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Universidade Estadual da Paraíba – UEPB

Componente Curricular: Direito Empresarial


Aluna: Camila Silva de Oliveira
Curso: Ciências Contábeis

Resumo: Direito Societário


Introdução
O direito societário compreende o estudo das sociedades.
As sociedades, por sua vez, são pessoas jurídicas de direito privado, decorrentes da união de pessoas, que
possuem fins econômicos, ou seja, são constituídas com a finalidade de exploração de uma atividade
econômica e repartição dos lucros entre seus membros.
 Sociedades: exerce atividade econômica e visa à partilha de lucros entre seus sócios.
 Associações: não possui fins econômicos e, consequentemente, não distribui lucros entre seus
associados. São as fundações, as sociedades, os partidos políticos, as organizações religiosas e a
EIRELI.
Sociedades Simples X Sociedades Empresárias
Quando a empresa for exercida por uma pessoa jurídica, estaremos diante de uma sociedade empresária
ou de uma EIRELI (empresa individual de responsabilidade limitada.
A atuação das sociedades empresárias no mercado sempre foi muito mais relevante do que a atuação dos
empresários individuais.
A razão para que a presença das sociedades empresárias no mercado seja historicamente mais marcante
que a dos empresários individuais é simples: os empreendedores sempre procuram minimizar seu risco
empresarial, e a melhor forma de fazê-lo é constituindo uma pessoa jurídica, uma vez que nesse caso
haverá a separação patrimonial e a possibilidade de limitação de responsabilidade.
EIRELI (empresa individual de responsabilidade limitada): Também é uma pessoa jurídica e também
permite a separação patrimonial e a limitação de responsabilidade, com a vantagem de não exigir a
pluralidade de sócios para a sua constituição.
O empresário é a pessoa física ou jurídica que exerce profissionalmente atividade econômica organizada.
Nem toda atividade econômica configura atividade empresarial, já que nesta é imprescindível o
elemento da organização dos fatores de produção.
Não são todas as sociedades que podem ser qualificadas como sociedades empresárias.
 Sociedades simples: são aquelas que exploram atividade econômica não empresarial.
 Sociedades empresárias: exploram atividade empresarial, ou seja, exercem profissionalmente
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Interessa ao direito empresarial, especificamente, o estudo da sociedade empresária.
O que define uma sociedade como empresária ou simples é o seu objeto social: se este for explorado com
empresarialidade (profissionalismo e organização dos fatores de produção), a sociedade será empresária;
ausente a empresarialidade, a sociedade é simples.
Exceções: “independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples,
a cooperativa”.
Síntese: é o requisito da organização dos fatores de produção que caracteriza a presença do chamado
elemento de empresa no exercício de profissão intelectual e que, consequentemente, faz que o
profissional intelectual receba a qualificação jurídica de empresário.
O traço distintivo entre sociedades simples e sociedades empresárias é mesmo o objeto social: a sociedade
empresária tem por objeto o exercício de empresa (atividade econômica organizada de prestação ou
circulação de bens ou serviços); a sociedade simples tem por objeto o exercício de atividade econômica
não empresarial.
Tipos de Sociedades
Segundo o art. 983 do Código Civil, “a sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos
tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um
desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias”.
1. Sociedades dependentes de autorização
Existem atividades, cujo exercício possui indiscutível interesse público, que dependem de autorização
governamental e se submetem a forte controle e fiscalização por parte do poder público. São os casos, por
exemplo, das atividades financeiras, de seguro, relacionadas à saúde e à educação etc. Essa matéria é de
competência do Poder Executivo Federal.
2. Sociedade Nacional
De acordo com o art. 1.126 do Código Civil, “é nacional a sociedade organizada de conformidade com a
lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração”.
pouco importam a nacionalidade dos sócios, o local de residência deles ou a
origem do capital empregado para aferição da nacionalidade da sociedade que eles constituíram. Se essa
sociedade foi constituída no Brasil, segundo as leis brasileiras e possui sede no país, trata-se de uma
sociedade nacional.
