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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA VARA DE FAZENDA PÚBLICA


DA COMARCA DE NOVA FRIBURGO, PE.

JOÃO DA SILVA BRASILEIRO VILA NOVA, brasileiro, solteiro, empresário,


portador da cédula de identidade nº 5.384.777 SSP-PE e inscrito no CPF sob
o n° 044.162.264-02, residente e domiciliado à Av. Presidente Kennedy, nº 507
-A, Peixinhos, Olinda, PE, CEP: 53.260-640, endereço eletrônico.
joaodasilvaempresario@gmail.com, vem, respeitosamente, perante V. Exa., por
intermédio de seu procurador, infra assinado,com endereço profissional em R.
Salvador de Sá, 1182 - Rosarinho, Recife - PE, 52050-050, com fulcro na Lei nº
12.016/09, da Constituição Federal, Lei 12016-2009, perante Vossa Excelência
impetrar o presente:

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR

em face do Secretário de Posturas do Município de Nova Friburgo,


brasileiro, servidor público municipal, casado, inscrito no RG 6.686.676, e CPF
022.168.864-86,e-mail servidornovafriburgo@novafriburgo.gov.br, podendo ser
encontrado na sede da prefeitura localizado na Rua Mauricio de Nassau, Nº
1635, Nova Friburgo-PE, pelos fatos e motivos a seguir expostos, com respaldo
nos fundamentos de fato e de direito adiante elencados .

I- DOS FATOS
O impetrante é sócio-diretor da empresa JLV Logísticas Ltda., que tem
como atividade empresarial a comercialização de produtos eletrônicos. Em
determinado dia, o impetrante foi surpreendido com uma notificação do
Município de Nova Friburgo para pagar multa de R$ 10.000,00 (dez mil
reais) e encerrar as atividades empresariais na cidade em um período de
até 90 (noventa) dias.

O impetrante ao ler a notificação recebida ficou completamente atônito,


tendo descoberto a abertura de um processo administrativo para apurar
denúncia de violação ao Decreto Municipal nº 5.678/14, sem lastro em
prévia lei municipal, que veda a instalação de lojas de produtos eletrônicos
em bairro de perfil residencial, determina a aplicação e estabelece um
prazo de 90 (noventa) dias para o encerramento das atividades
empresariais no Município.

O impetrante verificou que, após a abertura do processo e instrução com


registro fotográfico, foi proferida decisão pelo Secretário de Posturas do
Município. Referida decisão foi proferida sem prévia oitiva da empresa e
como se não bastasse a violação do devido processo legal, determinou a
aplicação da multa no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), bem como
fixando prazo de 90 (noventa) dias para o encerramento das atividades
empresariais, sob pena de interdição e lacre do estabelecimento, na forma
do Decreto Municipal nº 5.678/14, conforme documentação anexa.

Diante da teratologia da decisão, vem o impetrante se valer do presente


writ para afastar as ilegalidades perpetradas. Em caso de inadimplência
deve buscar os meios de cobrança judicial do crédito e não prejudicar o
Impetrante.

De acordo com a Constituição Federal de 1988, conceder-se-á Mandado


de Segurança para proteger direito líqüido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público (art. 5º, LXIX). De modo que,
cabe ao impetrante demonstrar a lesão a direito líquido e certo, ou seja,
direito que se considera incorporado definitivamente ao patrimônio de
alguém e sobre o qual não paira dúvida ou contestação possível.
Igualmente, o artigo 1º, da Lei nº 12.016/09 institui que será concedido o
mandado de segurança "para proteger direito líquido e certo, não
amparado por ‘habeas corpus’ ou 'habeas data', sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação
ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem as funções queexerça".

II- DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

Diante da situação hora narrada, percebe-se um ato ilícito cometido por pessoa
agindo em nome do Estado. Com efeito, o direito aqui pleiteado não é
amparado por habeas corpus ou habeas data. Registre-se que o direito do
impetrante é líquido e certo, sendo comprovado por robusta prova documental.

Por fim, observe-se que ainda não houve o curso do prazo de 120 (cento e
vinte) dias para que este remédio constitucional pudesse ser utilizado.
Observe-se que o prazo para eventual recurso administrativo já transcorreu.
Por tanto o cabimento do Mandado de Segurança no presente caso é flagrante.

III - DO DIREITO:

i. Da violação do direito de defesa e do devido processo legal:

São Princípios fundamentais previstos no art. 5º, CF a ampla defesa, o


contraditório e o devido processo legal. No presente caso, porém, houve
desrespeito de tais princípios. O Município criou Decreto Municipal nº
5.678/14, sem lastro de prévia lei municipal que vedava a instalação de lojas
de produtos eletrônicos em bairros residenciais. Além disso, não oportunizou
a impetrante em nenhum momento de se defender ou de participar do
processo administrativo.

