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DIREITO CONSTITUCIONAL

ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO
PREÂMBULO

Sua origem etimológica remete a um conjunto de frases que introduzem um texto. Já no que
tange respeito à jurisdição, obtemos uma carta de definições/ declaração de princípios/
diploma de origem e legitimidade da Constituição, que indica a ruptura com o passado e o
estabelecimento de uma nova ordem.
Observações
Os preâmbulos são uma tradição nas constituições brasileiras. Como uma tradição,
existem correntes distintas de interpretação da função do preâmbulo, sendo elas:
A) sistemática (realidade jurídica direta e mediata) de origem francesa, entende o
preâmbulo como parte da constituição e que possui força normativa.
B) literal/gramatical (irrelevância jurídica), que não entende o preâmbulo como parte da
constituição e, assim, não possuindo força normativa, por ser simbólico.
C) relevância jurídica indireta/ mediata, aqui se entende que o preâmbulo não faz parte
do texto constitucional, mas ele possui relevância jurídica, sendo um vetor hermenêutico, o
qual auxilia o entendimento das normas constitucionais propriamente ditas.

O entendimento do STF, tem início em 2002, na ADI 2076, a qual foi ajuizada pelo
PSL, questionando uma omissão do constituinte do Acre, pois na Constituição do estado,
existia a omissão da proteção de Deus, o que seria inconstitucional. A partir disso, o STF
entende que não existe inconstitucionalidade, pois o preâmbulo seria meramente simbólico.
Todavia, em 2008, com a ADI 2649, onde se questionava a Lei 8899/94, que definia
que para transporte interestadual, pessoas com deficiência e sem recursos, teriam passe
livre; pois haveria aqui uma confiscação, impedimento de livre mercado e seria desigual, o
que quebraria as empresas de transporte. A partir disso, o STF entende que a lei é
constitucional, por estar em concordância com acordos internacionais e, seguinte Carmen
Lúcia, estar em concordância com o preâmbulo, em virtude do princípio da solidariedade.
Assim, o preâmbulo se transforma em um elemento de reforço do Art.3 (II, III, IV), adotando
a teoria da relevância jurídica indireta.

PARTE DOGMÁTICA:

Corpo permanente, o qual se estende do Art. 1 ao 250 partes fundamentais da


república, direitos e garantias fundamentais, organização do estado, organização dos
poderes, defesas organizacionais, ordem econômica e ordem social (educação, cultura,
previdência, parte agrária, meio ambiente, indígenas…)
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS (ADCT):

Art. 1 ao 120 (a contagem se inicia novamente, não englobando os artigos da parte


dogmática), sendo atos que intermediam o passado, o presente e o futuro. As normas com
eficácia ainda válida são parâmetro para controle de constitucionalidade; enquanto as
normas que se encontram no texto, mas que já cumpriram suas obrigações são tidas como
normas constitucionais de eficácia exaurida.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA


DO BRASIL (Art. 1 ao 4)
DEFINIÇÃO

São tidos como as opções jurídicas e políticas fundamentais da Constituição (poder


constituinte). Assim, são nomeados princípios estruturantes, que definem forma de Estado,
estrutura de governo, regime político, princípio de separação dos poderes, fundamentos e
objetivos da república e princípios de relações internacionais.

TIPOLOGIA DOS PRINCÍPIOS

São divididos em:


● Princípios fundamentais (estruturantes), os quais possuem maior importância no
funcionamento das estruturas;
● Princípios gerais constitucionais, que seriam derivações dos primeiros e se
dividem em igualdade, legalidade, liberdade, segurança jurídica e etc...
● Princípios específicos constitucionais, que são um conjunto de normas referente
a uma ordem, ou ainda especificações dos princípios gerais, como, por exemplo,
princípio da legalidade tributária e administrativa.

ANÁLISE DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

● Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:

I - a soberania; Possui uma dupla face, sendo um poder de autodeterminação com o poder
máximo interno e poder de igualdade na esfera internacional. Mas, além disso, apresenta
uma soberania popular (vide parágrafo único).

II - a cidadania; Processo que permite o exercício de participação política de forma inclusiva,


assim, sendo mutável, pois caminha para. Além disso, atua como um modo de afirmação de
direitos e deveres fundamentais
III - a dignidade da pessoa humana; Tido como o núcleo axiológico da Constituição, por
possuir eficácia irradiante, sendo norma jurídica vinculante e vetor hermenêutico. A partir
dessa ideia, tal princípio é utilizado como uma carta coringa para defesas, como, por
exemplo, na defesa da liberdade em casos de discurso de ódio, o que implica a uma
aplicação minuciosa.

Nos últimos anos, 315 causas no STF e STJ 854, foram pautadas nesse princípio, o
que leva a um esvaziamento do termo. Assim, o termo é tido como um consenso
sobreposto, onde no nível abstrato, existe um consenso, mas, ao aprofundar os níveis,
encontram-se uma pluralidade de opiniões, em função da complexidade das sociedades
contemporâneas, o que gera uma pluralidade de interpretações. Por exemplo, capitalistas e
socialistas concordam com a liberdade, mas os primeiros por meio do trabalho e acúmulo
de riqueza, enquanto os segundos por meio do trabalho sem exploração de classes.

Como forma de lidar com a situação, é necessário o estabelecimento de vetores


positivados, tais quais:

1. não instrumentalização: Aqui o ser humano é tratado como um fim em si


mesmo, o que impede que sejamos utilizados como meio instrumental para
um fim qualquer. Julgado de 2006, do tribunal constitucional
alemão,denominado lei do abate, onde se analisava uma legislação criada
após o 11 de setembro, na qual se identificado um avião tomado por forças
paralelas no espaço aéreo alemão, esse avião poderia, independente do
número de passageiros, ser derrubado caso houvesse risco de vítimas
humanas no solo. A partir disso, o tribunal entendeu a lei como
inconstitucional, pois utilizava o ser humano como instrumento para evitar
outras mortes. Ao ultrapassar esse vetor, nos encontramos em um cenário
que permite a escalada da barbárie.
2. autonomia existencial: Tal vetor pauta que o ser humano, guiado pela
razão, possui plena capacidade de realizar suas próprias escolhas, que
tange respeito a variados projetos de vida. Mas, isso não se sustenta para a
justificação de práticas ilícitas e ações que afetem a ordem e os direitos
fundamentais.
3. direito ao mínimo existencial: Um vetor derivado do constitucionalismo
social do século XX, no qual se pauta a existência de condições existenciais
básicas para a vivência plena do homem, o que se altera conforme o
momento social enfrentado.
4. direito ao reconhecimento: Tido como o vetor o mais recente, do final do
século XX, o qual pauta o igual respeito e consideração, ou seja, a igualdade
na diferença, que realiza a inclusão de grupos social e historicamente
excluídos na sociedades, em questões que extrapolam a divisão de bens.
Podendo se dividir em níveis, em primeira instância (família e amigos);
segunda instância (reconhecimento da cidadania, como reconhecimento de
uniões homoafetivas) e terceira instância (comunidade valorativa,
reconhecer-se no outro).
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso


que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei.

Baseado nesse artigo, uma senhora idosa recorre a previdência para ter acesso ao
benefício, o qual é negado, em virtude de se tratar de uma estrangeira. De forma a dar
continuidade, a senhora recorre a decisão, o que chega ao STF, no qual o Ministro Barroso,
baseado no princípio da dignidade humana, em seus vetores de não instrumentalização e
direito ao reconhecimento, determina que a estrangeira tenha acesso ao benefício, por meio
do entendimento de que ela contribuiu efetivamente para a construção do país.

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: Decorre do progresso da humanidade


em função de exercícios trabalhistas em sociedades complexas, nas quais o trabalho passa
a identificar os indivíduos como pessoas, inserindo-as na sociedade de forma digna. ( Se
relaciona com os Art. 6 a 11). A livre iniciativa de empreender e contratar está presente em
função dos valores liberais, ao passo em que necessita estar em concordância com a
dignidade humana, o que está em conformidade com o Art.170.

Além disso, leis como a 13. 874/2019, pautam o desenvolvimento de formas de


contratação em função da livre iniciativa, isso com a intenção de desburocratizar a criação
de livres iniciativas.

V - o pluralismo político: Atua como um desdobramento do princípio democratico, mas


dentro das limitações de uma sociedade democrática. Este inciso também pauta a garantia
de participação dentro de partidos políticos

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

● Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o


Executivo e o Judiciário.

Os pressupostos deste artigo, estão entendidos como cláusula pétrea pelo Art.60. Além
disso, a questão da independência e harmonia, baseia-se em 3 vetores, sendo esses:

1. especialidade de funções: Isso ocorre, pois a discussão de independência apenas


ocorre quando se entende a ação específica de cada um, o que, consequentemente,
limita o poder, em virtude de sua pulverização. Para melhor entendimento, é
necessário a compreensão de funções típicas e atípicas, as quais são realizadas por
determinação constitucional. Assim, o legislativo tem como função típica legislar e
fiscalizar (Art 49, II e Art.58, inciso 53) e como função atípica ele administra (Art.51,
IV e 52 VIII) e judicial (Art.52, I e II). Já o executivo tem como função típica
administrar e como função atípica atua legislando (Art.62 e 68) e julgando
(contencioso administrativo, não sendo evidentemente judicial, pois falta
definitividade e equidistância - falta de imparcialidade, dado a falta de distância dos
envolvidos. Enquanto, o judicial possui como função típica a jurisdicional, já suas
funções atípicas seriam a de legislar internamente (Art.96, VI, a) e administrativo
(Art.96, I, a, b, c, d, e)
2. proibição de ingerência indevida: Tal observação possui algumas dificuldades,
dado que o direito atua como uma ciência social aplicada, não existindo fórmulas
matemáticas de delimitação.

