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Aluna: Anna Vitória Cardoso Nogueira Silva

RA: 8465687

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA DO TRABALHO DE SANTO


AGOSTINHO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

AUTOS Nº 123456

PEGA LEVE TRANSPORTES LTDA , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob
o n.º ....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP
....., vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência por intermédio da sua
advogada e bastante procuradora (procuração em anexo - doc. 01), com escritório
profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe
notificações e intimações, apresentar tempestivamente:

CONTESTAÇÃO

à reclamatória trabalhista apresentada por MISERICORDIOSO DA SILVA, pelos


motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

DO MÉRITO

I - DO HISTÓRICO LABORAL DO RECLAMANTE

O reclamante foi admitido em 12/06/2013 para exercer a função de motorista, na qual


laborou até 03/01/2022, quando foi dispensado por justa causa após a comprovação
de que estava praticando “rachas” com veículo da empresa e consequentemente ter
perdido sua habilitação para dirigir. Alegou também em sua petição inicial ter sido
contratado como motorista realizando jornada de trabalho de segunda a sexta-feira,
das 8h00 às 17h00, com 1 hora de intervalo para repouso e alimentação e, aos
sábados, das 8h00 às 12h00, sem intervalo. O reclamante informou também em sua
petição inicial que a empresa efetuou descontos supostamente indevidos de seu
salário no mês de abril de 2019, tendo em vista que o empregado havia recebido uma
multa de trânsito por excesso de velocidade enquanto dirigia o caminhão da
reclamada, sendo válido ressaltar que no momento de sua admissão, houve
autorização expressa do ex-funcionário para descontos salariais em caso de prejuízos.

II- DA VALIDADE DA DISPENSA POR JUSTA CAUSA

Excelência, o reclamante foi dispensado por justa causa, por ter praticado ao longo do
contrato condutas que fragilizaram o relacionamento laboral, até culminar no ato
gravíssimo que resultou na perda da habilitação, que por si só já justifica a dispensa por
justa causa com base no art. 482, alínea m, da CLT.
Adentrando ao ato faltoso, é importante que a reclamada traga esclarecimentos, a fim
de que não prospere a tentativa do reclamante em ludibriar o Juízo, portanto é
comprovado que o reclamante perdeu sua habilitação após ser flagrado realizando
“rachas” e corridas com o caminhão da empresa em dia e horário de trabalho – conforme
multa anexa. Tal fato pode inclusive ser enquadrado na prática de Atos atentatórios à
segurança nacional, já que a prática desse tipo de delito é considerada crime e expõe
outras pessoas à um elevado índice de perigo, configurando-se também outro motivo
que justifica a demissão por justa causa.

Nesse sentido é a jurisprudência:

JUSTA CAUSA. PRESSUPOSTOS. IMEDIATIDADE. A dispensa por justa


causa, como medida extrema a impedir o normal prosseguimento da relação
de emprego, deve ser cabalmente comprovada, além de ser necessário o
atendimento a requisitos objetivos, subjetivos e circunstanciais, dentre os
quais o nexo de causalidade entre a falta cometida e a penalidade aplicada,
a adequação entre a falta e a pena, a atualidade e a gravidade do ato faltoso.
No que tange à imediatidade, tem-se que a justa causa deve ser atual para
justificar a despedida. Assim, cometida a falta, o empregador deve
providenciar a punição disciplinar do empregado, dentro de um prazo
razoável, a partir do momento em que o fato lhe chegou ao conhecimento.
(TRT-3 - RO: 00100188620195030105 0010018-86.2019.5.03.0105,
Relator: Convocado Vicente de Paula M.Junior, Primeira Turma).
III- DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Conforme consta dos autos, o Reclamante foi admitido para laborar junto à Ré em
12/06/2013, exercendo a função de motorista até a data de sua demissão, que se deu
no dia 17/02/2022.
A Constituição Federal, em seu art. 7º, XXIX, prevê a prescrição nas relações
trabalhistas, tanto no que se relaciona ao prazo para a ação, bem como para a
cobrança dos créditos trabalhistas, nestes termos:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social:
ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato de trabalho.
Deste modo, não há de se incorporar no pleito a análise das verbas trabalhistas que
excedam o período de 05 (cinco) anos contados da data do ajuizamento da ação, em
conformidade com a Súmula 308, do Tribunal Superior do Trabalho.
Requer, assim, o reconhecimento da prescrição quinquenal dos pedidos anteriores à
17/02/2017 extinguindo o processo com resolução do mérito no concernente a esses
pedidos.

