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DIREITO ADMINISTRATIVO I

PROFESSORA TÂNIA TRILHA


DIREITO ADMINISTRATIVO - I
PROGRAMA DO CURSO.

UNIDADES:
1. Direito Administrativo.
2. Evolução do Estado Contemporâneo.
3. Principiologia.
4. Poderes Administrativos.
5. Teoria do Ato Administrativo.
6. Controle dos Atos Administrativos.
7. Fiscalização Contábil, financeira e Orçamentária.
8. Serviço Público no Sentido Estrito e Serviço de Utilidade Pública.
Professora Tânia Trilha.
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UNIDADE I – DIREITO ADMINISTRATIVO.

1.1. Conceito e Objeto.


“O Direito Administrativo é, segundo a ótica subjetiva (conjunto de órgãos e pessoas jurídicas
ao qual a lei atribui o exercício da função administrativa do estado), um conjunto de normas que
regem as relações endógenas (internas) da Administração Pública e as relações exógenas
(externas) que são travadas entre ela e os administrados.”

“Sob a ótica objetiva (é própria administração pública), o Direito Administrativo é o conjunto


de normas que regulamentam e regulam a atividade da Administração Pública de atendimento
ao interesse público.”
(Reinaldo de Souza Couto Filho – Professor de Direito da Universidade do Estado da Bahia – Revista
Consultor Jurídico, junho/2015.)
Professora Tânia Trilha.
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Fernando Correia, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, afirma
que o Direito Administrativo é o sistema de normas jurídicas, distintas das do direito privado, que
regulam a organização e o funcionamento da Administração Pública e, bem assim, a função ou
atividade materialmente administrativa dos órgãos administrativos.

É diverso do Direito Privado por tratar-se, de normas de Direito Público, cujos princípios,
conceitos e institutos afastam-se do Direito Privado, vez que as especificidades das normas de
Direito Administrativo manifestam-se no reconhecimento à Administração Pública de prerrogativas
sem equivalente nas relações jurídico-privadas e na imposição, em virtude do princípio da
legalidade, de limitações de atuação mais estritas do que as que atingem os negócios
particulares.

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OBSERVAÇÃO: ÓTICAS SUBJETIVA E OBJETIVA:

• o sentido subjetivo, formal ou orgânico: indica o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas aos quais
a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado;

• o sentido objetivo, é usado no contexto de atividade desempenhada sob regime de direito


público para consecução dos interesses coletivos (sinônimo de função administrativa).

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1.2. Administração Pública.

A Administração Pública pode ser definida em seu sentido amplo e em seu sentido estrito.
Em sentido amplo, na lição de Di Pietro (2009, p. 54), a Administração Pública se subdivide em
órgãos governamentais e órgãos administrativos (sentido subjetivo) e administrativa (sentido
objetivo).
Em sentido estrito, a Administração Pública é subdividida nas pessoas jurídicas, órgãos e
agentes públicos que exercem funções administrativas (sentido subjetivo) e na atividade exercida
por esses entes (sentido objetivo).

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SENTIDO AMPLO SENTIDO ESTRITO

SENTIDO SUBJETIVO Órgãos Governamentais Pessoas Jurídicas,

E Órgãos e

Órgãos Administrativos Agentes Públicos

SENTIDO OBJETIVO Função Política Atividade exercida

E Por esses

Administrativa entes

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Se você entender que em sentido subjetivo o enfoque é dado naqueles que realizam as
funções e que em sentido objetivo se observa a própria função exercida, fica fácil assimilar o
quadro anterior.

A Administração Pública em sentido subjetivo (designada por Vicente Paulo e Marcelo


Alexandrino como Administração Pública em sentido formal ou orgânico).

Em sentido objetivo (= material ou funcional), a Administração Pública pode ser definida, como
a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico total ou
parcialmente público, para a consecução dos interesses coletivos.

Essas atividades (ou funções) exercidas pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da
Administração podem ser separadas em três grupos: fomento, polícia administrativa e serviço
público.

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Fomento é a atividade administrativa o desenvolvimento daqueles que exercem funções de
utilidade ou de interesse público. Quando a Administração concede auxílio financeiro a um
produtor rural ou a uma ONG ela está exercendo a atividade de fomento.

Além dessa forma de fomento, a Administração também pode conceder financiamentos sob
condições especiais, favores fiscais ou destinar imóveis desapropriados a entidades sem fins
lucrativos.

A atividade de polícia administrativa, por sua vez, são os atos da Administração que limitam
interesses individuais em prol do interesse coletivo. Esse tema será mais bem explorado na aula
relativa aos poderes da administração, quando falaremos sobre o poder de polícia.

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Por fim, serviço público, que é toda atividade que a Administração Pública executa, direta
ou indiretamente, para satisfazer à necessidade coletiva, sob regime jurídico predominantemente
público.

Alguns doutrinadores incluem a regulação (atividade permanente de edição de atos


normativos e concretos sobre atividades públicas e privadas, de modo a implementar políticas de
governo) e a intervenção (direta = atuação do Estado no domínio econômico; e indireta =
regulamentação e fiscalização de atividades privadas) como funções da Administração Pública.

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Todas essas funções têm por finalidade executar as políticas de governo, exercer a função
administrativa em prol do interesse público, promover a ordem econômica, urbanística, financeira etc.,
promover serviços públicos essenciais e incentivar as atividades privadas de interesse social.

