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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – NCPC/201

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Sumário

1. GENERALIDADES...............................................................................................................................................4
1.1. Efeitos das sentenças e intervenção:.........................................................................................................5
1.2. Classificação das formas de intervenção de terceiros:..............................................................................6
1.2.1. Intervenção de terceiros voluntária ou provocada:...........................................................................6
1.2.2. Intervenção de terceiros típica e atípica:...........................................................................................6
1.2.3. Intervenção de terceiros por ação ou por inserção:...........................................................................8
1.3. Prioridade na tramitação:..........................................................................................................................9
1.4. Recurso admissível:..................................................................................................................................10
1.5. Mudanças no Novo CPC:..........................................................................................................................10
2. ASSISTÊNCIA (ART. 119 E SS)..........................................................................................................................11
2.1. Assistência simples (adesiva):..................................................................................................................12
2.1.1. Interesse jurídico:.............................................................................................................................13
2.1.2. Conceito negativo de interesse jurídico:..........................................................................................14
2.1.3. Poderes do assistente simples no processo:....................................................................................14
2.1.4. O assistente simples e a “justiça da decisão”:..................................................................................17
2.2. Assistência litisconsorcial (qualificada):..................................................................................................18
2.2.1. Poderes do assistente litisconsorcial no processo:..........................................................................19
2.2.2. O assistente litisconsorcial e a coisa julgada material:....................................................................20
3. DENUNCIAÇÃO DA LIDE..................................................................................................................................20
3.1. Características:.........................................................................................................................................21
3.2. Peculiaridades:.........................................................................................................................................21
3.3. Hipóteses de cabimento:.........................................................................................................................22
3.4. Procedimento:.........................................................................................................................................25
3.5. Denunciação da lide sucessiva:................................................................................................................28
3.6. Denunciação da lide per saltum:.............................................................................................................28
3.7. Condenação e cumprimento de sentença diretamente contra o denunciado:......................................29
3.8. Extinção sem resolução do mérito da denunciação em caso de vitória do denunciante, sem prejuízo
da sucumbência (art. 129, § único, do CPC)...................................................................................................29
4. CHAMAMENTO AO PROCESSO.......................................................................................................................30
4.1. Hipóteses de cabimento:.........................................................................................................................30
4.2. Procedimento:.........................................................................................................................................32
4.3. Formação do título executivo contra e entre todos:...............................................................................32
4.4. Chamamento ao processo no Direito do Consumidor:...........................................................................32
4.5. Chamamento ao processo do art. 1.698, CC:..........................................................................................34
5. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA..............................................................36
5.1. Momento processual:..............................................................................................................................37
5.2. A desconsideração como incidente:........................................................................................................38
5.3. A desconsideração requerida na inicial:..................................................................................................39
5.4. A desconsideração inversa da personalidade jurídica:...........................................................................39
6. AMICUS CURIAE..............................................................................................................................................39
6.1. Conceito:..................................................................................................................................................40
6.2. Requisitos para intervenção:...................................................................................................................41
6.3. Procedimento:.........................................................................................................................................42
6.4. Poderes e Recursos:.................................................................................................................................43
7. INTERVENÇÕES ESPECIAIS DOS ENTES PÚBLICOS..........................................................................................44
8. INTERVENÇÃO IUSSU IUDICIS.........................................................................................................................46
ENUNCIADOS NCPC.............................................................................................................................................46
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO.....................................................................................................49
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA...................................................................................................................................49
ATUALIZADO EM 24/08/20211

1. GENERALIDADES2

Por intervenção de terceiros, entende-se a permissão legal para que um sujeito alheio à relação jurídica
processual originária ingresse em processo já em andamento, transformando-se em parte.

Vale mencionar que as intervenções de terceiro devem ser expressamente previstas em lei, tendo
fundamentalmente como propósitos a economia processual (evitar a repetição de atos processuais) e a
harmonização dos julgados (evitar decisões contraditórias). É natural que, uma vez admitido no processo, o
sujeito deixa de ser terceiro e passa a ser considerado parte. Além disso, o instituto serve à eficiência
processual, à duração razoável do processo e ao contraditório.

A intervenção de terceiro fundamenta-se numa vinculação jurídica: sempre haverá um vínculo entre o
terceiro e o objeto litigioso do processo.

O processo será alterado subjetiva e objetivamente?

Subjetivamente, o processo pode ser alterado (art. 339, §1º, NCPC 3) ou ampliado (demais modalidades
de intervenção de terceiros).

Objetivamente, algumas hipóteses de intervenção de terceiros ampliam o objeto litigioso (denunciação


da lide e desconsideração da personalidade jurídica), outras em nada alteram o objeto litigioso (chamamento
ao processo, recurso de terceiro, assistência, etc.).

A legitimidade do terceiro sempre deve ser analisada pelo Juiz, mediante o controle dos requisitos legais
de cada hipótese de intervenção de terceiros.
1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
2
Por Tássia Neumann e Bruna Daronch.
3
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre
que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos
decorrentes da falta de indicação.
§ 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a
substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338.
Segundo Didier, se preenchidos os pressupostos do art. 190 do NCPC, é possível a criação de uma
intervenção de terceiro negocial, cabendo ao juiz controlar a validade e o conteúdo do negócio processual.
Em regra, as intervenções de terceiro são cabíveis no procedimento comum do processo de conhecimento.

#IMPORTANTE: A assistência, a intervenção de amicus curiae e o incidente de desconsideração da


personalidade jurídica também cabem em execução.

#CASCADEBANANA¹: É VEDADA a intervenção de terceiros no controle concentrado de constitucionalidade


(art. 7º da Lei 9.868/99) e no procedimento especial para o exercício do direito de resposta ou retificação do
ofendido (art. 5º, §2º, III, Lei 13.188/15).

#CASCADEBANANA²: A Lei dos Juizados Especiais veda a intervenção de terceiros. Contudo, o art. 1062 do
NCPC permite o incidente de desconsideração da personalidade jurídica no procedimento do JEC .

1.1. Efeitos das sentenças e intervenção:

Em regra, os efeitos das decisões proferidas no processo são endoprocessuais, ou seja, atingem
somente as partes do processo.

Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.

#UMPOUCODEDOUTRINA: Divergência doutrinária. Há autores que sustentam que a assistência simples e o


amicus curiae são formas de intervenção de terceiro em que a pessoa não se torna parte. No entanto, não
há jurisprudência sobre o tema.

O que define a espécie de intervenção de terceiros cabível será:

(i) o direito material em debate; e/ou


(ii) a intensidade dos efeitos com que o terceiro é atingido.

Eventualmente, alguns terceiros podem ser atingidos reflexamente (efeitos reflexos) ou diretamente
(efeitos diretos).
Ex1: “A” bate no carro de “B”. Como “B” tem seguro, a seguradora que não é parte no processo acabará sendo
atingida pela decisão por ter relação com “B”.
Ex2: Locatário que subloca o imóvel para terceiro. Se o locatário sofrer uma ação de despejo o sublocatário
será atingido pela decisão.

1.2. Classificação das formas de intervenção de terceiros:

1.2.1. Intervenção de terceiros voluntária ou provocada:

a) Intervenção de terceiros voluntária: são as situações em que a intervenção cabe ao próprio terceiro,
é ele quem se manifesta. Ex: assistência.

b) Intervenção de terceiros provocada: a intervenção tem iniciativa de uma das partes, que requer ao
juiz que convoque o terceiro. Ex: denunciação da lide; chamamento ao processo.

1.2.2. Intervenção de terceiros típica e atípica:

a) Intervenção de terceiros típica: são as modalidades previstas em lei. São elas:

ASSISTÊNCIA

DENUNCIAÇÃO DA LIDE

CHAMAMENTO AO PROCESSO

INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE


JURÍDICA

AMICUS CURIAE

#RELEMBRARÉVIVER: Cumpre ressaltar que, no rol das intervenções de terceiros típicas, houve considerável
alteração na nova legislação processual civil, ao passo que a oposição e a nomeação à autoria não são mais
consideradas modalidades interventivas, bem como que foram inseridas duas novas categorias.

CPC/1973 CPC/2015
Assistência Assistência (agora dentro do capítulo da
intervenção de terceiros)
Denunciação da lide Denunciação da lide
Chamamento ao processo Chamamento ao processo
Nomeação à autoria Incidente de desconsideração da personalidade
jurídica
Oposição Amicus curiae

b) Intervenção de terceiros atípica: são de situações em que a legislação trata de determinados temas
nos quais a partir da análise do instituto (procedimento especial, recurso), constata-se ser caso de intervenção
de terceiro.

Ex1: Embargos de terceiro (procedimento especial). O terceiro embargante é, a rigor, um terceiro que
intervém por meio de petição autônoma em outra relação jurídica.
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que
possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento
ou sua inibição por meio de embargos de terceiro (…).

Ex2: Oposição (procedimento especial). O opoente intervém em uma relação jurídica alheia. Antigamente, era
uma espécie de intervenção de terceiros típica.
Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu
poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Não cabe intervenção de terceiros na modalidade de oposição na


ação de usucapião. STJ. 3ª Turma. REsp 1.726.292-CE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
12/02/2019 (Info 642) #IMPORTANTE
Em suma:
Não cabe oposição em ação de usucapião. O indivíduo não tem interesse processual para oferecer oposição na
ação de usucapião porque, estando tal ação incluída nos chamados juízos universais (em que são convocados a
integrar o polo passivo por meio de edital toda a universalidade de eventuais interessados), sua pretensão
poderia ser deduzida por meio de contestação. Como a lei exige a convocação de todos os interessados para
ingressarem no polo passivo da ação de usucapião, se assim desejarem, isso significa que neste procedimento
não há a figura do terceiro.

Ex3: Concurso de credores (concurso de preleções/preferências). Ocorre toda vez que houver uma execução
individual, pode vir um terceiro requerer preferência para o recebimento do crédito.
Art. 908. Havendo pluralidade de credores ou exequentes, o dinheiro lhes será distribuído e entregue
consoante a ordem das respectivas preferências.

Ex4: Recurso de terceiro prejudicado.


Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público,
como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica
submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como
substituto processual.

#SELIGA #NOMENCLATURAÉSOBREVIVÊNCIA: O que é intervenção anódina?

Intervenção anódina ou intervenção anômala é a modalidade de intervenção prevista no art. 5º da Lei


9.469/97, que autoriza a União e outros entes de direito público a intervirem em processos para dirimir
questões fáticas e de direito.

Neste tipo de intervenção não é necessário que seja demonstrado interesse jurídico 4 para que seja
deferida a participação do ente público no processo, sendo suficiente a demonstração potencial e reflexa de
repercussão econômica (Leonardo Jose Carneiro da Cunha, A fazenda Pública em Juízo, 2016, p. 147).
Interessante observar que, ainda que se trate de intervenção da União, esta não é suficiente para atrair a
competência da justiça federal em casos que já não sejam de sua competência. Observem que o próprio STJ
se utiliza da nomenclatura “intervenção anódina”. Neste sentido:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. INTERVENÇÃO ANÓDINA DA


UNIÃO. ART. 5º DA LEI Nº 9.469/97. INTERESSE MERAMENTE ECONÔMICO. DESLOCAMENTO DA
COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. DECISÃO MANTIDA. 1. Esta
Corte Superior já pacificou a compreensão de que conquanto seja tolerável a intervenção anódina da União
plasmada no art. 5º. da Lei 9.469/97, tal circunstância não tem o condão de deslocar a competência para a
Justiça Federal, o que só ocorre no caso de demonstração de legítimo interesse jurídico na causa, nos
termos do art. 50 e 54 do CPC/73 (REsp. 1.097.759/BA, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe 1.6.2009) [AgRg
no REsp nº 1.118.367/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Primeira Turma, DJe 22/5/2013].
Somente nas hipóteses em que a pessoa de direito público recorrer é que haverá o deslocamento, o que
não é o caso. 55 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1533507/RJ, Rel. Ministro MOURA

4
Calma (especialmente para a galera de #PROCURADORIAS e #AGU), vamos estudar no fim desta FUC.
RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 28/08/2015)

1.2.3. Intervenção de terceiros por ação ou por inserção:

a) Intervenção de terceiros por inserção (maior complexidade subjetiva): Há doutrina que entende que
todas as intervenções de terceiros são por inserção, pois em todas o terceiro entra na mesma relação jurídica
processual que as partes. É uma doutrina minoritária, pois a doutrina majoritária faz uma distinção entre
intervenção de terceiro por inserção e intervenção por ação.

Aqui há uma maior complexidade subjetiva da mesma relação jurídica processual primitiva, ou seja, há a
relação jurídica de uma ação e o terceiro ingressa dentro desta mesma relação jurídica.

