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HUMANOS
NOÇÕES GERAIS DE DIREITOS HUMANOS
Direitos humanos: defesa dos direitos de dignidade, direitos universalmente aceitos na ordem internacional
Teoria da margem de apreciação: utilizada para resolver conflitos entre direitos fundamentais e direitos
humanos. Ponderada pelo princípio da proporcionalidade. O próprio estado estabelece limites e restrições ao
gozo de direitos em face do interesse público.
Os direitos humanos são matéria central, tendo em vista que são imprescindíveis para que o ordenamento
jurídico afirme direitos das pessoas e limite a atuação estatal contra arbitrariedades.
Classificação
Teoria do Status de Jellineck
Relação na qual a pessoa encontra-se
status subjectionis em estado de sujeição em relação ao - status passivo
Estado.
Direito-poder: possibilita à pessoa exigir a sujeição do Estado ou de outra pessoa para que esses direitos sejam
observados
Direito-imunidade: impede que uma pessoa ou o Estado hajam no sentido de interferir nesse direito.
Possibilidade de fundamentação
Fundamento jusnaturalista: direitos humanos equivalentes a direitos naturais. Categoria de direitos associada a
uma ordem superior, universal, imutável e inderrogável.
Fundamento racional: direitos não relacionados à natureza ou religião. A razão humana distingue o homem dos
demais seres
Fundamento positivista: são direitos humanos valores e juízos condizentes com a dignidade positivados no
ordenamento. Em geral, as ordens jurídicas são mutáveis e derrogáveis. Se a lei for omissa ou contrária a
dignidade humana será inaceitável.
Fundamento moral: direitos subjetivos, originados diretamente dos princípios independente da existência de
regras prévias. São direitos morais que não aferem sua validade por normas positivadas, mas diretamente de
valores morais da coletividade humana.
Fundamento da dignidade: dignidade como valor base, núcleo do direito básico. É o ponto em comum de todos
os fundamentos debatidos pela doutrina.
Estrutura Normativa
Os direitos humanos possuem normatividade aberta, com maior incidência de princípios do que de regras.
REGRAS PRINCÍPIOS
Mandados de Mandados de
determinação, técnica otimização, técnica do
do “tudo ou nada” “mais ou menos”
Pós Positivismo
Corrente da filosofia do direito que busca a reaproximação entre direito e moral, de modo que as normas
jurídicas levem em consideração valores e comportamentos éticos.
Em razão disso, desenvolve-se e consolida-se a teoria dos princípios, defendidos como espécie de normas e com
caráter vinculativo
No âmbito interno, essa corrente do pensamento favorece a positivação desses valores nas respectivas
Constituições, pelo denominado neoconstitucionalismo (promoveu o rompimento entre as áreas pública e
privada; houve a constitucionalização do direito privado com o valor da dignidade humana espalhando-se para
todas as áreas antes isoladas).
Para os direitos humanos, dada a sua natureza, esse movimento corrobora e fortalece a disciplina no âmbito
interno e internacional
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 1º ao 4º
A CF foi uma reação contra o período ditatorial e de exceção
A CF procurou valorizar a pessoa em detrimento do patrimônio
Fundamentos da República
Art. 1º, CF
soberania
cidadania
dignidade da
SO-CI-DI-VA-PLU pessoa humana
valores sociais do
trabalho e da livre
iniciativa
pluralismo
político
Soberania
Poder político supremo que não encontra limites em outros poderes, tanto na ordem interna quanto
internacionalmente. Esse conceito tem se modificado com o tempo e atualmente predominam ideias de
pluralismo político e social.
As ideias relacionadas ao direito comunitário e à soberania compartilhada caminham no sentido desta
relativização, tendo sido fortalecidos principalmente a partir da segunda metade do século XX.
