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PERIGOSAS

NACIONAIS

PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS

Copyright © 2018, Deby Incour


Copyright © 2018, Editora Angel
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra
poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma,
meios eletrônico ou mecânico sem a permissão por escrito do
Autor e/ou Editor.
(Lei 9.610 de 19/02/1998.)
1ª Edição
Produção Editorial: Editora Angel
Capa e projeto Gráfico: Débora Santos
Diagramação digital: Débora Santos
Revisão: Carla Santos
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da
autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
(CIP)
Bibliotecária responsável: Aline Graziele Benitez

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Índice para catálogo sistemático:


1. Literatura brasileira: romance

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Sumário:
Nota da autora
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Epílogo
Bônus
Agradecimentos
Biografia

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Editora Angel

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Nota da autora

Caros leitores,
Este livro... melhor dizendo, este conto foi feito
com muito amor e carinho. Fazer uma história
que envolva um lado criminal, mesmo sendo
muito curta, não foi fácil, e foram feitas algumas
pesquisas. Tudo aqui é totalmente ficcional. Pulei
alguns atos da lei para não falar demais e acabar
falando coisas sem sentido. Espero que gostem.
Com amor,
Deby.

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Para Beatriz Ferreira, uma grande


amiga e inspiração.

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Capítulo 1

Acordo com uma puta dor de cabeça e


com malditas batidas na minha porta; e, para
ter passado pela segurança, é alguém da
família. Se forem meus sobrinhos, Daiane,
Henrique ou David, mato eles, sem dó. Essas
porras sabem me atrapalhar e me tirar do
sério! Amo os muito, mas são um inferno
quando querem.
Vou para o banheiro, escovo rapidamente
os dentes e vou atender a porta. Assim que
abro, conto de um a dez, para não matar a
pessoa que está nela.
— Liziara! — A esposa completamente
maluca do David me olha e sorri, segurando
as gêmeas que dormem.
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— Bom dia! — ela me cumprimenta


passando por mim.
— Tinha tudo para ser um bom dia, mas
você apareceu. O que quer, porra-louca?!
— Primeiro passe a grana, cinquentinha,
pois acaba de falar palavrão na presença das
minhas filhas e este é o combinado!
— Porra, abre uma conta para elas e me
passa, porque será mais prático depositar o
dinheiro.
— Antes, passe a grana para cá!
Pego o dinheiro no quarto e retorno
entregando para ela, ou não dirá o que quer,
conheço muito bem essa bendita!
— Agora diz logo o que faz aqui!
— Preciso que fique com elas até a
Beatriz chegar, pois ela está vindo da casa da
tia, na praia. Tenho que ir resolver alguns
problemas, David, Paula, Daiane e Ana Louise
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estão ocupados. Só você pode me salvar.


— E achou que eu sou babá?!
— Pare de ser ruim! Por favor, Marcos!
Tenho que ir até uma tia minha.
— Você não tem tia, Liziara.
— Não precisa jogar na minha cara... Bom,
a Bia chega rápido. Fui! As mamadeiras e
fraldas estão na bolsa.
Ela dá um beijo em cada uma. Caminha
até meu quarto e a sigo. Ela deixa as meninas
na minha cama.
— Cuide bem delas ou corto suas bolas!
Tchau.
Ela sai, deixando-me parado no meio do
quarto.
Posso ser um juiz temido, autoritário e
bipolar, mas tenho muito carinho por minhas
sobrinhas, que são quatro, afinal, Henrique e
a esposa Ana Louise tem uma menina
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também e tem Daiane.


Sei que Liziara está aprontando algo e,
quando eu descobrir, eu a enforco.
Deito-me ao lado das meninas, que
dormem gostoso. Sorrio.
Sou um exemplo para muitos como juiz.
Venho de uma família importante. Perdi
meus pais há anos e depois meu irmão
Joseph, que era um renomado juiz e
construiu uma bela família ao lado de Paula,
mas, infelizmente, partiu deixando todos
sofrendo, inclusive a mim. Porém, tenho um
enorme orgulho por ele, pois soube criar
bem seus filhos e fazer com que tivessem
uma boa perspectiva para o futuro. Daiane, a
mais nova, é promotora; David, o do meio, é
delegado; e Henrique, o mais velho, é
advogado criminalista. Henrique e David
estão casados e com filhas, somente Daiane
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está solteira, o que espero que fique por


muito tempo, sobrinha minha tem que ser
freira. Já Paula, é advogada civil, e uma mãe,
conselheira e cunhada maravilhosa. As
esposas dos meus sobrinhos são
maravilhosas. Eu só tenho o que agradecer
pela família que eu tenho.
A mídia mostra apenas que sou um juiz
temido, ou um libertino, mas não mostram
que também sou família, sou amor. Minha
imagem é de um predador, e não nego que
sou como um em noite de caça, e também não
sinto vergonha, pois amo saber que levo
mulheres à loucura, que várias gritam meu
nome enquanto gozam por minha causa.
Estou em uma idade que minhas
necessidades se intensificaram. Sou homem,
porra, tenho o direito de transar sem ter

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compromisso, e parece que isso é difícil de


ser compreendido.
Tudo o que quero para a minha vida é ter
um nome a ser lembrado sempre na história
da lei, e que minha família esteja sempre
segura. Sempre digo que um Escobar precisa
apenas encontrar a pessoa certa para perder
o coração para esta pessoa, mas que eu sou
exceção. Não quero encontrar a pessoa certa
e muito menos entregar meu coração a ela.
Eu quero ficar livre dessa história de amor,
porque já me fodi demais com isso.
Assim que escuto a campainha, eu levanto
e ajeito os travesseiros em volta de Laura e
Helena. Vou até a sala e abro a porta. É
Beatriz Oliveira.
— Vim buscar as meninas. Disseram que
eu podia entrar...
— Sei. Entre.
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Beatriz me avalia.
Eu e ela não nos suportamos desde que a
conheci na universidade que a Liziara
estudava há alguns anos. Eu e meus
sobrinhos precisávamos dela para um caso. E
ela meio que me desafiou e desde então
somos como cão e gato, e vivemos assim.
— Não é necessário. Apenas traga as
meninas.
— Está com medo de entrar e não querer
ou conseguir sair?! — provoco.
— Não me tira do sério, porque não tenho
unhas grandes à toa — rebate.
— Cuidado, quem assina a sentença sou
eu. Pode ser que a sua seja longa e peculiar.
Ela engole em seco e fica ruborizada.
— Traga logo elas, Marcos.
— Entre logo!
Ela entra e fecho a porta.
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— Estão no meu quarto.


— Vamos logo pegar elas. Tenho pressa.
— Para fugir de perto de mim?
— Você se acha demais!
— Não me acho. Apenas sou um homem
observador e sincero.
— Que seja. Vamos!
Caminho com ela me seguindo até o meu
quarto. Entramos e, sem cerimônia, ela pega
Laura no colo.
— Me ajude com a Helena, pois preciso
colocá-las nas cadeirinhas do carro.
— Claro.
Pego Helena, que dorme.
Saímos de casa e fomos até seu carro. Ela
abre a porta e fica empinada para colocar a
Laura na cadeirinha.
Fico olhando atentamente sua bunda,
coberta e marcada pelo tecido da calça justa
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que usa.
Não posso negar que ela é bem gostosa e
que sua língua afiada apenas comigo, mesmo
sendo tímida, me deixa louco.
Porra, se controle! Estou ficando duro
com essa visão.
Ela se vira para mim e pega a Helena.
Contorna o carro e abre o outro lado para
pôr a menina na cadeirinha.
Quando termina, fecha a outra porta e
caminha até o lado que estou para fechar a
porta que ficou aberta.
— Sem segurança?
— Vim do litoral. Passei em casa, peguei
as cadeirinhas reservas e vim para cá. Não
tem nada demais.
— Ambas são filhas de um delegado e são
Escobar.
— Não pira, homem!
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— Tome cuidado!
— Tchau, Marcos.
Ela passa por mim e entra no carro.
Essa porra é teimosa!
Viro-me e vejo o Simon, meu segurança,
sorrindo.
— O que foi, porra?
— Nada, senhor!
— Envie uma equipe atrás dela. Não vou
testar a sorte.
— É para já.
Ela sai rapidamente com o celular na
mão.

Retorno para dentro de casa e vou para


meu escritório. Acesso meu e-mail e
respondo os mais importantes.
A bela bunda da Beatriz não sai da minha
mente e está me deixando duro de novo.

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Porra, preciso de um banho bem gelado!


Cacete, virei um merda de um adolescente
agora?!

Estou no meu escritório no centro. Não


viria trabalhar hoje, mas achei melhor para
adiantar umas papeladas que parecem não
ter fim.
Porém, estou com a mente longe, só não
sei exatamente aonde. Estou distraído, e sei
disso porque assinei duas vezes um
documento errado.
— Marcos! — Assusto-me com a voz da
irritante, que acaba de gritar meu nome.
— Porra, Débora, quer me matar,
mulher?!
— Não, porque eu ficaria sem emprego.
Não tenho culpa que está paralisado olhando
para o nada há um bom tempo enquanto eu

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te chamo.
— O que quer? — Solto a caneta na mesa
e passo a mão pelo cabelo.
— Precisa assinar esses papéis. — Ela os
coloca na mesa — Tem audiência amanhã, às
8h, e precisa disso tudo aí assinado.
— Qual caso?
— Está de brincadeira, não é?! Como
assim qual caso? Com um juiz assim, entendo
o motivo do país estar nesse estado.
Olho seriamente para ela, que sorri.
Débora é uma grande amiga, a conheço
há anos. Ela trabalha para mim como
secretária enquanto cursa Direito. É casada,
linda, e mesmo sendo louca quase sempre, é
muito inteligente e boa no que faz. Tivemos
no passado um caso de alguns meses, mas
nada grande e que deixasse marcas ou
qualquer sentimento complicado... Bom, com
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o marido dela sim, o cara tem um ciúme filho


da puta em relação a mim, mas confesso que
provoco.
— Qual o caso, loira?
— A idade já está te causando
esquecimento, entendo. Bom, é o caso do
marido retardado que tentou matar a esposa,
fugiu e foi pego, e depois pegou a filha à base
da tortura... O caso que eu disse que deveria
amarrar ele e meter o chicote e depois jogar
óleo quente.
— Me lembrei. E saiba que, às vezes,
tenho medo de você. Nem eu sou tão frio
assim.
Ela ri.
— Trabalho para um juiz, meu marido é
um investigador da polícia, o melhor amigo
dele delegado, minha mãe enfermeira, e meu
pai um traste, eu tinha que ser um pouco fria,
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ou estava ferrada. — Ela dá uma piscadela e


caminha para sair da sala.
— Seu marido sabe que você veio
trabalhar hoje com essa calça bem justa? —
provoco e sorrio. Ela ergue a mão e mostra o
dedo do meio. — Menina má, isso é feio.
— Eu realmente não mereço aguentar
isso, não mereço! — Ela sai da sala e bate a
porta.
Rio.
Pego os papéis e leio. Preciso me
concentrar no trabalho.


Eu quero matar a Liziara por me fazer
buscar as meninas na casa daquele juiz de
quinta! Vim correndo do litoral para pegar as
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meninas e só quando cheguei à cidade, que


ela me disse que era na casa do Marcos. Eu
ficarei viúva de amiga, mas mato ela.
As meninas estão dormindo no quarto. A
Liziara diz que chega em uma hora. Tenho
coisas das meninas aqui, e adoro ficar com
elas, mas hoje eu quero matar a mãe delas
por me pedir isso.
Marcos e eu nunca nos daremos bem. Ele
é insuportável, safado, estúpido... Droga, ele
tinha que ser lindo e gostoso? E as tatuagens?
São um pecado. Merda!
Entro com cuidado no quarto para não
acordar as meninas. Começo a desfazer
minha mala. Amanhã volto à rotina normal.
As férias acabaram e o trabalho me espera.
Trabalho na coordenação de uma
renomada universidade, o que muitos não
entendem, já que sou formada em
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Administração. Mas é que sempre tive a vida


toda programada, e quero ficar mais um
tempo na universidade para procurar
emprego em um banco, meu maior sonho.
Tenho quase 28 anos, e minha tia
Jaqueline diz que sou louca por ter tudo tão
controlado, ter tido apenas um namorado na
época da faculdade, nunca cometer erros,
planejar tudo, mas é meu jeito. Perdi minha
mãe cedo, não conheci meu pai. Quero que,
mesmo de onde ela esteja, eu seja um
orgulho para ela. Conquistei meu diploma
universitário, meu carro, meu apartamento,
e sou feliz por isso. Ainda irei conquistar
meu emprego em um banco bem importante,
casar, ter filhos, mas construir uma família
somente depois de estar um tempo no banco,
me realizando profissionalmente, porque
quero continuar sempre dependendo apenas
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de mim e jamais de outros.


Talvez eu seja um pouco careta, mas é
realmente meu jeito de ser. Às vezes, as
pessoas não entendem, mas não perco meu
tempo em tentar explicar. Liziara e eu
brigávamos muito em relação a isso, pois
quase nunca queria ir às festas com ela, nas
baladas, e ela ficava louca com isso. Para não
dizer que não saio, às vezes vou na boate que
a Liziara trabalha e ao shopping, se isso
contar como diversão. Divirto-me demais.
A campainha toca. Largo o que estou
fazendo. Abro a porta e é a Liziara. Talvez eu
mate ela agora mesmo.
— Vim pegar as meninas.
— Pensei que viria em uma hora.
— Foi rápido meu compromisso.
— Sei...
Ela entra, e coloca a bolsa no sofá.
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— Cadê a sua chave?


— Esqueci. Bia, se, às vezes, esqueço
quem é quem das meninas e olha que uma
tem o olho diferente da outra, acha mesmo
que lembraria sempre de chave?
Sorrio.
— Liziara o que está aprontando?
— Eu? Como assim? Vim apenas pegar
elas. Quanta calúnia!
— Se eu sonhar que está tentando me
jogar para aquele juiz de quinta, eu te
enforco sem pena.
— Credo. Anda agressiva. Vou falar para o
David me deixar com escolta além do Alex.
— Falo muito sério. Eu e ele não temos e
nunca teremos nada. E se você ficar fazendo
eu me encontrar com ele, esquece que tem
amiga. Sabe que não o suporto. Já basta ter
me feito aguentar aquele traste no altar do
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seu casamento e no batizado das meninas


quando fez nós dois sermos padrinhos, o que
tenho certeza de que não foi apenas por
gostar muito de mim ou dele.
— Não suporta ou não suporta não ter
ele? — ela provoca.
— Você tem um minuto para pegar as
meninas e sair daqui sem nenhum arranhão.
— Estou indo. — Ela vai rindo para o
quarto.
Eu preciso de férias da Liziara. Essa
mulher ainda vai me deixar louca.
Ela retorna para a sala com as duas.
— Toda vez que o Marcos fica com elas, o
cheiro dele impregna nelas. Esse homem
toma banho de perfume? Quero chegar em
casa e dar banho nelas antes do David
chegar, ou do jeito que é louco vai achar que
estão desde bebê com namorados.
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Sorrio, pois não duvido nada. Ele tem


ciúmes de outro homem com as meninas nos
braços.
— Vou indo. E pare de negar, vocês dois
formam um casal perfeito.
— Liziara, o que falei sobre te enforcar?
Ainda está valendo!
— Fui. Pega minha bolsa, por favor.
— Eu te ajudo a colocar elas no carro.
— Obrigada.

Ajudo-a com as meninas no carro.


— Aumentou a tropa? — pergunto vendo
dois carros pretos atrás do dela.
— Não. Vim apenas com o Alex. O outro
carro é do segurança do Marcos. Cheguei e
ele já estava aqui.
— Aquele imbecil o mandou atrás. Ele
não gostou porque eu viria com as meninas

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sem segurança.
— Se acostuma. Viver com um Escobar é
viver assim. E antes que me enforque me
refiro a você ser amiga de membros da
família Escobar. Amiga, você tem noção que
eu, Liziara, sou uma Escobar?! — ela diz
animada.
— Tenho, e não sei se isso é bom ou ruim.
— Respiro fundo e cruzo os braços.
— Por quê? — ela pergunta enquanto
fecha a porta traseira do carro.
— Porque você já é perigosa por conta
própria, sendo uma Escobar, ferra tudo de
vez.
— Quanta calúnia. Já vou, pois hoje você
está para me agredir verbalmente e tenho
certeza de que em pensamentos também,
credo! — Ela dá a volta no carro e me joga
um beijo, que retribuo.
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Ela sai com o carro e o Alex segue atrás,


mas o carro do Simon permanece.
— Era só o que me faltava!
Vou até o carro e bato no vidro. Ele
abaixa.
— As meninas já foram. Pode ir.
— Não recebi ainda autorização do
senhor Marcos. Ele pediu para vir, mas não
disse se era para retornar quando as
meninas fossem embora. E não consigo
contato com ele.
— Pode ir. Eu te libero. Aproveita e vai
comer algo por aí, porque, para aguentar
aquele homem, tem que ser forte.
Ele sorri.
— Só irei quando ele autorizar, senhorita
Beatriz.
— Simon, primeiro esquece o tal de
senhorita. E, por favor, pode ir, eu não sou
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Escobar e você não tem obrigação de ficar


aqui, afinal, trabalha para os Escobar. Sério,
pode ir e se ele falar algo diga que expulsei
você daqui com uma vassoura.
— Tudo bem. — Ele ri.
— Que bom que nos entendemos. Tenha
um excelente dia. — Afasto-me do carro e
entro no prédio.
Até parece que agora muralhas vão ficar
na minha porta ou me seguindo.
Os Escobar são para foder o juízo e não é
no bom sentido. Eu não sirvo para isso não.
Aguentar o que eles aguentam, estou fora!

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Capítulo 2

Dias depois...

Estou me aprontando para mais um dia
de trabalho na universidade em que estudei.
Trabalho na coordenação há alguns anos.
Quando me formei em administração era
porque eu tinha o sonho de trabalhar em um
banco muito importante ou em uma empresa
muito famosa. Porém, sempre fui medrosa. O
medo de tentar coisas novas, e sair da minha
zona de conforto me causa pânico. Não saber
o que me espera me deixa amedrontada, e
por isso nunca me arrisquei em tentar
arrumar um emprego fora da dali.
Mas como nada é perfeito, tenho alguns
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problemas no trabalho. Digamos que o reitor


Edson, é um senhor insuportável e que vive
cercando meu caminho e com tentativas
persistentes de ter algo comigo. Nunca
tentou algo grave, e nunca dei liberdade para
tal, porém suas indiretas e seu jeito de me
olhar são irritantes. Só suporto porque são
raras as vezes que ele está lá e meu contato
com ele é bem curto e na maioria das vezes
sempre tem alguém junto.
Trabalhar lá me trouxe algo muito bom,
uma amizade forte e bela com Liziara. Além
de ter contato com ex-professores, que foram
muito importantes na minha formação.
Sempre fui muito sozinha antes de
trabalhar lá, só tenho uma tia, a dona
Jaqueline. Ela é um amor, louca demais, mas
tem sua vida, que é bem diferente da minha.
Ela cuidou de mim quando perdi minha mãe,
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e a agradeço muito por isso, e queria muito


ser mais presente na vida dela, porém ela
vive no litoral e sua vida é... digamos que
mais animada do que a de um jovem, o que é
bem diferente do meu estilo. Então ter
conhecido a Liziara foi bom, mesmo ela
sendo louca, e uma ótima companhia para eu
não me sentir tão sozinha aqui na cidade.
E por lembrar da titia, olha só quem está
me ligando. Atendo ao celular.
— Oi, tia.
— Sua traíra. Não lembra mais de mim!
— Eu voltei daí dias atrás. Não seja
dramática!
— Estou ligando para dizer que chego
amanhã aí. E não adianta dizer que não se lembra
de ter me convidado, porque eu não preciso de
convites. Cansei de ver mar, e um bando de velhos
correndo de sunga. Quero ar novo, homens novos
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com seus preciosos erguidos e grossos.


— Tia!
Ela ri.
— Será muito bem-vinda. Quando sair daí
me avisa.
— Pode deixar, pois você que vai me buscar
na rodoviária, jovem. Titia ama você!
Sorrio.
— Também te amo, tia. Beijos, que eu
tenho que ir trabalhar.
— Vai lá, gatona!
Desligo o celular e dou uma conferida no
espelho. Está ótimo. Não tem reunião, então
não preciso estar muito elegante, como eles
exigem.
Pego minha bolsa e jogo o celular dentro.
Saio do quarto e vou direto para a sala, não
tenho tempo de comer nada. Acordei tarde, e
não posso me atrasar.
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Pego a chaves do carro e saio do


apartamento.

Chego à universidade e saio rapidamente


do estacionamento. Corro para a entrada.
Procuro minha carteirinha para passar pela
catraca, porém não encontro.
— Merda, hoje não é a droga do meu
melhor dia!
Diogo, um dos seguranças, aparece e
sorri.
— Pela sua cara, não está em um bom dia.
— Não! Esqueci até a carteirinha. Libera
minha entrada, por favor.
— Sabe que é errado e posso me
prejudicar, porém farei isso, já que nunca
esqueceu a carteirinha.
— Obrigada. Você foi meu herói.
Ele sorri e libera minha entrada com sua

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carteirinha.
— Hoje tem palestra surpresa, o reitor
está aí e com um homem importante. Sorte
sua. Afinal, está uma hora atrasada. — Ele
olha no relógio e dá uma piscadela.
— Obrigada! Não sei se fico aliviada ou
apavorada de vez.

Entro na minha sala e encontro Lilian,


uma das atendentes da secretaria. Não nos
damos muito bem. Digamos que nossos santos
não se batem.
— Pensei que não iria mais vir. Não tenho
obrigação de ficar aqui cuidando dos seus
afazeres. Já tenho muita coisa para fazer por
pouco salário, não sou obrigada a cuidar dos
seus.
— Lilian, obrigada. E tenho certeza de que
não te levou à morte ficar aqui. E veio porque

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quis.
— Eu não quis nada. O reitor me obrigou,
porque os professores precisam assinar a
lista. Agora tenho que ir. — Ela joga o cabelo
para o lado e sai da sala.
Eu mereço um prêmio por ter tanta
paciência e, principalmente, com essa
mulher louca.
Deixo minha bolsa na mesa mesmo e pego
a lista para passar as presenças dos
professores para o sistema.

Primeira coisa a ser lembrada sempre:


jamais aceite dar palestras apenas para as
mulheres em universidades.
Pela primeira vez, a universidade quis
fazer algo diferente e dar uma palestra
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apenas para as mulheres que querem ser


juízas. Mas, pelo visto, tenho certa fama entre
elas, já que me olhavam como se fossem me
comer vivo, e estava começando a ficar
preocupado de alguma pular no meu colo.
Odeio mulheres que se insinuam, e era tudo
o que elas faziam, desde as perguntas com
segundas intenções, aos sorrisos safados.
Tenho que confessar, que estou um pouco
aterrorizado.
É um alívio que tenha terminado.
Segunda coisa a ser lembrada: bate-papo
pós palestra com o reitor e diretor
pedagógico é um porre.
Edson, o reitor, e Eric, o diretor
pedagógico, não saem da porra do meu pé!
— Fico grato por ter vindo e permitido
que a palestra vá para nosso site e nossas
redes sociais. É uma grande forma de
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destacar ainda mais a universidade. É claro


que você aqui é bom para as nossas alunas.
Espero poder ter você aqui, mas com todos
os alunos do Direito — Edson diz, e tomo um
gole da minha bebida, antes de responder:
— Pode contar com isso. — Preciso avisar
a Débora para dizer, quando me ligarem, que
tenho compromisso mesmo não tendo.
— Ter um Escobar entre nós é uma honra.
Nossa universidade já teve contato com você
e sua família, porém em um momento triste,
na perda de nosso professor Rodolfo. Mas,
agora, são tempos novos, e estava na hora de
termos você aqui novamente para coisas
boas — Eric diz sorridente.
— Claro. — Apenas consigo dizer, além de
dar um famoso sorriso diplomático.
Alguém bate à porta e sinto um alívio.
Essa pessoa salvou meus ouvidos de diálogos
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irritantes de gente puxa-saco.


— Entre, por favor — Edson diz. E
percebo que ele não gostou de alguém vir
interromper.
A porta se abre e me viro para ver quem é
o salvador do momento.
Terceira coisa a ser lembrada: evite a
universidade que a pessoa que não te
suporta trabalha.
Ela me olha e fica vermelha na hora.
Sorrio.
Isso vai ser bom!
— Beatriz, diga — o reitor fala a ela, que
tem alguns papéis na mão.
— Eu... Hã... — se atrapalha nas palavras e
isso me diverte. Até que não foi tão ruim vir
aqui.
— O que houve? — Eric pergunta.
Ela entra na sala e se aproxima da mesa,
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ficando bem próxima de mim. Ergo o olhar e


bebo um gole da minha bebida, para
esconder o sorriso. Ela não me suporta, tanto
que nem sequer consegue me olhar.
— Me desculpe por interrompê-los, não
imaginei que estivessem... — ela procura as
palavras. — Bom, preciso que o senhor
assine esses documentos, pois tenho que
enviar aos advogados.
— E que papéis são esses? — o reitor
pergunta.
E, porra, não gostei muito do jeito que ela
olha para ela. E sei que não fui apenas eu que
percebi, porque o diretor fica sem graça e me
olha dando um sorriso forçado. Beatriz fica
mais séria que o normal.
— Os acordos de parceria com a
universidade internacional. — Ela entrega os
papéis. — Depois retorno para buscar. Com
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licença.
Ela se retira sem olhar para mim. O reitor
não tira os olhos da bunda dela, e isso me
deixa com uma raiva dos infernos. Caralho,
quem esse velho pensa que é?! Porra, preciso
ir embora daqui, ou sairei dentro do carro da
polícia.

Merda, hoje realmente não é o meu


melhor dia. O reitor e o Marcos na
universidade é azar demais. O pior é que
Edson não soube disfarçar seu olhar idiota
para mim. Esse homem não se enxerga
mesmo. É um safado escroto!
Entro na minha sala, e para ajudar está
me dando dor de cabeça por não ter comido
e dor no estômago. Vou terminar de

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responder aos e-mails de ontem e irei até a


lanchonete comer algo.
Concentro-me no trabalho para terminar
logo.
— Se for um ladrão, ele entra, rouba e
você nem vê! — Dou um pulo da cadeira e
solto um grito.
Coloco a mão no peito e a outra, apoio na
cadeira.
— Quer me matar do coração, idiota? E o
que faz aqui? Que droga!
Ele me olha sério.
— Te matar não é exatamente o que vim
fazer aqui, Beatriz. Mas tenho uma
curiosidade.
— Sério?! Marcos, eu tenho trabalho a ser
feito. E se você não tem algo de útil para
fazer, ou algum réu jurando que não vai
mentir enquanto é julgado, me dê licença.
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— Olha só, ela sabe o que é réu.


Reviro os olhos e puxo a cadeira para me
sentar, porém ele é mais rápido e se senta
nela.
— Por favor, vai embora.
— Irei assim que me responder algo. Sei
que aqui não terá como fugir.
— Pergunte logo.
Droga, por que esse homem tem sempre que
ficar aparecendo na minha vida?!
— Por que só consegue me olhar nos
olhos e me enfrentar quando estamos a sós?
Deveria ser o contrário, não?
Sinto minhas bochechas corarem.
— Não acredito que veio até aqui para me
perguntar isso.
— Já entendi. Você é tímida, Beatriz!
Porém, por algum motivo, não é quando
estamos sozinhos. Interessante. — Ele sorri
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do jeito safado dele.


— Se já tem a sua própria resposta para
sua pergunta, então pode ir!
— Só mais uma coisa.
— Fala!
— Tome cuidado com o Edson. Esse cara
pouco se fode de despir você com o olhar na
frente dos outros! — Seu tom é sério e
autoritário.
— Sei cuidar de mim. Agora saia.
Ele se levanta e apoia as duas mãos nos
braços da cadeira. Engulo em seco. Além de
idiota, tinha que ser sexy, que clichê!
— Quem assina a sentença sou eu. Espero
que ele tome muito cuidado e você também,
para eu não ter que assinar a dele, que
poderá ser longa e com um pacote de
torturas incluso — ele diz e sai da sala.
Sento-me na cadeira e respiro fundo. Os
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Escobar são para foder o juízo, e não é de


uma boa forma!

Saio do elevador e vejo uma pessoa cair


da cadeira bem na minha frente.
— Débora, eu irei querer saber o que
aconteceu? — Aproximo-me da mesa dela, e
a ajudo se levantar.
— Fui pegar a caneta de um jeito
preguiçoso. Minha bunda está doendo.
Droga!
— Bom saber da sua bunda nesse
momento. Agora preciso que puxe a ficha
completa de Edson Almeida, o reitor da
universidade que acabei de voltar.
— Poxa, isso que é um bom chefe. Acaba
de ver a funcionária se quebrar e nem sequer

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oferece um remedinho, já manda ela


trabalhar.
— Irei almoçar no McDonald’s, pensei em
te convidar, mas se machucou.
— Já sarei! — Ela se levanta. — Edson
Almeida, saindo a ficha em um minuto!
Rio.
— Pensei que estivesse machucada.
— Curei rapidamente. Milagres existem,
meu querido chefe!
Sorrio e vou para minha sala.
Revejo uns casos importantes que terá
julgamento essa semana.
A porta se abre.
— Senhor — diz Simon, meu segurança.
— Muito corajoso da sua parte vir até
aqui, onde tem uma arma grudada embaixo
da minha mesa e outra embaixo da minha
cadeira. — Largo os papéis e olho para ele. —
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Ainda não esqueci que acatou uma ordem da


Beatriz e desacatou uma minha.
— Já pedi perdão e te expliquei a
situação, senhor.
— E eu ainda não perdoei. Mas, diga, o
que quer?
— Venho pedir permissão de ir até o
hospital, visitar minha irmã, que acaba de ter
filho. Será rápido.
— Pode ir. Não irei sair antes das 18h.
— Obrigado, senhor.
— Cuidado quando for dormir.
Ele me olha e sorri.
— Porra, estou sem moral!
Ele se retira da sala.
A porta se abre novamente e, desta vez, é
a Débora.
— Foi difícil. O cara sabe esconder as
coisas, mas para mim nada é impossível.
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Entrei em contato com alguns conhecidos, e


veja só o que descobri do tal Edson Almeida.
— Ela me entrega dois papéis. — Agora vou
indo, porque tenho uma tonelada de papéis
para revisar.
— Obrigado.
Assim que ela se retira, eu leio os papéis,
e confirmo minha suspeita de que aquele
cara não vale nada. Não foi à toa meu aviso a
Beatriz.
Esse filho da mãe foi detido na cidade
onde morava, por assediar uma funcionária
de um restaurante, e depois por agredir
verbalmente outra da universidade e tentar
assediar a mesma, e isso há sete anos, porém
nos dois casos ele se safou e, pelo visto,
escondeu bem da mídia. E duvido que não
tenha outros casos, mas sem denúncias. Sua
ex-esposa pediu medida protetiva contra ele...
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Que cacete esse homem faz como reitor em uma


universidade?!
Pego os papéis e vou até a Débora.
— Faça uma cópia para mim.
— Ok. A curiosidade é mais forte. Por que
quer saber desse homem?
— Tenho alguns motivos.
— Quais? — Sei que ela não vai desistir,
enquanto eu não dizer.
— Além de ser um puxa-saco da porra, a
Beatriz trabalha na mesma universidade que
ele, e o cara quase comeu ela com os olhos na
minha frente e do diretor, ele pouco se
importou conosco, e ela ficou desconfortável
com a situação. Apenas isso.
— Beatriz... A amiga da Liziara? — Ela
sabe quem é, está se fazendo de sonsa.
— A mesma — respondo com ironia.
— Agora sei por que quer tanto saber do
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cara. Pelo visto, o jeito que ele olhou para ela


não incomodou apenas ela.
— Faça a cópia e calada!
— Não está mais aqui quem falou!
O elevador se abre e olho para ver quem é
o palhaço que não pediu autorização para
subir.
— É o que imaginei. Um palhaço. Porra,
virou a casa da sogra? Entram e saem, sem
anunciar?
Débora gargalha.
— Sei que sou bem-vindo. Não precisa
insistir em dizer, tio.
— Henrique, só tem um motivo para você
vir até aqui. Qual o caso que quer saber se já
chegou ao meu reconhecimento, para aliviar
o seu lado?
— Nossa. Anda bem espertinho. Ficou
assim com a idade, ou...
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— Que caso, Henrique?!


— Como você aguenta esse mau humor,
Déb?
— Estou fazendo algumas pesquisas para
descobrir.
— Você em minha sala, e você faça o que
pedi e calada!

Assim que entramos na minha sala,


Henrique diz:
— Caso do Lorenzo Silva.
— Não sei de nada ainda. Quando foi?
— Hoje cedo.
— Com a lerdeza dos processos e das
entregas de novos casos, vai chegar mais
tarde ou amanhã.
— Sabemos que se você quiser, pode dar
um jeitinho. Alivia para mim. Tenho uma
ruiva gostosa de folga hoje, e uma filha

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passando o dia na casa da avó. Estou há uma


semana sem sexo. Ajuda!
— Te ligo assim que conseguir algo. Agora
some daqui. E que você broche. O tio te ama
— ironizo.
— Jamais brocharei. Ele é rei, e um rei
jamais se curva.
— Porra, vivi para ouvir uma merda
dessa. Some daqui, Henrique!
— Cuidado, tio, nem sempre o volume em
minhas calças é uma ereção.
— E cuidado, porque nem sempre minha
paciência é longa, e minhas armas andam
sempre carregadas!
— Porra! Que mau humor, hein! — Ele se
retira da sala.

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Capítulo 3

Folga era tudo o que eu precisava, depois


de um dia horrível como ontem. Porém, não
pude acordar mais tarde hoje, porque tenho
que buscar minha tia na rodoviária, ela
chega às nove, mas antes combinei de passar
na Liziara e ver as meninas.
Está um calor insuportável, então
coloquei um short jeans e uma camiseta
preta, e está ótimo. Nós pés sapatilha e estou
pronta para enfrentar o sol.
Pego a carteira e as chaves e saio de casa.

O caminho até a casa da Liziara é curto.


Eles se mudaram e agora moram mais perto

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de mim.
Estaciono o carro e o porteiro, que já me
conhece, libera minha entrada.
Chego ao andar deles e aperto a
campainha. Escuto a chave na porta e David a
abre.
— Sério, David? Logo cedo sou obrigada a
ver você de cueca?
— Bia, você acaba de ver o paraíso e
reclama?! Bom dia para você também.
— Bom dia.
Ele me dá passagem.
— Eles estão na sala de jantar. Eu ia
tomar um banho, mas você atrapalhou.
— Não tenho unhas grandes à toa, então
não provoca.
— Não está mais aqui quem reclamou.
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— Eles quem?
— Marcos e Liziara. As meninas estão
dormindo.
— Certo. Vou embora, e você finge que
era o síndico.
— Amor, a Bia chegou! — ele grita.
— Você vai me pagar, David! — Ele me dá
uma piscadela e fecha a porta.
Vou até à sala de jantar e Liziara sorri
animada assim que me vê. Marcos murmura
algo, mas não entendo.
Vou até Liziara e a cumprimento com um
beijo no rosto.
— Tome café com a gente. Daqui a pouco,
acordo as meninas.
— Estou sem fome, mas obrigada. — Olho
para o Marcos antes de me sentar. — Bom
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dia.
Ele assente apenas.
— Te liguei, mas só chamava. Queria
minha bolsa preta que esqueci lá. Vou usar
ela hoje.
Coloco a mão no bolso do short e percebo
que esqueci o celular.
— Eu o esqueci. Ultimamente não
esqueço a cabeça que fica grudada no corpo.
— Bem-vinda ao clube. Folga hoje?
— Sim. Bom, sim e não. Com minha tia
vindo para cá, não existirá folga. — Sorrio.
— Jaque é um amor. Adoro-a.
— Fique uma semana com ela, e você
pede socorro. E você está de folga?
— Que nada. Mais tarde vou para a boate.
A Daiane vai vir pra cá ficar com as meninas.
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— Mais uma babá foi mandada embora?


— Não confiei nela.
— Você diz isso de todas.
— Concordo! — Marcos se manifesta.
— Bia, é que...
— Eu sei. Ficaria preocupada igual a você
se estivesse no seu lugar.
— Vou acordar elas. Já venho.
— Vou junto.
— Fique e faça companhia ao Marcos.
— Eu não mordo, Beatriz, só se você pedir
— Marcos diz e Liziara olha feio para ele.
— Seja rápida, Lizi, ainda tenho que
buscar meu celular, minha tia vai ligar
quando estiver chegando.
— Pode deixar! — Ela sai rapidamente

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me deixando a sós com Marcos.


— Foi bom te encontrar aqui, facilitou eu
ter que te procurar.
— Por quê? — pergunto.
— Venha. — Ele se levanta e fico olhando
para ele. — Pare de ser medrosa. Vamos até a
sala.
Acompanho-o até a sala. Ele caminha até
o sofá e pega alguns papéis dentro de sua
pasta.
— Um presentinho para você. — Ele me
entrega.
— O que é isso?
— Leia. Acho que vai gostar de saber.
Olho os papéis e então começo a ler.
Fico horrorizada ao terminar de ler.
Sento-me no braço do sofá e olho para o
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Marcos.
— Não posso acreditar que Edson tenha
feito tudo isso! Como conseguiu isso?!
Ele ergue a sobrancelha esquerda e me
olha como se eu fosse uma idiota.
— Ok. Vou refazer a pergunta. Para que
foi pesquisar isso?
— Porque não confiei naquele cara
depois do que ele fez.
— E o que resolve eu saber disso? Eu não
sou a lei, e não posso fazer nada. Porque o
principal para minha segurança eu já faço,
que é evitá-lo ao máximo.
— Apenas quero que saiba. Porque se ele
aparecer quebrado, teve motivos.
— Por que ficou com tanta raiva assim
dele a ponto de investigar o seu passado?

