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Isabella Silveira
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são
produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.
É proibida a reprodução total e parcial desta obra de qualquer forma ou quaisquer meios
eletrônicos, mecânico e processo xerográfico, sem autorização por escrito dos editores.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
Sumário
SUMÁRIO
PLAYLIST
SINOPSE
NOTAS DA AUTORA
EPÍGRAFE
PRÓLOGO - HADES
CAPÍTULO 1 - HADES
CAPÍTULO 3 - HADES
CAPÍTULO 5 - HADES
CAPÍTULO 6 - LISA BECKER
CAPÍTULO 7 - HADES
CAPÍTULO 9 - HADES
CAPÍTULO 11 - HADES
CAPÍTULO 13 - HADES
CAPÍTULO 14 - HADES
CAPÍTULO 17 - HADES
CAPÍTULO 19 - HADES
CAPÍTULO 21 - HADES
CAPÍTULO 23 - HADES
CAPÍTULO 25 - HADES
CAPÍTULO 27 - HADES
CAPÍTULO 29 - HADES
CAPÍTULO 30 - HADES
CAPÍTULO 31 - LISA BECKER
CAPÍTULO 32 - HADES
EPÍLOGO - HADES
AGRADECIMENTOS
ENTRE EM CONTATO
SOBRE A AUTORA
OUTRAS OBRAS
Para ouvir:
2 | Vá na aba Pesquisar;
Lisa Becker tem um passado difícil, mas todas as vezes que coloca seu fone
e sua coroa se esquece de tudo. A música é seu porto seguro. Quando
recebeu um convite para tocar na mais nova boate da cidade, ela não
esperava que fosse se envolver em tantas confusões e, principalmente, que
fosse se apaixonar perdidamente pelo enigmático dono do lugar.
Os dois não tem muita coisa em comum, mas a atração se torna irresistível.
Será que apesar de tudo, Lisa sucumbirá aos encantos do Deus do inferno?
Olá, goxtosa (o),
Espero que você possa aproveitar esse tempo com esses personagens
incríveis, e que goste desse livro tanto quanto eu. Ah! E se você achar que
eu mereço, avalie o livro, por favor, evitando spoilers. Isso ajuda muito os
autores iniciantes.
PS: Caso você tenha pego essa obra de forma ilegal por qualquer
outro meio que não seja a Amazon/Kindle Unlimited, saiba que esse tipo de
compartilhamento não foi autorizado por mim e dessa forma, atrapalha o
meu trabalho, além de ferir os meus direitos.
Aproveite,
Emily Brontë
Para as românticas que acreditam em
amor à primeira vista, segunda chances e recomeços.
"Não quebre as coisas dos vizinhos, não pegue nada que não te
pertence, não bata nos outros, seja uma pessoa boa"... um discurso banal, e
cansativo que eu já decorei de tanto ouvir e sinceramente, não me importo
nem um pouco. Minha mãe sempre tenta ao máximo me mudar, mas o fato
é que ela passa tempo demais fora de casa, trabalhando, e nunca conseguiu
impor sua religiosidade ou suas crenças absolutas pra cima de mim. Não
que eu queira ser o tal garoto problema, ou que sinta prazer em infligir dor
em quem quer que seja. Mas, também não deixo barato se algo me ofende.
E, geralmente, muitas coisas tem me ofendido e minado a minha paciência.
Fico tão chocado ao ouvir isso, que soco a mesa lateral, e um vaso
se quebra, fazendo-a tremer.
— Isso.
— Quanto?
— Mais ou menos dez milhões de dólares vongherianos… rendeu
um pouco na aplicação.
— Sempre farei tudo por você, Daniel. Mas, eu não ficarei aqui por
muito mais tempo, por isso estou te contando tudo isso, filho. — e agora
sim, eu vejo uma tristeza que nunca vi antes em seu olhar, o que me
preocupa tanto que não consigo expressar o sentimento.
— O quê? Como assim? — temo a sua resposta, sabendo que não
pode ser algo bom.
— Não quero que você pense em mim, nem que sofra pela minha
partida. Não tenho medo da morte, quero apenas a garantia de que você
ficará bem e que será feliz.
Fiorella Peri foi a mulher mais forte que eu conheci em toda a minha
vida, isso é uma verdade absoluta. Me deu amor e uma educação impecável.
Tentou me guiar pelo melhor caminho, apesar de que nem sempre eu fui o
que ela esperava. Agora, sozinho e completamente perdido, preciso juntar
as suas documentações para fazer o inventário.
Dez milhões de dólares vongherianos.
Timberg Company.
Então, são esses infelizes… a família Timberg, carregam o título de
Lordes e pelo que a mídia diz, se acham melhores do que todos por esse
feito. É o sangue dessa gente podre que corre em minhas veias.
Apesar de seu desejo final, Daniel Perri morreu junto com Fiorella,
agora, dentro de mim, só existe Hades. E, como o deus do inferno, farei
todos eles pagarem.
Os carregamentos de Whisky chegaram nesta manhã, e por mais que
Atlas tenha me alertado de que, possivelmente, não teríamos a quantidade
suficiente para o fornecimento necessário de todos os infernos, ele cumpriu
com maestria a sua função até agora.
Não deveria me preocupar e sei que, com meus sócios, tenho tudo
praticamente perfeito, mas a ansiedade queima a minha alma.
— Você sabe que eu não sou a sua secretária, que ela se chama
Isabel, e não, Frederico, não é? — ele fala contrariado, mas apenas pisco,
esperando que me responda, com um suspiro cansado, ele o faz — Pelo que
sei, sim. Tudo certo. Aparentemente, até o príncipe está confirmado.
— O príncipe George? — por essa, nem eu esperava.
É, ela é uma figura. Nem aparenta ter o auge dos seus trinta e oito
anos. Talvez, seja por isso que a gente combine tanto.
Purple Night é a boate mais famosa da capital, e por que não dizer,
do país? Eu posso me dar ao luxo de me achar um pouquinho com esse
convite. Assinar o contrato milionário foi um acerto. A obrigatoriedade de
tocar vinte e cinco vezes no ano não é nada absurdo, já que eu poderia fazer
semana sim, semana não, se quisesse. E, claro, em todas as semanas
excedentes, eu ganho um extra excelente. Não tenho, além disso, nenhuma
exclusividade com o local, e o meu material de publicidade é
comercializado com uma pequena comissão cobrada por eles, tudo
justíssimo ao meu ver, e ao ver dos meus advogados também, é claro. Rose
foi a primeira a aprovar a negociação, e depois de alguns meses, finalmente
fui anunciada como residente.
Dias atuais…
"Gehenna
Bem-vindo ao inferno"
Sempre soube que ele era sujo, mas não imaginei que fosse tanto.
Prostituição e drogas me foram ofertados com uma facilidade tão grande,
que apenas com isso, eu já poderia fazer uma denuncia e interditar o lugar.
Entretanto, eu não concluiria os meus planos e não respingaria no principal
culpado de tudo, afinal, Gavin é esperto o suficiente para não sujar
diretamente as suas mãos nesse negócio nojento, já que toda a negociação
fica com o seu gerente imbecil. Apesar de anotar tudo, e de coletar provas,
obviamente, recusei as prostitutas, comprando uma dosagem mínima de
drogas, que descartei no banheiro na primeira oportunidade. Não poderia
recusar tudo, seria suspeito demais e ficaria visado.
Por muitos e muitos anos, Zur buscou vingança, assim como eu. E
mesmo com tudo resolvido, a animosidade entre ele e o sogro,
provavelmente, existirá para o resto da vida. É natural querer manter
distância, depois de tudo o que se passou entre eles, quase uma forma de
defesa, afinal, foram anos de rancor e tensão.
— Poderíamos estar em um lugar mais tranquilo. O cassino, com
certeza, seria um ambiente melhor para conversarmos, até mesmo Gehenna.
— ele diz, olhando ao redor.
— Eu não a conheço, não posso estar louco por alguém que não
conheço, Zur. Não seja ridículo. — reclamo, e ele confirma com a cabeça.
— Disse o homem que foi apaixonado pela mesma mulher pela vida
inteira. — ironizo, e ele dá de ombros.
— Não nego, mas também não agi como um morto, enquanto não
estava com ela.
— Vou te contar um segredo, e que fique entre nós dois, — ele diz, e
abaixa o tom antes de dizer — às vezes, mulheres só querem transar por
transar, também. Nem todas estão procurando pelo príncipe encantado
naquele momento, elas também sentem necessidades. Se juntar tudo
direitinho, dá certo. — Zur solta uma gargalhada tão alta, que me deixa puto
e um pouco constrangido.
Filho da puta!
Ignoro-o completamente depois dessa palhaçada, e observo Lisa
dançar com as suas plumas cor de rosa, de olhos fechados e com um sorriso
no rosto.
Eu, obviamente, não estou encantado pela loira que se mexe como
se fosse um anjo. Definitivamente, não.
