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Tradução: Line
Revisão Inicial: Suli
Revisão Final: Karolina
Leitura Final: Ana Rita
Formatação: Ariella
BETTI ROSEWOOD
ELITE OF EDEN FALLS PREP – LIVRO QUATRO
BETTI ROSEWOOD
BETTI ROSEWOOD
AVISO
A tradução foi efetuada pelo grupo Doll Books Traduções (DB), de modo a proporcionar
ao leitor o acesso à obra, incentivando à posterior aquisição. O objetivo do grupo é
selecionar livros sem previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-
os ao leitor, sem qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto.
Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as obras, dando a
conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam, a não ser no idioma original,
impossibilitando o conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil. A fim de
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BETTI ROSEWOOD
NOTA DO AUTOR
Você está lendo A Hurt So Sweet - Volume Quatro, o quarto e último livro da
história de Dex e Pandora. Os personagens desta série são distorcidos e
cruéis, e você está prestes a embarcar em um passeio selvagem.
Este livro faz parte de uma série e NÃO é independente.
BETTI ROSEWOOD
BETTI ROSEWOOD
1
PANDORA
Alli é a companhia perfeita para a viagem de trem que pode mudar minha
vida para melhor. Ela me distrai com seu próprio passado quando estou em
pânico e faz o possível para me acalmar quando começo a chorar. O pensamento
do bebê que eu tanto queria, na verdade, crescendo na minha barriga de verdade
me deixa enjoada. E o que é ainda pior, fico questionando como Dex vai reagir.
Ele vai ficar chateado? Ele exigirá um teste de paternidade para a criança? Ele
ainda vai me querer, sem saber se é dele?
BETTI ROSEWOOD
Ela me encara com uma expressão indecisa antes de suspirar e se
recostar na cadeira. — Está bem.
— Mesmo? — Meu rosto se ilumina com um sorriso. — Você faria isso
por mim?
— O que mais eu tenho para fazer? — ela ri. — Pelo menos assim, terei
alguma emoção na minha vida. E não terei que morar com minha tia.
— Você não quer dizer tio? — Eu franzo minhas sobrancelhas.
— O quê? Ah, sim. — Ela sorri distraidamente. — Meu tio.
Nesse momento, a voz do operador do trem soa no alto-falante, avisando-
nos que estaremos chegando a Stormcliff em dois minutos. Alli pega sua
pequena bolsa e me oferece o braço.
— Venha, vamos fazer isso.
Meu coração bate cada vez mais alto, enquanto viajamos pelos subúrbios
para o bairro de elite da cidade. O endereço da mamãe fica bem aqui, o motorista
nos diz, e estou surpresa com a quão rica é a área. Isso me faz pensar se minha
mãe se casou novamente. O potencial de ter de conhecer mais uma nova família
me faz desmaiar.
Chegamos na frente de uma garagem fechada que leva a uma casa linda
e moderna protegida por árvores altas. Parece que é principalmente vidro, algo
de uma revista de arquitetura. Posso ver uma quadra de tênis e uma piscina
atrás dela, e a propriedade fechada é enorme.
— É o mais longe que posso ir, — diz o taxista, apontando para o portão.
— Vocês, garotas, têm alguém para pegar vocês?
BETTI ROSEWOOD
— Olá, err, — eu gaguejo. — Meu nome é Pandora, Pandora Oakes. Eu...
hum...
— O que você acabou de dizer? — A voz soa emocional agora. — Pandora?
— Sim, Pandora Oakes. Eu...
Eu não consigo terminar minha frase quando os portões se abrem. Alli e
eu trocamos olhares surpresos antes de entrar na propriedade. Atravessamos a
calçada até a frente da casa. A porta da frente se abre e uma mulher aparece
no batente da porta.
— Meu bebê! — ela grita, correndo em nossa direção. Eu nem tenho a
chance de entender tudo antes que seu corpo colida com o de Alli e ela a abraça
com força, rasgando quando ela olha em seus olhos. — Ah, realmente é você.
Eu a reconheceria em qualquer lugar, minha linda menina. Você não mudou
nada desde que era um bebê.
Alli está pálida como um fantasma e eu limpo minha garganta
desconfortavelmente.
— Err... Eu sou Pandora, na verdade.
A mulher se vira para mim então, me dando uma chance melhor de
examiná-la. Ela tem estatura mediana, cabelo castanho brilhante e vários
procedimentos discretos que esticam o rosto contra os ossos do rosto. Eu posso
ver os sinais agora. Ela é linda, no entanto. E ela até se parece um pouco comigo.
— Ah, Pandora, — ela sorri com uma tristeza agridoce. — Claro. Sinto
muito, sua amiga aqui parece... — Ela dá mais uma olhada em Alli e balança a
cabeça. — Esqueça. Meu bebê!
Ela se joga para frente novamente, desta vez para mim. A cena dramática
pela qual Alli passou momentos atrás agora está se repetindo comigo como
protagonista. Minha nova amiga e eu trocamos olhares divertidos por cima do
ombro da minha mãe antes que a mulher se afastasse, enxugando os olhos
enquanto me olhava com fome.
— Sempre soube que você viria aqui, — diz ela, parecendo satisfeita
consigo mesma. — Eu até tenho um quarto preparado para você.
— Mesmo?
— Claro. — Ela me olha com uma expressão que só posso descrever como
maluca. — Estou tão feliz que você finalmente está em casa.
Ela faz sinal para que a sigamos para dentro com entusiasmo, e Alli e eu
trocamos olhares antes de segui-la em sua casa grandiosa.
Minha mãe deve ser rica. O interior de seu palácio moderno é decorado
com arte original, tudo banhado a ouro e buquês de flores insanos, espalhados
por todas as superfícies disponíveis. O cheiro de flores é tão pesado no ar que
minhas narinas se enchem dele, resultando em uma dor de cabeça instantânea.
— Flores lindas, — consigo guinchar. — Ocasião especial?
BETTI ROSEWOOD
— Ah, você gosta delas? — Mamãe me encara com um sorriso brilhante,
rindo. — Eu tenho muitos admiradores secretos... e não tão secretos! Agora
vamos, eu quero te mostrar o seu quarto!
— Você percebe que ela nem perguntou quem eu sou? — Alli murmura
em meu ouvido enquanto subimos as escadas, subindo os degraus de uma
enorme escada de mármore rosa. Nós duas rimos.
— Shh, ela vai ouvir você. Talvez ela tenha tomado um Xanie1 para se
acalmar, — murmuro. Ela parece um pouco fora de si, mas não vou julgar
minha mãe ainda. Meu coração já está batendo com mais entusiasmo com a
ideia de me ligar a alguém normal - bem... pelo menos meio normal.
***
1
Xanax – Calmante.
BETTI ROSEWOOD
Três dias depois de minha visita e de Alli à minha mãe, estou mais
confusa do que nunca, e Alli parece compartilhar minha opinião - minha mãe é
um pouco... maluca.
Mas a ideia de querer isso dói. Ele é um idiota que só quer me machucar
por diversão. E ainda estou tão desesperadamente, irrevogavelmente
apaixonada por...
— Oh, meu Deus.
— Hm? — Levanto os olhos do livro em minhas mãos que está na mesma
página há vinte minutos.
Alli está sentada na frente de uma TV no meu quarto. Eu me levanto do
meu assento na janela e caminho até ela. Já adquiri o hábito de repousar a
palma da mão de forma protetora sobre a pele esticada da minha barriga e,
quando me vejo fazendo isso de novo, rapidamente puxo minha mão para trás,
fingindo que não tinha feito nada.
Eu não posso me importar com esse bebê.
Não quando eu nem sei se terei permissão para mantê-lo quando alguém
descobrir que ele existe.
— E essa foi Kayla Greene com a última atualização sobre o cenário que
se desenrolava em Eden Falls, — explica um âncora de notícias de aparência
sombria. Sinto que vou vomitar de novo.
BETTI ROSEWOOD
— O suspeito está agora sob custódia depois de ser preso pelo
assassinato de seu melhor amigo, Lai, — lê o âncora. — Mais às onze.
— Sinto muito, — sussurra Alli. — Eu queria te dizer eu mesma... eu não
tinha ideia de que isso tinha acontecido.
— Lai está morto, — eu gaguejo.
Alli agarra minha mão, segurando-a com força. — Oh, Deus, Pandora.
— Mas quem o matou?
BETTI ROSEWOOD
2
DEXTER
Minha vida acabou. Meu melhor amigo está morto e minha cabeça está
cheia de ideias sobre como eu poderia ter evitado o desastre que tirou a vida de
Lai. Mas agora é tarde demais. Ele se foi.
Minhas mãos formam punhos nas algemas. Nunca me permiti ser fraco,
mas o assassinato, tornou quase impossível não... sentir. Para alguém que
trancou todas as emoções atrás de uma parede de tijolos por uma década, é
uma proeza impossível seguir em frente agora. É como se a represa que segura
meus pensamentos mais íntimos, estivesse rompendo. Estou me aproximando
de um colapso. Olhando para o cano da arma. E não sobrou ninguém para me
ajudar.
Lai está morto.
Meu melhor amigo de infância, o homem que ficou ao meu lado durante
a morte de meus pais, que me traiu muitas vezes, que se importava mais comigo
do que qualquer outra pessoa. Ele se foi, sem chance de consertar as coisas,
para esquecer os erros. Acabou.
BETTI ROSEWOOD
— Eu não matei Lai.
Eu o acompanho pela minha história com Lai. Eu não pulo nada. Falo
sobre Pandora, sobre os outros caras, os jogos doentios e malucos que jogamos.
O detetive me observa com uma expressão impassível, de vez em quando
anotando algo em seu bloco de notas. Há uma câmera apontada para mim. Eu
sei que isso está sendo filmado. Assim que termino de falar, o detetive dá um
suspiro.
— Então, você está pronto para confessar?
— Não, — eu rosno. — Estou pronto para falar sobre... Lily Anna Oakes.
Ele franze as sobrancelhas. — Lily Anna Oakes morreu.
— Não, ela não morreu, — eu balancei minha cabeça com veemência. —
Ela... nós... encenamos a morte dela. Ela está morando comigo, há anos. Em
segredo.
Ele ri alto, olhando para mim. — Então onde ela está?
Eu encolho os ombros. — Isso é para você descobrir, detetive. Tudo que
eu sei, é que ela estará ansiosa para rastrear Pandora Oakes.
Ele anota algo antes de voltar sua atenção para mim. — Pandora Oakes.
Onde ela está?
— Sumida, — eu assobio. — Ela... nós brigamos. Eu acredito que ela saiu
para ver sua mãe biológica.
BETTI ROSEWOOD
— Você tem. Você gostaria de fazer isso agora?
Minhas unhas cravam nas palmas das minhas mãos. — Você tem que
acreditar em mim. Foi ela quem matou Lai, e ela é perigosa pra caralho. Ela
poderia, e vai, matar de novo. E eu acho que Pandora é sua próxima vítima.
Ele me ignora, chamando dois guardas para entrar no escritório. Eles me
puxam para cima e eu resisto a eles, exigindo que minha voz seja ouvida. Mas
o detetive faz os policiais me conterem. Ele vem até mim e sorri na minha cara.
— Você e sua família fundadora distorcida são a razão desta cidade ser
um desastre de trem, — ele me diz friamente. — E eu farei tudo ao meu alcance
para colocá-lo atrás das grades, onde você pertence.
Desabando no colchão fino como papel, fico olhando para a parede onde
mensagens obscenas foram esculpidas em pedra e tijolo. Estou enjoado. Minha
vida deu uma guinada em uma série de eventos que eu não poderia ter previsto.
E, no entanto, minha principal preocupação é Pandora.
BETTI ROSEWOOD
Minha mente está cheia de memórias. Imagens de Pandora me levantam
e me derrubam no segundo seguinte. Meus próprios sentimentos confusos pela
garota me fazem sentir mal. Eu não posso amá-la. Eu não amo ninguém. Não
posso me permitir isso - não quando isso me custaria tudo.
Mas o pensamento dela não me deixa. Eu imagino o rosto dela. Seu corpo.
Cada canto e recanto dela, explorado, reivindicado em meu nome. Minha
propriedade. E agora ela se foi, e eu estou atrás das grades. E, no entanto, a
única coisa que me importa é a segurança dela.
Eu faço um trato com Deus naquele momento, embora nunca tenha sido
religioso. Mas pensar no perigo em que meu brinquedo está, me deixa
desesperado. Eu oro então, oro pela segurança dela, mesmo que isso signifique
ficar atrás das grades. Para sempre.
Meu pau endurece com o pensamento dela. As paredes aqui são finas e
posso ouvir alguém gritando no corredor. Um guarda está meio adormecido em
seu posto a poucos metros de mim.
Eu massageio a protuberância em minhas calças. Eu preciso dela.
Preciso do alívio, da distração, da porra da sensação de Pandora Oakes sendo
minha novamente. Eu deito na cama e puxo minhas calças para baixo. Com
culpa, minha mão encontra meu pau, envolvendo-se em torno da cabeça
carnuda, acariciando, precisando do alívio que só Pandora foi capaz de me dar.
Trazendo-me para a borda, me forço a parar toda vez que chego muito
perto. Meu pau está pingando, ansioso para gozar, desesperado para ser
enterrado em suas dobras sedosas. Mas ela não está aqui. Ela foi embora.
Frustrado, eu bato meu punho na parede. A dor cega. Meus dedos se
abriram, sangue escorrendo pela minha mão, mas eu mal percebi, chegando
perto de um orgasmo novamente enquanto acariciava meu pau cada vez mais
perto.
BETTI ROSEWOOD
Seu nome é um sussurro moribundo em meus lábios. O sangue escorre
pela minha virilha enquanto eu empurro com movimentos rápidos e raivosos. O
tempo passa. Eu passo o que devem ser horas deitado naquele colchão que
range, espalmando meu pau ao som dos outros presos gritando, rindo e
gemendo de prazer semelhante ao meu.
Não sou nada agora. Fui reduzido a escória. Ninguém me quer mais em
sua vida. Sem meus pais, Lily Anna e Pandora, não sou nada.
Lembro-me de uma história que minha mãe costumava ler para mim
quando eu era criança, sobre um menino que desapareceria se ninguém se
lembrasse dele. Tento desesperadamente me lembrar do final. Para lembrar
como ele resolveu o problema. Mas não há nada lá - apenas o som suave e
angelical da voz da minha mãe e suas mãos bem cuidadas tocando minha testa
enquanto ela me colocava para dormir.
Começo a entender como foi para Lily Anna estar trancada em um lugar
do qual ela não podia escapar. E não posso deixar de me perguntar se isso é
tudo culpa minha.
Por concordar com seu plano.
Por prendê-la.
Por foder sua mente além do reparo.
Mas então me lembro do que ela fez. Que ela matou meus pais. Ela é um
monstro. E ela precisa ser levada à justiça.
Mais duas mudanças de guarda e um sanduíche seco pra caralho depois,
um guarda se aproxima da minha cela. Estou pronto para ir, ereto e orgulhoso,
determinado a levar Lily Anna à justiça.
— Alguém está aqui para ver você, Booth, — murmura o guarda. Eu o
reconheço como o irmão mais velho de um dos alunos da Prep. Ele parece saber
quem eu sou também e parece quase envergonhado com a inversão de papéis.
Oh, como os poderosos caíram.
Eu o sigo pelo corredor, minhas mãos ainda algemadas.
Caminhamos para a mesma sala de interrogatório em que eu estava
antes, e ele trava as algemas na mesa em que estou sentado. Eu me sinto como
um maldito criminoso.
E a pior parte é... agora sei que sou.
BETTI ROSEWOOD
O que fiz com Lily Anna é imperdoável.
E eu mereço ser punido por isso.
BETTI ROSEWOOD
3
PANDORA
3 MESES DEPOIS
Este é meu novo normal. Alli é minha nova melhor amiga. Minha mãe
continua a me confundir com sua atitude quente e fria que muda a cada cinco
minutos. E quanto à minha vida em Eden Falls... acabou. O pesadelo ficou para
trás.
Não entrei em contato com ninguém da cidade. De má vontade,
acompanhei a notícia da prisão de Dexter após o assassinato de Lai. Eu não
queria acreditar que era verdade, mas tudo apontava para isso - Dex havia
matado seu melhor amigo e agora ele iria cumprir uma longa, longa sentença.
O juiz que presidia seu julgamento estava determinado a fazer de Dexter um
exemplo. Para colocar Eden Falls de joelhos. Para acabar com a supremacia dos
Primogênitos da cidade de uma vez por todas.
E então há a questão do bebê. A vida crescendo dentro de mim. Eu soube,
desde o momento em que descobri que estava grávida, que não poderia me livrar
do bebê. Nem mesmo sabendo que não tinha ideia de quem era o pai. Nem
mesmo com a possibilidade de o pai do bebê ser um assassino.
— Eu simplesmente não entendo, — murmuro enquanto Alli alterna
entre as sugestões da Netflix na TV. — Por que ninguém veio atrás de mim?
Nenhum deles se importa?
— Achei que você não queria voltar para Eden Falls, — murmura Alli,
finalmente decidindo por um episódio de Charmed. — Eu pensei que você queria
fugir de uma vez por todas.
Eu não respondo, mordendo meu lábio inferior. Ela está certa. Nunca
pertenci a Eden Falls. Nunca foi um lar - não como Wildwood.
Com um suspiro exasperado, Alli pausa o programa de TV.
— Talvez você devesse voltar para lá, — diz ela, fazendo minha cabeça
erguer e meu coração bater mais rápido.
— Por que você diz isso?
— Aqueles homens que arruinaram sua vida... e seus filhos. Você não
acha que eles merecem pagar pelo que fizeram a você?
BETTI ROSEWOOD
Ela está certa. Se eu me afastar de Eden Falls e seus habitantes, não
consegui nada. O que preciso fazer é mudar a forma como a cidade é
administrada. Eu preciso encontrar uma maneira de recuperar meu poder. E a
única maneira de fazer isso é voltar para onde tudo começou.
Dou uma desculpa e saio do quarto. Eu preciso falar com minha mãe.
Como ela sempre está entusiasmada com alguma coisa, estive atrasando essa
conversa por muito tempo. Mas é hora de finalmente falarmos sobre tudo - meu
pai, Lily Anna, e a cidade malvada da qual queria escapar há meses.
Mas há algo sobre Eden Falls, algo que está me chamando como o canto
de uma sereia, exigindo que eu volte. Sei que, no momento em que pisar na
cidade novamente, serei arrastada para baixo pelo drama e pela hierarquia do
lugar. Tem sido revigorante não ser tratada como a vadia de ninguém em
Stormcliff. Para poder viver minha vida da maneira que eu quiser. Mas também
sei que minha consciência não vai me deixar em paz até que eu mude as coisas
para o próximo recém-chegado na cidade.
Encontro minha mãe esparramada em uma espreguiçadeira de veludo
rosa na área de estar. Ela está comendo bombons de chocolate enquanto uma
mulher de cabelo curto trabalha em suas unhas, e seus olhos brilham quando
eu entro na sala.
— Lily... Err, Pandora! — Ela sorri, e meu coração bate com rejeição
enquanto ela faz um gesto para que eu me aproxime. — Eu estive me
perguntando onde você estava.
— Por quê? — Sento-me no sofá de couro acolchoado ao lado dela.
— Você queria falar comigo, não é? — Seu sorriso é beatífico, me fazendo
pensar mais uma vez como ela pode ser tão observadora para alguém tão
totalmente descuidada. — Bem, aqui estou eu, querida. Xô.
