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TEORIA DA EMPRESA

PROFª MSC. BRUNA BRASIL


AULA 03
EMPRESÁRIO
AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO
1 – Profissionais intelectuais (profissionais liberais): Presente no art. 966 do C.C, salvo
se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

OBS: ELEMENTO DE EMPRESA (art. 966 do C.C.).


- Tem-se dois entendimentos, de acordo com a doutrina:
a) Baseia-se na estrutura organizacional. Se tiver complexidade, haverá elemento
de empresa (atual entendimento do STJ).
Ex.: Hospital/clínica
b) Baseia-se na existência de outras atividades junto à atividade intelectual.
Somente havendo outras atividades que terá elemento de empresa.
Ex.: veterinário + petshop

2 – Sociedades Simples (Sociedades Uniprofissionais):


São sociedades constituídas por profissionais intelectuais cujo objeto social é
justamente a exploração de suas profissões.
Nem sempre o exercente de atividade econômica é considerado empresário, haja
vista a regra excludente do parágrafo único do art. 966 do C.C, isso nos leva à
conclusão de que também nem sempre uma sociedade será empresária, haja vista a
possibilidade de se constituírem sociedades cujo objeto social seja a exploração de
atividade intelectual dos seus sócios. Essas sociedades, antes chamadas de sociedades
civis, são agora denominadas de Sociedades Simples.
No entanto, nos casos em que o exercício da profissão intelectual dos sócios das
sociedades uniprofissionais constituir elemento de empresa, ou seja, nos casos em que
as sociedades uniprofissionais explorem seu objeto social com a empresarialidade
(organização dos fatores de produção) elas serão consideradas sociedades empresárias.

3 – O exercente de atividade econômica rural:


Presente no art. 971 do C.C. Todo empresário, antes de iniciar o exercício da
atividade empresarial, tem que se registrar na Junta Comercial, seja empresário
individual ou sociedade empresária. Para aqueles que exercem atividade econômica
rural, todavia, o C.C. concedeu a faculdade de se registrar ou não perante a Junta
Comercial de sua unidade federativa.
Para o exercício da atividade econômica rural, o registro na Junta Comercial tem
natureza constitutiva, e não meramente declaratória. O registro não é requisito para
que alguém seja considerado empresário, mas apenas uma obrigação legal imposta aos
praticantes de atividade econômica. Quanto ao exercente de atividade rural, essa regra é
excepcionada, sendo o registro na Justa Comercial pois, condição indispensável para a
sua caracterização como empresário e consequente submissão ao regime jurídico
empresarial.

4 – Associação de atividade futebolística


Art. 971
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo à associação que
desenvolva atividade futebolística em caráter habitual e profissional, caso em que, com
a inscrição, será considerada empresária, para todos os efeitos

5 – Sociedade Cooperativa:
Se uma sociedade explora atividade empresarial, será considerada uma
sociedade empresária, registrando-se na Junta Comercial e submetendo-se ao regime
jurídico empresarial. Se, todavia, uma sociedade não explora atividade empresarial, será
considerada uma sociedade simples, registrando-se em cartório de registro de Pessoas
Jurídicas.
Para saber se uma sociedade cooperativa é empresária, não se utiliza o critério
material previsto no art. 966 do C.C, mas um critério legal estabelecido no art. 982,
parágrafo único, o qual dispões que “independentemente de seus objeto, considera-se
empresário a sociedade por ações; e, simples, a sociedade cooperativa”.

EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE EMPRESARIAL (INDIVIDUALMENTE OU


COLETIVAMENTE)
O art. 966 do Código Civil, ao conceituar empresário como aquele que exerce
profissionalmente atividade econômica organizada, não está se referindo apenas à
pessoa física (ou pessoa natural) que explora atividade econômica, mas também à
pessoa jurídica. Portanto, temos que o empresário pode ser um empresário individual
(pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada) ou uma
sociedade empresária (pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade cujo objeto
social é a exploração de uma atividade econômica organizada).
Quando se está diante de uma sociedade empresária, é importante atentar para o
fato de que os seus sócios não são empresários: o empresário, nesse caso, é a própria
sociedade, ente ao qual o ordenamento jurídico confere personalidade e,
consequentemente, capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações. Assim, pode-
se dizer que expressão empresário designa um gênero, do qual são espécies o
empresário individual (pessoa física) e a sociedade empresária (pessoa jurídica).
A grande diferença entre o empresário individual e a sociedade empresária é que
esta, por ser uma pessoa jurídica, tem patrimônio próprio, distinto do patrimônio dos
sócios que a integram. Assim, os bens particulares dos sócios, em princípio, não podem
ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais
(art. 1.024 do C.C.). O empresário individual, por sua vez, não goza dessa separação
patrimonial, respondendo com todos os seus bens, inclusive os pessoais, pelo risco do
empreendimento (confusão patrimonial). Sendo assim, pode-se concluir que a
responsabilidade dos sócios de uma sociedade empresária é subsidiária (já que primeiro
devem ser executados os bens da própria sociedade), enquanto a responsabilidade do
empresário individual é direta.
Ademais, a responsabilidade dos sócios de uma sociedade empresária, além de
ser subsidiária, pode ser limitada, o que ocorre, por exemplo, nas sociedades limitadas e
nas sociedades anônimas.
Os requisitos para ser empresário estão presentes no art. 972. Do C.C.

IMPEDIMENTOS LEGAIS
O Código Civil de 2002 não trouxe nenhum dispositivo normativo semelhante
ao art. 2.º do Código Comercial de 1850, que arrolava diversos casos de impedimento
legal ao exercício do comércio. Pode-se mencionar apenas o art. 1.011, § 1.º, do Código
Civil, o qual prevê que
não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os
condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos;
ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou
contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de
defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade,
enquanto perdurarem os efeitos da condenação.

Não obstante o dispositivo se referir aos administradores de sociedades, há


autores que estendem esses impedimentos aos empresários individuais.
Atualmente, portanto, afora a regra acima transcrita, os impedimentos legais ao
exercício de atividade empresarial estão espalhados pelo arcabouço jurídico-normativo.
Normalmente, esses impedimentos estão em normas de direito público e visam a
proteger a coletividade, evitando que esta negocie com determinadas pessoas em virtude
de sua função ou condição ser incompatível com o exercício livre de atividade
empresarial. Podem ser citados, como exemplos:
- Lei 8.112/1990, relativo aos servidores públicos federais:
Art. 117. Ao servidor é proibido:
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou
não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou
comanditário;
- LC 35/1979 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional –, relativo aos magistrados;
Art. 36 - É vedado ao magistrado:
I - exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia
mista, exceto como acionista ou quotista;

- Lei 8.625/1993, relativo aos membros do Ministério Público;


Art. 44. Aos membros do Ministério Público se aplicam as seguintes vedações:
III - exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, exceto como cotista ou
acionista;

- Lei 6.880/1980, relativo aos militares.


Art. 29. Ao militar da ativa é vedado comerciar ou tomar parte na administração ou
gerência de sociedade ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou
quotista, em sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.

A proibição é para o exercício de empresa, não sendo vedado, pois, que alguns
impedidos sejam sócios de sociedades empresárias, uma vez que, nesse caso, quem
exerce a atividade empresarial é a própria pessoa jurídica, e não seus sócios. Em suma:
os impedimentos se dirigem aos empresários individuais, e não aos sócios de sociedades
empresárias. Nesse sentido, pode-se afirmar então que os impedidos não podem se
registrar na Junta Comercial como empresários individuais (pessoas físicas que exercem
atividade empresarial), não significando, em princípio, que eles não possam participar
de uma sociedade empresária como quotistas ou acionistas, por exemplo. No entanto, a
possibilidade de os impedidos participarem de sociedades empresárias não é absoluta,
somente podendo ocorrer se forem sócios de responsabilidade limitada e, ainda assim,
se não exercerem funções de gerência ou administração.

