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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA XXX VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO

ESTADO DO XXX.

MARIA SOUZA, (nacionalidade), (estado civil), professora, portador da carteira de identidade nº


xxx, inscrito no CPF/MF sob o nº xxx, residente e domiciliado na Rua xxx, endereço eletrônico
xxx, vem por meio de seu advogado (procuração em anexo), endereço eletrônico xxx, onde
recebe notificações, conforme Artigo 106, I do Código de Processo Civil, com base no artigo 5º
LXIX da Constituição Federal, na lei 12.016/09 vem respeitosamente a Vossa Excelência
impetrar:

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR

Pelo rito sumaríssimo, contra ato do Relator da Universidade Federal de xxx com endereço na
xxx, endereço eletrônico xxx, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA (Artigo 5º LXXIV, Lei 1.060/50 e Artigo 98 CPC).

Com fundamento do artigo 5º, LXXIV, a autora declara que não possui condições de arcar com
as custas e despesas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, devido sua
demissão e por consequente desemprego. Requer a Vossa Excelência o benefício da gratuidade
de justiça, conforme lei 1.060/50 e artigo 98 do Código de Processo Civil.

I - DOS FATOS

O Impetrado, é aluno de uma Universidade Federal, autarquia federal, revoltado com a


nota que lhe fora atribuída em uma disciplina do curso de graduação, abordou a Impetrante,
que é servidora pública federal, com um canivete em punho e, em meio a ameaças, exigindo
que ela modificasse sua nota. Nesse momento, a Impetrante, com o propósito de repelir a
iminente agressão, conseguiu desarmar e derrubar o Impetrado, que, na queda, quebrou um
braço.

Diante disso, foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar (PAD), para apurar
eventual responsabilidade da Impetrante, bem como, sendo feita denuncia pelo crime de lesão
corporal. Na esfera criminal, a Impetrante foi absolvida, vez que restou provado ter agido em
legítima defesa, em decisão que transitou em julgado.

Contudo, o processo administrativo, prosseguiu, sem a citação da Impetrante, pois a


Comissão nomeada deu como justificativa de que a Impetrante teria conhecimento da
instauração do procedimento por meio da imprensa e de outros servidores. Ao final, a Comissão
apresentou relatório pugnando pela condenação da Impetrante à pena de demissão.

O PAD foi encaminhado à autoridade competente para a decisão final, que, sob o
fundamento de vinculação ao parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena de demissão à
Impetrante, afirmando, ainda, que a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal.
Em 10/04/2015, a Impetrante foi cientificada de sua demissão, por meio de publicação em Diário
Oficial, ocasião em que foi afastada de suas funções.

I – DA CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR

Presentes os requisitos legais, conforme artigo 5º LXIX, o Mandado de Segurança será concedido
para proteger direito líquido e certo, sempre que haja ilegalidade ou com abuso de poder por
parte de autoridade.
Verifica-se presente o “fumus boni iuris” ante a incontestável necessidade de
notificação da autora para defesa em Processo Administrativo Judicial, em virtude do
cumprimento do preceito Constitucional contido no artigo 5º LV e artigo 22 da Lei 8.112/90.
Corroborada com o fato da autora já ter sido absolvida em esfera criminal, em virtude da
excludente de ilicitude em razão da legítima defesa, o que também afasta a demissão em PAD,
por força do artigo 132 VII da lei 8.112/90. Já o “periculum in mora”, se verifica em razão da
séria dificuldade financeira passa da pela autora, que perdeu como admissão sua fonte de renda.

II - DO CABIMENTO

É cabível a propositura da presente ação sob o rito sumaríssimo com fulcro no artigo 319 c/c
300 do NCPC, por se tratar de violação a direi toda Autora.

III - DA TUTELA DE URGÊNCIA

O artigo 300 do Novo Código de Processo Civil define como requisitos para antecipação
de tutela a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

O perigo ou receio de dano irreparável (periculum in mora) resta demonstrado uma vez
que a Autora não está percebendo proventos em razão da sua demissão e, por conta disso, passa
por dificuldades financeiras.

A probabilidade do direito e da verossimilhança das alegações (fumus boni iuris) está


consubstanciada na nulidade do PAD por ausência de citação, com flagrante violação aos
princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, capitulados no Art. 5º,
LIV e LV da CRB /88 c/c Art. 143 da Lei nº 8.11 2/90, bem como pela inobservância do fato de
que a sentença penal absolutória transitada em julgado necessariamente vinculará o conteúdo
da decisão administrativa, nos termos do Art. 125 e 126 da Lei nº 8.112/90 c/c o Art. 65 do CPP.
Logo, em razão dos vícios do PAD, ora apresentados, e do prejuízo e lesão sofrido pela Autora
em decorrência de sua demissão, imperiosa é a concessão da presente tutela de urgência, com
a determinação da reintegração da Autora ao cargo público, sem prejuízo do direito ao
pagamento dos salários atrasados e de todas as vantagens do cargo.

IV - DO MÉRITO

Primeiramente, o Art. 5º, inciso LIV e LV da CRFB /88 garante o direito ao devido
processo legal, ao contraditório e a ampla defesa. Vejamos:

No mesmo sentido, o Art. 143 c/c 161, §1 º da Lei 8 .112/90 estabelece que qualquer
procedimento administrativo destinado à apuração de eventual ato ilícito cometido pelo
servidor público, seja sindicância ou PAD, deve assegurar ao acusado a ampla defesa. Vejamos:

Outrossim, na hipótese de absolvição penal com fundamento em excludente de


ilicitude, como a legítima defesa, não há espaço para aplicação do resíduo administrativo (falta
residual), vez que constitui uma das hipóteses de mitigação ao princípio da independência entre
as instâncias, capitulado no Art. 2 º da CRFB/88.

Ademais, a decisão proferida na esfera penal necessariamente vinculará o conteúdo da


decisão administrativa, nos termos do Art. 125 e 126 da Lei n º 8.112/90 c/c o Art. 65 do CPP.
Assim, ante os vícios do PAD, ora apresentados, imperioso é a anulação do ato demissional, bem
como a determinação da reintegração da servidora ao cargo público, sem prejuízo do direito ao
pagamento retroativo de todas as verbas e vantagens do cargo desde a suspensão da sua
remuneração, em razão da lesão patrimonial sofrida pelo não recebimento dos vencimentos, na
forma do Art. 28 da Lei nº 8.112/19 90

Ante o exposto, requer:

1) a concessão da tutela de urgência para garantir a reintegração da Impetrante aos quadros


funcionais da autarquia federal, até a decisão final, com fulcro no Art. 9 º c/c Art. 701 do NCPC;

2) a citação do Impetrado para que, querendo, contestar o feito no prazo de Legal;

3) a confirmação da tutela de urgência com a anulação do ato que resultou na demissão da


Impetrante e a condenação do Impetrado à reintegração da servidora aos quadros funcionais
da autarquia federal, bem como ao pagamento retroativo de todas as verbas e vantagens do
cargo a que a Impetrante faria jus se em exercício estivesse e a concessão da justiça gratuita em
razão das dificuldades financeira enfrentadas pela parte Impetrante, na forma da Lei nº
1.050/1960;

4) a produção de provas por todos os meios admitidos em direito e necessário a solução da


controvérsia, inclusive a juntada dos documentos anexos;

5) a condenação do Impetrado ao pagamento das custas processuais e aos honorários


advocatícios.

Dá-se à causa o valor de R$ XXX

Nestes termos,

Pede deferimento

Local e data

Advogado/OAB

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