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Isabella Silveira
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A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo
184 do Código Penal.
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Aproveite!
Atlas Sanchez sempre foi um homem sério e comprometido
com os negócios da família. Seu único deslize foi se casar com uma
mulher completamente inadequada e... ex do seu irmão mais novo.
Divorciado, ele está tentando recuperar o tempo perdido, e cuidar
sozinho do seu filho Eros, um garotinho confuso e que sofre com as
loucuras da mãe interesseira.
Ludovika Pavlova depois de ter seu coração quebrado, jurou
não se envolver com nenhum homem até se apaixonar novamente.
De volta a sua cidade natal, ela abriu uma escola infantil que está
dando o que falar. Apesar de todo o sucesso do empreendimento,
um menino lindo, porém revoltado, tem lhe causado muitos
problemas. E o sobrenome dele é uma surpresa inesperada.
Quando Atlas e Ludovika se reencontram, sentimentos do
todas as diferenças?
Olá, goxtosa (o),
Obrigada por ter optado pelo livro: Reconquistando o CEO.
Esse livro foi feito para deixar o seu coração quentinho, e espero
que consiga esse feito. Eu amei dar voz a esses dois personagens,
espero do fundo do coração que você goste.
Espero que você possa aproveitar esse tempo com esses
personagens incríveis, e que goste desse livro tanto quanto eu. Ah!
E se você achar que eu mereço, avalie o livro, por favor, evitando
spoilers. Isso ajuda muito os autores iniciantes.
PS: Caso você tenha pego essa obra de forma ilegal por
qualquer outro meio que não seja a Amazon/Kindle Unlimited, saiba
que esse tipo de compartilhamento não foi autorizado por mim e
dessa forma, atrapalha o meu trabalho, além de ferir os meus
direitos.
Aproveite,
Com amor, Isabella Silveira
“Tudo que é feito no presente afeta o futuro por consequência, e o
passado por redenção.”
Paulo Coelho
Para você que tem um amor do passado.
Quem sabe não pode dar certo?
Uma mulher me indica a sala da tal diretora e só paro para
respirar quando dou duas batidinhas, antes de entrar, sem esperar
por sua aprovação. Não tenho tempo a perder.
— Boa tarde. Eu sou Atlas Sanchez e… — digo alto, me
anunciando, mas paro a sentença assim que vejo a pessoa por trás
da mesa de madeira escura. — Ludo?
— Diretora Pavlova. — ela responde, com um semblante
sério e um pouco frio, apesar de ainda manter todos os traços da
menina doce que cresceu ao meu lado — Como você está, Atlas?
— Eu não sabia que você tinha voltado. — respondo, um
pouco perdido.
Por que ninguém me avisou? Ah… vovó Camélia, a senhora
me paga!
— Também fiquei surpresa, quando vi que a criança que mais
nos dá trabalho se chama Sanchez. — ela diz, mas não há sinal de
crítica em sua voz.
Franzo a testa, tentando entender o que está acontecendo.
Tudo me parece muito confuso: Eros nunca foi o garoto problema de
lugar nenhum. Ludovika está de volta. Eu estou fazendo papel de
bobo.
Não gosto de ser surpreendido por nada.
— Sente-se, precisamos conversar. — ela diz, apontando
para uma poltrona confortável à sua frente, eu faço o que ela
sugere, como manda a educação.
Ainda estou um pouco surpreso e, definitivamente,
abobalhado por estar na frente de uma das pessoas que marcou a
minha infância inteira. Faz tantos anos que não nos encontramos…,
mas seus cabelos muito ruivos permanecem os mesmos, sua pele
um pouco sardenta e os olhos verdes e gentis. Ela é uma mulher
adulta agora, é claro, mas ainda conserva seus traços bonitos e
gentis.
Enquanto ela fala sobre os malfeitos de Eros, e como ele se tornou
um garoto problema, acho difícil me concentrar, relembrando de
todo o nosso passado.
O nosso primeiro beijo, a primeira vez dos dois... Sempre
juntos, em uma amizade colorida muito difícil de determinar, e ao
mesmo tempo, muito fácil de encerrar. Dafne aconteceu, cada um
foi para o seu lado. Vivemos caminhos separados e eu nunca mais
a vi.
Pelo menos, não, até agora. Se possível, ela está ainda mais
linda do que antes.
— … ele mordeu um colega semana passada, por causa de
um carrinho. Tenho certeza de que você há de concordar comigo
que esse tipo de coisa é inaceitável. — ela continua falando, mas
franze o cenho e chama a minha atenção, como se eu fosse uma
criança — Atlas?
— Sim.
— Você não está prestando atenção em nada do que eu
estou falando.
— Estou sim, Ludo.
— Eu te conheço bem o bastante para saber que não. — ela
fala, como se não fosse nada demais, e volta a fechar a cara —
Espero que leve o seu filho a sério. Pelo menos, mais a sério do que
essa reunião.
— É claro que eu levo o meu filho a sério! Mas, com o
divórcio, eu não posso exigir um comportamento perfeito dele,
infelizmente, crianças sofrem no processo, — digo, sentindo o peso
dessa afirmação, e continuo — ele está com problemas para aceitar.
Ludovika parece ter sido pega de surpresa e vejo seu olhar,
um pouco chocado, antes de olhar para a mesa, tentando esconder
o rosto de mim. Neste caso, não é só ela que me conhece, e sei que
sempre faz isso quando precisa pensar rápido e não quer ser pega
em flagrante. Para o bem ou para o mal, ela sempre foi a pessoa
mais transparente que eu já conheci, e a sua frieza comigo até
agora, tem me incomodado bastante.
— Bom, eu entendo que para a criança esse tipo de situação
é complicada. Acho que seria bom você se sentar com a sua esposa
e definirem limites e uma rotina, para que ele sofra menos com isso.
Suponho que ele sinta falta da mãe…?
— Ele não quer conviver com a minha ex-mulher, sempre diz
que ela não tem tempo para ele e que prefere ficar comigo. Mas, eu
não sei exatamente como está sendo a relação dos dois, por isso,
vou investigar melhor para tentar entender o que está acontecendo.
— Isso seria ótimo. Acho que o diálogo seria muito bom, e
talvez, uma terapeuta. Com certeza, no momento, ele precisa de um
suporte maior para conseguir lidar com todos os seus sentimentos.
Eros está lidando mal com isso, se tornando uma criança agressiva
e triste, então, era o meu papel avisá-lo para que você tome as
medidas cabíveis. — estranhamente, não sinto raiva quando ela me
direciona essas palavras duras. Se fosse qualquer outro, com
certeza, eu já teria mandado se foder, porque da minha família,
cuido eu. Mas, Ludo sempre teve jeito com as crianças, e
certamente, ela sabe bem como agir nesse tipo de situação, afinal, é
dona da escola.
— Farei isso. Obrigado pelo tempo e por ter me ligado, se
preocupando com o meu filho. — respondo, me levantando, e ela
faz o mesmo.
— Eros é um ótimo menino, e eu não fiz mais do que a minha
obrigação. — ela responde, se aproximando para me estender a
mão.