Síntese: Se essa sociedade foi constituída no Brasil, segundo as leis brasileiras e possui sede no país,
trata-se de uma sociedade nacional.
3. Sociedade estrangeira
Se a sociedade não preenche os requisitos mencionados no art. 1.126 do Código Civil – sede no Brasil e
organização de conformidade com as leis brasileiras – será considerada uma sociedade estrangeira,
necessitando, pois, de autorização governamental para entrar em funcionamento no nosso País.
4. Sociedade entre cônjuges
O Código Civil dispôs em seu art. 977 que “faculta-se aos cônjuges contratar sociedade entre si ou com
terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação
obrigatória”.
Diz-se que a intenção do legislador, ao editar a norma do art. 977 do CC, foi proteger, de certo
modo, o regime de bens adotado pelos cônjuges.
5. Sociedade unipessoal
Aquela formada por um sócio apenas. o Brasil não admite a constituição de sociedade unipessoal. A
pluralidade de sócios é pressuposto de existência de uma sociedade.
Exceções: A chamada sociedade subsidiária integral, espécie de sociedade anônima que tem como único
sócio uma sociedade brasileira; a sociedade unipessoal de advocacia. Alguns doutrinadores ainda
apontam o caso da empresa pública unipessoal, na qual toda a participação societária fica concentrada em
poder de uma pessoa jurídica de direito público.
Porém, nada impede que, eventualmente, uma determinada sociedade limitada fique com apenas um
sócio. Pense-se no caso, por exemplo, de uma sociedade limitada com apenas dois sócios em que um
deles vem a falecer. Essa unipessoalidade da sociedade limitada, todavia, além de acidental, é temporária,
uma vez que o Código estabelece um prazo para que seja restabelecida a pluralidade dos sócios.
A importância da sociedade limitada unipessoal para o mercado
Pessoas jurídicas (sociedades empresárias) não atuam sozinhas no mercado. Há também pessoas físicas
que se dedicam à exploração de atividade empresarial: trata-se dos chamados empresários individuais, os
quais não gozam da prerrogativa de separação do patrimônio pessoal e consequente limitação de
responsabilidade ao capital investido no negócio.
Ao contrário do que ocorre com os sócios de uma determinada sociedade empresária, os empresários
individuais, como pessoas físicas, assumem o risco do empreendimento com todo o
seu patrimônio, nele incluídos não apenas os bens usados na atividade empresarial desenvolvida, mas
também os bens particulares de uso pessoal.
Dentre as possíveis técnicas especiais de limitação de responsabilidade aplicáveis
àqueles que resolvem empreender uma atividade empresarial individualmente se conhecem duas:
 O reconhecimento de um patrimônio de afetação para os empresários individuais; o
reconhecimento de um patrimônio de afetação para os empresários individuais;
 A possibilidade de constituição de sociedade limitada unipessoal.
No primeiro caso, perceba-se que não estaremos diante de uma pessoa jurídica, mas de um empresário
individual de responsabilidade limitada. A legislação empresarial apenas permitirá que os empresários
individuais registrem no órgão competente, a Junta Comercial, um patrimônio especial, constituído pelos
bens e direitos diretamente afetados ao exercício de sua atividade empresarial – daí a denominação de
patrimônio de afetação.
Uma vez feita a opção por essa técnica especial de limitação de responsabilidade, rompe-se a ideia
tradicional de que o patrimônio é algo uno e indivisível, uma vez que o patrimônio do empresário
individual passará a ser dividido em dois: um patrimônio pessoal e outro patrimônio
empresarial, este constituído pela universalidade de bens que compõe o seu estabelecimento empresarial.
A exploração de atividade empresarial tem fundamental importância para o desenvolvimento das
atividades econômicas, na medida em que funciona como um importante redutor do risco empresarial que
acaba estimulando o empreendedorismo, o que, numa sociedade capitalista em que o exercício de
atividade econômica é franqueado à iniciativa privada, é algo de extrema valia.
