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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A)

JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA


DA XXX

EXEQUENTE, brasileiro, solteiro, empresário, inscrito no RG


n…, e CPF n…, residente e domiciliado na Rua…, n…, Centro,
Florianópolis/SC, CEP…, endereço eletrônico…, vem, à
presença de Vossa Excelência, por seu advogado, com
fundamento nos artigos 784 e seguintes do Novo Código de
Processo Civil (Lei 13.205/2015), propor

EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL

em face EXECUTADO, brasileiro, casado, empresário,


inscrito no RG n…, e CPF n…, residente e domiciliado na
Rua…, n…, Centro, xxx/xx, CEP…, endereço eletrônico…,
endereço eletrônico desconhecido, pelas razões de fato e de
direito que passa a expor.

1. DA EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL - CONTRATO DE
LOCAÇÃO
O Exequente celebrou no dia…, contrato de locação com o
Executado pelo prazo de 30 meses, cujo objeto era o imóvel
localizado em... Todavia, o Executado rescindiu
antecipadamente o contrato, o qual era garantido por fiador,
resultando na inadimplência de aluguéis e encargos
contratuais, conforme documentos acostos, autorizando o
ajuizamento da execução.
Com efeito, a legislação processual exige que o exequente, no
caso de execução por quantia certa, apresente com a petição
inicial memória de cálculo discriminando o débito atualizado.

Essa previsão serve, principalmente, para garantir o devido


processo legal e o pleno exercício do contraditório e da ampla
defesa pela parte executada, de modo que possa verificar o
saldo exequendo e o modo como foi calculado, podendo, então,
com ele concordar ou discordar. Por isso, não há que se falar
em ausência de cumprimento dos requisitos legais a ensejar a
presente execução.

Ademais, é desnecessária prévia ação de conhecimento para


cobrança da multa compensatória por rescisão antecipada do
contrato, pois, sendo o contrato de locação título executivo
extrajudicial, perfeitamente viável a execução da multa referida
juntamente com os aluguéis e demais acessórios, nos termos
do art. 784, VIII , do CPC, in verbis:

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: [...] VIII - o


crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel
de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e
despesas de condomínio;

Comentando o supracitado inciso VIII, lecionam Fredie Didier


Jr., Leonardo Carneiro da Cunha, Paula Sarno Braga e Rafael
Oliveira:

O aluguel ou renda da imóvel constitui crédito que, uma vez


comprovado, integra um título executivo extrajudicial. O
documento que prevê esse aluguel ou essa renda é título
executivo, mesmo que não haja a assinatura de duas
testemunhas. O contrato de locação ou o documento que
preveja pagamento de aluguel de imóvel constitui, enfim, um
título executivo, não precisando da assinatura de duas
testemunhas para gozar dessa característica (Curso de direito
processual civil: execução. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2012.
vol. 5. p. 188).
No entanto, há requisitos indispensáveis para que a obrigação
de que trata o título seja passível de ser executada. De acordo
com Fredie Didier Jr.:

O título executivo é o documento que certifica um ato jurídico


normativo, que atribui a alguém um dever de prestar líquido,
certo e exigível, a que a lei atribui o efeito de autorizar a
instauração da atividade executiva. (DIDIER Jr., Fredie;
CUNHA, Leonardo Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno;
OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual
Civil: execução. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2017. v. 5, p. 260).

Sobre os requisitos, tem-se que:

Obrigação certa: A obrigação objeto do processo de execução


deverá cumprir com o requisito da certeza. Ou seja, a obrigação
deverá existir. Sem obrigação extraída do título executivo, não
há que se falar em executabilidade. Do mesmo modo,
inexistente a obrigação – ou incerta -, não se pode falar de
liquidez e exigibilidade. Por essa razão, Fredie Didier Jr., na
obra acima citada, afirma que a certeza é pré-requisito dos
demais atributos. Isto, contudo, não significa que a obrigação
será incontestável. Ainda, cabe ressaltar que a obrigação não
precisa ser expressa. Será considerada certa, desde que, da
leitura do título, entenda-se existente uma obrigação.
Obrigação líquida: O princípio da liquidez da obrigação
refere-se à capacidade de determinação do objeto da obrigação.
Ou seja, daquilo que poderá ser exigido em processo de
execução. Portanto, a obrigação deve existir sobre um objeto
específico. Do contrário, não se saberá o que poderá será
executado.
Obrigação exigível: Exigível – ou seja, é preciso haver um
direito sobre a obrigação e um dever de cumpri-la. Ressalta-se
que essa obrigação se perfaz, também, no tempo. Portanto, se
uma obrigação ainda não é vencida, não se pode argumentar
pelo processo de execução, uma vez que ainda em tempo para
quitação.
In casu, versando a execução sobre aluguel de imóvel, não há
falar em iliquidez do título capaz de ensejar a nulidade do feito
executivo, porquanto preenchidos os requisitos legais previstos
no dispositivo legal retro citado.

