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DOUTO JUÍZO DA _ª VARA DO TRABALHO DE _______________- ESTADO DE SÃO PAULO –

_º REGIÃO

Processo nº _________________
___________, pessoa jurídica de direito privado, MEI, inscrita sob o CNPJ/MF nº____________,
com sede na _________, vem por seus advogados, que esta subscrevem, conforme procuraçã o
anexa, com escritó rio ___________________ onde recebe intimaçõ es, vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 847 pará grafo ú nico, apresentar
CONTESTAÇÃO, em face de
_______________, já qualificado nos autos em epígrafe.
BREVE SÍNTESE DOS PLEITOS EXORDIAIS
Alega em síntese ter sido contratado pela Reclamada no dia 19/01/2020 para exercer a
funçã o de “motoboy”, com salá rio de R$ 1.600,00 e jornada de trabalho de
terça-feira/quarta-feira/quinta-feira, das 18:00 à s 23:00 e sexta-feira/sá bado as 18:00 à s
00:00 e de domingo das 18:00 à s 23:00. Relata que a Empresa Reclamada lhe dispensou
sem justa causa e sem pagar suas verbas rescisó rias em 23/01/2022. Conclui o autor
postulando: a) reconhecimento de vínculo empregatício e subsequente anotaçã o em CTPS;
b) pagamento de verbas rescisó rias; c) FGTS e Multa dos 40%; d) Multa do artigo 477 da
CLT; e) seguro-desemprego; f) adicional noturno; g) adicional de periculosidade; h)
honorá rios de sucumbência; i) justiça gratuita. Atribui à causa o valor de R$ ___________.
DA JUSTIÇA GRATUITA
A justiça gratuita só pode ser deferida com o preenchimento de todos os requisitos
elencados artigo 98, do Có digo de Processo Civil, bem como pelo artigo 790, § 3º e 4º, da
Consolidaçã o das Leis do Trabalho, sem os quais fica impedida a concessã o de tal benefício.
No presente caso, além de nã o estarem preenchidos todos os requisitos acima apontados,
nã o há comprovaçã o documental que comprove tal hipossuficiência de recursos, tais como
declaraçã o do imposto de renda ou có pias dos extratos bancá rios, sendo assim, nã o há que
se falar na concessã o dos benefícios da justiça gratuita.
Dessa forma, requer o indeferimento do pleito de justiça gratuita, devendo o Reclamante
arcar com todas as despesas processuais cabíveis.
DA INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. DO NÃO PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS ARROLADOS NO ART. 3º DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO.
O reclamante pretende que seja reconhecido o vínculo empregatício com a Reclamada no
período de _______ até ________.
No entanto o simples fato de a data inicial ser inverídica, conforme conversa apresentada
em anexo, sendo a data de início o dia _____restará demonstrado que o reclamante está se
lançando em uma falaciosa aventura jurídica que de forma ardilosa tenta locupletar-se
ilicitamente à s custas da reclamada, manipulando a realidade a fim de induzir este Douto
Juízo ao erro, motivo pelo qual requer desde já que seja o mesmo condenado por litigâ ncia
de má -fé.
Cumpre ressaltar que o Reclamante nunca foi contratado como empregado para exercer a
funçã o de motoboy. Na verdade , o reclamante era verdadeiro prestador de serviços,
trabalhando de maneira autô noma sem qualquer vínculo empregatício, assim como os
demais motoqueiros que também efetuavam entregas esporadicamente. Tanto é verdade
isto que entre as partes litigantes jamais houveram quaisquer dos pressupostos previstos
pelo art 3º da CLT, quais sejam: pessoalidade, subordinaçã o, exclusividade, habitualidade e
pagamento de salá rio.
A reclamada impugna de maneira veemente a alegaçã o de labor subordinado, pois o
reclamante tinha plena liberdade para desenvolver, decidir e exercitar sua prestaçã o de
serviço, nã o estando subordinado a ordens e diretrizes por parte da reclamada, inclusive
podendo recusar-se a fazer as entregas que nã o eram de seu interesse.
