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Docente:

ISABEL PORTO

Noção de Direito Comercial:

É um corpo de normas, conceitos e princípios jurídicos que, no domínio do


direito privado, regem os factos e relações jurídicas comerciais (são aquelas
que a lei, ao regulamentar, as exprime de modo directo ou indirecto; ou são
todos os negócios que uma pessoa que seja considerada comerciante realizar).

Objecto do direito comercial:

Compreende quase toda a economia (as profissões liberais, os agricultores e


os artesãos não pertencem).

Concepção subjectiva: o direito comercial é um conjunto de normas que


regem os actos ou actividades dos comerciantes, relativas ao seu comércio. São
os actos praticados pelos comerciantes.

Concepção objectiva: o direito comercial é o ramo do direito que rege os


actos do comércio, sejam ou não comerciantes as pessoas que as praticam.
Está no comércio em si.

Porque é que o direito comercial é autónomo do direito civil?

Porque precisa de ter garantido, por meio de normas:

A necessidade de uma tutela eficaz do credito: para garantir a eficácia de


receber o pagamento leva-nos á Regra da solidariedade passiva (100 e 101)
nas obrigações comerciais. (ABC a responsabilidade da divida é de todos mas
um deles é suficiente para em, tribunal para responder pela divida)

Necessidade de haver segurança nas transacções: dada a importância da


confiança como base dos negócios, é indispensável restringir ao máximo as
causas de impugnação dos actos jurídicos comerciais, daí a grande dificuldade
do direito comercial é conciliar a necessidade de haver segurança nas
transacções com a celeridade de celebração dos negócios.

Necessidade de celeridade na celebração dos negócios: deve haver isenção de


formalidades e existência de instrumentos e meios de pagamento para
demonstrar celeridade (cheques por exemplo). Deve haver uma conjugação de
exigências de celeridade com as exigências de segurança do comércio de forma
a que se possa a nível comercial actuar de forma rápida, eficaz e segura.
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Interpretação e integração das lacunas

Aplica-se o direito civil como direito subsidiário ao direito comercial.

Em relação à interpretação vimos que o 3 do C. Comercial nas questões que


não puderem ser resolvidas nem pelo texto da lei comercial, nem pelo seu
espírito, serão decididas no direito civil. Deve-se ter em conta o 9 do C. Civil.

Em relação à integração das lacunas da lei comercial o 3 permite o recurso ao


direito civil para preencher lacunas do direito comercial, aqui o direito civil é
direito subsidiário em relação ao comercial.

O procedimento correcto a adoptar é:

1- Ver se a relação jurídica é ou não comercial, objectiva ou subjectivamente,


recorre-se aos 2, 230, 231, 366, 463, 481 C. Comercial.

2- Se é comercial à que definir-lhe o regime. Poderão então surgir questões de


interpretação e de integração de lacunas da regulamentação comercial, as
quais serão resolvidas nos termos apontados pelo 3.

Concepção subjectivista e concepção objectivista

Nenhuma destas concepções é pura.

Objectivista:

O direito comercial é o ramo do direito que rege os actos de comércio, sejam


ou não comerciantes as pessoas que os praticam.

O direito comercial abarca todos sectores excepto a agricultura, artesanato e


profissões liberais. Se é comercial ou não caso se integre ou não no âmbito do
230

O 230 diz nos quais são as actividades que são os actos típicos de actos
comerciais. Ver 2 C. Comercial, a primeira parte deste artigo contem a
concepção objectivista dos actos de comércio.

Abarca todas as realidades, reguladas pelo direito comercial.

Subjectivista:

O direito comercial é o conjunto das normas que regem os actos ou actividades


dos comerciantes relativos ao seu comércio.
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É todo o negócio ou facto jurídico que adquire a qualidade de comercial pelo


facto de ser praticado pelo comerciante no exercício do seu comércio.

São todos os contratos e obrigações do comerciante.

Excepções: que não tenha natureza exclusivamente civil; se o contrário do


próprio acto não resultar, não é acto de comércio.

Diferenças entre objectivista/subjectivista:

No sistema subjectivista só são comerciais os actos praticados por comerciantes


e no exercício do seu comércio, pelo que não se admitem actos comerciais
isolados ou avulsos. No sistema objectivista uma vez que assenta nos actos de
comércio, independentemente de quem os pratique, são também como tais
considerados os actos ocasionais, mesmo que não praticados por comerciantes
ou alheios à actividade profissional de um comerciante desde que pertençam a
um dos tipos de actos regulados na lei comercial.

Regras especiais (actos e obrigações) dos comerciantes:

Forma dos actos: 219 do C. Civil, regra da liberdade de forma. O legislador


estabelece a desnecessidade de forma. È a norma do direito civil adequada ao
direito comercial. Para além da liberdade de forma existe a simplicidade de
forma. Ex. 96 – Liberdade de língua.

Regra da solidariedade passiva das obrigações: A solidariedade nas obrigações


não se presume, tem que resultar da lei ou da vontade das partes como diz 513
C. Civil, é assim em direito comum, ou seja nas obrigações civis a regra é a
conjunção. Nas obrigações comerciais não é assim (quando, numa obrigação
comercial, no lado passivo houver mais do que uma pessoa, a responsabilidade
entre eles é solidaria – art. 100º). A menos que se trate de actos de comércio
unilaterais.

Prescrição: (art. 312º e 317º do CC) – vai de 6 meses a 20 anos (regra geral 20
anos).
Artigo 317 a) aqui não temos uma situação de comércio – actos de comércio
unilateralmente comerciais, b)não estão todos os actos de comércio possíveis,
c) não se consideram actos de comércio.

Juros: ver artigo 102 - 3.º Parágrafo C.Comercial (a taxa de juro comercial é de
12% enquanto que a do civil é de 7%)

Existem:

1. Juros convencionados (acordados entre as partes), de acordo com 102


exige-se a sua fixação de forma escrita para segurança nas transacções
comerciais.
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2. Juros de mora (incumprimento da parte do devedor)

3. Juros compensatórios (visam suprir os danos pelo não disponibilidade do


dinheiro no momento em que tinha sido acordado)

4. Juro legal (estipulado por lei, usado na falta de outro acordo)

Classificação dos actos de comércio:

1. Acto de comercio objectivo / acto de comercio subjectivo:

Objectivo: actos que estão regulados na lei comercial em razão do seu


conteúdo ou fundamentação

Subjectivo: são aqueles que se consideram comerciais pelo facto de serem


praticados por um comerciante, isto porque a lei presume que estes actos têm
ligação com a actividade profissional por ele exercida.

2. Acto de comercio absoluto / acto de comercio acessório ou por conexão:

Actos de comercio absoluto: são aqueles actos que são comerciais devido à sua
natureza intrínseca, a qual tem origem, desenvolve-se e caracteriza alguma
actividade comercial.

Estes actos podem ainda ser:

1. Acto de comercio absoluto típico – aquele que esta subjacente e


identifica o exercício de uma determinada actividade comercial.

2. Acto de comércio absoluto em virtude da sua forma – aqueles que são


regulamentados por norma jurídica que estabelecem regras em matéria
da forma que o acto deve assumir (estas regras geram uma realidade
jurídica que é intrinsecamente comercial) Ex: letra de cambio.

3. Acto de comercio absoluto em virtude do seu objecto – quando o seu é


intrinsecamente comercial. Ex: trespasse (o objecto do contrato do
trespasse é o estabelecimento comercial).

4. Acto de comercio acessório ou por conexão: são actos que são


considerados comerciais em virtude de ter uma ligação próxima a um
acto de comércio absoluto. Ex: contrato de mandato (parecido a uma
procuração)
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3. Acto de comercio substancialmente comercial / actos formalmente


comerciais.

1. Acto de comercio substancialmente comercial: são aqueles que


representam actos próprios de uma actividade materialmente mercantil
(esta em causa o que é e como é comercializado).

2. Acto de comercio formalmente comercial: são aqueles que têm um


esquema formal (conjunto de regras.) que lhe permite estar aberto a
uma pluralidade de conteúdos, não interessando o objecto ou fim para
que são utilizados. Ex: letra de cambio (porque tem adaptabilidade para
as mais variadas situações)

4. Acto de comercio causal / acto de comercio abstracto.

1. Acto de comercio causal: aquele que tem uma específica e determinada


causa – função jurídica económica (porque há uma causa determinada
para este acto de comercio que, por sua vez, tem uma função – Ex:
contrato de compra e venda).