— Bom te ver de volta, senti sua falta. — as palavras
escapam, mas volto à postura séria de sempre, antes de lhe
estender a mão. Percebo que ela hesita por um momento, mas
aceita o cumprimento, abrindo o primeiro sorriso do dia.
— Obrigada. Espero que dê tudo certo.
— Eu também. Parabéns pela escola, muito sucesso para
você! — com um aceno de cabeça, ela caminha em direção à porta,
abrindo-a, e finalizando assim, o reencontro mais estranho de toda a
minha vida.
Só não é mais estranho, talvez, do que me reencontrar com
Apolo no cruzeiro de Hades, meses atrás.
Ludovika Pavlova, quem diria que nós nos reencontraríamos
nessa situação?
"Tudo que começa errado, está fadado ao fracasso".
Foi isso que minha avó disse no dia do meu casamento.
Claro que, mentalmente, a chamei de "velha agourenta”, mas já
deveria saber que aquela bruxa sabia do que estava falando. Não
que eu realmente ache a vovó Camélia uma bruxa, ou até mesmo,
alguém desagradável. Pelo menos, não muito. Mas, ela
simplesmente odiava Dafne, e resolveu se afastar desde quando
começamos a namorar. A única pessoa que falava verdades na
minha cara, sem se importar em me magoar ou não e, talvez, a
única pessoa que realmente se importava em me guiar para o
caminho do bem.
Na época, achei que era um bom negócio abrir mão da
família, afinal, não precisava de ninguém para ser feliz. Hoje, eu
percebo o quão estúpido fui.
Ser feliz? Parece piada!
Um ato imbecil de quem queria se provar, e que acabou
escolhendo a pior forma possível de fazer isso. Como filho mais
velho, todas as responsabilidades, expectativas e deveres recaíram
sobre mim, e roubar a namorada do irmão mais novo foi divertido.
Uma forma de mostrar para todo mundo que, por mais certinho e
bom em cumprir com a vontade de todos, eu ainda tinha vontades, e
poderia seguir com meus próprios pés.
Infelizmente, os meus próprios pés só fizeram merda e eu
não estava preparado para aceitar essas consequências.
Estar com Dafne foi divertido, em um primeiro momento. Ela
era engraçada, tinha um humor meio ácido e sacana, que raramente
vemos em mulheres da alta sociedade, e era uma vagabunda na
cama, o que deixou o Atlas mais novo cego de desejo. Ela foi o meu
único rompante de rebeldia contra a minha família, de resto, segui
sendo o bom filho sério e organizado, que passou a cuidar dos
negócios da família cedo demais. O que nunca negou as
responsabilidades, e simplesmente carregou o mundo inteiro de
expectativas nas costas, desde criança.
Dafne foi um castigo, é claro.
Eu, depois da emoção de roubar a namorada do mala do
meu irmão mais novo, Apolo, que vivia livremente, sem nenhum tipo
de expectativa em suas costas, percebi o quanto ela era intragável.
Mas, a esse ponto, já estava comprometido demais para cair fora e
assumir que tinha feito uma cagada colossal. Honrei as minhas
calças, aceitei a pressão dos meus pais, e principalmente dos pais
dela, e a pedi em casamento quando, por um descuido,
descobrimos uma gravidez depois de anos e mais anos de namoro.
“Já era hora” foi o que todos falaram. Hora para me enforcar,
e assinar minha sentença de morte, só se for.
Uma vida conjugal terrível, porém, esperada, afinal, não
poderia ser diferente. Inúmeras brigas, uma completa sanguessuga
de dinheiro e de energias, um casal que vivia de aparências e se
odiava em casa, uma depressão pós-parto que nunca passou e que
se tornou a desculpa perfeita para todo tipo de mau comportamento.
Traições de todos os lados. Não posso fingir que fui santo, e sei que
ela também não estava nem aí para a discrição. Vários escândalos
abafados com rios de dinheiro e uma vida inocente no meio de tudo
isso.
Eros.
Meu filho, talvez, seja a única coisa boa dessa relação
doentia e tóxica, e mesmo assim, Dafne nunca conseguiu
desenvolver nenhum tipo de afeto pela criança. Um garoto esperto,
lindo, tímido, mas bastante curioso. Tudo em que ela pensou desde
o seu nascimento, foi em fazer cirurgias e mais cirurgias para voltar
a ter o seu corpo de antes, largando a criança com babás e comigo,
e depois, em todas as viagens mais estravagantes, luxuosas e
espalhafatosas que ela poderia sonhar em fazer, agora que
estávamos casados e ela tinha livre acesso a minha conta bancária.
Para ela, o casamento nunca foi para criarmos o bebê em um
ambiente bom, entre pais casados e tradicionais. Simplesmente, a
criança foi uma passagem só de ida para a fortuna Sanchez, depois
que assinamos o contrato, a criança passou a ser mero enfeite. Algo
que aprendi cedo demais, e preciso conviver até hoje.
O bebê inocente foi crescendo, e agora, com cinco anos,
Eros consegue entender nitidamente como o seu lar e nós, os pais,
somos fodidos. Isso não ajuda em nada na sua educação, e
principalmente, na nossa aproximação.
Infelizmente, não sou o exemplo perfeito de homem, não
consigo ser o melhor pai do mundo, e não sou tão presente como
gostaria de ser.
Meu menino sofre bastante, e a culpa é toda minha. E, claro,
da idiota da sua mãe, que não lhe deu nenhum tipo de carinho e
amor desde o momento do seu nascimento. Apesar de tudo isso, eu
tento intensamente ser alguém bom para ele.
Dafne me custou demais.
Custou minha juventude, minha relação com meu irmão mais
novo, a oportunidade de encontrar alguém que realmente seria boa
para mim, a infância do meu filho, e claro, milhões de libras
vongherianas em um divórcio longo, extremamente exposto e
vexatório.
Meu copo de whisky, o jazz tocando ao fundo, e a papelada
do divórcio em cima da mesa são bons indícios do que eu demorei
muito para aceitar: essa merda, realmente, estava fadada ao
fracasso. Eu é que fui teimoso demais para aceitar essa verdade
absoluta.
Sozinho em casa no sábado à noite. Meu filho já está
dormindo há horas, e a solidão, que antes sempre foi bem-vinda, me
parece pesada demais.
Agora, além de ter perdido inúmeras oportunidades de ser
feliz, renunciado à família, amigos e até a mim mesmo, eu preciso
admitir que estava errado. Não que eu vá falar isso em voz alta, ou
até mesmo confirme, se alguém falar alguma coisa sobre o assunto.
Mas dói assumir que perdi nove anos da minha vida com uma
pessoa odiosa, apenas porque queria provar um ponto e não tive
coragem o suficiente de voltar atrás.
Mantive uma relação de aparências por muito tempo, apenas
por pirraça, inveja e talvez, um pouco de teimosia.
Agora, infelizmente, chegou a hora de pagar o preço pelos
meus erros, e talvez, isso seja o mais difícil entre todas as coisas. O
problema é que eu não farei isso sozinho, meu pequeno estará no
meio, sofrendo, já que ele tem idade suficiente para entender o quão
rejeitado é pela mãe e inclusive por mim, que não consigo tempo o
suficiente para lhe dar total atenção.
