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Aula 11

Tema: Contestação.

Caso Concreto

João Pinho, espanhol, viúvo , contador , residente na Rua Uruguai, 180,


na cidade de Goiania, procura você em seu escritório informando que,
recebeu mandado de citação expedido pela 1ª Vara Cível da Comarca de
Anápolis/GO , relativo à ação de anulação do negócio jurídico ajuizada
em 08 de novembro de 2016, tendo como autora empresa XYZ, com sede
na Rua Limão, 213, Anápolis/GO. A inicial informa o que se segue:

Que o réu João Pinho é fiador em contrato de locação firmado entre a


autora como locadora e tendo como locatário Mario Vargas, brasileiro,
divorciado, contador, residente na Rua Barão daPena, 340, Anápolis/GO
desde 05 de março de 2008, que hoje vigora por prazo indeterminado. Que
o réu possui 3 imóveis e doou a suas duas filhas, Mara Pinho e Marta Pinho
, dois apartamentos situados na Rua Arboredo 324, apts. 307 e 505,
Goianias/GO, valendo cada um R$ 200.000,00, com a concordância de
ambas no dia 06 de janeiro de 2012, data em que as doações foram
levadas a registro, restando somente um imóvel no valor de R$ 120.000,00,
que não cobrem os débitos locatícios cobrados judicialmente.

Ocorre que o locatário encontra-se inadimplente desde 06 de abril de


2014,o que acarretou ação de despejo contra o locatário proposta em 09
de julho de 2015 e julgada procedente em 25 de novembro de 2016 já em
fase de execução para cobrança dos aluguéis. 2ª Vara Cível de
Anápolis/GO .

Finaliza requerendo a citação do réu e a procedência do pedido para anular


as doações por ter ocorrido fraude contra credores tendo em vista que os
imóveis constituíam todo o patrimônio do réu.

João lhe informa queo contrato de locação era de 30 meses e que 120 dias
antes do contrato de locação terminar notificou o locador e o locatário que
não renovaria a fiança em caso de prorrogação do contrato. Que não há
previsão expressa no contratode locação do fiador se responsabilizar
pelos alugueis até a entrega das chaves. Epor fim, informa que
efetivamente doou os imóveis aos filhos antecipando assim a legítima
consoante permite o art. 544 do CC eis que de igual valor os imóveis por
ser a última vontade declarada por sua esposa em seu leito de morte para
que futuramente os irmãos não viessem a se desentender por conta de
herança.

Vocêao analisar o processo verificou que a ausência de procuração do


advogado nos autos.
Elabore a medida judicial cabível para defesa dos interesses de João Pinho.

Competência: 1ª Vara Cível da Comarca de Anápolis/GO .


Legitimidade ativa: Empresa XYZ
Legitimidade passiva: João Pinho
Peça Processual: Contestação
Preliminares: Sim

PEÇA PROCESSUAL:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL


COMARCA DE ANÁPOLIS/GO

Processo nº: XXXX

JOÃO PINHO, espanhol, viúvo , contador, portadora do CPF nº xxxx, e-


mail: xxxxx residente na Rua Uruguai, 180, na cidade de Goiania, CEP: xxxx,
vem, por seu advogado, com endereço profissional (endereço completo),
para fins do art. 77, inc. V do CPC, nos autos da AÇÃO, movida por
EMPRESA XYZ, já qualificada, vem a este juízo, oferecer/ou apresentar:

CONTESTAÇÃO

para expor e requerer o que se segue:

DOS FATOS
FAZER UMA BREVE SÍNTESE DOS FATOS NARRADOS NA INICIAL

DAS PRELIMINARES:

DA INCOMPETÊNCIA RELATIVA
O foro competente para o julgamento desta demanda é o do domicílio do Réu,
como determina o Art. 46 do CPC, vez que trata-se de ação pessoal. Portanto,
a ação deveria ter sido distribuída para uma das varas cíveis da Comarca de
Goiás), devendo os autos serem encaminhados ao juízo competente.

LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO


No presente caso, trata-se de litisconsórcio necessário, conforme disposição
do Arts. 114 e 115, II e parágrafo único CPC, sendo necessária a participação
de Mara Pinho e Marta Pinho, devendo estas serem citadas para participar
da lide, sob pena de extinção sem resolução do mérito, conforme disposição
do Art. 485, X, CPC.

DO DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO
No presente caso, verifica-se que o patrono do Autor não está regularmente
constituído aos autos, devido o fato de não possuir procuração nos Autos,
devendo assim, o juízo intimá-lo para regularizar a representação sob pena
de extinção sem resolução de mérito, na forma do Art. 485, IV, CPC.

PREJUDICIAL DE MÉRITO:
DA DECADÊNCIA

Tendo em vista que a doação ocorreu no dia 06 de janeiro de 2012, ocasião em


que se deu publicidade ao ato, sendo registradas as respectivas doações, e o
autor somente ajuizou a presente ação em 08 de novembro de 2016, decaiu do
seu direito, vez que o prazo previsto no Artigo 178 do Código civil/02 é de 4
(quatro) anos para pleitear a Anulação do Negócio Jurídico.

Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a


anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;

II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão,


do dia em que se realizou o negócio jurídico;

III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

MÉRITO

No caso em voga,não há que se falar em fraude contra credores, pois esta


só ocorre quando o devedor insolvente, ou na iminência de tornar-se tal,
pratica atos suscetíveis de diminuir seu patrimônio, reduzindo, desse
modo, a garantia que este representa para resgate de suas dívidas
Ocorre que, autor não era mais credor à época da liberalidade
(doação) uma vez que a doação foi feita antes do surgimento da
inadimplência do locatário. Descabida, portanto, a aplicação do disposto no
art. 158 CC, não podendo portanto o negócio jurídico ser anulado.
Ocorre ainda que o Réu, não tinha mais a responsabilidade de garantir
eventual inadimplemento do locatário, vez que, o mesmo, 120 dias antes
do contrato de locação terminar, notificou o locador e o locatário que não
renovaria a fiança em caso de prorrogação do contrato, se desincumbindo
assim de qualquer obrigação. Neste sentido, aduz o STJ em sua Súmula
214 do STJ “O fiador na locação não responde por obrigações resultantes
de aditamento ao qual não anuiu.”
Portanto, diante da fundamentação acima, os pleitos autorais devem ser
julgados improcedentes.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:


a) seja acolhida a primeira preliminar arguida reconhecendo-se a
incompetência relativa deste D. Juízo remetendo-se os autos ao
Juízo cível da Comarca de Goiânia

b) seja acolhida a segunda preliminar arguida intimando-se o autor


para regularizar o polo passivo da ação sob pena de extinção do
processo sem resolução do mérito

c) seja determinado a regularização d a representação no prazo


designado pelo juízo sob pena extinção do processo sem
resolução do mérito

d) seja reconhecida a decadência extinguindo-se o processo com


resolução do mérito

e) ultrapassada a prejudicial de mérito, seja julgado improcedente o


pedido, nos termos da fundamentação;

f) a condenação do autor ao pagamento das custas judiciais e


honorários advocatícios.

DAS PROVAS

Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos


artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental, testemunhal, pericial
e depoimento pessoal do autor.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local e data

Advogado
OAB/UF

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