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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DA __ª VARA CÍVEL DE LONDRINA, ESTADO DO PARANÁ

Autos nº ...
JULIÃ O ..., nacionalidade, profissã o, casado, portador do RG nº ..., inscrito no CPF
sob nº ..., endereço eletrô nico ..., e RUTH ..., nacionalidade, profissã o, casada,
portadora do RG nº ..., inscrita no CPF sob nº ..., endereço eletrô nico ..., ambos
residentes e domiciliados na (endereço completo), vem a este juízo, por seu
advogado subscritor (mandato anexo), com fundamento nos artigos 335 e 343 do
Có digo de Processo Civil, apresentar CONTESTAÇÃ O COM RECONVENÇÃ O em face
de JOÃ O ..., nacionalidade, profissã o, uniã o está vel, portador do RG nº ..., inscrito no
CPF sob nº ..., endereço eletrô nico ..., e MARCOS ..., nacionalidade, profissã o, uniã o
está vel, portador do RG nº ..., inscrito no CPF sob nº ..., endereço eletrô nico ...,
residente e domiciliado na Rua das Bromélias, nº 100, Bairro ..., na cidade de
Londrina/PR, CEP: ..., pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.
1. DA TEMPESTIVIDADE
Os requeridos receberam a citaçã o, por correio, em 1º/7/2019 (segunda-feira), e o
AR (aviso de recebimento) foi juntado aos autos em 4/7/2019 (quinta-feira).
Salienta-se que a parte autora manifestou desinteresse na autocomposiçã o,
conforme permite o art. 334, § 5º, do CPC; protocolada petiçã o de habilitaçã o nos
presentes autos manifestando desinteresse de autocomposiçã o, requerendo o
cancelamento da audiência (na linha do art. 335, II, CPC/15), em 5/7/2019 (sexta-
feira).
Assim, considerando que os requeridos tem o prazo de 15 dias para apresentar
contestaçã o, a contar do protocolo do pedido de cancelamento de audiência (art.
335, II, CPC), portanto, tempestiva a presente contestaçã o, apresentada em ....
2. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Requer se a concessã o do pedido de justiça gratuita, pois os requeridos nã o
possuem recursos suficientes para arcar com as custas processuais e honorá rios
advocatícios sem prejudicar seu sustento e de sua família, nos termos do arts. 5º,
inciso LXXIV da CF/88 e 98 do CPC.
3. SÍNTESE DA INICIAL
Aduz o autor que há nove anos, ele e seu companheiro Marcos, tomaram posse do
imó vel rural localizado na Rua das Bromélias, nº 100, Bairro ..., na cidade de
Londrina/PR, CEP: ..., que possui 35 hectares, de propriedade dos requeridos. Com
o passar dos anos, Joã o e Marcos, que nã o possuíam nenhum outro imó vel,
construíram uma casa no terreno e passaram a tirar da terra o sustento da família,
nunca tendo aparecido qualquer pessoa para reclamar a propriedade do referido
imó vel. Sendo que, até mesmo os carnês de IPTU, deixados na propriedade pela
prefeitura, foram pagos pelo casal, desde o início da posse.
Por fim, requereu a plena propriedade em açã o de usucapiã o rural.
Dando à causa o valor de R$ ... (valor por extenso).
Eis a síntese do necessá rio.
4. DA VERDADE DOS FATOS
Os requeridos sã o os reais proprietá rios do imó vel, tendo feito um contrato verbal
de locaçã o com Joã o e Marcos (locatá rios), por prazo indeterminado, fixando o
valor mensal do aluguel em R$ 300,00, que nunca foi pago. Sendo acordado que os
locatá rios pagariam todos os impostos e as contas de á gua e luz.
Juliã o e Ruth espantaram-se com o fato de que Joã o, locatá rio, busque a usucapiã o
do imó vel locado, pois, apesar de nunca buscaram na Justiça os valores devidos,
porque sabiam das dificuldades financeiras de Joã o e Marcos.
5. DAS PRELIMINARES
5.1. Da inépcia da inicial
Conforme dispõ e o art. 337, IV, do CPC, incumbe ao réu antes de adentrar o mérito
alegar a inépcia da petiçã o inicial, que é considerada nã o apta a produzir efeitos
jurídicos em decorrência de vícios que a tornem confusa, contraditó ria, absurda ou
incoerente, ou, ainda, por lhe faltarem os requisitos exigidos pela lei, ou seja,
quando a peça nã o estiver fundada em direito expresso ou nã o se aplicar à espécie
o fundamento invocado. A inépcia enseja a preclusã o e proíbe-se de levar adiante a
açã o.
Assim, tem-se como inepta a petiçã o inicial do autor, visto que fundada em direito
real imobiliá rio (propriedade, art. 1.225, CC) encontra-se desprovido nos autos de
consentimento do cô njuge do autor, nã o podendo tal requisito ser suprido pejo
juízo, conforme arts. 73, §§ 2º e 3º, e 74, pará grafo ú nico, ambos do CPC, in verbis:
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação
que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime
de separação absoluta de bens.
§ 1º Ambos os cô njuges serã o necessariamente citados para a açã o:
I - que verse sobre direito real imobiliá rio, salvo quando casados sob o regime de
separaçã o absoluta de bens;
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cô njuges ou de ato praticado
por eles;
III - fundada em dívida contraída por um dos cô njuges a bem da família;
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituiçã o ou a extinçã o de ô nus
sobre imó vel de um ou de ambos os cô njuges.
§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu
somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos
praticado.
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos.
Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente
quando for negado por um dos cô njuges sem justo motivo, ou quando lhe seja
impossível concedê-lo.