E, é isso que tem acabado comigo.
***
Um tempo depois…
***
***
***
***
***
***
Ludovika está tão atrasada, que começo a cogitar ter tomado um
bolo. Sentado no bar do melhor restaurante da cidade, observo cada
um dos novos clientes que adentram o local, na esperança de ver
seus cabelos avermelhados e seu olhar bondoso. Mas, a cada nova
pessoa, uma nova frustração.
Será que ela aceitou de propósito, sabendo que não viria,
para me dar algum tipo de troco? Não é do seu feitio… ou, pelo
menos, não era.
Quando estou prestes a ir embora, avisto uma mulher
maravilhosa entrando no lugar, com os cabelos presos em um
coque frouxo, o corpo curvilíneo coberto por um vestido verde-
esmeralda simples, mas perfeito no conjunto. Ludo caminha em
minha direção, parecendo envergonhada.
— Me desculpe pelo atraso. Não consegui fechar a escola
mais rápido… e ai, uma coisa leva à outra… espero que não esteja
esperando há muito tempo.
— Não tem problema nenhum. — respondo, abrindo um
sorriso, que ao mesmo tempo é de alívio por ela ter aparecido, mas
também de admiração — Você está linda. — comento, e seu sorriso
envergonhado passa a ser genuíno.
— Obrigada! Estou morrendo de fome, vamos nos sentar? —
seu jeito espontâneo de sempre me alegra, e com uma mão na base
da sua coluna, eu a conduzo até a mesa.
Peço um vinho quando nos sentamos, e depois de um breve
silêncio constrangedor, eu começo a falar: — Quero te agradecer
por ter vindo e me dado essa oportunidade. Nenhum tipo de
desculpa que eu possa dar será o suficiente, mas quero que saiba
que estou arrependido de todo o coração pelo que aconteceu no
passado.
Ludovika me estuda por algum tempo, seus olhos astutos
tentando entender o que eu estou querendo dizer. E quando diz,
tenho certeza de que está disposta a saborear esse encontro de
todas as formas possíveis.
— Você está se desculpando pelo que, exatamente?
— Bom… — sinto que, dessa vez, eu quem estou
envergonhado, mas continuo, com humildade — Sei que meu
relacionamento com a Dafne te pegou de surpresa, já que
estávamos juntos, mesmo que sem rótulos, na época.
— Todos ficaram surpresos, inclusive o seu irmão, suponho.
— ela fala de uma forma sarcástica, mas seus olhos parecem
tristes. Sua fala ácida é um mecanismo de defesa, está nítido, e
inclusive, faço o mesmo.
— Bom, é claro que eu fui um imbecil na época. Me
arrependo a cada segundo do meu dia, por ter feito isso com Apolo.
— ela levanta as sobrancelhas, parecendo surpresa, e ao mesmo
tempo, com uma expressão divertida — Não exatamente por ele, é
claro. Mas Dafne, simplesmente, é a personificação do demônio. —
concluo, e por mais que ela não queria demonstrar, percebo que
fica, ao menos um pouquinho, satisfeita com a informação.
— Uma boa maneira para descrever a Barbie falsificada. —
ela resmunga, baixo, mas não deixo de escutar. Antes que eu possa
fazer qualquer comentário, achando graça do seu apelido, ela
continua: — Bom, sinto muito pelo seu casamento. Apesar de tudo,
nunca te desejei mal, e o lado bom é que você saiu dessa história
com um presente incrível.
Franzo a testa, tentando entender do que ela está falando, e
seu sorriso me deixa levemente desconcertado.
— Estou falando de Eros.
Ah, sim… é claro.
— Ele realmente é um garoto de ouro. Atualmente, é a única coisa
que me mantém são, e ao mesmo tempo, não me deixa desistir.
— Está sendo difícil para ele também. — ela fala baixinho,
como se sentisse empatia e preocupação também pelo meu filho.
— Bom, está. Dafne nunca foi uma mãe presente, nunca lhe
deu carinho, e agora, com o divórcio, tem aproveitado da situação
de maneiras tão nojentas que você nem imagina. Como não estou
mais supervisionando o tempo inteiro, sei que já aconteceu até
agressão física. — fecho o punho em cima da mesa, com tanta
raiva, que mal consigo me controlar. Mas, com um tom mais baixo,
respondo — Eu vou conseguir a guarda total, sei que vou. Nem que
eu precise comprar o juíz.
Ludo parece mortificada com a minha afirmação. Seus olhos
arregalados e surpresos dizem por si só, mas ela me responde com
um tom muito bravo: — Nunca gostei dela, mas agora, Dafne
realmente entrou para a lista das piores pessoas que eu já conheci
em toda a minha vida. — sua afirmação é absoluta, e eu confirmo
com a cabeça.
— Eu também. O que uma rebeldia adolescente não faz, não
é? — solto uma risada depreciativa e ela estreita os olhos.
— Como é?
— Eu nunca gostei dela, só queria provar que podia quebrar
as regras de vez em quando. Sabe como Apolo sempre fazia
questão de me irritar de propósito em toda ocasião possível, foi
juntar um mais um, e voilá, a pior escolha da minha vida foi feita. Se
eu pudesse voltar atrás, faria tudo diferente… — literalmente. Nunca
deixaria essa mulher incrível escapar duas vezes. Hoje, sei que
perdi a oportunidade da minha vida também.
Ludo me olha por algum tempo, mas antes de ela continuar, somos
interrompidos pelo garçom, que parece ansioso para anotar os
pedidos.
— Mas, me conte sobre como você, sendo muito mais
corajosa do que eu, largou os negócios da família Pavlova para abrir
a sua própria rede de sucesso. — mudo o assunto para águas mais
tranquilas, e seu sorriso é genuíno quando começa a me contar
tudo.
Nosso jantar corre bem, por assuntos muito mais amenos,
onde preenchemos as lacunas de todos os anos em que ficamos
sem nos ver, sem tocar novamente no assunto “relacionamentos”.
Chega de drama desnecessário e desconfortável.
— Bom, foi uma noite agradável. — Ludo diz, na porta do
restaurante, e eu confirmo com a cabeça.
— Muito obrigado pela oportunidade de conversarmos, você
não sabe o quanto adorei a sua companhia. — digo com
sinceridade, deixando toda a postura seca e máscula, que adoto em
todos os âmbitos da minha vida, de lado por alguns minutos.
Ludovika sempre teve o melhor e mais real de mim, e não poderia
ser diferente nesse momento.
— Eu também. — ela tira o aparelho celular da bolsa e
começa a pedir um carro de aplicativo, mas antes que possa
concluir o pedido, seguro seu braço, a impedindo.
Quando ela pediu para que eu mandasse o endereço, pensei
que queria algum tipo de distância, mas nunca me passou pela
cabeça que ela viria dessa forma.
— Eu vou te deixar em casa, é claro. — digo firme e ela me
olha confusa, antes de abrir um sorriso sem graça e negar com a
cabeça.