— Eu não acredito que você deixou de fazer o dever de casa de
matemática de novo, Helena. É importante estudar, sabe disso. — digo,
olhando para o recado em sua agenda escolar. Minha irmã, que sempre foi
uma perfeita nerdzinha, abre um sorriso sem vergonha e vem em minha
direção, se sentando ao meu lado.
— Tem garotos no meio dessa história, não tem? — é óbvio que sim.
No auge dos seus dezesseis anos, é claro que teria. Seu olhar culpado
também é um bom indício de que eu acertei na mosca, mas ela nega com a
cabeça, como eu sabia que faria. Ninguém assinaria a sua sentença de culpa
assim, tão facilmente.
— Juro que não, eu tive dois seminários e prova de francês, no
mesmo dia. Não tive como fazer os testes de matemática, mas prometo
fazer tudo e entrega-los, mesmo que atrasados, para o senhor Giacomo. —
ela diz solenemente e eu estreito os meus olhos em sua direção.
Nós temos um acordo, que graças aos céus ainda não foi quebrado,
nem questionado. Helena não participa dos meus shows. Ela ainda é menor
de idade, e por mais que, vira e mexe, insinue que gostaria de me ver tocar,
não a deixo participar de boates e festivais ainda.
Sei que em festas de música eletrônica existe muita droga, e mesmo
na Purple Night, já vi mais olhos vidrados do que eu gostaria de presenciar.
Não é ambiente para ela, que ainda não sabe diferenciar direito o que é bom
ou ruim. Mesmo ao meu lado, e sabendo que é hipocrisia, porque comecei a
tocar na sua idade, prefiro preservá-la.
Apesar disso, duvido muito que Layra esteja envolvida com drogas,
ela nunca me pareceu alguém que estivesse imersa nesse meio. Aliás… vai
saber! Não coloco a minha mão no fogo por ninguém.
Sei disso pela fila que dobra o quarteirão, vinte minutos antes da
porta se abrir. E também, porque os paparazzis não param de disparar
flashes em todas as direções, em busca do convidado mais famoso que, sim,
pasmem, está esperando na fila, como qualquer outro, afinal, hoje, todos
são especiais.
Há certo orgulho em saber que as coisas estão indo tão bem como
deveriam, e que tudo o que eu idealizei correu exatamente como eu pensei.
Apesar de saber que a Gehenna é um caminho para um fim, não tem como
não sorrir ao ver o príncipe ser escoltado para dentro por vários seguranças,
antes de abrirmos as portas. Se Vossa Graça resolveu aparecer, realmente,
eu sou foda o suficiente para ter feito algo muito certo.
Meus sócios também já estão bem localizados no camarote oficial
reservado, com as suas respectivas esposas e namoradas, que, se antes não
se conheciam, parecem estar bastante entrosadas bebendo champagne e
rindo de alguma coisa que a morena atrevida, que domou meu advogado,
falou. Da pista, observo e controlo tudo, sabendo que, apesar de ter tudo sob
controle, é a minha responsabilidade fazer com que tudo saia perfeito. É a
inauguração e não existe espaço nenhum para falha. A primeira impressão é
a que fica, e nesse caso, definitivamente, eu preciso levar isso muito a sério,
já que sairá em todos os jornais de Havdiam, amanhã de manhã.
A luz bate no topo da escada e, como uma deusa, ela aparece vestida
de vermelho, com uma coroa diferente, dessa vez, com uma plumagem
preta.
Fico tão indignado que, antes de dar por mim, parto para cima dele e
acerto um soco no lado direito de seu rosto. Dylan é quem surge para nos
separar. Enquanto ele segura Apolo, é Atlas quem me mantém no lugar.
Homem confuso!
Atrevido!
Que ideia foi essa de espiá-la pela coxia até o show acabar?
E o que foi aquilo quando ela se despediu do público, puxá-la pela
cintura, colando seu corpo ao meu, mesmo que por poucos segundos, antes
de dar uma desculpa esfarrapada para estar ali?
Cogito voltar para o segundo andar, mas se Lisa aparecer por ali,
perto dos idiotas dos meus amigos, eu definitivamente, não terei paz pro
resto da minha vida, por isso, com apenas um olhar um pouco intimidador,
libero uma mesa no primeiro andar e peço para que Fred espere pela moça
na escada e indique a ela o caminho.
— Não faça isso. — digo baixo e seu olhar confuso indica que ela
não entendeu o que eu quis dizer — Não morda seu lábio. Não me seduza.
Não me tente.
O sorriso em seu rosto é safado, e extremamente sedutor, antes de
ela negar com a cabeça e falar:
Suas mãos vão direto para o meu cabelo, puxando-o com força,
antes de morder meu lábio. Nossas línguas dançam um tango elaborado,
lento e sensual, o que era para ser apenas uma conversa, se torna algo muito
além. Com alguns passos, ainda com as nossas bocas unidas, a prenso
contra a parede, esfregando descaradamente meu membro duro em seu
corpo macio e receptivo. Lisa solta um gemidinho baixo, quando desço a
boca para o seu pescoço, e mordo sua orelha, deixando-a arrepiada.
Continua?
Para?
Bom, se esse foi o seu objetivo, infelizmente para mim, ele tem
razão. Eu quero mais.
Uma semana sem ligações.
Sem contato.
Sem e-mail.
Eca!
— Não acho ético contar algo sobre o seu concorrente para você.
Assim como não falaria nada da Purple, se fosse o contrário. — digo em
alto e bom som, e ele nem pisca, parecendo já esperar por esse tipo de
resposta.
— Bom, Lisa, eu vou direto ao ponto. Não acho ético você ter
aceitado esse convite, então, não acredito que você esteja sendo muito
sincera sobre essa moralidade toda que alega ter. — ele rebate e eu retruco.
— Em meu contrato não há nenhuma cláusula onde exista
exclusividade com o grupo Timberg, senhor. Inclusive, já toquei em outras
casas nesse período em que estive trabalhando aqui e nunca houve
problema nenhum. — digo, e ele me analisa por alguns segundos, antes de
dizer.
— Não se assuste, Lisa. Só estou querendo dizer que sei muito mais
do que imagina sobre a sua vida, e acho que deveria se preocupar mais com
o que um homem poderoso como eu poderia fazer com alguém que o
contraria e o trai. A deslealdade já custou muito caro a várias pessoas.
Se controle, Hades.
O cassino que iremos inaugurar no mês que vem está quase pronto,
e apesar de saber que a construção é um pouco maior e mais ousada do que
a cidade está acostumada a ver, imagino que depois de Gehenna, é isso que
todos esperam do Hell Group. Ainda não anunciamos a abertura, nem a
compra do Pakao, mas nessa semana a assessoria de marketing começa a
trabalhar nisso, e os últimos detalhes estão sendo organizados nesse
momento, para que não haja nenhum contratempo. Minha cabeça deveria
estar focada nisso, e não em certa mulher que tem grande tendência a me
fazer perder o foco, os sentidos e me enlouquecer.
Pakao tem uma temática voltada para os anos sessenta, onde tudo
grita elegância, dinheiro e poder. Riqueza em todos os detalhes da
decoração é fundamental para fazer com que as pessoas que estejam ali,
sejam acolhidas e se sintam exclusivas e especiais. Principalmente, porque
a aposta mínima é altíssima, e isso estabelecerá um padrão entre os nossos
clientes. Para esse cassino, eu só quero atender ao melhor do melhor, sem
exceção.
— Acho que podemos ir, Frederico. Peça para Isabel marcar depois
com a publicitária, para começarmos as estratégias de marketing. — digo,
caminhando em direção à saída, e ele tira o celular do bolso para mandar
uma mensagem.
— Achei que, a essa altura, você já teria mandado buscar a mocinha
para tocar novamente pra você. Dessa vez, algo mais particular… — ele
brinca, mas minha expressão, provavelmente, é tão sanguinária que se cala
no mesmo momento.
Gehenna, alguns minutos mais cedo, mas ainda não entrou em meu
escritório. Hoje, não há nenhuma mesa preparada para um jantar romântico,
mas as lembranças dos bons beijos que demos, alguns dias atrás, são bem
vívidas em minha memória. Por isso, eu passei a gostar ainda mais do local,
apesar da minha produtividade ter caído consideravelmente quando estou
trabalhando aqui.
Chamá-la, talvez, tenha sido um erro, mas tomo por uma
confirmação velada de que ela também tem certo interesse, mesmo que seja
profissional, em mim, do contrário, não teria se dado ao trabalho de
aparecer.
Hoje, Lisa está com uma saia laranja e uma blusa estampada, e
apesar de não serem roupas noturnas, são bastante alegres e chamativas.
Talvez, realmente seja da sua personalidade ser esse raio de sol ambulante,
que passa distribuindo corações e flores por aí. Será que é isso que me atrai
dessa forma? O fato de sermos tão contrários?