Também nã o havia exclusividade já que o mesmo tinha total liberdade para prestar
serviços de entrega à outras empresas. Assim nã o encontram-se presentes no caso em tela
a alegada exclusividade e subordinaçã o.
Ausentes a pessoalidade, pois a reclamada permitia que o reclamante se fizesse substituir
quando da sua prestaçã o de serviços por outras pessoas.
Portanto nã o havia pessoalidade quanto à prestaçã o dos serviços contratados, pois foi
contratado um resultado e nã o uma pessoa.
Soma-se a tudo isso o fato de que o reclamante jamais recebeu salá rio fixo percebendo
apenas valores proporcionais à s entregas realizadas, os quais levavam em consideraçã o
para a sua fixaçã o o percurso a ser realizado e nú mero de entregas. Portanto impugna-se
desde já o valor apontado na inicial.
Assevere-se ainda que o reclamante assumia todos os riscos de sua prestaçã o de serviço,
tais como despesa de manutençã o da moto, combustível, ajudantes se julgasse necessá rio,
dentre outras despesas inerentes à s entregas de mercadorias, já que a moto utilizada pelo
mesmo era de sua propriedade. Inclusive, o mesmo, quando realizava entregas muito
pró ximas à pizzaria, deixava de utilizar a moto para economizar combustível.
E nesse sentido, tem se firmado a nossa jurisprudência, vejamos:
PRESTAÇÃ O DE SERVIÇOS DE ENTREGA DE MEDICAMENTOS – MOTOBOY INTEGRANTE
DE LISTA DE PROFISSIONAIS DA Á REA - AUSÊ NCIA DOS REQUISITOS DA SUBORDINAÇÃ O,
PESSOALIDADE E CONTINUIDADE - INVIABILIDADE DE RECONHECIMENTO DO VÍNCULO
EMPREGATÍCIO.
O vínculo empregatício se revela apenas na presença concomitante dos requisitos do artigo
2º e 3º da CLT. Nã o é trabalhador subordinado, portanto, nã o é empregado, aquele que
administra sua força de trabalho segundo sua conveniência, podendo alterar o roteiro de
entrega e ser substituído por terceiros, prestando serviços de forma descontínua, segundo
seus interesses particulares e nã o de acordo com as exigências da empresa.
(TRT-2 - RO: XXXXX20125020034 SP XXXXX20125020034 A28, Relator: ROSA MARIA
VILLA, Data de Julgamento: 23/04/2014, 2ª TURMA, Data de Publicaçã o: 29/04/2014)
(g.n.)
E também:
EMENTA ENTREGADOR DE PIZZA. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. NÃ O CARACTERIZAÇÃ O.
Nã o caracteriza o vínculo empregatício protegido pela legislaçã o trabalhista o trabalho
como entregador de pizzas, com veículo próprio, de forma não subordinada, com
ganho limitado às entregas efetuadas e assumindo o prestador de serviços os riscos
do negócio que empreende.
(TRT-15 - RO: 00620-2007-042-15-00-3, Relator: LUIS ROBERTO NUNES, Data de
Julgamento: 06/06/2008, 1ª TURMA, Data de Publicaçã o:06/06/2008 (g.n.)
O Reclamante tã o somente efetuava as entregas dos pedidos feitos e era livre para ir
trabalhar no dia que melhor lhe aprouvesse, nã o havendo qualquer sançã o acaso faltasse,
bem como qualquer má cula ao serviço da Empresa Reclamada, que poderia, perfeitamente,
redistribuir o pedido a outro motoqueiro prestador de serviço, sendo irrelevante a pessoa
física que iria fazer a entrega.
De fato, cumpre esclarecer que a Reclamada repassava integralmente a taxa de entrega no
valor de R$ 2,00 (dois reais) e a diá ria no valor de R$ 30,00 (trinta reais), aos motoqueiros
prestadores de serviço, considerando que em média fazia XXXXX-7 entregas por dia.
Durante o curto período em que de fato prestou serviços para a Reclamada, o Reclamante
sempre foi tratado com respeito e urbanidade e tinha plena ciência de que nã o se tratava de
vínculo empregatício, haja vista a completa autonomia que tinha de ir no dia que julgasse
conveniente, bem como fazer a rota que quisesse para a entrega dos pedidos, conforme é
demonstrado pelo print de Whatsapp anexo, no qual demonstra que o mesmo realizava
atividades pessoais durante as rotas de entrega.
