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A matéria Direitos Humanos pode ser conceituada como o conjunto de direitos inerentes à dignidade da
pessoa humana, por meio da limitação do arbítrio do Estado e do estabelecimento da igualdade como o
aspecto central das relações sociais.
“O resultado dessa reflexão levou à constatação de que é necessário refletir os direitos humanos a partir
da dignidade, seja ela encarada como um princípio ou como um valor supremo. A dignidade se
apresenta como o resultado dessas várias razões e, por isso, constitui o fundamento dos direitos
humanos.”
Direitos Humanos possuem força normativa aberta, por ser sofrerem maior incidência de princípios do
que de regras.
PÓS-POSITIVISMO
No âmbito jurídico, passou-se a criticar fortemente a concepção positivista, que distanciava o direito de
qualquer posição moral ou valores. Afinal de contas, um direito desprendido de valores ou aspectos éticos
e morais, viola a própria finalidade do direito, que é tutelar e proteger a pessoa, que é garantir o bom
convívio social, com respeito aos direitos mais básicos. Busca-se, assim, uma reaproximação do direito
em relação à moral. A esse movimento denomina-se de pós-positivismo.
É importante compreender, ainda, que o movimento pós-positivista não implica no abandono do
positivismo. Do mesmo modo, não constitui um retorno à visão jusnaturalista do direito. Temos, na
realidade, a necessidade de considerar o direito a partir de um tripé: fatos, valores e normas. É
justamente essa a compreensão de Miguel Reale, que adotou a teoria tridimensional do Direito.
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS
HISTORICIDADE
Os Direitos Humanos decorrem de um processo de formação histórica, de modo que, com o tempo, os
direitos humanos surgem e se solidificam em razão das lutas da sociedade em defesa da dignidade da
pessoa.
Não se confundem com os Direitos Naturais. Os direitos naturais são inatos, cabendo a cada Estado, por
meio de suas normas, declará-los. Essa ideia não se aplica aos Direitos Humanos, que surgiram com o
lento evoluir da sociedade, como se percebe ao estudar a pater histórica da matéria (afirmação histórica
dos direitos humanos).
Assim, os Direitos Humanos decorrem de formação histórica, surgem e se solidificam conforme a evolução
da sociedade (conceito).
UNIVERSALIDADE
Há duas linhas de pensamento acerca da universalidade dos Direitos Humanos, sendo estas a doutrina
universalista e a doutrina relativista.
A Doutrina Relativista aponta que apesar de ser possível compartilhar valores, não há como justificar
superioridade de um valor ou de uma cultura em relação às outras, pois todas merecem igual
consideração. Aponta que não há julgamentos morais justificáveis fora de contextos culturais específicos.
Assim, para os defensores do relativismo cultural, os direitos humanos devem ser analisados em um
contexto histórico, político, econômico, moral e, por óbvio, cultural, isto é, os direitos humanos devem ser
concebidos de acordo com os valores existentes em determinado Estado e não podem ser definidos em
escala global.
Atualmente, a compreensão mais correta de universalidade dos direitos humanos remete à ideia de que
devem ser levadas em consideração as particularidades locais, bem como os contextos históricos,
culturais e religiosos de cada povo. Compete, contudo, a todos os Estados, sem exceção,
independentemente de seu sistema político, econômico ou cultural, o respeito aos direitos humanos.
Prevalece, portanto, a teoria universalista sobre a relativista.
RELATIVIDADE
Os Direitos Humanos podem sofrer limitações para adequá-los a outros valores coexistentes na ordem
jurídica.
Entretanto, alguns Doutrinadores indicam a existência de dois direitos absolutos, os quais não podem ser
relativizados em situação alguma: vedação à tortura; vedação à escravidão.
IRRENUNCIABILIDADE
A dignidade humana deverá ser observada e respeitada pela simples condição humana. Se é humano,
deverá ter dignidade! Logo, pela característica da irrenunciabilidade, devemos entender que a pessoa não
pode dispor sobre a proteção à sua dignidade. Assim, eventual renúncia a direito humano é nula, não
possuindo qualquer validade jurídica.
INALIENABILIDADE E IMPRESCRITIBILIDADE
A inalienabilidade indica que os Direitos Humanos não podem ser alienados, não podem ser
comercializados por seu titular.
Já a imprescritibilidade aponta que as normas de Direitos Humanos não se esgotam, nem se consomem
com o passar do tempo.
Necessário lembrar que a imprescritibilidade dos Direitos Humanos não se estende à reparação civil de
eventuais lesões a esses direitos. Ou seja, caso um determinado direito seja lesado, a pessoa terá um
prazo, em regra, limitado para exigir a sua reparação.
APLICABILIDADE IMEDIATA
A aplicabilidade imediata dos direitos humanos consiste no reconhecimento formal de que os direitos
humanos são completos e, por serem dotados de eficácia plena, podem, desde logo, ser aplicados.
Regras e princípios que disciplinam os direitos humanos possuem aplicabilidade imediata e direta, não
precisam de outras normas que venham especificar como será a aplicação desses direitos.