Ex: Assistência; chamamento ao processo; amicus curiae; incidente de desconsideração da


personalidade jurídica.

b) Intervenção de terceiros por ação: é toda intervenção de terceiro na qual, em virtude desta, é
formada uma nova relação jurídica processual. Ou seja, há um processo com duas relações jurídicas
processuais.

Ex: Denunciação da lide, pois há uma ação entre autor e réu e dentro do mesmo processo há uma nova
relação jurídica processual entre denunciante e denunciado.

1.3. Prioridade na tramitação:

Há prioridade de tramitação nos processos em que figurarem pessoas com idade igual ou superior a
sessenta anos ou forem portadora de doença grave.

Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou
portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no
7.713, de 22 de dezembro de 1988;
II - regulados pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
*(Atualizado em 16/06/21)
III - em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de
agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
IV - em que se discuta a aplicação do disposto nas normas gerais de licitação e contratação a que se refere
o inciso XXVII do caput do art. 22 da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à
autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará ao cartório do juízo as providências a
serem cumpridas.
§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação
prioritária.
§ 3o Concedida a prioridade, essa não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do
cônjuge supérstite ou do companheiro em união estável.
§ 4o A tramitação prioritária independe de deferimento pelo órgão jurisdicional e deverá ser imediatamente
concedida diante da prova da condição de beneficiário.

De acordo com o caput do art. 1048 do NCPC, se o interveniente de terceiro que ingressar no processo
for uma das pessoas nessa condição, ainda que as partes primitivas não sejam idosas ou tenham doença grave,
o feito terá prioridade de tramitação também.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A pessoa com idade igual ou superior a 60 anos que figura como
parte ou interveniente na relação processual possui prioridade na tramitação do feito (arts. 71 da Lei nº
10.741/2003 e art. 1.048 do CPC/2015). Quem tem legitimidade para postular a prioridade de tramitação do
feito atribuída por lei ao idoso? O próprio idoso. A pessoa idosa é a parte legítima para requerer a prioridade
de tramitação do processo, devendo, para tanto, fazer prova da sua idade. A prioridade na tramitação
depende, portanto, de manifestação de vontade do interessado, por se tratar de direito subjetivo processual
do idoso. A necessidade do requerimento é justificada pelo fato de que nem toda tramitação prioritária será
benéfica ao idoso, especialmente em processos nos quais há alta probabilidade de que o resultado lhe seja
desfavorável. Ex: determinada pessoa jurídica ajuizou execução contra um idoso e pediu prioridade na
tramitação do feito alegando que o executado possui mais de 60 anos. O pleito não foi aceito, considerando
que falta legitimidade e interesse à exequente para formular o referido pedido. STJ. 3ª Turma. REsp
1801884/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/05/2019 (Info 650).

1.4. Recurso admissível:

De acordo com o art. 1.015, inciso IX, CPC, cabe agravo de instrumento contra as decisões relativas à
admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros.
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: (...) IX -
admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros.

#ATENÇÃO #CASCADEBANANA: Há uma exceção de intervenção de terceiros na qual não cabe agravo de
instrumento sobre a decisão de admissão ou inadmissão, qual seja, o amicus curiae. A decisão que defere
ou indefere o ingresso do amicus curiae é irrecorrível.

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da
demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a
requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa
natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15
(quinze) dias de sua intimação.
§ 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição
de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3o.
§ 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do
amicus curiae.
§ 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.

(*) Atualizado em 24/08/2021: #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É recorrível a decisão denegatória de


ingresso no feito como amicus curiae. É possível a impugnação recursal por parte de terceiro, quando
denegada sua participação na qualidade de amicus curiae. STF. Plenário. ADI 3396 AgR/DF, Rel. Min. Celso
de Mello, julgado em 6/8/2020 (Info 985).

Vale ressaltar que existem decisões em sentido contrário e que o tema não está pacificado. Nesse sentido:
Tanto a decisão do Relator que ADMITE como a que INADMITE o ingresso do amicus curiae é irrecorrível
(STF. Plenário. RE 602584 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em
17/10/2018. Info 920).

1.5. Mudanças no Novo CPC:

Há quatro grandes alterações que o novo CPC trouxe:

1.5.1 A oposição deixa de ser intervenção de terceiros e passa a ser tratada como procedimento especial:
Vale destacar que o procedimento da oposição em si não mudou, mas apenas não se trata mais de
intervenção de terceiros típica. Houve, portanto, mudança na sua natureza jurídica.

Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu
poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.

1.5.2. Não existe mais no sistema brasileiro a figura da nomeação à autoria:

Essa era uma forma de intervenção de terceiros em que o detentor, que era empregado, indicava para o
autor quem era o réu correto. Era o caso do caseiro. Essa situação foi substituída por um modelo geral de
correção da legitimidade passiva (arts. 338/339, CPC).

Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado,
o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao
procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este
irrisório, nos termos do art. 85, § 8o.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica
discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o
autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para
a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338.
§ 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como
litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

1.5.3. Há duas novas hipóteses de intervenção de terceiros:

a) Incidente de desconsideração da personalidade jurídica; e


b) Amicus curiae.

1.5.4. Houve alterações pontuais nas demais intervenções de terceiro típicas, as quais serão analisadas a
partir do tópico seguinte.

2. ASSISTÊNCIA (ART. 119 E SS)


A assistência é forma típica de intervenção de terceiros, porque pressupõe o ingresso no processo de
alguém que até então não figurava. Ela é sempre voluntária e espontânea, isto é, a iniciativa de ingresso há de
partir sempre do próprio terceiro.

Pode ocorrer a QUALQUER TEMPO, GRAU DE JURISDIÇÃO E PROCEDIMENTO, EM AMBOS OS POLOS. O


terceiro peticiona ao Juiz, expondo os fatos e as razões pelas quais considera ter interesse jurídico na
demanda. As partes serão intimadas a se manifestar, salvo se for caso de rejeição liminar.

Dessa forma, deve ficar claro que o pressuposto da assistência é a existência de um interesse jurídico do
terceiro na solução do processo, não se admitindo que um interesse econômico, moral ou de qualquer outra
natureza legitime a intervenção por assistência.

#FIQUEDEOLHO: O terceiro ingressa no processo para auxiliar uma das partes (ad coadjuvandum).
#OLHAOGANCHO: Ocorre uma ampliação subjetiva, mas não há ampliação objetiva (não há pedido novo).

Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a
sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição,
recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.
Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, salvo
se for caso de rejeição liminar.
Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz
decidirá o incidente, sem suspensão do processo.

#FOCONATABELA: A assistência pode ser

ASSISTÊNCIA SIMPLES ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL

O terceiro se enquadra como titular de relação O terceiro se enquadra como titular da relação
jurídica conexa à discutida. jurídica discutida ou colegitimado
extraordinário.
#DICA: Interesse jurídico fraco, mediato ou
reflexo na causa. #DICA: Interesse jurídico forte, imediato ou
direto na causa.
2.1. Assistência simples (adesiva):

É o mecanismo pelo qual se admite que um terceiro, que tenha interesse jurídico na sentença favorável
a uma das partes, possa requerer o seu ingresso, para auxiliar aquele a quem deseja que vença . O requisito
indispensável é que o terceiro tenha interesse jurídico na vitória de um dos litigantes.

#COLANARETINA: O assistente visa à vitória do assistido, tendo em vista o reflexo que a decisão possa ter em
relação jurídica existente entre eles.

Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-
se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado
seu substituto processual.

2.1.1. Interesse jurídico:

Terá interesse jurídico aquele que tiver uma relação jurídica com uma das partes, diferente daquela
sobre a qual versa o processo, mas que poderá ser afetada pelo resultado.

Para simplificar, pode-se dizer que o interesse jurídico depende de três circunstâncias:

a) que o terceiro tenha uma relação jurídica com uma das partes;
b) que essa relação seja diferente da que está sendo discutida no processo, pois se for a mesma
relação, ele deveria figurar como litisconsorte, e não como assistente;
c) que essa relação jurídica possa ser afetada reflexamente pelo resultado do processo.

Ex1: “A” (locador) tem uma ação de despejo contra “B” (locatário). “B” (locatário) sublocou o imóvel para “C”
(sublocatário). “C” tem interesse jurídico que “B” ganhe a ação, pois se eventualmente “B” perder a ação ele é
despejado junto. Isto posto, “C” pode intervir como assistente.
Ex2: “A” (locador) tem uma ação de despejo para uso próprio contra “B” (locatário). “C” (filho de “A”), que
quer utilizar o imóvel após casar, tem interesse jurídico na ação. Logo, “C” pode intervir como assistente.

#COLANARETINA¹: O assistente simples é parte auxiliar, devendo arcar com as despesas processuais,
submeter-se aos deveres processuais da parte, alegar, provar, recorrer.
#COLANARETINA²: O assistente simples atua como LEGITIMADO EXTRAORDINÁRIO SUBORDINADO
(#RECORDARÉVIVER: aquele que atua em nome próprio, auxilia a defesa de direito alheio, mas fica
subordinado à vontade do assistido).

#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA: Nem sempre se mostra fácil identificar a natureza do interesse do terceiro


diante da decisão a ser proferida no processo, mesmo porque o interesse jurídico invariavelmente tem
reflexos econômicos, morais ou de outra natureza. O STJ já decidiu que a existência de um interesse
econômico não desnatura o interesse jurídico (Info 421, REsp 1128789/RJ), mas não basta para justificar a
intervenção do terceiro como assistente (Info 521, AgRg nos EREsp 1262401/BA). Segundo Daniel
Assumpção, a única forma de distingui-los será a análise cuidadosa a respeito da existência da relação
jurídica entre terceiro e a parte que venha a ser afetada pela decisão judicial. Somente com a sua existência
haverá o interesse apto a justificar a assistência. Portanto, não basta a existência da relação jurídica não
controvertida entre o terceiro e a parte, sendo necessário que a mesma seja diretamente afetada em
virtude da decisão proferida no processo.

2.1.2. Conceito negativo de interesse jurídico:

O interesse jurídico não se confunde com o interesse moral, corporativo ou econômico. O interesse
meramente moral, econômico ou afetivo não admite a intervenção do assistente.

Ex1 (corporativo): (i) “A” (médico) dá uma de açougueiro e ferra o “B” (paciente); (ii) “B” (paciente) ingressa
com ação contra “A” (médico); (iii) A Associação de Médicos requer o ingresso no processo como assistente,
alegando que a decisão afetará a imagem de todos os médicos. Resposta: O pedido foi negado, pois a
associação possui mero interesse corporativo.

Ex2 (econômico): (i) “A” é credor de “B” e ingressa com uma ação contra ele; (ii) “C” também é credor de “B”;
(iii) “C” requer o ingresso no feito como assistente de “B” (devedor comum), no fito de que ele ganhe a ação e
não seja desfalcado financeiramente e possa pagá-lo com mais facilidade. Resposta: o pedido foi negado, pois
o interesse de “C” é meramente econômico.

#OBS: Alguns doutrinadores defendem a assistência simples fundada em interesse institucional, que seria
outra dimensão de interesse jurídico. Ex.: se um promotor é processado em razão de um ato que ele praticou
como promotor, isso poderá repercutir para o MP como instituição.
2.1.3. Poderes do assistente simples no processo:

O assistente simples não defende direito próprio na demanda, apenas auxiliando o assistido na defesa
de seu direito, de forma que a sua atuação no processo está condicionada à vontade do assistido, não se
admitindo que a sua atuação contrarie interesses deste.

Para que ele possa praticar os atos que deseja no processo, não é preciso autorização expressa da parte.
No silêncio, ele pode realizá-los, desde que compatíveis com a sua condição de assistente. Mas, a parte
principal tem o poder de vedar ao assistente a prática dos atos que não queira que ele realize ; se isso ocorrer,
o assistente não o poderá fazer.

#RELEMBRARÉVIVER: No CPC/73, nos casos de revelia, o assistente simples era considerado “gestor de
negócios” do assistido. Agora isso não ocorre mais, pois o assistente simples passou a ser substituto
processual (alguém age em nome próprio na defesa de direito alheio).