Ela aponta para a manicure, que faz uma careta para mim antes de sair
da sala com seu equipamento. Mamãe sopra suas unhas vermelho-sangue e me
dá um grande sorriso.
— Oh. — Ela parece perplexa com a minha declaração, como se ela não
tivesse entendido muito bem. Mas sua expressão muda no próximo instante. —
Bem, o que é então, querida? Diga logo. Não tenho o dia todo.
BETTI ROSEWOOD
Sua mudança de humor é instantânea e assustadora, mas tento não
deixar isso me afetar. Amasso o tecido do meu vestido esvoaçante entre os
dedos, evitando seu olhar.
— Eu... eu queria falar com você sobre Eden Falls, — finalmente consegui
dizer.
— Ah, aquele inferno. — Ela ri alto melodicamente. — A melhor decisão
que já tomei foi deixar aquele lugar, minha querida.
— Mas você nunca sentiu falta? — Culpada, eu rio. — Emilian, seu ex-
marido... Você não se pergunta como seria sua vida se você nunca tivesse ido
embora?
Seu rosto fica mais sério e ela se inclina para frente, segurando minha
palma entre as mãos recém-cuidadas.
— Eu não poderia ter ficado lá. Eu tive que sair.
— Compreendo.
— Ele era uma pessoa má, — ela murmura. — Mas eu não conseguia
ficar longe, nem mesmo quando as pessoas me avisaram para ficar longe dele.
Você já se sentiu assim?
— Então você sabe. — Mamãe parece mais lúcida do que desde que a
conheci, e compartilhamos um raro momento de compreensão quando nossos
olhos se encontram. — Esses homens são ruins para nós... mas não podemos
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resistir a eles. Talvez devêssemos estar com eles... Talvez eu não devesse ter
resistido tanto. Às vezes me pergunto se esse é o meu castigo.
— O que você quer dizer?
Seu lábio inferior balança e eu pisco para afastar as lágrimas dos meus
olhos. Eu entendo melhor do que ela poderia imaginar. A situação dela com meu
pai parece semelhante ao que estou passando com Dex. E ainda não sei qual de
nós fez a escolha certa - ela, por ir embora, ou eu, por voltar.
Já sei que vou voltar agora.
Não há como evitar.
— Fico feliz, — Alli sorri. — Então, qual é o plano? Vamos voltar para
Eden Falls?
— Sim, — eu aceno, observando-a sorrir. Ela já ouviu muitas histórias
sobre a cidade agora. Ela está ansiosa para ver por si mesma, embora eu não
entenda muito bem por que ela quer tanto conhecer. A maior parte do que eu
disse a ela é terrível, mas nunca conheci alguém tão ansioso para entrar na toca
da cobra.
— Isso é bom, — ela concorda. — Está na hora, eu acho. Você não está
animada?
Eu pondero sua resposta. Deus sabe o que me espera quando eu voltar.
Terei que visitar Dexter na prisão, contar a ele sobre o bebê. Terei que enfrentar
todos os Primogênitos, assim como meu pai. O medo se instala na boca do meu
estômago, misturando-se com a excitação para formar uma mistura peculiar.
— Eu suponho, — eu finalmente murmuro. — Você está?
— Sim, — ela sorri. — Vou conhecer o esquivo Dexter Booth...
BETTI ROSEWOOD
Eu rio, mas não consigo evitar a pontada de ciúme que suas palavras
enviam pelo meu corpo. Alli é bonita. Tipo, muito mais bonita do que eu. E não
posso deixar de me perguntar o que Dex pensaria dela.
— Mas há outra coisa que você deveria saber, — murmura Alli então,
desviando o olhar para esconder a culpa em seus olhos. — Eu encontrei algo.
— O que?
Ela não vai encontrar meus olhos. Em vez disso, ela simplesmente passa
por cima de um papel arrancado de um talão de cheques. Meus olhos se
arregalam quando eu percebo o que diz.
Não posso negar isso e, embora queira dizer a ela para não bisbilhotar de
novo, não consigo me forçar a fazer isso.
Então, papai sabe que estou aqui, mas não fez nada para me levar de
volta a Eden Falls. Não sei se estou aliviada ou desapontada.
— Estou feliz que você decidiu voltar, — Alli fala novamente. — Aquela
cidade, e especialmente os homens que vivem nela, merecem ser colocados de
joelhos. E você pode ser a pessoa certa para isso, Pandora Oakes.
Eu olho para ela e sorrio. A luz que entra pela janela saliente da sala
ilumina Alli, deixando-a ainda mais bonita. O medo me domina com força, mas
faço o possível para ignorá-la. Dex se preocupa comigo. Ele não iria
simplesmente me abandonar ao ver uma garota bonita... Não é?
BETTI ROSEWOOD
— E a melhor parte, — Alli continua, pegando minha mão na dela e
sorrindo maliciosamente. — É que vou ajudá-la em cada passo do caminho. Eu
sei exatamente como derrubá-los. Aqui está o que vamos fazer...
BETTI ROSEWOOD
4
DEXTER
— Booth.
BETTI ROSEWOOD
Mas quando os portões se abrem, percebo que não vou precisar de uma
carona, afinal.
Porque bem ali, ao lado de um Escalade branco brilhante, estão os amigos
que pensei ter perdido. Easton, Caspian e Julian erguem os olhos ao me ver
saindo da prisão. Eu me preparo para o impacto do primeiro golpe, mas nunca
acontece.
Eu me aproximo deles com cautela. Nenhum deles se move, eles estão
apenas me encarando.
Finalmente, Julian fala.
— Faz muito tempo, Booth.
Eu concordo. Estou enjoado. O grupo não parece o mesmo sem Lai e,
pela primeira vez desde que ele morreu, sinto a perda do meu melhor amigo
como um soco no estômago. Eu gemo, passando a mão pelo meu cabelo escuro
e rebelde.
— Ele realmente se foi, não é? — Murmuro. — Ele nunca vai voltar.
O peso da verdade me atinge como uma tonelada de tijolos e eu me inclino
contra o carro de Caspian, me sentindo mais doente do que nunca. Os meninos
abrem espaço para mim e nós ficamos parados, ainda me perguntando se eles
estão aqui para acabar comigo de uma vez por todas. Eu não os culparia. Não
sei se ainda mereço um lugar na terra. Não depois de tudo que aconteceu, porra.
Mas ainda tenho um propósito - uma força motriz que está me empurrando para
frente.
Preciso encontrar Pandora e preciso matar Lily Anna pelo que ela fez. E
eu não vou descansar até que essas duas coisas estejam sordidamente
acabadas e feitas.
Uma mão pesada pousa em meu ombro e eu olho nos olhos de Easton.
Não sei se ele vai me confortar ou me bater. Mas eu vejo a dor em seus
olhos - a dor de perder um de nós. Lai realmente se foi e nosso grupo nunca
mais será o mesmo, não sem ele.
— Eu sei que você não fez isso, — Easton fala, suas palavras fazendo um
peso gigante sair do meu peito. — Mas você precisa começar a falar, Booth.
Porra. Você precisa nos contar a verdade.
Eu aceno e aponto para o carro. — Podemos ir para a minha casa?
BETTI ROSEWOOD
Saímos do carro e meu mordomo e eu nos olhamos. Ele parece cansado,
mas determinado. Anders nunca foi de mostrar afeto fisicamente, mas quando
ele dá um tapinha nas minhas costas, sinto como se ele estivesse me dizendo
que tudo vai ficar bem.
— Fique feliz por não ter feito isso, — murmuro. — Lai é o único que
sabia, e veja o que aconteceu com ele.
— Ela precisa pagar por isso, — Julian finalmente afirma. — Lily Anna
não pode escapar com o que ela fez.
BETTI ROSEWOOD
Minhas mãos formam punhos e mal posso conter o rosnado no meu
rosto. — Você quer dizer quando você a forçou? Você a fodeu. Ela me contou
tudo.
— E você realmente acreditou nela, — Easton murmura, balançando a
cabeça. — Você acreditou nela o tempo todo.
— Você está negando? — Eu assobio. Isso não é uma questão pequena -
é a razão pela qual eu odeio as tripas de Easton.
— Sim, — ele responde com a mesma expressão indignada. — Pelo amor
de Deus, Booth, não me diga que você ainda confia em uma palavra da boca
daquela garota. Ela é uma maldita mentirosa, e você deveria saber disso agora.
Ela me odiava, ela odiava Lai.
— Ela odiava todos nós, — acrescenta Caspian.
BETTI ROSEWOOD
— Temo que possa ser sua única escolha, — ele murmura. — Você sabe
o que deve fazer.
Ele sai da sala. O resto dos caras está olhando para mim, esperando uma
explicação. Já estou com medo do que sei que teremos que fazer.
Eu sei que ele está certo, mas ainda estou com medo de ver o cara que
fez da minha vida um inferno.
Mas então eu penso nela.
Não a pequena vadia conivente que matou meu melhor amigo, arruinou
minha vida e ainda está tentando se vingar de mim.
Não, em vez disso, penso em Pandora Oakes.
Minha Pandora. Meu maldito brinquedo.
Mesmo que ela tenha cortado relações comigo, mesmo que ela tenha
fugido, mesmo que ela não queira nada comigo... Eu não posso deixá-la ir.
E apesar de saber o motivo pelo qual não posso desistir dela, não estou
pronto para admitir para mim mesmo.
BETTI ROSEWOOD
5
PANDORA
Ela ri. — Você realmente deveria ler aquele manual de Eden Falls que
você me deu.
— Eu deveria, — eu sorrio. — Mas agora eu tenho você.
Ela pega minha mão, apertando-a suavemente. — Você também tem duas
pessoas com quem se preocupar agora. Você e o bebê.
— Você está certa, — murmuro. — Não posso ser egoísta agora. E o bebê
será a pessoa mais graduada em Eden Falls assim que nascer.
— Isso mesmo, — ela acena com entusiasmo. — E como eu disse, você é
quem está no comando até que ele ou ela faça dezoito anos. Eu li tudo isso no
manual. Acredite em mim. Venho estudando desde que chegamos aqui, sei das
coisas.
— Muito obrigada por fazer toda essa pesquisa. — Eu aperto sua palma.
— Eu não sei o que eu faria sem você. Você tem me salvado desde que apareceu.
Eu acho que eu desmoronaria se não fosse por você.
— Todo mundo precisa de um amigo, — murmura Alli, folheando
novamente o manual. — Vou continuar lendo. Talvez possamos encontrar outra
coisa para tornar as coisas mais fáceis para você.
— Pandora?
Trocamos olhares cansados quando minha mãe chama meu nome.
— Deus, o que é agora, — eu gemo. Mamãe adquiriu o hábito de me vestir
como uma boneca. Ela gastou tanto dinheiro em roupas para mim que
provavelmente poderia usar uma roupa nova todos os dias durante um ano. Eu
me sinto mal por Alli, a quem ela quase sempre ignora. Mas eu compartilhei
minhas coisas novas com minha melhor amiga, deixando-a vestir o que quiser
da minha coleção. — É melhor eu ir ver o que ela quer.
Ela balança a cabeça e me deseja boa sorte antes de voltar sua atenção
para o manual em suas mãos. Eu sorrio para mim mesma enquanto saio da
sala e desço a escada de mármore. Alli é tão dedicada a me ajudar. Eu realmente
tenho sorte por tê-la ao meu lado.
Chego ao salão onde minha mãe passa a maior parte do tempo e franzo
as sobrancelhas quando vejo a cena que se desenrola na minha frente.
É uma festa do chá.
Há fogaças, bolos, sanduíches de pepino e bules de chá, um dos quais a
mamãe segura nas mãos, derramando delicadamente o líquido verde ácido em
uma xícara dourada.
BETTI ROSEWOOD
— O que é tudo isso? — Eu me pergunto em voz alta.
Eu me sinto mal por Alli. Ela sempre a exclui, como se minha amiga não
importasse nada. Eu faço uma promessa mental de levar algo para comer um
pouco mais tarde, para que Alli também possa participar.
Mamãe tem tentado desesperadamente forçar esse vínculo comigo. Mas
ela não age como uma mãe de verdade na maioria das vezes. Sim, os períodos
em que ela fica entusiasmada e carinhosa são maravilhosos, mas são poucos e
distantes entre si, sem falar que são fugazes. Na maioria das vezes, ela
simplesmente flutua, drogada com um de seus remédios e mal percebe que Alli
e eu também estamos em casa.
— Sente-se, — diz ela novamente, mexendo ao meu redor enquanto me
aponta para a mesa. Quando eu não obedeço imediatamente, ela segura meus
ombros. Suas longas unhas escarlates cravam em minha pele enquanto ela me
força a sentar em uma cadeira. — Sente-se, sente-se.
— Uma velha receita de família. — Ela ri alto. — Não seja tão exigente,
querida. É bom para você. Beba, beba!
Ela empurra o copo em minha direção novamente. Ela encheu até a borda
e o líquido espirrou sobre a borda quando eu o levei aos lábios. Tem um cheiro
horrível. Verde e pútrido. Mas não quero começar uma discussão quando ela
tiver todo esse problema, então consigo dar um sorriso inseguro e tomo o menor
gole de chá que posso.
Deus, o gosto é ainda pior do que parece. Eu me esforço para não cuspir
de volta na xícara. — O que você disse que era isso?
BETTI ROSEWOOD
— Uma receita de família, — ela repete. — Vamos, beba. A receita está
na família há gerações. Você vai adorar.
Eu discordo veementemente, mas me forço a tomar outro gole, forçando
o líquido quente e nojento pela minha garganta. Mas eu engasgo, cuspindo
enquanto cubro minha boca e balanço minha cabeça.
— Desculpe, não posso. É simplesmente horrível!
— Mas é tão bom para você. — Ela faz beicinho. — Por favor, beba pelo
menos uma xícara.
Hesito e sua expressão muda em um instante. Esta não é a primeira vez
que isso acontece - minha mãe está acostumada a conseguir o que quer, e no
momento em que as pessoas não fazem cegamente o que ela diz, ela perde a
compostura. Sinto saudade da previsível crueldade de papai. Sim, ele era um
idiota, mas pelo menos eu sabia que seu humor não mudaria em um instante.
Com mamãe, ela vai me adorar em um segundo e me acusar de arruinar sua
vida no próximo. Você nunca sabe o que está por vir, e é estressante como o
inferno.
Eu forço mais alguns goles do chá nojento em meu estômago. Ele queima
enquanto desce. O que quer que esteja nessa coisa é horrível. Mas mamãe está
me observando, silenciosamente me encorajando a beber mais e mais. Depois
de esvaziar a xícara, empurro-a de volta, sentindo-me aliviada por ter acabado.
— Mas por que... — De repente, uma dor aguda atinge meu estômago.
Eu agarro a mesa para apoio e cerro os dentes. — Merda.
— Olha a língua! — ela diz em uma voz chocada. — Cuidado com essa
boca imunda, Pandora. De qualquer forma, isso é para o seu bem. De verdade,
para o seu bem.
BETTI ROSEWOOD
— Eu não quero este chá horrível! — Eu assobio, varrendo a xícara da
mesa. Ela se estilhaça. O chá derrama no chão e minha mãe parece irritada com
minha desobediência.
— Bem, assim seja, se for preciso, — diz ela com um bufo de resignação.
— A quantidade que você bebeu deve ser suficiente, de qualquer maneira.
— O suficiente? — Eu sussurro. — O suficiente para quê?
— Para se livrar disso, é claro. — Ela sorri. Seus dentes são tão perfeitos.
Ela é a imagem de uma beleza bela e imaculada. E ela é má pra caralho. — É o
melhor, como eu disse, querida. Você não quer ficar com um bebê, quando você
é tão jovem quanto você é. Isso com certeza vai arruinar sua vida.
BETTI ROSEWOOD
Ela me ajuda a levantar. Sinto-me superaquecida e delirando, mal
percebendo o que está ao meu redor enquanto ela me leva pelo corredor até um
dos odiosos banheiros rosa deste lugar. Ela me ajuda a inclinar-se sobre o vaso
sanitário e exige que eu enfie os dedos na minha garganta.
BETTI ROSEWOOD
— Eu não posso acreditar que ela fez isso, — murmuro quando estou
deitada na cama mais tarde. — Ela tentou tirar isso de mim.
— Ela é horrível, — murmura Alli. — Um monstro. Mas não se preocupe,
nós partiremos em breve. E então seremos apenas nós duas.
BETTI ROSEWOOD
6
DEXTER
A voz desaparece, e nós cinco ficamos ali inutilmente, até que os portões
finalmente se abram. Troco um sorriso triunfante com Easton e volto para o
carro. Paramos em frente à mansão Oakes, onde Emilian já está esperando na
frente da casa, com as sobrancelhas unidas e os braços cruzados.
Saímos do carro e o homem sorri para mim.
— Bem, bem, bem, olhe o que o gato arrastou até aqui, — ele disse. —
Dexter, filho da puta, Booth. Deixaram você sair da prisão, não é? Eles
simplesmente deixam assassinos andarem pelas ruas hoje em dia?
— Estou aqui para falar sobre algo que é do seu interesse, — digo a
Emilian. — Mas isso vai custar caro para você.
Ele ri, balançando a cabeça enquanto se senta atrás de sua mesa e faz
um gesto para que eu me levante. Mas eu não faço, sorrindo para o homem. Ele
deve saber que o que eu tenho é valioso. Ele deve saber que vou fazê-lo pagar.
— O que isso vai me custar? — ele vaga em voz alta com um sorriso
descuidado. — Duvido que você tenha algo de interessante para mim, Booth.
— É sobre Lily Anna. — Seu sorriso cai e nós nos enfrentamos, seus olhos
brilhando com interesse.
— O que tem ela?
— Muitas coisas que você não sabe. — Eu observo seus punhos sob a
mesa, as veias saltando em seus dedos. Ele odeia isso. Odeia saber que não é
BETTI ROSEWOOD
ele que detém todo o poder agora. — Então, vamos começar com minha primeira
pergunta. Onde diabos está Pandora?
Ele me encara. — Olho por olho, Booth. E quanto a Lily Anna?
— Ela sempre viu você como seu pai, — eu aceno. — Pena que você não
entendeu isso. De qualquer forma, ela estava mais segura comigo. E todos nesta
sala estavam mais seguros assim também. Suponho que você tenha ouvido falar
de Lai?
— O que tem ele? — Oakes finge indiferença, mas posso ver como ele está
pálido. Ele já sabe que foi ela. — Ele se foi. Carne morta.
BETTI ROSEWOOD
— Por causa dela, — eu grito. — Por causa de Lily Anna. Ela o matou e
escapou. E agora ela está atrás de Pandora.
— Por que ela tentaria machucar Pandora? — Oakes pergunta. — Ela não
tem motivo.
— Se você quer dizer que Lily Anna os matou, sim, — eu assobio. — Mais
alguma coisa que você escondeu de mim?
— Você também fode com eles, — murmuro. — Você é a razão pela qual
ela é assim.
— Agora, agora, senhores, — interrompe Easton. — Não vamos apontar
o dedo. Nossa prioridade número um é encontrar Pandora e Lily Anna.
Eu me ocupo conversando com os caras até que Emilian nos chama para
sua mesa. Ele tem o feed de segurança puxado em seu computador. Todos nós
assistimos à plataforma de Eden Falls. Alguns passageiros embarcam no trem
para Northcliff. Há uma figura encapuzada na plataforma, deitada em um banco
com o boné puxado sobre o rosto.
