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_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

Parte I
1.1) Noção de Administração Pública
1.2) Sentidos de Administração Pública
1.3) Noção de Direito Administrativo no âmbito do Direito Público

Definição de Direito: conjunto de regras e normas jurídicas, que regulam a vivência em


sociedade, sendo a única tipologia de conduta normativa da sociedade que visa atingir um valor
principal: a Justiça.1

O Direito é Omnipresente porque em todos os momentos do nosso dia a dia, estamos em


constante contacto com normas, regras e/ou leis 2 que estipulam a convivência entre cada um de
nós.

Esquematicamente:
Direito → ordem social normativa = Justiça

Direito Público (ex.: código da estrada)

Direito Privado (ex.: aquisição de uma habitação)

Critérios de distinção entre Direito Público e Direito Privado:


 Critério de interesses;
 Critério da qualidade dos sujeitos;
 Critério da posição relativa dos sujeitos.

Os Ramos do Direito:

1
O Direito base da nossa ordem jurídica é o romano - germânico, sendo que o dos países da “commonwelth” é o
anglo – saxónico.
2
Lei (conjunto de normas)
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DIREITO PRIVADO DIREITO PÚBLICO

Dtº da Família Direito Administrativo


Dtº das Dtº Constitucional
Sucessões
Direito Fiscal
Dtº Reais
Dtº Penal/ Criminal

Dtº Obrigações

Direito
Geral

Há ainda o Direito Internacional Comunitário que muitos juristas não o consideram como tal
pois é difícil aplicá-lo.

Ramos do Direito Processual ou adjectivos:


→ Direito Processual Civil;
→ Direito Processual Penal;
→ Direito Processual Administrativo, entre outros.

O DIREITO ADMINISTRATIVO:
“Conjunto de normas que incidem/ ou têm por objecto uma realidade que é a
Administração Pública.”

Administração Pública → tem como principal função/ finalidade a concretização do interesse


público – “SALUS PUBLICA” - , atendendo a que se gere com vista a determinado objectivo.
Para além do interesse público, existem ainda:
 Interesse privado/ particular/ individual;
 Interesse colectivo (qd falamos no interesse de uma associação ou fundação, etc.);

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 Interesse Difuso – interesse que é da colectividade mas que individualmente é sentido


por cada um de nós, enquanto seres individuais (ex.: poluição/ ambiente)
Sendo que o interesse público será o bem estar de toda a colectividade.

Subdivisão do Interesse Público:


a) Primário – o bem comum é indeterminado, sendo o bem estar geral;
b) Secundário – o bem comum é determinado por várias áreas (ex.: ensino superior; saúde;
educação; adm. interna; justiça; ambiente), i. é, o interesse público é direccionado para
áreas específicas.

Definição de Administração Pública:


 Em sentido ORGANIZATÓRIO – conjunto de entidades3, órgãos e serviços que têm
como objectivo assegurar a prossecução do interesse público, sendo uma “máquina”
complexa;
 Em sentido FUNCIONAL – conjunto de actividades que corresponde à realização de
uma tarefa do Estado que é a de Administrar;
 Em sentido MATERIAL – função de administração (aplicar as leis no sentido de
regular o interesse público);
 Em sentido FORMAL – irá traduzir o plano de acção das entidades, órgãos, em
que para tal se desenvolve nas seguintes formas:
╚ Regulamentos;
╚ Contratos Administrativos;
╚ Acto Administrativo (acto típico administrativo – acto individual e concreto,
praticado pela Administração Pública que se impõem ao particular, que produz
efeitos jurídicos externos; se padecer de algum prejuízo, o particular pode contrapor.

Historial da Administração Pública:


O ESTADO ABSOLUTISTA
A Administração Pública, teve início na idade média – Estado Polícia ou Absolutista – aquando
o despoletar de 3 situações:
a) Desconcentração ou plurização de poderes (concentração numa só pessoa);
b) Pessoalização de poderes → Institucionalização;
c) Individualização de poderes → Racionalização/ territorialização.

3
Entidade: “pessoas” colectivas (sujeitos Administrativos)
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Estas situações e suas respectivas consequências, originaram assim os primórdios da


Administração pública.
Esta Administração era caracterizada pelos seguintes aspectos:
1. Poder Soberano;
2. Território;
3. Pessoas/ povo

NOTA 1: Devido ao abuso de poderes que se começou a sentir, aparece nesta altura o “fisco”, que
traduziu na primeira garantia dos indivíduos; este “órgão”, não servia nos propósitos de hoje em dia, a sua
actuação era de conciliação ou garantia do património ou direitos do povo.

Concluindo:
O Estado Absoluto era caracterizado por:
 Nº limitado de funcionários;
 Fortemente intervencionista;
 Sempre dependente do soberano;
 Sem estar limitado, inclusive pela lei;
 Concentração de poderes (no rei);

Todas as nuances enunciadas, com todos os seus aspectos “negativo” pelo exagero na actuação
de poderes, conduziu inevitavelmente ás revoluções liberais.

O ESTADO LIBERAL (ESTADO MÍNIMO)


O Estado Liberal surgiu como principal reacção ao Estado Absolutista; a sua principal
característica/ princípio residia na Separação de Poderes ou numa descentralização do poder e
também no Princípio da Legalidade.

Princípios da Administração Pública no Estado Liberal:


 Princípio da Separação de Poderes – através do qual se estabeleceu a separação dos
poderes legislativo, executivo e judicial.
Podemos falar em Princípio da Separação de Poderes em sentido POLÍTICO (onde
predominava a divisão do poder por diferentes titulares de poderes, numa sociedade
politicamente organizada, como por exemplo, a comunicação social, o poder
económico, a igreja, os partidos políticos, as associações patronais e sindicais, entre
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outros), em sentido ORGÂNICO/ ORGANIZATÓRIO (onde dentro de um Estado


existem 3 categorias de poder – Legislativo; Administrativo e Judicial) interligado com
o sentido FUNCIONAL (onde as funções executivas do Estado passam pela Função/
tarefa estadual de legislar – inovando e criando leis –; Função/ tarefa estadual de
administrar – aplicam-se as leis, em função do bem estar do público em geral -; Função/
tarefa estadual de julgar – visando o interesse da justiça).

NOTA 2:
Poder Legislativo:
Matéria de reserva absoluta da Assembleia da República;
Matéria de reserva relativa da A.R. → o Governo pode legislar mas somente com a autorização da A.R.;
Matéria Concorrencial → matérias que podem ser legisladas pela A.R. e pelo Governo (embora um
decreto Lei autorizado não substitua uma Lei autorizada);
Matérias de reserva do Governo → matérias que só o Governo pode legislar (ex.: a sua organização e
funcionamento) – art. 164º e 165º da C.R.P.

 Princípio da Legalidade – a Administração Pública encontrava-se limitada pela lei, i. é,


ela pode actuar mas sempre dentro da lei, caracterizando o Estado Liberal como sendo
um Estado de Direito Formal, sendo que:
Princípio da legalidade Formal → Negativa (sempre subordinada à lei);
Princípio da legalidade Material → Positiva (não pode violar a lei e quando não existe
lei, criam-se os princípios de liberdade, igualdade, propriedade, entre outros);
Estes dois princípios traduzem características como:
 Administração pública não Intervencionista;
 Administração pública limitada ao mínimo de tarefas

No Estado Liberal, havia uma correspondência entre a separação organizatória e a separação


funcional. Nos dias de hoje, a realidade é diferente; Hoje, legisla mais o órgão de poderes
executivo que propriamente o órgão legislativo.

Entretanto, o Estado Liberal deixou de ser tão liberal, passando do Estado de Direito Formal
para um Estado de Direito Social, obrigando a que este interviesse em mais matérias, como por
exemplo, o Estado deveria intervir nas questões da saúde, da educação, da habitação, entre
outros.

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Passa a predominar o Princípio da Legalidade Material – onde o Estado/ Administração pública


para actuar, teria de estar fundado/ fundamentado e baseado na lei. Resumindo, a
Administração Pública passou a estar não só limitada pela lei mas também pelo Direito.

Actualmente a Administração pública tem tendência a caracterizar-se por:


a) Procedimentalização da actividade Administrativa;
b) Maior importância da organização interna da Administração Pública;
c) Maior actualização de recursos de natureza tecnológica;
d) Transformação de determinados direitos em matérias administrativas, ou princípios de
natureza constitucional e que são:
 Direito à Informação (Administração participada);
 Direito à notificação;
 Direito à fundamentação dos actos administrativos;
 Direito ao recurso contencioso;
 Direito ao acesso à justiça administrativa.
OS MODELOS DE SISTEMAS ADMINISTRATIVOS
Existem dois modelos de sistemas administrativos no seu estado mais puro, mas que ao longo
dos tempos têm vindo a sofrer evoluções originando uma maior aproximação entre eles.
Estes Modelos são:
 Modelo de Administração Executiva Francês/ Napoleónico – onde era predominante
uma forte concentração de poder
a) Composto por um aparelho administrativo fortemente centralizado (a
administração pública era composta por uma única pessoa jurídica – o Estado/
Governo);
b) Predominava um ramo do direito específico – o Direito Administrativo – para
regular essa Administração pública;
c) Existência de tribunais administrativos (cujo objectivo era julgar questões de
natureza administrativa estando sujeitos a uma hierarquia equiparada à dos
tribunais civis):

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S.T.
A..

Tribunal Central
Administrativo

Tribunal de Círculo Administrativo

d) Os tribunais só podiam anular a acção da Administração pública;


d) Privilégio de Execução Prévia – A Administração podia executar uma acção
sem ter de recorrer como os particulares, executando logo a acção:
e) Quer o Estado quer outras entidades públicas, para acautelarem os privados,
precaviam de imediato os actos dos seus funcionários.
 Modelo de Administração Britânica ou Judiciária
a) Aparelho de administração descentralizado;
b) Direito Comum é o predominante e não o Direito específico;
c) Existência de tribunais comuns;
d) As decisões da Adm. Pública eram impostas aos particulares através da intervenção
do poder judicial;
e) Os tribunais detinham plena jurisdição sobre a Administração Pública (podendo
actuar nos mesmos moldes que actuavam com um particular).
Contudo, estes dois modelos, e, como referido anteriormente, foram-se “esbatendo”, foram-se
“inebriando” um no outro, i. é, actualmente, a Administração Pública tem vindo a:
1) Por um lado, centralizar e por outro a descentralizar;
2) Cada vez mais a recorrer ao Direito Privado embora a sua base assente no Direito
Administrativo; por outro lado, embora não haja um Direito específico, o Modelo
Administrativo Britânico tem vindo a produzir diversas leis;
3) Cada vez menos existe o privilégio de execução prévia

A ORGANIZAÇÃO da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


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Na organização da Administração Pública, poder-se-á falar em: Pessoas Colectivas Públicas


(órgão) e Serviços.

PESSOAS COLECTIVAS PÚBLICAS


Por vezes é necessário recorrermos a critérios para conseguirmos identificar a natureza das
Pessoas Colectivas Públicas; contudo, recorremos a estes mesmos critérios somente quando nos
diplomas legais não estiver expresso se estamos ou não perante uma Pessoa Colectiva Pública.
Assim, os critério utilizados são:
→ Critério da Iniciativa – são pessoas colectivas públicas as que forem criadas por um acto do
poder do Estado;
→ Critério do Fim/ Finalidade – são pessoas colectivas públicas, aquelas cujo fim é prosseguir
o interesse público;
→ Critério dos Poderes das P.C.P. – são pessoas colectivas públicas, aquelas que são dotadas de
poderes de autoridade;
→ Critério Misto – são pessoas colectivas públicas, aquelas que são criadas por um poder de
autoridade, por iniciativa pública para assegurar a prossecução de interesses públicos e por isso
são dotadas de poderes e deveres especiais ao público (este é o critério, talvez, mais viável).

Podemos classificar as Pessoas Colectiva Públicas segundo as suas atribuições, de acordo com o
Critério de Dependência entre elas face ao Estado e nestas destacam-se:
 Estado;
 Institutos Públicos;
 Empresas Públicas;
 Associações Públicas;
 Autarquias Locais;
 Regiões Autónomas
Dentro deste critério poder-se-á subdividir as P.C.P. em 2 grupos:
ESTADO ≥ ENTES PÚBLICOS MENORES
Mas também em:
ENTES PÚBLICOS TERRITORIAIS ENTES PÚBLICOS NÃO TERRITORIAIS
O elemento identificador é o território (ex.: autarquias O elemento identificador não é o território.
locais, regiões autónomas)
Caracterizam-se por:
 Substrato – populacional, combinada c/ uma
base territorial;
 Conhecimento;

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 Têm carácter originário;


 Têm generali// atribuições;
 Tipificação constitucional;
 Exercem poder de controlo sobre outros entes
públicos.

NOTA 3: Podemos ainda distinguir os Entes Infra Estaduais em dependentes (institutos públicos) e
independentes (autarquias locais).

NOTA 4: Conceitos
Órgão – meios ou estruturas com que têm de estar dotadas as pessoas colectivas para poderem actuar e
tomar as suas decisões; os órgãos correspondem de algum modo à institucionalização das pessoas
colectivas (são centros de poder das respectivas pessoas colectivas). Aos poderes dos órgãos designamos
por COMPETÊNCIAS.
Titular – pessoa física que representa determinado órgão.
Investidura – acto formal que liga o titular de um órgão a esse mesmo órgão.
Agente Administrativo – preparam as decisões a tomar pelos órgãos ou executam decisões anteriores –
não tomam decisões na Adm. Pública.
Funcionário Público – têm vínculo que determina que façam parte dos quadros da Adm. Pública.

