meu queixo protesta imediatamente, mas eu adoro a sensação e o gosto
dele contra a minha língua, e é demais para desistir dele. Isso também
foi algo que nunca tentei no passado, mas é um ato tão íntimo que eu
quero compartilhá-lo com ele agora.

As mãos de Tim se fecham em punho no meu cabelo e seus


quadris se balançam para trás e forte ao tempo que eu chupo e
lambo. Eu olho para ele de novo, e ele está olhando para mim tão
intensamente que a umidade inunda entre as minhas pernas.

— Holly, — murmura Tim e aperta mais minha cabeça. Percebo


que seus quadris se acalmaram, mas eu naturalmente compenso com
mais ação balançando minha cabeça.

— Holly... querida, — Tim geme. — Pare. Você tem que parar ou


eu vou explodir rápido.

Eu dou um aceno de cabeça e chupo-o mais profundo, mas em


um instante, ele se sai da minha boca, depois de ter arrancado a si
mesmo longe de mim. Eu olho para ele com surpresa, mal notando o
fato de que seu peito está pesado com esforço e seu pênis está de pé
alto e molhado da minha saliva antes que ele está me agarrando sob
minhas axilas e me puxando para fora do chão.

Girando-me asperamente, ele empurra meu peito para baixo na


mesa. Eu posso ouvir sua respiração, que está dura e áspera, e suas
mãos puxam freneticamente os botões do meu uniforme.

— Porra, Holly... te observando me tomar em sua boca assim. Não


foi possível lidar com isso. Estou tão fodidamente ligado agora, — ele
ofega enquanto ele desce meu uniforme e calcinha pelas minhas
pernas. Sua mão imediatamente vem e ele enfia dois dedos em mim. E

~ 35 ~
Isso, é tão bom porque eu estou além de ligada depois de senti-lo na
minha boca.

Tim para trás de mim, e, em seguida, os dedos são substituídos


por ele esfregando o final de seu pau entre minhas dobras molhadas
enquanto uma mão empurra entre meus ombros para que eu desça
mais na mesa.

— Diga-me agora, se eu não posso te foder sem camisinha, — ele


comanda com um grunhido.

— Você pode, — eu gemo, implicitamente confiando nele.

Tim bate dentro... um impulso vicioso de seus quadris, e seu pau


bate em mim tão duro, que a mesa se move para frente diversas
polegadas.

— Vai ser rápido, baby, — murmura Tim, em seguida, suas mãos


estão em meus quadris e ele está batendo dentro e fora de mim. Sua
pélvis e pernas batem contra a minha própria pele, a mesa arranha o
chão, e nenhum de nós pode parar os gemidos e grunhidos sendo
desencadeados a partir desta selvagem e louca foda, que estamos
fazendo na sala de emergência.

— Oh, Deus, Holly, — Tim geme. — Você deveria ver o que eu vejo
aqui de trás, baby. Meu pau submergindo em você. Malditamente
quente.

Eu gemo duro por suas palavras e sinto as primeiras pontadas de


um orgasmo começando a construir. Ele me fode ainda mais duro e
quando a mão dele vai ao redor, encontra meu clitóris, e o aperta, eu
entro em erupção em uma implosão violenta de êxtase, absolutamente
espantada com a forma como Tim pode manipular meu corpo.

— Eu vou gozar, — Tim geme. Ele murmura uma prolongada


sucessão de maldições quando começa a fazer isso, moendo-se contra
mim para ordenhar cada gota de prazer.

Ambos estamos respirando com dificuldade. Tim se inclina sobre


mim, colocando um beijo suave contra a parte de trás da minha cabeça
antes de ele recuar e puxar para fora do meu corpo. Eu sinto a umidade
deslizando pelas minhas pernas, mas, em seguida, Tim chega do outro
lado da mesa, pega vários lenços de uma caixa, e me limpa. Ele puxa
minha calcinha e uniforme antes de vestir-se a si mesmo e, em seguida,
o melhor de tudo, ele me puxa para seus braços.

~ 36 ~
Descansando minha cabeça contra seu peito, eu escuto o barulho
constante de seu coração, saboreando sua força e segurança. Sinto-me
calma e satisfeita em tantos níveis que é difícil descrever.

Afastando-se um pouco, Tim me dá um beijo suave nos meus


lábios. Sorrindo, ele diz, — Droga Holly... Eu realmente vim para ver se
você tinha tempo para uma xícara de café.

Eu rio e acaricio seu peito. — Isto foi muito melhor do que uma
xícara de café.

— Com certeza foi, — diz ele enquanto me aperta.

— É chato estar de plantão hoje e amanhã, — murmuro quando


uma de suas mãos acaricia meus cabelos.

— Eu sei, — ele concorda em voz baixa. — Eu vou levar Sam ao


zoológico amanhã, mas estava pensando... Você está pronta para
passar o dia depois com a gente? Talvez nos mostrar os redores de Nova
Orleans e depois vir para o jantar na casa da minha irmã?

Meus braços involuntariamente apertam em volta da cintura em


resposta. — Eu adoraria.

— Bom, — diz ele. — Eu quero que você conheça Sam.

Puxando para trás, eu olho para Tim em curiosidade. — Você


quer?

— Claro que eu quero, — diz ele como se eu tivesse perguntado a


coisa mais estúpida do mundo. — Holly... Eu não tenho certeza o que
você acha que está acontecendo entre nós, mas isso não é apenas uma
foda de férias. Eu posso estar voltando para Nova York, mas isto não
está acabado entre nós. Você sabe disso, certo?

Calor, ternura e alívio correm através de mim. Eu sorrio para ele


brilhantemente e coloco a palma da mão em seu peito. —
Definitivamente não está acabado entre nós.

~ 37 ~
Capítulo Sete
TIM
Nós decidimos levar Sam ao Parque de diversões Carousel
Gardens, imaginando que seria a melhor maneira de manter uma
criança de cinco anos de idade entretida. Ele começou a cansar logo
depois do almoço, mas ele pegou seu segundo fôlego no início da tarde.

O dia não poderia ter ido melhor. Tive uma conversa rápida com
Sam na última noite sobre Holly, apenas dizendo-lhe que ela era uma
velha e querida amiga, e que ela queria passar o dia com a gente. Ele
reagiu como qualquer criança provavelmente faria... com total
indiferença. Em vez disso, ele estava mais animado com o parque de
diversões e queria garantias de que ele seria capaz de ir para os
passeios, mesmo com a mão em uma tala.

O que foi interessante, porém, foi a rapidez com que Sam se


apegou a Holly uma vez que chegamos ao parque. Sua indiferença
tornou-se interesse genuíno, o que era de se esperar, porque Holly
mostrou interesse imenso em direção a ele e seu mundo. Acho que é
porque sua especialidade é em ortopedia pediátrica que ela tem um
talento natural para conectar-se com as crianças, mas mesmo eu estava
agradavelmente espantado enquanto eu assistia a capacidade dela de
lidar com longos momentos de diálogo com um garoto de cinco anos de
idade.

— Então, em qual posição você joga no beisebol? — Holly


perguntou a Sam enquanto caminhávamos pelo parque.

E, como apenas um menino de cinco anos de idade pode fazer


quando ele quer falar sobre algo que é importante para ele, ele diz, —
Eu jogo na segunda base. E eu sou realmente bom. Posso não passar
para a Liga na seguinte base, mas sou bom o suficiente para estar no
treinamento, e eu fui a um acampamento neste verão e eu tentei a parte
exterior do campo, mas não gostei, mais eu sou melhor na segunda
base.

— Melhor, — eu interrompo rapidamente.

~ 38 ~
— Melhor, — concorda Sam. Ele então continua a dizer a Holly
sobre todos os outros garotos de sua equipe e o que ele sentia sobre
como seria seu futuro no beisebol.

No meio da manhã, Sam queria que Holly fosse aos passeios com
ele e eu fui relegado para segurar os animais de pelúcia que ganhamos
enquanto eles se divertiam. E eu sorrio o tempo todo, grato que Sam ao
que parece gosta de Holly e vice-versa.

Isso foi importante para mim, porque como eu disse a ela na


outra noite, isto não está a caminho de acabar entre nós. Eu não tenho
nenhuma porra de ideia do que o futuro reserva para nós, mas eu sei
que tem algo. Eu sei disso porque em poucos dias, muitos dos meus
antigos sentimentos por Holly retornaram. Não só existe a atração física
extrema, mas é como se dez anos se derreteram e eu estou lembrando
todas as coisas sobre ela que me levaram aos dezoito anos me
apaixonar pela menina loira de olhos verdes que queria ser médica e
salvar o mundo.

Seu humor, sua graça, sua compaixão.

O jeito que ela revira os olhos para mim quando eu estou


brincando.

Seu pequeno hábito de mordiscar o lábio quando ela está


pensando sobre a melhor maneira de dizer alguma coisa.

O jeito que ela faz contato visual com todo mundo com que se
encontra, dando um sorriso ou um aceno de cabeça em saudação.

Ou como ela cantarola junto com a música no carro, mas se


recusa a realmente cantar em voz alta.

Todas essas coisas que eu tinha esquecido, e ainda assim, elas


ainda são tão próprias de Holly e eu percebi que eu realmente sentia
falta dessas pequenas peculiaridades.