Bem da verdade, tratava-se de uma relaçã o comercial entre a reclamada e o motoqueiro
autô nomo, sendo totalmente justificá vel a contrataçã o dos serviços especializados
prestados pelo reclamante, assim nã o há que se falar em relaçã o de emprego.
Saliente-se ainda que o reclamante jamais exerceu qualquer atividade fim da reclamada,
já que esta, conforme documentos anexos, exerce a atividade econô mica de bares e
restaurantes. Nã o é demais salientar que a reclamada para a entrega de seus pedidos utiliza
do serviço de mais de um motoqueiro, como também tem clientes que retiram seus
pró prios pedidos no local, inclusive, pasme excelência, há clientes que presenciaram o
reclamante em acaloradas discussõ es do Reclamante com a mã e de um de seus filhos
durante o período da prestaçã o de serviços em frente à pizzaria.
Vale destacar que a atividade desenvolvida pelo reclamante é estritamente especializada,
aplicando-se, desta forma o Item 3º da Sú mula nº 331:
"III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância
(Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços
especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a
subordinação direta;"
Nesse sentido encontramos decisã o do Colendo TST que dispõ e:
"Em qualquer das hipó teses do item III da Sú mula nº 331 do TST nã o podem ocorrer a
pessoalidade e a subordinaçã o em relaçã o ao tomador de serviços, situaçã o verificada nos
autos, o que atrai a aplicaçã o da orientaçã o sumulada. O entendimento consubstanciado na
Sú mula nº 331 do TST e no artigo 1216 do Có digo Civil consagra como lícita a contrataçã o
de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que ausentes a
subordinaçã o e a pessoalidade, demonstrado o desacerto da decisã o regional quanto à
genérica obrigaçã o de nã o fazer imposta à Reclamada, relativa a serviços de informá tica.
Recurso parcialmente provido.
(TST - RR XXXXX - 3ª T. Rel. Min. Carlos Alberto Reis de Paula – DJU 06.12.2002)"
Ou seja, Excelência, o pedido de reconhecimento de vínculo empregatício combatido
encontra-se fadado à improcedência. Além disso, o reclamante somente se dirigia à s
dependências da reclamada, quando ele bem entende-se, ou seja, sem entregas nã o havia
prestaçã o de serviços.
Certo também que nã o havia obrigatoriedade de comparecimento à reclamada, e o
reclamante tinha plena liberdade para recusar a realizaçã o de determinada entrega,
inclusive houveram casos em que o mesmo estaria dormindo no momento em que havia
demandas de entrega, conforme fotos anexas, e que esta teve de ser realizada por outro
prestador de serviços.
Verifica-se, Excelência, como já mencionado que a relaçã o havida entre as partes nã o se
tratava de uma relaçã o de emprego, pois inexiste a figura tradicional do empregado e do
empregador, mas sim de uma relaçã o empresarial, comercial, autô noma, onde uma
empresa contrata um serviço, ramo este que nã o é de atuaçã o desta reclamada e em troca
disso, a contratante procede ao pagamento de honorá rios de prestaçã o de serviços, nã o
havendo nenhum problema ou irregularidade neste fato.
Aliá s, autonomia é a palavra exata a ser utilizada ao presente caso, isto porquê, o
reclamante sempre atuou como empresário.
Note, que em nenhum momento o reclamante informa que estava submetido à s diretrizes
de um supervisor.
É mister asseverar que a reclamada jamais deu ordens ou mesmo controlou o horá rio do
autor, ou seja, inexistiu qualquer subordinaçã o, onerosidade, habitualidade e pessoalidade,
(ausência de exclusividade), por parte do reclamante à ora contestante.
Resta claro a má-fé do reclamante ao pleitear o reconhecimento de vínculo empregatício
em face desta reclamada, tendo em vista que se beneficiou de sua condiçã o de motoqueiro
autô nomo à época da prestaçã o de serviços, que sequer coincide com aquele descrito na
inicial, possuindo total liberdade de horá rios e dias trabalhados.