2. Acto de comercio abstracto: consegue preencher uma pluralidade de


causas – funções (quando o mesmo instrumento pode atingir varias
funções e causas. Ex: a letra de cambio). Tem sempre subjacente um
outro acto ou relação juridica que é a sua causa mediata.

5. Acto bilateralmente comercial ou puro / acto unilateralmente comercial ou


misto.

1. Acto bilateralmente comercial ou puro: é o acto que é praticado por


comerciantes, sendo que apenas estes ocupam o lugar de sujeitos da
relação jurídica.

2. Acto unilateralmente comercial ou misto: na relação jurídica, um dos


sujeitos é comerciante e o outro não (art. 99º). Ver também 100.

Responsabilidade por dividas do cônjuge do comerciante

Actualmente, prevalece o principio da igualdade de direitos e deveres, a ambos


pertencendo a orientação da vida em comum e a direcção da família (1671 C.
Civil).

No tocante ás dividas de um dos cônjuges, no exercício do comércio,


dependendo do regime de casamento ou responde o património do casal ou só
do comerciante. Tem-se em vista com este regime proteger a actividade
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comercial, reforçando a garantia patrimonial dos credores comerciais, através


do alargamento dos bens que respondem pelas dividas.

Art. 1690º C. Civil (legitimidade para contrair dividas)

_Quando um dos cônjuges pode, através de um negócio realizado,


contrair uma divida sem o consentimento do outro.

_ Para se apurar a responsabilidade dos cônjuges tem que se verificar a


data em que o negócio foi realizado e, como tal, quando foi contraída a divida.
Se era solteiro á data não responde.

 Art. 1691º, 1, d) C. Civil (dividas que responsabilizam ambos os cônjuges)

Nos termos deste art., uma divida comercial é da responsabilidade de ambos os


cônjuges quando se verifiquem, cumulativamente, três requisitos:

1. A divida tem que ser contraída no exercício do comércio (art. 15º do


código comercial – presunção segundo a qual as dividas contraídas pelo
comerciante são sempre contraídas no exercício do comercio).

2. É necessário que o facto que deu origem a divida tenha gerado proveito
comum do casal (beneficio económico, social, familiar e moral, partilhado
por todos os familiares).

3. O casal tem de estar casado num regime de comunhão de bens (geral


ou adquiridos).

Então para a resolução dos casos práticos ver:


1 – Legitimidade (1690 n.º 1)

2 – Responsabilidade
a) 1690 N.º 2
b) 1691 n. º 1 alínea d)
c) 15 Código comercial
d) Tem de haver proveito comum do casal
e) Têm de estar casados num dos regimes de comunhão

3 – Bens que respondem pela divida em causa


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Caso pratico:

A é comerciante em nome individual. É casado com B no regime de


comunhão de adquiridos. Têm dois filhos menores. Há 5 meses A
comprou mercadoria diversa para revenda no seu estabelecimento,
cujo pagamento devia ser efectuado nos 30 dias seguintes, o que
nunca aconteceu.

a) Quem pode o credor responsabilizar pelo pagamento da divida?

Resolução:
O credor pode pedir responsabilidades no pagamento desta divida ao
comerciante e também a sua esposa, isto porque analisando o art. 1691º, a
responsabilidade por uma divida comercial é de ambos os cônjuges se forem
casados num regime de comunhão (o que se verifica pois são casados no
regime de comunhão de adquiridos), se a divida foi contraída no exercício do
comércio (que também acontece, visto A ter comprado mercadoria para
revenda no seu estabelecimento, tendo em conta o art. 15º do código
comercial – presunção) e, finalmente, se houver proveito comum do casal (em
principio existe pois todo o acto comercial gera beneficio para toda a família). E
como os requisitos são cumulativos e visto estarem preenchidos os 3, a
responsabilidade é atribuída a ambos os cônjuges.

Caso pratico:

C é comerciante e é casado desde 1999 no regime de comunhão geral


de bens com D. C possuiu um estabelecimento onde se dedica a venda
de vinhos. No mês passado, organizou uma festa em sua casa e foi a
um hipermercado comprar 30 garrafas de vinho, as quais foram
consumidas na referida festa. Admitindo que C fica devedor dessa
mercadoria, diga quem pode ser responsabilizado por este
pagamento.

Resolução:
O credor vai responsabilizar o casal na medida em que se presume do
art. 15º do código comercial, que todo o acto praticado no exercício do seu
comercio, assim como se presume do art. 1691º, 1, d) que o facto que deu
origem a esta divida gerou proveito comum do casal. Verificando-se estes dois
requisitos, mais o facto do casal estar casado num regime de comunhão, nos
termos do art. 1691º, 1, d) a divida comercial pode ser imputada a ambos os
cônjuges pois estão preenchidos, cumulativamente, os 3 requisitos necessários.
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Caso prático: (nosso)

A comerciante em nome individual detém uma papelaria. No


passado mês de Maio adquiriu uma viatura para transporte das suas
mercadorias, a qual começou a pagar
Em prestações. Em setembro passado deixou de pagar as prestações.
Sabendo que A é casado com B no regime da comunhão geral de bens
e que tem dois filhos menores, verifique se é aplicável a alínea d) do
n.º 1 do 1691 do C. Civil.

Resolução:

De acordo com o n.º 1 do 1690 A tem legitimidade para contrair dívidas sem o
consentimento do cônjuge.

Quando o facto que deu origem á divida ocorreu, já eram casados, logo
verifica-se o n.º 2 do 1690.

A viatura foi adquirida para o exercício do comércio segundo 15 do C.


Comercial, como esta lei estabelece uma presunção legal, logo verifica-se este
requisito, a compra da viatura, ou seja o negócio subjacente á divida gerou
proveito comum do casal, mesmo que não tenha sido imediatamente evidente a
nível económico, presume-se que gerou bem-estar familiar.

Como são casados em comunhão geral de bens e a alínea d) só fala em


separação de bens, logo neste caso concreto respondem solidariamente os
bens comuns do casal de acordo com1695 C. Civil, ou na falta destes, os bens
próprios de cada um.

Como se verificam os 3 requisitos e são comulativos, logo pode-se aplicar a


alínea d) do n.º 1 do 1691.

Neste caso concreto é difícil ilidir quer a presunção do 15, bem como o proveito
comum do casal. Quanto á presunção do 15 é difícil de ilidir esta presunção
porque o próprio enunciado diz que a viatura foi comprada para o exercício da
actividade comercial de A.

Quanto á presunção do proveito comum do casal, também esta presunção não


é ilidivel porque é óbvio que ou imediatamente ou a curto prazo esta aquisição
vai gerar bem-estar familiar, na medida em que vai permitir uma vivência
familiar mais pacifica, mais calma quer a nível físico de A quer a nível mental e
intelectual.
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Admita que o credor interpôs a acção contra ambos os cônjuges e que


o cônjuge B contestou a acção dizendo que se encontra separado de
facto de A, isto á mais de 2 anos, sendo que A não presta alimentos
nem a B nem aos filhos. Estes factos condicionam a invocação da
alínea d) do n.º 1 do 1691?

Assim, verifica-se que não houve proveito comum do casal, sendo A e B


separados á mais de 2 anos e como o negócio é de Maio passado, logo é
evidente que estes factos ilidem a presunção da alínea d) n.º 1 do 1691. È
obvio que B não beneficia da aquisição da viatura.

Caso prático (nosso)

A comerciante em nome individual tem uma loja de fazendas e é


casado com B desde 97 no regime da comunhão geral de bens. Em
Junho de 2000 adquiriu diversas fazendas para revender no seu
estabelecimento comercial. Não pagou o valor acordado na data
devida, pelo que o credor após diversas tentativas de acordo de
pagamento decidiu interpor uma acção judicial contra A e B.
È possível aplicar a alínea d) do n.º 1 do 1691?

Resolução:

De acordo com o n.º 1 do 1690 tem A legitimidade para contrair dívidas sem o
consentimento de B

Quanto ao facto que deu origem á divida ocorreu A e B eram casados, logo
verifica-se o n.º 2 do 1690.

As fazendas foram adquiridas em pleno exercício da actividade comercial de A,


logo verifica-se a presunção legal a que se refere o 15 do C. Comercial, então
também se verifica este requisito.