— E então, resolveu me chamar? Depois de dias sem nenhuma
mensagem? Nem um mísero: Oi, chegou bem em casa? Nada! — ela tenta
soar desinteressada, mas percebo que é apenas uma casca, porque seu olhar
faísca em minha direção, com um ódio declarado — Quero saber por que
recebi um recado da minha empresária, que recebeu uma ligação da sua
secretária, marcando esse encontro entre nós dois. — ela diz, batendo as
unhas ritmadamente na mesa.
— Não sou alguém que se aproveita de uma mulher por uma noite
só e fim. Não é assim que as coisas funcionam comigo, Lisa. Contudo,
confesso que não sei exatamente como agir nessa situação, já que não
estava em meus planos me envolver com alguém neste momento. — digo,
honestamente, e ela estreita os olhos, me observando.
— … eu sou.
Por isso, resolvi, desde quando saí daquela boate, assim que
terminei aquele show terrível e cheio de pavor, que o melhor a se fazer é
tentar me afastar ao máximo dos dois homens problema. Contudo, se Gavin
continuar me ameaçando, tentarei lhe fornecer alguma informação, porque,
no fim, é isso. Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Ninguém poderia saber que eu estava sendo ameaçada por ele, e na
realidade, quem iria acreditar? Diriam que, provavelmente, eu estava sendo
tola e teria entendido errado uma brincadeira de provável mau-gosto. Mas
eu não sou tola. Sei bem o que ouvi, e sei bem o que aconteceu ali naquele
camarim. Por isso, quando percebi que fui seguida, quando fui ao mercado
na quinta-feira da semana seguinte, senti um gelo na minha espinha. Gavin
Timberg realmente estava de olho em mim e em minha irmã, controlando os
meus passos e esperando para que eu possa lhe ser útil.
Um completo fracasso.
— Amanhã.
— Então, trate de tentar mais. Eu quero saber sobre o que ele está
aprontando, o que pensa em fazer depois dessa tal Gehenna. Quem são os
sócios. Se vira. Me dê alguma informação valiosa. Capiche? — ele fala, e
eu confirmo com a cabeça, sem falar nada. Não confio em minhas palavras
no momento — Agora, volte pro camarim antes que a nossa conversinha
chame atenção, querida. Bom show hoje, mas tente sorrir mais da próxima
vez, tá bom?
— Tudo bem. — respondo, já me virando de costas, e antes de
cruzar o batente, escuto.
— Achei que você tinha dito que não iria impor nada, se eu
aceitasse o seu… domínio? — perco a linha de raciocínio e ele solta uma
risada baixa.
Homem confuso!
— Sempre.
— Nunca vim aqui, geralmente, a fila é enorme. Meses e meses de
espera para conseguir uma reserva. — ela comenta, assim que nos sentamos
em uma das mesas mais privilegiadas do restaurante.
Há muitas coisas implícitas nessa fala, e ela entende cada uma delas.
É claro que tem alguma coisa errada, ali. Sua postura está muito
mais tensa, seus olhos vidrados em algo atrás de mim. O garçom chega em
um ótimo momento, interrompendo a nossa conversa, e disfarçadamente,
deixo o guardanapo cair, dando um vislumbre para trás, antes de pegá-lo.
Gavin Timberg está olhando fixamente para a nossa mesa, com um
olhar tão feroz para Lisa, que a vontade que sinto é de pegar a faca de cortar
pão e enfiar em sua jugular. Mas, tento me recompor, e quando volto a mim,
minha postura muda.
Ela precisa saber que pode confiar em mim. Eu não sou nada como
ele.
Não dá para fingir que não há nada acontecendo. Não, depois de ser
honesto sobre os meus pensamentos e finalmente falar tudo o que estou
sentindo para ela, e, exatamente por estar me sentindo traído e humilhado,
exijo que ela olhe em meus olhos e me responda. Seguro seu queixo, talvez
com um pouco mais de força do que deveria, e trago seu rosto para perto do
meu, buscando seus olhos.
— Não. Sei. Do. Que. Você. Está. Falando. — ela pronuncia cada
palavra muito calmamente, mas seus olhos deixam claro que ela está
mentindo. Solto seu rosto, me afasto o máximo possível dela no banco, mas
não deixo de olhá-la por um bom tempo.
O acidente dos meus pais foi algo que me obrigou a crescer, ter
responsabilidades e ser durona. Eu aprendi a não precisar de ninguém, a não
querer me relacionar com ninguém, porque um homem na minha vida,
significa mais responsabilidade emocional, mais dedicação e tempo. Hoje,
tudo o que eu faço é voltado para Helena, que ainda é jovem demais para
ter que dividir o tempo da única parente vida com outra pessoa.
Mas, ninguém nunca disse que a vida era justa e que vivíamos em
um jardim encantado, cheio de algodões-doces e vales de arco-íris. O
mundo real é feio e podre. Existem pessoas como Gavin Timberg, que
pegam a sua existência e te relembram de que você não é nada.
Completamente descartável. Que colocam em cheque a vida da única
pessoa que ainda está plenamente viva da sua família e a qual você ama e se
importa.
Foi um surto.
Mas eu não posso contar isso para a minha irmã mais nova. Ela não
merece, e nem vai carregar esse fardo ou essa preocupação. Isso é a minha
responsabilidade e eu vou consertar as coisas, afinal, fui eu quem nos
colocou nessa furada.
— Como assim?
— Mas, agora, cama., — sua careta é engraçada, mas não lhe dou
opção para réplica, e juntas caminhamos para os nossos respectivos quartos,
antes de cair na cama, ainda com o vestido brilhante e bonito, e apagar
cheia de sono, dúvidas e medo.
O que uma boa noite de sono e uma conversa com alguém inocente,
não faz, não é mesmo?
Quando acordei, depois de sonhar com beijos, mãos e olhos cor de
chocolate a noite inteira, consegui ver as coisas com uma nova perspectiva.
Talvez, eu tenha exagerado um pouco na paranoia e dramaticidade ontem à
noite, ou talvez, eu esteja analisando tudo de um jeito errado.
Lisa: Pessoalmente.
— Uau… eu achei que era rica, mas isso é totalmente outro nível de
riqueza. — ela comenta, impressionada com a vista da suíte, e apesar de já
ter me hospedado em vários hotéis ao longo do mundo, esse realmente está
acima da média.
— Está tudo bem. Visito-a uma vez por semana e está estável,
apesar de não ter nenhum tipo de mudança em seu quadro há muito tempo.
Mas, o problema foi o que aconteceu com quem ficou. Geralmente é assim.
Os bons se vão, e a gente que fica pra lidar com toda a merda — ela
reclama e eu confirmo com a cabeça, me lembrando de minha própria
mama.
O câncer arrancou sua vida de mim rápido demais, e não pudemos
fazer nada a respeito. Talvez, um acidente de carro seja melhor, no fim das
contas. Não precisar assistir à pessoa definhar na sua frente, até partir. Mas,
o coma com certeza é pior, o limiar entre a vida e a morte é uma absoluta
tortura.
Sem pensar em mais nada, a puxo pro meu colo, não conseguindo
deixar mais distância nenhuma entre nós dois. Ela se aconchega em mim,
como se apreciasse muito a minha proteção e cuidado, mas continua
falando:
— Quando aceitei o seu primeiro convite, fui inocente. Já tinha o
contrato de residente na Purple Night e imaginei que não iria ter problema
nenhum, já que havia tocado em outros lugares e festivais ao longo desse
período. Entretanto, na noite seguinte, ele apareceu em meu camarim, falou
de Helena e do quanto ela fica sozinha em casa… como éramos apenas nós
duas e muito suscetíveis a coisas ruins acontecerem. Um monte de merda...
— ela fala, e vejo uma lágrima rolar pela sua bochecha — Perguntei se
queria que eu recusasse algum próximo convite, e ele negou, afirmando que
eu seria sua informante. Eu não pedi por nada disso, não queria me
envolver.
Quando o zíper ameaça estourar, de tanta pressão que meu pau duro
faz contra ele, resolvo tomar uma atitude e me coloco de pé. Com as pernas
ainda agarradas em minha cintura, seguro Lisa pela bunda e a guio pela
suíte bem equipada, jogando-a na cama. O colchão macio faz com que ela
quique algumas vezes, com os seus cabelos loiros esparramados pela cama,
e com o susto, ela dá uma risada melodiosa que aquece o meu peito.
— Sua. — Isso era tudo o que eu precisava para avançar sobre ela
novamente.
Subo na cama, com uma perna ao lado de cada lateral do seu corpo,
e volto a beijá-la sem cerimônia, mordendo seu lábio com força. Foda-se se
vai ficar inchado ou até mesmo roxo, ela é minha. Seu vestido sensual e
bonito, agora é um empecilho que eu não estou mais disposto a aceitar, por
isso, procuro por seu zíper e em poucos segundos ele vai para o chão, junto
com o resto das minhas roupas.