Classificação das Sociedades Empresárias
Há três classificações importantes para as sociedades empresárias.
 A primeira delas leva em conta a responsabilidade dos sócios. Segundo esse critério
classificatório, pois, as sociedades podem ser de responsabilidade ilimitada (por exemplo, a
sociedade em nome coletivo), de responsabilidade limitada (por exemplo, a sociedade anônima
e a sociedade limitada) ou mistas (por exemplo, a sociedade em comandita simples e a sociedade
em comandita por ações).
 Quanto ao regime de constituição e dissolução, as sociedades podem ser contratuais (por
exemplo, a sociedade limitada), que são constituídas por um contrato social e dissolvidas
segundo as regras previstas no Código Civil, ou institucionais (por exemplo, a sociedade
anônima), que são constituídas por um ato institucional ou estatutário e dissolvidas segundo as
regras previstas na Lei 6.404/1976.
 Quanto à composição (ou quanto às condições de alienação da participação societária, como
preferem alguns doutrinadores), as sociedades podem ser de pessoas (sociedades intuitu
personae) ou de capital (sociedades intuitu pecuniae).
Sociedades Limitadas “De Capital” E Sociedades Anônimas “De Pessoas”
A doutrina contemporânea defende que sociedades limitadas podem assumir feição capitalista, da mesma
forma que sociedades anônimas podem assumir feição personalista.
Sociedades Não Personificadas
O Código Civil divide as sociedades em dois grandes grupos: em um grupo, ele tratou das sociedades
personificadas; no outro, das sociedades não personificadas. Neste, estão a sociedade em comum e a
sociedade em conta de participação.
Trata-se de sociedades cujo objeto social pode ser de natureza civil ou empresarial, ou seja, podem ser
sociedades simples ou empresárias.
“As normas do Código Civil para as sociedades em comum e em conta de participação são aplicáveis
independentemente de a atividade dos sócios, ou do sócio ostensivo, ser ou não própria de empresário
sujeito a registro (distinção feita pelo art. 982 do Código Civil entre sociedade simples e empresária)”.
Sociedade em Comum
É a que conhecemos tradicionalmente com os nomes de sociedade irregular ou sociedade de fato.
Trata-se da sociedade que ainda não inscreveu seus atos constitutivos no órgão de registro competente:
Junta Comercial, em se tratando de sociedade empresária, e Cartório de Registro Civil de Pessoas
Jurídicas, em se tratando de sociedade simples.
A sociedade de fato é aquela que não possui instrumento escrito de constituição, ou seja, não possui um
contrato social escrito. Por outro lado, a sociedade irregular é aquela que possui um contrato escrito, mas
que não está registrado na Junta Comercial, o que enseja a sua irregularidade.
Pelo atual Código Civil é, na verdade, apenas uma nova expressão trazida pelo legislador para se referir
às sociedades de fato e às sociedades irregulares.
As regras da sociedade em comum, na verdade, aplicam-se às sociedades contratuais que estão se
constituindo, ou seja, aplicam-se às suas relações entre o momento real da constituição até o respectivo
registro do contrato social. Isso ocorre porque nenhuma sociedade é constituída da noite para o dia. Ao
contrário, no Brasil, o trâmite para constituição de uma sociedade é bastante lento, se comparado a outros
países.
Prova da Existência da Sociedade em Comum
No que se refere à prova da existência da sociedade em comum, dispôs o Código Civil que os terceiros,
nas demandas judiciais que eventualmente necessitarem propor contra essa sociedade, podem prová-la
por qualquer meio de prova. Em contrapartida, se quem necessita provar a existência da sociedade são os
seus próprios sócios – com a finalidade, por exemplo, de discutir a partilha dos investimentos –, só se
admite a prova por escrito, ou seja, a apresentação do instrumento contratual ou, pelo menos, um
documento.