Lógico é que de acordo com o n.º 1 alínea d) do 1691 que houve proveito
comum do casal, porque o proveito que advirá da revenda das fazendas irá
gerar bem-estar á família, logo e de acordo com o referido artigo verifica-se a
presunção legal aí prevista, logo se verifica este requisito.

Como são casados em comunhão geral de bens e alínea só exceptua os


casados em separação de bens, neste caso concreto e de acordo com 1695
respondem solidariamente A e B com os bens comuns do casal.

Verificam-se os três requisitos e como são comulativos, pode o credor sem


duvida alguma interpor uma acção judicial contra A e B.
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Neste caso concreto é difícil ilidir quer a presunção do 15, bem como o proveito
comum do casal. Quanto á presunção do 15 não se pode na medida em que o
próprio enunciado nos diz que A comerciante de fazendas e se as comprou para
revender, é óbvio que está no pleno exercício da sua actividade comercial.
Quanto á presunção do proveito comum do casal, é lógico que o facto que
esteve subjacente á divida irá gerar lucro o que se irá reflectir a vários níveis no
que concerne ao bem-estar familiar.

Admita que em 1999 iniciou um processo de divórcio que transitou em


julgado em Janeiro de 2000.

Á data do negócio que esteve subjacente á divida já não havia casamento, logo
não posso aplicar estas normas, até porque já não havia cônjuge á data do
negócio.

Admita que a sentença é de Janeiro de 2001 e hoje é que a acção foi


interposta.

Assim existe casamento, existe cônjuge, logo são os dois responsáveis.


Admita que estas fazendas eram quentinhas e como se estava a
aproximar o Natal A comprou as fazendas para doar a uma instituição.

Ilide a presunção do 15 porque A não comprou as fazendas as fazendas em


pleno exercício da sua actividade comercial. Ilide também o proveito comum do
casal, porque não houve. Assim, só se verifica o 3.º requisito, mas como os três
requisitos são comulativos, não podemos de forma alguma aplicar o n.º 1
alínea d) do 1691.

Caso prático (nosso)

A comerciante em nome individual, casado com B no regime da


comunhão de adquiridos e tem 2 filhos menores. A tem uma papelaria
e no passado 1/10 adquiriu diverso material escolar para revender
sendo que o pagamento seria efectuado a 30 dias. Até hoje ainda não
pagou a factura e o credor pretende exigir o pagamento. Pode
segundo o n.º1 da alínea d) do 1691?

Resolução:

De acordo com o n.º 1 do 1690 A tem legitimidade para contrair dívidas sem o
consentimento do seu cônjuge.

Quando o facto que deu origem á divida ocorreu A e B já eram casados, logo
verifica-se o n.o 2 do 1690.

O material escolar foi adquirido para revender em pleno exercício da sua


actividade comercial de A, logo verifica-se a presunção legal a que se refere o
15, então verifica-se este requisito.
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De acordo com o n.º 1, alínea d) do 1691, houve proveito comum do casal,


dado que com o lucro da revenda do material escolar adviria uma mais valia a
nível familiar e toda a família iria beneficiar com isso, logo e de acordo com
este artigo verifica-se a presunção legal aí prevista, logo verifica-se também
este requisito.

Como são casados no regime da comunhão de adquiridos e a alínea d) só


exceptua os casados em separação de bens, logo neste caso e de acordo com
1695 respondem solidariamente A e B com os bens comuns do casal.

Verificam-se os três requisitos e como são comulativos, pode o credor exigir o


seu pagamento interpondo uma acção judicial contra A e B.

Neste caso concreto não é possível ilidir as presunções legais, ou seja, a 15 e


proveito comum do casal.

Caso pratico:

A é comerciante em nome individual e detém uma papelaria. É casado


com B desde 2000, no regime de comunhão de adquiridos e tem um
filho menor. Em fevereiro de 2001 adquiriu uma viatura para efectuar
o transporte das suas mercadorias. Admita que A não efectuou o
pagamento.
a) Aplicam-se os requisitos constantes no art. 1691º, 1, d)?

Neste caso é aplicável o art. 1691º, 1, d) do código civil porque:


A e B são casados no regime de comunhão de adquiridos.

A divida foi contraída no exercício do seu comercio pois A comprou a viatura


para poder efectuar o transporte da sua mercadoria e não esquecendo também
que o art. 15º do código comercial, presume que todas as dividas contraídas
pelos comerciantes, o são no exercício do seu comercio.

Houve proveito comum do casal (como o próprio artigo presume) uma vez que
A adquiriu a viatura para desenvolver a sua actividade comercial e, como tal,
gerar beneficio para toda a família.

Como todos os requisitos são cumulativos e visto estarem preenchidos os 3, a


responsabilidade é de ambos os cônjuges, aplicando-se plenamente o art.
1691º, 1, d) do código civil.

b) Que bens do património do casal poderão responder pelo


pagamento desta divida?

Os bens comuns do casal ou o bem próprio de qualquer um dos cônjuges (por


solidariedade) podem responder pela totalidade da divida.
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Caso prático

A é comerciante em nome individual e tem um estabelecimento onde


se dedica ao comércio de vinhos. É casado com B desde 1995 no
regime de comunhão de adquiridos. Têm um apartamento
propriedade de ambos, um automóvel propriedade de A e um terreno
propriedade de B. em outubro de 1998, A adquiriu vinhos para
revenda, cujo pagamento não efectuou.

a) Diga se é aplicável o art. 1691º, 1, d).

Neste caso é aplicável o art. Porque:


A e B são casados no regime de comunhão de adquiridos.

A divida foi contraída no exercício do comercio, pois A comprou vinhos para


revenda no seu estabelecimento e não esquecendo também que o art. 15º do
código comercial presume que todas as dividas contraídas pelo comerciante são
contraídas no exercido do seu comercio.

Houve proveito comum do casal (como o próprio art. Presume) uma vez que A
adquiriu os vinhos para desenvolver a sua actividade comercial e, como tal,
gerar beneficio para toda a família.

Como todos os requisitos são cumulativos e visto estarem os 3 preenchidos, a


responsabilidade é de ambos os cônjuges, aplicando-se plenamente o art.
1691º, 1, d).

b) Dos bens constantes do enunciado, quais respondem em 1º lugar?

Segundo o art. 1695º, em primeiro lugar responde o apartamento, visto ser um


bem comum do casal. Em segundo lugar e como há solidariedade, pode
responder qualquer um dos bens, sem ordem obrigatória.

Títulos de credito

São documentos escritos que tem determinado vontades e que exprimem


credibilidade e dessas vontades resulta um determinado crédito.

Só existe um titulo de credito se houver um documento escrito onde esta


materializado um credito.
Troca de uma prestação presente por uma prestação futura. Ex: hoje empresto
dinheiro (prestação presente). Daqui a um mês pagam-me (prestação futura).

Figura do credito – confiança do credor para com o devedor.


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No crédito há celeridade na transação (mas com uma nota de encomenda, com


a factura, com a guia de transporte., -- tudo documentos que me façam valer
se alguma coisa correr mal).

Elementos de eficácia dos títulos de crédito

- Permitem uma mais fácil, mais rápida e mais segura transmissão de


riqueza (vantagem da letra: os seu prévio desconto no banco gera
riqueza) são demonstradores da sua eficácia

- Quem recebe os títulos de crédito, eles são mais seguros no seu modo e
na garantia de que vão ser pagos.

Características dos títulos de credito:

Incorporação ou Legitimação:
- Incorpora uma ou mais declarações de vontade, incorpora determinadas
obrigações e direitos (impõe obrigações/concede direitos)
- Incorpora em si mesmo esse direito, é essencial a posse do título para a
concretização do direito nele inscrito.

Liberalidade:
- O conteúdo dos direitos e obrigações inscritos no título vale nos termos,
limites e modalidades que estejam inscritos literalmente no título. O
título vale com o que está literalmente escrito.
- Consequências da literalidade: segurança e certeza juridica.

Circulabilidade:

- É a função jurídica económica dos títulos de crédito, é um elemento


essencial para caracterizar um título de crédito, consiste na
susceptibilidade que os títulos têm para transmitir riqueza.