• ESTADO - É um ente, um sujeito de direitos, que tem como elementos o povo, o território e a soberania;

• GOVERNO – É a expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de


manutenção da ordem jurídica vigente;

• ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – A atividade (sentido objetivo) que o Estado desenvolve, sob regime
público, para a realização dos interesses coletivos, por meio (sentido subjetivo) das pessoas jurídicas,
órgãos e agentes públicos.

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1.3. Fontes do Direito Administrativo.

• LEI – Fonte primária e principal do Direito Administrativo. Vai desde a Constituição Federal (art.
37) até os demais atos normativos expedidos como, por exemplo, decretos, resoluções e
regimentos. Assim, a lei como fonte do Direito Administrativo é a lei em seu sentido amplo, ou
seja, a lei feita pelo Legislativo e atos normativos expedidos pela Administração.

• DOUTRINA – São teses de doutrinadores que influenciam nas decisões administrativas, como no
próprio Direito Administrativo.

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• JURISPRUDÊNCIA – É a reiteração de julgamentos no mesmo sentido. A jurisprudência não é
seguimento obrigatório. Trata-se, apenas, de orientação aos demais órgãos do Poder Judiciário
e da Administração. Entretanto, se o Supremo Tribunal Federal editar súmula vinculante, esta,
por determinação da Constituição, art. 103-A, será obrigatória para toda a Administração
Pública, direta e indireta, de todos os níveis da Federação (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) e para todo o Poder Judiciário. Por exemplo, a Súmula Vinculante nº 21: “É
inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
admissibilidade de recurso administrativo”.

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• COSTUMES – São condutas reiteradas praticadas pelos agentes públicos com consciência de
obrigatoriedade.

• OBSERVAÇÃO: A lei é a fonte primária do Direito Administrativo. Todas as demais fontes citadas são
secundárias, acessórias.

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1.4. Relação com as Demais Disciplinas Jurídicas.

• Direito Constitucional:
Conservam uma íntima correlação, uma vez que ambas fomentam as atividades do Estado. No
entanto, se diferem no instante em que o direito constitucional trata da estrutura do Estado, das
organizações essenciais, instituição política do governo, e das garantias individuais. Em obstante,
o direito administrativo cuida do funcionamento, dos agentes públicos e órgãos e das relações
entre administrados e Administração, é o lado desenvolto e funcional da atividade Estatal.

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• Direito Processual (civil e penal) :
Se relacionam no momento em que as leis processuais são utilizadas para orientar os
procedimentos administrativos, os recursos. Em contra partida os tribunais usam algumas de
suas normas, para gerir suas operações.

• Direito tributário:
é cristalino o vínculo entre o direito administrativo e o tributário, logo que o arrecadamento de
tributos é fomentada por meio de relações normativas em que o Estado irá receber os seus
recursos imprescindíveis para o funcionamento da máquina pública.

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• Direito do trabalho:
Defronte ao direito do trabalho, a relação com o direito administrativo ocorre em relação as
assistências aos assalariados e principalmente com as instituições da previdência. Pois as
instituições da previdência são determinadas como, autarquias administrativa, que por
conseguinte é perceptível que esta aproximação em relação ao fato do contrato por meios
das autarquias e organizações paraestatais de funcionários sob o regulamento da CLT.

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• Direito Civil:
Em meio a essa relação, é imperioso ressaltar que só em meados do século XVIII que o direito
administrativos tornou-se independente do direito civil, assim sendo ambos os direitos mantem
um vínculo normativo acentuado, principalmente no que refere-se as obrigações do poder
público com particulares e contratos, no qual diversos institutos do direto privativo são
salientados pelo direito administrativo, a exemplo da conceituação de bens, enumeração de
entidades públicas e a desapropriação.

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Direito Penal:
O direito administrativo se associa com o direito penal em alguns campos, uma vez que as normas
penais em ocorrências de crimes contra a administração pública conjectura as conceituações do
direito administrativo. Realçando o fato de que fomenta a caracterização de infrações pelo direito
administrativo no caso de leis penais em branco.

Direito Eleitoral:
Essa aproximação entre o direito administrativo e o direito eleitoral se dá em atributo a precípuo na
requisição de bens, por conseguinte nos locais de votação e apuração dos pleitos, e escolha de
ofícios (mesários), e vale salientar que cuidam da atividade e funcionamento de partidos políticos,
e na organização da propaganda partidária. Ou seja toda a parte formal da parte palpável do
direito eleitoral é fomentada pelo direito administrativo.
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• Direito Municipal:
É nítida a relação entre os mesmos pois, tanto o direito municipal quanto o administrativo
cuidam no mesmo setor de sistematização governamental. Logo que há uma simbiose entre
estes direitos, em causa do avanço das funções locais de cada município.

• Direito internacional:
As relações do direito administrativo com o direito internacional se remete a tratados
internacionais que por sua vez influenciam no modus operandi da administração brasileira
(acordos internacionais que influenciam a funcionalidade de serviços públicos). Logo que o
direito administrativo também trata a respeito das expulsões de estrangeiros, na naturalização,
prerrogativas administrativas dos cônsules e agentes diplomático, além de relações
administrativas com nações estrangeiras.
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Portanto, é notável que o direito administrativo se aproxima dos diversos ramos do direito, logo o
Direito Administrativo é um ramo que tem a mais plausível conjectura com todos os outros ramos
do Direito e em especial com a vida em sociedade. Visto que, possui uma maior aproximação, em
relação aos ramos que tratam a respeito do interesse do bem comum.

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