— Não precisa, vai te dar trabalho.
— De jeito nenhum, eu insisto! Além de eu nunca aceitar algo
assim, é perigoso para você agora durante a noite. Eu sou um
cavalheiro e não posso aceitar essa possibilidade, sabe disso. Você
vem comigo. — respondo autoritário, e ela dá de ombros, sabendo
que eu nunca aceitaria não como resposta.
— Tudo bem. — dá de ombros.
Ludovika termina sua frase e o meu carro chega com o
manobrista. Abro a porta do carona para ela, que parece
envergonhada, mas tem um sorrisinho no rosto, antes de me dirigir
para o meu banco.
— Tem preferência por alguma música? — pergunto, ligando
o rádio, e ela nega com a cabeça.
Conversamos amenidades durante o trajeto, que é mais curto
do que eu gostaria, e assim que chegamos à porta do seu prédio,
não sei bem como agir. Começa a tocar uma música romântica que
fez muito sucesso anos atrás, e a memória de uma Ludo mais nova,
cantarolando a canção sem parar, me invade em cheio. Antes que
eu perceba o que estou fazendo, me aproximo mais e mais, até
quase colar meus lábios nos seus.
— Atlas, não… — os lábios cheios de Ludo roçam nos meus
quando ela fala.
Se eu fosse uma pessoa melhor, me afastaria. Não seria
justo com Ludovika, invadir a sua vida sossegada e bem-sucedida
com o meu caos, mas como o egoísta que sou, não me afasto. Ao
invés disso, ergo uma mão e coloco uma mecha de cabelo ruivo
atrás da orelha delicada, antes de deslizar as pontas dos dedos pelo
rosto bonito, como fiz tantas vezes naquele tempo.
Quando Ludovika fecha os olhos e se inclina ao meu toque,
não resisto. Os lábios macios e cheios se movem contra os meus de
forma cadenciada e quase tão levemente quanto o toque de suas
mãos delicadas em minha nuca. Um encerramento e tanto para a
noite perfeita que tivemos: no carro escuro, escondidos do resto do
mundo, como fizemos no passado, estou beijando Ludovika Pavlova
e é ainda melhor do que costumava ser.
Estou beijando Atlas Sanchez.
E o beijo é completamente delicioso. Imoral. Enlouquecedor. Bem,
pelo menos, depois que perdi totalmente o senso e o agarrei com
tudo de mim. Claro que o meu acompanhante também teve sua
parcela de culpa nesse evento desastroso e inesquecível.
Os lábios de Atlas parecem ter sido feitos para serem beijados,
apreciados e para que eu me desmanche em todas as vezes que
eles tocam os meus. Fazia tanto tempo, que eu cogitei estar ficando
louca com todas as lembranças. Quantas vezes não me peguei
pensando que os nossos beijos não poderiam ser tão bons assim, e
que eram apenas as minhas memórias adolescentes gritando alto?
Obviamente, que eu estava totalmente enganada e que, talvez,
minhas lembranças nem façam jus ao quanto esse homem beija
bem. Porque agora, nesse momento, sentindo seus lábios nos
meus, eu tenho certeza de que nunca estive louca. Ou fui beijada
dessa forma por qualquer outro homem com quem me envolvi ao
longo da vida.
Não sei quanto tempo passa enquanto estamos nos beijando, mas
quando nos distanciamos o suficiente para conseguirmos olhar nos
olhos um do outro, ofegantes, um lampejo de consciência me atinge.
Eu estou realmente beijando Atlas dentro desse carro. Isso é mais
do que eu sigo absorver. Como meu coração vai lidar com tanta
informação e lembranças?
— Ludo… — sua voz parece preocupada, mas sua sentença
morre no meio do caminho. Levo minhas mãos a boca, com a
certeza de que pareço uma ameba ambulante, de olhos
arregalados, e digo em voz baixa, tentando soar tranquila ou, no
mínimo, menos apavorada do que estou: — Está tudo bem! — digo,
me recuperando do choque — Sei que fomos levados pelo momento
de nostalgia. Não tem por que se desculpar. — atalho, antes que ele
comece com um papinho furado de que não deveríamos ter feito
isso… ou algo que me deixe ainda mais constrangida — Bom,
obrigada pelo jantar, a noite foi muito agradável e eu espero que
tudo fique bem pra você. E para Eros, é claro.
— Ludo. — ele torna a me chamar, mas eu já estou abrindo a
porta e deixando seu carro. Preciso me afastar dele para entender o
que acaba de acontecer, mesmo que tenha sido incrível.
— Boa noite, Atlas. — digo, antes de fechar a porta e
caminhar em direção ao meu prédio com as pernas ainda bambas.
Assim que entro em meu apartamento, me jogo no sofá, sem nem
tirar os sapatos. Coloco novamente a mão na boca e gargalho como
uma adolescente, de olhos fechados, revivendo o momento em
minha mente. Se alguém me visse nesse vexame de posição,
provavelmente, riria da minha cara, mas não consigo evitar. As
borboletas no meu estômago estão fazendo festa demais para que
eu possa disfarçar.
Depois de anos, eu e Atlas nos beijamos.
Ele me beijou. E foi ainda mais incrível do que antes.
Obviamente, sei que isso não quer dizer nada, por mais nostálgica e
feliz que eu esteja, ainda sou uma mulher madura o suficiente para
não me iludir com esse tipo de coisa. Não posso me iludir. Tenho
que manter os pés no chão e ter consciência de que nós dois não
estamos destinados a ficar juntos, independentemente do quanto eu
quis um dia. Esse será apenas mais um beijo que vai ficar guardado
em meus melhores pensamentos, mas não posso viver a minha vida
novamente em função de um homem que não retribui meus
sentimentos. Foi coisa de momento, e quanto mais eu acreditar
nessa afirmação, menos eu vou me machucar.
Não vou criar nenhum tipo de expectativa de novo. Me recuso
terminantemente.
***
"Ludo,
Eu adorei nosso tempo juntos.
Parecia que éramos jovens novamente, e apenas você me
faz sentir assim.
Senti muito a sua falta, e gostaria de me encontrar com você
novamente.
Espero que aceite o convite, Atlas."
***
***
***
***
***
Dois dias deitada na cama, sobrevivendo de delivery, sem ao
menos tomar banho, é o suficiente para que eu reaja e volte a
trabalhar? Acho que, provavelmente, não.
Anne já me ligou tantas vezes, tentando entender o que está
acontecendo, que sei que não conseguirei escapar da sua
inquisição por muito mais tempo. Se tem uma coisa que minha
amiga é, é determinada, por isso, quando ela me liga, em plena
terça-feira, às duas e meia da tarde, horário em que eu, certamente,
deveria estar trabalhando, resolvo atender, já com os olhos cheios
de lágrimas novamente.
— Alô. — digo, porque sei que é o suficiente para que ela
comece a falar desembestadamente.
— Olha só, eu já estava quase chamando a polícia para
arrombar a porta da sua casa, com medo de você estar morta. Quer,
pelo amor de Deus, me dizer que merda aconteceu? — sua voz
estressada, e um pouquinho temerosa, me dá um apertinho no
peito. Sei que não deveria ter sumido dessa forma, mas não tive
muita opção, e literalmente, não sabia mais o que fazer.