Classificação de Órgãos da Administração Pública


Órgãos Singulares Órgãos Colegiais
 Compostos por 1 só titular  Com. por mais que 1 titular
≠  Regras específicas de funcionamento
(art. 14º)

Órgãos Centrais Órgãos Locais


 Exercem a sua competência no ≠  Exercem a sua competência numa
território nacional parcela do ter. nacio.

Órgãos Primários Órgãos Secundários


 Têm competências próprias – são-lhes  São aqueles q têm competências
atribuídas competências por lei ≠ delegadas e podem delegar

Órgãos Representativos Órgãos não Representativos


 Titulares de competências designadas ≠  Titulares de competências s/ que tenham
por eleição (ex.: Assembleia Municipal) sido eleitos, i. é, são nomeados

Órgãos Activos Órgãos Consultivos


 Aqueles a quem cabe decidir e executar ≠  Emitem pareceres (são consultados
a decisão pelos activos)

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Órgãos de Controlo
 Contr. o funci. de outros órgãos

2 Limitações dos órgãos:


1) Estão limitados nas suas competências, não exorbitam das suas competências;
2) Não podem ir além das atribuições da Pessoa Colectiva Administrada.
Logo, se o órgão exorbitar das suas competências, será sancionado.

Resumindo:
Centralização ≠ Descentralização
Concentração – falamos em “concentração”
de poderes quando as competências estão
todas concentradas num órgão, dentro de uma -- Desconcentração
pessoa jurídica – não têm personalidade
jurídica

Em jeito de resumo, o ideal seria a existência de uma Pessoa Colectiva Pública, que se
caracterizasse pela “conexão” entre descentralização e desconcentração, havendo a repartição de
competências por diferentes órgãos (art. 267º C.R.P.).

Os Sectores de Organização Administrativa:


Administração Directa ≠ Administração Indirecta
“ estrutura organizatória própria do “conjunto de pessoas jurídicas (colectivas
Estado (adm. estadual), a cargo de quem públicas) a cargo de quem fica a prossecução
fica directamente a prossecução do di interesse público, razão de ser e existir da
interesse público”. própria Administração pública” (o Estado não
prossegue mas entrega essa função a órgãos
externos como por exemplo os Institutos
Público4).

A ADMINISTRAÇÃO DIRECTA
“Administração Pública que leva a cabo directamente, através dos serviços
administrativos do Estado sob direcção do Governo, a actividade de prosseguir o interesse
público.”
4
A Lei Quadro dos Institutos Públicos (Lei nº 3/2004 de 15 de Janeiro), prevê as regras gerais ás quais estão
subordinados os Institutos Públicos.
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Caracterização da Administração Directa


A organização dos serviços está fortemente hierarquizada, o que origina uma rigidez da
Administração Pública, uma maior burocraticidade desta, maior morosidade da sua actividade.

Órgãos da Administração Directa


 Órgãos Centrais5 – que têm competências e poderes sobre a totalidade do território
nacional;
 Órgãos Locais – que são aqueles que têm competências para exercer sobre uma
determinada área geográfica limitada (ex.: uma Repartição de Finanças, Governos
Civis, etc.) – à Administração Directa Local, podemos designar por Administração
Periférica.

NOTA 5: O Governo pode actuar através de um órgão colegial – através do conselho de ministros – ou,
por um órgão singular – através do 1º ministro ou de um ministro.

NOTA 6: Os conselhos de ministros ordinários, resultam os Decretos que depois passarão a ser Decretos
- Leis.

A ADMINISTRAÇÃO INDIRECTA
“Conjunto de entes públicos com personalidade jurídica, com autonomia administrativa e
financeira, que desenvolvem uma actividade administrativa destinada à realização dos fins
do Estado.”

Tradicionalmente, os Institutos Públicos dividem-se nas seguintes categorias:


a) Serviços Personalizados – serviços públicos administrativos, a que a lei atribui
personalidade jurídica;
b) Fundações Públicas – conjunto de bens ou/e patrimónios que estão
vocacionados à prossecução de determinados interesses públicos, a quem o
legislador entende reconhecer personalidade jurídica;
c) Estabelecimentos Públicos – institutos públicos de vocação cultural ou social,
organizados normalmente como serviços abertos ao público e que servem para
fornecer prestações individuais à generalidade dos cidadãos que deles careçam
(ex.: hospitais tradicionais, universidades, institutos politécnicos, entre outros).

5
Art. 182º C.R.P. – Função e estrutura do Governo
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ADMINISTRAÇÃO AUTÓNOMA
“A Administração Autónoma, traduz-se pelas organizações de natureza Infra -Estaduais,
estruturadas segundo princípios representativos a cargo de quem fica a prossecução de
interesses específicos dessas organizações.”

Características da Administração Autónoma


a) Existir p/ prosseguir interesses próprios;
b) Representatividade dos seus órgãos;
c) Auto Administração, i. é, na auto definição da sua orientação político – administrativa,
sem dever de obediência a uma orientação externa.

Elementos característicos/ constitutivos da Administração Autónoma


1) Em regra, diz respeito a uma colectividade territorial, pressupondo portanto, que esteja
relacionado com um conjunto específico de pessoas ou com o território;
2) Diz respeito a um conjunto de interesses próprios;
3) É administrada pelos próprios administrados (pode ser administrada por
administradores directos ou indirectos); fala-se por vezes do conceito de Auto Governo;
4) Conta com órgãos com autonomia de acção face ao Estado (os órgãos da Administração
Autónoma seguem a sua direcção sem terem de seguir orientações externas e/ou ordens
da Administração Central);
5) Os órgãos são os únicos responsáveis perante a colectividade em que se inserem.

Administração Autónoma – TIPOLOGIA


 Administração c/ Autonomia Jurídica – personalidade jurídica (a administração é
titular de determinadas obrigações próprias, ex.: tem património próprio, funcionários
próprios, dívidas próprias, etc.);
 Administração c/ Autonomia Administrativa – a administração pública tem a
possibilidade de praticar actos administrativos, sendo estes actos definitivos, podendo
ser apenas “atacados” contenciosamente;
 Administração c/ Autonomia Financeira – a administração autónoma tem garantia de

receitas próprias, bem como com despesas inerentes. Dentro da Autonomia Financeira

podemos referir :
1) Autonomia Patrimonial} c/ património próprio;
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2) Autonomia Orçamental} c/ orçamento próprio;


3) Autonomia de Tesouraria} que se traduz na possibilidade dessa administração
gerir o seu orçamento com os recursos monetários que tem, dando de algum
modo ou não a execução do orçamento;
4) Autonomia Creditícia} tem o poder de assumir dívidas, contraindo empréstimos
ou recorrendo a operações de crédito.
 Administração c/ Autonomia Normativa – traduz-se na possibilidade da
administração pública poder emitir regulamentos próprios, mas conter eficácia para o
exterior;
 Administração c/ Autonomia Disciplinar Interna – a administração tem o poder de
aplicar sanções ao seu pessoal;
 Administração c/ Autonomia Sancionatória – traduz-se na aplicação de sanções, não
ao seu interior mas sim ao exterior;
 Administração c/ Autonomia de Orientação – traduz-se na possibilidade de definir a
sua própria orientação, mas sempre dentro dos limites legais;
 Administração c/ Autonomia Estatutária – capacidade de definir o seu próprio
estatuto;
 Administração c/ Autonomia Organizatória – capacidade de definir a sua estrutura
organizatória, os seus órgãos.

Divisão da Administração Autónoma:


 Administração Autónoma Territorial – engloba as Autarquias Locais e Regiões
Autónomas.
Autarquias Locais:

a) Freguesias6 – autarquia de menor importância, bem como de menor tamanho, tendo a

particularidade de estar muito próxima dos seus fregueses (população da freguesia).


Composta por: Órgão Executivo → Junta de Freguesia e Órgão Deliberativo →
Assembleia de Freguesia;

b) Município7 – estrutura de grande dimensão e com muitas atribuições, sendo a

autarquia mais relevante. Composta por: Órgão Executivo → Câmara Municipal e


Órgão Deliberativo → Assembleia Municipal (eleita por sufrágio universal, directo e
secreto);

6
Art. 235º e 236º C.R.P.
7
Art. 249º; 250º; 251º; 252º C.R.P.
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c) Região Administrativa

 Administração Autónoma Não Territorial – caracteriza-se por Associações Públicas

NOTA 7: Associações Públicas – são Pessoas Colectivas Públicas de natureza associativa, criadas por
um acto de poder público, que têm como objectivo desempenhar tarefas ou funções administrativas
próprias que dizem directamente respeito aos membros dessa associação, os quais se governam a si
próprios através de uma estrutura organizatória sem dependerem de ordens ou instruções da
Administração Directa ou Governo.

Elementos Constitutivos/ requisitos p/ simplificar as Associações Públicas


1. Existência de uma colectividade – pessoas;
2. São criadas por um acto de poder público;
3. Têm uma estrutura associativa, i. é, a sua estrutura baseia-se na colectividade a que
dizem respeito;
4. Predominância de Auto Governo – têm órgãos representativos dos seus membros;
5. Estas associações caracterizam-se por desempenhar uma tarefa pública, cuja execução/
desenvolvimento foi confiada aos seus membros;
6. Auto determinação – significa que estas associações têm poder de decisão próprio, mas
têm também uma responsabilidade própria.

NOTA 8: Exemplos de Associações Públicas:


☺ Ordens Profissionais (ordem dos advogados; ordem dos médicos);
☺ Associações de natureza Desportiva, Social, Económica
Resumindo:
Administração Autónoma Territorial ≠ Administração Autónoma não Territorial
 Reúne 1 conjunto de membros de  Reúne apenas pessoas que integram
uma comunidade local; agrupamentos sociais que têm uma

 Fins Múltiplos; determinada qualidade ou profissão;


 Tem 1 fim específico;
 Constitucionalmente necessária (está
prevista na C.R.P.);  É constitucionalmente facultativa;
 Existem várias formas de organização;
 Estrutura Organizatória semelhante à
estrutura organizatória do Estado  Amplo poder do legislador, que pode criar e

(decalcada no Estado); estruturar dentro dos trâmites legais, essa


mesma administração;
 Está fortemente regulada pela

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Constituição (a lei ordinária não pode  Os poderes e características da


criar novas formas de Adm. Administração Autónoma não Territorial
Autónoma Territorial; dependem fundamentalmente do legislador
 A C.R.P. é fundamental, pois ordinário, não estando previstos na C.R.P.
menciona as principais características
da Administração Autónoma
Territorial.

A ADMINISTRAÇÃO INDEPENDENTE
“Pessoas Colectivas Públicas, com autonomia administrativa e Financeira, tendo por
finalidade regular uma determinada área da economia, independentemente; esta
independência provem de apesar de todos os seus órgãos directivos poderem ser nomeados
pelo Governo, não ficam sujeitos ao seu controlo, cabendo-lhes o desenvolver/ prosseguir
as suas atribuições, recorrendo aos poderes que a própria lei lhes confere”, ou seja, são
Pessoas Jurídicas a cargo de quem fica a prossecução do interesse público, que têm uma ligação
ao Estado, sendo o seu grau de dependência a este menor, comparativamente com a maior parte
das estruturas que compõem a Administração Pública.

Categorias de agrupamento (2):

1. Administração Independente (c/ tónica mais Política) – Provedor de Justiça; a

Comissão Nacional de Eleições; a Comissão de Acesso a Documentos Administrativos;


a Comissão de Protecção de Dados, entre outros.

2. Administração Independente (c/ tónica mais Técnica) – entidades administrativas

reguladoras independentes – ERSE (Entidade Reguladora de Serviços Energéticos);


ANACOM; ISP (Instituto de Seguros de Portugal); Autoridade p/ a Concorrência;
Entidades Reguladora de Saúde; CMVM, entre outros.

Características da Administração Independente


a) Os membros que compõem os seus órgãos, são nomeados pela Assembleia da
República, ou pelo menos são sujeitos ao seu controlo;
b) Quando esses membros são nomeados pelo Governo, não representam o Governo nem
podem receber instruções dele;
c) Os membros destes órgãos são inamovíveis 8, irresponsáveis pelas posições que
assumem, pelas suas opiniões, no exercício das suas funções;

8
Inamovíveis – não podem ser destituídos, i. é, quem os nomeou não pode destituí-los.
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d) As tomadas de posição destes órgãos - das entidades independentes -, são públicas (têm
obrigação de manifestarem a sua posição);
e) Estas entidades, têm a seu cargo a possibilidade de emitir pareceres, recomendações,
directivas, por vezes vinculativas (não podem dar ordens à Administração Pública,
contudo, apesar de não ser obrigatório cumprir esses pareceres, a Administração pública
deverá cumpri-los).

Quanto à sua natureza jurídica, as entidades independentes são como a das entidades públicas
(com órgãos, poderes, atribuições), sendo estas mesmas de acordo com a lei que está expressa
no diploma que as criou (ex.: a E.R.S. foi criada em 2003 sendo as suas áreas de actuação a
concorrência, a qualidade, fiscalidade, entre outras). 9 – Composição: 1 órgão colegial (composto
por 3 a 5 elementos); 1 órgão de fiscalização; 1 órgão consultivo (facultativo).