→ADPFs (arguição de descumprimento de preceito fundamental)

● 405: O governo de Pezão, no Rio de Janeiro, passou a suspender o


pagamento de fornecedores e servidores, o que levou a essas classes pedir
o bloqueio das contas do governo. Nessas condições, o TRT do Rio, passam
a bloquear movimentações financeiras do estado, o qual recorre ao STF,
dizendo que a distribuição do orçamento deve ser realizada pelo e executivo,
assim, o STF decide em prol do governo carioca, em virtude de
determinações constitucionais, mesmo com as decisões do TRT possuírem
embasamentos éticos.
● 485:
● 66a:

→ADI 4296

A lei 12016/2009, depreende que é impossível depreender liminares judiciais


para custear dívida estrangeira (créditos e questões alfandegárias). A partir disso, a
OAB proclama uma ADI de inconstitucionalidade, o qual apenas é resolvida em
2021, onde o STF determina que é inconstitucional, pois é de competência do
judiciário atuar nesses casos

→R. EXT 592581

Pauta a reforma de um presídio em Uruguaiana que realizava violações de


direitos fundamentais, que foi determinada pelo STF, para que fossem garantidas
capacidade de existência básica de existência (mínimo existencial). Mesmo não
sendo função do STF e sim do administrador, o Tribunal define esse caso como
exceção, pois estaria atuando em nome de indivíduos socialmente excluídos, que se
quer escolhem seus representantes

3. controles recíprocos (freios e contrapesos)

Nessas condições, esse sistema pode ser observado, no poder executivo, nos Art.
66; 101; 101; 104; 94, no poder legislativo, nos Art. 49; 66; 58; 49; 101; 104 e, no
poder executivo, no Art.102.

● Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.

Observações
● EC 31/2000: Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, como forma de
assegurar o Art.3
● EC 67/2010: Essa emenda constitucional retira o prazo de validade do FCEP,
possibilitando sua existência enquanto necessário.

→ LEIS INFRACONSTITUCIONAIS:

● 13. 146/2015 (1 BPD): Lei Brasileira de Proteção ao Deficiente.


● 13. 185/2016 (P. C.INT): Lei Programa de Combate à Intimidação Sistemática
(Bullying).
● 13. 257/2016 (P.1 INF): Lei de Proteção à 1 Infância.
● 13. 153/2015 (P.N.D): Lei do Plano Nacional de coibição da Desertificação.
● 14. 284/2021 (AUXÍLIO BRASIL):

Ao passo em que esse Art. possibilita a promulgação de inúmeras legislações, ele


se encontra como um empecilho para a dissolução de variadas legislações.

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● Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais


pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,


social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade
latino-americana de nações.

Dos incisos 2 ao 7, é possível identificar 2 situações de comprometimento, tais quais:

1. A negação ao apoio internacional aos Estados Unidos na invasão ao Iraque no início


dos anos 2000, durante o governo Lula.
2. A negação do governo brasileiro de realizar uma invasão militar contra a Venezuela
para garantir a presidência de Guaidó, que se auto proclamou presidente contra
Nicolás Maduro. Mesmo que, ideologicamente, o governo brasieliro, em 2019, era
favorável ao novo governo.

TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


CONCEITO

Esses direitos podem ser entendidos, de forma didática, como direitos dos
indivíduos positivados no plano interno de um Estado, por meio de normas constitucionais e
infraconstitucionais. Ao passo em que se contrapõem, inicialmente, com os direitos
humanos, entendidos como os direitos do homem positivados no plano internacional, por
meio de tratados e convenções.
Todavia, essa contraposição não se sustenta por muito e passa a ser aceito uma
retrospetividade, dado que inúmeros direitos humanos derivam de direitos fundamentais e
direitos fundamentais que derivam de direitos humanos.

CLASSIFICAÇÕES

→CONSTITUCIONAL/LIBERAL:
1. direitos individuais e coletivos (Art.5)
2. direitos sociais (Art. 6 ao 11)
3. direitos de naturalizar (Art.12)
4. direitos políticos (Art. 14 ao 16)
5. direito de exercer participação em partidos políticos (Art.17)

Todavia, essa classificação pode vir a sofrer críticas em virtude do seu cunho
semântico que não leva em consideração o sistema de direitos fundamentais previstos na
própria constituição, como, por exemplo, o Art. 170 que aborda a ordem econômica, o Art.
215 que aborda questões culturais, Art.231 que aborda os direitos dos indígenas e os
Art.225 que abordam os direitos do meio ambiente.
O STF concorda com a doutrina, ao passo em que na ADI 939, entende que os
direitos fundamentais não podem ser encontrados de forma estática no título II da
constituição, como, por exemplo, o fato do Art. 150, III, B ser entendido como cláusula
pétrea.

→GERACIONAL/DIMENSIONAL: Leva e consideração o reconhecimento e a afirmação


histórica dos direitos fundamentais e se divide em
1. Que se inicia no século XVIII e ainda percorre o século XIX, onde se pauta direitos
individuais (também denominados direitos civis políticos e direitos de liberdade), que
se centra na igualdade, liberdade e propriedade.
2. Já no século XX, sobretudo, no pós segunda guerra, os direitos agora pautados são
os direitos sociais, culturais e econômicos, os quais pautam educação, saúde,
moradia, trabalho, alimentação, transporte, culturais e previdência.
3. Ainda no século XX, são pautados os direitos coletivos/difusos, isso pois não
existiriam indivíduos previamente definidos, dado que envolveriam questões de
maior alcance, em virtude da complexidade das sociedades. Nesse sentido,
pauta-se o meio ambiente, desenvolvimento, comunicação e paz.
4. Já no século XXI, onde autores como Paulo Bonavides, passam a pautar a
dualidade de uma globalização política e econômica, o que pautará a democracia,
informação e pluralismo. Aqui os movimentos sociais ascenderam.
Ao mesmo tempo, em virtude das novas tecnologias, existiriam novos direitos, como
direitos de proteção ao patrimônio genético e o ciberdireito.
5. Em continuação, no século XXI, ocorreu, segundo Paulo Bonavides, o direito à paz,
que saiu da terceira geração e se tornou central em virtude do avançar do
capitalismo com guerras étnicas, religiosas e econômicas que divergem do
socialismo x capitalismo. Outro direito dessa geração também pautará o direito à
felicidade
6. Por fim, ainda no século XXI, é posto uma geração que defenderia o direito à água
potável, novamente, retirando os direitos de dentro da terceira geração.

Além do elitismo acadêmico, é possível que se elabora outras críticas, as quais podem ser
subdivididas em:
→ Podem ser postas críticas a essa crescente colocação de distintas gerações, em virtude
da possível observação de um autoritarismo acadêmico em conjunto com um elitismo
acadêmico, o qual passaria a impor novas gerações, sem haver recortes temporais.
→ O termo geração explicita um problema, ao passo que pressupõe o entendimento que o
estabelecer de uma nova geração iria eliminar a geração anterior.Todavia, essa crítica pode
ser entendida como insuficiente, pois leva em consideração apenas o senso comum,
ignorando que se trata de uma ciência social aplicada, onde ocorre a adição dos direitos e
também a releitura dos anteriores.
→ Cançado Trindade, aplica outra crítica, na qual ocorreria uma fragmentação dos direitos
fundamentais, onde os direitos seriam atomistas (isolados). Assim, seria necessário uma
teoria da indivisibilidade dos direitos fundamentais. Entretanto, essa crítica pode ser
rebatida, por se tratar apenas de uma fragmentação em função da didática, que permitiria
uma melhor análise do desenvolvimento histórico, em função dos marcos teóricos
→ Ingo Sarlet, postula uma crítica, pois o pressuposto de reconhecimento histórico,
apresenta uma ideia retilínea e evolutiva dos direitos fundamentais, o que não se comprova
dado que se trata de um processo dinâmico e dialético, com avanços e retrocessos

Observações
Em 2005 Lewandowski na ADI 3510, reconheceu a existência de uma quarta geração, pois
essa permitiria a manipulação genética em vitro. Em sua argumentação, o ministro afirma
que isso seria uma forma de garantir a dignidade humana de presentes e futuras gerações
humanas.

→QUANTO À DIMENSÃO: A classificação perante dimensões pode se dividir em subjetivas


e objetivas, melhor entendidas em:
● Subjetivas: Aqui se entende os direitos fundamentais como a faculdade de exigir,
ou seja, o requerimento de uma atuação negativa ou positiva, entendidas como
omissão ou omissão dos Estados, marcando uma mera relação entre Estado e
sujeitos.
● Objetivas: Surgem na segunda metade do século XX, perante o Tribunal
Constitucional Alemão, que indicou que os direitos fundamentais passam a ser
entendidos como uma base do ordenamento jurídico não só do Estado, mas também
da sociedade, ou seja, seriam vetores de interpretação e aplicação de todas as
normas constitucionais e infraconstitucionais, tendo assim eficácia radiante. Essa
percepção expande o que está posto nas subjetivas, ao passo que marca um
aumento na juridicidade e também regulam as relações particulares-particulares
(horizontalidade), isso pois essa construção ocorre após as barbáries da segunda
guerra mundial.

TEORIA DOS QUATRO STATUS


Essa interpretação ocorre por Jellinek, no início do século XX, podendo se dividir
em:
● status passivo (subjectionis): Entendido como um conjunto de deveres do
indivíduo frente ao Estado
● status negativos (libertati): Entendido como a não possibilidade de intervenção
estatal na autonomia privada.
● status positivo (civitatis): Tido como o conjunto de direitos de exigir do Estado um
conjunto de direitos, ou seja, reclame de intervenções para diminuir desigualdades
sociais.
● status ativo (active): Tido como o conjunto de direitos de participação na vida
política
Todavia, essa teoria pode vir a ser criticada em função do seu estatismo exacerbado, assim,
retirando a participação de outras esferas

CLASSIFICAÇÕES QUANTO ÀS FUNÇÕES

Pode vir a ser entendida como uma continuidade melhor elaborada da teoria dos
quatro status, sendo uma teoria lusófona, posta inicialmente por Jorge Miranda.
● direitos de defesa: Tido como um conjunto de direitos de não intervenção na
autonomia privada, se fazendo presente no Art.5,
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano


material, moral ou à imagem;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício


dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias;

● direitos de prestação: Conjunto de direitos para exigir intervenções estatais, que


ainda podem se dividir em:
1. materiais: dizem respeito a uma atuação do estado para reduzir
desigualdades sociais.
2. jurídicos: dizem respeito a uma atuação do estado para uma proteção de
bens jurídicos tais quais igualdade e vida, como presente nos Art. 41, 42 e
43.
Quando propriamente ditos, podem ser observados nos Art. 6, 205 e 215.
● direitos de participação: São aqueles que envolvem um conjunto de direitos de
participação na vida política, estando representados pelo Art.14.