- Incorporam o direito a receber determinada quantia, os regimes jurídicos


dos títulos de crédito, na matéria sobre a transmissão são sempre
normas que permitem uma transmissão simples e rápida.

Autonomia:

- a) Face à relação subjacente – o titulo quando surge na ordem juridica


automatiza-se face á relação subjacente.

- b) Face aos portadores anteriores – um título de crédito quando é


transmitido, o adquirente adquire-o de modo originário, sem sofrer
consequências dos anteriores portadores (se eu tenho um cheque e o
endosso a X, depois não posso vir pedi-lo dizendo que não era minha
intenção endossa-lo. O titulo, neste caso, o cheque é autónomo).
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Estas 4 características existem para garantia da confiança que o credor


deposita no devedor, para proteger os interesses do titular do direito e também
para proteger os interesses do devedor.

Para atingir isto (as características) são precisos 4 objectivos.

1. O titular do direito deve ter o documento em seu poder e só quando o


detém é que vai poder fazer uso do direito nele inscrito.

2. O titula pretende facilidade na realização do direito nele inscrito, tendo


acesso ao valor incorporado e ou transmitir o titulo.

3. Credor e devedor querem ter certezas quanto ao direito incorporado no


título.

4. Credor e devedor não querem que as relações jurídicas ou factos alheios


ao documento ponham em causa o direito nele inscrito.

Para alem da incorporação, literalidade, circulabilidade e autonomia, a letra tem


também como característica a:

Abstracção: característica de poder sustentar uma multiplicidade de


causas – funções, a obrigação cambiária constante do título e independente da
causa pelo que o título não sofre consequências no caso de existirem vícios na
sua causa (não apenas a relação subjacente). Vale por si própria.

Independência reciproca: significa que o vício que ocorra relativamente a


alguma das obrigações que a letra incorpora não se comunica as restantes
obrigações dela constantes.

 Art. 362º Do código civil – documento escrito (titulo de credito comprova


um facto, que é uma declaração de vontade.

Eficácia dos títulos de credito:

- Os títulos de crédito, mais do que documentos probatórios, são documentos


constituídos de direitos (o titulo de credito precisa de existir para que o direito
se constitua. O direito só surge em pleno a partir do momento em que o titulo
de credito é redigido).

- Ultrapassa esta constituição de direito porque o título de crédito constitui e


incorpora o direito nele próprio e, por isso, se torna mais eficaz. É neste
aspecto que encontramos a razão de ser diste direito.

- Os títulos de crédito são eficazes porque, em virtude das suas características,


dão a terceiros de boa fé a tranquilidade / segurança do direito ao que no título
esteja inscrito.
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Título impróprio – também tem a característica de circulabilidade.

Classificação dos títulos de credito.

Critério da percepção do conteúdo jurídico do titulo:

a) Títulos causais: são aqueles que se destinam a causar uma única


causa / função (factura). Só existem para um único e determinado fim.

b) Títulos de credito abstractos: são aqueles que estão aptos a


representar direitos emergentes e uma pluralidade de causas / funções. Estes
títulos são independentes dessa mesma causa. Ex: cheque, letra.

Critério do conteúdo do direito Cartular:

Direito Cartular é o direito que está incorporado no título, é susceptível de ser


transmitido, vale nos teremos, limites e modalidades que está escrito e tem
autonomia.

a) Títulos de credito, propriamente ditos: a letra, a livrança, os cheques,


os estratos de factura, são exemplos disso (advém das mais diversas realidades
mas o direito neles inscritos é sempre um credito).

b) Títulos representativos: são aqueles que incorporam direitos sobre


determinada coisa, geralmente sobre uma mercadoria. Ex: conhecimento de
deposito, cautela de penhor, guia de transportes.

c) Títulos de participação social: não identificam objectos nem coisas,


são títulos que incorporam a participação no capital social de uma sociedade
anónima (acções)

Critério do modo de circulação (verifica qual o regime jurídico de transmissão


do titulo).

a) Títulos ao portador: não identificam o seu titular e transmitem-se pela


entrega real do documento. O titular é quem for o detentor do documento.

b) Títulos a ordem: são aqueles que mencionam o nome do seu titular,


pelo que exigem uma declaração escrita deste para a sua transmissão
(declaração = endosso)

c) Títulos nominativos: são aqueles que são emitidos em nome do titular,


sendo, na sua transmissão, exigido o cumprimento de diversas formalidades.
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Critério da natureza da entidade emitente.

a) Títulos públicos: todos aqueles que são emitidos pelo estado.

b) Títulos privados: todos aqueles que são emitidos por entidades


privadas.

Nota: Títulos inominados: todos aqueles títulos de crédito que poderão vir a ser
criados pelo homem. São documentos escritos que obedecem ás características
dos títulos de crédito, sem terem nome, sem legislação, mas nunca serão
aceites como títulos de crédito, não têm liberdade plena.

Principais títulos de credito

Letra: titulo por meio do qual uma pessoa (sacador / emitente do titulo), da
uma ordem de pagamento (saque) de uma determinada quantia a pagar em
certos moldes, a um devedor (sacado), que aceita essa mesma ordem (aceite),
ordem esta a favor de uma terceira pessoa (tomador).

Nota: em regra, o sacador é simultaneamente o tomador mas, por vezes, o


tomador é uma terceira pessoa, por exemplo, se o sacador entrega a letra ao
banco, este ultimo é o tomador (porque o banco disponibilizou o montante da
letra antes do prazo, ficando assim com a letra).

Letra em branco acontece quando não se verifica algum dos seus requisitos
essenciais, a letra é nula, não produz efeito como letra (2) (10). È possível se
aceitar uma letra em branco mas tem que existir previamente um pacto de
preenchimento (17 LULL), e será completada na data do seu vencimento de
modo a se tornar valida nessa altura.

Livrança: é um título que menciona uma promessa de pagamento de certa


quantia, em determinadas condições de tempo e lugar, promessa essa
efectuada pelo subscritor (eminente) a favor do tomador. È uma promessa de
pagamento. È o título comprovativo da divida.

Nota: em regra a livrança é utilizada por entidades que concedam créditos


(bancos, leasings,) e não são passados de imediato. Estão anexos ao
documento em que se concede o crédito (normalmente um contrato em que o
sujeito se compromete a pagar em prestações, determinada quantia pelo bem
X que comprou). A livrança só é valida se tiver sido preenchida segundo o pacto
de preenchimento.

Nota: diferenças entre letra e livrança (letra intervêm 3 pessoas, livrança só 2;


letra é acessível a todos, livrança só pode ser emitida por entidades
autorizadas).
19

Cheque: é um título que exprime uma ordem de pagamento de determinada


quantia dada por um sacador a um sacado, a favor de uma terceira pessoa
(tomador, que pode ou não ser individualizado).

Nota: no cheque, o sacado tem que, obrigatoriamente, ser uma instituição


bancaria que recebeu o depósito de valores por parte do sacador.

Extracto de factura: é um título à ordem que representa o crédito resultante


de uma compra e venda mercantil a prazo, realizada entre comerciantes. A sua
emissão é obrigatória sempre que uma transacção seja efectuada. Descrimina
todos os bens adquiridos, é uma expressão parcelar de uma relação comercial.

Nota: este título de crédito está sujeito a diversas formalidades. O decreto – lei
n.º 375/99 de 18 de setembro, estabeleceu a equiparação entre a factura em
suporte de papel e a factura electrónica. Este diploma foi regulamentado pelo
decreto regulamentar n.º 16/2000 de 02 de Outubro. A portaria n.º 52/2002 de
12 de janeiro aprovou o modelo de autorização para utilização deste sistema.

Conhecimento de deposito: (94) é um título que apresenta os direitos


relativos a mercadorias depositadas em armazéns gerais (existem com o
destino único de armazenar mercadorias num porto marítimo). Este título
comprova a realização de um contrato de depósito. Junto com o conhecimento
de depósito vem a cautela de penhor.

Nota: é usado para o transporte aéreo e marítimo, o conhecimento de carga,


enquanto que a guia de transporte é para o transporte terrestre.

Guia de transporte: documento que representa determinados bens que, em


virtude de um contrato de transporte de mercadorias, serão transferidos de um
determinado local para outro. È um titulo de crédito causal (366 e SS.)

Cautela de penhor: é um documento emitido em anexo ao conhecimento do


depósito, que permite ao titular penhorar a mercadoria que o conhecimento do
deposito representa. È o titulo de garantia de uma divida.

