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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE DIREITO

Administração Pública e as funções do Estado.

Estudante:

Orientadores: Profs.: Dr.

Cadeira: Direito Administrativo

Turma:

Luanda, Outubro de 2023


UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE DIREITO

Administração Pública e as funções do Estado.

Estudante:

Orientadores: Profs.: Dr.

Cadeira: Direito Administrativo

Turma:

Outubro/2023
INTRODUÇÃO

No presente trabalho vamos abordar sobre a Administração Pública e a sua relação com as
funções do estado. As pessoas com base na sua convivência têm necessidades em comum que
precisam ser satisfeitas, necessitam de uma estrutura que lhes assegure segurança necessária para
uma conivência, que permita a afirmação de sua identidade, satisfação de necessidades correntes
no âmbito econômico e social, e para a satisfação dessas necessidades, surge a os serviços
públicos para a prossecução do interesse colectivo, com base numa lei; o Estado na prossecução
dos seus fins de justiça, segurança, bem-estar económico e social elenca uma série de funções de
modo a satisfazer a demanda, assim podem se destacar dentro do princípio de separação de
poderes as funções política (administrativa), legislativa, jurisdicional e executiva.
1.1 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1.2 Conceito de Administração pública

A expressão administração pública pode ser compreendida e estudada em duas dimensões, isto é,
do ponto de vista orgânico ou subjetivo, referindo-se à Administração Pública enquanto
organização estrutural e do ponto de vista material ou objectivo, referindo-se da sua dimensão
dinâmica, como conjunto de operações e acções proferidas pelos seus órgãos (NETO, 2012).

Neste sentido, quando nos deparamos com um caso onde alguém é encaminhado para trabalhar
na Administração da Samba, o termo administração é confundido como organização, isto é, em
sentido orgânico ou subjectivo, porém quando nos referimos que a administração do lixo em
Luanda é feita de maneira diferente, o termo Administração pública confunde-se com actividade,
isto é, em sentido material ou subjectivo.

O facto de estarem sob tutela do estado os bens de satisfação passiva faz nascer a administração
pública, pois onde quer que exista ou se manifeste com intensidade suficiente uma necessidade
colectiva, surgirá a necessidade de se criar por lei um serviço público para a satisfação corrente
desta necessidade. Tradicionalmente, as necessidades colectivas são aquelas que as pessoas têm
em comum, não como um a reunião de necessidades particulares, mas como aquelas que todos
têm em comum e precisam de serem satisfeita, assim destaca-se, no meio de muitas necessidades,
a segurança, a cultura e o bem-estar económico e social, deixando a justiça de fora por ser
competência absoluta dos tribunais (vide art.º. 174 da CRA).

Para RIVEIRO (1982) a Administração Pública é a actividade por meio da qual as autoridades
públicas provêm a satisfação das necessidades do interesse público, já para MOZZICAFREDO
(2004), Administração Pública é uma organização governamental a quem se incumbe a gestão do
bem público. Na magnitude destas ideias apresentadas podemos observar de perto a diferença
entre os sentidos que se atribuem a administração pública.

LIMA (2018), A administração Pública é tratada como um sistema de órgãos hierarquizados ou


coordenados, a quem está atribuída a promoção e a realização dos interesses colectivos por
iniciativa própria, para a execução de preceitos jurídicos ou por imposição do bem comum e,
utilizando todas as técnicas adequadas à obtenção dos resultados, visando também a prática de
actos jurisdicionais relacionados com a sua actividade fundamental. Outrossim, temos a
administração pública como o conjunto de operações mediante as quais, o estado e outras
entidades públicas, procuram dentro das orientações gerais traçadas pela constituição satisfazer
as necessidades colectivas.

1.3 A Administração Pública e as funções do Estado

❖ Administração Pública e a função política

A Política, enquanto actividade pública do Estado, tem um fim específico: definir o interesse
geral da actividade. A Administração Pública existe para prosseguir outro objectivo: realiza em
termos concretos o interesse geral definido pela política. O objecto da Política, são as grandes
opções que o país enfrenta ao traçar os rumos do seu destino colectivo. A da Administração
Pública, é a satisfação regular e contínua das necessidades colectivas da segurança, cultura e
bem-estar económico e social. Na visão de CAETANO (1989) a Política reveste carácter livre e
primário, apenas limitada em certas zonas pela Constituição, ao passo que a Administração
Pública tem carácter condicionado e secundário, achando-se por definição subordinada às
orientações da política e da legislação. Toda a Administração Pública, além da actividade
administrativa é também execução ou desenvolvimento de uma política. Mas por vezes é a
própria administração, com o seu espírito, com os seus homens e com os seus métodos, que se
impõe e sobrepõe à autoridade política, por qualquer razão enfraquecida ou incapaz, caindo-se
então no exercício do poder dos funcionários.

