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BAD BOY

LIVRO ÚNICO
CHANCE CARTER
Sinopse
Ela precisa da minha proteção. E eu vou fazer com que
este trabalho pela sua pequena —bunda— funcione. Eu
sempre protejo um parceiro. Eu só não contei em ter que
proteger a irmã dele também.
Joey e eu somos próximos desde a infância. Eu o protejo e
ele me protege. Sempre. Mas agora ele está com problemas.
Ele foi preso por assassinato e todo mundo acha que é
culpado. Sua irmã precisa da minha ajuda.
Jenny é a coisinha mais doce que eu já vi. Eu gostava dela
quando criança e a amo agora. Eu fico duro toda vez que a
vejo. Seu perfume me faz latejar de desejo. Mas e o código de
irmãos? Posso realmente fazer o que penso em fazer com
essa garotinha?
Ela é a irmã do meu melhor amigo.
Ela é tão inocente e eu sou tão sujo.
Ela é tão boa e eu sou tão ruim.
Ela é tão gostosa e eu sou tão dela.
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Capítulo 1
Jenny Dale entrou no escritorio de seu Editor-chefe com
uma mistura de apreensão e curiosidade. Ela tentou firmar
seus joelhos trêmulos quando abriu a porta e avançou para
uma sala grande, estéril, apresentando-se ao Sr. Rowland.

— Entre, Jenny. Tenho um novo trabaho para você.

Ele acenou em direção a cadeira na frente a dele


indicando para ela se sentar, então ela obedeceu.

— Um novo traballho, senhor?

O Sr. Rowland assentiu, espalhando as migalhas do


sanduíche que ele estava comendo sobre a mesa e o chão
embaixo dele.

— Sim, parece que Mitchell está deixando a cidade para


cuidar de sua mãe doente, e eu preciso de alguém substituí-
la enquanto ela está fora nos próximos meses. Isto é, se ela
voltar ― ele adicionou baixinho.

— Senhor, você está me pedindo para ser a editora da


coluna de outono? ― Ela perguntou, claro que deve estar
enganada.

— Isso é o que eu disse, não é?


Ele limpou as migalhas de sua camisa.

— Não sei o que dizer. Eu...

Jenny estava sem palavras com uma excitação que


começou devagar no seu estômago até os seus globos
oculares.

— Fale que você vai fazer então pode voltar ao trabalho ―


ele disse, mas seus olhos voltaram para o que restava do
seu sanduiche.

— Sim! Obrigada, senhor ― ela disse, levantando-se de


sua cadeira e se atirando para fora da porta antes que ele
pudesse mudar de ideia.

Ela não podia acreditar na sua sorte. Parecia que tudo


estava finalmente se encaixando. O tempo gasto trabalhando
diligentemente ao lado de numerosos fotógrafos, editores e
consultores estava finalmente pagando após sete longos anos
na Joy Magazine.

Ela tinha visto filmes e programas de televisão, mas nada


tinha a preparado para a vida sobrecarregada que em Nova
York seria. Não estava mais sob os olhos dos cidadãos de sua
pequena cidade natal, de Ombrea. Ela era uma das milhares
de pessoas que lotavam as ruas, uma estranha entre muitas
em uma cidade grande. Pela primeira vez, para sempre,
Jenny Dale começava a sentir que estava no lugar certo, na
hora certa.
Ela tinha apenas dois meses para planejar e preparar a
próxima divulgação da revista. Ela teria que escolher
modelos, acompanhar as tendências, selecionar estilos,
determinar quais as cores para uso e afins. Com uma
assustadora carga de trabalho que era, Jenny não podia
esperar para começar o novo projeto. Na mente dela, estava
preparada para isso há anos.

Ela decidiu que um café comemorativo seria bom. A mãe


dela sempre disse que sem trabalho significava nenhum jogo,
mas Jenny sentiu que merecia um pouco de jogo depois do
trabalho que colocou nos últimos sete anos.

Ela esperou na fila na Starbucks, tão absorta em seu


próprio sucesso que quase não ouviu as notas musicais de
seu toque de telefone de dentro de sua bolsa. À espera de
uma crise no escritório, algo que veio com o território, quando
se trabalha na indústria da moda, ela rapidamente obteve o
seu celular, pegando uma chamada antes que caisse na caixa
postal.

— Srta. Jenny Dale?

A pessoa pareceu rispida. Não era uma voz conhecida.

— Sim, sou eu ― Jenny respondeu.

— Aqui é o chefe Joseph Cartright do departamento de


polícia de Ombrea. Lamento ter de informar a senhora, mas
seu irmão, Joey Dale, foi preso. Ele foi levado sob custódia
esta manhã.
— Preso?

Era uma palavra muito familiar quando se tratava de seu


irmão mais novo. Foi exatamente a razão pela qual que ela
tinha escolhido evitar o contato com ele nos últimos sete
anos. Ele tinha muito mais problemas do que valia, e Jenny
tinha decidido há muito tempo não não se envolver mais com
a vida dele, do que ela tinha que fazer.

— Isso realmente não é uma surpresa para mim, senhor.


O que ele conseguiu se envolver neste tempo?

— Ele é acusado de assassinato em primeiro grau ― o


chefe Cartright respondeu calmamente.

Jenny não podia acreditar no que estava ouvindo. Desde


que seus pais haviam morrido, durante seu primeiro ano do
ensino médio, Joey tinha entrado em problemas para coisas
como delinquência ou vandalismo, mas ele nunca fora preso
por nada nem remotamente violento, e a última prisão tinha
sido antes dele fazer 18 anos, tanto quanto ela sabia. Ela
sempre foi grata que apesar dos seus inúmeros defeitos, Joey
nunca tinha feito qualquer dano físico.

Para Joey ser acusado de assassinato em primeiro grau


parecia quase inacreditável, e na maior parte, ela acreditava
em tudo que ouvira sobre o irmão dela.

— O quê?

Ela engoliu e começou de novo.


— Quem ele... ― ela disse, sem poder encontrar as
palavras.

— Chloe Dale. Ela era recentemente sua ex-esposa ―


respondeu o homem.

Jenny sentiu o mundo circulando ao redor dela. Ela teve


de segurar o telefone mais apertado contra a orelha dela
quando suas mãos começaram a tremer, para garantir que
não se esquecesse de perder nada. O peito dela contraiu com
tristeza e lágrimas ameaçaram derramar de seus olhos
enquanto tentava se manter firme.

Minha melhor amiga, ela pensou, mas não disse em voz


alta.

De quem Jenny tinha recebido chamadas de telefone


esporádicas. Do que ela e a Chloe compartilharam ao longo
dos últimos anos era que Joey se esforçara em mudar a sua
vida desde o nascimento de sua filha. Ele trabalhava como
oficial na estação local e estava tentando ficar na linha.

Os poderes na delegacia de polícia obviamente viram algo


dentro dele que ninguém mais tinha visto. Ou isso ou eles
estavam desesperados por sangue fresco, porque desde que
ela sabia, eles o empregaram imediatamente, apesar de seu
passado de queixas.

Para seus próprios oficiais prendê-lo, tem que ter havido


algumas sérias evidências ligando-o ao crime. Possivelmente,
Joey quem tinha assassinado a Chloe.
Jenny estava completamente chocada.

— Você disse, recente ex-esposa? ― Jenny se perguntou.

Até onde ela sabia, apesar de seus problemas conjugais,


Chloe e Joey nunca tinham se divorciado ou mesmo estado
separados. Chloe estava consciente das dificuldades do
marido com a irmã dele e vice-versa, então ela evitou
mencioná-lo em suas chamadas telefônicas. Aparentemente o
silêncio fez com que sentisse falta sua melhor amiga, e agora
era tarde demais para mudar isso.

— Eu não sabia que se divorciaram ― disse Jenny, ainda


em estado de choque.

— Eles estavam planejando se separar. Em uma cidade


pequena como Ombrea, fofoca viaja muito rapidamente.
Estavam em desacordo por anos, pelo que soube. A situação
foi um rompimento ― chefe Cartright esclareceu.

Jenny assentiu com a cabeça para si mesma. Isso era


verdade. Sempre que Chloe e Joey brigavam, Jenny podia
ouvir a tensão na voz de Chloe, uma tensão que sugeriu que
ela estava a ponto de quebrar. Jenny se sentiu culpada por
nunca ter pressionado muito para descobrir a causa da
tristeza da amiga dela. Isto sempre foi tão gritante, como um
elefante na sala. Outra conversa sobre Joey era a última
coisa que ela queria, então evitou egoisticamente Chloe a
oportunidade de compartilhar.

Claro, Joey nunca foi uma pessoa fácil de conviver. Ele


era teimoso e rápido à raiva. Ele tinha uma capacidade inata
para desenhar na fraqueza de uma pessoa e usá-la contra
eles. Quando eram crianças, Joey a atormentava se não
fizesse o que ele dizia, ou se ela não cedesse às suas
exigências. Era um caso difícil então e ainda mais impossível
de tratar como um adulto. Chloe definitivamente se casou
com um homem que precisava de mais ajuda do que ela
jamais poderia ter-lhe dado.

— Você está listada como a única parente viva. Isso


significa que se torna a guardiã de sua filha, Isabelle ― o
chefe declarou depois de uma longa pausa.

Tendo esquecido aquela peça do quebra-cabeça, seus


olhos se arregalaram quando a percepção a atingiu. Ela teve
que se beliscar para ver se estava realmente acontecendo, ou
se era alguma piada de mau gosto ou um sonho.

— Bem ― ela disse suavemente, percebendo que era tudo


muito real.

A vez de Jenny chegou na fila, mas ela caiu na cadeira


vazia mais próxima, seu café não era mais uma preocupação
imediata. Naquele momento, tudo o que conseguia pensar era
que Chloe se foi para sempre e que o irmão era culpado. Era
muita coisa para levar uma vez, especialmente quando o dia
tinha ido tão bem.

— Neste momento, ela está sob a custódia de nossa filial


local da Agência de Auxílio Infantil, mas você precisará pegá-
la o mais rápido possível, minha senhora. Nós não temos
recursos suficientes para cuidar de uma criança aqui.

— Certo ― disse ela.


Parecia ser a única palavra que ela poderia reunir em seu
estado confuso.
Ela ouviu o clique suave do Chefe Cartright encerrando a
ligação. Sentou-se, silêncio colecionando seus pensamentos,
e pela segunda vez, hoje, Jenny Dale não acreditou em sua
sorte.
O que ela faria com uma criança e o que isso significava
para a formação da edição de outono?
Capítulo 2
Assim que seu antigo Dodge Neon chegou aos limites da
cidade de Ombrea, o peito de Jenny começou a se contrair e
suas mãos tremiam contra o volante.
Há muito tempo, as lembranças surgiram através de seu
subconsciente. A mistura de bons e maus pensamentos
brincou com suas emoções, fazendo-a sentir como se
estivesse prestes a quebrar. Ela respirou fundo e forçou os
pensamentos de volta às sombras escuras de sua mente. Não
adiantaria morar no passado. Não quando havia muito a ser
feito aqui e agora.
Ela considerou como seria fácil se virar e voltar de onde
viera. Jenny disse a si mesma que poderia fugir de novo
daquele lugar se realmente quisesse. Foi a experiência mais
libertadora de sua vida quando, sete anos atrás, guardou
seus pertences e deixou a cidade atrás dela. Ela não olhou
para trás nem uma vez.
Nada disso era realmente de sua preocupação, ela
argumentou consigo mesma. A bagunça de seu irmão era
inteiramente dele, assim como sempre foi. Ela não daria a
mão se não estivesse pronta para isso. Joey não merecia sua
ajuda, especialmente depois do que fora acusado. Ele roubou
uma vida. Matou sua melhor amiga. Ele precisava ser levado
à justiça.
Certo?
Jenny não pôde deixar de pensar em sua jovem
sobrinha Isabelle. Ela não via a garota há alguns anos, não
desde que ela estava tropeçando em fraldas.
Chloe a manteve atualizada com notícias e fotos, como a
mãe amorosa que era, e Jenny obedientemente as colocou na
geladeira com todos os cupons de pizza e tirou os menus.
Chloe era uma mãe amorosa, pensou Jenny, mas agora
ela se foi. Isso não mudaria. Ela podia sentir as lágrimas se
acumulando em seus olhos enquanto passava pelas ruas
familiares de sua infância.
Jenny era tudo que Isabelle tinha, e o simples
pensamento de deixar a criança inocente para trás a fez se
sentir culpada. Ela considerou que a criança nunca teve a
chance de conhecê-la também. Jenny tinha saído na primeira
oportunidade, então não podia imaginar que Isabelle a
conhecesse mais do que uma foto em um quadro ou uma
mulher em uma das histórias de sua mãe. Eles não tinham
outra conexão além de sangue, e o sangue da família Dale
não era tão espesso. Era mais fino que a água.
Dada a sua associação escassa, Isabelle provavelmente
não estava interessada na ideia de ser levada por sua
distante e perdida tia também. Se os papéis fossem
invertidos, Jenny sentiria o mesmo. Era realmente loucura
que elas estavam sendo jogadas juntas sem outra escolha a
não ser fazê-lo funcionar.
Jenny insistiu, apesar do nervosismo. O chefe Cartright
havia soletrado para ela. Isabelle não tinha outros parentes
próximos. Teria que funcionar de uma maneira ou de outra.
Elas cresceriam para se conhecerem, não importando o que
levasse. Isso é tudo que havia para fazer.
Jenny nem sequer achava que seu irmão poderia ser
considerado inocente ou que um dia ele seria libertado. Joey
tomara tantas decisões ruins nos últimos quinze anos, por
que seria inocente agora? Embora ele não tenha mostrado
anteriormente quaisquer tendências violentas, ela supôs que
esse passo em frente de seus crimes menores simplesmente
vinha chegando o tempo todo.

Além disso, ele e Chloe não foram exatamente um casal


amoroso e dedicado. Foi uma surpresa para todos quando,
em seu último ano do ensino médio, a estudante de honra
Chloe se envolveu com o bad boy Joey Dale. Seu
relacionamento estava se movendo extremamente rápido, e
cinco meses antes da formatura, Chloe descobriu que estava
grávida.
No dia seguinte à formatura, Joey e Chloe se casaram
na capela da cidade para apaziguar seus pais severos.
Isabelle chegou apenas alguns meses depois.
Desde então, os pombinhos pareciam um pouco
insatisfeitos com suas escolhas de vida. Chloe mencionou
para ela uma vez como seus argumentos e brigas eram bem
conhecidos pela cidade. Havia rumores de que uma tarde,
Chloe disse amargamente que Joey estava dormindo nos
sofás de todos na cidade.
Agora, se condenado por seu crime, Joey teria sorte de
se ver fora dos muros da prisão.
Quando Jenny parou do lado de fora da delegacia de
polícia de Ombrea, já era quase meio-dia. Ela respirou longa
e profundamente, esperando acalmar seus nervos. Ela teve
que se recompor.
A recepcionista, uma mulher mais velha com o cabelo
puxado para dentro de um forte coque cinza, levou Jenny ao
escritório do chefe Cartright.
O escritório do chefe de polícia estava escassamente
mobiliado. Uma imagem de um bulldog estava pendurada na
parede oposta, e uma placa em homenagem a ele como
Cidadão do Ano de Ombrea, dois anos antes, fornecia a única
outra decoração no pequeno espaço.
A escrivaninha estava cheia de papéis e várias pastas de
arquivos pardos. Migalhas de vários assados enfeitavam a
parte superior de seu teclado. Parecia ser o escritório de um
homem que tinha pouca consideração pela limpeza ou ordem,
similar ao seu chefe.
Sentado atrás da mesa de pilhas de pastas estava o
chefe Cartright. Jenny não pôde deixar de notar que ele era
um homem bastante bonito e mais velho. Seu cabelo escuro
foi cortado e começou a ficar cinza nas têmporas. Ele era alto
e bem construído para a idade.
Ele se levantou quando ela entrou e se inclinou sobre a
mesa para apertar sua mão. Seus lábios se curvaram no que
ela considerou um sorriso agradável. No entanto, Jenny foi
pega de surpresa quando segurou sua mão. Parecia que ele
não queria libertá-la. Seus olhos azuis escuros e duros
estavam focados em seu rosto de uma forma que a fazia
sentir um pouco desconfortável. Ela deu um passo para trás
e ele não teve escolha senão soltar a mão dela.
— Você vai ter que perdoar a bagunça ― disse ele,
dirigindo-a para um assento com um aceno de sua mão. —
Tem sido um inferno aqui nas últimas duas semanas.
Jenny assistiu enquanto ele empilhava alguns arquivos
de casos juntos em uma tentativa de limpar seu espaço de
trabalho. Ela não podia imaginar uma cidade pequena como
Ombrea sendo um lugar tão ocupado a ponto de criar uma
bagunça desse tamanho. Não aconteceu muita coisa
enquanto ela estava crescendo aqui, e duvidava que fosse
diferente desde que partiu. E o irmão dela estava atrás das
grades agora. Isso deve ter diminuído a taxa de criminalidade
nesta pequena cidade em pelo menos metade.
— Meu irmão está aqui? ― Ela perguntou com cautela.
Ela não queria ver Joey na delegacia de polícia. Ela não
podia enfrentá-lo depois do que fez com sua melhor amiga.
Ela o odiava por sua incapacidade de se comportar
quando era adolescente. Esse ressentimento só se
intensificou depois de saber que ele havia matado Chloe. Era
um crime completamente imperdoável e que ela preferiria não
se envolver.
— Ele está aqui na nossa cela de espera. Nós não
podemos transferi-lo, apenas para o tribunal.
O chefe estudou-a com cuidado. Seus olhos eram de aço
e ela os achou inquietos quando a olhou.
— Você vai querer vê-lo enquanto estiver aqui? ― Jenny
ergueu as mãos em defesa.
— Ah, não. Eu definitivamente não quero ver Joey
novamente. Nós não somos tão próximos. Eu só queria saber.
Eu só queria ter certeza.
— Certeza de quê?
— Que ele está trancado. Eu queria ter certeza de que
ele estava seguro.
Ela queria abandonar a conversa. Assim como havia
feito muitos anos antes, dizia a si mesma que seu irmão não
era sua preocupação, e ele não era há muito tempo.
— Está bem.
Não estava bem.
Sentindo que a conversa precisava ser mudada, o chefe
assentiu para uma folha de papel em sua mesa. Ele
examinou rapidamente antes de entregá-la a ela.
— O funeral de Chloe Dale está marcado para daqui a
dois dias na igreja local. Alguém já confirmou sua vontade e
designou o que vai para onde. Ela não queria nenhum tipo de
grande show. A estação enviará um arranjo de flores, é claro.
— Obrigada ― disse Jenny, dobrando o papel e enfiou-o
no bolso da frente da bolsa. ― É muita gentileza da sua parte.
— Quanto ao seu irmão, posso mantê-la informada
sobre quando ele será transferido.
— Isso realmente não é necessário ― Jenny
interrompeu.
A última coisa que ela queria fazer era voltar a falar de
seu irmão.
— Tenho certeza de que tudo que está sendo feito, é o
que deveria ser feito. Eu não preciso saber mais nada sobre
ele, para ser completamente honesta com você.
O chefe levantou uma sobrancelha escura. Jenny estava
acostumada com isso. Muitas pessoas que ela conheceu ao
longo dos anos tiveram dificuldade em entender sua absoluta
recusa em manter uma conversa sobre seu irmão. Tanto
quanto no que lhe cabia, ela era uma família única. Ela não
tinha um irmão.
— OK. Se for esse o caso, não há muito mais que eu
possa lhe dizer, senhorita Dale. A casa do seu irmão é sua
para viver como achar melhor. A criança está agora sob seus
cuidados. Você é bem-vinda para levá-la com você agora, de
fato.
— Certo, a criança.
— Isabelle.
De repente, o chefe ficou duvidoso desse arranjo.
— Você já cuidou de uma criança antes, eu creio?
— Nunca.
Jenny decidiu que a honestidade brutal era o melhor
caminho.
— Você está tremendo como uma folha ― disse o Chefe
Cartright, preocupado.
— Tem sido um par de dias difíceis ― respondeu Jenny.
— Você pode dizer isso de novo.
Uma batida veio na porta do escritório e Jenny se virou
para ver a recepcionista esperando por ela.
— O Auxilio Infantil a trouxe em cerca de vinte minutos
atrás. ― O tom da mulher era curto e direto ao ponto.
— Ela está esperando em uma de nossas salas de
interrogatório. Dei-lhe um bloco reserva e uma caneta, mas
acho que ela está pronta para ir para casa.
O chefe levantou-se lentamente de trás da mesa.
— Se você tiver alguma dúvida ou preocupação, fique à
vontade para ligar. ― Ele estendeu a mão e deu a Jenny um
aperto de mão firme.
— Foi um prazer conhecê-la, senhorita Dale. Eu gostaria
que tivesse sido em melhores circunstâncias.
— É claro ― disse Jenny quando ela puxou a bolsa por
cima do ombro e se dirigiu para a porta do escritório. —
Obrigada pelo seu tempo.
O chefe acenou com a cabeça brevemente antes de cair
de volta atrás de sua escrivaninha bagunçada.
A funcionária conduziu Jenny da sala e desceu por um
corredor escuro até outra porta fechada. Jenny sentiu o
coração batendo descontroladamente no peito. Ela não estava
pronta para nada disso. Se fosse por sua escolha, iria virar o
seu rabo e fugir. Ela poderia fazer uma pausa em Nova York e
voltar para a vida que criou para si mesma antes de qualquer
uma dessas loucuras. Seria impossível continuar de onde ela
parou nesta cidade. Não havia sinal da vida que vivera antes
de partir.
Ela não sabia como começar de novo. Algo sobre seu
comportamento deve tê-la afastado, pois a funcionária fez
uma pausa antes de abrir a porta da sala onde Isabelle
estava esperando.
A expressão da mulher sugeria que Jenny realmente
deveria se recompor.
— Você está pronta para isso?
Capítulo 3
— Não vai ser bom a garota vê-la tão nervosa ― avisou a
atendente.
Jenny interrompeu o julgamento da mulher.
— Eu vou ficar bem, honestamente.
— É melhor você ficar. Não há mais ninguém para
cuidar da criança. Ela está confiando em você para ser a mais
forte aqui.
— Acredite em mim, eu sei disso.
A recepcionista sentiu que Jenny estava muito nervosa,
mas nada mais foi dito sobre isso quando ela girou a
maçaneta, deixando a luz da pequena sala sair no corredor.
A menina de oito anos que estava diante dela em
macacão rosa desbotado era quase uma semelhança
completa da mãe. Caracóis delicados e loiros emolduravam
um pequeno rosto em forma de coração. Os olhos azuis que
olhavam inocentemente para ela era uma imagem espelhada
de Chloe. Jenny sentiu a respiração presa no peito.
Jenny sabia que nunca passara um tempo sozinha com
qualquer criança, muito menos com a sobrinha. Novamente,
ela sentiu a culpa em seu estômago por não ter sido mais do
que uma figura na vida de Isabelle.
Depois de deixar Ombrea, Jenny nunca sentira o desejo
de voltar. Chloe foi exatamente o oposto. Chloe sempre foi
uma pessoa caseira, e não a havia encantado em deixar a
pequena cidade que ela carinhosamente chamava de lar. Ao
contrário de Jenny, ela nunca nutrira grandes ideias sobre
mudar-se para outra cidade. Em vez disso, Chloe ficara mais
do que feliz em se instalar em Ombrea, onde tudo fazia
sentido.
— Como você vai, querida?
A recepcionista estava fazendo o melhor possível para
colocar um rosto amigável, mas a garotinha ainda parecia
absolutamente aterrorizada com o que a rodeava. O bloco e a
caneta que ela gentilmente tinha lhe dado para mantê-la
ocupada enquanto esperava não estavam em uso na mesa de
aço. Uma boneca com um pequeno vestido vermelho de
retalhos estava apertada firmemente em seu peito.
— Esta senhora é sua tia ― disse a funcionária. ― Ela
está aqui para te levar para casa.
Jenny viu a versão em miniatura de Chloe erguer os
grandes olhos azuis para ela novamente. Ela não parecia
nada segura de estar indo para casa com essa nova estranha,
não importava qual fosse a conexão de sua família.
A funcionária olhou de volta para Jenny.
— Eu vou te dar alguns papeis para assinar na recepção
dizendo que você aceita a custódia total da sua sobrinha.
— Certo. Está bem então.
Jenny viu a outra mulher sair da sala, desejando que
seus papéis fossem invertidos e que ela pudesse ser a intrusa
em todo esse cenário.
A garotinha a observou em silêncio, o aperto em sua
boneca tornando-se ainda mais apertado quanto mais tempo
permanecessem. Suas bochechas estavam coradas, um sinal
de que estava apenas a um momento das lágrimas.
Jenny podia simpatizar com a criança. Quando ela
perdeu seus próprios pais em um acidente de carro na tenra
idade de dez anos, a vida parecia incrivelmente injusta. Tudo
parecia escuro e desolado, sem sequer um traço de um lado
bom.
Suas lágrimas vinham muitas vezes e geralmente sem
aviso prévio. Ela afundou em tristeza enquanto Joey usou
sua dor para agir. Cinco dias depois, com apenas oito anos de
idade, ele foi preso por um pequeno ato de vandalismo. Joey
teve uma severa conversa com o chefe de polícia e passou
uma hora em uma cela, mas não isso fez nada para assustar
o rebelde do menino.
Perder um dos pais pelas mãos do outro parecia uma
circunstância especialmente dura. Jenny não sabia o quanto
a criança sabia sobre o que havia acontecido. Ela nunca
pensara em perguntar ao chefe qual o envolvimento da
criança.
— Eu sou sua tia Jenny, a irmã mais velha do seu pai.
As palavras pareciam muito estranhas em sua língua.
— Você era pequena quando me mudei para Nova York.
Você provavelmente não se lembra de mim.
— Não.
Os cachos de Isabelle se moviam quando ela balançou a
cabeça. Foi um começo.
— Eu não vi você desde que você era ― disse Jenny
soltando a mão até os joelhos enquanto a menina observava
― desta altura. Isso é muito tempo atrás, não é?
Isabelle assentiu, mas não disse nada. Ela passou a
boneca de uma das mão para a outra em busca de conforto.
— Ah, aqui estamos nós.
A funcionária retornou. Seu reaparecimento teve pouco
efeito sobre o humor no pequeno espaço.
— Você só tem que preencher em alguns lugares. Temos
todas as outras informações de que precisamos.
Jenny se aproximou da mesa para assinar os
documentos, enquanto Isabelle afundou em uma cadeira de
metal e esperou, a boneca apertada firmemente em seu colo.
Jenny olhou para a criança antes de ler a papelada, mas seus
olhos permaneceram baixos, suas bochechas mais uma vez
mostrando o tom rosa que indicava que as lágrimas estavam
próximas.
Jenny só podia imaginar o que ela deve ter parecido no
dia em que lhe disseram que seus pais não voltariam para
casa.
— Senhora?
A voz da balconista a trouxe de volta para a tarefa em
mãos, e ela rapidamente recuperou a compostura.
— Certo. Desculpa.
Jenny assinou os formulários necessários e depois virou
nervosamente para a criança.
— Vamos lá, hora de ir para casa.
Jenny levou seu Neon prata para a casa de Chloe e Joey
nos arredores da cidade. Isabelle ficou em silêncio e com os
olhos arregalados no banco de trás.
O que ela deveria dizer a ela. Ela nunca estivera sozinha
com uma criança antes e nunca sentira a necessidade de ter
alguma. Elas eram trabalho duro, muito para ter certeza, e
tinha o suficiente em seu trabalho na revista sem ter que se
preocupar com o bem-estar de outra pessoa.
Mas Isabelle não tinha mais ninguém, Jenny lembrou a
si mesma. Ela só teria que descobrir o que viria a seguir.
A pequena fazenda era afastada das propriedades
vizinhas. Árvores altas ladeavam o caminho de tal forma que
a casa quase surpreendia as pessoas quando se separaram
para revelar o terreno.
Chloe cuidou carinhosamente da propriedade de Dale.
Flores de todas as cores e formas salpicavam o jardim,
fazendo-o sentir-se simpático e acolhedor. O caminho para a
casa, torto e feito de lajes, mostrou sinais de giz dos recentes
jogos de Isabelle. Uma bola de futebol levemente desbotada
ficou no gramado como se esperasse a partida seguinte
começar.
Jenny podia ver claramente o amor de Chloe pela velha
propriedade de dois andares. Suas persianas ligeiramente
desgastadas pelo vento foram pintadas em um tom profundo
de azul, combinando perfeitamente com a porta da frente
dupla. Potes de flores mais coloridas adornavam a varanda ao
redor, e plantas ainda mais coloridas iluminavam os grandes
parapeitos da casa.
Isabelle abriu a porta e saiu do carro. Suas pequenas
pernas a levaram com tanta pressa para a varanda que Jenny
pensou que poderia cair. Ela seguiu atrás, deixando a criança
seguir em frente. Jenny não tinha pressa de entrar na casa
de sua amiga e ser levada por todas as lembranças.

Lágrimas ardiam nos olhos ao ver a jaqueta de chuva


amarela e peculiar de Chloe pendurada na estaca da porta da
frente. Um par de botas de chuva cor-de-rosa apoiada no
velho revestimento. O par amarelo menor de Isabelle estava
apoiado ao acaso ao lado deles.
A fita amarela brilhante da cena do crime ainda estava
pendurada na porta, e Jenny imediatamente a rasgou. Ela
jogou em uma bola na varanda até que pudesse encontrar a
vontade de enfrentá-lo.
Ela teve a impressão em seu breve encontro com o Chefe
Cartright que ele não achava que isso fosse mais do que um
caso simples, aberto e fechado. Ela não sentiu a necessidade,
ou o desejo por esse assunto, de argumentar por algo
diferente. Ele era o homem da lei na cidade, então assumiu
que ele sabia o que estava fazendo.
Isabelle olhou para cima, esperando em silêncio
enquanto Jenny vasculhava no bolso a chave da porta que o
chefe havia entregado antes de sair da delegacia. Embora
coubesse dentro da fechadura, a porta antiga dava-lhe alguns
problemas. Demorou um pouco para empurrar e empurrar
antes que cedesse e se abrisse rangendo sob protesto.
O corredor estava silencioso e escuro.
Jenny esperava que Isabelle corresse, grata por estar em
casa depois de uma noite longa e, sem dúvida, enervante,
com o Auxílio Infantil, mas sua sobrinha ainda permanecia
na varanda.
— Está bem. Você está em casa agora.
Era a única coisa que Jenny podia pensar em dizer. Ela
considerou dar a Isabelle um abraço apertado como um sinal
de afeto, mas ainda parecia cedo demais. Ela não se atreveu a
empurrar seus limites ainda.
— OK.
Era apenas a segunda palavra que Isabelle havia falado
desde que haviam sido apresentadas. Seus pezinhos em seus
pequenos tênis soaram no corredor enquanto ela corria para
dentro. Jenny viu quando ela desapareceu pelas escadas.
Jenny permaneceu na porta. Ela manteve a mão
firmemente na fechadura, firmando-se.
Isso não estava certo. Fazia muitos anos desde a última
visita a esta fazenda. Chloe a saudou na porta, um sorriso
tão largo quanto o sol em seu rosto. O bebê estava dançando
em um desses Jolly Jumpers1 no final do corredor. O cheiro
de torta de maçã recém assada flutuava de algum lugar.
E em um canto escuro, seu irmão ficou observando a
cena se desdobrar, cauteloso. Ele sabia que tinha queimado
seus laços com ela há muito tempo, e além das cortesias
educadas que seus vizinhos procuravam, ele teve o cuidado
de manter distância. Jenny não se importou. Joey era da

1
Pula-pula para bebês.
Chloe para manter a linha agora. Ele não era mais o
problema dela.
A imagem vívida escorregou de sua mente tão
rapidamente quanto surgira. O corredor escuro ainda
permanecia à sua frente, não mais cheio dos barulhos e
cheiros que ela lembrava.
Virando as costas para o silêncio, Jenny voltou ao seu
carro para pegar a bolsa de viagem. Ela ficaria um tempo.
Uma hora e meia depois, Jenny havia transferido seus
pertences para o pequeno quarto de hóspedes no topo da
escada.
Ela não trouxe muito. Só embalou o suficiente para
durar por duas semanas, talvez isso, e um vestido que seria
adequado para o funeral. Não parecia necessário para ela
arrumar o resto de seus pertences ainda. Não quando tudo
era tão incerto. Jenny ainda tinha esperanças de voltar ao
seu novo cargo na revista.
Ela fechou a porta com firmeza na casa de seu irmão e
no quarto de Chloe quando trouxe sua bolsa para o andar de
cima. Chegaria um momento em que teria que limpar e
organizar, mas não apenas ainda. Não parecia adequado
invadir aquele espaço antes que o funeral terminasse.
Jenny checou Isabelle enquanto estava no andar de
cima. Ela encontrou a criança enrolada sob uma massa de
cobertores e brinquedos coloridos, de costas para a porta.
Reconhecendo a necessidade de paz de Isabelle, Jenny fechou
a porta atrás de si e desceu silenciosamente a escada.
A cozinha estava estranhamente silenciosa quando
entrou, então Jenny começou a criar qualquer barulho que
pudesse. Ela encheu a chaleira de estanho com água na pia e
colocou-a cuidadosamente no fogão, esperando
impacientemente os minutos que se seguiram para que
apitasse.
Jenny ligou o pequeno rádio sem fio no peitoril da
janela, mas não se deu ao trabalho de trocar a estação. Ela
não se importava com a música que estava tocando desde
que isso trouxesse algum ruído para o espaço.
Embora tenha demorado muito para empurrar e puxar a
fechadura para girar, ela abriu a porta dos fundos. Parou de
costas para a porta. Ela fechou os olhos brevemente,
agradecida pelos sons da tarde de pássaros e grilos da grama.
Ela fez uma anotação mental para arrumar aquela porta
quando tivesse tempo.
— O que você está fazendo?
Jenny se virou para encontrar Isabelle em pé na porta
da cozinha. Seus olhos azuis estavam vermelhos e inchados
de chorar. Desta vez, em vez de sua boneca, um ursinho de
pelúcia com uma camisa vermelha foi agarrado firmemente
em sua mão direita.
— Só fazendo barulho. Está muito quieto aqui.
Isabelle assentiu uma vez em concordância. Um silêncio
inquieto se instalou sobre as duas mais uma vez.
Até agora, elas não estavam indo bem na construção de
qualquer tipo de conexão além da conversação básica. Elas
eram simplesmente duas estranhas que não tinham escolha
a não ser interagir uma com a outra. Pelo menos Isabelle
estava em casa, e ela podia se sentir um pouco confortável
aqui.
Era o lugar mais estável do mundo para ela, ou pelo
menos fora até aquela tarde. Agora, Jenny era uma estranha
invadindo seu espaço.
— Eu vou fazer algo para você comer ― ela tentou. —
Você deve estar morrendo de fome.
Parecia uma boa ideia. Jenny não tinha apetite desde
que voltara para a cidade, mas se havia alguma coisa que ela
sabia sobre as crianças, era que precisavam ser alimentadas
regularmente. O que eles comiam, por outro lado, ela não
tinha certeza. Classificou isso como mais uma experiência de
aprendizado.
Chloe era uma especialista na cozinha. As noites do
ensino médio tinham sido gastas em bolos de brownies ou
com um saboroso deleite que ela só tinha de ler uma vez em
uma receita para recriar.
Seu maior sucesso foi o jantar de Natal há dois anos.
Era a única vez que Jenny voltara à cidade para celebrar as
festas. Uma mesa secundária foi trazida do depósito para dar
lugar à esmagadora quantidade de pratos em exposição.
Chloe orgulhosamente chamou o maior jantar de Natal
imaginável, e ela não estava longe de estar errada.
— Você sabe cozinhar alguma comida?
— Sim, claro.
Jenny fez uma careta quando empurrou uma onda de
seu cabelo loiro para trás do rosto.
— Eu acho. Algumas coisas.
— Quais são algumas coisas?
— Eu não sou um gênio na cozinha como sua mãe era,
mas posso administrar ― Jenny tentou um sorriso amigável,
mas a criança olhou para trás, insegura.
— Nós vamos morrer de fome, não é?
— Isso é muito improvável. Teremos apenas que nos
contentar com o que temos.
— Alguém pode sobreviver apenas com ar e água? ―
Obviamente, Isabelle herdara o senso de humor seco de seu
pai.
Jenny abriu a porta mais próxima do armário. Ela
estava grata por encontrá-lo cheio com uma série de itens
alimentares que poderia colocar em bom uso. Selecionou uma
sopa de macarrão com galinha na prateleira debaixo e depois
encontrou uma caixa de biscoitos salgados para acompanhar.
— Sopa e bolachas. É uma perfeita comida saudável.
— Afinal, o que isso quer dizer?
Jenny remexeu em vários armários do fundo e localizou
uma panela média. O abridor de latas era bastante fácil de
encontrar em uma gaveta de cima. Ela começou a trabalhar
despejando o conteúdo da sopa na panela e colocou o fogão
em fogo baixo.
A chaleira finalmente começou a ferver, e ela selecionou
uma caneca levemente lascada na copa da bancada,
aguardando seu tempo antes de oferecer uma resposta.
— Bem?
Isabelle não gostava de ficar esperando.
— O que isso significa?
— Comida caseira é algo que você come quando quer ser
confortada.
Ela sorriu nervosamente para a criança, como se isso
fosse quebrar imediatamente as barreiras entre elas.
— Bem.
Jenny soltou um suspiro de alívio, escondendo-o atrás
de um sorriso nervoso quando Isabelle lançou-lhe um olhar
desconfiado.
— Que tal você colocar algumas bolachas nesses pratos?
Jenny abriu a outra porta do armário, mas os pratos
não estavam em lugar nenhum. Foi preciso um aceno de
cabeça acanhado de Isabelle para apontá-la na direção certa.
Ela ocupou a criança com a tarefa, grata quando elas
ficaram em silêncio. A viagem de Nova York tinha sido longa e
ela ainda estava se recuperando das notícias. Agora, só
queria entender direito para conseguir que tudo parecesse
normal. O conceito de normal foi atualizado recentemente.
Quando a sopa estava quente, serviu duas tigelas iguais.
Encarregou Isabelle de pegar duas bandejas de jantar na
mesa da cozinha e levou-a para o corredor.
— Mamãe sempre serve sopa na mesa da cozinha ―
Isabelle apontou quando Jenny abriu a porta da sala de estar
e colocou os pratos sobre a mesa de café. ― Não devemos
assistir televisão até depois do jantar. É a regra da casa.
— O que posso dizer? ― Jenny deu-lhe um pequeno
encolher de ombros. ― Eu sou uma infratora de regras.
Isabelle deu-lhe outro olhar desconfiado. Ela não tinha
certeza do que acreditar, mas cedeu de qualquer maneira e
sentou-se no sofá.
Jenny estava grata por não haver mais nenhum
empurrão no assunto, por enquanto. Ela sentou-se ao lado de
Isabelle e pegou o controle remoto.
— Agora, vamos ver o que está na televisão hoje à noite,
não é? ― Isabelle não disse uma palavra.
Uma hora depois, o sol estava começando a se pôr.
Jenny estava na janela da sala de estar e observava enquanto
ele mergulhava lentamente abaixo das colinas à distância.
Ela odiava Ombrea e suas pequenas cidades, mas a vista era
espetacular. Tinha que admitir isso.
A visão das colinas ondulantes e das fazendas era mais
agradável do que a vista que ela tinha dos arranha-céus da
janela de sua cozinha na cidade. Da varanda de seu
apartamento, ela podia ver um pequeno parque da cidade,
mas era apenas um parque de cachorros na vizinhança. Não
se comparou com o ambiente natural de Ombrea.
Agora suficientemente alimentada, Isabelle se enrolou
como uma bola no sofá, com uma almofada apoiada atrás de
sua cabeça para o seu conforto.
Jenny deixou-a aos cuidados da televisão e começou a
limpar os pratos do jantar. Estava grata por ter um pouco de
tempo para si mesma. Cuidar da filha pequena de Chloe já a
estava cansando. Ela não podia imaginar como seria ter um
próprio.
Ligou a água quente na pia da cozinha e deixou a louça
de molho. Lavaria mais tarde quando tivesse mais energia.
Jenny abriu a geladeira e encontrou o produto básico
que sabia que podia contar com Chloe para ter em mãos,
vinho branco gelado.
Jenny virou a garrafa azul nas mãos e estudou
cuidadosamente o rótulo. A descrição deixou-a confusa sobre
por que Chloe teria esse vinho em particular na mão.
Chloe sempre gostou de vinhos doces, aqueles que vem
com rótulo colorido e brilhante e um preço menos colorido.
Seu vinho escolhido sempre fora o que sua querida avó
chamara de barato e alegre. Ele não te deixa bêbada, a não
ser que planege beber muito.
Jenny experimentara esse vinho em mais de uma
ocasião no churrasco anual de verão de sua editora. Ela
decidiu pegar uma garrafa ou duas uma vez, mas desistiu
pelo preço.
Jenny não podia imaginar que houvesse uma alta
demanda por este vinho em Ombrea. Ela fez uma nota mental
para verificar quando tivesse um momento livre.
Abriu a garrafa com facilidade e pegou um copo de vinho
limpo no escorredor de pratos. Hesitou por um momento,
imaginando Chloe em pé diante da pia, cantarolando junto
com o rádio enquanto cuidava dos pratos. Chloe sempre foi
tão alegre, não importando o dia ou a situação. Parecia
injusto imaginar sua vida interrompida.
Especialmente nas mãos de alguém que ela amava
tanto. Jenny sacudiu o pensamento de sua mente. Estava
determinada a não se concentrar em seu irmão.
A polícia o havia prendido pelo crime e ela tinha fé
suficiente no sistema, como em Ombrea, para acreditar que
eles sabiam o que estavam fazendo. Se achavam que Joey era
culpado de assassinato, então ele era. Era tudo que havia
para isso. Afinal, ele era um deles. Para prender um deles,
tinham que ter justa causa.
Jenny se serviu de um copo do vinho gelado e bebeu
devagar com os olhos fechados. Este dia foi um inferno e o
álcool a ajudaria a relaxar.
Uma batida forte na porta da frente a chamou de volta à
realidade.
Capítulo 4
Isabelle não se mexeu com a batida e uma espiada na
sala sugeriu que ela tinha cochilado há algum tempo. Jenny
fechou a porta suavemente enquanto atravessava o corredor
até a porta.
Ela esperava um vizinho com uma panela quente por
causa do luto, mas o homem do outro lado da porta não
parecia o tipo de caseiro, muito menos o dono de uma panela
elétrica. Ele era alto, com cabelos bagunçados e escuros que
se moviam por sua testa e quase em seus olhos. Seu queixo
estava com barba e precisando de um bom barbeador. Sua
camiseta azul desgastada exibia seu corpo musculoso em
grande detalhe. Ficou claro que ele fazia muito trabalho
físico.
Mas foram seus olhos azuis que mais a distraíram. Eles
eram profundos de um jeito que a atraiu e a deixou incapaz
de desviar o olhar imediatamente. Ela sentiu um discreto
palpitar em seu coração que não podia negar. Mesmo em seu
estado suado e desgrenhado, ele era o homem mais atraente
que ela já havia visto.
— Posso ajudar? ― Começou Jenny, mas ele a
interrompeu abruptamente.
— Você é Jenny Dale?
— Sim. Mas...
— Então você é apenas a pessoa que eu vim aqui para
ver.
Com uma das mão, ele empurrou com força a porta,
deixando Jenny sem escolha a não ser se afastar e deixá-lo
entrar.
— O que você está…
— Acabei de lhe dizer, vim aqui para ver você.
Precisamos conversar sobre o seu irmão. É importante.
Jenny sacudiu a cabeça. Este estranho outrora bonito
estava começando a irritá-la. Ele estava se comportando
como um grande idiota, e se seu irmão era o que ele veio
discutir, teria que sair.
— Eu não estou com vontade de discutir sobre ele agora,
quem quer que você seja.
— Roy Peters. E quando seria um momento melhor,
exatamente? ― Ele retrucou, com o rosto avermelhado. ―
Quando ele estiver indo para a pena de morte?
— Espere, agora.
Jenny se aproximou dele, nunca recuando de uma
discussão.
— Você não tem o direito de entrar aqui e tentar forçar
uma conversa sobre o meu irmão inútil. O que ele fez...
— É só isso ― interrompeu Roy, apontando o dedo para
o rosto dela. ― Joey não fez nada. Armarram para ele.
— Não seja absurdo!— Jenny disse, afastando o dedo
com raiva. ― Quem teria algum motivo para sabotar o meu
irmão?
— As mesmas pessoas para quem ele trabalhava. Você
alguma vez pensou nisso?
Jenny estava confusa e desejava que Roy Peters desse a
volta e saísse pela porta e voltasse de onde viera.
— Você é irmã dele. Certamente você está se
perguntando por que ele iria tão longe? Você não pode
honestamente acreditar que ele iria cometer tal crime, pode?
Era a própria esposa dele.
— É porque ele é sempre culpado. Joey é meu irmão e
sei por experiência. Ele é sempre considerado culpado e
sempre será. Se não fosse culpado, a polícia não o teria
prendido em primeiro lugar.
Roy riu de um jeito que fez sua pele arrepiar. Ele pensou
que ela estava sendo absurda.
— Você não pode honestamente ser tão ingênua.
Jenny cruzou os braços sobre o peito e olhou-o de baixo,
desejando não quebrar sob o olhar de aço. Fazia muito
tempo, e sem dúvida haveria mais coisas para lidar com as
consequências das ações de seu irmão. Ela queimava com
ódio por Joey, pelo que havia feito ao roubar a preciosa vida
de sua amiga, sua esposa, a mãe de Isabelle. Foi uma cruel
injustiça.
Para este estranho entrar e jogar tais acusações era
ridículo e fora de linha.
De repente, Jenny percebeu que a porta ainda estava
aberta e apontou para ela, esperando que ele entendesse a
dica e desse o fora.
Seu rosto estava sombreado de raiva quando ele deu um
passo para fora.
Assim que ela estava prestes a bater a porta atrás dele,
ele colocou o pé de volta dentro da moldura da porta.
— Você está completamente errada, você sabe. Ele é
inocente. E mesmo se eu tiver que fazer isso sozinho, eu vou
provar.
— Então você pode ir em frente.
— Você já o viu?
— Eu não preciso ver Joey para saber que ele é culpado.
Ela bateu a porta, prendendo rapidamente atrás dele.
Inclinando-se contra a parede, Jenny desejou que seus
nervos se acomodassem. Quando recuperou o fôlego, ouviu o
clique suave da porta da sala se fechando.
Isabelle ouviu tudo.
Roy Peters arrastou-se de volta ao seu caminhonete
verde.
Que mulher idiota e estúpida, ele pensou. Roy
amaldiçoou pesadamente sob sua respiração. Isso foi uma
grande perda de tempo.
Joey nunca mencionou sua irmã, e agora Roy entendia
por que ele não tinha. A mulher que acabou de conhecer era
tão ingênua e completamente desleal. Ele não sabia o que
esperar quando decidiu se aproximar de Jenny sobre a
inocência de Joey, mas achou que ela seria mais receptiva do
que isso.
Se um dos seus irmãos fosse acusado de um crime tão
vil, Roy juraria no tribunal que eles eram inocentes, sem
perguntas. Ele lutaria com unhas e dentes para provar sua
inocência. Que essa mulher tivesse aceitado a culpa de seu
irmão sem um segundo pensamento, enfureceu-o.
Joey e Chloe tiveram problemas, mas que casal não
tinha? Eles poderiam lutar por dias se o clima os atingisse,
mas nenhuma vez ele soube que seu amigo colocaria a mão
em sua esposa. Na verdade, Joey seria um dos últimos
homens que fariam algo parecido. No que diz respeito aos
policiais, Joey era um dos bons, e havia uma verdadeira
escassez de bons, especialmente nesta cidade.