Limpo meu queixo, que agora escorre a sua excitação, e seu olhar
anuviado indica que nosso momento juntos foi tão bom para ela, quando foi
pra mim.
Quando me deito na cama para abraçá-la, até que ela se
recomponha, Lisa me surpreende, segurando meu pau com força, antes de
descer a minha cueca sem nenhuma cerimônia e falar de um jeito sensual e
enlouquecedor, que me deixa completamente apaixonado:
Apesar de estarmos juntos, e de ele ter deixado isso muito claro com
a típica frase de macho alfa, da qual eu tanto ri depois: "não sou um
moleque, estamos juntos e você, a partir de agora, é minha. Te avisei antes,
no que estava se metendo, mas agora, não tem mais volta.", escolhemos
não contar para ninguém ainda. Nossos encontros, desde então, têm sido
escondidos e sigilosos. É melhor assim, já que ainda temos algumas pedras
no caminho com as quais lidar.
— O que tem para mim hoje? — ele pergunta sem rodeios, e com o
discurso ensaiado que Hades me forneceu, digo com um tom debochado:
— Como assim?
— Acho, pelo que eu entendi, que ele está focado em atingir classes
que ainda não tem um espaço nos cassinos. Acredito que seja algo popular.
— respondo, dando de ombros.
Sei que o Pakao será totalmente o oposto, mas não tem como Gavin
saber o que foi me dito em uma conversa pós-sexo. Sim, para todos os
efeitos, eu estou dormindo com o velho Hades para conseguir informações.
Aparentemente, Gavin e seu ego gigantesco não se deram ao trabalho de
checar como é o rosto de Hades, e até hoje, ele imagina que meu namorado
seja um homem idoso, gordo e bigodudo… parecido com ele mesmo,
talvez.
Assim que fecho a porta da sala de Gavin, sinto meus dedos ainda
tremerem, e antes mesmo de entrar em meu camarim, já digitei uma
mensagem cheia de pânico e medo, lhe contando tudo o que ele falou.
Como o homem que me trata como uma princesa pode estar fazendo
algo assim com alguém?
— Some com esse cara da minha frente. Mais tarde eu resolvo isso,
Frederico. — sua ordem é clara, e Fred, que observava a cena de longe, dá
ordens para os outros capachos que fazem o que ele manda.
Nós nos olhamos por alguns segundos, nos estudando. Ele sonda
para entender o que estou sentindo e qual é a minha reação ao presenciar
essa cena brutal e eu busco a mesma coisa. Não sei o que ele fez, não sei se
realmente merece esse tipo de tratamento, mas achei que ficaria mais
assustada ao ver a face malvada do homem ao meu lado. Porém, além disso,
também sinto uma adrenalina correr em minhas veias.
— Tudo bem. — digo baixo, porque não sei mais o que falar nesse
momento, e de mãos dadas, ele me leva para o seu escritório, como tem
feito com certa frequência.
O sofá preto de couro já viu muito mais do que deveria, e o lugar
nem foi inaugurado ainda. Mas, dessa vez, quando nós nos sentamos ali,
não é para mais uma sessão de sexo intenso, e sim, para ter uma conversa
séria. Seu olhar e sua postura me falam isso e não posso fingir que não
estou tensa e curiosa. Não quero forçar a barra, mas sei que esse será um
divisor de águas. Ele finalmente está confiando em mim para compartilhar
mais do seu passado, e principalmente de sua identidade verdadeira, pelo
que deu a entender.
— Progenitor. Não pai. Usei o termo errado. Gavin nunca será meu
pai. — o escárnio em sua voz, faz com que eu me encolha um pouco no
sofá — Mas, aqui estou eu, depois de anos, finalmente vingando o nome da
minha mãe.
— Então, é isso? Tudo é uma vingança? — pergunto, tentando
entender.
A determinação em sua voz é tão forte que não resta dúvida de que
esse realmente é o plano da sua vida.
— Há quanto tempo você sabe e está lutando por essa vingança? —
pergunto tentando entender.
— Ele é.
— E isso é o suficiente?
— Espero que seja. — sua voz soa mais firme agora, como se eu
estivesse desafiando-o. Nossos olhares se encontram e ainda não estou certa
do que pensar ou sentir, com tantas informações. Ele percebe a minha
dúvida, por isso, começa a fazer as suas próprias perguntas — Você
continua do meu lado nessa batalha?
Posso não aprovar sua vingança, suas atitudes e nem alguns de seus
métodos, mas estou com ele. Entre Hades e Gavin, não existe nenhuma
dúvida de qual lado meu coração está.
Sei que ela me entendeu. Confio que esteja do meu lado e que não
vá me trair, contando meu segredo para outras pessoas. Porém, apenas o
pensamento de ela sentir medo ou repulsa de mim, de alguma forma, me
deixa perturbado. Isso não pode acontecer. E não vai. Mas, não posso forçá-
la… não seria justo, muito menos, correto.
Como posso pedir por confiança, se não confio que ela vai voltar?
— Lisa está aqui. Peço para que ela suba? — ele questiona, e afoito,
quase derrubo o copo de whisky, antes de berrar um sim bem mal-educado
para ele.
Ainda há esperanças, afinal.
Espero por Lisa, que vem, como o anjo que é, em um vestido preto
cheio de recortes, com um sorriso tímido no rosto. A mão que segura o meu
copo, o aperta firme, mas a outra eu escondo dentro do bolso da calça. Ali é
mais seguro, não corro o risco de fazer alguma coisa errada, ou que ela não
queria.
Minha mão vai para a sua bunda, pressionando seu corpo magro e
gostoso contra o meu. Ela geme baixo, sem se importar com espectadores,
mas a esse ponto, até eu já taquei o foda-se. Deixem que eles fiquem com
inveja. Ela é minha.
— Quer que eu te coma com força dentro desse banheiro, então? É
isso? — questiono e ela confirma com a cabeça.
— Sim, senhor.
Lisa continua com os movimentos contra meu pau, que a esse ponto,
já luta em vão na cueca apertada, e quando finalmente é liberto está todo
babado com o líquido pré-ejaculatório.
Levo dois dedos meus em sua boca e ela os lambe com vontade,
deixando-os molhados, e quando afasto a sua calcinha para o lado e começo
a movimenta-los ali, em cima do seu ponto mais sensível, seus gritos já
devem ser audíveis até fora do banheiro masculino, e eu não poderia me
importar menos.
— Se não ficou claro ainda, Lisa, você vai acabar com todo o meu
juízo e autocontrole, porque eu também te amo. — respondo, com os lábios
praticamente colados nos seus, e seus olhos me dizem o quanto isso é
importante pra ela.
— Eu sei.
Tive muito no que pensar.
A única coisa que me fez pensar melhor sobre tudo isso foi Helena.
— Claro, não posso demorar, por causa do show, mas vamos lá.
Descemos as escadas, nos misturando com o público, e por mais que
estejamos com dois seguranças enormes às nossas costas, algumas pessoas
se aproximam, pedindo uma foto. Como Hades não está acostumado com
nenhum tipo de exposição, e muito menos com pessoas desconhecidas o
procurando, tiro meia dúzia de fotos, antes de segui-lo rapidamente.
Enquanto Lyanna fala sem parar sobre seu caso sério de amor com o
advogado bonitão, e compara a sua história com a da sua cunhada, que
reconquistou o, segundo ela, carrancudo, chamado Atlas, fico imaginando
onde é que estou me metendo. Apesar de, aparentemente, ela não ser fã
número um do cunhado, a tal Ludovika conquistou seu coração de primeira,
afinal, pelo que soube, elas têm uma inimiga em comum, a ex dos dois
irmãos. Pois é. Toda família tem as suas questões.
— Até mais. — digo alto para todos, antes de correr para o palco.
Eu nem bebi tanto assim, para estar com essa ressaca, então, só pode
ser muito cedo. É isso. Tem que ser.
Abro os olhos, apenas para constatar que não são nem dez horas da
manhã ainda, e o telefone não cansa de tocar, mesmo depois de duas
chamadas recusadas, sem ao menos ver quem estava ligando.
— Alô?
— Alô? É isso que você tem pra me dizer? Alô? Depois de ter
sumido por dois dias, não ter me respondido. Dispensado Dani e Yas, ME
dispensado e feito um show sem nenhuma equipe de background? Isso tudo
é por conta desse cara? Você nunca foi uma cabeça de vento por cara
nenhum!
— Rose! — chamo a sua atenção, cortando-a, antes que ela fale algo
de que se arrependa — Não continue, ou as coisas podem não ter mais
volta. O que acontece na minha vida pessoal diz respeito apenas a mim. O
show de ontem foi decidido de última hora e não teve problema nenhum,
então, gostaria de saber o motivo desse estresse e dessa gritaria. — Hades
acorda, e fica em alerta ao meu lado. Aparentemente, o toque do celular e o
meu tom de voz bravo o despertaram totalmente.