Pode o assistente simples, não havendo vedação do assistido:

a) apresentar contestação em favor do réu que for revel 5, caso em que passará a ser considerado seu
substituto processual (CPC, art. 121, parágrafo único). Para que isso ocorra, é indispensável que ele ingresse
ainda no prazo de contestação. Mas, nessa circunstância, como poderia ele saber que o réu ficará revel? Na
dúvida, ele pode apresentar contestação, e se o réu também o fizer, a do assistente ficará como coadjuvante
da dele. Na sua contestação, o assistente poderá apresentar todas as defesas (objeções e exceções) que
poderiam ser apresentadas pelo próprio assistido;
b) apresentar arguição de impedimento;
c) apresentar réplica, se o autor a quem assiste não o fizer;
d) juntar novos documentos pertinentes ao esclarecimento dos fatos;
e) requerer provas e participar da sua produção, arrolando testemunhas, formulando quesitos ou
complementando os apresentados pela parte e participando das audiências, nas quais poderá formular
reperguntas e requerer contradita das testemunhas do adversário;
f) interpor recurso, salvo se a parte principal tiver renunciado a esse direito, manifestando o desejo de
não recorrer.
5
#PARAENTENDER (e nunca mais esquecer!): Quando o assistido é revel, a atuação do assistente simples evita os efeitos
da revelia. É exatamente esse o seu papel: auxiliar. Contudo, a assistência simples não obsta que a parte principal
reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre
direitos controvertidos. Isso porque o assistente fica submetido à vontade do assistido, verdadeiro titular do direito e
que dele pode dispor.
Mas, atenção: o assistente simples não pode:

a) praticar qualquer ato de disposição de direito, já que não é dele a relação de direito material que se
discute. Isso afasta a possibilidade de ele renunciar ao direito em que se funda a ação, reconhecer o pedido ou
transigir. Também não pode desistir da ação, embora possa desistir de recurso que tenha interposto;
b) opor-se a atos de disposição feitos pelo assistido, nos termos do art. 122 do NCPC;
c) arguir incompetência relativa ou suspeição. A incompetência relativa só pode ser suscitada pelo réu,
e se não o for, no prazo legal, tornar-se-á preclusa. Só a ele cabe decidir se prefere que a ação continue
correndo onde está ou que seja remetida para o foro competente. O mesmo vale para a suspeição do juiz,
dado o caráter subjetivo da questão, podendo a parte, apesar dela, preferir que a demanda continue sendo
conduzida pelo mesmo magistrado;
d) reconvir. O art. 343 do NCPC aduz expressamente que a reconvenção pode ser apresentada pelo réu.
Por isso, o assistente não pode dela valer-se.

#CONCLUSÃOIMPORTANTE: Quando não houver manifestação de vontade do assistido (ex.: revelia), a


atuação do assistente será eficaz.

Atenção à redação do parágrafo único do art. 121: sendo revel ou, de qualquer modo, omisso o
assistido, o assistente será considerado seu substituto processual.

#ESCLARECIMENTO: O NCPC deixou claro que o assistente simples pode suprir qualquer omissão do
assistido, e não apenas à revelia. O STJ entendia que o recurso interposto apenas pelo assistente não podia
ser conhecido porque se o assistido não recorreu, o recurso daquele contrariaria a vontade deste. Com o
dispositivo, resolve-se o problema: é possível que apenas o assistente recorra, salvo se o assistido manifestar
expressamente a vontade de não recorrer, renunciando ao recurso interposto ou desistindo do recurso já
interposto (e, então, o assistente estaria vinculado/subordinado à vontade do assistido).

#CASCADEBANANA: Mas, atenção: o assistente não pode suprir a omissão do assistido, se ela for uma
omissão negocial.

Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista
da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos.
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em
processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de
produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

2.1.4. O assistente simples e a “justiça da decisão”:

A coisa julgada material não pode se estender ao assistente simples, porque ele não é titular da relação
de direito material discutida em Juízo, mas de outra, que com ela tem relação de interdependência. Não pode,
portanto, ser atingido diretamente pelos efeitos da sentença e pela imunização desses efeitos, mas tão
somente de maneira reflexa, indireta e mediata. Assim, o art. 123 do CPC faz referência à justiça da decisão:

Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo
posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir
provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

#ATENÇÃO #APROFUNDANDO: O que é a justiça da decisão?

O assistente submete-se à JUSTIÇA DA DECISÃO, ou seja, aos fundamentos da decisão.

Aquele que ingressa em Juízo formula sempre uma ou mais pretensões. Ao proferir a sua sentença, o Juiz
examinará os fundamentos de fato e de direito do pedido e os fundamentos da defesa, após o que acolherá,
ou desacolherá, no todo ou em parte, os pedidos formulados. Assim, no dispositivo da sentença, que o juiz
decide se a pretensão do autor será ou não acolhida: se ele condenará, constituirá ou desconstituirá uma
relação jurídica ou declarará a sua existência ou inexistência, ou se, ao contrário, não acolherá os pedidos,
julgando-os improcedentes. A coisa julgada material é a imunização dos efeitos da sentença, isto é, a
impossibilidade de rediscutir em outro processo o que foi decidido naquele. A coisa julgada impede que as
mesmas partes rediscutam o mesmo objeto, isto é, o mesmo pedido fundado nos mesmos fatos.

Nesse contexto, só sofrerão os efeitos da coisa julgada as pessoas que podem ser atingidas pelos efeitos
diretos da sentença, isto é, da condenação, da constituição ou declaração. Por isso, o assistente simples
não será afetado pela coisa julgada material. Esta, porém, não se estende aos fundamentos, como deixam
expressos os arts. 504 e seus incisos do CPC. Aquele que interveio como assistente simples sofrerá uma
consequência que não atinge as partes: não poderá mais discutir os fundamentos da sentença proferida
no processo em que ele participou.

#COLANARETINA: Enquanto que, para as partes, fica imutável o que foi decidido no dispositivo, para o
assistente simples, não pode mais ser discutida a fundamentação.

Embora os fundamentos da decisão proferida contra o assistido se tornem indiscutíveis (mais rigorosa
que a coisa julgada), pode ser afastada com mais facilidade através da EXCEPTIO MALE GESTI PROCESSUS6
(menos rigorosa que a coisa julgada – não necessitando de ação rescisória). Veja os incisos do art. 123:

Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em
processo posterior, discutir a justiça da decisão (leia-se: os fundamentos!), salvo se alegar e provar que:
I - Pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de
produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - Desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se
valeu.

2.2. Assistência litisconsorcial (qualificada):

Na assistência litisconsorcial, o terceiro é titular da relação jurídica de direito material discutida no


processo, sendo, portanto, diretamente atingido em sua esfera jurídica pela decisão a ser proferida. Dessa
forma, o assistente litisconsorcial tem relação jurídica tanto com o assistido quanto com a parte contrária ,
afinal todos eles participam da mesma relação de direito material, diferente do que ocorre no litisconsórcio
simples, no qual não há relação jurídica do assistente com o adversário do assistido. Exemplos:

Ex1.: O assistente litisconsorcial é o substituído, intervindo em causa conduzida por substituto processual
(titular exclusivo);
Ex.2: O assistente litisconsorcial, condômino, intervém em ação proposta por outro condômino (cotitular);
Ex.3: Intervenção de um legitimado à tutela coletiva, em processo proposto por outro legitimado
(colegitimado extraordinário).

6
Eita, diz para mim que você lembra dessa expressão? Putz, não? Calma, respira: são apenas as hipóteses do art. 123 em
que se permite a discussão da eficácia da decisão para o assistente simples. E o melhor, como não se está diante do
instituto da coisa julgada, não há necessidade de se enquadrar nos requisitos da ação rescisória. Fácil, né?
#VCDÁCONTADORECADO.
Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação
jurídica entre ele e o adversário do assistido.

#SELIGA¹: O assistente litisconsorcial nada mais é do que o indivíduo que poderia ter sido litisconsorte, mas
não foi.
#SELIGA²: A assistência litisconsorcial somente é possível nos casos de litisconsórcio facultativo, porque
somente nesse caso o titular do direito poderá ser excluído da demanda por vontade das partes.

#COLANARETINA #OLHAOGANCHO7: Assim, assistente e assistido atuam com a mesma intensidade e


recebem o mesmo tratamento, em LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO (mesma decisão) FACULTATIVO (não
obrigatório) ULTERIOR (após o ajuizamento da demanda).

2.2.1. Poderes do assistente litisconsorcial no processo:

Inicialmente, precisamos lembrar de duas observações importantes:

(i) A assistência litisconsorcial só existe no campo da legitimidade extraordinária, pois só o substituído


processual pode assumir a condição de assistente;
(ii) Nos casos de legitimidade extraordinária concorrente, aquele que ingressa como assistente
litisconsorcial poderia, se quisesse, ter proposto a ação junto com os demais cotitulares do direito alegado.

Assim, a condição do assistente litisconsorcial é a de um litisconsorte facultativo unitário ulterior: ele


tem os mesmos poderes que o litisconsorte unitário, com a ressalva de que, tendo ingressado com o processo
já em curso, passará a atuar no estado em que o processo se encontra.

O regime aplicável a ele é o mesmo do litisconsórcio unitário. A sua participação não é subordinada ao
assistido, que não tem poderes de veto, como no caso da assistência simples. Aplica-se o regime da
unitariedade, consistente no fato de que o assistente litisconsorcial pode praticar isoladamente os atos que
sejam benéficos, e o benefício se estenderá à parte. Mas os atos desfavoráveis serão ineficazes até mesmo
em relação a ele, salvo se praticados em conjunto pelos assistidos e pelo assistente litisconsorcial.

Não se aplica o art. 122 do NCPC ao assistente litisconsorcial, mas somente ao simples. Posto isso, desde
que haja a intervenção do primeiro no processo, a parte assistida não pode mais renunciar ao direito,

7
Não esqueceram dos conceitos básicos da FUC anterior, né? #SELIGANOLINKMENTAL: LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO
(mesma decisão) FACULTATIVO (não obrigatório) ULTERIOR (após o ajuizamento da demanda).
reconhecer o pedido, transigir ou mesmo desistir da ação, sem que haja concordância do assistente
litisconsorcial, que é cotitular da relação jurídica una e incindível, discutida no processo.

#OLHAOGANCHO: Como o assistente litisconsorcial é tratado como verdadeiro litisconsorte unitário, desde o
seu ingresso, ele e o assistido passarão a ter prazos em dobro, caso os procuradores sejam diferentes,
pertencentes a escritórios distintos, e desde que não se trate de processo eletrônico (CPC, art. 229).

#ATENÇÃO: INTERVENÇÃO LITISCONSORCIAL VOLUNTÁRIA OU LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO ULTERIOR


SIMPLES.

O terceiro intervém para formular, em nome próprio, pedido de sentença que lhe conceda vantagem
análoga à que vinha sendo postulada pelo autor (litisconsórcio facultativo ulterior simples). Esse fenômeno é
muito difundido na prática. Ex.: João obteve uma liminar para realizar um concurso para a Magistratura sem os
3 anos de prática jurídica. Maria, que se formou com João, peticiona no processo dele alegando a semelhança
da situação e faz o mesmo pedido.

Há ampliação subjetiva (litisconsórcio) e objetiva (novo pedido) do processo.

Ocorre que essa prática é proibida, pois representa uma burla ao princípio do juiz natural, na medida em que
o terceiro acaba por escolher o juiz competente para a sua causa. Em contrapartida, parte da doutrina admite
a prática sob o prisma da igualdade.

#LEMBRAR: Lei de MS buscou diminuir essa prática com a redação do seguinte dispositivo: Art. 10. §2 o O
ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial.

2.2.2. O assistente litisconsorcial e a coisa julgada material:

Proferida sentença de mérito e não cabendo mais recurso, haverá coisa julgada não apenas para as
partes, mas também para o assistente litisconsorcial.

Aquele que pode ingressar como assistente litisconsorcial sofrerá os efeitos da coisa julgada material ,
intervindo ou não. Mesmo que opte por ficar fora, será afetado, porque tem a qualidade de substituído
processual.
3. DENUNCIAÇÃO DA LIDE

A denunciação da lide é uma forma de intervenção de terceiros cujo principal objetivo é garantir direito
de regresso no mesmo processo, fundando-se na ideia de economia processual.

Trata-se de uma intervenção de terceiros provocada, pois o terceiro é chamado a integrar o processo.
Por isso, a doutrina classifica a denunciação como uma demanda INCIDENTE, REGRESSIVA, EVENTUAL e
ANTECIPADA.

Serve a denunciação da lide para que uma das partes traga ao processo um terceiro que tem
responsabilidade de ressarci-la pelos eventuais danos advindos do resultado desse processo. O direito
regressivo da parte contra terceiros (ou excepcionalmente contra a própria parte contrária), portanto, é o
fator principal que legitima a denunciação da lide.

Toda vez que houver uma denunciação à lide, o denunciado terá interesse na vitória do denunciante.
Por isso, forma-se no polo da ação um litisconsórcio entre denunciante e denunciado no que tange à ação
principal.