Por fim, as críticas a essa teoria podem ser postas pelo fato de que Cass Sunstein
entende que essas funções possuem uma classificação extremamente limitadas, ao passo
em que se compreende que um só direito se faz presente dentro de mais de uma
classificação, sobretudo no momento de aplicação, onde se exige amparo financeiro, o que
faz com que direitos de defesa, tornam-se direitos de prestação

Ao passo em que os direitos de participação ainda são também direitos de prestação


e participação.

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


RELATIVIDADE

Pressupõe que os direitos absolutos são limitados, isso pois os direitos


fundamentais limitam uns aos outros. Por exemplo, a liberdade de expressão é limitada
quando utilizada para práticas antissemitas. Tal teoria é passível a críticas ao passo que
permite a negociação dos direitos em graus. Todavia, existem exceções adotas pela
doutrina, ou seja, direitos que são ilimitados, tais quais o direito de não escravidão e não
tortura (art. 3 e 4 da declaração universal dos direitos humanos)

NÃO HIERARQUIA

A partir disso, a resolução de conflitos entre os direitos fundamentais deve ser


resolvida perante a análise do caso concreto, isso pois eles não são condicionados, assim,
os mesmos direitos quando colocados em jogo podem acabar por prevalecer de modo
distinto.

TITULARES

São entendidos como titulares os brasileiros, sejam eles nativos, naturalizados ou


estrangeiros fixados. Todavia, o STF apresenta uma interpretação mais ampla onde se
considera também qualquer estrangeiro em território brasieiro, mas nem todos os
direitos são concedidos a esses indivíduos, como não são para os brasileiros natos, em
virtude de uma gama de requisitos. Além disso, o entendimento do STF também se aplica a
pessoas jurídicas (o que também possui restrições, devido a própria natureza);
associações, que visam a proteção de direito de seus membros e poder público, ao passo
que se relaciona com outros poderes devem possuir direitos fundamentais, dado que os
estados podem iniciar mandatos contra a União

DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS E GARANTIAS

Ontologicamente, o que se pode observar é que os direitos seriam disposições


declaratórias, ou seja, bens jurídicos declarados na Constituição, ao passo em que as
garantias seriam disposições assecuratórias, ou seja, seriam instrumentos normativos para
a realização, fruição ou proteção dos direitos, tais quais os habeas corpus, presentes no
Art. 647. O que se deve observar é que, por vezes, os direitos e garantias se confundem,
sendo necessário a observação do caso concreto.

CLÁUSULAS PÉTREAS

Perante o Art. 60 § 4, IV, os direitos fundamentais são entendidos como cláusulas


pétreas da constituição, ou seja, não podem ser editados e revogados. Entretanto, existem
vertentes de interpretação acerca da definição.
→literal: Entende as cláusulas pétreas como o Art.5 da constituição.
→literal restritiva: O Art. 5 não pode ser entendido em seu todo como cláusulas pétreas,
dado que abrange direitos individuais e coletivos, sendo válida apenas a interpretação dos
direitos individuais propriamente ditos, ou melhor, os direitos de liberdade. Assim, os demais
direitos poderiam ser abolidos
→extensiva: As cláusulas pétreas são entendidas aqui como todos os direitos
fundamentais presentes no Art.60, o que vai na contramão do que foi definido pelo poder
constituinte que define apenas os direitos individuais. Devemos nos atentar ao fato de que
essa abrangência muito ampla, leva a uma absolutização que ignora especificidades,
desencadeando uma onda de banalizações.
→extensiva sistemática: Entendida como uma corrente mista, ao passo em que considera
como cláusulas pétreas os direitos de 1 (individual), 2 (social) e 3 geração (coletivo e
difuso), mas abrangendo apenas aqueles que estão a luz do mínimo existencial da pessoa
humana, que se altera em relação às necessidades da sociedade. De modo geral, abrange,
de forma limitada, o Art. 1, III e Art. 60 § 4, IV. Entendida como majoritária pela doutrina.

Observação- relação do STF com as teorias

A posição do STF ainda não possui uma interpretação pré definida de qual corrente
a ser aplicada, entretanto, pela observação jurídica dos votos, é possível que se observe a
adoção, na maioria dos julgamentos, da teoria extensiva sistemática. Como exemplo,
podemos citar a ADI 939, na qual o Supremo interpreta o Art.150, III (anterioridade
tributária- não se pode criar um tributo e cobrá-lo no momento que ele entre em vigor, pois é
necessário a possibilidade de planejamento) como cláusula pétrea.
Além disso, a ADI 3685. entende o Art. 16 como cláusula pétrea, dito a anterioridade
eleitoral, onde se entende que não é possível a alteração de regras do jogo eleitoral em ano
de eleição, isso com a intenção de proteger os interesses sociais.
Em continuidade, o STF entendeu que a emenda 41 da constituição, referente à
reforma da previdência, é constitucional, dado que a realidade social vigente, na qual os
indivíduos estão vivendo muito mais, exige que o sistema seja alterado para que ele não
colapse. Por fim, a LGDP foi entendida como uma lei infraconstitucional e também uma
emenda constitucional no Art. 5, transformando-se em uma cláusula pétrea.

VINCULATIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os entes vinculados aos direitos fundamentais são entendidos como o Poder


Público, que possui órgãos (legislativo, executivo e judiciário) que devem produzir, aplicar e
interpretar normas em conformidade com os preceitos dos direitos fundamentais. Além
disso, a vinculação também ocorre com os particulares em suas relações com outros
particulares.

DIREITOS FUNDAMENTAIS SÃO APLICADOS NAS RELAÇÕES PRIVADAS

Entendida como a tese da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, na qual eles
se fazem presentes nas relações entre particulares, não sendo necessária a interposição de
uma relação estatal.
A partir disso, é possível a postulação de críticas a nomenclatura, dado que em
algumas relações não existe isonomia, como exemplo, é possível citar a relação entre civis
e grandes corporações, onde mesmo não havendo a tradicional hierarquia, existe uma
diferenciação de forças e influências, que alteram os rumos da relação, em proporções que
podem ser mais drásticas do que a verticalidade entre civis e estado. Assim, a
nomenclatura de melhor representação poderia ser a de uma eficácia diagonal.
A doutrina brasileira entende essa relação desigual ou não como a presença de
direitos fundamentais em relações privadas.
A aplicação de direitos fundamentais em relações privadas surge na década de 50
do século XX, na Alemanha, que podem ser observados, pela primeira vez, nos casos Luth
e Celibato. O que gera duas teses de aplicação, sendo elas a
● direta, aqui os direitos fundamentais devem regular questões de cunho privado
diretamente, isso pois se defende a máxima efetividade das normas constitucionais,
assim, alegam o impedimento de uma hipertrofia dos direitos privados, dado que
pelos direitos fundamentais serem subjetivos, não iria ocorrer sempre uma
sobreposição do público ao privado, mas sim em questões necessárias. A questão
da discricionariedade do juiz não é descartada, mas se põe que essa autoridade
pode ocorrer tanto com normas constitucionais ou infraconstitucionais. Defendida
pela doutrina.
● indireta: aqui os direitos fundamentais não seriam responsáveis por lidar com
questões privadas e sim as normas infraconstitucionais (código civil, legislação
trabalhista, legislação empresarial) devem ser aplicadas para realizar o
enfrentamento de questões particulares. Isso decorre em função de que inúmeras
questões são de completa vontade privada, ao passo em que muitas normas
constitucionais são extremamente vagas. além do problema da insegurança jurídica,
isso pois se privilegia o juiz em relação ao legislador, por fim, também é possível
observar uma dissolução da autonomia do direito privado, ao passo em que o direito
constitucional se sobressai
● STF: A suprema corte não possui uma teoria majoritária definida, mas é possível
que se observe julgamentos emblemáticos. Tal qual os RE 158215 (onde um
cooperante de uma determinada cooperativa é expulso, fazendo com que ele recorra
até o STF, que entende que pelo Art.5 a expulsão foi inadequada é inconstitucional,
isso pois ele não teve direito de defesa e perante a ausência do devido processo
legal) 161243 (em um caso de julgamento da air france, onde a empresa francesa
pagava 3 vezes mais para seus funcionários franceses em solo brasileiro, quando
comparado com os nativos que exerciam a mesma função, dessa forma os
brasileiros recorrem e o STF entende que essa prática discricionária seria
inconstitucional) TST 2015 (onde empresas impunham celibato forçado aos seus
empregados, que ao não cumprirem foram demitidos e recorrem até ao supremo,
que entendeu ser impossível que uma empresa privada regule de tal forma a esfera
privada de convivência de seus funcionários e 221819.
● EUA: não se aplica os direitos fundamentais nas relações privadas. Todavia, a
Suprema Corte já desenvolveu exceções desde 1940, pela doutrina do State Action:
onde não há a aplicação, em regra, dos direitos fundamentais nas relações privadas,
mas quando um particular age como agente público, pratica atos equiparados com o
poder público, tipicamente estatais e quando o Estado cria legislações
discriminatórias as relações entre particulares, pode haver ações reguladas pelos
direitos fundamentais.

