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Giancarlo Vaz Vento – OAB/GO: 9.

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Gladstone de Jesus Lima – OAB/GO: 14.367
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EXMO. SR. DR. JUIZ PRESIDENTE DA 4ª VARA DO TRABALHO DE


ANÁPOLIS - GO.

PROC. Nº. 0413/2007

MARCOS VINICIO MOURO, brasileiro, casado,


mecânico, portador do CIC/CPF: 355.077.051 – 00, sócio proprietário da
oficina mecânica ora reclamada, por seus advogados e bastantes
procuradores que a esta subscrevem (m.j.), vem, respeitosamente perante
V.Exa., nos autos de RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, proposta em face de
si JOSÉ MARIA DA SILVA, já qualificado, apresentar defesa em forma de
CONTESTAÇÃO, conforme os substratos fáticos e jurídicos infra-
explicitados:

01) Não condizem com a Realidade os articulados


contidos na peça de ingresso, onde o Reclamante tenta alterar a verdade e
manipular os fatos ao seu talante, para obter vantagem econômica. Senão
vejamos, o confronto dos alegados com a verdade real:

02) Alega o reclamante que prestava serviços como vigia


diariamente na oficina informal do reclamado e que fora dispensado sem
justa causa.

03) Na verdade a realidade é outra, pois o que de fato


ocorreu é que ora reclamante tão somente “cobria as folgas” do vigia oficial
da aludida oficina não registrada e sempre em caráter eventual.

04) Ressalta-se que o verdadeiro vigia, Sr. Luciano Alves


da Silva, reside em um local nos fundos da oficina e, assim, somente em
casos esporádicos é que havia a necessidade de substituição deste vigia.
05) A bem da verdade, insta também frisar que o ora
reclamante é vizinho da oficina e que por isso era utilizado esporadicamente
para cobrir as folgas do verdadeiro guarda-noite e também por esse motivo
de proximidade de sua residência é que, quando solicitado, o reclamante se
utilizava de horários bastante variados, pois podia entrar por volta de 23:00
hs quando rareava o movimento de pessoas na rua e se retirava por volta de
06:00/07:00 da manhã.

06) Também se deve ressaltar que esta cobertura de


folgas era bastante variada em termos de dias e que o reclamante tinha total
autonomia para vigiar a oficina, pois bastava observar o local de vez em
quando, já que a oficina é dotada de cerca elétrica e se utiliza de patrulha
comunitária para vigilância.

07) Assim, improcedem quaisquer alegações sobre pacto


laboral e que teria trabalhado em todos os feriados civis e religiosos, pois o
trabalho era esporádico.

09) Também não é verdade a estória narrada no que


tange a data de entrada e de saída, pois a primeira vez que cobriu uma folga
do vigia oficial foi no natal de 2.006 e a saída se deu em março/07 e a partir
daí sabe-se que o reclamante arrumou um emprego oficial numa oficina
próxima da reclamada e nunca mais apareceu para perguntar se tinha algum
serviço para fazer.

10) De fato eram pagos R$ 85,00 por folgas cobertas


(geralmente 02 noites) e todas as vezes foram efetivamente pagas as
pernoites.

11) Numa análise perfunctória de todo o histórico retro


elencado, aliado a uma leitura do art. 3º Consolidado, verifica-se, sem
qualquer esforço pela inexistência de RELAÇÃO EMPREGATÍCIA.

12) Ressalte-se ainda, conforme assevera DÉLIO


MARANHÃO, a diferença existente entre RELAÇÃO DE EMPREGO E
RELAÇÃO DE TRABALHO. “A primeira pressupõe a existência de trabalho
subordinado, pessoal e não eventual (vínculo empregatício), enquanto o
segundo refere-se tão somente a uma relação contratual pura e simples. Ex.
contrato de empreitada, contrato de prestação de serviços de autônomo ou
profissional liberal”.

NO MESMO SENTIDO:

COTRIM NETO: “Contrato de trabalho lato sensu é


gênero, do qual são espécies o contrato de trabalho
autônomo e contrato de emprego. o último seria aquele
que a CLT regula sob o título do contrato individual de
trabalho (art. 442 e segs.)”.

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Diz o art. 3º da CLT: “CONSIDERA-SE EMPREGADO TODA
PESSOA FÍSICA QUE PRESTAR SEVIÇOS DE NATUREZA
NÃO EVENTUAL A EMPREGADOR, SOB A
DEPENDÊNCIA DESTE E MEDIANTE SALÁRIO”.