E então ela aparece.
BETTI ROSEWOOD
que seja esse amor, ele quer o melhor para ela. E ele está começando a
reconhecer que seu amor pela garota está errado. Talvez ele até a deixe ir depois
que tudo isso acabar.
Se eu não a matar primeiro, porra.
***
A viagem para Stormcliff é de quatro horas. Sentamos na limusine Oakes,
com Kelley no banco do motorista. Não há conversa, nem palavras
desnecessárias. Todos nós estamos em nossas cabeças, contemplando como
será esse confronto, e provavelmente imaginando quanto dano Lily Anna já fez.
Minhas unhas cravam em minhas palmas. Pandora não pode ter ido
embora. Pandora não pode estar morta. Pandora é minha, porra.
Quando chegamos, até meu queixo cai ao ver a casa de Ângela.
— Você está financiando isso? — Murmuro para Emilian enquanto
estacionamos em frente aos portões.
— Não é da sua conta, — ele sibila de volta, saindo do carro e
respondendo à minha pergunta.
Nós quatro assistimos a seu acalorado debate no interfone, e então os
portões se abrem. Estamos dentro.
Kelley para na garagem, onde todos nós saímos da limusine. Há uma
mulher esperando na escada que leva até a casa com um sorriso gigante e
branco-perolado. Ela está vestindo uma roupa toda rosa com um boá de penas
e segurando uma taça de martini com uma bebida rosa bebê combinando que
parece horrível.
— Querido! — ela fala. — Nos encontramos novamente.
Ela troca beijos frios na bochecha com Emilian. É óbvio que há algo não
dito entre eles, mas nenhum de nós menciona isso. A mão de Ângela permanece
no ombro de Emilian, mas ele se afasta rapidamente, e ela se esforça para
esconder sua decepção.
BETTI ROSEWOOD
— Estamos aqui por Pandora, — diz Emilian.
— Oh, ela não está aqui, — Ângela gorjeia, rindo. — Elas partiram esta
manhã.
— Elas? — Eu assobio, me aproximando dela. Ela olha para Emilian
como se para ver se ele vai protegê-la de mim, mas ele não faz nenhum
movimento para me impedir. Engolindo em seco, Ângela volta sua atenção para
mim.
— Era a sua filha, — murmura Emilian, o nojo tão evidente em sua voz
que não deixa espaço para perguntas sobre por que eles se separaram. Ele não
ama essa mulher. Ela é tão insípida, tão envolvida em si mesma, que não dá a
mínima para ninguém. — Era Lily Anna.
Para seu crédito, a cadela realmente empalidece. — Lily Anna está morta.
— Ela não está, — eu assobio. — Mas ela é perigosa pra caralho e quer
machucar Pandora.
— Oh, minha querida menina nunca machucaria Pandora, — ela sorri.
— Ela era uma menina tão boa. Um bebê tão bom.
— Você nem mesmo a reconheceu, então não nos alimente com essa
besteira, — murmuro. — Onde elas estão? Para onde elas foram?
— Eu não sei, — ela encolhe os ombros, impotente, agitando os cílios
para Emilian. — Como eu poderia saber?
— Como você pôde deixá-las ir sem saber para onde iam? — Eu exijo. —
Como você pôde deixá-la sair com uma maldita assassina?
— Pandora é uma assassina? — ela pergunta totalmente sem noção.
— Não, Lily Anna! — Eu tive o suficiente, e bato meu punho na limusine,
deixando para trás um amassado. Todo mundo está polidamente em silêncio
enquanto eu enfrento Ângela. — Você precisa nos dizer quando elas foram
embora e para onde foram. Porra, agora, mulher. Sua filha - sua filha biológica
- está em perigo. E Lily Anna também, se eu colocar minhas mãos nela.
BETTI ROSEWOOD
— Eu não sei p-para onde elas foram, — ela gagueja pateticamente. —
Elas foram embora esta manhã.
— Por que elas simplesmente iriam embora assim? — Emilian pergunta.
— Sem te dizer? O que diabos você fez?
— Corta essa porra de teatro, Ângela, — Emilian exige. Sua voz não deixa
espaço para discussão, e a mãe de Pandora funga mais algumas vezes antes de
puxar as mãos para trás. Não há lágrimas em seu rosto. Ela parece tão calma
como sempre. — Apenas nos diga onde elas estão. E o que você fez. Elas estão
bem? Você não as machucou, não é?
— Eu fiz o que era melhor, — ela sibila. — Eu fiz o que eu tinha que fazer.
— Elas fugiram, — Ângela murmura. — Não sei para onde. Mas estou
avisando agora, Dexter Booth. Você não vai partir o coração daquela garota. E
é melhor você cuidar da criança, se ainda não tiver morrido.
— O que? — Eu resmungo. — De que porra você está falando?
BETTI ROSEWOOD
7
PANDORA
BETTI ROSEWOOD
Não consigo impedir que o pensamento entre na minha mente. Eu fico
me perguntando se eu deveria ter saído em primeiro lugar. Não a casa da minha
mãe - eu sabia que tinha que deixar aquele lugar, sabendo o que ela tentara
fazer. Mas meu pai não teria tentado me fazer perder o bebê. Ele ficaria
orgulhoso. Ele me colocaria no mais alto dos pedestais e o bebê não estaria em
perigo.
— E você acha que voltar para a casa do seu pai vai resolver isso? — A
pergunta de Alli envia uma pontada de culpa por mim.
— Bem, ainda posso ser independente, — tento me defender.
— Em Eden Falls? — Ela ri alto. — Sim, boa sorte com isso.
Eu observo incrédula enquanto ela se levanta e caminha até a janela. Ela
abre as cortinas florais e a luz se derrama na sala empoeirada. — Não, não, não
acho que seja uma decisão sábia, minha querida Pandora. Acho que você
deveria ficar onde está e resolver sua vida, não correr de volta para casa com o
rabo entre as pernas.
— Bem... — Eu mordo meu lábio inferior. — Dex ficaria feliz em me ver.
BETTI ROSEWOOD
— Ele é o pai, — murmuro.
Fico sem palavras e fico olhando para minhas mãos cruzadas no colo sem
responder.
— Estou aqui para ajudá-la, P, — diz Alli. — Eu sou a única que você tem
agora. A única pessoa em quem você pode confiar. Você não pode nem confiar
em si mesma, não é? Você tem todas essas pequenas ideias na sua cabeça. Você
precisa que eu lhe diga por que elas não funcionam, não é?
Eu encolho os ombros evasivamente e Alli aperta minha mão novamente.
— Não se preocupe. Eu não vou a lugar nenhum. E eu sei que você sente
que me deve por proteger seu bebê. Então faça isso por mim. Fique aqui e vamos
ter certeza de dar à luz sem Eden Falls assistindo cada porra de contração.
Fique comigo e deixe-me cuidar de você, para que ninguém possa machucar
você ou este bebê. — Ela coloca a mão na minha barriga com um sorriso doce.
— Isso é tudo que me importa, P. Você e este bebê. Garantir que vocês dois
estão bem. Então você pode voltar, eu prometo.
Eu olho em seus olhos, encontrando-me balançando a cabeça apenas
para calá-la. Ela está me irritando, mas não posso discordar dela. E ela estava
certa no passado, então eu realmente deveria ouvir seus conselhos e apenas
fazer o que ela diz.
— Tudo bem, — eu finalmente consigo. — Podemos ficar aqui um pouco.
Alli bate palmas com entusiasmo, mas eu levanto a mão, ainda sem
terminar o que eu queria dizer.
— Contanto que haja um médico na área que vai se certificar de que tudo
está bem.
BETTI ROSEWOOD
deixaríamos uma à outra louca nesta casa, apenas uma com a outra como
companhia por meses.
— Mesmo? — Ela inclina a cabeça para o lado, encolhendo os ombros. —
Bem, o que você quiser.
— Você realmente faria isso por mim? — Eu pergunto antes que eu possa
me impedir.
— Por você e pelo bebê, — ela acena gravemente. — Eu já o amo. E eu
simplesmente sei que vai ser um menino. — Ela sorri.
— Estaria muito, muito perdida, — ela ri. — Está tudo bem. Estou aqui
para você.
Ela vai para a cabana do zelador, me perguntando se ela usará os
mesmos poderes de persuasão nele também, para garantir que tenhamos
mantimentos.
Tenho muita sorte de Alli ter entrado na minha vida.
Sem ela, estaria totalmente perdida.
BETTI ROSEWOOD
***
Alli só quer ajudar. Ela não tem um motivo oculto. Por que ela teria? Ela
nem me conhecia até alguns meses atrás. Ela é minha melhor amiga. A única
pessoa em quem posso confiar totalmente. Às vezes, até mais do que a mim
mesma.
Ela não iria me manter enfiada nesta casa de propósito. Ela só está
fazendo isso para proteger a mim e ao bebê.
Digo a mim mesma que não é nada. Eu olho pela janela e a vejo do lado
de fora, enchendo a lata de lixo. Eu mal consigo um minuto para mim mesma
hoje em dia. Alli sai uma vez por semana para comprar mantimentos com o
zelador, e minha próxima consulta ao médico está se aproximando rapidamente.
Estou planejando fazer algumas pesquisas enquanto Alli estiver fora. E, por
acaso, sua viagem semanal que dura quarenta e cinco minutos está marcada
para esta noite.
Pelo resto da noite, mantenho os fingimentos e aceno para Alli quando
ela sai. Mas no momento em que ela vira a esquina, estou de volta aos meus
pés.
Há alguns quartos na casa, e Alli e eu temos um. Ela não gosta quando
entro em seu quarto, o que me deixa com suspeitas. Mas esta noite é minha
chance. Eu posso ver o que ela está tentando tanto esconder. Por que ela sempre
recua quando eu apareço em sua porta.
Eu penso nela saindo com sua sacola de cesta e eu acenando para ela.
Ela se sentiria tão traída se soubesse o que estou fazendo. Mas não
consigo evitar. Eu preciso de respostas.
BETTI ROSEWOOD
— Que porra você pensa que está fazendo?
Eu me assusto com o som, então me viro para encarar Alli.
Ela está vestida como antes, ainda segurando a cesta de vime. Mas agora
sua mão está descansando em seu estômago. Sua barriga aumentou de
tamanho. É igualzinho a minha.
Ela está de costas para mim. Eu a vejo tirar sua jaqueta e ficar com a
barriga de fora. Quando ela me encara novamente, seu rosto é uma imagem de
inocência.
— Claro que há, boba, — ela sorri. — Estou usando isso para que
ninguém suspeite que você está aqui comigo. Você não acha que as pessoas
ficariam desconfiadas se eu começasse a comprar fórmula para bebês e não
parecesse grávida? Todo mundo conhece todo mundo em Eden Falls, você
mesma me disse, P. Não podemos correr o risco de os caras descobrirem sobre
você. Eles tirariam o bebê de você.
Eu quero acreditar muito nela, mas algo em sua história não está
batendo. Eu me sinto mal do estômago enquanto a sigo com meus olhos.
— Mas você não deveria mexer nas minhas coisas, Pandora. Eu também
não faço isso com você, — diz ela com firmeza.
Porque conto tudo como uma idiota ingênua, eu acho. Porque eu não guardo
segredinhos imundos. E você só pode estar fazendo isso...
— Claro, — eu respondo com um sorriso. — Sinto muito, devem ser os
hormônios. Estou ficando louca.
— Compreensível. — Ela sorri friamente.
— Então, você vai buscar a comida?
— Eu vou quando você estiver dormindo, — ela responde. — Não gostaria
que esses hormônios entrassem em ação novamente. Você precisa de
supervisão. E eu estou aqui para ajudar. Qualquer coisa que você precisar.
Ela me puxa para um abraço. Suas unhas cavam nas minhas costas.
— Qualquer coisa por esse bebê, — ela sussurra em meu ouvido. Suas
palavras causam um arrepio na minha espinha.
BETTI ROSEWOOD
8
PANDORA
— Mas no início, você disse que um médico vinha a cada duas semanas.
Acho que, de certa forma, tenho sorte de ter Alli. Mas então por que
continuo me sentindo uma prisioneira nesta casa? E por que ela controla tudo?
BETTI ROSEWOOD
Ela até me fez monitorar minha ingestão de água e me trouxe vitaminas pré-
natais, pelo amor de Deus. Todos os atos que poderiam ser percebidos como
doces e afetuosos, mas ela de alguma forma os fazia parecer o oposto disso.
Quando conheci Alli, estava tão desesperada por uma conexão emocional,
por uma amiga, que não vi nenhum sinal de alerta.
Mas quanto mais tempo passo em sua companhia, mais noto todas as
pequenas coisas sutis que parecem... fora do comum.
Mais tarde naquela noite, ela me disse triunfantemente que o médico virá
no dia seguinte. Estou aliviada. Digo a mim mesma que estou sendo paranoica.
Ela não é uma pessoa má, está apenas fazendo o que acha que é melhor para
mim e para o bebê.
Ela realmente se preocupa com o bebê.
Às vezes... quase demais.
— Você nem mesmo o conhece. — Minha voz está pingando gelo. — Você
nunca conheceu Dex.
— Então? Os fatos não mentem.
— Ele não matou Lai.
— Então quem foi? — Ela me desafia com seu olhar, mas eu mantenho
seu olhar desafiadoramente.
BETTI ROSEWOOD
— Talvez tenha sido meu pai, — eu ofereço.
— Duvido.
— E quanto a um dos outros caras?
— Eles nunca machucariam Lai, — ela bufa.
***
BETTI ROSEWOOD
garganta, guardando suas coisas, e eu limpo minha barriga de frustração e jogo
as toalhas de papel na mesa enquanto me levanto.
— Sinto muito, Alli, vou para um hospital. Sei que mamãe teve um parto
complicado comigo e preciso de alguém lá para ter certeza de que está tudo bem.
— E quanto às minhas perguntas? — Grito atrás deles, mas Alli não para
de andar. O doutor olha por cima do ombro, mas ela rapidamente o enxota ao
virar da esquina antes que ele possa responder. Derrotada, volto para casa.
Mesmo com meu corpo mudando tanto, é difícil acreditar que estou tão
longe.
A vergonha ameaça me engolir. Me sinto péssima por não ser mais
dedicada ao bebê. Como Alli é - ela vive e respira por esse garoto, e ele nem
mesmo é dela.
O que está me incomodando nisso... algo que não fui capaz de admitir
para ninguém, nem mesmo para mim, é...
Eu legitimamente não tenho ideia de quem é o pai.
Pode ser qualquer um deles.
Julian, cruel e bonito.
Caspian, artístico e torturado.
Easton, distorcido e inteligente.
Pobre Lai morto.
Ou meu valentão, Dexter.
Embora Dex tenha uma chance maior de ser o pai do que os outros, não
posso ter certeza até que façam um teste de paternidade. Mas, ao mesmo tempo,
não saber manteria a mim - e ao bebê - mais seguros.
BETTI ROSEWOOD
— Estou de volta! — Viro-me para a porta da frente por onde Alli acabou
de entrar. Não respondo, me sentindo muito irritada, mas ela só precisa se
aproximar de mim. — Por que você foi uma vadia comigo na frente do Dr. Meyer?
Eu rio alto. — Você não pode estar falando sério.
Seu lábio inferior se contrai. — Você é uma menina tão triste, Pandora.
Apenas chorando e sentindo pena de si mesma o tempo todo. Ninguém se
preocupa mais com esse bebê do que eu. Muito menos você.
— O que aconteceu com você? — Eu a examino com meu olhar. — Você
mudou muito desde que te conheci, Alli.
— Você tem que pensar no bebê agora, — ela continua como se eu não
tivesse falado nada. — Você não pode ser tão egoísta, Pandora. Você não pode
apenas pensar em si mesma.
Eu afino meus lábios enquanto ela espalha os papéis na mesa diante de
mim e começa a apontar os lugares para eu assinar.
— Aqui, aqui e aqui.
BETTI ROSEWOOD
Sua expressão muda. Seus lábios se contraem antes de ela sorrir
docemente. — Vou ligar para o seu pai.
— Por quê? — Eu exijo.
— Para dizer a ele que você está louca, — ela gorjeia. — Que eu tenho
testemunhado um comportamento perturbador desde que estou com você. Que
você não poderia cuidar deste bebê sozinha. Que você precisa de ajuda
profissional, e é melhor que ele a internasse. E que o bebê está melhor com ele
do que com você. Você simplesmente vai foder com ele.
Minha boca fica aberta com a quantidade de sarcasmo que ela está
vomitando. — Você está delirando pra caralho, Alli. Como pode dizer isso? Achei
que você se importasse com o bebê.
— Mais do que você, — ela zomba. — Isso é certo. Eu só tenho os
melhores interesses no coração, e sinto muito, P, mas você claramente não está
pensando direito, porque você não é a melhor coisa para este bebê. Eu sou.
— Como você pode dizer isso? Você não é nada disso. Não somos nem
parentes!
Sua boca se abre em um rosnado, mas ela cobre rapidamente,
inclinando-se sobre a mesa para me olhar nos olhos. — Você é tão idiota,
Pandora.
— Com licença?
BETTI ROSEWOOD
— Por que você m-mataria Lai? — Eu gaguejo. — Você nem o conhecia...
Você disse que nunca tinha estado em Eden Falls...
— Você é tão ingênua, — ela zomba. — Você realmente acreditou em
mim? Uau, você é ainda mais burra do que eu pensava. Vamos, pense, P. Quem
esteve aqui antes de você? Quem você tem tentado constantemente fazer jus?
De quem você teve que preencher os sapatos? Com quem sua mãe me
confundiu?
Eu respiro fundo. Eu não quero dizer isso. Dizer isso significa admitir
que há verdade nisso, e não posso encarar os fatos agora. Mas as palavras saem
dos meus lábios antes que eu possa me conter.
— Lily Anna, — eu respiro.
— Diga isso de novo, — ela sussurra, seu rosto perto do meu. Eu examino
sua beleza, e aí está - cada pequeno sinal, cada característica que ignorei porque
estava tão preocupada com meus próprios problemas que nunca a vi como o
lobo em pele de cordeiro que é.
— Lily Anna Oakes, — eu sussurro. — Mas..., mas você está morta.
Ela agarra minha mão e pressiona a palma contra o peito. Eu coro,
sentindo seu batimento cardíaco rápido sob meus dedos. Tum. Tum. Tum.
— Ainda batendo, — ela sorri.
— Mas como...
BETTI ROSEWOOD
9
DEXTER
4 MESES DEPOIS
Pandora Oakes. Eu deveria saber que a única pessoa que eu pensei que
não chegaria nem perto de ser a garota, seria que me colocaria de joelhos.
Já se passaram meses, meses sem ela, meses procurando por ela sem
qualquer tipo de sucesso. Ela simplesmente se foi - desapareceu no éter, sem
deixar vestígios.
Com a ajuda dos caras e de Emilian Oakes, virei esta cidade de cabeça
para baixo em meu esforço para encontrá-los.
Mas eu não consegui. E esse fracasso me seguirá até o fim dos dias, e
terei que conviver com isso.
Mas não posso perder Pandora. Principalmente agora, sabendo que ela
está tão vulnerável, sabendo que está grávida. Uma criança que poderia ser
minha. Uma criança que tenho que salvar de Lily Anna.