Cidadania
Participação política dos cidadãos nos negócios do Estado e nas áreas de interesse público
sociedade
livre, justa e
solidária
promoção do ddesenvolvimento
bem de todos nacional
objetivos
fundamentais
redução das
erradicação da
desigualdades
pobreza e da
sociais e
marginalização
regionais
Base de sustentação
Fundamentos
Define o ponto de partida
Prevalência dos Direitos Humanos como princípio regente das relações internacionais (Art. 4º, CF)
Independência nacional
Prevalência dos direitos humanos
Autodeterminação dos povos
Não intervenção
Igualdade entre os Estados
Defesa da paz
Solução pacífica dos conflitos
Repúdio ao terrorismo e ao racismo
Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade
Concessão de asilo político
APLICAÇÃO IMEDIATA E CATÁLOGO ABERTO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
(Art. 5º, §§ 1º e 2º, CF)
As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata
Não se confunde aplicação com aplicabilidade!
Catálogo aberto: Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.
Aceitação de outros direitos previstos em instrumentos internacionais
2) Tratados internacionais de direitos humanos aprovador com quórum de norma constitucional: possuem status
de norma supralegal, em ponto intermediário, acima das leis, abaixo da CF.
Incidente de deslocamento de
Regramento diferenciado dos
Possibilidade de submissão do competência para a Justiça
tratados internacionais de
Tribunal Penal Internacional Federal em caso de grave
Direitos Humanos
violação a direito humano
Os direitos fundamentais são direitos humanos positivados no ordenamento interno de determinado país.
Dimensões
1ª DIMENSÃO DOS 2ª DIMENSÃO DOS 3ª DIMENSÃO DOS
DIREITOS HUMANOS DIREITOS HUMANOS DIREITOS HUMANOS
Direitos difusos e coletivos
Relacionados ao meio
ambiente
Direitos sociais, culturais
Direitos Direitos civis e políticos Relacionados à proteção
econômicos
jurídica do consumidor
Autodeterminação dos
povos
Associação aos lemas da Solidariedade ou
Liberdade Igualdade
Revolução Francesa Fraternidade
Revolução Gloriosa na Revolução
Inglaterra Mexicana de 1910
Pós Segunda Guerra Mundial
Independência dos EUA Revolução Russa,
Marcos históricos
em 1917, que
Surgimento da ONU em 1945
Revolução Francesa culminou com o
comunismo da
Paz de Westfália URSS
“Encíclica Rerum
Novarum” – Papa
Leão XIII em 1891
GARANTIAS
São os remédios constitucionais Habeas corpus, habeas data, etc.
PROCESSUAIS
Fundamentos:
FUNDAMENTO JUSNATURALISTA
Os direitos humanos podem ser considerados direitos morais que não aferem
sua validade por normas positivadas, mas diretamente de valores morais da
Titularidade
coletividade humana.
TITULARIDADE ATIVA TITULARIDADE PASSIVA
Pessoas naturais: titularidade de todos os direitos Poder público: abrangendo o Poder Executivo,
fundamentais Legislativo e Judiciário
Características
Superioridade Relatividade ou
Historicidade Universalidade
Normativa Limitabilidade
Irrenunciabilidade
ou Inalienabilidade Imprescritibilidade Interdependência
Indisponibilidade
Aplicabilidade
Caráter Erga Omnes Exigibilidade Abertura
Imediata
Proibição do
Dimensão objetiva Eficácia horizontal
retrocesso
Existem também direitos fundamentais que sofrem limitação em razão da tutela de outro direito fundamental. É
o que se denomina de reserva simples. Nesses casos, quando dois direitos fundamentais colidem, eles cedem
para que sejam resolvidos os conflitos sociais.
Os direitos fundamentais podem ser restringidos por normas de hierarquia constitucional ou por normas
infraconstitucionais, quando o próprio texto constitucional assim autorizar de forma expressa a restrição.
Diante da constatação da necessidade da ponderação de interesses, frente a uma colisão inevitável de direitos
fundamentais, deverá prevalecer a proporcionalidade, evitando assim a aniquilação de direitos.