Portanto, inequívoco o direito do Exequente, que instrui a


presente exordial com o título executivo, demonstrativo do
débito atualizado, e outros documentos mais, nos termos do
art. 798 do CPC, preenchendo assim, os requisitos necessários
à execução.

2. DA MULTA POR RESCISÃO ANTECIPADA


DO CONTRATO DE LOCAÇÃO
O contrato de locação tinha prazo determinado de 30 meses.
Entretanto, o Locatário, ora Executado, deu causa a rescisão no
dia..., ou seja, antes do término previsto do documento,
ensejando multa no valor de R$... conforme expressa previsão
legal da cláusula...

Importa ressaltar, que nos contratos de locação não incidem as


regras do Código de Defesa do Consumidor, pois existente
legislação especial própria que disciplina a matéria. Dessa
forma, não é ilegal a cláusula penal que fixa multa sobre o
encargo locatício em caso de inadimplência e rescisão
contratual antecipada, pois não há, na espécie, exigência de
limitação como previsto no Código de Defesa do Consumidor.

3. DA JUSTIÇA GRATUITA
Estatui a Constituição Federal em seu art. 5º,
incisos XXXV e LXXIV:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito;

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e


gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.

Nesse tom, a Constituição Federal objetivou dar amplo acesso


ao Estado-Juiz, garantindo, inclusive àqueles que não possuem
condições financeiras para ver cumpridos os seus direitos, o
meio legal à sua realização.

A seu turno, densificando a garantia fundamental ao acesso


universal e efetivo à Justiça, o art. 98, caput, do Código Fux
disciplinou que "a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas,
despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma na lei". Nesse sentido, colhe-se
da jurisprudência catarinense:

BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA INDEFERIDO ÀS RÉS.


AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA COMPROVAÇÃO DE
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO
DA BENESSE, NOS TERMOS DO ART. 99, § 2º, DO CPC.
HIPOSSUFICIÊNCIA DELINEADA A CONTENTO.
DECLARAÇÃO DE POBREZA E DOCUMENTAÇÃO
ANEXADA QUE SATISFAZEM OS REQUISITOS LEGAIS
PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. RENDA LÍQUIDA
MENSAL INFERIOR A 3 (TRÊS) SALÁRIOS MÍNIMOS.
SITUAÇÃO NÃO DERRUÍDA POR PROVA EM CONTRÁRIO.
PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA. ART. 5.º, LXXIV,
DA CF/1988. DEFERIMENTO DA BENESSE. RECURSO
PROVIDO. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 4015331-
47.2019.8.24.0000, de Guaramirim, rel. Des. Maria do Rocio
Luz Santa Ritta, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 10-09-
2019).

O Requerente junta aos autos declaração de hipossuficiência,


que conforme clara redação do § 3º do art. 99, do CPC,
presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural. Ademais, Fredie Didier Jr.
leciona que:

Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem


tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos.
É possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda
mensal, seja merecedora do benefício, e que também o seja
aquela sujeito que é proprietário de bens imóveis, mas não
dispõe de liquidez. A gratuidade judiciária é um dos
mecanismos de viabilização do acesso à justiça; não se pode
exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que
comprometer significativamente sua renda, ou tenha que se
desfazer de seus bens, liquidando-os para angariar recursos e
custear o processo. (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael
Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora
JusPodivm, 2016. p. 60).