Acções: são títulos representativos de fracções, de valor igual, no capital social


de uma sociedade anónima ou de uma sociedade em comandita por acções.
São transmissíveis em mercado próprio.

Nota: sociedade em comandita tem dois tipos de sócios: os de responsabilidade


limitada (têm o seu capital representado em acções) ou ilimitada.

Obrigações: são títulos representativos de partes (fracções) de igual valor,


com que se divide um débito assumido por uma entidade perante quem detém
a obrigação / título.

Representam os direitos de crédito, podem ser nominativas ou ao portador. A


sua causa é um contrato de mútuo.
20

Extinção de títulos de credito.

1. Quando se extingue o documento em si mesmo (por extravio ou destruição


do documento, por vontade do sacador aceitando a substituição por outra
garantia).

2. Com a extinção do direito cartular (pelo pagamento e pela prescrição).

Reforma dos títulos de crédito.

Utiliza-se quando o documento se destrói ou extravia e consiste na emissão de


um novo titulo, equivalente aquele que foi destruído ou extraviado.

Ineficácia do titulo de credito.

Quando não mais for possível concretizar o direito nele incorporado (caso da
prescrição).

Convenção estabelecendo uma lei uniforme relativa as letras e


livranças.

 Art. 1º (requisitos da letra).


 Art. 2º (consequências pela falta de alguns dos requisitos).
A falta do n.º 5 e do n.º 7 do art. 1º são supríveis por este artigo.
 Art. 3º (modalidades de saque).
 Art. 4º (pagamento no domicilio de terceiro).
 Art. 6º (divergências na indicação do quantitativo).
 Art. 7º (assinaturas validas).
 Art. 8º (assinaturas com excesso de poder ou sem poderes).
 Art. 9º (responsabilidade do sacador).
 Art. 10º (violação do pacto de preenchimento).

Definições importantes referentes à letra (negócios jurídicos


cambiários).

Saque: acto de emissão da letra por via da qual o sacador da uma ordem de
pagamento ao sacado. O saque pode ser feito a favor do próprio sacador ou a
favor de uma terceira pessoa (tomador). É essencial para termos letra.

Aceite: acto pelo qual o sacado se obriga a pagar a letra na data do


vencimento o aceite pode ser completo (quando a assinatura do sacado é
precedida das palavras “dou o meu aceite” ou “aceito”), ou incompleto (quando
se concretiza na mera assinatura do sacado na face principal da letra). (28
LULL)
21

Endosso: acto de transmissão da letra em virtude de esta ser um titulo a


ordem. O endosso pode ser completo (quando se designa o novo proprietário
da letra “passe ao Sr. X” ou “à sua ordem”) ou incompleto (quando é
constituído pela simples assinatura do endossante no verso da letra).

Aval: é a garantia dada por um terceiro, ao pagamento da letra. Chama-se


avalista a pessoa que presta a garantia e avalado ao interveniente na letra a
favor de quem o aval é dado. Pode ser completo (quando a assinatura do
avalista é procedida das palavras “por aval” ou “dou o meu aval a favor do Sr.
X”) ou incompleto (quando consta de simples assinatura do avalista no verso da
letra).

Nota: NÃO ESQUECER MARCAR CÓDIGO CONFORME QUADRO DO MEU


CADERNO DE AULA E LIVRO

Comerciante

 Art. 13º (quem é comerciante) VER

Uma sociedade civil assumiu uma forma comercial mas, no entanto, não é
considerada uma sociedade comercial. Quando se constitui uma sociedade civil
tem que se dizer tudo o que constitui a sociedade no pacto social. Como há
estudos que podem não estar bem explicados, admite-se o recurso a modelos
diferentes de organizar uma sociedade que se adoptam a diferentes realidades:
as sociedades anónimas, por quotas, em comandita e em nome colectivo.

Assim, estes modelos de organização que constam do código das sociedades


comerciais podem ser adoptados pelas sociedades civis. Tem vantagens porque
as sociedades civis não precisam de pormenorizar os estatutos, por exemplo.
Deste modo, aproveito uma orgânica já existente / pré – definida para se auto
administrar, ou seja, só usam esta orgânica para a tomada de decisões, para se
regerem, não influenciando esta orgânica a objecto da sociedade civil (por
exemplo, uma sociedade de advogados porque usa uma orgânica do código das
sociedades comerciais não se torna uma sociedade comercial, mantém-se civil,
pois o modelo não afecta o objecto do seu trabalho).

As empresas públicas também não são sociedades comerciais porque não lhes
são aplicadas as regras do direito comercial mas sim do direito privado. Os
agrupamentos complementares de empresas também não são consideradas
sociedades comerciais, porque são um canal uno de acção pelo qual duas ou
mais sociedades se juntam para levarem a cabo esse projecto em conjunto.

 Para se ser comerciante é necessário que o comerciante se matricule


22

Sistemas de Matricula.

A matrícula é condição necessária e suficiente para a aquisição da qualidade de


comerciante.

- Consequência: só é considerado comerciante quem estiver matriculado e todo


aquele que estiver matriculado é comerciante.

- Critica: pode ser considerado comerciante uma pessoa que, de facto, não
exerça o comércio. Pode haver quem já não exerça o comércio de facto mas
porque está matriculado é considerado comerciante.

A matrícula é condição necessária mas não suficiente.

- Consequência: todo o que está matriculado é comerciante. Se matricula não é


condição suficiente não basta estar matriculado para se ser considerado
comerciante é necessário que exerça o comércio.

- Critica: aqueles que exerçam o comércio sem estarem matriculados não são
considerados comerciantes.

A matrícula é condição suficiente mas não necessária.

-Consequências: se é suficiente então todo o que estiver matriculado é


considerado comerciante.

- Critica: pode ser considerado comerciante aquele que, estando matriculado, já


não exerça efectivamente o comércio.

A matrícula não é condição necessária nem suficiente.

- Consequência: só aqueles que exercem efectivamente o comércio são


considerados comerciantes.

Nota: em regra, neste sistema, a matricula vale como presunção jurídica.

Para o comerciante em nome individual o sistema, em Portugal, é este ultima.


No entanto, para as sociedades comerciais é o sistema n.º 2 porque é
necessária á própria existência da sociedade, para a sociedade ser constituída é
necessário estar matriculada.

Nota: no caso de menores a exercer o comércio (1889, n.º 1 alínea c) C. Civil),


não se dá por mero exercício do poder paternal, não por mera representação,
mas sim por decisão judicial conforme consta do artigo. Ver também 1938 n.º 1
alínea f)
23

Requisitos de acesso á qualidade de comerciante

Personalidade juridica: consiste na susceptibilidade de ser sujeito de direitos e


obrigações (67 C. Civil)

Capacidade comercial: têm que ter capacidade de gozo (medida dos direitos e
obrigações de que o sujeito é susceptível de ser titular) e de exercício (7
enuncia dois princípios fundamentais o dal liberdade de comércio e o da
coincidência entre a capacidade civil e a capacidade comercial (idoneidade para
praticar pessoal e livremente actos de constituição, modificação exercício e
extinção de direitos e obrigações)
Artigos 14 n.º 1 e 17 C. Comercial restrições á capacidade comercial.

A plena capacidade comercial de gozo e de exercício depende de uma pessoa


singular ou colectiva ter capacidade civil e não estar abrangida por alguma
norma que estabeleça uma restrição ao exercício do comércio.

Exercício profissional do comercio


Explicação da parte final do art. 13º, 1.

É constituído por 5 elementos cumulativos:

1. Pratica habitual, regular e sistemática de actos de comércio.

2. De determinados actos de comércio que permitam qualificar quem os


pratica de comerciante (objectivos, substanciais, absolutos, causais).

3. Que desta prática regular de actos de comércio haja uma prática


continuada de determinado acto de comércio que nos permite identificar
o exercício de uma prática comercial, não precisa de ser a única que ele
exerce nem tão pouco a principal.

4. Exercício da profissão de um modo pessoal, independente e autónomo,


em nome próprio, sem subordinação a outrêm.

5. Organização de factores de produção, que pode ser rudimentar ou


elaborada mas tem sempre de existir com o objectivo de produzir
utilidades económicas, ou seja, a obtenção do lucro.