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— Por que eu não ficaria? O cara te


comeu com os olhos. Porra, na frente de um
juiz e pouco se importou com isso, mesmo
você sendo funcionária da universidade e ter
ficado claro em seu olhar que não gostou do
que ele fez. E quando você saiu, ele ficou
vidrado em sua bunda. Tem como não ficar
puto com um cara desse?
Ele está nervoso.
— Obrigada por me alertar, Marcos.
— Alertar sobre o quê? — Liziara
pergunta preocupada enquanto segura as
duas meninas.
Pego Laura no colo e dou um beijo em seu
rosto.
— O reitor da universidade que ela
trabalha.

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— O que aquele filho da mãe fez com


você?
— Nada, Lizi. Marcos apenas não gostou
do jeito dele e veio me alertar.
— Ninguém gosta. Eu odeio aquele
homem nojento, safado. Ele só falta comer as
alunas com os olhos. Aquele idiota vive
babando pela Beatriz. Não gosto dele. Ele não
me inspira confiança.
— Bom, Beatriz, o que eu disse ontem
está valendo. Quem assina a sentença sou eu!
Agora vou indo que o dia vai ser longo e
cheio. — Dá um beijo nas meninas. — Até
mais. — Ele se retira.
— Ontem? — Liziara pergunta sorridente.
— Ele estava na universidade.
Encontramo-nos e ele meio que ameaçou ao
Edson.
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— Fez é pouco. Deveria ter dado umas


porradas naquele homem.
— Vamos esquecer-nos do Edson, por
hoje.
Fico brincando com as meninas e
conversando com a Liziara. Quando chega
certo horário, pego a carteira junto com as
chaves e os papéis que o Marcos trouxe e me
despeço.

Estou cansado. A audiência foi difícil, e


não pôde ser concluída, foi marcada para
mais um dia, o que odeio ter que fazer, mas
não tive escolha.
Sento-me na cadeira, e solto o nó da
gravata. O caminho até aqui foi com um

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trânsito caótico, que tenho certeza de que


levei multa, pela impaciência e cansaço.
Odeio agir com insensatez, porém hoje o dia
está uma nuvem negra sem previsão de sol.
A porta se abre e Débora entra, parece
estar mal.
— O que aconteceu? — pergunto
preocupado.
— Dor de cabeça. Mas já tomei remédio,
logo passa. Ligaram do escritório E.A..
— O que o Henrique quer?
— A secretária dele queria saber se o que
o Henrique pediu para você, já chegou ao seu
conhecimento.
— Ainda não. Vou ligar para ele e resolver
isso.
— O escritório da dona Paula também

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ligou. A secretária dela mandou informar


que tem um jantar hoje com a família, e sua
presença é indispensável.
— Porra! Estou fodido hoje! A nuvem
negra virou um poço escuro e sem fim. Só
quero paz — resmungo. — Alguém mais dos
Escobar ligou para me exigir algo? —
pergunto irritado.
— Na verdade, Daiane veio até aqui.
Precisa conversar sobre algo, mas acredito
que não tenha nada a ver com a promotoria.
— Ligarei para ela também. Alguém
mais?
— Não mais. — Ela dá uma piscadela. —
Dia difícil? — Ela se senta na cadeira.
— E como! Só preciso relaxar.
— Marcos, posso te fazer uma pergunta?

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— Se eu não deixar, vai fazer do mesmo


jeito.
— Ainda bem que sabe. Não está na hora
de deixar de ter uma vida sozinho? Sei lá,
você precisa de alguém, homem!
— Você sabe que não sou capaz, não mais.
— Marcos...
— Débora, você é a única que sabe o que
aconteceu, e deveria entender os meus
motivos.
— E por saber o que aconteceu, está na
hora de esquecer o passado. Quando
estávamos juntos, que nos encontramos na
nossa dor, você me fez lutar e ir em busca da
felicidade, e eu encontrei o Cleber, porque
me permiti isso. Se permita lutar por algo
novo.

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— Não consigo. — Jogo a cabeça para trás


apoiando na cadeira. — Não posso esquecer.
— Então se permita ser feliz e use do
passado como uma lição de vida. Aprenda
que contos de fadas não existem. A vida é
dura, e você como ninguém deveria saber,
afinal, convive com casos terríveis dia e
noite, tem marcas no passado, perdeu seu
irmão. Nem todos que vão entrar na sua vida
vai ser para ficar. Tivemos algo no passado, e
hoje estou casada, e nem por isso foi ruim,
são lembranças boas, de um tempo triste,
mas que me permiti a começar a lutar e ir
atrás da minha grande felicidade, e encontrei
no homem que amo demais e sei que ele me
ama da mesma forma ou até mais. Faça da
mesma forma. Eu sonho em te ver com uma
alegria duradoura, homem!

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Ajeito-me na cadeira e olho para ela


sorrindo.
— Déb...
— Me prometa que vai tentar, por favor?
— Eu...
— Me prometa, porque o tempo está
passando e lá fora tem alguém à sua espera,
mas se demorar, pode perdê-la, ou perdê-lo.
— Uma porra! Não sou gay, sua praga! —
Ela ri. — Prometo. E sei que já sabe disso, e
confio em você. Mas nunca conte a ninguém o
que sabe. Isso é meu segredo, que escolhi
apenas a você para dividi-lo, porque você é
uma grande amiga, mesmo me tirando do
sério sempre.
— Não contarei. Mas sei que um dia terá
alguém para se libertar desse trauma, e que

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confie tanto quanto confia em mim, para


dividir o que tanto esconde.
— Quem sabe.
— Sei que vai, apenas permita que isso
aconteça. Agora tenho serviço. — Ela se
levanta.
— Obrigado.
Ela sorri e se retira.
Depois dessa conversa depressiva, hora
de ver o que os Escobar querem.
Ligo para o escritório do Henrique, na
E.A. (Escobar Advocacia). A secretária dele
atende e passa a ligação para a sala dele.
— Vejam só, o tio amoroso liga para o
sobrinho que tanto ama. Eu sei que sou o
predileto, prometo não contar ao David.
— Você tem dois minutos, antes que eu
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me arrependa de ter ligado.


— Senhor bom humor, recebeu o caso do
Lorenzo Silva?
— Não. Em qual delegacia ele foi detido?
— Do David.
— Certo. Vou dar uma passada lá, e
depois conversamos.
— Às vezes, paro para pensar, eu sou o único
que fode tudo pra vocês.
— Por que diz isso?
— David prende, você e a Daiane fazem de
tudo para os culpados terem o que merecem, e eu
acabo libertando eles. — Ele ri.
— Pois é. Até na vida profissional, você é
um porre. Depois nos falamos.
— Beijinho na bochecha, titio.

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— Vá se...
Ele ri e desliga antes que eu termine de
falar.
Eu vou infartar com esses sobrinhos. Que
porra!
Lembro que tenho que ler e assinar uns
papéis. Faço isso antes de ligar para a
Daiane.
Assim que termino, ligo para ela
imediatamente.
— Oi, tio. Aconteceu algo? — pergunta
preocupada.
— Não. Apenas soube que veio aqui. O
que está acontecendo?
— Nada. É que passei na delegacia depois daí,
e soube que o David está na rua, em uma invasão
a um mercado, e tem reféns. Já pensei o pior,

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porque não consigo contato com ele, e ele e sua


equipe não retornaram, e pediram para os jornais
pararem a transmissão do ocorrido.
— Porra! Não se preocupe, vai acabar
tudo bem — tento acalmá-la.
— Tomara. Espero que todos os reféns e os
policiais saiam ilesos. Tio, qualquer coisa que
souber me avise. Vou entrar em uma audiência
agora.
— Certo. Mas, antes o que queria comigo?
— Depois conversamos, eu prometo. Agora
vou indo. Por favor, tenta descobrir algo.
— Irei, não se preocupe. Amo você.
— Também amo você. Beijos. — Escuto
chamarem ela, e ela desliga.
Era só o que faltava, cacete!
Ligo para Liziara. Ela atende depois de
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um tempo.
— Oi. — Ela está chorando.
— Está tudo bem? — pergunto
preocupado.
— Não. O David, acabei de receber a notícia
de que ele está na rua com a equipe dele.
Ninguém sabe mais nada. Não consigo falar com
ele. Estou desesperada. Na delegacia falaram que
eles estão fora há mais de três horas e que não
podem passar mais informações. Pediram até
para os jornais não transmitirem mais nada.
Marcos, e se...
— Não diga. Estou saindo do escritório.
Fique calma. Vá para a casa da Paula com as
meninas. Qualquer novidade ligo para vocês.
— Ok!
Desligo e pego minhas coisas na mesa.

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Saio da sala rapidamente.


— Débora, está dispensada. Tenta contato
com o Cleber, e se conseguir diz que quero
falar com ele urgentemente!
— Se é sobre o David... — Ela se levanta e
seu olhar é estranho.
— Débora, o que houve?! — indago
preocupado.
— Cleber acabou de ligar avisando... Tem
uma notícia boa e uma ruim.
— Diz logo!
— A boa é que prenderam os bandidos, e
nenhum refém se feriu. A notícia ruim é que
teve um confronto com os bandidos, e o
David foi atingido. Não se sabe o estado dele.
Foi encaminhado para o hospital que ele tem
convênio.

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— Caralho! Está dispensada. Mantenha-


me informado sobre qualquer novidade.
Ligue antes para a casa da Paula e informe lá.
Estou indo para o hospital.
Sinto meu peito apertar. Estou
desesperado. Este dia estava ruim e ficou
pior.

Chego ao hospital e me informam que ele


está na sala de cirurgia. Vou para a sala de
espera, que dá acesso a sala que ele está.
Henrique já está aqui, andando de um
lado para o outro. Tem policiais na porta da
sala de cirurgia e seguranças cercando o
andar.
— Tio! — Abraço ele.
— Fiquei sabendo agora, pela Débora.
— Assim que terminamos de nos falar
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pelo telefone, minha secretária me avisou,


pois o Cleber ligou avisando. Corri para cá
tão desesperado, que em menos de dez
minutos estava aqui.
— Como está a situação dele?
— Não sei. Não sai uma porra para avisar.
— Vai dar tudo certo. Se acalma.
Ficamos em silêncio. O desespero
aumenta a cada minuto que esperamos.
— Cadê meu marido?! — Liziara chega
com a Paula. Elas estão assustadas. Liziara
chora.
— Está em cirurgia — Henrique diz.
— Meu filho. Meu Deus! Eu sempre disse
que vocês não têm amor à vida, mas não me
escutam! — Paula chora. Henrique a abraça.
— Quero saber do meu marido! Que
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porra! — Liziara grita.


— Se acalma... — Abraço ela, que chora
desesperada.
Tenho que ser forte e frio. Não posso me
permitir ser diferente neste momento, pois
pode ser pior.
Beatriz chega com uma mulher, e passa
por nossos seguranças, pois eles a conhecem.
— Lizi... — ela diz e a Liziara me solta e
corre para a amiga, que a abraça.
— Estava aqui perto, quando me ligou.
Não entendi nada, estava tão nervosa, o que
houve?
— David foi atingido por uma bala. Está
na sala de cirurgia. Não sabemos mais nada.
Estou com medo.
Paula se senta e Henrique também, ela

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apoia a cabeça no ombro dele, que a abraça.


— Vai ficar tudo bem. David é forte. Vai
sair dessa rapidamente. Tenha fé — Beatriz
diz.
— Prazer, sou Jaqueline, tia da Beatriz.
Sou médica cirurgiã. Vou tentar saber como
está a situação, se me permitirem.
Liziara solta a Beatriz.
— Por favor, Jaque!
— Seremos muito gratos — Paula fala.
— Obrigada, tia — Beatriz diz.
Jaqueline se retira.
— Senta um pouco. Está tremendo, Lizi. —
Beatriz ajuda ela a se sentar e depois se
encosta na parede de frente para nós, e cruza
os braços.
Alguns minutos depois, Jaqueline
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aparece, vestida com roupas apropriadas


para médicos cirurgiões.
— O enfermeiro-chefe avisou ao cirurgião
que estou aqui, e com muito custo me
permitiu a entrada, pois me conhece, mas é
proibido no momento, então ficará em sigilo.
Verei de perto tudo o que se passa, e trago
informações.
— Obrigado — Henrique e eu dissemos
juntos.
Ela se retira e entra na sala de cirurgia.
Estou preocupado demais. Ver meu
sobrinho, Paula e Liziara desesperados, me
deixa pior. David tem que ser forte e sair
dessa, esse filho da puta não pode fazer isso
com a família agora.
Um tempo depois, Jaqueline sai da sala.
Levantamos e ela vem até nós.
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— O que aconteceu? — Paula pergunta


aflita.
— Terminou a cirurgia. Me permitiram
dar a notícia. Ele foi atingido no ombro
esquerdo. Mas, felizmente, não foi grave. Ele
vai ser levado para o quarto. Não poderá
receber visitas no momento, pois está
sedado e precisa descansar.
— Graças a Deus! — Liziara diz chorando
e Paula a abraça, sorrindo. Henrique se senta
e solta o ar com força.
— Podem ir para casa se quiserem.
Provavelmente só mais tarde ele poderá ter
visitas. E ele está sedado, não tem mais o que
ser feito. Só ficarem felizes e agradecerem a
Deus — Jaqueline diz sorrindo.
— Não saio daqui, enquanto não ver ele
— Liziara diz.
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— Muito menos eu — Paula rebate.


— Obrigado, mais uma vez, Jaqueline —
digo a ela.
— Não tem pelo que agradecer. Só fiz
minha parte. Vou retirar esses trajes, e
conversar com o cirurgião. Se eu souber de
algo a mais aviso — fala e então se retira.
Sinto um alívio imenso. Se algo
acontecesse ao David, ou a qualquer um da
minha família, não sei o que eu faria. Nunca
me perdoaria. Prometi ao Joseph que se algo
um dia acontecesse com ele, eu cuidaria da
família que ele construiu, e daria todo amor.
Não poderia jamais quebrar essa promessa
que fiz ao meu irmão. Minha família é tudo
para mim.
— Bia, me perdoa por fazê-la vir para cá.
Sua tia chegou hoje e já dei trabalho...
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— Não se preocupe. Fico feliz por ele


estar bem — ela diz e sorri.
— Posso te pedir mais um favor, Bia?
— Sempre — Beatriz responde.
— Fica com as meninas? Deixei elas com a
dona Jurema, na Paula.
— Fico sim. Irei apenas avisar minha tia, e
ver se ela vai ficar, ou vai embora.
— Não se preocupe, eu levo sua tia — falo
para ela.
— Obrigada — agradece.

O que tinha para ser um bom dia, virou


um pesadelo. Quando Liziara me ligou,
estava comendo em um restaurante perto do
hospital com minha tia. Corri para o hospital
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sem pensar duas vezes. Fico aliviada por


saber que David está bem. Tenho muito
carinho por ele, afinal, é esposo da minha
melhor amiga e pai das minhas afilhadas.
Quando chego na dona Paula, Jurema e os
seguranças perguntam agoniados por
notícias do David, e digo a eles que foi um
susto, mas a cirurgia correu bem e não foi
nada grave. Vejo o carinho que todos têm
pela família que são seus patrões, pois ficam
aliviados com a notícia.
Digo para dona Jurema que pode ir
embora, e com muito custo ela se vai. Ela
informou que as meninas já mamaram. Elas
estão dormindo no quarto do David. E fico
com elas na cama. E pensar que poderiam ter
perdido o pai tão novas. Melhor nem pensar.
Deus as livre de algo tão difícil assim.

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Tia Jaqueline sai de férias, mas o trabalho


não sai dela. Aquela mulher ama sua
profissão e faz de tudo por ela. Me orgulho
disso, pois é uma profissão linda, e merece
profissionais bons como ela.
Porém, só um rosto me vem à mente sem
parar: Marcos.
Nunca o vi tão abatido como hoje. Parecia
tão frágil, ali sentado sem ação, com o olhar
perdido. É estranho ver um homem que
conheço há um bom tempo e sei que é
sempre de ação, grosso, de atitude, e hoje o vi
daquela forma. Esse juiz de quinta está
mexendo com minha mente há um bom
tempo. Droga!
Sinto meu olho pesar. Acordei cedo, e o
dia foi longo. Estou exausta. Levanto da cama
e a empurro com cuidado para que fique

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encostada na parede, e assim ter certeza de


que as meninas não vão se mexer e cair.
Ajeito elas certinho na cama e me deito
novamente. Estou realmente cansada.

Escuto alguém me chamando suavemente


e sinto me chacoalhar de leve.
Abro os olhos com calma. E vejo que as
meninas não estão mais na cama.
— Daiane e Ana Louise chegaram há um
tempo, e estão com elas lá embaixo. Não te
acordaram, porque ficaram com dó.
— Marcos... — Levanto-me e ajeito o
cabelo — Que horas são? Nem vi ninguém
chegar. Estava cansada demais e ainda estou.
— Duas da manhã.
— Meu Deus! Preciso ir.
— Não queriam que eu te acordasse, mas
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achei melhor, porque deixei sua tia na sua


casa já.
— Obrigada por me acordar e levar
minha tia. Deixa eu ir.
Quando vou sair do quarto, ele me segura
pela mão.
— Obrigado. Por ter ido até lá, mesmo
com sua tia que acabou de chegar. E obrigado
também por ficar com as meninas.
— Não tem porque agradecer. Preciso ir
agora.
Ele me solta.
— Eu te levo. Está tarde. Depois mando
um dos seguranças levar seu carro.
— Não precisa. Obrigada.
— Não foi um pedido. Eu te levo.
Inferno de homem!
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— Eu já disse que não precisa, Marcos!


— Não estou perguntando se precisa.
Vamos logo.
Saio do quarto irritada.
Cumprimento Ana e Daiane e me despeço
delas.

Entro no carro do Marcos e ele entra em


seguida.
— Só estou deixando, porque estou
cansada demais para discutir.
— Sei — ele diz e dá partida no carro.
O caminho até minha casa é em silêncio, o
que é ótimo. Pois nossas conversas acabam
em ameaças, ou provocações, e estou exausta
para isso.

Ele estaciona o carro e destrava as portas.


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— Antes das sete da manhã, seu carro


estará aqui.
— Certo. Obrigada, pela carona, mesmo
eu não querendo. — Ele sorri, e não sei se
isso é bom ou ruim. — Tchau.
— Tchau. — Desço do carro e fecho a
porta.
Passo pela portaria e só então ele vai
embora.

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Capítulo 4

O dia de ontem foi terrível. Torço para


que o de hoje seja bom.
Estou no hospital. Todos já foram visitar
David, eu fiquei por último, mas tenho que
ser rápido, tenho audiência em breve.
Entro no quarto e ele me olha. Está com
uma péssima aparência, o que é difícil para
eu ver, pois sempre o vi forte, determinado,
sorrindo por aí.
— Não foi dessa vez que se livrou de mim
— ele diz, rindo.
— Nem pense nisso. Quer me matar do
coração, cacete? Que não tenha uma próxima

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vez, David Escobar, ou serei eu a tentar te


matar! — digo seriamente.
— Não posso prometer.
— Como se sente?
— Bem, mas querendo ir embora, ficar
com minha mulher e minhas filhas. E voltar
ao trabalho. Porém, ficarei uns dias sem
poder entrar em ação, só ficando nos
bastidores. Recebo alta amanhã, o que é um
alívio. Se eu tiver que aguentar mais uma
enfermeira derrubando remédios, se
engasgando quando vai falar, ou ficando
parada me olhando como se eu fosse um bife
bem suculento, eu me suicido.
Rio.
— Está rodeado de mulheres e ainda
reclama? Porra, quem é você e o que fez com
o David? — provoco.
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— Não vou mentir, me deparo sempre


com mulheres lindas, gostosas, que em
outros tempos eu as levaria para a cama,
porém em casa tem uma mais linda, mais
gostosa, que amo, e não a trocaria por
nenhuma outra.
— Vou vomitar ali um pouco, e já venho.
Essa declaração me fez ver unicórnios.
Ele revira os olhos e sorri.
— Fiquei sabendo que a tia da Beatriz
ajudou. Liziara me contou hoje, antes de eu
expulsar ela, que não queria ir embora de
jeito algum.
— Essa é sua mulher, uma porra-louca
teimosa. Quando eu digo, ninguém me dá
atenção. E sim, ajudou.
— Levou a Beatriz para casa. Mandou o
Simon levar o carro para ela hoje... — diz e ri.
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— Puta que pariu, as notícias correm


nessa família! Sim a levei, o que não tem
nada de mais. Só não queria ter que
acompanhar todos a um hospital novamente,
porque ela bateu o carro. Ela estava cansada,
não ouviu nem a Daiane e a Ana chegando e
pegando a Helena e a Laura, imagine
dirigindo? Partiria o carro ao meio.
— E agora preocupado com ela? Quem é
você e o que fez com o Marcos? — ele me
provoca.
— É, você está bem, perdeu até o medo de
morrer. Vou indo, alguém aqui trabalha.

Termino meu café, e algo me incomoda


profundamente!

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— Ok. Passou o café da manhã inteiro me


olhando e dando sorrisinhos toscos. O que
foi, tia?
— Ufa, achei que não iria perguntar! Meu
Deus, estava ficando louca já.
— Diga rápido, porque tenho que ir
trabalhar.
— Você e o gostosão tem algo?
— Quê? Que gostosão?
— Não se faça de idiota! O Marcos
Escobar. O juizão delícia, que pude conferir
pessoalmente que é tudo o que dizem nos
sites e revistas.
— Pelo amor de Deus! Nunca. Eu e aquele
juiz de quinta não temos nada. Eu, hein!
— Sei... Então, por que ele não parava de
olhar para você?

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— Sei lá... Tia, por favor, não comece com


suas loucuras.
— Quando irei te ver com um homem pra
valer?
— No momento não. Sabe que tenho
minha vida planejada. Ainda não é tempo
para isso. Quero um homem certo, para
casar, construir uma vida nova. Porém, só
depois que eu criar coragem, largar meu
emprego, e correr atrás de emprego em um
banco importante, o que sempre foi meu
sonho.
— Nossa, me cansei depois de tanto
planejamento que tive que ouvir. Querida,
tenho 40 anos, e curto a vida mais que você, e
ainda sendo cirurgiã, fazendo plantões
absurdos, no dia da folga saio e me divirto. A
vida é uma só, viver planejando nem sempre

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é bom. Planejar uma viagem, um filho,


comprar um carro, tudo bem, agora planejar
quando vai encontrar um amor, quando vai
transar, quando vai procurar outro
emprego... Me poupe, se poupe, nos poupe!
Bia, acorda! Você tem 27 anos, é jovem, vá
curtir mais a vida!
— Tia, eu vou trabalhar. Esse papo vai
acabar em briga, como sempre. Então sinta-
se em casa. Qualquer coisa me ligue. Te levo
para jantar fora hoje, você escolhe o local.
— Beleza. Se não quiser o juiz, me passa o
contato dele, posso ensinar a ele sobre cada
parte do corpo humano — ela gargalha.
— Papo desnecessário. Fui. Amo você.
Pego minha bolsa e me retiro. Não estou a
fim de começar meu dia tendo que escutar
falar do Marcos!
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Liguei para a Liziara e soube que David


passa bem. Infelizmente não poderei ir até o
hospital hoje visitar ele. Mas só de saber que
passa bem é um alívio.

O trabalho está sendo cansativo hoje. De


sexta-feira é sempre assim. Alunos correndo
atrás de prejuízos da semana para se
organizarem na próxima. Professores
faltando, Eric, diretor pedagógico, surtando
porque os professores faltam. É um dia
cansativo. Porém, só de lembrar que é sexta,
já me dá um alívio.
Termino de imprimir alguns papéis que
preciso entregar para alguns alunos. Assino
todos e saio da sala para entregá-los.
Retorno a minha sala e Lilian está nela
com alguns papéis.

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— Recebemos um e-mail do reitor,


mandou esses arquivos, quer que você peça
aos professores para assinar. Ele está
chegando e quer na sala dele o quanto antes
e que programe uma reunião com os
professores do noturno e deixe a
coordenadora da noite avisada.
Pego os papéis e coloco em minha mesa.
— Ok. Obrigada.
Ela se retira da sala.
— Sinto muito, mas já está chegando a
hora do meu almoço, farei isso só depois.
Preciso estar alimentada, para aguentar o
reitor — digo sozinha.
Meu celular toca e é a Liziara ligando.
— Oi, Lizi.
— Estou atrapalhando?

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— Nunca. O que foi?


— Devido aos problemas com o David, Paula
teve que cancelar o jantar que faria. Então
amanhã terá uma festa, para comemorar a volta
do David. Você está convidada.
— Obrigada, Lizi. Mas minha tia está aqui.
Quero aproveitar o final de semana com ela.
Mas, muito obrigada mesmo pelo convite.
— Está bem... Entendo. Bom, vou indo, hoje
estou de folga do trabalho, mas tenho faculdade.
Já encontrei alguém para ficar com as meninas.
Bom, meio que fui intimada. Paula quer ficar com
elas à noite, enquanto eu estiver na faculdade.
— Mas quando for trabalhar? Anda
abusando muito, Lizi. É faculdade, trabalho,
cuidar das meninas, da casa, do David.
— Conversei hoje com o David quando fui
visitá-lo. Ele está certo, por minha segurança, e
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para meu rendimento na faculdade, melhor eu


deixar a boate. Estava perdendo aulas, cansada,
estressada, não tinha nem paciência com as
meninas mais.
— Está querendo se fazer em mil.
— Então. Ele pediu para eu sair da boate, e
hoje vou conversar lá. As meninas são bebês
ainda, precisam de mim, e minha faculdade
também, e meu marido precisa da minha atenção
também e eu preciso relaxar um pouco também.
Não queria deixar de trabalhar, mas é só até as
meninas estarem um pouco maiores e eu ter paz
para ir ao trabalho e faculdade, deixando elas
com babá.
— Está certa. Ainda mais elas sendo filhas
de Escobar, todo cuidado é pouco.
— E quando a Paula não puder ficar, minha
mãe fica.
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— Ótimo! Fico feliz que resolveu isso,


estava uma loucura.
— Ai, Bia, eu aqui falando, e você no trabalho.
— Na verdade... — olho no relógio —
estou indo almoçar.
— Comida. Nem me fale, estou morta de fome,
mas estou presa no trânsito, a caminho do
hospital. Consegui que deixassem as meninas
visitarem ele. Acredita que não queriam? Cada
coisa.
Rio.
— É como falam mesmo... Os Escobar
conseguem tudo.
— Querida, posso ser uma Escobar, mas o
Araújo ainda está no sangue, e um Araújo sabe
ser irritante quando quer e é persistente ao
extremo até conseguir o que tanto quer. —

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Rimos.
— Bom, vou almoçar. Depois a gente se
fala. Beijos.
— Beijos. E coma muito por mim.
— Pode deixar. Até. — Desligo o celular.

Recebi uma ligação do reitor da


universidade querendo mais uma palestra
minha hoje, porém com todos os alunos do
Direito. E como sou um homem bom, aceitei.
Quem eu quero enganar? Preciso ver a
Beatriz novamente. Não consigo parar de
pensar nela, desde ontem... Desde sempre.
Cheguei na hora do almoço dela. E sim,
puxei a ficha dela aqui do trabalho, para
saber os horários dela. A palestra é depois do

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almoço, por que não chegar mais cedo?


Fiquei parado na porta da sala dela vendo
a conversar com a Liziara no telefone. E juro
que pensei que não calariam mais a boca.
Ela se organiza para sair da sala, e ainda
não notou minha presença.
Ela desliga a tela do computador, joga
alguns papéis no lixo. Em seguida, pega o
celular, coloca na bolsa e pega a chave do
carro.
Quando se vira e me vê, grita, derrubando
a bolsa no chão. Ela está pálida. Vai dar um
passo para trás, mas enrosca o salto no pé da
cadeira e cai sentada nela.
— Sempre soube que causava algo nas
mulheres, mas nunca presenciei algo tão
assim... Como posso dizer... Assustador? Se
for desmaiar, avisa para eu sair sem ser
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acusado depois. — Ela me olha com raiva.


— Quer me matar, não é? Fala a verdade!
Qual o seu problema?! Que inferno.
— Não. Matar? Não.
— Há quanto tempo está aí?
— Você vai passar o final de semana com
sua tia, e por isso recusou o convite que ela
deve ter te feito... E escutei também “Oi, Lizi”.
— Como você é ridículo. Ficou escutando
minha conversa.
— Sou educado. Não quis interromper.
— Isso é perseguição? Porque vive
aparecendo no meu caminho e no meu
trabalho principalmente!
— Tenho palestra novamente hoje.
— Não trabalha? — pergunta com ironia.

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— Saí de uma audiência de quatro horas e


vim para cá.
— E o que quer aqui? — Ela se levanta e
pega a bolsa no chão.
— Vim te visitar. Deveria se sentir
honrada. Juiz Escobar tira um tempo para
visitar você.
— Olha aqui, seu juiz de quinta, se veio
para me provocar, saiba que perdeu seu
tempo. Estou de saída. Agora saia da porta
que eu quero passar.
— Se você for um pouco educada, posso
pensar em sair.
— Marcos, por favor, estou com pressa.
Some!
— Cuidado, quem assina a sentença sou
eu, e a sua pode ser longa.

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— Não tenho unhas grandes à toa. Some.


— Ela passa por mim esbarrando com força
no meu braço.
— Já que não me convida para almoçar,
eu me convido. — Começo a seguir ela.
— Serei obrigada a ir em uma delegacia
pedir uma medida de proteção contra você!
— Se quiser faço uma para você.
Ela me olha mais irritada ainda, e isso
deixa-a ainda mais linda.
Ela para no meio do caminho.
— Quer saber. Se vai mesmo me encher,
você vai pagar o almoço. E vamos no seu
carro. Economizo minha gasolina. E tem
mais, sem segurança, não sou obrigada a
comer com um bando de homens olhando
cada movimento meu.

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— Pago almoço, te levo no meu carro.


Seguranças vão, mas não ficarão do lado de
dentro.
— Sem segurança.
— Com eles, ou nada feito.
— Sabia que diria isso. Nada feito.
Tchauzinho. — Ela sorri e volta a caminhar.
Essa mulher é uma demônia!
— Não pense que vai se livrar de mim no
almoço.
— Que inferno! Eu pago meus pecados
com você.
— Deveria agradecer, por pagar seus
pecados comigo.
— Que ódio! — ela resmunga e isso me
faz rir. — Que bom que isso te diverte. Vamos
logo, senhor Escobar.
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— Se me chamar de senhor novamente, eu


gozo. Vamos.
Ela fica vermelha e boquiaberta.
Ela escolhe um restaurante italiano que
apenas vende macarrão de vários tipos, e fica
bem perto da universidade, e tenho certeza
de que é para sair logo do meu carro.

Entramos no restaurante e peço aos


seguranças que fiquem ao lado de fora. Irei
realizar o pedido dela, ao menos hoje.
Nos levam até uma mesa no fundo do
restaurante. Beatriz se senta de frente para
mim. Essa realmente tem pavor de ficar
perto de mim, o que é estranho já que
normalmente as mulheres só faltam sentar
no meu colo.
O garçom oferece os cardápios, e pedimos

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um macarrão bolonhesa. Para beber peço


água com gás, e ela um suco natural de
laranja.
— Eu deveria ter pedido álcool — digo
enquanto deixo o celular no silencioso.
— Por quê? Que belo exemplo de juiz.
Álcool e carro, péssima combinação. Quando
digo que é um juiz de quinta, tenho razão.
— Porque você está me deixando louco
com essa perna chacoalhando embaixo da
mesa. — Ela me olha e disfarça, parando a
perna lentamente. — Eu já tinha sentido. E
quando digo louco, não é no sentido que você
pensa. É de nervosismo mesmo. Pare de ficar
intimidada perto de mim. Sou Marcos,
esquece o juiz, e esquece Escobar. Álcool iria
relaxar a tensão que está. — Dou uma
piscadela e ela revira os olhos.

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Nosso pedido é servido.


— Então, Jaqueline é sua tia. Não imaginei
que tivesse uma tia aparentemente jovem.
Ela larga o garfo e me olha irritada.
— Veio para falar da minha tia? Devia ter
dito antes, que eu te passaria o telefone dela.
— Nossa... Uau! Se acalma, gata arisca. Foi
apenas um comentário, sem quaisquer
segundas intenções.
— Se me chamar de gata arisca
novamente, perde o que tem no meio das
pernas.
— É sempre carinhosa assim? — provoco.
— Não me provoca, Marcos Escobar!
— Vim em missão de paz. — Ela me olha
desconfiada. — Falo sério, Beatriz. Me conta
mais sobre você, enquanto almoçamos.
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— Quer saber o quê? — pergunta e leva o


macarrão à boca.
— Sei lá. Tudo? Você é bem misteriosa.
— Como se não tivesse investigado minha
vida.
— Poderia, mas não fiz.
— Não tem muito o que saber sobre mim.
Tenho uma vida sem muita atração, como a
sua.
— Sei que isso foi uma indireta ao que
dizem as revistas e jornais, então vou fingir
que não entendi. Tem quantos anos? —
pergunto mesmo já sabendo.
— Vinte e sete. Farei 28 em breve.
Tomo um gole da minha água.
— Por que trabalha há tanto tempo na
universidade? Isso eu sei, pois tive que
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investigar muita coisa lá, para resolver o


caso da Ana Louise.
— Para ser sincera, eu não sei. Trabalho
lá, desde que fazia faculdade. Acho que me
acomodei por medo de tentar coisas novas.
Tenho uma vida bem programada.
— Formada em quê?
— Administração.
— E por que trabalha como coordenadora
na universidade? Isso é loucura.
— Porque... — ela larga o garfo e sorri
nervosa — eu planejei minha vida toda.
Desde a faculdade ao futuro casamento. O
problema foi colocar tudo em prática. Mas
consegui algumas coisas, arranjei um
trabalho, terminei a faculdade, consegui meu
carro, meu apartamento, mas não meu maior
sonho de trabalhar em um banco.
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— E por que não fez isso? É jovem,


inteligente... tem tudo pra conseguir
trabalhar em um bom banco.
— Aí que está o problema. Tenho tudo...
Um bom diploma, muito boa com números,
sou bilíngue... Tenho tudo o que precisaria
para realizar meu sonho, mas percebi
recentemente que...
— Mas falta a coragem.
Ela concorda.
— Não sei nem porque falei tudo isso...
— É bom te conhecer mais. — Olho para
ela, que me olha também. Ela baixa o olhar
para seu prato.
— Falamos muito de mim. Me diz... Quem
é o verdadeiro Marcos Escobar. — Sorrio.
— Para começar... Irei confessar algo de

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imediato.
— O quê?
— Não gosto de macarrão e muito menos
molho vermelho. — Afasto o prato.
— E por que não pediu outra coisa?
— Porque não sei se você reparou, o
restaurante que escolheu é italiano, porém
apenas de macarrão de vários tipos.
— Droga, por que não disse antes? —
indaga nervosa.
— Porque seria uma desculpa ótima para
você fugir.
— Isso é verdade. Mas você queria
almoçar, e não comeu nada.
— Não importa. Usei a desculpa de
almoçar apenas para acompanhar você.
— E para ter minha companhia, valia um
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restaurante que oferece apenas uma comida


que não gosta em vários tipos e ainda por
cima caro? — pergunta com ironia.
— Valia.
Ela tenta dizer algo, mas não consegue.
— Esse é o Marcos Escobar verdadeiro.
Que não gosta de macarrão e muito menos
molho vermelho, e que não se importa de
gastar dinheiro ou ir em um restaurante que
venda apenas macarrão, só para ter a
companhia de alguém especial.
— E por acaso eu sou especial? — Sorrio.
— Demorei alguns anos para perceber...
Você de alguma forma se tornou especial
desde a primeira vez que nos encontramos
na universidade, quando você me respondeu
bruscamente e passou por mim da mesma
forma, fazendo com que meus sobrinhos me
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atormentassem com as bobagens que saem


da boca deles quase sempre. Acha mesmo
que estou te cercando à toa? E só para você
saber, eu já sabia que iria na Liziara ver as
meninas, eu não estava lá por acaso.
Ela derruba o garfo no chão.
Não sou idiota. Sei o que estou sentindo,
apenas estou querendo mascarar. Já senti
isso antes e não acabou bem. Mas prometi a
Débora que tentaria. E porra, sou Marcos
Escobar, eu sou direto.
— Eu... é... Temos que ir. Ou estarei
ferrada. Tenho coisas para fazer.
— Sei que está fugindo. Porém, mais uma
vez, fingirei que não entendi.
Peço a conta e pago.
O caminho até a universidade é em total

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silêncio. Às vezes, ela me olha, mas eu finjo


não perceber. Ela já está nervosa o bastante
com o que eu disse.
Assim que chegamos, eu estaciono o carro
e ela desce rapidamente. Desço e fecho a
porta.
— Obrigada pelo almoço, e desculpa por
ser em um lugar que não come nada. Tenho
que ir.
— Também irei, mas antes tenho que
falar com os seguranças.
Ela concorda e entra rapidamente.
Deixo ela entrar. Não tenho que falar com
ninguém. Apenas sei que se eu entrasse ao
mesmo tempo, ela ficaria mais estranha do
que já está, pois teria que fazer o mesmo
caminho que eu.

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Sou direto, não fujo do que eu tenho para


dizer a ninguém. E não esconderei o que
sinto... Mas primeiro preciso entender o que
realmente sinto, e se for o que penso, e tenho
quase certeza do que é, eu estou fodido!