A própria CF indica, em seu artigo 5°, que as normas definidoras de direitos fundamentais detêm aplicação
imediata.
Há discussão na doutrina se o mais correto é falar em gerações ou em dimensões dos Direitos Humanos.
Ambos querem dizer a mesma coisa, contudo, prevalece o termo “dimensões”, uma vez que geração
pressupõe a superação de determinada fase e construção de um novo modelo.
Na realidade, a cada fase de evolução dos Direitos Humanos foram agregados outros direitos que vieram
a somar com os direitos já assegurados, de maneira que não houve superação da geração anterior, mas
uma ampliação da proteção à dignidade da pessoa.
Marcos Históricos:
Revolução Gloriosa (Inglaterra, 1688);
Independência do EUA (1776);
Revolução Francesa (1789).
Marcos Jurídicos:
Constituição do EUA (1787);
Declaração do Homem e do Cidadão (1789);
Marcos Históricos:
Revolução Mexicana (1910);
Revolução de Russa (1917).
Marcos Jurídicos:
Constituição Mexicana (1917);
Constituição de Weimar (1919).
3ª DIMENSÃO DOS DIREITOS HUMANOS
A terceira dimensão dos Direitos Humanos envolve os direitos de solidariedade ou fraternidade,
abrangendo os direitos difusos e coletivos. Constituem, na realidade, os direitos assegurados às
pessoas em geral.
Ao final da 2ª Guerra Mundial, as discussões acerca da própria compreensão do ser humano se
modificaram. A sociedade passou a compreender a necessidade de se assegurar ao máximo a proteção
da dignidade da pessoa.
Marco Histórico:
2ª Guerra Mundial;
Criação da Organização das Nações Unidas (1945);
Apesar de existirem alguns fatos minimamente relevantes no período axial e no período ateniense/romano,
as provas costumam cobrar somente do período compreendido pela baixa idade média, em diante.
SÉCULO XVII
Ao lado das revoluções científicas da época, houve o renascimento dos ideais republicanos e
democráticos, intensificando-se o sentimento de liberdade e de resistência ao poder absolutista. Por conta
disso, esse período é marcado pelo estatuto das liberdades pessoais.
Documentos marcantes:
Habeas Corpus Act;
Bill of Rights (1689).
Reduz os poderes autocráticos do Monarca, tornando ilegal a suspensão de uma lei pelo
Rei, sem que haja autorização do parlamento;
Os membros do parlamento devem ser eleitos de forma livre e gozar da liberdade de
expressão.
Obs.: Não confundir a Magna Carta com a Bill of Rights! Na Magna Carta busca-se a proteção da
Burguesia face os autoritarismos do Monarca. Já na Bill of Rights há a “libertação” do Parlamento.
Portanto, se falar em Parlamento, trata-se da Bill of Rights.
O direito humanitário refere-se ao conjunto de normas e de medidas que objetivam proteger os direitos
humanos nos períodos de guerra em especial, prisioneiros, militares fora de combate e civis envolvidos.
Limita a atuação estatal mesmo havendo conflito armado.
A Liga das Nações, por sua vez, criada em 1920, após a 1ª Guerra Mundial, teve por finalidade promover
a cooperação, a paz e a segurança internacional. Segundo os doutrinadores, embora não tenha
conseguido implementar seus objetivos tendo em vista a deflagração da 2ª Guerra Mundial anos mais
tarde, a Liga das Nações constitui o “embrião da ONU”. Trazia visão genérica dos direitos humanos
voltada para as minorias e direito do trabalho, havia previsão de sanções econômicas e militares.
A Organização Mundial do Trabalho (OIT), criada em 1919, com objetivo de instituir e de promover
normas internacionais de condições mínimas e dignas de trabalho. A OIT, hoje um dos principais órgãos da
ONU, surgiu antes mesmo da Organização das Nações Unidas.
Além disso, o Tribunal de Nuremberg deu considerável contribuição para a disseminação da proteção
internacional dos Direitos Humanos. Embora fosse um órgão de exceção, cuja legitimidade era discutível,
demonstrou a preocupação da comunidade internacional em punir atos violadores dos direitos humanos,
em especial aqueles perpetrados pelos regimes nazifascistas.
1) ÓRGÃOS EXECUTIVOS
São os denominados Comitês ou Comissões, cuja finalidade precípua é atuar na fiscalização do
cumprimento dos tratados internacionais. Esses órgãos recebem relatórios, comunicações interestatais
e petições individuais que devem ser investigados. Busca, em um primeiro momento, a solução amigável
para o impasse.
É possível, também, a esses órgãos executivos, a realização de investigações no Estado acusado, que
tem o dever de cooperar com as atividades desenvolvidas para a elucidação da situação.
2) TRIBUNAIS INTERNACIONAIS
Os tribunais possuem competência para julgar as acusações formuladas. Os tribunais internacionais, em
regra, possuem duas naturezas: criminal ou não criminal. As violações de Direitos Humanos, por sua vez,
são consideradas não criminais e podem ser julgadas por tribunais internacionais.