Responsabilidade dos Sócios na Sociedade em Comum
A responsabilidade ilimitada, porém subsidiária, dos sócios em geral, e a responsabilidade ilimitada e
direta somente do sócio que contratou pela sociedade: “todos os sócios respondem solidária e
ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele
que contratou pela sociedade” (art. 990 do Código Civil). É preciso destacar que o Código, ao mencionar
que os sócios da sociedade em comum respondem solidariamente pelas obrigações sociais, está
determinando a solidariedade entre os sócios quanto às dívidas que estes, eventualmente, tenham que
honrar com seu patrimônio pessoal. Entre sócios e sociedade, todavia, a responsabilidade é subsidiária, ou
seja, primeiro responde a própria sociedade, para somente depois serem executados, eventualmente, os
patrimônios pessoais dos sócios.
Sociedade em Conta de Participação
A sociedade em conta de participação é o que a doutrina chama de sociedade secreta. Na
verdade, não se trata, propriamente, de uma sociedade, mas de um contrato especial de investimento.
Não possui personalidade jurídica.
A sociedade em conta de participação apresenta duas categorias distintas de sócios:
 O sócio ostensivo;
 Os sócios participantes (também chamados de sócios ocultos).
A propósito, o art. 991 do Código Civil dispõe que “na sociedade em conta de participação, a atividade
constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob
sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes”.
Sociedades Personificadas
O Código também cuida das sociedades personificadas, quais sejam:
 Sociedade simples pura
 Sociedade limitada
 Sociedade anônima
 Sociedade em nome coletivo
 Sociedade em comandita simples
 Sociedade em comandita por ações
 Sociedade cooperativa.
A principal consequência da personificação das sociedades é o reconhecimento da sociedade como sujeito
de direitos, ou seja, como ente autônomo dotado de personalidade distinta da pessoa dos seus sócios e
com patrimônio também autônomo, que não se confunde com o patrimônio dos sócios.
Sociedade Simples Pura (“Simples Simples”)
Sociedade simples é a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade econômica não empresarial.
O caso típico de sociedade simples é o das sociedades uniprofissionais que são sociedades formadas por
profissionais intelectuais (médicos, engenheiros, músicos etc.) cujo objeto social é o exercício da própria
atividade intelectual de seus sócios. Outro exemplo de sociedade simples de fácil compreensão é a
sociedade cujo objeto social constitui o exercício de atividade econômica rural, desde que seus sócios
optem pelo registro no Cartório, e não na Junta Comercial.
Contrato Social
A sociedade simples pura é uma sociedade contratual, ou seja, caracteriza-se por ser constituída por meio
de um contrato social e tem seu regime de constituição e dissolução previsto no Código Civil.
O contrato social é um contrato plurilateral. As principais características desse contrato plurilateral são:
 O fato de que podem tomar parte dele várias pessoas;
 A união de esforços em torno de um objetivo comum.
Necessidade de Contrato Escrito
O contrato social deve ser escrito porque os sócios deverão levá-lo a registro no órgão competente, que,
no caso da sociedade simples pura, é o Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, conforme
disposto no art. 1.150 do Código Civil: “o empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro
Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil
das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade
simples adotar um dos tipos de sociedade empresária”.
Qualificação dos Sócios e da Sociedade
A qualificação dos sócios é importante porque permite a verificação da existência de eventuais
impedimentos à participação na sociedade. No caso de sócio pessoa jurídica, por exemplo, será preciso
verificar se o seu objeto social lhe permite participar de outras sociedades.
Após a qualificação dos sócios, deve o contrato qualificar a própria sociedade.
A sociedade simples pura pode usar denominação social (usando, pois, uma expressão linguística
qualquer na formação do seu nome) ou firma social (usando, nesse caso, o nome civil dos seus próprios
sócios).
Quanto ao objeto social, é importante relembrar que a sociedade simples pura, embora exerça
atividade econômica e possua finalidade lucrativa, não poderá explorar atividade empresarial, já que
nesse caso a sociedade seria empresária, devendo registrar-se na Junta Comercial e adotar um dos tipos
societários empresariais típicos previstos no Código Civil (sociedade limitada, sociedade anônima etc.).
