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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DE TERESINA

Proc. N° 254548-47.8.18.0001

ANTÔNIO DA SILVA, já devidamente qualificado nos autos, vem através de seu


procurador, legalmente constituído, ( com procuração em anexo ), perante Vossa
Excelência, com fundamento no artigo 335 do CPC/15 apresentar :

CONTESTAÇÃO À AÇÃO DE DESPEJO

Que lhe move a Sra. SILVANA DE SOUSA BORGES, já devidamente qualificada nos
autos, pelos fatos e fundamentos expostos a seguir.

I - DOS FATOS

A parte autora ingressou com uma ação de despejo contra o réu aqui supracitado, na
qual alega que precisaria retomar o imóvel locado, com o objetivo de alugar a sua sobrinha,
para que esta monte um salão de beleza.
Destacou, que após o fim do prazo contratual, já havia enviado inúmeras notificações
extrajudiciais ao locatário, o qual, mesmo assim, não efetivou a desocupação do imóvel.
Nesse caso, a parte autora destacou que o valor do aluguel era de R$2.000,00 (dois mil
reais), diante isso, solicitou a desocupação liminar para que o réu fosse despejado em 15
dias, inclusive, depositando caução no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais).
Solicitou justiça gratuita, muito embora tenha renda superior a R$ 10.000,00 (dez mil
reais) e o imóvel objeto do litígio foi avaliado em um milhão de reais.
Atribuiu o valor da causa o importe de R$15.000,00, (quinze mil reais).

II - DAS PRELIMINARES

II.I - DA INCORREÇÃO NO VALOR DA CAUSA

A Autora, conforme o exposto, requereu um caução no valor de R$4.000,00 ( quatro mil


reais ) para que fosse pago em 15 dias. Sendo assim, indevido esse valor, pois o
contestante não possui valores devidos a serem pagos, já que prestou todas as contas
pendentes.
Diante o exposto, a requerida deve apresentar a correção no valor da causa que seja
pertinente à situação.
Se tratando de incorreção do valor da causa, é possível que o demandado o questione,
com base no artigo 293 do CPC/15, o qual diz que, “ o réu poderá impugnar, em preliminar
da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz
decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas”. E deverá fazê-
lo como forma de preliminar na peça defensiva ( artigo 337 do CPC/15 inciso III), o qual
afirma que, “ incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar; incorreção do valor da
causa “.
Sendo assim o valor atribuído incompatível com o direito em litígio. Além do valor em
caução foi determinado que o valor da causa seria de R$15.000,00, ( quinze mil reais )
como não existe dívida a ser cobrada por falta de pagamento do aluguel o valor da causa
não pode ser cientificado na ação.
Diante disso, considerando que fora atribuído valor diverso a causa, solicita-se pela sua
imediata correção

II.II - DA INDEVIDA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

A parte autora em sua inicial, requer justiça gratuita, mas, sua renda é superior a
R$10.000,00, ( dez mil reais ) além disso o imóvel objeto de litígio teria sido avaliado em
R$1.000.000,00 ( um milhão de reais ).
Sendo assim, a autora recebe mensalmente, uma quantia bastante superior ao mínimo
previsto em lei, para que faça jus ao referido benefício da justiça gratuita.
Diante ao exposto, tendo em vista o evidente poder aquisitivo desse, não pode ser aceita
como critério para benefício de Gratuidade de Justiça meramente presunção relativa acerca
da necessidade.
Conforme o Art. 337, XIII, do Código de processo civil afirma que, “ Incumbe ao réu,
antes de discutir o mérito, alegar : indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça
“.
Sendo assim, acolhida esta preliminar, pleiteia-se a intimação da parte promovente, na
pessoa do seu patrono, para realizar o pagamento das custas processuais de ingresso, no
prazo de 15 dias (Art. 290 CPC), sob pena de cancelamento da distribuição.
Além disso, tendo como expoente o art. 98 e 99, §2º , do CPC, necessita a comprovação de
hipossuficiência não ficando meramente na esfera da presunção.

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro
no processo ou em recurso.
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos
elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a
concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.

Diante o mencionado, em sede preliminar, requer-se o indeferimento do pedido de justiça


gratuita.

III - DO MÉRITO

Levando em consideração, o rompimento do prazo contratual, o réu teria o prazo mínimo


de 30 dias para desocupar o imóvel, mas a autora requereu em liminar que o despejo
ocorresse em 15 dias não sendo coerente com o texto legal.
Sendo assim, o contestante só precisará sair do imóvel depois de decisão judicial, após
o período de seis meses. Nesse sentido, o artigo 59, §1º e inciso I e 63 da Lei de Inquilinato
esclarece :
Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de
despejo terão o rito ordinário.

§ 1º Conceder-se-á liminar para desocupação em quinze dias,


independentemente da audiência da parte contrária e desde que
prestada a caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas
ações que tiverem por fundamento exclusivo:

I - o descumprimento do mútuo acordo (art. 9º, inciso I), celebrado


por escrito e assinado pelas partes e por duas testemunhas, no qual
tenha sido ajustado o prazo mínimo de seis meses para
desocupação, contado da assinatura do instrumento;

Art. 63. Julgada procedente a ação de despejo, o juiz determinará a


expedição de mandado de despejo, que conterá o prazo de 30
(trinta) dias para a desocupação voluntária, ressalvado o disposto
nos parágrafos seguintes.

Diante o exposto acima, o contestante não estava devendo aluguel, a desocupação por
liminar não deverá ser considerada, já que para concessão de liminar para desocupação de
imóvel deve existir o fundamento na falta do pagamento do aluguel, usando como base o
Art. 59, §1º, inciso IX, da Lei de Inquilinato.

IV - DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer :

A - O acolhimento da incorreção no valor de causa e que apresente em juízo os valores


corretos;
B - O acolhimento na liminar de concessão indevida do benefício de gratuidade a justiça;
C - A improcedência na ação proposta pela a autora;
D - Em caso de vencidas as preliminares elencadas, que no mérito da ação seja julgado
improcedente o pedido da parte autora;
E - A condenação da parte autora ao pagamento das custas e honorários advocatícios.
Protesta-se por todos os meios de prova admitidos na amplitude do artigo 369 do CPC/15.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local, data.
ADVOGADO, OAB

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