Fico dizendo a mim mesmo que só estou fazendo isso por causa do bebê,
mas, no fundo, sei a verdade. Eu quero Pandora de volta. Sinto falta do corpo
dela ao lado do meu. Saudades de nossas conversas. Sinto falta de provocá-la,
de machucá-la. Sinto falta de uma pequena vítima disposta, um brinquedo para
brincar sempre que preciso.
Agora é quase tarde demais no jogo. Ela está grávida, sua barriga cheia
de vida, crescendo dentro dela.
Em breve, ela será uma mãe. E eu não estarei lá para ela, ou para o bebê.
Eu bato meu punho na parede.
BETTI ROSEWOOD
— Dexter! — Emilian Oakes sibila. — Talvez você precise respirar.
BETTI ROSEWOOD
— Você não acha que nós queremos encontrá-la também? — Julian
pergunta. — Estamos todos nisso, Booth. E queremos que Lily Anna seja levada
à justiça, tanto quanto você.
— Duvido. — Eu corro meus dedos pelo meu cabelo. — Porra. Porra.
Estou uma bagunça.
Eles me cercam enquanto eu ando entre eles tentando pensar em novas
maneiras de encontrar meu brinquedo. Mas não há nada - esgotamos todos os
nossos recursos. Não há mais nada. Ou Pandora se foi há muito tempo... ou ela
não está em Eden Falls.
Nesse momento, meu telefone vibra com uma notificação. Não quero
prestar atenção nisso. Provavelmente é apenas Audra ou alguma outra vadia
sedenta do meu passado, desesperada para que eu faça uma visita a ela. Mas
algo me implora para pegar meu telefone e meus olhos se arregalam quando
vejo o que está na minha tela.
— Nova mensagem de um número não salvo, — murmuro.
— Abra, — diz Caspian.
Eu clico na notificação e a mensagem é carregada no meu telefone. É
uma foto. Enquanto nós quatro esperamos que ela abra, minhas unhas cravam
em minhas palmas enquanto mais e mais da foto aparece.
É Pandora. Ela está com uma expressão de pânico no rosto, mas ela
ainda está linda, mesmo sem seu cabelo ou maquiagem feitos. Lily Anna está
ao lado dela, com seu sorriso doce e inocente para a câmera. A palma da mão
de Lily Anna está pousada no estômago inchado de Pandora, e meu coração e
meu estômago embrulham quando vejo isso.
Porra. Ela está bem. Ela está viva. Ela ainda está grávida.
A mensagem soa um momento após a fotografia.
Chegando tão perto agora! x P & LA
— Oh meu Deus, — eu gemo. — Eu sei onde elas estão porra.
— O que? — Caspian administra. — Você sabe?
Easton corre para pegar Oakes, e eu vou para o Aston Martin onde Kelley
está. Ele parece sentir a urgência em minha caminhada, guardando seu jornal
e acenando para mim com ar cansado quando me aproximo dele. Ele também
está arrasado com o desaparecimento de Pandora e confidenciou-me várias
vezes sobre como ele se aproximou do meu brinquedo durante as idas e vindas
da Prep.
— Para onde estamos indo, Mestre Booth? — Ele pergunta, sem hesitar
por um segundo enquanto desliza de volta para o banco do motorista.
BETTI ROSEWOOD
— A velha cabana de madeira dos Oakes, — murmuro. — É onde elas
estão se escondendo.
— Como diabos você sabe disso? — Julian exige. Caspian segue de perto,
seus olhares preocupados me rastreando enquanto eu toco meus dedos contra
a porta do carro.
— Eu reconheci um dos troféus de caça no fundo, — murmuro,
apontando para o fundo da foto onde a cabeça de um veado está pregada na
parede. — Sempre odiei essas coisas. Onde diabos está Oakes?
— Estou aqui! — Emilian desce correndo os degraus, parecendo corado
enquanto desabotoa a gravata borboleta e os primeiros botões da camisa. —
Você realmente sabe onde elas estão?
— Positivo, — murmuro. — Vamos, porra, agora.
Não sei o que seria um alívio maior - descobrir que afinal sou o pai ou
aceitar que não sou.
Não sei como a verdade afetará minha decisão ou a de Pandora. Se for
Julian, Caspian ou Easton... ela pode escolher qualquer um deles ao invés de
mim.
E isso dói pra caralho.
BETTI ROSEWOOD
Eu odeio a sensação de dor.
Eu gemo, passando minhas mãos pelo meu cabelo. — Por que ninguém
pensou em verificar a cabana?
— Está abandonada há anos, — responde Oakes. — Ninguém sabe sobre
isso.
— Lily Anna, — eu assobio. — Você deveria imaginar.
— Você também deveria, — Emilian contra-ataca.
Ele tem razão.
Isso é tudo culpa minha, porra.
BETTI ROSEWOOD
Aponto para uma pegada ensanguentada saindo do corpo. — Alguém saiu
por esta porta. Você precisa encontrá-las. Siga as pegadas. Encontre quem fez
isso.
É então que ouvimos um gemido vindo da outra sala, e todos nós
passamos por cima do cadáver. Eu ligo outro botão e me sinto mal do estômago
quando vejo a cena diante dos meus olhos.
O piso de madeira é coberto por lençóis não mais brancos. Eles estão
cobertos de sangue. Alguns descendo da cozinha, alguns vindo da forma frágil
caíram no chão.
É ela, é meu brinquedo, e ela não está se movendo.
— Mas precisamos ter certeza de que Pandora está... — ele objeta, mas
eu o interrompo antes que ele possa terminar.
BETTI ROSEWOOD
10
PANDORA
— Eu não tenho que fazer nada, — ela retruca antes de voltar sua atenção
para o livro que está segurando. — Porra, não diz nada sobre o sangramento.
— Lily Anna, — eu gemo. — Por favor, estou te implorando, faça isso pelo
bebê, se não por mim... Eu não quero que ele se machuque.
Ela fecha o livro e o coloca de volta na prateleira antes de andar pela sala,
passando as mãos pelos cabelos enquanto pondera sobre seu próximo
movimento. Enquanto espero que ela tome a decisão certa, outro grito sai do
meu corpo e eu grito de dor. Isso é tortura. Tortura pura.
— Tudo bem, — ela sibila. — Vou chamar o médico para subir aqui.
Dr. Meyer olha entre nós duas, como se não tivesse certeza em quem
acreditar. Finalmente, ele balança a cabeça e coloca sua pasta sobre a mesa,
começando a mexer em suas coisas enquanto dá instruções a Lily Anna. Eles
me colocaram no chão em alguns lençóis limpos, apoiada em travesseiros. Sei
que as coisas não estão bem, no momento em que vejo o rosto do Dr. Meyer
depois que ele me examina.
— O que há de errado? — Eu sussurro. — O bebê está bem, certo?
BETTI ROSEWOOD
ao bebê com segurança. Digo a mim mesma que nunca vou perdoá-la por toda
a merda que ela me fez passar, fazendo uma promessa mental de fazê-la pagar
por tudo que ela fez para mim.
Quando ela sai da sala, alegando que meus gritos estão lhe dando dor de
cabeça, pego a camisa do médico e o puxo para perto.
— Você tem que me ajudar. — Estou gaguejando em meu esforço para
dizer as palavras antes que ela volte e me pegue no ato. — Ela é louca.
Totalmente louca. Eu acho que ela quer roubar o bebê.
— Alli? — Ele pergunta, empurrando os óculos para cima na ponta do
nariz e rindo. — Não, não, ela não faria isso...
— Não, você não está. — Lily Anna parece tão determinada que estou
momentaneamente distraída da terrível dor na minha barriga. — Abaixe o
telefone.
Ele não abaixa. Em vez disso, ele leva a mão ao ouvido, dizendo a ela: —
Você é uma menina doente, Lily Anna. Vou contar tudo ao seu pai.
BETTI ROSEWOOD
Ela rosna então, lançando-se sobre ele. Eu grito por ajuda, mas a ajuda
não vem. De alguma forma, Lily Anna conseguiu pegar o médico desprevenido
e o derruba, sentando-se sobre ele no chão. Ela tira o telefone da mão dele e ele
tenta desesperadamente alcançá-lo, mas ela apenas ri.
— Talvez eu também transe com eles, — ela diz com um sorriso malicioso.
— Ver se eles são melhores do que seu pai velho e inútil. Ainda quer chamar a
polícia, não é, Dr. Meyer?
— N-Não, — ele consegue. — Não vou ligar para eles, não vou contar a
ninguém, me deixe ir, por favor.
— Oh, agora você está tão ansioso para manter esse segredo, não é? —
ela ri. — Apenas alguns momentos atrás você estava pronto para me colocar
atrás das grades... Meu brinquedinho mudou de ideia?
Eu grito em uníssono com o médico quando ela passa a lâmina em sua
bochecha. O sangue escorre por seu rosto.
— Algum outro comentário, doutor? — ela pergunta docemente.
— N-Não, por favor, — ele gagueja. — Apenas me deixe ir. Por favor.
Apenas me deixe ir. Eu não fiz nada. Eu só quero ir embora.
— Eu aposto que você quer. — Ela faz beicinho. — Mas você já fodeu tudo
agora, não é, doutor? Não posso mais confiar em você. Você é um traidor. E
sabe o que eu faço com traidores?
BETTI ROSEWOOD
— L-Lily Anna, — eu sussurro. — Você não ouviu o que ele disse?
Precisamos ir a um hospital... Eu posso sangrar até morrer.
— Eu pareço estar me importando? — ela rosna. — Continue
empurrando, sua vagabunda idiota. Tire meu bebê daí.
— Seu... mas... eu... — Um grito rasga meu corpo e eu percebo que não
tenho escolha. Este bebê está chegando, quer eu queira ou não - não posso
parar o que está acontecendo agora. Vou ter que dar à luz aqui e me vingar mais
tarde.
A dor é tão intensa que continuo desmaiando. Para crédito de Lily Anna,
ela fica ao meu lado, nunca me deixando enquanto eu luto. Em um ponto, eu
olho para baixo entre minhas pernas e grito quando vejo a quantidade de sangue
manchando os lençóis brancos de neve.
— I-isso não parece normal, — eu choro. — Por favor, você tem que me
levar a um médico!
— Talvez se você não fosse uma vadia idiota, o médico ainda estaria aqui,
— ela rosna. — Mas você me fez fazer isso. Você me fez matá-lo. É tudo sua.
Maldita. Culpa!
— Por favor, Lily Anna. — O pânico me inunda. Estou molhada e pegajosa
com meu próprio suor e sangue e nunca estive com mais medo na minha vida.
Não apenas pela minha própria vida, mas também pela do bebê. — Por favor,
estou te implorando, me consiga a ajuda de que preciso.
— Cale a boca, — ela sibila. — Continue empurrando.
Ela se posiciona na frente de minhas pernas abertas. Seus olhos se
arregalam quando ela vê o meu estado, mas ela não o aborda. Em vez disso, ela
apenas espera enquanto eu empurro.
Não sei quanto tempo tudo dura. Estou muito desorientada, muito
exausta, com muita dor para prestar atenção em qualquer coisa, exceto nas
contrações que torcem meu corpo e me dobram. E então eu ouço, através da
névoa espessa que desceu diante dos meus olhos. Um bebê chorando.
— Oh meu Deus. Oh meu Deus. Oh meu Deus.
Eu olho para cima. Meus cílios estão pesados, as lágrimas escorrem pelo
meu rosto e estou me sentindo tonta. Eu a vejo então, Lily Anna, segurando um
menino. Ele é um menino - definitivamente um menino - e é lindo. Perfeito.
Acontece que não preciso desse teste de paternidade. No momento em
que o bebê entra no mundo, eu sei quem é seu pai.
— Reign, — eu sussurro. — Meu bebê Reign.
BETTI ROSEWOOD
— Esse não é o nome dele, — ela sibila. — Você não pode nomeá-lo.
— Ele é meu filho. — Eu grito, mas ela não liga para mim. Eu a vejo cortar
o cordão umbilical e limpar o bebê suavemente. Ele está quieto agora. Quase
quieto demais. Ele só chorou uma ou duas vezes. — Dê ele para mim, Lily Anna.
Dê-me meu filho.
— Ele não é seu. — Ela começa a vesti-lo e eu fico olhando para eles, me
sentindo congelada. — Mas o negócio é o seguinte, Pandora. Vou jogar um
joguinho com você, um jogo de azar. Você gosta disso?
Não consigo nem responder. Minha boca está grossa, assim como minha
cabeça. Eu mal posso choramingar.
— Veja, meu plano era este... — Lily Anna chega perto de mim e sorri,
colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. — Eu ia te matar. Então
voltar com o bebê e dizer a todos que era meu. Lai seria o pai, claro. Ele me
estuprou, então eu tive que matá-lo. Eu escapei então, logo descobrindo que
estava grávida. E então eu dei à luz ao meu filho mais cedo. Pequeno Dexter
Junior.
BETTI ROSEWOOD
11
PANDORA
Eu sei que é um sonho, mas isso não está ajudando. Significa apenas
que não há limitações desta vez, sem consequências para suas ações.
Estou amarrada a uma cadeira no meio de uma sala vazia. Uma lâmpada
oscila acima de mim, lançando sombras ao redor da sala. Os meninos me
cercam. Apesar de estarem todos usando máscaras, eu os reconheço pelos
movimentos, pela maneira como estão. Todos estão vestidos com ternos e todos
usam a mesma máscara branca que cobre os olhos. Eles se aproximam de mim.
— Você tem sido um brinquedinho ruim, não é, Pandora? — um deles
fala alto. Eu poderia tentar descobrir quem é quem, mas estou muito cansada.
Eu fecho meus olhos e inclino minha cabeça para trás na cadeira. Há algo na
ponta da minha língua, algo no fundo da minha mente. Algo tão
desesperadamente importante. Mas não consigo segurar o pensamento.
Continua escorregando pelos meus dedos. Então, eu simplesmente desisto, vou
com o fluxo. Eu finjo jogar.
— Sim, senhor, — eu sussurro em meu sonho. — Você vai me punir?
— Claro, meu brinquedinho. Para o que mais você está aqui? — Um
chicote atinge minha coxa e eu grito de dor. Eu fico olhando para minha perna,
onde uma marca vermelha já está florescendo. — Vou bater em você quantas
vezes forem necessárias para você admitir.
BETTI ROSEWOOD
Eu sinto o primeiro orgasmo crescendo. Não sei mais o que é real, mas
me agarro à sensação. As borboletas no meu estômago. A umidade entre minhas
pernas. Deixo a pura euforia assumir, mas no momento em que estou no auge,
ela para.
BETTI ROSEWOOD
— Você gostou disso? — ele sorri. — Eu mandei construir só para você,
meu brinquedinho favorito.
— O que você vai fazer comigo? — Eu sussurro.
— Eu não sei o que você quer de mim, — lamento, desviando o olhar com
medo enquanto ele passa as borlas sobre meu peito nu. É tão bom que
enrubesço de vergonha. — Por favor, Dex...
— Cave fundo, brinquedinho. — Ele sorri para mim, sabendo que detém
todo o poder. — Cave até descobrir todos os seus segredos.
Ele abre minhas pernas à força. Eu vejo sua saliva escorrer para baixo,
bater na minha boceta e me ouvir gemendo quando ele me fode com dois dedos.
— Não precisava nem de brinquedo, não é? Você já estava molhada pra
caralho para mim, sua putinha...
— P-por favor, — eu consigo. — Não me machuque.
— Eu não vou, — ele promete. — Apenas me dê o que eu quero.
BETTI ROSEWOOD
Eu continuo implorando e implorando até minha voz sair. Eu nem sei
mais o que estou pedindo. As palavras estão bem aí. Eu poderia dizê-las agora.
É claro que sei o que Dexter Booth quer ouvir. Afinal, ele já me forçou a dizer
isso antes.
***
— Pandora, porra, por favor, por favor, estou implorando. Por favor,
brinquedo. Por favor.
Meus olhos se abrem, mas não consigo manter a posição. Eu me sinto
tão pesada e tão leve ao mesmo tempo.
— Pare com isso, Dexter, — murmuro, mas desta vez as palavras parecem
diferentes do que no sonho. Elas são mais pesadas, carregando mais uma
implicação. — Apenas pare com isso, porra.
— Olhe para mim, brinquedo, por favor - apenas olhe para mim. Eu
preciso ver esses lindos olhos.
BETTI ROSEWOOD
E eu faço. Eu forço meus olhos a abrirem e olho profundamente nos dele.
Não é um sonho desta vez, não pode ser. Eu conhecia aqueles olhos como a
palma da minha mão. Mas eles estão diferentes agora. Mais escuros. As piscinas
parecem mais profundas. Há dor neles. Havia dor antes, mas era aguda e
profunda. O novo tipo é em camadas. Uma coisa em cima da outra. Muitas
coisas tristes para contar, todas empurrando Dex para baixo.
Solto um soluço quando ele me abraça.
— Você tem que ajudá-lo. — Estou chorando de novo. Se é por alívio que
ele me encontrou e eu estou viva, ou por medo por meu bebê, eu não sei. —
Você tem que encontrar meu bebê.
— Eu tenho que te ajudar, — murmura Dex. — Você viu este lugar? Está
uma bagunça...
Eu dou uma olhada em volta, só então percebendo que ainda estou no
chão em cima de uma confusão de lençóis, antes brancos que agora estão
encharcados de sangue. Meu sangue.
BETTI ROSEWOOD
BETTI ROSEWOOD
12
DEXTER
A enfermeira me lança um longo olhar. — Não vou mentir para você, Sr.
Booth. Não parece bom.
Minhas mãos se fecham em punhos. Passei o resto da viagem em silêncio,
pensando em Lily Anna e o que vou fazer com ela quando colocar minhas mãos
sobre ela. Eles vão ter que me segurar para que eu não a mate, porra. Tenho a
sensação de que a única coisa que vai me dissuadir de colocar uma bala na
cabeça dela é saber que serei preso se o fizer. Não posso deixar Pandora sozinha
novamente. Não posso arriscar a distância entre nós. Preciso ficar ao lado dela
e fazer o que for melhor para o meu brinquedo.
Somos levados às pressas para o hospital enquanto um alarme soa nos
corredores. Apesar da minha insistência em ficar ao lado de Pandora, os
médicos me expulsaram da sala de cirurgia. Ando pelo corredor do lado de fora,
quando meu telefone vibra com uma chamada de Emilian Oakes.
BETTI ROSEWOOD
— Ela não está bem. — Admitir isso em voz alta ameaça me quebrar. Mas
escondo bem o tremor em minha voz. Cubro com a raiva mal contida e digo a
Emilian para chegar lá o mais rápido possível antes de encerrar a ligação.
Emilian chega o que parece horas depois. Sentamos juntos na sala de
espera e ele me traz um copo de plástico com café velho a cada hora, enquanto
os médicos lutam pela vida de Pandora.
É isso que presumo que estejam fazendo. Já estamos aqui há horas e
ninguém saiu daquela sala de cirurgia. Por mais que eu odeie ficar no escuro,
sou grato pelos profissionais que fizeram, de salvar Pandora, sua prioridade.
Esperamos séculos até que as portas duplas da sala de cirurgia
finalmente se abram. Oakes e eu imediatamente nos levantamos, apesar do
nosso cansaço, e nos aproximamos do médico exausto que levanta as mãos para
nos pedir espaço. Ele está cansado e esgotado como nós. Porra eu tremo
antecipando as notícias.
— Como ela está, doutor? — Emilian pergunta.