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Capítulo 5

É sábado e Liziara não para de me enviar


mensagens no celular, insistindo para que vá
participar da festa para o David. Ao que
parece, o que era para ser pequeno, se
tornou algo grande, e com muitos
convidados. Família Escobar é realmente
bem conhecida. Mas eu não quero ir. Já não
queria ir, e agora quero menos ainda. Depois
do que o Marcos disse, eu estou atormentada.
Depois de anos que nos conhecemos,
vivemos em pé de guerra e do nada ele diz
aquilo, e age daquela forma. Não posso ter
minha vida bagunçada, porque aquele juiz de
quinta me deixou sem ação, e pensando em

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um milhão de coisas. Os Escobar são um


perigo para a mente e coração feminino e por
isso eu preciso continuar deixando o meu
blindado.
Quando estou perto dele sinto medo, mas
é um medo diferente. Sempre tento evitá-lo e
é como se uma força me puxasse para ele.
Isso me deixa louca, com medo. Depois do
que aconteceu, é melhor eu realmente evitá-
lo.
— Então quer dizer que hoje tem uma
festa na casa dos famosos Escobar, e você não
me diz? Mulher, isso não se faz. Não trouxe
calcinhas para essa ocasião — minha tia me
fala.
— Quê?!
— Ficar perto deles molha muita
calcinha, e aí terei que trocar toda hora...
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Preciso correr e comprar umas além das que


eu trouxe.
— Não! Eu não quero saber das calcinhas
que vai molhar, e juro que preferia não
saber. Eu quero saber como soube?
— Não faz a pergunta direito e pira.
Liziara, meu bem. Ela sim se sai uma boa
sobrinha.
Eu ainda vou ficar viúva de amiga.
— Tia, não iremos. Escolhe qualquer
lugar, menos lá.
Ela se senta no sofá e fica me encarando.
— O que foi?
— Vai... me fala.
— Falar o quê?
— Está fugindo do bonitão do Marcos, da
Daiane ou da Paula? Porque os outros dois
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são casados. E eu voto no Marcos, porque até


onde sei não é lésbica.
Fico olhando para ela sem acreditar no
que estou ouvindo.
— Sim, eu sei sobre cada um. As revistas
contam. E tive a sorte de conhecê-los no
hospital, não que conhecer alguém no
hospital é sorte, mas... Ah, você entendeu!
— Tia, eu não estou fugindo deles e
também não sou lésbica, e também não
tenho nada contra quem seja.
— Então por que não quer ir? É uma festa
para o marido da sua melhor amiga.
— Porque quero curtir a noite com você
— digo, tentando soar bem firme.
— Mentira! Te conheço muito bem. Fala a
verdade.

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— Ok. — Sento-me no sofá no qual eu


estava deitada. — Eu estou evitando o
Marcos. Satisfeita?
— Não! Evitando aquele tesudo? Você é
lésbica sim! — diz assustada. — Agora sei
porque nunca quer os homens lindos e
gostosos que te mostro. Meu amor, era só
dizer, poxa. Eu apoio, e acho até maneiro.
— Sério que você tem 40 anos?
— Não diga esse número em voz alta!
— Estou evitando por motivos que
precisam disso. E não fico reparando se ele é
tesudo ou não — minto.
— Pois eu reparei. Aqueles olhos são um
orgasmo duplo. E aquele olhar? Puta que
pariu, gozei!
— Tia! Não tenho que ouvir isso. —

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Levanto-me.
— Senta aí agora! — ela diz seriamente e
obedeço. — Quer que eu aja como uma tia de
verdade? Certo! Pare de fugir dos seus
sentimentos. Não sou ingênua. Vi o modo que
se olhavam. Se gostam. Desde que virou
amiga dessa família, você está diferente.
Parece que está em uma corda bamba com
medo de que, se cair, não tenha algo para te
salvar. E sabe por que fica assim? Porque
algo dentro de você te pede para correr para
os braços do tesudo, e outra coisa te puxa e
sobe um muro ao seu redor te fechando para
novas tentativas. Você se proíbe de tentar,
por causa de um maldito planejamento de
vida. Nem sempre as coisas são como
queremos.
Engulo em seco. Ela sabe tocar no meu

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ponto fraco... O medo. Não quero continuar


ouvindo, porque sei que vai acabar em briga
e odeio isso.
— Acredite, eu não sinto nada por ele! —
digo isso mais para mim do que para ela.
Como se eu dizendo em voz alta tornasse
mais certo.
— Ah, é? Então coloque sua melhor roupa,
e vamos à festa — provoca.
— Ok. Vamos!
— Isso vai ser ótimo.

Festa, tudo o que eu não queria. Ainda


mais quando, o que era para ser entre
família, ficou entre o Brasil inteiro.
Porra, Daiane e Paula não sabem fazer
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nada simples?!
Estou jogado no sofá da sala da Paula,
vendo o pessoal do buffet para lá e para cá, e
Paula e Daiane dando ordens. Não tenho
paciência para isso não.
— Cadê a Ana Louise? Ela disse que viria
ajudar. Vou enforcá-la — Daiane diz
digitando algo no celular.
— Ela faz bem em não estar nesta
loucura. E cadê o David e família?
— Não queremos eles aqui antes da festa,
pois é para o David, não quero nem ele e nem
a Liziara ajudando. E você, por que não está
fazendo nada? Poderia estar conferindo o
moço que vai cuidar das bebidas e ver se está
tudo certo.
— Eu poderia. Mas não irei. Estou
cansado. Ontem foi um inferno aquela
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maldita audiência e correndo atrás de um


caso para o Henrique.
— Vocês, homens, são todos moles... —
Desvia o olhar de mim. — Não! Essas coisas
devem ficar lá fora! — ela grita para um
rapaz com caixas passando pela sala.
Coitado! — Mãe, liga para a Louise! — ela
grita e sai da sala.
Porra, que tanto grita?! Maldita hora que
falei que ficaria aqui com elas.
O telefone começa a tocar, mas não tenho
tempo de atender, pois a Jurema atende e me
traz.
— Senhor, é a Beatriz. — Pego o telefone.
— Senhor está no túmulo. Que porra,
mulher, desapegue disso!
— Não, não! E olha a boca! — Ela se retira

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e rio.
Deito novamente no sofá e coloco o
telefone na orelha.
— Oi — digo.
— Marcos? Isso é perseguição.
— Você que ligou. Então você que está
perseguindo! Diga o que quer?
— Quero falar com a Paula, Liziara...
Qualquer uma das mulheres que devem estar por
aí.
— Só está a Paula e a Daiane e não me
atrevo a chamá-las para nada, pois tenho
amor as minhas bolas.
— Não tenho um pingo de interesse de saber
do amor por suas bolas. Estou tentando falar com
a Liziara, mas não consigo. Avise, por favor, que
irei com minha tia.

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— Vai pra porra! E precisa avisar algo?


Sabe que te tratam como da família, não fode
minha paciência e humor com isso.
— Avisa! E me respeita, seu juiz de quinta.
— Juiz de quinta, mas o pau é de
primeira!
— Eu não ouvi isso! Tchau! — Ela desliga e
começo a rir.
Essa noite você não me escapa!

Já são 22h, e isso aqui parece mais um


metrô na parte da manhã, do que uma festa.
De onde veio tanta gente?
— Senhor Marcos Escobar, juiz mais
amado pelas mulheres e odiado pelos réus.
— E a noite acaba de piorar.
— Henrique, você não tem uma filha ou
uma esposa para cuidar?
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— Minha esposa está lá fora com a Daiane


e a Liziara, e minha filha dormindo.
— E eu saindo... — mas sou interrompido
por uma morena que se aproxima e
cumprimenta a mim e ao Henrique. E não, eu
não sei quem é ela.
— Henrique... — ela diz toda manhosa.
Olho para a cara dele e rio. Está fodido se Ana
Louise aparecer.
— Oi. — Pelo tom da voz dele, sabe quem
é, mas não sabe o nome.
— Sumiu. Não apareceu mais na boate. —
Ele engole em seco. — Saudades, amor! — Ela
acaricia o braço dele. Eu não me aguento e
me viro para o lado para disfarçar o riso. Ele
está pálido.
Vejo Ana Louise vindo, e parece que está
indo para a guerra. Isso vai ficar melhor
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ainda. Nunca imaginei me divertir tanto em


poucos segundos.
— Eu... Então... Melhor sair enquanto é
tempo, tenho uma fera como esposa. — Ele
retira a mão dela do braço dele. Coloco a mão
no bolso.
Ana Louise para ao lado dele e olha a
morena de cima a baixo.
— Cuidado, nem sempre minhas pernas
servem apenas para andar. Na maioria das
vezes é para chutar o rosto de oferecidas
como você. — A morena olha assustada.
— Eu disse a você que eu tinha uma fera!
— Henrique diz.
— Lá fora e agora, Henrique Escobar! —
Ana diz, e se afasta.
A morena baixa o olhar e fica mais sem
jeito do que já estava e eu adoro ver isso.
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— Se eu não voltar em três minutos, diga


a minha filha que a amo — Henrique fala e se
retira.
— É, morena, nunca mexa com o homem
de uma Escobar — digo a ela, que se retira
rapidamente.
Isso sim é festa! Henrique se estrepando...
Escuto um riso atrás de mim e me viro para
ver quem é.
Meu olhar segue das suas pernas até o
maldito vestido vermelho, colado e justo ao
seu corpo. Talvez eu tenha ficado tempo
demais olhando, pois ela pigarreia. Continuo
o trajeto com o olhar até parar em seu rosto.
Essa mulher vai foder comigo!
Preciso manter a postura, porra!
Beatriz me olha e ri ainda mais.
— Virei dentista agora, para ficar rindo?
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— pergunto a ela.
— Não — ela responde e bebe sua bebida
para disfarçar o riso.
— E por que ri então?
— Porque você realmente está ficando
para "titio". Depois de dizer a moça "nunca
mexa com o homem de uma Escobar", me fez
perceber que você é o único homem Escobar,
velho, mal-humorado e sozinho — provoca.
Em seguida, ela me entrega a taça e se
afasta, rindo.
— Beatriz Ferreira de Oliveira, você me
paga! Titio, é uma porra!
Eu não acredito que essa porra veio até
aqui para me provocar. Isso não vai ficar
assim. Agora ela conseguiu me irritar!
Entrego as taças para um garçom que
passa.
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Saio para o lado de fora, onde o som está


bem alto. Daiane não mentiu quando disse
que teria DJ, e colocariam a casa abaixo.
Dou de cara com a Débora, que está com
uma bebida na mão. Qual o problema dessas
mulheres para comprarem roupas faltando
pano? A outra, com um vestido que parece
uma blusa; e essa, com um short que parece
uma calcinha. Se Daiane estiver nua, não irei
me impressionar.
— Vai matar quem? — pergunta rindo.
— Está tão óbvio que estou irritado?
— Sim.
— Então por que está falando comigo?
— Seu humor é foda!
Começa a tocar outra música.
— Se quem está procurando for a Beatriz,
ela está ali — aponta na direção — dançando
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com as meninas e a tia dela.


— E quem disse a você que procuro ela?
— Intuição feminina. Vai, homem. Vamos
nos divertir. — Ela me puxa.
Vamos até onde estão as meninas
dançando e os rapazes conversando.
— Sofre no presente por causa do seu
passado. Do que adianta chorar pelo leite
derramado. — Débora canta junto com a
música e sei que é para me provocar mais.
Beatriz ainda não nota minha presença.
Aproximo-me do David, que está com o
Cleber.
— Posso saber o que fazia com minha
mulher? — Cleber pergunta.
— Tentando me livrar dela, mas o que
posso fazer, se ela não resiste ao que já
provou? — Ele tenta vir até a mim, mas o
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David segura.
— Hoje não, caralho! — David diz.
Beatriz dá um passo para trás e acaba
batendo as costas em mim.
— Ai, des... — ela vai pedir desculpa, mas
desiste quando me vê.
Viro-a para mim. E foda-se, sei que as
meninas olham e os rapazes também e que
está lotado de gente. Ela me olha assustada.
— Titio, Beatriz, é uma porra!
Ela vai responder, mas não permito.
Seguro-a com mais força, e a beijo. No
início, ela não corresponde, mas logo o faz.
Mergulho com força minha língua e a dela se
encontra com a minha. Escuto o berro da
Liziara e da Débora, mas não me importo.
Desço minha mão até a altura da sua bunda,
enquanto permaneço com a outra em sua
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nuca. Seus braços contornam meu pescoço e


ela pressiona ainda mais em mim, soltando
um gemido em meus lábios.
— Caralho! Eu bebi demais, só pode.
Beatriz e Marcos! — Henrique grita. Beatriz
se afasta no mesmo instante.
Ela olha para mim e depois para todos,
mas sai em disparada para o jardim dos
fundos.
— Fiz merda? — Henrique pergunta.
— Eu... — não consigo responder. Apenas
me afasto, indo à procura da Beatriz.
Porra!

Encosto-me na árvore, do jardim. Escuto a


música de longe. Que merda eu fiz?! Inferno!

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Isso não podia ter acontecido! Henrique


salvou a pátria. Que vergonha, na frente de
todos, e ainda gemi. Que ódio de mim! Não
vou conseguir olhar na cara de ninguém
mais.
Assusto-me quando alguém toca meu
braço. Mas reconheço seu perfume.
— Marcos, me deixe sozinha, por favor.
— Queria eu ser capaz disso. Olhe para
mim, por favor. — Ele me solta e então me
viro para ele e só consigo me perder em seus
olhos lindos.
— O que aconteceu...
— Foi um erro, eu sei.
— Não diga isso. Bata na minha cara, mas
jamais repita isso a mim. Não foi um erro.
Foram dois adultos se beijando e que sabiam
o que estavam sentindo.
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— Marcos, entenda...
— Entenda você. Eu não brinquei quando
disse aquilo no almoço para você. Eu não
brinquei quando te beijei agora...
— Eu estou confusa. Só preciso ficar
sozinha — sussurro.
— Você não está confusa. Sabe o que
sentiu agora há pouco, pois foi o mesmo que
eu. Porque, se aquele beijo não tivesse tido
nenhuma importância, não teria fugido.
Sinto um frio na barriga.
— Marcos. A gente sempre implicou um
com o outro. Eu não posso... Não faz sentido.
Eu não quero ser brinquedo de ninguém, e
não posso ter ninguém, não agora. Então...
— Cale a boca e me ouve, porra! Qual a
parte que você ainda não entendeu que algo
está acontecendo entre nós e não é de hoje?
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Sou homem o suficiente para te confessar


que você mexe comigo, e isso tem me
deixado louco. Beatriz, eu... — ele tem
dificuldade em dizer.
— Você o quê, Marcos? — pergunto com
os olhos marejados. Não posso chorar, não
agora.
— Eu me apaixonei por você.
— Você não pode dizer isso. Não se brinca
assim com as pessoas.
— Você calada é muito mais linda.
Ele me agarra e invade minha boca com a
sua. Não consigo resistir. Afinal, é nestes
braços que eu quero estar.
Beijo-o, mas, desta vez, é um beijo
tranquilo... Leve. Suas mãos apertam minha
cintura. Ele encosta na árvore comigo ainda
em seus braços, encaixa-me entre suas
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pernas e continua me beijando.


Seu beijo apenas confirma tudo o que ele
me diz. O juiz de quinta realmente diz a
verdade.
As lágrimas escorrem por meu rosto e
deixa o beijo salgado. Afastamos nossos
lábios. Ele me olha e seu olhar é diferente,
difícil de explicar. Em seguida, enxuga
minhas lágrimas.
— Não chora. Se soubesse o quanto é
linda sorrindo, jamais derramaria uma
lágrima.
— Não estou chorando de tristeza. Eu
nem sei por que estou chorando.
Ele sorri.
— Eu não minto em relação aos meus
sentimentos, porque já sofri demais no
passado, e não desejo aquela dor a ninguém.
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— Por que eu?


Ele sorri novamente.
— Porque foi a única que não correu
atrás de mim. Foi a única que mostrou o
sorriso e a fúria ao invés dos seios. Foi a
única que teve coragem de me chamar de juiz
de quinta e a única que fica vermelha após
me beijar, e é tímida quando me beija. —
Sorrio envergonhada. — E é a única que vi
uma beleza que nunca vi em nenhuma outra.
— Marcos... Não sou as mulheres que você
está acostumado. Não aceito que brinque
comigo. Não sou uma mulher da lei, e muito
menos sei lidar com uma arma. Não sou rica,
e curto muito pouco baladas, ou beber. E
prometi a mim que abriria meu coração no
momento certo, e não seria a qualquer um.
— E é por tudo isso que você conseguiu

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me conquistar. Eu jamais ousaria brincar


com os seus sentimentos ou de qualquer
mulher. E tem mais, será um prazer não ter
uma mulher que ande armada. Vejo o que
meus sobrinhos sofrem.
Rio.
— Parece mentira. Nós dois aqui... —
Sorrio.
— O juiz de quinta é irresistível. Confessa,
delícia! — Ele me dá um beijo leve nos lábios.
— Convencido, sim. Irresistível? Não.
— Não me provoca! Quem assina a
sentença sou eu e a sua pode ser longa e
peculiar.
— E eu não tenho unhas grandes à toa.
— Adoraria que testasse elas em meu
corpo.
Tenho certeza de que fiquei roxa.
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— Fica linda quando está tímida. Eu disse,


delícia. — Ele ri.
— O casal fora da lei poderia vir para
festa? Depois planejam os filhos e o
casamento! — David grita.
— David! — Paula e Liziara dizem juntas.
— Vamos, ou vão vir até aqui, pode
acreditar.
— Não duvido, se tratando da Paula e
Liziara.
— Tenho que cuidar de certo sobrinho.
Henrique só fode. Aparece quando não tem
que aparecer. Esse porra me paga.
Rio.
— Não sei com que cara vou olhar para
eles. Estou morrendo de vergonha.
— Com a cara de que foi beijada por mim,
e que se não tivesse ninguém ali, teria sido
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fodida por mim.


Certo, agora eu fiquei roxa de vez.
— Nunca vou me acostumar com seu
jeito.
— Pois se acostume, delícia. Vamos logo!
— Ele segura minha mão e começamos a
retornar à festa.
Eu juro que ainda estou achando que é
algum tipo de sonho, e que irei acordar logo.

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Capítulo 6

Dormimos na casa da Paula, a festa


acabou muito tarde, e minha tia acabou
bêbada.
Já estou acordada, e anestesiada. Eu
acredito que tudo o que aconteceu ontem à
noite não terá passado de um sonho. Afinal,
eu bebi um pouco, posso ter ficado bêbada, e
dormido acreditando que aconteceu tudo
aquilo entre mim e o Marcos. Que, por falar
nele, foi embora para a casa dele, assim como
Henrique foi embora com a Ana e a Yasmim,
pois hoje iriam para a fazenda.
David e Liziara, junto com as filhas, estão
aqui também e dormindo. Minha tia ainda
dorme, da mesma forma que Daiane.
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Eu me arrumo, com uma roupa da Daiane


mesmo, porque sou dessas. Dona Paula
deixou escovas de dentes novas para mim e
minha tia. Dou um jeito no meu cabelo que
parece que teve uma briga séria com o pente.
Faço um coque, e tudo certo. Pego meu
celular, e desço descalça mesmo.
A claridade do sol me atinge quando me
aproximo da janela e me sinto um vampiro.
Caramba, as vistas ardem!
— Bom dia, minha linda! — Dona Paula
diz, ainda de camisola e penhoar.
— Bom dia.
— Dormiu bem?
— Ótima.
— Venha, vamos tomar café lá fora, está
um dia lindo.
Sigo-a e me surpreendo, pois a equipe
que foi contratada já limpou tudo. Isso que é
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eficiência, nem parece que teve festa aqui.


Sentamos para tomar café, que ela
mesmo preparou com toda certeza, afinal,
dona Jurema e dona Marcela estão de folga. A
mesa está farta e linda. Se bem que tendo
comida, acho tudo lindo logo cedo.
— Pelo visto, não vão acordar tão cedo.
Foram dormir depois de nós. O pessoal já
tinha ido embora e eles estavam aqui ainda,
porque acordei no meio da madrugada com
os gritos da Daiane que, ao que indicava, foi
jogada na piscina por algum dos meninos.
Sorrio.
— Não ouvi nada. Eu morri. Acho que
entrei em coma e acordei agora.
Ela ri e se serve de café.
Sirvo-me um copo de suco e bolo.
— Levantou bem mais cedo, preparou até
bolo, fora a mesa linda.
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— Eu madrugo. Criar três filhos e um


sendo Henrique, um homem que sempre tem
fome, me fez acostumar levantar muito cedo.
Sorrio.
Ela toma o café, mas fica me olhando e
estou ficando desconfortável.
— Paula, o que houve? — pergunto
agoniada.
— Certo. Ainda bem que perguntou.
Menina, estava me corroendo de curiosidade
e felicidade. Você e o Marcos ontem foram
tão lindos. Não irei mentir, ficamos vendo de
longe.
Certo, de repente meu estômago
embrulha e sinto minhas bochechas
esquentarem.
Não foi um sonho!
— O que aconteceu ontem foi... Como
posso dizer. Eu... Eu não sei — digo e tomo
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um bom gole de suco.


— Foi amor. Isso que aconteceu, foi amor.
Fez-me lembrar do meu primeiro beijo com
Joseph... mas depois não queria me
desgrudar nunca mais dele, mas,
infelizmente, ninguém vive para sempre.
— Eu sinto muito. Ele devia ter sido um
bom homem.
— E foi. Marcos lembra-o em alguns
aspectos, mas David é ele todinho. — Sorrio e
como um pedaço do bolo.
— Não sei se foi amor realmente. É
estranho o que aconteceu. Passamos tanto
tempo nos odiando e do nada isso.
— O amor muitas vezes vem mascarado
de ódio. Não é mentira que os opostos se
atraem.
— Mas o Marcos, ele é tão...
— Bipolar?... Lindo?... Bom homem?...
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Grosso?...
— Basicamente.
— Meu anjo, ele é um Escobar. Os homens
Escobar, ou você doma, ou eles te
enlouquecem. Porém, também tem que
aprender a conviver no ritmo deles.
— Eu planejei tanto sobre o amor, minha
vida, minha carreira. E agora, estou aqui,
perdida, com medo...
— Ninguém deve planejar o amor, porque
não tem como saber quando ele vai
acontecer. Eu tive medo também. Não tinha
noção do que a vida me guardava, mas
quando conheci meu falecido marido, eu
soube que coisas não planejadas, na maioria
das vezes são as melhores. — Sorri
emocionada e bebe um gole de seu café.
— Somos muito opostos. Meu ritmo de
vida, minhas decisões, meu jeito, é muito
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diferente do dele... Do de todos vocês.


— Bia, acha mesmo que eu tinha jeito
para ser uma Escobar? Eu era uma simples
Paula Assis. Ele era um homem com um
sobrenome que pesava muito e pesa até hoje.
Ana Louise acabou ficando presa ao coração
do Henrique. Liziara também tinha medo,
louquinha como sempre, e depois de tanto
sufoco, conseguiu amarrar o David a ela.
Nenhuma pessoa nasce preparada a algo ou
alguém, aprendemos com o tempo.
Tomo o resto do meu suco.
— Você diz ser diferente, mas se fosse
igual qual seria a graça? Convive conosco há
anos, uma família rodeada de seguranças,
que já passou apuros. Ajudou no caso da Ana
e da Liziara, deu força no caso do David.
Sempre salva a Liziara quando ela precisa. Se
precisarmos, você sempre está por perto. Já
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faz parte desta família, mas não percebeu


ainda. — Sorrimos.
Minha tia aparece, e parece ter fugido do
hospício. Paula deve ter deixado uma roupa
separada para ela.
— Bom dia. Anotaram a placa? —
pergunta se sentando.
— Bom dia. De quê? — Paula e eu
dizemos em uníssono.
— Do trator que passou em cima de mim.
Droga! — Rimos.
Mesmo com cara de ter fugido do
hospício, tia Jaqueline continua linda como
sempre, e nunca aparentando a idade que
tem.
— Estou com uma dor de cabeça que nem
quem é corno sente tanto.
Paula gargalha.
— Tia! — repreendo.
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— Sou sincera, gata! — Ela se serve de


café puro.
— Paula, obrigada por cuidar da gente
com tanto carinho — digo.
— Não tem porque agradecer. Adoro a
casa cheia.
— Daiane disse que já desce. Ia pôr um
biquíni. Gente rica é assim, já acorda com
biquíni — minha tia fala e fico envergonhada.
Paula ri.
— Daiane ama piscina e praia. Se quiser
tenho biquínis novos, te arrumo.
— Mulher, vejo mar todo santo dia, tudo o
que menos quero é ver algo que lembre o
mar.
— Não dê atenção! — digo a Paula.
— Deixa disso, Bia. Adorei sua tia.
— Todos me adoram. Sou assim, fazer o
quê.
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Reviro os olhos.
Meu celular começa a tocar e é um
número desconhecido.
— Com licença.
Levanto-me para ir atender. Passo
correndo pela entrada da sala, e trombo com
a Daiane.
— Meu Deus, isso que é disposição de
correr logo cedo! — ela diz rindo e sai da
casa.
Atendo ao celular.
— Beatriz?
— É ela. Quem fala?
— Edson.
Porra!
— Aconteceu algo?
O que ele quer no domingo?!
— Preciso que me reenvie alguns documentos,
pois os apaguei do meu e-mail e amanhã cedo
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preciso estar com eles.


— E não posso enviar amanhã cedo?! —
Só pode ser brincadeira!
— Quero hoje.
A porta da sala se abre e é o Marcos,
vestido em uma bermuda na cor caqui,
chinelo, e camiseta branca. Droga, devo ter
babado! Algumas de suas tatuagens estão à
mostra, e isso me deixa mais fascinada ainda.
— Beatriz? — Edson diz.
— Perdão. Então, é que agora não estou
em casa. E não tenho acesso ao e-mail da
universidade pelo meu celular.
Marcos encosta na escada e cruza os
braços me observando. Se um buraco abrir
embaixo de mim, irei agradecer. O sol reflete
em seu relógio dourado, e chega a doer a
vista. Tudo deixa esse homem mais sexy
ainda, merda!
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— Preciso agora. São importantes.


Viro-me de costas ou não conseguirei
falar com ele com o Marcos me encarando.
— Estou indo para casa e assim que
chegar te envio.
— Preciso em 20 minutos.
— Vinte minutos?! Me desculpe, mas não
acha meio impossível? — digo perdendo a
minha paciência.
— Beatriz, não é um caso qualquer. É urgente.
— Certo, Edson, mas não estou em casa, e
em vinte minutos não tenho como te enviar o
que quer.
Puxam o celular da minha mão, e me
assusto.
— Ma... — vou reclamar, mas ele me olha
bem sério.
— Bom dia. Infelizmente, ela não tem como te
enviar a puta que pariu que for. E hoje é domingo,
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vai pagar a mais, sendo que é folga dela?... Não!


Então pode esquecer, afinal, isso é lei. Até mais! —
Ele desliga e me entrega o celular.
— Qual o seu problema? Como ousa pegar
meu celular e falar por mim? Pior, ainda
xinga. Eu perder meu emprego, vai me
sustentar! — falo frustrada.
— Te livrei de um trabalho no domingo.
Me agradeça, não me condene, deixa a
condenação por minha conta. E não me
importaria em te sustentar.
Eu pago com toda certeza meus pecados
com ele.
— Obrigada, porque eu realmente não
estava a fim de fazer o que ele queria em
pleno domingo. Porém, não se acostume,
porque não sou de agradecer a você, afinal,
meus problemas acontecem quando você
aparece.
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O filho da mãe sorri.


Ele se aproxima e segura meu queixo
levemente, e me dá um beijo casto nos lábios,
e apenas isso foi capaz de me deixar
completamente arrepiada.
— Bom dia, delícia! — Ele dá uma
piscadela e se afasta indo para o lado de fora.
Eu não acredito. Ele sabia que essa
atitude me deixaria desse jeito, fez de
propósito. Juiz de quinta, idiota!
Vou para o lado de fora e ele está
cumprimentando minha tia. Aproximo-me e
me sento na cadeira que eu já estava antes.
Daiane está ao meu lado, e coloca as pernas
no meu colo.
— Nem um pouco folgada — digo a ela.
— Gata, estou no momento de
relaxamento — diz e rio.
Marcos está deitado no gramado com os
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braços atrás da cabeça, e isso é uma visão


deliciosa, Senhor!
— Não vai tomar café? — Paula pergunta
a ele.
— Estou de dieta — ele diz rindo.
— Sei. O dia que você e Henrique
estiverem de dieta é o fim do mundo se
aproximando. — Rimos.
— Porra, vocês falam, hein! — David
aparece sonolento. Dá um chute no pé do
Marcos.
— Gazela, já acordou na TPM? — Marcos
provoca.
— Não provoque um delegado...
— Não comecem! — Paula repreende.
— Bom dia, moças! — David diz e se senta
no colo da Paula.
— David, sai, menino. Você é pesado.
— Esse peso todo é gostosura. Vim apenas
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dar um bom-dia. Vou me arrumar e sair.


— Vai para onde? — Daiane pergunta.
— Curiosa, pirralha!
— Teu...
— Olha a boca, Daiane! — Paula diz
olhando feio para ela.
— Fazenda. Aquele puto do Henrique não
esperou. Liziara está se arrumando e
arrumando as meninas.
— Saudades daquele lugar! — Paula fala,
e sabemos o porquê. Desde que o seu esposo
faleceu, ela nunca mais pisou lá.
— Mãe, vamos? — David pergunta.
— Não. Mas por que não vão todos?
— Dispenso passar meu domingo ao lado
de David e Henrique! — Daiane diz enquanto
come.
— Vamos, Bia? — David pergunta.
— Obrigada, mas desta vez não.
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— E por que não? — minha tia pergunta e


parece uma criança.
— Tia, não comece. Vamos lembrar quem
é a mais velha aqui e quem tem que agir
como tal?
Ela sorri.
— Velha? Meu amor, você parece mais
velha que todos aqui.
— Vou começar a pesquisar o asilo, hein.
— Te mato! — ela diz e todos riem.
— Cheguei, meu povo! — Liziara aparece.
— David, vamos?
— Vamos, maluquinha.
— Bia, vamos? Qualquer coisa volta com o
Henrique, ele vem hoje. Eu e David vamos
ficar uns dias lá.
— Não, Lizi. Valeu pelo convite, mas já
estou indo para casa.
— Então tá!
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David e Liziara se despedem de nós e vão


embora com as meninas.
— Tia, vamos?
— Vamos, sim. Preciso recuperar a beleza
que camuflou por trás das olheiras.
Rio.
Marcos foi à casa dele buscar o celular
que esqueceu. Nos despedimos da Daiane e
da Paula e vamos embora.

Ao chegarmos no prédio, antes de liberar


nossa entrada o porteiro avisa que tem um
homem me aguardando há algum tempo do
outro lado da rua. Entro no estacionamento,
saímos do carro e minha tia sobe para o
apartamento com as nossas coisas.
Saio do prédio e o porteiro me informa
onde o homem está.
Olho para o outro lado da rua e vejo o

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carro do Edson.
O que ele quer aqui? Eu não acredito que
ele foi ver meus dados na contratação da
universidade!
Atravesso a rua e ele sai do carro.
— O que faz aqui? — pergunto e ele me
olha de um jeito bem estranho e isso me
deixa desconfortável.
— Como eu disse, preciso do e-mail.
Só para me livrar logo, enviarei a merda
que ele quer. Mas pera aí...
— O senhor não tinha necessidade de vir
até aqui para isso.
Ele sorri de um jeito estranho.
— Tinha sim...
Ele me puxa para si, tento me soltar, mas
ele é mais forte, e segura meu rosto me
beijando à força. Sinto um nojo terrível, e as
lágrimas escorrerem. Mordo com força o
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lábio dele, e mesmo assim não me larga.


De repente, alguém atinge ele com um
murro, e me puxa para o lado. Olho
assustada e vejo que é o Simon, segurança do
Marcos.
— Entra no carro, senhorita! — ele diz.
Edson está no chão e me olha de um jeito
horrível. Sua boca está sangrando devido à
mordida e seu rosto vermelho e inchado pelo
soco.
— Filha da puta! Isso não vai ficar assim.
Se aquele juiz de merda pode usar esse seu
corpo, eu também posso. Sei que foi aquele
maldito que falou no telefone comigo, eu vi
vocês almoçando e também o vi em sua sala.
Isso não vai ficar assim. Sempre me evita,
mas para dar para ele não evita, um homem
que come qualquer puta que aparece. Você
só é mais uma puta na lista dele. — Ele se
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levanta e entra no carro dele batendo a porta


com força. Em seguida, sai com o carro a mil.
Ainda estou paralisada.
— Ele a machucou, senhorita?!
Não respondo.
— Vamos, irei ajudar a senhorita ir para
seu apartamento.
— Não... Eu não quero assustar minha tia.
— Certo. Levarei a senhorita para a casa
da dona Paula, o senhor Marcos está lá.
Concordo apenas.
Ele me ajuda a entrar no carro. Estou
ainda em estado de choque. Aquele maldito é
louco. Andou me vigiando, e veio até aqui
apenas para me atacar!
— Por que estava aqui, Simon? —
pergunto lentamente.
— Porque, desde o dia que levei uma
bronca por ter seguido a ordem da senhorita,
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tenho deixado sempre alguém de vigia na


senhorita, para amenizar a minha
irresponsabilidade e protegê-la. Então me
informaram que tinha um suspeito aqui, e
que tinha ido na portaria duas vezes.
Desconfiei, e resolvi ver quem era e fiquei
aqui, então quando vi que a senhorita foi até
o homem, fiquei preparado dentro do carro
para qualquer coisa que acontecesse.
— Marcos sabe que está aqui?
— Não. Eu disse que tinha algo para fazer.
Conhecemos ele, sabemos que qualquer
suspeita ele fica louco. Então queria ter
certeza.
Concordo.
— Obrigada.
— Tem certeza de que está bem? Posso
levar a senhorita ao médico.
— Não precisa. Obrigada.
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Ligo para a minha tia, e digo que tive que


ir na Paula buscar minha carteira que
esqueci. Ela desconfiou, mas não disse mais
nada, apenas que iria tomar um banho e
deitar um pouco.

Assim que chegamos à casa da dona


Paula, nós entramos. Simon me acompanha,
bem preocupado. Parece que estou em modo
câmera lenta. Alguns dos seguranças aqui
nos olham, mas Simon faz um sinal a eles,
que concordam.
Entro na casa com ele. Simon me leva até
a área da piscina, onde estão Paula, Marcos e
Daiane.
Marcos e Daiane estão na piscina, e Paula
deitada na espreguiçadeira lendo um livro.
Paula se vira para o lado e assim que me
vê dá um pulo da espreguiçadeira, largando o

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livro e vindo até a mim.


— Beatriz, o que houve, meu anjo?! — ela
diz alto, chamando a atenção do Marcos e da
Daiane, que antes não notaram minha
presença.
Paula me senta em uma espreguiçadeira.
Marcos sai da piscina como um louco e
Daiane faz o mesmo.
Paula se senta ao meu lado. Marcos olha
para Simon e para mim.
— O que aconteceu?! — pergunta
nervoso.
— Senhor, por pouco não aconteceu o
pior. A senhorita Beatriz foi assediada por
um homem, que não tem como não
reconhecer. Quando o livrei dela, vi ser o
reitor da universidade que a mesma
trabalha.
— Ele o quê?! Eu vou matar aquele filho
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da puta! — ele grita e se abaixa na minha


frente.
— Meu Deus! Está machucada — Daiane
diz.
— Simon, por favor, pegue algo para
limparmos o sangue na boca dela — Paula
fala.
Nem tinha notado o sangue. É do idiota,
quando mordi ele.
— Bia, não quer ir ao hospital?! — Daiane
pergunta preocupada. E eu apenas nego.
— Vai ficar tudo bem. Vamos dar um jeito
nisso. Ninguém toca em você ou qualquer
outra pessoa, sem consentimento — Paula
fala.
— Me deixem sozinho com ela, por favor
— Marcos pede e elas se retiram.
Simon traz gaze e Marcos diz que depois
conversa com ele e então ele se retira. Ele
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limpa minha boca com cuidado.


— Me conta o que aconteceu, por favor.
— Só me abraça, e não pergunta nada,
não agora.
Ele fica entre minhas pernas e me abraça.
Não importo que ele está me molhando,
afinal, ele estava na piscina. Só me importo
com o abraço dele. Choro assustada, sem
acreditar que aquele desgraçado teve
coragem de fazer aquilo comigo!
— Você tinha avisado, e a Liziara também.
— Não se culpe. Mas preciso saber o que
aconteceu por você.
Ele se afasta, se senta no chão e me puxa
para seu colo.
Conto tudo a ele cada detalhe. A cada
palavra vejo a raiva em seu olhar. Sua
expressão vai ficando cada vez mais séria.
— Beatriz, eu vou matar esse cara! — ele
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diz nervoso.
— Não, não suje suas mãos com aquele
homem.
— Homem? Aquele filho da puta é um
desgraçado! Ele estava te vigiando, te
assediou, por pouco não aconteceu o pior e
ainda te ameaçou. Ele mexeu com a pessoa
errada. Esse desgraçado vai ter a pior
sentença que alguém poderia ter.
— Marcos...
— Ele vai ter a fúria de um Marcos
Escobar que ninguém quer conhecer. Esse
desgraçado vai pedir para morrer! — Seu
tom é assustador assim como seu olhar.
— Me promete que não vai fazer nada que
suje sua carreira?
— Foda-se minha carreira. O que importa
é você. Amanhã mesmo vai denunciar a ele. E
se você pisar naquela universidade, eu juro
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que te amarro na cama!


— Não quero ver aquele idiota tão cedo.
Só de lembrar da boca dele na minha, sinto
um nojo! — digo com ódio.
— Ninguém que estiver em sã consciência
toca em algo que é meu. Ninguém toca na
boca da mulher que é minha. E o maldito que
se atrever a isso fica com a sentença assinada
comigo!
Ele me beija, com força. Aperta-me sobre
seu corpo e permito totalmente. Agarro seu
cabelo e puxo. Seu beijo me leva a outro
mundo, onde é quente, lindo, e gostoso de se
ficar. Ele coloca a mão na minha coxa
apertando. A outra mão sobe por baixo da
minha blusa e pousa nas minhas costas nuas,
onde ele faz um M imaginário, posso senti-lo
contornando a letra e é inconfundível a
forma dela. Minha pele se arrepia inteira, e
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gemo em seus lábios.