— Tá tudo bem, Anne. Fique tranquila. — digo, entrando em
meu modus operandi de não querer preocupar ninguém, tentando
cuidar de mim por mim mesma.
— Corta essa, sabemos que você está péssima por algum
motivo, e eu quero saber o que aconteceu. Atlas? — é só ela falar o
nome dele, que o choro corta o meu peito e não consigo resistir às
lágrimas. É demais pra mim. Por isso, mantive-o em anonimato por
toda a minha vida, não consigo lidar com isso — Estou indo praí, e é
bom que você abra a porta, porque vou tocar a campainha até você
atender.
Não tenho a oportunidade de responder, porque ela desliga o
telefone na minha cara.
Vinte minutos depois, a campainha toca como se estivesse
emperrada, sem dar um descanso, e eu me arrasto da cama até a
porta, pronta para abri-la.
— O que ele fez, e como você quer que eu o mate? — ela
pergunta abrindo os braços, e eu vou ao seu encontro chorando.
Ficamos assim por algum tempo, até que ela cheira os meus
cabelos e me afasta, me segurando pelos ombros.
— Ludo, amiga. Você precisa tomar banho! — seu tom de
voz não é carregado de crítica, e sim, de preocupação.
Provavelmente, ela nunca me viu tão pra baixo em toda a minha
vida, e contando que nos conhecemos há anos, isso quer dizer
muita coisa.
— Tudo bem. — digo, dando de ombros, porque realmente
devo estar precisando mesmo, e continuo — Fique à vontade… a
casa é sua.
Começo a me arrastar para o meu quarto e escuto-a reclamando
baixinho, antes de entrar no banheiro: — Não é possível… até na
fossa, ela é a pessoa mais educada que eu conheço.
No fim, um banho realmente me reanimou, e quando
sentamos, meia hora depois, no sofá, não estou mais tão deprimida.
Deito-me em seu colo, enquanto ela faz um carinho em meus
cabelos molhados e começo a contar o que exatamente aconteceu:
— Ele não foi me buscar na terça, como estava combinado. Achei
estranho, mas imaginei que tivesse tido um imprevisto, por isso, não
me preocupei tanto. Funções de CEO, é claro que seria isso. Então,
quando não me respondeu mais, eu fiquei um pouco preocupada,
mas não quis dar uma de namorada ciumenta, louca, por isso, me
contive. Mas, então, ele apareceu meia-noite aqui em casa, disse
meia dúzia de baboseiras, terminou comigo e foi embora. Simples
assim.
— Do nada?
— Do nada!
— Filho da puta! — ela xinga, e a esse ponto, só posso
concordar — O que você vai fazer? Pretende tentar argumentar?
— Na verdade, eu já esperava por algo do tipo… esse é Atlas
Sanchez, Anne. Não posso fingir que estou surpresa. Só fiquei
muito triste, porque pensei que talvez, viria com um sinal de que as
coisas não estavam indo bem. Foi muito de repente.
— Sinto muito, amiga, não sei o que posso fazer para te
ajudar. — ela diz, me abraçando um pouco mais forte — O que você
quer fazer? Não te julgarei se pedir minha ajuda para quebrarmos a
janela do seu carro no meio da madrugada. Eu posso fazer isso.
Solto a primeira risada verdadeira em dias, e nego com a
cabeça.
— Para ser sincera, eu só quero sumir. Não tenho nenhuma
condição psicológica de, possivelmente, encontrá-lo pela cidade, ou
quando for buscar Eros… ou sei lá. Não consigo, no momento, e
provavelmente, vai demorar bastante para que eu me cure. Não sei
o que vou fazer… achei que nunca me recuperaria de um novo
coração partido.
— Mas você vai. Tenho certeza de que sim. Se quiser voltar
para Maneville, eu te dou todo o suporte. Cuido dessa unidade e
você confere se tudo está indo bem nas outras da região. Ninguém
pode te julgar e ainda é uma saída de cenário com classe. —
confirmo com a cabeça, cogitando a ideia.
— Não sei… não me sinto muito confortável em largar tudo
aqui… ainda está tão recente. Além do mais, eu não quero parecer
covarde, fugindo do confronto.
— Amiga, estou falando sério. Quem é que tem moral para te
julgar? Você não é covarde por pensar mais em você do que no que
os outros irão pensar. Você merece ter paz. Não quero ficar longe
de você, Ludo, mas sei que será muito mais difícil para que você se
reconstrua, estando aqui.
Talvez, realmente, seja o momento de voltar para Maneville, e
para ser honesta, essa ideia me dá um pouco de alívio. Ali, tenho
amigos e pessoas que irão me dar suporte, se eu precisar. Não
preciso ficar sofrendo em Havdiam, sendo que tenho uma opção
bem mais tranquila para que eu consiga respirar.
A única coisa que realmente dói no meu coração, é saber que não
pude nem me despedir do garotinho que já ocupa uma parte tão
grande do meu coração. Talvez, eu devesse ter me apegado um
pouco menos a Eros, porque agora, eu preciso superar a falta que
pai e filho farão em minha vida.
— Filhão, papai te busca mais tarde, tudo bem? — digo para
Eros, depois de um silêncio estranho e muito incomum dentro do
carro.
— Você vai ver a Ludo? Porque eu queria ir também… — ele
começa a dizer, e parece que está cravando uma faca no meu peito.
Ainda não contei a Eros que eu e Ludovika não estamos mais
juntos, e parece que a cada segundo que passa, as coisas ficam
piores e mais complicadas. Não parece justo colocar uma pessoa na
vida de uma criança, para logo em seguida, tirá-la do nada. Não é
certo, e mesmo assim, eu preciso fazer isso. Não posso mentir para
ele.
— Não, filho… eu preciso trabalhar um pouco. — respondo, e
ele fecha a cara, como se não gostasse da resposta, o que eu,
literalmente, entendo.
— Tudo bem. — Eros responde e tira, mecanicamente, o
cinto da sua cadeirinha, antes de saltar do carro e ir em direção à
mansão.
Me sinto tão mal com a situação, que entro por alguns
minutos, apenas para ter certeza de que ele vai ser bem cuidado,
mas não consigo ficar muito. Meus pais sabem que há algo errado,
mas apenas com um olhar, eles entendem que eu não vou
responder à nenhuma pergunta. Até Atena, com a sua alegria
natural, não consegue me animar de forma nenhuma. E, quando eu
finalmente deixo a casa, para ir pro meu apartamento beber até
esquecer dos meus problemas, me sinto ainda pior.
Onde foi que eu errei tanto?
Por que eu mereço isso?
***
***
Minha cabeça dói tanto que me recuso a abrir os olhos. Mas, como
aparentemente, estou sendo obrigado a fazê-lo, me levanto a
contragosto. Vovó Camélia parece furiosa, ela joga um copo de
água na minha cara e começa a gritar alto.
— Eu não vim até aqui para ter que cuidar de um bebum.