Nota: nem tudo o que é economia é comercial porque todos formam a


economia (comerciantes, agricultores, artesãos, profissionais liberais) mas só os
comerciantes são comerciais. Existem situações duvidosas quanto á aquisição
da qualidade de comerciante (ver se cumprem os requisitos para o exercício
profissional do comércio):

- Gerentes, auxiliares e caixeiros: não são comerciantes, 248 e ss.


24

- Comissários: são comerciantes através do contrato de comissão (266)

- Membros de órgãos de administração das sociedades comerciais: aqui só a


pessoa colectiva é comerciante, estas pessoas são a massa que permite á
sociedade actuar, pessoalmente não praticam actos de comércio, só a
sociedade, logo não são comerciantes.

- Mediadores: são comerciantes pois exploram em nome próprio uma empresa


comercial, deve ser considerada abrangida pelo 230, n.º 3

- Agentes comerciais: não são autónomos, logo não são comerciantes

- Sócios de responsabilidade ilimitada: só a pessoa colectiva é comerciante, os


sócios não trabalham sob a capa da pessoa colectiva.

Falência

Temos fotocópias da legislação, que constitui uma nova forma de encarar o


processo de falência.

O instituto da falência foi concebido como um instrumento jurídico destinado a


organizar um concurso dos credores de um comerciante quando esta deixa de
cumprir as suas obrigações e tem em vista 3 objectivos:

- Assegurar na medida do possível o pagamento das dívidas do falido

- Evitar que o falido cause novos prejuízos aos seus credores ou a


terceiros

- Punir criminalmente o falido quando dê causa á falência por negligência


ou fraude.

Devido á forte crise que se gera a nível social e económico com as falências,
tenta-se através de medidas de recuperação de empresas evitar os danos
económicos e sociais que resultariam de uma falência

Ver artigo 1 (empresa em situação económica difícil e situação de insolvência)

Insolvência: impossibilidade de cumprimento das obrigações. È considerada


em situação de insolvência toda a empresa que se encontre impossibilitada de
cumprir pontualmente as suas obrigações em virtude de o seu activo disponível
ser insuficiente para satisfazer o seu passivo exigível. A ocorrência da situação
de insolvência é revelada por certos factos índice indicados no n.º 1 do 8.

Situação económica difícil: n.º 2 artigo 3.º considera-se toda a empresa


que não devendo considerar-se em situação de insolvência, indicie dificuldades
económicas e financeiras, designadamente por incumprimento das suas
25

obrigações. Assim permite-se tomar medidas de recuperação através do


processo de recuperação de empresas no sentido de tornar a empresa viável a
nível económico e ser capaz de novamente cumprir com as suas obrigações.

Providencias de recuperação de empresa (4)

- Concordata: 66 a 77 acordo entre devedor e credor para por exemplo


haver redução de débitos e isenção de juros para que o devedor possa
cumprir com a obrigação a médio prazo.

- Reconstituição empresarial: 78 a 86 aqui são tomadas medidas de


gestão (ex. rotação de stocks) de forma a resolver os problemas
económicos da empresa

- Reestruturação financeira: 87 a 96 modificar a situação do passivo da


empresa por ex. tornar-se sócio, alterar o seu capital fazendo um
aumento de capital. Para que haja uma superioridade do activo sobre o
passivo e a existência de um fundo maneio positivo.

- Gestão controlada: 97 a 117 aqui pressupõe-se uma actuação global


onde tudo é alterado na empresa por parte dos credores, tomando estas
as rédeas da empresa, tentando salvar a empresa de entrar em processo
de falência, isto acontece quando a empresa se encontra numa situação
económica totalmente descontrolada.

No âmbito da falência existe uma figura: acordo extraordinário 231 a 237 que
poderá ocorrer após a declaração de falência, para possibilitar ainda a
viabilidade da empresa.

Consequências da declaração de falência: a falência é feita por sentença (128)


e opera as seguintes consequências:

- Quanto aos negócios do falido: vencem-se todas as dívidas do falido


(151); extinguem-se os privilégios creditórios (152); deixam os credores
de poder compensar os seus débitos (153); deixam de poder ser
intentadas acções executivas contra o falido (154)

- Quanto ao património do falido: são tomadas providências destinadas a


conservar o seu património de forma a formarem a massa falida que é
administrada por um liquidatário judicial; os negócios realizados
posteriormente á declaração de falência são inoponiveis á massa falida
(155); liquidam-se os credores.

- Quanto á pessoa do falido: sofre restrições de caracter político; a nível


pessoal passa a ter o dever de se apresentar em tribunal (149); incorre
em responsabilidade criminal se a sua conduta for dolosa ou fraudulenta
(224 a 227)
26

- Quanto aos direitos de carácter patrimonial: fica inibido de administrar e


dispor dos seus bens presentes e futuros que passam a integrar a massa
falida (147); o falido que seja pessoa individual sofre a inibição de
exercer o comércio (148 anotar neste o 155); não pode administrar bens
de menores mas pode administrar bens do cônjuge, dos filhos e de
terceiros mediante mandato civil.

Inibição do falido para administrar e dispor dos seus bens: (147)

Não é uma restrição absoluta, dado que o falido pode legalmente: (148 n.º 3,
150, 134 n.º 3,175 n.º 1 à contrario sensu.

Os actos praticados em infracção á referida inibição padecem de vicio (155 n.º


1) são inoponiveis massa falida, salvo se forem celebrados a titulo oneroso com
terceiros de boa fé. Este vício consiste em que os actos que tenham por objecto
bens que façam parte da massa falida não produzem efeitos salvo se forem
confirmados pelo liquidatário judicial, se houver interesse para a massa (155,
n.º 2). Assim, um negócio jurídico celebrado pelo falido, após a declaração de
falência, se não for confirmado é ineficaz.

Teoria da incompatibilidade: (148, n.º 3) inibição para o exercício do


comércio. Não é uma simples incompatibilidade ou impedimento pois a lei não
declara o falido meramente responsável por perdas e danos, no caos de
violação do imperativo legal, mas resulta da lei que o falido permanece
obrigado pelo negócio ineficaz, apenas obstando que este possa produzir
efeitos relativamente à massa falida.

Teoria da incapacidade: Não é suprível.

Teoria da ilegitimidade:

Teoria de indisponibilidade: a inibição do falido para administrar e dispor


dos seus bens constitui uma situação de indisponibilidade. O falido está privado
do poder de disposição da massa falida, e portanto os actos que ele praticar
não podem produzir efeitos em relação à massa. Só com confirmação do
liquidatário judicial. (155 n.º2), na hipótese de não ser confirmado pelo
liquidatário o negócio entre o falido e terceiro de boa fé, é válido inter partes
até o falido estar reabilitado e ter adquirido novamente bens, aí pode o terceiro
exigir o cumprimento da obrigação que o falido assumiu.
27

Obrigações especiais dos comerciantes


Firma

Objectivos da firma: (18)

1. Distinguir os comerciantes uns dos outros (n.º1)

2. Dar a conhecer em qualquer altura a situação económica e financeira do


comerciante e fazer prova das suas operações (n.º 2 e 4)

3. Dar publicidade a determinados actos praticados pelo comerciante, aqueles


que podem ter influência na vida mercantil do comerciante (n.º 3)

Firma (concepção) objectiva – identifica o estabelecimento comercial, dando-lhe


uma designação (nome), é um meio distintivo do estabelecimento comercial. A
firma é transmissível.

Firma (concepção) subjectiva – identifica o comerciante, a pessoa do


comerciante, a firma é então que identifica o sujeito no exercício da sua
actividade comercial, com regra a firma não é transmissível, excepto o previsto
na lei.

Tipos possíveis de firma

Firma – nome - há situações em que é obrigatório constituir o nome do


comerciante ao comércio

Firma – denominação - é constituída por uma designação de fantasia e


fundamentalmente expressões que identifiquem a actividade exercida, esta é
possível em todas as situações em que a lei não proíba (sociedade de
responsabilidade limitada), só para sociedades comerciais.

Firma mista – é aquela que é atribuída por elementos de qualquer uma


constituída da actividade e ainda da designação de fantasia.

A firma têm que obedecer as estes princípios cumulativamente

Princípios da verdade – deve dar a conhecer ao público, não só a pessoa


que exerce comércio explorado, mas a situação real do comerciante, não
podendo haver elementos susceptíveis de provocar confusão.