Assinatura internacional
Ratificação e depósito
atura internacional
Promulgação interna
Os tratados internacionais são assinados, no Brasil, pelo Presidente da República, no exercício da chefia de Estado
(Art. 84, VIII, CF)
De acordo com a doutrina, existem dois modelos para que determinado tratado internacional passe a vincular
interna e juridicamente o Estado:
O Presidente no
exercício de sua Assina o tratado internacional
função típica de chefia
de Estado
EM RESPEITO À
SEPARAÇÃO DE
PODERES O Congresso Nacional Aprova o documento internacional
na sua função típica que acarretará encargos ou
de legislar compromissos gravosos
APROVAÇÃO PELO CONGRESSO consiste na autorização para que o Presidente se obrigue perante a
NACIONAL comunidade internacional
A partir da retificação e do depósito, o tratado internacional passa a vincular o Estado no cenário internacional.
Contudo, internamente ainda é necessária a promulgação do tratado na ordem interna.
Teoria monista: a partir da ratificação e do depósito do tratado no órgão internacional o Estado já estaria
vinculado internacional e internamente, sendo necessária a promulgação do tratado internacional na ordem
interna.
Teoria dualista: somente com a promulgação do tratado internacional na ordem interna seria possível falar em
vinculação interna.
No Brasil:
ASSINATURA PELO PRESIDENTE
competência privativa
Portanto:
3º) RATIFICAÇÃO E
Presidente
DEPÓSITO
É competência exclusiva do Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados internacionais que
gerem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio
ESTRUTURA DA DUDH
Dimensão de Direitos Humanos Artigos Discussão
Consenso na comunidade
1ª dimensão Artigo 1º ao 21
internacional
Discussão entre EUA x URSS –
2ª dimensão Artigo 22 ao 30 porém prevaleceu a tese de
proteção a esses direitos
Não há previsão direta, mas apenas Os direitos dessa geração foram
3ª dimensão algumas referências ao longo do concebidos mais tarde, razão pela
texto qual não constam na DUDH
DIREITOS ALBERGADOS
direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal;
proibição à escravidão e à servidão;
proibição à tortura e ao tratamento cruel, desumano ou degradante;
reconhecimento da personalidade jurídica (sujeito de direitos);
direito à igualdade;
proibição da prisão arbitrária;
direito a justa e pública audiência perante um tribunal independente e imparcial;
presunção de inocência;
proteção à vida privada
liberdade de locomoção;
direito de asilo (não invocável em caso de perseguição legitimamente motivada por crime de direito comum)
direito a nacionalidade;
direito de contrair matrimônio e fundar uma família;
direito de propriedade;
direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;
direito à liberdade de reunião e associação pacífica;
direito de participação política;
garantia de acesso ao serviço público do país;
direito à segurança social;
direito ao trabalho;
direito ao repouso e lazer;
direito a padrão de vida capaz de assegurar saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação,
cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis;
direito à educação; e
direito de participar livremente da vida cultural
NATUREZA JURÍDICA
1ª corrente: Não constitui documento vinculativo, pois a DUDH trata da declaração de direitos, sem mecanismos
de fiscalização ou implementação.