INCAPACIDADE
A outra vedação ao exercício de empresa estabelecida no art. 972 do Código
Civil diz respeito à incapacidade. Só pode exercer empresa quem é capaz, quem está no
pleno gozo de sua capacidade civil, conforme determina o dispositivo normativo em
comento.

Hipóteses excepcionais de exercício individual de empresa por incapaz


Ocorre que o próprio Código abre duas exceções, permitindo que o incapaz
exerça individualmente empresa. A matéria está disciplinada no art. 974 do Código
Civil.
Em primeiro lugar, destaque-se que o art. 974 do Código Civil se refere ao
exercício individual de empresa. Trata-se, pois, de casos em que o incapaz será
autorizado a explorar atividade empresarial individualmente, ou seja, na qualidade de
empresário individual (pessoa física). A possibilidade de o incapaz ser sócio de uma
sociedade empresária configura situação totalmente distinta, já que o sócio de uma
sociedade não é empresário.
Outra observação a ser feita sobre o artigo em comento é que ambas as situações
excepcionais em que se admite o exercício de empresa por incapaz são para que ele
continue a exercer empresa, mas nunca para que ele inicie o exercício de uma atividade
empresarial. O incapaz nunca poderá ser autorizado a iniciar o exercício de uma
empresa, apenas poderá ser autorizado, excepcionalmente, a dar continuidade a uma
atividade empresarial.
Isso ocorrerá nos casos em que (i) ele mesmo já exercia a atividade empresarial,
sendo a incapacidade, portanto, superveniente; (ii) a atividade empresarial era exercida
por outrem, de quem o incapaz adquire a titularidade do seu exercício por sucessão
causa mortis.
A autorização para que o incapaz continue o exercício da empresa será dada pelo
juiz, em procedimento de jurisdição voluntária e após a oitiva do Ministério Público,
conforme determina o art. 178, inciso II, do Novo Código de Processo Civil. O
magistrado, em ambos os casos, observará a conveniência de o incapaz exercer a
atividade, se o juiz entender conveniente a continuação do exercício da empresa pelo
incapaz, concederá um alvará autorizando-o a tanto, por meio de representante ou
assistente, conforme o grau de sua incapacidade. Se o assistente ou representante for
impedido, haverá a nomeação de um ou mais gerentes, com aprovação do juiz (art. 975
do C.C.).
É importante ressaltar que não se deve confundir a hipótese em questão –
exercício de atividade empresarial por incapaz, mediante autorização judicial – com o
caso em que o incapaz com 16 (dezesseis) anos completos preenche os requisitos para a
sua emancipação em decorrência do estabelecimento comercial em função do qual tenha
economia própria (art. 5.º, parágrafo único, inciso V, do Código Civil). Nesse caso, não
se está diante de um incapaz, mas de um menor capaz. A emancipação, como se sabe,
antecipa a capacidade, permitindo então que o menor emancipado – que é capaz, repita-
se – exerça a empresa independentemente de autorização judicial.
O art. 974 do Código Civil se refere ao exercício individual de empresa. Trata-
se, pois, de casos em que o incapaz será autorizado a explorar atividade empresarial
individualmente, ou seja, na qualidade de empresário individual (pessoa física). A
possibilidade de o incapaz ser sócio de uma sociedade empresária configura situação
totalmente distinta, já que o sócio de uma sociedade não é empresário. Nesse sentido,
foi incluído o § 3.º ao dispositivo legal em referência, deixando claro que a regra do
caput não se aplica aos casos em que o incapaz esteja ingressando numa sociedade, pois
nesse caso o empresário é a própria pessoa jurídica, sendo exigido apenas que o incapaz
não exerça poderes de administração, que o capital esteja totalmente integralizado e que
ele seja assistido ou representado, conforme o grau de sua incapacidade. Em suma: o
texto legal acrescido não trouxe nenhuma novidade, servindo apenas para evitar
eventuais interpretações equivocadas que alguns estavam fazendo do caput do art. 974.

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