Para além da função julgadora, esses tribunais exercem a função consultiva e contenciosa, por meio da
qual respondem a consultas formuladas pelos sujeitos internacionais a respeito da aplicabilidade e da
interpretação das normas internacionais.
Cumpre mencionar a impossibilidade de os tribunais serem provocados por pessoas. A regra é que a
provocação dos tribunais internacionais ocorra sempre por um sujeito internacional, como organismos
internacionais e Estados. Contudo, há exceção, qual seja a Corte Europeia (no Sistema Europeu de
Proteção aos Direitos Humanos).
3) RELATÓRIOS
Os relatórios consistem na obrigação que todos os Estados signatários dos tratados internacionais
possuem de enviar periodicamente, e sempre que forem solicitados pelos órgãos executivos, um
documento relatando as medidas adotadas quanto ao cumprimento das obrigações assumidas no
pacto internacional.
De acordo com a doutrina, esses relatórios estão presentes em todos os tratados internacionais e
possuem natureza obrigatória. Esse dever decorre do princípio da cooperação internacional aplicável ao
caso
4) COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS
As comunicações interestatais constituem comunicações feitas por um Estado alegando que outro
Estado está descumprindo os termos acordados no tratado internacional. Em razão dessa
comunicação, surge o dever do Estado comunicado de prestar explicações e esclarecimentos ao emissor.
Não solucionado o impasse, poderão os órgãos executivos atuar no sentido de dirimir o conflito. Essa
faculdade dos órgãos executivos depende, ainda, de requisitos de procedibilidade, quais sejam:
Esgotamento dos recursos internos (justificável também pela demora injustificada para reparação
às violações);
Ausência de apreciação em andamento por outra instância internacional.
As comunicações interestatais não estão previstas em todas as espécies de tratados de direitos
humanos. Segundo a doutrina, em regra, esse mecanismo não está previsto em pactos internacionais de
direitos sociais, econômicos e culturais.
Ainda, possuem natureza facultativa, sendo que os Estados envolvidos precisam reconhecer a
competência do órgão fiscalizador.
5) PETIÇÕES INDIVIDUAIS
Pelos mecanismos das petições individuais possibilita-se às pessoas ou ao grupo de pessoas
denunciarem aos organismos internacionais violações de direitos humanos.
O uso das petições individuais depende de menção no tratado internacional, que preverá os requisitos e
as formas de acionamento. De toda forma, segundo a doutrina três requisitos gerais podem ser
apresentados:
Petições devem ser identificadas e assinadas;
Não pode existir outro procedimento simultâneo em outra instância internacional;
Devem ser esgotados os recursos internos.
São considerados passíveis de responsabilização todos aqueles que são obrigados pelos Direitos
Humanos Internacionais. A regra é a responsabilização do Estado, em razão de atos ou de omissões
que impliquem violações a direitos humanos praticados pelos órgãos e agentes estatais.
Da mesma maneira, de acordo com a doutrina, atos cometidos por pessoas privadas, que receberam
delegação para a realização de tarefas públicas, por parte dos Estados, implicam a responsabilização
do agente delegante, ou seja, do Estado.
Questiona-se, nesse contexto, se a violação de direito humano de um indivíduo ou grupo de
indivíduos poderia implicar a responsabilização do Estado. A resposta é SIM. Diante de uma violação
de direitos de um nacional, surge o dever do Estado em agir para reparar essa violação. Se não o fizer
terá sido omisso, implicando a responsabilização internacional pela omissão estatal.
Os sujeitos passivos são as pessoas, as comunidades ou os grupos que sofram a violação de direitos
humanos.
Pela tese monista, a partir da ratificação e do depósito do tratado no órgão internacional o Estado
já estaria vinculado internacional e internamente, sendo desnecessária a promulgação do tratado
internacional na ordem interna. Há uma ordem jurídica única, uma vez válida internacionalmente,
aplica-se internamento o tratado internacional. Esse é o entendimento de parte importante da
doutrina, a exemplo de Flávia Piovesan.
Pela tese dualista, somente com a promulgação do tratado internacional na ordem interna seria
possível falar em vinculação interna. Para os dualistas há dissociação entre o ordenamento jurídico
internacional e interno. Desse modo, para que o tratado internacional possa valer internamente
deverá ser internalizado, deverá ser transformado em lei interna.
No Brasil não adotamos nem a tese monista, nem a tese dualista. No Brasil os tratados precisam ser
publicados na ordem interna (o que afasta o monismo), mas não são transformados em lei interna (o que
afasta o dualismo).
No Brasil, há a promulgação de um decreto executivo autorizando a execução do tratado na ordem
interna. Não há transformação em lei desse tratado internacional, mas apenas autorização por decreto
para que seja executado no Brasil, conforme entendimento perfilhado pelo STF
Obs.: Existem documentos internacionais que, para obrigar o Brasil internacionalmente, não exigem a
manifestação (referendo) do Congresso Nacional. São aqueles que não geram dispêndio financeiro ao
Brasil.
