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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA FEDERAL

DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE

MARIA SOUZA, nacionalidade, estado civil, servidora pública federal, inscrita no


CPF sob nº, portadora do RG nº, residente e domiciliada na, endereço eletrônico, por intermédio
de sua advogado que este subscreve, endereço eletrônico, vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, com fundamento no Art. 5º, LXIX da CRFB e Lei 12.016/2009, impetrar o
presente:
MANDADO DE SEGURANÇA
com pedido de TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA
em face do ato praticado pelo REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL, Sr. ,
nacionalidade, estado civil, profissão, podendo ser encontrado na sede da Universidade Federal,
pelos fatos e fundamentos que passa a expor.
I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Em razão das dificuldades financeiras enfrentadas pela Impetrante desde sua demissão,
esta não possui como suportar as custas judiciais sem que afete o seu sustento, razão pela qual
deve ser contemplada pela gratuidade de justiça, na forma da Lei nº 1.050/1960.
II. DOS FATOS
A Impetrante fazia parte do quadro de servidores públicos federais da Universidade
Federal X, exercendo cargo de professora.
Em determinado dia, Marcos Silva, aluno da instituição de ensino, inconformado com a
nota atribuída na disciplina em que a Impetrante lecionava, ele a abordou com um canivete em
punho e, em meio a ameaças, exigiu que ela procedesse à modificação de sua nota.
Pelo exposto, a Impetrante, com o propósito de repelir a iminente agressão, conseguiu
desarmar e imobilizar o aluno, que em queda sofreu fratura em um dos braços.
Diante do ocorrido, foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar (PAD), a fim de
apurar eventual responsabilidade da professora e, ao mesmo tempo, a Impetrante foi denunciada
pelo crime de lesão corporal.
Quanto a esfera criminal, a Impetrante foi absolvida, vez que fora provado ter agido em
legítima defesa, em decisão que transitou em julgado.