❖ Administração Pública e a função legislativa

A função Legislativa encontra-se no mesmo plano ou nível, que a função Política. A diferença
entre Legislação e Administração está em que, nos dias de hoje, a Administração Pública é uma
actividade totalmente subordinada à lei: é o fundamento, o critério e o limite de toda a actividade
administrativa. Há, no entanto, pontos de contacto ou de cruzamento entre as duas actividades
que convém desde já salientar brevemente. De uma parte, podem citar-se casos de leis que
materialmente contêm decisões de carácter administrativo. De outra parte, há actos da
administração que materialmente revestem todos o carácter de uma lei, faltando-lhes apenas a
forma e a eficácia da lei, para já não falar dos casos em que a própria lei se deixa completar por
actos da Administração (OLIVEIRA, 1977).
❖ Administração Pública e a função jurisdicional

Estas duas actividades têm importantes traços comuns: ambas são secundárias, executivas,
subordinadas à lei: uma consiste em julgar, a outra em gerir. A Justiça visa aplicar o Direito aos
casos concretos, a Administração Pública visa prosseguir interesses gerais da colectividade. A
Justiça aguarda passivamente que lhe tragam os conflitos sobre que tem de pronunciar-se; a
Administração Pública toma a iniciativa de satisfazer as necessidades colectivas que lhe estão
confiadas. A Justiça está acima dos interesses, é desinteressada, não é parte nos conflitos que
decide; a Administração Pública defende e prossegue os interesses colectivos a seu cargo, é parte
interessada. Também aqui as actividades frequentemente se entrecruzam, a ponto de ser por
vezes difícil distingui-las: a Administração Pública pode em certos casos praticar actos
jurisdicionalizados, assim como os Tribunais Comuns, pode praticar actos materialmente
administrativos. Mas, desde que se mantenha sempre presente qual o critério a utilizar – material,
orgânico ou formal – a distinção subsiste e continua possível. Cumpre por último acentuar que
do princípio da submissão da Administração Pública à lei, decorre um outro princípio, não
menos importante – o da submissão da Administração Pública aos Tribunais, para apreciação e
fiscalização dos seus actos e comportamentos (CARVALHO, 1981).

1.4 Relação entre as funções do Estado e a Administração Pública

No modelo teórico originário e simplificado de três poderes (parlamento, governo e tribunais) e


de três funções correspondentes (legislativa, através de leis, executiva, através de actos, e judicial,
através de sentenças), a função administrativa era vista como uma actividade de execução
material e definia-se como função residual – não legislativa, porque não incluía a feitura de
normas gerais e abstractas com valor jurídico; não jurisdicional, porque não visava resolver
litígios jurídicos entre partes com força de caso julgado. Hoje, porém, é bastante mais complexa
e difícil a distinção material entre as funções estaduais e a consequente caracterização da função
administra.
1.3.1 A distinção entre a função administrativa e a função política ou governativa

A autonomização de uma função política começou por fazer-se a partir da tradicional “função
executiva”; dificuldade da distinção reside em especial na circunstância de as duas funções
(política e administrativa) se situarem, nuclearmente, no âmbito da actividade do tradicional
poder executivo – actualmente, entre nós, (Presidente da República, titular do poder executivo) –,
tratando-se em ambos os casos, tipicamente, de actuações de carácter concreto (vide artigos 108.º
e 200.º da CRA).

Exemplos tradicionais de actos da função política são os “actos auxiliares de direito


constitucional”, no quadro das relações entre órgãos constitucionais (promulgação de diplomas,
referenda ministerial dos actos do PR, marcação de eleições gerais etc.), actos diplomáticos no
contexto das relações externas, actos de defesa nacional, actos de segurança do Estado, actos de
clemência (indulto e comutação de penas), todos eles praticados por órgãos de soberania, entre
nós, Presidente da República.

A distinção encontra-se tradicionalmente no carácter primário da actividade «política», que se


desenvolve em aplicação directa da Constituição (onde está fixada a competência, bem como os
respectivos limites), sem interposição da lei ordinária (a não ser, quando muito, para mera
ordenação do procedimento) e tendo em vista a realização directa de interesses fundamentais da
comunidade política.