IV- DA DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS

Ressalto ser totalmente improcedente o pedido de condenação da reclamada de efetuar


o pagamento de respectivas verbas rescisórias complementares, bem como a
devolução da quantia descontada em 2019 visto que o reclamante autorizou
expressamente em seu contrato de trabalho descontos salariais em caso de prejuízos,
que foi o caso das multas tomadas por excesso de velocidade cometidas pelo
reclamante, fato previsto também no art. 462 §1º da CLT.
V - DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

Os honorários de sucumbência, disposto na Lei 13.467/2017, é instituto


completamente distinto da gratuidade da justiça, sendo que este último decorre da
hipossuficiência. Não há qualquer sentido, nem mesmo técnico, para excluir um ou
outro.
Sabe-se que a hipossuficiência, caso seja reconhecida, gerará, no máximo, a isenção
de custas e despesas processuais, mas, havendo créditos nesta ou em outra
demanda, a reclamada de maneira alguma irá abdicar de tal direito, afinal, é fruto de
uma longa e árdua batalha e possuindo caráter alimentar e de subsistência da
advogada.

Os tribunais trabalhistas, vem reiteradamente reconhecendo e concedendo honorários


de sucumbência aos advogados patronais e com a dedução dos créditos que os obreiros
eventualmente possuam.

BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS. DEDUÇÃO DO CRÉDITO TRABALHISTA. De
acordo com o art. 85 do CPC c/c o art. 791-A da CLT, a sentença
condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor,
sendo que na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará
honorários de sucumbência recíproca. No caso dos autos, o autor
sucumbiu em parte dos pedidos e, como a parcela dos pedidos que
foram acolhidos tanto na origem como perante esta instância
resultará em um crédito trabalhista suficiente para suportar as
obrigações decorrentes da sua sucumbência, é devida a dedução dos
honorários sucumbenciais ao seu encargo do crédito reconhecido em
juízo, por se tratar de uma hipótese excetiva à suspensão da
exigibilidade prevista no art. 791-A, § 4º da CLT. Destarte, mantém-
se incólume a decisão singular que, considerando que o autor possui
créditos suficientes para suportar o pagamento dos honorários
sucumbenciais a ele incumbidos, determinou a dedução da verba
honorária do crédito do reclamante. Recurso obreiro ao qual se nega
provimento. (TRT da 23.ª Região; Processo: 0000882-
41.2018.5.23.0009; Data: 06/07/2020; Órgão Julgador: 2ª Turma-
PJe; Relator: MARIA BEATRIZ THEODORO GOMES)

Sendo assim reclamada pugna que, uma vez sucumbente, o reclamante seja
condenado ao pagamento dos honorários de sucumbência, conforme determina o art.
791-A da CLT, que assim diz:
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor
que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa.

Requer também que eventual condição suspensiva venha ser implementada apenas em
caso de inexistência créditos neste ou em outro processo capazes de suportar com as
obrigações decorrentes de sua sucumbência. Ainda que haja crédito que suporte
parcialmente com a despesa de honorários, a condição suspensiva só pode abarcar o
valor que exceder ao crédito.
Dito isto, Excelência, a reclamada requer que seja julgado improcedente o pedido
suspensão eventual de descontos a título de honorários sucumbenciais nos créditos da
parte trabalhadora, bem como que seja condenada a parte reclamante em percentual
máximo de 15% (quinze por cento) sobre valor da causa.

VI- DOS PEDIDOS

Sendo assim, diante do exposto de todos os fatos contidos nos autos, protestando
provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, juntada de novos
documentos, depoimento pessoal do autor, sob pena de confesso.

Requer, desde já, a IMPROCEDÊNCIA TOTAL do pedido, condenando-se o autor em


todas as cominações de direito, inclusive nas de bis in idem, no que couber.
A Reclamada, ainda, requer:

1. O pagamento por parte do reclamante dos honorários advocatícios sucumbenciais


aos patronos da Reclamada, no percentual de 15% sobre o valor da causa, conforme
item V;

Impugnam-se os demais documentos juntados na exordial, eis que não comprovam as


alegações do reclamante.
Diante dos fatos e razões expostas, é a presente CONTESTAÇÃO para impugnar os
pleitos formulados na exordial, por serem improcedentes e não refletirem a veracidade
dos fatos.
Diante do exposto, protesta-se, por todos os meios de prova em direito permitidos,
especialmente, documental, testemunhal, pericial, depoimento pessoal da autora, sob
pena de confissão e demais que se fizerem necessárias.
Requer finalmente a improcedência da presente Reclamação trabalhista e o seu
consequente arquivamento, por ser de direito e justiça.

Nestes Termos,

Pede Deferimento

Local, dia de mês de ano.

Assinatura do Advogado

Número de Inscrição na OAB

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