Demoro alguns minutos para entender o que ela quis dizer, e pisco
algumas vezes, chocada demais para entender do que se trata.
— Por quê?
— Isso não é o pior. Foi apenas para ele quebrar o contrato com a
Purple Night, por conflito de interesses, como se você estivesse manchando
a imagem do lugar, então, foi o motivo perfeito para te colocar como a
culpada da história. A multa é astronômica!
— Foi ideia minha… se a fama de boa moça acabar, que seja. Não
me importo. — digo, dando de ombros, porque não tinha nem começado a
pensar nisso, mas literalmente, foda-se o que pensam de mim, se querem a
Lisa má, posso até usar isso como um Buzz publicitário — Minha maior
preocupação é manter Helena a salvo, e com certeza, nos afastar da fúria de
Gavin, que a esse ponto, deve estar enorme para ter rescindido o contrato.
Na dúvida, o homem, que foi muito bem pago para me deixar usar e
gerenciar negócios em seu nome, veio até o meu escritório, e sob a ameaça
de fazer algum mal à sua família, ele confessou ter comentado em uma
mesa de bar sobre a transação. Só mais um imbecil respirando o mesmo ar
que eu. Depois de uma surra bem dada, para ele aprender a não falar mais o
que não deve, pra ninguém, e arrancar uma ou outra unha, me conformei de
que o estrago já estava feito. Irremediável.
Mas como a própria Lisa disse, há males que vêm para o bem.
Pego a chave do único cassino falido que arrematei e que ainda não
visitei, tiro meu carro da garagem e parto para lá, contemplando o silêncio,
imerso em pensamentos. Meu plano está indo bem até agora e o cerco está
se fechando para Gavin e toda a Timberg Company. Mas, é claro que eu
quero mais, muito mais.
Não vou ser hipócrita e fingir que a ideia não passou milhares de
vezes pela minha cabeça. Seria muito mais fácil sequestrá-lo e matá-lo na
porrada. Ou, com um tiro. Alvo aberto e uma morte limpa. Mas, Gavin não
merece nada disso. Merece sofrer ao se ver sem nada, como deixou minha
mãe, anos atrás. Merece pensar em desistir, e quando tudo estiver terrível,
se lembrar do meu nome. Ele merece algo pior do que a morte.
É isso, fodeu.
— Conte para gente quais são os seus planos! — outro soco na cara,
e sinto meu nariz escorrer mais um pouco de sangue, a essa altura, se
misturando com o que já estava seco, do primeiro golpe que levei —
Explique por que está querendo ferrar com tudo!
Bossais.
Não tenho certeza de por quanto tempo fiquei apagado, mas estimo
que esteja aqui por mais ou menos umas três horas. Tempo o suficiente para
já terem notado a minha ausência e começarem a procurar por mim. Minha
fala não é um blefe, em pouco tempo, serei localizado e mesmo se não
tivesse a Ward me dando cobertura, não tenho medo desses idiotas, que não
sabem sequer fazer o serviço direto.
— Cala a porra da boca! — o mais velho, e aparentemente, líder do
grupo, grita, antes de mandar uma mensagem no celular para quem quer
que seja e chegar perto o bastante para que eu grave o seu rosto — Está se
achando inteligente? Poderoso? Isso não foi para tirar informações, foi para
dar um aviso, Hades. — ele cospe meu nome com nojo e indiferença, mas
mantenho minha expressão impassível — Acha que sua namoradinha
aguentaria metade do que você aguentou? E a irmã dela? Aquela pirralha…
tenho certeza de que com um simples tapa naquela carinha bonita, ela já
abriria a boca e me contaria tudo o que sabe.
— Você não…
— Eu não? — ele gargalha, e a fúria toma conta de mim — Eu não?
Eu que mando aqui, seu filho da puta. Eu que mando nessa merda. Se eu
quiser pegá-la, eu vou pegá-la. Não importa quantos seguranças existam na
cola das duas. Uma hora, existe uma brecha, não é? Olha só onde você está
agora. — ele fala e sinto meu sangue ferver de ódio — Acho que, quando
Lisa e Helena Becker estiverem sendo espancadas e sei lá o que mais,
poderíamos fazer outras coisas com duas gostosas como elas, imagino que
ambas abririam a boca rapidinho.
— Por que o seu chefe não veio falar isso cara a cara para mim? —
questiono com raiva, sem pensar no que estou fazendo.
Agora que a envolvi em toda essa merda, ela corre mais perigo do
que nunca e preciso protegê-la de qualquer forma.
Se a intenção era tentar me acalmar, eles falharam muito feio.
— Ele vai ficar furioso quando vir que te levamos para a zona de
perigo. Vai arrancar a minha cabeça. — ele fala sério, antes de quase bater a
porta na minha cara — Você fica.
Fred e outros dois descem dos carros que nos seguiam e juntos,
olhando para todos os lados, ajudam Hades a se levantar. Apesar de muito
machucado, ele não parece desacordado e o alívio de perceber que nada
pior lhe aconteceu, me invade. O medo de encontrá-lo morto era tão grande,
que só de saber que isso não aconteceu, um peso enorme sai das minhas
costas. As lágrimas que nem tinham dado o ar da graça ainda, devido a
tanta preocupação, ameaçam cair, mas resisto, tentando ser forte.
Preciso ser.
Ele tenta sorrir, mas parece que tudo dói, e seus olhos me mostram
que ele também parece aliviado em me encontrar.
Bom.
— Vamos ver então, quais ratos fugirão hoje, não é? Ansioso para
ver quantos irão tremer, apenas ao saber que estou convocando uma
reunião. Tenho certeza de que a essa altura, já sabem que foram
descobertos.
Percebo que eles trocam um olhar, mas não falam nada. Sabem que
não há nenhuma possibilidade de me fazerem mudar de ideia e não tem por
que discutir. Por isso, mais cedo do que o horário previsto, entro no carro
segurando um copo de café quente para viagem, com Frederico ao meu lado
e mais três seguranças fazendo ronda ao nosso redor.
— Fugir. — repito.
— Por que será? Hein? — abro os braços sob seus olhares atentos
— Por que é que vocês não conseguem fazer nada direito? — grito —
Temos a porra de um traidor entre nós e vocês esperam que eu vá
descansar! — um riso irônico estica meus lábios feridos — Não… Eu vou
encontrá-lo e quando o fizer… Ah, ele vai se arrepender. Muito. — sinto o
gosto de sangue em minha boca e ordeno — Tragam mais um rato para
conversar.
— Não, ela não vai. — pela primeira vez em muito tempo, ele me
enfrenta — Você precisa descansar, Hades.
Como dizer para Helena que ela não pode sair de casa, encontrar o
namorado, ou até mesmo ir para a escola, como ele um dia sugeriu? Por
isso, tenho tentado fazer o meio de campo, ser compreensiva com ele, sem
me tornar uma filha da puta com minha irmã. Ela não tem culpa de nada, fui
eu quem a colocou nessa situação e fazer com que ela pare de estudar está
fora de cogitação. Mesmo com a segurança redobrada, tenho me sentido
cada vez mais sufocada.
— Então, agora você vai entrar na sujeira dele para conseguir as tais
provas? — questiono indignada.
Apesar disso, minha resposta parece ser algo que ele não espera,
porque sua expressão é confusa.
— Lisa, eu já disse que vocês terão tudo o que quiserem, mas vão
ficar aqui. Que inferno! Por que não fui avisado sobre essa decisão? — ele
se aproxima, irado, e eu me levanto, colocando as duas mãos na cintura,
indignada.
— Você não faz ideia de como sou louco por você, Lisa. Moveria
céus e terras para que nada te aconteça. — diz, colando seu corpo ao meu.
— Hades... — até tento argumentar, mas quando sua boca vai para o
meu pescoço, estou completamente rendida — eu sou sua, só não abusa.
Nem tudo você consegue, pode ou vai controlar. Inclusive a mim.
Parece errado gostar tanto assim, ao mesmo tempo, não teria como
ser diferente. É apenas mais uma faceta de Hades.
— Eu também estou, anjo. Goze pra mim. — ele fala, trazendo seus
dedos habilidosos para baixo, alcançando meu ponto mais sensível.
No fim das contas, aquele filho da mãe vai me pagar por isso
também. Penso comigo mesmo, ao me sentar na cadeira diante da mesa
cheia de papéis, enquanto degusto a bebida amarga que queima minha
garganta ao descer. Vai dar certo. Não há outra opção. E eu verei aquele
covarde cair com gosto. Meus capangas são treinados e já fizeram coisas
inimagináveis com quem se atreveu a mexer comigo, não será diferente
com ele. Ele pagará por tudo o que deve, com juros e correções, enquanto
me divertirei vendo-o cair de seu pedestal, como o merda que é. Não sou
conhecido pelo nome do deus do inferno à toa e Gavin Timberg está prestes
a saber disso.