Roy estava com raiva naquela noite enquanto estava


deitado na cama. Nenhuma mulher jamais o enfureceu tanto
quanto Jenny naquele dia.
Cara, que puta, ele pensou, enquanto estava deitado,
tentando dormir.
Alguém deveria ensinar-lhe algumas maneiras.
Ele imaginou levantando seu pequeno corpo em seus
braços poderosos e jogando-a por cima do ombro.
Ele imaginou ser aquele que colocaria alguma razão
nela.
Ele a levaria direto para o quarto e a jogaria na sua
cama.
— Roy ― ela choraria.
Ele sorriu, apesar de sua raiva, ao pensar nela olhando
para ele, seus olhos irritantes e desafiadores brilhando e
piscando.
Enquanto se imaginava olhando-a, respirando
pesadamente, sua mão começou a descer em direção à sua
virilha. Ele agarrou seu pênis, grosso e grande, mesmo que
ainda estivesse meio mole, e imaginou como seriam os seios
de Jenny.
Ele se imaginou arrancando sua roupa, rasgando-a e
jogando no chão.
— Como você se atreve ― ela diria.
Ela parecia sempre dizer coisas assim. Coisas que
procuravam colocá-lo no controle da situação.
Como ela gostaria se ele assumisse o controle por um
tempo.
Ele sentiu seu pênis enrijecer e latejar em seu punho ao
pensar em como ela ficaria louca se alguém, ao menos como
ele, assumisse o controle dela.
— Fique de joelhos ― ele lhe diria.
Apesar de sua fúria, um olhar em seus olhos diria a ela
que ele estava falando sério. Jenny faria o que lhe dissesse e
ficaria de joelhos e mãos.
— Boa menina ― ele diria. ― Foi tão difícil.
— Foda-se, Roy.
— Foda-me? Por que sim, é exatamente isso que você
está prestes a fazer.
Ela se viraria, mostrando aqueles olhos furiosos para
ele, e Roy não se importaria. Seguraria as suas duas coxas
com firmeza e sua bunda perfeita e redonda bem na frente
dele.
Jenny lutaria um pouco, mas seu coração não estaria
realmente nele. Roy sabia que ela iria querer isso tanto
quanto ele. Fingiria protestar, mas na verdade, estaria mais
molhada do que jamais esteve em sua vida.
Ele se inclinaria e beijaria suas nádegas, cada uma por
sua vez, antes de passar a língua pela fenda da bunda dela.
— Roy! ― Ela suspirou.
Ela não estaria acostumada a esse tipo de tratamento,
mas gostaria disso.
Ele sentiu seu pênis pulsar, totalmente ereto agora em
sua mão poderosa. Ele acariciou, gentilmente a princípio,
mas mais e mais rápido, enquanto sua fantasia tomava conta
de sua imaginação.
Ele moveria sua língua sobre o seu cuzinho,
pressionando-a contra o seu clitóris, fazendo-a se contorcer
em antecipação ao que estava por vir.
— O que você está fazendo?
Ele sorria e não dizia nada, apenas movendo a língua
sobre a boceta e, em seguida, colocando-a para dentro, tão
fundo quanto poderia ir.
— Oh, meu deus ― ela gemeu.
Ele a faria gozar em seu rosto, movendo sua língua
dentro e fora dela, e então transaria com seu cuzinho,
fazendo-a se contorcer. Tentando fazê-la corar. Deveria
ensinar-lhe uma lição depois de tudo!
Quando Jenny estivesse realmente encharcada,
morrendo de vontade de gozar, praticamente implorando para
que ele transasse com ela, Roy estenderia a mão e bateria em
sua bunda o mais forte que pudesse.
— Ai ― ela protestaria, e é aí que ele se levantaria e
pressionaria a cabeça do pau enorme dele contra os lábios da
sua boceta.
— Roy ― ela gemeu. ― Faça isso, por favor.
Ele brincaria com ela, provocaria. Ele pressionaria a sua
cabeça de seu penis em sua boceta, apenas os primeiros
centímetros, e a deixaria imaginar o prazer que estava prestes
a sentir.
— Você é uma garota malvada, não é? ― Ele diria.
— Sim ― ela responderia.
— E você sabe o que fazemos com garotas travessas? ―
Ela assentiria, mas estaria errada.
Não tão rápido, Jenny.
Roy puxaria seu pênis para fora dos lábios de sua
boceta e se inclinaria para baixo, desta vez focando todas as
suas atenções em seu belo e virgem cuzinho. Ele moveria a
língua sobre isso. Então pressionaria sua língua, transando
com ela. Ela se contorceria de vergonha, mortificada com o
que ele estava fazendo, mas secretamente ela queria. Jenny
estaria morrendo por isso.
Ele poderia fazê-la implorar se quisesse.
— Roy, foda-me. Foda meu pequeno rabo apertado.
Ele quase gozou imaginando ela dizendo essas palavras.
Quando seu cuzinho estivesse todo molhado e
escorregadio e pronto para ele, levantaria de novo e pegaria
uma bochecha de bunda em cada mão. Ele a agarraria com
força, deixando-a sem espaço para virar e pressionaria seu
pênis contra seu traseiro.
No começo, Roy não poderia entrar. Ela estaria muito
apertada. Jenny se contorceria e resistiria.
Mas ele seria paciente com ela. Levaria o tempo dele.
Roy não iria querer machucá-la, apenas lhe mostrar
quem estava no comando.
Pressionaria seu pênis contra ela, e se não coubesse,
penetraria um dedo. Apenas a ponta no início, e depois mais
e mais dela. Ele se moveria para dentro e para fora,
lubrificando-a completamente com sua saliva.
Ela se contorceria contra o dedo dele, implorando para
foder sua bunda, e quando Jenny ficasse mais solta e mais
pronta, ele se abaixaria e brincaria com o seu traseiro
novamente. Pressionaria a língua dentro dela, afrouxando-a,
provocando-a, trazendo-a ao ponto em que ela estivesse
pronta para gozar.
Então ficando em pé novamente, apertaria sua bunda
com força em suas mãos grandes e poderosas, e então
moveria cuidadosamente o comprimento total e a
circunferência de seu pênis profundamente em seu ânus.
— Oh, Roy ― ela choraria, e ele entraria, e depois sairia.
Dentro e fora, de novo e de novo. Cada vez ela gemeria
mais alto, e seu pênis pulsaria mais forte. Ele aumentaria
dentro dela com cada impulso, seu pênis se preparando para
gozar.
Enquanto fodia seu cu, manteria um aperto poderoso
nela, deixando-a sem dúvida saber que ele era o único que
estava no comando.
Ele empurrou e empurrou, mais e mais, acelerando, até
que o prazer se tornou tão insuportável que gritou seu nome.
— Jenny, oh meu deus, você é um anjo.
Ele gritaria quando gozasse.
Seu pênis explodiria em êxtase, derramando-se
profundamente dentro dela. Com cada surto de seu orgasmo,
pulsaria e despejaria mais gozo nela, até que ele estivesse
completamente gasto.
Então, enquanto seu pênis bombearia seu esperma para
dentro dela, ele alcançaria seu clitóris e começaria a acariciá-
lo rapidamente. Os dedos de sua outra mão estenderiam ao
redor e foderiam sua boceta, para dentro e para fora,
repetidamente, até que ela estivesse gritando também quando
onda após onda de orgasmo a atravessasse.
— Oh, papai ― ela murmuraria quando ele terminasse.
— Você tem sido uma garota malvada ― ele diria.
— Oh, sim, sim, papai. Mas você me ensinou algumas
maneiras.
Roy estava sem fôlego em sua cama. Ele olhou para
baixo sob os lençóis e percebeu que apenas gozara em toda a
sua mão. Os lençóis estavam encharcados com a bagunça
que fez.
Mas não se importou.
Sentiu-se um pouco culpado, no entanto! Como ele
poderia se permitir ter pensamentos assim sobre a irmã de
seu melhor amigo! Não estava certo.
Havia um código de ética entre homens como ele, e foder
a irmã do seu melhor amigo na bunda para ensinar-lhe
algumas maneiras certamente cruzava a linha!
E o que era pior, ele sabia que queria fazer isso de
verdade!
Ele rolou e caiu em um sono muito profundo e muito
satisfatório.

No dia seguinte, Isabelle contentou-se em se ocupar com


seus brinquedos e livros em seu quarto. A paz significava que
Jenny poderia passar a manhã na cozinha depois do café da
manhã.
A pilha de pratos de café da manhã ainda estava
espalhada no balcão da cozinha. Com o tempo, Teria que
trazer algum senso de organização para a casa. Mas ainda
não.
Mais cedo naquela manhã, quando Jenny não
conseguiu dormir e Isabelle estava escondida em seu quarto,
Jenny foi até a sala de estar na ponta dos pés para fazer uma
ligação para o Chefe Cartright.
Não que ela não quisesse Isabelle, ela só tinha
dificuldade em acreditar que poderia ser a única opção
disponível para criá-la. Isabelle não tinha avós que a
receberiam de braços abertos? Aqueles que não tivessem
empregos importantes e desempenhavam vidas em Nova
York?
O Chefe assegurou que ele viria em breve para explicar
melhor a situação. Ele parecia ocupado e ríspido, como se
sua ligação fosse exatamente tão egoísta quanto a parte de
trás de sua mente dizia a ela que era.
Quando ele finalmente chegou num carro empoeirado,
Jenny colocou seu agora falso sorriso familiar e o convidou
para a cozinha.
— Em resposta à sua consulta anterior,— Chefe
Cartright tirou o chapéu e colocou-o no balcão. ― Eu temo em
dizer que os avós não serão capazes de cuidar da criança.
Eles estão em um lar de idosos.

Jenny percebeu pelo olhar em seu rosto que ele


suspeitava que ela não estivesse particularmente em forma.
— Eu apenas me perguntei, é tudo.
Jenny começou a preparar o café, grata por ter
encontrado um pacote de tortas de nozes em um dos
armários a tempo de sua chegada. Ansiosa para mudar de
assunto, ela conversou sobre a surpresa do visitante da noite
anterior.
— O que você sabe sobre Roy Peters? ― Perguntou
Jenny ao chefe enquanto servia a água quente em duas
canecas.
O chefe Cartright fez uma pausa, uma torta de nozes em
desintegração no meio do caminho.
— Ele? Ele tem lhe causado algum problema?
— Ele passou na noite passada.
Jenny entregou ao chefe uma caneca de café fumegante.
— Se ele estiver incomodando você, posso fazer algo
sobre isso. Ele já foi avisado para não espalhar suas mentiras
imundas sobre a cidade.
— Está bem.
Jenny deixou cair dois cubos de açúcar no café e
mexeu-o pensativamente.
— Ele tinha muito a dizer sobre meu irmão, Joey, e sua
suposta inocência.
— Ele anda fazendo barulho na cidade desde que
prendemos seu irmão. Eles costumavam ser muito próximos.
Eram parceiros na força antes que tivéssemos que deixá-lo ir
por causa de seus problemas de raiva.
O chefe Cartright suspirou pesadamente enquanto
reajustava seu peso nas almofadas macias do sofá.
— Como eu disse, já demos um aviso a ele e ele não
aceitou bem.
— Ele disse alguma coisa sobre armarem para meu
irmão.
— Bem, isso é conversa sem sentido, é claro. Todos
nesta cidade conheciam seu irmão, e não consigo pensar em
uma única pessoa que tenha feito o possível para fazer isso.
Ele grunhiu de frustração.
— Nós não o teríamos prendido a menos que tivéssemos
uma causa devida. Você deveria saber disto.
— Certo. ― Jenny se sentiu tola por mencionar a visita a
ele em primeiro lugar. ― Sinto muito por ter mencionado isso.
Obviamente, acredito que você prendeu o homem certo.
O chefe grunhiu em concordância, como se também
sentisse que era uma ideia tola de sequer discutir tal coisa.
Ele deu uma mordida generosa em sua torta de nozes
enquanto estudava seu rosto com seu olhar azul de aço.
— Você não duvida que nós prendemos o homem certo,
não é?
— Claro que não.
Ela pegou uma noz pecã, qualquer coisa para evitar que
suas mãos tremessem no colo.
— Por que eu duvidaria de você? Isso seria tolice. Eu
conheço o tipo de cara que meu irmão mais novo é.
Exceto, ela não sabia mais. Fazia dois anos desde que
ela o vira pela última vez.
Tudo o que ela sabia sobre Joey era quando eram
crianças e cresceram juntos e o que ela aprendeu com suas
conversas telefônicas semirregulares com Chloe.
Seria tolice duvidar da polícia, certo?
Capítulo 5
Roy Peters fechou os olhos e respirou profundamente.

Estava silencioso exceto pela água que caia do chuveiro


em sua cabeça. O melhor som do mundo, se você lhe
perguntasse.

Sua pequena cabana foi construída aos redores da cidade


com as suas próprias mãos aproximadamente cinco anos
atrás, imediatamente após o seu retorno do exército. Sua
cabeça estava cheia de memórias e com isso veio o forte
desejo de manter essas memórias longe de sua mente.

Ele tinha se casado com a garota mais adorável da


cidade, uma jóia, Natalie Reed. Ele se apaixonou por ela
imediatamente, grato por ter alguém com quem ele poderia
passar o resto da sua vida. O amor, pensou, iria mantê-lo
forte. Também serviria para manter as lembranças de uma
vida já afastada.

Eles se casaram em poucos meses, e estavam muito


envolvidos em seus corações e esperanças para considerarem
o que o futuro poderia trazer para eles. Ele arrumou um
trabalho como um oficial de polícia na delegacia local, e ela
conseguiu um emprego de meio período na padaria.
Ele construiu esta cabana no verão seguinte para abrigá-
los e a sua futura família.

E então, em um instante, suas vidas abençoadas


tomaram um rumo dramático, do qual ele nunca se
recuperaria.

Eles brigaram, e apesar de ser uma raridade, foi mais


uma memória para o livro2, como sua mãe teria dito, se ela
ainda estivesse viva. Ela foi embora para casa dos seus pais
fora da cidade, e quando estava indo, ele disse-lhe que estava
contente.

— Paz ― ele tinha gritado com ela com raiva enquanto ela
arrastava sua mala para sua caminhonete. ― Finalmente!.

Na manhã seguinte, antes do sol nascer sobre o lago, ele


ouviu uma batida diferente na porta. Pensou que era ela,
assim esperava que fosse, enquanto cambaleou sem camisa
para a porta para permitir sua entrada e pedir perdão.

Mas o policial na porta, com uma expressão grave no


rosto, disse tudo. Sua preciosa esposa foi embora para
sempre.

Roy permaneceu irritado desde então.

Ele pegou o registro e desligou o chuveiro bruscamente.


Essas memórias estavam ficando mais difíceis de suprimir.

2
No original: one for the books. Um evento tão surpreendente, chocante ou inesperado que fica “para
registar no livro”.
Naquela tarde, Jenny levou Isabelle para dar uma volta,
uma distração que iria tirá-las da casa para uma necessária
mudança de cenário. Elas permaneceram a maior parte do
tempo em um silêncio embaraçoso desde que retornaram
para casa, e Jenny estava ansiosa para fazer alguns
progressos com a relação delas.

Isabelle, como sempre, manteve-se calada. Ela seguiu


Jenny como uma sombra inqueita, ficando perto, mas sem
tomar o risco de parecer como se pertencesse à mulher
estranha.

Jenny estava bem com as estratégias de sombra da


criança. Eram os olhares que ela estava recebendo das
pessoas da pequena cidade3 que a fazia se sentir
desconfortável. Eles olhavam abertamente para ela e
sussurravam entre si, obviamente encontrando nela uma boa
fonte de fofoca. Não que ela não tivesse algo a dizer se
estivesse no lugar deles.

Joey era conhecido por suas desventuras. Jenny só podia


imaginar o que eles achavam que ela fosse.

Era em tempos assim que ela ansiava pelo anonimato da

3
No orinigal: town. Um município mais pequeno que a cidade. Diferente da grande cidade (city).
cidade grande.

Os rostos que espreitavam das portas das lojas e dos


carros que passavam não lhe eram familiares. Como Jenny, a
maioria de seus amigos de infância tinham deixado Ombrea
assim que fosse humanamente possível.

Chloe e Joey foram duas das poucas raras pessoas que


ficaram para trás, satisfeitos com o que a pequena cidade
tinha a oferecer e felizes por permanecer isolados.

— Podemos terminar agora?

Isabelle falou suavemente pela primeira vez desde que


tinham deixado a segurança do carro para trás.

— Quase.

Disposta a não perder sua determinação agora, Jenny


seguiu em frente. Isabelle seguiu em silêncio atrás dela.

— Não há nada que você queira?

Isabelle balançou a cabeça rapidamente, e o lábio inferior


começou a tremer. Antes que Jenny percebesse, lágrimas
escorriam dos olhos da criança. Era angustiante assistir, e o
coração de Jenny doía por sua pequena sobrinha.

— Venha aqui, querida.

Ela pegou Isabelle em seus braços desajeitadamente.


Isabelle permaneceu rígida no abraço de sua tia, soluçando.
— Vai ficar tudo bem.

— Eu sei ― disse Isabelle defensivamente, libertando-se


dos braços de Jenny. ― Eu não estava nem chorando.

Com a atitude dura de Isabelle, Jenny lembrou de Joey


nessa idade, quebrado, mas não querendo mostrar sua
vulnerabilidade. Mesmo quando souberam que seus pais
morreram, ele não derramou uma lágrima em público. Joey
apenas se enfiou em sua surrada casa na árvore por dias,
como se sua raiva e dor fossem algo que ele tinha que manter
em segredo.

— Ok. Não vi nada.

Ela voltou para a rua, e elas continuaram o seu caminho,


a sombra mantendo o ritmo atrás dela.

Roy estava cortando troncos na frente de sua cabana,


quando ele ouviu o chiar de pneus descendo pela estrada.

Ele fez uma pausa para secar o suor da sua testa, seus
músculos enrugando ao sol do meio-dia. Quando o barulho
chegou mais perto, pegou sua camisa jogada e vestiu-a. Ela
grudou no suor de seu peito.
Um carro de polícia solitário apareceu e Roy bateu com o
machado no tronco mais próximo, a raiva e frustração
tomando conta dele. Esta era a última pessoa que ele queria
ver.

Roy poderia dizer que, pelo olhar no rosto do chefe


Cartright, que o sentimento era mútuo. Cartright fechou a
porta do carro com uma força que claramente era para fazer
uma declaração.

— Você deve estar perdido ― Roy gritou para ele, tirando


um tufo de seu cabelo castanho para longe de sua testa. —
Você não é bem vindo aqui.

— Cuidado com a boca, rapaz.

Cartright deu um olhar cauteloso para o machado


quando se aproximou, com o rosto contorcido em um sorriso
malicioso.

— Ouvi dizer que você tem sido bastante intrometido


novamente.4

A irmã de Joey, ele pensou, estremecendo. Claro, ela


cuidaria para que ele e seu plano para provar a inocência de
seu irmão fossem por água abaixo.

— Você deve ter ouvido errado.

— É assim?

4
Original: “I hear you've been making a pest of yourself again.” Significa ser chato, incómodo e
persistente, daí a peste (“pest”).
Cartright bufou.

— É engraçado como os problemas parecem apenas


encontrá-lo nesta cidade, Roy.

— Não é assim que eu vejo.

— Isso não importa, rapaz. Você já teve um aviso sobre


espalhar essa sua teoria ridícula. Você seria inteligente se
tivesse um novo hobby.

— Ou o quê?

Roy esticou a mão e agarrou o cabo do machado. Ele


sorriu fracamente enquanto os olhos do Cartright passavam
da arma afiada e voltavam para ele com um olhar fugaz de
receio.

— Você não quer saber o que acontece se eu tiver que


voltar e falar com você novamente.

— Você terá que me perdoar se eu não estou tremendo de


medo, chefe.

Cartright sorriu, e Roy considerou quanto estrago faria se


ele fosse para o homem mais velho com os seus punhos
levantados. Poderia colocá-lo no chão em um instante, talvez
acertar uma bota bem nas costelas dele.

Isso não faria com que ele ou seu bando de tolos fossem
menos corruptos, mas seria satisfatório demais tirar esse
sorriso do seu rosto feio.
— Apenas mantenha suas noções ridículas para si
mesmo. Ninguém quer ajudar Joey Dale. Ele é um babaca

Cartright virou as costas e começou a voltar para o carro.

— Ou você poderia nos poupar algum tempo e esforço e


apenas libertar o homem inocente da cadeia ― Roy gritou
para ele.

Ele viu a tensão dos ombros de Cartright quando ele


parou de andar.

Ele tinha atingido um nervo.

Sem olhar para trás, Cartright respondeu,

— ou você poderia esquecer, rapaz.

Roy não deu ao chefe o benefício de uma retaliação. Ele


simplesmente observou quando o oficial se meteu no carro e
fechou a porta atrás dele. Os pneus do carro espalharam
terra e cascalho enquanto ele descia de volta pela trilha
batida até a estrada principal.

Roy pegou seu machado, mais uma vez e acertou no


tronco mais próximo. Para o inferno com todos eles, pensou.
Capítulo 6
Na manhã do funeral, Jenny se levantou antes do sol e
sentou-se na varanda da frente. Ela fez um café quente, mas
permaneceu intocado na mesinha ao lado dela.

Ela não podia acreditar que estava prestes a comparecer


ao funeral de sua melhor amiga. Foi tudo uma reviravolta
terrível, e se viu desejando ter sido mais amiga ao longo dos
últimos meses.

Sua nova vida a manteve insanamente ocupada. Sua


carreira na revista disparou nos últimos meses, e a consumiu
a cada momento, não deixando tempo para ser social ou para
amizades antigas. Na verdade, ela poderia lembrar
claramente pelo menos uma vez quando ignorara
propositadamente uma chamada de Chloe.

Ela estava absorvida em seu trabalho e ansiosa para


cumprir o prazo de entrega de um editor. Anotou uma nota
no seu bloco de anotações para dar retorno à chamada de
Chloe, mas nunca fez, e agora nunca poderia.

Jenny nunca considerou o que aconteceria se perdesse


Chloe. Seus pais morreram em um acidente de carro quando
ela e Joey eram jovens e os avós que os levaram
imediatamente após o acidente morreram, um após o outro,
durante seus anos de faculdade.

Ela estava cansada de perder seus entes queridos. Nunca


lhe ocorreu que ela perderia alguém da sua idade. Alguém
com tanta vida dentro de si.

Vida e morte são tão imprevisíveis.

O funeral em si foi uma pequena cerimónia. Havia um


punhado de convidados presentes, principalmente pessoas da
cidade que tinham conhecido Chloe. Três ou quatro velhos
amigos de seus tempos de colégio também haviam retornado
a Ombrea para o memorial.

Tendo passado apenas um ano na escola, ela mal os


conhecia, mas eles falaram de Chloe com carinho e Jenny
gostou de ouvir as suas histórias do tempo passado com ela.
Ela não podia deixar de se sentir fora do lugar entre eles. Eles
pareciam saber mais sobre a sua cunhada do que ela.

Alguns dos oficiais de polícia de Ombrea também


assistiram ao funeral. A figura imponente do chefe Cartright
se destacou entre os demais. Jenny sentiu seu olhar inflexível
mais de uma vez durante o funeral.

Os oficiais ficaram longe da multidão, falando entre si.

Jenny manteve um olhar atento sobre Isabelle durante


todo o tempo. A criança tinha ficado especialmente próxima
de Norma, a vizinha idosa dos Dales, e então as duas se
sentaram juntas, Jenny uma estranha ao lado delas
enquanto conversavam e relembravam juntas. Foi à Norma
que Isabelle se virou para um abraço quando o memorial
começou a ser demais. Jenny simplesmente apertou as mãos
no colo, permitindo à Isabelle seu conforto e dor. Hoje não
seria um dia para se relacionarem.

Para se preparar mentalmente e emocionalmente, Jenny


se certificou de que fosse a última a falar no funeral. Ela
manteve sua história curta, trazendo antigas memórias
esquecidas de seu tempo com Chloe. Cada lembrança era
mais dolorosa que a anterior, e ela tinha a cabeça inclinada
para esconder as lágrimas da sala de estranhos.

Envergonhada e magoada, ela permaneceu perto do


túmulo de Chloe e longe dos outros. Assistiu em silêncio
como a amiga dela foi cuidadosamente abaixada no chão. Não
parecia real, pensou, enquanto deixou cair um punhado de
terra em cima do caixão e disse seu adeus final. Não podia
ser real.

Seguindo a cerimônia, os participantes começaram a se


socializar, incluindo Isabelle e Norma. Jenny era uma intrusa
e não fez qualquer esforço para se integrar.

Jenny podia sentir os olhos deles sobre ela, enquanto eles


sem dúvida discutiam as terríveis circunstâncias da morte de
Chloe. Ela ansiava pelas ruas da cidade grande de onde fora
tirada – sem nome, sem rosto, anônimos.
Esta cidade era sufocante. Uma pessoa não podia sair de
casa sem que todos tivessem uma opinião sobre de onde ele
tinha vindo, porque ele estava lá e para onde estava indo.

A multidão dispersou-se para os seus carros em


pequenas turmas. Eles iriam para a casa de Norma, onde
seria realizada uma recepção após o sepultamento. Jenny se
segurou do resto, permitindo que Isabelle saisse com Norma,
que lhe dava o apoio que ela obviamente precisava neste
momento difícil.

Jenny estava sozinha. Estava sem vontade para


conversas estranhas, sanduíches de salada de ovo e chá. Ela
não queria nada mais do que voltar para a casa de Dale, onde
poderia rastejar debaixo das cobertas e esconder-se durante o
resto do dia, mas os enlutados julgariam sem dúvida a sua
ausência como ofensiva. Seria julgada se fosse e julgada se
não fosse. Já tinham feito o seu julgamento sobre ela.

Enquanto ela estava lá tentando ganhar coragem para ir


ao velório, sentiu que alguém a estava observando. Virando a
cabeça para a igreja, viu uma figura alta, vestida de jeans
desbotados e uma jaqueta verde-exército.

Jenny deu uma olhada rápida ao redor para ver se mais


alguém havia notado Roy parado ali antes de seguir em sua
direção.

— Você não deveria estar aqui, Roy,— ela disse.

Ela manteve um olhar cuidadoso sobre o pequeno grupo


de oficiais que ainda estavam em uma profunda discussão
em seus veículos.

— Você tem muita coragem de aparecer na sepultura de


Chloe. Você tem que sair imediatamente.

Roy enfiou as mãos nos bolsos de sua velha jaqueta de


combate.

— Eu vim aqui porque achei que eu deveria lhe dar outra


chance para me ouvir. Três dias pareceu ser tempo suficiente
para você voltar a recompor-se.

— Por que apareceu aqui? Para pedir uma segunda


chance para defender a sua causa? ― ela perguntou
incrédula enquanto colocou as mãos sobre os quadris.

— Você é um osso duro de roer, Dale. Você honestamente


vai ficar aí e me dizer que está bem em deixar seu irmão
apodrecer na cadeia por um crime que não cometeu? Você
decidiu sua culpa, e é muito teimosa para ter até mesmo o
pensamento de que podem ter tramado para ele.

— Por quem? ― ela cortou.

Ela levantou a voz, seu temperamento queimando. Este


idiota realmente trouxe o pior dela.

— Quem nesta porcaria de cidade teria qualquer razão


para tramar para meu irmão?

Roy moveu a cabeça para o grupo de oficiais que,


felizmente, não tinham notado a sua presença. Jenny só
podia imaginar o que aconteceria se descobrissem que ele
tinha vindo para o enterro, especialmente depois de tudo o
que chefe Cartright lhe disse da última vez, depois dela ter
citado o nome de Roy na conversa.

Ela cruzou os braços sobre o peito.

— Você deve estar brincando comigo. Você só não pode


parar este trem maluco, não é

— Minha teoria é improvável, considerando os rumores


que já circulam pela cidade?

Roy virou as costas para ela e começou a caminhar entre


as lápides.

Jenny hesitou por um momento, sua raiva e frustração, a


enraizando no chão. Ela não acreditou nele nem por um
segundo. Não podia acreditar nele. E, ainda, algo a fez
duvidar de suas crenças uma vez sólidas.

Joey tinha assumido imediatamente cada um dos seus


crimes no passado. Era como se ele tivesse orgulho neles.
Porque é que não admitiu este também?

Jenny não falava com seu irmão mais novo desde que
fora preso e sua chegada de volta para a cidade. Na verdade,
ela não o viu em pelo menos dois anos. Só parecia
desnecessário visitá-lo agora na sua cela.

Mas as palavras de Roy atingiram um nervo cru nela, e


ela queria saber o que ele quis dizer com “rumores”.

Jenny deu um último olhar por cima do ombro, antes de


correr atrás dele.
Capítulo 7
Roy sabia que ela o ouviria eventualmente. Os Dale eram
um bando de teimosos, mas eram razoáveis.

Ele caminhou através do cemitério em passos largos,


recusando-se a parar e esperar que ela o alcançasse, e Jenny
não chamou para que parasse. Em vez disso, ela seguiu
rapidamente atrás dele. Roy podia ouvir os seus saltos
clicando sobre o caminho de cascalho quando ele cortou
caminho em linha reta em direção ao portão do cemitério.

— Ei!

Roy a ouviu chamando enquanto ele puxava o portão de


madeira para frente, mas não desistiria ainda. Ele acelerou e
deixou a porta balançando atrás dele. Um sorriso diabólico
cruzou seu rosto quando ouviu as maldições abafadas além
do portão.

— Ei! ― Ela repetiu, desta vez mais alto, sua frustração


óbvia.

Finalmente alcançando-o, sua mão encontrou o ombro de


sua jaqueta militar e o puxou de volta para encará-la. Ele
encolheu os ombros de seu aperto e deu um passo recuando
dela.
— Alguma coisa que possa fazer por você? ― ele disse
com um sorriso irritante.

Jenny descansou as mãos em seus quadris quando


parou para recuperar o fôlego. Isto foi provavelmente mais
exercício do que ela já teve em Nova York, e os saltos não
ajudaram.

— Ok, ok.

Ela levantou as mãos em falsa derrota enquanto lutava


para recuperar o fôlego.

— Você tem a minha atenção.

— Mesmo?

Roy levantou uma sobrancelha, incrédulo, enquanto a


encarava. Ele esperava outra luta, não sua boa vontade de
ouvi-lo.

— Duvido que alguma coisa consiga fazê-la mudar de


opinião quando se trata do seu irmão.

Ela revirou os olhos em frustração.

— Oh, pare com isso. Você tinha algo a dizer. Agora diga.
Estou ouvindo.

Jenny estava lutando para recuperar o fôlego, então ele


estendeu a mão e a colocou no ombro dela.

— Você está bem? Preciso chamar um paramédico? Você


não vai desmaiar, vai?

— Muito engraçado.

Irritada, ela bateu em sua mão, mas Roy não perdeu o


sorriso inconfundível que acompanhou o movimento dela.

— Não estou fora de forma.

— Você poderia ter me enganado. Você está tão branca


como uma folha.

— Ugh, faz um tempo que eu frequentei a minha última


aula de ioga, ok?

— Não sei o que é. Yoga?

Roy balançou a cabeça para o absurdo.

— Não julgue. Pode ser muito relaxante.

— Eu vou aceitar a sua palavra para isso, querida ― Roy


brincou.

— Tudo bem. Você só vive sua vida zangado e continua a


odiar tudo e todos.

— Eu nunca te disse que eu odeio tudo. Embora eu esteja


bastante irritado. Por uma boa razão.

— Sim, eu percebi.

Roy achou que gostava de brigar com Jenny. E mesmo


que ela tinha uma visão completamente diferente da vida, ele
a achou estranhamente atraente. Ela o divertia.

— Que rumores? ― perguntou ela, na esperança de


avançar a conversa.

— Não vou te dizer aqui. É muito aberto aqui fora.

Jenny franziu a testa.

— Isso vai ser muito reservado, não é? Que tal me


encontrar com você com um casaco e um chapéu daqui a
uma hora no jardim de uma velha senhora, e falamos isso em
código?

Roy levantou uma sobrancelha.

— Por que? Você sabe código?

— S-O-S conta?

Ele riu.

— Quer saber, vou mais tarde a sua casa. Sei que você
quer ir para a recepção, então não vou mantê-la por mais
tempo.

Ele pausou por um momento.

— Estou feliz que você tenha comprensão.

— Concordei só em ouvir. Eu não estou fazendo


quaisquer promessas ― ela disse enquanto voltava para o
cemitério. ― É melhor trazer o seu melhor, Peters.
Naquela noite, Jenny teve um tempo fácil, desculpando-
se.

Embora a multidão fosse pequena, o grupo conseguiu


continuar por duas horas seguidas. Norma era a anfitriã
perfeita, trazendo pratos frescos e copos refrescantes como
uma anfitriã experiente.

Isabelle se tornou auxiliar da mulher idosa, trazendo as


bandejas de volta para a cozinha ou correndo com
guardanapos novos. Enquanto Jenny a assistiu correr de um
lado para o outro no seu vestido preto, ela podia ver que era
bom a menina manter-se ocupada em um lugar familiar.

Jenny passou tempo falando com os visitantes na


recepção, mas teve a impressão que nem todo mundo achou
que ela deveria estar lá. Ninguém foi tão longe a ponto de
dizer lhe isso, mas o modo como seus olhos se voltaram para
ela enquanto se movia pela sala, e sua conversa abafada
quando chegava no meio da conversa os denunciou.

Parando Norma entre deveres, ela agarrou o braço dela.

— Norma, eu vou voltar para a casa.

— Oh, querida, tem certeza?


Norma não tinha mostrado nada além de bondade desde
que ela chegou na cidade, mas Jenny podia sentir que foi
constrangedor tê-la por perto.

Ela forçou um sorriso educado.

— Eu vou caminhar de volta. Eu posso levar Isabelle


comigo.

— Oh não, querida, deixe-a por enquanto.

Norma acariciou gentilmente o braço dela.

— Isso fará bem para você ter algum tempo para si


mesma. Eu vou levá-la quando todos terminarmos aqui.

— Tem certeza que não é um inconveniente? ― Jenny


perguntou. ― Quero dizer, você tem sido tão generosa. Você
provavelmente quer colocar seus pés para cima e relaxar
também.

Norma de repente pareceu magoada, e Jenny temia que


ela a pudesse ter acidentalmente aborrecido.

— Quando eu estava passando por um mau bocado dois


ou três anos atrás, Chloe ajudou-me com tudo o que eu
precisava. Ela até veio cuidar da minha colheita de tomate,
embora aquela pobre garota nunca teve muito um polegar
verde quando se tratava de legumes.

Norma sorriu, com lágrimas nos olhos.


— Hoje foi o mínimo que podia fazer para homenagear
uma mulher tão atenciosa. Eu vou levar Isabelle de volta
mais tarde. Não é problema para mim. Parece que tenho uma
neta por perto.

— Bem, se você tem certeza.

Jenny não sabia o que aconteceu com ela, mas puxou


Norma para um abraço apertado.

— Obrigada por tudo, Norma. Você é uma dádiva de


Deus.

— Obrigada, querida. Agora, vá.

Jenny rapidamente recolheu seu casaco e bolsa. Ela


soltou um suspiro de alívio quando fechou a porta da sala
atrás dela, e suspeitou que havia alguns suspiros na sala que
ela acabou de deixar. Deve ter sido desconfortável estar
compartilhando o espaço com a irmã do assassino da
falecida.

Ela estava na varanda quando ouviu o som de passos


pesados vindo da rua ao lado da casa. Jenny olhou para cima
para ver o chefe Cartright aproximando-se, desta vez sem
seus oficiais o seguindo.

Seu rosto estava cansado e ele parecia extremamente


irritado. Jenny podia ver uma contusão roxa surgindo em seu
olho direito.

Antes que ela pudesse observar o seu olho inchado, ele


começou a soltar o ataque.

— Senhorita Dale, você ainda está aqui, eu vejo.

— Eu estava saindo.

— É melhor que esteja ― ele rosnou, seus olhos escuros


com raiva. ― E tenha cuidado com quem você se associa.

— Quem?

Ele riu maliciosamente.

— Não banque a tola comigo.

Jenny nunca foi de dar as costas a um ataque, e


conheceu sua agressividade consigo.

— Peço desculpa, chefe Cartright. Tenho certeza que eu


não tenho absolutamente nenhuma ideia do que você está
falando ― ela disse com o queixo saliente em desafio. ― Mas
se é assim que você fala com as pessoas, não é de admirar
que você tenha um olho roxo.

Desta vez, ela realmente estava com medo dele. Ele pisou
ainda mais perto, seu rosto apenas polegadas do dela. Ela
podia sentir a respiração na cara dela, e odiou cada segundo.

— Roy Peters é nada mais que um mentiroso desgraçado


procurando confusão.

— Afaste-se ― ela disse-lhe com toda a coragem que


podia reunir ― e me deixe em paz.
Ele bufou, recuando o suficiente para deixar os seus
olhos subir e descer na figura dela. Ela cruzou os braços
sobre seu peito, sentindo-se violada pelo seu olhar frio e
implacável.

— Vocês, senhores da cidade, não sabem quando se


importar com o seu próprio negócio. Por que você não sai
apenas daqui?

Ele sorriu.

— Seu irmão vai apodrecer na cadeia pelo que fez. Os


rapazes fizeram um excelente trabalho tirando aquele ser
inferior das ruas.

— Os “rapazes” precisam melhorar as suas táticas de


relações públicas.

Cartright a encarou durante um momento mais longo,


seu olhar frio e intimidante. Em seguida, ele entrou casa da
Norma, batendo a porta atrás dele.

Jenny correu de volta para a casa dos Dale. Ela teve que
admitir que estava nervosa. O chefe deve ter encontrado Roy
no cemitério. Talvez ele tivesse mesmo ouvido por acaso a
conversa deles. Não se podia falar com ninguém nada nesta
cidade sem isso se tornar de conhecimento público.

Mesmo que ela estivesse considerando a ideia da


inocência do seu irmão, ele não tinha o direito de atacá-la
como fez.
Jenny correu pela grama para ficar o mais longe da
recepção que fosse possível. Ela olhou para trás uma ou duas
vezes para ver se o chefe a estava seguindo. Desejava que
Isabelle tivesse voltado para casa com ela. O chefe nunca a
trataria tão agressivamente se uma menina estivesse ao lado
dela.

Roy Peters viria para casa em breve, e isso a ajudou a


relaxar um pouco.

Em outras circunstâncias, ela poderia ter se apaixonando


pelo ex-policial robusto. Ele tinha algumas qualidades
cativantes, e não havia como negar que era sexy de uma
maneira áspera e viril. Ele não era o tipo de homem que
estava acostumada a conhecer na cidade.

Jenny ficou agradavelmente surpresa ao encontrar Roy


esperando no portão dos fundos, com os braços apoiados no
topo da moldura de madeira. Ele parecia cansado, e ela teve
que admitir que este dia foi longo.

Ela sorriu calorosamente quando ele destravou o portão


para deixá-la entrar no quintal. O sol estava começando a se
pôr e o jardim estava iluminado por seus últimos raios. As
abelhas dançavam ao longo do topo do arbusto de
madressilvas e os grilos gorjeavam no campo.

— Eu vou fazer um pouco de chá gelado ― disse ela


enquanto destrancava a porta dos fundos da casa.

Ele a seguiu para o espaço fresco, já mais familiarizado


com a casa do que ela.

— Veio aqui muitas vezes? ― Jenny perguntou quando o


viu colocar um dedo em uma das fotos na parede. Ela se
aproximou para ver a imagem, surpresa ao ver que era uma
fotografia de Joey e Roy, seus braços em volta um do outro,
grandes sorrisos bobos estampados em seus rostos. Eles
estavam em seus uniformes da polícia de Ombrea. Por trás
deles estava a prefeitura.

— Oh.

— Depois que fui dispensado do serviço, não acho que


Chloe me queria tanto por perto ― admitiu ele tristemente,
seus olhos ainda firmemente plantados na fotografia
emoldurada. ― Eu era amargo naquela época. Ainda sou, mas
esse primeiro ano ou mais me afetou muito. Eu não acho que
ela pensava que era uma boa influência sobre sua filha, ou
para Joey.

— Joey nunca foi uma boa influência para ninguém. Eu


não sei se você poderia ter feito mais danos onde ele era uma
referência.

Ela viu um lampejo de raiva no rosto de Roy e


mentalmente se preparou para uma outra discussão. O dia
fora longo e cansativo, e ela ansiava por um banho quente e
um bom choro. Mas se Roy queria uma briga, Jenny
encontraria algo em si mesma para lutar.

Ninguém conhecia seu irmão tão bem quanto ela.


Ninguém mais tinha ficado acordado esperando que ele
voltasse para casa à noite, rezando para que não se metesse
em problemas novamente, rezando para que, se ele estivesse
em apuros, pelo menos não fosse pego.

Ninguém mais teve que consolar seus avós quando foi


preso. Ninguém mais tinha que ver os olhares cansados em
seus rostos ou os olhares preocupados toda vez que alguém
chegava à porta da frente.

Isso fora tudo dela.

— Ele não era o melhor homem do mundo, mas tinha


uma boa alma ― disse Roy, enrugando o nariz. ― Se isso faz
algum sentido.

— Ele foi um bom marido e bom pai ― disse Jenny. Ela


não sabia se era verdade, mas parecia relaxar um pouco Roy.

Ele sentou-se à mesa da cozinha enquanto ela preparava


o chá gelado. Eles não falaram. Roy encarou o jardim mal
iluminado pela porta dos fundos, sua mente em outro lugar.

Quando o chá ficou pronto, ele se levantou para a ajudar


a carregar a bandeja lá para fora, esperando que ela se
sentasse antes de colocá-la sobre a mesa de piquenique de
madeira. Ele serviu a cada um copo e em seguida, tomou um
longo gole.

— Você vai me dizer sobre esses rumores? ― Jenny


perguntou com impaciência. ― Sinto-me como se estivesse
dando voltas.

Ele baixou o seu copo vazio.

— Não haverá volta, uma vez que você saiba.

Jenny levantou uma sobrancelha quando o olhou.

— Muito misterioso da sua parte.

Roy soltou um riso abafado.

— Sabe, você não é tão bruxa quanto eu pensava que


você era.

Jenny estendeu a mão e serviu a Roy mais chá gelado


antes de colocar o jarro de volta na mesa.

— Eu tinha algumas palavras para descrevê-lo no começo


também.

— Ah, é mesmo? Só coisas boas, certo?

— Oh, sim. Definitivamente ― ela disse rindo


sarcasticamente. ― Como é que a palavra “cabeçudo” soa?

— Muito precisa ― disse rindo enquanto ele pegou o seu


copo e tomou um gole.

— Eu pensei assim. Agora, os rumores?

A expressão de Roy escureceu. Ela alcançou o seu


próprio copo sentindo a necessidade de segurar algo,
qualquer coisa dar apoio.
Roy suspirou profundamente. Ele olhou para as pernas
por um momento e então atravessou o jardim.

— Sinto muito por ser o único a lhe dizer isso.


Realmente, eu sinto.

— Ok.

Jenny esperou até que seus olhos voltassem a olhá-la


antes que concordasse.

— Apenas diga-me diretamente. Eu sou uma garota


grande. Quatro dias atrás, recebi um telefonema dizendo que
meu irmão foi preso pelo assassinato de sua esposa, minha
melhor amiga, e fui informada de que agora sou a única
responsável por uma criança que mal conheço. Neste
momento, eu diria que nada pode me afetar. Apenas vá direto
ao ponto.

Roy assentiu com a cabeça.

— Você sabia que Chloe estava tendo um caso?

Jenny quase deixou cair seu chá gelado.

— Você é ridículo. Não Chloe.

Ela balançou a cabeça com o absurdo de suas


afirmações.

— Chloe foi garota-propaganda para a moralidade. Ela


nunca poderia ter feito isso com Joey.
De repente ela se lembrou.

— Chefe Cartright me disse que eles estavam separados.


Tem certeza que não foi o que aconteceu, ela começou a ver
alguém depois da separação?

— Você realmente não quer ver sua melhor amiga


associada como uma adúltera, não é?

— Não, eu tenho a certeza que não.

Jenny colocou o copo de volta na mesa com um baque.


Não estava mais fazendo o trabalho de manter as mãos
firmes.

— Isto não pode ser verdade.

— Ela estava tendo um caso!

Roy empurrou novamente.

— Inferno, eles nem tinham feito a separação oficial


ainda. Joey me disse que ele ainda estava morando na casa.
Eles ainda estavam compartilhando uma cama.

— Você e meu irmão compartilham muito.

Jenny sacudiu a cabeça novamente.

— Mas desta vez você está totalmente errado.

— Não estou errado sobre isso, grave as minhas palavras.

Roy sacudiu o dedo para ela, o temperamento piorando.


— Talvez se você tivesse se interessado pela vida de sua
suposta melhor amiga e parasse para visitá-la de vez em
quando, você seria informada sobre as coisas que estavam
acontecendo na vida de Chloe.

Jenny fez uma pausa. Ela mordeu o lábio, enquanto uma


onda de emoções ameaçou derrubá-la. Ele estava certo. Claro
que estava. Ela tinha sempre se achado melhor quando se
tratava de sua cidade natal. Se tivesse feito um esforço maior
para visitar Chloe e sua família, talvez tivesse visto mais do
que estava acontecendo. Em vez disso, pegou a versão das
notas de Coles. E ela estava mais do que satisfeita com isso.
Como poderia ter sido tão egoísta?

Roy suspirou profundamente.

— Olha aqui, eu não quis te aborrecer. Não foi minha


intenção.

— Não, não.

Ela levantou a mão para silenciá-lo.

— Eu estou bem, honestamente. É muito para assimilar.

Ele inclinou a cabeça.

— É tudo verdade, você sabe,— ele murmurou. ― Foi o


assunto da cidade. Começou o caso, eu disse, há cerca de
quatro meses. Todo mundo estava falando sobre isso, mas
não acho que alguém já teve alguma ideia de quem era que
ela estava vendo. A fofoca só é muito longa.
— Como souberam o que estava acontecendo, então? ―
Jenny perguntou.

— Todos sabiam como Chloe e Joey eram, suponho,


sempre lutando e brigando um com o outro. De repente, ele
está ainda mais mal humorado e ela está feliz que um porco
na lama.

Jenny o olhou enquanto ele distraidamente abria uma


lasca na velha mesa de piquenique.

— De repente, ela estava diferente. Ela começou a usar


mais saias e vestidos. O cabelo e a maquiagem sempre
estavam feitos com perfeição. Ela tinha uma nova confiança

— Isso não soa como Chloe ― Jenny pensou. ― Ela estava


sempre tentando se misturar. Então conheceu Joey e sua
relação se destacou de todo mundo. Foi um caso real dos
opostos se atraem.

— Se você perguntar a minha opinião, acho que foi o


amante dela que a matou.

Jenny olhou para ele. Seu rosto estava parcialmente


sombreado pelo sol que caía. Ele parecia abatido, derrotado, e
ela se perguntou como Roy ficaria tão perturbado. Uma parte
dela queria ir até ele, a outra parte disse-lhe para se conter.
Então os dois sentaram em silêncio.