Desta forma, considerando que os tratados internacionais podem ser internalizados com o quórum de
emenda constitucional ou com o quórum de lei ordinária, conforme atual posicionamento do STF, podemos
concluir:
Tratados internacionais de Direitos Humanos aprovados com quórum de emenda
constitucional: possuem status de emenda constitucional;
Em que pese seja a posição do STF, há doutrinadores de renome, a exemplo de Flávia Piovesan, que
entendem que os tratados internacionais de Direitos Humanos possuem status constitucional a partir do
próprio texto constitucional. Não seria necessário, portanto, a aprovação do tratado pelo quórum
qualificado das emendas para possuírem status constitucional. A mera aprovação com o quórum ordinário,
em decorrência do que prevê dispositivo acima, seria suficiente para garantir ao tratado internacional o
status de emenda constitucional.
2) Tratados de Direitos Humanos internalizados pelo rito ordinário x CF: prevalece a CF, em razão da
hierarquia superior.
3) Tratados de Direitos Humanos internalizados pelo rito das EC x CF: deve prevalecer a norma
que melhor proteja os direitos humanos, que confira maior efetividade.
SISTEMA GLOBAL – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
Primeiramente, necessário esclarecer que, no que tange ao Sistema Global, antes do surgimento da ONU,
após a primeira Guerra Mundial criou-se a Liga das Nações, porém esta não foi efetiva, apesar de ser o
embrião do que se conhece hoje como sistema global “onusiano”.
A Organização das Nações Unidas (ONU) é a entidade internacional responsável pela coordenação do
sistema global (ou universal) de Direitos Humanos. Criada em 1945, meses após o término da Segunda
Guerra Mundial, com a assinatura da Carta das Nações Unidas, objetivou a defesa dos Direitos Humanos,
o respeito à autodeterminação dos povos e a solidariedade nacional.
Originariamente, contava com 51 países (inclusive o Brasil), atualmente é composta por 193 (quase todos
do mundo).
São considerados órgãos e entes internos da ONU, voltados para a proteção dos direitos humanos:
Conselho de Direitos Humanos: promove e fiscaliza a observância da proteção aos direitos
humanos. Atualmente, gere o sistema da “Revisão Periódica Universal (peer review)”, a qual
consiste em um monitoramento de todos os Estados a cada 04 anos;
Alto Comissariado de Direitos Humanos: realiza tarefas ligadas aos direitos humanos fazendo
recomendações para aperfeiçoar a promoção e proteção destes direitos. Coordena programas no
campo dos Direitos Humanos.
São considerados órgãos e entes externos da ONU, voltados para a proteção dos direitos humanos:
Comitês criados por Tratados Internacionais: instituídos em cada convenção específica;
Tribunal Penal Internacional: possui competência para julgar pessoas acusadas de praticar graves
crimes em detrimento dos direitos humanos e não Estados.
É importante registrar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é considerada o
documento central da matéria, em razão do momento histórico em que foi redigida e aprovada, momento
este em que a sociedade internacional se encontrava fortemente sensibilizada com as atrocidades e
barbáries decorrentes das Guerras Mundiais.
Em razão disso, podemos afirmar que a Declaração Universal de Direitos do Homem é documento que
irradia e influencia demais tratados internacionais de Direitos Humanos.
Fora esse aspecto histórico, não existe hierarquia entre as normas do sistema normativo, lembrando
que, em caso de colisão entre suas disposições, deve-se dar primazia à norma que melhor proteger a
dignidade da pessoa (pro homine).
Composto por todos os membros da ONU, sendo que cada Estado pode indicar até 05 representantes.
Mesmo o Estado que escolha ser representado por 05 membros terá direito a voto único.
As deliberações, em regra, serão tomadas por maioria relativa, salvo aquelas matérias consideradas
importantes, como eleição de membros do Conselho de Segurança, suspensão e expulsão de membros,
recomendações acerca da manutenção da paz, as quais terão quórum de 2/3.
Obs.: Se o Estado atrasar o pagamento de suas contribuições para com a ONU pelo período de 02 anos,
será impedido de votar, salvo se a ausência de pagamento se der em razão de força maior.
Qualquer membro das Nações Unidas poderá participar da discussão das questões submetidas ao
Conselho de Segurança, ainda que não seja membro do Conselho. Nesse caso, não possuirá direito a
voto.
Também não terá direito a voto o Estado que, embora não seja membro das Nações Unidas, seja parte na
controvérsia submetida à discussão no Conselho. Nesse caso, assegura-se o direito de participação da
sessão tão somente.
Se constada qualquer ameaça à paz, o Conselho de Segurança fará recomendações ou adotará uma
dentre a série de medidas previstas. Entre as medidas que podem ser tomadas pelo Conselho de
Segurança destacam-se a interrupção das relações econômicas, dos meios de comunicação
(ferroviário, marítimo, aéreo, postal, telegráfico) e das relações diplomáticas.
Se as três medidas acima forem inadequadas será possível, ainda, a tomada de ações mais
drásticas, com utilização das forças aéreas, navais ou terrestres para o fim de restabelecer a paz e
a segurança internacionais.