Perceba, Excelência, que inexistem no caso em comento, a ocorrência dos requisitos
previstos nos artigos 2º e 3º da CLT.
Em razã o disso, postula-se seja realizada busca/ofício junto ao Ministério do Trabalho e
Emprego para a verificaçã o do período em que esteve recebendo o seguro desemprego,
tendo em vista que o reclamante sequer juntou có pia de sua CTPS, há que se pontuar
inclusive que o Reclamante percebia o benefício do seguro-desemprego durante o ano de
2021, haja visto que havia rescindido seu contrato de trabalho com um lava-rá pido.
Além disso, diante do exposto, requer-se a improcedência do pedido de reconhecimento do
vínculo empregatício com a reclamada e, de igual forma, a reclamaçã o trabalhista, já que os
demais pedidos sã o acessó rios e devem seguir a sorte do principal.
Ad argumentandum, caso este nã o seja o entendimento deste D. Magistrado, o que nã o se
espera, e diante do princípio da impugnaçã o específica, a reclamada passa a contestar
abaixo os demais pleitos formulados na exordial. Desta feita, sem prejuízo do acima
alegado, contesta-se.

DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
Pugna o reclamante pelo recebimento de adicional de periculosidade, pois entende que na
condiçã o de motoboy faria jus ao pagamento do adicional de periculosidade. Contudo, o
pedido está fadado a improcedência.
Primeiramente entende a Reclamada que nã o faz jus ao adicional, por considerar que o
Reclamante não possui vínculo empregatício com a empresa, e por isso a parcela nã o é
devida.
Ressalta-se que a simples atividade de motoboy pelo reclamante, não é aplicação
direta, pois a NR16, anexo 5, por si só nã o justifica o pagamento do referido adicional.
A NR 16, anexo 5 está suspensa por vá rias liminares na justiça, sendo que a Portaria nº
1.930/2014; Portaria nº 943/2015; Portaria nº 946/2015; Portaria nº 1.151/2015;
Portaria nº 1.152/2015; Portaria nº 1.262/2015 e Portaria nº 1.286/2015 do MTE,
determinam a suspensã o da aplicaçã o do anexo 5 da NR16.
Deste modo, improcede o pedido.
DAS VERBAS RESCISÓRIAS
Considerando a demonstrada inexistência de vínculo empregatício entre Reclamante e
Reclamada, as verbas rescisó rias quedam-se improcedente.
Solicito a impugnaçã o dos documentos probató rios, haja visto que de nada valem, pois se
tratam de um mero papel acrescido de valores escritos à mã o que jamais foram feitos pela
reclamada.
MÉDIA REMUNERATÓRIA – VALORES POSTULADOS NA INICIAL
Em eventual condenaçã o, a Reclamada impugna in totum a média remunerató ria e valores
postulados na petiçã o inicial, porque aleató rios e desprovidos de fundamentaçã o, devendo
eventuais valores ser apurados em regular execuçã o de sentença, caso venham a ser
deferidos.
Sendo assim, queda-se improcedente todos os cá lculos apresentados pelo reclamante, os
quais solicito a impugnaçã o, tendo em vista que se tratam de uma fá bula, sendo que resta
comprovado a inexistência de um vínculo e de um pagamento de salá rio.
DO FGTS E SUA MULTA DO 40% E DO SEGURO-DESEMPREGO
Alega o reclamante que faz jus aos depó sitos fundiá rios e a multa dos 40%, bem como as
parcelas do seguro-desemprego.
O reclamante nã o faz jus ao pagamento do FGTS nã o recolhido, multa de 40% e tampouco
parcelas do seguro-desemprego, uma vez que NÃO HÁ VÍNCULO EMPREGATÍCIO entre as
partes, face a total ausência dos requisitos da relaçã o de emprego previstos nos artigos 2 e
3 da CLT. Descabendo, assim, o pagamento da multa de 40% sobre o FGTS.
Contudo, os pedidos estã o fadados a improcedência.