NOTA 9: Estas entidades subsistem com verbas provenientes do orçamento de Estado, porém, o
objectivo é assegurarem a sua subsistência c/ receitas próprias.

NOTA 10: Estas entidades têm poder sancionatório, i. é, aplicam sanções contra ordenacionais que estão
previstas nos diplomas que as regulam.

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DIRECTA DO ESTADO


Principais Objectivos:
☻ Adaptabilidade da organização ás necessidades;
☻ Máximo aproveitamento das competências;
☻ Orientação para objectivo a prosseguir por equipas multidisciplinares;
☻ Simplificação legislativa e gestionária.
Estabelece:
☺ Os princípios e normas a que deve obedecer a organização e funcionamento dos serviços da
Administração Directa do Estado como um dos vectores fundamentais de mudança na
Administração pública;
☺ Quais as funções que têm que ficar reservadas à Administração Directa, i. é, sob o poder da
direcção do Governo;
☺ Poderes Soberania;
☺ Autoridade e representação política do Estado;
☺ Estudo e concepção política;

9
E.R.S. criada através do Decreto Lei 309º/2003.
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☺ Coordenação de outros serviços administrativos;


☺ Controlo ou inspecção de outros serviços, etc.
Resumindo:

ELENCA os princípios que devem presidir à organização, estrutura e funcionamento da

Administração Pública, de acordo com a constituição.

Estrutura da Organização da Administração Pública Directa


→ Prevê e define a existência de órgãos consultivos;
→ Estabelece os serviços prestados
 Serviços executivos;
 Serviços de controlo, auditoria e fiscalização;
 Serviços de coordenação
→ Prevê regras de organização da estrutura interna dos serviços com base em dois modelos:
1. Hierárquico (tradicional, rígido e por especialização);
2. Matricial (flexível e por programas de acção).

Resumindo:

Directa} Central
} Local

Administração Indirecta} entidades reguladoras independentes


} Administração Regional
 Não territorial – Associações Públicas
 Territorial (regiões autónomas e
autarquias locais)

RELAÇÕES INTER ORGÂNICAS FUNCIONAIS 10


1. Hierarquia – vínculo jurídico de organização da Administração Pública, que liga 2 elementos
com atribuições comuns (porque pertencem à mesma pessoa colectiva), conferindo um poder de
direcção a um desses elementos e um dever de obediência ao outro – o primeiro será o superior
hierárquico e o segundo seu subalterno → Relação Intra pessoal

10
Entre órgãos diferentes dentro de pessoas públicas = interpessoal
Entre órgãos diferentes dentro de 1 pessoa pública = intrapessoal
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☺ Para que haja um vínculo hierárquico, é necessário que:


 Hajam 2 ou mais órgãos;
 Hajam atribuições comuns entre esses elementos;
 Haja vínculo jurídico entre esses elementos que compõem a hierarquia.

☺ O vínculo hierárquico vai determinar a superioridade do superior sobre o subalterno através


de:
 Poder de Direcção – poder de emitir ordens, instruções e directivas ao seu subalterno
(sendo a instrução não vinculativa, menos genérica e a directiva a mais vinculativa e
mais genérica).

NOTA 11: Uma ordem é extrinsecamente legal quando:


a) É emitida por um legítimo superior hierárquico;
b) Tiver sido em matéria de serviço;
c) Quando obedecer à forma legal

NOTA 12: Quando uma ordem é extrinsecamente legal, o subalterno deve obediência; quando é
intrinsecamente legal, quanto ao seu conteúdo, o subalterno não deve obediência.

 Poder de Supervisão – o superior hierárquico tem o poder de revogar, suspender,


anular, os actos praticados pelo seu subalterno;
 Poder de Inspecção – o superior hierárquico inspecciona e fiscaliza a actuação do
subalterno;
 Poder Disciplinar – Poder de avaliar a actuação do subalterno, verificando a eventual
prática de um ilícito disciplinar, o que pode determinar o levantamento de um processo
disciplinar (contra o funcionário), que pode culminar com a aplicação de uma sanção;
 Poder de Substituição – possibilidade que o superior hierárquico tem de actuar em vez
do subalterno;
 Poder de Decidir Recursos – possibilidade do superior hierárquico face a um recurso
interposto por um particular, por um administrado, contra um acto praticado pelo
subalterno;
 Poder de Decidir Conflitos – capacidade e possibilidade que o superior tem de resolver
conflitos entre os seus subalternos.

2. Superintendência (Administração Indirecta) – traduz-se no poder conferido ao Estado e


exercido pelo governo e eventualmente por uma autarquia Local (Institutos Públicos), de dar
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instruções, definir objectivos, recomendar, orientar Pessoas Colectivas Públicas, de fins


singulares, que por força da lei estejam na sua dependência – Relação Inter pessoal.

3. Tutela – conjunto de poderes de intervenção de uma Pessoa Colectiva Pública, tendo em vista
assegurar a legalidade ou o mérito na actuação dessa Pessoa Colectiva Pública.

☻ Quanto à Finalidade:
a) Tutela de Mérito;
b) Tutela de Legalidade (sendo esta a mais relevante) = Relação Inter pessoal

☻ Quanto ao Conteúdo:
a) Tutela Inspectiva – órgão tutelar que verifica, fiscaliza os serviços do órgão tutelado;
b) Tutela Integrativa – a entidade tutelar, tem o poder de autorizar e aprovar certo tipo de
actos da entidade tutelada;
c) Tutela Sancionatória – quando a entidade tutelar pode aplicar sanções à entidade
tutelada, porque tenha verificado a existência de irregularidades nesta entidade;
d) Tutela Regulatória – traduz-se no poder da entidade tutelar de anular, revogar, actos
praticados pela entidade tutelada;
e) Tutela Substitutiva – traduz-se no poder da entidade tutelar para actuar em vez da
entidade tutelada e também por conta dela (quando há omissão de actos legalmente
devidos por parte da entidade tutelada).

A DELEGAÇÃO DE PODERES
«Acto Administrativo através do qual um órgão competente permite a outro órgão ou
agente, o exercício dos seus poderes, podendo praticar outros actos administrativos no uso
desses poderes, desde que esteja (este acto) legalmente previsto.»

3 Teses quanto à natureza jurídica da Delegação de Poderes


1. Transferência ou alienação da competência
Através da delegação de poderes, por força da lei, o órgão delegante transmite para o órgão
delegado, os seus poderes.

2. Autorização
A Lei (lei de habilitação – permite que um órgão delegue poderes noutro), confere um poder
adicional ao órgão delegado, assim antes de haver lugar ao acto da delegação de poderes, o
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delegado já é competente, mas não pode exercer os seus poderes enquanto a delegação não lho
permitir.

3. Transferência de Exercício de Poderes (art. 35º C.P.A.)


O órgão delegante é titular de poderes, existindo uma lei habilitante que prevê que permitam o
exercício desses poderes por parte de outro órgão/ agente; a partir do momento em que há o acto
da delegação de poderes, o órgão delegado pode exercer os poderes do órgão delegante.

NOTA 13: art. 37º C.P.A. requisitos da Delegação de Poderes; art. 40º C.P.A. extinção da Delegação ou
Subdelegação.

Figuras afins da Delegação


→ Delegação de Atribuição (a lei confere ás P.C.P. atribuições)

NOTA 14: Órgão = competências


♣ Delegação Tácita – é semelhante à Delegação de Poderes, contudo, a própria lei considera como
delegado determinados poderes num determinado órgão, embora expressamente não surja o acto de
delegação de poderes;
♣ Delegação de Firma ou assinatura – existe quando um órgão permite que outro órgão da
Administração assine em substituição do seu titular (contudo, as consequências dos actos serão sempre
para quem permite a assinatura).

→ Coadjuvação
Existem 2 órgãos com poderes em simultâneo, mas um deles auxilia o outro nas suas
responsabilidades, atribuições (embora cada um deles possa actuar individualmente) – há
sempre a separação entre tarefas a exercer pelo órgão coadjutor e o coadjuvado.

CASO PRÁCTICO:
“Ambrosina, funcionária da D. G. Saúde, recebe uma ordem do director geral de saúde,
no sentido de que deveria eliminar todos os registos existentes naquela Direcção Geral
sobre a gripe das aves.”
Como lhe pareceu algo estranha esta ordem, Ambrosina resolveu perguntar-lhe se deve
ou não cumprir a ordem ou se pelo contrário, pode recusar.

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R: Temos antes de mais nada de saber se a ordem é extrinsecamente legal ou intrinsecamente


legal; neste caso, é extrinsecamente legal, mas dever-se-á pedir a confirmação da ordem a
cumprir por escrito (a este pró forma designamos por respeitosa representação).

OS PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


CARACTERÍSTICAS DA ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Modelos de Constituição da organização Pública (Administração Pública) – são os princípios


que estão consagrados na nossa Constituição e segundo os quais a Administração Pública se
deve reger e orientar; são esses princípios desde logo os do art. 267º, nº 1 e 2 da CRP.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS A QUE ESTÃO OBRIGADOS OS MEMBROS DA ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA:
1º) Princípio da Desburocratização – a nossa Administração pública não deve ser burocrática –
o legislador ordinário deve ao emitir as leis e DL relacionadas com a AP ocupar-se em
desburocratizar até porque se não o fizer está a incorrer numa inconstitucionalidade por
omissão.

2º) Princípio de Aproximação dos serviços ás populações – aproximar as pessoas dos serviços
que as servem. Aproximar em termos geográficos e também é importante a proximidade entre
funcionário público e o administrado, no sentido dos funcionários administrativos atenderem
correctamente os utentes.

3º) Os utilizadores da Administração Pública devem tanto quanto possível, participar na vida da
Administração pública, nas decisões que lhes dizem directamente respeito. Por exemplo,
existem determinados planos municipais que estão abertos aos administrados.

4º)
Princípio da Descentralização vs. Princípio da Desconcentração
Existência de várias pessoas Na existência da distribuição de poderes
colectivas públicas que compõem a a diferentes órgãos dentro de uma mesma
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Administração Pública pessoa colectiva pública

NOTA 15: Devolução de poderes, chama-se a isto a desconcentração técnica ou personalizada; a


Distribuição de poderes de uma mesma pessoa colectiva pública e correspondentes finalidades por várias
pessoas jurídicas de fins singulares, dá-se o nome de Administração Indirecta.

A ACTIVIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ACTO ADMINISTRATIVO
«É uma instatuição autoritária que define uma situação jurídica relativa a um caso
concreto praticado por um sujeito Administrativo no uso de poderes de Direito
Administrativo, visando produzir efeitos jurídicos externos».

CONTRATO ADMINISTRATIVO
«Acordo de vontades através do qual ou pelo qual é constituído, modificado ou extinto
uma relação jurídica administrativa».

REGULAMENTO ADMINISTRATIVO
«É um acto normativo produzido pela Administração Pública no exercício dos poderes
administrativos. A noção de regulamento administrativo é composta por vários elementos,
nomeadamente, a natureza ou perspectiva material; tem a característica da generalidade e
da abstracção. O regulamento tem como destinatários uma pluralidade de sujeitos,
existindo um número indeterminado de sujeitos».
Falamos em abstracção porque significa que cada regulamento é aplicável a um número
indeterminado de casos – o regulamento não existe para ser aplicado num dado momento, mas
sempre que o sujeito se enquadre nas características.
O regulamento é assim uma regra de direito e pode ser imposta por coacção e o seu não
cumprimento, pode determinar a aplicação de uma sanção.

NATUREZA DOS REGULAMENTOS

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Natureza Orgânica dos Regulamentos: os Regulamentos são emitidos por autoridades


administrativas.
Natureza Funcional: os Regulamentos são emitidos por autoridades administrativas, no
exercício da função de administrar.
Natureza Formal: os regulamentos podem assumir diversas formas.

TIPOLOGIA DE REGULAMENTOS
 Regulamentos Externos – produzem efeitos jurídicos fora da Administração Pública, i.
é, na relação entre particulares e a própria Administração Pública;
 Regulamentos Internos – a sua eficácia produz-se dentro da pessoa jurídica onde
surgem esses regulamentos. São aqueles que tratam de regular a organização e
funcionamento dos serviços onde surgem, distinguindo as tarefas a cargo dos elementos
que compõem essas estruturas.
 Regulamentos Gerais – todos os particulares em geral
 Regulamentos Especiais – dirigem-se a um determinado tipo de particulares que estão
num determinado tipo de situações especiais de relação ou vínculo com a
Administração Pública.

NOTA 16: Conforme a relação entre a Lei e os Regulamentos, a lei tem que:
→ ter prioridade absoluta sobre os regulamentos, porque estes não podem ir contra a primeira – Princípio
Primário da Lei;
→ Os Regulamentos não podem tratar de matérias reservadas aos actos legislativos – Princípio de
Reserva da Lei;
→ Os Regulamentos têm o seu fundamento numa Lei prévia. A Administração Pública não pode regular
certas matérias sem que uma lei prévia a habilite – Princípio da Precedência da Lei.