Também o seguinte aresto:

"Vínculo Empregatício. Prova. A relação de emprego,


consoante o art. 3º, da CLT, somente se aperfeiçoa se
presentes todos os seus pressupostos, ou seja, a
pessoalidade, a subordinação, a contraprestação direta e
a não eventualidade dos serviços. Inexistindo nos autos
elementos de prova capazes de demonstrar o
preenchimento dos requisitos previstos no art. 3º
consolidado, não há que se falar em reconhecimento do
vínculo de emprego."
(TRT 10ª Reg. – 3ª T. – Ac. RO 5058/97, Redator Designado Juiz
Marcos Roberto Pereira, DJU 30.04.98 – extraído do Informa)

Nas palavras de ARNALDO SUSSEKIND:

“Empregado, portanto, de acordo com a definição legal é


trabalhador dependente. Ele presta serviços sob a dependência
do empregador. o contrato de trabalho disciplinado pela CLT é
então, contrato de trabalho subordinado. o elemento que mais o
caracteriza é a prestação de serviços pelo trabalhador sob a
dependência ou direção do empregador: o acordo instituidor da
relação de emprego coloca o trabalhador juridicamente

13) Portanto, identifica-se como empregado, ou seja,


sujeito de uma relação de trabalho subordinado, protegido pelo Direito do
Trabalho, todo aquele que laborar preenchendo os requisitos do dispositivo
supracitado, quais sejam: pessoalidade, onerosidade, continuidade e
subordinação jurídica.

14) No caso em apreço, incumbe ao reclamante, a teor do


art. 818 da CLT, comprovar que preenche citados requisitos.

15) Desta forma, não há que falar-se em relação de


emprego, posto que o Reclamante possuía ampla liberdade no tocante a
prestação dos serviços, ou melhor, no tocante as suas obrigações
contratuais, o que conduz à obvia conclusão de que o Reclamante é
CARECEDOR DE AÇÃO, devendo por conseqüência, o presente feito ser
extinto sem julgamento do mérito ao teor do art. 267,I c/c 295, III do CPC,
aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho.

NO MÉRITO:

16) Caso V.Exa. não reconheça a preliminar ora agitada,


o que se admite por mero apego ao debate, a Reclamada passa a contestar
no mérito o pleito esposado pelo reclamante na preambular:

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DA ADMISSÃO/FUNÇÃO:

17) Não há que se falar em admissão e, a bem da


verdade, o que fato ocorreu, foi a cobertura de folgas do vigia oficial. Da
mesma sorte, não se pode cogitar sobre “função” do Reclamante já que este
nunca foi empregado do Reclamado.

DA DEMISSÃO:

18) Do mesmo modo, inexistiu DISPENSA SEM JUSTA


CAUSA, posto que não houve vínculo empregatício. Além do mais, foi o
reclamado quem deixou de comparecer na oficina para perguntar quando
teria outra folga para substituir o titular.

DO SALÁRIO:

19) Não há que se falar em salário, da mesma forma,


posto que não houve liame empregatício e sim um pagamento por serviço de
natureza eventual.

DO AVISO PRÉVIO:

20) De forma alguma há de se cogitar aviso prévio,


instituto concernente ao direito do trabalho, existente na relação
empregatícia.

DO 13º SALÁRIO E DAS FÉRIAS:

21) Totalmente absurda a pretensão, pois as verbas


referentes às férias e 13º salários somente são devidas no caso de relação
empregatícia, o que não se encontra evidenciado nos presentes autos.

DO FGTS + 40% E DO SEGURO DESEMPREGO:

22) Da mesma forma, improcede o pleito no tocante as


verbas fundiárias, além da multa constitucional de 40%, bem como a multa
pelo não recolhimento (art. 22 da lei 8.036/90) já que, nos termos da CF /88,
trata-se de direito dos EMPREGADOS.

DA MULTA RESCISÓRIA

23) Inexistiu contrato de trabalho regido pela CLT, e deste


modo, inaplicável a espécie o art. 477 §§ 6º e 8º, ou seja, improcedente o
pedido de multa rescisória.

DO DSR, DOMINGOS E FERIADOS:

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24) Referido instituto, inserido no nosso ordenamento
jurídico pela lei 605/49, recepcionado pela Constituição Federal de 1988, em
seu art. 7º inciso XV, tem aplicação quanto a relação EMPREGADO -
EMPREGADOR, sujeitos do Contrato individual de trabalho.