Depois, há as coisas que eu estou aprendendo sobre ela de


novo. As formas em que ela mudou como mulher. Ela tem uma linha
desobediente, que não tinha na escola. Nós só fomos sexualmente ativos
por alguns meses antes que seu pai nos fizesse separar, mas ela estava
hesitante e sempre procurou minha liderança. Na outra noite, ela
praticamente abusou de mim naquela pequena sala, uma nova
característica que penso que gosto muito.

Claro, eu não posso ignorar o fato de que ela começou a


realmente mudar, provavelmente, o dia depois que terminamos. Esse foi

~ 39 ~
o começo do fim para ela e seu pai, e ela fez enormes sacrifícios e
decisões de peso para se certificar de que sua vida não seria controlada
por um homem intolerante. Este é um traço de caráter que eu iria
mover céus e terra para ensinar ao meu próprio filho, para que ele
nunca tenha que sofrer com esse tipo de medo ou pressão. Eu posso
dizer que Holly é o tipo de mulher que vai mover céus e terra para
ensinar isso aos seus próprios filhos um dia.

— Pai... posso ter meu desenho meu feito pelo moço? — Sam pede
quando nós passeamos pelo parque de diversões. Já estivemos em todos
os brinquedos que Sam sentia-se corajoso o suficiente para tentar, bem
como jogado todos os jogos imagináveis.

Olho para um artista de rua desenhando caricaturas. Eu sempre


senti que isso era estúpido e um desperdício de tempo, mas hoje, não
tenho objeções quando Sam e Holly estão interessados.

— Claro, — eu digo, alcançando no bolso para tirar minha


carteira. Depois que eu pago o artista e Sam senta na cadeira, eu passo
por Holly e enrolo meu braço em torno do seu ombro, puxando-a para
perto. Inclinando-me, eu beijo-a na parte superior da cabeça, que é a
primeira exibição de afeto que tenho mostrado a ela o dia todo. Eu tinha
sido hesitante, por causa do Sam, mas ele não está prestando atenção a
nós agora.

Mas ele vai, eventualmente, então eu mantenho o meu braço em


torno dela e imagino que ele necessita vê-lo em algum momento.

— Passou um bom tempo hoje? — pergunto-lhe ao tempo que


vemos o artista começar a desenhar.

— O melhor, — ela murmura deslizando um braço em volta da


minha cintura. — E você?

— O melhor, — eu concordo com ela, e, em seguida, adiciono, —


Sam realmente gosta de você.

— Você tem um filho incrível, Sr. Davis, — diz ela com


esperteza. — Ele é completamente você, cem por cento.

— Ele tem um pouco de sua mãe, — eu digo com um sorriso. —


Felizmente, ele não pegou a parte que pega no meu pé o tempo todo por
não pegar minhas meias sujas do chão do quarto.

Holly bate seu quadril contra mim em advertência. — Eu pegaria


no seu pé por isso também.

~ 40 ~
— Eu sabia... você é uma megera, — provoco-a, e sim... ali está...
um revirar de olhos.

Nós assistimos Sam por um momento, seus olhos finalmente


lançando-se sobre nós quando estamos lá com os nossos braços em
torno de nós. Ele nem sequer levanta uma sobrancelha, apenas pisca
seu sorriso grande e se volta para o artista.

— Então, você quer ter filhos? — pergunto-lhe.

— Sim, — ela diz com uma pitada de sonho em sua voz. — Algum
dia. Talvez dois... três? Eu não sei, mas definitivamente, quero.

— Você daria uma mãe maravilhosa, — murmuro inclinando-me e


toco minha bochecha na sua têmpora.

— É engraçado, porque crescendo, sempre que o meu pai fez algo


que eu simplesmente adorava, eu dizia a mim mesmo: 'Eu vou ser
exatamente como ele quando crescer'. Eu sou tão diferente agora do que
era então. Eu aprendi muito... vendo todos os tipos de feiura. Espero
que eu tenha conseguido eliminar todo o mal que eu vi meu pai fazer e
sair com apenas o bem.

— Isso definitivamente não é algo que você precisa se preocupar,


— eu digo a ela mantendo meus olhos treinados sobre Sam. — Não há
nada além de coisas boas dentro de você.

— Sim, bem, você não tem me visto de perto e pessoalmente,


quando estou de TPM. Você não irá fazer tantos elogios, — ela brinca.

— Eu acho que eu poderia lidar com isso. É apenas uma vez por
mês.

Holly dá uma risada gutural e se afasta. Quando meu braço cai


longe de seu ombro, ela imediatamente pega a minha mão e enlaça seus
dedos com os meus. Virando-se para me encarar, de costas para Sam,
ela olha para mim e o sol faz com que seus olhos verdes clareiem até a
cor de limão. Ela é absolutamente de tirar o fôlego... literalmente rouba
minha respiração.

— Eu verifiquei você enquanto você estava na faculdade, — diz


Holly inesperadamente.

Minhas sobrancelhas sobem, não só porque eu estou surpreso


com isso, mas também porque isso está tão longe da nossa conversa de
sua TPM. — Oh sim?

~ 41 ~
Ela balança a cabeça... quase timidamente, abaixando o olhar
para o chão. — Depois que eu decidi deixar Columbia no final do meu
ano de caloura. Quando comecei a receber ofertas de bolsas de estudo
para outras escolas. Eu sabia que estava deixando meu pai e seus
modos de controle para trás.

Suas palavras se perdem... ela está perdida em uma memória. Eu


coloco minha mão debaixo do seu queixo, levantando o olhar para
mim. Eu olho para ela interrogativamente então ela vai continuar.

— Lembra-se de Bennie... que estava namorando Sarah Carnes


no nosso último ano?

Eu aceno, lembrando vagamente de Bennie mas não tendo


nenhuma ideia de quem era Sarah Carnes.

— Bem, Bennie foi para Columbia e tivemos algumas aulas


juntos. Sarah foi para Syracuse e estava em uma irmandade lá.

— Eu lembro de Bennie... mas não de Sarah.

— Bem, Sarah era de uma irmandade junto com uma garota que
você estava namorando no seu primeiro ano, — diz ela.

— Beth Gamble, — eu digo, lembrando da pequena líder de


torcida que eu via e deixava de ver enquanto estive em Syracuse.

— Sim... bem, Bennie sabia que tínhamos namorado na escola, e


ele mencionou que Sarah tinha visto você em algumas festas. Assim, ele
sempre me manteve informada sobre o que você estava fazendo. Tanto
quanto Sarah podia observar você nas festas.

— É por isso que você não tentou entrar em contato comigo, não
é? — eu pergunto com um sentimento escuro que escoa através de
mim.

Ela balança a cabeça e dá um sorriso triste. — Eu queria contatá-


lo. Dizer-lhe tudo o que aconteceu, e que eu ia ficar livre do meu pai. Eu
não sei... eu queria outra chance com você, mas você seguiu em
frente. Eu acho que eu estava com medo de você me rejeitar. Então, eu
não fiz nada.

Senti raiva contra seu pai por fazer essa bagunça. Pura e intensa
raiva por foder tudo o que tínhamos.

Eu puxo Holly em meus braços e a abraço-a com força. Então eu


mergulho para baixo e beijo-a... suave e docemente, porque há um

~ 42 ~
garoto de cinco anos de idade, sentado a dez pés de distância, que pode
estar assistindo.

Varrendo meus lábios em sua bochecha, eu murmuro em seu


ouvido, — Tanto tempo desperdiçado, baby.

Holly puxa para trás e olha para mim. — Eu não vejo isso dessa
forma.

— Oh sim? Como você vê isso?

— Eu vejo isso como uma oportunidade para nós dois crescermos


no nosso próprio modo. E o mais importante, você teve Sam. Isso não
teria acontecido se tivéssemos ficado juntos.

Corajosa, pragmática e prática Holly. Tão fodidamente doce e


pensativa.

Desta vez, eu a puxo e a beijo um pouco mais forte. E sim, eu


deslizo minha língua brevemente entre os lábios doces e realmente
derramo minha emoção dentro dela.

— Eca, — ouço Sam lamentar atrás de nós. — Pai... isso é


nojento.

Holly e eu nos separamos lentamente, ambos olhando um para o


outro com sorrisos antes de nos voltarmos para enfrentar Sam. —
Confie em mim, amigo. Um dia, isso não vai parecer nojento para você.

Aparentemente, Sam tinha prestado atenção em Holly com grande


interesse durante todo o dia, porque ali mesmo, ele me dá um revirar de
olhos que me deixa rindo do pequeno monstro.

~ 43 ~
Capítulo Oito
HOLLY
— Eu não posso, Tim, — eu suspiro.

— Você pode, — ele me pede com um grunhido. — Desce


completamente, baby.

— Você é grande demais... é demais, — eu lamento, mas


caramba... sente-se realmente, realmente bom.

— Só um pouco mais, — ele ofega, trazendo as mãos para os


meus quadris e me empurrando para baixo sobre ele um pouco mais.

Ele está alojado profundamente dentro de mim... Eu estou encima


e tentando tomar o resto dele. Mas caramba... ele é tão
monstruosamente grande que eu não sei se eu posso fazer isso.