A sede e o prazo da sociedade também são dados importantes. A sede definirá o Cartório onde
será feito o registro do contrato social, enquanto o prazo definirá o período de duração da sociedade.
Capital Social
Pode-se definir o capital social, grosso modo, como o montante de contribuições dos sócios para a
sociedade, a fim de que ela possa cumprir seu objeto social.
Subscrição e Integralização das Quotas
Definido o capital social da sociedade, deve o contrato social mencionar ainda “a quota de cada sócio no
capital social, e o modo de realizá-la”.
Todos os sócios têm o dever de subscrever parcela do capital social (o que lhes conferirá um número x de
quotas) e de integralizar (ou realizar) essa parcela subscrita, contribuir efetivamente no valor das quotas
adquiridas.
“São obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele
que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta
pelo dano emergente da mora”.
Administração da Sociedade
As sociedades atuam por intermédio de seus respectivos administradores, que são os seus legítimos
representantes legais (para os adeptos da teoria da representação); ou, como preferem alguns, seus
presentantes legais.
“Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que
vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação,
peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro
nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a
propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação”.
Ressalte-se que a atividade do administrador é personalíssima, não podendo outrem exercer suas funções.
O máximo que se permite é a delegação de certas atividades a mandatários.
“Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas justificadas de sua administração, e
apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de resultado econômico”.
Responsabilidade dos administradores
O Código Civil determina de que o contrato social, além de designar os administradores, estabeleça seus
poderes e atribuições. No entanto, caso o contrato social silencie a esse respeito, não haverá maiores
problemas, porque há regras do próprio Código que suprem essa eventual omissão contratual.
Distribuição dos Resultados
Da mesma forma que todos os sócios devem contribuir para a formação do capital social, é também
requisito especial de validade do contrato a garantia de que todos eles participem dos resultados sociais,
cabendo-lhes disciplinar a matéria no ato constitutivo.
Aplica-se o art. 1.013 do Código Civil: “a administração da sociedade, nada dispondo o contrato social,
compete separadamente a cada um dos sócios”.
Nada impede que os sócios, embora não tenham designado o administrador no próprio contrato social, o
façam em ato separado posteriormente.
Responsabilidade dos Sócios
“Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de
executados os bens sociais”.
Por outro lado, por se tratar de uma sociedade contratual, a responsabilidade dos sócios da sociedade
simples pura, quanto às obrigações sociais, é ilimitada, ou seja, caso os bens sociais não sejam suficientes
para saldar o passivo da sociedade, os credores poderão executar o restante das dívidas no patrimônio dos
sócios.
Alteração do Contrato Social
O contrato social não é imutável, podendo ser alterado conforme a vontade dos sócios.
Direitos e Deveres dos Sócios
Nos termos do contrato social, os sócios assumirão uma série de obrigações entre si e perante a própria
sociedade, obrigações estas que terão início imediatamente após a assinatura do contrato – ou em data
específica nele designada – e só terminarão após a liquidação da sociedade.
Dentre as principais obrigações dos sócios, podemos destacar a de contribuir para a formação
do capital social, subscrevendo e integralizando suas respectivas quotas, e a de participar dos
resultados sociais.
Deliberações Sociais
Em assuntos negociais mais relevantes, como, por exemplo, a fusão da sociedade com outra, a decisão
não cabe aos administradores, mas ao conjunto dos sócios, isto é, trata-se de decisão que exige
deliberação social.
Cabe ao contrato social estabelecer que matérias dependerão de deliberação dos sócios.
As deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor de cada um. É o que
determina o art. 1.010 do Código: “quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir
sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o
valor das quotas de cada um”.
Natureza personalista ou capitalista da sociedade limitada

Sociedade Limitada
Ostenta duas características específicas que a tornam um tipo societário bastante atrativo para os
pequenos e médios empreendimentos: a contratualidade e a limitação de responsabilidade dos sócios.
A limitação de responsabilidade funciona como relevante fator de redução do risco empresarial.