Ele morde de leve meu lábio inferior e
sorri.
— Não queremos dar um show para a
Paula e Daiane agora. Preciso conversar com
o Simon. Depois passaremos no seu
apartamento, pegaremos sua tia e vamos
para a fazenda. Você precisa relaxar e ficar
longe, até resolvermos sobre o Edson. Para
sua segurança, então não discuta.
— Hoje, não tenho raciocínio para nada,
quem dirá discussão.
Levanto-me e ele faz o mesmo.
Depois dele conversar com o Simon, e eu
contar o que aconteceu a Daiane e Paula, que
ficam chocadas e com muita raiva do Edson,
Marcos me leva para a casa dele onde pega as
coisas dele e, em seguida, vamos para a
minha.
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Conto a minha tia o que aconteceu, e ela


entra em desespero. Agradece ao Marcos e
me abraça muito, me fazendo chorar
novamente. Ela aceita de imediato ir para a
fazenda, ficar longe do caminho do Edson até
resolver tudo.
Arrumamos as coisas e seguimos no carro
do Marcos, com o Simon no carro de trás
onde tem mais dois seguranças dentro. Duas
motos com seguranças também estão junto,
indo na nossa frente.
Estou no banco do passageiro e minha tia
vai atrás, conversando, e sei que para me
distrair a agradeço, pois é tudo que preciso.
— Minha nossa! Esse carro tem mais
armas que o batalhão da polícia. Só até agora
contei cinco — minha tia diz arrancando um
sorriso meu e do Marcos.

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— Um Escobar não pode nunca dar mole.


— Tenho certeza de que nunca dão mole
— minha tia diz e sei que foi maliciosamente.
— Pode ter certeza de que não. Pelo
menos, eu nunca — Marcos responde no
mesmo tom.
— Sério? Se quiserem um clima melhor,
encosta o carro e vou no do Simon!
Marcos me olha e ri. Sério! Minha tia
também.
— O ciúme é tão lindo — ela fala.
— Meu martelo e eu somos apenas seu,
delícia.
Droga, por que ele tem que falar essas
coisas? Sabe que fico roxa de vergonha.
— Não sei de nada! — digo e viro o rosto
para olhar qualquer coisa que não seja ele.
— Esse homem é quente! Eu te falei que
ele era tesudo.
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— Tia!
Ela ri.
— E a Beatriz falou algo sobre, Jaqueline?
— ele pergunta para provocar.
— Tímida como sempre, e teimosa, diz
que não reparou.
— Pois a mim ela falou — ele diz e olho
para ele franzindo o cenho.
— O quê?! — Minha tia não perde uma!
— Respondeu com gemidos.
— Alguém liga o ar-condicionado, por
favor! — ela grita e Marcos ri.
Eu não mereço isso, sério!
— Eu estou no carro, não finjam o
contrário.
— Eu sei que está, delícia, e para seu
alívio, estamos chegando.
— Que pena, o papo estava tão bom! —
minha tia reclama.
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— Tia, se abrir a boca novamente, eu te


jogo no primeiro matagal que eu encontrar.
— Agressiva, hein! — ela diz rindo.
— Pelo menos, não é apenas comigo! —
Marcos diz e olho para ele, que me olha e dá
uma piscadela.
O que Edson fez poderia ter sido pior.
Serei eternamente grata ao Simon por me
salvar. Cada vez que lembro do ocorrido,
sinto um nojo com um forte arrepio. Aquele
homem é um nojento.

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Capítulo 7

Ao chegarmos à fazenda, minha tia sai do


carro como uma criança, apaixonada pelo
que vê.
Desço do carro, fecho a porta e encosto
nele. Assim que Marcos sai, ativa o alarme e
vem até a mim, parando na minha frente.
— Vamos? — pergunta e concordo.
— Gente, que lugar lindo! Bia, e eu
achando que você estava na pior. Porra,
homem gostoso, e ainda dono de um lugar
lindo desses — Minha tia diz olhando para
todos os lados.
— Tia, você sabe que nunca me importei

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com isso.
— Meu anjo, eu sei! Mas que você nasceu
com o rabo pra lua, nasceu. — Sorrio e
Marcos também.
— Vamos, antes que eu tranque ela no
carro — digo e minha tia me olha fingindo
estar ofendida.

Entramos na casa, e todos estão na sala


conversando.
Assim que me vê, Liziara corre até a mim
e me abraça.
— Eu vou matar aquele filho da puta! —
ela diz chorando.
Olho para o Marcos, que diz:
— Eu tive que dizer porque iríamos vir
para cá.

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— Está tudo bem, Lizi. — Ela se afasta e


Ana me abraça.
— Não está tudo bem! — Ana diz e se
afasta.
Minha tia cumprimenta a todos.
— Bia, eu vou acabar com esse cara! —
David diz.
— Está tudo bem. Na verdade, não
deveriam resolver isso. É um problema
meu...
Marcos me olha nervoso.
— Nem mais uma palavra! — ele diz.
— Marcos está certo. O cara mexeu com
alguém especial para nós, e não iremos
deixar barato! — Henrique se manifesta.
— É tão lindo ver isso. Esse carinho, e
proteção por minha menina! — minha tia diz
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emocionada, fazendo todos sorrirem.


— Ela é minha melhor amiga, jamais
deixaria ela na mão, Jaque! — Liziara fala
enroscando seu braço no dela.
— O papo está ótimo, mas vamos. Temos
muito o que fazer. E amanhã, eu quero seu
depoimento, Beatriz — David diz.
— Vão para onde? — pergunto.
— Marcos não falou? — Ana pergunta e
faço que não. — Vamos deixar vocês aqui,
afinal, você precisa esquecer um pouco do
que aconteceu, colocar a cabeça em ordem. E
com Henrique e David por perto, não existe
paz que reine.
— Cuidado, minha advogata, nem sempre
o volume em minhas calças é uma ereção —
Henrique diz a esposa.

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— Suas ameaças não funcionam comigo.


— Mas outra coisa sim — ele rebate.
— Espero que apenas comigo, ou corto! —
ela diz a ele e sorrio. É lindo o amor desses
dois.
— Gente, pode ficar — digo.
— Não, eles não podem. Hora de irem! —
Marcos diz.
— Vocês dois juntos parece um sonho! —
Liziara diz animada e aperta o ombro do
David fazendo ele soltar um gemido, pois é o
mesmo que ele foi ferido.
— Nós não... — tento dizer, mas Marcos
me abraça por trás, me assustando.
— Não responda o que todos sabem ser
mentira, e você mesma sabe! — ele diz e
reviro os olhos.

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— Vamos pegar as garotas — Henrique


diz.

David e Henrique saem da sala e


retornam com as meninas. Laura e Helena
dormem, mas Yasmim está bem acordada, e
sorridente.
Afasto-me do Marcos e vou até ela, que
imediatamente se joga para os meus braços.
— Princesa mais linda! E está ficando
ruivinha igual a mamãe! — Sorrio.
— Estou fodido. Ela está ficando a cara da
mãe. Quando crescer terei que pôr alarme
na...
— Henrique Escobar, nem pense em
terminar o que vai dizer! — Ana o repreende
e rimos.

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— Vai ser uma menina conquistadora de


corações. Você e David estão ferrados, pois
Laura e Helena não ficarão de fora! — digo.
— Não jogue praga! — Henrique diz e rio.
Yasmim me dá um beijo bem babado no
rosto e um abraço todo carinhoso. E isso me
derrete.
— Ai, que linda! — digo toda babona. —
Quando ela aprendeu isso?
— Agora! — Ana diz emocionada.
— Olha, Beatriz, isso está bem errado.
Roubando as primeiras atitudes da minha
filha. Isso é crime! — Henrique diz fingindo
estar ofendido e isso faz com todos nós
caímos na risada.
— Bia, sempre teve jeito com criança!
Onde vai, e tem criança, ela conquista —

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minha tia diz.


— Isso é verdade! — Liziara confirma.
Olho de relance para o Marcos, que está
encostado na parede, com os braços
cruzados e me olhando de um jeito estranho.
Parece que nem está aqui.
Yasmim se inclina para o pai, e isso me
tira a atenção. Entrego ela a ele. Mas me viro
após escutar a porta ser aberta e fechada.
Marcos saiu.
— Não ligue, ele é assim mesmo, rei dos
bipolares — Henrique comenta.

Todos vão embora, deixando minha tia e


eu na sala.
— Vou conhecer a casa! — minha tia diz
animada.
— Vai lá. Vou pegar as malas.
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Ela concorda.
— Pelo visto voltaremos amanhã, porque
tem que dar depoimento.
— Sim. Então curte bem seu passeio —
brinco.
— Alegria de pobre dura bem pouco. Vou
ver essa mansão! — Ela sai animada.
Saio à procura do Marcos, pois preciso
pegar minhas coisas e também saber o que
aconteceu.
Olho em direção ao carro dele, e vejo ele
dentro. Vou até lá. Bato no vidro do
passageiro e ele abre.
— Está aberto o carro.
— Me ajuda com as malas? — pergunto.
— Claro. — Ele desce do carro e esfrega o
rosto. Posso estar ficando louca, mas
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acredito que ele estava chorando.


Ele me ajuda a tirar as malas do carro.
— Exageramos, afinal, vamos voltar
amanhã.
— Não iremos voltar amanhã.
— Tenho que dar meu depoimento ao
David.
— Será por videoconferência. Você
apenas tem que alegar que está com medo de
voltar para ir até a delegacia, e vai dar os
dados do lugar em que está.
— Mas você precisa trabalhar.
— Mandei a Débora cancelar minha
agenda até segunda ordem.
— Entendi. Então quanto tempo vamos
ficar?
— Até termos ideia do que esse cara
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realmente quer. Porque, pelo que o Simon


disse, ele não vai deixar barato o que
aconteceu.
— Então, ficarei aqui com você. Apenas
nós dois?
— Sua tia também — ele diz e sorri.
— Sim. Ela também — digo
envergonhada.
Ele sorri e isso me faz sorrir também.
— Por que saiu daquele jeito e estava
aqui sozinho? — não resisto e pergunto.
— Estava fazendo algumas ligações.
Marcos é péssimo com mentiras, afinal,
ele nunca mente. O cara é um poço de
sinceridade.
— Entendo — minto.
Entramos com as malas.
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— E sua tia?
— Foi conhecer a casa — respondo
sorrindo.
— Ela sempre foi assim? Animada?
— Sim. Minha tia não age conforme a
idade, e isso é bom!
— Quantos anos ela tem?
— Quer o tamanho da calcinha também?
— pergunto irritada, e fico com raiva de mim
mesma por isso.
— Calma. Segure as garras. Apenas
curiosidade.
— 40 anos.
— Ela é linda, pouca diferença de idade
comigo... Não é de se jogar fora!
— Juiz de quinta! Marcos some daqui!

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Subo as escadas com mais raiva ainda, e


deixo ele subindo com as malas.
— Ciúmes, Bia?
— Não. Apenas nojo! Se trouxe a gente
aqui, porque quer tentar algo com ela, era só
ter dito, não precisava fingir a droga da
preocupação.
O idiota ri e isso me deixa mais irritada, o
que me faz ficar muda.
Ele me leva até o quarto que irei ficar,
deixa minha mala e se retira.
Fecho a porta e deito na cama.
Como minha vida se tornou um pesadelo
de uma hora para a outra?! Estou tendo que
ficar escondida, porque tem um louco me
querendo. Merda, que problemão eu me
meti!

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Escuto minha tia conversando com o


Marcos e não resisto, é mais forte que eu e
saio do quarto. Caminho até o quarto ao lado,
de onde vem as vozes.
— Não seja ridícula, Beatriz! — digo a
mim mesma.
Minha curiosidade tem que ser maior que
eu, inferno!
Paro na porta do quarto e vejo minha tia
admirando tudo e Marcos dizendo que foi
tudo escolha da Paula e minha tia diz que ela
tem bom gosto.
Será mesmo que estou com ciúmes desse
babaca? Merda! Ela é minha tia, linda, não
aparenta ter a idade que tem, e é tão
diferente de mim, fora que tem uma idade
legal para ele, diferente de mim que temos
uma puta diferença de idade, e não, eu nunca
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pensei que para o amor tenha idade, mas é


tão estranho pensar em nós juntos. Merda de
ter planejado tanto a vida, e ter criado tantas
expectativas!
— Beatriz? — me assusto com a voz da
minha tia.
— Oi?
— Ficou surda? Está parada aí, e nós te
chamando e você parecia estar em outro
planeta. Está tudo bem? — pergunta.
— Sim. Está. Vim ver se já conheceu toda
a casa — respondo sorrindo. Como me tornei
uma mentirosa? Na verdade, não me tornei.
Sou péssima com mentiras.
Marcos me olha e balança a cabeça
sorrindo.
— Conheci e amei tudo. Vou conhecer lá

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fora, me acompanha? — pergunta animada.


— Tudo o que eu quero é deitar. Não
estou muito animada para caminhar.
— Tudo bem. Você precisa mesmo.
Descanse, meu anjo, e saiba que tudo vai
acabar bem. — Ela me dá um beijo na testa.
Retorno para o quarto que estou ficando
e me deito na cama, agarrando o travesseiro
ao lado.
Estou tão confusa sobre tudo. É o Marcos
e o ciúme estranho que estou sentindo dele.
Tem também o problema com o Edson, que,
se não fosse por Simon, nem sei o que
poderia ter acontecido. Agora os Escobar
querendo resolver meu caso, me sinto mal, é
como se eu estivesse abusando da boa
vontade deles. Tantos planejamentos, tantos
sonhos, e tudo se modificando do dia para a
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noite. Estou com um baita medo!

Acordo com um carinho no meu braço.


Viro-me assustada, e é o Marcos sentado na
cama sorrindo. Seu cabelo está um pouco
molhado, e ele cheira a sabonete, misturado
com um perfume amadeirado tentador. Está
com uma camiseta cinza e calça jeans preta.
— Eu estava começando a ficar
preocupado.
— Dormi muito? — Sento-me na cama e
olho pela janela que já consta ser noite. —
Meu Deus! Já é noite. Eu basicamente entrei
em coma. Que horror!
— Foi o que pensei. Mas depois de tudo
era normal que estivesse exausta. Por isso
vai tomar um banho, que tem um jantar
esperando a gente, e depois vamos dar um

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passeio.
— Jantar sim. Passeio com você, não!
— Não está em condições de opinar ou
discutir. — Ele sorri e se retira do quarto.
Idiota, mil vezes idiota!
Tomo um banho e visto um vestido de
alça preto, acima dos joelhos. Penteio meu
cabelo que lavei, passo um perfume e calço
chinelo. Saio do quarto e vou para a sala de
jantar.
Minha tia, que preparou a janta, e estava
tudo uma delícia. Jantamos entre risos das
conversas dela, que sabe como animar uma
pessoa. Depois do jantar, ela disse que
cuidava de limpar tudo, e depois iria tomar
um banho e deitar.
Marcos e eu fomos para sala e quando

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faço menção de sentar no sofá ele me


impede.
— Pegue um cobertor, lençol e
travesseiros no quarto.
— Por quê? Vai fazer cabaninha? Não está
velho demais para isso? — provoco.
— Cuidado, sou eu quem assina a
sentença e a sua pode ser longa e peculiar.
— Nossa, que pavor! Me fala logo para
que tudo isso?
— Vai descobrir em breve. Vai logo,
mulher!
— Eu vou me arrepender, tenho certeza!

Pego tudo o que ele pede e desço. Ele está


na sala com uma garrafa de vinho na mão.

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Jogo um travesseiro na direção dele, mas


o imbecil tem um bom reflexo e segura
rapidamente.
— Vamos — ele diz.
Acompanho-o, seja lá aonde for que
estamos indo.
Não demora muito e nos aproximamos de
um lugar lindo onde tem um rio, onde a luz
da lua reflete.
— Que lindo! — digo e ele sorri.
— Um dos meus lugares prediletos aqui.
Ele coloca a garrafa no chão e me entrega
o travesseiro.
Pega o cobertor e forra o chão, coloca os
travesseiros nele e deixa o lençol dobrado na
ponta.
Ele se deita e sorri.
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— Vem, eu não irei te engolir. Apenas te


trouxe aqui para curtir um pouco da
tranquilidade. Esse lugar traz paz, e você
precisa disso.
Deito no travesseiro ao seu lado, e ajeito
o vestido que sobe um pouco. Olho para o céu
onde tenho uma bela visão da lua. É
realmente tranquilizador aqui.
— Nunca tinha visto este lugar nas vezes
que vim aqui — digo e olho para ele.
— Nunca quis ir onde eu estava. — Ele
sorri.
— Tenho que concordar.
Ficamos em silêncio por um tempo,
perdido em nossos pensamentos.
— Me diz a verdade. Por que saiu da casa
daquele jeito e foi para o carro? —

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interrompo o silêncio.
Ele coloca um braço atrás da cabeça e me
olha sorrindo.
— Você é bem insistente.
Concordo.
— É que, de repente, tive algumas
lembranças do passado, que ainda
machucam.
— Quer falar sobre isso?
— Não posso, não agora.
Ele olha para o rio e fica sério e me sinto
culpada por ter tocado no assunto, talvez
seja bem difícil para ele.
— Por que me trouxe para cá? Poderia ter
ficado na cidade mesmo, na Paula, qualquer
outro lugar, se o problema é segurança.
— Porque eu queria ficar sozinho com
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você.
Engulo em seco e olho para ele, que me
olha atentamente.
— Minha tia está aqui também.
— Não aqui. — Ele vira o corpo para mim
e apoia a cabeça na mão. Com a outra mão
acaricia meu rosto.
— Eu estou com medo — deixo sair o que
eu realmente sinto.
— Não fique. Daremos um jeito no Edson.
— Não me refiro a ele, pois sei que ele vai
pagar, os Escobar não falham. Eu me refiro a
você.
— Está com medo de mim? — pergunta
preocupado.
— Estou com medo do que você
despertou em mim, Marcos.
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— E o que eu despertei, Beatriz? —


pergunta aproximando seu rosto do meu.
— Eu devo estar louca, pelo que irei dizer,
mas acredito que eu realmente me apaixonei
por você.
— Pensei que nunca iria perceber! — Ri.
— Não ria. É sério. Toda vez que está por
perto, sinto algo diferente. Você me deixa
diferente. Eu...
— O sentimento é recíproco.
E com essas palavras, ele me beija
apaixonadamente. Seu corpo se aproxima do
meu, e minha mão toca seu rosto. Sinto a
sensação de adrenalina, como se eu estivesse
em uma montanha-russa que acaba de
descer do ponto mais alto.
Ele desce a mão pelo meu corpo, até

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minha perna, que ele puxa para cima da sua.


— Me deixe... — ele diz entre o beijo, mas
não permito que termine o que vai dizer,
pois sei o que é e eu quero.
— Sim.
Não paro para pensar, porque sei que o
medo pode me fazer desistir. Ele junta ainda
mais nossos corpos. Sua mão sobe por baixo
do meu vestido, passando por minha bunda,
onde ele aperta me causando um forte
arrepio. Sua língua chupa a minha com uma
força bruta e sexy. Ele desce até meu pescoço
onde beija me fazendo inclinar a cabeça para
trás. Seu beijo sobe lentamente até minha
orelha onde ele morde levemente e solto um
gemido baixo.
Ele me vira, subindo em cima de mim, e
com isso meu vestido sobe deixando minha
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calcinha à mostra.
Não precisamos de palavras no momento,
apenas olhares mostrando o desejo
crescendo cada vez mais. Ele retira a camisa
e joga ao lado. Admiro suas tatuagens e seu
físico.
— Espero que não tenha muito apego por
este vestido.
Ele puxa o vestido com força e as alças
estouram. Com isso ele retira o mesmo, me
deixando apenas de calcinha e sutiã. Se
levanta e seu olhar é diferente, me traz um
calor inexplicável. Ele retira a calça sem tirar
os olhos dos meus. Sua cueca marca
visivelmente o seu membro duro. A lua
reflete sobre seu corpo e isso deixa a visão
mais adorável ainda. Sem cerimônia, ele tira
a cueca revelando o quão grande e duro está.

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Isso me excita ainda mais, e sinto minha


calcinha se molhando. Ele se ajoelha
retirando minha calcinha, e o mesmo faz com
o sutiã, logo em seguida abre minhas pernas,
me deixando completamente exposta para
ele.
— É linda — diz com a voz rouca.
De repente, a vergonha me invade, tento
fechar as pernas, mas ele impede.
— Nunca, a partir de hoje, feche as pernas
para mim, ou sinta vergonha diante de mim
por estar nua. Você é linda, e a cada segundo
que passa me deixa ainda mais duro, apenas
por te olhar.
E era tudo o que minha coragem
precisava ouvir para se manifestar, e assim,
abro bem minhas pernas e ele sorri
maliciosamente. Se encaixa entre elas, e
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ataca meu seio chupando com força e me


fazendo fechar os olhos e gemer em resposta.
— Olhe para mim, delícia. Você é mais
gostosa ainda quando está louca de tesão. —
Abro os olhos, e ele retorna a sua tortura.
Ele segura seu membro rígido, e começa a
esfregar no meu clitóris, completamente
molhado de desejo, enquanto chupa agora
meu outro seio.
— Marcos... — digo seu nome, sem nem
saber porque, apenas sai. Estou fora de
raciocínio.
Ele larga meu seio, e continua seu
trabalho de massagear excitantemente meu
clitóris, só que desta vez mais rápido, me
fazendo perder o controle sobre meus
gemidos e sobre meu corpo. Me ofereço mais
para ele. Preciso de mais, muito mais.
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— Sei o que quer, apenas preciso saber se


toma anticoncepcional, ou é pedir para o
gozo não ser abençoado, porque não
colocarei a porra de uma camisinha agora —
ele diz sem parar o que está fazendo.
— Eu tomo... — digo com dificuldade.
— Ótimo. Porque está na hora de você
sentir o pau do juiz de quinta e gozar nele —
diz com a voz rouca de desejo.
Ele me penetra e gemo alto de prazer. E
quando penso que vai inclinar o corpo sobre
mim, ele ergue minhas pernas, colocando em
seus ombros, e assim sinto ainda mais fundo
dentro de mim. Ele segura minha cintura
com força, e começa com movimentos fortes
de vai e vem. Agarro o cobertor e gemo sem
me importar com a altura que deve estar. O
barulho de nossos corpos se chocando um

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contra o outro é ainda mais excitante. O suor


começa a escorrer a cada penetração.
Ele desce minhas pernas e, desta vez, se
inclina sobre mim sem deixar de me
penetrar. Agarro seus ombros, e ele começa a
me beijar. Minha mão segue o percurso de
suas costas, onde passo minhas unhas, e ele
geme, afastando-se dos meus lábios.
Sinto que não irei mais aguentar, e o
agarro com força. E assim começo a gozar
disparando gritos involuntários.
— Minha delícia! — ele diz e me penetra
com mais força ainda, e posso sentir seu gozo
jorrar fortemente dentro de mim.
Ficamos assim, por alguns segundos, e
sinto como se eu tivesse corrido uma
maratona. Ele me olha e sorri com carinho,
em seguida me dá um beijo leve nos lábios.
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Sai de dentro de mim com cuidado, e pega a


garrafa de vinho retirando a rolha que já se
encontrava aberta.
— Acho que esqueceu a taça — digo ainda
mole.
— E quem disse que irei beber na taça? —
Seu olhar é de um predador em caça.
— Marcos, o que vai...
Não tenho tempo de dizer, pois sinto o
líquido frio escorrer por minha intimidade, e
a sensação é... deliciosa.
Ele se inclina e molha os lábios com a
língua.
— Marcos...
— Para que taça, quando se tem sua
boceta, onde posso beber muito melhor o
vinho?

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E com essas palavras, ele se inclina e


começa a me chupar. O fogo se reacende
dentro de mim. Ele chupa com força, e isso é
dolorido, mas muito gostoso.
Ele derrama mais vinho, só que dessa vez
por todo meu corpo, e lambe cada parte que
o líquido escorre. E vai subindo até minha
boca.
— Abre a boca, amor — ele diz e faço.
Derrama o vinho nela e coloca a garrafa
de lado. Sua boca invade a minha, e nosso
beijo é preenchido pelo sabor do vinho, que
escorre por minha boca e meu corpo. Ele fica
duro novamente, e faz questão de se esfregar
em mim, para me deixar mais louca do que já
estou ficando.
— Abre bem as pernas, e não ouse fechar.
— Nessa altura da situação, não ouso nada,
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apenas quero ele.


Abro as pernas como ele pede, e volta a
me chupar, só que desta vez me preenche
com seu dedo, e com a mão livre esfrega o
bico do meu seio. A sensação é diferente,
nunca senti antes. Seu dedo me penetra na
mesma intensidade que ele me chupa.
— Marcos! — grito, e me contorço.
Ele não para, e aprofunda cada vez mais
me deixando mais louca. Minha garganta fica
seca, assim como meus lábios, travo meus
pés no chão, e cravo minhas unhas no
cobertor. Não tenho mais como aguentar. É
mais forte que tudo que já senti. Sinto meu
ventre se contrair, e inclino a cabeça. Começo
a gritar de prazer e a tremer como uma
louca, e ele não para. Tento fechar as pernas,
mas não consigo. Sou atingida por um forte

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orgasmo, que me faz gozar em seus dedos. Ele


lambe tudo.
Estou desnorteada, e com uma sensação
maravilhosa. Olho para ele, que me olha
satisfeito e então se encaixa entre minhas
pernas.
— Marcos, eu não aguento... mais nada.
— Aguenta sim, e sabe disso. — Então ele
me penetra com calma, e é automático,
minhas mãos o agarram.
Desta vez ele é calmo, mas mesmo assim é
gostoso. Seu olhar é fixo no meu. Sua boca
alcança a minha e nos beijamos, sem pressa.
Fazemos amor. Ele se vira, deixando-me por
cima dele, sem sair de dentro de mim. Está
tudo perfeito.
— Eu já disse e repito, eu estou
apaixonado por você — ele diz, e sorrio com
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sua declaração.
— E eu por você, juiz de quinta. Quem
diria?!
Sua boca ataca a minha novamente, e
passamos a noite assim, nos amando sem
importar com a hora, o vento que começou,
ou com qualquer outra coisa.

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Capítulo 8

Sento-me lentamente na cama. Na mesma


cama que Marcos está deitado me
observando e sorrindo.
— Bom dia — ele diz e me dá um leve
beijo nos lábios.
— Bom dia. — Sorrio.
Estou com uma camiseta dele. Depois da
nossa noite, que terminou em seu quarto,
roubei uma camiseta dele, que está enorme
em mim, mas é muito confortável.
Encosto na cabeceira da cama e puxo
minhas pernas junto ao meu corpo.
— Qual o problema? Se arrependeu? —
ele pergunta e nego. — Então o que houve?

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Respiro fundo, e coloco uma mecha de


cabelo atrás da orelha e o olho.
— A nossa noite foi espetacular, Marcos.
— Lembro-me de alguns detalhes e sorrio
timidamente. — Mas eu preciso te contar
algo que eu nunca disse a ninguém, nem
mesmo minha tia ou Liziara. Porém, sinto
que preciso dividir com você.
— Pode dizer...
Engulo em seco. Esse é, com certeza, um
assunto que tento esquecer, fugir, mas não
posso mais, não se eu quiser mudar as coisas.
— Quando perdi minha mãe, fiquei com
minha tia e foi difícil. Difícil mesmo. Minha
tia fez de tudo por mim e serei eternamente
grata, porque sei o quanto foi difícil para ela
perder a irmã, ter que cuidar da filha dela, e
ainda trabalhar em um hospital. A vida dela
era tão corrida, que eu vivia mais sozinha do
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que com companhia, e não culpo, eu juro. —


Sorrio.
— Eu sinto muito...
Concordo.
— Eu apenas pensava na minha mãe,
éramos muito apegadas, e eu me espelhava
nela. Uma mulher linda, batalhadora, tímida,
que gostava mais de um final de semana em
família do que em uma festa. Ela era tudo
para mim. E por isso eu comecei a me
afundar. Saia todas as vezes que minha tia
fazia plantão no hospital. Ia para bares,
participava de rachas, comecei a sair com
uma galera da pesada, eu virei uma louca. —
Rio sem jeito.
Ele me olha atentamente. E seu olhar me
incentiva a continuar.
— Eu esquecia a dor do luto quando
estava aprontando, mas aquilo era apenas no
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momento; quando eu colocava a cabeça no


travesseiro, a dor voltava. E isso durou há
quase um ano. Então percebi que nada do
que eu fizesse mudaria aquilo e eu teria que
aprender a conviver com a dor, porque eu
não queria fazer minha tia sofrer
descobrindo que a sobrinha estava fazendo
coisas erradas e queria que minha mãe se
orgulhasse de mim onde quer que estivesse.
— Tenho certeza de que ela se orgulha.
— Mudei toda minha vida. E prometi a
mim que tudo o que eu fizesse seria para
orgulhar ela, e foi aí que planejei tudo. Meu
primeiro passo foi ingressar na faculdade e
arrumar um emprego e consegui os dois em
um único lugar... e daí em diante você sabe.
— Beatriz...
— Não, me deixe terminar, por favor.
Ele assente.
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— Se eu me tranquei para o mundo, não


quis relacionamentos, prefiro um jantar em
família a baladas e festas, é porque eu quero
que ela se orgulhe de mim. E porque eu
quero ter a chance de encontrar alguém que
vale a pena. Que me ame e que eu o ame.
Quero construir uma família. Quero ter a
família reunida ao redor da mesa. Um
domingo entediante assistindo filmes na
sala, e aqueles repetidos que vemos sempre
e não abandonamos. E quero tudo isso,
porque eu demorei, mas vi que a Beatriz
Ferreira de Oliveira é essa. Não ligo para os
que acham que sou careta, ou que sou tímida
demais. Minha tia sempre disse que eu sou a
cópia da minha mãe e eu me orgulho disso.
Porque, quando tentei ser quem eu não era,
eu quase me perdi, eu poderia nem estar
aqui contando isso a você. — Sinto as
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lágrimas escorrendo por meu rosto.


Ele segura minha mão e acaricia.
— Então eu quero que seja sincero. Eu te
conheço, sei das suas conquistas, sei o
homem que é, e por isso não quero arrancar
a proteção do meu coração por completo,
porque se for para sofrer novamente e ter
que perder alguém novamente, eu prefiro
continuar com ele blindado. Marcos, se essa
noite vai se tornar apenas mais uma na sua
lista me fala, porque eu não irei surtar, ou te
julgar, mas poderei ir embora em paz,
sabendo que não corro o risco de sofrer a dor
da perda novamente.
— Me diz como faz para retirar a
proteção que colocou em seu coração? —
pergunta sorrindo.
— Marcos, é sério. Me diz, e acabamos de
vez com esse maldito medo que estou
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sentindo agora. — Ele enxuga meu rosto e


sorri.
— Retira a proteção. Manda o medo para
a puta que pariu! E seja minha, porque serei
seu por completo. — Ele sorri e me beija com
carinho, segurando meu rosto.
— Você, como juiz, sabe mais do que
ninguém, que condenar alguém injustamente
é um grave erro que gera enormes
consequências. Então me promete que não
vai condenar meu coração injustamente.
— Sentencio ao réu, prisão perpétua ao
meu lado com a felicidade. Caso encerrado.
— Ele bate na madeira da cama e sorrio.
— Não existe prisão perpétua no Brasil.
— Não discuta com um juiz, porra!
— Vai ser para valer?
— Terei que me ajoelhar para pedir você
em namoro?
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— Seria lindo. — Sorrio emocionada. —


Mas sei que não faria. E sim, eu deixo você
me namorar.
— E desde quando eu preciso de
autoridade sua?
— Para que perguntou, então, se teria que
se ajoelhar?
— Sou educado, às vezes.
Rio e ele me abraça.
— Aceita namorar comigo? Estou sendo
educado, isso é um privilégio!
— Eu aceito, seu bobo! — Rio.
Ficamos abraçados por um tempo. E sei
que não deveria tocar novamente no assunto
neste momento, mas eu preciso.
— Me diz a verdade. Sei que esconde algo.
Não iria sair da sala e se trancar à toa no
carro.
— Minha família não sabe. Apenas a
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Débora sabe sobre isso...


Afasto-me dele, que me olha sem
entender.
— Se vamos realmente seguir em diante
com isso, tem que me dizer a verdade. Não
fica bem um relacionamento que se inicia
com mentiras, ou escondendo coisas. Eu me
abri com você, contei o que nunca contei a
ninguém, então confia em mim, Marcos —
peço a ele. — Tudo que começa cheio de
segredos, acaba da pior forma possível.
— Eu não posso, Bia. — Vejo a dor em
seus olhos.
— Não confia em mim ou tem medo de
dizer? Seja o que for, eu não te condenarei. Se
abra comigo, pois vejo a dor em seus olhos
quando toco no assunto, assim como vi
quando estava no carro e, pelo visto,
chorando.
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— Eu não consigo! — ele diz alterado e se


levanta da cama. — Não posso contar isso a
ninguém, porque eu não consigo! — grita
com raiva.
— Só se lembre que, por esconder as
coisas, Liziara quase foi morta e David ficou
sem ela e teve que conquistá-la novamente; e
por causa da mesma merda de segredos, Ana
Louise quase foi presa porque o ex-noivo foi
assassinado, e tudo porque escondia as
coisas dela. Então, os Escobar têm um imã
para atrair graves problemas, por esconder
as coisas, e eu não quero isso, porque se uma
quase morre, o que seria agora?
Ele me olha atentamente.
— Eu me abri com você porque eu quis,
não me obrigou. Não irei te obrigar a dizer o
que esconde. Porém, para a Débora que
levou apenas algumas vezes para cama, você
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se abriu, mas para a mulher que se declarou


recentemente, está evitando.
Relacionamento exige confiança, e se não
tivermos isso, não sei como pode ter chances
de dar certo.
Abro a porta para sair do quarto, mas ele
me impede.
— Como soube de mim e da Débora?
— Daiane deixou escapar. Mas não
importa. Corre para os braços daquela que se
sente mais à vontade, que, pelo visto, sempre
foi ela. Afinal, desde o sequestro da Liziara,
eu notei o quanto são próximos, até demais, e
aí comecei a entender a raiva do Cleber com
você as vezes. Mas tudo bem, cada um é dono
dos seus próprios segredos e faz deles o que
acharem melhor. Só me diz uma coisa: esse
passado tem a ver com ela?
Estou com ciúmes, merda!
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— Débora é apenas uma grande amiga de


muitos anos. Eu a amo, mas como amiga.
Tivemos um caso, mas foi no passado e há
muito tempo. Ela ama o marido loucamente.
E me ajudou quando pensei em desistir e
vice-versa. Mas ela encontrou o Cleber e
apoiei sempre, ou não teria sido padrinho
deles e aguentado ela indo em bilhões de
lojas escolher o vestido perfeito para o
marido achá-la uma princesa, como ela tanto
queria. Cleber sente raiva porque o provoco,
afinal, sou Marcos Escobar, mas ele sabe que
jamais existiria algo entre nós novamente. E
não, o passado não tem a ver com ela. Meu
passado tem a ver com outra coisa, outra
pessoa, e você tem razão, eu tenho que
começar esse relacionamento com verdades,
então se arrume e, depois do café, iremos
para onde te darei as respostas que precisa.
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— Para onde iremos? — indago.


— Para onde minha vida foi destruída!
Sinto um arrepio percorrer meu corpo
com suas palavras frias, e repletas de ódio e
dor.