Salienta-se que a denunciação da lide é uma FACULDADE da parte interessada. Se ela não denunciar a
lide, não haverá perda do direito de regresso, mas apenas preclusão do direito de valer-se do instituto e
adiantar o ressarcimento naquele mesmo processo. Assim, nada impede uma ação autônoma para exercitar o
direito de regresso.

A denunciação da lide pode ser indeferida quando o Juiz entender que poderá comprometer
substancialmente a duração razoável do processo.

3.1. Características:

- A intervenção de terceiros possui três características principais:

a) É forma de intervenção de terceiros, que pode ser provocada tanto pelo autor quanto pelo réu,
diversamente do chamamento ao processo, que só pode ser requerido pelo réu;
b) Tem natureza jurídica de ação, mas não implica a formação de um processo autônomo. Haverá um
processo único para a ação e a denunciação, ampliando o objeto do processo. O juiz, na sentença, terá de
decidir não apenas a lide principal, mas a secundária. Por exemplo: em ação de acidente de trânsito, em que
há denunciação à seguradora, o juiz decidirá sobre a responsabilidade pelo acidente, e a da seguradora em
reembolsar o segurado.
c) Todas as hipóteses de denunciação são associadas ao direito de regresso. Ela permite que o titular
desse direito já o exerça nos mesmos autos em que tem a possibilidade de ser condenado, o que favorece a
economia processual.

3.2. Peculiaridades:

Segundo autorizada doutrina, a denunciação da lide é uma demanda incidente, regressiva, eventual e
antecipada:

a) Incidente, porque será instaurada em processo já existente;


b) Regressiva, porque fundada no direito de regresso da parte contra o terceiro;
c) Eventual, porque guarda uma evidente relação de prejudicialidade com a demanda originária,
considerando-se que, se o denunciante não suportar dano algum em razão de seu resultado, a denunciação da
lide perderá seu objeto;
d) Antecipada, porque no confronto entre o interesse de agir e a economia processual o legislador
prestigiou a segunda; afinal, não havendo ainda nenhum dano a ser ressarcido no momento em que a
denunciação da lide ocorre, em tese não há interesse de agir do denunciado em pedir o ressarcimento. Razões
de economia processual, entretanto, permitem excepcionalmente uma demanda sem interesse de agir.

#OBS¹: Não existe nenhuma relação jurídica entre o adversário do denunciante e o denunciado.
#OBS²: O processo passa a ter duas demandas: a principal e a incidental. O juiz deve manifestar-se sobre
ambas ou a sentença será omissa (citra petita).
#OBS³: Só haverá regresso se o denunciante perder na ação principal.

#SELIGA: Na demanda incidental de regresso (em azul, abaixo8), o denunciado será réu do denunciante.

8
Esquema retirado do site “Foco no Resumo”.
Importante destacar que, para o STJ (REsp Nº 1.670.232/SP), nos casos da denunciação, não cabe
questionar se o denunciado é parte do processo principal: o denunciante tem a prerrogativa de exercer o seu
direito de regresso, nos mesmos autos, seja contra terceiro estranho à lide ou contra o corréu que já
compõe a lide. A relatora do recurso esclareceu que a denunciação forma uma relação jurídica-processual
autônoma, independente da relação jurídica principal, de modo que nada obsta a denunciação da lide
requerida por um réu contra outro, porque somente assim se instaura entre eles a lide simultânea
assecuratória do direito regressivamente postulado.

3.3. Hipóteses de cabimento:

a) Risco de evicção (art. 125, I, CPC): A denunciação deve ser feita ao “alienante imediato, no processo
relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da
evicção lhe resultam”.

A evicção, fenômeno civil relacionado aos contratos onerosos, ocorre quando o adquirente de um bem
perde a propriedade ou posse da coisa adquirida, atribuída a terceiro. Ex: Imagine que A tenha adquirido um
imóvel de B. Ao tentar nele ingressar, descobre que está ocupado por C. O adquirente deverá ajuizar ação
reivindicatória em face do terceiro. Mas há sempre um risco de que a sentença venha a ser de improcedência
(por exemplo, se o ocupante comprova que ingressou na coisa a tempo suficiente para adquiri-la por
usucapião, caso em que se terá tornado o novo proprietário). Se isso ocorrer, o adquirente terá sofrido
evicção, pois ficará sem o bem e sem o dinheiro. Para poder exercer o direito de regresso, pode, já na petição
inicial, fazer a denunciação da lide ao alienante.

Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de
que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;

b) Direito de regresso decorrente de lei ou contrato (art. 125, II, CPC) : É a hipótese do inciso II do art.
125 que autoriza a denunciação àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar em ação
regressiva o prejuízo de quem for vencido no processo. Ex: Denunciação da lide pelos segurados contra as
seguradoras (direito de regresso).

Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: (...) II - àquele que estiver
obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no
processo.
Sobre a interpretação desse dispositivo surgiram duas correntes:

RESTRITIVA AMPLIATIVA – MAJORITÁRIA NA DOUTRINA

Só é possível a denunciação da lide para o exercício do O direito brasileiro não distingue garantia própria e
direito de regresso quando houver TRANSFERÊNCIA DE imprópria (dicotomia do direito italiano). O II do art.
DIREITO: denuncia-se a lide ao cedente, para que 125 veio para suprir a necessidade de um mecanismo
responda por eventual derrota do cessionário. processual que abreviasse a pretensão regressiva nas
hipóteses de garantia imprópria (principalmente a dos
A ação regressiva é a pretensão, CONFERIDA PELA LEI segurados contra as seguradoras).
OU PELO CONTRATO, a quem, adimplindo uma
obrigação que era sua, pode voltar-se contra terceiro,
para deste receber, no todo ou em parte, o valor
prestado.

Não se admite a introdução de fundamento jurídico A redação é ampla de propósito. O texto da lei é claro
novo na DL (ausente na demanda originária). quando utiliza a expressão “ação regressiva”. Uma das
hipóteses aventadas de garantia própria é a de quem
Só é possível a DL nos casos de GARANTIA PRÓPRIA se vê obrigado a pagar dívida alheia. Nesse caso, não
(decorrente de transmissão de direito), e não nas há rigorosamente direito de regresso, assim como não
simples hipóteses de direito de regresso (garantia seria regressiva a demanda do credor a esse título. A
“imprópria”). interpretação restritiva poderia levar a uma situação
absurda: se o objetivo é restringir a DL às situações de
Com base nessa corrente não se admite a DL ao garantia própria, um dos principais exemplos ficaria de
servidor, pelo Estado, em demandas de fora.
responsabilidade civil (o Estado responde
objetivamente e o agente subjetivamente, haveria Ação regressiva: direito a indenização, a reembolso,
fundamento jurídico novo). decorrente de sub-rogação, à garantia, à repetição de
pagamento indevido etc.
A tese ampliativa levaria a uma utilização abusiva do
instituto, comprometendo a economia processual. Posição que privilegia a economia processual e é mais
acatada doutrinariamente.

Defensores: Sidney Sanches, Nelson Nery, Eduardo Defensores: Cândido Dinamarco, Luiz Fux, Ada
Arruda Alvim, Cassio Scarpinella Bueno, Marcelo Pellegrini, Pontes de Miranda, Arruda Alvim, Calmon
Abelha Rodrigues, Vicente Greco Filho. de Passos, Barbosa Moreira, Humberto Theodoro Jr.,
Alexandre Câmara.

#RELEMBRARÉVIVER #SELIGA: A denunciação da lide é obrigatória?

Na vigência do CPC de 1973, havia dúvidas sobre a obrigatoriedade da denunciação da lide, sobretudo na
hipótese da evicção, diante da redação do art. 456 do Código Civil que parecia considera-la obrigatória. Mas já
vinha predominando o entendimento de que nem mesmo no caso de evicção ela deveria ser obrigatória, e que
a parte que deixasse de fazer a denunciação da lide não perderia, por sua omissão, o direito de regresso,
podendo sempre exercê-lo em ação autônoma.

O CPC atual revogou o art. 456 do Código Civil (art. 1.072, II), e para afastar qualquer dúvida, deixou expresso
que a parte que não fizer a denunciação, ou não puder fazê-la, ou a tiver indeferida, poderá exercer o direito
de regresso em ação autônoma.

Art. 125, § 1º: O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for
indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.

#SELIGANADIVERGÊNCIA: Para parcela da doutrina, não pode a denunciação da lide levar ao processo um
fundamento jurídico novo, que não estivesse presente na demanda originária, salvo a responsabilidade direta
decorrente de lei ou contrato. Isso porque não seria razoável que, por conta da denunciação, destinada a
apurar a existência ou não de direito de regresso entre denunciante e denunciado, o processo acabasse por
sofrer retardo, em detrimento da parte contrária, a quem a questão do regresso não diz respeito.

A denunciação amplia o objeto do processo, pois traz ao menos uma questão nova, que não se discutia na lide
principal: a existência do direito de regresso. Mas há casos em que ele decorre diretamente do contrato ou da
lei, sem exigir a prova de fatos novos, como ocorre, por exemplo, quando há contrato de seguro.

Apesar de profunda controvérsia doutrinária a respeito, o Superior Tribunal de Justiça tem decidido que a
denunciação da lide não pode prejudicar o adversário do denunciante, introduzindo fatos novos que não
constituíam o fundamento da demanda principal e que exigiriam instrução que, sem ela, não seria
necessária no processo principal. É o que foi decidido no REsp 89.1998, publicado no DJE de 1º/12/2008, em
que foi relator o Min. Luiz Fux e o REsp 76.6705, publicado no DJE de 18/12/2006, Rel. Min. Humberto Gomes
de Barros.
3.4. Procedimento:

a) Quando requerida pelo réu (art. 126, CPC): O réu, citado, deve requerer a denunciação da lide na
contestação, sendo indispensável que indique quais os fundamentos de fato e de direito em que baseia o
direito de regresso e qual o pedido. Não há necessidade de atribuição de valor da causa.

O deferimento não depende do consentimento da parte contrária, nem do denunciado, mas de o juiz
verificar que, em tese, estão presentes as situações autorizadoras de direito de regresso.

#ATENÇÃO: Litisconsórcio entre denunciante e denunciado é UNITÁRIO + FACULTATIVO + ULTERIOR.

Vejamos o esquema9:

Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na
contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131.
Art. 128. Feita a denunciação pelo réu:
I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal,
em litisconsórcio, denunciante e denunciado;
II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente
oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir
com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.
Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento
da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva.

#OLHAOGANCHO: De acordo com o CDC, existe uma disciplina própria para denunciação à lide, na qual
9
Esquema retirado do site “Foco no Resumo”.
veda-se ao comerciante denunciar à lide um fornecedor, protegendo, assim, o consumidor.

Art. 13, CDC: Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de
regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
Art. 88, CDC: Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada
em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a
denunciação da lide.

Nesse sentido, o STJ entendeu que não cabe denunciação à lide em qualquer relação de consumo, seja na
hipótese do vício do produto ou do serviço, seja na hipótese de fato do produto ou do serviço.

#OLHAOSEGUNDOGANCHO: O chamamento ao processo é cabível na relação de consumo (v.g. seguradora),


não se confundindo com denunciação à lide.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

Súmula 529, STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro
prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano. STJ. 2ª Seção.
Aprovada em 13/05/2015, DJe 18/05/2015.

Súmula 537, STJ: Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou
contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, ao
pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice.

A vítima de acidente de trânsito pode ajuizar demanda direta e exclusivamente contra a seguradora do
causador do dano quando reconhecida, na esfera administrativa, a responsabilidade deste pela ocorrência do
sinistro e quando parte da indenização securitária já tiver sido paga. Não se aplica, neste caso, a Súmula 529
do STJ. Isso porque, mesmo não havendo relação contratual entre a seguradora e o terceiro prejudicado, a
sucessão dos fatos (apuração administrativa e pagamento de parte da indenização) faz com que surja uma
relação jurídica de direito material envolvendo a vítima e a seguradora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.584.970-MT, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 24/10/2017 (Info 614)
Não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses em que o
denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da demanda principal. STJ. 3ª Turma. REsp 1637108-PR,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 606)

Não é admissível a denunciação da lide embasada no art. 70, III, do CPC quando introduzir fundamento novo à
causa, estranho ao processo principal, apto a provocar uma lide paralela, a exigir ampla dilação probatória, o
que tumultuaria a lide originária, indo de encontro aos princípios da celeridade e economia processuais, que
essa modalidade de intervenção de terceiros busca atender. (STJ. 4a Turma. REsp 701.868-PR, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em 11/2/2014).

b) Quando requerida pelo autor (art. 126 e 127, CPC): A denunciação será requerida pelo autor na
petição inicial. Ele exporá os fatos e fundamentos jurídicos e formulará o seu pedido contra o réu, postulando
o seu acolhimento. Mas, para a hipótese de eventual improcedência, já fará a denunciação da lide, postulando
que o juiz condene o denunciado ao ressarcimento dos prejuízos que dela advierem. Se o juiz deferir a
denunciação, mandará primeiro citar o denunciado e depois o réu, porque, na condição de litisconsorte do
autor, na lide principal, aquele terá o direito de acrescentar novos argumentos à inicial (CPC, art. 127).