É obrigatório para que se admita a firma uma referência que identifique a


realidade jurídica que esta subjacente, e então numa firma originária, se for um
comerciante em nome individual, será o seu nome e nada mais, mas se resolver
constituir um EIRL (Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada).
28

Nos casos das sociedades impõe a lei que dependendo da firma que seja
constituída será o mecanismo admitido na forma uma referencia no final.

Princípio da novidade ou exclusivo – garante que qualquer firma que


venha a ser constituída, não venha a ser confundida com outras já constituídas,
este princípio propõe então que a designação escolhida pelo comerciante seja
novo, deste modo garantindo, a todos quantos já adquiriram ou venham a
adquirir uma firma o exclusivo da mesma.

Diligencia normal ou de um Homem médio

Princípio da unidade – cada comerciante só pode adoptar uma firma. A cada


comerciante só pode caber uma única firma. Mas nada obsta que tenha
simultaneamente uma EIRL e uma firma tradicional.

Garantias que a firma constitui ao seu titular:

1. Possibilidade de impedir a sua utilização por terceiro.

2. Caso um terceiro venha a fazer uso da firma, pode exigir uma indemnização
por perdas e danos nos termos da responsabilidade civil por actos ilícitos.

3. Possibilidade de procedimento constituído contra aquele que utilizar a firma


como meio para praticar um acto de concorrência desleal.

Formas de extinção da firma:

No caso de comerciante em nome individual:

- A firma extingue-se se este morrer, sem que os seus sucessores


prossigam com a sua actividade.

- Com a cessação da actividade por parte do comerciante, quando este


procede a liquidação do estabelecimento ou pela transmissão do
estabelecimento sem a firma.

Escrituração mercantil:

- Artigo 18 – obrigação de escrituração mercantil

- Artigo 29- obrigatoriedade da escrituração mercantil

- Artigo 31 – livros obrigatórios

- Ver 33, 34, 35, 36.


29

A escrituração mercantil é uma obrigação mas também tem vantagens, porque


é muito importante para a demonstração de algumas coisas que aconteceram
ou não. Trata-se de uma prova documental, autênticas e particulares (44)

Há ainda a obrigação de fazer balanço e prestar contas (62 e 63)


Publicitar – registo comercial

A organização do comerciante

Conceito de empresa:
Importante visualizar: estabelecimento, trabalhadores, móveis, mercadorias,
fornecedores, entidades bancárias, clientela, etc.

A noção de empresa tem diferentes acepções, ora designa comerciante ora


designa estabelecimento comercial.

Estabelecimento comercial:

O estabelecimento é composto por um conjunto de bens heterogéneos (bens


móveis, imóveis, materiais, imateriais, duradouros, perecíveis, etc.) que
experimenta modificações, quantitativas e qualitativas no decurso da sua
existência e actividade.

Pressupõe a existência de um titular: ele é um conjunto de meios predestinados


por um empresário, titular de um determinado direito sobre ele, exercer a sua
actividades.

E um acervo patrimonial: engloba um conjunto de bens e direitos, das mais


variadas categorias e naturezas, que tê m em comum a afectação á finalidade
coerente a que o comerciante os destina.

É também um conjunto de pessoas.

É uma organização: os seus elementos não são meramente reunidos mas sim
entre si conjugados, interrelacionados, para se obter um resultado global:
actividade mercantil visada.

Elementos do estabelecimento comercial:

- Elementos corpóreos:
Mercadorias, máquinas, utensílios, móveis, dinheiro, imóvel

- Elementos incorpóreos:
Direitos resultantes de contrato ou de outras fontes, por ex. direito á firma,
direito ao arrendamento do imóvel destinado á sua instalação, usufruto do
imóvel, créditos resultantes das vendas, empréstimos, locações, direitos
30

emergentes dos contratos de trabalho e de prestação de serviços com os seus


trabalhadores, direitos de propriedade industrial.
- A clientela:

Composta por clientela certa que são as pessoas que com constância e
regularidade vão ao estabelecimento e clientela virtual que são as pessoas que
o comerciante tem a expectativa de que venham a comprar-lhe.

- O aviamento:
Expressão, resultado da organização do comerciante, forma como este tem ou
não as coisas controladas. A aptidão do comerciante para gerar lucros
resultantes do conjunto de factores reunidos.

Resulta também de situações de facto: relações com fornecedores, com


clientes, a eficiência na organização, a reputação comercial, a posição mais ou
menos forte no mercado. Note-se porém que o aviamento não é em geral
considerado como um elemento mas mais do que isso uma qualidade do
estabelecimento, é um sobre valor face ao estabelecimento. Permite-lhe
expandir o seu negócio, alargar horizontes, dinamismo.

Existe no estabelecimento um sobre valor que transcende o somatório dos bens


que o integram.

No plano estático o estabelecimento analisa-se com os bens que o compõem


(corpóreos e incorpóreos), mas no plano dinâmico, ele tem um novo valor, um
valor de posição no mercado que resulta da actividade dirigida á produção
daquele sobre valor propiciado pela organização de todos os bens que o
integram. Este sobre valor chama-se aviamento e é representado pela
idoneidade em conquistar benefícios económicos por meio de um conjunto de
relações de facto com relevo económico que potenciam a aptidão da
organização para produzir lucros.

Natureza jurídica do estabelecimento comercial:


Existem várias teorias que explicam a sua natureza jurídica:

- Teoria do património autónomo:

Todo o património tem um titular. No entanto, património autónomo é uma


parte destacada do restante património.

Património autónomo: é constituído por bens de determinado sujeito afectos a


determinado fim. Tal afectação só responde preferencialmente pelas dívidas
pertinentes a essa finalidade.
Ex. EIRL

- Teoria da Universalidade:
31

Coisa composta. Visão estática. Aqui, o nosso direito admite a existência de


universalidades quer de factos (coisas compostas) quer de direito
(estabelecimento comercial).

O facto de o estabelecimento comercial ser objecto de um direito específico e


unitário não obsta a que os bens que o compõem possam responder pela
dividas do comerciante alheias á sua actividade mercantil, bem como que
possam ser chamados outros bens do comerciante por débitos gerados na
exploração da sua empresa.

Com além das coisas quer corpóreas quer incorpóreas também é necessário
existir aviamento e clientela. Logo esta teoria peca por não dar importância á
organização

- Teoria da coisa imaterial:

Tem o acento tónico na organização. Mas peca porque a esta teoria falta a
universalidade.

- Teoria eclética:

Resulta bem. É a conjunção das outras teorias, dado que cada uma delas
sozinha só fazia alusão a um dos elementos do estabelecimento comercial. Aqui
temos uma conjunção quer da organização, quer da universalidade, coisa
imaterial, aviamento.

È certo que não podem ter universalidades sem organização, nem organização
sem coisas (corpóreas e incorpóreas), sem clientela, sem aviamento.

Logo, esta teoria é a soma das duas realidades universalidade e organização,


mas mais do que juntá-las, elas são os lados de uma mesma realidade e
complementam-se.

EIRL:

Saber um bocadinho sobre o seu regime jurídico está na página 328 do código.
O EIRL é exactamente igual ao estabelecimento comercial, só difere a natureza
jurídica.

Ver artigos ter em atenção artigo 10 e 11

Artigo 10 – património EIRL – dividas exploracionais

Artigo 11 – dividas exploracionais – património EIRL

Trespasse:
32

É todo e qualquer negócio jurídico pelo qual seja transmitido definitivamente e


inter-vivos um estabelecimento comercial como unidade.

Aspectos a salientarem:

- Todo e qualquer negócio – compra e venda, doação, permuta, assume as


mais diversas formas (tanto gratuito como oneroso)

- Só pode ser realizado inter vivos

- N.º 2 do artigo 115 do RAU, composto por todos os elementos e ter o mesmo
fim.

Basta documento escrito


Artigo 116 do RAU – direito de preferência (o senhorio só exerce o direito de
preferência em dação em cumprimento e compra e venda)

O trespasse obriga a que quem entrega por trespasse não pode fazer
concorrência com o actual dono.

Cessão de exploração:

Negócio jurídico pelo qual o titular do estabelecimento proporciona a outrem


temporariamente e mediante remuneração a exploração mercantil do
estabelecimento.

Continuo a ser titular mas não sou em que faço a gerência.