Pois bem. A renda líquida mensal do Exequente é inferior a 02


salários mínimos, e os documentos acostos aos autos,
demostram de forma inequívoca sua impossibilidade para
arcar com o pagamento das custas e despesas judiciais sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família, requerendo
portanto, com fundamento no art. 5º,
inciso LXXIV da Constituição Federal e no art. 98 e seguintes
do Código de Processo Civil, a concessão dos benefícios da
assistência judiciária gratuita.

4. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Por todo o exposto, REQUER:
1. A citação do Executado por carta, na forma do
art. 829 do CPC, para que pague, no prazo de 03 dias
a contar da citação, a importância devida de R$...,
acrescidos de correção monetária, custas processuais
e honorários advocatícios, estes, reduzidos pela
metade em caso de integral pagamento;
2. Não sendo efetuado o pagamento no prazo legal r.,
requer, na forma dos artigos 798, II, 829, §
2º, 835, I e 854, todos do CPC, o bloqueio dos valores
disponíveis em contas em nome da Executada via
Sistema BACENJUD, até o valor indicado na
execução acrescidos de custas, despesas processuais,
honorários advocatícios e multa, a fim de evitar que
eventuais valores sejam intencionalmente desviados
pelo Executado no objetivo de frustrar a execução;
3. Não havendo valores disponíveis ou caso sejam
insuficientes, requer a expedição de mandado de
avaliação, penhora e expropriação dos bens abaixo
arrolados..., caso em que os bens deverão ficar
depositados em poder do Exequente, nos termos do
art. 840, § 1º do CPC;
4. Não sendo encontrado referidos bens, requer a
pesquisa, através do convênio RENAJUD, INFOJUD
e CCS para encontrar outros bens, valores,
procurações e relações societárias em nome do réu e
imediata penhora;
5. Não sendo encontrado bens, requer seja notificada a
Receita Federal, para que forneça as três últimas
declarações de imposto de renda do Executado, a fim
de que se verifique a relação de bens que possui.
6. Caso o executado não seja encontrado, ou em caso de
tentativa de frustrar a execução, requer o arresto de
bens supracitados suficientes para garantir a
execução, consoante o art. 830 do CPC, e, após,
dando-se ciência ao Executado do arresto realizado;
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo
de 3 (três) dias, contado da citação. § 1o Do mandado de
citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a
serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o
não pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto,
com intimação do executado. § 2o A penhora recairá sobre os
bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados
pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de
que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará
prejuízo ao exequente.

art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os


honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo
executado.
§ 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o
valor dos honorários advocatícios será reduzido pela metade.

Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente: II -


indicar: a) a espécie de execução de sua preferência, quando
por mais de um modo puder ser realizada;

Doc. 4;

Art. 840. Serão preferencialmente depositados: [...] § 1o No


caso do inciso II do caput, se não houver depositário judicial,
os bens ficarão em poder do exequente.

Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado,


arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a
execução.

1. Determinar, nos termos dos artigos 139,


inc. IV, 537, 773 e 814, todos do CPC, as medidas
necessárias ao cumprimento da ordem, em especial a
aplicação de multa diária;
2. Em caso de embargos rejeitados, sejam os honorários
advocatícios elevados a 20 % (vinte por cento), nos
termos do art. 827, § 2º do CPC;
3. Seja expedida Certidão comprobatória do
ajuizamento da presente Execução, a teor do
artigo 828, do Novo Código de Processo Civil, para
fins de averbação no registro de imóveis, veículos ou
outros bens sujeitos à penhora, arresto ou
indisponibilidade;
4. Seja o Executado inscrito em cadastros de
inadimplentes, na forma do art. 782, § 3º,
do NCPC/2015;
5. Com o depósito do valor devido ou realizada a
penhora on-line, postula-se a expedição de alvará
automatizado em favor da parte Exequente;
6. Por fim, requer a procedência da presente execução
para a satisfação do crédito do Exequente, com a
fixação, de plano, dos honorários advocatícios de
20% em conformidade com o art. 85 e seguintes
do CPC, a serem pagos pelo Executado;
7. Requer ainda, que as futuras intimações e
notificações sejam todas feitas em nome do advogado
subscritor.
8. A produção de todos os meios de provas em direito
admitidas;
Dá-se à causa o valor de R$...

Pede Deferimento.

Florianópolis, 10 de novembro de 2019.

Advocacia

OAB/SC

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