Mas esta é a nossa última noite juntos. Ele parte amanhã à tarde
e eu vou estar trabalhando, por isso aqui é o lugar onde eu vou dizer
adeus ao homem que eu comecei a girar ao redor de novo. Em apenas
poucos dias, ele se tornou uma parte importante do meu mundo mais
uma vez. Nosso tempo juntos tem sido limitado, entre os meus turnos
no hospital e sua necessidade de passar tempo com Sam e Denise, mas
estamos fazendo funcionar. Ele passou a noite comigo algumas vezes, e
eu passei outro dia passeando por New Orleans com ele, Sam, e
Denise. Ele veio me ver mais uma vez no hospital, e quando nós não
fizemos sexo, tivemos uma incrível xícara de café juntos, onde ele me
contou tudo sobre sua vida dentro do corpo de bombeiros, que incluiu
muitas histórias engraçadas sobre o seu melhor amigo, Flynn Caldwell.

Eu quero aproveitar ao máximo esta noite. Eu quero me ligar a ele


mais profundo do que nunca antes. Eu sinto uma necessidade quase
desesperada para fazê-lo entender... pelas minhas palavras ou a
linguagem do meu corpo ... o quanto ele significa para mim. Então, eu
vou levá-lo em toda a maneira e marcá-lo mais profundo em meu corpo
e alma.

~ 44 ~
Ofegante, eu empurro para baixo outra fração de uma polegada, e
Tim estremece debaixo de mim. Ele desliza a mão para baixo entre as
minhas pernas, pressiona o polegar contra o meu clitóris, e eu empurro
com força contra o contato ao mesmo tempo que Tim empurra-se em
mim duro.

E, oh sim... oh, meu santo Deus... ele entrou completamente em


mim e é a melhor sensação absoluta no mundo.

Sento-me em cima dele... ainda segurando, saboreando a


plenitude dentro de mim. Tim olha para mim, seus olhos escuros
brilhando com luxúria. Timidamente, eu dou um pequeno movimento
de rotação do meu quadril que faz com que ele massageie contra
alguma coisa profunda dentro de mim.

— Você está me matando, Holly, — Tim geme, tentando pegar


literalmente o meu corpo até deslizar para fora seu pênis.

Eu bato suas mãos longe e repreendo-o. — Tire as mãos. Eu tenho


isso.

— Bem, faça-o mais rápido, — ele reclama.

Eu sorrio e dobro para frente para beijá-lo brevemente. —


Paciência, meu amor. Todas as coisas boas para aqueles que esperam.

As mãos de Tim vão para cima e agarram o meu rosto, me


puxando para um beijo mais profundo. Sua língua possui a minha, e
meus quadris começam a balançar contra ele. Quando ele me libera,
sua voz é profunda com saudade. — Você me chamou de 'seu amor'.

Eu me apoio em seu peito, então eu estou sentada ereta,


circulando meus quadris. Está criando um pouco de atrito... apenas o
suficiente para deixá-lo louco. — Eu te chamei disso.

— O sou? — pergunta ele, com o rosto sério. — Seu amor?

Eu paro de mover-me sobre ele, colocando as mãos sobre o


coração. — Um monte de tempo passou, Tim. Mas meus sentimentos
por você nunca mudaram. Eles podem ter sido escondidos no fundo do
meu coração, mas nunca foram embora.

Tim apenas balança a cabeça... aparentemente em uma falta de


palavras, então eu tomo isso como minha deixa para ficar ocupada. Eu
começo a levantar e abaixar-me em cima dele, lentamente no início,
mas assim que eu me ajusto ao seu comprimento, um pouco mais
rápido. Em seguida, ainda mais rápido, e mais rápido ainda. Em

~ 45 ~
instantes, as mãos de Tim estão de volta em meus quadris, me
ajudando a praticamente pular para cima e para baixo sobre ele.

— Porra linda, Holly, — ele murmura, os olhos vagueiam sobre os


meus seios quando eles saltam juntos no ritmo.

Meus músculos apertam, e formigam. Meu orgasmo constrói


rapidamente, e eu não decido não segurá-lo. Alcançando atrás de mim,
eu seguro suas bolas na minha mão enquanto eu mantenho o meu
ritmo, dando-lhes um aperto suave. Tim bate com força contra mim,
quase me jogando fora, e grita: — Foda-se, sim.

Suas mãos estão em meus quadris mais uma vez, me moendo


com força contra ele, e os suas costas arqueiam quando ele começa a
gozar dentro de mim. Essa é a minha perdição... assistindo seu rosto
ser lavado com um prazer enorme, e eu caio junto com ele em êxtase.

Muitos momentos depois, enquanto eu estou em cima dele, com o


rosto suado e meu coração finalmente voltando ao normal, as mãos de
Tim acariciando minhas costas, eu ouço-o suavemente dizer: — Você é
meu amor também.

Onde eu encontro força depois aquele ataque de sexo, eu não


tenho ideia, mas eu subo de volta, apoiando-me em seu peito com meus
antebraços.

Quando meus olhos encontram os dele, ele me dá um pequeno


sorriso triste. — Eu gostaria de dizer que eu guardei todos os meus
sentimentos por você ao longo dos anos, mas você é inteligente o
suficiente para saber que eu estava magoado com o que você fez. Eu
tinha raiva e ressentimento misturados com as minhas memórias de
você, mas eu segurei alguma coisa. Eu segurei a pureza do que
tínhamos antes de ter sido arruinado.

Meu coração apreende e aperta sobre suas palavras, porque eu


sei que está trazendo à tona velhas feridas e descascando feridas
guardadas.

Tim traz uma mão para cima, segura minha bochecha, e passa os
dedos através do meu cabelo até que ele está me segurando pela parte
de trás da minha cabeça. Seus dedos bem abertos e ele aperta em mim,
dando-me uma pequena sacudida para garantir a minha atenção. — Eu
guardei algo todos esses anos, Holly. Apesar de tudo, quando eu te vi
naquela sala de emergência, ainda me sentia profundamente
preocupado com você. Quando me disse o que realmente aconteceu...
com o seu pai... apenas tirou toda a amargura, e fui verdadeiramente

~ 46 ~
capaz de ver que eu tinha guardado mais do que eu tinha pensado. Eu
sei que pode parecer banal, e talvez nós dois sejamos tolos ainda e
imaturos, mas eu sei de uma coisa ... você é meu amor também.

Eu não consegui me conter... lágrimas começam imediatamente a


inundar meus olhos. Eu acho que pode ter sido singularmente a coisa
mais linda que eu já ouvi na minha vida. — Foi nos dada uma segunda
chance, — eu digo com a voz rouca, minha voz praticamente perdida na
emoção.

— Nós temos, — ele diz simplesmente. — Eu não quero


desperdiçá-la.

— Eu também não, — digo a ele.

— Eu não posso percorrer essa longa distância, Holly, — diz ele


com naturalidade. — Não onde você está preocupada. E eu não posso
deixar Nova York por causa de Sam.

Eu me afasto de seu peito, reorganizando o meu corpo assim eu


estou montando seu abdômen inferior. Sorrindo para ele, eu digo: —
Bem... acontece que eu tenho sentido um pouco de falta de Nova
York. Eu podia voltar.

— Você faria isso? — Tim pergunta com admiração, mas então


seu olhar se volta imediatamente sombrio. — Mas e os seus pais?

Eu aceno minha mão em dispensa. — Nova York é um maldito


grande lugar. Eu acho que há espaço suficiente para todos nós.

— E a sua carreira aqui? — pergunta ele, a preocupação em seu


rosto.

Encolhendo os ombros, eu lhe digo a verdade da minha vida. —


Nova Orleans era uma fuga para mim. Uma maneira de ir para a
faculdade sem o controle de meu pai. Uma maneira de começar de
novo... me tornar a pessoa que eu estava destinada a ser. Fiquei aqui
porque eu tenho um bom trabalho. Eu o amo. Sempre vou amar. Mas
não é a minha casa.

— Porque Nova York é, — ele fornece solícito.

Eu balanço minha cabeça e dou-lhe um pequeno sorriso. — Estou


pensando que minha casa é onde quer que você esteja, e desde que você
está em Nova York, então sim... é onde ela está.

~ 47 ~
— Nós realmente vamos fazer isso? — as mãos dele alisam
minhas coxas de uma forma tranquilizadora.

— Eu não vou deixar você ir de novo, — eu digo-lhe em voz


baixa. — É hora de assumirmos nossas vidas de volta.

Tim desliza a mão por trás do meu pescoço, me puxa para baixo,
e beija minha testa suavemente. Eu colapso de volta em seu peito,
sentindo seu coração bater contra mim, e fecho os olhos.

Neste momento... agora... Eu nunca fui mais feliz em toda a


minha vida.

~ 48 ~
Capítulo Nove
TIM
Sento-me à mesa da cozinha de Denise quando o sol do meio da
manhã brilha através da janela sobre a pia, deixando um traço de luz
sobre meu prato meio comido de ovos e bacon. Tomo um gole de café e
observo como Sam desajeitadamente espeta ovos com o garfo na mão
esquerda.

— Você está ficando melhor com a mão esquerda, — digo a


ele. Ele olha para mim com um sorriso, e eu pisco de volta.

— Você vai ser tão bom com a mão esquerda... — Denise diz ao se
inclinar e belisca seu nariz, — que você vai ser um batedor alternado
nesta temporada de beisebol.