DOS RECOLHIMENTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS
Por cautela, e na ínfima hipó tese da procedência da presente açã o, requer a sejam
efetuados os descontos fiscais e previdenciá rios do eventual crédito do Autor, eis que, de
acordo com o disposto em nossa legislaçã o vigente, sã o de sua exclusiva responsabilidade,
na forma da Sú mula 368 e OJ 363 da SDI-1 do C. TST.
Os cá lculos das contribuiçõ es previdenciá rias devidas pelo empregado deverã o ser feitos
mês a mês, deduzindo-se os valores anteriormente recolhidos sob as mesmas rubricas,
evitando-se assim enriquecimento ilícito.
As contribuiçõ es previdenciá rias devidas pelo empregador deverã o ser calculadas tomando
por base o correto enquadramento da empresa no FPAS (Fundo de Participaçã o e
Assistência Social) e alíquotas lá indicadas, tudo definido pelo INSS.
A atualizaçã o dos valores devidos deverá seguir os critérios definidos na legislaçã o
previdenciá ria, conforme previsto no artigo 879, § 4º da CLT, artigo 114 do CTN, Lei nº
8.212/91, artigo 30ª, I, b Sú mula n.º 368 do C. TST e Sú mula n.º 14 do E. TRT da 6ª Regiã o.,
devendo ser observado que o fato gerador da contribuiçã o previdenciá ria ocorre no
momento do pagamento dos valores devidos ao trabalhador.
De outro lado, o Imposto de Renda deverá incidir sobre o valor total da condenaçã o
(regime caixa), conforme entendimento da Sú mula nº 368 do Tribunal Superior do
Trabalho.
Desta forma, o recolhimento das contribuiçõ es fiscais e previdenciá rias deverá ser feito nos
termos da legislaçã o específica, da Consolidaçã o dos Provimentos da Corregedoria do TST,
e da Sú mula 368 do C. TST.
Ademais, a contribuiçã o previdenciá ria a cargo da autora deverá ocorrer mês a mês,
observando-se os limites do teto do salá rio de contribuiçã o, e o cá lculo do Imposto de
Renda, verba de responsabilidade exclusiva do obreiro, haverá de obedecer ao consagrado
regime de caixa, sendo efetuado sobre o montante total da condenaçã o, incluindo-se os
juros morató rios (fato gerador da incidência tributá ria), e dele abatido.

DO ADICIONAL NOTURNO
Considerando a demonstrada inexistência de vínculo empregatício entre Reclamante e
Reclamada o adicional noturno queda-se improcedente, no entanto pelo princípio da
eventualidade caso venha ser reconhecido o vínculo este pedido improcede pelas
seguintes razoes:
· Oportuno esclarecer que a loja funciona de terça-feira a quinta-feira das 18:00 à s 23:00 e
sexta-feira a sá bado das 18:00 à s 00:00 e domingo das 18:00 à s 23:00, conforme pode se
verificar em sites de buscas na internet.
(Imagem do Google Maps)
Fonte: https://www.google.com/
· Por se tratar do ramo de uma pizzaria, a cozinha encerra suas atividades 20 minutos antes
do fechamento da loja.
· Destaca-se que o restaurante atende seus clientes no raio má ximo de 03 km, logo a
entrega não ultrapassa o tempo de 5 minutos. Apó s a ú ltima entrega, o entregador nã o é
obrigado a retornar à loja.
Portanto, o pedido está fadado a improcedência.
DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT
Considerando a demonstrada inexistência de vínculo empregatício entre Reclamante e
Reclamada, a multa prevista no art. 477, da CLT, queda-se improcedente, até porque, a
previsã o legal diz respeito à mora no pagamento das verbas rescisó rias, atraso este que
não existe no caso em análise, haja vista a inexistência de vínculo de emprego.
DA MULTA PREVISTA NA SÚMULA XXXXX/TST
Dada à inexistência de vínculo trabalhista doravante reconhecida, a necessidade de
pagamento de tal multa se queda improcedente, nã o há que se reconhecer relaçã o de
emprego tendo em vista que a relaçã o da qual se trata esta açã o é pura e simplesmente uma
mera prestaçã o de serviços.
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBÊNCIAIS
Requer o Reclamante a condenaçã o da Reclamada ao pagamento dos honorá rios
advocatícios sucumbenciais.