Estamos saindo da delegacia. Enquanto


estávamos indo para o tal lugar que estou
completamente curiosa para saber onde é,
David ligou perguntando do depoimento e
Marcos me levou até lá, já que estávamos por
perto. Minha tia ficou na fazenda com alguns
seguranças.
Depois do depoimento parece que o que
Edson fez se tornou mais real. Dizer tudo
aquilo em voz alta para um delegado e um
escrivão, com um investigador junto, tornou
real demais. Talvez se tivesse feito o
depoimento por videoconferência como foi

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dito antes, não estando na cidade, e próxima


de onde tudo aconteceu, eu teria ficado
menos abalada novamente.
— Vamos para o lugar agora? — pergunto
a ele para esquecer os pensamentos que me
cercam.
Ele aperta os dedos no volante. Mantém
os olhos na avenida, e permanece em
silêncio. Seu olhar é frio.
Seguimos em silêncio. Ele não respondeu
minha pergunta, e preferi não insistir.
Ele entra em uma rua repleta de casarões
e algumas árvores. Se nota que é um local
nobre. A rua é sem saída.
Ele para o carro na última casa, que é a
maior de todas.
Os portões são enormes e pretos. Já se vê
um jardim imenso e que não é cuidado há
muito tempo. Ele desce do carro e faço o
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mesmo.
Vejo o carro do Simon estacionar e dele
desce Simon e mais três seguranças.
— Fiquem aqui — Marcos diz a eles e
então separa uma chave que estava junto a
algumas outras no chaveiro.
Ele abre o portão e me dá passagem.
Por fora, a casa é enorme demais. Parece
de filmes antigos, onde tem aquelas lindas
construções.
Ele caminha em silêncio até a enorme
porta de madeira e eu o sigo.
Mais uma vez, ele separa uma chave e
abre a porta.
Sinto um medo. Que lugar é esse?!
Ele entra e eu fico parada na porta.
— Venha, não tenha medo. Somos apenas
nós aqui. — Ele segura minha mão e entro.
Olho ao redor completamente chocada.
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Estamos na sala, e é linda demais. Tons


claros decoram o ambiente. Uma escadaria
de mármore com corrimão de vidro deixa
ainda mais elegante. Há uma parede embaixo
da escada que, ao que tudo indica, seria um
aquário enorme, pois está somente o vidro.
Porém, é notável que não vem ninguém
aqui há muito tempo. A poeira consome os
móveis e alguns já estão sendo danificados
por isso, o que é uma pena.
As janelas enormes de vidro trazem vista
à piscina que, pelo visto, está vazia. Além
desta vista, trazem claridade do sol lá fora.
Ele sobe a escada e me chama para
acompanhá-lo.
Subimos ao segundo andar, onde tem um
enorme corredor com diversas portas. Ele
acende a luz do mesmo, me dando uma visão
muito mais clara. O chão é acarpetado em um
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tom de bege claro. Há um quadro enorme em


uma das paredes que deve valer mais que
meu carro. Ele caminha até o fim do corredor
e abre uma porta. Vou até ele.
Marcos me deixa entrar primeiro.
Quando entro no ambiente ele acende a luz,
me fazendo ficar boquiaberta. É um enorme
quarto de... bebê? É lindo, mesmo não estando
sendo cuidado. Ele é todo branco e dourado.
Meus olhos param no berço onde, dentro
dele, tem um “E” dourado e todo trabalhado.
Viro-me para ele, que olha tudo com
desprezo.
— É lindo! O pouco que vi dessa casa é
linda. Você morava aqui?
Ele ri com sarcasmo.
— Se eu morava aqui? Este é o último
lugar que eu desejaria morar. — Ele segura
um urso que estava na poltrona e balança a
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cabeça, logo depois coloca no lugar


novamente.
— Por que me trouxe aqui? Por acaso é
este o lugar que me falou? Porque, de
verdade, não tenho ideia do que está
acontecendo.
Ele indica a poltrona e me sento nela.
Ele se aproxima da janela e abre. Logo
após se vira para mim, e cruza os braços.
— Eu namorei há muito tempo uma
mulher. Seu nome era Renata. Ela era uma
modelo brasileira, de família simples, e que
sonhava com a carreira internacional.
Não deveria, mas sinto um pequeno
ciúme.
— Eu a amava muito, e ao que tudo
indicava ela a mim. — Sinto a dor em suas
palavras.
— Marcos... — Ele não me deixa terminar.
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— Namoramos durante dois anos, e


éramos um casal invejado. Saímos em todas
as manchetes como o casal perfeito. Eu exibia
ela com orgulho e admiração. Minha família a
amava. Ela era tratada como rainha.
Ele respira fundo e se senta no chão
encostando-se na parede.
— Na época, eu já era um juiz de renome
e ela modelo conhecida aqui no país. O
tempo passou, e após dois anos de namoro,
decidi que a queria eternamente em minha
vida, então a levei para Paris, em uma
viagem romântica, com tudo que tem direito
e, diante da Torre Eiffel, pedi-a em
casamento. Voltamos noivos de lá e eu
exalando felicidade. Porém, o tempo foi
passando, e ela não se manifestava sobre
planejar o casamento, marcar a data, e fui
ficando preocupado, mas eu, muito idiota,
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achei que era porque ela estava esperando


um incentivo meu. Então me lembrei de que
ela sempre dizia, que quando se casasse
queria morar em uma casa enorme, com um
grande jardim na entrada, e uma sala toda
clara com um enorme aquário embaixo da
escada, e na sala teria que ter vista para
piscina... — Ele faz uma pausa.
Merda, estamos na casa que a ex dele queria!
— Em segredo, comprei esta casa e
contratei a melhor equipe de designer de
interiores e o melhor arquiteto do país.
Gastei uma fortuna sem me importar, e fiz a
casa dos sonhos dela. Em cinco meses esta
casa estava pronta, faltando apenas terminar
o aquário, mas a desgraça em minha vida
também estava pronta para começar. — Ele
olha em um ponto fixo no chão.
— Continue, por favor, não tenha medo —
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incentivo-o.
— Quando eu ia fazer a surpresa da casa,
ela me surpreendeu primeiro, dizendo que
tinha recebido uma proposta para morar em
Milão durante dois anos e ser a modelo
estrela de um estilista famoso. Era o sonho
dela e eu, óbvio, que fiquei feliz. Disse a ela
que onde ela fosse eu iria, e então ela me
disse que precisava ir para Milão ficar quinze
dias lá, para resolver tudo do contrato, antes
de ir definitivamente, então eu resolvi fazer
uma surpresa. — Ele passa a me olhar agora
e vejo a forte dor em seus olhos. — Para me
despedir dela antes da viagem, levei-a à casa
da família na praia, e dei a ela uma noite dos
sonhos, e no dia seguinte levei ela ao
aeroporto.
Ele está desconfortável dizendo isso, sei
que está ocultando detalhes, mas é melhor.
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Ajeito-me na poltrona e aguardo que ele


continue:
— Nas primeiras semanas, ela me ligava
sempre e estava tudo bem. Porém, no dia que
ela teria que voltar, me ligou dizendo que
teria que ficar mais um mês. Ela estava
estranha, nervosa no telefone. Pensei que era
estresse de estar resolvendo tudo por lá.
Mas, então, veio a bomba. Antes de completar
um mês, ela retornou sem avisar, e pediu
para se encontrar comigo. Eu estava ansioso
e marquei aqui nesta casa, assim faria a tão
esperada surpresa mesmo faltando alguns
detalhes... Quando ela chegou, eu estava na
sala a esperando, e aquela vadia nem sequer
notou nada, apenas se aproximou de mim e
me jogou um contrato, que quando li era o
dela em Milão com um enorme "cancelado"
em cima. Fiquei sem entender, perguntei o
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que tinha acontecido e, então, ela me jogou


mais um papel e era um exame de gravidez.
Ela estava grávida de mim, e ficou na
despedida que fiz a ela, pois o tempo
marcava certo isso. — As lágrimas escorrem
por seu rosto.
Quero abraçá-lo, mas tenho medo que ele
desista de se abrir.
— Eu, um imbecil, fiquei feliz, era meu
sonho ser pai, mas a maldita disse que a
criança havia destruído a vida dela e por
minha culpa. Como se eu a obrigasse não
tomar remédio ou exigisse sexo sem
proteção. — Ele ri de nervoso. — Tentei
acalmá-la, mas ela não ficava. Então disse
que fizeram teste para saber se ela estava
grávida, pois não poderia engravidar em dois
anos, mas, para comprovar que ela não
estava enganando eles, foi feito o teste e por
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isso cancelaram. Isso para ela foi como se


tivesse descoberto que iria morrer em um
dia. Ela estava transtornada. Saiu sem me
dizer para onde ia e sumiu durante quase um
mês.
Ele se levanta e se aproxima do berço.
— Eu fiquei desesperado. Procurei ela
como um louco, mas não havia rastros, até
que ela apareceu em meu escritório, e
mostrou um papel... — o ódio em seu olhar é
mais intenso, e as lágrimas em seu rosto não
param de cair — que dizia que ela havia
abortado a criança! Aquela filha da puta
matou um filho meu! — ele grita. — Eu
cuidaria da criança, faria de tudo, mas ela
não me permitiu isso. Porém, nesse tempo
que ela sumiu, contratei pessoas para
preparar esse quarto, porque eu diria a ela
que, se ela não quisesse a mim e a criança, eu
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ficaria com meu filho. Eu ajudei a decoradora


a escolher cada coisa daqui. Tudo branco e
dourado, porque eu não sabia o sexo. Tudo
em dourado é ouro, assim como esse “E” de
Escobar no berço. — Ele aponta a letra e sua
mão está trêmula.
As lágrimas escorrem por meu rosto.
Como ela pôde fazer isso?!
— Mas ela destruiu minha vida. Abortou
meu filho, e ainda disse que sempre foi pelo
dinheiro, que ela era uma boa atriz, e que
nunca me suportou. Aquela puta me fez de
idiota durante anos e me apunhalou quando
matou uma criança que tinha o sangue do
meu sangue. — Ele se vira para mim
chorando desesperado.
Levanto-me e tento me aproximar, mas
ele não permite.
— Eu nunca vou saber como aquela
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criança seria. Eu nunca irei ouvi-la me


chamando de papai. Não verei seus
primeiros passos. Não verei nada, porque
não foi possível sentir seu coração bater! —
Ele dá um chute com força no berço me
assustando. A grade se solta e cai.
— Marcos, por favor, vai se machucar! —
digo a ele aos prantos.
— Foda-se, porque qualquer machucado
não chegará aos pés de saber que abortaram
meu filho, sem o caralho do meu
consentimento! Que pensaram apenas na
maldita carreira! — Ele joga a cômoda no
chão e isso faz um estrondo que ecoa. Logo
em seguida, o abajur tem o mesmo destino.
Coloco as mãos na boca e me encosto na
parede. Ele está desolado, com ódio.
— Ela me destruiu! Por isso, quando vi
você e a Yasmim na fazenda, eu saí da sala.
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Porque vi naquele ambiente que eu era o


único que não conseguiu construir uma
família. O único que ficaria eternamente
sozinho e sem saber a sensação de ser pai. —
Ele chora desesperadamente.
— Marcos, você construiu sim! Você foi
um pai para seus sobrinhos e continua
sendo. É o homem da casa para sua família.
Você é o mais próximo de um pai para eles
depois da perda de seu irmão. Você jamais
ficaria sozinho! — digo embargada pelo
choro.
— Eu já fiz o que tinha que fazer por eles.
Eles não precisam mais de mim. Eu não sou
mais necessário na vida deles. Acabou! — Ele
encosta-se à parede e coloca as mãos no
rosto e chora como uma criança perdida.
Aproximo dele e o abraço. Ele retribui.
Nunca o vi desse jeito e isso me destrói.
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Faço-o olhar para mim segurando em


cada lado de seu rosto.
— Marcos, eu preciso de você. Talvez eles
não precisem mais como antes, mas eu
preciso. Não sofra mais pelo passado. Aquela
mulher foi um monstro, e não merece suas
lágrimas. Pense que talvez não tendo essa
criança foi melhor, pois ela viveria sem a
mãe e correndo o risco dessa louca aparecer
sempre para tornar a vida de vocês um
inferno. Essa criança cresceria sabendo que
foi rejeitada pela mãe, isso doeria muito.
Então não fique assim. Eu preciso de você! Se
aquela puta não precisava, eu preciso!
Ele me olha desolado ainda e começa a
dizer:
— Eu nunca mais voltei aqui. Apenas
continuei pagando as contas, mas nunca tive
coragem de voltar. Minha família nem sonha
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com nada do que aconteceu, acham que


terminamos porque não deu certo. Eu passei
todo esse tempo sofrendo em silêncio.
Sonhando com aquela criança e me
perguntando quando todo esse inferno iria
sumir. Quantas noites, naquele ano, eu
acordei escutando a voz da criança me
chamando de papai... eu sofri
desgraçadamente. E comecei a sair com
todas as mulheres que via para apagar a dor
do passado. Então foi aí que a Débora
apareceu, eu tinha visto ela antes em alguns
problemas que ela passou, mas depois
sumiu. Porém, em uma noite, eu tinha tido o
maldito sonho novamente, saí para uma
boate para esquecer o sonho. Ao sair da
boate encontrei ela na calçada, desesperada,
chorando. Ajudei-a e ela me contou que tinha
fugido da cidade dela por algo que nunca
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quis me dizer em detalhes, mas em resumo


foi violentada. Ela estava assustada, suja. Eu
acolhi-a, dei emprego. Tempos depois, ela
começou a faculdade, foi se reerguendo e
nossa amizade crescendo. Um dia, ela me viu
chorando no escritório, despedaçado, e
acabei dividindo tudo isso com ela, e acabou
rolando um caso durante pouco tempo, até
ela conhecer Cleber, e aí você já deve
imaginar. Por isso, ela era a única a saber,
porque passou uma dor também.
— Meu Deus! Eu não imaginava que ela
sofreu isso. Que vocês dois sofreram isso.
Agora entendo a amizade forte de vocês.
Perdoe-me se fui grossa quando me disse
que ela sabia. É que fica difícil confiar em um
homem que já foi para a cama com tantas.
Mas, por favor, me perdoa. Eu disse para
você não condenar meu coração, mas
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condenei você e a Débora.


— Eu te entendo. Pode ter certeza de que
faria o mesmo no seu lugar. E não me
condenou, apenas me deu força para me
abrir sobre um passado que me atormenta
sempre que pode — ele diz mais calmo.
— Marcos, obrigada por se abrir — digo
com carinho e ele concorda.
— Obrigado por me ouvir. Sinto um alívio
ter me aberto com mais alguém. Mas vamos
sair desse quarto, porque me sinto sufocado
aqui.
— Claro.
Saímos do quarto, agora com móveis
destruídos pelo chão.
— Quer ver o resto da casa? — me
pergunta.
— Não precisa — minto, pois estou
curiosa.
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— Sei que está curiosa. Vamos.


Minto mal mesmo.
Ele me mostra o andar que estamos e só
sei dizer "uau". É cada cômodo, um mais
lindo que o outro.
Descemos para o primeiro andar e
entramos no corredor que dá acesso a mais
cômodos, sendo eles: escritório, banheiro,
biblioteca, sala de jantar e, então, a cozinha,
onde estamos agora.
— É tudo lindo demais. O que me faz
odiar mais sua ex.
Ele sorri fracamente.
— Te levaria lá fora, mas está complicado
andar lá. Não é limpo aqui há um tempo.
Simon mantinha gente vindo aqui, mas decidi
que não deveria mais.
— Por que não vende isso? Se livra dessa
dor? — pergunto e ele respira fundo.
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— Pretendo fazer isso em breve.


— Doe os móveis para quem precisa. Só
do quarto de bebê, faria uma família carente
muito feliz. Porque tem muito dourado lá —
brinco tentando animá-lo.
— Eu sempre quis estrear essa casa... —
Entendo o que ele quer dizer, e tento não
parecer enciumada. Aproximo-me do balcão
de mármore da cozinha.
— Sinto muito.
Ele se aproxima.
— Eu também sinto muito, Beatriz...
— Não tem que sentir. Ela foi a culpada!
— Não por isso. Mas porque eu dizia que
iria estrear essa casa com a mulher que eu
amo.
— Hummm... mais uma vez, eu sinto
muito.
— Então sinto muito pela Renata. Porque
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essa casa nunca foi para ela, e hoje vejo isso.


Porque a mulher que amo é você! — Ele me
pega e coloca sentada em cima do balcão. —
É você que eu amo. E estrearei a casa com a
mulher que amo.
Estou emocionada. Meu coração
acelerado. Eu não acredito que ouvi isso.
— Eu... eu também te amo, Sr. Escobar.
Ele sorri se encaixando entre minhas
pernas.
— Quero marcar essa casa, essa
lembrança ruim, com a marca do amor
verdadeiro. Então me faça esquecer, por
favor, eu te imploro.
Marcos Escobar implorando por algo é
épico e inédito.
— Eu te amo, e acho que te amei desde o
dia que foi no meu trabalho e me convenceu
a ajudar vocês. E parece que apenas nós não
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notávamos isso, porque temos uma grande


torcida na sua família.
Ele ri e isso é bom, depois de vê-lo tão
desolado.
— Eu também, minha delícia!
Sua boca ataca a minha. Nosso beijo é
urgente e quente. Sua boca desce por meu
pescoço onde ele morde levemente, fazendo-
me arrepiar inteira.
Marcos sobe meu vestido, e arranca
minha calcinha rasgando, sem cerimônia.
Temos pressa, nosso desejo é urgente. Ele
abre a calça e abaixa junto a cueca. Seu pau
está duro e delicioso apenas de olhar. Estou
excitada com a visão.
Ele me puxa para a ponta do balcão e, sem
qualquer calma, me penetra e eu solto um
gemido alto de prazer. Minhas mãos agarram
seus ombros rapidamente. Ele se movimenta
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com força. Suas mãos vão para minha


cintura. Ele aproxima o rosto do meu sem
parar o movimento. Sua testa está colada à
minha. Nossa respiração é intensa. O balcão
faz barulho a cada estocada. Ele puxa meu
lábio inferior lentamente com os dentes. As
lágrimas começam a escorrer por seu rosto.
— Não chore, amor, por favor — peço a
ele, que me penetra agora com calma.
— Eu não posso te perder!
— E não vai, te dou minha palavra.
— Você planejou tudo e não estou em
seus planos.
— Você se tornou meu mais complicado e
importante plano de felicidade. — Enxugo
suas lágrimas e o beijo.
Ele intensifica novamente as estocadas.
Retira a camisa, sem parar o que está
fazendo.
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Passo minhas unhas por suas tatuagens.


São tão sexys nele.
— Tenho uma nova tatuagem! — ele diz
levando sua mão a minha intimidade onde
massageia junto as estocadas.
Apoio as mãos com força no balcão. Estou
quase lá... meu corpo está perdendo o
controle. Estou gemendo como uma louca.
— Goza para mim, delícia! — ele diz
intensificando ainda mais a massagem e a
penetração.
Não aguento mais e me desmancho me
jogando em seus braços. Ele goza em seguida,
sussurrando meu nome em meu ouvido.
Ele sai de dentro de mim, me mantendo
em seus braços. Inalo seu cheiro delicioso
misturando com o cheiro de sexo no
ambiente.
— Qual a nova tatuagem? — enfim,
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pergunto a ele.
— Não pode ver.
Afasto-me dele, que está sorrindo.
— Por quê? Afinal, acho que já vi mais do
que imaginaria ver de você um dia.
Ele sobe a cueca e a calça. Ajeito meu
vestido, pois minha calcinha já era.
Ele se aproxima e me dá um beijo na
testa.
— Não pode ver, mas pode sentir. — Ele
segura minha mão e leva até seu coração. —
Minha nova tatuagem é seu nome em meu
coração.
Sorrio emocionada.
— Você vai acabar comigo com essas
declarações!
Ele me dá um beijo casto nos lábios.
— Precisamos voltar para a fazenda, mas
antes vamos pegar roupa no seu
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apartamento, passaremos na minha casa,


tomamos um banho e depois vamos para a
fazenda. Não deixarei você ir sem calcinha e
suja de gozo. E aqui não tem a mínima
condição de um banho. — Fico envergonhada
por suas palavras.
— Fica linda quando está tímida. Vem,
delícia! — Ele me desce do balcão.
— Obrigada mesmo por me mostrar aqui
e se abrir — digo com a mais pura
sinceridade.
— Estava na hora. E fazer isso com você
foi mais fácil. Marcar essa casa com você me
deixou muito melhor, tornou a dor
esquecida. Porque você me faz esquecer tudo
o que aconteceu. — Inclina-se e me beija com
carinho.
Marcos Escobar, meu juiz, se faz de forte;
na maioria das vezes é um ogro, mas, no
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fundo, é apenas um homem que foi ferido e


precisa de amor. Quem diria? Eu não diria.

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Capítulo 9

Fomos na casa do Marcos e na minha para


tomarmos um banho e trocar de roupa, nós
estamos retornando para a fazenda e não
vejo a hora de chegar lá. Com tudo o que vem
acontecendo tão rápido, eu apenas quero
saber de descansar. É muita coisa para
assimilar. Marcos e eu juntos, o Edson sendo
um idiota psicótico, a revelação do Marcos,
meu depoimento hoje tendo que reviver tudo
o que vivi, que não é confortável para
ninguém.
O celular do Marcos toca e ele coloca no
viva-voz do carro.
— Fala, Cleber — ele diz, mas continuo
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olhando pela janela. Não estou bem desde


que saí da delegacia. Estou com mal-estar e
leves tonturas. Só quero um banho.
— Encontramos o filho da puta. Ele está na
universidade, na maior tranquilidade. É um idiota
mesmo! Estamos mandando policiais para lá. Se
tudo der certo e vai dar, vamos dar um jeito nele.
Conseguimos contato com a ex-esposa dele, e ela
aceitou conversar conosco. Estamos em contato
com uma ex-funcionária e ela também aceitou
falar. Agora precisamos do cara e, em breve,
descobriremos por que ele sempre se safou. David
parece ter encontrado alguma coisa sobre isso,
mas não confirmou nada, sabe que ele só fala
quanto tem certeza. Achei que iria querer saber...
— Ele está na universidade?! — O tom do
Marcos é um pouco assustador. Viro-me para
olhá-lo e vejo sua testa franzida, seus lábios

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rígidos, e suas mãos apertando fortemente o


volante.
— Sim... Marcos, onde está? — A voz de
Cleber mostra preocupação.
Olho rapidamente pela janela, e só me
dou conta agora, que estamos muito
próximos da universidade.
— Aonde eu deveria estar! — Marcos diz
e desliga.
— Marcos, tudo bem? — pergunto com
calma.
— Vai ficar. — Ele não me olha e isso é
sinal que a coisa está séria.
— Você não vai até onde eu penso que vai,
não é?
— Cale a boca, por favor? — ele pede, e
Marcos nunca pede, ele exige.

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Ele entra em uma rua que conheço muito


bem. Droga, eu tenho que falar com alguém.
Mas se tiver sorte, já terá policiais aqui.
Pensamento positivo é sempre bom.
Ele entra no estacionamento da
universidade como um louco. Os seguranças
não têm tempo de barrar. Estaciona de
qualquer jeito e fora da vaga. Ele desce do
carro, e nem sequer desliga. Ele não é o
Marcos que eu conheço e isso começou a me
assustar. Desço correndo, e que se foda o
carro.
Ele corre em direção a entrada, e o
acompanho. Diogo, um dos seguranças, tenta
barrá-lo, mas Marcos empurra-o com muita
força. Ele me vê e faço sinal para deixar. Esse
problema é meu, e eu tenho que resolver.
Entro na universidade e sigo o Marcos

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que anda rapidamente, desviando de


algumas pessoas que o olham.
— Marcos! — grito, mas ele não me dá
ouvidos.
Pego o celular no bolso, e me encosto em
uma parede. O mal-estar está piorando
demais, estou começando a me sentir fraca.
Ligo para o David. Demora um pouco, mas ele
atende.
— Oi, Bia, estou meio ocupado agora, posso te
ligar depois?
— Não... Não pode. Estou na universidade,
com seu tio. Ele não me ouve, e foi atrás do
Edson, não estou me sentindo muito bem,
preciso de ajuda!
— Porra! Ele tem merda na cabeça? Bia,
presta bastante atenção no que vou dizer. Ok?

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— Sim... — Fecho os olhos e respiro


fundo, estou começando a sentir muito calor
e suar.
— Vai atrás dele, e não deixe ele fazer
nenhuma besteira. Para ser mais explícito. Por
favor, não deixe ele começar, porque ele não vai
parar, ele não para quando começa, ele é assim
desde sempre, o único que o controlava era meu
pai, não deixe! Vou verificar onde estão os
policiais que mandei aí, e estou a caminho. Vai
ficar tudo bem, só seja o controle dele, ou não
apenas Edson terá problemas, mas ele também e
serão graves.
— Ok. Ser o controle, acho que consigo. Só
vem logo! — digo a ele.
Começo ir a caminho do primeiro lugar
que Edson pode estar, que é seu escritório.
Queria ir mais rápido, mas estou fraca, não

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consigo. A cada passo, respiro fundo para


tentar me controlar, não estou bem.
Com dificuldade me aproximo da sala, e
entro. Está vazia, não tem ninguém. Merda!
Vejo os seguranças correndo e dentre
eles o Simon, que tinha ido resolver não sei o
que... Merda, seguranças correndo não é
bom.
— Simon! — grito por ele. Ele retorna e
me olha surpreso.
— A senhorita está muito pálida...
— Onde estão?!
— Os seguranças daqui informaram que
Edson chamou por eles no banheiro deste
andar.
— Merda! Precisamos ir.
— Não, a senhorita não está bem...
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— Vamos! — Reúno as poucas forças que


me restam e começo a caminhar com ele. —
Ainda bem que está aqui.
— O senhor David me ligou. Tive que
resolver alguns problemas, mas não contava
com isso. Se eu estivesse...
— Não é sua culpa. É segurança dele, mas
tem uma vida fora dos Escobar...
Nos aproximamos do banheiro, tem
alunos na porta assustados.
— Saiam daqui, agora! — digo a eles que
saem rapidamente.
Entro no banheiro seguida de Simon. Pelo
espelho de entrada, vejo Marcos segurando
Edson na parede. Ele está transtornado. Os
seguranças estão ao redor dele, pedindo
para que se afaste e ele grita para não se
aproximarem.
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— Isso não... Quando se trata do lado


pessoal, ele não para quando começa... —
Simon diz preocupado.
Viro-me e começo ir em direção a eles.
Diogo me impede.
— Ele está louco, disse que um passo a
mais e ele mata o reitor.
— Me deixa, eu sei o que faço, só me
deixa... Por favor... — Ele me olha por um
tempo, e me solta.
— Sai daqui, Beatriz! — Marcos diz
alterado.
— Agora ficou melhor. A vadiazinha
chegou. Não sei para que tanto ódio, Marcos,
ela é apenas mais uma para você, assim como
seria para mim. E sabe que não pode fazer
nada comigo, porque sua carreira te impede
— Edson diz com dificuldade, e Marcos o
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aperta ainda mais.


— Cale essa boca, seu filho da puta! Você
beijou ela forçado. Sua ex-mulher pediu
medida protetiva contra você, sua ficha é
péssima. Você é o tipo de cara que um juiz
como eu iria amar ter prisão perpétua ou
pena de morte nesse país. Você é um nojento,
não merece um pingo de consideração. Seu
maldito dos infernos! Minha carreira que se
foda, mas você não sair daqui ileso. Não
dessa vez, desgraçado! — Marcos fecha o
punho e aponta para a cabeça do Edson. Com
um soco, Edson baterá a cabeça na parede
azulejada, e isso com toda certeza não
acabará bem.
Aproximo-me e com cuidado toco em sua
mão, prestes a deixar Edson com hematoma,
ou até mesmo com algo grave na cabeça.

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— Por favor, não vale a pena. Você não é


isso. Você é melhor que ele. Não deixa ele
tirar o pior de você. Eu estou te implorando...
Não suje suas mãos com ele.
— Isso, escuta ela. Mostra que, por trás da
fachada de juiz foda, existe um imbecil, que
cai no papo de qualquer mulher. — Edson ri
com ironia.
— Cale a boca, seu idiota! Eu nem deveria
impedir isso, mas estou fazendo. Ele não
precisou chamar nenhum segurança para
defendê-lo, então antes ele escutar uma
mulher do que precisar dos seguranças por
estar encurralado em uma droga de
banheiro.
Edson revira os olhos e ri. Ele é um doente!
— Me deixa terminar isso. Com você aqui
não consigo. Você consegue colocar em mim
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o que não deveria ter neste momento! Eu vou


acabar com esse cara, vou derrotá-lo, ele vai
ver o inferno! — Marcos grita com raiva.
— Por isso eu tenho que estar aqui.
Marcos, eu não te imploro nada, então me
escuta quando te faço isso. Larga ele, e deixa
a lei cuidar disso. Eu faço o que quiser, mas
larga ele. Porque o cara que me mostrou hoje
naquele lugar é um cara que enfrentou uma
grande barra e sozinho, e não precisou sujar
as mãos, não precisou disso. Você não
precisa socar ele para fazê-lo pagar. Você já o
torna derrotado por ser tio do delegado que
vai pegar ele e por ser o homem que eu amo,
e que eu me entrego de livre e espontânea
vontade. Você já o derrotou, sem precisar
bater, porque olha esse banheiro, lotado de
seguranças, que não se aproximam com

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medo de você matá-lo, e ele está entre suas


mãos com medo também, ou não teria
chamado os seguranças. Você já o derrotou
por fazê-lo sentir medo, e se tornar um idiota
prestes a morrer por você, e eu estou
fazendo um puta de um discurso para te
impedir. Marcos, ele já é um derrotado, olha
para ele, suando, rindo para não se
desesperar ainda mais, com uma ficha
complicada... — Marcos me olha e com calma
vou abaixando sua mão. Ele solta o Edson
com força.
— Você é um idiota mesmo! — Edson diz
com ódio, e sem esperar dá um soco no
Marcos, que pega em seu braço, Edson ainda
está um pouco tonto. Marcos sorri e é um
sorriso de deboche com raiva. — Achou
mesmo que só os Escobar têm autoridade

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para andarem armados?! — Ele levanta a


blusa e retira uma arma da cintura.
Olho assustada. Os seguranças se
posicionam para tentar impedir. Marcos me
olha, quando Edson aponta a arma para ele e
ri.
— Vamos ver quem está derrotado!
Marcos me empurra para o lado com
força, mas me desequilibro devido a uma
forte tontura e caio batendo a cabeça, não
consigo me levantar, estou zonza demais,
escuto apenas um barulho e sei que foi um
tiro.
— Marcos... — É a única coisa que digo
antes de tudo ficar escuro e apagar
completamente.

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Edson atira, mas erra. Esse idiota não


sabe atirar, ele não tem autorização para
andar armado. Ele olha com raiva para a
parede que acertou o tiro. Aproveito esta
brecha e dou um chute em sua mão fazendo
ele derrubar a arma. Simon se aproxima
rapidamente e o imobiliza.
— Senhor... Olhe!
Viro-me para onde Simon indica, e vejo
meu mundo ir ao chão. Beatriz está caída,
apagada. Está completamente pálida.
— Tirem esse filho da puta daqui!
Os seguranças da universidade pegam o
Edson do Simon.
— Seus idiotas, me soltem! — Edson grita.
— Soltar você? Nem tão cedo! Peguem ele
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e recolham a arma — David diz entrando no


banheiro com policiais.
— Senhor, temos que tirar ela daqui —
Simon diz.
Aproximo-me dela e confiro seu pulso,
está fraco... Porra, está fraco!
— Foi culpa minha. Eu não devia ter
vindo aqui... Eu a empurrei... Porra!
— Marcos, ela precisa de um médico, e
você delegacia. Agora! — David diz. — Você
tinha que ter vindo aqui, cacete?! Me
desculpe, mas tenho que agir como delegado.
— Não irei a porra nenhuma! — digo.
Pego ela no colo.
Saio do banheiro e caminho sob o olhar
de todos até o estacionamento.

— Simon, dirige... Ela... Eu... — não


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consigo nem dizer as palavras direito.


Entro com cuidado no carro e deixo ela
em meu colo. Está um pouco fria.
David me olha a balança a cabeça.
— Não foi sua culpa. No telefone, ela já
tinha me dito que não estava muito bem.
— Ele tem razão, senhor. Ela estava muito
pálida quando encontrei ela.
— Ela não acorda... — Estou apavorado.
— Vão para o hospital. Irei em seguida,
preciso fazer meu papel de delegado, mesmo
sendo difícil pra cacete neste momento. Me
mantenha informado.
Concordo. Estou no automático. Não sei o
que fazer. Olho para ela em meus braços, e
isso me deixa cada vez mais desesperado.
Simon fecha a porta traseira e entra no
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carro. Dá partida e saímos da universidade.


O caminho até o hospital está se tornando
longo. Ela não acorda, não dá um sinal de que
vai acordar. Lágrimas escorrem por meu
rosto, enquanto acaricio o rosto dela. Não
posso perder ela. Já perdi um filho, um
irmão, pais... Eu não posso perder mais
ninguém. Esse maldito passado, toda vez que
toco nele nunca termina bem. Se eu não
tivesse vindo, para contar tudo a ela, nada
disso teria acontecido.
— Senhor, ela vai ficar bem. O senhor
precisa ser forte como sempre é, e não deixar
o medo te derrotar agora — Simon diz e
balanço a cabeça.
— As pessoas me olham e pensam que
sou feito de titânio... Antes eu fosse. Queria
eu ser realmente a rocha que a mídia e

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minha família pensam que sou. Queria ser o


homem criado por eles, mas não posso. Não
quando me tiraram tudo, e o mais
importante: o amor e a esperança. Foram
perdas demais, e não estou preparado para
mais essa. Porque ela acendeu algo em mim...
Merda! Acho que ela acendeu a luz mais
importante que eu achava ter perdido. Deu
energia à luz, para lutar contra tudo, e se
acender. E essa luz faz meu coração acelerar
e minha alma sofrer por vê-la assim, então
essa luz não pode apagar novamente, era
muito escuro aqui dentro. Eu preciso te
confessar algo, Simon, eu sinto medo... E meu
maior medo neste momento é perdê-la. —
Encosto os lábios em sua testa e dou um leve
beijo.
— Senhor...

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— Mar...
Simon olha pelo retrovisor e sorri. As
lágrimas se multiplicam em meu rosto.
— Meu amor... você acordou! Não diz
nada. Estamos te levando para o hospital. Vai
ficar tudo bem. Eu prometo! — Ela está fraca,
tenta sair do meu colo, mas não permito.
— O que... aconteceu? — pergunta com
dificuldade.
— Está tudo bem. Fique quietinha, poupe
energia e tente ficar acordada.
Ela concorda.
— Estou enjoada. — Devagar ela vira o
rosto, e se inclina com cuidado, e então
começa a vomitar. Seguro seu cabelo.
— Você caiu. Isso é uma reação.
Simon estica o braço com um lenço e eu
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pego.
— Você me surpreende sempre — digo a
ele.
Ajudo-a limpando sua boca. Abro um
pouco os vidros.
— Que nojo! — ela diz, parecendo estar
um pouco melhor. — Eu vou acabar
vomitando novamente se eu ficar aqui
dentro com esse vômito.
— Estamos chegando, senhorita.
— Só olha para mim. — Ela se senta no
banco com as pernas para cima. Retiro
minha camiseta e a entrego.
— Hã? — Ela me olha sem entender.
— Coloca no rosto, assim não sente o
cheiro do vômito e não olha, assim não passa
mais mal ainda.

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Ela então o faz e encosta a cabeça no


banco.
— Minha cabeça dói. O enjoo não passou,
eu estou mal... — ela diz. Está suando
bastante. Ainda permanece pálida e suas
mãos estão um pouco trêmulas.
— Chegamos! — Simon diz estacionando
o carro.
— Vamos, eu te ajudo.
— Não vai entrar sem camiseta — ela diz
e me entrega.
Visto a camiseta e ajudo ela sair do carro.
Simon desce com a bolsa dela, que estava no
banco da frente. Ela está fraca, cambaleia um
pouco, mas a seguro. Pego a bolsa dela.
— Dê um jeito no carro. Pegue o seu na
universidade, e depois venha para cá. Não

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avise a tia dela, para não preocupar, e nem as


mulheres da família. Depois cuidamos disso.
— Ele concorda e se retira.
— Acho que vou vomitar novamente...
— Espero que isso seja uma gravidez, e
não o resultado de eu ter feito você cair.
— Gravidez? Jamais! Não me deixe pior
do que estou. Eu me cuido. Vamos, não estou
aguentando em pé. E então, me conta tudo o
que aconteceu.

Entramos no hospital. Faço a ficha dela e


somos encaminhados para o segundo andar.
Fazem exames nela, e algumas perguntas,
e então encaminham ela para um quarto
onde estamos agora.
— Se mais alguma enfermeira perguntar
se estou grávida, eu me jogo dessa janela.
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— Amor, se você se jogar não terá muita


diferença, pois voltará para cá.
— Você entendeu o que eu quis dizer...
estou mal...
A porta se abre e um médico entra.
— Beatriz, sou o doutor Enzo. — Ele olha
os papéis em suas mãos. — Vou fazer mais
alguns exames, e pedir uma tomografia, pois
desmaiou após cair e bater a cabeça, e está
vomitando, e aqui diz que alega não estar
grávida, mas pedirei alguns exames para
conferir isso também.
— Não estou grávida. Eu me cuido,
doutor. E não foi do tombo. Eu já estava ruim
antes.
— Sei... Mas exames nunca são demais...
Pelo menos, eu adoro pedir exames, são
como chocolates, amo e não vivo sem. —
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Reviro os olhos. Esse cara é um idiota!


— Ninguém quer saber. Só faça logo,
doutor! — digo irritado.
— É realmente como dizem. O senhor é
terrível, como um enorme e bom touro.
— Eu não... Quer saber, apenas faça seu
dever.
Ele examina ela e anota tudo.
— Vamos fazer a tomografia e o exame de
gravidez, por enquanto parece tudo certo.
— Eu vou me jogar... — ela diz e sorrio.
— Não compreendi — o doutor diz.
— Nada não, senhor. Eu só quero algo
para controlar esse enjoo e essas leves
tonturas, e então sumir daqui.
— Paciência, paciente — o doutor diz,
rindo. — Ficou engraçado a frase.
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Ele se retira e olho para Beatriz, que


sorri.
— Esse cara é louco. E eu vou jogar ele da
janela — digo.

Depois de ficar esperando o resultado da


tomografia e do exame de gravidez e vomitar
ainda mais, eu não tenho nada grave e nem
estou grávida. David passou aqui, após
Marcos ligar para ele, e ele recolheu nosso
depoimento, mas logo foi embora. Estou
esperando o doutor retornar para saber o
porquê de eu estar assim. Marcos me contou
tudo o que aconteceu depois que desmaiei.
Eu só quero que Edson pague por tudo e não
saia ileso desta vez para não tentar ferir mais
ninguém.
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— Minha tia deve estar louca de


preocupação — digo enquanto olho para o
teto.
— Simon retornou enquanto estava
fazendo exames. Ele foi para a fazenda, e eu
liguei para a sua tia. Ela ficou preocupada,
mas expliquei tudo e ela apenas quer te ver,
e, provavelmente, deve estar surtando com
os seguranças porque mandei não deixarem
ela sair da fazenda. Paula, Daiane, Ana e
Liziara já sabem, então daqui iremos passar
na casa da Ana, onde elas estão, ou
invadiriam esse hospital e deixariam todos
loucos.
— Estou me sentindo fraca, com fome,
cansada... Só quero ir embora logo.
A porta se abre e o doutor entra.
— Ao que tudo indica, o vômito, tonturas,
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mal-estar, são apenas suas emoções se


manifestando ao mesmo tempo. Talvez tenha
tido fortes emoções, e não deve estar
acostumada, e com isso teve essas reações.
Vou pedir para as enfermeiras te aplicar uma
injeção com alguns medicamentos para
controlar o enjoo e tonturas. Caso piorar,
tiver dores de cabeça também, retorne
imediatamente. Mas, por enquanto, repouso,
tente não ficar muito nervosa ou ansiosa, e
evite comer coisas pesadas, pois vomitou,
então não queremos que aconteça
novamente. — Ele sorri.
— Então está tudo bem?! — Marcos
pergunta preocupado.
— Está sim. Sua namorada ficará bem,
qualquer um ficaria com o senhor todo
assim... Perdão, eu não quis dizer isso. Vou

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pedir a enfermeira para aplicar a injeção. —


Ele se retira rapidamente e sorrio.
— Ele disse mesmo o que eu ouvi?! —
Marcos pergunta.
— Eu acho que ele gosta da mesma fruta
que eu. Marcos, você deixou o doutor
nervoso. — Rio.
— Cale a boca!
— Ele te conquistou também? — provoco.
— Não me provoque, quem assina a
sentença sou eu, e a sua vai ser longa e
peculiar.
— Não tenho unhas grandes à toa. Mas,
como estou mal, irei me calar.
— Melhor... — Ele me dá um selinho.
— O que será que vai acontecer com
Edson?
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— Vamos torcer para que pague por tudo.