25) Também inexistente qualquer resquício ou saldo de


salários entre as partes litigantes.

26) Inexistente via de conseqüência, qualquer direito


inerente a horas extras, já que não efetuava trabalhos por mais que 08:00 ao
dia e muito menos 44 horas semanais.

27) Horas diurnas eram inexistentes, pois só precisava


cobrir folgas eventuais em período noturno.

28) Posto Isto, CONTESTA veementemente todos os


pedidos formulados na preambular, da forma infra-articulada:

1) AVISO PRÉVIO; TOTALMENTE IMPROCEDENTE


POR INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO;

2) 13º SALÁRIO; IMPROCEDENTE NOS TERMOS DA


PRESENTE CONTESTAÇÃO, POIS INEXISTENTE
VÍCULO EMPREGATÍCIO;

3) FÉRIAS com mais 1/3 com projeção de aviso;


IMPROCEDENTE POR INEXISTÊNCIA DE CONTRATO
COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO;

4) SALDO DE SALÁRIOS: INEXISTENTE, POIS TUDO O


QUE FOI COMBINADO FOI EFETIVAMENTE PAGO.

5) ADICIONAL NOTURNO: INEXISTENTE

6) HORAS E EXTRAS NOTURNAS; INEXISTENTE NÃO


EFETUAVA TRABALHOS POR MAIS QUE 08:00 AO DIA
E MUITO MENOS 44 HORAS SEMANAIS

7) HORA EXTRAS DIURNAS: INEXISTENTES, POIS SÓ


PRECISAVA COBRIR FOLGAS EVENTUAIS EM
PERÍODO NOTURNO.

8) DOMINGOS, FERIADOS CIVIS E RELIGIOSOS,


IMPROCEDENTE POR INEXISTÊNCIA DE CONTRATO
COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO E O SERVIÇO ERA
EVENTUAL;

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9) REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS, IMPROCEDENTE,
POIS NÃO HAVIA VÍNCULO EMPREGATÍCIO E NEM AS
HORAS EXTRAS;

10) FGTS SOBRE: VERBAS RESCISÓRIAS E


PERÍODO TRABALHADO: INEXISTENTE POR FALTA
DE VÍNCULO

11) MULTA DO FGTS: INEXISTENTE POR FALTA


DE VÍNCULO

12) MULTA RESCISÓRIA – ARTIGO 477/CLT;


IMPROCEDENTE, FACE A TOTAL CONTROVÉRSIA
EFALTA DE VÍNCULO

13) TOTAL GERAL DO PEDIDO IMPROCEDENTE;


POR NÃO REFLETIR ECONOMICAMENTE O PEDIDO,
E ALÉM DO MAIS PATENTE A EXISTÊNCIA DE
EQUÍVOCOS BEM COMO ERROS MATERIAIS.

14) ANOTAÇÃO NA CTPS E COMUNICAÇÃO À


DRT, CEF; DESCABIDA, FACE A INEXISTÊNCIA DE
QUALQUER IRREGULARIDADE A SER NOTIFICADA
AOS REFERIDOS ORGAÕS;

15) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, DESCABIDOS


FACE A AUSÊNCIA DE RAZÃO PARA TAL.

29) por todo o exposto, e do mais que certamente será


suprido por V. Exa. (“jura novit cura”), espera o reclamado seja a preliminar
agitada reconhecida, para que o feito seja extinto sem julgamento do mérito,
ou, caso V. Exa. assim não entenda, considerando que em qualquer
hipótese inexistiu ruptura contratual por culpa do reclamado, que sejam
julgados improcedentes os pedidos da inicial, com a condenação da
reclamante nas cominações legais, requerendo ainda, desde já, a produção
de provas, entre as quais a oitiva de testemunhas e o depoimento pessoal
da reclamante sob pena de confissão.

30) Outrossim, requer seja o reclamante condenado por


litigância de má-fé, nos termos do art. 16, 17, I e 18 § 2º do CPC, já que o
mesmo tenta alterar a verdade dos fatos, objetivando auferir proveito
econômico.

Termos em que, p. deferimento.

Anápolis (GO), 14 de fevereiro de 2.007.

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GIANCARLO VAZ VENTO GLADSTONE DE JESUS LIMA
OAB/GO: 9.383 OAB/GO: 14.367

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