Com relação ao processo administrativo, este prosseguiu, sem a devida citação da


Impetrante, pois a Comissão nomeada entendeu que a mesma já teria tomado ciência da
instauração do procedimento por meio da imprensa e de outros servidores. Ao final, a Comissão
apresentou relatório pugnando pela condenação da servidora à pena de demissão.
O PAD foi encaminhado à autoridade competente, ora o Impetrado, para a decisão final,
que, sob o fundamento de vinculação ao parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena de
demissão à impetrante, afirmando, ainda, que a esfera administrativa é autônoma em relação à
criminal.
Em 11/01/2017, a servidora foi cientificada de sua demissão, por meio de publicação
em Diário Oficial, ocasião em que foi afastada de suas funções.
Assim sendo, vem a Impetrante junto do Poder Judiciário, com o objetivo de obter a
necessária tutela jurisdicional.
III. DOS FUNDAMENTOS
No presente caso, o Impetrado é responsável por ato de lesão a direito líquido e certo
junto à Impetrante, vez que comprovado, junto a esfera penal, que a mesma agiu em legítima
defesa, resultando em sua sentença absolutória.
Deve-se salientar, ainda, quanto a omissão da tramitação do PAD sem a devida citação
da Impetrante, bem como a descabida decisão do reitor ao aplicar a pena de demissão, sob a
justificativa apresentada de “que a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal”.
III.1. DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA E DA LEGITIMIDADE
ATIVA
O presente mandado de segurança tem cabimento, nos termos do inciso LXIX do artigo
5º da CRFB, como verdadeiro remédio constitucional para afastar ato de autoridade, capaz de
causar lesão ou ameaça, a direito líquido e certo não amparado por outra garantia.
Ao discorrer desta peça exordial, juntamente com os documentos acostados, será
notabilizado que a impetrante está segurada pelas garantias dispostas nas legislações específicas
e jurisprudências cabíveis ao caso.
Cumpre ressaltar, ainda, que o prazo para impetrar o presente instrumento fora
devidamente respeitado, haja vista que a Impetrante foi cientificada em 11/01/2017 e procedeu
ao acionamento do judiciário em 22/02/2017, conforme dispõe o Art. 23 da Lei nº 12.016/2009:
Isto posto, não há que se falar quanto a inadmissibilidade da impetração do presente
Mandado de Segurança e de possível intempestividade deste, vez que demonstrados os
requisitos do instrumento em tela.
III.2. DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL E DA LEGITIMIDADE PASSIVA
No presente caso, trata-se de ato coator praticado pelo reitor de instituição de ensino
superior público federal e, portanto, a competência será da Justiça Federal.
Vale ressaltar ainda o disposto no § 3º do Art. 6º da Lei nº 12.016/2009, que versa
acerca da indicação da Autoridade Coatora.
III.3. DA SUCESSÃO DE ATOS ILEGAIS PRATICADOS
Com relação ao PAD que pugnou pela condenação da servidora à pena de demissão,
este prosseguiu sem a devida citação da impetrante, onde a Comissão responsável apresentou
como justificativa que a mesma já teria tomado ciência da instauração do procedimento por
meio da imprensa e de outros servidores.
Ocorre que, concordante com a legislação específica acerca de processos
administrativos no âmbito da Administração Pública Federal, é imprescindível que a intimação
assegure a certeza da ciência do interessado, o que não sucedeu. É o que garante o § 3º do Art.
26 da Lei nº 9.784/99.
Quanto a justificativa apresentada pelo reitor, ora impetrado, quando da consumação do
ato coator ao aplicar a pena de demissão à impetrante, mister salientar que, de fato, há a
existência da autonomia entre as instâncias, figurando, no caso em comento, a penal e a
administrativa.
Entretanto, deve-se destacar que há exceções em determinadas conjunturas, em que
haverá sim a vinculação entre as instâncias, de modo que não poderá haver condenação na
esfera administrativa quando houver absolvição na esfera penal, sendo esta a inteligência do art.
126 da Lei nº 8.112/1990.
Como anteriormente demonstrado, o mesmo cenário não pode ser constatado junto ao
PAD enfrentado pela impetrante, vez que detectado a presença de vício durante o curso da
demanda administrativa, sendo, nesta ocasião, a ausência da devida citação e a não consideração
da sentença absolutória na esfera penal.
O direito líquido e certo não amparado da impetrante é evidente, a qual pugna por sua
reintegração através da anulação do ato demissionário realizado pelo impetrado.
IV. DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA
Pelo exposto, encontram-se presentes os requisitos para concessão do pedido em caráter
de urgência, com propósito de alcançar a reintegração imediata da servidora pública federal, ora
Impetrante, junto a Universidade Federal.
Neste contexto, nos deparamos com o periculum in mora e fumus boni iuris.
Com relação ao periculum in mora, é sabido que este se refere ao perigo da demora,
conforme preceitua o Art. 300 do CPC.
Nesta oportunidade, há de se destacar que o perigo da demora repousa na alta
possibilidade da impetrante vir a sofrer consequências gravíssimas diante da sucessão de atos
ilícitos praticados, que corroboraram para sua demissão descabida, devendo ser elencados:
a. Ocupação de seu antigo cargo por novo servidor federal, restando na impossibilidade de sua
reintegração;
b. Acúmulo de prejuízos de ordem financeira, haja vista não ter conseguido se realocar no
mercado de trabalho neste ínterim e ao não estar gerando renda para sua subsistência.
No que se refere ao fumus boni iuris, esta caracteriza-se por toda a fundamentação e
provas documentais, que garantem o próprio direito da Impetrante a ser reintegrada de pronto a
seu antigo cargo, bem como a receber seus devidos vencimentos, ante a demissão ilegal.
V. DOS PEDIDOS
Ante de toda exposição realizada, requer à Vossa Excelência:
a. Que seja concedida a gratuidade de justiça, uma vez que a Impetrante se encontra
desempregada, não possuindo condições de arcar com as custas;
b. Que seja deferida a liminar requerida, para promover a reintegração imediata da impetrante
ao seu antigo cargo junto a Universidade Federal;
c. Que seja determinada a notificação da autoridade coatora para prestar informações;
d. Que seja determinado que se dê ciência do fato ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica em comento, ora Universidade Federal;
VI. DO VALOR DA CAUSA
Diante disso, dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00, para fins fiscais.

Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB/UF.

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