A mente dela corria com as novas informações. Ela nunca


pensou que Joey poderia ser inocente. Ele sempre era
culpado. Para considerá-lo inocente, ter sido emboscado, era
uma ideia totalmente nova. Um desafio mesmo.

— Mas quem? ― ela perguntou finalmente. ― Quem faria


uma coisa dessas?

— Essa é a maior parte do quebra-cabeça ― Roy disse a


ela suavemente. ― E aquele que me deixou perplexo.
Capítulo 8
Naquela noite, Jenny ficou na janela da cozinha e
contemplou a escuridão.

Roy tinha saído há algum tempo. Ele entregara sua


mensagem, e agora Jenny tinha que entender. Ele havia
carregado a jarra e os copos e assegurou que ligaria de volta
em breve.

Ela pensou sobre o quanto ele a enfureceu. Por que


sempre o deixava afetá-la tão intensamente? Ela nunca
permitiu que alguém a incomodasse tanto no passado, mas
havia algo sobre Roy, algo que o fez se destacar. E também
fez com que ele mexesse tanto comigo, Jenny não conseguia
entender completamente.

Era irritante e enlouquecedor, mas também irresistível e


viciante. Ela encontrou-se pensando nele o tempo todo, e
ansiando a próxima vez que iria aparecer e dar-lhe um
sermão.

Ela nunca tinha conhecido alguém tão teimoso e cabeça-


dura.

Ela se perguntava se ele era tão teimoso em todos os


aspectos de sua vida.
Ele seria tão seguro de si no quarto?

Ele saberia exatamente o que fazer com uma garota como


ela para dominá-la?

Ela não tinha dúvida que sim.

Enquanto ela estava lá, olhando pela janela, sentiu a mão


dela descer em direção a sua boceta. Sentiu-se muito safada
de pé em um lugar público, quando seus dedos adentraram o
interior de sua calcinha.

Jenny se perguntou como era o pênis de Roy enquanto


seu dedo gentilmente acariciava os lábios de sua vagina.

Imaginou-o grande, grosso e comprido, com uma veia


pulsante correndo ao longo da parte inferior. Nunca tinha
visto um pênis realmente impressionante em sua vida e não
tinha dúvidas de que Roy iria surpreendê-la.

Como seria se ajoelhar na frente dele e mostrar-lhe que


ela podia ser submissa tanto quanto podia argumentar?

Ele ficaria ali e a deixaria abrir a braguilha?

Claro que ele faria! Notara o jeito que ele às vezes olhava
para ela. Jenny não podia ter certeza dos sentimentos dele,
mas sabia que tinha pensamentos maliciosos sobre ela. Roy
não era tão bom em esconder seus pensamentos!

Ele ficou lá e olhou para ela quando Jenny alcançou


dentro de suas calças e tirou seu pênis enorme.
Ela continuou a brincar com sua boceta e clitóris,
esfregando seu clitóris e movendo os dedos profundamente
em sua boceta cada vez mais molhada, enquanto imaginava
estar de joelhos na frente dele.

Tiraria o pau dele e ele endureceria bem diante dos seus


olhos. Apenas a ideia de estar em sua boca, o teria duro como
pedra. Roy não poderia resistir a uma boca como a dela!

Ela franziu os lábios e lambeu-os enquanto imaginava o


primeiro momento em que seus lábios tocariam a ponta do
pênis de Roy. Ela iria beijá-lo, bem na ponta, e depois
moveria sua língua ao redor da cabeça em um círculo. Ele
latejaria de desejo e ela levaria a primeira polegada, e não
mais, em sua boca.

Ela olharia para ele então, e poderia retratar


perfeitamente a expressão de felicidade que estaria em seu
rosto naquele momento.

A ideia de fazê-lo tão feliz, de ter o prazer dele sob seu


controle, excitou-a.

Ela deixaria seu pênis penetrar completamente sua boca,


até chegar ao fim. Seria bem no fundo de sua garganta então,
puxá-lo-ia para fora, moveria a língua ao longo da parte
inferior, ao longo da veia, persuadindo-o em direção a clímax.

Ela o deixaria mover-se para dentro e para fora em sua


boca quantas vezes Roy quisesse, enquanto Jenny alcançava
e brincava com suas bolas.

Jenny queria que se sentisse bem. Que fosse o melhor


boquete da vida dele. Ela mostraria a ele!

Enquanto Roy continuava a mover-se em sua boca, ela


seria capaz de sentir seu pênis latejar e pulsar com mais e
mais prazer, até que finalmente, ele alcançaria e agarraria
sua cabeça, puxando sua boca com força em seu pênis, e
então Jenny sentiria seu gozo pegajoso fluindo para fora dele
e em sua boca.

Isso é o que os ligaria. Isso iria ligá-lo a ela para sempre.


Ele seria dela depois disso.

Ela imaginou o sabor do seu esperma, de engolir seu


orgasmo, enquanto seus dedos continuavam a se deslocarem
para frente e para trás rapidamente sobre seu clitóris,
trazendo-a para uma onda de prazer.

Ela estava corada e quente quando terminou.

Uau, ela pensou consigo mesma, surpresa por permitir-se


fantasiar tão livre e profundamente sobre um homem que
praticamente a enfurecia toda vez que se viam.

Ela lavou as mãos na cozinha e depois foi para o


banheiro para se refrescar.

Norma ainda não havia retornado com Isabelle, mas


Jenny não estava com pressa de ter a menina de volta de
qualquer maneira. Ela considerou chamar Norma e dizer-lhe
que a criança poderia passar a noite, ou ficar para sempre, se
isso era o que ela desejasse.

Norma faria um trabalho muito melhor como mãe


substituta do que ela jamais poderia fazer.

Jenny fechou os olhos e respirou fundo. Ela queria


esbravejar, chorar, gritar. Seria melhor liberar os sentimentos
dentro dela do que tentar segurará-los. Começava a se
quebrar devido a todo o estresse e pressão.

Ela não teve um momento para relaxar em três dias. Ela


massageou seu rosto cansado.

Jenny não pôde deixar de se sentir um pouco otimista.


Será que seu irmão era realmente inocente, que seria
libertado, perdoado e autorizado a voltar para sua casa e sua
filha, permitindo assim o retorno dela à cidade? Seria seu
objetivo ter sua inocência comprovada. Para fazer isso, ela
precisaria conhecer a identidade do amante de Chloe, seu
homem misterioso. E isso é o que ele era, um mistério, que
tomaria para resolver, custe o que custasse.

Seu trabalho na revista Joy estava por um fio. Ela


conversou com o editor-chefe antes de sair e novamente
ontem à noite por e-mail, e podia sentir que seu tempo estava
se esgotando. Ninguém poderia organizar uma coleção de
moda outono a partir de Ombrea. Não havia nada de alta
custura em vacas e turbinas eólicas empoeiradas.

Agora Jenny podia imaginar. Modelos em Vera Wang


sobre os mais recentes equipamentos agrícolas. Isso seria um
espetáculo. Ela podia fazer um nome para si mesma com
uma foto divulgada assim.

Timing perfeito, pensou ela, enquanto selecionava sua


caneca favorita do organizador de canecas.

Justo quando pensei que tivesse tudo.

A chaleira assobiou no fogão e ela estendeu a mão para


desliga-lá. Assim que fez isso, ouviu um som alto vindo da
sala, fazendo-a pular.

— O que?

Ela se apressou para a porta da sala e abriu-a. Seu


coração estava acelerado.

Ela só tinha visto um coquetel Molotov nos filmes. Nada


teria a preparado para o que aconteceria em seguida. Não
havia dúvidas em sua mente do que era aquilo. Quebrado,
vidro azul salpicava o carpete da sala de estar. O pano em
chamas que fora enfiado na garrafa estava espalhando
rapidamente um rastro de fogo vermelho em toda a sala.

Jenny entrou em pânico. Ela percebeu com horror que o


telefone da casa estava do outro lado da sala, e não havia
chance de alcançá-lo agora, não com segurança. Ela lembrou
que seu celular estava na cozinha e correu para pegá-lo.

— Droga! Droga!
Ela encontrou-o no balcão e se atrapalhou com o teclado.
A tela recusou-se a ligar e percebeu que não o colocara para
carregar depois de voltar do funeral. O cabo ainda estava no
balcão. Jenny não tinha como chegar ao lado de fora ou pedir
ajuda.

Com o coração acelerado a um milhão de quilômetros por


minuto, o peito de Jenny começou a se apertar enquanto o
terror extremo tomava conta dela.

Ela virou as costas para o balcão, as pontas dos dedos


cravados na madeira enquanto observava o fogo se espalhar
rapidamente para o corredor. Ele estava se movendo mais e
mais rápido. Em pouco tempo chegaria até ela.

Jenny enfiou o celular e o carregador no bolso do suéter e


correu para a porta dos fundos. Ela agarrou a maçaneta e a
girou, mas recusou-se a abrir, não importando o quanto
tentasse. Desesperada, ela começou a bater no vidro, mas
não conseguiu quebrá-lo com os punhos.

Lágrimas encheram seus olhos enquanto batia , o


barulho do fogo vindo em suas orelhas.

Ela pensou que podia ouvir alguém gritando à distância, mas


era ilusão. Ninguém ia ajudá-la a sair dessa. Ela morreria em
Ombrea, o único lugar que havia tentado tanto escapar.
Capítulo 9
Quando Roy tirou a caminhonete da estrada e desceu
pela rua estreita da casa de Dale, percebeu que algo não
estava certo.

Ele foi embora naquela tarde agradecido por Jenny


finalmente ter permitido que compartilhasse suas
informações, mas ele não estava contente consigo por tê-la
deixado tão desconcertada.

Ele nunca foi daqueles que confortam as pessoas, mas


para a irmã de Joey, faria uma exceção. Roy não era o tipo de
cara de flores ou vinho. Em vez disso, esperava que a garrafa
de uísque barato saltando ao lado no banco do passageiro
fizesse o truque.

A casa de Dale estava bastante isolada, mas o rastro de


fumaça negra subindo acima das árvores alertou-o de que
algo estava errado. Ele acelerou sua caminhonete, esperando
que ela resistisse enquanto percorria a estrada de volta o
mais rápido possível.

Quando ele virou a esquina que dava para a casa, ele deu
uma guinada, os pneus da caminhonete girando na lama.
Roy amaldiçoou a chuva pesada da noite anterior. O uísque
quase caiu no chão e teve que agarrá-lo no último segundo
para evitar que se quebrasse.

Ele freiou bruscamente diante do portão principal. Ele


podia distinguir duas figuras de pé lado a lado no jardim,
com os braços firmementes apertados uns aos outros. Uma
figura era a pequena Isabelle Dale e a outra era a vizinha
idosa de Dale, Norma Green.

Norma foi a primeira a vê-lo se aproximando.

— Eu já chamei o corpo de bombeiros. Eles estão a


caminho, mas o batalhão está a quinze minutos de distância.

Ela virou-se para a casa.

— Oh Deus, tenha misericórdia.

Isabelle ficou olhando com os olhos arregalados,


enquanto sua casa era engolida pelas chamas. Sua mão
estava segurando firmemente a mão de Norma.

— Onde está Jenny? —Roy perguntou à criança


assustada. ― Onde?

Isabelle apontou para dentro, com os olhos grandes como


um pires. Ela soltou a mão de Norma e agarrou
desesperadamente seus braços frágeis em vez disso.

— Fique aqui e não chegue mais perto. Não é seguro.


Roy, arrancou sua jaqueta e jogou-a na grama.

— Quando os bombeiros chegarem, avise que eu entrei


para Jenny.

Ele deixou a garota aos cuidados de Norma e correu para


a porta da frente. Ele forçou-a com o ombro e ela se abriu
facilmente sob seu peso.

O fogo no interior da casa era quente e feroz, e parecia


estar vindo da sala de estar à sua esquerda. O calor
queimava contra sua pele quando ele entrou no corredor em
busca de Jenny.

— Jenny? Jenny? —ele gritou, desesperado para ser


ouvido acima dos barulhos da chama.

Ele não ouviu uma resposta.

Ele recuou quando uma viga da porta da sala


desmoronou ao lado dele. Uma onda de sujeira e detritos se
espalhou e ele colocou o braço sobre o rosto para evitar a
poeira.

A parede de calor era completamente insuportável. Ele


teve que apertar os olhos para ver mais do que alguns
centímetros à frente e seus olhos verificarem ao redor. Ele
segurou seu braço no rosto, fazendo todo o possível para
evitar respirar a fumaça.

— Jenny ! ― Roy gritou novamente.


Sua garganta estava seca e rouca pela pressão e falta de
oxigênio. Ele não sabia quantas vezes mais poderia chamar o
nome dela sem voltar para tomar um ar.

Ele conseguiu distinguir a entrada da cozinha e seguiu


em frente, correndo para evitar o caos se espalhando pela
sala de estar. Agachou-se e entrou na cozinha, tentando o
seu melhor para manter-se
sob a fumaça.

— Jenny! ― Ele gritou novamente, mais alto desta vez.


Seu peito arfava enquanto respirava, e desabou, desesperado
por ar puro.

Ele podia sentir a parede da cozinha atrás das suas


costas. A julgar por quanto entrara no cômodo, Roy supôs
que estivesse sentado perto da mesa da cozinha. Assim, ele
poderia usá-la para se levantar de novo.

Roy moveu seu peso para o lado direito até conseguir


estender a mão e agarrar uma perna da cadeira de madeira,
depois arrastou-a pelo chão de azulejos. Apoiou-se no
assento de madeira e ficou de joelhos, o peito arfando com o
esforço.

Ele forçou-se a continuar. Tinha que sobreviver.

— Jenny! ― Ele sussurou. ― Pelo amor de Deus, Jenny!

— Roy! —

Ele fechou os olhos com alívio quando seu rosto


aterrorizado apareceu na frente dele. Ela estava debaixo da
mesa da cozinha, sem saber para onde ir. Ele segurou sua
mão com força e puxou-a de debaixo da mesa. Então colocou
uma mão ao redor da cintura dela.

— Para a porta dos fundos ― ele disse com uma voz


rouca. ― Vá!

Eles meio rastejaram, meio agacharam pela cozinha,


curvando-se sob a nuvem negra de fumaça. Ela tateou
desajeitadamente a porta dos fundos. Sua mão suada
escorregou e moveu sobre a maçaneta.

— Deixe-me!

Roy gentilmente moveu-a para o lado e pegou a maçaneta


ele mesmo, fazendo o seu melhor para ignorar o rugido do
inferno que se aproximava por trás deles. O som de vidro
quebrando a medida que a estrutura se expandia assustou-
os.

Apenas quando ele pensou que estavam sem tempo e


sorte, a porta finalmente cedeu. Ele usou o último de sua
energia para impulsioná-la para a luz do dia antes que
tropeçasse para fora, desabando contra o chão do pátio.

— Roy!

Ele podia ouvir seus gritos assustados enquanto


estava deitado esgotado na pedra fria. O rugido maçante
parecia estar se aproximando ainda mais do que antes. Roy
teria que se afastar da casa se quisesse sobreviver.

— Vamos!

Jenny subitamente segurou os braços dele com força. Ele


era pesado, mas fez o seu melhor para puxá-lo através do
pátio, grunhindo e gemendo enquanto ela forçava seus
músculos a agir.

Roy podia sentir a pedra raspando na parte de trás de


sua camisa. Ele lutou contra seu corpo dolorido para se virar
e mover com dificudade para o gramado e sair do perigo.

Roy e Jenny caíram em um amontoado no gramado, as


mãos dela ainda apertavam firmemente os ombros dele. Ele
gentilmente a moveu e se virou de costas, limpando um
monte de cabelo suado da testa enquanto lutava para
recuperar o fôlego.

Roy podia ouvir a pesada respiração de Jenny atrás dele.


Ele se colocou em uma posição sentada e alcançou a mão
dela. Ela pegou e apertou a mão dele o mais forte que pôde.
Lágrimas fluíram constantemente de seus olhos.

— Você está bem? ― ele perguntou suavemente. ― Você


não está ferida, está?

Ela balançou a cabeça.

— Não, eu acho que estou bem.


Ela tossiu na parte de trás da sua mão, enquanto olhou
para a casa.

— Eu pensei que com certeza iria morrer lá.

Ele segurou a mão dela com firmeza. Roy temia a mesma


coisa.
Capítulo 10
Meia hora depois, o fogo se extinguiu, mas, infelizmente,
havia destruído grande parte do térreo. Os bombeiros fizeram
o melhor possível, mas o estrago foi feito antes de chegarem
ao local.

Os paramédicos apareceram logo após o caminhonete de


bombeiros. Jenny e Roy foram declarados aptos para irem.
Jenny teve uma pequena inalação de fumaça, enquanto Roy
recusou qualquer ajuda médica. Ele ficaria bem, protestou,
enquanto tentavam examiná-lo.

Jenny achou que Roy estava sendo um idiota completo,


mas decidiu que não seria bom contar isso a ele, não depois
que acabara de salvá-la de ser incinerada.

Jenny e Isabelle estavam do lado de fora da casa


observando os bombeiros trabalhar. Norma saira para casa
pegar algo quente para beber. Foi um dia estressante para
todos eles.

— O que vamos fazer? ― Isabelle perguntou. ― Onde


vamos dormir hoje à noite?

― Não se preocupe.
Jenny tentou reconfortar Isabelle enquanto afastava seu
cabelo do rosto, mas nem ela sabia ao certo qual seria o
próximo passo.

— Eu vou arranjar uma solução. Eu prometo.

Isabelle assentiu e segurou sua boneca um pouco mais


apertada.

Roy se aproximou alguns minutos depois. A escuridão em


seus olhos confirmou o que ela já sabia. Isso não foi um
acidente, e algo sobre o jeito que Roy segurou seus ombros e
olhou diretamente em seus olhos deixou claro que ele sabia.
Alguém tentou eliminar Jenny e a casa junto com ela.

— Vocês duas estão bem? ― Ele perguntou gentilmente.


― Não se preocupem. Vocês estão seguras agora.

— Eu sei ― Jenny respondeu mais para o bem de Isabelle


do que dela própria.

Roy parou por um momento para estudar seu rosto. Ele


parecia prestes a responder quando o barulho de sirenes
encheu o ar. Eles voltaram para a entrada a tempo de ver
duas viaturas entrando rapidamente no campo de visão.
Jenny pôde distinguir a silhueta do Chefe Cartright no banco
da frente do primeiro carro.

Ele bateu a porta e cruzou o caminho para encontrá-los,


três dos seus oficiais seguindo rapidamente atrás.

— Jenny.
Ele colocou a mão em seu ombro. Estava muito diferente
da maneira como a tratou mais cedo naquele dia.

— Você está bem? O que diabos aconteceu aqui?

Ela olhou de relance para Roy para avaliar o quanto


deveria revelar. Ele deu sutil sacudida de cabeça, assim
Jenny ficou com o básico.

— Eu realmente não sei. Aconteceu tudo tão rápido.

O chefe franziu a testa enquanto estudava seu rosto.

— Certo, estou feliz que você esteja bem.

Ele mudou sua atenção para Isabelle.

— E você também, pequena senhorita.

— Eu nem estava em casa ― Isabelle respondeu, suas


costas pressionadas contra as pernas de Jenny. ― Só Jenny.

— Bem, então isso faz de você uma pequena dama com muita
sorte.

— Muita sorte, de fato ― falou Roy.

Ele colocou a mão no ombro de Isabelle.

— Elas não estarão em uma situação assim novamente,


Chefe.

— Não, eu não acho que elas vão ― respondeu Cartright.


Ele forçou um sorriso de boca fechada. ― Se você me der
licença.

Ele foi em direção ao chefe dos bombeiros, deixando os


três sozinhos novamente.

— Por que você não leva Isabelle de volta para a casa de


Norma por enquanto? ― Perguntou Roy. ― Ela não precisa
estar aqui para isso e tenho certeza de que ela poderia dormir
um pouco.

— Tem certeza de que não precisa que eu fique? ―


perguntou Jenny. ― Com o que eu sei?

— Deixe o chefe dos bombeiros vir até você assim que a


investigação inicial estiver completa. Pelo que você me disse e
pelo que eu vi por mim mesmo, haverá muitas evidências
para apoiar o que sabemos. Eu garanto.

Roy esperava que seu sorriso pudesse tranquilizá-la de


que tudo ficaria bem.

— Vá em frente. Eu vou te encontrar em breve, e vocês


podem ficar comigo na minha cabana.

— Ok.

Jenny não estava inteiramente convencida de que ele


estava certo, mas pegou a mão de Isabelle e a conduziu pela
trilha que seguia atrás da casa até a propriedade de Norma.

— Apenas relaxe, ok? ― Roy gritou para elas quando


estavam saindo.

Jenny se virou e acenou para ele antes de continuar pelo


caminho.

Roy as observou desaparecer antes de voltar sua atenção


para a cena do crime. O chefe Cartright estava envolvido em
uma coversa com o chefe dos bombeiros. Ele avançou alguns
passos para ouvir melhor o diálogo.

— Eu assumo daqui ― disse o Chefe Cartright,


alcançando as anotações sobre a investigação inicial do chefe
dos bombeiros. O chefe dos bombeiros estava retendo-as. Ele
manteve suas anotações fora do alcance, para grande
frustração do Chefe Cartwright.

— Se você não se importa, Chefe Cartright, vou segurar


essas notas por enquanto. Esta ainda é a minha cena de
crime, afinal.

— Este incêndio aconteceu em circunstâncias suspeitas,


não foi? Isso faz com que seja minha causa ― insistiu o chefe
Cartright.

— Quando eu concluir o que é realmente o caso, deixarei


que o assuma. ― O chefe dos bombeiros manteve seu
posicionamento com firmeza. ― Até lá, se me der licença,
tenho uma investigação para executar.

— Você acabará se arrependendo disso.

— Talvez eu vá. Talvez não ― disse o Chefe dos


Bombeiros enquanto se afastava, com suas anotações na
mão.

O chefe Cartright estava furioso.

Roy não fez nada para esconder que estivera observando


toda a conversa quando o chefe Cartright se virou para voltar
ao seu carro-patrulha. Os dois rivais se encararam enquanto
passava.

Não podia ser mais evidente para ele que a polícia estava
envolvida, especialmente o Chefe Cartright. Rumores
indicavam que Chloe Dale estava traindo o marido, mas eles
não indicaram com quem ela estava saindo. Ele tentou
inúmeras vezes descobrir através dos frequentes boatos, mas
ninguém tinha a menor ideia. Se a polícia estivesse envolvida
no incêndio, talvez um deles fosse o homem misterioso de
Chloe.

Ainda assim, ele não podia imaginar o que Chloe poderia


ver em nenhum deles, especialmente não em um idiota como
Cartright.

— Seria ótimo se você simplesmente pegasse e saísse da


cidade, Peters. Esta cidade poderia ter um vagabundo a
menos ― Chefe Cartright zombou quando ele passou. ― Não
é hora de você seguir em frente com sua vida? Deixar Joey
Dale apodrecer por seus crimes?

— Eu não sei. Parece um grande passo, já que tudo que


ele cometeu antes eram contravenções. Acho que você deveria
se concentrar em encontrar o verdadeiro assassino.

Isso foi o suficiente para fazer Chfe Cartright parar


subitamente. Roy não tinha notado seu profundo olho roxo
antes. Achava que lhe caia bem e fez uma anotação mental
para dizer isto a ele. Gostava de irritar o imbecil.

— Você deve estar se esquecendo que ele atirou em sua


esposa, Peters.

— Eu não acho que isso realmente foi provado, Chefe.

Chefe Cartright deu um passo em direção a ele e Roy se


manteve firme. Não pôde resistir a deixar um sorrisinho em
seus lábios.

— Eu não faria isso, chefe ― um oficial atrás dele falou.

Ele encarou brevemente Roy antes de baixá-los para o chão.


Ovelhas, pensou Roy. Ovelhas sendo lideradas por um lobo.

— Faça o que ele diz e recue ― disse Roy ao Chefe Cartright


com firmeza. ― Tire sua bunda daqui enquanto você ainda
pode.

— Vamos lá, chefe ― o oficial insistiu novamente.

— Está bem, está bem. Eu vou.

O chefe segurou o olhar de Roy por mais um momento


antes de virar as costas e voltar para sua viatura, seus
oficiais seguindo atrás.
Roy viu até que estavam fora de vista e, em seguida, foi
direto para o chefe dos bombeiros certificar-se de que não
tivesse perdido os cacos de vidro azuis que Roy vira dentro da
casa.

Roy entrou na casa dos Dale uma hora mais tarde para
pegar alguns dos pertences de Isabelle e de Jenny.

O chefe dos bombeiros pediu-lhe para ficar fora de casa


até que eles pudessem terminar, mas sendo um velho amigo,
também disse que se houvesse qualquer coisa que Roy
precisasse fazer, ele ignoraria. Roy pegou um saco velho na
parte de trás de sua caminhonete e enfiou roupas e
brinquedos do quarto de Isabelle antes de ir para o quarto de
hóspedes para fazer o mesmo com as coisas de Jenny.

Ele encontrou a mochila ainda embalada na extremidade


da cama. Ela tinha se recusado a desfazer as malas, ainda
desconfortável com o seu destino. Isso fez o trabalho de
coletar as coisas dela mais fácil. Roy estava quase fora do
quarto quando fez uma pausa na porta para fazer uma última
verificação. Foi quando o lampejo de um brilhante pedaço de
papel no parapeito da janela chamou sua atenção.

A foto apoiada na moldura antiga era de duas


adolescentes. Uma delas era Chloe com seu cabelo escuro e
encaracolado e seu brilhante sorriso radiante. Ele só a
conhecera em algumas ocasiões, mas sempre achara que ela
era adorável. Roy sentia que Chloe era insegura em relação a
ele, especialmente depois que foi dispensado do serviço
policial, mas ela foi gentil o suficiente com ele quando se
falaram.

A outra garota era Jenny. A Jenny que ele conheceu há


três dias era bem cuidada e montada. A garota na foto tinha
riscos de lama em toda a sua testa e um sorriso que era
quase tão brilhante quanto o de sua melhor amiga. Elas
pareciam um par de encrenqueiras, felizes e despreocupadas

Ele colocou a foto no bolso da frente de sua camisa


xadrez para mantê-la em segurança.

Roy estava no topo da escada quando pensou em checar


o quarto de Joey e Chloe. A porta estava fechada, mas
empurrou mesmo assim. Ela emperrou um pouco no velho
batente antes de abrir.

A luz do sol brilhava através das finas cortinas brancas,


enviando sombras através da grande cama de casal. As fotos
adornavam as paredes, principalmente de Isabelle, mas
algumas mostravam Joey uma vez feliz. Um grande retrato de
família emoldurado estava pendurado acima da cama. Joey
tinha os braços ao redor de Chloe, que tinha uma versão bebê
de Isabelle empoleirada no colo. Seu velho cão da família,
Patches, estava de guarda ao lado deles

Roy estudou-o por um tempo. A família parecia feliz e


segura, como se nada pudesse quebrá-los. Se ele fosse bom
em adivinhar, assumiria que foi tirado cerca de quatro ou
cinco anos atrás, antes que os rumores começassem, antes
de toda essa loucura.

Ele balançou a cabeça e virou. Foi quando viu.

O sangue havia escurecido no tapete branco e felpudo,


mas a trilha ainda estava lá levando a uma poça
razoavelmente grande. Chloe foi baleada uma vez no peito.
Então os instintos de sobrevivência surgiram e ela se afastou
de seu agressor em seus antebraços. Foi então que foi
baleada na parte de trás da cabeça, terminando sua vida
para sempre.

Roy não podia imaginar Joey acabando com a vida de sua


esposa de maneira tão desumana, mesmo que os rumores
sobre o caso dela fossem verdade. Roy não tinha dúvidas de
que eles eram. A fábrica de rumores de Ombrea era forte e
confiável.

Joey encontrou seu corpo uma tarde ao retornar do


trabalho. O policial que trabalhava ao lado dele alegou que
Joey havia desaparecido por uma hora ou mais antes de
voltar ao trabalho extremamente agitado. Joey lhe explicou
que fora para casa e que, enquanto lá, ele tinha caído em
mais uma briga com Chloe. Deixou a casa irritado e
percorreu a cidade por cerca de meia hora para relaxar.

O chefe agora dizia que Joey teria usado esse tempo para
se livrar das provas.

Para piorar a situação, a arma usada para matar Chloe


era a pistola de policial de Joey. Joey alegou que a tinha
tirado quando voltou para casa. Ele sempre a removia
quando passava tempo com sua família como precaução.
Deixava-a no quarto com a porta bem fechada.

Depois de sua discussão com Chloe na cozinha, ele se


despediu de sua filha e saiu da casa, deixando a arma para
trás.

Joey explicou que quando chegou de volta quatro horas


mais tarde para fazer as pazes com Chloe, encontrou seu
corpo no chão do quarto e sua pistola de serviço no final da
cama. Ele chamou os paramédicos, mas já era tarde demais.
Isabelle estava desaparecida, mas não demorou muito para
encontrá-la na casa da vizinha. De acordo com Norma, Chloe
deixou a criança duas horas antes, alegando que ela tinha
afazeres.

Mas quando Norma e Isabelle estavam caçando borboletas, a


caminhonete de Chloe ainda podia ser vista da colina. Estava
estacionado no quintal, como de costume. Norma disse a
Chief Cartright que ela quase tinha voltado para a casa dos
Dale naquele momento, achando estranho que ela não tivesse
ido direto pegar Isabelle quando chegasse em casa.
Roy não suportava ficar no quarto por muito mais tempo. Ele
fechou a porta suavemente atrás dele e desceu a escada. Deu
uma última olhada no térreo antes de sair para a
caminhonete e colocar os pertences no banco de trás.
Limpou um espaço para Isabelle sentar-se e rapidamente
arrumou sua caminhonete.
Ele esperava que estivesse fazendo a coisa certa.
Capítulo 11
Jenny seguiu Roy em seu Neon prateado para sua
cabana nos arredores da cidade. Ele mandou as garotas para
dentro e disse para se sentirem em casa enquanto pegava
suas coisas na parte de trás da caminhonete.

Jenny saiu um pouco depois com as chaves do carro na


mão.

— Não vai fugir daqui, vai? ― Ele perguntou quando ela


abriu o carro. ― Se assim for, esta cabana é praticamente no
meio do nada. Você pode precisar de um mapa.

— Por mais que eu queira sair daqui, não vou a lugar


nenhum ― ela respondeu.

Ela abriu a porta de trás e procurou por baixo do


assento. ― Eu pensei ter visto um dos livros de Isabelle aqui
esta manhã.

— É muito gentil de a sua parte buscar isso para ela.

Jenny encolheu os ombros. Ela encontrou o livro


lindamente ilustrado e fechou a porta do carro.

— Eu só estou tentando fazê-la se sentir mais


confortável ― ela lhe disse.
— Não se preocupe muito ― ele respondeu enquanto
caminhavam lado a lado até a porta da frente da cabana. —
Só vai demorar um pouco para vocês se ajustarem ao seu
novo arranjo. Tenho certeza que as duas conseguirão passar
por isso bem.

— Eu certamente espero que sim.

Jenny sabia que Roy estava tentando ser legal, mas o


que ela realmente desejava agora era algum tempo sozinha.

Ela não pôde deixar de se sentir grata a ele por ter


oferecido a ela e Isabelle sua cabana para usarem até que
pudessem descobrir o que fazer a seguir. Jenny odiava a ideia
de ficar em um hotel do outro lado da cidade. Isso só teria
tornado a situação ainda mais estranha e desconfortável do
que já era.

Jenny ficou surpresa com o tamanho da cabana. Tinha


que ter pelo menos três quartos com uma espaçosa área de
estar e cozinha. Um pequeno escritório levava a um dos
quartos de hóspedes, mas para respeitar sua privacidade, ela
não tinha demorado muito olhando para lá. O banheiro no
final do corredor parecia convidativo depois de sua provação,
mas o banho teria que esperar.

Ela checou Isabelle e deu-lhe o livro, que aceitou com


gratidão, mas sem comentários. Jenny desejou que Isabelle
soubesse que poderia confiar nela. Isso tornaria as coisas
mais fáceis se elas pudessem ser abertas e honestas entre si.
Isabelle se levantou e levou o livro para um lugar mais
privado na sala ao lado. Essa relação levaria algum tempo.

Jenny e Roy saíram para o deque de madeira na frente


da cabana. Isabelle havia retomado seu silêncio. Ela se
escondeu atrás do livro, grata pela solidão que ele
proporcionava.

— Alguém sabia o que estava fazendo ― Roy disse a ela


enquanto ele desenroscava a tampa da garrafa de whisky.

Ele pegou dois copos e colocou uma quantidade


generosa de álcool em cada um.

— O que você quer dizer? ― Jenny perguntou quando se


sentou.

— Eles estavam tentando matar dois coelhos com uma


cajadada só. A cena do crime. Está destruída agora, não nos
deixando nenhuma esperança de encontrar qualquer nova
evidência. E depois, claro, há você. ― Ele tocou seu ombro
com um soco suave.

— Mas olhe para você, soldado. Você sobreviveu apesar


das probabilidades.

— È um milagre. ― Jenny brincou sarcasticamente


quando pegou a garrafa de whisky aberta.

O primeiro gole foi muito fácil. Um pouco de bebedeira


não machucaria depois do dia que ela teve.
— Você deve ir com calma no whisky ― sugeriu Roy
sentando-se ao lado dela. ― Sua garganta passou por um
inferno de uma provação hoje.

— Todo o meu corpo parece que foi colocado à prova ―


respondeu Jenny, bebendo o segundo gole. Para acalmar sua
mente, ela deixou a garrafa de lado por enquanto. Jenny
recostou-se na cadeira de praia suspirando.

— A casa está destruída, não está?

— Com certeza. Mas o melhor das casas é que elas


podem ser reconstruídas.

— Mas as memórias não podem ser substituídas. Eu só


posso imaginar o que foi perdido hoje naquela casa.

— Eu prefiro que eles tenham perdido essas memórias


preciosas do que você ou Isabelle.

Roy lembrou-a bruscamente, o dedo apontando para o


peito dela.

— Você chegou muito perto do fim hoje.

— Porque eu fui uma maldita covarde, certo?

— O quê?

— Eu me escondi debaixo da mesa da cozinha, Roy. Eu


dificilmente seria uma heroina lá.

— Ei, você me escute!


Ele aumentou sua voz e ela ficou em silêncio.

— Foi uma loucura lá dentro. Com a fumaça e o calor,


inferno, eu nem sabia em que direção eu estava indo. Não te
culpo por encontrar um esconderijo em todo aquele caos.

Ele alcançou a garrafa de whisky furiosamente e se


serviu de uma dose saudável antes de beber. Roy levantou-se.

— Eu vou verificar a garota.

Jenny viu quando ele entrou na casa, a porta de tela


batendo atrás dele. Ela permaneceu onde estava, uma parte
dela querendo segui-lo e outra querendo manter distância.
Ele era tão sexy, mas isso era menos significativo em
comparação com os sentimentos que estavam começando a
florescer depois que arriscou sua vida para salvá-la do fogo.
Que tipo de cara faria uma coisa tão altruísta, ela se
perguntou.

Ela não sabia o que fazer com Roy. Às vezes ele era
distante e inacessível, mas ultimamente, Jenny vira um lado
mais amigável, gentil e generoso dele. Nunca tinha certeza de
qual lado ela teria.
Estava claro que Roy se segurou com ela. Rapidamente
aprendeu que tinha um jeito de mudar de humor e ficar
irritado, mas ele disse aquilo honestamente e isto ela podia
apreciar.

Jenny pegou a garrafa de whisky uma última vez e se


serviu de uma dose.

Ela parou por um momento e ergueu o copo para o céu.

— Para Chloe ― ela disse em voz alta. ― Estou realmente


sentindo sua falta aqui embaixo.

Quando Jenny voltou para a casa com a garrafa de


whisky minutos depois, esperava que ele tivesse se acalmado
um pouco.

Ela passou os últimos minutos chorando. Foi bom liberar


a emoção e o estresse acumulados dentro dela nos últimos
três dias. Ela chorou especialmente pela perda de sua melhor
amiga.

Ela e Chloe estavam próximas desde o nono ano. Elas se


uniram na orientação do ensino médio e se agarraram uma à
outra por segurança desde então.

Em Chloe, Jenny encontrou a melhor amiga perfeita. A


animação e a visão positiva de Chloe sobre a vida ajudaram
Jenny em muitos momentos difíceis e em seus períodos de
depressão. A morte de seus pais na escola primária foi
extremamente difícil para Jenny, e assim continuou mesmo
depois de tanto tempo ter passado. Chloe tinha um jeito de
fazê-la se sentir melhor sempre que estava triste.

Sem Chloe, ela teria que lutar sozinha contra seus


demônios internos. Ela devia isso a Chloe, fazer o certo para
sua filha.

Jenny não sabia ao certo como faria isso. Nos últimos


três dias elas foram testadas, e ainda não acreditava que
estivesse mais perto de estabelecer uma amizade com
Isabelle. A falta de um lar adequado não ajudaria.

Ao som da porta da frente se fechando, Roy saiu da cozinha.


Seu rosto revelou que ele ainda estava sem graça com o que
havia acontecido do lado de fora.

Ela foi direto ao ponto.

— Você estava certo, sabe? Eu não era uma covarde.

— Bom ― ele disse, levantando o polegar e o indicador,


mostrando um pequeno espaço entre eles ― talvez você fosse
apenas um pouquinho covarde.

— Ei, já estou cansada de você ― ela disse rindo.

— Você deve estar pronta para passar a noite.

Apesar das suas piadas, ele parecia tão nervoso com


este arranjo constrangedor quanto ela.

Ela estava grata que Isabelle era fácil de lidar. Aquela


garotinha teve muita coragem para suportar o que viera.
— Você sabe o quê? Eu mataria por um banho.

Ela se arrependeu de sua escolha de palavras e se


encolheu. Isabelle, escondida perto da janela com o livro,
parecia ter perdido seu erro.

Ela reiterou: ― Um banho quente seria bom.

— Claro.

Roy apontou para o final do corredor.

— É a última porta lá no fundo. O aquecedor de água


está um pouco mal-humorado, então não entre na banheira
muito rápido depois de ligar as torneiras.

— Obrigada pelo aviso. E toalhas limpas? ― Ela


perguntou enquanto se dirigia na direção do banheiro.

— Tem um armário lá dentro. Toalhas de hóspedes


estão na prateleira de cima.

— Tem muitos convidados, não é?

Ela sorriu maliciosamente por cima do ombro.

— Um pouco.

Ele deixou escapar um sorriso sexy curto.

— Nenhum que estava aqui para proteção, mas eles


dizem que há uma primeira vez para tudo.
Capítulo 12
Jenny fechou a porta do banheiro com um sorrisinho.

Ele tinha que dar isso para ela, a mulher teve coragem.
Tinha passado apenas algumas horas desde que Roy tinha
retirado-a da estrutura ardente que fora a casa de seu irmão.
Mesmo coberto de fuligem e sujeira, Jenny ainda poderia
gerenciar uma piada e um sorriso.

Por um momento, ele considerou o que sua esposa,


Natalie, teria feito se estivesse na mesma situação. Ela não
teria lidado com isso tão bem. Natalie tinha um
temperamento para combinar com o dele. Sua briga na noite
em que ela morreu era prova disso. Se ele conhecia sua
esposa, Natalie teria marchado direto até aquela delegacia
exigindo justiça. Por mais que seu temperamento pudesse
enfurecê-lo algumas vezes, também era uma das coisas que
mais amava nela. Sua força de vontade e comportamento
difícil foram duas das suas qualidades mais cativantes.

Roy fechou os olhos quando uma onda de dor e


sofrimento passou por ele. Geralmente, teria sua dor sob
controle, mas os recentes acontecimentos tinham mexido com
sentimentos que eram difíceis de suprimir.
Procurando por algum tipo de distração, ele decidiu
cuidar do fogo. Era sempre um pouco mais frio por estar no
lago, e eles ficariam gratos pelo calor quando anoitecesse.

— Ei, criança ― ele gritou para Isabelle que teve que


desviar a atenção do livro. ― Quer me ajudar?

Isabelle sentou-se para a frente, interessada, seu livro


ainda firmemente em suas mãos.

— Com o quê?

— Fazer uma fogueira.

Ele viu a cintilação de horror passar pelo rosto da jovem


menina quando os ombros dela enrijeceram.

— Não, obrigada.

— Você está com medo?

Ela olhou surpresa pela sua pergunta grosseira. Quando


seus olhos endureceram por um momento, ele podia ver a
semelhança de Joey nela.

— Não. Nunca.

— Então venha e me ajude.

Ele foi para a porta de trás e pegou seu machado. Roy


tinha muitas toras para mantê-los aquecidos durante a noite,
mas queria que ela enfrentasse seus medos. Quando ela não
se moveu de seu local, pressionou-a novamente.
— Vamos lá. Vai escurecer logo, e nós não queremos
estar sem uma fogueira quando isso acontecer.

— Okey. Tudo bem.

Sua atitude pouco difícil o fez sorrir quando ele seguia até
o toco.

— Você já usou um machado antes? ― perguntou-lhe,


selecionando um pedaço seco de madeira e colocando em pé,
bem em cima do toco.

Ela cruzou os braços sobre o peito dela.

— Não.

— Quer tentar?

Ele podia ver um brilho de interesse no rosto dela.

— Isso parece perigoso.

— Eu vou garantir que você não vai se machucar.


Prometo.

— Ok.

Hesitante, Isabelle se aproximou e deixou que ele a


entregasse o machado. Sob seu peso, ela parecia ainda
menor, as mãos se atrapalhando para mantê-lo firme.

— Agora, escute.

Ele tocou um dedo no centro do pedaço de madeira na


parte superior do tronco.

— Isto é o que você está apontando. Você deve tentar


cortá-la ao meio, para que se divida em duas partes. Mas não
precisa ser perfeito. Apenas veja o que pode fazer.

— Você realmente acha que esta é uma ideia inteligente?


― Isabelle olhou com ceticismo para ele. ― Eu poderia cortar
o seu pé e você teria que mancar pelo resto da sua vida.

— É por isso que eu estou de pé para cá. ― Recuou


drasticamente até que ela não pudesse deixar de rir. ― Eu
preferiria que você cortasse seu próprio pé, que o meu. Eu
vou deixar você ser a única a precisar mancar por toda a
eternidade.

Ela deu-lhe um olhar brincalhão.

— Ok, vou tentar desta vez. Mas só porque você prometeu


que não vou me machucar. E você disse que não tinha que
ser perfeito.

Ele encolheu os ombros.

— Nada nesta vida é.

— Você poderia dizer isso outra vez.

Isabelle levantou o machado tão alto quanto pode antes


de trazê-lo para baixo duramente no pedaço de madeira.
Rachou até a metade, e ela levantou o machado novamente,
desta vez trazendo a madeira junto com ele.
— Ok, espere um minuto.

Roy puxou a madeira e colocou de volta no toco, desta vez


na direção oposta.

— Tente de novo.

Isabelle, desajeitadamente, pegou a ferramenta pesada e


bateu o machado forte novamente. Desta vez, os dois pedaços
de madeira caíram ao lado do toco.

— Perfeito.

Aplaudiu, grato ao ver um sorriso orgulhoso no rosto


dela. Seu coração ansiava por uma vida com uma família.

Roy havia discutido a ideia de crianças com Natalie, mas


nunca parecia o momento certo para começar. Ele não sabia
ao certo se realmente foi esse o caso, ou se ela nunca quis ter
filhos para começar. Natalie era despreocupada e idealista.

Quando ele interagiu com Isabelle, desejou ter insistido


no assunto todos aqueles anos atrás. Talvez se tivesse sido
mais determinado, Roy poderia tê-la feito mudar de ideia e
estaria aqui hoje, ensinando seu próprio filho a cortar lenha.

— Nada neste mundo é perfeito ― Isabelle murmurou


como se pudesse ver seus pensamentos.

Ele assentiu melancolicamente quando ela deixou cair o


machado. Ele pegou a cesta de vime que mantinha para
transportar a madeira e estendeu a Isabelle para que pudesse
colocar os dois pedaços de madeira.

— Não, mas isso foi muito legal.

Ele a irritou com a mão no seu cabelo longo, loiro


morango.

— Se importa de cortar outro?

Jenny entrou no chuveiro e deixou a água quente lavá-la.


Os músculos doíam e seus ombros palpitavam do estresse
dos ultimos dias. Ela sentiu o baque surdo de uma dor de
cabeça em sua têmpora e fechou os olhos, pressionando seu
rosto contra o fluxo pesado de água.

Sua mente vagava quando seu corpo começou a relaxar.


Provar a inocência do seu irmão parecia uma tarefa
impossível, mas com Roy trabalhando junto com ela, eles
solucionariam isso. Sua varredura sobre a morte desta tarde
provou que alguém se sentiu ameaçado por sua interferência.
Ela vira o suficiente de suspenses policiais para saber que os
bandidos agiam apenas quando os mocinhos estavam no
caminho certo.

Era engraçado que ela e Roy estavam trabalhando juntos


agora. Sua abordagem inicial tinha deixado uma impressão
pouco favorável. Mas sua persistência a forçou a reconsiderar
seu ponto de vista de Joey. Na verdade, ele havia quebrado
sete anos de lembranças ruins, simplesmente pressionando-a
a olhar a situação de uma perspectiva diferente.

Jenny estendeu a mão para massagear seu ombro


dolorido.

Roy era teimoso como uma mula. Sem sua persuasão, ela
teria feito as malas de Isabelle e voltado para a cidade sem
dar Ombrea ou seu irmãozinho um segundo pensamento.
Joey nunca teria esta chance de liberdade se ela tivesse
permanecido na teimosia.

— Roy.

Jenny disse seu nome em uma voz um pouco acima de


um sussurro. Era um bom nome, ela pensou, um nome forte.
O nome perfeito para um cara tão másculo, considerava seu
corpo enquanto massageava persistentemente o músculo do
seu ombro mais profundamente.

Ele tinha um belo corpo. Em circunstâncias diferentes,


poderia se apaixonar por ele. Depois de tudo, havia uma
abundância de coisas para gostar sobre Roy Peters. Ele era
alto, moreno e bonito de uma forma que poderia fazer
qualquer mulher desmaiar.

Jenny considerou a camisa vermelha que ele tinha


mudado ao chegar na cabana. A maioria dos homens da
cidade iam para a academia para construir seus corpos, mas
a estrutura muscular de Roy viera naturalmente. Ele
construiu seu corpo através do trabalho duro e fez esses
músculos ainda mais másculos e apetitosos. Irresistível, ela
pensou.

Jenny deixou escorregar sua mão até o seu seio,


escavando-o levemente quando deixou escapar seus
pensamentos.

Roy Peters era definitivamente um homem que valia a


pena pensar.

Jenny estava secando o cabelo quando entrou no quarto


principal com um vestido vermelho que tinha tirado às
pressas da sua bolsa. Achou que estaria sozinha para se
despir e se preparar para a cama, mas Roy estava lá para
recolher alguns itens da mesa de cabeceira.

Seu coração vibrou quando ela o encontrou lá. Jenny


rapidamente empurrou isso para o lado. Isso não faria nada
para deixar os pensamentos de Roy assumir sua mente
quando havia muito trabalho a ser feito. Tinha de se
concentrar.

— Oh, desculpe.

Jenny começou a sair do cômodo, mas Roy levantou sua


mão.

— Eu só estava pegando algumas coisas.

Ele tinha pendurado uma velha camisa vermelha debaixo


de seu braço, e alcançado um gasto livro na gaveta do criado-
mudo. Roy parou por um segundo.