Vejamos o esquema10:

Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do
denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.

3.5. Denunciação da lide sucessiva:

É possível que, feita a denunciação e citado o denunciado, este também entenda ter direito de regresso
em face de outro, e queira, no mesmo processo, fazer uma nova denunciação da lide. Há casos em que existe

10
Esquema retirado do site “Foco no Resumo”.
direito de regresso sucessivo. Por isso, coloca-se a questão da possibilidade de, no mesmo processo, haver
denunciações sucessivas.

O art. 73, do CPC de 1973, apesar da redação confusa, autorizava o seu deferimento, quando o Juiz
verificasse a existência de direitos de regresso sucessivos.

O CPC atual admite uma única denunciação sucessiva. Isto é, permite que, feita pelo autor ou réu a
denunciação, o denunciado, por sua vez, requeira a denunciação sucessiva. Mas o denunciado sucessivo não
poderá fazer nova denunciação, devendo buscar eventual direito de regresso em ação autônoma (art. 125, §
2º).

3.6. Denunciação da lide per saltum:

O Novo CPC revogou o art. 456 do Código Civil (art. 1.072, II), que autorizava a denunciação da lide per
saltum. Assim, a lei atual admite uma única denunciação sucessiva, e sem saltos.

3.7. Condenação e cumprimento de sentença diretamente contra o denunciado:

Registre-se que o Superior Tribunal de Justiça, em especial nas demandas envolvendo denunciação da
lide de seguradora, na vigência do CPC/1973, vinha entendendo que, por serem denunciante e denunciado
litisconsortes, a condenação da demanda originária criava uma responsabilidade solidária de ambos perante a
parte contrária, admitindo-se que a execução fosse movida diretamente contra o denunciado.

A doutrina majoritária, entretanto, com fundamento na inexistência de relação jurídica de direito


material entre a parte contrária e o denunciado defendia a impossibilidade de condenação direta do
denunciado à lide, afirmando que as duas demandas existentes (autor-réu e denunciante-denunciado) são
decididas de forma autônoma, em diferentes capítulos, o que inviabiliza essa condenação direta.

O Novo Código de Processo Civil preferiu o entendimento pragmático da jurisprudência e prevê, no


parágrafo único do art. 128, a possibilidade de o autor requerer o cumprimento de sentença também contra o
denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. O dispositivo não chega a falar em
condenação direta, até porque assim o fazendo estaria a consagrar uma condenação sem pedido, mas ao
permitir a execução diretamente contra o denunciado criou situação ainda mais intrigante: a permissão de
execução de um título executivo que não consagra em favor do exequente o direito exequendo.
3.8. Extinção sem resolução do mérito da denunciação em caso de vitória do denunciante, sem prejuízo da
sucumbência (art. 129, § único, do CPC)11

Se eventualmente o denunciante ganhar a ação principal, a denunciação será extinta sem julgamento do
mérito. Se quem pede o direito de regresso ganhar a ação principal, ele não precisa mais do direito de
regresso. Porém, como é facultativa a denunciação da lide, quem ganha a ação deve pagar sucumbência ao
denunciado.

Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide.
Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado,
sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do
denunciado.

4. CHAMAMENTO AO PROCESSO

É forma de intervenção de terceiros por meio da qual o réu fiador ou devedor solidário, originariamente
demandado, trará para compor o polo passivo, em litisconsórcio com ele, o afiançado ou os demais devedores
solidários.

#COLANARETINA: Há um vínculo de SOLIDARIEDADE entre o chamante e o chamado. A finalidade é


possibilitar aos fiadores e devedores solidários, no processo em que estejam sendo demandados, chamar o
responsável principal, ou os corresponsáveis ou coobrigados, para que assumam posição de litisconsorte,
ficando todos submetidos à coisa julgada. Assim, o título executivo judicial será dirigido a todos que
participaram do processo.

O chamamento ao processo é sempre facultativo, e mesmo que o réu não o faça, poderá reaver dos
demais coobrigados a parte que lhes cabe, em ação autônoma.

#ATENÇÃO: É sempre PROVOCADO PELO RÉU NA CONTESTAÇÃO, não havendo ampliação do objeto litigioso
do processo. Só cabe no PROCESSO DE CONHECIMENTO.

4.1. Hipóteses de cabimento:

11
(TRF3-2016): Tratando-se de denunciação da lide facultativa, o litisdenunciante, réu na ação principal, deve ser
condenado ao pagamento de ônus de sucumbência, na lide regressiva, em favor do litisdenunciado quando a ação
principal tenha sido julgada improcedente. BL: art. 129, § único, NCPC (V).
a) O chamamento do fiador demandado ao devedor principal: a fiança é um contrato por meio do qual
alguém, que não é devedor, assume a responsabilidade pelo pagamento de uma dívida. Se ela não for paga, o
fiador responde com seus bens perante o credor. Mas, como a dívida não é dele, feito o pagamento terá
direito de ser ressarcido pelo devedor. Por isso, sendo demandado poderá chamá-lo ao processo.

Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o
fiador for réu;

#RECORDARÉVIVER: O que é benefício de ordem?

Em regra, nos contratos de fiança, o fiador tem o benefício de ordem, que lhe permite exigir que primeiro
sejam excutidos os bens do devedor principal para, só se não forem suficientes, serem atingidos os do
fiador.
Mesmo que haja benefício de ordem, é possível ajuizar a ação de cobrança apenas em face do fiador
porque, sendo ele citado, poderá chamar ao processo o devedor principal, com o que se formará um
litisconsórcio passivo entre ambos.
O benefício de ordem é direito do fiador exercitável somente na fase executiva, porque diz respeito à
prioridade de penhora de bens. Consiste no direito de que primeiro sejam excutidos os bens do devedor
principal e só quando esgotados esses, os do fiador. Mas, para que ele possa exercer tal benefício na fase
executiva, é indispensável que tenha feito o chamamento ao processo do devedor principal.

b) O chamamento feito por um dos fiadores aos demais: sendo demandado apenas um ou alguns dos
devedores solidários, admite-se o chamamento ao processo dos demais devedores solidários não escolhidos
originariamente pelo credor que moveu a demanda judicial.

Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: (...) II - dos demais fiadores, na ação
proposta contra um ou alguns deles;

c) O chamamento em caso de solidariedade: Trata-se da hipótese mais comum de chamamento ao


processo. Aqui, o devedor demandado sozinho chama ao processo os demais devedores solidários.

O devedor demandado não está obrigado a chamar ao processo todos os outros, podendo escolher mais
um ou alguns. No entanto, os que forem chamados poderão, por sua vez, promover novo chamamento dos
faltantes, pois, tal como ocorre com a denunciação da lide, há possibilidade de chamamentos sucessivos.
Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: (...) III - dos demais devedores
solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Nas ações para fornecimento de medicamentos, apesar de a obrigação ser


solidária entre Municípios, Estados e União, caso o autor tenha proposto a ação apenas contra o Estado-
membro, não cabe o chamamento ao processo da União, medida que apenas iria protelar a solução da causa.
STJ. 1ª Seção. REsp 1203244-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 9/4/2014 (recurso repetitivo) (Info
539).

Vejamos as hipóteses de cabimento do chamamento ao processo:


Chamante è Chamado
Fiador pode chamar Devedor
Fiador pode chamar Cofiador
Devedor solidário pode chamar Devedor solidário

#CASCADEBANANA: O devedor não pode chamar ao processo o fiador, salvo se o fiador renunciou o
benefício de ordem (neste caso, o fiador se equipara ao devedor, enquadrando-se na linha “devedor à
devedor”).

#SELIGA #TUDOJUNTOEMISTURADO: A grande diferença do chamamento ao processo com a denunciação da


lide é que nesta o terceiro não possui nenhuma relação com o autor da ação; ao passo que naquela o terceiro
tem, exatamente, a mesma relação que o autor da ação tem com o réu, pois ambos são
devedores/responsáveis.

4.2. Procedimento:

O art. 131 determina que o chamamento ao processo seja requerido pelo réu na contestação, devendo
a citação ser promovida no prazo de 30 dias, sob pena de ficar sem efeito. Com a citação do chamado, forma-
se o litisconsórcio no polo passivo.

Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na
contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento.
Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o
prazo será de 2 (dois) meses.
4.3. Formação do título executivo contra e entre todos:

O título executivo é formado em favor daquele que paga (e não do chamante). Ex: “A” (cobrador) entra
contra “B” (devedor solidário). (ii) “B” chama só processo “C”, “D” e “E” (devedores solidários. (iii) o juiz
condena os quatro (“B”, “C”, “D” e “E”) a pagar. (iv) “C” paga tudo. (v) “C” terá título executivo contra os
demais codevedores, isto é, o título executivo é formado em favor daquele que paga.

Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim
de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na
proporção que lhes tocar.

4.4. Chamamento ao processo no Direito do Consumidor:

Apesar da vedação expressa à denunciação da lide 12, o art. 101, II, do CDC permite o chamamento ao
processo da seguradora quando o réu tiver com esse terceiro um contrato de seguro de responsabilidade.

Entende-se, na doutrina, que o legislador propositalmente chama essa intervenção de terceiros de


chamamento ao processo para criar, no caso concreto, uma responsabilidade solidária entre o réu e a
seguradora, o que naturalmente beneficia o consumidor/autor em termos de satisfação do seu direito de
crédito a ser reconhecido pela sentença.

#OLHAOGANCHO: Registre-se que, no mesmo dispositivo legal, está previsto que, havendo o réu declarado a
falência, o consumidor/autor poderá demandar diretamente contra a seguradora. Como já apontado
anteriormente, encontram-se no Superior Tribunal de Justiça decisões que já permitem essa demanda direta
contra a seguradora, mesmo no caso de o réu não estar falido.

12
Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo
autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide.

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - O fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - O produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
III - Não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais
responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
Fredie Didier pondera: a despeito da letra da lei (art. 88), a proibição da lei não diz respeito à
denunciação da lide, mas, sim, ao chamamento ao processo. É que havendo responsabilidade solidária de
todos aqueles que tenham participado da cadeia produtiva (art. 7º, parágrafo único), a modalidade cabível é o
chamamento ao processo, não a denunciação da lide. Veja o motivo da vedação: muitas vezes, a cadeira de
produção é muito longa, de forma que poderia surgir, em decorrência do chamamento, um litisconsórcio
passivo muito grande, a retardar a reparação do dano ao consumidor lesado.

Didier prossegue na análise do art. 101, II, do CDC, segundo o qual “o réu que houver contratado seguro
de responsabilidade poderá chamar ao processo o segurador”.

A intervenção com base em contrato de seguro será, na maioria das vezes, a denunciação da lide, pois a
empresa seguradora não tem vínculo de direito material com o adversário do denunciante segurado. Aqui, o
CDC criou uma figura nova do “chamamento ao processo em casos de seguro”: embora a intervenção fosse a
“denunciação da lide”, o legislador rotulou de chamamento para permitir que o consumidor possa executar a
sentença diretamente contra a seguradora. Com base nessas premissas acima, Didier conclui:

a) Só é admissível o chamamento ao processo nos casos do art. 101, II, do CDC (seguro). As
demais hipóteses de chamamento ficam proibidas por força do art. 88.
b) Como a vedação à DL (art. 88) deveria dizer respeito ao chamamento ao processo (ele que é
vedado), não há qualquer óbice a admitir a DL no caso concreto (#CUIDADO: essa é a posição de
Didier, prevalece que é vedada).

4.5. Chamamento ao processo do art. 1.698, CC:

O art. 1.698 do Código Civil previu uma nova forma de chamamento ao processo, que não se pode
encaixar em nenhuma das previstas no NCPC. Trata-se do chamamento ao processo que aquele que deve
alimentos em primeiro lugar faz aos demais devedores, que concorrem em grau imediato, quando não tiver
recursos para fazer frente à integralidade do débito.

Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a
prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra
uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
O dever de prestar alimentos é divisível, cada devedor responde por sua quota-parte. Inexiste
solidariedade entre eles: se alguém carece de alimentos e tem vários filhos em condições de prestá-los, não
pode pretender cobrar integralmente de apenas um. Só poderá cobrar deste a parte que lhe cabe,
proporcional ao número dos filhos.

Além disso, não havendo devedores de mesmo grau capazes de suportar integralmente a obrigação, o
art. 1.698 do CC atribui a obrigação aos de grau imediato, observada a ordem do art. 1.697.

A lei civil permite que o devedor demandado em alimentos chame ao processo os coobrigados de
mesmo grau ou os de grau imediato. Ex: o credor tem vários filhos em condições de prestá-los e ajuíza a ação
apenas em face de um deles, este chamará ao processo os outros.

Premissa: a obrigação alimentar não é solidária. Não há uma obrigação divisível entre os credores,
mas tantas obrigações quantas sejam as pessoas envolvidas. Ex.: João, órfão de pai e mãe, tem 4 avós
(parentes de grau imediato). Não há uma obrigação de alimentos com 4 devedores solidários, e sim 4
obrigações de alimentos distintas, afastando o chamamento ao processo (não há solidariedade).

Por sua vez, se um avô cumprir sua obrigação nos limites de suas possibilidades, não poderá voltar-se
regressivamente contra os demais, afastando-se a denunciação da lide.

Tem-se, na verdade, uma nova modalidade interventiva criada pelo CC, com o objetivo de ajudar o
credor da dívida alimentar.

De acordo com o dispositivo, se a ação é intentada contra um avô, os demais podem ser chamados à
lide. Forma-se um litisconsórcio passivo facultativo ulterior simples por provocação do autor (credor de
alimentos, no caso, o neto). O autor, que originariamente optou por não demandar contra um determinado
devedor-comum, após a manifestação do réu ou em virtude de fato superveniente, percebe a possibilidade de
trazer ao processo o outro devedor-comum, para que o juiz também certifique a sua pretensão contra ele.
Nesse caso, é dispensada a concordância do réu originário (o primeiro demandado).

O STJ (REsp 964.866/SP) já decidiu que o art. 1.698 autoriza que coobrigados aos alimentos chamem
ao processo outros coobrigados que não haviam sido demandados (ex.: um avô chamar o outro à lide).
#CRÍTICA: Fredie Didier discorda: o dispositivo autoriza que o autor, depois da manifestação do réu, resolva
trazer os outros. Mas é sempre o autor que deve chamar, até porque se trata da formulação de um novo
pedido em face deste novo réu.

A intervenção deve ocorrer até o saneamento do processo. Mas, nada impede que o autor proponha
de logo a demanda e face de todos os devedores-comuns e a sentença fixará a proporção com que cada um
dos obrigados deverá concorrer. O autor poderá até mesmo propor a demanda em face de devedores de graus
diversos (primeiro, a sentença analisa a questão quanto ao obrigado principal, após, a do obrigado
subsidiário).

#CASCADEBANANA: O art. 1.698 só se aplica aos alimentos devidos entre parentes: não vale para cônjuges e
companheiros.

#PERGUNTA: Se João tem pai e mãe (parentes de grau mediato), poderia demandar diretamente contra os
avós? O STJ (HC 38314/MS) entende que não: é inviável a ação de alimentos ajuizada diretamente contra os
avós paternos, sem comprovação de que o devedor originário esteja impossibilitado de cumprir com o seu
dever. Deve comprovar a impossibilidade!

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: #IMPORTANTE:

A obrigação dos avós de prestar alimentos tem natureza complementar e subsidiária e somente exsurge se
ficar demonstrada a impossibilidade de os dois genitores proverem os alimentos dos filhos, ou de os
proverem de forma insuficiente. Assim, morrendo o pai que pagava os alimentos, só se poderá cobrar
alimentos dos avós se ficar demonstrado que nem a mãe nem o espólio do falecido têm condições de
sustentar o filho. Não tendo ficado demonstrada a impossibilidade ou a insuficiência do cumprimento da
obrigação alimentar pela mãe, como também pelo espólio do pai falecido, não há como reconhecer a
obrigação do avô de prestar alimentos. O falecimento do pai do alimentante não implica a automática
transmissão do dever alimentar aos avós. STJ. 4ª Turma. REsp 1.249.133-SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
Rel. para acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 16/6/2016 (Info 587).
- Ação deveria ter sido dirigida contra o espólio: Desse modo, no caso concreto, Bernardo deveria ter ajuizado
a ação de alimentos contra o espólio de João. O alimentando é herdeiro do falecido e, por isso, deveria ter
pedido alimentos ao espólio de seu pai.
- Uma última pergunta: se o devedor dos alimentos morre, essa obrigação sempre irá se transmitir para o
espólio? NÃO. Nem sempre. É necessário distinguir as situações:
§ Situação 1: se o credor de alimentos é herdeiro do falecido (exemplo mais comum: filho/filha). Neste caso,
o espólio terá obrigação de pagar os alimentos.
§ Situação 2: se o credor de alimentos não é herdeiro do falecido (exemplo: ex-companheira). Neste caso, o
espólio não deverá continuar pagando a pensão fixada.

5. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 13

Há muito tempo, a regra da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas vem admitindo restrições,
sobretudo nos casos em que ela é utilizada como instrumento para a prática de fraudes e abusos de direito,
em detrimento dos credores. A teoria da desconsideração da personalidade jurídica (disregard doctrine), que
autoriza o Juiz a estender, em determinadas situações, a responsabilidade patrimonial pelos débitos da
empresa aos sócios, sem que haja a dissolução ou desconstituição da personalidade jurídica, vem sendo
acolhida em nossa doutrina desde o final dos anos 1960.

Como não havia previsão legal para aplicá-la no âmbito do direito privado, de início, os tribunais se
valeram do art. 135 do Código Tributário Nacional.

Posteriormente, o Código de Defesa do Consumidor passou a autorizá-la expressamente no art. 28 e


seus parágrafos quando em detrimento do consumidor, quando houver abuso de direito, excesso de poder,
infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social, bem como nos casos de falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração ou
ainda sempre que a sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores.

O Código Civil, no art. 50, dispôs que em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações
de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Compete, assim, ao direito material estabelecer quais são as exigências para que se possa aplicar a
desconsideração da personalidade jurídica. No âmbito civil, essas exigências estão no art. 50 do CC; e no
âmbito consumerista, no art. 28 do Código do Consumidor.
13
(MPSC-2016): O novo CPC prevê expressamente que, antecedida de contraditório e produção de provas, haja decisão
sobre a desconsideração da pessoa jurídica, com redirecionamento da ação, na dimensão de sua patrimonialidade, e
também sobre a consideração dita inversa, nos casos em que se abusa da sociedade, para usá-la indevidamente visando
esconder o patrimônio pessoal do sócio. BL: arts. 133, 135 e 136, NCPC. (V).
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir
no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

*#ATENÇÃO. O Artigo 50 foi alterado pela LEI Nº 13.874, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019.

“Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou
administradores.

Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e
segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de
empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso. (desconsideração da pessoa jurídica).

§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o
propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.

§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada
por:

I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa;

II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor


proporcionalmente insignificante; e

III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.

§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios
ou de administradores à pessoa jurídica.

§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo
não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade
econômica específica da pessoa jurídica.”

Para Flávio Tartuce, a lei passaria a possibilitar a desconsideração da personalidade jurídica tão somente
quanto ao sócio ou administrador que, direta ou indiretamente, for beneficiado pelo abuso, o que há tempos
defendo, para que o instituto não seja utilizado de forma desproporcional e desmedida, atingindo pessoa
natural que não tenha praticado o ato tido como abusivo.

Os parágrafos propostos sugerem critérios para o preenchimento dos requisitos da desconsideração da


personalidade jurídica prevista para as relações civis em geral, consagradora da chamada teoria maior da
desconsideração, quais sejam o desvio de finalidade ou a confusão patrimonial. Vale lembrar, contudo, que
tais requisitos não são cumulativos, mas alternativos para que a categoria seja aplicada, quebrando-se a
autonomia da pessoa jurídica perante seus sócios e administradores e responsabilizando-se os últimos por
dívidas da primeira.Para o referido autor, quanto ao desvio de finalidade, a norma passaria a estabelecer como
requisito o elemento doloso ou intencional na prática da lesão ao direito de outrem ou de atos ilícitos, para
que o instituto seja aplicado.

Sobre a confusão patrimonial, são parâmetros propostos pela MP para que fique caracterizada a ausência de
separação de fato entre os patrimônios da pessoa jurídica e de seus membros: a) o cumprimento repetitivo
pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; b) a transferência de ativos ou de
passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e c) outros atos
de descumprimento da autonomia patrimonial. Sobre a primeira previsão, sugiro que seja retirada a palavra
“repetitivo”, pois a confusão patrimonial pode estar configurada por um único cumprimento obrigacional da
pessoa jurídica em relação aos seus membros, pois, por um ato isolado, é possível realizar um total
esvaziamento patrimonial com o intuito de prejudicar credores.

Quanto ao § 4º do art. 50, “a mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata
o caput não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica”. Na verdade, trata-se de
conteúdo que já era retirado do Enunciado n. 406, aprovado na V Jornada de Direito Civil do Conselho da
Justiça Federal: “a desconsideração da personalidade jurídica alcança os grupos de sociedade quando
estiverem presentes os pressupostos do art. 50 do Código Civil e houver prejuízo para os credores até o limite
transferido entre as sociedades”. Não se pode negar que a norma proposta traz uma obviedade, qual seja a
necessidade de se observar os requisitos legais para a desconsideração da personalidade jurídica aplicada
entre empresas que mantêm alguma ligação, especialmente quanto a fraudes praticadas para prejudicar seus
credores. Todavia, a sua grande vantagem é de positivar a possibilidade de ampliação de responsabilidades de
uma pessoa jurídica a outra, o que configura a desconsideração econômica, indireta ou a sucessão entre
empresas para as obrigações existentes no âmbito civil.
Como última mudança a respeito da desconsideração, quanto ao § 5º do art. 50, nota-se, mais uma vez, uma
valorização do elemento subjetivo para a desconsideração, ao prever que não constitui desvio de finalidade a
mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.

Ao que parece, o §3º acima veio consagrar a desconsideração inversa ou invertida.


*#NÃOCONFUNDIR:

Desconsideração
Desconsideração INDIRETA Desconsideração EXPANSIVA
INVERSA/INVERTIDA
Uma empresa controladora comete
fraudes por meio de empresa Sócio esconde patrimônio na Atingir patrimônio do sócio
controlada ou coligada em prejuízo sociedade. oculto da sociedade.
de terceiro.

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos
estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do
Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.
§ 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei.
§ 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica.

#SELIGA #MARCANOVADE: Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao


processo de competência dos juizados especiais.

5.1. Momento processual:

Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a desconsideração pode ocorrer em qualquer fase do processo,
não havendo que falar em decadência de um direito potestativo. A dúvida é resolvida pelo art. 134, caput, do
Novo CPC, ao prever que o incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de
conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.
Ao admitir expressamente a desconsideração da personalidade jurídica na execução – processo e
cumprimento de sentença – o legislador deixa clara a viabilidade de se incluir no polo passivo e responsabilizar
patrimonialmente os sócios mesmo que esses não façam parte do título executivo exequendo.

Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no


cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.

5.2. A desconsideração como incidente:

A desconsideração como incidente, pressupõe que já esteja em curso ação ajuizada pelo credor em face
do devedor, isto é, da pessoa jurídica. É nessa hipótese que haverá intervenção de terceiros, pois há um
processo em curso do qual o sócio não participava e do qual passará a participar, caso a desconsideração seja
deferida.

A hipótese é de intervenção de terceiros provocada e não voluntária, já que não será o sócio a requerer
o seu ingresso, mas o credor ou o Ministério Público.

#ATENÇÃO: O juiz não pode instaurar o incidente de ofício!

Se o juiz receber o incidente, determinará a suspensão do processo, que ficará paralisado do momento
em que a parte ou o Ministério Público protocolar o pedido, até a decisão.

O Juiz poderá determinar as provas necessárias para que suscitante e suscitado comprovem as suas
alegações. Concluída a instrução, ele decidirá o incidente, que será resolvido por decisão interlocutória, contra
a qual poderá ser interposto recurso de agravo de instrumento (art. 1.015, IV, do CPC).