— O que é batedor alternado? — Sam pergunta quando leva uma


mordida de bacon.

— É quando você pode bater tanto com a mão esquerda e a


direita, — digo a ele.

— Isso seria legal, — diz ele, olhando muito mais sério enquanto
leva o garfo de novo com sua mão esquerda e navega através dos
ovos. — Será que Holly virá assistir a alguns dos meus jogos?

Eu pisco de surpresa com a pergunta inocente e completamente


sem provocação. Quando olho para Denise, ela me dá um sorriso de
conhecimento. Nós conversamos no outro dia sobre Holly enquanto Sam
estava tirando uma soneca. Contei-lhe tudo sobre o pai de Holly, que ela
chamou da fodido saco de merda, e o que Holly fez para ficar longe dele
e de seus maus caminhos. Denise lembrou bem a minha relação com
Holly no colégio. Ela era apenas dois anos mais velha que eu, vivendo
em casa, enquanto ela ia à faculdade comunitária local. Holly era uma
visitante frequente em nossa casa quando estávamos juntos, e ela e
Denise tornaram-se próximas. Quando Holly terminou comigo, Denise
nunca teve sentimentos amargos em relação a ela do jeito que eu
tinha. Na verdade, ela me disse que estava convencida de que havia algo

~ 49 ~
nefasto acontecendo que nós não sabíamos por que isso seria a única
razão para Holly iria terminar comigo.

Eu, sendo o idiota que eu era aos dezoito anos, não pude ver e
não era tão mente aberta sobre a situação como Denise tinha sido.

Agora, ela está meio que desfrutando esfregar meu nariz na pilha
da retrospectiva. Mas tudo bem por mim... Eu estou feliz em saber que
Denise estava certa sobre Holly todos esses anos.

Denise curva seus lábios em um sorriso e ela acena com a cabeça


na direção de Sam, indicando que eu preciso resolver a ‘situação de
Holly’ com ele.

— Holly pode nos visitar em Nova York durante a sua temporada


de beisebol, — eu digo a ele com cuidado. — Tenho certeza que ela
adoraria ir a um dos seus jogos.

— Vamos voltar a visitá-la? — pergunta ele, como a testa franzida


em concentração em seus ovos.

— Talvez, — digo a ele. — Você quer visitar Holly novamente?

— Ela é legal, — diz ele, distraído, agora encontrando os ovos um


pouco mais interessantes do que falar sobre as meninas nojentas.

— Ei Sam, — eu digo suavemente, mas com firmeza suficiente


para chamar sua atenção. Seus olhos vêm até os meus, o garfo ficou
imóvel no prato. — Você sabe que Holly e eu éramos realmente bons
amigos há muito tempo, certo?

Ele acena para mim, mas não entende claramente por que este é
um assunto importante.

— Bem... eu gosto de Holly, muito. E ela gosta de mim, e ela


realmente gosta de você. Então, ela está pensando em se mudar para
Nova York... para que possamos vê-la muito mais vezes.

— Legal. Então ela pode vir a todos os meus jogos, — Sam diz, e,
em seguida, o assunto é imediatamente esquecido quando ele volta para
seu prato.

Olho para Denise, e ela está claramente apreciando o meu


constrangimento ao tentar explicar que eu tenho uma namorada séria
ao meu filho. Ela aponta com a mão para que mantenha a conversa
rolando, mas antes que eu possa sequer pensar sobre o que dizer em
seguida, Sam vira-se para mim.

~ 50 ~
— Será que ela vai morar com a gente? — ele pergunta de
repente. — A forma como David vive com a mamãe na nossa casa?

David é o homem que Bonnie tem visto por quase dois anos
agora. Mudou-se cerca de seis meses atrás, e ele é um cara decente. E
eu tenho que dar crédito a ele e Bonnie... eles se sentaram comigo e
perguntaram se estava tudo certo primeiro. Mas eu tinha estado perto
dele o suficiente em várias funções de Sam para saber que primeiro, ele
era um bom cara, e, segundo, que ele amava Sam e Sam o amava
também. Eles não discutiram casamento, mas eu tenho certeza que está
no horizonte.

— Eu não sei, — eu digo a Sam sinceramente, porque Holly e eu


não falamos sobre isso. Se eu fizesse o desejo do meu coração, foda
sim... ela iria morar comigo. Mas eu não sei o que ela quer. — Depende
de onde ela consiga um emprego.

Se ela conseguir um emprego, eu penso tristemente comigo


mesmo. Eu quero ela em Nova York para ontem, mas eu reconheço que
pode demorar um pouco para fazer a transferência. Conversamos até
tarde da noite sobre as oportunidades que podem haver para ela. Ela
preferiria um posto de sala de emergência, mas essas opções podem ser
limitadas. Ela ficaria um consultório particular se fosse preciso. Eu
disse a ela que eu queria que ela aguardasse o emprego perfeito, mesmo
se isso me matasse por ficar longe dela um pouco mais.

— Bom, seria legal se ela fosse, — diz Sam. — Porque mamãe


estava realmente feliz quando David se mudou, e eu sei que você ficaria
muito feliz se Holly vivesse com você.

— Da boca dos bebês, — Denise murmura suavemente com um


olhar suave para Sam. Parece que estamos a dizer muito isso sobre o
meu menino.

Eu engulo em seco, porque é incrível para mim como a alma pura


de uma criança pode ver através de coisas que podemos estar
relutantes ou incapazes de reconhecer. Sam leva um último pedaço de
seus ovos, e eu cutuco no seu ombro. — Tudo bem... que tal você ir se
limpar. Precisamos acabar de arrumar as malas em breve para que a tia
Denise possa nos levar para o aeroporto.

— Ok, — Sam diz enquanto foge para longe da mesa.

Enquanto ele corre pelo corredor, eu chamo depois dele, — E não


se esqueça de escovar os dentes.

~ 51 ~
Ele não respondeu, mas eu ouço-o ir ao banheiro, então eu sei
que ele está fazendo o seu dever.

— Esse garoto é incrível, — diz Denise enquanto ela se levanta da


mesa para limpar os pratos. Eu puxo o meu de volta mais perto de mim,
com a intenção de terminar o meu café da manhã.

— Muito perto de perfeito, — eu concordo.

Denise raspa a quantidade restante de comida dos pratos para a


lata de lixo e começa a lava-los. Vejo-a em silêncio, um pensamento
borbulhando na minha cabeça. Nós sempre fomos próximos quando
crescíamos, ainda mais quando nossos pais morreram. Mesmo que ela é
apenas dois anos mais velha do que eu, e nós éramos ambos os adultos
quando nossos pais morreram, ela não podia deixar de assumir uma
espécie de papel materno comigo.

— Deixe-me perguntar uma coisa, — eu digo depois que eu


mastigo um pedaço de ovos.

— O que? — ela pergunta sem voltar o olhar para mim e, em vez


disso abrindo a máquina de lavar louça.

— Você acha que isso é tudo muito repentino? Com Holly?

— Eu não creio, — diz ela com firmeza. — Vocês dois eram


praticamente bebês quando se apaixonaram, e alguns ridicularizam que
esses sentimentos poderiam perdurar, mas eu discordo.

Colocando o último prato, ela deixa a máquina de lavar aberta até


que eu possa terminar a minha comida, mas se vira para mim,
recostando-se contra o balcão da pia. Tomando uma toalha, ela limpa
as mãos. — Eu acho que o amor jovem... primeiro amor... é a forma
mais verdadeira que existe. É puro e não corrompido por todas as coisas
escuras que aprendemos mais tarde na vida. Eu acho que seria
perfeitamente natural para ambos lembrar aqueles sentimentos e cair
neles muito rapidamente. Foi uma boa coisa, certo?

Imagens de Holly e eu juntos na escola piscam diante de mim. De


mãos dadas enquanto caminhávamos, ela deitando sua cabeça em meu
colo enquanto estudamos na área verde, longas conversas ao telefone
até tarde da noite, o calor e a segurança do jeito que ela olhava para
mim, a maneira doce que nos dávamos carinho, e a maneira ainda mais
doce que fizemos sexo quando finalmente decidimos juntos percorrer
todo o caminho.

Não... não era bom. Era fodidamente incrível.

~ 52 ~
Essas memórias... sentimentos... experiências. Eles ainda estão
todos lá. Eles foram revividos... amparados por nossas novas
experiências nesta semana.

— Tudo isso é bom para você, não é? — Denise pergunta.

Dou-lhe um largo sorriso enquanto me levanto da mesa, levando o


meu prato para a pia. — Sim... se sente incrivelmente bem. Eu
realmente me sinto completo.

Denise me intercepta, pega o prato da minha mão. — Então eu


espero que teremos um casamento em breve.

— Whoa... espere um minuto, — eu digo rapidamente quando


levanto minhas mãos com uma risada. — Quem falou em casamento?

— Eu, seu idiota, — diz ela enquanto coloca meu prato na


máquina de lavar e fecha-a.

— Só porque você pensa...

— Tim... irmãozinho... você foi feito para o casamento. Você é o


tipo de homem que vai amar incondicionalmente e com todo o seu ser,
uma vez que você descobrir a pessoa que é digno dela. Bonnie, eu adoro
ela, não era a mulher para você. Holly é. Eu sei isso, e você sabe
isso. Vou apostar dinheiro que vocês dois vão se casar antes do fim do
ano.