Faça-me o favor de se levantar, tomar um banho gelado, um copo
de café e estou te esperando na sala em vinte minutos, para termos
uma conversinha — ela grita, ralhando comigo, e não posso fazer
mais nada, além de assentir com a cabeça.
— Tudo bem. — tento me levantar, percebendo que tudo
ainda está girando.
Faço como ela manda, porque, no momento, não consigo
raciocinar direito, e quando saio do banho, percebo que são duas e
quarenta da manhã. Vovó realmente está puta da vida, do contrário,
com certeza já estaria dormindo em sua cama, tranquilamente.
Eu, Atlas, sou um homem destemido. Apesar de saber de
todos os meus defeitos, a falta de coragem nunca foi um deles. Mas,
saber que a bruxa da minha avó está bravíssima, na minha sala de
estar, no meio da madrugada, me deixa, sim, um pouco temeroso.
— Certo. Ótimo. Pelo menos, agora você parece sóbrio o suficiente
para conversarmos. — ela diz, assim que me vê entrando na sala.
— O que é tão urgente que não poderia esperar o dia de amanhã?
— questiono, tentando manter a minha pose séria, mas falhando
consideravelmente.
— Bom. Eu vi meu primeiro neto completamente acabado, no
chão da sua sala de estar, chorando e babando, em uma cena
ridícula. O que você espera de mim? Que eu feche meus olhos,
igual à desmiolada da sua mãe, e não fique aqui para te colocar nos
trilhos? — ela diz, e percebo o quão furiosa está, para sobrar até
para os meus pais. Minha expressão, provavelmente, é muito
chocada, porque ela abranda o tom de voz, e dá duas palmadinhas
ao seu lado no sofá, indicando o lugar para que eu me sente — Meu
filho, o que está acontecendo com você? Você vive carregando o
peso do mundo nas costas, para tentar não decepcionar ninguém.
— ela diz isso, como se fosse uma verdade absoluta, e não consigo
fazer nada, além de confirmar com a cabeça — Nessa ideia de
tentar ser o melhor e cumprir com o que todos esperam de você, por
uma idiotice rebelde, afastou seu irmão da família. Foi uma única
escolha errada que fez no passado, mas agora, precisa carregar
esse resultado para sempre. Aquela mulherzinha é uma cruz que
todos nós precisamos carregar, porém, você não precisa se
martirizar para sempre.
— Você não entenderia… — digo, para me safar de ter de me
explicar, mas sua expressão séria me diz que sim, ela entenderia
muito bem.
— Atlas. O papel de vítima não lhe cai bem. Você é um
guerreiro, um lutador. Vai realmente se contentar em perder a
mulher da sua vida, por que não se acha bom o suficiente? Faça-me
o favor. Lute por ela! Antes disso, porém, já passou da hora de
resolver os seus problemas do passado. Só assim, você vai se
sentir apto para viver bem o seu futuro.
— Não estou lhe acompanhando.
— Tudo se complicou na sua vida quando você traiu o seu
irmão, por conta de uma mulher. Traiu sua amizade com Ludovika
Pavlova também. — faço uma careta sem querer, indicando o
quanto isso é um assunto doloroso para mim, mas vovó não se
abala, e continua a falar — Ludo sempre te amou, tenho certeza de
que as coisas entre vocês vão se acertar, se você quiser. Mas
precisa acreditar que é capaz e merecedor.
— O problema é que eu não sou. — respondo baixo, evitando
o seu olhar.
— Ah, agora você é um pobre coitadinho… Meu Deus, que
dózinha! — ela debocha, e preciso muito conter a minha língua para
não lhe dar uma má resposta — Resolva os seus problemas e seja
merecedor. Só você pode consertar as coisas, e o primeiro passo, é
fazer as pazes com Apolo. Ele é o maior prejudicado nessa relação.
Perdeu a namorada, foi traído pelo irmão e a família escolheu o
outro lado. Quase dez anos de briga, por conta de uma mulher
nojenta como Dafne, é um completo absurdo. Muito mais do que
vocês possam aguentar. Tenho certeza de que, como o exímio
advogado que é, ele pode te dar uma luz para que a gente se livre
dessa sanguessuga o mais rápido possível.
— São muitos anos de mágoa, para ele me perdoar, vovó.
— Bom, então, está na hora de começar a tentar, não é? —
ela diz, se levantando, como se o seu trabalho aqui estivesse feito
— Resolva-se com Apolo, acabe com Dafne neste tribunal, e
quando você estiver livre de tudo o que te prende no momento,
corra atrás do amor da sua vida. Ludovika sempre foi a mulher
certa. Se você atropelar as coisas, e pular etapas, duvido muito que
tudo se ajeite no fim.
Com essas palavras doloridas, e muito verdadeiras, vovó me deixa
sozinho novamente, com a cabeça rodando, cheia de pensamentos.
Talvez, seja mesmo a hora de assumir verbalmente os meus erros,
e pedir desculpas. O problema, é saber por onde começar.
Onde é que eu estava com a cabeça, quando fui escutar vovó
Camélia?
Parado na porta do prédio de luxo, localizado do outro lado da
cidade, o mais longe possível de onde moro, fico ensaiando mais
uma vez o que falar, e como sair dessa enrascada com todos os
dentes na boca. Em todas as ocasiões em que eu e Apolo nos
encontramos, ele teve grande tendência a partir para uma briga
corporal, e eu não posso fingir que não o provoquei em muitas
ocasiões. Simplesmente, foi irresistível demais para deixar passar
batido. Agora, eu preciso arcar com as consequências de ser um
babaca de marca maior.
No escritório, eu sei que não teria a menor chance de conseguir
conversar com o meu irmão. Provavelmente, não passaria da
portaria e ainda me acarretariam constrangimentos desnecessários,
porque, por mais que todos saibam que nós não nos damos bem,
ninguém precisa saber o quanto isso é verdade ou não. Por isso,
estou aqui, tomando coragem para pedir pro porteiro me anunciar, e
ver se consigo fazer uma abordagem mais tranquila, pelo menos,
assim eu espero.
Sou anunciado depois de alguns minutos de inspiração
dentro do carro, e surpreendentemente, sem nenhum tipo de
constrangimento ou discussão, sou autorizado a subir. Isso, para ser
honesto, me preocupa mais do que se eu ouvisse um bom palavrão
em resposta, que era o que eu estava esperando. Mas assim que as
portas metálicas se abrem, encontro uma mulher baixinha e morena,
de braços cruzados, olhando feio em minha direção.
— Olha aqui, se você veio fazer alguma maldade, te garanto
que não é bem-vindo. — ela me recepciona assim, e eu tento não
rir.
Sua expressão é um pouco suicida, ela está descalça e com
uma roupa que, provavelmente, ninguém sairia na rua e continua
me vigiando com a testa franzida.
— E, então? Desembucha. Veio fazer o que aqui, Atlas? —
não estou muito acostumado a ser tratado pelo meu primeiro nome,
e definitivamente, menos ainda, por pessoas que eu não conheço.
Mas, como estou na casa de Apolo, e provavelmente, essa é a tal
namorada de quem eu ouvi falar certa vez, pelo tio que nós menos
gostamos, sinto que preciso me explicar.