 Regulamentos Executivos ou de Execução – têm como objectivo impedir que as


imprecisões dos legisladores determinem aplicações de leis diferentes, de serviço para
serviço e de particular para particular, contra os objectivos do legislador; por isso, estes
regulamentos pretendem fazer a interpretação dos preceitos legais, precisando-os e
esclarecendo-os de modo a fazer com que haja uma aplicação uniforme da Lei. Porque
são regulamentos executivos ou de execução, fazem a aplicação estrita da Lei, não
criam nada de novo.
 Regulamentos Complementares – estes regulamentos tratam de completar as Leis,
nomeadamente quando estas estabelecem um quadro amplo.

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Os Regulamentos Complementares podem ser de duas ordens:


a) Desenvolvimento - estes desenvolvem as bases estipuladas na Lei, inovam um
bocadinho mas controladamente;
b) Integrativos – por outro lado, estes utilizam o quadro da Lei, regulam situações
especiais que não estejam previstas na Lei.

NOTA 17: apesar destes regulamentos parecerem não inadmissíveis, pode defender-se que desde que
acautelem as reservas da lei, i. é, desde que não entrem na área reservada à lei, pode efectivamente a
Administração Pública resolver os preceitos legais através da utilização destes regulamentos, sobre a
forma de DL regulamentares.

 Regulamentos Autorizados ou Delegados – são autorizados pelo poder legislativo; a Lei


confere poderes à Administração pública, para que através de actos legislativos a
própria Administração estabeleça regras em determinadas áreas de matéria.

Observações Gerais sobre os Regulamentos:


→ Os Regulamentos não podem conter disciplinas contrárias a preceitos de valor normativo
superior (nomeadamente, Leis, Decretos Leis e Decretos Legais Regionais);
→ Os sujeitos do regime constitucional sobre regulamentos têm limitações de matérias sobre as
quais não podem emitir esses regulamentos e que são aqueles que estão reservados à Lei;
→ Os Regulamentos não podem, em princípio, ser retroactivos;
→ Os Regulamentos independentes têm que obedecer aos princípios gerais de direito do
Procedimento do Código Administrativo;
→ Por força do Princípio da Legalidade da Administração, os regulamentos devem estar ligados
a uma Lei;
→ Os Regulamentos têm igual validade jurídica, mas podem existir uns mais solenes do que
outros, como por exemplo:
Despacho Normativo

Portaria

Resolução Conselho de Ministros

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DL Regulamentar

OS ACTOS ADMINISTRATIVOS

O Acto Administrativo surge no âmbito do procedimento administrativo (sendo este diferente


do processo administrativo).

PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
«Conjunto encadeado de actos praticados, fundamentalmente, pela Administração Pública
cujo objectivo é a prática de um acto administrativo (esse procedimento normalmente
encerra com o surgimento do acto administrativo)».

NOTA 18: O Processo Administrativo é o conjunto de regras aptas a colocar em prática e regular o
procedimento administrativo, com vista à prática desse acto administrativo.

FASES DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO:


1) Fase Iniciativa
Põe em funcionamento o procedimento administrativo e pode ser de natureza pública [quando é
um órgão da A.P. que impulsiona a produção de acto administrativo, i. é, inicia o procedimento
administrativo – que pode ser heterogéneo (quando o procedimento administrativo teve o seu
início por intervenção de um det. Órgão da AP o qual não tem competências para a decisão
final nesse procedimento), ou autónoma (aquela que se traduz no facto do órgão que dá início
ao procedimento é também o competente para a decisão final ou prática do acto
administrativo)] ou de natureza privada [quando o procedimento administrativo surge pela
iniciativa de um administrado, particular, através de um requerimento (art. 74º do CPA).
Neste caso, a Administração Pública deverá responder ao particular através de um despacho de
aperfeiçoamento ou indeferimento liminar, tendo sido analisado adequadamente esse
requerimento (art. 83º CPA).

2) Fase de Instrução
Nesta fase, a Administração Pública, trata de fazer a recolha e tratamento dos dados necessários
à boa decisão no âmbito do procedimento administrativo, nomeadamente, apuramento de
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situação, diligências probatórias a levar a cabo pela Administração pública, entre outros, com
vista ao surgimento de um acto administrativo (art. 86º e seguintes do CPA).

NOTA 19: Órgão Dirigente – órgão com competência para a decisão do acto administrativo
→ Singulares
→ Colegiais (composto por 3 pessoas singulares)

Os Actos Administrativos que se podem praticar no âmbito da Instrução:


 Diligências instrutórias avulsas – que surgem no âmbito do procedimento, cujo
objectivo é verificar a realidade e permitir ao órgão decisor uma decisão de acordo com
a realidade e com a lei (art. 94º do CPA) [ex.: exames, vistorias, avaliações];
 Pareceres (art. 98º e seguintes do CPA):
☺ Obrigatórios – o órgão decisor tem de pedir autorização porque a lei o obriga a isso
mesmo;
☺ Vinculantes ou vinculativos/ não vinculativos – as suas conclusões poderão ser seguidas
no seu conteúdo ou não;
☺ Facultativos – o órgão decisor pode solicitar, mas sem estar obigado, de forma
facultativa
 Recolha e análise dos documentos – actividade típica da fase de instrução;
 Audição de Pessoas – são ouvidas as pessoas que tenham a ver com a informação
relevantes e que podem condicionar a decisão final.

Princípios ou Regência da Fase de Instrução:


→ Princípio da Legalidade – tem necessariamente que condicionar as diligências a praticar na
fase de instrução (art. 3º, 1 do CPA);
→ Princípio Inquisitório – a Administração Pública tem de actuar de forma a apurar a
veracidade das situações, para que possa proceder à execução dos actos administrativos (art. 56º
do CPA);
→ Princípio de Liberdade, recolha de provas (art. 87º do CPA)

3) Fase de Audiência dos Interessados


Esta pode ocorrer em qualquer uma das fases do procedimento, servindo para que os
interessados nesse procedimento se pronunciem, dizendo o que lhes disser respeito e que
conheçam relativamente à situação.

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É importante e imprescindível no procedimento administrativo, tendo carácter obrigatório, a


menos que em algumas situações possa ser eliminada, i. é, o interessado deverá ter a
possibilidade de se pronunciar (art. 100º e seguintes do CPA).
A Audiência dos Interessados ocorre logo a seguir à Fase de Instrução.

NOTA 20: Quando a decisão for favorável ao particular, a audiência com o particular é dispensada.

O Instrutor deverá fundamentar a decisão que irá tomar no momento de decisão; a Audiência
dos Interessado pode ser realizada de forma escrita ou oral (art. 103º do CPA)

4) Fase de Decisão (quando surge efectivamente o Acto Administrativo)


É nesta fase que se irá produzir o acto administrativo, i. é, com esta fase, concluí-se, em regra, o
procedimento administrativo; poder-se-á dizer que a decisão é uma causa de extinção do
Procedimento Administrativo – sendo expressa; outra causa de extinção do Procedimento
Administrativo surge com a desistência ou renúncia do pedido, ou quando surge deserção do
pedido (art. 111º do CPA).

NOTA 21: Um acto adm. pressupõe uma acção por parte da AP; p/ precaver as situações em que a AP
não se pronuncia sequer, o legislador, no CPA, achou por bem admitir que o silêncio da AP se designam
por actos tácitos ou silentes. 11

Um Acto Tácito só é juridicamente relevante quando:


 Tiver havido iniciativa de um particular;
 Órgão Administrativo a quem o particular dirigiu o seu requerimento seja um órgão
competente;
 Existir um dever legal de decidir;
 Decorrer um determinado período de tempo (90 dias – estipulado por lei).

O Acto Tácito será Positivo ou Negativo?


(art. 108º - deferimento tácito e 109º - indeferimento tácito do CPA)
É Positivo quando se exterioriza (pode não ser o mais vantajoso)
É Negativo quando a AP não exterioriza o seu parecer/ decisão.

11
Acto Silente (Coimbra) –acto da AP que se traduz pelo silêncio; Acto Tácito (Lisboa) – omissão da AP,
jurícicamente relevante, i. é, está em silêncio atribuindo-se a esse mesmo silêncio consequências jurídicas

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5) Fase Integrativa de Eficácia


Considerada só por alguns autores, pois surge quando o Acto Administrativo não é eficaz, i. é,
quando um Acto Administrativo é válido e é produzido pela AP, mas não produz efeitos
jurídicos (externos – p/ os administrados)

Desta forma, para tornar um Acto Administrativo eficaz, procede-se à Fase Integrativa de
eficácia (esta fase é defendida pela escola de Coimbra).

Esquematicamente temos em termos de Procedimento Administrativo:

Fase
Integrativa
de eficácia
Fase Iniciativa

Audiência
Interessados Fase de Decisão
(produz-se o A.A.)

Fase Instrução

ELEMENTOS QUE COMPÕEM UM ACTO ADMINISTRATIVO (CARACTERÍSTICAS)


a) Instituição Autoritária
Traduz-se por uma declaração autoritária porque é proferida por um ente público dotado de
poderes de autoridade, vulgarmente designado por “Jus Império”; no fundo, é uma imposição
autoritária ao seu destinatário, sendo um Acto Unilateral (para que o acto adm. seja produzido,
não é necessária a implicância de uma das partes, é necessário sim que haja conhecimento de
ambas as partes), com consequências externas, i. é, produz efeitos jurídicos que se fazem sentir
fora da esfera jurídica da AP (que profere esse acto adm.);
b) Individual e Concreto
Individual porque trata-se de um destinatário determinado e concreto porque é direccionado a
um dado momento, a uma situação específica, esgotando-se naquele mesmo momento.

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QUANTO À SUA ESTRUTURA OS ELEMENTOS DOS ACTOS ADMINISTRATIVOS SÃO:


 Elementos Subjectivos – qt aos sujeitos (o seu autor e o destinatário a que se dirige o
Acto Administrativo);
 Elementos Objectivos – qt ao conteúdo do acto e o objecto do acto;
 Elementos Funcionais – qt aos motivos e fim do acto administrativo (porque é que foi
praticado e para quê?);
 Elementos Formais – qt à forma (pode ser proferido por escrito ou oralmente, no fundo
é o aspecto exterior do acto) e qt ás formalidades (notas que têm de se verificar a nível
interno, para que se possa verificar um acto administrativo) do acto administrativo.

REQUISITOS DO ACTO ADMINISTRATIVO


 Exigências que a lei impõe relativamente a cada elemento do acto administrativo;
 Pressupostos do acto administrativo – requisitos ou situações de facto que têm de se
verificar e são consideradas essenciais para a prática de um dado acto administrativo.

NOTA 22: Concessão – O Acto Administrativo pode ser executado por particulares, porque há um acto
administrativo que lho permite previamente.

CLASSIFICAÇÃO DO ACTOS ADMINISTRATIVOS (cap. II – secção I, art. 120º CPA)


Existem várias classificações dos Actos Administrativos, nomeadamente, actos que influem
num status, ou que são desfavoráveis ou favoráveis, entre outros.

1. Actos Administrativos que interferem no status – interferem num conjunto ordenado


de direitos e obrigações que constituem esse status característico desse sujeito; assim,
esse conjunto pode influenciar o status de 3 formas:
a) Criam (ex. nomeação de um funcionário);
b) Modificam (ex. promoção de um funcionário; suspensão de um aluno);
c) Extinguem (ex. despedimento; expulsão de um aluno).

2. Actos Administrativos Desfavoráveis - porque provocam situações de desvantagem


no sujeito e podem ser distinguidos em:
a) Actos Abolatórios – actos desfavoráveis que se traduzem em suprimir, reprimir ou
comprimir, retirar direitos ou faculdades (ex. expropriação de uma propriedade);

__________________________________________ ISMAI 29
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b) Actos Impositivos – actos que contém ordens e que podem impor obrigação ou
proibição.

3. Actos Administrativos Favoráveis – desencadeiam benefícios a terceiros,


nomeadamente:
a) Concessão – actos administrativos que permitem o exercício de poderes próprios da
Administração pública por parte de particulares ou então a criação de benefícios para
esses particulares;
Estas podem ser:
a.1) Translativas (através do qual a AP transmite para o concessionário os poderes
já existentes na titularidade dessa administração, passando esse particular a ficar
investido dos poderes da AP – no fundo, a AP “abre mãos” dos seus poderes e
concede-os a um particular que terá de ser fiscalizado (ex. BRISA);
a.2) Constitutivas ( existe uma concessão constitutiva quando a Adm. cria de novo
poderes ou determinado direito de que a AP não pode ser titular, mas pode criar em
benefício de terceiros, esses poderes, que regra geral, vão implicar uma restrição
dos poderes públicos (ex. concessão que permite o uso privativo de bens de
domínio público – instalação de um quiosque).
b) Autorização – por iniciativa dos interessados, remover algum limite imposto por lei ao
exercício de uma actividade fora do âmbito da AP, que autoriza, i. é, próprio das notas
ou menções que o acto administrativo deve conter (art. 123ª).
Estas podem ser:
b.1) Autorização de relação entre a AP e os particulares
 Autorizações Dispensas (designadas também por Licença) – acto administração
através do qual a AP remove um dever especial relacionado com uma
actividade proibida, em geral, ou imposta pela lei e a este direito ou dever do
privado, não irá corresponder nenhum dever da AP (ex. licença de caça – que
retira a obrigação de não andar armado);
 Autorização Constitutiva de Direitos ou Licenças – acto que determina um
direito em benefício de um particular em áreas que preventivamente são
excluídas aos particulares, proibindo-se a sua intervenção; a AP pode praticar
este acto após a ponderação da situação em concreto e a análise do prejuízo que
decorre para o interesse público da prática dessa autorização e uma vez
ponderado, atribuir esse direito ou licença,

__________________________________________ ISMAI 30
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 Autorizações Permissivas – actos administrativos através dos quais a AP


permite aos particulares o exercício de uma actividade correspondente a um
direito desses particulares, previamente existente (ex. manifestação).
b.2) Autorização de Relação entre órgãos da AP
 Autorização Constitutiva ou de Legitimação – são actos administrativos através
dos quais se confere a um órgão da AP a possibilidade de praticar num caso
concreto um determinado acto que pode ser um acto administrativo ou
instrumental para o qual ele já tinha competências.