Portanto, primeiramente se busca utilizar medidas não beligerantes e, caso restem ineficazes, o Conselho
tomará medidas mais drásticas, com o uso de força naval, aérea ou terrestre.
3) CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL
O Conselho Econômico e Social é composto por 54 membros, eleitos em grupos de 18 membros todos
os anos para mandatos de três anos. Desse modo, a cada ano temos a substituição de 18 membros.
O Conselho tem por finalidade promover a cooperação com questões de ordem econômica, social ou
cultural.
Destaca-se, ainda, a possibilidade de criação de Comissões. Dentre as várias comissões criadas destaca-
se a Comissão de Direitos Humanos, atualmente, denominada de Conselho de Direitos Humanos,
criada em 2006.
4) CONSELHO DE TUTELA
O Sistema Internacional de Tutela tem por finalidade fomentar o processo de descolonização e de
autodeterminação dos povos, viabilizando que esses povos, progressivamente, constituam um governo
próprio. Tem por objetivo, ainda, favorecer a paz e segurança internacionais, estimular o respeito aos
direitos humanos e às liberdades fundamentais e assegurar a igualdade de tratamento.
O sistema de tutela não será aplicado a territórios que se tenham tornado membros das nações unidas,
cujas relações mútuas deverão basear-se no respeito ao princípio da igualdade soberana.
5) CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA
A Corte Internacional de Justiça é o órgão judicial das Nações Unidas, composto por 15 juízes, de
natureza civil, que julga Estados que descumprem suas obrigações internacionais. Possui competência
contenciosa e consultiva.
A competência contenciosa refere-se à prerrogativa de julgar ações de responsabilidade internacional. A
competência consultiva refere-se à prerrogativa atribuída à Corte de unificar a interpretação das normas
do sistema global de direitos humanos (posicionamento oficial a respeito de determinada matéria).
Obs.: Por fim, a atuação da Corte Internacional de Justiça restringe-se às causas cíveis, pois os
julgamentos de crimes são feitos pelo Tribunal Penal Internacional. A Corte é responsável pelo julgamento
de acusados de descumprirem as obrigações internacionais, não atuando no julgamento de pessoas.
Além disso, a Corte Internacional de Justiça possui competência facultativa ou voluntarista, na medida
em que ela somente poderá atuar quando o Estado reconhecer a competência da Corte.
Frisa-se que o fato do Estado fazer da ONU, não quer dizer que ele reconhece a competência da Corte
Internacional de Justiça. O Brasil, por exemplo, até o presente momento, não aderiu à cláusula e
jurisdição obrigatória não reconhecendo a competência da Corte.
6) SECRETARIADO
O Secretariado é chefiado pelo Secretário-Geral, considerado o principal funcionário administrativo da
ONU, que é escolhido pela Assembleia Geral, a partir de recomendação do Conselho de Segurança.
Além desses órgãos, que possuem natureza cível, também é considerado fundamental na proteção dos
direitos humanos, o Tribunal Penal Internacional (TPI). Esse órgão, embora não tenha sido criado de
forma específica para tutelar direitos humanos e não esteja regrado no bojo da Carta das Nações Unidas
tem papel fundamental para dar resposta às violações de direitos humanos por condutas ilícitas graves.
SISTEMA GLOBAL - DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS
HUMANOS (DUDH)
A Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH), adotada pela Assembleia Geral da ONU em 1948, é
o principal instrumento do Sistema Global e a principal contribuição para a universalização da proteção
ao ser humano. A partir do seu texto, extrai-se que a proteção à dignidade da pessoa decorre da simples
condição humana.
Durante sua elaboração houve consenso da comunidade internacional quanto à necessidade de
prescrever direitos de primeira dimensão, os seja, os direitos de liberdade, abrangendo os direitos civis e
políticos. Contudo, no que diz respeito aos direitos sociais, econômicos e culturais – direitos de segunda
dimensão – houve grande embate político à época.
Embora tenha havido resistência à previsão expressa de direitos de segunda dimensão acabou
prevalecendo a ideia de que os direitos de liberdade (de primeira dimensão) e os direitos de igualdade (de
segunda dimensão) possuem igual valor e devem ser assegurados com a maior efetividade possível,
constando da DUDH direitos como segurança social, trabalho, livre escolha da profissão e educação entre
outros.
A DUDH não desenvolve os direitos de terceira dimensão, não trata deles de forma especificada, o que
somente ocorrerá na década de 1950. Há, tão somente, um dispositivo da DUDH que se ocupa em
“alertar” para a existência de tais direitos.
Em razão disso, acredita-se como correta a conclusão de que a DUDH é marco teórico para o
desenvolvimento dos direitos de solidariedade e de fraternidade, embora não explicite tais direitos, como o
faz em relação aos direitos de primeira e segunda dimensão.
