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No presente trabalho vamos abordar sobre a Administração Pública e a sua relação com as
funções do estado. As pessoas com base na sua convivência têm necessidades em comum que
precisam ser satisfeitas, necessitam de uma estrutura que lhes assegure segurança necessária para
uma conivência, que permita a afirmação de sua identidade, satisfação de necessidades correntes
no âmbito econômico e social, e para a satisfação dessas necessidades, surge a os serviços
públicos para a prossecução do interesse colectivo, com base numa lei; o Estado na prossecução
dos seus fins de justiça, segurança, bem-estar económico e social elenca uma série de funções de
modo a satisfazer a demanda, assim podem se destacar dentro do princípio de separação de
poderes as funções política (administrativa), legislativa, jurisdicional e executiva.
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1.1 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A expressão administração pública pode ser compreendida e estudada em duas dimensões, isto é,
do ponto de vista orgânico ou subjetivo, referindo-se à Administração Pública enquanto
organização estrutural e do ponto de vista material ou objectivo, referindo-se da sua dimensão
dinâmica, como conjunto de operações e acções proferidas pelos seus órgãos (NETO, 2012).
Neste sentido, quando nos deparamos com um caso onde alguém é encaminhado para trabalhar
na Administração da Samba, o termo administração é confundido como organização, isto é, em
sentido orgânico ou subjectivo, porém quando nos referimos que a administração do lixo em
Luanda é feita de maneira diferente, o termo Administração pública confunde-se com actividade,
isto é, em sentido material ou subjectivo.
O facto de estarem sob tutela do estado os bens de satisfação passiva faz nascer a administração
pública, pois onde quer que exista ou se manifeste com intensidade suficiente uma necessidade
colectiva, surgirá a necessidade de se criar por lei um serviço público para a satisfação corrente
desta necessidade. Tradicionalmente, as necessidades colectivas são aquelas que as pessoas têm
em comum, não como um a reunião de necessidades particulares, mas como aquelas que todos
têm em comum e precisam de serem satisfeita, assim destaca-se, no meio de muitas necessidades,
a segurança, a cultura e o bem-estar económico e social, deixando a justiça de fora por ser
competência absoluta dos tribunais (vide art.º. 174 da CRA).
Para RIVEIRO (1982) a Administração Pública é a actividade por meio da qual as autoridades
públicas provêm a satisfação das necessidades do interesse público, já para MOZZICAFREDO
(2004), Administração Pública é uma organização governamental a quem se incumbe a gestão do
bem público. Na magnitude destas ideias apresentadas podemos observar de perto a diferença
entre os sentidos que se atribuem a administração pública.
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actos jurisdicionais relacionados com a sua actividade fundamental. Outrossim, temos a
administração pública como o conjunto de operações mediante as quais, o estado e outras
entidades públicas, procuram dentro das orientações gerais traçadas pela constituição satisfazer
as necessidades colectivas.
A Política, enquanto actividade pública do Estado, tem um fim específico: definir o interesse
geral da actividade. A Administração Pública existe para prosseguir outro objectivo: realiza em
termos concretos o interesse geral definido pela política. O objecto da Política, são as grandes
opções que o país enfrenta ao traçar os rumos do seu destino colectivo. A da Administração
Pública, é a satisfação regular e contínua das necessidades colectivas da segurança, cultura e
bem-estar económico e social. Na visão de CAETANO (1989) a Política reveste carácter livre e
primário, apenas limitada em certas zonas pela Constituição, ao passo que a Administração
Pública tem carácter condicionado e secundário, achando-se por definição subordinada às
orientações da política e da legislação. Toda a Administração Pública, além da actividade
administrativa é também execução ou desenvolvimento de uma política. Mas por vezes é a
própria administração, com o seu espírito, com os seus homens e com os seus métodos, que se
impõe e sobrepõe à autoridade política, por qualquer razão enfraquecida ou incapaz, caindo-se
então no exercício do poder dos funcionários.