Surpreendente, a morena baixinha imprime mais medo do
que meu irmão mais novo, o que, em minha opinião, quer dizer
muita coisa.
— Bem… eu vim conversar com Apolo. Ele está? —
pergunto, e ela revira os olhos com impaciência.
— Acha mesmo que, se ele estivesse, eu que estaria abrindo
a porta? — ela responde, e eu tento muito não rir, mas não consigo
conter o sorriso.
— E eu posso saber qual é o seu nome, pelo menos? Ou
devo me referir a você como cão de guarda? — ela estala a língua,
e murmura algo como "má-criação é de família", antes de
responder: — Eu me chamo Lyanna. Sou namorada do Apolo e
tenho certeza de que ele vai brigar conosco, assim que chegar da
última audiência e te vir aqui. Então, se eu fosse você,
desembuchava e falava logo o que vim fazer aqui, porque, pode me
considerar uma triagem. Se eu não achar que vale a pena, te coloco
pra fora, para evitar aborrecimentos.
Baixinha, morena, brava e desbocada. A cara de Apolo,
definitivamente. Mantenho o meu sorriso no rosto, pensando em
como esse casal, conclusivamente, combina, e ela parece achar
que eu estou rindo da sua cara, porque sua expressão se fecha
consideravelmente.
— Desculpe, eu não quis te ofender. Vim aqui, porque acho
que já passou da hora de termos uma conversa e tentarmos nos
acertar, espero que possa me ajudar nisso.
— Não sei não, você fez muita merda, cara. Não gosto de
você, não acho que você mereça estar aqui, atrapalhando a nossa
vida, e honestamente, espero que seu casamento seja horroroso,
porque você foi um filho da puta. — sua frase é feroz, e eu nem
pisco ao responder: — Fiz muita merda. Não vou fingir que não…,
mas, honestamente, foi um livramento para Apolo. Dafne é um
castigo, o meu casamento foi horroroso e agora, estou em processo
de divórcio. — digo com tranquilidade, e Lyanna me estuda com os
olhos por um momento, antes de confirmar com a cabeça.
— O irmão dela também é um castigo, talvez, seja de família.
— não entendo bem o que ela quis dizer com isso, porque até onde
sei, Tom parece ser um homem bem decente, apesar da grande
antipatia que sente por mim. Mas não me aprofundo no assunto,
porque as portas do elevador se abrem, e Apolo entra na sala,
deixando a pasta cair no chão, lívido de raiva.
Meu irmão avança em minha direção, me segurando pelo
colarinho, e com os braços caídos, não me defendo do soco que ele
dá em minha cara. Lyanna solta um grito de horror, e talvez, por
termos plateia, ele me solta, antes de cuspir as palavras: — O que
veio fazer aqui? Por que está falando com a minha mulher? Uma
traição não foi o suficiente? — sua fala contém tanto ódio, que
chego a me encolher um pouco, mas isso não o para. Na realidade,
o que faz com que ele não desfira o segundo soco é o grito agudo
de Lyanna: — Aí, Apolo, pelo amor de Deus, você não é um homem
das cavernas! Não seja melodramático, e muito menos, me coloque
no mesmo saco que aquela piranha. — ela me olha com um
sorrisinho malicioso, antes de falar — Sem ofensas.
Eu decido imediatamente que gosto de Lyanna depois dessa
sua fala, mas é claro que não demonstro nada do tipo. Apolo ainda
está muito sensível sobre a nossa relação, para que eu arrisque
falar alguma coisa.
— Agora que já me bateu e expressou a sua fúria, podemos
conversar? — digo, colocando a mão na bochecha que começa a
latejar, e ele parece avaliar se vale a pena ou não, perder o seu
tempo comigo.
— O que você quer? — seus olhos são desconfiados, e com
apenas uma troca de olhar com a baixinha, ela sai da sala e nos
deixa à sós.
— Vim te pedir perdão, Apolo.
Minha fala o desarma, e ele pisca duas vezes, sem ter
certeza se entendeu direito ou não o que eu quis dizer. Espero que
ele absorva as minhas palavras, e quando percebe que não há
nenhuma provocação e nem qualquer tipo de brincadeira, ele
levanta uma sobrancelha, parecendo muito confuso.
— Não sei se estou acompanhando. Depois de todo esse
tempo? Por quê? — seu tom de voz exige respostas, e há muita
suspeita, porém, há surpresa também.
— Somos irmãos… mesmo sangue, Apolo. Fiz uma grande
cagada, todos sabem disso, principalmente eu. Mas, não quero
deixar de conversar com você pro resto da vida. Nossa relação,
talvez, não seja a melhor de todas, depois de tanto sofrimento e
tempo afastados, mas não quero carregar o fardo de saber que
poderia ter feito diferente, mas que fui covarde demais para não vir
lhe pedir perdão.
— Então, está fazendo isso para que você se sinta melhor?
Porque, pra mim, vai continuar sendo um pedaço de merda. — ele
diz, e eu dou de ombros.
— Talvez, realmente seja, mas estou tentando fazer a minha
parte para consertar os meus erros. Estou fazendo isso por mim,
mas pelo papai, mamãe, Atena, e principalmente, por você.
— Todos preferiram você, e naquele momento, acabou a
minha relação familiar.
— Apolo, todos sentem a sua falta. Principalmente eu.
Observo meu irmão absorver todas essas informações, e ele
confirma com a cabeça, se sentando no sofá. Entendo seu gesto
como uma brecha para que eu faça o mesmo, e nós nos
observamos por alguns minutos.
— Seu olho vai ficar roxo. — ele diz, mas não há nenhum
remorso em sua voz.
— Provavelmente. Você tem malhado, né? — digo, dando de
ombros e ele solta uma gargalhada alta, balançando a cabeça.
— Você é um filho da puta.
— Sou. — dou de ombros — Mas, te garanto que te livrei da
pior burrada da sua vida, então, talvez, você devesse me agradecer.
— digo com um sorriso condescendente e um pouco depreciativo, e
Apolo me surpreende, jogando a cabeça para trás gargalhando.
— Eu vi algumas manchetes do divórcio do ano. Seu
advogado tá fazendo uma grande lambança, por falar nisso. — me
surpreendo com o seu ponto de vista, e fico tentado a perguntar
mais sobre isso, mas não é o momento.
— Ela é a pessoa mais egoísta que eu já conheci em toda a
minha vida. Meu filho, coitado, nunca teve qualquer tipo de afeto
vindo da mãe. Ela sugou metade do meu dinheiro, e agora, está
brigando pela guarda de Eros, para que eu tenha que lhe pagar
pensão. Ele me contou, outro dia, que ela já até bateu nele. — digo
cansado, e ele me observa, ansioso para saber mais.
Provavelmente, Apolo está adorando saber o quanto eu me ferrei
por ter ficado com Dafne, mas honestamente, a esse ponto, eu faria
a mesma coisa — Enfim, provavelmente, eu realmente mereça tudo
isso.