A enfermeira entra e é uma senhora de
idade, e com o semblante bem sério.
— Chegou a hora de eu confessar mais
uma coisa... — digo.
— Tem medo de injeção. Seu olhar para a
enfermeira te entregou e começou a
chacoalhar as pernas. Você me desafia e tem
medo de injeção? Mulher, você é foda!
— Senhor, o palavreado. Estamos em um
hospital. Gosto de manter a educação e
respeito — a enfermeira diz enquanto
prepara a injeção.
Marcos se aproxima do meu ouvido:
— Sabe o doutor? Comecei a gostar dele. E
se você disser isso para alguém, te fodo em
público, e como é tímida não vai querer isso.

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Sinto minhas bochechas esquentarem.


— Senhor, não é com pouca vergonha que
vai acalmar sua esposa!
Agora eu estou roxa, tenho certeza.
— Não sou esposa dele.
— Por enquanto — ele diz e me dá um
beijo no pescoço, que me deixa
completamente arrepiada.
— Vamos, mocinha, antes que eu tenha
que ver uma cena pornô nesta sala. E eu não
vejo isso há muito tempo. — Marcos ri
enquanto eu só quero me afundar em um
poço de tanta vergonha. Ela começa a limpar
onde vai aplicar a injeção.
— Vai com calma, eu e agulhas não temos
química.
Ela termina e isso me deixa mais

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apavorada.
— Vamos lá! — ela diz.
— Merda! — Tenho certeza de que minha
pressão foi pra China. Eu tenho pavor de
injeção. Pavor mesmo!
— Amor, sua tia é bem gostosa, estava
aqui me lembrando dela...
— Você o quê?! Eu vou te matar, seu
idiota! Que ódio de você, Marcos! — digo a
ele com raiva.
— Prontinho.
— Prontinho o quê? — pergunto.
— Já apliquei e você nem sentiu. Bom
trabalho, senhor — a enfermeira diz a ele.
— Fez isso apenas para me distrair? —
pergunto e ele sorri.
— A raiva, o estado de choque, o prazer
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intenso, são alguns dos sintomas que não nos


deixa sentir a dor como ela deveria ser.
— Obrigada. Mas isso não esconde o fato
de ter dito da minha tia. Eu te mato se disser
novamente.
— É, enfermeira, ela está melhor,
começou a me ameaçar com intensidade.
— O médico precisa apenas assinar sua
alta e pode ir embora — ela diz e se retira.
Ele se aproxima, ficando entre minhas
pernas.
— Eu quero ir logo. Preciso de um bom
banho, uma boa limpeza na boca, comer e
esquecer desse dia.
Ele concorda e me dá um beijo na testa.

Depois de irmos até à casa da Ana Louise,


e acalmar o surto da Liziara, que queria
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matar o Edson; e da Daiane, que queria


cortar as bolas dele; convencer a dona Paula
de que eu estava bem; e fazer o Henrique
parar de provocar o Marcos, porque sem
querer deixei escapar sobre o que o médico
disse, estamos na fazenda, aguentando
minha tia surtar porque não deixaram ela ir
até o hospital.
— Eu jamais reclamaria de homens
gostosos me agarrando e claro que eu
querendo, mas eles tentaram me impedir de
ir até minha sobrinha. Isso nunca mais deve
se repetir! — ela diz, me mantendo em seus
braços enquanto estamos sentadas no sofá.
— Não vai se repetir, eu garanto! —
Marcos diz a ela.
— Que péssimo. Vocês têm uma noite de
sexo, depois saem pela manhã e acontece

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isso. Esse Edson é um idiota!


— Tia! — repreendo. — Como...
— Eu vi ele te trazendo para dentro,
enrolada em um lençol. Não sou boba,
querida.
— Esse dia só piora — digo enquanto
Marcos sorri.
— Melhor ela ir tomar um banho — ele
diz.
— Concordo. E para eu concordar com
tanta animação é porque o papo aqui foi para
um caminho complicado.
— Querida, sexo é tão natural. Que
bobagem ter vergonha. Você veio dele, assim
como todos vieram de um bom sexo, Adão e
Eva não... é da nossa natureza. Parece que
falar de sexo é como desejar que alguém com

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câncer morra. Eu, hein!


— Tia, eu vou para o banho.
Ela sorri.
— Eu te amo, e se algo lhe acontecesse, eu
nem sei o que seria de mim. — Ela me abraça.
— Também te amo!
Assim que nos afastamos, Marcos me
acompanha até o quarto.

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Capítulo 10

Semanas depois...

Visto meu short e vou atender a porta,


pois a campainha não para de tocar. Sei bem
quem é. Acabei de sair do banho correndo,
porque a pessoa do lado de fora é impaciente
e, pela minha demora, deve estar pensando
mil merdas, e todas envolvem eu com um
assassino em casa, porque é bem a cara dele
pensar loucuras do tipo.
Abro a porta, e ele me dá um beijo rápido
nos lábios. Ele entra e eu fecho a porta.
Retira as coisas do bolso e se senta no sofá.
— Eu quero a chave daqui — ele diz me
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fazendo revirar os olhos, pois não aguento


mais esse assunto nessas últimas semanas.
— Já disse que não vou dar. Não tenho da
sua, por que quer tanto da minha? — Deito
no outro sofá.
— Você não precisa de chave para entrar
na minha casa. Tenho seguranças lá vinte e
quatro horas, ela fica aberta, e você tem
autorização de entrar com ou sem mim lá. E
respondendo sua pergunta, é porque toda
vez que venho aqui fico uma porra de um
século esperando você abrir essa merda.
— Falando nessa educação, até me
convence — digo com ironia e ele me olha
quase que me fuzilando.
— Sabe que posso conseguir a chave
daqui, não é?
— Sei. E se fizer isso, te denuncio a
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polícia, e a denúncia não vai ser com o David.


— Não seria capaz!
— Testa para ver.
— Cuidado, amor, quem assina a sentença
sou eu e a sua pode ser longa e peculiar.
— Minhas unhas não são grandes à toa,
Marcos. — Ele sorri.
— Está tranquilo por aqui...
— Minha tia reencontrou uma amiga de
muitos anos atrás e passou a noite na casa
dela.
— Entendi. Voltando ao assunto das
chaves, por que não quer me dar? Me fala a
real razão.
— Porque não estou a fim de chegar em
casa e encontrar o exército aqui dentro!
— Até que não é uma má ideia, mas
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infelizmente não tenho poder para tanto —


ele provoca.
— Marcos! Chega desse assunto. O que
veio fazer aqui? Não devia estar
trabalhando?
— O caso do Edson vai para julgamento.
Descobriram muita merda dele. Quando ele
foi preso e a noticia percorreu, várias
mulheres procuraram a delegacia para
denunciá-lo. O filho da puta tinha um amigo
dentro da polícia, e o cara tinha um nível de
poder alto e por isso Edson sempre ficava
impune, o amigo dele também está fodido.
Edson é um tarado que merecia ter o pau
cortado ao invés de apenas pegar tempos de
prisão.
— Isso é maravilhoso! Ele tem que pagar
o que fez comigo, e com essas moças.

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— E vai pagar! Porém, eu preciso ser o


juiz desse caso, mas estão me privando. Não
querem, porque se trata do cara que minha
namorada teve problemas. Estão dizendo
que não irei agir com a razão e com
profissionalismo. Tenho que fazer de tudo,
porque é apenas essa semana, na sexta-feira
eles vão dizer quem vai ser o juiz e, em
poucos dias, marcar a data do julgamento.
— E estão certos. Esquece esse homem. A
justiça vai cobrar dele.
— Não irei esquecer. Ele mexeu com a
pessoa errada, e não é apenas por você, é por
todas as outras que ele fez o que fez. Eu
preciso ser o juiz do caso, mas estão vendo
outros juízes.
— Eu acho ótimo. Não quero que você se
envolva em mais nada que ligue ao Edson. Eu

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vi o que aconteceu da última vez, e foi por um


milagre que tudo não acabou em uma grande
tragédia. Vamos seguir nossa vida e torcer
muito para que ele pegue muito tempo na
cadeia.
— Beatriz...
— Chega. Eu não quero. Você não vai agir
com profissionalismo, eu sei disso, porque
quando fala dele ainda tem o mesmo ódio
nas palavras e na expressão. Não vai colocar
sua carreira em risco novamente. Você quase
se prejudicou da última vez, então não vai se
meter nisso. E não falo isso apenas como
Beatriz, digo isso como sua namorada
também. Da mesma forma que você deseja
que eu siga as coisas que manda, eu quero
que faça o que estou mandando. Final de
semana é meu aniversário e eu só quero

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passar essa semana na mais pura paz, com


dias normais, até chegar final de semana e eu
assim envelhecer com tranquilidade e não
infartando porque meu namorado está louco
querendo matar um idiota. Então não, você
não vai ser o juiz!
— Me peça qualquer coisa, menos isso.
— Seja apenas o Marcos essa semana e
não o juiz, por favor?
— É o pacote, amor. Fica com um e ganha
o outro.
— Marcos, por favor, só seja um homem
normal, essa semana.
Ele se levanta e sobe em cima de mim.
— Por você, apenas por você farei isso.
Posso ser um homem normal essa semana,
desde que você fique comigo a semana toda.

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— Por mim tudo bem. Minha tia vai


embora amanhã, então fica mais fácil.
— Certo!
Ele me beija com completo desejo.
Pressiona meu corpo com o seu. Uma de suas
mãos vai para minha perna e ele a acaricia.
Seguro seu rosto com ambas as mãos. Sinto
sua ereção e isso me excita.
— Tenho que passar no escritório e pegar
alguns papéis para estudar um caso em casa
e tem que ser agora, porque tenho que
assinar algumas coisas urgentes para a
Débora cuidar.
— Não pode fazer isso comigo. Me atiçar e
dizer que tem que ir!
— Vamos comigo. De lá, vamos para a
minha casa e você não vai sair da minha
cama tão cedo. E eu que teria que reclamar,
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sou eu que vou dirigir de pau duro.


— Preciso pegar minha bolsa, e trocar de
roupa.
— Não precisa trocar de roupa. Não vou
ficar por lá, e mesmo que eu fosse, pouco me
importaria você estar de short e camiseta, é
minha namorada, se quiser ir até meu
escritório de pijama tem permissão. Agora
seja rápida, porque você embaixo de mim
está me deixando cada vez mais duro. — Ele
se levanta e se senta no sofá. O volume em
sua calça jeans é visível e isso me faz sorrir.

Foi rápido o percurso até o escritório, o


trânsito ajudou muito.
Saímos do elevador e está bem calmo,
Débora não está, o que é estranho.
— Às vezes, eu me pergunto porque ainda

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pago uma fortuna a Débora, pois secretária é


para estar no trabalho, porque o chefe
precisa dela — ele diz e sorrio.
— Deve estar no banheiro.
— Ou fofocando pelos outros andares, ou
comendo em algum lugar.
— Que horror, caluniando ela sem saber
— brinco.
— Trabalha há anos para mim, sei sim.
Ele caminha até a sala dele e o sigo.
Entramos e ele vai direto para a sua
mesa, onde tem alguns papéis, e uma caneta
em cima.
— Ela esteve por aqui, pois é ela quem
deixa os papéis que eu tenho que assinar
desta forma e com uma caneta em cima.
— Isso é bom, não terá desconto no
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salário.
Sorrimos.
— Ai, meu Deus! — Escutamos alguém
gritar.
Marcos se levanta correndo e saímos da
sala rapidamente. Deparamo-nos com a
Débora olhando assustada e com batatas
fritas caídas no chão.
— O que foi?! — Marcos pergunta
preocupado.
— Nunca mais faça isso! Achei que tinham
invadido. Não tem nem cinco minutos que saí
para roubar as batatinhas da Daisy do
primeiro andar, e quando volto vejo sua sala
aberta. Isso não se faz! Nem vi vocês
entrando.
Rio.

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— Você é louca! E precisa gritar assim? —


Marcos diz.
— Claro! Só acontece loucuras nessa sua
família, que quando cai um copo no chão eu
já acho que alguém invisível derrubou da
minha mão.
Não me aguento e gargalho.
— Não dê atenção a isso, ou ela não vai
parar! — ele diz e tento me controlar.
— Droga, vou ter que limpar isso agora.
— Ela se agacha e começa a recolher as
batatas e colocar no pote pequeno em que
estavam. — Hoje tem o evento, não esqueça,
você precisa ir, todos os Escobar têm que ir.
Antes que eu me esqueça, Daiane veio aqui
para falar com você.
— Segunda vez que ela me procura e
desiste, algo ela está aprontando. Tinha me
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esquecido do evento, estarei lá. Vou assinar


os papéis, e depois irei embora.
— Certo. Beatriz, poderia me fazer
companhia enquanto ele faz o serviço?
Queria falar com você rapidinho. — Marcos
olha para ela desconfiado e depois para mim.
— Claro! — digo e ele se retira entrando
em sua sala e fechando a porta.
Débora termina o que estava fazendo e
coloca em sua mesa, onde se senta em
seguida.
— Eu quero te agradecer! Muito obrigada
mesmo — ela diz.
— Pelo quê?
— Por fazer esse homem voltar a
acreditar no amor. Ele é meu melhor amigo, e
me doía vê-lo se entregando a várias

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mulheres, mas nenhuma sendo a certa, e a


mídia o detonando. Obrigada por não
desistir dele, e dar uma chance — ela
responde e sorri.
— Não tem o que agradecer. Nos
encontramos no meio das nossas bagunças.
Não é fácil, mas estamos trabalhando para
aprender a lidar com tudo.
— Isso me deixa muito feliz. Você não
imagina o quanto eu esperava por esse dia,
ver esse homem feliz. Conheço ele há muito
tempo, e sei que não vai ser fácil, vai ter dias
que vai querer matá-lo, mas é o jeito dele,
assim como de todos os Escobar, são ossos
duros de roer e ciumentos de uma forma
absurda. Então, se em algum momento
pensar em desistir, pensa em mim que terei
que aguentar a fúria dele aqui no trabalho —

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brinca e sorrimos.
— Pode deixar! — Sorrio. — Preciso te
pedir desculpa. — Ela me olha sem entender.
— Não gostava muito de você, ainda mais
quando soube de você e do Marcos, mas fui
tola. Entre vocês dois, apenas existe uma
grande e linda amizade, é como eu e a
Liziara, só que sem a parte do sexo no
passado... — Rimos.
— Normal, muitos condenam sem saber, e
fico grata por você ter visto que somos
apenas grandes amigos. Eu amo meu marido,
e não o trocaria nunca, mesmo quando ele
me proíbe de sair com o carro porque
sempre dou prejuízo, ou quando ele me
proíbe de comer besteiras o dia todo. E vou
te confessar algo: o ciúme que o Cleber sente
do Marcos não é pelo nosso passado junto, é

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porque o Marcos passa mais tempo comigo


do que ele, pois vejo pouco meu marido, só
nas folgas, do contrário ele chega e eu estou
dormindo, eu saio para trabalhar e ele está
dormindo, ainda mais agora que ele é
investigador. — Ela sorri.
— Amigas? — pergunto sorrindo.
— Paga comida para mim, e será minha
melhor amiga.
Rio, e ela vem até a mim e me dá um
abraço.
— Achei alguém pior que a Liziara. —
Rimos.
Marcos sai da sala e nos observa.
— Tudo em paz? — ele pergunta.
— Não. A próxima vez que essa idiota vir
aqui, eu me demito! — Débora responde e sei

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que está brincando. Marcos olha para ela e ri.


— O que foi?
— Não tente me enganar.
— No que eu falhei? — ela pergunta
rindo.
— Você jamais chamaria alguém que está
com raiva de idiota. Você tem mais boca suja
que eu.
— Bem lembrado! Vou pegar os papéis. —
Ela entra na sala dele rindo.
— Vamos? — ele me pergunta.
— Sim.

Estamos em seu carro. Está calor, e o sol


forte. A visão dele de óculos escuros e
dirigindo é de foder o juízo, e no bom
sentido.

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— Tem roupa formal? — ele pergunta.


— Sim. Por quê?
— Evento hoje.
— Do que seria o evento?
— Resumidamente, é um monte de
advogados, juízes, policiais, delegados,
promotores, um querendo ser melhor que o
outro, mas a causa do evento é beneficente,
cada um que confirma a presença tem que
doar um valor, para uma das instituições da
lista que eles têm.
— Entendi.
— Pode levar sua tia também.
— Pera aí... Se cada um que confirma a
presença tem que doar, quer dizer que eu
indo terei que doar também?
— Exato.
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— E ainda quer levar minha tia?


— Sim. Qual o problema?
— Qual o valor da doação?
— Bia...
— Qual?
— Acima de vinte e cinco mil.
Arregalo os olhos e ele me olha
rapidamente e sorri.
— Eu não vou e minha tia não vai. Porra,
adoro ajudar a caridade, mas isso aí é
demais!
— Por isso só vai quem tem condições
para isso.
— Marcos, não vou. É dinheiro demais.
— Você não tem noção do tanto que os
Escobar são ricos, não é? — pergunta rindo.

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— Estou começando a ter, afinal, acima de


vinte e cinco mil não é pouco.
— Para de ser boba. Você e sua tia vão e
ponto final.
— Vou procurar um mercado negro por
aí, e vender um rim... Merda, falei isso perto
de um juiz de quinta, me ferrei!
Ele ri.
— Gastaria milhões por você, sem
problema algum. Você vai e sua tia também,
assunto encerrado.
— Depois não diga por aí que dou
prejuízo, que eu te faço engolir moeda por
moeda, assim que eu roubar um banco e
poder pagar.
— Falou mais uma merda perto do juiz de
quinta — provoca.

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— É juiz de quinta mesmo. — Rio.


— Adora provocar, vamos ver se vai
gostar quando eu começar. — Ele estaciona o
carro.
Assim que descemos do veículo, Simon
estaciona atrás.
— Sério, de onde esse homem surge que
nunca vejo? Só vejo quando ele estaciona.
— Às vezes, me pergunto isso também.
Alex, o segurança da Liziara, está na
porta.
— Liziara o expulsou?
— David está de folga.
— Está explicado. Quando liberam os
seguranças, você rapta?
— Não. É que o Simon coordena eles com
o Luciano. Então é o Simon que ordena onde
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eles vão ficar, quando não estiverem


trabalhando com algum de nós. — Ele abre a
porta e me dá passagem. — Entra.
Entro e espero ele fazer o mesmo, mas ele
retira os óculos e fica olhando seriamente
para o Alex.
— Olha a bunda dela novamente, e você
não vai ver mais nada!
— Marcos?!
— Senhor, eu não...
— Não sou cego, Alex. Sua tentativa de
disfarçar não funcionou. Faça isso e não vai
ver mais nada, isso se eu te deixar vivo. — Ele
entra e fecha a porta.
— Que vergonha! — digo a ele e me sento
no sofá.
— Vergonha? O idiota olhou para a sua

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bunda. Teve sorte de eu não esmurrar o olho


dele. A próxima vez, ele não vê mais porra
nenhuma!
— Você é estressado demais. Já tentou
praticar pescaria?
— Odeio. Prefiro futebol.
— Você joga? — pergunto animada.
— Jogo. — Ele joga os óculos com a
carteira e as chaves no sofá e retira a
camiseta em seguida.
— Isso é novidade.
— Às vezes, jogo com alguns conhecidos.
Mas, ultimamente, ando na correria, então
prefiro ficar o tempo livre com você.
— Que honra...
— Sua ironia me deixa puto.
— Não fui irônica.
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Ele fica me olhando.


— Fui sim. — Sorrio.
Ele me puxa do sofá e vamos até seu
quarto.
Deito na cama.
— Preciso pedir para a Débora confirmar
a presença da sua tia também no evento. —
Ele pega o telefone na lateral da cama.
Conversa com a Débora e desliga
rapidamente, deitando-se ao meu lado.
— Vamos comemorar seu aniversário
hoje.
— Dizem que dá azar comemorar antes
do dia.
— Só para quem acredita nessas
bobagens. Vamos aproveitar que sua tia vai
estar aqui. Depois do evento vamos para a
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Paula, ou aqui mesmo, e pedimos algumas


besteiras, e se quiser faço uma dança
sensual, para animar. — Dou um tapa em seu
braço.
— Faça e te mato! — Ele ri e me dá um
beijo.
— Está combinado então.
— Eu não disse que aceitava.
— E eu não perguntei.
— Isso não é novidade. Você nunca
pergunta.
— Sou Marcos Escobar.
— Meu juiz de quinta.
— Só seu. — Ele me beija e me puxa para
cima de si.

Estão todos os Escobar juntos, em uma

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mesa. O local está repleto de representantes


da lei famosos, e que com certeza juntos
construiriam um novo país, de tantas
fortunas. Estou começando a me sentir a
Cinderela do lugar.
— Esse ano está mais lotado! — Paula
comenta.
— Lotado de deuses gregos. Senhor,
alguém me segura! — minha tia diz, fazendo
todos rirem.
— Eu disse para não trazer ela —
comento.
— A cada ano, esse evento se torna
ridículo, tirando a parte das doações. É um
querendo ser melhor que o outro. Olha só
isso... — Daiane diz olhando ao redor.
— Alguns até que se salvam, outros é
foda! — Henrique fala.
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— Precisamos de baldes — Marcos diz e


todos olhamos para ele. — O veneno de vocês
está escorrendo. — Rimos.
— Eu estou quieta — Ana se defende.
— Duas! — digo.
— Três! — Liziara completa, rindo.
— Saímos como as mulheres ruins,
Daiane — Paula diz sorrindo.
— Eu saí como a tarada... Meu Deus, olha
aquele gostoso vindo até aqui! — minha tia
diz, fazendo todos olharem. — Pena que tem
mulher junto.
Travo meu olhar apenas na mulher.
Liziara fica vermelha, e não é de vergonha.
— Só pode ser brincadeira! — David diz e
pelo seu tom está com raiva.
— Não gostam dele? A cara de vocês está
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me dando medo — minha tia comenta.


— Não gostamos dela! — Daiane exala
raiva.
Eles se aproximam. O homem, que é
muito bonito, sorri, enquanto ela nos olha
com desdém.
— É uma honra conhecê-los
pessoalmente. Sou um grande admirador.
Meu Deus, estou tão feliz em ver vocês, talvez
até mais do que no dia que conquistei a OAB
— ele diz e sorrio. — Não pensem que sou um
louco. Sou Jacob Casagrande, promotor, vim
recentemente de Minas Gerais para cá — ele
cumprimenta a todos.
— Novo por aqui. Realmente não o
conhecia.
— Sou novo na profissão também. Porra,
Marcos Escobar falou comigo! Caramba! —
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ele diz animado, e Henrique gargalha.


— Você é doidinho, cara! — Henrique diz,
e Ana dá um tapa em seu braço.
— Nem apresentei a vocês, minha noiva,
Poliana Xavier.
— Já os conheço, meu amor — a vaca diz.
Odeio essa mulher, desde que quase
destruiu a vida da Liziara, e por falar na
minha amiga, ela está olhando fixamente
para a taça a sua frente e isso está me
preocupando.
— Como não me disse isso?! Sabe o
quanto sou fã deles. Na verdade, quem eu
mais admiro é o Marcos. Me lembro como se
fosse ontem, quando foi até a universidade
que eu estudava e fez uma palestra. Você é
foda, com todo respeito do mundo dos fodas,
porque estou me credenciando a esse
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mundo, um dia chego lá, igual a sua família e


você — ele diz animado ao Marcos, fazendo
todos sorrirem.
— Ele é fã de carteirinha do seu tesudo —
minha tia cochicha no meu ouvido.
— Obrigado! — Marcos diz, com seu jeito
sério.
— Vamos, amor, nossos amigos nos
esperam — Poliana diz a ele.
— Vamos. Foi uma honra conhecer vocês!
Honra das grandes, tipo do tamanho do
Everest. Espero nos encontrarmos
novamente. Com licença. — Eles se retiram.
— Agora eu posso falar. O que aquela
rainha das vadias está fazendo aqui? E como
assim está noiva? Com certeza aplicando
golpe no cara! — Daiane diz. — E que
homem! Jaqueline, tenho que concordar, é
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gostoso e mais, muito bonito.


— Fale isso novamente, e vai para um
convento! — David diz.
— Amanhã mesmo! — Marcos fala.
— Façam isso e começo a contar os
podres de cada um. As mulheres de vocês
iriam amar saber!
— Se quiser, tiramos Poliana do caminho
dele! — Henrique comenta e rio.
— Vocês têm medo, mas não têm
vergonha! — Daiane provoca.
— David, você sabia?! — Liziara pergunta
séria, fazendo todos se calarem.
— Não. Eu te juro que não sabia.
— Para mim esse evento acabou. Essa
mulher me dá nojo. Não consigo ficar no
mesmo lugar que ela! — Liziara fala com
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raiva. — Vamos embora, porque se eu


escutar a voz dela novamente, dessa vez
serei capaz de matá-la.
— Segura a leoa aí! — Marcos provoca.
— Marcos! — repreendo ele.
— Vamos, amor! — David se levanta e ela
faz o mesmo.
— Desculpa, pessoal, mas conheço meu
limite, e com ela aqui, não tenho controle.
— Não se preocupe, Lizi — digo a ela.
— Se quiser dar na cara dela, só dizer,
tranco ela no banheiro, e você quebra ela lá
mesmo — minha tia diz.
— Eu ajudo! — Daiane e Ana dizem
juntas.
— Vigio a porta — Henrique se anima.
— Até você, Henrique? Adora uma
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encrenca, porra! — Marcos brinca e


Henrique sorri.
— Não irei descer ao nível dela mais uma
vez. Nos vemos na casa da Paula — Lizi diz e
se retira com o David.
— O que essa mulher veio fazer aqui?!
Coitado desse cara — Henrique fala
inconformado.
— Ou é um idiota que acredita que essa
cobra é uma boa pessoa, ou é igual a ela, e
quem sabe pior — Daiane diz e bebe sua
bebida.
— Pelo visto, esta mulher é muito amada
por vocês — minha tia ironiza.
— A Poliana é uma puta, para ser direta
— falo a ela.
— Nunca gostei dela — Marcos diz. — Só a

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Paula gostava.
— Epa! Pode parar. Eu era educada, o que
é diferente. Ninguém é bocudo e cara de pau
como você e Henrique! — Paula se defende e
eu rio.
— Chega, vamos mudar de assunto.
Afinal, ninguém merece ficar falando dessa
cobra — Ana se manifesta.
— Eu apoio! Vamos falar de quando
Beatriz e Marcos vão casar, ter filhos... —
Paula diz, e eu começo a me engasgar. Minha
tia ri e Marcos dá leves tapas nas minhas
costas.
— Nossa, Bia, está bem? — Daiane
pergunta preocupada.
— Isso aí é apenas susto, porque sabe que
vai acontecer, só não tinha ouvido em voz
alta — Henrique diz.
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— Henrique Escobar! — Ana o repreende.


— Porra, não posso falar nada mesmo! —
ele diz.
— Não! — Ana e Paula dizem juntas.
— Estou bem — respondo à pergunta
feita por Daiane.
— Sua mãe era assim, querida. E veja só,
você aqui. E logo, logo, pode ser que venha
um bebezinho, afinal, vocês dois são fogo
puro... — Todos riem.
— Tia, por favor! — Sinto minhas
bochechas esquentarem.
— Coitada, foi escolher entrar para a
família Escobar e é um poço de timidez —
Henrique diz, rindo.
— Agora chega. Vamos dar umas voltas,
Henrique! — Ana se levanta. — Vai logo!

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— Cuidado, amor, nem sempre o volume


em minhas calças é uma ereção — ele diz e se
levanta.
— Voltamos depois. — Ana diz e eles
saem.
— Vamos bater papo com o pessoal, e
dançar. — Daiane se levanta e Paula faz o
mesmo.
— Me convidando para ir com vocês! —
Minha tia se levanta.
— Vocês não vêm? — Daiane indaga.
— Não estou a fim de distribuir murros
gratuitos — Marcos diz e sabemos ao que ele
se refere.
Elas saem e ficamos apenas nós dois na
mesa. Bebo um gole da minha bebida.
— Vou até o banheiro, já venho — Marcos

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diz e se levanta. Antes de sair, me dá um


beijo nos lábios.
Fico observando o lugar. As pessoas são
todas muito elegantes, porém sérias, um ou
outro grupo conversam animadamente.
Prefiro os eventos de pessoas mais simples
como eu, pois tem de tudo, e depois rende
muitos assuntos.
Aproveito que Marcos foi ao banheiro, e
faço o mesmo.
Caminho entre as pessoas. Vejo Henrique
e Ana conversando com um casal, e pela cara
do Henrique o assunto está bem entediante.
Entro no banheiro, e vou até o espelho,
ver se estou bem ou já está tudo borrado e eu
parecendo um palhaço. Retoco o batom que
está fraco. Dou uma ajeitada no cabelo que
está solto, e meu cabelo é um perigo, ele tem
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vida própria, todo cuidado é pouco. Saio do


banheiro e, para meu azar, dou de cara com a
Poliana. Ela me olha e sorri.
— Não perdeu tempo. Depois eu era
interesseira, porque sei que era isso que
rodava na boca dos Escobar. Mas vejam só, o
jogo virou.
— Poliana, não estou com o Marcos pelo
dinheiro, estou com ele por amor, mas não te
culpo se não souber o que é isso. E fica um
conselho para você: Esse Jacob parece ser um
cara legal, vi nos olhos dele admiração pelos
Escobar e não de inveja como os seus
mostraram. Então, não o use como tentou
usar o David, porque seu fim foi voltar para
onde tinha vindo, mas agora, você voltaria
para onde? Já sei... O galinheiro de onde
nunca deveria ter saído! Com licença. —

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Passo por ela, que fica me olhando com raiva.


Essa mulher não aprende. Surge do
inferno para atazanar a vida do próximo!
Faço o caminho de volta para a mesa que
estávamos, mas sou surpreendida por duas
mulheres falando com Marcos. Quando me
vê, ele me olha um pouco assustado e isso
não me traz conforto algum.
Aproximo-me da mesa, e as mulheres me
olham, mas voltam a olhar o Marcos.
— Então, nem nos ligou... Ficamos
esperando — uma delas diz e Marcos toma
um bom gole da bebida. Está nervoso.
Sento-me e fico apenas observando para
ver até onde vai isso.
— Marcos, eu queria tanto que tivesse
ligado. Odeio ter que ir atrás. Me sinto uma

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intrometida — a outra diz, e ele permanece


calado.
Minha presença não diz nada para elas.
— Foi tão bom aquela noite. Podíamos
repetir a dose.
Cruzo os braços e inclino um pouco a
cabeça para o lado e avalio o Marcos, que me
olha de rabo de olho.
— Pois é... Eu não liguei. Porém, já passou.
Isso é passado. Não teve importância.
— Claro que teve! Ligamos para seu
escritório, já que não nos deu seu telefone.
Sua secretária foi bem grossa e não nos quis
informar seu paradeiro.
Débora, como eu te amo, mulher!
— Minha secretária faz o que é pedido a
ela.

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Dou um chute em sua perna por baixo da


mesa e ele me olha feio.
— Esqueçam o que aconteceu. Não vai
acontecer nunca mais!
— Por que não, juizinho? — uma delas diz
toda manhosa.
— Porque o juizinho teve o pau dele
cortado! — respondo e elas me olham
assustadas.
— Sério?! Que horror! — exclamam
juntas.
— Sim. Horror mesmo. Porém, foi o que
aconteceu. Uma mulher cortou o pau dele,
por ele ser um filho da puta e dar trela para
outras. — Elas ficam boquiabertas e se
afastam rapidamente.
Levanto-me da mesa.

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— Amor! — Marcos diz.


— Não me chame de amor. Até quando
pretendia ficar nesse papo, Marcos?
— Porra, eu fiquei sem reação. Eu nunca
fiquei em um momento... assim.
— Você sem reação? Conta outra, Marcos!
— Minha última namorada foi anos atrás,
e você sabe como terminou. Me desculpa.
Senta aqui novamente.
— Não. Vamos embora, porque ainda
tenho que trocar de roupa, por algo mais
confortável, para ir a Paula.
Nos afastamos dali. As duas mulheres que
estavam com ele estão perto da saída, e ficam
nos olhando.
Marcos me puxa pela mão e se aproxima
delas.

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— Não estou com o pau cortado. Ele


apenas tem dona. Minha futura esposa e mãe
dos meus filhos. Eu nunca ligo de volta ou
vou atrás, mas escolhi ela para fazer isso.
Porque a amo. — Ele me dá um beijo na
frente delas e elas xingam ele. Quando nos
afastamos, já não estão mais ali.
— Foi lindo, mas não está desculpado.
— Posso resolver isso em breve. Vamos.
— Ele sorri maliciosamente para mim.
Ele vai pensando que terá algo!

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Capítulo 11

Meses depois...

Acordo com o despertador, e Beatriz não


está na cama. Levanto e vou até o banheiro.
Escovo os dentes, faço minha necessidade e
entro no chuveiro. Odeio quando acordo com
dor de cabeça, porque fico o resto do dia em
um completo mau humor.
Saio do banho, enrolo a toalha na cintura
e vou para o quarto. Beatriz está nele agora,
e encolhida na cama.
— Aconteceu algo? — pergunto
preocupado.

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— Cólica. Estou naqueles malditos dias.


Que ódio!
— Começou hoje? — pergunto entrando
no closet.
— Sim — ela diz alto para que eu ouça. —
Por quê?
Pego a roupa que vou usar, e retorno ao
quarto.
— Curiosidade, apenas.
— Sei... Pior que hoje tenho entrevista de
emprego. Que raiva que estou. Tenho que
passar na minha casa, para me arrumar e
tomar remédio para ver se essa cólica passa
logo.
— Está tomando o anticoncepcional
ainda? — pergunto enquanto visto a cueca.
— Óbvio. Por que tantas perguntas?

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Algum tipo de julgamento aqui? — pergunta


sorrindo.
— Não — respondo, e sei que fui seco.
— Marcos, o que foi? Quem está na TPM
sou eu.
— Dor de cabeça. Só isso. Vai querer
carona para sua casa?
— Não. Vou com meu carro, vou precisar
dele hoje, então não dá para deixar ele aqui
de novo.
— Vou pedir ao Simon que deixe algum
segurança com você.
— Como eu sei que mesmo dizendo que
não quero, você vai fazer, então nem irei
discutir.
— Ótimo. — Visto a calça jeans preta.
— Marcos, olha para mim. — Faço o que
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pede — O que foi? Ficou assim por que estou


menstruada e vai ficar sem sexo por dias? Se
bem que deve estar acostumado, porque
ficou três semanas, depois do evento que
encontrou suas “putianes”.
— Já disse que é apenas dor de cabeça. —
Visto a camisa branca que peguei.
— Não vai de terno hoje?
— Não. Ficarei apenas no escritório.
Ela se levanta e caminha até a mim,
parando na minha frente. Coloca os braços ao
redor do meu pescoço.
— Me fala logo o porquê do mau humor?
— Dor de cabeça. — Dou um beijo nela e
me afasto para terminar de me arrumar.
— Vou fingir que acredito. Deixa eu me
arrumar, porque ainda vou passar em casa.

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— Ela entra no banheiro.


Saio do quarto e vou para a cozinha. A
raiva está me deixando com mais dor de
cabeça. Vejo que ela preparou café. Pego uma
caneca e encho com ele.
Caminho até a porta de vidro que dá
acesso ao jardim nos fundos e me encosto
com a caneca em mãos.
O tempo está passando. Cada dia é um dia
a menos de aproveitar. Parece que a cada dia
que se passa as chances de me tornar o que
sempre quis ficam longe. Estou começando a
ficar cansado de persistir. Faz meses que
estou insistindo para ela vir morar comigo,
fazendo de tudo para ela desistir do maldito
anticoncepcional. Porra, quando ela vai
entender que eu não sou mais jovem, e que
vai chegar um dia que não terei mais

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capacidade de atuar na minha área, de ter


energia para fazer as coisas, e desta forma
não ter mais tanto tempo ou disposição para
ter um filho? Ela sabe que não quero mais
enrolações, que eu quero algo sério, porque
meu tempo logo se esgota, ainda mais com a
carreira que tenho.
Ela me abraça por trás.
— Café gelado é horrível. — Olho a caneca
ainda cheia.
— Estava perdido em pensamentos.
— Posso saber quais?
— Nada que importe. Preciso terminar de
me arrumar — respondo e forço um sorriso.
— Tudo bem. Vou indo. Quando eu sair da
entrevista te ligo. Me deseje boa sorte.
— Não precisa de sorte. Vai se sair muito

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bem. Confio em você. — Ela sorri. Beijo-a e


cuido para não derrubar o café da caneca.
— Já falou com o Simon?
— Não. Me distraí. Pode sair e avisar que
quer segurança com você.
— Ele vai querer que você diga.
— Na verdade, ele vai amar você pedindo,
já que sempre expulsa ele.
— Ok. — Ela sai e fico olhando a porta se
fechar.
Deixo a caneca dentro da pia. Vou para o
quarto e termino de me arrumar. Logo
depois, vou para o escritório.