A função Legislativa encontra-se no mesmo plano ou nível, que a função Política. A diferença
entre Legislação e Administração está em que, nos dias de hoje, a Administração Pública é uma
actividade totalmente subordinada à lei: é o fundamento, o critério e o limite de toda a actividade
administrativa. Há, no entanto, pontos de contacto ou de cruzamento entre as duas actividades
que convém desde já salientar brevemente. De uma parte, podem citar-se casos de leis que
materialmente contêm decisões de carácter administrativo. De outra parte, há actos da
administração que materialmente revestem todos o carácter de uma lei, faltando-lhes apenas a
forma e a eficácia da lei, para já não falar dos casos em que a própria lei se deixa completar por
actos da Administração (OLIVEIRA, 1977).
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❖ Administração Pública e a função jurisdicional
Estas duas actividades têm importantes traços comuns: ambas são secundárias, executivas,
subordinadas à lei: uma consiste em julgar, a outra em gerir. A Justiça visa aplicar o Direito aos
casos concretos, a Administração Pública visa prosseguir interesses gerais da colectividade. A
Justiça aguarda passivamente que lhe tragam os conflitos sobre que tem de pronunciar-se; a
Administração Pública toma a iniciativa de satisfazer as necessidades colectivas que lhe estão
confiadas. A Justiça está acima dos interesses, é desinteressada, não é parte nos conflitos que
decide; a Administração Pública defende e prossegue os interesses colectivos a seu cargo, é parte
interessada. Também aqui as actividades frequentemente se entrecruzam, a ponto de ser por
vezes difícil distingui-las: a Administração Pública pode em certos casos praticar actos
jurisdicionalizados, assim como os Tribunais Comuns, pode praticar actos materialmente
administrativos. Mas, desde que se mantenha sempre presente qual o critério a utilizar – material,
orgânico ou formal – a distinção subsiste e continua possível. Cumpre por último acentuar que
do princípio da submissão da Administração Pública à lei, decorre um outro princípio, não
menos importante – o da submissão da Administração Pública aos Tribunais, para apreciação e
fiscalização dos seus actos e comportamentos (CARVALHO, 1981).
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1.3.1 A distinção entre a função administrativa e a função política ou governativa
A autonomização de uma função política começou por fazer-se a partir da tradicional “função
executiva”; dificuldade da distinção reside em especial na circunstância de as duas funções
(política e administrativa) se situarem, nuclearmente, no âmbito da actividade do tradicional
poder executivo – actualmente, entre nós, (Presidente da República, titular do poder executivo) –,
tratando-se em ambos os casos, tipicamente, de actuações de carácter concreto (vide artigos 108.º
e 200.º da CRA).
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governativa (“indirizzo politico”), mas, como entre nós se manifesta frequentemente sob a forma
de decreto-lei, podemos falar de uma actividade político-legislativa de governo.
a) o sujeito não distingue sempre, pois que o Executivo também exerce a função legislativa
(decretos-leis), com respeito pela reserva parlamentar;
b) o carácter geral e abstracto não é decisivo: o Parlamento e o Governo aprovam leis individuais
e leis-medida com carácter concreto;
d) a substância legislativa, isto é, as matérias que são objecto de lei alteram-se e ampliam-se,
visando assegurar a realização eficiente dos interesses públicos e não apenas a definição e
protecção da esfera jurídica dos cidadãos;
e) o âmbito material não serve para distinguir as funções em ambos os sentidos: não existindo
uma reserva de regulamento administrativo, admite-se, entre nós, que a lei regule em termos
gerais e abstractos a totalidade dos aspectos, mesmo de aspectos de pormenor, do regime de
qualquer matéria, que adquirem assim qualidade legislativa – todos os preceitos gerais e
abstractos regulados sob forma de lei são considerados materialmente legislativos, ainda que o
respectivo conteúdo pudesse ter sido disciplinado por via regulamentar administrativa.