Um pensamento intrusivo, e um tanto persistente, cruza minha
mente: Lisa ainda me amaria, se soubesse o quão longe estou disposto a ir?
Percebo que está preocupada, como se estivesse desconfiada de algo e,
apesar de saber que não me trairia, ainda me lembro do seu olhar assustado
quando me viu perder a cabeça na boate, no outro dia, e o tempo em que
ficou distante, como se fugindo de mim por alguns dias. O que será que ela
pensaria se soubesse dos meus planos?
Depois da tempestade, sempre vem a bonança.
Tudo bem que Helena ganhou mais três grandalhões em sua cola, e
agora tem mais mobilidade para ir para a escola e encontrar o namorado,
mas ainda tenho que escutar constantes reclamações, o que não era para
menos. Voltar a tocar na Gehenna e deixar de estar presa na torre de marfim
na qual estava, também foi uma boa negociação. Eu amo tocar, amo a
música e amo a noite. O período afastada já estava me deixando ansiosa e
me fazendo sentir falta de tudo o que tinha vivido. É óbvio que a segurança
é importante e o sequestro também me assustou. Não serei hipócrita e
mentir sobre isso, mas a nossa vida não pode parar.
Por isso, quando entro novamente na Gehenna duas horas antes de
abrir, como combinado, para que ninguém me encontre chegando ou saindo,
fico entediada por não ter nada para fazer e resolvo explorar o lugar.
Rose, Dani e Yas só vão chegar mais tarde, e depois dessa repentina
distração e decisão de me unir tão inteiramente a alguém intenso e cheio de
mistérios, elas estão com um pé atrás. A relação está passando por um
momento complicado, podemos dizer.
Não é que elas não me apoiam, mas como não posso contar o que
está acontecendo, ou explicar o motivo de ter sempre vários seguranças ao
meu redor, que é algo difícil de esconder, diga-se de passagem, a impressão
que tenho passado é de que estar com Hades é perigoso para mim. Não que
ele me protege do real perigo, a cobra cujo covil vivemos dentro por meses.
Gavin e todos da Timberg Company nos enganaram direitinho, isso é
inegável. Agora, tudo está ainda mais complicado, porque me "mudar" para
sua casa foi completamente repentino, e então, ele apareceu todo
machucado em uma manchete de jornal e elas queriam uma explicação
plausível, que eu não pude dar.
— Me solta! Eu nunca vou falar nada para você! Pode cortar minha
língua fora, se quiser, ou me matem logo, já estou praticamente morto
mesmo! — congelo no lugar, assustada com o que ele fala, e troco um olhar
com Tristan, que me repreende fazendo um não com a cabeça.
Ele não pode estar fazendo isso. Tinha me dito que não era igual ao
Gavin, que não se equipararia ao monstro. Nunca me iludi achando que ele
fosse um homem bom e exemplo de caráter, mas não pensei que fosse tão
longe. Ele me garantiu que não iria, e em troca, eu lhe prometi que não o
trairia.
Eu deveria saber.
O que aquele homem fez para merecer apanhar daquele jeito? Não
vá por esse caminho, Lisa.
Você quer continuar nessa?
Sei que terei pouco tempo para pensar, que as coisas não são cheias
de espaço para reflexão e compreensão com ele. Hades é intenso e não tem
como prolongar ou adiar nosso diálogo. Nós somos assim, para ser justa.
Limpo e com a roupa trocada, ele entra, depois de mais de uma hora
na cobertura, com uma expressão ilegível.
— Fui até o seu apartamento, achei que poderia estar lá. Não matei
o homem, se é o que está perguntando. — ele fala, parecendo mais tranquilo
do que eu imaginei que estaria pela situação, e eu sinto alívio.
Sem olhar para trás, deixo o apartamento com um aperto tão grande
no peito que mal consigo respirar. Eu nunca amei tanto alguém como amo
Hades, mas em contrapartida, nunca sofri tanto como estou sofrendo agora,
com essa decisão.
Dois dias desde que a origem do meu tormento me entregou aquela
porcaria de romã, fazendo uma piada de mau gosto com o nome que
assumi. Talvez, em outro momento, eu teria rido disso, ao invés de me
revirar nos lençóis frios da cama vazia. Porra! Será que ela não entende o
que eu faria para manter as garras daquele merda longe dela?
Não conto a ele que tentei falar com ela inúmeras vezes e fui
totalmente ignorado. Não falo nada sobre a falta que sinto dela na minha
cama e da preocupação que me corrói a cada vez que penso que algo pode
acontecer a ela por minha causa. Lisa pode pensar que sou alguém horrível,
mas não faz ideia do que eu faria e de quão longe eu iria para que nada de
mau aconteça a ela e à Helena. Ela pode ter ido embora sem olhar para trás,
mas nós dois sabemos que ainda é minha, e assim que meu plano de
vingança se concretizar, ela voltará para mim.
Porque não posso mais pensar em um futuro no qual ela não esteja
ao meu lado. Ao contrário do que pensa, Lisa é, sim, a minha Perséfone. E
logo, voltará para mim. Mas, antes, preciso me livrar de Gavin Timberg e
de suas ameaças.
E já que não tenho mais meu anjo comigo, não há nada mais que me
impeça de seguir em frente, ainda mais impetuoso e direto. Não estava
brincando quando disse, naquela manhã, que estávamos em guerra. Agora,
é tudo ou nada.
— Dylan deu ordens para que não saia sem seguranças. Eles vão
antes de você. — idiotice! Penso, mas não falo. Apenas espero que a
comitiva esteja pronta para me acompanhar.
Observo os corredores luxuosos, alguns idosos destoantes do código
de vestimenta, como de costume, mas no geral, tudo aparenta estar
funcionando na normalidade. Sigo Frederico até as salas da administração e
em pouco tempo, estamos entrando em um cômodo semelhante àquele
daquela maldita noite. Porém, dessa vez, o homem pendurado no gancho
ainda está limpo e não parece ter tomado mais do que alguns socos no rosto.
Tive que contar para ela que resolvi terminar todo o meu
relacionamento com Hades, e a nossa nova família disfuncional acabou
sendo reduzida a nós duas novamente. É claro que Helena sabia que as
coisas não estavam indo do jeito mais tranquilo do mundo, afinal, o
sequestro foi realmente o estopim para que Hades enlouquecesse. Mas não
tive coragem de contar exatamente o que aconteceu, nem o que eu vi, então,
ela está apenas especulando, sem querer invadir o meu espaço pessoal.
Fungo alto, tentando impedir que a meleca, depois de tanto choro e
depressão, escorra pela minha roupa, e ela ri baixo, me entregando o rolo de
papel higiênico. É, talvez isso seja chegar ao fundo do poço. Mas, quando
me ouve assoar alto, Helena torce o nariz, antes de revirar os olhos como se
achasse tudo isso muito melodramático da minha parte, mas mantém um ar
bondoso em seu rosto, antes de continuar:
— Não seja boba, Lena… não posso viajar e te deixar aqui sozinha.
— ela ri, como se eu tivesse contato a maior piada de todas.
— Sozinha? Você reparou que desde quando voltou para cá temos 4
seguranças na nossa porta, e mais 3 rondando o quarteirão do nosso prédio?
Até os vizinhos estão comentando. Acham que você está metida com os
terroristas que ameaçam a coroa.
— Besteira, converso com ela todos os dias para dar notícias suas.
Logo, isso passa. — ela diz e isso me alegra um pouco mais. É bom saber
que Rose ainda se importa comigo e que, em breve, vamos deixar esse
desentendimento no passado.
— Vou pensar sobre o assunto. Agora, como a pessoa triste sou eu,
vamos assistir Casamento Grego.
— De novo!
Faço uma checagem rápida e parece que por sorte, alguma coisa
amorteceu a minha queda, porque depois de um acidente feio desse, sair
com apenas poucas escoriações parece quase um milagre.
— Tudo bem. Estou bem. — como se fosse combinado, assim que
termino de falar, as portas são abertas e mesmo no ângulo estranho e
anormal em que nos encontramos, consigo ver armas sendo apontadas para
nós dois. Os gatilhos são puxados, mas não emitem o som, apesar disso,
sinto algo me espetar e o corpo inteiro queimar e arder, antes de ficar
completamente dormente e mole. Tudo começa a girar, e os homens
encapuzados me arrancam do carro. Tento me localizar, mas o mundo
inteiro começa a girar, e quando um saco preto é colocado em minha
cabeça, sinto as minhas pernas falharem.
Droga de vida.
Lisa.
Meu anjo.
Minha responsabilidade.
Um pouco mais calmo, algum tempo depois que Dylan chegou com
uma nova equipe, observo enquanto o cara magrelo e estranho digita
rapidamente em um computador grande, sobre a mesa que meus amigos
colocaram de pé em algum momento. A ideia de hackear os sistemas das
boates de Timberg partiu de Dylan e Apolo, enquanto Anthony segue
conseguindo liberar protocolos que tornem nossa “operação de resgate”
legalizada.