— Ninguém merece isso. Muito menos o seu filho. — ele diz
categórico, e sei bem no que está pensando, já que a maioria das
suas reclamações sempre foi a falta de cuidado que nossos pais lhe
ofereciam.
— Ele realmente não merece. Um garoto incrível, você iria
gostar de conhecê-lo. — digo, e Apolo confirma minimamente com a
cabeça.
— Bom, se não fosse você, eu quem estaria nessa situação
de merda, e principalmente, não teria conhecido a minha Lyanna.
Então, em caminhos tortuosos, tudo deu certo. Você teve o que
mereceu, e nesse ponto, o karma realmente cumpre com o seu
papel, e agora, a gente vai fazer aquela filha da mãe ter também.
Vou assumir o seu caso e ninguém vai tirar seu filho de você. — sua
expressão é feroz, e nesse momento, sei que além de ter sido
perdoado, ganhei um aliado nessa batalha.
— Acho melhor colocar isso no rosto. — a maluca da
namorada de Apolo me entrega um saco de ervilhas congeladas,
antes de dar um tapa na mão do meu irmão — Precisava disso
tudo?
Talvez não, mas valeu a pena. Penso comigo mesmo,
enquanto sinto o gelo agir no rosto. Dafne não perde por esperar.
Depois de passar um tempo na vida agitada da capital, voltar para a
minha rotina tranquila em Maneville, me parece algo completamente
surreal. Me reacostumei, querendo ou não, com o trânsito, as
construções mais antigas e toda a áura da realeza que a cidade
inspira. Ali sempre foi o meu lar, é impossível negar, apesar de
querer muito. Em Havdiam passei os momentos mais maravilhosos
e também, minhas maiores desilusões.
Por mais que eu também ame o ambiente acolhedor que só
uma vida no campo pode oferecer, os meus amigos que moram
aqui, e todas as escolas que fundei na região, meu coração,
infelizmente, ficou na capital, e eu não posso negar que dói muito,
todas as vezes em que eu penso no quanto as coisas estavam boas
para mim. Na realidade, foi melhor assim. Antes cedo, do que mais
tarde. Foi bom enquanto durou, e eu nunca tive muita expectativa
que durasse.
É. Mentir a mim mesma também faz parte desse processo de
luto que estou enfrentando. Mais uma vez, me vejo chorando por
algo que deveria ter sido e não foi. De novo, sofrendo pelos
sentimentos não correspondidos, por um homem imaturo que não
sabe o que quer, mas que sempre me teve nas mãos e nunca soube
dar o valor que eu realmente mereço.
Se recomponha, Ludovika.
E é com essa confusão de pensamentos e sentimentos, que
me deito mais uma vez na cama desarrumada, e tento compreender
melhor tudo o que aconteceu, para conseguir me curar. É um
processo, eu sei. Assim como também tenho total noção de que vai
passar, mas isso não me impede de cair no choro até dormir.
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LUDOVIKA PAVLOVA
E-mail: ism.escritora@gmail.com
Participe do meu grupo de leitoras (es) no WhatsApp e venha
ser um(a) Goxtosa (o):
https://chat.whatsapp.com/C8f8G60sNseH6iN95pA2RA
Isabella Silveira é natural de São Paulo, porém cresceu na
capital de Minas Gerais. Publicitária e comunicóloga, desde cedo
percebeu que a se comunicar era algo muito além da fala.
Na literatura descobriu inúmeros novos mundos, e ainda
criança sentia a maior felicidade em ter um livro nas mãos. Ainda
nova arriscou alguns rascunhos que nunca saíram do papel, porém
após ler estórias que não correspondiam às suas expectativas e
conversavam com a mulher decidida que ela sempre quis ser,
resolveu colocar as suas ideias no papel, e posteriormente mostrá-
las ao mundo.
Amante da literatura nacional se aventurou na escrita por não
se conformar com o óbvio e ainda hoje tem o objetivo de
surpreender seus leitores com enredos diferentes do usual.
Escritora de mulheres fortes, independentes e donas do seu
próprio destino.
Ainda não conhece as minhas outras obras?
Te convido a ler e depois vir comentar comigo!
Por trás dos Bastidores Lia Reed volta para Los Angeles com um
único objetivo, fazer a sua estreia em Hollywood.
Desde a morte traumática de seu pai, um ator famoso da indústria
cinematográfica americana, ela enfrentou uma mudança para o
Brasil e iniciou a sua própria carreira sob os holofotes.
Hoje, mais velha e espalhafatosa, com nove ex-namorados, traumas
ainda não superados e insegurança em seus próprios atos, ela tem
uma única certeza: sua carreira é o que mais importa.
Ela jurou não se apaixonar e o objetivo era claro: fazer a sua estreia
sem nenhum efeito colateral. Só não contava que encontraria seu
futuro marido no primeiro dia de filmagens. E, principalmente, com a
confusão que ela vai se meter depois disso.
Sem Retorno
Matteo Rizzi não sabia bem em que estava se envolvendo quando
se rendeu ao dinheiro fácil oferecido por um parente. Fato é, ele
poderia ter saído do negócio escuro e perigoso enquanto podia, mas
o poder e o dinheiro falaram mais alto. O que o atraente criminoso
não esperava, era envolver seu amor da adolescência na confusão
que se tornou sua vida.
Luna Castro sempre foi uma mulher certinha e cercada de cuidados.
Empresária bem sucedida, ela não contava que se envolveria nas
confusões do homem por quem sempre foi apaixonada e para quem
se guardou a vida toda.
Em uma situação extraordinária, eles se veem juntos e obrigados a
fugir dos perigos que perseguem Matteo e que agora, envolvem a
doce e inocente Luna. Em uma jornada perigosa e repleta de ação,
o improvável casal tem que se unir para escapar dos mafiosos que
os ameaçam.
Entre tantas emoções e enrascadas, ambos precisam lidar com os
sentimentos que se tornam cada vez mais fortes nesse amor em
fuga.
O pai é o CEO
Anthony Watson só pensa em uma coisa: trabalho.
Tempo é dinheiro, dinheiro é poder e poder é tudo o que uma
pessoa pode querer. Um dos homens mais ricos de Lanuver, dono
de uma rede de hotéis de luxo e também de um Condado, ele não
se envolve com ninguém, tendo a sua vida milimetricamente
calculada.
Pelo menos era assim até conhecer a loirinha viajante que
conseguiu para abalar as suas estruturas.
Luana Albuquerque é uma escritora romântica e certinha.
Após o sucesso do seu último lançamento, ela embarca em uma
viagem sozinha para o país que inspirou suas histórias: Lanuver.
Mas, ela não esperava cruzar o caminho de um homem sério e
incrivelmente bonito, que parece ter como objetivo de vida estar em
todos os lugares que ela vai apenas para roubar o seu juízo.
Um envolvimento, momentos quentes e avassaladores, uma
despedida cheia de mal-entendidos.
Alguns meses depois ele ainda não conseguiu tirá-la de seu
sistema, e ela teve como herança da viagem o seu bem mais
precioso: seu filho. Será que apesar de todas as dificuldades eles
conseguirão ficar juntos?
De uma coisa Luana tem certeza: O pai é o CEO.