— Espero que não se importe, mas fui em frente e


coloquei Isabelle na cama do quarto de hóspedes. A coitada
estava exausta. Fiz-lhe um sanduíche de presunto, e ela
quase não conseguiu aguentar comer a metade. As pálpebras
dela mal podiam ficar abertas..

— Obrigada, Roy. Estou feliz que ela conseguiu dormir


facilmente.

Jenny esfregou seu cabelo com a toalha, quando ela


lutou por alguma coisa para dizer.

— Obrigada por ser tão gentil com ela... e comigo.


Obrigada por nos deixar passar a noite.

Ele acenou secamente.

— Vou deixar você, então. Tenho certeza que você deve


estar cansada depois de tudo o que está acontecendo.

Jenny sentiu uma sensação de pânico repentina, como se


não ousasse deixá-lo sair. Ela castigou-se mentalmente por
se permitir ficar tão apegada. Esse não era o momento certo
para ter um homem. Especialmente um que ela estaria
deixando para trás assim que essa confusão se resolvesse.

— O que você está lendo?

— O quê?
Roy parecia surpreso que ela estivesse conversando com
ele.

— Seu livro.

Suas bochechas estavam começando a esquentar.

— Parece que já foi bem lido.

— Ah, isso?

Ele olhou para o livro em suas mãos, como se acabasse


de perceber que estava lá.

— É “O Sol é Para Todos”, (Nome em português para —To Kill


A Mockingbird— filme e livro de Harper Lee) não é meu.

— Você não parece ser um titular de cartão de biblioteca.

— Eu não sou um titular do cartão. Isto pertencia à


minha esposa.

Roy estava de repente ciente do que acabara de dizer.


Nunca se sentiu confortável em admitir publicamente a morte
de Natalie. Em vez disso, era mais um recluso, feliz de se
cercar com o que restava de sua vida na cabana. Ele tinha
lido o livro preferido dela várias e várias vezes até as páginas
começarem a desgastar.

— Desculpe-me. Eu não sabia.

As palavras de Jenny pareciam superficiais. Continuar no


quarto, iria parecer que estava invadindo o seu espaço
pessoal e de repente, ela queria sair.

— Vou deixar você.

— Espere.

Ele a parou antes que ela chegasse na porta.

— Você está ficando no meu quarto esta noite. Vou ficar


no sofá.

— Eu não posso. É sua cama. Posso ficar no sofá. Mesmo


nós, espertalhões da cidade, sabemos como ser favelados de
vez em quando.

Foi uma tentativa pobre de uma piada.

— Não posso deixar uma dama com o sofá. Você vai ter
que dormir aqui esta noite.

— Eu não posso fazer isso ― ela protestou novamente. ―


É seu espaço.

— É só uma noite. Acho que minhas costas podem lidar


com isso.

— Bem, você vai! Se você tiver uma dor nas costas, então
você terá que...

Ele cruzou o chão, fechando o espaço entre eles. Antes


que ela soubesse o que estava acontecendo, Roy a tinha em
seus braços e seu rosto estava bem perto dela. Jenny podia
sentir o calor da respiração em seu rosto, e sem pensar, ela
fechou os olhos quando ele pressionou seus lábios contra os
dela.

Ela não podia acreditar que isto estava finalmente


acontecendo. Todos os pensamentos, que teve deste
momento, todas as fantasias, finalmente viraram realidade.

Ele era corajoso e poderoso, e a tinha resgatado de um


incêndio.

Ela devia a ele sua vida, e iria pagar essa dívida, dando-
lhe tudo o que exigia dela.

Jenny se sentia como se fosse completamente dele, sua


propriedade, e não havia nada que pudesse comparar a estar
em seus braços poderosos e sexy.

O coração de Jenny saltou no peito quando aprofundou o


beijo, as mãos apertando seus quadris quando ele fez isso.
Ela levantou as mãos até as costas e sob a sua t-shirt, o
sentimento de seus músculos, deixando-a louca com desejo.
Roy era como um predador musculoso e Jenny podia sentir a
força bruta de seu corpo quando apertou os dedos em seus
músculos.

Seu desejo assumiu. Ela deixou suas mãos se moveram


para baixo em suas costas musculosas, até a sua bunda, e a
agarrou em seus dedos.

Roy ficou surpreso com o avanço de suas mãos e chegou


a apertar a boca, beijando-a tão apaixonadamente que ela já
não poderia dizer onde terminava a sua língua e começava a
dela.

Jenny trouxe uma das mãos em seu quadril e depois


abaixo na frente das calças. Então afastou a mão
rapidamente!

Não podia acreditar!

Jenny passou sua mão pelo inchaço de seu pau e era


ainda maior do que imaginava. Era maior do que ela jamais
imaginou que poderia ser qualquer pau.

Isso assustou-a.

— Não fique assustada ― ele sussurrou quando


continuaram a se beijar.

Ela respirou fundo e voltou para sua calça, colocando sua


mão diretamente sobre o inchaço enorme do seu pau e o
apertou.

Ele soltou um gemido baixo, apreciativo, o que fez seu


coração acelerar ainda mais.

— Feche a porta ― ele sussurrou na boca de Jenny, e ela


correu para fazê-lo.

Quando se virou, Roy a levou em seus braços novamente.


Desta vez, ele levantou seu corpo, girando de modo que
poderia deitá-la de costas na cama. Ele assistia como ela se
apoiava em seus cotovelos, desfrutando de toda a sua
atenção quando puxou a camisa sobre o peito esculpido,
ombros, e cabeça e jogando no chão antes de alcançar a fivela
do seu cinto.

Ela nunca vira tatuagens tão belas, ou um tronco tão


bonito. Ele era como um Deus, esculpido em mármore fino.
Jenny sentiu sua boceta tremer de desejo enquanto assistia.

— Pare ― ela murmurou, e por um segundo ele pensou


que pedira para parar o show inteiro.

Mas para sua surpresa, Jenny se inclinou sobre seus


joelhos e pegou a fivela ela mesma. Com seus olhos trancados
nos dele, seus dentes mordendo a carne do seu lábio inferior,
lentamente ela destravou seu cinto e tirou-o da calça jeans.
Ele mal podia suportar ficar esperando enquanto Jenny
desabotoava sua calça jeans antes de descompactá-lo com
uma agonizante lentidão.

Enquanto ela abria seu jeans, sua mente vagava de volta


para sua fantasia pela janela da cozinha, quando ela tinha se
imaginado chupando seu pau e engolindo cada gota de seu
delicioso esperma.

Ela queria dar a ele o melhor boquete de sua vida.

Ela queria que ele gozasse tão forte que nunca a


esqueceria.

Mas realmente o que ela queria era seu coração. Seu


coração e sua alma. Jenny queria que ele gozasse dentro dela
então sempre haveria uma parte dele que seria dela, sempre.

Não podia evitar. Estava apaixonada por este homem, e


ela tinha medo do que isso significava.

Jenny queria ser dele, de corpo e alma e queria sentir a


força do seu orgasmo dentro dela, selando sua ligação para a
eternidade.

Ele jogou o que sobrou da roupa que o restringia e


empurrou-a para a cama em um frenesi de paixão e desejo.
Não conseguia manter suas mãos longe dela por mais um
segundo. Ela era como uma droga para ele, uma que ansiava
tanto que Roy não sabia como lidar com ele mesmo. Ele
grunhia enquanto a agarrava e a puxava firmemente contra o
seu peito musculoso.

Jenny deu uma risadinha enquanto suas mãos se


estendiam sob o vestido dela, arqueando suas costas para
poder encontrar a parte de trás do sutiã e deixar seus seios
livres da prisão de sua lingerie. Suas mãos os acariciando
suavemente, encontrando prazer no atrevimento dos mamilos
dela.

— Deus, você é linda ― ele sussurrou.

— O quê? ― ela sussurrou de volta, corando.

Ninguém jamais disse aquilo para ela antes, não assim.


Não como ele fez soar. E naquele momento, ela percebeu que
qualquer medo que tivesse sobre sua aparência antes, aos
olhos de Roy, Jenny realmente era a mais bonita e desejável
deusa que ele poderia imaginar.

Ela quase gozou apenas pelo olhar em seu rosto. Ele


colocou as mãos em concha sobre seus peitos enquanto
olhava em seus olhos, e Jenny sentiu isso. Ela sentiu a
verdadeira profundidade da sua emoção. Sentia amor.

Ela abaixou-se e tirou o vestido, deixando cair no chão ao


lado da cama, cobrindo seu romance agora esquecido.

Jenny circundou sua língua com a dela própria,


desfrutando de seus gemidos de satisfação. Ela poderia beijar
essa boca para sempre, pensou. Seu queixo estava tão firme,
sua pele tão áspera, mas seus lábios eram tão macios e a
suavidade sedosa da língua a fez querer morrer de prazer. Ela
chupou a língua dele e o beijou tão apaixonadamente que Roy
começou a gemer quando eles continuaram a se beijar.

Ela queria pular direto sobre essa agonia, estava


desesperada para sentir seu pau, penetrando-a, esticando
sua boceta no mais delicioso prazer, mas o beijo era demais
para parar. Eles continuaram como animais vorazes
querendo se devorar.

Ela nunca imaginara que poderia haver um desejo, uma


paixão, tão intensa como esta. Jenny o queria mais do que já
teria admitido a si mesma. Ansiava por ele.

Roy agarrou a bunda em suas mãos grandes e a


levantou, puxando-a contra ele.
Ela jogou as pernas ao redor de seu tronco, segurando-o
como uma pinça.

Ele girou ao redor, para que estivesse de costas para a


cama e então foi para a cama e caiu de costas para ela. Jenny
ainda estava em seus braços e caiu em cima dele.

Ambos soltaram uma gargalhada.

Ele olhou para ela, em seus olhos, e por um momento, o


universo inteiro desapareceu. Tudo que ela podia era ver seus
lindos olhos. Tudo o que ela podia imaginar era o olhar de
amor neles.

— Eu sou sua ― ela sussurrou.

Em seguida, sem esperar por ele responder, ela trouxe


sua atenção a cueca, que firmemente cobria o pau enorme
abaixo deles. Ela inclinou-se para baixo com a boca e agarrou
o cós em seus dentes.

Divertidamente, Jenny puxou a cueca para baixo sobre


as pernas com a boca.

Seu pau enorme, totalmente ereto, saiu da cueca e saltou


em atenção.

Ela riu em surpresa quando o viu. Jenny cobriu sua


boca, envergonhada.

Ela não sabia o porquê rira.


Foi o choque de ver aquele pau, tão perfeito, tão grande,
tão dominante, que a fez se esquecer dela mesma.

Ela olhou para ele como se fosse um deleite delicioso que


estava prestes a devorar.

Roy palpitava, uma enorme veia correndo ao longo da


parte inferior dele. A pele era branca como a neve, ficando
rosa na parte superior. Da pele, surgindo a verdadeira
preciosidade: a cabeça rosa do pau. A fonte que ela
persuadiria em êxtase total.

Ela envolveu seus lábios em volta de sua cabeça e


começou a chupá-lo, apenas a cabeça, como se fosse um
picolé. Roy gemeu de prazer, quando sua língua correu ao
redor da beirada da cabeça. Ela sentiu o pau crescer ainda
mais, tornando-se ainda mais duro e mais firme, quando o
prazer de sua língua trabalhava a sua magia.

— Oh, Jenny ― Roy gemeu.

Ela sorriu quando continuou a trabalhar sua mágica na


sua cabeça.

Com cada pulsar de desejo, ela sentiu-o se aproximar do


orgasmo. Jenny abriu a boca mais larga e o deixou se mover
até o fundo de sua garganta. Ela sabia que ele ansiava por
isso. Sabia que Roy ansiava por libertação.

Roy era um menino safado. Ele queria explodir ali mesmo


na garganta dela e dar-lhe um bocado do seu perfeito,
delicioso esperma, mas ela não podia deixá-lo fazer isso.
Jenny não podia deixar todo esse prazer e antecipação
diminuirem tão cedo.

Ela subiu por cima dele, deixando seus seios se moverem


sobre a seu pau e ao longo de seu tronco e sobre o seu rosto.
Ele tentou lamber seus seios quando passaram. Jenny subiu
mais alto, fora do alcance dele, e ele pulou em cima e
agarrou-a, puxando-a de volta para baixo em cima dele.

Ele não conseguiu resistir a ela por mais tempo.

Roy puxou-a firme contra ele e mordeu o pescoço dela,


desesperado por mais.

Ela caiu em cima dele e então rolou em sua parte traseira


ao lado dele. Jenny estava tão molhada, tão pronta para ele.

— Possua-me ― ela deu uma risadinha.

Ela queria dar-lhe cada pedaço do corpo dela, e queria


levá-lo em todas as formas que ele pudesse imaginar.

Ele se levantou e olhou para ela, seu pau latejando com


cada batida poderosa do seu coração.

Ela nunca imaginara que um homem poderia ser tão


sexual, tão animalesco e bruto. Olhando para seu corpo nu,
os músculos esculpidos e tensos, o pau apontando para ela
como uma arma, pronto para atacar, parecia que ele tinha
sido criado para o sexo. Como se fosse um animal construído
puramente para arrebatá-la.
Ela tremeu com o pensamento de seu pau enorme a
invadindo.

E então ela abriu sua pernas, nunca deixando-o ir em


seu olhar.

Ela estava tão molhada que poderia sentir-se tremer de


desejo. Ela estava mais preparada para isso do que já fora
preparada para tudo em sua vida.

Ele levantou-se sobre ela, o pau dele apontando


diretamente para sua trêmula boceta, e seus olhos trancados
nos dela.

— Possua-me ― ela sussurrou.

Ele tocou os lábios de sua boceta com a cabeça de seu


pênis e então pressionou, penetrando-a tão suave e
perfeitamente, que Jenny ficou surpresa. Ela achou que algo
tão massivo fosse machucá-la, se ele colocasse tudo, mas
caiu-lhe como uma luva.

— Oh Deus ― Ele gemeu.

— Foda-me. Foda-me, Roy.

Quando ele atingiu a profundidade total, ela pensou que


fosse explodir imediatamente. Jenny não conseguia se
lembrar da última vez que tinha estado com um homem, mas
neste instante, parecia que era sua primeira vez. Ele
penetrou-a totalmente, seus pelos pressionado contra sua
delicada pele nua, e então ele fez uma pausa por um segundo
antes de se mover para fora dela. A segunda vez que tirou,
Roy afundou de volta nela, construindo um ritmo que repetiu,
várias vezes, dentro e fora, até que ela pensou que fosse
gritar.

Seus movimentos ficaram mais rápido com o empurrões


contínuos, ritmados. Ele ficou mais apaixonado e frenético
enquanto continuou transando com ela. Ela podia sentir o
suor formando-se em sua pele e seus dedos se transformando
em garras de modo que Jenny apertou em suas costas,
arranhando-o como um animal.

Ele fodeu-a mais e mais duro, os dois se contorcendo de


prazer, transcendendo em puro êxtase.

Suas unhas arranhavam suas costas e ombros quando


ela se agarrava a cada passagem de onda de prazer. Seus
dedos enrolados, e Jenny lutava para permanecer à tona. Ela
podia sentir seus lábios lânguidos pressionar sensualmente
em seu rosto e pescoço. Podia sentir seus dentes quando eles
beliscavam suas orelhas. Jenny levantou o rosto e uniu sua
boca novamente com a dela, beijando-o com uma paixão que
nunca experimentara.

Roy, por trás, pegou um de seus glúteos em suas mãos,


levantando sua perna mais alto. O efeito era a perfeição. Ela
inclinou a cabeça e deixou sua suave língua molhada rolar
sobre seu mamilo.

Ele soltou um gemido baixo, sinalizando para ela que


gostara, então Jenny continuou, apreciando o som da sua
respiração pesada enquanto Roy lutava para segurar.

Quando ele alcançou uma das mãos para retribuir o


favor, apertando o mamilo endurecido enquanto balançava e
empurrava forte e profundamente dentro dela, Jenny pensou
que fosse desmaiar.

Ele estava tão profundo, que podia imaginar o seu pau


duro prestes a explodir, derramando-se dentro dela.

Naquele momento, o extâse crescente atingiu-a como um


maremoto.

Jenny gritava de prazer, seu orgasmo rasgando seu


sistema nervoso e enviando tanto prazer que parecia como se
estivesse sobrecarregada.

— Roy ― ela gritou. —Estou gozando. Estou gozando.

Seu aperto forte no ombro dele, sua boca pressionada


firmemente contra a dele quando ele procurou seguir sua
liderança. Não demorou muito.

Jenny sentiu o pau dele crescer ainda mais, enchendo-a


de seu gozo, quando seu clímax passou do ponto sem
retorno. Quando ele gozou, a força de sua porra a fez cair em
outra onda de prazer orgástico.

— Porra ― ele chorou, rugindo no travesseiro ao lado de


sua cabeça quando seu corpo convulsionava poderoso em
onda após onda de pura adrenalina orgásmica. Ela estava
chocada com o poder do seu orgasmo. Foi violento e poderoso
e tão erótico que não conseguia acreditar.

— Encha-me ― ela chorou, quando seu esperma


derramava nela, jorro após jorro de êxtase orgástico.

Seu rugido pesado quando ele terminou dentro dela deu-


lhe uma profunda satisfação. Na verdade, ela nunca esteve
tão satisfeita em toda a sua vida.

Ele plantou um beijo suave na testa antes de


desembaraçar-se lentamente e caiu na cama ao lado dela.
Eles deitaram lado a lado, imóveis enquanto permitiam que
suas respirações voltassem ao normal.

Jenny estava completamente satisfeita por um momento,


seu liso corpo com uma combinação de seu suor. Seu corpo
ainda doía de sua interação, e ela não poderia resistir ter isso
novamente, uma vez que ele tivesse sua respiração de volta.

Ela se apoiou em seu cotovelo e deixou um dedo trilhar


do seu cabelo no peito até o pau dele. Jenny o circulou com a
ponta do seu dedo, apreciando a trajetória de sua própria
mão estendendo por trás dela.

— Você é implacável, não é? ― ele disse quando usou a


mão livre para limpar o cabelo suado de seu rosto.

— Eu pensei que você que fosse,— provocou quando se


inclinou para um beijo rápido. ― Você é quem me seduziu,
lembra?
— Eu não chamaria de sedução e além do mais... ― Ele
removeu suavemente sua mão longe de seu pau. ― Você é
quem acabou por me seguir em casa. Eu poderia facilmente
estabelecer você no Best Western fora da cidade.

— E perder isso?

Ela se balançou para que ficasse escarranchada sobre


ele. Seu sorriso fácil disse-lhe que Roy gostava dela ali.

— Faz um tempo desde que fiz isso, Roy. Importa-se em


me lembrar de como é?

Ele riu, e então ela gemeu, enquanto sentia o pau dele


movendo-se de volta em sua boceta inchada. Jenny começou
a balançar para frente e para trás, montando-o como um
brinquedo e apreciando a sensação do seu pau endurecendo
novamente e voltando ao ponto de ereção plena.

Ela brincou com ele, apertando-o em sua boceta,


movendo-se para trás nele, torcendo e se contorcendo e
fazendo chegar a novos lugares dentro de sua boceta que
nunca foram atingidos antes.

— Eu poderia brincar neste brinquedo a noite toda ― ela


provocou.

Ele olhou para ela e Jenny teve certeza de que viu amor
nos seus olhos.

— Por favor, faça ― ele disse.


Capítulo 13
Na manhã seguinte, Jenny acordou para se encontrar
sozinha.

Jenny tinha a grande, cama de casal que tinham


compartilhado a noite anterior toda para ela. Ela rolou sobre
seu estômago, sufocando um bocejo atrás de sua mão. Ontem
à noite, sua primeira noite com Roy, não a deixou muito
tempo para dormir.

Ela se esticou, a dor em seus músculos começando a


diminuir. Roy era a droga perfeita. Toda a frustração e raiva
reprimida que vinha segurando nos últimos dias pareciam ter
sido liberadas. A cabeça dela ainda doía um pouco e suas
preocupações e dúvidas sobre sua capacidade de salvar seu
irmão ainda estavam lá, mas Roy tinha ajudado a desviar o
seu foco.

Ela desejava que ele tivesse ficado na cama para dar-lhe


outra dose.

O som do riso além da janela bem iluminada atraiu a sua


atenção. Ela gemeu um pouco quando saiu da cama,
chegando desajeitadamente em suas roupas. Puxou sua
calcinha e vestido, em seguida, estendeu os braços acima da
cabeça enquanto levantava.

Jenny entrou no banheiro e ficou diante do espelho. Mal


podia reconhecer o reflexo olhando de volta para ela. Se
estivesse de volta no seu apartamento em Nova York, estaria
completamente maquiada, o cabelo excepcionalmente em
camadas e pintado no seu salão preferido. Só haviam se
passado quatro dias desde que chegara em Ombrea, e ela já
parecia completamente diferente da mulher que era.

Se o cabelo dela não tivesse sido escovado após seu


banho ontem à noite, então seus cachos naturais estariam
em cascata sobre seus ombros. Havia olheiras sob os olhos
por falta de sono, e suas bochechas estavam rosadas de
muito sol. Ela levantou um punhado de cabelo de seu nariz e
inalou profundamente . Pelo menos o cheiro do fogo
desaparecera.

Jenny andou pelo corredor e vestiu seu gasto tênis de


corrida na porta da frente. A porta principal estava aberta, e
ela destrancou a tela para sair para o deck da frente.

Em direção ao lago, pôde distinguur uma pequena figura


correndo e um cão de tamanho médio saltando ao lado dela.
Enquanto observava, Isabelle parou de repente, rindo quando
o cão latiu e saltou para continuar o jogo.

— Ela é uma divertida menininha uma vez que você a tire


de sua concha.

Uma forte voz masculina roubou sua atenção, e Jenny se


virou para ver Roy se aproximando do deck, uma xícara de
café embalado em suas mãos viris. Seu rosto revelando que
ele, também, aproveitara os eventos da noite anterior.

— Você fez mais por ela nos últimos dois dias do que eu.

Ele franziu a testa fortemente e se aproximou para se


inclinar contra o corrimão de madeira do convés.

— Não acho que isso seja verdade. Ela confia em você.

— Isso é alguma coisa, eu acho. Posso viver com isso.

— Venha aqui.

Quando ele acenou para sua frente, ela pisou ao lado


dele. Jenny estava confortável quando Roy passou um braço
em volta de sua cintura.

— Você está sendo muito dura com você mesma. Aquela


garota lá está a salvo por sua causa.

— Quase a deixei morrer. Se ela estivesse naquela casa


comigo, quem sabe o que poderia ter acontecido.

— Ela está bem. Basta vê-la.

Roy apontou para o lago onde a menina e cachorro,


cansados de seu jogo, tomaram um assento na costa ao lado
um do outro.

— Ela está indo muito bem. Posso te prometer isso. E é


tudo por sua causa.
— Ok.

Jenny cedeu um pouco, mas não podia agitar a ideia do


que teria acontecido se Isabelle tivesse chegado em casa com
ela. Não seria capaz de abrir aquela porta de trás por nada. O
que poderia ter feito com uma criança a reboque?

— Mas o que vem depois? Como ela vai se adaptar a vida


em Nova York?

— Quem disse que você tem que voltar àquela cidade


maldita de qualquer forma? ― ele perguntou, e Jenny podia
sentir frustração em sua resposta.

— Só o meu trabalho e minha vida. Isso é tudo.

Ele removeu o braço de sua cintura, e ela imediatamente


perdeu o conforto que isso fornecia.

— Bem, enquanto você tenha algo para voltar.

Jenny assistiu enquanto ele descia, andando para a


praia.

— Roy! Por favor ― Ela implorou.

— Eu estou indo ver se ela ainda está com fome.

Quando ele olhou para ela, Jenny sentiu a dureza que


vira pela primeira vez em Roy retornando.

— Por que você não vai para dentro e faz o que quer que
você tenha que fazer?
Roy ouviu a porta da varanda balançando ao fechar, mas
se recusou a virar.

Ele estava com raiva, espumando mesmo. Pensou que ela


tinha mudado. A maioria das mulheres teria estado mais do
que disposta a assumir uma criança que não tinha mais
ninguém, especialmente, quando essa criança pertencia a seu
irmão e seu melhor amigo. Em vez disso, Jenny parecia
relutante em assumir a responsabilidade. Na verdade, estava
tão ansiosa como nunca para correr de volta para sua vida
em Nova York, onde só podia supor que Isabelle seria deixada
sob os cuidados de uma babá.

Roy balançou sua cabeça quando alcançou a


arrebentação na praia. Chutou um montinho de pedras com
a ponta da sua bota e assistiu elas se espalharem para a
onda que se aproximava. Quão tolo poderia ter sido, pensou,
enquanto ainda observava outra onda voltar da costa, esta
atingindo sua bota.

E pensar que ele tinha dormido com ela. A noite passada


voltou rapidamente. Ele a tinha beijado porque quis. Era tão
simples quanto isso. Roy tinha tomado algo que queria. No
calor do momento, que homem não teria tomado quando isso
estava bem ali ao seu alcance?

Pensou que isso significava alguma coisa. Respirou fundo


e enfiou suas mãos nos bolsos de seus jeans desgastados
enquanto examinava a extensão do lago. Como poderia ter
sido tão ingênuo.

Voltou seus pensamentos para a última vez que tinha


estado tão íntimo com uma mulher, dois anos atrás. Natalie e
ele tiveram uma paixão implacável e maravilhosa. Ele se
lembrava de muitas noites quando, muito brincalhão e muito
animado com seu amor, eles tinham despido um ao outro e
transado ali mesmo na costa.

Desde sua morte, ele não pensava em outra mulher dessa


forma. Nunca quis outra mulher. Mesmo quando sentiu
necessidade ou desejo de se dar prazer, sempre foi de uma
mulher sem nome, com um rosto borrado. Apenas um
conjunto de membros que ele poderia criar e fantasiar. Roy
sempre fez o truque, mas sempre o deixou querendo algo
mais que não conseguia saber o que era.

Até ontem à noite foi assim.

Estar com Jenny tinha-lhe mostrado o que estava


sentindo falta todo o tempo: conexão humana e emoção.
Jenny queria tanto quanto ele queria. Eles tinham gozado
juntos, livres e desimpedidos por seus passados e era para
ser, ou assim pensara. Roy não sabia o que era agora.

Uma coisa era certa. Não estava prestes a perguntar a


ela. Tinha muito orgulho para isso. Se Jenny levaria a garota
de volta para a cidade, o que importava afinal? Se Isabelle
não estivesse por perto, considerou que ele poderia ter dito
para Jenny arrumar as coisas dela e ir para o Best Western
nos arredores da cidade. Com ela lá, teria seu próprio espaço
de volta de novo. Roy poderia concentrar-se melhor se Jenny
não estivesse por perto para distraí-lo.

Roy assistou enquanto Isabelle voltava correndo através


da arrebentação de água em direção a ele tão rápido quanto
suas perninhas poderiam carregá-la. O cachorro, um vira-
lata que muitas vezes o fazia companhia quando ele corria,
fazia suas tarefas ou trabalhava perto da cabana, veio
correndo logo depois, claramente encantado com sua nova
amiga.

— Devagar! ― Roy chamou-lhes quando eles se


aproximavam. ― Você vai ficar doente nesse ritmo, e isso é a
última coisa que quero ver na minha praia.

— É realmente sua praia? ― Isabelle perguntou quando


parou. O cachorro latiu e dançou ao redor de seus pés, até
que ela estendeu a mão para coçar o pelo escuro entre as
orelhas.

— É. Toda esta terra é minha, da beirada do lago do


outro lado até o topo da colina. Vê?

Ele se virou e apontou, passando da cabana à beirada da


crista de uma colina, fora da visão.
— É um tamanho razoável, você não acha?

— Na verdade, acho. ― Isabelle assentiu com entusiasmo.

Ele não tinha visto uma criança sorrir tanto quanto esta
tinha feito desde que ela tinha estado aqui. O ar livre estava
fazendo algo de bom para ela.

— Acho que este é simplesmente o lugar mais incrível que


eu já estive.

— Bem, obrigado muito obrigado, Senhorita Dale.

O sorriso dela desapareceu de repente.

— Eu gostaria de poder ficar aqui para sempre com você


e seu cão.

Roy se agachou em frente a ela.

— Agora primeiro, aquele ali não é meu cachorro.

O animal latia como se discordasse e circulou os dois


antes de ele cair em um monte suado ao lado dele.

— Isso certamente se parece com o seu cão ― Isabelle riu.


― Aposto que você tem um nome para ele e tudo.

— Cachorro, claro. Puro e simples.

Isabelle riu novamente até Roy pegar suas mãozinhas em


suas próprias muito grandes.

— Escute aqui, mocinha. Você está em boas mãos com


aquela senhora ali. Ela é sua tia, e isso significa que ela é
família para você. É uma visão agradável mais familiar do que
tenho, acredite em mim. Você tem sorte, ela veio até aqui
para cuidar de você.

— Só que eu não acho que ela realmente queira.

Isabelle se projetava para fora do seu queixo, um sinal


claro de que segurava muitas lágrimas.

— Eu acho que ela só quer se livrar de mim. Queria que


minha mãe estivesse viva, então eu poderia apenas estar em
casa agora com ela. Eu queria que o meu pai não estivesse na
cadeia. Queria que ele não tivesse matado a minha mãe.

Ela fez uma pausa para fungar alto.

— Isso é o que aconteceu, não é? Meu pai matou a minha


mãe?

— Quem te disse tal coisa?

Roy segurou suas mãos para confortar.

— Qualquer um diria que é errado, muito errado. Seu pai


nunca faria mal a sua mãe assim, e eu acho que você já sabe
disso.

— Mas ele me disse ― Isabelle protestou.

— Quem? Quem iria encher sua cabeça com tais noções


tolas? —perguntou-lhe.
Isabelle desviou o olhar. Seus olhos azuis estavam
enchendo-se com lágrimas.

— O homem no velório.

— Que homem? ― Roy perguntou, embora ele tivesse


uma boa ideia de quem Isabelle poderia estar se referindo. —
Como ele parecia?

— Um policial. O que era mais alto e mais assustador.

Jenny assitiu da janela da cabana como Roy e Isabelle


interagiam abaixo na praia.

Ela tinha que admitir: estava sentindo pontadas


inconfundíveis do ciúme. Jenny só queria que pudesse falar
com sua sobrinha tão facilmente como Roy poderia e que ela
respondesse da mesma forma. Desde que tinha conhecido a
criança na estação, parecia como se ela não fosse bem vinda.
Isabelle preferia estar com absolutamente qualquer um na
cidade, menos com ela.

Jenny se sentiu como se estivesse roubando a vida de


Isabelle se a levasse para Nova Iorque, mas que escolha
tinha? A vida dela estava lá e todas as suas
responsabilidades. Sem eles, ela não tinha nada. Isso era
toda a sua vida e Jenny trabalhou duro para construir isso.
Ela não podia desistir agora, especialmente não para
permanecer aqui nesta cidade atrasada cheia de memórias
difíceis.

Não que ela estivesse inteiramente certa de que teria uma


carreira para voltar. Foram cinco dias desde que lhe fora
dada a posição de editora. Ela sabia que não parecia bom o
fato de ter deixado a cidade no dia seguinte à promoção. O
negócio de revista de moda era duro, rápido e competitivo. Se
pudesse se posicionar firmemente e ter o trabalho feito, seria
comida viva e todo o seu trabalho duro para chegar a este
ponto seria em vão.

Jenny se afastou da janela e afundou-se sobre o velho


sofá, cruzando os braços sobre seu peito. Não era justo que
estivesse de volta onde tudo começou.

Embora, ontem à noite com Roy tenha sido incrível. Ela


poderia se acostumar com isso. Ele foi confiante e assumiu o
controle da situação, qualidades que ela gostava em um
homem.

Roy trouxe a sua confiança também. Ela se entregou


livremente a ele, sem inibições. Jenny amou cada minuto
disso. Ainda poderia lembrar cada carícia. Fechou seus olhos
e recordou cada beijo delicioso. Seu corpo queimando com o
desejo de reconectar-se com ele.

Fora um longo tempo desde que teve um amante. Seus


dias foram gastos principalmente na mesa em seu escritório
ou em sua casa para dormir após todo o estresse do trabalho
na indústria da moda.

Mesmo que seus amigos tentassem arrastá-la para o


mais recente clube ou bar da moda, Jenny tinha dificuldade
em deixar-se ir. Ela fez uma boa primeira impressão, com
uma habilidade especial para fazer conversa rápida com
estranhos quando precisava, mas foi onde parou o seu
envolvimento. Ela não tinha o mesmo desejo de construir algo
mais conhecidamente romântico com ninguém. Ninguém
tinha feito cócegas em sua fantasia.

Até agora. Desde seu primeiro encontro com Roy, ele


ocupou um lugar no fundo da sua mente, mesmo quando
estava sob sua pele.

Ela tinha se perguntado se iria correr para ele de novo,


metade querendo e metade com medo. Vê-lo no funeral tinha
enviado o coração e o corpo em um frenesi, e ficou contente
de que agora estavam em condições de falar cada vez mais.
Jenny esperava que isso fosse mais.

Jenny queria que ele não estivesse tão furioso com ela.
Com certeza Roy percebeu que ela tinha que voltar
eventualmente. Era seu sustento. Senão, como é que
ganharia um bom dinheiro? Uma garota tinha que comer,
viver e fazer compras. Só porque ele vivia desconectado da
terra e com um estilo de vida simples, não quer dizer que isso
era para qualquer um.
Ela inclinou-se e deixou sua cabeça cair em suas mãos
enquanto uma dor de cabeça se rastejava nela.
Capítulo 14
Roy disse a Isabelle que poderia ajudar a cozinhar o café
da manhã, e ele observava como ela alegremente pulava na
frente dele em direção a cabana. Seu humor tinha iluminado
consideravelmente depois que lhe explicou como o oficial de
polícia no velório estava errado de dizer aquelas coisas sobre
seus pais.

Ele soube imediatamente que foi chefe Cartright quem


disse aquelas coisas horríveis para uma garotinha. Nenhum
homem de qualquer caráter teria feito isso.

Cartright muitas vezes rodou sua boca em torno da


cidade. Ele era especialmente desagradável quando bebia um
pouco, e ainda era amplamente respeitado e confiável para a
maioria das pessoas em Ombrea. Chefe Cartright foi nomeado
o Oficial da Cidade do Ano alguns anos atrás. A placa de
bronze era exibida com orgulho na parede de seu escritório,
ou pelo menos foi a última vez que Roy relatou ao dever, há
dois anos neste mês de novembro.

Roy fora bastante amigável com o chefe Cartright, quando


se juntou ao serviço. Diria que foram quase próximos. Foi
chefe Cartright quem deu uma chance para ele quando
apareceu em uma fria e chuvosa manhã sem treinamento
policial formal ou a educação. Ele tinha apenas seu exército
de formação e experiência para apoiá-lo. Juntamente com
sua determinação e força de vontade. Ele tinha isso aos
montes.

Em uma cidade pequena como Ombrea, alguém disposto


a relatar na hora de dever e colocar sua vida em risco foi
aceito quase que imediatamente.

As coisas progrediram rapidamente desde então. Roy foi


bem na posição e provou ser um trunfo para a equipe.
Disseram para ele trabalhar com Joey Dale no seu quinto dia.
Era uma sexta-feira, e os dois novos recrutas do serviço
aliavam-se rapidamente enquanto executavam suas
atribuições juntos.

Eles passaram a primeira tarde trabalhando no tráfego


acima da estrada principal. Essa tarefa de assegurar a
construção do novo semáforo não diminuiu o trânsito em
absoluto. Roy achou divertido trabalhar com Joey. Ele era
rápido com as piadas e tagarela. Nenhum dos oficiais de
polícia que trabalhara até esse ponto fora tão amigável como
Joey. Ele sabia que estavam tentando intimidá-lo e mantê-lo
em seus dedos enquanto o treinavam, mas Roy aprendeu
mais com Joey do que com qualquer um deles, e começou a
apreciar o trabalho.

Após a morte de Natalie, tudo mudou. Ele já não queria


saber da polícia ou aqueles com quem trabalhou. Ele
constantemente aparecia tarde ou de mau humor e
rapidamente foi repreendido.

Após uma série de reprimendas, eventualmente, foi


chamado ao gabinete do chefe Cartright e afastado de suas
funções. Ele entregou seu distintivo e arma sem um pio. Roy
não se importava. Tudo o que queria era sua linda esposa de
volta, e se não conseguisse isso, não queria nada.

Chefe Cartright não falou com ele novamente, até


começarem os problemas com Joey.

Roy foi para casa na tarde de sua rescisão com um plano


definitivo. Ele tinha a velha espingarda do seu pai em casa.
Não era uma das maneiras mais limpas de ir, mas iria
arriscar.

Roy bateu com a porta fechada atrás dele e caminhou


direto pela cabana para o armário de armas no estudio.
Encontrou a chave antiga guardada em sua gaveta. Fazia um
tempo desde que retirara a arma da sua unidade de
armazenamento.

Ele destrancou o armário facilmente. A fechadura estalou


de volta e abriu a porta. Inclinou-se para coletar um par de
cartuchos de metal no fundo da antiga unidade e levantou,
alcançando a arma. Roy destravou isso da moldura de
madeira.

Roy puxou a cadeira do outro lado da sala e apoiou o pé


nele assim poderia carregar a arma mais facilmente. Quando
clicou o barril no lugar, ele sentiu seus primeiros sentimentos
de dúvida. Talvez essa não tivesse sido uma boa decisão.
Talvez estivesse sendo um pouco dramático em pensar que
deveria terminar tudo tão de repente.

Roy travou a arma e derrubou a chave mais uma vez na


bagunça da gaveta da escrivaninha. Fechou-a com firmeza e
deixou o estudio do jeito que encontrou.

Nunca considerou fazer nada como isso novamente. Na


verdade, fez questão de esconder a chave, alguns dias mais
tarde só para ter certeza que não repetiria suas ações. A
desvantagem era que escondera enquanto bebia uísque e
ainda tinha que achar onde era o esconderijo de novo.

Agora, enquanto seguia Isabelle até a cabana


aconchegante, ele estava especialmente grato que não tivesse
escolhido acabar com sua vida naquele dia. Seu lugar era
aqui, lutando por uma boa causa. Essa boa causa era Joey
Dale.

Ninguém mais estaria se esforçando para lutar pela


liberdade de Joey. Nem mesmo a própria irmã estaria lá para
Joey se não fosse por ele. Roy foi quem a convenceu de que
tinham tramado para o irmão. Joey estava ferrado.

Mas sua luta ainda estava apenas começando. Eles ainda


tinham que provar o caso às autoridades e libertarem Joey da
prisão. Agora, tinha que descobrir como fazer isso. Eles
tinham que começar com o fogo. Se pudessem encontrar a
pessoa ou pessoas que queriam Jenny Dale morta, levaria a
novas informações sobre a morte de Chloe.

Roy não viu Jenny quando entrou, mas podia ouvir o


chuveiro ligado e percebeu que ela iria evitá-lo a todo custo.
Ele estava bem com isso. Estava chateado que ela pretendia
voltar para Nova York, mesmo depois do que aconteceu entre
eles na noite passada. Alguma distância faria bem aos dois.
Não queria parecer um idiota por pensar que ontem à noite
significava alguma coisa.

Ele disse a Isabelle quais ingredientes buscar e ela foi até


a geladeira para encontrá-los. Imaginou que um grande café
da manhã para eles seria algo bom. Precisavam de descanso
e alimento para caçar pistas.

Logo, a cozinha estava viva com os aromas de bacon


cozido e salsichas. Puxou um banquinho debaixo da pia
aberta e ensinou Isabelle a fritar os ovos até que estivessem
simplesmente perfeitos. Ele ficou impressionado com a
rapidez com que ela aprendeu.

Roy deixou Isabelle pôr a mesa. Ela exigiu uma toalha de


mesa como a mãe dela sempre usara. Ele procurou em
alguns armários enquanto ela monitorava a cozinha. Ele ficou
aliviado ao encontrar uma toalha azul velha, que não via há
anos. Natalie tinha colocado em cima da mesa quando se
mudaram. Ela disse que azul era a cor preferida dela.

Roy deu o pano para Isabelle e assumiu as funções no


fogão.

Estava colocando os alimentos nas chapas quentes


quando ouviu passos suaves vindo pelo corredor. Jenny
chegou à porta da cozinha um momento depois, o cabelo em
uma toalha.

Ele esperava que ela estivesse no mesmo vestido


vermelho que usara na noite anterior, até que se lembrou de
que tinha trazido sua mochila da extremidade da cama. Ela
estava constantemente o surpreendendo. Em vez de estar
vestida a rigor como normalmente, Jenny estava linda de
jeans e um suéter vermelho. Tinha um pouco de maquiagem,
mas realmente não precisava. Ela tinha uma beleza natural.
Em volta do pescoço, usava um colar frisado de missangas
pretas.

— Ei.

Roy notou que ela evitou contato visual quando falou com
ele. Ela atravessou o cômodo até a mesa e tomou um lugar ao
lado de Isabelle.

Roy distribuíu os pratos. Isabelle deve ter ouvido o que


ele disse sobre Jenny, porque começou a dizer-lhe a extensão
de seu envolvimento na preparação do café da manhã.
Quando ele se concentrou em sua própria comida, Roy
não pôde deixar de notar a felicidade de Jenny e seu alívio
quando a menina conversou com ela pela primeira vez. Ela se
juntou com sinceridade, e em breve, qualquer embaraço que
elas tinham, sumira.

Roy também estava aliviado. Ele estava preocupado


quando ouviu um boato de que uma tia distante viria para
tomar conta de Isabelle. Ele nunca conheceu a irmã de Joey,
mas a julgar pelo pouco que Joey falava dela, não achava que
ela fosse ser um bom ajuste.

Agora ao ver as duas juntas, ele podia ver que Isabelle


estava em boas mãos. Ele só esperava que Jenny conseguisse
ver isso também.
Capítulo 15
Jenny ainda estava se sentindo mal sobre como ela e Roy
tinham deixado as coisas, então se ofereceu para lavar a
louça. Deixou Isabelle e Roy para conversar sem ela na mesa,
enquanto limpava os pratos.

Enchendo a ampla pia de cerâmica com água quente, ela


teve tempo para pensar. Quando estava no chuveiro, uma
ideia veio à mente, e não foi capaz de tirá-la da cabeça. Ela só
não sabia se funcionaria.

Jenny adicionou um pouco de detergente líquido à água


quente e lavou os pratos, um a um, usando o tempo para
debater em sua cabeça, os prós e contras de sua ideia.

Nunca foi especialmente próxima a Joey. Ele era apenas


um ano mais novo que ela, mas quando eram crianças,
parecia uma enorme diferença. Não tinham nada em comum,
até onde podia lembrar. Isso tornou-se óbvio na primeira vez
que ele foi levado para casa em um carro da polícia, com um
sorriso arrogante no rosto. A vida que ele levava não tinha
interesse nenhum para ela. Foi infantil e imaturo. Jenny
nunca quis nada disso. Seu comportamento e sua
discordância com as escolhas dele levou a essa tensão.
Jenny podia lembrar muito claramente de uma noite no
ensino médio. Ele foi enviado para casa com um aviso. O
oficial disse para seus avós que ele foi pego com algumas
latas de spray nos trilhos do trem. Quando perguntado o que
diabos pensou que estava fazendo, Joey disse-lhes que tudo o
que queria era pintar o seu nome nos vagões para que
sentisse que estava saindo desse lugar toda vez que o trem
saísse da estação. Ele queria que estranhos vissem seu nome
lá fora, no mundo além Ombrea, e saber sobre quem ele era e
o que acreditava. Joey alegou que era poético, mas ninguém
estava convencido.

Depois de ser enviado para o seu quarto, Jenny o


confrontou no corredor. Foi na semana em que ela fora
indicada para rainha do baile, e estava se sentindo muito
orgulhosa de si mesma. Com o queixo erguido, ela apontou
um dedo no peito dele e disse-lhe para arrumar a sua vida.
Você está facilitando muito para eu ser a favorita, ela disse.
Agora lamentava ter dito isso. Jenny não podia imaginar
como ele deve ter se sentido quando ouviu essas palavras da
sua boca. Se fosse ele, odiá-la-ia.

Ele ainda deve odiá-la por dizer isso.

Isso é passado. Agora era a chance de se redimir com seu


irmão. Jenny o abandonou quando ele mais precisava dela.
Ele era um órfão como ela, mas Joey não só perdeu seus
pais, perdeu todos. Joey estava clamando por atenção, e
Jenny estava muito envolvida em sua própria vida para fazer
com que ele estivesse bem.

Ela não cometeria o mesmo erro novamente. Ficaria em


Ombrea para cuidar de Isabelle e lutar pela inocência de seu
irmão. A vida dela poderia esperar.

Jenny estava tão envolvida em pensamentos que não


percebeu quando Isabelle deixou a cozinha para brincar com
suas bonecas. Ela terminou, secando as suas mãos. Quando
se virou para pendurar a toalha sobre a alça de fogão, Roy
estava parado atrás dela, sua mente ocupada com
pensamentos sérios.

— Eu te devo um pedido de desculpas ― ele disse


timidamente. Eu não deveria estar chateado que você quer
voltar para Nova York. Isto não fazia parte do seu plano. Você
tem uma vida e um emprego. Não espero que desista de tudo
e volte para Ombrea. Eu não estava apenas pensando em
Isabelle também. Eu estava sendo egoísta. Gostei muito de
ontem à noite ― disse, seu rosto ficando rosa.

— Eu acho que eu esperava que haveria mais noites


assim. Eu não sou de conexões casuais. Mas não sou da
cidade, também.

Jenny ficou surpresa ao ouvir o que Roy tinha a dizer. Ele


pensava que ela dormia com homens o tempo todo? Achava
que era só sexo aleatório para ela?

— Você não precisa se desculpar comigo. ― ela começou.


— Mas ― ele cortou ― não quis ser um cretino. Ou fazer
você se sentir culpada. Tenho certeza de que Isabelle vai
amar Nova York quando tiver a chance de se instalar. Deve
haver uma tonelada de coisas para manter uma criança
ocupada lá, muito mais oportunidades do que esta pequena
cidade tem para oferecer.

— Acho que sim, mas...

— As escolas, por exemplo. Ela tem muitos amigos.


Aposto que você tem um lugar muito bom lá fora.

Sim, Jenny pensou consigo mesma, um lindo, um quarto


que mal cabia uma cama e sua coleção de sapatos. Seria
apertado para adicionar uma criança e todos os brinquedos e
as roupas que ela traria. Ela teria que vender a casa dela e
encontrar algum lugar maior para viver. Custaria muito mais
por um lugar adequado na cidade. Ela nem sabia se o
trabalho dela estaria lá quando voltasse. Jenny não tinha
ouvido um pio de Joy Magazine.

— Roy, escute-me... ― Jenny disse ― sobre ontem à


noite...

— Ei, Roy!

Jenny foi cortada quando Isabelle chegou na porta.


Perfeito sincronismo, garota, pensou sarcasticamente. Parecia
que a conversa com Roy teria que esperar até mais tarde.

— Como vai, garotinha? ― ele disse, olhando para Jenny


e sorrindo, desculpando-se.

— Você pode me ensinar a pescar? ― Isabelle perguntou


ansiosamente.

Ela tinha sua velha caixa verde de iscas na mão. Isabelle


deve ter encontrado no convés enquanto estava brincando lá
fora.

— Claro que posso.

Ele levantou-se e bagunçou seu cabelo com a mão

— Oh, ótimo! ― Isabelle, exclamou.

Jenny sorriu calorosamente. Ela nunca vira a garota tão


feliz.