NOTA 23: Este tipo de Autorização, concretiza uma forma de controlo preventivo da Administração
Pública. Quando este acto é praticado sem autorização designamos por Acto com falta de autorização,
sendo a consequência a anulação ou invalidez desse acto.

c) Aprovação – são actos administrativos que têm como objectivo desencadear a


produção de efeitos jurídicos do acto aprovado; se um acto deveria ter aprovação e
não a tem, esse acto não produz efeitos jurídicos.

4. Actos de 2º Grau
São actos que actuam sobre actos precedentes e que têm como objecto, actos praticados
anteriormente a estes.
Estes podem ser:
 Actos que visam cessar ou suspender a eficácia de actos administrativos
anteriores (ex.: anulação, a revogação e a suspensão);
 Actos que modificam total ou parcialmente o conteúdo de actos administrativos
anteriores [ex.: revogação parcial, a reforma (substituição do conteúdo total do
acto), a rectificação (transformação do conteúdo de um determinado acto
expurgando-o de deficiências) e a prorrogação (dilatam-se os limites temporais
daquele acto)];
 Actos que visam consolidar actos administrativos anteriores inválidos [ex.:
convalidação (que se traduz numa nova declaração e que tem por objectivo
afastar o vicio existente no acto administrativo a que se aplica), a conversão
(sendo o seu objectivo a consolidação de um acto anterior e existe quando não
é possível afastar o vicio do acto anterior e quando a Administração Pública
pratica um novo acto válido, mas com o conteúdo do acto anterior)]
__________________________________________ ISMAI 31
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5. Actos Integrativos de Eficácia


São actos cuja função é fazerem com que um outro acto que não seja eficaz passe a produzir
efeitos jurídicos.

NOTA 24: Objectivo do Acto Jurídico – eficácia dos efeitos juridicamente administrativos.

Responsabilidade dos Actos Integrativos de Eficácia


Os Actos Integrativos de Eficácia podem ser da responsabilidade de:

1. Administração Pública – Vistos do Tribunal Contas (controla a

legalidade administrativa e orçamental do acto sobre o qual vai incidir)

e Aprovação (que tem como objectivo controlar a legalidade ou

conveniência e oportunidade do acto sobre o qual vão incidir, não


acrescentando nada ao conteúdo desse acto, passando a produzir efeitos
jurídicos – no fundo, controla a conveniência do acto).
2. Particulares – desencadeiam a eficácia de um acto administrativo (ex.:
uma tomada de posse), embora não acrescente nada ao conteúdo do
acto.

OS MEIOS/ FORMAS DE COMUNICAÇÃO DOS ACTOS ADMINISTRATIVOS


☺ Publicação – modo de comunicação de actos, geral (ex.: Edital);
☺ Notificação – acto através do qual a Administração Pública dá a conhecer um acto
pessoalmente, formalmente e oficialmente.

A comunicação é importante neste ponto porque em regra, os Actos administrativos não são
actos receptícios – para produzirem efeitos têm de ser recebidos formalmente pelo seu
destinatário – mas em alguns tipos de actos, têm de ser dados a conhecer e se não forem
notificados, não podem produzir os devidos efeitos jurídicos, i. é, apesar de não serem
receptícios, fazem depender a sua eficácia da existência de uma válida e correcta notificação.
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_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

Contudo e admitindo que não haja notificação, os actos administrativos não podem ser oponível
a terceiros, ou seja, apesar de um indivíduo não ter conhecimento daquele acto administrativo,
não implica que outro que seja possível de o sofrer não o venha a sofrer.

A partir de que momento produzem os Actos Administrativos efeitos jurídicos?

“ex nunc” – a partir de agora

Eficácia
“ex tunc” – desde então

“ex nunc” – qd
os A.A. produzem
efeitos a partir
deste momento.

Fase
Integrativa
de eficácia
Fase Iniciativa

Audiência
Interessados Fase de Decisão
(produz-se o A.A.)

Fase Instrução

“ex tunc”

NOTA 25: Embora possam existir actos integrativos de eficácia, estes começam a produzir efeitos logo a
partir do Acto Administrativo.

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NOTA 26: A Validade diz respeito aos elementos intrínsecos do próprio acto administrativo; a Eficácia,
diz respeito ás circunstâncias extrínsecas ao Acto Administrativo em causa, i. é, diz respeito a planos
diferentes, por isso os vicíos relativos à validade, afectam a vitalidade do acto .

Os elementos condicionantes da vitalidade têm a ver com a operatividade do acto, portanto, com
a sua eficácia.
A pretensão será mesmo a da existência de Actos Administrativo válidos e eficazes, contudo, os
actos podem ser:
 Inválidos
 Ineficazes
Embora também possam ser válidos e ineficazes ou inválidos e eficazes.

Acto Administrativo válido e ineficaz - acontece quando o acto não é operativo, ou seja, não
produz efeitos jurídicos externos, apesar de ser um acto perfeito (apesar de ser um acto sem
vicio).
São os casos de:
a) Actos Administrativos de Eficácia Diferida: eficácia no futuro
b) Actos Administrativos de Eficácia Condicionada ou Suspensa : acto que esteja sujeito a
uma condição.

NOTA 27: Cláusulas acessórias do acto administrativo: Modo; Termo e Condição, sendo que:
Termo = acontecimento futuro e certo
→ Termo Final (há menção à data da cessação de eficácia)
→ Termo Inicial (determina o início da eficácia)
Condição = acontecimento futuro e incerto
→ Condição Suspensiva (acontecimento que determina a cessação dos efeitos jurídicos)
→ Condição Resolutiva (acontecimento que determina a partir de quando é que o acto produz efeitos)

Acto Administrativo Inválido e Eficaz = são actos anuláveis.

A Invalidade de um Acto Administrativo conduz à sua inexistência ou à nulidade, bem como à


anulabilidade.

NOTA 28: Invalidade – pode ser menor ou de maior grau (em termos de negócios jurídicos) sendo:
Invalidade maior grau = Inexistência
Invalidade menor grau = Nulidade ou anulabilidade, sendo a primeira a mais grave.

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Nulidade = declaração de nulidade do acto – não há um período para declarar a invalidade do


acto por nulidade, porque a qualquer momento qualquer pessoa pode requerer a invalidade por
nulidade.
Anulabilidade = anula o acto; somente os intervenientes o podem anular estando o prazo de um
ano estipulado para proceder e essa anulação.

ACTOS ADMINISTRATIVOS DE EFICÁCIA


Instantânea – são actos eficazes quando os efeitos jurídicos deles se produzem num
determinado momento, esgotando-se nesse momento a sua eficácia (ex.: a nomeação de um
funcionário público) e pode levar a uma situação duradoura.
Duradoura – existem quando a operatividade do acto administrativo se prolonga no tempo.

MOMENTOS A PARTIR DO QUAL SE TORNA EFICAZ UM ACTO ADMINISTRATIVO


Ainda que excepcionalmente, acontece que o elemento integrativo de eficácia é um elemento
que vai determinar uma produção de efeitos aparentemente retroactiva, mas não
verdadeiramente porque faz surgir a eficácia do acto a partir do momento em que surge o
próprio acto.
Porém, o elemento integrativo de eficácia não acrescenta nada ao acto administrativo, apenas
serve para forçar os efeitos jurídicos desse acto – retroacção (eficácia “ex tunc”).

NOTA 29: A Retroacção vai fazer coincidir a eficácia com o Acto Administrativo.

Por outro lado e além da Retroacção, temos a Retrodatação.

Retrodatação – existe quando um acto que por força da Lei deveria ter sido praticado num dado
momento, só foi praticado posteriormente; assim, os efeitos desse acto, vão-se fazer sentir ou
vão-se produzir a partir da data em que o Acto Administrativo devia ter sido produzido e não na
própria data de produção (ex.: um funcionário devia ter sido promovido na data y; um dia mais
tarde, consegue a promoção. Nesta altura, os efeitos jurídicos deverão começar a produzir-se na
altura em que deveria ter sido promovido).
NOTA 30: Retroactividade – art. 128º do CPA

Suspensão e Cessação de Eficácia


Suspensão de Eficácia ≠ Cessação de Eficácia
 Quando um acto administrativo  Quando um acto administrativo
de eficácia duradoura deixa de faz com que os efeitos jurídicos
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_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

produzir os seus efeitos de outro deixem de se produzir.


temporariamente;  Causas da Cessação:
 Pode acontecer por força de um ☻ Desaparece o sujeito ou objecto
juízo de conveniência ou do acto administrativo em causa;
oportunidade da AP, pelo que ☻ Surgimento de um acto
essa suspensão, uma vez surgindo administrativo cujo objecto é
o novo juízo de conveniência e precisamente fazer cessar a eficácia
oportunidade por parte da de outro;
Administração, pode cessar; ☻ Quando existam cláusula
 Ex.: Exoneração de 1 funcionário acessórias de acto administrativo,
→ (acto adm. que det. a) → sendo estas o termo final e condição
reintegração (contudo, passado resolutiva.
det. tempo, a pessoa é suspensa,
deixando o A.A. de produzir
efeitos até ordem contrária.

A VALIDADE E INVALIDADE DOS ACTOS ADMINISTRATIVOS


a) Validade – é a qualidade doa Actos Administrativos que se constituem de acordo ou em
conformidade com as normas jurídicas fundamentais, de modo a prosseguirem o
interesse público (sendo este o seu último fim); os Actos Administrativos que não
estiverem de acordo com as normas jurídicas são inválidos, porque padecem de vicíos.
Assim, eles têm de estar de acordo com determinadas regras que não são jurídicas de
boa administração e também com a jurisprudência.

NOTA 31: Quando o Acto Administrativo não está de acordo com as regras de boa administração,
designamos por Vicio de Mérito.
Quando o Acto Administrativo não está de acordo com o bloco da jurisprudência, designamos por Vicio
de Legalidade.
Em regra, os vícios que são objecto de maior estudo no Direito Administrativo são os Vícios de
Legalidade.

O REGIME DOS ACTOS ADMINISTRATIVOS (IMPORTANTE)


→ Os Tipos de Invalidade
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 Nulidade (art. 133º; 134º e 135º CPA) →


Inexistência (art. 137º, 1 CPA) – é a consequência
mais gravosa porque:
a) Aparentemente tudo se passa como se o acto
administrativo nunca tivesse sido praticado;
b) Todo e qualquer interessado pode fazer com que seja
declarada a nulidade do acto, a qualquer momento.
 Anulabilidade (art. 136º CPA) – em regra, a
Regime/ Regra invalidade tipíca é a anulabilidade; por outro lado,
(consequências)
tem-se de saber o que é um acto nulo para sabermos
quando é que um acto é anulável. De forma geral, é
menos gravoso porque:
a) 1 A.A. anulável é um acto eficaz ou de eficácia;
b) Conjunto de pessoas c/ legitimidade p/ anular o acto;
c) Pode ser convertido num acto válido (convalidação do
acto)

 Invalidades Mistas – é um tipo de invalidade que se


caracteriza por conter algumas características quer da
Regime/ Regra nulidade quer da anulabilidade; este regime surge
(consequências)
quando o legislador, através de um Acto Legislativo,
estabelece regras de invalidade para um conjunto de
situações que conjuguem os dois regimes regra de
invalidade.

NOTA 32: Quando o Acto Administrativo nulo não produz efeitos, embora na prática se faça sentir,
designamos por EFEITOS PUTATIVOS.

NOTA 33: A nulidade é decretada pelos Tribunais Administrativos; a Inexistência pode ser decretada por
qualquer tribunal.

ESTRUTURA DO ACTO ADMINISTRATIVO (IMPORTANTE)


Existem 3 elementos a saber:

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_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

1. SUJEITO
É a Pessoa Colectiva Pública a quem a ordem jurídica atribui uma missão, que é a prossecução
do interesse público, e, que desempenha essa tarefa porque é titular de atribuições e para o
poder fazer recorre a órgão que são os seus representantes legítimos 12, que para desempenhar a
sua função, necessitam de poderes – Competências.

NOTA 34: Quando o sujeito comete uma deficiência em relação ás suas atribuições, o acto
administrativo é considerado inválido na sua forma mais gravosa, i. é, considerado nulo. Quando a
deficiência é relativa à Competência do órgão, o acto administrativo passa a ser inválido por
anulabilidade.
NOTA 35: Requisitos de Legitimação: Investidura; Quórum; Impedimentos.

2. OBJECTO
É a entidade ou o ente sobre o qual recaem as transformações jurídicas que se pretendem obter
com aquele Acto Administrativo.
Assim, o Objecto pode ser: uma pessoa; uma coisa ou um Acto Administrativo.