Pará grafo ú nico. A falta de consentimento, quando necessário e não suprido
pelo juiz, invalida o processo. (grifos nossos)
Razã o pelo que, deve ser julgada inepta a inicial, por vício de validade Inércia da
inicial por ausência de consentimento do companheiro na petiçã o inicial (art. 295, I
c/c art. 337, IV, ambos do CPC).
5.2. Do defeito de representação
Conforme dispõ e o art. 337, IX, do CPC, incumbe ao réu antes de adentrar o mérito
alegar a incapacidade da parte, defeito de representaçã o ou falta de autorizaçã o. A
legitimidade se divide em duas espécies: uma relacionada à legitimidade de ser
parte na açã o (legitimidade ad causam), e outra relacionada à capacidade de
representar a parte no processo (legitimidade ad processum).
Assim, ao ingressar com açã o em favor do seu cliente, o advogado deve possuir a
legitimidade ad causam, outorgada por meio de instrumento de mandato. Contudo,
caso o seu cliente seja analfabeto, o art. 595, do Có digo Civil de 2002, estabelece a
necessidade de a procuraçã o estar assinada por duas testemunhas. Caso contrá rio,
estará configurada a ilegitimidade processual.
Portanto, considerando que nos autos consta da procuraçã o apresentada, apenas a
digital de Joã o sob a rubrica “analfabeto”, tem-se configurado vício de
representaçã o por falta de assinatura por duas testemunhas.
Razã o pelo que, deve ser suspenso o processo, por vício de representaçã o, para que
seja o vício sanado (art. 595, CC c/c arts. 337, IX, e 76 do CPC).
6. DA DEFESA DE MÉ RITO
Superadas as preliminares arguidas acima, passa-se a defesa de mérito, pelo
princípio da eventualidade.
O autor e seu companheiro ingressaram no imó vel por força de um contrato de
locaçã o, ou seja, a posse qualificada ad usucapionem nã o está presente no caso,
haja vista que o autor nã o tinha a posse do referido imó vel, pois era mero detentor,
nos termos do art. 1.208, do CC, salienta-se que estes estavam no imó vel em
virtude da tolerâ ncia dos requeridos, nã o podendo a aquisiçã o do imó vel se dar de
modo clandestino, nos termos do referido artigo.
Cabe esclarecer, ainda, que a relaçã o entre as pastes consiste na cessã o temporá ria
de um bem, mediante pagamento de uma remuneraçã o. A locaçã o de imó veis
urbanos é regulamentada pela Lei nº 8.245/1991 (conhecida por Lei do
Inquilinato). Sendo o contrato estabelecido entre as partes por prazo
indeterminado, vez que firmado de forma verbal (arts. 46, § 1º, 47 e 56, da Lei nº
8.245/1991), portanto, nã o há que se falar em posse mansa, requisito para
usucapiã o.
Se o locatá rio permanecer no imó vel mesmo apó s o término do prazo constante no
contrato e por mais trinta dias sem que o locador manifeste interesse em reaver a
posse do imó vel, o contrato de locaçã o é prorrogado, mas agora por prazo
indeterminado, mantidas as demais clá usulas e condiçõ es do contrato (art. 46, § 1º,
da Lei nº 8.245/1991), portanto, nã o há que se falar em posse mansa, requisito
para usucapiã o, vez que trata-se de contrato de locaçã o de imó vel continuado.
7. DA RECONVENÇÃO
Conforme é cediço no ordenamento jurídico, na contestaçã o é lícito ao réu propor
reconvençã o para manifestar pretensã o pró pria, conexa com a açã o principal ou
com o fundamento da defesa (art. 343, CPC), portanto, requer-se que seja o
presente item recebido como peça de reconvençã o, considerando-se como
reconvindos os autores já qualificados supra, devendo estes serem intimados para
apresentar resposta no prazo de 15 dias (art. 343, § 1º, CPC).
Eis que, o contrato de locaçã o deve ser rescindido, expedindo-se mandado de
despejo, com fundamento nos arts. 9º, inciso III e 62, I, da Lei nº 8.245/91. Os
reconvindos devem ser condenados a pagar o valor devido, referentes aos aluguéis
em atraso, devidamente corrigidos.
7.1. Do pedido liminar
Considerando a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no
vencimento, estando o contrato desprovido de qualquer das garantias
previstas no art. 37 da Lei nº 8.245/91, requer-se liminar para que os
reconvindos desocupem o imóvel no prazo de 15 dias, com fundamento no
art. 59, § 1º, inciso IX da Lei nº 8.245/91.
8. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer-se:
a) A concessã o da justiça gratuita aos requeridos (art. 98, CPC);
b) O reconhecimento e acolhimento das preliminares arguidas;
c) Superadas as preliminares, requer-se que sejam julgados totalmente
improcedentes os pedidos do autor;
d) Seja a reconvençã o recebida e intimados os reconvindos para manifestar-se no
prazo de 15 dias;
e) Seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a reconvençã o proposta no item 7
desta peça, a fim deferir a liminar de despejo e, ao final condenar os reconvindos
ao pagamento dos alugueis atrasados;
e) Sejam os reconvindos condenados ao pagamento de custas e despesas
processuais, bem como honorá rios advocatícios, conforme preceitua o art. 85, § 1º,
CPC.
Dá -se à causa o valor de R$ ... (valor por extenso), correspondente a 12 meses de
aluguel, conforme art. 58, inciso III, da Lei nº 8.245/1991.
Nestes termos pede deferimento.
Local e data
Advogado, OAB ...
Assinado digitalmente

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