A outra característica, pois, que faz da sociedade limitada o tipo societário mais utilizado na praxe
comercial brasileira é a sua contratualidade, que confere aos sócios maior liberdade na hora de firmar o
vínculo societário entre eles, algo que não ocorre, por exemplo, nas sociedades anônimas, cujo vínculo é
estatutário e submetido a um regime legal previamente balizado na lei.
Aplicação Subsidiária das Normas da Sociedade Simples Pura
Todas as regras das sociedades simples puras são aplicáveis, subsidiariamente, às sociedades limitadas.
Aplicação Supletiva das Normas da Sociedade Anônima
“O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade
anônima”.
Em princípio, aplicam-se subsidiariamente à sociedade limitada as regras da sociedade simples (art.
1.053, caput, do Código Civil). No mais, cabe ao contrato social suprir eventuais omissões da legislação.
Há certas regras da Lei das S/A, todavia, que não podem ser aplicadas supletivamente às sociedades
limitadas, porque se referem a matérias que são típicas das sociedades anônimas.
Também não é possível aplicar supletivamente as regras da S/A às sociedades limitadas quando se tratar
de temas relacionados à constituição e à dissolução da sociedade.
Por conseguinte, cabe aos sócios, no ato constitutivo da sociedade, conferir à sociedade limitada um perfil
mais personalista (não prevendo a aplicação supletiva da Lei das S/A) ou um perfil mais capitalista
(prevendo a aplicação supletiva da Lei das S/A).
Referente às quotas preferenciais, que conferem aos seus titulares alguns direitos especiais de natureza
econômica (prioridade na distribuição dos lucros ou no reembolso do capital, em caso de liquidação da
sociedade) ou de natureza política (possibilidade de eleger, em separado, um administrador ou um
membro de um órgão deliberativo previsto no contrato social), geralmente
com a contrapartida de não conceder direito de voto ou restringir o seu exercício em determinados casos.
A grande diferença entre o administrador nomeado no contrato social e o administrador nomeado em ato
separado reside no fato de que os poderes daquele, caso seja sócio, são, em princípio, irrevogáveis, salvo
por decisão judicial que reconheça a ocorrência de justa causa para a revogação.
Contrato social
Quando da análise da classificação das sociedades quanto ao modo de constituição e dissolução, que elas
podem ser contratuais ou institucionais, sendo que aquelas se caracterizam justamente por serem
constituídas por meio de um contrato social.
As características do contrato social que lhe conferem a natureza jurídica de contrato plurilateral são a
possibilidade de várias pessoas dele tomarem parte e a conhecida affectio societatis (união de esforços em
torno de um objetivo comum).
A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas
estipuladas pelas partes, mencionará: I – nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos
sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II –
denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III – capital da sociedade, expresso em moeda corrente,
podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV – a quota de cada
sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V – as prestações a que se obriga o sócio, cuja
contribuição consista em serviços; VI – as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e
seus poderes e atribuições; VII – a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII – se os sócios
respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais”.
Necessidade de contrato escrito
O contrato social da sociedade limitada deve ser escrito porque os sócios deverão levá-lo a registro no
órgão competente. Caso a sociedade limitada seja empresária, o contrato social deve ser registrado na
Junta Comercial; caso a sociedade limitada seja simples (isto é, não tenha por objeto o exercício de
empresa) o contrato social deve ser registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. É o
que prevê o art. 1.150 do Código Civil: “o empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro
Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil
das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade
simples adotar um dos tipos de sociedade empresária”.
após a formalização e a assinatura do contrato social, levá-lo a registro antes do início das atividades (art.
967 do Código Civil), tendo o prazo de 30 dias para fazê-lo.
Qualificação dos sócios e da sociedade
O contrato social da sociedade limitada também deve mencionar, de acordo com o inciso I do art. 997 do
Código Civil, “nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e
a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas”.
A qualificação dos sócios é importante para permitir que a Junta Comercial, por exemplo, verifique a
existência de eventuais impedimentos dos sócios para participação na sociedade.