Eu só olho para ela com minha boca aberta, e ainda... Eu não


consigo encontrar nada dentro de mim que queira discutir com ela. A
imagem de Holly em um vestido de casamento... Holly grávida... Holly
segurando nosso bebê.

Porra, eu quero isso.

E eu quero muito.

~ 53 ~
Capítulo Dez
HOLLY
Eu desligo o minigravador e coloco o último relatório médico ao
meu lado no sofá. Quando terminei meu turno esta tarde, eu cansada
percebi que tinha estado tão ocupada que não tinha terminado de ditar
todas as minhas notas para os casos que eu tinha tratado na sala de
emergência, o que significava um pote cheio de merda de trabalho para
mim esta noite.

Mas está tudo bem. É algo que vai junto com o fato de ser
médica. Seu trabalho aparentemente nunca está feito, e não é sobre
estar cheia de adrenalina. Algumas coisas são simplesmente como a
velha, chata papelada que eu aceito em troca de ser capaz de ter a
carreira que eu adoro.

O que faria esta noite mais agradável, mesmo com a necessidade


de trabalhar, é se houvesse um certo bombeiro quente que poderia
sentar-se no sofá comigo. Talvez ele estaria assistindo esportes
enquanto eu calmamente trabalhava, e quando eu tiver acabado, ele me
atacar. Este é um sonho bom, e que eu espero que se torne realidade
um dia.

Eu sinto muito a falta de Tim. Ele se foi somente por duas


semanas. Eu pensei por alguns dias que a dor iria diminuir, mas não. E
poderia ser pior se nós não encontrássemos formas para nos mantermos
conectados de modo que a nossa ligação continua a crescer mais
forte. Falamos ao telefone todos os dias. Depende de quando ele está
trabalhando e quando estou trabalhando, mas sempre damos um
jeito. Temos sido capazes de falar por Skype algumas vezes, e eu quase
passei a maior parte de uma dessas sessões falando com Sam sobre o
quanto ele quer um cão, mas sua mãe e seu pai são contra.

— Mamãe e papai são malvados e não vão me deixar ter um


cachorro, — ele reclamou para mim. Eu podia ver Tim sentado atrás
dele, e ele revirou os olhos.

~ 54 ~
— Awww... eles não estão sendo malvados, Sam, — eu digo a ele
com empatia. — É só um momento muito difícil agora com seu pai
vivendo em um apartamento.

— Mas eu poderia levá-lo a passear cada dia, — diz ele


desesperadamente.

— Mas você não está ali todos os dias, — eu aponto para ele. —
No entanto, eu aposto que vai chegar um dia em que você vai ser capaz
de ter um cão. Você apenas tem que ser paciente sobre isso, amigo.

Era uma linha tênue eu me solidarizar com ele sem comprometer


seus pais, mas eu acho que eu consegui, e seu grande sorriso para a
câmera antes de ele se despedir de mim me disse que ele realmente
gostava de mim. Quando ele me disse que não podia esperar para me
ver de novo, bem... isso foi a melhor parte da conversa.

E eu realmente gostei das minhas sessões de Skype com Tim nas


noites que Sam ficou com sua mãe. Nós tínhamos inadvertidamente nos
aventurado em território interessante.

— Eu sinto muito sua falta, — eu gemi com ele uma noite. — Meu
pobre vibrador está em sua última etapa.

Tim gemeu, e seus olhos foram torturados. — Maldição Baby...


você está me matando aqui apenas imaginando isso.

— Hmmm, — pensei. — Eu aposto que nós podemos fazer melhor


do que apenas ‘imaginar’ isso.

Então passei a mostrar a ele o quanto eu sentia falta dele. Ele, por
sua vez, retribuiu, então eu estava bem ciente do quanto ele sentia
minha falta.

Entrei em contato com um recrutador especializado em


colocações médicas em Nova York, mas até agora, não tem nada
disponível em um ambiente hospitalar. Tim me disse pra eu não me
apressar com a minha pesquisa, mas é desanimador e eu estou
sozinha, e eu realmente não quero esperar. Eu tenho considerado, não
só consultas particular, mas talvez também contrato de trabalho ou um
cargo de professora. Qualquer coisa, realmente, que vai me levar de
volta para Nova York e Tim.

Eu deixei a administração do hospital em Tulane saber dos meus


planos, porque eu não quero que eles sejam pegos de surpresa. Eu
mesmo os tenho encorajado a começar a procurar um substituto,
sabendo que eu poderia ajudar até que eu possa encontrar algo em

~ 55 ~
Nova York. Mas no fundo... há uma pequena parte de mim que guarda a
esperança de que eles encontrem alguém rapidamente, de modo que eu
seja forçada a sair. Isso significaria uma mudança imediata para Nova
York, que é factível para mim. Eu tenho uma conta poupança saudável,
e eu poderia viver de forma mais econômica lá enquanto eu continuo
procurando alguma coisa. Não é a situação ideal, mas neste momento,
estou deixando meu coração começar a dirigir os meus movimentos,
sabendo que não é a maneira mais sólida para pra fazer uma grande
mudança.

Há uma outra possibilidade embora.

É algo com que eu tenho considerado, mas continuo rejeitando


toda vez que penso no assunto. No entanto, a cada dia que passa sem
perspectivas de emprego, a ideia começa a parecer mais atraente. Isso
significaria deixar para trás paredes que eu ergui há muito tempo. Isso
significaria me abrir para o meu pai.

Eu poderia pedir a sua ajuda para encontrar alguma coisa. Ele


tem muitos contatos de destaque na comunidade médica em toda a
cidade. Ele tem poder e influência. Eu poderia engolir o ácido que agita
no meu estômago sobre pedir sua ajuda, e apenas engolir o sapo de
fazê-lo.

Na verdade, eu penso, eu poderia até mesmo justificá-lo pelo


simples fato de que ele me deve. Ele me deve por todas as coisas
miseráveis que ele fez para mim e para Tim há muito tempo, e seria
quase justiça poética se eu usasse ele para me ajudar a voltar para Tim.

Sim... a justiça seria feita.

Sem outro momento de hesitação, eu pego meu telefone e disco o


número dos meus pais. Minha mãe responde ao segundo toque. — Olá.

— Ei mãe, — eu digo casualmente, o que é meio difícil de


alcançar. Eu quase nunca ligo, principalmente porque minha mãe ainda
me liga, pelo menos, uma vez por semana, e isso me permite alimentar
o frio relacionamento cuidadosamente construído ao longo dos
anos. Isso se estendeu naturalmente a minha mãe, que não só apoiou
meu pai quando ele expulsou Tim de nossa casa, mas que lutou contra
mim com unhas e dentes ao lado do meu pai quando eu quis deixar
Columbia. Ela escolheu o lado com o qual ela queria estar na batalha, e
não foi o meu.

Eu acredito que isso pode ser algo que ela se arrependeu de


alguma forma ao longo dos anos, enquanto ela nos observava ficando

~ 56 ~
mais e mais distantes, mas eu não acho que ela sabe como resolver o
problema. Inferno, eu não sei se pode ser corrigido, mas ainda assim...
ela me liga rotineiramente e eu tenho que dizer que é por causa de seus
esforços que eu não tenho completamente cortado os laços.

— Holly, — ela exclama alegremente. — Que agradável


surpresa. Como você está?

— Eu estou bem, — eu digo a ela. — Cansada... tive um turno de


quarenta e oito horas e ainda tenho que fazer algum trabalho. Mas bem.

— É a vida de um médico, — ela brinca. — É o preço que se paga


por ser dado todo aquele talento e habilidade.

— Essa é uma maneira de olhar para isso, — digo com um sorriso


no meu rosto.

E depois... silêncio constrangedor, porque eu realmente me


esqueci de como ter uma conversa com a minha mãe. Neste ponto, eu
suponho que eu poderia perguntar como ela está indo. Eu poderia até
mesmo estender um tentáculo para perguntar como o pai está indo, não
que eu realmente me importe tanto assim. Mas, honestamente... parece
enganoso, então eu decido ir direto ao ponto.

— Escute... Eu decidi voltar para Nova York, e eu quero saber se


há algum contato que o pai possa fazer com um dos hospitais que
poderia me receber no quadro de funcionários. Eu não me importo em
qual bairro.

— Oh meu Deus, — minha mãe respira no telefone, pura alegria


em sua voz. — Isso é maravilhoso. Estou tão feliz que você está voltando
para casa. Espere um minuto... deixe-me colocar seu pai no telefone, e
ele pode-

— Não, — eu digo rapidamente. — Não, eu não quero falar com


ele. Se você pudesse simplesmente passar para ele e perguntar se ele
pode verificar com seus contatos.

— Mas Holly, — diz ela me censurando. — ele é seu pai. Ele vai
ficar feliz, e isso poderia ser um passo para reparar seu relacionamento
com ele.

— Eu não quero reparar o meu relacionamento com ele, — eu


digo com firmeza. — Ele o arruinou.

— Querida... isso foi há muito tempo, — ela repreende.

~ 57 ~
— E, no entanto, ainda me afeta, — eu digo a ela. — O que ele fez
foi errado em tantos níveis, e nunca uma vez ele pediu desculpas. E
você sabe por quê, mãe? Porque ele não está arrependido. Porque ele é
um racista agressor e irracional, e esse não é o homem que eu
costumava admirar.