Requisitos do Objecto do Acto Administrativo:


→ Existência (quer física quer jurídica) do Acto Administrativo, i. é, para que seja válido tem
que ser viável e tem que existir na realidade;
→ Determinação – o Objecto de um Acto Administrativo tem de ser determinado de forma que
seja possível a sua definição e delimitação;
→ Idoneidade – diz-se que um Objecto é idóneo quando ele é apto a atingir a finalidade do
Acto Administrativo em causa – tem a ver com a relação do Acto Administrativo, do conteúdo e
do objectivo/ finalidade;
→ Legitimação – a qualidade do Objecto para receber, em concreto, os efeitos do Acto
Administrativo.

Requisitos de validade relativamente ao OBJECTO:


→ Possibilidade física e jurídica;
→ Determinabilidade;

12
Investidura: Acto Administrativo através do qual um sujeito singular se torna titular de um órgão administrativo.
__________________________________________ ISMAI 38
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_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

→ Idoneidade;
→ Legitimação
Se houver uma falha/ deficiência quanto a algum destes requisitos, estamos perante um vício
quanto ao Objecto do Acto Administrativo.

3. ESTATUIÇÃO
Este elemento do Acto Administrativo é composto por sub - elementos que deverão ser
analisados na determinação de um vício do Acto Administrativo. Assim, os sub – elementos que
integram a Estatuição são:
a)Fim do Acto Administrativo – o fim do Acto Administrativo é a satisfação do
interesse público tipificado na Lei; assim, a Lei estabelece abstractamente
determinados pressupostos, os quais, uma vez verificados em concreto indicam a
cada agente da AP qual a actuação que deve tomar ao praticar o Acto
Administrativo. O Fim implica:
 Pressupostos – Abstractos e Concretos (estes quando verificados na
realidade, implicam por sua vez a actuação da AP.

NOTA 36: Após se verificarem os pressupostos o agente da AP irá emitir uma declaração de
conformidade, designada por Justificação, que normalmente á aplicada na Fundamentação do Acto
Administrativo.

b)Conteúdo – conjunto de transformações jurídicas que o Acto Administrativo tem


como objectivo produzir. O Conteúdo pode ser:
 Vinculado – quando a AP actua rigorosamente no cumprimento estrito da lei
– o conteúdo é fixado pelo legislador uma vez verificados os pressupostos
previstos na Lei;
 Discricionário – conteúdo fixado pela Lei, a qual se limita a fixar os
pressupostos de actuação da administração, cabendo ao agente da AP
construir o conteúdo do Acto Administrativo.
 O Conteúdo, pode ainda ser: Principal (traduz o conjunto de determinada
essências do A.A., composto pelo conteúdo tipíco, que são as determinações
resultantes da lei e por outro lado, o designado por cláusulas particulares)
e Acessório (conjunto de determinações baseadas no poder discricionário
do agente da AP e que permite introduzir no conteúdo do A.A. variações/
qualificações relativamente ao conteúdo principal).

__________________________________________ ISMAI 39
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Docente: Dra. Ana Paula Cabral Curso: 1º Ano Solicitadoria
_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

Termo

Condição

Modo - cláusula que permite atribuir vantagens ao seu


destinatário, impondo correspondentes obrigações de
Cláusulas fazer, não fazer ou suportar;
Acessórias

Reserva – traduz-se na capacidade ou possibilidade


excepcional da AP poder reservar para si a interferência no
conteúdo do A. A., através da aposição de modos

c) Procedimento – para que o Acto Administrativo seja válido, é necessário que


tenham havido procedimentos válidos, sem deficiências, i. é, a Administração tem de
ter cumprido todos os trâmites exigidos pela Lei, para que o Acto Administrativo
surja quanto ao procedimento.

d)Forma – nos Actos Administrativos a Forma é escrita – regime supletivo – e


traduz-se pelo modo de exteriorizar o acto, sendo que a formalidade é a exigência da
Lei que impõe determinados requisitos quanto ao modo de exteriorização de um
Acto Administrativo; estes requisitos impõem que a declaração do Acto
Administrativo seja rodeada de determinadas circunstâncias obrigatoriamente
impostas por Lei (ex.: uma das referências que se faz relativamente à Forma, é a
exigência da Fundamentação dos actos Administrativos.

OS VÍCIOS DOS ACTOS ADMINISTRATIVOS (IMPORTANTE)

__________________________________________ ISMAI 40
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_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

SUJEITO

Vício por Falta de Atribuições (art.


133, alínea b)
Consequência: Nulidade

Vício por Falta de Vício por Falta de


Competência Legitimação
Consequência: Consequência: Nulidade
SUJEITO (requisitos que têm de existir
Anulabilidade nos órgãos colegiais. Ex.:
(acontece qd 1 órgão quórum)
não tem poderes p/
praticar o acto)

Vício por Usurpação de Poderes (art.


133º CPA línea a)
Consequência: Anulabilidade
(qd a AP pratica um acto e esse acto não é da
AP. Ex.: Julgar)

OBJECTO
(sobre o qual incide o Acto Administrativo) – tem que ser possível, determinável e lícito.
Vício por
Vício por Inexistência (ex.: uma
nomeação – se o sujeito não existe a Impossibilidade
nomeação não existe) → Jurídica
Consequência: Nulidade (ex.: revogação)
→ Física
Vício por (ex.: class. de 1
Indeterminabilidade bem como
Consequência: Nulidade património
classificado)
OBJECTO Consequência:
Nulidade

ESTATUIÇÃO

__________________________________________ ISMAI 41
__________________________________________
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Docente: Dra. Ana Paula Cabral Curso: 1º Ano Solicitadoria
_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

Relativamente à Estatuição, importa elencar que os Vícios existentes podem assumir várias
ordens, pois na Estatuição encontramos vários factores ou sub - elementos susceptíveis de
padecerem de vícios.

 FIM

Não importam os vícios quanto ao fim em todas as circunstâncias,


apenas são relevantes aqueles que dizem respeito a um poder
vinculado da administração.

Poder Discricionário – a existência do vício é somente no seu


conteúdo.

Vícios quanto aos Pressupostos – abstractos e concretos (existe


um vício quando a AP tem base legal para actuar, mas engana-se ou
comete um erro)
Consequência: Anulabilidade

 CONTEÚDO

Vinculado
Consequência: Anulabilidade

Discricionário – actua e o conteúdo que a AP deu ao acto não


é o mais
Uma adequado (ex.:ou
das características desvio de poder)
elemento importante do CONTEÚDO são
osConsequência: Anulabilidade
Motivos/ Motivações; conseguem-se identificar os vícios pelos
motivos quando estes são:
→ Inexistentes
→ Falsos;
→ Errados
→ Irrelevantes
→ Deficientes ISMAI
__________________________________________ 42
__________________________________________
Discente: Susana Mª Santos → Incongruentes Nº 15785
Docente: Dra. Ana Paula Cabral Curso: 1º Ano Solicitadoria
Consequência: Anulabilidade
_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

 PROCEDIMENTO
a) Por exemplo quando no âmbito do Procedimento deva existir uma audiência dos
interessados e esta não aconteça, existe um vício quanto ao Procedimento cuja
consequência em termo de invalidade é a mais grave, ou seja, Nulidade.
b) Quando exista uma falha no Procedimento administrativo, seja ele obrigatório ou
facultativo, a consequência regra em termos de invalidade do Acto Administrativo é a
menos grave, i. é, a Anulabilidade.

 FORMA

Um vício quanto à forma como se exterioriza determina a


Anulabilidade; quando a forma estiver prevista na Lei, a
consequência será a Nulidade.

Fundamentação – a falta de fundamentação é um requisito


formal do Acto Administrativo, logo, quando um acto deva
ser fundamentado e não o seja temos um vício quanto à
fundamentação da forma.
Consequência: Nulidade ou Anulabilidade

Quando o vício existente é somente uma pequena deficiência


no Acto Administrativo, estamos perante uma irregularidade;
desta forma, o Acto Administrativo é reaproveitado.

__________________________________________ ISMAI 43
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Docente: Dra. Ana Paula Cabral Curso: 1º Ano Solicitadoria
_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O DIREITO PRIVADO


Administração Executiva
A Administração Pública recorre a um ramo do Direito (ramo autónomo) que se traduz no
Direito Administrativo.
Contudo, nem sempre a Administração Pública recorre ao Direito Administrativo como também
ao Direito Privado.

Quando falamos na aplicação do Direito Privado por parte da Administração Pública, temos de
ter presente duas noções:
1. Actuação com limite da Administração Pública;
2. A Administração pública utiliza meios/ instrumentos de Direito
Privado para desempenhar a função Administrativa
Na verdade, cada vez mais a Administração Pública recorre ao Direito Privado, principalmente
na sua própria reforma.

Vantagem:
Como a Administração Pública é estática, rígida e burocrática, ao recorrer ao Direito Privado,
ela passa a tornar-se mais célere, pretendendo ser mais eficaz e eficiente, do que tipicamente ela
acaba por ser, portanto, justifica-se que ela recorra ao Direito Privado.

Porém, existem desvantagens na actuação da Administração Pública enquanto “particular”;


assim, quando a AP actua como sendo um particular para prosseguir o interesse público, não
pode deixar de acautelar determinados limites do Direito Público.
Limites/ Cautelas a ter em conta por parte da Administração Pública
a) A Administração pública na sua actuação tem sempre que respeitar os Direitos
Fundamentais dos administrados;
b) A Administração Pública tem que prosseguir o interesse público respeitando sempre os
princípios gerais da actividade administrativa (princípio da boa fé, da legalidade, entre
outros);
c) A decisão administrativa tem sempre que pressupor uma decisão da Administração em
utilizar o Direito Privado, i. é, a Administração Pública pode utilizar o Direito Privado
mas não de forma automática – Princípio da Decisão Administrativa Prévia. Na base
deste princípio encontramos a “Teoria dos 2 Degraus”; segundo esta teoria, existem 2
degraus – o Público e o Privado - , sendo que a Administração Pública passa a utilizar o
__________________________________________ ISMAI 44
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_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

Direito Privado, embora sempre com cautelas; por um lado, o degrau do Direito Público
permite assegurar de maneira geral o cumprimento do interesse público e o degrau do
Direito Privado, onde se regula em concreto uma dada situação da vida real, recorrendo-
se ao Direito Privado. O importante desta teoria é que a A.P. nunca esqueça as cautelas
e limites a que estão subjacente o recurso ao Direito Privado.
d) Liberdade de Escolha Limitada, i. é, é admissível o recurso ao Direito Privado por parte
da AP mas apenas na medida em que isso seja necessário/ conveniente para prosseguir
o interesse público.

DISCRICIONARIDADE
A Administração Pública pode ser:
→ Mais Discricionária;
→ Mais Vinculada
A noção base reside no facto da Administração Pública ter intrínseca a si mesma o Princípio da
Legalidade, visando a prossecução do interesse público, embora possa ser ela a estabelecer esses
fins – fins heterónimos – pois estes são definidos pelo legislador que também é responsável
pelos órgãos competentes para a prossecução desses fins.

Na actuação em concreto, a Administração Pública pode encontrar um conteúdo de actuação


bem como optar por determinados meios para atingir os fins, ou o conteúdo e os meios ser-lhe-
ão impostos pelo legislador ou pelo poder legislativo.

Assim sendo, existe um acto vinculado quando a Administração Pública não tem qualquer poder
de escolha relativamente ao conteúdo do acto, porque ele decorre directamente da Lei e por
outro lado existe uma acto discricionário quando a Administração pública tem a possibilidade
de escolher o conteúdo dos actos administrativos fixando o grau de modificação que pretende.

Em bom rigor, diz-se que a actividade da AP é uma actividade de continuidade entre a


vinculação e a discricionaridade.

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PRINCÍPIO DA DISCRICIONARIDADE


Inicialmente, começou por entender-se por discricionaridade o seguinte: era característica da
actividade da AP sem ter a ver com a Lei; o Poder Discricionário era um poder originário da AP
e não delegado pelo poder legislativo, por isso quando a AP actuasse no uso de um poder

__________________________________________ ISMAI 45
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_______________________________ Direito Administrativo ________________________________

discricionário teria plena legitimidade, livre arbítrio, para escolher a solução que considerasse
mais conveniente.

Actualmente, a Discricionaridade entende-se como sendo uma concessão legislativa, feita pelo
legislador à AP, para esta decidir casos concretos, devendo ela encontrar a melhor solução para
cada um dos casos – dentro da legalidade ela terá algumas limitações.

NOTA 37: Desta forma, é possível estabelecermos que poderá existir conflitos entre os conceitos:
 Princípio do Estado de Direito
 Princípio da Separação de Poderes

NOTA 38: Hoje em dia o Poder Discricionário da AP não tem a ver com o poder vinculativo que era sua
característica no passado.
CONCEITO DE DISCRICIONARIDADE, ACTUALMENTE
O conceito de discricionaridade é um conceito amplo e que se traduz no poder da AP e inerente
responsabilidade, resultante de alguma indeterminação legal.

Formas de atribuir/ permitir a Discricionaridade à Administração Pública;


a) As situações de indeterminação (ex.: quando o legislador atribuí faculdades de acção à
administração que decorre de normas autorizativas e normas alternativas);
b) Através de concepção de margens de apreciação, na aplicação de conceitos
indeterminados;
c) Através de juízos ou prerrogativas de avaliação;

EM QUE É QUE SE DISTINGUE A DISCRICIONARIDADE?