— Você acha que vou pegar alguma coisa lá fora?

— Há peixes no lago, então por que diabos não?

Jenny considerou a interação entre Roy e sua sobrinha.


Este seria o lar perfeito para criar Isabelle. Era isolado e
havia abundância de terras ao redor para explorar. Uma
criança que crescesse aqui seria capaz de conquistar
qualquer coisa e com confiança em si mesma e suas
habilidades. Jenny se perguntou como ela e Joey seriam se
tivessem uma chance de crescer em tal cenário idílico.

— Vai vir também, Jenny? ― Isabelle perguntou


ansiosamente.
— Acho que vou pular esta ― Jenny disse a ela
suavemente. ― Mas divirtam-se. Eu só tenho que sair um
pouco, mas depois volto para ver o que você pegou. Prometo.

— Ok.

Isabelle estava um pouco insegura. Jenny não podia


culpá-la. Ela estaria insegura sobre as pessoas se tivesse
passado pelo inferno que a garotinha sofrera na semana
passada.

— Venha para casa logo depois.

Jenny ficou emocionada pelo fato de que a menina tinha


se referido a cabana como casa, mesmo que não fosse.

— Você vai na frente ― disse Roy a Isabelle ― e não deixe


o cachorro comer as iscas da caixa, ok?

Com Isabelle fora de vista, ele virou para Jenny.

— Ei, onde está indo? Tem certeza que deve sair sozinha?

— É algo que eu deveria ter feito há muito tempo ― disse-


lhe suavemente. ― Vou ver Joey.
Capítulo 16
Jenny levou o seu Neon prateado de volta para a cidade e
para a delegacia de polícia de Ombrea, uma sensação ansiosa
em sua barriga. Ela estava nervosa, mas tinha que passar por
isso.

As pessoas da cidade obviamente tinham ouvido sobre o


fogo e se viravam para olhar quando ela passava pelas ruas.
Nem ela nem Roy voltaram a cidade desde o incidente.

Roy contara que o chefe de bombeiros era um velho


amigo. Ele concordou em ligar quando os resultados da sua
investigação chegassem. Roy disse-lhe claramente que o
incêndio foi criminoso e seu amigo não discordou, mas havia
procedimentos a seguir. Quando a investigação estivesse
concluída, eles poderiam começar a bolar um plano para
como proceder.

Quando a delegacia de polícia apareceu, Jenny respirou


profundamente. Era como se fosse ao território inimigo. Ela
não sabia o que faria se visse o chefe Cartright lá. Não estava
pronta para mais um confronto desagradável.

Jenny encontrou um lugar no estacionamento e trancou


o seu carro. Ela tentou parecer confiante quando subiu os
degraus da frente e passou pelas portas duplas. Era um
grande e moderno edifício, bastante impressionante para uma
cidade com uma taxa tão baixa criminalidade.

A mesma atendente estava de plantão quando ela chegou


pela primeira vez na cidade. Se a mulher a reconheceu, não
demonstrou.

— Posso te ajudar, senhora?

— Estou aqui para ver o Joey Dale.

A mulher estudou Jenny cuidadosamente.

— Posso perguntar o porquê?

— Preciso ter um motivo para vê-lo? ― Jenny perguntou


ela. ― Ele ainda está aqui? Ou foi transferido para outro
local?

— Não haverá uma transferência de prisioneiros até mais


perto da data da audiência ― disse a mulher oficialmente. ―
Se você quer falar com ele antes disso, vou ter que te levar
até o chefe.

Droga, pensou Jenny. Como ela iria contornar isso. A


atendente não ia deixá-la passar. Jenny teria de jogar pelas
regras, ou não chegaria a lugar algum.

— Ok, ligue para ele então. ― Jenny acenou com a cabeça


em direção ao telefone à esquerda da mulher. ― Suponho que
ele está no escritório.
— Ele pode estar ocupado em uma chamada. Eu tenho
que verificar ― ela disse, apontando na direção das cadeiras
de plástico azuis, na parede oposta. ― Sente-se enquanto eu
chamo o pager dele.

— Tenho todo o tempo do mundo.

Jenny forçou um sorriso educado. Sentou-se em uma


cadeira, colocando sua bolsa na cadeira ao lado dela.

Isto não seria fácil. Chefe Cartright lhe daria uma


desculpa. Ele pode até mesmo mandá-la embora, pensou
enquanto esperava. Com alguma sorte ele só mandaria um
funcionário passar sua mensagem. Seria melhor se ela não
tivesse que enfrentá-lo.

Vinte minutos depois, ela ainda estava à espera. A


atendente colocara o telefone de volta dez minutos atrás, mas
ainda não tinha levantado a cabeça da papelada para dizer o
que estava acontecendo. Jenny colocou uma das mãos na
alça da sua bolsa, mas se obrigou a esperar mais alguns
minutos. Se ele estava jogando um jogo com ela, não iria
quebrar cedo demais. Jenny poderia esperar.

De repente, a funcionária levantou-se e acenou para ela


impaciente.

— O Chefe Cartright é um homem muito ocupado, mas


ele concordou em vê-la agora. Tente não tomar muito do seu
tempo. Você pode entrar agora.
Como ele havia feito a primeira vez que ela viera para o
seu escritório, chefe Cartright estava atrás da sua mesa,
quando Jenny entrou. Ela deixou a porta aberta, decidindo
que era mais seguro.

O hematoma sobre seu olho direito estava começando a


desaparecer, mas ainda era bastante perceptível. Ela fez uma
anotação mental da última vez que o viu para verificar as
mãos de Roy para ver se ele era o único que havia feito o
golpe, mas além de alguns calos elas estavam sem danos.
Quem bateu nele era um mistério.

— Srta. Dale ― disse ele, acenando para a cadeira na


frente de sua mesa ― sente-se, por favor.

Jenny sentou-se e colocou sua bolsa no chão.

— Tenho muito trabalho a fazer.

— Eu sei. Sua secretária fez questão de me dizer quatro


vezes.

Ele sorriu brevemente.

— Ela é boa assim. Eu te ofereceria uma bebida de algum


tipo, mas honestamente não posso ter você no meu escritório
por muito tempo. Eu tenho trabalho policial importante para
fazer hoje.

Jenny quase riu. Sua atitude despreocupada foi um show


óbvio, e ela podia ver através dela.
— Eu quero ver o meu irmão.

Agora, ela teve a sua atenção.

Chefe Cartright dobrou as mãos juntas e se inclinou


sobre a mesa

— E porque você quer vê-lo?

— Como eu disse ― Jenny respondeu calmamente. ― Ele


é meu irmão mais novo.

— Eu vou lembrar que seu irmão é preso por homicídio


em segundo grau.

— Eu quero vê-lo, e estou no meu direito de fazê-lo.

Chefe Cartright sentou em sua cadeira.

— E o que exatamente pretende discutir?

— Eu estava pensando que iria atualizá-lo sobre como os


Lakers estão nesta temporada. Talvez eu vou enchê-lo sobre o
que está acontecendo em Days of Our Lives. Não têm TV na
cadeia, não é?

Não sabia onde veio a sua confiança, mas ela gostou.

— Então, posso ir, ou você tem algo contra os Lakers?

— Visitas são somente com hora marcada

— Então, por favor, pegue sua agenda e marque um


horário.
Ele balançou a cabeça. Por um minuto, ela pensou que ia
mandá-la embora. Jenny estava certa de que sua atitude
sarcástica não estava ganhando pontos.

Para sua surpresa, Cartright pegou o telefone da mesa e


chamou a atendente.

— Jenny Dale está aqui para ver seu irmão Joey. Por
favor, acompanhe-a até as celas de detenção.

Quando ele desligou o telefone, olhou diretamente nos


olhos de Jenny, seu olhar lhe deu medo.

— Você tem uma hora. Certifique-se de que tenha algum


tempo para dizer adeus. Seu irmão irá embora por um longo
tempo.

— Obrigado, Chefe. Você foi muito útil.

Jenny levantou-se quando a atendente entrou no


escritório para escoltá-la até a cela de Joey.

A atendente removeu um pesado conjunto de chaves de


metal de uma corrente no cinto. Ela os arrastou até encontrar
a chave correta e o moveu para dentro do buraco de
fechadura da pesada porta de aço na frente delas.

Jenny olhou para porta do escritório aberta do Chefe


Cartright. Ela o viu encarando-a, mas ele permaneceu em
sua mesa, provavelmente, em uma tentativa de mostrar que
não o incomodava. Jenny se perguntou se Chefe Cartright foi
quem começou o fogo ontem. Ele estava com raiva na casa da
Norma, mas não conseguia imaginá-lo atirando um coquetel
Molotov pela janela da frente. Ele era uma autoridade. Tinha
muito a perder.

— Você vem ou não? ― perguntou a atendente, sua mão


segurando a pesada porta aberta.

— Estou indo. Bem atrás de você.

Jenny a seguiu, estremecendo, quando a porta de aço se


fechou atrás delas.
Capítulo 17
Os saltos da atendente clicaram pelo corredor em um
ritmo acelerado. Jenny teve que correr para alcançá-la. Ela
manteve um olhar cuidadoso ao redor, observando os
escritórios e salas de conferências em cada lado do corredor.
Que instalação elaborada, pensou consigo mesma. Parece um
exagero. Nunca teriam oficiais suficientes em uma cidade
pequena para preencher uma estação assim.

— As celas são logo ali à frente. Você terá que manter


suas mãos e pertences para si mesma. Você não pode dar-lhe
qualquer coisa. Nada mesmo. Se você fizer isto, eu posso te
acusar.

Jenny duvidou da validade do pedido, mas preferiu não


falar nada.

— Vou deixá-la entrar e sair. Eu retorno em uma hora.


Não faça nada estúpido. Eu tenho uma câmera na minha
mesa e vou acompanhar todos os seus movimentos.

— Assustador ― Jenny murmurou sob sua respiração.

— O que disse?

A atendente levantou uma sobrancelha para ela.


— Nada ― Jenny balançou a cabeça. ― Eu não disse
nada.

Ela não se convenceu. Quando se aproximaram da outra


porta, tirou outro conjunto de chaves, selecionando uma das
mais antigas. Colocou na fechadura e virou, o metal pegando
do outro lado. A porta fazia parte da estação original.

Jenny prendeu a respiração quando a porta começou a


abrir. A sala era pequena e mal iluminada. Havia uma
pequena janela com vista para a rua em uma extremidade, e
no outro lado tinha uma lâmpada fluorescente que oscilava a
cada poucos segundos, como se fosse morrer.

Todas as celas estavam vazias, exceto por uma. Joey


estava na cela no final, mais perto da janela. Jenny quase
não o reconheceu quando entrou na sala deprimente.

Ele usava uma camiseta branca simples e calça jeans


desbotado. Ela notou que a camisa tinha mancha de sangue
seco. Alguns dias de barba no queixo. Jenny nunca tinha
visto Joey com barba, mas pensou que ficava bem. Seu
cabelo loiro foi cortado na parte de trás, mas a frente caía ao
acaso sobre seus olhos. Ele se levantou e foi para o lado
antes de levantar os olhos. Ela era a última pessoa que
esperava ver.

— É isso. Uma hora e contando.

A atendente saiu da sala, fechando a porta firmemente


atrás dela. Jenny esperou até que pudesse ouvir a chave
girando na fechadura antes de se aproximar de seu irmão.

Ele a olhou entre as grades de ferro. Parecia preocupado,


quase com medo de ver seu pé na frente dele. Por que ela
viera?

Sentindo seu medo, Jenny falou.

— Não estou aqui para gritar com você, se isso é o que


você pensa.

— Não sei o que eu penso.

Jenny assentiu com a cabeça. Ela colocou as mãos nas


barras, sentindo o frio do metal sob a pele.

— Você está péssimo ― ela disse-lhe sinceramente.

Seu rosto mudou para o mesmo velho Joey que conhecia


quando criança.

— Bem, estou na suíte econômica. Você tem que pagar


extra para o tratamento vip.

Novamente, ele passou uma das mãos pelo seu cabelo


desgrenhado, loiro. Desta vez, ela percebeu os hematomas
nos nós dos dedos da mão direita. Poderia ter sido ele a dar
ao Chefe Cartright seu olho roxo? Jenny sorriu com o
pensamento.

— Então você está feliz em me ver aqui? É isso que você


está rindo?
Ela balançou a cabeça quando Joey voltou a cair em seu
beliche de madeira.

— A mesma velha Jenny. Você tem que ser a melhor. Só é


feliz quando estou fodido. Não se preocupe, Jenny, serei a
ovelha negra para sempre. O que te faz bem.

— Pare, agora!

Ela levantou a mão para parar o seu discurso com raiva.

— É por isso que acha que eu vim aqui? Você acha que
quero te dar problema por se meter nessa bagunça? Você
acha que eu quero esfregar sal em suas feridas?

Quando ele não disse nada, ela continuou.

— Vim aqui para te dizer uma coisa. Eu vim para te dizer


que estou trabalhando para te tirar daqui

O queixo de Joey caiu.

— O quê? É sério?

— Pareço que estou brincando?

— Eu não sei, Jenny. Eu mal te conheço. Como sei que


não é brincadeira?

— Eu sou sua irmã, idiota.

Mas Jenny sabia que ele estava certo.

— Escuta, eu tinha minhas dúvidas no começo.


— Você achava que eu era culpado desde o início. Eu
entendi, Jen.

— Você está certo. Eu fiz, mas, alguém que você conhece


mudou a minha mente. Admito que foi um pouco
convincente.

— Quem?

— Roy Peters.

— É claro! Roy!

Joey soltou um suspiro de alívio. Ele levou as mãos ao


rosto e se sentou na cama. Ela não se lembrava de tê-lo visto
tão grato.

— Vai ficar tudo bem, Joey ― disse Jenny.

Ela não sabia se isso era verdade, mas queria confortá-lo.


Ela percebeu, com uma pontada de culpa, que nunca dissera
essas simples palavras para ele. Mesmo depois da morte de
seus pais. Joey precisava de apoio e Jenny fugiu dele o mais
rápido que pôde.

— Como está Isabelle? ― ele perguntou, com um olhar


aflito, no rosto. ― Eu ouvi sobre o incêndio na casa de um
dos policiais daqui. Ela está bem? Ela se feriu?

Jenny sacudiu a cabeça.

— Não houve feridos. Eu estava sozinha em casa no


momento, e Roy me tirou lá no momento certo. Poderia ser
muito pior.

Ela fez uma pausa antes de adicionar

— E não foi um acidente.

Ela assistiu como seu rosto mudou para um de terror.

— Você tem que me contar tudo, Jenny.

— Ouvi um barulho na sala antes do fogo começar. Eu vi


uma garrafa quebrada, azul, com um pano molhado em volta
sobre o tapete da sala. De repente, toda a casa estava em
chamas.

Joey sentou-se silenciosamente, uma expressão séria no


rosto.

— O que é? ― ela perguntou.

As mãos dela agarraram as barras de metal frias ainda


mais apertadas.

— Parece que você sabe de alguma coisa.

— Você disse que a garrafa que você viu na sala de estar


era azul?

Joey se levantou da cama e se aproximou das barras,


apenas polegadas de sua irmã mais velha.

— Tem certeza de que era azul e não verde escuro ou


preto?

— Não, definitivamente, foi uma garrafa de vinho azul.


Azul claro. Lembrei-me porque parecia com uma que Chloe
tinha na geladeira.

Ela fez uma pausa, sua mente trabalhando. Era


definitivamente azul. Fora como a garrafa de vinho caro que
ela tinha aberto dias antes. Era estranho que Chloe tinha
uma em sua coleção com seu preço caro. Jenny não podia
acreditar que não tinha feito essa conexão até agora.

Roy disse que a notícia na cidade era que Chloe estava


envolvida com outro homem. Entreter um amante seria razão
suficiente para gastar em uma boa garrafa de vinho, mas
ainda assim, ela era uma pessoa e simples, e Jenny não
conseguia ver Chloe fazendo a compra.

Seu amante comprou o vinho.

— Você sabia que Chloe estava saindo com outra pessoa?


― ela perguntou gentilmente.

Joey acenou com a cabeça tristemente. Seus olhos


estavam fechados.

— Você sabe quem era?

Os olhos de Joey se abriram.

— Se soubesse quem era, eu o teria derrubado. Eu não


sabia quem era o bastardo, mas definitivamente sabia de sua
existência.

Ele bateu nas barras com as palmas das mãos, com


raiva.

— No início foram pequenas coisas. Ela começou a vestir-


se melhor e usar mais perfume. Então era o vinho. Eu sabia
que não era o que ela normalmente comprava na loja de
vinhos. Chequei nossa conta conjunta, mas não consegui
encontrar qualquer prova de que ela comprou. Imaginei que
isso significava que o homem trouxe com ele quando veio
para comer minha mulher na nossa cama.

Jenny assentiu com tristeza. Ela ainda não podia


acreditar que sua melhor amiga tinha uma vida secreta.
Chloe nunca dissera uma palavra com ela sobre outro
homem. Não era tão incomum. Afinal, era irmã do seu
marido. Mesmo as melhores pessoas cometem erros, sua avó
sempre disse.

— Se ele vinha enquanto você estava no trabalho, então


deve ser um homem local.

Jenny pegou sua bolsa e escavou através de seu


conteúdo até que encontrou um bloco de papel e uma caneta.

— Talvez ele comprou o vinho local, também. Posso


verificar a loja de vinhos a caminho de casa e ver o que posso
descobrir.

— Casa? ― Joey perguntou, levantando a sobrancelha.


— Você ainda está em casa, então?

— Não, em outro lugar.

Joey olhou para ela, confuso.

— A cabana de Roy. Ele gentilmente ofereceu para nós


por um tempo. Esperamos que o chefe dos bombeiros ligue e
nos avise quando pudermos fazer algo sobre sua casa.

Joey soltou um assobio baixo.

— É assim?

— Sua filha vai ficar lá também. Não é nada assim ― ela


mentiu. ― É puramente platônico, não se preocupe.

— Parece bastante confortável para mim.

Ele deu-lhe um rápido meio sorriso antes de retornar a


uma carranca.

— Confira a loja de vinhos e veja o que você pode


descobrir sobre a garrafa azul. Se você se lembra da loja,
sabe que é um lugar minúsculo. Se o vinho já esteve no
estoque lá, Lawrence, que é o dono agora, será capaz de lhe
dizer exatamente quem o comprou. E agradeça por mim.

— Vou fazer.

Jenny olhou para o som da porta da cela ser


desbloqueada. Ela colocou a mão entre as grades e segurou a
mão do seu irmão mais novo firmemente dentro da sua.
— Vai ficar tudo bem, Joey. Eu prometo. ― ela murmurou
novamente antes de ser escoltada para fora.
Capítulo 18
Jenny sentiu como se um peso fosse tirado de seu peito
quando deixou seu irmão. Sua conversa foi mais suave do
que imaginara. Talvez eles estivem voltando a se entender.

Ela fez questão de parar na porta do escritório do Chefe


Cartright, apesar das afirmações da atendente de que ele
estava muito ocupado para falar com ela novamente. Jenny o
encontrou à janela, de costas para a porta, como se estivesse
olhando para algo. Ela bateu suavemente na porta de
madeira. Teve que sorrir quando ele olhou surpreso ao
encontrá-la lá.

— Eu estou indo, Chefe. Obrigado por me deixar entrar


para ver o meu irmão. Tivemos uma boa conversa.

— Espero que você saiba que seu irmão é um criminoso e


um vigarista. Nós o encontramos na cena do crime com seu
uniforme de serviço encharcado de sangue. Foi a polícia dele
que o entregou. Você não pode ignorar a evidência.

— Eu gosto de pensar que um homem é inocente até


provarem o contrário.

— Quando um homem tem a culpa escrita nele, você tem


que encarar a realidade, Srta. Dale. Joey vai para a prisão.
Essa é a sua história de vida.

— Nós vamos ter que ver sobre isso. ― Jenny disse


enquanto se afastava de seu escritório.

De repente, ela desejou em não ter pensado em parar.

O Chefe Cartright estava certo. A evidência apontava para


seu irmão, e a menos que pudessem encontrar algo novo, ele
passaria o resto de sua vida atrás das grades.

Jenny desbloqueou o carro e se sentou no interior. Ela


tentou se acalmar. O Chefe Cartright era um teimoso com
um pau muito grande enfiado no rabo. Ele obviamente queria
afastar Joey. Isso explicaria por que não estava disposto a
considerar a sua inocência.

Olhou de volta para o prédio da polícia. Para sua


surpresa, o chefe Cartright estava ameaçadoramente parado
nos degraus. Ela odiava seus olhos maliciosos. Havia algo
inquietante sobre eles. Faziam seu estômago revirar.

Quando ligou o motor do Neon, ele levantou a mão e


acenou lentamente.

Roy estava ajudando Isabelle a cortar lenha quando


ouviu o telefone tocar dentro da cabana.

Ele a fez prometer que ela não iria mexer em nada


enquanto corria para dentro, desesperado para não perder a
chamada. Chegou bem na hora.

— Olá.

— Roy?

O sinal até à beira do lago não era o melhor.

— É o Adam Miller. Do corpo de bombeiros.

Roy segurou o telefone mais apertado.

— Sim. Terminou sua investigação? ― Roy perguntou. ―


O que você descobriu sobre a garrafa?

— Bem, você estava certo. Foi definitivamente um


coquetel Molotov que começou o incêndio. Estou convencido
de que o incendiário esperava que a casa queimasse inteira e
assim destruiria qualquer evidência do assassinato de Chloe
Dale.

— Exatamente o que eu estava pensando ― Roy


concordou.

Lançou um olhar cauteloso para fora para ver se Isabelle


estava se comportando. Ela se sentou sobre o tronco
enquanto o cão deitou a cabeça em seu colo. Eles certamente
tornaram-se um par.
— Ainda estou fazendo alguns testes no laboratório. Não
posso dizer com certeza que o acelerador foi usado, mas acho
que é óleo de motor. Tem um cheiro único. Chamarei de volta
com os resultados, mas sei que é na garrafa de vinho azul
que estava mais interessado quando nos falamos pela última
vez.

— Sim. Então é definitivamente uma garrafa de vinho,


então?

— Parece ser de uma marca cara. Em vez de um rótulo de


papel, esta garrafa tinha a palavra vinho gravado no vidro.
Felizmente, conseguimos encontrar o fragmento com texto
nele. Ele ajudou a identificar a marca. É chamado Rosaceae.

— Isso é uma boa notícia. Encontrou mais alguma coisa?

— Nós ainda estamos trabalhando nisso. Não é como a


televisão mostra, onde está tudo feito e descoberto em meia
hora. Sabia que você estava ansioso por notícias, então liguei
com o que temos até agora.

Roy pensou que podia sentir alguma dúvida na voz do


Miller.

— Você não pode contar a ninguém que te dei esta


informação, certo? Tínhamos um acordo. Espero que
mantenha sua palavra.

— Claro, chefe. Eu não vou soltar uma palavra.

Roy assentiu com a cabeça, mesmo que o chefe não


pudesse ver.

— Eu vou levar aquela garrafa de uísque 40 anos ou mais


em um dia ou dois. Você vai adorar, eu juro.

— Você é um bom homem, Roy Peters.

— Você também, Adam. Obrigado por ligar.


Capítulo 19
A loja de bebidas de Ombrea foi mais difícil de encontrar
do que Jenny se lembrava. Ela dirigiu duas vezes na mesma
rua que pensou que a loja estava, mas não havia sinal dela.
Não podia pedir aos moradores informação, pois toda a
cidade pensaria que era uma bêbada desesperada para
encontrar a loja de bebidas em uma tarde de dia de semana.

Ela riu para si mesma. Este lugar é tão previsível.

Frustrada, virou no final da rua. Teria que dar outra volta


para ver se podia achá-la desta vez. A loja tinha um pequeno
sinal vermelho escondido na vitrine, e era muito difícil de
conduzir e olhar entre as outras vitrines de loja ao mesmo
tempo.

Estacionou o carro mais a frente. Talvez a pesquisa fosse


melhor a pé. Enfiou na sua bolsa o seu bloco de notas e
caneta, trancou o carro com segurança atrás dela.

Jenny manteve os olhos nas vitrines das lojas enquanto


caminhava no quarteirão. Ignorou os olhares das pessoas,
sua mente focada. Achou que podia ver a placa vermelha em
frente entre a floricultura e o escritório de um advogado.

Uma mão de repente tocou o seu braço e Jenny se virou


com a guarda levantada. Seu humor suavizou quando
encontrou Norma diante dela com os braços cheios de sacolas
de compras.

— Oh, desculpe-me ter assustado você, querida. ― o


sorriso de norma foi fraco. ― Eu só queria dizer olá e ver
como vão as coisas. Como está Isabelle?

— Bem, obrigado. Ela está lidando com tudo muito bem.

— Bom, diga olá para ela por mim?

Norma esperou até Jenny assentisse com a cabeça.

— Obrigado. Onde vocês duas estão ficando agora? O


Best Western?

— Não, estamos com um amigo.

Embora Jenny confiasse em Norma, ela achou melhor


manter o básico.

— Alguém foi legal o suficiente para nos hospedar por


algumas noites enquanto nós descobrimos esta coisa toda.

— Sim. Foi muito desagradável, não é? ― Norma acenou


pensativamente. ― Estou tão feliz que ambas estão seguras.

— Eu também ― Jenny disse honestamente. ― Mas se


você não se importa, é melhor eu ir andando. Eu tenho
algumas coisas para fazer antes de voltar.

— Claro, querida, entendo que esteja bem ocupada agora.


Norma fez uma pausa. Ela parecia um pouco insegura.

— Você sabe, você e a Isabelle serão sempre bem-vindas


para vir tomar uma xícara de chá ou comer algo. Estou
sempre em casa.

Jenny estava emocionada. Desde que chegou em Ombrea,


Norma foi a única pessoa que estendera a mão da amizade
para ela. Foi um gesto muito doce.

— É claro. Eu vou ter certeza de que podemos ir no dia


seguinte ou no outro, ok?

Norma assentiu com a cabeça, seu sorriso mais largo.

— Seria maravilhoso. É melhor eu seguir meu caminho.

— Absolutamente. Até logo, querida.

Norma continuou a descer pela rua. Jenny fez uma


anotação mental para aceitar seu convite. Ela tinha certeza
de que Isabelle iria adorar ver sua velha amiga.

Estava prestes a entrar na loja de bebidas, quando viu


alguém a frente. Ela estava no meio do quarteirão, mas
rapidamente foi para baixo do toldo de uma loja próxima para
ficar fora da vista.

O Chefe Cartright parou na porta da loja de bebidas, com


um saco de papel marrom na mão... Ele olhou para cima e
para baixo na rua como se estivesse procurando alguém. Ela
se mudou para mais perto, embaixo da marquise, seu
coração acelerado uma milha por minuto. Parecia que ele não
a tinha visto porque começou a subir a rua longe dela, o saco
balançando na mão.

Jenny permaneceu por mais dois minutos em seu


esconderijo antes de sair para a calçada. Ela não esperava ver
o Chefe Cartright tão cedo, especialmente não na própria loja
onde iria para obter algumas respostas sobre o caso. Se ele
estivesse tão ocupado quanto sua atendente insistiu que era,
não teria tempo para fazer uma parada na loja de bebidas.
Ela sabia que ele era solteiro. Alguém tinha mencionado isso
de passagem no velório.

Seria o Chefe Cartright o homem misterioso da Chloe?


Ele era mais velho do que ela, mas isso não quer dizer muito
hoje em dia. Ele era bonito à sua maneira. Um pouco sério
demais para o seu gosto. Não achava que fosse o tipo de
Chloe também, mas não há explicação para gosto, como
dizem. Talvez Chloe tivesse gostado do Chefe.

Ela desejou ter visto o que ele tinha no saco.

Quando Jenny entrou na loja de bebidas, achou ser


bastante escura e empoeirada. Parecia exatamente do mesmo
jeito que da última vez em que esteve lá. E isso foi há muito
tempo.

Havia apenas três ou quatro pequenas prateleiras e um


refrigerador velho na parede lateral, abastecido com bebidas
refrigeradas. Era um muquifo comparado às lojas de bebidas
grandes que ela tinha encontrado em Nova York. Lá, você
poderia encontrar uma aberta a qualquer hora e apenas um
par de minutos não importando onde estivesse. Em Ombrea,
se você perdesse o horário de funcionamento, não teria
escolha, esperaria até o dia seguinte.

O velho sino acima da porta tocou quando ela entrou na


loja. Uma cortina plástica azul, brega, sacudiu atrás do
balcão quando um homem mais velho carregando um jornal,
passou. Ele colocou o jornal em cima do balcão e limpou os
óculos antes de empurrá-los em seu rosto para olhar melhor
para ela. Estava claro que sabia quem Jenny era, mas ele deu
um breve aceno e a deixou fazer suas compras em paz.

Jenny começou a procurar a garrafa de vinho azul.


Vasculhou cada prateleira na loja, no caso de ter sido
extraviada, mas não importava o quão bem olhasse, não
achou a garrafa azul, sem evidência de sua presença. Olhou
o cooler, puxando para frente algumas garrafas para verificar
atrás, tinha certeza de que iria encontrá-la lá! A outra opção
era falar com o dono da loja e ver o que ele sabia sobre isso.

Ele olhou curiosamente quando ela se aproximou,


olhando para as suas mãos procurando qualquer sinal de
uma compra. Quando ficou claro que tinham que falar, ele
deixou o seu jornal de lado e colocou as mãos em cima do
balcão.

— Sim, Srta. Dale, como posso ajudá-la hoje?


Ele a pegou de surpresa.

— Você sabe quem eu sou.

— Todo mundo nesta cidade sabe quem você é. Seu


irmão é Joey Dale.

— Sim.

Jenny se sentiu desconfortável dentro da loja. Ela queria


sair para respirar ar fresco. Respirou profundamente para se
acalmar. Tinha um trabalho a fazer

— Você o conhece, então?

— Ele é um bom homem, seu irmão. Joey fez alguns


trabalhos estranhos para mim na época que estava
economizando para esse casamento rápido dele.

O velho sorriu.

— Amor jovem lança uma bola curva estranha de vez em


quando.

— É verdade.

De repente Jenny se sentiu mais à vontade. Ele não era


como os outros que fofocavam e a olhavam como se ela fosse
um animal no zoológico. Talvez isso fosses uma tarefa mais
fácil do que pensava.

— Gostaria de saber se você pode me ajudar. Eu estou


procurando uma garrafa muito específica de vinho.
— Você está procurando por uma determinada marca ou
variedade? ― Ele perguntou.

— Uma marca específica. Chloe tinha uma garrafa de


vinho na sua geladeira, e tinha um sabor tão doce e
refrescante.

Ela sabia exatamente como tinha que fazer isto.

— Acho que ela deve ter pegado na cidade enquanto fazia


compras. Eu estava esperando comprar outra para esta noite.

— Ok. ― o velho saiu de trás do balcão e seguiu para a


sua seleção de vinhos. ― Branco ou tinto?

— Foi um vinho branco.

— Lembra o nome?

Jenny se amaldiçoou por não ter anotado.

Ela deu de ombros.

— Não, infelizmente. Joguei a garrafa vazia no lixo, sem


mesmo pensar nisso. Desculpa. Mas há uma coisa muito
distinta sobre ela.

— Vá em frente. O que é? Aposto que eu tenho aqui em


algum lugar.

— Era uma garrafa azul.

Ela manteve os olhos fixos sobre o velho. E Jenny estava


feliz por isso, porque notou um salto perceptível em surpresa.
Seus olhos se arregalaram por um breve momento antes dele
começar a se recompor. Ele balançou a cabeça rapidamente.

— Eu sei qual vinho que você quer dizer, mas não o


vendo aqui. Eu não acho que já tenha tido ele no meu
estoque.

Ele forçou um sorriso para o benefício dela.

— Ela deve ter pegado em outro lugar, ou talvez um


amigo lhe deu.

Jenny estava sentindo que algo estava acontecendo.


Duas dessas garrafas azuis apareceram nos últimos cinco
dias. Parecia improvável que alguém estivesse fazendo uma
viagem até a cidade apenas para pegar um pouco de vinho.

— Tem certeza de que você não tem nenhum lá atrás?

Jenny o seguiu enquanto ele corria de volta ao balcão,


claramente desconfortável com sua linha de questionamento.

— Ou eu poderia encomendar de outra loja para ser


entregue aqui?

— Aqui não é Nova York, Srta. Dale ― latiu, seu bom


humor evaporando dos seus olhos. ― É melhor você recolher
suas coisas e sair. Você não encontrará o seu vinho aqui.

Ele desapareceu atrás da cortina de plástico e ela ficou


desanimada por um momento. Algo não estava certo sobre
isso, e apostava que tinha algo a ver com o Chefe Cartright.
Capítulo 20
Roy saiu da cabana, quando viu Jenny chegando. Ele
passou a manhã inteira com Isabelle e depois a mandou para
a cama para tirar uma soneca. Apesar de suas queixas
iniciais, ela adormeceu rápido, dentro de apenas alguns
minutos. A vida na cabana estava lhe fazendo bem.

Ele acenou para Jenny quando saiu do carro. Quando ela


se aproximou, pôde sentir que as coisas não foram de acordo
com o plano.

— Bem, como é que foi? ― ele perguntou suavemente ―


Você o viu?

— Ah, vi sim, e Joey está bem. Tivemos uma boa


conversa.

Ela sorriu com gratidão. Roy estava feliz de que Jenny


teve uma boa conversa com seu irmão e que eles sem dúvida
consertaram pontes que foram quebradas por um tempo
muito longo.

— Isso é ótimo. Você não demorou muito.

— Eu só estava autorizada por uma hora.

— Bem, sabíamos que ele não tornaria isso mais fácil.


— Acho que ele é mais esperto do que nós acreditávamos.

Jenny enganchou seu braço em Roy e levou-o até o lago.

Era meio tarde, e o ar estava começando a esfriar. Os


dias de verão em breve estariam acabando, e o outono iria
começar.

— O que a fez dizer isso? ― ele perguntou.

— Quando eu estava saindo da estação, ele ficou do lado


de fora e acenou um adeus. Foi estranho. Parecia como uma
ameaça. Como se estivesse me avisando que ficaria de olho
em mim.

— Ele está apenas tentando intimidá-la. O chefe tem


medo, porque não sabe se nós temos alguma evidência real
para auxiliar contra a prisão indevida de Joey. E se temos
alguma coisa, ele não tem ideia do que é.

Jenny estava contente de ter Roy ao lado dela. Ele tinha


um jeitinho especial para deixá-la à vontade.

— Então o que aconteceu depois que você saiu da


estação? ― Roy disse, estimulando-a a continuar.

— Eu fui à loja de bebidas locais. Eu queria saber mais


sobre a garrafa de vinho azul usada no fogo.

Roy, de repente, tornou-se tenso.

— Eu vi Cartright saindo da loja quando eu estava


chegando. Ele tinha uma sacola de bebidas em sua mão e
olhou ao redor, como se não quesesse ser visto e então subiu
a rua até seu carro.

— Rosaceae. ― Roy murmurou.

— O que é isso?

— O nome do vinho da garrafa azul.

Roy assentiu com a cabeça quando ela parou para olhar


seu rosto, a mão dela apertou firmemente em torno do biceps
grossos.

— É uma família de rosas. Chefe Miller dos bombeiros


Ombrea ligou enquanto você estava fora. Ele estava checando
os fragmentos de vidro azul da cena do crime, e bateram com
esse vinho.

— Isso é boa notícia. Exceto ― ela fez uma pausa ―


quando entrei na loja, o proprietário foi super amigável e útil
até que mencionei o vinho da garrafa azul. Em seguida,
tornou-se agitado e senti como se ele me quisesse fora dali.
Ele disse que nunca teve estoque desse vinho.

— Esse é um comportamento estranho para Lawrence.


Ele está sempre disposto a pedir alguma coisa que não tenha
em mãos.

— Perguntei-lhe se eu poderia fazer isso. Ele gritou


comigo que isto não era Nova York, e que se eu quisesse
vinho como aquele deveria sair da cidade imediatamente.
Roy franziu a testa.

— E você diz que chefe Cartright tinha estado lá apenas


alguns minutos antes de você chegar?

— Ele estava saindo quando cheguei. Por quê? Você acha


que ele poderia ter dito alguma coisa?

— Será que ele intimidou Lawrence a mentir? ― Roy


disse. ― Eu acho que ele é capaz de fazer isso. Só sei que o
chefe está envolvido de alguma forma. Nós só precisamos
descobrir como.

— Como vamos fazer isso? ― Jenny perguntou quando


continuaram sua caminhada. ― Poderíamos procurar na casa
dele para ver se conseguimos encontrar uma garrafa de vinho
similar? Mas corremos o risco de sermos acusados de
arrombamento.

Roy abanou a cabeça.

— Temos que voltar para o começo e descobrir o que


poderíamos ter perdido.

— A cena do crime? A casa está um desastre, Roy. Não é


seguro voltar lá.

— Apenas o piso térreo foi danificado ― Roy lembrou-lhe.


― O segundo andar ainda está de pé e estava em condições
relativamente boas quando estive lá. Vou explicar para Adam
Miller, mas não vejo isso como um problema enquanto eu
deixo as coisas como elas estão.
— Mas você já disse que não havia muito para ver.

— Não havia, mas eu poderia ter perdido alguma coisa.

De maneira alguma conseguiria que Roy desistisse. Ele ia


procurar naquele quarto principal até encontrar algo.

— Eu tenho que fazer isso, Jenny.

Deus, ela o queria naquele momento. Sua determinação e


sua paixão a assustavam. Após sua discussão esta manhã,
ela sabia que não podia fazer um movimento, mas isso não
quer dizer que Jenny não estaria em cima dele se Roy
começasse alguma coisa.

— Ok, mas você tem que ter cuidado.

— É claro.

Ele soltou seu braço para curvar-se e pegar uma


pedrinha lisa e brilhante na praia. Roy se levantou e a deixou
escorregar sobre a água. A superfície ondulou quando a
pedra saltou em direção ao horizonte e eventualmente se
afundou nas profundezas geladas do lago.

— Estarei de volta antes que você perceba.

— É melhor que esteja.

Jenny estendeu a mão e beijou Roy no rosto, sua barba


incipiente arranhando seus lábios macios. Ela mudou sua
mão para a parte inferior das costas e massageou-lhe
carinhosamente. Por um longo instante, pensou que
cometera um erro horrível. Ele não se moveu ou falou.

Finalmente, ele estendeu a mão para encontrar a mão


dela. Ela sentiu uma profunda sensação de alívio quando Roy
a segurou com força na sua. Parecia que superaram sua
discordância no início do dia. Talvez isso fosse para algum
lugar depois de tudo.
Capítulo 21
Jenny assistiu da janela da cozinha quando Isabelle se
despediu de Roy no deck. Isabelle gostara muito dele e Jenny
estava agradecida por isso. Roy era um bom homem, e ele
entrara em suas vidas na hora certa.

Quando a caminhonete de Roy estava fora de vista, Jenny


continuou a assistir Isabelle, que permaneceu no deck, com o
cachorro de Roy ao seu lado.

Isabelle acariciou a cabeça do cachorro e levou-o até o


lago. A luz começava a diminuir, mas nem a criança nem o
cão tinham a intenção de ir para dentro da cabana ainda.

Fazia pouco tempo que Roy permitira a presença do


cachorro dentro de sua casa. Ele tomou sua decisão,
salientando que as noites foram se tornando mais frias e que
não queria ela tremendo de frio do lado de fora toda a noite.
Isabelle estava deslumbrada.

Jenny sentiu um aperto no coração. Ela amava aquela


garotinha. Era inevitável. Isabelle era adorável.

Jenny estava achando cada vez mais difícil pensar sobre


sua sobrinha longe de sua vida em Ombrea. Ela estava feliz
aqui, com Norma e Roy e sua fiel amiga de quatro patas para
apoiá-la. E a liberdade do ar livre era algo que Jenny não
poderia fornecer na cidade.

Pelo menos, ela pensou que se pudessem provar a


inocência de Joey, Isabelle não teria que se mudar. Ela
poderia voltar a viver com seu pai, e sua vida, na maior parte,
seria como era antes. Isabelle teria que aprender a viver com
a perda de sua mãe, mas Jenny sabia por experiência que o
tempo ajudaria a curar essas feridas. E Jenny estaria lá para
Isabelle. Ela teria um monte de tempo perdido para
compensar.

Jenny chorou. Eram dias difíceis, e estava desesperada


por uma resolução. Estava com saudades de casa. Sentia
falta de sua vida, seu trabalho e a liberdade de uma vida
solitária.

Estava em sua cidade natal, ao longo dos últimos dias,


reconhecendo suas desvantagens, mas permitindo-se a ver a
bondade nela também. Roy, Isabelle, Norma e agora, depois
de tantos anos, ela tinha seu irmão de volta.

Pensar sobre Roy acelerou seu coração. Desde que ele


tomou sua mão no lago, sentiu como se estivesse flutuando
em uma nuvem. Ela desejou que não tivesse acabado.
Roy estacionou na frente da casa de Dale quando estava
anoitecendo. Ele fez questão de visitar Norma no caminho,
então a mulher idosa não chamaria a polícia, quando ela
visse alguém bisbilhotando em torno da casa.

Ele arrumou uma lanterna e uma de reserva. Se o


exército havia lhe ensinado alguma coisa, era para estar
preparado.

Roy analisou a propriedade mas não viu nenhum sinal de


outro veículo. Ele abriu o portão lentamente, o ranger da
velha madeira ecoou no silêncio da noite, e então a fechou
silenciosamente atrás dele. Se ele fosse seguido, o velho
portão iria alertá-lo sobre o intruso.

Roy atravessou o jardim e pisou na varanda antiga. Ele


fez uma pausa, ciente de que as sombras do jardim
esconderiam facilmente alguém que poderia ter vindo antes
dele.

Satisfeito por ele estava sozinho, puxou a fita amarela da


cenas do crime e localizou o cadeado que trancava
temporariamente a porta da frente. Adam tinha-lhe dado a
chave com a promessa de que ele devolveria amanhã. Ele
estava arriscando o seu emprego, mas Roy era um homem
confiável e Adam acreditava que Roy a devolveria sob seu
capacho quando acordasse.

Roy fechou a porta improvisada firmemente atrás dele. A


casa estava em um silêncio mortal, o cheiro forte de fumaça
molhada era difícil de suportar. Ele levantou a manga da
camisa para cobrir seu nariz, enquanto dava uma olhada ao
redor. Com a lanterna, iluminou o chão, com cuidado para
ver onde estava pisando. O chão estava cheio de fuligem e
detritos, e ele fez o seu melhor para evitar pisar em qualquer
coisa mais afiada que tivesse caido através de um buraco no
assoalho danificado.

Roy subiu com cuidado a escada, esforçando-se para não


fazer muito barulho. Ele usou o feixe de lanterna para
escanear o patamar no andar de cima enquanto subia. Se
alguém estivesse esperando no topo, queria saber de
antemão.

O cheiro da fumaça era menos intenso no corredor lá em


cima, permitindo Roy soltar a manga de seu rosto e manter
sua mão extra sobre o canivete suíço, que ele tinha guardado
em seu cinto.

Roy sabia o caminho para o quarto principal e foi para lá


imediatamente, seus passos pesados abafados pelo tapete do
corredor. Ele empurrou a porta aberta e usou sua lanterna
para iluminar o quarto. Se alguém estivesse na casa antes
dele, não mudaram nada, não que ele pudesse ver, de
qualquer forma.
Roy começou a trabalhar rapidamente. Ele checou o
guarda-roupa e a cômoda, puxando tudo de lado em busca de
qualquer coisa que pudesse levá-los à identidade do
assassino. Tudo o que apareceu foi um bilhete de loteria do
sorteio das últimas semanas. A assinatura de Joey fora
rabiscada ao longo do fundo. Faria muito bem a ele ganhar
na loteria agora.

Ele examinou o carpete, tomando cuidado para contornar


a mancha de sangue ainda olhando intensamente para ela.
Ele vira muitas baixas no exército, mas a visão de sangue
ainda o fazia recuar e seu estômago se revirar. Nada se
destacava do que não notara antes.

Roy caiu de joelhos ao lado da cama onde não tinha


sangue. Deitou-se de bruços e iluminou sob a cama. Ele
virou de lado para poder dirigir a luz em direção ao final da
cama.

Foi quando ele viu. Roy reconheceu o distintivo dos


serviços de polícia Ombrea imediatamente. Não querendo
adulterar as provas, ele vasculhou no bolso até que
encontrou um lenço branco e limpo. Estendeu a mão,
envolveu o distintivo no lenço e puxou-o cuidadosamente
para fora.

Roy moveu o distintivo na palma de uma das mãos e


iluminou a parte de baixo. O número era claramente visível.
Não era o distintivo de Joey, sabia com certeza. Ele sabia o
número do seu parceiro bem como sabia o dele próprio.
Colocou as novas provas suavemente na mesa de
cabeceira enquanto fez uma nova varredura debaixo da cama.
Não parecia haver mais nada lá.

Se ele fosse um apostador, diria que o que acabara de


encontrar pertencia ao Chefe Cartright. Poderia ter caído
quando ele estava se despindo para uma transa na cama com
Chloe ou talvez durante a luta no dia em que ela foi morta.

O chefe Cartright não voltara para encontrar seu


distintivo porque ele já havia prendido Joey pelo crime. As
pessoas confiavam no chefe. Roy e Joey, com seus passados
coloridos em Ombrea, tinham pouca credibilidade em relação
ao ex-Cidadão do Ano de Ombrea.

Este distintivo era tão bom como a arma do crime. Chefe


Cartright estava afundando.
Capítulo 22
Quando Roy pisou lá fora, pensou que sentiu algo
estranho no vento.

Ele fechou o cadeado da porta improvisada atrás dele e


colocou a chave no bolso de trás da calça jeans para manter
seguro.

Escuridão se espalhara enquanto ele estava na casa. Roy


manteve sua lanterna firme no chão quando caiu fora da
varanda de madeira e caminhou pelo trajeto torto do jardim.
Ele fez uma pausa de repente.

O portão do jardim, seu sistema de alarme confiável,


estava bem aberto. O portão balançava ao vento, mas ele não
tinha ouvido ranger quando foi aberto. Roy amaldiçoou a si
mesmo por não ter sido mais consciente. Ele não poderia
dizer com certeza se o portão tinha simplesmente aberto
sozinho ou se alguém tinha empurrado para entrar na
propriedade. E tinha certeza de que não queria descobrir.

Roy se virou para olhar a casa atrás dele. Ele não viu
ninguém. E não queria ficar mais tempo do que precisava.
Ele tinha o que precisava para a investigação. Roy precisava
dar o fora dali.
Cortou caminho pelo jardim e andou rapidamente para a
sua caminhonete. Ele ainda tinha o distintivo embrulhado em
uma das mãos, então segurou a lanterna entre os dentes
enquanto caçava pelas chaves do caminhonete. Quase que
suas chaves caíram do bolso quando ele viu algo brilhando
no chão ao lado de sua caminhonete.

Ele desistiu de sua busca por um momento para se


abaixar até se ajoelhar. Pegou a lanterna da sua boca e
iluminou o objeto brilhante.

Não demorou muito para encontrar os cacos de vidro. Ele


se levantou rapidamente, olhando sua caminhonete
procurando por danos. Com certeza, a janela traseira do lado
direito foi aberta. Alguém usara o tempo que passara dentro
da casa para vasculhar de ponta a ponto seu veículo.

— Droga ― ele murmurou.