— Ela está... — Ele olha entre nós e eu sinto meu coração parar por um
breve momento. — Ela não está estável ainda. Ela está em estado crítico.
— Mas ela está viva, — murmuro.
— Ela está, — ele concorda. — Acreditamos que a operação que acabamos
de realizar salvou sua vida. Tivemos que suturá-la - ela estava sangrando muito.
Parece que o parto teve algumas complicações. Ela realmente deveria ter ido ao
hospital por causa disso.
Minhas unhas cravam em minhas palmas. Lily Anna vai pagar por isso.
— Quando podemos vê-la? — Eu pergunto.
— Não até que ela se estabilize, — diz o médico. — Mas nós a levaremos
para um quarto privado e você poderá vê-la através do vidro. Mas vocês
precisam estar preparados.
— Preparado para quê? — Emilian franze as sobrancelhas.
— É para o bem dela, — continua o médico. — Dessa forma, ela está mais
segura. E nós a acordaremos em três dias. Esperançosamente estará estável até
então. Nós fizemos transfusões de sangue. Ela perdeu muito.
BETTI ROSEWOOD
bebê... não tenho motivos para acreditar que tenha sido prejudicado durante o
parto.
— Bom, — Emilian concorda gravemente. — Estamos fazendo tudo ao
nosso alcance para trazer o bebê de volta para casa.
Ele nos deixa parados ali. Eu nem consigo me mover. Sinto o peso do
mundo em meus ombros. Eu quero Pandora aqui, para consolá-la. Mas ela está
em um sono profundo, como a Bela Adormecida. Cabe a mim agora salvar nossa
família.
Ele empalidece e não se opõe. Ele sabe o que fez. Ele sabe que sua
obsessão por Lily Anna não era saudável. Apesar de todas as atrocidades que
ela cometeu, ela não era culpada pela obsessão doentia de Oakes por ela.
— Encontre-a, — eu assobio. — Se não...
Ele tropeça quando o solto, limpando a garganta e consertando a gravata.
Sem dizer outra palavra ou olhar para mim novamente, ele sai do hospital. Para
o bem dele, espero que esteja indo atrás de mais ajuda para encontrar Lily Anna.
Temos que encontrá-la. Não podemos deixar o bebê com ela. Ela é perigosa. Eu
não duvidaria que ela matasse uma criança inocente.
Ela parece tão diferente do que estava apenas algumas horas atrás. O
corpo de Pandora é minúsculo e frágil, apesar de ter acabado de dar à luz. Há
tubos saindo de seu nariz e boca, e sua pele está fantasmagoricamente pálida e
machucada, onde os tubos foram colocados. Juro novamente fazer Lily Anna
pagar por isso.
BETTI ROSEWOOD
Ela fodeu com minha família.
Ela fodeu com meus amigos.
Ela fodeu com meu futuro.
E agora ela fodeu com meu brinquedo favorito, e não vou deixá-la escapar
impune. Ela vai pagar porra, e eu quero ser o único a levá-la à justiça. Mal posso
esperar para puni-la por seus crimes. Ela merece cada coisa ruim que está
acontecendo com ela, espero que mais cedo ou mais tarde.
Pelos próximos dias, entro e saio do hospital. Só saio para ir para casa,
tomar banho e trocar de roupa uma vez por dia. Estou até me acostumando
com a comida de merda da lanchonete do hospital, porque me recuso a sair do
lado de Pandora. Os caras têm vindo para me fazer companhia. Nunca
esquecerei suas expressões quando viram Pandora pela primeira vez depois de
toda a merda que aconteceu.
Eles estavam chocados pra caralho. Chocados que a garota de quem
todos gostamos, Lily Anna, seja capaz de deixar outro humano em uma condição
como a de Pandora. Mas isso só serviu para nos aproximar. Agora estamos
determinados - encontrar Lily Anna, e puni-la pelo que ela fez.
No terceiro dia no hospital, os médicos decidem que Pandora se
recuperou de seus ferimentos o suficiente para que possam tirá-la do coma.
Sento-me ao lado da cama dela quando isso acontece, segurando sua pequena
e frágil mão branca na minha. Seus dedos são tão pequenos. Ela nunca pareceu
mais vulnerável.
Quando os olhos do meu brinquedo se abrem, eles se conectam com os
meus primeiro. Ela olha profundamente em minha alma com aquele brilho, e
antes mesmo que eu possa perguntar, a pergunta surge.
— Onde ele está? Onde está meu bebê?
Eu aperto sua palma para tranquilizá-la, mas ela logo percebe que não
tenho nenhuma boa notícia para ela. Não sei onde Lily Anna e o bebê estão, e
assim que ela percebe a verdade da questão, Pandora começa a chorar. São
necessárias duas enfermeiras para acalmá-la e injetam um sedativo, dizendo
que ela está ficando muito nervosa. Eu quero dar um tapa na cara delas. Dizer
a elas que ela tem todos os motivos para estar chateada. Eu sei que elas têm
boas intenções, mas estou oscilando no limite da minha sanidade. Um
movimento errado e vou cair.
Quando ela acorda horas depois, ela está muito mais calma. Eu entro na
sala, mas ela não olha para mim. Sentando ao seu lado, tento segurar sua mão,
mas ela a puxa. Dói pra caralho como agulhas sendo enfiadas no meu coração,
mas me forço a não dizer nada sobre isso. Não posso machucar Pandora ainda
mais. Eu preciso ser forte agora, por nós dois.
— Nós os encontraremos, — eu digo sem jeito, mas ela apenas zomba em
resposta.
— Eles podem estar em qualquer lugar, Dexter.
BETTI ROSEWOOD
— E onde quer que estejam, nós os traremos de volta.
Ela balança a cabeça. Uma parte de mim quebra ao ver que ela já perdeu
as esperanças, mas tento não demonstrar.
— E até que os encontremos, estou bem aqui, — consigo dizer, mas ela
apenas consegue dar um sorriso triste.
— Eu não posso nem olhar para você agora, — ela sussurra, e mais uma
vez, as agulhas cavam em mim, profundamente. — Você deveria ter ido atrás
deles, Dexter. Você deveria ter trazido meu bebê de volta.
— Nosso bebê, — murmuro.
Agora ela olha para mim, seu olhar frio como gelo. — Você não sabe disso.
— Eu sei disso...
— Não importa, — ela retruca. — A única coisa certa é que é meu bebê.
E eu o quero de volta. Eu nunca vou te perdoar se você não o encontrar.
Eu aceno, tentando controlar meu temperamento e emoções para não
perder o controle na frente de Pandora.
— Que nome você deu a ele?
A pergunta escapa dos meus lábios antes que eu possa me conter. Mais
uma vez, os olhos de Pandora queimam quando encontram os meus.
— Reign, — ela finalmente responde, sua voz quebrando com a simples
palavra.
BETTI ROSEWOOD
13
PANDORA
Eu nem mesmo olho para longe da janela enquanto Dex coloca uma
xícara fumegante em um porta copos de mármore na mesa de cabeceira. Não
respondo, mas ainda sinto sua presença persistente. Ele está esperando por
algo, ansioso por algumas palavras de encorajamento, talvez eu diga a ele que
as coisas não estão tão ruins. Que nós vamos superar isso. Mas, vamos?
— Ajudar? Você acha que vai ajudar? — Eu rosno para ele, jogando as
cobertas de edredom para trás. Minha barriga de gravida se foi agora, mas só
dói mais ver isso, sabendo que nunca ganhei o dom da maternidade, não sem
meu filho.
BETTI ROSEWOOD
— Pandora, — Dex fala em tons suaves e calmantes. — Só estou tentando
ajudar.
— E ainda assim você não ajudou em nada, — eu assobio. — O bebê não
está aqui, está? E Lily Anna não está na cadeia onde ela pertence.
— Estamos trabalhando nisso.
— Sem muito sucesso. — Eu sei que estou sendo sarcástica, mas não
posso evitar. Estou farta desta busca inútil e infrutífera por meu filho. Estou
farta de tudo.
— Droga, Pandora, — grunhe Dex. — Estou fazendo o meu melhor aqui,
o que mais você quer?
— Eu quero meu bebê de volta! — Eu pego a xicara de chá da mesa de
cabeceira em um acesso de raiva e jogo na parede. O líquido fumegante espirra
por toda a parede e a xicara se quebra ao atingir o chão. Nós dois olhamos sem
acreditar no que acabei de fazer. Eu nunca teria agido assim com Dexter antes.
Eu não ousaria. Mas ele não fará nada a respeito agora. Ele só quer me
proteger... ou não?
Com dois passos rápidos ele me alcança, sobe na cama e prende meu
corpo sob o dele.
— Eu já tive o suficiente de você, sua pirralha de merda, — ele sibila. Sua
respiração é fria e mentolada contra minha bochecha e eu luto embaixo dele,
tentando fugir. — Você acha que pode agir dessa maneira e não ser punida?
— Mas, eu...
BETTI ROSEWOOD
Não respondo e paro de lutar também, percebendo rapidamente que ele
é forte demais para mim. Eu me recuso a responder a ele. Não vou ceder às
exigências de Dexter Booth nunca mais.
Mas meu corpo me trai. Estou tremendo e sei que ele vai perceber em
breve. Meu centro está inundado de carência ansiosa, mas não posso deixar
Dexter notar. Tenho que esconder a todo custo. Ele só vai tirar vantagem disso
se perceber, e eu não estou pronta para isso, não estou pronta para dar mais a
ele.
— Você tem sido um pequeno pesadelo, Pandora, — ele me diz
calmamente. — Eu sei que você está sofrendo, brinquedo. Mas você não acha
que eu estou sofrendo também? Eu perdi muito. Lily Anna matou meus pais.
Meu melhor amigo. E agora ela levou outra pessoa. Por que você não deixa eu
me lamentar com você?
Algo sobre essa pergunta simples ressoa em mim. Meu corpo treme, meus
lábios tremem enquanto eu sussurro: — Não posso. Não sei como.
— Então deixe-me mostrar a você, — Dex grunhe. — Deixe-me te
ensinar... Eu posso te deixar melhor, Pandora. Você apenas tem que me deixar...
Eu fico desamparada então. Meu corpo para de resistir, deitada ali
inutilmente enquanto ele começa a beijar uma linha no meu pescoço. Seus
dedos agarram o tecido da minha camisola e, com um forte puxão, ele a divide
ao meio, expondo meu corpo nu.
— Olha como você é linda, — ele murmura. — Meu brinquedo...
Eu fecho meus olhos com força, dizendo a mim mesma que não estou
gostando do que ele está fazendo comigo. Mas é uma mentira, e nós dois
sabemos disso. Meu corpo treme sob o dele e percebo que estou ansiosa por
mais de seu toque cruel. Mas eu nunca admitiria isso para Dexter. Eu não posso
deixá-lo saber de minhas fraquezas. Eu preciso manter o fingimento.
BETTI ROSEWOOD
Fecho meus olhos com força e me encontro assentindo. Sim eu quero
isso. Quero tudo e qualquer coisa que tire minha mente da minha terrível
realidade. A bagunça que é minha vida.
Ele move sua boca sobre meu abdômen até meu centro exposto. Seus
lábios se demoram sobre o osso do meu quadril, com cuidado, beijando
lentamente uma linha sobre a minha boceta. Não me depilo há séculos e minha
boceta está coberta de pelos castanhos claros e sedosos. Mas ele não liga para
isso. Ele continua me beijando. É como se ele estivesse fazendo amor comigo
com a boca. Não conheço Dexter Booth assim. Gentil, quase doce. Acho que ele
também não.
— Por favor, Dex, — eu sussurro. — Faça-me sentir melhor. Quero me
sentir melhor.
Apesar da minha ânsia por desistir do controle, estou cada vez mais perto
da borda e sei que vou começar a implorar por uma liberação em breve. Eu não
consigo me conter. Eu só quero um pouco de alívio, um momento para esquecer
a confusão que é minha vida.
— Por favor, — eu sussurro. — Por favor, Dex, me dê.
— Você quer gozar? — ele grunhe contra meu corpo, me lambendo com
movimentos agonizantemente lentos. — Diga-me que você quer gozar,
brinquedo.
BETTI ROSEWOOD
— Por favor, Dexter, eu esperei tanto tempo... Não mereço? Por favor!
— Eu não posso te foder, — ele reflete. — Você está muito sensível por
conta da cirurgia. Vou ter que pensar em outra coisa.
— Por favor, Dexter. — Minha voz está baixa e frágil. É tão constrangedor,
mas minha carência não me permite sentir vergonha. Estou perto demais para
isso. — Por favor, só um, por favor, eu preciso tanto dele... Deixe seu brinquedo
gozar, Dex, por favor, farei qualquer coisa.
BETTI ROSEWOOD
— Jure, — ele grunhe.
Ele remove a escova e sua boca volta. Ele chupa meu clitóris com tanta
força que acho que vou desmaiar apenas com a sensação. O orgasmo borbulha
dentro de mim, ameaçando transbordar.
— Você não pode, pode? — ele sorri por entre as minhas pernas. — Você
precisa de permissão como um bom brinquedinho...
Dex não para até que meus gritos se transformem em gritinhos suaves.
É quando ele me puxa para seus braços. Provavelmente pareço uma bagunça,
mas já passei do ponto de me importar. Ele cuida de mim e eu deixo. Mãos
firmes e fortes alisam meu cabelo. Um sussurro sombrio, mas reconfortante,
me diz para descansar, e ele me segura enquanto eu caio no primeiro sono de
verdade em uma semana.
BETTI ROSEWOOD
14
DEXTER
Pandora está voltando lentamente. Por mais difícil que tenha sido a vida
nas últimas semanas, meu brinquedo está fazendo o possível para me agradar,
voltando ao seu estado anterior. Mas não fizemos nenhum progresso na busca
por Lily Anna e Reign, e a cada dia que passa sem boas notícias, vejo meu
brinquedo desistir um pouco mais.
Fiz tudo ao meu alcance para melhorar as coisas. Para mantê-la ocupada.
Mas ela é uma mãe agora, uma mãe sem filho, sem propósito. Posso dizer que
ela está sofrendo e o que mais dói, é saber que não posso fazer nada para mudar
isso.
— O que você está fazendo aqui? — Eu lati para ele. — Não nos
encontramos aqui. Nos encontramos no seu escritório no centro. Esta é minha
casa e você não é bem-vindo aqui.
Nos encontramos todos os dias para discutir a busca infrutífera por Lily
Anna, mas sempre foi no escritório de Oakes em Eden Falls.
Eu olho para ele. Não gosto de vê-lo em minha casa, mas também não
posso expulsá-lo. Afinal, é ele quem financia a busca por Lily Anna e Reign.
— Tudo bem, vamos lá. — Eu lidero o caminho até as escadas e entro no
escritório. Oakes se senta na frente da minha mesa e eu pego a cadeira atrás
dele, olhando para ele. — Por favor, me diga que você tem boas notícias sobre
Lily Anna. Você a encontrou? Você encontrou Reign? Você fez algum maldito
progresso?
BETTI ROSEWOOD
— Não. — Ele fica mudando de posição, o que me diz que está nervoso.
Isso é bom. — Eu... eu queria dizer que estou lhe dando um dote. Se você ainda
pretende se casar com Pandora, só isso.
Pandora e eu não discutimos nossos planos, mas Oakes não precisa
saber disso. Então, eu apenas o encaro bem nos olhos e sorrio ao dizer: — Que
generosidade a sua. Agora que tirou tudo de mim, você vai me dar uma desculpa
esfarrapada para um presente de casamento?
— Com você? — Eu rio. — Não estou nem um pouco grato, velho. Foi você
quem nos meteu nessa confusão toda. Se não fosse um pervertido tão doente,
talvez Lily Anna não precisasse se esconder.
—Não se esqueça que fui eu quem trouxe Pandora para Eden Falls, — ele
sibila. — Eu sou a razão de vocês estarem juntos agora.
BETTI ROSEWOOD
— Não, — eu digo resolutamente, levantando-me da minha cadeira e
sinalizando que este é o fim da nossa conversa enquanto abotoo meu blazer. —
Eu sou a razão de estarmos juntos. Porque ela me ama, seu idiota de merda.
Ele também se levanta, sem se preocupar em responder, porque
provavelmente sabe que estou certo.
Pandora aparece na porta então. Ela está usando um vestido branco fino
que varre o chão, sua expressão cautelosa ao encontrar seu pai.
— O que você está fazendo aqui? — ela pergunta.
— Seu pai acabou de aparecer com uma boa surpresa, — eu respondo
facilmente. — Minnie virá morar conosco por um tempo.
— Minnie? — Seus olhos se iluminam. É a primeira empolgação genuína
que vejo nela, e me agrada que Oakes tenha decidido permitir que Minnie fique
conosco. — Oh, isso é maravilhoso...
— Faça Kelley trazê-la aqui agora, — digo a Oakes, e ele balança a cabeça,
surpreso com a reação animada de Pandora. Eu sabia que Minnie e Pandora
eram próximas, mas nunca percebi que a filha da empregada era a única aliada
do meu brinquedo na cidade. Ela precisa dela. Ter Minnie em na Mansão Booth
será bom para Pandora. — Não queremos esperar mais do que o necessário.
Mandarei Anders preparar um quarto para ela.
— Tudo bem, — sibila Oakes. É a melhor reação que posso esperar do
velho. Ele odeia receber ordens, assim como eu. Eu deveria dar ordens, não
segui-las. — Ela estará aqui em breve.
Pandora e eu levamos seu pai para fora. Ela me surpreende ao ajudar
Anders a arrumar o quarto de Minnie, genuinamente animada por ver sua velha
amiga novamente. Até falamos em contratar em breve mais ajudantes para
ajudar o mordomo na casa.
Conto a Pandora o que seu pai decidiu, e ela parece aliviada com a
notícia. Mesmo que eu não queira mostrar, eu também estou. Se não fosse pela
decisão de Emilian, eu seria expulso da Mansão e ficaria sem um tostão. E não
posso arriscar isso. Não agora, quando ainda preciso encontrar Lily Anna e
Reign.
Como sempre, pensar neles faz meu coração e minha cabeça doerem. Eu
me forço a ficar ocupado com os preparativos para a chegada de Minnie. Mas é
tudo uma desculpa esfarrapada. Sei que todos os nossos pensamentos estão
com o bebê, não aqui, em Eden Falls. E, embora esteja mais determinado do
que nunca em encontrar Lily Anna e nosso filho, também sinto que estamos
procurando duas agulhas em um palheiro. Ela simplesmente se foi, sem a porra
de um vestígio.
Estou ficando frustrado, então sou grato pela distração da campainha.
Pandora praticamente corre escada abaixo para cumprimentar Minnie.
BETTI ROSEWOOD
seus ombros estão caídos. Minnie parece derrotada, e isso instantaneamente
desinfla Pandora também. Ainda assim, as duas garotas parecem animadas por
estarem na companhia uma da outra.
Anders arruma uma mesa para o chá da tarde, e nós três nos sentamos
para conversar.
Percebo que Minnie desenvolveu um novo hábito quando se senta e as
mangas do uniforme sobem. Seus braços estão cobertos de arranhões. Sei que
Pandora também percebeu, embora Minnie tenha feito o possível para esconder.
— Você está bem? — Meu brinquedo pergunta, a preocupação evidente
em sua voz quando ela pega a mão da empregada.
— Estou bem. — Minnie acena com a outra mão com desdém, como se
não fosse nada. — Só... cansada. Estou feliz por estar aqui, porém, Srta.