O Poder Discricionário traduz uma repartição de competências entre os diferentes poderes do
Estado: o poder legislativo, onde se prevê o interesse público a prosseguir e onde se define esse
interesse público; o poder administrativo (que cabe à AP ao aplicar a Lei ao caso concreto
visando a prossecução do interesse público); o poder judicial que cabe ao juiz, o qual pode
verificar a prossecução do interesse público previsto na Lei, mas não pode pronunciar-se quanto
ao modo como esse interesse público é prosseguido porque nisso reside a margem da AP,
correspondente à sua discricionaridade.

O QUE É A DISCRICIONARIDADE EM TERMO MATERIAL?


Materialmente, discricionaridade é a característica da actividade da AP, como tal, substancial e
funcionalmente, jurídica e materialmente concretizada na aplicação do Direito ao caso concreto

__________________________________________ ISMAI 46
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tendo sempre por obrigação a de optar pela melhor solução em termos administrativos, mas
sempre, não pondo em causa os direitos, liberdades e garantias dos administrados.

A TRIPARTIÇÃO DE GARANTIAS DOS ADMINISTRADOS

Contenciosas
Políticas ☺ Acção
☻ Direito de Petição administrativa;
(A.R.); GARANTIAS ☺ Recurso
☻ Reclamação p/ o contencioso;
provedor de justiça ☺ Providências
cautelares

Administrativas (art. 158º) – “Graciosas”


O administrado dirige-se a um órgão da AP garantindo o
Direito que lhe assistir:
Reclamação;
Recurso hierárquico (obrig. ou facul.);
Recurso hierárquico impróprio;
Recurso tutelar

Reclamação – expediente que um administrado pode utilizar sempre que for praticado um Acto
Administrativo que ele considere lesivo dos seus direitos e interesses – dirige-se a quem pratica
o A.A., solicitando a sua modificação ou revogação.
Recurso Hierárquico – não para quem praticou o A.A., mas sim para o superior hierárquico.
Recurso Tutelar – este dirige-se ao órgão que exerce um controlo ou supervisão a quem
praticou Acto Administrativo.

FORÇA JURÍDICA DOS ACTOS ADMINISTRATIVOS


1. Executoriedade (ou) Privilégio de Execução Prévia (art. 149º e seguintes) – Imperatividade;
A AP traduz a sua actividade, em regra, na prática de Acto Administrativo, que são os actos
autoritários; por outro lado, ela também pode exercitar as faculdades decorrentes desses actos
imediata e coactivamente – resultado da presunção de legalidade da actividade administrativa,
ou seja, a administração tem de estar sempre vinculada à Lei. Assim, a faculdade imediata e
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coactiva da AP traduz-se no poder de executar os actos, atribuindo-lhe a característica de


executoriedade, também designada em tempos por “Privilégio de Execução Prévia”. Desta
forma, entende-se por executoriedade o poder da Administração Pública que lhe permite
proceder à execução dos seus actos, recorrendo aos seus próprios meios, se necessário
coactivamente, sempre que esses actos sejam actos criadores de deveres ou obrigações para os
particulares e estes resistam ao cumprimento desses deveres (estes poderes permitem o não
recurso aos tribunais).
A Imperatividade é uma característica que traduz a imposição unilateral de deveres, obrigações
na esfera jurídica do destinatário de um acto – desta forma, a AP exerce os seus poderes
unilaterais sempre que para prosseguir o interesse público modifique e esfera jurídica dos seis
destinatários sem recorrer aos tribunais; esta imperatividade irá traduzir-se na designada Auto-
Tutela Declarativa.

Auto-Tutela Declarativa ≠ Auto-Tutela Executiva


Resultante da imperatividade (os actos Resultante da executoriedade (os efeitos
ou efeitos dos actos administrativos são dos actos administrativos são
declarados) executórios)

A executoriedade é então o poder de execução coactiva da AP através apenas dos próprios


meios da administração sem recurso aos tribunais, tendo o seu fundamento no facto de obrigar à
prossecução do interesse público; por isso, sempre que os destinatários doa Actos
Administrativos não cumprirem voluntariamente os deveres decorrentes desses actos, é
admissível que a AP recorra a este expediente, de coação, para os fazer cumprir.

1.a) O âmbito da Executoriedade


Quando se fala de executoriedade, temos de falar ainda de eficácia; sendo a eficácia a qualidade
da produção de efeitos jurídicos de um Acto Administrativo, a executoriedade pressupõe sempre
a eficácia do acto administrativo, i. é, só tem cabimento falar-se em execução de um acto
administrativo quando esse acto produz efeitos jurídicos.

2. Exequibilidade
A exequibilidade é a característica dos Actos Administrativos que goza da possibilidade
efectiva de execução através de actos jurídicos ou materiais → possibilidade de um Acto
Administrativo ser executado.

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Assim temos:
2.a) Actos Administrativos Exequíveis – quando é susceptível de ser executado;
2.b) Actos Administrativos não Exequíveis – quando produz os seus efeitos independentemente
de qualquer execução.

NOTA 39: Destes, apenas os Exequíveis poderão ser Actos Executórios.

3. Executividade
Executividade, traduz a capacidade dos Actos Administrativos basearem directamente uma
execução, i. é, o Acto Administrativo funciona como um título que serve de base a uma
execução sem necessidade de qualquer pronúncia nem sequer uma pronúncia judicial.

NOTA 40: A Executoriedade, não é uma característica típica de todos os Actos Administrativos, pois
não tem sentido para os Actos não exequíveis que são os actos que produzem efeitos imediatamente, sem
qualquer execução; também não faz sentido falar-se de actos executórios relativamente aqueles que não
tenham conteúdo imediato a criação de obrigações e deveres para os particulares; ainda não faz sentido
falar-se em executoriedade relativamente a este tipo de actos e que não haja resistência ao cumprimento
desses direitos e obrigações; portanto, só se pode falar em executoriedade como a característica de um
reduzido conjunto de Actos Administrativos e relativamente aos quais a AP inequivocamente, por força
da Lei, ou em caso de urgência devidamente fundamentada, pode usar a força ou coacção para executar
esses mesmos actos.
Ainda assim, tem que ter em conta a limitação decorrente do DLG dos particulares.

Princípios para uma Executoriedade ser executável pela AP


a) Princípio da Tipicidade das formas de Execução (art. 149º CPA);
b) Princípio da Proporcionalidade da Execução (art. 151º CPA);
c) Princípio da Necessidade da adequação;
d) Princípio da Observância dos Direitos fundamentais dos administrados (art. 157º, 3
CPA)

O Contrato Administrativo (art. 178º CPA)


«Acto jurídico composto por duas declarações de vontade e que têm como característica
serem duas declarações de vontades opostas mas convergentes, tendo a capacidade ainda
de produzir, modificar ou extinguir uma relação jurídica administrativa».
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O Contrato é a forma de manifestação de vontade mais apta a permitir que os seus autores
concretizem as respectivas vontades; em regra, ambas as partes surgem em igual circunstância.

CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO CELEBRADO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


 Contrato no âmbito do Direito Privado;
 Especial, sujeito a um regime diferente;

CONTRATO ADMINISTRATIVO
→ Este tipo de contrato tende a conciliar o interesse público, definido pelo legislador, estando-
lhe subjacente a manifestação de vontade das partes;
→ Impõe limitações e especificidades próprias;
→ É elaborado entre a Administração e o particular;
→ É condição obrigatória a existência de um objecto como objectivo do contrato

NOTA 41: Contratos Típicos – são contratos que seguem um regime específico previsto na Lei (art. 178º,
2)
Contratos Atípicos – são aqueles contratos que conjugam várias regras a que estão sujeitos os contratos
típicos ou são simplesmente resultantes da manifestação de vontade das partes intervenientes.

Contrato de Empreitada de Obras Públicas


«Contrato Administrativo através do qual uma das partes – o empreiteiro – assume a
obrigação de realizar trabalhos de construção originária ou de modificação de construção
já existentes de bens imóveis no domínio público e tudo isto por conta de uma pessoa
administrativa ou um de pessoa colectiva pública» - Contrato Típico.

Concessão de Obras Públicas


«Contrato Administrativo que permite a uma entidade administrativa transferir para
outra pessoa jurídica o poder de construir por conta própria, determinados bens, cujo
objecto é o uso público; esses bens, por força do contrato de concessão, fica na posse do
concessionário durante um período de tempo, para que este possa cobrar taxas aos seus
utentes».

Concessão de Serviços Públicos

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«Contrato Administrativo que permite a uma entidade administrativa, transferir para


outra pessoa, durante um determinado tempo, o poder de explorar um serviço público,
para que ele exerça um serviço por sua conta e risco, mas sempre no interesse público».

CONTRATOS DE SUBORDINAÇÃO E PARITÁRIOS


Quanto aos seus fins eles podem assumir a forma de por um lado Atribuição e por outro
Colaboração.
De Atribuição: aqueles que permitem que um dos intervenientes – o particular – assuma uma
posição favorável sendo por isso mais fácil o cumprimento das suas obrigações que resultem
desse contrato;
De Colaboração: este contrato existe quando o particular interveniente no Contrato
Administrativo se associa à Administração Pública no desempenho e regulação das atribuições
administrativas provenientes desse contrato.

NOTA 42: Objecto – existem contratos, que não deixam de ser actos administrativos, porque surgem
como substituição a esses mesmos actos ou na substituição de um contrato de Direito Privado celebrado
com a Administração.

REGIME LEGAL DO CONTRATO ADMINISTRATIVO


Princípios do CPA
a) Princípio da Adaptação do Contrato ao Interesse Público – Cláusula de Sujeição;
b) Princípio da reposição do Equilíbrio Financeiro (entre as parte contraentes) – Cláusula
de Remuneração

Os Princípios acima enunciados, têm subjacentes a si, duas ideias base que se traduzem no
seguinte: por um lado e, relativamente ao primeiro princípio, está a ideia clássica do “Pacto
Sunde Servanda” – os contratos são para cumprir sendo que por força do interesse público
possa existir uma alteração clausular; por outro lado e subjacente ao segundo princípio, caso o
particular seja prejudicado, terá de ser indemnizado.

c) Princípio da Garantia da Igualdade entre a Administração Pública e a Parte Contraente –


os particulares que contratam com a Administração pública, têm que ter sempre como
garantia uma posição de não dependência da Administração (poder-se-á na falta de
acordo recorrer a tribunal) – (art. 186º/ 187º CPA).

PROCEDIMENTO PRÉ-CONTRATUAL
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Existem determinados actos que têm de ocorrer, antes da elaboração do contrato, e que o
preparam. A esta preparação, designamos por adjudicação ou negociação e ajuste directo, onde
se integra o concurso público, a apreciação de orçamento e discussão, entre outros).

Casos Práticos
1. O Presidente da Câmara Municipal da maia, concedeu ao abrigo de uma delegação de
poderes efectuada pela Câmara Municipal e contrariando um parecer dos Serviços competentes,
um alvará de Licença para a construção de uma incineradora de resíduos hospitalares, junto ao
espaço que virá a ser ocupado pelo futuro parque da saúde.
Inconformados com a situação, os munícipes maiatos pretendem contestar a decisão e saber que
vícios poderão alegar, nomeadamente por entenderem que deveriam ter sido recebidos pelo
Presidente, bem como entenderem que não foi emitida qualquer informação quanto ás razões
que levaram à escolha daquele local.
Por outro lado, os partidos de cores políticas diferentes da do Presidente, através dos seus
vereadores na Câmara, querem inverter a decisão avocando a competência delegada. Para isso,
sustentam que a delegação de competências não foi correctamente efectuada por não ter sido
publicada.
Questão: Estamos perante quantos Actos Administrativos? Identifique os vícios que padecem
esses actos e quais as consequências?
Resposta: No caso enunciado, estão presentes 2 Actos Administrativos, nomeadamente: a
Delegação de Poderes e a Concessão de Licença p/ construção.
Quanto aos vícios, eles existem principalmente quanto à Estatuição em quase todos os seus
elementos, mas também quanto ao Sujeito.
Por um lado e quanto à Estatuição, os vícios intrínsecos são no que respeita ao Procedimento,
pois não existiu a audiência de interessados, sendo a consequência a mais grave, ou seja a
Nulidade, relativamente ao Conteúdo, mais propriamente quanto aos motivos, sendo a sua
consequência a menos gravosa – a anulabilidade. Para além dos vícios enunciados
anteriormente e ainda quanto à Estatuição, a Forma também foi “violada” ou viciada, pois não
houve qualquer publicação do acto administrativo (art. 37ª CPA); a consequência deste vício é a
anulabilidade.
Quanto ao Sujeito este apresenta também vícios especialmente na Delegação de Poderes pois
não há efectivamente competência (vicio por falta de competência) e ainda porque essa
Delegação de Poderes não foi publicada, requisito essencial para este tipo de acto
administrativo, originando assim a invalidade do acto.