2ª corrente: A DUDH constitui norma jurídica vinculante porque integra o direito costumeiro e os princípios
gerais de direito, pois:
A) As constituições – a exemplo do Brasil – incorporam preceitos da DUDH no texto;
B) A ONU, em seus diversos documentos, faz remissões ao seu texto, alertando para o seu caráter obrigatório; e
C) Várias decisões proferidas pelas diversas cortes internacionais referem-se à DUDH como fonte do direito
PREVALECE A 2ª CORRENTE
DISPOSIÇÕES DA DUDH
PREÂMBULO Fundamentos
Direitos
ARTIGOS
substantivos
A DUDH não foi aprovada como tratado ou convenção, mas sob a forma de resolução
PREÂMBULO
O princípio da Igualdade
formal (igualdade na lei)
A DUDH
CONSAGRA:
O princípio da Igualdade
material (igualdade perante
a lei ou isonomia)
PRINCÍPIO/DIREITOS HUMANOS ESSENCIAIS
Princípio da irretroatividade da
CF
Lei Penal Maléfica
Um direito individual –
em relação a cada
um de seus
participantes
SEGUNDO OS
DOUTRINADORES, O
DIREITO DE REUNIÃO
É, AO MESMO TEMPO: Um direito coletivo –
no tocante a seu
exercício conjunto
GRAU TÉCNICO-
Acessível a todos
PROFISSIONAL
SUPERIOR Mérito
O Pacto de San José da Costa Rica previu apenas direitos de primeira dimensão, ou seja, direitos civis e políticos.
Os direitos sociais, econômicos e culturais somente foram disciplinados no Protocolo San Salvador (Protocolo
adicional à Convenção)
DIREITOS ALBERGADOS
GARANTIAS JUDICIAIS
Juízo natural e imparcial
Presunção de inocência
Assistência de um tradutor
Ampla defesa
Não autoincriminação
Possibilidade de recorrer das decisões
Direito à vida
(Art. 4º)
Desde à concepção
Não foi abolida no pacto de San José da Costa Rica, uma vez que é admitida
nos países que já a prevejam para os crimes mais graves
PENA DE Em nenhuma hipótese será aceita para: delitos políticos ou conexos, para
MORTE menores de 18 anos quando da prática do ato infracional, para maiores de
setenta anos e para mulheres grávidas
Países que tenham abolido a pena de morte não poderão restabelecê-la
Trabalhos Forçados
(Art. 6º)
REGRA Vedado
TRABALHOS
Não pode afetar a dignidade ou a capacidade física e intelectual do
FORÇADOS
preso
DIREITO DE SUSPENSÃO
Hipóteses:
Guerra;
Perigo público; e
Emergência que ameace a independência ou a segurança do Estado
Temporário
MECANISMOS DE IMPLEMENTAÇÃO
Petições individuais
Possibilidade de a vítima de direito humano denunciar violações
Se o Estado-parte aderir ao seu texto, se submeterá automaticamente a ele
Individuais
Petições
Grupo de pessoas; e
Comunicações Interestatais
Será necessária a declaração expressa do Estado-parte reconhecendo a competência da Comissão para
recebimento e exame de tais comunicações
Podem ser utilizadas para objetivos políticos e propósitos intervencionistas
RECEBIDA A COMUNICAÇÃO
Analisa os requisitos de
admissibilidade:
Comissão analisará a
subsistência das
acusações:
Insubsistente Subsistente
Se positiva Se negativa
Estimular a
observância do
Pacto de San José
Atuar no recebimento da Costa Rica
e processamento das Efetuar
petições individuais e recomendações
comunicações
ATRIBUIÇÕES DA
COMISSÃO
Responder às consultas Preparar estudos e
formuladas pelos relatórios
Estados-partes
Solicitar
informações dos
Estados-partes
À comissão é conferido o direito de receber denúncias de violação às regras prescritas na Convenção, a partir das
quais desenvolverá trabalho de exame e investigação.
A provocação da Corte se dá tão somente pela Comissão ou pelos Estados-partes, vedando-se à pessoa litigar
diretamente na Corte Internacional.
Para que uma petição ou comunicação interestatal seja admitida perante a Comissão, a doutrina elenca requisitos
formais e materiais
Órgão jurisdicional do sistema interamericano de direitos humanos e constitui excelente alternativa para a
reparação da violação de direitos humanos
Independente e autônoma
Seu objetivo é a aplicação e a interpretação da Convenção Americana de Direitos Humanos
Tribunal com o propósito primordial de resolver os casos protegidos pela Convenção Americana de Direitos
Humanos
Estados-partes Comissão
Interamericana de
Direitos Humanos
Por outro lado, se a questão ainda não tiver sido analisada pela Corte, o pedido individual somente será
submetido por intermédio da Comissão.