OS DIREITOS FUNDAMENTAIS PODEM SER LIMITADOS (RESTRINGIDOS) POR


NORMAS CONSTITUCIONAIS E INFRACONSTITUCIONAIS?

→TEORIA INTERNA: os direitos fundamentais aqui não podem sofrer qualquer forma de
restrição. Nesse entendido mais clássico, os direitos fundamentais só poderiam ser
restringidos por eles próprios, isso pois só existiria um único direito que teria seus limites
imanentes . De forma resumida, ou se tem o direito subjetivo, ou não o tem.

→TEORIA EXTERNA: os direitos fundamentais poderiam ser restringidos. Essa teoria


passa a ser entendida como majoritária, ao passo em que leva em conta o sistema de
direitos fundamentais, isso pois qualquer norma poderia aqui realizar restrições, em virtude
da complexidade das relações. Essa fundamentação se daria, pois o direito além de existir
em si, possui restrições
Mas, o que se deve observar é que esse processo possui parâmetros de realização
e que eles aconteçam perante a análise de um caso concreto, ou seja, não se afeta o
conteúdo como um todo, apenas seu exercício. Assim, essas restrições apenas serão
válidas se desenvolverem o direito restringido outro (paralisar a educação física e a
circulação na pandemia foi constitucional, ao passo que causou um ônus no direito à
saúde).
O que se deve atentar é que o poder Público sempre utilizará da argumentação de
que haverá um ônus, sendo assim, deve ocorrer um sistema de aferição, o qual deve se
basear em uma proporcionalidade, que se baseia na proibição do excesso e da
insuficiência. Mas, ainda são necessárias uma série de limitações, tais quais
● teoria dos limites dos limites:
1. requisitos formais: aqui se exige que a restrição ocorra apenas por
meio de normas elaboradas por órgãos dotados de atribuição
oriundas da constituição. Na pandemia, ocorre pela ADI 6341, onde o
STF permitia a restrição de circulação por meio dos estados e
municípios.
2. princípio da dignidade da pessoa humana: Qualquer limitação a
esses direitos deve respeitar os núcleos de cada direito (não estão
postos na constituição, mas sim em interpretações concretas do STF,
em virtude do respeito à dignidade da pessoa humana.
3. princípio da segurança jurídica: qualquer limitação tem de ser
dotada de clareza e precisão, isso pois são vedadas interpretações
generalizadoras
4. princípio da igualdade as limitações devem ser, em regra, de cunho
geral e abstrato, isso pois se visa atender o maior número de pessoas
e situação, em função de um princípio de isonomia, evitando
discriminações arbitrárias
5. princípio da proporcionalidade: As limitações aqui devem ser
proporcionais e, assim, ter como subprincípios a adequação,
necessidade (se tiver um menos gravoso, deve-se adotar ele) e
proporcionalidade em sentido estrito.

ADI 855: O estado do Paraná aprovou uma lei que determinava que as empresas de gás
apenas poderiam vendê-lo em locu e para o consumidor e que se houvesse diferença de
peso do botijão, o valor deveria ser ressarcido ao consumidor. Isso decorreu em decorrência
de sucessivas fraudes, assim, ocorreria uma proteção ao consumidor, ao passo que limitaria
direitos de ordem econômica e liberdade.
Ao se analisar a lei, o órgão seria competente, respeitada a dignidade da pessoa
humana, possui precisão e clareza, possuía isonomia ampla, todavia, no princípio da
proporcionalidade, existe adequação; dado as circunstâncias, as necessidades foram
aferidas, dado que esse foi o último recurso aplicado, mas a proporcionalidade estrita não
existia, dado que o ônus (inviabilização do sistema de distribuição de gás) acabou por ser
maior que o bônus (proteção ao consumidor).

CARACTERÍSTICAS CLÁSSICAS DOS DIREITOS

São baseados em uma fundamentalidade material do preceito da dignidade humana


e em um processo histórico de formação, mas, na atualidade, essas características se
encontram relativizadas, frente a uma sociedade extremamente ampla e complexa. Isso
quer dizer que determinadas situações podem pôr as pessoas a possibilidade de renúncia
de determinados direitos, em virtude da proclamação de certos contratos
O que se deve atentar é que não se renuncia o direito, mas sim seu exercício, em
virtude da existência de uma constante cláusula de revogação desses contratos que levam
a renúncia. Além disso, alguns direitos, como já postos, podem ser também imprescritíveis,
tais quais o mandado de segurança que dispõe de no máximo 120 dias, o habeas corpus,
direito processual de ação.
Já no que tange respeito a universalidade, a relativização também pode correr, dado
que determinados direitos são postos, em alguns momentos, apenas para determinados
grupos, em virtude do exercício de atividades, sejam elas lícitas ou não. Como exemplo, a
pena de morte passa a ser possível

→INALIENÁVEIS:

→INDISPONÍVEIS:

→IRRENUNCIÁVEIS:

→INVIOLABILIDADE:

→IMPRESCRITIBILIDADE:

→UNIVERSALIDADE:

→COMPLEMENTARIEDADE:

→INTERDEPENDÊNCIA:

→ HISTORICIDADE:

APLICAÇÃO IMEDIATA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (ART 5)

→CONSERVADORA: Aqui a aplicação dos direitos fundamentais é imediata quando sua


estrutura é completa, isso acaba por supervalorizar a estrutura da norma, em detrimento do
conteúdo.

→LIBERAL: Aqui a aplicação é imediata independente da norma, isso pois o que definiria
essa ação imediata seria o art. 5 § 1º da constituição, deve-se entender que essa corrente
não nega a regulamentação, isso pois a entende como forma de sofisticação.

→INTERMEDIÁRIA: Aqui a aplicação imediata seria mera presunção posta pela


constituição, em virtude dos mandamentos de otimização, ou seja, essas normas devem ser
aplicadas na maior medida possível. Isso não impede que exijam momentos de
regulamentação da norma

Observação- regulamentação
Entendido como uma forma de complementar, por lei, o que já está presente na
constituição. Como exemplo, podemos citar o caso de que nos anos 80 a interceptação
telefônica só poderia ocorrer por meio do ministério público e juízes, o que levava a provas
de interceptação obtidas por outro meio, serem entendidas como ilícitas, invalidando as
prisões. A argumentação dos advogados é que essa estrutura não estaria presente na
constituição e em nenhuma outra lei, mesmo que a interpretação do Art. 5 permitisse,
quando dentro de limites da legalidade. Dessa forma, seria necessário a postulação de uma
lei especial que regulamenta as práticas

ART. 5 § 2º

Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do


regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte. (Possui um hall não taxativo e sim interpretativo, esse art.
impede que ocorra o entendimento de direitos fundamentais em primeiro e segundo grau,
ou seja, por esse parágrafo todos os direitos fundamentais, independente de sua origem,
possuem o mesmo valor e são cláusulas pétreas)

ART. 5 §3º

Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em


cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (o que se deve entender é que eles não
adentram a constituição, apenas passam a ter o mesmo valor que as normas de tal carta).
→RE 466.343: O STF realiza uma diferenciação, onde os tratados que passam pelos
procedimentos do Art. 5 passam a valer como norma constitucional, todavia, se o tratado
não passar pelo procedimento, ele será entendido como norma supralegal - abaixo das
normas constitucionais e acima das normas infraconstitucionais-. Agora, os tratados que
não são referentes a direitos humanos são postos como lei ordinárias

ART.5 §4

O Brasil se submete à jurisdição do Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha


manifestado adesão. (a jurisdição do Tribunal aqui tratado será entendida, automaticamente,
como norma de valor constitucional, além disso, o Brasil pode entregar brasileiros natos a
esse tribunal quando requisitado)

DEVERES FUNDAMENTAIS
Devemos nos atentar que os deveres fundamentais não estão, necessariamente,
interligados a direitos fundamentais, podendo então, por vezes, gerar deveres autônomos.
Além disso, os deveres fundamentais, tais quais os direitos, perante a análise do caso
concreto, são tido como subjetivos, dado a possibilidade de colisões

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.

Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.

Art. 145 em seguinte - referentes ao pagamento obrigatório de variados impostos

Deveres do Estado- são entendidos como inúmeros, dizendo respeito a políticas públicas, ações e
omissões do Estado, referindo-se ao cumprimento de condições de moradia, saúde, educação e meio
ambiente.

DIREITOS INDIVIDUAIS
→VIDA:
● INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONALMENTE ADEQUADA: A vida é um direito
pressuposto para a realização dos demais direitos. Sendo, assim, dotada de uma
dupla face, ou seja, existe uma vida biologicamente e uma vida que existe pela
dignidade.

● RELATIVIZAÇÃO: Mesmo sendo um direito base para os demais direitos, sua


relativização pode ocorrer em casos de:
1. pena de morte, que exigem uma serie de requisitos perante protocolos,
ocorrendo por meio de metralação (Art.5º XLVII - não haverá penas: a) de morte,
salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX).
2. excludentes de ilicitude, como a legítima defesa;
3. aborto (Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I -
se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez
resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal);
4. lei do abate, que permite o abate de aviões hostis em espaço aéreo brasileiro.
→CONSIDERAÇÕES:

● INÍCIO DA VIDA: existem distintas vertentes de entendimento (constituição não


possui uma vertente previamente adotada):
A. Concepção (encontro óvulo-espermatozoide, adotada pelo pacto de
são josé da costa rica);
B. Nidação (fixação do zigoto útero, corte interamericana de direitos
humanas passa a entender que a concepção é, na verdade, a
nidação, o que permite manipulação in vitro);
C. Formação de sistema nervoso funcional (o que se relaciona
diretamente com o fim da vida, que ocorre com a morte cerebral,
permitindo transplantes -Lei 9.434/97 art.3º e ADPF 54 entendida
como majoritária, mesmo que inexista um consenso
D. independência da vida do feto em relação a vida da mãe

● ABORTO (Art.128 CP; HC 124036; A.D.P.F 442): Aborto famelico (necessidade


financeira), eugenico e de honra, são entendidos como crimes e a discusssão sobre
essas questões, encontram-se encerradas.

A. HC 124036: Aqui dois médicos foram presos preventivamente ao realizarem


abortos de modo clandestino, mas o Ministro Luiz Roberto Barroso,
argumenta que a prisão é inconstitucional, dado que inexistiria crime, pois até
o primeiro trimestre, não haveria crime de aborto, ou seja, de modo geral o
Ministro argumenta a favor da discriminalização do aborto dentro de um
período de tempo limitado pela lei.
Essa argumentação ocorre pelo princípio da proporcionalidade, onde a
adequação (meio para o fim)do aborto não procede, dado que a proteção a
vida do fato não ocorre, pois os abortos continuam ocorrendo; além disso,
prejudica as mulheres, dado que mulheres pobres realizam o aborto em
clinicas não profissionais.
Posteriormente, o subprincípio da necessidade (meio menos gravoso) passa
a existir, por meio de políticas públicas contra a gravidez. Por fim, na
proporcionalidade do sentido estrito, argumenta-se que na ponderação da
proteção ao feto e a dignidade da mulher sobre seu corpo, acaba por se
sobressair a proteção do feto, a qual já não ocorre.
Mas, o que se deve observar é que essa argumentação não visava a
descriminalização, apenas a não prisão.

A. A.D.P.F 442: Movida pelo PSOl, onde se pautava a regulamentação do


aborto até a terceira semana, por meio da mesma argumentação do HC
124036, além de questões que envolvessem a paridade entre os generos,
dado que os indivíduos do sexo masculino não se submetem a essas
condições. A partir disso, Augusto Aras, o Executivo e a AGU, pautaram-se
contrários à medida, argumentando que essa questão deveria vir a ser
respondida por meios legislativos, não sendo função do judiciário.
● INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA: A permissão da interrupção da gestação de feto
com anencefalia tenta cessar a ofensa ao princípio da dignidade humana, o qual é
ofendido quando se obriga a uma mãe carregar em seu útero durante meses um feto
(além da questão da igualdade de gênero, dado que nenhum homem será
submetido a essa situação). Tal feto possui a certeza de que não sobreviverá e
quando houver existência ultra uterina, ela perdura, no máximo, 7 minutos e sendo
apenas composta de batimentos cardíacos, sem qualquer sentido sensorial. O que
se argumenta pela ADPF 54, além disso, vale ressaltar, que a mulher não é
obrigada a realizar essa operação, mas possui o direito.

→DIREITO DE MORRER
● EUTANASIA: Seria a antecipação da morte de forma justa e digna, o que iria
ocorrer por ato praticado pelo médico, em virtude de uma doença incurável e que
esteja causando grave sofrimento a pessoa. Mas devemos nos atentar que essa
prática não é permitida no ordenamento brasileiro, assim, considera-se como
homicídio; além disso, o conselho federal de medicina, em 2018, também veda a
operação
● ORTANASIA: Aqui ocorre uma eutanasia passiva, onde o indivíduo se omite de
realizar determinado tratamento, fazendo com que a pessoa seja conduzida a morte
de forma natural
● DISTANASIA: Aqui é entendido como o prolongamento artificial da vida, o que não é
recomendável pelo CFM.

DIREITO DE LIBERDADE
Entendido por muitos teóricos como o principal direito fundamental. Aqui é tida como
o direito do ser humano de autodirigir sua própria vida por meio da razão, ou seja, a
autonomia existencial.
Assim, devemos entender esse direito por uma dupla face, dado que temos, por
Berlin e Constant:

→LIBERDADE DOS ANTIGOS: Aqui a liberdade seria a possibilidade de debater e atuar


ativamente nas discussões da coletividade de tomada de decisões estatais, entendida como
positiva. Um dos maiores expoentes dessa vertente seria Rousseau, mesmo que essa
modalidade ocorresse desde a antiguidade.

→LIBERDADE DOS MODERNOS: Ausência de constrangimento, devido ao fato de que o


Estado e qualquer outro membro da sociedade não devem intervir na autonomia privada,
entendida como negativa. Pautada sobretudo por teóricos como Habermas, o qual ainda
postula que é impossível postular uma hierarquia entre ambos.

A tese de habermas é denominada como hec primordialidade, ou seja, um tipo de


liberdade atua como pressuposto para a outra, isso pq é necessário que ambas atuem de
modo conjunto, pois as questões sociais interferem na autonomia privada e a esfera privada
define questões de cunho público, sobretudo em uma estrutura democrática (direitos
humanos e soberania popular).
Esses pressupostos ocorrem pela teoria geral da liberdade, a qual se encontra
fundamentada na nossa constituição, que aborda a ação, expressão e manifestação de
pensamento, locomoção, consciência e crença, de escolha, reunião e associação. Os quais
se fazem presentes em todo o escopo do Art. 5º, do II ao XXI.

DIREITO FUNDAMENTAL DA IGUALDADE


Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição ;

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão
por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:

Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a
justiça sociais.
Parágrafo único. O Estado exercerá a função de planejamento das políticas sociais,
assegurada, na forma da lei, a participação da sociedade nos processos de formulação, de
monitoramento, de controle e de avaliação dessas políticas.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
TIPOS DE IGUALDADE

→IGUALDADE ARITMÉTICA: É aquela que pressupõe a equivalência na importância de


cada um, ou seja, cada indivíduo tem a mesma importância devido a um conceito de
retribuição e causa.

→IGUALDADE GEOMÉTRICA: É pautada perante uma realidade política, sendo assim é


variável pelo merecimento, que decorre da posição que o indivíduo assume nas relações.
Aqui o direito é débito, ou seja, direito pelo nascimento, o que tem como base uma
sociedade escravista, assim, as penas também iriam variar conforme diferente fosse a
vítima, devido o valor social que determinada pessoa detém.

→IGUALDADE FORMAL: A solução para que se alterasse a lógica de aplicação da


igualdade geométrica, o que ocorre apenas na modernidade, vide declaração dos direitos
do homem e do cidadão

→IGUALDADE MATERIAL: Surge no século XX, onde a igualdade apenas seria plena
quando fosse abordado também questões de discriminações, ou seja, é necessário aqui
tratar os diferentes de forma distinta, mas dentro de uma legalidade, o que visa uma justiça
social. Aqui ocorre um tratamento desigual dos desiguais na medida em que eles se
desigualam, o que possui como argumentação Alexy.
Devemos nos atentar que esse postulado é distinto da igualdade geométrica, dado
que a última visa a manutenção de privilégios.

→IGUALDADE PROCEDIMENTAL: Ou para Habermas aritmeticamente inclusiva, garante


a igual condição de participação de todos os cidadãos na produção de políticas públicas, o
que acaba por extrapolar inclusive a igualdade material.

→IGUALDADE COMO RECONHECIMENTO: Aqui existe uma argumentação de respeito


às diferenças, inclusive visando a redistribuição da hierarquia social, por meio do
empoderamento de grupos socialmente excluídos.que passa por estampas familiares,
sociais e de uma comunidade valorativa.

→IGUALDADE NA LEI: direcionada ao legislador, durante a produção da norma, ou seja,


exige generalização e abstração

→IGUALDADE PERANTE A LEI: direcionado ao juiz, durante a resolução do caso


concreto

AÇÕES AFIRMATIVAS

São as práticas que visam a redução de desigualdades no plano material, seja no


âmbito privado ou público, com a finalidade de que se estabeleça medidas compensatórias
a grupos social e historicamente oprimidos.Historicamente, essas ações possuem
notoriedade quando o caso board vs brown of education rompe a doutrina dos separados
mais iguais.
Constitucionalmente, essas ações podem ser fundamentadas por meio:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

Já no que diz respeito a legislação especial, podemos citar a Lei 12. 990/14, onde
ocorre a reserva de vagas para individuos negros dentro, declarados perante os critérios do
IBGE, de concursos públicos. Essa legislação tem validade de 10 anos, expirando em 2024
caso a análise entenda que a funcionalidade da legislação já foi atingida. O que foi
questionado no STF pela ADI 41.
Nessa ADI, o supremo entende essa legislação como constitucional, o que teve
como base a igualdade formal, material e igualdade enquanto reconhecimento, que atuou
de maneira simbólico para permitir a negros o acesso a determinadas posições. Mas ainda
é necessário critérios de heteroidentificação (devendo respeitar a dignidade da pessoa
humana e assegurar a contra defesa), além do autodeterminante, o que ocorre quando
houver possibilidade de evidenciação de fraudes

DIREITOS SOCIAIS
Surgem no século XX, perante o pós primeira guerra mundial, como direitos de
segunda dimensão. Isso decorre de duas cartas constitucionais simbólicas, sendo elas a
mexicana de 1917 e a de Weimar de 1919. Entretanto, devemos entender que esses
marcos são paradigmáticos, pois direitos sociais já estavam, aos poucos e isoladamente,
presentes em outras constituições.
No Brasil, a primeira constituição que marca um Estado Social é a de 1934, perante
o governo populista de Getúlio, posteriormente, esses direitos se fizeram presentes, em
maior ou menor intensidade, em todas as constituições seguintes, mesmo que apenas
formalmente, como nas ditatoriais.

OBJETIVOS

A principal característica desses direitos se baseia na redução material das


desigualdades, o que ocorre por prestações positivas do Estado na sociedade, em conjunto
com o impedimento de intervenções negativas na sociedade.

CARACTERÍSTICAS

→GRADATIVIDADE: A aplicação de tais direitos deve ocorrer em graus, pois sua aplicação
absoluta é impossível no plano prático, já que nos tratamos de questões como cultura,
educação, saúde, alimentação
→DEPENDÊNCIA FINANCEIRA: Acabam por ser limitados pelo orçamento público, o qual
é ilimitado, em virtude de uma reserva do possível

→TENDÊNCIA DE LIBERDADE DE CONFORMAÇÃO: Aqui o legislador e o executivo,são


os quais podem escolher os direitos sociais que podem ser concretizados por meio das
políticas públicas pré estabelecidas, as quais decorrem de escolhas devido a necessidade e
capacidade de atender. Ou seja, existe uma discricionariedade do poder público.

→INSUSCETIBILIDADE DE CONTROLE JUDICIAL: Ou seja, não cabe ao poder judicial


realizar o controle das políticas públicas dos direitos sociais, porém, esporadicamente, é
possível que haja essa intervenção judicial, mas apenas quando se evidenciar
contrariedade à constituição por meio do poder público, que ocorre quando se vê
insuficiência ou inexistência de políticas públicas. Geralmente, essas provocações ao
judiciário ocorrem por meio do MP, da Defensoria ou diretamente pelos cidadãos, via ações
populares.
Como exemplo, temos as ações do STF que obriga investimentos em presídios do
Rio Grande do Sul, em virtude de violações do mínimo existencial.

→NORMAS PROGRAMÁTICAS: São direcionadas para possíveis ações implementadas


pelo poder público,mas que não atuam de forma vinculante, assim, os direitos sociais foram
entendidos como normas de baixa efetividade. Todavia, na passagem dos anos 90 para os
2000, um novo entendimento se instala e passa a vigorar que essas normas deveriam sim
ter valor vinculante.
Nesse sentido, é abandonado uma subjetividade dos Estados e ocorre uma
obrigação de efetivação, em virtude da própria constituição, que postula essas normas
programáticas como meios de implementação de direitos sociais. Esse entendimento, nos
permite a seguinte distinção:
1. direitos sociais não subjetivos: Embora possuam vinculatividade e
efetividade, não possuem subjetividade, ou seja, não podem ser exigidos no
plano prático, mas ainda estão, em certo grau, sob domínio do poder público.
2. direitos sociais subjetivos distintivos: Aqui são exigíveis de forma
absoluta, ou seja, o poder público deve implementar esses direitos, o que
deixa de lado as limitações impostas pelo orçamento, o que é uma
problemática.
3. direitos sociais subjetivos prima facie: Aqui são subjetivos, exigíveis de
forma prima facie, ou seja, perante os casos concretos devem passar por
uma ponderação, o que irá guiar sua aplicação. Devemos observar que nos
tratamos de uma doutrina contra majoritária.

→MÍNIMO EXISTENCIAL: Tese desenvolvida em 1950 que serve como parâmetro para
estabelecimento dos direitos sociais pelo poder público, isso pois será garantido uma vida
digna. O que é garantido, no Brasil, pela ADPF 45. Ainda aqui é possível a seguinte
distinção:
1. mínimo existencial de forma absoluta: aqui o mínimo será sempre o mesmo
2. mínimo existencial de forma relativa: aqui o mínimo acaba por variar conforme as
necessidades das circunstâncias, como ocorreu as variações na pandemia.
Observações
→Reserva do Possível ou Princípio da Reserva de Consistência é uma construção jurídica
germânica originária de uma ação judicial que objetivava permitir a determinados
estudantes cursarem o ensino superior público embasada na garantia da livre escolha do
trabalho, ofício ou profissão.

DIREITOS FUNDAMENTAIS DE NACIONALIDADE

São entendidos como um vínculo jurídico e político entre a pessoa e o Estado,


assim, o indivíduo passa a abranger o povo ali referido, o que lhe atribui direitos e deveres.
O que podemos observar é que nós tratamos de um vínculo que inexiste afeto, seja ele
religioso ou ético, o que diferencia da nação, que seria um vínculo sociológico.Dessa forma,
é possível que delimitamos duas espécies de nacionalidade:
→primária: Aquela que resulta de um fato natural, ou seja, do nascimento, gerando os
natos
→secundária: também entendida como adquirida ou derivada, sendo aquela que resulta de
um fato volitivo, ou seja, da vontade de naturalizar, gerando os naturalizados

CRITÉRIOS DE AQUISIÇÃO

→NACIONALIDADE PRIMÁRIA, podemos citar:


● ius sanguinis: será nacional de um país aquele que for descendente de nacionais
do país, o que é entendido como estratégico para a manutenção da população em
países com alta taxa de migração, como adotado pela Itália.
● ius solis: será entendido como nacional aquele que nasceu país, sendo estratégico
para países que possuem muita imigração, como adotado pelo Brasil.
Essas classificações permitem que ocorram apátridas e bipartidas. Mas, o que
devemos ressalvar é que a classificação de apátridas é proibido por declarações
internacionais, assim, não se permite que países adotem apenas o critério ius sanguinis,
sendo exigido o ius sanguini secundariamente
→NACIONALIDADE ADQUIRIDA: o que podemos observar é que a naturalização depende
de legislações internas. No Brasil, a naturalização é entendida como flexível e pode ser:
● tácita: presente apenas na constituição de 1891, onde qualquer estrangeiro que
estivesse no país desde a proclamação da república e, no período de 6 meses não
se dirigisse a órgãos competentes para declarar permanecia como estrangeira, seria
entendido como brasileiro.
● expressa: pode se dividir em:
1. Ordinaria: Art. 12 cc a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; O que passa a ser regido
pela lei de imigração 13. 445/ 17, onde se exige a capacidade civil; residência
no Brasil em um período mínimo de 4 anos (imediatamente anterior ao
pedido de naturalização); capacidade de comunicação em língua portuguesa,
mas respeitando as necessidades do indivíduo e ausência de condenação
penal ou comprovada a reabilitação penal. Esse processo é analisado pelo
Ministério da Justiça, que fica a cargo da polícia federal, o que proporciona
uma segurança interna pelo domínio de dados.
Ainda podemos citar que dentro dessa categoria, estrangeiros
lusófonos, os quais possuem como requisito capacidade civil (ausência penal
no Brasil e no país de origem); idoneidade moral e residir a um ano no Brasil.

2. Extraordinária: b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na


República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. Podemos
observar que esse dispositivo é potestativo, dado que não existe o critério de
discricionariedade dos órgãos . Além disso, o que se deve observar, é que até
2017, não era permitido a nacionalização mesmo quando o indivíduo uma vez
já acusado tivesse comprovado reabilitação.
3. Especial: Art. 68 da lei 13 445/ 17. A naturalização especial poderá ser concedida
ao estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações:
I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço
Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no
exterior; ou
II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular
do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos.
Art. 69. São requisitos para a concessão da naturalização especial:
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do
naturalizando; e
III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.

4. Art. 70 lei 13. 445/ 17. A naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante
criança ou adolescente que tenha fixado residência em território nacional antes de
completar 10 (dez) anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu
representante legal.
Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será convertida em definitiva se o
naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir
a maioridade.

ANÁLISE BRASILEIRA

Art. 12. São brasileiros:

I - natos: O que observamos é uma classificação taxativa concentrada estritamente na


Constituição
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço (Público) de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil; (seja a mando da União, estados, municípios, distrito
federal, autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista)
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente (embaixada ou consulado, em 1994 essa prerrogativa foi
suspensa, pois os legisladores alegavam que muitos indivíduos passaram a ser brasileiros
sem vínculos com a cultura, entretanto, essa prerrogativa foi restabelecida em 2007 e foi
estabelecida pela emenda 54 postulados que permitiam esses individuos serem brasileiros
natos) ou venham a residir (esse critério passa a ser entendido como o essencial) na República
Federativa do Brasil e optem (essa opção é ex tunc, por ser retroativo a residência), em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (o que devemos observar é
que desde a menoridade o indivíduo já é brasileiro nato, o que pode ocorrer é que se torna
suspensivo após a maioridade em caso de não se realizar a opção)

I - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
c) Artigos 68;69 e 70 da lei de imigração nº 13. 445/17 supracitados

Por fim, podemos citar o caso de reciprocidade no Art. 12 da CF § 1º Aos portugueses


com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos
os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. Esses direitos são
equiparados aos brasileiros naturalizados, mas em salvos casos pode ainda ocorrer a
equiparação a brasileiros natos.

PERDA DA NACIONALIDADE
HIPÓTESES

→AÇÃO DE CANCELAMENTO DE NATURALIZAÇÃO DE PROCEDENTE E


TRANSITADA EM JULGADA: Devemos observar que esse processo apenas pode correr
com brasileiros naturalizados, o que apenas ocorre perante a prática de atividade nociva ao
interesse nacional, ou seja, que atente contra a ordem pública como homicídio; tráfico de
drogas; latrocínios e tráfico de drogas.
Durante o julgamento, o juiz, por meio do Parágrafo único. O risco de geração de situação
de apatridia será levado em consideração antes da efetivação da perda da nacionalidade. do Art 75 da
lei 13. 445/17. Deverá levar em consideração a questão de apátrida, para que se proteja o
direito dos indivíduos
O procedimento é judicial e ocorre de forma hermenêutica, sendo que o efeito de
cancelamento da naturalização é ex nunc, ou seja, não é retroativo, assim, o indivíduo
apenas deixa de ser brasileiro após a sentença transitar em julgado, no período anterior ele
ainda possui a característica de brasileiro naturalizado.
Devemos nos atentar que é impossível o início de um novo processo para requerer
administrativamente a naturalidade perdida, mas o que pode ocorrer é um tentativa de
readquirir judicialmente, o que se dá por uma ação rescisória, na qual se pode questionar
uma decisão judicial já transitada em julgada.

→AQUISIÇÃO VOLUNTÁRIA DE OUTRA NACIONALIDADE: Essa tese diz respeito tanto


a brasileiros naturalizados quanto a natos. Mas para tal é necessário que o motivo seja
único e exclusivamente de vontade voluntária.
Esse procedimento acaba por ser administrativo e ficando a cargo do MP com
decisão final do Ministro da Justiça, sendo assim o efeito de tal ato também acaba por ser
ex nunc, ou seja, não retroativo.Devemos nos atentar que o risco de apátrida deve ser
levado em consideração pelo Ministério da Justiça, seguindo também o Art.75 da Lei de
Migração.
Em casos de arrependimento, mesmo com a perda tendo ocorrido por via
administrativa, pode ocorrer a aquisição também por via administrativa, mas sendo exigido
que cesse o motivo que deu causa a perda, ou seja, que tenha fim o exercício da outra
naturalidade. O que devemos observar é que ao recuperar a nacionalidade nesse caso, o
que obtemos é que o indivíduo se torna aqui brasileiro nato, vide a lei 13. 445/17, em Art.
76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do § 4º do art. 12 da Constituição
Federal, houver perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter
o ato que declarou a perda revogado, na forma definida pelo órgão competente do Poder
Executivo.
Entretanto, existem exceções ao que foi apresentado, às quais estão postas no Art.
12, §4, II, A e B.
a)de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b)de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS

Art. 12 cf § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:


I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
Art 5º, LI, CF – Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele
participam:
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois
nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela
Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é


privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.

DIREITOS FUNDAMENTAIS POLÍTICOS


CONCEITO

Conjunto de normas que disciplinam o exercício da soberania popular, ou seja,


estamos frente a normas que desenvolvem o previsto no Art. 1 Parágrafo único. Todo o poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição .

ESPÉCIES

Entre as espécies dos direitos políticos, pode-se exemplificar por meio do sufrágio,
plebiscito, referendo e projetos políticos. Mas, devemos nos atentar ao fato que a
democracia ultrapassa a questão dos votos, alcançando questões também deliberativa que
envolve inúmeros fatores e agentes sociais

SUFRÁGIO

O direito do sufrágio é entendido como o núcleo dos direitos fundamentais políticos


dentro de uma estrutura liberal burguesa, ao passo que permite o direito subjetivo de votar e
ser votado, o que marca a participação popular na vida política do Estado.

→CLASSIFICAÇÕES:
● IGUALDADE: Aqui o voto possui o mesmo valor para todos os homens, seguindo o
princípio do “one man one vote”
● DESIGUALDADE: Aqui o voto não possui o mesmo valor para todos os homens, ou
seja, um indivíduo, em virtude de determinadas questões, poderia votar mais de uma
vez na mesma eleição.
● UNIVERSAL: Independe de questões discriminatórias, o que não quer dizer que não
ocorre aqui algum tipo de requisitos para acesso,
● RESTRITO: Aqui condições discriminatórias impedem que determinados indivíduos
tenham acesso ao sufrágio, podendo ocorrer de modo censitário (econômico,
presente na carta de 1824) ou capacitário (questões mentais, presente nas cartas de
1967 e 1969, o que acaba com uma emenda em 1985)

VOTO

O voto deve ser entendido como personalíssimo, ou seja, não é possível de ser
realizado por procuração, entendido como uma obrigatoriedade de comparecimento para
os maiores de 18 e menores de 70 que não forem analfabetos; liberdade; sigilosidade;
igualdade; temporalidade, ou seja, deve ser um direito periódico;

DIREITO POLÍTICOS

→POSITIVOS: Nós tratamos aqui dos direitos de sufrágio, podendo melhor ser entendido
por:
direito de votar: ou capacidade eleitoral ativa, tendo como pressuposto o tipo de
eleitor, ou seja, a alistabilidade que exige um procedimento administrativo na justiça
eleitoral. Nesse sentido, é válido ressaltar que essa alistabilidade é obrigatória para
os maiores de 18 e menores de 70 e facultativo para os maiores de 16 e menor que
18, maiores de 70 e analfabetos.
Mas, devemos nos atentar que após o alistamento o voto não se torna
obrigatório, assim, se mantendo facultativo para aqueles que possuem os requisitos
prévios. Ademais, vale ressaltar que o STF e o STJ aplicam uma tese hermenêutica
do pensamento do possível de que quando nos tratamos de pessoas com
deficiências físicas e mentais se equiparam a maiores de 70 anos, ou seja, seu voto
e alistabilidade são facultativos.
Por fim, os inalistáveis no Brasil são aqueles presentes no Art. 14 § 2o Não
podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos. Mas, devemos nos atentar que isso não se aplica a
portugueses, devido a equiparação.

direito de ser votado: ou capacidade eleitoral passiva, tendo como pressuposto a


elegibilidade, essas condições são postas pelo Art. 14. A soberania popular será
exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante:
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira; (seja nato ou naturalizado, com exceção que inclui os


portugueses equiparados)
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; (o que deve ocorrer até 6 meses antes, além
disso nos tratamos de um domicílio mais flexível, o que ocorre por posse de
patrimônio, laços comunitários, profissionais e familiares)
V - a filiação partidária; (o que deve ocorrer em até 6 meses antes)

VI - a idade mínima de: (o momento de aferição deve ocorrer, segundo o TRE, no


momento da posse)
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,
Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador. (a única exceção da regra de aferição de idade do


TRE é o vereador que tem que comprovar sua idade durante o registro)

→NEGATIVOS:São aqui impedimentos e restrições aos direitos políticos positivos. Deve se


atentar que aqui esses impedimentos não são postos de maneira discricionária e subjetiva,
ocorrendo apenas em casos de:

● inelegibilidade: Marcado pela perda da capacidade passiva. Podemos ainda


realizar a seguinte distinção:
1. absolutas: São condições pessoais que tornam a pessoa inelegível para
qualquer cargo, o que se encontra posto em: Art. 14.§ 4º São inelegíveis os
inalistáveis (estrangeiros e conscritos -serviço militar) e os analfabetos
(anteriormente ocorreria uma avaliação pelo juiz, o que foi suspenso em
virtude de afetar a dignidade dos envolvidos, o que levou o TRE a
implementar requisitos básicos como comprovante de escolaridade, auto
declaração escrita e teste privado, o qual não precisa provar 100% da
capacidade).
2. relativas: Diz respeito a uma determinada eleição e um determinado cargo,
assim, de forma geral o indivíduo continua de forma geral ainda elegível.
Esse tipo de inelegibilidade se faz presente no
A. de cargo ou função: Art. 14 § 5º O Presidente da República, os
Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser
reeleitos para um único período subseqüente (devemos aqui entender
que o mandato é tido como um período de 4 anos, dessa forma, fica
impedido o indivíduo renunciar a um cargo no fim do mandato para
posteriormente concorrer ao mesmo cargo, além disso o indivíduo
não pode concorrer na eleição subsequente a um cargo de vice
daquele que anteriormente ocupou (como de presidente para
vice-presidente); além disso, não pode concorrer em próxima eleição
do mesmo cargo que ocorra 4 anos antes de seu último mandato, o
que acontece em caso do presidente e do vice subsequentes a ele
acabarem, por exemplo, por renunciar. Todavia, o indivíduo que
durante dois mandatos atuou como vice pode se candidatar ao cargo
principal na próxima eleição e também na posterior, dado que são
cargos distintos. Por fim, deve se observar que até 2008, o TSE
permitia que um prefeito do município A ao renunciar ao cargo no
tempo exigido, poderia se eleger para prefeito em um município B, o
que se alterou por meio do STF, que postulou que isso seria
inconstitucional, dado que seria um caso de prefeito profissional que
feriria o princípio republicano. § 6º Para concorrerem a outros cargos, o
Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até
seis meses antes do pleito. O que se vê aqui é que existe um princípio
da continuidade administrativa quando nós tratamos do mesmo cargo,
o que causa uma certa zona cinzenta, pois não é possível identificar
se o indivíduo está atuando em seu cargo ou utilizando da máquina
pública para se reeleger. Ademais, em momentos perto da eleição,
quando o presidente viaja, sua linha sucessória passa a assumir o
cargo da presidência, mas ao assumirem, mesmo que
temporariamente, eles se veem impedidos de concorrerem a outros
cargos na eleição, o que faz a linha sucessória gerar de forma
abrupta até o presidente do STF

B. reflexa: § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o


cônjuge e os parentes consangüíneos (união estável, pai, mãe, irmãos
e filhos)ou afins (cônjuge do irmão, dos filhos e dos pais) até o
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República (nação), de
Governador de Estado ou Território (estado), do Distrito Federal, de
Prefeito (município) ou de quem os haja substituído dentro dos seis
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
candidato à reeleição. Todavia, devemos nos atentar que existe uma
forma de permitir que os chefes do executivo adentrem seus
familiares e afins na política, sendo necessário apenas a renúncia no
prazo de 6 meses. Ademais, a súmula 6 do TSE, diz que os parentes
e afins do chefe do executivo que renunciaram no tempo limite podem
concorrer a cargos públicos, mas apenas para cargos distintos, o que
visa evitar o continuísmo. Mas a emenda constitucional da reeleição
de 1997 permite que o parente concorra ao mesmo cargo em caso da
renúncia do chefe do executivo tenha renunciado ainda no primeiro
mandato, foi o que se observou no caso de Rosinha Garotinho, a qual
se elegeu governadora do RJ após a renúncia de seu marido,
Garotinho, entretanto a mesma não pode concorrer a reeleição, pois
isso permitiria a continuidade de uma mesma família no poder.
Ademais, a súmula vinculante 18 do STF, perante casos onde o chefe
do executivo se separa de seu cônjuge para que o mesmo possa
concorrer ao mesmo cargo, passou a entender que a dissolução da
sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato (se atentar,
pois anteriormente ao curso do mandato, a separação afasta a
inelegibilidade), não afasta a inelegibilidade prevista no § 7 do Art. 14.
Por fim, quando estamos frente ao fim do vínculo conjugal por morte
estaremos frente a uma exceção, dado que assim não existe
possibilidade de fraude.
C. legal: Art. 14 § 9º Lei complementar estabelecerá (Lei 64/90 e 135/10)
outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das
eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de
função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
Quando nos tratamos da lei 135/10 ou aquele definida como lei da
ficha limpa possui dois pressupostos importantes, sendo eles:
candidatos que tiverem condenação criminal por órgão colegiado,
ainda que caiba recurso, ficarão impedidos de obter o registro de
candidatura, pois serão considerados inelegíveis. Ademais, a lei
alterou de 3 para 8 anos o período que o candidato condenado ficará
inelegível, após o cumprimento da pena. O que observamos é que
estamos frente a uma lei violenta que ignora a presunção de
inocência.
D. A questão militar: § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior
e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
(caso o indivíduo perca ocorrerá a possibilidade de retorno ao seu
antigo cargo)

Art. 142 3§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes


condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade
superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a
inatividade.

● perda ou suspensão dos direitos políticos: Art. 15. É vedada a cassação de


direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; (leva a perda,


ocorrendo também por aquisição voluntária de outra nacionalidade)
II - incapacidade civil absoluta; (suspensão)
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
(suspensão que tem fim com a extinção total da punibilidade vide súmula 9 do TSE)
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos
do art. 5º, VIII; (leva a perda)
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
FORMA DE ESTADO

Entendido como a forma de distribuição do poder político dentro de um Estado


Nacional, que podem ser divididas em:

→UNITÁRIA: marcada por uma descentralização administrativa

→FEDERAÇÃO: marcado por um ente com soberania e os demais marcados com


autonomia, o que devemos observar é que esse ente nasce da constituição do estado
soberano, ademais, os entes autônomos são impedidos de se desmembrarem, como se
observa no Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamento

→CONFEDERAÇÃO: marcada por uma distribuição do poder político, na qual todos os


entes são marcados por soberania, aqui esse ente nasce do acordo mútuo entre os entes
soberanos, o qual pode ser rompido a qualquer momento.

ANÁLISE DA CONSTITUIÇÃO DE 1988

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a


União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição.
Na estruturação do Estado brasileiro, temos que o ente soberano é a República
Federativa do Brasil, ao passo em que a União, os estados, os municípios e o Distrito
Federal são entendidos como entes autônomos, ou seja, entes federativos com autonomia
política. Em suma, ocorre uma tripartição da autonomia, perante o autogoverno, auto
normatização e autoadministração
A união representa a República, além disso possui o território equivalente a esta. Em
continuidade, a União tem de manter relações com entes exteriores

AUTO ORGANIZAÇÃO

→UNIÃO: constituição da república federativa do Brasil


→ESTADOS: constituição estadual
→MUNICÍPIOS: leis orgânicas e leis municipais
→DISTRITO FEDERAL: leis orgânicas e leis distritais

AUTOGOVERNO

→UNIÃO: poder legislativo (produzir leis nacionais que vigoram para todos os entes - como
o código de trânsito, civil e penal- e produz leis federais), executivo e judiciário.
→ESTADOS: poder legislativo, executivo e judiciário
→MUNICÍPIOS: poder legislativo e executivo, enquanto carecem de judiciário e de
representação no senado.
→DISTRITO FEDERAL: possui poder legislativo, executivo e judiciário (que é estruturado
pela União, o que se deve observar é que mesmo a União estruturando a polícia do DF,
quem a coordena é o executivo do distrito)
O que se vê é que tanto os municípios e o distrito federal, mesmo sendo entes autônomos,
possuem uma série de restrições, em virtude de complexidades no plano prático.

AUTOADMINISTRAÇÃO

Conjunto marcado por competências administrativas, legislativas e tributárias. Tais


competências são entendidas como faculdades juridicamente atribuídas aos entes pela
República Federativa do Brasil para que os entes realizem a tomada de decisões

→REPARTIÇÃO HORIZONTAL: Aquela na qual existe uma distribuição fechada e


específica de competência entre os entes, entendida dessa forma como estanque, ou seja,
cada ente terá sua competência não as dividindo com os demais. Essa modalidade de
repartição tem início com a confederação norte-americana, nesse sentido, ocorre o
surgimento de um federalismo dual (clássico), o qual é típico de Estados liberais.
No Brasil, essa modalidade se inicia na Constituição de 1891 e segue presente até a
carta de 1988, mas o que devemos observar é que pelo fato de que no passado termos sido
um Estado unitário a União concentra uma maior parcela de competências de forma
remunerada, enquanto os estados ficam com as remanescentes.
O que se deve observar ainda é que no caso brasileiro, ainda os municípios
possuem competências, mas que são remuneradas. Assim, teremos um federalismo de
duplo grau (União e Estados x Municípios) ou também de triplo grau.
● UNIÃO: Art. 21, 22, 48, 49, 149, 164 e 184.
● ESTADO: Art. 25 (em regra remanescentes e algumas enumerações junto
com o Art.18)
● MUNICÍPIOS: Art. 30, 144 § 8º (policia municipal) e 182 (plano diretor).

→REPARTIÇÃO VERTICAL: Aqui dois ou mais entes compartilham da mesma


competência, o que geralmente ocorre em temas como cultura, meio ambiente, educação
e saúde. Tal modalidade de repartição surge com a Constituição de Weimar, com a
finalidade de reunir esforços para temáticas sensíveis.
Dessa forma, no Brasil a primeira Constituição que marcou essa modalidade de
federalismo cooperativo foi a de 1934 e prevalece ainda na carta de 1988. Nesta existem
competências comuns por determinação prévia e são de cunho administrativo (art. 23) e as
concorrentes seriam as legislativas (financeiro, tributário, penitenciário, urbanístico,
econômico, consumidor, cultura, meio ambiente, educação, previdência, proteção
social, organização policial e saúde art. 24 e 30).
A repartição vertical concorrente cumulativa ainda podem ser divididas em:
● cumulativa: sem limites previamente definidos, o que pode levar a certo nível de
desordem.
● não cumulativa: aqui existem regras previamente definidas, a qual se estrutura por
normas gerais da União e suplementares complementares dos estados e
municípios. Ainda quando na ausência da união, apenas os Estados, podem
postular normas de forma plena, ou seja, de forma suplementar supletiva (deve-se
destacar que se posteriormente à União legislar sobre determinados assuntos, as
normas estatais contrárias às novas serão automaticamente suspensas, mas
podem voltar se a norma da União for alterada e não haver contrariedade), o que é
adotada no Brasil.

Observações
→INSTITUTO DA REVOGAÇÃO: Ademais, deve-se atentar ao fato de que normas da
União revogam normas da União, ao passo em que normas estaduais revogam normas
estaduais. Ou seja, normas de um ente só são revogadas pelo próprio ente.

→INSTITUTO DA REPRESTINAÇÃO: Instituto pelo qual se restabelece a vigência de uma


lei revogada pela revogação da lei que a tinha revogado. Ex: a lei "A" é revogada pela lei
"B"; advém a lei "C", que revoga a lei "B" e diz que a lei "A" volta a viger.

→AÇÃO MUNICIPAL: São de cunho e responsabilidade do município ações que dizem


respeito estritamente a organização local, o que se fundamenta por meio do Art. 30, assim,
a ação municipal sobressai sobre os entendimentos nacionais, o que ainda é reafirmado
pela Súmula Vinculante nº 38 do STF: “é competente o Município para fixar o horário de
funcionamento de estabelecimento comercial.

→TERRITÓRIOS FEDERAIS: São descentralizações administrativas da união, funcionam


como as autarquias têm personalidade jurídica própria.Hoje não existe mais nenhum, os
últimos foram Roraima e Fernando de Noronha, mas pode ser criado novos se de vontade
da população, nesse sentido,são comandados por um governador, que será nomeado pelo
Presidente da República, aquele não tem um mandato fixo, é atrelado ao Presidente. Os
Territórios podem ser divididos em municípios, aos quais serão organizados pela lei
ordinária federal.

→DISTRITO FEDERAL: é um ente federativo com autonomia política mas que existem
exceções como no artigo 21, §3, §14, artigo 22 §17. Brasília é o distrito federal. Ele não
pode ser dividido em municípios, é regido por governador e não por prefeito, as outras
regiões são regiões administrativas.

→CRIAÇÃO DE NOVOS ESTADOS E MUNICÍPIOS (submetidos aos estados)


● Requisitos: plebiscito (deve ouvir toda a população), assembleia legislativa, lei
complementar da União que criará o novo ente.

● Hipóteses: Incorporação - Subdivisão, Anexação


INTERVENÇÃO FEDERAL
Entendida como uma medida excepcional que limita a autonomia de um ente
federativo de modo temporário, vide extrema necessidade. Assim, devemos nos atentar que
as hipóteses que permitem a intervenção são totalmente taxativas, não permitindo
analogias.
Deve-se destacar que a intervenção ocorre em escala, ou seja, a União só pode
intervir em Estados, Distrito Federal e Territórios Federais, ao passo em que apenas os
Estados podem intervir nos municípios. Mas a intervenção, sua amplitude, o prazo e o
interventor, este apenas se couber, são de decreto exclusivo do presidente, que estará
submetido a um controle político, ou seja, participação posterior do congresso.
Todavia, nos casos dos incisos VI e VII não existe controle do congresso, dado que
a intervenção foi requisitada pelo judiciário, o que é colocado para garantir a separação de
poderes, vide Art. 36.
Ademais, o controle da intervenção pode ocorrer por via judicial, mas o que ocorre
de forma excepcional quando o presidente descumpre a constituição. Como no caso em
que o Presidente por Ofício decreta intervenção no legislativo de Minas, dado coação contra
o executivo, o que deveria ocorrer perante solicitação

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional; (OFÍCIO DO PRESIDENTE)
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; (OFÍCIO DO PRESIDENTE)
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; (OFÍCIO DO PRESIDENTE)
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; (SOLICITAÇÃO DOS
PODERES)
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: (OFÍCIO DO PRESIDENTE)
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de
força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; (REQUISIÇÃO DO STF, STJ OU TSE)
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: (REQUISIÇÃO DO STF)
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

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