Depois de tudo?
— Vou ligar quando eu quiser ligar. Quero que aquele filho da puta
sofra, pensando no que estou fazendo com a vagabundinha dele. — a voz de
Gavin preenche o ambiente, e sinto meus pelinhos se arrepiarem.
— Não vai fazer nada. — a outra diz, mas parece não surtir muito
efeito.
Quando escuto os passos cada vez mais perto, fecho bem os olhos,
ainda considerando se é melhor fingir estar desacordada, ou se seria uma
opção melhor me colocar na defensiva. Quando meu cabelo é puxado para
trás, e ele consegue ver meu rosto, não consigo disfarçar a careta de dor, por
isso, abro os olhos o encarando com fúria.
— Será que o seu capacho vai te salvar? Será que você é tão valiosa
como ele nos fez pensar? — ele pergunta, com um sorriso que só as pessoas
malucas conseguem colocar no rosto.
Completamente drogado!
Para provar o seu ponto, ele tira uma arma escondida do cós da
calça nas suas costas, apenas para mostrar que pode e, se quiser, vai me
matar. Aponta para mim, fecha os olhos, testando a sua mira, antes de soltar
uma gargalhada alta e voltar a caminhar em círculos. Sinto o ar voltar para
os meus pulmões, quando percebo que essa é a sua definição de brincadeira,
e com toda a agitação, o homem nem percebeu que está se afastando
gradativamente de mim.
Estou literalmente nas mãos de um drogado que não sabe o que está
fazendo e acabou de perder tudo.
— Ah, me parece que percebeu agora que esse é o fim da linha para
você. — ele diz, e sua voz contém tanta alegria que desvio o olhar — Sabe
quando eu descobri que era o meu fim de jogo? Quando seu namoradinho
resolveu acabar com o meu esquema mais lucrativo. Tráfico de drogas em
Havdiam é algo raro e difícil, a coroa não perdoa, e eu era um dos únicos
que conseguia manter um negócio sólido. Ele destruiu essa opção para mim.
Nosso amigo Valentin, aqui, pode lhe falar mais sobre isso. — ele aponta
para o homem machucado, que se nega a dizer alguma coisa e inclusive,
olha em outra direção, como se o que Gavin estivesse fazendo comigo fosse
algo a que ele não gostasse de assistir — Meu esquema mais lucrativo!
— Tenho certeza de que podemos negociar. — murmuro, e recebo
mais um tapa na cara.
Seu sorriso agora é mais amplo ainda e ele bate com a pistola em
sua própria testa.
— Ele não vai fazer nada com ela. Quer uma saída e Lisa é a sua
melhor chance. — Apolo diz, como se fosse algo óbvio, mas não fico
tranquilo. Não tem como ficar.
Só quando Alex aperta meu braço com ainda mais força, é que me
forço a prestar atenção no que meu progenitor está falando e não há força
física que me faça ficar parado depois dessa ameaça.
— … não negociarei os termos… você não vai sair ilesa depois de
ter me trocado. Tenho certeza de que pra ter conseguido laçar aquele diabo,
você deve saber o que fazer, então, preciso experimentar. Nada mais justo.
A expressão “Quem tem cu, tem medo”, nunca foi tão real.
— Sabia que era bonito, mas não imaginei ter um fã. — ele debocha
e eu aperto a arma mais forte, respirando fundo para tentar me controlar.
— O nome, Fiorella Perri, te lembra de algo? — pergunto e ele dá
de ombros.
— Ela trabalhou na sua casa, quando você não tinha idade para lavar
seu pinto direito e honrar as suas calças. Você a estuprou, a engravidou e a
largou na rua, como se fosse um lixo. — minhas palavras são cirúrgicas e
noto na hora quando ele se lembra de quem minha mãe foi.
O sorriso que se espalha pelo rosto do imbecil me enoja tanto, que
preciso de cada milímetro de força de vontade que existe dentro do meu
corpo, para não atirar na sua fuça.
Ele fez o que fez com a minha mãe e ameaçou fazer novamente com
Lisa. Quantas mais não sofreram nas mãos desse maldito asqueroso?
Patético.
— Ainda não descartei essa ideia, portanto, sugiro que não me tente,
Gavin. — ele volta a recuar — Tenho certeza de que vai pro inferno de toda
forma, mas posso me aproveitar por um momento, antes de mandá-lo ao
outro demônio. — faço um trocadilho, miro melhor a arma, bem no meio da
sua testa.
— Então, o plano sempre foi vingança? — ele questiona, se dando
conta agora, de que independente de qualquer coisa, o meu objetivo
principal sempre foi destruí-lo. Realmente, o seu raciocínio é lento… ainda
bem que não herdei nada desse imbecil — Bem que achei a implicância
pesada demais para ser algo apenas relacionado ao negócio paralelo.
Alto.
Ensurdecedor.
Fatal.
Ao contrário de mim, o velho realmente não tem escrúpulo nenhum.
Esse é o meu primeiro pensamento, quando sinto uma dor absurda em meu
ombro direito. O líquido quente e rubro começa a escorrer pela minha
camisa de botões preta e sinto meu joelho falhar.
Porém, não consigo deixar de pensar que Hades poderia ter morrido
com esse tiro, e a culpa seria minha. Eu tirei a sua atenção. Fui eu quem o
repreendeu de forma imprudente. Fui burra o suficiente para falar quando
não era chamada e acabei encarando o homem que eu amo, ensanguentado
no chão.
As lágrimas banham meu rosto e agora que estou me debatendo
como louca, tentando me desvencilhar das cordas que me prendem à essa
cadeira. Várias pessoas entram e se colocam em ação, Gavin é detido e
arrastado dali, Hades está caído no chão, resmungando, e vários homens
vestidos de preto tentam se aproximar de mim, mas eu me debato tanto que
o trabalho se torna mais árduo:
— Shiii, vai ficar tudo bem. — ele me consola, mas percebo que
estrangula um grito de dor, e eu o solto rapidamente, sabendo que fui eu
quem provoquei isso.
— Calma, anjo. Você está bem e isso é tudo o que importa. — assim
que termina de falar, a equipe de socorro chega, o acomodando em uma
maca.
Ele precisa!
Saber que vou me encontrar com Lisa, sem mais nenhum tipo de
tormenta ou desavença entre nós, é um bálsamo para a minha vida.
Suas unhas pintadas de preto jogam os dados mais uma vez, e assim
que nota minha aproximação, abre um meio sorriso que tem conexão direta
com o meu pau. Safada. Me posiciono atrás dela e falo em seu ouvido,
sentindo o cheiro cítrico e apimentado do seu perfume.
— Eu te amo mais.
Me ajoelho aos seus pés antes mesmo que ela abra a boca para falar
alguma coisa e quando seus olhos buscam os meus, já cheios de lágrimas,
começo a falar:
Com uma lentidão exagerada, que sei que faz com que ela se
contorça de expectativa, abro o fecho do seu sutiã e o jogo de lado, com os
olhos fixos nos seios mais lindos que eu já vi. Os mamilos rosados parecem
me cumprimentar e lambo um com prazer, antes de dizer:
Claro que seria assim! Afinal de contas, o que seria mais a nossa
cara do que um casamento bem animado em um antro de jogatina e
oficializado por um homem vestido à caráter, usando uma peruca ridícula
de Elvis Presley? Absolutamente, nada! Meu noivo, como sempre, veste seu
habitual terno escuro e ajustado ao corpo e, apesar de não estar tão
composto quanto costuma ser, não me importo nada com isso. Para essa
noite, escolhi um vestido curto, com alças inspiradas nas vestes gregas e,
claro, na cabeça, minha coroa alada.
Linda como o pecado. — Hades dissera, assim que me viu pronta
em nossa suíte, no hotel onde esse cassino funciona, com os olhos
inflamados percorrendo cada parte do meu corpo.
Um olhar que não se parece muito com o que ele me lança agora. Na
verdade, nesse momento, ele parece até um pouco preocupado. Ainda mais
se considerarmos a sobrancelha levemente erguida em uma interrogação
muda. Ah, eu ainda não respondi!
— Boa sorte para Eros, se quiser ficar sozinho com ela daqui a
alguns anos! Coitado! — Lyanna nos faz gargalhar mais uma vez — Antes
que eu me esqueça: Lind, você arrasou demais nesse vestido! Ficou
perfeito!
— Por falar nisso, é bom deixar o seu Tornado esperto. — Dylan diz
à Atlas, antes de beber um gole de sua bebida e apontar para a mesa onde
Eros e Sophie conversam animadamente — Aquela ali é a minha princesa.
— E ele é um príncipe, vejam só! — provoco, apenas para colocar
mais lenha na fogueira e todos riem, como os idiotas que são — Mas aquele
ali, — aponto para Piter, filho de Anthony, que perante as leis reais ainda é
tão bastardo quanto eu — poderia ser um conde. Um dia.