Pandora.
— Estou feliz que você esteja aqui também. — Meu brinquedo vibra. —
Vai tornar as coisas muito melhores. Mas tem certeza de que está bem?
Mas se não o fizer, você está condenado a uma vida de ser comandado
por aqueles que têm mais do que você.
E é hora de mudar.
Mostramos a Minnie seu quarto mais tarde, e ela silenciosamente se
retira para lá, deixando Pandora e eu sozinhos.
— Estou preocupada com ela, — diz Pandora no momento em que a porta
se fecha. — Ela está sofrendo. Como podemos ajudá-la?
BETTI ROSEWOOD
— Ela vai ficar bem enquanto estiver aqui, — murmuro. — Mas
precisamos tirá-la daquela casa com certeza.
— Eu estava pensando que poderíamos ajudá-la a entrar na Prep., —
Pandora sugere. — Se ela frequentasse as aulas lá, seria bom para o seu futuro
e também a tiraria da propriedade.
— Você pode estar no caminho certo. Vou ver o que posso fazer.
BETTI ROSEWOOD
15
PANDORA
— Oakes decidiu que Brazen vai se casar, — Dex finalmente cuspiu com
os dentes cerrados. — Brazen agora está noivo de Coco Rose.
— O-o quê? — Eu olho para Minnie. Ela parece congelada e seu rosto
está mortalmente pálido. — Quem te contou?
— Todo mundo sabe. — Dex esfrega o queixo esculpido. — Sinto muito,
Minnie.
BETTI ROSEWOOD
— Acho que agora nada vai acontecer afinal, — ela sussurra, e meu
coração ameaça quebrar quando as palavras saem de seus lábios. — Nós nunca
poderemos ficar juntos.
Não quero machucá-la ainda mais dizendo que não havia chance para
eles, nunca. De jeito nenhum o papai permitiria que seu único filho se casasse
com uma garota como Minnie. Afinal ela é só filha da empregada...
Eu mentalmente me castigo por pensar dessa forma enquanto um arrepio
desce pela minha espinha. Afinal de contas, Eden Falls me influenciou.
— Com licença. — Dex franze as sobrancelhas enquanto verifica o
zumbido do telefone. — Eu preciso atender isso.
Ele sai da sala e sou grata pela privacidade que agora tenho com Minnie.
Ela não responde. Percebo então que ela está amarrada no limite
novamente. E estou cada vez mais com medo de que ela não caia - ela dê o
primeiro passo para o abismo e pule.
Dexter volta a entrar na sala um pouco depois, sua expressão
preocupada.
— Você está recebendo uma visita de família, Pandora, — ele me diz.
— Oh? — Eu me levanto. Não quero ver papai agora, não depois do que
ele acabou de fazer com Minnie.
BETTI ROSEWOOD
sentada de frente para eles, então posso ver o que está acontecendo, e me
desligo da nossa conversa enquanto tento decifrar as ações do meu irmão.
Minnie está sentada o mais longe possível, olhando com medo para
Brazen enquanto ele implora suavemente para que ela entenda. Vê-los me faz
sentir mal e me forço a desviar o olhar. Em vez disso, me concentro em Tianna,
sorrindo fracamente para ela enquanto ela olha para cima da tela do telefone
por um segundo.
— Então, como vai a vida na propriedade? — Eu pergunto sem jeito.
— Por que você se importa de repente? — ela zomba, voltando a mexer
no celular com o polegar. — Não é como se você jamais tivesse dado a mínima,
de qualquer maneira.
— O que você quer dizer? — Eu estreito meus olhos para ela.
Eu fico olhando para minha irmã pequena e frágil. Pela primeira vez, não
a vejo como a garotinha mimada do papai. Ela é forte em seu próprio poder, mas
também está certa - fugindo, coloquei mais do que apenas Minnie na linha de
fogo.
— Sinto muito, — murmuro. — Você é sempre bem-vinda aqui, Tianna.
Sempre.
— Se ele me deixar sair de casa, — zomba minha irmã.
Brazen olha para ele em branco. — Ela diz que não é nada. Que sempre
foi nada. Nós somos... nada.
BETTI ROSEWOOD
Eu me levanto e aperto sua mão para tranquilizá-lo. Tianna também se
levanta, guardando o telefone no bolso e dando tapinhas nas costas do nosso
irmão.
— Muitos outros peixes no mar, certo? — ela pergunta docemente, mas
Brazen apenas balança a cabeça. Ele parece... quebrado. Como se a filha da
empregada tivesse acabado de lhe entregar o coração em um prato.
Todos nós nos viramos para ver Minnie saindo da sala. Brazen grita atrás
dela, mas ela o ignora e corre escada acima.
— Posso falar com ela? — Tianna pergunta, e todos nós olhamos para ela
com surpresa. — O quê? Eu posso ser legal.
Eles saem da sala juntos, me deixando sozinha com Brazen, que está
nervosamente andando pela sala. Uma olhada em meu irmão revela como seus
nervos estão em frangalhos.
— Brazen, — grito para ele. — Fale comigo. O que aconteceu lá?
— Ela disse que acabou, — diz ele, depois ri, repetindo. — Acabou. Como
pode terminar, se nem mesmo começou?
— Você e Minnie... nunca...?
— Não, — ele balança a cabeça. — Eu me mantive longe dela o máximo
que pude, enquanto tentava protegê-la.
— Mas você não quer?
— O que você acha? — ele ri amargamente.
— Ok, pergunta estúpida. Mas você pode sair do casamento que está
sendo forçado, Brazen.
— O que você quer dizer? — Ele estreita os olhos para mim.
— Bem... você conhece aquele livro de regras de Eden Falls? — Eu
pergunto, e ele acena com a cabeça. — Digamos que tenho a sensação de que
está prestes a ser reescrito.
Ele me encara por um momento, e estou agradavelmente surpresa com o
fato de que ele não me descartou e riu na minha cara. Brazen ri alto, dizendo:
— Se alguém pode reescrever a história, será você, Pandora Oakes.
— Nem mesmo você? — Seu sorriso brilha com malícia e estou grata por
ver o lado menos sério dele, mesmo que apenas por um momento.
BETTI ROSEWOOD
— Eu não tenho uma vingança contra você, Brazen, — digo a ele.
— Quem então?
Todos nós nos afastamos para que Minnie e Brazen fiquem um de frente
para o outro. Um silêncio desconfortável caiu sobre a sala, e eu limpo minha
garganta.
— Você não quer se despedir, Minnie? Você pode não ver Tianna e Brazen
por um tempo, — Dex sugere calmamente, e eu olho para ele, silenciosamente
murmurando um obrigada.
BETTI ROSEWOOD
Os olhos de Minnie encontram os de Brazen. Todos nós prendemos a
respiração.
— Adeus, Mestre Oakes.
— Não tenho certeza do que você quer dizer, Mestre Oakes. — Ela faz
uma pequena reverência, fazendo uma reverência como todos os funcionários
da propriedade. Meu sangue gela em minhas veias. — Eu sou apenas uma
empregada, isso é tudo.
BETTI ROSEWOOD
16
DEXTER
— Era para ser uma surpresa. — Eu sorrio para ela enquanto ela
inspeciona o berçário que venho preparando desde que saí da prisão. — Você
gostou?
— Eu fiz isso para nos animar, — digo a ela com firmeza. — Nós dois
precisamos disso.
BETTI ROSEWOOD
— O que diabos eu devo fazer com um berçário, — ela cospe. — Quando
eu não tenho nenhum bebê para colocar nele?
Ela puxa seu braço do meu aperto com tanta força que eu acidentalmente
a arranho. Ela inspeciona as marcas de garras em seu braço e me encara.
— Agora, veja o que você fez! Você me machucou...
— Terá que ser. — Eu a agarro pelos pulsos, evitando que ela me bata
novamente. — Olhe para si mesma, Pandora. Você está uma bagunça.
— Como você espera algo além disso? — Ela está chorando agora, nem
mesmo lutando mais contra as lágrimas. — Você não pode imaginar a dor disso,
de perder um filho.
— Como você pode dizer isso? — Eu a puxo contra mim, seu corpo
colidindo com o meu ferozmente. — Como você pode dizer que eu não entendo?
Eu perdi algo também.
— Você não sabe se ele é seu filho.
— Ele é, — eu insisto. — Você quer ficar comigo?
Ela olha nos meus olhos teimosamente antes de dar um aceno quase
imperceptível.
— Então ele é meu filho. E isso me machuca também, Pandora. Mas o
que dói mais, é perder você. Assistir você se afastar. Eu preciso de você de volta
aqui comigo, para que possamos lutar juntos, você entende? Seu chamado
ainda não acabou. Você é a única que pode mudar Eden Falls. Não quer Reign
crescendo em um lugar melhor?
Por seu lábio inferior balançar, posso dizer que ela está prestes a lutar
comigo novamente, então pressiono um dedo contra seus lábios antes que ela
possa falar.
— Pense nisso, Pandora. Você pode mudar este lugar. Você pode mudar
tudo.
— Mas a dor é d-demais, — ela finalmente gagueja. — Dói muito, Dex,
não consigo me concentrar em mais nada. É como se houvesse um buraco e eu
nunca pudesse preenchê-lo. Dói tanto...
BETTI ROSEWOOD
— Então vamos dar a você algo mais para ocupar sua mente, — eu insisto
com firmeza. — Um novo hobby? Um novo emprego?
Ela balança a cabeça e eu a puxo para mais perto novamente.
— Bom. — Eu a viro em meus braços para que ela tenha suas costas
pressionadas contra a minha frente, e ela engasga. — Meu escritório. Vá.
Eu a empurro para frente e ela tropeça, olhando para mim. Mas seu olhar
logo se enche de interesse e, sem dizer outra palavra, ela caminha pelo corredor
até meu escritório. Puxo minha cadeira e ordeno que ela fique nua.
— Agora?
— Agora, — exijo. — E faça isso devagar, faça um show para mim. Eu
quero aproveitar isso.
Eu pensei que ela seria mais contra fazer coisas sexuais, mas do jeito que
seus olhos queimam com fogo silencioso, eu sei que ela precisa disso tanto
quanto eu. Pandora olha direto nos meus olhos enquanto tira o vestido. Seu
corpo é frágil e minúsculo. Ela mal comeu desde que voltamos e a caixa torácica
está aparecendo na pele. É preocupante.
Eu me forço a ignorar, vou lidar com isso mais tarde. Em vez disso, bato
no joelho, dizendo a ela para se aproximar.
Em seguida, ela tira a calcinha. Percebo que ela raspou a boceta, mas
não comento sobre isso. Eu mantenho meus olhos focados nela enquanto ela se
move em minha direção.
BETTI ROSEWOOD
sorrio para mim mesmo. Eu vou fazê-la esquecer. Vou torná-la minha
novamente. — Isso mesmo. Deixe-me ver esse corpinho lindo.
Eu a inspeciono, sabendo que ela está corando quando meus dedos
deslizam suavemente sobre cada centímetro de sua pele sensível. Ela é linda.
Dolorosamente magra, mas ainda assim bonita.
— Eu vou bater em você agora, — digo a ela calmamente. — E você vai
me agradecer a cada bofetada. Você entendeu?
— Sim, — ela sussurra desamparada.
— Sim o quê, brinquedo?
— Boa garota. — Eu bati nela pela primeira vez, o som do tapa ecoando
pelo meu escritório.
— Mestre!
— Diga obrigada, — eu rosno, esperando-a parar de tremer no meu colo.
— O-obrigada, — ela gagueja, estremecendo quando eu a acerto de novo.
— Ow!
— Não se esqueça.
— Obrigada mestre.
Eu continuo batendo nela, ela continua me agradecendo. Sua bunda está
brilhando em um vermelho brilhante e ela certamente pode sentir meu pau,
forçando o tecido da minha calça enquanto eu a bato novamente e novamente.
Há uma dicotomia deliciosa e perigosa entre eu estar totalmente vestido e meu
brinquedo nu. Isso instantaneamente diz quem tem o poder aqui, e isso me
excita pra caralho.
Eu abro sua bunda então, e Pandora geme quando eu inspeciono seus
buracos. Meu próximo tapa pousa bem em seu clitóris e ela grita antes de se
dissolver em gemidos.
— Você gosta disso, não é? — Eu murmuro. — Você adora ter sua boceta
doendo. É para isso que servem esses buracos. Diga.
— É... o que... eu...
Eu bato novamente e ela grita.
— Porra, diga isso, Pandora.
BETTI ROSEWOOD
— Você quer se machucar mais? — Eu ri. — Uma submissa masoquista
carente, não é, Pandora?
Ouvir seus gemidos necessitados me deixa forte o suficiente para
explodir, mas me forço a não pensar no meu pau inchado embaixo dela. Ela é a
prioridade. Ela é quem precisa se lembrar de seu propósito. Lembrar-se de que
me agradar é tudo o que importa. Não há espaço para sua tristeza aqui. Ela
deve ser um bom brinquedo. A todo custo.
— Não! — ela grita novamente. Eu bato. Forte desta vez, mais forte do
que ousei antes. Ela não faz nenhum som. Sua bunda e sua boceta estão em
um tom violento de vermelho.
— Diga de novo, — eu a provoco. — Eu te desafio, porra.
Ela tenta subir do meu colo, mas eu a agarro, virando-a para que ela
esteja montada em mim.
— Aonde você está tentando ir, brinquedo? Não há como fugir, não há
como escapar disso agora.
Eu olho em seu rosto coberto de lágrimas. Outra pessoa ficaria
preocupada com isso, mas vejo por trás das lágrimas de tanto estar machucada,
bem no centro dela, que está brilhando de prazer. A necessidade de me agradar
foi aplacada. Ela sabe que está sendo uma boa menina e isso lhe deu um
propósito. Significado.
BETTI ROSEWOOD
— Você não merece isso, — murmuro, embora meu pau tenha pulado
com o pensamento. — Você não merece ser fodida até que esteja melhor.
— Você pode me deixar melhor, — ela insiste, entrecortada. — Só você,
Dex, por favor...
BETTI ROSEWOOD
17
PANDORA
Já faz dias.
— Não sei se consigo fazer isso, — sussurro, soltando meu garfo. Ele bate
no chão, o som ecoando na sala.
— O que você quer dizer, Pandora? — Dexter pergunta, a voz cheia de
preocupação contida.
Eu olho em seus olhos. Estou desesperada para que ele cumpra sua
promessa de me foder, mas ele parece determinado a me fazer trazer isso à tona
primeiro. Meu lábio inferior treme e luto comigo mesma, se devo dizer isso em
BETTI ROSEWOOD
voz alta ou não. Finalmente, deixo escapar a primeira coisa que consigo pensar,
só para que a pressão diminua.
— Não sei se consigo continuar. Talvez devêssemos parar de procurar.
— Por Reign? — Minnie arregala os olhos, olhando entre nós dois. — Você
quer parar de procurá-lo?
— Eu não acredito que ela o deixou... viver. — Minha voz falha com as
palavras e eu olho para a parede para que eu não tenha que aturar suas
palavras condescendentes. Nada mudará minha realidade. Até mesmo o plano
cruel de Dexter para redirecionar minha atenção irá parar de funcionar em
algum momento... — Acho que devemos parar de procurar por Lily Anna.
BETTI ROSEWOOD
— Eu vou subir. — Minnie quase cai sobre si mesma para fugir. Quase
tenho vontade de gritar, implorar para que ela fique para não ficar sozinha com
Dexter. Mas ela fecha a porta firmemente atrás dela, deixando apenas nós.
— O que eu disse sobre ser uma pirralha, brinquedo? — Dex pergunta.
— Eu não sou uma pirralha, ou um brinquedo, — eu digo.
— Você é o que eu digo que você é. Você entendeu?
Dex me deixa ir. Minha pele dói onde ele me segurou, mas não por causa
da dor, mas porque ele não está mais me tocando. Eu esfrego os pontos
doloridos.
BETTI ROSEWOOD
***
Nós damos a notícia juntos. É a primeira vez que vejo Minnie sorrir em
quase um ano sem um pingo de tristeza e, por um momento, até eu posso fingir
que as coisas vão dar certo.
Ela nos agradece profusamente pela oportunidade, dizendo que não nos
arrependeremos de mandá-la para a Prep. Isso não apenas ampliará seus
horizontes, mas também abrirá as portas para mais oportunidades de trabalho.
Corro pelo corredor para não ter que segurar o peso de seu olhar,
sentindo-o me encarar o tempo todo. Quando finalmente fecho a porta do nosso
quarto atrás de mim, solto um suspiro de alívio.
Não sei se estou com medo ou animada com Dexter cobrando o que devo.
Também sei que estou mentindo para mim mesma.
Eu me preparo para dormir o mais rápido que posso, para fingir que estou
dormindo quando Dex vier para a cama. Escovo o cabelo até ficar sedoso e
macio, passo óleo, tiro a maquiagem e lavo o rosto com um pano quente. Tomo
um banho rápido e subo nua entre os lençóis, dizendo a mim mesma que é só
porque está muito quente. Mas eu sei que é uma mentira... Assim como todas
as noites antes desta, estarei esperando que Dex me toque no meio da noite. E,
como todas as outras noites, terei esperança em vão.
Ele nem mesmo me tocou. Até esta noite, ele não mencionou ou fez nada
sexual. E isso está me deixando louca.
Ele estava certo sobre algo - desde que ele me fez implorar, estive tão
preocupada com meu próprio corpo e suas necessidades que consegui não me
preocupar tanto com Reign. Em troca, isso me deixou mais focada, e Dex até
me deixou entrar na busca, compartilhando qualquer pista possível que eles
encontrassem comigo imediatamente.
Agora entendo que ele estava certo. Eu estava totalmente consumida pelo
meu desespero. Estranhamente, parece que eu precisava de uma distração para
me livrar da minha fixação. Posso me concentrar muito melhor agora.
BETTI ROSEWOOD
Sentindo os lençóis de seda frios contra a minha pele, fecho meus olhos
e expiro. Parece que estou prendendo a respiração há dias. Eu me permito
relaxar contra os travesseiros e os lençóis.
Dex demorará um pouco para vim. Ele vai passar a noite no escritório do
pai, cavando mais fundo, como faz todos os dias.
O pensamento de que ele está longe, e Minnie a uma distância segura de
mim, me faz começar a correr minhas mãos sobre meu corpo. Eu ruborizo
quando me toco, minhas pontas dos dedos arrastando ao longo da pele nua.
Estou ficando ainda mais frustrada, mas não consigo parar. Eu tenho que
continuar me tocando.
Estou tão perto. Tão perto que eu poderia explodir a qualquer segundo.
Só mais um pouco. Mais alguns movimentos, talvez se eu virar meu pulso
apenas assim...
— Brinquedo.
Meus olhos se abrem e um pavor absoluto me preenche quando encontro
Dexter aos pés da minha cama.
Sua expressão é calma, mas seus olhos são ensurdecedores.
BETTI ROSEWOOD
— Quebrando regras, não é?
— Não, eu...
— Você estava tentando, — ele retruca. — Não minta.
Fico sem palavras e fico olhando para ele com uma expressão culpada.
— Venha comigo, brinquedo.
— Não, eu... — Eu mordo meu lábio inferior. — Sinto muito. Vou me
comportar, eu prometo.
— Claro que você vai se comportar, — ele sorri. — Isso nem foi uma
pergunta. Agora vamos. Eu apenas terei que punir você durante o que eu
planejei.