Minha mãe realmente engasga ao telefone, mas eu vou até o


final. — Ele arruinou isso, mãe. Isso é sobre ele, não eu. Ele não é o tipo
de homem que eu quero na minha vida, e quando eu me casar e tiver
filhos um dia, ele não é o tipo de homem que eu quero que meus filhos
admirem.

— Holly, — minha mãe rosna para o telefone. — Já chega.

Eu tomo uma respiração profunda e deixo sair, minha raiva passa


rapidamente. Eu me recomponho... tento ser madura. Com uma voz
suave, eu digo: — Eu sinto muito. Não pelas coisas que eu disse, mas
que isso a perturbe. Eu não queria fazer isso. Mas essa é a maneira que
eu sinto, e isso não vai mudar.

Minha mãe está em silêncio por um momento, e então ela diz


baixinho: — Você pode achar... se você só der a ele uma chance ... que
seu pai tem feito algumas mudanças. Talvez ele têm arrependimentos
sobre o que aconteceu.

Eu zombo. — Eu não vi isso.

— Porque você nunca lhe deu uma chance. Você não vai falar com
ele.

A culpa passa através de mim, pela primeira vez desde que eu


cortei relações. Eu sempre fui tão inflexivelmente orgulhosa da postura
que eu tomei, mas é possível... apenas possível... que eu tenha erguido
uma barreira em torno de mim que eu não deixei espaço para uma
abertura pela qual meu pai pudesse falar comigo sobre isso?

O pensamento me deixa um pouco mal do estômago. Doente sobre


o pensamento de realmente discutir um assunto tão desagradável com
ele, e doente sobre o fato de que talvez eu tenha lhe negado a
oportunidade de ser perdoado.

Balançando a cabeça, eu animo minha determinação e digo: —


Olha... mamãe. Apenas esqueça que eu liguei. Não pergunte ao pai
sobre intervir e pedir um favor por mim. Eu vou descobrir alguma coisa
por minha conta. Eu preciso ir.

~ 58 ~
— Holly... não, espere. Ele ficaria feliz em fazê-lo. Esqueça as
outras coisas que eu disse. Deixe-o fazer isso por você

— Me desculpe, — eu corto ela. — Eu realmente preciso ir. Eu falo


com você em breve.

Eu posso ouvir a voz sumindo da minha mãe chamando meu


nome novamente ao mesmo tempo em que eu puxo o telefone longe do
meu ouvido e termino a chamada.

Por alguma razão, lágrimas caem dos meus olhos. Talvez seja
porque eu estou agora pensando em um futuro com Tim, e com isso
vem pensamentos de uma família, e o que família realmente significa.

Todos os meus sentimentos amargos ao longo dos anos têm sido


enraizados em raiva contra meu pai, sobre o que ele fez para mim e
para Tim. Mas agora, pela primeira vez, estou me sentindo melancólica
sobre o fato de que eu não só perdi Tim, mas eu realmente perdi
também a minha família.

~ 59 ~
Capítulo Onze
TIM
Foda, eu estou exausto. Nós acabamos de voltar de uma segunda
chamada em um arranha-céu necessitando de cinco carros, dois com
escada, dois chefes do batalhão, um chefe de resgate do batalhão, um
comandante do batalhão de segurança, e unidades de apoio táctico.

Em outras palavras, era um grande bagunça do caralho.

A boa notícia é que tivemos o fogo contido rapidamente, apesar de


ter levado a melhor parte da metade de um dia para obter todos os
pontos quentes totalmente extintos. A má notícia é que estou tão
cansado como quando entro no último dos meus três dias de turno que
eu não posso sequer reunir forças para ligar pra Holly.

Em vez disso, eu pego meu telefone e envio-lhe um texto


rápido. Acabei de voltar de um incêndio de grandes proporções. Indo
tomar banho e fechar os olhos. Ligo mais tarde.

Eu coloco o meu telefone na minha prateleira enquanto eu sento


para tirar minhas botas. Ela geralmente responde muito rapidamente
quando ela não está trabalhando, e eu sei que ela está de folga
hoje. Tínhamos conversado brevemente ontem à tarde, quando ela teve
uma pequena pausa no trabalho. A conversa não tinha ido no caminho
que eu queria, principalmente porque eu estava sentado na sala de
descanso da estação cercado por outros quatro caras que estavam
assistindo a um jogo de beisebol na TV. O que eu realmente queria fazer
era dizer a ela o quanto eu sentia falta dela.

O sorriso dela.

Sua risada.

Seus olhos verdes.

Porra, seu corpo lindo.

~ 60 ~
Mas isso não é tão apropriado assim em uma sala cheia de
bombeiros.

Em vez disso, eu a deixei me atualizar sobre sua procura de


trabalho, que tinha provado ser fútil até agora. Isso tinha sido objeto de
muitas das nossas conversas, e Holly foi ficando cada vez mais
desanimada pela falta de perspectivas com cada telefonema que
tivemos. Eu tentei levantar seu ânimo, mas isso era difícil porque eu
estava fodidamente abatido junto com ela.

Mas quando falamos ontem, enquanto ela ainda não tinha uma
boa notícia, ela não parecia tão chateada. Em vez disso, ela parecia um
pouco alegre, me provocando sobre querer me dar alguma conversa de
telefone de sexo sujo, mas ela sabia que não podia desde que eu estava
no quartel. Eu sorri para o telefone, os meus olhos passando ao redor
da sala nos outros caras aparentemente interessados na TV, mas
também sabendo que eles mantém uma orelha na minha conversa. Eu
tinha sido falado bastante desde o meu retorno das férias sobre a
mulher incrível na minha vida, e eles estavam sempre brincando comigo
sobre ela.

Infelizmente, nossa chamada de ontem foi interrompida pelos


alto-falantes da estação crepitantes à vida e alertando-nos para outro
fogo em andamento. Eu só fui capaz de dar-lhe um rápido, ‘Eu sinto
sua falta. Conversamos mais tarde’, — e então eu estava correndo em
direção ao compartimento da frente para me vestir.

Holly não me escreveu de volta, o que me deixou franzindo a testa


ligeiramente. A exaustão pura que eu estava sentindo um minuto atrás
é substituída agora por uma necessidade ainda mais desesperada para
ouvir a voz dela. Eu deslizo nos meus favoritos e toco no nome dela,
decidindo que eu tinha tempo para uma conversa rápida.

O telefone toca quatro vezes antes de ir para o seu correio de voz.

Bem, foda.

Eu coloco o telefone para baixo sobre a mesa quadrada pequena,


de madeira ao lado da minha prateleira e deito no colchão. Coloco
minhas mãos atrás da cabeça e olho para o teto, ouvindo os roncos
suaves de alguns dos caras que já caíram.

Eu penso tristemente sobre o dia em que Holly vai estar aqui, e


nós poderemos finalmente começar nossa vida juntos.

— Ei Davis, — eu ouço da porta dos nossos quartos de dormir.

~ 61 ~
Levantando minha cabeça, eu vejo Butch Heywood, um dos meus
companheiros de equipe, de pé ali. — E aí?

— Você tem um visitante na frente, — diz ele e começa a se


afastar.

— Quem é? — eu pergunto, sem qualquer interesse real, mas


suspeitando que poderia ser essa mulher, Tashia, com quem eu tinha
saído casualmente no ano passado. Não era sério, e nós passaríamos
semanas sem ver um ao outro, mas às vezes ela aparecia quando estava
por perto. Eu não a tenho visto em, provavelmente, mais de um mês, e,
claro, não há compromisso real lá, então eu sequer pensei em ligar e
dizer que não podíamos nos ver mais.

— Nem ideia, — diz ele enquanto se vira de volta brevemente. —


Flynn me pegou no meu caminho de volta ao chefe e me disse para lhe
dizer.

— Obrigado, cara, — eu digo e sento-me, balançando as pernas


sobre a borda da minha cama. Eu coloco meus pés de volta em minhas
botas e rapidamente as amarro.

Enquanto eu ando em direção à frente do quartel, eu começo a


construir mentalmente o que eu preciso dizer a Tashia. Ela não vai ficar
chateada ou colocar para fora, mas eu ainda quero ser agradável e
gentil sobre isso.

Eu empurro pela porta de vaivém que leva para dentro do


compartimento onde mantemos os três motores que pertencem ao
nosso esquadrão. Uma varredura rápida da área e eu não vejo ninguém,
mas eu ouço vozes abafadas vindo do outro lado da sala atrás de um
dos caminhões.

Caminhando naquela direção, eu ouço a voz de Flynn se tornar


mais clara. — Tim é um garanhão. Oh, as coisas que eu poderia dizer
sobre ele, — diz ele com uma risada, e eu gemo internamente.

Eu não preciso dele me elevando para Tashia, especialmente


quando eu estou me preparando para terminar as coisas. E por que
diabos ele faria isso? Ele sabe como me sinto sobre Holly. Além de
Denise, Flynn é o único que sabe o que realmente aconteceu entre nós e
toda a nossa história. Eu lhe disse tudo quando voltei das férias sobre a
cerveja e as asinhas uma noite depois que terminamos o turno.