Não havia nada que valesse a pena roubar dentro da


caminhonete, além de algumas ferramentas e algumas
moedas de reposição para o café. Ele duvidou que quem tinha
quebrado levara algo de real valor.

Um velho amigo do exército tinha incutido nele a


necessidade de sempre checar seu veículo se ele parecia
adulterado, então Roy caiu de joelhos e checou o trem de
pouso com a lanterna. Em seguida, ele levantou o capô e
verificou o motor para ver se fora adulterado. Nada parecia
fora do lugar, tanto quanto ele podia dizer. Seria seguro
dirigir de volta para a cabana, no mínimo.

Roy olhou para casa mais uma vez. Na quietude da noite,


era estranhamente assombroso. Ele subiu na caminhonete e
bateu a porta atrás dele, esticou-se para colocar o pacote
contendo o distintivo dentro do seu porta-luvas onde estaria
seguro até ele poder mostrar para Jenny.

Roy já estava elaborando um plano. E Jenny seria uma


parte importante desse plano.

Quando ele ligou o carro, viu uma figura se retirar


quando foi iluminado pelos faróis, acelerando seu ritmo para
escapar da vista.

Roy alcançou a parte de trás do caminhonete e encontrou


seu blusão preto. Ele vestiu, fechando até o topo. Em
seguida, desbloqueou o porta-luvas e alcançou o distintivo de
polícia. Ele abriu o ziper de um dos bolsos da frente do
casaco e guardou o pacote para não cair ou ser perdido na
perseguição.

A figura teve uma vantagem decente sobre ele. Roy correu


pela terra e entrou na cobertura dos densos bosques que
circundavam a propriedade de Dale. Ele estava bastante
familiarizado com a terra ao redor da casa e perseguiu a rota
do intruso com base nesse conhecimento. Empurrou galhos
que chicoteavam seu rosto e corpo.

Em algum lugar à frente, uma criatura noturna gritou.


Roy entendeu como um sinal de que o animal havia se
assustado e se virou para o barulho. Não demorou muito
para ouvir a batida de passos através da vegetação rasteira
na encosta alguns metros à frente dele.

Roy sabia que deveria estar ganhando do outro homem.


O barulho de passos e galhos estalando ficava mais alto
enquanto ele corria para a esquerda. Roy conseguia
distinguir os sons fracos da água correndo pelo riacho à sua
direita. Ele estava mais ao longo da propriedade Dale do que
pensava.

Uma raiz retorcida pegou-o de surpresa e ele perdeu o


equilíbrio. O declive ainda escorregadio da chuva da noite
anterior fez com que seus pés saíssem de debaixo dele. Ele
estendeu a mão freneticamente em busca de algo para
segurar, mas cada ramo que encontrou era muito frágil para
segurar seu peso. Ele não tinha outra escolha senão bater no
chão com força. Roy gritou de dor, suas costas doendo
enquanto estava deitado no chão frio e úmido. Seu tornozelo
direito latejava onde tropeçara na raiz.

Ele se atrapalhou com o bolso do casaco e encontrou o


distintivo ainda escondido em segurança.

Ele ainda podia ouvir o movimento à sua frente, mas


estava se tornando mais distante. O estranho estava fugindo.

Roy lutou para se sentar. Ele amaldiçoou em voz baixa


enquanto suas costas rugiam de dor. Esfregou o tornozelo
com as duas mãos. Já tinha começado a inchar, mas não
achou que estivesse quebrado. Ele ficou de pé na escuridão e
se preparou para a longa e dolorosa caminhada de volta para
sua caminhonete.

Jenny olhou ansiosamente o relógio mais uma vez.

Era muito tarde. Ela pensou que Roy já deveria estar de


volta há muito tempo. Não esperava que ele encontrasse algo
útil, mas não lhe disse isso. Ele era muito mais positivo do
que ela sobre as chances de resolver esse mistério.

Jenny colocara Isabelle na cama há uma hora. O


cachorro foi inflexível em dormir ao pé da cama, seu peso
prendendo os pés de Isabelle ao colchão. Jenny não teve
coragem de desencorajar isso.

— Vamos lá, Roy ― ela murmurou baixinho quando


puxou a cortina da cozinha e olhou para o lago. ― Onde você
está?

A cabana à noite estava estranha sem sua presença. Ela


desejou que eles tivessem tido o bom senso de deixar Isabelle
com Norma pela noite. Se algo desse errado, ela poderia
ajudar sem precisar se preocupar com a sobrinha.

E se Isabelle estivesse com Norma e Roy voltasse de mãos


vazias e sem incidentes, ela poderia pensar em algumas
coisas que poderiam fazer sozinhos na cabana.

Ela o imaginou tomando-a de novo como ele fez da última


vez, só que mais brincalhão dessa vez. Jenny o deixaria se
divertir com ela, brincar mesmo. Ela ficaria de joelhos na
frente dele e rastejaria pela cama para longe dele,
provocando-o.

— Venha me pegar ― ela diria, balançando a bunda da


esquerda para a direita e tentando-o a mover seu enorme eixo
dentro dela.

Ela amava a sensação dele gozando dentro dela. Jenny


não conseguia tirar essa lembrança da memória desde que
acontecera. Era uma coisa louca para fazer, sabia disso, mas
não se importava.

Se algo acontecesse, se ele a engravidasse, significaria


apenas que era para ser. Foi a vontade de Deus. Isso é o que
dizia a si mesma, imaginando-o gozando dentro dela
novamente.

Ela amava a umidade nela. A bagunça. A animalidade


crua disso. Seu sêmen se derramando em sua vagina,
enchendo seu útero, penetrando profundamente em seu
corpo, indo para lugares onde seu vestigio nunca poderia ser
totalmente apagado novamente.

Ela se imaginou segurando seu pênis apertado em sua


mão e lambendo-o como um pirulito. Jenny gostaria de
colocá-lo de costas para que pudesse lamber seu pênis, mas
não chupá-lo. Apenas lamber, tomando seu tempo, brincando
com ele, forçando-o a chegar lentamente ao ponto onde não
havia retorno, e então, quando chegasse a hora, deixaria que
ele gozasse em seu rosto. A perversidade do pensamento a
excitou.

Ela também se imaginou sentando em seu rosto. Jenny


não tinha certeza se seria confiante o suficiente para fazer
isso na vida real, mas em sua mente, o pensamento de sentar
em seu rosto e esfregar sua boceta molhada por toda sua
boca a deixava selvagem. Ela jorraria em seu rosto, pingando
em cima dele, e ele beberia seus sucos e imploraria por mais.

Então ela se inclinaria para frente, sobre seu pênis, e


faria um sessenta e nove até que ele gozasse em sua boca.
Engoliria cada gota.

Ela também o imaginou deitado em suas costas, seu


pênis se projetando como um poste, e então Jenny se
agacharia e sentaria nele. Só que, em vez de permitir que ele
se movesse em sua vagina molhada e trêmula, ela se
posicionaria de modo que fosse seu ânus que aterrissasse na
ponta de seu pênis. Jenny ficaria toda lubrificada e Roy a
penetraria, empalando-a com tal sensação de prazer que
alcançaria o orgasmo apenas pela sensação de seu pênis se
movendo para dentro e para fora de seu ânus.

Usando seus músculos da coxa, Jenny subiria e desceria


em seu pau, fazendo com que ele transasse com ela
exatamente no ritmo e velocidade de sua escolha. E enquanto
ela balançava para cima e para baixo, Roy a olharia e a
observaria atingir o ponto máximo, sua bocetinha
esguichando o orgasmo bem na frente dele e derramando-se
em sua barriga.

Ela ficou excitada e incomoda apenas fantasiando sobre


todas as coisas sujas e safadas que queria fazer com ele. Por
muito tempo, pensou em si mesma como uma boa menina. A
verdade era que era má e tinha fantasias muito desobedientes
que ansiava por tornar realidade.

Um movimento repentino do lado de fora da janela


chamou sua atenção. Ela pressionou as palmas das mãos na
bancada de madeira enquanto se inclinava para frente para
ver melhor. Jenny procurou na área por qualquer sinal do
que tinha sido. Só então ela viu uma figura fantasmagórica se
movendo ao longo da linha das árvores. Observou a figura se
mover dentro da cobertura das árvores. Quem quer que fosse,
não queria ser visto.

De repente, o intruso parou e olhou para a casa. Ele


sabia que ela podia vê-lo. Jenny afundou de volta,
escondendo-se de vista. O que faria?. E se essa pessoa fosse
uma ameaça para ela e Isabelle?

Quando ela se atreveu a se inclinar para frente


novamente, descobriu que a figura ainda estava vigiando a
casa. A figura olhou diretamente para a cabana. Ela não
podia ter certeza de que era um homem, mas tinha a
sensação de que era. E parecia que ele a conhecia. Seu corpo
começou a tremer apesar do calor do fogo na sala de estar.
Ela desejou que Roy voltasse para casa.

Mesmo depois que a figura desapareceu de vista, ela pôde


sentir que estava sendo observada.

Jenny fechou todas as cortinas da cabana e trancou as


portas e janelas. Ela parou para ver Isabelle e o cachorro,
encontrando os dois profundamente adormecidos. Não muito
de um cão de guarda, ela pensou consigo mesma.

Ela se sentou, atenta, na sala da frente, desejando que


Roy passasse pela porta antes que alguém o fizesse.
Capítulo 23
Roy amaldiçoou cada solavanco e inclinação ao longo da
estrada, a dor de sua queda piorando a cada quilômetro que
passava.

Ele quase se esqueceu de devolver a chave para o chefe


Miller e virou a caminhonete de volta e subiu o trecho da
estrada que levava à pequena casa além do quartel dos
bombeiros. Ele não podia esperar que esta noite acabasse.

Ele estava morrendo de vontade de voltar para a cabana


para poder mostrar o distintivo para Jenny.

De manhã, eles poderiam falar de estratégia.

Adam ainda estava acordado quando Roy desceu de sua


caminhonete surrada com um suspiro pesado e mancou até a
porta da frente da casa. Ele bateu duas vezes e esperou.

O chefe Miller estava vestido com uma camisa vermelha e


cueca samba-canção quando abriu a porta. Seu controle
remoto ainda estava em sua mão, e os sons de um jogo de
hóquei vieram de sua sala de estar.

— Boa noite, Roy.

Ele ergueu a sobrancelha ao ver a aparência desgrenhada


de Roy.

— Teve uma noite ruim, né?

— Eu tive uma ótima noite ― Roy respondeu


sarcasticamente.

— Eu encontrei algo interessante no quarto principal, no


entanto.

O chefe Miller deu um breve aceno de concordância.

— Eu não quero saber ― Adam disse balançando a


cabeça ― mas estou feliz que valeu a pena.

— Espero que seja tudo o que preciso para provar a


inocência de Dale.

— Ele era maluco, procurando atenção de qualquer


maneira que pudesse, com certeza, mas não acho que seja
um assassino ― Adam disse. ― Mas eu não sou aquele que
você tem que convencer. Você tem uma tarefa difícil ao tentar
mudar o pensamento de Cartright. Ele não gosta de estar
errado.

— Eu acho que o que tenho pode mudar sua mente ―


Roy disse a ele honestamente. ― Se fizer do meu jeito,
Cartright vai sair da cidade quando eu acabar com ele.

— Já vai tarde, se você me perguntar.

O chefe Miller saiu para a varanda e acenou com a


cabeça para a janela estourada na caminhonete de Roy.

— Eu sempre disse que você tem que carregar uma chave


reserva, Roy.

— Vou me certificar de que o próximo cara que invadir


minha caminhonete esteja carregando uma. Isso vai me
salvar a conta de reparo.

O chefe Miller soltou uma gargalhada calorosa.

— Bem, estou feliz que você tenha encontrado o que


estava procurando, de qualquer maneira. Se o que quer que
seja tirar o chefe Cartright do nosso pé, melhor ainda.

Os dois homens disseram boa noite e Roy voltou para sua


caminhonete. Eram duas da manhã. Jenny devia estar
preocupada. O distintivo da polícia a faria se sentir melhor,
ele tinha certeza disso.

Finalmente, eles estavam chegando a algum lugar. Joey


Dale seria um homem livre antes que ele percebesse.

Jenny tinha adormecido no sofá e acordou com Roy


sacudindo-a gentilmente.
Ela quase pulou para fora de sua pele, lembrando-se do
estranho que estava rastejando no começo da noite. Mesmo
que as cortinas ainda estivessem fechadas, ela ainda sentia
que alguém a estava observando.

— Desculpe, querida ― disse Roy para acalmá-la ― Eu


não queria assustar você.

Jenny relaxou quando Roy acariciou suas costas.

— Ah, tá tudo bem. Você só me assustou um pouco ―


disse ela. ― Estou feliz que você esteja finalmente em casa.
Eu estava preocupada com você.

Jenny se sentou, bocejando e esticando os braços sobre a


cabeça. Um pouco mais acordada agora, ela notou o estado
das roupas de Roy.

— Nossa, Roy, o que aconteceu lá fora ― Jenny engasgou.

— Eu estou bem, realmente. ― Roy afastou a


preocupação com um aceno de sua mão. Ele estava
obviamente ferido, mas estava radiante.

Jenny viu quando Roy foi até a cozinha para pegar o


blusão preto que colocara sobre a cadeira da cozinha. Ele
estava cavando nos bolsos.

Ela estava feliz em vê-lo de bom humor e estava animada


para ver o que ele tinha encontrado na casa.

— Espere até ver isso, Jen. Você não vai acreditar.


Ele pegou o pacote de tecido branco e trouxe para ela.

— Eu encontrei isto debaixo da cama no quarto principal.


Eu nem tinha pensado em verificar debaixo da cama quando
eu estive lá no outro dia.

— Depressa, Roy. Estou morrendo de vontade de saber o


que é isso.

Sua excitação estava passando para ela. Jenny pegou o


pequeno pacote branco das mãos dele e desembrulhou-o com
cuidado. Ela não sabia o que esperar, mas sabia que tinha
que ser algo muito bom para ele agir assim.

— É grande, acredite em mim.

Jenny olhou para o rosto sorridente antes de puxar o


último pedaço de tecido. Ela estava confusa por encontrar um
distintivo da polícia.

— Cada distintivo tem um número individual. Quando


descobrirmos para quem este distintivo foi emitido, teremos
nosso homem ― disse ele, cheio de otimismo.

— Isto é inacreditável.

Ela balançou a cabeça em descrença.

— Como vamos descobrir a quem pertence?

— Veja o número de que eu estava falando?

Roy inclinou-se para ver melhor o objeto.


— Não é o número de registro de Joey. Eu fui seu
parceiro tempo suficiente para lembrar, assim como sei o
meu próprio. Acho que o que temos aqui pertence ao Chefe
Cartright.

— Oh meu Deus! Se isso é verdade, então o que acontece


depois? ― perguntou ela, enrolando a prova no lenço e
devolvendo-a a Roy.

— Dizemos a ele que temos isso?

— De manhã, ligamos para o comissário de polícia do


distrito e explicamos tudo para ele.

— Quais são as chances de ele realmente acreditar em


nós?

— Encontrar o distintivo lá na cena do crime vai ajudar.


Se o Chefe Cartright não puder apresentar seu distintivo, vai
somar, acredite.

Roy guardou o distintivo de polícia na gaveta da cômoda


da sala de estar.

— Mas você tem que ser a única a chamá-lo.

— O quê? ― Jenny disse quando se sentou em surpresa.


― Por que eu?

— Não podemos dizer a ele que o chefe Miller nos deu


uma chave para que pudéssemos bisbilhotar a casa ―
explicou Roy ao sentar-se no sofá em frente a ela. ― Nós
vamos dizer a ele que você encontrou quando estava
limpando a casa.

— Será mesmo tão fácil assim? ― Perguntou Jenny. Ela


não tinha certeza se poderia fazer isso. ― Ele não vai começar
a fazer ainda mais perguntas?

— Mesmo se ele fizer isso, não importa. Tudo o que ele


precisa saber é que isso põe em dúvida a culpa do seu irmão.
Você parece uma irmã preocupada.

— Eu sou uma irmã preocupada ― Jenny lembrou.

— Certo, desculpe-me.

Ele se inclinou para frente e tocou a mão no joelho dela.

— Eu não quis dizer nada com isso.

— Está bem. Eu só estou cansada. Foi apenas uma longa


noite.

Ela sabia que ele deve ter sentido algo em seu rosto
porque de repente Roy parecia preocupado.

— O que aconteceu esta noite enquanto eu estava fora?

Jenny fechou os olhos quando respirou fundo e soltou o


ar lentamente.

— Eu pensei ter visto alguém na propriedade ― disse ela


enquanto reabriu os olhos. ― Na verdade, vi alguém na praia
e ele também me viu.
— Quem? Quem estava lá fora? ― disse ele, inclinando-se
para a frente, quase fora do sofá.

— Eu não consegui distinguir quem era, mas era um


homem com certeza. Eu poderia dizer pelos movimentos dele
que ele não queria ser visto. Quando viu meu rosto na janela,
o homem ficou parado e olhou para mim. Então, depois de
alguns minutos, desapareceu de volta nas árvores. Quando
ele estava fora de vista, dei a volta na casa para proteger as
janelas e puxar as cortinas.

Roy pegou a mão dela.

— Desculpe-me por ter te deixado sozinha, Jen. Ninguém


vai voltar novamente agora que minha caminhonete está de
volta.

Ela assentiu, dando-lhe o benefício de um sorriso por seu


esforço para fazê-la se sentir melhor.

— Eu acho que vi alguém na floresta esta noite também.

— O quê? Quem?

— Alguém entrou na traseira da minha caminhonete e


deu uma olhada enquanto eu estava na casa.

— Você está brincando comigo?

Roy encolheu os ombros.

— Eu não tinha nada que valesse a pena roubar da


caminhonete. Acho que eles estavam procurando qualquer
coisa que pudéssemos ter para provar a inocência de Joey.
Devemos estar deixando alguém nervoso.

— E a pessoa que você viu na floresta?

— Ele tentava fugir rapidamente quando eu estava


prestes a sair ― explicou Roy. ― Eu saí a pé atrás dele e
estava perto de alcançá-lo quando uma raiz me derrubou. Eu
tive que pegar algumas pílulas na caminhonete para que
minha dor nas costas diminuísse.

— Então é por isso que parece que você rolou na lama.

Jenny balançou a cabeça, sorrindo.

— Você precisa de um banho quente, senhor.

Jenny viu quando ele se levantou. Roy estendeu a mão e


ela aceitou com gratidão. Puxou-a contra ele, e Jenny se
apertou contra seu peito. Era o único lugar em que ela queria
estar.

Ele inclinou o queixo e beijou-a suavemente nos lábios.

— Você se importa de se juntar a mim?

Jenny não tinha ouvido uma oferta tão boa em muito


tempo.
Capítulo 24
Roy não acreditou em sua sorte quando Jenny segurou
sua mão e o conduziu na direção do banheiro. Ele sentiu seu
pau endurecer enquanto a observava andando na frente dele,
sua deliciosa bunda balançando de um lado para o outro.

Uma vez dentro do banheiro, ela fechou a porta


suavemente atrás dele, virando a fechadura para evitar
quaisquer encontros inesperados e desajeitados.

Roy tirou a camisa sobre a cabeça daquele jeito que só os


homens podem fazer. Não pôde deixar de rir quando ela
mordeu o lábio inferior ao ver seu corpo esbelto. Jenny não
era a primeira mulher a achá-lo atraente, mas ele certamente
esperava que ela pudesse ser a última.

Jenny estendeu e passou as mãos sobre seu peito


esculpido, e as ondulções de seu abdômen.

Ele queria sentir a suavidade cremosa de sua pele sob


seu toque. Precisava sentir seu corpo quente e faminto
pressionado contra o seu. Roy esperava ansiosamente
enquanto ela puxava o colarinho de seu vestido. Ele preferia
apenas arrancá-lo dela do que ter que esperar mais tempo.

Eventualmente, o tecido cedeu, e ele assistiu com


ansiedade enquanto ela puxava sem pressa para baixo,
passando por seus seios e sobre seu estômago. Roy podia
sentir seu pênis reagindo quando o vestido ficou preso em
seus quadris, a linha de renda de sua calcinha já
aparecendo. Este jogo de striptease estava fazendo tudo que
podia para destruí-lo completamente.

Seu pênis pressionou com força contra seu jeans


apertado, implorando para sair.

O sorriso de Jenny lhe dava borboletas. Ela realmente era


linda. Roy estendeu a mão e empurrou a bagunça de seu
cabelo loiro encaracolado do ombro, deliciando-se em como o
mais simples dos toques a fazia tremer. Ele se inclinou e
pressionou os lábios na pequena curva entre o pescoço e o
ombro dela. Ela gemeu em resposta. Roy a mordeu
gentilmente, apenas o suficiente para fazer uma declaração.

O gemido baixo que escapou de seus lábios o fez mais


duro do que ele jamais estivera antes. Nesse ritmo, nem
entrariam no chuveiro.

Roy passou a mão pela frente da coxa dela. Roçando


suavemente contra os lábios de sua boceta, sorrindo quando
outro gemido delicioso saiu de seus lábios. Ele subiu um
pouco mais, até onde os restos do vestido, que ainda estavam
apoiados em seus quadris, se encontravam.

Roy puxou o tecido amarelo para baixo com a intenção


lenta, com cuidado para apenas roçar os dedos em todos os
lugares certos. Ela andou de um lado para o outro até que o
vestido não passava de uma lembrança distante em um
monte amassado no chão.

— Eu tenho que ligar o chuveiro ― ele ouviu-a murmurar


quando mergulhou a cabeça no peito dela em direção aos
mamilos endurecidos. Ele a ouviu suspirar enquanto suas
mãos subiam atrás dela para liberar seus seios. O sutiã preto
rendado caiu no chão do banheiro em um instante.

— Só me dê outro minuto ― Roy respondeu suavemente.


Ele não estava pronto para desistir dela ainda, nem por um
maldito minuto.

Com nada para restringi-lo agora, ele foi para o peito


dela. Desta vez, segurou seus seios rechonchudos com
ternura, seus polegares trabalhando sua magia sobre seus
bicos eretos. Jenny gemeu com as deliciosas sensações.

— Você está me matando aqui ― ela sussurou quando


Roy se inclinou para frente e tomou um em sua boca. Sua
língua circulou sue mamilos rosados. Gostou do jeito que
seus quadris se moviam contra ele quando Jenny reagiu ao
prazer que estava lhe dando. Estava claro que ela não queria
que ele parasse. O chuveiro teria apenas que esperar.

Ela apertou sua boceta com força contra seu jeans e seu
pau estava implorando para se soltar.

Roy se moveu para o outro mamilo, desta vez provocando


e puxando com os dentes. Até os toques mais leves a estavam
enviando em espiral. Ele podia sentir seu corpo responder ao
seu toque, podia ouvi-la gemer. Ambos incentivados a ir
ainda mais longe.

Seus jeans não eram mais uma escolha adequada. Ele


passou a mão pelas costas dela e puxou-a para mais perto.
Pressionando os lábios contra os dela, deixando sua língua
fazer todo o trabalho enquanto sua mão livre desabotoava a
calça jeans e abaixava a braguilha. Uma vez que eles sairam,
chutou-os para o lado.

Ela ficou com o trabalho de retirar suas boxers. Colocou


a mão dentro e passou em torno do seu pau, puxando e
massageando suavemente no começo e depois com um pouco
mais de força. Agora, era sua vez de reagir. Ele podia ver que
seus gemidos pesados a estavam excitando ainda mais. O
olhar brincalhão em seus olhos azuis disse a ele que havia
mais por vir.

Jenny estava acariciando seu pau perfeitamente, sua


pequena mão segurando sua pênis duro e movendo-se para
cima e para baixo. A cada golpe, seu prazer aumentava e seu
pênis latejava e endurecia cada vez mais.

Jenny virou de costas para ele e pisou dentro do


chuveiro. Ele riu quando ela estremeceu quando um jato de
água fria caiu do chuveiro. Em um minuto ou dois, a água
tinha aquecido a uma temperatura decente e Roy se juntou a
ela, saboreando a maneira que as gotas de água corriam
como riachos sobre a carne de seus seios.
Para sua surpresa, ela virou as costas para ele e colocou
as palmas das mãos na parede do box de vidro. Jenny recuou
os quadris e abriu as pernas dando-lhe amplo acesso. Esta
era uma experiência inteiramente nova, mas estava ansioso
para dar-lhe o que ela queria.

Roy deu um passo para trás. Ficando atrás dela e colocou


as mãos em seus seios, persuadindo seus mamilos a brincar
mais uma vez com o toque hábil de seus dedos. Ela inclinou a
cabeça para trás e ele reivindicou sua boca com a sua,
saboreando a umidade enquanto sugava o excesso de
gotículas de seus lábios flexíveis. Seus quadris arqueando
contra sua virilha quase o mataram.

Ele pressionou seu pênis contra os labios trêmulos de


sua boceta.

— Entre em mim... ― ela gemeu.

Ele entrou nela devagar no começo, certificando-se de


que sua boceta estava boa e molhada, e uma vez que a
cabeça de seu pênis estava dentro dela, Roy empurrou para
frente, penetrando-a completamente, até o punho de seu
pênis.

Ela gritou de prazer.

Ele sentiu uma onda de emoção que quase o deixou de


joelhos. Jenny era tudo para ele. Era sua amiga, sua parceira
e sua amante. Roy não podia imaginar sentir isso de graça
com mais ninguém.
Embora nunca se esqueceria de Natalie e amaria sua
esposa para sempre, Jenny estava em uma liga inteiramente
própria. Ela testou seus limites e muitas vezes o levou ao
ponto de ruptura. Roy nunca imaginou que se sentiria assim
novamente. Ele queria mais.

Quando empurrou, sentiu todos os pensamentos


coerentes deixarem sua mente. Seus gemidos apreciativos o
estimularam até que pensou que seus joelhos se dobrariam.
Ele queria gozar, mas se segurou. Roy queria que ela
terminasse primeiro. Ele sempre queria ser o único a fazê-la
se desfazer.

Sua respiração ofegante lhe disse que ela estava perto.


Jenny virou a cabeça, pegando a língua dele com a sua. Seu
grito de alegria um momento depois lhe disse que ela estava
caindo em um orgasmo, e Roy sentiu seus músculos internos
se apertarem ao redor dele, convulsionando em doces
espasmos de tirar o fôlego. Foi um sentimento estimulante
saber que a trouxera para lá.

Roy continuou se movendo para dentro e para fora dela,


bombeando-a sem piedade, e quando seu orgasmo continuou
a dominá-la, sentiu que ela começou a perder o equilíbrio.

Ele estendeu a mão por baixo da bunda dela e a levantou


com os braços poderosos. Ela chutou para frente,
descansando os pés contra a parede do chuveiro, e usou-os
para empurrar a bunda e a boceta contra a virilha dele.
Com o corpo dela apoiado contra a parede naquela
posição, ele foi capaz de empurrar nela ainda mais forte.
Ainda mais profundo.

Roy foi tão duro e profundo, que trouxe outra onda de


orgasmo através dela. Ela gritou desta vez quando o prazer a
atravessou como um incêndio.

Ele sentiu o prazer surgindo através de seu pênis com


cada impulso poderoso. A paixão cresceu e tornou quase uma
raiva quando empurrou com força nela. Não importava o
quanto Roy se esforçasse, Jenny mantinha sua posição, seus
pés firmemente apoiados contra a parede do chuveiro, e
quando ele gozou, a força de seu orgasmo quase o deixou
inconsciente.

— Oh meu Deus! ― ele gritou, quando seu pênis


explodiu, enviando poderoso jatos de sêmen profundamente
em sua vagina.

— Oh, Roy ― ela gritou.

— Porra! ― ele chorou.

Ele gozou completamente, deixando que o acúmulo o


alcançasse em uma liberação devastadora, como se estivesse
compartilhando a própria essência dele e dando a ela
livremente.

— Você é um anjo ― ele gritou quando o sêmen dele


continuou despejando nela.
— Você é um Deus ― ela gritou, o prazer de seu sêmen
dentro dela a deixando selvagem.

Jenny puxou a toalha com força ao redor de seu corpo


antes de destrancar a porta do banheiro.

Roy ainda estava no chuveiro, a água tendo corrido tanto


tempo que agora estava fria.

Roy não se importava. Ele precisava do desaquecimento


depois da aventura de água quente.

O corpo de Jenny ainda tremia toda vez que pensava


sobre isso. Foi perfeito. Roy era sexo. Ele era o único homem
que conheceu que havia revelado esses sentimentos nela, o
único homem que já lhe dera essas sensações.

Ela fez sexo antes, inúmeras vezes, na verdade. Houve


primeiros encontros de uma noite e relacionamentos de longo
prazo. Nenhum comparado a Roy. Ele era apaixonado, mas
acima de tudo, era amoroso. Jenny podia sentir isso em seu
toque terno, suas carícias sensuais e seus beijos
prolongados. Roy lhe dissera que a amava com seu corpo
sexy, bem construído e talentoso.

Jenny parou no corredor para dar uma olhada em


Isabelle, que ainda estava adormecida. O cahorro levantou os
olhos brevemente quando ela empurrou a porta, mas abaixou
a cabeça no edrodom quando a identificou.

Ela fechou a porta. Ainda era muito cedo para a criança e


o cachorro estarem acordados. Ele os deixaria dormir um
pouco mais.

Jenny entrou no quarto principal e fechou a porta atrás


dela com um clique suave. Ela se secou enquanto
inspecionava o quarto de Roy.

Era bastante simples. Ele não tinha pendurado nenhuma


foto ou arte. As paredes de madeira eram lindas. A velha e
maltratada cópia de “O Sol é Para Todos” ainda no criado-
mudo.

Ela sentou-se na beira da cama e pegou-a. Folheou as


páginas, imaginando que tipo de mulher Roy Peters teria se
casado. Jenny não vira uma foto de casamento ou qualquer
imagem de sua falecida esposa. Era como se Roy estivesse
determinado a esquecer.

Com a curiosidade obtendo o melhor dela, abriu a gaveta


de cima do seu armário de cabeceira. Eram cerca de três
caixas cheias de vários itens, alguns deles pareciam ter vindo
da infância de Roy. Havia uma foto que pareciam com seus
pais, uma antiga foto da equipe da Little League, e escondida
sob uma variedade de lembranças, havia uma pequena caixa
da marinha.
Jenny olhou para a porta. Ela levantou a tampa da caixa
de jóias. Dentro estava o anel mais lindo que já vira. Uma
pedra azul ficava entre seis diamantes, cada um pegando e
refletindo a luz em um brilho multifacetado. O cenário foi
anexado a uma faixa de prata. Era absolutamente lindo.

Jenny sentiu um toque de tristeza. Quem quer que fosse


a esposa de Roy, estava claro que ele a amava. Este anel ficou
como um símbolo disso. Foi cuidadosamente selecionado.
Jenny tinha certeza de que a mulher que o usava achara tão
bonita quanto ela.

O som do chuveiro fechando a fez guardá-lo novamente.


Ela enfiou a caixa de volta na gaveta e atirou um punhado de
papéis por cima para mascarar que estivera bisbilhotando.
Fechou a gaveta suavemente assim que seus passos soaram
no corredor.

— Ei.

Roy pareceu um pouco envergonhado quando entrou na


sala. Ela teve a impressão de que esta era uma experiência
relativamente nova para ele. Jenny gostava que ele não
tivesse experimentado muito com outras mulheres. Isso a
fazia se sentir especial.

— Pronto para finalmente dormir um pouco? ― ela


perguntou enquanto puxava as cobertas e se movia para o
interior. Jenny se moveu para o lado esquerdo da cama
enquanto Roy se secava no final da cama. Achava melhor que
ele dormisse ao lado da mesinha de cabeceira. Não parecia
certo ficar entre ele e as memórias de sua esposa.

Ele sorriu maliciosamente enquanto engatinhava ao lado


dela. Roy envolveu um braço sob os ombros dela e sorriu
quando ela se encolheu contra o corpo dele.

— Entre a investigação, a perseguição e o chuveiro, estou


exausto.

— Sem mencionar muito mais limpo... ― brincou ela.

— Eu poderia me acostumar com chuveiros assim.

Jenny sorriu contentemente enquanto apoiava o braço no


peito bem definido. Parecia o paraíso na terra. Ela desejava
que esse sentimento pudesse durar para sempre, mas eles
tinham trabalho a fazer.
Capítulo 25
Jenny acordou com um sobressalto, poucas horas
depois.

Esava sonhando. Chloe estava lá com a Isabelle. Jenny


estava tentando alcançar as duas, mas elas sempre pareciam
estar alguns passos à sua frente, fora de seu alcance. Ela
tinha acabado de agarrar Chloe quando foi acordada.

Ficou deitada, atordoada e confusa por um segundo ou


dois. Roy ainda estava adormecido ao seu lado, o peito
subindo e descendo a cada respiração que dava. Seus roncos
eram suaves e delicados.

Jenny logo percebeu que o que a acordara vinha do


corredor: o som estridente e insistente de um telefone
abafado pela porta do quarto. Amaldiçoando baixinho, ela
saiu da cama e pegou o roupão de Roy na parte de trás da
porta. A lã estava quente contra sua pele quando saiu para o
corredor frio.

O chamador não estava desistindo. O telefone continuou


a tocar enquanto ela se arrastava pelo corredor em direção a
ele. Jenny pegou, sua voz ainda arrastada pelo sono.

— Sim?
O dono da loja de bebidas, Lawrence, estava do outro
lado da linha. Sua voz estalava. Ele parecia angustiado.

— Senhorita Dale? É Lawrence da loja na cidade. Acho


que cometi um erro terrível ontem.

Jenny colocou o telefone contra a outra orelha, usando


sua mão livre para apertar o cinto do roupão.

— O que você que dizer?

— Eu lhe dei a informação errada quando você


perguntou sobre as garrafas de vinho.

— Bem, o que quis dizer-me em vez disso? ― ela


perguntou. ― Você pode me dizer qualquer coisa, Lawrence.

— Eu não vou dizer tudo por telefone. Não é seguro.


Você e o Roy podem vir à loja esta tarde por volta das cinco?
Eu fecharei então, e nós poderemos conversar livremente.

— Ok. Nós estaremos aí.

Jenny não podia esperar para ouvir o que Roy diria


disso. Ela voltou para o quarto para acordá-lo de sua forma
especial.

Ela o viu deitado lá, parecendo tão sexy quanto sempre.


Seu peito musculoso, suas tatuagens subindo e descendo
com a respiração.

Jenny subiu silenciosamente na cama, debaixo dos


cobertores e se arrastou ao longo do corpo dele, tomando
cuidado para não acordá-lo. Ela parou quando chegou a
cueca e cuidadosamente puxou para baixo, deixando seu
longo pênis cair.

Ele se moveu um pouco durante o sono, mas não


acordou.

Inclinando-se sobre ele, ela passou a língua ao longo do


comprimento de seu pênis. Roy se mexeu novamente, mas
não acordou. Jenny ficou surpresa ao ver que seu pênis
estava endurecendo e crescendo, mesmo que ainda estivesse
dormindo.

Ela passou a língua da base até a cabeça, traçando a


linha da veia na parte de baixo. Roy se moveu, mas ainda
continuou dormindo.

Ela se sentiu muito desobediente e travessa quando


levou a cabeça do pênis dele em sua boca e começou a
chupar suavemente. Enquanto crescia em sua boca, Jenny o
levou mais e mais, levando seu eixo completo em sua
garganta.

— Oh, Deus ― ela ouviu-o gemer acima dos lençóis.

Ele estava começando a acordar.

Ela passou a língua em círculos ao redor da cabeça do


seu pênis, massageando-o com a língua enquanto suas mãos
alcançava suas bolas.
Ele começou a empurrar muito devagar e gentilmente
para ela, e Jenny parou para ver se estava acordado.
Milagrosamente, Roy ainda estava dormindo.

Ela sorriu e continuou a chupar, trabalhando a cabeça


de seu pênis habilmente, pensando em como seria divertido
fazê-lo gozar sem sequer acordá-lo. Será que ele saberia que
isso aconteceu?

Ela não tinha certeza.

Jenny deixou seu pênis adentrar sua garganta e podia


sentir os primeiros pulsos e palpitações de seu orgasmo se
preparando para explodir. Ela não parou, continuou sugando
e movendo a boca para cima e depois de volta para baixo em
seu pau.

Em mais alguns segundos, ela provou o primeiro pulso


de seu sêmen. Ela engoliu enquanto outra carga lançava em
sua boca. Seu orgasmo era mais suave do que quando ele
estava acordado, mas a ideia de tê-lo estimulado sem o seu
conhecimento dava-lhe uma estranha emoção.

Isso era desobediente, como se ela tivesse roubado


alguma coisa, e também lhe dava um sentimento de controle
e poder sobre Roy. Jenny poderia fazer isso com ele a
qualquer momento que quisesse, e ele nunca conheceria
nada melhor.

Roy teria mais e mais do seu amor, precisaria dela mais


e mais e nunca saberia de onde veio!
Ela esperou que seu orgasmo terminasse e o lambeu até
limpá-lo. Então se arrastou e se aconchegou contra o peito
dele. Roy estava meio acordado e Jenny não tinha certeza se
sabia o que ela acabara de fazer com ele.

— Eu amo você, Jenny ― ele murmurou.

Seu coração saltou de alegria.

— O quê? ― ela sussurrou.

Mas ele voltou a dormir. Roy puxou-a contra seu peito e


respirou profundamente em seu sono satisfeito.

Jenny nunca se sentira tão segura nos braços de um


homem.

Roy estava ansioso para ligar para o comissário de


polícia logo após o café da manhã. Ele vasculhou seus
arquivos antigos no escritório na noite anterior, e localizou o
número de telefone em uma folha velha de papel absorvente.
Ele esperava que ainda pudesse ser usado.

Foi pego de surpresa quando Jenny lhe disse que


deviam esperar. Ele a escutou contar do curioso telefonema
mais cedo, naquela manhã, e concordou com ela em
encontrar Lawrence no final da tarde.

— Eu não gosto de esperar por isso ― disse ele enquanto


eles coletavam os pratos do café da manhã juntos. ― Eu sinto
que devemos agir rápido. Quanto mais tempo deixarmos,
mais tempo o Chefe Cartright terá para se preparar.

— Eu concordo, mas a informação de Lawrence pode


tornar nosso caso ainda mais forte.

Roy deu de ombros enquanto se sentava à mesa da


cozinha.

— E se as informações dele acabarem não sendo tão


úteis, afinal? O distintivo da polícia é suficiente para colocar
o Chefe Cartright na cena do assassinato de Chloe. Não
importa o quanto ele trabalhou para manter o relacionamento
deles em segredo em toda a cidade.

— Mas e se Lawrence puder nos dar mais informações


sobre a garrafa de vinho azul? Se o Chefe Cartright o
encomenda na loja de bebidas, então também pode colocá-lo
na cena do incêndio. Isso poderia provar que ele tentou me
matar.

Roy colocou a cabeça entre as suas mãos com um


suspiro.

— Bem. Você está certa.

— Não seria a primeira vez.


— Nós vamos esperar até amanhã de manhã.

Ele levantou um dedo.

— Mas então temos que agir. Odeio a ideia de que o


desgraçado esteja sentado em seu escritório, pensando que é
o rei da cocada quando Joey está confinado em uma caixa de
metal.

— Quando foi a última vez que viu Cartwright? ― Jenny


perguntou

— Há uns dois dias, agora que penso nisso. Não que eu


esteja reclamando. Esse cara tem um talento especial para
arruinar o dia de um homem. ― Roy disse. ― É possível que
ele seja o estranho misterioso na floresta no outro dia. Se
sim, acho que o odeio mais do que antes pelo que fez no meu
tornozelo.

Jenny riu.

— Então você não deve ter visto o que ele está


ostentando no rosto ultimamente.

— Um remendo de alma? Uma nova tatuagem em sua


testa dizendo que é um idiota gigante?

— Um olho roxo.

Ele teve que rir de como Jenny estava tão feliz sobre
isso.

— Joey socou seu rosto.


— O que te faz pensar que foi Joey? Eu posso pensar em
algumas pessoas que adorariam dar um soco no rosto
daquele imbecil ...

— Joey tinha hematomas nos nós dos dedos da mão


direita quando o visitei na cadeia. Nunca pensei em
perguntar a ele sobre isso, mas estava claro como o dia.
Estou chutando que foi isso..

— Bem, Joey. ― Roy sentou-se em sua cadeira,


impressionado com a coragem de seu amigo. ― Ele é meu
novo herói.

Jenny sorriu docemente para ele.

— Droga e pensei que seria eu.

— Você está muito próxima, em segundo lugar ― disse


ele quando estendeu a mão e apertou a mão dela..

— Pensei que a interação desta manhã tinha me


colocado na liderança.

— Ah, mas você nunca deu um soco em Cartwright.


Faça isso e eu estarei aqui esperando com sua coroa.

Ela levantou uma sobrancelha com uma risada.

— Acho que se eu fizesse isso, estaria compartilhando


uma cela com Joey.

— Não por muito tempo ― Roy lembrou a ela. ― Quando


o comissário de polícia ouvir todas as nossas evidências, Joey
não estará olhando para as quatro paredes de pedra por
muito mais tempo. Ele será um homem livre e Isabelle terá o
pai de volta.

Jenny assentiu em resposta, mas ele notou que ela ficou


quieta.

— Qual é o problema? ― ele perguntou.

— Simplesmente, não parece real ― ela admitiu. ― Há


uma semana, ofereceram-me o emprego de uma vida inteira.
Num piscar de olhos, tudo desapareceu, e fui obrigada a
voltar para Ombrea para cuidar de uma garota que eu mal
conhecia. Agora estou tentando provar a inocência do meu
irmão para tirá-lo da prisão. Eu sou uma verdadeira tia,
tenho você como amigo, e Ombrea não parece tão ruim
quanto imaginei. É como se minha vida fizesse uma inversão
de marcha. Eu estou de cabeça para baixo.

— Não é tão ruim, é isso.

Roy estava se perguntando o que Jenny faria quando o


caso terminasse e Joey tivesse sua liberdade de volta. Isso o
encheu de medo.

— Eu sinto falta do que eu tinha, mas gosto do que


encontrei aqui também. Eu gostaria de poder ter ambos.

Jenny e Roy suspiraram profundamente em uníssono,


considerando um ao outro com carinho.
— Que tal pescarmos? ― sugeriu ele levantando-se. ―
Isso ajudará a esquecer suas coisas. Além disso, temos tempo
para matar antes de nos encontrarmos com Lawrence.

— Vai valer a pena a espera, acredite em mim. Ele tem


que saber algo que fará nosso caso ainda mais forte.

Roy esperava que ela estivesse certa.


Capítulo 26
Naquela noite, um pouco antes das cinco, Roy e Jenny
dirigiram para a cidade.

Eles fizeram uma parada na Norma para deixar Isabelle


e o cachorro sob seus cuidados. Isabelle parecia um pouco
insegura quando a deixaram. Roy garantiu que eles estariam
lá em algumas horas para levá-la de volta para a cabana.
Quebrou seu coração que Isabelle estivesse com medo de ser
abandonada. Era compreensível que se sentisse assim, tendo
perdido a mãe, o pai e quase a tia também.

Seu caminho para a parte principal da cidade foi, em


grande parte, silencioso. Jenny estava distraída. Roy não
queria pressioná-la. Ele sabia que ela tinha muito o que
pensar e que falaria com ele quando estivesse pronta.

Ele estava muito ciente de que a visão dele dirigindo


para a cidade com a irmã de Joey ao seu lado, na cabine sua
caminhonete, iria chamar atenção. Olhou no espelho
retrovisor e encontrou um casal olhando-o equanto virava
uma esquina.

Deixe-os olhar, ele pensou consigo mesmo.


— É provavelmente melhor que não estacionemos na
frente. ― Jenny lera sua mente.

— Podemos entrar no estacionamento da biblioteca. Está


atrás da fileira de lojas na Praça Parson. ― Ninguém usava o
local depois de horas e a biblioteca já estava fechada há uma
hora.

Eles trancaram a caminhonete, apesar da janela que


faltava, e desviaram por um caminho ao lado da biblioteca. A
essa hora da noite, a maioria das lojas tinham fechado ou
estavam em vias de encerrar o expediente. Apenas algumas
pessoas permaneceram nas ruas antes movimentadas.

Roy seguiu em frente, dando grandes passos, ansioso


para ouvir o que Lawrence tinha para lhes dizer. Jenny
correu ao lado dele, os olhos no chão para evitar a atenção de
estranhos.

O sino acima da porta da loja bateu quando eles


entraram. Jenny trancou a porta atrás deles para impedir
que alguém interrompesse a reunião.

Lawrence passou pela cortina de plástico. Embora


tivesse telefonado naquela manhã para marcar a reunião,
pareceu infeliz em vê-los. Ele os conduziu.

Roy se aproximou para apertar sua mão.

— Olá, Lawrence. Jenny disse que você se lembrou de


algo que queria nos contar.
Lawrence assentiu com a cabeça. Ele olhou preocupado
por detrás deles, para a rua, nervoso que alguém pudesse vê-
los.

— Há algo que você deveria saber.

Ele torceu as mãos nervosamente. Ficou claro que ele


estava desconfortável em falar com eles.

— Eu posso fechar as cortinas na janela da frente ―


Jenny sugeriu. Talvez eliminando a ameaça ajudasse a deixá-
lo à vontade. Ela se virou para consertar as persianas, mas
Lawrence a impediu.

— Não! ― Sua voz suavizou. ― Por favor. É melhor


passarmos despercebidos aqui.

— Que tal irmos para o escritório? É um pouco mais


privado lá dentro ― sugeriu Roy.

Ele ficou grato quando Lawrence concordou e abriu o


caminho passando pela cortina.

Ele olhou de volta para Jenny para se certificar de que


ela estava os seguindo.

— Alguma ideia do que estamos prestes a ouvir? ― ele


murmurou para ela quando passaram pela cortina azul na
parte de trás da loja.

— Tem que ter algo a ver com a garrafa de vinho. ―


Jenny disse baixinho. ― Ele começou a agir de forma
estranha quando falei da última vez. Talvez ele tenha mudado
de ideia e esteja disposto a conversar.

— Espero que sim. ― Ele levantou os dedos cruzados.

Ele viu um sorriso passar por seus lábios. Cada vez que
a via sorrir, sentia como se o peso em seu peito estivesse
lentamente começando a ceder. Jenny tinha aberto uma
porta para algo dentro dele que estava suprimindo há muito
tempo. Pela primeira vez desde Natalie, Roy era capaz de ser
ele mesmo. Não importava o que acontecesse entre eles,
sabia que sempre seria grato a ela por suavizar seu coração.

Lawrence teve que mover alguns papéis das cadeiras em


seu escritório antes que eles pudessem sentar. Roy tentou
ajudá-lo, mas ele acenou-lhe fora com impaciência. Quando
as cadeiras estavam liberadas, Roy fez um gesto para Jenny
se sentar primeiro e em seguida ele tomou o seu lugar ao lado
dela. Lawrence parecia um pouco instável quando se sentou.
Quando finalmente se estabeleceu em sua cadeira, suas
mãos ainda tremiam em seu colo.

— Está tudo bem, Lawrence? ― Perguntou Roy


gentilmente. ― Parece que você está com problemas.

— Algo aconteceu ultimamente na loja que me deixou


bastante desconfortável.

Lawrence inclinou a cabeça e desviou os olhos,


embaraçado. ― Eu sinto como se tivesse me aproveitado.
— O que quer que você nos diga não passará deste
escritório ― Jenny assegurou, e Roy acenou com a cabeça em
concordância. Parecia acalmar alguns dos nervos de
Lawrence, mas ele ainda parecia um pouco desconfortável.