NATUREZA JURÍDICA
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada sob a forma de resolução, o que levou muitos
estudiosos a afirmarem que o documento constituía mera carta de recomendações. Contudo, outra
corrente de pensamento, majoritária no Brasil e, hoje, de maior expressão na comunidade internacional,
compreende que A DECLARAÇÃO POSSUI CARÁTER JURÍDICO.
A Declaração Universal de 1948, ainda que não assuma a forma de tratado internacional, apresenta força
jurídica obrigatória e vinculante, na medida em que constitui a interpretação autorizada da expressão
‘direitos humanos’.
Ao contrário de tratados e convenções de direitos humanos, a DUDH não contém dentro do seu texto,
normas de fiscalização de implementação. A DUDH trata de declarar direitos. A DUDH somente indica a
necessidade de promover a educação em direitos humanos e a adoção de medidas internas e
internacionais para a promoção desses direitos. Após a DUDH surgem vários tratados e convenções que
criaram mecanismos de implementação, para além dos mecanismos internos que se desenvolveram.
SISTEMA GLOBAL – PACTOS INTERNACIONAIS
No ano de 1966 foram editados dois tratados internacionais, um sobre direitos liberais, conhecido como o
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, e outro sobre direitos sociais, denominado de Pacto
Internacional dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais. A diferença entre os diplomas reside no fato de
que o primeiro tem aplicação imediata, ao passo que o segundo deve ser aplicado progressivamente de
acordo com as possibilidades de cada nação.
A DUDH, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Sociais,
Econômicos e Culturais, constituem os três mais importantes documentos do sistema global de Direitos
Humanos, que se denomina de “Declaração Internacional de Direitos” ou International Bill of Rights:
Primeiro Protocolo Facultativo: teve a função de trazer alguns avanços na proteção dos direitos
civis e políticos ao prever o mecanismo de peticionamento individual à Comissão de Direitos
Humanos em caso de violação às normas do PIDCP.
Segundo Protocolo Facultativo: teve por função reduzir a aplicação da pena de morte como
espécie de sanção penal no âmbito do PIDCP.
O PIDCP cria um COMITÊ de Direitos Humanos, sendo este seu órgão de monitoramento, responsável
por assegurar os direitos nele prescritos.
Obs.: Não confundir o Comitê do PIDCP com a Corte/Comissão da Convenção Interamericana (Pacto de
San José).
O quórum para deliberação dentro do Comitê será de 12 membros (dos 18), sendo necessária maioria
dos presentes para aprovações.
Relatórios anuais;
Comunicações Interestatais – somente cabível quando o Estado aceitar se submeter a este
mecanismo;
Petições individuais – acrescentadas pelo Primeiro Protocolo Facultativo.
Quanto às petições individuais de acordo com o Protocolo, alguns pressupostos são necessários para que
o Comitê possa receber e examinar tais comunicações:
1. Reconhecimento pelo Estado-parte da competência do Comitê para tal atuação;
2. Esgotamento dos recursos internos disponíveis;
3. A questão não pode estar sendo analisada por outra instância internacional;
Além disso, são consideradas inadmissíveis as petições individuais anônimas, de modo que devem ser
identificadas e assinadas. Além disso, não serão admitidas petições que constituam abuso de direito ou
sejam incompatíveis com as disposições do Pacto.
Se uma questão submetida ao Comitê, nos termos do artigo 41, não estiver dirimida satisfatoriamente para
os Estados Partes interessados, o Comitê poderá, com o consentimento prévio dos Estados Partes
interessados, constituir uma COMISSÃO “ad hoc” (doravante denominada "a Comissão"). A Comissão
colocará seus bons ofícios à disposição dos Estados Partes interessados no intuito de se alcançar uma
solução amistosa para a questão baseada no respeito ao presente Pacto. Referida Comissão será
composta por 05 membros, os quais não podem ser do Estado interessado no litígio.
Portanto, no PIDCP também há uma Comissão, porém, esta será criada pelo Comitê e para tratar de
temas específicos, sendo encerrada após a resolução.
SISTEMA GLOBAL – PACTOS INTERNACIONAL DOS DIREITOS
SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS
O Pacto Internacional dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais (PIDSEC) foi editado pela ONU em
1966, incorporado ao nosso ordenamento pelo Decreto nº 591/1992.
Adicionalmente ao referido Pacto, foi firmado o Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais. Esse Protocolo Facultativo, criado em 2008, não foi nem sequer
assinado pelo Brasil até o presente momento.
O PIDSEC impõe aos signatários a obrigação de garantir o exercício de direitos de segunda dimensão,
sem quaisquer formas de discriminação. Os direitos indicados neste Pacto deverão ser implementados de
forma progressiva, de acordo com as possibilidades de cada Estado.
Ao contrário do pacto anteriormente estudado, no Pacto de Direitos Sociais não houve constituição de
comitê, sendo previsto inicialmente apenas o mecanismo de relatórios, em decorrência da natureza
programática do PIDSEC.
Em dezembro de 2008 foi assinado o Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional de Direitos Sociais,
Econômicos e Culturais, de modo que foram introduzidos os mecanismos das petições individuais,
das medidas de urgência, das comunicações interestatais e das investigações in loco em caso de
graves e sistemáticas violações aos seus direitos e obrigações.