A comissão deverá participar de todas as reuniões da Corte, seja nos processos em que for parte, seja nos
processos iniciados pelos Estados-membros, caso em que atuará como se fosse um fiscal.
Competência contenciosa: A Corte possui competência para resolver litígio que lhe são submetidos
Competência consultiva: Possui competência para responder questionamentos sobre a interpretação de
determinada regra do Sistema Interamericano e sobre a compatibilidade das leis internas com o Pacto de San
José da Costa Rica.
Liminares: “medidas provisórias”, decorrem de situações urgentes a pedido da vítima de violação aos Direitos
Humanos (quando a questão estiver submetida à Corte) ou a pedido da Comissão (ainda que a questão não
esteja submetida à Corte)
Dessas decisões não é cabível recurso!
Homologação: A posição predominante na doutrina é no sentido de que, uma vez que se trata de sentença
internacional (e não estrangeira), não é necessário observar o procedimento de homologação da sentença
estrangeira perante o STJ. Contudo, até o presente não há posicionamento do tribunal brasileiro a respeito desse
assunto.
CASOS OBSERVAÇÕES
O caso discutiu a morte de Damião Ximenes Lopes, portador de deficiência mental,
que foi submetido a condições desumanas e degradantes enquanto encontrava-se
internado para tratamento psiquiátrico no Ceará.
Por petição da irmã da vítima, a Corte Interamericana de Direitos Humanos foi
Caso Ximenes acionada e decidiu pela omissão do Estado brasileiro em apurar os fatos,
(2006) condenando-o a indenizar a vítima (U$ 140.000), a investigar e sancionar os
responsáveis pela violação dos direitos de Damião, a publicar a sentença na Corte
no DOU e em jornal de grande circulação, bem como a desenvolver programas de
formação e de capacitação de médicos, em especial para o tratamento de pessoas
portadoras de necessidades especiais.
Esse processo envolveu a discussão em torno de Francisco Gilson Nogueira de
Caso Nogueira de Carvalho, advogado defensor dos direitos humanos, que denunciou crimes
Carvalho (2006) cometidos por grupo de extermínio envolvendo policiais e servidores públicos.
O processo, contudo, foi arquivado por falta de provas.
Em processo discutiu interceptações telefônicas e monitoramento de linhas feitas
de forma ilegal e irregular pela Polícia Militar do Estado do Paraná, violando regras
do Pacto de San José da Costa Rica relativas ao direito de privacidade.
Não se discutiu, nesse procedimento, a legalidade (ou melhor, o controle de
Caso Escher
convencionalidade) da Lei de Interceptações Telefônicas.
(2009)
O resultado do julgamento perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos
foi favorável às vítimas. Condenou-se o Estado brasileiro a indenizá-las (U$
20.000), a publicar nos meios oficiais parte do julgamento, bem como a investigar
os fatos que deram origem ao caso.
Caso Garibaldi Nesse caso, discutiu-se a responsabilidade do Estado brasileiro por omissão da
(2009) apuração e da responsabilização pelo homicídio de Sétimo Garibaldi, no Paraná.
A decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos foi favorável, condenando
o brasil a indenizar os familiares da vítima (U$ 200.000), a publicar sentença no
DOU e em jornal de grande circulação, dispondo, ainda, a respeito do dever de o
Estado apurar, com eficácia, o inquérito para identificar, julgar e sancionar os
responsáveis pela morte da vítima.
O caso envolveu a responsabilidade do Estado brasileiro em investigar e apurar as
violações de direitos humanos decorrentes de detenção arbitrária, tortura e
desaparecimento forçado de 70 pessoas resultantes de operação do Exército, que
teve por finalidade acabar com a denominada Guerrilha do Araguaia. Além disso,
discutiu-se a validade da Lei de Anistia, uma vez que a não investigação foi
Caso Gomes Lund – fundamental na referida Lei.
