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EXCELENTISSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO.

PIZZARIA CHAPA QUENTE LTDA, por seu advogado


que esta subscreve, vem, à presença de Vossa Excelência, impetrar:

MANDADO DE SEGURANÇA
Com Pedido Liminar

Com fulcro no art. 5º, LXIX, da CFRB/88, e na Lei


12.016/2009, em face de ato praticado pelo JUÍZO DA 80ª VARA DO
TRABALHO DE CRICIÚMA/SC, materializado pela decisão proferida nos
autos da Reclamação Trabalhista em que lhe move EVELYN CALABRESA no
processo nº 0000728-84.2022.5.12.0080, pelos motivos de fato e de direito a seguir
expostos.
1. CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

O presente feito é ajuizado tendo em vista a existência de


decisão judicial que determinou a realização de prova pericial e proibiu as partes
de apresentarem quesitos e indicar assistentes técnicos.

Os requisitos constitucionais específicos, exigem que o


direito que se alega violado, ou na iminência de violação, por ato ou omissão
eivado de ilegalidade ou abuso de poder, seja líquido e certo consoante se extrai
do art. 5º, LXIX, que prevê, in verbis:

“Art. 5º (…)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público.”

No caso presente, a garantia legal de apresentar requisitos


e indicar assistentes técnicos pelas partes, para acompanhar a perícia, foi negado
pelo juízo, além da impetrante ter sido obrigada a antecipar a quantia referente
aos honorários periciais, o que vai em desacordo com a CLT, e lhe prejudica
diretamente, podendo ser irreparável os danos provenientes dessa decisão.

Assim, é cabível o Mandado de Segurança, na forma como


foi proposto, preventivamente, haja vista a ameaça ao direito líquido e certo do
impetrante, assim sendo, o presente mandado é, portanto, plenamente cabível.

O direito de requerer mandado de segurança, se extingue


no prazo decadencial de 120 dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato
impugnado. No caso em questão, a ciência do ato se deu no momento da
audiência, que foi realizada há uma semana, portanto, impetração do presente
mandado é tempestivo.

2. DOS FATOS

Na audiência, o juízo a quo determinou a realização de


perícia, indicando perito e proibindo as partes de formular quesitos e indicar
assistentes técnicos, bem como exigiu a antecipação do pagamento dos
honorários periciais pela impetrante, conforme Ata de Audiência transcrita
abaixo:

ATA DE AUDIÊNCIA

“(...)

Em audiência não houve acordo e então o juiz, com base no Art.


195, § 2º, da CLT, determinou de ofício a realização de prova pericial, apresentando um
único quesito do juízo, qual seja: “diga o perito se havia agente insalubre no local de
trabalho de Evelyn e, em caso positivo, em que grau”. Além disso, o magistrado proibiu
a apresentação de quesitos pelas partes, proibiu que os litigantes indicassem assistentes
técnicos, nomeou um perito da sua confiança e fixou os honorários periciais dele em R$
4.000,00, determinando que a empresa antecipasse a quantia em 10 dias, sob pena de
execução forçada, e que a prova técnica somente tivesse início após o depósito.
(...)“

3. DA VIOLAÇÃO DO DIREITO - DOS RISCOS À SEGURANÇA


JURÍDICA E PREJUÍZOS À IMPETRANTE FACE A OBRIGATORIEDADE
DO PAGAMENTO ANTECIPADO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

Conforme já exposto, as partes foram proibidas de


formularem quesitos para a realização da perícia e de indicar assistentes técnicos,
além da impetrante ter sido obrigada a adiantar, no prazo de 10 dias, o
pagamento dos honorários periciais, sob pena de execução forçada, ofendendo
assim, nosso ordenamento jurídico. A decisão da autoridade coatora deve ser
suspensa e assim garantir o princípio do contraditório, da ampla defesa e do
devido processo legal, baseando-se no Código de Processo Civil com aplicação
subsidiária ao Processo do Trabalho, nos moldes do artigo 769 da CLT.
Esses princípios ofendidos, tem base no art. 5º, inciso LV da
CF 88, como também no art. 465, parágrafo 1º, inciso II do CPC, que é aplicado
ao Processo do Trabalho, e também os artigos 826 da CLT, art. 3º da Lei 5584/70
e Súmula 341 do TST.
Sobre a obrigação de antecipar o pagamento dos honorários
periciais, ofende diretamente o artigo 790-B, parágrafo 3º da CLT e OJ 98 da SDI-
2 do TST.
4. DO PEDIDO LIMINAR

Encontram-se presentes todos os requisitos do art. 7º, inciso


III, da Lei 12.016/2009, autorizadores da concessão de segurança em caráter
liminar, quais sejam, o relevante fundamento da demanda e o risco de resultar a
ineficácia da medida.
Ressalta-se que a urgência no pedido decorre da
determinação judicial para antecipar o pagamento dos honorários periciais no
valor de R$4.000,00. A impetrante ainda sofre os efeitos da pandemia em seu
negócio e que se dispor dessa quantia, não teria como fechar a folha de
pagamento dos funcionários, acarretando medida excessivamente onerosa e de
difícil reparação.
Não obstante, há evidente urgência no deferimento da
medida devido o perigo na demora, uma vez que, caso o impetrante seja
executado forçadamente, não conseguirá arcar com as despesas da folha de
pagamento dos funcionários e sofrerá consequências com a legislação trabalhista.

Por fim, a probabilidade do direito está presente nas


disposições do art. 3º, § 3º da Resolução 314 do CNJ e no art. 5º da Constituição
Federal, nos princípios gerais do direito que demonstram que a subsunção dos
fatos aludidos com o direito requerido.

Portanto, na certeza do direito líquido e certo e de que sua


situação atende perfeitamente a todos os requisitos esperados para a concessão
da medida liminar, é que se pleiteia o seu competente deferimento.

Em assim sendo, como destacado no rosto desta petição, se


afigura de extrema urgência a concessão de medida liminar, a fim de se evitar
maiores prejuízos ao impetrante.

Deste modo, o impetrante requer, em sede de decisão


liminar, a determinação para que seja cancelada a decisão que exige a antecipação
do pagamento dos honorários periciais.

4. DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Diante de todo o exposto, entendendo ter demonstrado,


com a devida venia, a ocorrência de ato ilegal por decisão proferida pelo Juízo da
80ª Vara do Trabalho de Criciúma/SC, requer-se:
a) que seja recebido e autuado o presente Mandado de
Segurança, processando-o na forma da lei;

b) seja concedido o pedido em caráter liminar para


determinar ao Juízo da 80ª Vara do Trabalho de Criciúma/SC, a retirada da
obrigação da antecipação do pagamento dos honorários periciais;

c) a notificação da autoridade coatora para que preste


informações no prazo de 10 (dez) dias, nos moldes do art. 7º, inciso I, da Lei
12.016/2009;

d) a intimação da sra. Evelyn Calabresa para integrar a lide


como litisconsorte passivo;

e) a intimação do Advogado-Geral da União, dando-se


ciência da impetração do presente mandado de segurança, nos exatos termos do
art. 7º, inciso II da Lei 12.016/2009;

f) a concessão da segurança em caráter definitivo,


confirmando-se os termos da liminar anteriormente referida.

Atribui-se à causa o valor de R$4.000,00

Termos em que,
Requer deferimento.

Local e Data

ADVOGADO

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