Chego ao escritório e Débora já está


trabalhando.
— Bom dia! — diz animada como sempre.

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— Bom dia. — Passo por ela e entro em


minha sala.
Tiro as coisas do bolso e jogo em cima da
mesa. Sento na minha cadeira e ligo meu
computador.
Débora entra na sala e me olha
desconfiada.
— Seu dia hoje será tranquilo. Tem que
rever um caso. Daiane ligou dizendo que vai
passar aqui para conversar com você. Chegou
um processo também. E precisa assinar
alguns documentos importantes. Acredito
que até antes do almoço fique livre.
— Está certo. Organize tudo e me envie.
— Se quiser pode ir para casa e trabalhar
de lá. Aviso a Daiane para ir para sua casa.
— Não. Passarei o dia aqui. Apenas faça o

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que mandei, Débora!


— Está bem. — Ela se retira.
Pego meu celular e tem uma mensagem
da Daiane, dizendo que vai vir antes do
almoço.
Vejo meus e-mails, e respondo apenas os
mais importantes, deixarei os outros para
depois.
Débora retorna com as coisas que pedi,
porém entra calada e sai da mesma forma.
Sabe quando não estou de bom humor.
Começo revendo um caso, que está mais
enrolado que nó. Logo depois, vejo do que se
trata o processo, porém perto de tantas
coisas graves, isso é nada, deixo de lado por
hoje. Assino os documentos para finalizar.
Olho no relógio e já são onze horas. Nem

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percebi, porque para mim foi tudo no


automático. Quando vou chamar a Débora,
ela entra sorridente.
— Edson foi condenado. Sete anos de
prisão. Não é muito, mas já é algo!
— Só? Por mim ficaria 20 anos e ainda
seria pouco — respondo irritado.
— Poxa, homem, fique animado, já é algo,
nesse país que tem dificuldade para tudo.
— Pegue essas coisas. Já terminei.
— Aconteceu alguma coisa? Está
estranho. — Ela pega as coisas.
— Débora, faça o que mandei. Cuide das
suas coisas, e deixe que eu cuido dos meus
problemas. Saia e me deixe sozinho.
— Vou me arrepender de insistir, mas
vamos lá. Problemas com a Beatriz?

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— Não, Débora! Some.


— Mas envolve ela, só assim para estar
distribuindo coices gratuitos!
— Saia, quero ficar um pouco sozinho!
— Não vai ficar não. Cheguei! — Daiane
aparece na porta. — Oi, Déb — ela
cumprimenta a Débora. — Está de péssimo
humor, não é?
Débora concorda e sai rindo da sala.
Daiane fecha a porta. Coloca a bolsa na
minha mesa e se senta na cadeira da frente.
— Consegui encontrar você aqui! — Sorri.
— O que tanto quer comigo?
— Vim em péssimo dia, pelo visto. Seu
humor não está bom.
— Pode dizer, sempre terei tempo e
disposição para você.
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— David e Henrique têm que saber disso.


Os dois patetas ficariam putos de ciúme. —
Ela ri.
— Daiane, foca no assunto.
— Sorry. — Ela se ajeita na cadeira, se
aproximando ainda mais da mesa, onde
apoia os braços. — Como é se apaixonar? —
Olho para ela, sem entender. — Tio, eu não
sei o que é isso! Minha dúvida é esta.
— Não estou entendendo onde quer
chegar.
— Henrique se apaixonou à primeira
vista, e foi lindo, porque muitos duvidam
desse amor e ele está aí para provar que
existe. David, um babaca, que encontrou o
amor em uma amizade colorida. Você que eu
jurava que morreria solteiro depois de ter
namorado a Renata, e ela ter sumido, só Deus
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sabe o que aconteceu entre vocês dois, mas,


enfim, está aí namorando, e feliz. Droga, eu
sou a única que não sei falar de amor entre
um homem e uma mulher! Saio com caras,
apenas rola sexo e nada mais.
Nunca vou me acostumar com a Daiane
ser tão direta.
— Primeiro, não quero saber sobre o sexo
que faz! Porra, me deu até enjoo! Segundo,
não tem como explicar o amor, Daiane.
— Tio, eu estou com medo. As pessoas
estão dizendo por aí que eu sou os Escobar
masculino de vestido. Estou com medo de
acabar sozinha!
— Eu, particularmente, iria amar.
— Tio, por favor! Eu não tenho coragem
de perguntar isso a minha mãe, porque sei
que ela vai lembrar do papai, e eu irei me
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sentir mal. Se eu perguntar ao Henrique, ele


vai levar tudo na brincadeira. E ao David
impossível, porque nas horas livres, o idiota
só sabe ficar enfiado na Liziara, aquelas
meninas vão crescer traumatizadas!
— Daiane!
— Sorry, mas é a realidade.
— Eu sou o menos indicado a te falar
sobre se apaixonar.
— Me fala como foi com a Beatriz, mas
pula a parte do sexo. — Ela sorri, e não tenho
como não sorrir junto, ainda mais vendo que
seu sorriso é idêntico ao do meu irmão.
— Foi estranho. Assustador. Mas ela já
tinha me conquistado desde a primeira vez
que a vi. O jeito tímido dela, e a forma dela
sempre me desafiar, me deixava louco. Estar
perto dela sem poder tocar era torturador.
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Mas quando a vi na festa, e ela me provocou,


a raiva se misturou com o desejo, e eu já
sabia que estava apaixonado, porque meu
coração batia em ritmo diferente, e a
sensação que eu sentia era louca. Quando a
beijei foi o ponto que restava, e então eu
soube que precisava dela na minha vida.
— Que lindo! — ela diz emocionada. —
Então é assim que o tal do se apaixonar
acontece? Droga, nunca irei sentir isso! Não
consigo me apegar, gosto de ser liberal. Vou
morrer sozinha e com 82 gatos.
— Gostei disso! — Ela me olha feio. —
Uma hora, infelizmente, mas, infelizmente
mesmo, isso vai acontecer, e o cara estará
fodido comigo, mas vai acontecer.
— Quando? Estou ficando velhinha já.
— Quem me dera eu estivesse ficando
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velhinho como você. Você vai encontrar,


confie em mim. Só deixa acontecer
naturalmente.
— Quero encontrar um homem como era
o papai, ou como é o Henrique, romântico, e
que não ligue por eu não ser!
— David e eu não somos?
— São, mas é de um jeito mais... Vocês
demonstram com sexo, tenho dó da Liziara e
da Beatriz, devem estar assadas. Não dá para
eu encontrar um cara que seja como eu.
Porque eu tenho que ser realista, sou como
você e o David, preciso de um homem que
seja a mistura da Liziara, com a Ana e a Bia,
ou não vai dar certo. Veja por vocês que
encontraram mulheres, completamente o
oposto.
— Não sabe ser menos direta?
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— Não! — responde como se fosse óbvio.


— Um dia, essa minha vida de apenas sexo
por uma noite vai acabar, e estou com medo,
mas louca para viver essa aventura do tal do
amor.
— Que assunto mais desconfortável para
mim!
— Por quê? Não pedi para me ensinar
sobre sexo. Minha mãe fez isso, sem meu pai
saber na época, ele ficaria louco.
— Que ótimo, então foi a Paula? Pensei
que tinha sido na internet. Tenho que
conversar seriamente com ela.
— Tio, sou experiente nisso há muito
tempo.
— Há quanto tempo?!
— Desde os 18.

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— Quê?! Porra! Quem foi o filho da puta?


— Um carinha da faculdade. Foi um lixo!
Mas depois encontrei outros caras e foram
fodas! Nossa, o último que tive foi uma
loucura...
— Quando foi esse último, Daiane
Gabrielle Escobar?
— Pelo amor de Deus, esquece meu
segundo nome, tenho pavor, dessa falta de
criatividade que minha mãe teve ao escolher
meu nome! E foi ontem.
— Porra! Isso é demais para mim. Meu
dia só piora. Puta que pariu!
— Relaxa, homem. Eu, hein!
— Relaxar? Impossível, pirralha!
— Tio, mesmo sendo insuportável, você
me ajudou muito hoje e sempre me ajuda

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muito. Obrigada por levar a sério o que eu


perguntei. Às vezes, tem coisas que não
consigo desabafar com ninguém, além de
você.
— Estarei aqui, sempre que precisar...
A porta se abre com força, olhamos
assustados. Henrique entra e está pálido.
— O que foi?! — Daiane pergunta
preocupada.
Ele se senta na cadeira ao lado dela, e
solta a gravata do pescoço.
— Henrique, o que aconteceu, porra? —
pergunto sem paciência alguma.
— A Ana Louise...
— O que aconteceu com ela?! — Daiane e
eu perguntamos juntos.
— Ela está...
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— Não... ela não está... — Daiane diz


desesperada.
— Não está morta!
— Porra, diga logo! Está nos apavorando
— digo a ele.
— Ela está grávida novamente. Caralho,
eu vou ser pai de novo! — ele diz e o sorriso
cresce em seu rosto.
— AI, MEU DEUS! — Daiane o abraça e ele
chora emocionado. — Vou ser titia
novamente, que coisa maravilhosa!
Parabéns, pateta número um.
— Obrigado, moreninha. — Eles se
afastam.
Levanto-me e vou até ele, que faz o
mesmo. O abraço.
— Parabéns. Vocês merecem toda

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felicidade do mundo. E a família está


crescendo! — Sorrio.
— Obrigado, tio.
Retorno ao meu lugar.
Porra, justo uma notícia dessas hoje!
— O que foi, tio? Não está realmente feliz
por mim? — Henrique pergunta.
— Não é isso!
— Então, o que é? Está bravo desde a hora
que cheguei — Daiane fala.
— Problemas pessoais, não tem nada a
ver com vocês, não se preocupem.
— Tem a ver com a Bia, não é? —
Henrique pergunta.
— É foda. Nada de mais. Preciso
trabalhar.

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— Se está dizendo... Vamos, Henrique!


— Vamos!
— Então vamos, que quero curtir minha
folga — Daiane fala animada.
— Eu me dei folga — Henrique diz rindo.
— Normal isso! Agora vão, tenho trabalho
a ser feito.
Eles se despedem e saem.
Débora entra na sala e balança a cabeça
negativamente.
— Você pode enganar a eles, mas não a
mim. Está fugindo de todo mundo hoje. Você
não tem mais nada para fazer aqui. Não vou
perguntar o que é, porém saiba, que se não
se abrir, ninguém vai poder te ajudar. — Ela
sai da sala e fecha a porta.
Vou até o sofá que tem no canto da sala, e
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me deito nele, cobrindo os olhos com o


braço. O dia está foda demais hoje!

Estou em êxtase. Irei trabalhar no setor


administrativo, em um dos maiores bancos
do país. Não acredito ainda, parece um
sonho.
Foi demorada a entrevista, mas deram a
resposta na hora! Estou chocada. Um dos
meus maiores sonhos acaba de se realizar.
Paro na escadaria de entrada do banco.
Roberto, o segurança que me acompanhou
hoje, fica me observando.
Ligo para minha tia, que atende
rapidamente.
— Meu amor?

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— Tia, liguei apenas para te dar uma


notícia.
— Vai casar? Está grávida? Ai, meu Deus, que
alegria!
— Não, tia. Nenhum dos dois! Eu consegui
um emprego no setor administrativo em um
dos maiores bancos do país!
— Ai, que alegria! Você merecia, meu amor.
Estou tão feliz por ti.
— Muito obrigada, tia. Estou que não me
aguento de alegria. Vou desligar, preciso dar
a notícia ao Marcos.
— Que esse seja o caminho de uma nova vida!
Te amo, minha linda!
— Também te amo, tia! — desligo.
Ligo para o Marcos, porém só chama.
Deve estar ocupado.

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Entro no meu carro, e vejo o segurança


entrar no dele e esperar eu sair.

Vou para a minha casa. Troco a roupa por


uma mais confortável. E tento ligar
novamente para o Marcos, porém só chama.
Merda, odeio segurar as novidades! Nada hoje
pode sair fora dos planos! Tem que ser tudo
uma grande surpresa. Preciso me controlar,
para não deixar escapar.
Ligo para o escritório dele e a Débora
atende.
— Bia...
— Eu mesma! Marcos está ocupado?
Estou ligando, porém só cai na caixa postal.
— Ele... é... Está em reunião por
videoconferência.
— Ah, sim. Quando ele tiver um
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tempinho, pede para me ligar, por favor?


— Peço sim. Mas, Bia, vocês estão bem?
— Estamos sim... Por quê?
— Ele está meio estressado hoje. Fiquei
preocupada.
— Ele está estranho comigo também.
Deve ser algo do trabalho.
— Por falar em trabalho. Edson foi
condenado a sete anos de prisão, não só pelo que
fez com você, mas por todas as merdas!
— Que bom! Merecia mais, porém a
melhor justiça será a Divina.
— Com certeza! Assim que Marcos estiver
livre, peço para te ligar.
— Obrigada! Beijos!
— Beijos! — Ela desliga.

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Vou para o banheiro, e faço minha


necessidade. Depois me deito toda animada.
A campainha toca, e tenho vontade de
xingar, porque acabo de me deitar. Vou
atender, mas desconfio ser a Liziara.
Abro a porta e é ela mesma.
— Esqueci a chave em casa! — diz
sorrindo.
— Não é novidade. Vamos para o quarto.
Ela concorda e entra.
Entramos no quarto e me deito, enquanto
ela deita de bruços nos pés da cama.
— Conta tudo!
— Passei!
— Ai, que tudo, Bia! Estou tão feliz.
Realizou seu sonho! Que bom!

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— Sim, estou tão feliz.


— Você merecia esse emprego. Minha
amiga trabalha em um banco agora. Que
chique. Inimigas vão chorar no recalque. —
Rimos.
— E as meninas?
— Estão com a Paula, ela está de folga e
quis ficar com as meninas.
— E você, como adivinhou que eu já tinha
chegado?
— Torci. Porque, quando estava aqui
perto, lembrei-me da chave.
Rio.
— Você não muda! Desastre completo.
— Sempre, querida! Antes que eu me
esqueça. Soube da novidade?
— Não. Sou a pessoa mais desatualizada
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do mundo.
— Ana está grávida novamente.
— Mentira?! Henrique deve estar todo
bobo! — Filho da mãe não me falou nada hoje
quando falei no caminho para entrevista,
para ver se ele e David já tinham feito o que
pedi.
— Está sim. Estava na Paula quando eu
soube da notícia. Paula pirou, aquela ali ama
crianças.
— Imagino! Ser avó é tudo para ela!
— Sim. Fiquei boba sabendo da novidade.
Eles dois são tão fofos, e agora pais
novamente, vai ser incrível.
— Com certeza! Tomara que seja um
menininho, assim faz casal!
— Sim! Essa família precisa de menino.

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Eu tive duas meninas, Ana uma menina, não


dá para vir mais meninas, os homens
Escobar vão ficar loucos. — Rimos.
— Vamos ver se vem um menino agora, aí
sim Henrique vai ficar mais bobo.
— Nem me fale. David vai pirar dizendo
que jogaram praga nele, para ter três
mulheres na vida dele.
Gargalho.
— Bem a cara dele fazer isso!
— E você... Como anda o relacionamento
com o senhor juiz gostosão? — pergunta
sorrindo maliciosamente.
— Estamos bem, tonta.
— Ele ainda continua com o papo de
morarem juntos e terem filhos?
— Continua, mas no momento não dá.
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Quero fazer as coisas com calma, uma de


cada vez. Não quero correr e acabar
tropeçando. Acho que as coisas têm que
acontecer em seu devido tempo — respondo
meio desconfortável.
— Vai deixar o homem doido! Ele é louco
por você. Dá logo um time de futebol para ele
e se casa, antes que ele enlouqueça. — Ela ri.
— O problema é que ele quer morar junto
e ter filhos, nenhum momento ele se referiu
a casarmos e termos filhos. Quero as coisas
corretas — tento soar firme em minhas falas.
— Amiga, ele querer morar com você é
sinal de que quer se casar. Marcos Escobar
não faz nada pela metade.
— Eu sei, mas... Ai, sei lá.
— Ele ainda não fez o pedido como deve
ser feito. Já entendi. Você sonha com cada
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detalhe, tudo em ordem. Te entendo e não te


condeno.
Sorrio.
— Exatamente.
— Se ele fizesse, você aceitaria?
— Quem sabe... — Rimos.
— Tenho que passar na casa dos meus
pais e tenho faculdade depois. Depois a gente
se fala. Está meio corrido hoje. Tenho que ir.
Passei apenas para te dar um “oi”. — Sorrio.
— Vai lá! A gente se vê.
Ela me dá um beijo no rosto.
— Depois eu vou lá e fecho a porta, só
bate ela.
— Ok.
Ela se retira, e corro ligar novamente

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para a Débora.
— Oi, Bia.
— Chegou algo?
— Algo tipo o quê?
— David ou Henrique estiveram por aí?
— Henrique sim.
— Então não chegou nada?
— Não. O que aconteceu?
— Nada. E, por favor, não diga ao Marcos
que liguei desta vez.
— Ok. — Desligo.
Estou muito ansiosa. Planejei tudo com o
Henrique e David há semanas, só que não
contava com a entrevista hoje, para sair dos
horários programados.
Ligo para o David, que atende no

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primeiro toque.
— Calma. Tive que despistar a Liziara o dia
todo, e só agora o Henrique conseguiu um tempo.
Estamos bolando aqui. Vai rolar hoje, se acalma!
— Estou agoniada. Ele não me atende.
Quero dar logo as novidades a ele. Tive que
fazer quase que um teatro hoje mais cedo.
— Henrique pensou em você aparecer lá.
Assim que chegar lá, nos avisa e enviaremos para
o e-mail da Débora. Ela também não pode saber
de nada. Se quer que dê certo essa surpresa, por
enquanto apenas, eu você e o Henrique podemos
ficar sabendo.
— Pode deixar. Vou me arrumar e vou
para lá. Hoje, já despistei ele e a Liziara.
— Ok. Henrique o viu hoje, e disse que ele está
estranho.

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— Ele ficou depois que eu disse que


estava naqueles dias e com cólica. — Rimos.
— Lembrando que isso tudo foi ideia sua, não
queremos morrer junto.
— Seus medrosos. Ok. Estou indo. Assim
que chegar lá aviso.
— Seja o que Deus quiser! — ele diz e sorrio.

Acabei pegando no sono. Acordo com a


Débora me cutucando desesperadamente.
— Marcos, você precisa ver isso! — Ela
me entrega alguns papéis. Sento-me no sofá,
ainda meio sonolento.
— O que é isso?
— Leia! Acabei de receber e imprimi para
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você. Estou no chão de tão em choque! — Ela


se senta na cadeira e me olha boquiaberta.
Começo a ler, e vejo que se trata de uma
denúncia feita contra mim. Porra, que merda
é essa?
— Que cacete é isso?
— Leia tudo, homem. Estou em
desespero!
Foi feita uma denúncia contra mim na
delegacia do David, e foi assinada por ele.
Henrique está como o advogado da vítima.
— Quem é a vítima e que caralho de
denúncia é esta?!
— Vire a página... — ela diz preocupada.
Faço o que ela pede e vejo do que se trata.
Diz que Beatriz Ferreira de Oliveira me
denunciou. Henrique está como advogado

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dela e a denúncia foi feita hoje.


— QUE PORRA É ESSA?!
O telefone da minha sala toca e levanto
para atender.
— Fala!
— Tio, já recebeu?! — Henrique pergunta.
— Já! E que caralho é isso? Puta que
pariu! Que merda é essa, Henrique?!
— Eu que pergunto. Beatriz veio desesperada
na delegacia e pediu minha ajuda e do David. Que
merda você fez! Estou envergonhado.
— Que brincadeira idiota é essa? Como
assim? Cadê o motivo da denúncia? Isso é
ridículo. Que merda é isso aqui todo mal
feito? O que estão aprontando, seus putos?!
— grito com ele.
— Vamos enviar tudo corretamente depois.
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Apenas foi feito às pressas, para você ser


informado antes de qualquer outra autoridade.
Saiba que estou com nojo de tudo que ouvi! — ele
termina de dizer e desliga.
— Débora, que porra é essa? Isso só pode
ser brincadeira. Está todo estranho esse
caralho!
— Eu não sei. Estou tão perdida quanto
você. Beatriz me ligou perguntando se tinha
chegado algo. Estava estranha. Eu disse que
não. Porém, depois recebi isso. Marcos, o que
aconteceu? Você estava nervoso hoje. Você
fez alguma merda?
— Claro que não! Quem pensa que sou?!
— Beatriz?! — Débora diz e me viro para
olhar a porta.
— Por favor, se retire Débora, quero falar
com ele a sós. — Ela está séria.
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Débora sai da sala e fecha a porta.


— O que é isso, Beatriz?! — Entrego os
papéis a ela. — Que porra de brincadeira é
essa?
Ela abre a bolsa, e retira alguns papéis e
me entrega.
— Não é brincadeira. Te denunciei
mesmo. Leia!
Começo a ler e me sento na cadeira. Estou
sem ação. Minhas mãos tremem. Não sei o
que fazer, como agir. Só pode ser piada. Isso
não pode ser real...
— Te denunciei por ter me engravidado,
ter ficado de péssimo humor quando
inventei que estava naqueles dias, por ter me
feito ter que esconder os enjoos e por ter me
feito esconder isso há semanas de você.
Porque você, Marcos Escobar, me fez fazer
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amor com você loucamente, e assim nem a


pílula aguentou ou eu acabei esquecendo de
tomar... Já nem sei.
— Eu vou matar você, o David e o
Henrique! — exclamo sorrindo e chorando
emocionado.
— Eles sabiam há semanas, mas eu queria
te torturar um pouco, e dar a notícia de um
jeito dramático, igual é a vida de vocês
Escobar!
Levanto e largo os papéis. Abraço ela e a
beijo com amor.
— Isso é real, ou estou velho demais e
pirei?
— É real. Você vai ser papai, Marcos.
Obrigada por ter me feito sair dos meus
planos novamente. Isso também fez parte da
denúncia.
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— Não estou acreditando. Não estou!


Porra, você me torturou a porra do dia
inteiro. O filho da puta do Henrique sabia e
ainda veio me falar que ia ser pai novamente.
David, o imbecil, contribuiu com essa
loucura! Sabe que isso não vai ficar assim,
não é?
— Sei. E não acabou a novidade.
— Se for gêmeos, infarto.
— Eu também! — Ela ri. — Passei na
entrevista!
— Parabéns, amor! Já sabia que
conseguiria. — Beijo-a rapidamente. — Mas,
me desculpa, a única coisa que está me
importando no momento é que eu serei pai!
Porra! — Pego-a no colo e rodopio, ela solta
uns gritinhos.
— Você merecia ser torturado!
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— Dei coices na Débora, e basicamente


expulsei Daiane e Henrique daqui. Você me
paga! Meu dia foi uma merda. E ainda quase
me infarta com essa porra desses papéis.
— Eu queria algo diferente. E sabia que
David e Henrique não fugiriam de aprontar
com você.
— Estão fodidos comigo!
Coloco-a sentada em cima da mesa, e
começo a beijá-la. Subo seu vestido e acaricio
suas coxas.
— Vai ser preso... por essa denúncia... —
ela diz quase que em um sussurro, enquanto
beijo seu pescoço.
— Fui condenado por esse crime. Você é a
juíza, o que decide? — Desço até suas coxas, e
distribuo beijos lentos.

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— Te... condeno a... ser um bom pai... bom


namorado... e fazer amor comigo aqui!
— Serei um bom pai... — Aperto seus
seios, e ela geme. — Bom namorado... Porém,
farei amor se a minha juíza disser
exatamente o que quer...
— Marcos...
Puxo sua calcinha para o lado e
massageio seu clitóris. Ela segura na beirada
da mesa, e joga a cabeça para trás, enquanto
geme.
— Por favor... Faz amor comigo!
— Fala o que quer dentro de você, e farei.
Abro minha calça e desço junto a cueca.
Pego sua mão e levo até meu pau,
esfregando, para que sinta a rigidez e meu
desejo.

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— Merda... — ela diz e me olha com


desejo.
— Diga. Você é a juíza agora. É sua função
dizer.
— Quero seu pau dentro de mim! — ela
implora.
— Com muito prazer!
Retiro sua calcinha e jogo no chão.
Encaixo-me entre suas pernas, e
segurando sua cintura, penetro-a. Suas mãos
agarram meus ombros. Começo a fazer
movimentos. Ela enrola as pernas na minha
cintura, me permitindo ir mais fundo ainda.
Sua boca vem até a minha e ela me beija com
voracidade. Nosso beijo é envolvido pelo som
de nossos corpos se chocando um contra o
outro, e as coisas da mesa balançando.

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Estamos em um ritmo intenso. Não


consigo ser calmo. Ela me deixa louco, e sem
controle.
Beijo seu pescoço, e não me importo com
o gosto do perfume. Ela joga a cabeça para
trás e geme alto. Deito seu corpo sobre a
mesa, sem deixar de me movimentar.
— Marcos...
Ela chama por meu nome fechando os
olhos e fazendo um O com a boca. Aperta meu
pau, deixando-me mais louco ainda. Suas
mãos travam na mesa com força, sinto a
tensão em suas pernas.
Curvo-me sobre seu corpo e sussurro em
seu ouvido:
— Goza, meu amor. Goza no meu pau!
Suas mãos vão para meu cabelo, onde

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puxa com força. Seus gemidos se


intensificam. Seu corpo treme, enquanto
goza chamando por mim. Não demoro a
acompanhá-la.
Aproximo-me de sua barriga, onde planto
um beijo demorado.
— Amo vocês. — Olho para ela, que sorri.
— Meu juiz de quinta.
— Sempre seu!

Estamos em seu apartamento. São quase


dez da noite, e estou na cozinha comendo um
bolo de chocolate que nem louca. Marcos está
no escritório trabalhando, mas não imagina
que estou aqui. Estava dormindo e perdi o
sono.

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Estou agitada. Desesperada. Agora estou


caindo na realidade que estou grávida. Antes
de eu dizer ao Marcos, parecia que era tudo
um sonho, mas quando falei para ele, depois
da brincadeira que planejei durante
semanas, a realidade bate na porta da minha
consciência! O que eu vou fazer?!
— Bia?! — Viro-me assustada com a voz
do Marcos. Ele me olha preocupado, e olha
para o balcão, onde metade do bolo já foi
comido por mim. — Está tudo bem?
— Sim! — Enfio o pedaço pequeno de
bolo em minhas mãos, na boca.
— Você comeu quase o bolo inteiro. Tem
certeza de que está bem?
— Não! — Limpo as mãos e a boca e saio
da cozinha com ele me seguindo.
Sento-me no sofá e ele encosta na parede
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de frente para mim, cruzando os braços,


sobre o peito nu.
— O que houve? — pergunta com uma
calma que eu nunca vi.
— Estou grávida!
— Sim. Eu sei... — ele diz tão calmo, que
parece ter medo das palavras que usa. Eu
devo estar parecendo louca mesmo, para ele
agir assim.
— Eu sei que sabe. Mas antes de eu abrir
a boca para você, não tinha caído na
realidade. Quando fiz o exame, porque estava
atrasada a menstruação, e o médico
confirmou a gravidez, e eu contei ao David e
Henrique, ainda não tinha caído a ficha, mas
agora caiu. Marcos, eu vou ser mãe. Isso não
estava nos meus planos no momento. Droga,
eu saí novamente dos planos. Eu não sei o
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que fazer. Nunca cuidei de uma criança.


— Ajuda a Liziara.
— Sim, mas eram filhas dela, depois
retornavam a ela e eu não tinha que me
preocupar.
— E não precisa se preocupar agora.
— Claro que preciso. Um filho não é
brinquedo e não é fácil. Eu vejo a Liziara e o
David o esforço que têm, os gastos, assim
como a Ana e o Henrique. Marcos, criança
não é só amor, tem uma tremenda
responsabilidade.
— Você não está bem... Volte para a cama,
amor, está assustada só isso.
— Não estou bem mesmo. Tem noção de
que um ser humano cresce dentro de mim?
— Ele sorri. — Já viu o valor das fraldas? A

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última vez que fui comprar com a Liziara


quase chamei a polícia, porque aquilo era um
roubo! Olha o mundo como está uma loucura,
eu não vou ter paz de deixar essa criança na
escola, ou levar para sair. E a faculdade? Eu
lutei demais para pagar a minha, como
pagarei a dele ou dela?... Já sei, posso vender
meu carro e meu apartamento, com o
dinheiro coloco em uma poupança... isso! —
Ele se aproxima e se abaixa na minha frente,
apoiando os braços na minha perna. — Mas
se for menina vai ser pior. Tudo para menina
parece ser mais caro e eu tenho que dar tudo
do bom e do melhor para ela, afinal, filha de
um juiz não pode andar que nem doida. Mas
menino tem gostos caros... Droga! Marcos
será que meu carro e o apartamento dão
dinheiro suficiente? Preciso fazer as contas.
Porque tenho que comprar as coisas para o
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bebê, e já me preparar para o futuro e claro


dar muito amor que isso vai ser o principal
plano para mim.
— Respira fundo... — ele diz e faço isso,
porque começo a sentir falta de ar. — Não vai
vender nada. Não se preocupe com essas
coisas, amor...
— Claro que me preocupo. Não vou
depender de você para tudo. E quero poder
dar ao meu filho o que não pude ter, claro
que não irei mimar, para não estragar, mas
se eu tenho a chance de fazer isso, quero
fazer, porque eu sei o que é passar
dificuldades... Tenho que ver um lugar maior,
criança precisa de espaço, não é?
— Olha para mim! — diz sério agora. —
Não vai vender nada. Se o problema é
dinheiro, não se preocupe. Fraldas? Compro

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a porra da fábrica e contrato funcionários


para ela se quiser. Faculdade? Se quiser
mandar nosso filho para Harvard ou qualquer
outra, eu pago sem olhar o valor, porque
para estudos eu jamais negarei qualquer
coisa. Se o problema for espaço, eu compro
um prédio inteiro ou onde quiser. As coisas
para agora, te dou meu cartão e você compra
tudo que quiser, onde quiser, e com o valor
que quiser. Mas não se preocupe com nada
mais, até porque estava pálida e sem ar. Eu
darei o mundo a vocês dois e não me
importarei com isso. Eu sou o pai e sou seu
namorado, tenho condições suficiente para
cuidar dos dois. Pare de se torturar com o
futuro, antes que tenha uma crise de
ansiedade. Nós três estaremos juntos
sempre!

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— E se a gente não der certo? Sabemos


que nem todo namoro dura! Não irei ser a ex,
que é mãe do seu filho e que vai atrapalhar
seu futuro relacionamento. — A falta de ar
começa a retornar e respiro fundo.
— Porra, você vai realmente me obrigar a
fazer isso agora? — Ele se levanta e sai da
sala.
O que ele foi fazer?
Droga, acho que estou em pânico com
tudo! Não sei o que fazer. Mãe de primeira
viagem, não tenho culpa de surtar assim. Só é
tudo muito novo.
Ele retorna e volta a se abaixar na minha
frente. Ele coloca uma caixinha preta no meu
colo e na caixinha vem escrito Vivara. E então
a abre. Meus lábios se abrem levemente. Fico
sem fala e sem ar.
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— Eu ia fazer em um momento mais


romântico, mas talvez esse seja o momento
certo. Comprei depois que você veio do
escritório, e eu fiquei porque tinha chegado
uma visita importante. Não pense que é
apenas porque está grávida. Eu havia bolado
diversas formas de fazer o pedido, nos
últimos dias, só não sabia como. Mas saiba,
que quero que se case comigo, não porque
teremos um filho, que fique claro isso. Quero
você casada comigo, para ter você sempre ao
meu lado, em qualquer momento. Acordar
sempre com você em meus braços, e dormir
da mesma forma. Poder mudar o status de
solteiro para muito bem casado. Quero ficar
te esperando em um terno caro, bem
nervoso, porque você atrasou em nosso
casamento, e meus sobrinhos infernizando
dizendo que você desistiu. Quero te levar
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para a lua de mel em qualquer lugar que


deseje, mas confesso que pensei na Itália. Eu
quero você casada comigo, para te amar dia e
noite de todas as formas. Ter você como
minha esposa vai ser como poder tocar o céu,
e pegar um pedaço dele com a mão. Ter você
como esposa vai ser a melhor sentença da
minha vida. Tudo isso, porque eu te amo
demais!
As lágrimas não param de escorrer por
meu rosto. Olho o anel com uma pedrinha
brilhante no centro. Meu coração está
disparado.
— Isso é... — não consigo dizer.
— Ouro branco, com 50 pontos de
diamante, e ainda não vale o que você vale
para mim.
— Não o anel! Isso... isso tudo que disse é
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de verdade?
— Totalmente!
— Marcos, eu...
— Não gosto de perguntar e você sabe.
Mas por você eu faço tudo! Beatriz Ferreira
de Oliveira, diga sim para mim? — Ele me
olha com amor.
— Sim. Merda, estou mais uma vez saindo
dos meus planos, mas por você vale a pena.
Sim, eu digo mil vezes sim para você, Marcos
Escobar!
Ele coloca o anel na minha mão trêmula.
Em seguida coloca a caixinha de lado e
segura meu rosto com ambas as mãos.
— Você é meu ponto fraco, meu sonho,
minha raiva, meu controle, meu amor. Você é
minha! — Ele me beija emocionado.

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Nosso beijo é apaixonante. O gosto


salgado das lágrimas invade ele. Estou sem
chão. Não acredito nisso!
— Eu te amo, e me perdoa pelo surto.
— Tudo bem... É normal, Ana teve um pior
quando engravidou da Yasmim.
Rio.
— Que bom que não fui uma louca
solitária.
— Temos que comemorar esse momento.
— E como sugere?
— Estou pensando em vinho e morangos
— diz com malícia.
— Não posso mais beber.
— E nem permitiria. Mas eu posso beber,
e quero na minha melhor taça... — Fico
ruborizada, pois lembro da nossa primeira
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vez.
— Qual seria sua melhor taça? —
provoco.
— Você. — Ele me pega no colo e rio.

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Capítulo 12

Marcos está mais cuidadoso e protetor do


que nunca nos últimos dias, e confesso que
estou ficando louca com isso, pois esse
homem está me deixando sem paciência com
tanta proteção. Já não basta ser fofoqueiro.
Pedi que esperássemos, pelo menos, eu
completar três meses e contaríamos a todos,
pois ontem teve um jantar no Henrique e,
quando me ofereceram champanhe e eu
recusei, Marcos abriu a boca do motivo, mas
nem consegui brigar com ele, entendo sua
alegria, e sua ansiedade, é como uma criança
que acaba de ganhar um brinquedo que tanto
queria. Todos enlouqueceram,

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principalmente Ana e Liziara, que ficaram


bravas por eu ter dito ao Henrique e David
antes delas, mas compreenderam que não
iria conseguir segurar essa novidade mesmo
e acabariam com minha surpresa — o que
meu noivo já fez!
Hoje recebi uma ligação do banco em que
vou trabalhar, para avisarem que começarei
no início do próximo mês, para começar com
a nova turma que vai entrar e começar de
uma forma correta para o calendário de
trabalho deles.
Minha tia está indo à loucura por eu estar
grávida, e noiva! Disse que foi só ela ir
embora, e eu tratei de me amarrar, que está
bem orgulhosa e feliz por mim. Henrique
disse que se não for padrinho do casamento,
nunca mais olha na minha cara, e David disse

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a mesma coisa, porém não aceita que


Henrique seja, porque ele tem que ser o
padrinho que vai roubar a cena, já meu noivo
muito paciente, disse que se os dois
continuarem com a putaria — palavras dele
— nem um e nem o outro será e ele
contratará padrinhos.
Daiane está organizando o casamento,
que nem sequer escolhemos o dia, hora,
lugar... mas ela ama organizar festas, e isso
me preocupa bastante, porque ela adora
extravagância quando se trata de festas; e,
para piorar, Paula disse que vai indicar as
melhores empresas de organizações de
festas para a Daiane ir atrás pesquisar; e,
como o Marcos ficou preocupado, acredito
que eu tenha que ficar também, porque essa
mulher sabe ser louca quando quer.

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Estou ficando na casa do Marcos, não por


escolha própria, ele basicamente me obrigou,
a maior parte das minhas roupas já estão
aqui, Simon trouxe, e esse homem só acata
ordens do Marcos, então não adiantou eu
dizer para ele não trazer tudo, somente o
básico.
Neste momento estou na sala, escutando
Daiane falar sobre o que imaginou para o
casamento, e Ana e Liziara concordarem.
Laura e Helena estão no sofá junto a mim, e
Yasmim brincando no tapete no chão.
— Pensei em ser na fazenda. Afinal, é do
seu futuro marido mesmo — Dai diz, e olho
surpresa.
— Quis dizer que é dos Escobar, não é?
— Não! A fazenda é no nome do meu tio, é
dele, mas, como quase não vai, nos
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apossamos, e mamãe é quem cuida para ter


pessoas cuidando da parte das plantações, e
manter aquele lugar inteiro.
— Isso é novidade. — Ela sorri.
— Amiga, todo dia descubro coisas novas
dessa família, e preciso de plásticas em
breve, de tantas caras e bocas que faço a cada
novidade — Liziara brinca e rimos.
Laura está fechando os olhinhos de sono,
e Helena come a mãozinha. Sorrio vendo a
cena.
— Daiane, você sabe que nem data
marcamos, não é?
— Não, mas vão! Nada de enrolar para
esse casamento acontecer, meu tio já enrolou
demais para casar, comigo é tudo para
ontem!