O referido Protocolo Facultativo criou o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, que é
responsável pelo recebimento e pela análise das petições individuais ou no interesse de indivíduos ou
grupos de indivíduos, que forem vítimas de violação dos direitos consubstanciados no Pacto.
Além disso, poderá o referido Comitê requisitar, ao Estado que assinou o Pacto, a adoção de medidas de
urgência para evitar danos irreparáveis às vítimas de violação de direitos humanos.
Da mesma forma como vimos no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, o sistema de
comunicações interestatais foi implementado no âmbito dos direitos sociais, econômicos e culturais. Por
esse mecanismo um Estado notifica outro visando à superação da violação a Direitos Humanos.
Por fim, foi estabelecida a possibilidade de o Comitê realizar investigações “in loco”, na hipótese de
graves e sistemáticas violações de um direito assegurado do Pacto por um Estado.
CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS
AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL
Discriminação racial: significará qualquer distinção, exclusão restrição ou preferência baseadas em raça,
cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito anular ou restringir o
reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano,( em igualdade de condição), de direitos humanos e
liberdades fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de
vida pública.
Racismo institucional é a prática de uma organização, seja empresa, grupo, associação ou instituição
pública, em não prover um serviço para uma determinada pessoa devido à sua cor, cultura ou origem
étnica. Ele também pode se manifestar por meio de normas, práticas e comportamentos discriminatórios
adotados no cotidiano do trabalho, como resultado de preconceitos.
Racismo recreativo: Trata-se de uma prática de racismo disfarçada de “humor” e, por isso,
pretensamente acobertada e muito difundida na sociedade. É um projeto de dominação social
característico da sociedade brasileira que encobre a hostilidade racial por meio do humor.
Racismo ambiental é um termo utilizado para se referir ao processo de discriminação que populações
periferizadas ou compostas de minorias étnicas sofrem através da degradação ambiental. A expressão
denuncia que a distribuição dos impactos ambientais não se dá de forma igual entre a população, sendo a
parcela marginalizada e historicamente invisibilizada a mais afetada pela poluição e degradação
ambiental.
Já foi cobrada essa Convenção em prova da FUMARC, questionando se ela trata acerca da violência à
mulher. Resposta: NÃO TRATA! A CEDAW não dispõe sobre o tema violência contra a mulher. Esse tema
vem com a Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana sobre a Mulher).
Discriminação contra a mulher significará toda distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que
tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher,
independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos
humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer
outro campo.
A Convenção prevê, no artigo 17, o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, que
será composto por 23 peritos, indicados e eleitos em votação secreta pelos Estados-parte, para um
mandato de 04 anos. Ademais, de acordo com o texto da convenção, os peritos exercerão suas funções a
título pessoal.
O único mecanismo de fiscalização da Convenção de Discriminação da Mulher são os relatórios, não há,
a princípio, comunicações interestaduais ou petições individuais. Os relatórios devem ser enviados a cada
QUATRO anos. Não confundir com DUDH e PACTOS, que são ANUALMENTE, nem com Convenção do
Racismo, que é a cada DOIS ANOS.
No que tange aos mecanismos de fiscalização, a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes cria o Comitê contra Tortura, que será composto por 10
peritos, que atuarão em nome próprio e serão eleitos, em votação secreta, para um mandato de 4 anos.
Já cobrado pela FUMARC, em 2021, perguntando o que previa o Protocolo Adicional à Convenção
contra a Tortura! "Tem por objetivo estabelecer um sistema de visitas regulares de órgãos nacionais e
internacionais independentes a lugares onde as pessoas são privadas de liberdade, com o intuito de
prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes."
ESTATUTO DE ROMA
Internacionalmente, o documento passou a vigorar em 2002, após a ratificação por 60 países. Em 2003, o
Tribunal Penal Internacional iniciou formalmente suas atividades. O tratado não permite reservas. No
âmbito do direito interno, o Estatuto de Roma restou internalizado com a aprovação do Decreto nº
4.388/2002. Trata-se de documento internacional que busca tornar efetivo o cumprimento das normas de
direitos humanos.
O Tribunal Penal Internacional é fruto de um tratado internacional (Estatuto de Roma) internalizado como
norma supralegal perante o nosso ordenamento jurídico, o que elide a possibilidade de edição de normas
internas capazes de derrogar as regras do Estatuto.
O TPI se caracteriza por constituir um órgão independente de gerências externas. Além disso, é importante
destacar, nessa análise inicial, que a jurisdição do TPI é automática, vale dizer, o órgão não depende,
para o seu pleno funcionamento, de qualquer aceite do Estado da sua competência jurisdicional, operando
automaticamente desde a data de entrada em vigor.
Em síntese, o TPI atuará sobre qualquer pessoa que tenha completado 18 anos, sem distinções. Ou seja,
menores de 18 anos não podem ser julgados pelo TPI.