Actualmente, a distinção torna-se mais difícil, na medida em que a função de governo se


desenvolve também, como vimos, através de dimensões de programação e de orientação político-
estratégica da actividade administrativa (políticas públicas), sobretudo nos domínios económico
e social (política energética, política de saúde, política de ordenamento do território, política de
ambiente, política de transportes, políticas de educação e de investigação) e financeiro (política
orçamental).

Esta actividade política concreta não é meramente executiva – a liberdade de conformação


governamental não se confunde, por isso, com a discricionariedade administrativa –, mas
também não é tipicamente legislativa, seja porque se traduz em medidas concretas, seja porque
não é inteiramente inovadora. Esta dimensão da função política aparece designada como função
governativa (“indirizzo politico”), mas, como entre nós se manifesta frequentemente sob a forma
de decreto-lei, podemos falar de uma actividade político-legislativa de governo.

1.3.4 A distinção entre a função administrativa e a função legislativa

Tradicionalmente a função legislativa distinguia-se com alguma facilidade da função


administrativa (executiva) quer pelo respectivo autor, de um lado, o Parlamento, do outro, o
Governo, quer pela respectiva modalidade de um lado, a emissão de normas jurídicas gerais e
abstractas, do outro, a prática de actos individuais e concretos. Além disso, a distinção era
recortada e denotada por considerações de substância (as leis consubstanciavam as normas
jurídicas, relativas aos cidadãos), de competência (cada um dos poderes teria a sua reserva: um, a
de fazer leis, o outro, a de executar leis) e de hierarquia funcional (primado das decisões tomadas
ao nível legal sobre as decisões tomadas ao nível administrativo).

Por um lado, e sobretudo, altera-se o conceito de acto legislativo:

a) o sujeito não distingue sempre, pois que o Executivo também exerce a função legislativa
(decretos-leis), com respeito pela reserva parlamentar;

b) o carácter geral e abstracto não é decisivo: o Parlamento e o Governo aprovam leis individuais
e leis-medida com carácter concreto;

c) a hierarquia normativa não é inequívoca: também existem leis de valor reforçado


relativamente a outras leis ou diplomas de carácter e de nível legislativo;

d) a substância legislativa, isto é, as matérias que são objecto de lei alteram-se e ampliam-se,
visando assegurar a realização eficiente dos interesses públicos e não apenas a definição e
protecção da esfera jurídica dos cidadãos;

e) o âmbito material não serve para distinguir as funções em ambos os sentidos: não existindo
uma reserva de regulamento administrativo, admite-se, entre nós, que a lei regule em termos
gerais e abstractos a totalidade dos aspectos, mesmo de aspectos de pormenor, do regime de
qualquer matéria, que adquirem assim qualidade legislativa – todos os preceitos gerais e
abstractos regulados sob forma de lei são considerados materialmente legislativos, ainda que o
respectivo conteúdo pudesse ter sido disciplinado por via regulamentar administrativa.
Bibliografia

-MOREIRA, João Baptista Gomes (2005). Direito Administrativo: da rigidez autoritária a


flexibilidade democrática. Editora Fórum;

-OTERO, Paulo (2001). Direito Administrativo. Lisboa;

-QUEIRÓ, Afonso (1976). Lições de Direito Administrativo. Vol. I, Coimbra;

-SOUSA, Marcelo Rebelo (1999). Lições de Direito Admistrativo. Vol. I, Lisboa – Lex;

-TÁCITO, Caio (1997). Evolução História do Direito Administrativo, in temas do Direito


Administrativo. Vol. I;

-CAETANO, Marcelo (1943). Manuel de Direito Administrativo. Vol. II, Coimbra;


CONCLUSÃO

A Administração Pública em sentido material ou objectivo ou funcional pode ser definida como,
a actividade típica dos organismos e indivíduos que, sob a direcção ou fiscalização do poder
político, desempenham em nome da colectividade a tarefa de promover à satisfação regular e
contínua das necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar económico e social, nos
termos estabelecidos pela legislação aplicável e sob o controle dos Tribunais competentes. A
função Administrativa é aquela que, no respeito pelo quadro legal e sob a direcção dos
representantes da colectividade, desenvolve as actividades necessárias à satisfação das
necessidades colectivas.

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