Após a qualificação dos sócios, deve o contrato social qualificar a própria sociedade limitada,
mencionando “denominação, objeto, sede e prazo da sociedade”.
Quanto ao objeto social, vale destacar que a sociedade limitada, embora seja um tipo societário
tipicamente empresarial, pode também ter por objeto o exercício de atividade econômica não empresarial,
caso em que ostentará a natureza de sociedade simples (art. 983 do Código Civil).
Capital social
Segundo o Código Civil é o “capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender
qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária”.
Corresponde ao montante de contribuições dos sócios para a sociedade, a fim de que ela possa cumprir
seu objeto social. O capital social deve ser sempre expresso em moeda corrente nacional, e pode
compreender dinheiro ou bens suscetíveis de avaliação pecuniária (bens móveis, imóveis ou semoventes;
materiais ou imateriais).
No que se refere ao aumento do capital social, dispõe o art. 1.081 do Código Civil que, “ressalvado o
disposto em lei especial, integralizadas as quotas, pode ser o capital aumentado, com a correspondente
modificação do contrato”. Perceba-se que o aumento só será possível se o capital social já estiver
integralizado.
No que se refere à redução do capital social, quem cuida da matéria é o art. 1.082 do Código Civil,
segundo o qual “pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente modificação do contrato: I
– depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis; II – se excessivo em relação ao objeto da
sociedade”.
Subscrição e integralização das quotas
Definido o capital social da sociedade, deve o contrato social mencionar “a quota de cada sócio no capital
social, e o modo de realizá-la”.
Na sociedade limitada, “o capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou
diversas a cada sócio” (art. 1.055 do Código Civil).
Cada sócio deve subscrever uma parte do capital, ficando, consequentemente, responsável pela sua
respectiva integralização. Portanto, todos os sócios têm o dever de subscrição e integralização de quotas.
O regramento da sociedade limitada também se preocupou em disciplinar especificamente a situação do
sócio remisso, que é o sócio que está em mora quanto à integralização de suas quotas, nos termos do art.
1.004 do Código Civil. De acordo com o art. 1.058 do Código, “não integralizada a quota de sócio
remisso, os outros sócios podem, sem prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la
para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago,
deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas”.
Quotas preferenciais
Quando do estudo da aplicação supletiva da Lei das S/A às sociedades limitadas, existe uma polêmica
sobre a possibilidade de criação de quotas preferenciais, que, a exemplo das ações preferenciais das
companhias, conferem aos seus titulares alguns direitos especiais de natureza econômica (prioridade na
distribuição dos lucros ou no reembolso do capital, em caso de liquidação da sociedade) ou de natureza
política (possibilidade de eleger, em separado, um administrador ou um membro de um órgão deliberativo
previsto no contrato social), geralmente com a contrapartida de não conceder direito de voto ou restringir
o seu exercício em determinados casos.
O contrato social pode estipular a distribuição desproporcional dos lucros entre os sócios, e a criação de
quotas preferenciais pode ser a melhor forma de operacionalizar tal regra na prática.
Aquisição de quotas pela própria sociedade
O Decreto 3.078/1919, no seu art. 8.º, autorizava expressamente a aquisição de quotas pela própria
sociedade limitada, nos seguintes termos: “é lícito às sociedades a que se refere esta lei adquirir quotas
liberadas, desde que o façam com fundos disponíveis e sem ofensa do capital estipulado no contrato. A
aquisição dar-se-á por acordo dos sócios, ou verificada a exclusão de algum sócio remisso, mantendo-se
intacto o capital durante o prazo da sociedade”.
O Código Civil de 2002, no entanto, não tem regra no mesmo sentido. Prevê, em seu art. 30, § 1.º, que é
possível a sociedade adquirir suas próprias ações “para permanência em tesouraria ou cancelamento,
desde que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social, ou
por doação”). No mesmo sentido, cite-se o Enunciado 391 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “a
sociedade limitada pode adquirir suas próprias quotas, observadas as condições estabelecidas na Lei das
Sociedades por Ações”.
