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Resumo para a VR
SURGIMENTO
Com o advento do CC/02, a unificação do direito comercial foi tema de debate. Isto porque
uma primeira corrente acredita que o CC/02 disciplina somente parte da matéria comercial,
motivo portanto inapto a ensejar uma unificação. Outra corrente acredita em uma unificação
parcial e formal. Parcial porque não abarca toda a matéria e formal porque não operou a
perda da autonomia do direito empresarial.
O Código Civil incorporou a chamada teoria dos atos de empresa, em substituição à teoria dos
atos de comércio. A teoria tem como elementos estruturais:
1. Empresário
2. Empresa
3. Estabelecimento
NOÇÕES GERAIS
Já a sociedade empresária, por ser pessoa jurídica, possui personalidade própria. Assim, os
sócios de uma sociedade empresária não são empresários, pois o empresário é a própria
sociedade. Como pessoa jurídica, possui patrimônio próprio, distinto do patrimônio dos sócios
que a integram. Desta forma, os bens particulares dos sócios, em princípio, não podem ser
executados por dívidas da sociedade, só os sendo após essa execução. A isto se chama
responsabilidade subsidiária: primeiro os bens da sociedade, depois os dos sócios.
Podem exercer a atividade empresária os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e
não forem legalmente impedidos, mas não podem:
1. Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os
condenados à pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos;
ou por crime falimentar;
2. Membros do MP, servidores públicos federais, magistrados, militares. Importante
ressaltar que essa vedação é apenas para empresários individuais, sendo permitido
que participem na qualidade de sócio, como acionistas ou quotistas.
Caso aquele que, mesmo legalmente impedido, exerça atividade empresária, responderá pelas
obrigações contraídas. No entanto, estas não serão nulas, tendo plena validade perante
terceiros de boa-fé.
3. Pessoa incapaz: não pode iniciar o exercício da empresa, mas pode dar continuidade a
uma atividade empresarial. O incapaz pode exercer atividade individual de empresa,
desde que por meio de representante ou devidamente assistido.
Tem por objetivo possibilitar que determinado empreendedor, de forma individual, exerça
atividade empresarial de responsabilidade limitada, ficando seus bens particulares
resguardados. O capital mínimo da EIRELI é igual ou superior a 100x o valor do maior salário
mínimo. Uma vez efetivamente integralizado o capital, não se alterará em função da alteração
do valor de salário mínimo vigente. Adquirirá personalidade jurídica quando os atos
constitutivos forem arquivados em registro competente e a falta de arquivamento configura
irregularidade superveniente. A EIRELI não é empresário individual e nem se confunde com
sociedade unipessoal. Pode adotar para nome empresarial tanto firma quanto denominação. A
pessoa natural que constitui a EIRELI só poderá figurar em uma única empresa dessa
modalidade.
Em caso de abuso da personalidade jurídica, que se caracteriza pelo desvio de finalidade ou
pela confusão patrimonial, poderá o juiz determinar a desconsideração da personalidade
jurídica, ou seja, que a responsabilidade recaia sobre os bens pessoais do empresário
individual de responsabilidade limitada.
1. Profissionais intelectuais
Advogados, médicos, professores, etc., não são considerados empresários, salvo se
o exercício da profissão constituir elemento de empresa. A partir do momento em
que o empresário individual dá forma empresarial ao exercício de suas atividades,
será considerado empresário. Ou seja, quando a atividade empresarial deixar de
ser o fator principal do empreendimento empresarial; a atividade passa a ser
organizada (criação de registro de uma marca, contratação funcionários; fixação de
um ponto de negócio).
2. Sociedade simples
Sociedades constituídas por intelectual cujo objeto social é justamente a
exploração de sua profissão. Por isso, nem sempre a sociedade será empresária.
Como exceção, temos: sociedade simples – cooperativa.
3. Exercente de atividade econômica rural
Possui a faculdade de se registrar ou não perante a Junta Comercial. Quando não
registrado, não será considerado empresário, mas, uma vez registrado, será
considerado empresário para todos os efeitos legais.
É o objeto explorado pela sociedade que define a sua natureza empresarial ou não. Quando a
sociedade explorar atividade empresarial, empresária será, e, portanto, deverá registrar-se
junto à Junta Comercial e submeter-se ao regime jurídico empresarial. Quando seu objeto não
for atividade empresarial, será uma sociedade simples, devendo registrar-se no Cartório de
Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
REGISTRO EMPRESARIAL
1. Arquivamento
2. Matrícula
3. Autenticação
As Juntas Comerciais possuem a função de tornar públicos os atos relativos a esses agentes
econômicos. A publicidade dos atos de registro permite que qualquer pessoa possa consultar
os assentamentos existentes nas Juntas Comerciais.
ESCRITURAÇÃO DO EMPRESÁRIO
1. Livros
2. Conjunto de fichas ou folhas soltas
3. Conjunto de folhas contínuas
4. Microfichas
A escrituração é tarefa que a lei incumbe ao contabilista. O único livro comum e obrigatório a
todos é o Diário, que pode ser substituído por fichas ou pelo livro balancetes diários.