— Mas eu... eu já me arrumei para dormir.
— E daí?
— E daí... — Eu toco meu rosto com as mãos, sem graça. — Eu estou
horrível.
BETTI ROSEWOOD
18
DEXTER
Anders está de folga esta noite e o andar térreo da casa foi transformado.
Minnie vai passar a noite com Araminta e Pandora não sabe o que vai acontecer.
BETTI ROSEWOOD
O tempo passa muito devagar, mas então as luzes finalmente me dão o
sinal que eu estava esperando. Eles escurecem ainda mais. Sussurros tomam
conta dos convidados, a fofoca passa de um ouvido a outro.
E então o holofote vai para a entrada, e lá está ela.
Minhas mãos formam punhos enquanto ela olha para a multidão reunida
em sua homenagem. Não sei se ela vai me reconhecer. Se eu sou um tolo
esperando que ela seja capaz de fazer isso, em uma multidão tão grande. Mas
porra, eu quero que ela faça. Eu quero saber que seu corpo anseia pelo meu
também. Vou trabalhar para convencer sua mente mais tarde. De uma forma
ou de outra, ela será minha.
Ela olha para as três figuras mascaradas diante dela e eu a vejo engolir
em seco antes de pegar uma de suas mãos.
A música ressoa na sala, clássica, linda, rápida. A figura gira Pandora
pela pista de dança, e eu me afasto com o resto dos nossos convidados para
lhes dar espaço.
BETTI ROSEWOOD
Assim que a música chega ao fim, uma cadeira é colocada no meio da
sala. Seu parceiro de dança a senta e o resto de nós fecha em torno dela,
aglomerando-a, até estarmos embaraçosamente perto. Estou à sua esquerda e
posso ver seus seios tremerem a cada inspiração.
Ela grita, uma, duas vezes. Logo percebo que é o meu nome que ela está
dizendo. Ela precisa de mim.
BETTI ROSEWOOD
Desta vez, dou um passo à frente. Ela me encara enquanto tiro minha
máscara. Eu estalo meus dedos e o resto dos meus homens sai da plateia.
Pandora choraminga, rastejando perto de mim, e eu acaricio seu cabelo
enquanto ela se ajoelha ao meu lado, olhando para seu rosto coberto de
lágrimas.
— Sinto muito, Mestre, — ela sussurra. — Eu não queria...
— Você fez exatamente o que eu queria que você fizesse, — digo a ela
calmamente. — Estou orgulhoso de você, brinquedo.
Um sorriso nervoso e incerto puxa seus lábios para cima. Ela é tão bonita
assim. Usada, quase quebrando, desesperada.
— Há mais uma tarefa pela frente, — eu digo. — Vê esses homens?
Ela olha para as outras três figuras, assentindo.
— Você sabe quem eles são?
Ela mantém os olhos fixos nos meus, enquanto eu corto seu vestido de
grife. Eu o tiro, puxando com força sua calcinha de renda até que rasgue. Tudo
o que ela está usando agora é um espartilho que termina bem abaixo dos seios.
Seus seios estão livres, seus mamilos deliciosamente duros e sua cintura é
pequena.
BETTI ROSEWOOD
— Você vai lutar comigo desta vez, brinquedo? — Eu sussurro em seu
ouvido, alto o suficiente apenas para nós dois. — Você sabe que eu adoro
quando você faz isso.
Nós sorrimos um para o outro enquanto eu me afasto, e ordeno que os
caras tomem suas posições. Assim como ela queria - Easton, Caspian e Julian
acima de mim, e eu cuidando de todos eles. Ela me conhece tão bem. Meu pau
incha de orgulho.
Estou acariciando meu pau também, incapaz de resistir ao quão sexy ela
parece sendo usada assim. Eu empurro a cabeça do meu pau contra os lábios
de sua boceta molhada, fazendo-a chutar aquelas pernas longas.
Eu começo a transar com ela, mantendo meus olhos bem abertos para
ver tudo o que ela vai suportar por mim. Os caras estão gemendo de prazer.
Metade do público está com o pau de fora, alguns já gozaram. É uma porra de
orgia. Uma orgia desenhada especificamente para o meu brinquedo, para que
ela possa admitir de uma vez por todas o que ela realmente é.
BETTI ROSEWOOD
19
PANDORA
Minha mente está girando. Meus buracos estão cheios. Estou tão perto
de um orgasmo devastador que mal consigo respirar. Meu corpo dói e arqueia
para o homem que controla meu prazer e minha dor. Dexter Booth, meu
valentão, o pai do meu filho, aquele com quem eu deveria estar.
Não há como me enganar - eu sei que ele está fazendo isso por si mesmo.
Ele quer a satisfação doentia de me ver agradar a todos esses homens. Ele quer
me punir por dormir com seus amigos. Ele quer me colocar no meu lugar, e eu
vou deixar. Porque, no final, Dexter Booth será forçado a admitir o que ele mais
teme.
Que ele me ama.
Eu fecho meus olhos com força, chupando o pau na minha boca, as mãos
massageando vigorosamente os dois paus duros deles. Dexter me fode
lentamente, aumentando a tensão até que se torna insuportável.
— Porra, baby, estou perto. — Caspian geme e eu percebo que esse é todo
o aviso que vou receber enquanto ele espalha sua semente por cima de mim.
— Porra... merda! — Julian é o próximo, empurrando minha mão e
empurrando seu pau por todo o meu peito.
BETTI ROSEWOOD
Eu choro alto, sem saber como vou chegar perto o suficiente tão rápido,
quando seu dedo de repente encontra meu clitóris enquanto ele me fode. Estou
chorando por um motivo diferente agora, e Dex ri alto enquanto ouve meus
apelos desesperados.
— Dois.
Estou gritando nesse ponto, tão perto do orgasmo que meus olhos estão
rolando para trás.
— Três. — A palavra nada mais é que um rosnado, e nos unimos no
segundo em que ela sai da língua de Dexter. Ele agarra minha bunda e não a
solta, me segurando em cima de seu pau, observando minha boceta levar sua
carga enquanto ele me leva a um orgasmo de mudança de alma com seu pau e
seus dedos.
Demoro um bom tempo para perceber que o gemido que estou ouvindo é
meu. Os olhos de Dex nunca deixaram os meus, mas por um momento, eu
estava totalmente fora de mim, perdida em um mundo de prazer onde apenas
nós existíamos.
BETTI ROSEWOOD
Meu lábio inferior balança quando ele se ajoelha ao meu lado. Ele olha
em minha alma enquanto passa os dedos na minha bochecha.
— É realmente tão difícil? — ele pergunta suavemente. — Você só tem
que dizer as palavras. Admita. E eu serei seu. E você será minha. Para sempre.
Este é o preço dele, então.
O lado dominante de Dexter venceu. Ele quer que eu admita que é meu
dono aqui, na frente de todas essas pessoas.
Eu não faria isso por mais ninguém.
Mas por Dexter Booth, farei qualquer coisa.
— Eu sou um brinquedo, — eu sussurro enquanto ele ri na minha cara,
triunfante. — Seu brinquedo, Mestre. Nada além de um brinquedo.
— Vá em frente, — ele exige. De alguma forma, as palavras parecem mais
fáceis agora. Elas pingam de meus lábios como mel. Doce. Grossa. Pesada.
— Eu sou o brinquedo do Mestre, — eu sussurro. — Eu nunca serei nada
além de um brinquedo.
— Meu brinquedo, — murmura Dex com orgulho. Há um momento de
silêncio enquanto olhamos nos olhos um do outro. Não há mais necessidade de
palavras.
Com um clique dos dedos, Dexter sinaliza que a noite acabou. Os homens
saem em voz baixa, esvaziando lentamente o salão de banquetes. Eu espero,
prendendo a respiração até que a porta se feche atrás do último convidado, e
seja apenas Dexter, eu e a tensão avassaladora entre nós.
— Foi tão difícil? — ele pergunta.
— Não por você, — eu sussurro. — Ainda estamos cumprindo o plano?
— Daqui a um mês, — concorda Dex. — Eden Falls nunca mais será a
mesma.
***
1 mês depois
Hoje é o dia em que tudo vai mudar.
O futuro de Eden Falls está em minhas mãos e cabe a mim tornar as
coisas melhores para todos.
Estou nervosa e com medo quando dou os toques finais antes de Dexter
e eu partirmos para a celebração. Ele permanece no batente da porta enquanto
coloco meus brincos, me olhando com aprovação.
— Você está pronta para isso?
BETTI ROSEWOOD
— Tão pronta como nunca estarei, — murmuro, colocando o brinco. Eu
me levanto da cadeira e me aproximo dele, e Dex deixa um doce beijo em meus
lábios antes de me levar para fora de casa.
Todos os anos, há uma celebração para o dia da fundação de Eden Falls.
Uma das famílias fundadoras é a anfitriã do evento e, desta vez, é a vez de
Dexter. O Solar foi decorado e preparado para receber centenas de convidados.
É um grande evento e é ainda mais importante porque esta noite tudo pode
mudar. Eu só preciso seguir com o plano.
Juntamo-nos à multidão de convidados enchendo o jardim e o piso térreo
da casa. Nós nos misturamos e conversamos, e toda vez que fico nervosa,
encontro os olhos de Dexter na multidão, sua atitude fria me tranquilizando.
Eu me esforço ao máximo para me recompor para estar pronta para os discursos
que vão acontecer ao entardecer. O meu será o mais importante da noite.
As pessoas com quem falo são cuidadosas perto de mim. Eles sabem que
sou importante, mas também me tratam como uma boneca de porcelana
quebrável. Não há menção de Reign ou Lily Anna. O elefante na sala permanece
despercebido. Ninguém menciona a tragédia que mudou minha vida. Talvez seja
por isso que anseio tanto por ter meu filho em minhas mãos. Este evento é uma
tradição - uma tradição da qual eu queria que Reign fizesse parte.
Minha esperança de encontrá-lo nunca morrerá. Vou procurá-lo até o dia
da minha morte. E desisti do desespero. Tudo o que resta é um pequeno
vislumbre de esperança - que Reign está bem. Que a cadela cuidou dele e fez
com que ele sobrevivesse ao primeiro mês como bebê. Que o traremos de volta
algum dia, de alguma forma.
— Todos vocês estão familiarizados com isso. Este manual ditou a vida
de todos, seu status, sua fortuna nesta cidade. Hoje, isso vai mudar.
BETTI ROSEWOOD
Um sussurro chocado toma conta da multidão enquanto abro o manual
na página que Lily Anna marcou para mim há muito tempo. Pelo menos a cadela
fez algo certo.
— Aqui está. Cláusula dezoito, parágrafo C. — Mostro o manual a eles.
— Diz que o primeiro filho de um dos primogênitos da cidade tem o poder de
mudar Eden Falls. E até que a criança faça dezoito anos, os pais são
responsáveis por tomar as grandes decisões.
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20
DEXTER
— Ela tem meu voto. — Eu me aproximo do palco com Pandora e ela sorri
agradecida.
— Claro, — sibila Emilian. — Ela te controla com a boceta, Booth.
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— Ela também tem o meu voto. — Julian se levanta agora, ignorando o
olhar de seu pai quando ele se junta a nós no palco. Ela tem o voto dos Fox.
— Ridículo, — murmura seu pai, balançando a cabeça em descrença.
Então há Bryony, sua esposa. Parece que ela não dá a mínima para isso,
mas pode se revelar uma aliada improvável para Pandora.
E Brazen, seu filho mais velho. Pela forma como sua boca se endireitou
e a dureza em seu brilho, não acho que podemos contar com ele para ficar do
lado do meu brinquedo. Ele mudou. Ele me lembra há mim mesmo, antes de
Pandora entrar na minha vida. Ele se tornou cruel, sádico. Ele não vai votar a
favor dela.
BETTI ROSEWOOD
Finalmente, há Tatianna, a criança mimada da família. A bela
adolescente que é tão teimosa quanto determinada e agora assiste à cerimônia
com atenção.
— Por favor. — Pandora começa a implorar no banco onde estamos todos.
— Só mais um voto. Você pode ser a pessoa que decide o destino de Eden Falls.
Tianna olha com medo entre seu pai e sua irmã. Ela tem muito medo de
se levantar. Ela sabe que seu pai irá puni-la cruelmente se ela fizer isso.
Brazen está tão estoico quanto antes.
Bryony olha para a frente, não afetada.
— Não se atreva, porra, — Emilian sibila para sua filha mais nova. — Ou
eu vou te matar, porra.
— É contra isso que estamos lutando, — Pandora fala atrás de mim. —
É assim que todos vocês querem viver suas vidas? Com medo de alguém que
está acima de você no ranking, tirando o que você mais ama?
Ela está se dirigindo a Bryony agora, e todos nós sabemos disso. A
madrasta de Pandora está nervosa, cruzando as mãos no colo, tentando evitar
o confronto que todos sabemos que vai acontecer.
BETTI ROSEWOOD
mesmo de começar. Precisamos dessa votação. Trabalhamos muito por isso e
não podemos desistir agora.
Eu cerro meus dentes. Não imploro, não peço merda nenhuma, mas isso
é importante para o meu brinquedo e preciso ajudá-la a vencer esta guerra.
BETTI ROSEWOOD
— Olha quem fala, — ele rosna de volta. — Chicoteado, isso é o que você
é, Dexter. Um idealista que precisa ser derrubado. Já vi muitas pessoas como
você. Todos eles caem no final. Esta cidade não foi feita para sonhadores. A
cidade foi feita para homens com dinheiro.
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Talvez agora eu possa contar a verdade a ela.
BETTI ROSEWOOD
21
PANDORA
6 anos depois
Só não fico esperando que esse dia aconteça sozinho. Quando estou
saindo do consultório médico, sentada pálida como um lençol no banco de trás
de um carro, um motorista está dirigindo. Um pequeno sorriso surge em meus
lábios quando penso no que acabei de descobrir. Eu luto contra isso no meu
rosto quando o motorista para na longa e sinuosa estrada da Mansão Booth.
Seis anos trouxeram mudanças. Tenho trabalhado como escrava na
Mansão incansavelmente enquanto Dexter trabalha. Agora ela brilha como
nova. Está mais bonita do que nunca e estou imensamente orgulhosa do que
conquistei. Isso é nos dias bons, pelo menos. Nos dias ruins, eu me engulo
porque perdi meu filho. Porque eu não fui capaz de conceber novamente. Porque
isso pode nunca acontecer para Dexter e eu.
Minhas mãos formam punhos. Se eu pudesse apenas...
Viramos a esquina e vejo um carro da polícia estacionado em frente à
Mansão.
BETTI ROSEWOOD
uma maturidade a seu favor agora, que o faz parecer distinto, confiante e suave.
Como sempre, eu derreto um pouco ao vê-lo. Já faz muito tempo que parei de
resistir a esses sentimentos. É muito melhor ceder, do que lutar.
— Estamos de olho em uma mulher que poderia ser Lily Anna. — Um
oficial fala atrás de mim e eu giro, olhando para ele.
— Lily Anna? — Eu repito. Seu nome amaldiçoado nunca é esquecido
nesta casa. Não quando ela tirou algo tão querido e precioso de nós. — Onde
ela está?
— Houve um avistamento na cidade, — ele murmura, olhando nervoso
de Dexter para seu colega policial. — Não sabemos se era ela ainda.
— Ela estava sozinha? — Eu lati.
— S-sim, — gagueja o oficial.
Meus ombros afundam. Dex aparece atrás de mim, colocando
suavemente as palmas das mãos nas minhas costas. Ele aperta, com força
suficiente para me impedir de entrar em pânico e me lembrar de sua solução
para tudo o que me aflige. Dor. Dor doce, dor querida que se tornou como o
abraço de um amante durante todos esses anos.
— Isso não significa nada, — murmura Dexter em meu ouvido. — Ele
ainda pode estar com ela. Ela provavelmente o está escondendo.
— Você ouviu alguma coisa? — Eu pergunto, virando minha cabeça para
o lado. — Ela entrou em contato? Você ou papai?
— Não.
Não está assinado, mas não precisa estar. Meu instinto reconhece
instantaneamente seu tom, suas palavras. É ela, e ela quer algo.
BETTI ROSEWOOD
— Vou contar ao seu pai, — ele diz a seguir.
— Dex, ela disse para não contar a ninguém.
— Acalme-se. — Ele beija minha testa. — Não disse nada aos policiais.
Seremos apenas nós e seu pai. Precisamos dominá-la. Precisamos trazer Reign
de volta.
— Você nem sabe se ele estará com ela, — eu consigo dizer, mas quando
olho para ele, a esperança em seus olhos reflete os meus. Queremos a mesma
coisa e é o mais próximo que chegamos de recuperá-la. — Precisamos sair em
breve.
Com culpa, lembro-me da minha missão e aceno minha mão como se não
fosse nada. — Compras. Vamos, precisamos ir até lá.
BETTI ROSEWOOD
— Você nem sabe se ela está com ele, — meu pai rosna.
Meu pai olha para nós, balançando a cabeça enquanto ri. — Eu não vou
deixar vocês fazerem ada com ela.
— Claro que não, — murmura Dex. — Ela é a última pessoa por perto
que você pode machucar, não é? Você se livrou da mãe de Pandora. De Bryony.
Brazen e Tianna se foram. Você não tem mais nada. Ninguém.
Emilian parece tão chocado com as palavras de Dex que quase começo a
me sentir culpada. Por um momento, estou convencida de que sua fachada vai
quebrar. Ele vai mostrar sua vulnerabilidade e vamos ver o quão difícil os
últimos seis anos realmente foram para ele. Mas um momento depois, sua
máscara está de volta no lugar, a turbulência esquecida. Ele não vai quebrar.
Ele não pode se permitir fazer isso, nem mesmo agora.
— Isso não vem ao caso, — ele sibila após uma longa pausa. — Vocês
dois se preocupem com seu filho, e eu cuidarei da menina.
— Tudo bem, — grunhimos em uníssono.
No resto da noite, montamos guarda ao redor das falésias. Meu pai e
Dexter andam pelo perímetro externo, na esperança de chegar até Lily Anna
antes da reunião. Espero em uma velha casa de barcos, escondida atrás de uma
canoa de madeira quebrada. Isso me dá abrigo apenas o suficiente para que Lily
Anna pense que faço parte das sombras, enquanto fornece uma boa visão dos
penhascos.
E é por isso que a vejo primeiro.
Lily Anna escala a beira do penhasco. É ela - definitivamente ela, com o
mesmo queixo erguido desafiador e lindo rosto de boneca. Mas ela está
dolorosamente magra. Abatida.
Meus dedos apertam tanto a canoa que tenho medo de quebrar a
madeira, e me afasto ainda mais nas sombras enquanto Lily Anna inspeciona o
penhasco vazio.
Faltam cinco minutos para a meia-noite. Dexter estará aqui em breve
para esperar por ela. Nenhum de nós previu que ela chegaria aqui desta forma
- pensamos que ela viria da floresta ao redor, não da água e das rochas na base
do penhasco.
Ainda estou tentando descobrir como ela conseguiu subir aqui, quando
vejo Dexter se aproximando. Seus passos são pesados quando atingem o chão,
e ele não me trai - ele mantém os olhos focados em Lily Anna, para que ela não
suspeite que mais alguém está aqui.
Os ex amantes se enfrentam. A tensão no ar é palpável.
BETTI ROSEWOOD
— Onde está o Reign? — Dex pergunta calmamente.
— Onde está Reign, sua vadia? — Dex sibila agora, fazendo-a dar um
passo para trás.
