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AO JUÍZO DA ...

VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE


(CIDADE/ESTADO)

PROCESSO N°: XXXXXXXXXXXXXX

BOTAFOGO LTDA., pessoa jurídica de direito privado registrado sob o CNPJ n°


(…), com sede na Rua (...), n° (...), Bairro (...), Rio de Janeiro/RJ, CEP (...), e-
mail (...), representada por seu sócio ALFREDO, nacionalidade (..), estado civil
(...), profissão (...), portador do RG (…) e inscrito no CPF sob o n° (…), residente
e domiciliado à rua (…), n.º (…), Bairro (...), Rio de Janeiro/RJ, CEP (…), e-mail
(…), vem, respeitosamente, perante este juízo, por meio de sua advogada abaixo
assinado, apresentar sua

CONTESTAÇÃO

Em face da presente reclamação trabalhista movida por ELÁDIO GOMEZ, já


devidamente qualificado na inicial, pelos fundamentos de fato e de direito que
passa a expor:

I-DA SÍNTESE DA DEMANDA


Cuida-se de Ação Reclamatória Trabalhista, onde o Reclamante, inicialmente,
alega ter laborado na empresa Reclamada durante o período de 03/04/2018 a
03/04/2022, na função de cozinheiro, com jornada de trabalho de 4 (quatro)
vezes por semana e tendo como última remuneração o valor de R$ 3.000,00
(três mil reais).
Em seguida, afirma que durante todo o seu período de labor, totalizando 4
(quatro) anos completos, não houve reconhecimento de vínculo empregatício por
parte do Reclamado e, consequentemente, não obteve a percepção das verbas
rescisórias, assim como o recolhimento fiscais e previdenciários não foram
realizados.
Dessa forma, diante das alegações descritas acima, o reclamante pleiteia pelo
reconhecimento do vínculo empregatício, pelo recebimento das verbas
rescisórias, assim como pelos recolhimentos fiscais e previdenciários.
Contudo, a presente demanda não merece prosperar, pelo que restará
demonstrado a seguir.
II- DO MÉRITO
II.I DA INEXISTÊNCIA DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO
Inicialmente, cumpre destacar que o reclamante não foi contratado como EMPREGADO
para exercer a função de cozinheiro. Na realidade, o reclamante era prestador de serviços,
trabalhando de maneira autônoma, utilizando os próprios instrumentos de cozinha.

Desse modo, não era submetido controle de jornada por parte da empresa reclamada, razão
pela qual não há cartões de ponto.

Além disso, quando o reclamante precisava se ausentar, a empresa reclamada chamava


outro cozinheiro, sendo dessa forma substituído. Ou seja, não havia qualquer tipo de
penalidade caso faltasse.

Ante o exposto, analisando o art. 3° da CLT, verifica-se que para que seja reconhecido o
vínculo empregatício, é necessário que estejam presentes, na relação jurídica, alguns
requisitos. São eles: a subordinação, pessoalidade, onerosidade e a não eventualidade.

No entanto, no caso em tela não estão presentes todos os requisitos e, portanto, não há de
se falar em vínculo empregatício, conforme o entendimento jurisprudencial a seguir:

RECURSO ORDINÁRIO. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. "CHAPA". REQUISITOS. Para que


se configure a relação de emprego, é necessário o preenchimento dos requisitos
estabelecidos no artigo 3º da CLT, quais sejam: pessoalidade, não-eventualidade,
onerosidade e subordinação jurídica, sendo que a ausência de um desses requisitos
impossibilita o reconhecimento do vínculo empregatício entre as partes. Portanto, apenas o
somatório destes requisitos é que representará o fato constitutivo complexo do vínculo de
emprego. Recurso não provido.

(TRT-1 - ROT: 01013558720175010007 RJ, Relator: ANTONIO CESAR COUTINHO


DAIHA, Data de Julgamento: 05/08/2020, Terceira Turma, Data de Publicação: 27/08/2020)

Logo, diante dos fatos expostos, é possível concluir que o reclamante postula direitos aos
quais não faz jus, haja vista inexistir vínculo empregatício entre o profissional e a empresa
reclamada, conforme será exposto:

II.I. A) DA INEXISTÊNCIA DA SUBORDINAÇÃO

Conforme aduzido anteriormente, o reclamante nunca foi contratado para exercer a função
de cozinheiro, como EMPREGADO da empresa.

O acerto verbal entre ambas foi de mera prestação de serviço. Era caracterizado como um
trabalho autônomo, sem controle de jornada/ de exigência de comparecimento ou
pagamento de salário. Dessa forma, laborava nos dias acordados, com seus próprios
instrumentos de cozinha, e quando faltava, não sofria qualquer tipo de sanção ou punição.
Após prestar seu serviço durante a semana, recebia o que era devido.
Em assim sendo, verifica-se que o reclamante não sofria qualquer tipo de subordinação a
ordem exaradas pela empresa reclamada ou seus prepostos.

Ante o exposto, ausente a característica necessária do reconhecimento do vínculo


empregatício, a reclamante requer o indeferimento do pleito, assim como dos pedidos que
lhe são acessórios.

II.I. B) DA INEXISTÊNCIA DA PESSOALIDADE

O próximo requisito a ser analisado, indispensável para a caracterização do vínculo


empregatício, é a existência da pessoalidade.
Conforme relatado acima, o comparecimento ou a ausência do reclamado na empresa era
absolutamente irrelevante, de modo que a reclamada possuía outros cozinheiros em seus
contatos, os quais poderiam ser acionados para realizar a prestação de serviço.