#SELIGA: Como o incidente pode ser instaurado em qualquer fase do processo de conhecimento, é de se
admitir que o seja mesmo que o processo se encontre em grau de recurso, caso em que caberá ao relator
processar o incidente, cujo procedimento será igual ao daquele suscitado em primeiro grau. Apenas, da
decisão interlocutória unilateral do relator que o decidir, o recurso cabível não será o agravo de instrumento,
mas o agravo interno (art. 136, parágrafo único).

Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória.
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno.
5.3. A desconsideração requerida na inicial:

O autor poderá requerer a desconsideração da personalidade jurídica não como incidente, mas na
própria petição inicial, caso em que não haverá intervenção de terceiros, pois o sócio (ou pessoa jurídica no
caso da desconsideração inversa) será incluído como réu na petição inicial e figurará como parte, e não como
terceiro interveniente.

Caso a desconsideração seja requerida na inicial, o processo não ficará suspenso e o Juiz decidirá se
cabe ou não a desconsideração na própria sentença. Se ele acolher o pedido de cobrança, condenará a
sociedade ao pagamento do débito; e se acolher o pedido de desconsideração, estenderá a responsabilidade
patrimonial ao sócio, cujos bens poderão ser penhorados na fase executiva.

Nesse caso, o recurso a ser utilizado pelo sócio, caso a desconsideração seja deferida, não será o agravo
de instrumento, mas a apelação.

Art. 134. (...) § 2o Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for
requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.

5.4. A desconsideração inversa da personalidade jurídica:

Fábio Ulhôa Coelho define da seguinte forma, desconsideração inversa é o afastamento do princípio da
autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio.
Na desconsideração inversa, a responsabilidade ocorre no sentido oposto, isto é, os bens da sociedade
respondem por atos praticados pelos sócios.

Art. 133. (...) § 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade
jurídica.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

Se o sócio controlador de sociedade empresária transferir parte de seus bens à pessoa jurídica controlada com
o intuito de fraudar partilha em dissolução de união estável, a companheira prejudicada, ainda que integre a
sociedade empresária na condição de sócia minoritária, terá legitimidade para requerer
a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a resguardar sua meação. É possível
a desconsideração inversa da personalidade jurídica sempre que o cônjuge ou companheiro empresário valer-
se de pessoa jurídica por ele controlada, ou de interposta pessoa física, a fim de subtrair do outro cônjuge ou
companheiro direitos oriundos da sociedade afetiva. A legitimidade para requerer essa desconsideração é
daquele que foi lesado por essas manobras, ou seja, do outro cônjuge ou companheiro, sendo irrelevante o
fato deste ser sócio da empresa. STJ. 3ª Turma. REsp 1236916-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
22/10/2013 (Info 533).

A sócia da empresa, cuja personalidade jurídica se pretende desconsiderar, que teria sido beneficiada por
suposta transferência fraudulenta de cotas sociais por um dos cônjuges, tem legitimidade passiva para integrar
a ação de divórcio cumulada com partilha de bens, no bojo da qual se requereu a declaração de ineficácia do
negócio jurídico que teve por propósito transferir a participação do sócio/ex-marido à sócia remanescente,
dias antes da consecução da separação de fato. STJ. 3ª Turma. REsp 1522142-PR, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 13/6/2017 (Info 606).

6. AMICUS CURIAE14

Entre as novas hipóteses de intervenção de terceiros, foi incluída a do amicus curiae. A novidade
introduzida pelo CPC foi a possibilidade genérica de admissão dessa forma de intervenção de terceiros, desde
que preenchidos os requisitos estabelecidos no caput do art. 138.

Sem prejuízo dessa autorização geral, o CPC prevê especificamente a intervenção do amicus curiae em
hipóteses específicas, como no incidente de arguição de inconstitucionalidade (art. 950, § 3º), no incidente de
resolução de demandas repetitivas (art. 983, § 1º), na análise de repercussão geral (art. 1.035, § 4º) e na
análise de recursos repetitivos (art. 1.038, II).

A intervenção do amicus curiae é peculiar, porque ele não intervém nem como parte, nem como auxiliar
da parte, mas como verdadeiro auxiliar do Juízo.

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da
demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a
requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa

14
(DPEMT-2016): O reconhecimento da importância do amicus curiae se dá pelo caráter fiscalizador sobre determinadas
atividades cuja prática indiscriminada possui potencial lesivo à sociedade. (V)
(DPEMT-2016): O amicus curiae pode ser considerado como a própria sociedade representada, legitimada a defender os
seus interesses em juízo, sempre que estes forem afetados pela decisão ali proferida, por meio de instituições
especializadas no assunto. (V).
natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15
(quinze) dias de sua intimação.

6.1. Conceito:

O amicus curiae é o terceiro que, conquanto não tenha interesse jurídico próprio, que possa ser atingido
pelo desfecho da demanda em andamento, como tem o assistente simples, representa um interesse
institucional, que convém seja manifestado no processo para que, eventualmente, possa ser considerado
quando do julgamento.

O amicus curiae poderá ser uma pessoa, um órgão ou entidade, que não tem interesse próprio na causa,
mas cujos interesses institucionais poderão ser afetados.

#SURPREENDAOEXAMINADOR: A participação do Amicus Curiae tem como objetivo aprimorar as decisões


proferidas pelo Judiciário, especialmente com apoio técnico-jurídico em questões de relevância social.

Vejamos a evolução do instituto no ordenamento jurídico:

Lei 6.385/76 Nos processos que tenham por objeto matérias de competência da CVM, ela
(CVM) será intimada para intervir, se assim desejar, como amicus curiae, oferecendo
parecer sobre o caso ou prestando esclarecimentos.

Lei 12.529/11 (CADE) Nos processos em que se discuta a aplicação da Lei 12.529/11, o CADE deverá
ser intimado para, querendo, intervir no feito na qualidade de assistente.
Obs: já havia esta previsão na Lei 8.884/94 (antiga Lei Antitruste).

Lei 9.868/99 (ADI/ADC) Nos processos de ADI e ADC em tramitação perante o STF, o Ministro
Relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes, poderá admitir a manifestação de outros órgãos ou entidades.

Lei 9.882/99 (ADPF) Nos processos de ADPF em tramitação perante o STF, o Ministro Relator
poderá autorizar sustentação oral e juntada de memoriais por
requerimento dos interessados no processo.

Art. 482, §3º do CPC No incidente de declaração de inconstitucionalidade em tribunal, o Relator,


Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes,
poderá admitir manifestação de outros órgãos e entidades.

Art. 543-A, §6º do CPC Na análise do RE submetido à repercussão geral, o Relator poderá admitir,
na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros.
Art. 543-C, §4º do CPC No REsp. submetido ao procedimento dos recursos repetitivos, o Relator,
considerando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de
pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia.

Lei 11.417/06 (súmula No procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de


vinculante) súmula vinculante, o relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a
manifestação de terceiros na questão.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE Custos vulnerabilis significa “guardiã dos


vulneráveis” (“fiscal dos vulneráveis”). Enquanto o Ministério Público atua como custos legis (fiscal ou
guardião da ordem jurídica), a Defensoria Pública possui a função de custos vulnerabilis. Assim, segundo a tese
da Instituição, em todo e qualquer processo onde se discuta interesses dos vulneráveis seria possível a
intervenção da Defensoria Pública, independentemente de haver ou não advogado particular constituído.
Quando a Defensoria Pública atua como custos vulnerabilis, a sua participação processual ocorre não como
representante da parte em juízo, mas sim como protetor dos interesses dos necessitados em geral. O STJ
afirmou que deve ser admitida a intervenção da Defensoria Pública da União no feito como custos vulnerabilis
nas hipóteses em que há formação de precedentes em favor dos vulneráveis e dos direitos humanos. STJ. 2ª
Seção. EDcl no REsp 1.712.163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/09/2019 (Info 657).
O custos vulnerabilis é o mesmo que amicus curiae? NÃO. Vejamos as principais diferenças:

Custos vulnerabilis (“guardiã dos vulneráveis”) Amicus curiae (“amigo do Tribunal”)


Somente a Defensoria Pública pode intervir como Pode intervir como amicus curiae qualquer pessoa
custos vulnerabilis. natural ou jurídica, órgão ou entidade
especializada, com representatividade adequada
Admite-se a intervenção do custos vulnerabilis em Em regra, admite-se a intervenção do amicus
qualquer processo no qual estejam sendo discutidos curiae em qualquer tipo de processo, desde que: a)
interesses de vulneráveis. a causa tenha relevância; e b) a pessoa tenha
capacidade de oferecer contribuição ao processo.
O custos vulnerabilis pode interpor qualquer espécie Em regra, o amicus curiae não pode recorrer.
de recurso. Exceção 1: o amicus curiae pode opor embargos de
declaração em qualquer processo que intervir (art.
138, § 1º do CPC/2015). Exceção 2: o amicus curiae
pode recorrer da decisão que julgar o incidente de
resolução de demandas repetitivas (art. 138, § 3º
do CPC/2015).
6.2. Requisitos para intervenção:

Os requisitos genéricos são fixados pelo art. 138 do CPC e estão intimamente relacionados com o papel
que o amicus curiae desempenha.

a) Requisitos relativos ao tipo de demanda na qual ele poderá intervir:

(i) a relevância da matéria: a lei faz uso de termo vago, que se assemelha àquele exigido para que haja
repercussão geral. O art. 1.035, § 5º, reconhece a repercussão geral das causas que tenham relevância do
ponto de vista econômico, político, social ou jurídico. A primeira hipótese que justifica a intervenção do amicus
curiae é justamente a relevância, que pode ser também econômica, política, social ou jurídica. O que sobreleva
é que a questão discutida transcenda o mero interesse individual das partes, para que se justifique a
manifestação de um terceiro, que é portador de um interesse institucional;
(ii) a especificidade do tema objeto da demanda: é possível que o objeto da demanda exija
conhecimentos particulares, específicos, que justifiquem a intervenção do amicus curiae. Aqui também ele
intervirá como portador de um interesse institucional, quando a questão discutida, ainda que específica,
transcenda o interesse das partes, sem o que não se justifica a intervenção;
(iii) a repercussão social da controvérsia: Essa hipótese mantém vinculação com as anteriores,
sobretudo com a primeira, já que não pode ser considerada irrelevante uma controvérsia que tenha
repercussão social. É preciso que essa repercussão mobilize um interesse institucional, do qual o amicus curiae
seja portador.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

Não estando o presente recurso submetido ao rito dos recursos repetitivos e nem se incluindo na hipótese de
multiplicidade de demandas similares a demonstrar a generalização da decisão, não há previsão legal para a
inclusão do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil na condição de amicus curiae, notadamente
porquanto em discussão direito individual ao recebimento de verba advocatícia. STJ. 4ª Turma. AgRg na PET no
AREsp 151885/PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 11/09/2012.

Determinado Deputado Federal estava respondendo a ação penal no STF pela suposta prática do crime de
peculato. O partido político que ele integra requereu a sua intervenção no feito como amicus curiae. O STF
indeferiu o pedido afirmando que a agremiação partidária, autoqualificando-se como amicus curiae, pretendia,
na verdade, ingressar numa posição que a relação processual penal não admite, considerados os estritos
termos do CPP. STF. 2ª Turma. AP 504/DF, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli,
julgado em 9/8/2016 (Info 834).

#ATENÇÃO: O STJ já decidiu que a mera presença do sujeito em muitas ações em que se discuta o mesmo
tema versado no recurso representativo não é o suficiente para justificar a intervenção da parte como amicus
curiae (Info 547, REsp 1371128/RS).

b) Requisitos relativos ao terceiro que intervenha como amicus curiae:

a) que seja terceiro, não se podendo admitir quem a qualquer título já integra a lide;
b) pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada: o art. 138, caput, afasta qualquer
dúvida que pudesse ainda haver a respeito da possibilidade de a pessoa natural ser admitida com amicus
curiae;
c) a representatividade adequada: é preciso que fique evidenciado o interesse institucional, do qual o
amicus curiae seja portador, e a relação desse interesse com o objeto do processo.

#APROFUNDANDO: Enunciado 127 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: a representatividade


adequada exigida do amicus curiae não pressupõe a concordância unânime daqueles a quem representa.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

É possível a intervenção de amicus curiae em um processo de mandado de segurança? Trata-se de tema


polêmico.
è 1ª corrente: NÃO. No processo de mandado de segurança não é admitida a intervenção de terceiros nem
mesmo no caso de assistência simples. Se fosse admitida a intervenção do amicus curiae, isso poderia
comprometer a celeridade do mandado de segurança (STF. 1ª Turma. MS 29192/DF, rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 19/8/2014. Info 755).
è 2ª corrente: SIM. A doutrina defende que, com o novo CPC, é possível a intervenção de amicus curiae em
processo de mandado de segurança (Enunciado nº 249 do Fórum Permanente de Processualistas Civis). No
mesmo sentido: STF. Decisão monocrática. MS 32451, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/06/2017.