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2. Uma Lei atribuí competências ao director geral do ambiente e recursos naturais após parecer
dos organismos de protecção civil, para licenciar a construção de bares de praia.
Ambrósio, que pretende abrir um bar na praia de Mindelo, com capacidade para 150 pessoas,
solicitou em 23 de Abril de 2005, a respectiva Licença ao director geral.
A 23 de Novembro de 2005 o director do ambiente e recursos naturais informa Ambrósio que
ainda não respondeu porque os organismos de protecção civil têm demorado a emitir os
pareceres.
Inconformado, Ambrósio pede licença à C. Municipal respectiva que delibera imediatamente o
seguinte: “é autorizado a abertura de um bar na praia de Mindelo desde que o proprietário
garanta o pagamento dos salários dos nadadores salvadores da praia e ofereça ao ISN todo o
material de salvamento de que necessita”.
Posteriormente, o director geral emitiu o seguinte despacho: “autorizo a abertura de um bar de
praia, na paria de Mindelo, com capacidade para 40 pessoas”.
Questão: Identifique os Actos Administrativos bem como os vícios inerentes ao enunciado?
Resposta: Estamos perante 2 Actos Administrativos, por um lado a Autorização da C. M. para
abertura de um bar – Licença e, por outro lado a Autorização do DGARN para a abertura do bar
para 40 pessoas.
No primeiro caso, ou seja na Autorização da C. M. encontramos vícios no que respeita ao
Sujeito, bem como no que concerne à Estatuição; relativamente ao Sujeito, é patente o vício por
falta de atribuições (no caso de Assembleia Municipal, falar-se-ia de vício por falta de
competências), visto que a Câmara se integra no Município e este sim é o sujeito. A
consequência deste vício é a mais gravosa, isto é, a nulidade (art. 133º CPA). No que reporta à
Estatuição, este Acto Administrativo apresenta vícios ao nível de Conteúdo, logo a
consequência será a anulabilidade, ao nível da Forma do objecto - pois há falta de
fundamentação – determinando assim a nulidade do acto em causa.
Quanto ao segundo Acto Administrativo, mais propriamente a Autorização do DGARN,
existem vícios no âmbito da Estatuição e em termos de Procedimento (porque houve falta da
audiência de interessados); também não existiu qualquer fundamentação, mas ela também não
era necessária, pois foi remetida para outro parecer, logo, não há qualquer obrigatoriedade de
fundamentação. A consequência será então a menos gravosa ou seja, a anulabilidade.

3. O Presidente da Câmara Municipal de Gondomar fez publicar um aviso à população no


Jornal de Notícias de 1 de Janeiro de 2005, onde dizia que “em virtude de ter interesses privados
conhecidos no âmbito da actividade imobiliária e em nome da transparência, delegava todos os
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seus poderes relativos a urbanismo, construção e licenciamento para habitação, na vereadora


Sandra, incluindo os que lhe tinham sido delegados pela Câmara Municipal.
Em 1 de Fevereiro, Hélder dirigiu à vereadora Sandra um pedido de Licença para habitação de
um prédio seu, que sofreu grandes modificações.
Como em 29 de Abril ainda não tivesse obtido resposta, Hélder dirigiu-se directamente ao
Presidente da Câmara que despachou nos seguintes termos – Indeferido, tal como já ocorrera
tacitamente com o pedido anterior, não podendo voltar a ser apreciado futuramente.
Questão: Identifique os actos administrativos presentes e quais os vícios?
Resposta: No caso apresentado em cima estão patentes 3 Actos Administrativos, nomeadamente,
a Delegação de Poderes da C. M. no Presidente, a delegação de Competências à Vereadora e
ainda o Despacho de Indeferimento.
Os vícios existentes são ao nível de quase todos os elementos, isto é, a nível de Sujeito, e a nível
de Estatuição, não havendo vícios somente no que concerne ao Objecto.
No que respeita ao Sujeito e nos primeiros dois casos, o vício inerente reside na legitimação
pois existem incompatibilidade.
Por outro lado, existem vícios quanto à Estatuição nos seguinte sub – elementos: Procedimento,
pois não existiu qualquer audiência de interessados sendo a sua consequência a nulidade; Forma
quanto à fundamentação, pois houve falta de fundamentação para o Despacho de Indeferido e
aindano que respeita ao Conteúdo – Motivos – sendo a sua consequência a anulabilidade.

4. Igor, cidadão russo, pretende exercer a profissão de médico em Portugal, tendo solicitado ao
presidente do IEFP uma autorização em 5 de Janeiro de 2005.
No requerimento, fazia referência à sua especialidade na área da procriação medicamente
assistida, o que segundo ele poderia beneficiar em muito a investigação portuguesa, bem como
o tratamento de doentes.
Em 7 de Setembro de 2005, o presidente do IEFP respondeu àquele requerimento do seguinte
modo: “Indeferido, dado que os hospitais não podem ser constantemente prejudicados com a
invasão desse tipo de gente.” Insatisfeito, Igor pretende recorrer para o tribunal competente,
embora não saiba qual é, recorrendo ainda para o ministro do trabalho, o qual proferiu o
seguinte Despacho: “Revogo a decisão do presidente do IEFP uma vez que António não foi
ouvido”.
Questão: Identifique os Actos Administrativos presentes e quais os Vícios existentes?
Resposta: Estamos perante 3 actos administrativos, nomeadamente, o Indeferimento do
Presidente do IEFP, a revogação da decisão do presidente do IEFP por parte do ministro do
trabalho e ainda o Deferimento Tácito. Quanto ao primeiro acto, poder-se-á dizer que estamos
perante um vício no que respeita ao Sujeito – na pessoa do presidente do IEFP – por falta de
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competências, sendo a sua consequência a anulabilidade. No que concerne ao Deferimento


Tácito e por força do art. 108º do CPA somos levados a concluir que o seu indeferimento não
seria possível pois foram ultrapassados os 90 dias para responder ao requerimento do particular,
logo, admitimos o Deferimento Tácito que irá por sua vez anular o Indeferimento do IEFP.
Relativamente à Revogação, temos a dizer que este acto administrativo é um acto de 2º grau e
que também não poderia ter existido visto que o acto administrativo de indeferimento do IEFP
foi considerado nulo por força do Deferimento Tácito, logo, a revogação não revogará nada
(previsto no art. 139º, 1, alínea a)).
Assim, padece sim de um vício, mas quanto ao Objecto pois este é inexistente tendo como
consequência a mais gravosa que é a nulidade (art. 133, 2, alínea c).
Concluindo, Igor deverá então recorrer ao Tribunal Administrativo e o seu recurso será um
recurso tutelar (por força do art. 177º).

5. O Presidente da Câmara Municipal da Eurolândia ordenou a imediata demolição do edifício


onde se encontra instalado o restaurante Bodega Espanhola. O Fundamento deste AA é que o
seu proprietário Manolo Camacho estava a colocar em causa a segurança e ordem pública ao
recusar-se a cumprir a postura municipal aprovada pela Câmara, segundo a qual enquanto
durasse o campeonato europeu de futebol, todas as lojas existentes no município deveriam
ostentar nas respectivas montras a bandeira nacional, sob pena de se sujeitarem a pesadas
sanções administrativas. Manolo considera que tanto a actuação da Câmara como o respectivo
presidente são ilegais, alegando estar a ser vítima de actuação discriminatória por parte das
autoridades municipais, devido apenas ao facto de ser Espanhol. Além do mais o edifício onde
se encontra instalado o seu restaurante acabou de ser constituído por isso pretende reagir contra
o AA da Administração.
Face aos protestos de Camacho que encontrou eco na comunicação social do país vizinho, o
Ministro dos Negócios Estrangeiros decidiu revogar imediatamente as decisões dos órgãos
camarários, alegando que elas eram susceptíveis de porem em causa as boas relações entre os 2
países. Por seu lado, a Câmara recusa-se a acatar a decisão do governo, reafirmando a
legalidade das anteriores decisões camarárias, embora tenha decidido à cautela e com
fundamento em razões de conveniência e mérito, substituir a ordem de demolição por uma
sanção pecuniária ao mesmo tempo que procedia à imediata revogação da Licença, concedida
anteriormente ao restaurante Bodega Espanhola.
Questão: Identifique os Actos Administrativos e a existência de vícios?
Resposta: Neste caso estamos perante 2 Actos Administrativos e um Regulamento. Desta forma,
temos como Actos o Despacho da demolição e a Revogação por parte do MNE. Relativamente à
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Postura da Câmara ela é caracterizada como Regulamento e não como Acto Administrativo,
visto que não obedece a dois requisitos dos Actos, nomeadamente o ser individual e ainda
concreto.
Quanto ao Acto Administrativo – Despacho para demolição do prédio – apresenta vícios no que
concerne somente à Estatuição, mais propriamente em termos de conteúdo (no âmbito deste
A.A. foi posto em causa um direito fundamental) sendo a sua consequência a nulidade; em
termos do Fim em particular quanto aos pressupostos, sendo a sua consequência a anulabilidade.
Relativamente à Revogação, importa esclarecer que a Administração Central não pode nunca
imiscuir-se nos assuntos das autarquias, porque estas são autónomas, contudo, classificando-o
como Acto Administrativo ele “sofre” de vícios nos seguintes elementos: quanto ao Sujeito
(pela existência de falta de atribuições), tendo como consequência a nulidade, quanto ao
Objecto (pela impossibilidade jurídica), sendo também a nulidade a consequência. Sendo assim,
quanto à Estatuição todos os sub – elementos padecem de vícios, pois por exemplo, a nível de
conteúdo a fundamentação dada é incongruente, não é sequer aceitável.

6. Em 4 de Janeiro de 2005, Manuel solicitou ao presidente do conselho directivo da faculdade


de Direito de Coimbra uma licença s/ vencimento de longa duração, para 2 anos. De forma a
permitir a valorização profissional dos funcionários a Lei permite a concessão deste tipo de
licenças. No mesmo dia, o presidente do conselho directivo assim que recebeu o requerimento
de Manuel, invocando as competências que o conselho directivo da faculdade nele delegou,
despachou o seguinte: “autorizo por 1 ano, para Manuel poder assistir um familiar seu que
padece de uma doença grave”.
Questão: Identifique os Actos Administrativos existentes, assim como os possíveis vícios?
Resposta:

Conceitos e Distinções:
1. Distinga sucintamente C. M. Porto de Universidade do Porto.
C. M. Porto vs. Universidade do Porto
Órgão colegial da autarquia local que é Quanto à sua natureza jurídica, a U.P. é

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o município, sendo o vínculo que liga o um Instituto Público que corresponde à


Governo à Administração Autónoma Administração Indirecta, sendo o
territorial, concretamente o município, vínculo, o da superintendência.
é o vínculo da tutela de legalidade do
que aquele que liga o Instituto Público
ao Governo.

2. Distinga Poder de Direcção de Poder de Superintendência .


Na AP existem vários vínculos – o hierárquico – que liga o superior hierárquico ao seu
subalterno e que determina alguns direitos e correspondentes deveres a esse superior
hierárquico, onde está o Poder de Direcção. Assim, Poder de Direcção traduz-se no poder
do superior hierárquico dar ordens ao seu subalterno. Por outro lado, o Poder de
superintendência corresponde ao vínculo existente entre a Administração directa (governo)
e um Instituto Público, concretizando-se na possibilidade desse governo dar algumas
orientações e controlar de algum modo a actuação desse Instituto Público. O seu vínculo é
mais ténue do que o poder de Direcção.

3. Distinga Acto Administrativo de Indeferimento Tácito.


É uma instatuição autoritária que define uma situação jurídica relativa a um caso concreto
praticado por um sujeito Administrativo no uso de poderes de Direito Administrativo,
visando produzir efeitos jurídicos externos.
O Indeferimento Tácito pode conter uma estatuição autoritária expressa mas
excepcionalmente pode não a conter senão tacitamente, ou seja, essa estatuição pode-se
retirar do silêncio da administração, quando tiver sido solicitada a pronunciar-se; a isto se
designa por Acto Administrativo Tácito de indeferimento quando se nega a pretensão do
requerente ou administrado.

4. Distinga regulamento de Contrato Administrativo.


São dois exemplos da actividade típica da Administração Pública; enquanto que o
regulamento é um acto normativo praticado pela Administração, geral e abstracto, o
Contrato Administrativo é um acto bilateral ou acordo de vontades em que uma das partes é
a AP, visando a produção de efeitos jurídicos externos e sujeito a regras e princípios
próprios de Direito Administrativo.

5. Distinga Princípio da desconcentração Administrativa de Princípio de Descentralização .

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Entende-se por Princípio de Desconcentração Administrativa, um dos princípios que rege a


organização da AP e segundo o qual o poder estará dividido dentro de uma mesma pessoa
colectiva pública por diferentes titulares de poderes.
Princípio da Descentralização diz-nos que o poder de administrar dentro da sociedade
politicamente organizada, que é o estado português, deve encontrar-se dividido por
diferentes pessoas colectivas públicas do direito Administrativo.

6. Distinga Regulamento Independente de regulamento de Execução .


Regulamento Independente é um regulamento que não está directa e imediatamente ligado a
uma Lei concretizando-a, complementando-a, como é o caso de um regulamento de
execução, mas não deixa de estar ligado a um acto normativo que prevê as atribuições e
competências de quem emite os regulamentos bem como o seu objecto (art. 112º, 6 CRP),
admitindo este tipo de regulamento na nossa Lei fundamental, sendo praticado pelo
governo.
7. Distinga Direito de Audiência de Contrato de Empreitada de Obras Públicas .

8. Distinga Avocação de Competências de Poder de Superintendência .

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