Todavia, o pedido improcede.
Isso porque, com o advento da Lei nº. 13.467/17, foi inserido na CLT o artigo 791-A na CLT,
o qual estipula que sã o devidos no processo do trabalho, honorá rios advocatícios
sucumbenciais, que deverã o ser fixados no percentual de 5% até 15% do valor que resultar
da liquidaçã o de sentença, proveito econô mico obtido, ou sobre o valor atualizado da causa.
Por outro lado, considerando a improcedência da presente açã o, ou a rejeiçã o parcial dos
pedidos, a Reclamante deverá ser condenada no pagamento de honorá rios advocatícios em
favor do advogado da Reclamada, a serem fixados no percentual de 15% sobre o valor
da causa, ainda que na hipó tese de procedência parcial da açã o, conforme autoriza o
pará grafo 3º do artigo 791-A da CLT, sem qualquer suspensã o de sua exigibilidade.

DA IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS JUNTADOS PELO RECLAMANTE


Todos os documentos juntados pelo Reclamante em nada a socorrem, pois, nenhum deles
possui o condã o de provar os argumentos, fatos e pedidos constantes da peça exordial.
A Reclamada impugna os documentos que nã o estejam em conformidade com o artigo 830
da CLT ou relativos a terceiros e os preparados unilateralmente, bem como aqueles onde
nã o há identificaçã o do Reclamante e/ou da Reclamada.
Declara a autenticidade dos documentos juntados com a defesa, nos termos do artigo 830
da Consolidaçã o das Leis do Trabalho.

DA LIMITAÇÃO DOS VALORES APURADOS EM LIQUIDAÇÃO AOS LIMITES DO PEDIDO


A Lei nº. 13.467/17, deu nova redaçã o ao pará grafo 1º do artigo 840 da CLT, exigindo
dentre outras coisas que o pedido inicial deve ser certo, determinado e com indicaçã o de
seu valor.
Desta forma, caso seja mantida alguma condenaçã o da empresa, em sede de liquidaçã o, os
cá lculos devem observar os limites do pedido, ou seja, devem ser limitados aos valores dos
pedidos liquidados, em respeito aos princípios da adstriçã o e dos limites objetivos da lide,
nos termos dos artigos 141, 322 e 492 do CPC.

DA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS
Nenhuma irregularidade foi cometida pela Reclamada a justificar a expediçã o de ofícios tal
qual requerido na preambular.
Outrossim, o Reclamante carece de interesse processual de agir para requerer que as
autoridades como DRT, INSS, MPT, MF e CEF sejam oficiadas sobre supostas
irregularidades administrativas. A notificaçã o de referidos Ó rgã os é ditada por interesse
pú blico, cabendo ao Juízo oficiar ou nã o, inexistindo, portanto, o interesse privado do
Reclamante.
Por essa razã o, falta ao Reclamante uma das condiçõ es da açã o, devendo em consequência
o pedido ser extinto sem o julgamento do mérito, nos termos do artigo 485, do CPC,
combinado com o artigo 769, da CLT.
Ressalte-se, ainda, que essa Justiça Especializada nã o é ó rgã o fiscalizador, sendo que se o
Reclamante pretende denunciar alguma irregularidade, deveria apresentar sua denú ncia
diretamente a referidos Ó rgã os.
Pelo exposto, improcede o pedido.

DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS
Em seu rol de pedidos, requer o Reclamante a juntada de vá rios documentos, sob pena de
aplicaçã o do artigo 400 do Có digo de Processo Civil.
Inicialmente, há que se lembrar que, se houver alguma penalidade imposta, a prevista no
artigo 400 do Có digo de Processo Civil, só seria aplicá vel em casos de prévia intimaçã o
judicial para a juntada de documentos.
Além disto, a nã o apresentaçã o de documentos, apó s determinaçã o judicial, somente
importa em presunçã o de veracidade dos fatos alegados na inicial, quando houver omissã o
injustificada, a qual, entretanto, pode ser elidida por prova em contrá rio.
Logo, inaplicá vel o dispositivo elencado no Estatuto Processual.