6.3. Procedimento:
O início pode ser (i) de ofício; (ii) provocado pelas partes; (iii) por requerimento de terceiro. De
qualquer forma, o terceiro não é obrigado a participar.

#CASADEBANANA: A intervenção do amicus não implica alteração da competência em razão da pessoa. Ex.:
a intervenção como amicus de uma autarquia federal não desloca o processo para a Justiça Federal.

Art. 138 (…). § 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a
interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3o.

Vale destacar que a decisão que admite, solicita ou inadmite a intervenção do amicus curiae é
irrecorrível (RE 602584).

NÃO CABE O IMPEDIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DE AMICUS CURAE EM NEGÓCIO PROCESSUAL.

*(Atualizado em 15/05/2020) É irrecorrível a decisão denegatória de ingresso no feito como amicus


curiae. Assim, tanto a decisão do Relator que ADMITE como a que INADMITE o ingresso do amicus curiae é
irrecorrível. STF. Plenário. RE 602584 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado
em 17/10/2018(repercussão geral) (Info 920).

6.4. Poderes e Recursos15:

Havia uma intensa discussão a respeito de quais seriam os poderes do amicus curiae. O Novo CPC, a fim
de dirimir essa polêmica, afirma que caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a
intervenção, definir os poderes do amicus curiae (art. 138, § 2º, do CPC 2015).

Portanto, na decisão inicial que manda chamar ou defere o requerimento, cabe ao juiz ou o relator fixar
os poderes do amicus curiae.

Art. 138. (...) § 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os
poderes do amicus curiae.

Entretanto, existem poderes já fixados em lei, sobre os quais não cabe gerência judicial. São eles:

15
(TJMSP-2016-VUNESP): A respeito do amicus curiae, é correto afirmar que passou a ser modalidade de intervenção de
terceiro no processo, com poder de interpor recurso de decisão que julgar o incidente de resolução de demandas
repetitivas. BL: art. 138, NCPC. (V).
(a) Direito de manifestação por escrito em 15 dias;
(b) Legitimidade recursal para (i) Embargos de Declaração; (ii) RE e REsp. do julgamento do Incidente
de Resolução de Demandas Repetitivas (art. 138, §3º do NCPC).

Ainda, tradicionalmente, admitem-se a manifestação escrita e a sustentação oral pelo amicus curiae.

Art. 138, NCPC.


(...)
§ 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de
recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3o.
(...)
§ 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.

#SELIGA: Qual é o prazo de que dispõe o amicus curiae para a sustentação oral no STF?
Em regra, 15 minutos (art. 132 do RISTF).

#CASCADEBANANA: Se houver mais de um amicus curiae, o prazo para sustentação oral no STF será o
mesmo? NÃO. Havendo mais de um amicus curiae, o STF adota a seguinte sistemática: o prazo é duplicado
e dividido entre eles. Assim, em vez de 15, os amici curiae (plural de amicus curiae) terão 30 minutos, que
deverão ser divididos entre eles. Dessa forma, se são três amici curiae para fazer sustentação oral, o prazo
deverá ser considerado em dobro, ou seja, 30 minutos, devendo ser dividido pelo número de sustentações
orais. Logo, cada um deles terá 10 minutos para manifestação na tribuna. STF. Plenário. RE 612043/PR, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 4/5/2017 (Info 863).

O amicus curiae não poderá intervir se o processo já foi liberado pelo Relator para que seja incluído na
pauta de julgamentos. STF. Plenário. ADI 5104 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 21/5/2014
(Info 747). Essa é a regra geral. Vale ressaltar, no entanto, que alguns Ministros, monocraticamente, em
algumas situações especiais, excepcionam essa regra. Nesse sentido: RE 647827.

7. INTERVENÇÕES ESPECIAIS DOS ENTES PÚBLICOS16

A Lei 9.469/97 cria duas modalidades de intervenção de terceiros:

16
E para quem estuda para #AGU e #PROCURADORIAS, atenção máxima para esse assunto! Pega mais uma café e acorda.
Prometo, tá (quase) no fim: #VCDÁCONTADORECADO.
Art. 5º. A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações
públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais.
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos,
ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse
jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados
úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de
competência, serão consideradas partes.

1) UNIÃO: poderá intervir amplamente QUANDO A ADMINISTRAÇÃO INDIRETA ESTIVER EM JUÍZO


(hipótese do caput).

É uma intervenção espontânea que pode ocorrer a qualquer tempo, em qualquer dos polos, sem
agregar pedido novo (até aí, tem-se características da assistência). A particularidade é que A UNIÃO NÃO
PRECISA DEMONSTRAR O INTERESSE JURÍDICO, QUE É PRESUMIDO.

A intervenção da União em processo que envolve sociedade de economia mista federal (foro estadual)
desloca a competência para a Justiça Federal, salvo se ocorrer na instância recursal. Nesse caso, cabe ao TJ
julgar o recurso.

2) ENTES DE DIREITO PÚBLICO: A intervenção pode ocorrer em QUALQUER PROCESSO (hipótese do


parágrafo único).

É uma intervenção espontânea que pode ocorrer a qualquer tempo, em qualquer dos polos, sem
agregar pedido novo (até aí, tem-se características da assistência). A particularidade é que o ente (de
qualquer esfera) deve demonstrar INTERESSE ECONÔMICO na causa.

Se o ente recorrer, será considerado parte “para fins de deslocamento da competência”. Ex.: se o BACEN
recorrer de uma decisão em processo que tramita na Justiça Estadual, a causa será transferida ao TRF.

8. INTERVENÇÃO IUSSU IUDICIS

É a intervenção de terceiro por determinação do Juiz. Didier lista 4 hipóteses típicas:

1. AMICUS CURIAE (como visto, pode ser determinada pelo juiz).

2. CITAÇÃO DO LITISCONSORTE PASSIVO NECESSÁRIO (art. 115, parágrafo único).


3. CITAÇÃO DOS INTERESSADOS NA PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA (art. 382, §1º).

4. INTIMAÇÃO DE POSSÍVEL TERCEIRO INTERESSADO PARA OPOR EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO
(art. 675, parágrafo único, e art. 792, §4º).

No CPC/39, havia uma cláusula geral de intervenção iussu iudicis, a permitir intervenções atípicas. Isso
não foi reproduzido no NCPC, contudo, Didier entende cabível a intervenção iussu iudicis atípica sempre que
o juiz, por decisão fundamentada, entender conveniente a participação de terceiros no processo. A medida
tutela o contraditório e evita que a parte se submeta a um processo cujo resultado possa ser impugnado por
um terceiro. Assim, melhor que o terceiro seja cientificado para, se quiser, assumir alguma posição no
processo. Ex.: intervenção do litisconsorte facultativo unitário que não está no processo; intimação do cônjuge
preterido, no caso de ação real imobiliária sem a prova do seu consentimento etc.

ENUNCIADOS NCPC

Galera, para finalizar, no estilo #QUEBRANDOABANCA, vamos ler aquilo que está despencando em prova?

#FOCONOSENUNCIADOS #VAICAIR #CEREJADOBOLO

ENUNCIADO 11 – Aplica-se o disposto nos arts. 133 a 137 do CPC às hipóteses de desconsideração indireta e
expansiva da personalidade jurídica.

ENUNCIADO 12 – É cabível a intervenção de amicus curiae (art. 138 do CPC) no procedimento do Mandado de
Injunção (Lei n. 13.300/2016).

ENUNCIADO 13 – O art. 139, VI, do CPC autoriza o deslocamento para o futuro do termo inicial do prazo.

44. (art. 339) A responsabilidade a que se refere o art. 339 é subjetiva. (Grupo: Litisconsórcio, Intervenção de
Terceiros e Resposta do Réu)

110. (art. 18, parágrafo único) Havendo substituição processual, e sendo possível identificar o substituto, o juiz
deve determinar a intimação deste último para, querendo, integrar o processo. (Grupo: Litisconsórcio e
Intervenção de Terceiros).
120. (art. 125, §1º, art. 1.072, II) A ausência de denunciação da lide gera apenas a preclusão do direito de a
parte promovê-la, sendo possível ação autônoma de regresso. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de
Terceiros)

121. (art. 125, II, art. 128, parágrafo único) O cumprimento da sentença diretamente contra o denunciado é
admissível em qualquer hipótese de denunciação da lide fundada no inciso II do art. 125. (Grupo: Litisconsórcio
e Intervenção de Terceiros)

122. (art. 129) Vencido o denunciante na ação principal e não tendo havido resistência denunciação da lide,
não cabe a condenação do denunciado nas verbas de sucumbência. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de
Terceiros)

123. (art. 133) É desnecessária a intervenção do Ministério Público, como fiscal da ordem jurídica, no incidente
de desconsideração da personalidade jurídica, salvo nos casos em que deva intervir obrigatoriamente,
previstos no art. 178. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros)

124. (art. 133; art. 15) A desconsideração da personalidade jurídica no processo do trabalho deve ser
processada na forma dos arts. 133 a 137, podendo o incidente ser resolvido em decisão interlocutória ou na
sentença. (Grupo: Impacto do CPC no Processo do Trabalho)

125. (art. 134) Há litisconsórcio passivo facultativo quando requerida a desconsideração da personalidade
jurídica, juntamente com outro pedido formulado na petição inicial ou incidentemente no processo em curso.
(Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros)

126. (art. 134; art. 15) No processo do trabalho, da decisão que resolve o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica na fase de execução cabe agravo de petição, dispensado o preparo. (Grupo: Impacto do
CPC no Processo do Trabalho)

127. (art. 138) A representatividade adequada exigida do amicus curiae não pressupõe a concordância
unânime daqueles a quem representa. (Grupo: Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros)

128. (art. 138; art. 489, § 1º, IV) No processo em que há intervenção do amicus curiae, a decisão deve
enfrentar as alegações por ele apresentadas, nos termos do inciso IV do § 1º do art. 489. (Grupo: Litisconsórcio
e Intervenção de Terceiros)
129. (art. 139, VI, e parágrafo único) A autorização legal para ampliação de prazos pelo juiz não se presta a
afastar preclusão temporal já consumada. (Grupo: Negócios Processuais)

388. (arts. 119 e 138) O assistente simples pode requerer a intervenção de amicus curiae. (Grupo:
Litisconsórcio e intervenção de terceiros)

389. (art. 122) As hipóteses previstas no art. 122 são meramente exemplificativas. (Grupo: Litisconsórcio e
intervenção de terceiros)

390. (arts. 136, caput, 1.015, IV, 1.009, §3º) Resolvida a desconsideração da personalidade jurídica na
sentença, caberá apelação. (Grupo: Litisconsórcio e intervenção de terceiros)

391. (art. 138, §3º) O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar recursos repetitivos. (Grupos:
Litisconsórcio e intervenção de terceiros; Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

392. (arts. 138 e 190) As partes não podem estabelecer, em convenção processual, a vedação da participação
do amicus curiae. (Grupo: Litisconsórcio e intervenção de terceiros)

393. (arts. 138, 926, §1º, e 927, §2º) É cabível a intervenção de amicus curiae no procedimento de edição,
revisão e cancelamento de enunciados de súmula pelos tribunais. (Grupo: Litisconsórcio e intervenção de
terceiros)

394. (art. 138, § 1º; art. 489, §1º, IV; art. 1022, II; art. 10) As partes podem opor embargos de declaração para
corrigir vício da decisão relativo aos argumentos trazidos pelo amicus curiae. (Grupo: Litisconsórcio e
intervenção de terceiros)

395. (art. 138, caput) Os requisitos objetivos exigidos para a intervenção do amicus curiae são alternativos.
(Grupo: Litisconsórcio e intervenção de terceiros)

575. (art. 138) Verificada a relevância da matéria, a repercussão social da controvérsia ou a especificidade do
tema objeto da demanda, o juiz poderá promover a ampla divulgação do processo, inclusive por meio dos
cadastros eletrônicos dos tribunais e do Conselho Nacional de Justiça, para incentivar a participação de mais
sujeitos na qualidade de amicus curiae. (Grupo: Litisconsórcio e intervenção de terceiros)

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO


DIPLOMA DISPOSITIVO
Código de Processo Civil Art. 119 a 138

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Anotações de aula;

Direito Processual Civil Esquematizado - Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2017);

Manual de Direito Processual Civil – Daniel Amorim Assumpção Neves (2017);

Informativos do site Dizer o Direito;

Foca no Resumo (Martina Correa).

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