Rodeando a frente do motor, eu digo antes mesmo de eu ver Flynn


e Tashia: — Agora, pare de encher a cabeça dela com essas mentiras.

~ 62 ~
Eu vejo Flynn primeiro, de costas para mim, bloqueando minha
linha de visão para Tashia. Sua cabeça se vira para mim, e ele me dá
um sorriso maligno. Eu olho para ele.

Flynn dá passos para o lado, e eu viro o rosto para Tashia.

Exceto que não é Tashia.

É Holly, e meu coração quase explode fora do meu peito a partir


da súbita explosão de alegria em mim.

— Ei baby, — ela diz baixinho com um sorriso.

Dois passos longos são tudo que eu preciso antes de minhas


mãos estarem em seu rosto e eu tenho a boca dela colada à minha. Eu
a beijo vorazmente... faminto por seu toque e seu gosto.

— Nossa... consigam um quarto, — diz Flynn, mas então eu ouço


seus passos se afastando para longe de nós.

As mãos de Holly chegam aos meus pulsos, dando-lhes um leve


aperto antes que ela puxe os seus lábios longe de mim. Eu não vou
deixá-la se retirar muito, prendendo-a com meus olhos.

— O que você está fazendo aqui?

— Surpresa, — diz ela com um sorriso.

Muito foda mesmo.

Eu puxo-a de volta para mim e beijo-a novamente, desta vez


girando-a e levando ela de costas até estar apoiada no lado do
caminhão. Holly ronrona em minha boca, e luxúria atira através de
mim.

Porra, porra, porra.

Eu me afasto dela rapidamente, porque eu não posso ir para lá


com a minha mente ou meu pau. Estou de plantão, um fato que me faz
odiar o meu trabalho neste exato minuto.

Dando-lhe um beijo suave no nariz, eu libero o rosto dela e pego


suas mãos. — Baby... o que diabos você está fazendo aqui? E por que
diabos você não me disse que você estava vindo?

Seu sorriso se torna maior. — Seria tirar o propósito de uma


surpresa, certo?

~ 63 ~
Profundo, beijo-a quente, mas não a abraço. Meus braços
enrolam em torno de sua cintura, e eu puxo-a para mim
forte. Colocando meu rosto em seu pescoço, eu respiro para fora, —
Deus, eu te amo.

O corpo de Holly salta em surpresa, mas imediatamente se


derrete em mim ainda mais. Seus braços me abraçam mais apertado...
sua voz é cheia de emoção. — Eu também te amo.

É a primeira vez que dissemos essas exatas palavras desde que


tínhamos dezoito anos, e eu percebo que o poder delas é ampliado
imensamente apenas por pura virtude de tudo o que passamos para
chegar a este ponto em nossas vidas.

Eu não sinto uma necessidade, porém, de fazer um grande


negócio por dizer essas palavras. Elas simplesmente são a verdade. Algo
que ambos conhecemos em nossos corações.

Em vez disso, eu a afasto e pergunto-lhe mais uma vez. — O que


você está fazendo aqui? E quanto tempo você pode ficar?

— Pra sempre? — pergunta ela, com os olhos brilhando.

— O quê? — eu pergunto com cuidado, minha respiração fica


presa no meu peito. Medo de ter esperança.

— Eu acabei de ter uma entrevista de emprego em São José, em


Long Island, que foi surpreendentemente bem. Incrível, de fato, o que
eles ofereceram para mim. Eu começo em três semanas.

Meus joelhos quase quebram de completa euforia correndo


através de mim. — Por favor, diga-me que você não está brincando.

— Eu não estou brincando, — diz ela enquanto ela se inclina para


trás em mim.

— Mas como? Como isso aconteceu tão rápido? Nós nos falamos
ontem, e você não disse uma palavra.

Ela está quieta... suas mãos esfregando minhas costas. Eu posso


sentir hesitação nela, então eu incito-a: — Holly?

— Meu pai me ajudou, — diz ela calmamente.

Eu me afasto dela, agarrando-a pelos cotovelos e inclinando-me


para trás para olhar para ela. — O quê?

~ 64 ~
— Ele fez seus contatos. Conseguiu uma entrevista. Eu só
descobri sobre isso há dois dias. Eu não lhe disse ontem, porque eu
queria surpreendê-lo com uma visita, independentemente de como fosse
a entrevista.

— Seu pai a ajudou, — murmuro maravilhado. Limpando minha


garganta, eu pergunto: — Ele ajudou você inesperadamente?

— Não, — diz ela com um estremecimento. — Eu liguei para a


minha mãe e perguntei-lhe se ele o faria, e, aparentemente, ele fez. Eu
não falei com ele, mas ela me ligou com os detalhes e me disse que eles
queriam se encontrar comigo imediatamente. Eu pulei num avião aqui
esta manhã e terminei a entrevista cerca de uma hora atrás. Eles me
ofereceram o trabalho no momento.

Balançando a cabeça, minha boca curva-se ascendente. — Isto é


apenas inacreditável.

— Eu sei, — diz ela com um sorriso animado. — Três semanas e


nós podemos estar juntos novamente.

— Nós precisamos nos mudar para Long Island. Será mais fácil
para você estar mais perto do hospital. Eu posso me transferir para o
Brooklyn.

— Você quer morar junto? — ela sussurra, os olhos arregalados.

— Sim, você não?

— Bem... sim, mas...

— Sam acha que é uma boa ideia, e eu também, — eu digo a ela


rapidamente.

— Sam acha que é uma boa ideia? — pergunta ela com um


sorriso.

— Sim, e eu estou esperando que ele vá exigir termos uma casa


com um cercado no quintal para que ele possa ter um cão.

Holly ri, envolve seus braços em volta de mim, e me puxa de volta


para um beijo. Quando ela libera os meus lábios, ela diz: — Eu acho
que nós deveríamos conseguir um cão com certeza para o menino.

Eu beijo-a novamente... rapidamente, porque eu ouvi o estrondo


da porta se abrindo e as vozes de alguns dos caras que vêm
atravessando.

~ 65 ~
Moderando um pouco, eu pergunto-lhe, hesitante: — Você vai
falar com seu pai?

— Sim, — ela diz, sem hesitar. — Isso precisa ser feito. Eu preciso
agradecer-lhe pelo menos, e eu não sei... talvez falar com ele.

— Quer ir até lá amanhã, quando eu sair do meu turno?

Ela balança a cabeça. — Não, eu só tenho mais um dia aqui e eu


não quero gastá-lo com alguém que não seja você. Mas eu tenho uma
ideia de como eu quero que isso aconteça.

Eu olho para ela em questão, mas ela não me dá nada mais. Em


vez disso, ela volta aos meus braços e me abraça com um suspiro de
contentamento.

Minha vida ficou muito boa pra caralho.

~ 66 ~
Epílogo
O grande salão de bailes do Hotel Plaza está transbordando com
as pessoas, flores e champanhe. É uma ocasião propícia, onde, em Nova
York os melhores médicos são louvados por seu trabalho inovador.

Meu pai, é claro, foi o homenageado principal, sendo o


destinatário do prêmio Franklin R. Murray, que é votado por seus
pares. Eu tinha que procurá-lo, não sendo excessivamente familiar com
a forma como as coisas são feitas em Nova York mais, mas eu vi no site
que o prêmio vai para um médico que melhor utiliza seus talentos e
habilidades para melhorar a vida de seus pacientes através da prática
real, ensino e obras de caridade.

O prêmio é realmente muito impressionante e quando meu pai


subiu ao palco para recebê-lo, eu me encontrei batendo palmas com
respeito real a ele. Tim, vestido com o smoking mais lindo que eu já vi,
batia palmas bem ao meu lado.

Nós fizemos o nosso caminho através da multidão de


pessoas. Agora que o jantar foi concluído, a banda está tocando e as
pessoas estão indo para a pista de dança. Meu pai sabe que estou aqui,
como eu tinha dado a minha palavra para a minha mãe que eu iria
assistir. O que ele não sabe é que Tim estará comigo.

Eu não tenho certeza se eu estou fazendo isto por choque, ou se...


mais uma vez... Eu só quero tirar o Band-Aid fora.

Eu me mudei para Nova York no fim de semana passado. Tim e eu


ainda estamos procurando uma casa que podemos comprar juntos, mas
por agora, vou ficar em seu pequeno apartamento. Eu começo a
trabalhar na próxima semana, e estou muito animada, porque eu vou
trabalhar em serviços de trauma pediátricos.

Eu não vi minha mãe ou pai ainda, e tem sido difícil driblar seus
convites para me reunir com eles. Mas eu não queria sucumbir à
possibilidade de algo mais com eles até que eu pudesse mostrar-lhes
exatamente o que eles estariam recebendo se eles me queriam de volta
em suas vidas.

~ 67 ~
Eu precisava mostrar-lhes que Tim é uma parte da minha vida.

A maior parte da minha vida, na verdade.

Localizando meu pai e minha mãe à frente, Tim tira a mão que
tinha na minha cintura e enlaça seus dedos com os meus. Com um
aperto reconfortante, nós fazemos o nosso caminho em direção a eles e
ao grupo de médicos com que eles estão falando.