Guerrilha do Em seu julgamento, a Corte Interamericana de Direitos Humanos decidiu que a Lei
Araguaia (2010) de Anistia impede a investigação e sanção de violações a Direitos Humanos, bem
como que o Brasil violou direitos das vitimas e familiares. Fixa, ainda, o dever de
indenizar as vitimas e familiares interessados, bem como a necessidade de
publicação da decisão em diário oficial e jornais de grande circulação e, por fim, o
dever de implementar políticas públicas para que ocorra a promoção dos Direitos
Humanos.
PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
RESUMO E ESQUEMAS
(PROTOCOLO DE SAN SALVADOR)
Protocolo responsável por acrescentar a proteção aos direitos sociais, econômicos e culturais no âmbito do
Sistema Interamericano.
Os direitos assegurados nesse protocolo são os mesmos previstos no Pacto Internacional dos Direitos Sociais,
Econômicos e Culturais.
Por envolver direitos prestacionais de segunda dimensão, o artigo 1º prevê que a aplicação de seus direitos
deverá ocorrer de forma progressiva.
DIREITOS ALBERGADOS
Direitos Trabalhistas
Vem assegurados nos artigos 6º e 7º e compreende o direito mais extensamente tratado. O pacto garante a todos
a oportunidade de obter os meios para levar uma vida digna e decorosa por meio do desempenho de uma
atividade lícita, livremente escolhida ou aceita. Para tanto, os Estados-partes deverão empreender esforços para
adotar medidas que objetivem:
1. O pleno emprego
2. A orientação vocacional
3. O desenvolvimento de projetos de treinamento técnico-profissional, (em especial os destinados aos deficientes)
4. A execução e o fortalecimento de programas que coadjuvem um adequado atendimento da família para que
possibilidade à mulher o exercício do direito ao trabalho.
O tratamento ao direito do trabalho prossegue no artigo 7º, estabelecendo a necessidade de se garantir condições
justas, equitativas e satisfatórias de trabalho. Para tanto, prevê uma série de direitos e garantias, quais sejam:
Salário mínimo
Salário equitativo àqueles que exercem igual trabalho
Liberdade de escolha da profissão que lhe convier
Direito à promoção, que levará em conta: qualificações, competência, probidade e tempo de serviço
Estabilidade no emprego, prevendo, no caso de desligamento imotivado, o direito à reintegração ou indenização
Segurança e higiene no trabalho
Proibição de trabalho noturno ou em atividades insalubres ou perigosas para os menores de 18 anos ou que
possa colocar em perigo a saúde, a segurança ou a moral do trabalhador
Em relação aos menores de 16 anos, o trabalho deverá observar necessariamente o direito à instrução
obrigatória, não sendo admitido o trabalho em detrimento do estudo
Limitação diária e semanal da jornada de trabalho, prevendo jornadas especiais para os trabalhadores que
laboram em atividades perigosas, insalubres e noturnas
Repouso, gozo do tempo livre, férias remuneradas, bem como remuneração nos feriados nacionais
Relacionado com os direitos dos trabalhadores, está o artigo 8º, que prevê o direito de se organizarem sindicatos,
de se filiarem e desfiliarem deles, bem como a possibilidade de se organizarem e federações e confederações.
Além disso, é assegurado o direito de greve
MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS
O Protocolo de San Salvador prevê dois mecanismos de implementação: o sistema de relatórios e as petições
individuais.
Relatórios: deverão ser apresentados ao Secretário-Geral da OEA, que transmitirá ao Conselho Interamericano
Econômico e Social e ao Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura (Art. 19, 1)
Petições individuais: são restritas aos casos de violação de direito de liberdade sindical e de educação (Art. 19, 6).
Essas petições serão recebidas e processadas pela Comissão Interamericana de Direitos.