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— Ela organizou o meu! — Ana diz. —


Ficou lindo, pode confiar.
— Ana, não está ajudando — brinco.
— Aprendi com o melhor, meu marido.
Ele mais atrapalha que ajuda. — Rimos.
— Yasmim entra com plaquinha, e
escolhemos alguém para ajudar ela. Helena e
Laura vão carregar as alianças, e Simon leva
elas, como se estivesse protegendo as
alianças. Madrinhas, cada uma de uma cor.
— Você tem que ser madrinha também —
Liziara diz. — Não é, Bia?
— É sim! — Aprendi que concordar é o
melhor nesses momentos.
— Não tenho par.
— Já sei! Cleber entra com você, Dai, e
Débora entra ajudando a Yasmim! — Ana diz.

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— Isso! Adorei. Débora vai amar, aquela


ali adora fazer algazarra, e entrar com a
Yasmim vai ser uma oportunidade para ela
fazer isso.
— E por que Cleber aceitaria? Ele não é
bem meu amigo. Tenho mais amizade com a
mulher dele.
— Bia, Cleber é amigo da família, e jamais
recusaria um pedido do David! — Daiane
fala.
— David não vai querer pedir, conheço
meu marido. São melhores amigos, mas ele
não vai pedir.
— Eu peço. Falo com a Débora e ele! —
digo.
— Até que enfim está colaborando! —
Ana brinca. — Gente, esse casamento
realmente tem que ser para ontem. Pensem
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que logo mais estarei redonda e vai ser um


inferno conseguir um vestido bacana, assim
será o mesmo para a Bia.
— Boa, Ana. Eu como que nem louca
quando estou ansiosa, então bora colaborar
comigo! — Dai diz e anota algo na agenda em
suas mãos.
— Quero algo mais familiar! — digo
enquanto coloco a chupeta na boca da
Helena, que começa a querer chorar.
— Pode deixar! Tem a despedida de
solteira. Como sei que eles vão falar até pelos
cotovelos sobre isso, então para evitar
estresse, pensei em irmos nós todos juntos
para curtir em algum lugar...
— Dai, boa ideia, e podíamos ir para a
fazenda, se vai ser lá, já íamos para lá na
semana do casamento, igual aqueles
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casamentos de filmes, que as madrinhas e


alguns convidados já vão para o lugar uma
semana antes, acho bem legal e divertido! —
Liziara comenta.
— Tem um detalhe. Paula não vai a
fazenda, desde o ocorrido com seu pai, Dai —
comento.
— Relaxa. Darei um jeito, está em tempo
disso mudar!
— Lua de mel? Onde vão? — Ana
pergunta animada.
— Não sei, mas provavelmente devido ao
trabalho e a gravidez, nenhum lugar muito
longe.
— A casa na praia! Faz tanto tempo que
meu tio não vai para lá. E tenho certeza de
que vai adorar, Bia, é bem diferente de tudo
que já viu dos Escobar, é tão acolhedor lá —
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Dai diz e sorri.


— Boa ideia. Pensarei nisso, pois fiquei
curiosa agora.
Yasmim tomba e bate a cabeça
levemente, levando-a a chorar. Ana corre
pegar ela e começa a acalmá-la.
— Ela está bem? — pergunto preocupada.
— Está sim. Yasmim é mimada, qualquer
coisa chora — responde enquanto acaricia a
cabeça dela.
— Bom, tenho aula, e ainda preciso
deixar as meninas em casa com o David.
A porta da sala se abre e viramos todas
para olhar.
Sinto um friozinho na barriga. Sempre
que vejo ele chegando em algum lugar é essa
sensação.

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— Ok. Devo correr? Porra, quatro


mulheres juntas é perigoso. — Ele solta a
pasta em cima da Daiane.
— Oh, homem folgado! — ela diz e ele
finge nem ouvir.
Caminha até a mim e me dá um beijo
rápido, e faz o mesmo com Laura e Helena.
— Não esquece de depositar o dinheiro.
Falou palavrão perto das minhas meninas —
Liziara diz e começamos a rir.
— Só me fod... deixa pra lá! — ele
cumprimenta elas com um beijo no rosto, e
dá um beijo na Yasmim.
Retira o paletó, e a gravata e coloca no
braço do sofá, se aproxima do sofá que estou
e pega a Helena no colo. Se senta com ela no
colo.

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— Essas meninas vão enriquecer à custa


do padrinho! — brinca.
— Quem manda ser boca suja? — Ana
brinca.
— Ruiva, fica quieta aí — diz rindo.
— Tio, estamos organizando as coisas do
casamento. Quando vai ser?
— Olha, fui bom de mira e ela engravidou.
— Sinto meu rosto arder. — Comprei o anel,
pedi-a em casamento e fiz um bom discurso.
Além de amar ela demais, querer que eu
saiba a data é foda pra caralho! Calcula o que
tenho que depositar — ele diz e aponta para
Liziara.
— Pode deixar! As meninas no futuro vão
amar.
— Ela que tem que decidir. O que ela

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escolher, por mim tudo bem. — Olha para


mim e dá uma piscadela.
— Bia? — Dai me olha.
— Não tenho ideia — confesso. — Marcos,
ajuda! — Jogo a bomba para ele.
— Se eu der o dia, você não vai querer.
Melhor eu ficar quieto.
— Parem de jogar um para o outro! Qual
a porra da data?! — Daiane fala.
— Se você cobra o Marcos por falar
palavrão na frente das suas meninas, irei
cobrar a Daiane por falar na frente da
Yasmim.
— Faça, Ana, dá supercerto. Faculdade
garantida! — Liziara brinca e elas riem.
— Eu quero que os dois me falem logo,
tenho compromisso!

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— Já disse que não tenho ideia! — Dai


revira os olhos.
— Viu como é difícil? — Marcos brinca.
— Marcos escolhe você — peço.
— Ok. Mas você não vai poder negar.
Promete?
— Prometo.
— Semana que vem! — ele diz e arregalo
os olhos.
— Não! Muito rápido! — digo.
— Você prometeu diante de todos que
não iria negar — ele fala e ergue a
sobrancelha.
— Que ódio! Isso não vale. Você fez de
propósito! — exclamo irritada.
— Exato! — ele fala e brinca com a
Helena, que ri.
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— Fechado! Semana que vem. Tenho que


correr com tudo. Vamos, meninas! — Daiane
diz animada e se levanta. — Amo festas.
Não acredito. Eu devia ter escolhido
qualquer mês, menos ter deixado Marcos
fazer isso. Eu deveria ter imaginado que ele
aprontaria.

Na semana seguinte...

Vestido escolhido, casamento na fazenda,


convites distribuídos. Minha tia conseguiu
vir para essa semana, mesmo tendo pegado
férias. Mas Débora não porque é a última
semana da faculdade, porém vem na sexta-
feira à noite. Paula disse que vai vir, para não
nos preocuparmos, só precisa de um tempo.
Estamos todos na fazenda. O casamento será

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no sábado. Já foi contratado buffet e


confirmado a presença do juiz de paz. Ainda
não estou acreditando.
Marcos disse que amanhã iremos sair
cedo, apenas nós dois, porque ele tem uma
coisa para me mostrar. Essas pessoas
resolveram fazer dessa semana lotada de
ansiedade.
É de noite, e estamos todos na sala,
conversando, comendo e rindo. As crianças
dormem, está bem frio hoje, então para
evitar delas ficarem na friagem, foram
colocadas cedo na cama.
Estamos sentados nos colchões que
espalhamos pelo chão da sala, e debaixo das
cobertas. Estou entre as pernas do Marcos,
que está abraçado a mim. Minha tia está
agarrada a uma almofada. David com a

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cabeça no colo da Liziara e Henrique


esparramado, enquanto Ana está com a
cabeça apoiada na minha tia. Daiane está no
sofá debaixo das cobertas, e com a famosa
agenda dos preparativos nas mãos, está bem
concentrada.
— Porra, Marcos Escobar vai ser
acorrentado no sábado! Quem diria? Eu não!
— Henrique brinca.
— Casamento significa estar acorrentado
para você, Henrique Escobar? — Ana
pergunta.
— Se fodeu! — David provoca e ri.
— Claro que não! — ele responde e
sorrio.
— Como aguenta ele? — Marcos pergunta.
— Me faço essa pergunta todos os dias —

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ela diz sorrindo do jeito meigo dela.


— Estou aqui, porra! Cuidado, nem
sempre o volume em minhas calças é uma
ereção.
— Que ótimo, porque significa que esse
volume aí é uma arma e não outra coisa,
estava ficando desconfortável já! — David
provoca.
— Vai se foder, idiota! — Rimos.
— Está quieta, Jaque... — Lizi diz
sorrindo.
— Vou me arrepender em dizer, mas está
mesmo, tia.
— Estava pensando aqui. Fiquei pra titia
real! Preciso arrumar um homem pra mim.
Olha minha situação, agarrada a uma
almofada! — Rimos.

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— Bem-vinda ao clube! — Dai diz.


— E que este clube seja longo — David se
pronuncia.
— Se você soubesse sobre esse clube da sua
irmã, ficaria traumatizado, como eu fiquei —
Marcos comenta.
— Como assim? — Henrique questiona. —
Ela é virgem! Não é, Daiane?!
— Só de um lugar, e pretendo continuar
— responde séria enquanto anota algo em
sua agenda.
Rio.
— Beatriz, é para colaborar! — Henrique
fala e bem sério.
— Foi mal.
— Estou ficando enjoado. Vamos mudar
de assunto — David diz rindo.
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— Henrique, já imaginou se for outra


menina? — Lizi pergunta.
— Nem fodendo. Já sofro com duas
mulheres em casa. Mas se for, amarei da
mesma forma.
— E você, tio? O que desejaria que fosse?
Menino ou menina?
— Menino... — comento baixinho.
— Está enganada, amor. Na verdade,
gostaria muito se fosse menina.
— Você é corajoso — David diz.
— Mulheres são obras-primas. Reclamam
demais — minha tia comenta. — Mas não
vivem sem.
— Exato! — Ana concorda.
— Porra, está frio demais! Desisto, vou
para o quarto. Meu pau deve estar do
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tamanho do meu dedo mindinho. —


Henrique e suas pérolas.
— Desnecessário eu saber disso! —
Marcos fala.
— Henrique, relaxa, sempre foi assim —
Daiane provoca.
— Cale a boca, pirralha! — Ele se levanta
e Ana faz o mesmo.
— Também vou. Aproveitar para ver
como Yasmim está.
Eles saem da sala, com Henrique
agarrando Ana e ela brigando com ele.
— Podíamos sair para beber. Se
esquentar, essa casa é mais fria, que lá fora
— minha tia comenta.
— Tem lareira. — Marcos aponta para a
lareira.

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— Essa bosta está fazendo sujeira demais


e está estranha, mamãe ficou de mandar
alguém vir ver, mas... — Daiane diz.
— Pois eu vou beber. Vamos, Daiane? —
minha tia pergunta.
— Claro! Vamos pôr uma roupa mais
quente — ela diz animada, enquanto desce
do sofá quase caindo na Liziara.
— Corajosas, porque, nesse frio, é sair e
morrer congelada — falo.
— Amor, por bebida e ver rostos
solteiros, se é que me entende, eu saio até na
neve. Fui! — Minha tia levanta e passa por
nós.
Daiane a segue e elas se retiram da sala.
— Como tenho duas meninas que
precisam de mim, eu ficarei por aqui, então

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vou preparar algo para comer, que estou com


fome. — Lizi diz e se levanta. David está de
olhos fechados. — David, vai deitar na cama,
homem. — Ela chacoalha ele com o pé.
— Porra, delicadeza, mandou
lembranças. — Ele se levanta emburrado.
— Quem mandou se casar com uma
porra-louca! — Marcos provoca.
— Quanta calúnia — Liziara diz saindo da
sala e David vai atrás.
— LIZIARA, VAI SE ARREBENTAR, OLHA
POR ONDE ANDA! — Escutamos David dizer a
ela, e rio.
— Como ela chegou até a idade adulta? —
Marcos pergunta e rio.
— Faço a mesma pergunta... Mas vai me
dizer o que tem amanhã?

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— Não. A única coisa que vou te dizer é


que vendi a casa...
Viro-me para ele surpresa.
— Estou feliz por você. Sabendo que está
conseguindo superar. Você merecia depois
de tudo.
— Desde que te encontrei superei. — Ele
me dá um beijo casto.
— Vai me deixar ansiosa mesmo?
— Sim. Logo, vai saber o que é — ele
responde e sorrio.
— Vai ficar sem saber o sexo do bebê até
eu achar conveniente, só de pirraça.
— Não seria capaz!
— Já fui capaz. Não vai saber. Ninguém vai
até eu achar que é o momento certo. Já abriu
a boca sobre a gravidez antes do tempo,
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melhor eu não arriscar, já que eu quero


surpresa com isso.
Ele sorri.
— Está aprendendo a ser bem maldosa.
— Aprendendo com o mestre.
Ele me deita no colchão e fica entre
minhas pernas.
— Está preparada para ser a mais nova
Escobar?
— Nem um pouco. — Sorrio. — Por falar
nisso, tem mais coisa que preciso saber
sobre você, além do seu problema com a sua
ex e que você é o dono oficial da fazenda?
— Como soube da fazenda?
— Daiane falou.
— É mais deles do que minha. Comprei há
muito tempo, mas nunca usufruí de verdade.
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— Como poderia? Você vive pelo


trabalho.
— Por falar nisso, estou de férias. Fazia
dois anos que não tirava, resolvi tirar este
ano, começando por hoje.
— Olha só, Marcos Escobar, juiz de quinta,
de férias. Os criminosos agradecem e os
juízes também, pois vão poder mostrar que
são bons também.
— Sabe que sou o único bom — diz com
malícia.
— Como homem? Com certeza. Mas como
juiz? Duvido — provoco.
— Você não deveria ter dito isso...
— Olha lá o que vai fazer. Estamos na
sala, Daiane e minha tia daqui a pouco vão
passar por aqui para sair, e Liziara está na

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cozinha.
— O perigo torna tudo mais excitante.
— Marcos, aqui não!
— Tudo bem! — Ele se levanta e me ajuda
a levantar. — Vamos subir.
— Você não vale nada.
Ele ri.
— Nem um centavo. Vamos logo, mulher!

Entro no quarto, rindo, ele me olha bem


sério. Fecha a porta e tranca com a chave.
— Isso é algum tipo de cárcere privado?
— brinco.
— Quase.
Ele me puxa para si, e me vira. Minhas
costas encostam em seu peito. Sinto sua
ereção.
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— Vamos ver o quanto o juiz aqui é de


quinta...
— Você sabe que eu disse em outro
sentido!
— Calada agora.
Ele retira minha blusa, e faz o mesmo com
o sutiã. Suas mãos agarram meus seios e
apertam. Inclino a cabeça, e seus lábios
passam por meu pescoço.
— Isso é golpe baixo...
— Eu disse para ficar calada — ordena
com sua voz rouca, que me causam tremores.
Suas mãos deslizam para as laterais da
minha calça legging, e devagar, vai descendo
ela junto a calcinha, até chegar aos meus pés,
onde termino de retirar. Caminha parando
na minha frente. Seu olhar é provocante e

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intenso. Ele retira a blusa, e jogo no canto do


quarto. Suas tatuagens e músculos chamam a
atenção como sempre. O botão de sua calça é
aberto e ele a retira, e dá a ela o mesmo
destino que sua blusa. A cueca toma o mesmo
caminho, e seu membro se torna
completamente visível e duro. Ele se senta na
beirada da cama e me chama com um gesto.
Caminho até ele, que me vira de costas
novamente, já estou completamente
excitada. A ansiedade e a intensidade que ele
carrega estão me deixando louca.
— Afaste as pernas um pouco — ordena e
faço. Minha respiração é ofegante. — Vou
massageá-la, e somente quando eu achar que
está excitada ao máximo, irei fazer você
sentar no meu pau, eu vou te foder a noite
toda.

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Deixo um gemido escapar.


Ele cumpre o que diz. Sua mão me
massageia, e enquanto a outra me mantém
firme. Estou ficando louca, e gemendo muito.
A cena é refletida no espelho enorme a nossa
frente e isso torna tudo mais excitante. Sua
mão não para, e estou sem controle sobre
meus atos. Um de seus dedos entra em mim e
grito:
— Marcos... Eu preciso de você... — gemo.
Ele não diz nada, um dedo entra e sai de
mim, enquanto continua me massageando.
Seu dedo sai de mim, e ele me vira para ele.
Seu olhar é escuro. Começa então a me
chupar. Automaticamente, minhas mãos vão
para seu cabelo, e puxo com força.
— Eu vou...
Ele para, e isso me deixa aborrecida.
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— Se vira de costas e senta no meu pau.


Agora!
Sento-me, e seu pau vai se encaixando em
mim, até estar completamente dentro. Ele
geme. Segurando minha cintura, começamos
a nos movimentar. A cada sobe e desce é
mais intenso.
— Tenta se controlar e não gozar agora —
ele pede e apenas consigo concordar com a
cabeça.
Seu pedido tornou tudo ainda mais
gostoso. Tentar o controle sobre isso é
doloroso, mas de uma forma louca, deliciosa.
— Porra, você é muito deliciosa! Caralho!
O suor escorre por nós. O barulho de
nossos corpos, ecoa pelo quarto.
Ele me levanta rapidamente e me deita na

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cama. Abre bem minhas pernas e me penetra


com força. Depois me beija e retribuo.
— Não vou mais... — não consigo
terminar de dizer.
Libero o que privei por um tempo. Ele me
acompanha, e juntos alcançamos o que
ansiamos. Gozamos juntos, como dois loucos.
Deita com cuidado em cima de mim, e me
beija com carinho.
— Um banho, minha noiva?
— Adoraria.
— Como eu disse, a noite toda!
Sorrio.

Estou começando a ficar agoniada.


Marcos não diz para onde estamos indo. Sei
que é na cidade, nada com a fazenda. Saímos

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logo após o café da manhã.


— Estou ficando louca. Me fala logo!
— Calma, mulher. Estamos chegando!
Ele entra em uma rua que conheço, a da
casa da dona Paula.
— Vamos na Paula? — Ele me olha e sorri.
— Aaargh! Seu insuportável!
Ele estaciona o carro em frente à casa da
Paula. Descemos.
— Que milagre, Simon não surgiu do
nada.
— Porque é aniversário da filha dele.
— Ele tem filha?! Uau!
— Ele é casado. — Marcos sorri.
— Gente! Não imaginava. Ele é tão sério, e
tão focado no trabalho, que não imaginava

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que tivesse tempo para vida social. — Sorrio.


— Ninguém imagina isso dele. Agora
vamos.
— O que vamos fazer na Paula?
— Não vamos na Paula. Vamos ali. — Ele
aponta para uma casa enorme em frente a
Paula.
— Marcos, isso não é o que estou
pensando, é?
— Vem. — Ele segura minha mão.
Caminhamos até a casa. Ele tira uma
chave do bolso e abre o portão.
Paramos na entrada, em frente e porta.
— Estou fechando negócio. Porém, quero
depois do casamento, para estar em seu
nome também, e você já estar casada comigo.
Precisa de reformas, mas queria que você
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escolhesse tudo.
— Podemos entrar? — pergunto chocada.
— Claro.
Ele abre a porta e entramos na casa. O
primeiro cômodo que nos deparamos é
enorme, todo branco, tem um longo
corredor, e uma escada de madeira com o
corrimão de vidro que dá acesso ao andar
superior, embaixo há flores, parece de casa
de novela.
— Marcos... Isso...
— Precisa de reforma, eu sei. Acredito
que em menos de seis meses esteja do jeito
que quer. É muito grande, tem cinco quartos,
todos com suíte, sala de jantar e de estar, três
banheiros, e três lavabos, piscina, biblioteca,
ambientes para escritórios... Bom, vou te
mostrar, é bem grande, então pode ser que a
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reforma demore. Tem que escolher os


móveis também...
— Marcos, reforma?!
— Não gostou da casa? — pergunta
preocupado.
— Eu amei. Estou procurando onde
precisa de reformas, desde que entramos.
Não precisa. É linda!
— Tem certeza?
— Claro que tenho. Vamos, quero ver
tudo! — digo animada e ele sorri.
Ele me leva para conhecer toda a casa, e é
muito, mas muito grande mesmo. Se eu
disser que decorei cada lugar, estou
mentindo. Isso é uma mansão. Meu Deus!
— O que achou agora que viu tudo? —
Estamos nos fundos da casa.

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— Vamos pintar ela toda de pink —


brinco.
— Pink, porra?! — pergunta assustado e
rio.
— Não precisa de reforma. Isso deve ter
sido reformado há poucos dias, ainda tem
um pouco do cheiro da tinta. Marcos, é linda.
Eu nem sei o que dizer... — falo emocionada.
— Vai ficar ainda mais linda, quando você
escolher a decoração.
— Você levou a sério o que eu disse, sobre
um lugar grande, no meu surto.
— Apenas quero que minha futura
esposa, e nosso filho, tenha um bom lugar, e
uma excelente vida.
— Você não existe. Tem que ter sido feito
em algum laboratório. — Ele sorri e me

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abraça.
— Eu te amo, e farei de tudo por vocês.
— Você já é tudo que eu preciso.
— Idem, amor. — Ele me beija e sorrio. —
Não vejo a hora de assinar muitas sentenças
suas em cada cômodo aqui.
— Marcos! — Dou um tapa de leve em seu
braço e ele ri. — Te amo, seu louco!
— Louco por você, porra! — Ele me beija.
Às vezes, penso que tudo pode ser um
sonho, mas toda vez que sinto seus beijos,
seus toques, vejo que é real. Merda, é real!
Depois de sábado, não terei mais como
pensar que pode ser um sonho, a realidade
vai gritar para mim e dizer: Sua louca, você vai
ser mãe, se casou com Marcos Escobar, o juiz mais
conhecido do país!

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Capítulo 13

Meses depois...

Estamos sentados na areia. É fim de tarde.


O som do mar acalma o ambiente.
Resolvemos vir à praia, passar o final de
semana. Acabou que depois do nosso
casamento, que foi realmente lindo, Daiane
arrasou, eu não consegui ir para qualquer
lugar, os enjoos ficaram intensos demais, fui
para o hospital diversas vezes, e o médico
disse que o melhor era repousar. No mês
seguinte comecei a trabalhar, e graças a Deus
estava melhor.
Estou com quase sete meses. Marcos e
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todos estão loucos para saber o sexo. Não


deixei ninguém saber. Meu marido até tentou
subornar o médico, mas não deu certo. O
quarto do bebê está decorado, em nossa casa,
e trancado, fiz Marcos prometer que não
tentaria invadir, e ele com muita dificuldade
aceitou.
Sinto um chute no lado esquerdo da
barriga e sorrio.
Ajeito-me entre as pernas do Marcos, que
está no celular, falando com alguém por
mensagem. Está sério.
— Algum problema? — pergunto.
— Apenas trabalho.
— É sábado, Marcos.
— Eu sei, amor. Eu sei. É importante,
estou falando com Jacob Casagrande, ele

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marcou uma reunião comigo segunda.


— Esse é o noivo da Poliana?
— Exatamente.
— Ele é seu fã. — Sorrio.
— Ele é louco, isso sim. — Ele ri.
Olho para minha enorme barriga, e sorrio
ao me lembrar da confusão que deu quando
Henrique e Marcos escutaram eu e Ana
falando sobre o sexo do bebê dela e
pensaram que era o meu. Henrique riu e
zoou o Marcos, mas na verdade Henrique
estava sendo papai de menina, mais uma vez,
e foi Marcos quem o provocou depois. Mas,
infelizmente naquele dia, ainda não sabia o
sexo do nosso bebê. Ana está um mês a frente
de mim, e teve mais sorte em ver o sexo. Já
comigo demorou um pouco, porque o bebê
não colaborava muito. O doutor disse que,
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pelo visto, seria o mesmo gênio do pai, e a


teimosia reinaria, porque não queria revelar
qual sexo era, e Marcos infernizava minha
vida e do doutor dia e noite para saber qual o
sexo, o coitado do médico perdeu a
paciência, foi horrível.
Paula tentou, de todas as formas, saber
também, mas nem a ela revelei, e nem a
Liziara, que está brava comigo. Por falar na
Paula, foi tão lindo ver ela retornando à
fazenda por nós, foi emocionante e isso foi
muito especial para mim e para todos os
Escobar. Mostrou que ela superou uma fase
triste e isso é tão importante; superar é como
reviver.
— Amor?
— Hum? — digo a ele.
— Está pensativa. Aconteceu algo?
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— Não. Apenas admirando a vista. Está


tão lindo e tranquilo. Depois do Edson, das
preocupações com a gravidez, do casamento,
de tudo, sabe, merecíamos essa
tranquilidade, porque, vamos ser sinceros,
que nunca ficamos tão tranquilos como hoje.
— Concordo. Esses meses foram fodas,
teve coisas boas e ruins, mas parece que
somente agora eu estou relaxado, tranquilo.
— Sabe a cor deste mar?
— Hum-hum...
— Fala para mim a cor dele.
— Azul, um lindo azul e bem limpo.
— Gosta desta cor? — Sorrio.
— Sim.
Fico em silêncio, sorrindo. Suas mãos
acariciam minha barriga.
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— Que nome daria se fosse menina?


— Tatiane. Um nome que acho lindo, não
sei por que, mas sinto uma paz com este
nome.
— Lindo nome. E se fosse menino?
— Arthur — diz sem hesitar.
— Por que Arthur?
— Porque significa pedra, urso. É um
nome que, se formos ver, é forte, porque
pedra e ursos são fortes.
— Amei. Tanto quanto o azul deste mar...
— Amor... — Viro-me um pouco para
olhá-lo. — Agora que me toquei. Você está
querendo dizer que... — Seus olhos estão
brilhando e seus lábios trêmulos.
— Eu acho lindo ursinho e de roupinha
azul.
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— É MENINO!
Concordo e ele chora emocionado.
— Este era o momento certo para te
contar. Na tranquilidade, e com essa vista
esplêndida. Amor, seremos pais de um
garotão.
Ele segura meu rosto com as mãos
trêmulas, e me beija.
— Porra, Henrique e David precisam
saber! — diz animado e planta um beijo na
minha barriga. — É, vai ser foda como o
papai.
Rio.
— Não! Vai me prometer que vai guardar
segredo. Vão saber só quando nascer. Quero
manter o suspense para eles.
— Eu prometo.

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— Disse isso quando pedi em relação a


gravidez.
— Eu prometo desta vez! Porra,
precisamos comemorar. Escolhe o lugar.
— Qualquer lugar com comida. Estou uma
bola, não é? — Ele concorda, rindo.
— A bola mais perfeita deste mundo!
— Marcos! Não tenho unhas grandes à
toa, homem! Não me provoque.
— Quem assina a sentença sou eu, e a sua
vai ser longa e peculiar.
Sorrio.
Beijo o homem que tanto amo, e que não
quero viver sem. Porque ele é meu homem
ideal, imperfeito, mas seu jeito imperfeito é
perfeito para mim.
Como eu amo este homem! Com ele
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aprendi que não devemos viver sempre


planejando cada passo da nossa vida, porque
as melhores coisas acontecem fora do
planejamento.

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Epílogo

Já se passaram alguns dias desde que


Beatriz me contou sobre o sexo do nosso
filho, após me torturar em esconder. Porra,
essa mulher é foda! É a única capaz de me
deixar louco e ao mesmo tempo calmo.
Hoje tive um julgamento dos infernos, e
que maldito seja o infeliz que foi julgado.
Tomou meu dia inteiro, me atrasando para
um compromisso. Beatriz está me ligando
sem parar, mas no momento não posso
atender. Pedi ao Simon para conferir se ela
está bem e o infeliz ainda não retornou.
— Relaxe, Marcos, ou vai demorar ainda
mais.
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— Mais? Porra, que dificuldade está


tendo em fazer essa merda, rápido? —
pergunto a ela, que me olha sério e revira os
olhos.
— Depois de todas as outras vezes, ainda
fica tenso? Admirável isso. — Sorri.
— Só termine logo! — digo
completamente sem paciência.
— Se você ficar quieto, posso ser mais
rápida.
Respiro fundo, e ela continua o que está
fazendo.
A porta de vidro se abre, e Simon entra
acompanhado por Estefan, o segurança da
Daiane.
— Porra, o que houve?
— Ah, desisto! Cacete, não tem como

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terminar isso, com você tenso desse jeito. —


Ela se levanta irritada.
— Ela está bem, senhor. Porém, muito
enfurecida, por não atendê-la. Melhor eu
nem repetir o que ela disse. — Simon diz e
sorrio. Beatriz tem enlouquecido a ele.
— Estefan, por que veio?
— Terá reunião com os seguranças. O
senhor David quer reorganizar a equipe.
Assinto.
— Podem ir.
— Senhor, antes... — Simon pigarreia. —
Bom, a senhora Beatriz disse que tem uma
hora para retornar ou... ela... Hum...
— Fale de uma vez, porra!
Estefan disfarça muito mal um riso.
— Ela disse que o senhor dormiria na rua.
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Patrícia, que apenas observa, começa a


rir. Estefan está ficando vermelho tentando
controlar o riso.
— Saiam, agora! — Eles saem, e Patrícia ri
como uma louca.
— Isso sim é bom! Valeu a pena ficar até
tarde aqui — ela diz.
— Termine logo o que começou, não
tenho todo o tempo do mundo!
— Realmente. Tem uma hora apenas! —
Ela se aproxima. — Deite, porque do jeito
que está não vai dar certo. Vamos, homem! O
relógio não para — provoca.
— Vai se foder! — Ela ri. — Termine logo.
— Sim, senhor!

Chego em casa, após uma porra de um


trânsito que dificultou tudo. Pego minha
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pasta e saio do carro, jogando as chaves para


o Simon, que já estava de prontidão.
— Como foi a reunião?
— Muito bem, senhor!
— Não contou aonde eu estava, certo?
— Não. Mantive segredo, como pediu!
— Ok!
Entro em casa. Olho em meu relógio de
pulso, e são dez horas da noite. Demorei
muito.
Deixo a pasta, junto ao celular e carteira
no sofá. Enfrentar a fera agora será foda.
— Olha só. O juiz Marcos Escobar
resolveu retornar para o seu lar, desde que
saiu há horas do julgamento, e não teve a
coragem de atender às ligações da esposa
dele, que poderia estar morrendo.
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Olho para ela, que está com uma camisola


de seda preta, evidenciando seus seios
maiores que me excitam ainda mais e
marcando sua barriga que me preenche de
amor.
— Isso tudo é um grande fato, delícia. —
Sorrio.
— Não me chame de delícia. E não sorria.
Não estou brincando. Caramba, Marcos!
Onde esteve? Teve a coragem de enviar o
Simon aqui para ver o que eu queria, mas
não prestou para me atender. Você não
estava no escritório, e nem nos seus
sobrinhos ou na Paula. Sim, eu estou com
muita raiva!
— É melhor se acalmar. Sabe que não
pode ficar se estressando.
— Ah, não me diga! Então é melhor parar
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de me enlouquecer, porque você é o culpado


de todas as raivas que passo. Onde estava
que não podia me atender? Sei que o Simon
sabe, mas o infeliz não quis me dizer. E por
que diabos está com a camisa toda
amarrotada? Marcos Escobar, quero uma
resposta agora! — Ela cruza os braços e me
fuzila com o olhar.
— É melhor se acalmar antes de eu dizer.
— Só pode ser brincadeira! Quer me
pedir calma? Agora sim, perdi qualquer
chance de tê-la. — Ela se aproxima e tenta
mexer em minha camisa, mas não deixo. —
Se for o que eu estou pensando, eu corto seu
pau em pedaços. Eu juro! — Sorrio.
— Anda bem agressiva!
— Fale logo, Marcos! — ela grita.
— Primeiro, tem que se acalmar. E não
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estou brincando!
— Me acalmar? Nunca! Chame o Simon,
porque eu quero testemunhas quando eu te
matar.
— Na verdade, não deveria querer.
— Mas eu quero. Para todos terem a
certeza do porquê te matei!
— Amor, senta.
— Só vou fazer isso, porque estou
tremendo!
Ela se senta e fica me olhando
atentamente. Começo a retirar o paletó.
— Não quero um striptease!
— Porra, apenas espere!
Entrego o paletó a ela, e logo depois
começo a retirar a camisa com um pouco
mais de dificuldade. Entrego a camisa a ela,
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que está boquiaberta.


— Eu não acredito! — diz se levantando e
parando a minha frente. — Marcos, você não
fez isso!
— Bom, pelo visto fiz.
Retiro a proteção transparente que
Patrícia colocou. Dói um pouco, mas é
suportável.
— Eu realmente não acredito! Você é
louco!
Sorrio.
— Só agora percebeu? O que achou?
— É linda. Muito linda. — Ela toca com
cuidado. — Os traços são lindos. Então foi
por isso que não me atendia e enviou o
Simon.
— Sim. Enviei ele por não poder atender,
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ou desconfiaria, afinal, eu não tinha


nenhuma desculpa de onde estaria, por
incrível que pareça.
— E resolveu colocar o Simon para me
enfrentar? Que baixo! — Sua pose de durona
se desfaz por completo e o sorriso que tanto
amo surge.
— Eu queria ter o nome dele registrado
não só em meu coração, como também em
minha pele.
— Que lindo, meu juiz de quinta!
Beijo-a com carinho.
— A Patrícia, minha tatuadora, tentou ser
rápida, mas não pôde. Por isso demorei
tanto.
— Então é mulher sua tatuadora? Não sei
se curto muito saber que outra mulher toca e

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vê partes do seu corpo.


— Relaxa, delícia! Você é a única que me
tem por inteiro, enquanto as outras apenas
desejam.
Ela sorri.
— Nunca mais me deixe preocupada.
Estava ficando louca com a sua demora.
— Agora sabe como me sinto, quando sai
sem os seguranças, e demora.
— Isso não vem ao caso — ela diz, rindo.
— Te amo, e por vocês dois... — me
ajoelho, segurando sua barriga com cuidado
— eu faria qualquer coisa. — Deposito um
beijo sobre o tecido preto.
— Eu também te amo, meu eterno juiz de
quinta.
— Nunca vai desistir desse apelido, não
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é? — Sorrio e ela também. — Viu só, filhão,


como sua mãe é má?
Levanto e ela fica olhando a tatuagem, em
meu peito, que pega uma parte da âncora,
onde se lê claramente:

— É uma pena ter demorado tanto em ter


feito a tatuagem. Desse jeito, não posso te
tocar como eu quero, e só por ter me deixado
louca, merece saber que estou sem calcinha,
e que não terá o que planejei — diz
deslizando as unhas por meu abdômen. — A
noite poderia ser tão quente. — Deposita um
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beijo em meus lábios.


— Só pode ser brincadeira! Porra,
mulher!
— Boa noite, amor!
Ela se retira, rindo. Caralho, eu vou
morrer antes de conhecer meu filho, se ela
continuar me deixando louco e excitado
assim.
— Isso não vai ficar assim! — grito, indo
atrás dela.
Porra, me atiça e foge? Aí é para me
ferrar.

Fim

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Bônus

“BELOS E FAMOSOS”

NOTÍCIA MAIS VISITADA DO DIA:



A COR AZUL TOMA CONTA DA VIDA DO JUIZ
MARCOS ESCOBAR!

O assunto não para de circular pelos


corredores dos tribunais. Desde que o casal
Beatriz e Marcos Escobar retornaram de um
final de semana romântico na praia, as
notícias começaram. Fontes seguras afirmam
que até o nome já foi escolhido; e o que era
para ser segredo se espalhou para todos, pela
boca do papai coruja.
ARTHUR ESCOBAR (JÁ SABEMOS O
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NOMINHO), DESEJAMOS QUE VOCÊ VENHA


COM MUITA SAÚDE, E QUEREMOS ESTAR
AQUI POR MUITO TEMPO, E ASSIM
CONFIRMARMOS QUAL CARREIRA VAI
SEGUIR, JÁ QUE TODA SUA FAMÍLIA PARECE
GOSTAR MUITO DA LEI, DIFERENTE DA SUA
MAMÃE!
As apostas aqui na redação já
começaram, para saber qual será a futura
carreira do pequeno. E você, no que aposta?

É... falta muito tempo, mas já estamos


imaginando, afinal, o rapazinho é o único
herdeiro masculino até o momento da
família Escobar.
AS MULHERES DA NOSSA REDAÇÃO
CHORAM DE INVEJA DA BEATRIZ, PORQUE
FOI A ÚNICA CAPAZ DE ENLAÇAR O JUIZ, E
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AINDA TRAZER UM HERDEIRO MASCULINO


AOS ESCOBAR!
Estamos ansiosos para as cenas dos
próximos capítulos, desse lindo romance.
Senhorita Daiane Escobar, parece que
falta apenas você para desencalhar!

1.515.648 visualizações, 90.594 curtidas,


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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por mais


um sonho realizado, e por sempre me dar
forças e alegrias no decorrer do caminho.
Obrigada a Editora Angel, mais uma vez,
por acreditar no meu trabalho.
Obrigada ao Sr. Google, por me ajudar em
diversas dúvidas. E Cláudia por me dar uma
excelente ideia em um dos capítulos.
Minhas amadas betas e amigas, Liziara
Araújo e Beatriz Ferreira, muito obrigada
por todas as dicas, inspirações e por
aguentarem minhas loucuras por essa série,
e entrarem na loucura também.
Obrigada as minhas leitoras da
plataforma Wattpad, que me animaram, me

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deram carinho e muito amor, e tornou a série


Escobar um sucesso.
Meninas do grupo fechado no Facebook e
do WhatsApp, obrigada a vocês também, pois
são demais!
E, por fim, obrigada a você que está lendo
este livro. Você é também digno de estar
aqui.

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Biografia

Deby Incour nasceu em Guarulhos, na


Grande São Paulo. Apaixonada por livros, ela
escreveu seu primeiro romance em 2014,
que foi publicado pela Editora Angel. Desde
então, nunca mais parou. Os livros fazem
com que se sinta em um mundo mágico, onde
existe tudo que se pode imaginar. Em 2016,
foi best-seller na Amazon brasileira, com o
livro “Meu advogado”; e isso foi para ela uma
imensa conquista.
Instagram.com/autoradebyincour
wattpad.com/debyincour
facebook.com/debyincour

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