Trata-se de irregularidade do ato administrativo que deve ser imediatamente


revisto sob pena de nulidade.
ii. Da violação ao princípio da razoabilidade:
O Decreto Municipal em questão, fere a razoabilidade e proporcionalidade,
visto que as exigências, multas, cominações e prazos nele previstos são
excessivos, visto que gera altos prejuízos absurdos e ainda cobram da
impetrante valores muito altos.

iii. Da violação ao princípio da legalidade:


O art. 5º, II da Constituição Federal, prevê que, “ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. A criação do
Decreto Municipal também desrespeitou o princípio da legalidade, visto que
não há embasamento legal para sua criação. O município criou Decreto
Municipal nº 5.678/14, sem lastro em prévia lei municipal.

É de ressaltar que o Decreto restringiu a livre concorrência e a livre iniciativa,


visto que limitou a comercialização na área de atuação do impetrante, sendo
que só poderia o Estado interferir se vinculadas a leis no sentido formal.

IV- DA CONCESSÃO DO PEDIDO LIMINAR

O art. 7º, § 2º da lei 12.016/09 prevê que o juiz pode conceder liminar para
antecipar os efeitos da tutela. Em analogia ao art. 300, CPC, para deferir uma
tutela antecipada é necessário demonstrar, cumulativamente, o perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo e probabilidade de direito,
portanto, impõe-se, no caso presente, a concessão antecipada da tutela
específica (art. 300 do NCPC).

"Art. 300. A tutela de urgência será concedida


quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo.”

Com efeito, erigiu o constituinte à condição de cláusula pétrea o direito à


tempestividade da prestação jurisdicional (art. 5º, LXXVIII, CF), fundamento
magno para o reconhecimento da tutela de urgência, mormente a
satisfativa. Na verdade, o legislador instituiu um procedimento que confira
ao cidadão uma resposta tempestiva, já que o direito de acesso à justiça,
albergado pelo art. 5º, XXXV, da CF, decorre do princípio de que todos têm
direito a uma resposta tempestiva ao direito de ir ao juiz para buscar a
realização de seus direitos.

No presente caso, o impetrante verificou que só após os registros


topográficos, foi proferida a decisão, tendo já o município, expedido
alvará de funcionamento ao impetrante. Observa-se que o principal
documento emitido pelo município é o alvará de funcionamento. Ele é
a autorização final que lhe permite abrir as portas do seu negócio.
Para obter, a empresa precisará comprovar na prefeitura da sua
cidade que reúne todas as condições exigidas por lei para exercer a
atividade, onde este impetrante argüiu todos os tramites e critérios
necessários para tal feito, obstante ser,tal decisão, contrárias ao feito
já prolatado.

Pois bem, a probabilidade do direito se verifica pelos fundamentos


jurídicos, fatos e provas juntadas, que demonstram a ausência de ampla
defesa, contraditório, do devido processo legal, além da violação da
legalidade e razoabilidade. Demonstrados esses desrespeitos com os
direitos do impetrante, restam configuradas a probabilidade de direito
dessa.
O perigo de dano está evidenciado pelo fato da parte impetrante estar
sendo lesada pelo Decreto, que causará muito prejuízo, afundando seus
sócios em imensas dívidas simplesmente pelo ato ilegal.
Com efeito, a Lei nº 13.105/15, ao dar nova redação ao artigo 300, do
Novo Código de Processo Civil, possibilitou a antecipação dos efeitos da
tutela pretendida no pleito inicial, desde que satisfeitos os requisitos legais,
in casu, a verossimilhança das alegações temperada com o fundado receio
de dano irreparável ou de difícil reparação.

A verossimilhança das alegações, haurida de um juízo de cognição


sumária, faz-se presente diante da plausibilidade do direito vindicado pelo
Impetrante, robustecido pelo cabedal de normas e princípios aplicáveis à
espécie, lastreados, ainda, pela copiosa documentação juntada. No caso
em tela é plenamente cabível a antecipação de tutela,
porquanto não incide nenhuma vedação legal, bem como não merece
guarida qualquer alegação de prejuízo.

Restam demonstrados todos os requisitos legais para concessão liminar


inaudita altera parsde antecipação de tutela, com cominação de astreintes
em caso de descumprimento (art. 300, do NCPC), uma vez comprovado o
direito subjetivo do impetrante de submeter-se as provas das disciplinas
restantes do seu curso de direito.

V. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:

a) Seja deferida a liminar para suspender a decisão o processo administrativo;

b) A citação do requerido para contestar a presente ação no prazo legal;

c) Seja, ao final, confirmada a liminar para: (1) Seja declarado ilegal o ato
administrativo; (2) Seja declarada nulidade do Decreto Municipal; (3) Seja
o impetrado condenado ao pagamento de custas e honorários advocatícios;

d) Seja intimado o ilustre representante do Ministério Público Estadual


para se manifestar como fiscal da lei.

e) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, notadamente documentais.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Termos em que pede deferimento.

Nova Friburgo, 24 de outubro de 2023.


Rafael da Silva Lima Venancio
ADVOGADO
OAB/PE 220.314

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