Dessa forma, caso não comparecesse, nenhum prejuízo traria para empresa reclamada,
haja vista a desnecessidade de sua mão de obra pessoal, assim como para o próprio, não
estando sujeito a sanção ou punição, como ocorre no caso dos empregados regidos pela
CLT.

Nesse sentido, é aplicável a explicação doutrinária do Professor Sérgio Pinto Martins acerca
da Pessoalidade:

“O contrato de trabalho é feito com pessoa certa, daí se dizer que é instuitu personae. O
empregador conta com certa pessoa específica para lhe prestar serviços. Se o empregado
faz-se substituir constantemente por outra pessoa, inexiste o elemento pessoalidade na
referida ação.”

Assim como o entendimento jurisprudencial a seguir:

VÍNCULO DE EMPREGO. AUSÊNCIA DE PESSOALIDADE. O contrato de trabalho é intuito


personae em relação ao empregado. Assim, a prestação de trabalho é uma obrigação não
fungível, ou seja, não pode ser satisfeita por outrem, mas tão somente por quem a contraiu.
Diante do depoimento pessoal do reclamante, resta concluir que a pessoalidade na
prestação e serviços, no caso vertente, não era essencial eis que o autor poderia fazer-se
substituir por outro trabalhador.

(TRT-1 - RO: 00106691120155010301 RJ, Relator: JOSE ANTONIO TEIXEIRA DA SILVA,


Data de Julgamento: 04/06/2019, Gabinete do Desembargador José Antonio Teixeira da
Silva, Data de Publicação: 05/07/2019)

Ante o exposto, diante da inexistência do requisito da pessoalidade, uma vez ser irrelevante
para a empresa reclamada o cozinheiro fixo e certo, no entanto que o serviço fosse prestado,
pugna a empresa Reclamada pelo indeferimento do pedido do reconhecimento do vínculo
empregatício e dos demais pedidos que lhe são acessórios.

II.II. DAS ANOTAÇÕES NA CTPS DO RECLAMANTE

Diante do exposto, resta-se comprovado a ausência do dever do reclamado em realizar a


anotação na CTPS do reclamante, uma vez que inexistente o vínculo de emprego, não há
contrato de trabalho a ser anotado na CTPS.

Dessa forma, requer a improcedência do presente pedido.

II.III. DA INEXISTÊNCIA DAS VERBAS RESCISÓRIAS, DAS MULTAS DOS ARTS. 467 E
477 DA CLT

O reclamante postula pelo pagamento das verbas rescisórias, assim como das multas
específicas em razão do seu não pagamento.

No entanto, conforme demonstrado, não há de se mencionar em verbas rescisórias e


tampouco em multas, tendo em vista que a relação jurídica existente é de prestação de
serviços, de modo que não se admite a cobrança de direitos trabalhistas próprios dos
empregados regidos pela CLT.
Dessa forma, sendo inexistente a caracterização do vínculo de emprego entre as partes, o
pedido do pagamento das verbas rescisórias, assim como das multas correlacionadas são
inexistentes.

Ante o exposto, requer a improcedência dos referidos pedidos.

II.IV. DOS RECOLHIMENTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS

Outro pedido existente na inicial formulada pelo reclamante, é o recolhimento fiscal e


previdenciário.

No entanto, conforme aduz o art. 30, inciso I, alínea A, da lei 8.212/91, a empresa é obrigada
a arrecadar as contribuições dos segurados empregados a seu serviço, descontando-as da
respectiva remuneração.

Desse forma, não cabe na presente demanda, tendo em vista que não é constituído o vínculo
empregatício entre o reclamante e a reclamada, motivo pelo qual a empresa reclamada não
está sujeita ao referido recolhimento.

Ante o exposto, requer o indeferimento dos recolhimentos fiscais e previdenciários.

II.V. DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA PARA EXPEDIÇÃO DE GUIAS DE SEGURO


DESEMPREGO

O reclamante postula, também, por tutela antecipada para fins de expedição de guias de
seguro desemprego.

No entanto, conforme demonstrado, não houve vínculo empregatício entre ambas as partes,
diante da ausência dos requisitos para caracterização do vínculo.

Dessa forma, requer o indeferimento da tutela ora pleiteada.

II. VI. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS REQUERIDOS PELO


RECLAMANTE

Ao final, o reclamante postula por honorários sucumbenciais, presentes no art. 791-A da


CLT, sendo fixados no mínimo de 5% e no máximo de 15% sobre o valor que resultar da
liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.
No entanto, conforme o exposto, será indevido honorários sucumbenciais em favor do
procurador da reclamante, uma vez que esta é sucumbente em todos os requerimentos
realizados.

III- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer que seja julgado improcedente o pedido:

A) De reconhecimento do vínculo empregatício e anotação da CTPS;


B) Do pagamento das verbas rescisórias arroladas na petição inicial;
C) Do pagamento das multas incumbidas nos arts. 467 e 477 da CLT;
D) Do recolhimento de contribuições previdenciárias;
E) Do pagamento de honorários de sucumbência;
IV- DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer:

1) A produção de todos os meios de provas e direito admitidos, em especial a prova


documental, o depoimento pessoal e a oitava de testemunhas;

Por fim, a improcedência total dos pedidos, com a condenação do reclamante ao pagamento
das custas e honorários advocatícios.

Nestes termos, pede deferimento.

Local e data ...

ADRIANE
OAB/UF...

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