DA CORREÇÃO MONETÁRIA
Relativamente à correçã o monetá ria e taxa de juros de mora, requer a Reclamada a
aplicaçã o do entendimento do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADC n. 58. Com
efeito, no julgamento da referida Açã o Declarató ria de Constitucionalidade, ficou assentado
a aplicaçã o dos mesmos índices de correçã o monetá ria vigentes para as condenaçõ es cíveis
em geral. Ou seja, o IPCA-e, na fase préjudicial, e, a partir da citaçã o, a incidência da taxa
Selic, com base no artigo 406 do Có digo Civil.
Portanto, considerando o efeito vinculante da Decisã o proferida na ADC n. 58 quanto à
correçã o monetá ria e taxa de juros de mora incidentes em condenaçõ es de processos
trabalhistas e depó sitos recursais, requer a aplicaçã o do IPCA-e, na fase pré-judicial, e, a
partir da citaçã o, a incidência da taxa Selic, com base no artigo 406 do Có digo Civil. Assim,
improcede o pleito em comento.
DOS PEDIDOS
Em sede de contestaçã o requer:
A) O indeferimento da justiça gratuita;
B) A improcedência do pedido de reconhecimento do vínculo empregatício com a
reclamada e, de igual forma, a reclamaçã o trabalhista, já que os demais pedidos sã o
acessó rios;
C) A improcedência do pedido de adicional de periculosidade, haja visto que nã o há vínculo
trabalhista para haver tal reconhecimento;
D) A improcedência do requerimento de verbas recisó rias;
E) A impugnaçã o da média remunerató ria alegada pelo Reclamante;
F) A improcedência do pedido de pagamento do FGTS e da multa de 40% tampouco da
liberaçã o do seguro-desemprego;
G) A improcedência do adicional noturno por todas as razõ es acima apresentadas;
H) A improcedência da multa do art 477 da CLT, haja visto que nã o há existência de vínculo
trabalhista;
I) Requer a condenaçã o ao pagamento de honorá rios advocatícios em favor do advogado da
Reclamada, a serem fixados no percentual de 15% sobre o valor da causa, ainda que na
hipó tese de procedência parcial da açã o;
J) Requer a limitaçã o dos valores apurados em liquidaçã o aos limites do pedido;
K) Requer a impugnaçã o de todos os documentos juntados pela reclamante;
DOS REQUERIMENTOS FINAIS
Finalmente, por medida de extrema cautela, acaso algum pedido venha a ser julgado
procedente, requer-se sejam deduzidos do crédito deferido os valores correspondentes aos
recolhimentos fiscais (artigo 46 da Lei 8.541/92 e Provimento 3/2005)) e previdenciá rios
(artigo 30, a, da Lei 8.212/91), conforme Sú mula n.º 368 do Colendo Tribunal Superior do
Trabalho.
Ainda na hipó tese de procedência, requer-se (a) que a incidência da correçã o monetá ria
tenha por base o mês subsequente ao fato gerador, ou seja, mês seguinte ao da prestaçã o de
serviços, conforme Sú mula 381, do Tribunal Superior do Trabalho e (b) a compensaçã o de
todos os valores pagos oportunamente, sob o mesmo título, nos termos do artigo 767, da
Consolidaçã o das Leis do Trabalho.
CONCLUSÃO
Requer, provar o alegado, se ainda necessá rio, por todos os meios de prova em direito
admitidos, tais como: depoimento pessoal do Reclamante, sob pena de confessa; oitiva de
testemunhas; juntada de documentos; perícia; vistorias; enfim, tudo o mais que necessá rio
seja para o completo deslinde do feito e garantia da mais ampla defesa.
Por tudo o quanto expô s e requereu, espera a Reclamada haja por bem Vossa Excelência
julgar IMPROCEDENTES os pedidos da exordial, inclusive quanto a: juros, correçã o
monetá ria, custas e demais cominaçõ es de estilo, devendo, isto sim, condenar o Autor ao
pagamento de custas e demais ô nus processuais.
Termos em que,
Pede deferimento.
_____________, __ de ____ de 20__.
_______________
OAB/SP: 000.000

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