— Feliz? — Alex, que eu não havia notado estar tão perto de mim,
questiona.
— É, faz sim.
Ainda estou rindo junto aos meus companheiros, que também foram
pegos de surpresa, quando meu olhar encontra com o azul intenso e se
perde ali. Desde que ela seja minha, posso ser o que ela quiser. Desde um
CEO até o senhor do inferno.
Alguns anos depois…
Logo, a noite também perdeu seu atrativo para mim. Tudo o que eu
desejava era estar em casa com a minha esposa e meus filhos — é, no fim
das contas, acabamos adotando uma garotinha fofa, quando nosso
primogênito tinha apenas três meses. E então, nossa família foi crescendo
exponencialmente ao passar dos anos e, passado o amargor e a gana de
vingança, acabei decidindo a me dedicar ao que eu realmente gostava de
fazer. Foi assim que surgiu a Elysium construtora.
FIM
Agradeço imensamente a você que deu uma chance para Lisa e
Hades e chegou até aqui. Foi uma história desafiadora e o fim de uma série
de livros que mudou a minha vida e a minha carreira, então, muito
obrigada! Se você amou este livro tanto quanto eu, não deixe de avaliar, por
favor.
Para as minhas leitoras goxtosas deixo aqui todo o meu amor. Como
sempre digo: sem vocês eu não sou nada! Cada vez mais grata pela
cumplicidade, apoio e amizade! Amo nosso grupo, nossas conversas e
nossa família. As interações, indicações e leituras são fundamentais para
mim. Amo vocês com todo o meu coração!
Para a minha outra metade literária, Priscilla Averati. Você é para o
resto da vida. Sem seu apoio não seria a mesma coisa, sem a nossa amizade
e cumplicidade não teríamos o que temos hoje. Esse livro, mais do que
todos os outros saiu porque você não me deixou desistir e me apoiou até o
último minuto. Agradeço de coração por tudo sempre. Te amo muitooooo.
#Prisa
Para a minha amiga e beta querida, Juju, obrigada por sempre surtar
e amar minhas histórias. Esse foi o encerramento do ciclo de CEOs, e sei
que Hades roubou seu coração.
Por fim, mas não menos importante, para a minha família por todo o
apoio. À Deus por me capacitar e aos meus amigos por aguentarem as
minhas “sumidas” em períodos pré-lançamento. Amo vocês.
QUERO MUITO TE CONHECER MELHOR!
Parece inalcançável a relação autor/leitor, e por isso estou sempre aberta,
tanto nas minhas redes sociais quanto no meu grupo de leitoras para
conversarmos.
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Isabella Silveira é natural de São Paulo, porém cresceu na capital
de Minas Gerais. Publicitária e comunicóloga, desde cedo percebeu que a se
comunicar era algo muito além da fala.
Na literatura descobriu inúmeros novos mundos, e ainda criança
sentia a maior felicidade em ter um livro nas mãos. Ainda nova arriscou
alguns rascunhos que nunca saíram do papel, porém após ler estórias que
não correspondiam às suas expectativas e conversavam com a mulher
decidida que ela sempre quis ser, resolveu colocar as suas ideias no papel, e
posteriormente mostrá-las ao mundo.
Victor ainda está tentando encontrar o seu lugar no mundo. Adotado por
uma família muito bem sucedida, sempre se viu como a ovelha negra.
Arquiteto cheio de talento, o nerd atrapalhado resolve se mudar para o outro
lado do mundo em busca de algo mais. Quem diria que ele encontraria o seu
"mais" atropelando a bela donzela, com a sua mala, correndo para o
embarque em um avião?
Depois de muitas aventuras, Laís conseguiu enfim o seu "feliz para sempre"
com o seu príncipe ativista Diego.
O que ela não sabe é que depois do tão sonhado SIM, é que as coisas
começariam a ficar interessantes.
Época de natal sempre nos reservam grandes surpresas, e para uma
blogueira gravidíssima isso não poderia ser diferente. Mais apaixonada pelo
seu enfim marido do que nunca, Laís está vivendo seu conto de fadas. Entre
casamentos, vídeos e uma família muito bagunceira passando o natal pela
primeira vez na capital, ela precisará equilibrar tudo e fazer com que seu
bem mais precioso não sofra no processo. Luíza, sua filha
E se eu me apaixonar por você?
Liz é uma médica, cirurgiã obstetra, renomada, dona do seu próprio nariz e
do seu próprio destino. Extremamente independente, ela tem como objetivo
ser feliz e por isso não aceita migalhas de homem nenhum.
É tempo de descobertas;
De (re)começar;
Errar e aprender;
Se aceitar;
Fazer amigos;
Sair sem hora para voltar;
Roubar um beijo;
É tempo de se apaixonar.
E você vai ter a oportunidade de desfrutar desses encontros especiais, que
irão te arrancar suspiros, do início ao fim.
Cedendo à Tentação
Quatorze anos a separam da menina que teve o seu coração partido para a
mulher que adora pisar no coração dos outros.
O que ele não esperava era que a menina de olhos claros e sorriso fácil,
depois de tantos anos se tornaria a mulher linda, sensual, ardilosa, com um
humor ácido e nenhuma paciência para as suas cantadas baratas.
O pior? Ele se vê intimado pela mulher que o leva a loucura: em três meses
o adendo em seu contrato acaba e ela poderá demiti-lo como planeja fazer
desde o seu retorno.
Marcos tem um prazo para reconquistar a mulher por quem sempre foi
apaixonado e que ainda guarda mágoa pelo passado, embora não seja
totalmente indiferente às suas investidas.
Uma amizade, uma família fora do padrão e um bebê que une um casal
improvável.
O que ele não esperava era que o destino os colocaria frente a frente de
novo, e agora, sob novas regras, que nenhum dos dois está disposto a
cumprir.
O jovem médico e pai solo, Murilo Mazzini, após ter um filho com sua
melhor amiga ainda adolescente, se dedicou aos estudos e à carreira,
deixando a vida amorosa em segundo plano. Pelo menos, até se encantar
por Lou.
Louise Vieira é uma mulher batalhadora que desistiu de confiar nos homens
quando acabou sendo abandonada grávida pelo ex. Até que encontra em
Murilo um bom amigo e alguém com quem pode contar.
Será que Lou vai ser capaz de resistir ao seu charme de bom moço?
Sem Retorno
Matteo Rizzi não sabia bem em que estava se envolvendo quando se rendeu
ao dinheiro fácil oferecido por um parente. Fato é, ele poderia ter saído do
negócio escuro e perigoso enquanto podia, mas o poder e o dinheiro falaram
mais alto. O que o atraente criminoso não esperava, era envolver seu amor
da adolescência na confusão que se tornou sua vida.
Leah Elizabeth Lancaster Reimond sempre quis uma vida simples. Apesar
de ser princesa de Vongher, ela nunca almejou a coroa, o poder, nem os
deveres que vinham atrelados a ela. O que ela não esperava, era que seu
maior inimigo voltasse para assombrá-la e mudasse a sua vida inteira de
uma hora para outra.
Um casamento arranjado.
Um embate.
O pai é o CEO
Pelo menos era assim até conhecer a loirinha viajante que conseguiu para
abalar as suas estruturas.
Laura é uma jovem boa e generosa que ainda precisa lidar com a depressão
ocasionada por traumas do passado. E em uma reviravolta do destino se vê
obrigada a aceitar um contrato de casamento falso, oferecido pelo pior
inimigo do seu pai, e torcer para que assim consiga ajudar a sua família.
Ele passou anos planejando minuciosamente como destruir o seu maior
inimigo e reconquistar a única mulher que amou. Agora, precisa descobrir
como não se perder em uma história de vingança, poder e amor.
Josh Bergman estava acostumado com a sua vida pacata: Sem festas, sem
agitação, sem emoção. O típico geek virgem que fica com a cara enfiada no
computador vinte e quatro horas por dia. Até que, a sua crush mor, Leslie
Wood, a menina mais popular do campos, se matricula na mesma aula que
ele.
Leia CEO's em Alto Mar para saber tudo sobre essa história, e conheça os
próximos protagonistas da série Eu amo um CEO.
Archie - Jogo Perigoso
Archibald Evans está vivendo a sua vida dos sonhos. Forte, bonito,
sedutor, rico, inteligente e claro, imortal. Apesar de ser o vampiro mais
novo do clã, sua má fama se dá principalmente porque ele se envolve em
todo tipo de confusão sem se importar com as consequências.
Leighton Bernardi é uma órfã que vive uma vida pacata. Contadora
autônoma, ela raramente se diverte, tendo o seu gato Félix como seu melhor
amigo. Mas, tudo muda quando em um encontro frustrado, ela se vê em
perigo, e é salva pelo bad boy tatuado.
Reconquistando o CEO