Ainda, as imunidades e distinções internas, existentes para chefes de estado, parlamentares e afins, não
serão levadas em consideração e nem serão opostas ao TPI, que os julgará como qualquer outra pessoa,
sem privilégios.
O TPI somente poderá julgar crimes posteriores à criação do órgão. Porém, em seu corpo há uma regra
relevante que prevê a possibilidade de os Estados declararem expressamente que o TPI não se aplicaria
nos 7 anos seguintes à criação, a contar da entrada em vigor do Estatuto.
Princípio da Complementariedade: o TPI não exercerá sua jurisdição quando o Estado, onde ocorreu o
delito, estiver atuando com a investigação ou processando os acusados. Portanto, a atuação do Tribunal é
complementar! Existem exceções:
Se o Estado, que detém a responsabilidade primária de apurar os fatos, for incapaz, já tiver
exercido ou não tiver a intenção de exercer a jurisdição interna;
Se o caso for julgado e a decisão tenha sido no sentido de subtrair a responsabilidade criminal ou
se o processo não for conduzido de forma independente ou imparcial.
Se o caso não for considerado grave o suficiente pelas instituições jurídicas internas.
A atuação do TPI não retira o dever primário do Estado de apurar os fatos. Assim, entende-se que o
Estado poderá atuar sempre que entender necessário, independentemente de existir ou não procedimento
instaurado internacionalmente.
SISTEMA AMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
A Organização dos Estados Americanos (OEA) é o órgão central do sistema interamericano de Direitos
Humanos, que foi estabelecido pela Carta da OEA, em 1948, a qual determina seus propósitos e
princípios. Atualmente, a OEA abrange todos os países das Américas e do Caribe.
A Carta da OEA, ao longo do seu texto, abrange tanto os direitos de primeira dimensão (direitos civis e
políticos) como os direitos de segunda dimensão (os direitos sociais, econômicos e culturais).
Discriminação racial é qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, em qualquer área da vida
pública ou privada, cujo propósito ou efeito seja anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício,
em condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados em
instrumentos internacionais.
Discriminação indireta é aquela que ocorre quando um dispositivo, prática ou critério aparentemente
neutro tem a capacidade de acarretar uma desvantagem particular para pessoas pertencentes a um grupo
específico ou as coloca em desvantagem, a menos que esse dispositivo, prática ou critério tenha um
objetivo ou justificativa razoável e legítima à luz do Direito Internacional dos Direitos Humanos. Quer dizer,
a discriminação indireta ocorre quando há uma regra genérica, aplicável a todas as pessoas,
mas que é desfavorável a um certo grupo.
Intolerância: ato ou conjunto de atos ou manifestações que denotam desrespeito, rejeição ou desprezo à
dignidade, características, convicções ou opiniões de pessoas por serem diferentes ou contrárias. A
intolerância ocorre por meio da marginalização ou exclusão de grupos vulneráveis da participação na
esfera pública ou privada, conduta que ocorre como forma de violência contra esses grupos.
Mecanismos de Proteção:
No âmbito do
Pacto de San José da Costa Rica, existem dois órgãos competentes para a implementação dos direitos
assegurados: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos – órgão de natureza executiva – e a
Corte Interamericana de Direitos Humanos – órgão de natureza jurisdicional.
A COMISSÃO é o principal responsável pela fiscalização do cumprimento das regras do Pacto, sendo
responsável pelo recebimento e pelo processamento dos relatórios, das comunicações interestatais
e das petições individuais.
Em relação ao mecanismo de petições individuais, o Pacto de San José da Costa Rica o estabeleceu de
forma compulsória. Se o Estado-parte aderir ao seu texto, se submeterá ao mecanismo de petições
individuais automaticamente.
Para o uso das comunicações interestatais, ao contrário, será necessária a declaração expressa do
Estado parte reconhecendo a competência da Comissão para recebimento e exame de tais comunicações,
quando um Estado alega que outro violou as disposições constantes do Pacto.
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos constitui o órgão executivo, no âmbito da OEA,
responsável pela promoção, pela observância e pela defesa dos direitos humanos no Sistema Americano.
Logo, sua principal tarefa é a responsabilização dos Estados em caso de descumprimento dos direitos
civis e políticos expressos na Carta e na Declaração Americana.
Composta por 7 membros, de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos
humanos. Eleitos a título pessoal entre candidatos indicados pelos governos dos Estados-membros. Terão
mandato de 4 anos podendo ser reeleitos 1 vez. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional
de um mesmo Estado.
A Comissão tem por finalidade estimular a observância dos Direitos Humanos pelos Estados, bem como
efetuar recomendações, preparar estudos e relatórios, solicitar informações dos Estados, responder às
consultas formuladas por eles e atuar no recebimento e no processamento das petições individuais e das
comunicações interestatais.
Deste modo, à Comissão é conferido o direito de receber denúncias de violação às regras prescritas na
Convenção, a partir das quais desenvolverá trabalho de exame e de investigação.
Ressalta-se que a provocação da Corte se dá tão somente pela Comissão ou pelos Estados Partes,
vedando-se à pessoa litigar diretamente na Corte Internacional.