Quando Lawrence olhou-os novamente, seus olhos se


estabeleceram em Jenny.

— Sinto muito, senhorita Dale.

— Jenny, por favor.

— Jenny, certo.

Lawrence respirou profundamente.

— Receio ter mentido quando você esteve na loja pela


última vez. Você perguntou sobre a garrafa de vinho azul, a
marca Rosaceae, para ser específico. Esteve na loja muitas
vezes, mas apenas para encomendas especiais. Alguém pede
aqui e pega no mesmo dia em que chega, duas garrafas de
cada vez. Eu odeio admitir isso, mas tenho um bom lucro
com isso.

— O saco de papel marrom que o Chef Cartright estava


carregando ― Jenny sussurrou no ouvido de Roy. Ele acenou
com a cabeça em concordância. Ela tinha que estar certa.

— Quem as encomenda? ― Perguntou ele.

O velho balançou a cabeça em sinal de protesto.

— Eu não posso dizer quem é. Ele saberá se eu fizer.


— Ele nunca vai descobrir, garanto-lhe ― disse-lhe Roy
com firmeza. ― Isso tudo vai ficar entre nós. A única outra
pessoa que pode vir a saber é o comissário de polícia, porque
só assim podemos fazer com que Joey Dale seja libertado da
prisão, onde ele está cumprindo pena por um crime que não
cometeu. O verdadeiro assassino precisa tomar seu lugar
naquela cela suja.

— Isso é o que você não entende. ― Lawrence não estava


convencido.

— Ele nunca vai para a prisão pelo que fez. Ele é esperto
demais para isso. Enganou a todos para acreditar que é um
cidadão excepcional, uma figura de autoridade dedicada
nesta cidade. Ninguém vai acreditar se o acusarmos do
assassinato de Chloe Dale.

— Eles irão se pudermos mostrar-lhes provas para


sustentá-la ― rebateu Roy. ― E temos o suficiente, até agora,
pelo menos, para lançar dúvida razoável sobre a culpa de
Joey. O que nos disser vai adicionar ao nosso caso.

— Se ele souber que estive envolvido em trazê-lo à ruína,


ele vai vir atrás de mim.

— Ele tem algo contra você?

Foi Jenny quem primeiro percebeu o que ele temia. As


mãos de Lawrence tremiam quando pegou a gaveta da mesa.
Ele virou a velha chave na fechadura e a abriu lentamente.
— Cerca de três meses atrás, ele entrou na loja com
isso.

Ele enfiou a mão na gaveta e retirou uma pasta de papel


pardo. Lawrence passou para Roy como se estivesse cheio de
explosivos que poderiam disparar a qualquer momento.

Roy podia sentir os olhos de Jenny no pacote enquanto o


puxava com cautela. Dentro havia várias fotografias
brilhantes em preto e branco. Roy olhou por cima de cada
uma antes de passá-las para Jenny. Roy esperava que ela
visse mais neles do que ele. Ela os levou silenciosamente. Ele
observou a reação dela ao conteúdo, mas o rosto dela estava
sem expressão.

As fotografias eram de um Lawrence jovem. Se fosse


para ela julgar corretamente, ele estava no meio de seus vinte
e tantos anos. Ele usava um uniforme de garçom de estilo
antigo. As pessoas no fundo pareciam saber o que era certo a
fazer.

— Eu não entendo. O que essas fotos deveriam revelar?


― Roy pediu suavemente.

— Que ainda sou um homem procurado.

Lawrence tirou as fotos e cuidadosamente as moveu


para a pasta de papel pardo. Então ele trancou de volta na
gaveta.
— Quarenta anos atrás, alguns amigos e eu éramos
veteranos na faculdade. Para arcar com as despesas, nós
aceitávamos empregos como garçons no iate clube da cidade.
Começou com roubos leves, mas logo se tornaram mais
avançados. Em pouco tempo, éramos seis garotos arrogantes
que acabavam de fazer o que queríamos. Nós nunca fomos
pegos ou acusados por nossos crimes. Eu comprei uma casa
legal e fiz uma vida com uma esposa e filhos com dinheiro
que roubei. Eu dei um passo gigantesco para trás daquele
negócio arriscado e ao invés de continuar, comprei essa loja
de bebidas. Estava determinado a virar alguém de acordo
com a lei.

— Mas ele ameaçou te entregar se você não fizer o que


ele —disse. Roy assentiu, finalmente entendendo.

— Ele não queria que ninguém soubesse que comprava


aquele vinho especial aqui. Ele veio ontem e me lembrou que
eu tinha um passado sombrio que estava disposto a expor se
eu ousasse contar a alguém que era Cartright quem tinha as
encomendas.

— Ele estava cobrindo seus rastros ― disse Roy.

Lawrence assentiu.

— E ele estava fazendo um ótimo trabalho também. Ele


me manteve na ponta dos pés nos últimos meses. Toda vez
que entra na loja, acho que vai ser o fim da minha vida.
— Bem, é chantagem e está tudo prester a acabar, eu
prometo a você.

Roy levantou-se e gesticulou para Jenny fazer o mesmo.

— Chefe Cartright não vai se safar com o que ele fez.


Encontramos o distintivo da polícia na cena do crime. Com
isso e as provas que você forneceu hoje, temos o suficiente
para que ele seja investigado.

— Não posso deixar esta informação sair. ― Lawrence


estava à porta em um instante para impedi-los de sair. ― Se
alguma coisa se tornar de conhecimento público, serei preso
pelo que fiz. Agora não posso ir para a cadeia. Gastei muito
tempo reconstruir minha vida.

Roy deu um tapinha no ombro do homem.

— Vou me certificar de que isso nunca aconteça com


você, Lawrence. Eu te prometo isso. No que me diz respeito,
você corrigiu seus crimes nessa comunidade.

— Mas você não é mais a polícia ― observou Lawrence.

Ele não estava convencido apesar do que Roy lhe


dissera.

— Para aqueles em posição de poder, eu serei apenas


outro trapaceiro que fugiu com isso. Eu serei jogado em uma
cela de prisão por meus crimes, independentemente de
quanto tempo atrás eu os cometi.
— Nós vamos ter certeza que as pessoas que importam
concordarão conosco. ― Jenny entrou, sua voz
tranquilizadora e gentil. ― Nós prometemos a você, Lawrence,
que não vamos deixar você ir para a cadeia por isso. Você
forneceu boas informações hoje que ajudarão a colocar o
assassino de Chloe Dale na cadeia.

— Parece que este pesadelo nunca vai acabar.

Lawrence se moveu hesitante para o lado, deixando-os


passar para a frente da loja. Tudo estava quieto na rua além
da janela, mas Lawrence se recusou a deixar a segurança de
sua mesa. ― Obrigado a ambos por terem vindo me ouvir.
Estou aliviado por ter contado minha história, não importa
quais sejam as conseqüências.

— Tudo vai ficar bem ― Roy assegurou-lhe novamente.


—Mas se precisar de alguma coisa, sabe onde me encontrar.

Todo mundo faz más escolhas de vez em quando, e Roy


acreditava que todos deveriam ter a chance de se redimir. Ele
certificaria-se de falar com o Comissário de polícia sobre
deixar Lawrence de fora com um aviso sobre sua ajuda na
resolução do caso.
Capitulo 27
Depois de voltar para casa da loja de bebidas, Roy
insistiu que Jenny tirasse uma soneca enquanto ele corria
para Norma em sua caminhonete para pegar Isabelle e o
cachorro.

Jenny não sabia como Roy estava conseguindo ficar de


pé, quanto mais manter os olhos abertos. Ele tinha dormido
menos que ela, mas parecia energizado. Imaginou que fosse a
adrenalina. Afinal, estavam chegando muito perto de libertar
Joey de seu destino horrível. Em questão de dias, Joey
estaria livre para voltar à sua vida e seu nome seria limpo.

Jenny não poderia ter imaginado um final melhor.


Estava muito longe do que imaginara quando chegou à
cidade pela primeira vez. Se a velha Jenny estivesse por
perto, Joey não estaria perto da liberdade. Ela não sabia
como poderia viver com ela mesma se nunca tivesse aceitado
a oferta de Roy para explorar outras ideias.

Sem Roy, ela não sabia onde estaria. Ele tinha um jeito
especial de surpreendê-la. Muitas vezes, ele testou seus
limites, ela descobriu que gostava disso. Roy deu-lhe
esperança, especialmente, quando as coisas eram
impossivelmente difíceis. Ele era seu cavaleiro de armadura
brilhante.

Jenny se virou em sua cama de casal, desejando que ele


pudesse se juntar a ela. A ducha quente deles ainda
queimava em sua mente, e se deliciava em recordar os
detalhes mais apaixonados da experiência. Roy lhe dera uma
nova chance na vida, não apenas no geral, mas também no
quarto. Antes dele, ela estava um pouco fria quando se
tratava de fazer amor, mas Roy extraiu seus mais profundos
desejos e paixão. Jenny não podia imaginar ter intimidade
com ninguém além dele depois disso.

Jenny estava em um dilema. Queria estar com Roy, mas


como seria o futuro deles? Eles estariam na mesma sintonia?

Jenny tinha uma carreira e uma vida em Nova York.


Tinha responsabilidades para atender lá. Mais cedo ou mais
tarde, teria que voltar e enfrentar, para recuperar o controle
ou começar a arrumar suas coisas. Por mais que se achasse
apaixonada por Roy, a ideia de voltar para Ombrea não lhe
agradava. Em vez disso, sentia medo. Medo de como seria a
vida sem um emprego ou dinheiro.

Não parecia justo que ela tivesse que escolher entre


amor e dinheiro.
Roy estava demorando mais tempo do que o planejado,
então Jenny presumiu que Norma convidou-o para jantar.
Roy provavelmente assumiu que ela ainda estava dormindo e
aceitou a oferta. Já fazia alguns dias desde que Isabelle tinha
visto sua boa amiga Norma, e assim um pouco de tempo
extra seria exatamente o que precisavam.

Jenny não tinha vontade de dormir por mais tempo. Em


vez disso, preferiu se manter ocupada. Ela tinha prometido a
Roy que não ligaria para o comissário da polícia até que ele
voltasse para casa, e pretendia cumprir essa promessa.

Ela tomou um banho rápido para despertar um pouco


mais. Desejava que Roy estivesse lá com ela. A memória do
seu último encontro sexual ainda brincava vividamente no
fundo da sua mente.

Jenny se atrapalhou ao buscar algo para vestir em sua


mochila. As peças que trouxera consigo pareciam estranhas
quando pegou as blusas de seda e jeans de grife. Pela
primeira vez em anos, só queria usar algo simples, algo que
não a fizesse se destacar. Ela puxou o par de jeans mais
básico que tinha e se virou para cômoda de Roy para sua
próxima inspiração.
Encontrando uma velha camiseta do exército dele que se
encaixava um pouco, ela a puxou. Jenny não achou que ele
se importaria. Se Roy tivesse um problema com isso, iria tirá-
la para ele. O pensamento lhe trouxe um sorriso fácil para o
rosto. Já fazia muito tempo, pensou, desde que teve qualquer
coisa divertida acontecendo em sua vida.

Seu trabalho na revista fora agradável, mas agora que


estava longe por um tempo, descobriu que não sentia falta
tanto quanto pensava que faria. Depois de sua rápida saída
para Ombrea, assumiu que a oferta de emprego fora anulada
e imaginou se teria algum cargo na revista.

Jenny não se importava. Havia sempre outros empregos


e outros cargos na indústria da moda que ela poderia recorrer
se realmente precisasse. Quando ela estava aqui na cabana,
a única coisa com que realmente se preocupava era uma vida
com Roy. Ter uma carreira grande e extravagante e um
armário cheio de roupas de grife de repente parecia muito
menos uma prioridade.

Família também era importante. Jenny decidiu visitar o


irmão na cadeia mais uma vez.

Ela pensou que ele deveria estar solitário. Se estivesse


na posição dele, sabia que estaria se sentindo dessa forma.
Sentiu uma forte vontade de dizer-lhe que esta provação
horrível estava quase terminado. Eles tinham provas
suficientes para continuar e para encontrar o culpado pelo
assassinato, chefe Cartright.
Seu estômago se revirou ao pensar nele. Seu olhar ainda
a perturbava. Foi quando o pensamento a atingiu. O olhar do
estranho na floresta teve o mesmo efeito.

Mas o que a Chefe Cartright estaria fazendo na floresta


ao lado da cabana, ela pensou, quando se sentou na beira da
cama. Lembrou-se de que Roy dissera que ele também havia
visto um estranho na floresta na propriedade de Dale.

O Chefe Cartright foi vê-los, ou ele estava procurando o


que deixara para trás no dia em que Chloe foi morta?

Depois do ataque a ela no Dale House com o coquetel


Molotov, era óbvio que ele faria qualquer coisa para manter
seu crime em segredo, chegando mesmo a cometer outro
assassinato. Ele tinha que ser parado antes de tentar
qualquer outra coisa.

Jenny precisava muito ver seu irmão. Ela tinha que


contar a ele tudo o que tinha acontecido desde que se falaram
pela última vez. Checou a janela da cozinha para ver se o
caminhonete de Roy subira a praia, mas ele ainda não estava
à vista.

Jenny não possuía um celular, os reclusos raramente o


fazem, então ela escreveu um bilhete em um pedaço de papel
do escritório dele e o deixou na mesa da cozinha para ele
encontrar. Dessa forma, Roy não ficaria preocupado se
chegasse e encontrasse a casa vazia. Ele saberia que ela não
estava em perigo.
A menos que ir ao Departamento de Polícia fosse um
lugar perigoso. Mesmo que fosse, isso não a impediria de ver
Joey. Seu irmãozinho estava preso naquele lugar se sentindo
sem esperança, e ela queria acabar com isso. Ele tinha que
saber que logo seria um homem livre, e Jenny queria ser a
única a lhe contar.

Jenny pegou sua bolsa e saiu para o carro.


Capítulo 28
A recepcionista olhou surpresa quando Jenny entrou na
delegacia de polícia de Ombrea naquela noite.

Ela não estacionou no estacionamento. Em vez disso,


optou por estacionar no centro da cidade e fazer a subida da
colina até a estação a pé. A ideia de deixar o carro no
estacionamento como uma presa fácil a incomodava. Ela não
sabia o que o Chief Cartright poderia fazer. Além disso,
forneceu a vantagem adicional de pegá-lo de surpresa.

— Senhorita Dale.

Jenny forçou um sorriso educado em saudação a


recepcionista.

— Como posso ajudar você hoje?

— Estou aqui para ver o meu irmão novamente.

Jenny foi até a mesa, desta vez não deixando a mulher


mais velha intimidá-la.

— Imediatamente, por favor. É importante.

A recepcionista levantou a sobrancelha.


— Você não pode simplesmente entrar aqui e esperar ver
um prisioneiro sempre que quiser. Este não é um clube
social.

— Você pode ligar para quem você quiser ligar, mas


tenho o direito de ver meu irmão. E não vou embora até que
eu faça. Ele ainda está aqui, não está?

— Ele está. Mas será transferido pela manhã.

— É isso mesmo?

Jenny sorriu com a própria ideia disso. Então foi isso


que o Chefe Cartright estava fazendo? Ele mudaria seu irmão
para uma penitenciária estadual enquanto aguardava
julgamento. Um julgamento, ela lembrou a si mesma, que
nunca aconteceria.

Mas e se algo acontecesse com Joey enquanto ele


estivesse lá? Por sua mente passaram de repente todos os
tipos de cenários horríveis, a maioria dos quais ela vira na
televisão tarde da noite em seu apartamento. Joey poderia ser
ferido ou pior, morto nesse tipo de instalação. Talvez fosse
isso que o Chefe Cartright tinha em mente quando planejava
mandar Joey para a peninteciária.

— Preciso ver meu irmão. Agora.

A recepcionista pegou o telefone.

— Vou ter que ligar para o Chefe Cartright e ter certeza


que ele concorda.
— Esqueça.

Jenny puxou a alça da bolsa para cima do ombro dela.

— Eu vou falar com ele pessoalmente.

A recepcionista parecia nervosa. Ficou claro que ela não


gostava de quebrar protocolos.

— Mas você não pode ― disse ela saindo de trás da


mesa. —Não é assim que fazemos aqui.

— É como eu estou fazendo ― Jenny disse a ela


enquanto caminhava pelo corredor.

A recepcionista correu atrás de Jenny.

— Se você acha que agir assim é como vai conseguir o


que quer, está muito enganada. O chefe não vai concordar.
Ele vai mandar você embora sem pensar duas vezes.

A porta do escritório estava fechada, mas Jenny sabia


que o chefe Cartright estava lá. A recepcionista teria
mandado ela embora e dito que ele não estava se não
estivesse lá. Jenny bateu uma vez e depois uma segunda vez
um momento depois. Não perdendo tempo, girou a maçaneta
e abriu a porta do escritório.

O chefe Cartright estava limpando sua arma de serviço


quando ela entrou. Ele deixou cair a arma em surpresa.
Felizmente não estava carregada ou sua entrada poderia ter
causado uma cadeia de eventos bastante trágica. Ele a
colocou de lado na mesa enquanto se levantava. A julgar pelo
seu rosto, não gostou de ser interrompido e especialmente
não por Jenny Dale.

— Qual é o significado disso? ― Ele rugiu para a


funcionária. ― Nós temos um sistema de intercomunicação
por uma razão nesta delegacia. Os visitantes não podem
simplesmente andar por aqui fazendo o que bem entendem!

— Foi o que eu disse a ela, chefe ― sua funcionária


respondeu nervosamente ― mas exigiu ver Joey Dale, e ela
não esperou que o avisasse.

— É o bastante.

O chefe Cartright a dispensou com as costas da mão.

— Volte para sua mesa e volte ao trabalho. Eu cuidarei


da senhorita Dale.

Jenny olhou para trás para ver a recepcionista


balançando a cabeça vigorosamente. O rosto dela estava
branco. Ela fechou a porta e os deixou sozinhos. Jenny podia
ouvir saltos correndo pelo corredor.

— Você tem muita coragem, menina.

O Chefe Cartright não se sentou de novo. Em vez disso,


seus olhos azuis de aço olhavam ameaçadoramente através
da mesa para ela.
— Você acha que esse lugar é seu playground pessoal?
Na minha delegacia, você respeita minhas regras. Você não
anda aqui sem avisar.

— Eu quero ver meu irmão.

— Porquê?

Os lábios do chefe Cartright estavam apertados, seus


olhos estrábicos.

— Ouvi dizer que ele está sendo transferido.

Seu sorriso se alargou e ela queria dar um soco em sua


cara de idiota. Assim como Joey tinha feito, ela pensou.

Pela primeira vez em sua vida, ela percebeu que estava


orgulhosa de seu irmão mais novo. O hematoma ao redor do
olho direito do Chefe Cartright havia desaparecido, mas ainda
era visível.

— Eu queria vir e vê-lo antes de você livrar-se dele,


mandando-o para outro lugar.

— Eu não estou me livrando do seu irmão. Ele cometeu


um crime. Ele foi preso e agora está aguardando julgamento.
Nosso tribunal aqui é muito pequeno, então tem que ir para a
próxima cidade, uma com uma instalação adequada. ― Seu
sorriso se alargou e ela queria dar um soco na sua cara de
idiota. Assim como Joey tinha feito.

Seu sorriso não desapareceu enquanto ele falava.


— É o procedimento, eu garanto. É tudo às claras.

Jenny riu.

— Desde quando seu trabalho policial foi às claras?

O sorriso do chefe Cartright desapareceu.

— É isso que você pensa, senhorita Dale? Você tem


algum tipo de queixa em relação ao meu trabalho policial?

— Não estou aqui para discutir seus defeitos.

— Você está aqui apenas para ver seu irmão mais novo.

Ela assentiu. Estava claro para Jenny que ele estava


gostando de brigar com ela.

— Para dizer adeus, ou para falar sobre seus defeitos.

Pelo menos ele nunca matou ninguém, ela queria dizer.

— Tenho certeza de que você está ocupado demais para


ficar aqui conversando comigo. ― Jenny sorriu docemente. —
Então, por que você não pede àquela mulher legal lá fora para
pegar a chave da cela e eu vou te deixar em paz.

Por um segundo, Jenny pensou que ele iria negar seu


pedido. Ele tinha o poder de fazer, afinal. Até poderia
expulsá-la da delegacia se realmente quisesse.

Em vez disso, ele pegou o telefone de mesa e chamou a


funcionária.
— Senhorita Dale irá ver o prisioneiro. Certifique-se de
que ela não fique mais do que meia hora.

Ele colocou o telefone no gancho antes de olhar de novo


para Jenny.

— Isso será suficiente, senhorita Dale? Ninguém gosta


de um longo adeus.

Jenny não lhe deu o benefício de uma resposta. Ela se


virou para a porta voltou para o corredor, onde a
recepcionista certamente estaria esperando.

— Ah, a propósito ― gritou o chefe Cartright atrás dela


― espero que você não tenha incomodado muito Lawrence
quando você foi à loja mais cedo. Ele é um homem bastante
sensível. Gosta de guardar para si mesmo, você sabe.

Ele estava sorrindo quando ela olhou para o rosto dele.

Ele a estava atraindo e parecia estar esperando por


outra luta. O chefe realmente a deixava desconfortável,
embora ela lutasse para permanecer forte. Jenny sentiu
preocupação por Lawrence. Eles o visitaram no fim do
expediente com a esperança de que não fossem vistos. Parece
que seus melhores esforços não serviram de nada. O Chefe
Cartright os viu ou foi alertado por outra pessoa.

— Eu não sei do que você está falando ― Jenny disse


calmamente. ― Nós estávamos lá para uma garrafa de vinho.
Roy disse que Lawrence conhecia uma boa marca, que ele
achava que eu gostaria de experimentar e teve a gentileza de
nos deixar entrar depois do horário para provar um copo.
Espero que isso não ocoloque em problemas, chefe.

— Que vinho era esse? ― Perguntou o chefe Cartright.

— Você pode não saber a marca pois só é vendido em


grandes cidades. É chamado de Rosaceae. Vem em um frasco
limpo, azul.

Jenny não lhe deu uma chance de responder quando


fechou a porta firmemente atrás dela. Ela sabia que suas
palavras haviam causado impacto, mesmo que não estivesse
lá para testemunhar isso.

Quando Roy chegou na casa com Isabelle e o cachorro,


encontrou a cabana surpreendentemente vazia.

Foi Isabelle quem encontrou a nota na mesa da cozinha


e entregou a ele. Por um momento horrível, Roy se perguntou
se ela havia simplesmente decolado para Nova York. Ele se
amaldiçoou por ser tão desconfiado. Não queria duvidar de
Jenny. Queria confiar nela completamente. No espaço de
alguns dias, Jenny se tornou tudo o que importava para ele.
Roy não gostou que ela tivesse pensado em ir à delegacia
de polícia sem ele. O chefe Cartright claramente estava contra
eles, e não parecia certo mandá-la para a gaiola do leão
sozinha. Eles haviam planejado fazer a ligação para o
comissário de polícia assim que ele voltasse para casa. Agora
parecia que isso seria adiado mais uma vez.

A nota não dizia quando ela saíra da cabana então ele


não tinha uma ideia clara de quando voltaria. Ele pensou em
dirigir para a delegacia e se juntar a ela, mas não podia
deixar Isabelle. Jenny já lhe dissera que o cachorro se
mostrara inútil como guarda quando o estranho se
aproximava do lado de fora. Ele dormia bem, na verdade,
mais preocupado em ficar perto da garota do que em manter
intrusos a distância.

Roy mandou Isabelle e sua amiga para a praia para


brincar enquanto tentava colocar seus pensamentos em
ordem. Ele não conseguia afastar a ideia de que Jenny
estivesse se colocando em perigo. Afinal, o Chefe Cartright já
devia saber que estavam construindo um caso contra ele. Roy
chegou a essa conclusão durante a viagem de carro, de que
foi o chefe de polícia que ele havia perseguido pela floresta na
outra noite. Imaginou que Cartright tivesse percebido onde
havia largado o distintivo e voltado para recuperá-lo, apenas
para descobrir que Roy chegou lá primeiro.

Roy originalmente tinha deixado o distintivo trancado


em uma gaveta da cômoda, mas nos últimos dois dias, tinha
levado para transportá-lo com ele no bolso do seu casaco.
Roy não queria que o chefe Cartright invadisse a casa em
busca do distintivo. Ele já tinha feito bastante dano quando
revirou seu caminhonete. Roy tinha colado um pedaço de
papelão através da janela até ter tempo para conduzi-lo para
a garagem no pé da colina e ter o vidro substituído.

Ele se levantou da mesa da cozinha e olhou pela janela.


Estava esperando ver Jenny vindo pela rua, mas tudo estava
quieto.

Ele esperava que ela soubesse o que estava fazendo.


Capítulo 29
Jenny seguiu o funcionário da recepção até as celas.

Depois de ter sido repreendido por seu chefe, o


funcionário estava relutante em dar Jenny sua atitude
habitual. Em vez disso, a caminhada foi feita em silêncio.
Jenny não se importava. Deu-lhe tempo para obter seus
pensamentos em ordem. Ela tinha, afinal, apenas meia hora
para dizer a Joey tudo o que tinha acontecido ao longo dos
últimos dois dias.

Ela esperou impacientemente enquanto o funcionário


destrancou a porta e abriu-a. O atendente acenou para
dentro e fechou a porta firmemente atrás dela.

Joey se levantou da cama quando ela entrou. Ele pareceu


surpreso ao vê-la novamente, mas sorriu. Foi uma mudança
bem-vinda depois da desconfiança que vira no seu rosto em
sua última visita.

— Você voltou.

Ele se aproximou das grades.

— Eu serei transferido em dois dias, Jenny. O chefe


Cartright quer me enviar para a prisão de segurança média
da cidade mais próxima.

Joey parecia preocupado, e o coração de Jenny se partiu


por ele. Se pudesse tê-lo arrastado a partir dessa bagunça
neste instante, ela teria feito, mas tudo isso estaria se
acabando em breve, e ele seria mais uma vez um homem
livre.

— Eu não acho que isso vai acontecer ― disse a ele. —Eu


vou chamar o comandante de polícia.

— O quê? Joey estava com os olhos arregalados quando


ele olhou através das grades para ela. ― Jenny, você não
entende. Ele vai querer evidências sólidas. Ele não vai deixar
seu escritório por menos.

— Mas temos evidências sólidas, Joey.

Ela chegou através do espaço entre as barras e apertou


seu o ombro.

— Você vai estar lá fora em breve, irmãozinho. Apenas


aguente por mais um tempo.

Joey ainda não parecia estar totalmente convencido de


suas afirmações.

— Que evidências? O que você tem? ― ele perguntou.

— Roy voltou para sua casa.

— Eu pensei que você disse que ela foi danificada pelo


fogo.

— Apenas o piso térreo. O chefe de bombeiro Miller deu-


lhe a chave para que ele pudesse entrar e fazer sua própria
investigação.

— Isso não é ilegal? ― ele subitamente a interrompeu. —


Eles podem entrar em grandes problemas por fazer uma
investigação não autorizada assim.

Ela ignorou sua pergunta.

— Eu voltarei a isso depois.

Ela continuou com sua história.

— Roy procurou pelo seu quarto para ver se havia


alguma coisa que a polícia pudesse ter perdido. Ele estava
procurando por algo que iria culpar outra pessoa pelo
assassinato.

— Eu duvido que houvesse alguma coisa lá.

Ele estudou seu sorriso criticamente, como se não


estivesse seguro de que pudesse confiar inteiramente nela.

— Ele encontrou algo debaixo da cama. Era um distintivo


de polícia. Roy disse que o número impresso na frente não
era o seu.

— Não, não seria ― Joey disse-lhe. ― Meu uniforme está


aqui. Ele foi confiscado quando fui colocado aqui, porque
tinha o sangue da Chloe nele. O chefe Cartright o tem
trancado em algum lugar como evidência.

— Roy o embrulhou em um lenço e manteve com ele


desde então. Ele acha que o chefe Cartright voltou por isso na
noite que passou pelo seu quarto.

— Chefe Cartwright? ― Joey parecia chocado ao ouvir a


notícia.

Jenny percebeu com horror que ela nunca disse ao irmão


que ela e Roy haviam chegado a essa conclusão. Ela sentiu
uma sensação de culpa na boca do estômago. Esta não era a
maneira como ele deveria ter descoberto.

Ela observou quando caiu sobre sua cama, com a cabeça


entre as mãos.

— Joey, eu sinto muito.

Joey de repente olhou para ela. Seu rosto demonstrava


sofrimento, e Jenny imediatamente desejou passar através
das grades e chegar a ele.

— Ele foi o único a ter um caso com a Chloe? ―


Perguntou Joey.

Ele olhou para ela, até que acenou com a cabeça


lentamente.

— Droga ― amaldiçoou sob sua respiração.


— Eu sinto muito por ter lhe dito assim.

Jenny sentiu lágrimas brotarem em seus olhos. Ela tinha


desperdiçado muitos anos sem se importar com o que seu
irmão estava fazendo com sua vida, ou como ele estava
fazendo. E agora, era uma das suas maiores preocupações.

— O chefe Cartright estava dormindo com minha esposa.

Ela sabia que Joey mal a ouvia. Sua cabeça estava muito
envolvida com a notícia que acabara de ouvir.

— Aquele desgraçado estava com Chloe.

— Joey.

Sua voz vacilou quando ela olhou para a expressão


devastada em seu rosto. Ela não sabia mais o que dizer.

— Droga, Jenny. Porque tinha que ser ele, de todas as


pessoas? Entendo que a Chloe não estava feliz comigo. Nós
casamos jovens e tivemos a Isabelle. Mas por que ela teve que
agir dessa forma para me machucar assim?

Ele olhou para ela, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Eu era tão horrível?

— Não ― ela disse- lhe suavemente. ― Chloe nunca devia


ter começado um caso. Ela deveria ter pensado melhor.

Houve muitas conversas com Chloe, onde ela disse a sua


melhor amiga que Joey quem deveria ter pensado melhor ou
Joey deveria ter se certificado de mostrar a Chloe que se
importava com ela. Parecia estranho ter a conversa ao
contrário agora. Desejou que sua melhor amiga tivesse sido
sincera com ela. Jenny nunca tinha concordado com o
conceito de ter um caso, mas pensou que Chloe poderia ter
lhe dito a verdade.

— Ela te contou sobre isso?

Jenny esperava a pergunta. Ela teria feito a mesma coisa.

— Não. Chloe nunca disse uma palavra para mim sobre


isso. Eu acho que sabia o que eu teria dito ela.

— Para me deixar, levar Isabelle e ir para a cidade? ―


Joey murmurou.

— Não, eu nunca teria dito para ela deixar você.

— Você me odiava ― Joey a lembrou. ― Então por que


você não fez?

— Porque...

— Porque o quê? ― ele exigiu.

— Porque não é assim que você resolve as coisas! ― ela


gritou de volta para ele. ― Você não corre e se esconde. Você
enfrenta as coisas e se certifica de que elas sejam resolvidas,
ou você apenas acaba infeliz e sozinho, sem nenhuma razão
para viver.
Ela se deixou cair para trás, sua garganta dolorida por ter
levantado a voz. Lágrimas picaram seus olhos. Jenny sabia
que falava sobre si mesma, quando fez essa declaração. Fugir
fora exatamente o que fizera todos esses anos. Ela poderia ter
ficado e feito às pazes com seu irmão. Diabos, poderia ter
partido e ainda ter se esforçado para reconectar-se com ele.

Em vez disso, Jenny havia colocado mais distância entre


eles. Diante dos acontecimentos dos últimos dias, ela foi se
tornando mais insegura do porque havia deixado Ombrea
tantos anos atrás. Ficou claro que se tivesse ficado e
trabalhado na construção de seu relacionamento, teria se
beneficiado muito mais.

— Oh, Jenny, nós temos a pior relação de irmãos do


mundo, não é?

— Acho que nós superamos a maioria das pessoas ― ela


disse com um sorriso brincalhão.

Ele olhou para ela, cautelosamente.

— Acho que poderiamos consertar isso?

— Tirar você deste lugar é um começo.

Ele levantou as mãos como um homem à procura de


salvação.

— Aleluia! Se você pode me tirar deste buraco do inferno,


eu serei o melhor irmão mais novo do mundo.
— Eu me contentaria com meu irmão de volta.
Capítulo 30
Roy ficou aliviado quando viu o Neon de Jenny aparecer.

Ele estava cansado de andar de um lado para o outro na


cabana e pegara uma cerveja, foi até a varanda da frente para
esperar. Uma cerveja rapidamente se transformou em duas,
enquanto impacientemente esperava seu retorno. Isabelle e o
cão estavam distraídos demais para perceber que Jenny
ainda não havia chegado em casa.

Jenny levantou a mão, acenando enquanto fechava a


porta do lado do motorista. Roy se levantou quando ela veio
ao seu encontro e subiu no deque de madeira. Ele tomou-a
em seus braços e segurou-a com força.

— Que tipo de movimento idiota foi esse? ― ele perguntou


em seu cabelo. ― Você achou que era uma boa ideia entrar na
cova dos leões sozinha?

— Bem, ele não me comeu ― ela respondeu quando


levantou o rosto para cima para encontrar seus olhos
sonhadores. ― Ele tentou, mas eu lutei bem.

— Eu não estava brincando ― ele a advertiu gentilmente


― Chefe Cartright não é bobo. Temos que ser inteligentes
sobre como lidamos com ele.
— Parece que não fomos espertos o suficiente.

Jenny acenou com a cabeça em direção a sua cadeira da


varanda, e ele afundou de volta nela. Ela se acomodou ao
lado dele.

— Ele sabe que fomos ver Lawrence.

— O quê?

Roy sentou-se para frente, preocupado. Ele olhou para


ela.

— O que aconteceu na delegacia?

— O chefe Cartright me disse que ele sabia que nós


tinhamos ido. Ele fez parecer como se fossemos assediar
Lawrence.

— Porque ele fez ao velho muitos favores ― Roy


murmurou sarcasticamente. ― Ele é um santo absoluto.

Jenny assentiu.

— Ele disse que Lawrence era um sujeito sensível que


gostava de manter as coisas para si mesmo.

— Isso é uma ameaça, se eu já ouvi uma ― disse Roy. —


Ele pensa que está em vantagem, porque pode soltar o
segredo de Lawrence a qualquer momento.

— Certo.
Jenny ainda me sentia horrível pelo que dissera ao irmão
mais cedo. Não foi fácil contar a Roy o que tinha acontecido.
― Houve outra coisa também. Eu acidentalmente disse a Joey
que nosso principal suspeito é o chefe Cartright.

Ele percebeu que não tinha sequer considerado o que


seria compartilhar essa notícia com Joey. Estava mais focado
em provar a inocência do cara do que mantê-lo informado.
Ele fora visitar Joey antes, na semana passada, na verdade,
foi antes de Jenny chegar à cidade. Joey havia contado tudo o
que sabia e nem uma vez o nome de Cartwright apareceu.
Estava claro que Joey não fazia ideia de que seu superior
estava dormindo com sua esposa.

De repente, ele se sentiu culpado por não ter pelo menos


mencionado que essa era uma possibilidade. Depois que Roy
tinha começado a tentar deixar a cidade do lado de Joey, o
chefe Cartright deixou bem claro que ele não mostraria seu
rosto ao redor da estação. Roy recuou, mas sua investigação
continuou, para o grande aborrecimento do chefe.

Roy nunca pensara em dizer a Jenny para explicar o que


a investigação deles significava para Joey também. Ambos
estavam mais preocupados em deixá-lo saber que ele logo
seria um homem livre.

— Ei, agora.

Ele viu as lágrimas de Jenny e estendeu a mão. Ela


segurou com gratidão e apertou com força.
— De onde vêm essas lágrimas? Só ficará melhor daqui
para frente, eu prometo a você, Jenny.

— Ele parecia tão desolado. Joey sabia que ela estava


tendo um caso pelas suas costas, mas não sabia que o
traidor era alguém tão perto de casa.

— Se fosse para ser alguém, teria que ser da cidade. ―


Roy a lembrou gentilmente. ― Quem quer que fosse, Joey iria
conhecê-lo até certo ponto. É isso o que se trata ser uma
cidade pequena. Todo mundo conhece todo mundo e uma
grande quantidade de seus negócios também.

— Eu me preocupo que ele fazer ou dizer alguma coisa


enquanto estiver lá, o que poderá o deixar em um problema
ainda maior.

— Joey é um cara muito esperto. Você contou a ele sobre


a ligação para o comandante da polícia, suponho?

Ela assentiu com a cabeça.

— Então ele já sabe que seu tempo lá está prestes a


chegar ao fim. Joey não seria tão tolo a ponto de arriscar
tudo agora, não quando está tão perto de ser livre.

— Ainda assim ele pode de qualquer maneira agir sobre


isso. Joey parecia tão magoado lá. Ele era como um animal
enjaulado.

— Mas ele também tem que ter uma visão maior sobre
isso ― Roy apontou. ― Ele tem Isabelle para pensar. Joey não
arriscaria seu retorno para casa com ela, agindo como um
idiota lá dentro. Você tem que dar ao seu irmão um pouco
mais de crédito.

— Eu acho que sim.

Ela enxugou os olhos com as costas da mão.

— Eu acho que tem que haver uma primeira vez para


tudo.

— Eu tenho outro primeiro para você ― Roy disse a ela,


quando soltou sua mão para levantar-se. ― Você, Jenny Dale,
em breve terá sua primeira conversa com um comandante da
polícia.

— Como é emocionante.

Ele estava grato por vê-la sorrindo novamente.

Logo cedo na manhã seguinte, Jenny esperou


nervosamente na linha enquanto o telefone tocava.

Ela sabia o que tinha a dizer para o comandante da


polícia. Roy a treinara por meio de uma história básica que os
tiraria para um ou dois dos aspectos ilegais da investigação,
como das circunstâncias envolvidas na recuperação do
distintivo policial. Por mais que odiasse mentir, Jenny não
poderia admitir que estava em casa depois do incêndio, isso
poderia dar motivos para suspeitar que haviam colocado o
distintivo na cena do crime. A polícia fizera uma busca
inicial, afinal de contas e não haviam descoberto isso.

— Chefe Cartright não queria que eles procurassem com


muito afinco. Ele provavelmente buscou por pistas, insistindo
que já tinham seu homem. Joey tinha o corpo de Chloe
embalado em seus braços, quando a encontrou, então ele
tinha sangue por toda a sua camisa de uniforme. Joey foi um
alvo fácil.

Jenny concordou que ele provavelmente estava certo.

Apenas quando ela estava pronta para terminar a


chamada, uma mulher entrou na linha. Ela parecia sem
fôlego como se tivesse corrido para atender a chamada.

— Escritório do comandante da polícia Gatrall, posso


saber quem fala?

— Uh, é Jenny Dale.

Ela ficou agitada. O nome do comandante não era o


mesmo que Roy tinha rabiscado num pedaço de papel no
escritório dele. Jenny segurou o telefone um pouco mais
apertado.

— Meu irmão é oficial Joey Dale, do Departamento de


Policia de Ombrea. Eu gostaria de falar com o comandante da
polícia sobre como seu processo está sendo conduzido.

— Seu irmão foi acusado por algum crime, senhora?

— Assassinato ― Jenny respirou fundo. Sua boca estava


terrivelmente seca. Ela pensou que teria mais confiança
quando fosse fazer esta ligação, mas até a recepcionista
estava deixando-a nervosa.

— O departamento de polícia de Ombrea, você disse? ―


Jenny podia ouvir as teclas do computador clicando no
fundo.

— Sim, é na Virgínia Ocidental.

— Eu sei onde é, senhora. Espere um segundo.

Uma explosão de jazz de repente substituiu a voz da


recepcionista.

— Bem —? Roy mexeu com a boca quando ela se virou


para ele.

— Eu acho que ela me colocou em espera.

Ele deu-lhe um sinal de positivo.

— Isso é um bom sinal.

Ela trocou o telefone para o outro ouvido para que


pudesse esfregar a mão no jeans. Estava escorregadia de
suor.
— Eu não acho que posso fazer isso.

— Relaxe, você está indo muito bem até agora. Apenas


fique calma.

— Olá? ― Uma voz masculina repentinamente substituiu


a música de jazz em seu ouvido.

— Senhorita Jenny Dale?

— Só Jenny, por favor.

Estava claro que ela fora apanhada de surpresa. Roy


esperava que ela pudesse se manter junto.

— Bem, só Jenny, o que posso fazer por você? Minha


recepcionista disse que você está ligando em relação ao seu
irmão, Joey, que é um oficial do departamento de polícia de
Ombrea.

— Ele é. Quer dizer, é exatamente por que isso estou


ligando. Ele foi preso pelo assassinato de sua esposa, Chloe.

— Acho que já ouvi falar sobre este caso.

O comandante não deixou demonstrar o quanto ele sabia.

— Eu tenho tempo para ouvir o que quer que você queira-


me dizer sobre isso.

— Você vê senhor, ele não fez isso.

— Não?
— Não, ele foi incriminado. Eu tenho a evidência para
provar isso, senhor.

— Incriminado por quem?

O comandante não pareceu confiante em sua


reivindicação.

— E que evidência é essa?

Jenny respirou fundo antes continuar.

— Eu acredito que ele foi incriminado pelo chefe


Cartright, senhor.

— Chefe James Cartwright?

Ela podia ouvir o Comissário movendo papéis em sua


mesa.

— Você está me dizendo que seu irmão foi incriminado


pelo seu próprio supervisor?

— De fato, eu estou, senhor. Como disse, tenho provas


para fazer respaldar minhas afirmações.

— Continue.

— Eu sou o último parente vivo da filha do meu irmão,


Isabelle. Eu vim para Ombrea para tomar conta dela
enquanto seu pai está na cadeia ― explicou Jenny.

Ela manteve os olhos intensamente em Roy, enquanto


continuou.

— Eu estava limpando a casa. Eu não acho que Isabelle


deveria ter que ver o quarto onde sua mãe havia morrido em
tal estado. Encontrei um distintivo escondido debaixo da
cama.

— Que tipo de distintivo era este?

— Desculpe, um distintivo da polícia, senhor. O distintivo


do meu irmão ainda está fixado em seu uniforme na
delegacia. Há um rumor pela cidade que eu confirmei pelo
meu irmão. Sua esposa estava tendo um caso com alguém na
cidade. Eu sei de fato que o distintivo que encontrei debaixo
da cama não era número de polícia de Joey, então me sinto
confiante o suficiente para dizer que deve ter pertencido ao
amante de Chloe.

— Chloe era sua esposa?

— Sim, senhor.

— É um distintivo de oficial da polícia, no entanto?

O comandante fez uma pergunta que ela não esperava.

— Como pode você ter certeza de que não é um adereço


que faz parte de uma fantasia?

— Eu sei que é real, senhor. Eu pedi a um policial


veterano da cidade para confirmar isso para mim.
Ela ouviu o rangido de uma cadeira. Ficou claro que o
comandante estava considerando suas afirmações.

— Qual é o nome deste policial veterano?

— Roy Peters.

Para sua surpresa, o camandante começou a rir.

— Roy Peters? Ele mencionou alguma vez ter estado nas


forças armadas?

— Uh, sim, eu acho que ele estava.

Jenny olhou para baixo para a camisa do exército que ela


pegara emprestado da gaveta de Roy nesta manhã.

— Ele definitivamente era.

— Então conheço bem Roy Peters ― explicou o


comandante. ― Eu estava liderando seu grupo na minha
última viagem no Afeganistão. Ele é definitivamente um bom
homem. Ele até salvou minha vida uma vez, embora seja
modesto demais para admitir isso.

Jenny sentiu vontade de saltar no ar. Este homem


conhecia muito bem Roy, pelo som disso. Parecia que eles
poderiam ter um trabalho mais fácil do que ela pensara
inicialmente.

— Ele tem sido de grande ajuda com o caso do meu irmão


― Jenny explicou sentido uma nova confiança. ― Ele salvou
minha vida também, senhor. Era nisso que estava querendo
chegar. Pensamos que o chefe Cartright pode ter percebido o
que descobri, porque ele atirou um coquetel Molotov pela
janela da sala de estar da casa do meu irmão. Acredito que
ele tinha a intenção de me matar e destruir qualquer
evidência deixada para trás.

— Isso é uma grande acusação, senhorita Dale,— disse o


comandante. ― Você encontrou um distintivo de polícia na
casa do seu irmão. Você acha que pode ser o número de
polícia do chefe Cartright. Não consigo ver agora como você
conectou o incêndio a ele?

— Quando cheguei a casa, notei uma garrafa de vinho


azul na geladeira. É chamado de Rosaceae. É uma marca
cara que você normalmente só encontra nas prateleiras das
lojas especializadas em vinho nas grandes cidades.

— Na verdade, tenho dentro da minha geladeira também.

— Certo. Eu já tinha visto na festa do meu editor e fui


comprar uma garrafa. Chloe apreciava o vinho tanto quanto
qualquer pessoa, mas ela sempre procurava a marca mais
barata ou a com etiqueta mais bonita. Eu nunca a vi gastar
tanto em vinho.

— Continue.

— Eu vi o coquetel Molotov, bem antes da sala de estar


pegar fogo. Era uma garrafa azul exatamente igual à que
estava na geladeira de Chloe. O chefe dos bombeiros até
confirmou isso.

— Certo. Você tem o meu interesse.

Jenny estava quase lá agora.

— Eu fui à loja de bebidas na cidade, a qual poderia ter a


chance de ter o vinho em estoque. Ele disse que nunca tinha
visto isso em sua vida, mas parecia nervoso. Ele me ligou no
dia seguinte e me pediu para voltar na loja com Roy.

— Ele admitiu ser forçado a mentir. Ele nos disse que o


chefe Cartright fora o único a pedir o vinho Rosaceae.
Lawrence, o dono da loja, costumava ser um ladrão nos seus
dias de faculdade. Havia se passado alguns anos agora, mas
o chefe Cartright estava segurando seus crimes passados
contra ele para fazer com que o homem cumprisse suas
ordens Estava apavorado que se não pedisse o vinho a cada
semana e o mantivesse em segredo absoluto de qualquer um
que perguntasse, ele seria mandado imediatamente para a
cadeia.

— Ele repetirá isso para mim se eu perguntar?

— Eu acho que irá, senhor. Mas está com medo do que


pode acontecer em relação ao seu pequeno roubo. Ele está
fora desse negócio há mais de vinte anos. Eu não acho que
ele se associa com as mesmas pessoas com quem esteve no
passado.

— Eu prometo ser gentil com ele, senhorita Dale, se


cooperar, mas preciso ouvir essa história dele.

— Eu entendo, senhor.

— Eu terei que ir à cidade e verificar isto tudo em


primeira mão. Eu vou para lá de manhã e entro em contato
com você em seguida. É este o número que posso encontrar
você?

— Sim, senhor, é o número de Roy Peters.

O comandante começou a rir novamente.

— Roy Peters. Quem teria acreditado que o veria


novamente? Certo, Jenny. Eu entrarei em contato.
Capítulo 31
Roy não podia acreditar no quanto Jenny estava animada
quando ela se despediu e desligou o telefone.

— Eu estou assumindo que tudo correu bem, então? ―


perguntou, vacilando quando ela saltou sobre ele.

Ela o puxou para perto antes de recuar apenas o


suficiente para lhe dar um grande beijo em seus lábios. Roy
reagiu rapidamente, sua mão se movendo até a parte inferior
das costas, enquanto a abraçava.

— Ele virá de manhã ― explicou ela quando finalmente se


separaram e ele pôde recuperar o fôlego.