O nome empresarial não se confunde com marca, nome fantasia, nome de domínio ou sinais
de propaganda. São características do nome empresarial a veracidade – ou seja, precisa
retratar a verdadeira situação jurídica e econômica – e a originalidade – não pode ser idêntico
a outro já existente. O nome empresarial se apresenta em duas espécies:
1. Firma – espécie de nome empresarial firmada por um nome social civil, que serve
como assinatura do empresário pra assinar contrato;
2. Denominação – pode ser formada por qualquer expressão linguística (nome
fantasia) + indicação do objeto social (ramo de atividade).
SIGILO EMPRESARIAL
Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal pode verificar se o
empresário ou sociedade empresária observam ou não, em seus livros, as formalidades
previstas em lei. A essa regra tem-se como exceção apenas as autoridades fazendárias, quando
no exercício de fiscalização tributária, limitadas apenas ao exame do ponto objeto de
investigação.
O sigilo que protege os livros empresariais pode ser quebrado mediante ordem judicial, total
ou parcialmente. Quando parcial, pode ser determinado de ofício pela autoridade judicial ou a
requerimento das partes. Quando total, somente determinado a requerimento das partes.
Os livros comerciais podem provar contra ou a favor do empresário. Prova contra porque é
lícito ao comerciante demonstrar por todos os meios permitidos em direito que os
lançamentos não correspondem à verdade dos fatos. Prova a favor porque os livros comerciais
que preenchem os requisitos exigidos em lei podem ser utilizados no litígio entre
comerciantes.
ESTABELECIMENTO
Quando falamos em eficácia condicionada, ou seja, quando o empresário não guardar em seu
patrimônio bens suficientes para saldar suas dívidas, estará condicionado, para que o
trespasse seja eficaz, ao pagamento dos credores ou ao consentimento destes. Assim, no caso
de não ter guardado bens suficientes, deverá o empresário proceder à notificação de seus
credores para que se manifestem em 30 dias. Transcorrido este prazo sem qualquer
manifestação, entende-se havido o consentimento tácito, podendo o empresário, então,
proceder à venda. Do contrário, caso proceda à transferência sem observar uma das
condicionantes, incidirá em ato de falência. A alienação em processo de falência não acarreta
ônus para o adquirente, e este também não responde pelas dívidas anteriores.
No que tange à concorrência ao adquirente, entende-se que quando não houver autorização
expressa, fica o alienante impedido pelo prazo de 5 anos. No entanto, desde que expressa, é
esta uma cláusula que pode ser livremente pactuada pelas partes, entendendo a doutrina que,
em casos abusivos, poderá haver revisão judicial.
As sociedades não personificadas são aquelas que não possuem personalidade jurídica por não
possuírem registro. São elas:
Sociedade comum: Trata-se de sociedade sem contrato registrado, mas que está
exercendo sua atividade. Esta sociedade não possui patrimônio próprio. Seu
patrimônio é formado de bens e direitos por cada um de seus sócios, os quais
respondem subsidiária e ilimitadamente.
SOCIEDADE PERSONIFICADA
Tem por objeto o exercício de atividade econômica não empresária. A sociedade simples tem
natureza jurídica contratual, ou seja, feita mediante contrato social escrito, particular ou
público, com regime de constituição e dissolução previsto no Código Civil. O contrato deve ser
escrito porque seus sócios devem levá-lo a registro no Cartório de Registro Civil de Pessoas
Jurídicas, pelo prazo de 30 dias subsequente à constituição da sociedade. Este tipo societário
pode ter como sócios tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas. No contrato, após a
qualificação dos sócios, deve-se proceder à qualificação da própria sociedade (denominação,
objeto, sede, prazo da sociedade).
O capital social da sociedade simples pura, que será expresso em moeda corrente nacional, se
divide em quotas. Todos os sócios têm o dever de subscrever parcela do capital social e
integralizá-la. Esse dever é requisito de validade. Neste tipo societário é permitida a
integralização de quota de prestação de serviço, mas, neste caso, não poderá este sócio
empregar-se em atividade estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela
excluído, salvo convenção em contrário.
Em relação à administração da sociedade simples pura, somente poderá se realizar por pessoa
natural. O administrador pode delegar algumas funções a mandatário, mas sua atividade tem
caráter personalíssimo, não podendo ser exercida por outrem. O contrato social é quem
designa o administrador, mas nada impede que isto seja feito em ato posterior, necessitando,
assim, da averbação do ato no órgão de registro da sociedade. O contrato social estabelece
quais serão os poderes do administrador, porém, no silêncio deste, entende-se que podem
praticar todo e qualquer ato pertinente à gestão da sociedade, salvo oneração ou alienação de
bens imóveis. Quando o contrato estabelecer os poderes do administrador, caberá aos sócios
analisar se houve exagero por parte do administrador. Em regra, a sociedade responde pelos
atos com excesso de poderes praticados pelo administrador, mas existem algumas exceções. A
sociedade não responde pelos atos excessivos de seus administradores nos casos: