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INSTRUÇÕES
Olá Megeanos, em nosso material colaborativo solicitamos que coploquem seu NOME
COM SOBRENOME na frente da questão que irá responder.
Sim. Cabe afirmar que existem direitos fundamentais fora da Constituição, pode-se citar como
exemplo os tratados de direitos humanos aprovados com quórum de emenda constitucional, nos
termos do parágrafo terceiro do artigo quinto da CF. De acordo com entendimento doutrinário, os
direitos humanos se diferenciam dos direitos fundamentais devido ao âmbito de positivação, ou seja,
direitos humanos positivados no ordenamento interno são considerados direitos fundamentais, já
direitos humanos sem positivação interna não recebem esse status. Logo, tratados de direitos
humanos aprovados com quórum de emenda criam novos direitos fundamentais.
Vale lembrar que, a constituição prevê, em seu artigo quinto parágrafo segundo, uma cláusula aberta
para criação de direitos fundamentais, vejamos: "Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte". Logo, é evidente que tratados
internacionais podem criar direitos fundamentais, consoante norma expressa na Carta Magna.
Sim. Importante mencionar que, quanto à fundamentalidade dos direitos fundamentais, podem ser
analisados dois aspectos, o aspecto material e o aspecto formal. Do ponto de vista formal, os direitos
que seguiram o rito solene de aprovação do texto constitucional são fundamentais. Já do ponto de
vista material, direitos que são tipicamente atrelados às matérias constitucionais, mesmo que não
estejam expressos na CF, são considerados fundamentais. Destarte, na lei existem direitos com
fundamentalidade material e por isso podem ser considerados fundamentais. Essa afirmação
coaduna com o expresso no artigo quinto parágrafo segundo da CF, vejamos: "Os direitos e garantias
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte".
3. Na ausência de lei, o direito fundamental pode resultar de uma interpretação evolutiva (ex.:
possibilidade de reconhecimento do casamento de pessoas do mesmo sexo mesmo quando não há
lei regulamentadora)? É possível se falar em direito fundamental ao casamento?
A) Sim. O direito fundamental pode resultar de interpretação evolutiva, pois a tutela dos
direitos fundamentais não é analisada sob um aspecto meramente taxativo. Segundo INGO
SARLET, o que se protege é o indivíduo, em toda a extensão que possa existir, à medida que a
sociedade progride e lhe são conferidos novos contornos (…) o que revela a dimensão
histórica e relativa dos direitos fundamentais (…) os quais constituem categoria
materialmente aberta e mutável. Ademais, o STF, ao apreciar a ADPF n. 132/11 - RJ,
equiparou as relações entre pessoas do mesmo sexo às de pessoas heterossexuais, com base
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6. Existe algum limite ao Poder Constituinte Originário? Os direitos adquiridos devem ser
respeitados pelo Poder Constituinte?
Na visão positivista, capitaneada por Georges Burdeau, o poder constituinte originário é inicial,
autônomo e incondicionado. Trata-se, portanto, de poder de fato e que não pode sofrer qualquer
limitação. Entretanto, para a visão pós positivista, haveria limitações ao poder constituinte originário,
tais como: (i) valores éticos, sociais e políticos predominantes em determinado tempo na sociedade;
(ii) direitos fundamentais já consolidados, em que a proibição ao retrocesso (efeito cliquet) é fator
extrajurídico de limitação; e (iii) convenções e tratados de direito internacional aos quais o país seja
signatário. Como exemplo, cite-se o art. 4º, 3, da CADH: “Não se pode restabelecer a pena de morte
nos Estados que a hajam abolido.”
7. Os Estados podem instituir regiões metropolitanas sem a anuência dos Municípios envolvidos?
Os Estados poderão constituir regiões metropolitanas mediante Lei Complementar estadual (CF,
art. 25, § 3º), independentemente de aprovação prévia da câmara municipal ou de plebiscito às
populações envolvidas, sendo compulsória a integração dos municípios na região metropolitana
criada pelo Estado (STF, ADI 1841 e ADI 796).
A União poderá intervir em Municípios, desde que estes estejam localizados em Território Federal,
nos termos do art. 35, caput, da Constituição de 1988.
O instituto da intervenção consiste em ato excepcional de supressão de autonomia dos entes, tendo
como principal objetivo restaurar o equilíbrio do pacto federativo, sendo que as hipóteses
encontram-se taxativamente previstas no art. 34 (intervenção da União nos Estados) e 35
(intervenção dos Estados em seus Municípios e da União nos Municípios localizados em Territórios
Federais).
Por fim, o Supremo Tribunal Federal, na ADI 2917, já se manifestou de forma contrária à intervenção
de Estado-membro em Município no caso em que se verifique corrupção generalizada, visto que não
se trata de hipótese prevista na Constituição Federal e também consiste em uma análise subjetiva do
que seria corrupção generalizada apta a ensejar o decreto interventivo.
VICTOR HUGO EHMKE PIZZOLATTI 11. O ordenamento jurídico pune a blasfêmia ou apostasia (i.e., a
renúncia a uma determinada religião ou crença)?
Não, pois essa postura é própria de Estados teológicos, em que normas religiosas se tornam normas
jurídicas, sendo o Brasil um estado laico (secular ou não confessional). Por outro lado, temos um
Código Penal com um título dedicado aos crimes contra o sentimento religioso e o respeito aos
mortos, sendo que o STF já teve a oportunidade de assentar que o Direito não protege a incitação ao
ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores (STF, RHC 146.303/RJ,
2018). Sintetizando, apesar de constituir um direito fundamental especialmente reconhecido, a
liberdade de expressão encontra limites na alteridade e na democracia (STF, ADPF 572 MC/DF, 2020).
VICTOR HUGO EHMKE PIZZOLATTI 12. A Constituição Federal, apesar da adoção do Estado laico, não
se revela anticlerical nem hostil a qualquer denominação religiosa? Apresente o dispositivo
constitucional que fundamente o raciocínio jurídico.
Não há hostilidade a qualquer denominação religiosa, pois o Estado possui um dever de neutralidade
contido expressamente no art. 19, I da CF/88, que veda aos entes federativos estabelecer tratamento
discriminatório entre cultos religiosos ou igrejas, seja para beneficiá-los, seja para prejudicá-los.
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Tampouco o Estado brasileiro se revela anticlerical, pois, conforme recorda a doutrina, o termo
“laicidade” (Estado laico, neutro) não se confunde com o “laicismo”, modelo antirreligioso dotado de
um juízo negativo em relação às posturas da fé (NOVELINO, TAVARES).
Deborah 13. A probidade administrativa pode ser considerada um direito fundamental? Existe
correlação entre a proteção da probidade administrativa e outros direitos fundamentais?
A doutrina reconhece a probidade administrativa como um direito fundamental, decorrente da
cláusula de abertura prevista na CF (art. 5º, § 2º). Os agentes públicos devem atuar com probidade,
abstendo-se de práticas antiéticas e corruptas, a fim de que o patrimônio público seja utilizado para
satisfação das necessidades da população, garantindo uma vida digna. Assim, existe uma correlação
entre a proteção da probidade e outros direitos fundamentais, uma vez que a tutela da probidade é
fundamental para assegurar os meios necessários para efetivação dos direitos fundamentais (como o
direito à educação, saúde etc.).
SANTOS, Roberto Lima. Direito fundamental à probidade administrativa e às convenções internacionais de
combate à corrupção. Revista de Doutrina da 4ª Região, Porto Alegre, n. 50, out. 2012. Disponível em:
<https://revistadoutrina.trf4.jus.br/artigos/edicao050/Roberto_Santos.html>
Acesso em: 27 out. 2022.
14. Juliana Queiroz. Determinado preso, alegando razões religiosas, decide fazer uma greve de fome.
Diante disso, o Estado pode determinar a alimentação forçada do preso para evitar o risco para sua
saúde? O preso pode exigir algum tipo de alimentação especial alegando alguma crença ou convicção
religiosa?
FELIPE CALAÇA 15. O juiz pode declarar de ofício a inconstitucionalidade de lei no controle de
constitucionalidade difuso?
GABRIEL RIBEIRO 16. Após a provocação pelo Procurador-Geral de Justiça de Minas Gerais, o
Procurador-Geral da República pode propor no STF uma ação para declarar a constitucionalidade de
uma lei estadual? O Procurador-Geral de Justiça poderia propor ação no Tribunal de Justiça local para
declarar a constitucionalidade de uma lei estadual?
Não é possível a propositura de ADC perante o STF para declaração de constitucionalidade de lei (ou
outro ato normativo) estadual, distrital ou municipal. Assim, o PGR não pode propor no STF uma ADC
para declarar a constitucionalidade de uma lei estadual (art. 102, I da CF). No entanto, é possível que
uma lei estadual tenha sua constitucionalidade declarada pelo STF através de uma ADPF proposta
pelo PGR. Lado outro, o PGJ poderá propor ADC perante o Tribunal de Justiça local para declarar a
constitucionalidade de lei estadual (art. 118, inciso III, da Constituição do Estado de Minas Gerais).
17. O Ministério Público pode questionar judicialmente alguma irregularidade de projeto de lei que
trata de assunto de interesse do próprio Ministério Público?
ANA PAULA DIAS 18. O que é a inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar?
19. ANA CAROLINE - Considerando a laicidade do Estado brasileiro, como é possível justificar a
existência de feriados religiosos no calendário oficial? Considerando que a maioria dos feriados
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religiosos são católicos, não há nessa situação um privilégio à religião Católica? Qualquer religião
pode pleitear o reconhecimento da existência de um feriado nacional?
Desde o advento da República, existe total separação entre o Estado e a Igreja, sendo
o Brasil um país laico, não existindo, portanto, nenhuma religião oficial. O art. 215, §2º, da
CF/88, determina que a lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta
significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
Peter Häberle destaca serem os feriados artigos-símbolos, assim como as normas que
dispõem sobre a língua, o hino, as armas, a capital federal. Deste modo, os feriados criam
uma “parcela de identidade cultural para o país”. Além disso, laicidade não se confunde com
laicismo. Laicidade significa neutralidade religiosa por parte do Estado. Laicismo, uma
atitude de intolerância e hostilidade estatal em relação às religiões. O Estado laico não visa à
eliminação do fenômeno religioso, razão pela qual é possível afirmar a possibilidade jurídica
da institucionalização de feriados religiosos, sem que isso seja considerado uma ofensa aos
postulados do princípio da laicidade.
Robson 21. Um turista estrangeiro em férias pelo Brasil pode reclamar a titularidade de direitos
fundamentais? O turista pode reclamar ser atendido gratuitamente pelo SUS ou o direito à educação
gratuita?
Apesar de a CF/88, em seu art. 5º, caput, garantir direitos fundamentais apenas aos
estrangeiros residentes no país, o STF entende que deve ser realizada uma interpretação extensiva
para abarcar não somente os estrangeiros residentes no país, mas também qualquer estrangeiro que
esteja no Brasil, como é o caso dos turistas. Assim, um turista estrangeiro pode reclamar a
titularidade de direitos fundamentais como qualquer nacional.
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Quanto à gratuidade pelo atendimento do SUS e ensino, cabe frisar que tanto a saúde,
quanto a educação são direitos sociais fundamentais, previstos nos arts. 6, 196 a 200 e 205 a 214, da
CF/88. Em relação à gratuidade na utilização desses direitos pelos turistas, a lei de imigração (Lei nº
13.445/2017) estabelece em seu art. 4º o direito a não discriminação, pois define que é direito do
migrante no território nacional o direito a saúde e a educação sem discriminação em razão da
nacionalidade e da condição migratória, inclusive para os apátridas e refugiados.
Robson 22. Considerando os direitos fundamentais dos animais, é possível defender a validade de
uma Lei Estadual que permite o sacrifício de animais em rituais religiosos ou em manifestações
culturais? Com fundamento na decisão do STF que decidiu pela constitucionalidade do sacrifício de
animais em rituais religiosos, é possível se concluir que os animais não são titulares de direitos
fundamentais? Qual é a solução que o direito apresenta nos casos de desacordos morais razoáveis,
como p. ex. no caso de tensão entre a liberdade religiosa e os direitos dos animais?
O STF entendeu que a Lei Estadual que permite o sacrifício de animais em culto religioso de
matriz africana é constitucional. Tal lei está de acordo com o direito fundamental de liberdade de
culto e liturgia (art. 5º, VI, CF/88) e não causa a morte cruel dos animais (art. 225, §1º, VII, CF/88),
haja vista que os animais são mortos de forma rápida e por meio de decola.
O STF, de igual forma, já decidiu em uma análise sistemática do art. 225 da CF/88, o qual
versa sobre o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, direito
fundamental difuso de terceira geração, que atualmente adotamos o modelo antropocêntrico
mitigado, ou seja, apesar de mantermos o homem como centro do ordenamento jurídico, há a
vedação de práticas cruéis contra animais sencientes (art. 225, §1º, VII, CF/88), o que acarreta um
viés biocêntrico/ecocêntrico ao modelo antropocentrista. Entretanto, essa proteção em relação aos
animais, os quais possuem uma dignidade inerente, não quer dizer que sejam titulares de direitos
fundamentais.
Em reforço a isso, o Código Civil de 2002 trata os animais como bens móveis (art. 82) e a
doutrina majoritária se refere a eles como bens semoventes, o que os afasta do enquadramento de
sujeitos de direitos.
Por fim, em relação aos desacordos morais razoáveis, trata-se de conflito em um tema
polêmico e complexo em que existem mais de uma solução antagônicas com respostas racionais em
relação a interpretação do ordenamento jurídico. No caso em questão o conflito está na vedação da
crueldade contra os animais e o direito de liberdade de culto e liturgia. Assim, a doutrina entende
que em casos como esse, o Poder Judiciário deve ter uma visão mais procedimentalista da
constituição, ou seja, ter uma atuação mais contida para dar maior deferência ao Poder Legislativo,
verdadeiro representante do povo, na escolha da resposta razoável que deve ser tomada.
Taísa Frezza 23. O Estado pode recusar a matrícula de um aluno do ensino fundamental não
vacinado?
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Não. A educação é direito subjetivo como também dever do Estado (art. 208, CR e art. 53 do ECA). O
Estado não pode recusar matrícula de criança não vacinada; todavia, como a saúde também é direito
da criança e dever do Estado e de seus responsáveis (art. 6 e 196 da CR), a escola deverá notificar as
autoridades (Conselho Tutelar e Ministério Público) para providências.
O Ministério Público deverá atuar de forma resolutiva junto aos responsáveis legais do aluno para
que seja assegurado o direito à saúde (vacinação). Esse é o entendimento do Ministério Público
Nacional (Nota Técnica do Conselho Nacional de Procuradores Gerais).
24. Com fundamento na perspectiva coletiva da saúde, o Estado editar uma lei determinando a
internação involuntária do dependente químico?
VINICIUS MARTINS 25. Em uma leitura atual, é possível se extrair do texto da Constituição o
direito fundamental de acesso à internet? O direito de acesso à internet se trata de
desdobramento do direito à informação ou seria um direito autônomo implícito?
O direito de acesso à internet, por ser instrumento essencial para exercício efetivo de outros
direitos fundamentais, deve ser considerado direito fundamental implícito e autônomo.
O acesso a uma internet, estável, segura e de qualidade é requisito para o pleno exercício de
direitos fundamentais além do direito à informação e liberdade de comunicação e expressão, a
exemplo do direito à saúde (telemedicina), educação (ensino à distância), acesso à Justiça (PJe e
audiências virtuais), bem como para o exercício da cidadania (democracia participativa e acesso a
serviços públicos).
Diante disso, o direito fundamental de acesso à internet não pode ser compreendido como mero
desdobramento do direito à informação ou da liberdade de comunicação e expressão, que são, em
essência, direitos de primeira dimensão, associadas a condutas de abstenção estatal. Tal direito, por
sua essencialidade, demanda atuação positiva do Estado na efetivação de políticas inclusivas para
acesso e participação efetiva de todos.
Vale mencionar que, na Alemanha, o direito de acesso à internet foi reconhecido como parte do
mínimo existencial.
No Brasil, tramitam três PECs para incluir o direito de acesso à internet no rol dos direitos
fundamentais da nossa Constituição.
O Marco Civil da Internet reconhece o direito de acesso à internet a todos como um dos objetivos
do uso de internet no Brasil (art. 4º, I) e como essencial ao exercício da cidadania (art. 7º, I).
VINICIUS MARTINS 26. O Prefeito de determinada localidade editou decreto limitando o horário
de funcionamento do comércio local aos fins de semanas até às 22h, com a finalidade de evitar
ruído excessivo nas ruas durante as madrugadas. O decreto editado pelo Prefeito é compatível com
o princípio da livre iniciativa? Ainda sob o argumento de ruído excessivo, esse decreto poderia
exigir a instalação de equipamentos de isolamento acústico dentro dos ambientes comerciais?
O Município possui competência para legislar sobre o tema, conforme Súmula Vinculante 38 e art.
30, I e II, da CF (interesse local e suplementar legislação federal e municipal). Além disso, trata-se de
norma mais protetiva ao meio ambiente.
A compatibilidade com o princípio da livre iniciativa deve ser avaliado sob a perspectiva da
razoabilidade e proporcionalidade, no sentido de se averiguar, no caso concreto, adequação,
necessidade e proporcionalidade, principalmente no sentido de se avaliar se não existiria outra
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medida capaz de assegurar a mesma proteção sem afetar tanto o princípio da livre iniciativa
(fundamento da República).
Uma solução alternativa possível seria a exigência de instalação de equipamento de isolamento
acústico dentro de ambientes comerciais, para a qual o Município também possui competência.
[Obs.: tentei localizar decisões específicas sobre o tema, mas não consegui. Fiquei na dúvida sobre a
possibilidade de fixação por decreto, pois a jurisprudência encontrada só falava em lei municipal. Do
ponto de vista da proteção ao meio ambiente, seria, em tese, possível. Do ponto de vista da restrição
a direitos fundamentais, parece ser exigível a existência de lei.]
27. O art. 195 da Constituição determina que a seguridade social deve ser financiada por toda a
sociedade. As entidades beneficentes de assistência social participam de alguma forma do
financiamento da seguridade social?
Sim. A isenção atinge as contribuições devidas pela empresa (Lei 8212/91), mas não abrange as
contribuições devidas pelos segurados que prestam serviços como empregados, trabalhadores
avulsos, empresários, trabalhadores autônomos ou equiparados.
Assim, cabe à entidade beneficente de assistência social reter os descontos devidos da contribuição
previdenciária destes segurados (de acordo com o que estabelece a legislação), a qual deverá ser
recolhida para a Previdência Social.
SAMUEL 28. O preâmbulo da Constituição Federal é norma jurídica? Existe divergência doutrinária
sobre a natureza jurídica do preâmbulo? Discorra sobre a teoria da relevância indireta do preâmbulo.
Neste contexto, o STF adotou a teoria da irrelevância jurídica, no qual não figura como norma
jurídica, mas possui forte importância interpretativa. Importante decisão neste sentido foi proferida
na Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 2.076-5/AC, julgada em 2002 e com relatoria do Min.
Carlos Velloso, na qual restou decidido que o preâmbulo não se trata de norma central e que a
invocação da proteção de Deus, previsto no final do texto, não é de reprodução obrigatória para as
Constituições Estaduais.
A doutrina, por sua vez, apresenta mais duas teorias para explicar a natureza: (i) a teoria da plena
eficácia, na qual o texto do preâmbulo possui a mesma natureza do que as normas constitucionais do
texto principal; e (ii) a teoria da relevância indireta do preâmbulo, na qual também consiste em força
normativa, mas esta incidência não seria de forma direta como as demais normas.
Para a teoria da relevância indireta, apesar de não integrar o texto constitucional, o preâmbulo
poderia também ser usado como norte para a elaboração de novas normas jurídicas e também como
forma de interpretar as próprias disposições constitucionais, sendo, portanto, dotado de força
normativa e não apenas política.
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Chandler 29. Quais são as três consequências diretas derivadas do princípio da laicidade estatal? O
Estado pode interferir em determinada religião? O respeito a quem não professa nenhuma religião
decorre do princípio da laicidade estatal?
Dizer que o ordenamento jurídico brasileiro estabelece o princípio do Estado laico acaba
trazendo uma série de consequências apontadas pelo ministro Celso de Mello no
julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54, onde fez-se
necessária a invocação do princípio do Estado laico, assim sintetizadas como característica
marcantes: 1) a separação entre igreja e Estado é elemento viabilizador da liberdade
religiosa; 2) as escolhas do indivíduo no campo religioso são de ordem fundamentalmente
privada; 3) o Estado não deve nortear sua atuação com base em dogmas estabelecidos por
qualquer fé ou instituição religiosa.
Disso se depreende que, em regra, ao Estado não é dado interferir em quaisquer religiões.
No entanto, mesmo o direito fundamental da liberdade de crença, em sua dimensão
externa, não é absoluto e se sujeita à ponderações, como ocorreu no caso em que o STF
fixou a tese de que É compatível com a Constituição Federal a imposição de restrições à
realização de cultos, missas e demais atividades religiosas presenciais de caráter coletivo
como medida de contenção do avanço da pandemia da Covid-19. STF. Plenário. ADPF
811/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/4/2021 (Info 1012).
O ateísmo consiste em ausência de crença religiosa e não se confunde com a laicidade que
apregoa a neutralidade do Estado em face das mais diversas religiões. Assim, o respeito à
não crença decorre de outros cânones constitucionais, mas não se alberga na laicidade.
30. Lei municipal de gênese no Poder Legislativo que cria despesas para o Poder Executivo é
inconstitucional por ofensa ao princípio da separação dos poderes? A lei será inconstitucional caso
trate sobre a organização de secretarias municipais? A lei será inconstitucional caso seja meramente
autorizativa da atuação do Executivo, autorizando, p. ex., a criação de despesas e de atribuições para
as secretarias municipais?
Considerando que a nomeação de um ministro do Supremo Tribunal Federal deve ser precedida de
interesses democráticos, sem vínculos de natureza pessoal, político ou partidário, com a primazia do
interesse público para representação no órgão de cúpula, a nomeação por razões sabidamente
políticas, com viés de interesse pessoal partidário, é hipótese de constitucionalismo abusivo. Trata-se
de um ato constitucionalmente previsto que garante a vitaliciedade imediata do Ministro do
Supremo Tribunal Federal, nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, a fim de subverter a lógica
democrática e priorizar a nomeação de julgadores que direcionam a decisão de acordo com o viés
partidário do Presidente da República, incorrendo, assim, no denominado constitucionalismo
episódico.
A proposta de emenda constitucional que visava enfraquecer os poderes do Ministério Público pode
ser considerada uma hipótese de constitucionalismo abusivo, na medida em que havia pretensão de
minorar os poderes da instituição ministerial, como órgão democrático, por intermédio de emenda
constitucional, aparentemente legítimo, contudo, subvertendo a lógica da democracia.
A visão substantiva das constituições determina que apenas garantir mecanismos de participação
democrática seriam insuficientes, na medida em que seria necessária uma perspectiva substantiva
que reconheça, na maioria das normas constitucionais e na sua aplicação, seu viés axiologizante.
Neste sentido, o constitucionalismo abusivo tem ligação com o pensamento substancialista da
Constituição, na medida em que, a utilização de procedimentos e técnicas legítimas resultam na
destruição de valores centrais para a democracia, o que afeta o caráter substantivo da constituição
com os valores que lhe são inerentes, sobretudo se os direitos fundamentais são postos no cerne do
debate constitucional. Tal pensamento defende a necessidade da manutenção do Poder Judiciário
como mecanismo de defesa das minorias contra a vontade de eventual maioria, a fim de defender o
equilíbrio entre os poderes e a própria democracia constitucional.
GABRIELA 32. O que se entende por pragmatismo jurídico? Qual é a diferença entre o pragmatismo
jurídico e o ativismo judicial?
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O pragmatismo jurídico enxerga o direito pela lógica exógena (externa) por meio da busca pelos
melhores resultados práticos e em uma via consequencialista forte. São três características
fundamentais que o definem: contextualismo, consequencialismo e antifundacionismo. O
contextualismo implica que toda proposição seja julgada a partir de sua conformidade com as
necessidades humanas e sociais. O consequencialismo, por sua vez, requer o teste por meio da
antecipação das consequências e resultados possíveis. E o antifundacionalismo consiste na rejeição
de conceitos abstratos, entidades metafísicas, princípios perpétuos e outros tipos de fundações
possíveis ao pensamento. Daí decorre o consequencialismo forte, que sustenta que a decisão judicial
deve ser tomada com os olhos voltados para o futuro, de forma prospectiva e escolher, dentre as
opções, aquela que trouxer maior linha de vantagem para a sociedade.
Por outro lado, no ativismo judicial, o Poder Judiciário passa a julgar a partir de parâmetros
meta-jurídicos, caracterizado pela supressão de argumentos jurídicos pela mera discricionariedade
do julgador que substitui o direito pela moral, religião e política. A demasiada judicialização de
questões políticas, como contingente histórico, se má absorvidas, pode alimentar o ativismo judicial.
A decisão, no ativismo judicial, é prolatada com fundamentos arbitrários e discricionários do julgador
em detrimento da legislação vigente.
Gabriel Machado 34. Existem direitos sociais não previstos na Constituição Federal? Os direitos
sociais são cláusulas pétreas? Nesse sentido, seria constitucional, p. ex., uma emenda
constitucional que reduzisse o adicional do terço de férias de 1/3 para 1/6?
Em linha com os dispositivos previstos no art. 5º, §2º e 3º da CF/88, é possível concluir que existem
direitos sociais previstos fora do texto constitucional, sobretudo quando se tem em perspectiva o
"bloco de constitucionalidade" - expressão cunhada pela doutrina ao se referir a tratados que versam
sobre direitos humanos e que possuem status Constitucional.
Há forte controvérsia doutrinária se os direitos sociais fazem parte das cláusulas pétreas, uma vez
que o dispositivo constitucional pertinente (art. 60, §4º, inciso IV da CF) somente atrai a
imutabilidade aos direitos e garantias individuais. Sob uma perspectiva literal, os direitos sociais não
poderiam ser considerados cláusulas pétreas. Em uma análise sistemática da Constituição, a
tradução (que parece ser majoritária na doutrina) é que as cláusulas pétreas abrangem todo o rol de
direitos e garantias fundamentais ao longo do texto constitucional - incluindo os direitos sociais.
Uma emenda constitucional que busca reduzir o adicional do terço de férias para 1/6 visa, em
síntese, a redução de direito social trabalhista. À luz da proibição do retrocesso social, tem-se que
referida emenda constitucional careceria de compatibilidade com a Constituição, uma vez que, nas
palavras de Canotilho, os direitos sociais (a exemplo dos direitos trabalhistas) "uma vez alcançados
ou conquistados, passam a constituir, simultaneamente, uma garantia institucional e um direito
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subjetivo".
Cumpre apontar, entretanto, que André de Carvalho Ramos afirma ser possível a redução na
proteção normativa ou fática de um direito, desde que "1) haja justificativa também de estatura
jusfundamental; 2) que tal diminuição supere o crivo da proporcionalidade; e 3) que seja preservado
o núcleo essencial do direito envolvido".
35. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou, durante a pandemia, uma lei concedendo um
benefício assistencial para famílias em situação de extrema pobreza. O valor desse benefício pode
ser fixado em valor equivalente a um salário-mínimo? A Constituição veda a vinculação de eventuais
benefícios com base no salário-mínimo?
O parlamentar não tem disponibilidade sobre a imunidade material (nem sobre qualquer
prerrogativa processual) simplesmente porque esta é uma prerrogativa inerente ao cargo que ocupa,
ou seja, não pertence a ele enquanto sujeito ocupante do múnus público. Assim, eventual renúncia
não produziria efeitos.
No caso de o Poder Judiciário reconhecer a imunidade material num caso concreto, estaria
confirmada a impossibilidade de responsabilização no âmbito penal e cível, conforme disposto no
art. 53, CF/88, contudo, a Carta Magna se omitiu eloquentemente quanto à possibilidade de
responsabilização na esfera administrativa. Assim, é possível a cassação por quebra de decoro
parlamentar, haja vista a natureza administrativo-parlamentar do processo, nos termos dos
respectivos códigos de ética, assegurado contraditório e ampla defesa, a ser promovida por seus
próprios pares, o que assegura o necessário controle dos atos praticados por qualquer agente
público, sem prejuízo da separação e independência entre os poderes.
Vinícius 38. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais pode convocar o Procurador-Geral de Justiça
para prestar informações ou esclarecimentos sobre determinado assunto de interesse das comissões
da Casa Legislativa?
Não. Uma interpretação da CF/88, pela simetria, conduz à conclusão de que, em razão da separação
dos poderes, pode ser convocado auxiliares do Chefe do Executivo, dentre outras autoridades. O PGJ
já se manifesta quando exerce sua atribuição constituição e legal.
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Dayane Martins. 39. O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) entendeu que a pena
disciplinar aplicada a um servidor do MPMG era insuficiente. Diante disso, o CNMP pode rever em
alguma circunstância esta pena aplicada?
Conforme se extrai do art. 130-A, §2º, IV, da CRFB/88, o CNMP não tem atribuição para rever, seja de
ofício ou mediante provocação, a aplicação de sanção de servidores do Ministério Público,
independentemente de prazo. Ainda que entenda que a sanção aplicada seja desproporcional
quando comparada ao fato praticado, nesse sentido MS 28827 AgR.
O CNMP, poderia, no máximo, ter avocado o processo administrativo disciplinar quando em curso,
nos moldes do art. 130-A, §2º, III, da CRFB/88.
PEDRO CARDOSO. 40. Como é formada a administração indireta e qual é o seu objetivo?
Por força da autonomia conferida pela Constituição, todas as entidades federativas podem ter a
sua Administração Indireta. Desde que seja sua a competência para atividade e que haja interesse
administrativo na descentralização, a pessoa política pode criar as entidades de sua Administração
descentralizada. Por conseguinte, além da federal, temos a Administração Indireta de cada Estado,
no Distrito Federal e, quando os recursos o permitirem, dos Municípios. Nesse sentido, o Poder
Público municipal pode, por exemplo, criar instituições de educação superior (Lei 9.394/96, arts. 11,
V, e 17).
PEDRO CARDOSO. 44. As entidades da administração indireta sofrem algum tipo de controle?
Descreva os controles que podem ser exercidos sobre as entidades da administração indireta. Há
algum tipo de controle financeiro?
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PEDRO CARDOSO. 45. Qual é a função das agências reguladoras? O Município pode criar agências
reguladoras?
LUIS - 46. O Poder Judiciário pode afastar resolução editada por agência reguladora relacionada aos
aspectos técnicos no segmento por ela regulado?
47. Juliana Queiroz Qual é a diferença entre prescrição e decadência no Direito Administrativo? Qual
é a natureza dos direitos que são objeto de prazo decadencial?
48. Determinado servidor constatou que a Administração Pública efetuou o pagamento de um valor
a menor. Entretanto, o prazo prescricional para pleitear a restituição deste valor já tinha decorrido
quando o servidor percebeu o equívoco da Administração. Apesar disso, o servidor decide formular o
pedido de restituição do valor perante a Administração, que foi, de fato, atendido. Posteriormente, o
administrador verificou que o direito estaria prescrito, notificando o servidor para a devolução do
valor, que, contudo, não atendeu ao pedido. Diante disso, a Administração Pública pode pleitear a
restituição desse valor, considerando que o direito do servidor já estaria prescrito?
49. Qual deve ser a norma aplicada no caso de lei editada durante o curso de processo administrativo
que altera os prazos prescricionais?
GABRIEL B. 51. Qual a natureza do prazo para administração anular ato administrativo que
decorreram efeitos favoráveis para os administrados?
A natureza do prazo que traz efeitos favoráveis aos administrados é decadencial, nos termos do art. 54
da Lei n˚9.784/99 e Súmula 633 do STJ.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
Súmula 633-STJ: A Lei nº 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão de
atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos
estados e municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria.
No mais, ressalta-se que esse prazo de 5 anos não se aplica em caso de ofensa direta à Constituição Federal,
segundo decidiu o STF (caso da anulação do ato de anistia política, porque não houve motivação
exclusivamente política).STF. Plenário. RE 817338/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 16/10/2019
(Repercussão Geral – Tema 839) (Info 956). STJ. 1ª Seção. MS 20187-DF, Rel. Min. Manoel Erhardt
(Desembargador convocado Do TRF5), julgado em 10/08/2022 (Info 744).
52. O prazo é prescricional ou decadencial das ações constitucionais (mandado de segurança p. ex.)?
Qual é a natureza dos direitos objeto das ações constitucionais?
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Em uma primeira acepção, pode-se falar em um controle interno em relação ao mérito dos atos administrativos e outro
sobre a legalidade desses.
Em uma segunda colocação, tem-se que o "tipo" de controle interno se confunde com a finalidade almejada com a
fiscalização. Assim, com esteio no art. 74 da Constituição Federal, o referido controle pode ser orçamentário, de legalidade,
financeiro, patrimonial, gestão etc.
Sim. Nessa hipótese de parecer, o administrador não pode decidir de maneira contrária. O gestor
decide conforme o parecer ou se abstém de decidir. O ato administrativo está sujeito à análise
jurídica do parecerista, sendo, portanto, uma forma de controle.
Cumpre registrar que há três tipos de pareceres, segundo doutrina e o voto Min. Joaquim Barbosa no
MS 24.631/DF.
“No que tange às repercussões da natureza jurídico-administrativa do parecer jurídico, o STF entende
que: quando a consulta é facultativa, a autoridade não se vincula ao parecer proferido, de modo que
seu poder de decisão não se altera pela manifestação do órgão consultivo; por outro lado, quando a
consulta é obrigatória, a autoridade administrativa se vincula a emitir o ato tal como submetido à
consultoria, com parecer favorável ou contrário, e, se pretender praticar ato de forma diversa da
apresentada à consultoria, deverá submetê-lo a novo parecer; por fim, quando a lei estabelece a
obrigação de decidir à luz da parecer vinculante, essa manifestação de teor jurídico deixa de ser
meramente opinativa, não podendo a decisão do administrador ir de encontro à conclusão do
parecer.”
Flávia Nery 55. Quais são as formas de controle que o cidadão dispõe em face da administração?
O controle social é implementado pela sociedade civil, por meio de participação nos
processos de planejamento , acompanhamento , fiscalização e avaliação das ações da gestão
pública e na execução das políticas públicas.
ou sindicato, além do partido político ( art. 74 §2º ); possibilidade de propor ação direta de
inconstitucionalidade pelo sindicato ou entidade de classe ( art. 103, X), entre outros.
Flávia Nery 56. Os atos políticos estão sujeitos ao controle pelo Poder Judiciário? Os motivos dos
atos políticos podem ser objeto de controle pelo Poder Judiciário?
Flávia Nery 57. Como o Ministério Público pode exercer o controle dos atos da administração?
FERNANDA LACERDA - 58. O Ministério Público possui legitimidade para propor ação questionando
ato que concede aposentadoria? Esse tema já foi objeto de decisão do STF?
FERNANDA LACERDA. 59. O Ministério Público possui legitimidade para propor ação objetivando
anular acordo celebrado pela administração com o contribuinte?
LUIZA MIRANDA. 62. Como é exercido o poder de polícia nas hipóteses em que há competência
corrente entre as pessoas federativas, como p. ex., em relação à competência no âmbito do
trânsito? As guardas municipais podem atuar na fiscalização, controle e orientação do trânsito?
A fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções administrativas legalmente previstas,
embora possa se dar ostensivamente, constitui mero exercício de poder de polícia, não havendo,
portanto, óbice ao seu exercício por entidades não policiais (fora do âmbito do art. 144 da CF). O
Código de Trânsito Brasileiro (arts. 20 a 24), observando os parâmetros constitucionais, estabeleceu a
competência comum dos entes da federação para o exercício da fiscalização de trânsito.
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Segundo o STF (RE 658570/MG), as guardas municipais, desde que autorizadas por lei
municipal, têm competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor
multas.
LUIZA MIRANDA. 64. Qual ente possui competência para promover a desapropriação urbana, seja a
ordinária ou a sancionatória? Por qual razão o constituinte outorgou a competência para os
Municípios promover a desapropriação urbana sancionatória?
A desapropriação ordinária está prevista na Constituição Federal, ocorrendo em caso de
necessidade ou utilidade pública, ou interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro (art. 5º, XXIV, e 182 da CF). Essa modalidade de desapropriação pode ocorrer no âmbito
urbano ou rural, e sua competência é de todos os entes federativos, conforme o interesse público.
Já a desapropriação urbana sancionatória é competência exclusiva dos Municípios (art. 182,
§4º, III, da CF e art. 8º do Estatuto da Cidade), caracterizando-se como aquela que ocorre em razão
de descumprimento da função social pelo descumprimento da obrigação de parcelamento, utilização
e edificação do imóvel.
A competência desse tipo de desapropriação é exclusiva do ente municipal por três
principais razões: 1) o caráter de interesse local (art. 30, I, da CF); 2) a competência do Município de
instituição do Imposto Predial e Territorial Urbano; e a 3) a competência constitucionalmente
estabelecida de promover o adequado ordenamento territorial (artigo 30, VIII, da CF).
BRUNA 66. Pode haver a proteção por parte do Ministério Público de determinado bem ainda não
tombado? BRUNA
CINTHYA. 67. O Município pode desapropriar bem de outro Município quando estiver localizado no
seu território?
Inicialmente, cabe esclarecer que embora seja possível, a desapropriação de bens públicos encontra limites e
condições na lei geral de desapropriações. A possibilidade expropriatória pressupõe a direção vertical das
entidades federativas: a União pode desapropriar bens dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e os
Estados podem desapropriar bens do Município. Assim sendo, chega-se à conclusão de que os bens da União
são inexpropriáveis e que os Municípios não têm poder expropriatório sobre os bens das pessoas federativas
maiores.
A despeito de não ser reconhecido qualquer nível de hierarquia entre os entes federativos, dotados todos de
competências próprias alinhadas no texto constitucional, a doutrina admite a possibilidade de desapropriação
pelos entes maiores ante o fundamento da preponderância do interesse, no qual está no grau mais elevado o
interesse nacional, protegido pela União, depois o regional, atribuído aos Estados e Distrito Federal, e por fim o
interesse local, próprio dos Municípios. Aliás, esse fundamento foi reconhecido expressamente em decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal em litígio que envolvia a União e Estado-membro.
Conforme explica Carvalho Filho, são fixadas vedações em relação a Estados e Municípios, uns em relação a
outros. Um Estado, por exemplo, não pode desapropriar bens de outros Estados, nem podem os Municípios
desapropriar bens de outros Municípios, ainda que localizados em sua dimensão territorial. Nem o próprio
Estado pode desapropriar bem de Município situado em Estado diverso. Todas essas vedações emanam da
norma contida no art. 2º, § 2º, da lei geral expropriatória (DL 3665/41).
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Não é outra a posição do STF, o qual já se posicionou no sentido da impossibilidade de um ente da federação
desapropriar bem que pertence a outra pessoa federativa de mesma natureza.
Dessa forma, apenas a União possui domínio eminente sobre todo o território brasileiro, não sendo possível
um município desapropiar bem de outro, ainda que dentro do seu próprio território.
69. Em ação judicial pleiteando a constituição de servidão o possuidor deve integrar a lide?
LAÍS ALVES 70. Discorra sobre os princípios que regem o processo administrativo.
71. Discorra sobre o princípio da adequação punitiva. Existe relação entre o princípio da adequação
punitiva e o princípio da proporcionalidade?
FILIPE 73. É possível a reformatio in pejus em sede de recurso administrativo? Explique eventual
divergência doutrinária e o entendimento dos tribunais superiores sobre o tema.
75. Há correlação necessária entre o resultado de uma ação de responsabilização por ato de
improbidade administrativa e o processo disciplinar administrativo movido contra servidor público
pela prática de infração funcional?
NAHUM FRIAS 76. As autarquias e os órgãos que compõem as pessoas jurídicas públicas podem ser
titulares de bens públicos?
77. Determinado prédio adquirido por um órgão com seus recursos próprios pode ser desvinculado
dos fins institucionais do órgão?
79. Em um primeiro julgamento, o STF decidiu que o TCU não possui competência para proceder à
tomada de contas especial para a apuração de danos aos cofres do Banco do Brasil. Em outro
julgado, o STF decidiu de forma contrária ao fundamento de que o regime das Sociedades de
Economia Mista seria híbrido, bem como que o prejuízo causado à sociedade afetaria a parte do
capital pertencente ao Poder Público. Diante disso, pergunta-se: o TCU pode proceder à toma da de
contas especial de Sociedades de Economia Mista?
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Vinícius 80. É imprescindível a edição de algum ato administrativo para se consumar a afetação ou
desafetação de um bem público?
Não, pois um fato administrativo, como um incêndio de um imóvel público, por si só, já caracteriza
uma desafetação. Do mesmo modo, é possível afetação tácita, como desapropriação indireta.
Gabriel Machado 81. O Município pode adquirir bens por causa mortis? O Município pode adquirir
bens por usucapião?
Sim.
Átila. 82. O particular pode alegar a exceção do contrato não cumprido contra a administração? A
Nova Lei de Licitações apresenta dispositivo que permite ao particular alegar a exceção do contrato
não cumprido contra a administração?
A exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus), aplicável a contratos
bilaterais, consiste em objeção à exigência do implemento de determinada obrigação de um
contratante, fundada no não cumprimento da correspondente obrigação do outro.
Assimilada pelo art. 476 do Código Civil (CC), referida objeção comporta temperamento no
tratamento legal dos contratos administrativos, mormente pelo influxo da supremacia e da
indisponibilidade do interesse público que marcam as cláusulas exorbitantes – assim chamadas
porque excedem à tratativa tradicional do direito privado.
Nesse sentido, é possível a extinção do pelo particular nas seguintes hipóteses: 1) supressão, por
parte da Administração, de obras, serviços ou compras que acarrete modificação do valor inicial do
contrato além do limite legal (regra: 25%; reforma de edifício ou de equipamento: 50%); 2)
suspensão de execução do contrato, por ordem escrita da Administração, por prazo superior a 3
(três) meses; 3) repetidas suspensões que totalizem 90 dias úteis, independentemente do
pagamento obrigatório de indenização pelas sucessivas e contratualmente imprevistas
desmobilizações e mobilizações e outras previstas; 4) atraso superior a 2 (dois) meses, contado da
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emissão da nota fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de pagamentos devidos pela Administração
por despesas de obras, serviços ou fornecimentos; 5) não liberação pela Administração, nos prazos
contratuais, de área, local ou objeto, para execução de obra, serviço ou fornecimento, e de fontes de
materiais naturais especificadas no projeto, inclusive devido a atraso ou descumprimento das
obrigações atribuídas pelo contrato à Administração relacionadas a desapropriação, a desocupação
de áreas públicas ou a licenciamento ambiental.
Especificamente nos casos de suspensão pela Administração ou atraso de pagamento, não será dado
ao particular sustentar a extinção contratual em situações extraordinárias (caso de calamidade
pública, de grave perturbação da ordem interna ou de guerra), ou quando decorrerem de ato ou fato
que tenha participado ou para o qual tenha contribuído.
Em tempo, pressupondo a preservação do interesse público, ainda nas hipóteses de suspensão pela
Administração ou atraso de pagamento, a lei prevê que será assegurado ao contratado o direito de
optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até a normalização da situação,
admitido o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Rayane Freitas 83. Após celebrar contrato com a Administração Pública, o contratado, ao
entendimento de que as cláusulas unilaterais existentes no contrato conferindo privilégios à
Administração seriam leoninas, decidiu ajuizar ação pleiteando a revisão de tais cláusulas. A
pretensão do contratado possui fundamento jurídico? Existe alguma hipótese em que é possível a
revisão das cláusulas do contrato?
A pretensão do contrato não tem amparo no ordenamento jurídico, eis que nos contratos
administrativos há a previsão expressa em lei de cláusulas exorbitantes, que são - em sua essência -
leoninas, pois decorrem da supremacia do interesse público sobre o privado.
A revisão de cláusulas contratuais será admitida a fim de assegurar o equilíbrio econômico-financeiro
do contrato, a fim de se evitar enriquecimento indevido da Administração Pública, bem como
garantir a viabilidade negocial para o contratado.
Rayane Freitas 84. Quais são as modalidades de concessões especiais, isto é, de parcerias
público-privadas?
A Lei n. 11.079 , no art. 2, prevê duas modalidades de parcerias público-privadas: patrocinada e
administrativa.
A Concessão PATROCINADA é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a
Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos
usuários contra prestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
Por sua vez, a concessão ADMINISTRATIVA é o contrato de prestação de serviços de que a
Administração Pública seja a usuária DIRETA ou INDIRETA, AINDA QUE ENVOLVA EXECUÇÃO DE OBRA
OU FORNECIMENTO E INSTALAÇÃO DE BENS. Ou seja, na concessão administrativa, o concessionário
será remunerado integralmente pelo Estado; na patrocinada a remuneração se dá pela tarifa cobrada
aos usuários acrescida da contraprestação pecuniária paga pela administração pública.
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Átila. 85. Conforme o art. 10 da Nova Lei de Licitações, “Se as autoridades competentes e os
servidores públicos que tiverem participado dos procedimentos relacionados às licitações e aos
contratos de que trata esta Lei precisarem defender-se nas esferas administrativa, controladora ou
judicial em razão de ato praticado com estrita observância de orientação constante em parecer
jurídico elaborado na forma do § 1º do art. 53 desta Lei, a advocacia pública promoverá, a critério
do agente público, sua representação judicial ou extrajudicial”. Qual é a melhor interpretação a ser
dada ao trecho do referido dispositivo que determina que a advocacia pública promoverá, a
critério do agente público, a representação judicial ou extrajudicial das autoridades e dos
servidores públicos?
O trecho “a critério do agente público” tem por referência a possibilidade de a representação judicial
ou extrajudicial ser desempenhada pela advocacia pública – o que desoneraria o agente público de
custear a defesa – ou por advocacia particular. Todavia, restringe-se tão somente ao ato praticado
com estrita observância de orientação constante em parecer jurídico elaborado pela advocacia
pública.
Não compete ao agente público eleger o mérito da defesa “a seu critério”, nem exigir defesa de ato
em desconformidade ao parecer da advocacia pública ou que a ele não se relacione. Deverá haver
contratação de advogado particular para linha defensiva de mérito diversa àquela lastreada na
atuação institucional da advocacia pública, custeada com recursos próprios do agente.
Consoante parecer do MPF na ADI n.º 6.915/DF, “inexiste direito subjetivo à representação judicial
pela advocacia pública com base no art. 10 da Lei 14.133/2021, sobretudo quando o patrocínio não
encontre amparo no interesse público e a prática de ato ilegal pelo gestor público não tenha lastro
em parecer de assessoria jurídica. Há que se respeitar, nesse ponto, as normas do código de ética da
advocacia”.
LIVIA 86. Conceitue ato administrativo e atividade administrativa. Apresente um exemplo de ato
administrativo e de atividade administrativa.
Por atividade administrativa entende-se o viés objetivo que marca a conceituação da Administração
Pública em sentido estrito, isto é, a função executiva do Estado, destacando-se dos aspectos de
Governo. A atividade administrativa representa as atividades concretas e imediatas que o Estado
desenvolve, sob regime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos interesses
coletivos. Como exemplos, podem ser citadas as atividades de fomento, polícia administrativa e
prestação de serviços públicos.
87. Determinado servidor que não possui a garantia da inamovibilidade foi removido pela
administração, porque cometeu irregularidades no exercício do cargo. Em razão disso, o servidor
ajuizou uma ação pleiteando a anulação do ato, com a alegação de que teria sido punido com a
remoção sem a instauração de processo administrativo para a apuração das irregularidades que lhe
foram imputadas. Considerando o caso, explique: (i) se a pretensão do servidor deve ser acolhida; (ii)
se o ato é discricionário; (iii) se o ato pode ser controlado pelo Poder Judiciário; (iv) quais as teorias
aplicáveis para a solução do caso.
88. No ano de 2022, o Ministério Público foi chamado a se manifestar sobre a constitucionalidade de
uma norma municipal que prevê o instituto da estabilização financeira dos servidores municipais.
Como o Ministério Público deve se manifestar nessa já situação? A conclusão acerca da
constitucionalidade da norma seria diferente caso fosse editada em 2018?
FERNANDA LOPES 89. Determinada lei municipal estabelecia a criação de cargos em comissão,
dispondo que suas atribuições deveriam ser regulamentadas por meio de decreto. Essa lei é
constitucional?
FERNANDA LOPES 90. Considere o seguinte trecho doutrinário: “Indispensável também é que não
haja improvisos, mas que, ao revés, sejam projetadas as ações administrativas de modo a serem
atendidas as prioridades governamentais”. Em relação ao trecho citado, quais são os princípios a ele
correlacionados e que devem nortear a atuação administrativa, inclusive com previsão expressa no
estatuto organizacional da União? É possível também a exigência da observância desses princípios
em nível estadual e municipal, em que pese a ausência de previsão legal expressa?
91. Todos os princípios de administrativos de caráter genérico incidem sobre a Administração Pública
Indireta? Quais são os princípios especificamente aplicáveis à Administração Pública Indireta?
ARTHUR 93. Determinado candidato forneceu transporte a eleitores carentes, que residiam em
áreas distantes da votação, para garantir o direito de voto destes eleitores. O oferecimento de
transporte pelo candidato configura crime eleitoral?
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Sim. Conforme a Lei 6.091/74 (que dispõe sobre o fornecimento gratuito de transporte no dia das
eleições), em seu art. 10, é vedado aos candidatos o fornecimento - no dia das eleições - de
transporte ou refeições aos eleitores, e seu descumprimento caracteriza crime na forma do art. 11,
III, do mesmo diploma. Da mesma forma , o Código Eleitoral, em seu artigo 302, traz disposição
semelhante ao estabelecer ser crime promover transporte coletivo no dia das eleições.
BEATRIZ G 94. A perda do mandato eletivo pela infidelidade partidária alcança os parlamentares
eleitos pelo sistema majoritário?
BEATRIZ G. 95.É permitida a participação de artistas em shows ou eventos realizados por candidatos
ou partidos políticos?
ARTHUR 96. A Justiça Eleitoral pode determinar a remoção de conteúdo de manifestação veiculada
na internet? A remoção de conteúdo veiculado na internet pode ser determinada de ofício pelo
Poder Judiciário ou depende de representação do Ministério Público?
Sim. Conforme o artigo 41 e parágrafos da Lei 9.504 da Lei das Eleições, os juízes eleitorais são
dotados de poder de polícia, possuindo poderes para inibir práticas ilegais, sendo vedada a censura
prévia. O caput do artigo 41 afirma que não se pode cercear propaganda eleitoral de ofício sob o
argumento da utilização de Poder de Polícia, sendo necessário para tanto que haja prévia
representação relativa à propaganda irregular (art. 40), que deve estar instruída com prova de
autoria ou prévio conhecimento do beneficiário.
No entanto, nas eleições de 2022, o tema voltou à tona com a operação de combate à desinformação
do TSE, em que houve a retirada de diversos conteúdos por determinação do Presidente da Corte,
sob alegação de que as postagens possuíam narrativas enganosas (debate das “fake news”).
A PROGRESSIVIDADE significa que quanto maior for a base de cálculo de um tributo maior será a
alíquota aplicada.
O imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (IR), o imposto sobre a propriedade
territorial rural (ITR) e o imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU) são tributos
sujeitos à progressividade, conforme artigo 153, §2º, inciso III, art. 153, § 4º, I, e art. 156, § 1º, I,
todos da Constituição Federal de 1988.
O Supremo Tribunal Federal, que limitava o princípio da progressividade aos impostos pessoais, a
partir de 2013, no julgamento do RE 562045/RS, passou a admitir a incidência do princípio aos
impostos reais, sob o fundamento de que, como a progressividade é uma forma de concretização da
24
capacidade contributiva, ela poderá incidir tanto sobre impostos pessoais quanto sobre impostos
reais.
Por sua vez, a SELETIVIDADE TRIBUTÁRIA significa que quanto mais essencial for o bem ou o serviço
menor deverá ser a sua tributação.
O imposto sobre produto industrial (IPI) é obrigatoriamente seletivo, nos termos do art. 153, § 3º,
inciso I, da CF/88, enquanto o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) poderá
ser seletivo, nos termos do art. 155, §2º, inciso III, da CF/88.
EDERSON DINIZ QUEIROZ 98. Considerando o princípio da anterioridade tributária, seria possível
antecipar o prazo do pagamento de um tributo sem uma lei autorizativa?
Sobre essa questão, há dois pontos a serem esclarecidos no que diz respeito à antecipação
do prazo do pagamento do tributo.
Primeiramente, quanto à anterioridade tributária, a Súmula Vinculante nº 50 evidencia que
“Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio
da anterioridade”.
Em segundo lugar, quanto à necessidade de lei autorizativa, a doutrina, ao interpretar o
princípio da legalidade tributária - estabelecida no art. 150, I, da Constituição Federal -, infere que a
alteração do prazo de pagamento de tributo não precisa ser feita por lei, podendo ser realizada por
ato infralegal.
Assim, pode-se dizer que a alteração do prazo de pagamento de tributo não se submete nem
ao princípio da anterioridade, e nem ao princípio da legalidade.
Nesse sentido, o princípio apresenta duplo efeito: apresentar um limite ao Estado e proteger o
contribuinte contra uma carga tributária excessiva.
O tributo não configura sanção por ato ilícito, conforme dispõe o artigo 3º do Código Tributário
Nacional, razão pela qual não poderá apresentar efeito confiscatório.
Por fim, ressalte-se que o princípio não incide exclusivamente sobre uma espécie tributária, mas
sobre a totalidade da carga tributária gerada em face da mesma manifestação de riqueza.
25
EDERSON DINIZ QUEIROZ 100. O que diferencia o empréstimo compulsório dos outros tributos?
O empréstimo compulsório é um tributo previsto no art. 148 da Constituição Federal,
dispositivo que estabelece duas hipóteses em que a União, e exclusivamente ela, poderá instituir
empréstimos compulsórios. Em consonância com o disposto no p. único do aludido dispositivo
constitucional, tal tributo deverá ser vinculado à despesa que fundamentou sua instituição, ou seja, a
receita dele decorrente deve ser aplicada nas finalidades (tributo finalístico) que embasaram a
cobrança.
Entretanto, o que diferencia o empréstimo compulsório dos demais tributos é o fato de se
tratar de tributo RESTITUÍVEL, ou seja, tratando-se de empréstimo, possui natureza de mútuo, e deve
ser restituído, na forma, prazo e condições estabelecidas na lei complementar que o tenha instituído.
GRUPO II
1. Conceitue e estabeleça as diferenças do dolo direito de primeiro e do dolo direito de
segundo grau. No dolo direto de segundo grau, o agente representa a consequência
necessária como certa?
3. O curso causal é objeto de referência do dolo, ou seja, o dolo deve abranger o curso
causal? O dolo deve abranger o curso causal de forma detalhada ou em seu aspecto
geral?
4. Um sujeito quer matar alguém afogado e lança a vítima de cima de uma ponte. O
objetivo é matar a pessoa por afogamento, mas a vítima cai, colide com a pilastra e
morre. Nessa situação, há um desvio do nexo causal que afastaria o dolo quanto ao
resultado – devendo o agente responder por crime tentado – ou seria um desvio causal
irrelevante – respondendo o agente por crime doloso consumado?
10. Determinado sujeito criou um risco proibido. Diante disso, na análise da criação deste
risco, surgem as seguintes situações: (i) o comportamento lícito alternativo não teria
seguramente evitado o resultado; (ii) o comportamento lícito alternativo possivelmente
ou provavelmente não teria evitado o resultado; (iii) o comportamento lícito alternativo
teria sido eficaz para evitar o resultado. Considerando o caso, pergunta-se: o Ministério
Público deve imputar o resultado ao agente em quais dessas situações?
11. “A” envia uma carta escrita na língua chinesa para “B”, que é interceptada e violada por
“C”. Entretanto, “C” não consegue compreender o conteúdo da carta porque
desconhecia a língua chinesa. Trata-se de tentativa de violação de correspondência ou
de crime impossível?
12. “A” contrata o pistoleiro profissional “B” para matar a vítima “C”. Entretanto, “A” desiste
do seu intento e pede para que o pistoleiro não mate “C”. “B” não concorda com a
desistência de “A” e efetivamente mata “C”. “A” responde pelo crime praticado pelo
pistoleiro “B”? A desistência de “A” pode ser considerada voluntária para efeitos de não
ser imputado o homicídio a “A”? Basta desistir voluntariamente ou é necessária a
paralisação efetiva da execução do crime?
13. O que é autoria mediata? A autoria mediata é possível nos crimes culposos?
27
14. “A” entrega uma arma para “B” – que é míope – e determina que ele atire em um
determinado alvo. O alvo indicado por “A” é um ser humano, mas como “B” é míope
ele acha que se trata de uma árvore e mata a pessoa ao atirar. Qual é o crime praticado
por “A” e “B”? Trata-se de hipótese de autoria mediata?
15. “A” – que é míope – entrega uma arma para “B” e pede para que ele atire em um alvo,
achando que se tratava de uma árvore. Entretanto, “B”, sabendo que não se tratava de
uma árvore, mas de um ser humano, atira na pessoa. Qual é o crime praticado por “A”
e “B”?
16. “A” e “B” efetuam disparos de arma de fogo contra uma pessoa, pois, em razão da
miopia de ambos, acreditavam que se tratava de uma árvore. Qual é o crime praticado
por “A” e “B”? Trata-se de hipótese autoria colateral?
17. “A” e “B” efetuam disparos de arma de fogo contra uma pessoa, pois, em razão da
miopia de ambos, acreditavam que se tratava de uma árvore. Caso não se apure quem
produziu o resultado, mas que eles agiram conjuntamente de forma culposa, ambos
respondem pelo resultado ou nenhum deles responde?
18. Durante uma briga entre várias pessoas na rua, “A” foi até a loja de “B” e comprou uma
faca. Logo após, “A” esfaqueou alguém durante a briga, causando-lhe a morte. Desse
modo, nessa situação houve um comportamento culposo de “B”, que vendeu a faca de
modo negligente, seguido do comportamento doloso de “A”, que matou alguém com a
faca. Diante disso, é possível responsabilizar o comportamento culposo de “B” ou
incidirá uma proibição do regresso nessa hipótese?
20. “A” pratica qual crime quando impede fisicamente um salva-vidas de salvar uma pessoa
que estava afogando na praia?
Se a condição perturbadora do processo causal foi suficiente para a produção do resultado
morte, A responde pelo homicídio. (???)
21. O agente que induz um médico a não realizar a notificação de uma doença compulsória
responde por crime?
22. Defina o duplo objeto do dolo, também chamado de duplo dolo na participação.
23. Se o instigado sequer inicia a execução, o instigador responde por tentativa ou a sua
conduta será atípica?
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24. Erro de subsunção possui relevância? O erro de subsunção possui relevância no caso
em que incide sobre um delito privilegiado ou sobre um delito menos grave?
25. O erro de tipo permissivo sempre exclui o dolo? Qual é a teoria adotada pela legislação
brasileira quanto ao erro de tipo permissivo? Qual é a diferença entre teoria limitada e
a teoria extremada da culpabilidade?
29. Determinada mãe deixou de alimentar o seu filho, com o fim de matá-lo. A tentativa já
estaria configurada quando a mãe deixou de alimentá-lo pela primeira vez, ou seja,
com o seu primeiro ato omissivo?
32. No caso da mãe que, com o fim de matar o seu filho, deixa de alimentá-lo por uma
primeira vez (i.e., o primeiro ato omissivo), não haveria tentativa, em tese, porque o
meio utilizado pela mãe seria inidôneo. Nesse sentido, em se tratando de tentativa, do
ponto de vista da lógica causal, se todo meio é intrinsicamente inidôneo, na medida em
que ele não provoca o resultado, seria esse o fundamento para efeitos de não
imputação do resultado ou existe outro fundamento? Seria possível afirmar que neste
caso não há tentativa em razão da qualidade do risco criado? Como são tratados os
casos em que há tentativa nas situações de baixa probabilidade do resultado, como p.
ex. na hipótese do atirador imperito que efetua um disparo à distância, com condições
ruins de visibilidade, existindo, nesse contexto, a mera probabilidade de acerto ao alvo
e consumação do crime?
33. É possível a tentativa nos crimes formais? Considere o seguinte caso: Na hipótese de
extorsão mediante grave ameaça, o agente determina que a vítima forneça a senha do
seu cartão, para efeitos de saque de dinheiro. Em um primeiro caso, a vítima não
fornece a senha do cartão. No segundo caso, a vítima fornece a senha do cartão, mas o
agente é preso antes de efetuar o saque. Considerando as duas situações citadas, há
crime tentado ou consumado de extorsão?
34. No que se refere aos crimes culposos, onde está situada a previsibilidade objetiva no
âmbito da teoria do delito: no estrato do tipo ou da culpabilidade? Como são resolvidos
os problemas dos conhecimentos e capacidades especiais do agente? Deve ser
imputado o crime de homicídio culposo ao piloto de carro que teria condições, por ter
capacidades especiais, de ter evitado um acidente que uma pessoa com condições
normais não teria?
39. Determinado segurança percebeu que “A” estava apontando a sua arma contra “B”.
Diante disso, o segurança empurrou “B” para lhe salvar do possível disparo de arma de
fogo, causando-lhe lesões corporais. Posteriormente, uma perícia constatou que o
provável tiro disparado por “A” teria o potencial de acertar a cabeça de “B” e matá-lo.
Neste caso, o segurança não responde pelo resultado por um problema de imputação
objetiva ou por um problema no plano da ilicitude? Considere, de outro lado, que a
perícia tenha constatado que “B” não teria sido alcançado pelo tiro eventualmente
disparado por “A”. Nesta outra situação, qual é o fundamento para a não imputação do
resultado ao segurança?
40. Por que a teoria do domínio do fato não se aplica aos delitos de dever e aos delitos
culposos? Qual é o conceito de autor aplicado ao crime culposo: o conceito extensivo
ou o restritivo?
42. Acerca do duplo motivo, quando o sujeito decide agir, o objeto de referência do dolo
é uma motivação antecedente ou uma motivação que coincide, em face do princípio
da simultaneidade, com o momento do fato? Nesse sentido, pode-se imputar delito
doloso ao agente que tinha uma intenção prévia de matar o seu inimigo, mas que
eventualmente vem a lhe atropelar de forma culposa?
43. Determinada decisão colegiada, tomada por maioria qualificada, em uma empresa,
implicou em um crime ambiental de inundação culposa. Diante disso, um dos
diretores votantes defendeu não ser responsável pelo crime, porque a maioria que
havia vencido era de mais de 2/3 e, caso suprimido o seu voto, a maioria ainda assim
não seria prejudicada, razão pela qual o referido voto não teria sido necessário para a
consumação do crime, não sendo, portanto, causa do resultado. Neste caso, como se
resolve o problema da causalidade múltipla ou alternativa (sobredeterminação
causal) para fins de imputação do resultado ao agente?
31
44. O que é causa segundo a teoria da condição INUS? Na medida em que o Código Penal
adotou expressamente a teoria da equivalência das condições, a teoria da condição
INUS é aplicável ao Direito brasileiro?
45. No caso de um homicídio praticado contra uma gestante, qual é a imputação correta:
(i) um homicídio majorado pela condição de gestante; ou (ii) um homicídio majorado
pela condição de gestante em concurso com o crime de aborto (explique a
modalidade concurso de crimes)?
47. No caso de roubo praticado contra várias vítimas no mesmo contexto, qual crime
deve ser imputado ao agente:
i. crime único de roubo; ou (ii) crime de roubo em concurso de crimes?
48. Em relação à legitima defesa, qual é a diferença entre o excesso extensivo e o excesso
intensivo? É possível se configurar o excesso extensivo antes do início de uma
agressão atual ou iminente?
51. “A” estava dirigindo um veículo em alta velocidade e ultrapassou dois sinais vermelhos.
Logo em seguida, “A” reduziu a velocidade do veículo até o patamar permitido e,
enquanto passava por um sinal verde, atropelou um pedestre que cruzava a rua, que
acabou morrendo. O resultado pode ser imputado ao sujeito (“A”) com os critérios da
imputação objetiva? Qual é o critério da teoria da imputação objetiva que fundamenta
a exclusão da imputação da cadeia causal antecedente em que houve a criação de um
risco proibido por “A”?
52. “A” queria expulsar os inquilinos da sua casa e, para tanto, programou uma explosão
por meio do sistema de gás. Entretanto, “A” calculou a explosão de forma equivocada,
que foi mais intensa que a concebida por ele, resultando na morte de seis pessoas em
razão do desabamento do imóvel. Quando alterou o sistema de gás, “A” havia
representado a possibilidade da eventual da morte de alguém caso a explosão
provocasse a queda de objetos ou, ainda, a queda de parte do teto e atingisse alguém.
Contudo, “A” não tinha representado o desabamento do imóvel com a gravidade que
aconteceu e que acabou matando as seis pessoas. Considerando o caso, é possível a
imputação do homicídio doloso ao agente? O desvio causal é relevante em termos de
representação do dolo?
53. “A” pretendia sequestrar uma mulher para colher a sua assinatura em um contrato e,
em seguida, matá-la. Diante disso, “A” rendeu a vítima e empregou métodos de asfixia
para conseguir a assinatura, mas a mulher acabou morrendo em razão disso. Desse
modo, houve um resultado antecipado, porque “A” não pretendia matar a mulher neste
momento. Considerando o caso, é possível imputar o homicídio doloso ao agente? O
desvio causal neste caso é relevante para a imputação do dolo?
54. “A” (mandante) determina que “B” (executor) mate “C”. Entretanto, “B” acredita “C” é
“D” e acaba matando “D”, isto é, confunde a pessoa que é alvo do crime – não se trata
de aberratio ictus. Em relação ao mandante (“A”), esse erro pode excluir a consumação
para efeitos da imputação ou ele responde por homicídio consumado? Qual é a
modalidade de erro em que incidiu o executor (“B”)?
55. “B”, que estava internado em uma clínica psiquiátrica por ordem judicial, era
reconhecidamente violento e já havia se envolvido em crimes graves de violência
contra mulheres idosas. “A”, médico diretor da clínica, concedeu autorização para que
“B” saísse da clínica, mas sem observar todos os regulamentos e cautelas devidas. “B”
saiu da clínica e praticou dois homicídios. Acrescente-se, ainda, que “B” já havia fugido
33
anteriormente da clínica, através de uma cerca que estava rompida – que não foi
consertada até o momento –, e matado pessoas fora do local. Desse modo, caso “B”
não tivesse autorização do médico para sair da clínica, em tese, ainda assim ele poderia
fugir da clínica através da cerca rompida e ter matado as duas pessoas. O fato de existir
outro meio de “B” sair da clínica – que não a autorização do médico – isenta o médico
de responsabilidade pelo homicídio, isto é, esse curso causal hipotético pode ser
utilizado para afastar a causalidade do médico?
56. “A”, professor de karatê, estava cuidando de uma criança, sua enteada. Sucede que “A”
desferiu um golpe na nuca da criança, porque ela estava chorando muito. Em razão do
golpe, a criança ficou desacordada por um tempo, mas veio a se restabelecer
posteriormente, sendo alimentada e cuidada por “A”. Pouco tempo depois, como
voltou a chorar, “A” desferiu outro golpe na criança, que acabou morrendo desta vez.
Diante disso, ficou determinado no processo que “A” não tinha nenhuma intenção de
provocar o homicídio, não aprovava – no sentido jurídico – o resultado morte, bem
como que gostava da criança e havia ficado arrependido, motivo pelo qual não foi
condenado por homicídio doloso. Considerando o caso, a não imputação do resultado
ao agente está correta? A posição emocional do agente em relação ao resultado não
importa para fins de imputação?
58. É possível a legítima defesa em razão de uma agressão por omissão? Nesse sentido,
considere, p. ex., a situação em que determinado empregado, que mora em uma região
rural distante, encontra-se em situação de miserabilidade, porque o seu empregador
deixou de pagar os seus salários. Em razão da situação de miserabilidade, o empregado
acabou subtraindo um bem do seu patrão. Considerando o caso, o fato de o
empregador não pagar o salário do seu empregado e deixá-lo em situação de
miserabilidade é uma agressão por omissão que autoriza a legítima defesa? Ou, na
verdade, trata-se de hipótese de estado de necessidade ou de inexigibilidade de
conduta diversa?
60. Em uma cirurgia realizada em conjunto, na qual a violação do dever de cuidado não foi
exclusiva do médico – que não observou as condições de segurança, pois não utilizou
luvas nem lavou as suas mãos –, mas também dos enfermeiros que utilizaram
instrumentos não esterilizados, o paciente foi acometido de uma infeção e morreu. Não
foi possível se determinar qual foi o objeto contaminado que causou a infecção no
paciente. Diante disso, pregunta-se: nos casos em que há a violação paralela de deveres
de cuidado, é possível a responsabilização de todos os participantes pelo resultado a
título de coautoria? O fato de não se determinar qual o comportamento que produziu o
resultado afasta a imputação? No plano dos crimes culposos, trata-se de hipótese de
coautoria ou de autoria colateral?
61. O que é equiparado aos crimes hediondos: o tráfico de drogas enquanto fato social ou
o tráfico de drogas enquanto tipo penal? Apresente a consequência prática acerca
desta distinção.
62. Considerando a dogmática, segundo a teoria do tipo penal, existe o crime de tráfico de
drogas privilegiado?
64. Acerca da legítima defesa, a análise sobre a existência da agressão é realizada a partir
de um juízo ex ante (perspectiva do agente no momento do fato) ou de um juízo ex
post (perspectiva de um terceiro observador após o fato)? Se a análise sobre a
existência da agressão é ex ante, como é possível determinar se há uma situação de
legítima defesa real ou uma situação de legítima defesa putativa?
65. A provocação – que não seja uma agressão – de um sujeito a um terceiro, com a
finalidade de se criar uma situação de legítima defesa, exclui a possibilidade de
aplicação da excludente de ilicitude (ex.: um sujeito provoca o seu inimigo para causar
uma situação de legítima defesa e matá-lo)? Qual é o fundamento para se afastar ou
autorizar a excludente de ilicitude na hipótese de provocação de uma situação de
legítima defesa?
66. Acerca do conflito de deveres de ação, na hipótese de conflito entre dois deveres de
ação em relação à bens jurídicos de igual relevância (ex.: um pai está diante de um
incêndio, no qual pode salvar apenas um dos filhos), o agente é livre para optar por
qual dever irá cumprir ou existe algum critério que indique o dever a ser cumprido? Na
hipótese de colisão entre um dever de ação de maior relevância e um dever de ação de
menor relevância, o agente é obrigado a cumprir o dever de ação que protege o bem
jurídico mais relevante?
35
67. Acerca do conflito de deveres de ação e de omissão, qual dever prepondera em uma
situação em que há um conflito entre o dever de ação (dever de agir para evitar um
dano) e o dever de omissão (dever de se omitir para não provocar um dano)? Na
hipótese, p. ex., em que uma pessoa se encontra em uma situação de risco menor e
outra em uma situação de risco maior, é possível interferir no direito da pessoa que
está em uma situação de risco menor para salvar aquela que se encontra em uma
situação risco maior ou prevalece o dever de se omitir para não provocar um dano
(ex1: o médico extrai um órgão de um paciente para transferir para outro paciente que
está morrendo; ex2: o médico retira um respirador de um paciente que está em
situação menos grave e transfere para outro paciente em situação mais grave)?
68. No que se refere à apelação no tribunal do júri, caso haja a anulação do primeiro
julgamento com fundamento na decisão manifestamente contraria a prova dos autos
(CPP, art. 593, III, “d”), é possível manejar nova apelação com base no mesmo motivo?
O que se entende por mesmo motivo para o efeito de uma segunda anulação do
julgamento: (i) mesmo motivo da decisão absolutória ou condenatória; ou (ii) mesmo
fundamento jurídico?
69. Apresente três diferenças entre o procedimento ordinário e a primeira fase do tribunal
do júri.
72. O que se entende por duração razoável do processo? Apresente critérios para delimitar
a duração razoável do processo.
74. Em matéria de provas ilícitas, o que se entende pela teoria da tinta diluída? Os tribunais
superiores aplicam a teoria da tinta diluída? A teoria da tinta diluída possui expressa
previsão no Código de Processo Penal?
36
75. É lícita a prova pericial produzida a partir de exame comparativo de DNA decorrente de
material genético descartado involuntariamente pelo investigado (ex.: fio de cabelo)? É
necessária autorização judicial para a obtenção dessa prova?
76. É possível que uma ordem judicial determine a entrega de material genético do
investigado, ainda que não seja por meios invasivos, para a produção de exame
comparativo de DNA?
77. É necessária a previsão legal para que seja possível a produção de provas relacionadas
às intervenções corporais não invasivas?
79. Qual é o recurso adequado contra a decisão que recusa a homologação do acordo de
colaboração premiada?
81. O art. 400 e seu § 2º, do CPP, tratam de esclarecimentos dos peritos. Diante disso,
explique: (i) o que são os esclarecimentos dos peritos; (ii) sua natureza jurídica; (iii) o
procedimento para a sua obtenção. Os esclarecimentos ocorrem sempre de forma
oral?
84. A prisão preventiva, em princípio, não é cabível fora das hipóteses do art. 313 do CPP.
No caso em que estiver presente uma das hipóteses de não cabimento da prisão
preventiva, previstas no art. 313 do CPP, ainda assim a prisão preventiva pode ser
decretada pelo descumprimento de medidas cautelares diversas?
85. O juiz pode decretar a prisão preventiva de ofício? O juiz pode converter de ofício a
prisão em flagrante em prisão preventiva?
88. Entre a investigação criminal e o inquérito policial há uma relação de gênero e espécie.
Apresente três exemplos de procedimentos não jurisdicionais diversos do inquérito
policial que podem resultar em investigação de infrações penais.
89. Como ocorre a identificação criminal para fins de investigação criminal? Explique as
hipóteses e o procedimento da identificação criminal. Considere o seguinte caso: a
autoridade judiciária determinou a identificação criminal de determinado agente,
porque entendeu que seria essencial para a investigação criminal. Neste caso, explique
se a identificação criminal é compulsória e se abrange os três processos de
identificação: datiloscópica, fotográfica, coleta de material genético.
93. É possível que a decisão interlocutória que encerra a primeira fase do júri seja de
absolvição sumária imprópria? É possível ao juiz sumariante ir além do texto legal
restrito do art. 415, parágrafo único, do CPP, para proferir decisão de absolvição
sumária imprópria quando a inimputabilidade não for a única tese defensiva?
38
94. Ocorrendo a desclassificação pelo juiz sumariante, é possível ao juiz criminal que
recebeu o processo, entendendo-se que se trata de crime doloso contra a vida, suscitar
conflito negativo de competência?
96. Qual é o recurso cabível contra a decisão de absolvição sumária parcial do rito ordinário
(CPP, art. 397) em relação a apenas algum dos réus ou algum dos crimes?
97. O que são standards probatórios? O que é dúvida razoável para fins de standard
probatório? O standard probatório pode variar conforme o tipo de crime? Apresente
exemplos de standards probatórios utilizados no processo penal.
102. O art. 397, III, do CPP, trata da hipótese de absolvição sumária quando “o fato
narrado evidentemente não constitui crime”. À vista da teoria da asserção, a hipótese
de fato narrado, na verdade, não se cuida de caso de inépcia a determinar a rejeição da
denúncia na fase do art. 395 do CPP? Diante disso, qual a diferença essencial entre a
rejeição da denúncia pela inépcia e a absolvição sumária pelo fato narrado
evidentemente não constituir crime?
103. Quando a citação no procedimento comum ordinário causa uma crise de instância?
GRUPO III
106. O que é a assunção de dívida? Diferencie a assunção da dívida da novação pela
substituição do devedor.
110. execução, em face deste mesmo réu da ação de improbidade, em que se verificou
que o executado possuía apenas um bem. Qual deve ser a medida adotada pelo
40
Ministério Público para atribuir preferência ao crédito que deve ser futuramente
executado na ação de improbidade?
114. Discorra sobre a teoria da actio nata em seu viés subjetivo. Nesse sentido,
considere o seguinte caso: houve o reconhecimento post mortem da filiação de uma
pessoa em um processo, já transitado em julgado. Entretanto, a pessoa cuja filiação foi
reconhecida havia sido preterida no processo de partilha há 15 anos atrás – não houve
causa interruptiva, em razão da menoridade. Diante disso, é possível que essa pessoa
requeira a nulidade da partilha ou já decorreu o prazo prescricional?
115. O art. 232 do Código Civil trata da recusa à perícia médica, interpretando-se no
sentido de que a recusa de perícia pela parte pode dar ensejo à presunção de
veracidade de determinado fato, sendo muito utilizado, p. ex., em ações de
investigação de paternidade quando o pai se recusa a realizar o exame de DNA. Este
dispositivo legal do Código Civil pode ser relativizado? Considere o seguinte caso: “A”
foi reconhecido em vida informalmente por “B” como sendo seu filho – sem processo
judicial ou exame de DNA. Diante disso, após o falecimento de “B”, o irmão
sobrevivente “C” ajuíza ação questionando o reconhecimento da filiação de “A”. Neste
caso, é possível ocorrer a relativização do art. 232 do Código Civil?
116. Disserte sobre a natureza pro solvendo e pro soluto dos títulos de crédito,
explicando a diferença e a consequência para o negócio jurídico subjacente.
118. O aval dado sem a outorga uxória ou a outorga marital invalida as obrigações de
uma nota promissória como um todo? Qual é o entendimento do STJ sobre o tema?
120. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) garante a toda pessoa natural os direitos
fundamentais de liberdade, intimidade e privacidade, constando, ainda, do seu art. 18
41
122. O usuário que repostou determinada publicação ofensiva em rede social possui o
mesmo tratamento que o provedor de internet em relação aos seus dados? É possível
ao Ministério Público o requerimento dos dados do usuário que repostou a referida
publicação?
134. Quais são os atos restritos à curatela? É possível escolher de forma antecipada o
curador, através de uma escritura de autocuratela p. ex.? Discorra sobre a remuneração
da curatela, a curatela compartilhada e a curatela fracionada. É possível a curatela
compartilhada no caso de litígio entre dois irmãos a respeito da curatela?
136. Como solucionar o conflito entre o direito de privacidade de uma pessoa e o seu o
direito ao esquecimento em face do direito à informação e liberdade de expressão de
veículo de comunicação, na situação, p. ex., de programa jornalístico que retrata um
crime antigo de uma pessoa que já cumpriu sua pena?
139. Determinada pessoa hipossuficiente noticiou ao Ministério Público que teria sofrido
um aborto decorrente de acidente de trânsito. Em razão do aborto provocado pelo
acidente automobilístico, a genitora possui direito ao recebimento do seguro DPVAT
pela morte do nascituro?
43
141. “A” doou um terreno para “B” e lhe informou verbalmente que deveria ser
construído um asilo no local – o encargo não constou da escritura. Após o falecimento
de “A”, “B” construiu uma igreja no terreno. É possível ajuizar uma ação visando a
revogação da doação?
144. Determinada pessoa, com filhos de casamentos diferentes, pode indicar apenas um
dos filhos como beneficiário de seguro de vida ou de previdência privada? A
indenização do seguro de vida ou os valores acumulados da previdência privada podem
ser levados à colação como adiantamento de legítima?
146. “A”, fabricante de um fertilizante, colocou o seu produto no mercado. O produto foi
comercializado pelo comerciante “B”. No material do produto havia a identificação do
fabricante. Um consumidor adquiriu esse produto e o aplicou no seu jardim, mas, por
vício de manipulação do produto, todas as suas plantas morreram. Considerando o
caso, qual é a natureza da responsabilidade: reponsabilidade por vício do produto ou
por fato do produto? Na hipótese em que um produtor rural tivesse adquirido o
fertilizante e o aplicado em sua cadeia produtiva, o produtor rural poderia utilizar as
normas protetivas do CDC?
148. Existem hipóteses em que é possível a aplicação do CDC a quem não é consumidor?
149. Qual providência o Ministério Público pode adotar no âmbito civil no caso de um
idoso que sofre violência psicologia e patrimonial de seus familiares?
152. Explique sobre teorias clássicas da verdade e a sua importância para o processo
civil.
155. O alcance da verdade substancial – mencionada pelo CPP (art. 566) – é possível?
Correlacione a verdade substancial presente no CPP e a verdade como coerência
existente no CPC.
165. Conceitue mínimo existencial. O mínimo existencial possui o mesmo sentido nas
prestações positivas do Estado e no superendividamento? Onde surgiu o instituto do
45
167. O que são os meios coercitivos executivos atípicos no processo de execução? Quais
são os limites aos meios executivos atípicos?
183. O que se entende por negócio processual atípico? Discorra sobre os limites aos
negócios processuais atípicos.
186. Qual é a norma brasileira que permite a aplicação dos processos estruturais ou se
assemelha ao processo estrutural estadunidense? Indique um procedimento da
legislação brasileira que é correlato aos processos estruturais.
187. Como são realizados os pedidos estruturais em uma ação civil pública? O art. 327
do CPC trata de algo relacionado aos pedidos estruturais?
197. Conceitue a governança. É possível afirmar que a boa governança está vinculada
aos direitos humanos?
199. Como o Ministério Público deve agir para que sejam respeitados os programas de
conformidade e compliance no processo civil? Como deve se proceder caso os
programas de conformidade e compliance não sejam respeitados? Como efetivar,
segundo a dogmática do processo civil, o respeito aos programas de conformidade na
situação, p. ex., de uma empresa como a VALE, que não está sendo fiel aos programas
de conformidade para aquele tipo de atividade por ela desenvolvida (i.e., manutenção,
gerência, gestão, transparência, e tipos dos riscos)? É possível a utilização de uma
recomendação pelo Ministério Público para a efetivação do compliance por uma
empresa? Caso a empresa não observe a recomendação, é possível a aplicação de uma
punição à empresa? Esta punição pode ser considerada uma situação de
responsabilidade civil sem dano?
202. O juiz pode deferir uma tutela provisória no momento da prolação da sentença?
206. Em qual dimensão está o Ministério Público na teoria dos direitos fundamentais? O
Ministério Público atua em direito fundamental de quem?
48
207. Nas funções do Ministério Público, previstas no art. 127 da CF, não consta a
expressão “direitos fundamentais”, mas a expressão “interesses”. Diante disso,
correlacione os interesses aos direitos fundamentais? Qual é o significado de interesse
social previsto na Constituição?
211. Apresente a distinção entre capacidade (de ser parte, de estar em juízo e
postulatória), vulnerabilidade, hipervulnerabilidade e hipossuficiência.
220. Conceitue a cláusula do devido processo legal. Defina o devido processo legal
substantivo (substantive due process) e o devido processo legal procedimental
(procedural due process). Quais as três bases de direitos que historicamente compõem
a cláusula do devido processo legal?
225. O que são agentes constitucionalmente designados (i.e., as pessoas às quais são
conferidas tutelas diferenciadas pela Constituição)? Apresente um exemplo.
226. Discorra sobre a cooperação nacional tratada pelo CPC, apresentado os temas que
envolvem o Ministério Público.
233. O que é a lei processual? Lei possui o mesmo significado de norma jurídica? A
interpretação possui o mesmo significado que a aplicação?
239. O que são cargos em comissão e quais são as situações em que eles podem ser
criados?
243. É possível o tombamento de bens culturais por meio de lei? O STF possui algum
julgado sobre a necessidade da existência de ato administrativo após a declaração do
tombamento pela lei?
51
249. Qual a diferença entre fato do produto e vício do produto? Quais as consequências
desta distinção no âmbito da responsabilidade civil? Qual é o prazo da prescricional no
caso de fato do produto? Qual é o prazo decadencial no caso de vício do produto?
250. O art. 192 da CF dispõe que “O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a
promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da
coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de
crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a
participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram”. O Município pode
legislar sobre o tempo máximo de espera dos consumidores em filas para o
atendimento em instituições bancárias?
52
251. O que é uma pessoa idosa para fins de proteção legal? Entre os idosos há uma
ordem de prioridade para o atendimento de suas necessidades?
254. É possível transacionar com relação aos alimentos devidos ao idoso? Como o
Ministério Público deve proceder caso seja procurado por um idoso e pelo devedor de
alimentos interessados em celebrar uma transação? Como deve proceder o Ministério
Público caso o devedor de alimentos – nem outros familiares – não possua condições
econômicas para arcar com os alimentos?
256. O filho de uma pessoa idosa comparece ao Ministério Público e informa que o idoso
estaria internado em uma UPA com fortes dores abdominais, aguardando vaga em
hospital com capacidade técnica adequada ao tratamento. Diante disso, o noticiante
solicitou ao Ministério Público providências para a transferência imediata do idoso com
o receio de que o seu quadro pudesse se gravar e causar o óbito. Como deve proceder
o Ministério Público neste caso?
257. A quem e em quais condições cabe optar pelo tratamento de saúde mais favorável
a um idoso?
264. Como devem ser aplicados os valores arrecadados com a cobrança dos recursos
hídricos? É possível se aplicar os valores obtidos com a cobrança dos recursos hídricos
fora da bacia hidrográfica em que foram arrecadados? É possível se aplicar os valores
obtidos com a cobrança dos recursos hídricos no custeio do funcionamento dos órgãos
do Sistema de Recursos Hídricos?
265. Acerca dos resíduos sólidos, há distinção entre destinação final ambientalmente
adequada e disposição final ambientalmente adequada?
267. É possível o parcelamento do solo para fins urbanos em zona rural? É possível
loteamento em zona de amortecimento de unidade de conservação de proteção
integral?
271. Em matéria de tutela dos direitos das crianças e dos adolescentes, em que consiste
o depoimento especial e a escuta especializada? Qual tipo de violência enseja o
depoimento especial e a escuta especializada?
272. Segundo o ECA, medidas de proteção poderão ser aplicadas sempre que os direitos
das crianças e dos adolescentes forem ameaçados ou violados. Informe três medidas
de proteção passíveis de serem aplicadas neste caso. Explique três princípios que
informam a aplicação das medidas de proteção.
273. Qual é a natureza jurídica do direito coletivo brasileiro? Quais são as dimensões do
direito coletivo lato sensu?
275. Acerca do efeito backlash, discorra sobre o seu conceito, como se manifesta e quais
as suas consequências para a tutela dos direitos coletivos. Apresente um exemplo do
efeito backlash no Direito brasileiro. Como o Ministério Público deve atuar diante da
possibilidade de ocorrer o efeito backlash, isto é, existe alguma estratégia ou forma de
atuação para lidar como a possibilidade do efeito backlash?
281. O impedimento de longo prazo é de qual natureza, isto é, de que forma ele se
manifesta?
283. Cite duas ações ou estratégias que o Poder Público deve adotar para garantir à
pessoa com deficiência o exercício dos direitos políticos em igualdade com as demais
pessoas?
289. A CPI da COVID-19 foi instalada para tratar sobre a eventual responsabilidade civil e
administrativa de agentes públicos em razão de atos relacionados à pandemia. Sabe-se
que, segundo o art. 28 da LINDB, o agente público responderá pessoalmente por suas
decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. Em que consiste o
erro grosseiro capaz de ensejar a responsabilidade de agentes públicos por atos
relacionados à pandemia? O STF estabeleceu algum parâmetro para a aferição do erro
grosseiro?
291. O processo estrutural desenvolve-se de modo bifásico: quais são as duas fases do
processo estrutural?
294. A Defensoria Pública ajuizou ação civil pública na Vara de Fazenda Pública, visando
solucionar o problema de vagas em escola para as crianças. O juiz concedeu a liminar. O
Município apresentou petição questionando a competência do juízo. Aberta vista ao
Ministério Público para atuar como fiscal da ordem jurídica, pergunta-se: em qual
sentido deve ser o parecer do Ministério Público?
297. É possível afirmar que a coisa julgada na ação coletiva é rigorosamente secundum
eventum litis?
298. Considere a ementa do seguinte julgado: “Ação civil pública. Não é possível utilizar a
demanda para a defesa em juízo de interesses disponíveis e divisíveis. A implantação de
parcelamento do solo clandestino e pretensão de regularização ou de eventual
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301. No processo coletivo, como é garantido ao grupo ausente titular do direito o devido
processo legal (i.e., direito de ser citado, ouvido, apresentar defesa etc.)?
303. O Ministério Público possui legitimidade para defender por meio de ação civil
pública interesses coletivos de idosos visando restituir valor pagos de forma abusiva a
título de honorários advocatícios?
305. Caso já exista uma ação ajuizada imputando ato improbidade a um agente público,
é possível ajuizar outra ação pela prática dos mesmos atos exclusivamente contra o
particular? As ações devem tramitar concomitantemente e/ou são conexas? Sempre
deve haver litisconsórcio entre o particular e o agente público nas ações de
improbidade administrativa? Com a vigência da Lei 14.230/21, que alterou a Lei
8.429/92, houve mudança sobre entendimento acerca do litisconsórcio entre particular
e agente público?
307. No âmbito da Lei Anticorrupção, é possível postular sanções judiciais além daquelas
previstas no art. 19 da
308. 12.846/13?
311. Considere que determinado bem imóvel inscrito em inventário pelo ente público
local, apesar não tombado, necessita da proteção e atuação do Ministério Público. É
possível a realização de acordo neste caso? Quem seriam os sujeitos chamados a
realizar o acordo? A propositura de eventual ação teria qual motivação no caso de não
ser viabilizado o acordo? É possível a declaração judicial do valor histórico de um bem?
Na ação proposta, seria possível realizar requerimento de tutela de urgência e, em caso
positivo, qual seria a tutela?
312. Discorra sobre a intervenção como custos iuris do Ministério Público nas ações
coletivas, explicando como ela ocorre e quais são os seus requisitos. A intervenção do
Ministério Público é obrigatória em todas as ações coletivas? Qual deve ser a
providência adotada pelo Ministério Público caso seja intimado sobre a ação apenas
depois da sentença? Qual é o momento adequado para que o Ministério Público seja
intimado para intervir como custos iuris na ação coletiva? Como deve proceder o
Ministério Público caso constate que os pedidos veiculados na petição inicial estejam
insatisfatórios ou omissos na tutela do direito coletivo?
313. Qual é a diferença entre o dano moral coletivo e o dano social? Qual é o objetivo do
dano moral coletivo? Quais provas devem ser obtidas para a caracterização do dano
moral coletivo e do dano social em uma ação civil pública? A responsabilidade pelo
dano moral coletivo e social é objetiva? Existe na jurisprudência do STJ alguma hipótese
de exclusão do cabimento do dano moral coletivo? Como é realizada a quantificação
para a reparação do dano moral coletivo?
316. Como deve ser tratada a cláusula que estabelece restrição em plano de saúde?
318. Como deve ser a atuação do Ministério Público no caso em que sobrevém o
cancelamento de plano de saúde após a autorização da realização de determina
cirurgia pelo plano?
319. Um medicamento impróprio ao consumo pode gerar dano moral coletivo? Existe
entendimento do STJ que exclui em alguns casos o dano moral coletivo por se tratar de
direito individual homogêneo? No caso de medicamento impróprio ao consumo, há
interesse individual homogêneo ou interesse coletivo?
322. Considere o seguinte caso: determinado paciente necessita de uma cirurgia não
eletiva, pois, caso não realize o procedimento médio, ocorrerá o comprometimento de
outras doenças graves pelas quais é acometido. A referida hipótese se trata de tutela
de urgência ou de tutela de evidência?
324. A ação que visa o fornecimento de medicamento de alto custo, não incluído na lista
do SUS, pode ser proposta em face de qualquer ente público?
326. Acerca do termo de ajustamento de conduta (TAC), apresente: (i) o seu conceito; (ii)
a sua natureza jurídica; (iii) os seus requisitos; (iv) o seu conteúdo. É possível inserir
alguma sanção no acordo? No caso de ação judicial visando a execução do acordo, é
possível a alteração do valor da multa aplicada?
327. Existe no ordenamento jurídico brasileiro dispositivo normativo que trata do direito
à creche? O Ministério Público possui atribuição para realizar acordo ou para promover
a tutela jurisdicional visando que o Município implemente o direito à creche?
328. Discorra sobre o Conselho Tutelar. Como são escolhidos os membros do Conselho
Tutelar? Qual é o período do mandato dos conselheiros? Quais as medidas podem ser
aplicadas pelo Conselho Tutelar em relação às crianças?
330. Discorra sobre o instituto da prescrição. Existe previsão legal sobre a prescrição no
microssistema de processo coletivo? A prescrição no microssistema processual coletivo
é igual em todas as ações coletivas?
333. O que é o instituto da reserva legal ambiental? Como é instituída a reserva legal
ambiental?
334. O Ministério Público foi noticiado acerca da existência de uma intervenção em uma
reserva legal ainda não instituída. Qual providência o Ministério Público deve adotar?
340. O Ministério Público é notificado sobre uma situação de maus tratos a idosos
abrigados em instituição privada de asilamento. Considerando o caso, o Ministério
Público possui legitimidade para a defesa dos idosos nessa situação, intervindo, para
tanto, na instituição privada de asilamento? O Ministério Público pode requerer
judicialmente o afastamento da administração privada, com a finalidade de que o ente
municipal assuma a responsabilidade pela instituição de asilamento? Qual é o
fundamento para se exigir a responsabilidade do Município?
341. Determinada pessoa com síndrome de Down reside em um Município onde não é
disponibilizado o acompanhamento educacional através de uma APAE. O serviço de
acompanhamento educacional na APAE é prestado apenas pelo Município vizinho.
Diante disso, o Ministério Público pode requerer, na defesa da pessoa com deficiência,
que o ente público local arque com os custos para que a pessoa com síndrome de
Down possa cursar a APAE no Município vizinho?