Administração da sociedade
Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que
vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação,
peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro
nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações e consumo, a fé pública ou a
propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação”.
Também é válida para a sociedade limitada a observação de que a atividade do administrador é
personalíssima, não podendo outrem exercer suas funções.
Outro ponto importante disciplinado pelo Código Civil na parte da administração das sociedades
limitadas foi a possibilidade de pessoas estranhas ao quadro social administrarem a sociedade.
Responsabilidade dos administradores
O contrato social, além de designar os administradores, estabeleça seus poderes e atribuições. “A
administração da sociedade, nada dispondo o contrato social, compete separadamente a cada um dos
sócios”.
Nada impede que os sócios, embora não tenham designado o administrador no próprio contrato social, o
façam em ato separado posteriormente.
Caso o contrato social da sociedade limitada silencie acerca dos poderes e atribuições dos seus
administradores, entende-se que estes podem praticar todos e quaisquer atos pertinentes à gestão da
sociedade, salvo oneração ou alienação de bens imóveis, o que só poderão fazer se tais atos constituírem o
próprio objeto da sociedade.
“O administrador que, sem consentimento escrito dos sócios, aplicar créditos os bens sociais em proveito
próprio ou de terceiros, terá de restituí-los à sociedade, ou pagar o equivalente, com todos os lucros
resultantes, e, se houver prejuízo, por ele também responderá”.
“Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas justificadas de sua administração, e
apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de resultado econômico”.
Distribuição dos resultados
São características de qualquer sociedade o exercício de atividade econômica, o escopo lucrativo e a
partilha dos resultados entre os seus membros.
Por conseguinte, os sócios da sociedade devem dividir não apenas os lucros, mas também as perdas
eventualmente sofridas.
É vedada, portanto, a chamada “cláusula leonina”. Conforme estabelecido no art. 1.008 do Código Civil:
“é nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas”.
Acerca de como deve ser feita a distribuição dos lucros da sociedade, cabendo aos sócios, pois, prever a
forma de participação de cada um no contrato social.
Responsabilidade dos sócios
“Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social”.
Os sócios não devem responder, com seu patrimônio pessoal, pelas dívidas da sociedade.
Alteração do contrato social
O contrato social da sociedade limitada, assim como da sociedade simples pura, não é imutável, podendo
ser alterado conforme a vontade dos sócios.
Na sociedade simples pura, vimos que a alteração do contrato social, muitas vezes, dependerá de
aprovação unânime (art. 999 do Código Civil). Na sociedade limitada, por outro lado, a modificação do
contrato social exige quórum de 3/4 do capital social, conforme previsão do art. 1.076, inciso I, do
Código Civil.
Não se deve esquecer, ademais, que qualquer alteração do contrato social da sociedade limitada deve ser
averbada no local onde foi feito o registro originário da sociedade, ou seja, Junta Comercial, em se
tratando de sociedade limitada empresária, ou Cartório, em se tratando de sociedade limitada simples.
Deliberações sociais
As decisões mais corriqueiras, as decisões menores da sociedade limitada são tomadas unipessoalmente
por aqueles que têm poderes para administrar a sociedade, ou seja, pelo(s) administrador(es). No entanto,
aquelas decisões mais complexas – como, por exemplo, a relativa à alteração do contrato social ou a
referente à fusão com outra sociedade – exigem uma deliberação colegiada.
O órgão específico responsável pela tomada das deliberações sociais é a assembleia dos sócios.
Nas sociedades limitadas menores, de até 10 sócios, o Código previu que o regime de assembleia pode ser
substituído pelo de reunião de sócios.
“A assembleia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por ano, nos quatro meses seguintes à ao
término do exercício social, com o objetivo de: I – tomar as contas dos administradores e deliberar sobre
o balanço patrimonial e o de resultado econômico; II – designar administradores, quando for o caso; III –
tratar de qualquer outro assunto constante da ordem do dia”.

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