Quanto á autorização do senhorio, aqui não é necessária a autorização.


33

RESPOSTAS FREQUÊNCIAS DE ANOS ANTERIORES

Diga o que entende por:

1 – Solidariedade passiva nas obrigações comerciais, e a sua


especialidade face ao direito civil.
2 – Matricula como condição necessária e suficiente para a aquisição
da qualidade de comerciante em Portugal.
3 – Teoria da indisponibilidade em matéria de restrição de direitos de
caracter negocial do falido.
4 - Firma, referindo as concepções que conhece.
5 - Titulo ao portador.
6 – Acto de comércio subjectivo e objectivo.
7 – Exercício profissional do comércio.
8 – Teoria da incompatibilidade quanto á natureza da inibição do
falido para o exercício do comércio.
9 – Actos unilateralmente comerciais ou mistos, sua sujeição á lei
comercial.
10 – Actos de comércio por conexão, sua origem.
11 – Autonomia do direito comercial.
12 – Títulos de crédito representativos.
13 – Incompatibilidade para o exercício do comércio.
14 – Legitimação ou incorporação dos títulos de crédito.
15 – Protesto de uma letra.

Responda sucintamente ás seguintes questões:

1 – Distinga acto de comércio substancialmente comercial de acto de


comércio formalmente comercial.
2 – Distinga conhecimento de depósito de cautela de penhor.
3 – Distinga matricula como condição necessária para a aquisição da
qualidade de comerciante de matrícula como condição suficiente,
referindo o regime português para o comerciante em nome individual
nesta matéria.
4 – Distinga indisponibilidade do falido para administrar e dispor dos
bens que integram a massa falida, da incompatibilidade do falido para
o exercício do comércio.

Responda ás seguintes questões:


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1 – Exponha os requisitos de acesso á qualidade de comerciante


(personalidade, capacidade e exercício) e analise a verificação destes
requisitos em duas das situações duvidosas quanto á aquisição da
qualidade de comerciante, que estudou.
2 – Defina título de crédito, expondo as suas características gerais e
apresente três exemplos de títulos de crédito.

3 – Apresente as concepções de firma que estudou, referindo a


adoptada pelo direito português e exponha os princípios
fundamentais que enformam o seu regime jurídico.

4 – Será correcto afirmar que apenas as empresas que exercem uma


das actividades enumeradas no 230 do Código Comercial, são
comerciais?

5 – Explicite como deve integrar-se uma lacuna do direito comercial.

6 – Poderão os incapazes, menores, interditos ou inabilitados, adquirir


a qualidade de comerciante?

7 – Exponha a capacidade de gozo e de exercício de direitos dos


menores, interditos e inabilitados, no que respeita ao exercício de
uma actividade comercial.

8 – Defina estabelecimento comercial enumerando e expondo os


elementos que o compõem.

Diga se a afirmação é verdadeira ou falsa, justificando a sua


resposta:

1 – A solidariedade passiva dos devedores, como regra especial do


direito comercial, poderá gerar o “ direito de regresso”.

2 – Os títulos de crédito são documentos com as características


essenciais de literalidade e circulabilidade.

3 – A falta de qualquer dos requisitos da letra, constantes do artigo 1


LULL, gera aquilo que se denomina “ letra em branco”

4 – A firma é uma denominação que o comerciante pode optar por


utilizar e que tem como único princípio subjacente o da unidade.

5 – O direito comercial é um direito privado especial que regula as


actividades empresariais para a satisfação de certos valores como a
tutela eficaz do crédito.
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6 – No ordenamento português a matricula é condição necessária e


suficiente para a aquisição por parte de uma pessoa singular da
qualidade de comerciante.
7 – A natureza juridica do estabelecimento comercial encontra-se
plasmada na teoria da universalidade.

Casos Práticos:

1 – Anita, comerciante em nome individual, detém uma drogaria e é


casada com Bernardo, funcionário judicial, no regime da comunhão
geral de bens. O casal tem dois filhos de 16 e 22 anos, ambos
estudantes.

No passado mês de Dezembro, Anita adquiriu para os seus filhos umas


camisolas para lhes oferecer no Natal, cujo pagamento efectuaria em
quatro prestações.

Nesse mesmo mês, adquiriu a um seu fornecedor habitual, mercadoria


diversa para revender no seu estabelecimento (pagamento a 30 dias).
Anita não efectuou os respectivos pagamentos.

a) Analise ambas as aquisições efectuadas por Anita e verifique se


estão preenchidos os requisitos para que seja exigido, por parte
dos comerciantes lesados, o pagamento da divida a ambos os
cônjuges. Porquê?

b) Em que consiste o proveito comum do casal?

c) Tendo em conta as respostas dadas na alínea a), para cada uma


das aquisições mencionadas no texto, diga que bens
responderão pelas dívidas em causa.

2 – André é comerciante em nome individual, detendo uma papelaria.


È casado com Benedita, no regime da comunhão geral de bens, e tem
dois filhos menores.

Em Outubro de 1998, num hipermercado, comprou 30 resmas de


papel (que se encontravam em promoção) para vender na sua
papelaria.

Imagine que André não pagou as ditas resmas e responda ás


seguintes questões:

a) Estão preenchidos os requisitos para que seja exigido o


pagamento da divida a ambos os cônjuges? Explique porquê.
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b) Em que consiste o proveito comum do casal?

c) Tendo em conta a resposta dada na alínea a) diga que bens


respondem pela divida em causa.

3 – Abel, comerciante em nome individual, é revendedor de


automóveis e acessórios e é casado com Berta, bancária, no regime da
comunhão geral de bens. O casal tem dois filhos de 14 e 22 anos,
estudantes.

No passado mês de setembro, Abel adquiriu e ofereceu ao seu filho


mais velho, como prenda de aniversário um automóvel XPTO, e
adquiriu a um seu fornecedor habitual, mercadoria diversa para
revender no seu estabelecimento.

Até hoje não efectuou os respectivos pagamentos.

a) Analise amas as aquisições e diga se estão preenchidos os


requisitos para que seja exigido, por parte dos comerciantes
lesados, o pagamento da divida a ambos os cônjuges. Explique
porquê.

b) Em que consiste o proveito comum dos casal?

c) Tendo em conta as respostas dadas na alínea a) para cada uma


das aquisições mencionadas no texto, diga que bens
responderão pelas dívidas em causa.

4 - António é comerciante em nome individual, detendo um


estabelecimento onde se dedica ao comércio de artigos de papelaria.
É casado com Berta, no regime da comunhão de adquiridos e tem dois
filhos menores.

Em junho de 96 adquiriu uma viatura para efectuar o transporte das


suas mercadorias, no entanto, por vezes também utiliza essa viatura
para fins particulares.

A referida viatura seria paga em prestações mensais e sucessivas.

António pagou as primeiras prestações, mas a partir de Novembro de


96 deixou de efectuar o pagamento das mesmas.

O credor interpôs acção judicial para cobrança desta divida.

a) Contra quem deverá o credor interpor esta acção? Porquê?


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b) Berta contestou esta acção pois não se considera responsável


por esta divida. Que factos deverão provar por forma atingir o
seu objectivo?
c) Se António e Berta estivessem separados de facto desde Maio
de 96 que consequência teria os factos apresentados por Beta
caso fossem dados como provados?

d) Que bens responderão pela divida em causa caso não sejam


aceites os factos apresentados por Berta na sua contestação? E
se forem dados como provados?

5 – Aníbal, comerciante em nome individual, detém uma papelaria e é


casado com Berta no regime de comunhão geral de bens. O casal tem
dois filhos de 10 e 8 anos. No passado mês de Novembro, Aníbal
adquiriu produtos diversos de papelaria para revender no seu
estabelecimento (pagamento a 30 dias), não tendo até á presente
data, efectuado o devido pagamento.

a) Poderá o comerciante lesado exigir o pagamento de divida a


ambos os cônjuges? Justifique legalmente a sua resposta.

b) E se os produtos diversos da papelaria fossem os livros


escolares que os filhos do Aníbal necessitam em cada ano
escolar? Justifique legalmente a sua resposta.

c) Tendo em conta as respostas dadas nas alíneas a) e b) diga que


bens responderiam em cada uma das situações.

Atenção a responder aos casos práticos tudo direitinho

Ver as teorias da Firma

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