Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DA 5ª

TURMA EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

SEJA COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA, devidamente qualificado nos autos


do processo em epígrafe, neste ato representada por sua procuradora que ao final
assina, com endereço profissional e eletrônico que constam no rodapé da presente,
inconformada com a r. decisum Id: 37aac8a, que negou seguimento ao Recurso
Ordinário por considera-lo deserto, vem, mui respeitosamente a presença de Vossa
Excelência, nos termos da alínea b, do artigo 897 da CLT, interpor o presente:

AGRAVO DE INSTRUMENTO

com os fundamentos a seguir declinados, requerendo ainda, o exercício do juízo de


retratação por parte de Vossa Excelência, para destrancar o recurso ordinário
interposto, permitindo o seu regular processamento.

“Ad Cautelam”, em cumprimento ao disposto no inciso I do § 5º do


art. 897 da CLT, deixa de juntar os documentos do presente artigo, porque o
processo é eletrônico.

1 - Breve resumo

O agravante, não se conformando com o respeitável julgamento de ID.


37aac8a, o qual denegou seguimento ao recurso ordinário, ante a deserção pelo não
pagamento das custas processuais, opõe o presente agravo de instrumento.
2 - Admissibilidade do agravo

Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade, espera o


seu regular processamento e intimação da parte contrária para que se manifeste no
prazo legal.

DO MÉRITO

3 – Da necessidade de reforma da decisão que negou seguimento ao


Recurso Ordinário – Gratuidade de Justiça.

Quando da oposição do recurso ordinário, o agravante solicitou os benefícios da


concessão da justiça gratuita (art. 5º, LXXIV, CF; arts. 98 e seguintes, NCPC; art.
790, § 3º, CLT), juntando, para esse fim, a declaração na forma da Lei 7.115/83.

A assistência judiciária engloba o teor da justiça gratuita, como bem aponta


Valentin Carrion, in verbis:

“Assistência judiciária é o benefício concedido ao necessitado de,


gratuitamente, movimentar o processo e utilizar os serviços
profissionais de advogado e dos demais auxiliares da Justiça,
inclusive os peritos. Assistência judiciária é o gênero e justiça
gratuita a espécie; esta é a isenção de emolumentos dos
serventuários, custas e taxas” (Comentários à Consolidação das
Leis do Trabalho. 31. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 577).

A justiça gratuita pode ser reconhecida em qualquer fase processual, consoante


o teor do art. 99, NCPC (OJ 269, I, SDI-I).

De acordo com a Lei 7.115/83, no seu art. 1º, caput, a declaração pode ser
firmada pelo próprio interessado ou por procurador bastante (Súm. 463, I, TST). A
declaração juntada com o recurso ordinário atende ao disposto na legislação.

O Agravante, é um dos milhares empresários que estão diretamente


afetado pela crise que assola o país com a pandemia do Coronavírus não
estando em condições de arcar com as despesas processuais, nem com o
depósito recursal sem prejuízo da saúde financeira já abalada, visto que
estamos diante de uma crise, não pode ser negado acesso à justiça ao
empresário, especialmente de pequeno e médio porte, que não possua condições
de arcar com as custas do processo

A incapacidade momentânea de arcar com as custas do processo,


provenientes do cenário econômico atual, atualmente prejudicado pela pandemia da
Covid-19, não pode ensejar qualquer tipo de óbice ao acesso à justiça, sendo
necessária a flexibilização dos pressupostos legais para concessão do
benefício de gratuidade de justiça e/ou a concessão de medidas alternativas,
como o diferimento, redução ou parcelamento das custas, bastando, para tanto,
apenas a presunção da incapacidade financeira do requerente.

Ademais, os parágrafos 2º e 3º do artigo 98 do Código de Processo Civil,


deixam claro a suspensão da responsabilidade relativamente às custas e honorários
advocatícios em caso de sucumbência, podendo estes serem executados até
cinco anos subsequentes ao trânsito em julgado, caso fique comprovado que a
insuficiência de recursos deixou de existir.
Outro ponto a ser observado nesse momento excepcional de retração
econômica é a possibilidade de diferimento do pagamento das custas ao final do
processo, ou a redução no percentual das despesas ou, ainda, o parcelamento das
custas processuais, previstos nos parágrafos 5º e 6º do artigo 98 do Código de
Processo Civil, o que pode ser pedido em caráter alternativo, viabilizando, desta
forma, o acesso universal à Justiça.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

(…)

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo,
antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos.

§2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas


despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua
sucumbência.

§3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão


sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos
5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
obrigações do beneficiário.

§ 5º A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos


processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o
beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.

§ 6º Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas


processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.

Em tempos de coronavírus, os pressupostos legais para concessão da


gratuidade devem ser flexibilizados e melhor analisados pelo Magistrado, uma
vez que, em várias situações, os documentos antes utilizados como meio
comprobatórios da hipossuficiência financeira, não prestarão para retratar a
realidade do momento posterior à crise da pandemia.

A assistência judiciária gratuita foi criada com a finalidade de possibilitar


amplo e irrestrito acesso à justiça para todos aqueles que não possuam
condições de arcar com as custas e despesas provenientes do processo, seja
pessoa física ou pessoa jurídica.

Trata-se de situação excepcional que deve ser considerada, conforme


precedentes sobre o tema:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Pedido de justiça gratuita ou diferimento


do pagamento das custas. Possibilidade de parcelamento do valor,
tendo em vista a atual circunstância social de enfrentamento da
pandemia que presumidamente impôs significativa redução de
receita às empresas. Embargos acolhidos, com efeito parcialmente
modificativo do julgado. (TJSP; Embargos de Declaração Cível
2061096-84.2020.8.26.0000; Relator (a): Marcelo Semer; Órgão
Julgador: 10ª Câmara de Direito Público; Foro de Mauá - 4ª Vara Cível;
Data do Julgamento: 27/04/2020; Data de Registro: 27/04/2020).

Ou seja, o agravante não dispõe de condições financeiras para arcar com as


custas processuais sem prejuízo da saúde financeira já abalada da empresa

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º LXXIV da Constituição Federal e pelo
artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça o autor.
Subsidiariamente, requer o parcelamento das custas judiciais .
4 - Conclusão

Diante das argumentações apresentadas, o Agravante espera o conhecimento


do presente agravo, com a reforma do despacho denegatório de ID 37aac8a, para
conceder o benefício da assistência jurídica gratuita, com a determinação de regular
processamento do recurso ordinário de ID. 23aea82 e, na sequência, o seu exame do
mérito.

Informa que a relação das peças apresentadas para a formação do presente


recurso e a indicação dos patronos encontram-se anexas.

Termos em que

Pede e espera deferimento.

Japeri, 05 de julho de 2022.

Jaqueline Silva Martins

OAB/RJ 188.856

Você também pode gostar