Quando nos aproximamos, minha mãe nos reconhece primeiro, e


ela puxa suavemente o casaco do smoking do meu pai. Ele olha para
ela, e ela balança a cabeça em nossa direção. Sua cabeça gira e ele olha
para mim, um sorriso caloroso curvando seu rosto. Seu olhar oscila em
Tim, fazendo-me dar um passo mais perto dele em solidariedade, e
estranhamente... o sorriso no rosto do meu pai não diminui.

Sua cabeça se inclina para os outros homens em seu grupo, e eu


posso dizer que ele está desculpando-se da sua ausência. Então ele e
minha mãe estão caminhando em nossa direção.

— Calma, baby, — Tim expira ao meu lado. Ele pode sentir a


tensão no aperto da minha mão.

Meu pai chega até nós, sorrindo para mim. Minha mãe dá um
sorriso caloroso para Tim, e depois me dá um igualmente brilhante. —
Você conseguiu.

— Eu consegui, — concordo, e em seguida, rasgo imediatamente o


Band-Aid. — Mamãe... papai... vocês se lembra Tim Davis, certo?

Ambos os meus pais se voltam para Tim, e, em seguida, em um


movimento tão surpreendente que o meu queixo bate no chão, meu pai
estende a mão para Tim. — Tim... Eu estive esperando dez anos para
vê-lo novamente. Não achei que seria esta noite, mas estou feliz que
assim seja.

Tim educadamente toma a mão de meu pai e a sacude. Eu ainda


estou completamente atordoada com o rumo dos acontecimentos, mas
eu ouço Tim dizer em sua voz profunda. — Parabéns pelo
reconhecimento, Dr. Reynolds.

Meu pai se vira para mim, se inclina e beija minha bochecha. —


Acho que você tem um momento que você pode disponibilizar para
mim? Eu realmente preciso falar com você, mas seria melhor em
privado.

~ 68 ~
Concordo com a cabeça, não confiando em minhas palavras. Meu
pai se afasta, mas, em seguida, diz: — Tim... você se importa de vir
também? Você precisa ouvir isso também.

Tim olha para mim com as sobrancelhas levantadas e eu encolho


os ombros, mas ambos acompanhamos atrás do meu pai. Minha mãe,
estranhamente, fica para trás.

Nós caminhamos para fora do salão de baile, Tim e eu de mãos


dadas. Nós silenciosamente seguimos o meu pai através do hotel e à
direita na Quinta Avenida. Estou surpresa que sua definição de privado
é uma rua movimentada da cidade de Nova York.

Mas assim que andamos poucos passos longe da porta, eu


percebo a agitação da rua de Nova York numa noite de sábado, na
verdade, oferece mais privacidade do que o salão de baile. Aqui... todo
mundo está caminhando rapidamente, sem prestar atenção a nós em
tudo.

Meu pai se vira, põe as mãos nos bolsos, e me olha diretamente


no olho. — Sinto muito por meus atos, Holly.

Eu vacilo... porque suas palavras são como um soco. Antes que eu


possa mesmo processar que isto está se transformando em algo que eu
nunca esperava, meu pai se vira para Tim. — E Tim... Sinto muito e
estou muito envergonhado de mim mesmo.

— Eu não entendo, — eu consegui grasnar, e a mão de Tim vem


me dar apoio em volta da minha cintura.

— Você não entende que eu sinto muito por minhas ações todos
aqueles anos atrás? — meu pai pergunta com um sorriso irônico. — Por
que não? Quer dizer, eu nunca lhe dei qualquer indicação de que eu
estava errado.

Ele está sendo sarcástico de uma maneira completamente


autodepreciativa.

Aprecio isso imensamente, e isso me faz retribuir-lhe com um


pequeno sorriso.

Meu pai toma uma respiração profunda e olha brevemente para


cima ... talvez pedindo a alguém acima por força. Soprando-o para fora,
ele olha para mim e diz: — Supostamente os pais não devem aprender
com seus filhos. É suposto ser o contrário. A minha maior vergonha é
saber que eu não fui um bom modelo para você. Meu maior orgulho é
que você me ensinou algo muito importante.

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— E o que é? — eu pergunto, hesitante.

— Que o amor é o amor, — diz ele em voz baixa. — Eu não percebi


isso. Não por muito tempo. Eu estava tão ferido por você me cortar como
você fez pelo que eu fiz com você e Tim. No momento que eu percebi o
tolo que eu tinha sido, parecia tarde demais para fazer as pazes. Você
não tinha nada a ver comigo, e eu estava confiante de que eu tinha
perdido o direito de alguma vez pedir perdão.

— Essa é uma horrível grande reviravolta, — digo com ceticismo.

— Não realmente, — diz ele com um encolher de ombros. — Você


sabe disso, Holly... mas como médicos, nós temos que ter visão de
futuro. Se não tivéssemos, estaríamos presos na idade da pedra da
medicina. Inferno... Eu só estava dando um prêmio em parte por minha
inovação. Eu sou um pensador progressista.

Eu não posso me conter... Eu bufo, completamente descrente do


que ele acabou de dizer.

— Zombe de tudo que você quiser, mas eu sou. O que você


ouviu? O que você viu há dez anos? Isso não era nada mais do que
como fui criado. Fui criado por pais que não acreditam na mistura de
pessoas de diferentes raças. Eu não tinha nenhum motivo para nunca
questionar isso. Isso nunca tocou minha vida... até o dia que você
trouxe Tim em casa para o conhecermos. E você não viu nada mais que
a pura crença, não filtrada que foi passada a mim por meus pais. Eu
não parei para pensar se eles estavam errados. Eu só as jorrei e, no
processo, eu machuquei minha filha que amo sem medida, e eu feri
alguém que eu suspeito é um bom rapaz.

Estou tão em sintonia com Tim que eu posso literalmente sentir a


tensão desaparecer do seu corpo. Eu posso dizer... pelo afrouxamento
sutil de sua mão e o exalar suave da respiração que ele estava
segurando, que aceitou completamente as palavras de meu pai como
verdadeiras.

Meu pai olha para Tim, porque ele deve ver o que eu senti no
rosto de Tim. — Eu sinto muito, Tim. Eu espero que você possa perdoar
um homem insensato e suas crenças fanáticas. Posso assegurar-lhes,
eu não penso assim. Eu tive que deixar de pensar assim... por causa de
tudo o que eu havia perdido.

Tim acena com a cabeça. — Obrigado, Dr. Reynolds. E eu... o


perdoo.

~ 70 ~
Meu pai vira o olhar para mim. Esperançoso. Ansioso.

Eu baixo os olhos e murmuro: — Eu não sei o que dizer. Eu não


estava esperando isso.

— Você não precisa dizer nada, Holly, — meu pai me garante, e


eu levanto os meus olhos para encontrar os dele. — Só saiba que eu
estou realmente arrependido pela dor que eu causei. Eu sei que a
afastou do homem que você ama... o homem com quem você deveria
estar. Espero que, com o tempo, você possa me perdoar.

— Ok, — eu sussurro, finalmente começando a aceitar que talvez


meu pai possa mudar. — Obrigado por dizer isso.

— Claro, — meu pai diz com um sorriso fino. Eu sei que ele
espera que eu diga alguma coisa mais. Talvez dar-lhe as palavras de
perdão que Tim tão valentemente lhe deu.

Quando eu permaneço em silêncio, ainda processando esse


evento importante, o meu pai limpa a garganta e diz: — Bem... eu
preciso voltar para dentro. Convidado de honra e tal. Aproveitem o resto
da sua noite.

Meu pai passa por nós, e eu sinto o cheiro familiar de sua


colônia. É o mesmo perfume que ele está usando desde que eu era uma
garotinha. Eu costumava abraça-lo, pressionando meu rosto em sua
barriga e inalar o cheiro picante.

— Pai, — eu digo virando até ele. Ele para e enfrenta-nos com


olhos esperançosos. — Talvez possamos nos encontrar na próxima
semana... para o almoço ou jantar.

Os lábios de meu pai descascam, e seu sorriso é suficiente para


ofuscar o horizonte de Nova York. — Isso seria ótimo. Talvez vocês dois
poderiam vir?

— Três de nós, na verdade, — eu corrijo. — Nós vamos levar o


filho de Tim, Sam, com a gente.

— Ainda melhor, — diz ele com um sorriso. — Sua mãe vai estar
feliz de ter um pequeno em casa.

— Tudo bem, — eu digo a ele com um sorriso. — Eu vou chamá-lo


para organizar tudo.

Tim e eu vemos meu pai assentir com a cabeça em direção a nós


em sinal de gratidão antes de voltar dentro do hotel. Tomando meus

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quadris, Tim me vira para ele e me puxa para mais perto. — Uau, — é
tudo o que ele diz.

— Uau está correto. — eu ri. — Não achei que seria assim.

— Ele foi sincero, — Tim diz confiante.

— Eu acho que você pode estar certo, — eu concordo, não


tomando em conta de que Tim sabe que eu vi isso em meu pai, mesmo
que eu não fosse capaz de atualmente admitir isso em voz alta para o
meu pai.

— Quer voltar para dentro?

— Não... vamos voltar para o seu apartamento.

— O nosso apartamento, — ele me corrige.

— O nosso apartamento, — eu concordo. — Até que possamos


encontrar uma casa.

— Com uma cerca.

— E um cachorro.

Nós dois começamos a rir enquanto saímos em direção ao meio-


fio de mãos dadas para que pudéssemos chamar um táxi.

FIM

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