— Dex, sou eu. Lily Anna. — Ela dá um passo mais perto, depois outro.
Ela agarra a camisa de Dexter e ele dá um passo para trás, enojado. — Você me
ama, Dexter. Você sempre me amou. Era para ser você e eu. Só nós. Não aquele
garoto idiota. E o nome dele não é Reign.
Meu coração dispara e cai em questão de segundos.
— Lily Anna. — Dex agarra a garota com firmeza pelos ombros, fazendo-
a olhar para ele. — Diga-me onde Reign está e eu a ajudarei.
— Ele está tão perto, Dexter. Dexter Jr. Esse é o nome verdadeiro dele.
Ele está tão perto... — Ela parece delirar, e eu não tenho como saber se ela está
dizendo a verdade. Mas meu coração espera de qualquer maneira, assim como
tem esperado nos últimos seis anos.
— Onde? — Dex a sacode. — Diga-me onde.
— E então estaremos juntos? — ela pergunta esperançosa.
— Sim, — Dex grita. — Onde está meu filho?
Ela aponta para o penhasco e eu sinto uma ânsia, lutando contra o enjoo.
Ela não fez, ela não podia, ela não teria.
Mas então me lembro de como ela subiu. Tento me lembrar da costa
abaixo da Mansão. Tem uma praia que só é acessível por barco...
Tentando ficar o mais quieta possível, passo pela casa de barcos. Se Lily
Anna se virar agora, ela vai me ver. Mas eu preciso saber, porra.
Eu me deito tão perto da borda quanto ouso e olho para baixo.
É uma noite escura e profunda, e o som das ondas batendo na areia e
nas rochas é impressionante.
Há uma canoa estacionada na costa. Estou imaginando ou há algo
encolhido ali?
Soltei um soluço, esquecendo que deveria ficar quieta. Lily Anna se vira,
seus olhos ficando loucos quando ela me vê.
— Que porra essa vadia está fazendo aqui? — ela rosna, marchando em
minha direção. — Cai fora!
Dexter a pega antes que ela possa se lançar sobre mim, segurando suas
mãos atrás das costas.
— Pai! — Eu grito. — Pai! Venha aqui!
BETTI ROSEWOOD
Lily Anna ruge com desgosto enquanto Emilian corre para o penhasco.
Ele para congelado, quando vê sua obsessão na carne.
— Lily Anna. — Sua voz está inflamada de desejo. É nojento. O homem
está doente.
Dexter e meu pai trocam de lugar. Emilian parece hipnotizado e Lily Anna
começa a vomitar descontroladamente em seus braços enquanto Dex foge,
pedindo reforços. Eu fico olhando para ela, então me lanço para frente,
atacando-a. Eu bato nela, puxo seu cabelo, arranho e grito, e ela resiste o
melhor que pode enquanto a chamo de maldita assassina.
Leva séculos para a voz de meu pai soar em meus ouvidos.
— Pare com isso, Pandora! Pare! Pare com isso!
— Você é nojenta pra caralho, — digo a ela, voltando minha atenção para
Emilian. — E você não está melhor. Nem pense em deixá-la ir, ou eu...
Ouvimos algo alto então. Um helicóptero paira atrás de nós e vejo Dexter
subir a bordo. Papai, Lily Anna e eu observamos o helicóptero subir e descer
para a praia abaixo de nós. Meu coração bate com ansiedade nervosa.
— Ele é meu filho agora, — Lily Anna me disse com um sorriso malicioso.
— Você nunca vai ser sua mãe agora. Aqui nunca vai ser sua casa. Eu o
arruinei. Eu o maculei. Eu o tirei de você.
— Vê isso? Você deveria ter morrido lá, — digo a ela. — Você deveria ter
morrido lá. E agora você vai. Pule, Lily Anna. Reign é meu. Dexter é meu. Eu
literalmente ganhei. Acabou.
BETTI ROSEWOOD
Ela grita quando eu me levanto, e Emilian chega até nós, ajudando-a a
se levantar.
Eu o observo com nojo enquanto o helicóptero sobe novamente. Meu
coração pula uma batida. Não posso deixar Lily Anna agora - temo que Emilian
faça algo estúpido como deixá-la ir.
Todos nós observamos o helicóptero pousar. Vejo Dexter e ele está
segurando algo nas mãos. Um cobertor, talvez o mesmo que estava na canoa...
Tenho tanto medo, tanto medo de esperar que seja ele. Eu sei que é. Eu sei que
não haverá outra chance.
— Pandora! — Dex grita do helicóptero. — Pandora!
— Agora você sabe, Dexter, — ela diz cruelmente. — Você só precisa dar
uma olhada nele para saber. Ele não é seu...
— Cale-se. — A voz de Dexter está cheia de veneno. Ele coloca a mão do
menino na minha. Eu protejo a criança contra meu corpo, murmurando nada
baixinho enquanto Dex se aproxima de sua ex-noiva e a deixa saber o que ele
realmente pensa dela. — Você é uma assassina. Você matou meus pais. Você
matou Lai. E eu espero que você se mate também.
Ela choraminga com o som cruel de suas palavras, mas ele se vira,
pegando suavemente a mão de Reign e sorrindo para me tranquilizar. O menino
não olha por cima do ombro. Ele me dá um sorriso incerto enquanto Dexter
enxuga uma lágrima de sua bochecha e o leva para longe do caos.
Estou tão emocionada que tenho medo de não ser capaz de ter minha
vingança final, mas estou esperando muito tempo para desistir agora.
— Papai! — Eu chamo. — Venha aqui.
BETTI ROSEWOOD
Ele olha entre Lily Anna e eu assim que um ponto vermelho aparece no
rosto de Lily Anna.
— Não vá, — ela implora. — Não vá, papai...
Mas papai não é tão burro. Ele se afasta, sabendo que eles têm uma arma
apontada para ela e podem atirar nela a qualquer segundo. Covarde de merda.
Ele vem para ficar atrás de mim e eu enfrento Lily Anna triunfante
enquanto ela tropeça para trás, percebendo que agora há vários pontos
vermelhos seguindo cada movimento dela.
— Pandora! — ela grita. — Diga a eles para pararem... Não! Não me
machuque!
— Vá se foder, — eu cuspo. — Lembre-se do que eu disse a você. Acabou.
É meu jogo. Xeque-mate, vadia.
Seu lábio inferior balança e ela bate o pé. Uma pirralha até o fim. Ela
olha entre os homens de uniforme correndo agora, e o penhasco. Ela chega mais
perto da borda.
— Lily Anna, não! — Emilian grita.
Ela dá uma olhada em seu pai. Depois, nas falésias. Ela sabe que essa é
sua escolha agora - ou ela vive com Emilian, seu pesadelo vivo, ou morre por
suas próprias mãos.
Ela olha nos meus olhos. Então ela se deixa cair.
Eu sorrio em sintonia com os gritos de desespero de meu pai.
Não espero para ver o que acontece a seguir. Dou meia-volta e caminho
de volta para onde meu marido e meu filho estão esperando. Minha mão paira
sobre minha barriga e eu sorrio para mim mesma.
BETTI ROSEWOOD
22
PANDORA
Meu coração nunca se sentiu tão cheio. Estou delirando quando me sento
à mesa do café da manhã, na manhã seguinte, vendo Reign devorar seu café da
manhã.
— O que é isso? — ele aponta para sua comida.
— São ovos, querido, — digo a ele. — E um pouco de queijo e vegetais. É
gostoso. Por que você não experimenta?
— Bom, — ele declara, e eu percebo que agora que o tenho de volta, meu
coração ficará mais cheio a cada dia que eu passar com ele e Dexter.
Não havia dúvidas em minha mente quando vi Reign sobre quem era seu
pai. Dexter me disse ontem à noite que pensava o mesmo. Vejo Reign tomar seu
café da manhã no momento em que Dexter entra na sala, falando ao telefone.
— Sim, sim, tudo bem. Ligue-me com atualizações, — ele murmura,
encerrando a chamada e sorrindo quando nos vê na mesa. — Era o seu pai.
— Ela está viva? — Eu pergunto, minha voz pesada. Por algum milagre,
Lily Anna pousou em uma rocha a cerca de um terço do penhasco. A rocha
bloqueou sua queda, mas também quebrou suas pernas. Mas a pior parte foi a
raiz que perfurou seu corpo, deixando-a inconsciente. Não sei se a quero viva
ou morta, mas uma coisa é certa. Se ela sobreviveu àquela queda, ela vai desejar
estar morta.
BETTI ROSEWOOD
— Por favor. — Reign está chorando agora. — Eu quero ver a mamãe de
novo. Estou com medo.
— Está tudo bem, — Dex diz suavemente, ajoelhando-se ao lado dele. —
Vamos conversar sobre tudo. Quer ver uma coisa?
BETTI ROSEWOOD
— Vamos para o quarto, — diz ele, faminto agarrando minha garganta e
levando-a à boca. Ele morde e chupa minha pele, me fazendo rir. — Eu quero
te devorar, brinquedo.
— Por favor, — eu sussurro. — Shhh.
Pego sua mão e corremos pelo corredor para o nosso quarto. Seu corpo
vem batendo contra o meu no momento em que fecho a porta atrás de nós. Sua
boca é rápida, desesperada, uma vez que trava na minha e rouba beijo após
beijo dos meus lábios. Lembro-me da notícia que preciso compartilhar com ele,
lutando contra o sorriso em meu rosto.
— Dex, espere, — eu digo suavemente. — Por favor.
Ele olha fixamente para a frente até que o acerta. Então, seus olhos se
fixam nos meus e o sorriso que ele não consegue esconder começa a puxar seus
lábios para cima. — Você está...
— Sim, — eu sussurro.
BETTI ROSEWOOD
Dex me prende sob seu corpo musculoso e flexível. Seus dentes cavam
em minha pele. Ele morde, suga, lambe e provoca cada centímetro da minha
pele, e eu faço o meu melhor para lutar contra os gemidos que escapam dos
meus lábios. Mas nós dois sabemos o que ele vai fazer.
Desde que perdemos Reign, Dexter tem tratado minha tristeza com dor.
Mas agora que não há nada para ficar triste, mas ainda me vejo viciada
na dor.
O tapa lancinante de seu cinto contra minha pele. O barulho do chicote
no ar. Meus gritos, seus gemidos. É disso que preciso. No que eu prospero. E fiz
Dexter Booth jurar que nunca vai parar de me dar.
BETTI ROSEWOOD
Ele empurra todo o seu comprimento dentro de mim então. A dor é
insuportável e deliciosa, e minha boca enche de água quando ele começa a me
foder. Ele é gentil, mas insistente, permitindo que minha bunda estique para
que eu possa encaixá-lo em mim. Ele mantém um aperto firme no meu cabelo,
me fazendo olhar para ele enquanto ele me fode.
Tento dizer algo, mas sai abafado por causa da maneira como ele está me
segurando.
— Não consigo ouvir você, brinquedo, — ele sorri, sabendo muito bem
que ele é a razão de eu não conseguir falar direito. — Mais alto.
Repito a palavra, mas agora é apenas um gemido.
— Mais alto!
— Nunca, — eu consigo, e ele me beija, suas mãos indo para meus seios.
Minhas costas arqueiam enquanto ele torce meus mamilos, me machucando -
do jeito que eu amo. Solto um grito ao senti-lo gozar dentro de mim e, como
sempre, senti-lo vazar sua semente cremosa dentro de mim me faz tremer com
um orgasmo também.
— Meu brinquedo, — ele respira contra meus lábios enquanto se esvazia
dentro de mim. Nossos olhos se conectam e olhamos profundamente nas almas
um do outro. Parece que estamos nos tornando uma esta noite, com o
conhecimento de outros dois bebês a caminho e de nosso Reign de volta em
casa. Nossa família finalmente está completa e estou feliz.
Mas então me lembro do rosto lindo e bonito de Reign. A dor por trás de
seus olhos, a sugestão de escuridão fria que eu sempre senti em Lily Anna.
Enquanto Dexter me segura em seus braços e nós preguiçosamente
rolamos em nossa cama, tento não pensar em todas as coisas que me
preocupam sobre meu lindo filho.
Ele é apenas um garotinho. É muito cedo para ele se machucar com as
ações de Lily Anna. Nós o trouxemos de volta bem a tempo. Ela não poderia tê-
lo estragado nos seis anos em que o teve. Ele é puro, inocente. Ele é apenas um
garotinho. Minhas preocupações são por nada e preciso me controlar.
BETTI ROSEWOOD
Ela não vai.
Ela não pode.
BETTI ROSEWOOD
EPILOGO
Dexter
5 anos depois.
— Adeline! Flora!
Sua voz melódica ecoa no jardim. Eu olho para minha esposa, deitada
em uma espreguiçadeira em um maiô branco e parecendo mais sexy do que
nunca.
— Qual você acha que ele vai encontrar primeiro? — Eu sorrio.
— Bem, Flora provavelmente vai rir tanto que ele vai localizá-la
imediatamente, — Pandora sorri, empurrando seus óculos de sol no nariz e
encontrando meu olhar. — Mas Adeline pode tentar ser pega primeiro só para
fazer sua irmã feliz.
Ela mora com Emilian agora, sofrendo como sua vítima. Podemos salvá-
la. Pandora e eu poderíamos descobrir uma maneira de afastá-la do pai
distorcido do meu brinquedo. Usar nossa influência para nos tornar seus
tutores legais. Mas nenhum de nós está disposto a fazer isso. E embora eu ainda
possa ouvir o toque dos gritos de Lily Anna enquanto ela estava trancada na
propriedade Oakes, não me arrependo.
Ela merecia o que tinha vindo.
Foi uma sorte ela ter sobrevivido à queda do penhasco. Mas quando Lily
Anna descobriu que a queda havia quebrado sua coluna, que ela seria forçada
a uma vida inteira em uma cadeira de rodas, ela quebrou.
Há fofoca entre os ajudantes. Dizem que Lily Anna não fala há anos. Que
Emilian Oakes é tão obcecado quanto ela. Ela está mais bonita do que nunca.
Que ele a arruinou.
BETTI ROSEWOOD
Eu não me importo com nada disso.
Desde que meus pais morreram no incêndio que ela acendeu, tenho
procurado vingança. E assistir Lily Anna perder tudo o que importava para ela,
um por um, mais do que satisfez minha necessidade de vingança.
Nunca acreditei que ele as tivesse machucado, e meu filho nunca me deu
motivos para me preocupar. Mas às vezes, seu comportamento é realmente
preocupante.
Já o peguei machucando animais antes. Eu o vi prender uma borboleta
pelas asas. Eu o vi cutucando pássaros mortos no jardim. Reign é um jovem
educado e de boas maneiras. Mas nas raras ocasiões em que tivemos de puni-
lo, Pandora e eu testemunhamos raiva e teimosia que nenhum de nós havia
visto antes. Ele mentiria descaradamente para se livrar dos problemas. Mas se
você o pegasse mentindo, o garoto perdia o controle. Ele se machucava para
conseguir o que queria. Ele ameaçava você. Esses momentos eram raros, mas
aconteceram. E eles me preocuparam.
Mas eu balanço minha cabeça para tirar o pensamento. Não posso
permitir que os pensamentos negativos assumam o controle agora. Não posso
deixar que Pandora veja que também estou preocupado.
— Vamos ficar até eles terminarem o jogo, — decido por nós. Seu sorriso
aliviado me diz tudo que preciso saber.
Observamos as crianças brincarem até voltarem para onde estamos
relaxando, rindo e dando risadinhas. Minha esposa admira as coroas de
margaridas das gêmeas enquanto peço a Reign que venha.
— Está tendo um bom dia, filho? — Eu pergunto a ele, e ele concorda.
Ele não olha bem para mim, provavelmente ainda está chateado comigo por ter
ralhado com ele no dia anterior. O garoto com certeza sabe guardar rancor.
— Está tudo bem, — ele diz lentamente, recusando-se a encontrar o meu
olhar.
— Reign, — eu falo calmamente. — Você está sendo um irmão tão bom
para suas irmãs.
BETTI ROSEWOOD
em nossos termos, em nossa casa, mas agora Reign quer mais liberdade para
visitar seu avô sempre que quiser.
— Posso convidar Emilian para um chá, — ofereço.
Eu não me preocupo em discutir com ele. Ele não tem estado bem. Ele se
comportou mal várias vezes na escola apenas esta semana. Eu nem disse a
Pandora ainda, não queria preocupá-la, mas o garoto precisa de uma mão firme,
e nós dois o amamos demais para discipliná-lo adequadamente.
Eu também tenho outro motivo pelo qual não o quero na Mansão - Lily
Anna. Ele não sabe que ela está lá. Achamos melhor contar a Reign que ela se
foi, morta. Não queríamos machucá-lo mais, impedindo-o de ver a mulher. Mas
agora já se passaram seis anos e a criança ainda não parou de perguntar por
ela. E cada vez que ele a traz à tona, vejo o fogo nos olhos de Pandora diminuir
um pouco.
A sombra de Lily Anna ainda está aqui e nos seguirá por muito tempo.
— Nós vamos providenciar algo, — digo a Reign, mas sua expressão
sombria me diz que ele não acredita.
Eu mudo minha atenção para as meninas e Pandora enquanto observo
meu filho com o canto do olho. Ele é um garoto incomum. E por mais que ele
me assuste às vezes, eu o amo mais do que jamais pensei ser possível.
Nunca fizemos um teste de paternidade.
Nós não precisamos.
Lily Anna estava certa sobre uma coisa, apesar de tudo. Uma olhada em
Reign me diz de quem ele é filho.
Lai está bem ali - no azul de seus olhos, no sorriso malicioso em seu
rosto. Ele se parece com ele. E de certa forma, estou feliz que as coisas tenham
acontecido da maneira que aconteceram. Desta forma, temos um lembrete do
menino que morreu muito cedo pelas mãos cruéis de Lily Anna. Lai ainda está
conosco. E um dia, quando Reign tiver idade suficiente, explicaremos tudo a ele.
Só espero que ele entenda.
BETTI ROSEWOOD
dominado pelas possibilidades. Portanto, precisamos conduzi-lo no caminho
certo antes de entregarmos as responsabilidades.
Nós nos acomodamos em frente à lareira. É muito cedo para acende-la,
mas quando meu filho pede para acender, eu permito.
— Estou feliz, Dexter, — ela sussurra em resposta. — Estou feliz por sua
causa.
Todos aqueles anos atrás, ela entrou na minha vida e me ensinou tudo
que eu precisava saber para ser um homem melhor. Ela me fez quem eu sou
hoje. Ela adorou meu toque de punição e, embora tenha resistido no início, ela
passou a amá-lo, a desejá-lo. E agora ela não pode viver sem isso, assim como
eu não posso viver sem ela.
Minha alma gêmea. Minha felicidade, personificada.
— Estou feliz também, — digo a ela calmamente, e ela sorri antes de se
voltar para nossos filhos.
BETTI ROSEWOOD
Eles ficariam felizes em me ver aqui, assim. Espero que estejam
descansando em paz agora, sabendo que estou feliz com a mulher certa, a vida
certa.
Eu brindo para o teto, imaginando-os olhando para mim.
— O que você está fazendo, pai? — Reign pergunta.
Todos nós nos sentamos no tapete em frente à lareira, lendo o livro das
gêmeas em vozes engraçadas. Estou rindo junto com minha família, me
perguntando como tive tanta sorte.
Fim
BETTI ROSEWOOD