— Ele disse que vai ligar quando chegar à cidade. Ele


quer falar com Lawrence primeiro.

— E sobre o passado de Lawrence? Você acha que ele vai


processá-lo?

— Disse que seria gentil com ele.

Ela tinha um brilho travesso nos olhos dela.

— Mas isso não é a melhor parte.


— O quê?

Roy não sabia o que poderia ser.

— Ele acredita que temos um caso?

— Acho que sim. Ele deve estar interessado, já que virá


para a cidade. Mas, ouça, você não vai acreditar nisso.

— Ele conhece você. Disse que vocês fizeram uma viagem


ao Afeganistão juntos.

— É assim mesmo?

— O nome no papel que você me deu estava errado. Ele


deve ter se aposentado. Falei com um cara chamado Gatrall.

— Gatrall?

Roy não podia acreditar.

Ele conhecia muito bem Ben Gatrall. Ben fora seu


comandante oficial, quando estava no Afeganistão, e ele tinha
ficado feliz ao ser designado para seu pelotão. Ben era um
bondoso e excelente soldado.

Eles foram enviados uma tarde para entregar alguns


suprimentos básicos a um povoado a cerca de oito
quilómetros da base. Tudo correu de acordo com o planejado
até a metade do caminho. A caminhonete precisou ser parada
para que os suprimentos pudessem ser amarrados. O terreno
acidentado frequentemente afrouxava os nós.
Embora ele estivesse no comando, Ben ainda pulou do
caminhonete para fazê-lo. Ele estava assobiando enquanto
caminhava para a parte de trás do caminhonete.

Roy seguiu em frente para ajudá-lo, e foi aí que viu uma


lasca negra saindo da areia. Ele abordou Ben no chão
segundos antes dele pisar e explodir com eles.

Ben elogiava-o desde então. Para Roy, era apenas uma


parte do trabalho. Eles perderam o contato quando Roy foi
ordenado a se aposentar. Roy não se lembrava de ter
reconectado com qualquer um dos seus amigos do exército
depois que se estabeleceu em Ombrea. Sabia que nunca
poderia enfrentar essa vida novamente, nem mesmo em
conversas. Era o melhor para todos, especialmente para ele,
se deixasse seus dias no exército para trás.

Mas Ben Gatrall chegaria à cidade na manhã seguinte.


Sua conexão com Roy poderia vir a ser o que desperou seu
interesse no caso do Joey Dale.

Por Joey, Roy esperava que pudesse se recompor e ver


Ben novamente.

— Jenny?
— Falando.

— É Ben Gatrall. Eu estou ligando para dizer que cheguei


à cidade.

— Obrigado por ter vindo, senhor. Você não imagina o


quanto nós apreciamos que nos ouça.

— É claro. Eu irei para a loja de bebidas agora e falarei


com Lawrence. Esperava sair e ver Roy depois, se ele estiver
disponível.

— Ele deve estar.

Jenny olhou pelo corredor até a porta do banheiro.

Roy parecia quieto, desde que lhe disse que Ben Gatrall
era o comandante da polícia que estaria cuidando do caso.
Ela achou que ele ficaria muito feliz. Afinal de contas, isso
significava que tinham alguém em quem confiava e estava do
lado deles. Tudo o que tinham que fazer agora era explicar os
aspectos do caso para ele e tê-lo apoiando pessoas como
Lawrence e Joey. Parecia bastante simples. Joey poderia ser
um homem livre até o final do dia.

No entanto, Roy não estava mostrando o mesmo nível de


excitação. Ele estava mal humorado e quieto, então ela o
deixou sozinho, apenas falando com ele quando puxava uma
conversa primeiro. Uma vez ou duas vezes, Jenny pensou ter
visto as mãos dele tremerem, mas Roy rapidamente as tirou
de vista ou saia do quarto para evitar confrontá-lo. Ela não
ousou perguntar-lhe sobre isso. Sabia que quando ele
estivesse preparado, seria honesto.

— Ótimo. Eu só preciso do endereço.

Jenny deu-lhe as instruções que ele precisava para


chegar à cabana e terminou a ligação.

Finalmente, tudo parecia estar seguindo seu rumo. Ela


lançou outro olhar nervoso em direção ao banheiro. Jenny
desejou que Roy lhe dissesse o que estava acontecendo com
ele.

Roy há muito tempo terminara de se lavar. A água uma


vez quente estava começando a esfriar, mas ainda não
conseguia fazer a si mesmo deixar o banho. Ele descansou a
testa contra o azulejo frio e fechou os olhos.

Normalmente, ele passaria esse tempo sozinho pensando


em Jenny. Estar com ela parecia tão certo. Ela o salvou.

Mas agora ele não conseguia se concentrar nisso. Sua


mente estava rodando com lembranças que há muito tempo
havia suprimido, às vezes com algumas doses de uísque. Ele
não conseguia afastar os pensamentos, por mais que
tentasse. Roy podia ouvir os gritos dos homens em sua
cabeça e o zumbido das lâminas do helicóptero. Podia sentir o
cheiro de sangue coagulado em seu uniforme. Ainda podia
sentir uma pontada de dor quando tocou seu ombro direito.

Foi lá que a bala o acertou. Ele tinha quebrado o braço


quando era criança, mas nunca havia experimentado dor
como essa antes. Ela rasgou através de cada centímetro de
seu corpo. A dor cresceu em intensidade a cada segundo que
passava. Ele ainda podia sentir seu ombro se deslocando
quando moveu o braço direito para trás.

Os homens com quem ele estava na época o arrastaram


de volta ao comboio e o levaram para a unidade médica mais
próxima. Ele podia se lembrar do rosto do médico que ajudou
a remendá-lo de volta, como se tivesse acabado de vê-lo
ontem. Mas foram as palavras do médico que o assombravam
até hoje. Você estará de volta em pouco tempo, filho.

Roy não queria voltar lá. O tiro em seu ombro o abalou.


Ele estava quebrado agora, como uma mercadoria danificada.
Roy não podia voltar e encarar tudo isso de novo. Queria
correr de volta para o abrigo. Sabia que era um fracasso. Roy
sabia que estava abandonando seu país, seus próprios
amigos, mas não podia afastar o medo.

Uma batida na porta do banheiro o assustou.

— Roy?

Jenny mexeu a maçaneta da porta.


— Roy, você está bem aí?

— Sim, eu vou sair em um minuto.

Roy desligou o chuveiro e ficou ali por um momento.

— Eu só tenho que me vestir.

— Ok.

Ele podia ouvir a preocupação em sua voz. Odiava que ela


estivesse preocupada com ele.

Ele saiu do chuveiro e olhou para si mesmo no espelho


do banheiro. Roy não gostou do homem o encarando.

Roy se vestiu rapidamente em seu quarto. Fechara a


porta na esperança de impedir que Jenny entrasse para falar
com ele. Felizmente para ele, funcionou. Ela manteve
distância.

Ele se odiava por mantê-la afastada assim. Um par de


dias atrás, teria adorado que Jenny entrasse. Ele iria tomá- la
em seus braços e passar a próxima hora na cama com ela.

O grito de menina de Isabelle cortou o ar da manhã,


assustando-o.

Roy correu para a janela do quarto, mas dava para a


floresta e não havia nada para ver. Ele abriu a porta do
quarto e saiu para o corredor.

Jenny estava parada na porta olhando freneticamente


para a praia e o lago. Ela estava balançando a cabeça.
Parecia que também não tinha uma boa visão de Isabelle.

— Onde ela está? ― ele perguntou freneticamente


enquanto procurava a única arma que tinha ao alcance, seu
canivete suíço.

— Jen, onde ela está?!

— Eu não a vejo.

Jenny se virou para ele assustada, os olhos cheios de


lágrimas.

— Eu não a vejo, Roy.

— Afasta-se.

Ele passou por ela e correu para o convés, quando outro


grito penetrante encheu o ar. Roy não podia perder mais
tempo. Desceu correndo os degraus que dava para praia de
dois em dois. Sua faca estava pronta para qualquer coisa.

As lembranças da guerra fresca em sua mente, seus


instintos lhe disseram que o perigo poderia estar à espreita
em qualquer canto. Isabelle era tudo o que importava agora,
PTSD, ou não. Ele poderia enfrentar qualquer perigo,
contanto que ela estivesse bem.

Ele correu para o lago, mas não conseguiu vê-la na água.


O cachorro não estava à vista, então achou que ainda devia
estar com a criança.
Roy deu a volta e se dirigiu para a floresta. Talvez ela
tivesse ido longe demais e se perdido. Ele estava se
aproximando da linha das árvores quando a avistou.

Ela estava brincando perto da floresta, a julgar pela


coleção de pinhas a seus pés. Isabelle estava de costas para
ele, seus olhos azuis arregalados e fixos na figura alta se
movendo em sua direção. A figura que se aproximava tinha
uma arma na mão, embora não a tivesse apontado para ela.
Isabelle estava apavorada.

Roy correu na direção deles, a toda velocidade. Era o


chefe Cartright. Tinha que ser.

Ele gritou para Isabelle que estava chegando. Queria que


ela soubesse que não estava sozinha, que iria resgatá-la.

Roy sentiu a dor repentina de uma bala rasgando seu


ombro. O choque do impacto o parou no caminho.

Ele levou a mão para ao ferimento para diminuir o


sangramento, mas já podia sentir o sangue escorrendo por
entre seus dedos.

Ele gemeu de dor enquanto desejou que suas pernas


continuassem. Roy tinha que chegar a Isabelle antes que o
homem pudesse lhe fazer mal.

Ainda havia muito terreno para se fechar entre eles.


Isabelle estava recuando e estava quase na beira da água. O
chefe Cartright estava um pouco além dela, na beira da
floresta e vestido inteiramente de preto. Roy, agora, tinha
certeza de que fora Cartwright quem estava perseguindo pela
floresta na noite em que foi para a casa.

Roy não podia deixar o chefe de polícia chegar a Isabelle


antes dele.

— Cartwright, pare com isso agora ― ele ordenou em voz


alta, sua voz ecoando pela praia.

Roy empurrou. Seu corpo ameaçou ceder debaixo dele


enquanto a dor o consumia. Sua camisa estava quente e
encharcada de sangue. Ele estava começando a se sentir
tonto.

— Cartwright, pare com essa loucura!

O rosto de Roy estava pingando de suor. Ele lutou para


manter os olhos fixos no chefe da polícia, mas sua visão
estava ficando nebulosa. Cartwright levantou a arma pela
segunda vez.

Ele ouviu a Isabelle gritar novamente, e o esguicho de


água quando ela caiu no lago. Tudo o resto pareceu acontecer
em um piscar de olhos. Roy ouviu o latido furioso de um
cachorro e então o estalo de uma arma sendo disparada.
Havia passos batendo na praia em direção a eles. Dois
conjuntos, se ele não estava enganado. Jenny era a única na
cabana. Quem poderia estar com ela?

Roy caiu de joelhos, quando suas pernas cederam. Já


não possuia força para se manter em pé, rolou para suas
costas com dor. O rosto de Jenny pairava sobre ele em um
borrão enquanto estava deitado lá atordoado e exausto. Algo
pressionou contra sua ferida. Ele gritou em agonia e se
contorceu, até que eles recuaram.

O som de outro tiro a curta distância o fez pular. Ele


tinha certeza que Isabelle fora embora. Você a decepcionou,
ele disse a si mesmo. Você deveria mantê-la a salvo do perigo,
e você falhou.

— Roy? Roy?

Tinha que ser a Jenny, ele decidiu quando sentiu mãos


pressionando seu peito. Mais um rosto apareceu acima de
sua cabeça e, em seguida, um terceiro, mais peludo.

— Roy? Você está acordado? ― Isabelle estava olhando


para ele, com o rosto cheio de preocupação. Fios de cachos
loiros pendiam sobre seu rosto, fazendo cócegas no nariz
dele. Ele estava tão aliviado ao vê-la. Roy achou que ela fora
baleada. Desejou ter força para abraçá-la.

— Roy, acorde!

— Estou acordado ― ele murmurou.

Alguém pressionou sua ferida novamente, e ele gritou por


misericórdia através da dor.

— Eu tenho que manter pressão sobre isso para você não


sangrar ― disse Jenny, sua voz firme. ― Eu não vou deixar
que você morra, Roy Peters.

— Como ele está? ― uma voz masculina chamou de


algum lugar por perto.

Uma figura se aproximou, e um rosto masculino


apareceu.

— Bom te ver, Roy. Já chamei uma ambulância, e eles


estão a caminho agora. Você vai ficar bem.

— O que... ― Roy se atrapalhou com as palavras. A dor


em seu ombro era implacável. Seu corpo estava dormente, e
sua cabeça latejava.

— Salve suas forças ― sussurrou Jenny. ― A ajuda está a


caminho.

— Cart... right ― Ele gemeu. ― O que...

— Morto, eu receio ― disse o homem. ― Ele virou a arma


para a garotinha, e eu tive que agir rápido. Eu tive que
derrubá-lo antes que ele atirasse.

— É uma coisa boa que Ben havia chegado antes. Ele


adiou sua entrevista com Lawrence para que ele pudesse vê-
lo primeiro ― explicou Jenny. ― Um golpe de sorte, se é que
houve um. É um sinal claro de que você ficará bem, Roy.

— Muito bem ― Roy murmurou.

Sua cabeça estava confusa. Sua boca estava seca. Ele


fechou os olhos apenas para aliviar a pressão da cabeça.

— Muito bem ― ele repetiu enquanto se deixava afundar


na escuridão.
Capítulo 32
Jenny tinha pedido ao Ben se poderia ser ela a contar a
deu irmão que ele estava livre. Eles tinham acabado de se
conhecer e já devia tanto a ele! Ben havia salvado não
somente Roy e Isabelle, mas Joey também.

Jenny se retraiu, imaginando o que teria acontecido se


ela tivesse que enfrentar o Chefe Cartright sozinha. Graças a
Deus, Ben havia chegado.

A delegacia estava tranquila quando ela chegou. Os


oficiais que trabalhavam sob o comando do Chefe Cartright
tinham ordens para dar entrevistas detalhadas sobre o
envolvimento deles. De acordo com o que Ben havia contado
na cabana, haveria uma completa mudança de liderança no
departamento.

Com relação a Lawrence, Ben tinha concordado em não


apresentar queixa. Lawrence estava no mundo da lua,
quando Ben passou na loja de bebidas para dizer-lhe
pessoalmente que ele continuaria a ser um homem livre.

Ben agora tinha uma garrafa caríssima de uísque


escocês, guardada no porta-malas do seu carro. Por mais que
houvesse protestado e dito que o presente não seria
necessário e que ele estava apenas fazendo seu trabalho,
Lawrence se recusou a deixá-lo sair da loja sem ela.

Jenny deixou seu carro no estacionamento. A delegacia


parecia menos intimidante conforme as portas automáticas
se abriram à sua frente. O recepcionista estava numa
discussão acirrada com Ben no outro lado da portaria, então
ela ficou afastada até a conversa parecer ter terminado.

Quando chegou a hora de ver o Joey, Ben fez um gesto


para ela segui-lo até o corredor.

— Tem certeza que quer fazer isso? ― ele perguntou, um


sorriso se espalhando nos lábios. ― Nós poderíamos deixá-lo
ali mais um dia ou dois. Fazê-lo suar.

— Muito engraçado.

Jenny esperou nervosamente enquanto Ben destrancava


a porta de segurança que levava às celas e entrava à sua
frente.

Joey se levantou do beliche assim que viu seus visitantes.


Ele estava esperando sua transferência naquele dia... e já
estava em alerta. Ficou preocupado quando viu Ben andando
ao lado dela. Ficou claro para Jenny que o irmão reconhecera
seu superior.

— Comissário de polícia Gatrall.

Joey estendeu sua mão através das grades.


— Não esperava vê-lo aqui. Ninguém me disse que estava
vindo ― ele disse conforme Ben apertava sua mão
calorosamente.

— Eu não esperava estar em Ombrea hoje, oficial Dale,


mas sua irmã foi tão insistente, que vim dar uma olhada no
seu caso.

Jenny não conseguiu evitar mais e riu da reação dele


quando Joey olhou surpreso para ela.

— Obrigado, senhor. Sua consideração em passar aqui


significa muito para mim.

— Você está sendo expulso, Dale. ― Ben levantou uma


sobrancelha ― A menos que prefira ficar.

— Não, senhor ― Joey sacudiu sua cabeça rapidamente ―


Nem pensar.

Ele esperou ansioso enquanto Ben encontrava a chave no


molho e destrancava a porta deslizante de metal da cela. Joey
quase tropeçou na sua pressa de se libertar. Joey apertou a
mão de Ben de novo, rapidinho, antes de puxar Jenny para
um longo e forte abraço.

— Não acredito que você conseguiu. ― ele chorou em seu


cabelo. ― Conseguiu me libertar, Jen!

— Não gostamos de manter homens inocentes na cadeia


por mais tempo que o necessário ― Ben disse firmemente. —
O público desaprova isso. Agora, se vocês me dão licença,
tenho mais algumas entrevistas para conduzir. Oficial Dale ―
disse ele, oferecendo a mão para o oficial mais jovem uma
última vez ― Em nome da polícia de Ombrea, peço desculpas
pela forma como você foi tratado. Você está livre!

— Obrigado, senhor.

Joey estava em êxtase.

— Obrigado por tudo que fez por mim.

— Agradeça à sua irmã e Roy Peters. Foram eles que não


desistiram de você. Você tem uma ótima família, filho.

— Sim, senhor, eu tenho ― Joey disse com orgulho. ― Eu


realmente tenho.

Roy não achou que tivesse amigos na cidade. Isso até ele
ser baleado.

Seu criado-mudo do hospital estava atulhado de


presentes e dos melhores votos enviados a ele por várias
pessoas ao redor da cidade. A maioria ele mal conhecia, e
muito menos tinha amizade. Ainda assim, todo mundo queria
desejar-lhe uma rápida recuperação.
Até mesmo a Isabelle entrou na onda! Ele manteve seu
vaso de flores silvestres coloridas da propriedade de Dale ao
lado da cama para que pudesse vê-las o tempo todo.

A última vez que vira Jenny foi depois que saiu da


cirurgia.

Depois de desmaiar na areia, ele, na verdade, lembrava


de pouca coisa sobre o incidente. Roy deve ter perdido muito
sangue.

Jenny e Isabelle receberam autorização para entrar


enquanto recuperava a consciência da anestesia. Seus rostos
estavam tão embaçados como quando ele estava deitado na
cabana, mas foi reconfortante saber que ficaram com ele.

Jenny disse-lhe que quando o chefe Cartright tinha dado


o tiro que quase o matou, o cão tinha pulado sobre ele e o
atrapalhou. Apesar disso, o chefe continuou de pé,
escolhendo apontar sua arma para a criança, em vez dele. Foi
quando Ben entrou e deu o tiro que matou o chefe Cartright.

Roy estava contente porque tudo havia, finalmente,


chegado ao fim. Ele não esperava que acabasse assim.
Pensava que o Comissário da polícia prenderia o chefe
Cartright, que seria julgado por seus crimes. Joey seria
libertado, e Isabelle finalmente iria se encontrar com seu pai.
Jenny ficaria com ele na cabana, e todos viveriam felizes para
sempre. Parecia um final bastante feliz aos olhos dele.
Capítulo 33
Apesar de querer muito, Jenny não conseguiu ficar com
Roy por mais uma hora devido às normas do hospital.

Cansado de ver sua irmã andar impacientemente pela


cabana, Joey a puxou para fora. Juntos, desceram as
cadeiras do deck para a areia da praia para desfrutar o clima
quente, enquanto ele ainda estava ali. Logo o verão chegaria
ao fim e o outono ficaria em seu lugar.

Jenny tentava imaginar como a cabana deveria ficar linda


com as cores do outono. Ela não via a hora de admirar essa
beleza, e era justamente sobre isso que precisava conversar
com o Roy.

Ela observou Joey desabando em sua cadeira. Ele estava


mil vezes melhor do que quando ficou naquela cela imunda.
Ele estava limpo e agora, graças a Deus, bem alimentado,
para variar. Joey tinha tirado um velho par de tesouras do
banheiro do Roy e aparado seu cabelo que ficou mais curto
que o normal. Joey ficou mais bonito assim, com o cabelo
curto

Jenny não conseguia evitar e voltava a pensar nos


acontecimentos da manhã anterior. Fora algo horrível mas
felizmente chegou logo ao fim. Chefe Cartright já não poderia
mais causar danos nesta cidade. No entanto, havia alguns
aspectos que ainda não conseguia entender.

— Eu fico pensando, por que o chefe simplesmente não


esperou até o comissário falar com ele? Ele poderia ter
tentado convencê-lo de sua versão do caso ― Jenny
perguntou. ― Ele poderia ter nos chamado de mentirosos, ou
ao menos ter preparado algum tipo de defesa. Em vez disso,
só conseguiu parecer ainda mais culpado vindo atrás de nós.

— Ele não estava em seu juízo perfeito. Você deve se


recordar disso ― Joey lembrou-lhe suavemente. ― Ele era um
criminoso inteligente, mas no fundo, ainda era um homem.
Sabia que você estava desconfiando dele quando Roy
descobriu o distintivo na casa. O chefe devia estar
monitorando o video da cela e decidiu que você sabia que era
ele, com certeza. Foi por isso que agiu. Você iria destruí-lo, e
ele queria arruiná-la primeiro.

— Mas não faz muito sentido ― Jenny protestou.

— Jen, ele era um indivíduo pervertido. Você não


consegue simplesmente ficar aliviada por ele ter tido o que
mereceu? ― Joey fechou os olhos enquanto se inclinava em
sua cadeira de praia. ― Ele finalmente foi apanhado.

Jenny assentiu. Ela observava enquanto a brisa do verão


brincava com o cabelo do seu irmão mais novo. Ele não era
mais como ela se lembrava, mas já não era enquanto estava
preso. O menino que ela lembrava fora esquelético e
estranho. Seus ombros sempre estavam tensos, como se ele
esperasse uma briga em toda esquina.

O jovem sentado diante dela agora estava relaxado e


calmo. Seu rosto tinha envelhecido, ela notou. Havia linhas
em torno de seus olhos e uma pequena cicatriz no rosto que
ela não se lembrava de ele ter quando eram crianças.

Ela sentiu um pequeno tremor de culpa diante da ideia


de que realmente não o conhecia mais. Ao longo dos últimos
sete anos, Jenny não quis saber dele. Ele tinha respeitado
isso e ficou afastado. Com isso, eles levaram suas vidas
completamente afastados um do outro.

Era sempre a Chloe que se sentava para conversar com


os irmãos. Ela havia reclamado do Joey nessa estranha
situação, e estava sempre pronta a criticá-lo por suas ações,
Jenny tinha ficado mais do que feliz em ouvir seu desabafo.
Quando se tratava de algo sério ou importante no que se
referisse a Joey, ela percebia que Chloe nunca dizia nenhuma
palavra.

Ela não contou, por exemplo, sobre quando Joey tinha


recebido uma medalha de serviço por ter agido rápido em um
acidente de carro na rodovia. Jenny vira a medalha na parede
do corredor da casa dos Dale.

Chloe não contou sobre quando Joey ajudou a costurar a


fantasia de leão de Isabelle para a peça de teatro do jardim de
infância. Jenny encontrou uma foto escondida no quarto de
hóspedes do Joey dormindo na máquina de costura, e
Isabelle experimentando a cabeça desajeitada do leão
enquanto ele dormia.

A vida dele tinha sido um completo mistério para ela.


Jenny sabia que esperava mais desgraça e tristeza, mas na
realidade, fora bem diferente. Joey tinha se tornado um rapaz
excelente, alguém que ela tinha orgulho de chamar de irmão.

— Sente falta dela?

Ela não sabia como havia encontrado coragem de


perguntar, mas a pergunta estava martelando em sua cabeça
já há algum tempo. Joey e Chloe nunca tiveram o casamento
perfeito. Na verdade, eles tinham casado apenas para
permitir que Isabelle tivesse pais estáveis. Ainda assim, ao
longo de todas as lutas, eles nunca tinham se deixado abater.
De todas as pessoas no mundo, Chloe o tinha traído com o
chefe Cartright mas apesar disso não o abandonou.

Joey abriu um olho enquanto olhava através de Jenny.

— Você realmente me perguntou isso?

— Eu sei. Foi mal.

— Muito intrusivo, devo acrescentar.

— Horrivelmente intrusivo.

Ele sorriu gentilmente.


— Está tudo bem, Jen. Claro que sinto falta dela. Como
não poderia? Ela era o amor da minha vida. ― Ele inclinou-se
para a frente e descansou os cotovelos nas pernas para olhar
para ela. ― E você?

— Se sinto falta da Chloe? ― Ele assentiu. ― Claro, ela


era minha melhor amiga.

— Acho que isso é algo que finalmente temos em comum.

Ele estava radiante quando se recostou novamente.


Parecia que Joey Dale estava realmente curtindo sua
liberdade.

— Há outra coisa que temos em comum ― lembrou


Jenny. Ela esticou os pés e cutucou-o com o dedão. Ele a
cutucou de volta com carinho.

— O que, os pais?

— Acontece que nós dois amamos aquela garotinha ali.

Ela olhou à distância. Isabelle estava empoleirada na


beira da água, seus olhos azuis olhando atentamente a água
enquanto procurava pedrinhas lisas e brilhantes, que
poderia usar para brincar. O cão, que procurava sempre
ficar perto dela, estava sentado. Ele apenas a observava,
esperando o momento de buscar a pedrinha e tirá-la da água.

— Isso é verdade. ― Ele seguiu o seu olhar para os dois


brincando. ― Aquele cão não tem que ser devolvido, tem?
— Para onde você vai devolvê-lo? Para a floresta? Ele
estava perdido.

— Então o que você está dizendo é que minha filha é


basicamente uma domadora de animais selvagens, como o
Mogli?

— Sim ― Jenny cutucou-o novamente ― Só que ela é a


versão da Virgínia Ocidental.

Roy não conseguia dormir.

Ele ficou com um olho fixo no relógio da parede do


hospital, observando os minutos se arrastarem As regras do
pequeno hospital de Ombrea diziam que apenas duas horas
por dia eram permitidas para os visitantes. Roy não tinha
absolutamente nada contra isso, desde que as horas
passassem rápido e chegasse logo a próxima visita.

Ele sabia que a Jenny viria no horário de visitas. Na


verdade, não via a hora dela chegar e vê-lo. Ela sempre
parecia encontrar uma maneira de fazê-lo sentir-se melhor, e
do jeito que seu ombro estava latejando, Roy precisava de um
pouco de seu encanto.

— Ei, estranho ― ela murmurou suavemente quando


finalmente apareceu na porta do quarto. Seu sorriso fácil já
fez ele se sentir muito melhor. ― Como se sente hoje?

Ele estremeceu enquanto tentava se sentar um pouco


mais para cima.

— Sinto como se tivesse sido baleado ontem.

Ela riu da piada.

— É tão ruim assim? Parece que você está sendo muito


dramático, Peters.

Ele sorriu enquanto alisava o espaço no lencol junto dele.


A cadeira ao lado da cama não seria suficiente. Precisava dela
tão perto quanto possível. Roy ficou agradecido quando ela
subiu na cama do seu lado. E desajeitadamente abraçou os
ombros dela com seu braço bom e a segurou bem apertado.
Não era a melhor maneira de abraçá-la, mas algo melhor teria
que esperar até que se curasse.

Eles permaneceram assim num silêncio confortável por


algum tempo. Ele procurou não pensar em como os minutos
do horário de visita estavam se esvaindo. Se pudesse ser do
jeito dele, ela ficaria o tempo todo, até sua total recuperação.

— Isabelle realmente fez um bom trabalho, pegando todas


as flores silvestres ― Jenny murmurou ao seu lado. Ela
estendeu a mão e tocou suavemente uma pétala com a ponta
do dedo. ― São lindas.

— Elas são o meu presente favorito e são ótimas para


alegrar este pequeno espaço ― ele respondeu. E se demorou
observando o rosto dela.

Roy não se conformava de como Jenny era linda. Ele teve


que admitir que, quando a viu pela primeira vez, já pensou
assim, mas sua atitude em relação a Joey rapidamente
acabou com quaisquer pensamentos que teve a esse respeito.

Desde que Roy começou a conhecê-la melhor e a


trabalhar com ela para libertar Joey, suas opiniões sobre a
beleza dela definitivamente tinham retornado. Apenas agora,
ele conhecia a fundo a mulher que ela era e isso a fez ainda
mais atraente do que imaginara.

— Não me lembro de ter recebido um presente de você ―


Ele brincou suavemente. Roy gostava da maneira que seus
lábios se curvavam em um sorriso quando ela o olhou.

— Eu tinha em mente um especial para você.

— É mesmo? ― Roy sorriu. ― O que aconteceu com ele?


Perdeu-se nos correios?

Ele ficou apreensivo quando o sorriso dela desvaneceu-


se.

— O que se passa? Eu disse algo errado?

— Você fez uma piada de mau gosto, mas não é a pior


que já ouvi você fazer.

O sorriso dela ainda não havia se iluminado muito. Ele


levantou seu braço bom para que ela não tivesse escolha a
não se encostar nele. O rosto dela estava pertinho do dele.
Por mais que quisesse beijá-la, resistiu até conseguir
esclarecer o que estava se passando.

— O que está acontecendo, Jen?

— Nada.

— Nada não. Eu te conheço muito bem para acreditar


nisso. Tem alguma coisa te perturbando.

Ele a ouviu suspirar pesadamente. Ela se inclinou ainda


mais perto dele, se é que isso era possível. A respiração dela
fazia cócegas em sua barba por fazer.

— Eu queria te perguntar uma coisa. Era isso que seria o


meu presente para você.

Ela apertou os olhos firmemente. Roy achou que Jenny


tentava encontrar as palavras certas. ― Só que parece brega e
muito burro, agora que estou aqui.

— Então, nesse caso, você realmente tem que perguntar.

— Tudo bem ― ela se demorou nas palavras e ele riu.

— Se não me disser, eu não posso tirar de você à força.


Você só tem que ter pena de um homem ferido e dizer qual é
esta pergunta.

— Tudo bem ― ela repetiu. Respirou profundamente e


fechou os olhos. Passado um instante antes que recobrasse o
juízo, ela olhou para ele. ― Você consideraria viver comigo?

— Não ― ele disse em resposta.

O rosto dela esmoreceu.

— Mas acho que significa que chegou a hora de eu te


pedir uma coisa.

Ela olhou para ele novamente.

— Certo ― ela disse numa voz curta.

— Eu não viverei com você, especialmente não naquele


enorme buraco brilhante e infernal daquela cidade que você
chama de lar. Mas preciso te perguntar uma coisa. Você viria
viver comigo na cabana? ― ele perguntou.

— Sim! ― Jenny ficou eufórica com a pergunta e ele ficou


muito feliz por isso.

As dúvidas dele residiam no fato de que, agora que o caso


havia acabado, ela talvez quisesse voltar correndo para a
cidade grande e à sua carreira de moda. Ele tinha pensado
nisso enquanto estava esperando ela chegar, mas se recusava
a desistir de sua vida inteira pelas luzes brilhantes da
cidade. Roy sabia que nunca conseguiria viver confortável em
um lugar assim, mesmo que isso significasse ter que
renunciar a Jenny.

— Então é isso? ― Ele perguntou antes de plantar um


beijo suave nos lábios dela. ― Nós realmente vamos fazer
isto?

— Sim ― Ela se contorcia contra ele alegremente. ― Nós


vamos viver felizes para sempre. Tenho certeza disso.

Ele sorriu em seu cabelo conforme Jenny mudava de


posição para descansar a cabeça contra seu peito.

— Isso parece tão correto ― ele a ouviu murmurar.

— Você está me dizendo. Eu nunca pensei que algo assim


pudesse acontecer. ― Ele levantou o braço ruim,
estremecendo quando a sensação de desconforto parecia
descer até a sua mão. Roy usou a mão para tirar o cabelo do
rosto dela.

Parecia tão certo tê-la ali ao lado dele. Ele nunca iria
deixá-la partir novamente.
Capítulo 34
Alguns dias mais tarde, Ben Gatrall ligou para dizer a
Jenny que voltaria para Ombrea naquela tarde.

Ela ficara agradavelmente surpresa, considerando o


pouco tempo que tinha passado desde que ele tinha voltado
para casa. Jenny ofereceu-lhe um dos quartos de hóspedes
da cabana, e ele aceitou com gratidão. Ela não achava que
Joey se importaria se Isabelle ficasse no quarto dele por
apenas uma noite, especialmente, quando era o Comissário
de polícia que iriam hospedar.

Antes que terminasse o telefonema, Ben disse a ela que


iria realizar uma coletiva de imprensa no centro da cidade,
para garantir que o negócio envolvendo a morte de Chloe Dale
fosse esclarecido de uma vez por todas. Jenny não sabia o
que dizer.

A liberação de Joey tinha representado o fim do caso,


pelo que ela sabia, mas conseguia entender que o público
precisava saber a verdade também.

Naquela tarde, ela levou Joey, Roy e Isabelle de carro


para a coletiva de imprensa na cidade. Eles encontraram o
Comissário Gatrall quando estava prestes a ir para o palco.
Ele apertou as mãos de todos, encaminhando-os para uma
fileira de cadeiras marcadas como reservadas na frente do
palco.

A coletiva de imprensa mal tinha começado quando o


comissário pediu que Joey Dale se juntasse a ele no palco.
Jenny incentivou seu nervoso irmão a subir ao palco,
batendo palmas junto com o resto da multidão, conforme ele
ia subindo os degraus do coreto e se juntava ao comissário no
centro do palco.

— Tendo sido liberado de todas as acusações, eu gostaria


de presenteá-lo com seu distintivo e sua arma ― Ben disse
enquanto alcançava uma mesa ao lado para pegar os itens. —
Você pode voltar para a ativa assim que estiver pronto. Quero
pedir desculpas pelas ações da polícia de Ombrea. Você não
merecia o tratamento que teve de suportar. Espero que a
reativação do seu serviço ajude a preencher a lacuna entre
você e a força policial. ― Ben estendeu a mão para Joey uma
última vez. ― Oficial Dale, a cidade de Ombrea precisa de
homens como você.

— Eu estou honrado ― Joey disse.

Ele estava claramente grato ao Comissário de polícia por


tê-lo ouvido e por concordar em conceder-lhe a liberdade. Ter
seu emprego de volta foi só a cereja do bolo.

Conforme Jenny assistia Joey aceitar o distintivo policial


e a arma, ela não conseguia controlar o sentimento de
orgulho. Joey percorreu um caminho tão longo! Teve de
superar seu passado difícil e deu uma guinada em sua
vida...para melhor. Ela realmente acreditava que não havia
nada que Joey Dale não poderia fazer agora.

Estendeu a mão e segurou a mão de Roy firmemente.


Estava agradecida por ele ter sido liberado do hospital a
tempo de chegar à cerimônia. Não parecia certo celebrar este
momento especial sem ele aqui.

Ela podia sentir seus lindos olhos nela e levantou os seus


para encontrá-los. Conseguia ver que ele a amava e não
poderia imaginar uma sensação mais gostosa. Jenny não
conseguia mais imaginar sua vida sem ele. Roy ter
sobrevivido foi um milagre e seria eternamente grata a isso.

— Eu te amo ― ele murmurou enquanto se inclinou e


beijou suavemente seus lábios.

— Eu também te amo ― sussurrou Jenny.

Jenny já sabia o que aconteceria a seguir. Ben havia se


encontrado com ela na cabana momentos antes dela sair
para buscar Roy no hospital. Ela estava ansiosa para sair,
mas Ben lhe disse que era importante, então deu-lhe toda a
atenção.

O que Ben estava prestes a dizer era a melhor coisa que


ela tinha ouvido desde que soube que Joey iria ser libertado
da prisão.
— Residentes de Ombrea, há uma última informação que
eu gostaria de compartilhar com vocês hoje. Como vocês
sabem, a sua cidade está atualmente sem um chefe de
polícia. Nenhum serviço de polícia deve operar sem um líder,
então apresento a vocês hoje seu novo chefe de polícia.

Jenny estava radiante

— Roy Peters.

Roy não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

A multidão estava exultante, chamando-o de herói. Ele


estava tão feliz por tudo ter ficado para trás!

Jenny pegou sua mão e ajudou-o a ficar de pé. Ele mal


conseguia sentir suas pernas, mas sabia que elas estavam se
movendo conforme ela o ajudava a caminhar para o palco.
Ele respirou fundo para acalmar os nervos conforme
atravessava o palco em direção ao Comissário de polícia.

— Roy Peters, senhoras e senhores.

Roy mal podia acreditar nos aplausos. Ele tinha ficado


escondido em sua cabana por tanto tempo que havia se
esquecido de quantos amigos tinha em Ombrea.

— Eu sei que isto deve ser uma grande surpresa para


você, Roy ― Ben começou.

— É uma surpresa, sim ― disse Roy. Tem certeza que


você está fazendo a coisa certa?
— Cem por cento. Sempre soube que tipo de homem você
é. Não há um homem aqui mais adequado para a posição.

Roy foi homenageado, mas estava apavorado. Ele tinha


ficado fora da força por muito tempo.

— Vamos lá, filho, diga que você aceita o trabalho.

Roy segurou o olhar do homem mais velho, ainda


inseguro de si mesmo.

— Roy! Roy! Roy! Roy! ― A multidão gritava em uníssono.

Roy olhou para baixo para Jenny. Agora, ela era sua
família, e faria o que quer que ela considerasse o melhor para
ele. Ela assentiu com a cabeça, e seu sorriso suave deu-lhe a
confiança que precisava para continuar.

— Ok.

Roy levantou as mãos e o rugido da multidão foi se


transformando em um murmúrio.

— Aceitarei a posição. Ficarei honrado em ser seu novo


chefe de polícia.

Duas semanas depois, a poeira assentou.


Toda a cidade estava mais radiante quando Jenny e
Isabelle se dirigiram para a delegacia de polícia. As pessoas
levantavam os braços e acenavam enquanto elas passavam.
Os rostos que antes mostravam desaprovação eram agora
amigáveis e calorosos. Ela finalmente sentiu que pertencia
àquele lugar.

— Estamos aqui

A excitação de Isabelle interrompeu suas divagações.

Joey ficou no alto da escada esperando sua chegada. Ele


estava vestido com o uniforme completo, o cabelo loiro curto,
em um boné de polícia preto. Ele não era mais o menino
magricelo, adolescente com a expressão carrancuda. Era um
homem respeitável, com uma carreira sólida.

Isabelle correu escada acima e pulou em seus braços.


Joey era um pai solteiro agora. Seria um desafio, mas ele
estava pronto para a tarefa.

— Ei, irmã. ― Joey disse, radiante. ― Como estou?

Girou ao redor em um círculo completo com Isabelle


ainda em seus braços.

— Hum. Nada mau. Você ficaria ainda melhor se


apenas...

Ela levantou seu boné de polícia e bagunçou o cabelo


dele com a mão até ficar espetado em ângulos estranhos.
— Pronto. Assim está melhor.

— Papai! ― Isabelle riu enquanto se livrava dos seus


braços ― Tia Jenny fez você parecer um ouriço.

Roy olhou para cima quando ouviu alguém bater na porta


de sua sala.

Ele ficou grato ao ver a Jenny ali. Parecia que tinha


passado uma eternidade desde que a deixou na cama de
manhã.

Ele atravessou a sala e a tomou em seus braços. Beijou-a


suavemente no início e, em seguida, mais apaixonadamente.

— Devagar, chefe ― ela disse, rindo. ― Vim ver se


precisava de ajuda organizando seu novo escritório.

Juntos, eles inspecionaram a sala. Ele considerou ter


feito um bom trabalho fazendo-a ficar do seu jeito. Ele e Joey
jogaram uma nova camada de tinta branca nas paredes na
noite anterior. Esta manhã, ele tinha orgulhosamente
pendurado algumas de suas velhas medalhas de serviço.

— Ficou ótimo.
Ele pressionou seus lábios nos dela quando ela levantou
a cabeça para encontrar o seu olhar.

— Você pertence a este lugar. O povo de Ombrea tem


sorte de tê-lo.

— Eu realmente espero que sim.

Ter esta bela mulher ao seu lado era a melhor sensação


do mundo.

Roy empurrou a porta do escritório com uma das mãos.

Sua primeira obrigação seria mostrar a Jenny Dale como


era ter Roy Peters no comando.
Epílogo
Jenny olhou para Roy em seu lindo uniforme e sentiu
uma onda de desejo atingi-la.

— Você está tão formal e confiante ― ela disse,


enrubescendo.

— Você acha que eu pareço um chefe?

— Você parece meu chefe ― ela disse.

Roy deu um passo na direção dela e agarrou-a em seus


braços, levantando-a e a rodopiando. Então colocou-a sobre
sua mesa de escritório.

— Oh, oficial ― ela murmurou ― Eu estou presa?

— Isso depende ― ele brincou. ― Você tem sido


desobediente?

Ela assentiu timidamente conforme ele passava o dedo ao


longo de seus lábios.

Ele se inclinou e esmagou seus lábios contra os dela,


beijando-a com uma paixão que a fez ter certeza que ficaria
com ele para sempre. Jenny não tinha dúvida. Há certas
coisas que você pode dizer sobre o beijo de um homem, e a
maneira que beijava seus lábios, disse-lhe tudo que precisava
saber.

Jenny seria a mulher dele, agora e para sempre e já não


havia mais nenhuma dúvida sobre isso.

— Se alguém pega a gente ― ela disse, olhando em


direção à porta.

Roy entrou e fechou as cortinas, dando-lhes mais


privacidade. Então ele atravessou ferozmente a sala e
agarrou-a outra vez, empurrando-a de volta na mesa dele e
levantando as pernas para ele.

— Agora, acredito que estou prestes a levá-la sob


custódia ― ele disse.

— É assim que você chama isso?

Ele sorriu-lhe em seguida e começou a passar as mãos


sobre suas coxas por baixo do vestido. Roy chegou até a
calcinha de renda rosa que ela vestia e a rasgou, arrancando-
a.

— Oficial, isso é uma revista? ― ela deu uma risadinha.

Ele riu e se inclinou entre as pernas dela, correndo sua


língua ao longo de suas panturrilhas, suas coxas e por toda
sua pele até encontrar os lábios de sua boceta.

— Oh Deus ― ela gemeu, levantando os pés da mesa e


apoiando-as nos ombros de Roy.
A língua dele alcançou a parte interna de suas coxas, e
quando ela sentiu que chegaria na sua boceta, esticou as
pernas, abrindo-as mais. Roy começou a acariciar
apaixonadamente sua boceta, a beijá-la, como se estivesse
beijando a boca de Jenny. Sua língua se moveu sobre o
clitóris, acariciando cada dobra macia de sua carne e, então,
avançou para dentro dela.

Ela se contorcia e quase chorava de prazer.

— Oh oficial, por favor, tenha piedade.

Enquanto ele trabalhava em sua boceta, Roy alcançou as


algemas e as tirou do cinto.

O pensamento do que ele iria fazer com elas foi demais


para Jenny. Ela estava dominada pela expectativa e emoção e
começou a tremer de prazer com o orgasmo mais excruciante
que atingiu seu corpo.

— Ah, Roy.

— É oficial Roy para você ― ele disse, sorrindo.

Ele desceu da mesa e agarrou-lhe os pulsos.

— O que vai fazer comigo? ― ela sussurrou.

Ele algemou um pulso, então passou a outra algema por


uma barra de metal que estava anexado à mesa e em seguida
algemou o outro pulso.
Ela foi amarrada firmemente, deitada de costas sobre a
mesa. Jenny não seria capaz de escapar mesmo se quisesse.

— Você é minha agora ― ele disse sorrindo.

Ela olhou para ele, nos olhos dele, e Roy tirou sua taser.

— Eh, Roy, acho que não é uma boa ideia.

Roy riu e guardou o taser.

— Eu estava apenas brincando.

Ela esticou o pé em sua direção, divertindo-se, dando-lhe


pontapés no peito.

— Não é justo.

— Desculpa ― ele disse, ainda rindo de si mesmo.

— Suponho que você se ache muito esperto ― ela disse.

— Bem, na verdade eu acho que talvez eu precise de


ajuda.

— Ajuda?

— Você sabe, um parceiro por exemplo?

— Um parceiro na polícia?

Ele andou em torno dela e subiu na escrivaninha,


inclinando-se sobre dela.
Ele abriu as calças e puxou aquele pau perfeito e lindo.
Roy pressionou-o contra os lábios molhados de sua boceta e
ela deu um impulso para cima para fazê-lo penetrá-la.

Ele não deixou isso acontecer, preferindo mantê-lo


apenas tocando-a, provocando-a.

— Mais como um parceiro de vida.

— Um parceiro de vida?! ― ela disse, mais alto do que


pretendia.

Ela olhou para ele, insegura sobre o que estava


sugerindo. O coração batendo no peito com emoção.

— Jenny, você me daria a honra de ser minha esposa?

Ela assentiu com a cabeça furiosamente e tentou jogar


seus braços em volta dele, até que se lembrou que estava
firmemente amarrada na mesa.

— Sim ― ela gritou. ― Sim, certamente. Mil vezes, SIM.

Roy a beijou apaixonadamente, seus lábios, pressionando


firmemente os dela, sua língua entrando em sua boca e
brincando com a língua dela, como se estivessem dançando.
Conforme seu beijo apaixonado fez a cabeça da Jenny
rodopiar de desejo, ela sentiu seu pau encostar nos lábios de
sua boceta e em seguida penetrá-la profundamente.

Ele entrou, cada vez mais fundo, fazendo o prazer ser


sentido loucamente em cada parte do seu corpo. Seu pau era
como mágica, e toda vez que entrava nela, sentia tanto amor
e felicidade, que Jenny não sabia o que fazer com ele.

— Oh, Roy,— ela gritou ― você é tão gostoso.

Jenny não conseguia acreditar em como ele ainda ficava


duro, mesmo depois de todo o sexo que tiveram juntos.

Ele continuou a beijá-la com seu pau entrando e saindo


vigorosamente de dentro dela, dentro e fora, várias vezes,
trazendo-a cada vez mais perto do mais delicioso êxtase.

Finalmente, quando Jenny pensou que já não poderia


suportar por mais tempo, o pau dele explodiu em um
orgasmo.

— Oh, Jenny ― Ele gemeu. ― Eu amo você...porra

Seu pênis derramou-se inteiro dentro dela, bombeando


seu sêmen em sua boceta e a sensação a fez se sentir no
limite do prazer, enviando onda após onda de orgasmo
através de seu corpo.

Ela gritou mais alto do que pretendia e, sem dúvida, as


pessoas do lado de fora tinham ouvido.

Roy riu e, ternamente, cobriu sua boca com a mão.

— Shh ― ele disse.

— Eu não consigo evitar, Roy. Eu vou ser sua esposa.

— Sim, você será ― disse ele, inclinando-se sobre ela para


que pudesse abrir as algemas e liberar os pulsos.

Os dois se olhavam e se deliciavam nos delírios do sexo.

— Foi incrível ― disse Roy.

Jenny, jogou os braços ao redor dele e puxou-o para


perto.

— Eu te amo tanto, Roy. Eu não posso acreditar que


vamos nos casar.

Eles se endireitaram e se ajeitaram, depois Roy disse:

— Acho que devíamos ir lá fora e anunciar o noivado.

Jenny sorriu e tomou suas mãos nas dela.

Roy tirou seu chapéu e carinhosamente colocou-o na


cabeça de Jenny.

Jenny riu, e juntos eles sairam do escritório para


anunciar seu noivado para o resto da força policial.
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